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MATEMÁTICA
Fernando Amade Vahanle1
Resumo
Abstract
The growing scientific-technological complexity that characterizes the new world scenario imposes
crucial challenges to the social and educational reality. Therefore, thinking and wanting a school
inserted in our time and that points beyond it is thinking and wanting a school, not only transmitting
knowledge, but also forming values capable of enabling the full exercise of citizenship. And the
starting point for the realization of this school is that the teacher, the main agent of this change, is able
to relate his teaching practice with the broader social practice, considering his profession as an
exercise of his own citizenship. In this context, this essay brings reflections on the pedagogical
practices of mathematics teachers and the understanding of their role in the teaching-learning process.
The methodological design consists of qualitative descriptive research of bibliographic reference from
authors who deal with the categories of the topic under study. The final considerations are configured
in teaching practice from the didactics providing learning and cognitive development of students.
Keywords: Teaching-learning of Mathematics, Role of the Teacher.
Introdução
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partir de grandes desafios e perspectivas na prática docente ao ensinar Matemática, é preciso
que o professor entenda que quanto mais interessante for sua aula, melhor apreensão ocorrerá
por parte dos alunos.
A escola vem se transformando num aparato daquilo que é denominado pela teoria crítica da
sociedade de racionalidade tecnológica. Esta racionalidade, entre outras coisas, valoriza os
assim denominados equipamentos didáticos. Tem como recursos: multimídia, laboratórios de
ciências e informática, enfim, quase tudo que é necessário para uma educação que valoriza
mais o método que o conteúdo.
Portanto o objetivo deste trabalho é fazer uma abordagem sobre o papel do professor no
processo de ensino/aprendizagem e suas responsabilidades. É mostrar como a presença do
professor é importante no acto educativo, sendo um aprendiz e não o que ensina, pois a sua
aprendizagem é proporcional à do aluno, buscando resgatar o papel do professor que de
acordo com a Teoria Crítica é o de professar o saber, ou seja, ensinar os alunos a lutar contra a
barbárie (Adorno, 1995)
Educar é algo que exige muito envolvimento, responsabilidade e dedicação por parte daquele
que se disponibiliza em exercer tal prática. O educador que possui essas características se
destaca ao desenvolver sua prática docente pelo fato de todas as suas ações estarem em
evidência e refletirem diretamente na vida escolar de seus alunos.
Mas é notório que o sistema educacional passa por um período crítico de muitas dificuldades,
sendo necessária a reversão desse quadro que aponta o fracasso escolar como o problema a ser
combatido em primeira ordem.
Freire (1996) diz que “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode
melhorar a próxima prática”. Dessa forma, pode-se analisar que o sistema educacional em
nosso país tem enfrentado um momento delicado de total descrédito.
O Ensino da Matemática avançou muito nos últimos anos e o professor precisa acompanhar
tais mudanças para contribuir nas demandas da sociedade contemporânea enfatizando a
importância da Matemática na formação do indivíduo.
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Nessa perspectiva, observa-se que a aplicação da Matemática tem extenso campo de atuação
em todas as áreas das Ciências como: Agricultura, Pecuária, Biologia, Sociologia e atividades
tecnológicas. Contudo, não há dúvida de que a construção da realidade também está
impregnada de Matemática.
Sendo assim, o processo de formação docente é contínuo, não se esgota, e que são
necessários, mas, nem sempre, se dão por meio de iniciativas formais e estruturadas de
ensino. A abertura para novas possibilidades de formação docente garante a otimização dos
tempos desses profissionais e a qualidade do sistema educacional (Kenski, 2013).
Para Nóvoa (1995), torna-se fundamental que as instituições de formação ocupem um lugar
central na produção e reprodução do corpo de saberes e do sistema de normas da profissão
docente, desempenhando um papel crucial na elaboração dos conhecimentos pedagógicos e de
uma ideologia comum, a qual facilitará a conscientização sobre o papel de ser professor. Ou
seja,
Por maiores que sejam os esforços para modificar a situação, a matemática continua sendo um
bicho-de-sete-cabeças e a necessidade de renovação do seu ensino é consensual.
De acordo com Ferreira e Camargo (2003), o problema do ensino da matemática começa a ter
a sua equação invertida. É constatação dos próprios educadores, que não são os estudantes
que não aprendem; são os professores que não conseguem ensinar a matemática. Os novos
métodos surgem na tentativa de resposta a essa dificuldade intrínseca da disciplina, de
estimular o raciocínio abstrato sem perder o vínculo com o mundo real.
