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Literatura

Arte e Literatura: conceitos iniciais


Objetivo
Você aprenderá os conceitos iniciais sobre arte e literatura para prosseguir nos gêneros e escolas
literárias.

Curiosidade
A prova do Enem sempre vai apresentar questões sobre arte e com a presença de textos literários.
Portanto, é essencial ter muita atenção nesse conteúdo inicial. Vamos lá?

Teoria

Os conceitos iniciais da arte se desdobram nas áreas da música, expressões dança, literatura, etc.
Para essa aula, veremos alguns pontos importantes sobre esse conteúdo.

A arte
Saber o que é arte, “todo mundo sabe”, não é mesmo? Ela está no nosso cotidiano, no que ouvimos,
vemos e sentimos, mas você já parou para pensar sobre a sua definição? Não? Bom, vamos lá!

A palavra arte é derivada do termo latino “ars”, que significa arranjo ou habilidade. Neste sentido,
podemos entender a noção de arte como um meio de criação, produção de novas técnicas e
perspectivas. Há diferentes visões artísticas, mas todas possuem em comum a intenção de
representar simbolicamente a realidade, sendo assim, resultado de valores, experiências e culturas
de um povo em um determinado momento ou contexto histórico.

Tarsila do Amaral. Antropofagia, 1929. Dimensões:


126.00 cm x 142.00 cm Acervo: Fundação José e
Paulina Nemirovsky (São Paulo, SP)

A arte pode ser composta pela linguagem não verbal (por meio de imagens, sons, gestos, etc.) ou,
ainda, pela linguagem verbal, formada por palavras. Quando ocorre a fusão entre os dois tipos de
linguagem, chamamos de linguagem mista ou híbrida. É importante dizer, ainda, que por mais que
a arte faça referência a algum período histórico ou político, ela não possui compromisso de retratar
fidedignamente a realidade (apesar de algumas obras terem esse propósito); pode, no entanto, ter
o intuito de instigar, despertar o incômodo, romper com os padrões e provocar questionamentos a
seu público.
Literatura

Poema concreto “Lixo”, de Augusto de Campos.

A literatura
Conforme já mencionado, as produções de expressão podem aparecer de diversas maneiras, e a
literatura também é um tipo de manifestação artística, tendo como “matéria-prima” as palavras, que
podem compor prosas e versos literários. A linguagem, em geral, explora bastante o sentido
conotativo e o uso das figuras de linguagem contribuem para a construção estética do texto. Os
movimentos literários, que estudaremos em breve, estão vinculados a um contexto histórico e
possuem características que representam os anseios e costumes de um determinado tempo.

Os textos literários têm maior expressividade, desse modo, há uma seleção de vocabulário que
busca transmitir subjetividade, uma preocupação com a função estética, com o intuito de provocar
e desestabilizar o leitor. As palavras possuem uma extensão de significados e faz-se preciso um
olhar mais atento à leitura, que não prioriza a informação, mas, sim, o caráter poético.

Vejamos alguns exemplos de textos literários:

Textos de apoio

Anúncios classificados

Vendedoras. Ótima aparência, excelente salário. Rua tal, no tal. Recusada.


Boutique cidade precisa moça boa aparência entre 25 e 30 anos. Marcar entrevista tel. no tal.
Recusada.
Moças bonitas e educadas para trabalhar como recepcionistas. Garantimos ganhos acima de
um milhão. Procurar D. Fulana das 12,00 às 20,00 horas, na rua tal, no tal. Recusada.
Senhor solitário com pequeno defeito físico procura moça de 30 anos para lhe fazer companhia.
Não precisa ser bonita. Endereço tal.
Desta vez ela não disfarçou a corcunda nem pôs óculos escuros para esconder o estrabismo.
Contratada.
(CUNHA, Helena Parente. Cem mentiras de verdade, 1985)
Literatura

Capítulo 4, Versículo 3
Juiz ou réu, um bandido do céu
60% dos jovens de periferia
Sem antecedentes criminais já sofreram Malandro ou otário, padre sanguinário
violência policial Franco atirador, se for necessário
A cada quatro pessoas mortas pela Revolucionário, insano ou marginal
polícia, três são negras Antigo e moderno, imortal
Nas universidades brasileiras, apenas 2%
dos alunos são negros Fronteira do Céu com o Inferno
A cada quatro horas, um jovem negro Astral imprevisível, como um ataque
morre violentamente em São Paulo cardíaco no verso
Aqui quem fala é Primo Preto, mais um Violentamente pacífico, verídico
sobrevivente Vim pra sabotar seu raciocínio

