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Copyright © Réserver Editora, 2023

Copyright © Maren Moore / R.Holmes, 2021


Todos os direitos reservados Produção Editorial Réserver Editora
Tradução Daniela Alkmim
Revisão Editorial Réserver
Capa Lima Studio Criativo Ilustração de capa Maria Vitoria dos
Santos Diagramação Editorial Réserver
Todos os direitos reservados.
Grafia atualizada segundo Acordo Ortográfico da língua Portuguesa de 1990, que
entrou em vigor no Brasil em 2009.
Os personagens e as situações deste original são reais apenas no universo da ficção; não
se referem a pessoas e fatos concretos e não emitem opinião sobre eles.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, locais, eventos e incidentes
são frutos da imaginação da autora ou usados ficticiamente.
Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, ou eventos reais é mera
coincidência.
Este livro ou qualquer parte dele não pode ser reproduzida ou utilizada de qualquer
forma que seja, sem a permissão expressa por escrito de Maren Moore, exceto para uso de breves
citações incluídas em análises críticas e resenhas.
Sumário
Cap 01
Cap 02
Cap 03
Cap 04
Cap 05
Cap 06
Cap 07
Cap 08
Cap 09
Cap 10
Cap 11
Cap 12
Cap 13
Cap 14
Cap 15
Cap 16
Cap 17
Cap 18
Cap 19
Cap 20
Epílogo
Sobre a autora
Agradecimentos
Para todas as garotas que já amaram alguém em segredo.
Este é para vocês.
Cap 01
Reed
Existem muitas vantagens em ser um jogador profissional de hóquei. Na
verdade, em ser um atleta em geral. Além do dinheiro, da fama e das
recomendações, ganhamos muitos brindes das indústrias esportivas.
Uma dessas vantagens, nesse momento, arrasta sua unha rosa-choque
pelo meu peito enquanto está empoleirada no meu colo.
O nome dela é Elizabeth e, honestamente, estou surpreso por ainda
lembrar. Toda a nossa interação no casamento de Liam e Juliet durou
aproximadamente quinze minutos no box apertado do banheiro e,
definitivamente, sem diálogo ou qualquer conversa em algum momento
depois.
Veja bem, eu sou o tipo de cara que aprecia as coisas boas da vida... sem
todas as complicações que as pessoas parecem acrescentar. Qual o motivo
de dificultar o que está fácil? Tenho vinte e oito anos e vivo meu sonho ao
jogar hóquei em um dos melhores times do país. As mulheres mais bonitas
caem aos meus pés, as fãs me adoram, e ainda tenho minha mãe e minha
irmã Emery. Nada para me prender e ninguém para dar satisfações. E é
exatamente assim que eu quero que seja.
Sério, a vida é boa.
— Alguém já te disse nesta noite que você é a garota mais bonita deste
bar? — Eu falo para a loira peituda no meu colo. Seus lábios carnudos
vermelhos abrem um sorriso largo e confiante. Não é uma mentira, ela é
linda. Mas faz parte do jogo, você diz o que elas querem ouvir e todo
mundo fica feliz.
— É porque eu sou a única garota nesse bar, Reed Davidson. — Ela ri e
joga o cabelo comprido e liso sobre o ombro bronzeado que espreita de seu
vestido sem mangas.
Sorrio descaradamente, revelando a covinha que sempre sela o acordo.
Logo quando vou me inclinar, Briggs, meu melhor amigo, aproxima e se
joga no sofá ao nosso lado. Lanço um olhar que diz "vaza empata foda",
mas Briggs sendo Briggs, não pega a dica.
— Esta noite está uma merda. — Ele murmura. Tem andado pelo bar
embromando com uma cerveja cheia e lamentando como se tivesse perdido
seu filhote de cachorro.
Respiro fundo e cutuco a loira no meu colo, que felizmente entende a
sugestão e volta para seu grupo de amigos, me deixando sozinho com
Briggs.
— Certo, e aí? Está chorando em sua cerveja por quê?
Sua mandíbula aperta com a minha alfinetada, mas ele apenas balança a
cabeça olhando para longe. Independentemente de ser o melhor atacante da
NHL, o cara é dramático e melancólico pra caralho. Acabei aprendendo a
conviver com isso e sacanear com ele a qualquer oportunidade.
— Briggs.
— É só uma merda aí.
Outra resposta blasé. A especialidade de Briggs.
