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atribuído crédito ao autor e que as obras derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença.
44 f.
ISBN:
1.1 Introdução
1
1.2 O mito e a consciência mítica
RESUMO
REFERÊNCIAS
2.1 Introdução
2
2.2 O conhecimento e os primeiros filósofos
RESUMO
REFERÊNCIAS
3.1 Introdução
3
3.2 Ética e Educação do mundo grego
RESUMO
REFERÊNCIAS
Curso de Licenciatura em Filosofia
APRESENTAÇÃO
F
ilosofia é uma área do conhecimento que implica reflexões e análises tendo
como instrumento exclusivo, o raciocínio lógico. Os estudos anteriores de
Filosofia apresentados a você, na etapa de Ensino Médio, deram conhecimentos
propedêuticos sobre a origem da Filosofia. A partir desta disciplina, teremos
a oportunidade de ampliar o diálogo filosófico dentro de um processo reflexivo como:
compreensão, interpretação e análise crítica.
Bons estudos!
(Protágoras)
A FILOSOFIA E
O PROCESSO
DO FILOSOFAR:
surgimento,
natureza e objeto
OBJETIVO
Identificar as principais características da natureza e do objeto da
reflexão filosófica a partir do seu surgimento na Antiguidade.
Figura 1 – A Filosofia
Fonte: https://www.dm.com.br/wp-content/uploads/2018/08/Brasig_is-Fel_cio.jpg
1.1 Introdução
não pode apenas ser compreendido como pura lenda ou pura fantasia, mas deve
ser também classificado como um tipo de verdade sustentado sob um conjunto de
narrativas, estórias e ensinamentos que estabelecem uma compreensão da realidade
de cada sociedade e cultura.
7
Atenção
Nas civilizações antigas, os mitos nos remetem a povos tribais, cujas relações
permanecem igualitárias. Nas sociedades mais complexas, como aquelas em que se
acentuam as novas técnicas e ofícios especializados, por exemplo, no desenvolvimento
da agricultura, do pastoreio e do comércio, os mitos se estabeleceram através de
hierarquias entre segmentos sociais que introduzem, inclusive, a escravidão.
Por ser parte de uma tradição cultural, o mito configura a própria visão de mundo dos
indivíduos a sua maneira de vivenciar esta realidade. Assim, o pensamento mítico
pressupõe a adesão, a aceitação dos indivíduos, na medida em que constitui as formas
de experiência do real. O mito não se justifica e não se fundamenta, portanto, nem se
presta ao questionamento, à crítica ou à correção. Deste modo, não há discussão do
mito porque ele constitui a própria visão de mundo.
8
Já em Hesíodo, outro poeta que teria vivido por volta dos séculos VIII e VII a.C., suas
obras são marcadas pela tentativa de superar a poesia impessoal e coletiva das
epopeias, mesmo que ainda refletem o interesse pela crença dos mitos. Em Teogonia,
Hesíodo relata as origens do mundo e dos deuses, em que as forças emergentes da
natureza vão se transformando nas próprias divindades. Por isso, a teogonia é também
uma cosmogonia, na medida em que narra como todas as coisas surgiram do Caos
para compor a ordem do Cosmo.
Figura 2 – Tykhe ou Tique. Mitologia grega. Divindade tutelar responsável pela sorte
de uma cidade
Fonte: http://eventosmitologiagrega.blogspot.com/
9
1.3 Origem e características da Filosofia
Se, por um lado, o pensamento mítico pretende fornecer uma explicação da realidade,
por outro lado, recorre ao mistério e o sobrenatural, ou seja, exatamente àquilo que não
se pode explicar, nem se pode compreender por estar fora do plano da compreensão
humana. Por isso, a explicação dada pelo pensamento mítico esbarra, assim, no
inexplicável, na impossibilidade do conhecimento. E esse será o pressuposto fundamental
pelo qual a Filosofia se estabelecerá. Surgindo pouco a pouco em substituição aos
mitos e às crenças religiosas com a tentativa de conhecer e compreender o mundo e
os seres que nele habitam. O conhecimento filosófico se dá, a partir dos pré-socráticos,
como uma experiência de busca pelo conhecimento, essencialmente fundado na razão
(logos) como principal ferramenta para a compreensão do mundo, diferentemente da
visão teogônica do mundo.
Com o passar do tempo à Filosofia se formou como uma atividade que visa refletir sobre
a realidade, qualquer que seja ela, descobrindo seus significados mais profundos. É
importante observar que, em Filosofia refletir é pensar cuidadosamente o que já foi
pensado. Como um espelho que reflete a nossa imagem, a reflexão do filósofo deixa
ver, revela, traduz os valores envolvidos nos acontecimentos e nas ações humanas.
ABC
A palavra refletir deriva do verbo latino refletere, que significa “voltar atrás”. Na Filosofia, refletir é
o mesmo que retornar, reconsiderar os dados disponíveis, revisar, examinar detidamente, prestar
atenção ou analisar com cuidado o objeto que está sendo pensado.
