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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

SUMÁRIO
1 O ESTUDO DA FILOSOFIA................................................................................ 4
2 O QUE É FILOSOFIA? ....................................................................................... 4
3 ANTIGAS CONCEPÇÕES DA HISTÓRIA .......................................................... 7
4 HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA .................................................. 8
5 O MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO ............................................... 10
6 A EDUCAÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE .............................. 12
7 O LUGAR EFETIVO DA EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES MODERNAS ........ 14
8 ESTRUTURA E DINÂMICA DO ENSINO NO BRASIL ..................................... 16
9 OS DONOS DO SABER E O SABER DOS DONOS ........................................ 17
10 SOCIALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO. ...................................................................... 19
11 PRINCIPAIS REPRESENTANTES: JEAN JACQUES ROUSSEAU ................. 25
12 PENSADORES INFLUENCIADOS PELO PENSAMENTO DE ROUSSEAU.... 26
13 A EDUCAÇÂO COMO CENTRO FILOSÓFICO ............................................... 28
14 A EDUCAÇÃO BIZANTINA .............................................................................. 29
15 MURALHAS DE CONSTANTINOPLA .............................................................. 31
16 A EDUCAÇÃO ISLÂMICA ................................................................................ 32
17 ESCOLAS MONACAIS ..................................................................................... 33
18 RENASCIMENTO CAROLÍNGIO ...................................................................... 34
19 PERFIL DE CARLOS MAGNO ......................................................................... 35
20 RENASCIMENTO DAS CIDADES: AS ESCOLAS SECULARES ..................... 36
21 COMO ERA A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA? .............................................. 43
22 AS UNIVERSIDADES ....................................................................................... 44
23 A EDUCAÇÃO DAS MULHERES ..................................................................... 45
24 PAGANISMO E CRISTIANISMO ...................................................................... 46
25 PATRÍSTICA ..................................................................................................... 48
26 ESCOLÁSTICA ................................................................................................. 49
27 AS CARACTERÍSTICAS FILOSÓFICAS DO CRISTIANISMO ......................... 51
28 FILOSOFIA MEDIEVAL E O CRISTIANISMO .................................................. 54
29 ANTIGUIDADE ROMANA: EDUCAÇÃO HEROICO-PATRÍCIA ....................... 55
30 EDUCAÇÃO COSMOPOLITA .......................................................................... 57
31 EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO ............................................................................... 62
32 FILOSOFIA TOMISTA: TOMÁS DE AQUINO ................................................... 63
33 ANTIGUIDADE ROMANA: A HUMANISTAS .................................................... 66
34 EXISTENCIALISMO ......................................................................................... 67
35 ESSENCIALISMO ............................................................................................. 69
36 A EDUCAÇÃO DIFUSA .................................................................................... 70
37 QUATRO IMPORTANTES FILÓSOFOS DA EDUCAÇÃO ............................... 72
38 A CONDUTA HUMANA E A EDUCAÇÃO ........................................................ 76
39 MORAL CIENTÍFICA E MORAL TRADICIONAL .............................................. 77
40 MORALIDADE ÉTICA ....................................................................................... 79
41 UMA NOVA FORMA DE CONHECIMENTO SEGUNDO A FILOSOFIA E SEUS
PENSADORES ......................................................................................................... 82
42 O EMPIRISMO DE JOHN LOCKE .................................................................... 84
43 O PENSAMENTO: A GNOSIOLOGIA .............................................................. 85
44 IDEIAS METAFÍSICAS ..................................................................................... 86
45 MORAL E POLÍTICA ........................................................................................ 87
46 IDEIAS PEDAGÓGICAS ................................................................................... 88
47 DESCARTES E AS CONDIÇÕES DO CONHECIMENTO VERDADEIRO ....... 94
48 LOCKE: A CONSCIÊNCIA – O EU, A PESSOA, O CIDADÃO E O SUJEITO.. 95
49 NA EDUCAÇÃO ................................................................................................ 97
50 O MÉTODO CIENTÍFICO E AS CIÊNCIAS HUMANAS ................................... 99
51 O PENSAMENTO GREGO: PLATÃO ............................................................. 100
52 ARISTÓTELES ............................................................................................... 103
53 O PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO ...................................................... 104
54 OS SOFISTAS ................................................................................................ 105
55 TEORIA DOS DOIS MUNDOS DEFENDIDA POR PLATÃO .......................... 106
56 O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR: UMA CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA DA
EDUCAÇÃO ...................................................................................................... 108
57 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ................................................................................. 115
1 O ESTUDO DA FILOSOFIA

"A Filosofia contribui para o estudo da


Ética e Moral, demanda social negligenciada
na formação do cidadão brasileiro" - Arthur
Meucci. Desde 2006, Filosofia é disciplina
obrigatória no Ensino Médio brasileiro. Para
muitos, perda de tempo, pois exige maturidade
intelectual que a maioria dos alunos não tem.
Mas há defensores fervorosos de sua inclusão
no currículo, caso do filósofo e psicanalista
Arthur Meucci. "É a única disciplina da grade
escolar que faz a ponte entre o português, a
sociologia, a história e a matemática, além de
contribuir para o estudo da Ética e Moral, demanda social negligenciada na formação do cidadão
brasileiro", destaca.

2 O QUE É FILOSOFIA?

A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em


si mesmo. A filosofia é uma maneira de pensar e é também uma postura diante do mundo.
Antes de mais nada, ela é uma forma de observar a realidade que procura pensar os
acontecimentos além da sua aparência imediata. Ela pode se voltar para qualquer objeto: pode
pensar sobre a ciência, seus valores e seus métodos; pode pensar sobre a religião, a arte; o seu
cotidiano, o próprio homem em sua cultura e imagem. A filosofia em síntese não é tão somente
uma interpretação do já vivido, daquilo que esta você possa estar objetivando, mais também a
interpretação das aspirações e desejos do que ainda está por vir e do que está para chegar. Para
iniciar o exercício de filosofa, a primeira coisa a fazer é admitir o que vivemos e vivenciamos
valores e que é preciso saber quais são eles. Filosofia é inventariar os valores que explicam e
orientam nossa vida e a vida da sociedade, e que dimensionam as finalidades da prática humana.
O segundo momento é o momento da crítica que é um modo de penetrar dentro desses valores,
descobrindo -lhe a sua existência.
A filosofia e educação estão vinculadas no tempo e no espaço. A pedagogia inclui mais
elementos do que o pressuposto filosófico da educação, tais como os processos socioculturais, a
concepção psicológica do educando e a forma do processo educacional. Para que possamos
compreender ainda mais essa filosofia e como ela é parte de uma educação inteiramente possuía
pela realidade e construção
cultural, segundo o filósofo e educador Demerval Saviani, a reflexão filosófica deve possuir
as seguintes características:
3 ANTIGAS CONCEPÇÕES DA HISTÓRIA

A história resulta da necessidade


de reconstituirmos o passado, relatando
os acontecimentos que decorreram da
ação transformadora dos indivíduos no
tempo, por meio da seleção e da
construção dos fatos considerados
relevantes e que serão interpretados a
partir de métodos diversos. Os povos
tribais, por exemplo, não privilegiam os
acontecimentos da vida da comunidade,
porque, para eles, o passado os remete
aos “primórdios”, às origens dos tempos
sagrados em que os deuses realizaram
seus feitos extraordinários. Fazer história, nesse caso, é recontar os mitos, os acontecimentos
sagrados que são “reatualizados” nos rituais, pela imitação dos gestos dos deuses. A civilização
micênica a.C., quando ainda predominava o pensamento mítico: constatamos nesse período a
ações humanas.
A partir do século VI a.C., a filosofia surgiu na colônia grega da Jônia (atual Turquia) como
uma maneira reflexiva de pensar o mundo, que rejeita a prevalência religiosa do mito e admite a
pluralidade de interpretações racionais sobre a realidade. Para os gregos, o Universo era dividido
em mundo sublunar e supralunar: o primeiro é o mundo terreno, temporal, sujeito à mudança, à
corrupção e à morte, enquanto o supralunar é o mundo perfeito das esferas fixas, constituído pela
“quinta essência” e, portanto, imóvel e eterno.
Apesar da novidade dessa investigação histórica, aberta à mudança, o que permaneceu na
antiguidade e na Idade Média foi a visão platônica-aristotélica de um mundo estático em que se
busca o universal, o que não garantia à história o status de ciência, sendo vista, portanto, como
uma forma menor de retórica destituída de rigor e na qual, segundo alguns historiadores, eram
feitas concessões demais à imaginação no relato dos fatos. Cabe a cada homem exercitar o seu
“ser filósofo”, pôr-se em busca de uma apreensão significativa da cultura, de uma crítica leitura da
realidade e de uma ação engajada no mundo.
A reflexão filosófica organiza-se em torno de três grandes conjuntos de perguntas ou questões:
 Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos?
 O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que
queremos fazer quando agimos?
 Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos?

4 HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA

As imagens, assim como quadros, retratam a bem a fundamentação e característica história


dentro de uma perspectiva transcendente da época, seja antiga ou moderna. Somente a partir da
modernidade, com as mudanças que começaram a ocorrer no século XVII, o estudo da história
tomou nova configuração, consolidada no Iluminismo do século XVIII. A história cíclica foi então
substituída pela descrição linear dos fatos no tempo, segundo as relações de causa e efeito, então
os historiadores não mais se orientavam pelo passado como modelo a seguir, mas desenvolveram
a noção de processo, de progresso, investigando o que entendiam por “aperfeiçoamento da
humanidade”.

A pintura barroca na Itália Características:

 Disposição de elementos dos quadros, que sempre forma uma composição em diagonal;
 Contraste de claro-escuro nas cenas, o que intensifica a expressão dos sentimentos;
 Realismo, retratando não só a vida na burguesia, mas a vida do povo simples.
.
A história da educação é um dos meios mais eficazes para cultivar um saudável ceticismo
que evita a “agitação” e promove a “consciência” crítica. História que nasce nos problemas do
presente e que surge pontos de vista ancorados num estudo rigoroso do passado. Uma das
funções principais do historiador da educação é compreender esta lógica de “múltiplas
identidades”, por meio da qual se definem memórias e tradições, pertenças e filiações, crenças e
solidariedades.
As palavras do cineasta Manuel de Oliveira na apresentação do seu último filme merecem
ser recordadas: “O presente não existe sem o passado, e estamos a fabricar o passado todos os
dias. Ele é um elemento de nossa memória, é graças a ele que sabemos quem fomos e como
somos”. Com base nessas duas funções da história da educação devem exercer fecunda influência
na política educacional, sobretudo nas situações críticas em que são gestadas as reformas
educativas, depois transformadas em leis, a fim de que se possa defender a implantação de uma
educação pública democrática e de qualidade.

5 O MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO

Com o pensamento de Marx (1818-1883) estamos diante do processo de desmascaramento


da política liberal. O liberalismo, com a sua ênfase no homem como indivíduo que busca a
satisfação de suas necessidades, subjugando a natureza, obtendo riquezas e bem-estar
crescentes.
Nessa concepção o
pressuposto subjacente é a
de que a propriedade privada
é um direito natural,
socialmente útil e moralmente
legítimo, uma vez que
estimula o trabalho
concorrencial e competitivo,
combatendo o vício da
preguiça e estimulando o
crescimento social. Contudo,
Marx parte de outro
pressuposto. O homem é
essencialmente ser histórico e
social, marcado pela
produção de sua existência
em sociedade. Marx e Engels
escrevem: "nós conhecemos
somente uma única ciência: a
ciência da história".
Para Marx, o nosso jeito de ser e pensar é determinado pelas relações sociais de produção.
Isso significa o termo materialismo. Nele, a consciência humana é determinada a pensar as ideias
oriundas das condições materiais. Materialismo se opõe a idealismo. No caso, Marx se opõe ao
idealismo de Hegel, que considera que são as ideias que movem o mundo. Para Marx. Hegel é
pensador utópico, que interpreta o mundo de cabeça para baixo: é ideológico. Para Hegel, as
instituições existentes derivam de necessidades racionais, legitimando uma certa ordem como
imutável. Assim, Hegel, na concepção de Marx, transforma em verdades filosóficas dados que são
puros fatos históricos e empíricos. Exemplificando, seria o mesmo que dizer que a constituição cria
o povo, ou a religião cria o homem. É um pensamento essencialista, a-histórico, que fica nas frases
e não mergulha no mundo real do qual as frases são um reflexo.
Marx une a teoria à prática. Busca perceber as relações existentes entre ideias e fatos.
Percebe que a prática, os conflitos, a luta entre os homens / classes é que gera as ideias e não o
contrário. Estamos diante de fatos produzidos e não diante de leis a priori, eternas. Fazer essa
inversão é ideologia, criticada por Marx. Para Marx, somos decorrência das práxis, da ação, dos
conflitos históricos. O materialismo é histórico, pois a sociedade e política não são de instituição
divina nem naturalmente dadas. Ao contrário, nascem e dependem da ação concreta dos seres
humanos situados no tempo, fazendo história.
O materialismo histórico pretende-se explicativo da história das sociedades humanas, em
todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. "No caso do
estado moderno, as ideias de estado de natureza, direito natural, contrato social e direito civil
fundam o poder político na vontade dos proprietários dos meios de produção, que se apresentam
como indivíduos livres e iguais que transferem seus direitos naturais ao poder político, instituindo a
autoridade do estado e das leis" (CHAUÍ, M. Convite à filosofia, 2003, p.386). A sociedade é
comparada a um edifício no qual as fundações, a infraestrutura, seriam representadas pelas forças
econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as ideias, costumes,
instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc.). A base da sociedade é a produção econômica.
Sobre esta base econômica se ergue uma superestrutura, um estado e as ideias econômicas,
sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas.
Para Marx, as relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas,
econômicas, sendo estas as determinantes. Adquirindo novas forças produtivas, os homens
modificam o seu modo de produção, bem como modificam a maneira de ganhar a vida,
modificando todas as relações sociais. Na medida em que mudam os modos de produção, a
consciência dos seres humanos também se transforma. Por isso, ao contrário do que muitos
afirmam, não são as ideias humanas que movem a história, mas as condições históricas que
produzem as ideias em cada época. O modo de produção da vida material condiciona o processo
da vida social, política e espiritual. Mas uma vez, dizemos, portanto: "não é a consciência do
homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua
consciência".
Assim, diz Meier (2009) em seu artigo “Karl Marx e a crítica à consciência moderna”, que
Marx tentou demonstrar que no capitalismo sempre haveria injustiça social, onde a riqueza é
resultante de um processo de exploração sobre o trabalhador. O capitalismo, de acordo com Marx
é selvagem, considerando que o operário produz para o seu patrão, produz riqueza e colhe
pobreza. O capitalismo se apresenta necessariamente como um regime econômico de exploração
e degradação da vida, sendo a mais-valia a lei fundamental do sistema.
Considerando que o fruto do trabalho não pertence ao trabalhador, e este permanece preso
ao patrão, ocorre então o fenômeno da alienação, do trabalho alienado, na medida em que se
manifesta como produção de um objeto que é alheio ao sujeito criador. Dessa forma, o operário se
nega (é negado) no objeto criado. É o processo de objetificação, coisificação ou reificação. Por
isso, o trabalho que é alienado permanece alienado até que o valor nele incorporado pela força de
trabalho seja apropriado integralmente pelo trabalhador. Havendo essa apropriação do valor
incorporado ao objeto graças à força de trabalho do sujeito-produtor, promove-se a negação da
negação. Ora, se a negação é alienação, a negação da negação é a desalienação, a libertação.

6 A EDUCAÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE

Durante muito tempo se pensou que a educação formal, ou escolarização, seria um


instrumento fundamental para o desenvolvimento social, cultural e econômico de um país. As
grandes polêmicas do passado sobre escola pública ou privada, ensino leigo ou religioso,
educação técnica ou humanística, partiam do suposto de que o que se estava decidindo era o
próprio futuro do país.

Esta visão otimista do papel da


educação coincidiu com os anos
de grande expansão e
modernização da sociedade
brasileira, pela formação de
grandes centros urbanos, o
desenvolvimento da indústria e
dos serviços e a expansão do
setor público. Neste quadro de
expansão e crescimento, ir à
escola e obter as qualificações formais equivalia a adquirir o direito de acesso às novas
oportunidades.
Esta visão otimista da educação formal é hoje muito discutida, e existem muitos que acham
que, na realidade, as escolas trazem muito mais malefícios do que benefícios à sociedade. Os
críticos da educação formal se utilizam, principalmente, dos seguintes argumentos:
 O ensino formal discrimina contra as pessoas de origem social mais humilde, e não permite, de
fato, nenhuma mobilidade social. As pessoas mais pobres têm mais dificuldade de ir à escola e
aprender os conteúdos dos cursos, que são vasados em linguagem e cultura das classes mais
favorecidas. Ao final dos estudos, os filhos de classes sociais mais favorecidas continuam nas
melhores posições, e os das classes menos favorecidas, nas piores.
 Muito pouco do que é ensinado nas escolas realmente serve para alguma coisa. A maioria dos
conteúdos transmitidos, em todos os níveis, são conhecimentos fragmentados e estéreis, sem
ligação com a vida real das crianças e dos adultos. O processo educacional, ao invés de ser
formativo, se transforma na maioria das vezes em um ritual burocrático de memorização e
repetição de informações inúteis, que penaliza as pessoas mais criativas e não conformistas.
 A imposição de conteúdos homogêneos a todo o sistema de ensino, principalmente no ensino da
língua, leva à destruição da variedade linguística e cultural do país, intensificando a hierarquia e a
discriminação entre campo e cidade, ricos e pobres, centro e periferia.
 Dada a pouca relevância e pertinência dos conteúdos transmitidos nas escolas, as exigências de
diplomas para o trabalho profissional só servem para garantir os privilégios dos diplomados contra
os demais, sob o manto da busca da competência e da qualificação.

O surgimento da visão pessimista da educação formal coincide com o esgotamento do


processo de expansão e modernização acelerados da sociedade brasileira. Ao final da década de
80, o Brasil é um país predominantemente urbano, a industrialização pela substituição fácil de
importações já chegou a seus limites, as burocracias governamentais incharam tanto quanto
podiam, e os empregos de classe média já não se expandem de forma a absorver o número
crescente de pessoas que saem das escolas.

7 O LUGAR EFETIVO DA EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES MODERNAS

Os adeptos mais fervorosos da visão pessimista da educação chegam ao extremo de propor


o fim da escola formal, e sua substituição por uma grande variedade de mecanismos informais,
espontâneos e não hierárquicos de transmissão de conhecimentos e desenvolvimento da
criatividade e competência.

No entanto, da mesma forma que a Escola formal não pode, sozinha, promover o progresso
social e eliminar as desigualdades, sua eliminação tampouco poderia produzir estes efeitos, e o
mais provável é que aumentasse, ainda mais, os problemas com que hoje nos defrontamos.
A realidade é que o Brasil de hoje precisa, mais do que nunca, de um sistema educacional
moderno, adequado, que possa preparar nossa população para um mundo onde o manejo
adequado da língua falada e escrita, do raciocínio formal e abstrato e da informação são cada vez
mais importantes.
Mas esta necessidade, para se transformar em realidade, não pode ser atingida com a
ingenuidade dos que achavam, trinta ou quarenta anos atrás, que educar era, simplesmente,
construir escolas.

