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FRANCISCO HUMBERTO CUNHA FILHO

TEORIA E
PRÁTICA DA

CULTURAL ^ ^ ti
Universidade de Fortaleza - UNIFOR
Av. Washington Soares, 1321 - Edson Queiroz
CEP. 60811-905 - Fortaleza - Ceará - Brasil

Chanceler
Dr. Airton Queiroz

Reitor
Prof. Carlos Alberto Batista Mendes de Sousa

Coordenação Editorial
Prof. José Antônio Carlos Otaviano David Morano

Copyright © 2002 by Francisco Humberto Cunha Filho

Capa: Assessoria de Comunicação e Marketing


Revisão: Max Krichanã (Tupynanquim Editora)
Diagramação e Editoração Eletrônica: Antônio Franciel Muniz Feitosa
Supervisão Gráfica: Francisco Roberto da Silva
Impressão: Gráfica UNIFOR

DEDICATÓRIA

FICHA CATALOGRAFICA Para Vitória, Marina e Samuel, as minhas melhores produções..


naturais e culturais.
C972t Cunha Filho, Francisco Humberto
Teoria e prática da gestão cultural./
Francisco Humberto Cunha Filho. -
Fortaleza : Universidade de Fortaleza, 2002.
162 p.
1. Direitos culturais - 2. Cultura I. Título
CDU 34:008
APRESENTAÇÃO

Apresentar o livro Teoria e Prática da Gestão Cultural, do


i f i i t í o r Francisco Humberto Cunha Filho, é, de alguma forma,
li Hi ipnrdo nascimento de uma nova disciplina jurídica, a dos Direitos
iiiiiuciis, da qual o referido mestre é um dos maiores paladinos e um
J primeiros propositores de sua inserção nos currículos dos cursos
iiiilloOS, Prova disso e n c o n t r a m o s em seu livro anterior,
'•jniiicutivamente denominado Direitos Culturais como Direitos
innliiinontais no Ordenamento Jurídico Brasileiro, publicado no ano
l >< Ha editora Brasília Jurídica.
No livro por último referido, o Professor Humberto Cunha
- M-.ii oi uma teoria sobre a unidade efetivamente existente, mas pouco
itii Ia om nosso dias, daqueles campos do Direito afetos às artes, à
i' 'iia coletiva e ao repasse de saberes, conjunto de conhecimentos
a constituem o substrato dos Direitos Culturais, importantes em
viltinte de serem o esteio das manifestações da cidadania, bem como
UM integrarem, em parte, importante fatia da esfera econômica, a
tnada indústria cultural.
Mas nossa missão é falar algo das páginas que seguem, as
(Uils surgiram não de um pensar desvinculado da realidade, mas, ao
Intrário, constituem a síntese da reflexão ou do registro de atividades
BUlíurais que o autor desejou partilhar com outras pessoas que militam
N i área da cultura, mais precisamente com aquelas que têm a difícil
mi« i<)' le gerenciar órgãos culturais, num País que dedica muito menos
§ meio por cento de seu orçamento ao setor cultural.
Da experiência do autor como Diretor do Departamento de
Cultura da Secretaria de Cultura do Ceará, e também como Secretário
l í i ' nllura do Município de Guaramiranga (tido por muitos como a
l i p l t a l cultural de nosso Estado), são extraídos valorosos ensinamentos
E | como elaborar um projeto sócio-cultural, de como realizá-lo, de como
prestar contas aos poderes constituídos e, principalmente, à sociedade,
alfa e ômega de toda a ação pública. Ainda, da mesma vivência, surge
o ensinamento do como se atender ao comando constitucional de
registrar e proteger o patrimônio cultural brasileiro, quando o autor nos
apresenta um conjunto de fichas, que viabilizam a realização de um
adequado mapeamento cultural, por qualquer Município de nossa SUMARIO
Federação. DEDICATÓRIA 3
Da veia de jurista do Professor Humberto Cunha saem os APRESENTAÇÃO 5
aspectos teóricos desta obra, surgidos quando foi publicamente PORQUE RESOLVI PUBLICAR ESTE LIVRO 11
chamado a opinar sobre importantes temas que envolvem ao mesmo
tempo direito e cultura: tombamento, incentivo fiscal, direito autoral, PARTE I - DIREITO E CULTURA
propriedade imaterial, entre outros. E a contribuição ora aludida veio a 1. DIREITOS CULTURAIS 17
lume, originariamente, de uma forma democrática e acessível a grande 2. LEGISLAÇÃO CULTURAL BRASILEIRA: ESPAÇO
quantidade de pessoas, uma vez veiculada como artigos de jornal, ou PRIVILEGIADO PARA A GESTÃO DEMOCRÁTICA 21
palestras proferidas pelo autor. Devemos enfatizar que o tipo de 2.1. INTRODUÇÃO 21
veiculação original da obra, em vez de lhe trazer demérito, brinda-a 2.2. O SUPORTE CONSTITUCIONAL PARA A GESTÃO
com uma linguagem acessível, mas sem qualquer perda de conteúdo, DEMOCRÁTICA 22
fato este que promove a aproximação do Direito com seu destinatário, 2.3. A DISCIPLINA DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL 24
o povo. Não podemos esquecer, ademais, que grandes obras, como O 2.4. OS SENÕES DA PRÁTICA ADMINISTRATIVA 25
Federalista, de Hamilton (et alli), trilharam, precedentemente, este 2.5. CONCLUSÕES 26
caminho. 2.6. BIBLIOGRAFIA 26

Em síntese: é uma obra útil e pioneira, por sua percepção 3. OS EQUÍVOCOS, OS PRINCIPAIS PONTOS E ALGUMAS REFLEXÕES
inovadora e por seu mérito interdisciplinar, que, ao promover o SOBRE A LEI MUNICIPAL QUE DEVE PROTEGER O PATRIMÔNIO
casamento do Direito com a Antropologia, a Sociologia e a Cultura, HISTÓRICO E CULTURAL DE FORTALEZA 29
purga-o do purismo acadêmico e insere-o na realidade das coisas que 4. RESPOSTA AO ARTIGO DA PROCURADORA ADMINISTRATIVA
sofrem, no dia-a-dia, toda sorte de influência, o que nos evoca a DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA SOBRE A NOVA LEI MUNICIPAL DE
metáfora do caleidoscópio. TOMBAMENTO 33
A Universidade de Fortaleza, ao publicar este livro, dá mais
uma importante contribuição para a difusão da cultura e para a inovação PARTE II - A ATUAÇÃO DO ESTADO NO INCENTIVO À CULTURA
das práticas jurídicas. I .O ESTADO COMO CLIENTE DO INCENTIVO FISCAL À CULTURA 39
2. A REFORMA DO PLANALTO 42
3. LEI JEREISSATI: REPENSAR É PRECISO 44
Prof. Francisco Otávio de Miranda Bezerra 4. A NOVA LEGISLAÇÃO DO CINEMA 47

Diretor do Centro de Ciências Jurídicas da PARTE III - INVESTIR EM CULTURA É UM BOM NEGÓCIO
Universidade de Fortaleza - UNIFOR
1. CULTURA E ECONOMIA 53
2. O EXEMPLO DE GUARAMIRANGA 56
3. A ARTE DE GUARAMIRANGA, A IMPLOSAO DO BUDA E A 3.12 AVALIAÇÃO 94
PONTE DO RECIFE 59 3.13 SOBERANIA DO MOVIMENTO TEATRAL 96
4. O LIVRO TÉCNICO E A REPOGRAFIA. O QUE FAZER? 63 3.14 CONCLUSÃO 97
4 FINANCIAMENTO E GESTÃO DA CULTURA 98
PARTE IV - A PRÁTICA DA GESTÃO CULTURAL
5. MAPEAMENTO CULTURAL 108
1. ROTEIRO SIMPLIFICADO PARA ELABORAÇÃO E COMPREENSÃO
Explicações Preliminares 108
DE PROJETOS 71
5.1 Indivíduo 110
1.1.0 QUE É UM PROJETO? 71
5.2 Eventos 117
1.2. PARA QUE SERVE UM PROJETO? 71
5.3 Equipamentos 123
1.3. QUAIS AS ETAPAS DE UM PROJETO? 71
5.4 Bibliotecas 129
1.4. AS ETAPAS DE UM PROJETO TÊM NOME ESPECÍFICO? 72
5.5 Escolas 134
1.5. COMO SE DEVE APRESENTAR UM PROJETO? 74
5.6 Equipamentos de Hospedagem 139
1.6.0 QUE DEVE SER FEITO APÓS A CONCLUSÃO DE UM
5.7 Entidades 145
PROJETO? 75
5.8 Equipamentos de Comunicação 151
2. O PROJETO DO I FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO 5.9 Patrimônio Cultural 157
DE GUARAMIRANGA 79
2.1. RESUMO 79
2.2. LOCALIZAÇÃO 79
2.3. JUSTIFICATIVA 80
2.4. OBJETIVO GERAL 81
2.5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 81
2.6. METAS 81
2.7 - ETAPAS DO TRABALHO E CRONOLOGIA 81
2.8. ORÇAMENTO 82
2.9. ANEXOS 83
3. RELATÓRIO DO I FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO
DE GUARAMIRANGA - PRÊMIO EDSON QUEIROZ 87
3.1 PRECEDENTES 87
3.2 REGULAMENTO 87
3.3 FORMAÇÃO DA EQUIPE 88
3.4 A "BATALHA" POR PATROCÍNIOS E APOIOS 88
3.5 A PRODUÇÃO EM GUARAMIRANGA 89
3.6 DIVULGAÇÃO 90
3.7 O INFORMATIVO DO FNT 91
3.8 O PUBLICO 91
3.9 AUTORIDADES PRESENTES 92
:U() PATROCÍNIOS E APOIOS 92
3.11 PROGRAMAÇÃO PARALELA 93
R U U I : RESOLVI P U B L I C A R ESTE LIVRO

Sou do tipo de pessoa que acumula papéis e tem grande


ÉiCii do jogá-los fora. Sempre penso que servirão para alguma
tu n.i lembrança, uma prova, uma importância histórica qualquer...
I i aos impresso é redobrado quando trazem alguma coisa
• iillura. E quando sou eu quem os escreve, nem me falem...
' irônico desta história é que sou alérgico a folhas envelhecidas;
liai e fico logo com uma irritante coriza. Esse meu apego a
I11> • incomoda, e como não posso e creio que não devo me livrar
•Lisquei um meio de sublimá-lo.
Mus seria falso afirmar que esta é a razão principal de reunir
ie tscritos meus sobre cultura, no presente e modesto compêndio.
i iii i cios mais importantes capítulos da minha vida está vinculado
mvidades culturais.
Na minha infância, por exemplo, o convívio escolar com minha
l, Msria Saraiva, uma das mais importantes mestras do sertão de
í, que sublinhava a importância do apego às raízes culturais de
nnbiente de vida: cantadores, artesãos, aboiadores, contadores
ütôria...
Na minha pré-adolescência, migrante recém-chegado à Capital,
i sorte de ser partícipe de uma inovação educacional no Ceará,
I estimulava nos alunos a prática teatral; como tele-aluno da TV
• 'Uva, viae repetia em sala-de-aulaas novelinhas feitas no Ceará,
(finto daqui como o Ricardo Guilherme, o Marcus Miranda, o Ary
M k: Caju Futebol Clube, Pindorama...
Na minha adolescência, algo na mesma dimensão maravilhoso:
í ilunoda EscolaTécnica Federal do Ceará. Nesta grande escola, na
i ||| 11/ o curso de Turismo, um contato intenso com a arte teatral. Na
Inguarda deste movimento, Bruno da Cunha Correia Lima, a quem
lUyãcli no comando do Grupo de Teatro da ETFCE, posteriormente
ii Io do Mandacaru, que chegou a ter projeção estadual.

-;• ü iõ i | >i ;ii ica da gestão cultural 1\


Já adulto, tive a oportunidade de compor a equipe da histórica 111 veículos impressos, quer em forma de conferência e até mesmo
Administração de Violeta Arraes à frente da Secretaria de Cultura do i rtlãtório. Resolvi reunir alguns destes textos e esquemas, com o
Estado do Ceará. Na SECULT conheci Eliza Günther, que me introduziu bjüíivi) He partilhar, com os interessados, um tema de freqüente prática,
na seara das reflexões sobre gestão cultural. Mfih «In pouca literatura: a gestão cultural.
Em seguida, um desafio maior: assessorar, com status de Os textos escolhidos não foram revistos antes da inserção nesta
Secretário, a gestão cultural no Município de Guaramiranga. Algo l, j ielo simples fato de que representam meu pensamento sobre o
inesquecível! Tanto que o substrato essencial deste livro vem da Jffltt fibordado em diversos momentos de minha vida, o que também
experiência lá vivenciada, principalmente aquela vinculada ao Festival ||ro compartilhar com o leitor, ao qual caberá fazer o juízo sobre
Nordestino de Teatro, por ser evento paradigmático não apenas de um =-iiii.il evolução ou involução da maturidade do meu pensamento.
encontro artístico, mas da própria opção de desenvolvimento de toda Agradeço a todos quanto, direita ou indiretamente me ajudaram
uma comunidade. Minha passagem pela Cidade das Flores está escrita i ilaboração do conteúdo deste livro, o qual foi paciente e
em minha alma com tinta indelével e perfumada, posto que extraída da lontemente organizado por um de meus mais brilhantes alunos,
mais aprazível raiz: a amizade de Dráulio Holanda, Lula, Nilde Ferreira, i Moreira, prenuncio de grande jurista.
e dos demais componentes da Associação dos Amigos da Arte de
Guaramiranga, os quais não nomino por falta de espaço e também por
medo de esquecer alguém. O Autor
Não posso deixar de registrar minha passagem pela Rede
Cooperação Técnica Intermunicipal de Educação e Cultura (UNICEF)
e pelo Fórum de Dirigentes Municipais de Cultura do Estado do Ceará,
relembrando principalmente os encontros estaduais e o trabalho de
andarilho feito na companhia de Ray Lima, Guto, Marta Cordeiro,
Naspolini e Reudson de Sousa, divulgando em todo o Estado do Ceará
idéias como "mapeamento cultural", "orçamento específico para a
cultura", "incentivos às artes", "cidadania e pluralismo cultural"...
Depois de toda esta vivência, o mundo jurídico chamou-me para
si, mas não abandonei o contato com a cultura, tanto que, em
decorrência do Mestrado que fiz na Universidade Federal do Ceará -
UFC, publiquei dois livros sobre o tema: "Normas Básicas da Atividade
Cultural", em parceria com Artur Bruno, editado pela Assembléia
Legislativa do Estado do Ceará, e "Direitos Culturais como Direitos
Fundamentais no Ordenamento Jurídico Brasileiro", com publicação
nacional da Editora Brasília Jurídica. Também no doutoramento, que
ora desenvolvo pela Universidade Federal de Pernambuco em convênio
com a Universidade de Fortaleza, pesquiso tema no mesmo universo.
Observa-se que é toda uma existência ligada às atividades
artísticas, de uma forma ou de outra, durante a qual produzi alguns
textos, contendo informações e reflexões, a maioria dos quais publicada,

12 Francisco Humberto Cunha Filho ijjíi • prática da gestão cultural 13


Parte I

DIREITO E CULTURA
1, DIREITOS CULTURAIS

Venho de lançar o livro Direitos Culturais como Direitos


fundamentais no Ordenamento Jurídico Brasileiro, pela Editora Brasília
h indica, livro este produto de dissertação de Mestrado defendida junto
iculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará-UFC, em
julho de 1999.
Quando lêem o título do livro, muitas pessoas, de pronto, me
perguntam:
- O que são direitos fundamentais?
Tentando ser didático, eu digo que o entendimento corriqueiro
tio adjetivo fundamental já revela que são direitos diferenciados
daqueles que poderiam ser designados de comuns, ou seja, são direitos
mpociais.
- Especiais, por quê? Em que sentido? - insistem os mais
interessados.
Para este aprofundamento, já é preciso ser um pouco mais
técnico e explico que são direitos fundamentais aqueles aos que a
principal norma do País, a Constituição, dispensa tratamento
diferenciado, inserindo-os na relação dos assim conhecidos Direitos
Humanos, o que provoca as seguintes conseqüências: não podem ser
revogados e recebem ou devem receber especial proteção, no sentido
d© M I em efetivados.
Ao mencionar o verbo efetivar, associando-o aos direitos
Culturais, as reações são as mais diversas, sendo que as mais comuns
l i o o interesse e a descrença. O interesse manifesta-se porque cada
Vi? mais pessoas se vinculam a atividades artísticas e intelectuais
lenlindo-se, muitas vezes, desprotegidas ou até violadas, em seus
direitos de criadores ou divulgadores da cultura. A descrença decorre
fif vários fatores, que podem ser resumidos pelo seguinte raciocínio:
Ifiomo efetivar direitos culturais, considerados de elite, se nem mesmo

TtiHiii c prática da gestão cultural 17


direitos elementares, como os atinentes à saúde e à moradia, são ÉSbrQ as diversas legislações de incentivo fiscal à cultura — estas que
respeitados? püicloiiim o trilho original que deveriam percorrer, e hoje se prestam a
Na verdade, o enigma posto na pergunta é de difícil solução. fcnclar, precariamente, as combalidas e desprestigiadas estruturas
Uma resposta adequada somente é possível se desmascararmos uma iltHlnis de gerenciamento dos negócios da cultura.
premissa falaciosa, bem como aderirmos a um chamamento de Também a proteção da produção cultural, sintetizada na lei dos
cidadania. Quanto à falácia, esta consiste em considerar os direitos flíNHlo;; autorais e dos direitos conexos, encontra espaço na obra, que
culturais como direitos de uma elite. Eles, os Direitos Culturais, são ili/a duas vertentes: a necessária solidificação do usufruto da
peculiares, nos termos da Constituição, a todas as pessoas e a todos • ••inicialização da obra intelectual, por parte dos criadores, mas, por
os grupos formadores da sociedade brasileira. E o exercício destes • iiilio lado, a explicitação de algo menos financista, que é a
direitos, antes de ser uma conseqüência do exercícios dos demais o lantíssima função social da propriedade intelectual, socializadora,
direitos, são sua causa. Enquanto não percebermos esta verdade, íjlfilnbutiva e cidadã, até hoje tão ocultada por aqueles que se
continuaremos no mesmo ciclo vicioso de subdesenvolvimento e atraso. icionam com o mundo impregnados pela maldição do Rei Midas.
O chamamento à cidadania, acima referido, está em que nos Como tentativa de novas contribuições aos estudos sobre o
conscientizemos de que os direitos se efetivam quando são liirui, acredito que meu livro traga duas: identifica os princípios
conquistados. Os diretos que nos são apenas "doados", muitas vezes pnnr.litucionais culturais e advoga a unidade acadêmica para os direitos
fogem-nos das mãos, por um mero capricho do "doador". tlfiM; i ospécie. A unidade acadêmica faz-se necessária, pela crescente
Assim, no livro Direitos Culturais (...) são mencionadas as (Mipoilância sócio-econômica da cultura e dos respectivos direitos. E
principais estruturas existentes no ordenamento jurídico brasileiro que timbnm porque os direitos culturais - como o tombamento, o autoral, o
podem auxiliar os indivíduos - e as coletividades - a lutarem por seus in< fiilivo à cultura -, são estudados esparsamente, em distintas
direitos. Dentre estas estruturas figuram as garantias constitucionais, Ihi iplinas jurídicas, sendo sempre considerados sui generís. quando
das quais merece destaque a Ação Popular - que, por sua importância, podei iam e deveriam estar agrupados em disciplina comum, em virtude
será explicada e exemplificada a seguir.
!• < l rem a mesma raiz, a cultura. Referida unidade já se esboça em
Ação Popular é um instrumento para acionar a Justiça, em MI ias Academias, como a Universidade Estadual do Ceará (UECE),
princípio gratuito, disponível a qualquer cidadão (aquele que vota), para i inseriu em seu curso de Pós-Graduação em Gestão de Produtos
proteger, dentre outros bens, o patrimônio cultural. i Serviços Culturais.
Um dos exemplos mais marcantes do Brasil, no que concerne Quanto aos princípios constitucionais culturais, estes são
à utilização da Ação Popular, pôde ser colhido no Estado do Ceará, inferidos do texto de nossa Constituição Federal, que além de dedicar
mais precisamente em Sobral. Naquela cidade, carinhosamente Exclusiva seção à cultura, trata do tema no correr do todo o seu prolixo
conhecida como Princesa do Norte, um antigo prédio histórico do centro iBXto. A importância da identificação dos princípios está em que fica
urbano estava para ser demolido; inconformado, o cidadão Clodoveu ibelecido um padrão de unidade e harmonia para os Direitos
Arruda ingressou com a Ação Popular e impediu a destruição, Culturais, segundo a ética que os Constituintes fixam para o
Posteriormente, a Prefeitura desapropriou o prédio e o transformou na i &\i H iciíamento do Estado com os mais diversos produtores culturais
Casa de Cultura, que hoje insere-se num amplo conjunto arquitetônico (eliminando, assim, a tendência de cada um querer impor a sua - e
de valor para todo o País, vez que tombado pelo Instituto do Patrimônio lumonte a sua! - ideologia, na referida relação). Afloram, com nitidez
Histórico e Artístico Nacional. • tlina, os seguintes princípios constitucionais culturais: a participação
Além do patrimônio arquitetônico, meu trabalho aborda outras i •• •/'/ liar, o pluralismo cultural, o respeito à memória coletiva e a atuação
questões atinentes aos Direitos Culturais, posicionando-se criticamente mlütul como suporte logístico.

1 Francisco Humberto Cunha Filho pft-i prática da gestão cultural 9


Lançadas ao mundo estas idéias, pretendo convocar os
interessados (que concordem ou não com as mesmas) ao debate e,
mais que isso, à ação, para que efetivemos este instrumental tão'
importante para a cidadania: os Direitos Culturais.

I . LEGISLAÇÃO CULTURAL BRASILEIRA: ESPAÇO


PRIVILEGIADO PARA A GESTÃO DEMOCRÁTICA.

1,1 - INTRODUÇÃO
O título do presente texto, Legislação Cultural Brasileira: Espaço
Privilegiado para a Gestão Democrática, embute em si a idéia a ser
trabalhada nas linhas que seguem: nenhum outro setor da
Rui matividade brasileira oferece tantos recursos jurídicos e sociais para
um; i gestão democrática e direta de seus interesses, quanto o segmento
| i cultura.
Prima facie poderia ser observado que, para um Estado cuja
nstituição o adjetiva com a expressão democrático de direito, uma
fif.ortiva como a precedente seria inócua, pois todos os setores da
Vida social e política seriam, potencialmente, geridos de forma
Igualmente democrática.
Contudo, sou de opinião que, tal qual os princípios reitores de
Um dado ordenamento jurídico1, o grau de gestão democrática dos
litores da vida pública submetem-se a um escalonamento, segundo o
H linte critério: quanto menor a intermediação entre o povo e a gestão
[fios interesses públicos, mais democrática será esta gestão.
Tal exegese não compõe uma mera convicção íntima, mas
iisenta-se positivada na própria Constituição Federal que, sem
embargo do prestígio dos Representantes, deixa inferir que a
legitimidade das grandes deliberações nacionais encontra o mais alto
i ialdo se o povo diretamente com elas assentir2. Vide, a este respeito,

1
©ANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional, Livraria Almedina: Coimbra (Portu-
| | l ) , 1991.
' MA( II DO, Dimas. O Discurso Constituinte - Uma Abordagem Crítica, Casa José de Alencar
(Ul C): Fortaleza, 1997.

20 Francisco Humberto Cunha Filho fea e prática da gestão cultural 21


o disposto no Art. 2.Q do Ato das Disposições Constitucionais prescrições constitucionais, como é o caso do inciso LXXIII, do Art. 5.9,
Transitórias, que determinou o plebiscito de 1993; e, também, a segunda com base no qual qualquer cidadão pode acionar a justiça, sem
parte do parágrafo único do Art. 1 .Q, expressamente mencionando a despesas, para proteger o patrimônio cultural.
gestão direta; há ainda o caso do inciso XV do Art. 48, determinando O Princípio da Memória Coletiva encerra a idéia de que todo o
que o Congresso Nacional é o auscultador da população. acúmulo cultural produzido na Nação não pode ser desconsiderado
nas práticas públicas, devendo estas práticas levar em conta tudo o
2.2 - O SUPORTE CONSTITUCIONAL PARA A GESTÁO que já foi vivenciado e feito por aqueles que nos antecederam, não
DEMOCRÁTICA com o intuito de obrigatoriamente seguirmos as mesmas trilhas, mas a
fim de que não percamos os referenciais de origem. Este princípio,
No campo específico do setor cultural, a ordem constituinte para além do que já foi dito sobre pluralismo, expressa-se pela ordem de
uma gestão democrática pode ser vislumbrada em grau superlativo — que o poder público deve resguardar a documentação governamental;
o que pode ser constatado, inicialmente, pelo estudo dos princípios na punição a danos causados às referências memoriais; no tombamento
inferidos do texto normativo de mais alta hierarquia: princípios do dos ícones da luta pela liberdade, os quilombos, e documentos a eles
pluralismo cultural, do respeito á memória coletiva, da participação
referentes4.
popular e da atuação estatal como suporte logístico —, como foi
anteriormente explicitado3. O Princípio da Atuação Estatal (referente à cultura), como
suporte logístico, indica que as iniciativas referentes às práticas culturais
Em primeiro lugar, o Princípio do Pluralismo Cultural, consistente
devem ser essencialmente da sociedade e dos indivíduos, cabendo ao
em que todas as manifestações de nossa rica cultura gozam de igual
Estado dar suporte a tais iniciativas, através de uma atuação que
status perante o Estado, não podendo nenhuma ser considerada
possibilite a infra-estrutura necessária ao desabrochar das referidas
superior ou mesmo oficial. A Constituição não admite hierarquia ou o
iniciativas. Consiste, em palavras claras, em que devem ser apoiadas
privilegiamento de expressões culturais, sejam produzidas por quem
a dramaturgia, a literatura, as expressões telúricas, e enfim, todas as
for: doutores ou analfabetos, campesinos ou citadinos, ricos ou pobres.
manifestações culturais, mas o conteúdo delas não pode ser ditado
A dedução deste princípio está em expressões como "O Estado
pelos que gerem os negócios públicos da cultura. O suporte logístico
garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais(...)'\ está,
referido é implementado por tarefas específicas (como a construção
também, na proteção da manifestação cultural e das datas significativas
de teatros e centros culturais) e pelo ato de tornar possível o acesso a
para as distintas etnias; averigua-se, ainda, no imenso acervo que
recursos públicos, dentro de critérios. Neste ponto, sublinha-se que
compõe o patrimônio cultural brasileiro etc.
tarefas específicas atribuídas ao Estado não o tornam autorizado "a
O Princípio da Participação Popular consiste na possibilidade fazer cultura".
que os cidadãos têm, individualmente ou por organizações civis, de
opinar e deliberar, diretamente, sobre a política cultural a ser encetada. O embasamento filosófico pertinente a esta postura consiste
Da seção da cultura, este princípio pode ser inferido sem qualquer em que, numa democracia, a atividade cultural, mormente a artística,
dificuldade na prescrição que determina que "O Poder Público, com a funciona com uma espécie de imunidade, em que, neste espaço, pode-
colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio se dizer livremente o que se pensa da organização social, do Governo
cultural brasileiro (...)". Contudo, podemos encontrá-lo em outras e do modo de vida. Esta concepção tem amparo até mesmo na

a
Este tema dos princípios constitucionais culturais desenvolvi-o com mais detalhes em Direitos FERNANDES, José Ricardo Oriá. Direito à Memória - A Proteção Jurídica ao Patrimônio His-
Culturais como Direitos Fundamentais no Ordenamento Jurídico Brasileiro, Brasília Jurídica: tórico-Cultural Brasileiro (Dissertação de Mestrado), Faculdade de Direito da Universidade
DF, 2000. Federal do Ceará, Fortaleza, 1995.

