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Resumo
1
Mestranda em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior pela UFC; Especialista em docência do
Ensino superior pela UFC; Tecnóloga de Gestão do Ensino superior pela UFC. hevelinerq@gmail.com
2
Doutora em Educação pela UFC e Mestre em Engenharia de Sistemas e Computação pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (1988); Professora Associada da Universidade Federal do Ceará, prestando
assessoria à Pró-Reitoria de Administração como Diretora de Controle. suelicavalante@hotmail.com
3
Especialista em Gestão Pública pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-
Brasileira (UNILAB); Bacharel em Administração pela UFC. lbrodrigues@globomail.com
Introdução
A seleção e organização dos conteúdos não podem ser entendidas como uma
mera listagem. Kuenzer (2001.p.41) afirma que os conteúdos a serem trabalhados
devem desenvolver competências intelectuais voltadas para o enfrentamento de novas
situações que exigem reflexão, crítica, flexibilidade moral e intelectual, além da
capacidade de educar permanentemente. Assim os conteúdos passam a serem utilizados
como estratégias para a formação cidadã e profissional. Os aspectos funcionais e
pedagógicos estão diretamente ligados ao desempenho do professor.
O processo de inserção de professores iniciantes na carreira docente tem se
constituído em um fator de extrema importância, não apenas por ser um período de
adaptação do sujeito à profissão docente, mas, sobretudo, pelas implicações dele
decorrentes. Essas implicações colocam em pauta tanto a formação inicial desses
professores quanto a instituição que os acolhe como profissionais, revelando a
necessidade de uma estreita relação da formação de professores com a organização
acadêmica.
Nesse contexto, o presente artigo tem como objetivo refletir sobre os desafios da
prática docente do professor iniciante para a formação do aluno no ensino superior,
observando a contribuição do Projeto CASa (Comunidade de Cooperação e
Aprendizagem Significativa), programa de desenvolvimento de formação docente para
professores na Universidade Federal do Ceará.
O professor do ensino superior começa sua vida laboral por meio de processos
seletivos, com exigências de titulação para atender à legislação que regula o sistema
nacional de educação superior brasileiro; quase nunca ou às vezes dispõe de prática
pedagógica eficaz. É uma possibilidade profissional que é construída ao longo do
tempo.
Um aspecto relevante diz respeito ao que é específico na ação docente. O
professor na educação superior adquire saberes acadêmicos e disciplinares,
comportamentos, conhecimentos, destrezas, atitudes e valores que constituem a
especificidade de sua profissionalização docente. A autoavaliação de desempenho e
feedback torna-se de extrema importância principalmente para os professores iniciantes,
pois possibilita conhecer o desempenho na docência e assim, facilitar o aperfeiçoamento
com as experiências vividas no ambiente educacional.
Aproximadamente os primeiros cinco anos marcam o início na carreira,
considerando que é bastante complexo precisar quando o professor deixa de ser
“iniciante”, pois o predicativo iniciante refere-se a uma categoria transitória e
situacional.
Diversos autores ao analisar a prática de docentes em início de carreira observam
que os mesmos passam por frustrações, alegrias, medos e angústias próprias dessa etapa
da docência. Esteves (1995) e Veenman (1984) afirmam que os profissionais da
educação ao chegarem à realidade escolar sofrem o que denominam de “choque de
realidade”, que representa as dificuldades na nova profissão. Huberman (2007) ressalta
que o contato inicial, ou seja, entre os dois e os três primeiros anos de trabalho do
docente, é marcado pelo choque com a realidade e pela descoberta. É um momento de
busca constante, com dificuldades e fragmentações.
[...] o aspecto da ‘descoberta’ traduz o entusiasmo inicial, a
experimentação, a exaltação por estar, finalmente, em situação de
responsabilidade (ter a sua sala de aula, os seus alunos, o seu
programa), por se sentir colega num determinado corpo profissional
(HUBERMAN, 2007, p. 39).
Isto posto, percebe-se que o espaço escolar também é responsável pelo processo
de formação docente, onde se estabelece a relação teoria–prática e, portanto, se constitui
um cenário de movimento da arte de educar. Logo, torna-se necessário que as
instituições de ensino busquem oferecer condições próprias que a façam responsável de
fato pelo processo de formação dos professores iniciantes.