(i) É radical, ou seja, visa chegar até a raiz dos acontecimentos, isto é, aos seus
Curso de Licenciatura em Filosofia
(ii) É rigorosa, pois visa seguir um método de investigação adequado e rigoroso a fim
de não deixar escapar nada da realidade que se pretende, colocando em questão
as respostas mais superficiais às mais profundas e gerais;
(iii) É de conjunto, pois considera que os problemas não estão isolados, mas dentro
de um conjunto de fatos, fatores e valores relacionados entre si.
10
1.3.1 Filosofia: o significado e a experiência filosófica
Saiba Mais!
A Filosofia nascente foi também chamada de cosmologia, isto é, o estudo sobre a ordem do
universo, justamente porque os primeiros filósofos se interessavam por compreender a origem e
o fundamento de todas as coisas.
Originando-se nas colônias gregas por volta do século VI a.C., por uma atitude diferente
diante da realidade, inicialmente por homens conhecidos como “físicos”, porque se
dedicavam sobretudo a observar a natureza (physis), a Filosofia (philos= amigo; sophia=
sabedoria), cujo significado literal é “amigo da sabedoria”, é o nome designada por
Pitágoras ao reconhecer na busca daqueles primeiros físicos sua incrível atitude de
conhecer a realidade. Como atesta Diógenes Laércio, Pitágoras teria sido o primeiro
a usar esse termo e a chamar-se de filósofo, porque, segundo ele, homem nenhum é
sábio, mas somente Deus, de modo que o estudioso da sabedoria, não deve receber o
nome de sábio, mas de filósofo, que é aquele que anseia pelo conhecimento (PERINE,
2007).
ABC
O termo thauma deriva da palavra grega thaumázein que significa admirar, maravilhar-se, ficar
estupefato.
Curso de Licenciatura em Filosofia
11
a realidade. Aristóteles se empenha por mostrar que o conhecimento pelas causas
primeiras e pelos primeiros princípios é superior a qualquer outro tipo de conhecimento
e é de competência dessa ciência, que não é produtiva nem prática, mas teórica e
especulativa (PERINE, 2007, p.26).
Essa primeira experiência do filosofar, descrita por Platão e Aristóteles, começa com os
pré-socráticos, cuja atenção se centrava na natureza e elaboraram diversas concepções
de cosmologia, procurando explicar como, diante da mudança (do devir), podemos
encontrar a estabilidade; como diante do múltiplo, descobrimos o uno. Ao perguntarem
como poderia emergir o cosmo do caos – ou seja, como da confusão inicial surge o
mundo ordenado –, os pré-socráticos buscam o princípio (a arkhé) de todas as coisas,
entendido como fundamento do ser. Assim, buscar a arkhé é explicar qual é o elemento
constitutivo de todas as coisas, da realidade natural (physis).
Atenção
Os filósofos pré-socráticos fazem parte do primeiro período da filosofia grega. Eles desenvolveram
suas teorias do século VII ao V a.C., e recebem esse nome, pois são os filósofos que antecederam
Sócrates. Esses pensadores buscavam nos elementos da natureza as respostas sobre a origem
do ser e do mundo.
Heráclito de Éfeso, um dos mais importantes pensadores daquele tempo, dizia que
o mundo era regido por um constante movimento, tudo flui, tudo está em constante
Curso de Licenciatura em Filosofia
devir, e o fogo seria o princípio explicativo. Por outro lado, Demócrito apostava no
átomo como o princípio explicativo de todas as coisas, enquanto que, Empédocles,
com sua doutrina dos quatro elementos, sintetiza essas diferentes posições afirmando
a existência de quatro elementos primordiais – terra, água, ar e fogo, tese que mais
tarde foi retomada por Platão no Timeu e bastante difundida em toda Antiguidade,
chegando mesmo ao período moderno, presente nas especulações da alquimia do
período do Renascimento até o surgimento da química moderna.
12
Reflexão!
Para refletir
13
a Filosofia promovendo várias reflexões sobre a origem de todas as coisas, e o princípio
fundamental que rege o funcionamento do universo. A Filosofia deste período surgiu
como uma cosmologia, isto é, uma reflexão sobre a ordem e fundamento da realidade.
RESENDE, Antonio (org.). Curso de filosofia: para professores e alunos dos cursos
de segundo grau e de graduação. 12. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
SAVIANI, Demerval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 11. ed. São
Paulo: Cortez, 1999.
Curso de Licenciatura em Filosofia
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A FILOSOFIA E O
FENÔMENO DO
CONHECIMENTO: os
grandes paradigmas
gnosiológicos e
epistemológicos
OBJETIVO
Compreender os problemas centrais ligados ao debate gnosiológico
e epistemológico na Filosofia da Antiguidade e Modernidade.