8 ESTRUTURA E DINÂMICA DO ENSINO NO BRASIL

 O ensino primário está praticamente estacionado em seu crescimento. Ele atende pouco mais de
80% da população, principalmente nos centros urbanos de centro-sul; a qualidade tende a ser
baixa.
 O ensino secundário tem crescido mais, mas atende a uma parcela pequena da população, não
proporciona formação profissional, dado o fracasso da lei 7044 de 1970; as melhores escolas são
as particulares, e são as que selecionam para o vestibular.
 Existe ainda um pequeno ensino técnico de qualidade, englobando os sistemas SESI-SENAI e
algumas escolas técnicas e agrícolas.
 Todo o ensino brasileiro está marcado por grandes discriminações sociais. A pré-escola, e
principalmente o ensino superior, são quase privativos dos grupos de renda mais alta; os que
ganham até um salário mínimo dificilmente terminam o primeiro grau; os de 2 a 5, dificilmente
chegam ao segundo.
 O ensino superior é altamente estratificado, com divisões entre:
 Pós graduação e graduação
 Centro sul e Nordeste
 Profissões tradicionais e novas profissões setor público e setor privado.

9 OS DONOS DO SABER E O SABER DOS DONOS


Nenhum profissional pode
considerar-se capacitado no momento
em que recebe o diploma de
graduação, pois ele nada mais é do
que uma “chave” com a qual abrirá
novas portas em busca de novos
desafios, assim refletir acerca do
conhecimento e da utilização do
mesmo torna-se essencial no
processo de formação do profissional
das diferentes áreas. Todo aquele que
quer ensinar-aprender, deve estar de
posse da arte de manter-se firme em
suas convicções sem ser dogmático, e respeitoso das convicções alheias sem ser subserviente. O
conhecimento traz à luz da realidade e a partir dele é que a mesma pode ser transformada. Do
ponto de vista da Filosofia o conhecimento que se pode ter do mundo humano pode oferecer bases
mais sólidas nas interações sociais que produzem, mantêm ou transformam a sociedade.
O estudante só apreende na medida em que aquilo que é ensinado é significativo para esse
estudante, é compreendido como capaz de satisfazer suas necessidades. Dessa forma, passa-se a
entender que todos os programas de ensino devem ter as necessidades dos alunos, no contexto
do mundo em que vivem como ponto de partida para que sejam alcançados os objetivos
educacionais mais amplos.
Por um lado, na concepção da educação, o estudante passa a ser visto como o centro e o
sujeito do processo educativo; por outro lado, os métodos ativos de aprendizagem passam a ser
cada vez mais considerados como os mais adequados para a eficiência do processo educativo. A
filosofia, em contrapartida às demais áreas científicas, preocupadas com o entendimento adequado
de algo a elas externo, debruça-se sobre si mesma, a fim de expor o procedimento do pensar
enquanto tal. Ela legitima sua importância para a educação pela prática de um procedimento
autocrítico.
A educação está fundada em vertentes pedagógicas que divergem quanto a sua concepção
de ser humano, que refletem claramente na prática educativa, já que convergem para um ideal de
educação em função de metas e fins. Por isso, é que nos deparamos com o momento atual da
educação em que sentimos a necessidade de unir as formas de pensamento que já vigoraram,
buscando horizontes e novas perspectivas.
A ênfase da pós-modernidade deve estar na sensibilidade, na flexibilidade e na cultura da
imagem. A educação deve cumprir os compromissos que lhe são dados pelo seu tempo, fazendo o
conhecimento ser vivenciado. A escola e os próprios alunos também exigem que ele atenda a
outras necessidades que não a de educar. Há um certo esquecimento da formação do sujeito e o
que é ensinado na escola afastou-se da vida dos alunos. Sem esta proximidade extremamente
necessária, os alunos estão se afastando das escolas, o que implica numa série de problemas de
ordem social, como a marginalização e a proliferação da violência. Por tudo isso, é que se faz
necessária a reformulação da prática educativa. Faz-se necessário retomar velhos preceitos,
aprender com antigas teorias, remodelar as novas e assim enfrentar os desafios da pós-
modernidade, onde não podemos nos prender a nada, mas sim utilizar de nossa liberdade para
formarmos nossa própria ação.

10 SOCIALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO.
O que é socialização afinal? A
socialização pressupõe a interação social, a
capacidade de integrar-se a um grupo,
assimilando padrões sociais. O que interfere
na maneira como o sujeito percebe o
mundo, o outro e a si mesmo. O processo
de interação, a socialização, inicia-se no
nascimento do sujeito e só se encerra com
a morte, fazendo uso da linguagem para
interagir e integrar os indivíduos. O ato de
educar acontece no processo
histórico/filosófico de cada grupo social no
qual são repassadas as tradições, mas
também, os valores e normas no sentido de
contribuir com a personalidade do jovem
estudante. Notadamente, educar vai além
de transmissão de conhecimentos. É a
forma de fornecer a alguém os cuidados
necessários ao pleno desenvolvimento
físico, intelectual e moral. É promover o processo de formação do outro como ser humano integral.
Destacamos que a educação escolarizada não é o único espaço na sociedade que promove
processos educativos e que orienta a vivência dos estudantes. Ao contrário, o estudante quando
chega à universidade traz experiências e concepções construídas na família e na comunidade e
em outros espaços. Tais experiências e concepções construídas, muitas vezes, entram em choque
com os valores e normas estabelecidas pela educação escolarizada. O debate sobre papel de ser
educador e como este necessita pensar sobre a realidade em que estamos inseridos é fundante
para que nossos estudantes compreendam que vamos precisar de pessoas éticas e responsáveis
para construir outra nação. Daí a necessidade de professores/as e estudantes discutirem no
mundo contemporâneo as suas práticas e lutarem decididamente por relações em que todos e
todas se sintam sujeitos históricos.
ATIVIDADES DE FIXAÇÃO
Questão 01

Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A


menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo.
O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de
entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de
outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A
preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a
natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado
menores durante toda a vida. KANT, I.
Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado). Kant destaca
no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da
Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa:

a) A reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.


b) O exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.
c) A imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.
d) A compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento.
e) A emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.

Questão 2
Texto I
O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e a manifestação da agressividade através
da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente em todos
os redutos — seja nas áreas abandonadas pelo poder público, seja na política ou no futebol. O
brasileiro não é mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do
reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se impõem
como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas raízes. Entrevista com
Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099, 3 fev. 2010.
Texto II
Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um
controle muito específico de seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível sem que
as pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações são convertidas, na
pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro tipo. ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o argumento do
Texto I acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira expressa a:
a) Incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de aparatos de
controle policial.
b) Manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos
administrativos.
c) Inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas
grandes cidades brasileiras.
d) Dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social
compatíveis com valores democráticos.
e) Incapacidade das instituições político legislativas em formular mecanismos de controle social
específicos à realidade social brasileira.

Questão 3
Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que
há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um
cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça. KING
Jr., M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963 (adaptado). O cenário vivenciado pela população
negra, no sul dos Estados Unidos nos anos 1950, conduziu à mobilização social. Nessa época,
surgiram reivindicações que tinham como expoente Martin Luther King e objetivavam:
a) A conquista de direitos civis para a população negra.
b) O apoio aos atos violentos patrocinados pelos negros em espaço urbano.
c) A supremacia das instituições religiosas em meio à comunidade negra sulista.
d) A incorporação dos negros no mercado de trabalho.
e) A aceitação da cultura negra como representante do modo de vida americano.

Questão 4
É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não
consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade.
A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o
que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder.
MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado). A
característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito:
a) Ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo.
b) Ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis.
c) À possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis.
d) Ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das
consequências.
e) Ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais.

Questão 5
Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um
objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto sensível ou
material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a
Doutrina das ideias formava-se em sua mente. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da
filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012. O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um
aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C. 346 a.C.). De acordo com o texto,
como Platão se situa diante dessa relação?
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.

Questão 6
Texto I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá,
e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo,
ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por filtragem e,
ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-
se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras. BURNET, J. A
aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).
Texto II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no
princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta
concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de
algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na
verdade, dão impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha. ” GILSON, E.:
BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado). Filósofos dos
diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de
uma explicação racional.
As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na
sua fundamentação teorias que:
a) Eram baseadas nas ciências da natureza.
b) Refutavam as teorias de filósofos da religião.
c) Tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
d) Postulavam um princípio originário para o mundo.
e) Defendiam que deus é o princípio de todas as coisas.

11 PRINCIPAIS REPRESENTANTES: JEAN JACQUES ROUSSEAU

Na história das ideias, o nome do suíço


Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) se liga
inevitavelmente à Revolução Francesa. Dos
três lemas dos revolucionários - liberdade,
igualdade e fraternidade -, apenas o último não
foi objeto de exame profundo na obra do
filósofo, e os mais apaixonados líderes da
revolta contra o regime monárquico francês, o
admiravam com devoção.
O princípio fundamental de toda a obra
de Rousseau, pelo qual ela é definida até os
dias atuais, é que o homem é bom por
natureza, mas está submetido à influência corruptora da sociedade. Um dos sintomas das falhas
da civilização em atingir o bem comum, segundo o pensador, é a desigualdade, que pode ser de
dois tipos: a que se deve às características individuais de cada ser humano e aquela causada por
circunstâncias sociais.
Entre essas causas, Rousseau inclui desde o surgimento do ciúme nas relações amorosas
até a institucionalização da propriedade privada como pilar do funcionamento econômico. O
primeiro tipo de desigualdade, para o filósofo, é natural; o segundo deve ser combatido. A
desigualdade nociva teria suprimido gradativamente a liberdade dos indivíduos e em seu lugar
restaram artifícios como o culto das aparências e as regras de polidez. Ao renunciar à liberdade, o
homem, nas palavras de Rousseau, abre mão da própria qualidade que o define como humano.
Ele não está apenas impedido de agir, mas privado do instrumento essencial para a realização do
espírito. Para recobrar a liberdade perdida nos descaminhos tomados pela sociedade, o filósofo
preconiza um mergulho interior por parte do indivíduo rumo ao autoconhecimento. Mas isso não se
dá por meio da razão, e sim da emoção, e traduz-se numa entrega sensorial à natureza.
Até aqui o pensamento de Rousseau pode ser tomado como uma doutrina individualista ou
uma denúncia da falência da civilização, mas não é bem isso. O mito criado pelo filósofo em torno
da figura do bom selvagem - o ser humano em seu estado natural, não contaminado por
constrangimentos sociais - deve ser entendido como uma idealização teórica. Além disso, a obra
de Rousseau não pretende negar os ganhos da civilização, mas sugerir caminhos para reconduzir
a espécie humana à felicidade.
Não basta a via individual. Como a vida em sociedade é inevitável, a melhor maneira de
garantir o máximo possível de liberdade para cada um é a democracia, concebida como um regime
em que todos se submetem à lei, porque ela foi elaborada de acordo com a vontade geral. Não foi
por acaso que Rousseau escolheu publicar simultaneamente, em 1762, suas duas obras principais,
Do Contrato Social - em que expõe sua concepção de ordem política - e Emílio - minucioso tratado
sobre educação, no qual prescreve o passo-a-passo da formação de um jovem fictício, do
nascimento aos 25 anos.
12 PENSADORES INFLUENCIADOS PELO PENSAMENTO DE ROUSSEAU

Johann Friedrich Herbart:


Nasceu em Oldenburgo, Alemanha, em maio de 1776, vindo a falecer em agosto de 1841.
Filho de um brilhante advogado e mãe inteligente com forte gosto literário a qual sempre o
acompanhou em seus estudos. Seu pai enviou-o Iena com o objetivo de prepará-lo para a
profissão de advogado, no entanto Herbart não apresentava nenhuma inclinação para o Direito.
Tornou-se filósofo, psicólogo e teórico da educação a partir de sua experiência como preceptor
particular dos três filhos do governador de Interlaken, na Suíça e também sob a influência de
“Schiller, que nesta época, estava escrevendo suas Cartas sobre a Educação Estética do Homem”.
(EBY, 1978, p.409)
Foi educando seus três alunos que Herbart confrontou-se com situações práticas de ensino,
daí surgindo toda a sua contribuição para a pedagogia como ciência, dando rigor e cientificidade ao
seu método; sendo o primeiro também a elaborar uma pedagogia que pretendia ser uma ciência da
educação, foi o precursor de uma psicologia experimental aplicada pedagogia. Por isso acabou
sendo considerado o “Pai da Psicologia Moderna” e “Pai da moderna ciência da educação”.

Friedrich Froebel:
Natural de Oberweibach na Alemanha, filho de um pastor protestante, ficou órfão de mãe em
tenra idade e foi criado com certa aspereza pela sua madrasta, dos 10 aos 14 anos foi morar com
seu tio materno, também pastor, anos que considerou feliz. Resultado de seu temperamento
introspectivo passou a observar e interpretar as atividades das crianças, despertando nele um
grande interesse pelas experiências de natureza infantil. Após várias tentativas em encontrar uma
profissão de acordo com sua vocação, acabou por descobrir na atividade educativa uma sua
aptidão que correspondia aos seus anseios. Sua vida acadêmica iniciou-se com a escola primária,
depois entrou para a Universidade de Iena, onde revelou grande aptidão para a matemática,
ciências naturais, agricultura e arquitetura. Tornou-se em seguida, professor da escola de Grüner,
discípulo de Pestalozzi a quem visitou em Yverdun.
Para Froebel, a unidade social era sempre um princípio de unidade universal, inclusive
cósmica. Esse propósito de naturalização de um sentimento de amor pelo universo criado por Deus
e transferido para a sociedade deveria ser compreendido e defendido pela educação. A
identificação da educação com o desenvolvimento, a subordinação da ação educativa atividade
interessada da criança, a utilização do jogo e do trabalho manual como instrumentos da
aprendizagem, são caracteres do sistema froebeliano que o tornam precursor das teorias
educacionais contemporâneas. Todavia, a pedagogia científica rejeita o método das formas
geométricas de Froebel, por abstrato e artificial.

13 A EDUCAÇÂO COMO CENTRO FILOSÓFICO

A Educação na Idade Média é marcada predominantemente pela filosofia religiosa e


heranças culturais Greco-romanas, Germânicas, Bizantinas e Islâmicas adaptadas ao Cristianismo.
Restringia-se à preservação dos princípios religiosos em que a razão se encontrava a serviço da
fé. Sua finalidade era a salvação da alma e a vida eterna.
A Educação na Idade Média é
marcada predominantemente pela
filosofia religiosa e heranças culturais
Greco-romanas, Germânicas, Bizantinas
e Islâmicas adaptadas ao Cristianismo.
Restringia-se à preservação dos
princípios religiosos em que a razão se
encontrava a serviço da fé. Sua
finalidade era a salvação da alma e a
vida eterna.
A Idade Média compreendeu um
período de mil anos, desde a queda do
Império Romano (476) até a tomada de
Constantinopla (atual Istambul) pelos
turcos (1453). Esse período sofreu diversas transformações econômicas, sociais e culturais; porém
a educação permaneceu praticamente estática, sem grandes alterações e progressos. Com a
decadência do antigo Império Romano do Ocidente provocada pela fragmentação em inúmeros
reinos bárbaros de diversas origens no início do século V, o Império Bizantino ou Romano do
Oriente em contrapartida, manteve-se econômico e culturalmente adiantado.

14 A EDUCAÇÃO BIZANTINA
O Império Bizantino foi
herdeiro do Império Romano do
Oriente tendo sua capital em
Constantinopla ou Nova Roma.
Durante o seu período de
existência, o grande governante
que teve em sua região foi
Justiniano, um legislador que
mandou compilar as leis
romanas desde a República até
o Império; combateu as
heresias, procurando dar
unidade ao cristianismo, o que
facilitaria na monarquia.
Internamente enfrentou a
Revolta de Nika (fruto da
insatisfação popular contra a opressão geral dos governantes e aos elevados tributos), já no
aspecto externo realizou diversas conquistas, pois tinha o objetivo de reconstruir o antigo Império
Romano. Contudo, esse império conseguiu atravessar toda a Idade Média como um dos Estados
mais fortes e poderosos do mundo mediterrâneo. É importante ressaltar que o Império Bizantino
ficou conhecido por muito tempo por Império Romano do Oriente. No entanto, este não foi capaz
de resistir à migração ocorrida por germanos e por hunos, o que acabou por fragmentar em reinos
independentes.
Como população teve a concentração dos Sírios, Judeus, Gregos e Egípcios. Destacando-
se três governadores durante todo império: Constantino (fundador de Constantinopla); Teodósio
(dividiu efetivamente o império); e, Justiniano. Este durante o seu governo atingiu o apogeu da
civilização bizantina. Pois, teve uma política externa; retomou vários territórios; modificou aspectos
do antigo Direito Romano (o Corpus juris Civilis – Corpo do Direito Civil); e ainda, realizou a
construção da Igreja de Santa Sofia, altamente importante por seu legado cultural arquitetônico.
Com a utilização de uma política déspota e teocêntrica, utilizou uma economia com
intervenção estatal, com comércio e desenvolvimento agrícola. Além do mais, durante o período
denominado por Império Bizantino, a economia era bastante movimentada, principalmente no
comércio marítimo e sob o controle o estado. Sendo que, o seu controle deu-se por Constantinopla
até o século XI.
15 MURALHAS DE CONSTANTINOPLA

A sociedade urbana demonstrou enorme


interesse pelos assuntos religiosos, facilitando o
surgimento de heresias, como por exemplo, a dos
monofisistas e dos iconoclastas, e de disputas
políticas. No âmbito religioso, as heresias deram-se
através do arianismo que negaram a Santíssima
Trindade; além do caso do arianismo, teve ainda, a
questão monofisista, esta nega a natureza humana
de Cristo, afirmando que Cristo tinha apenas
natureza divina (o monofisismo foi difundido nas
províncias do Império Bizantino e acabou identificada
com aspirações de 48 independência por parte da
população do Egito e da Síria); por fim, no tocante à iconoclastia, ocorre a grande destruição de
imagens e a proibição das mesmas nos templos. Durante o período que ficou conhecido por Cisma
do Oriente, ocorre a divisão da Igreja do Oriente, a igreja divide-se em Católica Romana e
Ortodoxa Grega.

