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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CCH DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA –


DEHIS DISCIPLINA: TEO. DA HISTÓRIA: FUND E CONC 2023.2
Prof. Rafael Barros
Alunas: Jullia Vitória Machado Ferreira e Naiara da Silva Reis

Nota:

I AVALIAÇÃO

QUESTÃO

Tendo em base a leitura do livro Dicionário de Conceitos históricos, dos autores


Kalina Vanderlei Silva e Maciel Henrique Silva, elabore um texto dissertativo
expondo (explicando) sua compreensão a respeito dos seguintes conceitos
históricos: Fontes históricas, história e tempo.

Tempo

Abordar o conceito de tempo, sobretudo em seu contexto histórico, nos permite


mergulhar em uma discussão que transcende as fronteiras da simplicidade. A
História, afinal, constitui-se como um estudo das ações humanas através do
tempo, mas a compreensão do tempo em si revela-se como uma tarefa
complexa e multifacetada.
Primeiramente, a percepção do tempo cíclico, exemplificada pelos antigos
maias, proporciona um olhar peculiar sobre a temporalidade. Nessa visão, o
tempo não é uma linha reta, mas sim um ciclo constante de renovação, em que
o fim de um período marca o início de outro. Esta concepção influenciou suas
práticas culturais e religiosas, com destaque para o calendário preciso, que
orientava eventos agrícolas e rituais.
Por outro lado, a perspectiva linear do tempo, associada ao pensamento
ocidental com a influência judaico cristã , estabelece um início e um fim
definidos. Isso moldou não apenas a religião, mas também conceitos de
progresso social, como no Iluminismo e na ideia comunista de uma sociedade
perfeita no futuro.
No cenário brasileiro, podemos relacionar essa diversidade de percepções do
tempo à nossa rica cultura. Por exemplo, o Carnaval representa uma
manifestação cultural que desafia a linearidade temporal, transformando o
presente em uma festa efêmera de reversão de papéis.
Além disso, no mundo contemporâneo, a aceleração do tempo, impulsionada
pela tecnologia e globalização, levanta questões sobre como essa mudança
afeta nossa compreensão coletiva da história. A literatura também oferece
insights valiosos sobre as concepções de tempo. Autores como Jorge Luis
Borges exploram a ideia de tempo circular e a imortalidade, questionando
nossas noções tradicionais de temporalidade.
Em suma, a História vai além de uma mera narrativa de datas e eventos; ela
também é uma exploração da maneira como diferentes culturas e indivíduos
interpretam e experimentam o tempo. Considerar essas perspectivas diversas
enriquece nossa compreensão da complexidade intrínseca ao conceito de
tempo ao longo da história.