2.1 Introdução
Esse princípio (arché) era concebido como o fundo imperecível presente em todas as
coisas, fazendo-as existir como são. Esse fundo presente em todas as coisas era o
Ser – palavra em português que traduz a expressão grega “tò on”, que passou a ser
usado para designar “aquilo que é”, ou aquilo que subjaz a todos os seres –. Assim, a
filosofia nascente coloca no centro de suas indagações o questionamento sobre “o que
é o Ser?”, tornando assim, uma ontologia, isto é, conhecimento ou saber sobre o ser.
16
Por esse motivo, alguns historiadores consideram que os primeiros filósofos não
tinham uma preocupação com o conhecimento enquanto conhecimento, porque não
indagavam se podemos ou não conhecer o Ser, mas partiam da pressuposição de que
o podemos conhecer, pois a verdade, sendo aletheia, isto é, presença e manifestação
das coisas para os nossos sentidos e para o nosso pensamento, significa que o Ser
está manifesto e presente para nós e, portanto, nós o podemos conhecer.
17
Essa máxima põe em destaque a concepção de devir (vir-a-ser) como princípio de tudo,
que a contradição, como o movimento de sua própria harmonia. Por isso, Heráclito
comparava o mundo à chama de uma vela que queima sem cessar e transforma a
cera em fogo, o fogo se torna fumaça e a fumaça em ar. Por esse mesmo movimento,
também o dia se torna noite, o verão se torna outono, o novo fica velho, o quente esfria,
o úmido seca. Assim, tudo se transforma no seu contrário.
1
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000, p. 138.
18
Esses dois exemplos nos mostram que, desde os seus começos, a Filosofia preocupou-
se com o problema do conhecimento, pois sempre esteve voltada para a questão do
verdadeiro. Desde o início, os filósofos se deram conta de que nosso pensamento
parece seguir certas leis ou regras para conhecer as coisas e que há uma diferença
entre perceber e pensar.
Saiba Mais!
Na Grécia Antiga, havia professores itinerantes que percorriam as cidades ensinando, mediante
pagamento, a arte da retórica às pessoas interessadas. A principal finalidade de seus ensinamentos
era introduzir o cidadão na vida política. Tudo o que temos desses professores são fragmentos e
citações e, por isso, não podemos saber profundamente sobre o que eles pensavam. Aquilo que
temos de mais importante a respeito deles foi aquilo que disseram seus principais adversários
teóricos, Platão e Aristóteles.
Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/sofistas.htm
Por um lado, motivados pela pluralidade e pelo antagonismo das filosofias anteriores,
Curso de Licenciatura em Filosofia
e por outro, pelos conflitos entre as várias ontologias, os Sofistas partiam da ideia de
que não podemos conhecer o Ser, mas só podemos ter opiniões subjetivas sobre a
realidade. Na visão sofista, a linguagem era mais importante do que a percepção e o
pensamento, e a verdade nada mais é do que uma questão de opinião e de persuasão.
Portanto, para eles, os homens deveriam se valer da linguagem (da retórica, enquanto
capacidade de persuasão e convencimento) para persuadir os outros de suas próprias
ideias e opiniões.
19
Embora fossem constantemente criticados por Sócrates e seus discípulos, que os
acusavam de não ter compromisso com a verdade e de condenar a arte retórica de
persuadir reduzir os seus discursos a opiniões relativistas, devemos dizer, no entanto,
que o relativismo ou a valorização da linguagem por parte dos sofistas estão ligados à
questão do conhecimento. Se tomarmos a formulação máxima de Protágoras “o homem
é a medida de todas as coisas”, presentes nos diálogos do Teeteto de Platão, portanto
observaremos que o pensamento do sofista pode ser entendido como a exaltação da
capacidade humana de construir a verdade, isto é, pode ser compreendido que o logos
não é divino, mas decorre do exercício da razão humana, a quem cabe confrontar as
diversas concepções possíveis da verdade.
20
Com base numa filosofia baseada na premissa “só sei que nada sei”, Sócrates cria
seu próprio método de investigação da verdade, que consistia justamente na sabedoria
de reconhecer a própria ignorância, mas como ponto de partida para a busca do saber.
O seu método era divido basicamente em duas etapas: a primeira que começava pela
fase da “ironia”, que consistia em perguntar algo a seu interlocutor, fingindo nada saber.
Diante do oponente, Sócrates, com hábeis perguntas, desmonta as certezas até que o
outro reconheça a própria ignorância. A segunda etapa, a maiêutica, consistia em dar
à luz a novas ideias. Ou seja, após destruir o saber meramente opinativo (a dóxa) em
diálogo com seu interlocutor, dava início à procura da definição do conceito, de modo
que o conhecimento se manifestasse “de dentro” de cada um. A filosofia de Sócrates
tinha como objetivo filtrar as opiniões do senso comum, conduzindo o indivíduo a
encontrar e produzir conceitos universais utilizando-se unicamente da razão.
Saiba Mais!
Ao proferir a frase "Só sei que nada sei", Sócrates reconhece a sua própria ignorância. Através do
paradoxo socrático, o filósofo negava categoricamente o posto de professor ou grande sabedor
de qualquer conhecimento. A lógica é simples: ao afirmar que nada sabe, ratifica o fato de que
também nada tem para ensinar.