16 A EDUCAÇÃO ISLÂMICA

Por volta do século VII, a Arábia era ocupada por tribos de origem semita, hostis entre si,
politeístas, místicas e supersticiosas. Eram cerca de trezentas tribos, distribuídas no litoral da
península Arábica (tribos urbanas) e no deserto (beduínos). As tribos urbanas tinham boas
condições de sobrevivência, vivendo da agricultura e do comércio; já a vida no deserto era muito
difícil e os beduínos não conseguiam sobreviver só como pastores e, por isso, praticavam o butim
(saques a caravanas).
A cidade de Meca era o centro comercial e religioso mais importante da Arábia pré-islâmica;
ali eram realizadas as feiras, e ali ficava o santuário da Caaba, com a Pedra Negra e as diversas
imagens cultuadas pelas tribos de então. Foi nesse cenário que nasceu Maomé, na tribo dos
coraixitas, guardiã da Caaba. Ele era de uma família pobre e ficou órfão aos seis anos de idade;
aos quinze, passou a trabalhar como guia de caravanas, que percorriam os desertos do Oriente
Médio. Nessas viagens, fez contato com povos e religiões diferentes, que muito iriam influenciar o
seu futuro. Conheceu o judaísmo e o cristianismo, assimilou os ensinamentos dessas religiões e
integrou-as num sincretismo, isto é, somou elementos das duas religiões e alguns costumes e
tradições árabes, surgindo assim, o Islamismo.
Isso só foi possível graças ao seu casamento com Cadidja, uma viúva rica, que possibilitou
a Maomé a tranquilidade econômica para que ele pudesse dedicar-se à meditação. Maomé, então,
iniciou a propagação do Islamismo (abandono à vontade de Alá). Se sentido seguro começou a
pregação pública aos coraixitas, de quem viria a maior oposição, visto que estavam ligados ao
politeísmo que dominava a Arábia. A perseguição e uma tentativa de assassinato fizeram com que
Maomé fugisse de Meca para Medina em 622. É a Hégira, ou a fuga, que marca o início do
calendário muçulmano.
Em Medina, Maomé conseguiu adeptos e começou a atacar caravanas, cujos hábitos ele
conhecia muito bem. Seus êxitos militares eram transformados em prova da existência de Alá. Seu
prestígio cresceu na mesma proporção que aumentaram os problemas de Meca. Em 630, com o
apoio dos árabes do deserto, Maomé destruiu os ídolos da Caaba, menos a Pedra Negra. Estava
implantado o monoteísmo e com ele surgia o Islão, o mundo dos submissos de coração a Alá e
obedientes ao seu representante, o Profeta Maomé. Dessa forma, a Arábia foi unificada como um
Estado teocrático.

17 ESCOLAS MONACAIS

Com a queda do
Império, escolas leigas e pagãs
continuaram funcionando
precariamente em algumas
cidades e com a decadência da
sociedade merovíngia as
escolas entraram também em
desagregação, então surgiram
as escolas cristas, ao lado dos
mosteiros e catedrais, e com
isso os funcionários leigos do
Estado passaram a ser
substituídos por religiosos, que
eram os únicos que sabiam
escrever e ler.
O monarquismo é um
movimento religioso que
começou lentamente com a vida solitária dos monges e com o tempo exerceu influência na cultura
da Alta Idade Média. Criar escolas não era a finalidade principal dos mosteiros, porém as
atividades pedagógicas tornaram-se inevitável à medida que era preciso instruir os novos irmãos,
então começaram a surgir novas escolas monacais em que se aprendiam o latim e as
humanidades, os melhores alunos coroavam a aprendizagem com o estudo da filosofia e a
teologia.
Os Mosteiros foram assumindo o monopólio da ciência, tornando-se principal reduto da
cultura medieval, guardavam nas bibliotecas grandes tesouros da cultura greco-latina e traduziam
obras para o latim adaptando algumas e reinterpretavam outras à luz do cristianismo.

18 RENASCIMENTO CAROLÍNGIO
Logo após a coroação de Carlos
Magno como imperador dos Francos, o
mesmo introduziu uma moeda, uma
escrita e um sistema de pesos e medidas
comuns no império. Carlos Magno,
consagrado como eficiente comandante
que, junto aos seus dozes pares,
cristianizou e modernizou a Europa,
também impulsionou as artes e as
ciências. Em torno de si ele reuniu os
mais importantes pensadores da época e
os incumbiu de compilar todo o saber
conhecido até o período, o que
estabeleceu um florescimento cultural,
conhecido como renascimento carolíngio.
Carlos Magno criou escolas nos mosteiros, nas catedrais e nos palácios, conhecidas como
Escolas Palacianas. A principal escola palaciana foi criada em Aachen, capital do Império Franco.
Esse "Renascimento carolíngio" é de fenomenal importância, pois foi através dele que os francos
se tornaram um elo entre a Antiguidade e a Europa da Idade Média. Com isso o medievo ficou
definitivamente influenciado pelas ideias dos mestres da Antiguidade. As primeiras universidades
Europeia, como foram os casos de Bolonha e Oxford, surgiram dessa tradição criada por Carlos
Magno, principalmente dos conhecimentos produzidos nos mosteiros.

19 PERFIL DE CARLOS MAGNO


Carlos Magno foi um grande líder
militar da Idade Média. Expandiu os seus
domínios, sobretudo em duas frentes: a leste
conquista a Saxónia e a Caríntia e impõe
derrotas aos povos pagãos - ávaros e
eslavos; a sul, adquire domínios na região
itálica, apropriando-se mesmo da Lombardia
em 774. Todas estas campanhas
granjearam-lhe, mais tarde, os estatutos de
Imperador, Patrício dos Romanos e Protector
da Santa Sé, visto que foi responsável pela
difusão do Cristianismo. Recuperou a glória
imperial que já havia sido testemunhada no
Império Romano. Para além disso,
enriqueceu, em parte, a economia estatal
porque, ao alargar o seu território, conseguiu
impor novos impostos sobre as populações
agora submetidas ao seu poder.
Com amargura, não conseguiu
concretizar o sonho de tomar a Península Ibérica, na altura dominada maioritariamente pelos
muçulmanos, isto sem falar dos imprevisíveis montanheses bascos (vascões) que, com as suas
emboscadas, causaram sérias baixas nas suas tropas (em Roncesvales - 778, a retaguarda do
exército carolíngio foi mesmo varrida, tendo mesmo tombado em combate o conde Rolando,
importante vassalo de Carlos Magno). Mesmo assim, as forças cristãs conseguiriam, mais tarde,
chegar até Barcelona que cairá entre 800 e 801 d. C. (feito que se deve a Luís, o Pio - filho de
Carlos Magno que o tinha enviado), gerando assim a Marca Hispânica.
Mas Carlos Magno não foi apenas mais um grande soberano medieval que somou variados
e elogiosos triunfos no campo belicista, até porque a sua genialidade propagou um notável eco na
vertente cultural. A necessidade de criar um povo mais astuto fazia parte dos objetivos prioritários
do seu reinado.

20 RENASCIMENTO DAS CIDADES: AS


ESCOLAS SECULARES

As escolas seculares, prefiguravam


uma revolução, no sentido de contestar o
ensino religioso, muito formal ao qual
contrapunham uma proposta ativa, voltada
para os interesses da classe burguesa em
ascensão.
Inicialmente as escolas não tinham
acomodações adequadas e os mestres
recebiam os alunos em diferentes locais.
No século XIII a burguesia dividiu-se entre
o rico praticamente urbano, dedicado as
atividades bancarias, e os seguimentos de pequenos comerciantes e artesões. Os primeiros
começaram a se aproximar a classe nobre então dirigente desprezando o trabalho manual dos
artesões, com consequência disso eles preferiram uma educação voltada para a cultura
desinteressada deixando para a burguesia plebeia as escolas profissionais em que leitura e escrita
se achavam reduzida mínimo.
Por volta do século XI, o comércio ressurge, as moedas voltas a circular, as cidades
crescem e aos poucos as vilas se libertam e transforma-se em comunas ou cidades livres. As
modificações no sistema de educação fazem surgir às escolas seculares. Secular significa do
século, do mundo, qualquer atividade não-religiosa. O desenvolvimento do comércio faz reaparecer
a necessidade de se aprender a ler, escrever e calcular. Os burgueses de início frequentaram as
escolas monacais e catedrais, mas logo procuraram uma educação que atendia aos objetivos da
vida prática. Por volta do século XII surgem pequenas escolas nas cidades mais importantes, com
professores leigos nomeados pela autoridade municipal. O latim foi substituído pela língua
nacional. As escolas seculares prefiguram uma revolução, contestando o ensino religioso
contrapondo umas propostas ativas, voltadas para os interesses da classe burguesa em ascensão.
No início as escolas não dispõem de acomodações adequadas. Procuraram restabelecer a
educação voltada para a cultura “desinteressada”, deixando para a burguesia plebeia as escolas
profissionais em que a leitura e escrita se acham reduzidas ao mínimo.
Outro elemento na educação secular da Idade Média foi constituído pelo desenvolvimento
da cavalaria. A educação do cavaleiro realizava-se no seio da família. Dos sete aos quinze anos,
eram mandados para outro castelo a ser pajem. Aos vinte e um anos, após rigorosas provas de
valentia, o escudeiro é sagrado cavaleiro. A educação deles não destacava as atividades
intelectuais, muitos não sabiam ler e escrever, mas valorizava as habilidades da caça e da guerra e
cuidavam mais com a formação espiritual.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

Questão 01
A importância do ensino de Filosofia, no Ensino Médio, está, dentre outros vários fatores, na
possibilidade de propiciar ao aluno a condição de aprender a pensar. Dito isto, é CORRETO
afirmar que:
a) O ensino de Filosofia, no atual contexto pós-moderno, se apresenta como superado e
descartável.
b) A Filosofia, como uma disciplina acadêmica, firma-se como um objeto de indagação e
investigação para os estudantes secundaristas.
c) A Filosofia, como uma forma encontrada pelo homem para compreender a realidade que o
cerca, não se enquadra na proposta pedagógica do Ensino Médio.
d) Os estudos referentes à Filosofia podem ser abarcados por outras disciplinas, como a História, o
que tornaria o ensino de Filosofia, no nível médio, algo supérfluo.
e) O estudo descritivo e crítico dos processos gerais do conhecimento não deve ser uma
preocupação na formação dos alunos secundaristas.

Questão 02
O ensino de Filosofia deve propiciar aos alunos a possibilidade da reflexão. Sobre o conceito de
reflexão, é CORRETO afirmar que se trata da (do):
a) Operação discursiva do pensamento que consiste em encadear logicamente juízos e deles tirar
uma conclusão.
b) Operação lógica em que, de dados singulares suficientemente enumerados, inferimos uma
verdade universal.
c) Ato do conhecimento que se volta sobre si mesmo, tomando como objetivo seu próprio ato.
d) Ato de influenciar as pessoas por meio da comunicação de massa.
e) Relação estabelecida entre as pessoas, entre os sujeitos.
Questão 03
Moral e Ética, muitas vezes, na linguagem cotidiana, são tidas como sinônimos; porém, para a
Filosofia, compõem áreas distintas do pensamento filosófico. Partindo desta constatação, estaria
CORRETA a afirmação que se completa na alternativa:
a) A Ética se aplica à disciplina filosófica que trata de estabelecer os fundamentos e a validade das
normas morais e dos juízos de valor ou de apreciação sobre as ações humanas, qualificando-as de
boas ou más.
b) A Ética não chamou a atenção de filósofos gregos como Aristóteles.
c) A questão da moral não se enquadra nos estudos sobre Ética.
d) No século XVII, Spinosa negou a importância dos estudos sobre Ética.
e) Os estudos sobre Ética só tomaram fôlego no século XX com a obra de filósofos, como Michel
Foucault e Jean Paul Sartre.

Questão 04
Quando os filósofos se referem à Teoria do Conhecimento, eles estão se remetendo a uma área da
Filosofia que tem por meta:
a) Se opor à chamada Epistemologia.
b) A crítica da Gnoseologia, negando sua importância nos estudos sobre o conhecimento humano.
c) A reestruturação do conceito de racionalidade, substituindo-o pelo de subjetividade.
d) Ao estudo exclusivo das atitudes subjetivas, negando a importância das atitudes lógico-
racionais.
e) O estudo descritivo e crítico dos processos gerais do conhecimento.

Questão 05
Considerando-se o conhecimento metafísico, no que concerne ao conhecimento humano, é
CORRETO afirmar que este:
a) Ocorre, porque a razão humana é capaz de apreender, muito naturalmente, a essência das
coisas.
b) Foge da esfera de atuação da iluminação divina.
c) Partindo da abstração, nega as experiências sensíveis.
d) Não está ligado às noções de verdade e de ação boa.
e) Não se consubstancia a partir de modelos prototípicos, como pensava Platão.

Questão 06
A cosmologia é a parte da filosofia, que estuda o mundo, a natureza, dialogando com a parte da
metafísica, que se ocupa da essência da matéria. Acerca deste conhecimento, podemos associá-
lo:
a) À chamada Epistemologia pós-moderna.
b) À atuação filosófica dos pré-socráticos.
c) Ao mito da caverna de Platão.
d) Aos estudos de Foucault sobre a sexualidade ocidental.
e) Ao estudo desenvolvido por Spinoza sobre a metafísica.

Questão 07
A Lógica investiga a validade dos argumentos e dá as regras do pensamento correto. Acerca desta
área da Filosofia, é CORRETO afirmar que:
a) Se trata do estudo normativo das condições da verdade, ou seja, da consequência e da verdade
da argumentação.
b) Só teve reflexo na obra dos pensadores pré-socráticos.
c) Se limita ao estudo da chamada lógica formal.
d) Encontra em Karl Marx um dos seus mais notórios teóricos.
e) É o principal objeto das indagações filosóficas de Simone de Beauvoir.
Questão 08
Sobre Pitágoras de Samos (século VI a. C.), filósofo, matemático e místico, que atuou em Atenas e
lá fundou uma escola filosófica dedicada à investigação dos mistérios do universo. Sobre o
pensamento de Pitágoras, é CORRETO afirmar que:
a) Renovou ideias herdadas de Aristóteles.
b) Acreditava que o conhecimento deveria modificar as pessoas, e estas deveriam merecer o
conhecimento.
c) Pregava uma relação de total liberdade entre o mestre e seus discípulos.
d) Encontrou eco na obra de filósofos posteriores, como Marco Aurélio.
e) Limitou-se ao estudo dos fenômenos da natureza.

Questão 09
O conceito de Dialética tomou parte nas preocupações filosóficas de pensadores, como Hegel,
Engels e Marx. Sobre o conceito de dialética em Hegel, é CORRETO afirmar que se trata da:
a) Ciência das leis gerais do movimento, tanto do mundo externo como do pensamento humano.
b) Marcha do pensamento que procede por contradição, passando por três fases - tese, antítese e
síntese -, reproduzindo o próprio movimento do ser absoluto ou ideia.
c) Sistematização do chamado materialismo histórico.
d) Organização política e econômica que torna comuns os bens de produção.
e) Situação do filósofo cujo pensamento supõe comprometimento com a situação social e política
vivida.

Questão 10
Sócrates teve um papel importantíssimo na configuração da Filosofia em Atenas, no século V a. C.
Sobre este fato, é CORRRETO afirmar que a preocupação maior da filosofia socrática era a de:
a) Interpretar o mundo como sendo espiritual e organizado, segundo uma moral fundamentada em
verdadeiros conceitos imutáveis.
b) Compreender as causas primeiras e os fins últimos de todas as coisas.
c) Que o autoconhecimento poderia ser obtido por meio da ironia e da maiêutica.
d) Fazer um estudo crítico da história, comparando a história grega com a dos povos orientais, a
fim de mostrar que o mundo era mais amplo do que se imaginava.
e) Mostrar que todo o conhecimento era obtido por intermédio dos sentidos humanos e que, por
esses serem falhos, era relativo e limitado.

21 COMO ERA A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA?


A educação era para poucos, pois
só os filhos (nem todos) dos nobres
estudavam a maioria era analfabeta.
Marcada pela influência da Igreja,
ensinava-se o latim, doutrinas religiosas
e táticas de guerras. Grande parte da
população medieval era analfabeta e não
tinha acesso aos livros. A Igreja era a
dona da cultura e conhecimento, pois
controlava grande parte do saber
herdado da Antiguidade Clássica. Os
mosteiros medievais ficaram célebres
por sua política de hospitalidade, dando
abrigo temporário a peregrinos e andarilhos e pelas minuciosas e caprichosas cópias manuais de
textos e livros da Antiguidade Clássica. Como os livros, pergaminhos, manuscritos e documentos
ficavam nos mosteiros e nas universidades da igreja, os padres detinham praticamente o
monopólio da cultura erudita que, segundo a visão predominante na época, representava um
perigo para as mentes e as crenças cristãs (isso foi bem retratado no filme O Nome da Rosa).
Educação bizantina: Inicialmente, não era para pobres, era só para filhos de ricos... as
escolas bizantinas baseavam a instrução na literatura grega clássica. Os escritores imitavam a
prosa de Tucídides, porque foi o mais profundo historiador da antiguidade, e tinha uma visão
realista e racional, pois se preocupava em narrar os acontecimentos com imparcialidade e
precisão, explicando suas causas. A educação feminina: As moças de famílias nobres não iam à
escolas, mas tutores particulares as orientavam com boa educação em sua própria casa, mesmo
assim havia mulheres que eram médicas.

22 AS UNIVERSIDADES
As universidades
surgidas na Idade Média
representaram um modelo novo
e original de educação superior
que exerce até hoje um
importante papel de
desenvolvimento da cultura. No
século XII, procurava-se
ampliar os estudos de filosofia,
teologia, leis e medicina, a fim
de atender as solicitações de
uma sociedade mais complexa,
surgindo a necessidade de
certos mestres.
A atividade docente na
universidade era desenvolvida
conforme o método da
Escolástica, baseado na literatura e nas discussões, pelas quais os estudantes exercitavam as
artes da dialética. A universidade tornou-se centro de fermentação intelectual, a Igreja que
mantivera a hegemonia da cultura e espiritualidade no Ocidente passou a ser afrontada, o temor
provocado pelas heresias teve a difusão do ressurgimento da cidade. A Igreja conservadora
resolveu instalar a Inquisição ou Santo Ofício, para apontar o “desvio da fé”.
As universidades entraram em decadência no século XIV, pelo dogmatismo decorrente da
ausência de debate, resistindo às mudanças, tentavam manter a influência escolástica de recusa à
observação e experimentação, das tendências que prenunciavam o nascimento da ciência
moderna.

23 A EDUCAÇÃO DAS MULHERES

Na Idade Média as mulheres não tinham acesso à educação formal, a mulher pobre
trabalhava muito ao lado do marido e permaneciam analfabeta, as meninas nobres só aprendiam
algumas coisas quando recebiam aulas em seu próprio castelo, estudavam músicas, religião, artes
liberais. As meninas da burguesia começaram a ter acesso à educação apenas quando surgiram
as escolas seculares.
No século VI os mosteiros recebiam meninas de 6 ou 7 anos a fim de serem educadas a
consagradas servas de Deus, aprendiam a ler, escrever, ocupavam-se com as artes da miniatura e
com cópia de manuscritos.