Minha intenção é ruim, esvazia o lugar Vim pra abalar seu sistema nervoso e
Eu tô em cima, eu tô a fim, um, dois pra sanguíneo
atirar Pra mim ainda é pouco, Brown cachorro
Eu sou bem pior do que você tá vendo louco
Preto aqui não tem dó, é 100% veneno Número um guia terrorista da periferia
Uni-duni-tê o que eu tenho pra você
A primeira faz bum, a segunda faz tá [...]
Eu tenho uma missão e não vou parar Racionais MC’s
Meu estilo é pesado e faz tremer o chão
Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita
munição

Na queda ou na ascensão minha atitude


vai além

E tenho disposição pro mal e pro bem


Talvez eu seja um sádico, um anjo, um
mágico
Literatura

Poema Brasileiro

No Piauí de cada 100 crianças que nascem


78 morrem antes de completar 8 anos de idade

No Piauí
de cada 100 crianças que nascem
78 morrem antes de completar 8 anos de idade

No Piauí
de cada 100 crianças
que nascem
78 morrem
antes
de completar
8 anos de idade

Antes de completar 8 anos de idade


antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade
Ferreira Gullar, 1962.

Motivo

Eu canto porque o instante existe


e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,


não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.


Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles, 1939.
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“Isto não é um cachimbo”. Magritte, 1929.

O morcego

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.


Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela igneo e escaldante molho.

"Vou mandar levantar outra parede..."


— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego


A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!


Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
ANJOS, Augusto. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1998.

Diferenças entre o texto literário e o não literário


Diferente do poema da autora Cecília Meireles, em que há uma transmissão de subjetividade nos
versos e uma preocupação estética, os textos não literários são aqueles que possuem o caráter
informativo, que visam notificar, esclarecer e utilizam uma linguagem mais clara e objetiva.
Jornais, artigos, propagandas publicitárias e receitas culinárias são ótimos exemplos de textos não
literários, pois esses têm o foco em comunicar, informar, instruir, etc.
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Exercícios de fixação

1. Sobre o contexto de “arte” e sua definição, é possível afirmar que:


(A) Embora haja mudanças, ela permanece com os mesmos preceitos.
(B) A definição é “trabalho, perfeição”, em latim.
(C) A arte pode se modificar de acordo com o tempo e as necessidades humanas.
(D) É possível encontrar arte somente em museus e espaços de manifestações expressivas.

2. Assinale a alternativa que corresponde somente a manifestações não-verbais, geralmente:


(A) Poemas, crônicas e artes plásticas.
(B) Dança, música e contos.
(C) Dança, artes plásticas e música instrumental.
(D) Grafite, rap e romances realistas.

3. Após analisar os conceitos de arte e linguagem, observe a imagem abaixo:

Fábio Sexugi.

Apresente o(s) tipo(s) de linguagem utilizado(s) na obra de Fábio Sexugi.


Literatura

4. Análise a obra abaixo, visando estabelecer o tipo de arte, a linguagem utilizada, seu possível
momento histórico e interpretação de conteúdo.

Arte: Os Gêmeos. Disponível em: https://www.dionisioarte.com.br/2016/06/29/os-


gemeos-um-fenomeno-do-graffiti-nacional-e-mundial/. Acessado em: 03/09/2021

5. A linguagem literária pode ser encontrada nos seguintes gêneros, exceto:


(A) poemas, crônicas, contos e narrativas.
(B) farsas, contos, poemas e narrativas de ficção.
(C) sonetos, crônica, novelas e romance.
(D) textos jornalísticos, textos didáticos e enciclopédias.
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Exercícios de vestibulares

1. (Enem, 2019)

PICASSO, P. Cabeça de touro. Bronze, 33,5 cm x 43,5 cm x 19 cm. Musée


Picasso, Paris. França, 1945. JANSON, H. W. Iniciação à história da arte. São
Paulo: Martins Fontes, 1988.

