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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Sala 1

Tema:
O Ensino de Português como Língua Segunda

Lezito Hortêncio Armando


Código: 708206782

Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa


Disciplina: Didáctica do Português II
3º Ano 1º Trabalho
Docente: Dra. Raema Kalima

Quelimane, Maio, 2022


Folha de Feedback
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota do
Subtotal
Máxima Tutor
Capa 0.5
Índice 0.5
Aspectos Introdução 0.5
Estrutura
Organizacionais Discussão 0.5
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5

Descrição dos objectivos 1.0

Metodologia adequada ao
2.0
objecto do trabalho
Articulação e domínio do
discurso académico
(expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
Discussão Revisão bibliográfica
nacional e internacionais
2.
relevantes na área de
estudo
Exploração dos dados 2.0
Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
Gerais parágrafo, espaçamento
entre linhas

Normas APA 6ª Rigor e coerência das


Referências 4.0
edição em citações/referências
citações e
Bibliográficas bibliográficas
bibliografia

Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor


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Índice
1. Introdução......................................................................................................................3
1.1. Objectivos...................................................................................................................3
1.1.1. Geral:.......................................................................................................................3
1.1.2. Específicos...............................................................................................................3
1.2. Metodologia do Trabalho...........................................................................................3
1.3. Estrutura do Trabalho.................................................................................................3
2. Conceito de Língua........................................................................................................4
2.1. A Língua (L) / Linguagem (Lg) na Escolarização.....................................................4
2.2. Características do Contexto de Língua Segunda/Estrangeira.....................................4
2.3. Português Língua Segunda/Estrangeira......................................................................5
2.4. O Ensino do Português como Língua Segunda..........................................................6
2.5. A Disciplina Portugues Lingua Segunda no Plano Curricular...................................7
2.6. Porque Aprender uma Língua Estrangeira.................................................................7
2.7. Segunda Língua..........................................................................................................9
2.8. Aquisição da Segunda Língua..................................................................................10
2.9. Português como Segunda Língua.............................................................................11
3. Conclusão....................................................................................................................12
4. Bibliografia..................................................................................................................13
1. Introdução
O presente trabalho consiste no estudo do Ensino da Língua Portuguesa como
língua segunda, analisado de acordo com a perspectiva dos Professores e do contexto
moçambicano. Com este trabalho de pesquisa pretende-se identificar e chamar a atenção
para os factores que constituem obstáculos à aprendizagem da Língua Portuguesa por
falantes de outra língua materna e encontrar mecanismos que possibilitem o ensino da
nossa Língua de forma eficaz que permita o desenvolvimento de competências pessoais,
educacionais e sociais.
Enquanto professores, não nos apraz apenas que o processo de aprendizagem
seja célere, mas principalmente que os conhecimentos adquiridos criem raízes no aluno,
que a aprendizagem seja plena e absoluta, promovendo a formação educacional e
emocional, aliado à inserção social do aluno.
O Professor tem um papel fundamental na sociedade e deve encontrar-se
preparado para todo o tipo de situações, circunstâncias e, principalmente, todo o tipo de
alunos. Cada vez mais, os professores têm de estar predispostos a aceitar alunos de
diferentes sociedades, culturas, línguas, com características peculiares, que promovem
um ensino diversificado e, consequentemente, mais complexo.
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral:
 Compreender os procedimentos do ensino de português como língua segunda.
1.1.2. Específicos
 Descrever as características da língua portuguesa como estrangeira;
 Identificar os critérios de aquisição da Segunda Língua;
 Apontar o porque da aprendizagem do português.
1.2. Metodologia do Trabalho
O trabalho em alusão teve como metodologia as fontes bibliográficas que
consistiu na recolha, selecção, leitura e fichamento das obras e documentos normativos
que abordam a temática O Ensino de Português como Língua Segunda.
1.3. Estrutura do Trabalho
O presente trabalho de pesquisa apresenta a seguinte estrutura: capa, feedback,
índice, conteúdo, conclusão e bibliografia.