22 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 23


Constituição quando, no inciso IX do Art. 5.2, garante-se que "é livre a Assim, se dividíssemos a referida legislação infraconstitucional
expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, pertinente ao setor da cultura em quatro grandes grupos, a saber: 1)
independentemente de censura ou licença".
Proteção da Produção Cultural, 2) Incentivo à Produção Cultural, 3)
Também no tópico especificamente destinado à cultura, como Proteção ao Patrimônio Cultural e 4) Valorização de Produtores e
vimos, a Constituição determina, no Art. 215, que "O Estado garantirá Produtos Culturais, notaríamos, em todos eles, as aludidas estruturas
a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da de participação social. À guisa de ilustração, cito alguns exemplos,
cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das dentre tantos outros que seriam possíveis: a) quanto à legislação autoral
manifestações culturais." Evidenciados os verbos escritos pelo (Lei n.Q 9.610/98), o direito de fiscalizar a utilização da obra protegida,
Constituinte: o Estado garantirá (e não deliberará ou algo equivalente) diretamente pelo autor ou por associação de que faça parte; b) No
o pleno exercício dos direitos culturais; o Estado apoiará e incentivará incentivo fiscal à Cultura (Lei n.g 8.313/91), a Comissão Nacional de
(e não fará ou determinará) a valorização e a difusão das manifestações Incentivo à Cultura (CNIC), composta paritariamente com membros
culturais. do Governo e da Sociedade, com poderes originários superiores aos
Deste modo, advogar que a gestão cultural deva ser feita do Ministro de Estado da Cultura, no seu campo específico de atuação;
essencialmente pela sociedade e pelos indivíduos, extrapola o campo c) Na proteção do patrimônio cultural (Decreto-Lei n.e 25/37), um
da mera convicção pessoal e chega a ser uma simples constatação, a Conselho de Tombamentos; d) Concernentes às instâncias de
partir da interpretação da Lei Maior: quem deve determinar o conteúdo valorização de produtos e produtores culturais, comissões eletivas para
da produção cultural é a sociedade; qualquer que seja a determinação, títulos e honrarias.
desde que dentro dos demais princípios democráticos, o Estado deve
dar o suporte logístico necessário e possível.
2.4 - OS SENÕES DA PRÁTICA ADMINISTRATIVA
Não tenho ilusão da aceitação pacífica deste princípio, quer
pela tradição intervencionista do Estado na Cultura5, quer pela realidade Não obstante tão prodigiosa legislação democratizante do setor
material de que os governantes, jamais, sem uma determinação cultural, percebe-se uma atuação intervencionista, além da medida
institucional, apoiarão aquilo que não interessa a seus objetivos. legal, por parte do Estado brasileiro, nas diferentes esferas da
Federação, quer seja fazendo ele próprio o papel que compete à
2.3 - A DISCIPLINA DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL sociedade, quer seja excluindo esta dos seus afazeres e prerrogativas
ou - pior que tudo - simulando, por meio de títeres, a participação social.
Na seara infraconstitucional6, a estruturação normativa, em tese,
também é concebida de modo a possibilitar a gestão direta dos negócios Tais desvirtuamentos podem ser verificados em alguns
da cultura, por meio de Conselhos ou estruturas equivalentes, com exemplos.
poderes, não raro, deliberativos. Primeiro: na seara da proteção do patrimônio cultural é comum
a possibilidade de que o Chefe do Executivo, mesmo contra parecer
técnico, possa deixar de confirmar a proteção recaída sobre
determinado bem tombado ou, ainda, poder retirar o gravame protetoral
1
Vide a este respeito BARBALHO, Alexandre. Relações entre Estado e Cultura no Brasil, Editora determinado pela sociedade.
UNIJUÍ: Ijuf- RS, 1998.
1
Vide SILVA, Theo Pereira da e VEIGA, Yberê Eugênio (supervisão e organização; coordenação Segundo: no aspecto geral dos interesses culturais, criam-se
@ pesquisa). Legislação Cultural Brasileira Anotada, Ministério da Cultura: Brasília, 1997 e múltiplos conselhos de cultura, não com o objetivo de garantir o
BRUNO, Artur e CUNHA FILHO, Francisco Humberto (organizadores e anotadores). Normas
I t.isicas da Atividade Cultural, INESP - Assembléia Legislativa do Estado do Ceará: Fortaleza, pluralismo de idéias, mas de seguir o aconselhamento daquele que se
I098 pronuncie mais favoravelmente aos gestores de plantão, possibilitando,

Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 25


ao mesmo tempo, uma falsa legitimação das ações, a bem dizer, (;ALDAS, Waldenir. O Que Todo Cidadão Precisa Saber Sobre Cultu-
esvaziando a função dos referidos órgãos. m, Global: São Paulo, 1943.
Terceiro: na esfera do incentivo fiscal à cultura, a criação de CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional, Livraria
comissões, por vezes díspares, com maior quantidade de Almedina: Coimbra (Portugal), 1991.
representantes do Estado; outras vezes, falsamente paritárias, entre
Sociedade e Estado; ou, ainda, com poderes desfocados das atividades . Tomemos a Sério os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais,
de controle e vigilância. Universidade de Coimbra, Portugal, 1988.
Carta de Vitória, Fórum Intermunicipal de Cultura, Mímeo: Vitória, 1996.
2.5 - CONCLUSÕES Cultura É Um Bom Negócio, Ministério da Cultura, Imprensa Nacional:
Com o que foi dito e analisado acima, podemos concluir o que Brasília, 1995.
se segue: CUNHA FILHO, Francisco Humberto. Direitos Culturais como Direitos
1) As disposições constitucionais referentes à cultura Fundamentais no Ordenamento Jurídico Brasileiro, Brasília Jurídica:
possibilitam a dedução de princípios, os quais fundamentam DF, 2000.
uma gestão altamente democrática do setor; FERNANDES, José Ricardo Oriá. Direito à Memória - A Proteção Jurí-
2) Também a abundante legislação infraconstitucional dica ao Patrimônio Histórico-Cultural Brasileiro (Dissertação de
sobre cultura segue a mesma linha democratizante, admitindo Mestrado), Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará,
diversas instâncias de gestão e fiscalização, por parte daqueles Fortaleza, 1995.
que desenvolvem as atividades ora comentadas; GRAMSCI, Antônio. Os Intelectuais e a Organização da Cultura, Ed.
3) Não obstante o suporte normativo referido, o Estado Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 1985.
brasileiro, nas esferas federal, estadual e municipal, porta-se GUERRA FILHO, Willis Santiago (organizador). Dos Direitos Huma-
de maneira intervencionista, frustrando o desiderato nos aos Direitos Fundamentais, Livraria do Advogado Editora: Porto
democratizante estabelecido pelo legislador, anulando ou Alegre, 1997.
falseando a gestão democrática do setor cultural.
. Autopoiese do Direito na Sociedade Pós-Moderna: Introdu-
4) A correção deste equívoco evoca a lição de Jerhing, ção a Uma Teoria Social Sistêmica, Livraria do Advogado Editora: Por-
dependendo da tomada de consciência e subseqüente ação
to Alegre, 1997.
daqueles que desempenham atividades artístico-culturais em
nosso país. . Princípio da Isonomia, Princípio da Proporcionalidade e Privi-
légios Processuais da Fazenda Pública, in Nomos - Revista do Curso
2.6 - BIBLIOGRAFIA de Mestrado em Direito da UFC, volumes XIII e XIV, n.e 1/2, jan/dez,
1994/1995, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 1995.
BARBALHO, Alexandre. Relações entre Estado e Cultura no Brasil, HÀBERLE, Peter. La Liberta Fondamentali Nello Stato Costituzionale,
Editora UNIJUÍ: Ijuí/RS, 1998. La Nuova Itália Scientifica: Roma, 1993.
BOBBIO, Norberto. Os Intelectuais e o Poder, UNESP: São Paulo, 1996. HERSCOVICI, Alain. Economia da Cultura e da Comunicação, 1.- edi-
BRUNO, Artur e CUNHA FILHO, Francisco Humberto (organizadores ção, Editora Fundação Ceciliano Abel de Almeida, UFES: Vitória, 1995.
Q anotadores). Normas Básicas da Atividade Cultural, INESP - Assem- HORKHEIMER, Max e ADORNO, Theodor W. Conceito de lluminismo
bléia Legislativa do Estado do Ceará: Fortaleza, 1998. in coleção Os Pensadores, Nova Cultural: São Paulo, 1991.

K6 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural \1


ISRAEL, Fred L. Frankiin Roosevelt, Coleção Grandes Líderes, Nova
Cultural: São Paulo, 1987.
JAEGER, Werner. Paidéia -A Formação do Homem Grego, 3.- edição,
Martins Fontes: São Paulo, 1995.
SILVA, Theo Pereira da e VEIGA, Yberê Eugênio (supervisão e organi-
zação; coordenação e pesquisa). Legislação Cultural Brasileira Anota- 3. OS EQUÍVOCOS, O S P R I N C I P A I S P O N T O S E A L G U M A S
da, Ministério da Cultura: Brasília, 1997.
REFLEXÕES SOBRE A LEI MUNICIPAL QUE DEVE
Leis Básicas da Educação. Secretaria de Educação Básica do Estado PROTEGER O PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL DE
do Ceará, 1997. FORTALEZA.
MACEDO, Dimas. O Discurso Constituinte - Uma Abordagem Crítica,
Casa José de Alencar (UFC): Fortaleza, 1997.
A edição do Diário Oficial de Fortaleza de 27 de junho de 97,
SANTOS, José Luis dos. O Que é Cultura, Editora Brasiíiense: São trouxe a público a lei n.° 8.023/97, que dispõe sobre a proteção do
Paulo, 1983. patrimônio histórico-cultural em nossa cidade.
Em primeiro lugar, deve ser destacado que a Lei Municipal
mencionada tenta efetivar a ordem constitucional que determina que
"o poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e
protegerá o patrimônio cultural brasileiro (...)". O desejo dos
elaboradores da Lei em efetivar a norma constitucional transcrita pode
ser comprovado pelos seguintes fatos: 1.s) adota uma evolução
conceituai, deixando de se referir a 'patrimônio histórico e artístico',
passando a mencionar algo muito mais abrangente, o patrimônio
histórico-cultural; 2°) não se restringe a legislar sobre a clássica figura
do"tombamento"e, ousadamente, institui o que chama de "declaração
de relevante valor cultural", para os bens que não se adequem a ser
protegidos pela primeira figura mencionada; 3.°) tenta implementar a
participação popular na proteção do patrimônio cultural, ao assegurar
que "o pedido de tombamento poderá ser feito por qualquer cidadão

Não obstante as excelentes intenções da Lei fortalezense de


proteção ao patrimônio cultural, diversos aspectos defeituosos, tanto
no que se refere à forma, como ao conteúdo, podem impregná-la do
status de natimorta.
A primeira questão de fundo a ser enfrentada refere-se à
competência do Município para criar lei sobre a matéria, pois a
Constituição diz que somente são competentes para legislar sobre
patrimônio cultural a União, os Estados e o Distrito Federal. Por outro
Francisco Humberto Cunha Filho
Teoria e prática da gestão cultural 29
lado, há que se observar duas outras normas da Constituição, para que a sociedade está representada em algo denominado "Conselho
uma análise mais completa do tema. de Tombamentos do Município", de composição eminentemente
A primeira diz que é dever de todos os entes federados, inclusive acadêmica, incluído representantes da Municipalidade (3 do Executivo
do Município, proteger os bens da cultura; a outra literalmente adverte e 1 do Legislativo), Instituto do Ceará, UFC, UNIFOR, FUNECE e
que "compete aos Municípios suplementar a legislação federal e a IPHAN; o conselho não inclui, curiosamente, o Departamento Estadual
estadual no que couber". Para melhor entendimento: o Município pode do Patrimônio Cultural e, tampouco, as entidades civis já mencionadas,
e deve realizar a proteção do patrimônio cultural, mas não pode legislar que lidam com a matéria.
sobre os mecanismos de proteção, em seus delineios gerais.
Pela respeitabilidade das instituições que podem ter assento
De todo modo, o que pode ocorrer na prática com a Lei de no conselho, porém, poder-se-ia concluir que a sociedade está muito
Fortaleza é o seguinte: alguém que sofrer, sobre bens de sua bem representada, não fosse o fato de que seu pronunciamento é
propriedade, limitação administrativa em inovação determinada pela apenas indicativo para a decisão do Prefeito; este é quem dá a última
Lei 8023/97, com a qual não concorde, entra em juízo alegando sua palavra, com referência ao tornbamento de um bem ou declaração de
inconstitucionalidade e, facilmente, logrará êxito. Mas existem, relevante valor cultural, podendo, inclusive, contrariar um parecer
porventura, inovações? Muitas. Só para exemplificar: 1) a própria criação unânime de tão seleto, abalizado e técnico Conselho. Nisto, a Lei
da declaração de relevante interesse cultural, com as limitações Municipal manteve um modelo que vem sendo criticado desde 1937.
administrativas previstas; 2) as modificações para o tornbamento, face Em outras palavras, quando podia inovar, respaldada pelos princípios
às legislações federal e estadual, principalmente no que concerne à constitucionais vigentes, sobretudo os da cidadania e da titularidade
aplicação de multa; 3) a sobrecarga de ônus com os bens existentes do poder pelo povo, preferiu ser conservadora.
no entorno de um bem tombado, entre outras.
Do ponto de vista jurídico, não podem ser toleradas algumas
Se o defeito da Lei 8.023/97 fosse apenas o apresentado, transferências de responsabilidades para atos normativos infralegais,
poderíamos creditá-lo a uma ousadia cidadã de inconformismo, frente por serem de competência da Lei, em sentido estrito, como a fixação
à equívoca circunstância que retira do Município a possibilidade de de multas ou a definição, para os bens declarados de relevante interesse
legislar sobre uma matéria em relação à qual deveria ter amplos cultural, de condições e limitações a que deverão estar sujeitos. Por
poderes. Contudo, o texto que veio a lume enseja uma série de outras certo, esqueceram-se os redatores de tais prescrições que "não há
observações, vinculadas a matizes de cunho ideológico, jurídico e pena sem prévia cominação legal", e que "ninguém será obrigado a
redacional.
fazer ou deixar de fazer alguma coisa, a não ser em virtude de Lei".
Do ponto de vista ideológico, o que merece ser acentuado é o Por fim, os erros a seguir apontados, omitindo-se outros de menor
simulacro de participação popular, dentro de uma estrutura arcaica. monta, só podem ser creditados a defeitos de digitação, pois não se
Explica-se: em linha anterior, dissemos que a Lei aqui debatida prevê pode crer que os redatores da Lei resvalassem em equívocos tão
que qualquer cidadão pode propor o tornbamento de um bem, para,
primários de conhecimentos jurídicos. Figura, por exemplo, no Art. 6.°,
em seguida, dizer que o outro legitimado a fazer tal proposta é a própria
que "no tornbamento de bens móveis será determinado, no seu entorno,
Minlcíliim de fortaleza. Quanto a isto, uma omissão inescusável: se
área de proteção que garanta sua visibilidade, ambiência e integração".
eldadÔos e o Poder Público Municipal podem propor o tornbamento de
O equívoco é evidente, tendo sido suprimida a letra "i" da palavra
uni In••III, |)oi que não, também, as entidades civis que incluem nos
sublinhada. Em todo caso, se não for um erro material, não se justifica a
-,rw- objíílívos ;i proteção do patrimônio cultural?
não-proteção, também, do entorno dos bens imóveis tombados.
Mas isto seria um detalhe, se esta participação popular tivesse Já no Art. 27 ocorreu o contrário: inseriram um "i" antes da
pii© dtclsórlo na inscrição de bens nos livros do tombo. Hão de dizer
palavra móvel, sem necessidade. Diz o artigo: "no caso de furto, roubo

Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 31


ou extravio de bens imóveis (...)". Ora, não se pode furtar, roubar ou
extraviar bens imóveisl
Existem ainda passagens ininteligíveis, como ocorre no
parágrafo único do Art.19, que cita uma tal de "comissão culposa": o
que isto quer dizer? Ação culposa? Comissão de pessoas com culpa?
Talvez haja um "c" a mais na palavra comissão, o que levaria à expressão 4. RESPOSTA AO ARTIGO DA PROCURADORA
omissão culposa? Estas cobranças não estão feitas meramente por ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA
preciosismo, mas como uma advertência de que, em princípio, vale o SOBRE A NOVA LEI MUNICIPAL DETOMBAMENTO
que está publicado: estes erros são 'um prato cheio' para quem deseja
não cumprir a Lei.
Feitas estas considerações, o mínimo que se espera é uma Li, no último sábado, resposta firmada pela Procuradora
reflexão sobre a Lei, de preferência coletivamente, e, quando menos, Administrativa do Município de Fortaleza, a Dra. "X", acerca de meu
sua republicação sem os erros materiais apontados, antes que seja artigo publicado no caderno Sábado deste jornal O Povo, na edição do
editado o regulamento - o que tem previsão de ser feito no prazo máximo dia 13/set/97, no qual apontei os defeitos de competência, forma,
de 180 dias, a contar da publicação. conteúdo e a obscuridade ideológica concernente à Lei Municipal n.°
8.023/97, que trata da proteção do patrimônio histórico-cultural da
cidade - poeticamente denominada 'loura desposada do Sol'. Contudo,
devo confessar, esperava coisa muito melhor.
Em primeiro lugar, externo meu desapontamento com a
(Publicado no jornal O Povo, em 13/set/1997 "deslealdade" acadêmica das linhas traçadas pela Procuradora, a qual,
apesar de reconhecer que aquilo que escrevi "tem seus méritos", aponta
tão-somente o que considera "enganos" - atitude esta que evitei em
meu artigo, ao destacar antes de tudo as virtudes intencionais daqueles
que redigiram a Lei Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural. Esta
omissão tem sua importância, como demonstrarei à frente.
A síntese da resposta que escrevi tentou agredir, sem sucesso,
apenas dois pontos de diversas denúncias que formulei, a saber: 1.°)
sustenta que o Município é competente para legislar sobre patrimônio
cultural; 2.°) justifica a série de erros materiais da norma como algo
usual e, portanto, aceitável, não só em Fortaleza, mas em todo o Brasil.
Analisemos.
Para sustentar a argumentação de que o Município é competente
para criar e inovar, nas leis sobre proteção ao patrimônio cultural, a Dra.
"X" omite a saudável tendência a raciocinar e limita-se à menção de dois
festejados juristas brasileiros, José Afonso da Silva e Hely Lopes Meireles.
Estranho o método de trabalho da douta Procuradora, que recorre
primeiro à doutrina, antes de conhecer o texto da Lei.

Teoria e prática da gestão cultural


32 Francisco Humberto Cunha Filho u
Certamente os artigos 24 e 30, do exemplar da Constituição da Quanto ao fato de justificar os erros materiais da redação da
jurista que antagoniza minhas idéias, com os quais diz que demonstrará Lei, como "algo normal para quem é 'familiarizado' com o Direito", trata-
meus equívocos, foram impressos na mesma gráfica que fez publicar se de uma inaceitável apologia ao descaso e à incompetência,
a Lei n.° 8.023/97, ou seja, estão completamente defeituosos, pois os principalmente no que se refere à norma aqui apreciada, cujos vícios
que se insculpem de forma correta, no que permite ao debate, vejo-me lingüísticos, gramaticais e de redação, que excedem uma dezena,
obrigado a transcrevê-los. O artigo 24, § VI, diz: mudam por completo o sentido do que se deseja divulgar, a ponto de
"Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le- sugerir a questão: é erro ou má-fé? Inaceitável, de todo modo, em uma
gislar concorrentemente sobre a proteção ao patrimônio históri- cidade que dispõe de um eficiente Plantão Gramatical. Neste caso,
co, cultural, artístico, turístico e paisagístico". Dra. Procuradora, prefiro me manter longe desta "família" e concluo
que, se o mesmo zelo dado à redação da Lei for o que norteará a
Onde está o município? O artigo 30, § IX, por sua vez, enuncia: proteção do patrimônio histórico-cultural do nosso Município, ocorrerá
"Compete ao Município promover a proteção ao sempre aquilo que sucedeu com o Estoril.
patrimônio histórico-cultural, observada a legislação e a ação Retomando um ponto inicial, creio que devemos entender que
fiscalizadora federal e estadual". os "méritos" de meu primeiro artigo, omitidos pela Procuradora, são
aqueles que não foram contestados - já que, como diz a sabedoria
Diante disso, passo a decodificar os erros em que incorreu a popular, "quem cala consente". Assim, a Dra. "X" admite todas as outras
Dra. "X": 1) não observou que os juristas que mencionou comungam imputações que fiz à Lei n.° 8.023/97, a rememorar: 1) é falsamente
com o que afirmei, pois legislar supletivamente, no caso, é apenas democrática; 2) a decisão de proteção do patrimônio cultural é
criar as condições jurídicas de operacionalização das normas protetorais meramente política, ao invés de técnica, por centrar excessivos poderes
expedidas pela União, Estados e Distrito Federal. A Lei do Município, nas mãos do Prefeito; 3) o Conselho de Tombamento do Município, tal
por seu turno, vai muito além; inova, onde não pode, o tombamento, e como concebido, é apenas legitimador das ações públicas; 4) omite a
cria, inclusive, uma outra figura de proteção, a "Declaração de Relevante participação da sociedade civil organizada; 5) extrapola limites legais e
Valor Cultural", cuja parte sancionatória é remetida para um decreto(l); constitucionais; 6) a conjuntura político-partidária determinou a exclusão
2) na espinhosa missão de defender o indefensável, a ilustre do Departamento de Patrimônio Cultural do Estado etc.
Dra. trata o direito como uma religião e os doutrinadores como santos, O mais importante disso tudo, porém, não é a vitória da
diante dos quais devemos nos postar e dizer amém... Não custa lembrar argumentação, e sim saber que as providências serão tomadas. Vão
que o Direito é uma ciência e, como tal, nos permite dizer que, mesmo ou não dar à Lei os limites constitucionais? Vão apenas assumi-los ou,
que José Afonso da Silva e Hely Lopes Meireles dissessem o contrário efetivamente, sanar os vícios ideológicos? Vão ou não republicá-la
do que afirmei, estariam, nesse ponto, defasados, ante os preceitos sanada dos erros?
constitucionais transcritos. Vale a pena renovar os referenciais de Por fim, devo dizer que não é por falta desta Lei que o Município
leitura...; se exime de proteger os bens da cultura (que não são somente os
3) a Dra. "X" confunde tipos de competência: competência para prédios), vez que a Constituição permite fazê-lo por meio de Ação.
realizar o tombamento, o Município tem; para legislar sobre o patrimônio Assim, apresenta-se o dilema expresso pela questão: quem os
cultural, não, exceto como acima ficou explicado. Mas é perfeitamente protegerá? A resposta é: todos; cidadão, sociedade e poder público,
inteligível a defesa da Procuradora em sentido contrário, pois viu-se temos a obrigação!
diante da realidade de ter desenvolvido um trabalho de assessoria O apelo para que seja respeitada a hierarquia constitucional
iiirídion .'In vão. não se constitui, de minha parte, numa declaração de amor ao

Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 35


1. O ESTADO COMO CLIENTE NO INCENTIVO FISCAL A
CULTURA

É quase unânime a convicção de que os recursos previstos e


os efetivamente destinados aos órgãos de cultura no Brasil, nas esferas
federal, estadual e municipal, ficam muito aquém do necessário, e a
anos-luz do ideal.
Esta situação deixa em apuros não somente os produtores
culturais, mas também os gestores dos órgãos de cultura, que se vêem
privados de realizar as atividades que planejam para suas Pastas.
Um outro ponto-de-vista apela para reflexão contrária: seus
defensores acreditam ser até mesmo inadequada a existência de um
órgão público específico para cuidar dos negócios da cultura, vez que
esta seria responsabilidade de todos.
Apontam como exemplo certa experiência, já vivida na Itália,
nos moldes do relato da Enciclopédia Mirador Internacional, em que
"além do Ministério da Educação, diversos outros
participam da ação cultural: o Ministério do Interior administra
o patrimônio dos arquivos nacionais; o Ministério de Obras
Públicas coordena os planos de urbanismo; o Ministério do
Turismo e dos Espetáculos tem a haver com as atividades
teatrais e cinematográficas; o Ministério do Exterior está
incumbido do intercâmbio cultural com o estrangeiro; o Ministério
dos Correios e Telecomunicações trata de assuntos relacionados
com rádio e televisão".
Contudo, não é objetivo deste artigo conjeturar sobre a forma
perfeita ou transporte de modelos para a gestão cultural no Brasil, mas
tão-somente analisar uma faceta da atual gestão, que combina a referida
carência de recursos com um assunto de vitalidade incomum, insistente
e enervantemente na moda: o incentivo fiscal à cultura.

Teoria e prática da gestão cultural 39


Dando efetividade a um dos preceitos constantes na recursos idênticas às do mecenato, e nesta disputa sabemos quem
Constituição Federal, determinadorde que "a lei estabelecerá incentivos leva a melhor; 2) o sistema de controle (nas comissões que analisam e
para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais", a União aprovam projetos, por parte da sociedade) é, no mais das vezes, apenas
- bem como diversos Estados e Municípios - optou pelo entendimento formal; 3) a transparência e a publicidade dos atos é ínfima ou até
de que tais incentivos seriam de natureza fiscal; em decorrência disso, inexistente; 4) persiste a incompreensão da multiplicidade de papéis
foram instituídas leis para o setor. do Estado frente às diferentes atividades da cultura e, por conseguinte,
Estas leis, geralmente estruturadas de forma a conceber um da necessária distinção de tratamento diferenciado para mecanismos
fundo para a cultura, além do mecanismo conhecido como mecenato, legais como fundos, mecenato e investimentos.
passam por um bombardeio de críticas, de Norte a Sul deste país, Assim, é comum que determinado ente federado, que tenha no
ensejando uma urgente reflexão, que possibilite eventuais mudanças segmento cultural X a preferência governamental (por razões às vezes
redacionais, mas sobretudo um controle operacional, de modo a que estratégicas, outras vezes por mero capricho do gestor), influencie para
sejam atingidos os fins constitucionais para os quais foram criadas. que, nem tanto a aprovação, mas a captação de recursos, dirija-se
Neste ponto, a questão evoca um velho debate: qual o papel do para os projetos que lhe sejam preferenciais.
Estado na Cultura? A resposta para o Brasil, tomando-se por parâmetro Esse expediente reveste-se, quase sempre, de certo disfarce,
a Constituição, somente é razoável se dividirmos este papel quanto ao a fim de evitar a grita de um determinado setor, embora seja, às vezes,
conteúdo e quanto ao incentivo. ostensivo, como no caso em que, a pretexto de proteger o patrimônio
Quanto ao conteúdo das expressões culturais, o papel do Estado cultural, aprova-se, nas leis de incentivo à cultura, 'reforma de palácio
é, essencialmente, de abstinência ou não-interferência, pois nossa Lei governamental', quando o recurso para esta atividade deveria provir
Maior confere ao setor cultural uma tarefa análoga à de um ombudsman de outra fonte.
da sociedade, através do qual demonstra-se o contentamento ou Conclusivamente, podemos dizer que as leis de incentivo à
descontentamento para com o chamado status quo; daí porque se cultura constituem-se, potencialmente, em uma boa mecânica
proíbe, por exemplo, a censura. conciliatória entre a liberdade que devem ter as expressões culturais e
Quanto ao incentivo, a atuação estatal é múltipla e dependente o necessário apoio do Estado, sem que este nelas influa para além
dos graus de carência e auto-sustentabilidade do projeto, podendo a dos limites constitucionais. Contudo, devem ser superados os defeitos
interferência variar do subsídio total à ausência plena de injeção de apontados, o que somente pode ocorrer com o aprimoramento das
recursos. normas, bem como a partir da efetiva participação e controle da
A partir das premissas acima lançadas, vamos discorrer sobre sociedade.
o problema referido no título; em virtude da carência de recursos para
a cultura no âmbito público, bem como da forte inclinação estatal para
controlar o pensamento e as manifestações da sociedade e interferir
no setor, averigua-se, não raramente, a seguinte distorção nas leis de
incentivo à cultura: o poder público supre parte de suas carências de
caixa captando, diretamente ou por pessoa jurídica distinta, os recursos
t|ii(!(|i iv< ii iam ser disputados, paritariamente, pelos produtores privados.
Este equívoco, nem sempre consciente, decorre de vários
l;ili uns, < >s quais, além dos já mencionados, merecem destaque: 1) os
ios de cultura, gerenciados pelo poder estatal, têm fontes de

