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ESTUDO

Departamento Temático
Políticas Estruturais e de Coesão

O IMPACTO DO TURISMO
NAS ZONAS COSTEIRAS:
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL

DESENVOLVIMENTO REGIONAL

2008 PT
Direcção-Geral das Políticas Internas da União

Direcção B: Políticas Estruturais e de Coesão


D ESENVOLVIM EN TO REGIONA L

O Impacto do Turismo nas Zonas


Costeiras:Aspectos relacionados
com o Desenvolvimento Regional

ESTUDO

IP/B/REGI/IC/2006-166-Lot 01-C03-SC01

PE 397.260 PT
O presente estudo foi solicitado pela Comissão do Desenvolvimento Regional do Parlamento Europeu.

Este documento encontra-se publicado nas seguintes línguas:

- Original: EN.
- Traduções: DE, FR, PT

A síntese encontra-se publicada nas seguintes línguas:


BG, CS, DA, DE, EL, EN, ES, ET, FI, FR, HU, IT, LT, LV, MT, NL, PL, PT, RO, SK, SL, SV.

Autor(es): CSIL Centre for Industrial Studies


em parceria com Touring Servizi *

Funcionária responsável: Ivana Katsarova


Direcção B: Políticas Estruturais e de Coesão
Parlamento Europeu
B-1047 Bruxelas
Endereço electrónico: ipoldepb@europarl.europa.eu

Manuscrito concluído em Março de 2008

O presente estudo encontra-se disponível na Internet em:


www.europarl.europa.eu/activities/expert/eStudies.do?language=EN

Bruxelas, Parlamento Europeu, 2008

As opiniões expressas no presente documento são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam,
necessariamente, a posição oficial do Parlamento Europeu.

É permitida a reprodução e tradução para fins não comerciais, mediante indicação da fonte, notificação prévia do
editor e envio de um exemplar a este último.

*
CSIL: Silvia Vignetti (coordenadora), Federica Givone, Davide Sartori, Alessandro Valenza. Touring Servizi: Matteo Montebelli,
Angela Amodio. Autores de estudos de caso: Tomasz Geodecki – Escola de Administração Pública de Malopolska, Universidade de
Economia de Cracóvia (Pomorskie); Stratis Koutsoukos e Catherine Brooks - ERBEDU, Leeds Business School, Leeds Metropolitan
University (Yorkshire e Humber); Nicolas Gillio, perito independente (Guadalupe); Professor Mário Vale - Universidade de Lisboa
(Algarve); Alessandro Valenza (Marche).
Direcção-Geral das Políticas Internas da União

Direcção B: Políticas Estruturais e de Coesão


D ESENVOLVIM EN TO REGIONA L

O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras:


Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

ESTUDO

Conteúdo:

O presente estudo analisa o papel que os Fundos Estruturais desempenham no apoio a


intervenções turísticas nas zonas costeiras.

Embora o turismo não seja uma grande prioridade e, embora, em termos


quantitativos, a proporção dos Fundos Estruturais despendida com o turismo apenas
represente uma pequena parcela do total, em termos qualitativos, o impacto no
desenvolvimento regional não é de desprezar, especialmente nas zonas costeiras com
uma forte dependência do sector do turismo.

As conclusões do estudo demonstram que um impacto significativo se prende com


aspectos relacionados com a consolidação institucional, especialmente nos novos
Estados-Membros. Outro impacto importante tem a ver com a sensibilização,
especialmente no que se refere aos aspectos dos projectos do sector do turismo
relacionados com a sustentabilidade ambiental. Com efeito, todos os decisores
políticos reconhecem que a sustentabilidade de um sector de rápido crescimento como
o do turismo (especialmente o turismo de massas) nas zonas costeiras constitui um
desafio fundamental para o futuro.

IP/B/REGI/IC/2006-166-Lot 01-C03-SC01

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Síntese

Enquadramento
No âmbito do sector do turismo, o turismo costeiro é de longe o mais significativo em termos de
fluxos de turistas e geração de rendimento. Entre os destinos turísticos, as zonas costeiras são as
preferidas pelos turistas, e a região mediterrânica é o principal destino turístico do mundo:
segundo a Organização Mundial do Turismo, representa um terço do rendimento mundial
gerado pelas receitas do turismo.

A maioria das economias dos Estados-Membros com extensões significativas de litoral depende
fortemente do rendimento gerado por actividades relacionadas com o mar, tais como o turismo,
a pesca, os transportes, etc. Contudo, a utilização do mar para fins tão diversos está na origem
de pressões crescentes, nomeadamente:
• a competição por espaço, que conduz a conflitos entre várias actividades (pesca,
serviços, agricultura);
• a degradação dos ecossistemas naturais que apoiam as zonas costeiras, especialmente
devido ao impacto das alterações climáticas;
• grandes variações sazonais da população e do emprego.

O aumento dos fluxos turísticos nas zonas costeiras, especialmente sob a forma de turismo de
massas, está associado a novas preocupações quanto às suas repercussões potencialmente
negativas no desenvolvimento regional de um ponto de vista ambiental, económico e social. Os
Fundos Estruturais podem desempenhar um papel importante na promoção dos princípios do
desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo que concebem e realizam intervenções turísticas
nas zonas costeiras.

Objectivo
O objectivo do presente estudo é o de realizar uma análise qualitativa abrangente do impacto
das despesas dos Fundos Estruturais nos projectos turísticos nas zonas costeiras, tendo em vista
a formulação de recomendações destinadas aos decisores e o aconselhamento dos mesmos em
matéria de políticas. A abordagem adoptada incide em cinco aspectos principais em que o
impacto dos Fundos Estruturais pode ser vital para a execução de intervenções eficazes no
domínio do desenvolvimento regional, nomeadamente:
• o desenvolvimento de parcerias;
• o efeito de alavanca financeira;
• a revitalização da economia local;
• a redução da sazonalidade;
• a promoção da sustentabilidade ambiental.

A metodologia utilizada baseia-se numa dupla abordagem metodológica:


• uma panorâmica geral do sector do turismo costeiro e das oportunidades de
financiamento, baseada na recolha e tratamento de dados secundários obtidos na vasta
bibliografia que existe sobre o turismo, as regiões costeiras e os Fundos Estruturais;
• uma análise de dados primários recolhidos por meio de trabalho de campo e estudos de
casos. Foram seleccionadas seis zonas costeiras como alvo, com base nos seguintes
critérios obrigatórios:

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− representatividade das seis macrozonas;


− inclusão na amostra de pelo menos uma região insular;
− inclusão na amostra de pelo menos uma região transfronteiriça;
− um equilíbrio aceitável entre regiões de "convergência" e de "competitividade e
emprego".

Provas do impacto dos Fundos Estruturais no turismo costeiro

Uma fonte de financiamento significativa


O turismo é, fundamentalmente, uma questão da competência nacional e regional e não existem,
a nível europeu, políticas nem instrumentos financeiros destinados especificamente ao turismo.
No entanto, as intervenções turísticas fazem parte de políticas europeias mais alargadas
susceptíveis de produzir um impacto considerável no sector.

O principal apoio financeiro ao turismo provém dos Fundos Estruturais e de Coesão. Durante o
último período de programação, numerosas intervenções turísticas receberam apoio destes
Fundos, apoio esse que foi variável devido ao carácter transversal do sector. Os destinos mais
importantes do turismo costeiro europeu receberam apoio através de programas operacionais
regionais e programas operacionais sectoriais nacionais. As intervenções incluíram pequenas
infra-estruturas turísticas, projectos de subvenção destinados a pequenas e médias empresas
(PME) turísticas, renovação das praias, regeneração urbana e apoio ao património cultural e
artístico.

Impacto sobretudo em termos de reforço institucional


O impacto global dos Fundos Estruturais no desenvolvimento regional é de natureza diversa.
Em termos qualitativos, esse impacto tem sido positivo, sobretudo no que se refere ao reforço
institucional e à capacidade de planeamento. Isto aplica-se especialmente no caso dos novos
Estados-Membros, que estão menos habituados a utilizar abordagens participativas vindas das
bases para o topo no planeamento público. Em termos quantitativos, é mais difícil identificar o
impacto dos Fundos Estruturais no turismo costeiro. Isto deve-se principalmente ao seguinte:
• O turismo não é uma prioridade das intervenções dos Fundos Estruturais, pelo que
apenas é afectada a este sector uma pequena proporção de recursos financeiros;
• As prioridades políticas dos planos de desenvolvimento regional só em casos
excepcionais incidem exclusivamente no turismo costeiro; normalmente, visam toda a
oferta turística de uma região;
• O turismo raramente é uma prioridade independente, estando geralmente associado a
estratégias mais amplas, destinadas a promover a competitividade, diversificar as
actividades produtivas em zonas em declínio; etc.

Em termos de tipologias de intervenção, continua a predominar o investimento físico e em


infra-estruturas destinado a aumentar a oferta de alojamento e a melhorar a acessibilidade de
certas zonas, e não as intervenções não físicas relacionadas com a prestação de serviços, o
marketing territorial ou a diversificação da oferta turística em geral. Contudo, existem
aparentemente indícios de que, em geral, as políticas regionais relativas ao turismo, no novo
período de programação, estão a avançar para uma abordagem mais qualitativa e integrada,
tendo em vista uma redução das pressões sobre as zonas costeiras e a oferta de um conjunto de
actividades e diversões mais desenvolvido.

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

As políticas relativas à acessibilidade e à protecção ambiental, embora não visem


especificamente o turismo, poderão contribuir indirecta mas significativamente para o seu
desenvolvimento.

Promoção das parcerias num quadro de governação de múltiplos níveis


O quadro de governação no sector do turismo caracteriza-se por ser composto por múltiplos
níveis e sectores. Se não for adoptada uma abordagem integrada da concepção e do
planeamento, corre-se o risco de serem introduzidas medidas antagónicas. Isto é especialmente
evidente no caso do ambiente: o património natural de uma região continua, por vezes, a ser
visto como uma limitação imposta à política de exploração comercial dessa região, em vez de
um valor a preservar como factor fundamental que a torna atraente.

Os estudos de casos mostraram que o impacto dos Fundos Estruturais no desenvolvimento dos
princípios da parceria, tendo em vista a formulação de políticas de desenvolvimento regional, é
bastante positivo e extremamente importante, embora nos novos Estados-Membros haja uma
menor integração da abordagem vinda das bases para o topo e do princípio da parceria do que
nos Estados-Membros mais antigos.

O grau de participação dos actores é mais visível nas actividades a montante, de concepção e
planeamento, do que nos mecanismos de execução e apresentação de resultados. Isto aumenta
normalmente a perspectiva a curto prazo do processo de planeamento, não contribuindo para o
diálogo nem para uma partilha clara de visões políticas, e é quando o papel dos actores é mais
dinâmico e relevante em todas as fases da formulação de políticas que se obtêm melhores
resultados.

No que se refere à tipologia dos actores, são as autoridades públicas locais das zonas costeiras
que desempenham geralmente o papel mais activo nas parcerias no domínio do turismo costeiro.
As autoridades públicas regionais e locais, o sector privado e as associações ambientais estão
normalmente ligados por uma relação de parceria. Uma abordagem mais inovadora do turismo
costeiro exige igualmente a participação de organismos ambientais, representantes dos sectores
produtivos ligados ao mar, peritos e actores dos sectores culturais, bem como elementos da
comunidade científica interessados em actividades marinhas.

Um efeito multiplicador ainda reduzido sobre os fundos privados


As contribuições nacionais correspondem, em média, à maior parcela do custo total dos
projectos nas regiões do Objectivo 2, ao passo que, nas regiões do Objectivo 1, são os fundos da
UE que mais contribuem para o co-financiamento dos projectos no sector do turismo. O
co-financiamento da UE representa a maior parcela apenas no caso de projectos de infra-
estruturas, que, no entanto, consistem geralmente em intervenções nos domínios dos transportes
e do ambiente, ou em medidas destinadas a restaurar ou valorizar o património artístico e
cultural.

A participação do sector privado continua a ser pouco relevante - tem sido bastante difícil na
maioria das localidades atrair financiamentos do sector privado para projectos turísticos.

A atitude habitual do sector privado em relação ao financiamento público é a de procurar obter


subvenções para financiar as suas necessidades de investimento. No caso de outras partes
interessadas, a promoção de um objectivo específico é a única contribuição prevista na

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concepção das intervenções, embora um esforço conjunto no sentido de aumentar a


atractividade de uma região beneficiasse de um quadro de intervenção menos fragmentado.

Os estudos de casos demonstraram que, verificando-se um apoio directo às empresas, o


processo de selecção dos projectos de investimento a beneficiar de co-financiamento é mais
favorável ao sector da transformação, por vezes em detrimento do sector dos serviços. Além
disso, nos novos Estados-Membros, a participação das empresas privadas tem sido restrita, em
parte devido ao reduzido grau de associação das empresas de turismo.

Uma abordagem mais estratégica exigiria esforços no sentido de incentivar os empresários e o


sector privado a tornarem-se investidores, em vez de serem simples beneficiários de subvenções
públicas. Um dos desafios primordiais das parcerias sector público/sector privado consiste em
encontrar formas sustentáveis e eficazes de oferecer incentivos aos investidores privados.

Revitalização da economia local


É demasiado cedo para discutir o impacto dos Fundos Estruturais no crescimento regional das
zonas costeiras no período de 2000-2006. De um modo geral, o impacto no crescimento
depende das características da região analisada. Quando o turismo costeiro e o turismo regional
coincidem, o impacto económico dos Fundos Estruturais é extremamente eficaz. É geralmente
reconhecido que o aumento do rendimento disponível é um dos factores que mais contribui para
reforçar a procura de turismo costeiro, e, por esta razão, o impacto positivo dos Fundos
Estruturais pode exercer um efeito indirecto positivo no turismo costeiro do lado da procura e
não da oferta. O bom planeamento e a boa gestão também afectam o impacto dos Fundos
Estruturais no crescimento: quanto mais o mecanismo dos Fundos Estruturais estiver integrado
na capacidade administrativa da região, maior será o seu impacto no crescimento regional.

Os estudos de casos também mostraram que as intervenções no turismo costeiro afectam a


dinâmica do emprego de uma maneira positiva em termos de criação de postos de trabalho no
sector. Quando existem regiões do interior onde se verifica um declínio das actividades rural e
industrial, o turismo costeiro pode atrair trabalhadores dos sectores em declínio. Contudo, uma
questão importante a considerar é a natureza dos novos empregos criados pelo turismo nas
regiões costeiras. O desenvolvimento do turismo caracteriza-se por um elevado grau de
emprego sazonal em regime de tempo parcial e em condições de trabalho de um modo geral
flexíveis. Os jovens e os trabalhadores menos especializados são frequentemente aqueles que
beneficiam das oportunidades de emprego no sector do turismo (como empregados de mesa,
cozinheiros, empregados de bar, animadores, promotores, monitores de actividades
desportivas). Neste contexto, os Fundos Estruturais são igualmente utilizados para melhorar a
qualidade do emprego no sector do turismo, uma questão que constitui motivo de grande
preocupação para os decisores políticos locais.

A diversificação como meio de reduzir a sazonalidade


A promoção de formas alternativas de turismo e a diversificação da oferta turística representam
o principal desafio para as políticas costeiras. A diversificação pode contribuir para melhorar a
atractividade dos destinos costeiros, ajudando-os a ir além do conceito tradicional de
"mar-sol-areia". A introdução de formas alternativas de turismo poderá ajudar a prolongar a
época turística, acarretando múltiplos benefícios, entre os quais se referem os seguintes:
• novas fontes de receitas, que por sua vez geram mais crescimento e emprego;

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

• redução do impacto e das pressões ambientais, económicas e sociais causadas pela


concentração do turismo num reduzido número de meses do ano;
• criação de novas actividades susceptíveis de contribuir para a preservação e
desenvolvimento do património local.

A experiência dos Fundos Estruturais está a produzir algumas soluções interessantes:


• uma estratégia inovadora procurará promover uma oferta turística integrada, susceptível
de articular o litoral com o interior e zonas diferentes;
• o turismo ligado ao património histórico e à cultura é uma maneira de diversificar a
oferta turística nas cidades costeiras com uma função industrial histórica e de remodelar
a identidade e as características distintivas de uma zona, transformando estâncias
costeiras em cidades de património costeiras;
• têm sido promovidas formas alternativas de turismo (por exemplo, "turismo de negócio",
com feiras e conferências dirigidas a uma base de clientes diferente);
• Nas regiões caracterizadas por uma actividade principal tradicionalmente assente no
conceito de "mar-sol-areia", têm sido envidados esforços destinados a desenvolver os
produtos de turismo transformando-os numa oferta mais sofisticada, que inclua várias
actividades de lazer de valor acrescentado, tais como desportos, health clubs e spas,
golfe, vela, turismo para idosos, parques temáticos, reuniões, conferências, etc.

O desenvolvimento sustentável é uma prioridade política fundamental


Os Fundos Estruturais têm dado um contributo positivo no sentido de uma maior sensibilização
para as questões ambientais e para a difusão dos objectivos do desenvolvimento sustentável no
planeamento regional, estabelecendo a questão do desenvolvimento sustentável como uma
prioridade transversal geral.

Como destinos em que a natureza desempenha um papel fundamental, as zonas insulares e


costeiras são as mais vulneráveis a mudanças ambientais causadas pelo clima, o que pode
conduzir a uma reformulação das opções e actividades turísticas.

A fim de resolver este problema, a Organização Mundial do Turismo (OMT) propõe uma
abordagem equilibrada baseada nos princípios da atenuação (isto é, acções tendentes a reduzir
factores que contribuem para as alterações climáticas, atenuando desse modo os seus efeitos) e
da adaptação (isto é, medidas necessárias para fazer face às consequências das alterações
climáticas).

Conclusões

A informação obtida através de uma análise da bibliografia e dos estudos de casos evidencia o
seguinte:
• no último período de programação, as intervenções no domínio do turismo costeiro
receberam um apoio considerável do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional,
no quadro dos programas operacionais regionais;
• a redução dos efeitos sazonais, o desenvolvimento sustentável e a diversificação dos
produtos são os futuros desafios do sector do turismo costeiro;

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

• o impacto dos Fundos Estruturais no turismo costeiro faz-se sentir principalmente ao


nível do reforço institucional e de capacidades;
• nos Estados-Membros mais antigos, o princípio da parceria parece estar firmemente
implantado como componente da programação e da concepção de projectos, ao passo
que, nos novos Estados-Membros, a participação em grande escala das partes
interessadas ainda não é a norma;
• as intervenções no quadro da política de coesão permitiram identificar preocupações
quanto à necessidade de adoptar uma abordagem integrada em relação à gestão
costeira e ao planeamento, especialmente no que se refere à protecção ambiental
(erosão costeira e biodiversidade);
• os fundos públicos nacionais ou regionais representam o principal contributo para o
co-financiamento de intervenções dos Fundos Estruturais, e constata-se que é difícil
atrair investidores privados na maioria das regiões (especialmente nas zonas rurais);
• as ilhas pequenas e as regiões ultraperiféricas são as zonas onde o impacto dos
Fundos Estruturais na revitalização da economia local é mais significativo;
• a diversificação da oferta de serviços é a principal estratégia adoptada para reduzir a
sazonalidade do turismo;
• o património natural de uma zona deixou de ser visto como um condicionamento,
sendo antes considerado uma mais-valia da oferta turística.

Recomendações

Comissão Europeia
No novo período de programação, as políticas da UE devem procurar:
• integrar as intervenções no domínio do turismo costeiro co-financiadas pelos Fundos
Estruturais em quadros mais alargados, especialmente a política marítima, a estratégia
relativa à gestão integrada das zonas costeiras, a rede transeuropeia de transportes e a
política ambiental da rede Natura 2000;
• definir uma abordagem integrada para a gestão total das intervenções que se inscrevam
em diversos domínios políticos, mas destinadas às zonas costeiras;
• promover actividades de avaliação e monitorização, a fim de verificar se o princípio do
desenvolvimento sustentável está a ser aplicado às intervenções no domínio do turismo
costeiro.

Os Estados-Membros e as zonas costeiras


Os decisores políticos a nível nacional e regional devem:
• promover uma transição de investimentos em infra-estruturas físicas, tendo em vista a
realização de actividades orientadas para a "criação de espaços" ("place-making") para a
diversificação de produtos e serviços através de actividades de "modelação de
localidades" ("place-shaping"). Para esse efeito, é necessário:
- complementar o produto tradicional "mar-sol-areia" com actividades de lazer
relacionadas com o mar (por exemplo, pesca ou mergulho);
- criar rotas e passeios temáticos tendo em vista a descoberta do património regional
do interior (por exemplo, a gastronomia);

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- converter as cidades e povoamentos que, historicamente, desempenharam uma


função industrial em destinos turísticos, através da promoção das suas características
arquitectónicas e culturais específicas;
- considerar a oportunidade de proceder a uma especialização de serviços e
alojamentos com vista a atrair homens de negócios em viagem;
• investir na visibilidade, perfil e desempenho dos projectos, a fim de modificar a atitude
do sector privado e levá-lo a fazer a transição de beneficiário de fundos públicos para
investidor a longo prazo (parcerias sector público/sector privado);
• adoptar uma perspectiva mundial em relação ao mercado do turismo, a fim de fazer face
à concorrência crescente de destinos não europeus de baixo custo;
• integrar o desenvolvimento de infra-estruturas e instalações turísticas nas medidas de
protecção ambiental;
• conceber programas de formação tendo em vista a criação de uma reserva de
trabalhadores especializados, capazes de fazer face à complexidade e diversidade
crescentes do sector do turismo.

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Acrónimos
AEA Agência Europeia do Ambiente
C&E Objectivo “Competitividade e Emprego”
CAP Comissão de Acompanhamento de Programas
CIP Programa-Quadro para a Competitividade e a Inovação
CLC Base de dados Corine Land Cover
DOCUP Documento Único de Programação
FE Fundo Estrutural
FEADER Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural
FEDER Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
FEOGA Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola
FEP Fundo Europeu das Pescas
FSE Fundo Social Europeu
GEFE Grupo para a Estratégia dos Fundos Estruturais
GIZC Gestão Integrada das Zonas Costeiras
I&D Investigação & Desenvolvimento
IFOP Instrumento Financeiro de Orientação das Pescas
IFT Inquérito às Forças de Trabalho

NACE H Nomenclatura Estatística das Actividades Económicas na


Comunidade Europeia, Hotelaria & Restauração
OMT Organização Mundial do Turismo
ONG Organização Não-Governamental
PIAC Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas
PME Política Marítima Europeia
PME Pequenas e Médias Empresas
PO Programa Operacional
POR Programa Operacional Regional
PPP Parceria Público-Privada
QCA Quadro Comunitário de Apoio
SEC Sistema Europeu de Contas

SWOT Análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats =


pontos fortes, pontos fracos, Oportunidades, Ameaças)
TIC Tecnologia da Informação e da Comunicação
TT Tema transversal
WEFO Welsh European Funding Office
WTTC Conselho Mundial de Viagens e Turismo

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Índice

Síntese iii

Acrónimos x

Lista de quadros xiii

Lista de figuras xiv

1. Introdução 1
1.1 Contexto 1
1.2. Objectivo 2
1.3 Âmbito 4
1.4 Metodologia 7
1.5 Estrutura do estudo 9
2. Tendências do turismo costeiro europeu 11
2.1 Panorâmica geral 11
2.2 Origens e evolução 12
2.3 Oferta e procura actuais na Europa 14
2.4 Turismo e emprego 26
3. O impacto dos Fundos Estruturais no turismo costeiro 29
3.1 Panorâmica geral 29
3.2 Fundos Estruturais para o turismo 32
4. Actores e parcerias 47
4.1 Panorâmica geral 47
4.2 Grau de participação 48
4.3 Tipologia dos actores 49
5. Recursos financeiros 53
5.1 Panorâmica geral 53
5.2 Parcerias público-privadas (PPP) 55
5.3 Melhores práticas de atracção de investidores privados 56
6. Revitalização da economia local 59
6.1 Panorâmica geral 59
6.2 Impacto no crescimento regional 60
6.3 Impacto no emprego regional 61
7. Redução dos efeitos sazonais 65
7.1 Panorâmica geral 65
7.2 Soluções de diversificação 66
8. Contribuição para os objectivos do desenvolvimento sustentável 71
8.1 Panorâmica geral 71
8.2 Alterações climáticas 74

xi PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

9. Conclusões 77
9.1 Conclusões gerais 77
9.2 Conclusões específicas 78
10. Recomendações 81
10.1 Recomendações à Comissão Europeia 81
10.2 Recomendações aos Estados-Membros e às zonas costeiras 81
Anexos 85

Referências 89

PE 397.260 xii
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Lista de quadros
Quadro 1. Indicadores socioeconómicos seleccionados para as regiões
costeiras por macrozona................................................................................................ 2
Quadro 2. Regiões costeiras NUTS 2 por macrozona................................................................... 6
Quadro 3. Estudos de caso: regiões seleccionadas........................................................................ 8
Quadro 4. Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões do Atlântico e do
Mar do Norte - 1995, 2000, 2005 (ordenada pelo número de camas em 2005).......... 16
Quadro 5. Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões do Mar Báltico -
1995, 2000, 2005 (ordenada pelo número de camas em 2005)................................... 18
Quadro 6. Capacidade de alojamento turístico colectivo nas regiões do
Mar Negro - 2005 (ordenada pelo número total de camas)........................................ 20
Quadro 7. Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões do Mar
Mediterrâneo - 1995, 2000, 2005 (ordenada pelo número de camas em 2005).......... 22
Quadro 8. Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões
ultraperiféricas - 1995, 2000, 2005 (ordenada pelo número de camas em 2005)....... 25
Quadro 9. Relação entre emprego em hotéis & restaurantes e emprego total, 2004 85
Quadro 10. Distribuição por objectivos das regiões costeiras no período 2000-2006, EU-15... 33
Quadro 11. Distribuição das regiões costeiras por Objectivo, 2007-2013, UE 27...................... 88
Quadro 12. Parcerias: exemplos de actores envolvidos em alguns projectos
relacionados com o turismo no período de 2000-2006............................................... 49
Quadro 13. Distribuição das despesas da Política de Coesão
por domínio na UE 25, 2000-2006.............................................................................. 53

xiii PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Lista de figuras

Gráfico 1. Número de regiões costeiras e não costeiras NUTS2 por país ................................... 4
Mapa 1. Regiões do Atlântico.................................................................................................... 15
Mapa 2. Regiões do Mar Báltico ............................................................................................... 17
Mapa 3. Regiões do Mar Negro ................................................................................................. 19
Mapa 4. Regiões do Mar Mediterrâneo ..................................................................................... 21
Mapa 5. Regiões do Mar do Norte............................................................................................. 23
Mapa 6. Regiões ultraperiféricas ............................................................................................... 24
Mapa 7. Relação entre emprego em hotéis & restaurantes e emprego total, 2004* .................. 27
Gráfico 2. Peso do turismo na economia das regiões costeiras europeias, com base num
estudo sobre o emprego no sector do turismo - 200................................................ 28
Mapa 8. Distribuição das regiões costeiras por Objectivo no período 2000-2006, UE 15 ........ 34
Mapa 9. Distribuição das regiões costeiras por Objectivo, 2007-2013, UE 27 ......................... 35
Gráfico 4. Número de regiões costeiras no período de 2000-2006, por Objectivo.................... 37
Gráfico 5. Dotação financeira do turismo por país e origem dos fundos (*), mil milhões de
euros, 2000-2006..................................................................................................... 54
Gráfico 6. Dotação financeira do turismo por Objectivo e origem dos fundos, 2000-2006...... 54
Gráfico 7. Projecto The Deep–Fontes de financiamento nas Fase 1 (esquerda) e na Fase 2
(direita), 2000-2006................................................................................................. 57

PE 397.260 xiv
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

1. Introdução
1.1 Contexto
A indústria do turismo é um sector transversal que afecta uma grande variedade de serviços e
áreas de actividade, nomeadamente os transportes, a construção, o comércio retalhista e outros
sectores prestadores de serviços ligados às viagens e ao lazer. 1

As estatísticas reconhecem e provam que o turismo é a maior indústria de serviços da União


Europeia, representando mais de 4% do PIB da Comunidade e empregando cerca de 4% da
força de trabalho total, quando se consideram apenas hotéis e agências de viagens (as principais
actividades). Se estendermos os dados às relações com outros sectores de actividade, como os
transportes, a cultura, as actividades recreativas, etc., estas estimativas sobem praticamente para
o triplo. 2 Dado este seu impacto na economia europeia, o turismo é por vezes visto como um
sector promissor em termos de contribuição para a realização dos objectivos de crescimento e
emprego da Estratégia de Lisboa.

Dentro do sector turístico, o ramo do turismo costeiro é, de longe, o mais importante no que
respeita aos números de visitantes e às receitas geradas. De entre os destinos turísticos, as zonas
costeiras são as mais escolhidas pelos turistas, sendo a região do Mar Mediterrâneo o primeiro
destino turístico do mundo. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), um terço das
receitas mundiais do turismo é gerado na região mediterrânica.

As regiões costeiras abarcam um vasto conjunto de contextos socioeconómicos, com diferentes


necessidades e padrões de desenvolvimento regional (ver Quadro 1).

A maioria das economias dos Estados-Membros com extensões de costa significativas denota
uma elevada dependência das receitas geradas por actividades ligadas ao mar, tais como o
turismo, a pesca, o transporte, etc.

