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SINOPSE

Ele era o estranho sexy, lindo como o inferno, com olhos azuis
penetrantes fixados em mim. Zangado.
O candidato perfeito para uma aventura de férias. Você está contratado.
Foi meu último verão de diversão antes de me mudar para Londres
para começar meu contrato de estágio no Madison Legal, o escritório
de advocacia de elite de Londres.
Três das noites mais quentes da minha vida... até que terminou em
desgosto.
Alguém pode me culpar por polir meu currículo e pesquisar as
perguntas da entrevista em vez de verificar quem estava no topo da
hierarquia?
Alguns meses depois, você pode imaginar meu choque quando o CEO
deu as boas-vindas aos novos estagiários.
Não é até que ele está no meio da sala que meu sangue gela. O jeans e a
camiseta foram substituídos por um terno caro feito sob medida, mas
sei exatamente o que está por baixo.
Talvez ele não se lembre de mim. Ele provavelmente teve um milhão
de aventuras desde então...
Mas quando aqueles olhos intensos colidem com os meus, meu coração
para.
Oh.
Ele me reconhece bem.

Resisting Sr. Kane é uma comédia romântica de dois pontos de vista,


quente e com diferença de idade, com um chefe alfa que sempre
consegue o que quer e uma jovem heroína atrevida que faz seu herói
trabalhar para conquistar seu coração.
NOTA DA AUTORA

A história a seguir contém temas maduros, linguagem forte e


cenas explícitas e é destinada a leitores maduros.
Aviso de conteúdo: há uma cena que envolve hospitalização.
CAPÍTULO UM

ELLY

— O que ele está dizendo? — Megan sussurra enquanto nosso


chefe grego de um metro e meio nos repreende em meio inglês, meio
grego. — Ele vai nos demitir ou o quê?
Eu escuto atentamente. Não sou fluente, mas sei o suficiente para
manter uma conversa decente.
— θα σου χέσω το γάιδαρο!
— A tradução literal é “Vou cagar no seu burro” — explico com os
dentes cerrados. — Os gregos dizem isso quando estão chateados. —
Esse é o problema do grego e do inglês: nunca use um aplicativo tradutor
em um grego zangado. Suas frases clássicas estão prontas para confusão.
— Vocês duas são uma grande dor de cabeça. — Ele cospe um
pouco em mim quando está falando, e eu levo isso. Dimitris tem
conexões. Não quero dizer máfia; quer dizer, ele é dono de todos os
negócios da ilha, pagando os mochileiros em dinheiro. Não podemos
irritá-lo.
Megan e eu estamos passando o verão em férias de trabalho na
idílica Mykonos, também conhecida como a ilha de festa número um nas
ilhas gregas. Estávamos convencidas de que faríamos centenas em
gorjetas.
A realidade é que todo mundo quer um pedaço do paraíso, e a ilha
está saturada de enxames de mochileiros endurecidos da Austrália e da
Nova Zelândia, e esses caras sabem como se apressar. Nunca tente
competir com um mochileiro australiano. A maioria deles tem viajado
pelo mundo desde que estavam no útero. Eles têm conhecidos em todos
os cafés, albergues e bares da ilha, o que lhes permite conseguir os
shows lucrativos, deixando-nos mochileiros britânicos queimados de
sol com sobras.
A única opção que tínhamos era trabalhar para Dimitris,
ganhando apenas dois euros de comissão por passagem de barco
vendida. Hoje não juntamos o suficiente para comprar um saco de
batatas.
— Então, você quer limpar os canos de merda dos iates? — ele
grita, gesticulando descontroladamente. Presumo que a pergunta dele
seja retórica. — Você parte meu coração. Observe!
Dimitris arranca o cartaz de mim. Meu papel é segurar o cartaz e
atrair turistas para o medíocre e caro passeio de barco. Eu dominei a
parte de segurar, mas fui reprovada em qualquer coisa além disso. Ele
se lança agressivamente sobre os muitos grupos de pessoas que
passeiam pelo calçadão do Mar Mediterrâneo.
Então ele os localiza.
A presa perfeita.
Eles estão na casa dos cinquenta, talvez sessenta, o casal de
aparência inocente arrastando bagagem com rodas indo direto para sua
armadilha. Eles não têm chance.
Ele acena o cartaz para eles como uma arma. Então vem a venda
difícil. Cavernas? Sem problemas. Praias de nudismo? Sem problemas.
Cidades perdidas encontradas no fundo do mar? Sem problemas. É um
cruzamento entre uma extravagância da vida selvagem e uma linha de
cruzeiros de luxo.
Eles são arrastados ao longo do corredor, protestando em vão,
com Dimitris perseguindo-os. Ele joga a bagagem deles no barco,
selando o destino deles.
— Na verdade, eles pareciam estar a caminho do aeroporto. — Eu
faço uma careta quando o homem olha para nós. — Eu não posso fazer
isso. Sem chance.
— Acho que acabou nossa carreira de vendas.
Não sabemos qual é o plano para as próximas décadas. Acabei de
me formar em Direito e Criminologia na Swansea University, no País de
Gales, e Megan é estilista em um salão. Se fiz o suficiente para receber
honras de primeira classe, vou me candidatar a um contrato de estágio
em um dos escritórios de advocacia de elite de Londres. Os resultados
saem em doze dias. Eek.
Por enquanto, estamos fazendo uma venda de barco por vez.
— Este trabalho esta noite não é apenas baseado em comissão,
certo? — Olho para Megan com desconfiança. Ela aparentemente
conseguiu o emprego dos sonhos dos mochileiros de um cara que ela
conheceu na praia. — Um bar de coquetéis sofisticado, você diz?
— Uh-huh. — Ela sorri de forma pouco convincente. — Muito
exclusivo.
— Nunca fiz coquetéis antes.
— Não se preocupe, você só vai buscá-los. Você só precisa
aprender o trabalho e sorrir para os clientes.
— Se alguém me disser para sorrir, eu vou bater neles. — Aceno
debilmente um folheto para uma família que me ignora. — O que eu
devo vestir? Não tenho nada adequado para trabalhar em um bar de
coquetéis sofisticado.
Megan entra no caminho de um casal, forçando-os a se separarem.
Cortando-a, eles fluem ao redor dela. — Não se preocupe, nós temos
uniformes. Oh meu Deus! — Ela me dá um soco. — Aquele casal está
vindo.
Mudamos de posição, segurando uma exibição de folhetos.
— É a sua vez — ela aponta.
— Tudo bem — murmuro, iniciando um discurso de vendas sem
brilho para o casal. Estou a algumas passagens de barco não vendidas de
nos despedir. Eu não poderia vender uísque para um alcoólatra.
***
Megan está comendo suas palavras cinco horas depois.
— Bounce? — Olho para o letreiro em néon acima do bar. — Tem
certeza de que este é o lugar?
Na frente, dois caras estão deitados na calçada. Um está
vomitando ao lado de um kebab descartado e seu amigo está tentando
acender a ponta errada de um cigarro. São apenas 19:30, pelo amor de
Deus.
— Provavelmente é muito melhor por dentro. — Megan ri, mas
parece menos segura de si.
Eu observo a clientela externa envolvida em rituais de
acasalamento bêbados e posso garantir que não é isso. Não há um local
à vista. Passei por muitos bares elegantes e sofisticados na ilha, e este
certamente não é um deles.
— Seios lindos, amor! — o cara fumando grita com Megan, e ela
mostra o dedo do meio para ele.
— De jeito nenhum. Prefiro passar a noite sentada em um
banheiro público. — Eu me viro, mas ela segura meu braço.
— Ah, vamos! O cara disse que estaríamos arrecadando dinheiro
— ela me persuadiu. — Podemos trabalhar uma noite e se não
gostarmos nunca mais voltamos.
— Isso é o que todos dizem. — Eu gemo. — Dimitris praticamente
nos vendeu que seríamos milionárias.
Ela usa a expressão amuada que sabe que funciona em mim. —
Vamos ver como é por dentro.
A contragosto, sigo atrás dela enquanto ela se aproxima do
segurança.
— Yiasoo1. — Ela sorri e ele não retribui o sorriso. — Disseram-
me para perguntar por Jonas.
Grunhindo, ele acena em direção à porta. — Lado de dentro. Canto
esquerdo.
Nós nos esprememos no bar iluminado por neon, onde dezenas de
adolescentes embriagados competem pelo prêmio de maior idiota da
ilha.
— Sem chance — eu falo, mas ela não pode me ouvir por causa da
batida da música da casa.
Passamos pela multidão bêbada até o outro lado do bar.
Um cara grego vestindo um top branco com um V profundo
expondo a maior parte de seu peito acena para nós. Ele deve ser Jonas.
— Vocês são as garotas que Nikos enviou?
— Yiasoo. — É a única palavra que Megan conhece. — Sou Megan
e esta é Elly.
Ele resmunga e avalia nossos bens. — Esta noite é um teste. Vocês
estão bem, vocês ficarão com o trabalho. — Ele acena em direção a uma

1
Significa olá, adeus e felicidades em grego.
porta. — Vão lá para se trocar. Os uniformes estão pendurados. Voltem
e eu explico as regras.
Eu dou uma olhada dupla enquanto percebo o código de
vestimenta dos bartenders. — Acho que houve um engano — explico
com firmeza para ele. — Não vou usar um biquíni. — Esse cara está em
outro planeta se acha que pode me colocar naqueles shorts vermelhos e
top de biquíni amarelo. O inferno vai congelar mais cedo.
Uma garçonete bem dotada passa por nós. Ela fica no caminho das
luzes estroboscópicas e vejo o contorno completo de seus mamilos
através do biquíni. Eu nem estive tão exposta na praia.
Jonas ri na minha cara. — Você quer trabalhar aqui então você usa
o biquíni, senhora. Sem negociação.
— Eu não tenho preço para usar um biquíni — eu retruco
indignada. A coragem desse cara. — Não, obrigada.
Ele ri novamente. — Todo mundo tem um preço, senhora. Até
você, eu não tenho a noite toda. Teste. Duas horas. Se você quer ganhar
150 euros por noite, então se arrume e troque de roupa.
Diga o que? Quanto? Temos ganho no máximo vinte euros por dia
na barraca de passeios de barco.
Talvez eu tenha um preço. Se trabalharmos aqui por uma semana,
temos o suficiente para ir de ilha em ilha. Quão ruim pode ser? Eu o olho
com desconfiança. — O que você tem que fazer por 150 euros?
Ele sorri com a rapidez com que abandono minha moral. — Servir
as bebidas, conversar com os apostadores. Você já trabalhou em um bar
antes, certo?
No verão passado, trabalhei no vilarejo local, The Wee Donkey. O
mais próximo que cheguei de fazer coquetéis foi um Jack and Coke. Isso
conta?
Atrás do bar, um barman derruba oito copos na velocidade da luz.
Ele atira duas garrafas para o ar e, em seguida, derrama
simultaneamente todas as oito doses e as incendeia.
Não tenho certeza se as habilidades que ganhei no The Wee
Donkey são transferíveis.
— Você sabe sorrir, querida?
Eu mostro meus dentes, curvando meus lábios para cima. 'Sorria
por salário' é o nome do jogo aqui.
Ele nos olha de cima a baixo. — Você. — Ele aponta para Megan,
ativo número um. — Você começa atrás do bar.
— Você — ele murmura algo que soa suspeitosamente como
lábios e pernas baixinho em grego. — Vamos tentar você na frente,
puxando a multidão.
Ele quer me colocar do lado de fora para atrair a multidão? Megan
deveria ser exibida primeiro do lado de fora. Flertar é o forte dela. Eu a
observei aprimorar suas habilidades por uma década e ela está no topo
de seu jogo. Ela é a sussurradora de paus.
— O que isso implica? — Eu pergunto. — Eu tenho um sinal de
promoção ou algo assim?
— Sim. — Ele aponta entre meus seios. — Estes são seus sinais de
promoção. Faça o que for preciso para colocá-los no bar. Então cabe ao
pessoal do bar mantê-los aqui. Volto aqui em cinco minutos alternados,
caso contrário, pare de desperdiçar meu tempo. O teste começou, então
você está perdendo dinheiro a cada minuto.
***

— É humilhante, Megan — eu lamento.


Estamos diante de um espelho de meio corpo. Infelizmente, não
consigo ver minha metade inferior, mas posso sentir uma corrente de ar
em volta da minha bunda, onde uma meia-lua se formou em meu short
de lycra. Eu puxo o short para baixo para uma cobertura mais completa,
mas me dou uma rachadura de encanador no topo. É uma troca. — Os
nudistas usam mais roupas do que isso.
Megan se vira para mim, parecendo uma prostituta. Eles não
tinham nenhum short vermelho sobrando no tamanho dela, então seu
top leve de muffin paira sobre a Lycra, dois tamanhos menores. —
Ninguém está usando roupas aqui - nós nos encaixamos. Pare de ser uma
vovó.
Lado a lado, ninguém nos confundiria com irmãs. Sou toda pernas
e braços desengonçados, mais parecida com um avestruz do que com
uma modelo da Victoria's Secret, enquanto Megan é baixa, com curvas
sensuais e cabelos ruivos ardentes. Com meu cabelo escuro e maçãs do
rosto salientes herdadas de minha mãe croata, às vezes sou confundida
na ilha como uma nativa.
O sutiã do biquíni cobre mais minha modéstia do que a de Megan.
Eu sou um corpo B decente, mas ao lado de Megan eu pareço sem peito.
Um cara uma vez teve a audácia de me comparar a dois Tic Tacs em uma
tábua de passar roupa, e isso com minhas roupas.
— Preparada? — Megan pergunta no espelho.
— Tão pronta quanto jamais estarei.
Ela pega minha mão e me força a sair do vestiário.
Enquanto caminhava de volta para Jonas, notei que a atenção para
nós se multiplicou em um bilhão por cento desde a mudança de roupa.
Ninguém olha acima do pescoço. Agora sou apenas um corpo sem cabeça
com seios amarelos brilhantes.
Jonas acena com aprovação, nos dá instruções e me entrega uma
bandeja com shots verdes. Juntamente com meus seios, as bebidas são
iscas.
— Vejo você mais tarde — eu sussurro para Megan, me sentindo
carente. — Boa sorte.
Ela aperta minha mão e eu saio para enfrentar a rua.
Para cima e para baixo na rua de pedestres, vigaristas como eu
competem para atrair turistas bêbados para os bares. É o distrito da luz
vermelha para traficantes de bares. Uma performance vencedora do
Oscar é necessária aqui.
Minha bandeja de isca escapa por pouco de ser jogada por dois
garotos brigões. — Cuidado, idiotas — eu sussurro para eles quando um
deles bate em mim.
Ao meu lado há um grunhido profundo; viro-me horrorizada ao
ver que derramei álcool pegajoso na camiseta de um cara. Ele é alto e
tem ombros largos, vestindo uma camiseta branca que molda bem os
músculos em todas as áreas certas. Na verdade, posso ver a definição
através da camiseta. Para minha consternação, seu peito grosso agora
está salpicado de verde neon. O boné de beisebol esconde seu rosto. Não
posso deixar de me perguntar como ele se sentiria em cima de mim
enquanto tentava remover a bagunça que causei.
— Sinto muito, senhor!
Meus olhos viajam de seu peito para ver olhos azuis acinzentados
penetrantes fixados em mim. Incomodado.
Oh. Uau. Minha respiração fica presa na minha garganta.
Então, é assim que a beleza de morrer se parece. Ele é mais velho
do que eu, talvez trinta e poucos anos, quarenta no máximo. Largo, mas
com um físico volumoso natural, não um coelho de academia. Mas é o
rosto dele que me deixa sem fôlego — um maxilar angular, um forte
nariz romano, maçãs do rosto salientes, um queixo robusto. Sem falar
nas mais lindas sobrancelhas escuras emoldurando seus olhos
marcantes.
Foda-me.
Um Adônis moderno. Obrigada, deuses gregos.
— Eu realmente sinto muito — eu gaguejo, completamente
surpresa.
— Esqueça. — Ele fala em um tom de barítono profundo
misturado com frustração. Tipo muito profundo. Cascalho britânico
100% sexy. É um sotaque inglês, mas não consigo entender a região.
Jonas nos observa da porta. — O teste acaba se você não conseguir
alguém no bar em dez minutos — ele grita em grego para mim.
Rindo histericamente como se Jonas tivesse contado uma piada,
eu me viro para o rabugento gostoso que estava me observando como
se eu fosse contagiosa. — Por favor, não reclame com ele que eu
derramei uma bebida em você, é a minha primeira noite trabalhando
aqui. — Eu balbucio, sendo meu próprio bloqueio peniano. — Minha
amiga e eu estamos em teste e realmente precisamos deste trabalho.
— Está tudo bem, com licença — diz ele secamente enquanto me
desvia.
Eu silenciosamente me xingo por esbarrar no homem mais bonito
que já vi na minha vida em uma situação tão humilhante. — Espera! —
Eu agarro seu antebraço para impedi-lo de escapar. É quente,
ligeiramente peludo e sólido com músculos. Um par de antebraços que
poderiam me levantar e jogar sobre um ombro com pouco esforço. —
Não vá. Venha para o bar — eu imploro.
Com um aperto firme no braço de Adonis, eu grito em grego para
Jonas — Está tudo bem. Você não precisa me vigiar. Esse cara está vindo
para comprar um monte de bebidas.
Adonis me olha, confuso. — O que você disse a ele?
Deixo escapar uma versão mais branda da verdade. — Eu disse
que você manifestou interesse em entrar.
— Eu não fiz — ele fala, arrancando minha mão de seu antebraço
musculoso.
Missão não cumprida.
Eu o acertei com meu melhor sorriso de vendedor. — É o bar mais
exclusivo da cidade! Coquetéis incríveis. Ambiente muito amigável.
Ele olha para os dois caras que estão 'empilhados' ao nosso lado,
então de volta para mim, levantando uma de suas belas sobrancelhas
grossas. — Desculpe, não estou com disposição — ele responde
rispidamente, afastando-se.
Jonas ainda está assistindo, com um brilho nos olhos que me diz
que estou perto de conseguir o corte. Desesperada, dou um passo à
frente para bloquear Adonis, empurrando contra uma parede de
músculos rígidos.
— Por favor, por favor, por favor? — Eu imploro, em uma última
tentativa, já que estou a um Adonis de ser demitida. — Você poderia, por
favor, entrar no bar? Você pode simplesmente sair depois de dois
minutos... Se eu fizer as pessoas ultrapassarem a linha, fiz o meu
trabalho. Talvez você precise usar o banheiro? Você poderia ir aqui!
Ele me encara, indiferente. — Você está me implorando para
entrar neste bar? — Sua voz é profunda e gelada e me faz sentir como se
estivesse levando uma bronca. Eu gosto disso.
Eu dou de ombros. Estou de biquíni no meio de uma rua cheia de
traficantes de bares. O que ele esperava?
O zumbido de seu telefone no bolso desvia sua atenção para baixo.
Droga.
Uma gangue de jovens cambaleia pela rua. Esta é a clientela que
eu deveria ter como alvo, não caras mais velhos, autoconfiantes e
devastadoramente bonitos que têm um milhão de alternativas
melhores.
— Eu não entendo — Adonis grita ao telefone, seu rosto franzido.
— Fale mais devagar.
Ooh, ele parece zangado. Essa voz está me dando tesão.
Adonis fica a poucos metros de mim e se repete ao telefone.
Falando mais alto e mais devagar, ele repete as mesmas palavras, mas
de maneiras diferentes. Ele parece estar lançando palavras gregas
aleatórias na esperança de que algo pegue. Algumas das palavras
parecem inventadas ou . . . Francês? Sim, isso é definitivamente francês.
Com isso, o cara do outro lado da linha também levanta a voz,
ficando mais animado até que a conversa seja apenas uma troca fútil de
ruídos.
Isso me dá a chance de cobiçá-lo sutilmente. Eu me pergunto se
ele é militar ou fuzileiro naval. Um instrutor fitness, talvez? Seu relógio
sugere que ele é rico. A única razão pela qual sei que é um Cartier é
porque Dimitris está vendendo imitações perto de sua barraca de
barcos. Presumo que o relógio de Adonis seja verdadeiro, e não um
especial de liquidação de Dimitris.
Eu vejo minha oportunidade e passo para o seu espaço. — Você
precisa de alguém para traduzir?
Suas narinas dilatam. — Não. — Então ele faz uma pausa e me
observa com cautela. — Você é fluente em grego?
— Entre outras línguas — respondo, impassível. Eu sei que ele
está me julgando com base no meu biquíni amarelo e short vermelho.
Inferno, eu também. Eu sorrio docemente para ele, pensando foda-se em
quatro línguas diferentes.
Observo sua mente funcionando.
Esses olhos. A lei deveria forçá-lo a usar óculos escuros para que
as mulheres possam continuar funcionando.
— Ok. — Ele dá um breve aceno de cabeça. — Obrigado, isso é
muito gentil. — Adonis coloca o telefone no viva-voz, e ouço alguém do
outro lado falando em grego.
— Com licença, senhor — interrompi, em grego. — Um momento.
Eu coloco o telefone no mudo e olho para ele com expectativa. —
Seu barco precisa de conserto?
O fantasma de um sorriso pisca em seus lábios perfeitos. — Estou
impressionado.
Eu dou de ombros. — O que você precisa que eu pergunte a ele?
— Diga a ele que ele precisa enviar alguém o mais rápido possível
para verificar o sistema de resfriamento. O motor está superaquecendo
e preciso voltar para Atenas amanhã.
Eu traduzo para o cara no telefone, então ouço. — Ele diz que não
pode mandar ninguém até quarta-feira à tarde.
Daqui a dois dias.
Adonis amaldiçoa baixinho. — Diga a ele que pagarei o que for
preciso.
Eu informo ao cara que Adonis tem um talão de cheques aberto.
Uma forte entrada de ar pode ser ouvida através do telefone.
Minhas sobrancelhas franzem enquanto ouço atentamente. Não
estou acostumada com termos técnicos de navegação em inglês, muito
menos em grego. — Ele precisa de uma peça vinda de Atenas. Não sei
qual é o nome da peça em inglês. Só posso repeti-lo em grego.
— Sério? — Adonis passa a mão pelo cabelo escuro e ligeiramente
ondulado. — Diga a ele que ele precisa agilizar, ou usarei outra empresa.
— Cada palavra sai em um tom autoritário áspero. Talvez ele seja
militar.
Eu sinto que estou sendo repreendida tanto quanto o cara do
barco. Eu me pergunto quanto tempo eu posso prolongar este
telefonema.
— Ele vai tentar — eu traduzo enquanto o homem do outro lado
entra em pânico.
Adonis murmura algo ininteligível baixinho e pega o telefone. Ele
encerra a ligação antes que eu possa me despedir. Então, o cara não se
despede. Faço uma anotação mental para pesquisar distúrbios de
personalidade com esse traço.
— Obrigado. — Por um momento, seus olhos pousam em mim. —
Eu não esperava um sotaque galês. Você é parte grega?
Balanço a cabeça, em êxtase pelo início da conversa. — Não. Minha
mãe é croata, mas ela passou bastante tempo na Grécia quando era mais
jovem. Aprendi croata e grego com ela. Eu realmente não tenho ninguém
com quem falar grego no País de Gales, então não sou fluente. Esta
viagem realmente melhorou isso.
Suas sobrancelhas saltam para cima. — Três idiomas,
impressionante.
— Quatro. — Eu sorrio inocentemente. — Aprendemos galês na
escola. Eu te ajudei. Agora você vai me ajudar em troca?
Eu o observo olhar para o letreiro de néon, fazer uma careta e
depois se virar para mim. — Eu prefiro enfiar garfos nos olhos.
Eu aceno, arrastando os pés para longe dele. Eu dei tudo de mim.
— Mas eu sou um cavalheiro e seria grosseiro da minha parte não
ajudar uma dama que me fez um favor. — Ele exala em derrota enquanto
eu viro minha cabeça, chocada. — Uma bebida. Só porque você ajudou.
Presumo que não sirva a minha marca de uísque.
— Duvido. — Eu sorrio, saltando de volta para ele. — Mas por £
1,50 a dose, você pode ficar tão bêbado que esquece como o lugar é um
lixo.
Como a Afrodite que tem o Adonis, eu o chamo para me seguir.
— Foda-me — ele diz enquanto eu o conduzo para o bar, nossos
olhos se ajustando às intensas luzes estroboscópicas. Não se importe se
eu fizer isso. — Na verdade, é pior por dentro do que eu imaginava. Este
lugar vai me dar dor de cabeça.
Ele não está errado. Eu estava nele quarenta minutos atrás, e é
ainda pior do que eu me lembro.
Quando me viro para sair, ele para no lugar, franzindo a testa. —
Você vai ficar lá fora?
— Pelos próximos quinze minutos. — Eu sorrio. — Depois
rodamos. Divirta-se.
Comigo, imploro silenciosamente.
CAPÍTULO DOIS

ELLY

Eu conto os minutos até que seja a minha vez de entrar. Estou


vigiando a porta como um falcão há treze minutos para ter certeza de
que Adonis não escapou. Não tenho certeza do que espero que aconteça,
mas não quero que esse cara desapareça ainda.
— Tempo de rotação. — Megan vem atrás de mim com uma nova
bandeja de shots. — Como você foi?
— Terrível. — Eu faço uma careta. — Digamos apenas que não
sou a flautista dos rastejantes de bares.
Travessura dança em seus olhos. — Aquele garanhão que você
conseguiu puxar está sentado no bar carrancudo como se tivéssemos
dado a ele uma sentença de prisão.
Eu sorrio. — Mas ele ainda está aqui, no entanto.
— Cada ovário no bar está tremendo. — Ela sorri de volta. — Eu
nunca pensei que veria o dia. Um golpe triplo. Corpo, rosto, voz.
— Oh, você estava falando com ele? — Eu bufo. O que é ridículo
porque não tenho direito sobre ele.
— Perguntei a ele o que ele gostaria de beber. Ele me disse que
queria uma cerveja e um uísque e eu juro que senti isso no meu
estômago.
Reviro os olhos, mas sei exatamente do que ela está falando.
Quando entro, vejo-o encostado no bar, bebendo uma cerveja e
olhando para o telefone. Megan não estava errada. Ao seu redor, as
mulheres realizam estratégias de acasalamento humano, como ficar
desnecessariamente perto dele, esbarrar nele acidentalmente enquanto
dançam, rir e falar alto ao lado dele para atrair sua atenção.
Sua postura rígida me diz que ele não está impressionado com o
local. Eu rio para mim mesma; ele realmente se destaca como um
polegar dolorido aqui.
Eu resisto ao impulso de abordá-lo diretamente. Prioridades em
primeiro lugar. Preciso garantir este emprego.
— É a minha vez de rodar — eu grito para o cara gritando ordens
atrás do bar.
— Apresse-se — ele rosna, estalando os dedos.
Eu corro para baixo do balcão atrás do bar, onde o cara no
comando está ladeado por outros três, todos mochileiros pelo que
parece. — Este é o seu scanner. Cada bebida tem um código de barras
acima da ótica, viu? Passe o código de barras, abra o caixa e passe-o aqui.
Os refrigerantes adicionados custam um euro fixo. Mantenha-se na
seção esquerda da barra.
Isso parece fácil.
Examino um mar de rostos impacientes gritando ordens. Não sei
por onde começar.
Os intensos olhos azuis no final do bar são os que me atraem. Ele
balança a cabeça, fazendo uma careta. Eu sorrio de volta, afobada,
balbuciando — Sinto muito.
Pego o pedido do cara que gritou mais alto, pedindo dez doses de
tequila. Ele é o mesmo cara que estava passando mal lá fora. Aturdido,
procuro spirits, procuro tequila. Outro barman carrega cinco bebidas
como se tivesse membros de polvo. Como eles estão trabalhando na
velocidade da luz? Oh Deus, isso realmente é uma forma de arte.
— Mexa-se, amor — o cara da tequila grita, inclinando-se sobre o
bar. Ele faz parte de um grupo de rapazes batendo as mãos no bar como
tambores.
Atrapalhada, tiro as garrafas do caminho até encontrar a tequila.
Meu cotovelo derruba um copo no chão. Eu não fui feita pra isso. Despejo
desajeitadamente a tequila, derramando mais no bar do que nos copos.
Enquanto isso, o grupo de rapazes discute meus seios como se eu
não tivesse olhos nem ouvidos. No entanto, de alguma forma, me sinto
dez vezes mais nua quando encontro os olhos do rabugento quente no
canto do bar. O cara da tequila resmunga, me entrega o dinheiro e pega
a bandeja de shots.
Eu olho para ver Adonis estudando seu telefone, entediado.
Merda, ele parece pronto para escapar.
Meu rosto esquenta enquanto caminho em direção a ele. — Como
está a bebida?
— Como mijo. — Ele exala pesadamente. — Achei que uma
cerveja seria uma escolha segura. Não.
Uma risada acidentalmente escapa de mim. Seja legal, mulher! —
Obrigada por enfrentar isso. Qual o seu nome?
— Tristan — diz ele depois de uma batida.
Olho para seu dedo anelar. Sem anel e sem linha bronzeada
também. Namorada talvez? Como um cara como ele pode não se apegar?
— E o seu? — ele retorna com sua voz rouca.
— Elena.
Sua expressão suaviza. — Nome legal. Combina com você.
— Obrigada. — Eu coro. — Gostaria de outra bebida? — Claro, ele
não quer.
Ele enrijece, batendo com um porta copos no bar. — Eu estava
prestes a sair.
— Eu não culpo você. — Eu sorrio para esconder minha decepção.
Um longo momento se passa enquanto ele olha para mim com
aqueles olhos azul-gelo cativantes, seus lábios pressionados em uma
leve careta. — Oh, foda-se — diz ele, sua voz rouca. — Dê-me uma
cerveja e gelada.
— Já está chegando! — Eu respondo, suprimindo a vontade de
gritar. — Dia ruim?
— Algo parecido.
Agarro o topo da bomba e puxo para baixo. A cerveja sai em jorros,
vomitando pelo bocal. Isso não está certo. Seus olhos se arregalam de
desânimo enquanto eu bombeio com mais força e freneticamente.
Ele suga uma respiração.
— Uh . . . não é a melhor remessa. — Eu inspeciono a espessa
camada de espuma em cima da cerveja e me encolho. — Posso começar
de novo, se você quiser. — Resisto à vontade de dizer a ele que isso não
é uma reflexão sobre o quão bem minhas mãos podem fazer outras
atividades.
Seus olhos enrugam ligeiramente nos cantos. — Não se preocupe.
Não tenho certeza se o próximo seria melhor. Sem ofensas.
— Isso é verdade. — Solto uma risada nervosa e entrego a cerveja
que mais parece um cappuccino. — Estou na ilha há três semanas com
minha amiga Megan e já passei por três empregos. Não fui feita para
hospitalidade. Eu trabalhava em uma livraria em casa.
— Uma livraria? — Ele sorri levemente. — Eu nunca teria
imaginado. — Seu olhar percorre meu corpo, demorando-se em meus
seios, e então volta para cima novamente. — Desculpa. Sua roupa é. . .
distração.
Reviro os olhos. — Acho que essa é a intenção.
— Talvez eu precise visitar mais livrarias.
Foi isso . . . uma manifestação de interesse? Falando em livros, ele
é difícil de ler.
— Eu não quero trabalhar em uma livraria para sempre. Foi só
para eu passar na universidade — explico, inclinando-me para perto
para ouvi-lo.
Seus olhos piscam com uma pitada de interesse. — O que você está
estudando?
— Acabei de terminar. Direito em Criminologia. Esperando os
resultados agora e depois a formatura.
— Huh. — Seu antebraço roça no meu quando ele levanta o copo
de uísque. Foi apenas um leve toque, mas fez minha respiração disparar.
— Acho que não se deve julgar um livro pela capa. Você é uma estudante
de direito multilíngue que trabalha em uma livraria, mas se disfarça de
bartender provocante à noite.
Nunca ouvi uma maneira mais sexy de me descrever. — Só na
Grécia, onde me dou ao luxo do anonimato. É isso ou sequestrar turistas
em barcos.
— Ah sim, anonimato. — Ele toma um gole da cerveja e não
consegue esconder uma careta. — Então, por que você escolheu direito
para o seu diploma?
Ele realmente parece interessado na minha resposta.
— Quando eu era mais jovem, testemunhei um atropelamento.
Acabei indo a tribunal para testemunhar e foram os dez dias mais
emocionantes da minha vida. Depois disso, sempre quis ser advogada
criminal e trabalhar em casos judiciais emocionantes, mas acho que é o
que todo mundo diz. — Eu rio, me sentindo uma idiota tagarela. — Não
vou negar o prestígio e o dinheiro também soa bem. Razões estúpidas.
Ele examina meu rosto como se estivesse tentando descobrir
alguma coisa.
— É tão difícil saber que curso escolher — continuo balbuciando.
— Quero dizer, como você pode dizer o que quer fazer nas próximas
décadas ou se será bom nisso se nunca o fez antes? Mas gostei mais do
curso de direito. Agora, eu faria qualquer coisa apenas para entrar em
um dos principais escritórios de advocacia.
Ainda assim, ele me dá um olhar engraçado. — O que você faz,
Tristan? — Eu pergunto, ignorando os bebedores furiosos desesperados
por atenção.
— Tenho alguns negócios e invisto em imóveis — diz ele depois
de um tempo. — Você pode me servir outro ou terá problemas por falar
comigo por muito tempo.
— Oh. — Não tenho ideia de quais perguntas fazer a um
investidor imobiliário. Sem graça, tiro a garrafa da prateleira. — Que
tipo de propriedade?
— Principalmente hotéis e prédios de apartamentos — ele
responde, com uma pitada de cansaço em sua voz que me faz pensar se
ele está preocupado por eu ser uma caçadora de ouro.
— Onde você vive? — Eu sondo.
Seus olhos caem para o meu peito e um músculo em sua
mandíbula salta. Quando ele encontra meu olhar, é menos apologético
desta vez. Meu estômago aperta.
— Londres.
Sua voz me faz querer fazer sexo. Ainda bem que ele não é um
locutor. — As pessoas dizem que você tem uma voz muito bonita? É tão
chique. Você é de Londres?
— Obrigado, vou levar isso como um elogio. — Seus olhos
enrugam com a sugestão de um sorriso. — Sou originalmente de
Midlands, mas meus pais são irlandeses, então tive uma mistura de
sotaques enquanto crescia. Aparentemente, perdi qualquer dialeto
regional identificável. Não é deliberado.
Eu sorrio. — Que britânico.
Ele pega o uísque enquanto eu entrego a ele, roçando seus dedos
nos meus. — Não tem nada em sua bela cadência galesa. É muito
cativante. Meu nome soa bem quando você o diz.
Foda-se.
— Espero morar em Londres em breve — explico com a boca
seca. — É tão caro. Megan e eu vamos procurar uma casa para dividir.
Aquela ali é a Megan. — Eu aponto para ela sem motivo.
Ele acena com a cabeça como um homem que há anos não entende
o que significa caro e me entrega vinte euros sem perguntar quanto
custam as bebidas. — O que você tem, vinte e três? Você tem toda a sua
vida para ganhar dinheiro.
— Vinte e quatro. Quase vinte e cinco — acrescento rapidamente.
— Eu trabalhei por alguns anos antes de começar a faculdade. Por que
você está em Mykonos, Tristan?
— Tenho me perguntado isso desde que cheguei — ele responde
sombriamente.
Franzo a testa, mas não indago mais. O cara é um livro fechado.
Alguém me importuna mais adiante no bar. — É melhor eu
atender os outros clientes.
Eu me movo pelo bar atendendo clientes. De vez em quando, eu
olho para Tristan. Na maioria das vezes ele está lendo algo em seu
telefone, carrancudo. Mas às vezes, seu olhar está fixo firmemente em
mim. Eu nunca me considerei uma exibicionista, mas há algo altamente
sexual em Tristan me observando com pouco mais do que calcinha.
Como um show privado que estou fazendo só para ele. É uma distração,
o que não é bom quando você é uma barman tão ruim quanto eu.
Megan vem atrás de mim enquanto estou servindo doses de
sambuca. — Você vai fazer sexo com ele?
— Shh, Megan! — Eu sussurro para ela e olho para ver se ele
ouviu. Se ele fez, ele finge que não. — Claro que não. Fale sobre ir de A
direto para Z.
— Por que, claro que não? Ele é sensual. Sexo sem compromisso.
Você precisa se soltar. Você teve um pau em três anos e antes disso eram
colheitas moles.
Quase nem isso, penso comigo mesma. — Eu não posso fazer sexo
com um cara aleatório só porque ele é gostoso. Além disso, pense na
logística. Dificilmente posso levá-lo de volta ao nosso apartamento
infestado de baratas, posso?
Ela franze os lábios. — A praia então. Muitas pessoas fazem isso
na praia.
Eu ri alto. — Não, Megan.
Ela agarra meus ombros e me dá uma pequena sacudida. — Elly!
É disso que se trata este verão. Temos anos para ser reservadas e chatas.
Agarra a tua oportunidade.
Abro a boca e a fecho.
— Vamos — eu digo em voz baixa enquanto coloco a sambuca no
bar. — O cara deve ter mulheres caindo aos seus pés. Olhe para ele. Ele
só está sendo educado porque eu o ajudei.
Ela revira os olhos dramaticamente. — Oh, por favor, você não
acredita nisso nem por um segundo. Todo mundo está olhando para ele
e ele está olhando para você. Se você não fizer nada, não reclame comigo
pelo resto da viagem. Tem um homem lindo, de longe o cara mais
gostoso deste bar, sem sombra de dúvida, o cara mais gostoso das Ilhas
Gregas que está expressando interesse em você e o melhor que você
pode fazer é dar a ele olhos de corça?
Eu mordo meu lábio suprimindo um sorriso. Eu já deveria estar
acostumada com a atitude sensata de Megan para com os homens. Ela
está certa. Seria realmente tão ruim me divertir esta noite? Apenas me
oferecer a um lindo estranho para sexo sem compromisso? Na verdade,
nunca tive um caso de uma noite antes. Não porque eu seja avessa a eles,
só não conheci ninguém que eu quisesse tanto que precisasse arrancar
suas roupas em 24 horas.
Meu último relacionamento durou três anos com John, um cara
que conheci na universidade. O sexo com John era rígido e um pouco
tenso. Ele parecia ter aprendido sexo em um livro de regras, então
misturava entre os capítulos. Seu movimento característico, onde ele
abria minhas pernas, mergulhava a cabeça e executava algo semelhante
a um barco a motor na minha vagina, foi mais delicado do que sensual.
Levei muito tempo para perceber que havíamos flutuado para a
zona de amizade e que fiquei com ele por muito mais tempo do que
qualquer um de nós merecia.
Então, concordei sinceramente com Megan que precisava
recuperar o tempo perdido. Só não tinha certeza se tinha coragem. Na
minha cabeça, sou uma sereia com uma vida amorosa digna de um canal
pornô. No entanto, a realidade é que eu tinha uma vida amorosa tão
frouxa quanto um pau na geladeira.
O bar fica lotado e passo a próxima hora servindo doses para não
ter tempo de debater minhas intenções com Tristan. De vez em quando,
eu gravito de volta para ele. Surpreendentemente, ele não sai. Eu até
consigo arrancar mais algumas risadas dele. O que quer que tenha
acontecido com Tristan, foi um dia ruim.
À meia-noite, a multidão se esvazia para ir à boate local. Jonas me
coloca para limpar o chão como punição por derramar mais álcool no
chão do que nos copos. Estou quase me agarrando ao trabalho.
Meus olhos voam do chão para Tristan enquanto eu enxugo o
derramamento. Ele coloca o telefone e a carteira no bolso, pronto para
sair. Faça alguma coisa, idiota! Fale com ele. Dê-lhe o seu número.
Então ele olha para cima, capta meu olhar e sorri.
Corro como um castor ansioso.
— Eu tenho que ir. Foi um prazer conhecê-la, Elena.
Eu imploro telepaticamente para ele me convidar para sair. —
Você também, Tristan. Lamento que seu dia tenha sido tão ruim.
— Ele se iluminou no final.
Convide-me para sair, convide-me para sair, convide-me para sair.
Ele abre a boca, depois a fecha e bate os dedos no balcão onde um
guardanapo com dinheiro está aparecendo. — Não esqueça sua gorjeta.
Antes que eu possa agradecê-lo, ele se vira e sai do bar. Eu olho
sob o guardanapo. Cinco notas de vinte euros brilham para mim.
E ele não tocou em uma gota da cerveja.
Porra, cara.
CAPÍTULO TRÊS

ELLY

— Você tem alguma identidade? — Eu avalio o adolescente do


outro lado do bar. Um colar de ouro complementa seu agasalho e boné
de beisebol, e seu lábio é adornado com um bigode leve e irregular que
distrai muito.
— Sim — ele responde mal-humorado, entregando uma carteira
de motorista do Reino Unido. A borda laminada da licença se curva para
cima onde foi adulterada e uma nova foto inserida sobre a original.
Eu calculo a idade dele. Não tem como esse cara ter vinte e nove
anos. — Esta é uma identidade falsificada. Esta é a licença do seu irmão
de 29 anos?
Ele se mexe nervosamente. — O que você está falando? É minha.
Me dê uma vodca com coca.
— Cuidado com a boca, garoto — uma voz infundida de cascalho
exige do canto do bar.
Eu olho para cima e olho nos olhos de Tristan.
Huh, então é assim a sensação de quando seu coração para. Como
um ataque de angina sexy.
Ele voltou.
Tristan quebra nosso olhar para olhar para o jovem. O cara avalia
a estatura volumosa de Tristan, olha para seus companheiros e decide
que não vale a pena o esforço. Ele caminha para o outro lado do bar para
repetir sua patética tentativa de ser atendido.
— Você está de volta — eu digo em um tom alto. O sorriso pateta
varre meu rosto antes que eu possa contê-lo.
— Elena.
Meu estômago vibra. A maneira como ele diz meu nome é tão
íntima. Imagino seu gemido ofegante em meu ouvido, repetindo meu
nome várias vezes em uma longa lista enquanto ele atinge o clímax.
Um sorriso se forma em seu rosto como se ele pudesse ler minha
mente suja.
Eu me inclino sobre o bar cheio de risos. — Então, você decidiu
que este lugar não é tão ruim afinal?
— Não, é ainda pior do que eu me lembrava. — Ele estremece. —
Estou hospedado em um hotel próximo. . . é conveniente.
— Uh-huh — eu digo, minha garganta apertada. — O que você fez
hoje?
Ele se apoia em um banquinho. Ele parece cansado. — Eu tinha
negócios em casa para resolver. Depois fui jantar no Botrini's.
— O restaurante com estrela Michelin? — Estou morrendo de
vontade de ir para lá.
— É esse mesmo. — Ele dá de ombros, claramente não tão
animado quanto eu. Provavelmente porque ele pode jantar lá todas as
noites da semana. — Você já esteve lá?
— Não. — Eu ri. — Temos comido giroscópios de uma barraca de
praia na maioria dos dias. Às vezes até no café da manhã — admito.
Ele estremece. — Comida da rua?
— Você faz parecer que estou remexendo em latas de lixo. . . Você
não pode apenas comer comida sofisticada em qualquer lugar que vá.
Experimentar comida de rua faz parte da experiência local.
— Eu só posso comer de alta qualidade onde quer que eu vá.
Idiota.
— Eu como qualquer coisa — eu anuncio, me perguntando aonde
quero chegar com isso.
Seus olhos enrugam nos cantos. — Fico feliz em saber que você é
tão aventureira com o que coloca na boca.
O constrangimento se espalha do meu rosto até o pescoço. Eu não
estou no meu jogo A aqui. — Você teve companhia no jantar? — Eu
pergunto casualmente.
— Não, só eu. — É tudo o que ele oferece.
Abro a boca para dizer algo, mas paro. Qual é o problema dele? Ele
claramente não está aqui com uma esposa ou namorada. Ele não parece
estar se divertindo sozinho.
Uma multidão vem da rua, e eu relutantemente me movo ao longo
do bar, tentando acompanhar os gritos de ordens. Bartender não é o
meu forte. Dobrada com a presença dele, fico ainda mais nervosa.
Ele voltou. Ele preferia enfiar facas nos olhos, mas voltou!
Com a graça de um babuíno, eu me movo pelo bar, derrubando
copos e servindo coquetéis de merda. Estou me agarrando a esse
trabalho por um fio do biquíni, mas como posso me concentrar em outra
coisa senão no deleite visual e auditivo no canto?
Calma, Elly. Controle-se.
Jonas me coloca para limpar o chão quando a multidão começa a
diminuir. Com minha visão periférica, vejo Tristan colocando a carteira
no bolso da calça jeans.
Merda. Ele está fugindo de novo. Esta é minha última chance.
Eu decido que seu canto do bar tem um chão particularmente sujo
e precisa de atenção extra.
— Estou saindo agora — diz ele quando estou ao alcance da voz.
— Claro, é tarde — eu respondo. Não vá. Fique. Me convide pra
sair. Faça alguma coisa. Qualquer Coisa!
Ele se levanta do banco do bar, e eu mostro a ele meu sorriso mais
brilhante. — Boa noite, Tristan. Foi um prazer conhecê-lo. — Por mais
que eu queira barricar ele com o esfregão, eu me contenho.
Ele balança a cabeça, dá alguns passos e depois para. — Você está
voltando para casa sozinha? — Sua testa franze. — Vejo que sua amiga
não está aqui esta noite.
— Megan está de ressaca — eu explico, meu coração batendo
forte ao pensar onde sua linha de questionamento está levando. Tive
que convencer Jonas de que ela tinha algo contagioso para não ser
demitida no segundo dia. — Tenho certeza que vou ficar bem.
— Posso acompanhá-la até em casa? — ele pergunta. — Eu não
estou tentando dar em cima de você — ele acrescenta rapidamente. —
Você não pode voltar para casa sozinha vestida assim.
Eu dou a ele um sorriso torto. — Eu me troco antes de voltar para
casa.
— Ainda. — Ele ergue as sobrancelhas. — Nós iremos?
— Sim, Tristan. — Eu rio nervosamente, embora não seja
engraçado. — Você pode me acompanhar até em casa.

Quarenta minutos depois, coloco meu jeans e uma camiseta e


examino minha calcinha. Estou usando um sutiã de algodão macio e um
conjunto de roupas íntimas projetado para conforto, não sexo, caramba.
O que estou dizendo? Eu não estou tendo um caso de uma noite com este
estranho Adonis de homem, não importa o quanto eu esteja desejando
isso. Além disso, a logística vai forçar a situação. Megan e eu dividimos
um quarto com duas camas de solteiro, e a última coisa que vi quando
saí foi Megan esparramada na cama, choramingando sobre ficar
abstêmia.
Como Megan disse, ninguém faz sexo neste feriado de trabalho, a
menos que seja na praia.
Quando saio, Tristan está encostado na parede do outro lado da
rua. Em poucos passos, ele fecha a distância entre nós. Ele está aqui
esperando há vinte minutos enquanto eu termino.
Seus olhos brilham quando ele vê minha nova roupa. — Melhor.
Estou em um mundo de problemas aqui. Eu olho para esse cara e
quero sexo gostoso.
— Você está deslumbrante, Elena.
— Dificilmente. — Eu bufo. — Mas é melhor do que o uniforme.
As ruas estão cheias de adolescentes bêbados tirando cochilos
inconvenientes na calçada e motociclistas impacientes tentando desviar
deles. É como a Noite dos Mortos-Vivos.
Para mim, é o passeio mais romântico da minha vida.
Sinto sua mão deslizar pela parte inferior das minhas costas
enquanto caminhamos pelas ruas. O calor se espalha pela minha
espinha. É uma distração.
— Onde você está ficando? — Eu olho para ele.
— O Athena.
Claro, ele está hospedado no resort cinco estrelas de quinhentas
libras por noite. — Eu pensei que você estava hospedado em um barco?
— Estou entre o hotel e o iate.
Metade do mundo não sabe como a outra metade está vivendo.
Algumas pessoas vivem entre casas. Esse cara? Ele está morando entre
um hotel cinco estrelas e um iate. Eu balanço minha cabeça em
descrença.
— Você costuma ir a pé para casa com sua amiga? — Ele franze a
testa quando passamos por alguns personagens duvidosos deitados no
meio-fio. — Essas ruas não são seguras tão tarde da noite. Esta não é a
melhor parte da cidade.
— Sim. Ela geralmente volta comigo para o nosso local de
residência. — Eu gemo. — Só as baratas o chamam de lar.
— Aqui estamos nós — eu digo.
Ele olha boquiaberto para o bloco de apartamentos decadente
com lixo espalhado pelas portas e cobertores sujos pendurados nas
janelas. — Agora entendo porque as pessoas preferem dormir na
calçada.
Estou mortificada, mas também divertida. — É barato. Pagamos
cinquenta euros por semana por um estúdio.
— Você dorme aqui?
Reviro os olhos. — Estou de mochila nas costas, Tristan. Está bem.
Você não se lembra de mochilar?
— Não nesta década — diz ele secamente. — Tenho quase
quarenta anos.
— Ok, você não se lembra de quando era jovem? — Eu provoco.
— Atrevida.
— Você quer subir? — Eu pergunto timidamente, imaginando se
posso persuadir as baratas a me darem um pouco de privacidade . . . ou
Megan para parar de gemer.
— Absolutamente não. — Ele faz uma careta. — Mas também não
vou deixar você aqui. Posso pagar um hotel para você?
— Não! — Eu grito indignada.
Nós nos arrastamos desajeitadamente enquanto dançamos em
torno do que acontecerá a seguir. É isso. Ou ele diz boa noite ou faz um
movimento. Nossos olhos se encontram e eu inclino meu corpo para ele.
Ele recua.
— Espera. — Eu agarro seu braço e esmago meu corpo contra sua
parede de músculos duros.
Sua testa franze e ele realmente estremece.
Minhas bochechas queimam com rejeição.
Assim que estou prestes a dar um passo para trás, seu rosto
pressiona para baixo para tocar minha testa, e sua boca aberta desce
para a minha.
Eu abro minha boca, muito desesperada e ansiosa, e como se eu
tivesse aberto uma comporta, sua boca toma posse da minha com fome.
Eu pressiono meu corpo contra Tristan, emocionada ao encontrar uma
ereção crescente pressionando contra minha barriga.
Sua mão agarra a parte de trás da minha cabeça enquanto sua
língua invade minha boca com urgência agora.
Minhas coxas se abrem e eu envolvo meus braços ao redor de sua
cintura musculosa para que eu possa pressionar sua protuberância
contra mim. Oh, isso parece algo que eu quero.
Em resposta, ele geme em minha boca, me beijando como se não
beijasse uma mulher há anos. Então, tão rápido quanto começa, ele se
afasta, olhando para mim por tanto tempo que acho que ele vai dizer boa
noite e me deixar aqui.
Eu o encaro com um pedido sem vergonha em meus olhos.
— Gostaria de voltar ao meu hotel? — ele pergunta baixinho. —
Tem uma praia particular. Podemos dar um passeio nela. Posso trazê-la
de volta em segurança aqui depois.
— Claro — eu sufoco. — Andar é divertido. — Minha cabeça me
avisa para não seguir um cara estranho até seu hotel, mas meu corpo
está pronto para montá-lo como um jóquei.
Ele pega minha mão e me conduz pelas ruas em direção ao lado
nobre da cidade. O Athena está a cerca de vinte minutos de distância e,
enquanto caminhamos, seu polegar desenha círculos provocantes na
palma da minha mão. É um movimento delicado que envia ondas de
choque diretamente entre minhas coxas. Quando chegamos ao Athena,
estou no ponto de ebulição. Mal consigo me concentrar no que ele está
dizendo.
O Athena está situado no alto de uma colina com vista para praias
isoladas, misturando-se perfeitamente com a paisagem de casas caiadas
espalhadas ao longo da costa do Mediterrâneo. As luzes douradas da rua
refletem na água e nos prédios na escuridão, criando tons de laranja.
Eu suspiro. — Gostaria de ter minha câmera comigo.
— Eu duvido que você consiga uma boa foto com esta luz fraca.
— Investi em uma boa lente para fotografia noturna — explico. —
Fiz um curso de fotografia noturna no ano passado na universidade e
venho perseguindo a foto noturna perfeita desde então. É uma das
razões pelas quais decidimos pelas ilhas gregas, é uma paisagem tão
bonita.
— Eu adoraria ver algumas de suas fotos algum dia. — Algum dia
paira no ar. — Tradutora, advogada estagiária, fotógrafa; uma mulher
de muitos talentos. — Seus olhos enrugam. — Talvez não bartender.
Eu bato no peito dele. — Você ainda não viu todos os meus talentos
— eu devolvo, piscando. Cristo, Megan estaria orgulhosa disso.
Pego desprevenido, ele ergue as sobrancelhas. — Vamos,
problema, vou te mostrar a melhor praia da ilha.

— Puta merda! — Eu digo alto demais enquanto ele me conduz


pelo saguão do hotel. Alguns funcionários do hotel olham com
desaprovação. — Esse lugar . . . Não consigo imaginar ficar aqui.
Saímos pela porta de saída para a praia isolada, onde ondas
escuras quebram ao luar. Faço uma anotação mental para dizer a Megan
que encontrei a praia perfeita para o sexo.
— Prefiro o mar à noite — reflito. — Megan e eu fizemos um
caiaque noturno quando chegamos. Foi fantástico. Você deve passar
todo o seu tempo na água aqui.
Ele dá de ombros. — Ainda não entrei.
— O que? — Eu grito de horror. — Você é louco? Se eu tivesse isso
na minha porta, estaria nadando de manhã, à tarde e à noite. — Na
verdade . . . — Temos que ir nadar à meia-noite!
— O que? — Ele bufa, cruzando os braços sobre o peito largo. —
Absolutamente não.
Meu coração martela e não sei se é a escuridão da noite ou as doses
de tequila que tomei antes, mas decido ser corajosa. — Tudo bem — eu
respondo, saindo do meu jeans.
— O que você está fazendo? — ele exige, enquanto eu passo
minha camiseta sobre minha cabeça.
— Eu vou entrar — eu digo antes que eu possa me acovardar.
— Essas ondas estão agitadas esta noite — ele rosna. — Você não
está fazendo isso.
Minhas sobrancelhas se erguem. Isso é uma ordem?
Ele olha para o meu sutiã de algodão e calcinha.
Corro em direção ao mar até ficar submersa até a cintura, me
aclimatando. Não está congelando, mas está frio o suficiente para meus
mamilos crescerem. Voltando para a praia, eu o vejo olhando para mim,
seus braços ainda cruzados.
— Está mais quente do que parece — eu grito para a praia, minha
voz se afogando nos sons do mar.
As ondas quebram sobre meus ombros, me puxando para baixo.
Imperturbável, mergulho sob a corrente. Cresci a trinta quilômetros de
uma praia e, apesar do clima galês, nado há anos. O erro que muitas
pessoas cometem é surtar, abrir a boca e engolir litros de água.
Enquanto deslizo pelo fundo do mar, braços fortes me puxam para
fora da água.
— Que porra é essa, Elena? — Ele me puxa para ficar de pé e me
olha com raiva enquanto as ondas batem em nossas cinturas. Ele se
despiu e ficou apenas de boxer. Seu peito sobe e desce, o cabelo escuro
molhado e grudado na testa.
Arrepios surgem ao longo da minha pele e não tenho certeza se é
a temperatura da água ou o calor crescente entre minhas coxas, ou
talvez ambos. Porra, ele é sexy quando está com raiva.
— Eu pensei que você estava em apuros — ele murmura. — Você
poderia ter me dito que nada como uma sereia. Eu quase tive um ataque
cardíaco.
— Pelo menos você entrou na água. — Eu mordo meu lábio.
Seus olhos escurecem quando ele os fixa em meu peito com a visão
de calor de Clark Kent e um resmungo baixo escapa de sua garganta.
Estou começando a me preocupar se vou explodir em chamas.
Eu olho para baixo, tremendo. Meu sutiã de algodão ficou
transparente na água. Meus mamilos se projetam como balas. Eu
poderia muito bem estar de topless.
Meu olhar segue a trilha do tesouro de pelo em seu delicioso corpo
em forma de V. A água molda sua cueca em torno de seu pau crescente
como um presente embrulhado só para mim.
O tempo para enquanto descaradamente devoramos o corpo um
do outro com nossos olhos.
Sim, por favor.
— Estou tão excitado só de olhar para você — ele sussurra com a
voz rouca, os olhos encontrando os meus. Ele engole em seco, seu pomo
de Adão balançando para cima e para baixo. — É embaraçoso.
Dando um passo à frente, corro meus dedos sobre os músculos
esculpidos em seu peito largo.
Delicioso.
— Agora que você me colocou na água — ele murmura. — O que
você vai fazer comigo?
Meus dedos traçam seu peito até sua barriga, dançando acima de
sua cueca. Ele me dá um sorriso arrogante enquanto avalia se eu tenho
coragem de descer. Seus olhos me incitam ainda mais e todas as minhas
inibições restantes se afogam na água enquanto minha mão desliza para
baixo de sua barriga em sua cueca.
Envolvendo minha mão em torno de seu pau duro, deixei escapar
um suspiro de prazer com o que encontrei.
Ele é enorme. E tão pronto.
Conforme meu aperto aumenta em torno dele, ele geme, e eu
começo a acariciar para cima e para baixo sua ereção inchada. Inferno,
sim, isso é bom.
Eu preciso vê-lo. Tudo dele. Eu abaixo sua cueca, e sua ereção salta
livre.
Eu olho para baixo, meio apavorada, meio maravilhada.
— Está tudo bem — diz Tristan suavemente, lendo meu rosto. —
Não precisamos fazer nada com o qual você não se sinta confortável.
— Essa coisa parece algo que a NASA deveria lançar no espaço. —
Eu continuo meu movimento lento e constante, deslizando minha mão
para cima e para baixo nele.
Ele solta uma risada alta. — Você é a única garota que me fez cair
na gargalhada enquanto estou duro. — Suas mãos envolvem minhas
nádegas e ele me pressiona com força contra sua ereção nua.
Eu sinto isso através da minha calcinha de algodão frágil e gemo,
esfregando contra ela. Como se estivéssemos fodendo com nossas
roupas.
Sua boca cai na minha. Enquanto uma mão permanece na minha
bunda, a outra se move para a parte inferior da minha barriga,
brincando com a bainha da minha calcinha. Ele faz uma pausa, dando-
me a oportunidade de detê-lo. Em vez disso, me contorço com
impaciência; eu preciso de seus dedos mais baixos. Agora.
Abro minhas pernas.
Ele olha nos meus olhos e desliza sua mão grande em minha
calcinha molhada. Então eu abro minhas coxas para um acesso mais
fácil, contorcendo-me contra seus dedos para empurrá-los para onde eu
preciso que eles estejam.
— Coisinha com tesão, não é? — Ele ri enquanto seus dedos
contornam minha entrada. — Eu vou gostar de fazer você gozar.
— Sim — eu digo com uma voz sufocada em seu ombro, não tenho
certeza do que estou dizendo sim. Apenas sim.
Sua palma inteira agora está massageando minha abertura.
Abrindo-me com dois dedos, ele enfia o dedo do meio em mim, primeiro
devagar, depois mais fundo, mais rápido.
— Isso parece... bom. — Eu gemo, ofegando enquanto ele
empurra mais fundo.
— Bom? — ele resmunga, deslizando um segundo dedo para
dentro.
Eu choramingo quando ele realmente começa a me trabalhar lá
embaixo. Então seu polegar encontra meu clitóris.
— Ahhhh! — Eu aperto em torno de seus dedos enquanto seu
polegar circula. A pressão é demais. Arrepios formigantes irrompem por
todo o meu corpo. É isso. O verdadeiro negócio. Nunca tive o grande O
com um cara, tenho vergonha de dizer, sempre foi autoadministrado.
Meu ex, John, nunca conseguiu fazer o trabalho. Ele esfregava com tanta
força que eu sentia como se tivesse queimaduras no carpete.
A outra mão de Tristan inclina meu queixo, forçando-me a olhar
para ele. — Olhe para mim quando você gozar.
Deixei escapar um som estrangulado que seria embaraçoso se eu
não estivesse tão perto do clímax. Algo sobre fazer isso no oceano o
torna duplamente excitante. Qualquer um que olhar pela janela do
quarto de hotel vai me ver nua no mar me esfregando contra um homem
que conheci vinte e quatro horas atrás, e é o maior tesão de todos os
tempos. Prazer borbulha dentro de mim enquanto ele me toca como
ninguém jamais fez.
Eu agarro seu bíceps enquanto meus músculos se contraem em
torno de seus dedos de novo e de novo, desesperados por alívio.
— Você parece inacreditável.
— Tristan. . . — Eu gemo, meu corpo tem espasmos enquanto ele
acaricia meu clitóris furiosamente. Passei a noite toda na cama
fantasiando sobre essa voz profunda falando sacanagem comigo. É ainda
melhor do que eu imaginava — Eu vou. . . Estou gozando.
É muito; meu corpo inteiro treme quando o orgasmo mais
explosivo da minha vida irrompe.
Um rosnado baixo reverbera em seu peito enquanto ele assiste.
Minhas pernas vacilam e sua outra mão me pega, puxando-me para ele.
Eu o encaro, minha boca aberta, tentando encontrar minha
respiração. Eu preciso de mais. — Leve-me para o seu quarto — eu digo
com a voz rouca.
Seus olhos escurecem enquanto ele me estuda. — Tem certeza?
Eu concordo. Minhas mãos se enrolam em seu comprimento, duro
e pronto para mim. Nunca tive tanta certeza de nada na minha vida.
Ele rosna contra o meu ouvido e me envolve em seus braços como
se eu não pesasse nada.
Eu me agarro a ele com um sorriso bobo enquanto ele caminha
pela água até a praia. Esta noite, não tenho inibições. Vou fazer o melhor
sexo da minha vida com este homem.
Vou tentar de tudo.
CAPÍTULO QUATRO

ELLY

Eu me esgueiro pelo saguão do hotel conscientemente atrás de


Tristan. Dois montes crescentes de umidade se agarram à minha
camiseta do meu sutiã encharcado, o mesmo na minha virilha. Um
hóspede do hotel que passava olha para nós com desconfiança antes de
cair de queixo caído quando percebe a enorme tenda no jeans do meu
companheiro. Ele caminha em direção ao compartimento do elevador
como um homem em uma missão.
A adrenalina corre através de mim. Em minutos terei Tristan em
um quarto privado.
Ele aperta o botão do elevador com impaciência. As portas se
abrem e ele não perde tempo me puxando para dentro da caixa de aço.
Antes que eles possam fechar totalmente, ele me prende contra a parede
do fundo, empurrando suas grandes coxas contra as minhas. Por um
segundo, eu me pergunto se ele vai tentar me foder aqui no elevador.
Sua boca cai na minha, e minha boca e quadris respondem ao mesmo
tempo, desejando proximidade. Eu balanço minha perna ao redor de seu
quadril, inclinando meus quadris para cima, então sua ereção está bem
no meu ápice. Esperemos que não haja nenhuma câmera aqui.
A porta se abre e nós tropeçamos pelo corredor, grunhindo e
gemendo enquanto minhas mãos gananciosas devastam seu corpo. Com
a respiração entrecortada, ele vasculha os bolsos para encontrar o
cartão da porta.
A porta pisca em vermelho. Ele pragueja, nervoso, e tenta de novo,
batendo a porta quando ela pisca em verde. Entramos no quarto,
ofegantes, mãos arranhando roupas e carne.
Seus dedos encontram a bainha da minha camiseta, puxando-a
sobre a minha cabeça e para o chão. Uma mão habilmente desabotoa
meu sutiã por trás, grunhindo quando meus seios ficam livres.
Ele não precisa de convite. Seus lábios caem em meus seios e ele
suga cada mamilo, enviando uma mensagem direto para o meu clitóris.
Eu me atrapalho com a bainha de sua camisa, tentando
desajeitadamente puxá-la sobre o peito. Eu preciso pele na pele; eu
preciso de meus seios nus contra seu peito. Ele libera meu mamilo de
sua boca para tirar a camiseta, expondo seu peito musculoso.
Grunhindo, ele abre os botões do jeans e os puxa para baixo,
tirando cada perna grossa e musculosa de cada vez.
Minha respiração sai em gemidos espasmódicos.
— Se você continuar choramingando assim, não vou durar. —
Fixando um lento sorriso sexy em mim, ele empurra sua boxer para
baixo para ficar nu na minha frente. Seu pau é grosso e poderoso,
apontando para cima, esperando por mim.
Eu estou dickmatized2.
— Tire a calça jeans.
Eu engulo, minha garganta seca. Eu faço o que ele exige até que eu
esteja nua diante dele.
Por um momento, Tristan fica parado e me observa com um olhar
feroz que me diz exatamente o que ele planeja fazer comigo, e eu me
pergunto se eu mordi mais do que posso mastigar. Ele avança e me
levanta pelas coxas, então meu núcleo molhado roça contra sua barriga.
Cada passo que ele dá causa uma fricção quente enquanto ele
graciosamente me leva até a cama.
Então eu caio no colchão. Meus braços caem sobre minha cabeça.
Subindo em cima de mim, ele afasta minhas pernas e olha para
minha abertura recém-raspada. Seus joelhos forçam minhas pernas a se
abrirem, e sua mão viaja para baixo. Eu suspiro bruscamente quando
seus dedos separam meus lábios.
— Você sabe o quão bonita você é, Elena? — Sua voz é grossa. —
Deite-se e deixe-me cuidar de você esta noite.

2
Quando o pau é tão bom, que a pessoa fica totalmente hipnotizada pelo cara que deu a pessoa.
Sinto dois dedos entrarem em mim e estremeço. Minhas pernas
apertam contra seus joelhos como um torno quando ele começa a
mergulhar seus dedos dentro e fora de mim, gemendo ao som da minha
excitação.
Não é o suficiente. Sua boca percorre minha barriga plantando
beijos suaves, em seguida, contorna meu núcleo e encontra a pele da
parte interna das minhas coxas. Devagar, sensualmente, como se tivesse
todo o tempo do mundo.
Eu não. Mal posso esperar. — Por favor… — Eu gemo, minhas
pernas balançando em sua boca trilhando minhas coxas. Sua barba por
fazer no lado de sua mandíbula faz cócegas na minha entrada com uma
fricção deliciosa.
— Por favor, Tristan! — Eu digo, com mais urgência.
Deixo escapar um gemido alto quando sua língua mergulha
profundamente em mim, seus dedos me segurando bem aberta. Esse é o
local. Estou tão exposta, tão aberta. Eu me contorço na cama, mas ele me
tem em um vício agora, impiedoso, me fodendo com sua língua, seus
olhos nos meus o tempo todo.
Minhas costas arqueiam como uma mulher possuída e minhas
mãos agarram os lençóis.
— Espere — eu digo asperamente, lutando por ar. — Eu quero
você dentro de mim quando eu gozar de novo. . . por favor.
Ele olha para cima com os olhos semicerrados, então sua
expressão é misturada com irritação. — Droga. Eu não esperava fazer
sexo. Você tem preservativos?
— Na minha bolsa. — Aponto a mão em direção à minha bolsa
sobre a mesa.
Tristan pula da cama e caminha em direção à bolsa, abrindo-a com
força. O conteúdo se espalha por todo o chão. — Desculpe — ele
murmura. — Vou colocá-los de volta mais tarde. — Encontrando a
camisinha, ele rasga o papel alumínio e dá a si mesmo algumas
pinceladas longas antes de enrolá-la em seu pau.
Meu Deus, esse cara tem um pau enorme. Essa coisa deveria ter
seu próprio passaporte.
Então ele está de volta na cama como se estivesse falando sério,
seus joelhos abrindo minhas pernas e suas mãos envolvendo-as em
volta de sua cintura. Enjaulando-me com seu corpo, seu pau se projeta
para cima entre minhas coxas, cutucando minha abertura, me
provocando, me torturando.
— Por favor… — Eu gemo, surpresa com o quanto estou
implorando. Eu cravo os calcanhares em suas nádegas com impaciência.
— Você está tentando fazer uma massagem esportiva na minha
bunda com os pés? — Ele ri.
Eu cravo meus calcanhares mais fundo.
A travessura dança em seus olhos enquanto ele passa a ponta ao
longo da minha fenda mais algumas vezes. — É isso que você quer? Diga
meu nome.
— Sim, Tristan. — Eu gemo. — Se apresse.
Sua boca chega perto do meu ouvido. — O que você gostaria?
Rápido e forte ou lento e profundo?
Eu não costumo ter um menu. — Todos — eu resmungo. — Vou
levar tudo.
Ele ri, então ele desliza profundamente, e ele está me fodendo, me
fodendo tão forte que estou vendo estrelas.
— Você é tão apertada — diz ele, grunhindo em meu ouvido. Ele
para por um segundo dentro de mim, me observando. — Você está bem?
Eu aceno porque nenhuma palavra pode fazer justiça. Minhas
mãos estão sobre seu peito grosso enquanto ele penetra em mim, mais
fundo e mais rápido.
Ele parou de tentar ser gentil agora; ele está muito perto.
Eu gemo quando outro orgasmo cresce dentro de mim, mais forte
do que antes. — Não pare, não pare — eu ofego uma e outra vez.
Eu coloco minhas mãos em volta de seus ombros para me apoiar,
as unhas cravando nele. Eu gozo com força em seu pau, e um gemido
abafado escapa dele enquanto ele se libera em mim com impulsos
pesados e furiosos.
Então, é assim que deve se sentir.
Quando ele finalmente recupera o fôlego, ele passa um dedo pela
minha bochecha, sorrindo suavemente.
— Απίθανο3 — gaguejo em grego.
Realmente fantástico.

Algumas horas depois e estou exausta. Eu acho que ele também


está, se ele admitisse isso. Deitamos na cama um de frente para o outro,
meu rosto tão próximo que sinto seu hálito quente e mentolado em
minha bochecha.
— Não costumo fazer isso. — Eu deslizo meu lábio inferior entre
os dentes. Algo me faz querer que ele acredite em mim. — Este é o meu
primeiro caso de uma noite. — Eu ri. — Disse cada garota depois de um
caso de uma noite. Sempre. Mas honestamente, é verdade.
— Caso de uma noite? — Tristan sorri. — Você faz isso soar tão
sórdido. — Ele se inclina para frente e beija levemente meu nariz. —
Você não precisa se justificar para mim, Elena.
— Não é que eu nunca quis — eu continuo no caso de ele pensar
que estou transformando isso em algo maior do que é. — É raro
conhecer caras com quem quero pular na cama imediatamente.
— Ou no mar. — Seus olhos azuis brilham. — Estou honrado por
você ter me escolhido nesse caso.
Assim de perto, posso ver cada lâmina de barba escura em seu
queixo quadrado. Eu traço um dedo preguiçosamente por seu nariz
arrogante e masculino, seus lábios e sua mandíbula. — Acho que esta
mandíbula é esculpida em mármore. Desculpe, clichê, mas é verdade.
— Você me lisonjeia — ele murmura preguiçosamente. — Você
sabe, você é muito espirituosa. — Seus olhos seguram os meus. — Já que
estamos falando a verdade, estou bastante impressionado com você.
Meu batimento cardíaco acelera. Você deveria falar assim em um
caso de uma noite? — Você é muito direto, Tristan — é tudo que consigo
dizer.
Ele estende a mão para tirar uma mecha de cabelo do meu rosto.
— Você não está acostumada? Sim, sou direto. Eu sou um homem, não
um jovem.
Um homem? Eu o encaro em silêncio.
Estou começando a achar que você é um deus.

