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Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Diário de Bordo

Um Fim da História Inalcançável ou Insustentável?

Pedro de Araújo e Silva, 153438

Filosofia: Filosofia da História

Docente: Viriato Soromenho-Marques

5 de maio de 2023
Silva 2

Resumo:

Neste diário de bordo, procuro contrastar a grande questão acerca do fim da História
entre Immanuel Kant e Francis Fukuyama. Primeiro, exploro o nascimento da Filosofia da
História e a categoria de progresso em Blaise Pascal, Issak Iselin e Anne Robert Jacques
Turgot, com o intuito de construir e fundamentar um contexto para a Filosofia da História de
Kant. Segundo, destaco os aspetos mais relevantes desta Filosofia da História, agrupando-os
sob as ideias de progresso, de plano oculto da natureza e de cosmopolitismo, cuja ordem serve
de fio condutor para a sua ideia da Paz Perpétua como fim da História. Terceiro, procuro objetar
a ideia do fim da História de Fukuyama, expondo a sua tese e apontando as suas fragilidades e
contradições não-pensadas, sustentando as objeções com ideias de Kant. Por fim, argumento
em prol de uma visão de conjunto do estado do planeta, de forma a compreender-se o presente
e pensar as possibilidades futuras da História humana.

Índice:

1. A Génese da Filosofia da História ...................................................................................... 3

2. O Progresso Racional ........................................................................................................... 4

3. Uma História Prospetiva ...................................................................................................... 6

3.1. “A Fénix da Natureza”.................................................................................................. 6

3.2. O Projeto Republicano-Federalista ............................................................................... 8

3.3. O Inalcançável Fim ....................................................................................................... 9

4. O Neoliberal “Fim da História” ......................................................................................... 10

4.1. A Frágil Tese de Fukuyama ........................................................................................ 11

4.2. A Urgente Visão de Conjunto..................................................................................... 14

5. Considerações Finais ......................................................................................................... 16

Bibliografia ............................................................................................................................. 17
Silva 3

1. A Génese da Filosofia da História

A génese da filosofia da História é muito importante para o processo de secularização,


sendo a ligação entre ambos complexa e multifacetada. A mudança histórica causada pelo
declínio da dominante influência da religião sobre a sociedade, política e cultura, pode ser
entendida no processo de secularização, enquanto o desenvolvimento da consciência histórica
moderna está intimamente associado ao nascimento da filosofia da História. Estes dois
fenómenos estão proximamente interligados, visto a decadência da religião como origem de
significado e autoridade na época moderna ter levado à emergência de novas formas de
compreensão do curso da História humana.

Nas sociedades pré-modernas, a religião desempenhou um papel central na criação das


crenças, valores e ações dos homens, que concebiam a História como parte do plano divino de
Deus, interpretando os acontecimentos conforme o seu significado religioso. Contudo, a
ascensão da modernidade originou novas formas de pensar, impelindo aos homens questionar-
se sobre a influência e papel da religião nas suas vidas e sociedades. No século XVIII, o
Iluminismo causou uma reviravolta crítica no processo de secularização – os seus pensadores
destacaram a razão, o individualismo e o progresso, desafiando o tradicional dogma e
autoridade religiosa ao procurarem criar uma nova visão do mundo secular baseada em provas
empíricas, pensamento racional e método científico, colocando a razão e a investigação
científica na vanguarda da compreensão humana. A filosofia da História surgiu como uma
disciplina durante este período – os pensadores procuravam compreender o significado e a
direção da História humana num mundo onde a religião deixava de ser o único guia,
desenvolvendo novas teorias da História de natureza secular. Emergiu também o Estado-nação
como um novo local de poder e legitimidade à medida que o poder da igreja e de outras fontes
tradicionais de autoridade diminuíam – compreendendo-se as suas origens e trajetória, bem
como o seu papel e influência no curso da História.

Uma das principais características da filosofia da História é a primazia da ação – os


eventos históricos são impulsionados pela atividade humana e não pela intervenção divina. Esta
mudança, de uma crença num Deus providencial que dirige os assuntos humanos para um foco
na ação humana, reflete a tendência mais ampla da secularização, pois à medida que a religião
perde o seu domínio sobre vários aspetos da vida, os homens tornam-se responsáveis pela
criação do seu próprio futuro. Jacques-Bénigne Bossuet, bispo e teólogo francês, considerado
um precursor da filosofia da História, fruto do seu foco nas dimensões ética e existencial da
Silva 4

História, reconheceu que o problema da ordem e da desordem é central para a compreensão da


História humana1. A sua obra reflete a tensão entre a crença numa providência divina que
ordena o mundo e a realidade da atividade e contingência humana, construindo-se a filosofia
da História sobre esta tensão e procurando compreender como os homens criam ordem e
significado a partir do caos dos acontecimentos históricos – salientando a importância da
atividade humana na construção do mundo. Centrando-se nas ações de indivíduos e grupos, a
filosofia da História oferece uma forma de compreender a direção e o propósito da História
humana sem contar com a intervenção divina.