Segundo Santaló (1996), o problema reside em decidir “como” educar o homem informático
de hoje, com tão grandes possibilidades, mas também, com exigências de diferentes
comportamentos, habilidades e destrezas. Para o professor de matemática, trata-se de realizar
o equilíbrio entre a matemática formativa e a matemática informativa.
Isso significa educar o pensamento e também fornecer regras para a ação, uma vez que a
matemática de que necessitam todos os cidadãos deve ser uma mistura combinada e bem
equilibrada de matemática pura e aplicada, ou de matemática como filosofia e de matemática
como instrumento de cálculo.
Nesse sentido, Duarte (1992) afirma que o ensino da matemática pode contribuir para as
transformações sociais através da dimensão política contida na própria relação entre o
conteúdo matemático e a forma de sua transmissão-assimilação. Assim, não se trata de
“enxertar” algo de político ao ensino de matemática, tentando centrar tal ensino em torno de
temas sociais. Não se pode perder de vista que o objetivo fundamental da atividade daquele
que se propõe a ensinar matemática é o ensino desta. Do contrário, se estará negando às
camadas populares o domínio dessa ferramenta cultural. O que não se pode é transmitir,
através do fazer pedagógico, uma visão estática do conteúdo matemático.
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É preciso contribuir para que os educandos desenvolvam um modo de pensar e agir que
possibilite captar a realidade enquanto um processo, conhecer suas leis internas para poder
captar as possibilidades de transformação do real.
Quanto à crise atual que perpassa o ensino da matemática, de acordo com Miguel (1994), esta
é mais epistemológica e sócio-política, do que propriamente tecnológica ou conteudista. Por
essa razão, ela não pode ser superada por quaisquer fatores externos que venham modificar
apenas as aparências desse ensino.
Nesse sentido, Lellis e Imenes (1994) colocam algumas perspectivas de mudança, sugerindo a
utilização de recursos didáticos adequados à reinvenção e à produção da matemática pelo
próprio aluno.
Na base de tais recursos devem estar: a especulação (lançar ideias); a experimentação (testar
hipóteses); o diálogo (para trocar ideias, contestar ou corroborar a validade das hipóteses).
Nessa linha de trabalho, a sala de aula é transformada num fórum de debates, num exercício
de democracia. Essa vivência e as descobertas matemáticas compartilhadas geram, em cada
aluno, confiança em seu próprio raciocínio e conduzem à autonomia intelectual.
Quanto aos conteúdos, sugerem que eles sejam trabalhados de forma integrada aos Temas
Transversais (Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde e Orientação Sexual,
Trabalho e Consumo), e também, ao projeto educacional de cada escola.
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Quanto aos recursos didáticos e metodológicos, os parâmetros afirmam que não existe um
caminho que possa ser identificado como único e melhor para o ensino de qualquer disciplina,
em particular, da matemática. No entanto, conhecer diversas possibilidades de trabalho em
sala de aula é fundamental para que o professor construa a sua prática.
Durante muito tempo a prática educativa era centrada no professor. Este repassava os
conteúdos e os alunos absorviam ou memorizavam sem qualquer reflexão ou indagação. Ao
final, o conteúdo era cobrado em forma de uma avaliação. Esse tipo de informação; repassada
e memorizada, destoa completamente da proposta de um novo ensino na busca da produção
do conhecimento. Essa prática pedagógica em nada contribui para o aspecto cognitivo do
aluno.
Hoje, não se pede um professor que seja mero transmissor de informações, ou que aprende no
ambiente acadêmico o que vai ser ensinado aos alunos, mas um professor que produza o
conhecimento em sintonia com o aluno. Não é suficiente que ele saiba o conteúdo de sua
disciplina. Ele precisa não só interagir com outras disciplinas, como também conhecer o
aluno. Conhecer o aluno faz parte do papel desempenhado pelo professor pelo fato de que ele
necessita saber o que ensinar, para que e para quem, ou seja, como o aluno vai utilizar o que
aprendeu na escola em sua prática social.
Dessa forma, Libâneo (1998) afirma que o professor medeia à relação ativa do aluno com a
matéria, inclusive com os conteúdos próprios de sua disciplina, mas considerando o
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conhecimento, a experiência e o significado que o aluno traz à sala de aula, seu potencial
cognitivo, sua capacidade e interesse, seu procedimento de pensar, seu modo de trabalhar.
Nesse sentido o conhecimento de mundo ou o conhecimento prévio do aluno tem de ser
respeitado e ampliado.
