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Aula 12

Literatura para ENEM 2017


Profª Rafaela Freitas
Teoria e Questões Comentadas

Vamos falar sobre a herança de alguns movimentos literários, que aconteceram


no Brasil ao longo desses séculos que estudamos, até os dias de hoje. Espero que vocês
gostem dessa volta ao que vimos até agora sobre a literatura brasileira!

BARROCO

Que tal relembrarmos um pouco o Barroco?


O Barroco propôs, a partir das antíteses (confronto de ideias opostas que,
juntas, colabora para a compreensão de uma dessas ideias) uma espécie de eixo
de criação. Retratava, ainda, de maneira trágica, a morte como dissolução das
coisas; forte apelo à religião e ao erótico, etc.
Atualmente, podemos encontrar elementos do Barroco, por exemplo, na
Moda. Quando falamos em Barroco, principalmente no Brasil, lembramos do
Rococó, estilo também adaptado pela moda. Esses estilos se diferem um pouco,
pois o Rococó abusou das cores leves e das curvas.

“Madame de Pompadour” (François Boucher)


Moda Rococó do Século XVIII

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RTW Fall 2015 (Alexander Mc Queen)


Moda Rococó do Século XXI

Na arquitetura também é possível observar as construções das cidades


históricas do período colonial brasileiro, que ainda hoje mantem o estilo
arquitetônico do Barroco. A manutenção do Barroco na cidade histórica do
interior de Minas Gerais, Ouro Preto, é um exemplo do estilo Barroco ainda
presente na atualidade.

Praça Tiradentes
Ouro Preto/MG

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ARCADISMO

Que tal relembrarmos um pouco o Arcadismo?


O Arcadismo foi uma corrente que começou a se estabelecer após o Barroco
e ficou conhecido também como Neoclassicismo, pois retomava a leveza do
clássico renascentista. No Brasil, se estabeleceu a partir do século XVIII,
também com as perspectiva ideológica de crítica às instituições sociais
tradicionais da época. Seu nome, Arcadismo, se refere à Arcádia, na Grécia,
onde seria a “morada dos deuses”. Dessa forma, percebemos a influência da
mitologia grega nessa corrente, que enaltecia alguns lemas, tais como: antítese
(oposição), bucolismo e expressões latinas (Inutilia truncat "cortar o inútil",
Fugere urbem "fugir da cidade", Locus amoenus "lugar ameno", Carpe diem
"aproveitar a vida"). O pensamento Árcade ainda sobrevive nas artes e em
outros discursos. Por exemplo, a ideia de carpe diem ainda está muito presente
no contexto social através de inúmeras pessoas que tatuam no corpo as duas
palavras para expressarem sua maneira de ver o sentido da vida, que seria
aproveitar a vida.

Ainda no cotidiano, o dito popular é uma maneira de resguardar essas


impressões de outras épocas que ainda influenciam na contemporaneidade. Por
exemplo, o dito “não deixa para amanhã, o que se pode fazer hoje” exalta esse
princípio da felicidade pelo pleno gozar da vida.

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Outro termo latino amplamente divulgado pelo Arcadismo que ainda está
presente na nossa vivência e, consequentemente, no discurso, é Fugere Ubem.
Essa fuga da cidade pode ser vista em muitos eixos criativos de propagandas
que exaltam a vida no campo, por exemplo, em detrimento de uma vida mais
agitada na urbe. A moda, normalmente, é cíclica e sempre retoma aspectos de
tempos passados.

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ROMANTISMO

Que tal relembrarmos um pouco o Romantismo?


O Romantismo, no Brasil, dividiu-se em três gerações ou fases. A primeira
tinha um caráter mais nacionalista (ou indianista), isto é, exaltavam as belezas
naturais do país, com o sentimentalismo típico desse período e,
consequentemente, exaltavam a pátria. A segunda, conhecida como “mal do
século”, tinha um cunho mais pessimista e doloroso, causado pela excessiva
idealização da mulher e a presença da morte. Já a terceira geração, conhecida
também como “condoreira”, é marcada por poemas lírico-amorosos. A mulher
ainda é um fio condutor, mas converte-se em algo real; entretanto, o que mais
marca esse período é o seu caráter social e abolicionista.

Primeira Geração – Indianista

A primeira fase é uma das mais emblemáticas, pois também formou nosso
pensamento de nação. Dessa forma, um exemplo da manutenção desse discurso
nos dias de hoje é o dia do Índio na escola, em que os alunos e alunas
simplesmente se vestem de índios, como se essa comunidade não tivesse
valores próprios e um sistema social, isto é, a escola mostra um índio passivo e
europeizado.

Segunda Geração – Mal do Século

Essa fase do Romantismo, que idealiza a mulher como algo inalcançável e


antirrealista, ainda pode ser sentida no cancioneiro brasileiro, como a música da
banda Charlie Brown Jr., “Ela vai voltar”, que fala através de uma voz masculina
que está apaixonado por uma mulher idealizada, que não é qualquer tipo mulher,
pois é forte, tem sensibilidade, é guerreira e deusa. O amor entre os dois não
deu certo, porém a voz do poema almeja que a amada volte.

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ELA VAI VOLTAR


Charlie Brown Jr.

Minha mente
Nem sempre tão lúcida
É fértil e me deu a voz
Minha mente
Nem sempre tão lúcida
Fez ela se afastar
Mas ela vai voltar
Mas ela vai voltar
Ela não é
Do tipo de mulher
Que se entrega na primeira
Mas melhora na segunda
E o paraíso é na terceira
Ela tem força
Ela tem sensibilidade
Ela é guerreira
Ela é uma deusa
Ela é mulher de verdade
Ela é daquelas
Que tu gosta na primeira
Se apaixona na segunda
E perde a linha na terceira
Ela é discreta
E cultua bons livros
E ama os animais
Tá ligado, eu sou o bicho
Minha mente
Nem sempre tão lúcida

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É fértil e me deu a voz


Minha mente
Nem sempre tão lúcida
Fez ela se afastar
Mas ela vai voltar
Mas ela vai voltar

Outra característica dessa geração é o pessimismo causado, muitas vezes,


pelo assolamento causado pela tuberculose, a doença do século, ou seja, o mal
do século. No filme Safe, de 1995, traduzido no Brasil como Mal do Século, conta
a história de uma mulher que começa a se sentir doente, mas ninguém descobre
o que a acomete. Entretanto, a doença é também uma metáfora para uma
doença da alma, ou seja, a doença seria o vazio que nos acomete no século XX.

Terceira geração – Condoreira

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Os poemas abolicionistas, por exemplo, ainda se refletem na poesia


musicada do rap nacional. Grupos como Racionais MC’s e artistas como Emicida,
procuram ressaltar em suas canções como o negro ainda é escravizado na nossa
sociedade, pois em muitas vias ainda ocupa um lugar subalterno na sociedade.
Abaixo, trecho da música “Boa Esperança”, de Ecimida:

Por mais que você corra, irmão


Pra sua guerra vão nem se lixar
Esse é o X da questão
Já viu eles chorar pela cor do orixá?
E os camburão o que são?
Negreiros a retraficar
Favela ainda é senzala, Jão
Bomba relógio prestes a estourar
O tempero do mar foi lágrima de preto
Papo reto, como esqueletos, de outro dialeto
Só desafeto, vida de inseto imundo
Indenização? Fama de vagabundo
Nação sem teto, Angola, Ketu, Congo, Soweto
A cor de Eto, maioria nos gueto
Monstro sequestro, capta três, rapta
Violência se adapta, um dia ela volta p'ocêis
Tipo campo de concentração, prantos em vão
Quis vida digna, estigma, indignação
O trabalho liberta, ou não?
C'essa frase quase que os Nazi varre judeu em extinção
Depressão no convés
Há quanto tempo nóiz se fode e tem que rir depois
Pique Jackass, mistério tipo Lago Ness, sério és
Tema da faculdade em que não pode por os pés
Vocês sabem, eu sei
Que até Bin Laden é made in USA
Tempo doido onde a KKK veste Obey (é quente memo)

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Pode olhar num falei?


Aí, nessa equação chata, polícia mata, plow!
Médico salva? Não! Por que? Cor de ladrão
Desacato invenção, maldosa intenção
Cabulosa inversão, jornal distorção
Meu sangue na mão dos radical cristão
Transcendental questão, não choca opinião
Silêncio e cara no chão, conhece?
(...)

REALISMO

Que tal relembrarmos um pouco o Realismo?


O Realismo começa a partir da segunda metade do século XIX, primando
pelo objetivo, com uma linguagem curta, porém direta, que fosse capaz de
impelir a narrativa um tempo psicológico e mais lento. Não houve realismo na
poesia, ou seja, só observamos essas características na prosa. Essas narrativas
tinham um foco descritivo, capaz de retratar com verossimilhança e
universalismo os aspectos sociais e os sentimentos.
As novelas, na atualidade, representam bastante o realismo
contemporâneo, pois as personagens estão em um recorte social (núcleo da
elite, núcleo do subúrbio) e a continuidade de uma cena e outra deve ser realista
para criar a verossimilhança.
Pecado Capital foi uma novela escrita por Janete Clair e televisionada pela
Rede Globo em 1978. No enredo da trama, Carlão é um taxista que encontra em
seu carro uma mala de dinheiro esquecida por assaltantes que tinham utilizado
o táxi em uma fuga. O rapaz passa a viver um dilema, pois não sabe se fica com
o dinheiro ou o entrega a policia, correndo o risco de ser tido como cúmplice no
assalto. Além da versão original, em 1998 a emissora produziu um remake da
trama.

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Betty Lago e Francisco Cuôco (1978)


Casal principal da trama original

Carolina Ferraz e Du Moscovis (1998)


Casal principal da trama do remake

A própria prosa contemporânea ainda pratica o realismo autobiográfico,


presente em autores como Daniel Galera, Tatiana Salem Levy e Carol Bensimon.

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NATURALISMO

Que tal relembrarmos um pouco o Naturalismo?


O Naturalismo possuía um viés mais social, tratando de temas como a
miséria, a exploração e o homem como fruto do meio. Herdou do realismo a
descrição minuciosa e a linguagem mais direta e simples. Nessa fase, os autores
se posicionavam de maneira mais engajada, buscando, através da literatura,
alguma transformação social.
O mundo poderia ser explicado através das forças da natureza, isto
implicaria também que o ser humano está condicionado às suas características
biológicas (hereditariedade) e ao meio social em que vive. Extremamente
positivista e cientificista, esse período da literatura objetivava enfatizar cenas
do mundo real, descrevendo ambientes e pessoas em uma linguagem coloquial.
Na atualidade, os trabalhos do escritor Férrez tem ainda um pensamento
Naturalista na medida em que possui caráter social, dando voz ao que
chamamos de literatura marginal. Suas narrativas, ambientadas na periferia de
São Paulo, resguarda do Naturalismo a ideia de crítica social.