A filosofia da História promoveu novas formas de compreensão do curso da História


humana e colocou a atividade humana na linha da frente da investigação histórica. O seu
desenvolvimento como disciplina possibilitou a conceção de novas teorias profundamente
enraizadas na ideia da razão, no progresso e na racionalidade da História, continuando a
oferecer um quadro valioso para a compreensão do curso da História humana e do papel da
atividade humana na sua formação. Desta forma, criou-se uma importante base para os
conceitos de progresso pré-kantianos que abordarei de seguida, e para a visão prospetiva da
História de Kant, fundamentada na razão, no progresso e na destruição como criadora.

2. O Progresso Racional

Sendo um foco central da investigação filosófica durante séculos, a categoria de


progresso contém diversas conceções sobre o que significa e como pode ser alcançado, de
académicos de várias áreas. Blaise Pascal, Isaak Iselin e Anne Robert Jacques Turgot
apresentaram, cada um, uma perspetiva sobre o que o progresso implica e cujas ideias refletem
a complexidade e diversidade deste conceito. Analisando com detalhe as suas citações, é
possível identificar três aspetos relevantes em torno da natureza multifacetada do progresso e
as várias formas de ser abordado.

Pascal realça a ideia de progresso por via da aquisição de conhecimento e experiência,


sugerindo que, embora possamos consagrar os antigos conhecimentos de civilizações passadas,
não devemos esquecer o acesso a uma maior quantidade de conhecimento e experiência que
temos comparado aos nossos antepassados2. O progresso não é um processo linear –
desenvolve-se segundo o conhecimento e a vivência das gerações anteriores, envolvendo o
reconhecimento das conquistas do passado e a acumulação contínua de sabedoria e experiência

1
Soromenho-Marques, slide 5.
2
Pascal 232.
Silva 5

no presente e futuro. Esta conceção de progresso ecoa no texto de Iselin, cuja ideia de
progressão da humanidade, desde a simplicidade até um maior grau de luz e prosperidade,
resultou das suas investigações sobre a História da humanidade3. O seu trabalho reflete a
importância da aprendizagem segundo os erros e sucessos do passado, e a utilização deste
conhecimento para criar um futuro melhor. Tanto Pascal como Iselin entendem que o progresso
se desenvolve com base no conhecimento e experiência daqueles que vieram antes de nós.

Em contrapartida, Turgot centra-se no desenvolvimento de competências práticas e


tecnologias, particularmente nas artes mecânicas – ao contrário da literatura e das ciências
especulativas, as artes mecânicas nunca sofreram um eclipse porque se tornaram objetos de
comércio autossustentáveis4. A visão do progresso de Turgot insinua que as competências
práticas e as tecnologias são cruciais motores do crescimento económico e da prosperidade –
o progresso envolve o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e úteis, que podem ser
monetizadas, tornando o crescimento contínuo do comércio e da indústria um indicador chave.
O progresso é impulsionado não só por objetivos intelectuais, mas também por aplicações
práticas e incentivos económicos, reforçando este pelo facto de muitos dos grandes avanços
científicos e tecnológicos dos últimos séculos terem sido incitados por interesses comerciais.

Turgot sugere ainda que o progresso envolve uma rejeição da superstição e adoção do
conhecimento empírico e do método científico, visto o progresso da História natural e da
ciência ter sido dificultado por essa superstição e dependência em explicações mitológicas –
algo rejeitado por filósofos que procuraram explicar fenómenos através de conceitos abstratos,
como essências e faculdades. Turgot propôs que a rejeição da superstição fora um percursor
necessário para o progresso, mas que o verdadeiro apenas foi alcançado quando os homens
começaram a observar as ações mecânicas dos corpos e a desenvolver hipóteses que poderiam
ser testadas segundo a matemática e a experiência5. Esta visão destaca a importância do
pensamento alicerçado em provas e da investigação científica na orientação do progresso e no
avanço da nossa compreensão do mundo que nos rodeia. A importância do método científico é
também evidente no trabalho de Iselin, onde frisa a necessidade de investigação rigorosa e de
provas empíricas para a compreensão da História da humanidade.

Ressaltando diferentes aspetos do progresso, estes autores sugerem em conjunto que é


um conceito pluridimensional e complexo, podendo ser tratado através de uma variedade de

3
Iselin XXXV.
4
Turgot 323-4.
5
Turgot 294.
Silva 6

ângulos. Em última análise, assemelha-se mais a uma viagem do que a um destino – uma ideia
crucial no pensamento de Kant que analisarei de seguida.