A utilização do mar para fins tão diversos origina uma pressão crescente, isto porque:
• a falta de espaço provoca conflitos entre as várias actividades (pescas, serviços,
agricultura);
• os ecossistemas naturais que suportam as zonas costeiras enfermam de degradação,
nomeadamente devido aos impactos das mudanças climáticas;
• verificam-se grandes variações sazonais ao nível da população e do emprego.

1
De acordo com o último Relatório da DG Empresas sobre a “Indústria do turismo europeia na Comunidade alargada”, as
principais categorias de empresas identificadas como pertencentes ao “sector do turismo” são: a) hotéis e outros alojamentos
(divisão NACE H 551-552), b) restaurantes, bares, cantinas e catering (NACE H 553-555), c) agências de viagens e de turismo
(NACE I 633).
2
CE, Uma política de turismo europeia renovada - Rumo a uma parceria reforçada para o turismo na Europa, Bruxelas, 17 de
Março de 2006.

1 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Quadro 1. Indicadores socioeconómicos seleccionados para as regiões costeiras por macrozona

PIB per
Densidade Taxa de
capita em €
demográfica desemprego Pessoas empregadas por
N.º de 2004 em
Macrozona (*) (hab./km²), (%), 2005 sector (%)
regiões NPC (média
2004 (média no (média no
no nível
nível NUTS2) nível NUTS2)
NUTS2) Agricultura Indústria Serviços
Total de regiões
costeiras 128** 273,75 20 635 8,62 6,31 24,64 69,06
Mar do Norte 25 341,98 24 709 5,86 3,07 23,75 73,17
Oceano Atlântico 35 250,86 21 832 6,48 4,85 25,46 69,70
Mar Báltico 21 63,67 20 210 10,48 6,24 24,97 68,79
Mar
Mediterrâneo 40 400,32 18 988 9,87 9,33 25,41 65,26
Mar Negro 3 72,83 7820 9,42 33,47 27,45 39,08
Regiões
ultraperiféricas 7 223,7 15 529 17,11 5,24 17,99 76,77
Total de regiões
não costeiras 137 466,57 20 904 9,54 6,58 29,61 63,79
(*) As médias por região costeira/não costeira são todas calculadas considerando as regiões individualmente como medidas unitárias.
(**) Dinamarca, Vastverige (SE) e Schleswig-Holstein (DE) foram incluídas duas vezes, nas macrozonas do Mar Báltico e do Mar do Norte; as
Terras Altas e as Ilhas foram incluídas duas vezes, nas macrozonas do Oceano Atlântico e do Mar do Norte; a Andaluzia foi incluída duas vezes,
nas macrozonas do Oceano Atlântico e do Mar Mediterrâneo.

Fonte: Dados do Quarto Relatório sobre a Coesão (DG Regiões) processados pelos autores

O aumento dos fluxos turísticos nas zonas costeiras, nomeadamente sob a forma de turismo de
massas, está a suscitar preocupações crescentes em relação aos seus potenciais impactos
negativos, do ponto de vista ambiental, económico e social, no desenvolvimento regional. Os
Fundos Estruturais podem desempenhar um papel de promoção dos princípios do
desenvolvimento sustentável 3 na concepção e execução de intervenções relacionadas com o
turismo costeiro.

1.2. Objectivo
O presente estudo pretende oferecer uma análise qualitativa e abrangente do impacto das
despesas dos Fundos Estruturais (FE) em projectos turísticos nas regiões costeiras. O objectivo
do estudo é emitir recomendações e fornecer aos decisores políticos informação relevante em
matéria de apoio ao sector do turismo costeiro. O estudo descreve algumas práticas de utilização
de Fundos Estruturais para aplicar essas medidas, discutindo uma série de estratégias passíveis
de aplicação por parte dos decisores, com vista a responder eficazmente a tais desafios.

De um modo geral, o impacto quantitativo do turismo no desenvolvimento regional é calculado


com a ajuda de modelos de entradas/saídas ou da análise dos efeitos multiplicadores. Estes
estudos têm a ver com os efeitos directos, indirectos e induzidos dos fluxos turísticos no
produto, rendimento, emprego e valor acrescentado a nível regional e nos indicadores
económicos com eles relacionados. A natureza destes impactos varia em função dos destinos
turísticos e dos modelos de turismo.

3
O desenvolvimento sustentável equivale a conciliar o crescimento económico com a preservação dos recursos naturais e
humanos existentes. Deste modo, “pressupõe uma relação equilibrada entre os seres humanos, o desenvolvimento económico e
o ambiente” e “significa integrar as dimensões económica, social e ambiental no mesmo nível de consideração”. (Comité das
Regiões da UE. O Turismo Sustentável como Factor de Coesão Territorial na Europa. Luxemburgo, 2006).

PE 397.260 2
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Esta análise não é útil para os fins do presente estudo, nem se enquadra no âmbito do mesmo.
Assim, a abordagem adoptada vira-se antes para as dinâmicas globais de governação e gestão
inerentes a algumas práticas comuns, sejam elas bons ou maus exemplos, de aplicação dos FE
no apoio ao turismo nas regiões costeiras. Mais especificamente, o presente estudo aborda o
papel dos FE na/no:

• promoção das parcerias: discute a natureza da participação dos parceiros e dos actores
locais nas fases de programação e execução dos programas dos FE;
• estimulação financeira de investimentos nacionais: demonstra a capacidade dos FE
para estimular os investimentos financeiros nacionais/regionais no sector do turismo
costeiro;
• contribuição para a revitalização da economia: dá conta da relação entre a situação
económica em geral nas zonas costeiras e o papel das intervenções no sector do turismo
apoiadas pelos FE;
• incentivo à diferenciação dos tipos de turismo: analisa a capacidade dos FE para
incentivar novas formas de turismo, de modo a diminuir os efeitos sazonais;
• tomada em consideração da sustentabilidade ambiental: sublinha a capacidade dos
FE para promover intervenções conducentes a um turismo costeiro sustentável, tendo em
conta os efeitos das alterações climáticas (por exemplo, dificuldades no abastecimento
de água, temperaturas mais quentes) e outros desafios ambientais.

3 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

1.3 Âmbito
Existem diferentes tipos de destinos turísticos. De igual modo, foram propostos vários métodos
de classificação, baseados em características topográficas 4 , indicadores quantitativos 5 ou outros.

Gráfico 1. Número de regiões costeiras e não costeiras NUTS2 por

45

40
N.º regiões N.º regiões não costeiras
35 costeiras

30

25

20

15

10

0
AT CZ HU LU SK BE CY DK EE LV LT MT RO SI BG IE PL FI DE PT NL SE EL ES FR IT UK

Fonte: Autores

Embora existam diferentes definições para as zonas costeiras (ver Caixa 1), no âmbito do
presente estudo, a unidade de análise relevante são as regiões NUTS2 da UE banhadas pelo mar,
mesmo que se trate apenas de uma pequena parte do seu território (ver Gráfico 1).

4
Por exemplo, de acordo com o Eurostat 2002, o “turismo costeiro” caracteriza-se por uma forte concentração de
estabelecimentos de relativamente pequena dimensão, estadias com uma duração média de três dias, visitas de nacionais e uma
grande concorrência territorial, tanto intra-sectorial (com outras zonas costeiras) como intersectorial (com outras actividades
industriais).

5
Indicador 1: Intensidade turística, definida pelo número de camas afectas à actividade turística por habitante; Indicador 2:
Densidade turística, definida pelo número de camas afectas à actividade turística por km2; Indicador 3: Ocupação turística,
definida pelo número de estabelecimentos turísticos em cada 100 km. Fonte: Comité das Regiões, 2006.

PE 397.260 4
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

6
Caixa 1. Diferentes definições de zonas costeiras

Neste relatório, as linhas de costa (ou costeiras) são determinadas a partir da base de dados Corine Land Cover
(CLC). A parte terrestre da zona costeira é definida como uma área que se estende 10 km para o interior do
território a partir da linha de costa. Se necessário, a avaliação da zona costeira básica é complementada com
comparações entre a faixa costeira mais imediata (até 1 km), a área de influência costeira (a zona costeira entre 1
e 10 km a partir da linha de costa) e o território nacional não costeiro, designado por interior. A parte marítima da
zona costeira é definida como uma zona que se estende 10 km para dentro do mar (por exemplo, como na análise
de cobertura da rede Natura 2000) ou como uma zona variável da plataforma continental, consoante o aspecto em
análise (por exemplo, rotas de navegação, águas territoriais, pescas, dinâmicas costeiras). O termo genérico
utilizado no relatório é zona costeira, empregando-se também, como sinónimos, os termos costa, espaço costeiro
e sistemas costeiros, para uma melhor adaptação aos contextos específicos.

Em função dos dados das linhas de costa e da definição de zona costeira utilizada, as estimativas da zona costeira
terrestre europeia podem variar entre 4% a 13% da massa terrestre. Em conformidade com a definição supra e
com base nos dados da CLC, existem quase 185 000 km de linha de costa e 560 000 km2 de zonas costeiras
(parte terrestre) nos 24 países costeiros europeus cobertos por esta medição (20 Estados-Membros costeiros da
UE, mais a Noruega, a Islândia, a Bulgária e a Roménia). Esta área corresponde a 13% da massa terrestre total
destes países, ou a 11%, se considerarmos apenas os 20 países costeiros da UE.
Fonte: The Changing Faces of Europe's Coastal Areas, Relatório da AEA n.º 6/2006.

As regiões costeiras europeias estendem-se por mais de 89 000 km e abrangem muitos centros
urbanos com uma população superior a 50 000 habitantes, e também capitais como Atenas,
Copenhaga, Lisboa e Estocolmo. Em termos de destinos turísticos, as zonas costeiras incluem: 7
1) zonas urbanas e industriais, com elevada concentração populacional;
2) zonas de turismo intensivo, caracterizadas por centros urbanos e grandes variações
sazonais da população;
3) zonas naturais, rurais e piscatórias, associadas a povoamentos dispersos.

As regiões costeiras distribuem-se de forma desigual entre os Estados-Membros. Há países


europeus totalmente rodeados pelo mar e cuja economia depende maioritariamente de
actividades marítimas, por exemplo, em pequenas ilhas; outros, pelo contrário, nem sequer têm
saída para o mar (República Checa ou Áustria) ou têm apenas uma extensão limitada de linha de
costa (Eslovénia).

No que respeita às características geográficas, as regiões costeiras da UE estendem-se do Mar


Báltico ao Oceano Índico, e do Mar Negro às Caraíbas. Neste diversificado conjunto de meios
ambientes, é possível identificar seis macrozonas (ver Quadro 2), cada uma delas caracterizada
por um modelo específico de turismo costeiro, que são:
• a zona do Atlântico, com actividades desportivas e ligadas ao mar;
• a zona do Mar Báltico, cujo principal trunfo reside no património natural;
• a zona do Mar Negro, um novo destino de turismo de massas e turismo da saúde;
• a zona do Mediterrâneo, com o modelo “sol, mar e areia”;
• a zona do Mar do Norte, com património cultural e tradicional;
• a zona das regiões ultraperiféricas, que abrange as paisagens exóticas da Europa.

6
De acordo com a Agência Europeia do Ambiente (AEA), as zonas costeiras são:
"A parte do território terrestre afectada pela sua proximidade com o mar e a parte do mar afectada pela sua proximidade com o
território terrestre, visto que as actividades do homem baseadas em terra têm uma influência mensurável na química da água e
na ecologia marinha." http://glossary.eea.europa.eu/EEAGlossary/C/coastal_area
7
Noronha, L, et al. Managing Coastal Tourism (2003).

5 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Quadro 2. Regiões costeiras NUTS 2 por macrozona (*)

Regiões do Espanha: Galiza, Principado das Astúrias, Cantábria, País Basco, Andaluzia;
Atlântico França inclui: Picardia, Alta Normandia, Baixa Normandia, Norte - Pas-de-Calais, Pays de la
Loire, Bretanha, Poitou-Charentes, Aquitânia;
Irlanda; Border, Midland e Western, Southern e Eastern;
Portugal: Norte, Algarve, Centro (PT), Lisboa, Alentejo;
Reino Unido: Cumbria, Cheshire, Lancashire, Merseyside, Surrey, East e West Sussex,
Hampshire e Ilha de Wight, Gloucestershire, Dorset e Somerset, Devon, Cornualha e Ilhas de
Scilly, West Wales e The Valleys, Western Scotland, Terras Altas e Ilhas, Herefordshire,
Worcestershire e Warwickshire, Irlanda do Norte.
Regiões do Dinamarca;
Mar Báltico Estónia;
Letónia;
Lituânia;
Alemanha: Mecklenburg-Vorpommern, Schleswig-Holstein;
Polónia: Zachodniopomorskie, Warmińsko-Mazurskie, Pomorskie;
Finlândia: Itä-Suomi, Etelä-Suomi, Länsi-Suomi, Pohjois-Suomi, Åland;
Suécia: Estocolmo, Östra Mellansverige, Sydsverige, Norra Mellansverige, Mellersta Norrland,
Övre Norrland, Småland med öarna, Västsverige;
Regiões do Bulgária: Severoiztochen e Yugoiztochen;
Mar Negro Roménia: Sudeste.
Regiões do Grécia: Anatoliki Macedonia-Thraki, Kentriki Macedonia, Thessalia, Ipeiros, Ionia Nisia, Dytiki
Mediterrâneo Elláda, Sterea Elláda, Peloponnisos, Attiki, Voreio Aigaio, Notio Aigaio, Kriti;
Espanha: Catalunha, Comunidad Valenciana, Ilhas Baleares, Andaluzia, Región de Murcia,
Ciudad Autónoma de Ceuta, Ciudad Autónoma de Melilla;
França: Languedoc-Roussillon, Provence-Alpes-Côte d'Azur, Córsega;
Itália: Liguria, Veneto, Friuli-Venezia Giulia, Emilia-Romagna, Toscana, Marche, Lazio, Abruzzo,
Molise, Campania, Puglia, Basilicata, Calabria, Sicília, Sardenha;
Chipre,
Malta,
Eslovénia.
Regiões do Dinamarca;
Mar do Norte Bélgica: prov. West vlandereen;
Alemanha: Bremen, Lüneburg, Weser-Ems, Schleswig-Holstein;
Países Baixos: Groningen, Friesland, Flevoland, Noord-Holland, Zuid-Holland, Zeeland, Noord-
Brabant;
Suécia: Västsverige;
Reino Unido: Tees Valley e Durham, Northumberland, Tyne e Wear, Lincolnshire, North
Yorkshire, East Anglia, Essex, Kent, North Eastern Scotland, Eastern Scotland, East Riding and
North Lincolnshire, Terras Altas e Ilhas.
Regiões Espanha: Canárias;
Ultraperiféricas França: Guadalupe, Martinica, Guiana e Reunião;
Portugal: Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira.
(*)Dinamarca, Vastverige (SE) e Schleswig-Holstein (DE) foram incluídas duas vezes, nas macrozonas do Mar Báltico e do Mar do Norte; as
Terras Altas e as Ilhas foram incluídas duas vezes, nas macrozonas do Oceano Atlântico e do Mar do Norte; a Andaluzia foi incluída duas vezes,
nas macrozonas do Oceano Atlântico e do Mar Mediterrâneo.

Fonte: Autores

Do ponto de vista do desenvolvimento regional, as regiões costeiras evidenciam diferentes


abordagens do turismo costeiro. Mais especificamente, a canalização de Fundos Estruturais para
estas regiões representa uma boa oportunidade para planear o reforço da atractividade de uma
região.

PE 397.260 6
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

1.4 Metodologia
A estrutura do estudo assenta numa abordagem metodológica composta por dois elementos:

1) um quadro global traçado por uma síntese geral do sector do turismo costeiro e das
oportunidades de financiamento. Esta análise baseia-se na recolha e processamento de
dados secundários extraídos da vasta literatura existente sobre turismo, regiões costeiras e
FE. Foram efectuadas análises qualitativas e quantitativas;

2) o quadro global foi enriquecido com a análise de dados primários recolhidos no terreno e
provenientes de estudos de caso. Para o efeito, foram seleccionadas seis regiões costeiras-
alvo, no cumprimento dos seguintes critérios obrigatórios:
− representatividade das seis macrozonas;
− inclusão na amostra de pelo menos uma região insular;
− inclusão na amostra de pelo menos uma região transfronteiriça;
− equilíbrio razoável entre regiões do Objectivo “Convergência” e do Objectivo
“Competitividade e Emprego” (C&E).

A combinação dos critérios supramencionados resultou na selecção das seguintes regiões


(Quadro 3): Algarve (Portugal), Guadalupe (França, Região Ultraperiférica), Marche (Itália),
Pomorskie (Polónia), Região Sudeste (Roménia) e Yorkshire and The Humber 8 (Reino Unido).

A metodologia utilizada na análise dos estudos de caso incluiu um modelo comum de recolha de
dados visando garantir a sua comparabilidade através de uma grelha normalizada de recolha e
processamento dos dados. Foi levada a cabo uma análise transversal crítica dos estudos de caso,
à luz das cinco áreas temáticas identificadas como cruciais.

Relativamente aos estudos de caso, as principais ferramentas utilizadas na recolha de dados


foram as seguintes:

• entrevistas com:
- responsáveis do sector público pelas intervenções no domínio do turismo co-
financiadas pelos FE;
- representantes do sector do turismo privado;
- representantes de associações ambientais e outros actores relevantes;
• uma análise exaustiva de documentos de programação relevantes (Documento Único de
Programação (DOCUP), Programas Operacionais Regionais/Nacionais/Sectoriais,
Planeamento Sectorial Regional/Nacional) e de documentos de gestão (Relatórios
Anuais de Execução, Actualizações de Avaliação e Intercalares, especificações técnicas
para a selecção de projectos na área do turismo).

8
No caso do Reino Unido, foi seleccionada uma região NUTS1 (e não NUTS2), visto ser este o nível institucional encarregue
da gestão dos Programas Operacionais dos FE.

7 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Quadro 3. Estudos de caso: regiões seleccionadas

Macrozona Região Características turísticas

Graças a condições climáticas favoráveis de tipo mediterrânico, a região do Algarve


Atlântico Algarve revela-se um dos mais famosos destinos de turismo balnear de toda a costa
Portugal atlântica europeia. Além disso, junto ao mar existe uma zona montanhosa, o que dá
aos turistas a oportunidade de viverem uma experiência mais rica numa paisagem
Objectivo 1
(2000-2006)/ diversa. O produto turístico algarvio é particularmente diversificado. Praias bem
Região da equipadas, estâncias de golfe e modernos centros de congressos e reuniões
Convergência conjugam-se com a possibilidade de praticar vários desportos de mar e montanha e
(2007-2013) de experimentar as tradições culturais locais. A oferta de alojamento é caracterizada
por grandes hotéis. A maioria das dormidas registadas nos estabelecimentos de
alojamento algarvios é atribuída a visitantes estrangeiros, mas o número de
visitantes nacionais duplicou na década considerada.

Se a cintura costeira da região de Pomorskie se caracteriza por um grande número


Báltico Pomorskie de lagos, já o avanço para o interior do território permite descobrir montes moldados
Polónia por moreias de glaciares cobertos por florestas. Este cenário, aliado ao grande
número de parques e reservas naturais de interesse paisagístico, dos quais se
Objectivo 1
(2000-2006)/ destaca o Parque Nacional de Slowinski (incluído na lista da UNESCO da Rede
Região da Mundial de Reservas da Biosfera), define o produto turístico local. Além disso, as
Convergência características topográficas da região ajudaram a desenvolver o turismo pesqueiro,
(2007-2013) desportivo e da saúde, nomeadamente junto à costa, devido às boas condições
climáticas. No complexo “Tri-city” – nomeadamente em Gdansk -, a vitalidade
económica e social permitiu atrair um grande número de visitantes estrangeiros.

Mar Negro Sudeste A oferta turística romena está centrada no turismo balnear. As características
Roménia morfológicas das praias e o clima quente são os principais elementos de promoção
da zona costeira. O alojamento consiste maioritariamente em hotéis de média e
ISPA (2000-
grande dimensão. Ao invés, os demais estabelecimentos colectivos apresentam
2006)/
Região da uma dimensão média inferior e o seu número tem vindo a diminuir nos últimos anos.
Convergência Além do turismo balnear, registou-se um desenvolvimento do turismo cultural,
(2007-2013) assente em vestígios da presença grega datados do século VII a. C. O turismo da
saúde é um mercado com uma procura crescente, graças à boa reputação do Mar
Negro para a cura de doenças e lesões articulares e ao desenvolvimento de spas
especializados em banhos de lamas e tratamentos famosos a nível internacional.

A oferta regional baseia-se no turismo costeiro, desenvolvido de forma homogénea


Mediterrâneo Marche Itália em todas as estâncias costeiras. Na sua maioria, as costas são planas e
caracterizadas pela típica oferta de sol e mar. A zona costeira de Marche é
Objectivo 2
interrompida, perto de Ancona, pelo Monte Conero. É um dos poucos pontos altos
(2000-2006)/
Região da ao longo da costa e ofecere a oportunidade de praticar actividades como o
Convergência ecoturismo, o pedestrianismo e o ciclismo de montanha. Nos últimos anos, a oferta
(2007-2013) turística de maior sucesso tem estado ligada à gastronomia e aos vinhos, bem como
às pequenas aldeias históricas mais interiores. O forte interesse de turistas
estrangeiros (principalmente ingleses) em investimentos imobiliários decorre desta
tendência. A maioria dos turistas vem de Itália, mas o número de visitantes
estrangeiros, vindos sobretudo da Grã-Bretanha, Rússia, República Checa e
Eslovénia, está a aumentar.

A oferta do turismo costeiro da região de Yorkshire e Humber consiste sobretudo


Mar do Norte Yorkshire and em pequenos hotéis e casas de hóspedes. Os turistas mais frequentes são
The Humber nacionais do Reino Unido. Partes da zona interior estão urbanizadas (Iorque, Leeds
Reino Unido
e Sheffield são, simultaneamente, centros produtivos e pólos de atracção de
Objectivo 2 turistas), e a linha costeira tem para oferecer várias atracções para estadias curtas
(2000-2006)/ ao longo de todo o ano. Por outro lado, os turistas estrangeiros encontram aqui uma
Região da área interessante para as suas “prolongadas” férias de Verão: praias arenosas,
Competitivida arribas e paisagens marítimas espectaculares, património, cultura e prática
de & Emprego desportiva são os principais elementos da oferta turística local. O turismo
(2007-2013) internacional é igualmente influenciado pelo mercado da educação, para o estudo
da língua inglesa.

PE 397.260 8
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Os turistas que visitam Guadalupe são maioritariamente provenientes de França e


Regiões Guadalupe preferem alojar-se em hotéis de média e grande dimensão. Embora o número de
ultraperiféricas França estabelecimentos tenha conhecido um ligeiro declínio entre 1995 e 2005, o número
de camas disponíveis registou um crescimento notável. Os produtos oferecidos
Objectivo 1
(2000-2006)/ coadunam-se com as características culturais e geográficas da zona. Tal como
Região da acontece noutros países das Caraíbas, as condições climáticas favoráveis fazem
Convergência com que a atracção turística predominante seja o turismo de sol e mar, ao qual
(2007-2013) estão ligadas muitas outras actividades complementares, nomeadamente as
desportivas (mergulho, surf, windsurf, canoagem, pesca) e a observação de
cetáceos.
Fonte: Autores

1.5 Estrutura do estudo


O presente estudo começa por fazer uma síntese geral das tendências observadas no turismo
costeiro europeu, pondo em destaque as suas origens, evolução e características principais
segundo uma tipologia geográfica.

O corpo principal do estudo descreve o impacto dos FE no turismo costeiro europeu. Em


primeiro lugar, discute como podem os FE, directa ou indirectamente, apoiar o turismo nas
regiões costeiras, avaliando o que foi financiado durante o período de programação anterior e
apontando as orientações e estratégias definidas para o período de 2007-2013. Em segundo
lugar, esse impacto é investigado a par com as cinco questões essenciais atrás referidas: actores
e parcerias, recursos financeiros, revitalização das economias locais, redução dos efeitos
sazonais e contribuição para o desenvolvimento regional. Nestes contextos, foi recolhida
informação baseada na literatura existente e nos estudos de caso principais.

A última secção visa fornecer aos decisores políticos um conjunto de recomendações e


orientações para futuras políticas de turismo costeiro a aplicar no quadro dos Fundos
Estruturais.

9 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

2. Tendências do turismo costeiro europeu

Principais conclusões
• As regiões mediterrânicas continuam a ter um importante papel no turismo, sobretudo
como destinos de turismo balnear.

• Nas regiões do Atlântico e do Báltico, a oferta turística conjuga as actividades


marítimas com o património natural e cultural da área de influência costeira.

• Embora o desenvolvimento do turismo de massas nas regiões costeiras do Mar Negro


tenha, em comparação com outros destinos da UE, uma origem relativamente recente, os
números mostram já bons resultados.

• A preservação das tradições e da autenticidade das populações locais é uma preocupação


importante nas regiões ultraperiféricas.

• O turismo costeiro europeu enfrenta uma concorrência crescente e depara-se com a


evolução das necessidades dos turistas: o efeito global é a procura de uma maior
qualidade ao menor preço possível.

• Observa-se uma crescente preocupação com a preservação do património natural e


cultural das regiões costeiras.

2.1 Panorâmica geral

O conceito de turismo costeiro abarca uma ampla variedade de modelos de turismo


diferentes (ver Caixa 1). O turismo é uma das dinâmicas mais importantes no contexto do
desenvolvimento económico e cultural dos países europeus. A sua evolução está nitidamente
ligada a acontecimentos históricos ocorridos ao longo dos séculos e os seus impactos resultam
das mudanças de índole social, ambiental e cultural por ele suscitadas. Desde o século XVIII
que a extensa zona costeira europeia atrai um número crescente de visitantes em férias, sendo
actualmente um dos recursos turísticos mais importantes.

O sector do turismo costeiro da Europa atravessa um período de profundas alterações,


devido à concorrência cada vez maior e à evolução das preferências dos turistas. Daí
resulta a procura de uma maior qualidade ao menor preço possível. O popular modelo “sol,
mar e areia” está em declínio, visto que as expectativas dos turistas actuais são superiores às dos
turistas de há algumas décadas. Procuram uma grande variedade de actividades e experiências
de lazer associadas, tais como desportos, gastronomia, cultura e atracções naturais.

Ao mesmo tempo, as comunidades residentes nos destinos turísticos mostram-se cada vez
mais preocupadas com a preservação do seu património natural, económico e social, face
aos eventuais impactos negativos decorrentes do desenvolvimento de estabelecimentos e
equipamentos para fins turísticos.

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 2. Principais características do turismo regional europeu, de acordo com o Eurostat


Turismo costeiro • Forte concentração de estabelecimentos de relativamente pequena dimensão
• Turismo predominantemente doméstico
• Duração média da estadia de 3 dias
• Existência de concorrência intra e intersectorial
• Vasto planeamento territorial
Turismo urbano • Turismo de negócios, com uma vasta série de atracções
• Grandes hotéis distribuídos pelas grandes cidades europeias
• Predominam as pernoitas em hotéis
• Baixo nível de turismo doméstico, com algumas excepções
• Menor duração média da estadia
Turismo insular • Alta concentração de grandes estabelecimentos (de dimensão comparável aos do
turismo urbano)
• Turismo predominantemente não-residente (estrangeiros ou nacionais)
• Elevada duração média da estadia (mais alta com turistas estrangeiros, dentro da
média com turistas nacionais)
Turismo rural • Sítios naturais ou rurais como principal atracção
• Duração da estadia dentro da média nacional
• Turismo predominantemente doméstico, nomeadamente visitantes da região
Turismo de • Altamente sazonal
montanha • Maioria das dormidas durante o Inverno
• Em geral, baixa capacidade de camas dos hotéis; capacidade mais elevada em
destinos de turismo de massas
• Em geral, estadias curtas; estadias mais prolongadas em destinos de turismo de
massas
• Turismo predominantemente doméstico, à excepção dos Alpes

Fonte: Comité das Regiões da UE, 2006

2.2 Origens e evolução

As origens do turismo costeiro na Europa remontam à Grã-Bretanha do século XVIII,


época em que a aristocracia inglesa começa a olhar o mar não apenas como um recurso natural,
mas também como um destino para passar os seus tempos de ócio (ver Caixa 3). O
desenvolvimento de prescrições médicas aludindo à natureza saudável das águas frias, os efeitos
socioeconómicos da urbanização durante a Revolução Industrial e a existência de uma classe
superior alargada e abastada constituíram factores determinantes para o aparecimento do
turismo nas zonas costeiras.

Devido às mesmasrazões médicas que ditaram o sucesso das costas inglesas, a prática de passar
as férias à beira-mar alastrou ao continente. Até à primeira metade do século XIX, os centros de
turismo balnear mais importantes e famosos situavam-se ao longo das costas do Mar do Norte,
do Mar Báltico e do Atlântico, onde os turistas procuravam águas frias e zonas urbanizadas.