3
Fantástico.
***
Pela primeira vez desde que cheguei à ilha, dormi a noite toda. Na
maioria das noites, há algo que me mantém acordada: ciclomotores,
bêbados, falta de ar condicionado e baratas dando uma festa noturna.
Elas prosperam nos canos de drenagem e nosso barraco tem drenagem
de merda.
Acordei esta manhã com silêncio, lençóis de qualidade de hotel,
uma temperatura ambiente confortável e um homem lindo deitado ao
meu lado. A noite passada foi indescritível. Eu terminei com os
desleixados da faculdade. Este é um homem de verdade. Este é o tipo de
homem que eu quero. Não quero me contentar com menos.
Ele está deitado de costas, a boca ligeiramente aberta, dormindo
profundamente. Isso me dá a oportunidade de olhar para cada curva,
cada ondulação de músculo, cada linha, cada pelo em seu corpo
perfeitamente moldado.
Os lençóis se amontoam ao redor do V definido de sua barriga,
desafiando-me a empurrá-los para baixo. Eu posso dizer que ele está
duro debaixo das cobertas.
Eu sufoco uma risada. Eu poderia estudar seu rosto por toda a
vida. Esse maxilar quadrado, essas sobrancelhas escuras, maçãs do
rosto definidas. Ele me disse que seus pais eram irlandeses. Talvez eu
precise fazer uma visita a Dublin se é isso que eles estão produzindo em
massa na Ilha Esmeralda.
Que horas são?
Eu não tive um alarme de barata esta manhã.
Meu relógio marca 7h40. Tenho exatamente vinte minutos para
me vestir, correr um quilômetro até o cais e encontrar Megan para
começar nosso turno de limpeza. Não tenho tempo para mudar, vou ter
que ir como estou.
Como prometido, Dimitris nos rebaixou de vendas para equipe de
limpeza. Estamos recebendo o pagamento desta semana em dois dias,
depois disso podemos mandá-lo enfiar o cartaz no cu, mas não podemos
arriscar de antemão. A conversa circula entre os mochileiros sobre não
receber o pagamento depois de sair cedo.
Saio da cama e vou na ponta dos pés até onde meu jeans está
jogado no chão. Há um rastro de roupas de destruição de quando
despimos tudo de nós em uma névoa de luxúria. Visto-me o mais
silenciosamente possível e recolho o conteúdo da minha bolsa.
A gorjeta que ele deixou no bar há duas noites escapa. Coloco
quatro das notas, perfazendo oitenta euros, na mesinha de cabeceira ao
lado dele. Vinte euros eram mais do que suficientes para uma gorjeta
generosa.
— Adeus, meu lindo Adonis — eu sussurro, roubando um último
olhar. Ele me disse que partiria para Atenas esta manhã. Com seu navio
navegando, também o nosso. O nosso partiu no momento em que deixei
um cara que conheci vinte e quatro horas antes me dedilhar na praia.
Você faz isso e perde qualquer esperança de algo mais significativo.
Se eu escapar agora, não será estranho.
Entro no banheiro para lavar o rosto. À luz do dia, vejo como este
hotel é luxuoso. Uma extensa seleção de artigos de toalete caros está
disposta na pia e um controle remoto fica em cima da banheira. Vejo
mais botões e alavancas na banheira do que em um avião. Essa coisa
pode voar?
Pena que não consigo aproveitar o tratamento cinco estrelas.
Examinando o quarto, faço o que qualquer mochileiro normal
faria. Abro minha bolsa e coloco alguns mini shampoo e gel de banho.
Ele vai embora hoje, nunca vai notar. Seria uma pena desperdiçá-los.
Então eu vou na direção da porta principal e a fecho atrás de mim.
Quem diria que eu era tão boa em ser uma vadia e uma ladra?
CAPÍTULO CINCO

ELLY

— Eu não pensei que você tivesse isso em você — Megan ri


enquanto me entrega um avental. — Embora eu esteja com raiva de você
por não ter me mandado uma mensagem dizendo onde estava.
Eu aceito, irritada. Estou exausta e a última coisa que quero fazer
é limpar banheiros de iates. — Sinto muito, sou uma péssima amiga. Eu
não queria fazer você se preocupar. — Amarro o avental nas costas. —
Diga-me como esses aventais ajudam? Eles não cobrem nossas roupas.
Ela dá de ombros. — Dimitris quer que pareçamos limpadores
profissionais.
Reviro os olhos. — Ele não olhou exatamente para nossas
credenciais de limpeza. Pelo menos não temos que vender nada — eu
penso. — Limpar banheiros pode ser melhor do que tentar persuadir as
pessoas a entrar em barcos.
Rapaz, eu estava errada.
Uma hora depois, estou presa limpando um enorme iate
pretensioso de propriedade do maior pé no saco das ilhas gregas. Esse
título é fato.
É óbvio que ela espera que eu limpe o iate sem estar presente
enquanto ela recebe um pequeno grupo de amigos igualmente
irritantes. Eu tento limpar ao redor deles enquanto eles ficam cada vez
mais bêbados. Eles abriram uma garrafa de champanhe, esqueceram e
abriram outra. Enquanto isso, uma babá está entretendo o filho da
irritante senhora no quarto. O garoto parece passar a maior parte do
tempo no telefone, um telefone bem mais caro que o meu. Ele não deve
ter mais de seis ou sete anos.
A mulher é requintada, não tenho certeza se já vi uma criatura tão
bonita em carne e osso. O tipo de mulher que parece incapaz de peidar
e é irritantemente delicada e esbelta. Imagino que ela seja uma bailarina
rica que arrecada muito dinheiro. Apesar do calor da ilha, seu longo
cabelo loiro não é crespo, suas glândulas sudoríparas parecem não
funcionar e seu rosto é esculpido e contornado com perfeição. É como
se ela tivesse aplicado um filtro do Instagram da vida real.
Avistei o marido dela entrando. Ele deve ter um pinto minúsculo
para precisar de um barco desse tamanho.
— Desculpe-me, querida — ela diz alto e devagar, olhando para
mim como se eu tivesse o QI de um espantalho. Ela acena para mim,
mostrando o anel de noivado mais detestável que eu já vi. O anel parece
uma arma. Talvez ela seja da máfia?
— Sim?
— Eu preciso de você — …ela aponta para si mesma e depois para
mim para evitar dúvidas — …para combinar a calcinha e as meias. Você
entende? — Ela revira os olhos para seus amigos. — As lavanderias são
horríveis.
— Não. — Ela quer que eu combine sua calcinha? Sou uma
faxineira, não a mãe dela.
Expirando pesadamente, como se falar comigo a estivesse
esgotando, ela abre o saco de lavagem a seco. Tirando um conjunto de
lingerie vermelha ousada, ela se vira para mim, — Isto — ela diz em voz
alta, enunciando cada sílaba e apontando para o sutiã. — E isto. — Ela
aponta para o fio dental. — Você vê? Nestas gavetas.
Se ela reclamar, posso não receber o pagamento desta semana.
Não faço exatamente parte de um sindicato, então o risco é alto. Eu
removo meu queixo do chão e sorrio o mais docemente possível para a
beleza desamparada. — Eu ficaria honrada em combinar com sua
calcinha.
Seus olhos se estreitam e ela olha para mim com desconfiança,
então acena com a cabeça, jogando o cabelo sobre o ombro e volta para
seus amigos.
Desço à tarefa crítica de combinar a calcinha e as meias do saco de
lavagem a seco. Fico tentada a afofar a calcinha dela com a escova de
vaso sanitário, mas resisto, sendo a mulher maior. Metaforicamente e
fisicamente.
Nem cinco minutos depois, ela surge. — Oi docinho. Preciso que
você apareça na loja. — Ela está falando muito devagar para me fazer
entender.
— Sou galesa — explico pela enésima vez. Certamente ela pode
detectar o inglês é minha língua materna?
— Ficamos sem água engarrafada. Ah, e precisamos de limões.
Limões comuns. — Ela pensa. — Também um pouco mais de romã e
hortelã. Então isso é água engarrafada, limão, romã, hortelã — ela repete
lentamente. — O dinheiro está na mesa. Posso fazer uma lista se for mais
fácil para você? — ela diz gentilmente como se estivesse me fazendo um
favor.
Esta mulher entende a descrição do trabalho de uma faxineira?
Não acho que se estenda à assistência pessoal.
— Desculpe, não tenho tempo. Meu turno está terminando agora.
Minha resposta a deixa afrontada. Somos interrompidos por seu
filho, com a babá atrás. Suspeito que ela foi avisada para mantê-lo longe
da festa.
— Daniel, mamãe está entretendo seus convidados. Está tudo
bem?
— Quando vamos para casa? — Ele parece entediado.
— Vamos navegar quando o papai estiver pronto.
Boa viagem a todos vocês, eu digo.
***
— São doze euros — digo ao cara se comunicando com meus
peitos. Ele não responde. — Me ouviu?
Ele me entrega uma nota de vinte euros. — Pegue um para você,
sexy.
— Obrigada. — Esse cara ao menos percebe que eu tenho um
rosto com dois olhos grandes olhando para ele? Eu tomo um generoso
para mim.
— Bunda — um homem grita para mim do outro lado do bar. —
Eu preciso de bunda.
— O que você disse? — Eu grito de volta. Como ele ousa! Só
porque estou usando roupas provocantes como parte do meu uniforme,
esse homem pensa que pode me objetificar e sexualizar? Que ele pode
falar comigo como se eu não tivesse capacidade mental só porque estou
de biquíni?
— Ele quer gelo. — Megan me empurra para fora do caminho para
chegar ao dispensador de gelo.
Ah.
Talvez eu esteja muito irritada esta noite porque sei que o homem
dos meus sonhos partiu da ilha. Como é que no espaço de quarenta e oito
horas você pode conhecer o cara dos seus sonhos, ter uma química
alucinante com ele e depois puf! É isso, seu tempo acabou.
Me arrependo de não ter deixado meu número. Achei que estava
mantendo minha dignidade intacta saindo de fininho antes de termos
aquela manhã estranha após o caso de uma noite. Em vez disso, eu
deveria ter ficado esperando até que ele acordasse e implorasse para eu
ter seus filhos.
Megan me empurra para o lado enquanto se inclina para pegar a
sambuca.
— Cuidado, Megan — eu disparo quando um líquido pegajoso
atinge meus braços.
— Pare de ser tão ranzinza, ou você vai nos demitir. — Ela faz uma
careta enquanto despeja a sambuca nas doses. — Você está com a cara
de uma bunda esbofeteada esta noite. Eu já estou andando em uma linha
tênue depois da besteira suspeita e contagiosa de 24 horas que você
inventou.
Ela está certa. Eu não sabia que poderia experimentar êxtase e dor
ao mesmo tempo. A parte da dor está ganhando agora.
— O que você precisa fazer é voltar ao cavalo.
— O cavalo fugiu — murmuro.
— Não aquele cavalo. Um cavalo diferente. Há todo um bando de
cavalos nesta ilha esperando para serem montados, guiados e
alimentados.
— Um garanhão — eu a corrijo. — Não é um rebanho.
Eu saio do caminho enquanto ela passa uma bandeja de shots para
alguns adolescentes. Ela ainda consegue me borrifar com sambuca. É
irrelevante. No final da noite, estará grudado em mim como Teflon.
Ela pega o dinheiro e se vira para mim. — Agora monte a sela,
garota, e prepare-se para o rodeio.
— Você terminou? Você deve ter esgotado suas insinuações de
cavalo agora. Embora parabéns por não usar o clichê do garanhão.
Ela está prestes a rir quando seu queixo cai ligeiramente. — Não
totalmente feito. Um cavalo entra em um bar. O que o barman diz?
— Ai Jesus. — Eu bato na minha testa. — Feno.
— Diga feno para o seu cavalo, Elly. — Ela me gira, e eu olho
diretamente nos olhos de Tristan.
Ele está aqui. Ele está aqui, em carne e osso, na minha frente.
Meu coração dá cambalhotas no meu peito.
Seus lábios se contraem quando ele registra meu choque.
— Você ficou? — Eu me aproximo dele e tento acalmar a
adrenalina que corre em minhas veias. — Eu pensei que você tinha. . . —
Estou muito animada e nervosa para pensar direito. — O barco não foi
consertado?
— Está consertado — diz ele, olhando-me diretamente nos olhos.
— Eu queria ver você de novo. Você saiu sem se despedir. — Seu sorriso
desliza ligeiramente.
— Oh! — Um guincho ridículo me escapa. — Você ficou por minha
causa?
— Você deixou oitenta euros na mesa de cabeceira. Você pensou
que eu deixaria você se safar com isso? Eu me senti como um prostituto.
Eu me inclino sobre o balcão, tentando me controlar. — Mas eu
pensei que você tinha negócios importantes em Londres?
— Eu faço — diz ele, impassível. — Mas percebi que tenho
negócios inacabados muito importantes em Mykonos. Há uma senhora
que come giroscópios de rua há semanas e ainda não foi jantar no
Botrini's. É um crime.
— Uh, eu. . . — Cristo, eu não posso falar.
Droga. — Eu não posso ir jantar esta noite — eu digo, consternada.
— Estou trabalhando até meia-noite.
— Acho que meus negócios importantes em Londres terão que
esperar ainda mais.
Oh.
— Eu não queria fazer você se sentir como um prostituto. — Eu
ri. — Eu guardei vinte euros de gorjeta, quatro euros por cada hora que
você passou no bar.
— Muito preciso. E com carga insuficiente, se você me perguntar.
— Ele sorri, puxa sua carteira e coloca uma série de notas de vinte euros
no bar. — Já que vou ter que tolerar essa merda por mais uma noite só
para estar na sua companhia, fica minha dica de antemão. Isso é por
cinco horas. Então espero que você me deixe mostrar o quanto eu gostei
da noite passada revivendo tudo de novo.
Eu engasgo um pouco quando engulo muito ar.
Jogue com calma, mulher.
— O que te dá tanta certeza de que o negócio está fechado? — Eu
pergunto desafiadoramente.
Ele ergue as sobrancelhas.
Ele estava certo. Eu sou toda conversa. O negócio estava fechado
no minuto em que ele pôs os pés no bar esta noite.
— Bem, se estamos jogando este jogo — Tristan começa com um
sorriso. — Ontem à noite descobri que não há nada mais quente do que
ver você gozar enquanto geme meu nome com seu adorável sotaque.
Então, esta noite, o que eu quero é fazer você gozar tão alto que todos os
quartos do hotel ouçam seus pequenos suspiros e gritos. Vale a pena
sentar neste bar suado vendo um bando de rapazes com metade da
minha idade vomitar uns nos outros por cinco horas. Parece um bom
plano?
Oh meu Deus. Isso é cinquenta tons de foda.
— Você parece um planejador completo — eu guincho.
— Sou direto, digo o que quero — ele continua com contato visual
inabalável.
Isso, ele faz.
— E eu consigo o que eu quero.
Solto uma risada, mas ele não está brincando. Este homem vai me
devastar esta noite.
Deus me ajude.
***
E ele consegue o que quer. Estou uma pilha de nervos quando ele
abre a porta do quarto do hotel com uma mão enquanto a outra
descansa na parte inferior das minhas costas. O contorno de seu pau é
visível através de suas calças, e me pergunto se meu corpo devastado
pode lidar com a segunda rodada tão rapidamente depois da noite
passada.
E assim, estamos atacando um ao outro novamente, mãos, línguas,
coxas por toda parte, tentando cobrir o máximo de superfície corporal
possível, como se ambos soubéssemos que esta pode ser a última vez.
Tirar nossas roupas como se estivéssemos pegando fogo até eu não usar
nada além de rímel.
Ele me empurra contra a parede, então não tenho para onde ir,
nenhuma maneira de escapar de sua ereção exigente empurrando para
o meu ápice. Meio me beijando, meio ofegante em minha boca, ele
desabotoa a calça jeans.
Ele não está esperando esta noite.
Deus, ele cheira fantástico. É um almíscar que quero levar para o
País de Gales. Eu puxo sua calça jeans para baixo sobre suas coxas
grossas, seu pau saltando livre, curvando-se para cima, e eu caio de
joelhos. Ele foi tão atencioso comigo ontem à noite. Era tudo sobre mim;
quero mostrar a Tristan que posso dar tão bem quanto receber.
Olhando para ele com olhos grandes, envolvo as duas mãos em
torno de seu pau e tomo ele em minha boca.
Ele solta um estremecimento que soa quase doloroso. — Faz
muito tempo.
Minhas mãos apertam ainda mais em torno de seu pau duro. Eu
impulsiono suavemente primeiro, então mais agressivamente quando
seus grunhidos baixos e roucos se tornam mais altos e seu aperto em
volta do meu cabelo fica mais forte.
Ele geme meu nome enquanto eu acelero, e eu envolvo minhas
mãos em torno de suas nádegas para que eu possa levá-lo o mais fundo
que puder. Empurrando-se mais fundo em mim, ele sibila quando atinge
o fundo da minha garganta a cada vez. Ninguém nunca fodeu minha boca
assim antes, e é tão bom estar no controle do prazer deste homem.
— Elena. — Ele geme. — Estou gozando. Eu vou gozar na sua boca
se você não me deixar sair — ele avisa, sua respiração irregular.
Eu inclino minha cabeça para cima para olhar perdido em seus
olhos. É tão sexy vê-lo perder o controle. Eu o puxo para fora da minha
boca bem na hora. Seus olhos, encapuzados com excitação, encontram
os meus e seu rosto se contorce em uma mistura de dor e prazer
enquanto um líquido quente espirra sobre meus seios.
— Eu não poderia — eu sussurro.
— Eu não espero que você faça isso.
Quando ele me levanta do chão, ele agarra minhas coxas e me puxa
para cima, então estou montando nele no ar. Ele nos leva lentamente até
a grande poltrona ao lado do espelho. Segurando-me em seus braços, ele
se abaixa na cadeira. Ele faz parecer fácil, como se eu não tivesse peso.
Eu monto em suas coxas, passando minha mão sobre seu peitoral; eu
posso sentir seu coração martelando em seu peito.
Ele exala uma respiração profunda e se dá longos movimentos
para cima e para baixo para reabastecer. Seu pau grosso ganha vida
novamente, cutucando a parte interna da minha coxa.
— Achei que homens mais velhos demoravam mais para se
recuperar.
— Homens mais velhos? — Ele murmura, batendo na minha
bunda. — Égua atrevida.
As piadas sobre cavalos de Megan inundam minha cabeça.
— Preservativo, armário — diz ele, apontando na direção da
gaveta do armário.
Eu ficaria chateada com o tom exigente se não estivesse com tanto
tesão. Salto de seu colo e corro até a gaveta, abrindo-a.
Ele está fazendo compras. Dois pacotes de preservativos fechados
brilham para mim. Abro um dos pacotes e tiro um círculo de prata.
— XL — eu li no pacote. — Não é de admirar que eu possa sentir
você até minhas costelas. Dois pacotes de doze?
Ele me dá um sorriso, meio terno, meio predatório. — Sou um
planejador meticuloso, lembra? Quando um homem conhece alguém tão
encantadora quanto você, ele quer estar dentro de você o tempo todo.
Reviro os olhos. — Não acredito que você acabou de se referir a si
mesmo na terceira pessoa.
— Estou falando em nome de todos os homens da terra. Agora
volte aqui e sente-se em cima de mim.
Engulo um nó na garganta enquanto ando em direção ao belo
homem, suas coxas masculinas bem abertas e esperando por mim.
Subindo em cima dele, pego seus pulsos e os seguro acima de sua cabeça.
Ele sorri maliciosamente para mim e me deixa prendê-los, embora
nós dois saibamos que ele poderia facilmente se libertar. — Você está
no controle — ele murmura. — Faça o que quiser comigo.
Com uma mão ainda segurando seus pulsos, pego seu pau com a
outra e corro para cima e para baixo na minha entrada, circulando sua
ponta ao redor do meu clitóris.
— Você gosta disso? — ele sussurra. — Eu amo sentir você em
cima de mim.
Eu dou um breve aceno de cabeça. Se eu continuar me
massageando, eu vou gozar. Forçando-me a parar antes de passar do
ponto sem volta, posiciono minha abertura diretamente sobre seu pau.
Eu me abaixo sobre ele, primeiro a ponta, depois deixando todo o seu
comprimento entrar.
Um rosnado baixo ressoa em sua garganta e suas mãos se fecham,
mas ele não as solta.
Eu abro minhas pernas ainda mais, então eu o engulo inteiro e
começo a subir e descer.
Droga. Este homem é a melhor cadeira de todos os tempos.
Seu rosto se contorce enquanto eu empurro agressivamente em
uma posição ideal para estimular meu clitóris.
— Muito rápido — diz ele em uma respiração gaguejante,
observando-me saltar para cima e para baixo. — Eu não vou durar.
Eu o ignoro. Eu controlo o ritmo, a profundidade, o prazer. Ele
gozará quando eu quiser, e agora, estou acelerando para chegar ao
clímax tão rápido que me sinto tonta.
— Elena — ele geme — não consigo parar.
Eu o aperto com força, possuindo-o. Com um gemido sufocante
final, todo o seu corpo fica rígido, e sua semente bombeia para dentro
de mim, derrubando-me sobre a borda. Estremeço sobre ele e gemo tão
alto que tenho certeza de que a equipe da recepção me ouviu dez
andares abaixo. — Oh. Meu. DEUS.
Suas mãos caem, e ele cai de volta na poltrona enquanto eu o tiro
de mim. O suor brilha em sua testa.
Ele passa o dedo pelo meu nariz. — Cuidado — ele murmura. —
Você me ganhou agora.
Engulo em seco, absorvendo suas palavras e encontrando os olhos
de um homem que eu sei que sempre consegue o que quer.
Eu o ganhei? Ele me pegou. Anzol, linha e isca.
CAPÍTULO SEIS

ELLY

— Eu não tenho nenhuma roupa chique apropriada para


restaurante — eu reclamo para Megan. Arrumamos todas as minhas
roupas na mala, assim como as peças extras que comprei aqui na ilha,
como cangas.
A situação é terrível. Quando eu estava saindo esta manhã, Tristan
perguntou se poderia me levar ao Botrini's.
Um encontro de verdade.
Estou uma pilha de nervos e empolgação, não apenas por ver
Tristan de novo, mas também por comer algo diferente de um gyro de
rua.
Megan dá de ombros. — Eu não sei por que você está tão
preocupada, ele parece preferir você sem roupa de qualquer maneira.
— Ela segura um colorido sarongue de praia contra meu peito. — Talvez
possamos fazer um top com isso?
— Você tem uma máquina de costura por aqui que não está me
contando? Eu tenho vinte minutos. Não consigo fazer um belo top com
um maldito sarongue. — Vasculho as blusas e pego uma blusa branca.
— Calças jeans, top branco. Vai ter que servir.
Ela acena com a cabeça. — Pelo menos é bom e apertado. Isso o
fará pensar em você nua. Esse é o objetivo, certo?
Eu puxo o jeans, desgastado nos tornozelos e joelhos, e puxo o top
branco sobre minha cabeça. Eu super compensei com maquiagem,
optando por um beicinho ousado com lábios vermelhos profundos e um
olhar felino sensual.
Eu teria preferido mais tempo e recursos para este encontro,
considerando que o homem mais emocionante que já conheci, com um
corpo que não desiste, só me viu em um berrante biquíni amarelo e
jeans.
Estou bem ciente de que meus dias estão contados. Um homem
como ele não vai ficar nesta ilha durante todo o verão para uma aventura
com uma mochileira. Esta será minha última noite com ele.
— Ele está na rua. — Megan está empoleirada na janela. — Oh, ele
parece delicioso. Você terá um deleite esta noite.
Meu coração vai do descanso para a corrida, só de saber que ele
está por perto.
Ela solta um assobio baixo.
— Megan, a janela está aberta. — Eu arrumo meu cabelo sobre
meus ombros uma última vez e mando um beijo para ela. — Me deseje
sorte!
— Você não precisa de sorte. Ele é um negócio feito.
Prendo meus tornozelos nos únicos saltos elegantes que tenho
comigo e desço as escadas.
— Traga-me algumas sobras, por favor! — ela grita atrás de mim.
Do lado de fora, Tristan está encostado na grade, tendo o que
parece ser uma conversa animada e raivosa ao telefone. Sua expressão
é estrondosa. Quando ele me vê, ele se acalma, e ele levanta o dedo para
sinalizar que logo desligará o telefone.
Sua testa se enruga em uma carranca profunda enquanto ele tenta
manter seu tom controlado. O que está acontecendo com esse homem?
Não sou estúpida, sei que há coisas que ele não está revelando para mim,
mas não posso pedir a ele que revele tudo depois de dois dias.
— Desculpa. — Tristan caminha em minha direção. Ele parece
delicioso. Ele está de jeans e uma camisa branca que esculpe bem as
partes de seu corpo super-heróico.
Vou aproveitar esta refeição esta noite.
— Você está alta esta noite. — Ele envolve as mãos em volta da
minha cintura e me puxa para um beijo, línguas e tudo.
Eu arfo um pouco. Tenho um metro e setenta e cinco sem salto. Ele
ainda se eleva sobre mim; ele deve ter pelo menos um metro e oitenta.
— Desculpe, estou vestida tão casualmente. Meu itinerário de mala não
atendeu a restaurantes cinco estrelas. — Não admito para ele que não
tenho roupas chiques, ponto final.
— Você é perfeita do jeito que você é. Não importa o que você
veste. — Ele pega minha mão. — Devemos ir? Arranjei um carro para
nós.
***

— Então, você come tudo. — Seus olhos se enrugam sobre a


pequena mesa adornada com velas. — Eu vou cobrar isso de você.
Isso foi uma mentira completa. Eu tenho a doença de Crohn, um
tipo de doença do intestino irritável, mas não parece uma revelação no
primeiro encontro. Na maioria das vezes, consigo controlá-la se tiver
cuidado com minha dieta. Mas está sempre no fundo da minha mente.
Quando um dono de restaurante me pergunta se eu quero um assento
na janela, eu sempre digo: “Não, eu gostaria de um ao lado do banheiro,
por favor”. É o mesmo com aviões e trens. Um olho está sempre
observando a fila do banheiro.
Não posso fazer isso esta noite.
Eu não esperava que o Botrini's fosse tão pitoresco. Eu estudo o
cardápio, salivando. Estou me arrependendo de usar esses jeans
apertados.
Espere, e se estivermos dividindo a conta? Eu não deveria
presumir que ele está pagando, deveria?
— Que tipo de vinho você gosta? — Tristan pergunta.
Que tipo de vinho eu gosto? Eu só tive alguns anos sólidos
bebendo vinho. Megan e eu escolhemos nosso vinho pela porcentagem
de álcool, então acho que isso me torna mais uma ignorante do que uma
conhecedora de vinhos. Meu conhecimento termina em vermelho,
branco, rosa e laranja. Embora eu nunca tenha provado laranja. — Você
decide — eu digo.
— Vou pedir uma garrafa de Chateau Mouton Rothschild 1989. —
Ele fecha seu cardápio de forma decisiva. — Você vai amar.
Examino a lista de vinhos tentando encontrá-lo. — Quanto isso
custa? — Eu pergunto timidamente. Vinho mais velho que soa muito
caro.
Ele parece ofendido. — Eu estou pagando, Elena. Eu chamei você
aqui.
Deixei escapar um suspiro. Fantástico. Nesse caso, não vou me
ater ao vinho da casa. — Por que tenho a sensação de que você sempre
gosta de estar no controle, Tristan?
Seus olhos escurecem e ele se recosta na cadeira. — Feliz por você
assumir o controle total esta noite.
Eu sorrio docemente de volta. — Feliz também.
O garçom se aproxima de nós, cumprimentando-nos em inglês.
Tristan começa a falar, mas coloco a mão sobre a dele e me dirijo ao
garçom em grego, pedindo o vinho.
— Então, eu estou no controle, hein? Isso significa que você confia
em mim para pedir comida para nós?
— Seja minha convidada.
Eu começo uma conversa completa com o garçom, levando meu
vocabulário grego ao limite.
Tristan observa meu rosto intensamente, como se eu fosse a
pessoa mais importante no restaurante - não, esqueça isso - nas Ilhas
Gregas. Quando o garçom sai, ele se inclina para frente com um brilho
faminto nos olhos. — Há algo insanamente sexy em uma mulher estar
no controle. Particularmente multilíngue.
Missão cumprida.
Meus olhos se arregalam. — Merda! Eu nunca perguntei se você
tem alguma alergia?
— Sem alergias. Apenas vícios. — Ele pisca. — Por mulheres
multilíngues galesas croatas de tirar o fôlego.
Reviro os olhos quando o garçom volta com nosso vinho de meia-
idade. — Muito extravagante.
— Desculpa. — Ele dá de ombros enquanto o garçom serve. —
Ainda é verdade. — Com a testa franzida em uma linha séria, ele pega a
taça de vinho pela haste e a inclina para examiná-la à luz. Satisfeito, ele
gira e cheira antes de tomar um gole.
Penso no vinho do supermercado em uma caixa que bebi e que
você não quer ver, cheirar ou provar; você apenas deixa fluir através de
você.
Eu sigo o exemplo, tentando beber o vinho como uma adulta.
Inclino a taça e finjo estudar o vinho. Não tenho ideia do que estou
procurando, então pulo para o próximo estágio e tomo um grande gole.
Desliza pela minha garganta mais suave do que o vinho do
supermercado. Teste aprovado.
Tristan se inclina para frente, apoiando seus fortes antebraços na
mesa. — Se você gosta desse vinho, podemos fazer uma degustação de
vinhos amanhã. Há uma adorável do outro lado da ilha.
Meus olhos se arregalam. Há um amanhã para nós?
— Não posso — digo, desapontada, mas feliz por ele também
parecer desapontado. — Prometi a Megan que iria para Delis Island.
Para ver as ruínas? Ela quer pintá-las.
— A fotógrafa e a pintora. — Ele sorri. — Fico um tanto surpreso
que você queira ser advogada.
— Temos essa visão romântica de viajar o mundo inteiro
pintando e tirando fotos, depois vamos abrir uma galeria de arte e
vender nosso trabalho. Por milhões, naturalmente. — Reviro os olhos.
— Mas eu não sou tão boa assim, é só um hobby. Megan é realmente
talentosa. Ela pintou alguns belos trabalhos em Mykonos.
— Tenho certeza que você encontrará um equilíbrio entre o
melhor dos dois mundos. Corporativo e criativo.
— Veremos. No momento, estou apenas tentando conseguir um
contrato de estágio jurídico. — Tomo um gole de vinho. — Então, me
conte sua história, Tristan. Você disse que trabalha com imóveis?
Sua mandíbula se flexiona. — Eu compro e vendo propriedades
com dois amigos meus. Um é um desenvolvedor em tempo integral.
— Você está aqui na Grécia para comprar alguns? — Eu pergunto.
Ele se mexe em seu assento. — Não. Embora parte da arquitetura
seja realmente impressionante.
Eu espero que ele elabore, mas ele não o faz. É como tirar sangue
de uma pedra. — Você é sempre um livro tão fechado?
Ele solta um suspiro tenso, então sua grande mão envolve a minha.
— Sinto muito, sei que estou sendo evasivo. Há partes da minha vida que
são... complicadas agora. Eu não queria conhecer ninguém nesta viagem.
Então, eu não pensei sobre isso. Eu não estava preparado para
responder a perguntas.
Desconforto rola em volta do meu estômago. Ele é casado?
Ele aperta minhas mãos com mais força quando vê meu rosto cair.
— Mas eu gostaria de ver você de volta ao Reino Unido quando
chegar em casa. Assim podemos nos conhecer melhor.
Meus pés dançam sob a mesa.
— Eu entendo se você não quiser me ver depois disso — ele
acrescenta. — Eu sou mais velho que você e, acredite, perseguir uma
graduanda gostosa me faz sentir como um clichê, mas... vamos apenas
dizer que não tenho certeza se seria capaz de desistir de você tão
facilmente.
— Eu não entendo. — Eu balanço minha cabeça. — Você está
dizendo que quer... sair comigo?
Ele franze a testa. — Sim, porque não?
Eu balanço minha cabeça. — Você é claramente um cara bem-
sucedido e bem estabelecido. Eu apenas pensei que você estaria mais
interessado em alguém que tem suas coisas sob controle.
Seu olhar percorre meu rosto. — Você é mais impressionante do
que acredita. E faz muito tempo que não conheço alguém que me faça rir
tanto quanto você.
Meu rosto esquenta. — Diz o cara que tem um iate para a garota
com baratas invasoras.
— Baratas e uma habilidade incrível de desviar de todos os
elogios. — Ele acaricia meu cabelo. — Você é minha pequena bola de
estresse.
Eu franzo o rosto. — Eu te lembro de uma bola de estresse? Isso
não soa muito sexy.
— É muito sexy. E exatamente o que eu preciso agora. — Ele me
olha com impaciência. — Agora você vai me dar o seu número?
Um grito excitado irrompe da minha garganta. — Eu só tenho um
número grego agora — eu explico, empurrando meu telefone sobre a
mesa. — Perdi meu telefone do Reino Unido dois dias antes de chegar à
Grécia.
Qual é o oposto de um smartphone? Isso é o que é o meu. Ele pega
seu telefone da última edição e coloca meu número do telefone idiota.
— Sabe, tenho contatos que são sócios seniores de alguns
escritórios de advocacia em Londres. Dawson Law? Posso marcar uma
entrevista para você quando chegar em casa.
Meus olhos dobram de tamanho. — Sério? Oh meu Deus, isso seria
incrível. — Dawson Law é um dos principais escritórios de advocacia do
Reino Unido. Não o principal. Isso é Madison Legal, onde eu
eventualmente quero acabar. Mas eu ficaria feliz em trabalhar na Law
Dawson. Esse cara é o presente que continua dando. . . comida com
estrela Michelin, meu melhor orgasmo, agora isso?
Nós rimos e conversamos por horas através do menu degustação
de 11 pratos que eu pedi para nós. Sim, eu queria que essa refeição
durasse e estou compensando três semanas de gyros.
A conversa é tão fácil. A certa altura, eu rio tanto de algo que ele
diz que cheiro vinho pelo nariz. Achei que ele seria o tipo de cara que só
vai atrás de mulheres sensuais no topo da carreira, que tenham tudo sob
controle, morem sozinhas e saibam quantos graus inclinar a taça de
vinho. Não eu. Talvez seja por isso que me apresentei usando meu nome
completo e não apenas Elly.
Lentamente eu o desgasto, pegando fragmentos de sua vida. A
imagem está se formando, mas ainda há grandes partes do quebra-
cabeça que não consigo montar. Seja qual for a causa de sua angústia nos
últimos dias, ele não está revelando nada.
As coisas boas vêm para aqueles que esperam.
Eu? Eu sou um livro aberto. Seus olhos brilham de interesse
enquanto converso sobre minha graduação, a vida como estudante,
minhas esperanças e medos, nossos planos de viajar de ilha em ilha.
Algumas horas depois, é um hat-trick4. Três noites gloriosas de
sexo premiado seguidas da mais doce conversa de travesseiro de todos
os tempos. Mais do que eu tive na minha vida. Obrigada, deuses gregos.
***
Eu felizmente mergulho a escova no vaso sanitário e dou descarga.
Nem mesmo a rica bailarina e suas exigências agressivas passivas
podem tirar o sorriso do meu rosto hoje.
Ele quer me ver de novo.

4
Significa 3 gols consecutivos.
Cantarolando para mim mesma, vou até a banheira e puxo seu
cabelo para fora do ralo.
Depois que Dimitris nos pagar hoje, podemos educadamente dizer
a ele para enfiar o cartaz e a escova no rabo. Podemos economizar
dinheiro suficiente trabalhando no bar para tirar as poucas semanas de
folga que queríamos no final da viagem para passear pelas ilhas.
— Banheiros prontos! — Eu chamo alegremente.
— Estarei lá em cima no convés. — Ela sorri para mim e pega um
par de óculos escuros da mesa e os coloca na cabeça. De short e biquíni,
ela exibe uma figura que não pode ser ignorada. Faço uma anotação
mental para começar a fazer agachamentos todos os dias.
Eu começo a trabalhar na cozinha. Migalhas pintam a superfície da
barra de café da manhã como se ela deliberadamente jogasse comida
para me dar trabalho. Seja como for, está tudo bem. Abro a torneira de
água quente para encher a pia. Atrás de mim, duas vozes animadas, a
dela e a de um homem, ficam mais altas à medida que descem as escadas
para o convés inferior.
Quando me viro para ver quem está com ela, meu coração esvazia
sua cavidade.
Não é o cara que vi a bordo outro dia.
Tristan.
Meu Tristan.
Seu queixo cai quando ele me reconhece, assim como o meu.
Ficamos congelados, olhando um para o outro.
Ele está de mãos dadas com o filho dela.
Seu filho?
Seu rosto fica branco. — Elena.
Mas isso significa. . .
— Você é casado — eu engasgo. A cena não poderia ser mais clara
se alguém desenhasse uma cerca e um cachorro ao redor.
Ele pisca rapidamente. — Não é o que parece.
Eu fico rígida, sem me mover, sem respirar.
Isso não está acontecendo.
A bailarina olha entre nós, estreitando os olhos. — Você não pode
estar falando sério. Você fodeu com a faxineira? A faxineira?
Tristan se vira abruptamente para ela. — Não aqui, Gemina, não
na frente de Daniel.
— Maldito seja, idiota — ela ruge para Tristan, fazendo com que
o filho comece a chorar. A bailarina corre para frente e empurra o peito
duro de Tristan. — Você acha que pode me humilhar? Não!
Com um movimento rápido de seu braço sobre o balcão do café da
manhã, ela joga dois pratos no chão, quebrando-se em pedacinhos.
Eu pulo cerca de dois pés no ar.
Tristan dá um passo para trás, atordoado, então se recupera. —
Não faça isso na frente de Daniel — ele implora. — Sara! — ele ruge na
direção da escada. — Você pode levar Daniel para dar uma volta? Daniel,
suba com Sara. Está tudo bem, mamãe e papai só precisam conversar.
Mamãe está um pouco chateada.
Daniel fica parado, olhos fechados, boca contorcida, soltando um
gemido que poderia rasgar seus ossos.
Eu sinto vontade de fazer o mesmo.
Apenas saia daqui. Processe isso mais tarde. Com as mãos trêmulas,
pego meus pertences e coloco a mochila nos ombros.
Soltando uma série de palavrões, a esposa pega um terceiro prato
e o arremessa em Tristan, errando-o por um centímetro. Ele bate com
força contra a parede atrás dele.
— Gemina! — ele sibila com os dentes cerrados. — Daniel, suba.
Que porra? Não pedi assentos na primeira fila na produção teatral
de O Exorcista. Esta mulher está levando longe demais a tradição grega
de quebrar pratos.
Eu passo correndo, saindo da linha de fogo da mulher furiosa.
Ela volta sua ira contra mim enquanto eu escapo. — Você não é
ninguém, menina! Só mais uma aventura — ela grita enquanto eu
tropeço nos degraus. — Ele só está tentando me deixar com ciúmes!
Sara, a babá, passa por mim na escada, lançando-me um olhar
fugaz de pânico.
Chego ao convés e sinto uma mão forte me puxando para trás.
— Espere — Tristan implora, segurando-me em seu aperto. —
Não é o que parece. Você precisa me deixar explicar.
Eu me recuso a deixar as lágrimas caírem. Eu me encolho com seu
toque e dou um tapa forte em seu rosto. Tão forte que soa como um
chicote. — Foda-se, Tristan! — Minha voz tem um tremor incontrolável.
— Não se aproxime de mim de novo!
Desço daquele barco mais rápido do que um corredor olímpico e
corro pelo cais, ignorando seus gritos de meu nome atrás de mim.
Quando viro a esquina, a represa se abre e eu choro
incontrolavelmente na rua, ignorando os olhares de turistas aleatórios.
Meu telefone idiota apita. Com as mãos trêmulas, desbloqueio o telefone.
— Onde você está? Deixe-me explicar. Por favor.
Limpando o ranho do meu rosto, clico em seus detalhes de contato
e clico em bloquear. Que gama de emoções eu passei em um único dia.
Como ele pode? E como pude ser tão facilmente enganada? Eu me
agarrei a cada palavra que ele estava dizendo. Eu pensei que era mais
esperta do que isso.
Não. Sou apenas uma garota ingênua que confundiu uma
brincadeira de férias com um conto de fadas.
Se é disso que se trata o salto pelas ilhas, estou pronta para pular
de bungee jump deste lugar.
Uma coisa ele não mentiu: ele é um clichê. E agora, ele me fez um
também. A jovem estúpida que se apaixona pelo playboy mais velho que
leva uma vida dupla.
Ele me fez ser uma amante aos vinte e quatro anos.
CAPÍTULO SETE

ELLY

SETE MESES DEPOIS

Meus ouvidos são agredidos pela cama rangendo e uma cabeceira


batendo contra a parede no andar de cima. O ritmo acelera, seguido por
dois gemidos altos, um masculino, um feminino.
Esse cara nunca para? É meio da semana, nem mesmo o fim de
semana.
Aquele é Frank o Fodedor, um dos meus colegas de casa, lá em
cima. Não conversamos muito, mas sei detalhes íntimos de sua vida
amorosa, como um espião doente. É a coisa mais próxima que tenho de
uma vida amorosa. Isso e ouvir as raposas acasalando no jardim. Tem
havido uma seca desde ele.
Meu telefone diz seis da manhã
Sinto-me atordoada como se tivesse adormecido dez minutos
atrás. Estou acordada? Não tenho certeza. É tão difícil levantar quando
está escuro lá fora.
O primeiro alarme de Megan dispara na porta ao lado. Ela não vai
acordar; ela nunca faz. Seu botão de soneca é ativado mais vezes do que
uma prostituta. Os alarmes vão disparar a cada dez minutos até eu
acordá-la. Eu, por outro lado, acordo com o primeiro alarme dela.
Megan e eu moramos em uma casa compartilhada em Tooting, no
sul de Londres, com seis estranhos aleatórios. Nós nos mudamos do País
de Gales há algumas semanas e foi um choque cultural. A única regra que
você aprendeu é 'cuidar da brecha' no subsolo. Megan e eu tivemos que
pegar os outros da maneira mais difícil, como ficar do lado DIREITO da
escada rolante. Ficar à esquerda lhe renderá uma bronca. Além disso,
tenha sempre seu ingresso pronto na barreira e não hesite. Na verdade,
qualquer pontilhamento dentro das zonas de Londres não é permitido.
E aquele que quase me matou - alguns ciclistas são daltônicos e
não conseguem ver sinais vermelhos.
A casa é vitoriana de três andares construída para uma família
grande, não para oito inquilinos separados vivendo vidas separadas.
Irônico, dado que nossa configuração é como a casa compartilhada da
faculdade, exceto que agora pagamos três vezes o aluguel. Como oito
estranhos podem saber detalhes tão íntimos um do outro? Conheço o
gemido de orgasmo de Frank o Fodedor, quatro pessoas na casa formam
um coro noturno de roncos e todos sabem que tenho doença do intestino
irritável. Nós mal conversamos, mas caminhamos para o chuveiro em
nossas toalhas. Rafal, o polonês que mora no andar de baixo, nem se
preocupa em cobrir as nádegas.
Eu me forço a sair da cama, bato na parede de Megan para acordá-
la e pego meus produtos de higiene pessoal. Isso é o que acontece com
as casas compartilhadas, você tem que manter tudo no seu quarto, ou
eles desaparecem. Saindo na ponta dos pés para o corredor, tento abrir
a porta do banheiro em nosso andar. Droga. Alguém é ainda mais
madrugador do que eu. Desço as escadas, evitando a tábua rangente
para verificar o outro banheiro. Bingo, está livre.
Exceto pela surpresa no banheiro olhando para mim. Estou
totalmente confusa. Rafal tem mãos; eu o vi usá-las para roubar minha
comida da geladeira. Ele não pode aprender a usá-las para dar descarga?
As alegrias da vida comunitária são que ninguém pode tomar
banho simultaneamente. Alguém está monopolizando toda a água do
banheiro no andar de cima, então eu me viro como uma galinha assando
no espeto na tentativa de me lavar com meu drible atribuído.
Estou muito nervosa. Este é o primeiro dia do meu contrato de
estágio de dois anos na Madison Legal. A Madison Legal, o escritório de
advocacia de maior prestígio no Reino Unido! Também notoriamente
competitivo, então estou muito orgulhosa de mim mesma. A Madison
Legal não espera apenas que você tenha um diploma com honras de
primeira classe. Não, você deve ser um ser humano excelente e
completo. Daí meu extenso trabalho de caridade no ano passado.
Claro, eu não dei continuidade à oferta de indicação do babaca
mentiroso e traidor. Nunca trabalharei para Dawson Law se souber que
ele tem amigos lá.
Enrolo minhas meias nas pernas e inspeciono o produto acabado
no espelho. O conselho on-line para os advogados foi 'mantenha a
simplicidade com um terno neutro sob medida ou um vestido justo
atemporal.' Estou em um vestido preto com uma bolsa de couro falso de
grife.
Eles vão perceber que sou uma fraude?
A casa começa a ranger quando as pessoas acordam. Eu bato na
porta de Megan uma última vez antes de descer as escadas. Ela começou
em um salão de cabeleireiro no norte de Londres há duas semanas,
promovida a estilista sênior. O trajeto está matando-a. São apenas
quinze milhas, mas leva uma hora e meia de porta em porta.
Isso é Londres para você.
Abro minha caixa de pão, ignorando os excrementos do jantar da
noite anterior no balcão da cozinha. Não há tempo para ficar irritada
com o curral esta manhã.
O caro pão sem glúten que comprei ontem acabou. Bastardos
ladrões! De agora em diante, vou lamber cada fatia de pão na frente e
atrás.
Pego uma xícara no armário de cima.
O que . . .?
Está tão sujo que é melhor jogar o café direto na minha cara.
Café da manhã abortado.

Quando chego à estação de metrô Tooting, são 7h20. Minha


barriga está cheia de borboletas. Posso fazer isso todos os dias até a
aposentadoria? Foi uma missão apenas passar o vestido.
A velocidade média de caminhada por hora é de três a seis
quilômetros; os londrinos aceleram para um mínimo de 1000 cavalos de
potência na hora do rush, então ou você acompanha ou vai acabar
pisoteado no chão.
Eu me junto à luta para embarcar no trem. Como pode a Linha do
Norte já estar tão movimentada? É incrível a que nos sujeitamos na hora
do rush. Em qualquer outra circunstância, eu não me permitiria ser
assada no espeto entre dois estranhos. No metrô, somos apenas uma
grande massa raivosa de germes, saliva, suor e muito pior.
Meu telefone vibra quando me aproximo da parada da sede do
Departamento Jurídico da Madison. Certamente mamãe lembrou que
este é meu primeiro dia de trabalho? Não, é Megan me desejando boa
sorte.
Emergindo vitoriosa do mar de passageiros de Londres, desço a
Fleet Street, o coração dos escritórios de advocacia de elite de Londres.
Então eu estou de pé na frente dele.
Sede da Madison Legal em Londres. Sexy em tijolos. Não sou eu que
estou exagerando; ganhou o prêmio de 'espaço de escritório mais sexy
de Londres' no ano passado. Mesmo que você não seja advogado,
conhecerá o prédio, graças à sua arquitetura sexy.
O imponente prédio de vinte andares com o logotipo elegante me
encara desafiadoramente.
Sigo a multidão pelas portas giratórias até o elegante saguão com
pé-direito duplo e sou arrastada para a grande área de recepção no
canto mais distante.
— Oi — eu guincho para a morena atrás da mesa. — Vou me
encontrar com o RH às 8h30.
Atrás dela está um aquário que se estende do chão ao teto. Ela me
dá um sorriso brilhante. Eu me pergunto se a Madison Legal está
pagando para clarear os dentes. — Nome, por favor?
— Elly. . . Elena. — Eu mostro minha identidade conforme
instruído no e-mail.
Seus olhos voam para a tela, em seguida, de volta para mim. — Ok,
Elena. Pegue o elevador à sua direita até o décimo andar. — Ela sorri
gentilmente para mim e entrega o passe.
Depois de alguns golpes nas barreiras, estou em um elevador com
o enxame de funcionários da Madison. A cada andar, meus níveis de
ansiedade aumentam.
Essas pessoas poderiam escrever o manual sobre o código de
vestimenta do advogado.
O elevador abre e estou no décimo andar. Sou saudada por uma
vista da Catedral de St Paul's através de janelas do chão ao teto. Puta
merda... este é o meu escritório? As pessoas pagam um bom dinheiro por
essa vista.
Um homem bem vestido está esperando nos elevadores.
— Olá, sou Elena Andric.
Ele estende a mão, que eu pego com relutância, cansada de minhas
glândulas sudoríparas trabalharem horas extras. — Sou Jeremy, um dos
chefes de RH.
Trocamos gentilezas de tal maneira que me diz que Jeremy está
cansado de cumprimentar os novos recrutas. Eu o sigo até uma sala
onde cerca de vinte pessoas estão circulando, algumas parecendo tão
nervosas quanto eu.
Não sou boa em networking5. Não consigo trabalhar num sala
como a Megan consegue. Preciso me aquecer e concentrar minha
energia em um pequeno número de pessoas até me sentir segura em
números. Então eu fico desajeitada no canto, alisando meu vestido. Há
outra garota com a mesma tática se refugiando ao lado da mesinha de
café. Jogamos o jogo tímido, sorrindo uma para a outra e desviando o
olhar até que eu tenha coragem de me aproximar.
— Olá, sou Elly.
— Eu sou Amy. — Ela parece aliviada.
— Você também está no programa de estágio? — Eu pergunto.
Pergunta estúpida, claro, ela está.
Ela acena com a cabeça. — Todos nesta sala estão. Você está
nervosa?
— Apavorada — eu admito.
— Eu também — ela sussurra. — Mas temos muitas
apresentações hoje como parte do programa de integração de
funcionários, todas as coisas administrativas, visita ao escritório, boas-
vindas à empresa etc. Acho que será um começo tranquilo.
Suas palavras me fazem relaxar um pouco.
Há um rugido surdo ao redor da sala enquanto esperamos que
algo aconteça. A mesma conversa ecoa em cada reunião. Qual o seu
nome? Oh, isso é legal. Em que universidade você foi? Oh, isso é legal.
Jeremy pigarreia alto. — Vamos para a sala cinco agora para
iniciar o programa de introdução, 9h será a apresentação do
Departamento Jurídico de Madison, 10h, missão e valores corporativos,

5
Networking é o compartilhamento de informações ou serviços entre pessoas, empresas ou grupos. É
também uma maneira de os indivíduos aumentarem seus relacionamentos para seu trabalho ou
negócio.
11h, nosso CEO e sócio-gerente, Sr. Kane, dirá algumas palavras para
dar-lhe as boas-vindas à firma.
Parece que Amy está certa, hoje vai ser fácil. Apenas relaxe, ouça
e faça anotações.
— Considerem-se sortudos — continua Jeremy. — Sr. Kane
raramente tem tempo para fazer isso. Estamos extremamente honrados
hoje.
— Oh. — Amy me cutuca nas costelas com o cotovelo. — Tristan
Kane está falando conosco!
Eca. Eu odeio esse nome. Ainda assim, não posso usar o erro de
um homem contra todos eles.
Duas horas e uma apresentação da visão corporativa depois,
minha atenção está diminuindo. Temos dois dias inteiros de pessoas
conversando conosco para passar. Amy e eu conseguimos lugares na
primeira fila. Tomo um grande gole de café para me animar, pois tenho
que parecer mais atenta ao CEO a seguir. Estamos esperando quinze
minutos por ele até agora.
Há uma batida e uma mulher enfia a cabeça pela porta. — Ele está
pronto agora.
Jeremy sorri para nós. Todas as cabeças se voltam para o fundo da
sala para dar uma boa olhada no homem entrando atrás da mulher. Não
consigo ver o rosto dele da primeira fila. Enquanto estico o pescoço,
avisto uma barba por fazer em torno de um maxilar cinzelado. Só
quando ele está na metade do corredor que meu sangue gela.
Oh. Meu. DEUS.
Não pode ser.
É ele.
Ele não pode ser. . .
— Nosso sócio-gerente e fundador da Madison Legal, Sr. Tristan
Kane. — Jeremy bate palmas fervorosamente e a sala segue o exemplo.
Eu movo minhas mãos juntas, mas nenhum som sai.
Isso não faz sentido. Ele me disse que trabalhava com imóveis.
Mas ele era um mentiroso.
O medo se infiltra em todos os poros do meu ser. Meus olhos estão
me enganando? Cerca de oito milhões de pessoas vivem em Londres,
uma delas certamente se parecerá com ele.
Ele está mais perto agora.
Não, definitivamente fodi com ele.
A fonte da minha linha de produção de três dias de orgasmos que
elevou meus níveis de oxitocina às paradas. Meu Viagra natural. O cara
que eu pensei que era uma aventura, então pensei que era um interesse
amoroso, então percebi que era um bastardo traidor mentiroso.
O cara que me fodeu forte e depois me fodeu.
Minha resposta de luta ou fuga entra em ação pela segunda vez em
torno de Tristan, que agora conheço como Tristan Kane, CEO. E pela
segunda vez, o voo quer vencer. Preciso escapar, me esconder, entrar
em combustão, acelerar o tempo, acionar um falso alarme de incêndio,
assustar com uma bomba. Algo. Qualquer coisa.
Em vez disso, afundo em minha cadeira, mas na primeira fila
estarei bem em sua linha de visão. O que ele vai fazer quando perceber
que sou eu?
Rescindir meu contrato de estágio?
Isso está tão confuso.
Aperto meu bloco de notas contra o peito como uma armadura. Eu
me pergunto se eu poderia colocá-lo na frente do meu rosto e fingir que
faço anotações. No momento em que o proprietário desta forte empresa
global de 8.000 funcionários chega à frente da sala, sinto tremores nas
mãos e nas pernas. Respire, Elly. Respire. Ele pode até não me reconhecer
ou se lembrar de mim. Ele provavelmente teve um milhão de casos de
uma noite desde então.
Longe vão os jeans e a camiseta e, em seu lugar, está um caro terno
azul escuro sob medida. Molda-se perfeitamente ao seu físico atlético.
Imagino meus dedos correndo por ele e me bato mentalmente. Eu não o
estava construindo na minha cabeça. Ele é lindo de morrer. Às vezes,
acho que o imagino diferente, melhor.
Quando aqueles intensos olhos azul-acinzentados que
assombravam meus sonhos colidem com os meus, meu coração para.
Oh. Ele me reconhece bem.
É como se estivéssemos presos em um vórtice, nossos olhos
puxando um para o outro.
Suas sobrancelhas se erguem, um sorriso lento se espalhando em
seu rosto.
Eu olho para os meus pés, incapaz de manter contato visual. Um
rubor profundo impregna minhas bochechas, espalhando-se até que
minhas orelhas fiquem impossivelmente quentes. Talvez eu vá entrar
em combustão depois de tudo.
— Olá. Sou Tristan Kane, sócio-gerente e fundador da Madison. —
Há aquela voz baixa e seca. A voz que faz minha respiração acelerar.
Quantas noites sonhei com um novo final feliz para nossa história, onde
aquela voz dizia exatamente o que eu queria?
Agora ele está aqui, em carne e osso, no meu pior pesadelo
possível.
Se minha presença o perturbou, ele não demonstrou. Em vez de
ficar atrás do pódio, ele apenas se inclina na frente dele, a alguns metros
de distância.
Olhando diretamente para mim.
Estúpida nerd, Elly. Sentada na primeira fila. Muito perto. Ele
poderá ouvir meu pulso de lá.
Estou muito nervosa para me concentrar no que ele diz. Tudo o
que posso ver é a postura aberta daquelas coxas grossas, a postura
relaxada e sua respiração fácil enquanto ele faz um discurso sem pressa
e me pergunto como ele pode estar neste ridículo estado de calma
quando preciso de uma maldita ambulância?
Concentro-me em meu caderno, fazendo algumas anotações
inúteis sobre a visão da empresa.
— Este é um contrato de estágio intensivo de dois anos. . . — Ele
se inclina contra o pódio, com as mãos nos bolsos.
As pessoas ao meu redor se inclinam tanto para frente em seus
assentos que correm o risco de cair. Exceto por mim, estou rolando
minha cabeça no pescoço, personificando uma tartaruga.
Eu estava esperando um velho rabugento. Por que não pesquisei
o dono da Madison Legal? Eu estava muito ocupada procurando em
fóruns informações sobre como entrar no Madison Legal e quais eram
as perguntas da entrevista. Embora eu verifiquei o site e teria me
lembrado se aquele rosto o enfeitasse.
— Vocês obterão uma ampla gama de experiências e poderão
acompanhar alguns dos advogados mais competentes do mundo — diz
ele. Seus dedos tamborilam levemente contra o pódio.
Vou perseguir esse desgraçado online quando chegar em casa.
Ele continua falando, mas não consigo ouvi-lo. Talvez eu comece a
solicitar outros contratos de estágio também. Dawson Law também me
ofereceu um.
— Se você quer ser um advogado atrás da mesa, que embaralha
papéis, então você deve sair pela porta agora.
Estou na linha de visão com o pau dele. Eu encaro sua virilha,
tendo flashbacks. Para meu horror, deixo cair minha caneta e ela rola
pelo chão parando perto de seus pés. E se ele achar que estou tentando
chamar a atenção dele?
Ele continua falando sem perder o ritmo, mas se inclina para
recuperar o item ofensivo e caminha em minha direção. Aqueles
intensos olhos azuis focam em mim, os mesmos olhos que olhavam para
mim enquanto ele me devorava.
Eu inspiro bruscamente. Metade do meu corpo está em pânico
total e a outra metade está morrendo de vontade de transar.
Com uma sobrancelha levantada, ele fica bem na minha frente e
me oferece a caneta. Quando estendo a mão para pegá-la com a mão
trêmula, seus dedos tocam os meus.
Ao meu lado, Amy me lança um olhar engraçado.
— Então chega de Madison. — Tristan caminha lentamente pela
sala, colocando as mãos de volta nos bolsos.
Bastardo presunçoso e arrogante, andando como se fosse o dono
do lugar. Porque o filho da puta é.
— Quero que cada um de vocês faça uma breve introdução, para
que eu possa conhecê-los um pouco melhor.
Apenas quando eu pensei que não poderia ficar pior. Eu mastigo
minha caneta com força.
Ele começa no fundo da sala, o que significa que serei uma das
últimas, dando-me muito tempo para entrar em frenesi. Por sua vez,
todos dizem seu nome, de onde são e de que universidade vieram. Como
se fosse a tarefa mais fácil do mundo. Logo é a vez de Amy. Eu ouço sua
voz ao meu lado como se eu estivesse debaixo d'água.
Eu não posso fazer isso.
Respiro fundo e lentamente com a boca do estômago, conforme
recomendado em minhas aulas de oratória.
É a minha vez. Eles não percebem que eu não posso falar?
— Hum — eu começo em um tom muito alto. — Uh, oi, eu sou
Elena Andric. Elly para abreviar. Mudei-me do País de Gales para
Londres há duas semanas para ingressar na Madison. Estudei Direito e
Criminologia em Swansea. — Eu não respiro durante todo o discurso.
Mas você já sabe de tudo isso, Sr. Kane.
— Elly — ele repete lentamente, parando na minha frente. — É
bom ter você na Madison.
Estou pegando fogo agora, o calor em minhas bochechas o
suficiente para fritar salsichas.
Tão legal quanto um CEO, ele passa para o próximo estágiario.
Pelos próximos quarenta e cinco minutos, sento-me rígida
enquanto a sala absorve cada palavra que sai da boca deliciosa daquele
chefe bastardo mentiroso e destruidor de corações.
Só quando ele sai da sala, caminhando para outra reunião, consigo
respirar direito.
Amy se vira para mim, ambas as mãos voando para a boca. — Ah,
não, Elly! Você tem tinta na boca toda.
***
MESMO DIA DESASTROSO, APENAS MAIS TARDE

Eu sou um desastre trêmulo. Após as introduções, sou conduzida


à minha mesa e apresentada a Sophie, a advogada que Amy e eu
estaremos acompanhando. Ela explica tudo para nós no ritmo de um
caracol sem ser paternalista, então eu instantaneamente esquento com
ela. Eu entro no meu e-mail pela primeira vez e orgulhosamente defino
minha assinatura.
Elena Andric, Madison Legal.
Um e-mail aparece na caixa de entrada que me faz pular na
cadeira.
Elena (ou Elly?)
Espero que você esteja se adaptando bem. Preciso discutir
um assunto com você.
Estarei esperando você em meu escritório às 5h de hoje.
Por favor, trate isso como confidencial. Meu PA6 vai deixar
você passar.
Tristan Kane
CEO
Madison Legal

Eu li o e-mail uma e outra vez. Nenhum indício de tom. Devo juntar


minhas coisas agora? Por muito tempo fantasiei em esbarrar com ele,
em nosso encontro ser diferente. Em algumas fantasias eu dou uma
joelhada no saco dele, em outras é uma cena parecida com Jack e Rose
na proa do Titanic, exceto que ele está me pegando por trás.
Mas não assim, não ameaçando a carreira na qual gastei milhares
em empréstimos estudantis.
De todos os escritórios de advocacia em toda Londres, meu caso
sujo de verão tinha que possuir este?

6
Assistente pessoal.
CAPÍTULO OITO

TRISTAN

— Sr. Kane, a escola do seu filho está na linha dois para você —
Ed anuncia pelo interfone. Meu PA é militante, desapegado e esparso de
bate-papo, exatamente como gosto de meus PAs.
— Conecte-me. — Por um segundo, penso no pior, como sempre
penso, embora seja mais provável que esteja relacionado a uma viagem
escolar ou a uma briga de Daniel.
— Sr. Kane? — diz a professora de Daniel.
Estremeço com o tom dela; eu estou em uma repreensão.
— Sra. Maguire, é um prazer ouvir você. — Eu uso minha voz mais
vencedora. — Como posso ajudar?
— Houve uma situação no clube pós-escola. — Ela se lança direto
com um tom de autoridade enérgica da Irlanda do Norte. As gentilezas
estão feitas. A Sra. Maguire estabelece as regras em nosso
relacionamento. Ela me lembra minha mãe irlandesa. — Não
conseguimos falar com a mãe de Daniel. Infelizmente, Daniel perderá o
privilégio de participar da viagem escolar amanhã ao zoológico de
Londres.
Droga, Daniel, o que você fez desta vez? — Certamente isso não é
necessário. Qual é o problema?
— A questão é que ele chamou a Srta. Hargrove, nossa professora
assistente, de 'filha da puta'.
Eu inspiro bruscamente. Eu sinto que sou eu quem tem sido
travesso. Onde meu filho de sete anos aprendeu isso? Ninguém usa a
expressão 'filha da puta' na Inglaterra.
— Sinto muito, Sra. Maguire. — Tenho sete anos de novo e voltei
a me confessar com o padre Murphy. — Gemina e eu garantiremos que
Daniel seja repreendido de acordo. Por favor, transmita minhas
desculpas à Srta. Hargrove.
Eu ouço seus lábios estalando pelo telefone. — Esse
comportamento está se tornando mais frequente, Sr. Kane. Precisamos
chegar ao fundo disso.
— Eu sei — eu digo pesadamente. — Falarei com Daniel esta
noite. Nós vamos resolver isso. Estou feliz em ir à escola para discutir
isso.
— Por favor, faça isso. Faça arranjos alternativos para Daniel
amanhã.
O telefone fica mudo.
A briga com o melhor amigo, atirando o almoço no chão da
cantina, fazendo a menina Menzes chorar, agora isso. Eu deveria tê-lo
chamado Damien, não Daniel. Nos últimos meses, ele está agindo como
o garoto da porra do filme Omen. Eu olho para o horizonte de Londres
com suas arestas vivas e crescentes arranha-céus.
Não é nenhuma surpresa. Eu sou um pai terrível.
— Sr. Kane, Elena Andric está aqui para te ver — Ed interrompe
meus pensamentos pela segunda vez. Desta vez é bem-vindo.
— Diga a ela para entrar — eu respondo, passando a mão pelo
meu cabelo.
Ela entra, seus olhos vagando desajeitadamente ao redor da sala,
como se fazer contato visual comigo fosse terrivelmente doloroso.
Ela é ainda mais deslumbrante do que eu me lembrava. Ela está
usando um vestido justo que acentua suas curvas sem revelar muito a
pele. Óculos pretos emolduram seus olhos verde-azulados e seu cabelo
escuro está preso em um rabo de cavalo apertado. Ela pode tentar
esconder sua sensualidade, mas não está funcionando.
Eu não sou um homem que fica nervoso facilmente, mas aquele
olhar que ela me dá com seus olhos grandes e biquinho entreaberto me
deixa com os joelhos fracos.
Estou acabado.
Meus lábios se curvam em um sorriso. — Olá Elena. — Eu me
inclino para frente na minha cadeira e aponto para o assento na frente
da mesa. — Feche a porta e sente-se.
Ela morde o lábio inferior, mas acena com a cabeça e fecha a porta.
— Oi — ela responde, sentando-se e ajustando sua visão para baixo. Sua
saia sobe revelando um toque de coxas tonificadas.
— Esta é uma surpresa agradável — eu digo suavemente,
examinando seu rosto.
— Sim, é uma surpresa, certo. — Sua voz está estrangulada.
Meus olhos voam para baixo para onde seus dedos agarram a
lateral do assento. Hoje, ela não é a mulher confiante e atrevida que
conheci na Grécia. — Então, você realmente não sabia quem eu sou?
Ela finalmente olha para cima do chão para encontrar meu olhar.
— Claro que não. — Ela franze os lábios. — Você não tem uma foto no
site da empresa.
— Eu não — eu concordo. — Acredite ou não, eu não cortejo a
mídia.
— Você me disse que trabalhava com imóveis — diz ela em um
tom cortante.
— Eu compro e vendo imóveis. Eu não estava mentindo sobre
isso.
Seus olhos brilham com ressentimento. — Você também não
estava dizendo a verdade. Eu disse que tinha terminado a faculdade de
direito. Você não achou que era uma boa abertura para me dizer que é
dono do escritório de advocacia mais bem-sucedido do Reino Unido?
Meu olhar desce para seus seios, subindo e descendo com sua
respiração ofegante. Uma imagem enche minha cabeça dela no mar,
molhada e tão excitada. Eu volto meus olhos de volta para os dela.
Um rubor profundo sobe por seu pescoço e rosto. Não é
surpreendente, na verdade, já que ela sabe quando estou excitado. Ela
está tão envergonhada agora quanto estava quando eu estava falando
na posse.
Huh. Talvez ela realmente não soubesse quem eu era em Mykonos.
— Me desculpe, eu não fui direto sobre possuir Madison, Elena.
Elly. — Eu tento o apelido dela. — Não é algo que anuncio quando
encontro alguém em um bar. Especialmente um bar como aquele. Eu não
tinha certeza se seria uma aventura ou algo mais sério. Dada a minha
posição, às vezes eu preciso ser... — Faço uma pausa procurando a
palavra certa — ... cauteloso.
Ela me dá um olhar fulminante, em seguida, se recupera. — Está
bem. Não importa. Presumo que podemos manter nossa indiscrição em
segredo. É por isso que você queria me ver?
Eu franzo a testa. — Não exatamente.
— Eu não vou contar a ninguém — diz ela, sua voz em pânico. —
Sr. Kane, eu preciso desse emprego.
Então, eu sou o Sr. Kane agora.
— Eu tentei tanto entrar no Madison Legal. Eu até comecei novos
hobbies para mostrar o quão completa eu sou. Porque você precisa ser
o humano perfeito para ser aceito. Fiz um ano de voluntariado no
resgate de um gato apenas para adicioná-lo ao meu currículo. — Ela ri
secamente. — Eu nem gosto de gatos.
Meus lábios se contraem. — Eu li seu currículo. É impressionante
para uma graduada. Eu sou mais uma pessoa que gosta de cachorros,
infelizmente.
— Por favor, não me demita, Sr. Kane — diz ela, com os olhos
arregalados de preocupação. Por um momento, acho que ela pode
chorar.
Eu franzo a testa, me mexendo no meu assento. De onde diabos ela
tirou essa ideia? — Não tenho intenção de demitir você, Elly.
Ela ajeita o vestido com movimentos longos e nervosos. — Ah,
então o que você quer?
Arrancar esse vestido, empurrá-la para a minha mesa, abrir as
pernas e enterrar meu pau latejante escondido sob esta mesa, bem
fundo em você. É muito cedo para divulgar isso? Afinal, ela quer que eu
seja honesto.
— Jante comigo — eu deixo escapar. — Essa noite. Posso
conseguir uma mesa onde você quiser.
Ela fica boquiaberta para mim como se eu tivesse exigido que ela
colocasse alfinetes nos olhos. Que porra há de errado com ela? — Por
que?
Minha mandíbula aperta. Isso não está indo como eu planejei. —
Eu quero te levar para sair.
— Essa é uma condição para não me demitir?
— O que? Não — respondo, irritado. — Quero retomar o que
tínhamos em Mykonos. Para nos conhecermos.
Seu rosto distorce com desgosto. — Não. Eu não durmo com
homens casados. Pelo menos não de bom grado.
— Sou divorciado, Elly. Você pode verificar isto online.
— Claro que não, é irrelevante para mim. — Seu rosto me diz que
ela já verificou. Ela enfia uma mecha de cabelo atrás da orelha que não
está solta. Ela está nervosa. Eu reconheço suas manias desde a primeira
noite fora do inferno em que ela estava.
— Você não era divorciado então — ela estala. — Francamente,
acho difícil confiar em você. Não concordo com você como homem. —
Ela levanta o queixo. — Independentemente disso, você é o melhor no
ramo e quero aprender tudo o que puder com sua empresa e que
possamos deixar o incidente para trás. Você tem minha discrição e
profissionalismo.
Meus pelos se levantam. Ela discorda de mim como homem? Deixei
escapar um suspiro frustrado. — Sinto muito pelo que aconteceu no iate.
Nunca quis te colocar nessa situação. Mas você não me deu exatamente
a oportunidade de explicar.
— Você sabe como isso foi humilhante? — ela sussurra
amargamente. — Para sua esposa me tratar como uma serva e depois
descobrir que sou um pouco marginal? Já dormi com um homem casado.
— Ex-esposa — eu a corrijo. — E você não estava nem um pouco
de lado.
— Ela era sua esposa na época. — Ela bufa. — Você me fez uma
amante antes de eu completar vinte e cinco anos.
— Legalmente, sim — eu admito. — Mas ela era minha ex-esposa
em tudo menos no papel. Já estávamos separados quando te conheci. Eu
era um homem livre.
Ela solta uma risada sem humor, sua raiva de mim como homem
vencendo seu medo de mim como chefe. — Você estava de férias com
sua família — ela cospe. — Você acha que eu sou estúpida? Isso é
nojento.
Eu levanto uma sobrancelha, não impressionado. Ela está
ultrapassando. — Não sou o lobo mau que você pensa que sou, Elly.
Minha situação era, ainda é, complicada. Na viagem, já havia iniciado o
processo de divórcio. O feriado foi apenas para o bem do meu filho.
Ela me encara. — Ela estava usando seu detestável anel noivado e
alianças de casamento — ela diz.
Detestável? Aquele anel de noivado vale cinquenta mil. — Essa foi
a escolha da minha ex-mulher.
Suas narinas dilatam. — Acho que é por isso que você é um
advogado de sucesso, com sua habilidade de estender a verdade e evitar
questionamentos.
Eu mordo minha língua para me abster de repreendê-la. Ela pode
ser a mulher com quem fantasiei todas as noites durante meses, mas
ainda é uma advogada recém-formada na minha empresa.
Olhamos um para o outro em um silêncio tenso.
— Você não poderia ter esperado até que os papéis do divórcio
estivessem secos? — ela pergunta em voz baixa.
Deixei escapar um suspiro pesado. — Eu não planejei isso. Eu
conheci uma mulher. Ela me intrigou, mais do que qualquer uma em
anos. Eu não queria deixá-la ir. Processe-me. Eu tentei encontrar você.
Se apenas para explicar. Eu não sabia que estava procurando por uma
Elly.
Imagine minha alegria quando o RH me mostrou a nova admissão
de recrutamento na semana passada e vi Galesa Elly, de Swansea, vindo
se juntar a nós.
Seus olhos seguram os meus, cautelosos.
— Você tem um namorado? — Eu pergunto baixinho.
Ela desvia o olhar. — Não.
— Então venha jantar comigo.
— Eu não sou seu tipo — ela responde categoricamente.
— Você é exatamente o meu tipo. Tudo em você é o meu tipo. —
Porra, ela vai me fazer ficar de joelhos e implorar?
Seus lábios se curvam em desgosto. — Eu conheci seu tipo,
lembra? Eu limpei o maldito banheiro dela. Bonita. Exigente. Passiva-
agressiva.
Isso foi perto do osso. — Eu não estou discutindo minha ex-esposa
com você — eu respondo com os dentes cerrados. Ela era tão cabeça-
quente na Grécia?
Seus lábios se inclinam em um sorriso desdenhoso. — Não,
obrigada, Sr. Kane. Recuso sua oferta de jantar. Prefiro que nosso
relacionamento permaneça profissional.
— Eu não acredito em você.
Seus olhos se estreitam em fendas finas. — Porque eu não quero
ir jantar com você? Todos os seus outros funcionários dizem que sim?
— Não seja grosseira, Elly — eu rosno. — Eu nunca convidei um
funcionário para sair antes. — Eu aperto minha mandíbula para manter
a calma.
— Eu não acredito em você e não confio em você — ela engasga,
mexendo em sua bolsa no chão. — Terminamos aqui? Estou indo
embora. — Ela se levanta.
— Não, ainda não terminamos — eu fervo, empurrando minha
cadeira para trás para me levantar. Eu diminuo a distância entre nós em
passos rápidos.
Afastando-se de mim, ela agarra a maçaneta da porta.
— Espere, Elly. — Meus dedos apertam os dela na maçaneta da
porta. Sua pele é macia e quente. — Deixe-me reconquistar sua
confiança.
— Não. E confiança não é tudo que você tirou de mim, Tristan —
ela murmura, puxando minha mão para que ela possa girar a maçaneta
e escancarar a porta.
O que diabos isso significa?
— Significou mais para mim do que uma aventura — ela sussurra,
sem olhar para trás.
— Significou mais para mim também — digo a ela, mas ela já está
fora da porta.
***
ELLY

Estou fisicamente tremendo quando entro no metrô depois do


trabalho. Eu esperava que meu primeiro dia fosse difícil, mas não esse
show de merda. Minhas emoções estão por toda parte.
Estou enojada com o quanto sou obcecada por ele. Não passa um
dia sem que ele possua pelo menos alguns dos meus pensamentos.
Todas as noites, ao som da verdadeira vida amorosa de Frank o Fodedor,
eu invento novos cenários em minha cabeça girando em torno de
Tristan. É o meu prazer culpado.
Patético.
Como pude me deixar envolver tanto em um caso de três dias?
Tenho vergonha de dizer que foi um conto de fadas para mim. Exceto na
minha imaginação, o conto de fadas tem um final feliz, aquele em que
nos encontramos na Grécia e ele não é casado e tem família.
Ele afirma que emitiu os papéis do divórcio, embora estivesse de
férias com sua família. Então por que sua ex-mulher começou uma
guerra com os talheres? Ela não estava agindo como uma mulher que
concordou com a separação. E ela estava usando seus anéis.
Eu quero acreditar nele. Pelo menos para que eu possa me
lembrar de nosso tempo juntos como algo significativo, em vez de
apenas uma evidência de que sou uma tola crédula.
Pego meu celular e digito a senha. Claro, eu estava mentindo
quando disse que não iria procurá-lo online. Só consegui escanear o
básico no trabalho hoje. Procurar sujeira do CEO da sua nova empresa
não parece uma atividade produtiva no primeiro dia. Como uma coceira
ansiosa para ser coçada, minhas próximas horas serão consumidas com
o cyberstalking de Tristan Kane.
Meu objetivo final desde que decidi estudar direito era terminar
na Madison Legal. Agora, isso muda tudo. Eu sabia que o proprietário
era um dos melhores advogados do mundo. Como diabos eu não me
preocupei em verificar como ele era? Eu estava tão enterrada em
estudos de caso, perguntas de entrevistas, resenhas do Glassdoor7 e
artigos sobre como conseguir um contrato de estágio. Ignorantemente,
presumi que Tristan Kane, CEO, era um velho enfadonho por ter
acumulado tal currículo.
Não ele.
Eu digito o nome dele e imediatamente várias sugestões de
pesquisa preditiva aparecem.
Patrimônio líquido de Tristan Kane
Idade de Tristan Kane
Tristan Kane Gemina Kane
Tristan Kane Madison Legal
Caso Tristan Kane Reid
Tristan Kane Danny Walker
Com qual eu começo?
Eu seleciono Tristan Kane Gemina Kane e clico nas imagens. Uma
infinidade de fotos invade meus olhos. A maioria delas são de Tristan e
Gemina em eventos chiques ao redor do mundo. Algumas das fotos são
dele fora da suprema corte de Londres ou em pódios falando em
eventos. Existem alguns vídeos dele sendo entrevistado pela BBC que
causam arrepios nas minhas pernas e entre minhas coxas. Ouvir a voz
daquele homem transmitida por toda a nação britânica é muito erótico.
O bastardo é sexy como o inferno. Dentro e fora do papel.
Clico em uma imagem de Gemina Kane. Ela está usando um
vestido roxo escuro e está claramente cantando no palco. Oh meu Deus,
isso é a Royal Opera House em Londres? Ela é famosa? Famosa nos
círculos teatrais, pelo número de fotos dela. Ela realmente é
devastadoramente atraente. Isso me faz pensar por que ele me escolheu
para ter uma aventura se esse é o padrão dele.
A próxima foto é de ambos do lado de fora de um teatro. Gemina
está sorrindo para a câmera enquanto Tristan está olhando para ela.