3. Uma História Prospetiva

É possível observar algum sentido na História do Homem? O curso da História é lógico


ou fruto do acaso? O caminho é traçado por um coletivo ou conjunto de indivíduos? Immanuel
Kant, marcado pelo otimismo do século XVIII, mas abalado pelo cataclísmico terramoto de
Lisboa de 1755, procura fundamentar a ideia de progresso num plano racional, compatível com
a complexidade da natureza humana, e que admita e integre a existência do mal, a própria ideia
do trágico na História6 – uma filosofia da História prospetiva, pois só assim se conhecem o
sentido e justificação do passado e presente7. Demarcando as suas ideias acerca do progresso,
do plano oculto da natureza, e da sociedade civil perfeita como objetivo final da espécie
humana8, procuro traçar um fio condutor entre o conceito de progresso e um fim da História
kantiano.

O conceito de razão em Kant é crucial para entender a sua filosofia da História. Sendo
a razão o princípio orientador da ação, ela prescreve-nos a lei moral, que deve ser sempre
respeitada por indicar o que devemos fazer9 – o imperativo categórico. “Age como se a máxima
da tua acção se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza”10 não violando
a liberdade e autonomia, visto que seguir um “bem” é subjetivo – deve-se agir de acordo com
a boa vontade, pois é pura e incondicionada como a razão11. O Reino dos Fins seria um cenário
onde este imperativo se torna uma máxima universal12, porque todos seriam respeitados e
usados como fins e nunca como meios. Apesar de Kant perceber e aceitar que tal nunca
acontecerá, deve-se obrigatoriamente continuar a usar este imperativo como orientador da
razão, que Kant usa para refletir sobre a experiência coletiva e socialização do indivíduo.

3.1. “A Fénix da Natureza”13

Alicerce das ideias de progresso, razão e História, o conceito de “antagonismo”14


remete para a contraposição entre a discórdia intersubjetiva e a necessidade de entendimento

6
André 11.
7
Weyand 8.
8
Kant, Ak VIII 468.
9
Kant, Fundamentação 30-31, 46.
10
Kant, Fundamentação 59.
11
Kant, Fundamentação 46.
12
Kant, Fundamentação 75.
13
Phönix der Natur. Kant, Theorie des Himmels, Ak., I 321.
14
Kant, Versuch den Begriff, Ak., II 171.
Silva 7

entre os homens para garantir a sobrevivência, originando a ideia da sociabilidade insociável e


a noção de progresso como desígnio histórico. Tendo em conta a dialética natural anunciada
em textos prévios15, uma destruição criadora, o progresso não é linear, mesmo tendo um
objetivo e um fim, porque os retrocessos são momentos essenciais para si e para a História16 –
observa-se nas maiores catástrofes a maior necessidade de resolver o antagonismo humano.

Kant conjetura o conceito de progresso enquadrado numa narrativa racional da História,


mas fruto da adversa compreensão dos factos, causada pelo limite do intelecto do Homem17,
tal visão teleológica não pode recair em factos absolutos – uma tamanha escala ininterpretável.
Contudo, a razão concebe-a como um dever prático e objetivo desejável, sustentando-se no
aperfeiçoamento do género humanos até ao seu potencial máximo18, que ocorre por via da
sociabilidade insociável – “... a sua tendência para entrarem em sociedade, tendência que, no
entanto, está unida a uma resistência universal que ameaça dissolver constantemente a
sociedade”19. O Homem sente a necessidade de entrar em sociedade, porque deseja evoluir e
desenvolver o seu potencial, o qual percebe ser inalcançável sozinho20, construindo-se um
motor nesta História do progresso. A razão e o seu imperativo são elementos fundamentais na
procura de sentido na História, que se realiza como imperativo da razão e do dever ser, onde o
respeito pelos outros e o bom comportamento, provenientes deste imperativo, constroem uma
boa sociedade21, conduzindo à evolução – contudo, ocorrendo ao longo de vários anos, tendo
cada indivíduo pouco conhecimento sobre o processo no geral e no seu fim.

A razão e a natureza são pilares que se complementam: a primeira impinge ao indivíduo


o seu desenvolvimento através do dever, e a segunda impõe ao Homem um certo destino de
realização das suas possibilidades – a ideia do Plano Oculto da Natureza22, que reconhecida ou
não pelo Homem, está em curso. A História e a natureza vão se desenrolando, mas apesar do
limite do entendimento do Homem o tornar incapaz de conhecer o modo ou o método como
ocorre, ele deve visualizar a natureza como se tivesse o seu bem em mente. É fruto da razão
que deve agir em consonância com este plano, mas mesmo não agindo de tal forma, este
continua em movimento. Assumindo que a natureza não tem uma vontade própria, o seu

15
Kant, Der Einzing, Ak., II 117.
16
Kant, Reflexion, Ak., XV 615, 621, 636, 890.
17
Kant, Critique 257-58.
18
Kant, Ideia de uma História Universal 21.
19
Kant, Ideia de uma História Universal 24.
20
Kant, Ideia de uma História Universal 22.
21
Kant, Critique 261.
22
Kant, Ideia de uma História Universal 32.
Silva 8

decurso tem um plano que talvez a guie graças ao modo como concebeu ou Homem –
obrigando-o a desenvolver-se de forma a resolver o problema do seu conflito interno23.