PE 397.260 12
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 3. As origens do turismo costeiro

A cidade de Scarborough, na costa do Mar do Norte, famosa desde 1627 pelas propriedades curativas
da sua água de nascente, foi a primeira estância costeira na história do turismo europeu. Nos fins do
século XVIII e durante o século XIX, Brighton foi, com o patrocínio da realeza, uma das mais
importantes estâncias à beira-mar. O sucesso destas e de outras estâncias resultou das razões
médicas, que propagavam a ideia de que os banhos nas águas frias do mar eram uma prática
saudável. No entanto, neste período, a praia era associada a passeios e conversas à beira-mar e não a
banhos de sol, que se acreditava serem perigosos.

A partir dos anos 1840, a introdução do caminho-de-ferro permitiu que cada vez mais pessoas (também
das classes inferiores) pudessem viajar para diferentes partes de Inglaterra e passar as suas férias em
novos destinos costeiros, tais como Essex, Kent e Devon. Este processo culminou, entre 1880 e 1910,
com a construção dos primeiros centros balneares, acompanhados de infra-estruturas e operadores
locais vocacionados para a organização dos tempos livres dos turistas. Blackpool, na costa noroeste de
Inglaterra, tornou-se a mais famosa estância costeira da classe operária.

Fonte: Autores

Os progressos socioeconómicos ocorridos durante o século XX, a reavaliação dos efeitos


benéficos do sol e o desenvolvimento de viagens internacionais baratas determinaram o relativo
declínio dos sítios de elite do norte da Europa e a ascensão das regiões mediterrânicas
enquanto destinos turísticos de massas. Após a II Guerra Mundial, todos os destinos europeus
registavam um sucesso crescente, mas os que melhor representavam esta tendência eram as
cidades e praias das linhas costeiras de Itália, Espanha e Grécia, que continuam a ser os destinos
de turismo balnear mais famosos e em cujas estâncias se desenvolveu o modelo típico do
turismo urbano (ver Caixa 4).

Caixa 4. A evolução e expansão do turismo costeiro: do Norte da Europa ao Mediterrâneo

Até à primeira metade do século XIX, a maior parte dos centros de turismo balnear situava-se ao longo
das costas do Mar do Norte, do Mar Báltico e do Atlântico, uma vez que os turistas demandavam o mar
no Verão, mas em busca de águas frias e zonas urbanizadas, de acordo com as prescrições médicas.

A costa atlântica de França desenvolveu o turismo balnear no início do século XIX, e uma das
primeiras cidades a acolhê-lo foi Dieppe. Entre 1830 e 1850, a região da Normandia assistiu a um
crescimento vigoroso de novos centros turísticos costeiros, caracterizados tanto pelos seus visitantes
aristocráticos como pela presença de artistas.

A única região turística de Espanha situava-se entre San Sebastian e Santander, mas o atraso
económico e a distância em relação a Madrid impediam estes destinos de ter grande sucesso.

O primeiro destino costeiro mediterrânico a atrair uma clientela altamente cosmopolita foi a Côte d’Azur
francesa, designadamente a cidade de Sète, que introduziu esta zona no circuito do turismo
internacional. As regiões do Mediterrâneo estreiam-se assim no quadro do turismo europeu e, na
sequência das mudanças socioeconómicas ocorridas na Europa durante o século XX, depressa se
tornam os destinos de maior sucesso, contribuindo para o surgimento do turismo da classe média.

Fonte: Autores

13 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

2.3 Oferta e procura actuais na Europa


Na última década, o turismo conheceu um pujante crescimento nas regiões costeiras europeias.
Em 2005, os hotéis destas regiões ofereciam mais de 6,7 milhões de camas. Excluindo as
regiões do Mar Báltico, sem dados relativos aos anos anteriores, este número cai para cerca de
6,5 milhões (+10% relativamente a 2000 e +36% relativamente a 1995). Em 2005, mais de 55%
das camas eram oferecidas nas regiões do Mar Mediterrâneo, o que confirma o seu estatuto
de principais destinos do turismo balnear. Esta tendência revela o desenvolvimento das zonas
costeiras europeias resultante do desenvolvimento de destinos de turismo balnear.

As regiões mediterrânicas viram-se forçadas a reformular a sua oferta local para enfrentar a
concorrência de novos destinos costeiros europeus menos congestionados e mais baratos.
Contudo, o modelo do turismo urbano por elas desenvolvido ao longo da maior parte do século
passado foi considerado fundamental para o sucesso dos destinos europeus que decidiram
explorar o seu património costeiro. Assim, as estâncias marítimas das regiões búlgaras de
Severoiztochen e Yugoiztochen e da região sudeste da Roménia parecem ser um reflexo das
existentes nas costas espanhola, francesa e italiana.

A possibilidade de copiar o modelo de turismo mediterrânico está obviamente ligada às


condições climáticas locais, propícias aos banhos de mar durante a época estival. Por este
motivo, os destinos costeiros de Espanha e Portugal aparentam ser os mais importantes centros
de turismo balnear das regiões do Atlântico. A existência de condições favoráveis na parte sul
da região do Mar Báltico permite a oferta, nas costas alemã e polaca, de um “produto”
semelhante, com praias arenosas, estâncias marítimas e entretenimento. Embora alguns outros
países do Báltico, como a Dinamarca, Estónia, Lituânia, Finlândia e Suécia, sejam
caracterizados por temperaturas mais frias e uma curta época balnear, o mar contíguo à sua
linha costeira é igualmente apreciado pelo seu valor paisagístico e enquanto recurso natural
propício para a prática de diferentes desportos. De igual modo, aquilo que hoje caracteriza a
oferta turística das regiões costeiras do Reino Unido é a combinação do mar com o
património natural e cultural da área de influência.

PE 397.260 14
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Regiões do Atlântico: desportos e actividades ligadas ao mar


Mapa 1. Regiões do Atlântico

Fonte: Autores

Ao longo das regiões costeiras do Atlântico, as praias e estâncias históricas são uma
característica típica das tendências do turismo local. É por isso que o turismo balnear,
enriquecido com o património natural e cultural, se afirma como a actividade preferida, se bem
que, nas zonas mais a norte, as condições climáticas menos favoráveis tenham levado ao
desenvolvimento do turismo desportivo e do turismo alicerçado no património natural ou
cultural.

O Reino Unido conta, entre os seus recursos turísticos, com as praias arenosas da costa do
Lancashire, das praias de surf de Devon e da Cornualha, da Costa Jurássica de Dorset e East
Devon, conhecida pelo seu valor geológico e classificada como Sítio Património Mundial, e o
Parque Nacional da Costa do Pembrokeshire. Grande parte da linha costeira, que inclui algumas
das melhores praias britânicas, é detida e gerida pelo National Trust. As regiões costeiras
britânicas banhadas pelo Atlântico são igualmente célebres pela sua tradição na prática da vela. 9

O litoral atlântico espanhol, pejado de praias históricas, combina as actividades marítimas com
as de montanha e atrai turistas ansiosos por explorar as paisagens naturais e o património
cultural da zona. Na região costeira do norte da França, o clima mostra-se ameno e temperado,
não diferindo muito do que se faz sentir nas regiões costeiras belgas e inglesas. A título de
exemplo, graças a uma situação geográfica privilegiada, Poitou Charentes é conhecida pelas
suas muitas horas de sol e La Rochelle é uma das cidades marítimas mais visitadas de toda a

9
Southampton, a Ilha de Wight, Brighton, Dover, Eastbourne, Devon, Cornualha e as Ilhas do Canal (Inglaterra), Península de
Gower e Pembrokeshire (País de Gales) e o Firth of Clyde (Escócia) estão entre os locais mais conhecidos para velejar ao longo
da costa atlântica da Grã-Bretanha. Cowes, na Ilha de Wight, acolhe a mais longa regata marítima do mundo. As famosas praias
de surf situam-se em Devon e na Cornualha.

15 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

França. Entre as actividades turísticas estão o desporto (golfe, ciclismo, hipismo, pesca à linha),
a gastronomia e as actividades ligadas ao património natural e cultural.

Em Portugal, o turismo costeiro caracteriza-se por duas vertentes principais: areia e praia. O
Algarve, a sul, é o destino de turismo costeiro mais procurado do país. Além desta oferta
turística “tradicional”, o golfe é um segmento de mercado em crescimento, sendo visto como
um elemento muito importante de diversificação da oferta turística durante o Verão.

O Quadro 4 mostra os principais indicadores relativos à capacidade de alojamento nas regiões


do Atlântico e do Mar do Norte.

Quadro 4 – Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões do Atlântico e do Mar do


10
Norte - 1995, 2000, 2005 (ordenada pelo número de camas em 2005)
Camas
1995 2000 2005 de
Var. % Var. % hotel.
camas camas '05/Total
Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas 05/95 05/00 camas
'05
(%)
Reino Unido(a) 29 725 610 054 45 439 793 826 28 356 730 880 19,8 -7,9 40,8
Espanha 3002 228 601 5467 304 039 6400 400 329 75,1 31,7 57,4
França 5406 284 740 5096 339 054 5037 379 301 33,2 11,9 21,4
Portugal 1553 183 676 1568 195 570 1738 227 283 23,7 16,2 55,8
Irlanda ind. ind. 5449 138 579 4407 148 653 - 7,3 71,8
Alemanha 3985 133 456 1995 140 372 3547 137 063 2,7 -2,4 26,9
Países Baixos ind. ind. 1755 117 290 1940 131 763 - 12,3 20,3
Dinamarca 564 98 991 466 62 107 480 69 932 -29,4 12,6 17,9
Suécia ind. ind. 297 32 648 280 34 178 - 4,7 22,0
Bélgica 643 32 398 611 31 430 550 29 912 -7,7 -4,8 30,3
TOTAL 44 878 1 571 916 70 025 2 154 915 52 735 2 289 294 45,6 6,2% 34,3
Fonte: Dados do Eurostat processados pelos autores
(a)
O número de camas de todos os estabelecimentos colectivos em 1995 não inclui as zonas de North Eastern Scotland, Eastern
Scotland, Terras Altas e Ilhas, West Wales e The Valleys, East Wales e South Western Scotland, visto não haver dados
disponíveis.

10
Os dados referem-se apenas às regiões europeias banhadas pelo Oceano Atlântico e pelo Mar do Norte, classificadas no nível
NUTS II do Eurostat. Espanha inclui: Galiza, Principado das Astúrias, Cantábria, País Basco, Andaluzia; França inclui:
Picardie, Alta Normandia, Baixa Normandia, Norte - Pas-de-Calais, Pays de la Loire, Bretanha, Poitou-Charentes, Aquitânia;
Alemanha inclui: Bremen, Lüneburg, Weser-Ems, Schleswig-Holstein; Irlanda inclui: Border, Midland and Western, Southern
and Eastern; Países Baixos incluem: Groningen, Friesland, Flevoland, Noord-Holland, Zuid-Holland, Zeeland, Noord-Brabant;
Portugal inclui: Norte, Algarve, Centro (PT), Lisboa, Alentejo; Reino Unido inclui: Tees Valley e Durham, Northumberland e
Tyne and Wear, East Riding e North Lincolnshire, North Yorkshire, Lincolnshire, East Anglia, Essex, Kent, North Eastern
Scotland, Eastern Scotland, Terras Altas e Ilhas, Cumbria, Cheshire, Lancashire, Merseyside, Herefordshire, Worcestershire e
Warwickshire, Berkshire, Buckinghamshire e Oxfordshire, Surrey, East e West Sussex, Hampshire e Ilha de Wight,
Gloucestershire, Wiltshire e North Somerset, Dorset e Somerset, Cornualha e Ilhas de Scilly, Devon, West Wales e The Valleys,
East Wales, South Western Scotland, Irlanda do Norte; Suécia inclui: Västsverige; Dinamarca: é incluída por inteiro.

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Regiões do Mar Báltico: o património natural como principal trunfo


Mapa 2. Regiões do Mar Báltico

Fonte: Autores

O aspecto que melhor representa o desenvolvimento do turismo na região do Mar Báltico é o


objectivo comum de criar um sistema de turismo integrado visando o crescimento económico
dos países envolvidos. O Fórum de Desenvolvimento do Báltico, uma organização em rede
independente e sem fins lucrativos que inclui membros em representação de grandes empresas,
grandes cidades, investidores institucionais e associações empresariais da região do Mar
Báltico, está profundamente envolvido neste projecto.11 As previsões do Conselho Mundial de
Viagens e & Turismo (WTTC) para 2006 mostravam que a indústria das viagens e do turismo
não tem grande peso no crescimento e no emprego dos países em redor do Mar Báltico, mas as
suas atracções naturais e culturais poderão alterar esta tendência. 12

Os destinos costeiros do Mar Báltico atraem turistas devido, principalmente, ao seu património
natural e cultural e às suas paisagens:
• a costa dinamarquesa é especialmente conhecida pelos seus preços acessíveis e pela sua
oferta cultural única de castelos e solares, bem como pelas suas excelentes praias de
veraneio;
• o Oeste da Estónia, à semelhança da Letónia e da Lituânia, oferece uma costa com traços
pitorescos e paisagens variadas, assim como percursos pedonais e para estudo da
natureza, percursos ciclopédicos e a oportunidade de experimentar modos de vida
tradicionais. Além dos grandes portos marítimos, existem também pequenas aldeias

11
As organizações mencionadas incluem também países não pertencentes à União Europeia.
12
Em 2006, a contribuição percentual da indústria das viagens e turismo para o PIB foi de 3% na Dinamarca, 3,5% na Estónia,
3,2% na Finlândia, 2,7% na Alemanha, 1,3% na Letónia, 1,6% na Lituânia, 2% na Polónia e 2,7% na Suécia.

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

piscatórias e um singular património natural feito de praias arenosas, dunas e formações


rochosas;
• o património natural existente nas regiões costeiras da Finlândia serve de tema para
alguns dos destinos turísticos mais importantes, enquanto que as regiões costeiras suecas
se vangloriam de possuir uma das mais importantes tradições náuticas, nomeadamente na
cidade de Estocolmo, que alberga uma famosa escola de vela.

Porém, algumas regiões da Alemanha e da Polónia aparentam caracterizar-se por um modelo de


turismo semelhante ao modelo de turismo urbano das regiões mediterrânicas, com praias
arenosas, estâncias marítimas e actividades de entretenimento com um conjunto variado de
atracções, a possibilidade de praticar golfe, kite surfing, skate, ciclismo, mergulho e pesca, e
ainda a oportunidade de visitar spas, quintas e faróis e de experimentar a gastronomia local.

As regiões costeiras da Suécia possuem o maior número de camas de hotel na zona do Mar
Báltico. Contudo, entre 1995 e 2005, o crescimento mais constante coube à Estónia, Lituânia e
Polónia, que revelam assim o seu estatuto de destinos turísticos europeus emergentes.

Finalmente, o número de dormidas dos visitantes nacionais, que correspondeu a cerca de 70%
do total de dormidas em todos os anos considerados, mostra que a costa do Mar Báltico atrai, de
um modo geral, um turismo mais doméstico do que internacional.

O Quadro 5 mostra os principais indicadores relativos à capacidade de alojamento nas regiões


do Mar Báltico.

Quadro 5 – Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões do Mar Báltico 13 - 1995, 2000,
2005 (ordenada pelo número de camas em 2005)
Camas
1995 2000 2005 de
Var. % Var. % hotel.
camas camas '05/Total
05/95 05/00 camas
Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas
'05
(%)
Suécia(a) 1330 127 209 1609 155 641 1577 163 292 28,4 4,9 28,2
Alemanha 2683 104 322 2944 130 329 2716 131 427 26,0 0,8 25,8
Finlândia 936 105 030 1011 117 322 938 117 605 12,0 0,2 55,9
Dinamarca 564 98 991 466 62 107 480 69 932 -29,4 12,6 17,9
Polónia 233 19 333 314 26 428 446 36 597 89,3 38,5 16,1
Estónia 160 10 576 350 16 292 317 25 228 138,5 54,8 66,2
Lituânia 143 9765 227 11 489 331 19 940 104,2 73,6 66,1
Letónia 135 13 376 166 11 890 337 19 229 43,8 61,7 80,0
TOTAL 6184 488 602 7087 531 498 7142 583 250 19,4 9,7 25,3
Fonte: Dados do Eurostat processados pelos autores
(a)
Não existem dados sobre o número de estabelecimentos e camas de 1995 em Småland med öarna.

13
Os dados referem-se apenas às regiões europeias banhadas pelo Mar Báltico, classificadas no nível NUTS II do Eurostat. A
Dinamarca, Estónia, Letónia e Lituânia são consideradas por inteiro; a Alemanha inclui: Mecklenburg-Vorpommern,
Schleswig-Holstein; a Polónia inclui: Zachodniopomorskie, Warmińsko-Mazurskie, Pomorskie; a Finlândia inclui: Itä-Suomi,
Etelä-Suomi, Länsi-Suomi, Pohjois-Suomi, Åland; a Suécia inclui: Estocolmo, Östra Mellansverige, Sydsverige, Norra
Mellansverige, Mellersta Norrland, Övre Norrland, Småland med öarna.

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Regiões do Mar Negro: novos destinos de turismo de massas e da saúde


Mapa 3. Regiões do Mar Negro

Fonte: Autores

Embora o desenvolvimento do turismo de massas nas regiões costeiras do Mar Negro tenha
origens relativamente recentes, as estatísticas do turismo demonstram a popularidade crescente
destes destinos.

Nos últimos dez anos, os destinos costeiros europeus mais procurados, os das regiões
mediterrânicas, têm sido imitadas pelas regiões que bordejam o Mar Negro. Focalizadas no seu
património natural e cultural, estas últimas desenvolveram o típico modelo de turismo urbano
do Mediterrâneo e apresentam uma oferta combinada de praias arenosas, monumentos antigos e
estâncias modernas para captar a procura do turismo internacional.

Na Bulgária, o número de estabelecimentos aumentou a uma taxa média anual de +13,7% no


período de 2000-2005. Apesar de as estâncias marítimas ao longo da linha de costa resultarem
do desenvolvimento do turismo na última década, os grandes hotéis, os motéis e as propriedades
de turistas em Varna e Bourgas já eram destinos turísticos antes desta vaga recente. Com o seu
porto, Varna é o centro da costa norte do Mar Negro, sendo também célebre pelo seu património
cultural. Por seu lado, Bourgas é um dos mais importantes centros industriais do país.

A Roménia, outro destino turístico emergente na Europa Oriental, alcançou, em 2005, um saldo
positivo de 136 milhões de euros entre despesas e receitas do turismo. 14 Na Roménia, a
ausência de marés e correntes, aliada à latitude média, à baixa altitude e à exposição da costa ao
clima vindo de leste, resulta numa longa época turística, com mais de 14 horas de sol por dia no

14
Fonte: Eurostat Pocketbooks – Tourism Statistics, edição de 2007.

19 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

pico do Verão, 24 a 25 dias de sol por mês durante a estação estival e temperaturas da água do
mar entre 23° e 26°C em Julho e Agosto. A porta de entrada para todos os destinos costeiros é a
cidade de Constanta, o principal porto da Roménia. O modelo de turismo característico desta
zona costeira europeia assemelha-se ao da Bulgária. Além das instalações modernas oferecidas
pelas estâncias costeiras, os turistas podem visitar um grande número de sítios históricos,
monumentos antigos e aldeias tradicionais apostadas em preservar o seu património cultural. A
região costeira romena do Sudeste é igualmente famosa pelas suas vinhas e pelos seus spas, em
especial nas regiões de Eforie Nord e Mangalia, especializadas em tratamentos de banhos de
lama.

O Quadro 6 mostra os principais indicadores relativos à capacidade de alojamento nas regiões


do Mar Negro.

Quadro 6 – Capacidade de alojamento turístico colectivo nas regiões do Mar Negro 15 - 2005 (ordenada pelo
número total de camas)

Hotéis e estabelecimentos similares Outros estabelecimentos colectivos, Total Estabelecimentos turísticos colectivos, Total
Dimensão Dimensão Dimensão
Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas
média média média
Bulgária 703 154 283 219,5 126 10 806 85,8 829 165 089 199,1

Roménia 904 94 065 104,1 324 38 900 120,1 1228 132 965 108,3

TOTAL 1607 248 348 154,5 450 49 706 110,5 2057 298 054 144,9
Fonte: Dados do Eurostat processados pelos autores

15
Os dados referem-se apenas às regiões europeias banhadas pelo Mar Negro, classificadas no nível NUTS II do Eurostat. A
Bulgária inclui Severoiztochen e Yugoiztochen; a Roménia inclui a região do Sudeste. Não existem dados de 1995 e 2000.

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Regiões do Mar Mediterrâneo: o modelo “sol, mar e areia”


Mapa 4. Regiões do Mar Mediterrâneo

Fonte: Autores

A costa mediterrânica parece ser a zona que melhor representa as tendências do turismo
europeu. O crescimento mais significativo ocorreu nos últimos 20 anos, período em que o
crescendo da procura de férias de alta qualidade induziu o desenvolvimento conjunto de
unidades de alojamento, infra-estruturas e equipamentos de lazer. Na esteira desta tendência, a
Eslovénia reforça neste momento a sua condição de destino turístico. Não obstante, as costas da
Grécia, Espanha, França, Itália, Chipre e Malta podem ser consideradas como os destinos
turísticos mais populares da Europa. 16

Devido às suas condições culturais, ambientais, geográficas e climáticas, a capacidade de


atracção das zonas costeiras do Mediterrâneo conheceu um grande incremento nas últimas
décadas. 17 O sol, as praias urbanas e os baixos preços, nomeadamente da comida e do vinho,
são as principais razões subjacentes à pressão continuadamente exercida sobre o Mar
Mediterrâneo. O cada vez maior número de companhias aéreas de baixo custo, que permite que
as pessoas viajem com as tarifas mais baixas de sempre, contribui para o crescimento da procura
internacional.

Porém, novos destinos europeus concorrem agora com as costas mais lotadas de Espanha,
França, Itália e Grécia, ainda consideradas os destinos turísticos mais atraentes da zona do
Mediterrâneo. Apesar do grande número de visitantes, as regiões costeiras mediterrânicas estão

16 Embora não façam parte da União Europeia, são também aqui incluídas as regiões da Croácia.
17 A acreditar nas previsões do WTTC, a contribuição percentual da indústria das viagens e turismo para o PIB da UE em 2006
foi de 6,5% na Grécia, 6,9% em Espanha, 4,4% em França, 4,6% em Itália, 10,7% no Chipre, 13,2% em Malta e 3,4% na
Eslovénia.

21 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

a ser afectadas pelas mudanças trazidas pelos “novos” turistas do que outras regiões costeiras
“mais jovens” da Europa.

Enquanto que os turistas das décadas de 1960 e 1970 costumavam fazer as férias no mesmo
local e por um longo período, os turistas de hoje preferem fugir mais vezes da cidade durante o
ano e experimentar diferentes tipos de actividades. 18 Esta mudança de hábitos fez com que as
regiões mediterrânicas começassem a desenvolver outras formas de turismo, ligadas aos seus
recursos e paisagens costeiras e ao seu património cultural e natural. A pesca, a degustação de
vinhos, a gastronomia, a saúde e bem-estar e o ecoturismo são apenas alguns exemplos desta
tendência. Este tipo de oferta é também uma resposta ao fenómeno das alterações climáticas,
que está a influenciar o estilo de vida junto ao mar, bem como o comportamento dos turistas.

Combinando todas estas características, a zona do Mar Mediterrâneo é tipificada por estâncias
marítimas, novas formas de alojamento ligadas ao “ecoturismo” e centros de saúde e beleza,
todos eles visando satisfazer as necessidades de um ambiente familiar e de autenticidade.

O Quadro 7 mostra os principais indicadores relativos à capacidade de alojamento nas regiões


do Mar Mediterrâneo.

Quadro 7 – Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões do Mar Mediterrâneo 19 - 1995,
2000, 2005 (ordenada pelo número de camas em 2005)
Camas
1995 2000 2005 de
Var. % Var. % hotel.
camas camas '05/Total
05/95 05/00 camas
Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas
'05
(%)
Itália 22 463 1 245 482 21 943 1 348 571 22 125 1 493 005 19,9 10,7 43,9
Espanha (a) 5108 709 372 7682 857 947 8175 1 004 122 41,6 17,0 52,8
Grécia 7703 554 225 8274 603 972 8938 677 804 22,3 12,2 87,6
França 3772 217 538 3852 340 117 4044 397 485 82,7 16,9 33,4
Chipre 538 77 259 583 84 479 785 91 264 18,1 8,0 95,7
Malta 256 37 190 246 40 782 173 37 322 0,4 -8,5 98,2
Eslovénia 307 30 755 448 30 576 344 29 971 -2,5 -2,0 46,4
TOTAL 40 147 2 871 821 43 028 3 306 444 44 584 3 730 973 29,9 12,8 50,0
Fonte: Dados do Eurostat processados pelos autores
(a)
O número de camas de todos os estabelecimentos colectivos em 2005 não inclui os “outros estabelecimentos colectivos” da
Ciudad Autónoma de Ceuta e da Ciudad Autónoma de Melilla, visto não existirem dados disponíveis.

18
No que respeita à procura turística, o número de dormidas em hotéis e estabelecimentos similares da zona mediterrânica
aumentou 24,7% entre 1995 e 2005, mas mostrou-se mais ou menos estável em 2005 face a 2000 (-0,1%). Simultaneamente, o
crescimento contínuo das chegadas entre 1995 e 2005 (+42,7%) e desde 2000 (+6,6%) esteve associado a uma diminuição da
duração média da estadia de 4 dias em 1995 para 3,5 dias em 2005.
19 Os dados referem-se apenas às regiões europeias banhadas pelo Mar Mediterrâneo, classificadas no nível NUTS II do
Eurostat. A Grécia inclui: Anatoliki Macedonia-Thraki, Kentriki Macedonia, Thessalia, Ipeiros, Ionia Nisia, Dytiki Elláda,
Sterea Elláda, Peloponnisos, Attiki, Voreio Aigaio, Notio Aigaio, Kriti; Espanha inclui: Catalunha, Comunidad Valenciana,
Ilhas Baleares, Andaluzia, Región de Murcia, Ciudad Autónoma de Ceuta, Ciudad Autónoma de Melilla; França inclui:
Languedoc-Roussillon, Provence-Alpes-Côte d'Azur, Córsega; Itália inclui: Liguria, Veneto, Friuli-Venezia Giulia, Emilia-
Romagna, Toscana, Marche, Lazio, Abruzzo, Molise, Campania, Puglia, Basilicata, Calabria, Sicília, Sardenha. Chipre, Malta
e Eslovénia são considerados por inteiro.

PE 397.260 22
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Regiões do Mar do Norte: património cultural e tradicional


Mapa 5. Regiões do Mar do Norte

Fonte: Autores

Devido às condições climáticas, muitos dos turistas que visitam as regiões do Mar do Norte
encaram o mar mais como um elemento paisagístico natural do que como um meio propício
para a prática balnear. Isto faz com que muita da oferta turística local esteja concentrada em
diferentes actividades desportivas e no património natural e cultural. Por exemplo, ao longo das
costas belga e holandesa, os turistas encontram clubes de golfe, lojas de moda, museus, galerias
de arte e gastronomia, bem como centros vocacionados para o turismo da saúde.

A linha costeira dinamarquesa banhada pelo Mar do Norte tem para oferecer um património
natural único: montes, plantações e florestas à beira-mar ou pequenos fiordes, portos de abrigo,
lagos e ilhotas. A região de Funen é especialmente procurada pelos turistas devido à sua
paisagem campestre, com vilas e aldeias, mas também pelas suas bem preservadas relíquias do
passado.

O turismo da costa alemã do Mar do Norte está particularmente dependente das suas praias e de
actividades desportivas como os banhos de mar, a vela, o surf, o kite surfing (favorecido pelos
ventos da zona) e o ciclismo. O Itinerário Ciclopédico do Mar do Norte, com 6000 km de
extensão, é o mais longo do mundo. Atravessa toda a zona alemã do Mar do Norte e passa por
sete países costeiros deste mar (incluindo o Reino Unido e a Dinamarca). Por causa do clima, a
saúde é também um sector em ascensão no mercado turístico.

As costas do Reino Unido são banhadas pelo Mar do Norte e pelo Oceano Atlântico, facto que
está na génese de uma mistura especial de diferenças geográficas e morfológicas que faz do
Reino Unido um dos destinos costeiros mais interessantes da Europa. As regiões britânicas do
Mar do Norte apresentam belos exemplos de praias arenosas, arribas, atracções ligadas ao
património e reservas naturais como os Bempton Cliffs, no Yorkshire. Por fim, a Grã-Bretanha

23 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

tem uma forte tradição de actividades económicas ligadas ao mar, navegação de recreio e vela 20 ,
como sucede também ao longo da costa sueca do Mar do Norte.

Regiões ultraperiféricas: as paisagens exóticas da Europa


Mapa 6. Regiões ultraperiféricas

Fonte: Autores

O mar, a areia e a beleza natural constituem os grandes atractivos para os turistas internacionais
que visitam as regiões ultraperiféricas. Apesar do vigoroso desenvolvimento do turismo que
caracteriza estas zonas, a preservação das tradições e da autenticidade do estilo de vida típico da
população local, patente nos eventos habitualmente realizados para os turistas, é conhecida em
todo o mundo.