Outro filósofo, Nicolau de Cusa, anos mais tarde, durante o Renascimento, reconhece o gesto de
humildade intelectual e o denomina de douta ignorância.
21
famosa “alegoria da caverna”, veremos como Platão propõe o seu famoso dualismo,
a partir da distinção das quatro formas do conhecimento, que vão do grau inferior a
superior: crença, opinião, raciocínio, e intuição intelectiva. Os dois primeiros formam o
que ele chamou de conhecimento sensível; os dois últimos, o conhecimento inteligível.
O mundo sensível são os primeiros graus do conhecimento, pois eles nos dão a
conhecer somente as coisas perceptíveis pelas faculdades humanas: tato, paladar,
olfato, audição e visão. É a fase do conhecimento falho, já que os sentidos só nos dão
a conhecer as aparências e as imagens das coisas, e não a essência delas. Por outro
lado, o conhecimento inteligível, que será para Platão o grau máximo do conhecimento,
representa o conhecimento verdadeiro, a essência das coisas, a ideia universal.
Para Aristóteles, o dualismo platônico entre mundo sensível e mundo das ideias era
um artifício dispensável para responder à pergunta sobre o conhecimento verdadeiro.
Nossos pensamentos não surgem do contato de nossa alma com o mundo das ideias,
mas da experiência sensível. “Nada está no intelecto sem antes ter passado pelos
sentidos”, dizia o filósofo.
22
Isso significa que não posso ter ideia de um cavalo sem ter observado um diretamente
ou por meio de uma pesquisa científica. Sem isso, “cavalo” é apenas uma palavra
vazia de significado. Igualmente vazio ficaria nosso intelecto se não fosse preenchido
pelas informações que os sentidos nos trazem.
Além disso, conhecer para Aristóteles é conhecer o ser enquanto matéria e forma,
já que todos eles são dotados dessas suas propriedades. A matéria é o princípio
indeterminado de que o mundo físico é composto, é aquilo de que é feito algo, enquanto
a matéria é pura passividade e contém a forma em potência; a forma é o princípio
inteligível, a essência comum aos indivíduos da mesma espécie pela qual todos são o
que são.
23
A teoria do conhecimento em Aristóteles se encontra, portanto, na compreensão do que
ele designou por substância, essência, acidente, matéria e forma uma vez que aí seria
o meio pelo qual nós podemos formar nossa compreensão sobre a realidade material.
Fonte: https://voyager1.net/wp-content/uploads/2017/09/Escola-de-Atenas-de-Rafael.jpg
Atenção
Na imagem a cima, a “Escola de Atenas”, observe no plano central, Aristóteles, do lado direito do
espectador, e Platão, do lado esquerdo. A atitude dos dois pensadores na pintura é emblemática.
Ela apresenta as diferenças entre suas ideias quanto ao conhecimento empírico e metafísico,
Curso de Licenciatura em Filosofia
pois Platão aponta o dedo para cima, como quem quer dizer que o conhecimento está no mundo
das ideias, enquanto segura o seu diálogo Timeu, que fala da formação da natureza no plano
ideal e no plano material (imperfeito). Aristóteles, por sua vez, com sua mão espalmada para
baixo e segurando a sua Ética (livro de filosofia prática), parece sinalizar que se deve olhar
também para o mundo prático, sensorial e material.
24
2.6 Os filósofos modernos e o surgimento da teoria do conhecimento
Como disciplina filosófica independente, não se pode falar de uma teoria do conhecimento
nem na Antiguidade nem na Idade Média, embora já tenhamos encontrado numerosas
reflexões epistemológicas na filosofia antiga, especialmente em Platão e em Aristóteles.
São, porém, investigações epistemológicas que ainda estão completamente embutidas
no contexto ontológico.
Sugestão de vídeo
25
e o objeto cognoscível. O objeto e algo fora da mente, mas também a própria mente,
quando nos apropriamos intelectualmente dele. O produto, por sua vez, é o resultado
do ato de conhecer, ou seja, o conjunto de saberes acumuladores que adquiridos nessa
relação.
26
nos mostra em Discurso do método, Descartes procura no ideal matemático, isto é,
em uma ciência que seja racional e universal, os princípios de sustentação racional
para o método. Com o auxílio do tipo de conhecimento utilizado na matemática (como
sabemos, a matemática é um conhecimento inteiramente dominado pela inteligência,
e não pelos sentidos), o filósofo moderno estabelece quatro regras básicas: a da
evidência; da análise; da ordem e da enumeração.