Consentir que o indivíduo não possui liberdade de escolha, por se aceitar um curso da
História e um plano da natureza, é antagónico à preservação da liberdade do indivíduo que
Kant defende. Este tentou reconciliar a vontade da natureza com essa liberdade, admitindo que
a primeira cria as condições ideais e o local onde o Homem deve tem de chegar – deixando o
indivíduo livre para realizar o percurso como quiser e ao passo que quiser, sendo efetivamente
livre, mesmo enquadrado num plano natural24. O local onde o Homem deve chegar não existe
garantidamente, até porque esse fim culmina numa sociedade perfeita e harmoniosa, que não é
possível devido à necessidade de conflito que a natureza tem. O fim do conflito depende de
uma reinvenção do Homem, cuja capacidade para tal não possui, mesmo que tenha de tentar
sempre – deve percorrer o caminho para este grande objetivo da paz e resolução da sua natureza
conflituosa, evoluindo para o mais próximo disso que consiga. Salientando que a desmotivação
de um indivíduo não importa à natureza, nem cessa com a necessidade de resolução do
problema – a razão do indivíduo pesa nele mesmo para relembrá-lo que deve continuar a tentar.
A História e a sua importância dão-se no percurso até ao objetivo da Paz Perpétua.

3.2. O Projeto Republicano-Federalista

Um dos modos de apaziguar o conflito consiste na promoção da união entre sociedades


e esquemas políticos, de forma a fomentar uma paz e boa convivência mais generalizada;
mesmo sendo uma tarefa complicada, visto as nações possuírem uma tendência natural de
permanecer em conflito, assim como a própria natureza humana dos indivíduos. Contudo, a
razão promove a cooperação, uma vez que a sua realização é necessária para a sobrevivência
do Homem. Desta forma, Kant pensa no Projeto para a Paz Perpétua em três domínios
interdependentes: ao nível interno dos próprios Estados – o Republicanismo; nas relações entre
os Estados – o Federalismo; na criação de uma verdadeira “paz mundial” – o Cosmopolitismo.

A primeira condição para a paz consiste na existência de uma ordem constitucional


interna que adeque e corresponda o direito à razão – devendo a constituição civil de cada Estado
ser republicana25. O republicanismo caracteriza-se pelo respeito pelos direitos humanos, a
separação de poderes e a igualdade perante a lei – princípios decorrentes da ação, porque este

23
Kant, Ideia de uma História Universal 19-20.
24
Kant, A Paz Perpétua 154-57.
25
Kant, A Paz Perpétua 139.
Silva 9

modelo é uma adequação da política à razão, cuja pureza torna as ações morais de acordo com
o dever, materializando-as nas leis; caminhando para a paz através do imperativo categórico,
que promove uma melhor resolução de conflitos e escolhas26. Salientando que cada Estado
deve caminhar em direção a uma república pura, apesar inalcançável – quanto mais próxima,
melhor.

Contudo, “[o] problema da instituição de uma constituição civil perfeita depende ... do
problema de uma relação externa legal entre os Estados e não pode resolver-se sem esta
última”27. A insociabilidade que obriga o Homem a entrar numa sociedade, é a mesma que
força os Estados a ingressar numa liga de povos, onde cada um possui direitos e segurança28.
Assim, a existência de uma federação da paz torna-se condição seguinte, sendo a extensão do
republicanismo e do seu ideal – criando-se um espírito de cooperação internacional, onde a paz
se concretiza num plano global. A razão obriga os Estados a cessar a guerra através de leis
pública coativas, e da formação de um estado de povos29 que englobaria todos os povos da
Terra30.

Os homens estão condenados ao mútuo entendimento, não por serem benevolentes entre
si, mas porque à falta desse compromisso sobra apenas a guerra de todos contra todos,
destruindo-se o género humano no processo31. Desta forma, Kant concebe um direito
cosmopolita correspondente à criação de uma real paz mundial – onde se limita às condições
da hospitalidade universal32. A História não passa de uma descrição deste progresso da
humanidade com vista à coexistência fraterna e universal – o federalismo é apenas a primeira
etapa desta paz entre Estados, pois o propósito da natureza é o nascimento de uma cidadania
cosmopolita. É do conflito interno do Homem que se constrói toda uma ordem política e social
sustentável e universal33.