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2. Conceito de Língua
A língua é o conjunto de palavras e das regras gramaticais que regem a sua
combinação. Constituído uma espécie de herança ou bem colectivo resultante de
múltiplos factores, incluindo políticos, e que vai sendo transmitida de geração em
geração, as línguas impõem-se ao próprio indivíduo que deverá respeitar as suas leis se
quiser comunicar verbalmente, Azeredo, Pinto e Lopes (2010, p. 12).
2.1. A Língua (L) / Linguagem (Lg) na Escolarização
Uma língua tem alta relevância no processo de escolarização e a escolarização
de um povo pode não alavancar ou até comprometer o seu futuro (social, político e
económico) se persistirem nela, problemas graves como a:
 Baixa escolaridade da população (acesso precário ou lacunoso à escola, desistência
precoce);
 Heterogeneidade da escolarização (com exclusões de camadas por categoria
económica, de género ou de sectores geográficos)
 Fragilidade do sistema educativo (ensino fraco, alta rotatividade de alunos e
professores, evasão, fracos resultados, repetência), Almeida Filho (2005).
A escolarização propiciada pelo sistema educacional se dá através de estudos no
currículo escolar pelo (re) conhecimento dos fenómenos da natureza e económicos
(geografia, ciências naturais) de fenómenos sociais (história) do processamento
matemático (matemática) do processo ‘linguajeiro’ (língua materna, língua escolar,
língua segunda, língua oficial, língua estrangeira, linguismo como fenómeno de
coexistência de línguas num mesmo espaço) além das linguagens não-verbais, da
paralinguagem, do corpo, da arte se da informática).
2.2. Características do Contexto de Língua Segunda/Estrangeira
Na perspectiva de Almeida Filho (2005), uma L2 é uma língua não materna que
se sobrepõe a outra (s) que não circula (m) socialmente em sectores ou instituições ou
que circulam com restrições. Uma L2 pode se constituir em situações distintas para:
 Indivíduos de uma dada língua residindo temporariamente num outro país falante de
outra língua;
 Comunidades falantes de culturas e línguas transplantadas num país falante de outra
L e que lá vivem perenemente mantendo seus atributos linguísticos culturais vivos;
 Grupos étnicos falantes de línguas nativas circundadas por uma língua nacional
amplamente maioritária;

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 Um ou vários grupos de línguas autóctones que desenvolveram um crioulo tornado
língua normalizada e em muitos contextos, língua franca de ampla circulação;
 Um ou vários grupos linguísticos que herdaram uma L externa hegemónica no país,
geralmente super posta às línguas autóctones como resultado de colonização;
 Grupos falantes de uma L nova dominante (de um Crioulo) que herdaram língua
hegemónica de colonização;
 Indivíduos de grupo étnico com uma língua própria que precisam aprenderem a
língua· (franca em muitos casos) de outro grupo étnico minoritário de um mesmo
país;
 Jovens falantes de uma língua nativa maioritária ou nacional em seu próprio país
para quem seus pais escolhem uma educação escolar mediada por outra língua de
prestígio.
2.3. Português Língua Segunda/Estrangeira
Todas as situações não abrangidas pela designação de Língua Materna estão
enquadradas na designação de Língua Não Materna (LNM), que se subdivide,
Essencialmente, em Língua Segunda (L2) e Língua Estrangeira (LE),
considerados·instrumentos de comunicação secundários ou auxiliares. A Língua
Segunda é apresentada como a língua de natureza não materna adquirida em segundo
lugar, sendo uma aprendizagem posterior à aprendizagem da língua mãe. Este termo
classifica o uso de uma LNM nos países na qual essa língua é oficial, usada
comummente na participação política, nas escolas e no sector económico (Santos:
2012).
L2 e LE distinguem-se atendendo a) à “situação de apropriação da língua”
(situações familiares, sociais, culturais, afectivas, históricas) e b) à “componente
sociolinguística mais abrangente de contexto de utilização” (Maria Helena Carreira:
2003), ou seja, a distinção entre L2 e LE é feita pela situação concreta e pelo processo
de aprendizagem.
Assim, o Português é considerado PL2 para os alunos estrangeiros que têm
contacto com a língua, por exemplo, os alunos franceses filhos de portugueses
imigrantes, porém, o Português será PLE para aqueles que aprendem a língua
portuguesa sem terem tido qualquer contacto com a mesma numa situação social ou
familiar (Ibidem).