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CAPÃO PECADO (2001)

MANUAL PRÁTICO DO ÓDIO (2003)

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DEUS FOI ALMOÇAR (2011)

PARNASIANISMO

Que tal relembrarmos um pouco o Parnasianismo?


Enquanto a corrente Realista e Naturalista se deu na prosa da segunda
metade do século XIX, na poesia as produções eram parnasianas, isto é, havia
uma preocupação formal e estética (privilegio da metrificação, rimas e sonetos);
seus elementos semânticos, muitas vezes, giravam em torno de referências a
elementos da mitologia grega e latina (apelo ao clássico). A presença da mulher
se dá como um elemento de sensualidade.
O poeta Vinícius de Moraes, da segunda geração do Modernismo Brasileiro,
escreveu sonetos em plena metade do século XX. Seus poemas metrificados
ganharam, muitas vezes, versões musicadas, como por exemplo:

Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto

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Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

O padrão de beleza das mulheres, envoltas pela sensualidade, ainda se


mantem. Embora o nosso país seja perpassado por inúmeras culturas e povos,
o padrão de beleza ainda é europeizado. O corpo da mulher ainda é erotizado
na propaganda e nas novelas, por exemplo. O Miss Brasil ainda é um reflexo de
um padrão de beleza europeu, que pode ser comprovado na imagem abaixo, de
2015:

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SIMBOLISMO

Que tal relembrarmos um pouco o Arcadismo?


O Simbolismo desconsidera as questões sociais que ganham notoriedade
com o Realismo e o Naturalismo, isto é, os poemas ganham um ar subjetivo e
intuitivo, abusando da forma e recursos sonoros, como a aliteração e a
assonância. Outro caráter importante é o misticismo.
O Simbolismo na cultura popular ainda é muito presente como, por
exemplo, a canção da banda Pink Floyd, “Learning to Fly” ou “Aprendendo a
Voar”. Essa letra, claramente, faz menção a viagens que acontecem fora do
corpo.

Aprendendo a Voar
Pink Floyd

À Distância, uma fita preta


Estendida até um ponto sem retorno
Um voo de fantasia num campo varrido pelo vento
Permanentemente sozinho e os meus sentidos reais
Uma atração fatal me explorando rapidamente
Eu posso escapar dessa força irresistível?
Não consigo tirar os meus olhos dos céus que rodam
Com a língua presa e enrolada, somente um desajustado no limite da
Terra, Eu
Gelo se forma sobre as pontas de minhas asas
Advertências despercebidas, eu achei que tinha pensado sobre tudo
Nenhum navegador encontrou o meu caminho pra casa
Descarregado, vazio e transformado em pedra
Uma alma sob tensão que está aprendendo a voar
Aterrado pelas condições mas determinado a tentar
Não consigo tirar os meus olhos dos céus que rodam

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Com a língua presa e enrolada, somente um desajustado no limite da


Terra, Eu
(...)
Devagar nos freios. Pegue leve. Vai dar certo dessa vez.
Só aumente a potência gradualmente, isso...
Numa asa acima do planeta e um crente,
Minha alma suja, um rastro de vapor no ar vazio,
Através das nuvens eu vejo minha sombra voar
No canto do meu olho lacrimejante
Um sonho não ameaçado pela luz da manhã
Poderia soprar essa alma pelo telhado a noite
Não há sensação que se compare com isso
Animação suspensa, um estado de felicidade
Não consigo tirar minha mente do céus que giram
Com a língua presa e enrolada, somente um desajustado no limite da
Terra, Eu

MODERNISMO

Que tal relembrarmos um pouco o Modernismo?


Influenciados pelas vanguardas europeias, o modernismo brasileiro teve,
assim como o Romantismo, três fases. A primeira é a fase histórica, que
compreender a Semana de Arte de 22 e sua proposta de romper com a tradição,
transgredir a estética vigente à época e ressaltar um nacionalismo menos elitista
e mais voltado para a cultura popular. A segunda fase aprimora a verticalização
sobre a cultura brasileira e aparecem os regionalismos. Por fim, a terceira fase
compreende autores que privilegiavam um aspecto mais psicológico da obra,
apostado no fluxo de pensamento e na subjetividade.

Ao longo do século XX o Modernismo mostrou sua influência em inúmeros


grupos, como os Tropicalistas e os Concretistas. Entretanto, segundo Caetano

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Veloso, que passou pelos dois movimentos – o musical e o poético – disse que
o funk, na atualidade, é o movimento que mais compreende a antropofagia da
primeira fase do modernismo. Inclusive, recentemente, foi criado um site
chamado “Modernismo Funkeiro”, onde são disponibilizadas imagens, com
recursos concretistas, de trechos de letras de funk.

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1. (ENEM/ 2015)

CASA DOS CONTOS

& em cada conto te cont


o & em cada enquanto me enca
nto & em cada arco te a
barco & em cada porta m
e perco & em cada lanço t

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e alcanço & em cada escad


a me escapo & em cada pe
dra te prendo & em cada g
rade me escravo & em ca
da sótão te sonho & em cada
esconso me affonso & em
cada claúdio te canto & e
m cada fosso me enforco &

ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.

O contexto histórico e literário do período barroco- árcade fundamenta o


poema Casa dos Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto
por uma poética contemporânea revela que

A) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que


prevalece sobre a observação da realidade social.
B) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos,
fatos e personalidades da Inconfidência Mineira.
C) a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do poeta com
a utopia e sua opção por uma linguagem erudita.
D) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma
continuidade de procedimentos estéticos e literários.
E) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura,
o ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes.

Comentário: O aluno deve ser capaz de perceber que, ainda que não tenha
ligação com a forma da poesia árcade, o poema, produzido em 1975, faz menção
e relação com o período do arcadismo. O próprio título de poema já demonstra
isso, uma vez que a casa de contos era onde, em Vila Rica, se pagavam os
impostos e se faziam contratos, além de, posteriormente, o prédio ter servido

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de prisão para inconfidentes, como Cláudio Manoel da Costa. Além disso, há


outras referências, como: “arco”/ “fosso” e o próprio nome “Claudio”.
Gabarito: E

2. (CEFET MG 2014)

NO MUNDO DOS ANIMAIS

As relações entre os humanos e as demais espécies viventes têm merecido


a atenção de escritores, artistas e intelectuais. Essas relações, que não primam
pela ética, são o objeto de estudo da professora e escritora mineira Maria Esther
Maciel.

Quando os estudos sobre ‘animais e literatura’ passaram a ser feitos


de modo sistemático no Brasil?
Maria Esther Maciel: Só recentemente; antes, havia trabalhos esparsos.
Além disso, a abordagem se circunscrevia à visão do animal como símbolo,
metáfora ou alegoria do humano, mais restrita à análise textual. Hoje, percebe-
se uma ampliação desse enfoque, que deixa os limites do texto literário para
ganhar um viés transdisciplinar, em diálogo com a filosofia, biologia,
antropologia, psicologia. Aliás, esse entrelaçamento de saberes em torno da
questão animal cresceu em várias partes do mundo, propiciando a difusão de
um novo campo de investigação crítica denominado 'estudos animais'. A
literatura tem conquistado espaço importante nesse campo, graças sobretudo a
escritores/pensadores como John M. Coetzee, John Berger e Jacques Derrida,
que souberam aliar, de modo criativo, literatura, ética e política no trato da
questão animal.

Como a senhora explica esse interesse crescente pelo tema?


Há um conjunto de fatores. Impossível não considerar as preocupações de
ordem ecológica, que movem a sociedade contemporânea. Há também uma
tomada de consciência mais explícita por parte de escritores, artistas e

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intelectuais dos problemas éticos que envolvem nossa relação com os animais e
com o próprio conceito de humano. Além disso, a noção de espécie e a divisão
hierárquica dos viventes têm provocado discussões ético-políticas relevantes,
que acabam por contaminar as artes e a literatura. A isso se soma a tentativa,
por parte dos humanos, de recuperar sua própria animalidade, que por muito
tempo foi reprimida em nome da razão e do antropocentrismo.

Por que é importante para a humanidade refletir sobre a


animalidade?
Ao refletir sobre a animalidade, a humanidade pode repensar o próprio
conceito de humano e reconfigurar a noção de vida. Por muito tempo, nosso
lado animal foi recalcado em nome da razão e de outros atributos tidos como
próprios do homem. Quem ler os tratados de filosofia e teologia escritos ao longo
dos séculos verá que a definição de humano e humanidade se forjou à custa da
negação da animalidade humana e da exclusão/marginalização dos demais seres
que compartilham conosco o que chamamos de vida. Acho que os humanos
precisam se reconhecer animais para se tornarem verdadeiramente humanos.

É possível identificar modos diferentes de ‘explorar’ a figura do


animal na produção literária?
Na literatura brasileira, podemos falar de três momentos incisivos. No
primeiro, está Machado de Assis, que escreveu no auge do racionalismo
cientificista do século 19, quando os princípios cartesianos já tinham legitimado
no Ocidente a cisão entre humanos e não humanos, e os animais eram vistos
como máquinas. No século 20, a partir dos anos 30, autores como Graciliano
Ramos, João Alphonsus, Guimarães Rosa e Clarice Lispector marcam um novo
momento, ao lidar, cada um a seu modo, com as relações entre homens e
animais sob um enfoque libertário, manifestando cumplicidade com esses outros
viventes e a recusa da violência contra humanos e não humanos. Já os escritores
do final do século 20 e início do 21 lidam com a questão dos animais sob o peso
de uma realidade marcada por catástrofes ambientais, extinção de espécies,
experiências biotecnológicas, expansão das granjas e fazendas industriais etc.

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Como a senhora vê o futuro dos animais?


Pelo jeito como as coisas andam, preocupo-me com a possibilidade de os
animais livres desaparecerem da face da Terra. Ficariam apenas os bichos
criados em reservas e cativeiros, os expostos em zoológicos, os ‘produzidos’ em
granjas e fazendas industriais para viver uma vida infernal e morrer logo depois,
além dos animais domésticos, adestrados e humanizados ao extremo.
Há quem diga que até mesmo estes estão fadados a desaparecer, dando
lugar a animais-robôs, que já existem no Japão.
A humanidade tem destruído florestas, dizimado povos indígenas,
exterminado espécies animais. Apesar da preocupação de ativistas com o
destino do planeta, falta empenho político dos governos para frear essa
destruição generalizada.
Minha utopia é que a humanidade possa um dia fazer mea-culpa em relação
aos crimes já cometidos contra os índios, os animais, a natureza. Mas, pelo que
vejo, essa questão continuará a ser um grande desafio ético e político para a
nossa civilização.