3.3. O Inalcançável Fim

Esta dialética inevitável não está isenta de adversidades, nem aspira a uma solução
definitiva, pois esta é impossível – nada consegue eliminar a natureza humana34, pelo que “a

26
Kant, A Metafísica dos Costumes 186.
27
Kant, Ideia de Uma História Universal 28.
28
Kant, Ideia de Uma História Universal 28-29.
29
Estado de povos refere-se a uma certa correlação e coabitação dos povos, unidos, mas independentes entre si.
30
Kant, A Paz Perpétua 147.
31
André 17.
32
Kant, A Paz Perpétua 148.
33
Kant, Sobre a Expressão Corrente 106.
34
Kant, Ideia de uma História Universal 28.
Silva 10

paz perpétua ... é, obviamente, uma ideia irrealizável”35. Contudo, esta impossibilidade não
cessa o caminho para a paz perpétua, visto compelir ao Homem a procura de um entendimento
possível validado pela razão, levando à conceção de um progresso com uma positiva finalidade.
Para Kant, saber se a paz perpétua é real ou sem sentido não importa, pois se devemos agir
segundo a o imperativo da razão, devemos agir como se ela fosse possível; uma vez que, para
tal, a razão leva ao republicanismo, que por sua vez, resultará inevitavelmente nesta paz
eterna36.

Apesar de Kant não apresentar uma tese declaradamente sobre o “Fim da História” à
semelhança de Francis Fukuyama, é possível interpretar esse conceito na sua filosofia da
História e, em parte, política. À primeira vista, parece existir um ponto comum entre os
filósofos – a ideia de um modelo político como fim. Não obstante, o modelo que Kant considera
afasta-se totalmente das conceções contemporâneas sobre regimes políticos: enquanto o
republicanismo deriva da razão, tendo esse nome por ser o mais próximo e fiel a esta, a
democracia liberal de Fukuyama é estática e com diversas contradições. Desta forma, analisarei
de seguida as fragilidades da sua tese e algumas contradições ausentes, procurando algumas
respostas que Kant já poderia ter.

4. O Neoliberal “Fim da História”

Fukuyama acredita que estamos a chegar ao fim da História – o desfecho da evolução


ideológica da humanidade, e a universalização da democracia liberal ocidental como o tipo de
governo humano final. Não significa que deixarão de existir qualquer tipo de eventos, mas sim
que o liberalismo já venceu, primeiramente, no campo das ideias e consciência, estando ainda
incompleto no campo real ou material. Para o filósofo, existem fortes razões para acreditar que
será este ideal que governará o mundo material a longo prazo37.

O fim da 2ª Guerra Mundial, que viu cair os regimes fascista e nazi, seguiu-se de uma
guerra fria, que opôs os Estados Unidos da América, país liberal e capitalista, à União
Soviética, país autoritário com ideais comunistas. Avançando até à data de publicação do
artigo, 1989, Fukuyama informa que o ano anterior viu uma inundação de artigos a comemorar
o fim da guerra fria38 – o que, oficial e formalmente, aconteceu mais tarde nesse ano, em
dezembro, quando os presidentes de ambas nações, George H.W. Bush e Gorbachev

35
Kant, A Metafísica dos Costumes 238.
36
Kant, A Metafísica dos Costumes 244.
37
Fukuyama 1.
38
Fukuyama 1.
Silva 11

respetivamente, declararam o fim da guerra fria na Cimeira de Malta. Este contexto é


importante para entender o pensamento de Fukuyama – um homem nascido nos EUA na década
de 50 e que cresceu durante o boom económico e social do país, sendo compreensível a sua
visão extremamente capitalista e neoliberal. Contudo, quase 30 anos depois, a analise da sua
tese do “Fim da História” tem de ser feita segundo uma perspetiva da atualidade.

4.1. A Frágil Tese de Fukuyama

Embora a União Soviética tenha colapsado, ainda existem países que aderem aos
princípios socialistas ou comunistas, contrariando o suposto fim do conflito ideológico: Cuba
e Coreia do Norte continuam Estados isolados regidos por ideais comunistas; a China, além de
manter um sistema político unipartidário dificilmente democrático, abraçou o capitalismo e
tornou-se uma potência económica com uma crescente influência global. Desta forma, a noção
de inevitabilidade e prevalecimento sobre outros sistemas políticos do liberalismo, é desafiada
– a História não acabou, porque existe ainda concorrência ideológica e política. O liberalismo
como fim da História39, segundo Huntington, está longe de ser universalmente aceite:

O problema … para o Ocidente … [é] o Islão, uma civilização diferente, …


convencid[a] da superioridade da sua cultura e … obcecad[a] com a inferioridade do
seu poder. O problema para o Islão … [é] o Ocidente, uma civilização diferente, …
convencid[a] da universalidade da sua cultura e acredita que o seu poder superior,
mesmo em declínio, [lhe] impõe a obrigação de expandir essa cultura por todo o
mundo.40

Fukuyama pressupõe a ausência de conflitos no neoliberalismo41, mas a crescente


desigualdade e polarização em muitas sociedades sugere o contrário – o capitalismo vem
criando as suas próprias contradições, que ameaçam a estabilidade das democracias liberais. O
neoliberalismo como a melhor forma de promoção do crescimento económico e prosperidade42,
ignora ser a causa do aumento significativo da desigualdade económica, dentro das nações e
entre elas. A sua contradição central, como observa Piketty – o crescimento inexorável de
riqueza e a relativa estagnação dos salários – é a razão pela qual a História da distribuição do
rendimento e da riqueza tem sido sempre profundamente política43.

39
Fukuyama 3.
40
217.
41
Fukuyama 3.
42
Fukuyama 3.
43
20-21.
Silva 12

A igualdade e liberdade política são dois pilares fundamentais das democracias liberais,
esperando-se uma igual participação política44 e liberdade total na sua decisão. Mas esta
igualdade apenas se realiza garantindo-se condições favoráveis, tanto mentais como materiais,
sendo a ausência das últimas a origem de alguns problemas – o neoliberalismo agrava a falta
de igualdade neste aspeto. Para exercer a condição de cidadão, é preciso dispor de um certo
conjunto de bens que o permitam – o capital é um deles, visto permitir, na teoria, uma vida
minimamente assegurada, que gera preocupação e vontade de participação política. Contudo,
esse recurso provém do trabalho, na maioria dos casos, tornando-se problemático quando, por
conta do neoliberalismo, as pessoas precisam de trabalhar cada vez mais e em turnos cada vez
maiores para se sustentarem; e mesmo empregadas, muitas vivem aflita em precárias condições
de vida. É inconcebível exercer a condição de cidadão, quando a maior preocupação é especular
a possibilidade de, não só conseguir alimentar-se no dia seguinte, como também não ficar sem
teto. Parece-me contraditório afirmar a democracia liberal como fim da História, quando os
seus integrantes não possuem as mesmas condições necessárias ao exercício da democracia –
tem de existir uma primazia dos direitos humanos. Para Kant, os direitos dos homens são
sagrados, independentemente dos sacrifícios, e não podem ser postos em causa45.

O aumento dos turnos e os baixos salários, também têm tornado as pessoas amorfas e
indiferentes à ação política e governamental – não querem despender o seu pouco tempo de
vida privada em questões de participação pública. E às ainda interessadas, a concentração de
riqueza e poder, em certos indivíduos e empresas, causou a sensação de privação de direitos,
sentindo que não são ouvidas e acreditando que no sistema armado contra elas. Nos EUA, 68%
da riqueza é detida por 10% dos principais contribuintes46, que apoiam e financiam a maioria
das campanhas políticas – não sendo o exercício da democracia igual para todos, devido à
extrema importância do poder económico, o que Rousseau já anunciara em 1762, afirmando
que mesmo sendo uma igualdade equitativa, “… quanto à riqueza, que nenhum cidadão seja
bastante opulento para comprar outro, nem nenhum tão pobre que seja obrigado a vender-se”47.

Será esta democracia realmente tão democrática? Onde as pessoas se desligam da vida
política, deixando aqueles no poder fazer o que melhor entenderem, porque acreditam serem

44
De notar que esta igualdade se refere a uma participação e importância igual entre todos os cidadãos. Não
tenciono abordar esta questão relativamente às teorias representativas, aos sistemas partidários e sistemas de
governação (centralismo e federalismo).
45
A Paz Perpétua 177.
46
U.S. Wealth Distribution Q4 2022.
47
65.
Silva 13

todos iguais? Esta contradição política é emergente e muito preocupante, possibilitando a


integração de pessoas com ideais radicais no poder – surgem movimentos populistas, que
desafiam o status quo e questionam a legitimidade do processo democrático, frequentemente
alimentados pelo ressentimento e raiva contra as elites. Pressupor a inevitável propagação da
democracia liberal, ignora o aumento significativo do autoritarismo e nacionalismo nos últimos
anos, com muitos países a deslizar para esse sistema.

