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Departamento Temático
Políticas Estruturais e de Coesão
O IMPACTO DO TURISMO
NAS ZONAS COSTEIRAS:
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
2008 PT
Direcção-Geral das Políticas Internas da União
ESTUDO
IP/B/REGI/IC/2006-166-Lot 01-C03-SC01
PE 397.260 PT
O presente estudo foi solicitado pela Comissão do Desenvolvimento Regional do Parlamento Europeu.
- Original: EN.
- Traduções: DE, FR, PT
As opiniões expressas no presente documento são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam,
necessariamente, a posição oficial do Parlamento Europeu.
É permitida a reprodução e tradução para fins não comerciais, mediante indicação da fonte, notificação prévia do
editor e envio de um exemplar a este último.
*
CSIL: Silvia Vignetti (coordenadora), Federica Givone, Davide Sartori, Alessandro Valenza. Touring Servizi: Matteo Montebelli,
Angela Amodio. Autores de estudos de caso: Tomasz Geodecki – Escola de Administração Pública de Malopolska, Universidade de
Economia de Cracóvia (Pomorskie); Stratis Koutsoukos e Catherine Brooks - ERBEDU, Leeds Business School, Leeds Metropolitan
University (Yorkshire e Humber); Nicolas Gillio, perito independente (Guadalupe); Professor Mário Vale - Universidade de Lisboa
(Algarve); Alessandro Valenza (Marche).
Direcção-Geral das Políticas Internas da União
ESTUDO
Conteúdo:
IP/B/REGI/IC/2006-166-Lot 01-C03-SC01
PE 397.260 PT
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Síntese
Enquadramento
No âmbito do sector do turismo, o turismo costeiro é de longe o mais significativo em termos de
fluxos de turistas e geração de rendimento. Entre os destinos turísticos, as zonas costeiras são as
preferidas pelos turistas, e a região mediterrânica é o principal destino turístico do mundo:
segundo a Organização Mundial do Turismo, representa um terço do rendimento mundial
gerado pelas receitas do turismo.
A maioria das economias dos Estados-Membros com extensões significativas de litoral depende
fortemente do rendimento gerado por actividades relacionadas com o mar, tais como o turismo,
a pesca, os transportes, etc. Contudo, a utilização do mar para fins tão diversos está na origem
de pressões crescentes, nomeadamente:
• a competição por espaço, que conduz a conflitos entre várias actividades (pesca,
serviços, agricultura);
• a degradação dos ecossistemas naturais que apoiam as zonas costeiras, especialmente
devido ao impacto das alterações climáticas;
• grandes variações sazonais da população e do emprego.
O aumento dos fluxos turísticos nas zonas costeiras, especialmente sob a forma de turismo de
massas, está associado a novas preocupações quanto às suas repercussões potencialmente
negativas no desenvolvimento regional de um ponto de vista ambiental, económico e social. Os
Fundos Estruturais podem desempenhar um papel importante na promoção dos princípios do
desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo que concebem e realizam intervenções turísticas
nas zonas costeiras.
Objectivo
O objectivo do presente estudo é o de realizar uma análise qualitativa abrangente do impacto
das despesas dos Fundos Estruturais nos projectos turísticos nas zonas costeiras, tendo em vista
a formulação de recomendações destinadas aos decisores e o aconselhamento dos mesmos em
matéria de políticas. A abordagem adoptada incide em cinco aspectos principais em que o
impacto dos Fundos Estruturais pode ser vital para a execução de intervenções eficazes no
domínio do desenvolvimento regional, nomeadamente:
• o desenvolvimento de parcerias;
• o efeito de alavanca financeira;
• a revitalização da economia local;
• a redução da sazonalidade;
• a promoção da sustentabilidade ambiental.
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
O principal apoio financeiro ao turismo provém dos Fundos Estruturais e de Coesão. Durante o
último período de programação, numerosas intervenções turísticas receberam apoio destes
Fundos, apoio esse que foi variável devido ao carácter transversal do sector. Os destinos mais
importantes do turismo costeiro europeu receberam apoio através de programas operacionais
regionais e programas operacionais sectoriais nacionais. As intervenções incluíram pequenas
infra-estruturas turísticas, projectos de subvenção destinados a pequenas e médias empresas
(PME) turísticas, renovação das praias, regeneração urbana e apoio ao património cultural e
artístico.
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Os estudos de casos mostraram que o impacto dos Fundos Estruturais no desenvolvimento dos
princípios da parceria, tendo em vista a formulação de políticas de desenvolvimento regional, é
bastante positivo e extremamente importante, embora nos novos Estados-Membros haja uma
menor integração da abordagem vinda das bases para o topo e do princípio da parceria do que
nos Estados-Membros mais antigos.
O grau de participação dos actores é mais visível nas actividades a montante, de concepção e
planeamento, do que nos mecanismos de execução e apresentação de resultados. Isto aumenta
normalmente a perspectiva a curto prazo do processo de planeamento, não contribuindo para o
diálogo nem para uma partilha clara de visões políticas, e é quando o papel dos actores é mais
dinâmico e relevante em todas as fases da formulação de políticas que se obtêm melhores
resultados.
No que se refere à tipologia dos actores, são as autoridades públicas locais das zonas costeiras
que desempenham geralmente o papel mais activo nas parcerias no domínio do turismo costeiro.
As autoridades públicas regionais e locais, o sector privado e as associações ambientais estão
normalmente ligados por uma relação de parceria. Uma abordagem mais inovadora do turismo
costeiro exige igualmente a participação de organismos ambientais, representantes dos sectores
produtivos ligados ao mar, peritos e actores dos sectores culturais, bem como elementos da
comunidade científica interessados em actividades marinhas.
A participação do sector privado continua a ser pouco relevante - tem sido bastante difícil na
maioria das localidades atrair financiamentos do sector privado para projectos turísticos.
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
A fim de resolver este problema, a Organização Mundial do Turismo (OMT) propõe uma
abordagem equilibrada baseada nos princípios da atenuação (isto é, acções tendentes a reduzir
factores que contribuem para as alterações climáticas, atenuando desse modo os seus efeitos) e
da adaptação (isto é, medidas necessárias para fazer face às consequências das alterações
climáticas).
Conclusões
A informação obtida através de uma análise da bibliografia e dos estudos de casos evidencia o
seguinte:
• no último período de programação, as intervenções no domínio do turismo costeiro
receberam um apoio considerável do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional,
no quadro dos programas operacionais regionais;
• a redução dos efeitos sazonais, o desenvolvimento sustentável e a diversificação dos
produtos são os futuros desafios do sector do turismo costeiro;
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Recomendações
Comissão Europeia
No novo período de programação, as políticas da UE devem procurar:
• integrar as intervenções no domínio do turismo costeiro co-financiadas pelos Fundos
Estruturais em quadros mais alargados, especialmente a política marítima, a estratégia
relativa à gestão integrada das zonas costeiras, a rede transeuropeia de transportes e a
política ambiental da rede Natura 2000;
• definir uma abordagem integrada para a gestão total das intervenções que se inscrevam
em diversos domínios políticos, mas destinadas às zonas costeiras;
• promover actividades de avaliação e monitorização, a fim de verificar se o princípio do
desenvolvimento sustentável está a ser aplicado às intervenções no domínio do turismo
costeiro.
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Acrónimos
AEA Agência Europeia do Ambiente
C&E Objectivo “Competitividade e Emprego”
CAP Comissão de Acompanhamento de Programas
CIP Programa-Quadro para a Competitividade e a Inovação
CLC Base de dados Corine Land Cover
DOCUP Documento Único de Programação
FE Fundo Estrutural
FEADER Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural
FEDER Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
FEOGA Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola
FEP Fundo Europeu das Pescas
FSE Fundo Social Europeu
GEFE Grupo para a Estratégia dos Fundos Estruturais
GIZC Gestão Integrada das Zonas Costeiras
I&D Investigação & Desenvolvimento
IFOP Instrumento Financeiro de Orientação das Pescas
IFT Inquérito às Forças de Trabalho
PE 397.260 x
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Índice
Síntese iii
Acrónimos x
1. Introdução 1
1.1 Contexto 1
1.2. Objectivo 2
1.3 Âmbito 4
1.4 Metodologia 7
1.5 Estrutura do estudo 9
2. Tendências do turismo costeiro europeu 11
2.1 Panorâmica geral 11
2.2 Origens e evolução 12
2.3 Oferta e procura actuais na Europa 14
2.4 Turismo e emprego 26
3. O impacto dos Fundos Estruturais no turismo costeiro 29
3.1 Panorâmica geral 29
3.2 Fundos Estruturais para o turismo 32
4. Actores e parcerias 47
4.1 Panorâmica geral 47
4.2 Grau de participação 48
4.3 Tipologia dos actores 49
5. Recursos financeiros 53
5.1 Panorâmica geral 53
5.2 Parcerias público-privadas (PPP) 55
5.3 Melhores práticas de atracção de investidores privados 56
6. Revitalização da economia local 59
6.1 Panorâmica geral 59
6.2 Impacto no crescimento regional 60
6.3 Impacto no emprego regional 61
7. Redução dos efeitos sazonais 65
7.1 Panorâmica geral 65
7.2 Soluções de diversificação 66
8. Contribuição para os objectivos do desenvolvimento sustentável 71
8.1 Panorâmica geral 71
8.2 Alterações climáticas 74
xi PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
9. Conclusões 77
9.1 Conclusões gerais 77
9.2 Conclusões específicas 78
10. Recomendações 81
10.1 Recomendações à Comissão Europeia 81
10.2 Recomendações aos Estados-Membros e às zonas costeiras 81
Anexos 85
Referências 89
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Lista de quadros
Quadro 1. Indicadores socioeconómicos seleccionados para as regiões
costeiras por macrozona................................................................................................ 2
Quadro 2. Regiões costeiras NUTS 2 por macrozona................................................................... 6
Quadro 3. Estudos de caso: regiões seleccionadas........................................................................ 8
Quadro 4. Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões do Atlântico e do
Mar do Norte - 1995, 2000, 2005 (ordenada pelo número de camas em 2005).......... 16
Quadro 5. Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões do Mar Báltico -
1995, 2000, 2005 (ordenada pelo número de camas em 2005)................................... 18
Quadro 6. Capacidade de alojamento turístico colectivo nas regiões do
Mar Negro - 2005 (ordenada pelo número total de camas)........................................ 20
Quadro 7. Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões do Mar
Mediterrâneo - 1995, 2000, 2005 (ordenada pelo número de camas em 2005).......... 22
Quadro 8. Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões
ultraperiféricas - 1995, 2000, 2005 (ordenada pelo número de camas em 2005)....... 25
Quadro 9. Relação entre emprego em hotéis & restaurantes e emprego total, 2004 85
Quadro 10. Distribuição por objectivos das regiões costeiras no período 2000-2006, EU-15... 33
Quadro 11. Distribuição das regiões costeiras por Objectivo, 2007-2013, UE 27...................... 88
Quadro 12. Parcerias: exemplos de actores envolvidos em alguns projectos
relacionados com o turismo no período de 2000-2006............................................... 49
Quadro 13. Distribuição das despesas da Política de Coesão
por domínio na UE 25, 2000-2006.............................................................................. 53
xiii PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Lista de figuras
Gráfico 1. Número de regiões costeiras e não costeiras NUTS2 por país ................................... 4
Mapa 1. Regiões do Atlântico.................................................................................................... 15
Mapa 2. Regiões do Mar Báltico ............................................................................................... 17
Mapa 3. Regiões do Mar Negro ................................................................................................. 19
Mapa 4. Regiões do Mar Mediterrâneo ..................................................................................... 21
Mapa 5. Regiões do Mar do Norte............................................................................................. 23
Mapa 6. Regiões ultraperiféricas ............................................................................................... 24
Mapa 7. Relação entre emprego em hotéis & restaurantes e emprego total, 2004* .................. 27
Gráfico 2. Peso do turismo na economia das regiões costeiras europeias, com base num
estudo sobre o emprego no sector do turismo - 200................................................ 28
Mapa 8. Distribuição das regiões costeiras por Objectivo no período 2000-2006, UE 15 ........ 34
Mapa 9. Distribuição das regiões costeiras por Objectivo, 2007-2013, UE 27 ......................... 35
Gráfico 4. Número de regiões costeiras no período de 2000-2006, por Objectivo.................... 37
Gráfico 5. Dotação financeira do turismo por país e origem dos fundos (*), mil milhões de
euros, 2000-2006..................................................................................................... 54
Gráfico 6. Dotação financeira do turismo por Objectivo e origem dos fundos, 2000-2006...... 54
Gráfico 7. Projecto The Deep–Fontes de financiamento nas Fase 1 (esquerda) e na Fase 2
(direita), 2000-2006................................................................................................. 57
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
1. Introdução
1.1 Contexto
A indústria do turismo é um sector transversal que afecta uma grande variedade de serviços e
áreas de actividade, nomeadamente os transportes, a construção, o comércio retalhista e outros
sectores prestadores de serviços ligados às viagens e ao lazer. 1
Dentro do sector turístico, o ramo do turismo costeiro é, de longe, o mais importante no que
respeita aos números de visitantes e às receitas geradas. De entre os destinos turísticos, as zonas
costeiras são as mais escolhidas pelos turistas, sendo a região do Mar Mediterrâneo o primeiro
destino turístico do mundo. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), um terço das
receitas mundiais do turismo é gerado na região mediterrânica.
A maioria das economias dos Estados-Membros com extensões de costa significativas denota
uma elevada dependência das receitas geradas por actividades ligadas ao mar, tais como o
turismo, a pesca, o transporte, etc.
A utilização do mar para fins tão diversos origina uma pressão crescente, isto porque:
• a falta de espaço provoca conflitos entre as várias actividades (pescas, serviços,
agricultura);
• os ecossistemas naturais que suportam as zonas costeiras enfermam de degradação,
nomeadamente devido aos impactos das mudanças climáticas;
• verificam-se grandes variações sazonais ao nível da população e do emprego.
1
De acordo com o último Relatório da DG Empresas sobre a “Indústria do turismo europeia na Comunidade alargada”, as
principais categorias de empresas identificadas como pertencentes ao “sector do turismo” são: a) hotéis e outros alojamentos
(divisão NACE H 551-552), b) restaurantes, bares, cantinas e catering (NACE H 553-555), c) agências de viagens e de turismo
(NACE I 633).
2
CE, Uma política de turismo europeia renovada - Rumo a uma parceria reforçada para o turismo na Europa, Bruxelas, 17 de
Março de 2006.
1 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
PIB per
Densidade Taxa de
capita em €
demográfica desemprego Pessoas empregadas por
N.º de 2004 em
Macrozona (*) (hab./km²), (%), 2005 sector (%)
regiões NPC (média
2004 (média no (média no
no nível
nível NUTS2) nível NUTS2)
NUTS2) Agricultura Indústria Serviços
Total de regiões
costeiras 128** 273,75 20 635 8,62 6,31 24,64 69,06
Mar do Norte 25 341,98 24 709 5,86 3,07 23,75 73,17
Oceano Atlântico 35 250,86 21 832 6,48 4,85 25,46 69,70
Mar Báltico 21 63,67 20 210 10,48 6,24 24,97 68,79
Mar
Mediterrâneo 40 400,32 18 988 9,87 9,33 25,41 65,26
Mar Negro 3 72,83 7820 9,42 33,47 27,45 39,08
Regiões
ultraperiféricas 7 223,7 15 529 17,11 5,24 17,99 76,77
Total de regiões
não costeiras 137 466,57 20 904 9,54 6,58 29,61 63,79
(*) As médias por região costeira/não costeira são todas calculadas considerando as regiões individualmente como medidas unitárias.