Seus estudos sobre animalidade a influenciaram em seu modo de


vida?
Não consigo desvincular o trabalho do meu modo de vida. Se cheguei ao
tema dos animais, foi por causa do meu apreço por eles. Há anos não como
carne, por causa da memória do tempo em que passava temporadas na fazenda
do meu pai, no interior de Minas Gerais. Vivia perto de vacas, porcos, aves,
cavalos, cachorros. Toda vez que via carne de vaca na mesa, me lembrava do
olhar bovino. Já a visão da carne de porco me trazia a imagem dos porquinhos
espertos e afetuosos com que eu brincava. Foi assim também com as aves, os
coelhos e outros bichos. Como fui sempre muito tocada pelo olhar animal, decidi
não comê-los mais. Ainda mantive peixes e frutos do mar, mas deixei de comer
várias espécies ao saber de seus hábitos. Recuso também ovos de granja, em
repúdio à situação absurda das aves nos espaços de confinamento das fazendas

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industriais. Meu projeto de vida, certamente influenciado por meus estudos, é


parar de consumir também carne de peixe. Chegarei lá.

MACIEL, Maria Esther. No mundo dos animais. Entrevista a Roberto B. de Carvalho. Ciência
Hoje, 21 nov. 2012. Disponível em <http://cienciahoje.uol.com.br>. Acesso em: 05 nov. 2013
(Texto Adaptado).

“Na literatura brasileira, podemos falar de três momentos incisivos.


No primeiro, está Machado de Assis, que escreveu no auge do
racionalismo cientificista do século 19, quando os princípios cartesianos
já tinham legitimado no Ocidente a cisão entre humanos e não humanos,
e os animais eram vistos como máquinas.”

As informações contidas nessa passagem permitem identificar o


primeiro momento a que se refere a autora como sendo o da vigência
da estética literária

A) árcade.
B) barroca.
C) realista.
D) romântica.
E) concretista.

Comentário: A entrevista revela como, ainda hoje, questões já pensadas


pela literatura são revisitadas, sob novos enfoques, como a questão da temática:
“humana e animal”. A autora, assim, afirma alguns momentos na literatura
brasileira que em que os autores se dedicaram a temática, tendo como ‘ponto
de partida’ Machado de Assis, durante o realismo.
Gabarito: C

3.

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O ÚLTIMO ROMÂNTICO
(Lulu Santos, Antônio Cícero e Sérgio Souza)

Faltava abandonar a velha escola


Tomar o mundo feito coca-cola
Fazer da minha vida sempre
O meu passeio público
E ao mesmo tempo fazer dela
O meu caminho só
Único
Talvez eu seja
O último romântico
Dos litorais
Desse Oceano Atlântico...
Só falta reunir
A zona norte à zona sul
Iluminar a vida
Já que a morte cai do azul...
Só falta te querer
Te ganhar e te perder
Falta eu acordar
Ser gente grande
Prá poder chorar...
Me dá um beijo, então
Aperta a minha mão
Tolice é viver a vida
Assim, sem aventura...
Deixa ser
Pelo coração
Se é loucura então
Melhor não ter razão...
Só falta te querer

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Te ganhar e te perder
Falta eu acordar
Ser gente grande
Prá poder chorar...
Me dá um beijo, então
Aperta a minha mão
Tolice é viver a vida
Assim, sem aventura...
Deixa ser
Pelo coração
Se é loucura então
Melhor nem ter razão...
(...)
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!

http://letras.terra.com.br/lulusantos/47141/ - Acesso em 21 de dezembro de 2009.

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Feita a leitura da canção, COMPARE as características do “Último


romântico” apresentado na letra com as características do Romantismo
(escola literária). Depois, ANALISE as alternativas e assinale a
INCORRETA.

A) A canção “O Último Romântico” é exemplo de um romântico atual


(romantismo – forma de comportamento), que é diferente de um personagem
ou de um eu lírico do Romantismo (escola literária).
B) Por influência da Revolução Francesa (1789), cujo lema era “Liberdade,
Igualdade e Fraternidade”, um dos pilares do Romantismo é a “liberdade”. Isso
pode ser provado nos primeiros sete versos da canção.
C) “Já que a morte cai do azul” (verso 15). Os românticos do século XIX
viam a morte como uma possibilidade de evasão. Na canção, pode-se ler que o
romântico do século XX pretende aproveitar a vida já que a morte é inevitável.
D) Os fracassos amorosos, nos textos do século XIX, aparecem carregados
do excesso de sentimentalismo e de subjetividade românticos. Na canção, há
um sofrimento mais contido: “Falta eu acordar / Ser gente grande / Prá poder
chorar...”.
E) Uma característica fundamental no Romantismo é a evasão, ou seja, o
indivíduo foge de uma situação adversa, pelos caminhos da morte, da infância,
da loucura. O romântico da canção também o faz: “Deixa ser / Pelo coração /
Se é loucura então / Melhor não ter razão...”.

Comentário: A alternativa D está incorreta, uma vez que o eu poético da


letra não busca se conter, em contraposição à postura adotada no Romantismo.
Pelo contrário, como afirma a letra E, na música há um eu lírico que passa por
condições adversas e extremas, em nome do ser amado.
Gabarito: D

4.

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OS OUTROS
(Leoni)

Já conheci muita gente


Gostei de alguns garotos
Mas depois de você
Os outros são os outros
Ninguém pode acreditar
Na gente separado
Eu tenho mil amigos mas você foi
O meu melhor namorado
Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você, os outros são os outros e só
(...)

http://letras.terra.com.br/kid-abelha/46816/ Acesso em 08 de dezembro de 2009.

SEGREDOS
(Casimiro de Abreu)

Eu tenho uns amores - quem é que os não tinha


Nos tempos antigos? - Amar não faz mal;
As almas que sentem paixão como a minha
Que digam, que falem em regra geral.

- A flor dos meus sonhos é moça e bonita

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Qual flor entreaberta do dia ao raiar,


Mas onde ela mora, que casa ela habita,
Não quero, não posso, não devo contar!

(...)

- Depois... mas já vejo que vós, meus senhores,


Com fina malícia quereis me enganar.
Aqui faço ponto; - segredos de amores
Não quero, não posso, não devo contar!

Rio – 1857

(Grandes Poemas do Romantismo Brasileiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.)

Como você percebeu, há marcas do Romantismo do século XIX na


postura romântica de produções contemporâneas. Relacione os trechos
destacados nas duas colunas.

COLUNA I

I. “Já conheci muita gente


Gostei de alguns garotos”
II. “(...) mas você foi
O meu melhor namorado”
III. “A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender”

COLUNA II

A. “Eu tenho uns amores - quem é que os não

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tinha
Nos tempos antigos? - Amar não faz mal;”
B. “- A flor dos meus sonhos é moça e bonita
Qual flor entreaberta do dia ao raiar,”
C. “Aqui faço ponto; - segredos de amores
Não quero, não posso, não devo contar!”
D. “As almas que sentem paixão como a minha
Que digam, que falem em regra geral.”
E. “- Depois... mas já vejo que vós, meus
senhores, Com fina malícia quereis me enganar.”
Agora, assinale a sequência CORRETA.

A) I. A; II. D; III. E.
B) I. E; II. B; III. A.
C) I. A; II. B; III. C.
D) I. A; II. C; III. D.
E) I. D; II. B; III. C.

Comentário: A alternativa C está correta pelas seguintes combinações:


I – A: Em ambas, o eu poético afirma já ter tido outros amores, para, após,
afirmar a singularidade do “atual” ser amado.
II – B: Percebemos uma declaração ao ser amado, como único, e, em
Casimiro de Abreu, isso se dá através da metáfora da flor.
III – C: Nessas, se afirmam os sentimentos. Na canção, através da ideia de
“ser sempre sua” e, no poema, explicita a paixão, dizendo querer guardá-la pra
si.

Gabarito: C

5.

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O cartum Vida de Passarinho, do cartunista Caulos, estabelece um


interessante diálogo com um famoso texto-fonte de nossa literatura.
Assinale a alternativa que cita esse texto-fonte:

A) Canção do exílio, de Gonçalves Dias.


B) Erro de português, de Oswald de Andrade.
C) No meio do caminho, de Carlos Drummond de Andrade.
E) Não há vagas, de Ferreira Gullar.
D) José, de Carlos Drummond de Andrade.

Comentário: O texto-fonte é o poema No meio do caminho, de Drummond.


É importante perceber como esse poema foi base para tantas outras produções

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artísticas, como esse cartum, em que o passarinho se refere ao poema,


afirmando não escrevê-lo por ser um pássaro “prático”.
Gabarito: C

6) (UFSM)

Leia o texto a seguir:

“Eles não usam barba, elas têm cabelos compridos e tranças. Esguios,
alimentados a peixe moqueado com biju, mingau de amendoim e frutas. Falam
baixo, dormem cedo e só têm uma conversa: índio. É a tribo dos brancos
composta de cientistas sociais, médicos, pedagogos, enfermeiras, biólogas e
engenheiros agrônomos, vindos de diversas regiões brasileiras. Boa parte da
engenhosa engenharia social e cultural que mantém o Parque do Xingu
funcionando em harmonia se deve ao trabalho desses especialistas. O foco agora
é preparar os índios para o inevitável confronto com a civilização que um dia
ocorrerá. As cidadezinhas vizinhas do parque vão transformar-se em municípios
de porte médio, a urbanização baterá às portas da reserva. Os moradores do
parque, cada vez mais, dependerão de produtos fabricados pelo branco. Em
todos os momentos da humanidade, sempre que o choque ocorreu, o mais forte
sobrepujou o mais fraco. Quase sempre de forma violenta. Neste canto do Brasil,
um punhado de brancos está conseguindo driblar essa inevitabilidade. Procuram
transformar o abraço sufocante em um caminhar de mãos dadas de culturas tão
diferentes.”

FERRAZ, Silvio. Do Xingu. In: Veja, 30 de junho de 1999.

Relacione o texto com a carta de Pero Vaz de Caminha e indique se


são verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas quanto à
preocupação do homem branco em relação ao índio:

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( ) O texto tem o mesmo objetivo da carta, pois ambos destacam, várias


vezes, que o rei de Portugal deveria cuidar da salvação dos índios.
( ) O texto tem o mesmo objetivo que a carta de Caminha, na medida em
que tanto a “tribo de brancos” quanto o escrivão da esquadra de Cabral mostram
preocupação com os índios do Xingu.
( ) O texto não tem o mesmo objetivo da carta pois Caminha, ao destacar
que o rei deveria cuidar da salvação dos índios, usa “salvação” no sentido
religioso, de converter o índio à fé católica, ou seja, no sentido de salvação da
alma.

A sequência correta é:

A) F – F – V.
B) V – V – F.
C) F – V – F.
D) V – F – V.
E) F – V – V.