Ensinar bem não significa repassar os conteúdos, mas levar o aluno a pensar, criticar.
Percebe-se que o professor tem a responsabilidade de preparar o aluno para se tornar um
cidadão ativo dentro da sociedade, apto a questionar, debater e romper paradigmas. Cury
(2003) afirma que “a exposição interrogada gera a dúvida, a dúvida gera o estresse positivo, e
este estresse abre as janelas da inteligência. Assim formamos pensadores, e não repetidores de
informações”.
A dúvida nessa exposição é um aspecto positivo, pois gera a curiosidade, levando o aluno a
refletir e buscar respostas. O autor citado enfatiza que a exposição interrogada transforma a
informação em conhecimento e esse conhecimento, em experiência e o melhor; o professor
não mais é persuasivo, ou o que convence, mas o que provoca e estimula a inteligência.
Diante disso, ele desempenha, no processo de ensino/aprendizagem, o papel de gerenciador e
não de detentor do conhecimento.
Numa sociedade que está sempre em transformação, o professor contribui com seu
conhecimento e sua experiência, tornando o aluno crítico e criativo. Deve estar voltado ao
ensino dialógico, uma vez que os seres humanos aprendem interagindo com os outros. É o
processo aprender a aprender. O professor deve provocar o aluno passivo para que se torne
num aluno sujeito da ação.
Por isso, na sua prática pedagógica, o professor não pode ser omisso diante dos fatos sócio-
históricos locais e mundiais, e precisa entender não apenas de sua disciplina, mas também
como de política, ética, família, para que o processo de ensino/aprendizagem seja efetivado na
sua plenitude dentro da realidade do aluno. Reforça Cury (2003) “os educadores, apesar das
suas dificuldades, são insubstituíveis, porque a gentileza, a solidariedade, a tolerância, a
inclusão, os sentimentos altruístas, enfim todas as áreas da sensibilidade não podem ser
ensinadas por máquinas, e sim por seres humanos.”
Conclui-se com essa afirmação que o professor é a alma do estabelecimento de ensino. Ele
tem a tarefa importante de formar cidadãos e de desenvolver neles a capacidade crítica da
realidade, para que possam utilizar o que aprenderam na escola em diversas situações e/ou
lugares.
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Zagury (Nova Escola) afirma que o professor precisa mostrar a beleza e o poder das ideias,
mesmo que use apenas os recursos de que dispõe: quadro-negro e giz. Observa-se nessa
afirmação que a aula pode ser bem positiva e agradável, sem os grandes recursos que
permeiam todas as atividades humanas e em todos os lugares: os recursos tecnológicos.
Antes de qualquer decisão acerca da educação, é preciso ouvir o professor. É ele que
acompanha o aluno, medeia o conhecimento, faz parte do processo pedagógico efetivamente.
É ele que enfrenta as dificuldades de aprendizagem do aluno, as carências afetivas destes, e
principalmente sabe como adequar os conhecimentos prévios dos educandos aos conteúdos
curriculares da escola. Nesse sentido, o professor precisa também sentir-se motivado a
caminhar frente às exigências da sociedade. Apoiá-lo nas decisões do que é melhor para o
aluno e escutá-lo por sua vez, porque é com ele que o aluno passa o tempo em que está na
escola. E o educando precisa ter consciência de sua responsabilidade, respeitando as
exigências da escola.
Para Pais (2008), o trabalho do professor de Matemática envolve o desafio que consiste em
realizar uma atividade que visa contextualizar o conteúdo por ele abordado em sala de aula,
tentando relacioná-lo a uma situação que seja mais compreensiva para o aluno, valorizando o
raciocínio lógico tornando um dos objetivos da educação matemática. Com isso, o trabalho do
professor de Matemática com a resolução de problemas amplia, por exemplo, os valores
educativos do saber matemático e o desenvolvimento dessa competência que irá contribuir na
capacidade de o aluno para melhor enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.
Para ser professor de Matemática não basta ter um domínio conceitual e procedimental da
Matemática. Torna-se determinante, sobretudo, conhecer seus fundamentos epistemológicos,
sua evolução histórica, a relação da Matemática com a realidade, seus usos sociais e as
diferentes linguagens. Para com as quais se pode expressar um conceito matemático é
necessário que tenha uma formação adequada para desenvolver suas atividades enquanto
docente. Sendo assim, o saber matemático passa a ser visto como um saber sociocultural que é
produzido nas relações e práticas sociais, e pode expressar-se de múltiplas formas (Fiorentini,
2003).