Com tais regras, o objetivo é buscar uma verdade primeira que não possa se posta
em dúvida. Primeiramente, procede duvidando de tudo: do testemunho dos sentidos,
das afirmações do senso comum, dos argumentos da autoridade, das informações da
consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior,
da realidade do seu próprio corpo, enfim, de tudo que havia aprendido até então. Com
isso, estabelece a dúvida metódica, como meio de averiguação técnica, para avaliar se
não restaria algo que fosse duvidoso.2
Após ter colocado em suspensão até mesmo a própria existência, Descartes chega,
então, à primeira certeza que servirá, também, como ponto de partida para as demais
investigações: o “cogito ergo sum” (penso, logo existo). Esse é o momento em que o
filósofo interrompe a cadeia de dúvidas, já que o limite é o próprio ser que dúvida. Ou
seja, a certeza de que se pode duvidar de tudo, mas não se pode duvidar da própria
dúvida. Eis o raciocínio hipotético e dedutivo: se, portanto, existe a dúvida, é porque
existe alguém que está duvidando. Aí se encontra a primeira intuição: “penso, logo
existo”, que confere a primeira certeza admitida por ele.
Com isso Descartes julga estar diante de ter encontrado uma ideia que seja clara e
distinta, a partir da qual seria reconstruído todo o saber. Estabelece, assim, o edifício
que embasará a busca pelo conhecimento verdadeiro.
2
Exatamente por isso, não se pode caracterizar Descartes como um cético, já que o objetivo da dúvida metódica é
inteiramente técnica, isto é, se estabelece como um meio de averiguação para aquilo que não se pode duvidar.
27
Locke foi o primeiro pensador a elaborar Figura 10 – Retrato de John Locke por
uma teoria do conhecimento como Godfrey Kneller (1697)
disciplina filosófica na obra Ensaio sobre
o entendimento humano, cujo objetivo é
saber “qual é a essência, qual a origem,
qual o alcance do conhecimento humano”.
Mas pode-se dizer que a centralidade do
seu pensamento se assenta sob a ideia
de que a mente é como uma tábula rasa,
que é a partir da experiência humana no
mundo que começa a ser construído todos Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Fichei-
os nossos conhecimentos e saberes. ro:JohnLocke.png
Nesse sentido, pode-se afirmar que, para Locke, o conhecimento começa apenas
a partir da experiência sensível. Daí a sua crítica a doutrina inatista de Descartes
afirmando que não existe conhecimento na mente humana anterior a experiência.
Outro pensador que a tradição costuma atribuir grande relevância em relação à teoria
do conhecimento é o filósofo alemão, Immanuel Kant. Pensador tardo moderno,
considerado um dos principais difusores do Iluminismo, Kant é também um que se
encarregou de pensar o fenômeno de como é possível conhecer. Situado no embate
28
entre racionalismo e empirismo, e influenciado pela ciência de Newton, Kant estava
atento às dificuldades relativas à natureza do nosso conhecimento, por isso debruçou-
se intensamente sobre o assunto em sua obra Crítica da razão pura.
Figura 11 – Kant
Fonte: https://nova-acropole.org.br/wp-content/uploads/2019/02/im-
manuel-kant.jpg
Com uma Filosofia que mais tarde ficou caracterizada pelo criticismo, justamente
por ter colocado a pergunta “Qual é o valor dos nossos conhecimentos e o que é
conhecimento?”, a Crítica da razão pura é onde defende a proposta de uma Filosofia
crítica, visando superar a dicotomia entre racionalismo e empirismo, entre Descartes
e Locke, e examinar as condições de possibilidade da experiência humana do real e
fundamentar nossas pretensões ao conhecimento (MARCONDES, 2007).
29
O essencial em Kant é compreender, enfim, que em sua teoria do conhecimento a
sensibilidade é a faculdade receptiva, pela qual obtemos as representações exteriores,
enquanto o entendimento é a faculdade de pensar ou produzir conceitos. Isso significa
que para conhecer as coisas, precisamos da experiência sensível (proveniente da
matéria), mas também das formas do entendimento, que, por sua vez, são a priori
e condição da própria existência, por onde serão organizadas as ideias. Assim,
o conhecimento em Kant não se dá por adequação entre sujeito e objeto, mas por
construção, fruto da mediação entre sensibilidade e entendimento, fruto da matéria e
forma.
Reflexão!
Para refletir
30
RESUMO
REZENDE, Antonio (org.). Curso de filosofia: para professores e alunos dos cursos
de segundo grau e de graduação. 12. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
DURANT, Will. A história da filosofia. Trad. Luiz Carlos do Nascimento Silva. São
Paulo: Nova Cultural, 2000. (Coleção Os Pensadores).
31
O HOMEM E A
RELAÇÃO COM
O MUNDO: ética,
sociedade e educação
OBJETIVO
Discutir as dimensões das diversas relações entre homem e
sociedade na perspectiva da antropologia filosófica.
Fonte: https://www.ghc.com.br/files/img.ptg.2.1.01.11504.jpg
3.1 Introdução
Nos últimos anos muito se tem discutido sobre a importância da ética no processo formativo
dos indivíduos para vida em sociedade, que tem sido objeto de discussão de muitos
filósofos, educadores e teóricos de diversas áreas do conhecimento. Particularmente,
esse debate tem se intensificado por vários motivos, merecendo aqui destacar, entre
vários outros, o desafio da educação formar indivíduos que sejam, ao mesmo tempo,
reflexivos e autônomos, porém sem a perda dos laços de solidariedade social.