7
Glassdoor é um dos maiores sites de vagas e recrutamento do mundo.
Me surpreende como ele olha para ela. Toda mulher quer que um
homem a olhe assim. O artigo é datado do início do ano passado.
Repercussão vem à mente.
Eu clico fora da pesquisa. Isso não é bom para a minha
mentalidade.
Há muitas fotos dele com Danny Walker, o magnata da tecnologia
escocês dono do Grupo Nexus. Interessante. Eles devem ser amigos. Há
outro cara em todas as fotos. Jack Knight, eu li. Parece que bonito atrai
bonito.
Eu clico em informações sobre Jack Knight. Proprietário do
Lexington Property Group. Levo um minuto para registrar de onde os
conheço - a rede de hotéis e apartamentos em todas as grandes cidades
do mundo. Então, este é seu amigo com quem ele possui uma
propriedade.
Este é o mundo de Tristan Kane.
O divórcio deve ter ocorrido depois da Grécia. Eu digito namorada
do Tristan Kane e clico em pesquisar.
Agora as fotos de Gemina são substituídas por fotos de Tristan
com outras mulheres bonitas. Não consigo encontrar duas fotos com a
mesma garota. Meus pensamentos voltam para o que aconteceu naquele
dia e a voz de Gemina ecoa em minha cabeça: 'Você não é ninguém.'
Eu não a culpava por me odiar. Que mulher não gostaria?
Uma das imagens me leva a um artigo chamado 'Os advogados
mais sexy de Londres'. Quem sabia que isso era uma coisa? Enquanto
leio o artigo, rio amargamente, fazendo com que as pessoas ao meu lado
fiquem tensas. Ninguém expressa emoção no metrô.
Tristan Kane foi eleito o número um.
Com culpa, tento uma última busca. Foi a primeira sugestão que
surgiu, então seria rude não fazê-lo. Meus olhos se arregalam quando os
números aparecem na tela: 500 milhões de libras? Esse cara vale 500
milhões de libras?
Eu desliguei meu telefone. Por que estou me torturando? Nada de
bom pode vir de procurar Tristan Kane online. Ver fotos de sua vida
glamorosa é de partir o coração. Nenhuma dessas mulheres nas fotos
parece viver em uma casa compartilhada com outras sete pessoas e
estocar papel higiênico em seu quarto.
Não, eu aprendi minha lição. Vou me concentrar no meu trabalho,
manter a cabeça baixa e tirar tudo o que puder deste contrato de estágio,
depois seguir em frente. Sophie é uma boa mentora; posso aprender
muito com ela.
Ele pode dormir com outras estagiárias, não comigo. A Grécia não
era eu; foi um lapso temporário de julgamento. E nunca é o subordinado
que se sai bem nessas situações, não é mesmo? Não posso comprometer
minha carreira antes mesmo de começar. Pelo que sei, ele está
procurando uma paixão rápida, então serei ignorada ou pior, demitida.
Eu preciso me proteger. Enquanto eu estou em uma bolha sem sexo há
meses, ele está conversando por toda Londres, pelo que parece.
Estou quase convencida, exceto por uma coisa mesquinha. Não
consigo parar de pensar na maneira como ele olhou para mim.
O olhar me disse que Tristan Kane é um homem que consegue o
que quer.
CAPÍTULO NOVE

ELLY

— Nunca mais vou beber — é um mantra que Megan e eu


adotamos semanalmente, geralmente aos domingos. Megan é a
instigadora. Se não fosse por ela, eu estaria na cama às 10 todos os
sábados à noite com um livro.
É sábado à noite e estamos super animadas. Sophie conseguiu
para mim duas vagas de última hora na lista de convidados do Liquid
Venus, a casa noturna exclusiva recém-inaugurada na cidade. Ela diz que
está repleta de homens realmente gostosos, comedores de fogo e
dançarinos burlescos. A sede da Madison Legal está ao virar da esquina,
então espero não encontrar nenhum advogado de Madison.
Exceto que nosso burburinho está diminuindo um pouco. A fila da
boate tem umas boas quarenta pessoas, não se move há trinta minutos
e está começando a chover. Em uma tentativa de reviver minha vida
amorosa, estou usando um top com uma barra na lateral e balançando o
visual de seios laterais, mas está criando um esboço.
Megan está dissecando a situação de Tristan comigo. Ela acha que
estou pensando demais em tudo.
— Então ele estava separado em Mykonos. . . e agora ele está
divorciado — ela reflete. — Não é tão ruim quanto você pensou.
Reviro os olhos, tremendo com a chuva que cai. — Você está do
lado de quem? Ele mentiu. E sim, tudo bem, se estou pegando leve com
ele, ele reteve informações vitais em vez de mentir. Como advogado, ele
deveria saber que isso teria um impacto negativo em seu caso —
acrescento sarcasticamente. — Ele estava me tratando como um caso de
uma noite.
— Nós pensamos que você era um caso de uma noite — ela
aponta. — Casos de uma noite não desnudam suas almas e recitam seus
currículos um para o outro.
— Nós nos transformamos em um caso de três noites com carícias
copiosas. Como se chama isso?
— Ambicioso.
— Eu ainda acho que 'eu tenho uma família' é um fato que você
revela primeiro — eu resmungo. — Eu jantei com o homem.
— É um grande debate para encontros online. Quanto você
divulga antecipadamente? Você não sabe se vai vê-los novamente. E se
eles acabarem sendo psicopatas? — Ela me oferece a garrafa de água
cheia de vinho. — Ele está pedindo outra chance. E você claramente
gosta dele, apesar de seus protestos. Seria realmente tão ruim apenas ir
em frente e ver o que acontece?
— Sim, seria muito ruim.
Nós avançamos na fila.
— Existem fotos dele por toda a internet com supermodelos reais,
Megan. As supermodelos não têm apenas corpos gostosos, elas têm
corpos gostosos profissionalmente. — Tomo um gole de vinho. Se Tristan
pudesse me ver bebendo vinho barato de uma garrafa de água, ele ficaria
chocado. — E sabe como estou triste? Tentei contar para ver se
conseguia descobrir com quantas mulheres ele esteve desde a Grécia.
Tudo o que ele quer é uma aventura rápida e as apostas são muito altas
para mim.
— Tão cínica — diz ela. — Você não tem certeza disso. Além disso,
estar em fotos com mulheres gostosas não significa necessariamente
que ele fez sexo com elas.
— Lembra o que a esposa dele disse? Só mais uma aventura — eu
a lembro, devolvendo a garrafa. Precisamos terminar o vinho antes de
chegarmos à frente da fila. — Não sei do que ele é capaz. Não sei nada
sobre ele, na verdade.
— Humm — diz ela, pensando. — Mas você disse que ela parecia
má, então você não sabe se é verdade. Com todos que você conhece, você
se arrisca. De que você tem tanto medo?
— Em Mykonos éramos dois estranhos que tinham química. Aqui,
está muito emaranhado com a minha vida. Quer dizer, ele pode arruinar
minha carreira. Essas coisas nunca acabam bem. A estagiária e o CEO?
Vamos. Se eu ceder, eu me deixo em aberto. — Tomo outro grande gole
de vinho.
— Você faz. Bem aberto. — Ela sorri. — Aqui está a pergunta
importante. — Sua expressão fica séria. — Você pensa nele no banho?
Cuspi um pouco do vinho. — Você acha que sou corajosa o
suficiente para tomar banho em nossa casa? De jeito nenhum.
Ela coloca a mão no quadril, esperando.
— Ok — eu admito. — Eu penso nele. Muito.
Ela cruza os braços. — E é exatamente por isso que estou criando
um perfil de namoro online para você. Se você não vai aceitar a oferta de
Tristan Kane, precisamos colocá-la de volta no jogo de namoro.
Começando esta noite. Você tem vinte e cinco anos, não oitenta e cinco.
Eu aceno hesitante. — Tudo bem. Falando em namoro online,
Aaron respondeu a você?
— Damo — ela corrige.
— Esse é o cara do Bumble?
— Não, você está pensando no agente imobiliário. Damo é o
instrutor de fitness do Tinder.
— Existem tantos sites de namoro. — Tento acompanhar os
encontros de Megan, mas ela muda muito. A maioria dos caras consegue
um encontro, no máximo.
— Conte-me sobre isso. — Ela geme. — É um pesadelo
administrativo. Se eu fizer atualizações em meu perfil, como adicionar
uma nova foto, tenho que enviá-la para todos os meus aplicativos de
namoro. Eu preciso de controle de versão.
— Então Damo é o novo. — Preciso começar a rastreá-los em uma
planilha para poder acompanhar. — Você não viu Aaron, o corretor de
imóveis, na quarta-feira?
Ela acena com a cabeça. — Nós fomos ao cinema. Um cara tão legal.
Tão atencioso, gentil - um verdadeiro cavalheiro. E ele quer se
comprometer comigo.
Eu sorrio. — Aaron parece adorável!
— Oh, ele é — ela concorda. — Mas nunca estive tão entediada
em toda a minha vida.
Eu dou a ela um olhar vazio. — Então por que você ainda está
dormindo com ele?
Ela dá de ombros. — Ele é tão cortês, acho que seria rude não fazê-
lo. Não posso dizer a ele que não quero vê-lo porque ele é muito legal.
— Uma pena. Mas Damo é quem você está interessada?
Sua boca se torce em um sorriso. — Sim. Vamos nos encontrar
amanhã à noite. Deus, Elly, nós nem fizemos sexo, mas ele está tão cheio
de testosterona que fico preocupada de ficar grávida só de olhar para
ele. Se tudo correr bem, acho que terei que dizer a Aaron que acabou.
Eu rio. Eu só vi fotos de Damo, mas ele parecia um gostoso. —
Lembre-se de que posso ouvir tudo no quarto ao lado e preciso de uma
boa noite de sono antes de trabalhar na segunda-feira.
A fila avança até chegarmos ao topo, onde quatro seguranças e
uma glamorosa recepcionista verificam os documentos de identificação.
— Ei. — Eu sorrio confiante, mostrando minha carteira de
motorista. — Os nomes são Elena e Megan. Estamos na lista.
A recepcionista não retribui meu sorriso, mas olha para sua
prancheta. Então ela sorri brilhantemente, um sorriso genuíno.
Eu sorrio e começo a entrar.
Seu braço bloqueia o caminho como uma barreira de
estacionamento. — Você não está na lista.
— Desculpe? — Eu pergunto. Ela deve ter cometido um erro.
— Você não está na lista de convidados. Pague trinta libras para
entrar ou saia.
— Mas minha amiga nos colocou na lista. Deixe-me ver, devemos
estar nisso. — Eu me inclino para olhar, mas ela o afasta.
— Querida — diz ela, entediada. — Leia meus lábios. Você não
está na lista de convidados.
— Se apresse! — alguém grita do outro lado da linha. — Entre ou
saia da maldita fila!
Não tenho tempo de ligar para Sophie com todo mundo
reclamando atrás de mim; isso significaria sair da fila, de volta à estaca
zero.
Quando olho para o rosto da recepcionista, vejo que minhas
tentativas são como discutir com uma calculadora. Sem sentido. — Tudo
bem — murmuro. — Nós vamos pagar.
Ela se vira para alguém mais acima na escada. — Com licença,
Arnie? — Agora ela está gritando. — Tenho dois não-VIPs aqui pagando
o preço total. Não VIPs.
Sinto toda a fila de olhos perfurando a parte de trás de nossas
cabeças não VIP. Chorando por dentro, tiro meu cartão da bolsa. Trinta
libras e ainda nem compramos uma bebida. É melhor que haja um
dançarino burlesco gostoso comendo fogo aqui para nós.
Estamos dentro, mas sem um tostão por causa disso. É rosa, de
pelúcia e elegante. Examino o bar rapidamente, procurando alguém
famoso. Até agora, a busca não teve sucesso. Avistamos algumas
celebridades classe D de reality shows no canto fingindo estar
entediadas e acima de tudo isso.
Chegando ao bar, esperamos tanto que sinto como se estivesse na
fila da minha pensão. Eu grito — Quatro pornstar vodka martinis —
para o barman, tomando uma decisão executiva de dobrar nossas
bebidas. Passei muitas horas em filas esta noite e não vou fazer isso de
novo.
Ele os apresenta em copos pequeninos com hastes longas e
grandes pedaços de maracujá. Estou perplexa com a proporção de
maracujá versus álcool no copo.
— São 79,20 libras, por favor.
— Desculpe? — Estou tonta. Eu pensei que vodka era uma bebida
comunista. — Posso ver a conta, por favor?
— Certamente. — A nota é apresentada como uma coroa em um
pequeno prato de ouro. Verifico quais serviços extras estou pagando.
Uma massagem nos pés? Adiantamento em um apartamento? Sexo com
um comedor de fogo? Mas não, um único martini Pornstar custa £ 16,50,
e há uma taxa de serviço de 20% adicionada ao topo! Choramingando,
apresento meu cartão.
Uma música estrondosa começa e Megan balança contra o bar,
derramando seu coquetel.
— Megan! Você está derramando uma libra por minuto aí!
Cuidado. — Levo o copo aos lábios e tomo um gole. Isso queima minha
garganta.
Ela olha para mim com um brilho perigoso em seus olhos. Seu
primeiro martini quase desapareceu. — Esta noite, estamos atingindo
esta cidade com força, Elly. Força.
Uh-oh.
***
3 HORAS DA MANHÃ

Enquanto bebo outro martini Pornstar, sei que Megan e eu


estaremos cantando nosso mantra amanhã. Abstêmia deste dia em
diante. Ainda assim, meu Fitbit diz que queimei 500 calorias dançando.
Noite muito produtiva!
Um cara está falando comigo. Acho ele bonito, mas suspeito que
minha visão esteja prejudicada. Ele grita algo sobre a música, e eu aceno.
Não faço ideia do que ele disse.
Megan cambaleia até mim em seus saltos de dez polegadas. — Vou
pedir algumas músicas — ela berra. — Esse DJ é um lanche. Olhe para
ele!
Eu rio, virando-me para verificar o DJ. Típica Megan, ela tem uma
queda por DJs e seguranças.
— Vê isto. — Ela pisca para mim, e eu a vejo dançar até a cabine
do DJ. Esse DJ é massa. Os homens simplesmente parecem cair aos pés
de Megan. Ela se inclina sobre a cabine exibindo seu maior sorriso venha
me foder. Ele franze a testa e diz algo curto para ela, voltando-se para o
convés. Oh, este não está mordendo. Talvez ele não tenha permissão
para conversar com mulheres no trabalho.
Ela não é dissuadida. Megan é uma mulher determinada. Um
homem que se faz de difícil é apenas um pequeno obstáculo que tornará
a vitória ainda mais doce.
Ela muda de tática e se encosta na porta ao lado da cabine,
empurrando os seios por cima dela.
Minha boca se abre. Ela não percebe que a porta não está bem
fechada. — Megan! — eu grito. — Não!
É tarde demais.
Ele se abre noventa graus e ela cai, caindo de cara na cabine do DJ.
De onde estou na pista de dança, não consigo distinguir a
comoção, mas envolve um DJ furioso, um segurança irado e uma Megan
histérica.
— Desculpe-me — eu digo ao cara cujo nome eu não sei.
Enquanto me espremo no meio de uma multidão de dançarinos
bêbados, alcanço Megan no meio do caminho para a saída enquanto ela
está sendo arrastada por um segurança.
— Aquela é a minha amiga! — Eu choro.
— Oh sério? — ele diz rispidamente. — Então você está fora
também.
— Então, ele não estava interessado, hein? — murmuro para
Megan enquanto marchamos para fora.
Ela faz beicinho. — Não se pode esperar que eu esteja no meu
melhor jogo o tempo todo.
Momentos antes de chegarmos à saída, sinto uma sensação aguda
e fria correndo pela minha frente, me fazendo ofegar.
— Desculpa. — O dono do coquetel de morango pegajoso soluça
na minha cara, não parecendo nem um pouco arrependido.
É xaroposo, fedorento e escorrendo pelo meu vestido, além do
ponto de recuperação.
Chegamos como duas VIPs, fomos rebaixados a não VIPs e agora
saímos como presidiárias. O ar frio me atinge enquanto somos
escoltadas para fora.
Eu olho para cima e para baixo na rua, repleta de foliões. — Vamos
verificar os ônibus noturnos — eu digo, apoiando Megan com meu
braço. Estou à beira do precipício, mas Megan está com os peitos
encharcados. Talvez o segurança estivesse nos fazendo um favor.
Uma moto se aproxima ao meu lado. Muito perto. Ele está
tentando estacionar aqui? Eu recuo. Antes que meu cérebro possa
registrar o que está acontecendo, o cara da moto pega minha bolsa do
meu braço e sai em alta velocidade.
— Que diabos? — Eu choro, vendo-o desaparecer. — Ele não pode
fazer isso!
Um cara fumando um cigarro contra a parede ao nosso lado dá de
ombros. — Os roubos de moto são comuns por aqui. Você deveria
segurar sua bolsa com mais força.
Isso não é útil.
— Megan, eu tinha todas as nossas coisas naquela bolsa! — Eu
lamento. — Suas também! Agora não temos cartões bancários, telefones
ou chaves de casa! Como diabos vamos chegar em casa?
Ela semicerra os olhos para mim, expelindo um pequeno arroto.
— Outro clube?
— E pagar como? — Eu gemo. — Além disso, todos os lugares
estão fechando em breve. Quantos quilômetros são até Tooting?
Ela franze o nariz. — Sete? Está bem! — Ela ri, começando a
cantar.
— Quieta! — Eu gemo, de repente me sentindo sóbria. É muito
longe em tênis de corrida, ainda mais em saltos.
Estamos ferradas.
Então, não temos dinheiro nem telefones para chegar em casa. O
metrô está fechado para manutenção, o que significa que não podemos
pular as barreiras e chegar em casa dessa maneira. Não que eu tivesse
coragem de tentar e considerando que Megan apenas caiu de cara em
uma caixa de DJ, eu não acho que podemos arriscar mais ginástica esta
noite. Talvez possamos implorar a um motorista de ônibus? Não, Megan
já tentou isso antes, e eles disseram para ela sumir. Eles ficarão piores
quando virem o estado em que estamos. Eu poderia tentar encontrar um
telefone público e ligar para Frank o Fodedor, revertendo as cobranças,
mas ainda existem telefones públicos? Além disso, não sei de cor o
número dele.
Nossa única opção é encontrar um cibercafé gratuito e entrar em
contato com Frank pelas redes sociais, pedindo-lhe que venha à cidade
para nos dar dinheiro. Nunca encontraremos um à noite, no entanto.
Megan se inclina contra a parede em transe. Ela não pode ser
consultada.
Olho para o The Rosemont Hotel e uma ideia começa a se formar.
É ridículo, mas é isso ou andar a noite toda no frio.
— Siga-me, Megan — eu instruo. — Mantenha sua cabeça baixa.
Vamos encontrar um lugar naquele hotel para dormir por algumas
horas até que possamos entrar em contato com Frank ou alguém pela
manhã para vir nos buscar.
— Um quarto de hotel? — Ela soluça.
— Não — eu faço uma careta. — Um corredor ou algo assim. —
Com isso, endireito minhas costas, cubro meu vestido manchado de
coquetel com minha jaqueta fina e abro as portas do Rosemont Hotel
cinco estrelas.
— Ande como se fosse seu dono — murmuro para Megan
enquanto caminhamos em direção aos elevadores. É essencial manter o
ritmo de quem aqui pertence. Muito rápido ou muito lento levantará
suspeitas. Nosso nível de ruído também deve estar certo. — Como se
você tivesse ficado aqui todos os dias desde o nascimento.
Chegamos aos elevadores sem sermos paradas.
Megan parece confusa. — E agora?
Eu expiro pesadamente. — Isso é um tiro no escuro — eu digo em
voz baixa, apertando o botão do elevador. — Paul Sharpe, da
universidade, me disse que estava tão bêbado uma noite que não
conseguia se lembrar em qual quarto de hotel estava, então dormiu no
corredor ao lado da academia. O plano é se refugiar em algum lugar por
algumas horas.
Assim que o elevador abre, eu a puxo para dentro. Pelo painel de
controle, a academia e o spa ficam no térreo.
Saímos do elevador para um corredor escuro.
Respiro aliviada. Não há quartos neste andar.
— Vamos. — Ando pelo corredor, mantendo Megan de pé. —
Vamos apenas encontrar um canto para tirar uma soneca por algumas
horas. Ninguém estará usando a academia até pelo menos 6 da manhã.
Há uma porta indefinida sem fechadura com cartão-chave, decido
tentar. Talvez seja um spa com espreguiçadeiras? Para minha surpresa,
a porta se abre para revelar um armário de roupas de cama com fileiras
de prateleiras de madeira cheias de roupas de cama.
Como beliches.
Ousamos? As prateleiras parecem resistentes o suficiente para
suportar nosso peso. Teríamos até roupa de cama. Não consigo imaginar
a limpeza começando antes das 6.
Eu tomo uma decisão executiva. — Isso serve.
— Isso é permitido? — Megan espia.
— Não é ilegal — eu digo para me convencer mais do que Megan.
Eu penso. Apenas franzo a testa. — Você decide. Você quer se sentar no
chão ou deitar na horizontal por algumas horas com alguns lençóis
sobre você?
Ela entra e se joga na prateleira de baixo.
— Apenas deite-se, então vamos sair bem cedo, ok?
Ela tira os sapatos como se estivesse em casa e deita-se, em
seguida, enrola os lençóis de linho sobre ela até que ela esteja enterrada
neles. — Boa noite. — Ela sorri para mim.
— Não fique muito confortável — eu advirto, tirando minhas
sandálias de tiras. — Teremos que fazer uma saída rápida. Precisamos
sair antes do início do turno da limpeza. — Subo na prateleira acima dela
e deito-me na horizontal, cobrindo-me delicadamente com um lençol. A
última coisa de que preciso é ser responsabilizada por danos à
propriedade do hotel.
Isso é bom. Só vou tirar uma soneca. . .
***

Algo está errado. Minha cabeça parece ter sido quebrada durante
a noite por combustíveis preciosos. Memórias e pensamentos são
nebulosos.
Estou sonhando?
Duas vozes femininas conversam animadamente. Não em inglês,
espanhol talvez? O latejar na minha cabeça não me deixa focar. Eu me
mexo na minha cama de madeira dura. Oh Deus, isso é ruim. Um tremor
estrangula minha espinha enquanto minhas costas têm espasmos. Com
um enorme esforço, forço meus olhos a se abrirem e inclino minha
cabeça na direção do barulho.
Merda!
Nós caímos no sono.
Três faxineiras de hotel estão paradas na porta, agitando os
membros e conversando em um tom altamente animado. É muito rápido
para eu decifrar o que elas estão dizendo, mas eu entendo a essência.
Elas estão furiosas.
Eu abruptamente me inclino e bato minha cabeça na prateleira
acima. — Megan — eu falo enquanto arranco o lençol de cima de mim.
— Levanta. AGORA.
Ela geme baixinho abaixo de mim, mas não ouço nenhum
movimento.
A faxineira que parece estar no comando aponta o polegar em
nossa direção e pega seu rádio.
— Eu sinto muito — eu digo. Eu me esforço para descer da
prateleira, mas sou pega na roupa de cama. — Estamos indo embora!
Agora mesmo.
Ela diz algo em espanhol no rádio.
Eu entendo duas palavras e me sobressaio para fora da prateleira.
'Gerente del hotel.' Gerente do hotel.
— Espere, Megan! — Eu grito, atrapalhada com meus saltos. Ela
se levantou da cama, mas está se movendo muito devagar devido à
situação.
— Você fica aqui até o nosso gerente chegar! — a chefe de limpeza
me ataca.
— Sinto muito — repito enquanto passo por ela. O que mais eu
posso dizer? Não é como se pudéssemos nos redimir. — Megan!
Apresse-se, porra! — Quão ruim é esta situação? Podemos ser presas?
Não danificamos propriedades, tecnicamente, a menos que eles contém
o bronzeado falso nos lençóis.
Nós saímos do armário de roupas de cama e seguimos pelo
corredor com as faxineiras em uma perseguição em alta velocidade. Meu
salto abruptamente decide quebrar, e eu caio no meu tornozelo. Meu
tornozelo dói, mas não vacilo; continuo com o calcanhar pendurado.
— Não pelo elevador! — Eu grito para Megan quando a vejo se
arrastando em direção a ele. — As escadas.
Subimos as escadas correndo, ofegantes, com a inquisição
espanhola vindo atrás de nós. Há muito barulho vindo do rádio delas.
Parece um gerente de hotel zangado.
Na recepção, um cara com cara de gerente e outros dois estão
esperando por nós. Cada rosto na fila do check-in se vira para ver qual é
a comoção. Atrás de nós, faxineiras furiosas se aproximam.
Estamos cercadas.
— Senhoras, vocês podem explicar o que estavam fazendo em um
de nossos armários de lençóis? — O gerente nos encara, horrorizado. —
Vocês são hóspedes deste hotel? Você pegou o caminho errado?
— Não — eu digo humildemente. — Nós nos deparamos com
alguns eventos infelizes ontem à noite e precisávamos. . . ah . . . —
Procuro uma palavra apropriada. — . . . pegar emprestado um dos
armários de lençóis.
— Então, você achou apropriado dormir em um de nossos
armários de lençóis? — Sua boca relaxa em descrença. — Este não é um
hotel que permite atividades noturnas pouco respeitáveis.
Meu cérebro falha. Espere, o que?
Minhas bochechas esquentam. — Não somos prostitutas —
anuncio em voz alta para esclarecer quaisquer equívocos. É difícil
quando estou usando um vestido encharcado de bebida e pairando
sobre um salto. Ontem à noite eu me orgulhei de um plano executado
tão bem pensado.
A multidão se cala enquanto ouve.
— Elly?
Eu viro minha cabeça ao redor.
Tristan.
Não sei quem está mais chocado, ele ou eu.
Suas sobrancelhas disparam até a linha do cabelo enquanto ele
pega a emboscada. — O que diabos está acontecendo?
— Essas senhoras foram encontradas dormindo em um de nossos
armários de lençóis, senhor — relata o gerente do hotel. — Pedimos
desculpas profundamente pela confusão. Estamos lidando com isso.
Sinto muito por incomodá-lo, Sr. Kane.
O sangue escorre da minha cabeça e se acumula nos meus
tornozelos enquanto Tristan me encara como se eu tivesse duas cabeças.
O que diabos ele está fazendo aqui? De todos os hotéis em todas as
cidades, em todo o mundo, ele tem que entrar no meu? Achei que teria
de evitá-lo no trabalho, não em todas as sete zonas de Londres. Não o
vejo desde o estranho encontro no meu primeiro dia.
Seu olhar cai para os meus pés, onde estou me equilibrando em
um sapato, depois volta para o meu vestido manchado e para o meu
rosto culpado. Chocado não é uma palavra forte o suficiente para
descrever como Tristan olha para mim. Nenhuma palavra é. Sua
expressão precisa de uma entrada própria no dicionário Oxford. — Elly?
O que diabos está acontecendo?
Eu mexo na fita de levantamento de seios que parece ter se soltado
debaixo do meu braço. — Minha bolsa foi roubada ontem à noite — digo
em voz baixa, mortificada. — Não tínhamos como chegar em casa, então
. . . ah . . . — Não consigo encontrar uma maneira melhor de descrevê-lo.
— . . . peguei emprestado um dos armários de lençóis.
— Cristo — ele balbucia. — Senhor, coloque um quarto de hotel
no meu cartão por sua inconveniência. Isso vai apaziguar a situação?
Eu grito — Não — enquanto o gerente diz — Sim.
— Você conhece essas senhoras, Sr. Kane? — o gerente do hotel
pergunta incrédulo.
— Sim — Tristan resmunga, entregando seu cartão do banco para
o gerente. — Eu assumo daqui. Estamos bem?
— Sim, senhor — responde o gerente, reconhecendo sua deixa
para sair.
Os olhos de Tristan me lançam, como se ele estivesse me vendo
sob uma nova luz. Sem escova de cabelo, sem escova de dentes, sem
dignidade. Não era assim que eu queria encontrar Tristan Kane. Não
quando pareço o Coringa.
— Eu vou te pagar de volta — eu engulo. — O que você está
fazendo aqui?
— Eu sou um membro aqui — diz ele secamente. — É conveniente
estar perto do escritório. Trouxe minha família e amigos para tomar café
da manhã.
Oh.
Eu olho por cima do ombro para onde uma mesa de pessoas está
nos observando. Há uma senhora mais velha, meu Deus, é a mãe dele?
Eu não estou de óculos, então ela é um borrão. O filho de Tristan está
sentado em seu colo. Reconheço Danny Walker, o magnata da
tecnologia, e uma garota da minha idade. Deve ser a irmã dele. O outro
cara das fotos, Jack alguém, está sentado ao lado de uma garota mais
nova.
— Minhas duas irmãs e minha mãe — explica Tristan. — É o
aniversário da mamãe.
— Isso é bom — eu sufoco. Eu sorrio e aceno humildemente.
A maioria deles sorri de volta com diversão. A mãe parece
horrorizada.
— Adorável ver você de novo, Tristan — Megan pula.
Ele sorri para ela, em seguida, se vira para mim. — Você está bem?
Você se machucou?
— Estou bem, posso substituir minhas chaves e telefone. É chato,
mas eu vou viver. A única coisa que está ferida é o meu orgulho. Parecia
uma boa ideia na época. — Não consigo pensar em uma explicação
melhor.
Ele esfrega o queixo. — Você poderia ter ido a uma delegacia de
polícia. Eles teriam levado você para casa.
Droga. Eles fazem isso? — Achei que precisava ser mais sério
antes que a polícia ajudasse.
— Você poderia ter me ligado. Eu teria ido até você. — Sua
mandíbula se flexiona. — Isso se você não bloqueou meu número.
— Obrigada, mas não acho que isso esteja no escopo da função do
CEO.
Tristan não está achando graça.
— Além disso, sem telefone, lembra?
Ele aperta a ponta do nariz como se estivesse com uma dor de
cabeça. — Você precisa ir para casa, Elly — diz ele em tom acusador. —
Você fede a álcool e só tem um sapato funcionando. Você é uma
funcionária da Madison Legal, isso não é um comportamento
apropriado.
Eu abro minha boca com um retorno, então a fecho. Não estou em
posição de assumir a superioridade moral.
Ele suspira pesadamente. — Vou pedir ao meu motorista para
levá-las para casa
— Não, está tudo bem — eu protesto humildemente. Na verdade,
isso soa como o céu.
Seus olhos se estreitam, desafiando-me a discutir.
— Isso parece ótimo, obrigada. — Diante de seu olhar de
desaprovação, eu olho para baixo com remorso.
Ele liga para o motorista, que parece estar do lado de fora à sua
disposição, enquanto o cara entra pela porta na velocidade do
Superman. — George, leve as senhoras para casa, por favor.
George olha para nós como se já tivesse visto tudo isso antes.
— Eu preciso voltar para os outros — diz Tristan. O fantasma de
um sorriso pisca em seu rosto. — Tente se comportar em qualquer crise
de um quarto de vida que pareça estar tendo.
Eu estremeço. — Vou tentar.
— A porra de um armário de lençóis — ele murmura, balançando
a cabeça enquanto se afasta.
— Você pode ter resolvido o seu problema. Ele provavelmente
não vai querer sair com você depois disso — Megan acrescenta
inutilmente.
CAPÍTULO DEZ

TRISTAN

— Sr. Kane?
Levanto os olhos do perfil das redes sociais de Elly Andric no meu
telefone. Por que ela se apresentou como Elena se todas as suas malditas
redes sociais estão sob o controle de Elly? Suas redes sociais parecem
mansas o suficiente, mas o encontro surpresa da manhã de domingo me
deixou completamente confuso.
— Garantimos o caso McKenzie — diz Sam. — Eles assinaram os
papéis hoje.
— Bom. — Eu concordo. Sam é um dos meus sócios-gerentes em
Londres. O processo McKenzie está projetado para nos render £ 2,5
milhões neste trimestre. — Vou supervisionar pessoalmente este aqui
— eu digo para a sala de reuniões. — Mark McKenzie e eu nos
conhecemos há anos.
Dirijo-me a Liz, chefe de operações. — Qual é o número de
funcionários que precisamos nele?
Ela aperta os olhos para o laptop. — Dez advogados seniores,
cerca de quinze juniores, alguns paralegais apoiando por cerca de seis
meses.
— Estamos no limite — interrompe Rebecca. Ela trabalha para
mim há quinze anos e é a única que tem coragem de questionar meu
julgamento, nas raras ocasiões. — Tristan, precisamos de mais
funcionários. No momento, a proporção é de cerca de um advogado
sênior para trinta e dois casos. Talvez devêssemos relaxar nossos
critérios de recrutamento. Dar uma posição a uma em cada quarenta
pessoas que entrevistamos não é eficiente.
— Nós não estamos comprometendo a qualidade — eu falo de
volta para ela. — Nós somos Madison.
Seus lábios se curvam em desagrado. — Então temos que começar
a descartar casos de alto perfil.
Eu expiro pesadamente. — Hong Kong não pode enfrentar alguns
dos internacionais? — Eu olho para minha sócia-gerente de Hong Kong
através do link de vídeo.
— Senhor, o escritório de Hong Kong já está fazendo hora extra
— diz ela no link. — Estamos executando uma campanha de
recrutamento agressiva, mas conseguir vagabundos nas cadeiras é
difícil.
— Os vagabundos certos— eu corrijo. — Qual é o número atual
de funcionários?
— Globalmente 8.060, mais ou menos — responde Simon, chefe
de recrutamento. — Precisamos de um aumento de dez por cento
apenas este ano na Ásia e na Europa.
Eu bato meus dedos na mesa. — Vamos olhar novamente para o
orçamento de recrutamento. Me mande os números, Simon.
— Sim, senhor. — Ele concorda.
Dirijo-me a Paula, nossa secretária. — Mais algum item na agenda?
Ela rola para baixo seu laptop, sobrancelha franzida. — Rebecca
quer discutir um dos casos em negociação de contrato - o caso Garcia.
— Isso mesmo — Rebecca se dirige a mim. — Tristan, temos que
diminuir o volume. Não temos o número de funcionários. É muito
importante sem as pessoas certas.
Minhas sobrancelhas se unem. — Lembre-me o que é?
— Maria Garcia, esposa de Rocco Garcia? — ela pede. — Ela está
buscando asilo no Reino Unido. Ela afirma que matou Rocco em legítima
defesa, esfaqueando-o com uma faca quando ele a atacou.
— O que há de tão especial sobre este aqui? — Eu pergunto.
Lembro-me de trechos do caso.
— Rocco era um hoteleiro famoso na América Central e do Sul —
lê Liz em seu laptop. — Maria fugiu para o Reino Unido antes do
julgamento, alegando que corria perigo com a máfia colombiana. Ela diz
que Rocco fazia parte de uma quadrilha de traficantes sexuais e eles vão
matá-la porque ela sabe demais. O governo colombiano quer extraditá-
la de volta à Colômbia para ser julgada por assassinato.
O nome é familiar. Rocco Garcia. . . Jack comprou dois hotéis dele
alguns anos atrás.
— A cobertura da mídia está aumentando — acrescenta Rebecca.
— Mas temos que recusar. Uma pena, porque esses tipos de casos são
perfeitos para nossos advogados juniores acompanharem. Eles não
aparecem com frequência.
Minha coluna se endireita. — Não, não vamos recusar. Eu vou
fazer isso.
A diretoria inteira olha para mim, confusa.
— Você vai fazer isso, senhor? — Sam pergunta.
— Isso mesmo.
— Por que, Tristan? — Rebecca sonda. — Se você realmente quer
que façamos isso, vamos entregá-lo ao escritório de East London.
— Não há necessidade — eu digo, irritado com minha equipe
sênior por me questionar. — Ainda sou advogado, da última vez que
verifiquei. Eu vou fazer isso.
— Mas senhor. . . — Sam começa.
Eu o encaro.
— Nada — ele gagueja.
Eu os desafio a me questionar mais. Até Rebecca para quando vê a
expressão no meu rosto. Sei que é ridículo aceitar o caso.
— Alguém especificamente que você queira na equipe, Sr. Kane?
— Simon questiona.
Um breve sorriso se espalha em meu rosto.

***
ELLY

É meia-noite de quinta-feira e não consigo dormir.


Graças a Deus amanhã já é sexta-feira para que eu possa
completar minha primeira semana completa de trabalho profissional.
Vinte por cento do trabalho é interessante e os outros oitenta por cento
são coisas que não quero fazer. Os filmes mostram apenas cenas do
tribunal e advogados tendo conversas importantes enquanto caminham
rapidamente pelos corredores. Fazendo coisas emocionantes como
advogado.
Eles não mostram os advogados trabalhando para subir
fotocopiando, revisando e fazendo atas, não é? Na verdade, cheguei à
conclusão de que noventa por cento de todo trabalho, seja você
advogado, neurocirurgião ou padre, é ler e-mails.
Mais de quarenta horas é muito tempo para ficar sentada, e tenho
que repetir isso pelos próximos quarenta anos. Eu participei de dezoito
reuniões esta semana. São trinta e quatro mil reuniões das quais
participarei ao longo de minha carreira. Por favor, alguém me passe um
saco marrom para respirar.
Ainda assim, posso agradecer por Tristan Kane não ter se
aproximado de mim a semana toda. Não o vejo desde a vergonha de ter
sido expulsa do Rosemont no domingo de manhã. Talvez Megan
estivesse certa, #armáriosdelençóis era o prego no caixão para fazê-lo
perceber que não valho a pena. Ou ele simplesmente passou para sua
próxima conquista. Talvez seja fácil evitá-lo nos próximos dois anos. Se
ele ficar em sua torre de marfim no último andar e eu ficar no décimo
andar, enterrada em fotocópias, estarei segura.
Que semana de montanha-russa.
Eu ouço outro baque lá em cima. Frank está destruindo
esbarrando na merda por uma hora. O que diabos ele está fazendo?
Esta é oficialmente a partilha da casa do inferno. As chances são
de que pelo menos um de nós saia em um saco para cadáveres e um de
nós seja acusado de assassinato. Agora, eu não me importo com quem
eu sou.
Este baque soa como se ele tivesse caído. Argh.
Meus pensamentos voltam para Tristan Kane.
Como faço todas as noites, fecho os olhos e tento abafar a comoção
de Frank para poder me concentrar nas visões do corpo nu e musculoso
de Tristan. Meu prazer culpado. Eu preciso parar com isso. Eu preciso
seguir em frente.
A porta do andar de cima se abre com estrondo e ouço Frank
tropeçar escada abaixo, seguido de um estrondo onde ele deve ter
perdido um degrau.
A maçaneta do meu quarto chacoalha de repente. Que diabos? A
porta é aberta contra a parede com tanta força que pequenos flocos de
tinta se desprendem da parede.
Eu pulo na cama para ver um Frank atordoado parado na porta.
— Frank — eu grito, mas ele não parece me ouvir. — Que diabos está
fazendo?
Ele não responde. Não tenho certeza se ele sabe que estou aqui.
Ele é sonâmbulo ou está muito bêbado, talvez os dois, não sei dizer. —
Frank — repito mais alto. — Frank, seu idiota!
Nada. Ele apenas olha para a parede com olhos vidrados. Não
dizem para nunca acordar sonâmbulos? Talvez ele saia por conta
própria.
Em vez disso, ele caminha até meu cesto de roupas sujas e levanta
a tampa contra a parede. Estou irritada, mas levemente curiosa. O que
ele está fazendo? Inseguro em seus pés e resmungando baixinho, ele se
atrapalha com os botões do jeans.
A compreensão surge em mim. Ele acha que este é o banheiro.
Não, não, não.
— Não, Frank! Não! — Eu grito, arranhando o chão por uma
camiseta que eu possa pegar para me cobrir.
É tarde demais. Antes que eu possa reagir, ele arranca seu pau e
faz xixi na minha cesta de roupas.
— Não é a porra de um banheiro, Frank! — eu abaixo. — É o meu
cesto de roupas! Acorda! — Eu poderia muito bem ser um fantasma.
Atiro a camiseta pela cabeça e pulo da cama.
Ele sacode o pau e me permite empurrá-lo para fora do quarto. É
tarde demais, o estrago já foi feito. Ele não procura a pia, então agora
tenho provas de que ele não lava as mãos. Nunca mais vou aceitar
torradas dele.
Eu não posso lidar com isso. Vou ter que começar a barricar meu
quarto à noite.
Os advogados estagiários não recebem tanto quanto as pessoas
pensam. Estou cheia de dívidas estudantis e ajudando minha mãe com o
aluguel. Levará pelo menos um ano até que eu economize o suficiente
para que Megan e eu possamos nos mudar para nossa própria casa.
Quanto a Megan, ela teve que pegar um empréstimo da irmã só para se
mudar para Londres.
Pego minha cesta de roupas e desço as escadas para colocar
minhas roupas na máquina de lavar. Claro, está cheio de roupas
molhadas que alguém esqueceu de tirar, o que significa que ninguém
mais pode usá-la.
Algo macio corre sobre meu pé no escuro, e eu uivo. Talvez eu não
chegue ao final da minha primeira semana de trabalho, afinal.
***
Sophie toca meu braço preocupada. — Você parece cansada.
Isso é um eufemismo. Pareço um panda pego pelos faróis, estou
tão cansada.
Estou tomando um café na cantina com Amy e Sophie. Chamá-lo
de cantina é um insulto; a cantina do Madison Legal poderia rivalizar
com um restaurante com estrela Michelin. Esta não é uma seleção de
jantar escolar, esses caras são chefs profissionais e baristas treinados
para fazer café de classe mundial. Os baristas são apreciadores de café
importado da Nova Zelândia, o que explica muita coisa.
É um lembrete constante de Tristan Kane e seus gostos
particulares. Sophie diz que ele tem a aprovação final de todos os
cardápios do almoço e da origem dos grãos de café. Maníaco por
controle.
— Eu trabalhei demais com você esta semana? — ela pergunta. —
Você tem ficado até tarde todas as noites.
— Não, Sophie. São meus colegas de apartamento. Não dormi
muito bem ontem à noite. — Eu suspiro. — Novamente. — Não sou só
eu que estou exausta. Ontem, Megan disse que estava tão cansada no
salão que quase cortou a orelha de alguém.
— Frank de novo? — Amy ri.
Concordo com a cabeça, deliciando-me com o desastre da noite
passada.
Sophie estremece. — Você não pode fazer com que ele seja
despejado? Cristo, estou feliz que meus dias de aluguel por quarto
acabaram.
Eu rio secamente. — Frank não é o pior deles. De qualquer forma,
melhor o diabo que você conhece do que o diabo que você não conhece.
Estatisticamente, morando com outras sete pessoas, acho que você vai
ter pelo menos um maluco em casa. — Tomo um grande gole do meu
café. — Isso nunca para. É uma linha de produção de ruidosos
movimentos humanos durante a noite. Alguém está no banheiro a cada
hora ou chegando tarde de pubs ou levantando cedo para trabalhar em
turnos.
— Você e sua amiga não podem se mudar para outro lugar? —
Amy pergunta enquanto caminhamos para o elevador.
— Não tão cedo. — Balanço a cabeça enquanto esperamos o
próximo elevador. — É barato e ainda não podemos comprar uma cama
de casal. Embora eu esteja gastando alguma economia extra em comida
para viagem porque a cozinha está sempre ocupada e juro que estou
comprando papel higiênico para a casa inteira. O casal do porão nos
deixa pequenos 'presentes' na cozinha como torradas pela metade. Isso
tudo está me dando nos nervos.
Um homem pigarreia atrás de nós, nos viramos e olho diretamente
nos olhos de Tristan Kane. Ele e outro homem estão parados no elevador
esperando que entremos.
— Sr. Kane — Sophie diz em um tom ofegante.
Ele arqueia uma sobrancelha, sorrindo, e nos convida a entrar no
elevador. — Há espaço.
Entro timidamente no elevador e me viro para a frente para evitar
seu olhar. As portas do elevador se fecham, me prendendo dentro com
ele. Está muito apertado agora. A caixa não é grande o suficiente para
sua presença. O que há nos elevadores que intensificam tudo em 100%?
Prendendo a respiração, observo os botões acenderem no painel de
controle do elevador enquanto subimos. Sinto vontade de apertar o
botão do alarme de emergência.
— Talvez você possa olhar para um bairro mais distante? É mais
barato no final da linha do Norte — Amy sussurra alto.
O que ela está falando? Oh, a conversa que estávamos tendo.
— Nós olhamos os anúncios na semana passada — eu digo em voz
baixa. — O único em nosso orçamento foi anunciado como 'procurando
uma mulher para compartilhar com um homem maduro, gratuitamente.
'
Amy e Sophie riem. Fácil para elas rirem, Sophie pode pagar uma
hipoteca e Amy garantiu um apartamento no banco Mum & Dad Ltd.
Quando o elevador abre no décimo andar, saio correndo,
respirando fundo.
— Tenham um bom dia, senhoras — a voz profunda nos chama.
Sophie e Amy arfam e respondem, mas estou no meio do corredor,
correndo para minha mesa.
— O que você acha da primeira semana adequada? — Amy me
pergunta em voz baixa quando Sophie pede licença para atender uma
ligação.
Eu verifico se Sophie está perto o suficiente para nos ouvir. —
Estou achando os casos de serviços financeiros um pouco chatos.
Particularmente os documentos que preciso revisar. Quatro anos de
dívidas, vinte colegas de apartamento diferentes, três infestações de
ratos e galões de cidra estragada. Às vezes você se pergunta se vale a
pena.
Ela dá de ombros. — Aparentemente noventa por cento da lei é
administração. Mesmo os casos mais emocionantes exigem que você leia
o mesmo documento cinco vezes. Acho que teremos que nos acostumar
com isso.
— Eu sei, e pareço ingrata quando meu sonho é conseguir um
cargo aqui. Estou tão irritada depois de não dormir.
Ela bate palmas. — Oh, há bebidas esta noite! Isso vai te acordar.
Mal posso esperar para ver o bar lá em cima.
— As bebidas estão no prédio? — Eu pergunto, surpresa. — Tem
um bar aqui?
Ela me olha como uma idiota. — Último andar.
— São apenas os estagiários, certo? — Eu pergunto com cautela.
Qualquer possibilidade de Tristan Kane por perto faz com que meus
níveis de ansiedade atinjam o teto.
— Aparentemente, a equipe de RH estará lá para cuidar de nós.
Para garantir que os novos graduados não enlouqueçam e destruam o
lugar. — Ela ri. — Ou resistir um ao outro, eu acho.
Eu concordo. — Faz sentido.
Sophie volta ao alcance da voz.
— Sophie, nenhum dos sócios vai estar nos drinks esta noite,
certo? — Eu pergunto. — Qualquer chance de Rebecca Milford e... eh...
Tristan Kane se juntando?
Ela bufa. — Sem chance. Você provavelmente não falará com eles
nos próximos dois anos, exceto acenos de cabeça nos corredores. Sua
palestra de introdução foi uma exceção. Você pode se divertir bebendo
sem se preocupar em se comportar na frente da gerência.
Bom. Eu posso relaxar agora. Não há razão para que Tristan Kane
e eu nos cruzemos. A partir de agora posso subir as escadas, são apenas
dez andares.
CAPÍTULO ONZE

ELLY

Às 5h30 daquela tarde, Jeremy, do RH, nos reúne e nos conduz aos
elevadores, destinados ao último andar. Ele não parece feliz em ser babá.
— Por que você está indo, Soph? — Eu pergunto enquanto seis de
nós nos esprememos no próximo elevador disponível.
— Eles solicitam que alguns dos advogados qualificados e do RH
se misturem com os novos estagiários. Assim, podemos contar mais
sobre Madison — explica ela.
Eu concordo.
— Realmente é para que vocês se comportem e não estraguem o
bar — ela acrescenta cinicamente.
— Sortuda. — Eu sorrio. Meus ouvidos estalam enquanto
subimos para o vigésimo andar. Saímos do elevador para uma área de
lounge com janelas panorâmicas com vista para o horizonte de Londres.
— Uau — eu rugo sem um pingo de compostura.
— Eu te disse! — Amy grita.
Sophie sorri. — Essa é a reação típica. Legal, não é? O Grupo
Lexington o arquitetou. Amigos de Tristan Kane, aparentemente.
O cara gostoso, Jack, das fotos por toda a internet.
— Champanhe, meninas? — ela pergunta, rindo do choque em
nossos rostos. — É um bar gratuito.
— Não — eu digo com firmeza. — Vou tomar uma cerveja.
Champanhe me dá ressaca e desperta o medo em mim. — A última vez
que bebi champanhe foi no hotel dele. Não consigo olhar para uma taça
de champanhe agora sem me sentir enganada.
— Achei que os galeses podiam beber tão bem quanto os
irlandeses. — Amy sorri.
— Eu sou um peso leve. — Eu fico boquiaberta enquanto fazemos
nosso caminho para o bar. Garçons esvoaçam entre grupos de
estagiários emocionados, servindo comidas e bebidas. É mais decadente
do que o último casamento em que estive.
— Canapé? — um garçom pergunta, estendendo a bandeja para
nós.
— Do que eles são? — Amy pergunta desconfiada enquanto
Sophie pede nossas bebidas. — Sou pescetariana.
Ele aponta para o primeiro prato. — Isso é enguia defumada,
beterraba dourada e geléia de flor de sabugueiro.
— Os pescetarianos podem comer enguias? — Eu pergunto,
confusa.
Ela franze o nariz. — Eu não acho. Embora não seja algo que me
tenham oferecido antes.
— Este aqui… — o garçom aponta para o próximo prato — …é o
caviar de salmão curado com flor de violeta e beterraba vermelha. Por
fim, temos os cornetes tártaros de salmão.
Eu dou a ele um olhar vazio.
— É uma piada recorrente. — Sophie ri e me entrega uma cerveja.
— Tristan Kane tem hábitos alimentares muito requintados. Ele
controla os cardápios do restaurante e do bar, para desgosto dos chefs.
— Parece um psicopata. — Amy olha para a bandeja enquanto o
garçom espera pacientemente. — E ele escolheu a enguia?
— Vou querer os três. — Estendo meu prato e pego os canapés
bizarros. — É meu direito como novata aceitar toda comida e bebida de
graça. — Mesmo que intensifique meu Crohn. Assim como Amy, nunca
precisei pesquisar os efeitos da enguia em um intestino defeituoso.
— Corajosa — diz Amy. Eles me observam colocar a enguia com
geleia de flor de sabugueiro na boca.
É surpreendentemente refrescante.
— Corajosa. — Sophie franze a testa e muda de assunto. — Você
soube que estamos assumindo o caso Maria Garcia? Está em todos os
noticiários. Você tem seguido?
Concordo com a cabeça, separando a flor violeta. Não tenho
certeza se é comestível. — Os Garcias eram um casal de celebridades na
América do Sul.
— Será um caso interessante — diz Sophie.
Mais interessante do que os casos em que estou trabalhando no
setor de Serviços Financeiros, mas não posso dizer isso em voz alta ou
irei parecer ingrata. Ajudar bancos com demandas regulatórias e
políticas públicas não era o que eu me imaginava fazendo quatro anos
na universidade. Mas meu pé está na porta... mesmo que eu não possa
ficar na Madison Legal por mais tempo do que o estágio.
— Oh meu Deus. — Sophie engasga, balançando a mão e quase
virando meu prato. — Não acredito que ele está aqui.
Meu coração para por um instante enquanto absorvo suas
palavras. Eu já sei quem ele é porque só há uma pessoa na empresa que
faz a voz de todos subir.
Ele está sozinho. Os espinhos em toda a sala ganham alguns
centímetros conforme todos tentam ser notados por ele.
Minha mão se enrola firmemente em torno do copo de cerveja.
A atmosfera muda imediatamente, como se o primeiro-ministro
tivesse acabado de entrar. Até o RH e as babás advogadas seniores
parecem animadas. Ele parece ter saído direto de Savile Row em um
terno tão sexy que deveria estar na revista GQ.
Nós três observamos do lado de fora enquanto advogados
juniores e seniores se aglomeram ao redor dele.
Eu passo atrás de Amy, tentando passar despercebida.
— Ele usa esse bar com frequência? — Amy pergunta,
observando a cena.
— Ele faz — Sophie confirma. — Raramente com os funcionários,
apenas com a gerência, e ele nunca vai a coquetéis de estagiários. Na
verdade, esta é a primeira vez que ouvi. Que legal! Tempo no ar com
Tristan Kane.
— Ele é bonito de ver, não é? — Amy murmura.
Eu endureço. — Não tinha notado.
Os olhos de Sophie se arregalam. — Você deve estar cansada.
— Ou cega — acrescenta Amy. Ela está certa, está claro como o
dia que o homem é incrivelmente bonito.
Observo as pessoas pairando em torno dele com um aperto no
peito. Algumas das mulheres estão flertando descaradamente. Se eu
sucumbir aos avanços dele, serei apenas mais uma garota incapaz de
resistir a Tristan Kane. Você percebe isso, sua tola?
Ele trabalha a sala começando no canto oposto. Não sei se me sinto
aliviada ou decepcionada. Deixei meus olhos vagarem brevemente até
os dele para descobrir que já tenho sua atenção. Quando nossos olhos se
encontram através da multidão, ele me dá um lento sorriso sexy como
um reconhecimento privado passando entre nós. Como se ele soubesse
o poder que seu olhar tem sobre mim.
Minha respiração fica presa na garganta e eu desvio o olhar,
afobada.
— Vamos pegar mais bebidas — Sophie sugere.
Nós acenamos com a cabeça para essa ideia fantástica e voltamos
para o bar.
Com o canto do olho, vejo Tristan se aproximando de um dos
advogados seniores. A ruiva marcante se destaca do outro lado da sala.
Mara, acho que é o nome dela. Ela é alta e sexy ao lado dele, uma
combinação perfeita. Ele diz alguma coisa e ela ri alto, inclinando a
cabeça para trás para revelar o pescoço. Flertando 101. Uma pontada de
ciúme dispara através de mim.
Engulo o nó na garganta. Eu não tenho direito sobre ele. Claro que
ele vai flertar com mulheres lindas. Quantas mulheres nesta empresa ele
realmente fez propostas?
Eu viro minhas costas para ele. Fora da vista, longe da mente.
— Eu mudei de ideia. Vou querer champanhe — anuncio a Sophie
quando ela começa a pedir nossa próxima rodada no bar.
— Champanhe é uma boa opção para você. — Amy sorri. — Você
será capaz de dormir durante as travessuras de Frank o Fodedor na hora
de dormir.
— Ou talvez você durma com Frank, o Fodedor. — Sophie me
entrega o champanhe.
— Deus não. — Eu ri alto. O champanhe escorre muito rápido. —
Eu não vou dormir com Frank o Fodedor.
Os olhos das meninas se arregalam como pires quando uma voz
profunda atrás de mim diz: — Sobrenome incomum.
Como diabos ele conseguiu atravessar a sala tão rapidamente sem
que eu percebesse?
— Sr. Kane — Sophie diz em um guincho agudo. — Não estávamos
esperando você. Você não tem a cerimônia anual da sociedade jurídica
esta noite? Você costuma falar nela.
Eu faço uma careta e me forço a me virar. Ficar de costas para o
dono da empresa não é o movimento mais estratégico, mesmo que eu
esteja tentando me esconder dele.
— Eu enviei um dos sócios — ele responde a Sophie, mas seus
olhos prendem os meus. — Eu queria dar as boas-vindas aos nossos
novos recrutas. Interrompi sua conversa. — Seus lábios se curvam em
um sorriso divertido. — Não pare por minha causa. — Ele dá um passo
para dentro do círculo.
Pelo amor de Deus. Cheiro a salmão e enguia. Tomo outro gole
profundo do meu champanhe.
Seus olhos caem em meus lábios enquanto eles se separam em
torno da taça de champanhe, observando o líquido passar pela minha
garganta. As bolhas saem muito rápido e eu engasgo, derramando gotas
pelo meu queixo. Ele não pode olhar para os outros?
— Sobre o que vocês estavam falando?
Nossos olhos disparam entre nós. Inventamos algo?
— Isso é fora do horário de trabalho. Vocês não precisam falar
sobre trabalho, senhoras.
— Eh — diz Amy — Elly estava apenas nos contando as histórias
mais engraçadas sobre sua casa compartilhada. — Ela sorri para mim
enquanto Sophie faz uma careta. — Você deveria começar um blog.
— Tenho certeza que a maioria dos graduados pode concordar
com meus problemas — eu respondo secamente.
Amy parece culpada. Com o apartamento totalmente pago pelos
pais, ela é a exceção.
— Com quem você mora, Elly? — Sua voz é profunda e rouca. Eu
me pergunto se Amy e Sophie percebem como isso soa sedutor.
— Apenas um bando de lunáticos — murmuro.
— Ontem à noite, um deles confundiu o quarto dela com o
banheiro quando estava sonâmbulo — revela Amy, e desta vez o visual
de Sophie é imundo. Acho que estamos perdendo um tempo valioso no
ar. — Você pode imaginar!
Tristan parece chocado. — Como você conhece esse cara?
Eu dou de ombros. — Da internet. Oito de nós fomos jogados
juntos pelo destino/infortúnio/obra do diabo. . . como você gostaria de
vê-lo.
— Oito de vocês? — Ele franze a testa, virando-se para mim. Eu
me pergunto se os outros notam. — Parece uma commune8. Você está
me dizendo que não conhece nenhum deles?
— Oh, eu sei coisas sobre eles que eu nunca deveria saber — eu
digo. — Conheço seus hábitos alimentares, padrões de sono, horário de
trabalho, regime de exercícios . . . Eu poderia continuar.
Ele olha horrorizado. — Por que você não encontra um lugar para
morar sozinha?
Que pergunta ridícula para se fazer a alguém com menos de trinta
anos em Londres. Ele sabe o quão caro é alugar um estúdio?
— Eu não posso pagar por isso — eu digo em um tom cortante. —
Ainda.
Ele passa a mão pelo cabelo grosso e escuro. — Quantos são
homens?
— A maioria deles — eu respondo com altivez. — Você sempre
morou sozinho, Sr. Kane?
Ele endurece.
Os olhos de Sophie se arregalam.
— Não — diz ele depois de uma batida. — Mas estou sozinho
agora.
O silêncio nos envolve. Isso foi um matador de conversas.
— Quais são seus planos para o fim de semana, Sr. Kane? —
Sophie pergunta com um sorriso deslumbrante.