Como Mounk observa, por todo o mundo, as democracias atravessam atualmente uma
crise de legitimidade, à medida que os cidadãos vão ficando mais desiludidos com o processo
democrático e cada vez mais abertos a alternativas autoritárias48. A propagação da democracia
liberal está longe da inevitabilidade, e o autoritarismo continua uma ameaça significativa – a
eleição de Donald Trump nos EUA, o voto Brexit no Reino Unido e a ascensão de partidos de
extrema-direita na Europa, sugerem que a democracia liberal enfrenta tais desafios. Estes
movimentos apelam frequentemente ao sentimento nostálgico de um falso passado; promovem
políticas baseadas na exclusão e no medo; e minam os fundamentos da democracia liberal,
atacando a imprensa livre, ameaçando o Estado de direito, e promovendo um culto à
personalidade do líder. Estas tendências prometem corroer os ganhos obtidos em termos de
direitos humanos, liberdades civis e governação democrática, levando à erosão das instituições
democráticas, à disseminação de notificas falsas e teorias conspiratórias, e à polarização da
sociedade.

Por fim, Fukuyama não refere os potenciais custos ambientais do crescimento


económico descontrolado e o impacto da crise ambiental nos sistemas políticos – causando
uma exploração excessiva de recursos naturais, poluição, alterações climáticas, destruição de
ecossistemas, desflorestação e outras ameaças ao futuro da humanidade. Esta expansão
realizada à custa da sustentabilidade ambiental, torna as preocupações ambientais cada vez
mais importantes, não sendo o neoliberalismo a melhor forma de as atender.

Estes problemas requerem uma ação coletiva e cooperação internacional, que é difícil
de obter num sistema baseado na concorrência e no interesse próprio. As alterações climáticas
são o desafio mais urgente e significativo que a humanidade enfrenta atualmente, não podendo
ser resolvido apenas pelo mercado livre – o consenso neoliberal é insuficiente no combate aos
complexos e urgentes desafios colocados pela crise climática. É preciso assumir um papel mais
proativo na abordagem aos desafios ambientais globais, e na colaboração com outros países

48
1-2.
Silva 14

para encontrar soluções. O desenfreado desenvolvimento económico também contribuiu para


a exploração dos trabalhadores e priorização dos lucros a curto prazo, em detrimento da
sustentabilidade da Terra a longo prazo – problema que Jefferson alertou em 1789, afirmando
que “[a] Terra pertence sempre à geração dos vivos. … Eles são também os senhores das suas
próprias pessoas e, consequentemente, devem governar-se como melhor entenderem”49.

4.2. A Urgente Visão de Conjunto

À medida que o Homem continua impactar o ambiente, uma visão de conjunto para
compreender o presente e pensar no futuro torna-se vital – não se podendo limitar a uma única
ciência especializada, porque as complexas interações entre o Homem e o ambiente precisam
de uma abordagem multidisciplinar. Segundo Os Limites do Crescimento (ainda sem as
alterações climáticas), o Modelo Mundial (1972) possui cinco variáveis fundamentais a reter:
os recursos alimentares (terras e produtividade agrícola); os recursos naturais (matérias-primas)
extraídos anualmente das reservas disponíveis; a produção e a evolução do capital produtivo;
o grau e as consequências da poluição para o ambiente; e a população mundial50.

Retendo e conjugando estas variáveis, podemos construir a necessária visão de conjunto


para abordar o funcionamento do “Sistema Terra” da melhor forma, principalmente os
problemas causados pelo Homem. O “Sistema Terra” refere-se às interações entre os processos
biológicos, físicos e químicos, que conectam a terra, a litosfera, a criosfera, a atmosfera e o
oceano, criando propriedades e características do Sistema Terra como um todo, que resultam
da interação entre estas esferas51. Assim, existem nove limites planetários, como as alterações
climáticas, a taxa de perda de biodiversidade, a alteração do uso do solo, entre outras52. O
IPCC53 destaca a necessidade de análises multidisciplinares no desafio das alterações
climáticas, incluindo a integração das ciências físicas, ecológicas, económicas e sociais, visto
que “[u]ma eficaz mitigação não será conseguida se os agentes individuais avançarem os seus
próprios interesses independentemente”54.

As alterações climáticas resultam de uma complexa teia de coeficientes, como emissões


de gases com efeito de estufa, alterações provenientes do uso do solo e variações na radiação
solar, cada um influenciado por diversos agentes físicos, biológicos, sociais e económicos,

49
“Carta de Thomas Jefferson a James Madison”, 6 set. 1789. The Works.
50
Meadows.
51
Steffen 2.
52
Rockström 473.
53
The Intergovernmental Panel on Climate Change.
54
17.
Silva 15

únicos para diferentes regiões e comunidades – exigindo conhecimentos de múltiplas ciências


para compreender e analisar esses coeficientes. A destruição de habitats, a presença de espécies
invasoras e as alterações climáticas, causam a perda de biodiversidade, sendo instigados por
causas ecológicas, sociais e económicas, e também exclusivos de diferentes regiões e
comunidades – sendo necessário que conhecimentos especializados de ecologia, genética,
geografia e economia, integrem essa perspetiva, de forma a atacar eficazmente a perda da
biodiversidade

