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O conceito de Formação Profissional tem evoluído nas últimas décadas. Isto se
justifica, principalmente, pela possibilidade de diferenciação entre a atuação
profissional da área e um leigo (NASCIMENTO 1998 APUD SHIGUNOV, 2001).
Muitos autores como, Matos (1994); Petrica (1987) dizem que a Formação
Profissional é a formação que acontece nos Cursos de Licenciatura e que formar
professores é uma tarefa complexa que requer uma formação sólida para que o
professor consiga definir o que ensinar, porque ensinar, para que ensinar e como
ensinar.
Diante disso, a Formação Inicial deve representar apenas o primeiro passo
frente ao desencadear da futura carreira docente que segue. Sabendo-se que a
Formação do Professor precisa ser uma constante, desde que este queira estar
sempre se desenvolvendo profissionalmente.
Ao estudar o Desenvolvimento Profissional Garcia (1999, p.139) relata que
este “não ocorre no vazio, mas inserido num contexto mais vasto de
desenvolvimento organizacional e curricular”. Essa troca gera um movimento a
caminho de transformações nas ações desenvolvidas na escola, no currículo e na
Educação.
É necessário o reconhecimento de que na relação escola-professor a uma
dependência. Ambos, somente podem mudar conjuntamente, pois uma escola
conservadora, arraigada a conceitos e posturas, não admitirá mudanças na prática
pedagógica dos seus professores, assim como, se o professor não buscar a
mudança, a escola permanece sempre igual.
No que tange a Formação de Professores de Teologia, percebe-se que a
história da disciplina no Brasil oferece subsídios que ajudam a entender como os
professores de Teologia reproduzem, em seu cotidiano, ideais e valores do final do
século XIX. Período a partir do qual, a atividade desenvolveu-se no país e foi
grandemente influenciada pela chamada Teologia Reformada. Somente a partir do
início da década de 1970, é que a Teologia começou a ser discutida de forma mais
contundente, levando ao reconhecimento de que sua prática escolar é problemática
e visando a uma redefinição de seus objetivos, conteúdos e métodos de trabalho.
Esta categoria profissional precisa compreender-se de forma mais
abrangente, evitando reduzir-se a dimensão confessional. Então, torna-se
necessário examinar suas atribuições no contexto, que deve refletir o projeto
histórico da sociedade.
De acordo com Isaía (2005), o contexto em que o professor se encontra, seja
social, cultural, político e educacional leva a entendê-lo em um cenário em que as
expectativas e a valorização social, as condições formativas iniciais e o exercício
continuado ao longo da carreira entre outros, podem levar ou não ao
reconhecimento de uma identidade coesa e autêntica.
A riqueza da trajetória está nas oportunidades que cada professor possui nas
especificidades da sua área. Então, os professores devem se valorizar fazendo com
que os alunos se interessem pela disciplina.
Nesse sentido, o professor, como qualquer outro profissional, precisa estar
constantemente revendo suas práticas pedagógicas, e neste “ir e vir” é que está à
possibilidade de reconstruir sua atitude docente, como também, o contexto em que
atua, principalmente quando tem a possibilidade de estar trocando, conversando,
com os demais professores.
Felizmente, a Teologia tem buscado superar uma grande lacuna em seus
espaços de vivência profissional, caracterizada por um descomprometimento com o
conhecimento acadêmico. O cultivo de valores culturais religiosos, apropriados e
cultuados pelo indivíduo em seu cotidiano, como designo natural ou divino, o tem
distanciado das outras necessidades e possibilidades acadêmicas de se estabelecer
para e sobre a Teologia. Nesse sentido, entende-se ser o conhecimento da Teologia
algo que deva ser tratado com discernimento e responsabilidade científica e
educacional (MORO, 2003).
Um outro autor que costuma ser evocado com frequência e que marcou a
forma como hoje se entende a reflexão é Donald Schön (1983, 1987). As suas ideias
têm tido muita influência no campo educacional, designadamente nas pessoas
interessadas na formação de professores. O trabalho que desenvolveu tem
sustentado as posições dos que, como Kenneth Zeichner, defendem a emancipação
do professor como alguém que decide e encontra prazer na aprendizagem e na
investigação do processo de ensino e aprendizagem.
Considerações finais
A partir das reflexões apresentadas ao longo desse escrito pode-se entender
um pouco da história e da situação atual do contexto da Formação de Professores
de Teologia e da Educação e seus contextos social/político/econômico.
Assim, torna-se necessário que os Cursos de Formação socializem com o
acadêmico/professor não apenas os conhecimentos específicos da sua profissão,
com foco na técnica, mas sim, trabalhar com as essências do fenômeno educativo
através do ensino reflexivo.
Logo, é essencial lembrar que o professor não se forma com o término do
Curso de Graduação, mas nas relações que estabelece no dia-a-dia do seu contexto
profissional, reconstruindo constantemente, diferentes saberes. Cardoso et al (1996
APUD KRUG, 2001) acredita que a atitude reflexiva do professor permitirá
desenvolver essa mesma reflexão nos seus alunos, em decorrências das atividade
propostas em aula.
Nessa linha de pensamento, Costa (1994) entende que a formação Inicial em
Teologia é o período em que o futuro profissional adquire os conhecimentos
científicos pedagógicos e as competências necessárias para enfrentar
adequadamente a carreira docente.
Com a análise de Corrêa (2006) é possível perceber que as soluções
apresentadas para as crises na escola visam apenas uma instituição reformada,
renovada, democratizada, sem perceber que ela não é o problema.
Em vez de uma problematização, ocorre sempre uma rearticulação, um
reajustamento para camuflar o problema, acalmar os ânimos e manter o dispositivo
do sistema com sua função estratégica. É preciso evocar o fora desses dispositivos,
pois não podemos mais agir neles, mas devemos transpô-los.
Diante disso, torna-se necessário evitar que a “Educação para o que der e
vier” se instale em nossos contextos educativos, pelo menos no âmbito de nossa
comunidade. Se assim for, estaremos fazendo nossa parte na luta contra a era de
controle.
Dessa forma, podemos pensar, tanto a escola como as demais instituições
educativas – Universidades, como espaços de formação constante e principalmente,
de alternativas de transformação. Mesmo que, as mudanças ocorram lentamente, já
que esta é uma característica social e cultural de nossa sociedade quando se trata
de Educação, podemos vislumbrar e atingir muitos objetivos no momento que nos
comprometermos eticamente com nosso trabalho.
Referências
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reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Porto: Porto Editora, p. 171-180,
1996.
AMARAL, M.J.; MOREIRA, M.A.; RIBEIRO, D. O papel do supervisor no
desenvolvimento de professor reflexivo – estratégias de supervisão. In: Alarcão, I.
(Org.) e outros. Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Porto:
Porto Editora, p.89-122, 1996.
CARDOSO, A. M., Peixoto, A. M., Serrano, M. C., & Moreira, P. (1996). O
movimento da autonomia do aluno: Estratégias a nível da supervisão. In I. Alarcão
(Org.), Formação reflexiva de professores: Estratégias de supervisão (pp. 89-122).
Porto: Porto Editora.
VEIGA NETO, A. Foulcault & a Educação. 2e. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
ZEICHNER, K. (1993). A formação reflexiva de professores: Ideias e práticas.
Lisboa: Educa.