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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO MULTIDISCIPLINAR SANTO AGOSTINHO- ITESAG

PÓS-GRADUAÇÃO EM DOCÊNCIA SUPERIOR

CAROLINA STHEFAN OLANDA DE OLIVEIRA SILVA SOUSA

DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR NA CONTEMPORANEIDADE:


DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA DO DISCENTE

BOM JESUS DAS SELVAS-MA


2023
DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR NA CONTEMPORANEIDADE:
DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA DO DISCENTE

Carolina Sthefan Olanda de Oliveira Silva1


Kássio Barros Borges².

RESUMO: Pensar em docência requer profundas reflexões uma vez que é um


processo complexo que pressupõe uma compreensão da realidade, frente às suas
múltiplas relações no conjunto organizacional das Instituições de Ensino Superior e
na assimilação dialógica do fazer docente. Este artigo, portanto, fala sobre os
desafios do trabalho docente, no ensino superior, perante os alunos de hoje - devido
às suas mudanças de comportamentos, de prioridades e da importância que dão
para a aprendizagem formal; fala sobre a compreensão acerca do perfil do professor
do ensino superior e sobre as práticas docentes necessárias para que as ações de
ensinar e de aprender sejam verdadeiramente realizadas de forma a possibilitar a
construção do conhecimento no ambiente da instituição de ensino superior na
atualidade; e, tendo em vista a grande evolução da tecnologia, assevera quanto aos
benefícios e importância do seu uso no processo de ensino-aprendizagem. Destarte,
torna-se axiomático a necessidade da conscientização dos educadores acerca da
importante associação das tecnológicas na construção da autonomia do discente.

Palavras – chave: Tecnologia. Autonomia. Docência. Perfil de Professores.


Desafios.

ABSTRACT: Thinking about teaching requires deep reflection ... since it is a complex
process that presupposes an understanding of reality, facing its multiple relationships
in the organizational set of Higher Education Institutions and in the dialogic
assimilation of teaching. This article, therefore, talks about the challenges of teaching
work in higher education to today's students - due to their changing behaviors,
priorities and the importance they give to formal learning; talks about the
understanding about the profile of the teacher of higher education and about the
teaching practices necessary so that the actions of teaching and learning are truly
carried out in order to enable the construction of knowledge in the environment of the
higher education institution nowadays; and, in view of the great evolution of
technology, assert as to the benefits and importance of its use in the teaching-
learning process. Thus, it becomes axiomatic the need of the educators' awareness
about the important association of the technological ones in the construction of the
autonomy of the student.

Keywords: Technology. Autonomy. Teaching. Profile of Teachers. Challenges

1 INTRODUÇÃO
1
Aluno do Curso de Pós Graduação do Instituto de Educação Santo Agostinho- ITESAG, 2023.
2
Professor tutor do Curso de Pós Graduação do Instituto de Educação Santo Agostinho- ITESAG,
2023.
Ao longo dos anos, muito se discute a respeito da formação de professores,
sobre os saberes e práticas necessários para o exercício da profissão, bem como
sobre as mais diversas formas de se mensurar a capacidade e eficiência do
docente. Refletir sobre os atuais desafios da docência - no ensino superior; rever e
repensar sobre a prática docente e a produção do conhecimento se faz necessário
para que o professor, no desempenho de sua profissão, possa entendê-los
claramente para uma melhor atuação.
A ação reflexiva pode ser compreendida como elemento para se pensar a
formação e a transformação propiciadora do desenvolvimento de educadores
reflexivos frente à nova realidade, direcionados a atuarem no mercado de trabalho.
É grande o desafio das Instituições de Ensino Superior diante do papel social na
formação profissional, mediante os novos paradigmas sociais e políticos, numa
perspectiva voltada para a produção do conhecimento científico.
Ester artigo - a despeito da dialética reinante quanto a melhor prática de
educar; se por meio de concepções tradicionais (tidas como inadequadas para a
“era do conhecimento”) ou por outras, mais contemporâneos - foi elaborado com
base em uma revisão bibliográfica e pretende discutir acerca da contribuição da
tecnologia na construção da autonomia do discente, sob uma perspectiva crítica do
atual contexto educacional, entendendo a ação reflexiva como elemento para
transformação, através da conscientização ao docente.
A tecnologia, aqui, será apresentada como recurso que traz contribuições
para os saberes e práticas pedagógicas dos professores universitários, auxiliando na
construção da autonomia dos alunos, visto que o ensino superior procura, como
prioridade, facilitar a capacitação do aluno em investigar, processar, assimilar,
interpretar e refletir sobre as informações que recebe.
Assim sendo, não se pode duvidar da conscientização quanto à necessidade
da adoção de métodos inovadores, para o processo de aprendizagem, que venham
a atuar como facilitadores ao acesso da informação e ao desenvolvimento da
pesquisa, para que o discente possa desenvolver suas habilidades e atuar com
maior eficiência diante de um mercado altamente competitivo.
.