8
Um grupo de famílias ou pessoas solteiras que vivem ou trabalham juntas compartilhando posses e
responsabilidades.
Ele sorri calorosamente. — Vou passar o dia com meu filho
amanhã. Temos ingressos para o rugby em Twickenham e depois vamos
para a produção teatral de Harry Potter. Ele está conhecendo o elenco.
— Parece adorável — Sophie canta.
— Ele se parece com você? — Eu pergunto, fingindo inocência. Eu
já sei que o garoto é a imagem cuspida de sua esbelta ex-mulher.
Um músculo em sua mandíbula salta. Minha pergunta atingiu um
ponto mais profundo do que eu esperava. Eu só queria irritá-lo. — Não,
ele não se parece comigo. — Ele muda de assunto. — O que vocês,
senhoras, estão fazendo neste fim de semana?
Sophie e Amy explicam seus planos para o fim de semana.
Agora é minha vez.
Seus olhos transbordam de interesse.
Eu? O que eu estou fazendo? Devo mentir? Qual é o ponto? — Vou
acordar cedo para ser a primeira da fila da máquina de lavar. Aí eu
supervisiono a lavagem, porque senão alguém vai tirar e eu perco
metade das minhas meias.
Risos masculinos ecoam em meus ouvidos. As meninas também
riem, como se eu tivesse feito uma piada, mas estou falando sério.
— Isso não soa muito relaxante — diz ele suavemente. — Talvez
você precise fazer algo divertido depois disso. — Seus olhos brilham. —
Como nadar.
Engulo muito ar.
— Pessoalmente, adoro nadar — ele continua em voz baixa com
um toque de humor nos olhos. — Realmente faz o sangue bombear.
Ajuda a liberar a tensão. Especialmente se você tiver um ótimo parceiro
de natação.
Ele lenta e deliberadamente passa a língua sobre o lábio inferior,
sorrindo para mim. Sinto meu rosto combinar com o tom do tártaro de
salmão no prato e olho para os outros. Parecem cães feridos.
— Também adoro nadar — acrescenta Amy.
— Eu nadaria — respondo, com a garganta seca — se não
houvesse tantos nadadores arrogantes na água hoje em dia. Não vale a
pena.
Ele ri. As meninas riem alto, compensando demais a confusão. Eu
não as culpo; essa conversa não faz sentido. Estou perdendo nossos
preciosos momentos com o CEO falando sobre nadadores arrogantes?
— Você deveria dar uma chance de novo. — Seus lábios se
contraem. — Você pode se lembrar do que você gostou sobre isso. Não
pode ter sido de todo ruim.
Sophie torce o nariz, muito confusa.
O que ele está jogando?
— Talvez — eu guincho. Antes que ele possa responder, bebo o
resto do meu champanhe. Eu vou ter a palavra final aqui. — Tenho que
correr. Estou atrasada. Aproveitem sua noite.
Seu sorriso desaparece quando eu bato a taça no balcão, com mais
força do que pretendia.
Sophie me lança um olhar de advertência.
Acenando para o grupo, viro nos calcanhares, sem olhar para trás.
É uma pequena vitória. Ninguém se afasta de Tristan Kane.
***

TRISTAN

Quando levanto a corda de veludo que protege a porta, vejo meus


melhores amigos, Danny e Jack, já sentados à mesa. É separado do
restaurante principal porque gostamos que nossos jantares sejam
discretos, especialmente Danny, que encontra fotos aleatórias de si
mesmo comendo na internet.
— Sempre atrasado. — Danny revira os olhos enquanto caminho
em direção à mesa.
— Sempre ocupado — respondo, sorrindo para a bela anfitriã que
pega meu casaco. — Por que escolhemos este lugar? — Eu pergunto em
voz baixa quando ela está fora do alcance da voz. — As críticas não são
incríveis. Seu bife tártaro mal chega ao supermercado.
Jack bufa. — Então não peça o tártaro, simples.
Danny balança a cabeça. — Não sei de onde veio. Seus pais são
irlandeses, pelo amor de Deus, você cresceu comendo batatas como
alimento básico. Como você é tão esnobe por comida?
— Estou recuperando o tempo perdido. — Aceno para o uísque
sem dono. — Isso é meu?
— Nós pré-encomendamos um para você. — Danny sorri. — Não
queríamos deixar você esperando sem uma bebida.
Eles me brindam e eu tomo um gole.
Jack se aproxima. — Por que você abandonou o jantar da
sociedade jurídica? Você vai todos os anos religiosamente.
Tomo um gole maior do meu uísque. — Eu não estou no clima. Em
vez disso, fui ao coquetel de boas-vindas para os novos estagiários.
— Que santo da sua parte. — Danny ergue uma sobrancelha. —
Estou assumindo que Tristan Kane agraciou sua presença em um evento
interno humilde, uma certa jovem e linda deusa grega estava lá?
— Ela não é grega. Acabei por conhecê-la nas ilhas Gregas. E ela
também não é uma maldita estagiária, é uma advogada júnior.
— Você não respondeu à pergunta — Danny dispara de volta.
Jack torce o nariz. — Lembre-me como você conseguiu orquestrar
isso para que ela trabalhasse para Madison?
— Eu não precisava. Elly fez. — Eu dou de ombros. — Ela estudou
direito e eu possuo a Madison Legal. É um acéfalo. Onde mais ela
gostaria de trabalhar? Para minha sorte, ela é inteligente o suficiente
para fazer o estilo. — Abro outro botão da minha camisa. — Eu a
convidei para jantar comigo. Eu não poderia dizer a vocês no café da
manhã com mamãe ouvindo como um falcão.
— Ela é meio que um fio elétrico. — Jack ri. — Entrar
furtivamente em hotéis e passar a noite lá? Você não está pagando o
suficiente para sua equipe?
— Não comece. Espero que tenha sido um comportamento fora
do personagem.
— Jack está certo. — Danny franze a testa. — Ela é júnior em sua
empresa. Isso é sábio?
Meu rosto se contrai. — É lamentável, mas não estou disposto a
desistir dela. — Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo. — É tortuoso
saber que ela está alguns andares abaixo. Não consigo olhar para ela sem
me lembrar dela sem roupa. Estou andando por aí com uma semi
permanente.
Danny sorri. — Isso deve dar muito trabalho. . . duro. Então,
quando vai acontecer esse jantar?
Eu cerro os dentes. — Na verdade, ela disse não.
Jack junta as mãos em um aplauso lento e alto e olha para Danny.
— Esta é uma ocasião importante. A primeira dama da história a resistir
ao Sr. Kane.
— É um revés — murmuro. — Vou convencê-la. Embora Rebecca
vá me deixar louco por perseguir uma advogada Junior.
Jack ergue uma sobrancelha. — Então o que? Uma vez que você
mergulhar sua caneta na tinta de sua própria empresa, o que acontece?
— Pare de fazer isso soar tão sórdido.
— Uma junior e o chefe? — Danny revira os olhos. — Isso cheira
a uma Junior de meia-idade.
— Fale por você mesmo. — Eu bufo. — Como está minha irmã? —
No verão passado, a empresa de tecnologia de Danny, Nexus, adquiriu a
empresa para a qual minha irmã mais nova, Charlie, trabalhava. Eles
começaram um caso pelas minhas costas. Foi uma época turbulenta, e
nossa amizade chegou ao fim pela primeira vez em duas décadas.
Desnecessário dizer que não fiquei feliz quando descobri, mas Danny
parece levar Charlie a sério. Embora seja muito cedo.
— Ela é ótima, estamos indo para a Escócia no próximo fim de
semana. — Ele sorri. — Além disso, você não pode comparar. Eu vou me
casar com Charlie. Você vai se casar com uma advogada estagiária de 25
anos que dorme em armários de lençóis e torná-la madrasta? Você não
pode simplesmente comprar outro carro esportivo e tirar essa crise do
seu sistema dessa maneira?
Todos os pontos válidos.
— Então, por que essa mulher? — Jack inclina a cabeça me
estudando. — Eu a vi, ela é linda, mas você já saiu com mulheres tão
bonitas quanto. Você não pode simplesmente dormir com outra pessoa
que não trabalha na Madison?
Deixei escapar um suspiro pesado. — Não é só sexo. Eu gostava de
estar com ela. Ela é engraçada. Quando eu estava com ela, me sentia
menos estressado. Sem contar que ela é inteligente. E ser multilíngue é
sexy pra caralho. Eu a fiz gemer em croata.
Eles trocam olhares.
— Apenas foda uma professora de línguas nesse caso. — Jack ri.
— Eu acho que é porque ela está resistindo a você. Isso tudo pode acabar
em lágrimas. Provavelmente dela.
— As probabilidades estão contra nós — eu admito. — Além
disso, que jovem de 25 anos quer carregar minha bagagem?
As sobrancelhas de Danny franzen. — Sobre isso — ele começa
com cuidado. — Você vai falar sobre isso?
— Não.
Danny lança um olhar para Jack em busca de apoio.
Jack limpa a garganta. — Estamos preocupados com você, cara.
Isso não é algo que você supera facilmente.
É. Isto.
Danny abaixa a voz. — Tristan, você mal falou sobre isso desde
que descobriu. Você está engarrafando tudo. Isso não é saudável.
Meu peito aperta. — Deixa. Eu processei o que aconteceu há muito
tempo. Vamos aproveitar a noite.
Os olhos de Danny fervilham de frustração. — Você processou
metade da história.
Como se eu não soubesse disso.
— Como está o Daniel? — Jack pergunta, balançando a cabeça
sutilmente para Danny.
Eu caio na minha cadeira. — Ele está agindo muito, não
surpreendentemente. Ele não está ouvindo os professores na escola, fica
emburrado quando está em casa. Estamos levando-o a um conselheiro
infantil para processar a separação, mas não sei se está ajudando. —
Solto um gemido ofegante. — O que eu faço, peço ao meu filho para parar
de ser um idiota? A culpa que sinto todos os dias por separar sua família.
. . É destruidor de almas.
Danny se inclina. — Sua mãe não pode ajudar com conselhos?
— Sem chance. — Eu gemo. — Ela vai levá-lo até o padre se
souber como ele chamou a professora assistente.
— Não olhe para mim em busca de conselhos. — Jack ri. —
Embora eu admita que estou com um pouco de ciúmes. Eu gostaria de
um mini-eu. Pense em como ele seria bonito.
Seu rosto cai. — Me desculpe, cara.
— Não há necessidade.
Eu tinha aceitado o fato de que não era o pai biológico de Daniel.
Sangue ou não, você não pode desligar os sentimentos.
Bebi uma garrafa inteira de uísque no dia em que meu teste de
DNA chegou. Então fiz o mesmo no dia seguinte e no dia seguinte. Mas
eventualmente eu processei isso e encontrei uma maneira de seguir em
frente.
Mas Danny estava certo, isso era metade da história.
CAPÍTULO DOZE

ELLY

Segunda-feira de manhã e estou pronta para mais uma semana de


revisão de contrato e registro de minutos.
Sophie leva sua cadeira até minha mesa. — Tenho novidades para
você. Eu não quero que você fique muito empolgada porque você está lá
só para fazer sombra, mas você se lembra do caso Maria Garcia de que
falamos?
— É claro. — Eu balanço minha cabeça em concordância. — Está
ganhando mais publicidade a cada dia. — Eu coloco a mão sobre minha
boca quando a compreensão surge. — De jeito nenhum! — eu guincho.
— Você está emprestada em tempo parcial para a equipe do caso,
algumas reuniões aqui e ali, só isso — ela avisa. — Mas será uma boa
exposição. Você pode assistir a advogados seniores em ação em um caso
delicado.
Eu pulo na minha cadeira. — Mal posso esperar!
— Bom — ela responde. — Porque há uma reunião em duas
horas. Os honorários acabam de ser assinados. Procure as instruções em
seus e-mails.
***
Saio do elevador no décimo nono andar. Por que a sala de reuniões
fica tão perto dos andares da alta gerência? De repente, tenho um mau
pressentimento sobre isso.
Eu aliso meu vestido azul para que ele se estenda além dos meus
joelhos. Quando ando muito rápido, a bainha sobe, mostrando demais as
pernas. Eu comprei alguns deles em cores diferentes nas vendas. Ele
grita moda de rua de baixo custo, mas é aceitável. Não posso comprar
onde Sophie e Amy compram. Ainda não.
Sala 111, 112, é aqui, 113. Três outras pessoas, dois homens e uma
mulher, estão conversando na sala quando espio nervosamente pelo
corredor. — Esta é a reunião para o caso Garcia?
A mulher me olha e sorri. — Sim. E você é?
— Elly Andric. — Meus olhos disparam entre eles quando não há
reconhecimento. Houve algum erro?
Depois de um momento, um dos caras estala os dedos e se vira
para os outros. — A sombra júnior.
Ele acena para que eu me sente. — Sou Adi, estes são Jacob e Lisa.
Bem-vinda, Elly.
Sento-me em frente a Adi e cumprimento a equipe. Eles me
cumprimentam educadamente e voltam a se concentrar em seus
laptops. Com todo mundo estudando suas telas, não sei o que fazer com
minhas mãos ou olhos. Devo fingir que também tenho negócios
importantes no meu laptop?
Eu me concentro em minhas mãos. — Estou tão animada para
apoiar este caso — eu digo. — Quem é o principal advogado nisso?
— Sou eu — vem uma voz suave e profunda atrás de mim.
Sério?
Lisa olha para cima, assustada. — Sr. Kane.
As mesmas emoções passam por seus rostos como dominós -
apreensão, medo, excitação. Uma chance de impressionar o CEO em
primeira mão.
Ele toma o único assento disponível ao meu lado. Tão perto, muito
perto.
Olho diretamente para Adi e tento controlar minha respiração.
Adi fecha seu laptop, sentando-se ereto. — Que surpresa e uma
honra. Então você está conduzindo este caso, senhor?
Por favor, diga não.
Meu coração despenca. É muita coincidência, mas o CEO da
Madison realmente se esforçaria para escolher estagiários?
Eu estava nervosa ao entrar nesta sala, estou tão ansiosa para
causar uma boa impressão na Madison e não parecer estúpida em uma
das empresas de elite do mundo. Agora, isso foi adicionado à mistura?
Vou precisar de um marca-passo para sobreviver a esta missão.
Tristan solta uma risada baixa. — Todo mundo parece chocado
com esse fato. — Ele se recosta na cadeira, a única pessoa relaxada na
sala. — É um caso interessante que chamou a atenção da mídia.
Sinto o cheiro de sua loção pós-barba, a mesma loção pós-barba
que ele usava na Grécia. Ele atinge meu nariz e as memórias voltam;
estamos no restaurante, caminhando na praia de mãos dadas, na cama
com ele entre minhas pernas. Quantas noites eu quis aquele homem
almiscarado como uma vela no banho enquanto eu me dava prazer lá
embaixo?
— Sr. Kane, você conheceu todo mundo? — Adi pergunta.
O sangue corre em meus ouvidos quando ele olha diretamente
para mim.
— Eu tenho. — Tristan examina a sala. — Vocês serão minha
equipe inicial para o caso. — Ele verifica o relógio. — Tenho dez
minutos. Vocês receberam permissão para acessar os arquivos do caso
no sistema. Há quinze acusações contra Maria Garcia. Espero que vocês
estejam familiarizados com todas elas na quarta-feira. Na semana
passada, a Colômbia fez um pedido de extradição ao Reino Unido. O
Secretário de Estado já enviou o caso aos tribunais, pelo que
provavelmente será decretada uma detenção iminente para Maria.
Também estão no sistema as notas reunidas sobre o pedido de asilo de
Maria, que foi negado.
Ele lança nossa estratégia e abordagem em uma entrega tão rápida
que me esforço para acompanhar. É apenas mais um dia no escritório
para ele; para mim, é o ponto alto da minha curta carreira.
Um desperdício. Eu poderia aprender muito com essa experiência.
Seu nome é um dos advogados mais reconhecidos e respeitados
globalmente. Conseguir esta oportunidade, mesmo que apenas para
sombra em um de seus casos, não é algo que surge com frequência na
carreira de um advogado. Mesmo que seja através de circunstâncias
suspeitas.
Em vez disso, sou um desastre trêmulo.
A equipe fica em alerta máximo enquanto ele discute a abordagem
que eles adotarão e suas funções.
Uma coisa eu sei agora com certeza. Todas as pessoas nesta
empresa são apaixonadas por Tristan Kane.
Incluindo eu.
***
Tristan encomendou dois carros para quatro de nós viajarmos
para onde Maria está hospedada, perto de Kensington. Para meu alívio,
disseram-me para viajar com Adi, embora, irritantemente, senti uma
patética pontada de ciúme quando ele insistiu que Lisa viajasse com ele.
Aproveito a viagem de carro para examinar o conteúdo da maleta
uma última vez. Ontem à noite, fiquei até tarde no escritório para revisar
cada detalhe de todas as quinze acusações contra Maria Garcia.
Paramos em frente a uma casa de quatro andares em estuque
branco em Holland Park, uma parte rica de Londres repleta de
embaixadas e dinheiro antigo. Fica ao lado da Embaixada do
Uzbequistão e tem quase o mesmo tamanho. Adi disse que Maria estava
morando aqui sozinha. Ela deve ser a requerente de asilo mais rica do
país.
Do lado de fora, há três seguranças corpulentos. Mostramos
nossos passaportes para entrar no terreno.
Enquanto a adrenalina sobe pelo meu sistema, eu esqueço a figura
alta e musculosa no terno perfeitamente ajustado liderando o caminho
na minha frente. Casos como esses são a razão pela qual eu quis me
tornar advogada. Um caso interessante o suficiente para consumir todos
os seus pensamentos. Não quero que meus pensamentos sejam
consumidos pelo ato regulador número 42 e pelo ato comercial de 1977.
Somos conduzidos por um dos seguranças pelos degraus largos
até o corredor, que tem teto alto e paredes adornadas com pinturas e
instalações de arte.
— Aparentemente costumava ser uma embaixada — sussurra
Adi. — A rua inteira é de embaixadas ou antigas embaixadas.
Maria está esperando por nós em uma luxuosa biblioteca, o espaço
perfeito para receber se ela pudesse receber convidados que não fossem
advogados. Eu a reconheço imediatamente, embora ela esteja magra
agora em comparação com as fotos chamativas da mídia. A história do
belo hoteleiro e sua jovem esposa modelo. Foi um conto de fadas na
Colômbia por muitos anos até se transformar em uma história de terror.
Meus saltos se prendem no tapete grosso e impraticável, e eu
tropeço na sala, xingando.
— Cuidado — Adi murmura, estreitando os olhos.
— Maria? — Tristan pergunta com um sorriso profissional.
Ela desliza para a frente, oferecendo seu próprio sorriso
deslumbrante e pega a mão dele, apertando-a como imagino que a
realeza faria. Para minha surpresa, ela está tão impecavelmente vestida
quanto a mídia a apresenta. Eu esperava que alguém prestes a ser presa
estivesse de roupa de dormir sem maquiagem.
Seus olhos brilham com interesse, como os olhos de toda mulher
quando encontram Tristan Kane.
Fico atrás dos outros enquanto Maria nos oferece assentos.
Conheço meu lugar, minha falta de experiência automaticamente me
classifica como inferior na sala e devo fazer o que me mandam.
Adi acena para uma cadeira ao lado dele, e eu a pego.
É fácil entender por que Maria Garcia atrairia o interesse de um
dos homens mais ricos da América do Sul. Antes de ela matá-lo, quero
dizer. Uma morena natural, seus traços perfeitos e olhos azuis gelados a
fazem parecer quase uma boneca. Suas longas pernas se estendem sob
a mesa de centro, e eu me pergunto como ela consegue manter o cabelo
com qualidade de salão enquanto se esconde. Ela é requintada e isso não
passa despercebido pelos homens da sala.
Pelo menos sei que o Tristan não consegue dormir com a cliente.
Espero.
Tristan se reclina na poltrona de couro mais próxima de Maria. Ele
ocupa mais espaço na sala do que qualquer outra pessoa, e não me refiro
apenas fisicamente. Assumindo o controle das sutilezas, ele apresenta a
equipe e nossas funções. Suas palavras são prolongadas e baixas com
pausas intensas, talvez para relaxar Maria. Faz perguntas amáveis sobre
a casa e o bairro, dos quais parece saber muito.
Ela concentra sua atenção em Tristan. Ela não parece uma mulher
implorando por ajuda ou preocupada com prisão ou morte iminente.
Mais como uma predadora que encontrou sua próxima refeição.
Se Tristan percebe, ele não reage. A queridinha dos desfiles de
moda da Colômbia está sentada à sua frente, espelhando sua linguagem
corporal, sorrindo e deslumbrando nos momentos certos.
Maria assina o termo de consentimento e eu começo a gravar a
reunião.
Eu ouço com admiração enquanto Tristan explica os detalhes
intrincados sobre seu pedido de extradição e o que acontecerá quando
um mandado de prisão for emitido. Ele arregaça as mangas até os
cotovelos mostrando seus antebraços musculosos. Eu tento não deixar
meu olhar cair para sua pele nua.
— Quanto tempo posso esperar ficar na prisão até a audiência
preliminar? — Maria pergunta. Olho em volta da biblioteca, que é mais
luxuosa do que a maioria dos hotéis em que já me hospedei. Maria
parece resistente, mas a transição de uma casa luxuosa em Kensington
para a prisão pode ser que seria um choque para o sistema.
— Duas a três semanas — confirma Tristan. — Enquanto isso,
estaremos trabalhando em seu caso de asilo. Sua entrevista inicial de
asilo será esta semana. Alguém de nossa equipe estará com você na
reunião.
Meus dentes mordem meu lábio inferior enquanto observo
Tristan em ação. É por isso que meu coração não aguentou apenas uma
aventura rápida com ele. Não há nada mais sexy do que um cara que está
no topo de sua área. Ironicamente, não tenho certeza se estou mais
excitada ouvindo sua voz rouca gemendo meu nome quando ele chega
ao clímax ou discutindo as complexidades do processo de busca de asilo.
Como se sentisse meus olhos nele, ele inclina a cabeça em minha
direção e me dá um sorriso íntimo. Basta para que Maria também volte
sua atenção para mim. Eu sorrio de volta educadamente, em seguida,
desvio o olhar confusa.
Nos noventa minutos seguintes, faço um esforço consciente para
me concentrar nas palavras dele, e não nele. Com um domínio lento e
calmo que não é forçado, ele provoca o que precisamos de Maria.
Nesses noventa minutos, tenho uma imagem muito confusa de
Maria. A Maria da mídia é diferente da Maria do mundo real. Esta é
igualmente encantadora, mas vejo lampejos de algo mais sombrio.
Quando ela concentra seu olhar lindo e enervante em mim, um calafrio
sobe pela minha espinha. O contato visual intenso e sem piscar me faz
sentir como se alguém tivesse andado sobre o meu túmulo.
No momento em que terminamos, saio da minha primeira reunião
com a cliente, quente, nervosa e pronta para me submergir em um
banho gelado.
CAPÍTULO TREZE

ELLY

— Os carros levarão vocês para casa — Tristan nos informa


enquanto saímos da casa de Maria para a rua onde os dois Aston Martins
em que viemos estão estacionados.
— Isso não é necessário para mim — eu respondo educadamente.
— Vou pegar o metrô.
Os motoristas estão esperando do lado de fora dos carros. O
pânico se instala quando eu travo os olhos com o motorista do carro em
que eu não tinha chegado. É George, o motorista de Tristan com quem
fiz a viagem da vergonha do Rosemont Hotel. Sua testa franze enquanto
ele tenta se lembrar de como eu sou familiar para ele. Eu devolvo um
sorriso estrangulado.
— Eu insisto. — Não está aberto para negociação. — Lisa, Adi,
peguem o primeiro carro. Elly, entre no segundo carro. George está indo
para o sul.
Os outros dão de ombros e entram no primeiro Aston Martin
preto.
Eu desisto, decidindo que não vale a pena lutar, e subo no banco
de trás do segundo carro. Esta vai ser uma longa viagem.
George sobe no banco do motorista. — Estamos indo para Tooting,
Elly?
Antes que eu possa abrir a boca para falar, a porta oposta se abre
e Tristan entra.
— Você pode ficar com este carro — eu gaguejo, minha mão
travando na maçaneta da porta. — O metrô é bom para mim.
— Fique — ele rosna com tanta ferocidade que eu congelo. Ele
fica confortável abrindo bem as coxas. Seu joelho coberto pela calça roça
no meu joelho nu e eu me encolho.
— A maioria das pessoas apreciaria o tempo de conexão com o
dono da empresa — ele murmura.
Eu mordo meu lábio para impedir que o que está na minha cabeça
saia pela minha boca. Eu preciso ter cuidado aqui. Ele ainda é o chefe.
Ele poderia fazer ou acabar com a minha carreira jurídica.
Eu me concentro em um ponto acima da orelha de George.
— Onde você vive? — Tristan pergunta.
— Tooting — eu respondo, tentando soar natural. — Mas você já
sabia que eu estava indo para o sul.
Ele se inclina para frente. — George, vamos deixar Elly primeiro
em Tooting, depois você pode me deixar.
George se vira no assento para encarar seu chefe. — Senhor, posso
conseguir um segundo carro para Elly? Isso seria muito mais
conveniente para você.
— Um carro está bom — Tristan responde, seu tom misturado
com irritação. — Sul de Londres primeiro.
George parece confuso, mas rapidamente se vira em seu assento e
liga o motor.
— Água? — Tristan me oferece uma garrafa de vidro fechada.
— Obrigada. — Minha voz sai ofegante.
Quando ele me entrega, seus dedos roçam nos meus.
Olho pela janela para as obras na estrada tentando calcular quanto
tempo levará a viagem até Tooting.
— Eu preferiria não ter uma conversa com a lateral de seu rosto.
Eu forço meu olhar da janela.
— Isso é melhor.
— Sr. Kane — eu começo rapidamente, decidindo usar esse
tempo de conexão com o CEO a meu favor. — Você tem algum conselho
para eu começar? Há algo em que devo me concentrar no meu primeiro
ano? Ou áreas que devo pesquisar? Sei que proteção de dados e GDPR
são tópicos chatos, mas parecem tão importantes hoje em dia, não
importa em que setor você esteja...
— Elly — ele me interrompe suavemente. — Se você quer
orientação, eu lhe darei toda a orientação de que você precisa. Não é
sobre isso que eu gostaria de falar com você agora. — Ele aperta um
botão à sua direita e uma divisória começa a subir, nos separando de
George.
— O que você está fazendo? — Eu pergunto com uma voz
estridente enquanto a divisória fecha no teto do carro.
— É à prova de som.
Eu atiro a ele um olhar. — E isso não é nada assustador?
Ele dá de ombros. — É para ligações e conversas confidenciais, só
isso. George está acostumado. — Ele passa o braço pelo banco de trás,
de modo que sua mão fica perigosamente perto do meu pescoço. — Quer
que eu coloque de novo? Eu vou, se é isso que você quer.
Eu balanço minha cabeça.
— Você parece ter tido uma impressão errada de mim. Eu quero
corrigir isso.
— Oh, sério? — Eu levanto uma sobrancelha. — Então, ver você
brincar de família feliz no mesmo dia em que fizemos sexo pela manhã
me deu a impressão errada? — Calor inunda meu rosto com a memória
daquela manhã. Ele me fez gozar duas vezes. Tomo um grande gole de
água fria.
Seus olhos se enchem de frustração. — Sim, na verdade foi.
Cruzo os braços sobre o peito. — Por que você e Gemina se
separaram?
Ele suspira baixinho. — Então, ainda é sobre o meu casamento. —
Sua mandíbula aperta como se eu tivesse atingido um nervo enorme.
Ele não fala por um longo momento.
— Ela me traiu com algum velho rico fodido.
— Um filho da puta mais velho e rico do que você?
— Ai. — Ele ri. — Sempre a espertinha. Isso dói. Tentei te
procurar. Achei que você seria fácil de encontrar. Não ter um segundo
nome não ajudou. Eles não divulgariam seus detalhes de contato na
Swansea University por causa da proteção de dados.
— Achei que você não queria falar sobre proteção de dados —
digo secamente. — Entrar em contato com minha universidade pode ser
considerado romântico ou perseguidor, dependendo do seu ponto de
vista. O que um tribunal diria?
— Era um risco que eu estava disposto a correr. Você teria
preferido que eu me esquecesse de você e seguisse em frente?
Eu não respondo.
Seus dedos tocam levemente a base do meu pescoço, enviando um
arrepio através de mim. Eu me mexo no meu assento. Ele está apenas
tocando meu pescoço, mas pelo jeito que estou respirando, você
pensaria que ele está me dando uma massagem tântrica.
— Elly. — Sua voz calma interrompe o silêncio. — O que está
impedindo você de me dar uma chance?
Eu ignoro meu bom senso e me inclino em seu toque, enviando
uma trilha de arrepios pelo meu corpo.
Seus olhos se fixam nos meus, me dizendo que ele sabe
exatamente o efeito que está causando em mim.
— Eu não vou arriscar meu primeiro emprego por uma aventura
— eu digo, minha voz trêmula. — Não é o patrão que sai perdendo
nessas situações. O que vai acontecer com você, você recebe um aviso?
Você será demitido? — Soltei uma risada sem graça. — Eu? Serei a fofoca
do escritório até que o próximo pobre coitado durma com a pessoa
errada ou com você.
— Eu não namorei um funcionário antes de você — ele afirma
simplesmente. — Não sabemos se isso será apenas uma aventura.
Eu o olho com ceticismo.
— Estou tão longe do alvo? — ele pergunta quando eu não
respondo. — Se bem me lembro, você deu em cima de mim. — Ele pisca.
— Houve até alguma mendicância envolvida.
Eu estreito meus olhos e abro minha boca, em seguida, fecho-a
novamente. Na verdade, eu não podia negar isso.
— Você pode arruinar minha carreira — eu sussurro. — Você tem
o poder para isso.
— Eu poderia — ele concorda. — Mas não tenho intenção de fazer
isso. Eu mantenho minha vida pessoal separada da minha vida
profissional. Espero que você também consiga. Se namorarmos e não
der certo ou se você me trair, isso não é reflexo da sua capacidade
profissional. Sua reputação não será afetada.
Eu o encaro, impassível. Se eu trair ele?
— Por que você está neste caso, Tristan? — Eu pergunto. — E
mais importante, por que eu estou neste caso?
— Você é uma advogada Junior. Sempre temos os casos de
sombra dos juniores como este. Você me disse em Mykonos que queria
experimentar direito penal. Você não é um ajuste óbvio?
Meus olhos se estreitam. Que besteira.
— Você quer ser retirada do caso? Se é isso que você realmente
quer, está feito.
— Não.
— Bom. — Ele sorri para mim. — Você pensa em mim, Elly?
Eu não respondo a ele.
— Você já pensou em nossas noites juntos?
— Não — eu sussurro, virando-me para a janela. Não vou revelar
que meu vibrador tem o nome dele.
— Seu rosto diz o contrário.
Reviro os olhos. — Existem fotos suas por toda a internet com
mulheres diferentes. Não me diga que você está ansiando por mim. É
assim que você corteja as mulheres?
Seus lábios se contraem. — Então, você fez algumas pesquisas
sobre mim. Não acredite em tudo que você lê. As histórias são
exageradas. Frequentemente sou fotografado em eventos. E não é uma
linha. Eu penso em você o tempo todo.
Eu esfrego minhas mãos no meu vestido e olho para ele. — Oh,
sério? O que você pensa sobre?
Meus olhos traiçoeiros viajam por seus ombros largos e peito
largo, cobiçando cada músculo ao longo do caminho até pousar em suas
coxas. Ele está vestido com um terno caro sob medida que não fez nada
para impedir que as memórias voltassem. Eu amava suas coxas nuas.
Elas me faziam sentir pequena e feminina.
Ele espera até que eu encontre seu olhar antes de falar. — Não te
vejo há meses, mas ainda me lembro do seu corpo como se fosse ontem.
Penso naquela primeira noite, na água. Sua calcinha estava encharcada,
mostrando-me cada curva, cada linha de seu belo corpo. Eu estava tão
excitado, eu queria você lá e então. — Seus lábios se contraem nos
cantos. — Devo continuar?
Não, jogue-me pela porra da janela. Faz meses que não faço sexo.
Se ele subisse no meu vestido agora, não tenho certeza se teria força de
vontade para resistir.
Eu mantenho meus olhos fixos nos dele, com medo de respirar.
— Você me tirou o fôlego. Então você me deixou, não, me convidou
para tocá-la. Você estava tão molhada, tão pronta para mim. Aqueles
pequenos gemidos ofegantes que você fez me arruinaram.
Meu coração bate na minha garganta enquanto eu me agarro a
cada palavra.
— No quarto do hotel, você gozou uma e outra vez, agarrando-se
a mim como se não pudesse ter o suficiente. Posso imaginá-la tão
vivamente.
Meus olhos se arregalam. Este homem deveria ser o narrador de
um romance erótico. Eu tento me firmar. Se eu tentar falar, não tenho
certeza do que vai sair.
— Penso em você todas as noites desde então. Preciso provar
você de novo, Elly. — Parece mais uma exigência do que um pedido.
— O que? — eu grito. Como ele pode estar tão confortável
enquanto eu sou oposto? Eu tagarelo no interruptor da janela para
abaixar a janela. Preciso liberar um pouco dessa tensão sexual. Está
muito quente neste grande carro preto. Minhas pernas nuas estão tensas
e suadas contra o estofamento de couro. Preciso de ar fresco rápido.
Ele não tira os olhos de mim. — Se eu pudesse, levaria você de
volta para a minha casa e passaria a noite inteira lembrando como posso
fazer você se sentir bem. Mas primeiro, eu faria você implorar. Provocá-
la até que você não aguente mais. Então eu passaria horas fazendo você
gozar com tanta força que todos em Londres ouviriam você gritando.
Minhas pernas traiçoeiras se separam. Não consigo pensar além
do desejo carnal de encenar sua história.
Uma de suas sobrancelhas se ergue. — Você também quer isso,
Elly, não é?
Porra, sim, eu quero isso. Meu corpo anseia, dói para ele me tocar
lá. Eu coloco a garrafa em meus lábios esperando que ele não perceba
minha mão trêmula e resisto ao impulso de derramar a água fria sobre
minha cabeça.
— É apenas sexo — eu digo em um tom duro.
Ele olha para mim como se estivesse considerando a declaração.
— Não. — Sua boca se contrai. — Minha pequena bola de estresse.
Deixe-me levá-la para jantar. O encontro que tivemos em Mykonos. . .
Não consigo esquecê-la facilmente. Eu quero isso de novo. Você também,
Elly. Está escrito na sua cara.
Eu respiro fundo. — Eu não posso — eu sussurro. — Com quantas
mulheres você já fez sexo desde mim?
Ele passa a língua pelos dentes. — Por que isso importa? Sou
solteiro.
Importa para mim.
— Você esperava que eu permanecesse celibatário esperando
encontrá-la, Elly? — Sua voz suaviza. — Olha, eu não vou perseguir mais
ninguém quando estou com você. É você que eu imagino deitada em
cima de mim todas as noites. É você que não consigo tirar da cabeça.
Engulo em seco.
— Dê-me uma chance — diz ele finalmente. — Se você me disser
que não está interessada, então vou te deixar em paz.
O carro desacelera até parar do lado de fora da minha casa. Eu nem
tinha percebido que estávamos na minha rua.
— Onde você vive? — Eu pergunto curiosamente.
Ele parece envergonhado. — Holland Park.
— Holland Park? — Eu o encaro enquanto meu cérebro falha. —
Mas acabamos de chegar de lá.
— Peguei o caminho panorâmico para casa — admite. — Parece
que gosto da paisagem em Tooting. Então, Elly? — Ele pergunta como
um chefe instruindo um subordinado, não como um homem convidando
uma mulher para sair. — Devo buscá-la às oito para jantar?
Eu convoco cada grama de força de vontade que me resta.
— Não é uma boa ideia — digo baixinho, mexendo na maçaneta
da porta. Preciso sair deste carro antes de fazer algo de que me
arrependa. — Adeus, Tristan.
Eu abro a porta, pulo para fora do carro e fecho a porta.
CAPÍTULO QUATORZE

ELLY

— Santo Deus, estou com calor só de ouvir essa história — Megan


grita enquanto pega uma mecha do meu cabelo e a enrola no modelador.
Durante anos fui a cobaia da Megan. — Eu nunca tive um homem falando
tão sujo comigo. Esqueça isso, nunca tive um homem tão sujo comigo.
— Essa foi a versão PG9 — murmuro, estremecendo quando ela
escalda minha orelha. — A versão não editada é muito mais atrevida.
Não é à toa que ele investiu em uma divisória de isolamento em seu
carro.
Ela franze o nariz. — Como os passageiros são separados dos
motoristas nos táxis?
— Exatamente assim — eu digo. — Exceto que este é à prova de
som.
Ela para no meio do cacho. — Parece que foi construído para
assassinato. Você sabia que ele basicamente tinha você em uma jaula?
— Uma mulher faminta por sexo enjaulada com um cara de quem
ela quer sexo. — Eu faço uma careta. — Estou extremamente orgulhosa
da minha contenção.
Eu grito quando ela puxa meu cabelo para trás.
— Aqui. — Ela coloca um espelho na minha frente. — Sexy. O Sr.
Foda-me Kane não tem chance.
Não é ruim. Os cachos saltam frouxamente sobre meu ombro. Eu
aceno com aprovação.

9
A necessidade de empregar uma autocensura imposta ao utilizar palavrões ao conversar com um
amigo na presença de adultos e/ou pessoas tensas.
Seus lábios se contraem. — Você tem que admitir, é muito quente
que ele seja seu chefe.
— Não. — Eu franzo a testa. — Isso pode arruinar minha carreira
antes mesmo de começar.
Ela acena com os rolinhos com desdém. — Pare de ser tão séria,
Elly. Aproveite a atenção! Além disso, pode realmente ajudar sua
carreira.
Eu bufo. — Eu não estou escalando o Sr. Foda-me Kane para subir
a escada.
Ela descansa a pinça quente no meu ombro.
— Ai!
— Desculpa. Mas você quer dormir com ele, não é?
— Isso é irrelevante. — Eu dou de ombros. — Esse é o problema,
não estou programada para lidar apenas com dormir com ele. Não posso
ser apenas uma aventura e depois vê-lo no escritório e fingir que está
tudo bem.
— Ele vai seguir em frente se você não agir — ela me avisa,
consertando alguns fios rebeldes finais. — Caras assim não ficam por aí.
Meu queixo se inclina em desafio. — Bem, então ele não gostou
muito de mim.
— E se já faz tanto tempo que está fechado lá embaixo?
Eu dou a ela um olhar fulminante. — Não é uma ferida. É uma área
seca. — respondo defensivamente. — Tive um encontro com aquele chef
alguns meses atrás. E o ciclista sexy antes disso.
— Sim, mas você não passou da primeira base com nenhum dos
dois — Megan aponta.
— Não tenho solução. Eu quero o Sr. Foda-me Kane, mas não
posso dormir com ele. E não posso dormir com mais ninguém porque o
quero. — Eu suspiro. — Alguma notícia de Damo? — Damo tinha ficado
em silêncio sobre Megan nos últimos dias.
— Não. — Ela reclama. — Há uma semana, suas respostas eram
em tempo real. Agora? Um silêncio estranho. Tenho ansiedade por
mensagens de texto. Estou fazendo coisas irracionais como reiniciar
meu telefone e Wi-Fi. Caso seja o telefone. Eu persigo quando ele está
online pela última vez. Então, quando ele está online, começo a digitar,
caso ele veja que estou online e pense que o estou perseguindo. O que
eu estou.
— Esqueça-o, Megan — eu digo com firmeza.
Seus olhos se arregalam. — Mas eu preciso saber por quê. Por que,
por que, por que? Ignorar é uma forma de tortura que eles deveriam
usar em presidiários.
Eu mordo meu lábio. — Você nunca saberá por quê. Vamos ver
alguns novos perfis esta noite. Uma vez você me disse para voltar à sela,
lembra? A coudelaria em Londres é enorme.
Ela ri. — Chega de insinuações. Eu entendi o ponto.
— Vamos nos concentrar em sua exposição — eu digo com
entusiasmo. — Isso é incrível. Estou tão orgulhosa de você.
O conselho de Tooting está organizando uma exposição para
artistas locais e Megan conseguiu um pequeno estande.
— Está em uma biblioteca — ela zomba. — Não é exatamente o
Tate Modern ou o MoMA.
— Como? Ainda é sua primeira exposição!
Ela não consegue conter um sorriso. — Sim, é legal.
No andar de baixo, o alarme de incêndio dispara.
Ela me olha no espelho. — Para viagem de novo?
— Acho que teremos que comê-lo em nossos quartos. — Eu gemo.
— Vamos pedir alguma coisa e depois ver alguma pornografia caseira
de onde poderíamos estar jantando.
***
Tristan não falou comigo pelo resto da semana, mesmo durante o
segundo encontro com Maria Garcia. A mulher ainda me deixa inquieta.
Com Maria Garcia me dando calafrios e Tristan Kane me dando ondas de
calor, estou começando a me perguntar se a menopausa será assim.
Na verdade, ele foi tão profissional na segunda viagem que
suspeitei que a viagem de carro anterior foi um sonho sujo que havia
confundido com a realidade. Em vez disso, sou tratada com o
distanciamento educado que um advogado júnior receberia de um sócio.
Talvez ele tenha percebido que havia cometido um erro. Ele se
arrependeu de me propor? Ou ele já havia passado para a próxima
conquista, como Megan disse? O gato encontrou um novo rato?
O cara é uma foda mental.
Então, esta noite, em uma tentativa de reviver minha terrível vida
amorosa, juntei-me a milhões de londrinos solitários e/ou excitados no
campo minado do namoro online. Megan disse que não havia
necessidade de me espalhar por todos os aplicativos de namoro; oitenta
por cento das entradas são as mesmas.
Esta noite é um encontro com Chris, 28 anos, de Yorkshire. De
acordo com seu perfil, ele passou dois anos ensinando inglês na China
antes de passar para a codificação e agora é desenvolvedor sênior na
Nexus.
Sim, o mesmo Grupo Nexus que o amigo de Tristan Kane, Danny
Walker, possui, mas isso é irrelevante.
Marcamos um encontro no bar superior do Regency Hotel, um
restaurante exclusivo em London Bridge próximo a sede do Nexus.
Aparentemente, o pessoal do Nexus ganha descontos. É melhor que
esteja com noventa por cento de desconto. Eu verifiquei os preços das
bebidas antes de sair, e eles são horríveis.
A London Bridge está repleta de bebedores de quinta à noite já no
modo de fim de semana. Abro caminho pela multidão até entrar no hotel.
Felizmente, Chris se parece com sua foto de perfil. Eu o encontro
na entrada e subimos no elevador, trocando sutilezas nervosas.
No espelho, eu o pego olhando minha bunda. Estou usando um top
azul que Megan diz que faz meus olhos saltarem. Tem um corte muito
baixo na parte de trás e estou começando a me sentir constrangida.
— Obrigado por me encontrar aqui, Elly — ele diz enquanto nos
sentamos em uma mesa ao lado do hostess. Chris parece legal, mas eu já
não tenho nenhum interesse sexual. — Meu projeto de trabalho significa
que estou saindo do escritório muito tarde ultimamente. Mas você vai
gostar. Tem ótimos coquetéis.
— É adorável. — Eu olho ao redor da barra de pelúcia. Oh, há um
botão Press for Bubbles na mesa! — Que legal que você ganha um
desconto.
Ele concorda. — É porque o CEO da Nexus, Danny Walker, é amigo
do proprietário do Grupo Lexington. Eles são os donos deste lugar.
Eu estremeço. Jack Knight, outro cara que testemunhou
#armariosdelençois.
Chris passa a mão pelo cabelo. — Eu tenho que admitir, Elly, estou
enferrujado nisso. Eu me separei de alguém, e este é meu primeiro
encontro online.
Uma sensação de alívio me inunda. — Eu também!
Ele concorda. — Você acabou de terminar um relacionamento?
— Oh. não. — Eu vacilo, sentindo-me estúpida. — Eu estou apenas
. . . oxidada.
Pedimos coquetéis, discutindo com profundidade desnecessária
os ingredientes de cada um na tentativa de puxar conversa. A conversa
é agradável, embora um pouco forçada. Eu me pego sutilmente olhando
para o meu telefone para verificar a hora.
Chris me disse que gosta de críquete. Digo a ele que assisti uma
vez e desisti quando percebi que duraria mais cinco horas.
Ele ri. — Isso é o que minha ex-namorada costumava dizer. Ela não
suportava quando eu ficava sentado dentro de casa até que um jogo de
críquete acabasse. — É a única vez que seus olhos se iluminam.
Nós dois olhamos para nossas bebidas enquanto a conversa seca
novamente.
— Seu perfil dizia que você trabalha para a Madison Legal? — ele
pergunta.
Eu aceno com orgulho. — Comecei há cerca de um mês em sua
sede na Fleet Street. Estou no contrato de estágio de dois anos deles.
— Fleet Street — ele repete como se fosse a única coisa que ouviu
na frase. — Eu costumava sair por aí depois do trabalho. Minha ex
trabalhava lá.
— Sério? — Eu pergunto, meu sorriso vacilante. Isso é algumas
vezes que ele mencionou sua ex-namorada.
— Você sabia que Fleet Street recebeu esse nome de um rio
subterrâneo, o River Fleet? — ele explica. — Ela me disse isso.
— Quem fez? — Eu pergunto, confusa.
— Minha ex-namorada, Mai — ele responde.
Ah, ainda estamos no assunto da ex. — Vocês ficaram juntos por
muito tempo?
Ele parece distante por um momento. — Seis anos.
— Um bom tempo. — Eu engulo. — Quando vocês se separaram?
— Três meses atrás.
— Ah, que pena — respondo, me perguntando aonde quero
chegar com isso. Onde estão esses coquetéis?
Ele dá de ombros. — Essas coisas acontecem. No final,
descobrimos que simplesmente não éramos compatíveis. Ela queria se
casar, e eu não. Não me interprete mal - ela era adorável. Só não estou
pronto para o próximo passo.
— Tempo suficiente para tudo isso — ofereço, imaginando como
consegui transformar meu primeiro encontro em anos em uma sessão
de aconselhamento.
Prefiro falar sozinha. Qual é o número mínimo educado de bebidas
hoje em dia? Ele comprou a primeira rodada, então seria rude não
comprar uma de volta. . . Duas devem ser suficientes, certo?
Os olhos de Chris piscam com interesse em algo atrás de mim. —
O chefe está aqui — ele murmura.
— O que? — Eu me viro e sou atingida por olhos cinza-azulados
ardentes, assumidamente famintos de luxúria e talvez algo próximo à
raiva, queimando os meus.
***

TRISTAN

Seus olhos quase saltam das órbitas. Eu olho para ela, então meu
olhar cai para vagar para cima e para baixo em seu corpo.
Quem é esse idiota com ela?
O idiota acena em nossa direção.
— Esse cara está tentando me antagonizar? — Eu falo para Jack e
Danny. — Por que diabos ele está acenando para mim? Essa é a ideia de
Elly de uma conclusão?
Danny ri. — Ele não está acenando para você. Ele é um
desenvolvedor da Nexus. Ele está acenando para mim.
Danny retribui a saudação e o cara sorri.
Elly parece perturbada, como um cervo nos faróis.
Serve por você namorar outra pessoa, penso amargamente.
— Ela é deslumbrante — murmura Danny. — Ele é um cara de
sorte.
Eu o encaro enquanto minha temperatura sobe. — Ele não tem
muita sorte.
— Acho que ela não está usando sutiã — observa Jack.
Minhas mãos apertam o vidro. — Eu posso ver isso, Jack — eu falo.
— Mantenha seus olhos lascivos longe dela.
— Meus hotéis têm os melhores armários de lençóis, você sabe —
diz ele. — Talvez Elly e seu acompanhante possam experimentá-los.
Minha mandíbula aperta. Não estou com disposição para as
brincadeiras deles.
— Você sabe o nome dele? — Pergunto a Danny com uma voz de
aço.
Danny pensa por um segundo. — Não. E pelo olhar em seu rosto,
não tenho certeza se eu diria a você se soubesse. Não quero ser cúmplice
de assassinato.
Eu me levanto, levantando meu casaco e uísque. — Levante. É hora
de você conhecer seu funcionário.
— O quê? — Danny olha para mim em dúvida. — Você quer que
eu interrompa o encontro deles?
Eu fico sobre eles impacientemente. — Isso é exatamente o que eu
quero que você faça.
Jack ri alto. — Oh, cara, eu definitivamente estou indo para ver
isso.
Danny ergue uma sobrancelha, mas não faz nenhuma tentativa de
se levantar. — E qual é exatamente o seu plano aqui? Devo dizer a ele
que é contra a política da empresa namorar Elly?
— Ele está acenando aqui como um simplório. Ele está
implorando por sua atenção. O simpático CEO da Nexus vai se interessar
pelo bem-estar de seus funcionários. Levante-se — eu falo.
Jack pula de pé. — Estou dentro!
Danny suspira pesadamente, mas se põe de pé. — Você me deve
muito por isso, Kane.
O encontro dela nos vê chegando como se todos os Natais dele
tivessem chegado de uma vez. — Sr. Walker? — ele grita incrédulo,
como se Danny pudesse ser uma aparição.
— Oi — diz Danny em seu barítono suave. — Tim, não é?
— Chris! — ele diz. Chris olha se desculpando para Danny por não
ser Tim.
Meus olhos se fixam em uma Elly chocada. As bochechas de Chris
e Elly brilham em um tom semelhante de vermelho.
— Chris, claro que é. Que estúpido da minha parte. — Danny
limpa a garganta.
Chris estufa o peito.
— Se importa se nos juntarmos a você? — Danny pergunta.
— Nós adoraríamos isso! — Chris salta um pé em sua cadeira. —
Por favor, Sr. Walker, sente-se. — Ele faz gestos exagerados com a mão
para o assento vazio ao lado dele. — Elly, você não se importa, não é? Só
para beber? — ele pergunta como uma reflexão tardia.
Sua boca se abre. — Na verdade eu . . . — Sua voz suave diminui
quando eu levanto uma cadeira da mesa próxima e a coloco bem ao lado
dela.
Nos sentamos. Danny ao lado de Chris, para alegria de Chris, e eu
ao lado de Elly, para sua consternação. Jack está entre nós.
— Isso não é aconchegante? — Danny comenta secamente
enquanto cinco pessoas se espremem em uma mesa para dois.
— Estamos em um encontro — Elly engasga com uma voz rouca,
dando a Chris um olhar sombrio.
— Desculpe, Elly — Chris diz entusiasmado. — Vou compensar
você no segundo encontro.
Segundo encontro? Elly e eu estreitamos nossos olhos nele.
— Olá, Elly — eu digo baixinho, minha perna roçando na dela
debaixo da mesa. Ela estremece como se uma corrente elétrica tivesse
passado de mim para ela. — Conheça Danny e Jack.
— Oi, Danny e Jack — diz ela com a voz estrangulada.
Os olhos de Jack dançam. — Prazer em conhecê-la, Elly.
Chris olha entre Elly e eu e franze a testa. — Vocês dois se
conhecem?
— Ele é o dono do Madison Legal — Elly resmunga quando minha
perna toca sua perna nua novamente. Desta vez ela não se afasta e sua
pele quente fica firmemente pressionada contra a minha.
— Oh meu Deus. — É a minha vez de Chris me bajular. — Você é
dono da Madison Legal? Oh, que privilégio conhecê-lo, Sr. Kane.
— Isso mesmo. — Eu resmungo. Agora foda-se, Chris.
— Bem, isso não é divertido! — Jack ruge. — Vocês dois em um
encontro e seus chefes se juntam. É um mundo pequeno, não é?
— Pequeno — diz Elly. — Londres está começando a parecer uma
vila galesa.
— Posso apenas dizer que vocês dois formam um lindo casal. —
Jack tem um sorriso permanente estampado em seu rosto.
Eu olho para ele. — Eles não se conhecem.
— Eles vão se conhecer — rebate Jack, tentando se conter. — Elly,
você está linda. Não é, Chris? Você é o cara mais sortudo da sala.
Um som irrompe da minha garganta.
Ao meu lado, sinto Elly se mexer na cadeira. Ela aperta o botão de
champanhe repetidamente. — Essa coisa não está funcionando — ela
murmura. — Preciso de entrega expressa.
— Toda vez que você pressiona, está pedindo outro copo. — Eu
rio, inclinando-me para mais perto dela. — Esse é o décimo que você
pediu.
Seus olhos se arregalam em pânico. — Você está falando sério?
— Não. — Eu dou a ela um sorriso privado. — Estou brincando.
Ela exala com força.
Danny me joga uma tábua de salvação e inicia uma conversa com
Chris sobre seu projeto atual. Jack se aproxima, fingindo estar
interessado no projeto de Chris quando, na verdade, sei que ele está
espionando o meu.
— Seu encontro é um idiota — eu digo em voz baixa, embora eu
não me importe se o idiota ouvir. — Se eu estivesse em um encontro com
você, você teria toda a minha atenção.
Ela solta um pequeno bufo.
O champanhe chega e Elly dá um grande gole.
Meu braço descansa no topo de sua cadeira. Se ela se inclinar para
trás, meu braço estará em volta de seus ombros. Nesse ângulo, os outros
não conseguem ver. Seu encontro idiota está muito empenhado em
absorver cada palavra que Danny diz.
— Você está deslumbrante, Elly — murmuro. Meus dedos
acariciam levemente seu ombro. Ela fica tensa, mas não se afasta. —
Você está feliz em me ver?
— Você é inacreditável — ela sussurra, com raiva. — Você
realmente tem a audácia de invadir meu encontro? Qual é exatamente o
plano do irlandês, escocês e inglês aqui?
Meu sorriso se alarga e por um minuto fico sem palavras. A mulher
pode me colocar no meu lugar. — Vamos lá, você tem que admirar minha
persistência. Meu plano é que você largue esse cara e passe a noite
comigo. Está com fome? — Meus dedos correm em círculos preguiçosos
em seu pescoço exposto.
— Pare com isso! — Ela olha furiosamente para mim. — Chris vai
ver.
Eu a cortei com um olhar sério. — Eu não dou a mínima para quem
vê. Então? — Eu pergunto impacientemente. — Você vem comigo?
— Não! — ela estala. — Você pode escolher outra pessoa para sua
crise de meia-idade, por favor?
Cristo, esta mulher está indo para a jugular esta noite. Meu pau se
contrai sob a mesa.
Ela volta sua atenção para os outros três, deixando-me olhando
para ela com o queixo caído.
— Chris? — ela pergunta, sua voz afetada. — Talvez você possa
me contar mais sobre críquete.
Chris parece arrasado com a interrupção de sua sucção verbal no
pau de Danny.
— Chris, você está negligenciando seu encontro. É tudo culpa
nossa — Danny repreende enquanto me dá um sorriso perverso. Eu o
preferia quando não estava saindo com minha irmã. Ele era mal-
humorado e não tinha brincadeiras na época.
Chris pede desculpas e começa uma conversa estúpida que não me
incomodo em ouvir.
Meus olhos se fixam na bela morena sentada agonizantemente
perto de mim. Suas costas inteiras estão expostas e neste ângulo, tenho
a visão perfeita da curva de seus seios no top de seda. Exatamente como
eu sei que ela quer que eu faça.
— Então, este é o seu hotel, Jack? — Eu a ouço perguntar.
Ele sorri. — Claro que é. Se você quiser uma estadia de cortesia,
diga a Tristan. Ou você prefere chamá-lo de Sr. Kane? — Ele pisca para
mim.
— Isso seria incrível! — Chris pula, interpretando mal a sala pela
quinquagésima vez esta noite.
Elly mexe desajeitadamente com sua taça de champanhe. — Com
licença — ela murmura. — Eu estou indo para o banheiro feminino. —
Ela sai de seu assento e acelera.
Eu esvazio meu copo e a sigo com zero indícios de sutileza. Danny
deve contratar alguns desenvolvedores idiotas porque Chris se volta
para Danny e inicia uma nova conversa.
O interior do banheiro unissex é todo iluminado e espelhado. A
princípio, ela não percebe que estou parado na porta olhando-a
enquanto ela ajeita o cabelo no espelho.
Eu limpo minha garganta.
Sua boca abre brevemente, então fecha novamente enquanto eu
dou passos medidos em direção a ela até que eu estou atrás dela e a
olhando no espelho.
Ela congela. A mão que estava a meio caminho de seu cabelo cai
mole em seu peito enquanto ela me observa com olhos grandes.
Um longo momento se passa, nossos olhos se encontraram.
Dou mais um passo à frente, puxando-a entre minhas pernas
abertas até que seu traseiro esteja firme contra meu pau.
Seus lábios se abrem enquanto ela olha para mim sem palavras.
Nas sombras escuras e sensuais do banheiro, somos apenas Elly e
Tristan. Nada mais importa, exceto a necessidade de estar em sua
presença, de sentir seu corpo contra o meu.
Minhas mãos apertam seus quadris enquanto minha excitação fica
mais forte contra seu corpo quente. Tudo por causa dela. E tudo dela.
Eu deslizo meus dedos muito suavemente sob a bainha de seu top
na parte inferior de suas costas. É um visual ousado para ela, um top que
desce até a parte inferior das costas. Ela solta uma respiração irregular,
mas não protesta, então eu provoco minha mão ainda mais sob a bainha
e deslizo minha mão em volta de sua cintura até encontrar sua barriga
nua.
— Estou feliz que você está em um encontro. — Eu respiro contra
seu ouvido. — Então você pode ver como seria muito melhor comigo.
Eu pressiono minha palma contra sua barriga, empurrando seu
corpo contra o meu. Sua barriga se contrai em movimentos trêmulos.
Eu sorrio perversamente para ela no espelho acariciando sua
barriga com meus dedos. — Você quer que eu suba ou desça?
Ela faz pequenas respirações superficiais sem atingir a boca do
estômago.
Minha mão viaja lentamente logo abaixo de seus seios. Não estou
com pressa.
Ela respira bruscamente enquanto meus dedos fazem cócegas na
curva de seu seio, não alcançando o mamilo.
— Para baixo, então. — Eu sorrio enquanto traço uma linha de
sua barriga até a bainha de sua calcinha.
Seus olhos me dizem que ela quer que minha mão viaje para baixo
e, inferno, eu quero, mas em vez disso eu gentilmente movo seu cabelo
para um lado, expondo seu pescoço. Eu não vou transar com ela neste
banheiro. Quando eu transar com ela, será lento, forte e em algum lugar
privado onde ela possa gemer meu nome em sua linda cadência. Meus
lábios mergulham em seu pescoço, e eu lambo e beijo sua pele macia
desde o topo de seu maxilar até o ombro.
Ela fecha os olhos, virando a cabeça para trás para se acomodar no
meu peito. Enquanto minha boca devora seu pescoço, ela se pressiona
contra meu pau.
— Me dê uma chance. — Meus olhos se fixam nos dela novamente
no espelho. — Deixe-me mostrar a você como poderia ser bom entre
nós.
Ela fecha os olhos, aflita.
— Não precisa ser um ou outro. Sua carreira ou eu — continuo,
quase implorando enquanto acaricio sua barriga. — Você pode ter os
dois.
A porta do banheiro se abre, fazendo nós dois pularmos. Duas
garotas param quando nos veem. — Alguém precisa de um quarto! —
uma diz em voz alta para a outra.
Elly enrijece e arranca minha mão de sua blusa, seu rosto parece
uma beterraba. — Eu tenho que ir — ela gagueja.
Eu a chamo com a voz rouca: — Elly, espere! — mas ela me ignora,
saindo correndo do banheiro, me deixando com uma ereção do tamanho
do Monte Everest.
CAPÍTULO QUINZE

TRISTAN

— Tenho quinze minutos, pessoal — explico ao entrar na sala de


reunião.
Todos os quatro parecem nervosos, até mesmo Adi, meu
advogado sênior. É a primeira vez que ele trabalha diretamente comigo.
Ontem o juiz emitiu um mandado de prisão contra Maria. Nossa próxima
visita será na prisão de Bronzefield, nos arredores de Londres. Sento-
me na frente da sala e fico confortável.
Adi pigarreia. — Estamos investigando as alegações de que Maria
estava agindo em legítima defesa. Maria não foi submetida a um exame
médico completo depois de informar a polícia que o marido aplicou
violência física com intenção de matar. Ela foi levada imediatamente
para a delegacia e um médico só foi chamado 48 horas depois.
Conseguimos acesso aos registos do hospital dela. Eles estabelecem
claramente que Maria sofreu contusões profundas no peito e pescoço e
um pulso quebrado.
— Então temos um caso de má conduta policial? — Eu pergunto.
— Temos as transcrições das 24 horas seguintes à prisão dela e o
relatório oficial da polícia. É evasivo sobre por que um exame médico
completo não foi estabelecido imediatamente. Houve pouca tentativa de
verificar se havia sinais de luta, dentro da propriedade ou na pessoa de
Maria — explica Jacob.
Eu concordo. — Trabalho policial desleixado ou deliberado?
Jacob balança a cabeça. — A evidência ainda não nos diz. Maria
conhecia o oficial responsável. Ela afirma que ele tem aceitado subornos
de seu marido há anos. Se Maria está dizendo a verdade, então é má
conduta policial intencional.
Minha atenção se concentra na morena cativante no canto. Faz
uma semana desde que eu embosquei o encontro dela. A menos que eu
faça um esforço conjunto, não há motivo para nossos caminhos se
cruzarem, e sei que ela não vai instigá-lo.
Eu forço meus olhos para longe dela e de volta para o dossiê que
Adi colocou na minha frente.
— Temos alguma evidência de suborno? — Eu pergunto,
voltando-me para a equipe. — Suponho que não temos policiais
dispostos a testemunhar.
— Absolutamente não — Jacob confirma.
Folheio o resumo até encontrar o que estou procurando. Maria
nos disse que gravou secretamente o marido falando sobre uma das
meninas, conhecida como a menina D. — E as alegações de Maria sobre
a gravação?
— Estou perseguindo isso — diz Lisa. — Agilizamos a solicitação
com a operadora de telefonia para obter os backups. A polícia
colombiana não vai entregar o telefone de Maria.
— Ok. — Eu aceno, examinando o resumo. Eles fizeram um bom
progresso. — Temos quatro semanas até a audiência de extradição. Ed
enviará um e-mail com a data assim que for conhecida. Continuem
procurando até encontrar algo em que possamos fixar o Artigo 3.
Precisamos provar que existe uma ameaça real à vida se Maria for
extraditada. Até agora, não temos o suficiente.
— Algo mais? — Eu pergunto, passando para as páginas finais do
dossiê. — O que são essas notas?
Adi se inclina para ver o que estou lendo. — Ah, Elly estava
estudando as transcrições e recomendou que investigássemos mais
sobre a garota D com Maria.
Eu olho para ela. — Por que?
Ela engole nervosamente e enfia os óculos no nariz. — Maria disse
que nunca conheceu a garota D ou nenhuma das garotas — explica ela,
mexendo nas mãos. — Ela fez uma piada sobre o marido gostar das
meninas fracas e pequenas para que ele pudesse se sentir importante.
As fotos da menina D nunca foram divulgadas e a polícia nunca
questionou Maria sobre ela. Então me parece estranho que Maria
soubesse que ela se encaixava na descrição. Eu não percebi até ouvir as
transcrições pela segunda vez.
Ela olha para mim com a respiração suspensa, como se eu pudesse
rir ou gritar para ela sair da sala.
— Concordo, se aprofunde nisso — eu confirmo, e seus ombros
relaxam. — Não podemos permitir que ela retenha informações.
Eu faço uma varredura final, em seguida, fecho. — Bom relatório.
Adi sorri para Elly. — Na verdade, Elly fez o relatório. Eu só tive
que fazer mudanças mínimas.
Ela fica vermelha. Lembro que ela não é boa em aceitar elogio ou
felicitações.
— Muito bem, bom trabalho, Elly. Como você está se ajustando?
— Bem, Sr. Kane. — Ela se mexe na cadeira, claramente não
apreciando minha atenção perante a equipe. — Estou apoiando três
casos, incluindo este. Sophie é uma boa mentora.
— Fico feliz em ouvir isso. — Eu me viro para Adi. — Já
terminamos?
— Sim, senhor — responde Adi.
Eu aceno, levantando-me. — Vamos nos encontrar novamente em
dois dias. Vou revisar o resumo completo até amanhã.
Eles esperam que eu saia da sala. Tenho lugares onde preciso
estar, e Ed tem minhas reuniões alinhadas como dominós.
Em vez disso, eu me demoro enquanto eles arrumam seus laptops.
Ainda assim, ela evita contato visual, embora o rubor profundo em
suas bochechas me diga que ela sente todo o peso do meu olhar. Ela
estuda seu laptop como se fosse a coisa mais fascinante que ela já viu.
Eles me seguem até o corredor, Elly logo atrás. Meus advogados
seniores tiveram o bom senso de se dirigir a mim na saída.
Elly me dá um breve aceno de cabeça, fazendo contato visual com
meu queixo. Ela caminha em direção ao elevador dos fundos em alta
velocidade enquanto os outros caminham na direção oposta.
— Elly, espere — eu chamo enquanto ela aperta o botão para
baixo em rápida sucessão. O elevador abre e ela desaparece. Que porra?
Não espero que minha equipe me ignore.
Enfio o pé no elevador antes que a porta se feche. — Me ouviu?
Ela olha para cima, assustada.
— Sr. Kane. — Ed chega ao banco do elevador, ligeiramente sem
fôlego. — Você tem uma reunião em Canary Wharf em treze minutos, e
é uma viagem de carro de vinte minutos. George está esperando lá fora.
Pelo amor de Deus, quem está perseguindo quem aqui? Por que
ele tem que ser tão bom em seu trabalho o tempo todo?
— Em um minuto, Ed — eu resmungo, entrando no elevador. —
Voltarei para pegar minhas coisas. — Eu aperto o botão de fechar no
painel antes que ele possa responder.
A porta se abre, mas não por causa de Ed.
— Está cheio — rosno para o pobre paralegal no lugar errado na
hora errada.
— Desculpe, senhor — ele gagueja, correndo para trás.
Aperto o botão novamente e descemos na caixa de aço preenchida
com o som de nossas respirações irregulares. Elly está tão longe de mim
quanto qualquer ser humano poderia estar em um elevador,
pressionando seu corpo contra a parede cromada oposta. Ela inspeciona
o painel de botões com detalhes meticulosos.
— Olhe para mim — eu digo bruscamente. Tenho cerca de vinte
segundos para este elevador descer vinte andares.
Seus olhos se chocam com os meus.
— Você me quer tanto quanto eu quero você — eu digo, minha
voz grossa com meses de frustração sexual reprimida. — Vou garantir
que nosso relacionamento não reflita mal em você na Madison. Deixe-
me dar o que você quer.
— Não há nada entre nós.
— Mentira. — Eu bato minha mão contra o botão vermelho
fazendo o elevador parar.
— O que você está fazendo? — ela gagueja, piscando
rapidamente.
Dou um passo à frente, fechando a distância entre nós. Dou mais
um passo em seu espaço pessoal, cautelosamente, permitindo que ela
tenha tempo para me afastar.
Estou perto o suficiente para tocá-la agora. Mais um passo e
estarei perto o suficiente para levantar seu vestido, puxar sua calcinha
para o lado e me enterrar profundamente dentro dela. Meu pau aperta
em minhas calças.
— Eu preciso tanto de você — eu digo com a voz rouca.
— Por que? — ela pergunta, com os olhos arregalados.
— Você é tudo que eu poderia querer em uma mulher.
Minha resposta verdadeira parece chocá-la.
— Eu não sou, Tristan — diz ela quase com tristeza. — Você não
sabe tudo sobre mim.
— Deixe-me aprender tudo sobre você.
Ela morde o lábio como se minha resposta a incomodasse. — Eu
não posso ser apenas uma aventura. — Ela estreita os olhos. — Eu não
posso lidar com isso. É tudo ou nada.
— Vou levar tudo — eu digo sem pensar um segundo.
Por um momento, apenas olhamos um para o outro. Então estou
sobre ela, prendendo-a com meus braços enquanto a empurro contra a
parede do elevador, empurrando minha ereção com força contra sua
barriga. Eu me abaixo um pouco até que meu pau esteja centrado no
ápice de suas pernas. Esse é o local.
Um pequeno gemido escapa de seus lábios quando ela joga os
braços em volta do meu pescoço. Entregando-se à sua própria luxúria.
Cristo, eu não sei se posso lidar com isso agora, ela finalmente ser
minha.
Minha boca aberta desce sobre a dela e seus lábios se abrem para
deixar minha língua entrar. Eu exploro sua boca avidamente,
desesperadamente, como um adolescente dando seu primeiro beijo.
Minha mão encontra a massa grossa de seu cabelo no rabo de cavalo e o
solto para que caia pelas costas.
Sua mão desliza pelas minhas coxas encontrando meu pau grosso
e inchado. Ela geme baixinho ao sentir o quanto estou duro por ela. Seus
dedos se enrolam em torno de mim do lado de fora da minha calça e eu
empurro. Há muito tecido entre nós. Eu bato meus quadris nela,
grunhindo em sua boca.
Suas coxas se abrem e ela enrola uma perna tonificada em volta da
minha cintura, seu vestido subindo por suas coxas. Eu agarro sua coxa,
puxando-a apertada em volta da minha cintura para que eu possa
alinhar minha ereção diretamente com sua boceta debaixo da calcinha.
Eu posso sentir que ela está molhada através da cueca. Meu pau
empurra dolorosamente contra ela. Muito tecido porra.
Ela se esfrega contra o meu pau se aproximando, pequenos
gemidos espasmódicos ecoando no elevador.
Eu olho para baixo, minha testa pressionada contra a dela.
Os lábios de Elly se abrem e ela solta um gemido que me faz cair
de joelhos. Eu quero agradar a esta mulher mais do que eu já quis na
minha vida.
Levantando seu vestido sob medida, enrolo a fina calcinha de
renda preta em suas coxas. Seus dedos se enrolam nas raízes do meu
cabelo e puxam com força enquanto eu gentilmente separo suas coxas e
encontro seu clitóris com minha língua.
— Ah! — Suas pernas se movem em minhas mãos, e eu a seguro
firme. Ela solta outro gemido desesperado que me deixa selvagem.
Assim que penso que vou levá-la até lá, Elly enrijece, olhando para
mim.
— Eu não deveria estar fazendo isso aqui — ela diz, me afastando.
Eu fico de pé, atordoado enquanto ela puxa sua calcinha e puxa
para baixo seu vestido.
— Estou atrasada para uma reunião — ela gagueja, passando por
mim para golpear o painel. O elevador ganha vida novamente e ela
pressiona repetidamente o botão para o próximo andar.
As portas se abrem e eu acordo, percebendo que estou no elevador
do prédio da minha empresa tentando fazer minha advogada junior
gozar. — Desculpe — eu digo com a voz rouca. — Esqueci onde
estávamos.
Ela se retira do elevador com pressa.
Respiro frustrado e aperto o botão do vigésimo andar. Eu tenho
vinte andares para firmar meu pau latejante e meu peito martelando.
Preciso pegar meus pertences e descobrir como fazer a viagem de
vinte minutos até Canary Wharf em cinco minutos.
E mais importante, preciso descobrir como convencer Elly Andric
a acabar com nossa miséria e me dar uma chance.
***
— Quanto você quer, Gemina? — Eu suspiro pesadamente no
telefone.
Depois do desastre de tentar atravessar Londres em
engarrafamentos, não preciso dessa merda. Eu olho para a vista de St.
Pauls do meu escritório e tento estabilizar minha respiração.
— Vinte deve estar bom — diz ela calmamente. Como se ela
estivesse me fazendo um favor pedindo apenas vinte mil libras.
Meus dedos agarram a lateral da mesa enquanto sinto minha
temperatura subir.
— Você sabe que ele está passando por um momento difícil. Por
favor, Tristan.
Eu não sei disso. O que sei é que Danny disse que alugou um
camarote particular na Fórmula 1 na semana passada. Minhas mãos
voam para o meu cabelo. Eu não quero falar sobre ele.
Deus sabe o que eles estão fazendo com todo esse dinheiro. Ela
teve seu acordo de divórcio saudável e recebe pensão alimentícia
excessiva para Daniel. A mulher parece ter uma hemorragia de dinheiro
e não tem nada para mostrar. No entanto, o dinheiro é a única língua que
falamos hoje em dia, então é assim que nos comunicamos.
— O carro vai buscar Daniel às 9h, no sábado. — Eu me esforço
para manter meu nível de voz. — Concorda?
— Tudo bem, Tristan. Vejo você então.
Desligo o telefone, olhando para o horizonte de Londres. Passei
anos trabalhando para obter essa visão. Não significa nada agora. Se eu
perdesse, eu me recuperaria eventualmente. Mas não vou me recuperar
se perder meu filho. Disso eu posso ter certeza.
Eu respiro através do aperto no meu peito, suprimindo a bola de
estresse subindo do meu estômago. Preciso acalmar meu temperamento
antes que Elly chegue. Minha bola de estresse. Ela não sabe o quanto eu
preciso disso.
Eu sabia que ela não recusaria meu pedido de reunião por dois
motivos: um, rejeitar uma reunião com o CEO é suicídio profissional e
dois, por mais que ela proteste, Elly Andric não consegue ficar longe de
mim. Agora, encontrei uma solução que ela não pode recusar. É a única
opção que tenho além de vender a maldita empresa, então não sou mais
o chefe dela.
Vou falar em um idioma com o qual Elly se sinta confortável. Não
é conversa de dinheiro. Conversa de lei.
Há uma batida na porta que acelera meu coração. Eu sabia que ela
seria pontual mesmo que quisesse se fazer de difícil.
— Elly. — Eu sorrio para a morena inebriante fechando a porta.
— Sente-se. — Resisto à tentação de ir até ela e beijá-la.
Ela se senta, segurando a bolsa do laptop contra o peito como um
escudo.
— Bebida? — Eu ofereço, caminhando para o meu armário.
— Não. — Ela franze a testa. — São 16:30.
Sirvo dois uísques e coloco um na frente dela.
Ela olha para mim e o empurra para longe. — Sophie quer que eu
esteja de volta à minha mesa em vinte minutos para terminar alguma
coisa.
Ela está protegida novamente. Foi apenas algumas horas atrás que
estávamos transando a seco em um elevador e ela estava abrindo as
coxas para que eu pudesse comê-la.
Em vez de me sentar atrás da minha mesa, eu me inclino
diretamente na frente dela, abrindo bem os pés.
Ela se contorce, cruzando e descruzando as pernas. Isso faz com
que seu vestido suba, revelando mais as coxas bem torneadas por baixo.
Minhas mãos apertam a borda da mesa.
Ela olha para mim, horrorizada.
— O que? — Eu franzo a testa.
— Tem uma mancha na sua camisa.
Eu olho para a minha clavícula. Há uma pequena evidência de
quando eu estava de joelhos. É pouco visível. — Eu não acho que alguém
será capaz de descobrir que você causou isso. — Eu sorrio, mas ela
parece consternada.
Sua testa franze e eu sinto que ela está preocupada antes.
— Está tudo bem — eu garanto a ela. — O que acontece entre nós
fica entre nós.
— Eu não queria que as coisas fossem tão longe. Eu me empolguei.
— Não posso dizer que me arrependo do que aconteceu, longe
disso, mas não quero que você se sinta desconfortável.
Quando ela fica em silêncio, entrego-lhe a papelada branca sobre
a mesa. — Espero que isso permita que você repense sua decisão.
Ela franze a testa. — O que é isso?
— É um acordo de confidencialidade — afirmo simplesmente. —
Entre nós, eu e você.
Ela olha para mim em descrença. — Por que estou assinando um
NDA?
— É um NDA mútuo. Nós dois vamos assinar — eu explico. — Eu
já assinei. Você deixou claro que sua objeção em namorar comigo é
baseada em minha posição na empresa e na ameaça à sua reputação.
Seus olhos se estreitam. — E o fato de não ter certeza se confio em
você.
— Podemos trabalhar na questão da confiança.
Ela fixa seu olhar na papelada, lendo as páginas.
— Isso lhe dará a proteção de que você precisa — eu digo com
confiança. — A página dez tem minhas obrigações. Você mesma vai
querer assimilar os detalhes, mas vou resumir para você. No cenário em
que um funcionário da Madison Legal obtém informações sobre nosso
relacionamento, colocando sua reputação em questão, sou responsável
por pagar uma indenização a você no valor de até 150 mil libras.
Seu queixo bate no chão.
— Para cobrir danos à reputação profissional — acrescento. —
Esse é o salário do seu contrato de estágio coberto e um pouco mais se
você decidir sair. Isso a apazigua, Elly?
— Deixe-me ver se entendi — ela começa lentamente, olhando
para mim como se eu tivesse crescido uma cabeça extra. — Se eu sair
com você e alguém da Madison descobrir, você vai me dar 150 mil de
compensação?
— Até 150 mil. Se for um dos faxineiros da Madison, pode haver
uma negociação — eu digo secamente. 150 mil é apenas o suficiente
para dar a ela uma cobertura de segurança e não o suficiente para torná-
la uma tola por não pegá-lo.
Ela fica boquiaberta comigo. — Por quê?
— Por que? — Repito, divertido. — Devido a isto. O fato de que
você está considerando isso.
Ela balança a cabeça em descrença. — Nossa aventura de três dias
valeu 150 mil libras?
Eu rio. — Acho que gastei mais do que isso em todos os minutos
que pensei em você.
Ela abre a boca e fecha. Parece que eu a peguei de surpresa com
esta.
Suas sobrancelhas se franzem enquanto ela estuda o texto na
página dez. — Eu me sinto como uma prostituta. — Ela bufa.
— Essa não é a intenção.
— Este NDA foi desenvolvido por advogados da Madison Legal?
— Ela engasga. — Oh meu Deus, os advogados da empresa sabem?
— Não. Meu advogado pessoal o produziu. O mesmo que usei no
meu divórcio. Não coloco assuntos pessoais na empresa. Pela mesma
razão que você, Elly, preciso de discrição. Não preciso que minha equipe
conheça meus assuntos pessoais. — Eu bato meus dedos na mesa,
esperando.
Ela estuda meu rosto.
— Você já ouviu falar do novo restaurante, Asha's? — Eu
pergunto, observando sua luta desaparecer.
— Você é louco pra caralho — ela diz baixinho.
Não é um não.
— Como um pedido de desculpas pelo que aconteceu com minha
ex-esposa — eu insisto. — Você nem precisa falar comigo. Você pode
sentar em outra mesa e a única pessoa com quem precisa conversar é o
garçom.
Ela está vacilando. A apreensão pisca em seus olhos, seguida por
outra coisa, excitação talvez. — Eu não posso ser uma entre muitas.
— Eu não estou pedindo para você ser uma entre muitas.
— Tudo bem — ela sussurra. — Um encontro.
— Hoje à noite, Elly — murmuro, a excitação crescendo em meu
estômago e descendo. — Eu vou buscá-la às oito.
CAPÍTULO DEZESSEIS