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2.4. O Ensino do Português como Língua Segunda
Os esforços empregues pela escola, pelos professores e também pelo Estado na
procura de mecanismos capazes de responder à diversidade linguística presente
hodiernamente na sala de aula e às novas exigências e desafios que os factores
mencionados supram espoletaram, não têm resultado nas soluções mais adequadas e
eficazes, ficando, na verdade, por vezes, aquém das expectativas, (Mitchel, Myles,
2004).
Foi também nesse sentido, e apercebendo-se das dificuldades sentidas por todos
os professores em fazer face às mudanças pelas quais a nossa sociedade tem passado,
resultantes dos movimentos de emigração e imigração, e da heterogeneidade
sociocultural e diversidade linguística que Portugal agrega nos dias de hoje, que o
Ministério da Educação criou e divulgou o Documento Orientador do ensino do
“Português Língua Não Materna no Currículo Nacional”, datado de Julho de 2005, no
qual identificou os princípios e as linhas orientadoras para a integração dos alunos do
ensino básico (e do ensino secundário e recorrente), (Idem).
O Ministério da Educação, do Documento Orientador, intitulado “Evolução da
imigração”, informa que existem, aproximadamente, noventa mil estudantes de outras
nacionalidades a frequentar o sistema de ensino Português. Na realidade, de acordo com
aquele estudo, o maior número de alunos concentra-se no 1º ciclo do ensino básico, à
volta de 36 730 alunos, seguido do 3º ciclo, com 19 065.O Instituto Nacional de
Estatística aponta para 47,8% a percentagem de imigrantes provenientes de África,
sendo que 14 081 alunos são originários de Angola. Na globalidade, nas escolas
públicas portuguesas encontramos alunos de 95 nacionalidades, (Mitchel, Myles, 2004).
De modo a responder adequadamente a esta heterogeneidade sociocultural e
linguística, e a criar condições que assegurem a plena e eficaz integração de todas estas
crianças e jovens, a escola viu-se confrontada com o desafio de identificar e de
caracterizar não só os diferentes grupos culturais em presença, mas também de
conhecer, valorizar e ter na devida consideração a diversidade linguística que lhes é
peculiar.
O documento mencionado supra pretende constituir uma peça dessas
Orientações Nacionais e tem como objectivo fornecer directrizes que, do 1º ao 12º ano
dos Ensinos Básico e Secundário e do Ensino Recorrente, regulem a actuação da escola
junto das minorias linguísticas no que respeita a língua portuguesa. Para isso, traça-se o
perfil da actual população escolar, em função das suas línguas e culturas, reflecte-se

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brevemente sobre o modo como as línguas são aprendidas e apontam-se macro
estratégias a observar nas escolas.
O ensino do PLNM enquanto L2 é idêntico ao ensino de PLM/L1 no que
respeita à morfologia, fonologia, sintaxe e semântica, sendo notório que o ensino do
PLNM nesta vertente usufrui dos conhecimentos adquiridos no âmbito da aprendizagem
do PLM. O ensino do PLNM implicará, no entanto, naturalmente, uma abordagem
distinta em relação ao ensino do Português enquanto língua materna.
2.5. A Disciplina Português Língua Segunda no Plano Curricular
O PLNM integra o plano curricular do Ensino Básico e Secundário, desde 2006,
disciplina instituída pelo Ministério da Educação com o intuito de aumentar a qualidade
e o sucesso escolar, acompanhando, nitidamente, a diversidade cultural existente no
nosso país. É, aliás, esse o escopo do Despacho Normativo n.º 7/2006, de 6 de
Fevereiro, indicando desde logo que “as mudanças ocorridas na sociedade portuguesa
nas últimas décadas, em resultado de sucessivos movimentos migratórios, colocam
constantes desafios às escolas que, num esforço suplementar, procuram fazer da
diversidade um factor de coesão e de integração”, colocando a escola no mais alto
patamar da responsabilidade, competindo-lhe “encontrar [as] respostas adequadas para
que estes alunos usufruam de actividades que lhes garantam um domínio suficiente da
língua portuguesa enquanto veículo dos saberes escolares, permitindo a sua integração
no sistema educativo nacional,” (Mitchel, Myles, 2004).
Este Despacho Normativo veio criar os seguintes grupos de nível de
proficiência linguística:
 Iniciação (A1, A2);
 Intermédio (B1);
 Avançado (B2, C1)
2.6. Porque Aprender uma Língua Estrangeira
Todas as sociedades, ricas ou pobres, oralizadas ou letramentadas, todas elas
reconhecem o valor educacional, cultural, psicológico, prático e profissional de
aprender uma nova língua. Nos países escolarizados e tecnologizados, esse valor é mais
conscientemente brandido e reconhecível pela inclusão da disciplina Língua Estrangeira
(muitas vezes com oferta de mais de um idioma) no currículo escolar, Almeida Filho
(2005).
Um degrau ainda mais elevado de civilização começa a ser galgado quando uma
sociedade através de suas instituições começa a se preparar para pesquisar e ensinar