(**) Dinamarca, Vastverige (SE) e Schleswig-Holstein (DE) foram incluídas duas vezes, nas macrozonas do Mar Báltico e do Mar do Norte; as
Terras Altas e as Ilhas foram incluídas duas vezes, nas macrozonas do Oceano Atlântico e do Mar do Norte; a Andaluzia foi incluída duas vezes,
nas macrozonas do Oceano Atlântico e do Mar Mediterrâneo.
Fonte: Dados do Quarto Relatório sobre a Coesão (DG Regiões) processados pelos autores
O aumento dos fluxos turísticos nas zonas costeiras, nomeadamente sob a forma de turismo de
massas, está a suscitar preocupações crescentes em relação aos seus potenciais impactos
negativos, do ponto de vista ambiental, económico e social, no desenvolvimento regional. Os
Fundos Estruturais podem desempenhar um papel de promoção dos princípios do
desenvolvimento sustentável 3 na concepção e execução de intervenções relacionadas com o
turismo costeiro.
1.2. Objectivo
O presente estudo pretende oferecer uma análise qualitativa e abrangente do impacto das
despesas dos Fundos Estruturais (FE) em projectos turísticos nas regiões costeiras. O objectivo
do estudo é emitir recomendações e fornecer aos decisores políticos informação relevante em
matéria de apoio ao sector do turismo costeiro. O estudo descreve algumas práticas de utilização
de Fundos Estruturais para aplicar essas medidas, discutindo uma série de estratégias passíveis
de aplicação por parte dos decisores, com vista a responder eficazmente a tais desafios.
3
O desenvolvimento sustentável equivale a conciliar o crescimento económico com a preservação dos recursos naturais e
humanos existentes. Deste modo, “pressupõe uma relação equilibrada entre os seres humanos, o desenvolvimento económico e
o ambiente” e “significa integrar as dimensões económica, social e ambiental no mesmo nível de consideração”. (Comité das
Regiões da UE. O Turismo Sustentável como Factor de Coesão Territorial na Europa. Luxemburgo, 2006).
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Esta análise não é útil para os fins do presente estudo, nem se enquadra no âmbito do mesmo.
Assim, a abordagem adoptada vira-se antes para as dinâmicas globais de governação e gestão
inerentes a algumas práticas comuns, sejam elas bons ou maus exemplos, de aplicação dos FE
no apoio ao turismo nas regiões costeiras. Mais especificamente, o presente estudo aborda o
papel dos FE na/no:
• promoção das parcerias: discute a natureza da participação dos parceiros e dos actores
locais nas fases de programação e execução dos programas dos FE;
• estimulação financeira de investimentos nacionais: demonstra a capacidade dos FE
para estimular os investimentos financeiros nacionais/regionais no sector do turismo
costeiro;
• contribuição para a revitalização da economia: dá conta da relação entre a situação
económica em geral nas zonas costeiras e o papel das intervenções no sector do turismo
apoiadas pelos FE;
• incentivo à diferenciação dos tipos de turismo: analisa a capacidade dos FE para
incentivar novas formas de turismo, de modo a diminuir os efeitos sazonais;
• tomada em consideração da sustentabilidade ambiental: sublinha a capacidade dos
FE para promover intervenções conducentes a um turismo costeiro sustentável, tendo em
conta os efeitos das alterações climáticas (por exemplo, dificuldades no abastecimento
de água, temperaturas mais quentes) e outros desafios ambientais.
3 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
1.3 Âmbito
Existem diferentes tipos de destinos turísticos. De igual modo, foram propostos vários métodos
de classificação, baseados em características topográficas 4 , indicadores quantitativos 5 ou outros.
45
40
N.º regiões N.º regiões não costeiras
35 costeiras
30
25
20
15
10
0
AT CZ HU LU SK BE CY DK EE LV LT MT RO SI BG IE PL FI DE PT NL SE EL ES FR IT UK
Fonte: Autores
Embora existam diferentes definições para as zonas costeiras (ver Caixa 1), no âmbito do
presente estudo, a unidade de análise relevante são as regiões NUTS2 da UE banhadas pelo mar,
mesmo que se trate apenas de uma pequena parte do seu território (ver Gráfico 1).
4
Por exemplo, de acordo com o Eurostat 2002, o “turismo costeiro” caracteriza-se por uma forte concentração de
estabelecimentos de relativamente pequena dimensão, estadias com uma duração média de três dias, visitas de nacionais e uma
grande concorrência territorial, tanto intra-sectorial (com outras zonas costeiras) como intersectorial (com outras actividades
industriais).
5
Indicador 1: Intensidade turística, definida pelo número de camas afectas à actividade turística por habitante; Indicador 2:
Densidade turística, definida pelo número de camas afectas à actividade turística por km2; Indicador 3: Ocupação turística,
definida pelo número de estabelecimentos turísticos em cada 100 km. Fonte: Comité das Regiões, 2006.
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
6
Caixa 1. Diferentes definições de zonas costeiras
Neste relatório, as linhas de costa (ou costeiras) são determinadas a partir da base de dados Corine Land Cover
(CLC). A parte terrestre da zona costeira é definida como uma área que se estende 10 km para o interior do
território a partir da linha de costa. Se necessário, a avaliação da zona costeira básica é complementada com
comparações entre a faixa costeira mais imediata (até 1 km), a área de influência costeira (a zona costeira entre 1
e 10 km a partir da linha de costa) e o território nacional não costeiro, designado por interior. A parte marítima da
zona costeira é definida como uma zona que se estende 10 km para dentro do mar (por exemplo, como na análise
de cobertura da rede Natura 2000) ou como uma zona variável da plataforma continental, consoante o aspecto em
análise (por exemplo, rotas de navegação, águas territoriais, pescas, dinâmicas costeiras). O termo genérico
utilizado no relatório é zona costeira, empregando-se também, como sinónimos, os termos costa, espaço costeiro
e sistemas costeiros, para uma melhor adaptação aos contextos específicos.
Em função dos dados das linhas de costa e da definição de zona costeira utilizada, as estimativas da zona costeira
terrestre europeia podem variar entre 4% a 13% da massa terrestre. Em conformidade com a definição supra e
com base nos dados da CLC, existem quase 185 000 km de linha de costa e 560 000 km2 de zonas costeiras
(parte terrestre) nos 24 países costeiros europeus cobertos por esta medição (20 Estados-Membros costeiros da
UE, mais a Noruega, a Islândia, a Bulgária e a Roménia). Esta área corresponde a 13% da massa terrestre total
destes países, ou a 11%, se considerarmos apenas os 20 países costeiros da UE.
Fonte: The Changing Faces of Europe's Coastal Areas, Relatório da AEA n.º 6/2006.
As regiões costeiras europeias estendem-se por mais de 89 000 km e abrangem muitos centros
urbanos com uma população superior a 50 000 habitantes, e também capitais como Atenas,
Copenhaga, Lisboa e Estocolmo. Em termos de destinos turísticos, as zonas costeiras incluem: 7
1) zonas urbanas e industriais, com elevada concentração populacional;
2) zonas de turismo intensivo, caracterizadas por centros urbanos e grandes variações
sazonais da população;
3) zonas naturais, rurais e piscatórias, associadas a povoamentos dispersos.
6
De acordo com a Agência Europeia do Ambiente (AEA), as zonas costeiras são:
"A parte do território terrestre afectada pela sua proximidade com o mar e a parte do mar afectada pela sua proximidade com o
território terrestre, visto que as actividades do homem baseadas em terra têm uma influência mensurável na química da água e
na ecologia marinha." http://glossary.eea.europa.eu/EEAGlossary/C/coastal_area
7
Noronha, L, et al. Managing Coastal Tourism (2003).
5 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Regiões do Espanha: Galiza, Principado das Astúrias, Cantábria, País Basco, Andaluzia;
Atlântico França inclui: Picardia, Alta Normandia, Baixa Normandia, Norte - Pas-de-Calais, Pays de la
Loire, Bretanha, Poitou-Charentes, Aquitânia;
Irlanda; Border, Midland e Western, Southern e Eastern;
Portugal: Norte, Algarve, Centro (PT), Lisboa, Alentejo;
Reino Unido: Cumbria, Cheshire, Lancashire, Merseyside, Surrey, East e West Sussex,
Hampshire e Ilha de Wight, Gloucestershire, Dorset e Somerset, Devon, Cornualha e Ilhas de
Scilly, West Wales e The Valleys, Western Scotland, Terras Altas e Ilhas, Herefordshire,
Worcestershire e Warwickshire, Irlanda do Norte.
Regiões do Dinamarca;
Mar Báltico Estónia;
Letónia;
Lituânia;
Alemanha: Mecklenburg-Vorpommern, Schleswig-Holstein;
Polónia: Zachodniopomorskie, Warmińsko-Mazurskie, Pomorskie;
Finlândia: Itä-Suomi, Etelä-Suomi, Länsi-Suomi, Pohjois-Suomi, Åland;
Suécia: Estocolmo, Östra Mellansverige, Sydsverige, Norra Mellansverige, Mellersta Norrland,
Övre Norrland, Småland med öarna, Västsverige;
Regiões do Bulgária: Severoiztochen e Yugoiztochen;
Mar Negro Roménia: Sudeste.
Regiões do Grécia: Anatoliki Macedonia-Thraki, Kentriki Macedonia, Thessalia, Ipeiros, Ionia Nisia, Dytiki
Mediterrâneo Elláda, Sterea Elláda, Peloponnisos, Attiki, Voreio Aigaio, Notio Aigaio, Kriti;
Espanha: Catalunha, Comunidad Valenciana, Ilhas Baleares, Andaluzia, Región de Murcia,
Ciudad Autónoma de Ceuta, Ciudad Autónoma de Melilla;
França: Languedoc-Roussillon, Provence-Alpes-Côte d'Azur, Córsega;
Itália: Liguria, Veneto, Friuli-Venezia Giulia, Emilia-Romagna, Toscana, Marche, Lazio, Abruzzo,
Molise, Campania, Puglia, Basilicata, Calabria, Sicília, Sardenha;
Chipre,
Malta,
Eslovénia.
Regiões do Dinamarca;
Mar do Norte Bélgica: prov. West vlandereen;
Alemanha: Bremen, Lüneburg, Weser-Ems, Schleswig-Holstein;
Países Baixos: Groningen, Friesland, Flevoland, Noord-Holland, Zuid-Holland, Zeeland, Noord-
Brabant;
Suécia: Västsverige;
Reino Unido: Tees Valley e Durham, Northumberland, Tyne e Wear, Lincolnshire, North
Yorkshire, East Anglia, Essex, Kent, North Eastern Scotland, Eastern Scotland, East Riding and
North Lincolnshire, Terras Altas e Ilhas.
Regiões Espanha: Canárias;
Ultraperiféricas França: Guadalupe, Martinica, Guiana e Reunião;
Portugal: Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira.
(*)Dinamarca, Vastverige (SE) e Schleswig-Holstein (DE) foram incluídas duas vezes, nas macrozonas do Mar Báltico e do Mar do Norte; as
Terras Altas e as Ilhas foram incluídas duas vezes, nas macrozonas do Oceano Atlântico e do Mar do Norte; a Andaluzia foi incluída duas vezes,
nas macrozonas do Oceano Atlântico e do Mar Mediterrâneo.
Fonte: Autores
PE 397.260 6
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
1.4 Metodologia
A estrutura do estudo assenta numa abordagem metodológica composta por dois elementos:
1) um quadro global traçado por uma síntese geral do sector do turismo costeiro e das
oportunidades de financiamento. Esta análise baseia-se na recolha e processamento de
dados secundários extraídos da vasta literatura existente sobre turismo, regiões costeiras e
FE. Foram efectuadas análises qualitativas e quantitativas;
2) o quadro global foi enriquecido com a análise de dados primários recolhidos no terreno e
provenientes de estudos de caso. Para o efeito, foram seleccionadas seis regiões costeiras-
alvo, no cumprimento dos seguintes critérios obrigatórios:
− representatividade das seis macrozonas;
− inclusão na amostra de pelo menos uma região insular;
− inclusão na amostra de pelo menos uma região transfronteiriça;
− equilíbrio razoável entre regiões do Objectivo “Convergência” e do Objectivo
“Competitividade e Emprego” (C&E).
A metodologia utilizada na análise dos estudos de caso incluiu um modelo comum de recolha de
dados visando garantir a sua comparabilidade através de uma grelha normalizada de recolha e
processamento dos dados. Foi levada a cabo uma análise transversal crítica dos estudos de caso,
à luz das cinco áreas temáticas identificadas como cruciais.
• entrevistas com:
- responsáveis do sector público pelas intervenções no domínio do turismo co-
financiadas pelos FE;
- representantes do sector do turismo privado;
- representantes de associações ambientais e outros actores relevantes;
• uma análise exaustiva de documentos de programação relevantes (Documento Único de
Programação (DOCUP), Programas Operacionais Regionais/Nacionais/Sectoriais,
Planeamento Sectorial Regional/Nacional) e de documentos de gestão (Relatórios
Anuais de Execução, Actualizações de Avaliação e Intercalares, especificações técnicas
para a selecção de projectos na área do turismo).
8
No caso do Reino Unido, foi seleccionada uma região NUTS1 (e não NUTS2), visto ser este o nível institucional encarregue
da gestão dos Programas Operacionais dos FE.
7 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Mar Negro Sudeste A oferta turística romena está centrada no turismo balnear. As características
Roménia morfológicas das praias e o clima quente são os principais elementos de promoção
da zona costeira. O alojamento consiste maioritariamente em hotéis de média e
ISPA (2000-
grande dimensão. Ao invés, os demais estabelecimentos colectivos apresentam
2006)/
Região da uma dimensão média inferior e o seu número tem vindo a diminuir nos últimos anos.
Convergência Além do turismo balnear, registou-se um desenvolvimento do turismo cultural,
(2007-2013) assente em vestígios da presença grega datados do século VII a. C. O turismo da
saúde é um mercado com uma procura crescente, graças à boa reputação do Mar
Negro para a cura de doenças e lesões articulares e ao desenvolvimento de spas
especializados em banhos de lamas e tratamentos famosos a nível internacional.
PE 397.260 8
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
9 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
PE 397.260 10
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Principais conclusões
• As regiões mediterrânicas continuam a ter um importante papel no turismo, sobretudo
como destinos de turismo balnear.
Ao mesmo tempo, as comunidades residentes nos destinos turísticos mostram-se cada vez
mais preocupadas com a preservação do seu património natural, económico e social, face
aos eventuais impactos negativos decorrentes do desenvolvimento de estabelecimentos e
equipamentos para fins turísticos.
11 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Devido às mesmasrazões médicas que ditaram o sucesso das costas inglesas, a prática de passar
as férias à beira-mar alastrou ao continente. Até à primeira metade do século XIX, os centros de
turismo balnear mais importantes e famosos situavam-se ao longo das costas do Mar do Norte,
do Mar Báltico e do Atlântico, onde os turistas procuravam águas frias e zonas urbanizadas.
PE 397.260 12
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
A cidade de Scarborough, na costa do Mar do Norte, famosa desde 1627 pelas propriedades curativas
da sua água de nascente, foi a primeira estância costeira na história do turismo europeu. Nos fins do
século XVIII e durante o século XIX, Brighton foi, com o patrocínio da realeza, uma das mais
importantes estâncias à beira-mar. O sucesso destas e de outras estâncias resultou das razões
médicas, que propagavam a ideia de que os banhos nas águas frias do mar eram uma prática
saudável. No entanto, neste período, a praia era associada a passeios e conversas à beira-mar e não a
banhos de sol, que se acreditava serem perigosos.