Com 1114 km de linha de costa, as Ilhas Canárias assistiram, durante a última década, a um
enorme crescimento da capacidade de alojamento hoteleiro. Aqui, tradição e modernidade
parecem existir par a par: por um lado, El Hierro, La Palma e La Gomera, as ilhas mais
pequenas, exibem paisagens bastante diferenciadas, poucos turistas e poucas infra-estruturas
viradas para o lazer, bem como um valioso património natural. Por outro lado, Tenerife, a maior
ilha do arquipélago, e Gran Canaria oferecem aos turistas a possibilidade de praticarem um
grande número de desportos e combinam campos de golfe, modernas marinas e centros de saúde
e beleza. Fuerteventura, com as suas pequenas aldeias costeiras, e Lanzarote, conhecida em todo
o mundo pela sua arquitectura natural, parecem partilhar este contraste contínuo entre o antigo e
o novo.

As regiões ultraperiféricas de França, Guadalupe, Martinica, Guiana e Reunião, oferecem aos


turistas várias actividades ligadas aos seus recursos naturais e culturais.

20
Norfolk e Suffolk, Firth of Forth e Moray Firth (Escócia) estão entre os locais mais populares para velejar ao longo da linha
de costa oriental britânica. De igual modo, Thurso e Tynemouth estão entre as melhores praias de surf da costa leste.

PE 397.260 24
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

• Guadalupe e Reunião distinguem-se pelo seu potencial para praticar vários desportos e
fruir o mar e a natureza, através de actividades como o alpinismo, o golfe, o
pedestrianismo, etc.;
• a região da Guiana tem uma paisagem natural preservada que convida ao ecoturismo, ao
passo que Martinica se orgulha da sua grande variedade de paisagens e praias.

Os outros elementos da oferta turística são o artesanato local e as tradições religiosas e culturais.

A Região Autónoma dos Açores, com as suas nove ilhas a transbordarem de folclore, oferece
aos turistas diferentes paisagens, tipos de meio ambiente natural, opções de alojamento e formas
de entretenimento.

Por último, o ambiente natural, o clima ameno, os costumes e tradições e outros diferentes tipos
de atracções e entretenimento trazem turistas à Região Autónoma da Madeira.

Todas as regiões ultraperiféricas registaram um crescimento contínuo da sua capacidade


hoteleira entre 1995 e 2000, mas esta tendência parece ter abrandado entre 2000 e 2005,
nomeadamente nas regiões francesas. Esta desaceleração deve-se essencialmente ao
envelhecimento das infra-estruturas, mas também, e acima de tudo, à emergência de novos
destinos turísticos nas Caraíbas, tais como a República Dominicana e Cuba. Além disso, ao
contrário dos destinos ultraperiféricos de Portugal e Espanha, os destinos franceses acolhem
maioritariamente visitantes nacionais (86,4% em 2005).

O Quadro 8 mostra os principais indicadores relativos à capacidade de alojamento nas regiões


ultraperiféricas.

Quadro 8 – Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões ultraperiféricas 21 - 1995, 2000,
2005 (ordenada pelo número de camas em 2005)
Camas
1995 2000 2005 de
Var. % Var. % hotel.
camas camas '05/Total
05/95 05/00 camas
Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas
'05
(%)
Espanha 313 100 558 493 143 300 536 190 362 89,3 32,8 42,9
Portugal 180 20 375 218 27 388 274 36 531 79,3 33,4 93,.0
França(a) 278 20 580 318 35 338 337 36 048 75,2 2,0 94,4
TOTAL 771 141 513 1029 206 026 1147 262 941 85,8 27,6 47,0
Fonte: Dados do Eurostat processados pelos autores
(a)
Os dados de 1995 relativos à Guiana não se encontram disponíveis.

21
Os dados referem-se apenas às regiões ultraperiféricas europeias, classificadas no nível NUTS II do Eurostat. A Espanha
inclui Canárias, França inclui Guadalupe, Martinica, Guiana e Reunião, e Portugal inclui a Região Autónoma dos Açores e a
Região Autónoma da Madeira.

25 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

2.4 Turismo e emprego


Algumas regiões costeiras denotam, em termos económicos, uma elevada dependência do
turismo. Embora não existam estatísticas a nível regional, coerentes a nível da UE, sobre a
relevância do sector do turismo para as economias regionais, a comparação do número de
pessoas que trabalham na hotelaria e na restauração com o número total de empregados pode ser
vista como um indicador fiável para calcular a importância do turismo numa economia local. 22

De acordo com estes dados, na macrozona mediterrânica, a região espanhola das Ilhas Baleares
(20,2%) e as regiões gregas de Ionia Nisia (18,8%) e Notio Agaio (18,6%) mostram ter
economias regionais particularmente dependentes do turismo: cerca de um quinto do
número total de empregados trabalha em hotéis e restaurantes. Na maioria das regiões costeiras
italianas, nomeadamente nas meridionais, a mesma relação mostra ser particularmente baixa,
não ultrapassando os 4,0%. Entre 2000 e 2004, a região costeira mediterrânica com o maior
crescimento do emprego no turismo foi a Andaluzia (+28,5%).

Comparativamente às regiões do Mar Mediterrâneo, as regiões do Mar Báltico caracterizam-se


pela baixa proporção de pessoas a trabalhar no turismo. Nesta macrozona, apenas 3,3% da força
de trabalho trabalham na hotelaria e na restauração, sendo que as percentagens mais elevadas
pertencem a Estocolmo (3,7%), na Suécia, a Åland (3,6%), Etelä Suomi e Pohjois-Suomi, na
Finlândia, à Alemanha (considerando os dados do IFT ao nível nacional) e a
Zachodniopomorskie (3,4%), na Polónia. Estes dados são similares aos da macrozona do Mar
do Norte, onde o sector turístico emprega 3,8% da força de trabalho. A relação é de 4,7% em
Zeeland, 4,6% em Prov. West-Vlaarderen e 4,4% no Reino Unido (dados do IFT). A região
portuguesa do Algarve, na costa atlântica, é comparável aos destinos do Mediterrâneo (18% dos
empregados trabalham em hotéis e restaurantes), nomeadamente se considerarmos toda a
macrozona (na qual a relação cai para 4,5%). Por fim, embora somente 1,7% da força de
trabalho da macrozona do Mar Negro trabalhe no sector do turismo, este revela-se muito mais
importante na estrutura económica das regiões ultraperiféricas (8,2%).

22
O Sistema Europeu de Contas de 1995 (SEC 95, Eurostat) permite a recolha destes dados ao nível regional. O Inquérito às
Forças de Trabalho (IFT, Eurostat) permite compensar a falta de alguma informação sobre o emprego no sector do turismo
(NACE H) através da recolha destes dados ao nível nacional. No entanto, existem algumas diferenças entre o SEC 95 e o IFT. A
primeira tem a ver com as contas nacionais e abrange todas as pessoas – empregados por conta de outrem e por conta própria –
que exerçam uma actividade produtiva numa região específica. Centra-se na localização da unidade de produção e ignora a
residência dos empregados. Este traço caracteriza a série IFT, que considera todas as pessoas residentes a exercerem actividades
produtivas, estejam estas sedeadas ou não na região. Assim, o SEC 95 centra-se na unidade de produção e o IFT nos
empregados.

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Mapa 7: Relação entre emprego em hotéis & restaurantes e emprego total, 2004*

Fonte: Dados do Inquérito às Forças de Trabalho (IFT), Eurostat, processados pelos autores
(*) Relativamente à Alemanha, Reino Unido e Roménia, só existem dados nacionais disponíveis

Para melhor ilustrar esta situação, o Gráfico 2 compara a relação entre o número de empregados
no sector do turismo e o número total de empregados nas macrozonas (eixo Y) com a relação
entre o número de empregados no sector do turismo e o número total de empregados nas regiões
costeiras de cada país (eixo X) 23 .

23
A intersecção dos dois eixos dá-se nos valores médios respectivos: 4,3% no primeiro e 4,7% no segundo.

27 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Gráfico 2. Peso do turismo na economia das regiões costeiras europeias, com base num estudo sobre o
emprego no sector do turismo - 200

H Employment/Total
Employment in
H Emprego/Emprego total nas
macro-areas
macrozonas PT ES

6,0

IT

FR
SI GR ES MT CY

FR UK PT IE ES

-5,0 -2,0 1,0 4,0 7,0 10,0 13,0


SE NL DK BE H Employment/Total
H Emprego/Emprego total nas Employment in coastal
DE UK
LT LV regiões costeiras (por país) regions (per Country)
DE

FI 3,0
PL SE
EE DK

Ultrapleriférica
Mediterrâneo
RO BG
Atlântico
Mar do Norte
Mar Báltico
Mar Negro
0,0

Fonte: Dados do Sistema Europeu de Contas de 1995 (SEC 95) e do Inquérito às Forças de Trabalho (IFT),
Eurostat, processados pelos autores

As regiões costeiras dos países que aparecem no primeiro quadrado (Itália, regiões
mediterrânicas de França, Eslovénia, Reino Unido, regiões atlânticas de França) pertencem às
macrozonas do Mar Mediterrâneo e do Atlântico, nas quais o sector do turismo parece ser muito
importante. Contudo, ao nível do país, não excede o valor médio. O segundo quadrado é o dos
líderes da economia ligada ao turismo costeiro europeu. As regiões ultraperiféricas mostram
apostar grandemente na indústria do turismo, mas Chipre, Malta, as regiões mediterrânicas e
atlânticas de Espanha, Grécia, a costa atlântica da Irlanda e as regiões costeiras atlânticas de
Portugal evidenciam também bons desempenhos. Nenhuma das regiões costeiras europeias
ocupa o terceiro quadrado, pois as restantes regiões surgem todas no quarto quadrado. Em
ambas as variáveis, estas regiões não atingem os valores médios, mas, exceptuando as costas da
Roménia e da Bulgária, não estão muito longe deles. Isto significa que o sector do turismo é
estratégico para o desenvolvimento do emprego e da economia em todas regiões costeiras
europeias, com as regiões ultraperiféricas e do Mar Mediterrâneo a registarem os valores mais
elevados.

PE 397.260 28
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

3. O impacto dos Fundos Estruturais no turismo costeiro

Principais conclusões
• A indústria do turismo beneficia de vários mecanismos de ajuda oferecidos pela UE,
mas não é contemplada por qualquer política directa ou mecanismo de financiamento.

• O principal recurso financeiro dirigido às empresas do sector do turismo reside nos


FE, nomeadamente no Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

• Em termos qualitativos, os FE afectaram positivamente o turismo costeiro,


designadamente em termos de reforço das capacidades institucionais e de melhoria
da capacidade de planeamento.

• Em termos quantitativos, o impacto dos FE no turismo costeiro é mais difícil de


identificar, devido à natureza transversal do sector.

• A abordagem tradicional nas intervenções na área do turismo levadas a cabo no âmbito


dos FE privilegiou os investimentos materiais em infra-estruturas de alojamento ou
transporte.

• As políticas regionais de turismo inscritas no novo período de programação vão no


sentido de uma abordagem mais integrada e estratégica, centrada nas questões do
desenvolvimento sustentável.

• Uma acção conjunta entre a UE e os Estados-Membros poderia cimentar uma


abordagem de planeamento da gestão costeira integrada e eficaz.

3.1 Panorâmica geral

Ao nível da UE, as principais fontes de financiamento directo do turismo são os


instrumentos financeiros da política regional, nomeadamente o FEDER. De facto, não se
vislumbram no horizonte políticas e instrumentos financeiros especificamente direccionados
para o turismo à escala europeia, dado que a responsabilidade por este sector é primeiramente
assumida nos planos regional e nacional. Não obstante, as intervenções em seu benefício
inserem-se em macropolíticas da UE de âmbito mais vasto e susceptíveis de produzir um
impacto considerável no sector.

Os destinos do turismo costeiro mais importantes da Europa são apoiados pelos FE


através dos programas operacionais regionais (POR) e, em menor medida, por programas
operacionais (PO) nacionais de natureza sectorial. As intervenções de apoio directo podem
consistir em pequenas infra-estruturas turísticas, programas de subvenção destinados a pequenas
e médias empresas (PME), renovação de praias, regeneração urbana e apoio ao património
cultural e artístico.

Todavia, importa considerar também outros instrumentos temáticos da UE, relativos, por
exemplo, às empresas, transportes, ambiente, emprego, educação e cultura, que, de forma
indirecta, têm repercussões relevantes no sector do turismo (ver Caixa 5).

29 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 5. Exemplos de instrumentos temáticos da UE com efeitos directos ou indirectos na


indústria do turismo

• O “Programa-Quadro para a Competitividade e a Inovação 2007-2013” (PCI) vai também apoiar as


empresas do sector do turismo, melhorando o acesso a serviços de apoio financeiro e empresarial
e incentivando as actividades de inovação – DG EMPRESAS E INDÚSTRIA;
• O 7.º “Programa-Quadro de Actividades em Matéria de Investigação e Desenvolvimento
Tecnológico” da CE, que poderá trazer vantagens para o sector turístico, por exemplo, com a
investigação em matéria de tecnologias da informação e da comunicação, aplicações via satélite,
património cultural e utilização dos solos – DG INVESTIGAÇÃO;
• O LIFE, instrumento financeiro relativo ao ambiente, contribui para a execução, o desenvolvimento
e o reforço da política e legislação comunitárias em matéria de ambiente e actua no sentido de
promover a integração das questões ambientais noutras políticas da UE - DG AMBIENTE;
• O Programa “Leonardo da Vinci” (parte do novo Programa de Acção Integrado no domínio da
Aprendizagem ao Longo da Vida), sob a forma de um programa de mobilidade para aprendizes e
jovens em formação profissional inicial. Em 2005, a Comissão lançou uma série preparatória de
estudos que servirá para identificar as características principais dos possíveis modelos europeus
de aprendizagem-formação. O turismo foi identificado como possível sector-piloto - DG
EDUCAÇÃO E CULTURA;
• O Programa Cultura, que concede subvenções a projectos de cooperação cultural em todos os
domínios artísticos e culturais – DG EDUCAÇÃO E CULTURA;
• Quadros políticos como o Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário, a Estratégia de
Desenvolvimento Sustentável, o Programa de Acção para o Ambiente da UE e outras estratégias
temáticas relevantes (meio marinho, protecção dos solos, ambiente urbano) - DG AMBIENTE, DG
REGIÕES.
Fonte: Comité das Regiões da UE, 2006 e sítio Web da DG Empresas
(http://ec.europa.eu/enterprise/index_en)

O impacto global dos FE no desenvolvimento regional é variado. Em termos qualitativos,


os FE têm tido um impacto positivo, nomeadamente ao nível do reforço das capacidades
institucionais e da melhoria da capacidade de planeamento. Isto verificou-se sobretudo nos
novos Estados-Membros, menos habituados a abordagens participativas e da base para o topo
no domínio do planeamento público.

No turismo costeiro, este impacto positivo contribuiu, em particular, para uma maior
sensibilização para a necessidade de integração das políticas a aplicar nas zonas costeiras, bem
como para a relevância da sustentabilidade ambiental das intervenções. O impacto positivo é
também reforçado pela acção conjunta dos FE e de outras políticas da UE centradas nas zonas
costeiras.

As políticas da UE relativas às regiões costeiras (transporte marítimo, indústria, energia


offshore, pescas, meio marinho e outras) foram desenvolvidas separadamente. Embora dados
recentes mostrem que a preocupação com o desenvolvimento sustentável das regiões costeiras
está a afirmar-se progressivamente na Europa, 24 na maioria dos Estados-Membros, a acção
governamental em matéria de planeamento da gestão costeira continua a reger-se ainda e só por
documentos de orientação, em vez de instrumentos regulamentares, o que fez sentir a
necessidade de uma acção conjunta entre a UE e os Estados-Membros (a nível nacional,
regional e local) para formular políticas eficazes e enfrentar os desafios que se deparam às
regiões costeiras.

24
Isto acontece sobretudo nos países do Norte da Europa, onde foram promulgados planos para as zonas costeiras em matéria de
protecção de locais de interesse natural e biológico e organizadas campanhas de informação para a protecção da zona costeira,
na sua maioria por ONG.

PE 397.260 30
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

A Gestão Integrada das Zonas Costeiras (GIZC) da UE (Caixa 6) deve ser equacionada no
quadro mais lato da futura política marítima da Comunidade. Tendo em vista um
desenvolvimento sustentável que concilie as dimensões económica, social e ambiental da
exploração dos mares e oceanos, a Comissão Europeia publicou, em Junho de 2006, um “Livro
Verde” sobre os diferentes aspectos da política marítima. 25 Este documento analisa também o
papel fundamental que o turismo sustentável pode desempenhar nas economias locais e estuda
as interrelações entre as actividades terrestres e marítimas.

Caixa 6. Gestão Integrada das Zonas Costeiras (GIZC)


A primeira tentativa de adoptar uma abordagem integrada da gestão costeira foi empreendida pela
Comissão, em 1995, com os Projectos-Piloto de Gestão Integrada das Zonas Costeiras (GIZC), que
englobaram 35 projectos-piloto e 6 estudos temáticos. A experiência acumulada com estes projectos
resultou na apresentação de uma Comunicação em 2000, 26 na qual a integração dos vários níveis de
governação era apontada como uma condição prévia para o sucesso da política da GIZC. A
Comunicação abordou a questão de como resolver alguns dos problemas fundamentais relativos às
regiões costeiras: falta de informação, participação insuficiente da população nos projectos levados a
cabo nas zonas costeiras e falta de coordenação entre as várias partes responsáveis pelo
planeamento do desenvolvimento regional. 27 A Estratégia estabelece como função da UE a provisão
de liderança e orientação para apoiar a execução da GIZC por parte dos Estados-Membros, aos níveis
local, regional e nacional.

Para promover a acção da GIZC a todos os níveis administrativos, a Estratégia inclui um conjunto de
recomendações aos Estados-Membros, adoptadas pelo Conselho e pelo Parlamento em 30 de Maio de
2002. 28 Na sequência de uma avaliação externa à aplicação das recomendações relativas à GIZC por
parte dos Estados-Membros, que observou que essa aplicação era, de facto, um processo moroso e a
longo prazo, a Comissão publicou uma nova Comunicação. 29
Fonte: Comissão Europeia, 2000

Neste contexto, propõe uma gestão única e integrada do mar e da terra nas zonas costeiras, o
que exige uma integração de todos os sectores e de todos os níveis administrativos.

Em termos mais quantitativos, o impacto dos FE no turismo costeiro é mais difícil de


identificar. Em primeiro lugar, o turismo não é uma prioridade para as intervenções dos FE
(como são, por exemplo, os transportes, o ambiente, a inovação), o que faz com que seja
contemplado apenas com uma pequena parcela das despesas totais dos FE (9,5% em regiões do
Objectivo 2, somente 3,1% em regiões do Objectivo 1).

Em segundo lugar, o turismo costeiro faz parte da oferta turística global da região. As
prioridades políticas dos planos de desenvolvimento regional só a título excepcional incidem
especificamente sobre o turismo costeiro, privilegiando antes a oferta turística no seu todo. Em
certos casos, a estratégia regional para o turismo divide-se em medidas destinadas, por um lado,
às zonas costeiras, ao espaço rural e às zonas de montanha e, por outro lado, às cidades e aos

25
Livro Verde da Comissão Europeia: “Para uma futura Política Marítima da União: uma visão europeia para os oceanos e os
mares” (COM(2006) 275 final).
26
Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu relativa à "Gestão Integrada da Zona Costeira: uma
Estratégia para a Europa" (COM/00/547 de 17 de Setembro de 2000).
27
COM(2000) 547 final.
28
Parlamento Europeu e Conselho, “Recomendação relativa à execução da Gestão Integrada da Zona Costeira na Europa”, 30
de Maio de 2002.
29
Comunicação da Comissão relativa à avaliação da Gestão Integrada da Zona Costeira (GIZC) na Europa, COM(2007)308
final de 7 de Junho de 2007.

31 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

centros históricos. Noutros, o turismo costeiro e o turismo regional são um só: é o que acontece
nas regiões em que a costa abrange grande parte do território e o turismo costeiro é o primeiro
sector da economia, como é o caso das ilhas. Por outro lado, o turismo costeiro pode constituir
apenas um dos componentes do conjunto do sector turístico, como, por exemplo, na Roménia,
onde outras formas de turismo (turismo de montanha e cultural) parecem ser tidas como
prioritárias pelas autoridades nacionais.

Em terceiro lugar, o turismo é um dos muitos sectores afectados por estratégias de


desenvolvimento regional mais abrangentes (visando, por exemplo, reforçar a atractividade das
regiões e fomentar a competitividade). Por si só, o turismo raramente é tido como prioritário.
Normalmente, está associado a estratégias de alcance mais vasto que visam fomentar a
competitividade e diversificar as actividades produtivas em áreas em declínio, bem como a
prioridades de renovação económica e social de base comunitária. Por este motivo, as medidas
especificamente dirigidas a este sector encontram-se frequentemente diluídas em estratégias
mais abrangentes de regeneração urbana ou de apoio à envolvente produtiva.

3.2 Fundos Estruturais para o turismo


Embora o turismo não esteja entre as prioridades das políticas de coesão, os FE
constituem uma fonte de financiamento significativa, nomeadamente nas regiões cujas
economias denotam uma forte dependência do turismo. O principal apoio financeiro ao
turismo, e, consequentemente, ao turismo costeiro, deriva dos FE e do Fundo de Coesão. 30
Durante o período de programação de 2000-2006, a natureza transversal do sector e das
propostas de projectos a ele ligados levou a que os fundos da UE apoiassem um grande número
de intervenções no domínio do turismo. 31

A abordagem e o âmbito deste apoio variam em função do estatuto prioritário das regiões. Além
disso, desenvolveu-se do período de programação anterior para o actual. A maioria das regiões
costeiras é apoiada no quadro do Objectivo 2 de 2000-2006 e do Objectivo “Competitividade”
de 2007-2013.

30
Ver também: União Europeia, “Structural policies and European territory. Island and coastal regions”, 2001.
31
Comité das Regiões, “Sustainable Tourism as a factor of Cohesion among EU Regions” 2006.

PE 397.260 32
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Gráfico 3. Número de regiões costeiras por Objectivo nos períodos de programação actual
e anterior, % do total
Fonte: Autores

100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
00-06 07-13
Objective1 / Objective 2 /
Convergence Competitiveness

Fonte: Autores

Quadro 10: Distribuição por objectivos das regiões costeiras no período 2000-2006, EU-15
Objectivo 1 Objectivo 2
Áustria 0 0
Bélgica 0 1
Dinamarca 0 1
Finlândia 2 3
França 4 11
Alemanha 1 6
Grécia 12 0
Irlanda 1 1
Itália 6 9
Luxemburgo 0 0
Países Baixos 0 7
Portugal 6 1
Espanha 7 5
Suécia 3 5
Reino Unido 3 28
Total 45 78

Fonte: Autores

33 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Mapa. 8 Distribuição das regiões costeiras por Objectivo no período 2000-2006, UE 15

Fonte: Sítio Web da DG Regiões

No que respeita às tipologias das intervenções, continua a constatar-se uma predominância dos
investimentos materiais e em infra-estruturas visando o aumento da oferta de alojamento
e a melhoria da acessibilidade da zona, em vez de intervenções não materiais relacionadas
com prestação de serviços, marketing territorial e, de um modo geral, diversificação da oferta
turística. Estas são as intervenções típicas nas regiões do Objectivo 1. Nas regiões do Objectivo
2, as intervenções habituais consistem em programas de subvenção para PME, destinados a
aumentar ou melhorar a oferta de alojamento.

Os estudos de caso permitiram descortinar duas dinâmicas distintas: uma entre os dois períodos
de aplicação de FE considerados e outra diferenciando os antigos dos novos Estados-Membros
(ver Caixa 6). Os dados revelam que, no cômputo geral, as políticas regionais de turismo do
novo período de programação (2007-2013) vão no sentido de uma abordagem mais
qualitativa e integrada, apostada em diminuir a pressão exercida sobre as costas e em
desenvolver um conjunto de actividades e formas de entretenimento mais variado e evoluído.
Isto deve-se também a novos requisitos regulamentares, designadamente nas regiões inseridas
no Objectivo “Competitividade”, que obrigam a que as contribuições financeiras sejam
canalizadas unicamente para projectos-piloto e integrados.

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Mapa 9: Distribuição das regiões costeiras por Objectivo, 2007-2013, UE 27

Fonte: Sítio Web da DG Regiões

Em contrapartida, os novos Estados-Membros parecem pender para uma abordagem mais


tradicional anterior a 1999, baseada nos investimentos materiais e basicamente
caracterizada pelo apoio directo a infra-estruturas de alojamento ou transporte. A garantia
de uma oferta de infra-estruturas significativa é vista como uma necessidade de primeira ordem,
sendo a diversificação e a evolução desta oferta no sentido de um conjunto mais inovador de
actividades de lazer ainda encaradas como uma prioridade secundária. Neste seu estádio, o
desenvolvimento do turismo requer melhorias na acessibilidade e na mobilidade interna das
zonas costeiras, nomeadamente nas pequenas ilhas, através de investimentos em infra-estruturas
de transporte. De igual modo, exige a prestação de serviços públicos (saúde, abastecimento de
água e energia, tratamento de água e resíduos) para melhorar a qualidade de vida nas zonas
costeiras.

Embora seja possível encontrar boas práticas de aplicações de FE em benefício do turismo


costeiro, há ainda muito a fazer para que os decisores políticos locais estejam mais bem
preparados para enfrentar os desafios que se colocam aos destinos turísticos costeiros. A
concorrência global e a maior maturidade existente do lado da procura exigem abordagens
inovadoras para melhorar a oferta turística. Em certos casos, a necessidade de superar a
sazonalidade dos fluxos turísticos, a procura crescente de actividades de lazer diferenciadas do
modelo “sol, mar e areia” e as crescentes pressões ambientais exercidas sobre os recursos
naturais apelam a uma reorganização (re-shaping), e não a uma revisão (re-making), de alguns
dos destinos costeiros mais tradicionais.

35 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 7. Diferentes abordagens das intervenções no sector do turismo no quadro dos FE: os
casos de Marche (Itália) e Pomorskie (Polónia)
Marche Pomorskie

Em contraste com o período de programação No período de 2007-2013, os principais tipos de


anterior (2000-2006), a nova estratégia adoptada investimentos no turismo são financiados pelos
pela Região de Marche põe em destaque a Programas Operacionais (PO) regionais e
necessidade de promover uma oferta turística nacionais. No primeiro caso, a maior contribuição
regional mais integrada e envolvendo a área de para o desenvolvimento do turismo será
influência. O novo planeamento pretende criar canalizada para o património turístico e cultural,
circuitos turísticos capazes de, por um lado, para o apoio às PME e para as infra-estruturas
oferecer novas oportunidades de emprego nas regionais e locais.
localidades envolvidas e, por outro lado, conferir a
todo o sector turístico um impulso inovador que No caso do PO de Infra-Estruturas e Ambiente
lhe permita dar resposta à pressão do mercado (PO I&A) nacional, há vários projectos de infra-
internacional. estruturas de transporte a co-financiar, entre os
quais duas auto-estradas, a modernização da
Os planos do actual período de programação ferrovia, acessibilidade aeroportuária e infra-
associariam as atracções da linha costeira ao estruturas portuárias.
património cultural e natural da área de influência,
à luz de uma gestão integrada. Na prática, foi Em suma, no novo período de programação, a
constituída uma parceria com a Câmara de maioria dos projectos dos PO regionais e
Comércio para desenvolver produtos turísticos nacionais centra-se nas infra-estruturas e apenas
que, aproveitando as atracções e serviços ligados uma minoria apoia directamente as infra-
ao mar, levem o turista a desfrutar também das estruturas turísticas e o património cultural.
condições oferecidas pelas localidades interiores, Porém, tal como estabelece a Estratégia para o
através da descoberta da sua gastronomia, Desenvolvimento do Turismo, a condição sine qua
cultura e estilo de vida. non para a exploração do potencial turístico de
Pomorskie reside na melhoria da acessibilidade
da região.
Fonte: Autores

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

3.2.1 O período de programação de 2000-2006

Nas orientações gerais estabelecidas pela Comissão Europeia para o período de 2000-2006 32 , o
turismo é referido como um factor essencial para a realização do objectivo da competitividade
regional e com um elevado potencial de criação de emprego. Mais especificamente, importa
levar por diante um desenvolvimento equilibrado e sustentável do sector do turismo, através:
• da modernização das infra-estruturas;
• da melhoria dos perfis de qualificação profissional;
• dos incentivos às parcerias público-privadas (PPP) e à cooperação.

Foi também dada atenção à salvaguarda do património ambiental e cultural, em conformidade


com a aplicação da “Agenda 21” no domínio do turismo sustentável.

No período de 2000-2006, o Objectivo 1, que cobre as regiões mais atrasadas, incluía a maior
parte das regiões mediterrânicas, bem como todas as regiões ultraperiféricas. Outras zonas
costeiras, mais desenvolvidas mas a atravessarem fases de reestruturação económica e social,
foram também contempladas com os FE ao abrigo do Objectivo 2, nomeadamente as zonas
dependentes da pesca (ver Gráfico 4).

Gráfico 4. Número de regiões costeiras no período de 2000-2006, por Objectivo

30

25

Objective
Objectivo 1 1 Objective
Objectivo 22

20

15

10

0
BE DK NL IE DE FI SE UK FR PT IT ES EL

Fonte: Autores

32
Comissão Europeia, “Os Fundos Estruturais e a sua coordenação com o Fundo de Coesão: Projecto de Orientação para
programas no período de 2000 a 2006”, COM (1999) 344.