24 PAGANISMO E CRISTIANISMO
Não há propriamente uma história da
filosofia cristã, assim como há uma
história da filosofia grega ou da filosofia
moderna, pois no pensamento cristão, o
máximo valor, o interesse central, não é a
filosofia, e sim a religião. Entretanto, se o
cristianismo não se apresenta, de fato,
como uma filosofia, uma doutrina, mas
como uma religião, uma sabedoria,
pressupõe uma específica concepção do
mundo e da vida, pressupõe uma precisa
solução do problema filosófico. É o teísmo
e o cristianismo. O cristianismo fornece
ainda uma? Imprescindível? Integração à
filosofia, no tocante à solução do problema
do mal, mediante os dogmas do pecado original e da redenção pela cruz.
E, enfim, além de uma justificação histórica e doutrinal da revelação judaico-cristã em geral,
o cristianismo implica uma determinação, elucidação, sistematização racional do próprio conteúdo
sobrenatural da Revelação, mediante uma disciplina específica, que será a teologia dogmática.
Pelo que diz respeito ao teísmo, salientamos que o cristianismo o deve, historicamente, a Israel.
Mas entre os hebreus o teísmo não tem uma justificação, uma demonstração racional, como, por
exemplo, em Aristóteles, de sorte que, em definitivo, o pensamento cristão tomará na grande
tradição especulativa grega esta justificação e a filosofia em geral. Isto se realizará graças
especialmente à Escolástica e, sobretudo, a Tomás de Aquino. Pelo que diz respeito à solução do
problema do mal, solução que constitui a integração filosófica proporcionada pelo cristianismo ao
pensamento antigo? Que sentiu profundamente, dramaticamente, este problema sem o poder
solucionar? Frisamos que essa representa a grande originalidade teórica e prática, filosófica e
moral, do cristianismo. Soluciona este o problema do mal precisamente mediante os dogmas
fundamentais do pecado original e da redenção da cruz. Finalmente, a justificação da Revelação
em geral, e a determinação, dilucidarão, sistematização racional do conteúdo da mesma, têm uma
importância indireta com respeito à filosofia, porquanto implicam sempre numa intervenção da
razão. Foi esta, especialmente, a obra da Patrística e, sobretudo, de Agostinho.
A Idade Média inicia-se com a desorganização da vida política, econômica e social do
Ocidente, agora transformado num mosaico de reinos bárbaros. Depois vieram as guerras, a fome
e as grandes epidemias. O cristianismo propaga- se por diversos povos. A diminuição da atividade
cultural transforma o homem comum em um ser dominado por crenças e superstições.
O período medieval não foi, porém, a “Idade das Trevas”, como se acreditava. A filosofia
clássica sobrevive, confinada nos mosteiros religiosos. O aristotelismo dissemina-se pelo Oriente
bizantino, fazendo florescer os estudos filosóficos e as realizações científicas. No Ocidente,
fundam-se as primeiras universidades, ocorre a fusão de elementos culturais greco-romanos,
cristãos e germânicos, e as obras de Aristóteles são traduzidas para o latim.
25 PATRÍSTICA

Desde que surgiu o cristianismo, tornou-se necessário explicar seus ensinamentos às


autoridades romanas e ao povo em geral. Mesmo com o estabelecimento e a consolidação da
doutrina cristã, a Igreja católica sabia que esses preceitos não podiam simplesmente ser impostos
pela força. Eles tinham de ser apresentados de maneira convincente, mediante um trabalho de
conquista espiritual. Foi assim que os primeiros Padres da Igreja se empenharam na elaboração de
inúmeros textos sobre a fé e a revelação cristãs. O conjunto desses textos ficou conhecido como
patrística por terem sido escritos principalmente pelos grandes Padres da Igreja.
Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na filosofia Greco-Romana,
tentou munir a fé de argumentos racionais. Esse projeto de conciliação entre o cristianismo e o
pensamento pagão teve como principal expoente o Padre Agostinho. “Compreender para crer, crer
para compreender”. (Santo Agostinho)

26 ESCOLÁSTICA

No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo o seu império e fundar
escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-romana, guardada nos mosteiros até
então, voltou a ser divulgada, passando a ter uma influência mais marcante nas reflexões da
época.

No século VIII, Carlos Magno resolveu


organizar o ensino por todo o seu império e
fundar escolas ligadas às instituições
católicas. A cultura greco-romana, guardada
nos mosteiros até então, voltou a ser
divulgada, passando a ter uma influência
mais marcante nas reflexões da época.
Tendo a educação romana como modelo,
começaram a ser ensinadas as seguintes
matérias: gramática, retórica e dialética (o
trivium) e geometria, aritmética, astronomia e
música (o quadrivium). Todas elas estavam,
no entanto, submetidas à teologia.
A fundação dessas escolas e das
primeiras universidades do século XI fez
surgir uma produção filosófico-teológica
denominada escolástica (de escola). A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma
profunda no pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se deveu à descoberta de
muitas obras de Aristóteles, descobertas até então, e a tradução para o latim de algumas delas,
diretamente do grego.
A busca da harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-se, no entanto, como
problema básico de especulação filosófica. Nesse sentido, o período escolástico pode ser dividido
em três fases:

 Primeira fase – (do século IX ao fim do século XII): caracterizada pela confiança na perfeita
harmonia entre fé e razão.
 Segunda fase – (do século XIII ao princípio do século XIV): caracterizada pela elaboração de
grandes sistemas filosóficos, merecendo destaques nas obras de Tomás de Aquino. Nesta fase,
considera-se que a harmonização entre fé e razão pôde ser parcialmente obtida.
 Terceira fase – (do século XIV até o século XVI): decadência da escolástica, caracterizada pela
afirmação das diferenças fundamentais entre fé e razão.
27 AS CARACTERÍSTICAS FILOSÓFICAS DO CRISTIANISMO

Não há propriamente uma história da filosofia cristã, assim como há uma história da filosofia
grega ou da filosofia moderna, pois no pensamento cristão, o máximo valor, o interesse central,
não é a filosofia, e sim a religião. Entretanto, se o cristianismo não se apresenta, de fato, como
uma filosofia, uma doutrina, mas como uma religião, uma sabedoria, pressupõe uma específica
concepção do mundo e da vida, pressupõe uma precisa solução do problema filosófico. É o teísmo
e o cristianismo.

Não há propriamente
uma história da filosofia cristã,
assim como há uma história
da filosofia grega ou da
filosofia moderna, pois no
pensamento cristão, o máximo
valor, o interesse central, não
é a filosofia, e sim a religião.
Entretanto, se o cristianismo
não se apresenta, de fato,
como uma filosofia, uma
doutrina, mas como uma
religião, uma sabedoria,
pressupõe uma específica
concepção do mundo e da
vida, pressupõe uma precisa solução do problema filosófico. É o teísmo e o cristianismo.
O cristianismo fornece ainda uma? Imprescindível? Integração à filosofia, no tocante à solução do
problema do mal, mediante os dogmas do pecado original e da redenção pela cruz. E, enfim, além
de uma justificação histórica e doutrinal da revelação judaico-cristã em geral, o cristianismo implica
uma determinação, elucidação, sistematização racional do próprio conteúdo sobrenatural da
Revelação, mediante uma disciplina específica, que será a teologia dogmática.
Pelo que diz respeito à solução do problema do mal, solução que constitui a integração filosófica
proporcionada pelo cristianismo ao pensamento antigo? Que sentiu profundamente,
dramaticamente, este problema sem o poder solucionar?
Frisamos que essa representa a grande originalidade teórica e prática, filosófica e moral, do
cristianismo.
Soluciona este o problema do mal precisamente mediante os dogmas fundamentais do pecado
original e da redenção da cruz. Finalmente, a justificação da Revelação em geral, e a
determinação, dilucidação, sistematização racional do conteúdo da mesma, têm uma importância
indireta com respeito à filosofia, porquanto implicam sempre numa intervenção da razão. Foi esta,
especialmente, a obra da Patrística e, sobretudo, de Agostinho.
Foi conquistada a cidade que conquistou o universo. Assim definiu São Jerônimo o
momento que marcaria a virada de uma época. Era a invasão de Roma pelos germanos e a queda
do Império Romano. A avalancha dos bárbaros arrasou também grande parte das conquistas
culturais do mundo antigo.
A Idade Média inicia- se com a desorganização da vida política, econômica e social do
Ocidente, agora transformado num mosaico de reinos bárbaros.
Depois vieram as guerras, a fome e as grandes epidemias. O cristianismo propaga-se por
diversos povos. A diminuição da atividade cultural transforma o homem comum em um ser
dominado por crenças e superstições. Sob a influência da Igreja, as especulações se concentram
em questões filosófico-teológicas, tentando conciliar a fé e a razão. E é nesse esforço que Santo
Agostinho e Santo Tomás de Aquino trazem à luz reflexões fundamentais para a história do
pensamento cristão.

28 FILOSOFIA MEDIEVAL E O CRISTIANISMO

Ao longo do século V d.C., o Império Romano do Ocidente sofreu ataques constantes dos
povos bárbaros. Do confronto desses povos invasores com a civilização romana decadente
desenvolveu-se uma nova estruturação europeia de vida social, política e econômica, que
corresponde ao período medieval. Em meio ao esfacelamento do Império Romano, decorrente, em
grande parte, das invasões germânicas, a Igreja católica conseguiu manter-se como instituição
social mais organizada. Ela consolidou sua estrutura religiosa e difundiu o cristianismo entre os
povos bárbaros, preservando muitos elementos da cultura pagã greco- romana.

29 ANTIGUIDADE ROMANA: EDUCAÇÃO HEROICO-PATRÍCIA

Os aristocratas patrícios
(proprietários e guerreiros) recebem
uma educação que visa perpetuar os
valores da nobreza de sangue e
cultuar os ancestrais. Na Antiguidade,
a família não era nuclear como a
nossa, mas extensa (composta por
pais, filhos solteiros e casados,
escravos e clientes dos quais o
paterfamilias é proprietário, juiz e
chefe religioso). Até os sete anos as
crianças permanecem sob os
cuidados da mãe ou de outra
matrona, “mulher especial”.
Depois dos sete anos, as meninas
continuam no lar aprendendo os
serviços domésticos, enquanto o pai
se encarrega pessoalmente do filho. O menino acompanha o pai às festas e aos acontecimentos
mais importantes, ouve o relato as histórias dos heróis e dos antepassados, decora a Lei das Doze
Tábuas, desenvolvendo a sua consciência histórica e o patriotismo. O menino aprende a cuidar da
terra, trabalho que coloca lado a lado o senhor e o escravo. Aprende a ler, escrever e contar.
Torna-se hábil no manejo das armas, na natação, na luta e na equitação.
Aos 15 anos, o menino acompanha o pai ao foro, praça central onde se faz o comércio e são
tratados os assuntos públicos e privados, e em torno do qual se erguem os principais monumentos
da cidade, inclusive o tribunal, onde aprende o civismo. Aos 16 anos, o jovem é encaminhado para
a função militar ou política. (Educação voltado mais para a formação moral, que intelectual) à
Aprendizagem baseada na vivência cotidiana, entremeada de exemplos que reforçam a
importância da imitação de modelos representados pelo pai e pelos antepassados.

30 EDUCAÇÃO COSMOPOLITA

Roma republicana: desenvolvimento


do comércio, enriquecimento de uma
camada de plebeus e início da expansão
romana tornam mais complexa a sociedade
romana, exigindo outro modo de educar.
Século IV a.C: criação de escolas
elementares particulares – escolas do ludi
(jogo, divertimento) magister (mestre), nas
quais aprende-se demoradamente a ler,
escrever e contar, dos sete aos doze anos.
Os mestres eram pessoas simples e mal
remuneradas. Para desempenhar seu
ofício, ajeitavam-se em qualquer espaço. As
crianças escreviam com estiletes em
tabuinhas enceradas, aprendendo tudo de
cor, ameaçados por castigos. Com o
contato com os povos helênicos, inúmeros
professores gregos ensinam a sua língua, dando início à formação bilíngue dos romanos.
Surgiram as escolas dos gramáticos, em que os jovens de 12 a 16 anos conheciam os
clássicos gregos, ampliando seus conhecimentos literários. Ao mesmo tempo estudavam
geografia, aritmética, geometria e astronomia (disciplinas reais). Iniciavam-se na arte de bem
escrever e bem falar. Surge um terceiro grau de educação (escola do retor = professor de retórica),
pois a retórica exigia o aprofundamento do conteúdo e da forma do discurso. Diferentemente dos
ludi magister e dos gramáticos, os retores eram professores mais respeitados e bem remunerados.
As escolas superiores:
 Desenvolveram-se no decorrer do século I a.C e cresceram durante o Império.
 Eram frequentadas pelos jovens da elite, que se destacavam na vida pública e que, por isso,
deveriam se preparar para as assembleias e tribunas. Estudavam política, direito e filosofia, sem
esquecer as disciplinas reais, próprios de um saber enciclopédico.
 A educação física mereceu a atenção dos romanos, mas com características mais voltadas para
as artes marciais.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO
Questão 01
Platão é apontado como o grande discípulo de Sócrates, do qual fez uma defesa pública no
processo movido contra ele pela aristocracia ateniense. A obra de Platão que nos apresenta a essa
situação é:
a) Diálogos.
b) O Banquete.
c) Ética.
d) Apologia de Sócrates.
e) A Política.

Questão 02
Uma das obras de Aristóteles essenciais aos estudos da sociedade é A Política; escrita no século
III a. C., que influenciou bastante o pensamento de gerações seguintes. Sobre A Política de
Aristóteles, é INCORRETO afirmar que:
a) Os sistemas de governos são estudados.
b) A sociedade doméstica ou familiar é analisada.
c) Não se importa em tematizar os modos de se gerir a coisa pública.
d) A formação do cidadão e a educação dos jovens aparecem como uma das temáticas.
e) A situação das mulheres e dos escravos na sociedade é nela abordada.

Questão 03
A Estética, uma das áreas da Filosofia, pode ser identificada como uma das preocupações
filosóficas de Aristóteles:
a) A principal preocupação da filosofia medieval.
b) A manifestação maior do espírito crítico, segundo os humanistas.
c) O tema excluído dos estudos de adorno e walter benjamin.
d) A área na qual se inaugurou o discurso da pós-modernidade.

Questão 04
Dentre os nomes que se destacaram na Filosofia na Roma Antiga, podemos destacar:
a) Marco Aurélio e suas Meditações.
b) Júlio César e sua Guerra da Gália.
c) Tito Lívio e sua História de Roma.
d) Heródoto e sua História.
e) Petrônio e seu Satiricon.

Questão 05
Acerca da filosofia patrística, é CORRETO afirmar que:
a) Dialogava constantemente com os pressupostos filosóficos de Aristóteles.
b) Negou a influência do pensamento de Platão.
c) Surge no contexto histórico de transição da Idade Antiga para a Idade Média.
d) Renegou temas, como a natureza de Deus e da alma e a vida moral.
e) Encontrou em Santo Agostinho o seu maior contestador e crítico.
Questão 06
Sobre a Escolástica, surgida na Idade Média e tida como uma das manifestações da filosofia
medieval, é CORRETO afirmar que:
a) É o único movimento filosófico originado da sociedade normanda.
b) Consiste no conteúdo formado pela síntese das doutrinas platônico-aristotélicas com as
doutrinas cristãs.
c) Não tinha ligações com a prática pedagógica.
d) Sofreu duras críticas por parte do pensamento de são tomás de aquino.
e) Resistiu a um caráter formalista, repetitivo, verbalista e dogmático.

Questão 07
Sobre a obra de Erasmo de Rotterdam (1466-1536), grande humanista holandês dos primórdios do
século XVI, é CORRETO afirmar que:
a) Não manteve diálogos nem reflexos na reforma luterana.
b) Adotou uma postura de neutralidade em relação às críticas feitas, na época, às posturas da
igreja católica.
c) Evitou envolvimento em polêmicas religiosas comuns à época.
d) Adotou um conceito de loucura retomado posteriormente, por Michel Foucault, no século XX.
e) Sua obra mais conhecida, elogio da loucura (1509), foi escrita na Inglaterra, na casa de Thomas
More.

Questão 08
"O silêncio desses espaços infinitos me apavora..." (Pascal). Esta frase do grande filósofo do
século XVII revela muito dos impulsos da chamada revolução científica deste período. Sobre este
período da História da Filosofia Ocidental, podemos constatar a afirmação de que:
a) Ele não teve nenhuma ligação com o chamado Renascimento.
b) Tinha em Copérnico um dos seus críticos mais argutos, dado a suas ligações com a Inquisição
Católica.
c) Nomes, como Galileu Galilei, tiveram um destaque inconteste no movimento.
d) As ideias de Newton não tiveram tanto impacto na comunidade científica da época.
e) Na Matemática, as contribuições de Fermat ofuscaram as de nomes, como Leibniz, Pascal,
Newton e Descartes.

Questão 09
A obra de René Descartes (1596-1650) foi uma das bases da filosofia moderna, constituindo-se
como referência indiscutível na formação do pensamento pós-medieval. Sobre a obra cartesiana, é
CORRETO afirmar que:
a) Rompeu com o aparato conceitual da escolástica medieval para edificar um sistema de
pensamento próprio.
b) Sua produção se resume à publicação do discurso do método.
c) Nega veementemente a existência de deus em franco ataque à filosofia medieval.
d) Não se ocupou da matemática no seu processo de construção do conhecimento.
e) Sua influência no devir da história da filosofia pode ser caracterizado como limitada ao trabalho
dos autores pós-estruturalistas.

Questão 10
Sobre o chamado Racionalismo Empiricista de tendência anglo-saxônica, que marcou a filosofia
produzida na Europa do século XVII, podemos considerar a:
a) Negação das ideias herdadas do pensamento aristotélico.
b) Recusa na crença da atuação das impressões sensoriais na produção do conhecimento.
c) Reestruturação do pensamento escolástico medieval.
d) Continuidade de algumas ideias de Platão.
e) Produção de nomes, como bacon, Locke, Berkeley e Hume.
31 EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO

Aumenta a intervenção do Estado nos assuntos educacionais: uma bem montada máquina
burocrática para a administração do império requeria funcionários com instrução elementar, pelo
menos. Notável procura por cursos de estenografia (taquigrafia) – sistema de notação rápida.
Recurso exigido cada vez mais na atividade dos notários (hoje conhecidos como tabeliões, mas
inicialmente eram apenas secretários incumbidos de fazer anotações, ao acompanhar os
magistrados e altos funcionários).
Século I a.C: o Estado estimulou a criação de escolas municipais em todo o Império. O
próprio César concedeu o direito de cidadania aos mestres de arte liberais. Século I d.C:
Vespasiano libera de impostos os professores de ensino médio e superior e institui o pagamento a
alguns cursos de retórica, de que beneficia o mestre Quintiliano. Trajano manda alimentar os
estudantes pobres. Outros importantes imperadores legislam sobre a exigência de as escolas
particulares pagarem com pontualidade os professores, definindo o montante a lhes ser pago.
Juliano, no ano 362, oficializou toda a nomeação de professor pelo Estado. Opunha-se à expansão
do cristianismo e pretendia, impedir a contratação de professores cristãos, com essa medida. Outro
destaque da época do Império é o desenvolvimento do ensino terciário, com os cursos de filosofia
e retórica e a criação de cátedras de medicina, matemática, mecânica e escolas de direito.