Não basta que a formação do professor desenvolva apenas o pensamento e a
reflexão do trabalho educativo; é necessário que a instituição de ensino persiga
princípios de abertura para o ato de repensar e avaliar suas ações como organização
social, criando contextos que favoreçam seu desenvolvimento.
III) CURSOS DE MÉDIA E LONGA DURAÇÃO: são cursos oferecidos por meio de
parcerias interinstitucionais. São eles: a) Docência Integrada às Tecnologias da
Informação e Comunicação; b) Cursos sobre em temas específicos relacionados ao
ensino e à pesquisa; c) Disciplina de Didática no Ensino Superior.
IV) COLABORAÇÕES VIRTUAIS: correspondem as estratégias que favorecem a
veiculação de experiências docentes bem sucedidas, tais como: participação no
programa da Rádio Universitária; filmagem para o “Curta Docente”; produção do Blog
da CASa, onde são postados relatos de experiências, textos acadêmicos e, literários,
resenhas e entrevistas.
O projeto em suas dimensões traz uma visão de universidade aberta ao novo
papel do professor de ensino superior, um papel de educador que se amplia em busca de
uma educação que inclua escutar o outro, na abertura, no diálogo, favorecendo a
travessia entre a subjetividade e a objetividade (SCOZ et al., 2000). Esses elementos
constituem-se em alguns dos saberes fundamental à formação docente, para que
desenvolva uma prática educativa crítica, pois segundo Freire (2004, p. 23), “ensinar
não é transferir conhecimentos e conteúdos [...] quem ensina aprender ao ensinar e
quem aprende ensina ao aprender”.
É fundamental que o professor participe do processo de repensar a construção do
conhecimento, numa perspectiva construtivista, na qual a mediação e a interação são os
pressupostos essenciais para que ocorra aprendizagem. O professor pode trabalhar de
maneira construtivista, e nesta perspectiva, os alunos constroem o seu conhecimento a
partir da interação com objeto, o professor torna-se mediador entre o conhecimento e o
aluno. Nas diversas atividades que o Projeto CASa está organizado vale a pena ressaltar
os Encontros de Aprendizagem Cooperativa e a Docência Integrada às Tecnologias da
Informação e Comunicação.
O professor pode utilizar vários tipos de recursos e metodologias para
desenvolver os conteúdos em sala de aula, utilizando recursos audiovisuais, textos
reflexivos, jogos didáticos, sair do espaço sala de aula, partindo para pesquisa de campo
e outras estratégias para facilitar a interação do aluno com o conhecimento e do aluno
com sua realidade.
Uma das práticas inovadoras que o Projeto CASa promove é o curso que integra
a docência às novas tecnologias. O domínio das novas tecnologias de informação e
comunicação (TICs) tem a capacidade de potencializar a interação dessas tecnologias no
campo educacional. Estes são alguns exemplos que devem ser contemplados na
formação do profissional de educação para que o mesmo possa responder as demandas
do aluno inserido no ambiente tecnológico.
Para Piaget (1991) o conhecimento é construído a partir da interação do sujeito
com o objeto. O desenvolvimento cognitivo se dá pela assimilação do conhecimento das
estruturas anteriores presentes no sujeito e pela acomodação dessas estruturas, em
função do que vai ser assimilado.
Para que esta formação ocorra, todo o ambiente educacional precisa estar
comprometido com o aluno, principalmente o professor, que se torna o mediador entre o
aluno e o conhecimento. Esta mediação deve ocorrer de maneira consciente, crítica e
intelectual, buscando as melhores metodologias e estratégias de aprendizagem e
formação como encontramos no Projeto CASa.
O professor pode adotar uma postura crítica frente à realidade, atuando de forma
responsável, partícipes do contexto social no qual estão inseridos não meramente como
críticos, mas como sujeitos reflexivos, capazes de perceber a realidade e a partir dela
assumir coerentemente uma postura educativa, com postura intelectual transformadora,
capaz de pesquisar e produzir o próprio conhecimento.
Considerações finais
Referências
CARVALHO, Marília Pinto de. No coração da sala de aula: gênero e trabalho docente
nas séries iniciais. São Paulo: Xamã, 1999, p. 209- 226
DEMO, Pedro. Saber pensar. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2000 – (Guia
da Escola Cidadã; v. 6)