Io Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 41


receber parte do tributo que lhe é devido, para que os contribuintes do
Imposto de Renda possam ajudar à cultura.
O que se vê no presente caso é algo que não encontra assento
na lógica e tampouco na moralidade pública, um dos princípios regentes
da Administração. A ausência da lógica está em que o governo cria um
2. A REFORMA DO PLANALTO incentivo à cultura e ele próprio usufrui deste incentivo. É algo
semelhante a tirar dinheiro de um bolso e colocar no outro. Porém, isso
não seria grave, se não diminuísse no mercado os recursos a serem
Os noticiários de 3 de dezembro fizeram chegar ao público a captados pelos verdadeiros produtores culturais - estes que, se
notícia de que o Presidente Fernando Henrique Cardoso ordenou a competindo apenas entre si já vivencíam enormes dificuldades, quanto
recuperação de parte do Palácio do Planalto, o que vai consumir mais mais agora, que disputam com o todo-poderoso Estado.
de um milhão de reais. Para ilustrar a necessidade da reforma, as Fica a moralidade pública, por sua vez, comprometida, porque
câmeras televisivas focalizaram uma goteira na biblioteca, bem como o Governo, para realizar a obra de conservação de um bem público de
um sofá rasgado no qual se teria sentado Bill Clinton. Como arremate uso especial, vai precisar dos favores da iniciativa privada, algo que
justificador da reforma, uma declaração do próprio Presidente, de que torna suspeitas as relações entre o incentivador e o beneficiário.
está sempre se mudando de quarto para fugir das goteiras, algo que o
E ainda, além dos inaceitáveis equívocos referidos, tal atitude
torna semelhante àqueles sem-teto que perambulam pelas marquises
mais parece um arremedo destinado a justificar a realização de uma
urbanas.
despesa sem previsão no orçamento - algo que não afirmo, pois não
Ironias e brincadeiras à parte, inspira uma análise mais profunda tenho certeza, mas que pode ser averiguado pelo Ministério Público,
não a reforma em si - certamente necessária, sobretudo porque visa caso este, tomando ciência das reflexões ora realizadas e concordando
conservar uma importante peça de um conjunto arquitetônico que é com as mesmas, intente ação civil pública, não para proibir a
patrimônio de toda a humanidade -, mas a fonte dos recursos para manutenção e restauro do patrimônio cultural de Brasília, mas para
este empreendimento: a lei federal de incentivo à cultura. coibir o desvio de finalidade consistente na retirada do incentivo à cultura
Ao ordenar a captação dos recursos junto ao empresariado, das mãos e projetos dos que dele verdadeiramente precisam.
para os leigos na matéria pode até parecer que o governo realizará
gasto nenhum para a reforma da moradia oficial do Presidente, mas,
efetivamente, o que faz é a mais escancarada manipulação dos
incentivos fiscais à cultura, como vou, a seguir, demonstrar.
(Publicado no jornal O Povo, em 11/12/1999)
Em primeiro lugar, é mister lembrar que as leis de incentivo à
cultura foram criadas para eliminar o assistencialismo e fomentar o
pluralismo cultural. Estes objetivos implementam-se por três
mecanismos: um fundo de cultura (para projetos sem atrativo comercial);
o 'mecenato' (para os projetos comercialmente atrativos); e os 'FICARTS'
(espécie de fundos de ações, para os grande projetos da indústria
cultural).
Em segundo lugar, o principal propulsor de toda a mecânica da
legislação ora referida é a renúncia fiscal, ou seja, o governo deixa de

-i' Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 43


do Decreto 23.882, cujo texto, literalmente, diz: "Osprojetos incentivados
serão estritamente de interesse do desenvolvimento cultural do Estado
do Ceará".
Acontece que, neste ponto - como em muitos outros -, o referido
Decreto agride a Lei, que lhe é superior. Para tratar da questão, o Art.
3. LEI JEREISSATI: REPENSAR É PRECISO 9.Q da Lei Jereissati diz coisa diversa. Literalmente: "Fica vedada a
aprovação de projetos que não sejam de caráter artístico ou cultural".
Em síntese, um caos de critérios: para o Secretário, "interesse
Na matéria Modelo Começa a Ser Repensado, veiculada no
do Estado"; para o Decreto, "interesse do desenvolvimento cultural do
jornal O Povo de 23/jul/00, de responsabilidade do jornalista Rodrigo
Estado do Ceará"; para a Lei, "caráter cultural ou artístico". Parece a
de Almeida, o Secretário Estadual da Cultura, Nilton Almeida, por quem
nutro pessoal simpatia e admiração profissional, ao rebater brincadeira do 'quem-conta-um-conto-aumenta-um-ponto', segundo sua
argumentação extraída de um dos meus escritos, ensejou que eu me conveniência.
sentisse no direito de responder às suas palavras, em virtude do que, Entretanto, não se encerra aí o debate, porquanto, se o critério
a seguir, relato. a prevalecer for realmente o afirmado pelo Secretário, há nítida agressão
Afirmei, após estudo, que um dos principais beneficiários da ao Princípio do Pluralismo Cultural, insculpido na nossa Constituição
Lei Jereissati é o Estado do Ceará, enquanto pessoa jurídica que realiza, Federal, segundo o qual todas as manifestações culturais merecem
por meio de entidades vinculadas, a captação de recursos que deveria igual tratamento do poder público, sejam ou não de seu interesse,
ser feita pelos produtores culturais privados. Conseqüência disso é podendo, quaisquer delas, desde que perfeitas as legítimas exigências
que se viabilizam, por meio deste instrumento, os projetos de da lei, ter acesso aos incentivos públicos de forma paritária e
preferencial interesse do Governo. proporcional às suas carências e possibilidades.
No seu legítimo direito de contestar, o honrado Administrador Quanto à segunda parte da contestação, nota-se uma abertura,
disse que a minha assertiva era "enganosa", porque "(...) qualquer por parte da SECULT, em admitir o direcionamento do incentivo fiscal
projeto só é aprovado pela Lei se o Estado tiver interesse. Em segundo à cultura para seus próprios projetos, quando menciona - como se fora
lugar, nenhum tem o Estado como proponente. O Cine Ceará, por exemplo isolado -, a Feira Brasileira do Livro. Em tempos recém-
exemplo, é da Casa Amarela Eusélio Oliveira, da UFC. Temos, no passados, este projeto seria atribuído à Câmara Brasileira do Livro, ou
máximo, a Feira do Livro". entidade congênere.
Considero a palavra 'enganosa' ofensiva, porque denota um De qualquer forma, é eloqüente a omissão - ao lado da Casa
propósito consciente de enganar. Se tivesse utilizado, para minha Eusélio Oliveira, como proponentes externos e intensos às influências,
assertiva, a palavra 'enganada', talvez não me desse ao trabalho de na citação do Secretário - dos nomes das entidades de amigos dos
produzir o presente texto, pois o engano, o erro, são peculiares à equipamentos culturais do Estado, ou das organizações sociais que
existência humana. os gerenciam.
De qualquer forma, no que eu disse não há engano nem Este debate, ao contrário de dividir, deve juntar as pessoas que
enganação, bem como, ao contrário do seu objetivo, as palavras do hasteiam a bandeira da Cultura, quer estejam ou não no exercício de
Secretário produzem uma espécie de confissão de alguns dos cargos públicos, no sentido de carrear para ela, inclusive no âmbito da
equívocos da legislação estadual de incentivo à cultura. gestão dos orçamentos públicos, um tratamento condigno com sua
Quando Sua Excelência diz que "qualquerprojeto só é aprovado importância social, econômica e humanística, tão bem demonstrada
pola Lei se o Estado tiver interesse", baseia-se no no § 2°, do Art. 1 ° na matéria assinada por Rodrigo de Almeida.

Francisco Humberto Cunha Filho leoria e prática da gestão cultural 45


Para concluir, creio que a razão não está comigo, nem com o
Secretário, mas com o economista Alberto Amadei, quando este diz
que "o modelo deve ser debatido e repensado". A partir deste debate -
que urge ser promovido, de forma ampla e democrática -, pode ser
que se conclua por uma concepção para o incentivo à cultura que
medeie os interesses do Estado, sem prejuízo dos princípios que regem 4. A NOVA LEGISLAÇÃO DO CINEMA
constitucionalmente o setor.

Em 6 de setembro de 2001, o Presidente da República publicou


a Medida Provisória (MP) n° 2.228-1, que "estabelece princípios gerais
da Política Nacional do Cinema, cria o Conselho Superior do Cinema e
a Agência Nacional do Cinema (ANCINE), institui o Programa de Apoio
ao Desenvolvimento do Cinema Nacional (PRODECINE), autoriza a
criação de Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica
Nacional (FUNCINES), altera a legislação sobre a Contribuição para o
Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional e dá outras
providências". Pela quantidade de itens referidos, pode-se deduzir que
trata-se de uma extensa norma (com 78 artigos), que tenta unificar a
legislação sobre cinema.
Porém, o que verdadeiramente merece destaque, em uma
análise inicial, são dois outros aspectos: o primeiro deles reside na
multiplicidade de entidades e agentes públicos envolvidos com a
questão cinematográfica; o segundo, deduzido do outro, está na nítida
opção brasileira por considerar este tipo de atividade como inserido no
segmento que vem sendo chamado de 'indústria cultural'. Sinal disto
reside em que o Ministério da Cultura passou a ter papel coadjuvante,
em termos de política audiovisual cinematográfica; esta afirmação é
feita com base nas estruturas de poder estabelecidas na Medida
Provisória. Confiramos, a seguir.
A primeira de tais estruturas é o Conselho Superior do Cinema,
órgão colegiado integrante da estrutura da Casa Civil da Presidência
da República, presidido pelo respectivo Chefe e pelos Ministros da
Justiça, das Relações Exteriores, da Fazenda, da Cultura, do
Desenvolvimento, da Indústria e Comércio Exterior e das
Comunicações, e ainda por cinco representantes da indústria
cinematográfica e videofonográfica nacional. A este Conselho compete
definir a política nacional do cinema e fiscalizar a sua respectiva
implementação.

Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 47


Por outro lado, o órgão de fomento, regulação e fiscalização da os quais serão formados a partir da venda de quotas de obras
indústria cinematográfica e videofonográfica brasileira passará a ser a cinematográficas ao público, que as resgatará após certo período, na
Agência Nacional do Cinema (ANCINE), constituída sob a forma de conformidade dos lucros que sejam alcançados. Há a possibilidade,
autarquia especial, dotada de autonomia administrativa e financeira, para certas pessoas jurídicas, de abater no Imposto de Renda a
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio despesa com a aquisição de tais quotas, até o ano de 2010.
Exterior. A ANCINE será dirigida, em regime de colegiado, por uma Mais uma estrutura de suporte é o Programa de Apoio ao
diretoria composta de um Diretor-Presidente e três Diretores, com Desenvolvimento do Cinema Nacional (PRODECINE), destinado a
mandatos (não coincidentes) de quatro anos, todos brasileiros, captar e aplicar recursos necessários ao fomento de projetos de
escolhidos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após produção, distribuição, comercialização e exibição de obras
aprovação pelo Senado Federal. cinematográficas e videofonográficas brasileiras de produção
Indo direto ao ponto que interessa a quem faz cinema, o que independente, bem como de projetos de infra-estrutura técnica para a
deve fazer todo este conjunto de autoridades? Segundo a MP, deve atividade cinematográfica.
implementar uma política audiovisual e cinematográfica que tenha por A MP também instituiu o Prêmio Adicional de Renda, calculado
princípios a) promover a cultura nacional e a língua portuguesa; b) sobre as rendas de bilheterias auferidas pela obra cinematográfica
garantir a presença de obras cinematográficas e videofonográficas (longa-metragem) brasileira de produção independente, que será
nacionais nos diversos segmentos de mercado; c) assegurar que a concedido a produtores, distribuidores e exibidores, na forma disposta
programação e distribuição de obras audiovisuais de qualquer origem, pelo regulamento a ser expedido pelo Presidente da República.
nos meios eletrônicos de comunicação de massa, seja feita sob a
obrigatória responsabilidade editorial de empresas brasileiras; e d) Por fim, a MP reafirmou o sistema de reserva de mercado
garantir o respeito ao direito autoral sobre obras audiovisuais nacionais (sempre desrespeitado), na exibição de obras audiovisuais brasileiras,
e estrangeiras. com uma novidade: a variação do número mínimo de obras nacionais
.será fixada por decreto, o que pode provocar grande variação neste
Que instrumentos estarão disponíveis para que o Brasil atinja número, de um ano para outro.
os objetivos relacionados? Além das já conhecidas Lei Rouanet e
Audiovisual, a MP introduz outros. Um deles é o Sistema de Informações A primeira impressão que fica deste novo conjunto de normas
e Monitoramento da Indústria Cinematográfica e Videofonográfica, que para o audiovisual é que a aspirada simplificação de procedimentos
consiste no controle de bilheterias, público, dias de exibição, origem não foi cogitada, deixando os interessados no usufruto dos incentivos
(brasileira ou estrangeira) das obras veiculadas, estoques mínimos em públicos como dependentes da atuação de uma série de profissionais
locadoras e outras providências congêneres. O segundo mecanismo (contadores, advogados, peritos etc). Por outro lado, não se pode
de fomento tem a forma de um tributo, cujos resultados serão desconsiderar que agora passamos a dispor de um aparato normativo
parcialmente destinados ao cinema: é a Contribuição para o hábil a dar suporte à reclamação de direitos atinentes ao
Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional desenvolvimento do cinema e do audiovisual. Cabe aos interessados
(CONDECINE), que será cobrada em virtude da veiculação, produção, assenhorarem-se deste patrimônio, de modo a que o mesmo não
licenciamento e distribuição de obras cinematográficas e repouse no berço esplêndido das normas "que não pegam",
videofonográficas com fins comerciais, bem como sobre o lucro enviado possibilitando, com o curso da operacionalização, que sofra as
ao estrangeiro, em decorrência da exploração comercial de obra alterações necessárias.
alienígena, em nosso País.
A terceira fonte de apoio ao cinema nacional virá dos Fundos

l • I inandamonto cia Indústria Cinematográfica Nacional (FUNCINES),

IK Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 49


PARTE III

INVESTIR EM CULTURA E UM BOM NEGOCIO


1. CULTURA E ECONOMIA

Março costuma ser um mês pródigo para com as atividades


culturais encabeçadas por órgãos públicos. Neste mês é que aparecem
as primeiras sobras de verba para o setor, considerado como última
prioridade.
Em minha militância, por exemplo, março de 1992 foi quando
principiamos a construção do Centro Avançado de Desenvolvimento
Educacional, mais conhecido como Teatro Rachel de Queiroz. No
terceiro mês de 93, realizamos o I Festival Nordestino de Teatro, também
na Cidade das Flores. Março deste ano foi particularmente feliz, com a
realização da I Feira Brasileira do Livro, pela Secretaria Estadual da
Cultura e seus parceiros. Um acontecimento que dispensa comentários
sobre sua importância, ao exibir um plus de virtudes quando anfitrionou
uma série de eventos "periféricos", provocadores de reflexão sobre
conceitos e práticas do trabalho cultural, mormente no que concerne a
políticas editoriais e de criação e manutenção de bibliotecas.
O que chamou verdadeiramente minha atenção, deixando-me
sorridente, foi o pós-Febralivro, por um detalhe aparentemente bobo,
mas que curiosa e cuidadosamente observado pode mudar a
concepção corrente sobre cultura em nosso Estado. O detalhe: a
avaliação foi destaque do jornal O Povo na seção Economia e não,
como poderia esperar-se, no caderno Vida e Arte.
Sublinhando este detalhe, torna-se pleonástico dissecar seu
significado; porém, como estas linhas não se destinam a agradar
gramáticos, vou fundo: o trabalho cultural deve ter como principal objetivo
contribuir para a melhoria da vida humana, nos aspectos individual e
coletivo (cidadania), mas tem um efetivo peso econômico capaz de
justificar dedicação e pesados investimentos.
Para compreensão disto, é necessário que nos dispamos de
preconceitos sobre "produtos, produtores intermediários e

Teoria e prática da gestão cultural 53


consumidores culturais" e, mesmo sem amoldar-nos ou condicionar- intimamente ligados com a entidade propulsora e mantenedora dos
nos, que admitamos a realidade tática. elementos materiais e imateriais importantes: a Economia.
Cultura é rentável; que o digam em seus campos os donos de Violeta Arraes e Marcondes Rosa sabem da carência mundial
livrarias, os veículos de comunicação, as bandas e cantores de forró e por qualificados programas de televisão, rádio e outras produções
as casas onde se apresentam, os artesãos e os comerciantes de fonográficas, bem como a potencialidade dos nossos artistas e técnicos
artesanato, os prefeitos que têm padroeiros fortes ou grandes festas para bem e competentemente produzi-los, com o conseqüente impacto
populares... EoTurismo, terceira força propulsora da economia mundial, benéfico que isso geraria na economia cearense. Certamente justifica-
o que é se não a comercialização da cultura? Como último exemplo, se assim o empenho para a criação do pólo de cinema, áudio e vídeo
lembremos Hollywood, a máquina que sintetiza o jeito americano de no Ceará.
ser e que abre alas à expansão ianque no mundo, vendendo todos os Paulo Linhares, plantando as bases do suporte para a expressão
produtos que fabricam. Não é à-toa que um ator foi eleito Presidente de nossas manifestações (e outras), através da disseminação de casas
dos Estados Unidos (no caso, Ronald Reagan). de cultura, investe na possibilidade concreta de nossos artistas viverem
Aderindo aos que tudo explicam baseados em teorias de seu trabalho, em sua própria terra. Com a Feira do Livro, fez mais
organicistas, eu me arriscaria a defender que todo o labor que o ser que um evento para marcar sua passagem pela SECULT; colocou uma
humano realiza visa à busca do prazer, ao mesmo tempo matéria- lupa nos olhos de quem, por despreparo ou dolo, insiste em ver a cultura
prima e produto do trabalho cultural. como o caroço da azeitona da empada.
Por que será que entre nós os órgãos da cultura são
ridicularizados com a restrição de seus trabalhos e com as verbas que
recebem (recebem?!)? Parece que há uma regra: deu dinheiro, não é
da cultura. Turismo, por exemplo, é com a indústria e o comércio. E
artesanato é com a ação social. (Publicado no jornal O Povo, em 10/jul/1994)
Disse-me certa vez Hildernando Bezerra, ex-prefeito de Iguatu,
que o dinheiro que a prefeitura tivesse em caixa ele não hesitaria em
aplicar nas festas populares do Município, pois retornava multiplicado
em impostos, por oito ou dez; imagine-se o que isso significa na prática
para bodegueiros, motoristas de praça, donas de casas de pensão e
para aqueles que fazem e vendem lembrancinhas... Mas, bem antes
de Hildernando, por volta de 1757, Rosseau escreveu no seu Do
Contrato Social, capítulo XI: "Se, por exemplo, o solo é ingrato e estéril
ou a região muito acanhada para os seus habitantes, voltai-vos para a
indústria e as artes, cuja produção trocareis pelas mercadorias que
vos faltam".
Na perspectiva abordada, cabe ressaltar que, nos dois últimos
Governos Estaduais, o apregoado timbre da mudança pôde evidenciar-
se, conceitualmente, em algumas posturas do setor da cultura, vez
que os Secretários abordaram-na (à cultura) em seu aspecto cidadão,
nililtrado nos demais setores da vida da Sociedade e do Estado,

Francisco Humberto Cunha Filho [feoria e prática da gestão cultural


*vl 55
Assim, vemos no período carnavalesco a erupção deste "vulcão"
fenomenal - que, de tão presente em nossas vidas, não o notamos no
cotidiano. Erupção esta que mobiliza Estados inteiros (notadamente
Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco), envolvendo a população, o
mercado e toda a máquina estatal.
2. O EXEMPLO DE GUARAMIRANGA Aqui mesmo, no Ceará, pode ser observado que alguns
Municípios tentam incorporar ao cotidiano de suas vidas algo da receita
de Rousseau, porém ainda o fazem de forma incipiente e pontual,
A proximidade do maior e mais contagiante espetáculo cultural realizando eventos artísticos sazonais, de caráter festivo e/ou religioso.
do planeta, o Carnaval brasileiro, oferece-nos a oportunidade de enfocar Um deles busca fugir deste padrão de amadorismo - no caso, o
no presente artigo um dos mais importantes fenômenos sócio- Município de Guaramiranga -, investindo nos elementos básicos
econômicos de nossos dias - a chamada indústria cultural -, que necessários ao sucesso de projetos: informação, formação de pessoal,
corresponde àquele nicho de atividades envolvendo arte, infra-estrutura e captação de recursos financeiros.
entretenimento e comunicações, enquanto matrizes geradoras e
propulsoras da circulação de riquezas. Guaramiranga, o segundo menor município do Ceará em território,
limitado na produção agrícola e pecuária em virtude de compor uma Área
Para que tenhamos uma idéia da dimensão da indústria cultural de Proteção Ambiental (APA), tem pelo menos dois grandes eventos que
em nosso País, basta que apresentemos dados de pesquisa do o projetam para além das divisas do Ceará: um festival de teatro de âmbito
Ministério da Cultura, dando conta de que atividades como produção,
nordestino e um festival de jazz e blues, de repercussão nacional.
execução e venda de discos, livros, exibição de sons e imagens (cinema,
rádio, televisão e internet), além de serviços prestados por estruturas Tais eventos são decorrência de história e esforço, da sociedade
de entretenimento fixas, como parques de diversões, ou móveis, como e do poder público. Quanto à história, a cidade ama as artes, tem uma
as micaretas, além de várias outras do mesmo gênero, tudo isto prática teatral peculiar chamada dramas, bem como incentiva diversas
corresponde a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. O PIB, escolas infanto-juvenis de expressão da música, teatro e coral. Quanto
como nos ensina o Paulo Sandroni, compreende "todos os bens e ao esforço, pode ser observado na formação de pessoal qualificado,
serviços finais produzidos dentro do território econômico do país, desde recepcionistas até gestores culturais. Além disso, dispõe de uma
independente da nacionalidade dos proprietários e das unidades estrutura de fazer inveja a muitas capitais: a sede do Município ostenta
produtoras desses bens e serviços". dois teatros, os quais possuem espaço suficiente para abrigar metade
da população fixa, de uma só vez. A iniciativa privada beneficia-se do
Poderíamos imaginar que 1% do PIB é percentual irrisório, mas,
afluxo de visitantes, mas também colabora com a manutenção de
ao compararmos as atividades culturais com as educacionais e de
saúde, que têm inclusive expressiva fatia de impostos vinculados ao estabelecimentos de hospedagem e alimentação.
seu desenvolvimento, observaremos que representam, Relativamente aos recursos financeiros, Guaramiranga tem
respectivamente, 3,1% e 2,2% do PIB nacional, segundo a mesma pouca arrecadação e está nas menores faixas de repasse de verbas
pesquisa. constitucionalmente destinadas aos Municípios, embora consiga
Os dados apresentados apontam para uma tendência: as aprovar projetos, para as atividades mencionadas, junto aos governos
atividades artísticas, tidas até há bem pouco tempo como a cereja que estadual e federal, bem como mobiliza investidores privados; isto porque
enfeitava a torta, como consumidoras de recursos sem retorno material, faz sua parte e demonstra a todos a certeza de onde quer chegar.
em virtude de sua crescente importância econômica já despontam como O caso de Guaramiranga é tão peculiar que, a partir dele, é até
i >i ii :;io profi !tei icial de desenvolvimento de Municípios e até de Estados. fácil combater uma crítica de natureza acadêmica, aquela que refuta a

Teoria e prática da gestão cultural 57


possibilidade da existência de indústria cultural, por serem estas
expressões indústria e cultura, excludentes entre si. Lá, a cultura
comercializada em grande escala, além de aquecer a economia e
incrementar relações humanitárias, distancia-se da mera exploração
sensual e tem valor até para os gostos mais refinados.
3. A ARTE DE GUARAMIRANGA, A IMPLOSÃO DO BUDA E
A PONTE DO RECIFE

Publicado no jornal Gazeta Mercantil, em 1Q/03/2001.


A parcela da população mundial que compreende a importância
da preservação dos símbolos, como essencial ao conhecimento e
compreensão da trajetória humana, ficou estarrecida e indignada com
a destruição, neste primeiro semestre de 2001, das imagens de Buda
esculpidas nas montanhas do Afeganistão. O motivo para tal atitude
reside em alguns dos flagelos de nossa história: a intolerância, a
incapacidade de conviver com o outro e o diferente, e o exercício
incontido do poder.
A atitude descrita, creditada ao Governo Talibã, nos evoca uma
lição que os mais velhos repetem: a construção é lenta, mas a destruição
é veloz. Vemos isso com clareza quando o objeto de análise é, por
exemplo, um prédio: mesmo com toda a tecnologia de nossos dias,
leva meses para ser construído; para ser destruído, porém, instalados
os explosivos, é questão de segundos. Idêntico fenômeno ocorre com
bens e patrimônios cuja construção não tem um corpo material, mas é
apenas simbólica ou afetiva.
Usando a metáfora acima, encontra-se em curso uma atitude
de "bombardeio" (não sei se injusta, inconsciente ou desfocada, ou as
três coisas ao mesmo tempo) contra a população de Guaramiranga,
devendo ser contida antes que seja"implodido" um dos mais importantes
processos de valorização da atividade artística do Brasil - cujos ícones
são festivais de artes com raízes mergulhadas no seio da população.
Tais raízes, antigas e telúricas, encontram entre seus referenciais a
prática dos "dramas", corriqueira em quase todos os lares da terra
abençoada por minha madrinha, Nossa Senhora da Conceição; prova
disso, são crônicas da insuspeita Rachel de Queiroz, relatando a prática
artística, na primeira metade do século passado.
Um pouco mais de História evidenciará a dimensão do problema:
à efervescência cultural referida seguiu-se um período de inatividade,

Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 59


até que, em meados dos anos 80, um grupo de adolescentes locais Vejamos alguns aspectos. O FNT reúne a população e com ela
criou o Grupo de Teatro Cangalha, desencadeando um processo de delibera diversos assuntos, dentre eles a seleção de espetáculos
reativação da cultura (inicialmente de forma tênue como a nascente do apropriados para as diversas faixas etárias, o papel social dos munícipes
Rio Pacoti, em Pernambuquinho), que se encorpou como o seu no evento, a participação das pessoas como público e como artistas...
desaguadouro no oceano. Há um forte reconhecimento das autoridades constituídas e estruturas
O primeiro passo recente e de grandes dimensões que, em como os conselhos de proteção à infância e à juventude ficam alertas.
decorrência da atuação dos jovens cidadãos e cidadãs do Cangalha, Tudo isso sem falar na "alegria" dos empresários e trabalhadores ligados
envolveu o Poder Público local, foi encetado pela empresa Arquitur, ao turismo.
com o festival Guaramiranga 100 anos de Paz e Amor à Natureza; Para vincular todas estas atividades à sua verdadeira origem,
após concluído, o evento ofereceu subsídios para a construção de uma a sociedade civil, ou a vanguarda da mesma, criou a Associação dos
política cultural assentada em três vetores: um voltado para o âmbito Amigos da Arte de Guaramiranga (ÁGUA) e, posteriormente, a
interno, outro para o âmbito externo e o terceiro, destinado a integrar Fundação TERRA, as quais, em consonância com os poderes
os outros dois. constituídos, dão vida ao que foi relatado.
O vetor interno da política cultural guaramiranguense promoveu Na verdade, este relato, que descreve apenas as vitórias,
a revitalização das manifestações artísticas e folclóricas, incrementou somado ao clima e à feição de Guaramiranga, omite todos os percalços,
a biblioteca pública e criou diversos grupos artísticos para atividades embates, disputas, "nãos", derrotas, e pode induzir à idéia de que o
que envolveram, sobretudo, crianças e adolescentes: coral, teatro, que ocorre no Município faz parte de um conto de fadas. Não é verdade;
música, literatura... Para dotar e manter a qualidade destes grupos, tudo é fruto de muito trabalho, com os sabores e dissabores da labuta.
algumas pessoas que se declaram apaixonadas por Guaramiranga Porém, algumas pessoas, que somente se destacam na sociedade
resolveram instalar-se e morar na Cidade das Flores. pela crítica, fazem de tudo para encaixar no negativismo de textos, em
O vetor externo direciona-se a suprir algumas carências do que a estilística se sobrepõe ao bom senso, lugares comuns como "há
Município, dentre as quais podem ser destacadas a necessidade de algo de podre no reino da Dinamarca". É verdade, Hamlet tinha razão.
dar suporte à vocação cosmopolita de que os atrativos naturais Há sempre algo de podre na Dinamarca, em Guaramiranga, nas
impregnam Guaramiranga, encontrar parâmetros de comparação para Universidades, na imprensa, nos interesses inconfessos... Atiraram,
as atividades locais e ajudar a promover o desenvolvimento econômico sem refletir, a primeira pedra!
do Município, com atividades compatíveis com a proteção ambiental a
O "bombardeio" que as atividades culturais de Guaramiranga
que está submetido.
vêm sofrendo é imerecido: a pretexto de criticar outro importante evento
O terceiro vetor, como dito, visa evitar a separação entre as que lá ocorre (o Festival de JazzeBlues, sucesso de público e qualidade
atividades locais e aquelas do vetor externo, promovendo a integração artística, que enfrentou problemas estruturais, nem sempre fáceis de
da população nativa com os visitantes. resolver), estão "dinamitando" todo o esforço e as difíceis conquistas
A política cultural de Guaramiranga, assim descrita e teorizada, acima relatadas. Repetem, portanto, o erro do Governo Talibã, que,
parece inverossímil, mas há evidências a demonstrá-la como querendo atingir um fim menor, a religião única, acabou destruindo um
categoricamente efetiva. A cidade possui dois teatros, cujo patrimônio da humanidade.
funcionamento essencial dá-se com atividades locais, muito embora
Afirmações, sem provas, de que nos eventos externos de
sua visibilidade ocorra nos grandes eventos. Dentre estes, falo do
Guaramiranga ocorrem fatos execráveis como a incitação à pedofilia
Festival Nordestino de Teatro (FNT), porque bem o conheço, e afirmo:
ou o tráfico de drogas, espantam apoiadores de projetos contínuos
0 processo de execução é muito mais importante que o produto final.
que são lá desenvolvidos. É preciso cautela para que, no contexto do

Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 61


duelo de interesses que motiva tais críticas, não saia fatalmente atingido
um inocente.
Críticas aos eventos e à política cultural de Guaramiranga
também eu as faço, porém, com a consciência de contribuir para
aprimorar a importante experiência de indústria cultural lá desenvolvida.
A crise ora descrita, porém, tem seu lado bom e consiste em 4. O LIVRO TÉCNICO E A REPROGRAFIA. O QUE FAZER?
um teste para Guaramiranga: se a cidade a superar, vai firmar uma
prova de que o que lá é feito é sólido e duradouro, porque tem respaldo
social. Ao receber este respaldo, instituirá um fim diferente do das Já fui a diversos encontros, seminários e congressos, atraído
estátuas de Buda, no Afeganistão, e portar-se-á como a Ponte Real da por um assunto e, ao chegar ao ambiente de realização do evento,
Torre, da cidade do Recife (de onde escrevo estas linhas), que, mesmo escutei as pessoas encarregadas do tema falarem do que queriam,
sendo dinamitada por três vezes, jamais teve sua estrutura abalada e geralmente sobre o assunto que mais dominavam ou julgavam dominar.
continua, ainda hoje, servindo a todo o povo da capital pernambucana. Acreditam, estas pessoas, que com o simples fato de mencionar o
título da palestra, ao lado da invocação do pomposo termo
interdisciplinaridade, passam a ter o direito de frustrar a assistência.
Tentarei não cometer esta deslealdade. Se as pessoas que
agora me escutam saírem daqui frustradas, em virtude do que lhes
(Publicado no Jornal da Serra, em jun/2001) falarei, em princípio somente vislumbro dois motivos: o primeiro e mais
provável deles é não gostarem da forma ou do conteúdo de minha fala;
o outro, será a discordância com as minhas conclusões.
Mas vamos ao assunto. Em princípio, fui convidado a falar sobre
um tema composto de uma sentença desprovida de verbo (O livro
técnico e a reprografia) e de uma pergunta (O que fazer?). Tenho que
contextualizar a situação, sob pena de não dar o rumo que quero ao
pensamento, e desta forma trair os presentes de maneira ainda mais
sutil e dissimulada que os velhacos do tema único. Se não, vejamos...
Consideremos, inicialmente, apenas dois aspectos: o primeiro
refere-se ao meu anfitrião, o Sindicato do Comércio Varejista de Livros
do Estado do Ceará, que me propôs o tema; o segundo, a um prévio
conhecimento da situação que ensejou este fórum como um todo, ou
seja, a ampla agressão social sofrida pelos direitos autorais, em nossa
atualidade.
Não fosse esta prévia contextualização, poderia conduzir minha
fala, desde já, para a seguinte reflexão: o que fazer com a relação
entre livro didático e reprografia? Aplaudir... Principalmente num país
em que as estatísticas demonstram uma baixa média no consumo per
capita desse tipo de produto. Isto porque, facilitada como hoje está,

Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 63


numa dimensão inimaginável para Gutemberg, a reprodução de obras, Além do preciosismo ora dissecado, referi-me a certas elipses
e diante da carência cultural da população, deve ser estimulada a no tema a mim submetido. Vamos a elas, mas não antes de defini-las.
aproximação entre criação intelectual didática e os meios de reprodução Socorro-me, mais uma vez, do velho e bom Aurélio, que diz: elipse é
da mesma. uma "omissão deliberada de palavra(s) que se subentende(m), com o
Contudo, devo admitir que, no contexto já referido, esta intuito de assegurar a economia da expressão".
conclusão é falaciosa. Porém, mesmo com este defeito, tem a virtude A primeira elipse a que me refiro acompanha a palavra
de, dentro do tema proposto, revelar um preciosismo e algumas elipses. 'reprografia'. No contexto do presente fórum, o que efetivamente o
O preciosismo consiste numa proposta de refinamento do Sindicato quer debater, creio firmemente, é a relação entre o livro
debate, por parte do Sindicato dos Livreiros, ao querer aprofundar a didático e a reprografia ilícita, e não aquela reprografia acima aplaudida,
investigação sobre a relação entre reprografia e livro didático, que viabilizaria o acesso dos brasileiros aos mais distintos compêndios,
especificamente, e não qualquer livro. Detectado este interesse em sejam didáticos, literários ou científicos.
particular, deslindemos, com a ajuda de nosso mais famoso dicionarista, Há outras elipses, que precisam ser desveladas, para o
o significado da expressão "livro didático". Aurélio o define como aquele adequado entendimento da questão; são mais algumas perguntas que
"destinado ao ensino, e cujo texto deve obedecer aos programas devem acompanhar a indagação posta em evidência no título deste
escolares". debate. Ao lado do questionamento "O que fazer?", outros se insinuam,
Na legislação de proteção ao direito autoral em nosso país não sem qualquer timidez: "Quem deve fazer?", "Quando deve fazer?", "Onde
há menção específica aos livros didáticos; contudo, a Lei n.Q 9.610/98 deve fazer?", "Como deve fazer?"...
disciplina um tratamento específico para uma parte das obras que Assentadas tais premissas metodológicas, ou seja, entendido
podem também ser classificadas como tais, ou seja, as obras científicas. que devemos buscar soluções para a reprodução não-autorizada de
O Art. 7°, I, da aludida Lei, estabelece que, dentre inúmeras livros didáticos, enfrentemos, agora, o cerne da questão.
outras, Em primeiro lugar, diante de qualquer manifestação ilícita, temos
o impulso de considerar a situação como caso de polícia. Assim
"são obras intelectuais protegidas as criações do espírito,
procedemos para com os problemas sociais, o movimento dos sem-
expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte,
terra e sem-teto, os topiqueiros, os pichadores... Parece-me que os
tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro,
padrões que levam à ruptura da legalidade, nestes exemplos, antes de
tais como os textos de obras literárias, artísticas ou científicas".
terem um cunho meramente subversivo ou criminoso, constituem um
Já o § 3.g do mesmo artigo especifica que exercício (até mesmo) inconsciente do direito de resistência, como meio
"no domínio das ciências, a proteção recairá sobre a forma de viabilizar o acesso a certas prerrogativas e bens que são
literária ou artística, não abrangendo o seu conteúdo científico distanciados, pelo predomínio (ainda) quase absoluto do direito à
ou técnico, sem prejuízo dos direitos que protegem os demais propriedade privada, por parte daqueles que a possuem em abundância,
campos da propriedade imateriaf. e em quase exclusividade.
Podemos fazer um paralelo, ou seja, podemos comparar a
Interpretando estes dispositivos legais, poderíamos dizer que
cotidiana violação de direitos autorais com os movimentos acima
uma obra científica, que ganhe suporte de livro, encontra-se
referidos? Parece-me que sim.
indubitavelmente, quanto à sua forma, protegida peio direito autoral, e
i imbóm, quanto ao seu conteúdo, se este for inovação do escritor, por A realidade sócio-econômica do nosso País, ao concentrar os
mlior, ramos do direito das criações do intelecto, como as marcas e meios de produção, ao não propiciar empregos e salários dignos, ao
não viabilizar a livre expressão da cidadania, engendra todos os

Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 65


movimentos de resistência referidos. Neste contexto de penúria em fim de saber os motivos de tal prática e, principalmente, o que poderia
que vive a maioria da população, que a cada dia tem que vencer uma levar a uma nova postura, neste setor.
batalha, o livro praticamente torna-se um produto, do ponto de vista A adoção de novas soluções depende, em parte, dos resultados
econômico, supérfluo. Porém, sendo indispensável à educação - esta do diagnóstico referido, porém, de pronto, para afrontar a questão
que é, além de obrigatória, necessária à ascensão sócio-econômica - econômica que permeia a problemática, algumas sugestões: A) postular
, a população tende a consegui-lo da maneira mais barata possível, ao governo a possibilidade de abatimento da compra de livros no
nem que esta maneira seja ilícita. imposto de renda; B) diversificar a oferta de um mesmo produto em
Contudo, como em todas as searas da vida, há que separar-se diferentes formatos e materiais, visando acessar públicos distintos.
o joio do trigo. Da mesma forma que entre os sem-terra e sem-teto Comunicar-se constante e positivamente com o público inclui a
estão os espertalhões da indústria da invasão, como no seio dos realização de campanhas de conscientização social sobre a importância
topiqueiros estão os sabichões dos transportes, como no meio dos do livro original, bem como na demonstração de que, apesar de ser
pichadores estão os vândalos por prazer, há os que reproduzem os um intermediário na cadeia econômica, o livreiro é um elo necessário
livros didáticos não por necessidade, mas porque pura e simplesmente desta mesma cadeia.
são contrafatores dos direitos autorais.
Quanto à repressão, deve-se dar suporte, sobretudo com
Quero deixar claro que, em nenhum dos casos, a situação é informações, às autoridades legalmente constituídas, mas
normal e tolerável, mas que devem ser encarados de frente, como principalmente formar uma grande parceria com as entidades protetoras
reais que são, atribuindo-se, para situações diferentes, as soluções de direitos autorais, para uma ação conjunta. Além do que criar, com
adequadas. Em outras palavras: há, na questão da reprografia ilícita as universidades, escolas, e outros ambientes em que são comuns as
de livros didáticos, diversas frentes a serem trabalhadas, que envolvem reproduções ilícitas, parcerias estimuladas que se mostrem inibidoras
diversos atores sociais. de tais práticas.
Dito isto, estamos diante da pergunta expressa no título do tema É deste modo que respondo a pergunta a mim posta: "O que
("O que fazer?") e também das que ficaram omitidas ("Quem deve fazer?".
fazer?", "Quando deve fazer?", "Onde deve fazer?" e "Como deve
Congratulo, por fim, os realizadores deste fórum, por já terem
fazer?").
encetado, de modo próprio, algumas das sugestões acima
Percebo que os interessados em barrar - ou, quando menos, apresentadas, congregando os saberes de políticos, intelectuais,
abrandar - a prática de reprodução ilegal de livros devem constituir, tão empresários e consumidores para, juntos, encontrarem soluções que
logo seja possível, uma vanguarda conclamadora e propositora de não interessam apenas aos comerciantes, mas à toda a sociedade,
atividades aos diversos atores sociais envolvidos na questão, atividades uma vez que as aludidas soluções, ao se mostrarem eficientes,
estas que poderiam dar-se nas seguintes linhas de ação: 1) protegerão um ícone do saber da humanidade - o livro -, tenha ele o
entendimento da questão a partir de parâmetros científicos; 2) adoção formato atual ou outros que a tecnologia nos imponha.
de novas soluções para enfrentar a realidade diagnosticada; 3)
comunicar-se constante e positivamente com a sociedade consumidora;
4) reprimir a prática ilícita.
Poderíamos, de pronto, sugerir algumas atividades básicas
dentro de cada uma das linhas de ação acima referidas: (Palestra proferida para o Sindilivros-CE, em 30/ago/2001)
Para o entendimento da questão, poderia ser realizada uma
<>iK|iii'[n ck Mitifica junto aos ambientes de reprodução ilícita de livros, a

(i(, Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 67


PARTE IV

A PRATICA DA GESTÃO CULTURAL


1. ROTEIRO SIMPLIFICADO PARA ELABORAÇÃO E
COMPREENSÃO DE PROJETOS

1.1 - O QUE E UM PROJETO?


Na definição fornecida por Aurélio Buarque de Holanda, projeto
é uma "idéia que se forma de executar ou realizar algo, no futuro; plano,
intento, desígnio".
No campo do presente estudo, que tratará predominantemente
de relações institucionais, podemos dizer que projeto é uma proposta
metodificada de ação, que visa transportar determinada situação
considerada indesejada, para uma outra, considerada ideal pelo
proponente.

1.2 - PARA QUE SERVE UM PROJETO?


Um projeto tem a função de apresentar para outras pessoas a
idéia do proponente, além de solidificar tal idéia, no tempo.
De posse do projeto, a pessoa que o aprecia tem condição de
avaliar a proposta, sua forma de execução, como se dará o
acompanhamento, quais os custos...

1.3 - QUAIS AS ETAPAS DE UM PROJETO ?


Genericamente, podemos dizer que um projeto tem quatro
otapas:
1) CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA: situa-se histórica
e geograficamente o problema, indicando-se as medidas anteriores
que foram tomadas para resolvê-lo, bem como a razão dos eventuais
insucessos.
2) EXPOSIÇÃO DA IDÉIA: o proponente defende a necessidade
da ação proposta, apresenta sua abrangência, indica o público
beneficiário, quem serão seus executores, quais as diferenças

Teoria e prática da gestão cultural 71


essenciais entre ela e outras já conhecidas. É neste momento que se a vender o projeto e a estabelecer sua empatia com o público em geral.
advoga com afinco, mas dentro de preceitos racionais, a essência do Uma boa denominação é meio caminho andado.
projeto. 2) IDENTIFICAÇÃO DO PROPONENTE: quem propõe o projeto
3) CUSTOS: indicam quanto investimento deve ser feito para a deve se apresentar. Além dos dados documentais e de localização
concretização do projeto. É um ponto muito delicado, pois, se desenvolvido (endereço completo), deve dizer (e, se possível, provar) da legitimidade
com desequilíbrio, para maior ou para menor, pode inviabilizar as ações; e da competência para realizar a proposta.
no primeiro caso, por prever recursos insuficientes e, no outro, por 3) JUSTIFICATIVA: é a defesa da idéia, elaborada de forma
despertar as suspeitas dos financiadores, vez que não são raros os racional, comparativa e argumentada. Em muitos casos, é aconselhável
casos de superfaturamento para benefício escuso de algumas pessoas. dividir o conteúdo da justificativa em outros tópicos, a saber:
4) ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO: observa-se se a a) Marco de referência ou localização: situa-se o projeto no
metodologia proposta é viável ou precisa de correções; vai-se checando tempo e, principalmente, no espaço, descrevendo-se as características
se as metas e os objetivos são atingíveis. Observa-se, em suma, se o do ambiente em que se pretende realizá-lo, de forma a dar a idéia, a
projeto, da maneira que foi proposto e como está sendo executado, quem o aprecia, das mudanças provocadas pela sua execução.
realmente atingirá seus fins. Em caso contrário, devem ser detectadas b) Histórico: resgatam-se os precedentes históricos, as
as razões. Geralmente o acompanhamento da execução faz-se por tentativas anteriores.
avaliações e observações de determinados indicadores. c) Abrangência: destaca-se o espaço geográfico e o contingente
populacional a ser atingido/beneficiado com a ação.
1.4 - AS ETAPAS DE UM PROJETO TÊM NOMES ESPECÍFICOS? 4) OBJETIVOS: são a síntese da razão do projeto, o sumário
da sua justificativa. Representam as mudanças que poderão ocorrer
Cabe aqui a observação do consultor do Banco Mundial, Ricardo com a realização efetiva do projeto. Os objetivos dividem-se,
Miranda, o qual defende que não nos escravizemos, na elaboração de costumeiramente, em:
projetos, ao que chama de "ditadura das palavras". O importante é que a) Geral: representa o fim maior. Há autores que o definem
possamos traduzir a proposta o mais fidedigna e completamente como a síntese da justificativa.
possível. b) Específicos: são fins setoriais, mais particularizados, que
Dessa forma, cabe a conclusão de que nada adianta mostrar advirão em conseqüência de serem realizadas as tarefas propostas,
gratuita erudição e falar uma língua estrangeira, se os nossos ou até mesmo em conseqüência da metodologia aplicada.
interlocutores não compreenderão o intuito principal. Projeto não- 5) METAS: são os referenciais de mudança na realidade, em
compreendido é projeto não-aprovado. Esta é uma frase cifrada, para virtude da aplicação do projeto. São indicadores com os quais se pode
dizer que nada custa utilizar corretamente a maneira local de propor e "medir" o sucesso da realização projetada. Para efeitos didáticos, há
apreciar projetos. quem diga que as metas surgem de determinada expressão numérica
Isto dito, concluímos que um projeto tem determinados tópicos dos objetivos específicos.
indispensáveis (qualquer que seja a designação que recebam) e outros, 6) METODOLOGIA: é o momento em que o proponente diz
que àqueles se acoplam, segundo a necessidade da proposta. como realizará o projeto, especificando todas as estratégias e
São comuns a todos os projetos os seguintes tópicos: instrumentos a serem utilizados, demonstrando a eficiência dos meios
escolhidos.
1) DENOMINAÇÃO: é o nome do projeto. Sempre que possível, 7) CRONOGRAMA DE ATIVIDADES: compõe-se das atividades
deve dar uma "dica" precisa da abrangência da proposta. O nome ajuda que devem ser realizadas para que os objetivos e as metas sejam

72 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 73


atingidos, bem como o tempo que demandarão e o período previsto Assim, sugerem-se digitação e encadernação adequadas, ausência
para serem efetivados. de exageros e criatividade.
8) ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO: o proponente revela É aconselhável que a apresentação de um projeto seja feita
como as diversas pessoas (físicas e jurídicas) envolvidas com o projeto juntamente com correspondência sucinta e personalizada, em cujo teor
poderão acompanhar a sua realização e averiguar, em distintos conste a proposta definida, precisa, da participação desejada.
momentos, o estágio em que o mesmo se encontra. Conforme a Cabe lembrar que muitos órgãos públicos e fundações
natureza do projeto, promove-se o acompanhamento e a avaliação por particulares recebem projetos somente se apresentados em formulários
meio de visitas, relatórios, comparação de indicadores etc, entre outros e acompanhados de documentos por eles fornecidos e exigidos,
itens. respectivamente.
9) ORÇAMENTO: deve conterá previsão, pormenorizadamente
descrita, de todos os custos do projeto. Mesmo os recursos já 1 . 6 - 0 QUE DEVE SER FEITO APÓS A CONCLUSÃO DE UM
disponíveis, para efeito de controle e estimativa geral, devem estar PROJETO?
previstos no orçamento. Em tempo de inflação, além do cálculo em
moeda corrente, o orçamento deve ser expresso por fator financeiro É indispensável que seja feita - não somente depois de concluído
duradouro no tempo. o projeto, mas ao cabo de cada uma de suas etapas - a devida prestação
Além dos tópicos descritos, podem ter lugar outros, conforme a de contas. Dita prestação tem duas naturezas: uma, constituída pelos
natureza do projeto e a necessidade de fornecer detalhamento e maior relatórios e outros meios previstos; e outra, contábil, devendo
clareza para quem o vai examinar. Alguns exemplos: demonstrar e comprovar, por meios lícitos e pactuados, a exata
10) SUMÁRIO: descrição ordenada dos tópicos que constam aplicação dos recursos.
no corpo do projeto. A prestação de contas diz da honestidade e, sobretudo, do
11) RESUMO: logo ao abrir o projeto, em uma de suas primeiras profissionalismo do responsável pelo projeto, bem como deixa aberta
folhas, mesmo o leitor mais apressado deverá poder conhecer-lhe a a porta dos parceiros, que receberam "satisfações", para futuras ações
essência, pela leitura de algumas poucas linhas. conjuntas.
12) QUADRO DE PARCEIROS INSTITUCIONAIS
13) PROPOSTA DE DIVISÃO DE ENCARGOS
14) ANEXOS: ao final do projeto, anexam-se os documentos
que comprovem as afirmações nele contidas, que o descrevem de forma
gráfica e que, enfim, facilitem sua apresentação e aprovação. Dentre
estes documentos podem constar mapas, declarações, fotos,
reportagens, fichas etc.

1.5 - COMO SE DEVE APRESENTAR UM PROJETO?

A apreciação de um projeto começa por seu aspecto externo, o


que eqüivale a dizer que deve-se ter cuidado com sua "aparência",
capaz de fornecer àquele que o aprecia uma impressão de higiene.

74 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 75


PROJETO DO I FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO
DE GUARAMIRANGA - CEARÁ

SUMARIO

1. RESUMO
2. LOCALIZAÇÃO
3. JUSTIFICATIVA
4. OBJETIVO GERAL
5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
6. METAS
7. ETAPAS DO TRABALHO E CRONOLOGIA
8. ORÇAMENTO
9. ANEXOS
2. PROJETO DO I FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO DE
GUARAMIRANGA

2.1 - RESUMO
O presente projeto propõe a realização, no Município de
Guaramiranga, Estado do Ceará, de um FESTIVAL NORDESTINO
DE TEATRO.
Demonstra a existência de condições estruturais para a
realização do evento, bem como justifica sua importância para o
contexto sócio-econômico e cultural da municipalidade, do Estado e
da Região.

2.2 - LOCALIZAÇÃO
Guaramiranga é um pequeno Município cearense (95 km2) da
região serrana do Maciço de Baturité.
Sua feição física foge ao estereótipo traçado para o Interior do
Ceará: pleno de vegetação verde, é um dos poucos recantos do
Nordeste que conserva um "santuário" de Mata Atlântica. O clima, dos
mais amenos e salutares, tem a média de 20° C. Estas características
rendem ao Município denominações exaltadoras e carinhosas, como
"Suíça Cearense" e "Cidade das Flores".
Estas circunstâncias e o fato de estar a mais de 900 metros
acima do nível do mar - o ponto culminante do Ceará, chamado Pico
Alto, situa-se em Guaramiranga -, fizeram com que o Município fosse
plenamente inserido em uma Área de Proteção Ambiental, a APA de
Baturité.
Este fato, ao lado de trazer orgulho para a população local (5.200
habitantes), exige dela uma mudança de comportamento, no que se
refere às bases da economia. Limitada à exploração da agricultura e

Teoria e prática da gestão cultural 79


da pecuária, tanto por lei, quanto pelo próprio desinteresse de muitos Agora, estruturalmente capacitada a receber grupos de toda a
proprietários, Guaramiranga prepara-se para a exploração do turismo Região, Guaramiranga propõe a realização de um Festival Nordestino de
e outras atividades a ele vinculadas. Teatro de Atores, visando com isto apoiar as artes, desenvolver o turismo
Para isto, a administração atual tem investido na divulgação e propiciar aos artistas, à população local e aos turistas, um intercâmbio
dos atrativos locais, do artesanato e na criação de infra-estrutura - gerador de riquezas humanas e de respeito e compreensão mútuos.
como abertura e manutenção das vias internas, construção de um teatro
e centro de convenções, efetivação de cursos e na escola 2.4-OBJETIVO GERAL
profissionalizante, voltados para a prestação de serviços. A iniciativa
privada e o poder público estadual, por sua vez, dão suas contribuições, Incrementar a tendência e vocação do Município de Guaramiranga
mantendo no Município quatro unidades hoteleiras, com capacidade para pólo cultural e turístico, solidificando em sua realidade sócio-econômica
para 500 leitos, e igual quantidade nos vizinhos, com distância não a realização de eventos artísticos periódicos, de significativa importância
superior a 20 km. e reconhecido retorno social, como um Festival Nordestino de Teatro.
Além disso, Guaramiranga conseguiu universalizar o ensino
básico, reduzir consideravelmente a mortalidade infantil e, retomando 2.5 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
uma salutar tradição local, um apoio substancial tem sido dado às - Incentivar a produção artística de Guaramiranga, do Ceará e
expressões artísticas, em diversas modalidades. do Nordeste;
- Realizar um amplo intercâmbio cultural com os artistas da
2.3-JUSTIFICATIVA Região Nordeste;
Vivencia-se, no Município de Guaramiranga, uma ocasião muito - Inserir o recém-inauguradoTeatro Municipal Rachel de Queiroz
propícia ao conhecimento, registro e desenvolvimento de manifestações na rota dos bons espetáculos, bem como promover sua aparelhagem
culturais. técnica e otimizar sua utilização;
A atual administração percebeu que, possibilitando à população - Promover o turismo local;
o acesso às artes, forma cidadãos mais conscientes, ao mesmo tempo - Divulgar Guaramiranga.
em que prepara os munícipes para um turismo racional e respeitador
da integridade da natureza e do modo de vida local. 2.6 - METAS
Tendo inicialmente investido na "prata-da-casa", o órgão
- Exibir 10 espetáculos de teatro, no período de 13 a 20/12/92;
municipal de cultura estimulou as expressões da população, a ponto
de existirem, hoje, 14 grupos atuantes, em diversos campos das artes. - Realizar 3 atividades de formação, no campo das artes
(oficinas, palestras, debates...);
Na seqüência, tanto para servir ao setor educacional, como
aos de cultura e turismo, foi inaugurado, no dia 20 de junho de 1992, o - Atingir um público direto de 1.500 pessoas.
Teatro Municipal Rachel de Queiroz, com capacidade para 150 pessoas.
2.7 - ETAPAS DO TRABALHO E CRONOLOGIA
A prova mais cabal da aceitação comunitária deu-se logo no
mês de julho seguinte à inauguração, quando foi levado a efeito o // (Deixo de inserir as etapas do trabalho e a cronologia porque,
Guaramiranga Arte em Flor, festival não-competitivo, de princípios tendo sido o projeto alterado diversas vezes neste dois aspectos, os
acústicos, que reuniu três dezenas de grupos artísticos de distintos originais consultados para a feitura deste livro ficaram alterados de forma
locais do Estado do Ceará, recebendo a presença de turistas e da a não se prestaram à obtenção dos respectivos dados. Contudo, a técnica
população local. para desenvolver os tópicos está referida na Parte IV deste compêndio).

80 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural •1


2.8 - ORÇAMENTO * PESSOAL
Coordenador Geral US$ 2.000,00
* INFRA-ESTRUTURA
Produtor Executivo US$ 1.052,63
Equipamentos (som e luz) US$ 1.298,25
Assistência de Produção (02) US$ 1.052,63
Transporte US$ 1.149,19 Secretário US$ 250,88
Sub-total US$ 2.447,44 Apresentador US$ 263,16
* DIVULGAÇÃO Equipe de Apoio (20) US$ 1.000,00
Jornal (10 anúncios) US$ 2.551,41 Comissão de Pré-Seleção (03) US$ 701,75
Televisão (16 inserções) US$ 3.035,70 Oficineiros (02) US$ 350,88
Rádio (50 chamadas) US$ 318,05 Sub-total US$ 6.671,93
Sub-total US$ 5.905,16 * RESERVA TÉCNICA
10% do valor do sub-total geral US$ 2.189,60
*PREMIAÇÃO
TOTAL GERAL US$ 24.085,87
Troféus (12 unidades) US$ 175,44
Prêmios US$ 2.449,00 2.9-ANEXOS
Sub-total US$ 2.624,44
PRINCIPAIS UNIDADES HOTELEIRAS DE GUARAMIRANGA E
* MATERIAL GRÁFICO
MUNICÍPIOS VIZINHOS
Criação/Arte US$ 293,16
DISTANCIA PREÇO N.°DE O QUE
Impressão do cartaz (1.000 unidades) US$ 522,28 NOME MUNICÍPIO
DO TMRO ÍUSS) LEITOS INCLUI
Pernoite e café
Impressão do folder (2.000 unidades) US$ 250,00 Hotel Escola Guaramiranga 1,5 km 10 60
da manhã
Impressão dos certificados (200 unidades) US$ 100,00
Sub-total US$ 1.165,44 Centro de
Guaramiranga 1.0 km 12 60
Pernoite, café,
Treinamento c almoço e janta
Lazer
* DOCUMENTAÇÃO
Fotografia US$ 350,88 Convento dos Guaramiranga 1.0 km 1 1 100 Pernoite, café.
Capuchinhos almoço e janta
Vídeo US$ 350,88
Remanso Hotel Guaramiranga 7.0 km 08 320 Pernoite
Sub-total US$ 701,76
Estância Vale Pacoti 9.0 km 20 110 Pernoite, café e
das Flores almoço
* ESTADIA
Gruta Hotel Baturité 10,0 km 10 60 Pernoite
Jurados (9 dias x 5 pessoas = 45 diárias) US$ 649,12
Técnica (9 dias x 5 pessoas = 45 diárias) US$ 649,12 Convento dos
Baiurité 15,0 km 12 80 Pernoite, café,
Jesuítas
almoço e janta
Coordenação (15 dias x 5 pessoas = 75 diárias). US$ 1.081,86
Sub-total US$ 2.380,10

82 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 83


FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO
PRÊMIO EDSON QUEIROZ

TEATRO MUNICIPAL RACHEL DE QUEIROZ


20 A 27 DE MARÇO DE 1993 GUARAMIRANGA CEARÁ

(SUMÁRIO) RELATÓRIO

1.PRECEDENTES
2. REGULAMENTO
3. FORMAÇÃO DA EQUIPE
4. A "BATALHA" POR PATROCÍNIOS E APOIOS
5. A PRODUÇÃO EM GUARAMIRANGA
6. DIVULGAÇÃO
7. O INFORMATIVO DO FNT
8. O PÚBLICO
9. AUTORIDADES PRESENTES
10. PATROCÍNIOS E APOIOS
11. PROGRAMAÇÃO PARALELA
12. AVALIAÇÃO
13. A SOBERANIA DO MOVIMENTO TEATRAL
14. CONCLUSÃO
3. RELATÓRIO DO I FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO
DE GUARAMIRANGA - PRÊMIO EDSON QUEIROZ

3.1 - PRECEDENTES
A reflexão para a realização do FESTIVAL NORDESTINO DE
TEATRO iniciou-se logo após a conclusão do encontro artístico
GUARAMIRANGA ARTE EM FLOR, ocorrido em julho de 1992.
Elaborado o Projeto, este foi enviado a diversos órgãos, entre
os quais: Secretaria da Cultura e Desporto do Estado do Ceará, Banco
do Nordeste do Brasil, Companhia de Desenvolvimento Industrial e
Turístico do Ceará, Banco do Estado do Ceará e Grupo Edson Queiroz.
Por mais de uma vez a data de realização do Festival foi adiada:
de setembro para dezembro de 1992; para fevereiro e, finalmente, março
de 1993. As postergações se deram, sobretudo, pela falta de resposta
de engajamento das instituições a quem se havia proposto a parceria.
Finalmente,,em novembro de 1992, o então subsecretário da
Cultura e Desporto do Ceará - Dr. Pedro Gurjão - anunciava a parceria
para a realização do evento.
No dia 5 de dezembro de 1992, a Prefeitura Municipal de
Guaramiranga e a Pasta Educacional da Cultura firmavam, no Hotel
Escola do Município serrano, o convênio.