O professor precisa criar práticas pedagógicas que sejam organizadas e sistematizadas, com a
finalidade de promover transformações e avanços no desenvolvimento e na aprendizagem. A
inserção das novas tecnologias influencia na forma de vida e do trabalho, causando
necessidade de transformação no processo educativo. Para isso, é necessário uma relação
pedagógica favorável ao desenvolvimento dos alunos, em uma escola que conduza o aluno à
construção de sua autonomia no aprender.
Podemos perceber algumas inquietações acerca das concepções sobre a formação do professor
e como tais concepções ainda estão enraizadas. Conforme foi evidenciado em suas respostas,
há professor que priorizou sua formação no magistério que tem uma metodologia centrada no
ensinar a fazer. Segundo os depoimentos, a formação matemática desses professores durante o
curso de Pedagogia na grade curricular é ofertada somente numa disciplina de Fundamentos e
Metodologia do Ensino da Matemática, sendo insuficiente para a sistematização da disciplina,
pois a Matemática contribui para o desenvolvimento da sociedade, estando presente em todas
as áreas do conhecimento. É necessário que o curso citado amplie a prática de pesquisa e
extensão.
Vale ressaltar que os professores utilizam estratégias como jogos, actividades lúdicas e
materiais manipuláveis para proporcionar aos discentes oportunidades para as situações de
aprendizagem. Esses recursos didáticos favorecem o raciocínio lógico e a criatividade e
despertam no aluno a postura investigativa, o que pode ser indício de que as aulas de
Matemática estão deixando de ser tradicionais.
Todavia, essas instabilidades geram necessidade de pesquisar, ação fundamental tanto para o
educador quanto para os educandos, tornando-os co-responsável pelo ensino e pela
aprendizagem. Por fim, cabe destacar a necessidade de os estudantes saberem utilizar
adequadamente os conhecimentos adquiridos em sala de aula, a fim de que o conhecimento
não sirva apenas para resolver uma prova e sim para ser utilizado na vida escolar e
extraescolar. Essas afirmações encaminham para a importância do professor estar sempre
refletindo e concretizando ações que visem à apropriação e à utilização dos conteúdos
veiculados pela escola em situações do dia-a-dia, e, em nosso entendimento, a Modelagem
favorece tal reflexão e ação.
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Nesse contexto, é fundamental que se note como o Ensino da Matemática precisa ter
significado no ato de ensinar, a partir de uma prática docente interativa, dinâmica, e corrobore
para ser compreendida como competência no reconhecer e interpretar a Matemática como
atividade social e institucional tornando-se importante numa dimensão crítica e social.
Considerações finais
Neste ensaio foi oferecido um panorama geral das constatações que vários pesquisadores têm
encontrado relacionadas ao papel do professor no processo de ensino-aprendizagem, assim
sendo, segundo estes, o educador deve fazer a ponte entre a teoria e a prática; e deve refletir
sobre seu papel na constituição do conhecimento de seu aluno e sobre a forma de desenvolver
seu trabalho, a fim de levar seus alunos a serem lideres de si mesmos e serem questionadores
– enfim, cidadãos que farão a diferença no mundo. a didática e a prática docente precisam
estar interligadas nos processos de ensino e aprendizagem fazendo parte do contexto na
construção de conhecimentos do aluno durante a sua formação no espaço escolar e que
perpasse para toda a vida. Esse pensar favorece a disseminação do papel da Matemática no
cotidiano do homem como algo primordial para sua evolução como sujeito crítico na
sociedade.
Certamente o panorama oferecido por esta revisão é limitado e pode ser ampliado através da
análise de outras fontes das novas tendências metodológicas no contexto do processo de
ensino-aprendizagem. Sugere-se, a título de complementação, o estudo de seus elementos
básicos, de seus contextos de implementação, dos conteúdos abordados, dos resultados
obtidos, do impacto sobre alunos e professores entre outros.
Referências Bibliografias
CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante,
2003.
PAIS, Luiz Carlos. Didática da matemática: uma análise da influência francesa. 2. ed.
Belo Horizonte: Autêntica,2008.
SANTALÓ, Luis A. Matemática para não-matemáticos. In: PARRA, Cecília ; SAIZ, Irma
(Orgs.). Didática da Matemática: reflexões psicopedagógicas. Porto Alegre: Artes médicas,
1996.
ZAGURY, Tânia. Fala mestre. In: NOVA ESCOLA, nº 192, p.20-22, maio, 2006.