Comentário: O texto retirado da revista Veja mostra como a questão


indígena, colocada já por Pero Vaz de Caminha, continua atual, claro, com suas
especificidades. As alternativas I e II são falsas, pois, por mais que ambos os
textos busquem refletir sobre a realidade da população indígena que veem, eles
fazem isso de forma totalmente distinta.
Gabarito: A

7) Leia, a seguir, a letra da música “Ideologia”:

IDEOLOGIA
(Cazuza e Roberto Frejat)

Meu partido

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É um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito
Eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Frequenta agora as festas do “Grand Monde”

Meus heróis morreram de overdose


Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver

O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs não tem nenhum rock ‘n’ roll
Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Agora assiste a tudo em cima do muro

Meus heróis morreram de overdose


Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver

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E as ilusões estão todas perdidas (v. 3) Esse verso pode ser lido
como uma alusão a um livro intitulado Ilusões perdidas, de Honoré de
Balzac. Tal procedimento constitui o que se chama de:

A) metáfora
B) pertinência
C) pressuposição
D) intertextualidade
E) NDA

Comentário: O procedimento constitui uma intertextualidade, ou seja,


dialoga diretamente com o livro de Balzac. Com isso, conseguimos entender que
Cazuza e Frejat se apropriam desse sentimento de desilusão, presente em
Balzac, para retratá-lo também na letra da canção.
Gabarito: D

8. (UFF 2007)

A modernidade tem-se utilizado de meios expressionais que dialogam com


diversas linguagens, produzindo pela intertextualidade novos sentidos e novos
diálogos. Identifique o comentário pertinente sobre a ressignificação promovida
pela intertextualidade dos fragmentos que se seguem.

A) Amor é fogo que arde sem se ver.


É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Luís Vaz de Camões

O amor é o fogo que arde sem se ver.


É ferida que dói e não se sente.

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É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
Legião Urbana, "Monte Castelo"

Os versos de "Monte Castelo" retomam três fontes distintas que remetem


ao local de resistência (título da canção), à necessidade imperiosa do sentimento
fraterno (Apóstolo Paulo) e ao caráter contemplativo e dócil da vivência amorosa
(Camões).

B) Quando nasci, um anjo torto


desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
Carlos Drummond de Andrade, "Poema das sete faces"

Quando nasci um anjo esbelto,


desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Adélia Prado, "Com licença poética"

Os versos de Adélia Prado retomam a imagem do "anjo", reproduzindo o


caráter de aceitação do papel da mulher no contexto social.

C) Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Gonçalves Dias

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Nossas várzeas têm mais flores


nossas flores mais pesticidas.
Só se banham em nossos rios
Desinformados e suicidas.
Luiz Fernando Veríssimo

O fragmento retomado por Veríssimo - versos de "Canção do Exílio" - situa


a realidade em que se insere, sob o ponto de vista crítico, confrontando-se à
visão ufanista do Romantismo.

D) Conselho se fosse bom, as pessoas


não dariam, venderiam.
Vá dormir que a dor passa.
Quem espera sempre alcança.
Provérbios e ditos populares.

Ouça um bom conselho


Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança.
Chico Buarque, "Bom conselho"

O fragmento de "Bom conselho" reforça pela linguagem poética o caráter


moralista e educativo desses provérbios.

E) A feição deles é serem pardos, maneira d'avermelhados, de bons rostos


e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam
nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com
tanta inocência como também em mostrar o rosto.
Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha a el-rei d. Manuel.

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Senhor: Escrevo esta carta para vos dar conta dos sucessos da terra de
Vera Cruz desde o dia de seu achamento até a construção desta Brasília onde
agora me encontro. Eu a tenho, Senhor, por derradeiro feito e última louçania
da gente de cepa e me empenharei em bem descrevê-la, nada pondo ou tirando
para aformosear nem para enfear, mas só praticando do que vi, ouvi ou me
pareceu.
Segunda Carta de Pero Vaz de Caminha, a El Rei, escrita da Novel
Cidade de Brasília com a data de 21 de abril de 1960. (Por Darcy Ribeiro)

O fragmento da carta de Darcy Ribeiro retoma o estilo detalhista e inventivo


de Pero Vaz de Caminha, ao construir a imagem do Brasil segundo o olhar
europeu.

Comentário: O comentário da letra C é o correto, pois a intertextualidade


com o poema de Gonçalves Dias se dá de forma irônica. Em “Canção do exílio”,
o objetivo é exaltar o país através de suas belezas naturais. Em Veríssimo, a
ironia reside justamente na representação da nossa “natureza”, uma vez que as
flores têm pesticidas e os rios são poluídos.
Gabarito: C

9. (UFF 2011)

MODINHA DO EXÍLIO
(Ribeiro Couto)

Os moinhos têm palmeiras


Onde canta o sabiá.
Não são artes feiticeiras!
Por toda parte onde eu vá,
Mar e terras estrangeiras,
Posso ver mesmo as palmeiras

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Em que ele cantando está.


Meu sabiá das palmeiras
Canta aqui melhor que lá.
Mas, em terras estrangeiras,
E por tristezas de cá,
Só à noite e às sextas-feiras.
Nada mais simples não há!
Canta modas brasileiras.
Canta – e que pena me dá!

Os versos dos poetas modernistas e românticos apresentam relação


de intertextualidade com o poema de Ribeiro Couto, EXCETO em uma
alternativa. Assinale-a.

A) “Vou-me embora pra Pasárgada / Lá sou amigo do rei / Lá tenho a mulher


que eu quero / Na cama que escolherei” (Manuel Bandeira)
B) “Dá-me os sítios gentis onde eu brincava / Lá na quadra infantil; / Dá
que eu veja uma vez o céu da pátria, / O céu do meu Brasil!” (Casimiro de
Abreu)
C) “Minha terra tem macieiras da Califórnia / onde cantam gaturamos de
Veneza. / Os poetas da minha terra / são pretos que vivem em torres de
ametista,” (Murilo Mendes)
D) “Ouro terra amor e rosas / Eu quero tudo de lá / Não permita Deus que
eu morra / Sem que volte para lá” (Oswald de Andrade)
E) “Em cismar, sozinho, à noite, / Mais prazer eu encontro lá; / Minha terra
tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá.” (Gonçalves Dias)

Comentário: Todas as alternativas, com exceção da letra A, fazem alusão à


saudade que se tem da terra natal, exaltando, em sua maioria, as belezas
naturais, como as “palmeiras” e as “rosas”. A letra A, contudo, fala-se não da
saudade e do regresso, mas da partida para Pasárgada.

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Gabarito: A

10. (FUVEST 2010)


Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um “libertas quae sera tamen”*
Que um dia traduzi num exame escrito:
“Liberta que serás também”
E repito!
(Vinícius de Moraes, “Pátria minha”, Antologia poética.)

*A frase em latim traduz-se, comumente, por “liberdade ainda que tardia”.

Considere as seguintes afirmações:


I. O diálogo com outros textos (intertextualidade) é procedimento central
na composição da estrofe.
II. O espírito de contradição manifesto nos versos indica que o amor da
pátria que eles expressam não é oficial nem conformista.
III. O apego do eu lírico à tradição da poesia clássica patenteia-se na
escolha de um verso latino como núcleo da estrofe.

Está correto o que se afirma em:

A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.

Comentário: Percebemos, na leitura dos versos de Vinícius de Moraes, um


diálogo explícito com o movimento da Inconfidência Mineira, movimento

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integrado pelos árcades, que tinha como lema a frase em latim. Por isso, a
alternativa I está correta, e também a II, uma vez que esse amor à pátria está
ligado a um sentimento de vê-la livre, de fato, não podendo ser, assim, algo
conformista. Contudo, a III está equivocada, pois a menção é ao arcadismo,
neoclássico, mas não ao classicismo em si.
Gabarito: C

11. (UNIFESP-2002)

Texto I:
Ao longo do sereno
Tejo, suave e brando,
Num vale de altas árvores sombrio,
Estava o triste Almeno
Suspiros espalhando
Ao vento, e doces lágrimas ao rio.
(Luís de Camões, Ao longo do sereno.)

Texto II:
Bailemos nós ia todas três, ay irmanas,
so aqueste ramo destas auelanas
e quen for louçana, como nós, louçanas,
se amigo amar,
so aqueste ramo destas auelanas
uerrá baylar.
(Aires Nunes. In Nunes, J. J., Crestomatia arcaica.)

Texto III:
Tão cedo passa tudo quanto passa!
morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.

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Circunda-te de rosas, ama, bebe


E cala. O mais é nada.
(Fernando Pessoa, Obra poética.)

Texto IV:
Os privilégios que os Reis
Não podem dar, pode Amor,
Que faz qualquer amador
Livre das humanas leis.
mortes e guerras cruéis,
Ferro, frio, fogo e neve,
Tudo sofre quem o serve.
(Luís de Camões, Obra completa.)

Texto V:
As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)
(Mário de Sá Carneiro, Poesias.)

O motivo do carpe diem (“aproveita o dia”, em latim) expressa, em


geral, o gosto de viver plenamente a vida, de usufruir os dons da beleza
e a energia da juventude, enquanto o tempo permitir. Esse motivo
aparece nos textos:

A) I e II.
B) II e III.
C) III e IV.
D) IV e V.
E) I e V.

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Comentário: Nos textos III e IV está presente a temática do carpe diem, ou


seja, do aproveitar a vida. Em III, o eu poético trata de como tudo passa e nada
fica na vida, ou seja, fala da efemeridade da vida, ideia presente no carpe diem.
Já em IV, trecho do poema de Camões, fala também da inevitabilidade da vida,
em “sofrê-la”. Assim, podemos perceber como uma mesma temática pode ser
atualizada na literatura ao longo da história.
Gabarito: C

12. (UFSCAR-2002)

Texto 1 (Zé Rodrix e Tavito)


Eu quero uma casa no campo
do tamanho ideal
pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
meus discos
meus livros
e nada mais

Texto 2 (Cláudio Manuel da Costa)


Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.

Embora muito distantes entre si na linha do tempo, os textos


aproximam-se, pois o ideal que defendem é o uso da emoção em
detrimento da razão, pois esta retira do homem seus melhores
sentimentos.

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A) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando as riquezas naturais.


B) a dedicação à produção poética junto à natureza, fonte de inspiração dos
poetas.
C) o aproveitamento do dia presente - o carpe diem-, poiso tempo passa
rapidamente.
D) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante dos centros
urbanos.
E) NDA

Comentário: Ambos os textos, ainda que afastados temporalmente,


exaltam a vida no campo, onde a riqueza dessa vida se encontra, justamente,
na oposição à vida na cidade, onde não haveria a “riqueza” da natureza.
Gabarito: A

13. (UNICAMP - ADAPTADA)

Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e Ricardo Reis refletem,
de maneira diferente, sobre a passagem do tempo, dela extraindo uma "filosofia
de vida". Leia-os com atenção:

LIRA 14 (Parte I)
(Tomás de Antônio Gonzaga)

Minha bela Marília, tudo passa;


a sorte deste mundo é mal segura;
se vem depois dos males a ventura,
vem depois dos prazeres a desgraça.
....................................................................
Que havemos de esperar, Marília bela?
que vão passando os florescentes dias?
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;
e pode enfim mudar-se a nossa estrela.