37 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Para além das intervenções operadas ao abrigo dos Objectivos 1 e 2, os FE também actuaram no
sector do turismo através das Iniciativas Comunitárias (IC):
• INTERREG: cooperação transfronteiriça, transnacional e interregional;
• URBAN: revitalização económica e social das cidades e dos subúrbios em crise;
• LEADER+: Ligação entre Acções de Desenvolvimento da Economia Rural;
• EQUAL: desenvolvimento dos recursos humanos.

Finalmente, o Fundo de Coesão apoiou a Espanha, a Grécia, a Irlanda e Portugal no


financiamento de infra-estruturas de transporte e de medidas de protecção ambiental, ambas
importantes para o desenvolvimento do sector do turismo.

De um modo geral, a maior parcela de intervenções ligadas ao turismo foi financiada pelo
FEDER e, em menor medida, pelo Fundo Social Europeu (FSE). O regulamento relativo ao
FEDER 33 previa explicitamente o apoio ao desenvolvimento do turismo e ao investimento na
cultura, incluindo a protecção do património cultural e natural.

A participação financeira do FEDER visava nomeadamente:


• a envolvente produtiva, para desenvolver a competitividade e o investimento sustentável
das empresas (em especial das PME), bem como a capacidade de atracção das regiões,
designadamente pela elevação do seu nível de equipamento em infra-estruturas;
• a protecção e a melhoria da qualidade do ambiente, tendo em conta os princípios da
precaução e da acção preventiva no apoio ao desenvolvimento económico e local.

Além dos FE, o Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA) foi também
delineado de modo a apoiar o sector, promovendo a adaptação e o desenvolvimento das zonas
rurais através do turismo rural, da protecção das paisagens, da promoção do artesanato e da
renovação das aldeias. 34

No que se refere às oportunidades de financiamento específicas das PME do sector do turismo,


foram previstas várias acções elegíveis, tais como: 35
• melhoria da qualidade do alojamento, equipamentos e novas atracções;
• formação em marketing para empresários do turismo e apoio de marketing para o
desenvolvimento, venda e diversificação de produtos;
• consultoria sobre criação e arranque de empresas para empresários do turismo.

Excluindo o sector dos transportes, cujos avultados investimentos enviesariam a análise, os FE


co-financiaram projectos principalmente no domínio da envolvente produtiva, mediante:
• promoção do turismo e do artesanato no quadro do desenvolvimento de zonas rurais;
• investimentos materiais (centros de informação, alojamento, restauração, equipamentos);
• intervenções não materiais (concepção e organização de serviços turísticos, actividades
desportivas, culturais e de lazer, património);
• serviços comuns às empresas da indústria do turismo (incluindo acções de promoção,
ligação em rede, conferências e feiras comerciais);

33
Comissão Europeia, “Regulamento (CE) n.° 1783/1999 relativo ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional para o
período de 2000 a 2006”, 12 de Julho de 1999.
34
Comissão Europeia, Regulamento n.° 1257/1999 do Conselho de 17 de Maio de 1999 relativo ao apoio do FEOGA ao
desenvolvimento rural.
35
Comissão Europeia, “European Structural Funds for small and medium enterprises (SMEs) and public bodies”, Publicações
da DG Empresas.

PE 397.260 38
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

• formação profissional.

Os investimentos materiais foram, de longe, juntamente com as intervenções de conservação do


património cultural, os que absorveram a maior fatia dos fundos investidos, tendo os serviços
comuns às empresas da indústria do turismo e a formação profissional recebido apenas
pequenas parcelas.

Quanto à repartição por país, os países costeiros foram os que mais investiram no turismo.

Além disso, os FE financiaram projectos públicos que, ao tornarem as regiões mais atractivas,
trouxeram benefícios indirectos para o conjunto do sector. Por exemplo:
• investimento em atracções turísticas com a modernização de equipamentos desportivos,
piscinas e ciclovias;
• investimento no património cultural (museus, centros para visitantes, etc.);
• ligação em rede de serviços de informação turística, autoridades locais e empresas.

39 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 8. Como actuam os FE no sector do turismo: três exemplos de intervenções

Rede de sítios para visitas turísticas (Dinamarca)


A proposta consistia em criar uma rede na Ilha de Bornholm semelhante a uma rede de 40 sítios para
visitas turísticas criada no Sudeste da Suécia. A rede desenvolveu uma cooperação frutífera em
domínios como o marketing e a formação, e tornar-se-ia uma rede interregional. A ideia foi apresentada
a 50 pequenos estabelecimentos turísticos de Bornholm, entre os quais restaurantes, museus e lojas
de explorações agrícolas.

O projecto tinha como objectivos trocar experiências e know-how, e iniciar actividades de


desenvolvimento comuns, tais como formação, promoção, consultoria e apoio na resposta às
necessidades e à procura. Entre os resultados previstos estão a melhoria das qualificações, do
marketing e da promoção.
Custos totais elegíveis: 850.000 coroas dinamarquesas
Contribuição dos FE: 50%

Programa Territorial Integrado, Penisola Sorrentina e Costiera Amalfitana (Itália)


Este projecto centrou-se na diversificação e melhoria da oferta turística regional. A iniciativa traduziu-se
numa grande melhoria e modernização da zona costeira nos domínios da agricultura, do artesanato e
dos serviços, bem como da protecção das áreas montanhosa e costeira, e promoveu uma maior
integração com as zonas interiores. Entre os parceiros estiveram duas províncias, vários municípios e
outros organismos públicos, como o Instituto do Património Cultural.

Entre os resultados previstos estão o incremento das sinergias entre os diversos actores públicos,
institucionais e privados dos sectores do comércio e do turismo, a melhoria do nível do alojamento e a
valorização do património cultural, no contexto do desenvolvimento sustentável.
Custos totais elegíveis: 25 milhões de euros
Contribuição dos FE: 50%

Bremerhaven – Focalização nas pescas (Alemanha)


O projecto “Mostra do Porto de Pesca” passa pela renovação do antigo porto de pesca através do
desenvolvimento turístico das docas, com a criação de locais de visita e pontos de venda, tudo dentro
da temática da pesca. A criação mais surpreendente é o novo aquário, albergando espécies piscícolas
da Mar do Norte e do Atlântico.

Outra atracção é o "Atlanticum", um centro para visitantes que dá a conhecer a evolução do mar, a
fauna do Árctico e métodos de pesca, e ainda a história do porto de pesca, o desembarque dos barcos
de pesca, os leilões na lota e o quotidiano do porto. O projecto inclui igualmente equipamentos para o
turismo de negócios: um centro de eventos culturais, um centro de congressos e um hotel adjacente.
Finalmente, o projecto prevê um centro de formação para desempregados: a ideia é estimular o acesso
ao mercado de trabalho nos ramos da venda especializada de peixe ou da alimentação e restauração.

A “Mostra do Porto de Pesca” atrai 800 000 visitantes por ano.


Custo total do projecto: 12,17 milhões de euros
Contribuição da União Europeia: 3,7 milhões de euros
Fonte: CE, DG Empresas, Financial Support for Tourism in Italy and Denmark (disponível em
http://ec.europa.eu/enterprise), InfoRegio (http://ec.europa.eu/regional_policy )

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

3.2.2 O período de programação de 2007-2013

As Orientações Comunitárias 36 relativas ao actual período de programação confirmam o


relevante papel do turismo na revitalização económica assente na sustentabilidade
ambiental e na inovação.

O turismo é um dos sectores em que as operações co-financiadas pelos FE são desejáveis sob
vários aspectos, tais como:

• acessibilidade
Os FE devem financiar infra-estruturas que visem o desenvolvimento local. Neste aspecto, as
orientações aludem ao turismo como um exemplo, enquanto possível sector alvo de operações
no domínio dos transportes. 37

• revitalização urbana
Os FE devem "promover as cidades enquanto motores do desenvolvimento regional". 38 Neste
domínio, as operações co-financiadas devem promover a reabilitação do património cultural e
fomentar e reforçar a atractividade das zonas envolvidas e, consequentemente, a capacidade de
criar novos postos de trabalho.

• apoio a zonas com desvantagens geográficas e naturais


Nestes domínios de índole territorial, os FE têm de almejar o aumento do nível de diversificação
económica. Dado que muitas regiões rurais são altamente dependentes do turismo, as operações
devem visar, em primeiro lugar, a integração e a protecção dos recursos culturais e naturais.

O FEDER constitui, possivelmente, o principal instrumento da Política de Coesão.


Relativamente ao período de programação de 2007-2013, o Regulamento (CE) n.º 1080/2006
estabelece os principais métodos de aplicação. Contudo, o FEDER actua a favor do sector do
turismo de várias maneiras, consoante a zona-alvo em que cada região da UE se insere:

• Nas zonas do Objectivo "Convergência", o artigo 4.º 39 prevê, entre as prioridades


directamente ligadas ao sector do turismo, a necessidade de desenvolver novas formas de
turismo sustentável, valorizar o património natural e apoiar o desenvolvimento socioeconómico.
A ajuda destina-se a melhorar a qualidade dos serviços de turismo e a incentivar novos
modelos de turismo mais sustentáveis. Além disto, são promovidos investimentos na
cultura, 40 incluindo a protecção, promoção e preservação do património cultural através do
desenvolvimento de infra-estruturas culturais em apoio do desenvolvimento socioeconómico e
de maiores atractivos regionais. Existem também tipos de intervenção que, apesar de estarem
indirectamente ligados ao sector do turismo, geram elevados níveis de sinergias e uma
complementaridade significativa com o apoio prestado ao turismo, por exemplo, os planos de
prevenção de riscos naturais 41 e a promoção de iniciativas com vista à criação de novos
empregos. 42

36
Decisão do Conselho, de 6 de Outubro de 2006, relativa às orientações estratégicas comunitárias em matéria de coesão
(2006/702/CE)
37
Orientações comunitárias.
38
Orientações comunitárias.
39
N.º 6 do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
40
N.º 7 do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
41
N.ºs 4 e 5 do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
42
N.º 3 do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.

41 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

• Em comparação com as zonas territoriais do Objectivo "Convergência", as zonas do


Objectivo "Competitividade Regional e Emprego" não garantem apoio ao turismo per se.
Em termos substanciais, o artigo 5.º 43 sublinha que, neste tipo de zonas, o objectivo principal
do FEDER reside na protecção e valorização do património natural e cultural como
potencial para o desenvolvimento sustentável das regiões. Posto isto, de um modo geral, as
operações promovidas pelo FEDER no contexto do turismo estão estreitamente ligadas à
sustentabilidade ambiental e à promoção do potencial dos recursos naturais e culturais. Nas
zonas do Objectivo “C&E”, o sector do turismo poderá encontrar apoio na ajuda oferecida se
desenvolver actividades empresariais particularmente inovadoras ou acções destinadas a
melhorar a acessibilidade de uma região.

• No âmbito da cooperação territorial europeia, o artigo 6.º 44 do Regulamento estabelece os


métodos do FEDER para as zonas elegíveis. São promovidas actividades económicas, sociais e
ambientais transfronteiriças mediante estratégias conjuntas para o desenvolvimento territorial
sustentável e com especial impacto no desenvolvimento inovador das PME, do turismo e da
cultura. 45 Além disso, são igualmente previstos tipos de assistência que permitam desenvolver a
colaboração, a capacidade e a utilização conjunta de infra-estruturas em sectores tidos como
fundamentais, entre os quais o turismo 46 .

Por último, os artigos 8.º e 10.º definem o modo como o FEDER apoia acções inerentes ao
turismo nas zonas do "desenvolvimento urbano sustentável" e nas "zonas com desvantagens
geográficas e naturais". Mais especificamente, o FEDER pode apoiar a criação de estratégias
participativas, integradas e sustentáveis para fazer face à elevada concentração de problemas
económicos, ambientais e sociais nas zonas urbanas. Essas estratégias promovem o
desenvolvimento urbano sustentável através de actividades como o reforço do crescimento
económico, a reabilitação do ambiente físico, o redesenvolvimento de áreas industriais
degradadas, a preservação e a valorização do património natural e cultural, a promoção do
espírito empresarial, do emprego local e do desenvolvimento comunitário e a prestação de
serviços à população tendo em conta a evolução das estruturas demográficas. 47

Além disso, e unicamente nas "zonas com desvantagens geográficas e naturais", o FEDER pode,
nomeadamente, contribuir para o financiamento de investimentos tendentes a melhorar a
acessibilidade, a promover e desenvolver actividades económicas relacionadas com o
património cultural e natural, a promover a utilização sustentável dos recursos naturais e a
estimular o turismo sustentável. 48

De igual modo, o FSE garante, indirectamente, apoio financeiro ao turismo com vista ao reforço
do potencial detido pelo sector, sobretudo no domínio do emprego. Nos termos do Regulamento
(CE) n.º 1081/2006, o FSE co-financia projectos que visem, primeiro que tudo, melhorar as
qualificações profissionais através da organização de cursos de formação e de actividades de
formação de alcance mais alargado. São também financiadas actividades que fomentem a

43
Artigo 5.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
44
Artigo 6.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
45
N.º 1, alínea a), do artigo 6.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
46
N.º 1, alínea e), do artigo 6.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
47
Artigo 8.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
48
Artigo 10.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.

PE 397.260 42
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

mobilidade profissional, como o Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida, lançado em


2005 e, em primeira instância, aplicado como projecto-piloto no sector do turismo.

Embora, em rigor, não sejam FE, o turismo conta ainda com algum apoio proveniente da
contribuição do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) e do Fundo
Europeu das Pescas (FEP), que dão a zonas em situação crítica e a braços com problemas
estruturais (nos sectores da agricultura e das pescas) a oportunidade de redireccionarem os seus
esforços para o potencial económico do sector do turismo, com um maior nível de rentabilidade,
tendo em vista uma resposta positiva às novas formas de turismo alternativo no seu mercado
internacional específico.

3.2.3. Políticas sectoriais em apoio do turismo

Em muitos casos, há lugar à promoção de medidas dirigidas às zonas costeiras noutros sectores
(nomeadamente, transportes e ambiente) como forma de aumentar os fluxos turísticos. As
políticas de acessibilidade e protecção ambiental (duas das prioridades políticas mais
importantes no quadro das políticas de coesão) podem ser vistas como um meio de melhorar o
desempenho do sector turístico, designadamente em zonas periféricas como as regiões
ultraperiféricas. Efectivamente, são várias as medidas direccionadas para as zonas costeiras que
não visam explicitamente o turismo, mas que acabam por contribuir indirectamente para o seu
desenvolvimento.

A informação retirada dos estudos de caso revela que as estratégias de desenvolvimento


regional em apoio do sector do turismo dependem fortemente das intervenções nos domínios
dos transportes e do ambiente, por um lado, para melhorar a acessibilidade da região e aumentar
aos fluxos turísticos (especialmente os vindos do estrangeiro), e, por outro lado, para melhorar a
qualidade e a disponibilidade dos recursos naturais (água potável e águas balneares, protecção
da biodiversidade, redução de poluentes, etc.).

Os transportes e o ambiente são prioritários nas intervenções dos FE, absorvendo grande parte
das despesas, em especial nas regiões do Objectivo “Convergência”, nas quais a
responsabilidade pela gestão desse plano é, não raramente, assumida a nível nacional. No
entanto, os transportes e o ambiente são políticas essenciais ao nível da UE, extravasando em
muito o âmbito dos FE. É o caso, por exemplo, da política da UE das prioridades das RTE-T
(ver Caixa 9). As prioridades destas políticas são decididas a partir de uma base totalmente
diferente da aplicada às prioridades dos FE, não havendo qualquer relação directa entre ambas.

43 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 9. Prioridades das RTE-T


As Redes Transeuropeias de Transportes (RTE-T) incluem o transporte rodoviário e intermodal, as vias
fluviais e os portos marítimos, e a rede ferroviária europeia de alta velocidade. O orçamento das RTE-T
é sustentado pelas contribuições do FEDER, do Fundo de Coesão, do Banco Europeu de Investimento
(BEI) e do Fundo Europeu de Investimento (FEI). Em termos gerais, o objectivo da política das RTE-T é
promover o mercado interno e contribuir para um desenvolvimento equilibrado da UE.

Presentemente, as RTE-T têm no topo da sua agenda a criação de verdadeiras alternativas ao


transporte terrestre: no Livro Branco “A política Europeia de transportes no horizonte 2010: a hora das
opções”, a Comissão apontou como prioridade a criação de redes de transportes intermodais para
oferecer alternativas às viagens de automóvel. O transporte marítimo foi identificado como uma das
principais soluções para os problemas do transporte rodoviário. Em consequência disso, um dos 30
eixos prioritários das RTE-T são as “Auto-Estradas do Mar”, promovidas pela Comissão como
alternativa ao transporte terrestre em quatro regiões:
• Mar Báltico (ligando os Estados-Membros da região do Mar Báltico a Estados-Membros da Europa
Central e Ocidental) (2010);
• Europa Ocidental-Oceano Atlântico, Mar do Norte/Irlanda (2010);
• Sudoeste da Europa-Mediterrâneo Ocidental, ligando Espanha, França, Itália e incluindo Malta, e
ligando com a auto-estrada marítima do Sudeste da Europa (2010);
• Sudeste da Europa–Mar Adriático, Mar Jónico e Mediterrâneo Oriental (ligando o Mar Adriático ao
Mar Jónico e ao Mediterrâneo Oriental, incluindo Chipre) (2010).

O objectivo é melhorar as ligações marítimas para reduzir o congestionamento do transporte rodoviário


e facilitar o acesso às regiões periféricas e insulares. O programa das RTE-T apoia também a
renovação e o desenvolvimento dos portos marítimos comerciais da UE, com a finalidade de aumentar
a capacidade portuária e de estimular a actividade do transporte intermodal. 19% das propostas
seleccionadas para o programa anual de 2007 dizem respeito a portos marítimos.

Fonte: Autores

No entanto, os FE e o Fundo de Coesão são fontes de financiamento importantes para os


projectos das RTE-T: no período de 2000-2006, estes fundos contribuíram com cerca de 20 mil
milhões de euros para projectos das RTE-T, nomeadamente na Grécia, Irlanda, Portugal e
Espanha, que foram os países beneficiários do Fundo de Coesão neste período. No quadro dos
FE, os projectos de infra-estruturas de transporte podem ser financiados com vista ao
desenvolvimento das RTE (sobretudo nas regiões do Objectivo “Convergência”) ou ao acesso
às RTE (nas regiões do Objectivo “C&E”). O Fundo de Coesão permitiu realizar avanços
significativos: entre 1993 e 2001, a rede de auto-estradas mais do que duplicou na Grécia,
Irlanda e Portugal (Espanha registou um crescimento menos constante da sua rede viária, mas
ainda assim mais célere do que a média da UE 15).

Graças aos corredores pan-europeus das RTE-T, as zonas costeiras podem ficar melhor ligadas
às zonas insulares da UE, com possíveis consequências positivas para o desenvolvimento do
turismo costeiro. Contudo, é difícil avaliar o impacto das RTE-T no turismo, dado terem
ocorrido outras mudanças importantes nos últimos anos, entre as quais se destaca o número
crescente de companhias áreas de baixo custo, que influiu significativamente numa procura
turística aparentemente mais sensível aos custos financeiros do que às economias de tempo.

PE 397.260 44
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

3.2.4. Uma nova abordagem do apoio ao turismo

Uma breve análise das fontes regulamentares e de documentos estratégicos comunitários


permitiu constatar a ocorrência de uma mudança estratégica significativa no período actual.
A nova visão de desenvolvimento caracterizada pela inovação e pela sustentabilidade passa
igualmente por acções potenciais no sector do turismo que façam da atracção de novos
visitantes um dos instrumentos fundamentais em zonas geográficas específicas.

A principal inovação corresponde a uma ligação ainda mais estreita entre


"sustentabilidade ambiental" e turismo, agora encarado como um instrumento de
protecção do património cultural, paisagístico e ambiental, e não apenas como a força
propulsora do desenvolvimento local. De facto, todos os objectivos e regulamentos frisam a
necessidade de definir o apoio dos FE como "turismo sustentável", a qual se revela urgente e
obrigatória para as zonas urbanas e à luz do Objectivo “C&E”.

A segunda indicação estratégica, complementar à anterior, é a integração das acções. Por


exemplo, as acções infra-estruturais no domínio dos transportes têm de ser sinérgicas com
os objectivos definidos para o desenvolvimento do turismo, no quadro de operações de
revitalização ou restauração das zonas urbanas que visem incrementar a capacidade de atracção
das cidades. Nestes casos, a opção da integração torna-se também uma necessidade operacional
nas regiões do Objectivo “C&E”, devido à menor disponibilidade de recursos e ao tipo de
acções previstas e acima descritas.

A terceira característica importante das novas acções respeita ao seu aspecto territorial.
Construir um turismo sustentável passa a ser um dos principais objectivos definidos para o
desenvolvimento das zonas com desvantagens (zonas insulares e montanhosas), cidades e zonas
fronteiriças. Neste caso, dado existir uma clara consciência da fragilidade intrínseca destas
zonas, a abordagem tem de ser direccionada para a valorização e a protecção do património
ambiental, adoptando formas de acção inovadoras e sustentáveis.

No novo período de programação de 2007-2013, o turismo não só mantém como reforça a sua
validade no contexto do desenvolvimento regional, tornando-se uma força impulsionadora
essencial para a economia nas cidades, nas zonas de montanha, nas ilhas e em todas as regiões
fronteiriças. Todavia, e sobretudo nas regiões do Objectivo “C&E”, o apoio co-financiado
pelos recursos dos FE exige uma abordagem integrada, inovadora e essencialmente
sustentável para fazer face aos desafios ambientais que se colocam ao continente
(aquecimento global, protecção da biodiversidade e diminuição da poluição).

Ainda em relação ao novo período de programação, o turismo representa um sector estratégico


para a Política de Coesão, papel que advém não só da importância que lhe é conferida nos
vários documentos políticos e regulamentos supramencionados, mas sobretudo de uma primeira
e breve análise dos documentos de programação aprovados, ou por aprovar, pela Comissão.
Embora utilizando métodos diferentes, os POR das zonas dos Objectivos “Convergência” e
“C&E” deixaram espaço para acções no sector do turismo.

Porém, o considerável valor acrescentado da inovação fez do turismo o sector em que a


integração é mais aplicada, e isto em duas dimensões diversas: a dos actores e a das políticas.
Na primeira, por força da sua natureza específica, as parcerias público-privadas tornaram-se
uma condição necessária para aceder à ajuda comunitária. Na segunda, nomeadamente nas
zonas do Objectivo “C&E”, nas zonas urbanas e nas zonas desfavorecidas, como já se referiu, o

45 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

turismo é o catalisador de acções inseridas em diferentes quadros políticos, como a valorização


do património cultural, a protecção ambiental, a acessibilidade e o desenvolvimento do espírito
empresarial, amiúde com métodos inovadores.

Por dar especial importância aos aspectos ambientais, a integração parece ser também uma das
principais características do turismo especificamente costeiro. No entanto, mais importante
ainda é a dimensão complementar da integração transfronteiriça, na qual uma avaliação
empírica inicial dos Programas de Cooperação salienta a importância do turismo, quase sempre
definido com base na sustentabilidade.

Para concluir, no novo período de programação, o turismo em geral, e o turismo costeiro em


particular, assume uma importância essencialmente transversal, enquanto elemento de
integração entre actores (dos sectores público e privado) e políticas nos domínios do
ambiente, do desenvolvimento, da inovação, dos territórios e das regiões.

PE 397.260 46
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

4. Actores e parcerias

Principais conclusões
• Em matéria de desenvolvimento do princípio da parceria, o impacto dos FE no
turismo costeiro é altamente positivo.

• O grau de participação dos actores é mais visível durante as fases de concepção e


planeamento do que na fase de execução dos projectos.
• Normalmente, são as autoridades públicas locais das zonas costeiras que assumem o
papel mais activo nas parcerias do turismo costeiro.
• As parcerias firmadas no contexto do turismo costeiro devem contar com uma maior
participação de organismos ambientais, de representantes dos sectores produtivos
ligados ao mar, de actores dos sectores culturais e da comunidade científica.

• As iniciativas transfronteiriças empreendidas nas zonas costeira podem contribuir


significativamente para a alta qualidade das parcerias.

4.1 Panorâmica geral

Em matéria de desenvolvimento do princípio da parceria 49 na formulação de políticas de


desenvolvimento regional, o impacto dos FE é altamente positivo e deveras relevante.

A abordagem ascendente e o princípio da parceria são dois dos princípios mais importantes do
desenvolvimento regional na União Europeia. Nos antigos Estados-Membros, uma mais longa
tradição na gestão dos FE e diferentes quadros institucionais fazem com que o processo da
parceria esteja bastante consolidado. Na maioria dos casos observados nestes países, a
concepção e a execução dos programas envolvem todos os actores institucionais e
socioeconómicos relevantes.

Nos novos Estados-Membros, o princípio da parceria e a abordagem ascendente começaram a


desenvolver-se enquanto consequência directa do processo de integração europeia. Em certos
casos, o princípio da parceria continua ainda por aplicar na totalidade e nem todos os actores
territoriais relevantes participaram nas fases de planeamento e execução dos programas dos FE.
Há ainda um baixo nível de descentralização a favor dos planos regional e local, facto que está
associado à ausência de capacidade e experiência de gestão nas administrações regional e local.

O quadro de governação do sector do turismo caracteriza-se por uma dimensão multiníveis e


multissectorial. Tal como prevê também a nova Política Marítima da UE, é necessário incutir
um esforço especial na governação, uma vez que a interface costeira-terrestre envolve todo
um conjunto de propriedades, utilizadores e jurisdições múltiplos. Se não for adoptada
uma abordagem integrada nas fases de concepção e planeamento, existe o risco de serem
aplicadas medidas contraditórias. Isto é particularmente evidente no que se refere ao aspecto

49
De acordo com os regulamentos da UE (artigo 11.º do Regulamento (CE) n.º 1083/2006), o processo deve incluir, por um
lado, consultas entre todos os níveis da administração pública, do nível local ao nacional, e, por outro lado, uma PPP sólida.

47 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

ambiental: por vezes, o património natural de uma região é ainda visto não como um valor a
preservar e fundamental para a atractividade de um local, mas antes como um entrave a uma
política proactiva de construção e exploração do território.

A formulação de estratégias para o turismo envolve vários níveis administrativos e instituições,


por exemplo, ministérios nacionais do Turismo e da Cultura, agências regionais e locais para o
desenvolvimento, agências especializadas para o desenvolvimento do turismo e departamentos
locais de municípios ou grupos de aldeias. Um plano de turismo tem de ser interdisciplinar e
o processo deve caracterizar-se pela cooperação e integração. Uma infra-estrutura pública
adequada, uma boa ligação em rede e atitudes de cooperação entre todas as partes interessadas
relevantes e o público em geral perfazem a única abordagem capaz de garantir o sucesso de um
sector em que, normalmente, o turista escolhe um destino passível de lhe oferecer um conjunto
de experiências recreativas diferenciadas.

Nos novos Estados-Membros, o processo de descentralização é ainda débil, pelo que as


competências nacionais em matéria de turismo são mais significativas do que nos antigos
Estados-Membros, onde os destinos turísticos encontram um nível de responsabilidade
apropriado no plano local. No que se refere ao sector do turismo, os FE contribuíram para uma
troca de ideias entre todos os actores envolvidos sobre como transformar o sector num
instrumento de desenvolvimento regional, bem como para o reforço das parcerias entre, por um
lado, as autoridades públicas regionais e nacionais e, por outro lado, as autoridades públicas e os
actores sociais.

4.2 Grau de participação


No plano local, as estruturas das parcerias ligadas a projectos de turismo costeiro são variáveis e
dependem grandemente do contexto socioeconómico e institucional (antigos versus novos
Estados-Membros, urbano versus rural).

O grau de participação dos actores é mais visível nas actividades iniciais de concepção e
planeamento do que nos mecanismos de execução. Normalmente, isto acentua a perspectiva
de curto prazo do exercício do planeamento e não ajuda ao diálogo e a uma partilha clara das
visões políticas. Ao invés, o sucesso é conseguido quando o papel dos actores é mais proactivo
e relevante em todas as fases das políticas.

Por exemplo, no caso da parceria constituída pela Região de Marche, as organizações


ambientais deram um importante contributo durante a fase de planeamento, que levou a incluir
no PO algumas medidas destinadas a gerar maiores sinergias entre o turismo e a
sustentabilidade ambiental. Mais especificamente, as ditas organizações propuseram a
nomeação de directores de áreas protegidas como responsáveis pela aplicação de uma
medida visando a reclassificação ambiental e territorial e como beneficiários da medida
específica relativa à promoção e valorização do património histórico e cultural. Esta prática
revelou ser bastante útil para uma aplicação eficaz da medida e para uma participação activa das
partes interessadas relevantes.