Eu tiro meu telefone do bolso e, sem ler, apago os textos das Maria
Patins que me escrevem toda semana querendo minha companhia. Em vez
disso, vou direto na mensagem de Liam, meu outro melhor amigo. É uma
foto com ele, Juliet e as garotas na praia. Elas posam ao lado de um castelo
de areia tão grande quanto elas, e isso me faz sorrir de verdade. Liam e eu
somos melhores amigos desde quando consigo me lembrar. Jogamos hóquei
juntos até o ano passado, quando ele se tornou o técnico do Avalanche.
Agora que casou com Juliet, ele treina hóquei no ensino médio e sinto falta
de me encontrar com ele e com as meninas como antes.
Eles estão nas Bahamas há mais de uma semana, enquanto eu estou
preso aqui como babá de Briggs. Mal posso esperar as meninas chegarem
em casa e me contarem tudo sobre as férias.
Eu amo aquelas duas atrevidas. Ser o tio Reed delas é uma das melhores
coisas da minha vida. Mas, ser pai? Eu não consigo me enxergar como pai,
marido, ou qualquer coisa parecida. Por mais que eu adore Ari e Ken… Eu
amo devolvê-las para Liam no fim da noite e poder sair com os caras,
assistir a um jogo, aproveitar a vida descompromissada de solteiro.
Sou um solteirão eterno e é exatamente assim que pretendo continuar.
É por isso que Broody Briggs, eu, Asher, Hudson e Graham estamos em
um bar na terça à noite... porque, por que não estaríamos? Somos todos
solteiros, jogadores profissionais de hóquei gostosos, sem ninguém para
voltar para casa. Então, por que não passar o tempo na cidade com algumas
cervejas? Jogamos juntos pelo Chicago Avalanche, e é o melhor trabalho do
planeta.
É verdade quando as pessoas dizem: “faça o que você ama e nunca
trabalhará um dia em sua vida”. Às vezes é difícil acreditar que posso
acordar e jogar hóquei para me sustentar, mas, ao mesmo tempo, reconheço
que ralei muito para estar aqui. Trabalhei de sol a sol para me tornar o
jogador que sou agora.
Para comemorar outro grande treino, hoje decidimos sair para uma noite
de mulheres e bebidas. Exceto que, ultimamente, as coisas estão ... menos
emocionantes, uma vez que Briggs tem que andar na linha ou está fora do
time. Nos últimos seis meses, se envolveu em mais brigas do que eu em
toda a minha carreira no hóquei.
Então, para garantir que ele fique longe de problemas, que não acabe na
frente da câmera de uns paparazzi, ou pior, trancado em uma cela por mais
uma noite, até segunda ordem estou preso como babá.
Jogador de hóquei ou babá de jogador de hóquei? Eis a verdadeira
questão.
O resto da noite passa sem intercorrências, graças ao humor azedo de
Briggs. Asher, Hudson e Graham encontraram uma Maria Patins para cada
e saíram antes da meia-noite, deixando Briggs e eu sozinhos. Portanto
decido encerrar também.
— Eu estou saindo, quer uma carona? — Pergunto a Briggs, que digita
rapidamente no seu telefone.
Ele não me responde, e eu soco o seu ombro para chamar sua atenção.
— Para que isso, porra?
— Cara, você está em um bar e fica grudado no celular a noite toda. Eu
vou embora, precisa de carona?
Ele nega com a cabeça.
— Não, chamo um Uber mais tarde.
— Fique fora de confusão, cara, é sério. Eu não vou pagar fiança para
tirá-lo da prisão e, por favor, pelo amor de Deus, embrulhe esse negócio.
Nós não precisamos de pequenas versões de você patinando por aí. —
Sorrio em provocação.
O cuzão acena com a cabeça sem prestar atenção, com os olhos ainda
focados em seu telefone. Babaca. Bebo o resto da minha Coca-Cola e deixo
a garrafa sobre a mesa com algumas notas que tiro da carteira, e então
caminho para fora do bar. Felizmente somos de casa, e podemos sair pelos
fundos para evitar os fãs e a mídia. Por mais que eu adore ser fotografado,
não sou simpatizante dos paparazzi.
Abro a porta dos fundos do prédio e saio para o ar fresco da noite,
inspirando profundamente antes de caminhar pela calçada para encontrar
minha caminhonete no meio de tantos veículos. Quando estou prestes a
destravá-la, o telefone toca no meu bolso. Pego e vejo que é Holland, a
melhor amiga da minha irmã.