ELLY

É só jantar, certo?
Inferno, quem eu estou enganando?
Meu último encontro mal dividiu a conta; Tristan Kane quer tanto
namorar comigo que está elaborando NDAs. Pode não ser o gesto mais
romântico, mas é o suficiente para me convencer a dar um salto de fé.
Isso, e estou tão frustrada sexualmente, posso começar a transar com a
perna dele como um cachorro na próxima reunião de Garcia.
— Só fica bom se eu não mexer a cabeça. — Eu estudo meu rosto
duvidosamente no espelho. — Quando inclino a cabeça, parece
entremeada.
Megan está tentando contornar meu rosto com base nas
instruções de um vídeo do YouTube. Até agora, ela usou metade dos
meus sessenta minutos disponíveis para se arrumar.
— Estou um pouco arrependida de ter ido direto para a técnica
de escultura avançada com vários tons — ela murmura enquanto
acrescenta outro tom de pó cinza às minhas bochechas. — Vai ficar
ótimo no final.
Discordo. Eu pareço uma maldita pintura de Picasso.
Ela inclina meu rosto de um lado para o outro.
— E agora? — Eu pergunto desconfiada.
— Preciso adicionar mais camadas.
— Você continua adicionando camadas? — Eu digo
duvidosamente. — Quando eu tenho camadas suficientes? Estou
começando a parecer um bolo de camadas velho.
— Devo dar-lhe sobrancelhas maiores também? — ela pergunta,
pegando meu queixo em sua mão e rolando minha cabeça. Nunca a vi tão
séria.
— Ele só me viu algumas horas atrás. — Eu me afasto de seu
alcance. — Ele não vai notar se minhas sobrancelhas crescerem?
— Sem chance. — Megan zomba. — Os homens não reparam
nessas coisas. O cara com quem namorei no ano passado, Seanie, não
percebeu quando tatuei minhas sobrancelhas.
Eu balanço minha cabeça. — Não, não vou mexer com a fórmula.
Ele parece bem com minhas sobrancelhas existentes.
— Estou tão feliz que você finalmente decidiu dar uma chance a
ele — diz ela.
Eu suspiro. — Eu simplesmente não posso acreditar que deixei
chegar tão longe no elevador. Estou mortificada. Mas nenhum outro cara
se esforçou tanto para me conquistar.
Ela move um pincel para cima e para baixo no meio do meu nariz
para deixá-lo mais fino. Pelo visto.
— Talvez o contorno só fique bom em fotos? — Eu franzo a testa.
Ela me estuda por um longo momento, inclinando minha cabeça
em todas as direções diferentes para inspecionar bochechas, nariz, testa
e queixo com detalhes meticulosos. — Você está certa — diz ela
solenemente. — Tire. Tire tudo. Acho que precisamos começar de novo.
— Tire tudo? — Eu olho para ela. — Puta merda, Megan, não
tenho tempo para fazer todo o meu rosto de novo. — Pego lenços
umedecidos na penteadeira e os esfrego no rosto. Pó cinza espesso se
deposita nos lenços.
— Talvez nos atenhamos ao visual natural — ela sugere. — Ele
gostou de você na Grécia, e você mal passou uma escova no cabelo lá.
— Tudo bem. Apenas me faça parecer menos com os mortos-
vivos, por favor. Remova todas as linhas cinzentas das minhas
bochechas.
— Você está muito no limite. — Ela ri, massageando minha
bochecha com removedor de maquiagem. — Admita. Você está ansiando
por este homem desde a Grécia.
Eu expiro pesadamente. Eu não posso negar isso.
— Quem se importa com o seu rosto? Mais importante, você está
pronta aí? — Ela olha para minha virilha.
Reviro os olhos, mas estou tão pronta. Pista de pouso preparada
para pouso. Claro, não estou planejando dormir com ele. É apenas no
caso.
— É só jantar. — Eu ignoro o comentário dela. — Ele só me quer
porque estou resistindo a ele. Ele vai ficar entediado.
— Você tem certeza sobre isso? — Ela aplica um hidratante
colorido no meu rosto.
Espero estar errada.
— Isso é melhor. — Ela acena com a cabeça para sua obra, em
seguida, empurra meu vestido para baixo do meu ombro direito. É um
jumper superdimensionado.
— Porque você fez isso? — Eu franzo a testa.
— Li em um artigo que ombros nus lembram seios nus aos
homens — ela reflete. — Deve ter a ver com a forma.
Não estou convencida. — Você não poderia dizer aquele
argumento sobre os joelhos, então? — Eu pergunto com ceticismo. —
Você está seriamente dizendo que eu mostro a ele um pouco de ombro
rolando, e ele está em minhas mãos?
— Tudo bem, não aceite meu conselho de especialista em
namoro. — Ela reclama. — Mas você precisa aprimorar suas habilidades
de paquera. No Venus Envy você era como uma víbora com presas
sempre que um cara chegava perto de você.
Eu estreito meus olhos. Dissemos que não voltaríamos a falar
sobre aquela noite. — Não tenho certeza se sou capaz de flertar. A
doença de Crohn está aumentando como sempre acontece quando estou
nervosa. — Eu mastigo meus lábios. — Espero não passar o encontro
inteiro no banheiro. — Quantos encontros você espera até contar a
alguém que tem um intestino duvidoso?
Há uma batida na porta do quarto e Frank, o Fodedor, enfia a
cabeça para dentro.
Eu olho para ele. Ainda não o perdoei por confundir meu quarto
com o banheiro.
— Ah, qual é, não me olhe assim — diz ele. — Você ainda está
resmungando comigo por causa de um pequeno erro? Eu disse que faria
sua faxina por quatro semanas.
— Isso só é útil se você realmente limpar — eu respondo
secamente. — Esconder coisas em armários não é limpar.
— Quem disse? Enfim, vim avisar, tem um cara aqui querendo te
ver. Ele parece chique.
Viro-me para Megan com horror. — Ele está vinte minutos
adiantados!
Frank dá de ombros. — Ele está na sala de estar.
Minha coluna se contrai. — Você o deixou entrar na sala?
Ele me dá um olhar vazio. — Sim, porque não?
— Não, não, não! — Dou um pulo, tentando localizar meus
sapatos.
Localizando o segundo sapato debaixo da cama, passo por Frank
e desço as escadas correndo com Megan em meus calcanhares. Abro a
porta da sala.
— Tristan! — Eu o cumprimento, afobada. — Eu… — eu paro de
falar.
Oh.
Ele parece devastadoramente bonito. Eu não posso nem colocar o
dedo no porquê. Ele está encostado na parede, parecendo
completamente deslocado e grande demais para a sala. Ele está vestindo
jeans e uma camisa que se estica em seu peito largo. Ele parece
completamente diferente do que esta tarde. Mais como o Tristan que
conheci em Mykonos.
Uma de suas sobrancelhas se ergue quando ele dá um passo lento
para frente. — Elly, você está linda.
— Obrigada — eu digo sem fôlego.
Seu olhar cai para o corte dos meus seios em meu vestido,
traçando uma linha da minha barriga até minhas pernas nuas tão lenta
e propositadamente que tenho que olhar para baixo para verificar se
estou usando calcinha.
Alguém pigarreia do sofá. Eu me viro para ver meu exército de
colegas de casa nos observando.
Todos eles tiveram que fazer sua presença conhecida neste
momento particular? Três dos amigos de Frank estão esparramados no
sofá e no chão, assistindo ao que parecem ser ataques de urso
transmitidos pelo YouTube. O casal que cuida da cozinha formou uma
fanfarra com tachos e panelas, como fazem todas as noites. A roupa
deles está secando por toda a sala. Não existe algum tipo de etiqueta
sobre não secar a cueca em uma área comum da casa?
Eu olho para a amiga de Rafal, Martina, com desconfiança. Ela não
mora aqui, mas eu a vejo aqui todas as noites. Ela se mudou às
escondidas?
Bom trabalho em seus olhos para mim enquanto ela dá uma
olhada gananciosa em Tristan.
— Vamos sair daqui — murmuro sem jeito, tentando ignorar os
olhares boquiabertos. O que quero dizer é, dê o fora daqui antes que
algum dos meus colegas de casa diga qualquer coisa para me mostrar.
Megan me entrega meu casaco e bolsa, dando-me uma piscadela
conspícua, e eu o conduzo para fora da porta da frente.
Os nervos apertam meu estômago enquanto ele me leva até o
Aston Martin, onde George está esperando no banco do motorista.
George me dá um aceno educado.
— Um grupo interessante de inquilinos — Tristan observa,
arqueando uma sobrancelha. — É como grupos separados de pessoas
ocupando espaço na sala, mas se ignorando.
— Bem-vindo a viver na verdadeira Londres.
Ele abre a porta do carro para me deixar entrar, então faz uma
pausa para pegar meu queixo em sua mão.
Minha respiração falha enquanto espero ser beijada.
Ele se aproxima, sua respiração quente no meu rosto.
Deus, o suspense.
Ele inclina meu rosto para o lado. — Você tem algumas manchas
em sua bochecha. São marcas de lápis?
Maldita seja, Megan, e seu contorno épico falho. — Devem ser
marcas de lápis, sim — murmuro, saindo de seu aperto para esfregar
minha bochecha violentamente.
***
Conforme nos aproximamos de Clapham, começo a ficar excitada.
Realmente excitada. Uma reserva para este lugar é pó de ouro. Eu teria
dito sim ao próprio diabo se ele me oferecesse jantar no Asha's, o
restaurante mais cobiçado de Londres. Recentemente, conquistou a
terceira estrela Michelin e foi a força motriz por trás da onda de
aparições de celebridades ao sul do Tâmisa.
A sensação de agitação gira em meu estômago. Nunca é bom para
um sofredor de doença intestinal visitar um restaurante luxuoso com o
membro do elenco de seus sonhos obscenos.
E se eu não estiver bem vestida para este lugar? Estou usando um
vestido esvoaçante e tênis elegantes. Os tênis são aceitáveis agora, desde
que você não pratique esportes com eles, certo?
Tristan se inclina e pega minha mão. — Elly, esta noite eu quero
que você esqueça que eu possuo Madison. Sou apenas o cara que você
conheceu nas férias. Um cara que não lhe deu motivos para não confiar
nele. Você pode fazer isso?
Eu olho para aqueles olhos intensos e vejo uma pitada de
vulnerabilidade lá. — Sim — eu respondo e quero dizer isso.
Nós paramos do lado de fora da porta cinza despretensiosa em
uma rua tranquila perto da Clapham High Street. Você seria perdoado
por confundi-lo com um armazém, em vez de um restaurante francês
exclusivo e terrivelmente caro.
Quando saímos do carro, uma recepcionista aparece do nada. Ela
lança um sorriso predatório para Tristan e coloca a mão na parte
inferior das costas dele, me ignorando. — Sr. Kane — ela ronrona. — Por
aqui.
Meus pelos se levantam.
Pegando minha mão, ele me leva pelas escadas iluminadas apenas
pela luz de velas até o restaurante no porão.
Não é sempre que um restaurante me deixa com tesão, mas este é
o restaurante mais sexy em que já pisei.
Eu entro primeiro, sua mão na parte inferior das minhas costas
enquanto ele segue atrás de mim. É difícil não ver as cabeças virando em
cada mesa enquanto caminhamos pelo porão mal iluminado. Se eles o
reconhecem ou estão simplesmente maravilhados com o cara de
ombros largos e ridiculamente bonito, é difícil dizer. Se ele percebe a
atenção, ele não deixa transparecer.
Examino o mar de cabeças e vejo alguns rostos vagamente
familiares. Esse cara é de The Apprentice? Mais importante, faço uma
anotação mental de onde ficam os banheiros.
Paramos em cortinas de veludo vermelho escuro.
— Por aqui, senhor. — Fodendo Tristan com os olhos, a
recepcionista puxa as cortinas para revelar uma porta embaixo e a abre.
Entramos em uma sala toda escura, espelhos e velas com uma única
mesa para dois no meio.
Eu olho em volta, perplexa. — Somos os únicos aqui?
— A sala privada é a pedido — Tristan explica casualmente
enquanto somos levados para a mesa.
Ele puxa uma cadeira para mim e eu me sento.
— Deixe-me pegar seu casaco, senhor — diz a recepcionista em
sua voz de sexo por telefone. No processo de empurrar o casaco para
baixo e para fora dos ombros, ela lhe dá uma massagem desnecessária
que deixaria a equipe de segurança do aeroporto orgulhosa.
Ele puxa a cadeira oposta, aproxima-a da minha e senta-se.
— Como você conseguiu uma mesa aqui no último minuto? —
pergunto enquanto três garçons se preocupam conosco, servindo água
e afofando guardanapos. — Não é notório por ser reservado com meses
de antecedência?
Ele se inclina para trás em seu assento, suas pernas se abrindo
para que nossos joelhos se toquem sob a mesa.
— Eu possuo o restaurante com Danny.
Eu fecho meus olhos em confusão. — Seu próprio . . . esse lugar?
— Sim.
Fico sem palavras por um momento. Eu olho ao redor da sala
iluminada inteiramente pela luz de velas. — O seguro do prédio deve ser
astronômico.
Ele solta uma risada alta.
— Cristo, Tristan, estamos em mundos separados. — Eu olho para
ele em dúvida. — Ainda nem tenho meu próprio carro. A única coisa que
Megan e eu podemos comprar juntas é uma garrafa de vinho. Não
estamos em equilíbrio aqui.
— Está bem. — Ele pisca. — Da próxima vez você pode me
preparar o jantar.
— Champanhe, senhorita? — Duas taças de champanhe se
materializam à nossa frente.
— Sim, obrigada. — Eu sorrio educadamente. O espelho da
parede ao teto iluminado com velas cria a ilusão de que existe um
exército de servidores nos servindo. Estarão aqui o tempo todo, nos
observando e nos ouvindo? A sala é tão ecoante com apenas nós dois.
Tristan levanta a taça e eu bato a minha com a dele. Eu tomo um
gole, e é delicioso. Tem um gosto caro.
— Adorável, não é? — Tristan comenta. — Limpo, nítido. . . você
pode realmente sentir o gosto do mel, não pode?
Muito legal. Minha única exigência com champanhe é que não me
deixe curvada com o ventre preso. Faço uma anotação mental para
aprender algumas frases chiques sobre champanhe.
Concordo com a cabeça, fazendo um profundo som de hmmm.
— O chef francês é conhecido por seu estilo criativo de cozinhar.
— Ele sorri enquanto segue meu olhar para o cardápio. — É por isso que
o escolhemos. Alguns dos pratos não são para os fracos de coração.
Escargots. Eles são muito legais, eu posso lidar com eles.
Pernas de rã salteadas. Mmm, acho que eu poderia dar uma
chance.
Tagine de Cabra! Eu poderia fingir que é frango.
— Tártaro de Cheval? — Eu digo alto. — É aquele . . .
Santa Maria, Mãe de…
— Horse tartare, — ele termina, dando-me um sorriso perverso.
Engulo em seco. Terei que verificar sutilmente meu telefone para
ver se essas coisas desencadeiam sintomas de intestino irritável.
— Qualquer coisa pode ter um sabor incrível se for bem cozida.
— Seus olhos brilham. — Eu sou muito aventureiro. Você foi avisada.
Ainda estamos falando de comida?
— Eu pedi da última vez — eu digo, sentindo-me corajosa. Eu
fecho o menu. — Você tem carta branca para pedir o que quiser para nós
dois. Com exceção do cavalo. Qualquer coisa menos cavalo.
Ele sorri e acena para o garçom. — Vamos começar com uma
seleção de todas as entradas e trazer uma garrafa de Pauillac 2009 —
informa ao garçom. — Exceto o Tartare de Cheval — acrescenta ele
como uma reflexão tardia.
— Eu disse carta branca para nós dois, não para todo o
restaurante — sibilo enquanto o garçom se afasta. — Como vamos
comer dez entradas entre nós? Você é algum tipo de alimentador?
Ele ri. — Eu quero que você tenha a chance de experimentar tudo.
— Isso é um desperdício.
Seus olhos brilham. Acho que ele é um homem que não está
acostumado a ser castigado.
Tomo um gole de champanhe para acalmar meus nervos.
Ele se inclina para frente juntando os dedos sobre a mesa. — Você
está nervosa.
Eu mordo meu lábio. Como eu poderia não estar? Estou presa em
um perigo de incêndio sexy sem janelas e o homem mais quente e
intimidador que já vi, prestes a ser servido com pernas de sapo. Que não
é exatamente a comida mais sexy, não é?
O que teria acontecido se Edward Lewis tivesse encomendado
pernas de rã para Vivian em Pretty Woman em vez de morangos?
— Um pouco — eu admito. Jantar com ele em Mykonos foi
divertido e despreocupado, agora sabendo quem ele é. . . isso parece
pesado. — Isso é tão normal para você, jantar privado em um
restaurante exclusivo. Não para mim.
Suas sobrancelhas se erguem. — Comer com você não é normal
para mim. Estou ansioso por isso desde que me levantei na frente de
vocês e dei as boas-vindas aos novos estagiários.
Eu giro o champanhe na minha taça, sem palavras. Por quê? Eu
quero perguntar a ele.
Sua mão desaparece sob a mesa e encontra o caminho para a
minha coxa nua. — Conte-me sobre crescer no País de Gales. Você não
falou muito sobre isso em Mykonos.
— Não há muito o que saber — digo enquanto o garçom se
aproxima com nosso vinho. — Minha mãe veio da Croácia quando tinha
vinte anos. Ela trabalhou em Londres, conheceu meu pai, seguiu-o até o
País de Gales e nunca mais foi embora. Ela é meio hippie.
— Eles ainda moram no País de Gales? — ele pergunta depois de
agradecer ao garçom.
— Mamãe sim. — Eu limpo minha garganta. — Meu pai... eu não
sei onde ele está. Eu nunca o conheci.
Sua expressão se suaviza e ele pega minha mão menor na sua
grande. — Sinto muito. Era só você e sua mãe crescendo?
Eu aceno, engolindo. — Embora sempre houvesse pessoas dentro
e fora de casa, amigos dela que iam e vinham.
— Isso foi bom? — ele pergunta, preocupado.
— Às vezes. Outros tempos... não. — Cristo, este encontro vai
acabar como uma sessão de aconselhamento também.
— O que ela faz? — ele pergunta, levando a taça de vinho aos
lábios.
— Às vezes ela trabalha no restaurante de uma amiga. De vez em
quando ela ajuda uma amiga na limpeza. Ela é... um pouco instável. —
Minhas bochechas esquentam. — É por isso que preciso deste trabalho.
Não posso estragar tudo.
Ele aperta minha mão suavemente. — Seu contrato está seguro —
diz ele em voz baixa quando nossas entradas chegam. Ele pediu tanta
comida que teve que ser levada em um carrinho porque a mesa não é
grande o suficiente. Se eu convidá-lo para jantar, estou colocando um
limite no número de pratos que ele pede. — E pelo que posso ver, você
é uma advogada muito inteligente e consciente. Você vai se sair bem.
Pare de se preocupar com o que os outros pensam. Agora, vamos
alimentá-la com uma boa culinária francesa.
Minhas bochechas esquentam com o elogio. — Você se importa
com o que os outros pensam, Tristan?
Os garçons nos deixam sozinhos na sala.
Eu fico olhando para as pernas de rã nadando em manteiga de
alho.
Seus olhos piscam para os meus lábios enquanto ele me observa
beber o resto do champanhe. — Só as pessoas que valem a pena. Como
minha família. Meu filho. — Ele ri. — Embora hoje em dia eu ache que
ele me vê como um pai embaraçoso. Estou beijando ele demais na frente
dos amigos do lado de fora do portão da escola, ele disse.
— Que idade ele tem? — Eu pergunto enquanto pego um caracol
em minhas pinças. Isso pode correr muito mal. A manteiga pinga, mas
eu pego bem a tempo com um guardanapo.
— Sete — ele responde, com os olhos brilhando de diversão
enquanto eu me atrapalho com o filho da puta escorregadio. — Ele está
crescendo tão rápido. Eu dou uma olhada dupla em algumas das
perguntas que ele me faz. Outro dia ele foi um pouco travesso na escola,
então ameacei contar ao Papai Noel. Então ele começou a fazer um
monte de perguntas sobre exatamente como eu chamaria o Papai Noel.
Ele me perguntou se eu poderia contatá-lo no Instagram.
Por fim, extraio a carne do caracol com o minúsculo garfo de duas
pontas. — Ele está no Instagram? Seu filho, quero dizer, não o Papai
Noel, obviamente.
Uma sensação quente de alho emborrachado explode na minha
boca e oh meu Deus, caramba. — Isso é incrível! — Pego outro e tiro-o
da casca. — Caramba, nunca pensei que caracóis pudessem ter um gosto
tão bom. O que está acontecendo na minha boca?
Tristan me observa, rindo. — Calma aí, não coma muito, eles são
bem ricos. Não. Ele conhece todos os sites de redes sociais, mas ainda
não tem permissão para criar sua própria conta. — Ele estremece. — Ele
é muito jovem. Ele disse que seu colega de classe disse que o Papai Noel
não é real. Ele pode cheirar merda. Ele fez tantas perguntas que
eventualmente tive que dar a notícia de que eu sou o Papai Noel.
— Como ele reagiu?
— Acho que fiquei mais chateado do que ele.
— Acabei de perceber que nem sei o nome do seu filho.
— Daniel. — Um sorriso varre seu rosto. — Ele recebeu o nome
de Danny Walker. Danny é o padrinho dele.
— Que legal, você e Danny devem ser muito próximos. — Eu
hesito. — É difícil não morar com ele permanentemente?
Sua expressão escurece. — Sim. Isso me mata todos os dias.
Eu tomo meu vinho. Há tantas perguntas que quero fazer. — Você
e sua ex-mulher se dão bem? Quando ela não está tentando te matar com
louças.
Ele solta uma risada estrangulada. — Eu esqueci que você
testemunhou isso.
Eu não.
Suas sobrancelhas escuras se franzem e algo que se parece muito
com dor aparece em seu rosto. Talvez eu não esteja competindo com
todas as mulheres nas fotos online. Talvez eu esteja competindo com
apenas uma.
— Ela me machucou muito.
— Você quer falar sobre isso?
Sua mandíbula endurece. — Não. Vamos aproveitar a noite.
Isso é irritante. Está me incomodando. Ele se separou dela porque
deixou de amá-la ou porque ela o machucou?
A mão que descansa na minha coxa começa a traçar círculos.
Arrepios formigantes percorrem meu corpo.
— Você sente isso? — Ele pergunta com a voz rouca. — Há tanta
química entre nós. Você me deixa louco, Elly.
Ele encontra minha mão debaixo da mesa e a coloca em sua coxa.
Meus dedos roçam seu pau enquanto ele se inclina para frente e puxa
minha boca contra a dele.
Alerta de alho, alerta de alho! Comi muito alho com os caracóis.
Mas isso é bom. Foda-se o contrato de estágio. Foda-se o
restaurante chique e os garçons excessivamente atenciosos. Eu preciso
disso. Eu preciso dele.
— Tristan — eu resmungo. — Estamos em um restaurante.
— Meu restaurante — ele resmunga. — Ninguém pode nos ver
aqui.
Eu espalhei minha mão sobre seu pau. É quente e duro e
exatamente o que eu tenho desejado. Ele geme em minha boca e
aprofunda o beijo. Sua mão encontra minha coxa novamente e
lentamente traça uma linha na minha perna até que esteja sob a bainha
do meu vestido. Eu me agarro a ele, meus dedos cravando em seu bíceps.
Seus dedos dançam em torno do mesmo ponto apenas alguns
centímetros abaixo do meu núcleo.
Maldita provocação.
Meu núcleo pulsa com meses de frustração sexual. Eu preciso
tanto disso.
Eu pego um vislumbre dos meus olhos arregalados e bochechas
coradas no espelho. — É melhor que isso não seja um espelho de duas
faces na cozinha — murmuro.
Ele solta uma risada profunda e gutural. — Não, querida, somos só
nós.
Seus dedos continuam contornando a parte interna da minha
coxa, e sinto que estou ficando úmida. Já estou tão nervosa, isso é
embaraçoso.
— Esta noite, Elly, vou te dar tudo o que você quiser. Vou terminar
o que comecei no elevador. Eu senti falta de ouvir seus pequenos
gemidos — ele sussurra em meu ouvido.
Eu o encaro enquanto suas palavras saem do meu cérebro para
outras áreas do meu corpo.
Deus me ajude.
***
Encontramos restrições para nos acalmar e acabar com cada gota
da garrafa de champanhe e da garrafa de 2009 qualquer coisa de vinho.
Graças a Deus não é uma noite de estudo.
Minhas defesas caíram tão baixo que não me importo se houver
um espaço na chamada de toda a equipe da próxima semana para
explicar como o CEO me deixou toda excitada e incomodada em um
restaurante francês.
— Você vai me acompanhar de volta para minha casa, Elly? — Ele
levanta as sobrancelhas em questão.
— Na verdade, eu não posso — eu digo com relutância. — Tenho
que acordar às 5 da manhã para pegar um trem para o País de Gales.
Ainda nem fiz as malas.
Ele franze a testa. — Você pode reservar um trem mais tarde?
— Não. — Eu suspiro. — É o aniversário da minha mãe. Tenho
uma surpresa reservada. Tenho que pegar aquele trem para chegar a
tempo.
— Vou te arranjar um carro para o País de Gales. — Ele vai pegar
o telefone. — Se for muito lento, posso providenciar um helicóptero.
Minhas sobrancelhas se erguem. Um helicóptero?
— Não. — Eu agarro seu braço. — Não seja ridículo! — Afasto sua
mão do telefone, entrelaçando meus dedos com os dele. — Estou saindo
de casa amanhã — digo com firmeza, mais por princípio do que por
desejo. Ele não consegue o que quer todas às vezes, e eu preciso manter
um pouco de auto-respeito. — Talvez possamos fazer isso... outra hora
— eu sugiro.
Ele me dá um olhar exasperado. — Deixe-me ver se entendi… a
única maneira de continuar vendo você esta noite é se eu voltar para sua
commune hippie?
Eu sufoco uma risadinha com o pensamento. — Não me lembro de
ter feito um convite — respondo arrogantemente.
Ele não vai fazer isso. De jeito nenhum Tristan Kane vai passar
uma noite na minha casa compartilhada. É o seu percurso ou a sua rota.
— Elly. — Ele exala forte, um olhar derrotado cruzando seu rosto.
— Posso voltar para a sua casa, por favor?
Eu mordo meu lábio para impedir que um sorriso bobo tome conta
do meu rosto. — Suponho que sim.
— Vou pegar a conta e ligar para George — diz ele, acenando para
o garçom.
— São algumas paradas no metrô, princesa. — Eu zombo. — Isso
será mais rápido.
Tentando do jeito de Megan, ergo um ombro. Isso vai mostrar a
ele quem manda.
CAPÍTULO DEZESSETE

ELLY

— Você está estocando papel higiênico para o caso de haver outra


pandemia? — Ele olha para a pilha de rolos embaixo da minha cômoda.
— Eu não pensei que você estaria de volta aqui esta noite — eu
bufo. — Ou eu teria escondido isso. — Tenho que escondê-los no meu
quarto porque ninguém os substitui a não ser eu. Estou farta de bancar
os lenços umedecidos.
Eu o afasto da cômoda para o centro do quarto. Se ele olhar de
perto, verá os rolos de bambu premium roubados do Madison Legal.
— Os perigos de uma casa compartilhada em Londres. — Eu dou
de ombros e solto uma risadinha patética. Estar aqui com Tristan Kane
no meu quarto está me transformando em uma confusão quente e
nervosa.
Quando ele se ergue até atingir seu 1,80m de altura, ele bate na
luminária.
— E esta não é a sua cama? — Ele paira sobre ela como se tivesse
sido despachado de uma usina nuclear.
— Não, o quarto veio mobiliado — eu explico. — Só a poltrona e
a cômoda são minhas. Por quê?
— Você sabe quantas pessoas já fizeram sexo nesta cama?
Eu dou a ele um olhar fulminante. — Desculpe, não pensei em
perguntar ao corretor de imóveis.
— Não é de admirar que você durma em armários de lençóis —
ele murmura. — Não sabemos quantas pessoas usaram esta cama. É
como fazer sexo em um bordel.
— Ei! — Eu o golpeio contra o peito. — Eu tenho um protetor de
colchão. É isso que os locatários fazem, compramos protetores de
colchão e não pensamos em todos os locatários que vieram antes de nós.
— Reviro os olhos. — Tente procurar dentro de si mesmo para
encontrar um mínimo da realidade, você vai? Você esqueceu como
vivem as pessoas normais que não são CEOs?
— Podemos fazer sexo em pé?
— Você está agindo como a princesa e a ervilha. — Eu fico
carrancuda, colocando as duas mãos em meus quadris. — E você está
sendo muito presunçoso. Quem disse que eu quero fazer sexo com você,
afinal?
Ele sorri para mim. — Claro que você faz. Vou deixar você tão
excitada que vai implorar para eu te foder.
Aquele rosto arrogante, irritante e bonito. Ele é tão confiante em
si mesmo, tão certo que sou uma aposta certa. Isso me excita e me irrita
no mesmo instante. Não quero dar a ele a satisfação de se juntar ao
milhão de garotas que imploram a Tristan Kane para transar com elas.
— Como se. Eu não imploro aos homens.
Seus olhos brilham quando ele entra no meu espaço pessoal.
Envolvendo suas mãos em volta da minha cintura, ele me puxa e me
pressiona contra sua virilha, sua ereção se projetando contra minha
barriga.
Meu núcleo palpita de excitação. Eu estava blefando antes.
Claro, vou deixá-lo me foder.
Estendo a mão na ponta dos pés, e ele vem ao meu encontro,
pressionando seus lábios contra os meus.
— Estou cometendo um grande erro — sussurro em sua boca.
— Ordens do chefe. Acho que você tem que fazer o que mandam.
Ele chega atrás das minhas costas e abre o zíper do meu vestido
para que fique solto em volta dos meus ombros, então o empurra para
baixo, passando pela minha cintura, expondo meu sutiã preto de renda.
Eu saio dele, parada diante dele apenas de calcinha.
Ele responde com um grunhido e solta meu sutiã, deslizando as
alças de seda pelos meus braços. — Isso é bem melhor — diz ele
rispidamente.
Suas mãos enormes seguram meus seios possessivamente e ele
abaixa a cabeça para beliscar um mamilo com os dentes.
Eu solto um gemido desesperado e me atrapalho com a parte de
cima de sua calça jeans.
— Ainda não — ele rosna. Antes que eu saiba o que ele está
fazendo, ele me levanta do chão e nos leva até a cama.
Todo o meu corpo treme em antecipação quando ele me deita na
cama. Estou tão pronta que é embaraçoso.
Olhando ao redor do quarto, ele caminha até a cômoda e levanta
dois lenços de cetim que comprei para vestir minhas roupas de trabalho.
— Você está totalmente vestido — eu ofego quando ele se
aproxima da cama novamente.
— Eu sou o chefe. Minhas regras. — Seus olhos percorrem meu
corpo de cima.
Eu abro minhas pernas, desejando que ele venha para cima de
mim.
Um grunhido sai de seus lábios em resposta. Ele gentilmente pega
meus pulsos, prendendo-os acima da minha cabeça, e amarra cada um
na cabeceira da cama com um lenço. Então, ele puxa minha calcinha para
baixo e sobe em cima de mim, suas coxas grandes abrindo minhas
pernas.
Estou nua, exposta e dele para ser tomada.
Chamas de calor em seus olhos. — Linda — ele respira. Ele se
inclina para baixo, prendendo meu corpo com seus bíceps enquanto sua
boca trilha beijos quentes pela minha clavícula.
Eu arqueio minhas costas e empurro meus seios para cima.
Ele está demorando. Ele beija o topo dos meus seios, em seguida,
desce em um ritmo tortuoso até um pouco acima do meu mamilo. Meus
mamilos estão tão duros que dói.
Sua língua circula um, e eu gemo impacientemente.
— Por favor — eu sussurro, meus saltos cravando na cama.
O calor se acumula entre minhas pernas quando sua boca
finalmente engole meu mamilo. Ele vai de mamilo em mamilo,
beliscando e sugando. Então ele está em movimento novamente.
Lentamente, sua boca desce do meu umbigo até a parte inferior da
barriga. Sua boca paira logo acima do meu ápice.
Meus músculos do núcleo apertam.
Usando seus polegares, ele gentilmente separa minhas dobras
sensíveis de carne. Um som selvagem sai de sua garganta enquanto seus
olhos devoram minhas partes mais íntimas.
Estou uma mistura de excitada e envergonhada. Ele pode ver tudo.
Eu me contorço, tentando deixar minhas mãos livres, mas ele as prendeu
firmemente. Ele está no controle. Sua língua empurra profundamente
em minha entrada.
Eu arqueio meus quadris em seu rosto, gritando.
Enquanto sua língua entra e sai implacavelmente, seu polegar
circula em volta do meu clitóris, provocando-me cada vez mais rápido.
Meus dedos dos pés se curvam e minhas pernas tremem; a pressão
é demais.
— Oh Deus, oh Deus, oh Deus — eu canto enquanto ele me segura
em um aperto firme, banqueteando-se comigo. Minha cabeça arqueia
para trás em direção à cabeceira.
— Elly — ele murmura entre as minhas pernas. — Eu quero que
você assista.
Eu olho para baixo e encontro seus olhos enquanto sua língua
entra e sai de mim. — Aí. — Sai como um coaxar. — Sim. Exatamente
assim. — Minhas pernas se debatem enquanto o prazer me atravessa em
tremores violentos.
Ele olha para mim com um sorriso satisfeito.
Ele se move para fora da cama antes que eu possa me recuperar e
arranca suas roupas, em seguida, fica na minha frente, nu.
É ainda melhor do que eu me lembro.
Minhas mãos ficam amarradas à cabeceira da cama. Tristan sobe
em cima de mim e empurra os joelhos entre as minhas pernas para que
eu fique bem afastada.
— Droga — ele sussurra. — Preservativo.
— Estou tomando pílula.
— Posso gozar dentro de você? Estou limpo.
Eu aceno, empurrando meus quadris. Eu preciso de pele na pele.
Ele bate seu pau grosso em minha abertura. Um gemido baixo
irrompe dele, e é o som mais sexy que eu já ouvi.
Eu aperto em torno de seu pau, minhas mãos apertando os pés da
cama, desesperada por liberdade para que eu possa atacar cada
centímetro de seu corpo. — N-não é j-justo — eu gaguejo.
Uma risada baixa é a única resposta que recebo. Ele empurra para
dentro e para fora, segurando meus quadris no lugar, meus seios
balançando a cada estocada. — Elly. — Ele expira em uma respiração
gaguejada. — Você é tão boa.
O bater de nossos corpos fica mais alto, mais rápido. O rosto de
Tristan se contorce de prazer, e sei que ele está perto. Apenas vê-lo se
despedaçar está me quebrando. Nossos gemidos se misturam, os dele
baixos e guturais, os meus agudos e frenéticos.
Com uma estocada profunda final, ele solta um suspiro trêmulo e
goza com tanta força que estou com medo de que ele nunca vá parar.
Eu grito, sentindo o líquido quente pulsando em mim.
Tentando estabilizar sua respiração, ele paira sobre mim, seus
cotovelos segurando o peso de seu peito largo.
Estou molhada por toda a parte interna das minhas coxas.
Estamos pegajosos e suados, e nunca me importei menos.
— Acho que guardar papel higiênico no quarto é útil. — Ele sorri,
desamarrando minhas mãos das algemas de seda.
A parte interna de suas coxas brilha quando ele sai da cama. Não
consigo tirar os olhos dele.
— Eu estava me perguntando... em nosso primeiro encontro em
meu escritório, você disse que não foi só isso que tirei de você. O que
você quis dizer? — Ele pergunta enquanto gentilmente limpa minhas
pernas.
— Nada — eu digo, ignorando.
Ele franze a testa. — Eu quero saber. Diga-me.
Minhas bochechas começam a ficar mais quentes. — Eu quis
dizer... Eu quis dizer que você foi... é o único homem que já me fez gozar
— eu sussurro.
Ele para de limpar e olha para mim, alerta. — Você era virgem,
Elly?
— Não. Mas também não sou exatamente uma especialista em
sexo. Eu tive alguns parceiros sexuais e um namorado de longa data, e
isso nunca aconteceu — eu digo, sentindo-me constrangida.
— E depois da Grécia?
— Eu não tenho realmente. . . — Eu brinco com meus dedos. —
Quero dizer, eu não. . .
— Você não fez sexo desde nós? — ele pergunta baixinho.
— Não deliberadamente — eu digo rapidamente. — A verdade é
que não conheci ninguém nos últimos meses com quem eu quisesse
fazer sexo.
Ele olha para mim por um longo minuto, descartando o lenço na
cesta de lixo. — Estaria mentindo se dissesse que não estou feliz.
— Eu não estava me guardando para você — eu retruco
defensivamente. — É que ser freira parecia melhor do que alguns dos
bufões que conheci.
— Shhh. — Ele passa a palma da mão pela minha clavícula. — É
muito cedo para definir isso — diz ele sério. — Não quero te machucar,
e estamos em fases diferentes de nossas vidas. Sou divorciado e minha
prioridade tem que ser meu filho.
Concordo com a cabeça, dor torcendo em meu peito. Estou sendo
descartada.
— Mas eu gostaria de continuar vendo você, Elly. Para explorar
isso.
Eu mordo meu lábio para conter o sorriso.
— Se nos vemos, não podemos ver mais ninguém — eu digo em
voz baixa e firme.
— Como se eu quisesse. — Ele enrola os cobertores. — Vamos,
não quero que você fique cansada no aniversário de sua mãe. Esta é uma
cama de solteiro?
— Não! — Eu digo irritada. — É uma dupla. Pare de reclamar, ou
você pode dormir no chão.
— Suponho que quanto menor for, mais difícil será para você
escapar — ele resmunga, subindo na cama atrás de mim. — Do que isso
é feito? Varas de bambu?
Eu bato no peito dele.
Ele envolve seu corpo ao redor do meu, seus braços fortes me
puxando contra ele. Este homem poderia ganhar prêmios por sua
prática de conchinha.
***
— Quem diabos é você? — diz Tristan em um rosnado baixo ao
meu lado.
Esfrego os olhos e espio a escuridão.
O que está acontecendo? Já são 5 da manhã?
Tateando no escuro, encontro o abajur e o acendo.
Aperto os olhos, ajustando-me à luz. Há uma garota pairando no
fundo da cama. Ela agarra o edredom na tentativa de entrar debaixo das
cobertas.
— Alguém escapou do hospício — Tristan grita, sua voz rouca de
sono. Nós dois sentamos de topless na cama. — Esta é um das suas
colegas de casa?
Ela nos vê e solta uma meia risadinha, meio arroto. O gás da
cerveja me assalta.
— Isso não é... — ela murmura, balançando ao som de uma música
imaginária.
— Ele se chama Frank — eu digo com uma voz grogue, cobrindo
meus seios nus com o edredom.
Seus olhos vidrados dão uma olhada em Tristan. — Ah.
Estou momentaneamente distraída pelo peito nu e musculoso de
Tristan. — Ele não, — eu assobio. — O cara com quem você foi para casa
é Frank. O quarto de Frank fica lá em cima.
— Saia daqui — Tristan grita, catapultando para fora da cama.
Apesar de estar saturada de álcool até os olhos, seu queixo cai
enquanto ela observa o homem nu bem dotado. Ela tropeça para trás
algumas vezes. Finalmente, ela recebe a mensagem de que três é uma
multidão e ziguezagueia em direção à porta. Com o que resta de suas
habilidades motoras, ela abre a porta e sai cambaleando.
Tristan avança, fechando a porta.
— Não há como trancá-la. — Ele aperta os olhos em confusão e
move uma cômoda em direção à porta.
— Está bem. — Eu aceno minha mão no ar, cansada demais para
reagir mais. — Ela não vai voltar.
— Não está bem — ele rosna. — Vou conseguir um novo aluguel
para você amanhã, Elly. Isso não é seguro.
— Pare de ser ridículo. — Eu reprimo um sorriso enquanto ele
nos faz uma barricada no quarto. — Se qualquer coisa, você é o único
que não está a salvo dela, não eu. É por isso que você está nos
bloqueando?
Ele me ignora. — Espero que haja uma saída de incêndio neste
prédio. Deveria haver, com tantos quartos. Agora vamos queimar até
ficar crocante por causa de uma senhora louca.
— Onde, Tristan? Você viu um escorregador ou um poste? — Eu
bufo. Eu me jogo de volta na cama, recusando-me a entrar nessa
conversa. Meu telefone diz 3:30. Meu alarme vai tocar em uma hora e
meia.
— Ter colegas de apartamento é pior do que ter filhos — ele
murmura, voltando para a cama. — Entram no seu quarto a qualquer
hora exigindo atenção.
Eu balanço minha cabeça. Ele pode ser um CEO importante, mas
não duraria um minuto em um albergue.
Ele está deitado de costas ocupando a maior parte da cama. Subo
em cima dele. É esta posição ou enrolar em uma pequena bola no canto.
Seus braços fortes me envolvem e ele solta um longo suspiro sonolento.
Eu enterro meu rosto em seu peito, ouvindo o ritmo de seus batimentos
cardíacos. Nossos corpos se misturam, o calor fluindo do corpo dele para
o meu. Não há nada mais sexy ou íntimo do que deitar em cima de um
Tristan Kane adormecido e sentir cada centímetro de sua pele tocar a
minha.
Quando sua mão se solta de onde está entrelaçada em meu cabelo
e sua respiração fica mais lenta, sei que ele está dormindo. E então eu
fico lá, meus seios subindo e descendo em seu peito, respirando seu
almíscar e me pergunto como vou dormir explodindo com tanta
felicidade.
De alguma forma, depois de muitos minutos (talvez horas), fecho
os olhos e adormeço, sorrindo.
CAPÍTULO DEZOITO

ELLY

Um zumbido desagradável perfura meus ouvidos. Eu fico rígida,


desejando que isso pare. Não pode ser hora de levantar. Estou tão
desorientada que não tenho certeza se dormi. Eu ouço um grunhido, e o
barulho para.
— Elly — diz Tristan em uma voz rouca na escuridão. Ele balança
suavemente meus ombros.
— Sim? — Eu digo tristemente, meus olhos fechados. O que eu
quero dizer é foda-se e deixe-me dormir!
— Você precisa se levantar. — Sua voz é mais severa desta vez.
Em um abraço indesejado, ele me sacode um pouco mais forte.
Meus olhos se abrem rapidamente e eu observo a sombra de
Tristan vasculhando o quarto.
— Tristan? — Eu me endireito e acendo a lâmpada de cabeceira,
apertando os olhos enquanto a luz inunda o quarto.
— Não tem pasta de dente no seu banheiro — ele diz com um
grunhido. — E você tinha dois corpos em sua sala quando fui pegar um
copo d'água.
Só dois? Uma noite tranquila de sexta-feira, então.
— Você dormiu? — Eu pergunto, sabendo a resposta de sua
expressão assassina.
— Insuficiente. — Ele se senta na beirada da cama e me cutuca.
— Eu estava muito ocupado protegendo você da mulher louca, lembra?
De qualquer forma, são 5. Você precisa se mexer.
Deixei escapar um longo suspiro. — Sim, Papai. — Eu gemo.
Interessante. Estou vagamente excitada com seu novo apelido. Talvez eu
tenha problemas com o papai desaparecido. — Desculpe por acordá-lo.
Sinta-se à vontade para dormir.
— Sem chance, porra. — Ele faz uma careta. — Eu chamei um
carro. Ele vai deixá-la na estação de Paddington no caminho.
Com um gemido, jogo o edredom para trás e jogo dramaticamente
as pernas para fora da cama. Está escuro como breu lá fora. Este é um
momento desumano para se levantar em um sábado. Por que não disse
sim para uma carona de helicóptero? Maldito orgulho estúpido. Da
próxima vez que alguém me oferecer um helicóptero, direi — Isso
parece adorável, obrigada.
***

A última coisa que quero fazer esta manhã é a caminhada de


quatro horas até o País de Gales depois de duas horas de sono.
Além do fato de termos passado grande parte da noite transando,
quando finalmente deitamos nossas cabeças, Tristan provou ser uma
presença muito perturbadora.
Não só porque eu estava em alerta após o jantar indutor de gases,
mas porque seu corpo é tão grande que ele ocupa a maior parte da cama.
E ele ronca.
Minha viagem de trem é um aglomerado de emoções enquanto eu
processo os eventos da noite passada. Eu tenho um trem de duas horas
para Swansea, então tenho que mudar para o trem mais lento do mundo
para chegar à minha aldeia. Tortura.
Minha prostituta interior se deleita com a realização de uma
fantasia que tive desde que embarquei no voo de Atenas - transar sem
sentido com um Tristan solteiro. Minha freira interior está
enlouquecendo com o fato de eu ser uma graduada suja e crédula que
dormiu com o CEO.
Ah, quem se importa? Agora estou muito cansada para dar a
mínima.
A questão é que, apesar de seu comportamento idiota em
Mykonos, coloquei Tristan em um pedestal que nenhum outro cara
poderia alcançar. Ele me deixou no limbo. Megan diz que não dou chance
a caras, mas não importa o quão atraente, engraçado ou gentil o cara
seja, sempre chego à mesma conclusão.
Eles não são ele.
Meu estômago é um emaranhado de nervos e caracóis de
manteiga de alho. Lamento minha demonstração de bravura. Agora
estou espreitada ao lado dos banheiros fedorentos do trem, em vez do
adorável assento na janela que reservei.
Os caracóis valeram a pena.
Finalmente, chego ao prédio de concreto que chamo de lar.
Construído na década de 1950, nosso apartamento de habitação social é
cinza e feio; não tem como disfarçar. Eu me pergunto o que Tristan
pensaria se eu o trouxesse para casa.
— Mãe? — Eu chamo, virando a chave na porta.
Nada. Ela não atendeu o telefone quando liguei do trem.
Examino a desbotada cozinha marrom. Parece se deteriorar um
pouco mais a cada visita. Há três garrafas de vinho vazias na mesa da
cozinha, a lata de lixo está transbordando e os pratos na pia parecem
velhos. Apertei a rediscagem do número da minha mãe pela sétima vez
esta manhã.
— Elly, querida — diz sua voz ofegante ao telefone. Eu a coloquei
no alto-falante.
— Mãe, onde você está? — Eu tento não parecer tensa já que é o
aniversário dela. — Estou em casa.
— Oh, querida, eu esqueci que você viria tão cedo. Estou tomando
um café da manhã com Barry.
— Barry? — Repito em um tom cortante. — Barry quem? Você
deu uma festa aqui ontem à noite?
— Não seja boba — diz ela alegremente. — Só Barry e eu.
— Vocês beberam uma garrafa e meia de vinho cada? — Eu
pergunto.
— É meu aniversário! — ela bufa. — Não acredito que você me
negaria um pouco de diversão no meu aniversário.
— Lembra-se do tratamento de spa que reservei para o seu
aniversário? — Minha voz se eleva. — Começa em quarenta e cinco
minutos.
Há silêncio.
— Oh querida, eu pensei que era amanhã. Podemos fazer isso
amanhã?
— Eu duvido — eu digo bruscamente. — Eu reservei meses atrás.
Vou perder meu dinheiro.
— Desculpe docinho. — Ela não parece arrependida; ela parece
bêbada. — Você deveria ter me lembrado.
— Eu fiz — eu falo, meu sangue fervendo. — Semana passada.
Ontem. E esta manhã. — Respire fundo, Elly. — Então? — Eu exijo. —
Você está voltando para casa para que possamos ir?
Mais silêncio.
— Não posso sair no meio do brunch. Sinto muito, devo ter lido a
data errado.
Minhas mãos se fecham em punhos apertados. Por que me
incomodei em voltar para casa? Ela não se importa se eu estou aqui.
Ela diz algo a Barry sobre pedir mais azeite e pão.
— Olá? — Eu falo. — Ainda estou aqui.
— Vejo você em algumas horas, ok? — ela diz. — Então teremos
uma boa conversa.
Termino a ligação antes de dizer algo de que me arrependo, depois
ligo para o spa e imploro para que reagende. O anjo ao telefone tem pena
de mim.
Que desperdício. Eu poderia ter passado horas extras gloriosas na
cama com o presente de Deus para as mulheres.
Meus olhos varrem a cozinha suja em desânimo. Eu nunca vou
relaxar nessa bagunça. Terminando o resto do meu café, pego as
evidências da festa da noite anterior e as coloco em um saco de
reciclagem novo. Em vez de ser mimada em um spa, passo a próxima
hora limpando.
Desconto minha raiva nos pratos, esfregando-os com ferocidade.
O que eu realmente quero fazer é quebrar os pratos dela no chão, estilo
Gemina, mas em vez disso, abro o armário para empilhá-los. No canto de
trás, há frascos de comprimidos em vez de pratos.
— O que diabos é Diazepam? — Eu digo em voz alta, examinando
a garrafa. Uma pesquisa do nome online me diz que é Valium. Por que
mamãe precisa de Valium? Ela nunca me disse que foi prescrito isso.

Algum tempo depois, abro a porta da frente e encontro um carro


esportivo conversível vermelho de dois lugares na garagem. Para
completar o clichê, um homem careca na casa dos sessenta, talvez
setenta anos, senta no banco do motorista.
— Elly, querida! — Mamãe sai do carro e cambaleia pela porta,
me dando uma olhada no decote.
Barry encerra sua crise de velhice e segue atrás dela.
— Que bom te ver. Eu senti tanto a sua falta — ela diz
animadamente, alternando entre croata e inglês. Seu sotaque croata só
aparece quando ela está bêbada. Ela joga os braços em volta de mim,
sufocando-me com a fumaça do álcool. — Conheça Barry. Barry, esta é
minha filha, Elly. Ela é advogada!
— Estou apenas em treinamento — eu a corrijo.
Barry e eu nos estudamos cautelosamente na porta, nenhum de
nós querendo o outro na casa. — Prazer em conhecê-lo, Barry. —
Estreito os olhos, sou pelo menos trinta centímetros mais alta.
Mamãe entra na cozinha, alheia ao fato de que a casa agora brilha,
e começa a bater nos armários em busca de alguma coisa. — Vá para a
sala, Barry, relaxe. — Ela acena com a mão para ele e ele sai correndo.
— Como você está, Elly? — Ela me puxa para um grande abraço.
— Mal posso esperar para ouvir tudo sobre o novo trabalho! Conte-me
tudo! — Ela não quis dizer isso, não neste estado. Eu poderia dizer a ela
que estou concorrendo a primeira-ministra e ela diria: — Oh, isso é
adorável! — Dou a ela uma lembrança incompleta do meu primeiro mês
na Madison Legal, o suficiente para fazê-la se sentir como uma mãe
curiosa e carinhosa.
Ela dança pela cozinha abrindo armários e gavetas.
— Procurando por algo? — Sacudo o frasco de comprimidos.
Ela pega a garrafa. Observo-a colocar dois comprimidos na boca e
engolir sem água.
— Por que você está tomando isso? — Eu pergunto. — O médico
receitou para você? Tenho certeza de que teriam dito para não beber
com eles.
— Eles são para a minha ansiedade — ela diz alegremente,
abrindo a geladeira. — Você pode preparar um pouco de queijo para nós
três, querida?
— Por que você está ansiosa?
— É difícil ser mãe solteira, vivendo sozinha. — Ela geme. — Me
sustentando.
Eu dou a ela um olhar cínico. — Eu pago todas as suas contas, mãe.
Em seu auge, mamãe teve um sucesso moderado. Ela tinha uma
loja de roupas que nos mantinha à tona, mas seus gastos excessivos
acabaram por arruiná-la. Paguei o aluguel e as contas dela nos últimos
seis meses e, embora queira ajudar minha mãe, é uma dependência que
preciso interromper. Espero que Barry seja rico e senil o suficiente para
se casar com ela.
— Às vezes você não aprecia o que passei por você, Elly. — Ela
puxa uma garrafa de vinho branco da geladeira.
— Você já me disse um milhão de vezes — eu digo com os dentes
cerrados. — Pele flácida e bexiga fraca.
Preciso me controlar, não quero brigar com ela no aniversário
dela. É só isso. . . me incomoda quando ela esquece que estou chegando.
— Típico de leonina, tão dramática — diz ela, servindo vinho em
duas taças. — Não fique de mau humor na frente de Barry, querida.
Eu belisco a ponta do meu nariz. Barry não deveria estar tentando
me impressionar?
Eu a sigo até a sala de estar, onde ela senta ao lado de Barry no
sofá, a bainha de sua saia passando dos joelhos.
Seus dedos roçam sua coxa, e eu faço uma careta.
— Conte-nos tudo sobre Londres! — Seus olhos brilham. — Você
já esteve na London Eye?
— Ainda não — eu digo. — Mas eu amo South Bank. Megan e eu
saímos muito lá. Tem ótimos mercados e bares.
— Mal posso esperar para visitá-la por um fim de semana. Barry,
talvez possamos reservar o fim de semana para visitar Elly?
— Isso seria adorável. . . — Eu paro quando ela sorri para ele
timidamente. Ele lambe os lábios e faz cócegas na orelha dela com o
dedo.
Querido Deus.
— Eu estou indo para uma caminhada — murmuro. Eu poderia
muito bem não estar aqui.
Saio da sala para pegar um garfo para arrancar meus olhos.
Claro, quero que mamãe seja feliz e encontre um parceiro, só
gostaria que ela não fosse tão descarada sobre encontrá-lo bem na
minha frente.
Agarrando meu casaco, bato a porta atrás de mim e caminho com
determinação para os campos verdes que cercam a cidade.
Toda vez que visito mamãe, fico no limite. Entre a casa
compartilhada e meu quarto no País de Gales sendo usado para
armazenamento agora, sinto-me um pouco à deriva. Algum dia terei
minha própria casa e então a chamarei de lar.
Até então, vou me entregar à pornografia doméstica online.
Aqui está. A casa que eu cobicei por duas décadas. Ela domina o
vale como algo saído direto das páginas de um conto de fadas. Os
proprietários mantiveram seu caráter original com vigas e paredes de
pedra exposta, mas sei que eles têm uma banheira de hidromassagem
no jardim.
Quando eu era mais jovem, eles costumavam ter um monte de
crianças brincando no jardim. Agora os jardins estão desertos e as
crianças cresceram e se mudaram.
Sento-me na grama, olhando para o campo tranquilo, e pego meu
livro para ler. Meu plano é ficar aqui o tempo suficiente para mamãe
expulsar Barry. Espero que ele não esteja tomando Viagra.
CAPÍTULO DEZENOVE

TRISTAN

Nove horas depois de deixar Elly na estação de Paddington, estou


jogando futebol no quintal com Daniel. Exausto não é uma palavra que
eu poderia aplicar; não, eu preciso de uma palavra muito mais forte. Eu
teria uma noite de sono melhor se tivesse me deitado na rua e pago para
uma escavadeira passar por cima de mim. Tomei dois expressos, mas
nenhuma quantidade de estimulantes vai resolver a dor incômoda na
parte inferior das minhas costas por dormir em uma cama minúscula de
qualidade de merda.
Ainda assim, valeu a pena. Ela vale a pena.
— Você parece muito velho hoje — Daniel me informa.
Obrigado, filho.
— Eu tenho um segredo para te contar — ele diz enquanto
caminha em minha direção. A partida está encerrada e não demorou
muito para Daniel vencer hoje. — Eu tenho uma namorada — ele
anuncia com orgulho.
— Oh sim? — Eu levanto minhas sobrancelhas. — Essa é uma
garota da sua classe? — O garoto parece um modelo de catálogo. Não é
de admirar que ele esteja indo bem com as garotas da escola.
— Uh-huh. — Ele concorda. — Talia.
Nome legal. — Há quanto tempo ela é sua namorada?
Sua testa franze em profunda concentração. — Cerca de uma
semana — ele finalmente diz enquanto entramos na cozinha. — Eu
esperava que a Srta. Hargrove fosse minha namorada, mas ela é uma
filha da puta.
— Daniel. — Eu o paro em seu caminho. — Já passamos por isso.
Você não pode chamar as pessoas assim, especialmente sua assistente
de ensino. Não quero outro telefonema zangado da Sra. Maguire, e ela é
uma filha da puta.
— Vou dizer a Talia amanhã — acrescenta ele, com naturalidade.
— Dizer o que a ela?
Ele olha para mim como se eu fosse estúpido. — Dizer a ela que
ela é minha namorada.
Tenho que ensinar meu filho sobre rejeição aos sete anos? —
Talvez pergunte a ela, amigo, você sabe, ao invés de dizer que ela é sua
namorada — eu aconselho. — Ela pode querer uma palavra a dizer
sobre isso.
— Ela segura minha mão — diz ele, impassível, e me lança um
olhar que me diz que não sou qualificado para dar conselhos sobre
namoro. — Ontem dei meu suco para ela.
Isso é um bom começo. — Talvez não se apresse em se
comprometer — eu ofereço. — Há muito tempo para namoradas em
uma década. Apenas se concentre em ser amigo dela agora.
Ele olha para mim. — Como se você e mamãe fossem melhores
amigos agora?
Eu forço um sorriso. — Exatamente assim.
Seu telefone apita em seu bolso. Foi uma decisão difícil comprá-lo.
É ridículo para uma criança de sete anos ter um telefone, mas é a única
maneira de ter uma linha direta de contato, já que Gemina é volátil pra
caralho.
— Quem está mandando mensagens para você, Daniel? — O
telefone é só para eu mandar uma mensagem para ele, ele é muito jovem
para falar com qualquer outra pessoa.
Ele o tira do bolso e o lê. — É a mamãe. Ela está esperando lá fora.
Isso significa que não podemos comer waffles de batata?
Meu peito aperta e eu finjo um sorriso pelo bem do meu filho. O
que ela está jogando? Ela deveria estar mandando mensagens para mim,
não para Daniel, e ela não deveria estar cortando meu tempo de visita.
Eu baguncei seu cabelo. — Ainda podemos comer waffles de
batata. Fique aqui e falarei com sua mãe.
Um grande sorriso bobo se espalha em seu rosto. Se ao menos
waffles de batata congelados pudessem resolver todos os meus
problemas.
Antes que eu tenha a chance de sair, há uma batida na porta. Abro
a porta e encaro a mulher que amei por mais de uma década.
— Oi Tristan — ela diz em seu suave sotaque americano. Foi
atenuado por anos cantando nos palcos de Londres. — Como você está?
Você parece cansado.
— Gemina. — Eu a cumprimento, sentindo minha temperatura
subir. — Você não deveria estar aqui até as 4. Tenho quarenta minutos
restantes.
Seus olhos procuram os meus. — Espero que você esteja se
cuidando — ela responde, ignorando minha reclamação.
Eu gostaria que ela não fizesse isso. Fingir que ela se importa.
Não quando ela me destruiu.
Em dobro.
— Mudança de plano — ela diz quando eu a ignoro. — Nós vamos
passar a noite na casa de férias em Devon. Precisamos sair agora. Eu
sinto muito.
— Você não pode fazer isso — eu digo rispidamente. — Quando
você concorda com um horário, você o cumpre.
Quando olho para a entrada da garagem, vejo o Porsche vermelho
que comprei para Gemina.
Ele está aqui. O homem por quem eu cumpriria uma sentença de
prisão.
— Então, ele está dirigindo meu carro agora? — Eu rosno,
tentando controlar minha raiva.
Eu olho para trás para ter certeza de que Daniel está fora do
alcance da voz.
Ela morde os lábios, me estudando. — Tristan. . . você sabe que as
coisas terão que mudar. Nós precisamos conversar. Precisamos contar
a Daniel.
— Não. — A dor toma conta da minha voz. — Não faça isso comigo
— eu imploro em um sussurro tenso. — Não se atreva a falar com Daniel
sem mim. Por favor.
— Isso não vai embora. — Seus olhos piscam com cautela, então
ela suspira, derrotada. — Vamos lidar com isso quando eu voltar de
Devon, ok?
Eu mudo de assunto. — Você parece bem. — Eu sorrio
tristemente.
Seus olhos vidrados. Ela parece cansada também.
— Obrigada — diz ela sem jeito. — Temos de ir. Eu sinto muito.
Daniel — ela chama por cima do meu ombro. — Junte suas coisas.
Ele corre para a porta. — Mas papai me prometeu waffles de
batata.
— Hoje não, baby — diz ela. — Em alguma outra hora.
Ele olha para mim, e meu coração se parte.
— Desculpe, filho. — Eu corro minha mão por seu cabelo loiro. —
Sem waffles de batata hoje. Da próxima vez, eu prometo. Vejo você na
quinta à noite, ok? Você pode me contar mais sobre Talia. Tia Charlie
também vai querer saber dela.
Daniel acena com a cabeça e corre para a sala para pegar seus
caminhões enquanto eu recupero seu casaco do Homem-Aranha no
corredor.
Eu me agacho de joelhos e o envolvo em meus braços para que eu
possa dar-lhe um abraço de despedida adequado.
Ele envolve seus braços em volta do meu pescoço. — Tchau, pai.
Eu gostaria que você estivesse vindo conosco.
— Eu também, amigo. — Eu sorrio para ele. — Te vejo em alguns
dias. — Minha voz está tensa. Mal posso esperar mais sete dias para ver
meu filho. — Podemos fechar na quinta à noite, Gemina?
— Claro — diz ela, muito alegremente para o meu gosto. Seu
descaso está quebrando minha alma.
— Tchau, garoto. — Ao vê-los caminhar em direção ao carro, fico
com uma sensação doentia de decepção, como sempre fico quando vejo
meu filho sair. Ele não deveria estar morando em outro lugar, deveria
estar morando aqui na casa em que cresceu e chamou de lar desde que
nasceu.
Daniel olha para mim e dá um pequeno aceno enquanto Gemina o
leva pela mão para a entrada da garagem.
Não olho para o motorista do Porsche. Não posso.
Fecho a porta da minha casa vazia. O silêncio é um forte contraste
sombrio com o som de nós rindo trinta minutos antes. O riso que me
lembra como era a minha vida.
***
— Esta noite, temos uma seleção de pratos de influência
irlandesa, senhor. — A fornecedora abre meu forno de tamanho
comercial e aponta para o primeiro prato. — Carne de porco assada
Guinness coberta com repolho, creme verde e queijo fresco. Em
seguida… — ela aponta para o segundo prato — …tacos de carne
enlatada servidos com um molho cremoso de mostarda picante e uma
simples salada de repolho e cenoura.
Ela puxa a segunda prateleira de arame cromado. — O prato
principal - pernil de cordeiro cozido lentamente com uma seleção de
três pratos de batata.
O tema irlandês é para minha mãe nascida em County Cork.
Eu inspeciono os pratos e aceno com a aprovação enquanto o
interfone toca.
— Vamos sair discretamente, Sr. Kane. — A fornecedora sorri
para mim como se estivéssemos compartilhando um grande segredo.
Não sei por que, sou muito aberto sobre o fato de não cozinhar
meus próprios jantares. Costumo trabalhar doze horas por dia, então a
última coisa que quero fazer é chegar em casa e passar uma hora
cozinhando. Não há chance das senhoras Kane pensarem que eu
cozinhei isso.
Desço o corredor para cumprimentar meus convidados e abro a
porta para Danny, minha mãe e minhas duas irmãs, Charlie e Callie.
Callie, minha irmã mais nova, usa um daqueles anéis que atravessam seu
nariz como uma arena de touros. Todos nos abraçamos.
Mamãe beija ambas as bochechas, deixando manchas de batom,
tenho certeza, e anda rapidamente, espiando por cima do meu ombro.
Eu sei o que ela está fazendo. . . ela está procurando para ver se Natalia,
minha governanta, está aqui. Natalia mantém minha casa em estado
permanente de limpeza, a geladeira abastecida, meus ternos lavados a
seco e passados e a roupa de cama trocada pelo menos uma vez por
semana. Nada disso cai bem para minha mãe, que acha que deixar um
estranho entrar para lavar sua roupa é vulgar. Para ela, é tão ruim
quanto ter um harém de mulheres morando na casa comigo.
Há vinte anos entre os três irmãos Kane. Nós brincamos que
Charlie e Callie são acidentes. Nos anos 1970, mamãe e papai se
conheceram em Londres, quando mamãe estava na faculdade de
enfermagem e papai trabalhava como operário. Eles vieram de uma
época na Irlanda em que os preservativos eram desaprovados e o
método de retirada era a escolha da contracepção. Nenhum de nós foi
planejado, daí as diferenças de idade. Quando eu tinha quinze anos,
papai decidiu que estava farto da Inglaterra e de nós, e pulou a água para
ficar com uma mulher de Kilkenny. Uma prostituta, como diria minha
mãe.
Vejo Jack caminhando em direção à casa. Bom momento. — Vão
para a área do bar — eu instruo os outros. — Vou deixar Jack entrar.
Fora da minha cozinha há um bar de coquetéis personalizado, um
dos dois da casa. A segunda fica na sala de cinema lá embaixo. Eu gastei
alguns milhões comprando a casa e o mesmo novamente na reforma.
— Amigo. — Jack sorri enquanto se aproxima da porta. Ele me
entrega uma garrafa de uísque.
Eu localizo o vintage e aceno com aprovação.
— Você sabia que eu tive que enviar minha PA por toda a cidade
por causa de seus gostos particulares? — Ele me entrega seu casaco e eu
o levo para o corredor. — Ela ligou cinco vezes em pânico. Ela disse que
só conseguiu encontrar uma reserva vintage de Glenfiddich de vinte e
cinco anos. — Isso é suficiente, Jack? Eu tive que dizer: 'Não, Julia. Deve
ser pelo menos um Glenfiddich 1975 ou mais antigo. '
Eu dou de ombros. — Tenho bom gosto e sei do que gosto.
Nós nos juntamos aos outros na área do bar onde Danny está
servindo as bebidas.
— Sra. Kane, seu xerez favorito. — Danny entrega a bebida para
minha mãe, sorrindo para ela. Lickarse10. Ele está ainda mais atento a
ela agora que está namorando Charlie. — Querida, o que você quer
beber? — Ele pergunta, beijando minha irmã na testa enquanto ela se
senta em uma banqueta.