A partir dos anos 1840, a introdução do caminho-de-ferro permitiu que cada vez mais pessoas (também
das classes inferiores) pudessem viajar para diferentes partes de Inglaterra e passar as suas férias em
novos destinos costeiros, tais como Essex, Kent e Devon. Este processo culminou, entre 1880 e 1910,
com a construção dos primeiros centros balneares, acompanhados de infra-estruturas e operadores
locais vocacionados para a organização dos tempos livres dos turistas. Blackpool, na costa noroeste de
Inglaterra, tornou-se a mais famosa estância costeira da classe operária.
Fonte: Autores
Até à primeira metade do século XIX, a maior parte dos centros de turismo balnear situava-se ao longo
das costas do Mar do Norte, do Mar Báltico e do Atlântico, uma vez que os turistas demandavam o mar
no Verão, mas em busca de águas frias e zonas urbanizadas, de acordo com as prescrições médicas.
A costa atlântica de França desenvolveu o turismo balnear no início do século XIX, e uma das
primeiras cidades a acolhê-lo foi Dieppe. Entre 1830 e 1850, a região da Normandia assistiu a um
crescimento vigoroso de novos centros turísticos costeiros, caracterizados tanto pelos seus visitantes
aristocráticos como pela presença de artistas.
A única região turística de Espanha situava-se entre San Sebastian e Santander, mas o atraso
económico e a distância em relação a Madrid impediam estes destinos de ter grande sucesso.
O primeiro destino costeiro mediterrânico a atrair uma clientela altamente cosmopolita foi a Côte d’Azur
francesa, designadamente a cidade de Sète, que introduziu esta zona no circuito do turismo
internacional. As regiões do Mediterrâneo estreiam-se assim no quadro do turismo europeu e, na
sequência das mudanças socioeconómicas ocorridas na Europa durante o século XX, depressa se
tornam os destinos de maior sucesso, contribuindo para o surgimento do turismo da classe média.
Fonte: Autores
13 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
As regiões mediterrânicas viram-se forçadas a reformular a sua oferta local para enfrentar a
concorrência de novos destinos costeiros europeus menos congestionados e mais baratos.
Contudo, o modelo do turismo urbano por elas desenvolvido ao longo da maior parte do século
passado foi considerado fundamental para o sucesso dos destinos europeus que decidiram
explorar o seu património costeiro. Assim, as estâncias marítimas das regiões búlgaras de
Severoiztochen e Yugoiztochen e da região sudeste da Roménia parecem ser um reflexo das
existentes nas costas espanhola, francesa e italiana.
PE 397.260 14
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Fonte: Autores
Ao longo das regiões costeiras do Atlântico, as praias e estâncias históricas são uma
característica típica das tendências do turismo local. É por isso que o turismo balnear,
enriquecido com o património natural e cultural, se afirma como a actividade preferida, se bem
que, nas zonas mais a norte, as condições climáticas menos favoráveis tenham levado ao
desenvolvimento do turismo desportivo e do turismo alicerçado no património natural ou
cultural.
O Reino Unido conta, entre os seus recursos turísticos, com as praias arenosas da costa do
Lancashire, das praias de surf de Devon e da Cornualha, da Costa Jurássica de Dorset e East
Devon, conhecida pelo seu valor geológico e classificada como Sítio Património Mundial, e o
Parque Nacional da Costa do Pembrokeshire. Grande parte da linha costeira, que inclui algumas
das melhores praias britânicas, é detida e gerida pelo National Trust. As regiões costeiras
britânicas banhadas pelo Atlântico são igualmente célebres pela sua tradição na prática da vela. 9
O litoral atlântico espanhol, pejado de praias históricas, combina as actividades marítimas com
as de montanha e atrai turistas ansiosos por explorar as paisagens naturais e o património
cultural da zona. Na região costeira do norte da França, o clima mostra-se ameno e temperado,
não diferindo muito do que se faz sentir nas regiões costeiras belgas e inglesas. A título de
exemplo, graças a uma situação geográfica privilegiada, Poitou Charentes é conhecida pelas
suas muitas horas de sol e La Rochelle é uma das cidades marítimas mais visitadas de toda a
9
Southampton, a Ilha de Wight, Brighton, Dover, Eastbourne, Devon, Cornualha e as Ilhas do Canal (Inglaterra), Península de
Gower e Pembrokeshire (País de Gales) e o Firth of Clyde (Escócia) estão entre os locais mais conhecidos para velejar ao longo
da costa atlântica da Grã-Bretanha. Cowes, na Ilha de Wight, acolhe a mais longa regata marítima do mundo. As famosas praias
de surf situam-se em Devon e na Cornualha.
15 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
França. Entre as actividades turísticas estão o desporto (golfe, ciclismo, hipismo, pesca à linha),
a gastronomia e as actividades ligadas ao património natural e cultural.
Em Portugal, o turismo costeiro caracteriza-se por duas vertentes principais: areia e praia. O
Algarve, a sul, é o destino de turismo costeiro mais procurado do país. Além desta oferta
turística “tradicional”, o golfe é um segmento de mercado em crescimento, sendo visto como
um elemento muito importante de diversificação da oferta turística durante o Verão.
10
Os dados referem-se apenas às regiões europeias banhadas pelo Oceano Atlântico e pelo Mar do Norte, classificadas no nível
NUTS II do Eurostat. Espanha inclui: Galiza, Principado das Astúrias, Cantábria, País Basco, Andaluzia; França inclui:
Picardie, Alta Normandia, Baixa Normandia, Norte - Pas-de-Calais, Pays de la Loire, Bretanha, Poitou-Charentes, Aquitânia;
Alemanha inclui: Bremen, Lüneburg, Weser-Ems, Schleswig-Holstein; Irlanda inclui: Border, Midland and Western, Southern
and Eastern; Países Baixos incluem: Groningen, Friesland, Flevoland, Noord-Holland, Zuid-Holland, Zeeland, Noord-Brabant;
Portugal inclui: Norte, Algarve, Centro (PT), Lisboa, Alentejo; Reino Unido inclui: Tees Valley e Durham, Northumberland e
Tyne and Wear, East Riding e North Lincolnshire, North Yorkshire, Lincolnshire, East Anglia, Essex, Kent, North Eastern
Scotland, Eastern Scotland, Terras Altas e Ilhas, Cumbria, Cheshire, Lancashire, Merseyside, Herefordshire, Worcestershire e
Warwickshire, Berkshire, Buckinghamshire e Oxfordshire, Surrey, East e West Sussex, Hampshire e Ilha de Wight,
Gloucestershire, Wiltshire e North Somerset, Dorset e Somerset, Cornualha e Ilhas de Scilly, Devon, West Wales e The Valleys,
East Wales, South Western Scotland, Irlanda do Norte; Suécia inclui: Västsverige; Dinamarca: é incluída por inteiro.
PE 397.260 16
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Fonte: Autores
Os destinos costeiros do Mar Báltico atraem turistas devido, principalmente, ao seu património
natural e cultural e às suas paisagens:
• a costa dinamarquesa é especialmente conhecida pelos seus preços acessíveis e pela sua
oferta cultural única de castelos e solares, bem como pelas suas excelentes praias de
veraneio;
• o Oeste da Estónia, à semelhança da Letónia e da Lituânia, oferece uma costa com traços
pitorescos e paisagens variadas, assim como percursos pedonais e para estudo da
natureza, percursos ciclopédicos e a oportunidade de experimentar modos de vida
tradicionais. Além dos grandes portos marítimos, existem também pequenas aldeias
11
As organizações mencionadas incluem também países não pertencentes à União Europeia.
12
Em 2006, a contribuição percentual da indústria das viagens e turismo para o PIB foi de 3% na Dinamarca, 3,5% na Estónia,
3,2% na Finlândia, 2,7% na Alemanha, 1,3% na Letónia, 1,6% na Lituânia, 2% na Polónia e 2,7% na Suécia.
17 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
As regiões costeiras da Suécia possuem o maior número de camas de hotel na zona do Mar
Báltico. Contudo, entre 1995 e 2005, o crescimento mais constante coube à Estónia, Lituânia e
Polónia, que revelam assim o seu estatuto de destinos turísticos europeus emergentes.
Finalmente, o número de dormidas dos visitantes nacionais, que correspondeu a cerca de 70%
do total de dormidas em todos os anos considerados, mostra que a costa do Mar Báltico atrai, de
um modo geral, um turismo mais doméstico do que internacional.
Quadro 5 – Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões do Mar Báltico 13 - 1995, 2000,
2005 (ordenada pelo número de camas em 2005)
Camas
1995 2000 2005 de
Var. % Var. % hotel.
camas camas '05/Total
05/95 05/00 camas
Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas
'05
(%)
Suécia(a) 1330 127 209 1609 155 641 1577 163 292 28,4 4,9 28,2
Alemanha 2683 104 322 2944 130 329 2716 131 427 26,0 0,8 25,8
Finlândia 936 105 030 1011 117 322 938 117 605 12,0 0,2 55,9
Dinamarca 564 98 991 466 62 107 480 69 932 -29,4 12,6 17,9
Polónia 233 19 333 314 26 428 446 36 597 89,3 38,5 16,1
Estónia 160 10 576 350 16 292 317 25 228 138,5 54,8 66,2
Lituânia 143 9765 227 11 489 331 19 940 104,2 73,6 66,1
Letónia 135 13 376 166 11 890 337 19 229 43,8 61,7 80,0
TOTAL 6184 488 602 7087 531 498 7142 583 250 19,4 9,7 25,3
Fonte: Dados do Eurostat processados pelos autores
(a)
Não existem dados sobre o número de estabelecimentos e camas de 1995 em Småland med öarna.
13
Os dados referem-se apenas às regiões europeias banhadas pelo Mar Báltico, classificadas no nível NUTS II do Eurostat. A
Dinamarca, Estónia, Letónia e Lituânia são consideradas por inteiro; a Alemanha inclui: Mecklenburg-Vorpommern,
Schleswig-Holstein; a Polónia inclui: Zachodniopomorskie, Warmińsko-Mazurskie, Pomorskie; a Finlândia inclui: Itä-Suomi,
Etelä-Suomi, Länsi-Suomi, Pohjois-Suomi, Åland; a Suécia inclui: Estocolmo, Östra Mellansverige, Sydsverige, Norra
Mellansverige, Mellersta Norrland, Övre Norrland, Småland med öarna.
PE 397.260 18
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Fonte: Autores
Embora o desenvolvimento do turismo de massas nas regiões costeiras do Mar Negro tenha
origens relativamente recentes, as estatísticas do turismo demonstram a popularidade crescente
destes destinos.
Nos últimos dez anos, os destinos costeiros europeus mais procurados, os das regiões
mediterrânicas, têm sido imitadas pelas regiões que bordejam o Mar Negro. Focalizadas no seu
património natural e cultural, estas últimas desenvolveram o típico modelo de turismo urbano
do Mediterrâneo e apresentam uma oferta combinada de praias arenosas, monumentos antigos e
estâncias modernas para captar a procura do turismo internacional.
A Roménia, outro destino turístico emergente na Europa Oriental, alcançou, em 2005, um saldo
positivo de 136 milhões de euros entre despesas e receitas do turismo. 14 Na Roménia, a
ausência de marés e correntes, aliada à latitude média, à baixa altitude e à exposição da costa ao
clima vindo de leste, resulta numa longa época turística, com mais de 14 horas de sol por dia no
14
Fonte: Eurostat Pocketbooks – Tourism Statistics, edição de 2007.
19 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
pico do Verão, 24 a 25 dias de sol por mês durante a estação estival e temperaturas da água do
mar entre 23° e 26°C em Julho e Agosto. A porta de entrada para todos os destinos costeiros é a
cidade de Constanta, o principal porto da Roménia. O modelo de turismo característico desta
zona costeira europeia assemelha-se ao da Bulgária. Além das instalações modernas oferecidas
pelas estâncias costeiras, os turistas podem visitar um grande número de sítios históricos,
monumentos antigos e aldeias tradicionais apostadas em preservar o seu património cultural. A
região costeira romena do Sudeste é igualmente famosa pelas suas vinhas e pelos seus spas, em
especial nas regiões de Eforie Nord e Mangalia, especializadas em tratamentos de banhos de
lama.
Quadro 6 – Capacidade de alojamento turístico colectivo nas regiões do Mar Negro 15 - 2005 (ordenada pelo
número total de camas)
Hotéis e estabelecimentos similares Outros estabelecimentos colectivos, Total Estabelecimentos turísticos colectivos, Total
Dimensão Dimensão Dimensão
Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas
média média média
Bulgária 703 154 283 219,5 126 10 806 85,8 829 165 089 199,1
Roménia 904 94 065 104,1 324 38 900 120,1 1228 132 965 108,3
TOTAL 1607 248 348 154,5 450 49 706 110,5 2057 298 054 144,9
Fonte: Dados do Eurostat processados pelos autores
15
Os dados referem-se apenas às regiões europeias banhadas pelo Mar Negro, classificadas no nível NUTS II do Eurostat. A
Bulgária inclui Severoiztochen e Yugoiztochen; a Roménia inclui a região do Sudeste. Não existem dados de 1995 e 2000.
PE 397.260 20
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Fonte: Autores
A costa mediterrânica parece ser a zona que melhor representa as tendências do turismo
europeu. O crescimento mais significativo ocorreu nos últimos 20 anos, período em que o
crescendo da procura de férias de alta qualidade induziu o desenvolvimento conjunto de
unidades de alojamento, infra-estruturas e equipamentos de lazer. Na esteira desta tendência, a
Eslovénia reforça neste momento a sua condição de destino turístico. Não obstante, as costas da
Grécia, Espanha, França, Itália, Chipre e Malta podem ser consideradas como os destinos
turísticos mais populares da Europa. 16
Porém, novos destinos europeus concorrem agora com as costas mais lotadas de Espanha,
França, Itália e Grécia, ainda consideradas os destinos turísticos mais atraentes da zona do
Mediterrâneo. Apesar do grande número de visitantes, as regiões costeiras mediterrânicas estão
16 Embora não façam parte da União Europeia, são também aqui incluídas as regiões da Croácia.
17 A acreditar nas previsões do WTTC, a contribuição percentual da indústria das viagens e turismo para o PIB da UE em 2006
foi de 6,5% na Grécia, 6,9% em Espanha, 4,4% em França, 4,6% em Itália, 10,7% no Chipre, 13,2% em Malta e 3,4% na
Eslovénia.
21 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
a ser afectadas pelas mudanças trazidas pelos “novos” turistas do que outras regiões costeiras
“mais jovens” da Europa.
Enquanto que os turistas das décadas de 1960 e 1970 costumavam fazer as férias no mesmo
local e por um longo período, os turistas de hoje preferem fugir mais vezes da cidade durante o
ano e experimentar diferentes tipos de actividades. 18 Esta mudança de hábitos fez com que as
regiões mediterrânicas começassem a desenvolver outras formas de turismo, ligadas aos seus
recursos e paisagens costeiras e ao seu património cultural e natural. A pesca, a degustação de
vinhos, a gastronomia, a saúde e bem-estar e o ecoturismo são apenas alguns exemplos desta
tendência. Este tipo de oferta é também uma resposta ao fenómeno das alterações climáticas,
que está a influenciar o estilo de vida junto ao mar, bem como o comportamento dos turistas.