2 CONCEITUANDO A DOCÊNCIA
Ainda em pleno século XXI, na “era do conhecimento” e partindo-se do
conceito de docência, é evidente que essa reflexão continua sendo necessária;
lembrando que, em qualquer nível educacional, o processo de aprendizagem é o
objetivo principal.
Masetto (2008) define a docência no ensino superior como sendo o domínio
de conhecimentos específicos em uma determinada área a serem mediados por um
professor para os seus alunos. Freire (1996, p. 22-23), por sua vez, afirma que “Não
há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar de
diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do outro.
Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.” Nesse
mesmo Cunha (2013) contribui afirmando que refletir a respeito do conceito de
formação de professores exige que se recorra à pesquisa, à prática de formação e
ao próprio significado do papel do professor na sociedade.
Consequentemente, infere-se que, o trabalho docente caracteriza-se como
processos e práticas de produção cultural, organização, apropriação de
conhecimentos e divulgação do que se desenvolvem em espaços educativos
escolares, sob determinadas condições históricas. Nesta perspectiva, o docente
define-se como um sujeito em ação e interação com o outro (professor/aluno),
produtor de saberes científicos para a realidade.
Atualmente a docência pode ser definida como ação educativa que se
constitui no processo de ensino-aprendizagem, na pesquisa, na gestão de contextos
educativos e na perspectiva da gestão democrática. Todavia, esse conceito de
docência contrapõe-se à prática, tão somente, do “professor aulista/conteudista”
que, no Brasil, tem sido prática corrente desde a chegada da Família Real
portuguesa, com a criação, em 1820, das primeiras escolas Régias Superiores cujos
cursos, segundo Masetto (2008), teve como fundamento o modelo da educação
europeia.
O professor era o centro deste processo, o papel dele era de transmitir o
conhecimento. A avaliação era simples, o professor dizia se aluno sabia ou não, se
estava apto para exercer a profissão, se estivesse, o aluno receberia seu diploma,
se não estivesse apto, não o receberia. Nesta época, a questão de sair bem nas
provas significava repetir o que o professor havia ensinado, se o aluno saísse mal
nas provas e, como consequência, fosse reprovado, o professor atribuía este fato ao
aluno, porque ele não tinha estudado, ou não tinha frequentado as aulas, ou ainda
porque não apresentava capacidade para prosseguir com o curso.
O aluno, neste contexto educacional, era um mero agente passivo que
recebia do professor os conhecimentos por meio de aulas expositivas, palestras e
monólogos. Em momento algum ele podia se manifestar quanto à postura do
professor, não havia a comunicação e a afetividade entre professor e aluno; estas
aptidões não tinham prioridade no processo de ensino-aprendizagem.
Para ensinar bastava se valer do domínio de conteúdos a ser transmitido; é
aquela história, “quem sabe, automaticamente, sabe ensinar.” (MASETTO, 2008,
p.11). Contrapondo-se a esta idéia de transmissão de conhecimento, Ferreira (2006,
p. 209) afirma que, “[...] conhecimento não é doença para ser transmitido [...] é sim
um conteúdo precioso a ser construído e lapidado infinitamente”.
Entre os educadores contemporâneos, há aqueles que refletem sobre o
ensino superior brasileiro, seus paradigmas e suas práticas pedagógicas existentes.
Aqui não se pode entender que o ensino superior de cento e sessenta e dois anos
atrás não contribuiu para o crescimento intelectual do país, o que se afirma é que os
tempos são outros e que a exigência da sociedade hoje é de ter indivíduos com
formação completa e não fragmentada.