Na obra Cabeça de touro, o material descartado torna-se objeto de arte por meio da
(A) reciclagem da matéria-prima original.
(B) complexidade da combinação de formas abstratas.
(C) perenidade dos elementos que constituem a escultura.
(D) mudança da funcionalidade pela integração dos objetos.
(E) fragmentação da imagem no uso de elementos diversificados.
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2. (Enem, 2020) TEXTO I


O caminho habitual para o trabalho, aquele em que a gente já nem repara direito, pode ficar
mais belo com um poema. O projeto #UmLambePorDia nasceu desta intenção: trazer mais
cor e alegria para a cidade por meio de cartazes coloridos ao estilo lambe-lambe. Quem teve
a ideia foi o escritor Leonardo Beltrão, em Belo Horizonte. “Em meio a olhares cada vez mais
viciados, acabamos nos esquecendo da beleza envolvida em cada esquina e no próprio poder
transformador da palavra”. Assim, a cada dia um cartaz é colocado por aí, para nos lembrar
de reparar na cidade, na vida que corre ao redor e também em nós mesmos.
TEXTO II

Disponível em: www.vidasimples.uol.com.br. Acessado em:


06/12/2017 (adaptado).

Considerando-se a função que os cartazes colados em postes normalmente exercem nas ruas
das cidades grandes, esse texto evidencia a
(A) disseminação da arte poética em um veículo não convencional.
(B) manutenção da expectativa das pessoas ao andarem pelas ruas.
(C) necessidade de exposição de poemas pequenos em diferentes suportes.
(D) característica corriqueira do suporte lambe-lambe, muito comum nas ruas.
(E) exposição da beleza escondida das esquinas da cidade de Belo Horizonte.
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3. (Enem, 2011) TEXTO I

Toca do Salitre — Piauí Disponível em: http://www.fumdham.org.br. Acessado em: 27/07/2010.


(Foto: Reprodução/Enem).

TEXTO II

Arte Urbana. Foto: Diego Singh Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acessado em:
27/07/2010. (Foto: Reprodução/Enem).

O grafite contemporâneo, considerado em alguns momentos como uma arte marginal, tem
sido comparado às pinturas murais de várias épocas e às escritas pré-históricas. Observando
as imagens apresentadas, é possível reconhecer elementos comuns entre os tipos de pinturas
murais, tais como
(A) a preferência por tintas naturais, em razão de seu efeito estético.
(B) a inovação na técnica de pintura, rompendo com modelos estabelecidos.
(C) o registro do pensamento e das crenças das sociedades em várias épocas.
(D) a repetição dos temas e a restrição de uso pelas classes dominantes.
(E) o uso exclusivista da arte para atender aos interesses da elite.
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4. (Enem, 2021) A crise dos refugiados imortalizada para sempre no fundo do mar

TAYLOR, J. C. A balsa de Lampedusa. Instalação. Museu Atlântico, Lanzarote,


Canárias, 2016 (detalhe).

A balsa de Lampedusa, nome da obra do artista britânicos Jason de Caires Taylor, é uma das
instalações criadas por ele para compor o acervo do primeiro museu submarino da Europa, o
Museu Atlântico, localizado em Lanzarote, uma das ilhas do arquipélago das Canárias.
Lampedusa é o nome da ilha italiana onde a grande maioria dos refugiados que saem da
África ou de países como Síria, Líbano e Iraque tenta chegar para conseguir asilo no
continente europeu.
As esculturas do Museu Atlântico icam a 14 metros de profundidade nas águas cristalinas de
Lanzarote.
Na balsa, estão dez pessoas. Todas têm no rosto a expressão do abandono. Entre elas, há
algumas crianças. Uma delas, uma menina debruçada sobre a beira do bote, olha sem
esperança o horizonte. A imagem é tão forte que dispensa qualquer palavra. Exatamente o
papel da arte.
Disponível em: http://conexaoplaneta.com.br. Acesso em: 22 jun. 2019 (adaptado).