Combinando todas estas características, a zona do Mar Mediterrâneo é tipificada por estâncias
marítimas, novas formas de alojamento ligadas ao “ecoturismo” e centros de saúde e beleza,
todos eles visando satisfazer as necessidades de um ambiente familiar e de autenticidade.
Quadro 7 – Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões do Mar Mediterrâneo 19 - 1995,
2000, 2005 (ordenada pelo número de camas em 2005)
Camas
1995 2000 2005 de
Var. % Var. % hotel.
camas camas '05/Total
05/95 05/00 camas
Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas
'05
(%)
Itália 22 463 1 245 482 21 943 1 348 571 22 125 1 493 005 19,9 10,7 43,9
Espanha (a) 5108 709 372 7682 857 947 8175 1 004 122 41,6 17,0 52,8
Grécia 7703 554 225 8274 603 972 8938 677 804 22,3 12,2 87,6
França 3772 217 538 3852 340 117 4044 397 485 82,7 16,9 33,4
Chipre 538 77 259 583 84 479 785 91 264 18,1 8,0 95,7
Malta 256 37 190 246 40 782 173 37 322 0,4 -8,5 98,2
Eslovénia 307 30 755 448 30 576 344 29 971 -2,5 -2,0 46,4
TOTAL 40 147 2 871 821 43 028 3 306 444 44 584 3 730 973 29,9 12,8 50,0
Fonte: Dados do Eurostat processados pelos autores
(a)
O número de camas de todos os estabelecimentos colectivos em 2005 não inclui os “outros estabelecimentos colectivos” da
Ciudad Autónoma de Ceuta e da Ciudad Autónoma de Melilla, visto não existirem dados disponíveis.
18
No que respeita à procura turística, o número de dormidas em hotéis e estabelecimentos similares da zona mediterrânica
aumentou 24,7% entre 1995 e 2005, mas mostrou-se mais ou menos estável em 2005 face a 2000 (-0,1%). Simultaneamente, o
crescimento contínuo das chegadas entre 1995 e 2005 (+42,7%) e desde 2000 (+6,6%) esteve associado a uma diminuição da
duração média da estadia de 4 dias em 1995 para 3,5 dias em 2005.
19 Os dados referem-se apenas às regiões europeias banhadas pelo Mar Mediterrâneo, classificadas no nível NUTS II do
Eurostat. A Grécia inclui: Anatoliki Macedonia-Thraki, Kentriki Macedonia, Thessalia, Ipeiros, Ionia Nisia, Dytiki Elláda,
Sterea Elláda, Peloponnisos, Attiki, Voreio Aigaio, Notio Aigaio, Kriti; Espanha inclui: Catalunha, Comunidad Valenciana,
Ilhas Baleares, Andaluzia, Región de Murcia, Ciudad Autónoma de Ceuta, Ciudad Autónoma de Melilla; França inclui:
Languedoc-Roussillon, Provence-Alpes-Côte d'Azur, Córsega; Itália inclui: Liguria, Veneto, Friuli-Venezia Giulia, Emilia-
Romagna, Toscana, Marche, Lazio, Abruzzo, Molise, Campania, Puglia, Basilicata, Calabria, Sicília, Sardenha. Chipre, Malta
e Eslovénia são considerados por inteiro.
PE 397.260 22
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Fonte: Autores
Devido às condições climáticas, muitos dos turistas que visitam as regiões do Mar do Norte
encaram o mar mais como um elemento paisagístico natural do que como um meio propício
para a prática balnear. Isto faz com que muita da oferta turística local esteja concentrada em
diferentes actividades desportivas e no património natural e cultural. Por exemplo, ao longo das
costas belga e holandesa, os turistas encontram clubes de golfe, lojas de moda, museus, galerias
de arte e gastronomia, bem como centros vocacionados para o turismo da saúde.
A linha costeira dinamarquesa banhada pelo Mar do Norte tem para oferecer um património
natural único: montes, plantações e florestas à beira-mar ou pequenos fiordes, portos de abrigo,
lagos e ilhotas. A região de Funen é especialmente procurada pelos turistas devido à sua
paisagem campestre, com vilas e aldeias, mas também pelas suas bem preservadas relíquias do
passado.
O turismo da costa alemã do Mar do Norte está particularmente dependente das suas praias e de
actividades desportivas como os banhos de mar, a vela, o surf, o kite surfing (favorecido pelos
ventos da zona) e o ciclismo. O Itinerário Ciclopédico do Mar do Norte, com 6000 km de
extensão, é o mais longo do mundo. Atravessa toda a zona alemã do Mar do Norte e passa por
sete países costeiros deste mar (incluindo o Reino Unido e a Dinamarca). Por causa do clima, a
saúde é também um sector em ascensão no mercado turístico.
As costas do Reino Unido são banhadas pelo Mar do Norte e pelo Oceano Atlântico, facto que
está na génese de uma mistura especial de diferenças geográficas e morfológicas que faz do
Reino Unido um dos destinos costeiros mais interessantes da Europa. As regiões britânicas do
Mar do Norte apresentam belos exemplos de praias arenosas, arribas, atracções ligadas ao
património e reservas naturais como os Bempton Cliffs, no Yorkshire. Por fim, a Grã-Bretanha
23 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
tem uma forte tradição de actividades económicas ligadas ao mar, navegação de recreio e vela 20 ,
como sucede também ao longo da costa sueca do Mar do Norte.
Fonte: Autores
O mar, a areia e a beleza natural constituem os grandes atractivos para os turistas internacionais
que visitam as regiões ultraperiféricas. Apesar do vigoroso desenvolvimento do turismo que
caracteriza estas zonas, a preservação das tradições e da autenticidade do estilo de vida típico da
população local, patente nos eventos habitualmente realizados para os turistas, é conhecida em
todo o mundo.
Com 1114 km de linha de costa, as Ilhas Canárias assistiram, durante a última década, a um
enorme crescimento da capacidade de alojamento hoteleiro. Aqui, tradição e modernidade
parecem existir par a par: por um lado, El Hierro, La Palma e La Gomera, as ilhas mais
pequenas, exibem paisagens bastante diferenciadas, poucos turistas e poucas infra-estruturas
viradas para o lazer, bem como um valioso património natural. Por outro lado, Tenerife, a maior
ilha do arquipélago, e Gran Canaria oferecem aos turistas a possibilidade de praticarem um
grande número de desportos e combinam campos de golfe, modernas marinas e centros de saúde
e beleza. Fuerteventura, com as suas pequenas aldeias costeiras, e Lanzarote, conhecida em todo
o mundo pela sua arquitectura natural, parecem partilhar este contraste contínuo entre o antigo e
o novo.
20
Norfolk e Suffolk, Firth of Forth e Moray Firth (Escócia) estão entre os locais mais populares para velejar ao longo da linha
de costa oriental britânica. De igual modo, Thurso e Tynemouth estão entre as melhores praias de surf da costa leste.
PE 397.260 24
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
• Guadalupe e Reunião distinguem-se pelo seu potencial para praticar vários desportos e
fruir o mar e a natureza, através de actividades como o alpinismo, o golfe, o
pedestrianismo, etc.;
• a região da Guiana tem uma paisagem natural preservada que convida ao ecoturismo, ao
passo que Martinica se orgulha da sua grande variedade de paisagens e praias.
Os outros elementos da oferta turística são o artesanato local e as tradições religiosas e culturais.
A Região Autónoma dos Açores, com as suas nove ilhas a transbordarem de folclore, oferece
aos turistas diferentes paisagens, tipos de meio ambiente natural, opções de alojamento e formas
de entretenimento.
Por último, o ambiente natural, o clima ameno, os costumes e tradições e outros diferentes tipos
de atracções e entretenimento trazem turistas à Região Autónoma da Madeira.
Quadro 8 – Capacidade de “hotéis e estabelecimentos similares” nas regiões ultraperiféricas 21 - 1995, 2000,
2005 (ordenada pelo número de camas em 2005)
Camas
1995 2000 2005 de
Var. % Var. % hotel.
camas camas '05/Total
05/95 05/00 camas
Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas Estabelecimentos Camas
'05
(%)
Espanha 313 100 558 493 143 300 536 190 362 89,3 32,8 42,9
Portugal 180 20 375 218 27 388 274 36 531 79,3 33,4 93,.0
França(a) 278 20 580 318 35 338 337 36 048 75,2 2,0 94,4
TOTAL 771 141 513 1029 206 026 1147 262 941 85,8 27,6 47,0
Fonte: Dados do Eurostat processados pelos autores
(a)
Os dados de 1995 relativos à Guiana não se encontram disponíveis.
21
Os dados referem-se apenas às regiões ultraperiféricas europeias, classificadas no nível NUTS II do Eurostat. A Espanha
inclui Canárias, França inclui Guadalupe, Martinica, Guiana e Reunião, e Portugal inclui a Região Autónoma dos Açores e a
Região Autónoma da Madeira.
25 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
De acordo com estes dados, na macrozona mediterrânica, a região espanhola das Ilhas Baleares
(20,2%) e as regiões gregas de Ionia Nisia (18,8%) e Notio Agaio (18,6%) mostram ter
economias regionais particularmente dependentes do turismo: cerca de um quinto do
número total de empregados trabalha em hotéis e restaurantes. Na maioria das regiões costeiras
italianas, nomeadamente nas meridionais, a mesma relação mostra ser particularmente baixa,
não ultrapassando os 4,0%. Entre 2000 e 2004, a região costeira mediterrânica com o maior
crescimento do emprego no turismo foi a Andaluzia (+28,5%).
22
O Sistema Europeu de Contas de 1995 (SEC 95, Eurostat) permite a recolha destes dados ao nível regional. O Inquérito às
Forças de Trabalho (IFT, Eurostat) permite compensar a falta de alguma informação sobre o emprego no sector do turismo
(NACE H) através da recolha destes dados ao nível nacional. No entanto, existem algumas diferenças entre o SEC 95 e o IFT. A
primeira tem a ver com as contas nacionais e abrange todas as pessoas – empregados por conta de outrem e por conta própria –
que exerçam uma actividade produtiva numa região específica. Centra-se na localização da unidade de produção e ignora a
residência dos empregados. Este traço caracteriza a série IFT, que considera todas as pessoas residentes a exercerem actividades
produtivas, estejam estas sedeadas ou não na região. Assim, o SEC 95 centra-se na unidade de produção e o IFT nos
empregados.
PE 397.260 26
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Mapa 7: Relação entre emprego em hotéis & restaurantes e emprego total, 2004*
Fonte: Dados do Inquérito às Forças de Trabalho (IFT), Eurostat, processados pelos autores
(*) Relativamente à Alemanha, Reino Unido e Roménia, só existem dados nacionais disponíveis
Para melhor ilustrar esta situação, o Gráfico 2 compara a relação entre o número de empregados
no sector do turismo e o número total de empregados nas macrozonas (eixo Y) com a relação
entre o número de empregados no sector do turismo e o número total de empregados nas regiões
costeiras de cada país (eixo X) 23 .
23
A intersecção dos dois eixos dá-se nos valores médios respectivos: 4,3% no primeiro e 4,7% no segundo.
27 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Gráfico 2. Peso do turismo na economia das regiões costeiras europeias, com base num estudo sobre o
emprego no sector do turismo - 200
H Employment/Total
Employment in
H Emprego/Emprego total nas
macro-areas
macrozonas PT ES
6,0
IT
FR
SI GR ES MT CY
FR UK PT IE ES
FI 3,0
PL SE
EE DK
Ultrapleriférica
Mediterrâneo
RO BG
Atlântico
Mar do Norte
Mar Báltico
Mar Negro
0,0
Fonte: Dados do Sistema Europeu de Contas de 1995 (SEC 95) e do Inquérito às Forças de Trabalho (IFT),
Eurostat, processados pelos autores
As regiões costeiras dos países que aparecem no primeiro quadrado (Itália, regiões
mediterrânicas de França, Eslovénia, Reino Unido, regiões atlânticas de França) pertencem às
macrozonas do Mar Mediterrâneo e do Atlântico, nas quais o sector do turismo parece ser muito
importante. Contudo, ao nível do país, não excede o valor médio. O segundo quadrado é o dos
líderes da economia ligada ao turismo costeiro europeu. As regiões ultraperiféricas mostram
apostar grandemente na indústria do turismo, mas Chipre, Malta, as regiões mediterrânicas e
atlânticas de Espanha, Grécia, a costa atlântica da Irlanda e as regiões costeiras atlânticas de
Portugal evidenciam também bons desempenhos. Nenhuma das regiões costeiras europeias
ocupa o terceiro quadrado, pois as restantes regiões surgem todas no quarto quadrado. Em
ambas as variáveis, estas regiões não atingem os valores médios, mas, exceptuando as costas da
Roménia e da Bulgária, não estão muito longe deles. Isto significa que o sector do turismo é
estratégico para o desenvolvimento do emprego e da economia em todas regiões costeiras
europeias, com as regiões ultraperiféricas e do Mar Mediterrâneo a registarem os valores mais
elevados.
PE 397.260 28
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Principais conclusões
• A indústria do turismo beneficia de vários mecanismos de ajuda oferecidos pela UE,
mas não é contemplada por qualquer política directa ou mecanismo de financiamento.
Todavia, importa considerar também outros instrumentos temáticos da UE, relativos, por
exemplo, às empresas, transportes, ambiente, emprego, educação e cultura, que, de forma
indirecta, têm repercussões relevantes no sector do turismo (ver Caixa 5).
29 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
No turismo costeiro, este impacto positivo contribuiu, em particular, para uma maior
sensibilização para a necessidade de integração das políticas a aplicar nas zonas costeiras, bem
como para a relevância da sustentabilidade ambiental das intervenções. O impacto positivo é
também reforçado pela acção conjunta dos FE e de outras políticas da UE centradas nas zonas
costeiras.
24
Isto acontece sobretudo nos países do Norte da Europa, onde foram promulgados planos para as zonas costeiras em matéria de
protecção de locais de interesse natural e biológico e organizadas campanhas de informação para a protecção da zona costeira,
na sua maioria por ONG.
PE 397.260 30
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
A Gestão Integrada das Zonas Costeiras (GIZC) da UE (Caixa 6) deve ser equacionada no
quadro mais lato da futura política marítima da Comunidade. Tendo em vista um
desenvolvimento sustentável que concilie as dimensões económica, social e ambiental da
exploração dos mares e oceanos, a Comissão Europeia publicou, em Junho de 2006, um “Livro
Verde” sobre os diferentes aspectos da política marítima. 25 Este documento analisa também o
papel fundamental que o turismo sustentável pode desempenhar nas economias locais e estuda
as interrelações entre as actividades terrestres e marítimas.
Para promover a acção da GIZC a todos os níveis administrativos, a Estratégia inclui um conjunto de
recomendações aos Estados-Membros, adoptadas pelo Conselho e pelo Parlamento em 30 de Maio de
2002. 28 Na sequência de uma avaliação externa à aplicação das recomendações relativas à GIZC por
parte dos Estados-Membros, que observou que essa aplicação era, de facto, um processo moroso e a
longo prazo, a Comissão publicou uma nova Comunicação. 29
Fonte: Comissão Europeia, 2000
Neste contexto, propõe uma gestão única e integrada do mar e da terra nas zonas costeiras, o
que exige uma integração de todos os sectores e de todos os níveis administrativos.