10
É um termo irlandês para denominar uma pessoa bajuladora.
Eu resisto à vontade de gritar com ele. Embora eu esteja feliz por
meu melhor amigo e minha irmã terem encontrado a felicidade juntos,
o instinto de irmão mais velho às vezes assume o controle.
Quando descobri sobre o relacionamento secreto deles, as coisas
ficaram difíceis entre Danny e eu. Eu conheci Danny quando ele estava
investindo em todas as mulheres bonitas de Londres. Não era isso que
eu queria para minha irmã. Foi um momento sombrio quando pensei
que tinha perdido meu amigo mais próximo, mas Danny e eu discutimos
as coisas quando percebi que ele estava falando sério sobre Charlie. Na
verdade, todos nós passamos o Natal na casa de férias de Danny nas
Shetlands.
Ainda assim, eles são um novo casal e estamos demorando um
pouco para nos ajustar à mudança na dinâmica.
— Vinho, por favor. — Charlie sorri de volta para ele com
adoração. — Isso cheira incrível, Tristan. — Seus olhos dançam com
malícia. — Ouvimos dizer que vocês tiveram uma noite adorável na
semana passada no Regency.
Danny se encolhe.
Pelo amor de Deus, ele é uma torneira vazando agora que ele está
com minha irmã. Ele não entende o código do irmão?
Mamãe ergue os olhos bruscamente. Uma mãe irlandesa pode
farejar uma história que foi escondida dela.
— Ah, sim — Jack fala. — Conhecemos uma adorável advogada
que trabalha para Tristan. Tristan a conhece muito bem, não é?
— Quão bem? — Mamãe pergunta rapidamente.
Eu faço uma careta. — Não bem o suficiente para me mandar para
o altar, se é isso que você está perguntando. — Tiro os canapés do forno
quente.
Charlie os olha com desconfiança. — O que é isso? Sem surpresas
esta noite, Tristan.
Eu sorrio. — Presunto defumado com cobertura de mostarda.
Ela suga o ar. — Porco está fora. Desculpe, eu simplesmente não
posso.
— Acho que você deveria escrever os cardápios para nós — diz
Jack, pegando três. — Você tem alguma daquelas coisas de massa de
porco que você comeu da última vez?
Eu o espeto com um olhar. — Não, Jack, você dormiu com minha
última fornecedora, lembra? — Lanço um olhar de desculpas para
mamãe.
Sua testa franze enquanto ele pensa. — Oh sim! Isso é lamentável.
Se soubesse que teria de abdicar daqueles pastéis de porco, não teria
feito.
Conduzo-os à sala de jantar, onde os fornecedores colocaram a
mesa de acordo com o cardápio, e depois volto à cozinha para buscar o
primeiro prato.
Danny me segue. — Você está bem?
— Eu vi Gemina mais cedo — eu respondo categoricamente,
levantando a carne de porco assada do forno quente.
— E?
— E ela disse que quer conversar. Ela sugeriu contar a Daniel, pelo
amor de Deus.
— Ela está certa. Sobre a conversa, pelo menos. Isso não vai
desaparecer.
— Jesus, Danny, de que lado você está?
Danny se serve de outro uísque. — Seu. Sempre seu. Mas não
posso simplesmente dizer o que você quer ouvir. Encontraremos uma
solução para isso que não envolva assassinato. — Ele gira o líquido em
seu copo. — Chega de passado. E o presente? — Seus olhos brilham. —
Você reservou o quarto privado de Asha ontem à noite, não foi? Você
sabe que eles tiveram que cancelar a reserva de algum bilionário chinês
para colocar você. Acho que sua ereção nos custou vinte mil.
— Isso valeu cada centavo. — Entrego a ele dois pratos de carne
de porco e torço o pescoço. — Embora minhas costas estejam me
matando agora.
— Eu vou assumir por esse comentário que ela finalmente cedeu
— diz ele secamente. — Não consegue acompanhar uma mulher de 25
anos?
— Não, não consigo dormir em tábuas de madeira. — Eu faço uma
careta. — Não consegui pregar o olho. Ela mora em uma casa barulhenta
com um milhão de pessoas. Um deles até invadiu o quarto no meio da
noite.
O canto de sua boca se curva. — Deixe-me ver se entendi. Você
ficou na casa dela?
— Tinha que fazer isso — eu resmungo. — Ela se recusou a voltar
para a minha.
— Então, está esquentando — ele reflete enquanto caminhamos
de volta para a área de jantar.
— Esquentando? Está tão quente que o Met Office precisará
emitir um alerta meteorológico. Tudo na mulher é perfeito.
— Ninguém é perfeito, Tristan. Você aprendeu essa lição da
maneira mais difícil — ele diz em voz baixa para que os outros não
ouçam.
Colocamos as entradas nos jogos americanos e abro uma garrafa
de champanhe para brindarmos.
— O que há de novo com você, Callie? — Jack me joga uma tábua
de salvação e desvia a atenção da minha vida amorosa.
Minha irmã mais nova dá de ombros.
— Você está no seu último ano agora, certo? Lembre-me que
curso você está fazendo? — Jack sonda.
— História da Arte — ela diz a ele.
Ele concorda. — Para que você vai usar isso? — ele pergunta.
— Foda-se tudo — Callie responde. — Eu simplesmente gosto do
estilo de vida estudantil.
— Linguajar, mocinha! — mamãe intervém, seu rosto
empalidecendo.
— Talvez eu faça um segundo grau depois como História da
História. — Callie dá uma risadinha e eu mordo o lábio. Estou pagando
suas taxas universitárias.
Mamãe estala os lábios. — Deus acima, me dê paciência. Sobre o
meu cadáver. Você ganhará a vida como todo mundo. Não te criei para
ser preguiçosa.
Callie geme. — Se você não parar de me chatear, mãe, vou me
afogar nessa sopa.
Charlie lança um olhar para mim e então se vira para Callie. —
Callie — ela diz, — você não pode ser uma estudante para sempre. Vou
ajudar com o seu currículo.
— Sr. O' Neil até ofereceu a ela um emprego na loja de artesanato
— explica mamãe.
— Eu não estou trabalhando para o seu namorado — Callie
reclama.
— O que? — Sento-me alerta enquanto Charlie sorri para mim
como se soubesse de algo que eu desconheço. — Quem é o Sr. O' Neil?
— Eu pergunto bruscamente.
— Meu companheiro — mamãe anuncia.
— Você tem um namorado? O que?
— Não seja bobo, estou velha demais para ter namorado. — Mãe
chia. — Ele é meu companheiro — ela repete. — Não o chame de meu
namorado. As pessoas vão falar.
— Quais pessoas? — Charlie revira os olhos. — Quem são essas
pessoas com as quais você está sempre preocupada?
Eu franzo a testa. — Quem é esse cara?
— Não dê nenhum detalhe, mãe, a menos que você queira que o
pobre Sr. O' Neil seja submetido a verificações criminais. — Charlie ri.
— Claro que não vou — digo, mas é exatamente o que vou fazer.
Faço uma anotação mental para obter os detalhes de Charlie mais tarde
e perguntar qual é a diferença entre um namorado e um companheiro.
Pelo menos deve ser inocente o suficiente se ela ainda se refere a ele
pelo segundo nome.
A conversa muda para o novo projeto de hotel de Jack, e minha
mente se volta para minha Elly. O que ela está fazendo agora? Ela está
gostando do jantar com a mãe? Sua vida doméstica parece instável. O pai
em mim quer mimá-la e protegê-la. Para lhe dar estabilidade emocional
e financeira. Para convidá-la para minha casa, para este jantar com
minha família.
Fingindo ouvir mamãe, tiro meu telefone do bolso debaixo da
mesa.
Como está o País de Gales? Eu mando mensagem.
Eu a vejo digitando e então paro.
O presente de aniversário que planejei para minha mãe não
saiu como planejado.
Eu franzo a testa. Tudo ok?
Ela não responde rapidamente.
Sinto sua falta esta noite. Fique comigo amanhã à noite.
Duas letras simples aparecem na tela. OK
Antes que eu possa me conter, inclino minha cabeça para trás e
sorrio sem restrições.
— Vê? — Mamãe diz enquanto entro na conversa novamente. —
Tristan está feliz em dar a Callie um emprego na Madison Legal.
Que?
CAPÍTULO VINTE

ELLY

Depois de sair do metrô em Holland Park, viro à direita em uma


rua arborizada com enormes casas vitorianas escondidas atrás de
portões altos e sebes altas. Megan e eu procuramos o endereço online e
descobrimos quanto ele pagou por ele. Na verdade, Megan rastreou o
endereço e me fez adivinhar. Eu fui grande com cinco milhões e ela riu e
disse que você não poderia comprar um sanduíche de presunto com
cinco milhões nessa área. Na verdade, eu precisava adicionar mais
quinze milhões, que foi o que ele pagou há sete anos. É troco,
considerando que está situado no exclusivo W8 Kensington Palace, um
dos códigos postais mais caros da Grã-Bretanha. Megan me pediu para
ficar de olho em Madonna.
Espere um segundo . . . eu reconheço esta rua. A Embaixada do
Uzbequistão ao lado da residência de Maria Garcia olha para mim e
balanço a cabeça. Então ele realmente fez uma viagem desnecessária só
para falar comigo?
Viro a esquina para uma rua particular. Uma explosão de risos
irrompe em minha barriga enquanto passo por cada casa reservada por
vez. Não acredito que ele passou a noite na minha casa compartilhada;
não é de admirar que ele estivesse tão ansioso para que ficássemos em
sua casa. A rua é decorada com placas intimidadoras de vigilância da
vizinhança, e começo a me perguntar se os atiradores estão me
observando. As calçadas estão repletas de carros mais luxuosos do que
o Grand Prix.
Número 12 - este é dele. Eu fico boquiaberta com a casa de três
andares que grita rico.
Puta merda.
Eu aliso minha saia. Estou usando uma saia preta de couro, um
suéter de lã solto que revela um ombro em um braço e botas de cano
curto. O alvo é 'chique sem esforço'. Optei por penteados e maquiagem
mínimos após a falha épica de contorno no primeiro encontro.
Uma morena baixinha atende a imponente porta.
— Ah — eu digo, confusa. — Devo ter o endereço errado.
— Elena? — ela pergunta com um sotaque que não consigo
identificar.
Minha frequência cardíaca aumenta um pouco. É a mãe dele? Isso
não soa como um sotaque irlandês. Eu não estava de óculos no hotel na
manhã do aniversário de sua mãe.
Tristan vem até a porta de meias e uma camiseta rasgada, e eu
tento ignorar a aparência de seus músculos por baixo. Seus lábios se
abrem em um sorriso.
— Oi. — Eu me mexo desajeitadamente.
— Você deveria ter me deixado enviar um carro para você — diz
ele quando entro no corredor de teto alto. Ele tira meu casaco dos meus
ombros e se inclina para beijar meu pescoço. Ele é uma cabeça mais alto
do que eu, então meus olhos estão paralelos com um peito grosso.
— Elly, esta é Natalia.
Ufa. Não é sua mãe.
Natalia e eu trocamos gentilezas.
— Bela saia. — Seus olhos percorrem minhas pernas nuas como
se Natalie não estivesse no corredor. — Eu gosto de couro.
Meus olhos se arregalam. Ele tem que olhar para mim de uma
forma tão abertamente sexual na frente de Natalia? Ela provavelmente
poderia escrever um livro sobre a vida sexual de Tristan Kane.
— Uau! — Eu exclamo, meus olhos vagando pelo corredor. — Sua
casa tem o mesmo estilo da Embaixada do Uzbequistão! É linda.
Ele encolhe os ombros timidamente. — Legal, não é? É o mesmo
arquiteto que projetou a Embaixada. — Ele se vira para Natalia. — Você
quer ir embora?
Quando ela acena com a cabeça e sai do corredor, sinto-me um
pouco aliviada.
— Minha governanta e salvadora — explica ele.
— Graças a Deus — eu digo. — Pensei que ela fosse sua mãe.
Ele ri e me puxa para ele. — Não diga isso para minha irmã Charlie
se você a conhecer. Ela diz o mesmo. Também não diga isso para minha
mãe, que vê Natalia como uma ameaça.
Minhas bochechas queimam com a sugestão casual de conhecer
sua família.
Ele me mantém imóvel no corredor por um minuto, olhando para
mim com um olhar ardente que instantaneamente me deixa nervosa. —
Eu senti sua falta — diz ele depois de uma batida.
— Faz apenas quarenta e oito horas — eu respondo sem fôlego.
As quarenta e oito horas mais longas da minha vida.
Ele envolve seus braços fortes em volta da minha cintura. Ele se
inclina para baixo, abrindo as pernas, e pressiona seu corpo perto,
trazendo seus lábios nos meus. Sinto seu pau crescendo entre minhas
pernas e respondo empurrando minha língua contra a dele. Cada beijo é
sexual pra caralho. Um beijo nunca é apenas um beijo com Tristan.
— Eu não podia esperar mais por isso — ele diz enquanto
interrompe o abraço.
Minhas bochechas esquentam ainda mais.
— Prioridades. Eu preciso alimentar você primeiro. Gostaria de
um tour, Elly?
— Sim, por favor. — Eu concordo. — Eu sinto que deveria estar
pagando pelo tour.
Ele ri. — Venha, vou mostrar o porão primeiro. — Ele pega minha
mão e me leva escada abaixo. — É uma casa de período listada — explica
ele. — Mas passei anos modernizando-a, mantendo as peças do período
vitoriano, como as lareiras.
Eu o sigo pelos quatro andares com admiração. — Quantos
quartos têm aqui? Eu poderia me perder aqui.
— Oito quartos, sala de estar, sala de jantar, escritório, academia,
sala de cinema e adega. — Ele conta de cabeça. — Quatorze? Ah, meu
escritório. E os banheiros, claro.
Prendo a respiração. O cara é tão rico que esqueceu quantos
quartos tem em sua casa.
— Você gostaria de um pouco de vinho? — ele pergunta.
— Soa maravilhoso. — Eu o sigo até a cozinha. A casa está me
intimidando. Na minha casa, ele era apenas um cara gostoso e bonito.
Aqui, há lembretes constantes de como Tristan é bem-sucedido. É uma
cozinha projetada para uma equipe de chefs da Michelin, e tenho a
sensação de que alguns já cozinharam aqui antes.
Um enclave na cozinha leva a uma área de bar. — Você deve se
divertir muito aqui — eu digo. Como toda mulher solteira nas fotos online
— Às vezes — ele responde com indiferença. Ele me entrega uma
taça de tinto. — Isso vai combinar perfeitamente com o jantar. Está com
fome? Natalia fez um bife bourguignon.
— Morrendo de fome.
Ele tira dois pratos de um forno quente onde caberia uma vaca
inteira, e eu o sigo até a sala de jantar.
— Natalia sabe cozinhar! — Eu digo. Eu posso dizer apenas pelo
cheiro que flutua pela sala de jantar. Sento-me à mesa impecavelmente
posta.
— Eu disse a ela que estava tentando impressionar uma mulher
muito especial esta noite — ele responde, colocando a comida na mesa.
— É sem glúten, sem laticínios e sem outra coisa que não consigo
lembrar. Eu fiz algumas pesquisas e disse que seria melhor para a
doença de Crohn.
Meu rosto esquenta. Não acredito que revelei minha condição a
ele depois de algumas taças de vinho. Não é exatamente a revelação mais
sexy, é?
— Essa é a coisa mais sexy e doce que alguém já fez por mim —
eu digo, e pode ser verdade. Meus olhos permanecem em seu rosto. Ele
é sempre tão atencioso? — É uma casa grande para morar sozinho. Você
já se sentiu sozinho?
— Daniel fica aqui pelo menos uma ou duas vezes por semana.
Eu concordo. — Deve ser difícil não vê-lo o tempo todo. Você
gostaria de ter mais filhos? — Eu adiciono provisoriamente.
— Talvez. — Seus lábios pressionam em uma linha apertada. —
Eu nunca quis que esta casa fosse apenas para mim.
Talvez uma conversa para outro dia. — Como foi sua tarde com
Daniel?
O sorriso atinge seus olhos como sempre acontece quando ele está
falando sobre Daniel. — Fantástico. Mas cansativo. Eu tenho você para
culpar por me cansar.
Você estará tão cansado amanhã de manhã. — É fácil ser pai?
Seu sorriso dá lugar a uma expressão de dor. — Não para mim.
Gemina tem todas as cartas.
Eu espero que ele elabore.
— Eu não sou o pai biológico de Daniel.
Meus olhos se arregalam. Penso no meu comentário ofensivo nas
bebidas quando perguntei se o filho dele se parecia com ele. — Eu sinto
muito . . . — Eu paro, sem saber o que dizer. — É por isso que você se
divorciou? — Eu pergunto timidamente.
— Não completamente. — Ele exala rudemente. — Eu descobri
há cerca de dois anos. Ela me disse que foi um erro, então tentei fazer
funcionar por mais de um ano. Fomos ao aconselhamento. Continuamos
vivendo como uma família. No final, não conseguimos fazer funcionar.
O medo escorre através de mim quando ouço a forte emoção que
ele tenta mascarar. Estou apenas lascando a superfície disso. Não tenho
certeza se quero saber a verdade.
Passos de bebê.
Eu mudo de assunto. — Isso é delicioso. Não consigo imaginar
comer refeições desta qualidade todos os dias. Comer na minha casa é
estressante. É uma fila para a cozinha, então, quando você consegue
entrar, metade dos seus ingredientes já acabou.
Seus olhos enrugam. — Estou feliz que você aprova, Elly.
— Como é que eu vou cozinhar uma refeição para você? — eu
penso. — Se esta é a normal para você. Quando foi a última vez que você
esteve em um supermercado?
Ele começa a rir e depois fica sério. — Merda. — Sua testa franze.
— Não consigo me lembrar. — Ele tem a graça de parecer um pouco
envergonhado. — Tenho que economizar meu tempo. Passo pelo menos
doze horas por dia trabalhando, às vezes mais.
— Por que você está interessado em mim, Tristan? — Eu o estudo.
— O que eu trago para a mesa? — Não estou falando de carne bovina.
Ele franze a testa. — Esta é uma pergunta séria? Você é inteligente,
engraçada e motivada. Você tem uma cabeça muito madura. Na verdade,
Danny e Jack diriam que você é mais madura do que eu. — Ele ri.
Então algo na maneira como ele olha para mim muda.
— Você me tira o fôlego. Estou tão insanamente atraído por você,
Elly. — Sua voz engrossa com luxúria. — Sabe, eu penso em você todas
as noites.
Eu fecho meus olhos brevemente. A dor em seus olhos de antes
ainda está me assombrando.
— Eu penso em você todas as noites também — eu sussurro. —
Quando Frank o Fodedor está nisso, eu fecho meus olhos e penso em
você.
Ele ri. — Não tenho certeza se isso é um elogio. Talvez eu tenha
que comprar protetores de ouvido para você. — Ele acena para o meu
prato vazio. — Estou feliz que você tenha gostado, querida. Natalia ficará
feliz. O seu Crohn está bem?
Eu franzo a testa. Que maneira de amortecer o clima. Mudar de sua
ex-esposa ruim para meu intestino ruim não é como planejei a conversa.
Eu preciso nos mover para o próximo curso. Eu empurro minha cadeira
para trás e caminho lentamente para o seu lado da mesa.
Ele se recosta na cadeira.
Mantendo meu olhar fixo nele, eu desço minha calcinha rendada
pelas minhas pernas, então passo cada perna para fora dela.
Ele se recosta ainda mais na cadeira, assistindo ao show.
Eu levanto meu suéter sobre minha cabeça para que eu fique
apenas com minha saia de couro e sutiã de renda vermelha.
Suas coxas se abrem formando uma saliência em seu jeans.
Sem falar, passo entre suas pernas, desabotoo o botão de sua calça
jeans desajeitadamente e abro o zíper. Quando empurro sua cueca para
baixo, sua ereção se projeta para cima, grossa e pronta.
— Você quer isso? — ele pergunta com a voz rouca. — Pegue.
Meus joelhos caem no chão entre suas coxas. Eu envolvo minhas
mãos ao redor da base de seu pau e empurro seu pau profundamente
em minha boca.
Ele geme e coloca a mão na parte de trás da minha cabeça,
agarrando punhados de cabelo.
Eu grito quando ele puxa com muita força.
— Desculpe — diz ele, me observando de cima.
Com as duas mãos em volta dele, eu o chupo de cima para baixo,
empurrando-o para dentro e para fora da minha boca. Eu acelero,
fazendo-o bater no fundo da minha garganta todas às vezes.
— Elly — ele geme.
Antes que ele chegue ao clímax, eu o retiro da minha boca. Ele
grunhe em resposta. Difícil, estou no controle agora.
Eu me levanto de joelhos e envolvo minhas pernas em torno de
seus quadris, abaixando-me para que eu possa me esfregar contra seu
pau. Eu vou gozar só de me esfregar contra ele.
— Sente-se sobre isso — diz ele, rosnando. — Pare de me
provocar.
Eu quero ter força de vontade para provocá-lo por mais tempo,
mas estou com muito tesão para durar. Com um movimento brusco, eu
me embalo em sua ereção, gritando quando esqueço seu tamanho.
Esse é o local.
Nesse ângulo, posso forçá-lo profundamente. Minhas coxas
flexionam em torno de seus quadris, e eu me movo para cima e para
baixo, controlando o ritmo para meu próprio prazer.
Meus dedos travam possessivamente em torno de sua mandíbula
masculina quadrada. Nunca vou superar o quão bonito é o rosto dele, é
por isso que não consigo me fazer durar. Seus lindos cabelos grossos e
escuros caem sobre a testa e ele olha para mim com tanta adoração que
eu choramingo.
— Eu não vou durar se você continuar fazendo isso — diz ele com
os dentes cerrados, segurando meus quadris com mão de ferro.
— Está tudo bem — murmuro. — Eu quero sentir você gozar
dentro de mim. — Com cada estocada, eu deslizo ainda mais para o
esquecimento. Este homem vai ser a minha ruína.
Meu peito pressiona contra o dele, e eu não posso dizer se seu
batimento cardíaco ou o meu está acelerado ou ambos.
Meu núcleo se aperta cada vez que eu o coloco em mim, fazendo
seus gemidos mais altos e mais urgentes. Meu corpo está no controle
agora, não minha cabeça.
— Você é tão boa — ele diz, sua voz grossa e pesada enquanto eu
o monto. Sua cabeça se inclina para trás com prazer. O ritmo de nossa
respiração acelera enquanto eu resisto com tanta força que estou perto
de cair nele. Ele solta um suspiro final e entra em erupção dentro de
mim, segurando meus quadris firmes no lugar.
Ele fica dentro de mim por um longo tempo, nós dois relutantes
em nos mexer.
Finalmente, eu me levanto. — Eu vou limpar — eu digo, minha voz
rouca.
Eu tropeço para o banheiro principal com as pernas trêmulas.
Com certeza vou dar um mergulho naquela banheira antes do trabalho
amanhã. Não é à toa que ele cheira a dinheiro. O sabão é o tipo de sabão
que eles prendem nas paredes dos hotéis de luxo para que as pessoas
não o roubem. Eu rio para mim mesma.
Este banheiro é o sonho molhado de todo portador de DII.
CAPÍTULO VINTE E UM

TRISTAN

Minha mão descansa na parte inferior das costas de Elly enquanto


a conduzo pelo clube de golfe. Eu uso qualquer desculpa para tocá-la
hoje em dia. Há uma virada de cabeça não tão sutil dos homens enquanto
atravessamos para o terraço, e eu sinto uma onda de orgulho. Isso
mesmo, você pode olhar o quanto quiser, mas ela é minha.
Tenho vergonha de admitir que somos inseparáveis desde que ela
ficou comigo pela primeira vez no domingo à noite. Normalmente não
perco a calma por causa de uma mulher tão rapidamente e certamente
não cancelo meu encontro com meus amigos, mas esta semana não pude
evitar. A única noite em que não nos vimos foi quando Daniel ficou.
Jack e Danny olham para cima de seus assentos, a diversão
brilhando em seus rostos. Eu atiro a eles um sinal de alerta para se
comportarem da melhor maneira possível.
— Elly, você se lembra de Danny e Jack.
— Prazer em ver você de novo, Elly. — Os olhos de Jack brilham.
Eu envolvo meu braço em volta da cintura dela. Jack é um
companheiro e nunca ultrapassaria os limites, mas ainda é um cara. Ele
precisaria ser gay para não se sentir atraído por ela.
Ele dá a ela um sorriso de lobo. — Desculpe por termos
emboscado seu encontro na outra noite.
— Eu não sinto muito — eu rosno, pressionando seu corpo no
meu.
Travessura brilha em seus olhos. Ele não terminou. — Não
conseguimos conhecê-la adequadamente no Regency. Ou naquela
manhã no Rosemont. Você fugiu com tanta pressa.
Mais como escoltada para fora do local.
Um rubor rasteja sobre ela. — Aquela noite foi uma série de
eventos infelizes.
— Todos nós já tivemos uma ou duas dessas noites. — Danny ri.
Ela enrola um cacho de cabelo em volta do dedo e arrasta o dedo
do pé no chão. — Prazer em conhecê-los em melhores circunstâncias.
Sinto uma pontada de aborrecimento quando ela olha para Danny
nervosamente. As mulheres sempre ficam impressionadas com Walker,
e Elly claramente não é imune à sua boa aparência taciturna.
Danny sorri calorosamente. — Não acredite em tudo que você
ouviu sobre nós.
Eu cutuco Jack. — Afaste-se para que Elly possa se sentar.
Ele se levanta, oferecendo-lhe o assento. — Eu estava prestes a
pegar alguns refrescos. Sente-se, Elly. — Ela se senta em frente a Danny,
cruzando as pernas longas e bem torneadas.
— O que você gostaria de beber? — Eu pergunto a ela. — Nunca
bebemos álcool antes de um jogo, mas não deixe que isso a impeça.
Ela dá de ombros. — Vou tomar uma cerveja.
Aqueles grandes olhos azul-esverdeados me encaram, e eu resisto
à vontade de subir no sofá e tomá-la em meus braços. Em vez disso, eu
me inclino e beijo sua testa.
— Como? — A voz de Jack está carregada de perguntas enquanto
caminhamos para o bar.
— E daí?
Ele me estuda, sorrindo. — Então, você está tão apaixonado por
essa garota que não suporta ficar longe dela e a trás para o golfe? Mesmo
Danny não convidou Charlie aqui.
— Pare de fazer disso um grande negócio — eu digo, irritado. —
Você e Danny estão agindo como um par de crianças. Não seja infantil.
— Sensível, Kane. — Ele ri. — Isso é altamente incomum. É a
primeira vez que vejo você batendo asas para uma mulher desde. . .
Eu passo a mão pelo meu cabelo. — Não me chateie. Eu não estou
batendo asas — eu retruco para ele. — Estou com tesão o tempo todo.
Nenhuma mulher me deixou tão selvagem por dias a fio. Não sei como
vou jogar hoje. — Eu abaixo minha voz. — Não estrague isso para mim.
Tudo é censurado. Compreende?
Ele levanta as mãos em legítima defesa e ri. — Os meus lábios
estão selados. É bom ver você feliz, companheiro.
Enquanto Jack pede as bebidas, eu viro minha cabeça para o
terraço para encontrá-la rindo alto de algo que Danny diz. Que porra ele
está dizendo que é tão engraçado? Por que eu trouxe Elly para encontrar
Danny e Jack novamente? Danny pode estar com minha irmã, mas as
mulheres ainda caem a seus pés.
— Vamos voltar — eu digo enquanto Jack assiste a cena divertida.
Pegamos as bebidas, três águas com gás e uma cerveja, e voltamos para
junto de Danny e Elly.
— Deve chover em algumas horas. Venha, vamos para o primeiro
buraco — eu digo com confiança, pronto para mostrar minhas
habilidades para Elly.
Pego a minha bolsa de golfe e a de Elly. Aluguei seus tacos e
acessórios para a tarde. Ao lado do gramado, Danny pega um carrinho
para quatro pessoas e subimos nele, Jack e Danny na frente e Elly e eu
atrás. Infelizmente para ela, minhas pernas ocupam a maior parte do
espaço. Eu levanto a perna dela sobre a minha.
— É apenas uma curta viagem até o primeiro buraco — eu
explico, colocando meu braço sobre seu ombro.
— Claro — ela responde, tomando sua cerveja.
Danny estaciona.
— Walker, você começa — eu digo enquanto pego os tacos de
golfe para Elly. — Desde que você perdeu da última vez, vamos dar-lhe
uma vantagem. — Gosto de lembrar Danny quando ele está perdendo.
Ele alinha sua bola no buraco, plantando os pés em uma postura
ampla. Minutos se passam enquanto ele arrasta os pés, sua mandíbula
em profunda concentração. Estaremos aqui o dia todo com Danny
tocando.
Sua testa franze quando ele finalmente conecta o clube com a bola.
Eu sou o jogador de golfe mais forte de nós três e, para meu prazer, isso
enfurece Danny. Se estivéssemos jogando a dinheiro, eu faria uma
fortuna.
Nossos olhos seguem a bola pelo campo arborizado do parque.
Escolhemos o clube por causa de suas incríveis vistas do skyline
da cidade, por isso tem uma lista de espera de um ano para novos
membros. Isso e o fato de que custa uma pequena fortuna para entrar, o
que significa que todos são tão ricos que ninguém presta atenção em
nós.
— Bom alcance, Walker. — Eu poderia estar competitivo hoje.
— Esta é uma classificação de curso difícil — Jack murmura para
mim, fora do alcance da voz de Elly. — Isso não é um pouco duro?
Especialmente com o vento hoje.
— Eu não acho que Elly está muito incomodada — eu sussurro,
olhando para ela enquanto ela toma um grande gole de cerveja.
Jack é o próximo. Ele alinha sua bola, lambendo os lábios com a
mesma concentração de Danny. Ele também é um mau perdedor. Fica
um pouco aquém do de Danny. Ele geme quando Danny lhe dá um tapa
nas costas.
— Elly, você quer ser a próxima? — Eu pergunto.
Ela pega um taco de golfe e se aproxima.
Eu alinho a bola para ela e vou atrás dela enquanto ela segura o
taco de golfe. Minhas mãos agarram seus quadris e a puxam contra mim.
— Fique em pé com os pés afastados na largura dos quadris e
dobre ligeiramente os joelhos — explico.
— Como isso? — Ela tão ligeiramente mói contra mim.
— Sim, isso está no formulário. — Eu sufoco um gemido quando
esqueço momentaneamente que estamos em plena luz do dia no meio
de um campo de golfe.
Na minha visão periférica, Jack e Danny trocam um olhar, rindo.
— Agora incline-se para frente nos quadris e mantenha o peso
distribuído uniformemente no centro dos pés.
Ela segue minhas instruções, empurrando seus quadris mais
fundo em mim. — Bem assim? — Ela inclina a cabeça, sorrindo para
mim.
Engulo em seco, sentindo o sangue correr para baixo. — Sim,
assim mesmo. — Este é o jogo de golfe mais sexualizado que já tive.
Ela faz um movimento para balançar, esfregando as nádegas com
mais força contra a minha excitação crescente. Cristo, temos mais
dezoito buracos para passar. Se ela continuar me atormentando assim,
poderei jogar golfe com meu pau em vez do taco de golfe.
Eu expiro, respirando em seu pescoço.
— Tristan. — Ela fica ereta. — Você pode voltar, por favor? Acho
que estou bem sozinha.
Meu ego está ferido quando dou um passo para trás, confuso. Se
ela quebrar o nariz de alguém, o problema é dela.
Ouve-se um barulho alto quando a bola acerta o taco dela. Ele voa
pelo ar, passando pelos de Jack e Danny, perigosamente perto do buraco.
Nós três congelamos coletivamente.
Eu inspiro bruscamente.
— Foda-me — Danny balbucia, olhos esbugalhados. — Esse foi
um lance quase perfeito.
— Cristo. — Jack semicerra os olhos. — Isso é pelo menos um
birdie11.
Eu a encaro estupefato. — Você nunca disse que poderia jogar
golfe. Não me diga que isso é sorte de principiante. — Sinto uma
estranha sensação de orgulho.
Ela olha para mim incisivamente. — Você nunca perguntou. Não
sabia que vocês eram tão competitivos. Eu costumava trabalhar em um
campo de golfe no País de Gales — explica ela, balançando seu taco. —
Eu só peguei.
Nós três a encaramos com admiração renovada. Porra, a manhã
inteira eu tenho reclamado sobre como tenho jogado por duas décadas.
Minha confiança em vencer este jogo está diminuindo.
Seus olhos se iluminam. — É a sua vez, Tristan. Nós concordamos
com o que o vencedor ganha? — ela acrescenta, piscando
inocentemente.
Jack solta uma gargalhada. — Oh meu Deus, esta é realmente a
mulher dos seus sonhos, Kane.
***

11
É quando quando o jogador no jogo de Golfe conclui o buraco com uma tacada abaixo do par (ex:
conclui um buraco de par 4 em 3 tacadas). Eagle: duas tacadas abaixo do par (ex: conclui um buraco de
par 5 em 3 tacadas).
Saímos duas horas antes para chegar à prisão de Bronzefield. Um,
porque cruzar Londres é um pesadelo e dois, por experiência, sei como
é lento passar pelo processo do presídio. Adi e Elly me acompanharam.
Adi e eu já estivemos em presídios muitas vezes, incluindo presídios de
alta segurança, mas esta é claramente a primeira visita de Elly, enquanto
ela olha ao redor, com os olhos arregalados. Meus lábios se contraem
quando ela parece completamente assustada quando é pedido para ela
ficar parada enquanto o cão farejador de drogas a inspeciona. Para
tranquilizá-la, coloco minha mão na parte inferior de suas costas e a
solto quando percebo onde estou.
Maria está esperando por nós em uma sala privada para visitantes.
É muito diferente da antiga Embaixada em que ela estava escondida. Ela
pode ser acusada de assassinato, mas seu marido possuía vários hotéis
e ativos em seu nome, tornando-a uma mulher muito rica.
Ela parece incrivelmente deslumbrante para uma prisioneira. A
mulher cuida daquilo com que a natureza a abençoou.
— Como você está, Maria? — Puxo uma cadeira para Elly e me
sento ao lado de Maria.
— Uma merda — ela diz com seu sexy sotaque colombiano. —
Quando você vai me tirar desse lixão?
— Estamos construindo um caso convincente para levar à
Suprema Corte. Eu só gostaria de repassar algumas coisas mais uma vez.
Ela acena que entende.
— Precisamos de sua revelação completa, Maria — eu digo. — Se
todos os fatos não forem revelados antecipadamente, se alguns forem
perdidos, existe o potencial de que eles possam vir à tona em um estágio
posterior e serem usados contra você. — Eu me inclino para frente no
meu assento. — Lembre-se de que você tem total confidencialidade sob
seu privilégio de cliente.
Ela cruza as pernas, relaxando uma perna em cima da outra.
— Precisamos conhecer todos os fatos, não importa o quão
insignificantes você possa pensar que eles são. Nós, advogados,
detestamos surpresas. — Eu sorrio, esperando que isso a tranquilize. —
Você nos disse anteriormente que nunca entrou em contato com
nenhuma das vítimas. Seu marido alguma vez mencionou seus nomes na
sua frente?
— Não.
— Você nunca viu fotos, nunca ouviu gravações telefônicas, nunca
ouviu nenhum de seus nomes em conversas?
— Não para todos — ela repete bruscamente.
Eu concordo. — Então, a primeira vez que você soube de qualquer
uma das vítimas foram duas noites antes da morte de seu marido,
correto?
— Sim. Para onde isso vai, Sr. Kane?
Eu sorrio calorosamente. — Os registros telefônicos vão voltar um
ano, então precisamos ter certeza de que não há nada para contestar seu
caso.
Algo pisca em seu rosto. Ele se foi antes que eu possa processá-lo.
Adi começa a fazer mais perguntas, detalhando o que aconteceu
nos dois dias que antecederam a morte de seu marido. Algo está errado.
Não estava brincando quando disse que advogados odeiam surpresas.
Falarei com Adi mais tarde; vamos ter que verificar esses registros
telefônicos com um pente fino. Se há uma coisa que me deixa com o
sangue fervendo, é alguém manchando a marca Madison Legal.
CAPÍTULO VINTE E DOIS

ELLY

Estou em apuros.
Qualquer senso de autopreservação ou pensamento racional
evacuou meu corpo, e eu me apaixonei fortemente por Tristan Kane.
Desde nossa partida de golfe há duas semanas, tive tantos orgasmos que
estou preocupada que meu rosto congele em uma contorção
permanente. Sexólogos vão me estudar.
Depois houve as visitas acaloradas a Maria Garcia na prisão.
Tristan estava nos acompanhando menos esses dias, mas nas duas
viagens que ele se juntou a nós, eu senti que os outros poderiam dizer
que eu estava fodendo o chefe apenas pela minha cara. Especialmente
porque eu tinha fodido com o chefe algumas horas antes.
Na segunda visita, ele se sentou ao meu lado na sala de reuniões e
sua coxa tocou a minha por uma hora inteira. A certa altura, sua mão foi
para baixo da mesa e roçou minha coxa, e eu quase gritei. Concentrar-
me no que a equipe estava pedindo a Maria consumiu todas as minhas
forças. Ao contrário de Tristan, que conseguiu conduzir uma entrevista
completa com a cliente.
Eu o repreendi depois daquela reunião. Mesmo que ele seja um
habilidoso multitarefa, ele não pode ser tão abertamente sexual comigo
no trabalho.
Megan estava certa sobre a combinação letal de corpo, rosto e
sotaque, mas para mim não se tratava apenas de atração física; nunca
tinha sido. O cara tem a mente mais sexy. Não importa os estagiários,
advogados estabelecidos com anos de experiência matariam para seguir
Tristan Kane em um caso.
Eu não deveria ter deixado as coisas ficarem tão intensas tão
rapidamente. Quanto mais eu caio, mais assustada eu fico. Passei
praticamente as duas semanas inteiras enfurnada em sua mansão sendo
tratada como uma rainha.
A cínica em mim se preocupa que seja apenas uma questão de
tempo antes que meu estilo Ana Bolena caia em desgraça, já que há
muitas Jane Seymours gostosas competindo para levar minha coroa.
— Você vem, Elly? — Amy pergunta, me entregando um café.
Concordo com a cabeça e entramos na fila com Sophie e outros
advogados do setor de Serviços Financeiros. A conferência anual da
Madison Legal está sendo realizada no Business Innovation Centre, um
dos únicos locais em Londres com capacidade suficiente para acomodar
os escritórios do Reino Unido. Multidões avançam para o auditório.
— Este lugar é enorme! — Eu suspiro quando entramos no
anfiteatro abobadado com assentos estilo cinema.
Há um burburinho alto de conversas enquanto os 2.000
funcionários da Madison Legal do Reino Unido lotam o teatro. Uma
mistura de acentos colore a sala. As pessoas vieram das filiais da Escócia
e da Irlanda do Norte e de outros escritórios satélites europeus.
— Eventos musicais e produções teatrais são realizados aqui,
assim como eventos corporativos — Sophie explica enquanto alguém
nos conduz por um corredor até nossos assentos, no meio do auditório.
— Esqueci meus óculos — murmuro. — Este lugar é tão grande
que não vou conseguir ver. — Para vê-lo.
— Não se preocupe — diz ela sobre o rugido monótono quando
nos sentamos. — Os alto-falantes estarão na tela grande.
Tristan tem que falar na frente de todas essas pessoas? Sinto uma
pontada de pânico por ele, o que é bobagem porque ele mal mencionou
a conferência na noite passada. Ele até bebeu meia garrafa de vinho
comigo.
— Nosso sócio-gerente e CEO Tristan Kane agora abrirá o evento
— anuncia o chefe de eventos pelo microfone.
Os holofotes de cima focam no centro do palco. As conversas se
esgotam. Todos estão esperando por ele.
O ar na sala muda quando ele entra no palco como um homem que
é dono do tempo, sua postura alta e confiante e gestos suaves com as
mãos não mostram sinais de nervosismo. Quando ele chega ao pódio, ele
dá um sorriso torto para a multidão e todos batem palmas. De alguma
forma, antes mesmo de falar, ele tem o comando total da sala.
Sento-me na beirada do meu assento, observando sua projeção na
tela grande. Os três níveis de assentos ao redor do palco dão a todos os
2.000 de nós uma visão excepcional dele. Ele tem tantos olhos sobre ele
de todos os ângulos. Como ele lida?
Este é o mesmo homem cuja casa eu deixei esta manhã?
Em sua voz confiante e controlada, ele se projeta sobre cada
orador, dando a Churchill uma corrida pelo seu dinheiro. Sua camisa
branca mostra sua figura atlética. Suas mangas normalmente estão
arregaçadas até os cotovelos, mas hoje elas estão algemadas e apertadas
por abotoaduras. Eu tenho um flashback desta manhã quando ele estava
vestindo nada além de sua camisa, desabotoada.
Quão sortuda eu sou? Não há uma chance no inferno de que todas
as mulheres nesta sala não estejam sonhando com ele na cama.
Eu mordo meu lábio para reprimir um sorriso. Tento me
concentrar enquanto ele nos conta sobre as principais realizações da
empresa neste ano e a visão estratégica de longo prazo. Quem diria que
a previsão financeira seria tão animadora? A única coisa que consigo
focar é aquela boca ampliada na tela. A boca que passou vinte minutos
entre minhas pernas ontem à noite, me fazendo gemer.
Ele faz uma pausa entre as frases como se tivesse todo o tempo do
mundo. Cada frase é composta, eloquente, dita com precisão, e é o
discurso mais quente que já ouvi. Eu sei que ele está acostumado a fazer
palestras. Assisti a algumas de suas palestras que tiveram mais de um
milhão de visualizações na semana passada e fiquei com vergonha de
mim mesma por não saber quem ele era quando nos conhecemos em
Mykonos.
Em seguida é a cerimônia de premiação para os melhores talentos.
Os advogados esperam a vez de receber os prêmios e cumprimentá-lo.
Mara, a ruiva gostosa que compareceu ao coquetel de boas-vindas dos
estagiários, sobe ao palco. Os homens na sala visivelmente se animam
enquanto ela é transmitida na tela grande. Sinto uma pontada de ciúme
quando o comentarista lista suas conquistas do ano. Ela fervilha em
direção a Tristan, e ele sorri amplamente para ela, sussurrando algo
inaudível para o público.
Vendo seu olhar ardente sobre ela, me pergunto pela enésima vez
se estou levando isso muito a sério. Ela já é uma advogada estabelecida
e linda como o inferno. O que ele está fazendo comigo?
Não vejo muito Tristan depois da cerimônia de premiação.
Tivemos uma agenda lotada de grupos separados durante toda a tarde,
adaptados aos diferentes setores da indústria. Estou arrasada, passando
de conversa em conversa, então não consigo imaginar como ele deve ser
o centro das atenções o dia todo.
A partir das 18h00, uma das salas de conferências transforma-se
em bar.
Metade dos participantes partiu, alguns para pegar voos de volta
para outras partes do Reino Unido, mas centenas de nós ainda estão
lotados na área da conferência, aceitando champanhe e vinho de
cortesia dos garçons que circulam. É o motivo pelo qual aparecemos.
Sem jantar e bebidas gratuitas, o nível de embriaguez na sala aumenta
um pouco.
Estou falando com Juan, um advogado sênior do nível de Sophie.
— Eu trabalho em Serviços Financeiros com Sophie — eu digo,
acenando em sua direção, esperando incluí-la na conversa. Juan é fácil
de ver, mas é um pouco intenso demais. Infelizmente, Sophie está fora
de alcance. — Também estou acompanhando o caso Garcia. É um
aprendizado incrível.
Quando ele entra no meu espaço pessoal, eu me retiro sutilmente.
Continuamos a jogar este jogo até que ele me encurrale em um canto.
— Sob Tristan Kane? — ele pergunta com um brilho nos olhos.
— Uh-huh.
— Ele deve ter um interesse pessoal nesse caso — pondera. —
Você sabe o que é? — Seus olhos procuram informações privilegiadas
em meu rosto.
Eu balanço minha cabeça. — Estou lá apenas para acompanhar e
apoiar.
Juan parece desapontado. — Eu adoraria que nós fôssemos tomar
um café algum dia — ele fala lentamente, colocando a mão na parte
inferior das minhas costas. — Passei quatro anos em Serviços
Financeiros. Posso lhe dar algumas orientações.
Agora estou em um dilema. Deveria ser perfeitamente rotineiro
para um advogado sênior convidar um estagiário para um café para
discutir o trabalho em uma conferência de trabalho. Pode até parecer
pouco profissional recusá-lo. A pergunta é profissional.
Mas eu entendo a linguagem do flerte e uma mão na parte inferior
das costas traduz como eu quero você de costas. Posso dizer por seu olhar
que ele não tem intenção de permanecer profissional em nosso encontro
para o café.
Eu sorrio, cautelosa. — Certo.
Um garçom passa e Juan pega mais dois champanhes da bandeja
de prata em movimento e coloca minha taça vazia na mesa.
— Ah, não tenho certeza se quero outro. . . — Minha voz falha
quando vejo Tristan e Mara conversando do outro lado da sala. As outras
duas pessoas estão ouvindo a conversa, mas é claro que a discussão é
principalmente entre eles. Desconforto toma conta de mim. Tristan está
focado apenas em Mara. Ele sorri intensamente para ela, e ela se inclina
para frente para que ele possa ouvir o que ela está dizendo.
Mara também fala a linguagem do flerte. A cabeça dela se inclina
para ele, os olhos brilhando. Cotoveladas suaves, boca aberta, pescoço
exposto, movimentos de cabelo, a mulher poderia escrever o manual do
flerte. E por que ela não flertaria? No que diz respeito a todos, ele é
solteiro.
Volto-me para Juan. Sua mão cai mais baixo agora, agora uma linha
questionável entre a parte inferior das costas e a parte superior da
bunda.
— Na verdade, eu vou ter outro.
Juan me entrega o champanhe e eu tomo um gole. Ele parece
encantado com a mudança repentina de humor enquanto eu tilinto
minha taça com a dele.
Sua mão envolve minha cintura.
Meu telefone vibra na minha bolsa. — Um segundo — eu digo,
recuperando o telefone. Terry pisca na tela. Meu nome falso para Tristan
caso alguém veja seu número no trabalho.
— Com licença — digo a Juan com um falso arrependimento.
— Olá? — Atendo o telefone e me viro para encará-lo. Seu telefone
está em seu ouvido enquanto ele se inclina contra a barra fora do alcance
da audição de Mara. Seu rosto está tenso.
— Que diabos está fazendo?
Eu ouço sua voz enquanto leio os lábios dele do outro lado da sala
enquanto olhamos um para o outro. — O que? — Encolhendo-me, me
afasto de Juan para que ele não ouça o tom raivoso do telefone.
— O rapaz apaixonado está muito íntimo pra caralho, Elly.
Minhas bochechas coram com o calor de seu olhar penetrante. —
Então, tudo bem você falar com uma colega, mas não eu?
— Você está tentando me deixar com ciúmes? — Sua voz está
tensa.
Eu estreito meus olhos. — Não seja ridículo. Minha vida não gira
em torno de você, Tristan. Você pode ser o chefe, mas não pode ditar
com quem eu falo.
Nós olhamos um para o outro, silenciosamente.
Finalmente, ele solta um suspiro pesado. — Peça desculpas e me
encontre no terceiro andar. Suba as escadas à sua esquerda e diga que
vai ao banheiro.
O telefone fica mudo e ele volta para Mara e os dois advogados.
Momentos depois, ele atravessa a sala de conferências,
contornando todos que tentam sequestrá-lo e segue diretamente para
os elevadores. Seus olhos se fixam nos meus com um lampejo de
impaciência.
— Com licença, Juan — eu digo distraidamente. — Vou ao
banheiro.
Juan acena com a cabeça, sua decepção evidente. — Estarei aqui.
Caso nos percamos, eu lhe darei meu número.
Ele estende a mão para pegar meu telefone e eu o entrego. Com o
canto do olho, vejo Tristan nos observando do elevador.
— Aqui está. — Juan sorri e me devolve meu telefone com suas
informações de contato.
Estou mais ofegante do que deveria quando chego ao último
degrau do terceiro andar. Que cavalheirismo da parte de Tristan me dar
a opção de subir as escadas enquanto ele pega o elevador.
Eu o vejo encostado na parede ao lado da porta. Ele abre,
acenando para que eu o siga.
Entro com uma leve apreensão enquanto tento descobrir se ele
está com raiva, excitado ou um pouco dos dois. É um camarim para os
palestrantes da conferência.
A porta mal está fechada quando ele se vira para mim, as narinas
dilatadas.
— Eu não gosto que meus funcionários te toquem assim — ele
diz, rosnando entre dentes, seu peito subindo e descendo. Ele fecha a
distância entre nós. — Você está tentando me provocar, Elly? Porque
você está fazendo um bom trabalho em me irritar.
— Eu não estava brincando com você — eu falo. — Juan me
convidou para tomar um café. Não é minha culpa que você contrate
advogados habilidosos. Além disso — acrescento indignada — estou
surpresa que você tenha notado. Você estava muito envolvido com Mara.
Furioso, ele dá mais um passo à frente. — Então você pensou em
flertar com alguém que lhe desse atenção? Não estou interessado em
mulheres que jogam.
— Como você ousa! — Eu falo, estreitando meus olhos em fendas
raivosas. Eu nunca vi Tristan assim antes. Ele deve estar no alto de sua
própria glória. Pela segunda vez desde que o conheci, quero esbofeteá-
lo.
Eu me viro para sair, mas duas mãos agarram meus quadris por
trás e os pressionam contra suas coxas.
Ele está duro.
Eu congelo enquanto ele me segura em um aperto de ferro. Depois
do que ele disse, eu deveria protestar, ir embora, bater nele. . . em vez
disso, me encontro pressionando contra ele, então minha bunda fica
dura contra sua excitação. Quando ele levanta meu vestido em um
movimento fluido, eu o sinto ficar ainda mais duro.
Estou usando uma calcinha preta para evitar linhas visíveis.
Minhas nádegas nuas se esfregam contra ele, lutando contra sua cara
calça de caxemira. Um rosnado baixo e gutural irrompe atrás de mim, e
ele dá um tapa forte em uma das minhas nádegas. Eu grito com a
ardência.
— Você quer que eu te ensine quem manda aqui? — Ele respira
no meu ouvido, enviando um arrepio do meu ouvido por todo o corpo.
Eu gosto deste jogo de papéis.
— Dois mil dos meus funcionários aqui, e tudo em que consigo
pensar é em você — ele murmura enquanto me guia alguns passos à
frente até a penteadeira, então me curva, então tenho que segurar meu
peso com meus antebraços na cômoda.
Atrás de mim, eu o ouço tirando o cinto e o zíper da calça sendo
puxado para baixo. Ele puxa meu io dental para um lado e usa a outra
mão para correr seu pau para cima e para baixo na minha fenda
molhada.
Deixei escapar um gemido involuntário. — Por favor. — Eu quero
que ele me possua. Minha excitação está fervendo o dia todo desde que
ele assumiu o controle do palco; agora é uma panela prestes a explodir.
Ele levanta meus quadris e empurra seu pau profundamente em
mim. Uma vez que ele está dentro, ele me empurra para baixo sobre a
cômoda, então estou em um ângulo reto, então ele realmente me dá, seus
quadris batendo contra minhas coxas.
Eu praticamente convulsiono. Isso é sexo raivoso, não terno. Sexo
louco e urgente que me faz querer começar uma discussão com ele todos
os dias. Enquanto ele bate incansavelmente, sua mão se curva ao redor
do meu quadril e seu polegar esfrega círculos no meu clitóris.
— Ah! — Eu choro. O homem pode ser multitarefa.
Ele provoca meu clitóris mais rápido com os dedos até que todo o
meu corpo esteja tremendo.
Agarro a cômoda para me controlar. — Tristan — eu gemo. — Não
aguento. Eu vou…
— Isso mesmo, Elly — ele corta com um rosnado possessivo. —
Você é minha.
— Tristan. — Eu gemo mais e mais enquanto seus dedos me
massageiam implacavelmente. Com um impulso final, ele libera em mim
e estremece com tanta força que um copo cai da cômoda.
Puta merda.
Minha respiração está fora de controle. — Acho que posso estar
tendo uma parada cardíaca.
Atrás de mim, seu toque se torna terno enquanto ele move meu
cabelo para beijar meu pescoço. Sinto gotas de sua transpiração.
— Você é meu também — eu sussurro, olhando para frente.
Ele fica em silêncio por um momento enquanto ajusta minha
calcinha e alisa meu vestido abaixo das minhas coxas. — Eu sou seu
também — ele repete suavemente em meu pescoço.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

TRISTAN

Deixo Danny e Jack jogando os últimos buracos sozinhos. Danny


fica mais lento toda vez que tenta me vencer. Ele pode ficar com este;
hoje não tenho tempo. Estou no trânsito há duas horas no centro de
Londres e a exposição fecha em vinte minutos.
Finalmente, meu telefone me diz que cheguei ao destino, uma
biblioteca de aparência humilde em South Tooting.
Eu convenço o carro a estacionar, me sentindo apreensivo. Tenho
uma surpresa planejada para Elly e não tenho certeza de como ela
reagirá. Eu combinei de encontrá-la na exposição de arte de Megan,
então podemos ir até a surpresa. Não a vi o suficiente esta semana.
Tenho algumas coisas a fazer desde que exagerei no evento para
todos os funcionários. Não lido bem com ciúmes depois de minhas
experiências anteriores.
Não demora muito para encontrá-las na biblioteca. É a última
barraca de cerca de vinte que vendem diversos artesanatos, pinturas e
sabonetes. Charlie gostaria disso. A multidão parece que está morrendo.
— Oi, senhoras — eu digo enquanto me aproximo da mesa. —
Desculpe o atraso, o trânsito estava horrível. — Minha boca desce sobre
a de Elly, me contendo o suficiente para beijá-la como um cavalheiro em
público.
Seus seios pressionam contra meu peito enquanto ela interrompe
o beijo. Eu resisto à vontade de correr minhas mãos por todo o corpo
dela.
— Você deveria ter pegado um helicóptero — ela brinca. — Antes
tarde do que nunca.
— Eu vendi a porra de uma pintura! — Megan interrompe. — É a
primeira que vendi! Cem libras! A esta altura, no ano que vem, serei
milionária. — Ela sorri, fazendo um pequeno embaralhamento de
vitória.
— Isso é incrível. — Dou um passo para trás para observar suas
pinturas, que são principalmente paisagens. Elas não são nada ruins,
embora algumas pareçam um pouco apressadas. — Você é muito
talentosa, Megan.
— Eu sei. — Ela dá de ombros, me fazendo rir.
— Você já esteve em todos esses lugares? — pergunto,
examinando as paisagens do Tibete, da China e, creio eu, do Peru.
Ela balança a cabeça. — De jeito nenhum. Algumas são de fotos.
Você reconhecerá esta.
Ela aponta para uma coleção com casas brancas com cúpulas azuis
na paisagem grega característica.
— Bonita. — Eu sorrio. Uma em particular me chama a atenção. É
uma garota sentada em uma praia com um vestido de verão. Seus longos
cabelos castanhos estão flutuando ao vento e as pinceladas capturaram
adequadamente seu pescoço longo e gracioso e maçãs do rosto salientes.
— Eu amo esta — murmuro.
— Pensei que você iria. — Ela sorri.
Cruzo os braços sobre o peito. — Quanto?
Os olhos de Megan se iluminam enquanto seu cérebro marca os
sinais da libra. Ela sabe que não vou brigar com ela na frente de Elly.
Esperemos que ela não diga uma cifra ridícula como cinquenta mil.
— Tristan — Elly começa — você não precisa…
— Elly, você não é a vendedora, compradora ou permuta, então
fique fora disso — Megan interrompe rapidamente, com os olhos
brilhando.
Eu inclino minha cabeça, esperando. — Então?
Ela lambe os lábios, me avaliando. — Três mil! — Ela grita.
— Fique firme, Pablo Picasso — Elly resmunga. — Pelo menos dê
a ele um preço realista.
Megan não fala. Ela me estuda, enquanto finjo refletir sobre isso.
— Vendido — eu digo simplesmente.
— Simmmmm! — Ela grita, fazendo com que cada dono de
barraca se vire para ver o que está acontecendo. Eu rio e me afasto
enquanto ela soca o ar.
Elly olha para nós dois, atordoada. — Tristan, você não precisa
fazer isso. Megan! Veja sentido. Três mil?
— Quero isso. — Eu dou de ombros. — Além disso, não quero
você pendurada na parede de mais ninguém. Eu estava pensando em
colocá-la na recepção da sede da Madison Legal?
— O que…
— Vou remover o aquário e colocar você lá.
Elly abre a boca para dizer algo e a fecha. Ela parece tão chocada
que quase me preocupo que ela vá desmaiar.
***

ELLY

Dirigimos para o norte em direção ao centro de Londres. Não o vi


o suficiente desde a conferência da semana passada, pois ele teve que
visitar o escritório de Hong Kong por alguns dias. Ele me convidou para
ir com ele, mas não sou boa em mentir para fingir para minha equipe
que, por coincidência, reservei uma viagem de última hora à Ásia
exatamente nas mesmas datas que nosso CEO.
Não faço ideia para onde estamos indo. Ele diz que tem uma
surpresa, mas não revela nada. Não tenho certeza se posso lidar com
mais surpresas hoje após a compra da pintura. Megan está quicando no
banco de trás, em êxtase porque a surpresa, seja ela qual for, também a
envolve, e ela está andando em um Porsche. Até agora, com mais três mil
em seu nome, foi um bom dia para Megan. Que agitação.
É a nossa primeira vez em um carro esportivo. De Megan e meu,
obviamente, não de Tristan. O cara coleciona carros como se fossem
brinquedos grátis com cereal matinal. George geralmente o leva aonde
quer que ele precise ir em seu Aston Martin. Ele diz que precisa tirar 'ele'
para empurrar a bateria.
Eu chamo de besteira. Acho que ele está pacificando.
Em menos de um quilômetro, dois outros carros tentaram correr
contra nós, apesar do tráfego pesado, e um cara aleatório na rua que
bateu palmas para Tristan. Quase todo pedestre dá uma segunda olhada
no carro - alguns curiosos, outros hostis, alguns paqueradores - ansiosos
para saber quem é o dono. Acho que ele não vai aceitar muito bem se eu
admitir que estou um pouco envergonhada.
— É apenas fora desta rua — diz Tristan enquanto reduz a
velocidade para verificar o GPS.
Seja o que for.
Estamos em uma estrada principal que faz fronteira com
Battersea Park. Ele pisa no acelerador e acelera pela rua, o motor
roncando.
— Você precisa ir tão rápido? — eu assobio.
Ele ri. — Elly, estamos apenas fazendo quarenta. Coloquei no
modo esportivo para que você possa sentir o efeito total.
Oh. Verifico a discagem rápida. Ele tem razão! Quarenta
quilômetros. Parece e soa como oitenta.
Depois de virar à esquerda, o carro desacelera. O homem que se
levantou na frente de 2.000 pessoas na semana passada parece
levemente perturbado hoje.
— Brilhante — diz ele em voz baixa. — Ele está aqui.
— Quem está aqui? — Espio pela janela. Estou tão perto do chão
neste carro esporte que minha visão está prejudicada.
— Você vai ver — diz Tristan, maliciosamente persuadindo o
carro esporte a estacionar.
Um cara fica na rua em traje de trabalho completo com colete,
gravata e sapatos elegantes. Significa apenas uma coisa em um sábado,
ele é um corretor de imóveis. Eu me pergunto se ele sempre se veste
assim ou se é porque está conhecendo Tristan Kane.
Eu demoro séculos para sair do carro com medo de machucá-lo.
O jovem agente imobiliário com sapatos elegantes nos vê e lambe
os lábios. Estou começando a ter um mau pressentimento. Certamente
Tristan não comprou um apartamento perto de nós por causa da minha
cama ruim?
Desde aquela primeira noite, tenho ido à casa dele. Parte de mim
está irritada por tornar nosso relacionamento tão unilateral. Afinal, por
que estou sempre viajando para vê-lo? Então a outra parte de mim
pensa, como posso ser tão cruel para forçar alguém a passar a noite na
minha casa onde você não pode dormir, comer ou transar em paz?
Além disso, gosto da casa luxuosa dele. É como se hospedar em um
hotel cinco estrelas. Mas algumas noites, quando trabalhei até tarde,
resmunguei levemente sobre ir demais para a casa ele. Certamente. . .
ele não comprou isso para me impedir de reclamar?
— Sr. Kane. — O jovem corre para nos cumprimentar e aperta a
mão de Tristan. — Que honra. — Ele se vira para nós. — E você deve ser
Elly e Megan. Eu sou Dave.
— Não estrague a surpresa — Tristan diz para Dave enquanto
sorri para mim.
— Claro, senhor, gostaria que começássemos o tour?
Tristan assente. — Lidere o caminho.
Seguimos Dave do outro lado da rua até um prédio de
apartamentos luxuoso todo em vidro, talvez com vinte andares de
altura. Não tenho certeza se são escritórios ou apartamentos. Seus
sapatos sociais batem ruidosamente no chão de mármore enquanto ele
nos conduz ao impressionante saguão.
— Bem-vindo à vida de luxo em Nine Elms. — Dave mostra seu
melhor sorriso de vendedor quando nos aproximamos do elevador.
Quase como um robô, ele diz: — As comodidades incluem um spa
totalmente equipado com piscina, saunas seca e a vapor, lounge para
residentes, bar na cobertura e concierge 24 horas.
Megan me olha com entusiasmo.
Eu atiro a ela um olhar de advertência. Não.
Fico em silêncio enquanto subimos.
Dave e Tristan conversam educadamente sobre as características
arquitetônicas do prédio.
— Você certamente fez sua pesquisa, Sr. Kane — Dave jorra.
— Estou familiarizado com a maioria das novas construções nesta
área — Tristan responde secamente. — O proprietário do Lexington
Property Group é um bom amigo meu. Este é um dos dele. — É dito com
naturalidade, em vez de se gabar.
Dave saliva, sentindo o cheiro de dinheiro.
Enquanto olho de soslaio para Tristan, tento decifrar sua
expressão ilegível.
— Aqui estamos — Dave anuncia dramaticamente. — No décimo
nono andar.
Dave nos conduz pelo corredor até a porta no final. — É o melhor
no chão. Você vai ver por quê. — Ele pisca de forma conspiratória e
mostra um cartão branco na porta, como nos hotéis.
Entramos em um apartamento branco brilhante com vista
panorâmica para o Tâmisa. E quero dizer que tudo é branco, o chão, as
paredes, o sofá, todos os móveis. Como uma bela sala de espera de
cirurgia com uma decoração elegante e estilosa.
— Uau! — Megan e eu gritamos simultaneamente.
— Bem-vindo à melhor casa inteligente — declara Dave, fazendo
gestos exagerados com as mãos. — Tudo é controlado por som ou por
aplicativo com base em sua preferência - aquecimento, iluminação,
portas, ar-condicionado e até piso aquecido.
Ele faz uma pausa para efeito.
— Há um sistema de som doméstico conectado em todos os
quartos, até no banheiro. Alto-falantes ocultos com controle de voz,
obviamente.
— Isso é bom. — Tristan acena com aprovação. — Espero que ele
entenda o sotaque galês. — Ele pisca para mim.
— Tristan — eu começo no segundo que Dave está fora do alcance
da voz — você está se mudando para cá? Não entendo por que estamos
aqui.
— É seu — ele anuncia. — Se você gostar.
Eu pisco descontroladamente enquanto meu cérebro falha. —
Meu?
— Nós vamos ficar! — Megan grita.
— Quero dizer como um aluguel, não para ser próprio —
acrescenta ele rapidamente. — Existem três quartos, então você e
Megan têm um quarto cada uma, mais um quarto de hóspedes quando
você quiser que outra pessoa fique. Isso significa que sua mãe pode vir
visitar.
Antes que eu possa reagir, Megan faz uma dança da vitória ao meu
lado.
— Obrigada, Tristan! — ela grita, jogando os braços em volta do
pescoço dele.
— Megan e eu não podemos pagar por este lugar — digo em voz
baixa e tensa para que Dave não possa me ouvir.
— Não se preocupe, está coberto. — Ele me dispensa em um tom
autoritário, como se estivesse repreendendo um funcionário.
Talvez ele esteja.
Que?
— Está coberto? — Eu repito. — Calma, Megan! Não estamos nos
mudando para cá!
Ela está pulando como um cão refugiado que encontrou um novo
lar. — Fale por você mesma.
— Tristan — eu digo em um tom controlado enquanto os sapatos
elegantes de Dave saem da cozinha. — Não sei o que você quer dizer com
' coberto ', mas você está enganado.
A luz nos olhos de Tristan morre. — Vamos terminar o tour
primeiro. Apenas ouça-o. — Sua voz é dura.
Cruzo os braços sobre o peito enquanto seguimos Dave até a
cozinha. Eu me sinto mais desconfortável a cada minuto. O que Tristan
está propondo exatamente? Que Megan e eu moremos aqui sem pagar
aluguel? Eu seria uma caçadora de ouro.
— A geladeira inteligente! — Dave gesticula para a geladeira
branca. — Existem câmeras internas que enviam fotos para o seu
smartphone, permitindo que você veja o que está dentro da sua
geladeira de qualquer lugar. Então, quando você estiver no
supermercado, basta dar uma olhada dentro da geladeira e saberá o que
reabastecer. Simples!
— Graças a Deus não temos isso em casa. — Eu estremeço. —
Apenas os cientistas gostariam de assistir a esse vídeo.
Ele abre a geladeira, apontando para um eletrodoméstico no topo.
Tem mais?
— O farejador de comida é o seu próprio nariz eletrônico. Ele
também se conecta ao seu smartphone e informa o quão frescas estão as
suas comidas.
O passeio continua no banheiro. — Na vida luxuosa de Nine Elms,
seu banheiro é tão inteligente quanto o resto da sua casa — explica Dave.
— O chuveiro tem alto-falantes Bluetooth integrados, luzes noturnas
ativadas por movimento e um banheiro inteligente com descarga
automática e tecnologia de limpeza integrada.
É o sonho mais selvagem de todo portador de DII.
— Este é realmente um apartamento de primeiro mundo — fico
maravilhada. — Estou me perguntando como sobrevivi por tanto tempo.
— Por que há dois sanitários no banheiro? — Megan pergunta. —
Em que situação você precisaria disso? Isso é para sua DII?
Reviro os olhos. — É um bidê.
— Isso é BDE12 fora do plano — diz ela em voz baixa. Felizmente,
o acrônimo de Big Dick Energy sobre Tristan e Dave.
— Agora para os quartos. — Dave pisca para Tristan de forma
conspiratória, nos direcionando para um dos quartos. É branco.
— Não queremos as camas fornecidas — diz Tristan com firmeza.
— Nós vamos garantir a nossa.
— E as duas senhoras vão ficar no apartamento? — Dave
pergunta.
— Sim — Megan e Tristan dizem.
— Esse é o tour. — Dave sorri. — Ele fala por si, realmente.
Precisa de algum outro apartamento, Sr. Kane?
Meus olhos se arregalam. Oh meu Deus. Dave acha que fazemos
parte de um harém de mulheres Kane enfurnadas em vários
apartamentos em Londres.
— Não por enquanto — responde Tristan.
Que diabos isso significa? Existe um harém?

12
Abreviação de Big Dick Energy: a segurança completa de não precisar de referências de outras
pessoas - riqueza, inteligência, beleza ou um BD - para saber o próprio valor.
— Tristan. — Eu sorrio educadamente pelo bem de Dave. — O
apartamento é adorável, certamente o apartamento mais inteligente em
que já estive, mas Megan e eu não estamos procurando agora.
— Não seja boba — diz ele, zombando. — Você não pode ficar
naquela casa. Veja o bom senso.
— Veja o bom senso, Elly! — Megan grita atrás de mim. — Pelo
amor de Deus, veja o bom senso!
Minhas narinas dilatam. — Você está me tratando como uma
criança, Tristan. Você não pode me obrigar a me mudar.
Um músculo em sua mandíbula lateja. — Não vamos fazer isso
aqui — ele resmunga. — Não seja imprudente, Elly.
— Eu não estou sendo imprudente — eu digo com os dentes
igualmente cerrados. — Daddy — acrescento com um grunhido. — Você
nunca me consultou sobre isso antes de lançar sobre mim. Este é um
grande negócio.
— É a área? — ele pergunta, perplexo. — Eu estava pensando em
colocar você em um dos meus apartamentos que alugamos em Mayfair,
mas pensei que Battersea seria melhor para sua faixa etária.
— Colocando-me . . . ? Não é o apartamento ou a área, Tristan —
eu digo com calma forçada. — Não estou aceitando aluguel grátis de
você.
— Você pode nos dar um minuto? — Tristan diz, virando-se para
Dave. Dave acena com a cabeça e se retira para a cozinha.
— Elly! — Megan lamenta. — Não seja estúpida. Pegue o maldito
apartamento. Estou farta de manter todas as nossas comidas no meu
quarto.
Minha carranca se aprofunda. — Você quer que eu fique com este
apartamento mesmo que isso me torne uma espécie de aproveitadora,
caçadora de ouro? Você seria uma aproveitadora também, sabia?
— Sim! — Megan bate palmas. — Pare de ser uma idiota. Não
quero viver na nossa casa partilhada. Há migalhas por toda parte. Não é
à toa que temos ratos. Acho que algumas dessas migalhas são do ano em
que foi construída.
— É vitoriano. — Reviro os olhos. — E o que acontece se Tristan
não quiser mais sair comigo? E se ele e dispensar? Quando nos
mudarmos, nos mudaremos do nosso jeito.
— Elly, você está sendo ridícula — interrompe sua voz rouca.
— Pare de me antagonizar, Tristan! — Eu falo. — Você percebe
que Dave pensa que você é um sugar daddy? Ele está olhando para mim
como se você tivesse mulheres escondidas por toda a cidade.
Sua expressão é tempestuosa. — Ele pensa assim agora.
Eu tento me acalmar. — Olha, isso é muito gentil da sua parte, mas
não posso aceitar isso. Não sou um caso de caridade.
— Eu pensei que você ficaria feliz com este lugar — diz Tristan
mal-humorado.
— Não quero parecer ingrata — continuo. — Mas você não pode
tomar decisões como essa por mim sem me consultar. Trazer Megan
junto sem me pedir é injusto. Agora veja o que vou ter que aturar. — Eu
aceno para Megan de pé tristemente ao lado da janela, já sofrendo por
sua perda. — Imagine o que nossos colegas diriam.
— Desculpe? — Dave volta sorrateiramente. — Você vai querer
as chaves?
— Não — Tristan e eu dizemos ao mesmo tempo.
Dave parece arrasado.
— Vou entrar em contato — diz Tristan a Dave estupidamente. —
Vamos senhoras.
A descida do elevador é muito diferente da subida. A viagem de
elevador mais longa da minha vida. Você poderia cortar o
constrangimento com uma faca. Até Dave fica rígido no canto, a febre
das vendas sugada dele pela ira de Tristan, pensativo no outro canto.
Saímos do apartamento inteligente e em direção ao carro em
silêncio, Tristan três passos à frente de Megan e eu. Eu dou a ela um
olhar de advertência para ficar quieta.
Tristan dá um soco no controle remoto do carro e o carro emite
um bipe. Ele entra no carro pelo lado do motorista e bate a porta. Não
sei se a oferta se estende a Megan e a mim. Tentativamente, abro a porta
do carro e Megan rasteja atrás.
Tristan liga a ignição, acelera, mas não nos movemos. Em vez
disso, ele olha para frente. Megan e eu sentamos em silêncio, olhando
uma para a outra no espelho da frente. Eu diminuo minha respiração
para não perturbá-lo. Ele vai virar? Estamos prestes a ver toda a ira de
Tristan Kane?
Seus olhos de aço se voltam para mim. — Então, eu estraguei tudo,
hein?
— Um pouco — eu digo. — Foi um gesto bonito, mas pesado.
Ele exala pesadamente. — Desculpa.
— Você cometeu um erro — eu digo suavemente. — Desde
quando você tem medo de errar?
— Quando se trata de você, eu tenho. — Sua mão se estende para
tirar uma mecha de cabelo da minha bochecha.
— Tristan, se eu fizer sexo com você, posso ficar? — Megan fala
do banco de trás.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO

ELLY

Três chamadas não atendidas de mamãe instantaneamente me


enchem de pavor. Especialmente porque são três chamadas no espaço
de vinte minutos. Ninguém liga repetidamente apenas para um bate-
papo. Definitivamente não é minha mãe em uma noite de sexta-feira; a
essa hora da noite ela deveria estar no The Wee Donkey, a alma da festa.
Então eu ligo de volta, meu coração começando a disparar. Ela
atende no primeiro toque.
— Elly! — Aconteceu alguma coisa. Ela está em pânico.
— Sim, mãe? — Eu pulo do sofá de Tristan. — Está tudo bem?
Franzindo a testa, Tristan olha para cima de onde ele está lendo o
jornal no sofá.
— Houve um pequeno problema. — Sua voz está quebrando e
ofegante.
— Qual problema? — Eu suspiro. Agora meu coração está
martelando no meu peito.
Preocupado, Tristan se levanta.
— Alguém jogou uns tijolos na janela da frente — ela me diz.
— O que? — Minha voz aumenta. — Por que alguém faria isso?
— O filho de Barry. — Ela funga. — Chamei a polícia, mas não
posso provar que era o filho de Barry.
— O que Barry disse? — Eu pergunto perplexa. Eu sabia que o
maldito Barry era problema. — Por que diabos o filho dele faria isso?
Ela hesita. — Barry e sua esposa não se separaram por muito
tempo...
— Mãe, por favor, me diga que você não estava tendo um caso.
— Não! — ela diz indignada. — Mas a esposa não está feliz com a
separação. Tem havido um pouco de conversa na aldeia. Você sabe como
eles são.
Eu faço. Por isso eu saí.
— Estou voltando para casa. — Eu verifico meu relógio, minha
cabeça cheia de neblina. Geralmente sei os horários dos trens, mas não
consigo pensar direito no momento.
— Não, amor, não seja boba. Está bem. Estou bem.
— Eu estou indo — eu digo com firmeza. — Será perto da meia-
noite, no entanto. Eu tenho que ir. Te mando uma mensagem.
Nos despedimos e eu desligo. Tristan me observa atentamente.
— Você ouviu tudo isso?
Ele concorda. — Quase tudo.
— Eu tenho que ir para o País de Gales hoje à noite — eu digo,
oprimida. Em um minuto ia passar a noite na banheira de
hidromassagem de Tristan depois de uma longa semana de trabalho, no
minuto seguinte estou indo para o País de Gales para lidar com um
lunático que atira tijolos. — Se eu me apressar, posso pegar o trem das
oito.
— Não há necessidade. Eu levo você — ele diz.
Eu me afasto para encará-lo. — Tristan, isso é tão gentil, mas você
não precisa fazer isso. De qualquer forma, é mais rápido pegar o trem do
que dirigir. Eu vou ficar bem — eu o tranquilizo.
— E é muito mais rápido pegar um helicóptero do que um trem
— ele rebate, pegando seu telefone.
Eu olho fixamente para ele. — O que?
Ele não parece estar brincando.
— O heliporto fica a trinta minutos daqui. Assim, posso levá-la ao
País de Gales em menos de uma hora — afirma ele, digitando em seu
telefone.
— Não seja bobo. Não consigo um helicóptero para o País de Gales.
Vou pegar o trem.
Quando levanto meu telefone para verificar os horários dos trens,
ele agarra meu braço.
— Não quero que você desça do trem à meia-noite sozinha — ele
responde, quase mal-humorado. — Procure algum lugar para ficarmos
esta noite enquanto notifico o controle de tráfego aéreo. Vou perguntar
a Danny e Charlie se eles também querem uma viagem.
Eu balanço minha cabeça incrédula. Então, ele não estava sendo
engraçado quando disse que me daria um helicóptero para o País de
Gales na noite em que ficou em minha casa. — Você está me dizendo que
tem um helicóptero de prontidão para quando precisar?
— Sim — ele diz impacientemente. — Agora, encontre-nos algum
lugar legal perto da casa da sua mãe. Precisamos ir.
— Mas . . . — Meus protestos diminuem, ele já está ao telefone
citando o jargão do helicóptero.