Em termos gerais, o processo de aprendizagem de gestão de parcerias está a produzir bons


resultados. Em Guadalupe, após um período em que as questões do ambiente eram
completamente menosprezadas e os investidores privados, encarando o património natural como
contrário aos seus objectivos, promoviam uma política bastante agressiva (drenando lagoas e

PE 397.260 48
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

lagos e aumentando a urbanização e a concentração de população nas costas), o novo período de


programação coloca o acento tónico nas medidas de protecção e valorização dos recursos
naturais. Em 2005-2006, passou a ser possível levar por diante uma nova política pública de
turismo sustentável em Guadalupe. A abordagem de parceria entre profissionais e organismos
públicos provou ser uma base sólida para impulsionar o sector do turismo e para uma partilha
clara de responsabilidades. O Conselho Regional de Guadalupe e os FE irão direccionar o
grosso do seu apoio para a modernização e renovação do parque hoteleiro e para a
diversificação da oferta de alojamento turístico. Ao mesmo tempo, o Estado vai patrocinar a
promoção do turismo e do comércio local por meio do marketing dos produtos locais.

4.3 Tipologia dos actores


São múltiplos os actores interessados nos efeitos das políticas do turismo, facto que, não raro,
dá azo a conflitos entre as partes interessadas. Deste modo, a aplicação das estratégias do
turismo deve passar sempre pela constituição de uma grande parceria, tida mesmo como a
prática ideal ao nível local.
Geralmente, são as autoridades públicas locais das zonas costeiras que assumem um papel
mais activo nas parcerias do turismo costeiro.
Os dados mostram que, nos melhores exemplos, as fases de planeamento e execução contam
com a participação dos seguintes actores: autoridades públicas regionais e locais, representantes
do sector privado (proprietários de hotéis e outras instalações de alojamento), associações
ambientais e câmaras de comércio (ver Quadro 12).
No entanto, uma abordagem mais progressiva do turismo costeiro exige que, numa parceria
eficaz, o grupo de actores-chave não fique confinado às autoridades locais e a empresários
do sector privado, devendo abranger também organizações ambientais, representantes dos
sectores produtivos ligados ao mar (pescas, por exemplo), especialistas e actores dos
sectores culturais e a comunidade científica com interesse nas actividades ligadas ao mar.
O turismo é um sector transversal. Dada a complexidade das relações e actividades afectadas,
todas as partes envolvidas (actores económicos, sociais e ambientais, organizações
representativas dos residentes das zonas costeiras, organizações não-governamentais (ONGs),
sector empresarial, etc.) deveriam participar no processo de planeamento e gestão. Na verdade,
todas as partes interessadas deveriam apoiar plenamente as restrições que lhes serão impostas,
para compreenderem os efeitos colaterais da acção prevista.

Quadro 12. Parcerias: exemplos de actores envolvidos em alguns projectos relacionados com o turismo no
período de 2000-2006

Pomorskie: Produto turístico de Sudeste da Roménia: “Projecto de Guadalupe: “Hotel Fort-Royal”


marca “Região de Alojamento protecção e reabilitação costeira de
Inspeccionado” Mamaia Sul e Eforie Norte”

• Associação de Marcas de • Ministério do Ambiente e da


Turismo Rural (NGO) Gestão de Recursos • Investidor privado
• Museu da Pomerânia Hídricos e grupo consultivo • Conselho Geral de
Central e parque temático apenso Guadalupe
de Kluki • Agência Regional e Local • Empresas hoteleiras locais
• Autoridades locais de para a Protecção Ambiental • Autoridades locais do
quatro municípios • Direcção de Recursos comércio, turismo e
• Parque Nacional de Hídricos do Litoral de artesanato
Slowinski Dobrogea • Parque Nacional de
• Organização de Turismo • Delegação da CE na Guadalupe
Regional da Pomerânia. Roménia

49 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

As associações de empresas com actividades produtivas ligadas ao mar (pescas e


aquicultura, navegação, etc.) desempenham um papel fulcral na realização do objectivo da
revitalização da economia local, na medida em que muitas regiões costeiras enfrentam uma
situação de declínio económico e perda contínua de postos de trabalho nestes sectores. A
indústria do turismo pode providenciar boas soluções para reencontrar um papel para as pessoas
outrora empregadas nestes sectores. Por exemplo, na região de Pomorskie, muitos pescadores
receberam fundos do Instrumento Financeiro de Orientação das Pescas (IFOP), num quadro que
visava reconverter a utilização dada aos barcos de pesca, que assim foram transformados em
museus ou embarcações turísticas e de recreio.

A comunidade científica tem igualmente um papel importante a desempenhar na definição


de prioridades e na identificação de formas criativas de explorar e valorizar os recursos
naturais. Este papel é particularmente relevante para a estratégia de diversificação das
oportunidades de lazer oferecidas aos turistas. A arqueologia marítima está a tornar-se cada vez
mais popular: esta actividade tem um grande potencial de desenvolvimento e a possibilidade de
explorá-la como recurso recreativo positivo é significativa. O turismo educativo é outra forma
de combater a sazonalidade do turismo costeiro.

Ao nível do projecto, é necessário incluir a comunidade de residentes no conjunto das partes


interessadas relevantes envolvidas. A comunidade local deve ser consultada numa fase
inicial e ao longo do desenvolvimento conceptual do projecto. Caso contrário, poderá haver
um elevado risco de o projecto ser rejeitado numa fase posterior. A Caixa 8 descreve um bom
exemplo desta abordagem.

Em especial nas zonas costeiras onde o turismo não constitua a única actividade económica,
importa perceber se os habitantes locais estão realmente envolvidos e apoiam uma política com
uma forte componente de desenvolvimento turístico. De facto, é essencial começar a pensar em
termos de marketing territorial geral, com vista a identificar a verdadeira natureza e carácter
da zona e a conciliar as várias partes interessadas e as suas necessidades. Mais especificamente,
é vital que os habitantes sejam envolvidos desde o início do processo.

PE 397.260 50
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 10. Aquário The Deep (cidade de Hull): exemplo de uma parceria bem sucedida

The Deep é um aquário e centro de visitantes sem fins lucrativos, situado na margem norte do Estuário
do rio Humber. O seu objectivo é promover o gosto e os conhecimentos do público em relação aos
oceanos do planeta.

Um dos factores cruciais do sucesso do The Deep reside no facto de ter sido desenvolvido no âmbito
de uma parceria dos sectores público e privado, envolvendo a Câmara Municipal (líder da parceria), o
Museu de História Natural (numa fase inicial), uma empresa do sector privado e a Universidade de Hull.

O desenvolvimento do conceito do The Deep foi um processo gradual, conduzido pelo actual Director
Executivo, então com o cargo de Director de Serviços de Lazer da Câmara Municipal de Hull. O
processo começou pelas fases iniciais de estudos de propostas e de viabilidade, a que seguiu a
redefinição do âmbito e objectivos iniciais do projecto, até, por fim, emergir o sólido e visionário
conceito final.

O projecto foi sendo sujeito a constantes ajustamentos, incluindo discussões com grupos de partes
interessadas relevantes e de âmbito mais amplo que, gradual e organicamente, incutiram nele novas
características que levaram à sua aceitação. Deste modo, o envolvimento da comunidade foi essencial
para o sucesso do projecto, cujo apoio a nível local foi sendo granjeado durante as fases de
desenvolvimento, à medida que ia sendo explicado aos muitos grupos da comunidade local. Isto foi
fundamental para consolidar a visão do projecto, que, para alguns, era controversa. Muitas pessoas
pensavam que, devido à natureza de Hull, vista pelos seus habitantes como uma cidade industrial e
portuária sem tradição no turismo, o sucesso do projecto estava comprometido.
Fonte: Autores

Nas regiões transfronteiriças, a troca e a partilha de ideias e opiniões com actores e


comunidades das regiões vizinhas podem ser uma forma bem sucedida de explorar novas
abordagens do marketing territorial. A Iniciativa INTERREG da Política de Coesão pode
contribuir significativamente para a troca de informação sobre boas práticas neste
domínio, promovendo igualmente acções transfronteiriças nas zonas costeiras (ver Caixa
11).

51 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 11. Iniciativas INTERREG e parcerias: o projecto “Relatório do Adriático” e o Itinerário


Ciclopédico do Mar do Norte

A rede do Adriático

O projecto “Relatório do Adriático” do INTERREG tem dois objectivos:


• criar uma rede de marinas turísticas no Mar Adriático, desde Marche até à Croácia;
• alargar a oferta turística e cultural local, identificando itinerários turísticos desde as costas até à
área de influência.

Para realizar estes objectivos, foi criada uma complexa parceria que envolve actores económicos,
sociais e institucionais de Marche e da Croácia, para as fases de planeamento e execução do projecto.
Em virtude das grandes diferenças administrativas existentes entre os dois países e da presença de
representantes do sector privado, foi necessário envidar um esforço de formalização de relações e
normalização de procedimentos.

A Região de Marche foi o parceiro líder, assumindo a responsabilidade administrativa e financeira pelo
projecto. Os parceiros croatas, mesmo sem participação no orçamento, tiveram um envolvimento
contínuo na forma como o projecto foi executado no seu território. A elevada complexidade do
processo teve a ver com algumas divergências entre os actores, nomeadamente quanto à
determinação de normas qualitativas em matéria de protecção ambiental e às variações entre os
mecanismos dos FE e os instrumentos de pré-adesão, para os quais a Croácia era elegível. Porém, a
vontade de vencer os desafios e de levar o projecto a bom porto permitiu superar tais problemas e
contribuiu para um desfecho coroado de êxito, indicador de que a cooperação transfronteiriça pode ser
entendida como um instrumento útil para o desenvolvimento estratégico do turismo costeiro.

Ciclismo nas costas do Mar do Norte

O projecto do Itinerário Ciclopédico do Mar do Norte contou com o envolvimento de seis países
costeiros do Mar do Norte: Suécia, Reino Unido, Países Baixos, Noruega, Dinamarca e Alemanha.
Fazendo uso de itinerários ciclopédicos nacionais, regionais e locais já existentes, esta grande parceria
criou uma ciclovia ininterrupta ao longo da costa, com ligações por ferry em alguns pontos desta.

A inauguração oficial do itinerário teve lugar em 2001, com o patrocínio de uma parceria que englobou
autoridades locais e regionais, empresas transportadoras, conselhos de turismo e muitas
organizações. 50% do projecto foram financiados pela Iniciativa INTERREG IIC, tendo o itinerário sido
posteriormente desenvolvido no âmbito do Programa do Mar do Norte do INTERREG IIIB. Entre as
iniciativas empreendidas contam-se a introdução de melhorias no itinerário propriamente dito, serviços
para cicloturistas, eventos e a criação de um novo sítio na Internet em 2006.

O objectivo consiste em promover o cicloturismo transnacional, que, para as zonas costeiras do Mar do
Norte, representa uma fonte de receita pouco dispendiosa e amiga do ambiente.

Fonte: Autores e InfoRegio (http://ec.europa.eu/regional_policy)

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

5. Recursos financeiros

Principais conclusões
• Apenas uma pequena parte dos FE é investida no turismo.

• Os países mediterrânicos são os principais investidores em programas de


desenvolvimento regional ligados ao turismo.

• A maioria dos destinos turísticos costeiros tem tido grandes dificuldades para atrair
financiamentos do sector privado para projectos turísticos.

• Um dos desafios fundamentais das PPP passa por encontrar uma forma sustentável de
oferecer aos investidores privados fontes de receita suplementares, para além das
geradas pela venda de bilhetes.

• A confiança do público em relação a projectos de alta visibilidade e de grande


envergadura facilita a atracção de investidores privados.
• As zonas costeiras rurais são frequentemente penalizadas na atracção de
financiamento privado.

5.1 Panorâmica geral


Os FE não investem uma parte significativa das suas despesas no turismo. De acordo com o
Quarto Relatório sobre a Coesão Económica e Social (ver Quadro 13):
• o sector do turismo (em sentido estrito) foi contemplado com um montante total de 4720
milhões de euros, o equivalente a 3,6% da dotação total da Política de Coesão;
• as maiores despesas no turismo cabem às regiões do Objectivo 2 (9,5% dos recursos
totais);
• as Iniciativas Comunitárias afectaram mais de 277 milhões de euros ao turismo, o que
corresponde a 5,2% do orçamento total da Política de Coesão.

Quadro 13. Distribuição das despesas da Política de Coesão por domínio na UE 25, 2000-2006

Iniciativas
Ob. 1 Ob. 2 Ob. 3
Comunitárias
(%) (%) (%) (%)
Envolvente produtiva 24 56,2 0,6 20,9
- da qual: Turismo 3,1 9,5 0,1 5,2
Investimento em capital humano 26,5 10,4 97,4 36,8
Infra-estruturas de base 47,6 29,1 0,4 28,0
Diversos 1,9 4,3 1,6 14,3
Total 100 100 100 100

Fonte: Dados da Comissão Europeia, 2007, Quarto Relatório sobre a Coesão, processados pelos autores

53 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Os países mediterrânicos são os principais investidores no turismo, no âmbito de


programas de desenvolvimento regional (ver Gráfico 5). Nestes países, o grosso da actividade
turística corresponde, de facto, a turismo costeiro.

Gráfico 5. Dotação financeira do turismo por país e origem dos fundos (*), mil milhões de euros, 2000-2006
4

3,5
Fundos
Structural (€)
funds (€) Fundos
National Funds(€)
(€)
Estruturais Nacionais
3

2,5

1,5

0,5

0
LU CY LV SI DK IE FI HU SE NL AT BE UK ES EL PT DE FR IT

(*) Não existem dados disponíveis dos seguintes países: Estónia, Lituânia, Malta, República Eslovaca, República Checa,
Polónia.
Fonte: Dados da DG Regiões processados pelos autores

Nas regiões do Objectivo 2, as contribuições nacionais financiaram, em média, a maior parcela


dos custos totais dos projectos. Nas regiões do Objectivo 1, os FE tiveram um papel importante
no co-financiamento de projectos no sector do turismo (ver Gráfico 6).

O co-financiamento da UE só representa a maior parcela do investimento em projectos de infra-


estruturas, os quais, contudo, costumam incidir sobre intervenções nos domínios dos transportes
e do ambiente, ou em medidas de restauração e valorização do património artístico e cultural.
No entanto, esta tendência é típica dos FE, não sendo específica do sector do turismo.

Gráfico 6. Dotação financeira do turismo por Objectivo e origem dos fundos, 2000-2006
Mil milhões deEuros Milhões de Euros
8 FuFundos
ndos (€)(€) FuFundos
ndos (€)(€) 70
Fundos
Structural funds (€) Fundos
National Funds (€) (€)
Structural funds (€)
EsEstruturais
truturais National Funds (€)
NaNacionais
cionais (€) Estruturais Nacionais
7 60
6 50
5
40
4
30
3
2 20
1 10
0 0
Objectivo
Objectivo 31 Iniciativas
Objectivo
comunitárias
2
Objective 1 Objective 2 Objectivo
Objective 3 3 Iniciativas comunitárias
Community Initiatives

Fonte: Análise pelos autores de dados da DG REGIÕES

A participação do sector privado continua a não ser considerável. Não obstante, há


exemplos de boas práticas, nomeadamente nas regiões do Objectivo 2, observados em

PE 397.260 54
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

projectos-bandeira de revitalização urbana e em grandes iniciativas de marketing regional. Tal


como já se referiu em relação ao impacto geral, embora dêem uma pequena contribuição
financeira em termos quantitativos, os FE contribuem de forma efectiva para o desenvolvimento
de algumas práticas inovadoras de angariação de fundos nacionais privados para projectos
estratégicos no sector do turismo.

5.2 Parcerias público-privadas (PPP)


A maioria das localidades tem sentido grandes dificuldades em atrair financiamentos do
sector privado para projectos turísticos. Mais frequentemente nas regiões do Objectivo 2,
devido ao método da micro-regionalização, 50 as zonas elegíveis foram alvo de situações de
negligência, menosprezo e precariedade pouco consentâneas com zonas de potencial
turístico.

A atitude mais comum dos actores privados para com o financiamento público é a procura de
ajudas para fazer face a necessidades de investimento privado. Normalmente, as empresas do
sector do turismo são maioritariamente PME, o que acentua a frequência desta atitude. Para
outras partes interessadas, a promoção de um aspecto específico é a única contribuição visada
aquando da concepção das intervenções (por exemplo, associações ambientais solicitando a
aplicação de medidas amigas do ambiente). Um dos problemas habituais das parcerias com o
sector privado reside no facto de as empresas comerciais terem objectivos, aspirações e normas
diversos dos das agências do sector público.

Observou-se que, no caso do apoio directo às empresas, o processo de selecção para o co-
financiamento de projectos de investimento pendia enviesadamente para os sectores da
transformação, descurando os sectores dos serviços. Além disso, nos novos Estados-Membros, a
participação de empresas privadas tem sido reduzida, por culpa do baixo nível associativo das
empresas do sector do turismo.

Neste sentido, uma abordagem mais estratégica requer que se envidem esforços para incentivar
os actores privados a adoptarem um papel mais proactivo. Mais especificamente, é possível
incentivá-los a tornarem-se investidores, em vez de meros beneficiários de subsídios públicos.
Um dos desafios fundamentais das PPP passa por encontrar formas sustentáveis e eficazes
de incentivar os investidores privados. Isto pode conseguir-se criando fontes de receita
decorrentes dos efeitos indirectos da atracção de pessoas, não apenas turistas, para um
local.

Por outro lado, esses incentivos podem ser promovidos como base de suporte das condições
gerais necessárias para o sucesso de todo o meio empresarial, e não para apoiar directamente um
determinado sector ou actividade. Isto é facilmente realizável, através de intervenções de
renovação urbana, marketing territorial e melhoria das infra-estruturas de transporte e
ambientais existentes, nomeadamente nas regiões do Objectivo “Convergência”.

Assim, no caso em análise, recomenda-se a concentração de recursos em projectos inovadores e


de maior escala, e não na concessão de subvenções. Esta abordagem provou ser bem sucedida

50
Para lidar com a necessidade de concentrar recursos, no período de 2000-2006, não se considerou elegível todo o território
das regiões do Objectivo 2 (como acontece no período actual), mas apenas um número bem identificado de municípios,
seleccionados com base em indicadores estatísticos do declínio industrial.

55 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

para criar bons incentivos à participação de investidores privados numa perspectiva de mais
longo prazo. Outro aspecto fundamental para atrair investidores privados é o investimento na
visibilidade.

5.3 Melhores práticas de atracção de investidores privados


A confiança do público em relação a projectos com alta densidade de investimento, de alta
visibilidade e de grande envergadura facilita a atracção de investidores privados. As zonas
costeiras rurais podem não ter a mesma concentração de recursos públicos e, ao contrário
dos centros urbanos costeiros, não lograram ser tão bem sucedidas na captação de
financiamento privado.

A fim de atrair investidores privados para projectos culturais e turísticos, é possível empreender
esforços no sentido de encontrar formas complementares de gerar outras receitas que não as
provenientes de vendas de bilhetes a turistas. No caso do aquário The Deep (Caixa 12), a
construção de escritórios de alta qualidade para arrendamento, que veio dar resposta às
necessidades comerciais no interior da cidade, foi, desde o início, parte integrante de todo o
projecto. Esta forma de subvenção cruzada torna o aquário menos dependente das receitas do
número de visitantes, naturalmente flutuantes, o que lhe permitiu estabelecer preços de entrada
razoáveis e, em simultâneo, diminuir o risco financeiro do projecto e oferecer segurança no
emprego ao pessoal.

Caixa 12. Aquário The Deep (cidade de Hull): exemplo de sucesso na atracção de fundos
privados

O projecto do aquário The Deep, em Hull, constitui um exemplo de boas práticas de captação de
fundos junto do sector privado. O projecto The Deep é composto por quatro elementos: uma atracção
turística contida num edifício emblemático com um dos mais profundos tanques da Europa (conhecido
por ‘submarium’, ou tanque submarino), um centro empresarial, com escritórios de alta qualidade para
arrendamento (espaços de trabalho geridos), um centro de aprendizagem ao longo da vida e um
centro de investigação utilizado pelo departamento de estudos marinhos da Universidade de Hull.

O aquário The Deep foi inaugurado em Março de 2002, e com tal sucesso que foi recentemente
ampliado, dado que as suas instalações se revelavam já insuficientes. Até à data, acolheu mais de dois
milhões de visitantes oriundos do Reino Unido e do estrangeiro. A atracção turística tem patente uma
combinação de exposições interactivas, apresentações audiovisuais e exposições vivas. Leva a cabo
um programa educativo bastante activo, com uma média de 20 000 visitas de escolas por ano, e
emprega dois professores a tempo inteiro. Uma equipa de biólogos marinhos cuida dos animais e
efectua investigação no meio marinho.

Inicialmente, previa-se que o The Deep atraísse 250 000 visitantes anuais. No seu primeiro ano
completo de funcionamento, registou 855 657 visitantes. Volvidos cinco anos, o número estabilizou em
cerca de 400 000 visitantes anuais. O último volume de negócios anual registado ascendeu a € 8,2
milhões. O excedente obtido é recanalizado para o complexo, com o fito de actualizar e gerar
conteúdos para exposição.
Fonte: Autores

Em termos de recursos financeiros, os projectos bem sucedidos incluíram os fundos do FEDER


como uma de várias fontes de financiamento, sendo as responsabilidades, e os benefícios, dos
projectos partilhados por fundos públicos, nacionais e locais, e privados. Embora, na fase de
arranque, sinta uma maior necessidade de financiamento público, um projecto-bandeira
consegue atrair fundos privados para efeitos de visibilidade ou fins extraturísticos (ver Gráfico
7).

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Gráfico 7. Projecto The Deep–Fontes de financiamento nas Fase 1 (esquerda) e na Fase 2 (direita),
2000-2006

Nacional
público
(Millennium FEDER
Comm.)
Sector privado
FEDER

Subvenções Single
em capital Regeneration
Budget

Diversos Câmara
Universidade Yorkshire
Municipal de Forward
de Hull
Kingston upon
Hull Outro sector
público

Fonte: The Deep/GOYH Compendium of Objective 2 Projects


(2000-2006 ERDF Projects in Yorkshire and The Humber)

57 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

6. Revitalização da economia local

Principais conclusões
• De um modo geral, as intervenções realizadas no domínio do turismo costeiro afectam
positivamente a dinâmica do crescimento e do emprego.

• A taxa de criação de emprego no turismo é superior à média no conjunto da economia


europeia.

• O turismo pode ser visto como um meio de revitalização das economias locais, através
da absorção de trabalhadores de indústrias em declínio por parte das novas
actividades.

• Quanto mais o mecanismo dos FE estiver integrado na capacidade administrativa,


maior será o impacto no crescimento regional.

• O turismo é caracterizado por um elevado grau de emprego a tempo parcial/sazonal,


condições de trabalho flexíveis e salários abaixo da média.

• Não é possível estabelecer uma relação directa entre o apoio dos FE ao turismo nas
regiões costeiras e o emprego das mulheres.

6.1 Panorâmica geral


Dada a sua importância em termos de percentagem do PIB total e do emprego, o sector do
turismo é tido como estratégico no quadro da Estratégia de Lisboa para o crescimento e o
emprego.

A Comunicação da Comissão intitulada “Uma política de turismo europeia renovada - Rumo a


uma parceria reforçada para o turismo na Europa” 51 (COM(2006)134) salienta como a taxa de
crescimento do emprego no turismo é superior à média dos demais sectores. Na última década,
a taxa de criação de emprego no turismo foi superior à média registada no conjunto da
economia europeia: por exemplo, no período de 2000-2005, a taxa de crescimento médio anual
de pessoas empregadas em hotéis e restaurantes (Nomenclatura Estatística das Actividades
Económicas na Comunidade Europeia - NACE divisão 55) foi de 2,9%. 52 Além disso, o turismo
pode ter um papel vital tanto em zonas atingidas pelo declínio industrial ou rural como em
zonas de regeneração urbana.

Na maioria das zonas costeiras, o declínio do sector das pescas concorreu para uma queda
contínua do emprego, com as consequentes situações de precariedade social e económica. Além
disso, praticamente todas as zonas costeiras rurais enfrentam importantes desafios
demográficos, entre os quais o envelhecimento das populações, na sua maioria pessoas
reformadas, e a fixação dos jovens, questões que adquirem especial relevância.

51
Comunicação da Comissão “Uma política de turismo europeia renovada - Rumo a uma parceria reforçada para o turismo na
Europa”51 (COM(2006) 134) de 17-03-2006.
52
Eurostat, Tourist Statistics, edição de 2007.

59 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

No âmbito das estratégias de desenvolvimento regional, o turismo é amiúde visto como um


meio de revitalização das economias locais, através da absorção de trabalhadores de
indústrias em declínio por parte das novas actividades. Isto é particularmente relevante,
porquanto um dos maiores esforços do sector do turismo consiste em diversificar cada vez mais
o conjunto de actividades oferecidas aos turistas, bem como em promover diferentes tipos de
turismo para fazer face à sazonalidade característica do turismo costeiro. A abordagem
integrada privilegiada pelas intervenções dos FE revelou-se bastante eficaz no apoio a estas
estratégias.

A oportunidade criada pela combinação de indústrias criativas com a atractividade turística de


uma zona afigura-se como uma das estratégias de maior sucesso em que algumas zonas
costeiras são pioneiras.

6.2 Impacto no crescimento regional


É demasiado cedo para tecer considerações sobre o impacto dos FE no crescimento
regional das zonas costeiras durante o período de 2000-2006. De qualquer modo, não é
possível calcular tal número considerando o turismo costeiro por si só. Por exemplo, o
longo processo de renovação do alojamento hoteleiro colocou agora Guadalupe numa posição
mais competitiva para atrair turistas de todos os países, mas os resultados dos projectos
executados no quadro dos PO entre 2000 e 2006 só serão visíveis nos próximos dois anos.

Em termos gerais, o efeito dos FE no crescimento das economias costeiras depende das
características das regiões em análise. Em certos casos, o turismo costeiro e o turismo
regional podem coincidir. Nestas regiões, o sector turístico é o sector mais importante e o
impacto económico dos FE é altamente eficaz. É o que acontece, por exemplo, no Algarve,
onde sectores industriais como a construção civil e imobiliário, o comércio e os transportes,
impulsionados pelo desenvolvimento do turismo, conheceram um crescimento impressionante.
Noutros casos, o turismo costeiro representa tão-só um subsector do sector do turismo em geral,
pelo que as intervenções dos FE no turismo costeiro são menos significativas.

O aumento do rendimento disponível é uma das principais causas do crescimento da procura do


turismo costeiro. Por esta razão, o impacto positivo dos FE em toda uma região pode produzir
um efeito positivo indirecto no turismo costeiro mais pelo lado da procura do que pelo lado da
oferta.

A qualidade do planeamento e da gestão afecta também o impacto dos FE no crescimento:


quanto mais o mecanismo dos FE estiver integrado na capacidade administrativa, maior
será o impacto no crescimento regional.

Em cada região, as autoridades locais direccionaram os fundos da UE para diferentes alvos,


consoante as prioridades locais:

• A fim de impulsionar toda a economia regional, em Marche, as iniciativas da UE a favor


do turismo visaram o apoio a novas formas de turismo ligadas à descoberta do
património cultural e natural da área de influência, que se confronta com alguns
problemas macroeconómicos decorrentes do declínio dos sectores rurais e industriais
tradicionais.

PE 397.260 60
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

• Guadalupe concentrou os seus esforços na renovação das infra-estruturas de alojamento


já existentes, criando também um conjunto de serviços adicionais, tais como actividades
desportivas, restaurantes, comércio, equipamentos culturais, transporte, etc.

• Em Pomorskie, os FE foram maioritariamente aplicados na realização dos objectivos


estratégicos da Estratégia para o Desenvolvimento do Turismo regional, mediante a
modernização de infra-estruturas, o desenvolvimento de marcas e de produtos turísticos
e a melhoria dos transportes. O objectivo comum destas acções é aumentar o número de
dias que os visitantes passam na região.

6.3 Impacto no emprego regional


A Comunicação da CE “Uma política de turismo europeia renovada - Rumo a uma parceria
reforçada para o turismo na Europa” (COM(2006) 134) apresenta uma análise dos factores que
determinam a contribuição do turismo para a criação de emprego, nomeadamente para
mulheres, jovens e trabalhadores menos qualificados. As condições flexíveis e os empregos a
tempo parcial parecem ser uma constante no sector do turismo. Contudo, a Comunicação
salienta que devem ser introduzidas medidas adequadas que garantam a segurança dos postos de
trabalho e o desenvolvimento das qualificações dos trabalhadores.

No cômputo geral, as intervenções empreendidas no turismo costeiro afectam


positivamente a dinâmica do emprego em termos de criação de postos de trabalho no
sector, tendência que é corroborada pelos dados retirados dos estudos de caso.

Na região de Marche, o apoio da UE a novos investimentos privados e a medidas de ampliação


e renovação dos estabelecimentos já existentes levou à criação de cerca de 150 novos postos de
trabalho 53 .

Em Guadalupe, o impacto foi inferior, visto que muitos hotéis fecharam para obras de
renovação, mas não deixou de ser positivo, induzindo a criação de 32 postos de trabalho em
Abril de 2005. Para o próximo período de programação, antevê-se a criação de perto de 800
empregos até ao final de 2013.

A criação de novos postos de trabalho no sector do turismo pode contribuir para a migração de
empregadores oriundos de outros sectores em declínio. Nos casos de Marche e Pomorskie, por
exemplo, o turismo absorveu empregadores dos sectores da transformação, têxteis, química e
pescas, provocando uma relocalização da força de trabalho.

Em geral, nas regiões mais desenvolvidas ao longo das linhas de costa e afectadas pelo declínio
rural e industrial no seu interior, o turismo costeiro pode atrair trabalhadores vindos do espaço
rural, agravando o fenómeno da marginalização social e o despovoamento das zonas menos
desenvolvidas.