Fontes históricas

Quando exploramos o intrigante campo da História, nos deparamos com a


busca por pistas que nos revelem os segredos do passado. Em tempos
antigos, nossa perspectiva do passado dependia principalmente de
documentos escritos, como registros governamentais e oficiais, os quais eram
considerados fontes confiáveis, quase como "verdades incontestáveis".
Entretanto, a partir dos anos 1930, uma mudança crucial começou a ocorrer no
mundo da História. Historiadores começaram a questionar a ideia de que a
verdade sobre o passado poderia ser capturada exclusivamente em
documentos escritos. Eles reconheceram que todos têm suas perspectivas e
opiniões, inclusive os próprios historiadores, e que essas visões podem
influenciar como enxergamos o passado. Assim, abriram-se as portas para
considerar uma variedade de fontes além dos documentos escritos tradicionais.
Por exemplo, passaram a valorizar as narrativas transmitidas por pessoas mais
velhas. Imagine que estamos estudando a Segunda Guerra Mundial. Conversar
com um veterano que viveu aqueles tempos pode fornecer uma visão única
dos eventos. As lembranças dessas testemunhas vivas são como janelas
através das quais podemos espiar o passado.
Além disso, começaram a dar importância a outras formas de expressão
cultural, como filmes e literatura. Um filme produzido durante a guerra, por
exemplo, pode revelar não apenas eventos, mas também como as pessoas
percebiam o conflito naquela época. Os romances escritos naquele período
podem oferecer insights profundos sobre os sentimentos e pensamentos das
pessoas naquela época.
A análise de objetos antigos também se tornou uma parte significativa da
investigação histórica. Encontrar um diário escrito por alguém que viveu em
uma época passada pode desvendar histórias fascinantes sobre a vida dessa
pessoa e sobre a sociedade em que ela viveu.
Outro avanço importante foi a coleta de entrevistas com pessoas que viveram
no passado. Perguntar a alguém sobre suas experiências e memórias pode
proporcionar informações valiosas sobre eventos históricos e a vida cotidiana
daquela época.
Contudo, o desafio central reside em abordar essas fontes com uma mente
crítica. Cada fonte tem sua própria perspectiva e pode ser influenciada pelo
contexto em que foi criada. Por exemplo, uma entrevista com um veterano de
guerra pode estar impregnada de suas experiências pessoais e emoções da
época, o que a torna uma visão subjetiva.
Portanto, é essencial compreender que as fontes históricas não se restringem a
documentos escritos antigos. Elas podem assumir diversas formas e são
fundamentais para nossa compreensão do passado. Ao utilizá-las, devemos
ser curiosos e fazer muitas perguntas para realmente desvendar o que
aconteceu. A História é uma disciplina que evolui constantemente à medida
que exploramos as várias camadas de evidência disponíveis, e é assim que ela
continua a revelar os segredos do nosso passado.

História

Talvez a História seja como montar um quebra-cabeça gigante, cada peça


representa um pedaço do passado, e os historiadores são como detetives
tentando encaixar essas peças para formar uma imagem completa. Agora, a
questão é: o que é essa imagem completa? Alguns dizem que é a verdade
objetiva dos eventos passados, enquanto outros argumentam que é uma
narrativa interpretativa.
Por exemplo, pensemos na Revolução Francesa. Alguns historiadores podem
abordá-la como uma série de datas e fatos objetivos, como um livro de história
tradicional. Outros podem explorar as motivações e emoções das pessoas
envolvidas, como um romance histórico. Outros ainda podem analisar como a
Revolução Francesa afetou a sociedade e a economia da época, como um
estudo mais amplo.
A reflexão sobre o conceito de História é inerente à disciplina e tem sido objeto
de considerável debate entre historiadores. A natureza da História é mutável,
uma característica que se assemelha a um campo científico em constante
evolução.
No Iluminismo por exemplo, a concepção da História era a de um processo de
progresso da humanidade, equiparando-a a uma evolução científica. Os
iluministas viam a História como uma narrativa contínua de avanços e
melhorias na sociedade.
Os "positivistas" por sua vez, propunham uma abordagem mais objetiva. Eles
buscavam fatos históricos concretos e verificáveis, assemelhando-se a
cientistas que investigam empiricamente fenômenos naturais.
A abordagem da Nova História, por sua vez, é caracterizada pela multiplicidade
de perspectivas. Ela se assemelha a uma disciplina científica em constante
revisão, na qual diferentes historiadores têm liberdade para adotar abordagens
variadas, sem a busca por uma única resposta definitiva.
O historiador Hayden White trouxe uma dimensão literária à História ao
argumentar que esta é essencialmente uma narrativa, mais próxima da ficção
do que da ciência. Ele enfatizou a importância da forma como os historiadores
contam histórias sobre o passado.
A interpretação desempenha um papel crucial na História, conforme observado
por Eric Hobsbown. Ele argumentou que um evento se torna um fato histórico
quando é interpretado e selecionado por um historiador como relevante para a
narrativa histórica, destacando a subjetividade inerente à disciplina.
Eric Hobsbawm introduziu a dimensão política na discussão, destacando como
o passado pode ser usado para legitimar ações no presente. Isso implica uma
consideração crítica da distinção entre fatos e ficção na construção da narrativa
histórica.
Em resumo, a definição de História é um tópico em constante evolução,
refletindo a complexidade e a natureza multifacetada da disciplina.
Historiadores tem diferentes abordagens, e o ensino da História desempenha
um papel fundamental ao guiar os alunos através dessas perspectivas variadas
e estimulantes.

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