Estranho. Por que ela me ligaria depois da meia-noite?
Deslizo o dedo na tela e atendo:
— Dizem que qualquer ligação depois das dez é um convite para sexo,
sabia?
— Reed? — Ela praticamente grita ao telefone. A música de fundo é tão
alta que mal posso ouvir.
— Holland? O que aconteceu? Sabe que já passou da meia-noite, não é?
Destravo minha caminhonete e pulo dentro, ligando o motor.
— Uh, bem, algo aconteceu. — Suas palavras são abafadas. A conexão
está uma merda, e mal consigo ouvir o que ela diz. — Você pode vir nos
buscar, por favor? Estamos na Sorority Row.
Conheço Holland desde que éramos crianças e ela nunca me pediu para
buscar, nem ela nem Emery em lugar algum, até porque, geralmente elas
usam Uber. Me preocupa que algo tenha acontecido.
— Você e Emery estão em segurança?
— Sim. Emery apenas… bebeu um pouco demais essa noite. — Ela
sussurra.
— Chego aí em dez minutos. Onde vocês estão?
— No banheiro do andar de cima. — Um segundo depois, ouço um
bufo. Ótimo, Emery está bêbada pra caralho. Faço uma anotação mental
para pegar um balde na casa da irmandade.
Rapidamente, coloco o câmbio no Drive e saio do estacionamento em
frente à boate. Ainda bem que estou no centro da cidade, e não em casa,
porque esta viagem levaria o dobro do tempo. Sorority Row fica a apenas
dez minutos do bar.
Meus pneus escalam o meio-fio quando estaciono sem me preocupar em
desligar a caminhonete antes de pular para fora e subir os degraus da casa.
Pelo jeito, há uma grande festa acontecendo e isso ferve o meu sangue. Eu
odeio que minha irmã esteja aqui. Sei exatamente o que isso é, uma festa de
babacas ricos, e eu não quero Emery perto deles. Principalmente porque não
posso ficar de olho nela.
Eu sou um irmão mais velho, processe-me. Sempre fui seu protetor e
não vai ser diferente agora que ela é adulta.
Quando entro na casa vejo, por todos os lugares, pessoas vestidas com
togas e minúsculas lingeries. Antes da NHL, passei muitas noites por aqui,
e sei exatamente do que se trata. É a rush week. A semana mais louca do
ano, onde todos fazem qualquer coisa para serem selecionados para
ingressar. Tem briga, trote, um monte de merda que eles não deveriam fazer.
Resumindo, minha irmãzinha não deveria estar aqui.
Atravesso uma multidão tentando chegar à escada.
Esbarro em um cara de toga que para na minha frente quando estou
prestes a subir.
Droga.
— Puta merda! Você é Reed Davidson, posso ter uma foto, cara?
— Desculpa mano, estou procurando alguém. — Eu o evito, subo os
degraus de dois em dois e sigo pelo corredor até encontrar o banheiro.
Quando abro a última porta à direita, encontro minha irmã sentada na
beirada da banheira, com um sorriso bêbado e rímel escorrendo pelo rosto.
— Oh, é meu irmão, que adorável! — Ela balbucia. — Que diabos você
está fazendo aqui? — Baixa a cabeça nas mãos e geme de forma
irritantemente alta. — Ele sempre estraga a minha diversão.
Bem, caramba, estou ferido. Sinto muito, preciso ser o quase
responsável de nós dois.
— Esta noite foi meio difícil, não foi, Em? — Eu provoco.
Meus olhos se voltam para Holland, que está encostada no armário com
uma expressão preocupada. Eu entendo. Em está muito bêbada e vomitou
por toda parte, mas não é nada que analgésicos e água não resolvam.
Em me olha e sorri. — Bem, um de nós dois tem que se divertir. Nesse
momento você é meio que um desmancha-prazeres.
— Não, maninha, só não gosto de embriagar e vomitar no banheiro
feminino da irmandade.
Ela me mostra o dedo do meio com sua unha preta bem-feita, e solta
uma risada, que rapidamente se transforma em um gemido. — Merda,
minha cabeça. Eu vejo dois de vocês. Por que tem dois de vocês? Eu mal
posso lidar com um.
Holland joga a cabeça para trás e ri, e eu estreito meus olhos para ela e,
em seguida, para Emery.
— Sabe, por ser o cavaleiro de armadura brilhante de vocês, acho que as
duas, com certeza, estão muito atrevidas.