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como língua estrangeira (LE) e/ou segunda língua (L2) a sua própria língua primeira,
materna, escolar e, muitas vezes, nacional ou pátria. Isso nos leva a indagar, de
imediato, qual o grau de prontidão do Brasil para oferecer o ensino da língua portuguesa
como uma nova língua a falantes de outros idiomas. Essa área tem sido designada pela
sigla PLE, ou seja, “Português como Língua Estrangeira”.
Uma possível resposta a essa pergunta já está ensaiada no meu capítulo “Índices
de Desenvolvimento da Área de Ensino e Pesquisa de PLE”, constante do livro
Projectos Iniciais no Ensino de Português a Falantes de Outras Línguas, de Almeida
Filho e Cunha (2006), em preparação. Avalio nessa publicação que o nosso
desenvolvimento é apenas mediano com várias lacunas importantes como, por exemplo,
a ausência de uma política explícita para o ensino de PLE.
Sobre isso, leia neste mesmo Portal os textos de Rodolfo Ilari, “Como se tem
ensinado o Português como língua materna?” e de Raquel Salek Fiad “O que se tem
pesquisado sobre o ensino do Português como língua materna?”. Mas enfrentamos mais
dificuldades ainda para interpretar o processo de ensinar o Português como língua
estrangeira (LE) de escolha ou como língua não materna adicional. Além disso, ainda
temos de interpretar com quem se candidata a ensinar profissionalmente o Português a
não nativos desse idioma o que significa a perspectiva de ensino do Português como L2
e língua oficial, como nos casos mais flagrantes das comunidades indígenas no Brasil e
de africanas, comunicando-se através do Português nos países lusófonos do continente
africano e no Timor Leste, Almeida Filho (2005).
Ao abordar o ensino de Português como LE ou como nova língua para
afastarmos um significado contraproducente da estrangeiridade estável que pode se
instalar com prejuízos aos processos que engendramos com os nossos alunos, nossos
colegas, superiores hierárquicos e autores de materiais didácticos adoptados, ainda não
estamos tratando da imensa dimensão da aprendizagem/aquisição que deve acompanhar
(ou, quem sabe, até preceder) a complexa tarefa do ensino e da aprendizagem de uma
outra língua.
Quanto ao ensino, estamos nos referindo à prática profissional de intervenção (e
não somente espontânea baseada na tradição) para auxiliar o aprender. Esse ensinar
vamos representar teoricamente como uma grande operação de quatro estações/fases ou
dimensões: o planeamento curricular e de cursos, a produção/avaliação de materiais, o
ensino propriamente dito consubstanciado num método (procedimental) com
experiências na nova língua, e a avaliação de rendimento e proficiência na língua-alvo.

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Todas as estações mutuamente se influenciam e todas se orientam pela abordagem ou
filosofia maior de ensino a que estão atreladas. Quando disse há pouco que me referia à
prática profissional não somente espontânea, estava a sugerir que uma formação
profissional teórica com conhecimento articulado explícito sobre os processos de
ensinar e de aprender marcados por um conceito de língua/linguagem/texto e de
discurso é esperada de quantos se filiarem à área de EPLE, Almeida Filho (2005).
2.7. Segunda Língua
Uma segunda língua  (L2) é qualquer língua aprendida após a primeira língua
ou língua materna  (L1). Não é necessariamente uma língua que esta sendo numerada na
ordem em que se é adquirida - o termo ‘’segunda’’ está para o que é distinto da língua
materna. Diferente do conceito de Língua Estrangeira  (LE), uma não primeira língua é
aquela adquirida sob a necessidade de comunicação dentro do processo de socialização.
Segundo Karen PuppSpinassé  (2006), em seu artigo Os conceitos Língua
Materna, Segunda Língua e Língua Estrangeira e os falantes de línguas alóctones
minoritárias no Sul do Brasil, "para o domínio de uma SL é exigido que a comunicação
seja diária e que a língua desempenhe um papel na integração em sociedade.  A
aquisição de uma Segunda Língua e a aquisição de uma Língua Estrangeira
assemelham-se no fato de serem desenvolvidas por indivíduos que já possuem
habilidades linguísticas de fala, isto é, por alguém que possui outros pressupostos
cognitivos e de organização do pensamento que aqueles usados para a aquisição da L1.  
Uma diferenciação entre essas duas formas de aquisição de língua não materna baseia-
se fundamentalmente no já citado papel ou função da SL na cultura do falante’’.    
É bem possível que o primeiro idioma que a pessoa aprenda possa não ser mais sua
língua dominante, e sua segunda língua passe a ser a mais confortável de se usar. Por
exemplo, o censo do Canadá define primeira língua propondo como "a primeira língua
aprendida na infância e que continua a ser utilizada", reconhecendo que para alguns a
língua mais antiga pode ser perdida num processo conhecido como atrito linguístico.
Isso pode acontecer quando a criança pequena vai, com ou sem sua família (devido
a imigração ou a adopção), para um novo ambiente linguístico. Por este motivo, alguns
linguistas desaconselham o termo Língua Não Materna como termo geral para se referir
à Segunda Língua (L2) e à Língua Estrangeira (LE).
Depois,  Hyltenstam e Abrahamsson  (2003), modificaram a ideia do prazo
etário, discutindo que depois da infância, em geral, torna-se mais e mais difícil adquirir
a “como de um nativo”, porém não havendo um prazo final particularmente. Além