Uma questão importante a reter é a natureza dos novos postos de trabalho criados pelo turismo
nas regiões costeiras. Se, por um lado, o desenvolvimento do turismo contribui para a
redução do desemprego, por outro lado, é caracterizado por um elevado grau de emprego
a tempo parcial/sazonal e condições de trabalho flexíveis. Muitas das vezes, são os jovens e

53
Relatório de Execução Anual, DOCUP Marche, 2006.

61 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

as pessoas menos qualificadas, empregados de mesa, cozinheiros, empregados de balcão,


animadores, promotores, instrutores de actividades desportivas, etc., que aproveitam as
oportunidades de emprego criadas pelo turismo. A maior parte destas pessoas não celebra
contratos a termo e pode voltar a ficar no desemprego após o fim da época turística. De igual
modo, os salários são normalmente baixos, apesar do elevado número de horas de trabalho
diárias.

Embora os estudos de caso ponham em evidência a dificuldade geralmente sentida, devido à


ausência de dados do terreno, para definir a natureza dos novos empregos, há informação
disponível sobre alguns casos. Na região do sudeste da Roménia, por exemplo, 48% da força de
trabalho do turismo costeiro têm apenas o ensino primário. Ao mesmo tempo, apenas 41% têm
formação específica na área do turismo e 79% são empregados sazonais. Adicionalmente, esta
situação é acentuada pela ausência de legislação que obrigue os empregadores a darem
anualmente formação aos seus empregados, pela falta de um sistema de incentivos às empresas
que ofereçam formação e pela migração da força de trabalho deste sector a partir do interior ou
do exterior da Roménia.

Em Pomorskie, devido ao carácter altamente sazonal do turismo, a maioria dos empregados não
trabalha neste sector no Inverno. Ao invés, muitos empregadores afirmaram ter problemas para
encontrar pessoal para contratar no Verão.

Na região de Marche, o turismo é igualmente caracterizado pela sazonalidade, mas os dados


revelam uma tendência no sentido de uma maior qualidade da natureza do emprego no turismo
costeiro. Mais especificamente, a execução de projectos inovadores co-financiados pelos FE
introduziu novos profissionais em novos mercados. É o caso do projecto “Relatório do
Adriático”, destinado a aumentar a competitividade das costas do Mar Adriático através da
criação de uma rede integrada de portos e de ligações marítimas entre as costas italiana e croata
(ver Caixa 9).

A qualidade do emprego no sector do turismo é uma questão importante para os decisores


locais. Nesse sentido, os FE são também utilizados na melhoria da qualidade do emprego
no turismo, como mostram alguns dos nossos estudos de caso. Na região de Marche, por
exemplo, no quadro da supramencionada iniciativa INTERREG, foi conduzido um inquérito
sobre as necessidades profissionais do sector do turismo, tanto na região como no país vizinho,
a Croácia. Foram promovidas várias reuniões multilaterais com o intuito de organizar serviços
de formação conjuntos. Na região de Pomorskie, a carência de pessoal qualificado foi
solucionada com a organização de programas de formação específicos, co-financiados pelo FSE
(ver Caixa 13).

Os números indicados pelos estudos de casos demonstram como as intervenções no turismo


costeiro podem estimular o emprego das mulheres. Em Marche, cerca de dois terços dos novos
postos de trabalho criados (150) foram ocupados por mulheres, enquanto que, em Guadalupe, a
relação é de 18 postos de trabalho para homens contra 14 postos de trabalho para mulheres. Em
2005, na região de Pomorskie, havia 17 515 pessoas empregadas em hotéis e restaurantes, das
quais 65% eram mulheres. Apesar de tudo, não é possível estabelecer uma relação directa
entre o apoio dos FE ao turismo nas regiões costeiras e o emprego das mulheres, dado o
papel predominante das orientações nacionais e regionais em matéria de emprego.

PE 397.260 62
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 13. Região de Pomorskie (Polónia). Programa de formação “Turystyka wspólna sprawa”
(Turismo – Uma actividade comum)

Devido à emigração de muitos trabalhadores qualificados, o sector do turismo de Pomorskie


experimenta uma carência de pessoal qualificado, necessário para satisfazer a procura dos serviços
turísticos. Uma das maneiras de ultrapassar este problema é a formação, concebida para melhorar o
capital humano das empresas do sector do turismo. O programa “Turismo – Uma actividade comum”, a
par de outros 8 grandes programas de formação, é co-financiado pelos fundos do FSE no quadro do
PO Desenvolvimento de Recursos Humanos 2004-2006 (medida 2.3. Desenvolvimento de recursos
humanos para uma economia moderna).

São ministrados três tipos de formação:


i) cooperação em rede para ensinar a criar produtos de marca regionais e locais, e aumentar a
atractividade e a competitividade turística das regiões;
ii) gestão turística – disponível para gestores e proprietários de empresas turísticas. A formação
cobre domínios como os seguros, restauração, contabilidade, etc.;
iii) cursos de línguas (inglês, francês, alemão, russo).

No âmbito do programa, os trabalhadores podem obter 60% de co-financiamento do FSE e as PME


80%. Os estudantes que trabalhem nos serviços municipais e em ONGs têm direito a formação
gratuita. Além da formação, há também concursos organizados para o design de produtos turísticos de
marca. Prevê-se que este programa de formação abranja mais de 10 000 trabalhadores do sector do
turismo até ao fim do período de programação de 2004-2006 (que, por força da regra n+2, se prolonga
até 2008).

Entre as vantagens assinaladas estão os baixos preços, a formação nos locais de trabalho das
empresas e o preenchimento de lacunas de formação do pessoal.

Fonte: Autores

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

7. Redução dos efeitos sazonais

Principais conclusões
• A diversificação de produtos e serviços pode contribuir para a redução dos efeitos
sazonais.

• A sazonalidade do turismo tem decrescido nos últimos anos, por causa de factores
externos como as alterações climáticas, as mudanças das preferências dos turistas e a
existência de períodos de férias ao longo do ano.

• A experiência dos FE dá conta de boas práticas para encontrar soluções de redução dos
efeitos sazonais.

• As soluções de diversificação da oferta do turismo costeiro podem consistir na criação


de ligações e itinerários entre a linha costeira e a área de influência, no investimento
em eventos e actividades culturais, na promoção de novas formas de turismo, como o
turismo de negócios e o turismo educativo; e no reforço do papel das actividades de
lazer.

7.1 Panorâmica geral


A promoção de formas alternativas de turismo e a diversificação dos produtos turísticos
constituem as principais preocupações de todas as políticas e intervenções ligadas ao turismo
costeiro, e isto por muitas razões.

Efectivamente, a diversificação dos produtos e serviços turísticos pode contribuir para a


competitividade dos destinos costeiros, nomeadamente se os turistas puderem desfrutar tanto
dos sítios culturais e naturais da costa e da área de influência rural/urbana, como de actividades
marítimas diversificadas (mergulho, saúde, talassoterapia, arqueologia subaquática, etc.).

Além disso, as formas alternativas de turismo podem ajudar a prolongar a época turística,
produzindo várias vantagens, tais como:
• fontes de rendimento alternativas, criando mais crescimento e emprego;
• a redução do impacto e da pressão ambientais, económicos e sociais provocados pela
concentração da actividade turística em apenas alguns meses do ano;
• a criação de novas actividades de apoio à preservação e valorização do património de
uma zona.

Em certa medida, a sazonalidade do turismo tem-se atenuado nos últimos anos, por causa
de alguns factores externos.

Em primeiro lugar, prevê-se que as alterações climáticas venham remoldar a indústria do


turismo mundial e afectar a competitividade e a sustentabilidade dos destinos turísticos,
induzindo uma redistribuição geográfica e sazonal dos fluxos de visitantes. De facto, o clima
contribui para definir a duração e a qualidade das épocas turísticas, além de desempenhar um
papel fundamental na escolha do destino e no consumo dos turistas.

65 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Ironicamente, este fenómeno poderá ter consequências positivas para a indústria do turismo,
prolongando a estação do Verão nos países do norte da Europa e, porventura, dando até origem
a novos destinos. Por exemplo, na sua orientação estratégica global para a região, a Estratégia
Regional e Territorial (Regional and Spatial Strategy, RSS) de Yorkshire and The Humber
reconhece que, com as alterações climáticas, o clima da região será mais quente, com invernos
mais húmidos e verões mais secos. De igual modo, eventos extremos como as cheias, por
exemplo, passarão a ser mais frequentes e a erosão costeira deverá acelerar. Entre as
repercussões das alterações climáticas estão oportunidades que perfazem um maior potencial
turístico. No entanto, como se verá mais adiante, o saldo dos efeitos é claramente negativo e terá
de ser levado em consideração.

Em segundo lugar, verificam-se mudanças do lado da procura:


• por um lado, há uma tendência social no sentido de gozar períodos de férias mais curtos
e frequentes;
• por outro lado, observa-se uma procura crescente de um conjunto mais desenvolvido de
serviços e entretenimento, incluindo desportos aquáticos e actividades de turismo
cultural e de saúde, não estritamente ligados aos principais meses de Verão.

A sazonalidade é uma característica intrínseca do sector do turismo, sendo necessário


abordá-la com políticas e intervenções apropriadas.

7.2 Soluções de diversificação


Da experiência dos FE emergem várias soluções interessantes. Uma estratégia inovadora tem a
ver com a promoção de uma oferta turística integrada que consiga ligar a linha costeira à
área de influência e a outras localidades, de modo a estabelecer um “fluxo” turístico entre
diferentes, mas já existentes, formas de turismo. Um bom exemplo desta estratégia é o
fornecido pela região de Marche (ver Caixa 14).

Caixa 14. A estratégia de diversificação do turismo da Região de Marche


A experiência do INTERREG com a Croácia desenvolvida no período de 2000-2006
Uma das peculiaridades da região de Marche é a sua posição de “região fronteiriça”, que afecta
directamente o sector do turismo. De facto, o seu turismo costeiro tem enfrentado uma concorrência
crescente de outras regiões do Mar Adriático, designadamente da Croácia. A estratégia adoptada
pela região de Marche assentou em esforços de cooperação com as linhas costeiras opostas, com o
fito de fazer face a desafios comuns e explorar sinergias positivas. No quadro do Projecto “Relatório
do Adriático” do INTERREG, foi elaborado, em colaboração com a Croácia, um Plano de Oferta
Integrada visando correlacionar os locais individuais das costas do Adriático num único itinerário
turístico marítimo, totalmente integrado de costa a costa. Na prática, foram promovidas formas
inovadoras de descobrir novos percursos turísticos, considerando não apenas as atracções
marítimas, mas também itinerários gastronómicos, sítios históricos e arquitectónicos e trilhos
naturais, envolvendo a área de influência circundante. Assim, a bacia do Mar Adriático é vista como o
recurso turístico crucial para o desenvolvimento das zonas litorais italiana e croata, as quais, por
intermédio da sua nova cooperação estratégica, deverão conseguir aumentar a atractividade e a
utilidade de toda a área.
Fonte: Autores

Em alguns casos, os FE foram utilizados para investir no património e no turismo cultural


como meio de:
• diferenciar a oferta turística de cidades costeiras que, historicamente, tenham tido uma
função industrial (aproveitando o tecido histórico e ligando-o a indústrias criativas);

PE 397.260 66
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

• reformular a identidade e a especificidade da zona, transformando as estâncias costeiras


em cidades patrimoniais marítimas.

Deste modo, com a aquisição de novas ‘marcas’ e a entrada em novos mercados, as cidades
costeiras passam do seu papel tradicional de estâncias marítimas para um ‘papel especializado’.
Esta abordagem foi prosseguida com sucesso, por exemplo, nas cidades inglesas de Whitby e
Scarborough (ver Caixa 15).
Caixa 15. Investir no património cultural: os exemplos de Scarborough (Reino Unido) e Roterdão
(Países Baixos)
Scarborough é um centro marítimo com história na indústria da construção naval. Estância costeira
criada no século XIX para os mais abastados e uma das primeiras da Grã-Bretanha, Scarborough
beneficiou de um grande investimento no seu património arquitectónico e nos seus activos culturais
durante o seu apogeu. Contudo, à semelhança do que sucedeu com muitas cidades marítimas,
enquanto estância, Scarborough perdeu muita da sua popularidade na segunda metade do século XX
e a sua localização bastante remota dificultou a atracção de novas iniciativas. No âmbito da sua
estratégia, o Scarborough Borough Council patrocina um esforço sustentado de investimento no
património cultural e nos activos culturais de Scarborough. Tentando, ao mesmo tempo, colmatar as
carências sociais e combater os baixos níveis de desempenho escolar existentes, o concelho e, mais
recentemente, a Yorkshire Forward, a Agência de Desenvolvimento Regional da região de Yorkshire
and the Humber, estão a investir substancialmente, através da iniciativa Scarborough Urban
Renaissance (Renascimento Urbano de Scarborough), na transformação da cidade. Foi delineado e
executado um conjunto de iniciativas e estratégias visando restaurar património arquitectónico (o
Grand Hotel de Scarborough), melhorar, transformar e religar o património da cidade (por exemplo, o
Rotunda Museum, a Marina de Scarborough) e transformar os marcos históricos para criar novas áreas
de actividade (por exemplo, reconverter o histórico complexo do spa de Scarborough num centro de
congressos).
A cidade de Roterdão, com 600 000 habitantes, é o mais importante centro industrial dos Países
Baixos. Além disso, dotada do maior porto comercial do mundo, constitui um dos principais pontos de
entrada na União. Apesar de extremamente importante e activa do ponto de vista comercial e
industrial, a cidade padece de uma insuficiência de atracções que minora as suas possibilidades de se
tornar um destino turístico costeiro. Contra este pano de fundo, o município, durante o período de
programação interior, afectou investimentos avultados à melhoria da atractividade da cidade. Mais
especificamente, as intervenções incidiram sobre:
• o reapetrechamento do Teatro Prinses, que oferece agora toda uma variedade de cabarets,
espectáculos e peças, além de actividades para todas as idades, como o canto e a poesia;
• a criação e/ou renovação de vários museus.
Conjugados com a renovação visual das ruas comerciais, estes investimentos fomentaram a
atractividade da cidade, que foi escolhida para Capital Europeia da Cultura em 2002.
Fonte: Autores/CE, DG Regiões, Políticas estruturais e território europeu: regiões insulares e costeiras,
2001

Existe outra possibilidade de diversificação na promoção de mais duas formas alternativas de


turismo: “o turismo de negócios” (dirigido a uma clientela que tem por hábito estar
presente em conferências, convenções, exposições e feiras comerciais) e o “turismo
educativo” (direccionado para académicos e estudantes).
No que se refere ao turismo de negócios, presentemente (e em contraste com o passado), os
viajantes empresariais acalentam maiores expectativas em relação aos serviços e ao alojamento,
o que exige respostas especializadas por parte de uma região e das infra-estruturas de
alojamento. A escolha do local da conferência ou da feira encontra-se, efectivamente,
subordinada à especialização e à diferenciação dos serviços oferecidos pelo conjunto da área

67 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

territorial (ver Caixa 16). O mercado do turismo de negócios tem atraído progressivamente um
número crescente de prestadores de serviços de alojamento, isto por duas razões:
• propensão para gastos elevados;
• capacidade para garantir um bom nível de emprego, distribuído por todo o ano.

Caixa 16. O impacto do turismo de negócios na economia da cidade de Rimini (região de


Emilia Romagna, Itália)

Há 20 anos que o mercado do turismo de negócios representa um importante recurso económico


para a região de Emilia Romagna, devido aos grandes congressos e feiras comerciais (por exemplo,
em Bolonha e Rimini) e a um reputado sistema de alojamento.

Olhando apenas para a cidade de Rimini, o turismo de congressos gerou, desde os anos 1980 (com
a criação do grande centro de congressos “PalaCongressi”), uma sólida e crescente base económica,
não só para as empresas turísticas locais, mas também para todos os sectores industriais do
município. Este centro de congressos e exposições impeliu os sectores público e privado a
desenvolverem uma rede integrada de serviços ligados à organização e gestão de eventos (desde
serviços de transportes e terapêuticos até actividades comerciais, culturais e de lazer) e promoveu a
construção de alojamento. Desde 2001, ano em que a Feira de Rimini se transferiu para um novo
parque de feiras e congressos, o “PalaCongressi” quadruplicou a sua capacidade, especializando-se
exclusivamente no acolhimento de grandes exposições, feiras comerciais e congressos.

O “PalaCongressi” e a Feira de Rimini beneficiaram com o facto de se situarem numa área


particularmente desenvolvida em termos de alojamento e serviços afins.

Fonte: Município de Rimini

De igual modo, o turismo educativo corresponde a uma parte cada vez maior da indústria do
turismo, mostrando reunir boas possibilidades de se desenvolver ainda mais.

O aquário The Deep, apoiado pelos FE na região de Yorkshire and the Humber, pode ser visto
como um exemplo de melhores práticas de promoção de ambas as formas de turismo (ver
Caixas 8 e 10).

Por fim, nas regiões caracterizadas por uma actividade turística principal tradicionalmente
baseada no modelo “sol, mar e areia”, os esforços podem centrar-se no desenvolvimento do
produto no sentido de uma oferta mais sofisticada, incluindo várias actividades de lazer de
valor acrescentado, tais como desportos, saúde e spas, golfe, turismo náutico, turismo de
terceira idade, parques temáticos, reuniões, conferências, etc. A região do Algarve constitui
um bom exemplo de como as autoridades nacionais e regionais estão empenhadas em aproveitar
as oportunidades proporcionadas pelos FE para diversificar a oferta turística tradicional (ver
Caixa 17).

PE 397.260 68
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 17. Soluções de diversificação: os casos do Algarve, Maiorca e Rodes

Investir em actividades de lazer diversas do produto “sol, mar e areia”: o caso do Algarve

O Programa Operacional Regional do Algarve para o período de 2000-2006 elege como uma das suas
prioridades a renovação e revitalização das zonas costeiras. A revitalização das praias e a melhoria
dos acessos às mesmas foram acompanhadas do investimento privado em bares de praia e outros
equipamentos. Além disso, várias intervenções portuárias, como as ocorridas em Albufeira, Olhão,
Culatra, Santa Luzia, Cabanas e Fuzeta, inscreveram-se num plano global de revitalização da pesca e
das actividades marítimas de lazer no Algarve. Porém, o impacto dos FE do período de 2000-2006
podia ter sido muito mais relevante em matéria de promoção de actividades de turismo e lazer diversas
do produto “sol, mar e areia”.

Cientes das oportunidades oferecidas pelos FE e pela necessidade de enfrentar a questão da


sazonalidade, as autoridades públicas definiram novos objectivos e prioridades para o desenvolvimento
do Algarve nos próximos anos. Assim, para 2015, o Plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT)
português tem como principal ambição atrair 20 milhões de turistas, através de actividades turísticas
equivalentes a 15% do PIB e 15% do volume de emprego global. Para atingir este objectivo, a Região
do Algarve tem um papel importante a desempenhar na qualificação e diversificação da sua oferta
turística.

Na esteira do objectivo do PENT, a Estratégia Territorial Regional do Algarve (consagrada no


PROTAL) centra o desenvolvimento regional em três eixos: território, economia e ambiente. As opções
estratégicas do PROTAL são:
• Criação de condições de qualificação e diversificação da actividade do turismo;
• Criação de níveis elevados de protecção ambiental;
• Qualificação do espaço público e da paisagem;
• Estruturação do sistema urbano na perspectiva do equilíbrio territorial e da competitividade;
• Promoção da diversificação da economia e da emergência da sociedade do conhecimento;
• Conquista de uma maior projecção internacional e de novos papéis nos contextos nacional e
europeu;
• Reforço da coesão e do equilíbrio territorial.
No sector do turismo, estes objectivos são realizáveis através da/do:
- Revitalização da economia do Algarve, aumentando o valor acrescentado do cluster turismo/lazer;
- Desenvolvimento de serviços avançados para exportação em subsectores do turismo
complementares (por exemplo, saúde e desporto);
- Harmonização da região, preservando o espaço público e a paisagem, restringindo a pressão
urbanística nas zonas costeiras e promovendo os espaços rurais;
- Promoção da qualidade ambiental das zonas costeiras.

Criar uma alternativa no interior

Anualmente, quase um quarto dos turistas espanhóis visita Maiorca para ali fazer férias. Durante muito
tempo, o turismo concentrou-se somente nas costas da ilha. Com o apoio do FEDER, o turismo rural e
interior começou a desenvolver-se: antigas casas rurais foram transformadas em alojamento turístico.
Esta exploração de casas antigas contribuiu para evitar o êxodo da população rural causado pela crise
da agricultura e garantir um desenvolvimento equilibrado entre as zonas costeiras e interiores. Neste
momento, Maiorca tem dezenas de solares que oferecem a oportunidade de passar férias no meio de
uma envolvente natural, vivendo em aldeias e descobrindo as muitas tradições culturais da ilha.

Preservar as atracções insulares: o Vale das Borboletas na ilha de Rodes

O famoso Vale das Borboletas da ilha de Rodes atrai anualmente 200 000 visitantes. Contudo, a
população de borboletas estava a decair gradualmente de ano para ano, devido, principalmente, a
distúrbios do ruído causado pelos turistas. Com o apoio da UE, uma parceria formada por
organizações de conservação da natureza, cientistas e autoridades locais e nacionais decidiu actuar
para salvar este meio frágil. Outra ameaça para as borboletas residia na falta de água, pelo que a
primeira intervenção consistiu na instalação de depósitos para reabastecimento em caso de
necessidade. Em segundo lugar, o fluxo de visitantes foi regulado com um novo desenho dos caminhos

69 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

de acesso ao vale. Por último, é fornecida aos turistas informação com conselhos práticos para a
preservação do vale. O projecto ENVIREG teve como desfecho não só a restauração da população de
borboletas, mas também a protecção desta atracção turística, fonte importante de receitas para a zona
interior da ilha.

Fonte: Autores e InfoRegio (http://ec.europa.eu/regional_policy)

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

8. Contribuição para os objectivos do desenvolvimento


sustentável

Principais conclusões
• O investimento em infra-estruturas e o desenvolvimento de equipamentos para fins
turísticos podem ter efeitos negativos sobre o ambiente.

• O turismo pode ser um meio de sensibilizar para os problemas do ambiente e


promover medidas de protecção ambiental.

• Os FE contribuíram positivamente para ligar as intervenções no turismo costeiro aos


objectivos do desenvolvimento sustentável.

• A maior ameaça que paira sobre os destinos insulares e costeiros é a reconfiguração da


procura turística, devido às alterações ambientais induzidas pelo clima.

8.1 Panorâmica geral


O turismo pode ter um impacto variado no desenvolvimento sustentável, visto que pode
contribuir positivamente para o progresso socioeconómico e cultural e, simultaneamente,
concorrer para a degradação do ambiente e para a perda da identidade local.

A qualidade do meio, seja ele natural ou humano, é fundamental para o turismo. Todavia, a
relação do turismo com o ambiente é complexa, abarcando muitas actividades passíveis de
originar efeitos ambientais adversos. Muitos destes impactos estão ligados à construção de
infra-estruturas públicas, tais como estradas e aeroportos, e de instalações e equipamentos
turísticos, entre os quais estâncias, hotéis, restaurantes, lojas, campos de golfe e marinas. Os
impactos negativos do desenvolvimento do turismo podem, gradualmente, destruir os recursos
ambientais dos quais ele depende.

De um modo geral, devido à pressão crescente que a actividade económica exerce sobre a linha
costeira, as zonas costeiras são os primeiros meios a sentir os impactos nocivos do turismo.
De acordo com a definição da OMT, a capacidade de carga de um destino turístico é o número
máximo de pessoas que pode visitá-lo num mesmo período sem comprometer o seu património
natural e cultural. Para poder determinar este limiar, é fundamental desenvolver políticas de
turismo coerentes com os requisitos do desenvolvimento sustentável. Nesta matéria, os FE
contribuíram sobremaneira para a difusão dos objectivos do desenvolvimento sustentável
no âmbito do planeamento regional (ver Caixa 18).

71 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 18. Região de Marche: fluxos turísticos e impacto ambiental


A “A.S.T.A” (Action for Sustainable Tourism in the Adriatic area, ou Acção a favor do Turismo
Suestentável na zona do Adriático), integrada na iniciativa INTERREG, visa claramente a questão da
sustentabilidade ambiental por meio de uma metodologia comum tendo em vista a regulação, de
forma apropriada, dos fluxos turísticos e do impacto ambiental. O projecto, lançado em Setembro de
2005, envolveu a Autoridade Ambiental da Região de Marche, O Serviço de Turismo de Marche,
representantes do município de Valona (Albânia) e o Centro de Actividade Regional de Spalato
(Croácia). Os actores institucionais decidiram adoptar o sistema de certificação EMAS, um dos
instrumentos que os sectores da transformação utilizam para reduzir o seu impacto ambiental. Feita a
identificação das zonas turísticas com problemas de impacto ambiental derivados dos intensos fluxos
turísticos, passou-se à elaboração de uma política ambiental estabelecendo objectivos de
sustentabilidade e as metas relativas a atingir por cada zona. O Centro de Actividade Regional
concebeu uma metodologia normalizada para o cálculo da capacidade de acolhimento turístico e
assegurou a integração entre a certificação EMAS e os indicadores de sustentabilidade.
Fonte: Autores

Por outro lado, o turismo pode igualmente ter o potencial de criar efeitos benéficos para o
ambiente, contribuindo para a sua protecção e conservação (ver Caixa 19). É uma forma de
sensibilização para os valores ambientais e pode servir de instrumento de financiamento para
proteger as zonas naturais e aumentar a sua importância económica.

Ao definirem o desenvolvimento sustentável como prioridade geral e em toda a linha, os FE


contribuíram de forma positiva para uma maior sensibilização em relação aos problemas do
ambiente.

PE 397.260 72
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 19. Apoiar e preservar os valores naturais: os casos de Pomorskie e Guadalupe (medida
6.4, PO de 2007-2013)

Programa Operacional Regional de Pomorskie (Polónia):


Em termos de valores naturais e paisagísticos, Pomorskie é uma das regiões mais singulares da
Polónia. Possui 2 parques nacionais (Parque Nacional de Slowinski e Parque Nacional Bory
Tucholskie), 118 reservas naturais, 9 parques paisagísticos e muitas outras áreas protegidas, que
cobrem mais de 33% de toda a região.

Para evitar potenciais conflitos entre a protecção da natureza e a pressão demográfica, limitou-se o
desenvolvimento do turismo de massas impondo barreiras à expansão da área territorial disponível
para fins turísticos. Existe, portanto, a necessidade de transformar essa aparente “debilidade” numa
oportunidade de exploração de recursos, incentivando os turistas a aliarem a oferta do produto “sol,
mar e areia” à fruição da natureza e da vida selvagem.

Esta estratégia fomenta o suporte e a utilização sustentável de áreas naturais valiosas para o
turismo, a par de actividades promocionais e de educação ambiental (itinerários educativos,
percursos ciclopédicos, parques de estacionamento, etc.).

Programa Operacional Regional de Guadalupe (Guadalupe):


Guadalupe é considerada um dos 25 sítios mais importantes do mundo no capítulo da biodiversidade.
O turismo é o principal recurso da ilha, a qual se confrontou com diferentes fases de crescimento
rápido deste sector, com consequências em termos de equilíbrio ambiental. Mais especificamente, as
zonas costeiras têm sofrido uma pressão significativa devido à urbanização, ao desenvolvimento de
actividades de lazer para os turistas e à alteração das paisagens naturais.

Embora o desenvolvimento sustentável não estivesse no topo da agenda do PO de 2000-2006, os FE


estimularam a sustentabilidade do desenvolvimento turístico promovendo uma abordagem do turismo
amiga do ambiente. Os FE financiaram a criação de uma equipa de profissionais de ecoturismo, que
tiveram formação em gestão ambiental para melhor lidarem com a insuficiência de terra, água e
energia existente na ilha. Os FE apoiaram também outras iniciativas, como a criação de reservas
marítimas e terrestres e a restauração do equilíbrio nas zonas turísticas. Além disso, o Parque
Nacional de Guadalupe foi incluído na parceria responsável pelas fases de programação e execução
do PO de 2000-2006. Estas iniciativas podem ser consideradas os primeiros passos importantes
rumo à promoção do desenvolvimento sustentável do sector do turismo em Guadalupe no PO de
2007-2013.

Gestão de resíduos e dessalinização da água na Andaluzia, Espanha.


Com uma pluviosidade anual a rondar os 200 mm, a Província de Almería é uma das zonas mais
secas da Europa continental, sendo também uma das áreas com maior concentração de produção
agrícola intensiva. A água de superfície é um recurso particularmente escasso em Almería e a
sobrexploração intensiva das águas subterrâneas ao longo da costa levou à salinização dos
principais aquíferos. Assim, o ministério do Ambiente de Espanha e o Governo Autónomo da
Andaluzia tomaram a iniciativa de desenvolver infra-estruturas de dessalinização ao longo das zonas
mais secas da costa de Almería, como a Central de Dessalinização de Carbonera.