Holland revira os olhos e parece querer dizer alguma coisa, mas, em vez
dela, é Emery quem fala. — Meu namorado babaca da fraternidade
terminou comigo, então nós tomamos muuuitas doses. Muitas e muitas
doses. Eu perdi a conta.
— Graças a Deus, eu pensei que teria que dar uma surra no cara para
me livrar dele.
— Cale a boca. Ele era gente boa... e inteligente.
Eu rio. — Sim, exatamente o seu tipo.
Tenho certeza de que Em está cansada das minhas provocações, mas é
assim que somos. Falamos merda um para o outro como se fosse a nossa
religião. Se Emery não falar besteira comigo todos os dias, eu vou achar
que tem algo errado.
— Então, você quer que eu te ajude a levantar ou planeja dormir aí esta
noite?
— Eu vou me unificar com o chão. — Ela geme.
Eu abaixo e a levanto, e ela fica instável em seus saltos. Jogo meu braço
sobre seu ombro para estabilizá-la.
— Por favor, não vomite na minha caminhonete ou vou deixar você na
beira da estrada.
— Ha-ha, muito engraçado.
Paro de repente e olho para ela.
— Estou falando sério.
Só que não. Eu rio e pego o pano úmido que Holland segura para mim,
e limpo o rosto de Em. Ela está com os olhos fechados e meio esverdeada,
então faço o favor de limpar um pouco da maquiagem borrada e do vômito
seco antes de devolvê-lo a Holland.
Enquanto crescíamos, eu era aquele que Emy procurava quando
precisava de alguém. Nós não tivemos um pai, então ela me teve. Troquei
os seus pneus no ensino médio e bati no cara que a chamou de vagabunda
depois que se recusou a dormir com ele.
Eu sempre fiz tudo o que pude para protegê-la, e é para isso que estou
aqui. Quando éramos crianças, ela me seguia e imitava tudo o que eu fazia.
Aos cinco anos, segurava um taco e patinava ao redor da maioria dos meus
amigos, embora já tivéssemos oito anos e o dobro do seu tamanho. Ela foi
minha sombra durante toda a minha vida e suponho que poderia haver uma
melhor amiga pior do que sua irmã mais nova.
Saímos da casa da fraternidade, descemos a calçada de concreto e,
quando chegamos à minha caminhonete, pego Emery e a coloco no banco
do passageiro.
Ela reclama e geme o tempo todo, como se perdesse a porra de um
membro.
— Nossa, você é dramática.
— Herança de família, eu acho.
Eu rio.
— Basta por hoje. — Coloco o balde, que Holland lembrou de pegar, no
colo de Em e, em seguida, fecho a porta silenciando seus protestos.
Quando termino, olho para a Holland. Seus olhos azul-marinho estão
cheios de diversão às minhas custas, não de Emery. Ela adora nossas
brincadeiras.
Ela envolve os braços no tronco, se abraçando. Pelo amor de Deus, eu
nem percebi que ela usava esse minúsculo top e deve estar congelando. Por
alguma razão, neste momento, me dou conta de que até agora eu nunca... vi
Holland como outra coisa senão a melhor amiga da minha irmãzinha.
Talvez seja porque ela está com uma blusa muito curta, com o maior decote
que eu a vi usar, ou porque a sua saia me faz querer cobri-la para que
ninguém veja o quão curta ela é. Ou poderia ser pela forma como as pernas
dela ficam naqueles saltos. Mesmo que eles tenham uns doze centímetros
de altura, ela ainda está pelo menos quinze centímetros ou mais, mais baixa
do que eu. Seu cabelo longo e loiro desce pelo peito e vai até a cintura.
Foda-se, ela é linda.
Essa é a última coisa em que eu deveria pensar, mas, aí vamos nós. Ela
é a melhor amiga da minha irmã desde sempre. Eu a vi mudar de uma
adolescente enlouquecida por boy band até se tornar... essa linda mulher.
Uma mulher que está tão fora dos limites que até perde a graça.
Que diabos você está pensando, Davidson?
Recomponha-se.
Eu pigarreio.
— Tudo bem para você, dormir em minha casa esta noite? Tenho
certeza de que mamãe não gostaria que eu levasse essa pirralha para a casa
dela, bêbada desse jeito.
Holland acena.
— Sim, posso buscar o meu carro amanhã. Pode me ajudar a entrar na
caminhonete? — Nervosa, ela olha para a saia. — Essa saia e esses sapatos
...