Uma hora depois, chegamos ao heliporto de Chelsea Harbour.


Danny e Charlie decidiram que uma viagem improvisada, ou
especificamente, aérea, para o País de Gales era uma ideia fantástica.
Estou um pouco nervosa por conhecê-los, já encontrei Danny duas vezes
e só vi Charlie de longe no Rosemont. Tudo em situações ridículas e esta
não é a melhor.
Alguns helicópteros circulam e pousam quando chegamos, e
borboletas começam a girar como pás de rotor em meu estômago.
Droga, não há banheiros em um helicóptero. O que uma pessoa com DII
deve fazer?
Está escuro agora, tipo, muito escuro. Os pilotos de helicóptero
têm visão de coruja? Eu me asseguro de que Tristan só contrata os
melhores do ramo.
Não sou uma passageira nervosa em si, mas isso é em um voo
comercial.
Atravessamos o estacionamento do helicóptero e tento me
acalmar. Eu nunca estive em um helicóptero antes.
— Oi, Elly — Charlie me cumprimenta com um grande sorriso
enquanto Tristan e Danny se dirigem para a recepção. Ela parece uma
versão feminina de Tristan, o que é um pouco esquisito.
— Prazer em conhecê-la, Charlie — eu digo timidamente. — Eu
não posso acreditar que vocês concordaram em vir no último minuto.
Eu gostaria de poder te mostrar o lugar, mas vou ter que ir até a casa da
minha mãe e resolver algumas coisas.
— Não se preocupe! Podemos nos entreter. Tenho vergonha de
dizer que nunca estive no País de Gales! Danny e eu vamos muito para a
Escócia. — Ela se inclina, animada. — E é claro que eu queria conhecê-
lá.
— Oh. Então, você ouviu falar de mim?
— Só de Danny — ela admite. — Eu não vi Tristan sem mamãe
recentemente e ele não podia mencionar uma namorada na frente de
mamãe sem ser levado ao altar. — Ela olha por cima do ombro para onde
Tristan e Danny estão caminhando em nossa direção. — Ele vai me
matar por dizer isso, mas parece bastante interessado em você pelo que
Danny me contou. E Tristan tem estado de um humor anormalmente
bom nas últimas semanas. Não diga a ele que eu disse isso.
— Compartimento quatro, senhoras — Tristan grita antes que eu
tenha tempo de aproveitar as notícias. Pegamos nossas malas noturnas
e seguimos os caras.
— Haverá espaço para cinco de nós? — Eu pergunto Charlie. A
maioria dos helicópteros parece ser de quatro lugares.
— Não, só nós quatro — diz ela. — Você estava esperando outra
pessoa?
— Uh, o piloto?
Seus olhos se arregalam, então ela bate a mão sobre a boca. — Oh
meu Deus, ele não te contou. Tristan está nos levando. Ele tem sua
licença.
— O que? — eu grito. — Você está tirando sarro de mim? — Não,
ele não me disse essa informação vital.
Ela balança a cabeça, rindo. — Eu me pergunto se tudo isso faz
parte deste plano para impressionar você. Embora os dois sejam tão
irreverentes sobre voar. Danny tem licença para aeronaves pequenas.
Tristan está treinando para obter uma licença de aeronave pequena
também.
Porra.
Os homens param do lado de fora do último helicóptero do
compartimento.
— Tristan, você não me disse que estaria pilotando. — Eu engulo
nervosamente.
Seus olhos enrugam em diversão. — Sinto muito, querida. Presumi
que você soubesse.
Foi um grande salto. — O que você precisa fazer para obter uma
licença de helicóptero? — Pergunto com um sorriso rígido.
— Eu pensei que você gostaria de se sentar ao meu lado. — Ele
abre a porta do passageiro e me devolve um sorriso fácil. — Quarenta e
cinco horas de treinamento de voo, incluindo dez horas solo.
— Uh-huh. — Mordisquei meus lábios. É melhor que ele tenha
sido o primeiro da classe. — Quantas horas solo você já fez?
— Dez horas e cinco minutos.
Meus lábios se afinam em uma linha dolorosa.
— Ele está brincando com você. — Danny ri. — Você precisa fazer
mais de sessenta horas para poder voar à noite.
— Eu não estou no estado de espírito certo para piadas —
murmuro enquanto Tristan envolve suas mãos em volta da minha
cintura e me levanta no banco do passageiro.
Os outros três sobem em seus assentos, claramente mais
relaxados do que eu, e as portas se fecham com um estrondo poderoso.
Danny até abre uma cerveja.
— Você gostaria de uma, Elly?
Isso aí. Eu pego a cerveja com gratidão. Eu poderia fazer algo mais
forte como uma anestesia geral, mas vou me conformar.
Ele vai passar uma cerveja para Tristan e minha boca fica aberta.
— O que? Sério, você não pode...
— Estou brincando. — Danny pisca. — Tudo bem, Elly, você está
em boas mãos.
— Não provoque ela. — Charlie franze a testa. — Eu fiquei da
mesma forma na minha primeira viagem com Danny. — Ela dá um
tapinha no meu ombro de forma tranquilizadora.
Tristan se inclina e aperta as tiras do cinto de segurança em volta
de mim, então me afivela. — Você já esteve em um helicóptero antes?
— Não — eu guincho.
— Depois desse voo, você nunca mais vai querer viajar de outra
maneira — diz ele, fixando o fone de ouvido em meus ouvidos. — Você
não será capaz de me ouvir até que eu ligue isso.
Ele aperta o cinto de segurança. Eu o observo acionando
interruptores e outras coisas com luzes brilhantes na cabine. Prendendo
a respiração, esmago os joelhos na janela com medo de bater em uma
alavanca de câmbio ou o que quer que coloque um helicóptero em
marcha à ré.
As pás do rotor começam a girar acima de nós. Eu sinto isso no
meu estômago. É tão alto. Parece que vamos explodir. Tristan parece
estar conversando casualmente com alguém pelo fone de ouvido, mas
não nos movemos. O acúmulo está me matando. O Porsche dele faz zero
a noventa em nanossegundos e essa coisa vai ficar no chão a noite toda
tentando decolar. Não há meio termo. Como sexo com meu ex, John.
Então, finalmente, depois do que parecem décadas, decolamos
com uma leve oscilação e estamos no ar. As pás do rotor são silenciadas
quando meu fone de ouvido com cancelamento de ruído liga
magicamente.
Ou isso, ou estou morta e não percebo.
Eu fecho meus olhos e tento mentalmente empurrar meu
estômago de volta para minha garganta. Demora um ou dois minutos
para superar a sensação enervante de leveza
— Abra os olhos, querida. — O barítono profundo parece estar
vindo das profundezas da minha mente. Uma voz desencarnada que
pode ouvir meus pensamentos.
Eu olho e ele lança um sorriso em minha direção.
— Estamos viajando a 1.000 pés acima do solo — sua voz diz em
ambos os meus ouvidos.
Solto a respiração que estava segurando e observo o horizonte
multicolorido de Londres com as luzes do Shard e outros monumentos
no céu. É realmente espetacular. Eu gostaria de ter minha câmera com a
boa visão noturna comigo.
— Aprecie a vista, Elly. — Ele soa ainda mais profundo e sexy
através do fone de ouvido. Eu não sei se é a adrenalina, ou o fato de
minha vida estar em suas mãos ou o fato de que ele parece tão sexy com
a mão naquele controle, mas um súbito e severo acesso de tesão me
atinge. Devo estar ovulando.
— Você sabe que soa como se estivesse dentro da minha cabeça
agora. — Deixei escapar um suspiro. — Você pode ouvir todos os meus
pensamentos sujos? Você parece tão sexy pilotando essa coisa. Como um
super-homem sexy.
— Todos nós podemos ouvir seus pensamentos sujos, Elly — a
voz de Charlie ressoa na minha cabeça.
Levo a mão à boca. Duh. — Desculpa! — Eu digo timidamente
enquanto Tristan pisca um sorriso presunçoso para mim.
Deixamos Londres para trás, o céu fica mais escuro e antes que eu
possa terminar minha cerveja, Tristan nos informa que estamos
pousando no heliporto designado fora de Cardiff. Talvez eu pudesse me
acostumar com isso.
— Estamos usando esta rota por causa do controle de tráfego
aéreo — explica Tristan.
Eu concordo. Ele acha que eu sei se estamos pegando o caminho
errado, pelo amor de Deus?
Aterrissamos em um heliporto a dez milhas da minha aldeia, que
eu nunca soube que existia, porque por que eu saberia?
Estou empolgada com a viagem, mas também porque reservei o
chalé para nós quatro ficarmos. Não acreditei quando vi que haviam
transformado meu chalé favorito em uma casa de férias.
Finalmente vou ver como é por dentro.

São 22h antes de chegarmos à casa de campo. Mando uma


mensagem para mamãe dizendo que cheguei. A casa é tão perfeita
quanto eu imaginava com suas vigas expostas, grandes paredes de pedra
e fogão no meio da sala. Mas não posso aproveitá-lo até arrumar a janela
de mamãe e me certificar de que ela está bem. Talvez eu até peça para
ela ficar aqui. Então, amanhã, pensarei em um plano para apaziguar o
filho jogador de tijolos de Barry.
Nós quatro escolhemos quartos o mais longe possível do outro
casal. Depois de ver o piloto Tristan, meus hormônios estão em alta.
Estou ansiosa para dormir cedo.
— Vamos para a casa da sua mãe agora. — Tristan olha para mim
como se estivesse falando sério. — Você não conseguirá dormir de outra
forma.
— Eu posso ir sozinha — eu protesto.
Ele cruza os braços sobre o peito. — No escuro? De jeito nenhum.
Acho que sei quem manda neste fim de semana.

Deixamos Charlie e Danny ao lado da fogueira e fazemos uma


caminhada de trinta minutos pelo campo galês até minha aldeia. Está
escuro e lamacento e estou aliviada por Tristan ter exigido que ele me
acompanhasse. Eu só queria que não estivesse tão escuro para poder
mostrar a Tristan a deslumbrante paisagem galesa.
Mamãe joga os braços em volta do meu pescoço antes que eu passe
pela porta.
— Mãe — eu digo, abraçando-a o mais forte que posso, antes de
virá-la para Tristan. — Cheguei aqui o mais rápido que pude.
— Srta. Andric. — Tristan pega a mão dela e a leva aos lábios para
beijá-la. Bajulador.
— Ah, olá! — ela arfa, com o queixo ligeiramente aberto enquanto
observa o físico largo de Tristan. Ele está vestindo um suéter de lã azul
que distraidamente se agarra a seus músculos e combina com seus
olhos.
— Este é Tristan, mãe — eu digo timidamente.
Seus olhos brilham. Ela parece surpreendentemente relaxada por
ter um tijolo em sua janela. — Que prazer! Quase nunca consigo
conhecer nenhum dos namorados de Elly.
Nem eu, mãe.
— O prazer é todo meu. — Ele mostra a ela um sorriso
característico de Tristan Kane, e ela ri sem fôlego. Ele está em seu jogo
A esta noite. — Eu ouvi tanto sobre você.
Tristan é conduzido ao 'sala boa’ por mamãe, que oferece a ele chá,
vinho, uísque, bolos e qualquer outra coisa que ela encontrar enquanto
eu resolvo o conserto da janela. Não é de admirar que Tristan não possa
cozinhar com tantas mulheres cuidando dele.
Ele tenta consertar a janela, mas eu insisto. Ele também tenta
pagar, mas foi um firme não da minha parte. Não sou um caso de
caridade.
Mamãe entra na cozinha. — Estou feliz que você esteja feliz, Elly.
Tristan é tão certo para você. Eu sempre soube que você acabaria com
um homem mais maduro.
— Eu gosto dele — eu admito. — Mas ainda é cedo, então não
fique muito animada.
— Ele também acha que parecemos irmãs — ela diz
presunçosamente.
Meu sorriso desaparece enquanto a observo pegar uma caixa de
remédios do armário. — Você ainda precisa de Valium, mãe? O que o
médico disse? — Eu olho para o copo de vinho meio vazio incisivamente.
— Você não deveria estar bebendo vinho com eles.
Ela morde o lábio. — Pare de se preocupar! Só preciso de um
pouco de ânimo depois do incidente com Barry.
Eu franzo a testa. Ela está escondendo algo. Ela coloca três dos
comprimidos na boca e os engole com água.
— Quantos o médico disse para tomar por dia?
Ela tsks. — Eu disse a você, pare de se preocupar.
Meus olhos se estreitam. — Deixe-me vê-los.
Eu estendo minha mão e ela relutantemente entrega o frasco de
comprimidos.
Eu estudo a garrafa, confusa. — Não diz quantos tomar. — Meus
olhos se agarram aos dela. — Onde você conseguiu isso?
Ela ignora minha pergunta com um aceno de desdém. — Não é
como se fosse ilegal — diz ela, emburrada. — Um amigo de Collette me
deu este lote. Vou ao médico esta semana e obter uma nova receita...
— Você os comprou de uma pessoa aleatória? — Que diabos? —
Você não sabe o que tem aqui, mãe! Eles não são necessariamente
seguros. E Valium tem que ser prescrito por um médico porque é muito
viciante.
Pesquisei isso assim que descobri que ela os estava tomando. Pelo
menos da última vez, o médico havia prescrito. Agora parece que ela está
se automedicando. — Você precisa parar de tomar isso. Não, a menos
que você volte ao médico e ele diga que você precisa deles.
Coloquei as duas mãos nos quadris em modo de luta. Ela vira as
costas para mim, fingindo precisar de algo na geladeira.
— Você está ouvindo? — Eu pergunto irritada. — Eu não vou
deixar isso com você. E se algo acontecer? Eu nunca poderia me perdoar.
De costas para mim, seus ombros caem.
— Por favor, pare de tomar isso. — Minha voz treme. — Se você
precisar de mim para visitá-la todo fim de semana, farei o que for
preciso, mas você não pode pegar drogas de pessoas aleatórias. Vou ficar
doente de preocupação.
Meus olhos lacrimejam. — Mãe! — Eu engasgo. — Olhe para mim.
Depois de uma breve pausa, ela se vira, com os lábios franzidos. —
Tudo bem, querida. Vou ao médico e pego uma nova receita.
Concordo com a cabeça e coloco a frasco no bolso. — Vou levá-los
à farmácia e descartá-los adequadamente.
Volto para a sala boa e encontro Tristan deitado no sofá com uma
taça de vinho na mão. Sua cabeça cai para trás enquanto seus olhos se
fecham. Embora ele fizesse o voo de helicóptero parecer fácil, ele estava
se concentrando em um milhão de luzes e alavancas diferentes
simultaneamente, com a pressão adicional de brincar de Deus com
nossas vidas.
— Tristan — eu digo baixinho, pensando que ele vai derramar o
vinho.
Nossos olhos se encontram do outro lado da sala e seu rosto se
abre no sorriso mais sexy que eu já vi, como se eu fosse a melhor coisa
que ele já viu.
— Eu resolvi isso — diz ele em um tom preguiçoso. — Sua mãe
me deu o número do cara que jogou o tijolo. Ele não vai incomodá-la
novamente.
— O que? — exclamo. — Como?
Ele dá de ombros. — Pagamento mais fácil da minha vida. Temos
que ir ao local e pagar a conta do bar. Então ele vai deixar sua mãe em
paz.
Eu congelo no meio da sala. — Sério?
Quando ele sorri de volta, como se não fosse grande coisa, começo
a chorar incontrolavelmente. Não sei se são lágrimas de alegria ou de
tristeza, ou talvez as duas coisas. É como se uma torneira tivesse sido
aberta. Elas correm pelo meu rosto com tanta força que não consigo vê-
lo, mas sinto que ele me pega em seus braços fortes, enterrando meu
rosto em seu peito. Ele não pergunta por quê; ele apenas me segura em
seus braços enquanto meus olhos encharcam sua camiseta.
E é aí que percebo que estou perdidamente e totalmente
apaixonada por Tristan Kane.
CAPÍTULO VINTE E CINCO

TRISTAN

— Você está me olhando dormir, Srta. Andric? — Eu a encaro com


um olhar preguiçoso e sorrio. Ela tem uma bagunça indisciplinada de
cachos do sono e minhas mãos emaranhadas neles ontem à noite,
fazendo-a parecer desgrenhada, mas deslumbrante. Seus seios sobre
meu peito, intensificando o latejar surdo da minha ereção matinal.
Perfeito. É assim que preciso acordar todas as manhãs. Tenho acordado
com ela quase todas as manhãs desde que voltamos do País de Gales, há
uma semana.
Ela passa um dedo pelo meu peito até onde o edredom se juntou
ao redor do V da minha cintura. — Culpada — ela sussurra. — Parecer
como um Adonis quando você acorda não é uma façanha pequena. Bom
trabalho.
Trazendo minha boca para encontrar a pecaminosamente bela
dela, eu me lembro de como aqueles lábios inchados foram incríveis em
torno de mim ontem à noite. Eu me afasto, surpreso. — Você escovou os
dentes?
Ela fica vermelha. — Eu faço isso assim que acordo, depois volto
para a cama.
Eu rio enquanto estudo cada linha e característica de seu rosto.
— O que? — Ela sorri para mim, confusa.
— Nada — murmuro. — É só você tirar meu fôlego. Todas as
manhãs, eu acordo com você. Não tenho certeza se algum dia vou me
acostumar com isso. — Minha voz estava rouca de necessidade e eu me
perguntei se tinha falado muito forte. A última coisa que eu queria era
assustá-la.
Mas era verdade. As manhãs em que acordo com ela são as manhãs
em que meu estômago não está contorcido por nós de estresse.
Bochechas coradas, ela olha para mim, atordoada, como se minhas
palavras fossem uma surpresa. Ela não pode ver como estou apaixonado
por ela? — Isso é uma coisa tão doce de se dizer.
Desço a palma da mão por seu maxilar, clavícula, seios e parte
inferior da barriga, tirando os cobertores de cima dela enquanto faço
isso. Meus dedos provocam a delicada pele macia logo acima de seu
clitóris.
Ela olha para mim com aqueles grandes olhos azuis e lábios
carnudos, choramingando baixinho. Pronta para mim. Querendo a mim.
Me implorando.
Droga.
Seus quadris giram e ela passa uma perna por cima da minha,
abrindo-se em cima de mim. Eu puxo para o lado a renda de sua calcinha
e enfio dois dedos dentro dela para descobrir que ela já está molhada.
Provavelmente porque ela está se esfregando em mim a noite toda,
vestindo nada mais do que uma calcinha rendada, deixando nós dois
excitados durante o sono.
Sua barriga estremece em resposta quando eu coloco meus dedos
dentro e fora de sua abertura. Porra, ela é incrível. Observo seu rosto se
contorcer e sua respiração tornar-se irregular enquanto ela arqueia as
costas e realmente começa a cavalgar meus dedos, seus músculos se
contraindo ao redor deles. Ela choraminga quando meu polegar
encontra seu clitóris e eu o esfrego em pequenos círculos provocantes.
O dela é um rosto lindo que eu poderia passar horas observando.
Meu pau lateja com antecipação, esperando sua vez.
— Por favor — ela geme. — Por favor, Tristan. — Um rubor
rasteja até seu pescoço, me dizendo que ela está perto. Adoro quando
ela implora.
— Ainda não, baby — eu digo com a voz rouca. — Eu quero provar
você. — Esta manhã eu quero tê-la da maneira mais íntima que um
homem pode. Eu puxo meus dedos para fora de sua umidade, e ela geme.
Ela me deixa puxar sua calcinha até os tornozelos. Com pequenas
respirações ofegantes, ela se contorce para fora dela e puxa o edredom
para baixo para que meu pau salte livre.
— Você está tão pronta para mim o tempo todo, não é? —
murmuro.
Tomando seus quadris em minhas mãos, eu a levanto no ar para
que ela fique montada na minha cintura. Ela se contorce, tentando
nivelar sua entrada com meu pau, mas eu a prendo com força.
Eu sorrio perversamente. — Você está subindo, não descendo.
Vou espalhá-la bem no meu rosto.
Seus olhos se arregalam. — Eu nunca... — Ela para quando eu me
empurro para baixo e agarro suas pernas para que ela fique montada em
meu peito.
— Mais alto — eu digo.
Elly hesitantemente avança alguns centímetros para que seu lindo
calor úmido fique diretamente acima do meu rosto. Com minhas mãos
em volta de suas coxas, eu a empurro para baixo em meu rosto para que
minha língua entre nela.
De cima, eu ouço seus gritos estrangulados enquanto minha língua
empurra de novo e de novo.
— Oh meu Deus! — Ela engasga, suas mãos balançando a
cabeceira da cama.
Minhas mãos controlam o ritmo, eu a movo para frente e para trás
em minha boca, minha língua chicoteando contra seu clitóris a cada vez.
Ela se contorce e se contorce em cima de mim, soltando pequenos
grunhidos e gemidos que me deixam louco.
— Boa menina — resmungo, enfiando minha língua
implacavelmente dentro dela como um homem faminto. Quem precisa
de café da manhã quando tenho que acordar com isso? — Relaxe
querida. Deixe-me dar o que você quer.
Ela perdeu toda a timidez que tinha minutos atrás e agora está
abrindo mais as pernas em volta de mim, se contorcendo contra o meu
rosto. Seus quadris balançam e empurram, me dizendo que ela está
perto.
Eu vagamente me ouço resmungando sobre como este é o melhor
sentimento do mundo, como eu sou obcecado por ela desde que a
conheci, o quanto eu absolutamente a adoro e outras verdades que
nunca disse em voz alta, minhas palavras estimuladas pelo prazer dela.
Eu ouço seu grito alto enquanto suas coxas estremecem e ela goza
forte contra a minha língua. Expirando pesadamente, Elly cai em cima
de mim, plantando todo o peso de seu corpo no meu rosto.
— Baby — eu engasgo, lutando para respirar enquanto ela me
sufoca.
— Opa. — Ela ri, levantando os quadris para me liberar.
Respirando profundamente, empurro seus quadris em direção ao
meu pau dolorido. Uma Elly girando vindo em meu rosto me deixou tão
nervoso que não sou paciente o suficiente para lhe dar tempo para se
recuperar. Eu alinho meu pau contra sua abertura encharcada e deslizo
para dentro. — Sim. — Eu gemo quando seus músculos apertam meu
pau.
Seus seios saltam enquanto ela assume o controle do ritmo,
subindo e descendo.
— É isso aí, baby — eu digo, minha voz grossa com luxúria
enquanto ela enfia meu pau dentro e fora dela em movimentos rápidos.
Eu não vou durar.
Como posso quando aqueles grandes olhos verde-azulados me
encaram com inegável adoração? Tudo o que posso fazer é olhar de volta
com a mesma intensidade.
***

Puxando-a para o chuveiro, observo cada linha, cada curva de seu


corpo sob as luzes brilhantes do banheiro, como se tivesse acabado de
receber o dom da visão. Ela adora este chuveiro. Não a culpo, dei uma
olhada no chuveiro da casa dela, e é melhor ela lavar com balde e
mangueira. Já o meu banho, como ela gosta de me provocar, é um banho
esperto. Para sua alegria, pedi a Natalia que lhe trouxesse um roupão,
chinelos e um conjunto de produtos de higiene pessoal. Talvez seja
minha tentativa de mantê-la aqui.
Debaixo d'água, ela brinca com as funções do jato até atingir a
pressão máxima. — É como um spa — ela ronrona enquanto a água com
sabão forma cascatas sobre seus seios. — Você sabe que só estou usando
você para o seu banheiro.
— Tudo bem. Custe o que custar.
— Posso ficar neste chuveiro para sempre?
— Seja minha convidada. — Eu sorrio para ela, lavando cada
centímetro de seu corpo com detalhes meticulosos.
— Não posso. — Ela geme, fechando os olhos enquanto a água
escorre pelo rosto. — Daniel estará aqui em uma hora. Vou me vestir e
sair do seu caminho.
— Fique, Elly. — As palavras saem da minha boca. Mesmo quando
eu as digo, estou em conflito.
Seus olhos se abrem e ela esfrega a água do rosto. — O que?
Gemina cancelou?
— Não, Daniel ainda está vindo — eu digo lentamente. — Mas eu
não quero que você vá. Tudo bem, vou apresentá-la como amiga. Eu
posso ter amigas mulheres.
Observo sua reação, surpreso ao descobrir que estou nervoso. Ela
tem vinte e cinco anos. Ela não se inscreveu para isso.
— Claro — ela sussurra, pressionando seu corpo molhado contra
o meu.
— Bom — eu respondo, alívio me inundando. Nesse momento,
percebo o quanto significa para mim que ela fique.
— Isso ainda nos deixa trinta minutos. — Eu dou a ela um sorriso
de lobo enquanto minhas mãos vagam sobre ela. — O que podemos fazer
nesse tempo?
***
— Relaxa. — Eu deslizo meu braço em volta de sua cintura.
Ela morde o lábio. Nunca a vi tão nervosa.
— Está tudo bem — repito suavemente. — Você é apenas uma das
amigas do papai.
Ela levanta uma sobrancelha. — Quantas amigas do papai ele
conheceu?
— Apenas amigas platônicas. — Eu sorrio. — Ninguém que senta
na cara do papai.
— Tristan! — ela sussurra, batendo no meu peito. — E se ele não
gostar de mim? Isso é um grande negócio.
Eu beijo sua testa. — Por que ele não gostaria de você? No mínimo,
precisarei dizer a ele para se comportar.
Ela rói as unhas e eu tiro sua mão de sua boca. — Elly, também
temos que considerar informar o RH em breve.
— O que? — ela grita, olhando para mim como se eu tivesse
acabado de sugerir que nos banhássemos em um banho de ácido. —
Todo mundo vai falar sobre eu dormir para chegar ao topo. Não, eu não
posso lidar com isso.
— Será o mínimo que as pessoas precisam saber. Eu entendo que
você quer discrição, mas temos que ir a público em algum momento.
— Mas e se tudo acabar?
Meu rosto se contrai. — E se não acabar?
Ela acena com as mãos para mim. — Não coloque essas duas coisas
em mim no mesmo dia. Estou prestes a conhecer seu filho.
A buzina de um carro toca do lado de fora e ela pula.
— Vamos continuar isso mais tarde — eu a advirto e caminho até
a janela. Daniel me vê do carro e me dá um sorriso torto. Minha garganta
se contrai como acontece toda vez que o vejo.
Do banco do motorista, Gemina acena para mim, e eu dou a ela um
breve aceno de cabeça.
— Eu vou lá fora e explico a ele.
Ela acena com a cabeça, arrastando o dedo do pé no chão. — Eu
esperarei aqui. Envie-me uma mensagem se precisar que eu escape
pelos fundos.
Escapar pela porta dos fundos? Estou mais preocupado com ela
fugindo por conta própria. Abro a porta da frente e caminho em direção
ao carro com um grande sorriso. Daniel tira sua mochila em forma de
carro de bombeiros e skate do assento.
Eu me agacho para ficar ao nível dos olhos dele enquanto ele corre
para os meus braços. — Ei, amigo — eu o cumprimento enquanto
Gemina vai embora. — Tenho um amigo visitando.
— Tio Danny? — ele pergunta entusiasmado.
— Não o tio Danny. Minha amiga, Elly. — Pego sua mão e o levo
para dentro de casa. — Você está bem com Elly passar a tarde com a
gente?
Ele dá de ombros, sem se incomodar.
Elly fica parada desajeitadamente ao lado da ilha da cozinha
quando entramos.
— Esta é Elly, Daniel. — Eu encontro seus olhos.
— Oi Daniel. — Ela dá a ele um sorriso formal como se estivesse
conhecendo um príncipe. — É um prazer conhecê-lo.
— Olá — diz ele educadamente. Ele se vira para mim. — Ela é uma
namorada.
Os olhos de Elly se arregalam de horror.
Eu estudo a reação do meu filho. Até agora, ele não parece
chateado. — Sim, Daniel — eu confirmo, algo vibrando em meu
estômago. — Ela é uma namorada. Minha namorada.
Ele inclina a cabeça para o lado. — Como a minha namorada?
Eu tento lembrar o nome dela. — Talia?
— Não! — Ele zomba. — Senhorita Hargrove. Eu disse a ela
ontem.
Oh, Jesus, vou receber outro telefonema furioso da escola.
Ele volta sua atenção para Elly. — Você anda de skate?
— Adoro — ela responde sem perder o ritmo. Eu arqueio uma
sobrancelha.
— Bom. — Ele aprova. — Tenho meu skate lá em cima. Você
conhece algum truque?
Seus olhos se arregalam ao ser pega por sua mentira.
— Quando você andou de skate pela última vez? — Eu pergunto
casualmente.
— Há um quarto de século, mais ou menos — ela murmura.
— Talvez comamos antes de Elly mostrar a você todos os seus
truques de skate. Está com fome, amigo? Elly vai cozinhar para nós.
— Como a Natalia? Você está aqui para ajudar o papai? — ele
pergunta incerto. Seu rosto se contrai como se ele estivesse tentando se
lembrar de algo. — Eu conheço você. Você era a senhora do barco.
Ah Merda.
Sua respiração engata bruscamente. — Uh . . .
— Isso mesmo, Elly é uma amiga que também gosta de barcos —
eu digo suavemente. — Você quer saber o que estamos comendo?
Elly pigarreia. — Um prato que comia muito quando era criança
— explica. Ela parece tensa. — Uma caçarola croata tradicional.
— O que significa? — ele pergunta de volta.
— O que isso significa — eu o corrijo. — Você sabe onde fica a
Croácia?
Sua testa franze em uma carranca profunda como se eu tivesse
perguntado a ele a cura para a Aids. Pego meu telefone. — Aqui, eu vou
te mostrar.
— Sim! — Ele acena com firmeza. — Reema é de lá. Eu fui à festa
dela.
Eu dou a ele um olhar vazio. Já conheci os pais de Reema antes e
eles não são croatas. — Ah, não — eu digo. — Aquele é Croydon. A
Croácia fica no sul da Europa Central. — Eu mostro a ele no mapa.
— É por isso que você é tão bonita? — ele pergunta a Elly, sua
expressão séria. — Todo mundo é bonito na Croácia? — Parece que meu
filho aprendeu alguns truques comigo.
Ela ri. — Obrigada, Daniel. Sou meio croata, mas sou galesa, nasci
no País de Gales. Mas não sou tão bonita quanto sua mãe.
Eu cerro minha mandíbula. Ela só pode estar brincando.
Ele inclina a cabeça, inspecionando-a. — Você é mais bonita — ele
responde, com naturalidade. O menino tem bom gosto, assim como o pai.
— Você quer ajudar a cozinhar, Daniel? — ela pergunta. —
Podemos fazer uma bagunça na cozinha do seu pai.
Eu levanto minhas sobrancelhas, e ela sorri de volta.
— Tudo bem — ele concorda. — O papai também deve ajudar?
Ela olha entre nós. — Provavelmente não. Não tenho certeza se ele
sabe operar metade dos aparelhos da cozinha. Daremos a ele algumas
das tarefas mais fáceis.
Eu atiro um guardanapo para ela, mas me sento no balcão do café
da manhã. Se ela quer pegar leve comigo porque sou inútil na cozinha,
tudo bem para mim. Não sou um homem que tem vergonha de admitir
suas fraquezas.
Ela leva quatro panelas e uma frigideira para viagem. — Droga —
ela murmura, então olha para mim se desculpando.
— Tenho certeza que ele ouve linguagem pior na escola — eu digo
ironicamente. — Na verdade, ele mesmo diz coisas piores.
Meu telefone vibra. — Eu preciso atender esta chamada de
trabalho, Elly. — Eu gemo, levantando-me do banco.
Ela acena para mim.
***
Fiel à sua palavra, minha cozinha é um tsunami culinário quando
volto. Daniel tem comida em cima dele. — Daniel, vá se limpar. Você está
uma bagunça.
Ele sai correndo para o banheiro. Eu agarro Elly e a puxo para
mim.
— Tristan — ela sussurra. — Seu filho está aqui! Não me toque!
Eu coloco minha cabeça em seu pescoço, meus lábios roçando sua
pele macia. Eu não posso ajudar a mim mesmo. Minhas mãos deslizam
por seu traseiro quando meu telefone vibra novamente. Eu gemo, minha
cabeça ainda enterrada em seu pescoço. — Desculpe querida, eu vou ter
que atender isso novamente.
— Está tudo bem — ela murmura, entrelaçando seus dedos com
os meus. — Temos todo o tempo do mundo.
***
Quarenta minutos depois, minha agitação está no auge. O inspetor
do prédio fala com muitos detalhes sobre os reparos no restaurante
enquanto eu mal ouço. Asha's recebeu ótimas críticas, então Danny e eu
estamos abrindo uma filial em Mayfair. Não tenho paciência para fazer
isso agora, está tirando um tempo do Daniel.
Um grito penetrante faz meu sangue gelar. Elly. Eu largo o telefone
e corro em direção à cozinha, colidindo com Elly correndo pelo corredor.
— É Daniel — ela grita e meu sangue vira gelo. — Depressa,
Tristan!
— Onde? — Eu grito de volta.
— Banheiro!
Entro no banheiro e vejo o pesadelo de todos os pais. Meu filho
esparramado no chão; olhos fechados. Ele está respirando? Jesus, eu não
posso dizer.
Eu caio de joelhos pegando sua cabeça em meus braços, abafando
um grito. — Daniel! — Eu balanço a cabeça suavemente. — Acorda bebê!
Elly irrompe pela porta, ofegante.
— Elly, o telefone!
— Aqui . . . ai, meu Deus, ai, ai, meu Deus.
Eu golpeio 999 com as mãos trêmulas.
— Serviços de Emergência, qual serviço você precisa? — a
operadora pergunta.
— Oi, eu, uh, p-precisamos de uma ambulância — gaguejo. — É
meu filho! Ele está inconsciente!
— Qual é o seu nome e de onde você está ligando? — eles
solicitam. Como eles podem soar tão calmos? Eu meio que grito os
detalhes.
— Pode me dizer o que aconteceu, senhor?
— Cristo, eu não sei! — eu falo. — Apenas mande uma maldita
ambulância.
— Senhor, eu preciso que você se acalme. Seu filho está
respirando?
— Um sim. Sim, mas é muito fraco! — Eu me inclino para ter
certeza de que ele está. Sua respiração mal está lá. — Ele não está me
respondendo.
— Enviei uma ambulância para o seu endereço, senhor — a
operadora explica com uma calma contínua. — Seu filho tem alguma
condição subjacente, senhor?
— Não, nada. — Eu fecho meus olhos e invoco uma respiração
profunda. — Quanto tempo vai levar?
— Onde você está, senhor?
— No banheiro.
— Existe alguma coisa na área que seu filho possa ter pego?
— Não, NÃO — eu estalo. — Quando a ambulância chegará?
— São dois minutos. Tente ficar calmo.
— Tristan — Elly sussurra, agarrando meu antebraço com a mão
trêmula. Eu nem percebi ela parada em cima de mim. — Tristan — ela
repete. — Oh meu Deus — ela soluça. — A-acho que ele pegou na minha
bolsa. Pedi a ele para pegar meu telefone quando estávamos cozinhando
e ele, ele deve. . .
Pego o frasco de comprimidos vazio dela. — O que? — eu rosno.
— O que é isso?
— Valium. — Ela engole.
Ela recua quando eu grito: — Valium! Ele tomou Valium.
— Você pode determinar quantos ele pegou? — sonda o
operador.
Atrapalhado, verifico o frasco. — Diz que havia vinte comprimidos
no frasco. — Não sei, não consigo pensar. O medo aperta meu peito. —
Por favor — eu lamento. — Por favor, se apresse.
— A ambulância está a um minuto de distância — diz ela com uma
voz suave. — Algum dos comprimidos está no chão?
Eu examino o chão. — Hum, alguns, quatro, talvez cinco.
Há uma batida forte na porta da frente. Elly sai correndo do
banheiro enquanto pego Daniel em meus braços e o carrego para o
corredor.
Três paramédicos vêm me buscar com uma maca. Um deles sente
seu pulso enquanto o outro coloca uma máscara de oxigênio no pescoço
de Daniel.
— Ele vai ficar bem, não vai? — Eu pergunto com a voz
estrangulada.
— Faremos o possível, senhor — diz o que verifica o pulso de
Daniel.
— Tristan, eles não são prescritos — sussurra Elly. — Não
podemos ter certeza do que há neles.
Eu a encaro enquanto ouço suas palavras. — Você tem que estar
brincando.
— Onde está o frasco de comprimidos, senhor? — um deles
pergunta enquanto o carregam em uma maca. Eu entrego. — Quem é o
dono dessas pílulas?
— Elas são da minha mãe — Elly soluça. — Eu as trouxe de volta
do País de Gales. Tristan, sinto muito.
— Por que você faria isso, Elly? — Eu falo, narinas queimando. —
Por que você traria drogas para minha casa com meu filho aqui? Você
percebe o dano que você fez?
Ela treme. — Tivemos uma briga no País de Gales. Eu queria tirá-
las dela, me livrar delas. . . Eu queria…
— Saia do meu caminho, não tenho tempo para isso. — Passo por
ela, pegando as chaves de minha casa. Daniel é tudo o que importa agora.
O pânico cresce dentro de mim enquanto entramos na
ambulância. Pego sua mão e rezo.
CAPÍTULO VINTE E SEIS

ELLY

Não há nada ou ninguém mais importante para Tristan do que seu


filho. Isso não é apenas uma briga de namorados, como se alguém
tivesse deixado a tampa do vaso sanitário aberta. A expressão no rosto
de Tristan. Era como se todas as suas emoções por mim tivessem se
transformado em raiva em segundos.
O táxi sacoleja quando o carro da frente não consegue se mover
com a luz verde. Eu caio para a frente no meu assento.
O taxista me lança um olhar de irritação. — Você pode usar o cinto
de segurança, amor?
— Desculpe — eu digo em um sussurro sufocado, puxando o cinto
sobre mim.
Ele me observa pelo espelho, tentando entender o que está
acontecendo enquanto luto para prender o cinto com minhas mãos
trêmulas.
Não é apenas sobre se Daniel vai ficar bem. Tenho vergonha de
dizer que meus medos são sobre mim também. Como vou viver com a
culpa? Tristan nunca vai me perdoar por isso, eu vi na cara dele. Eu
cruzei uma linha que não posso descruzar. Minha imprudência colocou
seu filho em risco. O filho dele.
Eu o perdi.
Agora, eu temo tudo. Meu único erro estúpido e descuidado
poderia atrapalhar todos os aspectos da minha vida. O táxi se arrasta,
dando-me a oportunidade de perder o controle. Posso perder meu
emprego por causa disso? Como posso continuar trabalhando na
Madison? Tristan não vai permitir isso. Pior, Tristan é poderoso o
suficiente para me eliminar, então eu perco meu direito de exercer a
advocacia? Nunca vi esse lado dele e não sei do que ele é capaz.
Que criança quer engolir um frasco de Valium? Por que diabos
você faria isso? Eu os coloquei em um bolso lateral, não é como se os
tivesse adicionado à refeição. Parte de mim está com raiva de Daniel
pelo que ele fez e eu nunca poderei admitir isso para Tristan, se ele falar
comigo novamente. Alguns pensamentos devem permanecer privados
do mundo.
Meu estômago se contrai em uma bola apertada e eu me preocupo
em vomitar em cima deste táxi quando ele começa e para em sinais e
curvas. Nem sei como fui parar no táxi a caminho do hospital, quase
como se estivesse tendo uma experiência extracorpórea.
Isso é tudo culpa minha.
Oh, o que eu faria para voltar no tempo. Tudo o que eu tinha que
fazer era deixar os comprimidos na farmácia. Esta manhã, Tristan estava
me dizendo que queria que tornássemos público nosso relacionamento,
agora estou preocupada que ele vá me tirar do Registro de Advogada.
Mas Daniel estava respirando. Ele vai ficar bem.
A alternativa é inimaginável.
Eu não sabia quanto tempo eu estava agarrado na borda do táxi,
perdido em meu próprio mundo, até que a voz do motorista me tirou do
meu torpor. — Você está bem, amor? O hospital é logo ali.
Eu limpo minha garganta para agradecê-lo. Procuro meu cartão do
banco para passar na máquina de cartão. Normalmente, xingo quanto
custa um táxi no centro de Londres, hoje nem percebo o preço.
Enquanto corro em direção à entrada do hospital, verifico meu
telefone pela milionésima vez. Nada.
Inalando aquele cheiro distinto de hospital, vou para a
emergência.
— Boa tarde — eu digo estridentemente, girando as mechas
soltas do meu cabelo nervosamente enquanto a recepcionista olha para
cima de seu computador. Estou respirando com dificuldade e só corri
alguns metros.
Ela espera um momento antes de arquear uma sobrancelha para
que eu continue.
— Desculpe, estou aqui para ver um jovem paciente que acabou
de chegar com o pai, Daniel Kane. — Meu corpo dispara com adrenalina
e as palavras saem com pressa.
— Sim, ele entrou quinze minutos atrás. — Ela parece entediada
quando se volta para a tela do computador. — Apenas os membros da
família podem vê-lo agora. Você é da família?
— Não.
— Sente-se por enquanto e um dos membros da família deve
estar fora. Diremos a eles que você está esperando.
Oh foda-se. Não tenho certeza se estou pronta para ver Tristan.
Estou com muito medo. Certamente uma das enfermeiras pode me dizer
como Daniel está? — Posso apenas verificar como ele está?
— Não, não divulgamos detalhes dos pacientes. Só os médicos ou
enfermeiras podem fazer isso.
— Certo — murmuro, balançando a cabeça, pois não há mais nada
que eu possa fazer. — Obrigada.
Encontrando um assento, eu me afundo antes de checar meu
telefone novamente. Eu desligo e ligo, coloco no modo avião e reinicio o
Wi-Fi, todas as coisas que Megan tentou quando Damo sumiu. Eu
entendo agora, a agonia de esperar por uma mensagem de texto.
Nenhuma mensagem nova.
Na sala de espera, meu cérebro apocalíptico decide que será o
momento perfeito para pensar em todos os cenários pessimistas. Eu sou
uma traficante de drogas. E se Daniel não sobreviver? Posso responder
por homicídio culposo?
A internet afirma que a maioria das overdoses de Valium resulta
apenas em inconsciência, e houve apenas algumas mortes. Por favor,
deixe a internet estar certa.
Exceto que não posso nem ter certeza do que há nessas pílulas.
Por favor, deixe Daniel ficar bem - ele tem que ficar bem.
— Com licença, meu filho, Daniel Kane?
Minha cabeça se ergue ao som da voz suave em pânico.
Merda. A ex-esposa de Tristan, Gemina. Ela parece pálida e
frenética e é tudo culpa minha. Ela é mais bonita do que eu me lembrava.
Essas maçãs do rosto, não é à toa que ela parecia incrível em todas as
fotos que encontrei online. É disso que se trata o contorno. Aposto que
ela tem uma versão profissional de Megan trabalhando no rosto todas
as manhãs.
O que ela vai dizer quando descobrir que a culpa é minha?
Rapidamente pego uma revista e coloco na frente do meu rosto. Não sei
se ela me reconheceria, mas não vou arriscar.
— Vou ligar para você agora — ouço a recepcionista dizer. — Uma
das enfermeiras irá recebê-la na porta.
Observando-a entrar, não tenho escolha a não ser verificar meu
telefone novamente. Não sei quanto tempo fico nesse estado atordoado
até que um médico saia.
Rapidamente, fico de pé. — Doutor, posso perguntar como está
Daniel Kane?
Ele olha para mim por um momento, entregando sua prancheta
para a recepcionista antes de se virar para mim. — Você é da família?
Meu rosto empalidece com sua pergunta. Classificar-me como a
namorada de Tristan atualmente não contava de forma alguma. Eu ainda
sou a namorada dele? Engolindo meu nervosismo, eu olho para ele. —
Eu sou a namorada do pai.
— Infelizmente, não posso revelar o estado do paciente — diz ele,
desculpando-se. — Vou dizer ao pai que você está aqui.
Abaixando a cabeça, volto para o meu lugar. Tristan já sabe que
estou aqui, ele leu pelo menos uma das mensagens.
Eu espero.
Visitantes e funcionários do hospital abrem a porta da enfermaria
todas às vezes, me dando falsas esperanças.
Eu espero mais um pouco.
E espere mais um pouco.
Finalmente, vejo Tristan.
— Tristan! — Eu corro em direção a ele. — Como está o Daniel?
— Ele está em uma condição estável — ele murmura, parecendo
totalmente exausto. — Eles bombearam seu estômago. — O
comportamento calmo e controlado de Tristan desapareceu, substituído
por um ser quase robótico. Seu cabelo está uma bagunça, apontando
para cima em todas as direções enquanto ele passa os dedos por ele. —
Ele será transferido para uma sala de monitoramento em algumas horas
antes de ser liberado amanhã.
— Oh, graças a Deus — eu digo, finalmente sentindo como se
pudesse respirar novamente.
Daniel vai ficar bem. Engolindo o grande nó na minha garganta,
estendo a mão para a mão dele apenas para vê-lo dar um passo para trás.
Eu sinto isso como um tapa na cara. — Tristan, eu sinto muito, eu…
— Eu não quero ouvir isso agora — ele resmunga friamente. —
Você deveria ir. — É uma demanda e não uma sugestão.
— Por favor, Tristan — eu protesto, balançando a cabeça. — Eu
nunca quis que isso acontecesse. Eles estavam guardados em um bolso
lateral. Sinto muito por não ter pensado quando pedi a ele para...
— Não importa — ele intervém, e eu sei que está levando tudo
nele para falar com calma em um ambiente público. — Não importa
mais, Elly. Gemina ficou furiosa. Meu filho teve uma overdose sob meus
cuidados. Com drogas não prescritas, Elly. — Ele cospe as palavras.
— Vai ficar tudo bem. — Estou gaguejando agora, e as pessoas
estão olhando. Não tenho nada sensato ou lógico a dizer. Não sei o que
Gemina fará, então minhas garantias são infundadas.
Eu paro quando ele olha para mim. Eu só quero que ele me abrace,
para me dizer que tudo vai ficar bem, mas em vez disso, seus olhos estão
negros. — Eu sei que foi minha culpa por ser descuidada, mas. . . como
as . . . como isso poderia não importar?
— Ela está ameaçando retirar meus direitos de visita — ele rosna,
sua voz áspera e rouca. — Você entende a gravidade disso? Para eu
perder o acesso?
Com os lábios trêmulos, tento falar. — Posso explicar para
Gemina, posso consertar…
— Você não pode consertar nada — ele ruge enquanto começa a
perder o controle. — Vou potencialmente perder o acesso ao meu filho
porque você levou drogas para minha casa.
— Tristan, por favor — eu sufoco, sentindo as lágrimas correrem
pelo meu rosto. — Se Daniel estiver seguro, tudo ficará bem. .
Ele olha para mim, seu rosto empalidece.
— Tomar os comprimidos da mamãe foi a ideia mais idiota que já
tive. Eu só queria tirá-los de casa. Eu pretendia me livrar deles. Me
desculpe, por favor, vamos apenas…
Nossos olhos se encontram, os dele cheios de raiva, os meus
encharcados de lágrimas.
— Não podemos mais nos ver.
— O que? — Eu sussurro.
Sua voz sai baixa e dura enquanto uma infinidade de emoções
passa por seu rosto: medo, choque, confusão. Mas o que mais me atinge
é sua raiva. — Nenhum de nós tinha uma receita para isso. Meu filho
teve uma overdose de drogas que não deveriam estar em minha posse.
Sou advogado, Elly. Já tenho bastante experiência de como esses casos
acontecem — ele diz, sua raiva parecendo se dispersar lentamente de
seu corpo. Prefiro que ele fique com raiva e me repreenda do que me
dispensar. — Terminamos. Vá para casa.
— Mas…
— Vou tirar você do caso se isso for sua preocupação — ele
continua, e dói até mesmo pensar que agora, eu até me importo com o
trabalho. É a última coisa em minha mente. — Eu disse que sua carreira
não seria afetada por nosso relacionamento, e eu sou um homem de
palavra. Agora vá para casa.
— Por favor, Tristan. — É apenas um sussurro.
Ele balança a cabeça, dizendo duas palavras tão lentamente que
eu sei que é o prego no caixão para nós. — Meu. Filho.
Ele não espera para ver se eu vou embora. Ele se vira e volta para
a enfermaria, a porta se fechando.
Ainda não consigo reunir forças para voltar ao metrô.
Encontrando um assento de frente para a parede, solto grunhidos e
soluços grandes e pouco atraentes enquanto engasgo com a minha
emoção. Estou chorando tão alto que a equipe vai me colocar em um
respirador ou me chutar para fora do hospital.
Uma senhora me oferece uma xícara de chá. Uma boa xícara de chá
é a resposta para todos os problemas na Grã-Bretanha, não é? Dormiu
com seu chefe? Uma boa xícara de chá resolverá isso. Empurrou drogas
acidentalmente para o filho do seu namorado? Adicione um biscoito ou
dois com o chá. Abandonada pelo amor da sua vida, que por acaso é seu
chefe? Talvez prepare um pote cheio.
— Sim, isso seria ótimo, obrigada. — Eu sorrio de volta para a
senhora através das lágrimas, e ela inala profundamente quando vê meu
rosto. Devo parecer com o IT. Eu posso dizer pelas pessoas da sala de
espera que eles acham que alguém próximo a mim faleceu. Não, acabei
de levar um fora.
— Elly — uma voz feminina se dirige a mim suavemente por trás.
Eu me viro para ver Charlie, a irmã de Tristan.
— Charlie — eu resmungo e aceito um lenço dela. — Não vi você
entrar.
— Ele não deveria ter deixado você aqui chorando. — Sua testa
se enruga em uma carranca profunda. — Isso é tão fora do personagem
para ele. Ele está realmente estressado com o que pode acontecer.
Eu assuo meu nariz ruidosamente. — Eu nunca o vi tão bravo. Para
qualquer um, não importa para mim.
Ela se senta rapidamente ao meu lado e envolve seu braço em
volta de mim. — Dê-lhe tempo. Nunca o vi tão desequilibrado. Na
verdade, acho que nunca vi Tristan chorar. Ele vai perceber que sua
raiva é equivocada.
Minha mandíbula treme. — Não importa, no entanto. Ele nunca vai
me perdoar se Gemina recusar os direitos de visita.
Eu posso dizer pelo rosto dela que ela está preocupada com isso
também.
— Mas como ela pode? — Eu a encaro através das lágrimas. —
Certamente ele tem alguns direitos? Ele mencionou Daniel e o nome dele
está na certidão de nascimento, certo?
Ela franze a testa e não fala por um longo momento.
— Parece que ele ainda não lhe contou toda a história. Elly, eu não
posso. . .
— Está tudo bem — eu fungo. — Eu não quero que você se sinta
desconfortável. Você viu Daniel?
— Sim. — Ela acena com a cabeça. — Acabei de chegar. Ele está
bem.
Eu assuo o nariz com força no lenço e me sinto um pouco melhor.
— Obrigada por me verificar. Por que você sempre me vê em situações
comprometedoras? Expulsa de armários de hotel, e se eu continuar
fazendo barulho do jeito que estou, vou ser expulsa deste hospital
também.
Ela ri e me puxa para um abraço. — Eu preciso entrar aqui, Elly.
Minha mãe está a caminho e em pé de guerra, então talvez seja melhor
você se esconder. Vai dar tudo certo. — Ela olha para mim esperançosa.
— O principal é que Daniel está seguro. Tristan vai se acalmar e pensar
racionalmente novamente.
Eu forço um sorriso. Não tenho certeza se alguma de nós acredita
nisso.
Quando Charlie está prestes a se despedir, a porta da enfermaria
se abre e Gemina sai. Eu a vejo abordar um homem na casa dos
cinquenta que entrou no hospital. Eu continuo observando enquanto
eles têm uma troca tensa de palavras.
— Quem é aquele? — Eu pergunto Charlie.
Charlie faz uma careta.
— Esse é o pai biológico de Daniel.
CAPÍTULO VINTE E SETE

TRISTAN

Ando pelo restaurante ignorando os olhares de venha me foder


que recebo das mulheres à minha direita. Meses atrás, eu teria mostrado
a elas meu sorriso característico. A ruiva deslumbrante no canto teria
chamado minha atenção e, eventualmente, feito seu caminho para a
minha cama. Hoje, não tenho interesse em seduzir estranhas.
Eu sorrio brevemente para a anfitriã enquanto ela pega meu
casaco. Isso é tudo que consigo fazer hoje em dia.
Jack e Danny já estão sentados à mesa, rindo de alguma piada
particular. Eles param de rir abruptamente quando me veem, e suas
expressões ficam sérias.
— Não pare por minha causa — murmuro secamente, sentando
no terceiro assento. — Só porque minha vida está toda em tons de
merda agora não significa que vocês dois tenham que ser bastardos
miseráveis também.
— Você parece horrível, cara — Danny diz cautelosamente. —
Você precisa se cuidar.
— Obrigado. — Eu afundo em meu assento. — Não durmo há
cinco dias.
Jack empurra um uísque na minha direção. — Achamos que você
iria precisar.
— Você pensou certo. — Levo o copo aos lábios e bebo a maior
parte em alguns goles. A sensação de queimação na minha garganta me
dá um leve alívio.
Eles trocam olhares.
— Não comece, porra — eu rosno para eles, passando a mão pelo
meu cabelo.
Jack levanta as mãos em defesa.
— Alguma notícia? — Danny pergunta timidamente. — Você viu
Daniel?
— Eu só o vi uma vez — eu digo, fazendo o meu melhor para
controlar meu tom. — Gemina está impedindo o acesso. — Eu bebo o
resto do meu uísque e aceno para o barman pedindo o mesmo
novamente. — Ele está bem — eu digo suavemente. — Ele está gostando
de ser o centro das atenções e de ter folga na escola. — Balanço a cabeça,
deixando escapar uma risada amarga. — Vou matá-lo quando ele tiver
idade suficiente para entender o drama que causou. Achei que o criei
para ser mais inteligente do que isso.
Danny ri secamente. — Como você, ele se recusa a comer pão após
a data de validade. No entanto, ele é curioso o suficiente para tomar uma
overdose de pílulas que encontrou em uma bolsa.
Jack sorri. — Prefiro tomar comprimidos a comer alguns dos
malucos canapés que Tristan oferece nas festas. — Ele ergue uma
sobrancelha. — Muito cedo para brincar?
— Muito cedo — eu os aviso. O barman mal pousa meu uísque
fresco e eu o levanto. — Gemina quer me ver esta noite. Uma proposta,
aparentemente.
— Você tem alguma ideia do que? — Jack pergunta.
Eu sopro ar em minhas bochechas. — Quem diabos sabe, tenho
certeza de que nada bom para mim.
Ficamos em silêncio enquanto eles trocam olhares entre si.
— Basta perguntar — eu falo.
— Você falou com Elly? — Jack pergunta.
— Não. — Eu franzo a testa. — Não falo com ela há cinco dias,
desde o hospital.
— Foi um acidente — diz Danny com cuidado. — Você não pode
culpar Elly. Ela não queria que isso acontecesse.
Eu corro as duas mãos pelo meu cabelo. — Estou furioso com ela
— eu falo. — É minha própria culpa por sair com uma garota de 25 anos.
Nenhum senso de responsabilidade. Trazer pílulas não prescritas para
minha casa com meu filho lá.
Danny se inclina. — Você vai superar isso, mas não jogue fora algo
incrível. Você não gosta de uma mulher assim há dez anos. Não desde . .
.
— Não desde Gemina? Sério? Você vai lá? — Olho para ele e bebo
o resto do meu uísque. Ele vai entender quando tiver filhos o que é ter
um filho em perigo. A dor incômoda no peito que tem me atormentado
durante toda a semana retorna. Meu médico me diz que estou
estressado.
— Eu tenho que ir. Eu tenho que consertar isso. O que quer que
Gemina queira de mim, é um sim.
***
Meia hora depois, George estaciona do lado de fora da mansão de
Gemina. Estou acostumado a pegar Daniel aqui. Muitas vezes ele sai
correndo assim que eu estaciono, e não preciso sair do carro.
Não hoje, no entanto. Hoje eu teria que sair e rastejar, beijar seus
pés, dar a ela um talão de cheques em branco ou o que quer que ela
queira que eu faça. Ambos. Então, se eu tiver que jogar o jogo deles, é
isso que farei. A alternativa é perder Daniel, e isso simplesmente não é
uma opção.
Respirando fundo, finalmente saio do carro e caminho até a casa.
Gemina abre a porta. Ela está vestindo jeans azul escuro com botas
de salto alto, junto com um suéter de lã vermelho solto. Seu longo cabelo
loiro cai em ondas sobre os ombros. Ela parece que está pronta para sair,
mas ela sempre parece assim.
— Gemina.
— Tristan. Estou feliz que você veio. — Ela sorri, mas seus olhos
estão vermelhos, como se ela estivesse chorando.
— Ele está aqui? — Eu pergunto secamente.
Ela balança a cabeça.
— Pai!
Consigo me agachar bem a tempo de meu filho irromper da
cozinha, com um enorme sorriso no rosto. Ele se joga em meus braços.
Mais uma vez, sinto a familiar pontada de dor ao ver como Daniel se
parece com a mãe e não comigo. Não que isso altere o quanto eu o amo.
Nem um pouco. — Daniel, a mamãe precisa que você suba e brinque
enquanto ela e o papai conversam.
— Só se eu puder tomar um café. — Ele faz beicinho. — Mamãe
disse que não posso tomar café.
Eu olho para ele desnorteado. — Por que você quer café? Você
pode tomar um chá em uma ocasião especial. Você sabe disso. — E se
ele pensa que está consumindo alguma coisa sem o meu consentimento
pelos próximos dez anos, ele tem outra coisa vindo.
— Eu não sou um bebê — ele rosna. — Você não pode subir no
meu quarto e brincar um pouco?
— Agora não, amigo — eu relutantemente digo a ele. Coloquei
minhas mãos nos ombros do meu filho para olhá-lo no rosto. — Mamãe
e eu precisamos ter uma conversa chata de adultos. Prometo que estarei
pronto para brincar assim que terminarmos, ok? Então nós dois
podemos tomar um pouco de leite espumoso em vez de café.
— Você promete?
— Pode apostar. Por que você não sobe e escolhe o que quer
tocar?
— Ok! — Apaziguado, Daniel se vira e sobe as escadas correndo.
Observo meu filho - e ele ainda é meu filho, não importa o que qualquer
teste de DNA diga - voltando-se para minha ex-esposa quando Daniel
está fora de vista.
— Posso pegar uma bebida para você? Chá? Café? Escocês?
— Estou bem.
— Vamos. — Ela me leva até a cozinha. — Você dirigiu todo o
caminho até aqui. Tenho seu uísque favorito pronto.
— George dirigiu até aqui. Tudo bem. Escocês então. Com…
— Dois cubos de gelo. — Ela sorri tristemente. — Você acha que
eu não me lembro? — Sua mão roça na minha enquanto me sento ao
lado da ilha da cozinha.
— Qual é a proposta, Gemina? — Meus nervos estão em
frangalhos.
Ela está de costas para mim. Ela não diz nada por um momento
enquanto serve. Movimentos lentos e deliberados. Finalmente, ela se
vira para olhar diretamente para mim, com os olhos cheios de lágrimas.
— Ei — eu digo, fechando a distância entre nós e pegando seus
ombros gentilmente. — Daniel está bem, Gemina.
Ela solta um soluço alto e agarra meu bíceps. — Tristan. Eu
realmente fodi tudo. Eu estraguei tudo. Estou tão infeliz. Matias . . . me
desculpe, ele é o maior erro da minha vida.
Eu estremeço.
Matias.
O homem que eu a apresentei. O homem que convidei para minha
casa para ajudá-la na carreira.
O homem com quem ela teve um caso por quatro anos. Quatro
anos.
Ele orientou minha esposa e foi pai de meu filho.
Ele roubou a porra da minha vida.
Suas feições se contorcem de dor. — Nas últimas semanas,
percebi.
Eu endureço. — O que?
— Eu quero você, Tristan. Eu quero você.
Eu a encaro, sem palavras.
— Quero dizer. — Ela agarra meu antebraço. — Eu te amo.
Percebo que fiz algumas coisas estúpidas e que te machuquei, mas quero
tentar de novo. Eu sinto sua falta. Quero que sejamos uma família de
verdade novamente. Você, eu e Daniel.
— Uma família?
— Sim. Uma família. Uma real desta vez. Eu não percebi antes o
quanto eu tomei tudo como certo. Eu fui estúpida. Daniel precisa de
você, seu verdadeiro pai. E eu preciso de você também.
Não digo nada. Voltar com Gemina? Fingir que os últimos dois
anos nunca aconteceram? Soltei uma risada amarga. — Eu caí nessa uma
vez antes e olha onde isso me levou.
— Eu sei, e sinto muito. . .
— Ser uma família feliz não significava nada para você antes.
— Sim, foi — ela insiste — mas você sempre se preocupou com a
empresa. Você trabalhava até tarde todas as noites. Eu nunca cheguei a
ver você. Você parou de ir ver meus shows. Achei que você tinha
desistido de me amar.
— Eu não. — Eu engulo, caindo no banquinho do bar. — Não,
então.
Eu a encaro, perplexo. Sentado no banquinho do bar, estou com os
olhos no nível dela. Mais do que tudo, eu quero rir na cara dela. A ideia
de aceitá-la de volta é ridícula.
Mas ser uma família de novo? Para ter Daniel de volta na minha
vida em tempo integral?
— Daniel e eu podemos voltar para a casa geminada à qual
pertencemos. — Ela está indo para a matança agora. — Você projetou
aquele lugar para nós. Para nós sermos uma família lá.
A ideia de acordar com Daniel todos os dias não tem preço. Mesmo
que ele seja um bastardo pela manhã.
— Matias quer que seu nome seja removido da certidão de
nascimento.
Eu congelo. Ela está me chantageando?
— Nós poderíamos fazer isso. Eu te amo, Tristan. Eu posso não
ter demonstrado muito bem, mas agora vejo o quanto sinto sua falta. —
Seus lábios se curvam naquele lindo sorriso que sempre achei
irresistível.
Quando seus olhos se fixam nos meus, ela puxa o suéter sobre a
cabeça. Por baixo, ela está usando nada além de um sutiã vermelho-
escuro. Eu posso ver através de seus mamilos. Droga. A cor combina
perfeitamente com sua pele pálida e levanta seus seios fartos da maneira
certa. Eu o reconheço. Lembro-me de comprá-lo para ela e fodê-la
repetidamente na primeira noite em que ela usou aquele conjunto de
lingerie. Ela tinha que lembrar que era o meu favorito. Ela estava usando
o resto por baixo daquela calça jeans?
Sinto meu corpo respondendo sem minha permissão. Nós dois
sabemos que ela já foi capaz de me enfeitiçar sem nem mesmo tentar. E
não é como se ela ainda não fosse tão atraente como sempre. Sempre
fizera parte de seu fascínio. Parte do que a tornava a esposa perfeita. Eu
me deleitei em poder desfilar com ela em meu braço. Eu a exibia em
reuniões e festas da empresa. Então, mais tarde, quando estivéssemos
sozinhos, discutíamos a maneira como outras mulheres a encaravam e
outros homens a encaravam. Isso nos excitou, sabendo o quanto as
outras pessoas a queriam.
Eu fui um tolo.
Eu sei exatamente o que ela está fazendo. Talvez ela queira se
reconciliar, mas agora sei quando ela está me manipulando. Ela quer me
fazer incapaz de ver além da promessa do que aconteceria se eu desse a
ela o que ela queria.
Ela dá um passo à frente. — Eu preciso de você, Tristan — ela
sussurra, estendendo a mão para deslizar a mão em volta do meu
pescoço e puxar meu rosto para o dela.
Talvez seja o álcool, mas sinto minhas mãos deslizando em sua
cintura sem perceber que as coloquei ali. Ela agarra meu cabelo, e eu não
a paro quando ela se coloca entre minhas pernas para pressionar seu
corpo contra o meu. Minhas mãos deslizam por seu corpo, sentindo a
pele firme e macia. A sensação dela, o cheiro dela, traz memórias à tona.
Férias passadas sem nunca sair da suíte do hotel. Vezes ela me visitou
trabalhando até tarde no escritório para se esgueirar para debaixo da
minha mesa para me distrair. Chegar em casa do escritório para
encontrá-la em um novo conjunto de lingerie, implorando para que eu a
possuísse. Quão bem ela me fez sentir repetidas vezes.
Ela me olha inocente e doce, como se tivesse o poder de apagar a
história. — Podemos ficar juntos — ela sussurra, esfregando-se contra
mim. — Você pode me ter quando e onde quiser.
Olho para a mulher que amei por mais de uma década, meu
cérebro falhando.
Eu quero que ela faça tudo certo de novo.
CAPÍTULO VINTE E OITO