3.2 - REGULAMENTO
O primeiro passo para a divulgação do FESTIVAL
NORDESTINO DE TEATRO foi a elaboração do seu regulamento. Para
tanto, a coordenação reuniu-se algumas vezes com artistas, em
Guaramiranga e Fortaleza, no sentido de ouvir-lhes as sugestões. Outro
passo foi o de confrontar diversas cartas reguladoras de outros festivais.

Teoria e prática da gestão cultural 87


Da avaliação de erros anteriormente cometidos, da intenção 3.5 - A PRODUÇÃO EM GUARAMIRANGA
de não repeti-los e das reais possibilidades da Prefeitura Municipal de
Guaramiranga resultou o regulamento. Ficou completamente entregue ao pessoal da Secretaria da
Cultura local, que teve a missão de conseguir alojamento, casas
Vale salientar que as únicas modificações impostas ao estatuto,
emprestadas, descontos em hotéis e restaurantes, além do trabalho
após a sua publicação, foram no prazo de inscrição e no de divulgação
de conscientização do povo, para a importância do evento.
dos resultados, prorrogados em uma semana.
Diversas reuniões foram feitas, com distintos setores da
3.3 - FORMAÇÃO DA EQUIPE sociedade guaramiranguense, com o intuito de extirpar boatos e
conseguir adesões. Circulavam informações equivocadas a respeito
Mesmo antes de ter sido firmado o convênio para a realização dos gastos, além de outras, preconceituosas, de que os artistas iriam
do FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO, várias pessoas foram infundir males aos jovens, como drogas e atitudes permissivas. Assim,
convidadas a se engajar no projeto. Estas pessoas aceitaram o desafio além do curso de relações humanas ministrado por Eliza Gunther, antes
de, vindo a verba, receberem o referente aos seus trabalhos; caso do Festival, a produção teve encontros com a Polícia Militar, a Câmara
aquela não chegasse, teria sido uma boa tentativa em prol da cultura. de Vereadores, os comerciantes e com a população em geral.
Assim, o artista Zhélio, a produtora Glícia Gadelha e o Secretário Quanto à participação das unidades hoteleiras, a maioria reduziu
Artênio Mendes puseram-se a trabalhar, desempenhando suas tarefas. suas diárias; os proprietários de casas, mesmo prometendo, não
O pessoal de Guaramiranga também se dispôs a qualquer cederam hospedagens; os restaurantes, inspecionados e orientados
sacrifício, desde que a idéia começou a ganhar forma. pela saúde pública, comprometeram-se a não exorbitar nos preços.
No mês de fevereiro de 1993, a equipe ganhou o reforço do O resultado deste trabalho foi o engajamento, o respeito, o bom
produtor Garcia Júnior, já muito identificado com Guaramiranga por comportamento e a freqüência do público, desde religiosos até
trabalhos anteriores. agricultores, em todas as sessões do Festival.
Com referência aos alojamentos, estes ficaram definidos no
3.4 - A "BATALHA" POR PATROCÍNIOS E APOIOS Colégio Júlio Holanda; para tanto, diversos pequenos reparos tiveram
Na tentativa de conseguir apoio para o FESTIVAL que ser executados.
NORDESTINO DETEATRO, a coordenação, a secretaria e a produção A produção em Guaramiranga teve, também, que ampliar
caíram em campo e cerca de 300 ofícios foram expedidos requerendo temporariamente seu quadro de pessoal, selecionando pessoas do
apoios diversos, desde o empréstimo de colchonetes até a verba de próprio Município com habilidades para atividades específicas.
patrocínio. O teatro Municipal Rachel de Queiroz ganhou pequena reforma;
A colheita foi muito mirrada: somente 2% dos solicitados o meio-fio das ruas e diversos prédios foram pintados e a limpeza pública
atenderam em alguma coisa. intensificou-se.
Nesta "batalha", foi de fundamental importância o ponto de apoio, Ressalte-se, ainda, o engajamento de diversos setores da
em Fortaleza, cedido na Associação dos Prefeitos do Estado do Ceará Administração Municipal, preparando a cidade para o FNT.
(APRECE), onde pudemos utilizarfax, fotocopiadora, telefone e pessoal. A Secretaria de Ação Social organizou uma feira no Centro
Outro ponto de apoio, na Capital, foi o prédio do Departamento de Comercial, onde artesãos, artistas culinários e estudantes em fim de
Promoção, Difusão e Ação Sócio-Cultural da Secretaria da Cultura e curso puderam armar suas barraquinhas, com os mais diferentes
Desporto do Estado do Ceará. produtos.

Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 89


A Secretaria de Saúde, além de inspeções sanitárias, montou 3.7 - O INFORMATIVO DO FNT
um esquema de informações, incluindo a exibição de vídeos e a
distribuição de folhetos, dando especial destaque à prevenção contra Sabendo-se que a imprensa da Capital despreza os
a AIDS e a cólera. acontecimentos do interior do Estado, registrando-os somente em seu
mais grosso modo, a organização do FESTIVAL NORDESTINO DE
TEATRO percebeu que não podia desperdiçar o encontro de diversas
3.6 - DIVULGAÇÃO
correntes de teatro e ofereceu-lhes um canal duradouro para o debate
Logo que elaborado, o regulamento do FESTIVAL de idéias.
NORDESTINO DE TEATRO foi reproduzido e, acompanhado de ofício Já existindo em Guaramiranga o jornal alternativo Manchete
e texto para a divulgação na imprensa, enviado para: secretarias da Serra, convidamos seu redator, Fabiano de Almeida, para coordenar
estaduais da Cultura de todo o Nordeste; secretarias municipais ou o informativo do FNT. Prestando uma homenagem ao seu trabalho,
fundações culturais das capitais nordestinas; federações de teatro não modificamos o nome do jornal.
amador de todos os Estados do Nordeste; principais órgãos da imprensa A principal idéia era que a maioria das colaborações chegasse
escrita das capitais nordestinas; todos os órgãos de imprensa falada, dos participantes do Festival. Como estes pouco se dispuseram a
escrita e televisiva de Fortaleza. escrever, a equipe organizadora acumulou tarefas de repórter, articulista
Além destes procedimentos , cerca de 150 cópias do regulamento e ilustrador.
foram distribuídas noTheatro José de Alencar, em Fortaleza. Também, Apesar das panes da fotocopiadora especialmente cedida pela
a pedidos, a secretaria da produção, em Guaramiranga, remeteu 15 Xerox do Brasil, diariamente o Manchete da Serra chegou ao seu público
réplicas do estatuto para distintas localidades. destinatário, que o aguardava com ansiedade.
Funcionaram, ainda, como divulgadores do FNT, os seguintes
veículos: 3.8 - O PÚBLICO
• Publicação diária em agendas de jornais de Fortaleza; Uma maneira de engajar a população e dela conquistar a
• Anúncio nas contas telefônicas de todo o Estado do Ceará; cumplicidade para o evento foi torná-la ciente de todo o processo, bem
• Propaganda em âmbito nacional (45 segundos), pela Rede como deixá-la deliberar sobre alguns pontos.
Brasil, durante 10 dias; De antemão sabia-se que algumas peças selecionadas tinham
• Anúncio padronizado no jornal Diário do Nordeste, durante 10 cenas de nu e palavrões. Quem deveria assistir a tais peças? Advertindo
dias; que a classificação é atributo da esfera federal de governo, mesmo
assim invocamos o dispositivo constitucional que permite ao Município
• Propaganda (30 segundos) em âmbito estadual, pela TV.
deliberar sobre as coisas de seu peculiar interesse. Deste modo, com
Verdes Mares, durante 7 dias;
exceção dos espetáculos A Roupa Nova do Rei, A Farsa do Mestre
• Propaganda (45 segundos) em âmbito estadual, pela TVC, Panthelin e Míria..., que foram liberados a todos, os demais espetáculos
durante 10 dias; foram classificados como permitidos para maiores de 16 anos pela
• Participação e citação em diversos programas de rádio e TV; população, com posterior aval do Conselho Municipal da Criança e do
• Matérias em diversos jornais, reiteradas vezes; Adolescente.
• Participação diária, por ocasião do evento, nos telejornais da Outra questão coletivamente decidida foi quanto ao ingresso
TVC e TV Verdes Mares das pessoas no teatro, uma vez que o mesmo suportava uma platéia
• Folhetos, cartazes, livretos, faixas etc. sentada de apenas 120 pessoas. A comunidade compreendeu que os

90 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 91


artistas não poderiam deixar de assistir a todos os espetáculos, que os Sua grande tarefa foi a de funcionar como produtor do evento,
turistas também deveriam ter algumas vagas e que a outra parte seria somando seus esforços ao de outras instituições, cujas principais
destinada à população e aos convidados especiais. Procedeu-se à mencionamos a seguir:
seguinte distribuição: 40 vagas para a população local; 30 vagas para
~ Secretaria da Cultura e Desporto do Estado do Ceará;
os turistas; 50 vagas para os artistas e convidados.
" Vice-Reitoria de Extensão da UNIFOR (representando o Grupo
Os artistas e convidados tinham acesso livre ao teatro. Quanto Edson Queiroz);
aos turistas e à população local, deviam fazer inscrições, das 10 às 17
- Televisão Educativa do Ceará (TVC);
horas, o que lhes dava direito a uma senha para acompanhar os
espetáculos. - Pró-Reitoria de Extensão da UFC;
- Xerox do Brasil;
Tal procedimento foi, por muitos, considerado democrático e
pedagógico. O público, mesmo excitado e eufórico, teve comportamento - Doce Real;
muito elogiável. - Café Novo Baturité;
- Associação dos Prefeitos do Ceará (APRECE);
3.9 - AUTORIDADES PRESENTES - Companhia do Desenvolvimento Industrial e Turístico do Ceará;
Muitas pessoas prestigiaram o FESTIVAL DE NORDESTINO - Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga;
DE TEATRO. Além do grande número de artistas e da população, - Teleceará;
merecem citação os seguintes nomes: - Prefeitura de Palmácia.
• Ex-Governador do Ceará, Dr. Tasso Ribeiro Jereissati;
• D. Renata Queiroz Jereissati, filha do homenageado Edson 3.11 - PROGRAMAÇÃO PARALELA
Queiroz; Chamou-se programação paralela a todos os eventos que não
• Prefeito Francisco Farias Neto e seu staff, constituíam a apresentação das peças. Dita programação sofreu
•Vereadores de Guaramiranga; algumas alterações, a saber:
• Ex-Prefeito Dráulio Holanda (homenageado especial);
O QUE NÃO ACONTECEU:
• Presidente da FUNTELCATVC, jornalista Augusto César Costa;
• Representante do Secretário da Cultura do Estado do Ceará 1) Exposição de cartuns do artista plástico Klévisson, em virtude de
(Paulo Linhares), jornalista Gilmar de Carvalho; ocupação profissional de última hora;
• Secretária de Saúde do Estado do Ceará, Dra. Ana Maria 2) Para o dia 23/03/93, às 9:00 horas, havia sido programado um espaço
Cavalcante e seu esposo Frederico Augusto de Lima e Silva; livre para intercâmbio de experiências. Em virtude dos debates das peças,
sempre com muita abrangência e participação, os artistas acharam
• Prefeito de Palmácia Francisco Paulo e seu staff.
desnecessário mais este espaço e preferiram passear pela cidade.
3.10 - PATROCÍNIOS E APOIOS 3) À noite, no mesmo dia, o show com o cantor e compositor Cale
Alencar foi cancelado, visto que seus instrumentos musicais não se
Sendo Guaramiranga um Município quase sem renda própria e adaptaram ao equipamento de som de que dispúnhamos;
percebedor das menores quotas de FPM e ICMS, não teria condições, 4) Dia 25/03/93, os artistas não quiseram ocupar o espaço do bar
sozinho, de bancar os custos do FESTIVAL NORDESTINO DE Shangrilá para apresentação de performances. O Grupo Elemental,
TEATRO. de Guaramiranga, apresentou-se na ocasião.

92 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 93


APRESENTAÇÕES VOLUNTÁRIAS: AVALIAÇÃO: o objetivo foi parcialmente atingido. Com referência
ao Nordeste, apenas quatro Estados fizeram-se representar. Contudo,
1) Dia 20/03/93, às 21:30 horas, ocorreu a mostra de diapositivos sobre
diversos depoimentos demonstraram que alguns grupos voltaram à
a fauna e a flora do Maciço de Baturité, apresentada por Maurício Albano,
ativa, em razão do Festival; outros, em razão dos prêmios que
na parede da lateral externa do Teatro Municipal Rachel de Queiroz; receberam, animaram-se a enfrentar novas temporadas e novos
2) Dia 21/03/93, às 23:00 horas, foi promovido um forró no Centro festivais; os grupos de Guaramiranga ganharam novo alento, com a
Comercial; troca de experiências. As circunstâncias do evento fizeram com que os
3) Dia 25/03/93, transcorreu a mostra de vídeo Vôos de Asa Delta no grupos conseguissem o apoio de diversas instituições, em todos os
Maciço de Baturité, apresentada por Antônio Carlos Almeida; seguiu- Estados que se fizeram representar.
se a apresentação do Grupo Elemental;
2.2) Realizar um amplo intercâmbio cultural entre artistas da
4) Durante todo o Festival, as ruas e os bares de Guaramiranga foram
Região Nordeste.
ilustrados pelas performances do ator José Airton Bezerra, que
interpretou as personagens "o revolucionário", "a bruxa" e "o palhaço", AVALIAÇÃO: o objetivo foi parcialmente atingido. Além do fato
todos de sua autoria. de que apenas quatro Estados tiveram grupos no FNT, muitos
permaneceram pouco tempo em Guaramiranga. A ausência de oficinas
3.12-AVALIAÇÃO e cursos, segundo depoimentos, não propiciou a integração.
Reunida após o Festival , a equipe de coordenação avaliou o
2.3) Inserir o recém-inaugurado Teatro Municipal Rachel de
objetivo geral, os objetivos específicos e as metas do projeto inicial, Queiroz na rota dos bons espetáculos, bem como promover sua
chegando às seguintes conclusões: aparelhagem técnica e otimizar sua utilização.
1) Objetivo geral - incrementar a tendência e vocação do
Município de Guaramiranga (Ceará) para pólo cultural e turístico, AVALIAÇÃO: o objetivo foi parcialmente atingido. Esboça-se a
solidificando em sua realidade sócio-econômica a realização de eventos inclusão doTMRQ na rota dos bons espetáculos. Imediatamente após
artísticos periódicos, de significativa importância e reconhecido retorno o Festival, Guaramiranga foi incluída no Projeto cumpliCIDADES e
social, como um FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO. recebeu o espetáculo português À Roda da Noite, com o grupo Trigo
Limpo. Não se conseguiu a aparelhagem técnica do teatro; quando
AVALIAÇÃO: o objetivo foi atingido. O conceito de Guaramiranga
muito, uma caixa d'água e o enlarguecimento das pernas. A utilização
como pólo cultural foi, segundo diversas opiniões, solidificado; deu-se
do TMRQ foi otimizada, principalmente na apresentação de números
seqüência a uma série de eventos que incrementam as artes, ao mesmo artísticos.
tempo em que aquecem a indústria turística local. A importância do
FNT pôde ser aquilatada pelo fato de ter sido o primeiro Festival de 2.4) Promover o turismo local.
sua espécie que o Ceará anfitrionou. Quanto ao retorno social, deu-se
pelo engajamento da população em todas etapas do processo, sem AVALIAÇÃO: objetivo plenamente atingido. Averiguou-se,
mencionar o proveito financeiro que o afluxo de pessoas trouxe para através dos dados da ocupação hoteleira, pelo movimento em
quem tem ou montou negócio. restaurantes e venda de souvenirs.

2) Objetivos específicos 2.5) Divulgar Guaramiranga.

2.1) Incentivar a produção artística de Guaramiranga, do Ceará AVALIAÇÃO: objetivo plenamente atingido, Confirma-se pela
e do Nordeste. leitura do tópico "divulgação".

94 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria eí prática da gestão cultural 95


3) Metas 3. Paulo Ramos, ator de teatro, cinema e televisão;
4. Geraldo Markan, teatrólogo;
a) Exibir 10 espetáculos de teatro.
5. Nazaré Fontenele, professora de teatro da UNI FOR.
AVALIAÇÃO: meta superada. Foram exibidos 13 espetáculos,
sendo 12 concorrentes e uma participação especial. 3.14-CONCLUSÃO

b) Realizar 3 atividades de Formação. A organização do FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO


chegou à conclusão de que o evento foi altamente positivo. Colheram-
AVALIAÇÃO: meta superada. Foram realizadas 4 palestras e se diversas opiniões de pessoas experimentadas em promoções
12 debates. similares, as quais, juntadas às nossas próprias reflexões, poderiam
resumir-se nos seguintes enunciados:
c) Atingir um público direto de 1.500 pessoas.
1. Guaramiranga é um local ideal para esse tipo de evento, por
AVALIAÇÃO: meta superada; 1.800 senhas foram distribuídas. sua beleza natural, seu clima ameno, sua gente hospitaleira e por dispor
da infra-estrutura minimamente necessária;
3.13 - A SOBERANIA DO MOVIMENTO TEATRAL 2. O Festival foi muito simples e, por isso mesmo, muito
agradável;
A idéia conceituai que guiou a realização do Festival foi a de
que o movimento de teatro deveria decidir a sua própria sorte. 3. A organização, mesmo composta de pessoas estreantes,
saiu-se muito bem, tendo sido este Festival um dos mais organizados
Assim, as decisões tomadas pelo júri de pré-seleção, bem como
de que os opinantes participaram;
o da premiação final, não sofreram interferência da organização ou de
quaisquer outras pessoas. 4. As tarefas essenciais sob responsabilidade da organização
Os procedimentos dos dois corpos julgadores foram diferentes: foram cumpridas na sua exatidão e, em alguns casos, com um
enquanto os pré-selecionadores aquilataram os inscritos separadamente, acréscimo de benefícios;
os juizes finais o fizeram em sessão secreta de debates. 5. O Teatro Municipal Rachel de Queiroz precisa de reparos e
De qualquerforma, na opinião dos relatores, prevaleceu o bom-senso. aparelhamento técnicos;
Alguns grupos tecnicamente menos habilitados, que passaram pela pré- 6. A programação paralela de uma eventual segunda edição do
seleção inicial, tiveram que conviver com a imparcialidade da avaliação dos FNT precisa ser enriquecida com cursos atraentes e jurados de outros
debates e ao final não foram premiados e nem mesmo indicados aos prêmios. Estados;
O importante é que o processo secretariado pela organização 7. A disponibilidade de recursos (financeiros e humanos) deveria
do Festival e efetivamente gerido pelo movimento teatral presente deu ter sido mais farta;
os resultados que o exercício realmente democrático pode gerar.
8. A grande imprensa, mesmo não omissa, poderia se fazer
O júri da premiação foi composto por: mais presente;
1. Ricardo Guilherme (presidente), ator, diretor e criador do Teatro 9. O júri despertou a confiança em veredicto justo;
Radical Brasileiro; 10. Se o fato de a organização não bancar diárias e alimentação
2. Betânia Montenegro (secretária), professora de expressão corporal limitou, por um lado, permanências, por outro estabeleceu uma relação
do Curso de Artes Dramáticas da UFC; de dignidade entre os participantes.

96 Francisco Humberto Cunha Filho leoria e prática da gestão cultural 97


A União Federal Brasileira tem um Ministério da Cultura. O
Estado do Ceará, pioneiro (como sempre) em atitudes a um mesmo
tempo retóricas e progressistas, além de ter sido o número um na
liberdade dos escravos e na fundação da primeira Academia de Letras
do Brasil, inaugurou, entre seus pares, a primeira Secretaria da Cultura
dos Estados-Membros. Nossa SECULT, que já conta 26 anos, divide
4. FINANCIAMENTO E GESTÃO DA CULTURA
seu espaço, ao longo do tempo, com os setores de turismo, desportos,
ação social e lazer. No campo internacional, países como França,
Antes de falarmos em gestão cultural, é necessário estabelecer Espanha e Estados Unidos têm seus exclusivos Ministérios da Cultura.
um parâmetro mínimo do que se entende por cultura. Devido à No que tange às verbas, o nosso Ministério da Cultura abocanha
complexidade da matéria e à ausência de codificação para uma a "fantástica" parcela de 0,04% (quatro centésimo) do orçamento
linguagem comum, a cultura é abordada, com muita freqüência, em nacional. Já a SECULT-Ceará tem sorte consideravelmente melhor:
apenas um ou outro de seus aspectos, sendo o mais comum um dos mais de 1% (um por cento) de nossa previsão de gastos é para a
mais importantes, mas que não é o único: a arte. cultura. Nos países supracitados, mesmo sem dispor das cifras exatas,
Uma definição bastante ampliada de 'cultura' está inserida no observamos serem seus Ministros da Cultura algumas das autoridades
texto de nossa Constituição Federal, no Artigo 216, o qual diz: mais importantes em suas pátrias. E nos nossos Municípios, qual é o
"Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de quadro? Geralmente o setor da cultura está ligado à Secretaria de
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em Educação; algumas vezes, unido ao de turismo e ao de esportes. E a
verba orçamentária é de quanto? Muito próxima ao equivalente a zero.
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade Que análise poderia ser produzida a partir destas diferentes
brasileira, nos quais se incluem: concepções organogrâmicas e dotações orçamentárias para com a
cultura? Consideremos a importância que lhe é dada, a partir da
I - as formas de expressão; compreensão de seu valor. Quanto mais restritamente se compreenda
II - os modos de criar, fazer e viver; a cultura, a tendência é que menos importância o seu gerenciamento
III - as criações artísticas, científicas e tecnológicas; terá.
IV-asobras, objetos, documentos, edificaçõesedemais "Mas por que tanta importância a uma área que lida
espaços destinados às manifestações artístico-culturais; com coisas tão abstratas, enquanto que o povo, o nosso, o que
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, precisa mesmo, nesta época de seca e de crise, é de coisas
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico concretas, como comida, roupas e água?"
e científico". Assim reflete um gestor, até de boa vontade, preocupado com
A partir deste manancial - em tese à disposição de todos, pois o que traçou para seu Município como prioridade - mas sem levar em
que de todos emanado -, faremos algumas ponderações sobre o conta, na medida devida, a questão da cultura.
gerenciamento da cultura, tarefa que logo se nota não ser fácil, em A resposta poderia ser nova pergunta:
virtude de sua complexidade. "As eternas crises e secas não são resolvidas ou seus
No organograma de uma entidade pública, onde deve situar-se efeitos não são controlados, justamente porque nos planos e
o órgão gerenciador dos negócios da cultura? Junto à educação? ações não se trabalha levando em consideração os referenciais
Isolado? Ao lado dos esportes? Noutro lugar? Qual? culturais de nosso povo?"

98 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural


99
Se assim for, ele jamais deixará de ser carente de todos os Em novembro de 1938, quando o programa atingiu o
bens necessários à sua sobrevivência e, principalmente, à sua seu pico, cerca de 3,3 milhões de pessoas constavam
existência. de sua folha de pagamento. Quando a WPA terminou,
Contudo, a resposta indagativa estaria, no mínimo, incompleta. em 1941, providenciou trabalho para 8 milhões de
Ao lado de sua abstração e transcendência, a cultura tem sua pessoas.
concretude, que não se estampa somente nas fachadas dos prédios "Entre seus 250.000projetos, a WPA construíra
tombados. A partir dela, cultura, pode-se inclusive traçar o perfil de ou reformara 2.500 hospitais, 5.900 escolas, 1.000
desenvolvimento econômico de um povo, com a compra e venda de aeroportos e cerca de 13.000 locais de lazer. Alguns
bens culturais, montagem e aquecimento de indústria e mercados e, criticavam essas obras como um desperdício de dinheiro,
obviamente, geração de emprego e renda. mas, de qualquer maneira, as pessoas estavam tendo
Reflitamos, por exemplo, acerca do complexo econômico que trabalho. E seus salários, além de permitir a compra de
gira em torno da produção cinematográfica de Hollywood: quantas produtos, ajudava a estimulara economia debilitada.
pessoas são utilizadas para produção e veiculação de um filme que "A WPA dava empregos a artistas, atores,
percorre casas de exibição em todo o mundo? Ou - mais proximamente, cantores e escritores. Eles também têm que comer',
com a salutar afirmação do forró, enquanto estilo de dança e música - dizia Roosevelt. Alguns dos projetos culturais da WPA
que contingente é empregado na indústria da diversão? incluíram entrevistas com mais de 2.000 ex-escravos e
Além do mais, seca, crise, miséria, não são motivos para obstar o registro de músicas folclóricas, canções de índios
norte-americanos e 'spirituals'negros. Artistas da WPA
investimentos na cultura. Muito pelo contrário. A resolução dos
decoraram paredes em todo o país. 'Alguns trabalhos
problemas coletivos não se dará por obras de salvadores. Se quisermos
são bons', disse Roosevelt, 'outros menos bons, mas
resolvê-los, outra solução não há que conhecer a alma do povo, respeitar
todos são naturais, humanos, ambiciosos e vivos'.
seus desígnios e deixá-lo decidir, dentro dos mais elevados princípios
humanitários, a sua própria sorte. "Milhares de professores da WPA ensinaram
pintura, cerâmica, tecelagem e escultura. Norte-
O povo norte-americano, no auge da mais violenta crise
americanos que nunca tinham freqüentado teatro ou
econômica de sua história, a principiada em 1929, vivenciou experiência
concertos ao vivo puderam ver espetáculos patrocinados
memorável. Em 1932 elegeu, para Presidente da República, Franklin
pelo governo. Em quatro anos, o Projeto Federal de
Delano Roosevelt. A época era de desemprego geral, o que fez com Teatros encenou mais de 2.700 peças, incluindo os
que, mesmo tendo o papel de paladino do capitalismo do mundo, o clássicos, histórias infantis e obras de escritores
governo ingressasse ofensivamente na economia, desenvolvendo modernos do país. Ao todo, mais de 30 milhões de norte-
atitudes semelhantes, guardadas as devidas proporções, às nossas americanos assistiram às produções teatrais da WPA."
eternas frentes de serviços, bolsões da seca ou a famigerada
'emergência'. A diferença é que, ao invés de construir açudes sonrísal, Resultados:
os estadunidenses prepararam as bases de seu futuro. Merece ser
transcrita parte da descrição do programa Administração para o 1 - Roosevelt foi eleito para quatro mandatos (depois de sua
progresso dos trabalhos ou WPA, feita pelo biógrafo de Roosevelt, Fred morte, a Constituição Americana foi modificada, para permitir apenas
Israel: uma reeleição sucessiva)
2 - O povo americano vivenciou a superação de suas próprias
"A WPA procurava estimular a habilidade
fragilidades e, mesmo dividido racialmente, é consciente de suas
individual, qualquer que fosse a atividade desenvolvida.
possibilidades e identidade.

too Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 101
3 - Um dos principais pontos da pauta de exportação dos - O aprimoramento técnico deve ser meta constante, tanto para
americanos é a sua cultura (música, cinema, televisão, literatura...) e, os produtores da arte, quanto para os gestores da cultura.
ao reboque dela, tudo o que suas indústrias conseguem produzir. - A ação cultural, ao mesmo tempo em que busca e direciona-
No entanto, essa argumentação que vincula a cultura ao seu se para as próprias raízes, deve assimilar sua dimensão universal;
potencial é somente para desfazer a idéia de que "não se gasta no - Sempre que possível, todos os que quiserem devem ter acesso
setor porque não há retorno e é dispendioso". à política cultural; sempre que necessário, atenção especial deve ser
O principal aspecto do trabalho cultural é a constante busca de dada às minorias e às individualidades.
identidade, tanto individual quanto coletiva, tendo em foco os elementos C) As inter-relações. A gestão da cultura, mais que outros
com os quais convivemos, em cada época específica. setores, deve ser imbuída do princípio federativo, no sentido de que,
O indivíduo ou o povo que consegue se identificar, aceita-se; quanto mais ampla for a esfera de atuação, mais reduzida vai sendo
interrelaciona-se com outros, sabendo de suas diferenças, mas com a sua ingerência. Assim, a comunidade concentra maior fatia do poder,
consciência de sua unidade. Nem melhor, nem pior, apenas diverso. E seguindo-se o Município, depois o Estado e a União. Isto nos leva à
a diversidade é a maior riqueza que podemos ter. convicção de que as ações devem ser descentralizadas, abrigando
Depois de nos havermos situado conceitualmente, através das parcerias. Nesta linha de pensamento, querendo o Estado, por exemplo,
considerações tecidas até aqui, abordaremos tópicos mais precisos atuar em determinada região, deve estabelecer acordo com os
sobre a gestão da cultura em nossos Municípios: Municípios envolvidos, para permitir a estes ocuparem-se da maioria
A) A situação organogrâmica do órgão gestor da cultura deve das etapas do trabalho, incluindo planejamento, execução e avaliação.
ser definida a partir da peculiaridade local e do grau de importância Por outro lado, a cooperação horizontal é de suma importância:
atribuída ao setor, podendo ficar sozinho, ou junto com turismo, os Municípios podem juntar-se para a realização de projetos comuns;
esportes, educação e até planejamento. trocar temporariamente técnicos e equipamentos; partilhar o
B) A gestão da cultura, propriamente dita, deve guiar-se por financiamento de atividades que, desenvolvidas isoladamente, seriam
princípios, dentre os quais sugerimos: muito onerosas; trocar experiências; intercambiar conhecimentos e
- Os gestores devem ser pessoas com espírito mais que produções.
democrático - pluralista, mesmo -, capazes de reconhecer as Neste ponto, cabe apologia à criação de um organismo que
diversidades da cultura nas suas formas expressas e ocultas, visíveis congregue os dirigentes da cultura, o qual intermediária, quando
e invisíveis e que sejam, inclusive, capazes de escutar as chamadas necessário, estas relações e outras muito mais amplas, catalisando e
"vozes do silêncio"; difundindo informações, conhecimentos e bens. A idéia de um fórum,
- O planejamento deve contar com a participação de todos os livre, aberto, amplo, mas juridicamente personalizado, tal como
interessados. Estes devem se organizar e, por meio de sua organização, defendido pelo Movimento Pró-Fórum de Dirigentes Municipais da
acompanhar (Conselho, por exemplo) a execução da política traçada, Cultura do Estado do Ceará, parece adequar-se ao movimento que
bem como avaliar seus resultados e propor mudanças de estratégia; ora vemos ter seguimento aqui.
- A figura estatal, mesmo tendo seus corpos estáveis (bale, D) Financiamento. O financiamento dos negócios da cultura é
banda de música, orquestra ...) não deve ser a responsável pelo tema delicado, uma vez que apresenta peculiaridades que o tornam
conteúdo ideológico das obras de arte; diferente do de um negócio comum.
- Tradição e modernidade devem ser trabalhadas juntas. Sempre Não raras vezes, principalmente em nossa terra, possíveis
que houver conflito, a dicotomia deve ser resolvida observando-se os financiadores raciocinam com as vísceras e concluem que investir em
Direitos Humanos. Aquela que feri-los deve ser modificada ou suprimida; cultura não traz retorno ou constitui-se em atividade semelhante à

102 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 103
descrita pelo ditado popular, de "se criar cobra para morder". Diante incrível que pareça, ainda existem mecenas, pessoas físicas; mas há
disso, a cultura vai ficando sem financiamento, com financiamento outros, que adquiriram personalidade jurídica, instituindo Fundações
fictício, ou, no máximo, simbólico. ou outro tipo de organização não-governamental, que se dedicam a
Mas quem são ou deveriam ser os financiadores da cultura? trabalhos culturais. Esses mecenas suprem, muitas vezes, uma lacuna
Acredito que deveriam ser: deixada pelo Estado.
1. o Estado, em todas as personalidades que assume (entenda- Comprovadamente, o investimento em cultura traz retorno para
se União, Estados-Membros, Distrito Federal, Municípios, organismos o investidor, quer sob forma de lucro financeiro, venda de imagem ou
internacionais); aprimoramento dos níveis de consciência de cidadania. Mais
2. a Sociedade Civil (empresários, mecenas, ONGs ...); interessados nos dois primeiros tipos de retorno, os empresários estão
investindo pesado em cultura (principalmente longe das plagas
3. os Interessados (produtores culturais, artistas, artesãos,
idealistas); nordestinas). Já nos referimos às indústrias cinematográfica e de
diversão, mas existem outros exemplos.
4. toda a Sociedade.
Recentemente, por iniciativa do Banco do Estado do Ceará e
Quando e em que medida devem entrar em cena esses do Banco do Nordeste do Brasil, Fortaleza sediou um encontro
possíveis financiadores da cultura? Vejamos: denominado Retorno Financeiro do Marketing Cultural. Neste evento,
1) O ESTADO. Em tese, o Estado é o instrumento criado pela foi demonstrado quão "lucrativo" é o investimento na cultura. As grandes
sociedade para promover seus interesses, tendo como meta a felicidade empresas sabem disso, investem e colhem frutos. Isso não quer dizer
geral. O funcionamento do Estado é ideologicamente determinado pelo que médios, pequenos e até micro-empresários possam dar (ou trocar)
sistema que o mesmo, consciente ou inconscientemente, adota: seus apoios às atividades culturais. Certamente que suas participações
primitivo, feudal, capitalista, socialista, comunista... A nossa sistemática serão proporcionais às suas posses.
é por muitos classificada como 'capitalista atrasada' ou 'selvagem'. O Há, portanto, um leque imenso de atividades que podem ser
princípio basilar do capitalismo é a liberdade de iniciativa privada, ou diretamente financiadas pela sociedade civil, restando a certeza de
seja, quem quiser pode ser empresário, montar um negócio, usufruir que os que obtêm lucros com o concurso comunitário devem reconhecê-
dos lucros ou arcar com os prejuízos. Muitos negócios, embora lo, investindo nas iniciativas do povo.
absolutamente essenciais à sociedade, não conseguem gerar lucros.
3) OS DIRETAMENTE INTERESSADOS. Constata-se que os
Neste momento, entra ou deve entrar o Estado, regulando essa função.
grandes investidores em cultura são aqueles diretamente ligados ao
Alguns aspectos da cultura incluem-se aí.
setor. Em termos das manifestações artísticas, ninguém premia mais
O Estado deve funcionar, precipuamente, em formação, registro, a cultura que os próprios artistas, sobretudo os alijados da grande mídia.
memória, promoção e difusão, arcando com os ônus que essas Imagine-se um reisado: a tradição do auto, os ensaios, as vestimentas,
atividades requerem. Outra função do Estado é minorar as diferenças as maquiagens, os deslocamentos, são custeados pelos próprios
sociais, mantendo o equilíbrio entre as diversas expressões de sua brincantes. Diferente não ocorre com os poetas que publicam seus
gente. Para a atividade estatal junto à cultura, por sua importância, de livros, com os cordelistas ao imprimirem seus folhetos, os cantores ao
pronto vê-se que não podem ser destinadas apenas migalhas, mas gravarem seus discos independentes. O retorno, nesses casos, nunca
uma verba digna, à altura da importância do trabalho. ou raramente é financeiro; é "apenas" de resistência cultural, o que por
2) A SOCIEDADE CIVIL. Há quem invista em cultura por prazer, si só é mais nobre, vez que estes insistem em manter nossa identidade.
deleite e sensibilidade. Quem faz isso é, genericamente denominado 4) TODA A SOCIEDADE. Além do pagamento de impostos (dos
'mecenas', numa referência a uma das muitas famílias medievais que quais uma parte deve ser destinada ao financiamento do trabalho
custeavam o trabalho e a formação de artistas. Hodiernamente, por cultural), a sociedade é a grande responsável pela manutenção dessas

04 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 105


atividades, através do consumo direto. Aliás, persistindo nesta Em suma, cada Município tem ou deve encontrar sua solução
linguagem do "economês", a sociedade é o destinatário final da criativa, que venha juntar-se às soluções institucionais e comunitárias.
produção cultural, que vai ao circo, que compra cordel, visita museu,
enfeita a casa... Por raciocínio lógico, quanto mais empobrecida e PONDERAÇÃO
desprovida de bens, de orgulho próprio, informação e possibilidades,
menos a sociedade consumirá cultura, o que, por sua vez, aumentará Em termos de financiamento, não podemos vender a alma ao
o ciclo de estagnação social. Este fato certamente explica o caráter diabo, quer ele esteja no couro do Estado ou no da iniciativa privada. O
sempre revolucionário dos verdadeiros artistas. Com o seu instrumental, Estado tende a controlar as expressões, de forma a que elas não
denunciam a estagnação, as injustiças, o status quo, tanto por preceitos revelem, mas ocultem e até mesmo façam a apologia de seus erros,
humanitários e de convicção, quanto pela auto-defesa (concreta e neste caso travestidos de acertos.
abstratamente) de sua própria vida. A iniciativa privada, além das exigências que faz o Estado, tem
5) AS LEIS DE INCENTIVOS FISCAIS. São instrumentos que em mira o lucro, e faz outras quanto à forma e o conteúdo das produções.
visam juntar as forças de todos os possíveis financiadores de atividades Só investe no que tem "retorno certo", valendo-se de fórmulas muitas
culturais, anteriormente elencados. A coisa dá-se assim: o Estado entra vezes escusas, como a massificação de idéias, estilizações descabidas,
com a chamada renúncia fiscal, dando direito a que empresas e pessoas exploração da condição feminina...
físicas apliquem diretamente, em projetos culturais, parte do tributo Devemos sempre exigir o concurso do Estado e da Sociedade,
devido. mas dentro de princípios que possam ser codificados, tanto na
No âmbito nacional, temos a Lei Rouanet (que substituiu a Lei consciência de todos, quanto nas próprias leis.
Sarney). O Ceará está debatendo sua Lei de Incentivos Fiscais, como Por outro lado, pensar-se em cultura, raízes, cidadania, em
também o Fundo Estadual da Cultura. Cada Município querendo, qualquer de seus aspectos, e não refletir sobre a democratização dos
podendo e sendo viável, pode instituir a renúncia fiscal sobre seus meios de comunicação social, é continuar nadando contra a corrente.
tributos, em favor da cultura, através da lei. O que falamos sobre massificação, empobrecimento, ditames de
6) AS SOLUÇÕES PECULIARES. Os Municípios, juntos ou comportamento, falência de expressões culturais, muito se deve à
separadamente, podem encontrar soluções criativas para o manipulação errônea e criminosa (do crime de lesa-pátria) dos ditos
financiamento da atividade cultural. Agora mesmo, cinco Municípios meios de comunicação de massa.
do Maciço de Baturité estão unidos para a realização de um projeto Devemos ficar atentos e mobilizar-nos. Este, porém, é outro
denominado O Maciço é Massa: Preserve-o, envolvendo arte e ecologia. tema.
Unidos, tiveram grande peso para conseguir 50% do financiamento
junto à Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE),
ficando cada um com a responsabilidade financeira de apenas um
décimo do custo total do projeto. [O presente texto serviu de base para palestra
Os artistas de Guaramiranga propuseram às autoridades homônima, proferida a dirigentes municipais de
municipais a criação de uma taxa de turismo, cobrada de hóspedes de educação e cultura do Estado do Ceará em
hotéis, cuja meia-parte da arrecadação seria destinada à cultura. Até novembro de 1993, a convite da Rede de
agora o projeto não foi aprovado. Cooperação Técnica de Educação e Cultura, em
Em Sobral, o Cemitério Público é administrado pelo setor de iniciativa apoiada pela Associação dos Municípios
cultura. Parte das taxas cobradas por serviços funerários é destinada do Estado do Ceará e do Fundo das Nações
à manutenção das atividades culturais. Unidas para a Infância e Adolescência (UNICEF)]

06 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 07


como por entenderem que, sem este suporte informacional, a prática
administrativa atinente à cultura é inadequada.
O Município de Sobral, por exemplo, por meio do Secretário de
Cultura, Clodoveu Arruda, encomendou-me a elaboração de um projeto
de mapeamento cultural, que chegou a ser elaborado tendo por principal
5. MAPEAMENTO CULTURAL material de campo as fichas de pesquisa inseridas nas próximas
páginas. Por evento alheio à minha vontade, não pude realizar o trabalho
na "Princesa do Norte", mas restou produzido o fichário, que pode servir
Explicações preliminares: de baliza a idêntico trabalho que outras Administrações queiram encetar.
O § 1 .Q do Art. 216 da Constituição Federal estabelece que Claro deve ficar que a aplicação deste questionário deve ser
precedida de treinamento de pesquisadores, bem como de
"o Poder Público, com a colaboração da sensibilização da comunidade, que, afinal de contas, é quem vai ter
comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio seu patrimônio cultural revelado.
cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, Uma última explicação: a inserção de fichas para pesquisar
vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras restaurantes e hotéis, indistintamente, vincula-se mais à mensuração
formas de acautelamento e preservação", da capacidade que os municípios têm para sediar eventos culturais —
ou seja, é obrigação de qualquer gestor cultural inventariar, com algo de extrema importância em nossos dias — que, propriamente,
a finalidade de proteger e valorizar, o patrimônio cultural sobre o qual uma adequação ao conceito de patrimônio cultural, acima transcrito.
detém responsabilidade.

Mas o que inventariar, efetivamente?

Aquilo que é indicado no caputdo mencionado artigo: os bens


de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais
se incluem: as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver;
as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos,
documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico
e científico.
Conhecer estes bens, sejam eles pertencentes a particulares
ou ao próprio poder público, é imprescindível à implementação de toda
e qualquer política cultural e ao planejamento na área.
As administrações públicas vêm, paulatinamente, cumprindo
este comando constitucional, tanto por respeito às regras da democracia

108 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 109
5.1. Indivíduos
PREFEITURA MUNICIPAL de
Secretaria de Cultura FICHA 01

PERFIL CULTURAL de

CAPAS! RO INDIVIDUAL
DADOS CADASTRAIS
Características
Ani.sia Artesão n Figura singular Outro ü
AliMtlades
_iL

Íl 0)
Localização
Nome: Nome artístico:

Endereço:

Bairro: Di-strilo: CEP:

Telefone Fax: E-ma.il Outros:

Aspectos da atividule que desenvolve


Quantu au
profissionalismo Profissional ~ Semi-orofissional D Amador f]
Habilitação para aI Autenticação
atividade ffinnfrica r Çieiillfica/forniaJ_3_ Otftra q Cargo: Assinatura:
Informante:
Modo como adquiriu a
técnica TidJiçào Ijiniljar G Cursos..JJ_ Outros fj_ Data:
Pesquisador:
CUISUí i':i áK.j óc. .iíua^âo:
.CURSO ANO CARGA HORáRIA INSTIIUICÃQ.

Aquisição da matéria-prima Produção própria n Merendo local "1


Mercado externo n

Escoamento da produção Não ncijouia H Mercado local "~


Mercado regional C Mercado estadual Q Mercado nacional n
Mercado internacional Cl

Principais dificuldades I Falta do financiamento f Falia de mercado 11 Falia de escoamento 'I


Falta de público r . i Falta de espaço Zaita_de..eci.U{)\ime.n)iis Q_ Falta de matéria-prima

Aspectos nessoãis
Sexo Idade: Tempo de atividade: escolaridade:
IM q F_D_ anos AO Pr; ,ScQ -Sai
Outras atividades com as quais se mantémj.
73)
4)
Informações complcmcntarcs

110 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 11


comunicação próprios, devem ser assinalados os pertencentes a outras
PREFEITURA MUNICIPAL DE
pessoas, utilizados para recados, com a devida observação.
Secretaria de Cultura
4. ASPECTOS DA ATIVIDADFOUF DESENVOLVE: devem ser
FICHA 01 - CADASTRO INDIVIDUAL
assinalados, conforme declaração do entrevistado, os aspectos
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO
seguintes:
OBJETIVO: Identificar individualmente as pessoas que realizam a) Quanto ao profissionalismo:
o movimento artístico-cultural no Município
I) Profissional: se a atividade desenvolvida pelo entrevistado
1 .CARACTERÍSTICAS: assinalar, em gênero, a atividade é a principal que lhe garante o sustento.
artístico-cultural do entrevistado, como segue: II) Semi-profissional: se a atividade desenvolvida pelo
a) Artista: o que desenvolve atividade artística, aquela que traz entrevistado, ao lado de outra(s), lhe garante o sustento.
inovação a cada criação. III) Amador: se desenvolve a atividade sem visar nem auferir
b) Artesão: o que desenvolve atividade artesanal, aquela que retorno financeiro.
repete, em essência, o produto final, a cada execução. b) Habilitação para a atividade:
c) Figura singular: o indivíduo que, mesmo sem desenvolver
I) Empírica: se o entrevistado não recebeu qualquer formação
as atividades precedentes, é destaque na comunidade, por possuir ou
para o desenvolvimento da atividade.
fazer algo que o singulariza frente aos demais. Podem ser citados os
inventores, os contadores de causos, penitentes, terapeutas populares II) Científica/formal: se o entrevistado recebeu formação para
(rezadores, raizeiros) etc. o desenvolvimento da atividade.
d) Outros: demais pessoas que não se enquadrem nos padrões III) Outra: se o entrevistado recebeu formação diferente das
referidos, mas que despertem interesse para a cultura. referidas.
2. ATIVIDADES: Anotar, em espécie, até seis (6) atividades c) Modo como adquiriu a técnica:
desenvolvidas pelo entrevistado, na ordem de importância por ele
I) Tradição familiar: se aprendeu com familiares.
definida.
II) Cursos: se freqüentou cursos formais.
Exemplo: se o entrevistado é artista de teatro, devem ser
III) Outros: se a formação resultou de outros modos, que não
especificadas as atividades dele neste setor, conforme o que
os citados. Neste caso, estes modos devem ser mencionados.
efetivamente faça: 1) diretor, 2) ator e 3) dramaturgo.
3. LOCALIZAÇÃO: deve ser identificado o entrevistado e o local d) Cursos na área de atuação: devem ser mencionados os
onde reside, conforme segue: principais cursos do entrevistado, caso tenha habilitação científica/
a) Nome: o nome civil completo. formal, na área de atuação tida como principal, mencionando:
b) Nome artístico: (pseudônimo, heterônimo profissional ou I) Curso: nome do curso
nome-de-guerra) aquele pelo qual o entrevistado é conhecido ou se II) Ano: ano de conclusão do curso
identifica. III) Carga horária: quantidade de horas-aula compreendida pelo
c) Endereço: deve ser preenchido de forma o mais completa curso
possível, de modo a permitir que se possa localizar e contatar o IV) Instituição: a responsável por ministrar o curso.
entrevistado rapidamente. Caso o entrevistado não possua meios de

Francisco Humberto Cunha Filho


Teoria e prática da gestão cultural 113
li '
e) Aquisição da matéria-prima: assinalar ou escrever como III) Falta de escoamento: se o mercado, mesmo potencialmente
o entrevistado obtém a matéria-prima para o desenvolvimento de consumidor do produto de sua atividade, não tem como escoar tal
sua atividade, conforme segue: produto.
I) Produção própria: se produz a matéria-prima, sem IV) Falta de público: se não há público consumidor para o
necessidade de comprá-la. produto da atividade.
II) Mercado local: se adquire a matéria-prima nos limites do V) Falta de espaço: se não tem espaço para desenvolver a
Município. atividade.
III) Mercado externo: se adquire a matéria-prima fora dos limites VI) Falta de equipamento: se não tem os equipamentos
do Município. indispensáveis ao desenvolvimento da atividade.
(OBS.: Nos espaços em branco, escrever outros modos de VII) Falta de matéria-prima: se não consegue a matéria-prima
aquisição da matéria-prima, diferentes dos mencionados) para o desenvolvimento da atividade.
(OBS.: 1) Nos espaços em branco, escrever outras dificuldades,
f) Escoamento da produção: assinalar ou escrever como o
diferentes das mencionadas; 2) Da mesma forma, se o entrevistado
entrevistado distribui o produto de sua atividade, conforme segue:
disser que não tem dificuldades para realizar sua atividade, registrar
I) Não negocia: caso não escoe e nem tenha desejo de escoar esta afirmação)
a produção. 5. ASPECTOS PESSOAIS: assinalar ou preencher com os
II) Mercado local: caso escoe a produção apenas no âmbito dados do entrevistado, como segue:
do Município.
a) Sexo:
III) Mercado regional: caso escoe a produção no Município e
nos circunvizinhos. I) M: se do sexo masculino
IV) Mercado estadual: caso escoe a produção em todo o Estado II) F: se do sexo feminino
ou em diversas regiões deste.
b) Idade: escrever o ano de nascimento e a idade na data da
V) Mercado nacional: caso escoe a produção em todo o País
pesquisa.
ou em diversos Estados.
VI) Mercado internacional: caso escoe a produção para fora c) Tempo de atividade: escrever o ano de início da atividade
do País. e a quantidade de anos em atividade na data da pesquisa.
(OBS.: Nos espaços em branco, escrever outros modos de
escoamento da produção, diferentes dos mencionados) d)Escolaridade (assinalar):
g) Principais dificuldades: sem estimular o entrevistado, I) A: se analfabeto.
assinalar ou escrever as principais dificuldades que encontra para o II) P: se tiver o primeiro grau (completo ou incompleto)
bom desempenho da atividade que desenvolve, conforme segue: III) Sc: se tiver o nível médio (completo ou incompleto)
I) Falta de financiamento: se falta capital para incrementar ou IV) Sp: se tiver o nível superior (completo ou incompleto)
realizar a atividade. 6. OUTRAS ATIVIDADES COM AS QUAIS SE MANTÉM:
II) Falta de mercado: se o mercado não consome o produto de escrever nos espaços até quatro atividades com as quais o entrevistado
sua atividade. se mantém, na ordem de importância por ele determinada.

114 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 115
7. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: 1) escrever outras 5.2. Eventos
informações que julgue importante serem divulgadas ou conhecidas,
pertinentes ao Perfil Cultural; 2) complementar outras informações de PREFEITURA MUNICIPAL de
Secretaria de Cultura FICHA 02
quadros anteriores.
8. AUTENTICAÇÃO: preencher com dados que darão
PERFIL CULTURAL de
credibilidade à pesquisa realizada, como segue:
F. VENTOS
a) Informante: escrever o nome completo do entrevistado. PADOS CADASTRAIS
b) Cargo: para o cadastro individual, não há necessidade de Natureza
Artístico Religioso D Profano •
preenchimento. Escolar l~l Oficial n
c) Assinatura: do entrevistado.
Localização
d) Pesquisador: escrever o nome e apor a rubrica. Nome:

e) Data: registrar aquela na qual realizou a pesquisa. Endereço onde ocorre: N.°

Bairro: Distrito: CEP:

Telefone: Fax: E-mail Outros:

Funcionamento
Horário
M:
Dias
Segunda II Terça D Quarta n Quinta • Sexta (1 Sábado n Domingo i ]
Meses
Jan Fev D Mar D Abr D Mai n Jnn fl Jul D A°o Q Set n Out D Nov D Dez D
Público
Controle de fluxo
Estimado G Real D
Média de
freqüência Dia Semana Mês Ano
Procedência
Interno: Externo:
Faixa etária
Criança: % Adolescente: % Adulto: % Idoso
Escolaridade
Primário: % Médio: % Superior: %
Aspectos administrativos
Vinculação
Federal D Estadual n I Municipal d Privada n Outros fl
Mantenedor:

Dirigente ou responsável

Habilitação
Empírica l~l Científica/formal D Outra D
Cursos na área de atuação:
CURSO ANO CARGA HORÁRIA INSTITUIÇÃO

116 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 117
Descrição do evento e informações complementares PREFEITURA MUNICIPAL DE
Secretaria de Cultura
FICHA 02 - EVENTOS
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO
OBJETIVO: Identificar os eventos artístico-culturais que ocorrem
no Município
1. NATUREZA: assinalar ou escrever, em gênero, o tipo de
evento pesquisado, conforme segue:
a) Artístico: o que tem predominância de manifestações
artísticas.
b) Religioso: o que tem predominância de manifestações e/ou
Autenticação motivações religiosas.
Informante: Cargo: Assinaiura:
c) Profano: o que não tem qualquer motivação religiosa e se
Pesquisador: Data: vincula à indústria cultural.
d) Escolar: o que tem predominância de manifestações e/ou
motivações ligadas ao sistema de ensino.
e) Oficial: o que tem predominância de manifestações e/ou
motivações cívicas.
2. LOCALIZAÇÃO: deve ser identificado o evento e o local onde
é realizado, conforme segue:
a) Nome: o nome pelo qual é conhecido o evento.
b) Endereço onde ocorre: deve ser preenchido de forma o
mais completa possível, permitindo que se possa localizar o evento e
contatar os responsáveis rapidamente. Caso o responsável não possua
meios de comunicação próprios, devem ser assinalados os
pertencentes a outras pessoas, utilizados para recados, com a devida
observação.
3. FUNCIONAMENTO: assinalar e/ou escrever dados que
demonstrem quando efetivamente ocorre o evento pesquisado,
conforme segue:
a) Horário: escrever o horário de realização do evento em cada
um dos turnos do dia, conforme segue:
I) M: manhã.
II) T: tarde.
III) N: noite.

118 Francisco Humberto Cunha Filho Icoria e prática da gestão cultural 119
b) Dias: assinalar os dias da semana nos quais ocorre o evento
pesquisado. IV) Superior: para os com formação superior, completa ou
incompleta.
c) Meses: assinalar os meses nos quais ocorre o evento
pesquisado. 5. ASPECTOS ADMINISTRATIVOS: assinalar ou anotar
informações sobre a administração do evento, conforme solicitado nos
4. PÚBLICO: assinalar ou anotar os dados sobre o público, tópicos seguintes:
conforme segue:
a) Vinculação: assinalar ou escrever a(s) vinculação(ões) do
a) Controle de fluxo: assinalar como os organizadores evento, segundo o critério de responsabilidade pelo mesmo, conforme
controlam o movimento das pessoas no evento, por uma das seguintes segue:
opções:
I) Federal: se a União, pela administração direta ou indireta, é
I) Estimado: se apenas têm opinião de quantas pessoas a responsável pelo evento.
freqüentam o evento, sem meio técnico ou científico de mensuração. II) Estadual: se um Estado-membro, pela administração direta
II) Real: se possuem meio técnico ou científico de mensuração ou indireta, é o responsável pelo evento.
do público que freqüenta o evento.
III) Municipal: se um Município, pela administração direta ou
b) Média de freqüência: anotar a média de freqüência de indireta, é o responsável pelo evento.
público, nos espaços de tempo indicados na ficha. IV) Privada: se a iniciativa privada é a responsável pelo evento.
c) Procedência: anotar o percentual de público, segundo a V) Outros: se o responsável pelo evento não se encaixa nas
procedência, conforme os seguintes itens: hipóteses anteriores (os dados devem ser devidamente anotados).
I) Interno: percentual do público vinculado diretamente ao órgão b) Mantenedor: anotar o(s) principal(is) custeadores das
promotor do evento. despesas do evento.
II) Externo: percentual do público não-vinculado diretamente c) Dirigente ou responsável: assinalar ou anotar os dados do
ao órgão promotor do evento. dirigente ou responsável pelo evento, conforme segue:
d) Faixa etária: anotar o percentual de público do evento I) Nome completo.
segundo a faixa etária, conforme segue: II) Habilitação para a atividade:
I) Criança: pessoa com até 12 anos de idade. II. a) Empírica: se o entrevistado não recebeu qualquer
II) Adolescente: pessoa com idade entre 13 e 18 anos. formação para o desenvolvimento da atividade.
III) Adulto: pessoa com idade entre 18 e 65 anos. II. b) Científica/formal: se o entrevistado recebeu formação
IV) Idoso: pessoa com mais de 65 anos de idade. para o desenvolvimento da atividade.
e) Escolaridade: anotar o percentual de público do evento, II. c) Outra: se o entrevistado recebeu formação diferente das
segundo a escolaridade, conforme segue: já referidas.
I) Analfabetos: para os que não dominam as técnicas de ler e III) Cursos na área de atuação: devem ser mencionados os
escrever. principais cursos do entrevistado, caso possua habilitação científica/
formal na área de atuação tida como principal, mencionando:
II) Primário: para os com formação fundamental, completa ou
incompleta. III. a) Curso: nome do curso.
III) Médio: para os com formação média, completa ou III. b) Ano: ano de conclusão do curso.
incompleta. III. c) Carga horária: quantidade de horas-aula compreendida
pelo curso.
120 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 21
III. d) Instituição: a responsável por ministrar o curso. 5.3. Equipamentos
6- D E S C R I Ç Ã O DO E V E N T O E I N F O R M A Ç Õ E S
PREFEITURA MUNICIPAL de.
ÇQMPLEMENTARES: 1) descrever sinteticamente o evento; 2) escrever Secretaria de Cultura FICHA 03
outras informações que julgue importante serem divulgadas ou
conhecidas, pertinentes ao Perfil Cultural; 3) complementar outras
informações de quadros anteriores. PERFIL CULTURAL de

7- A U T E N T I C A Ç Ã O : preencher com d a d o s que darão EQUIPAMENTOS E ESPAÇOS PARA MANIFESTAÇÕES CULTURAIS


DADOS CADASTRAIS
credibilidade à pesquisa realizada, como segue: Características
a) Informante: escrever o nome completo do entrevistado. Espaço fechado D Espaço aberto
Teatro D Centro de convenções D Praça n Ginásio fl
b) Cargo: anotar o cargo que o informante ocupa na estrutura ' Auditório D Museu D Quadra esportiva F.s.tái!i()__._
do evento. Cine-teatro n Galeria D Parque de exposição n Campo R
Arquivo D Parque de vaquejada |~1
c) Assinatura: do informante. Localização
Nome:
d) Pesquisador: escrever o nome e apor a rubrica.
e) Data: registrar aquela na qual realizou a pesquisa. Endereço: N."