Em segundo lugar, o turismo costeiro faz parte da oferta turística global da região. As
prioridades políticas dos planos de desenvolvimento regional só a título excepcional incidem
especificamente sobre o turismo costeiro, privilegiando antes a oferta turística no seu todo. Em
certos casos, a estratégia regional para o turismo divide-se em medidas destinadas, por um lado,
às zonas costeiras, ao espaço rural e às zonas de montanha e, por outro lado, às cidades e aos
25
Livro Verde da Comissão Europeia: “Para uma futura Política Marítima da União: uma visão europeia para os oceanos e os
mares” (COM(2006) 275 final).
26
Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu relativa à "Gestão Integrada da Zona Costeira: uma
Estratégia para a Europa" (COM/00/547 de 17 de Setembro de 2000).
27
COM(2000) 547 final.
28
Parlamento Europeu e Conselho, “Recomendação relativa à execução da Gestão Integrada da Zona Costeira na Europa”, 30
de Maio de 2002.
29
Comunicação da Comissão relativa à avaliação da Gestão Integrada da Zona Costeira (GIZC) na Europa, COM(2007)308
final de 7 de Junho de 2007.
31 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
centros históricos. Noutros, o turismo costeiro e o turismo regional são um só: é o que acontece
nas regiões em que a costa abrange grande parte do território e o turismo costeiro é o primeiro
sector da economia, como é o caso das ilhas. Por outro lado, o turismo costeiro pode constituir
apenas um dos componentes do conjunto do sector turístico, como, por exemplo, na Roménia,
onde outras formas de turismo (turismo de montanha e cultural) parecem ser tidas como
prioritárias pelas autoridades nacionais.
A abordagem e o âmbito deste apoio variam em função do estatuto prioritário das regiões. Além
disso, desenvolveu-se do período de programação anterior para o actual. A maioria das regiões
costeiras é apoiada no quadro do Objectivo 2 de 2000-2006 e do Objectivo “Competitividade”
de 2007-2013.
30
Ver também: União Europeia, “Structural policies and European territory. Island and coastal regions”, 2001.
31
Comité das Regiões, “Sustainable Tourism as a factor of Cohesion among EU Regions” 2006.
PE 397.260 32
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Gráfico 3. Número de regiões costeiras por Objectivo nos períodos de programação actual
e anterior, % do total
Fonte: Autores
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
00-06 07-13
Objective1 / Objective 2 /
Convergence Competitiveness
Fonte: Autores
Quadro 10: Distribuição por objectivos das regiões costeiras no período 2000-2006, EU-15
Objectivo 1 Objectivo 2
Áustria 0 0
Bélgica 0 1
Dinamarca 0 1
Finlândia 2 3
França 4 11
Alemanha 1 6
Grécia 12 0
Irlanda 1 1
Itália 6 9
Luxemburgo 0 0
Países Baixos 0 7
Portugal 6 1
Espanha 7 5
Suécia 3 5
Reino Unido 3 28
Total 45 78
Fonte: Autores
33 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
No que respeita às tipologias das intervenções, continua a constatar-se uma predominância dos
investimentos materiais e em infra-estruturas visando o aumento da oferta de alojamento
e a melhoria da acessibilidade da zona, em vez de intervenções não materiais relacionadas
com prestação de serviços, marketing territorial e, de um modo geral, diversificação da oferta
turística. Estas são as intervenções típicas nas regiões do Objectivo 1. Nas regiões do Objectivo
2, as intervenções habituais consistem em programas de subvenção para PME, destinados a
aumentar ou melhorar a oferta de alojamento.
Os estudos de caso permitiram descortinar duas dinâmicas distintas: uma entre os dois períodos
de aplicação de FE considerados e outra diferenciando os antigos dos novos Estados-Membros
(ver Caixa 6). Os dados revelam que, no cômputo geral, as políticas regionais de turismo do
novo período de programação (2007-2013) vão no sentido de uma abordagem mais
qualitativa e integrada, apostada em diminuir a pressão exercida sobre as costas e em
desenvolver um conjunto de actividades e formas de entretenimento mais variado e evoluído.
Isto deve-se também a novos requisitos regulamentares, designadamente nas regiões inseridas
no Objectivo “Competitividade”, que obrigam a que as contribuições financeiras sejam
canalizadas unicamente para projectos-piloto e integrados.
PE 397.260 34
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
35 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Caixa 7. Diferentes abordagens das intervenções no sector do turismo no quadro dos FE: os
casos de Marche (Itália) e Pomorskie (Polónia)
Marche Pomorskie
PE 397.260 36
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Nas orientações gerais estabelecidas pela Comissão Europeia para o período de 2000-2006 32 , o
turismo é referido como um factor essencial para a realização do objectivo da competitividade
regional e com um elevado potencial de criação de emprego. Mais especificamente, importa
levar por diante um desenvolvimento equilibrado e sustentável do sector do turismo, através:
• da modernização das infra-estruturas;
• da melhoria dos perfis de qualificação profissional;
• dos incentivos às parcerias público-privadas (PPP) e à cooperação.
No período de 2000-2006, o Objectivo 1, que cobre as regiões mais atrasadas, incluía a maior
parte das regiões mediterrânicas, bem como todas as regiões ultraperiféricas. Outras zonas
costeiras, mais desenvolvidas mas a atravessarem fases de reestruturação económica e social,
foram também contempladas com os FE ao abrigo do Objectivo 2, nomeadamente as zonas
dependentes da pesca (ver Gráfico 4).
30
25
Objective
Objectivo 1 1 Objective
Objectivo 22
20
15
10
0
BE DK NL IE DE FI SE UK FR PT IT ES EL
Fonte: Autores
32
Comissão Europeia, “Os Fundos Estruturais e a sua coordenação com o Fundo de Coesão: Projecto de Orientação para
programas no período de 2000 a 2006”, COM (1999) 344.
37 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Para além das intervenções operadas ao abrigo dos Objectivos 1 e 2, os FE também actuaram no
sector do turismo através das Iniciativas Comunitárias (IC):
• INTERREG: cooperação transfronteiriça, transnacional e interregional;
• URBAN: revitalização económica e social das cidades e dos subúrbios em crise;
• LEADER+: Ligação entre Acções de Desenvolvimento da Economia Rural;
• EQUAL: desenvolvimento dos recursos humanos.
De um modo geral, a maior parcela de intervenções ligadas ao turismo foi financiada pelo
FEDER e, em menor medida, pelo Fundo Social Europeu (FSE). O regulamento relativo ao
FEDER 33 previa explicitamente o apoio ao desenvolvimento do turismo e ao investimento na
cultura, incluindo a protecção do património cultural e natural.
Além dos FE, o Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA) foi também
delineado de modo a apoiar o sector, promovendo a adaptação e o desenvolvimento das zonas
rurais através do turismo rural, da protecção das paisagens, da promoção do artesanato e da
renovação das aldeias. 34
33
Comissão Europeia, “Regulamento (CE) n.° 1783/1999 relativo ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional para o
período de 2000 a 2006”, 12 de Julho de 1999.
34
Comissão Europeia, Regulamento n.° 1257/1999 do Conselho de 17 de Maio de 1999 relativo ao apoio do FEOGA ao
desenvolvimento rural.
35
Comissão Europeia, “European Structural Funds for small and medium enterprises (SMEs) and public bodies”, Publicações
da DG Empresas.
PE 397.260 38
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
• formação profissional.
Quanto à repartição por país, os países costeiros foram os que mais investiram no turismo.
Além disso, os FE financiaram projectos públicos que, ao tornarem as regiões mais atractivas,
trouxeram benefícios indirectos para o conjunto do sector. Por exemplo:
• investimento em atracções turísticas com a modernização de equipamentos desportivos,
piscinas e ciclovias;
• investimento no património cultural (museus, centros para visitantes, etc.);
• ligação em rede de serviços de informação turística, autoridades locais e empresas.
39 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Entre os resultados previstos estão o incremento das sinergias entre os diversos actores públicos,
institucionais e privados dos sectores do comércio e do turismo, a melhoria do nível do alojamento e a
valorização do património cultural, no contexto do desenvolvimento sustentável.
Custos totais elegíveis: 25 milhões de euros
Contribuição dos FE: 50%
Outra atracção é o "Atlanticum", um centro para visitantes que dá a conhecer a evolução do mar, a
fauna do Árctico e métodos de pesca, e ainda a história do porto de pesca, o desembarque dos barcos
de pesca, os leilões na lota e o quotidiano do porto. O projecto inclui igualmente equipamentos para o
turismo de negócios: um centro de eventos culturais, um centro de congressos e um hotel adjacente.
Finalmente, o projecto prevê um centro de formação para desempregados: a ideia é estimular o acesso
ao mercado de trabalho nos ramos da venda especializada de peixe ou da alimentação e restauração.
PE 397.260 40
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
O turismo é um dos sectores em que as operações co-financiadas pelos FE são desejáveis sob
vários aspectos, tais como:
• acessibilidade
Os FE devem financiar infra-estruturas que visem o desenvolvimento local. Neste aspecto, as
orientações aludem ao turismo como um exemplo, enquanto possível sector alvo de operações
no domínio dos transportes. 37
• revitalização urbana
Os FE devem "promover as cidades enquanto motores do desenvolvimento regional". 38 Neste
domínio, as operações co-financiadas devem promover a reabilitação do património cultural e
fomentar e reforçar a atractividade das zonas envolvidas e, consequentemente, a capacidade de
criar novos postos de trabalho.
36
Decisão do Conselho, de 6 de Outubro de 2006, relativa às orientações estratégicas comunitárias em matéria de coesão
(2006/702/CE)
37
Orientações comunitárias.
38
Orientações comunitárias.
39
N.º 6 do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
40
N.º 7 do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
41
N.ºs 4 e 5 do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
42
N.º 3 do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
41 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Por último, os artigos 8.º e 10.º definem o modo como o FEDER apoia acções inerentes ao
turismo nas zonas do "desenvolvimento urbano sustentável" e nas "zonas com desvantagens
geográficas e naturais". Mais especificamente, o FEDER pode apoiar a criação de estratégias
participativas, integradas e sustentáveis para fazer face à elevada concentração de problemas
económicos, ambientais e sociais nas zonas urbanas. Essas estratégias promovem o
desenvolvimento urbano sustentável através de actividades como o reforço do crescimento
económico, a reabilitação do ambiente físico, o redesenvolvimento de áreas industriais
degradadas, a preservação e a valorização do património natural e cultural, a promoção do
espírito empresarial, do emprego local e do desenvolvimento comunitário e a prestação de
serviços à população tendo em conta a evolução das estruturas demográficas. 47
Além disso, e unicamente nas "zonas com desvantagens geográficas e naturais", o FEDER pode,
nomeadamente, contribuir para o financiamento de investimentos tendentes a melhorar a
acessibilidade, a promover e desenvolver actividades económicas relacionadas com o
património cultural e natural, a promover a utilização sustentável dos recursos naturais e a
estimular o turismo sustentável. 48
De igual modo, o FSE garante, indirectamente, apoio financeiro ao turismo com vista ao reforço
do potencial detido pelo sector, sobretudo no domínio do emprego. Nos termos do Regulamento
(CE) n.º 1081/2006, o FSE co-financia projectos que visem, primeiro que tudo, melhorar as
qualificações profissionais através da organização de cursos de formação e de actividades de
formação de alcance mais alargado. São também financiadas actividades que fomentem a
43
Artigo 5.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
44
Artigo 6.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
45
N.º 1, alínea a), do artigo 6.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
46
N.º 1, alínea e), do artigo 6.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
47
Artigo 8.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
48
Artigo 10.º do Regulamento (CE) n.º 1080/2006.
PE 397.260 42
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Embora, em rigor, não sejam FE, o turismo conta ainda com algum apoio proveniente da
contribuição do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) e do Fundo
Europeu das Pescas (FEP), que dão a zonas em situação crítica e a braços com problemas
estruturais (nos sectores da agricultura e das pescas) a oportunidade de redireccionarem os seus
esforços para o potencial económico do sector do turismo, com um maior nível de rentabilidade,
tendo em vista uma resposta positiva às novas formas de turismo alternativo no seu mercado
internacional específico.
Em muitos casos, há lugar à promoção de medidas dirigidas às zonas costeiras noutros sectores
(nomeadamente, transportes e ambiente) como forma de aumentar os fluxos turísticos. As
políticas de acessibilidade e protecção ambiental (duas das prioridades políticas mais
importantes no quadro das políticas de coesão) podem ser vistas como um meio de melhorar o
desempenho do sector turístico, designadamente em zonas periféricas como as regiões
ultraperiféricas. Efectivamente, são várias as medidas direccionadas para as zonas costeiras que
não visam explicitamente o turismo, mas que acabam por contribuir indirectamente para o seu
desenvolvimento.
Os transportes e o ambiente são prioritários nas intervenções dos FE, absorvendo grande parte
das despesas, em especial nas regiões do Objectivo “Convergência”, nas quais a
responsabilidade pela gestão desse plano é, não raramente, assumida a nível nacional. No
entanto, os transportes e o ambiente são políticas essenciais ao nível da UE, extravasando em
muito o âmbito dos FE. É o caso, por exemplo, da política da UE das prioridades das RTE-T
(ver Caixa 9). As prioridades destas políticas são decididas a partir de uma base totalmente
diferente da aplicada às prioridades dos FE, não havendo qualquer relação directa entre ambas.
43 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Fonte: Autores
Graças aos corredores pan-europeus das RTE-T, as zonas costeiras podem ficar melhor ligadas
às zonas insulares da UE, com possíveis consequências positivas para o desenvolvimento do
turismo costeiro. Contudo, é difícil avaliar o impacto das RTE-T no turismo, dado terem
ocorrido outras mudanças importantes nos últimos anos, entre as quais se destaca o número
crescente de companhias áreas de baixo custo, que influiu significativamente numa procura
turística aparentemente mais sensível aos custos financeiros do que às economias de tempo.
PE 397.260 44
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
A terceira característica importante das novas acções respeita ao seu aspecto territorial.
Construir um turismo sustentável passa a ser um dos principais objectivos definidos para o
desenvolvimento das zonas com desvantagens (zonas insulares e montanhosas), cidades e zonas
fronteiriças. Neste caso, dado existir uma clara consciência da fragilidade intrínseca destas
zonas, a abordagem tem de ser direccionada para a valorização e a protecção do património
ambiental, adoptando formas de acção inovadoras e sustentáveis.
No novo período de programação de 2007-2013, o turismo não só mantém como reforça a sua
validade no contexto do desenvolvimento regional, tornando-se uma força impulsionadora
essencial para a economia nas cidades, nas zonas de montanha, nas ilhas e em todas as regiões
fronteiriças. Todavia, e sobretudo nas regiões do Objectivo “C&E”, o apoio co-financiado
pelos recursos dos FE exige uma abordagem integrada, inovadora e essencialmente
sustentável para fazer face aos desafios ambientais que se colocam ao continente
(aquecimento global, protecção da biodiversidade e diminuição da poluição).
45 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Por dar especial importância aos aspectos ambientais, a integração parece ser também uma das
principais características do turismo especificamente costeiro. No entanto, mais importante
ainda é a dimensão complementar da integração transfronteiriça, na qual uma avaliação
empírica inicial dos Programas de Cooperação salienta a importância do turismo, quase sempre
definido com base na sustentabilidade.
PE 397.260 46
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
4. Actores e parcerias
Principais conclusões
• Em matéria de desenvolvimento do princípio da parceria, o impacto dos FE no
turismo costeiro é altamente positivo.