32 FILOSOFIA TOMISTA: TOMÁS DE AQUINO

TOMÁS DE AQUINO -
(1225-1274) Teve uma vida
inteiramente dedicada a Igreja
Católica, com muita meditação e
estudo. Mas a sua filosofia parte
da pergunta: Deus existe?
Contribuiu muito com a
Filosofia e a Teologia, mas ao
contrário de Agostinho ele via a
filosofia e a teologia como ciências
distintas. Escreveu valiosos
tratados, como a “Suma Teológica,
” onde relata as cinco vias para a
prova da existência de Deus.
Tomás de Aquino foi totalmente
Aristotélico, e como atribuem a
Agostinho a cristianização do pensamento de Platão, a ele é atribuída a cristianização da Filosofia
de Aristóteles.

5 VIAS PARA APROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUS

1ª Via: Movimento – Utiliza-se do pensamento de Ato e Potência de Aristóteles, definindo o


Movimento não como mero movimentar, mas as mudanças do ser. Se tudo é movimento é preciso
que reconheça um primeiro motor a movimentar todas as coisas.
2º Via: Causalidade Eficiente – Fundamentada no pensamento Socrático, e tem muito a ver
com a primeira via. O Movimento é limitado? Quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha? Sim o
movimento e finito, por todo causa chega-se a um causante, se investigar a fundo chega a um
causante incausado. A quem ele atribui a Deus.
3º Via: Contingente – Também partindo de uma investigação de ato e potência. Nem tudo
tem sua razão por existi em si mesmo, por se chega a compreensão de um ser incontingente.
4º Via: Graus de Perfeição – Da filosofia platônica, Tomás de Aquino diz que na observância
do mundo se percebe em todas as coisas a hierarquia, uma escada de submissão. Do m menos
não é possível se extrair o que for mais. “Os estercos servem as ervas, as ervas a vaca, que dela
se alimenta. A vaca serve ao homem com o leite. E o homem a quem serve se não a Deus?
5º Via: Ordem do Universo – Há uma ordem perfeita em todas as coisas, não existe ordem
sem haver uma inteligência ordenadora. Seria impossível acreditar que foi uma mera explosão que
deu origem ao Universo, explosão é caos e não ordem. Como as águas estão perfeitamente
reunidas no oceano? As estações do ano, Distância exata do Sol a Terra, nem próximo demais que
mate todos queimados, e nem distante de mais que congelasse toda a superfície da Terra.

Leitura complementar
A relação da filosofia com a educação existe desde o mundo grego. Os filósofos gregos, em busca da
virtude humana, foram os que deram início às discussões sobre a filosofia da educação e seu sentido
no mundo. Pode-se dizer que a filosofia da educação surgiu do forte vínculo entre a filosofia e a
pedagogia estabelecido no decorrer dos anos, pois a filosofia, preocupada com as formas do
conhecimento perfeito, orientou o homem segundo a razão, inferindo um pensamento pedagógico que
busca a perfeição.
Presente na dicotomia e na relação que parece animá-la, a filosofia da educação da segunda metade
do séc. XX tematiza o contraste entre cultura científica e cultura humanística. A diversificação,
bastante clara nos últimos anos, permeia de um lado a filosofia de cunho descritivo e, de outro, a
filosofia de tipo histórico e ontológico.
A filosofia da educação, no seu acontecer histórico, esclareceu muitas dúvidas, contribuindo para
transformações qualitativas na sociedade. Torna-se importante retomar e discutir o sentido do filosofar
nos cursos de formação de professores, para que os futuros profissionais da educação possam
atribuir novos significados às práticas docentes. Na medida em que há uma racionalidade que não
podem mais simplesmente explicitar o modelo de ensino idealizado ou lógico de filosofia, introduz-se a
possibilidade de reconduzir as propostas pedagógicas a partir do reconhecimento intersubjetivo e
hermenêutico de conjugação entre a filosofia e a prática educativa.
Acredita-se que a Filosofia leva ao trabalho de pensar, refletir, raciocinar e, assim, despertar o senso
crítico e, consequentemente, auxiliar a construir uma nova visão de sociedade, onde, pressupõe-se
que a educação é a principal responsável pelas transformações da mesma.
Historicamente, pode-se ver que a educação vem sofrendo modificações, as quais, por sua vez, visam
torná-la mais adequada à realidade. Entretanto, a Filosofia afirma que é a partir do convívio e da ação
do homem com e sobre a realidade, que ele se forma e se estrutura. Assim sendo, constata-se que o
senso comum a respeito da educação é o de uma formação fragmentária, incoerente, desarticulada,
enfim, totalmente desprovida de certeza. Enquanto na consciência filosófica acontece o contrário,
pois, é uma concepção com total coerência, unidade e articulação. E ainda fornece à educação uma
reflexão sobre a sociedade na qual está situada. Entretanto, compreende-se que a educação está
aberta a questionamentos.
Por isso, acredita-se que a Filosofia é uma das muitas alternativas para se tentar pensar a educação
como instrumento de transformação social. Dessa forma, concorda-se com LUCKESI (1990, p.33)
quando afirma que, "a reflexão filosófica sobre a educação é que dá o tom a pedagogia, garantindo-
lhe a compreensão dos valores que, hoje, direcionam a prática educacional e dos valores que deverão
orientá-la para o futuro". Então, se constata que a Pedagogia nada mais é do que uma concepção
filosófica da Educação, a qual deve ser exercida nas práxis, para obter seus melhores resultados.
33 ANTIGUIDADE ROMANA: A HUMANISTAS

Podemos distinguir três fases na educação romana: a latina original, de natureza patriarcal; depois,
a influência do heletismo é criticada pelos defensores da tradição; por fim, dá-se a fusão entre a
cultura romana e a helenística, que já supõe elementos orientas, mas nítida supremacia dos
valores gregos.
A educação na Roma arcaica teve, sobretudo, caráter prático, familiar e civil, destinada e formar
em particular o civis romanus, superior aos outros povos pela consciência do direito como
fundamento da própria “romanidade”.
Os civis romanusera,
porém, formado antes de tudo
em família pelo papel central do
pai, mas também da mãe, por
sua vez menos submissa e
menos marginal na vida da
família em comparação com a
Grécia. A mulher em Roma era
valorizada como mater famílias,
portanto reconhecida como
sujeito educativo, que
controlava a educação dos
filhos, confiando-os a
pedagogos e mestres.
Diferente, entretanto, é o papel
do pai, cuja auctoritas,
destinada a formar o futuro cidadão, é colocada no centro da vida familiar e por ele exercida com
dureza, abarcando cada aspecto da vida do filho (desde a moral até os estudos, as letras, a vida
social). Para as mulheres, porém, a educação era voltada a preparar seu papel de esposas e
mães, mesmo se depois, gradativamente, a mulher tenha conquistado maior autonomia na
sociedade romana. O ideal romano da mulher, fiel e operosa, atribui a ela, porém, um papel familiar
e educativo.
Os romanos tinham uma mentalidade prática; procuravam alcançar resultados concretos
adaptando os meios aos fins. Enquanto os gregos julgavam e mediam todas as coisas pelo padrão
da racionalidade, da harmonia ou da proporção, os romanos julgavam tudo pelo critério da utilidade
ou da eficácia. Por isso os romanos sempre consideraram os gregos como um povo visionário e
ineficiente, enquanto os gregos consideravam os romanos como bárbaros sórdidos, com força de
caráter e valor militar, mas incapazes de apreciar os aspectos superiores da vida.

34 EXISTENCIALISMO

Para o existencialismo a essência humana se constrói na existência concreta. O homem


nasce sem essência, e somente depois, a partir de sua existência, irá construir sua essência como
homem.
Esta essência dependerá da decisão que o homem tomará. Poderá ele acomodar-se com os
fatos, não correr o risco da liberdade, e assim deixar-se tragar pela massa insossa constituída por
todos os outros, e assim perder sua identidade, assumindo a moral do rebanho. Será então o
inautêntico, o nojento, repleto de vícios, o homem de "má-fé" que existe como coisa, pois não teve
coragem para assumir o risco da liberdade. Ou então, o homem poderá assumir o verdadeiro risco
da liberdade. Assim enfrentará o nada, e a possibilidade da morte, que o fará inicialmente sentir-se
angustiado perante o fato de que a morte seja o fim de todos os projetos e possibilidades, mas
depois de encarado tal desafio, ele finalmente se tornará autêntico, construindo sua essência como
ser humano.
Assim, para o existencialista, a educação verdadeira é aquela que possibilita o homem a
construção de sua essência a partir da liberdade. A educação deve transformar o homem em ser
autêntico, e não em apenas mais um no rebanho. Portanto a educação como impositora de normas
para a reprodução do sistema não serve para o existencialismo, pois transforma o homem em
inautêntico, já que o ensina a respeitar a moral da aceitação e da submissão.
A educação, então, deverá libertar o homem das amarras, permitir a ele que se construa
como homem dentro do processo histórico, sem que seja condicionado por forças que lhe vendam
os olhos e que lhe impeça de construir sua existência/essência.
O homem existencialista é o homem da luta, da coragem, que não tem medo do terrível
desafio que a liberdade lhe impõe com todo o risco de solidão e angústia. A educação deve levar o
homem a enfrentar este risco. Aliás, a educação não deve levar o homem, pois ele deverá
conduzir-se a isso. A educação então deverá lhe abrir a possibilidade, talvez lhe mostrar o
caminho. E isto só é possível através de uma educação libertadora em todos os sentidos.
Esta educação deverá também mostrar ao homem que a sua liberdade está estritamente
vinculada à responsabilidade pois o ato responsável do homem também é o ato responsável por
toda a humanidade.

35 ESSENCIALISMO

O essencialismo desconsidera os seres reais considerando-os em seus aspectos ideais. O


ideal de bondade, justiça, felicidade etc. São ideais que transcendem o aspecto natural, isto é, que
não é acessível a um conhecimento por meio da experiência. A leitura essencialista de mundo se
estabelece no período da Antiguidade grega, século V a.C. e Idade Média. Para o essencialismo
há uma substância, uma essência humana que identifica cada espécie e tem por característica ser
universal, vale dizer, que se estende a tudo, por toda parte e que tem o caráter de absoluta
generalidade.

Nesta perspectiva existe uma natureza humana, desde sempre dada, sendo que a ação
humana é resultado desta necessidade intrínseca, ou seja, desde sempre estabelecida e dada. Em
outras palavras, já nascemos com certa potencialidade que deve passar por um trabalho em
direção a um fim que seria a perfeição.
O homem, nessa perspectiva é um ser educável. Sua essência é a racionalidade. Trata-se,
portanto, de uma educação dirigida ao espírito. Podemos destacar como principais representantes
desta filosofia educacional os filósofos Platão (428-347 a.C.), Aristóteles (384-324 a.C.), Santo
Agostinho, (354-430 d.C.) e Santo Tomás de Aquino (1227-1274 d.C.). Na perspectiva
essencialista O real constitui uma ordem ontológica: tanto o mundo como o homem são vistos
como entes/substâncias que realizam uma essência. A essência de cada ente contém e define as
características específicas de cada um, que são universais e comuns a todos os indivíduos da
mesma espécie. A perfeição de cada ente se avalia pela plenitude de realização dessas
potencialidades intrínsecas.

36 A EDUCAÇÃO DIFUSA

Nas sociedades tribais, a educação das crianças se dava de forma difusa. Elas aprendiam
imitando os ofícios dos adultos, tendo assim já a certeza do papel que deviam desempenhar
quando fossem adultos. Ainda hoje, na sociedade contemporânea a educação difusa permanece,
embora sob um diferente aspecto.
O conhecimento técnico, científico, não é passível de ser transmitido por imitação, requer
metodologia e um processo sistematizado de transmissão e avaliação. Este conhecimento
tecnicista visa formar profissionais para o mercado de trabalho e as exigências do mundo
capitalista.
Porém, não é só nos bancos escolares que se dá a educação. Visto que educação não é só
um saber técnico, é uma maneira de ver o mundo, de entender a sociedade, de exercer o papel de
cidadão dentro dela, com direitos e deveres conscientes. Não basta se inserir no mercado de
trabalho é preciso aprender para a vida também.
A criança se auto educa em todos os ambientes que ela frequenta. Os comportamentos de
todos os adultos com que ela convive, formam a base da sua educação. Constituem os seus
valores e complementam a formação da pessoa como um todo.
O educando imita o adulto, principalmente quando tem com ele laços afetivos bem estabelecidos e
seguros. Por isso a melhor maneira de se ter uma criança bem-educada e compreendê-la
enquanto criança. Se ela se sentir amada, valorizada e respeitada, a educação difusa que se dá
em casa, soma-se, para complementar seu desempenho escolar.

37 QUATRO IMPORTANTES FILÓSOFOS DA EDUCAÇÃO


Não há nada que esteja menos sob o nosso domínioque o coração, e, longe de podermos
comandá-lo, somos forçados a obedecer-lhe.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)


No texto do livro Emile, de
Rousseau, é bastante clara a
passagem da Filosofia da Educação
para uma Teoria Educacional, e um
Método pedagógico. O pressuposto
básico de Rousseau, quando sua
filosofia aborda o tema da educação,
era a crença na bondade natural do
homem, e a atribuição à civilização da
culpa de corrompê-lo.
O modo adequado de educar
seria proteger o indivíduo da
influência corruptora da sociedade,
estimulando adequadamente o
desenvolvimento de sua bondade natural no processo educativo. Para isto o aluno deveria ser
educado com base na sua curiosidade e nas suas motivações naturais. Enquanto ao mesmo
tempo mantendo-se em mente o contexto social no qual o aluno futuramente se integrará. Isto
somente pode ser conseguido através de um método muito bem controlado.

Método Pedagógico
Seu método de educação era o de retardar o crescimento intelectual, permitindo à criança
demonstrar seus próprios interesses em um assunto e fazer suas próprias perguntas. No estágio
da puberdade a sensibilidade do jovem deveria ser educada sem que houvesse qualquer restrição
moral em seu ambiente, até os 15 anos. O objetivo é que o aluno desenvolva plenamente seu Eu
natural. Obviamente, uma tal educação só seria possível se o aluno fosse totalmente isolado da
sociedade e não tivesse contato social, senão com seu mestre. O aluno somente entraria na
sociedade quando a tendência para a socialização surgisse como uma de suas necessidades
naturais.

Herbart: (1776-1841)

O Ocidente havia quase um século seguia as diretrizes fundamentalista Educação propostas


pelo filósofo alemão Johann Friedrich Herbart, que teve várias gerações de seguidores, a partir da
Alemanha. Segundo ele, a ação pedagógica se orienta por três procedimentos: o governo, a
instrução e a disciplina.
a) O governo: é a forma de controle da agitação da criança, inicialmente exercido pelos pais e
depois pelos mestres, com a finalidade de submeter a criança às regras do mundo adulto e
viabilizar o início da instrução.
b) A instrução é o principal procedimento da educação e pressupõe o desenvolvimento dos
interesses. O interesse determina quais as ideias e experiências que receberão atenção por parte
do indivíduo. Herbart não separa a instrução intelectual da instrução moral, pois para ele, uma é
condição da outra.
c) Para que a educação seja bem-sucedida é conveniente que sejam estimulados o surgimento de
múltiplos interesses.
d) A disciplina é a responsável por manter firme a vontade educada, no caminho e propósito da
virtude, supondo autodeterminação, que é uma característica do amadurecimento moral levando
para a formação do caráter que está sendo proposta, ao contrário do governo, que é heterônomo e
exterior, mais adequado ao trato com as crianças pequenas.

O Método de Instrução Herbartiano.


Herbart propõe 5 passos formais que favorecem o desenvolvimento da aprendizagem do aluno:
 Preparação: o mestre recorda o que a criança já sabe para que o aluno traga ao nível da
consciência a massa de ideias necessárias para criar interesse pelos novos conteúdos;
 Apresentação: a partir do concreto, o conhecimento novo é apresentado;
 Assimilação: o aluno é capaz de comparar o novo com o velho, distinguindo semelhanças e
diferenças;
 Generalização: além das experiências concretas, o aluno é capaz de abstrair, chegando a
conceitos gerais, sendo que esse passo deve predominar na adolescência;
 Aplicação: através de exercícios, o aluno evidencia que sabe usar e aplicar aquilo que aprendeu
em novos exemplos e exercícios. É deste modo, e somente deste modo, que a massa de ideias
passa a ter um sentido vital, perdendo o aspecto de acumulação de informações inúteis para o
indivíduo.
Os fatores determinantes de sua influência no pensamento pedagógico foram:
a) O caráter de objetividade de análise,
b) A tentativa de psicometria,
c) O rigor dos passos a serem seguidos para a instrução e a sistematização que imprimiu ao seu
método.
Para ele, o conhecimento é dado pelo mestre ao aluno, de modo que só mais tarde este o
aplica a experiências vividas. Sua educação é pela instrução, e neste caso, possui um caráter mais
intelectualista.
Uma das contribuições mais duradouras de Herbart para a educação é o princípio de que a
doutrina pedagógica, para ser realmente científica, precisa comprovar-se experimentalmente –
uma idéia do filósofo Immanuel Kant que Herbart desenvolveu.
Surgiram daí as escolas de aplicação, que conhecemos até hoje. Elas respondem à
necessidade de alimentar a teoria com a prática e vice-versa, num processo de atualização e
aperfeiçoamento constantes. Muitas das contribuições de Herbart para a psicologia e a pedagogia
continuam valiosas, mas seu pensamento e a prática que dele se originou no século 19 se
tornaram ultrapassados, sobretudo com o aparecimento do movimento da escola ativa. O norte-
americano John Dewey, por exemplo, fez duras críticas à doutrina Herbartiana.

John Dewey (1859-1952)

38 A CONDUTA HUMANA E A EDUCAÇÃO

A análise da relação da conduta humana e a da educação tem três premissas basilares e


apresenta algumas consequências.
I) A natureza humana é corrompida ou bárbara. Concepção religiosa da natureza humana.
Concepção da filosofia do século XVIII. Determinismo spenceriano do século XIX. A função do
conhecimento, segundo Dewey. Concepção atual da natureza humana. Indeterminismo do
progresso social ou moral.
II) A atividade humana é um simples meio para se atingir o bem, que é um fim estranho ou
superior a atividade. Vida é preparação. Diferentes aspectos dessa concepção. Erro de fato e erro
de compreensão. Erro de fato: o homem é, por sua natureza, passivo; a atividade é um dever.
Origem geral desse erro: a imperfeita organização social.
III) Erro de compreensão: concepção inadequada do funcionamento de meios e fins na vida
humana. Desenvolvimento da teoria de John Dewey a respeito do seu verdadeiro funcionamento.
Ilustração demonstrativa da inversão que se opera, com a explicação da moral tradicional, na
ordem real dos fatos. Espiritualismo e materialismo, vítimas do mesmo equívoco.
IV) A organização atual da vida justifica esse erro. Exceções: vida infantil, vida de alguns
homens. Identidade da atividade com o próprio fim da vida.
V) As regras da conduta humana fluem de princípios eternos e estranhos à experiência
positiva dos homens. Princípios extra-humanos ou, puramente, ideais. Necessidade de
fundamentos experimentais para os "princípios" ou "hipóteses" diretores da moral. Assim, o bem ou
a felicidade está na atividade presente, dirigida inteligentemente.