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disso, eles discutiram diversos casos em que uma L2 como nativa era adquirida mesmo
durante a fase adulta.
2.8. Aquisição da Segunda Língua
A distinção entre aquisição e aprendizado foi proposta por Stephen Krashen 
(1982, p. 573) como parte da Monitor Theory. De acordo com Krashen, a aquisição da
linguagem é um processo natural, enquanto o aprendizado é um processo consciente.
No primeiro, o estudante precisa participar de situações comunicativas naturais. No
segundo, existe a correcção do erro, assim como o estudo de regras gramaticais isoladas
da língua natural. É preciso notar que nem todos os educadores de segunda língua
concordam com essa distinção. Não obstante, o estudo de como uma segunda língua é
aprendida/adquirida é referido como Aquisição de Segunda Língua.
Pesquisas nesta área sofrem influências tanto de teorias linguísticas como
também da psicologia. Uma das teorias linguísticas dominantes propõe a hipótese de
que uma ferramenta, ou um tipo de módulo no cérebro, contém conhecimento inato.
Muitas teorias psicológicas, por outro lado, trazem a hipótese de que mecanismos
cognitivos, responsáveis por boa parte da aprendizagem humana, processam a língua.
Outras teorias dominantes e pontos de pesquisa incluem estudos que examinam
se descobertas sobre L1 podem ser transferidas para o aprendizado de L2, estudos
de comportamento verbal (a visão de que estímulos linguísticos construídos podem criar
uma resposta de falas desejada), estudos de morfemas, Behaviourismo, análise de erros,
fases e ordem de aquisição, Estruturalismo  (abordagem que observa como as unidades
básicas de linguagem se relacionam de acordo com características em comum), estudos
de aquisição de primeira língua, análises contrastantes (abordagem onde línguas são
examinadas em termos de diferenças e semelhanças), e inter línguas  (que descrevem a
língua do aprendiz de L2 como um sistema dinâmico, governado por regras) (Mitchel,
MyleS, 2004).
Todas essas teorias influenciaram e pedagogia e o ensino de segunda língua.
Existem muitos métodos diferentes de ensinar segunda língua, alguns dos quais
advindos de uma só teoria. Métodos comuns incluem o da gramática/tradução, o método
directo, o método audiolingual  (claramente influenciado pelas pesquisas audiolinguais
e a abordagem behaviourista), o jeito silencioso, Sugestopédia, Aprendizado de Língua
Comunitário, Total Physical Response, e o Método Comunicativo  (muito influenciado
pelas teorias de Krashen) (Dogget, 1994, P. 27). Algumas dessas abordagens são mais
populares e vistas como mais efectivas do que outras. A maioria dos professores de