Sim, não dá para imaginá-la entrando sem mostrar para mim e para o
mundo o que está por baixo. Não que eu fosse reclamar agora...
O que? Eu sou um cara.
— Sim, é claro. — Coloco minhas mãos na cintura dela, ignoro a
sensação da pele sedosa sob meu toque, e a coloco no banco traseiro da
caminhonete. Sem olhar para a sua bunda no processo.
Não. Definitivamente não. Eu não faria isso. Palavra de escoteiro.
— Foda-se. — Eu murmuro para mim. É difícil. É óbvio que eu deveria
ter levado uma Maria Patins para casa, já que de repente resolvi cobiçar a
melhor amiga da minha irmãzinha.
Deve ser apenas um acaso infeliz em uma noite de folga.
Definitivamente.
Em adormece antes mesmo de me afastar do meio-fio. Ela cai
desajeitadamente contra a janela, e baba se acumula no canto de sua boca.
Eu deveria tirar uma foto para torturá-la depois.
Sorrio com o pensamento.
Durante todo o caminho de volta para casa, me obrigo a focar na estrada
e não arrastar meus olhos para o retrovisor onde vejo Holland sentada no
banco de trás, diretamente na minha linha de visão.
Eu só roubei alguns olhares e achei que ela não tinha notado, até que
nossas vistas se conectaram no espelho e uma coisa... diferente passou pelo
nosso olhar.
Porra, o que está acontecendo?
Afastando os olhos dela, me atrapalho com o rádio e aumento o volume
para me distrair durante o resto do caminho. Assim que paro na garagem,
Emery é lançada para frente e rapidamente abre os olhos.
— O que aconteceu? O que eu perdi?
Holland morre de rir com a explosão repentina, e então Emy se recosta
no banco e solta um ronco suave.
— Não vou reivindicá-la. — Eu murmuro ao descer da caminhonete, e
abrir a porta para Holland. Ela segura na minha mão e eu a ajudo sair
depois dou a volta para pegar Em. É muito difícil entrar em casa e subir as
escadas com ela, mas graças aos deuses, Holland assume assim que
chegamos ao quarto de hóspedes.
Elas desaparecem pela porta e eu vou para o meu quarto. Tomo um
banho ultrarrápido, coloco uma calça de moletom cinza e uma camiseta
preta desbotada, depois volto pelo corredor. Holland está encostada na
parede ao lado da porta, rolando a tela do seu telefone. Ela tirou os saltos e
agora está descalça.
— Ei, uh, você precisa de algo para dormir? Eu tenho camisa e boxers,
posso trazer para você?
Ela dá um salto, claramente assustada. — Puta merda, não vi você se
aproximar. Sim, seria ótimo.
Aceno com a cabeça, vou ao meu quarto pegar uma camisa velha de
hóquei e uma cueca boxer. Provavelmente desde o ensino médio, esta é a
primeira vez que durmo na mesma casa que Holland e com certeza, a
sensação não é a mesma.
Faço o caminho de volta e entrego as roupas para ela, que sorri
timidamente antes de pegá-las.
— O chuveiro fica ali. Se precisar de alguma coisa é só me avisar.
— Obrigada, Reed. Por nos deixar ficar aqui, e também por nos pegar.
Eu dou de ombros. — Não foi nada. Prefiro ir buscar, do que vocês duas
voltarem para casa de Uber, quando Em mal consegue manter a cabeça
erguida. Fiquei feliz por você ter lembrado de ligar para mim. Noite,
Holland.
— Boa noite.
Volto para o meu quarto, ouço a porta do banheiro de hóspedes fechar
atrás de mim e a água abrir. E agora, o que definitivamente eu não vou
fazer? Pensar sobre ela nua do outro lado daquela porta.
Isso é o que digo a mim mesmo pelas próximas duas horas, enquanto
me viro e reviro de um lado para o outro, totalmente sem sono. Coloco meu
travesseiro sobre a cabeça e gemo. Por fim, simplesmente desisto.
Foda-se. Quando você não consegue dormir… o remédio é sempre
cereal.
Não diga isso ao meu técnico e, definitivamente, não ao meu treinador.
Açúcar cura qualquer coisa. Especialmente com doses elevadas de Captain
Crunch.
Contudo, esse é o meu segredo.
Empurro o cobertor e abro a porta silenciosamente, com cuidado para
não acordar Em e Holl, e sigo pelo corredor até a cozinha na ponta dos pés.