39 MORAL CIENTÍFICA E MORAL TRADICIONAL

Há uma ciência da moral e da conduta humana. E também ela está a passar por uma
transformação sensível, baseada no estudo objetivo da natureza humana. Essa transformação
deve impregnar toda a vida da escola, se é que lhe cabe, conforme vimos, o papel predominante
na formação do homem. Até os dias de hoje a conduta humana não se pôde guiar por conceitos
positivos e experimentais similares aos que caracterizam as demais ciências. E isso por quê?
Porque, como em relação às ciências naturais quando eram tratadas pelo método da magia, o
problema tem sido fundado em pressupostos falsos.
Que era a magia? A sua concepção básica era a mesma da ciência - causalidade dos
fenômenos. Reputavam-se, porém, misteriosas as causas que governavam esses fenômenos e
misteriosos os meios de controlá-las. Ainda encontramos, nas religiões, vestígios dessa
concepção. Para o indiano, a malária que lhe mina o organismo, não é causada pelos germes com
que o infetam os mosquitos, mas pela necessidade, em que se acha, de purgar nesta vida os
pecados de vidas pregressas. Não há, pois, outro meio de tratar-se, senão pela oração e
penitência.
A essência da magia está aí: o tratamento dos fenômenos naturais como efeitos originários
de causas misteriosas. Está claro que, enquanto assim pensar, não poderão progredir, com aquele
indiano, a biologia ou a patologia. Para todo o sempre, ele continuará a rezar, a fazer penitência e
a ter malária.
Tem sucedido com a Moral uma coisa semelhante.

Os moralistas - ao traçarem a ciência do Bem - têm partido do pressuposto de que a


natureza humana é essencialmente má e que o ideal seria se a pudéssemos substituir por
qualquer outra coisa. Daí decorre que o reinado da moral ou do bem, como os moralistas o
concebem, é estranho à natureza humana. Qualquer coisa acima ou fora dela, a que temos de
conformá-la ou que temos de conquistar com o sacrifício dessa pobre natureza. E como uma e
outra coisa são mais ou menos impossíveis, estamos como estávamos em relação à ciência, no
tempo da magia - absolutamente incapazes de progresso. Hoje, como ontem, como há vinte e há
trinta séculos, nós continuamos a pregar, em moral, uma coisa e a fazer outra. E a moral que nos
devia fazer felizes, apenas nos faz mais infelizes. O estudo recente da natureza biológica e social
do homem, em bases positivas e científicas, que nos deverá dar, afinal, uma ciência da saúde, da
eficiência e da felicidade do homem.
Longe de nós a suposição ingênua de que se irão suprimir da vida as suas perplexidades,
as suas incertezas e os seus fracassos. Não se irão suprimir, mas chegaremos a explicá-los. E
tornando-os, desse modo, compreensíveis, torná-los-emos aproveitáveis para uma crescente
reorganização do futuro. A grande transformação estará em fazer da conduta moral do homem
uma consequência dos conhecimentos positivos a que o homem vai chegando em fisiologia e em
psicologia.
Quando chegarmos a conceber o mal como um simples funcionamento anormal dos órgãos
biossociais do homem - digamos assim -, e tivermos para com ele a mesma atitude experimental
que temos para com os males físicos, teremos dado o primeiro passo para uma ciência moral.
Em vez da moral "espiritual", isto é, presa a preconceitos imutáveis e eternos, uma moral
experimental baseada nas conclusões de uma ciência do homem. Na sua glorificação da
"natureza", o que realmente glorificam são os impulsos, os apetites e os desejos - tudo que é mais
vulgar e menos pessoal na natureza humana. Submeter-se às paixões, tornando-se delas
miseráveis ou elegantes escravos, a fórmula suprema da liberdade.
Escandalizar os burgueses é o dístico romântico que insculpem em seus escudos de Dom
Quixotes do prazer. Nunca uma concepção de individualidade foi tão limitada e, sobretudo, tão
ininteligente. Os grandes burgueses são, pelos menos, inteligentes. Na vida eles querem alguma
coisa e o querem com força e lucidez, e manipulam devidamente os meios, inclusive a moral, para
consegui-la.

40 MORALIDADE ÉTICA

Aqueles românticos, vencidos no que desejam, o que, bem possivelmente, seria o mesmo
que os burgueses, refugiam-se num amor tolo e indiscriminado à natureza e aos seus impulsos.
Há, porém, um terceiro grupo. É o dos que tomam a sério a moral como qualquer coisa estranha às
atualidades da vida e à natureza do organismo humano. Esses se preocupam com o progresso
espiritual de suas almas. Com a perfeição interior. Com a análise inquieta dos seus motivos de
ação. Vivem a perscrutar a natureza íntima de suas ações.
‘A "vida quotidiana" é para esses homens uma coisa atroz. A vida de ação, de negócios, de
política - a inconsciência organizada. A vida daqueles apaixonados da "natureza", uma degradação
sem limites. Vivem fora do mundo. Mas, pelo menos, dir-se-ia, esses são perfeitos e felizes, esses
vingam a maldade e a corrupção dos outros. Não é verdade.
Primeiro, esse grupo confirma os outros dois. É uma razão, às avessas, em favor dos outros. Se a
vida moral exige que desprezemos a própria vida, exige que a renunciemos - de que mais se
precisa para provar que ela está errada, está afastada de seu objetivo? Segundo, estão longe da
pureza imaginada os componentes desse terceiro grupo.
O isolamento mental em que se comprazem, o desprezo que alimentam pela vida material, a
convicção em que se mantêm de que são os últimos homens de espírito em um mundo sórdido de
materialistas, fazem brotar em seus corações uma qualidade de orgulho de que não têm sequer
conhecimento os homens comuns, os que viajam na planície. Esse orgulho gera uma inumanidade
característica. As fórmulas doces do amor dos homens não são percebidas por esses cavalheiros
do espírito. Foi tal inumanidade que, em outros tempos, permitiu todos os suplícios e que hoje
continua a permiti-los sob formas mais sutis e mais encobertas.
Analisemos as premissas em que se funda essa moral que faz da vida de cada um a
tragédia ou a comédia que todos conhecemos e, do mesmo passo, indiquemos o que nos
pareceria a correção dos seus erros. São três as premissas fundamentais da moral tradicional,
como foi entendida até os começos deste século.

1. Considerar a natureza humana como qualquer coisa impura e corrompida ou bárbara, incapaz
de chegar naturalmente a um desenvolvimento feliz.
2. Considerar a atividade humana em si, não como o bem, mas como simples meio de atingir o
bem, que era estranho ou superior a essa atividade.
3. Considerar que as regras da conduta humana fluem de princípios morais preconcebidos e
estranhos à experiência racional ou positiva. Esses princípios se prendem a uma ordem espiritual
sagrada, que se não pode modificar sem graves prejuízos para os homens.
Essas três premissas fizeram da vida humana a trama obscura e contraditória onde não há
lugar para a felicidade, entendida como resultado de um desenvolvimento normal e progressivo da
individualidade. A confusão que acontece entre as palavras Moral e Ética existem há muitos
séculos. A própria etimologia destes termos gera confusão, sendo que Ética vem do grego “ethos”
que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando
costumes.
Esta confusão pode ser resolvida com o esclarecimento dos dois temas, sendo que Moral é
um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas
são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava moral como a
“ciência dos costumes”, sendo algo anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter obrigatório.
Já a palavra Ética, Motta (1984) defini como um “conjunto de valores que orientam o
comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo,
outrossim, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu
meio social.
A Moral sempre existiu, pois, todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a
distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando o homem passou a
fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A Ética
teria surgido com Sócrates, pois se exigi maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas
morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por
convicção e inteligência. Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral
é eminentemente prática. Uma completa a outra, havendo um inter-relacionamento entre ambas,
pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis.
Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um traidor? Em situações
como esta, os indivíduos se deparam com a necessidade de organizar o seu comportamento por
normas que se julgam mais apropriadas ou mais dignas de ser cumpridas. Tais normas são aceitas
como obrigatórias, e desta forma, as pessoas compreendem que têm o dever de agir desta ou
daquela maneira. Porém o comportamento é o resultado de normas já estabelecidas, não sendo,
então, uma decisão natural, pois todo comportamento sofrerá um julgamento. E a diferença prática
entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, assim Ética é uma espécie de legislação do
comportamento Moral das pessoas. Mas a função fundamental é a mesma de toda teoria: explorar,
esclarecer ou investigar uma determinada realidade.

41 UMA NOVA FORMA DE CONHECIMENTO SEGUNDO A FILOSOFIA E SEUS PENSADORES

A nova forma de pensar da Filosofia Moderna culminou no Racionalismo (René Descartes) e


no Empirismo (Francis Bacon, John Locke, David Hume) e preparou, de certa forma, o caminho
para o Criticismo Kantiano. Veja um pouco de cada uma dessas correntes. Em Descartes, a ideia
de sujeito é o mesmo que: substância pensante, descobrindo com isso a posição do cogito (do
pensamento), definindo-o como substância do sujeito, (metafísica da subjetividade). Para ele, a
verdade está no interior do próprio sujeito: a certeza da consciência de si. O conhecimento está na
consciência do sujeito pensante enquanto representação e/ou adequação entre a “coisa” (o
mundo) e o pensamento (o cogito).
A substancialização do sujeito, em Descartes, reduz o corpo a uma extensão física e que
não contribui positivamente na busca da verdade. A garantia da existência das coisas, do mundo,
nos é dada pela substância pensante que se reconhece através dos seus modos e de suas ações
como sendo a afirmação do próprio pensar, ou seja, os modos de vida do indivíduo ou a sua ética.
A subjetividade é constituída justamente em sua autonomia para com o mundo pelo processo de
afirmação da consciência, do pensamento.
A modernidade se consolida a partir de Descartes, acentuando suas bases no poder da
razão caracterizando o sujeito moderno cartesiano, fundador do conhecimento, já que a verdade se
encontra no interior de si mesmo enquanto certeza da consciência de si. O sujeito pensante é,
então, um sujeito individual. O importante em Descartes é mostrar como se dá o distanciamento na
constituição da subjetividade (do pensamento, da consciência) entre o pensar e a realidade
corpórea. Sendo assim, ele surge na modernidade como o filósofo criador do sujeito individual,
totalmente separado do mundo das coisas.
Jhon Locke, David Hume e Francis Bacon foram os primeiros empiristas e fundadores da
ciência moderna, viam a mente como uma tábula rasa, e que o conhecimento vem de nossos
sentidos e experiências. Francis Bacon, influenciado pelo contexto histórico político da Inglaterra -
cuja ciência do momento era focada na experiência, observações e julgamentos do senso comum -
começou a questionar a mente humana e as suas falhas, afirmando que o entendimento humano,
de sua natureza peculiar facilmente supõe um maior grau de ordem e igualdade nas coisas do que
realmente encontra.
Locke compara as mentes a uma lousa em branco, ou tabula rasa. Em vez de ser o
conhecimento inato, Locke escreve todo o conhecimento baseia-se e, finalmente, deriva-se de
sentido, ou algo análogo a ele, que pode ser chamado de sensação. Hume considera que de um
lado há o conhecimento obtido pela aplicação do raciocínio, pela construção de relações lógicas e
de outro, há o conhecimento das questões de fato, que busca expressar conexões e relações
descrevendo ou explicando fenômenos concretos. Ele acredita que o conhecimento tem por
fundamento princípios da mente: impressões, ideias, imaginação, hábito e crença. A experiência
seria assim, uma apreensão da realidade externa através dos sentidos que forma a base
necessária de todo conhecimento.
Para Kant e o Iluminismo Criticista, o sujeito seria constituído de uma estrutura racional
dotada de formas a priori da sensibilidade, do entendimento e da razão que indicaria aquilo que o
homem poderia ou não conhecer, existindo duas formas da sensibilidade responsáveis por ordenar
as sensações ou impressões no sujeito: espaço e tempo. Ele critica na tradição da filosofia é a
iniciativa dos filósofos em colocar a realidade objetiva como prioridade sem se perguntarem pela
natureza da própria razão.

42 O EMPIRISMO DE JOHN LOCKE

Sobre a linha do desenvolvimento do empirismo, Locke representa um progresso em


confronto com os precedentes: no sentido de que a sua gnosiologia fenomeniza-empirista não é
dogmaticamente acompanhada de uma metafísica mais ou menos materialista. Limita-se a nos
oferecer, filosoficamente, uma teoria do conhecimento, mesmo aceitando a metafísica tradicional, e
do senso comum pelo que concerne a Deus, à alma, à moral e à religião. Com relação à religião
natural, não muito diferente do deísmo abstrato da época; o poder político tem o direito de impor
essa religião, porquanto é baseada na razão. Locke professa a tolerância e o respeito às religiões
particulares, históricas, positivas.
Locke viajou fora da Inglaterra, especialmente em França, onde ampliou o seu horizonte
cultural, entrou em contato com movimentos filosóficos diversos, em especial com o racionalismo.
Tornou-se mais consciente do seu empirismo, que procurou completar com elementos racionalistas
(o que, entretanto, representa um desvio na linha do desenvolvimento do empirismo, procedente
de Bacon até Hume).
John Locke nasceu em Wrington, em 1632. Estudou na Universidade de Oxford filosofia,
ciências naturais e medicina. Em 1665 foi enviado para Brandenburgo como secretário de legação.
Passou, em seguida, ao serviço de Loed Ashley, futuro conde de Shaftesbury, a quem ficou fiel
também nas desgraças políticas. Foi, portanto, para a França, onde conheceu as personalidades
mais destacadas da cultura francesa do "grand siècle". Em 1683 refugiou-se na Holanda, aí
participando no movimento político que levou ao trono da Inglaterra Guilherme de Orange. De volta
à pátria, recusou o cargo de embaixador e dedicou-se inteiramente aos estudos filosóficos, morais,
políticos. Passou seus últimos anos de vida no castelo de Oates (Essex), junto de Sir Francisco
Masham. Faleceu em 1704.
As suas obras filosóficas mais notáveis são: o Tratado do Governo Civil (1689); o Ensaio
sobre o Intelecto Humano (1690); os Pensamentos sobre a Educação (1693). As dotes principais
do pensamento de Locke são: o nominalismo escolástico, cujo centro famoso era Oxford; o
empirismo inglês da época; o racionalismo cartesiano e a filosofia de Malebranche.

43 O PENSAMENTO: A GNOSIOLOGIA

Locke julga, como Bacon, que o fim da filosofia é prático. Entretanto - diversamente de
Bacon, que julgava fim da filosofia o conhecimento da natureza para dominá-la (fim econômico) -
Locke pensa que o fim da filosofia é essencialmente moral; quer dizer: a filosofia deve proporcionar
uma norma racional para a vida do homem. E, como os seus predecessores empiristas, ele sente,
antes de mais nada, a necessidade de instituir uma investigação sobre o conhecimento humano,
elaborar uma gnosiologia, para achar um critério de verdade. Podemos dizer que a sua filosofia se
limita a este problema gnosiológico, para logo passar a uma filosofia moral (e política, pedagógica,
religiosa), sem uma adequada e intermédia metafísica.
Locke não parte, realisticamente, do ser, e sim, fenomenisticamente, do pensamento. No
nosso pensamento acham-se apenas ideias (no sentido genérico das representações): qual é a
sua origem e o seu valor? Locke exclui absolutamente as ideias e os princípios que deles se
formam, derivam da experiência; antes da experiência o espírito é como uma folha em branco, uma
tabula rasa.
No entanto, a experiência é dúplice: externa e interna. A primeira realiza-se através da
sensação, e nos proporciona a representação dos objetos (chamados) externos: cores, sons,
odores, sabores, extensão, forma, movimento, etc. A segunda realiza-se através da reflexão, que
nos proporciona a representação das próprias operações exercidas pelo espírito sobre os objetos
da sensação, como: conhecer, crer, lembrar, duvidar, querer, etc. Nas ideias proporcionadas pela
sensibilidade externa, Locke distingue as qualidades primárias, absolutamente objetivas, e as
qualidades secundárias, subjetivas (objetivas apenas em sua causa).
O nominalismo de Locke, compreende-se como, para ele, é impossível a ciência verdadeira
da natureza, considerada como conhecimento das leis universais e necessárias. Locke julga
também inaplicável à natureza a matemática - reconhecendo-lhe embora o caráter de verdadeira
ciência - isto é, não acredita na físico-matemática, à maneira de Galileu. Entretanto, mesmo que a
ciência da natureza não nos desse senão a probabilidade, a opinião, seria útil enquanto prática.
Até aqui foram analisados e descritos os conteúdos de consciência. É mister agora propor a
questão do seu valor lógico. Costuma-se dizer que as ideias são "verdadeiras ou falsas"; melhor
seria chamá-las "justas ou erradas", porque, propriamente, "a verdade e a falsidade pertencem às
proposições", em que se afirma ou se nega uma relação entre duas ideias. E esta relação,
afirmada ou negada, pode ser precisamente falsa ou verdadeira. O conhecimento da relação
positiva ou negativa entre as ideias é, segundo Locke, de dois tipos: intuitivo e demonstrativo. No
primeiro caso a relação é colhida intuitiva, imediata e evidentemente. Por exemplo: 3 = 2 + 1. No
segundo caso a relação é colhida mediatamente, recorrendo às ideias intermediárias, ao raciocínio.
Por exemplo: a existência de Deus demonstrada pela nossa existência e pelo princípio de
causalidade. Naturalmente, a demonstração é inferior à intuição.

44 IDEIAS METAFÍSICAS

Estamos, porém, ainda fechados no mundo subjetivo, fenomênico; de fato, tratou-se, até
agora, de relações positivas ou negativas, concordes ou desacordes com as ideias. Podemos nós
sair desse mundo subjetivo e atingir o mundo objetivo, isto é, podemos conhecê-lo imediatamente
ou mediatamente na sua existência e na sua natureza? Locke afirma-o, sem mostrar, entretanto,
como este conhecimento do mundo externo possa concordar com a sua geral (fenomenista)
concepção e definição do conhecimento. É a sólita posição de um fenomenismo ainda não
plenamente consciente de si mesmo. Corta as relações com o ser e vai para o fenomenismo
absoluto, mas tem ainda saudade desse ser do qual se isolou.
Em todo caso, Locke acredita poder atingir, antes de tudo, o nosso ser, depois o de Deus, e,
finalmente, o das coisas. O nosso ser seria intuitivamente percebido através da reflexão. A
existência de Deus seria racionalmente demonstrada mediante o princípio de causa, partindo do
conhecimento imediato de uma outra existência (a nossa). A existência das coisas seria sentida
invencivelmente, porque nos sentimos passivos em nossas sensações, que deveriam ser causadas
por seres externos a nós.
Entretanto, pelo que diz respeito ao nosso ser, é mister ter presente que nós não
conhecemos intuitivamente a substância da alma, e sim as suas atividades. Pelo que diz respeito a
Deus, a prova da sua existência vale, se vale absolutamente o princípio de causa - o que Locke
não demonstrou. Enfim, pelo que diz respeito às coisas externas, mesmo admitida a prova aduzida
por Locke - segundo a confissão do próprio filósofo - tal prova vale apenas pelo que concerne à
existência das coisas, e não pelo que concerne à natureza delas. De fato, segundo a filosofia de
Locke, não sabemos se as ideias da natureza das coisas correspondem à realidade das coisas.