Além de apresentar ao público a obra A balsa de Lampedusa, essa reportagem cumpre,


paralelamente, a função de chamar a atenção para
(A) a ilha de Lanzarote, localizada no arquipélago das Canárias, com vocação para o turismo.
(B) as muitas vidas perdidas nas travessias marítimas em embarcações precárias ao longo
dos séculos.
(C) a inovação relativa à construção de um museu no fundo do mar, que só pode ser visitado
por mergulhadores.
(D) a construção do museu submarino como um memorial para as centenas de imigrantes
mortos nas travessias pelo mar.
(E) a arte como perpetuadora de episódios marcantes da humanidade que têm de ser
relembrados para que não voltem a acontecer.
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5. (Enem PPL, 2021)


Texto I

TOHAKU, H. Floresta de pinheiros. Nanquim sobre papel, 1,56m x 3,47m. Museu de Tóquio, Japão,
1595. Disponível em: https://medium.com. Acessado em: 19/06/2019.

Texto II
Arte japonesa
O zen (chán, em chinês) enfatiza a autoconfiança e a meditação, rejeitando os estudos
tradicionais das escrituras budistas e a realização de complicados rituais.
O zen foi introduzido no Japão no século XIII por monges japoneses que viajaram à China a
fim de estudar as mais recentes doutrinas. A simplicidade e a autodisciplina rígida ensinadas
pelos mestres zen atraíram a classe dos samurais (guerreiros), e muitos templos zen foram
construídos no Japão entre os séculos XIII e XV.
ARICHI, M. In: FARTHING, S. (Ed). Tudo sobre arte. Rio de Janeiro. Sextante, 2011 (adaptado).
A obra Floresta de pinheiros, do artista Hasegawa Tohaku, expressa influências do zen-
budismo ao
(A) apresentar uma cena completa ao espectador.
(B) criar uma atmosfera propícia à contemplação.
(C) transmitir os valores de um ideal guerreiro.
(D) desafiar os paradigmas estéticos vigentes.
(E) mimetizar espaços de culto religioso.
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6. (Enem PPL, 2010) TEXTO I


Chão de esmeralda
Me sinto pisando
Um chão de esmeraldas
Quando levo meu coração
À Mangueira
Sob uma chuva de rosas
Meu sangue jorra das veias
E tinge um tapete
Pra ela sambar
É a realeza dos bambas
Que quer se mostrar
Soberba, garbosa
Minha escola é um catavento a girar
É verde, é rosa
Oh, abre alas pra Mangueira passar
BUARQUE, C.; CARVALHO, H. B. Chico Buarque de Mangueira. Marola Edições Musicais Ltda. BMG. 1997. Disponível em:
www.chicobuarque.com.br. Acessado em: 30/04/2010.

TEXTO II
Quando a escola de samba entra na Marquês de Sapucaí, a plateia delira, o coração dos
componentes bate mais forte e o que vale é a emoção. Mas, para que esse verdadeiro
espetáculo entre em cena, por trás da cortina de fumaça dos fogos de artifício, existe um
verdadeiro batalhão de alegria: são costureiras, aderecistas, diretores de ala e de harmonia,
pesquisador de enredo e uma infinidade de profissionais de garantem que tudo esteja perfeito
na hora do desfile.
AMORIM, M.; MACEDO, G. O espetáculo dos bastidores. Revista de Carnaval 2010: Mangueira. Rio de Janeiro: Estação
Primeira de Mangueira, 2010.

Ambos os textos exaltam o brilho, a beleza, a tradição e o compromisso dos dirigentes e de


todos os componentes com a escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Uma das
diferenças que se estabelece entre os textos é que
(A) O artigo jornalístico cumpre a função de transmitir emoções e sensações, mais do que a
letra de música
(B) A letra de música privilegia a função social de comunicar a seu público a crítica em
relação ao samba e aos sambistas
(C) A linguagem poética, no Texto I, valoriza imagens metafóricas e a própria escola,
enquanto a linguagem, no Texto II, cumpre a função de informar e envolver o leitor
(D) Ao associar esmeraldas e rosas às cores da escola, o Texto I acende a rivalidade entre
escolas de samba, enquanto o Texto II é neutro
(E) O Texto I sugere a riqueza material da Mangueira, enquanto o Texto II destaca o trabalho
na escola de samba
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7. (Enem, 2018) TEXTO I

ALMEIDA, H. Dentro de mim, 2000. Fotografia p/b. 132 cm x 88 cm. Faculdade de Belas-
Artes da Universidade de Lisboa.