Esta conduta cria soluções mais eficazes: o combate às alterações climáticas precisa,
não só de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, como também de construir
estratégias de adaptação aos impactos de um clima em mudança; que se devem ajustar às
necessidades e circunstâncias de diferentes comunidades e ecossistemas, e contar com fatores
sociais, económicos e políticos, que influenciam o comportamento humano. O êxito de uma
combinação de planos, incluindo restaurar habitats, e gerir espécies invasoras e áreas
protegidas, para a perda de biodiversidade, depende de vários fatores, como considerações
ecológicas, sociais e económicas. O sucesso das áreas protegidas resulta de agentes ecológicos,
como a dimensão e lugar da área protegida, e sociais e económicos, como as crenças de
comunidades locais e o acesso a meios de subsistência alternativos, como refere o IPBES55:
“[v]ários estudos destacaram contribuições dos povos indígenas e comunidades locais na
limitação desflorestação...”56.

Tal visão ajuda a identificar sinergias entre diferentes objetivos de sustentabilidade. A


produção de energia é essencial ao desenvolvimento humano, mas utilizar combustíveis fósseis
contribui para as alterações climáticas, que ameaçam a subsistência dos ecossistemas e
sociedades. Conceber fontes alternativas de energia ambientalmente sustentáveis, socialmente
equitativas e economicamente viáveis, requer conhecimentos de múltiplas disciplinas, como
engenharia, economia, e ciências sociais, integrados – criando parcerias entre a produção de
energia e outros objetivos de sustentabilidade, como conservar a biodiversidade e reduzir a
pobreza. Os ODS57 reconhecem esta urgente visão, sendo um conjunto de 17 objetivos inter-
relacionados, que visam cessar com a pobreza, proteger a Terra e assegurar a paz e prosperidade
para todos; exigindo a agregação de várias disciplinas, como ciências ambientais, sociais, e
economia, para alcançar um futuro sustentável para todos.

55
The Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services.
56
33.
57
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Silva 16

Enfrentar eficazmente estes complexos desafios e criar um futuro sustentável, requer


uma abordagem holística e interdisciplinar, que integre os conhecimentos de múltiplas ciências.
Trabalhando em conjunto, cientistas e decisores políticos podem compreender os desafios que
a Terra enfrenta e conceber soluções mais eficazes para as causas destas questões. A integração
de conhecimentos permite o desenvolvimento de estratégias adaptadas que têm em conta as
necessidades e circunstâncias únicas das diferentes comunidades e ecossistemas.

5. Considerações Finais

Este diário de bordo foi sendo trabalhado ao longo do semestre, pelo que fui
respondendo às questões pela ordem do programa. Após já ter escrito sobre Fukuyama e a visão
de conjunto, interessei-me pela matéria acerca da génese da filosofia da História, escolhendo
as três perguntas dessa lição. Contudo, o meu objetivo com este trabalho não consistia numa
mera exposição de perguntas e respostas, à semelhança do que seria um teste – mas sim num
ensaio de reflexão, com um tema central e fio condutor entre todas as questões, como
efetivamente realizei.

A primeira parte deste diário de bordo, desde a génese da filosofia da História até ao
“fim da História” inalcançável de Kant, fez-me refletir bastante acerca do conceito de
progresso, o que nunca tinha pensado muito aprofundadamente. Li e ouvi diversas vezes, frases
como “é preciso saber recuar um passo para avançar dois”, mas nunca parei realmente para
pensar sobre essa questão – o que mudou devido à conceção de Kant. O conceito do plano
oculto da Natureza e toda a explicação ao redor da evolução do género humano, motivaram-
me a estudar mais sobre o assunto e, além disso, pensar sobre como este plano tanto pode ser
fruto de uma entidade superior, como se integrar plenamente na teoria do Big-Bang – uma
prévia destruição que originou toda uma nova criação.

Já na segunda parte, onde abordo a tese de Fukuyama e apresento a visão de conjunto


como uma resposta ao problema ecológico causado, em grande medida, pelo neoliberalismo,
refleti bastante sobre as conceções políticas e económicas prévias que tinha. Não escondo que
as minhas opiniões económicas eram muito viradas à direita – o que, ao estudar a matéria do
Antropoceno e de Fukuyama, se alterou. E mesmo que continuasse a ter as mesmas opiniões,
a verdade é que uma economia cujo objetivo único é o lucro, não é sustentável. De nada serve
tentar maximizar lucros e diminuir despesas se, durante esse processo, destruirmos o nosso
planeta – fruto da ganância desmedida do Homem.
Silva 17

Bibliografia

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Viriato Soromenho-Marques, 27 jan. 2023, FLUL, Lisboa. Slide 39.

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