45 MORAL E POLÍTICA

Locke não admite, naturalmente, ideias e princípios inatos nem sequer no campo da moral.
A sua moral, todavia, é muito mais intelectualista do que empirista, pois ele lhe reconhece o caráter
de verdadeira ciência, universal e necessária. Entretanto, não basta ter construído uma moral em
abstrato, embora racional. É preciso torná-la praticamente eficaz, isto é, faz-se mister uma
obrigação moral, que se imponha à nossa vontade. Ora, visto que é natural, no homem, a
tendência para o próprio bem-estar, é natural que ele seja atingido pelas penas, pelas sanções,
que precisamente lhe impedem tal realização. Que parte tem a liberdade da vontade em tudo isto?
Locke nega, propriamente, o livre arbítrio, porquanto nós nos inclinamos necessariamente para um
bem determinado e devemos desejar o bem maior.
Quanto à política, Locke deriva a lei civil da lei natural, racional, moral, em virtude da qual
todos os homens - como seres racionais - são livre iguais, têm direito vida e à propriedade; e,
entretanto na vida política, não podem renunciar a estes direitos, sem renunciar à própria
dignidade, à natureza humana. Locke admite um originário estado de natureza antes do estado
civilizado. Não, porém, no sentido brutal e egoísta de inimizade universal; mas em um sentido
moral, em virtude do qual cada um sente o dever racional de respeitar nos outros a mesma
personalidade que nele se encontra.
Também Locke admite a passagem do estado de natureza ao estado civilizado, porquanto,
no primeiro, falta a certeza e a regularidade da defesa e da punição, que existe no segundo, graças
à autoridade do superior. Entretanto, estipulando este contrato social, os indivíduos não renunciam
a todos os direitos, porquanto os direitos que constituem a natureza humana (vida, liberdade,
bens), são inalienáveis; mas renunciam unicamente ao direito de defesa e de fazer justiça, para
conseguir que os direitos inalienáveis sejam melhor garantidos. Antes, se o estado violasse esses
direitos inalienáveis, os indivíduos teriam o direito e o dever de a ele resistir e de se revoltar contra
o poder usurpador. A doutrina política de Locke, contida no seu Tratado sobre o Governo Civil, é a
expressão teórica do constitucionalismo liberal inglês, em contraste com a doutrina do absolutismo
naturalista de Hobbes.

46 IDEIAS PEDAGÓGICAS
Com respeito à religião,
Locke toma uma atitude
racionalista moderada. Admite
uma religião natural, exigível
também politicamente, porquanto
fundamentada na razão. E
professa a tolerância a respeito
das religiões particulares,
históricas, positivas. Locke
interessou-se especialmente
pelos problemas pedagógicos,
escrevendo os Pensamentos
sobre a Educação. Aí afirma a
nossa passividade, pois
nascemos todos ignorantes e
recebemos tudo da experiência; mas, ao mesmo tempo, afirma a nossa parte ativa, enquanto o
intelecto constrói a experiência, elaborando as ideias simples.
Afirma-se que todos nascemos iguais, dotados de razão; mas, ao mesmo tempo, todos
temos temperamentos diferentes, que devem ser desenvolvidos de conformidade com o
temperamento de cada um. Esta educação individual não exclui, mas implica a educação, a
formação social, para ampliar, enriquecer a própria personalidade. Tem muita importância a obra
do educador, mas é fundamental a colaboração do discípulo, pois trata-se da formação do
intelecto, da razão, que é, necessariamente, autônoma. A formação educacional consiste, portanto,
fundamentalmente, no desenvolvimento do intelecto mediante a moral, precisamente pelo fato de
que se trata de formar seres conscientes, livres, senhores de si mesmos. Por conseguinte, a
educação deve ser formativa, desenvolvendo o intelecto, e não informativa, erudita, mnemônica.
Igualmente Locke é fautor de educação física, mas como o meio para o domínio de si mesmo.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO
Questão 01
A chamada Escola de Frankfurt marcou a Filosofia da primeira metade do século XX, tendo como
temática chave a(o) desestruturação das ideias herdadas do materialismo histórico.
a) Crítica da indústria cultural e do capitalismo.
b) Reestruturação do socialismo francês do século xix.
c) Dilema entre a ética e as políticas públicas liberais.
d) Crítica da razão em moldes pós-estruturalistas.

Questão 02
Nos estudos sobre Fenomenologia, a obra de Martin Heidegger se destaca como referência
indiscutível. Sobre este grande pensador do século XX, é CORRETO afirmar que:
a) Se opôs ao Nazismo alemão, sendo uma das figuras emblemáticas da resistência ao
totalitarismo e ao antissemitismo.
b) Desenvolveu uma filosofia da existência totalmente pautada nas contribuições de seu mestre
Husserl.
c) Defendeu a reestruturação do conceito de subjetividade, apresentando-o como substituto do
conceito de racionalidade.
d) Dentre suas obras, destaca-se a publicação de Ser e Tempo.
e) Não se interessou pelo estudo das relações entre ciência e tecnologia.

Questão 03
"O homem é condenado a ser livre". Esta frase de Jean Paul Sartre sintetiza o movimento
filosófico, que marcou a Europa no pós-Segunda Guerra Mundial, a saber o (a):
a) Estruturalismo.
b) Pós-modernidade.
c) Pós-estruturalismo.
d) Dodecafonismo.
e) Existencialismo.

Questão 04
O estruturalismo, surgido na França da primeira metade do século XX, exerceu uma forte influência
em relação ao modo de pensar de vários intelectuais, nas mais distintas áreas com abrangências
na Antropologia, na Filosofia, na História. Essa forma de pensar as estruturas sociais encontra
respaldo, principalmente, na obra de:
a) Jürgen Habermas.
b) Marti Heidegger.
c) Antonio Gramsci.
d) Gilles Deleuze.
e) Claude Levi-Strauss.
Questão 05
A perspectiva neopositivista da filosofia do século XX encontra repercussão na obra dos autores
citados abaixo, com EXCEÇÃO de:
a) Ludwig Wittgenstein.
b) Jacques Lacan.
c) Karl Popper.
d) Bertrand Russell.
e) Rudolf Carnap.

Questão 06
Nascido em Viena, Áustria, em 1859, este filósofo, lógico e matemático, que faleceu em 1951,
concentrou suas investigações filosóficas na análise da lógica da linguagem e nos seus diversos
usos, tendo suas idéias influenciado diversas áreas do pensamento contemporâneo. Dentre seus
trabalhos, podemos destacar o Tractatus Logico - Hilosophicus e a Investigação Filosáfica.
Estamos nos referindo a:
a) Cornelius Castoriadis.
b) Sören Kierkegaard.
c) Matthew Lipman.
d) Karl Jaspers.
e) Ludwig Wittgenstein.

Questão 07
O pensamento de Michel Foucault exerce influência atualmente em várias áreas do conhecimento
humano e da produção científica. Foucault produziu sua obra na segunda metade do século XX, e
sobre ela é CORRETO afirmar que:
a) Sofreu forte influência do positivismo.
b) Abordou, de forma praticamente pioneira, temas, como a loucura e a sexualidade.
c) Refutou ideias defendidas por Nietzsche no século XIX.
d) Desenvolveu propostas levantadas anteriormente por Habermas.
e) Encontrou no pragmatismo sua melhor classificação.

Questão 08
As obras de Gilles Deleuze e de Michel Foucault estão ligadas à chamada:
a) Arqueogenealogia.
b) Psicanálise.
c) Fenomenologia.
d) Hermenêutica.
e) Linguística.

Questão 09 - Considere as proposições abaixo acerca das caraterísticas de alguns filósofos


contemporâneos.
I- Simone de Beauvoir, além de ser uma das grandes teóricas do feminismo moderno, se destacou
no existencialismo.
II- Hannah Arendt, em sua obra, procurou articular a reflexão sobre política, técnica, ética, trabalho
e a própria atividade intelectual da reflexão.
III- Cornelius Castoriadis busca dar sua contribuição ao pensamento filosófico contemporâneo,
recuperando a tradição grega em confronto com as principais correntes de pensamentos da
atualidade, como o marxismo e a fenomenologia.

Considerando-se as afirmativas acima, é CORRETO afirmar que:


a) Todas as proposições são falsas.
b) Apenas II está correta.
c) Todas as afirmações estão corretas.
d) Apenas III está incorreta.
e) Só I está correta.
Questão 10
A Educação e a Sociedade andam sempre em constante compasso. O professor de Filosofia tem
de estar atento a esta realidade. A sociedade vem mudando nos últimos anos e desejando outro
tipo de pessoa, tanto no nível de relações com o conhecimento quanto no de relações afetivas,
éticas e político-sociais. Neste contexto, a Filosofia:
a) Pode ajudar nesse sentido, pois atua no aprimoramento do pensar e oferece oportunidades de
aprender a aprender.
b) É completamente dispensável, já que a sociedade contemporânea prioriza o conhecimento
tecnicista.
c) Se torna incapaz de responder às inquietações da sociedade, por trabalhar com utilidades
imediatas.
d) Não encontra espaço no currículo escolar, por ser um conhecimento dispensável no atual
projeto pedagógico.
e) Não dialoga com as necessidades exigidas do pensar, comunicar-se, agir e sentir.

47 DESCARTES E AS CONDIÇÕES DO CONHECIMENTO VERDADEIRO

René Descartes (1596-1650),


filósofo francês, e
reconhecidamente o “pai da
filosofia moderna” é o principal
representante do racionalismo,
cujos fundamentos se encontram
em suas obras Discurso sobre o
método e Meditações
metafísicas. Movido pelo espírito
científico da época e apoiado na
matemática, uma de suas
paixões, Descartes encaminha
suas reflexões filosóficas em
direção à verdade. A percepção
de que o homem se engana com
facilidade e de que os conhecimentos provenientes dos sentidos são muitas vezes duvidosos,
impulsiona Descartes na busca de certezas inabaláveis.
Dessa maneira, ele encontra na dúvida um caminho seguro para encontrar a verdade:
Converte a dúvida em método. Começa duvidando de tudo, das afirmações do senso comum, dos
argumentos da autoridade, dos testemunhos dos sentidos, das informações da consciência, das
verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior e da realidade do seu próprio
corpo.
A dúvida metódica conduz Descartes a um primeiro conjunto de verdades: “Eu duvido, isso é
certo. Se duvido, é porque eu penso, isso também é certo. Se eu penso, eu existo: é certo que eu
existo porque eu penso”. Cogito, ergo sum, isto é, “Penso, logo existo”: eis a primeira certeza
cartesiana, da qual é possível ter-se uma ideia clara e distinta. O Cogito cartesiano (“eu penso”)
fundamenta a possibilidade da ciência: admitem-se como verdade apenas ideias claras e distintas.
A evidência racional é o critério que deve guiar todo o ser humano na construção do conhecimento.
48 LOCKE: A CONSCIÊNCIA – O EU, A PESSOA, O CIDADÃO E O SUJEITO.

John Locke (1632-1704), também filósofo inglês, expõe em sua obra Ensaio acerca do
entendimento humano, os fundamentos do empirismo. Tem como finalidade principal “investigar a
origem, certeza e extensão do conhecimento humano”. Para Locke, a mente humana é uma folha
de papel em branco (tabula rasa) e todas as ideias têm origem em duas fontes, a sensação e a
reflexão.
Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel em branco, desprovido de
todos os caracteres, sem quaisquer ideias; como ela será suprida? De onde lhe provém este vasto
estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou nela com uma variedade quase
infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo,
numa palavra, da experiência.
Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio
conhecimento. Empregada tanto nos objetos sensíveis externos como nas operações internas de
nossas mentes, que são por nós mesmos percebidas e refletidas, nossa observação supre nossos
entendimentos com todos os materiais do pensamento. Dessas duas fontes jorram todas as
nossas ideias, ou as que possivelmente teremos.
Em primeiro lugar, os sentidos percebem os objetos sensíveis e imprimem na mente as
imagens desses objetos. Nisso consiste a sensação, uma experiência externa, primeira fonte das
ideias para efetivar o conhecimento humano. Em segundo lugar, as operações da própria mente
sobre as ideias que já possui constituem a segunda fonte de ideias, denominada reflexão, uma
experiência interna, que consiste na percepção das operações que a própria mente realiza – a
percepção, o pensamento, o duvidar, o crer, o raciocinar, o conhecer, o querer e todos os
diferentes atos de nossas próprias mentes.
Quanto à política, Locke deriva a lei civil da lei natural, racional, moral, em virtude da qual
todos os homens – como seres racionais – são livres iguais, têm direito vida e à propriedade; e,
entretanto, na vida política, não podem renunciar a estes direitos, sem renunciar à própria
dignidade, à natureza humana. Locke admite um originário estado de natureza antes do estado
civilizado. Não, porém, no sentido brutal e egoísta de inimizade universal; mas em um sentido
moral, em virtude do qual cada um sente o dever racional de respeitar nos outros a mesma
personalidade que nele se encontra.
49 NA EDUCAÇÃO

A relação da filosofia com a educação existe desde o mundo grego. Os filósofos gregos, em
busca da Arete humana, foram os que deram início às discussões sobre a filosofia da educação e
seu sentido no mundo. Viam na educação um meio necessário para o alcance de uma cultura ideal
e de uma alma purificada, capaz de elevar o homem ao conhecimento inteligível, apostando na
busca de um ideal artístico de cultura. A busca pela educação ideal é representada por Platão na
metáfora da “alegoria da caverna”, no momento em que um dos homens presos no fundo de uma
caverna consegue se libertar do conhecimento da roxa, enxergando a luz da verdadeira realidade.
“O caminho da Filosofia, para Platão, era o de conhecer a realidade por conceitos, até perceber
que a própria realidade é ela mesma, o mundo das ideias, dos conceitos puros, ou mais
exatamente, das formas puras” (Ghiraldelli, 2001, p.32-33).
Na visão platônica, a filosofia deveria transcender a contingência histórica, contribuindo para
o processo de esclarecimento da verdadeira sabedoria, na superação das falsas crenças, lançando
a ideia de uma educação para a virtude, uma educação perfeita, com a qual o homem se torna
culto e erudito. A epistemologia, enquanto teoria do conhecimento, é o campo da filosofia que se
debruça sobre uma série de questões representadas pelo seguinte esquema:
Assim, a nossa “missão” nesta aula é acompanhar as diferentes respostas dadas pelos filósofos a
esses questionamentos e, se possível, criamos, nós mesmos, novas e intrigantes perguntas. Mas,
antes, precisamos refletir sobre algumas questões preliminares. Objetivos de aprendizagem:
 Relacionar os diversos tipos de conhecimento;
 Identificar e compreender as condições de possibilidade do conhecimento;
 Diferenciar e articular os principais argumentos das epistemologias abordadas.

E, nessa expectativa, a educação acabou tornando-se objeto de estudos e reflexão da


filosofia desde os tempos gregos. Pode-se dizer que a filosofia da educação surgiu do forte vínculo
entre a filosofia e a pedagogia estabelecido no decorrer dos anos, pois a filosofia, preocupada com
as formas do conhecimento perfeito, orientou o homem segundo a razão, inferindo um pensamento
pedagógico que busca a perfeição. Assim, percebe-se a disciplina sendo marcada pela história do
pensamento filosófico, com fundamentos e objetivos voltados aos entendimentos da tradição.
Na questão da educação, Locke afirma-se que todos nascemos iguais, dotados de razão;
mas, ao mesmo tempo, todos temos temperamentos diferentes, que devem ser desenvolvidos de
conformidade com o temperamento de cada um. Esta educação individual não exclui, mas implica
a educação, a formação
social, para ampliar,
enriquecer a própria
personalidade. Tem muita
importância à obra do
educador, mas
fundamental a colaboração
do discípulo, pois se trata
da formação do intelecto,
da razão, que é,
necessariamente,
autônoma. A formação
educacional consiste,
portanto,
fundamentalmente, no
desenvolvimento do
intelecto mediante a moral, precisamente pelo fato de que se trata de formar seres conscientes,
livres, senhores de si mesmos. Por conseguinte, a educação deve ser formativa, desenvolvendo o
intelecto, e não informativa.

50 O MÉTODO CIENTÍFICO E AS CIÊNCIAS HUMANAS


O filósofo Francis Bacon, no início do século XVII, criou uma expressão ao referir-se ao
objeto do conhecimento científico: “A Natureza atormentada”, ou seja, fazer a natureza reagir a
condições artificiais criadas pelo homem, que poderia controlar e dominar a natureza. Dessa forma,
o homem não se contenta somente em conhecer as coisas, mas transformá-las, de modo artificial,
a construção do mundo físico, biológico e humano (psíquico, social, político e histórico). Assim, por
exemplo, a organização do processo de trabalho nas indústrias é considerada científica, pois se
baseia nos conceitos de psicologia, sociologia, economia etc., que permite dominar e controlar o
trabalho humano (controle mente e corpo, segundo Foucault).
A lógica, a serviço da razão e a medida em que esta se torna instrumental, a ciência torna-
se um instrumento de dominação, mas que não seja percebida como tal, cria suas ideologias
através da escola e dos meios de comunicação de massa. A ciência humana considera o próprio
homem como seu objeto. Esta ideia do homem como objeto de estudo científico surgiu no século
XIX, bastante recente, e procura empregar meios racionais para definir os acontecimentos
históricos, a razão do homem nesse aspecto e suas relações com o meio, as transformações das
sociedades e das estruturas sociais.