3 FUNÇÃO SOCIAL DO ENSINO SUPERIOR

Estimular a criação cultural, o desenvolvimento do espírito científico e do


pensamento reflexivo deve ser prioridade do ensino superior. Segundo Masetto
(2008, p.14), “[...] a função do Ensino Superior é de criar situações favoráveis ao
desenvolvimento dos aprendizes nas diferentes áreas do conhecimento, no aspecto
afetivo-emocional, nas habilidades e nas atitudes e valores.”
Porém, para efetivar esta postura de produzir o conhecimento, os
estabelecimentos de ensino superior, em conjunto com seus docentes, precisam
abandonar a tradicional rigidez – tão somente aulista e expositiva de repassar idéias
- e buscar renovar as metodologias que estão ultrapassadas e, por fim, apropriar-se
da perspectiva educacional moderna, associada com a realidade atual, da sociedade
do conhecimento.
Deste modo, a educação superior precisa instigar o educando a se preocupar com a
valorização do conhecimento, a atualização contínua, a pesquisa, o estudo, a
cooperação, a solidariedade entre educador e educando, a criatividade, o trabalho
em equipe e o pensamento crítico.
Por fim, os educadores devem ter a consciência de que a democracia, a
participação na sociedade, o compromisso com a própria evolução intelectual e a
ética são valores imprescindíveis para o desenvolvimento holístico do educando.
Também é evidente que o ensino superior só poderá cumprir as suas funções
sociais, inclusive a de promover o desenvolvimento pleno do educando, somente
quando os docentes se conscientizarem e buscarem a formação devida para
ministrar aulas.

4 PERFIL DO DOCENTE UNIVERSITÁRIO

O censo da educação superior de 2011 realizado pelo INEP aponta que o


número total de professores atuantes no ensino superior no Brasil somava 325.804.
Considerando que um mesmo indivíduo (docente) pode contabilizar mais de um
vínculo institucional, foram informadas 378.257 funções docentes, sendo 357.418
em exercício. Cerca de 60% deste contingente atua em Instituições de Ensino
Superior (IES) privadas. No que diz respeito a sua formação 16,5% são doutores,
44,1% mestres e 39,4% são especialistas.
Uma característica marcante evidenciada no Censo de 2011 é que nas
Instituições públicas a maioria dos docentes trabalham em tempo integral (81,0%) já
as instituições privadas contam com a prevalência de horistas (43,8%), o que
permite a estes trabalhar em mais de uma instituição de ensino e ou exercer outra
atividade profissional. Simon Schwartzman e Elizabeth Balbachevsky (1997)
classificam os professores universitários brasileiros em três grupos:
1) Professores em tempo parcial, sem estabilidade, com baixa especialização
acadêmica, com uma carga horária elevada de aulas e prestando serviços ao setor
privado.
2) Professores com qualificação média, estáveis, de tempo integral, com
grande envolvimento em atividades sindicais e produção científica relativamente
pequena.
3) Professor mais qualificado, envolvido em pesquisa com financiamento
próprio, com pouca participação sindical e grande envolvimento com associações
acadêmicas no país e no exterior.
Por sua vez Behrens (2011), por meio de seus estudos, identificou quatro
grupos representativos de profissionais que atuam na universidade:
1) Profissionais de variadas áreas do conhecimento e que se dedicam à
docência em tempo integral;
2) Profissionais que atuam no mercado de trabalho específico e se dedicam
ao magistério algumas horas por semana;-4-
3) Profissionais docentes da área pedagógica e das licenciaturas que atuam
na universidade e, paralelamente, no ensino básico (educação infantil, ensino
fundamental e (ou) ensino médio);
4) Profissionais da área da educação e das licenciaturas que atuam em tempo
integral nas universidades.
Neste sentido, Morosini (2000, p.11) relata: “Encontramos exercendo a
docência universitária, professores com formação didática obtida em cursos de
licenciatura; outros, trazem suas experiências profissionais para a sala de aula; e
outros, ainda, sem experiência profissional ou didática, oriundos de curso de
especialização e/ou stricto sensu. O fator definidor da seleção de professores, até
então, era a competência científica”.
A autora menciona a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
enfatizando as deficiências das políticas públicas direcionadas a educação superior,
assim como Cunha (2000, p.45) relata que tem levantado o fato de que “a
universidade carrega um paradoxo muito evidente nesse tema. Ao mesmo tempo
que, através de seus cursos de licenciatura, afirma haver um conhecimento
específico, próprio para o exercício da profissão docente e legitimado por ela na
diplomação, nega a existência deste saber quando se trata de seus próprios
professores”.
No que tange à precariedade em que ocorre a formação do docente do ensino
superior, Cunha e Zanchet (2010) apud Murillo (2004) afirmam que [...] os
professores de maneira geral só contam com sua iniciativa pessoal e sua bagagem
experiencial para ir construindo e desenvolvendo suas teorias sobre o ensino e
aprendizagem dos alunos. Ao longo de sua vida foram interiorizando modelos e
rotinas de ensino que se atualizam quando enfrentam situações de urgência onde
tem que assumir o papel de professor sem que ninguém/nada o tenha preparado
(p.4); tanto, que a reprodução do exercício da docência é um aspecto bastante
comum; principalmente no início da carreira do professor, ou seja, repetir métodos,
utilização de recursos pedagógicos e características de outro professor, é a
interpretação da visão da docência que se teve enquanto aluno.
Neste sentido Cunha e Zanchet (2010) trazem contribuições relevantes ao
relatarem que os docentes universitários iniciantes em sua vida de estudantes,
conviveram com professores e aprenderam algo sobre “dar aulas”, conhecem alguns
recursos pedagógicos que lhes foram apresentados e essa condição não pode ser
desprezada, pois, através dela, construíram representações sobre o que é ensinar e
aprender.
Essas orientações, muitas vezes orientaram o processo de docência que
instituem. Com base nas informações obtidas, podemos constatar que os
professores do ensino superior não têm uma identidade única, suas características
variam muito, principalmente em relação às instituições de Ensino onde exercem a
docência, e também em relação a trajetória de vida e de formação profissional de
cada indivíduo.