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Ah! não, minha Marília,


Aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.

ODES
(Ricardo Reis)
Quando, Lídia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa -
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.

Qual filosofia de vida é exaltada em ambos os excertos?

A) a vida no campo como um valor, em oposição à vida na cidade

B) o sentimentalismo e angústia, presente também no ultrarromantismo

C) o amor idealizado, sem possibilidade de concretização

D) o carpe diem, ou seja, aproveitar ao máximo a vida, perante a


efemeridade desta

E) o sentimentalismo e subjetivismo, também presente nos


ultrarromânticos

Comentário: Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa, se inspira muito


na estética árcade e, portanto, podemos perceber muitas características dos

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arcadistas, como Tomás Antonio Gonzaga, em sua poesia. Nesses excertos,


podemos perceber a filosofia do “carpe diem” presente, uma vez que ambos eu
poéticos convidam suas amadas, Marília e Lídia, a viver a vida, uma vez que
tudo passa.
Gabarito: D

14. (INSPER 2012)

A ÚLTIMA ROMÂNTICA

Cigarros, isqueiros, copos com drinques coloridos, garrafas vazias - de


vodca, do licor de coco Malibu... Às flores, velas, retratos e mensagens de praxe
os fãs acrescentaram em frente à casa de Amy Winehouse esses objetos que
dão prazer, podem viciar e fazem mal à saúde. Para além da homenagem, era
uma forma de participar do universo de excessos da cantora.
É curioso o apelo de Amy num mundo conservador, cada vez mais
antitabagista e alerta para os riscos das drogas - um mundo onde vamos sendo
ensinados a comprar produtos sem gordura trans e onde até as garotas de
esquerda consomem horas dentro da academia.
Numa época em que as pessoas são estimuladas a abdicar de certos
prazeres na expectativa de durar bastante, simplesmente para durar, Winehouse
fez o roteiro oposto - intenso, autodestrutivo, suicida.
Sob o aspecto clínico, era uma viciada grave, necessitando
desesperadamente da ajuda que insistia em recusar. Uma de suas canções mais
famosas trata exatamente disso.
Amy foi presa fácil do jornalismo de celebridades, voltado à escandalização
da intimidade dos famosos (quanto pior, melhor). Foi também, num tempo
improvável, a herdeira de Janis Joplin, morta aos 27 em 1970, e de Billie Holiday,
morta aos 44, em 1959, ambas por overdose.
Como suas antecessoras, Amy leva ao extremo o éthos romântico - do
artista que vive em conflito permanente e se rebela contra o curso prosaico e
besta do mundo. Na sua figura atormentada e em constante desajuste, o

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autoflagelo quase sempre se confunde com o ódio às coisas que funcionam.


Numa cultura inteiramente colonizada pelo dinheiro e que convida à idolatria,
fazer sucesso parecia uma espécie de vexame e de vileza, o supremo fiasco
existencial, contra o qual era preciso se resguardar.
Nisso Amy evoca os gênios do romantismo tardio - Lautréamont, Rimbaud
e outros poetas do inferno humano, que tinham plena consciência da vergonha
de dar certo.

(SILVA, Fernando de Barros e. Folha de São Paulo, 26/07/2011)

A relação entre o título e as ideias expostas nesse artigo evidenciam


que o autor

A) pretende mobilizar os jovens de maneira que eles passem a incorporar


hábitos saudáveis em seu cotidiano.
B) considera que a cantora Amy Winehouse encarnava uma personagem
exótica apenas para conquistar a fama.
C) propõe que a morte de Amy Winehouse deva servir de alerta às
celebridades que adotam estilo de vida destrutivo.
D) tenciona estimular a criação de campanhas que combatam o tabagismo,
o alcoolismo e o uso de entorpecentes.
E) constata que as atitudes autodestrutivas não são exclusivas de artistas
do mundo contemporâneo.

Comentário: O texto demonstra como a atitude da cantora, autodestrutiva


e vinculada a um flagelo que se mistura com a negação ao mundo circundante,
não é exclusividade do mundo contemporâneo, pelo contrário, encontra eco no
ethos dos românticos.
Gabarito: E

15. (ENEM CANCELADO 2009)

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O SERTÃO E O SERTANEJO

Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz
das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em
vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso
ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. Minando à surda na
touceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem, por
débil que seja, e levanta-se a língua de fogo esguia e trêmula, como que a
contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que se alongam diante dela.
O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão algum estorvo,
vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo, deixando como sinal da
avassaladora passagem o alvacento lençol, que lhe foi seguindo os velozes
passos. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétricas perspectivas. É
cair, porém, daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andou
por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardins encantados e nunca
vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de espantosa atividade.

Transborda a vida. TAUNAY, A. Inocência. São Paulo: Ática, 1993 (adaptado).

O romance romântico teve fundamental importância na formação


da ideia de nação. Considerando o trecho acima, é possível reconhecer
que uma das principais e permanentes contribuições do Romantismo
para construção da identidade da nação é a

A) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza


nacional, marcada pelo subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de
renovação.
B) consciência da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe
dominante local, o que coibiu a exploração desenfreada das riquezas naturais do
país.

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C) construção, em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia


ou exaltação, de uma imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a
natureza brasileira.
D) expansão dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento
de unidade do território nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes do
Brasil aos brasileiros.
E) valorização da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do
Brasil, formulando um conceito de nação centrado nos modelos da nascente
burguesia brasileira.

Comentário: Uma dos legados deixados pelo Romantismo foi a ideia de


nação, buscando agregar o território em volta desta. Para tanto, uma das
“estratégias” foi exaltar a natureza e os locais afastados do país, voltando-se
para o exótico. Essa característica também podemos encontrar no texto de
Taunay, ao tratar do sertão.
Gabarito: D

16.

No poema “A hora íntima”, Vinicius de Moraes pergunta “Quem


pagará o enterro e as flores / Se eu me morrer de amores?”. Nessa
passagem, os versos de Vinícius retomam, num tom ameno e voltado
para a temática da relação amorosa, a ideia de “se eu morresse
amanhã”, consagrada por

“Quem pagará o enterro e as flores


Se eu me morrer de amores?
Quem, dentre amigos, tão amigo
Para estar no caixão comigo?”

A) Alvares de Azevedo - condoreiro romântico.


B) Castro Alves - lírico romântico.

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C) Fagundes Varela - condoreiro romântico.


D) Alvares de Azevedo - lírico romântico.
E) Castro Alves - condoreiro romântico.

Comentário: Esta ideia está presente, sobretudo, na lírica amorosa de


Álvares de Azevedo, representante do ultrarromantismo, que se dedicou a falar
sobre os sentimentos em torno da desilusão amorosa e construiu uma
ambientação para tal ligado à languidez e à morte.
Gabarito: D

17. (FAAP-1997- ADAPTADA)

Texto I
"Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias)

Texto II
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas

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nossas frutas mais gostosas


mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
(Murilo Mendes)

Sobre os dois poemas, é possível afirmar:

A) em ambos, há a exaltação da nação de forma ufanista


B) no segundo poema, podemos perceber que o autor não valoriza a terra
“natal” sob nenhum aspecto
C) não existe nenhum diálogo intertextual entre esses poemas
D) no segundo poema, o eu poético exalta a natureza do país, mas critica
outros aspectos, próprios da vida social.
E) NDA

Comentário: O eu poético no segundo poema estabelece um diálogo direto


com Canção de Exílio, de Gonçalves Dias, mas, diferente do poeta romântico, há
uma crítica ao país, ainda que este tenha suas belezas naturais. Percebemos
isso ao final do poema, ao eu poético exaltar o sabor das frutas, mas criticar o
preço das mesmas.
Gabarito: D

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18.

De acordo com a leitura do fragmento acima, assinale a qual


autor, de grande expressão na literatura infantil nacional, a polêmica
se refere:

A) José Lins do Rego


B) José de Alencar
C) Monteiro Lobato
D) Machado de Assis
E) Graciliano Ramos

Comentário: Monteiro Lobato foi, recentemente, alvo de uma polêmica


entorno de sua produção literária destinada ao público infantil. Isso se deve a

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forma, racista, usada para retratar as personagens negras presentes nas


histórias ambientadas no sítio do Pica pau amarelo.
Gabarito: C

19. (UP – UNIVERSIDADE POTIGUAR)

Arnaldo Antunes é autor de “Psia”, um livro de poesia concreta. Abaixo,


uma reprodução da poesia “Gente”, em que podemos perceber que:

Gente. Arnaldo Antunes. Disponível em


http://www.arnaldoantunes.com.br/upload/artes_1/177_g.jpeg

A) que a abolição do verso e a utilização de figuras geométricas vistas na


poesia concreta permitem a multiplicidade de sentidos aplicáveis ao texto, cuja
abreviação de extraterrestres critica o individualismo.
B) como em toda poesia concreta, vemos o vocábulo representado nos seus
aspectos geométricos, explorando, ainda, a multiplicidade de formas possíveis
de escrita ocidental.
C) que o sentido do texto dá-se pela inversão dos grafemas “t” e “e”, que
deveriam ter sido escritos na ordem correta, ou seja, TE e não ET, para ser,
realmente, um poema concreto.

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D) o espaço do papel é aproveitado para fins significativos, permitindo a


valorização do aspecto visual e a criação de sentidos múltiplos para o poema.
E) NDA

Comentário: Arnaldo Antunes resgata em sua poesia os elementos próprios


da poesia concreta, como a abolição dos versos, gerando significação ao poema
a partir de elementos visuais. No poema acima, o eu poética inverte a ordem
das letras da palavra “gente”, formando “et” e criticando, assim, essa forma de
nos colocarmos na sociedade, de forma individualista.
Gabarito: A

20) Leia os textos abaixo para responder à questão:

Texto 1
DESCUIDAR DO LIXO É SUJEIRA

Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a


gerência de uma das filiais do McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos
plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba
propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar
o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão.
(Veja São Paulo, 23-29/12/92)

Texto 2
O BICHO
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

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O bicho não era um cão,


Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

(Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971,


p.145)

I. No primeiro texto, publicado por uma revista, a linguagem predominante


é a literária, pois sua principal função é informar o leitor sobre os transtornos
causados pelos detritos.
II. No segundo texto, do escritor Manuel Bandeira, a linguagem não literária
é predominante, pois o poeta faz uso de uma linguagem objetiva para informar
o leitor.
III. No texto “Descuidar do lixo é sujeira”, a intenção é informar sobre o
lixo que diariamente é depositado nas calçadas através de uma linguagem
objetiva e concisa, marca dos textos não literários.
IV. O texto “O bicho” é construído em versos e estrofes e apresenta uma
linguagem plurissignificativa, isto é, permeada por metáforas e simbologias,
traços determinantes da linguagem literária.