ELLY

Desgosto não é bom para alguém com doença intestinal. Você


conhece aquele clichê do sentimento corroendo suas entranhas? Bem,
isso se aplica literalmente a mim. Mesmo sem apetite, estou correndo
para o banheiro a cada trinta minutos, sabe, só por precaução. Não
consigo descobrir se o desconforto surdo no meu estômago é uma
inflamação ou apenas camadas de emoções perturbadoras. Isso significa
que o estoque de papel higiênico no meu quarto está diminuindo mais
rápido do que um supermercado em uma pandemia. Isso é o que levar
um fora faz com um sofredor de DII.
Aparentemente, o escritor de Alien tinha a doença de Crohn e
baseou sua infame cena do alienígena explodindo de seu estômago em
como ele se sentiu durante um surto. Não sei se isso é verdade, mas eu
mesma não poderia ter descrito melhor.
Durante toda a semana, Sophie e Amy têm me perguntado se estou
bem. Eu não sei o que eu estou. Estou apenas realizando meu trabalho
como um homem de lata. Tenho andado pelo escritório como um robô,
pálida, como um zumbi. Fazendo tudo com dormência desapegada.
Escondida na minha mesa até a hora de sair, com medo de esbarrar em
Tristan, embora nunca o faça porque ele precisaria se esforçar para que
isso acontecesse em um escritório tão grande. Uma conversa gentil e
educada, que mal passa como brincadeira, é tudo que consigo. Até ir à
cantina é destruidor da alma, porque cada maldita opção do menu me
lembra dele e de seus gostos particulares.
É assim que parece o luto? Eu nunca tive alguém próximo a mim
morto antes. A tristeza em meu coração me impede de dormir, comer,
falar, rir - qualquer coisa, na verdade. É apenas uma onda constante de
tristeza tomando conta de mim, e estou com medo de que isso nunca
pare.
O que posso dizer a Sophie e Amy? Não posso contar a elas a
verdade. — Sim, estou bem, estava dormindo com o CEO, mas então
droguei o filho dele, então ele me largou e agora estou sufocando de
tristeza e acho que tenho síndrome do coração partido e também doença
do intestino irritável.
É nessas horas que a DII é útil. Você menciona que se sente mal
por causa de um intestino irritável, e isso vai acabar com todas as
conversas. Tive que dizer a elas que também estava com um resfriado
forte para explicar os sintomas de fungar. Meus olhos estão
constantemente embaçados e minha voz soa cansada e rouca porque
estou chorando muito à noite.
Apenas Megan sabe a verdade.
No momento, sinto que não vou me recuperar, o que sei que é
ridículo porque casais se separam o tempo todo, muitos depois de
décadas juntos. Tristan e eu tínhamos acabado de começar como um
casal. Mas, independentemente disso, isso me atingiu com força. E só se
passaram sete dias.
Fiel à sua palavra, ele me tirou do caso Garcia. Pelo menos ele teve
a gentileza de fazer isso de uma forma sutil que não gritasse 'você fodeu
o patrão!' A história é que sou necessária em minhas atribuições atuais.
Estamos exigindo menos reuniões diretas com Maria atualmente, então
eu sabia que meu envolvimento estaria diminuindo. Eu tenho uma
última reunião no início da próxima semana e apenas Adi estará
presente, então Tristan e eu não vamos nos cruzar.
Comigo saindo do caso, o único contato que tive com Tristan
foram algumas mensagens curtas, mas educadas, para me dizer que
Daniel se recuperou e está bem. Eu reli as mensagens centenas de vezes,
tentando decifrar suas emoções nelas. Até consegui que Megan as
dissecasse. Ele sente minha falta? Ele se importa comigo? É difícil dizer
'Daniel está se recuperando bem, obrigado.' Cada uma delas eu sigo com
— sinto muito.
Nada volta.
Também estou morrendo de vontade de saber, o que ele fez com
a pintura? Ele jogou fora?
Então aqui estou eu, do lado de fora de sua casa, com medo e
nervos girando em minhas entranhas frágeis. Tenho que falar com ele
cara a cara. Vou embora com o fechamento ou uma segunda chance com
ele. Qualquer uma dessas opções seria melhor do que esse limbo
horrível.
Respiro fundo e bato na aldrava. Não tenho certeza se espero que
seja Natalia ou Tristan.
Meu sangue gela quando vejo quem atende a porta.
Não Tristan. Natália não.
Gemina.
A princípio ela não me reconhece, então seus olhos se estreitam
de desgosto. — Você.
— Eu, uh — eu gaguejo, completamente surpresa. Eu tinha um
discurso preparado para Tristan, não para Gemina.
— Não me lembro de providenciar serviços de limpeza — diz ela,
olhando-me friamente. — E se eu tivesse, não pediria a você.
Eu ficaria furiosa se não estivesse tão arrasada.
— Tristan está aqui? — Eu pergunto, minha voz tremendo. Por
que eu pensei que vir aqui era uma boa ideia?
Seus olhos se estreitam. — Não, ele não está aqui, não que seja da
sua conta. — Seus olhos se estreitam. — Você não deveria estar aqui.
— Você se mudou? — Eu engasgo. Quero fugir, mas preciso saber
toda a verdade.
Ela me encara com uma intensidade reservada. — Sim. Daniel e eu
moramos aqui, onde pertencemos. Ouça, sinto muito por você ter se
envolvido nisso, mas precisa ficar longe. — A faca se torce mais
profundamente a cada palavra. — Fique longe de mim, fique longe do
meu filho e fique longe de Tristan.
Eu entendo, Gemina, você venceu. Você estava certa, eu era apenas
uma aventura.
Eu me viro e corro pela entrada da garagem.
***
Duas semanas atrás, eu teria ficado em êxtase em participar da
festa anual da equipe do Madison Legal. Houve um burburinho no
escritório desde que comecei. Mesmo no meu primeiro dia, as pessoas
diziam — Oh, você começou apenas algumas semanas antes da festa
anual, sorte sua!
Claro, a festa do Madison Legal seria luxuosa e extravagante;
Tristan Kane é notório por seus altos padrões de tudo em que coloca seu
nome. Madison alugou o local Billingsgate Gold no leste de Londres e o
encheu de champanhe, caviar e os mesmos dançarinos de fogo do Venus
Envy.
Agora chegou a noite de sexta-feira, e sou obrigada a colocar meu
sorriso de menina grande, um vestido de festa, uma segunda tentativa
de contorno por Megan, e enfrentar uma noite de Tristan Kane na
mesma sala mas tão inalcançável.
É um ótimo evento de networking, Sophie nos disse. Uma chance
de conviver com a gerência e ser notado. Mal sabia ela quantas partes
do corpo de 'gestão' eu já havia esfregado.
Se eu não comparecesse, Sophie saberia que algo estava realmente
errado. Além disso, preciso voltar à normalidade algum dia, certo? Faz
exatamente duas semanas desde o incidente com Daniel. Tive que ligar
dizendo que estava doente para trabalhar no dia seguinte depois de ver
Gemina na casa de Tristan. Eu disse que não deixaria essa coisa com
Tristan afetar minha carreira. Esta não sou eu. No entanto, liguei para o
trabalho dizendo que estava doente por causa de um caso que deu
errado com o chefe. Fale sobre auto-sabotar minha carreira antes
mesmo de começar.
Então aqui estou eu, enfrentando isso na festa de todos os
funcionários, tentando recuperar qualquer dignidade que me resta.
Sophie, Amy e eu fomos tomar uma bebida rápida em um bar ao lado;
até Sophie disse que fica nervosa com esses eventos e precisa de
coragem.
Seguimos a multidão até o local glamoroso. Este não é um centro
de conferências de hotel enfadonho com um buffet de sanduíche. Os
tetos de altura tripla do Billingsgate Gold o tornam super decadente,
mas ainda há cantos discretos o suficiente para entender por que há
tanta fofoca sobre os romances do escritório jurídico de Madison. Eu
olho ao redor do local, absorvendo o máximo de detalhes o mais rápido
que posso. Não vou descansar até saber onde ele está para poder evitá-
lo. Posso me esconder no meio da multidão, assim como no escritório
Tristan teria que fazer de tudo para me encontrar.
— Você está bem? — Sophie olha para mim. — Ainda é você-sabe-
o quê? — Ela olha para a minha bunda.
— Apenas cólicas — minto pateticamente, pegando o champanhe
que ela me oferece.
Eu sigo Sophie e Amy pela próxima hora, minha mente vazia
enquanto nos misturamos com outros advogados. Eu sigo os
movimentos de um típico festeiro de escritório. Bato papo morno com
pessoas que não conheço, danço um pouco para agradar Sophie e Amy e
evito Juan, que está tratando o evento como uma festa de solteiros.
Estou começando a pensar que ele não apareceu, até que Sophie
me cutuca e eu me viro para sentir o olhar pesado de Tristan. Ele está no
centro das atenções, em um arranjo de cerca de dez advogados. Sua
mandíbula aperta quando seu olhar cai para o meu vestido. Estou
usando o vestido azul esvoaçante que Tristan comprou de surpresa para
eu usar esta noite. Achei que seria um desperdício de um bom vestido se
não o fizesse.
Seus olhos brilham. Eu reconheço essa expressão. Minha pele se
arrepia com uma consciência familiar; algumas semanas atrás, eu teria
ficado empolgada com ele me observando. É irrelevante agora.
— Soph — eu digo, quebrando o contato com Tristan. — Eu não
estou me sentindo bem. Eu estou indo para casa.
Ela franze a testa, a preocupação estampada em seu rosto
enquanto eu me esforço para evitar que as lágrimas caiam. — Tem
certeza que não é nada mais?
Tristan ainda está olhando para mim.
Eu concordo. — Eu vou ficar bem. Eu só preciso ir para casa. —
Dou um abraço de boa noite nas duas e corro para a chapelaria, depois
desço as escadas o mais rápido que posso de salto alto. Eu só preciso
escapar.
Patética. Foi nisso que ansiar por um homem me transformou. Eu
pensei que era mais forte do que isso.
Estou a poucos passos da saída quando ouço a voz grave e rouca
dos meus sonhos e pesadelos. — Elly.
Lentamente eu me viro para encará-lo. Nós nos encaramos em
silêncio por alguns segundos. Se eu abrir a boca, posso começar a chorar.
De perto, ele parece cansado. — Nós precisamos conversar. — Ele
passa a mão pelo queixo. — Não aqui esta noite. Há muitas pessoas. Eu
tenho que ir direto para o aeroporto daqui para voar para Hong Kong.
Estou de volta em dois dias. Vou preparar algo assim que voltar.
Desvio o olhar, encontrando um súbito interesse nos candelabros.
O que isso importa?
— Eu não sou bom com desculpas — ele diz suavemente.
— Está tudo bem, eu entendo — eu digo, minha voz trêmula. —
Ele é seu filho. Ele tem prioridade.
— Eu estava com raiva, mas não deveria ter reagido da maneira
que reagi. Achei que tinha perdido. . . tudo — ele diz com uma voz tensa.
— Eu sinto muito.
Seu peito sobe e desce enquanto ele espera que eu responda.
— Sr. Kane! — uma voz ressoa do topo da escada, e olhamos para
cima para ver alguns advogados seniores descendo as escadas, prontos
para emboscar o CEO.
Aproveito a oportunidade para escapar. Exalando fortemente, eu
empurro a porta aberta para a noite fria de Londres.
Eu nunca deveria ter dado a ele uma segunda chance depois da
Grécia. A segunda vez cortou muito mais fundo. Mas a segunda vez será
a última vez.
CAPÍTULO VINTE E NOVE

ELLY

Agora eu entendo o que significa estar doente de estresse. Perdi


quase dois quilos em uma semana porque não estou comendo. Minha
DII piorou tão severamente que não importa o quão branda seja a
comida que eu como, ainda estou dobrada com contrações estomacais.
Comer não vale o esforço.
Em geral, consigo lidar com surtos, faz parte da vida. Você coloca
suas calças de menina grande - literalmente - e toma decisões
cuidadosas de estilo de vida. Mas este é o filho da puta de todos os surtos,
ditando todas as minhas decisões esta semana.
É por isso que estou em um ônibus lotado que para em cada
maldito sinal vermelho e passagem de pedestres e não avançou além da
velocidade de caminhada.
Nunca quis tanto um banho na minha vida. O que eu não faria pelo
banheiro inteligente do Tristan com um milhão de configurações
diferentes de jato. A água não aliviaria as cólicas ou a dor, mas se eu a
esquentasse o suficiente, ela me distrairia por um tempo.
Ele enviou uma mensagem hoje enquanto embarcava em um voo
para casa. Aparentemente, precisamos limpar o ar.
Ele poderia estar se sentindo culpado? O idiota provavelmente
está preocupado que eu tenha um ataque de nervos no escritório.
Eu não respondi. Foda-se, Tristan.
Eu sei que fui irresponsável. Mas pelo menos foi um erro. O que
ele fez comigo foi intencional, mesmo que não tivesse a intenção de me
machucar. Eu era uma substituta. Tudo entre nós, cada palavra, cada
olhar, cada beijo se desvaneceu. Isso tudo não significava nada.
Hoje foi minha última reunião sobre o caso Garcia. Depois de
andar por Londres até a prisão, agora tenho que fazer o mesmo para
chegar em casa.
Eu me preparo enquanto o ônibus avança novamente. Não consigo
alcançar nenhum dos bares. Deve haver um limite para o número de
pessoas em um ônibus, mas mais e mais pessoas se aglomeram até
ficarmos mais apertados do que duas demãos de tinta.
As contrações do estômago me fazem querer curvar, mas estou
tentando o meu melhor para evitar a mulher na minha frente.
Infelizmente para mim, o cara atrás de mim não parece estar
sobrecarregado com tais preocupações. Ao entrar atrás de mim, ele se
pressionou contra mim, sufocando-me com o cheiro rançoso de cigarro.
Respiro fundo e tento me acalmar.
Uma violenta onda de náusea me atravessa. Não sei por que me
dei ao trabalho de sair de casa hoje. Na verdade, não sei por que me dei
ao trabalho de sair do banheiro.
Oh céus. Isto não é bom.
Mais três paradas. Eu posso fazer isso.
Tenho mais três paradas.
Não. Eu não vou conseguir. Eu tenho que descer deste ônibus.
Agora.
— Com licença, desculpe, desculpe, desculpe. — Passo por
passageiros insatisfeitos. — Preciso descer! — Saia da porra do meu
caminho, estou morrendo.
Após o minuto mais longo da minha vida, as portas do ônibus se
abrem e eu saio mancando para a rua, curvada.
Fecho os olhos e me inclino contra o ponto de ônibus. A dor nunca
foi tão intensa antes. Estou com medo agora, com muito medo. O que
está acontecendo?
Cada órgão parece estar funcionando mal. Estou enjoada, tonta e
suando ao mesmo tempo.
Minhas entranhas parecem explodir.
Meu coração está batendo tão rápido que todo o meu corpo está
tremendo.
Quero ligar para Megan, mas estou com muita dor para pegar meu
telefone.
Eu manco até a porta do restaurante mais próximo. É um
restaurante indiano, talvez. Estou tonta demais para ler o que está
escrito acima da porta.
— Oi — eu choramingo para o cara olhando para mim com os
olhos arregalados. — Posso usar seu banheiro?
Todo o restaurante fica quieto.
Eu agarro minha barriga quando outra onda de cólicas
excruciantes irrompe, está mais forte que a anterior.
Megan, eu preciso de você. Eu me atrapalho com o meu telefone.
— O que há de errado com ela? — Eu ouço uma voz fraca. Não
consigo mais ver o cara, estoucurvada.
— Ela está tendo uma overdose?
— Ambulância. — Eu só tenho tempo suficiente para registrar a
palavra. Então tudo fica preto.
CAPÍTULO TRINTA

TRISTAN

Chego a Heathrow quatro horas depois do esperado, então são 5


da manhã, horário de Hong Kong, e não dormi. Mesmo voando de
primeira classe, a diferença de fuso horário me atrapalha por alguns
dias.
Quando ligo meu telefone, um número estranho aparece. Só
atendo números anônimos caso seja uma emergência relacionada ao
Daniel. Eu só dou meu número pessoal para amigos, familiares e
contatos de emergência da escola. O telefone da minha empresa é
verificado por Ed, que filtra as chamadas indesejadas, que são a maioria
delas.
Então, quando vejo um número estranho me ligando, atendo. —
Olá?
— Tristan? — uma cadência galesa estridente. — É Megan.
Eu congelo instantaneamente. — O que foi? — Eu pergunto
bruscamente.
Respirações pesadas são ouvidas através do telefone. — Elly está
no hospital! — O resto é apenas um ruído abafado com uma palavra que
consigo entender. Ataque.
Meu coração para. — O que? Quem a atacou?
— Sua DII a atacou. — Megan diz sem fôlego. — Frank e eu
estamos a caminho do hospital agora.
— Megan, eu não entendo. O que?
— Ela desmaiou — ela gagueja. Eu posso ouvir o tráfego ao fundo.
— É ruim, Tristan. Isso nunca aconteceu antes. Levaram-na numa
ambulância. Um restaurante aleatório me ligou do telefone dela.
— Ela está acordada? — Eu arranco minha bolsa do armário
superior com tanta força que os passageiros próximos me lançam
olhares sujos. Eu não dou a mínima. Quão ruim é isso? Você pode morrer
de Crohn?
— Não sei. — Sua voz aumenta enquanto ela se esforça para falar
e andar. — Estou quase lá.
— Que hospital? — Eu grito.
— St. George's, Tooting. Ao virar da esquina da nossa casa.
— Vejo você lá.
— Tristan? — ela começa antes de eu desligar. — Eu não sei se
ela iria querer que eu entrasse em contato com você. . . é que não
conhecemos muita gente em Londres. Estou realmente com medo.
— Está tudo bem, Megan — eu digo em um tom mais suave. —
Você fez a coisa certa. Estarei com você em cerca de quarenta minutos.
O mais rápido que puder.
Eles ainda não abriram as portas do avião e estou começando a
agir como um rato enjaulado. Eles precisam se apressar.
Desligo e ligo para George na discagem rápida. — George, esteja
pronto na Chegada. Precisamos ir o mais rápido possível para o hospital
Tooting.
***

ELLY

— Elly, não consigo encontrar uma boa veia neste braço. Deixe-
me tentar sua mão. — A enfermeira inclina minha mão, passando os
dedos pelas veias. Ela tentou tantas que pareço uma viciada em drogas.
Como estou tão desidratada, é impossível enfiar uma agulha nas veias.
— Sim, vou tentar essa.
— Na mão? — Megan choraminga do lado da cama. — Oh Senhor,
eu não posso assistir.
— Você não está ajudando, Megan. — Eu inclino minha cabeça
para longe da enfermeira e para Megan. Também não consigo assistir. A
ideia de uma cânula na minha mão me faz estremecer, como alguém
raspando as unhas em um quadro-negro.
A enfermeira levanta minha mão porque não tenho forças para
fazer isso sozinha. O gotejamento de soro está funcionando, mas não
rápido o suficiente. Eu mal me sinto viva.
Para onde quer que eu olhe, há cânulas penduradas em mim. Eles
inseriram um para me reidratar, outro para tirar amostras de sangue
regulares e agora estão enfiando um terceiro em mim para administrar
um gotejamento de esteroide. O gotejamento de esteroides é para
controlar meu surto de DII.
A cortina farfalha, e o médico que falou comigo quando entrei pela
primeira vez enfia a cabeça por ela. Ele é jovem e atraente, mas não
consigo olhá-lo nos olhos. Não desde que ele realizou um exame anal
com o dedo enquanto conversava. Não é mais um teste de dedo na
bunda, por favor. Nem minha bunda nem meu ego aguentam mais.
— Como você está se sentindo, Elly?
Eu me mexo na cama. — Um pouco melhor — eu minto.
— Eu tenho seu exame de sangue de volta. — Ele estuda o gráfico
em sua mão e sorri com simpatia. — Não é de admirar que você esteja
com tanta dor. Você tem um cólon gravemente inflamado. Vamos
controlar isso, mas esperamos ficar aqui por pelo menos quatro dias.
Você precisa receber infusões de esteroides até que seu exame de
sangue mostre que a inflamação desapareceu.
Quatro dias? Preciso terminar as revisões de contrato que Sophie
me deu em três.
— Voltarei mais tarde para discutir mais com você. Apenas
descanse.
— Obrigada, doutor — Megan ronrona alto enquanto ele fecha a
cortina.
Eu reviraria os olhos se não doesse. Minha cabeça parece que
fiquei presa no deserto por quarenta noites sem água.
— Elly, Tristan acabou de me enviar uma mensagem de volta. —
Seus olhos se arregalam. — Ele está a caminho. Eu sinto muito.
Meu peito aperta dolorosamente.
Não. Ele não pode me ver assim.
Eu penso em fazer uma corrida para isso. Talvez Megan e Frank
pudessem levar minha cama para uma enfermaria diferente. Ou o
necrotério.
Não acredito que a Megan ligou para ele. A última coisa que
preciso é que Tristan me verifique por causa de alguma culpa ou
obrigação equivocada. Talvez ele sinta que tem o dever de cuidar como
chefe ou ex-namorado. Ou talvez ele pense que não tenho mais ninguém
a quem recorrer, como uma ex-namorada patética e carente. É
humilhante.
Eu tenho tubos saindo dos meus braços e do meu nariz. Meu
cabelo está oleoso, meus olhos estão inchados e estou suando por estar
deitada nesta cama. Eu pareço horrível.
Um cólon inflamado não é exatamente excitante, não é? Se alguma
coisa, vai confirmar para ele que ele fez a escolha certa.
— Está tudo bem — eu sussurro para Megan porque não é culpa
dela. Eu não a culpo por entrar em pânico.
Sua visita é apenas mais um item para adicionar à lista de
ansiedade. Minha lista está crescendo.
Meu Crohn está oficialmente fora de controle.
Estou tão inchada quanto um porco barrigudo.
Estou cheia de esteroides, o que significa que amanhã a esta hora
terei um rosto do tamanho e formato de uma lua cheia.
Também significa que ficarei internada por quatro dias e perderei
meus prazos de trabalho.
Minha mãe está tomando medicamentos não prescritos que
podem ser tranquilizantes para cavalos, pelo que sabemos.
Eu acidentalmente droguei o filho do meu namorado.
Fazendo com que eu não tenha namorado.
Há uma taxa de dez libras por dia para assistir TV da minha cama
de hospital.
E por último, mas não menos importante, o enorme buraco que
Tristan deixou em meu coração depois de decidir que eu não era uma
boa opção, afinal.
Não tenho certeza de qual é a ordem de prioridade.
Eu choro quando começo a perder o controle. Lágrimas
silenciosas porque não tenho energia para chorar. Eu não posso ajudar
esta festa de pena.
Eu estou assustada. Estou realmente assustada.
E estressada.
A enfermeira diz para não se estressar; isso vai piorar meu surto.
Ela sabe como é estressante tentar não se estressar?
Megan aperta minha mão.
Eu olho para encontrá-la me olhando preocupada. Frank está
assistindo futebol na TV desperdiçando meu dinheiro.
— Elly — a enfermeira diz gentilmente enquanto espia pela
cortina. — Você tem outro visitante.
Meu coração martela no meu peito. Não estou preparada para isso.
Não agora, no hospital, quando estou no meu nível mais baixo.
Tristan dá um passo para dentro da cortina antes que eu possa
protestar.
Cada parte de mim fica tensa.
— Elly. — Ele me encara, horrorizado. Como se o diabo tivesse
acabado de se materializar na frente dele. Nunca me senti tão pouco
atraente em toda a minha vida. Ele está de jeans e a camiseta que eu o vi
pela primeira vez, em Mykonos, fazendo meu coração partir um pouco
mais.
O ar parado que eu estava segurando é expelido de meus pulmões
em um gargarejo.
Eu encaro de volta, envergonhada e com o coração partido.
Eu nunca quis que ele me visse assim. Meus lábios soltos de vinho
tinto significavam que ele sabia sobre minha DII desde o início, mas eu
contornei e brinquei sobre isso. Eu sabia que ele não entendia o quão
ruim isso poderia ficar. Na verdade, não. A maioria das pessoas não. Um
cara com quem namorei disse que era muita informação quando contei
a ele. Quando tive um surto, John simplesmente ignorou. Eu fiquei longe
e ele me deixou.
Agora Tristan pode vê-lo no seu pior.
— Você não precisa estar aqui — eu digo, mortificada. — Sinto
muito que Megan ligou. Ela apenas entrou em pânico. Está tudo bem,
você pode sair agora.
Sua mandíbula fica tensa enquanto ele examina meu corpo
observando os vários tubos e agulhas. — Eu preciso estar aqui. Preciso
ter certeza de que você está bem, Elly.
Eu encaro seu lindo rosto de partir o coração. Eu odeio como ele
se tornou o mestre das marionetes das minhas emoções.
Megan pigarreia enquanto ela e Frank trocam olhares. — Você
quer que nós…
— Não — eu cortei bruscamente. — Desculpe pelo inconveniente,
Tristan, não havia necessidade de você vir.
Eu me concentro na minha cânula fingindo consertá-la. Não
consigo encontrar seu olhar, não quando sei que meus olhos estão tão
inchados que pareço ter tido uma reação alérgica grave.
— Megan, Frank, vocês podem nos dar um pouco de privacidade,
por favor? — ele pergunta.
— Não precisa, fique — eu digo, implorando a Megan com meus
olhos.
Megan se levanta da cadeira, puxando o braço de Frank. Traidores.
— Estaremos lá fora. — Eles fecham a cortina atrás deles, me prendendo
na baia com cortina azul com Tristan.
Ele se senta na cadeira de plástico que é pequena demais para seu
corpo. Por um momento, ele apenas me encara.
— Você está com dor?
Eu endureço. Eu não preciso de sua pena. — Estou bem. Não sou
mais sua preocupação.
— Agora, você é minha única preocupação.
Eu o encaro de volta, com raiva e mágoa. Ele não tem o direito de
dizer isso para mim. Ele me fez confiar nele. Ele quebrou minhas
barreiras quando eu queria mantê-las. Ele me disse que eu sabia que eu
queria mais. Ele deixou que eu me apaixonasse por ele. Então ele voltou
para sua vida real. A crise da meia-idade do homem rico, o filme.
Sua carranca se aprofunda. — O que aconteceu?
— Eu desmaiei porque estava muito desidratada e com pouco
ferro. — Eu tento manter minha voz firme. — Apenas um surto.
— Um surto que levou você ao hospital — ele murmura. —
Podemos conseguir tratamento particular para você. O convênio da
Madison cobrirá isso. Nós vamos resolver isso. Custe o que custar.
Ele estende a mão para a minha, mas eu a afasto.
Eu sorrio tristemente com seu otimismo ignorante. — O dinheiro
não resolve todos os problemas, Tristan.
— Acredite, eu sei disso, Elly. — Ele agarra a grade de aço da cama
com força, fazendo-a tremer. — Quando você sair, você virá morar
comigo, onde posso cuidar de você.
Que?
Meus olhos se agarram aos dele. — Isso é uma piada de mau gosto?
Quer que eu fique com você e sua ex-mulher? Isso tem a ver com alguma
culpa ridícula que você tem?
Ele se afasta de mim. — O que?
— Eu sei que você mudou Gemina para a casa geminada.
— Você ligou na minha casa?
Eu fico olhando para a TV, ainda mostrando o futebol, então ele
não pode ver as novas lágrimas se formando.
— Elly, Gemina e eu não voltamos a ficar juntos.
Deixei escapar um bufo nada atraente. — Besteira. Esse tempo
todo você me enganou, me contando metade da história. O que eu era?
a substituta ou uma maneira de deixá-la com ciúmes? — Minha voz
finalmente falha.
— Nenhum dos dois — diz ele com força. — Você não poderia
estar mais longe da verdade. Olhe para mim. — Sua mão pega a minha e
desta vez ele não me deixa afastá-la. — Ela queria a casa e eu dei a ela.
Eu me mudei e Daniel e Gemina se mudaram.
Eu forço meu olhar de volta para ele, piscando. — Gemina disse. .
— O que Gemina disse quando eu visitei? Eu estava muito perturbada
para ouvir.
— Não importa o que Gemina disse. Eu estou te dizendo a
verdade. Eu vou te contar a história completa. Qualquer coisa que você
queira saber.
— Você não voltou com ela? — Minha voz está tão baixa que não
tenho certeza se fiz a pergunta em voz alta.
— Não.
— Você está solteiro?
— Não. — Ele franze a testa. — Eu não sou solteiro. Estou contigo.
— Ele respira fundo e esfrega a testa com a mão. — Mas ela deu em cima
de mim e eu. . . quase deixei acontecer. Minhas emoções estavam em
todo lugar.
Eu aperto meus olhos fechados. Não sei por que as palavras dele
doem tanto, já que eu já pensava que eles estavam juntos, mas ouvi-lo
dizer isso em voz alta torna tudo dez vezes pior.
— Sinto muito — diz ele com a voz rouca. — Foi um momento de
má avaliação. Deixe-me consertar.
— Eu sabia que me envolver com você me machucaria muito —
eu choramingo.
— Não precisa.
— Você dormiu com ela?
— Não — diz ele com firmeza. — Absolutamente não. Cheguei
perto de beijá-la, mas parei. Isso é tudo. Deixe-me limpar a lousa. Até
tocar em Gemina foi uma merda. Culpar você pelo que aconteceu com
Daniel foi uma grande merda. Eu não conseguia ver a madeira das
árvores. O medo de perder Daniel me deixou irracional. Eu sinto muito.
— A culpa cruza seu rosto. — O que aconteceu com Daniel não foi culpa
sua, foi minha. Eu deveria estar cuidando do meu próprio filho. Eu me
machuquei e bati em você. Perdoe-me, Elly. Eu não lido bem com o
estresse relacionado ao meu filho.
— Não entendo. Eu pensei que o verdadeiro pai de Daniel fosse
um caso de uma noite. — Ele endurece quando digo real. — Mas eu o vi
no hospital.
Sua cabeça cai, ombros flácidos. — Eu descobri uma coisa algumas
semanas antes de você começar na Madison. Alguns anos atrás, descobri
que Daniel não era meu filho. Eu tinha aceitado isso - não mudava nada.
Enquanto o pai paterno de Daniel não tivesse rosto, eu poderia lidar com
isso. Eu a perdoei e por mais de um ano tentei salvar meu casamento. —
Ele engole em seco. — Mas não foi apenas um caso de uma noite. Gemina
mentiu. Ela vinha tendo um caso intermitente há quatro anos com seu
mentor. O homem que eu a apresentei, para fazer sua carreira progredir.
Ele é o pai biológico.
Eu o encaro por um longo momento. Não é de admirar que ele
esteja tão preocupado com o filho. — Mas agora . . . ela quer você de
volta?
— Aparentemente, sim. Ela não sabe o que quer. Essa é Gemina.
Ela disse que cometeu um erro. Ela quer que sejamos uma família
novamente. É irrelevante. Eu te amo.
Meus lábios tremem ao ouvir as palavras pela primeira vez. Estas
são as palavras que eu desejava ouvir, mas. . . — Gemina sempre terá um
controle sobre você. Você não vai me escolher em vez de Daniel e eu não
espero isso de você também.
— Eu vou resolver isso. Não posso estar com Gemina só para ver
meu filho. Assim como descobriremos como lidar com sua DII. Juntos.
Eu mordo o lábio com força para impedir que meu rosto se
contorça com as lágrimas.
Um sinal toca na recepção, o que significa que temos dez minutos
restantes para o horário de visita.
— Provavelmente é melhor que você. . — Eu começo.
Ele concorda. — Posso te visitar amanhã?
— Não — eu digo em um sussurro forte. — Você não pode entrar
e sair da minha vida sempre que quiser. Preciso de tempo.
Parecendo confuso, Tristan esfrega a nuca. Como se pela primeira
vez ele não tivesse ideia de como lidar com uma situação. Mesmo
quando Daniel teve uma overdose, ele entrou em pânico, mas manteve
o controle. — Vou te dar todo o tempo do mundo.
O silêncio preenche o espaço.
— Onde você está morando? — Eu pergunto.
Seus lábios se contraem. — Em um dos apartamentos elegantes de
Jack. Só até eu comprar em outro lugar.
— Como é?
— As coisas continuam apitando na cozinha. Eles estão fazendo
minha cabeça. Menos para Natalia limpar, então ela está feliz. — Ele
acena com a cabeça para minha bandeja de restos de jantar
compartimentados. — Como está a comida?
Deixei escapar um ronco fraco. — Eles ficaram sem tártaro de
cavalo, então acabei optando pelo guisado de carne.
Quando ele se inclina para beijar minha testa, eu enrijeço, mas não
me afasto.
Ele se inclina tão perto da minha orelha que por um momento
acho que vai beijá-la. — Eu te amo, Elly. Eu me apaixono um pouco mais
por você a cada dia. Não desista de nós.
Um farfalhar do outro lado da cortina me tira do meu torpor.
— Acho que eles estão terminando — ouço Megan sussurrar do
outro lado da cortina.
— Ótimo — murmura Frank. — Porque está quase nos pênaltis.
CAPÍTULO TRINTA E UM

TRISTAN

Elly teve alta do hospital esta tarde. Agora ela tem o resto da
semana de licença médica. Ela ainda está pedindo que eu dê espaço a ela.
Eu deveria receber uma medalha por minha contenção em não bater na
porta dela. Está me matando não ser capaz de vê-la.
Em vez disso, passo meu tempo livre pesquisando maneiras de
controlar a DII. As respostas variam de medicamentos prescritos a
curandeiros, cartomantes e poções mágicas. Ela estava certa, não há
cura mágica, nem solução rápida. Isso levará tempo. Mas é hora de estar
disposto a investir. Especialmente porque isso é tudo culpa minha.
Pelo menos ela me deixou movê-la para um dos apartamentos de
Jack. É perto do hospital em Waterloo, onde ela foi encaminhada como
paciente ambulatorial. Sei que ela deve estar mal se tem tanto medo de
andar de transporte público que engoliu o orgulho e me deixou realocá-
la. Eu menti e disse que o convênio de saúde de Madison cobriria isso.
Megan não precisou ser convencida para se mudar para o
apartamento de cobertura e acho que Elly não teve forças para lutar
contra ela.
Considerando que meus pensamentos estão preocupados com
Elly, estou um pouco arrependido de concordar em levar mamãe para
jantar esta noite, mas já é tarde demais. George foi buscá-la em St. Albans
e está a caminho do meu apartamento.
— Daniel — eu chamo no corredor. — Você está pronto para
jantar com a vovó?
— Quase — ele grita de volta de seu quarto. Eu ando pelo
corredor e bato uma vez na porta, em seguida, abro. Ele está nu, exceto
por uma capa de Superman em volta dos ombros. Puta merda.
— Isso não é o que eu chamaria de quase. — Eu balanço minha
cabeça, abafando uma risada. Eu o deixaria escapar impune do
assassinato azul agora, desde que eu possa vê-lo. Eu tive que implorar a
Gemina. — Você pode se vestir, por favor, com algo sensato? Ela estará
aqui a qualquer momento.
Ele puxa a capa com um floreio e a coloca sobre uma pilha de algo
colorido no chão.
Eu franzo a testa, curvando-me para encontrar um saco de doces
embaixo dele.
— Onde você comprou esses? — Eu pergunto bruscamente. Isso
é muito açúcar para ele.
— Comprei no supermercado — diz ele em voz baixa.
— Eu não comprei para você — eu digo, avaliando o volume. Ele
é permitido um máximo em um dia de tratamento. Gemina também não
o compraria tanto. — Onde você os conseguiu?
Ele morde o lábio nervosamente e abaixa a cabeça.
— Daniel — eu digo calmamente. — Você pegou isso sem me
perguntar?
Ele dá de ombros. — Comprei no supermercado.
Eu respiro fundo. — Você saiu sem pagar por isso?
Ele olha de volta para mim mal-humorado.
— Puta merda — murmuro baixinho. Estou criando um
criminoso. É assim que tudo começa. Em um minuto ele está roubando
salgadinhos açucarados, no próximo está liderando golpes militares. O
que estou fazendo de errado aqui? Isso é normal para uma criança de
sete anos?
— Não te ensinei a não roubar? — Eu corro minha mão sobre a
parte de trás do meu pescoço. — Precisamos ter mais algumas
conversas sobre certo e errado? Amanhã vamos ao supermercado e você
vai explicar o que fez. Então você vai pagar isso de volta do seu dinheiro.
Vovó não vai ficar satisfeita.
Seus olhos se arregalam. — Não conte para a vovó Kane! — ele
grita, debatendo-se com os braços. Eu sabia que isso funcionaria. Vovó
Kane é tão assustadora quanto a Sra. Maguire.
— Esta é a segunda vez que você rouba alguma coisa. — Eu desço
ao nível dele. Talvez precisemos mudar de conselheiro. — Você roubou
os comprimidos da bolsa de Elly. Estou muito desapontado com você.
— Não, eu não fiz! — Ele bate o pé em uma demonstração ridícula
de defesa.
— E agora você mente para mim? — Agora estou realmente
desapontado. — É isso, você não vai à festa de aniversário de Matt no
sábado. Você não me deixa escolha se não pode dizer a verdade.
— Isso não é justo! — ele lamenta, seu rosto ficando vermelho.
Suas pequenas mãos se fecham em punhos. — Eu não roubei as pílulas
de Elly! Elas estavam na casa da mamãe, então não foi roubo.
Eu o encaro, confuso. — O que quer dizer com as encontrou na
casa da mamãe? Elas vieram da bolsa de Elly.
— Não, elas não vieram. — Seu lábio inferior treme com a
injustiça de ser questionado sobre suas ações. Se eu não lidar com isso
com cuidado, será um ataque de raiva total. — Mamãe disse que você
ficaria chateado se soubesse e me disse para dizer sim quando alguém
me perguntasse se eu peguei na bolsa de Elly. Eu queria ver por que
mamãe gostava delas. Estou em apuros?
O sangue escorre do meu rosto.
— Por roubar, sim — eu digo com uma voz comedida, colocando
meu braço em volta de seus ombros. — Não devemos guardar segredos
um do outro, entendeu? Vou explicar isso para sua mãe.
Seus lábios param e ele balança a cabeça.
— Agora vá colocar algumas roupas. A vovó está ansiosa para vê-
lo.
Desço as escadas para que Daniel não veja como estou com raiva
enquanto processo o que ele disse. Tantos pensamentos passam pela
minha cabeça. Que porra? As pílulas eram de Gemina? Todos estão
tomando essas malditas pílulas, menos eu? Gemina está tomando essas
pílulas enquanto cuida de nosso filho? Claro, ela parecia atordoada e
dispersa recentemente, mas ela sempre parece assim.
Os cabelos do meu pescoço se arrepiam. Ela fez meu filho mentir
para mim.
Ela foi longe demais desta vez. A mulher vai me arruinar.
Há um barulho vindo da cozinha, um bipe baixo e incessante que
não consigo localizar. Por um segundo me pergunto se é meu coração
prestes a ceder. O barulho parece vir entre a geladeira e o microondas.
Abro a geladeira, o microondas, o fogão, mexo no purificador de água
inteligente, verifico o sensor da lixeira e desligo a cafeteira.
Nada. Qual é a fonte? O que é essa coisa que pretende me torturar?
— Jack! — Eu berro para o telhado, embora ele não possa me
ouvir.
Entre minha ex-mulher traidora, meu filho criminoso, minha
namorada que não quer mais me ver e este apartamento com seus
aparelhos inteligentes falando comigo, eu tive semanas melhores.

***

ELLY

Olho pela janela do apartamento à beira-rio da minha confortável


poltrona. Estamos em Waterloo, no coração do centro de Londres, com
uma vista panorâmica do London Eye, do Big Ben e das Casas do
Parlamento.
Me sinto como se estivesse morando em um hotel.
Existe uma academia, piscina, sauna, sala de vapor, spa e um
terraço comum. Se você me perguntasse há um ano onde eu achava que
moraria em Londres, eu nunca teria imaginado esse lugar.
Megan pendurou uma de suas pinturas no corredor para ver se
alguém notava. Ela espera que Jack Knight entre, veja a pintura e decida
que precisa delas em todo o mundo. Não posso culpar sua ambição.
É um sonho, mas está contaminado.
Não podemos ficar muito tempo, não importa o quanto Megan
implore. Os esteroides estão funcionando e minha inflamação está
diminuindo, então não há razão para não voltarmos para nossa casa.
Estou usando o serviço de aconselhamento gratuito da Madison.
Desde o surto, tenho estado tão ansiosa. Ansiosa pelo que poderia ter
acontecido e pelo que poderia acontecer no futuro. Tive minha primeira
sessão de aconselhamento ontem. Eu estava tão nervosa que preparei
respostas para as perguntas que pensei que ela faria.
O discurso saiu pela culatra com a primeira pergunta. Eu nem me
lembro o que era. Sua maneira de formular perguntas inocentes parecia
arrancar de mim as emoções mais fortes. Ela me fez chorar em poucos
minutos. Ela também não se concentrou apenas na minha DII, ela se
desviou para um território mais perigoso, como meu relacionamento
com minha mãe e o que aconteceu com Tristan.
Mas saí me sentindo um pouco mais leve e otimista e estou
tentando aplicar algumas das técnicas que ela me ensinou para lidar
com situações estressantes.
Eu não sou uma boa companhia de qualquer maneira agora.
Ironicamente, apesar da falta de companheiros de casa, ainda não estou
dormindo bem. Enquanto estou deitada na cama, visões indesejadas de
Gemina e Tristan inundam minha cabeça. Se eu o aceitar de volta, o que
acontecerá na próxima vez que ela ameaçar levar Daniel embora? Ele vai
dormir com ela? Ela sempre terá um domínio sobre ele.
— Há outra entrega — Megan chama quando ela entra pela porta
da frente. A pobre Megan está cuidando de mim como Florence
Nightingale.
Quando me viro, vejo um enorme buquê de flores violetas escuras.
Ela os cheira. — Elas cheiram bem. O que elas são? Tristan não
sabe que as rosas são sexys? Parece algo que eu colocaria no túmulo da
minha avó.
Eu rio. — Elas são a íris barbada, a flor nacional da Croácia.
Sua boca forma um O. — Doce. Há um cartão. Aqui. — Ela passa o
envelope branco.
Eu o rasgo, com o coração na boca. Está em croata. É muito mal
escrito com erros de digitação divertidos, mas eu entendo a essência.
Elly, estou usando toda a minha força de vontade para não cruzar
Londres e implorar seu perdão. Vai contra o meu caráter não ir atrás do
que mais me importa. Mas eu quero dar a você o espaço que você precisa.
Estou aqui, esperando, quando você estiver pronta. Tristan x
Algo mais está no envelope. Olho confusa para a colher decorativa
de madeira e sorrio quando percebo o que é. É uma antiga tradição
galesa dar ao seu ente querido uma colher de amor como símbolo de sua
afeição.
— Ele está realmente tentando. — Megan olha para mim,
esperançosa. — Ele está atingindo todas as nacionalidades aqui. Quero
dizer, é sentimental, mas Deus ama um trier13.
— Ele é isso. — Eu aceno tristemente. Só não tenho certeza se ele
pode me dar o que preciso.
Meu telefone vibra alto na bancada. Olho para o número que
ilumina a tela. — É ele.
— Pare! — Megan sibila. — Ele sabe que estamos falando sobre
ele? Ele simplesmente liga quando eu entrego as flores para você? Ele
está nos observando? — Ela bate os braços em pânico. — Esses
apartamentos inteligentes são apenas uma forma de nos monitorar,
como o Big Brother!
Reviro os olhos. — Calma, Megan. Ninguém está nos observando.
E se estivessem, logo ficariam entediados de nos ver assistindo
televisão.
— Embora, se Jack Knight quiser me vigiar, eu concordo com isso.
— Ela levanta a blusa mostrando os seios. — Oi, Jack! Se você quiser ver
mais de perto, sinta-se à vontade para vir.
Reviro os olhos. — Acho que todo mundo na London Eye viu isso.
Nós duas olhamos para o telefone enquanto ele continua
zumbindo.
Seus olhos se arregalam. — Ele é persistente.
Antes que eu possa impedi-la, ela responde. — Tristan. Olá, ela
está aqui. — Ela coloca o telefone no viva-voz e o entrega.
Eu estreito meus olhos murmurando — Que diabos — para ela.
— Verifique sua bolsa, Elly — a voz rouca de Tristan exige ao
telefone.

13
Indivíduo que constantemente tenta realizar tarefas diferentes com pouco sucesso.
— O que?
— Verifique sua bolsa — ele repete. — O bolso lateral onde você
escondeu as pílulas de sua mãe. Verifique agora.
Procuro a bolsa na sala de estar, encontrando-a sob uma pilha de
sutiãs de Megan no sofá. Em silêncio, me atrapalho com o zíper e enfio a
mão no bolso lateral.
— Você achou? — ele exige.
Eu olho para o frasco cheio de comprimidos na minha mão,
confusa. — Mas…
— Não foi sua culpa. Sinto muito, Elly — ele diz rispidamente. —
Daniel admitiu que os tirou de Gemina. Ele via sua mãe carregando-os o
tempo todo e queria experimentá-los.
Eu caio de volta no sofá enquanto Megan engasga ao meu lado.
Não foi minha culpa. Eu não causei a overdose de Daniel. A culpa sai dos
meus ombros como um peso pesado.
— Eu te amo, Elly.
Meu rosto se contorce em lágrimas quando desligo.
Megan me observa com os olhos arregalados. — O que você vai
fazer?
Olho para o icônico horizonte de Londres e sei do que preciso. —
Eu estou indo para casa.
CAPÍTULO TRINTA E DOIS

ELLY

Quase uma semana se passou, e é a mais longa que passei em casa


com mamãe desde antes de entrar na universidade. Precisávamos desse
tempo juntas. Ela ficou perturbada quando descobriu que eu estava no
hospital. Quando ela me visitou, percebi o quanto precisava dela e me
lembrei das vezes, quando eu era mais jovem, que ela cuidava de mim
quando eu estava em um surto.
Ficou evidente para mim que ela se importava com a minha vida,
só não me fazia perguntas porque não sabia o que perguntar. Minhas
visitas tornaram-se efêmeras e sempre com um olho no relógio
verificando o trem. Para ser sincera, tratei a volta para casa como uma
tarefa árdua. Assim, as visitas foram ficando mais curtas e as conversas
mais superficiais até que o vínculo entre nós ficou tão tenso que
simplesmente não nos conhecíamos mais como pessoas.
Hoje, passamos a tarde em um spa configurando um perfil online
para ela em um site de namoro sério e vasculhando candidatos
adequados para encontros.
Contei a ela tudo sobre meu trabalho e minha vida em Londres,
sobre os perigos de morar em uma casa compartilhada e como Londres
é cara para um recém-formado. Para minha surpresa, ela pensou que
minha vida em Londres era alta e glamourosa com festas todas as noites.
Revisamos o cronograma de redução gradual do Valium com o
médico e planejamos algo divertido a cada duas semanas como um
marco. Conseguimos que ela me visitasse em Londres (sabe Deus onde
encontrarei um lugar para ela dormir) e reservamos voos para a Croácia.
Falei com Tristan ao telefone uma vez. Ele queria me atualizar
sobre o caso. Acontece que eu estava certa de que havia algo errado com
Maria. Ela conhecia as meninas que foram traficadas. Na verdade, ela era
uma parte instrumental da operação e até recebia uma parte dos lucros.
Se há uma pessoa de quem você não deve esconder informações, é o seu
advogado. E seu anestesiologista. Nada de bom pode vir de qualquer um.
Madison Legal retirou-se do caso e Maria foi enviada em um voo de volta
para a Colômbia, onde será julgada por assassinato e agora por
inúmeras acusações de tráfico sexual. Uma parte de mim fica satisfeita
por ter detectado as anomalias em suas declarações.
Mamãe sugere fazer o caminho mais longo do ponto de ônibus
para casa. Durante toda a tarde, vagamos de sala quente para sala fria,
sauna a vapor, sala de gelo, banho de humor, piscina de mergulho. . . até
parecermos duas ameixas. Eu tinha sido cozida no vapor, esfregada e
embrulhada mais vezes do que um peru sendo preparado para o jantar.
Pela primeira vez desde a maior de todas as crises, sinto-me
pronta para entrar no mundo real novamente. A Madison Legal insistiu
que eu tirasse todas as licenças necessárias, mas quero voltar à
normalidade. Além disso, Megan reclamou que o apartamento era mais
inteligente do que ela e ainda acha que Jack Knight a está espionando.
Eu tive mais duas sessões de aconselhamento e está ajudando
lentamente. Eu dormi melhor esta semana no País de Gales.
Estou surpresa que mamãe tenha sugerido o caminho mais longo
para casa, já que envolve subir uma colina selvagem.
— Tem uma ótima vista. — Ela suspira por ar enquanto subimos.
— Eu precisava de um pouco de ar fresco hoje.
Eu olho para ela em dúvida. Normalmente eu tenho que arrastá-la
morro acima chutando e gritando. Hoje ela parece decidida a seguir esse
caminho, mesmo que isso lhe dê um colapso pulmonar.
A casa aparece, minha casa, como gosto de chamá-la, embora não
tenha direito a ela. Agora tudo sobre isso me lembra as lembranças
felizes daquele fim de semana com Tristan.
O que me deixa triste.
Sinto falta dele. Sinto falta de tudo sobre ele. Velhos impulsos
custam a morrer. Todas as noites ainda penso nele antes de dormir.
Todos os dias ele me envia pequenas mensagens em grego, croata, galês,
gaélico, na maioria das vezes um pouco errado. Mensagens superficiais
me perguntando como foi meu dia ou se o tempo está bom no País de
Gales. Nada mais.
Pelo menos não me sinto mais culpada por drogar seu filho.
Paramos no topo da colina do lado de fora do chalé para que
mamãe recupere o fôlego. Deito-me na grama e fecho os olhos. Eu durmo
tão bem no País de Gales. Longe vão as sirenes de Londres, os bêbados
voltando para casa, os primeiros lixeiros, o trânsito constante, as
raposas transando e os humanos tossindo, espirrando, grunhindo e
roncando. Eu o chamo de CD 'os sons de Londres'. Eu poderia dosar.
— Elly.
Acho que estou imaginando a princípio. Às vezes ouço a voz dele
na minha cabeça.
Mas então uma sombra paira sobre mim e sinto aquele cheiro
familiar que faz meu coração martelar no peito.
— Tristan? — Eu abro meus olhos em choque e dou uma cabeçada
nele.
— Foda-se — ele sibila.
Estou muito surpresa para me desculpar. — O que você está
fazendo aqui?
Mamãe se esgueirou até o jardim do chalé e finge estar fascinada
pelos narcisos.
Ele estende a mão e eu a pego, atordoada, enquanto ele me
levanta.
Ele olha para mim com aquele olhar azul profundo que tem
assombrado meus sonhos todas as noites desde que o conheci. — Não
consigo mais ficar longe, Elly. Está me matando.
Ficamos congelados, olhando um para o outro. Meu coração está
na minha garganta. Apenas uma vez eu o vi parecer tão sério, e foi
quando Daniel teve uma overdose.
— Apenas me ouça — ele exige. — Eu sei que tenho bagagem. Eu
trabalho muitas horas. Eu tenho uma vida amorosa que está espalhada
por toda a internet. Tenho um filho lindo que precisa da maior parte do
meu tempo e uma ex-mulher que me prende o pescoço. Você sempre se
preocupará com a possibilidade de sua carreira ser manchada por
fofocas. Você poderia sair com aquele cara Chris que trabalha para
Danny e não ter toda essa merda. Entendo.
— Quem é Chris? — Mamãe entra na conversa.
Eu olho para ela.
— Mas eu prometo que ninguém vai trabalhar mais para te fazer
feliz e te amar mais do que eu — ele continua, seus olhos fixos nos meus.
— Apenas me dê outra chance.
Eu engulo o caroço duro na minha garganta. — Quando o incidente
com Daniel aconteceu, você simplesmente me largou. Você me excluiu
por dias. Não tenho certeza se posso lidar com o um coração partido
novamente.
Seu rosto cai. — Eu cometi um erro, Elly. Usar isso contra mim
para sempre não ajuda nenhum de nós.
— O que você quer de mim, Tristan?
Ele pega minhas duas mãos nas suas e me puxa contra seu peito.
— Eu quero tudo de você. E eu quero te dar tudo se você me aceitar.
— Por que? — Eu pergunto com tristeza. — Eu vejo as mulheres
que se jogam em você. As das fotos. A maioria delas é um cruzamento
entre Madre Teresa, uma modelo da Victoria's Secret e Einstein.
Modelos. Designers de moda. Mulheres no topo de seu jogo. — E aposto
que nenhuma delas dorme no banheiro algumas noites.
Ele suspira pesadamente e aperta minhas mãos. — Nenhuma
delas é você. Pense no nosso futuro, não no meu passado.
— Eu sou uma estagiária que mora em uma casa compartilhada e
não tem suas coisas sob controle. E fica aleatoriamente doente de vez
em quando. Como sei que você não vai enjoar de mim?
— Você está brincando? — Sua voz ressoa no fundo de sua
garganta. — Eu não tive chance desde o momento em que você pisou na
minha frente naquele bar horrível em Mykonos. Eu amo tudo em você.
Seu senso de aventura. Quão determinada, inteligente e ambiciosa você
é, sua resiliência. Como você sempre encontra o melhor nas situações.
Eu amo como você protege Megan e sua mãe e todos ao seu redor. Eu
amo suas piadas implacáveis que me irritam, pior até do que Jack. Eu
quero construir uma vida com você, se você me deixar. Quero ser seu
cara quando você precisar chegar ao País de Gales em menos de uma
hora. Ou quando você precisa chamar os pesos pesados para se livrar
dos arremessadores de tijolos.
Ele sorri, inclinando-se mais perto. — E você fala sujo comigo em
vários idiomas. Isso é suficiente?
Engulo em seco. Isso é um bom começo.
— Espere um minuto. — Eu me viro para mamãe, que está
fingindo não se apegar a cada palavra. — Você sabia que ele estava vindo
para cá, não é? É a única razão pela qual você subiu a colina.
— Culpada. — Ela sorri. — E essa é a última vez que estou subindo
essa colina, então espero que você o aceite de volta.
— Então? — Tristan pergunta impaciente. — Preciso ficar de
joelhos na grama? Ou devo levá-la para dentro de nossa nova casa de
férias?
Eu franzo a testa, confusa. — O que?
Ele inclina a cabeça na direção da cabana. — Eu comprei isso. Eu
queria que fosse um lugar que pudéssemos desfrutar juntos.
Meu cérebro falha. — Você comprou . . . a casa de campo?
— Sim — ele diz simplesmente. — Eu sei o quanto você amou.
Eu pisco, sem palavras.
— Você sabe que eu não faço as coisas pela metade, Elly. — Ele
segura meu rosto com as mãos. — Eu me comprometi a ter uma casa de
férias perto de sua mãe. Isso tem que contar para alguma coisa.
Estou pasma. — Como você conseguiu a venda tão rapidamente
por meio da transferência?
Ele ri. — É nisso que você está interessada? Típico advogado,
precisando saber de todos os fatos. Se você quer saber, tive que agilizar
com muito esforço. Nós iremos? Você vai me dar outra chance?
Meus olhos se embaçam. — Sim, Tristan — eu sussurro enquanto
ele me puxa para seu corpo. Nossas línguas se encontram, e é
desesperado, febril e terno ao mesmo tempo.
Não por causa da casa de campo. São apenas tijolos e argamassa.
Eu encaro o cara que me envia artigos todos os dias sobre sugestões
sobre como lidar com a DII.
Um sorriso suave se espalha em seu rosto quando ele se afasta
para encontrar meus olhos. Então ele faz uma pausa como se estivesse
se preparando para falar. Ele está nervoso. — Elly, eu gostaria de
perguntar a você. . .
Meus olhos se arregalam. Oh porra. Ele vai propor. Eu não estou
pronta para isso. Eu o amo, mas é muito cedo.
— . . . se eu posso preparar o jantar para você?
Meus olhos disparam para a linha do cabelo. — Você está
cozinhando?
Ele sorri de brincadeira. — Pensei em experimentar uma perna de
cordeiro galesa recheada.
Oh merda, eu vou ter que verificar as comidas para viagem locais,
ele nunca vai acertar isso.
Pego sua mão enquanto ele me conduz pela rua até a casa de
campo.
Parece que cansei de resistir ao Sr. Kane.
***

TRISTAN

UMA SEMANA DEPOIS

Pela primeira vez em mais de uma década, trabalho em casa por


uma semana inteira, no País de Gales. Suspeito que minha equipe de
gerenciamento pense que estou tendo algum tipo de colapso, já que esta
é minha primeira reunião do conselho por telefone.
Mas nada poderia me separar de Elly agora. Ela teve quatro
sessões de aconselhamento, mas ainda está frágil. Aperto a ponta do
meu nariz enquanto tento me concentrar na agenda do conselho, mas
tudo que posso ver é uma Elly de topless flutuando na jacuzzi. Sua
cabeça está inclinada para trás, seus olhos estão fechados e seus braços
estão bem abertos para que aqueles lindos seios possam ser vistos
subindo e descendo. Tenho dez minutos antes do fim da reunião e posso
afundar na água e afundar nela. Meu pau fica duro em antecipação.
— O que resta na agenda? — Eu pergunto impaciente. Como se
Elly sentisse que eu a estava observando, seus olhos se abriram e ela me
deu um sorriso tímido e sexy. Meus dentes travam em meu lábio inferior
em frustração.
— Portanto, temos a conferência global de todos os funcionários
em dois meses. Precisamos pensar em palestrantes principais. —
Rebecca está falando muito devagar. — Tristan, você tem alguém em
mente?
Elly sai da jacuzzi pingando água por todo o deque, exibindo sua
carne rosada raspada. Ela parece tão bonita.
Minha.
Desejando que meu pau se acalme, respondo à pergunta de
Rebecca. — Feliz pela equipe de eventos possuir candidatos de
abastecimento. Vou revisar o conjunto final. — Minhas palavras ficam
presas na minha garganta. É uma resposta de merda. Nenhuma direção.
Elly abre a porta do pátio e caminha decididamente em minha
direção, deixando para trás pegadas molhadas.
Engulo em seco quando ela vem direto para o meu espaço e
pressiona seu peito molhado contra o meu, sorrindo inocentemente
para mim.
— Algo mais? — Eu falo em meu microfone.
— Então, para o evento, faremos sessões temáticas. . . — um dos
meus sócios seniores fala monotonamente sobre o evento para todos os
funcionários. Eu encaro Elly. O que diabos ela está jogando? Agora?
Quando estou na reunião do conselho?
Com um puxão suave, ela remove minha calça e minha cueca.
Minha mandíbula aperta. Ainda bem que não é uma chamada de vídeo.
Meu pau se projeta, alheio à discussão de trabalho que estou tendo
com quinze de meus funcionários. Foda-se, esta mulher vai ser a minha
morte. Espero não ter que tomar nenhuma decisão nesta ligação.
Pegando minha mão, ela desliza dois dos meus dedos
profundamente dentro dela. Droga, isso é bom. Tão molhada. Tão
pronta.
Embora eu esteja tentando seguir o que a equipe está dizendo,
meu cérebro está perdendo a batalha com meu pau.
Com a outra mão ela me empurra para baixo de forma que eu fique
encostado na mesa, agarra meu pau com força e começa a me acariciar.
Golpes longos e furiosos como se ela estivesse com pressa.
Soltei um grunhido estrangulado.
— Tristan? — Rebecca pergunta. — Você disse alguma coisa?
— Apenas algo preso na minha garganta.
Elly abafa uma risadinha e eu dou a ela um olhar severo. Ela
continua a acariciar meu pau como se fosse a coisa mais natural do
mundo a fazer comigo bem no meio de uma reunião do conselho.
Ela solta meus dedos de dentro dela. É isso, fim de jogo. Ela não
tem coragem de ir mais longe. Não minha sensata Elly.
Mas ela estava me atraindo para uma falsa sensação de segurança.
Ela envolve uma de suas pernas em volta do meu quadril e, antes
que eu possa reagir, ela se abre com as mãos, abaixando-se sobre meu
pau latejante.
Um silvo escapa por entre meus dentes cerrados.
— Item final da agenda — diz Simon, chefe de recrutamento,
alheio ao fato de que tenho meu pau enterrado profundamente em Elly.
— Precisamos preencher o cargo de sócio-gerente aberto o mais rápido
possível para cobrir a Oceania. Tristan, temos candidatos alinhados
prontos para a entrevista.
— Bom — resmungo, enquanto Elly cavalga meu pau,
controlando o ritmo com seus quadris. Eu não posso parar isso, mesmo
se eu quisesse.
— Você vai voar para Sydney para as entrevistas finais ou quer
fazê-las remotamente? — Simon pergunta.
— Sim — eu resmungo em resposta, incapaz de completar uma
frase coerente enquanto Elly está me montando como uma cowgirl
enlouquecida.
— Hum, não estou certo sobre qual opção, senhor. Você quer
dizer que está vindo para Sydney?
Elly aperta forte em torno de mim. Estou tão perto. Eu não posso
parar.
Fecho os olhos e agarro a borda da mesa com as duas mãos como
se minha vida dependesse disso.
Foda-me.
— Sim. Eu estou . . . indo— eu chamo em uma voz estrangulada
enquanto todo o meu corpo fica tenso e eu explodo com força dentro
dela em um empurrão final.
Deixei escapar uma respiração irregular. — Terminamos? — eu
rosno.
— Sem mais itens para hoje — Rebecca diz timidamente.
Desligo sem me despedir. Terei que me desculpar mais tarde e
dizer que estou tendo um dia ruim.
— Elly. — Eu a encaro, tentando estabilizar minha respiração. —
Não importa o seu trabalho, se eu não fosse o dono da empresa, você
poderia me fazer ser demitido.
Ela pisca. — Apenas mostrando quem manda.
EPÍLOGO

TRISTAN

UM ANO DEPOIS

— Você está bem, Tristan? Sua testa parece suada.


Não, eu não estou bem, porra. Estou longe de estar bem. Meus
nervos estão em frangalhos e meu batimento cardíaco parece que está
na minha cabeça. Estou surpreso que Elly não pode ouvi-lo através do
fone de ouvido. Não direi isso a Elly, ninguém quer ouvir que seu piloto
está nervoso. Um uísque seria bom agora, mas essa não é a melhor
solução para operar um helicóptero no centro de Londres.
Engraçado, não fiquei nervoso na primeira vez que fiz isso, o que
diz muito.
Respiro fundo e tento me controlar. Devo respirar alto no
microfone porque ela olha para mim novamente, desta vez com mais
cautela.
Agora, estou deixando-a nervosa.
Tenho trinta minutos restantes na rota aprovada pelo controle de
tráfego aéreo. Se Jack, Danny e Charlie não estiverem prontos, vou
queimar um fusível.
— Acho que vamos passar pelo campo de golfe — diz ela
inocentemente. — Danny e Jack podem nos ver!
Eu sei que vamos e sim, eles vão.
Subimos 800 metros sobre a cidade, contemplando os marcos
icônicos da capital. O Shard. O Gherkin. O walkie-talkie. Eles são apenas
tijolos e vidro hoje, não consigo me concentrar neles.
Eu olho para Elly, que está examinando o cenário, alheia ao que
está acontecendo na minha cabeça.
Ela é perfeita.
Meu coração aperta como sempre que olho para ela. Faz apenas
meses, não anos, mas quando você sabe, você sabe.
Alguns meses atrás, nós nos mudamos juntos para uma casinha
pitoresca em Notting Hill. Acontece que não preciso de uma casa de
quatro andares com uma sala de cinema e dois bares quando tenho
minha Elly comigo todas as noites. As pinturas de Megan estão
penduradas no corredor e são a primeira coisa que você vê quando entra
na casa. Foi um adoçante por lhe tirar sua colega de apartamento. Ela só
me cobrou três vezes mais do que o normal desta vez, então eu saí
levemente. Jack deixou que ela guardasse a pintura no saguão de seu
prédio em Waterloo e só teve que pagar o dobro. Acho que ela tem uma
queda.
Daniel fica conosco três dias por semana agora. Acabamos
chegando a um frágil tratado de paz com Gemina alguns meses atrás e é
Elly que devo agradecer por isso. Ela partiu para a estratégia de matá-la
com bondade. Embora elas nunca sejam melhores amigas, Elly
constantemente verificava como ela está e a convidava para almoços
ocasionais. Na verdade, pela primeira vez em anos convidei Gemina para
almoçar na minha casa e todos os talheres permaneceram intactos.
Daniel agora tem dois pais e eu quase aceitei isso. O que mais
importa é a felicidade dele, não a minha, a da Gemina ou do Matias.
— Estamos chegando ao campo de golfe agora — eu digo com um
nó na garganta. Eu me atrapalho com o compartimento lateral para
encontrar a caixa. É isso.
— Eles estão tendo algum tipo de evento na sede do clube? — Ela
semicerra os olhos. — Não consigo enxergar, preciso dos meus óculos.
Pelo amor de Deus. Eu não posso voar mais baixo.
— Oh! — ela chora. — Há uma placa enorme no chão! Como as
bandeiras que você vê voando atrás dos aviões.
Sim, exceto que estamos fazendo o contrário.
— O que diz? — Eu pergunto, usando uma mão nos controles para
pairar sobre o campo de golfe e a outra equilibrando a caixa preta na
minha coxa.
— Uh . . . — Seu nariz enruga enquanto ela tenta entender. —
Alguém está propondo. . . diz: Queres casar ... — Ela para. — Elly — ela
sussurra em seu fone de ouvido. — Quer se casar comigo, Elly.
Essa é a minha deixa.
— Elly, esta é a minha maneira de te surpreender. — Tento não
gaguejar nas palavras. — Eu te amo. Mais do que qualquer pessoa que
eu já amei antes. Quero começar uma família com você. — Faço uma
pausa e levanto a caixa do anel em minha mão suada, abrindo-a. — Elly
Andric, quer se casar comigo?
Suas mãos voam para a boca, então ela solta um grito alto que
agride meus ouvidos através do fone de ouvido.
É isso, é tudo o que ela oferece.
Ela vai responder a maldita pergunta?
Sua boca parece congelada em estado de choque. Merda, ela vai
dizer não?
Posso derrubar o helicóptero se ela fizer isso, acho que meu pobre
coração não aguenta. Talvez eu não tenha pensado bem nessa proposta
romântica.
— Elly? — Estendo o anel, esperando.
Não é tão ostentoso quanto o que comprei para Gemina. Elly e eu
não precisamos falar sobre dinheiro um com o outro. Com a mãe de Elly
de Pašman, a ilha conhecida como a joia verde da Croácia, e meus pais
da Ilha Esmeralda, parecia certo comprar uma pedra preciosa verde.
Preciso que as duas mãos comecem a girar logo, então ela precisa
se decidir. — Você vai apenas me manter esperando?
Seus olhos se fixam nos meus enquanto ela sufoca as lágrimas. —
Sim.
Uma única palavra nunca soou tão bem.
— Sim, eu casarei com você. Oh, vamos, como posso dizer não ao
irresistível Tristan Kane?
***
ELLY

APROXIMADAMENTE UM ANO DEPOIS

— Elly, você está bem? — Megan pergunta, preocupada.


Sinto o toque de mamãe em meu braço. — Relaxe, querida. Respire
fundo. Você vai superar isso.
Você pensaria que elas estavam me treinando para entrar em
trabalho de parto ou cirurgia. Na verdade, este é um dos dias mais felizes
da minha vida, já me disseram. Ou será em retrospectiva. Neste
momento, sinto-me fraca.
Estamos nos degraus da Igreja de São Domingos, uma bela igreja
de estilo gótico em Dubrovnik, Croácia.
Eu tomo algumas respirações profundas. Quando estou tão
nervosa, pode ser de um jeito ou de outro. Um ataque incontrolável de
risos às vezes ocorre. Eu não posso andar pelo corredor rindo. A mãe de
Tristan nunca me perdoaria. A alternativa seria casamento e enterro
juntos, se eu não parar as palpitações.
— Estou bem — digo a mim mesma mais do que a festa nupcial.
Megan e minha amiga Sarah da faculdade são minhas damas de honra.
Mamãe está me entregando. Todas elas parecem incríveis - elegantes,
mas discretas, exatamente como eu queria. Megan e Sarah estão em
elegantes vestidos azul royal até os joelhos.
Estou usando um vestido de noiva simples e esvoaçante. Nenhum
vestido ultrajante, nenhum bling, nenhum strass, nenhuma tenda
enorme ou o oposto - nenhum vestido apertado que eu não possa me
mover livremente no corredor.
— Você está tão linda — Megan fala e por um segundo eu acho
que ela vai chorar. Pode ser o Buck’s fizz que tomamos no café da manhã
para acalmar os nervos.
Eu estou linda. Da cabeça aos pés, todo o meu corpo foi projetado
profissionalmente. A avestruz foi transformada em uma modelo da
Victoria Secret.
— Cabeça erguida, buquê baixo, barriga contraída, contato visual
com a multidão — murmuro. Segurar um buquê não é apenas agarrá-lo
pelo caule. Oh não. Aparentemente, existe um ângulo correto para
posicionar seu buquê para fotos ideais. — Eu vou ficar bem assim que
acabar com isso.
— Você quer dizer a parte mais importante de todo o dia? —
Megan ri. — A cerimônia em que você promete ficar com esse homem
por toda a vida?
— A maldita caminhada — eu guincho. — No momento, prefiro
caminhar sobre brasas.
— Apenas concentre-se em Tristan — mamãe me tranquiliza.
— Preparada? — Padre Murphy me pergunta. Padre Murphy veio
para nos casar. A mãe de Tristan ficou encantada quando descobriu que
eu sou católica. Acho que é o meu principal ponto de venda.
Não.
— Contanto que você não tenha segredos com este homem, você
ficará bem. — Ele pisca.
Que diabos? O que isso significa? Desde quando os padres piscam?
Ele está falando sobre os grandes volumes de rolos de bambu premium
que roubei da Madison Legal?
— Preparada. — Concordo com a cabeça, pegando o braço da
minha mãe. Temos praticado para garantir que nosso ritmo
corresponda.
Padre Murphy abre as portas duplas da capela e a música começa.
A música. A música 'lá vem a noiva' que soa tão surreal quando você é a
noiva.
Ele caminha pelo corredor como se fosse apenas mais um dia no
escritório, seguido por Megan e Sarah.
Lá dentro, todos os nossos amigos e familiares assistem ao cortejo
nupcial.
Agora é minha vez. Meus últimos passos como uma mulher
solteira. Cabeça erguida, confere. Buquê baixo, confere. Barriga
contraída, confere. Controle-se, Elly.
Por favor, Deus. Esta é a sua casa. Faça-me um favor e cuide para
que eu não caia.
Entro na igreja usando sapatos de noiva marfim que não parecem
gastos.
Há um giro de 180 graus de cada cabeça para olhar para mim.
Estou em risco de um ataque de ansiedade total.
Então eu o vejo.
Tristan.
Ele está vestindo um smoking preto tradicional e seu cabelo
ligeiramente ondulado está penteado para trás.
Quando nossos olhos se encontram, é o momento mais intenso e
íntimo da minha vida.
Ele me tira o fôlego. Não apenas por causa de como ele é bonito,
lembrando-me que sou a mulher mais sortuda do mundo.
Mas por causa do jeito que ele está olhando para mim.
Como se eu fosse a única coisa que importa para ele. Como se eu
fosse seu mundo inteiro.
Há sessenta pessoas nos observando, mas somos só nós.
Eu nem me percebo andando pelo corredor; perdi a conta do
número do passo em que estou agora.
A emoção inunda seu rosto.
Controle-se, Elly.
Sophie e Carlie tiram fotos à minha direita. Elas estão ao lado de
alguns dos meus novos colegas da Carson Payne LLP. Terminei meu
contrato de estágio com a Madison Legal e agora sou uma advogada
totalmente qualificada. Eu os convenci a me transferir para a divisão de
direitos humanos para a última etapa do meu treinamento. A Carson
Payne LLP é menor do que a Madison Legal, mas é especializada em
direitos humanos, asilo e proteção internacional em questões de
imigração, que é exatamente onde eu quero estar. Achei que nunca iria
querer sair da Madison Legal. É engraçado como as coisas mudam. Vou
manter meu nome de solteira profissionalmente. A marca Kane pode ser
uma faca de dois gumes quando as pessoas descobrem.
O lado croata da minha família está alguns assentos à frente.
Tristan e eu vamos passar nossa lua de mel viajando pela Croácia
parando em um retiro antes de voltarmos para Londres. É por isso que
tenho tanta certeza sobre esse homem. Ele conhece tudo de mim e ama
tudo de mim.
O lado de Tristan da capela parece uma convenção de bilionários.
A elite de Londres desceu sobre a cidade velha de Dubrovnik, misturada
com seus primos irlandeses que não usam protetor solar suficiente.
Mais acima, Charlie está tentando acalmar um dos gêmeos
enquanto sua mãe apazigua o outro. Danny é o padrinho no altar ao lado
de Tristan. Eles descobriram que teriam um bebê alguns meses depois
que Tristan e eu ficamos juntos, então descobriram que eram dois em
vez de um. Jack e Daniel estão no altar ao lado de Tristan e Danny.
E antes que eu perceba, cheguei ao altar. Mamãe solta meu braço
e Tristan pega minha mão.
— Oi — meu futuro marido diz suavemente.
— Oi. — Minha voz falha.
— Você está pronta para se tornar a Sra. Kane?
— Táim réidh , Sr. Kane — digo em irlandês.
Estou pronta.

FIM

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