A abordagem ascendente e o princípio da parceria são dois dos princípios mais importantes do
desenvolvimento regional na União Europeia. Nos antigos Estados-Membros, uma mais longa
tradição na gestão dos FE e diferentes quadros institucionais fazem com que o processo da
parceria esteja bastante consolidado. Na maioria dos casos observados nestes países, a
concepção e a execução dos programas envolvem todos os actores institucionais e
socioeconómicos relevantes.
49
De acordo com os regulamentos da UE (artigo 11.º do Regulamento (CE) n.º 1083/2006), o processo deve incluir, por um
lado, consultas entre todos os níveis da administração pública, do nível local ao nacional, e, por outro lado, uma PPP sólida.
47 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
ambiental: por vezes, o património natural de uma região é ainda visto não como um valor a
preservar e fundamental para a atractividade de um local, mas antes como um entrave a uma
política proactiva de construção e exploração do território.
O grau de participação dos actores é mais visível nas actividades iniciais de concepção e
planeamento do que nos mecanismos de execução. Normalmente, isto acentua a perspectiva
de curto prazo do exercício do planeamento e não ajuda ao diálogo e a uma partilha clara das
visões políticas. Ao invés, o sucesso é conseguido quando o papel dos actores é mais proactivo
e relevante em todas as fases das políticas.
PE 397.260 48
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Quadro 12. Parcerias: exemplos de actores envolvidos em alguns projectos relacionados com o turismo no
período de 2000-2006
49 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Em especial nas zonas costeiras onde o turismo não constitua a única actividade económica,
importa perceber se os habitantes locais estão realmente envolvidos e apoiam uma política com
uma forte componente de desenvolvimento turístico. De facto, é essencial começar a pensar em
termos de marketing territorial geral, com vista a identificar a verdadeira natureza e carácter
da zona e a conciliar as várias partes interessadas e as suas necessidades. Mais especificamente,
é vital que os habitantes sejam envolvidos desde o início do processo.
PE 397.260 50
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Caixa 10. Aquário The Deep (cidade de Hull): exemplo de uma parceria bem sucedida
The Deep é um aquário e centro de visitantes sem fins lucrativos, situado na margem norte do Estuário
do rio Humber. O seu objectivo é promover o gosto e os conhecimentos do público em relação aos
oceanos do planeta.
Um dos factores cruciais do sucesso do The Deep reside no facto de ter sido desenvolvido no âmbito
de uma parceria dos sectores público e privado, envolvendo a Câmara Municipal (líder da parceria), o
Museu de História Natural (numa fase inicial), uma empresa do sector privado e a Universidade de Hull.
O desenvolvimento do conceito do The Deep foi um processo gradual, conduzido pelo actual Director
Executivo, então com o cargo de Director de Serviços de Lazer da Câmara Municipal de Hull. O
processo começou pelas fases iniciais de estudos de propostas e de viabilidade, a que seguiu a
redefinição do âmbito e objectivos iniciais do projecto, até, por fim, emergir o sólido e visionário
conceito final.
O projecto foi sendo sujeito a constantes ajustamentos, incluindo discussões com grupos de partes
interessadas relevantes e de âmbito mais amplo que, gradual e organicamente, incutiram nele novas
características que levaram à sua aceitação. Deste modo, o envolvimento da comunidade foi essencial
para o sucesso do projecto, cujo apoio a nível local foi sendo granjeado durante as fases de
desenvolvimento, à medida que ia sendo explicado aos muitos grupos da comunidade local. Isto foi
fundamental para consolidar a visão do projecto, que, para alguns, era controversa. Muitas pessoas
pensavam que, devido à natureza de Hull, vista pelos seus habitantes como uma cidade industrial e
portuária sem tradição no turismo, o sucesso do projecto estava comprometido.
Fonte: Autores
51 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
A rede do Adriático
Para realizar estes objectivos, foi criada uma complexa parceria que envolve actores económicos,
sociais e institucionais de Marche e da Croácia, para as fases de planeamento e execução do projecto.
Em virtude das grandes diferenças administrativas existentes entre os dois países e da presença de
representantes do sector privado, foi necessário envidar um esforço de formalização de relações e
normalização de procedimentos.
A Região de Marche foi o parceiro líder, assumindo a responsabilidade administrativa e financeira pelo
projecto. Os parceiros croatas, mesmo sem participação no orçamento, tiveram um envolvimento
contínuo na forma como o projecto foi executado no seu território. A elevada complexidade do
processo teve a ver com algumas divergências entre os actores, nomeadamente quanto à
determinação de normas qualitativas em matéria de protecção ambiental e às variações entre os
mecanismos dos FE e os instrumentos de pré-adesão, para os quais a Croácia era elegível. Porém, a
vontade de vencer os desafios e de levar o projecto a bom porto permitiu superar tais problemas e
contribuiu para um desfecho coroado de êxito, indicador de que a cooperação transfronteiriça pode ser
entendida como um instrumento útil para o desenvolvimento estratégico do turismo costeiro.
O projecto do Itinerário Ciclopédico do Mar do Norte contou com o envolvimento de seis países
costeiros do Mar do Norte: Suécia, Reino Unido, Países Baixos, Noruega, Dinamarca e Alemanha.
Fazendo uso de itinerários ciclopédicos nacionais, regionais e locais já existentes, esta grande parceria
criou uma ciclovia ininterrupta ao longo da costa, com ligações por ferry em alguns pontos desta.
A inauguração oficial do itinerário teve lugar em 2001, com o patrocínio de uma parceria que englobou
autoridades locais e regionais, empresas transportadoras, conselhos de turismo e muitas
organizações. 50% do projecto foram financiados pela Iniciativa INTERREG IIC, tendo o itinerário sido
posteriormente desenvolvido no âmbito do Programa do Mar do Norte do INTERREG IIIB. Entre as
iniciativas empreendidas contam-se a introdução de melhorias no itinerário propriamente dito, serviços
para cicloturistas, eventos e a criação de um novo sítio na Internet em 2006.
O objectivo consiste em promover o cicloturismo transnacional, que, para as zonas costeiras do Mar do
Norte, representa uma fonte de receita pouco dispendiosa e amiga do ambiente.
PE 397.260 52
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
5. Recursos financeiros
Principais conclusões
• Apenas uma pequena parte dos FE é investida no turismo.
• A maioria dos destinos turísticos costeiros tem tido grandes dificuldades para atrair
financiamentos do sector privado para projectos turísticos.
• Um dos desafios fundamentais das PPP passa por encontrar uma forma sustentável de
oferecer aos investidores privados fontes de receita suplementares, para além das
geradas pela venda de bilhetes.
Quadro 13. Distribuição das despesas da Política de Coesão por domínio na UE 25, 2000-2006
Iniciativas
Ob. 1 Ob. 2 Ob. 3
Comunitárias
(%) (%) (%) (%)
Envolvente produtiva 24 56,2 0,6 20,9
- da qual: Turismo 3,1 9,5 0,1 5,2
Investimento em capital humano 26,5 10,4 97,4 36,8
Infra-estruturas de base 47,6 29,1 0,4 28,0
Diversos 1,9 4,3 1,6 14,3
Total 100 100 100 100
Fonte: Dados da Comissão Europeia, 2007, Quarto Relatório sobre a Coesão, processados pelos autores
53 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Gráfico 5. Dotação financeira do turismo por país e origem dos fundos (*), mil milhões de euros, 2000-2006
4
3,5
Fundos
Structural (€)
funds (€) Fundos
National Funds(€)
(€)
Estruturais Nacionais
3
2,5
1,5
0,5
0
LU CY LV SI DK IE FI HU SE NL AT BE UK ES EL PT DE FR IT
(*) Não existem dados disponíveis dos seguintes países: Estónia, Lituânia, Malta, República Eslovaca, República Checa,
Polónia.
Fonte: Dados da DG Regiões processados pelos autores
Gráfico 6. Dotação financeira do turismo por Objectivo e origem dos fundos, 2000-2006
Mil milhões deEuros Milhões de Euros
8 FuFundos
ndos (€)(€) FuFundos
ndos (€)(€) 70
Fundos
Structural funds (€) Fundos
National Funds (€) (€)
Structural funds (€)
EsEstruturais
truturais National Funds (€)
NaNacionais
cionais (€) Estruturais Nacionais
7 60
6 50
5
40
4
30
3
2 20
1 10
0 0
Objectivo
Objectivo 31 Iniciativas
Objectivo
comunitárias
2
Objective 1 Objective 2 Objectivo
Objective 3 3 Iniciativas comunitárias
Community Initiatives
PE 397.260 54
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
A atitude mais comum dos actores privados para com o financiamento público é a procura de
ajudas para fazer face a necessidades de investimento privado. Normalmente, as empresas do
sector do turismo são maioritariamente PME, o que acentua a frequência desta atitude. Para
outras partes interessadas, a promoção de um aspecto específico é a única contribuição visada
aquando da concepção das intervenções (por exemplo, associações ambientais solicitando a
aplicação de medidas amigas do ambiente). Um dos problemas habituais das parcerias com o
sector privado reside no facto de as empresas comerciais terem objectivos, aspirações e normas
diversos dos das agências do sector público.
Observou-se que, no caso do apoio directo às empresas, o processo de selecção para o co-
financiamento de projectos de investimento pendia enviesadamente para os sectores da
transformação, descurando os sectores dos serviços. Além disso, nos novos Estados-Membros, a
participação de empresas privadas tem sido reduzida, por culpa do baixo nível associativo das
empresas do sector do turismo.
Neste sentido, uma abordagem mais estratégica requer que se envidem esforços para incentivar
os actores privados a adoptarem um papel mais proactivo. Mais especificamente, é possível
incentivá-los a tornarem-se investidores, em vez de meros beneficiários de subsídios públicos.
Um dos desafios fundamentais das PPP passa por encontrar formas sustentáveis e eficazes
de incentivar os investidores privados. Isto pode conseguir-se criando fontes de receita
decorrentes dos efeitos indirectos da atracção de pessoas, não apenas turistas, para um
local.
Por outro lado, esses incentivos podem ser promovidos como base de suporte das condições
gerais necessárias para o sucesso de todo o meio empresarial, e não para apoiar directamente um
determinado sector ou actividade. Isto é facilmente realizável, através de intervenções de
renovação urbana, marketing territorial e melhoria das infra-estruturas de transporte e
ambientais existentes, nomeadamente nas regiões do Objectivo “Convergência”.
50
Para lidar com a necessidade de concentrar recursos, no período de 2000-2006, não se considerou elegível todo o território
das regiões do Objectivo 2 (como acontece no período actual), mas apenas um número bem identificado de municípios,
seleccionados com base em indicadores estatísticos do declínio industrial.
55 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
para criar bons incentivos à participação de investidores privados numa perspectiva de mais
longo prazo. Outro aspecto fundamental para atrair investidores privados é o investimento na
visibilidade.
A fim de atrair investidores privados para projectos culturais e turísticos, é possível empreender
esforços no sentido de encontrar formas complementares de gerar outras receitas que não as
provenientes de vendas de bilhetes a turistas. No caso do aquário The Deep (Caixa 12), a
construção de escritórios de alta qualidade para arrendamento, que veio dar resposta às
necessidades comerciais no interior da cidade, foi, desde o início, parte integrante de todo o
projecto. Esta forma de subvenção cruzada torna o aquário menos dependente das receitas do
número de visitantes, naturalmente flutuantes, o que lhe permitiu estabelecer preços de entrada
razoáveis e, em simultâneo, diminuir o risco financeiro do projecto e oferecer segurança no
emprego ao pessoal.
Caixa 12. Aquário The Deep (cidade de Hull): exemplo de sucesso na atracção de fundos
privados
O projecto do aquário The Deep, em Hull, constitui um exemplo de boas práticas de captação de
fundos junto do sector privado. O projecto The Deep é composto por quatro elementos: uma atracção
turística contida num edifício emblemático com um dos mais profundos tanques da Europa (conhecido
por ‘submarium’, ou tanque submarino), um centro empresarial, com escritórios de alta qualidade para
arrendamento (espaços de trabalho geridos), um centro de aprendizagem ao longo da vida e um
centro de investigação utilizado pelo departamento de estudos marinhos da Universidade de Hull.
O aquário The Deep foi inaugurado em Março de 2002, e com tal sucesso que foi recentemente
ampliado, dado que as suas instalações se revelavam já insuficientes. Até à data, acolheu mais de dois
milhões de visitantes oriundos do Reino Unido e do estrangeiro. A atracção turística tem patente uma
combinação de exposições interactivas, apresentações audiovisuais e exposições vivas. Leva a cabo
um programa educativo bastante activo, com uma média de 20 000 visitas de escolas por ano, e
emprega dois professores a tempo inteiro. Uma equipa de biólogos marinhos cuida dos animais e
efectua investigação no meio marinho.
Inicialmente, previa-se que o The Deep atraísse 250 000 visitantes anuais. No seu primeiro ano
completo de funcionamento, registou 855 657 visitantes. Volvidos cinco anos, o número estabilizou em
cerca de 400 000 visitantes anuais. O último volume de negócios anual registado ascendeu a € 8,2
milhões. O excedente obtido é recanalizado para o complexo, com o fito de actualizar e gerar
conteúdos para exposição.
Fonte: Autores
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Gráfico 7. Projecto The Deep–Fontes de financiamento nas Fase 1 (esquerda) e na Fase 2 (direita),
2000-2006
Nacional
público
(Millennium FEDER
Comm.)
Sector privado
FEDER
Subvenções Single
em capital Regeneration
Budget
Diversos Câmara
Universidade Yorkshire
Municipal de Forward
de Hull
Kingston upon
Hull Outro sector
público
57 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
PE 397.260 58
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Principais conclusões
• De um modo geral, as intervenções realizadas no domínio do turismo costeiro afectam
positivamente a dinâmica do crescimento e do emprego.
• O turismo pode ser visto como um meio de revitalização das economias locais, através
da absorção de trabalhadores de indústrias em declínio por parte das novas
actividades.
• Não é possível estabelecer uma relação directa entre o apoio dos FE ao turismo nas
regiões costeiras e o emprego das mulheres.
Na maioria das zonas costeiras, o declínio do sector das pescas concorreu para uma queda
contínua do emprego, com as consequentes situações de precariedade social e económica. Além
disso, praticamente todas as zonas costeiras rurais enfrentam importantes desafios
demográficos, entre os quais o envelhecimento das populações, na sua maioria pessoas
reformadas, e a fixação dos jovens, questões que adquirem especial relevância.
51
Comunicação da Comissão “Uma política de turismo europeia renovada - Rumo a uma parceria reforçada para o turismo na
Europa”51 (COM(2006) 134) de 17-03-2006.
52
Eurostat, Tourist Statistics, edição de 2007.
59 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Em termos gerais, o efeito dos FE no crescimento das economias costeiras depende das
características das regiões em análise. Em certos casos, o turismo costeiro e o turismo
regional podem coincidir. Nestas regiões, o sector turístico é o sector mais importante e o
impacto económico dos FE é altamente eficaz. É o que acontece, por exemplo, no Algarve,
onde sectores industriais como a construção civil e imobiliário, o comércio e os transportes,
impulsionados pelo desenvolvimento do turismo, conheceram um crescimento impressionante.
Noutros casos, o turismo costeiro representa tão-só um subsector do sector do turismo em geral,
pelo que as intervenções dos FE no turismo costeiro são menos significativas.
PE 397.260 60
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Em Guadalupe, o impacto foi inferior, visto que muitos hotéis fecharam para obras de
renovação, mas não deixou de ser positivo, induzindo a criação de 32 postos de trabalho em
Abril de 2005. Para o próximo período de programação, antevê-se a criação de perto de 800
empregos até ao final de 2013.