Estão corretas as proposições:

A) I, III e IV.
B) III e IV.
C) I, II, III e IV.
D) I e IV.
E) II, III e IV.

Comentário: Os textos I e II tratam do mesmo assunto, a situação dos


moradores de rua. No primeiro, entretanto, trata-se de um texto jornalístico,
com a função de informar o leitor sobre a situação. No segundo, por sua vez, há

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um texto poético, que se propõe a um trabalho com a linguagem, através de


metáforas e simbologias.
Gabarito: B

LISTA DE QUESTÕES QUE FORAM COMENTADAS NESTA AULA

1. (ENEM/ 2015)

CASA DOS CONTOS

& em cada conto te cont


o & em cada enquanto me enca
nto & em cada arco te a
barco & em cada porta m
e perco & em cada lanço t
e alcanço & em cada escad
a me escapo & em cada pe
dra te prendo & em cada g
rade me escravo & em ca
da sótão te sonho & em cada
esconso me affonso & em
cada claúdio te canto & e
m cada fosso me enforco &

ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.

O contexto histórico e literário do período barroco- árcade fundamenta o


poema Casa dos Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto
por uma poética contemporânea revela que

A) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que


prevalece sobre a observação da realidade social.
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B) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos,


fatos e personalidades da Inconfidência Mineira.
C) a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do poeta com
a utopia e sua opção por uma linguagem erudita.
D) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma
continuidade de procedimentos estéticos e literários.
E) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura,
o ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes.

2. (CEFET MG 2014)

NO MUNDO DOS ANIMAIS

As relações entre os humanos e as demais espécies viventes têm merecido


a atenção de escritores, artistas e intelectuais. Essas relações, que não primam
pela ética, são o objeto de estudo da professora e escritora mineira Maria Esther
Maciel.

Quando os estudos sobre ‘animais e literatura’ passaram a ser feitos


de modo sistemático no Brasil?
Maria Esther Maciel: Só recentemente; antes, havia trabalhos esparsos.
Além disso, a abordagem se circunscrevia à visão do animal como símbolo,
metáfora ou alegoria do humano, mais restrita à análise textual. Hoje, percebe-
se uma ampliação desse enfoque, que deixa os limites do texto literário para
ganhar um viés transdisciplinar, em diálogo com a filosofia, biologia,
antropologia, psicologia. Aliás, esse entrelaçamento de saberes em torno da
questão animal cresceu em várias partes do mundo, propiciando a difusão de
um novo campo de investigação crítica denominado 'estudos animais'. A
literatura tem conquistado espaço importante nesse campo, graças sobretudo a
escritores/pensadores como John M. Coetzee, John Berger e Jacques Derrida,
que souberam aliar, de modo criativo, literatura, ética e política no trato da
questão animal.

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Como a senhora explica esse interesse crescente pelo tema?


Há um conjunto de fatores. Impossível não considerar as preocupações de
ordem ecológica, que movem a sociedade contemporânea. Há também uma
tomada de consciência mais explícita por parte de escritores, artistas e
intelectuais dos problemas éticos que envolvem nossa relação com os animais e
com o próprio conceito de humano. Além disso, a noção de espécie e a divisão
hierárquica dos viventes têm provocado discussões ético-políticas relevantes,
que acabam por contaminar as artes e a literatura. A isso se soma a tentativa,
por parte dos humanos, de recuperar sua própria animalidade, que por muito
tempo foi reprimida em nome da razão e do antropocentrismo.

Por que é importante para a humanidade refletir sobre a


animalidade?
Ao refletir sobre a animalidade, a humanidade pode repensar o próprio
conceito de humano e reconfigurar a noção de vida. Por muito tempo, nosso
lado animal foi recalcado em nome da razão e de outros atributos tidos como
próprios do homem. Quem ler os tratados de filosofia e teologia escritos ao longo
dos séculos verá que a definição de humano e humanidade se forjou à custa da
negação da animalidade humana e da exclusão/marginalização dos demais seres
que compartilham conosco o que chamamos de vida. Acho que os humanos
precisam se reconhecer animais para se tornarem verdadeiramente humanos.

É possível identificar modos diferentes de ‘explorar’ a figura do


animal na produção literária?
Na literatura brasileira, podemos falar de três momentos incisivos. No
primeiro, está Machado de Assis, que escreveu no auge do racionalismo
cientificista do século 19, quando os princípios cartesianos já tinham legitimado
no Ocidente a cisão entre humanos e não humanos, e os animais eram vistos
como máquinas. No século 20, a partir dos anos 30, autores como Graciliano
Ramos, João Alphonsus, Guimarães Rosa e Clarice Lispector marcam um novo
momento, ao lidar, cada um a seu modo, com as relações entre homens e

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animais sob um enfoque libertário, manifestando cumplicidade com esses outros


viventes e a recusa da violência contra humanos e não humanos. Já os escritores
do final do século 20 e início do 21 lidam com a questão dos animais sob o peso
de uma realidade marcada por catástrofes ambientais, extinção de espécies,
experiências biotecnológicas, expansão das granjas e fazendas industriais etc.

Como a senhora vê o futuro dos animais?


Pelo jeito como as coisas andam, preocupo-me com a possibilidade de os
animais livres desaparecerem da face da Terra. Ficariam apenas os bichos
criados em reservas e cativeiros, os expostos em zoológicos, os ‘produzidos’ em
granjas e fazendas industriais para viver uma vida infernal e morrer logo depois,
além dos animais domésticos, adestrados e humanizados ao extremo.
Há quem diga que até mesmo estes estão fadados a desaparecer, dando
lugar a animais-robôs, que já existem no Japão.
A humanidade tem destruído florestas, dizimado povos indígenas,
exterminado espécies animais. Apesar da preocupação de ativistas com o
destino do planeta, falta empenho político dos governos para frear essa
destruição generalizada.
Minha utopia é que a humanidade possa um dia fazer mea-culpa em relação
aos crimes já cometidos contra os índios, os animais, a natureza. Mas, pelo que
vejo, essa questão continuará a ser um grande desafio ético e político para a
nossa civilização.

Seus estudos sobre animalidade a influenciaram em seu modo de


vida?
Não consigo desvincular o trabalho do meu modo de vida. Se cheguei ao
tema dos animais, foi por causa do meu apreço por eles. Há anos não como
carne, por causa da memória do tempo em que passava temporadas na fazenda
do meu pai, no interior de Minas Gerais. Vivia perto de vacas, porcos, aves,
cavalos, cachorros. Toda vez que via carne de vaca na mesa, me lembrava do
olhar bovino. Já a visão da carne de porco me trazia a imagem dos porquinhos
espertos e afetuosos com que eu brincava. Foi assim também com as aves, os

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coelhos e outros bichos. Como fui sempre muito tocada pelo olhar animal, decidi
não comê-los mais. Ainda mantive peixes e frutos do mar, mas deixei de comer
várias espécies ao saber de seus hábitos. Recuso também ovos de granja, em
repúdio à situação absurda das aves nos espaços de confinamento das fazendas
industriais. Meu projeto de vida, certamente influenciado por meus estudos, é
parar de consumir também carne de peixe. Chegarei lá.

MACIEL, Maria Esther. No mundo dos animais. Entrevista a Roberto B. de Carvalho. Ciência
Hoje, 21 nov. 2012. Disponível em <http://cienciahoje.uol.com.br>. Acesso em: 05 nov. 2013
(Texto Adaptado).

“Na literatura brasileira, podemos falar de três momentos incisivos.


No primeiro, está Machado de Assis, que escreveu no auge do
racionalismo cientificista do século 19, quando os princípios cartesianos
já tinham legitimado no Ocidente a cisão entre humanos e não humanos,
e os animais eram vistos como máquinas.”

As informações contidas nessa passagem permitem identificar o


primeiro momento a que se refere a autora como sendo o da vigência
da estética literária

A) árcade.
B) barroca.
C) realista.
D) romântica.
E) concretista.

3.

O ÚLTIMO ROMÂNTICO
(Lulu Santos, Antônio Cícero e Sérgio Souza)

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Faltava abandonar a velha escola


Tomar o mundo feito coca-cola
Fazer da minha vida sempre
O meu passeio público
E ao mesmo tempo fazer dela
O meu caminho só
Único
Talvez eu seja
O último romântico
Dos litorais
Desse Oceano Atlântico...
Só falta reunir
A zona norte à zona sul
Iluminar a vida
Já que a morte cai do azul...
Só falta te querer
Te ganhar e te perder
Falta eu acordar
Ser gente grande
Prá poder chorar...
Me dá um beijo, então
Aperta a minha mão
Tolice é viver a vida
Assim, sem aventura...
Deixa ser
Pelo coração
Se é loucura então
Melhor não ter razão...
Só falta te querer
Te ganhar e te perder
Falta eu acordar
Ser gente grande

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Prá poder chorar...


Me dá um beijo, então
Aperta a minha mão
Tolice é viver a vida
Assim, sem aventura...
Deixa ser
Pelo coração
Se é loucura então
Melhor nem ter razão...
(...)
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!

http://letras.terra.com.br/lulusantos/47141/ - Acesso em 21 de dezembro de 2009.

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Feita a leitura da canção, COMPARE as características do “Último


romântico” apresentado na letra com as características do Romantismo
(escola literária). Depois, ANALISE as alternativas e assinale a
INCORRETA.

A) A canção “O Último Romântico” é exemplo de um romântico atual


(romantismo – forma de comportamento), que é diferente de um personagem
ou de um eu lírico do Romantismo (escola literária).
B) Por influência da Revolução Francesa (1789), cujo lema era “Liberdade,
Igualdade e Fraternidade”, um dos pilares do Romantismo é a “liberdade”. Isso
pode ser provado nos primeiros sete versos da canção.
C) “Já que a morte cai do azul” (verso 15). Os românticos do século XIX
viam a morte como uma possibilidade de evasão. Na canção, pode-se ler que o
romântico do século XX pretende aproveitar a vida já que a morte é inevitável.
D) Os fracassos amorosos, nos textos do século XIX, aparecem carregados
do excesso de sentimentalismo e de subjetividade românticos. Na canção, há
um sofrimento mais contido: “Falta eu acordar / Ser gente grande / Prá poder
chorar...”.
E) Uma característica fundamental no Romantismo é a evasão, ou seja, o
indivíduo foge de uma situação adversa, pelos caminhos da morte, da infância,
da loucura. O romântico da canção também o faz: “Deixa ser / Pelo coração /
Se é loucura então / Melhor não ter razão...”.

4.

OS OUTROS
(Leoni)

Já conheci muita gente


Gostei de alguns garotos
Mas depois de você
Os outros são os outros

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Ninguém pode acreditar


Na gente separado
Eu tenho mil amigos mas você foi
O meu melhor namorado
Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você, os outros são os outros e só
(...)

http://letras.terra.com.br/kid-abelha/46816/ Acesso em 08 de dezembro de 2009.