51 O PENSAMENTO GREGO: PLATÃO


O pensamento político de Platão é decorrente da sua forma de explicar a realidade através
da Teoria das Ideias. Vamos, então, explicar a Teoria das Ideias. Platão afirma que existem dois
mundos: um mundo sensível e um mundo inteligível. O mundo sensível é marcado pelas
aparências porque é apenas cópia e sombra do mundo das Ideias. O mundo das Ideias é o lugar
das essências imutáveis de todas as coisas, dos verdadeiros modelos e arquétipos. O mundo das
Ideias é o único mundo verdadeiro.
As ideias, também chamadas de protótipos ou formas, são modelos únicos e perfeitos de
todas as coisas existentes. As ideias não têm matéria e são inacessíveis aos sentidos. Somente a
alma tem acesso ao conhecimento das ideias. As Ideias são eternas, perfeitas e imutáveis. Há uma
Ideia para cada série de homens, mulheres, animais e demais seres existentes. Estas ideias
obedecem uma hierarquia e em seu ponto mais alto está a Ideia do BEM, a mais perfeita e mais
geral de todas. Todos os seres existem à medida em que participam do BEM, considerado a
Beleza Suprema, isto é, o Deus de Platão. Todos os seres são criados pelo Demiurgo (um ser
divino artesão), que contempla as Ideias e, usando uma matéria-prima, vai moldando tudo o que
existe. A matéria resiste a essa fabricação e surge a diversidade dos seres da mesma espécie.
Platão tem uma concepção dualista do ser humano. Nós somos formados pelo corpo e pela alma.
O corpo está ligado ao mundo sensível e a alma está ligada ao mundo das Ideias. Os dois
estão juntos, mas a convivência é marcada pela violência. A alma vivia no mundo das Ideias de
forma livre e independente. Ao se encarnar, a alma imortal deve viver aprisionada num corpo
corruptível e mortal, que resiste à sua orientação. O corpo é fonte dos baixos instintos e das
paixões e precisa ser conduzido pela alma. A alma precisa se libertar dos desejos e paixões físicas
para voltar purificada ao mundo das Ideias, onde ficará de acordo com a sua evolução, aguardando
o momento de voltar ao mundo sensível ou ficar definitivamente no Mundo das Ideias (Platão
acreditava na reencarnação). A alma racional ou intelectiva, que corresponde à razão, reside na
cabeça. A alma irascível reside no peito e corresponde às emoções e à agressividade.
A alma concupiscível está localizada no ventre e fica voltada para os prazeres do mundo
sensível. A alma racional tem a tarefa de manter a harmonia entre elas. O conhecimento
verdadeiro ocorre através da alma racional. A alma teve uma vida anterior no mundo das Ideias e
contemplou os objetos únicos e perfeitos. Vivendo no mundo sensível, a alma vai se recordando
das Ideias que havia contemplado na vida anterior no mundo das Ideias. As almas precisam
recordar o conhecimento porque ao voltarem para o mundo material, elas bebem a água do rio do
esquecimento, ainda no mundo das Ideias.
Vocês notaram, assim, que para Platão, a alma é superior ao corpo, que é considerado a
prisão da alma. É necessário que a alma se liberte do corpo para que possa retornar ao Mundo das
Ideias, onde tudo é perfeito. A partir desse pensamento, Platão considera que as atividades
intelectuais são mais importantes do que as atividades manuais. Em função dessa teoria e devido
a sua frustração em relação à democracia ateniense (é importante lembrar que foram os políticos
atenienses que condenaram Sócrates à morte), Platão propôs a constituição de um governo e de
uma sociedade totalmente diferentes - a República - para superar a democracia decadente e
autoritária de Atenas.
A República, idealizada por Platão, seria governada por pessoas inspiradas pelo bem
comum. A República de Platão deveria ser dividida em três grupos sociais, semelhança das almas
dos indivíduos: os filósofos, grupo dirigente que corresponde alma racional, os guardiães ou
soldados, encarregados da defesa da cidade, equivalem à alma irascível, os produtores
(agricultores e artesãos) são comparados à alma concupiscível. Os dirigentes receberiam uma
longa, complexa e exigente educação, que teria por base a ginástica, a música, a poesia e a
história, passando pela matemática e culminando na filosofia, a ciência do Bem. Só tendo
contemplado o Bem, alguém seria capaz de participar do governo da cidade, voltando-se para o
interesse geral. A classe dos produtores receberia uma educação elementar até os vinte anos e
depois as pessoas assumiriam as suas funções de trabalho manual. A classe dos guardiões
receberia uma educação até os trinta anos para o melhor desempenho da defesa da cidade. A
classe dirigente continuaria seus estudos. Aos cinquenta anos, os membros da classe dirigente
que passassem por todos os testes e provações seriam admitidos no corpo supremo dos
magistrados.
Vejam, de forma esquemática, como seria a estrutura social da República defendida por Platão.
República
o Classe Dirigente - Filósofos - Alma Racional - Governo da Cidade
o Classe dos Guardiães - Soldados - Alma Irascível - Defesa da Cidade
o Classe dos Produtores - Agricultores e Artesãos - Alma Concupiscível - Manutenção da Cidade

52 ARISTÓTELES

Aristóteles afirmava que o ser


humano é, por natureza, um animal
social e político. Portanto, o fato do
homem viver em sociedade é uma
consequência natural da sua própria
essência. O ser humano, por ser
social e político, deve viver na pólis,
ou seja na cidade. Aristóteles defendia
que o dever do Estado era garantir o
bem-estar do cidadão. No entanto,
Aristóteles tem uma visão elitista da
política. Para ele, só poderia exercer
um cargo político quem tivesse tempo
livre para atuar nas assembleias. Ora,
trabalhadores e escravos estariam eliminados de participar dos destinos da pólis, ou seja, de
serem cidadãos participativos da política, porque deveriam estar continuamente trabalhando.
Somente os proprietários (elite) teriam condições efetivas de trabalharem como políticos.

53 O PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO

Maquiavel (1469-1527) realiza uma revolução no modo de pensar a política. O seu


pensamento difere dos gregos que tratavam a política numa linha normativa, isto é, a idealização
de um governante para administrar os assuntos da polis, e do pensamento medieval que abordava
a política em uma perspectiva religiosa. Maquiavel trabalha a política com uma postura autônoma,
isto é, não busca mais idealizar um governante ou explicar os acontecimentos políticos sob a ótica
da religião. Pelo contrário, Maquiavel desenvolve um pensamento realista, por isso é considerado o
fundador da ciência política.
Por isso, sua preocupação é analisar como os homens agem de fato para conquistarem e se
manterem no poder, a fim de proporcionar a melhor prática da ação política. Maquiavel garante a
autonomia da ciência política, afastando-a do controle da religião, fazendo da reflexão política uma
atividade secularizada, ou seja, centrada nas questões concretas do cotidiano independente da
autoridade religiosa. Para Maquiavel, o governante virtuoso é aquele que age certo na hora certa,
ou seja, sabe aproveitar os momentos certos para agir, a fim de conquistar e manter o poder.
Todos os valores éticos são vistos sob a ótica das consequências do ato político. Em determinados
momentos, por exemplo, o governante precisará agir com força, caso seja necessária para conter
uma revolta que esteja ameaçando o controle da situação de quem está no poder. Podemos ver
em Maquiavel um pensador que tem uma visão pragmática da ação política, ou seja, sua
preocupação é mostrar como e porque pessoas conseguiram se manter ou não no poder. Sua
contribuição está exatamente no fato de estabelecer a autonomia da ciência política.

54 OS SOFISTAS

Os mitos gregos eram recolhidos pela tradição e transmitidos oralmente pelos medos e
lapsodos, cantores ambulantes que davam forma poética a esses relatos e os recitavam de cor em
praça pública. A grande aventura intelectual não começa propriamente na Grécia Continental, mas
nas colônias gregas: na Jônia e na Magna, foi lá que se originou o pensar filosófico. Neste trabalho
mostraremos quem eram os sofistas, o pensamento político de Platão (suas obras e legado para a
Filosofia), mostraremos também que foi Aristóteles e suas formas de governo.
Um tanto difícil
discorrer sobre tudo, mas
tentaremos expor através
de pesquisas (em livros
didáticos e também livros
de autoria de Platão e
Aristóteles) o pensamento
político grego e sua política
normativa. Os sofistas
sempre foram mal
interpretados devido às
críticas que deles faziam
Sócrates e Platão. A
história da filosofia nos dá
nem faz referência a eles.
A palavra sofista,
etimologicamente, vem de
sophos, que significa “sábio”, ou melhor, “professor de sabedoria”. Mas no sentido pejorativo,
significa “homem que emprega sofismas”, ou seja, alguém que usa de raciocínio capcioso, de má
fé, com intenção de enganar.
Bem verdade que este momento não se dirige ao povo em geral, mas a uma elite, àqueles
bons oradores que poderiam, nas assembleias públicas, fazer uso da palavra livre e pronunciar
discursos convincentes e oportunos. A retórica será o instrumento desse processo e os sofistas, os
mestres, da nova arte política.

55 TEORIA DOS DOIS MUNDOS DEFENDIDA POR PLATÃO


O centro de suas teorias era a de ideias e formas. Platão defendia que nós seres humanos
participamos de dois mundos diferentes. O primeiro é o mundo físico no qual experimentamos
através de nossos sentidos corporais e através desses sentidos temos contato com o mundo
inferior.
O outro mundo no qual Platão chama de mundo superior ou mundo das formas composto de
essência imaterial e eterna que para ele é o mundo ideal no qual aprendemos com nossas mentes.
Ele defendia que o que encontramos no mundo físico são cópias ou exemplos imperfeitos de
absolutos imutáveis como bondade, justiça, beleza e verdade. E também acreditava que essas
formas do mundo ideal existiriam independente de alguém pensar nelas e que são universais, ou
seja, podem estar em várias coisas ao mesmo tempo.
Para Platão, o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo
das Ideias. Cada objeto concreto que existe participa, junto com todos os outros objetos de sua
categoria de uma Ideia perfeita.
Uma determinada caneta, por exemplo, terá determinados atributos (cor, formato, tamanho
etc). Outra caneta terá outros atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a outra.
Aquilo que faz com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Ideia de Caneta, perfeita, que
esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia de Platão diz, então, que algo é na
medida em que participa da Ideia desse objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de
Platão são coisas como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.
Os mais famosos sofistas foram: Protágoras, Górgias, Híppias, Trasímaco, Pródico,
Hipódamos, etc. vindos de todas as partes do mundo grego desenvolvem um ensino itinerante
pelos locais em que passam, mas não se fixam em lugar nenhum. Para escândalo dos seus
contemporâneos costumam cobrar pelas aulas. Por esse motivo, Sócrates os acusava de
prostituição.
Outra obra importante foi a sistematização do ensino. Formam um currículo de estudos:
gramática - da qual foram os iniciadores - retórica e dialética. Com o brilhantismo da participação
no debate público, deslumbram os jovens do seu tempo. Desenvolvem um espírito crítico e a
facilidade de expressão, mas são com frequência acusados de superficialidade e logo maquia, ou
seja, de pronunciar um discurso vazio, um palavreado oco. Não deixaram obra escrita, apenas
citações de outros filósofos, e como já vimos sempre tendenciosas.

56 O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR: UMA CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO


Vive-se um momento de
profundas transformações. Não se
sabe ao certo para onde se
caminha e nem qual o caminho a
trilhar. A sociedade atual encontra-
se em profunda crise, na qual
somos remetidos a repensar
nossos valores e atitudes. Nesse
contexto incerto, o papel do
profissional da educação precisa
ser repensado. É necessário que o
professor se posicione não mais
neutro, ele pode ascender à
sociedade usando a educação
como instrumento de luta, levando
a população a uma consciência crítica que supere o senso comum.
Nessa perspectiva, entende-se que o povo de posse desse saber mais elaborado poderá vir
a ter condições de se proteger contra a exploração das classes dominantes se organizando para a
construção de uma sociedade melhor, menos excludente, e realmente democrática. Não se pode
esperar que tal organização brote espontaneamente, mas sim por meio da educação que pode
caminhar lado a lado com a prática política do povo.
Educadores e educadoras precisam engajar-se social e politicamente, percebendo as
possibilidades da ação social e cultural na luta pela transformação das estruturas opressivas da
sociedade classista. Para isso, antes de tudo necessitam conhecer a sociedade em que atuam, e o
nível social, econômico e cultural de seus alunos e alunas. Educadores e educadoras não podem
se colocar na posição de ser superiores, que ensinam um grupo de ignorantes, mas sim na posição
humilde daqueles que comunicam um saber relativo a outros que possuem outro saber relativo.
Como educadores engajados em um processo de transformação social, necessita-se que
esses profissionais acreditem na educação, e, mesmo não tendo uma visão ingênua, acreditando
que essa sozinha possa transformar a sociedade em que está inserida, e acreditem que sem ela
nenhuma transformação profunda se realizará. É preciso confiar nessas mudanças e esperar o
inesperado.
Observamos nesse curso que toda teoria pedagógica tem seus fundamentos baseados num
sistema filosófico. É a filosofia que, expressando uma concepção de homem e de mundo, dá
sentido à Pedagogia, definindo seus objetivos e determinando os métodos da ação educativa.
Nesse sentido, não existe educação neutra. Ao trabalhar na área de educação, é sempre
necessário tomar partido, assumir posições. E toda escolha de uma concepção de educação é,
fundamentalmente, o reflexo da escolha de uma filosofia de vida. Ao pensar filosoficamente, o
educador foge da simplicidade, da ingenuidade e das explicações mágicas ao interpretar os
problemas do cotidiano, buscando aprofundar sua análise, não se satisfazendo com as aparências,
buscando a causalidade dos fatos de forma inquieta e intensa.
A educação é considerada o único instrumento apropriado para a construção de uma
sociedade laica e justa, gerenciada por um aparelho estatal que se inaugura a partir de um projeto
político iluministicamente concebido e juridicamente implementado. Nessa perspectiva, cabe à
filosofia da educação empenhar-se na construção de uma imagem de homem como sujeito da
educação, buscando uma visão integradora que leve em consideração a historicidade desse ser.

ATIVIDADES DE FIXAÇÃO
Questão 01
Leia o texto para responder à questão.
Platão:
A massa popular é assimilável por natureza a um animal escravo de suas paixões e de seus
interesses passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus amores e seus ódios; confiar-lhe o
poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do menor rigor. Quanto às
pretensas discussões na Assembleia, são apenas disputas contrapondo opiniões subjetivas,
inconsistentes, cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem o seu caráter insuficiente.
(Citado por: CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 17). Os
argumentos de Platão, filósofo grego da antiguidade, evidenciam uma forte crítica à:
a) Oligarquia
b) República
c) Democracia
d) Monarquia
e) Plutocracia

Questão 02
A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água a origem e a
matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três
razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em
segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela
embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um. NIETZSCHE. F.
Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural. 1999
O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?
a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades
racionais.
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes.
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.

Questão 03
Leia a letra da canção a seguir.
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo […]
Fonte: SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson. Como uma onda. In: Álbum MTV ao vivo. Rio de Janeiro:
Sony-BMG, 2004.
Da mesma forma como canta o poeta contemporâneo, que vê a realidade passando como uma
onda, assim também pensaram os primeiros filósofos conhecidos como Pré-socráticos que
denominavam a realidade de physis. A característica dessa realidade representada, também, na
música de Lulu Santos é o(a):
a) Fluxo
b) Estática.
c) Infinitude
d) Desordem
e) Multiplicidade

Questão 04
Leia o texto a seguir.
Pois manifesto que a ciência a adquirir é a das causas primeiras (pois dizemos que conhecemos
cada coisa somente quando julgamos conhecer a sua primeira causa); ora, causa diz-se em
quatro sentidos: no primeiro, entendemos por causa a substância e a essência (o “porquê”
reconduz-se pois à noção última, e o primeiro “porquê” é causa e princípio); a segunda causa é a
matéria e o sujeito; a terceira é a de onde vem o início do movimento; a quarta causa, que se opõe
à precedente, é o “fim para que” e o bem (porque este é, com efeito, o fim de toda a geração e
movimento).
Adaptado de: ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. De Vincenzo Cocco. São Paulo: Abril S. A.
Cultural, 1984. p.16. (Coleção Os Pensadores.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa que indica,
corretamente, a ordem em que Aristóteles apresentou as causas primeiras:
a) Causa final, causa eficiente, causa material e causa formal.
b) Causa formal, causa material, causa final e causa eficiente.
c) Causa formal, causa material, causa eficiente e causa final.
d) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa final.
e) Causa material, causa formal, causa final e causa eficiente.

Questão 05
Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo
real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no
errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto,
essas regras não passavam de invenções humanas.
RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que
a correlação entre justiça e ética é resultado de:
a) Determinações biológicas impregnadas na natureza humana.
b) Verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais.
c) Mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas.
d) Convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes.
e) Sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o texto a seguir e responda à(s) próxima(s) questão(ões).
De onde vem o mundo? De onde vem o universo? Tudo o que existe tem que ter um começo.
Portanto, em algum momento, o universo também tinha de ter surgido a partir de uma outra coisa.
Mas, se o universo de repente tivesse surgido de alguma outra coisa, então essa outra coisa
também devia ter surgido de alguma outra coisa algum dia. Sofia entendeu que só tinha
transferido o problema de lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma coisa tinha de ter surgido do
nada. Existe uma substância básica a partir da qual tudo é feito? A grande questão para os
primeiros filósofos não era saber como tudo surgiu do nada. O que os instigava era saber como a
água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se transformar em
árvores frondosas ou flores multicoloridas.
Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Trad. de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia
das Letras, 1995. p.43-44.

Questão 06
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgimento da filosofia, assinale a alternativa
correta:
a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenômenos e as transformações da natureza e
porque a vida é como é, tendo como limitador e princípio de verdade irrefutável as histórias
contadas acerca do mundo dos deuses.
b) Os primeiros filósofos da natureza tinham a convicção de que havia alguma substância básica,
uma causa oculta, que estava por trás de todas as transformações na natureza e, a partir da
observação, buscavam descobrir leis naturais que fossem eternas.
c) Os teóricos da natureza que desenvolveram seus sistemas de pensamento por volta do século
VI a.C. partiram da ideia unânime de que a água era o princípio original do mundo por sua enorme
capacidade de transformação.
d) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem homérica do mundo e reforçou o
antropomorfismo do mundo dos deuses em detrimento de uma explicação natural e regular acerca
dos primeiros princípios que originam todas as coisas.
e) Para os pensadores jônicos da natureza, Tales, Anaxímenes e Heráclito, há um princípio
originário único denominado o ilimitado, que é a reprodução da aparência sensível que os olhos
humanos podem observar no nascimento e na degeneração das coisas.

Questão 07
O sofista é um diálogo de Platão do qual participam Sócrates, um estrangeiro e outros
personagens. Logo no início do diálogo, Sócrates pergunta ao estrangeiro, a que método ele
gostaria de recorrer para definir o que é um sofista.
Sócrates: – Mas dize-nos [se] preferes desenvolver toda a tese que queres demonstrar, numa
longa exposição ou empregar o método interrogativo? Estrangeiro: – Com um parceiro assim
agradável e dócil, Sócrates, o método mais fácil é esse mesmo; com um interlocutor. Do contrário,
valeria mais a pena argumentar apenas para si mesmo. (Platão. O sofista, 1970. Adaptado.)
É correto afirmar que o interlocutor de Sócrates escolheu, do ponto de vista metodológico, adotar:
a) A maiêutica, que pressupõe a contraposição dos argumentos.
b) A dialética, que une numa síntese final as teses dos contendores.
c) O empirismo, que acredita ser possível chegar ao saber por meio dos sentidos.
d) O apriorismo, que funda a eficácia da razão humana na prova de existência de deus.
e) O dualismo, que resulta no ceticismo sobre a possibilidade do saber humano.
57 BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 3.ed. São Paulo: Moderna, 2006.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática, 2002.
GHIRALDELLI Jr., Paulo(Org.). Estilos em filosofia da educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
COELHO, Wilson Ferreira. Psicologia da Educação. 1ª Ed. Pearson. São Paulo, 2015.
GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2004.
GALLO, Silvio. Ética e cidadania: caminhos da filosofia. 6. ed. São Paulo: Papirus, 2000.
GHIRALDELLI Jr., Paulo(Org.). O que é filosofia da educação. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A,
2000.
MORIN, Edgar.Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2.ed. São Paulo: Cortez;
Brasília: UNESCO, 2000.

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