A criação de novos postos de trabalho no sector do turismo pode contribuir para a migração de
empregadores oriundos de outros sectores em declínio. Nos casos de Marche e Pomorskie, por
exemplo, o turismo absorveu empregadores dos sectores da transformação, têxteis, química e
pescas, provocando uma relocalização da força de trabalho.
Em geral, nas regiões mais desenvolvidas ao longo das linhas de costa e afectadas pelo declínio
rural e industrial no seu interior, o turismo costeiro pode atrair trabalhadores vindos do espaço
rural, agravando o fenómeno da marginalização social e o despovoamento das zonas menos
desenvolvidas.
Uma questão importante a reter é a natureza dos novos postos de trabalho criados pelo turismo
nas regiões costeiras. Se, por um lado, o desenvolvimento do turismo contribui para a
redução do desemprego, por outro lado, é caracterizado por um elevado grau de emprego
a tempo parcial/sazonal e condições de trabalho flexíveis. Muitas das vezes, são os jovens e
53
Relatório de Execução Anual, DOCUP Marche, 2006.
61 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Em Pomorskie, devido ao carácter altamente sazonal do turismo, a maioria dos empregados não
trabalha neste sector no Inverno. Ao invés, muitos empregadores afirmaram ter problemas para
encontrar pessoal para contratar no Verão.
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Caixa 13. Região de Pomorskie (Polónia). Programa de formação “Turystyka wspólna sprawa”
(Turismo – Uma actividade comum)
Entre as vantagens assinaladas estão os baixos preços, a formação nos locais de trabalho das
empresas e o preenchimento de lacunas de formação do pessoal.
Fonte: Autores
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O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
PE 397.260 64
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Principais conclusões
• A diversificação de produtos e serviços pode contribuir para a redução dos efeitos
sazonais.
• A sazonalidade do turismo tem decrescido nos últimos anos, por causa de factores
externos como as alterações climáticas, as mudanças das preferências dos turistas e a
existência de períodos de férias ao longo do ano.
• A experiência dos FE dá conta de boas práticas para encontrar soluções de redução dos
efeitos sazonais.
Além disso, as formas alternativas de turismo podem ajudar a prolongar a época turística,
produzindo várias vantagens, tais como:
• fontes de rendimento alternativas, criando mais crescimento e emprego;
• a redução do impacto e da pressão ambientais, económicos e sociais provocados pela
concentração da actividade turística em apenas alguns meses do ano;
• a criação de novas actividades de apoio à preservação e valorização do património de
uma zona.
Em certa medida, a sazonalidade do turismo tem-se atenuado nos últimos anos, por causa
de alguns factores externos.
65 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Ironicamente, este fenómeno poderá ter consequências positivas para a indústria do turismo,
prolongando a estação do Verão nos países do norte da Europa e, porventura, dando até origem
a novos destinos. Por exemplo, na sua orientação estratégica global para a região, a Estratégia
Regional e Territorial (Regional and Spatial Strategy, RSS) de Yorkshire and The Humber
reconhece que, com as alterações climáticas, o clima da região será mais quente, com invernos
mais húmidos e verões mais secos. De igual modo, eventos extremos como as cheias, por
exemplo, passarão a ser mais frequentes e a erosão costeira deverá acelerar. Entre as
repercussões das alterações climáticas estão oportunidades que perfazem um maior potencial
turístico. No entanto, como se verá mais adiante, o saldo dos efeitos é claramente negativo e terá
de ser levado em consideração.
PE 397.260 66
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Deste modo, com a aquisição de novas ‘marcas’ e a entrada em novos mercados, as cidades
costeiras passam do seu papel tradicional de estâncias marítimas para um ‘papel especializado’.
Esta abordagem foi prosseguida com sucesso, por exemplo, nas cidades inglesas de Whitby e
Scarborough (ver Caixa 15).
Caixa 15. Investir no património cultural: os exemplos de Scarborough (Reino Unido) e Roterdão
(Países Baixos)
Scarborough é um centro marítimo com história na indústria da construção naval. Estância costeira
criada no século XIX para os mais abastados e uma das primeiras da Grã-Bretanha, Scarborough
beneficiou de um grande investimento no seu património arquitectónico e nos seus activos culturais
durante o seu apogeu. Contudo, à semelhança do que sucedeu com muitas cidades marítimas,
enquanto estância, Scarborough perdeu muita da sua popularidade na segunda metade do século XX
e a sua localização bastante remota dificultou a atracção de novas iniciativas. No âmbito da sua
estratégia, o Scarborough Borough Council patrocina um esforço sustentado de investimento no
património cultural e nos activos culturais de Scarborough. Tentando, ao mesmo tempo, colmatar as
carências sociais e combater os baixos níveis de desempenho escolar existentes, o concelho e, mais
recentemente, a Yorkshire Forward, a Agência de Desenvolvimento Regional da região de Yorkshire
and the Humber, estão a investir substancialmente, através da iniciativa Scarborough Urban
Renaissance (Renascimento Urbano de Scarborough), na transformação da cidade. Foi delineado e
executado um conjunto de iniciativas e estratégias visando restaurar património arquitectónico (o
Grand Hotel de Scarborough), melhorar, transformar e religar o património da cidade (por exemplo, o
Rotunda Museum, a Marina de Scarborough) e transformar os marcos históricos para criar novas áreas
de actividade (por exemplo, reconverter o histórico complexo do spa de Scarborough num centro de
congressos).
A cidade de Roterdão, com 600 000 habitantes, é o mais importante centro industrial dos Países
Baixos. Além disso, dotada do maior porto comercial do mundo, constitui um dos principais pontos de
entrada na União. Apesar de extremamente importante e activa do ponto de vista comercial e
industrial, a cidade padece de uma insuficiência de atracções que minora as suas possibilidades de se
tornar um destino turístico costeiro. Contra este pano de fundo, o município, durante o período de
programação interior, afectou investimentos avultados à melhoria da atractividade da cidade. Mais
especificamente, as intervenções incidiram sobre:
• o reapetrechamento do Teatro Prinses, que oferece agora toda uma variedade de cabarets,
espectáculos e peças, além de actividades para todas as idades, como o canto e a poesia;
• a criação e/ou renovação de vários museus.
Conjugados com a renovação visual das ruas comerciais, estes investimentos fomentaram a
atractividade da cidade, que foi escolhida para Capital Europeia da Cultura em 2002.
Fonte: Autores/CE, DG Regiões, Políticas estruturais e território europeu: regiões insulares e costeiras,
2001
67 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
territorial (ver Caixa 16). O mercado do turismo de negócios tem atraído progressivamente um
número crescente de prestadores de serviços de alojamento, isto por duas razões:
• propensão para gastos elevados;
• capacidade para garantir um bom nível de emprego, distribuído por todo o ano.
Olhando apenas para a cidade de Rimini, o turismo de congressos gerou, desde os anos 1980 (com
a criação do grande centro de congressos “PalaCongressi”), uma sólida e crescente base económica,
não só para as empresas turísticas locais, mas também para todos os sectores industriais do
município. Este centro de congressos e exposições impeliu os sectores público e privado a
desenvolverem uma rede integrada de serviços ligados à organização e gestão de eventos (desde
serviços de transportes e terapêuticos até actividades comerciais, culturais e de lazer) e promoveu a
construção de alojamento. Desde 2001, ano em que a Feira de Rimini se transferiu para um novo
parque de feiras e congressos, o “PalaCongressi” quadruplicou a sua capacidade, especializando-se
exclusivamente no acolhimento de grandes exposições, feiras comerciais e congressos.
De igual modo, o turismo educativo corresponde a uma parte cada vez maior da indústria do
turismo, mostrando reunir boas possibilidades de se desenvolver ainda mais.
O aquário The Deep, apoiado pelos FE na região de Yorkshire and the Humber, pode ser visto
como um exemplo de melhores práticas de promoção de ambas as formas de turismo (ver
Caixas 8 e 10).
Por fim, nas regiões caracterizadas por uma actividade turística principal tradicionalmente
baseada no modelo “sol, mar e areia”, os esforços podem centrar-se no desenvolvimento do
produto no sentido de uma oferta mais sofisticada, incluindo várias actividades de lazer de
valor acrescentado, tais como desportos, saúde e spas, golfe, turismo náutico, turismo de
terceira idade, parques temáticos, reuniões, conferências, etc. A região do Algarve constitui
um bom exemplo de como as autoridades nacionais e regionais estão empenhadas em aproveitar
as oportunidades proporcionadas pelos FE para diversificar a oferta turística tradicional (ver
Caixa 17).
PE 397.260 68
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Investir em actividades de lazer diversas do produto “sol, mar e areia”: o caso do Algarve
O Programa Operacional Regional do Algarve para o período de 2000-2006 elege como uma das suas
prioridades a renovação e revitalização das zonas costeiras. A revitalização das praias e a melhoria
dos acessos às mesmas foram acompanhadas do investimento privado em bares de praia e outros
equipamentos. Além disso, várias intervenções portuárias, como as ocorridas em Albufeira, Olhão,
Culatra, Santa Luzia, Cabanas e Fuzeta, inscreveram-se num plano global de revitalização da pesca e
das actividades marítimas de lazer no Algarve. Porém, o impacto dos FE do período de 2000-2006
podia ter sido muito mais relevante em matéria de promoção de actividades de turismo e lazer diversas
do produto “sol, mar e areia”.
Anualmente, quase um quarto dos turistas espanhóis visita Maiorca para ali fazer férias. Durante muito
tempo, o turismo concentrou-se somente nas costas da ilha. Com o apoio do FEDER, o turismo rural e
interior começou a desenvolver-se: antigas casas rurais foram transformadas em alojamento turístico.
Esta exploração de casas antigas contribuiu para evitar o êxodo da população rural causado pela crise
da agricultura e garantir um desenvolvimento equilibrado entre as zonas costeiras e interiores. Neste
momento, Maiorca tem dezenas de solares que oferecem a oportunidade de passar férias no meio de
uma envolvente natural, vivendo em aldeias e descobrindo as muitas tradições culturais da ilha.
O famoso Vale das Borboletas da ilha de Rodes atrai anualmente 200 000 visitantes. Contudo, a
população de borboletas estava a decair gradualmente de ano para ano, devido, principalmente, a
distúrbios do ruído causado pelos turistas. Com o apoio da UE, uma parceria formada por
organizações de conservação da natureza, cientistas e autoridades locais e nacionais decidiu actuar
para salvar este meio frágil. Outra ameaça para as borboletas residia na falta de água, pelo que a
primeira intervenção consistiu na instalação de depósitos para reabastecimento em caso de
necessidade. Em segundo lugar, o fluxo de visitantes foi regulado com um novo desenho dos caminhos
69 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
de acesso ao vale. Por último, é fornecida aos turistas informação com conselhos práticos para a
preservação do vale. O projecto ENVIREG teve como desfecho não só a restauração da população de
borboletas, mas também a protecção desta atracção turística, fonte importante de receitas para a zona
interior da ilha.
PE 397.260 70
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Principais conclusões
• O investimento em infra-estruturas e o desenvolvimento de equipamentos para fins
turísticos podem ter efeitos negativos sobre o ambiente.
A qualidade do meio, seja ele natural ou humano, é fundamental para o turismo. Todavia, a
relação do turismo com o ambiente é complexa, abarcando muitas actividades passíveis de
originar efeitos ambientais adversos. Muitos destes impactos estão ligados à construção de
infra-estruturas públicas, tais como estradas e aeroportos, e de instalações e equipamentos
turísticos, entre os quais estâncias, hotéis, restaurantes, lojas, campos de golfe e marinas. Os
impactos negativos do desenvolvimento do turismo podem, gradualmente, destruir os recursos
ambientais dos quais ele depende.
De um modo geral, devido à pressão crescente que a actividade económica exerce sobre a linha
costeira, as zonas costeiras são os primeiros meios a sentir os impactos nocivos do turismo.
De acordo com a definição da OMT, a capacidade de carga de um destino turístico é o número
máximo de pessoas que pode visitá-lo num mesmo período sem comprometer o seu património
natural e cultural. Para poder determinar este limiar, é fundamental desenvolver políticas de
turismo coerentes com os requisitos do desenvolvimento sustentável. Nesta matéria, os FE
contribuíram sobremaneira para a difusão dos objectivos do desenvolvimento sustentável
no âmbito do planeamento regional (ver Caixa 18).
71 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Por outro lado, o turismo pode igualmente ter o potencial de criar efeitos benéficos para o
ambiente, contribuindo para a sua protecção e conservação (ver Caixa 19). É uma forma de
sensibilização para os valores ambientais e pode servir de instrumento de financiamento para
proteger as zonas naturais e aumentar a sua importância económica.
PE 397.260 72
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Caixa 19. Apoiar e preservar os valores naturais: os casos de Pomorskie e Guadalupe (medida
6.4, PO de 2007-2013)
Para evitar potenciais conflitos entre a protecção da natureza e a pressão demográfica, limitou-se o
desenvolvimento do turismo de massas impondo barreiras à expansão da área territorial disponível
para fins turísticos. Existe, portanto, a necessidade de transformar essa aparente “debilidade” numa
oportunidade de exploração de recursos, incentivando os turistas a aliarem a oferta do produto “sol,
mar e areia” à fruição da natureza e da vida selvagem.
Esta estratégia fomenta o suporte e a utilização sustentável de áreas naturais valiosas para o
turismo, a par de actividades promocionais e de educação ambiental (itinerários educativos,
percursos ciclopédicos, parques de estacionamento, etc.).
Com um orçamento de 254 milhões de euros (co-financiado pelos fundos regionais da UE, pela
parceria ACUSUR-ministério do Ambiente de Espanha e pelos agricultores locais), a central tem
capacidade para produzir 120 000 m3 de água potável por dia. A água é utilizada pelos 200 000
habitantes dos municípios costeiros de Almería para beber e em actividades turísticas, na agricultura
intensiva de estufa e na manutenção das indústrias locais. A salmoura (resíduo resultante do
processo de dessalinização) é misturada com a água residual do sistema de arrefecimento da central
eléctrica vizinha. A concentração de sal é consideravelmente reduzida, o que permite minorar
grandemente o impacto resultante nas águas costeiras. O Ministério do Ambiente da Andaluzia
controla periodicamente as descargas salinas para preservar o estado da biodiversidade costeira e
proteger as águas do Parque Natural de Cabo de Gata.
73 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Além disso, é necessário considerar as alterações ambientais induzidas pelo clima. As alterações
ao nível das disponibilidades de recursos hídricos, o menor impacto estético das paisagens, a
perda de biodiversidade, a irregularidade da produção agrícola, a erosão e as inundações
costeiras, os maiores riscos naturais, os danos em infra-estruturas e a crescente incidência de
doenças transmitidas por vectores irão todos produzir diferentes formas de impacto sobre o
turismo.
Posto isto, a completa alteração das escolhas e do comportamento dos turistas pode ser
encarada como a ameaça mais importante que paira sobre os destinos de base natural,
como as ilhas e as zonas costeiras. Por exemplo, prevê-se que os turistas do Norte da Europa,
normalmente os mais frequentadores do circuito de viagens internacional, passem cada vez mais
tempo no seu país de origem ou perto dele, com o intuito de aproveitar as novas oportunidades
oferecidas pelo clima, em vez de optarem pelos destinos de férias do Mediterrâneo. O problema
prende-se também com a desinformação existente sobre os impactos das alterações climáticas
nos destinos turísticos, que influenciam em muito as decisões dos turistas.