SEGREDOS
(Casimiro de Abreu)

Eu tenho uns amores - quem é que os não tinha


Nos tempos antigos? - Amar não faz mal;
As almas que sentem paixão como a minha
Que digam, que falem em regra geral.

- A flor dos meus sonhos é moça e bonita


Qual flor entreaberta do dia ao raiar,
Mas onde ela mora, que casa ela habita,
Não quero, não posso, não devo contar!

(...)

- Depois... mas já vejo que vós, meus senhores,


Com fina malícia quereis me enganar.

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Aqui faço ponto; - segredos de amores


Não quero, não posso, não devo contar!

Rio – 1857

(Grandes Poemas do Romantismo Brasileiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.)

Como você percebeu, há marcas do Romantismo do século XIX na


postura romântica de produções contemporâneas. Relacione os trechos
destacados nas duas colunas.

COLUNA I

I. “Já conheci muita gente


Gostei de alguns garotos”
II. “(...) mas você foi
O meu melhor namorado”
III. “A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender”

COLUNA II

A. “Eu tenho uns amores - quem é que os não


tinha
Nos tempos antigos? - Amar não faz mal;”
B. “- A flor dos meus sonhos é moça e bonita
Qual flor entreaberta do dia ao raiar,”
C. “Aqui faço ponto; - segredos de amores
Não quero, não posso, não devo contar!”
D. “As almas que sentem paixão como a minha
Que digam, que falem em regra geral.”

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E. “- Depois... mas já vejo que vós, meus


senhores, Com fina malícia quereis me enganar.”
Agora, assinale a sequência CORRETA.

A) I. A; II. D; III. E.
B) I. E; II. B; III. A.
C) I. A; II. B; III. C.
D) I. A; II. C; III. D.
E) I. D; II. B; III. C.

5.

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O cartum Vida de Passarinho, do cartunista Caulos, estabelece um


interessante diálogo com um famoso texto-fonte de nossa literatura.
Assinale a alternativa que cita esse texto-fonte:

A) Canção do exílio, de Gonçalves Dias.


B) Erro de português, de Oswald de Andrade.
C) No meio do caminho, de Carlos Drummond de Andrade.
E) Não há vagas, de Ferreira Gullar.
D) José, de Carlos Drummond de Andrade.

6) (UFSM)

Leia o texto a seguir:

“Eles não usam barba, elas têm cabelos compridos e tranças. Esguios,
alimentados a peixe moqueado com biju, mingau de amendoim e frutas. Falam
baixo, dormem cedo e só têm uma conversa: índio. É a tribo dos brancos
composta de cientistas sociais, médicos, pedagogos, enfermeiras, biólogas e
engenheiros agrônomos, vindos de diversas regiões brasileiras. Boa parte da
engenhosa engenharia social e cultural que mantém o Parque do Xingu
funcionando em harmonia se deve ao trabalho desses especialistas. O foco agora
é preparar os índios para o inevitável confronto com a civilização que um dia
ocorrerá. As cidadezinhas vizinhas do parque vão transformar-se em municípios
de porte médio, a urbanização baterá às portas da reserva. Os moradores do
parque, cada vez mais, dependerão de produtos fabricados pelo branco. Em
todos os momentos da humanidade, sempre que o choque ocorreu, o mais forte
sobrepujou o mais fraco. Quase sempre de forma violenta. Neste canto do Brasil,
um punhado de brancos está conseguindo driblar essa inevitabilidade. Procuram
transformar o abraço sufocante em um caminhar de mãos dadas de culturas tão
diferentes.”

FERRAZ, Silvio. Do Xingu. In: Veja, 30 de junho de 1999.

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Relacione o texto com a carta de Pero Vaz de Caminha e indique se


são verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas quanto à
preocupação do homem branco em relação ao índio:

( ) O texto tem o mesmo objetivo da carta, pois ambos destacam, várias


vezes, que o rei de Portugal deveria cuidar da salvação dos índios.
( ) O texto tem o mesmo objetivo que a carta de Caminha, na medida em
que tanto a “tribo de brancos” quanto o escrivão da esquadra de Cabral mostram
preocupação com os índios do Xingu.
( ) O texto não tem o mesmo objetivo da carta pois Caminha, ao destacar
que o rei deveria cuidar da salvação dos índios, usa “salvação” no sentido
religioso, de converter o índio à fé católica, ou seja, no sentido de salvação da
alma.

A sequência correta é:

A) F – F – V.
B) V – V – F.
C) F – V – F.
D) V – F – V.
E) F – V – V.

7) Leia, a seguir, a letra da música “Ideologia”:

IDEOLOGIA
(Cazuza e Roberto Frejat)

Meu partido
É um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos

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Tão barato que eu nem acredito


Eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Frequenta agora as festas do “Grand Monde”

Meus heróis morreram de overdose


Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver

O meu prazer
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs não tem nenhum rock ‘n’ roll
Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou
Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Agora assiste a tudo em cima do muro

Meus heróis morreram de overdose


Meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver

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E as ilusões estão todas perdidas (v. 3) Esse verso pode ser lido
como uma alusão a um livro intitulado Ilusões perdidas, de Honoré de
Balzac. Tal procedimento constitui o que se chama de:

A) metáfora
B) pertinência
C) pressuposição
D) intertextualidade
E) NDA

8. (UFF 2007)

A modernidade tem-se utilizado de meios expressionais que dialogam com


diversas linguagens, produzindo pela intertextualidade novos sentidos e novos
diálogos. Identifique o comentário pertinente sobre a ressignificação promovida
pela intertextualidade dos fragmentos que se seguem.

A) Amor é fogo que arde sem se ver.


É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Luís Vaz de Camões

O amor é o fogo que arde sem se ver.


É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
Legião Urbana, "Monte Castelo"

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Os versos de "Monte Castelo" retomam três fontes distintas que remetem


ao local de resistência (título da canção), à necessidade imperiosa do sentimento
fraterno (Apóstolo Paulo) e ao caráter contemplativo e dócil da vivência amorosa
(Camões).

B) Quando nasci, um anjo torto


desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
Carlos Drummond de Andrade, "Poema das sete faces"

Quando nasci um anjo esbelto,


desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Adélia Prado, "Com licença poética"

Os versos de Adélia Prado retomam a imagem do "anjo", reproduzindo o


caráter de aceitação do papel da mulher no contexto social.

C) Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Gonçalves Dias

Nossas várzeas têm mais flores


nossas flores mais pesticidas.
Só se banham em nossos rios
Desinformados e suicidas.
Luiz Fernando Veríssimo

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O fragmento retomado por Veríssimo - versos de "Canção do Exílio" - situa


a realidade em que se insere, sob o ponto de vista crítico, confrontando-se à
visão ufanista do Romantismo.

D) Conselho se fosse bom, as pessoas


não dariam, venderiam.
Vá dormir que a dor passa.
Quem espera sempre alcança.
Provérbios e ditos populares.

Ouça um bom conselho


Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança.
Chico Buarque, "Bom conselho"

O fragmento de "Bom conselho" reforça pela linguagem poética o caráter


moralista e educativo desses provérbios.

E) A feição deles é serem pardos, maneira d'avermelhados, de bons rostos


e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam
nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com
tanta inocência como também em mostrar o rosto.
Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha a el-rei d. Manuel.

Senhor: Escrevo esta carta para vos dar conta dos sucessos da terra de
Vera Cruz desde o dia de seu achamento até a construção desta Brasília onde
agora me encontro. Eu a tenho, Senhor, por derradeiro feito e última louçania
da gente de cepa e me empenharei em bem descrevê-la, nada pondo ou tirando

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para aformosear nem para enfear, mas só praticando do que vi, ouvi ou me
pareceu.
Segunda Carta de Pero Vaz de Caminha, a El Rei, escrita da Novel
Cidade de Brasília com a data de 21 de abril de 1960. (Por Darcy Ribeiro)

O fragmento da carta de Darcy Ribeiro retoma o estilo detalhista e inventivo


de Pero Vaz de Caminha, ao construir a imagem do Brasil segundo o olhar
europeu.

9. (UFF 2011)

MODINHA DO EXÍLIO
(Ribeiro Couto)

Os moinhos têm palmeiras


Onde canta o sabiá.
Não são artes feiticeiras!
Por toda parte onde eu vá,
Mar e terras estrangeiras,
Posso ver mesmo as palmeiras
Em que ele cantando está.
Meu sabiá das palmeiras
Canta aqui melhor que lá.
Mas, em terras estrangeiras,
E por tristezas de cá,
Só à noite e às sextas-feiras.
Nada mais simples não há!
Canta modas brasileiras.
Canta – e que pena me dá!

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Os versos dos poetas modernistas e românticos apresentam relação


de intertextualidade com o poema de Ribeiro Couto, EXCETO em uma
alternativa. Assinale-a.

A) “Vou-me embora pra Pasárgada / Lá sou amigo do rei / Lá tenho a mulher


que eu quero / Na cama que escolherei” (Manuel Bandeira)
B) “Dá-me os sítios gentis onde eu brincava / Lá na quadra infantil; / Dá
que eu veja uma vez o céu da pátria, / O céu do meu Brasil!” (Casimiro de
Abreu)
C) “Minha terra tem macieiras da Califórnia / onde cantam gaturamos de
Veneza. / Os poetas da minha terra / são pretos que vivem em torres de
ametista,” (Murilo Mendes)
D) “Ouro terra amor e rosas / Eu quero tudo de lá / Não permita Deus que
eu morra / Sem que volte para lá” (Oswald de Andrade)
E) “Em cismar, sozinho, à noite, / Mais prazer eu encontro lá; / Minha terra
tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá.” (Gonçalves Dias)

10. (FUVEST 2010)


Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um “libertas quae sera tamen”*
Que um dia traduzi num exame escrito:
“Liberta que serás também”
E repito!
(Vinícius de Moraes, “Pátria minha”, Antologia poética.)

*A frase em latim traduz-se, comumente, por “liberdade ainda que tardia”.

Considere as seguintes afirmações:


I. O diálogo com outros textos (intertextualidade) é procedimento central
na composição da estrofe.

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II. O espírito de contradição manifesto nos versos indica que o amor da


pátria que eles expressam não é oficial nem conformista.
III. O apego do eu lírico à tradição da poesia clássica patenteia-se na
escolha de um verso latino como núcleo da estrofe.

Está correto o que se afirma em:

A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.

11. (UNIFESP-2002)

Texto I:
Ao longo do sereno
Tejo, suave e brando,
Num vale de altas árvores sombrio,
Estava o triste Almeno
Suspiros espalhando
Ao vento, e doces lágrimas ao rio.
(Luís de Camões, Ao longo do sereno.)

Texto II:
Bailemos nós ia todas três, ay irmanas,
so aqueste ramo destas auelanas
e quen for louçana, como nós, louçanas,
se amigo amar,
so aqueste ramo destas auelanas
uerrá baylar.
(Aires Nunes. In Nunes, J. J., Crestomatia arcaica.)