TEXTO II
A body art põe o corpo tão em evidência e o submete a experimentações tão variadas, que
sua influência estende-se aos dias de hoje. Se na arte atual as possibilidades de investigação
do corpo parecem ilimitadas – pode-se escolher entre representar, apresentar, ou ainda
apenas evocar o corpo – isso ocorre graças ao legado dos artistas pioneiros.
SILVA, P R. Corpo na arte, body art, body modification: fronteiras. II Encontro de História da Arte: IFCH-Unicamp, 2006
(adaptado).

Nos textos, a concepção de body art está relacionada à intenção de


(A) estabelecer limites entre o corpo e a composição.
(B) fazer do corpo um suporte privilegiado de expressão.
(C) discutir políticas e ideologias sobre o corpo como arte.
(D) compreender a autonomia do corpo no contexto da obra.
(E) destacar o corpo do artista em contato com o espectador.
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8. (Enem, 2018) Somente uns tufos secos de capim empedrados crescem na silenciosa baixada
que se perde de vista. Somente uma árvore, grande e esgalhada, mas com pouquíssimas
folhas, abre-se em farrapos de sombra. Único ser nas cercanias, a mulher é magra, ossuda,
seu rosto está lanhado de vento. Não se vê o cabelo, coberto por um pano desidratado. Mas
seus olhos, a boca, a pele – tudo é de uma aridez sufocante. Ela está de pé. A seu lado está
uma pedra. O sol explode.
Ela estava de pé no fim do mundo. Como se andasse para aquela baixada largando para trás
suas noções de si mesma. Não tem retratos na memória. Desapossada e despojada, não se
abate em autoacusações e remorsos. Vive. Sua sombra somente é que lhe faz companhia.
Sua sombra, que se derrama em traços grossos na areia, é que adoça como um gesto a
claridade esquelética. A mulher esvaziada emudece, se dessangra, se cristaliza, se mineraliza.
Já é quase de pedra como a pedra a seu lado. Mas os traços de sua sombra caminham e,
tornando-se mais longos e finos, esticam-se para os farrapos de sombra da ossatura da
árvore, com os quais se enlaçam.
FRÓES, L. Vertigens: obra reunida. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Na apresentação da paisagem e da personagem, o narrador estabelece uma correlação de


sentidos em que esses elementos se entrelaçam. Nesse processo, a condição humana
configura-se
(A) amalgamada pelo processo comum de desertificação e de solidão.
(B) fortalecida pela adversidade extensiva à terra e aos seres vivos
(C) redimensionada pela intensidade da luz e da exuberância local.
(D) imersa num drama existencial de identidade e de origem.
(E) imobilizada pela escassez e pela opressão do ambiente.
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9. (Enem, 2022)

JUDD, D. Sem título. 1969. Disponível em: https://dasartes.com.br.


Acessado em: 16/06/2022.

Embora não fosse um grupo ou um movimento organizado, o Minimalismo foi um dos muitos
rótulos (incluindo estruturas primárias, objetos unitários, arte ABC e Cool Art) aplicados pelos
críticos para descrever estruturas aparentemente simples que alguns artistas estavam
criando. Quando a arte minimalista começou a surgir, muitos críticos e um público opinativo
julgaram-na fria, anônima e imperdoável. Os materiais industriais pré-fabricados
frequentemente usados não pareciam “arte”.
DEMPSEY, A. Estilos, escolhas e movimentos. São Paulo: Cosac & Naify, 2003 (adaptado).

De acordo com os textos I e II, compreende-se que a obra minimalista é uma


(A) representação da simplicidade pelo artista.
(B) exploração da técnica da escultura cubista.
(C) valorização do cotidiano por meio da geometria.
(D) utilização da complexidade dos elementos formais.
(E) combinação de formas sintéticas no espaço utilizado.
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10. (Enem, 2020)

KOSUTH J. One and Three Chairs. Museu Reina Sofia, Espanha, 1965. Disponível em:
www.museoreinasofia.es. Acessado em: 04/06/2018 (adaptado).

A obra de Joseph Kosuth data de 1965 e se constitui por uma fotografia de cadeira, uma
cadeira exposta e um quadro com o verbete “Cadeira”. Trata-se de um exemplo de arte
conceitual que revela o paradoxo entre verdade e imitação, já que a arte
(A) não é a realidade, mas uma representação dela.
(B) fundamenta-se na repetição, construindo variações.
(C) não se define, pois depende da interpretação do fruidor.
(D) resiste ao tempo, beneficiada por múltiplas formas de registro.
(E) redesenha a verdade, aproximando-se das definições lexicais.