Com um orçamento de 254 milhões de euros (co-financiado pelos fundos regionais da UE, pela
parceria ACUSUR-ministério do Ambiente de Espanha e pelos agricultores locais), a central tem
capacidade para produzir 120 000 m3 de água potável por dia. A água é utilizada pelos 200 000
habitantes dos municípios costeiros de Almería para beber e em actividades turísticas, na agricultura
intensiva de estufa e na manutenção das indústrias locais. A salmoura (resíduo resultante do
processo de dessalinização) é misturada com a água residual do sistema de arrefecimento da central
eléctrica vizinha. A concentração de sal é consideravelmente reduzida, o que permite minorar
grandemente o impacto resultante nas águas costeiras. O Ministério do Ambiente da Andaluzia
controla periodicamente as descargas salinas para preservar o estado da biodiversidade costeira e
proteger as águas do Parque Natural de Cabo de Gata.

Fonte: Autores; Relatório da AEA n.º 6/2006.

73 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

8.2 Alterações climáticas


O turismo pode, em geral, ser considerado um sector económico altamente sensível ao
clima, à semelhança da agricultura, dos seguros, da energia e dos transportes. Este
pressuposto afecta especialmente o turismo balnear, que, desde as suas origens, se encontra
estreitamente ligado às condições climáticas.

Os efeitos mais gravosos do aquecimento global foram apontados pelo Painel


Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (PIAC), a saber:
• temperaturas máximas mais elevadas;
• maior número de dias quentes durante o ano;
• tempestades tropicais mais severas e com ventos mais fortes;
• chuvas mais intensas;
• secas mais severas.

Além disso, é necessário considerar as alterações ambientais induzidas pelo clima. As alterações
ao nível das disponibilidades de recursos hídricos, o menor impacto estético das paisagens, a
perda de biodiversidade, a irregularidade da produção agrícola, a erosão e as inundações
costeiras, os maiores riscos naturais, os danos em infra-estruturas e a crescente incidência de
doenças transmitidas por vectores irão todos produzir diferentes formas de impacto sobre o
turismo.

Os destinos insulares e costeiros são particularmente sensíveis às alterações ambientais


induzidas pelo clima. As estâncias balneares experimentaram já a erosão causada por fortes
tempestades e assistiram também à proliferação de algas e à infestação de medusas devido à
subida das temperaturas da água do mar. As pequenas ilhas e as zonas costeiras de baixa altitude
são as áreas que mais riscos correm em caso de subida do nível do mar devido ao derretimento
das calotes polares. Os cientistas discordam entre si quanto ao nível da subida dos mares, mas
esta poderá ser de 1 m até ao final deste século. Há a possibilidade de pequenas ilhas, locais
como Veneza ou muitas das actuais praias virem a ser totalmente submergidas.

Posto isto, a completa alteração das escolhas e do comportamento dos turistas pode ser
encarada como a ameaça mais importante que paira sobre os destinos de base natural,
como as ilhas e as zonas costeiras. Por exemplo, prevê-se que os turistas do Norte da Europa,
normalmente os mais frequentadores do circuito de viagens internacional, passem cada vez mais
tempo no seu país de origem ou perto dele, com o intuito de aproveitar as novas oportunidades
oferecidas pelo clima, em vez de optarem pelos destinos de férias do Mediterrâneo. O problema
prende-se também com a desinformação existente sobre os impactos das alterações climáticas
nos destinos turísticos, que influenciam em muito as decisões dos turistas.

A Organização Mundial do Turismo propõe uma abordagem equilibrada do problema (Caixa


20), assente nos princípios da mitigação (isto é, acções redutoras dos factores indutores das
alterações climáticas e por isso passíveis de amenizar os seus efeitos) e da adaptação (ou seja,
tomar as medidas necessárias para lidar com as consequências das alterações climáticas).

PE 397.260 74
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 20. O impacto das alterações climáticas: as propostas da OMT


No decorrer da Segunda Conferência Internacional sobre Alterações Climáticas e Turismo (realizada em
Davos, de 1 a 3 de Outubro de 2007, a OMT (Organização Mundial do Turismo) propôs duas soluções
para gerir as ameaças ligadas às alterações climáticas: a mitigação e a adaptação.

A primeira significa que os operadores públicos e privados vão ter de reduzir as emissões de gases com
efeito de estufa introduzindo mudanças tecnológicas, económicas e socio-culturais. As estratégias de
mitigação sugeridas são: reduzir o consumo de energia, melhorar a eficiência energética, utilizar fontes
de energia renováveis e compensar as emissões de carbono. A segunda solução é especialmente
relevante para a oferta turística e tem em consideração a alteração das preferências dos turistas
potenciais. Estes deverão procurar alternativas mais amigas do clima e menos sensíveis ao mesmo. Os
operadores têm de começar a desenvolver produtos turísticos com menos emissões de carbono e os
destinos precisam de reforçar a diversificação dos seus produtos turísticos, através da oferta de várias
actividades em espaços cobertos e ao ar livre, para assim evitarem os imponderáveis climatéricos.

Fonte: Segunda Conferência Internacional sobre Alterações Climáticas e Turismo, Davos, 1 a 3 de Outubro
de 2007

É óbvio que, devido à natureza global dos factores interligados que estão na sua origem, não é
possível prevenir ou gerir as alterações climáticas recorrendo a um só instrumento político ou
através de acções aplicadas no seio de um único Estado-Membro. Efectivamente, elas
representam um desafio bem mais lato. É por isso que as políticas públicas centradas nas
alterações climáticas são melhor executadas no plano nacional. Porém, a experiência dos FE
regista bons exemplos de intervenções, tanto nos antigos como nos novos Estados-Membros,
em conformidade com as recomendações mais comuns emitidas a nível mundial (ver Caixa 21).

75 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Caixa 21. FE e protecção ambiental em antigos e novos Estados-Membros: os casos da


Roménia e de Yorkshire and the Humber

Yorkshire and the Humber Roménia

Projecto de Turismo Sustentável (PTS) de North O projecto de protecção e reabilitação


York Moors (STP): um exemplo de “mitigação” costeira de Mamaia Sul e Eforie Norte
Apoiado pelo FEDER entre Outubro de 2002 e Na Roménia, a protecção contra os riscos
Dezembro de 2004, este projecto teve como objectivo estende-se também à erosão costeira, o
desenvolver e promover o turismo em toda a zona de principal problema ambiental da costa romena.
uma forma sustentável e capaz de garantir benefícios Nos últimos 35 anos, a taxa média de erosão
para a economia local, o ambiente e os residentes costeira atingiu os 80 ha/ano.
locais. Uma das principais componentes do projecto
incentivava e autorizava os visitantes a explorar o Em 2007, em cooperação com a Agência
Parque Nacional de North York Moors recorrendo a Japonesa para a Cooperação Internacional, o
métodos de transporte mais sustentáveis governo romeno efectuou o “Estudo de
(caminhada, bicicleta, montar a cavalo, etc.), Protecção e Reabilitação da Parte Sul da Costa
minimizando a utilização de automóveis e a pegada Romena do Mar Negro”. O projecto consistiu na
ambiental. O projecto melhorou e criou mais de 460 encomenda de dois estudos de viabilidade para
km de ciclovias (com destaque para a ciclovia de duas intervenções a financiar pelos FE:
Moor to Sea, que liga o parque costeiro a Protecção e Reabilitação da Costa na Zona Sul
Scarborough, Whitby e Pickering). Um dos factores e da Estância de Mamaia” e “Protecção e
sucesso do PTS foi a criação de redes dedicadas: Reabilitação da Costa em Eforie Norte”. De
mais de 40 empresas e estabelecimentos locais acordo com os estudos de viabilidade, na
assinaram um Compromisso para o Turismo ausência destes projectos, a parte sul da costa
Sustentável, cujos impacto e influência se do Mar Negro podia perder 82 000 m2 na zona
prolongaram para lá da conclusão do projecto. de Mamaia Sul e 10 000 m2 na zona de Eforie
Norte, o que podia afectar seriamente tanto o
“Marina de Scarborough”: um exemplo de habitat natural da área como o desenvolvimento
“adaptação” económico e social da zona costeira do Mar
No caso de Scarborough, os fundos do FEDER foram Negro.
aplicados no desenvolvimento da Marina de
Scarborough (incluindo uma marina de pontão para As duas intervenções vão contribuir para a
iates e embarcações de recreio) e um dique de prevenção da erosão costeira e para a
defesa contra o mar. O dique marítimo em betão de reabilitação da parte sul da costa romena do
um metro de altura foi construído em 2005 para Mar Negro. Efectivamente, prevê-se que o
substituir os muros de ferro originais da era vitoriana projecto aumente
2
a área das praias em quase
ao longo da Marginal, no âmbito de um plano de dois 156 000 m durante o período de execução.
quilómetros destinado a:
− proteger a estância;
− edificar defesas marítimas mais adequadas para
fazer face a subidas do nível do mar e a
tempestades mais intensas;
− salvaguardar a histórica e centenária Marginal,
que se encontrava ameaçada pelas investidas do
mar.
Fonte: Autores

PE 397.260 76
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

9. Conclusões
9.1 Conclusões gerais

Globalmente, o estudo conclui que embora a indústria do turismo seja transversal a


diferentes sectores de actividade, a abordagem do planeamento e da execução das
intervenções no turismo continua ligada a um conceito demasiado estreito de turismo de
massas, bem incorporado no modelo mediterrânico de “sol, areia e mar”.
Por conseguinte, os fundos públicos para o turismo são geralmente encarados como um
instrumento de melhoria da oferta local de alojamento e infra-estruturas turísticas de base. No
entanto, tendências recentes observadas na indústria demonstram que esta abordagem é
demasiado limitada para enfrentar os desafios que, nomeadamente no seu modelo de
desenvolvimento massificado, se lhe deverão deparar num futuro próximo. As intervenções dos
FE provaram ser um bom quadro político que permitiu alguns avanços no sentido de uma
abordagem mais integrada e madura da promoção dos destinos costeiros.
Resumindo toda a informação recolhida a partir da análise da literatura e dos estudos de caso, é
possível sublinhar o seguinte:

1) Entre os principais desafios que se colocam ao sector do turismo costeiro estão o


seu carácter sazonal, a necessidade crescente de medidas de desenvolvimento
sustentável e uma procura crescente de actividades de lazer diversificadas. Os
objectivos mais comuns e frequentes das intervenções costeiras em prol do
desenvolvimento regional são aumentar o número de dias passados na região através da
diferenciação da oferta turística, ligar a costa à área de influência como parte da oferta e
promover formas de turismo mais sustentáveis do que o tradicional turismo de massas
baseado na prática balnear.
2) No quadro da Política de Coesão europeia, os FE, mais especificamente as medidas no
âmbito dos POR co-financiados pelo FEDER, concederam um grande apoio a
intervenções no turismo costeiro. Foi empreendido um vasto conjunto de iniciativas:
infra-estruturas públicas, programas de subvenções para PME do sector do turismo,
marketing territorial e actividades de promoção.
3) Embora a natureza transversal do sector do turismo dificulte a avaliação dos impactos
destas iniciativas no desenvolvimento regional, é óbvio que, a par de um impacto menor
em termos quantitativos (o turismo não é uma prioridade no quadro da Política de
Coesão), há um claro impacto qualitativo quanto ao reforço das capacidades
institucionais. Os FE estimularam a participação em parcerias, mesmo com estas a
evidenciarem diferentes graus nos vários projectos, e contribuíram para a melhoria da
qualidade da programação e concepção dos projectos.
4) O maior contributo dos FE é a evolução no sentido de uma abordagem mais
integrada da gestão da qualidade das zonas costeiras. Longe de se centrarem apenas
nos aspectos do turismo, as intervenções tiveram também outros aspectos em
consideração. O mais importante é a protecção do ambiente, nomeadamente no que se
refere à erosão costeira e à biodiversidade.

77 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Há ainda muito a fazer para desenvolver estratégias integradas de gestão e planeamento do


turismo capazes de apoiá-lo de uma forma sustentável. Contudo, a experiência dos programas
dos FE fornece bons exemplos do que pode ser conseguido.

9.2 Conclusões específicas

9.2.1 Aplicação do princípio da parceria

A aplicação do princípio da parceria provou ser um procedimento significativo no contexto das


intervenções no turismo costeiros: constatou-se existir uma maior consciência da importância de
reunir um conjunto alargado de partes interessadas e especialistas, nomeadamente nos novos
Estados-Membros.

O princípio da parceria foi largamente aplicado nos antigos Estados-Membros como um


componente natural tanto da programação como da concepção dos projectos. No caso da
cooperação transfronteiriça, as Iniciativas Comunitárias da UE (designadamente o INTERREG)
permitiram o estabelecimento de uma parceria multinacional. Nos novos Estados-Membros, os
regulamentos dos FE procuraram fomentar a constituição de parcerias, mas continua a haver
margem de manobra para introduzir melhorias.

Mais especificamente, os dados mostram que embora a participação do sector empresarial, das
associações ambientais e das partes interessadas a nível local seja bastante frequente nas fases
de concepção e planeamento, a fase de execução das intervenções continua carente de um
envolvimento mais sistemático. A inclusão nas parcerias de especialistas sectoriais, da
comunidade científica e de representantes da globalidade das actividades marítimas (produtivas
ou de lazer) cinge-se a casos pouco relevantes.

9.2.2 Efeito de alavancagem financeira

Os FE não investem grandes recursos no turismo, pelo que, em termos quantitativos, o seu
impacto financeiro não é muito significativo. Em termos de alavancagem financeira, a
maior parcela do co-financiamento a nível nacional é assegurada por fundos públicos
nacionais (regionais e locais), e não pelo sector privado. A atitude do sector privado privilegia
antes a procura de subvenções, sendo as experiências de PPP meramente episódicas.

Contudo, a promoção de projectos-bandeira inovadores e de alta visibilidade, assim como a


criação de oportunidades de obtenção de receitas em actividades relacionadas com a
atractividade de um local (para fins não só turísticos, mas também empresariais e educacionais,
por exemplo), abre espaço à participação dos investidores privados.

9.2.3 Revitalização da economia local

As avaliações intercalares efectuadas em diversos Estados-Membros revelaram que os projectos


turísticos eram um meio eficaz de incrementar o rendimento regional.

Em certas regiões, o turismo costeiro é o principal sector da economia no capítulo do emprego,


nomeadamente nas pequenas ilhas e nas regiões ultraperiféricas. Se o turismo for uma fonte de
receitas importante na economia regional, o apoio público às atracções turísticas pode ter
um papel importante na revitalização da economia local. Porém, nestas regiões, a prioridade

PE 397.260 78
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

deve focalizar-se na questão da sustentabilidade, de modo a evitar uma sobrexploração dos


activos naturais.

Noutros casos, as intervenções dos FE ajudaram a absorver os desempregados de indústrias em


declínio. Aqui, o problema a enfrentar é o da qualidade do emprego (sazonal, a tempo parcial e
pouco qualificado).

9.2.4 Redução dos efeitos sazonais

Existem modelos diferentes de turismo costeiro na Europa. Apesar de o modelo mediterrânico


ser o mais praticado, é possível observar experiências interessantes visando minorar ou
combater a natureza sazonal do turismo costeiro nos destinos em que, por motivos climáticos, o
modelo “sol, mar e areia” não pode ser tido como uma estratégia de sucesso.

Nestas zonas, as intervenções dos FE fornecem alguns exemplos de como apoiar uma gama
diferenciada de serviços, tais como desportos marítimos (mergulho, windsurf, kite-surfing,
etc.) e actividades culturais ou de saúde ligadas à valorização do mar enquanto activo. Os
turismos de negócios e educativo demonstraram ser duas boas alternativas.

9.2.5 Alterações climáticas e desenvolvimento sustentável

Os impactos ambientais das actividades turísticas são uma das grandes preocupações das zonas
costeiras mais apostadas no turismo de massas. Generalizar a questão da sustentabilidade
ambiental a todas as intervenções dos FE provou ser uma forma eficaz de executar uma
intervenção turística tendente a preservar os activos naturais. De igual modo, os requisitos dos
FE fizeram com que os activos naturais passassem a ser encarados mais como um meio de
tornar os destinos mais atractivos do que como um constrangimento.

No que respeita às questões relativas às alterações climáticas, embora obviamente relevantes e


importantes para as zonas costeiras, são, contudo, melhor abordadas no quadro de
macropolíticas nacionais ou da UE do que em intervenções de âmbito regional dos FE.

79 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

PE 397.260 80
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

10. Recomendações
Com base nestas conclusões principais, é possível emitir algumas recomendações com vista ao
próximo período de programação (2007-2013).
À luz das conclusões retiradas do presente estudo, recomenda-se que a Comissão do
Desenvolvimento Regional do Parlamento Europeu actue no sentido de fazer com que todas
as políticas da UE reajam aos seus impactos indirectos sobre a atractividade a longo prazo
dos destinos costeiros. As políticas marítima e ambiental são as que mais necessitam de ser
sensibilizadas para esta questão, pelo que importa promover um elevado grau de integração
destas políticas com as intervenções dos FE.
Ademais, recomenda-se à Comissão do Desenvolvimento Regional que subscreva as estratégias
específicas da Comissão Europeia e dos Estados-Membros inframencionadas.

10.1 Recomendações à Comissão Europeia


A Comissão Europeia deve dar resposta à necessidade de integrar as políticas ao nível da UE.
Mais especificamente, exorta-se a Comissão a:
• Integrar as intervenções dos FE no turismo costeiro no quadro de outras políticas
da UE, nomeadamente a Política Marítima e a estratégia da GIZC, mas também as
políticas das RTE-T e Ambiental (Natura 2000). Importa promover a sustentabilidade
ambiental enquanto princípio condutor das intervenções dos FE nas zonas costeiras, bem
como levar a cabo acções de avaliação para verificar a aplicação destes princípios
básicos.
• Catalisar as políticas da UE para as zonas costeiras mediante uma abordagem
integrada. Os projectos promovidos e financiados nas zonas costeiras, em diferentes
sectores e áreas de intervenção, devem incorporar uma abordagem integrada em termos
de recursos financeiros (público-privada, local-nacional-UE), sectores das políticas
(desenvolvimento local, ordenamento do território, desenvolvimento sustentável,
inovação) e actores (PPP). Nas zonas costeiras, o turismo pode ser o catalisador de uma
visão para o desenvolvimento futuro da comunidade local.

10.2 Recomendações aos Estados-Membros e às zonas costeiras

A promoção do turismo é maioritariamente financiada aos níveis nacional e regional. Isto leva a
que sejam as partes interessadas nacionais e regionais a assumir o papel mais importante no que
respeita ao fomento de um desenvolvimento turístico sustentável nas regiões costeiras. Mais
especificamente, os decisores políticos nacionais e regionais são incentivados a:
• Apoiar a passagem do “place-making” 54 para o “place-shaping” 55 . A natureza e a

54
O termo “place-making” corresponde a uma abordagem integrada do desenvolvimento do território destinada a criar vilas e
cidades mais ‘habitáveis’. É parte integrante da abordagem das Comunidades Sustentáveis e do Acordo de Bristol, onde é
descrito como “uma abordagem integrada da coesão territorial” (Gabinete do Vice-Primeiro-Ministro, Reino Unido (2006),
Presidência do Reino Unido: EU Ministerial Informal on Sustainable Communities. Policy Papers, Março de 2006, p. 33).
55
O conceito do “place-shaping” surgiu pela primeira vez no inquérito da UK Lyons, Place-Shaping: A Shared Ambition for the
Future of Local Government (2007), que analisa o papel do poder local num processo de decisão local participativo, papel esse
que vai para além dos modelos tradicionais de prestador de serviços e veículo de investimento em infra-estruturas públicas. O
place-making através do “place-shaping” sublinha a importância das comunidades assumirem a responsabilidade pelo seu

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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

extensão do declínio nas regiões costeiras, em regiões quer do Objectivo “C&E” quer do
Objectivo “Convergência”, significam que o investimento em ‘betão’, isto é, o
investimento puramente material em iniciativas de place-making, não é suficiente.
Várias localidades, sobretudo nos antigos Estados-Membros, nas regiões do Mar
Mediterrâneo, do Atlântico e do Mar do Norte, tiveram de reformular a sua imagem de
marca e alterar a forma como eram vistas, no âmbito de um chamado processo de
“place-shaping”, no qual os seguintes aspectos são extremamente importantes:
- investir em pacotes turísticos integrados que promovam os territórios regionais
com uma abordagem mais holística, complementando as atracções marítimas
tradicionais com outras atracções menos conhecidas da região;
- investir numa abordagem baseada no património enquanto instrumento de
renovação da especificidade, do carácter e da identidade nas zonas costeiras, e
diferenciar a oferta turística passando-a das estâncias costeiras para cidades
marítimas de interesse patrimonial;
- investir na especificidade arquitectónica e na projectação de alta qualidade para
realizar o place-shaping e alterar a percepção de projectos-bandeira nas zonas
costeiras;
- investir no turismo cultural temático como forma de diferenciar a oferta turística
em cidades e povoações que, historicamente, tenham tido uma função industrial.
• Mudar a perspectiva da concorrência no sector do turismo da escala continental
para a escala global. As zonas turísticas europeias enfrentam já uma concorrência
crescente movida por destinos europeus mais recentes que apresentam uma vantagem
comparativa em termos de custo. As dimensões da concorrência apelam a uma
integração mas ampla entre os Estados europeus com vista à criação de pacotes
competitivos transfronteiriços. O novo Objectivo “Cooperação Territorial Europeia”
desempenhará um papel fundamental na promoção e sustentação dessa integração,
nomeadamente no estímulo de projectos transfronteiriços.
• Fortalecer a ligação entre o turismo costeiro e a protecção ambiental. O turismo
costeiro e o desenvolvimento sustentável estão interligados. O turismo pode ser visto
quer como uma ameaça quer como uma oportunidade para o ambiente. As intervenções
dos Fundos Estruturais da UE devem aliar positivamente estas duas vertentes, no âmbito
não só do Objectivo “C&E”, que prevê uma disposição jurídica específica, mas também
do Objectivo “Convergência”.
• Conferir credibilidade às PPPs. O potencial da constituição de parcerias é fortemente
influenciado pela natureza da intervenção. É extremamente importante captar o
financiamento do sector privado para projectos no sector do turismo. A confiança do
público obtém-se com a apresentação de projectos com alta densidade financeira de
investimento público, de alta visibilidade e de grande envergadura.

próprio bem-estar económico e pela procura do justo equilíbrio entre os objectivos e preocupações de natureza económica,
ambiental e social.
(www.official-documents.gov.uk/document/other/9780119898552/9780119898552.pdf)

PE 397.260 82
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

• Qualificar os recursos humanos. O apoio ao turismo costeiro não se encontra limitado


ao FEDER e ao FEP, já que o FSE também o concede. Neste momento, as regiões
costeiras têm pela frente o desafio crucial de adquirirem trabalhadores altamente
qualificados e capazes de lidar com as crescentes complexidade e variedade do mercado
do turismo. Este aspecto tem também as suas implicações na distribuição do emprego
por géneros.

83 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

PE 397.260 84
The Impact of Tourism on Coastal Areas: Regional Development Aspects

Anexos
Anexo 1.

Quadro 9 - Relação entre emprego em hotéis & restaurantes e emprego total, 2004

Emprego em hotéis e
Países Regiões (*) restaurantes/Emprego
total (%)
ES Ilhas Baleares 20,2
GR Ionia Nisia 18,8
GR Notio Aigaio 18,6
PT Algarve 18,0
ES Canárias 13,5
GR Kriti 12,2
PT Região Autónoma da Madeira 10,8
Chipre Chipre 10,5
ES Cantábria 8,6
Malta Malta 7,9
GR Voreio Aigaio 7,1
IT Liguria 7,0
GR Dytiki Elláda 6,8
PT Alentejo 6,7
ES Catalunha 6,7
ES Andaluzia 6,5
IE Border, Midland and Western 6,5
PT Lisboa 6,3
GR Anatoliki Makedonia, Thraki 6,3
GR Ipeiros 6,1
GR Sterea Elláda 6,0
ES País Basco 6,0
ES Comunidad Valenciana 6,0
IT Toscana 5,9
GR Thessalia 5,9
PT Região Autónoma dos Açores 5,9
ES Principado das Astúrias 5,9
IE Southern and Eastern 5,8
IT Friuli-Venezia Giulia 5,5
ES Galiza 5,4
IT Veneto 5,4
GR Peloponnisos 5,4
IT Emilia-Romagna 5,2
FR Córsega 5,1
GR Kentriki Makedonia 5,0
IT Sardenha 5,0
ES Ciudad Autónoma de Ceuta 4,7
IT Lazio 4,7

85 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Emprego em hotéis e
Países Regiões (*) restaurantes/Emprego
total (%)
FR Provence-Alpes-Côte d'Azur 4,7
NL Zeeland 4,7
BE Prov. West-Vlaanderen 4,6
BG Severoiztochen 4,6
UK Tees Valley and Durham 4,4
UK Northumberland 4,4
UK Tyne and Wear 4,4
UK Lincolnshire 4,4
UK North Yorkshire 4,4
UK East Anglia 4,4
UK Essex 4,4
UK Kent 4,4
UK North Eastern Scotland 4,4
UK Eastern Scotland 4,4
UK East Riding and North Lincolnshire 4,4
UK Cumbria 4,4
UK Cheshire 4,4
UK Lancashire 4,4
UK Merseyside 4,4
UK Surrey 4,4
UK East and West Sussex 4,4
UK Hampshire e Ilha de Wight 4,4
UK Gloucestershire 4,4
UK Dorset and Somerset 4,4
UK Devon 4,4
UK Cornualha e Ilhas de Scilly 4,4
UK West Wales and the Valleys 4,4
UK Western Scotland 4,4
UK Terras Altas e Ilhas 4,4
UK Herefordshire, Worcestershire and 4,4
Warwickshire
UK Irlanda do Norte 4,4
GR Attiki 4,4
PT Norte 4,3
ES Región de Murcia 4,3
ES Ciudad Autónoma de Melilla 4,3
PT Centro (PT) 4,3
FR Languedoc-Roussillon 4,1
IT Marche 4,0
IT Abruzzo 4,0
BG Yugoiztochen 3,9
IT Campania 3,8
IT Molise 3,8
SE Estocolmo 3,7

PE 397.260 86
The Impact of Tourism on Coastal Areas: Regional Development Aspects

Emprego em hotéis e
Países Regiões (*) restaurantes/Emprego
total (%)
NL Noord-Holland 3,7
FI Åland 3,6
FI Etelä-Suomi 3,4
DE Mecklenburg-Vorpommern 3,4
DE Bremen 3,4
DE Lunemburg 3,4
DE Weser-Ems 3,4
DE Schleswig-Holstein 3,4
PL Zachodniopomorskie 3,4
IT Sicília 3,4
FI Pohjois-Suomi 3,4
NL Friesland 3,3
Eslovénia Eslovénia 3,3
Dinamarca Dinamarca 3,2
IT Puglia 3,2
IT Basilicata 3,2
IT Calabria 3,2
FR Bretanha 3,0
FR Baixa Normandia 2,9
FR Aquitânia 2,9
NL Noord-Brabant 2,8
FI Itä-Suomi 2,7
Estónia Estónia 2,7
FI Länsi-Suomi 2,7
SE Västsverige 2,6
FR Norte - Pas-de-Calais 2,6
Letónia Letónia 2,6
PL Pomorskie 2,6
SE Mellersta Norrland 2,6
FR Poitou-Charentes 2,6
NL Groningen 2,6
FR Pays de la Loire 2,5
NL Zuid-Holland 2,5
SE Norra Mellansverige 2,5
SE Småland med öarna 2,5
FR Alta Normandia 2,5
FR Picardia 2,4
SE Sydsverige 2,4
SE Övre Norrland 2,4
NL Flevoland 2,3
SE Östra Mellansverige 2,3
Lituânia Lituânia 2,3
PL Warmińsko-Mazurskie 1,8
Roménia Sudeste 1,5

87 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional

Emprego em hotéis e
Países Regiões (*) restaurantes/Emprego
total (%)
FR Guadalupe ind.
FR Martinica ind.
FR Guiana ind.
FR Reunião ind.
Fonte: Dados do Inquérito às Forças de Trabalho (IFT), Eurostat, processados pelos autores
(*) Relativamente à Alemanha, Reino Unido e Roménia, só existem dados nacionais disponíveis

Anexo 2.

Quadro 11: Distribuição das regiões costeiras por Objectivo, 2007-2013, UE 27

Entrada Saída
Convergência Competitividade
progressiva progressiva
Áustria 0 0 0 0
Bélgica 0 1 0 0
Bulgária 2 0 0 0
Chipre 0 0 1 0
República
Checa
0 0 0 0
Dinamarca 0 1 0 0
Estónia 1 0 0 0
Finlândia 0 5 0 0
França 4 11 0 0
Alemanha 1 2 0 2
Grécia 9 0 1 2
Hungria 0 0 0 0
Irlanda 0 1 1 0
Itália 4 9 1 1
Letónia 1 0 0 0
Lituânia 1 0 0 0
Luxemburgo 0 0 0 0
Malta 1 0 0 0
Países Baixos 0 7 0 0
Polónia 3 0 0 0
Portugal 4 1 1 1
Roménia 1 0 0 0
República
Eslovaca
0 0 0 0
Eslovénia 1 0 0 0
Espanha 3 4 3 2
Suécia 0 8 0 0
Reino Unido 2 22 2 1
Total 38 72 10 9
Fonte: Autores

PE 397.260 88
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