Bairro: Distrito: CFP:

Telefone: Fax: E-mail: Outros:

Funcionamento
Horário
M: T: N:
Dias
Seaunda !~1 Terça fl Ouana D Quinta H Sexta n Sábado G Dorr ineo D
Meses
Jan fl Fev p Mar D Abr D Mai D Jun u Jul O AgoD Set D Qut D Nov n Dez Q
Público
Capacidade de público: Área:

Controle de fluxo
Estimado D Real n
Média de freqüência
Dia Semana Mês Ano
Procedência
Interno: Externo:
Faixa etária
Criança % • Adolescente Adulto: % Idoso:
Escolaridade
Primário: % Médio: Superior:
Aspectos administrativos
Vinculação
Federal p Estadual l~l Municipal n Privada D Outros
Mantenedor:

Dirigente:

122 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural .23
PREFEITURA MUNICIPAL DE __
Secretaria de Cultura
Cursos na área de atuação:
FICHA 03 - EQUIPAMENTOS
ANO i CARGA HORÁRIA INSTITUIÇÃO INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO
OBJETIVO: Identificar e registrar os equipamentos e espaços
aptos a abrigarem a realização de manifestações artístico-
Sala para exposição Laboratório de restauro n Sala de projeção l~l culturais existentes no Município
Sala de leitura n Auditório n Sala de informática n
Reserva técnica fl Laboratório de microfilmagem n
1. CARACTERÍSTICA: assinalar, em gênero, se o equipamento
ou espaço é aberto ou fechado. Em seguida, assinalar ou anotar o tipo
Equipamento de higienização n
específico de equipamento ou espaço.
Leitora copiadora n Fotocopi adora D
Computador n Equipamento de encadernação O Aparelho de vídeo n 2. LOCALIZAÇÃO: deve ser identificado o equipamento ou o
I Aparelho de TV D Tclão H espaço e o respectivo endereço, conforme segue:
Informações complementares
a) Nome: o nome pelo qual é conhecido o equipamento ou o
espaço.
b) Endereço: deve ser preenchido de forma o mais completa
possível, de modo a permitir que se possa localizar o equipamento ou
o espaço e contatar os responsáveis rapidamente. Caso o responsável
não possua meios de comunicação próprios, devem ser assinalados
os pertencentes a outras pessoas, utilizados para recados, com a devida
observação.
3. FUNCIONAMENTO: assinalar e/ou escrever dados que
demonstrem quando efetivamente funciona o equipamento ou o espaço
pesquisado, conforme segue:
a) Horário: escrever o horário de funcionamento em cada um
dos turnos do dia, conforme segue:
I) M: manhã.
II) T: tarde.
III) N: noite.
b) Dias: assinalar os dias da semana nos quais funciona o
equipamento ou o espaço pesquisado.
c) Meses: assinalar os meses nos quais funciona o equipamento
ou o espaço pesquisado.
4. PÚBLICO: assinalar ou anotar os dados sobre o público,
conforme segue:
a) Capacidade de público: anotar a capacidade máxima de
público que suporta o equipamento ou o espaço pesquisado.

Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 125


b) Área: anotar a área total que ocupa o equipamento ou espaço, 5. ASPECTOS ADMINISTRATIVOS: assinalar ou anotar
em metros quadrados. informações sobre a administração do equipamento ou do espaço,
c) Controle de fluxo: assinalar como os organizadores conforme solicitado nos tópicos seguintes:
controlam o movimento das pessoas no equipamento ou no espaço, a) Vinculação: assinalar ou escrever a(s) vinculação(ões) do
por uma das seguintes opções: equipamento ou do espaço, segundo o critério de responsabilidade
I) Estimado: se apenas têm opinião de quantas pessoas pelo mesmo, conforme segue:
freqüentam o equipamento ou o espaço, sem meio técnico ou científico I) Federal: se a União, pela administração direta ou indireta, é
de mensuração. a responsável pelo equipamento ou espaço.
II) Real: se possuem meio técnico ou científico de mensuração II) Estadual: se um Estado-membro, pela administração direta
do público que freqüenta o equipamento ou o espaço. ou indireta, é o responsável pelo equipamento ou espaço.
d) Média de freqüência: anotar a média de freqüência de III) Municipal: se um Município, pela administração direta ou
público, nos espaços de tempo indicados na ficha. indireta, é o responsável pelo equipamento ou espaço.
e) Procedência: anotar o percentual de público, segundo a IV) Privada: se a iniciativa privada é a responsável pelo
procedência, conforme os seguinte itens: equipamento ou espaço.
I) Interno: percentual do público vinculado diretamente ao órgão V) Outros: se o responsável pelo equipamento ou espaço não
gestor do equipamento ou do espaço. se encaixa nas hipóteses anteriores (os dados devem ser devidamente
anotados).
II) Externo: percentual do público não vinculado diretamente
ao órgão gestor do equipamento ou do espaço. b) Mantenedor: anotar o(s) principal(is) custeadores das
despesas do equipamento ou do espaço.
f) Faixa etária: anotar o percentual de público que freqüenta o
c) Dirigente ou responsável: assinalar ou anotar os dados do
equipamento ou o espaço segundo a faixa etária, conforme segue:
dirigente ou responsável pelo equipamento ou espaço, conforme segue:
I) Criança: pessoa com até 12 anos de idade.
I) Nome completo.
II) Adolescente: pessoa com idade entre 13 e 18 anos.
II) Habilitação para a atividade:
III) Adulto: pessoa com idade ente 18 e 65 anos.
II. a) Empírica: se o entrevistado não recebeu qualquer
IV) Idoso: pessoa com mais de 65 anos de idade. formação para o desenvolvimento da atividade.
g) Escolaridade: anotar o percentual de público que freqüenta II. b) Científica/formal: se o entrevistado recebeu formação
o equipamento ou o espaço, segundo a escolaridade, conforme segue: para o desenvolvimento da atividade.
I) Analfabetos: para os que não dominam as técnicas de ler e II. c) Outra: se o entrevistado recebeu formação diferente das
escrever. já referidas.
II) Primário: para os com formação fundamental, completa ou III) Cursos na área de atuação: devem ser mencionados os
incompleta. principais cursos do entrevistado, caso possua habilitação científica/
III) Médio: para os com formação média, completa ou formal na área de atuação como gestor do equipamento ou espaço,
incompleta. mencionando:
IV) Superior: para os com formação superior, completa ou III. a) Curso: nome do curso.
incompleta. III. b) Ano: ano de conclusão do curso.

\é Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 127


III. c) Carga horária: quantidade de horas-aula compreendida 5.4. Bibliotecas
pelo curso. PREFEITURA MUNICIPAL de
III. d) Instituição: a responsável por ministrar o curso. Secretaria de Cultura FICHA 04
6. INSTALAÇÕES: assinalar ou anotar as instalações do
equipamento ou espaço. PERFIL CULTURAL de

7. EQUIPAMENTOS: assinalar ou anotar os equipamentos BIBI.IOTKCAS


existentes no equipamento ou espaço. DADOS CADASTRAIS
Localização
8. DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO OU DO ESPAÇO F Nome:
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: 1) descrever sinteticamente o
Endereço: N.°
equipamento ou o espaço; 2) escrever outras informações que julgue
importante serem divulgadas ou conhecidas, pertinentes ao Perfil Bairro: Distrito: CEP:

Cultural; 3) complementar outras informações de quadros anteriores. Telefone: Fax: E-mail: Outros:
9. AUTENTICAÇÃO: preencher com dados que darão .Funcionamento
credibilidade à pesquisa realizada, como segue: Horário
!E_ N:
a) Informante: escrever o nome completo do entrevistado. Dias
Segunda Q Terça Quarta D Quinta D Sexta Sábado D Domingo D
b) Cargo: anotar o cargo que o informante ocupa na estrutura Meses
do equipamento ou do espaço. Jan n F e v n Mar D i Abr n Mai D Jun n Jul • Ago D Sei n Qut n i Nov n Dez n
-Público
c) Assinatura: do informante. Controle de fluxo
d) Pesquisador: escrever o nome e apor a rubrica. Estimado l~l Real D
Média de
e) Data: registrar aquela na qual realizou a pesquisa. freqüência Dia Semana Mês Ano
Procedência
Interno: Externo:
Faixa etária
Criança % Adolescente: % Adulto: Idoso:
Escolaridade
Primário: i Médio: Superior:
%
Aspectos administrativos
Vinculação
Federal ! siadual Municipal l~l Privada C Outros D
Mantenedor:

Dirigente:

Habilitação
Empírica n Parcial Ç] Científica n
Instalações
Sala para exposição n Laboratório de restauro n Sala de projeção n
Sala de leitura n Auditório Sala de informática D
Reserva técnica p Laboratório de microfilmagein n

Equipamentos
Equipamento de higienização D Leitora copiadora n Fotocopiadora n
Computador D Equipamento de encadernação D Aparelho de vídeo Q
Aparelho de TV D Telão p Retroprojetor l~l

Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural i t9


PREFEITURA MUNICIPAL de II) T: tarde.
Secretaria de Cultura III) N: noite.
FICHA 04-BIBLIOTECAS b) Dias: assinalar os dias da semana nos quais funciona a
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO Biblioteca pesquisada.
c) Meses: assinalar os meses nos quais funciona a Biblioteca
OBJETIVO: Identificar e registrar as bibliotecas e respectivos
pesquisada.
acervos existentes no Município
3. PÚBLICO: assinalar ou anotar os dados sobre o público que
DELIMITAÇÃO - entende-se por Biblioteca, para os efeitos desta freqüenta a Biblioteca, com
pesquisa: forme segue:
1) O acervo de livros existente em órgãos ou entidades públicas a) Controle de fluxo: assinalar como os organizadores
ou de natureza pública, disponível à consulta do público destinatário, controlam o movimento das pessoas na Biblioteca, por uma das
qualquer que seja a quantidade. seguintes opções:
2) O acervo de livros pertencentes a particulares, desde que: I) Estimado: se apenas têm opinião de quantas pessoas
a) possuindo peculiaridades de interesse cultural, componha- freqüentam a Biblioteca, sem meio técnico ou científico de mensuração.
se de qualquer número de exemplares e títulos; II) Real: se possuem meio técnico ou científico de mensuração
b) contenha pelo menos 500 títulos. do público que freqüenta a Biblioteca.
AMPLIAÇÃO - acervos compostos exclusivamente por outros b) Média de freqüência: anotar a média de freqüência de
suportes de acúmulo de conhecimentos da humanidade, tais como público, nos seguintes espaços de tempo indicados na ficha.
fitas, películas, quadros ou periódicos, devem ser registrados nesta c) Procedência: anotar o percentual de público, segundo a
ficha, com a designação que lhes seja peculiar, ou seja, videopédia, procedência, conforme os seguinte itens:
cinemateca, pinacoteca, hemeroteca, conforme seja o caso. I) Interno: percentual do público vinculado diretamente ao órgão
1 • LOCALIZAÇÃO: deve ser identificada a Biblioteca e o local gestor da Biblioteca.
onde se situa, conforme II) Externo: percentual do público não-vinculado diretamente
segue: ao órgão gestor da Biblioteca.
a) Nome: o nome pelo qual é conhecida a Biblioteca. d) Faixa etária: anotar o percentual de público que freqüenta a
b) Endereço onde ocorre: deve ser preenchido de forma o Biblioteca segundo a faixa etária, conforme segue:
mais completa possível, de modo a permitir que se possa localizar a I) Criança: pessoa com até 12 anos de idade.
Biblioteca e contatar os responsáveis rapidamente. Caso o responsável II) Adolescente: pessoa com idade entre 13 e 18 anos.
não possua meios de comunicação próprios, devem ser assinalados III) Adulto: pessoa com idade ente 18 e 65 anos.
os pertencentes a outras pessoas, utilizados para recados, com a devida IV) Idoso: pessoa com mais de 65 anos de idade.
observação. e) Escolaridade: anotar o percentual de público que freqüenta
2. FUNCIONAMENTO: assinalar e/ou escrever dados que a Biblioteca, segundo a escolaridade, conforme segue:
demonstrem quando funciona a Biblioteca pesquisada, conforme segue: I) Analfabetos: para os que não dominam as técnicas de ler e
a) Horário: escrever o horário de funcionamento em cada um escrever.
dos turnos do dia, conforme segue: II) Primário: para os com formação fundamental, completa ou
I) M: manhã. incompleta.

30 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 13


III) Médio: para os com formação média, completa ou III. b) Ano: ano de conclusão do curso,
incompleta. III. c) Carga horária: quantidade de horas-aula compreendida
IV) Superior: para os com formação superior, completa ou pelo curso.
incompleta. III. d) Instituição: a responsável por ministrar o curso.
4. ASPECTOS ADMINISTRATIVOS: assinalar ou anotar 5. INSTALAÇÕES: assinalar ou anotar as instalações da
informações sobre a administração da Biblioteca, conforme solicitado Biblioteca.
nos tópicos seguintes:
6. EQUIPAMENTOS: assinalar ou anotar os equipamentos
a) Vinculação: assinalar ou escrever a(s) vinculação(ões) da existentes na Biblioteca.
Biblioteca, segundo o critério de responsabilidade pela mesma,
conforme segue: 7. ATIVIDADES: assinalar ou anotar as atividades que são
desenvolvidas pela Biblioteca.
I) Federal: se a União, pela administração direta ou indireta, é
8. ACERVO: assinalar ou anotar os dados sobre o acervo da
a responsável pela Biblioteca.
Biblioteca, conforme segue:
II) Estadual: se um Estado-membro, pela administração direta
a) Controle: assinalar como os organizadores controlam o
ou indireta, é o responsável pela Biblioteca.
acervo da Biblioteca, por uma das seguintes opções:
III) Municipal: se um Município, pela administração direta ou
I) Estimado: se apenas têm opinião de quantas pessoas
indireta, é o responsável pela Biblioteca.
freqüentam a Biblioteca, sem meio técnico ou científico de mensuração.
IV) Privada: se a iniciativa privada é a responsável pela
II) Real: se possuem meio técnico ou científico de mensuração
Biblioteca.
do público que freqüenta a Biblioteca.
V) Outros: se o responsável pela Biblioteca não se encaixa
b) Tipo; quantidade de títulos; quantidade de volumes:
nas hipóteses anteriores (os dados devem ser devidamente anotados).
anotar, segundo o critério utilizado pela administração da Biblioteca,
b) Mantenedor: anotar o(s) principal(is) custeadores das seguindo a relação de tipos constantes na ficha ou outros que sejam
despesas da Biblioteca. informados, a quantidade de títulos e a quantidade de volumes
c) Dirigente ou responsável: assinalar ou anotar os dados do componentes do respectivo acervo.
dirigente ou responsável pela Biblioteca, conforme segue: 9. DESCRIÇÃO DA BIBLIOTECA E INFORMAÇÕES
I) Nome completo. COMPLEMENTARES: 1) descrever sinteticamente a Biblioteca; 2)
II) Habilitação para a atividade: escrever outras informações que julgue importante serem divulgadas
II. a) Empírica: se o entrevistado não recebeu qualquer ou conhecidas, pertinentes ao Perfil Cultural; 3) complementar outras
formação para o desenvolvimento da atividade. informações de quadros anteriores.
II. b) Científica/formal: se o entrevistado recebeu formação 10. AUTENTICAÇÃO: preencher com dados que darão
para o desenvolvimento da atividade. credibilidade à pesquisa realizada, como segue:
II. c) Outra: se o entrevistado recebeu formação diferente das a) Informante: escrever o nome completo do entrevistado.
já referidas. b) Cargo: anotar o cargo que o informante ocupa na estrutura
III) Cursos na área de atuação: devem ser mencionados os da Biblioteca.
principais cursos do entrevistado, caso possua habilitação científica/ c) Assinatura: do informante.
formal na área de atuação tida como principal, mencionando: d) Pesquisador: escrever o nome e apor a rubrica.
III. a) Curso: nome do curso. e) Data: registrar aquela na qual realizou a pesquisa.

32 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural


5.5. Escolas
PREFEITURA MUNICIPAL de Equipamentos
Equipamento de gravação D Automóvel D I Fotocopiadora í"l
Secretaria de Cultura FICHA 05
| Computador D j Equipamento de encadernação II Aparelho de vídeo D
Aparelho de TV n Retroproietor l~l

PERFIL CULTURAL de
Informações complementares

Corpo Discente
Capacidade: Matrículas efetivas:

Graus de ensino
Pré-escola • 1 Fundamental PI Médio í l Superior Q
Aspectos administrativos
Vinculação
Federal D Estadual Municipal n I Privada Outros D
Mantenedor:

Dirigente:
A U tenticac ã o_
Habilitação
Empírica D Parcial D Científica D
Escolaridade: Idade: Tempo no cargo Sexo:
Primário ÇlMcdio D Superior n anos anos Masculino n Feminino D
Cursos na área de atuação:
CURSO ANO 1 CARGA HORÁRIA INSTITUIÇÃO

Instalações
Salas de aula n Biblioteca Sala de projeção n
Teatro íl Auditório D Centro de convenções
Auditório _r Sala de informática D Museu
Cine-teatro D Praça D Galeria D
Sala de leitura D Quadra esportiva D I Arquivo R
Campo n Cantina l~l Cozinha D

134 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural


PREFEITURA MUNICIPAL de 4. GRAUS DE ENSINO: assinalar que graus de ensino a escola
Secretaria de Cultura oferece, dentre os indicados na ficha.
FICHA 05 - ESCOLAS 5. ASPECTOS ADMINISTRATIVOS: assinalar ou anotar
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO informações sobre a administração da Escola, conforme solicitado nos
tópicos seguintes:
OBJETIVO: Identificar e registrar as unidades escolares e a) Vinculação: assinalar ou escrever a(s) vinculação(ões) da
respectivas estruturas de interesse para o desenvolvimento Escola, segundo o critério de responsabilidade pela mesma, conforme
artístico-cultural existentes no Município
segue:
DELIMITAÇÃO: entende-se por Escola qualquer unidade de I) Federal: se a União, pela administração direta ou indireta, é
ensino formal, existente no Município de Sobral. a responsável pela Escola.
1. LOCALIZAÇÃO: deve ser identificada a Escola e o local onde II) Estadual: se um Estado-membro, pela administração direta
se situa, conforme segue: ou indireta, é o responsável pela Escola.
a) Nome: o nome pelo qual é conhecida a Escola. III) Municipal: se um Município, pela administração direta ou
b) Endereço onde ocorre: deve ser preenchido de forma o indireta, é o responsável pela Escola.
mais completa possível, de modo a permitir que se possa localizar a IV) Privada: se a iniciativa privada é a responsável pela Escola.
Escola e contatar os responsáveis rapidamente. Caso o responsável V) Outros: se o responsável pela Escola não se encaixa nas
não possua meios de comunicação próprios, devem ser assinalados hipóteses anteriores {os dados devem ser devidamente anotados).
os pertencentes a outras pessoas, utilizados para recados, com a devida b) Mantenedor: anotar o(s) principal(is) custeadores das
observação. despesas da Escola.
2. FUNCIONAMENTO: assinalar e/ou escrever dados que c) Dirigente ou responsável: assinalar ou anotar os dados do
demonstrem quando funciona a Escola pesquisada, conforme segue: dirigente ou responsável pela Escola, conforme segue:
a) Horário: escrever o horário de funcionamento em cada um I) Nome completo.
dos turnos do dia, conforme segue:
II) Habilitação:
I) M: manhã.
II. a) Empírica: se o entrevistado não recebeu qualquer
II) T: tarde. formação para o desenvolvimento da atividade.
III) N: noite. II. b) Científica/formal: se o entrevistado recebeu formação
b) Dias: assinalar os dias da semana nos quais funciona a para o desenvolvimento da atividade.
Escola pesquisada. II. c) Outra: se o entrevistado recebeu formação diferente das
c) Meses: assinalar os meses nos quais funciona a Escola já referidas.
pesquisada. III) Escolaridade: assinalar a escolaridade do dirigente da
3. CORPO DISCENTE: anotar os dados sobre o corpo discente Escola.
da Escola, conforme segue: IV) Idade: anotar o ano em que nasceu o dirigente e a idade na
a) Capacidade: anotar qual o potencial máximo de alunos que data da pesquisa.
pode receber a escola pesquisada. V) Tempo no cargo: anotar o ano em que o dirigente da Escola
b) Matrículas efetivas: anotar quantos alunos a escola ascendeu a esta condição e a quantidade de anos em atividade na
efetivamente tem. data da pesquisa.

136 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 137
VI) Sexo: assinalar o sexo do dirigente da Escola. 5.6. Equipamentos de Hospedagem
VII) Cursos na área de atuação: devem ser mencionados os PREFEITURA MUNICIPAL de
principais cursos do entrevistado, caso possua habilitação científica/ Secretaria de Cultura FICHA 06
formal na área de atuação tida como principal, mencionando:
III. a) Curso: nome do curso. PERFIL CULTURAL de

III. b) Ano: ano de conclusão do curso. FOIJIPAMENTOS DE LAZER^HOSPEjDAGEM E ALIMENTAÇÃO,


DADOS CADASTRAIS
III. c) Carga horária: quantidade de horas-aula compreendida Características
pelo curso. E_qyjpam_ento de Lazer_fX iPjiiipamffnro de hospedagem n Equipamento de alimentação [J
Clube D Hotel n l Restaurante O
III. d) Instituição: a responsável por ministrar o curso. Pensão O Lanchonete D_
Parque D_
6. INSTALAÇÕES: assinalar ou anotar as instalações da Escola. P^uihnjliiyoa. açude...) f A Iberaue

7. EQUIPAMENTOS: assinalar ou anotar os equipamentos Localização,


existentes na Escola. Nome:

8. D E S C R I Ç Ã O DA E S C O L A E INFORMAÇÕES N.°
Endereço:
COMPLEMENTARES: 1) descrever sinteticamente a Escola; 2) escrever Distrito: CEP
Bairro:
outras informações que julgue importante serem divulgadas ou
Telefone: Fax: E-mail: Outros:
conhecidas, pertinentes ao Perfil Cultural; 3) complementar outras
informações de quadros anteriores. Funcion amento
Horário
9. A U T E N T I C A Ç Ã O : preencher com d a d o s que d a r ã o M: N:
credibilidade à pesquisa realizada, como segue: Dias
Sábado Dom inflo D
Sc.iuncl i C Terça Q Quarta n Quinta Sexia
a) Informante: escrever o nome completo do entrevistado. Meses
Jan D Fev Mar Fl i Abr Q Mai D Jun D Jul n AgõJ \ S e U . Out D Nov L.I I hv I 1
b) Cargo: anotar o cargo que o informante ocupa na estrutura Público
da Escola. Capacidade de público Área:

c) Assinatura: do informante. Controle de fluxo


Estimado n Real
d) Pesquisador: escrever o nome e apor a rubrica.
Média de
Mês Ano
e) Data: registrar aquela na qual realizou a pesquisa. freqüência Dia Semana
Procedência
Interno: Externo:
Aspectos administrativos
Vinculação
Estadual D Municipal D. Privada D Outros •
Federal i~l
Mantenedor:

Dirigente:

38 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural


Habilitação
PREFEITURA MUNICIPAL de
Empírica D Parcial Científica D Secretaria de Cultura
Escolaridade: Idade: Tempo no cargo Sexo:
Primário 1*1 Médio G Superior O anos Masculino D Feminino FICHA 06 - EQUIPAMENTOS DE LAZER, HOSPEDAGEM E
Cursos na área de atuação: ALIMENTAÇÃO
CURSO ANO I CARGA HORÁRIA INSTITUIÇÃO
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO
[OBJETIVO: Identificar e registrar os equipamentos de lazer,
Instalações e Equipamentos hospedagem e alimentação existentes no Município aptos a
Instalação/equipamento Quantidade
Apartamentos individuais abrigar participantes, convidados e público, por ocasião da
Apartamentos coletivos realização de manifestações artístico-culturais.
Coffee-shop
Restaurante 1. CARACTERÍSTICA: assinalar, em gênero, se trata-se de
Sauna
Lavanderia Equipamento de Lazer, de Hospedagem ou de Alimentação. Em
Serviço de copa seguida, assinalar ou anotar o tipo específico de Equipamento de Lazer,
Piscina
Salão de jogos
Hospedagem ou Alimentação.
Quadra esportiva 2. LOCALIZAÇÃO: deve ser identificado o Equipamento de Lazer,
Sala de leitura Hospedagem ou Alimentação e o respectivo endereço, conforme segue:
Play-ground (parquinho)
Bar a) Nome: o nome pelo qual é conhecido o Equipamento de
Salão de convenções
Lazer, Hospedagem ou Ali-mentação.
Estacionamento b) Endereço: deve ser preenchido de forma o mais completa
Queda d'água
Laso natural
possível, de modo a permitir que se possa localizar o Equipamento de
Informações complementares Lazer, Hospedagem ou Alimentação e contatar os responsáveis
rapidamente. Caso o responsável não possua meios de comunicação
próprios, devem ser assinalados os pertencentes a outras pessoas,
utilizados para recados, com a devida observação.
3. FUNCIONAMENTO: assinalar e/ou escrever dados que
demonstrem quando efetivamente funciona o Equipamento de Lazer,
Hospedagem ou Alimentação pesquisado, conforme segue:
a) Horário: escrever o horário de funcionamento em cada um
dos turnos do dia, conforme segue:
I) M: manhã.
II) T: tarde.
Autenticação III) N: noite.
Informante: Cargo: Assinatura:
b) Dias: assinalar os dias da semana nos quais funciona o
Pesquisador: Data: Equipamento de Lazer, Hospedagem ou Alimentação pesquisado.
c) Meses: assinalar os meses nos quais funciona o Equipamento
de Lazer, Hospedagem ou Alimentação pesquisado.