5 DESAFIOS DO PROFESSOR DO ENSINO SUPERIOR

Ao professor do ensino superior, é atribuída a responsabilidade de formar


profissionais competentes para suprir as necessidades do mercado de trabalho. Este
professor precisa saber o conteúdo, conhecer os recursos pedagógicos e as novas
tecnologias para compartilhar conhecimento e promover o desenvolvimento de
habilidades e competências em seus alunos, mas, como atender as expectativas e
responsabilidades incumbidas a este sujeito com as deficiências e precariedades
existentes no processo de formação e nas condições de trabalho dos professores
universitários?
Um grande desafio para o professor do ensino superior está relacionado a
ausência de formação prévia e específica para atuar como docente, sobretudo
formação pedagógica e didática. Na busca de qualificação e aperfeiçoamento da
profissão docente, estes professores ingressam em cursos de pós graduação stricto
senso, que por sua vez estão mais voltados a formação de pesquisadores. O
cumprimento deste papel se configura em um grande desfio para o professor do
ensino superior, pois, não existem e provavelmente não existirão, ferramentas ou
práticas que garantam o aprendizado de um aluno. Ensinar envolve mais do que
transmissão de conhecimento, trata-se de uma via de duas mãos, para um ensinar o
outro tem de estar disposto a aprender, não se faz milagres com a formação
humana, nem com toda a tecnologia disponível, não dá para “implantar um Chip de
sabedoria no homem” (Bernadete Gatti, 2003).
Para Tardif (2002, p.39) o professor é alguém que deve conhecer sua
matéria, sua disciplina e seu programa, além de possuir certos conhecimentos
relativos às ciências da educação e a pedagogia e desenvolver um saber prático
baseado na sua experiência cotidiana com os alunos. Além do domínio de uma série
de saberes, o professor universitário contemporâneo, atua como docente na
chamada era do conhecimento, na qual a informação surge em grande volume e alta
a velocidade o que aumenta as exigências em relação a este professor sobre o
domínio das tecnologias da informação presentes de forma especial na vida dos
jovens estudantes.
Portanto, deve-se evitar toda e qualquer deficiência na formação dos
professores universitários, posto que podem trazer implicações negativas para o
processo de ensino e aprendizagem e para o desempenho da profissão docente, e
traz dificuldades para o cumprimento do papel do professor.