Esse fator tem concorrido para ampliar a reflexão sobre a relação entre ética e educação
com vistas para o caráter social de ambas, considerando-as como um processo por
meio do qual se dá o próprio processo de constituição dos humanos. Nessa perspectiva,
partimos da ideia de que a educação contribui para que os homens construam suas
relações buscando referência nos valores defendidos na vida social, os quais ganham
consistência em contextos sócio-históricos específicos. Nesse sentido, o objetivo desta
aula é desenvolver alguns aspectos da relação entre ética e educação, como elementos
que concorrem para a educação concebida como prática social.
Curso de Licenciatura em Filosofia
33
do agir moral, ela é uma prática, sobretudo reflexão, que está vinculada diretamente
à ação humana na sociedade. Logo, ela é vivenciada em contextos diferentes na
sociedade, como por exemplo, no político, no social, no econômico e no educacional.
Assim, contribui de uma forma abrangente no que se refere a uma perspectiva coletiva
e não puramente individual.
Etimologicamente, a palavra ética vem da palavra grega ethos, cuja grafia é concebia
de dois modos em uso: no primeiro, ethos era usado para designar o “modo de ser”
ou “caráter” do indivíduo; no segundo, referia-se aos “costumes” ou “hábitos” comuns
praticados. Criada pelos filósofos gregos no século VI a.C, o ethos representava o lugar
que abrigava os indivíduos cidadãos responsáveis pelo destino da polis. Nessa morada,
os homens sentiam-se em segurança. Isso significa que, vivendo de acordo com as
leis e os costumes, os indivíduos poderiam tornar a sociedade melhor e encontrar
nela sua proteção, seu abrigo seguro. A ética aparece, assim, como resultado das
leis determinadas pelos costumes e das virtudes e hábitos gerados pelo caráter dos
indivíduos. Os costumes representam, então, o conjunto de normas e regras adquiridas
por hábito, enquanto a permanência destes define a caráter virtuoso da ação do sujeito.
A excelência moral seria não apenas determinada pelas leis da cidade, mas também
pelas decisões pessoais que geram as virtudes e os bons hábitos.
Curso de Licenciatura em Filosofia
Saiba Mais!
Os gregos utilizavam a palavra polis para se referir a cidade ou ao Estado. Antenas ficou
muito famosa por ter sido a principal cidade grega a desenvolver a Filosofia e junto com
e ela a política. É interessante, ainda observar, o termo política também foi gerado da
palavra polis. A política para os gregos era uma atividade muito importante e deveria ser
exercida por todas os cidadãos. Assim, o conceito de cidadania, além de estar ligado ao
conceito de ética, também se refere a atividade política.
34
O ethos grego, mais tarde traduzido pelos romanos, passou a corresponder ao termo
latino mos (mores), do qual deriva o termo moral. Ética e moral são palavras que
significam, em sua origem, a mesma coisa, pois dizem respeito ao modo como os
indivíduos devem agir em relação ao outro no espaço em que vivem. Entretanto, hoje
podemos estabelecer uma diferença entre ambas, pois a ética se constitui como uma
parte da filosofia que trata da reflexão sobre a moral em geral, ou da moralidade de
cada ser humano, em particular. A ética é para muitos, definida como a “ciência da
moral” (VÁSQUEZ, 2011).
Isso significa que a moral aparece atualmente como um objeto de reflexão da ética.
Desse modo, enquanto à ética compete estudar os elementos teóricos que nos
permitem entender a moralidade do sujeito, a moral diz respeito à esfera da conduta,
do agir concreto de cada um. Podem-se resumir tais diferenças da seguinte forma: a
ética revela-se como reflexão (theoria), já a moral diz respeito à ação (práxis).
Saiba Mais!
Na Filosofia grega, o termo virtude assume um papel muito importante, pois designa
um tipo de qualidade que exige dos indivíduos a capacidade de realizar uma ação
ou atividade com excelência. Na ética, na política e na educação a virtude é o que
deferência a atividade nobre de uma atividade qualquer. Uma ação é considerada
virtuosa quando é praticada com excelência, quando expressa a máxima qualidade
do indivíduo que a desenvolve, ligado à noção de cumprimento do propósito ou da
função a que o indivíduo se destina.
35
A necessidade que impõe a cada ser humano o dever de respeitar os costumes e as
normas da sociedade revela a importância que o ethos, ou aquilo que hoje chamamos
de moral, assume em nossas vidas. Como o homem, em seu agir moral, é, ao mesmo
tempo, produto da natureza e da cultura, o ethos (ou moral), segundo alguns pensadores
gregos (Platão, Aristóteles, Epicuro), serviria para regular os apetites humanos e
controlar as suas inclinações e instintos mediante o uso da razão (logos). Eis porque
ela surge quando o homem supera sua natureza instintiva e se torna membro de uma
coletividade regida por leis racionais.