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Gabaritos

Exercícios de fixação

1. C
Embora a arte tenha nascido em um espaço restrito de possibilidades e expressões, ao longo
dos anos ela obteve maiores formas de representação, ao passo que também transforma a
sociedade. Nesse sentido, ela se expressa de diversas maneiras, por culturas e momentos
diferentes.

2. C
Geralmente, a dança, música instrumental e artes plásticas, em sua maioria, não recebem a
presença de marcações verbais, sendo consideradas expressões não-verbais do mundo
artístico.

3. A obra de Fábio Sexugi é a representação de um poema concreto, muito comum no século XX.
A obra contém linguagem verbal, por ser um poema construído com palavras, mas, ao mesmo
tempo, também utiliza da linguagem não-verbal, pois realiza o formato de uma xícara de café.

4. A arte de “Os Gêmeos” é uma representação no grafite, gênero de arte visual, que faz a
utilização da linguagem não-verbal, podendo ser encontrada em momentos mais atuais da
sociedade, tendo em vista que o gênero ganha notoriedade no período pós-moderno. Nela, é
possível ver um indivíduo com um estilo mais urbano, com trejeitos atuais, saindo de uma
parede cinza e dando espaço às cores fortes e chamativas da pintura.

5. D
Textos jornalísticos, enciclopédias e textos didáticos fazem parte dos não-literários, uma vez
que possuem cunho mais objetivo e referencial, diferentemente da arte literária.

Exercícios de vestibulares

1. D
O enunciado fala em um material descartado tornando-se obra de arte, visto que há uma nova
funcionalidade que lhe é atribuída a partir da junção de objetos. É válido ressaltar que a
reciclagem implicaria na transformação do objeto fonte.

2. A
Os cartazes colados em postes nas ruas das cidades geralmente possuem funções utilitárias:
informam ou divulgam alguma coisa. No caso do cartaz reproduzido pelo Texto II, porém, sua
função é primordialmente estética. Dessa forma, há a disseminação da arte poética em um
veículo não convencional.

3. C
A semelhança entre as duas imagens é, justamente, a reprodução de crenças e valores de
determinadas épocas.

4. E
O título, associado ao último período do texto, reforça o potencial da arte em perpetuar os
episódios marcantes da humanidade.
Literatura

5. B
A doutrina zen, por meio da valorização da simplicidade e rejeição às complicações, abre
caminho para um esvaziamento mental, que abre espaço à meditação, à contemplação. Esses
elementos podem ser identificados no quadro (texto I), o qual apresenta elementos visuais
básicos, sem detalhismo.

6. C
O texto I é uma letra de música e apresenta linguagem poética, pois utiliza figuras de linguagem,
como metáforas, para falar da escola de samba.
Perceba as metáforas "chão de esmeraldas" e "minha escola é um catavento a girar" para se
referir à escola de samba Mangueira.
Já o texto II é uma reportagem e, como tal, tem a função de informar o leitor. A linguagem é
objetiva e imparcial, buscando apenas transmitir informações e envolver o leitor.

7. B
A partir da análise dos dois textos, é possível identificar que a concepção de body art diz
respeito à utilização do corpo como suporte para a expressão do sujeito. Afinal, o texto 1
representa uma obra de arte que recorre ao corpo humano para ser realizada, e o texto 2 valoriza
os primeiros artistas que trouxeram o conceito de body art.

8. A
O enunciado reforça o entrelaçamento dos elementos contidos no texto, e a letra A, por meio
da palavra “amalgamada”, evidencia essa fusão da mulher com a natureza.

9. E
Minimalismo é uma série de movimentos conhecidos por empregar limitados elementos
essenciais como forma de expressão. A letra E defende a combinação de formas sintéticas no
espaço utilizado, algo que pode ser constatado no texto I, e no texto II, a partir das referências
aos “materiais pré-fabricados” utilizados na produção artística “aparentemente simples”.

10. A
A obra de Joseph Kosuth objetiva uma reflexão crítica sobre o conceito de mimesis, segundo o
qual a arte deve constituir uma imitação/representação da realidade.

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