PE 397.260 74
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
A primeira significa que os operadores públicos e privados vão ter de reduzir as emissões de gases com
efeito de estufa introduzindo mudanças tecnológicas, económicas e socio-culturais. As estratégias de
mitigação sugeridas são: reduzir o consumo de energia, melhorar a eficiência energética, utilizar fontes
de energia renováveis e compensar as emissões de carbono. A segunda solução é especialmente
relevante para a oferta turística e tem em consideração a alteração das preferências dos turistas
potenciais. Estes deverão procurar alternativas mais amigas do clima e menos sensíveis ao mesmo. Os
operadores têm de começar a desenvolver produtos turísticos com menos emissões de carbono e os
destinos precisam de reforçar a diversificação dos seus produtos turísticos, através da oferta de várias
actividades em espaços cobertos e ao ar livre, para assim evitarem os imponderáveis climatéricos.
Fonte: Segunda Conferência Internacional sobre Alterações Climáticas e Turismo, Davos, 1 a 3 de Outubro
de 2007
É óbvio que, devido à natureza global dos factores interligados que estão na sua origem, não é
possível prevenir ou gerir as alterações climáticas recorrendo a um só instrumento político ou
através de acções aplicadas no seio de um único Estado-Membro. Efectivamente, elas
representam um desafio bem mais lato. É por isso que as políticas públicas centradas nas
alterações climáticas são melhor executadas no plano nacional. Porém, a experiência dos FE
regista bons exemplos de intervenções, tanto nos antigos como nos novos Estados-Membros,
em conformidade com as recomendações mais comuns emitidas a nível mundial (ver Caixa 21).
75 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
PE 397.260 76
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
9. Conclusões
9.1 Conclusões gerais
77 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Mais especificamente, os dados mostram que embora a participação do sector empresarial, das
associações ambientais e das partes interessadas a nível local seja bastante frequente nas fases
de concepção e planeamento, a fase de execução das intervenções continua carente de um
envolvimento mais sistemático. A inclusão nas parcerias de especialistas sectoriais, da
comunidade científica e de representantes da globalidade das actividades marítimas (produtivas
ou de lazer) cinge-se a casos pouco relevantes.
Os FE não investem grandes recursos no turismo, pelo que, em termos quantitativos, o seu
impacto financeiro não é muito significativo. Em termos de alavancagem financeira, a
maior parcela do co-financiamento a nível nacional é assegurada por fundos públicos
nacionais (regionais e locais), e não pelo sector privado. A atitude do sector privado privilegia
antes a procura de subvenções, sendo as experiências de PPP meramente episódicas.
PE 397.260 78
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Nestas zonas, as intervenções dos FE fornecem alguns exemplos de como apoiar uma gama
diferenciada de serviços, tais como desportos marítimos (mergulho, windsurf, kite-surfing,
etc.) e actividades culturais ou de saúde ligadas à valorização do mar enquanto activo. Os
turismos de negócios e educativo demonstraram ser duas boas alternativas.
Os impactos ambientais das actividades turísticas são uma das grandes preocupações das zonas
costeiras mais apostadas no turismo de massas. Generalizar a questão da sustentabilidade
ambiental a todas as intervenções dos FE provou ser uma forma eficaz de executar uma
intervenção turística tendente a preservar os activos naturais. De igual modo, os requisitos dos
FE fizeram com que os activos naturais passassem a ser encarados mais como um meio de
tornar os destinos mais atractivos do que como um constrangimento.
79 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
PE 397.260 80
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
10. Recomendações
Com base nestas conclusões principais, é possível emitir algumas recomendações com vista ao
próximo período de programação (2007-2013).
À luz das conclusões retiradas do presente estudo, recomenda-se que a Comissão do
Desenvolvimento Regional do Parlamento Europeu actue no sentido de fazer com que todas
as políticas da UE reajam aos seus impactos indirectos sobre a atractividade a longo prazo
dos destinos costeiros. As políticas marítima e ambiental são as que mais necessitam de ser
sensibilizadas para esta questão, pelo que importa promover um elevado grau de integração
destas políticas com as intervenções dos FE.
Ademais, recomenda-se à Comissão do Desenvolvimento Regional que subscreva as estratégias
específicas da Comissão Europeia e dos Estados-Membros inframencionadas.
A promoção do turismo é maioritariamente financiada aos níveis nacional e regional. Isto leva a
que sejam as partes interessadas nacionais e regionais a assumir o papel mais importante no que
respeita ao fomento de um desenvolvimento turístico sustentável nas regiões costeiras. Mais
especificamente, os decisores políticos nacionais e regionais são incentivados a:
• Apoiar a passagem do “place-making” 54 para o “place-shaping” 55 . A natureza e a
54
O termo “place-making” corresponde a uma abordagem integrada do desenvolvimento do território destinada a criar vilas e
cidades mais ‘habitáveis’. É parte integrante da abordagem das Comunidades Sustentáveis e do Acordo de Bristol, onde é
descrito como “uma abordagem integrada da coesão territorial” (Gabinete do Vice-Primeiro-Ministro, Reino Unido (2006),
Presidência do Reino Unido: EU Ministerial Informal on Sustainable Communities. Policy Papers, Março de 2006, p. 33).
55
O conceito do “place-shaping” surgiu pela primeira vez no inquérito da UK Lyons, Place-Shaping: A Shared Ambition for the
Future of Local Government (2007), que analisa o papel do poder local num processo de decisão local participativo, papel esse
que vai para além dos modelos tradicionais de prestador de serviços e veículo de investimento em infra-estruturas públicas. O
place-making através do “place-shaping” sublinha a importância das comunidades assumirem a responsabilidade pelo seu
81 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
extensão do declínio nas regiões costeiras, em regiões quer do Objectivo “C&E” quer do
Objectivo “Convergência”, significam que o investimento em ‘betão’, isto é, o
investimento puramente material em iniciativas de place-making, não é suficiente.
Várias localidades, sobretudo nos antigos Estados-Membros, nas regiões do Mar
Mediterrâneo, do Atlântico e do Mar do Norte, tiveram de reformular a sua imagem de
marca e alterar a forma como eram vistas, no âmbito de um chamado processo de
“place-shaping”, no qual os seguintes aspectos são extremamente importantes:
- investir em pacotes turísticos integrados que promovam os territórios regionais
com uma abordagem mais holística, complementando as atracções marítimas
tradicionais com outras atracções menos conhecidas da região;
- investir numa abordagem baseada no património enquanto instrumento de
renovação da especificidade, do carácter e da identidade nas zonas costeiras, e
diferenciar a oferta turística passando-a das estâncias costeiras para cidades
marítimas de interesse patrimonial;
- investir na especificidade arquitectónica e na projectação de alta qualidade para
realizar o place-shaping e alterar a percepção de projectos-bandeira nas zonas
costeiras;
- investir no turismo cultural temático como forma de diferenciar a oferta turística
em cidades e povoações que, historicamente, tenham tido uma função industrial.
• Mudar a perspectiva da concorrência no sector do turismo da escala continental
para a escala global. As zonas turísticas europeias enfrentam já uma concorrência
crescente movida por destinos europeus mais recentes que apresentam uma vantagem
comparativa em termos de custo. As dimensões da concorrência apelam a uma
integração mas ampla entre os Estados europeus com vista à criação de pacotes
competitivos transfronteiriços. O novo Objectivo “Cooperação Territorial Europeia”
desempenhará um papel fundamental na promoção e sustentação dessa integração,
nomeadamente no estímulo de projectos transfronteiriços.
• Fortalecer a ligação entre o turismo costeiro e a protecção ambiental. O turismo
costeiro e o desenvolvimento sustentável estão interligados. O turismo pode ser visto
quer como uma ameaça quer como uma oportunidade para o ambiente. As intervenções
dos Fundos Estruturais da UE devem aliar positivamente estas duas vertentes, no âmbito
não só do Objectivo “C&E”, que prevê uma disposição jurídica específica, mas também
do Objectivo “Convergência”.
• Conferir credibilidade às PPPs. O potencial da constituição de parcerias é fortemente
influenciado pela natureza da intervenção. É extremamente importante captar o
financiamento do sector privado para projectos no sector do turismo. A confiança do
público obtém-se com a apresentação de projectos com alta densidade financeira de
investimento público, de alta visibilidade e de grande envergadura.
próprio bem-estar económico e pela procura do justo equilíbrio entre os objectivos e preocupações de natureza económica,
ambiental e social.
(www.official-documents.gov.uk/document/other/9780119898552/9780119898552.pdf)
PE 397.260 82
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
83 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
PE 397.260 84
The Impact of Tourism on Coastal Areas: Regional Development Aspects
Anexos
Anexo 1.
Quadro 9 - Relação entre emprego em hotéis & restaurantes e emprego total, 2004
Emprego em hotéis e
Países Regiões (*) restaurantes/Emprego
total (%)
ES Ilhas Baleares 20,2
GR Ionia Nisia 18,8
GR Notio Aigaio 18,6
PT Algarve 18,0
ES Canárias 13,5
GR Kriti 12,2
PT Região Autónoma da Madeira 10,8
Chipre Chipre 10,5
ES Cantábria 8,6
Malta Malta 7,9
GR Voreio Aigaio 7,1
IT Liguria 7,0
GR Dytiki Elláda 6,8
PT Alentejo 6,7
ES Catalunha 6,7
ES Andaluzia 6,5
IE Border, Midland and Western 6,5
PT Lisboa 6,3
GR Anatoliki Makedonia, Thraki 6,3
GR Ipeiros 6,1
GR Sterea Elláda 6,0
ES País Basco 6,0
ES Comunidad Valenciana 6,0
IT Toscana 5,9
GR Thessalia 5,9
PT Região Autónoma dos Açores 5,9
ES Principado das Astúrias 5,9
IE Southern and Eastern 5,8
IT Friuli-Venezia Giulia 5,5
ES Galiza 5,4
IT Veneto 5,4
GR Peloponnisos 5,4
IT Emilia-Romagna 5,2
FR Córsega 5,1
GR Kentriki Makedonia 5,0
IT Sardenha 5,0
ES Ciudad Autónoma de Ceuta 4,7
IT Lazio 4,7
85 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Emprego em hotéis e
Países Regiões (*) restaurantes/Emprego
total (%)
FR Provence-Alpes-Côte d'Azur 4,7
NL Zeeland 4,7
BE Prov. West-Vlaanderen 4,6
BG Severoiztochen 4,6
UK Tees Valley and Durham 4,4
UK Northumberland 4,4
UK Tyne and Wear 4,4
UK Lincolnshire 4,4
UK North Yorkshire 4,4
UK East Anglia 4,4
UK Essex 4,4
UK Kent 4,4
UK North Eastern Scotland 4,4
UK Eastern Scotland 4,4
UK East Riding and North Lincolnshire 4,4
UK Cumbria 4,4
UK Cheshire 4,4
UK Lancashire 4,4
UK Merseyside 4,4
UK Surrey 4,4
UK East and West Sussex 4,4
UK Hampshire e Ilha de Wight 4,4
UK Gloucestershire 4,4
UK Dorset and Somerset 4,4
UK Devon 4,4
UK Cornualha e Ilhas de Scilly 4,4
UK West Wales and the Valleys 4,4
UK Western Scotland 4,4
UK Terras Altas e Ilhas 4,4
UK Herefordshire, Worcestershire and 4,4
Warwickshire
UK Irlanda do Norte 4,4
GR Attiki 4,4
PT Norte 4,3
ES Región de Murcia 4,3
ES Ciudad Autónoma de Melilla 4,3
PT Centro (PT) 4,3
FR Languedoc-Roussillon 4,1
IT Marche 4,0
IT Abruzzo 4,0
BG Yugoiztochen 3,9
IT Campania 3,8
IT Molise 3,8
SE Estocolmo 3,7
PE 397.260 86
The Impact of Tourism on Coastal Areas: Regional Development Aspects
Emprego em hotéis e
Países Regiões (*) restaurantes/Emprego
total (%)
NL Noord-Holland 3,7
FI Åland 3,6
FI Etelä-Suomi 3,4
DE Mecklenburg-Vorpommern 3,4
DE Bremen 3,4
DE Lunemburg 3,4
DE Weser-Ems 3,4
DE Schleswig-Holstein 3,4
PL Zachodniopomorskie 3,4
IT Sicília 3,4
FI Pohjois-Suomi 3,4
NL Friesland 3,3
Eslovénia Eslovénia 3,3
Dinamarca Dinamarca 3,2
IT Puglia 3,2
IT Basilicata 3,2
IT Calabria 3,2
FR Bretanha 3,0
FR Baixa Normandia 2,9
FR Aquitânia 2,9
NL Noord-Brabant 2,8
FI Itä-Suomi 2,7
Estónia Estónia 2,7
FI Länsi-Suomi 2,7
SE Västsverige 2,6
FR Norte - Pas-de-Calais 2,6
Letónia Letónia 2,6
PL Pomorskie 2,6
SE Mellersta Norrland 2,6
FR Poitou-Charentes 2,6
NL Groningen 2,6
FR Pays de la Loire 2,5
NL Zuid-Holland 2,5
SE Norra Mellansverige 2,5
SE Småland med öarna 2,5
FR Alta Normandia 2,5
FR Picardia 2,4
SE Sydsverige 2,4
SE Övre Norrland 2,4
NL Flevoland 2,3
SE Östra Mellansverige 2,3
Lituânia Lituânia 2,3
PL Warmińsko-Mazurskie 1,8
Roménia Sudeste 1,5
87 PE 397.260
O Impacto do Turismo nas Zonas Costeiras: Aspectos relacionados com o Desenvolvimento Regional
Emprego em hotéis e
Países Regiões (*) restaurantes/Emprego
total (%)
FR Guadalupe ind.
FR Martinica ind.
FR Guiana ind.
FR Reunião ind.
Fonte: Dados do Inquérito às Forças de Trabalho (IFT), Eurostat, processados pelos autores
(*) Relativamente à Alemanha, Reino Unido e Roménia, só existem dados nacionais disponíveis
Anexo 2.
Entrada Saída
Convergência Competitividade
progressiva progressiva
Áustria 0 0 0 0
Bélgica 0 1 0 0
Bulgária 2 0 0 0
Chipre 0 0 1 0
República
Checa
0 0 0 0
Dinamarca 0 1 0 0
Estónia 1 0 0 0
Finlândia 0 5 0 0
França 4 11 0 0
Alemanha 1 2 0 2
Grécia 9 0 1 2
Hungria 0 0 0 0
Irlanda 0 1 1 0
Itália 4 9 1 1
Letónia 1 0 0 0
Lituânia 1 0 0 0
Luxemburgo 0 0 0 0
Malta 1 0 0 0
Países Baixos 0 7 0 0
Polónia 3 0 0 0
Portugal 4 1 1 1
Roménia 1 0 0 0
República
Eslovaca
0 0 0 0
Eslovénia 1 0 0 0
Espanha 3 4 3 2
Suécia 0 8 0 0
Reino Unido 2 22 2 1
Total 38 72 10 9
Fonte: Autores
PE 397.260 88
The Impact of Tourism on Coastal Areas: Regional Development Aspects
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Great Britain, 2007; Greece, 2007; Ireland, 2001; Lisbon, 2004; Malta, 2005; Normandy-
Bretagna, 2006; Netherland, 2003; Baltic Countries, 2006; Poland, 2005; Portugal, 2002;
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Reader's Notes
BA-30-08-144-PT-C