Ora, para tais filósofos, nenhuma comunidade humana pode sobreviver sem o mínimo de
regras ou padrões de comportamento, ou seja, sem um código de condutas. O referido
código normativo representa os ensinamentos que orientam nossas ações diante do
mundo e, sobretudo, em face do outro. A ética, com efeito, trata do comportamento do
homem, da relação entre a sua vontade e a obrigação de seguir uma norma, do bem e
do mal, do que é justo e injusto, da liberdade e da necessidade de respeitar o próximo.
A ética, enquanto campo de estudo e reflexão, revela que nossas ações têm efeitos na
sociedade e que cada homem deve ser livre e responsável por suas atitudes.
Todavia, no mundo grego a boa conduta poderia também ser determinada pela
educação (Paideia), na medida em que o processo educacional forneceria as regras
e ensinamentos capazes de orientar os julgamentos e decisões dos indivíduos
no seio de sua comunidade. Com os gregos, a educação se configura como um
Saiba Mais!
Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/sofistas/
educativo.htm
36
elemento fundamental para a constituição da Figura 13 – Educação grega
sociabilidade. Assim, enquanto os costumes
determinam as normas e valores a serem
seguidas e transmitidas pelos sujeitos morais,
à educação se impõe como um importante
instrumento para o desenvolvimento moral do
indivíduo. Isso porque, no universo da polis, as Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-KjsWdWkU-
virtudes que determinam a excelência moral 8VA/XI1FR7n96PI/AAAAAAAAOLQ/539seafV-
v9A_1GUV1OB0q2zuz20QZEz-wCLcBGAs/
dos agentes sociais poderiam ser transmitidas s1600/paideia.jpg
pelos ensinamentos.
Tão importante quanto à ética para os gregos antigos, a educação ocupa lugar central
no que diz respeito ao processo de formação integral dos indivíduos. Mas hoje podemos
dizer que a instituição educacional é uma das e, talvez, a mais importante responsável
pela formação ética do indivíduo para exercer o papel de cidadão membro da sociedade.
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Mas, será que a instituição educacional tem conseguido desempenhar seu papel na
formação integral do indivíduo como um membro da sociedade? E o que seria educação,
nesse processo? Qual o papel eminente da educação para a sociedade?
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educação pode ser compreendida apenas como instrução ou mera aquisição de
informações (alimentar o outro com informações), sem uma reflexão crítica do
conhecimento acumulado.
De fato, em sentido amplo nenhum indivíduo escapa da educação, pois ela ocorre em
todos os espaços sociais, sendo um deles o escolar. Assumindo um real significado para
os grupos humanos que o vivenciam, a educação revela um caráter eminentemente
social, considerando o contexto no qual se realiza. Nessa lógica, segundo Rodrigues
Brandão em O que é educação (1996, p. 23), ela “[…] é um dos principais meios de
realização de mudança social ou, pelo menos um dos recursos de adaptações das
pessoas, em um mundo em mudança […]”.
Também é relevante destacar que, como prática social, a educação sempre está
fundada em uma visão de mundo, de conhecimento, e de homem. Essa visão assume
um caráter de transformar ou não frente à realidade social, o que acaba por influenciar
diretamente o processo formativo dos indivíduos. Assim, sempre há uma intencionalidade
na prática pedagógica, bem como nas ações de professores e alunos. Essas ações são
orientadas por concepções que se originam em função de determinados condicionantes
de natureza política, econômica, social, cultural etc.
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incluindo violência física, intrafamiliar, moral, psicológica, sexual, sem falar nos
constantes números de homicídios, e outros tantos acontecimentos que nos fazem crer
que vivemos em tempos difíceis e assustadores. Além disso, os tempos não são apenas
difíceis no que corresponde ao aumento exponencial da violência. São tempos difíceis
também pelo agravamento das desigualdades sociais, pela deterioração de nosso
sistema ecológico, pelas relações confusas que constituem um mundo globalizado e
individualista. Enfim, pela ditadura do prazer regida pelo consumismo desenfreado da
idolatria do mercado.
Para refletir
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Figura 14 – Ética e Educação
Fonte: https://escolascritique.com.br/kritike/wp-content/
uploads/2018/09/michal-parzuchowski-224092-unsplash-
1024x680.jpg
Particularmente, em relação ao último item, Marilena Chauí (2000) enfatiza que os atos
de violência cometidos contra os homens se caracterizam como ações que retiram dos
indivíduos sua autonomia, coisificando-os, desumanizando-os. Situando o debate no
âmbito da formação cultural brasileira, a autora ressalta que nossa sociedade revela
também diversas formas de violência simbólica que,
[...] marcada pela estrutura hierárquica do espaço social que determina a forma
de uma sociedade fortemente verticalizada em todos os seus aspectos: nela, as
relações sociais e intersubjetivas são sempre realizadas como relação entre um
superior, que manda, e um inferior, que obedece. As diferenças e assimetrias são
sempre transformadas em desigualdades que reforçam a relação mando-obediência.