Teoria e prática da gestão cultural 141


140 Francisco Humberto Cunha Filho
4. PÚBLICO: assinalar ou anotar os dados sobre o público, II) Estadual: se um Estado-membro, pela administração direta
conforme segue: ou indireta, é o responsável pelo Equipamento de Lazer, Hospedagem
a) Capacidade de público: anotar a capacidade máxima de ou Alimentação.
público que o Equipamento de Lazer, Hospedagem ou Alimentação III) Municipal: se um Município, pela administração direta ou
pesquisado suporta. indireta, é o responsável pelo Equipamento de Lazer, Hospedagem ou
b) Área: anotar a área total que ocupa o Equipamento de Lazer, Alimentação.
Hospedagem ou Alimentação, em metros quadrados. IV) Privada: se a iniciativa privada é a responsável pelo
c) Controle de fluxo: assinalar como os responsáveis controlam Equipamento de Lazer, Hospedagem ou Alimentação.
o movimento das pessoas no Equipamento de Lazer, Hospedagem ou V) Outros: se o responsável pelo Equipamento de Lazer,
Alimentação, por uma das seguintes opções: Hospedagem ou Alimentação não se encaixa nas hipóteses anteriores
I) Estimado: se apenas têm opinião de quantas pessoas (os dados devem ser devidamente anotados).
freqüentam o Equipamento de Lazer, Hospedagem ou Alimentação, b) Mantenedor: anotar o(s) principal(is) custeadores das
sem meio técnico ou científico de mensuração. despesas do Equipamento de Lazer, Hospedagem ou Alimentação.
II) Real: se possuem meio técnico ou científico de mensuração c) Dirigente ou responsável: assinalar ou anotar, do dirigente
do público que freqüenta o Equipamento de Lazer, Hospedagem ou ou responsável pelo Equipamento de Lazer, Hospedagem ou
Alimentação. Alimentação, conforme segue:
d) Média de freqüência: anotar a média de freqüência de I) Nome completo.
público, nos espaços de tempo indicados na ficha. II) Habilitação para a atividade:
e) Procedência: anotar o percentual de público, segundo a II. a) Empírica: se o entrevistado não recebeu qualquer
procedência, conforme os seguintes itens: formação para o desenvolvimento da atividade.
I) Interno: percentual do público vinculado diretamente ao órgão II. b) Científica/formal: se o entrevistado recebeu formação
gestor do Equipamento de Lazer, Hospedagem ou Alimentação. para o desenvolvimento da atividade.
II) Externo: percentual do público não-vinculado diretamente II. c) Outra: se o entrevistado recebeu formação diferente das
ao órgão gestor do Equipamento de Lazer, Hospedagem ou já referidas.
Alimentação. III) Cursos na área de atuação: devem ser mencionados os
5. ASPECTOS ADMINISTRATIVOS: assinalar ou anotar principais cursos do entrevistado, caso possua habilitação científica/
informações sobre a administração do Equipamento de Lazer, formal na área de atuação como gestor do Equipamento de Lazer,
Hospedagem ou Alimentação, conforme solicitado nos tópicos Hospedagem ou Alimentação, mencionando:
seguintes: III. a) Curso: nome do curso.
a) Vinculação: assinalar ou escrever a(s) vinculação(ões) do III. b) Ano: ano de conclusão do curso.
Equipamento de Lazer, Hospedagem ou Alimentação, segundo o critério III. c) Carga horária: quantidade de horas-aula compreendida
de responsabilidade pelo mesmo, conforme segue: pelo curso.
I) Federal: se a União, pela administração direta ou indireta, é III. d) Instituição: a responsável por ministrar o curso.
a responsável pelo Equipamento de Lazer, Hospedagem ou 6. INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS: assinalar ou anotar as
Alimentação. instalações e equipamentos do Equipamento de Lazer, Hospedagem

142 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 143
ou Alimentação, conforme a relação constante da ficha, além de outros 5.7. Entidades
tópicos observados por ocasião da pesquisa, fazendo a respectiva PREFEITURA MUNICIPAL de
quantificação de cada um. Secretaria de Cultura FICHA 07
7. DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO DE LAZER.
HOSPEDAGEM OU ALIMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES PERFIL CULTURAL de
COMPLEMENTARES: 1) descrever sinteticamente o Equipamento de ENTIDADES CULTURAIS. DESPORTIVAS E DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL
Lazer, Hospedagem ou Alimentação; 2) escrever outras informações DADOS CADASTRAIS
que julgue importante serem divulgadas ou conhecidas, pertinentes Características
Grupo desportivo n l Grupo comunitário D I Outro fl
ao Perfil Cultural; 3) complementar outras informações de quadros Área de atuação
anteriores. Teatro D Patrimônio • Futebol D Organização social D
Dança fl Circo n Voleibol Q Xadrez D
8. AUTENTICAÇÃO: preencher com dados que darão Música n Artesanato D Basouetebol D
credibilidade à pesquisa realizada, como segue: Literatura fl
Localização
a) Informante: escrever o nome completo do entrevistado. Nome:

b) Cargo: anotar o cargo que o informante ocupa na estrutura Endereço:


do Equipamento de Lazer, Hospedagem ou Alimentação.
Distrito: CEP:
c) Assinatura: do informante.
Telefone: Fax: E-mail: Outros:
d) Pesquisador: escrever o nome e apor a rubrica.
e) Data: registrar aquela na qual realizou a pesquisa. Funcionamento
Horário
M:
Dias
Segunda n Terça Quarta fl Quinta Sexta Sábado n Domingo D
Meses
Jan n Fev fl Mar D Abr n Mai G Jun n Jul Q Aso O Set n Out n _Nov n Dez
Aspectos Associativos
Quantidade de sócios: Aspectos pecuniários
da associação: Gratuita Q_ Onerosa n
Faixa etária
dos sócios: Criança % Adolescente: % Adulto: Idoso:
Escolaridade dos sócios:
Primário: %_ Médio: Superior:
Aspectos administrativos
Entidade formalmente Data da fundação:
constituída Sim n Não p
Instrumento da
formalização: Estatuto Contrato social D Lei Outro n
Situação da sede
Não possui n Própria Ç Alugada D Outro n
Vinculação
Federal fl Estadual l~l Municipal fl Privada Outros
Mantenedor:

Dirigente:

44 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 145


Habilitação PREFEITURA MUNICIPAL de
Empírica D Parcial Científica n
Escolaridade: Analfabeto D Idade: Tempo no cargo Sexo: Secretaria de Cultura
Primário [~1 Médio n Superior n anos Masculino Q Feminino Ç
Cursos na área de atuação:
FICHA 07 - ENTIDADES CULTURAIS, DESPORTIVAS E DE
CURSO ANO CARGA HORÁRIA INSTITUIÇÃO ORGANIZAÇÃO SOCIAL
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO
Patrimônio OBJETIVO: Identificar e registrar as Entidades Culturais,
Transporte D Instrumentos musicais n Sala de projeção D Desportivas e de Organização Social existentes e atuantes no
Guarda-roupa O Equipamento de som (1 Sala de informática Li Município
Adereços D Equipamento de iluminação D Ateliê n
Cenário • Equipamento de audiovisual D Biblioteca il 1. CARACTERÍSTICA: assinalar, em gênero, a natureza da
Acervo n Local de ensaio n Outros n
Entidade Cultural, Desportiva ou de Organização Social, segundo as
opções da ficha, ou anotar, na opção 'Outro', o que for adequado ao
caso concreto.
Atividades 2. ÁREA DE ATUAÇÃO: assinalar ou anotar, em espécie,
Equipamentos segundo as opções da ficha ou outras que se adeqüem ao caso
concreto, a(s) área(s) de atuação da Entidade pesquisada.
Informações complementares 3. LOCALIZAÇÃO: deve ser identificada a Entidade Cultural,
Desportiva ou de Organização Social e o respectivo endereço, conforme
segue:
a) Nome: o nome pelo qual é conhecida a Entidade Cultural,
Desportiva ou de Organização Social.
b) Endereço: deve ser preenchido de forma o mais completa
possível, de modo a permitir que se possa localizar a Entidade Cultural,
Desportiva ou de Organização Social e contatar os responsáveis
rapidamente. Caso o responsável não possua meios de comunicação
próprios, devem ser assinalados os pertencentes a outras pessoas,
utilizados para recados, com a devida observação.
4. FUNCIONAMENTO: assinalar e/ou escrever dados que
demonstrem quando efetivamente funciona a Entidade Cultural,
Desportiva ou de Organização Social pesquisada, conforme segue:
a) Horário: escrever o horário de funcionamento em cada um
Autenticação dos turnos do dia, conforme segue:
Informante: Cargo: Assinatura:
I) M: manhã.
Pesquisador: Data: II) T: tarde.
III) N: noite.
b) Dias: assinalar os dias da semana nos quais funciona a
Entidade Cultural, Desportiva ou de Organização Social pesquisada.

146 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 147
c) Meses: assinalar os meses nos quais funciona a Entidade c) Instrumento da formalização: assinalar dentre as opções
Cultural, Desportiva ou de Organização Social pesquisada. da ficha, ou anotar, conforme o caso concreto, o tipo de instrumento de
5. ASPECTOS ASSOCIATIVOS: assinalar ou anotar legalização da entidade, caso esta o possua.
informações sobre os sócios, conforme segue: d) Situação da sede: assinalar ou anotar a relação de
a) Quantidade de sócios: anotar o total geral de sócios na propriedade da entidade com a sede que eventualmente ocupe.
data da pesquisa, não importando as eventuais categorias internas. e) Vinculação: assinalar ou escrever a(s) vinculação(ões) da
b) Aspecto pecuniário da associação: assinalar, dentre as Entidade Cultural, Desportiva ou de Organização Social, segundo o
opções da ficha, se, para participar, os sócios devem contribuir critério de responsabilidade pela mesma, conforme segue:
pecuniariamente (com dinheiro) ou não. I) Federal: se a União, pela administração direta ou indireta, é a
c) Faixa etária dos sócios: anotar o percentual de sócios da responsável pela Entidade Cultural, Desportiva ou de Organização Social.
Entidade Cultural, Desportiva ou de Organização Social segundo a II) Estadual: se um Estado-membro, pela administração direta
faixa etária, conforme segue: ou indireta, é o responsável pela Entidade Cultural, Desportiva ou de
I) Criança: pessoa com até 12 anos de idade. Organização Social.
II) Adolescente: pessoa com idade entre 13 e 18 anos. III) Municipal: se um Município, pela administração direta ou
III) Adulto: a pessoa com idade ente 18 e 65 anos. indireta, é o responsável pela Entidade Cultural, Desportiva ou de
IV) Idoso: a pessoa com mais de 65 anos de idade. Organização Social.
d) Escolaridade dos sócios: anotar o percentual de sócios da IV) Privada: se a iniciativa privada é a responsável pela Entidade
Entidade Cultural, Desportiva ou de Organização Social, segundo a Cultural, Desportiva ou de Organização Social.
escolaridade, conforme segue: V) Outros: se o responsável pela Entidade Cultural, Desportiva
I) Analfabetos: para os que não dominam as técnicas de ler e ou de Organização Social não se encaixa nas hipóteses anteriores (os
escrever. dados devem ser devidamente anotados).
II) Primário: para os com formação fundamental, completa ou f) Mantenedor: anotar o(s) princípal(is) custeador(es) das
incompleta. despesas da Entidade Cultural, Desportiva ou de Organização Social.
III) Médio: para os com formação média, completa ou g) Dirigente ou responsável: assinalar ou anotar os dados do
incompleta. dirigente ou responsável pela Entidade Cultural, Desportiva ou de
Organização Social, conforme segue:
IV) Superior: para os com formação superior, completa ou
incompleta. I) Nome completo.
6. ASPECTOS ADMINISTRATIVOS: assinalar ou anotar II) Habilitação para a atividade:
informações sobre a administração da Entidade Cultural, Desportiva II. a) Empírica: se o entrevistado não recebeu qualquer
ou de Organização Social, conforme solicitado nos tópicos seguintes: formação para o desenvolvimento da atividade.
a) Entidade formalmente constituída: assinalar, dentre as II. b) Científica/formal: se o entrevistado recebeu formação
opções da ficha, se a entidade está formalmente constituída, segundo para o desenvolvimento da atividade.
as leis vigentes. II. c) Outra: se o entrevistado recebeu formação diferente das
b) Data da fundação: anotar a data da fundação, mesmo que já referidas.
esta seja diferente da data da legalização. III) Escolaridade: assinalar a escolaridade do dirigente da
Entidade Cultural, Desportiva ou de Organização Social.

I48 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 149
IV) Idade: anotar o ano em que nasceu o dirigente e a idade na 5.8. Equipamentos de Comunicação
data da pesquisa. PREFEITURA MUNICIPAL de
Secretaria de Cultura FICHA 08
V) Tempo no cargo: anotar o ano em que o dirigente da
Entidade Cultural, Desportiva ou de Organização Social ascendeu a PERFIL CULTURAL de
esta condição e a quantidade de anos em atividade na data da pesquisa.
EQUIPAMENTOS DE COMUNICAÇÃO
VI) Sexo: assinalar o sexo do dirigente da Entidade Cultural, DADOS CADASTRAIS
Desportiva ou de Organização Social. Características
Emissora de rádio D Emissora de TV D Râdio-amador D Carro de som
VII) Cursos na área de atuação: devem ser mencionados os Jornal comercial D Jornal escolar D Jornal literário Outros D
principais cursos do entrevistado, caso possua habilitação científica/ Revista D Serviço de alto-falante D Mural permanente
formal na área de atuação como gestor da Entidade Cultural, Desportiva Localização
ou de Organização Social, mencionando: Nome:
VII. a) Curso: nome do curso. Endereço: N.°
VII. b) Ano: ano de conclusão do curso. Distrito: CEP:
Bairro:
VII. c) Carga horária: quantidade de horas-aula compreendida
Telefone: Fax: E-mail: Outros:
pelo curso.
Funcionamento
VII. d) Instituição: a responsável por ministrar o curso.
Horário
7. PATRIMÔNIO: assinalar ou anotar o patrimônio da Entidade M: IN:
Dias
Cultural, Desportiva ou de Organização Social. Segunda D Terça Q Quarta Quinta O Sexta ! Sábado n Domingo n I
8. ATIVIDADES: assinalar ou anotar as atividades desenvolvidas Meses
Aao p Set n Oui H Nov Q Dez D
Jan • Fev n Marn Abr D Mai p Jun D Jul
pela Entidade Cultural, Público
Capacidade atingida Área:
Desportiva ou de Organização Social.
9. DESCRIÇÃO DA ENTIDADE CULTURAL. DESPORTIVA OU Controle de fluxo
Estimado D Real O
DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL E INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: Média de público
Semana I Mês Ano
1) descrever sinteticamente a Entidade Cultural, Desportiva ou de Dia
Procedência
Organização Social; 2) escrever outras informações que julgue importante Interno: Externo:
serem divulgadas ou conhecidas, pertinentes ao Perfil Cultural; 3) Faixa etária
Idoso:
Criança: Adolescente: Adulto:
complementar outras informações de quadros anteriores. Escolaridade
Médio: I Superior:
10. AUTENTICAÇÃO: preencher com dados que darão Primário: %
Aspectos administrativos
credibilidade à pesquisa realizada, como segue: Vinculação
Federal D Estadual D Municipal D Privada D i Outros D
a) Informante: escrever o nome completo do entrevistado. Mantenedor:
b) Cargo: anotar o cargo que o informante ocupa na estrutura
Dirigente:
da Entidade Cultural, Desportiva ou de Organização Social.
c) Assinatura: do informante.
d) Pesquisador: escrever o nome e apor a rubrica.
e) Data: registrar aquela na qual realizou a pesquisa.

150 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 151
Habilitação
Empírica n Parcial ü
PREFEITURA MUNICIPAL de
Científica fl
Escolaridade: Idade: Tempo no cargo Sexo: Secretaria de Cultura
Primário D Médio 0 Superior n anos i Masculino n Feminino l~l
Cursos na área de atuação: FICHA 08 - EQUIPAMENTOS DE COMUNICAÇÃO
CURSO ANO CARGA HORÁRIA INSTITUIÇÃO INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO
OBJETIVO: Identificar e registrar os Equipamentos de
Estúdio n
Instalações e equipamentos Comunicação existentes no Município
: Acervo videográfico n I Sala de projeção l~l
I Auditório D Acervo de fitas (~1 Sala de informática fl 1. CARACTERÍSTICA: assinalar ou anotar o tipo de
Acervo bibliográfico n Acer\'o de discos fl Fotocopi adora l~l
Acer\'o filmogrâfico Equipamentos de reprodução n I Aparelho de vídeo n
Equipamento de Comunicação.
Computador D Leitora copiadora Q Reiroproietor n 2. LOCALIZAÇÃO: deve ser identificado o Equipamento de
Aparelho de TV n Equipamento de encadernação l~! Telão D Comunicação e o respectivo endereço, conforme segue:
Linha de atividade a) Nome: o nome pelo qual é conhecido o Equipamento de
Musical D Informativo n Religioso n
Educativo n Cultural fl Corporativo D
Comunicação.
Científico n Infantil n Esportivo fl b) Endereço: deve ser preenchido de forma o mais completa
possível, de modo a permitir que se possa localizar o Equipamento de
Informações complementares Comunicação e contatar os responsáveis rapidamente. Caso o
responsável não possua meios de comunicação próprios, devem ser
assinalados os pertencentes a outras pessoas, utilizados para recados,
com a devida observação.
3. FUNCIONAMENTO: assinalar e/ou escrever dados que
demonstrem quando efetivamente funciona o Equipamento de
Comunicação pesquisado, conforme segue:
a) Horário: escrever o horário de funcionamento em cada um
dos turnos do dia, conforme segue:
I) M: manhã.
II) T: tarde.
III) N: noite.
b) Dias: assinalar os dias da semana nos quais funciona o
Equipamento de Comunicação pesquisado.
c) Meses: assinalar os meses nos quais funciona o Equipamento
Autenticação
Informante: Cargo:
de Comunicação pesquisado.
Assinatura:

Pesquisador:
4. PÚBLICO: assinalar ou anotar os dados sobre o público,
Data:
conforme segue:
a) Capacidade de público: anotar o potencial máximo de
público e o público efetivamente atingido pelo Equipamento de
Comunicação pesquisado.

152 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 153
b) Área: anotar a área total que ocupa o Equipamento de 5. ASPECTOS ADMINISTRATIVOS: assinalar ou anotar
Comunicação, em metros quadrados. informações sobre a administração do Equipamento de Comunicação,
c) Controle de fluxo: assinalar como os organizadores conforme solicitado nos tópicos seguintes:
controlam o público efetivamente atingido, por uma das seguintes a) Vinculação: assinalar ou escrever a(s) vinculação(ões) do
opções: Equipamento de Comunicação, segundo o critério de responsabilidade
I) Estimado: se apenas têm opinião de quantas pessoas são pelo mesmo, conforme segue:
atingidas pelo Equipamento de Comunicação, sem meio técnico ou I) Federal: se a União, pela administração direta ou indireta, é
científico de mensuração. a responsável pelo Equipamento de Comunicação.
II) Real: se possuem meio técnico ou científico de mensuração II) Estadual: se um Estado-membro, pela administração direta
do público que é atingido pelo Equipamento de Comunicação. ou indireta, é o responsável pelo Equipamento de Comunicação.
d) Média de público: anotar a média de público, nos espaços III) Municipal: se um Município, pela administração direta ou
de tempo indicados na ficha. indireta, é o responsável pelo Equipamento de Comunicação.
e) Procedência: anotar o percentual de público, segundo a IV) Privada: se a iniciativa privada é a responsável pelo
procedência, conforme os seguinte itens: Equipamento de Comunicação.
I) Interno: percentual do público vinculado diretamente ao órgão V) Outros: se o responsável pelo Equipamento de Comunicação
gestor do Equipamento de Comunicação. não se encaixa nas hipóteses anteriores (os dados devem ser
devidamente anotados).
II) Externo: percentual do público não-vinculado diretamente
b) Mantenedor: anotar o(s) principal(is) custeador(es) das
ao órgão gestor do Equipamento de Comunicação.
despesas do Equipamento de Comunicação.
f) Faixa etária: anotar o percentual de público atingido pelo
c) Dirigente ou responsável: assinalar ou anotar os dados do
Equipamento de Comunicação segundo a faixa etária, conforme segue:
dirigente ou responsável pelo Equipamento de Comunicação, conforme
I) Criança: pessoa com até 12 anos de idade.
segue:
II) Adolescente: pessoa com idade entre 13 e 18 anos. I) Nome completo.
III) Adulto: pessoa com idade ente 18 e 65 anos. II) Habilitação para a atividade:
IV) Idoso: pessoa com mais de 65 anos de idade. II. a) Empírica: se o entrevistado não recebeu qualquer
g) Escolaridade: anotar o percentual de público atingido pelo formação para o desenvolvimento da atividade.
Equipamento de Comunicação, segundo a escolaridade, conforme II. b) Científica/formal: se o entrevistado recebeu formação
segue: para o desenvolvimento da atividade.
I) Analfabetos: para os que não dominam as técnicas de ler e II. c) Outra: se o entrevistado recebeu formação diferente das
escrever.
já referidas.
II) Primário: para os com formação fundamental, completa ou III) Escolaridade: Assinalar a escolaridade do dirigente da Escola.
incompleta. IV) Idade: Anotar o ano em que nasceu o dirigente e a idade na
III) Médio: para os com formação média, completa ou data da pesquisa.
incompleta. V) Tempo no cargo: anotar o ano em que o dirigente da Escola
IV) Superior: para os com formação superior, completa ou ascendeu a esta condição e a quantidade de anos em atividade na
incompleta. data da pesquisa.

154 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural m


Miiiuenedor: PREFEITURA MUNICIPAL de
Secretaria de Cultura
Dirigente:
FICHA 09 - PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL
Habilitação
Empírica Parcial D Científica INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO
Escolaridade: Idade: Tempo no cargo Sexo:
Primário D Médio D Superior anos Masculino D Feminino n
OBJETIVO: Identificar e registrar o Patrimônio Cultural Material
Cursos na área de atuação: existente no Município
CURSO ANO CARGA HORÁRIA INSTITUIÇÃO
1. CARACTERÍSTICA: assinalar, em gênero, se o patrimônio
pesquisado enquadra-se em uma das seguintes categorias:
Informações complementares a) Natural: se o patrimônio pesquisado é formado
preponderantemente pela atuação da Natureza.
b) Edificado: se o patrimônio pesquisado é formado
preponderantemente pela atuação do Homem.
2. LOCALIZAÇÃO: deve ser identificado o Patrimônio Cultural
Material e o respectivo endereço, conforme segue:
a) Nome: o nome pelo qual é conhecido o Patrimônio Cultural
Material.
b) Endereço: deve ser preenchido de forma o mais completa
possível, de modo a permitir que se possa localizar o Patrimônio Cultural
Material e contatar os responsáveis rapidamente. Caso o responsável
não possua meios de comunicação próprios, devem ser assinalados
os pertencentes a outras pessoas, utilizados para recados, com a devida
observação.
3. FUNCIONAMENTO: assinalar e/ou escrever dados que
demonstrem quando efetivamente funciona ou está aberto ao público
o Patrimônio Cultural Material pesquisado, conforme segue:
a) Horário: escrever o horário de funcionamento em cada um
dos turnos do dia, conforme segue:
I) M: manhã.
Autenticação
Informante: Cargo: Assinatura: II) T: tarde.
Pesquisador: Data: III) N: noite.
b) Dias: assinalar os dias da semana nos quais funciona o
Patrimônio Cultural Material pesquisado.
c) Meses: assinalar os meses nos quais funciona o Patrimônio
Cultural Material pesquisado.
4. PÚBLICO: assinalar ou anotar os dados sobre o público,
conforme segue:

58 Francisco Humberto Cunha Filho Teoria e prática da gestão cultural 159


a) Capacidade de público: anotar o potencial máximo de público e
0 público efetivamente atingido pelo Patrimônio Cultural Material pesquisado. 5. ASPECTOS ADMINISTRATIVOS: assinalar ou anotar
b) Área: anotar a área total que ocupa o Patrimônio Cultural informações sobre a administração do Patrimônio Cultural Material,
Material, em metros quadrados. conforme solicitado nos tópicos seguintes:
c) Controle de fluxo: assinalar como os organizadores a) Vinculação: assinalar ou escrever a(s) vinculação(ões) do
controlam o público efetivamente atingido, por uma das seguintes Patrimônio Cultural Material, segundo o critério de responsabilidade
opções: pelo mesmo, conforme segue:
I) Estimado: se apenas têm opinião de quantas pessoas são I) Federal: se a União, pela administração direta ou indireta, é
atingidas pelo Patrimônio Cultural Material, sem meio técnico ou a responsável pelo Patrimônio Cultural Material.
científico de mensuração. II) Estadual: se um Estado-membro, pela administração direta
II) Real: se possuem meio técnico ou científico de mensuração ou indireta, é o responsável pelo Patrimônio Cultural Material.
do público que é atingido pelo Patrimônio Cultural Material. III) Municipal: se um Município, pela administração direta ou
d) Média de freqüência (de público): anotar a média de público, indireta, é o responsável pelo Patrimônio Cultural Material.
nos espaços de tempo indicados na ficha. IV) Privada: se a iniciativa privada é a responsável pelo
e) Procedência: anotar o percentual de público, segundo a Patrimônio Cultural Material.
procedência, conforme os seguintes itens: V) Outros: se o responsável pelo Patrimônio Cultural Material
não se encaixa nas hipóteses anteriores (os dados devem ser
I) Interno: percentual do público vinculado diretamente ao órgão
devidamente anotados).
gestor do Patrimônio Cultural Material.
II) Externo: percentual do público não-vinculado diretamente b) Órgão responsável pela proteção jurídica: anotar o
respectivo nome.
ao órgão gestor do Patrimônio Cultural Material.
c) Instrumento normativo da proteção: anotar o tipo, o número
f) Faixa etária: anotar o percentual de público atingido pelo
e a origem da norma utilizada para proteger o Patrimônio Cultural Material.
Patrimônio Cultural Material segundo a faixa etária, conforme segue:
Exemplos: Lei Federal n.s 1; Decreto Estadual n.Q 2; Portaria
I) Criança: pessoa com até 12 anos de idade. Municipal n.8 3 etc.
II) Adolescente: pessoa com idade entre 13 e 18 anos. d) Outros aspectos referentes à proteção: anotar outros dados
III) Adulto: pessoa com idade ente 18 e 65 anos. importantes da proteção, não constantes ou sugeridos pela ficha,
IV) Idoso: pessoa com mais de 65 anos de idade. colhidos no local ou em decorrência da pesquisa.
g) Escolaridade: anotar o percentual de público atingido pelo e) Mantenedor: Anotar o(s) principal(is) custeador(es) das
Patrimônio Cultural Material, segundo a escolaridade, conforme segue: despesas do Patrimônio Cultural Material.
I) Analfabetos: para os que não dominam as técnicas de ler e f) Dirigente ou responsável: assinalar ou anotar os dados do
escrever. dirigente ou responsável pelo Patrimônio Cultural Material, conforme
II) Primário: para os com formação fundamental, completa ou segue:
incompleta. I) Nome completo.
III) Médio: para os com formação média, completa ou II) Habilitação para a atividade:
incompleta. II. a) Empírica: se o entrevistado não recebeu qualquer
IV) Superior: para os com formação superior, completa ou formação para o desenvolvimento da atividade.
incompleta. II. b) Científica/formal: se o entrevistado recebeu formação
para o desenvolvimento da atividade.
1 60 Francisco Humberto Cunha Filho
Teoria e prática da gestão cultural 161
II. c) Outra: se o entrevistado recebeu formação diferente das
já referidas.
III) Escolaridade: assinalar a escolaridade do dirigente do
Patrimônio Cultural Material.
IV) Idade: anotar o ano em que nasceu o dirigente e a idade na
data da pesquisa.
V) Tempo no cargo: anotar o ano em que o dirigente do
Patrimônio Cultural Material ascendeu a esta condição e a quantidade
de anos em atividade na data da pesquisa.
VI) Sexo: assinalar o sexo do dirigente do Patrimônio Cultural
Material
VII) Cursos na área de atuação: devem ser mencionados os
principais cursos do entrevistado, caso possua habilitação científica/
formal na área de atuação como gestor do Patrimônio Cultural Material,
mencionando:
VII. a) Curso: nome do curso.
VII. b) Ano: ano de conclusão do curso.
VII. c) Carga horária: quantidade de horas-aula compreendida
pelo curso.
VII. d) Instituição: a responsável por ministrar o curso.
6. DESCRIÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL E
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: 1) descrever sinteticamente o
Patrimônio Cultural Material; 2) escrever outras informações que julgue
importante serem divulgadas ou conhecidas, pertinentes ao Perfil
Cultural; 3) complementar outras informações de quadros anteriores.
7. AUTENTICAÇÃO: preencher com dados que darão
credibilidade à pesquisa realizada, como segue:
a) Informante: escrever o nome completo do entrevistado.
b) Cargo: anotar o cargo que o informante ocupa na estrutura
do Patrimônio Cultural Material. Impresso na Gráfica da Universidade de Fortaleza
da Fundação Edson Queiroz
c) Assinatura: do informante. Av. Washington Soares, 1321
d) Pesquisador: escrever o nome e apor a rubrica. Bairro Edson Queiroz
Fone: (0xx85) 477.3000 Fax: (0xx85) 477.3055
e) Data: registrar aquela na qual realizou a pesquisa. http://www.unifor.br
CEP: 60.811-905 - Fortaleza - Ceará

I62 Francisco Humberto Cunha Filho


livros do autor:

Participação Popular na
naçflo da Vontade do Estado:
Um Diroito Fundamental (no livro presente livro tem como fundir os DIREITOS CUI I
li iiiiiinos aos Direitos quais começam a ganhar perfil autônomo nas academias
organizado por ' TEORIA sobre esses direitos o autor a extraiu de sua PRÁI |i
Wlllis Santiago Guerra Filho, GESTOR à frente de importantes órgãos e movimentos CULTURAIS 11
;ii. ido Advogado, RS, 1997). do Ceará. Observe-se. a este respeito, os seguintes trechos
introdutória da obra.
Normas Básicas da Atividade
Cultural (em co-autoria com Artur "(...) Em seguida, um desafio maior: assessorar, com
Secretário, a gestão cultural no Município de Guaramiranga. Algi i ii <
i
••». INESP, CE, 1998.
Tanto que o substrato essencial deste livro vem da experiência li
principalmente aquela vinculada ao Festival Nordestino de l;
Direitos Culturais Como Direitos
evento paradigmático não apenas de um encontro artístico, ma
Fundamentais no Ordenamento
opção de desenvolvimento de toda uma comunidade. Minha pa
Jurídico Brasileiro, Brasília
Cidade- das Flores está escrita em minha alma com tinta indetév- il e |
dica, DF, 2000,
posto que extraída da mais aprazível imizade de Dráulio i li
Análise da Concepção, Estrutura Nilde Ferreira e demais componentes da Associação dos Ami|
Guaramiranga. os quais não nomino por falta de taml
e Funcionamento da Le!
de esquecer alguém...
Jereissati (no prelo).

Não posso deixar de registrar minha passagem p


Cooperação Técnica Intermunicipai de Educação e Cultura (UNI
Fórum de Dirigentes Municipais de Cultura do Estado do (. •
principalmente os encontros estaduais e o trabalho de
companhia de Ray Lima. Guto. Marta Cordeiro. Naspolini e I
divulgando em todo o Estado do Ceará idéias como "ma|
"orçamento especifico para a cultura", "incentivos
pluralismo cultural"...

Depois de toda esta vivência, o mundo jurtdií


lo abandonei o contato com a cultura: tanto qi II
ido desenvolvido na Universidade Federai
livros sobre o tema: M
•ido pela A

Brasileiro, com pul nacional da Editoi 11


ora desenvolvo pela l
Pernambuco, em convênio com
no mesmo universo"

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