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língua, entretanto, não se restringe apenas a um estilo, mas utilizam um método de
ensino misto. Isso contribui para um ensino mais balanceado, que ajuda no sucesso de
alunos com variados estilos de aprendizado.
2.9. Português como Segunda Língua
Os séculos XIX e XX foram marcados por grandes ondas de imigração para o
Brasil: só entre 1819 e 1947, o Brasil registou 4.903.991 imigrantes. Trabalhadores de
diversas nacionalidades naturalmente se depararam com a necessidade de aprender a
língua portuguesa para integração à comunidade local. Começava aí a demanda de
desenvolvimento desse campo que só foi se fazer atendida recentemente, quando
pesquisas académicas começam timidamente a ser desenvolvidas e métodos de ensinos
a ser elaborados. A ausência de políticas públicas para o ensino de português como
segunda língua ocasionou que no Brasil fosse registada uma iniciativa singular de
escolas comunitárias de imigrantes, além ser o país com maior número de escolas
étnicas na América, Krashen & Dogget (1994).
Além de imigrantes, a comunidade surda tem papel expressivo dentre as que
utilizam o português como segunda língua. Após a aprovação da Lei de Libras (2002), a
língua de sinais brasileira (Libras) passou a ter status de língua, e o surdo hoje tem
direito ao acesso à sua língua natural (considerada como primeira língua), que é ponto
de partida para qualquer outra aprendizagem. A modalidade escrita da língua portuguesa
passa então a ocupar o papel de segunda língua, e entra na vida do surdo apenas após a
alfabetização em libras, idealmente. O status de segunda língua do português nesse caso
representa uma conquista para a comunidade, que milita pelo direito do surdo à sua
própria língua.

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3. Conclusão
É preciso intensificar a consciência sobre as especificidades do ensino de PLE e
sobre a situação das iniciativas concertadas para o desenvolvimento dessa especialidade
estratégica consubstanciadas em políticas explícitas de ensino da língua portuguesa e
culturas a ela associadas, especialmente as brasileiras no nosso caso. Para dar a
conhecer nosso estágio actual de desenvolvimento, ensaiamos um retrospecto do ensino
de Português Língua Estrangeira a partir de livros didácticos e de características
metodológicas desde os anos 50 mas concentrados na produção a partir dos anos 80
quando arranca a demanda e a oferta de cursos e livros para a especialidade mesmo sob
parco amparo oficial.
Mesmo sem uma política explícita para o PLE das instituições de ensino
superior, das agências de fomento à pesquisa e de órgãos governamentais a oferta
espontânea de respostas para atendimento de demandas específicas e esporádicas por
novos programas e materiais, por ensino actualizado e procedimentos e instrumentos de
avaliação de rendimento e proficiência só fez crescer nos últimos vinte anos.
A produção de séries didácticas cresceu espontaneamente. Isso é salutar, mas
falta a crítica sistemática dessas iniciativas para orientar novas produções e apoiar novas
tendências metodológicas no ensino de PLE. Livros teóricos sobre o ensino de PLE
estão disponíveis mas precisarão crescer em escopo para, com maior abrangência e
especialização dos aspectos do processo de ensino aprendizagem formação continuada,
poder melhor orientar novos profissionais ou a legião desassistida de professores já em
serviço, desconfiada de que é preciso avançar profissionalmente.
A própria inclusão da área de ensino de PLE no Projecto Estação da Luz da
Língua Portuguesa reacende nossa esperança de que a abertura profissional e científica
nessa direcção possa despertar iniciativas e apoios institucionais para uma verdadeira e
estratégica política para o Português e o seu oferecimento como língua estrangeira e
língua segunda nos novos tempos que se avizinham para as comunidades de países com
projectos pactuados.

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4. Bibliografia
Almeida Filho, J.C.P, (2005). Lingüística Aplicada, Ensino de Línguas e Comunicação.
Campinas: Pontes Editores e ArteLíngua.
Doggett, G. (1994). "Eight Approaches to Language Teaching". Mosaic.
Hyltenstam, K &Abrahamsson, N (2003). Maturational Constraints in SLA. In Doughty
& Long (Eds.), The Handbook of Second Language Acquisition. Rowley, MA:
Blackwell.
Krashen, S. D. (1982).  Principles and Practice in Second Language Acquisition.
Oxford: Pergamon Institute of English.
Krashen, Stephen D., Michael A. Long and Robin C. Scarcella. “Age, Rate and
Eventual Attainment in Second Language Acquisition”. TESOL Quarterly, Vol. 13, No.
4 (Dec., 1979), pp. 573-582. 7 Oct 2011
Mitchell, R and Myles, F. (2004).  Second Language Learning Theories, 2nd edition.
London: Arnold; New York, distributedby Oxford UniversityPress.

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