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Texto III:
Tão cedo passa tudo quanto passa!
morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
(Fernando Pessoa, Obra poética.)

Texto IV:
Os privilégios que os Reis
Não podem dar, pode Amor,
Que faz qualquer amador
Livre das humanas leis.
mortes e guerras cruéis,
Ferro, frio, fogo e neve,
Tudo sofre quem o serve.
(Luís de Camões, Obra completa.)

Texto V:
As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)
(Mário de Sá Carneiro, Poesias.)

O motivo do carpe diem (“aproveita o dia”, em latim) expressa, em


geral, o gosto de viver plenamente a vida, de usufruir os dons da beleza
e a energia da juventude, enquanto o tempo permitir. Esse motivo
aparece nos textos:

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A) I e II.
B) II e III.
C) III e IV.
D) IV e V.
E) I e V.

12. (UFSCAR-2002)

Texto 1 (Zé Rodrix e Tavito)


Eu quero uma casa no campo
do tamanho ideal
pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
meus discos
meus livros
e nada mais

Texto 2 (Cláudio Manuel da Costa)


Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.

Embora muito distantes entre si na linha do tempo, os textos


aproximam-se, pois o ideal que defendem é o uso da emoção em
detrimento da razão, pois esta retira do homem seus melhores
sentimentos.

A) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando as riquezas naturais.

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B) a dedicação à produção poética junto à natureza, fonte de inspiração dos


poetas.
C) o aproveitamento do dia presente - o carpe diem-, poiso tempo passa
rapidamente.
D) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante dos centros
urbanos.
E) NDA

13. (UNICAMP - ADAPTADA)

Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e Ricardo Reis refletem,
de maneira diferente, sobre a passagem do tempo, dela extraindo uma "filosofia
de vida". Leia-os com atenção:

LIRA 14 (Parte I)
(Tomás de Antônio Gonzaga)

Minha bela Marília, tudo passa;


a sorte deste mundo é mal segura;
se vem depois dos males a ventura,
vem depois dos prazeres a desgraça.
....................................................................
Que havemos de esperar, Marília bela?
que vão passando os florescentes dias?
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;
e pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.

ODES

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(Ricardo Reis)
Quando, Lídia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa -
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.

Qual filosofia de vida é exaltada em ambos os excertos?

A) a vida no campo como um valor, em oposição à vida na cidade

B) o sentimentalismo e angústia, presente também no ultrarromantismo

C) o amor idealizado, sem possibilidade de concretização

D) o carpe diem, ou seja, aproveitar ao máximo a vida, perante a


efemeridade desta

E) o sentimentalismo e subjetivismo, também presente nos


ultrarromânticos

14. (INSPER 2012)

A ÚLTIMA ROMÂNTICA

Cigarros, isqueiros, copos com drinques coloridos, garrafas vazias - de


vodca, do licor de coco Malibu... Às flores, velas, retratos e mensagens de praxe
os fãs acrescentaram em frente à casa de Amy Winehouse esses objetos que

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dão prazer, podem viciar e fazem mal à saúde. Para além da homenagem, era
uma forma de participar do universo de excessos da cantora.
É curioso o apelo de Amy num mundo conservador, cada vez mais
antitabagista e alerta para os riscos das drogas - um mundo onde vamos sendo
ensinados a comprar produtos sem gordura trans e onde até as garotas de
esquerda consomem horas dentro da academia.
Numa época em que as pessoas são estimuladas a abdicar de certos
prazeres na expectativa de durar bastante, simplesmente para durar, Winehouse
fez o roteiro oposto - intenso, autodestrutivo, suicida.
Sob o aspecto clínico, era uma viciada grave, necessitando
desesperadamente da ajuda que insistia em recusar. Uma de suas canções mais
famosas trata exatamente disso.
Amy foi presa fácil do jornalismo de celebridades, voltado à escandalização
da intimidade dos famosos (quanto pior, melhor). Foi também, num tempo
improvável, a herdeira de Janis Joplin, morta aos 27 em 1970, e de Billie Holiday,
morta aos 44, em 1959, ambas por overdose.
Como suas antecessoras, Amy leva ao extremo o éthos romântico - do
artista que vive em conflito permanente e se rebela contra o curso prosaico e
besta do mundo. Na sua figura atormentada e em constante desajuste, o
autoflagelo quase sempre se confunde com o ódio às coisas que funcionam.
Numa cultura inteiramente colonizada pelo dinheiro e que convida à idolatria,
fazer sucesso parecia uma espécie de vexame e de vileza, o supremo fiasco
existencial, contra o qual era preciso se resguardar.
Nisso Amy evoca os gênios do romantismo tardio - Lautréamont, Rimbaud
e outros poetas do inferno humano, que tinham plena consciência da vergonha
de dar certo.

(SILVA, Fernando de Barros e. Folha de São Paulo, 26/07/2011)

A relação entre o título e as ideias expostas nesse artigo evidenciam


que o autor

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A) pretende mobilizar os jovens de maneira que eles passem a incorporar


hábitos saudáveis em seu cotidiano.
B) considera que a cantora Amy Winehouse encarnava uma personagem
exótica apenas para conquistar a fama.
C) propõe que a morte de Amy Winehouse deva servir de alerta às
celebridades que adotam estilo de vida destrutivo.
D) tenciona estimular a criação de campanhas que combatam o tabagismo,
o alcoolismo e o uso de entorpecentes.
E) constata que as atitudes autodestrutivas não são exclusivas de artistas
do mundo contemporâneo.

15. (ENEM CANCELADO 2009)

O SERTÃO E O SERTANEJO

Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz
das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em
vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso
ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. Minando à surda na
touceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem, por
débil que seja, e levanta-se a língua de fogo esguia e trêmula, como que a
contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que se alongam diante dela.
O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão algum estorvo,
vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo, deixando como sinal da
avassaladora passagem o alvacento lençol, que lhe foi seguindo os velozes
passos. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétricas perspectivas. É
cair, porém, daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andou
por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardins encantados e nunca
vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de espantosa atividade.

Transborda a vida. TAUNAY, A. Inocência. São Paulo: Ática, 1993 (adaptado).

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O romance romântico teve fundamental importância na formação


da ideia de nação. Considerando o trecho acima, é possível reconhecer
que uma das principais e permanentes contribuições do Romantismo
para construção da identidade da nação é a

A) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza


nacional, marcada pelo subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de
renovação.
B) consciência da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe
dominante local, o que coibiu a exploração desenfreada das riquezas naturais do
país.
C) construção, em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia
ou exaltação, de uma imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a
natureza brasileira.
D) expansão dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento
de unidade do território nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes do
Brasil aos brasileiros.
E) valorização da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do
Brasil, formulando um conceito de nação centrado nos modelos da nascente
burguesia brasileira.

16.

No poema “A hora íntima”, Vinicius de Moraes pergunta “Quem


pagará o enterro e as flores / Se eu me morrer de amores?”. Nessa
passagem, os versos de Vinícius retomam, num tom ameno e voltado
para a temática da relação amorosa, a ideia de “se eu morresse
amanhã”, consagrada por

“Quem pagará o enterro e as flores


Se eu me morrer de amores?
Quem, dentre amigos, tão amigo

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Para estar no caixão comigo?”

A) Alvares de Azevedo - condoreiro romântico.


B) Castro Alves - lírico romântico.
C) Fagundes Varela - condoreiro romântico.
D) Alvares de Azevedo - lírico romântico.
E) Castro Alves - condoreiro romântico.

17. (FAAP-1997- ADAPTADA)

Texto I
"Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias)

Texto II
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.

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Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade


e ouvir um sabiá com certidão de idade!
(Murilo Mendes)

Sobre os dois poemas, é possível afirmar:

A) em ambos, há a exaltação da nação de forma ufanista


B) no segundo poema, podemos perceber que o autor não valoriza a terra
“natal” sob nenhum aspecto
C) não existe nenhum diálogo intertextual entre esses poemas
D) no segundo poema, o eu poético exalta a natureza do país, mas critica
outros aspectos, próprios da vida social.
E) NDA

18.

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De acordo com a leitura do fragmento acima, assinale a qual


autor, de grande expressão na literatura infantil nacional, a polêmica
se refere:

A) José Lins do Rego


B) José de Alencar
C) Monteiro Lobato
D) Machado de Assis
E) Graciliano Ramos

19. (UP – UNIVERSIDADE POTIGUAR)

Arnaldo Antunes é autor de “Psia”, um livro de poesia concreta. Abaixo,


uma reprodução da poesia “Gente”, em que podemos perceber que:

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Gente. Arnaldo Antunes. Disponível em


http://www.arnaldoantunes.com.br/upload/artes_1/177_g.jpeg

A) que a abolição do verso e a utilização de figuras geométricas vistas na


poesia concreta permitem a multiplicidade de sentidos aplicáveis ao texto, cuja
abreviação de extraterrestres critica o individualismo.
B) como em toda poesia concreta, vemos o vocábulo representado nos seus
aspectos geométricos, explorando, ainda, a multiplicidade de formas possíveis
de escrita ocidental.
C) que o sentido do texto dá-se pela inversão dos grafemas “t” e “e”, que
deveriam ter sido escritos na ordem correta, ou seja, TE e não ET, para ser,
realmente, um poema concreto.
D) o espaço do papel é aproveitado para fins significativos, permitindo a
valorização do aspecto visual e a criação de sentidos múltiplos para o poema.
E) NDA

20. Leia os textos abaixo para responder à questão:

Texto 1
DESCUIDAR DO LIXO É SUJEIRA

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Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a


gerência de uma das filiais do McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos
plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba
propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar
o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão.
(Veja São Paulo, 23-29/12/92)

Texto 2
O BICHO
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

(Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971,


p.145)

I. No primeiro texto, publicado por uma revista, a linguagem predominante


é a literária, pois sua principal função é informar o leitor sobre os transtornos
causados pelos detritos.
II. No segundo texto, do escritor Manuel Bandeira, a linguagem não literária
é predominante, pois o poeta faz uso de uma linguagem objetiva para informar
o leitor.
III. No texto “Descuidar do lixo é sujeira”, a intenção é informar sobre o
lixo que diariamente é depositado nas calçadas através de uma linguagem
objetiva e concisa, marca dos textos não literários.

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IV. O texto “O bicho” é construído em versos e estrofes e apresenta uma


linguagem plurissignificativa, isto é, permeada por metáforas e simbologias,
traços determinantes da linguagem literária.

Estão corretas as proposições:

A) I, III e IV.
B) III e IV.
C) I, II, III e IV.
D) I e IV.
E) II, III e IV.

1. E 17. D
2. C 18. C
3. D 19. A
4. C 20. B
5. C
6. A
7. D
8. C
9. A
10. C
11. C
12. A
13. D
14. E
15. D
16. D

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