6 RECURSOS TECNOLÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

A tecnologia sempre esteve presente na vida do homem, este sempre tem


procurado uma melhor estratégia para realizar as coisas, buscando assim maximizar
a qualidade de suas ações, para o alcance de metas, através de planejamento. O
uso das tecnologias está presente nos ambientes educacionais, como recursos
facilitadores do processo de ensino-aprendizagem, ampliando possibilidades, e
atuando como agente da inclusão social. A tecnologia é um produto da ciência que
envolve métodos, técnicas e instrumentos que buscam trazer solução aos problemas
identificados, a palavra tecnologia tem origem no grego "tekhne" que significa
"técnica, arte, ofício" juntamente com o sufixo "logia" que significa "estudo".
As grandes mudanças decorrentes da evolução tecnológica e alta
competitividade no mercado de trabalho têm alterado características valorizadas no
perfil do trabalhador, as organizações tem buscado mão de obras cada vez mais
flexíveis e capacitadas a desenvolver suas atividades, considerando também
eventuais futuros. Considerando esta necessidade torna-se importante ao professor
como facilitador do processo de aprendizagem adotar estratégias inovadoras, a
serem utilizadas na metodologia de ensino, considerando a realidade institucional, e
também as necessidades da disciplina e do aluno, de forma a maximizar a qualidade
do processo de ensino.
A promulgação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira) nº
9.394 de 1996 trouxe mudanças em todos os níveis de ensino, apresentando novas
diretrizes e a reestruturação do sistema de ensino em todo o país. De fato são
grandes os desafios apresentados a prática docente no ensino superior relacionada
a didática de ensinar e aprender no contexto de sala de aula, a relevância positiva
no uso de recursos tecnológicos no processo
de ensino-aprendizagem é inegável, más é importante a reflexão de alteridade da
influência desta na construção da autonomia do discente.
O papel da educação não se sustenta apenas na instrução que o professor
passa ao aluno, más na construção do conhecimento pelo aluno e no
desenvolvimento de novas competências como: capacidade de inovar, criar o novo a
partir do desconhecido, adaptabilidade ao novo, criatividade, autonomia e
comunicação. A introdução das novas tecnologias nas salas de aula vem a facilitar o
processo de ensino-aprendizagem, as informações se tornam mais acessíveis e isso
amplia as possibilidades de ações do professor, gerando uma evolução estratégica e
didática de uma forma ampla, direcionada a construção do conhecimento, através da
autonomia do aluno (SASSAKI, 1997).
Destarte, infere-se que, uma vez que as tecnologias precisam estar
integradas ao ambiente de ensino-aprendizagem, o docente também precisa ter uma
capacitação continuada, de modo a dominar as tecnologias educacionais,
percebendo que elas não são apenas criadas pela indústria mas que podem,
também, ser idealizadas por ele, por meio da interação humana. Logo, o professor,
percebendo a necessidade tanto das tecnologias industriais quanto das tecnologias
da interação no espaço educativo e efetivando-as nos seus planos de aula,
conseguirá atingir os objetivos propostos, como também transformar a desenvoltura
de suas aulas.
Tardif e Lessard (2005, p. 260) são os pioneiros a falar sobre as tecnologias
da interação, que consistem em “[...] meios utilizados pelo professor para atingir
seus objetivos em suas interações com os alunos.” Para eles, as tecnologias
industriais visam fragmentar e alienar o homem, enquanto as tecnologias interativas
vão além do que a mera técnica de ensinar, elas envolvem as interações tanto com
os parceiros de trabalho, quanto com as relações sociais e as tecnologias
propriamente ditas. Há nas tecnologias da interação três componentes que se
destacam: a coerção, a autoridade e a persuasão.
Os autores ressaltam a persuasão como “a arte de convencer a outrem a
fazer alguma coisa ou acreditar em alguma coisa [...] ensinar é agir falando.”
(TARDIF; LESSARD, 2005, p. 267). Isto é a busca da efetivação do processo de
ensino-aprendizagem de maneira consciente e expressiva, na qual o professor
ensina e aprende com os alunos promovendo a eles reflexão sobre os conteúdos