O outro jamais é reconhecido como sujeito nem como sujeito de direitos, jamais é
reconhecido como subjetividade nem como alteridade (CHAUÍ, 2000, p.89).
educação, no país, invistam, cada vez mais, em ações que estabeleçam e consolidem
a relação educação e cidadania, bem como em outros temas a ela relacionados como
democracia, justiça, solidariedade e autonomia. Mas o que é cidadania? Como formar
um cidadão? Para a primeira pergunta, podemos sinalizar, ainda que provisoriamente,
que cidadania é algo complexo, que vai além da mera formalidade: trata-se, na
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verdade, de um processo político. Quanto à segunda pergunta, Coutinho (1994, p. 2)
nos esclarece que, para formar um cidadão, a educação precisa atualizar “[...] todas
as possibilidades de realização humanas abertas pela vida social em cada contexto
historicamente determinado”.
No mundo moderno, a educação formal tem ficado sob a responsabilidade social de uma
instituição específica – a escola. Devido à amplitude do seu trabalho, essa instituição
tem exercido um papel fundamental na vida individual e coletiva das pessoas. Portanto,
numa visão emancipatória e crítica do saber, a escola precisa constituir-se em um
espaço social que crie oportunidades visando permitir a ampliação e consolidação da
cidadania dos atores que a vivenciam.
Trata-se de defender, portanto, uma educação escolar que efetivamente contribua para
ajudar os indivíduos a reconhecer o outro, respeitando suas diferenças. Para tanto, é
preciso que os professores tenham como preocupação básica a formação integral dos
seus alunos, articulando duas grandes dimensões – moral e intelectual – com vistas ao
desenvolvimento da autonomia do indivíduo.
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Na perspectiva filosófica de Kant (1985), a autonomia dos sujeitos corresponde
à conquista da sua maioridade intelectual e moral. É por meio de uma consciência
autônoma, que os indivíduos sabem resolver problemas diversos, desenvolvendo uma
reflexão própria. Para tanto, é preciso utilizar conhecimentos e não apenas informações,
e apoiar-se em princípios éticos e não apenas em vivências que, muitas vezes, podem
não traduzir os valores morais do coletivo.
Sem dúvida, toda educação exige, em alguma medida, o diálogo entre os sujeitos que
realizam. Assim, a ética torna-se indispensável, sobretudo, porque pode contribuir para
o processo de humanização dos homens, considerando os valores que norteiam suas
condutas.
SOUSA, José Vieira de. Ética e Educação: que relação é esta?. Disponível em: http://
docplayer.com.br/18907445-Etica-e-educacao-que-relacao-e-esta.html. Acesso em: 3
dez. 2019.
Para refletir
O que significa educar? Que valores éticos devem ser defendidos em um mundo que,
de repente, ficou pequeno e globalizado, considerando o avanço do conhecimento e
suas repercussões sobre a vida das pessoas?
Embora possamos tratar de Ética, Educação e Sociedade como temas distintos, até
mesmo pela natureza específica dos problemas com que poderiam abordar, importa
observar a relação fundamental que as desenvolvem em vista do processo de formação
do ser humano de modo geral. Sem dúvida alguma, a ética, desde o seu nascimento,
torna-se um importante componente para a educação humana, com foco na vida social.
Atuando junto ao campo da moral, como conjunto de normas, princípios e valores,
que determinam as condutas sociais dos indivíduos, mais do que isso, à ética pode
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proporcionar uma reflexão sobre as próprias normas, e determinar aquilo que será
considerado o bom e o melhor para todos, em uma sociedade cujos princípios orientam
à vida justa.
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do ponto de vista institucional ou intrafamiliar, deve manter um foco na formação ética,
da qual, se deverá buscar o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos, valorizando
bens como a liberdade, a democracia, a política, a justiça e, preparando os indivíduos
para a vida coletiva, por onde brotam grande parte dos problemas sociais.
RESUMO
e indispensável para a educação, na medida em que ela tem por objetivo refletir sobre
as questões ligadas ao comportamento humano, buscando compreender que tipo de
sujeitos e de sociedade que desejamos. Viu-se, assim, que, entre ética e educação há,
portanto, uma relação de convergência natural.
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ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Trad. de Antônio de Castro Caeiro. São Paulo:
Atlas, 2009.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 38. ed. São Paulo: Brasiliense,
1996.
SOUSA, José Vieira de. Ética e Educação: que relação é esta?. Disponível em: http://
docplayer.com.br/18907445-Etica-e-educacao-que-relacao-e-esta.html. Acesso em: 3
dez. 2019.
Curso de Licenciatura em Filosofia
VAZ, Henrique Cláudio de Lima. Escritos de filosofia II. Ética e cultura. São Paulo:
Edições Loyola, 1993.
VAZQUÉZ, Adolfo Sánchez. Ética. Trad. João Dell’Anna. 34. ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2012.
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