propostos.
As tecnologias da interação podem proporcionar ao professor troca de
experiências e aproximação com seu aluno de modo que ambos possam se
relacionar com tranquilidade. Deve-se compreender que as tecnologias da interação
nada mais são que uma tecnologia de ensino que permite ao professor o
envolvimento eficaz no decorrer das aulas, uma vez que coagir, exercer autoridade e
persuadir faz-se necessário no ambiente educativo, porque “[...] a docência
assemelha-se à atividade política ou social, que lida com a presença de seres
humanos.” (TARDIF; LESSARD, 2005, p. 267).
Mercado (1999) defende que a era da informação é uma experiência
educacional diversificada totalmente necessária para que se alcance o sucesso,
onde os estudantes necessitam dominar o processo de aprendizagem, e para isso
cada vez existirá uma maior necessidade de uma educação que venha a explorar as
possibilidades oferecidas pela tecnologia.
Freire (1997) define o educador como profissional que facilita a aprendizagem
do educando, utilizando-se para isso de estratégias não limitadoras, para que assim
seja desenvolvido as capacidades de aprendizagem do aluno, apresentando a
relação do professor e aluno como agente do processo de aprendizagem,
defendendo a ideia de que não pode existir docência sem discente, e que as duas
são aliadas a qualidade, reduzindo-se a condição de objeto uma da outra, de forma
que o professor consiga manipular o ambiente educacional, apresentando
experiências profissionais e pessoais, promovendo o envolvimento pleno dos
indivíduos no processo de ensino-aprendizagem.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O professor do ensino superior tem à sua frente, numa sala de aula, olhares
atentos a cada um de seus gestos e atitudes e por isso Nóvoa (2007) afirma que o
primeiro desafio do docente no ensino superior é colocar em prática a ideia de uma
melhor organização da profissão docente.
Nesse sentido, ao estudarmos e levantarmos questões a cerca do perfil,
desafios e trajetórias de formação do professor do ensino superior, concluímos que
esta temática apresenta-se como um amplo campo de estudos, que possibilitam a
criação de novos conhecimentos e informações que podem subsidiar as decisões e
políticas voltadas a formação de professores atuantes no ensino superior, a fim de
melhorar a qualidade do ensino nesta esfera.
Dessa forma, poderão primar pela prática, tanto da inclusão das tecnologias
de ensino, de modo que promovam aulas eficazes, quanto das ações que o levem, a
saber, pensar, aprender a aprender, avaliar-se e avaliar o outro para que as
instituições de ensino superior consigam cumprir sua função social.
E aqui voltamos a um desafio já comentado que é a necessidade de reflexão
das práticas na formação do docente, no que tange ao fato dele não se fazer
prisioneiro de modelos tradicionais que são, “por vezes, excessivamente teóricos,
outras vezes excessivamente metodológicos; mas, sim, se sentir desafiado
diariamente a romper com as barreiras impostas por modelos muito formais.
Outro desafio, difícil para o professor, é o de assumir que não aprendeu como
se faz na prática quando ele próprio era aluno do ensino superior pois, assumir isso,
o coloca num lugar pouco confortável que é o de pedir ajuda ou mesmo o de ser
avaliado ou julgado pelos outros colegas professores ou mesmo pelas instituições
de ensino, tendo sua credibilidade de profissional questionada.
Desafios também são os vários atributos de “bom docente” esperados pela
sociedade: o professor precisa ser interessado, comprometido, competente e
atualizado. Precisa atuar como facilitador, mediador e orientador entre o
conhecimento e o aluno. Deve munir-se de variações metodológicas, técnicas e de
recursos e tecnologias, visando a aprendizagem e o acompanhamento do processo
percorrido pelo aluno e a avaliação do seu progresso.
Deve trabalhar em conjunto com os alunos, desafiando-os e sendo atento e
parceiro, para tomar a frente quando for necessário, e precisa se ocupar em
conhecer a individualidade de cada um deles e do grupo, utilizando-se de interação
e motivação. Por fim, o professor deve ser um transformador no meio universitário,
deve fazer a diferença.
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