Na despensa, pego uma tigela, a caixa de cereal e abro a geladeira para
pegar o leite.
— Reed? — Uma voz sussurrada vem atrás de mim e me assusta tanto
que o leite voa pela ilha, faz um barulho de líquido derramando e forma
uma poça ao redor da caixa agora arrebentada.
Droga.
Holland me encara com olhos arregalados. Seu cabelo está solto e
bagunçado, obviamente desgrenhado pelo sono.
— Puta merda, Holland, você me assustou pra caralho! — Eu
resmungo. Meu coração ainda está disparado no meu peito.
Droga Reed, você está se tornando um maricas.
Ela ri, baixinho a princípio, colocando a mão na boca ao ver o leite
derramado no chão.
— Sinto... mui-to. — Ela diz no meio de uma risada. Atravesso a
cozinha até onde ela e o leite estão, pego uma toalha do balcão e abaixo
para limpar.
Então sua risada para, um silvo agudo toma seu lugar e, quando eu olho
para cima e vejo suas coxas grossas retribuindo o meu olhar, percebo o que
ela está vestindo...
Nada além da minha camiseta e foda-se, nada nunca pareceu tão bom. A
camisa escura bate no meio da coxa, cobrindo todas as coisas boas, mas
ainda deixando o suficiente para a minha imaginação concluir.
Limpo a garganta e me levanto abruptamente para não ficar
desconfortável, e ela dá um passo para trás.
— Merda, me desculpe Holland, eu não notei.
— Não, está tudo bem. Eu sinto muito.
Nós dois falamos ao mesmo tempo.
— Uh, às vezes, quando não consigo dormir... como uma tigela de ...
Antes que eu possa terminar, ela diz:
— Cereal?
Sorrio.
— Você lembra?
Ela acena com a cabeça e sorri levemente. — Você acordava o tempo
todo só para comer Captain Crunch. Em determinado momento, Em
começo a chamá-lo de "Capitão" pelas costas.
— Ela faria isso. Acho que ela trouxe a tradição para a vida adulta.
Longe de ser divertido, no entanto, até porque eu me esgueirava para comer
no meio da noite.
Minha esperança de cereal foi embora, desde que o meu único leite está
em uma poça no chão. Mas, de repente, eu não lamento por isso ter
acontecido.
— Então, parece que não haverá Captain Crunch esta noite, mas
tenho… Pop Tarts. — Eu ofereço. Para um atleta profissional,
provavelmente não deveria ter tanto açúcar na minha cozinha, mas
mantenho meu corpo na melhor condição possível, por isso geralmente não
se torna um problema.
Pego na despensa um Pop Tart para nós dois e guardo a caixa
novamente. Nesse momento ela está sentada no balcão, com a mão
apoiando o queixo. Nem um pingo de maquiagem e caramba, ela é linda. E
pela segunda vez esta noite, embora eu saiba que não deveria, percebo em
que mulherão ela se transformou.
De alguma forma, eu não notei. Eu nunca me permiti observar.
Provavelmente não deveria agora, mas eu permito.
E assim vai o resto da noite, jogando conversa fora com Holland,
comendo Pop Tart e, pela primeira vez, vejo que posso estar realmente na
merda.
Cap 02
Reed
Acordo com o meu telefone vibrando. Nem ao menos tento abrir os
olhos quando estendo a mão e tateio cegamente no meu criado tentando
encontrá-lo. Quando enfim o alcanço, abro um olho, vejo o nome de Briggs
na tela e gemo.
Droga, Briggs. Deslizo meu polegar para atender:
— É melhor você estar morrendo ou na cadeia. — Minha voz está meio
abafada porque estou deitado de bruços.
— Por que diabos você não atendeu o telefone?
Eu olho para os números azuis que brilham no meu despertador. Quatro
e trinta e seis.
Que porra?
— Bem, imbecil, são apenas quatro e meia da manhã, então, como uma
pessoa normal, eu estava dormindo. Por que você está acordado?
— Sua mãe me ligou.
Com essa declaração eu me levanto.
— O que? Por que minha mãe ligaria para você? Porra, eu dormi tão
pesado que só ouvi o telefone agora.
— Não sei cara, ela disse que é importante e que não conseguiu falar
com você. Ligue para ela agora.
Merda, merda, merda. Minha mente vai imediatamente para Emery.
Depois do que ela passou nos últimos dias, espero que esteja bem.
— Porra, tudo bem. Obrigado.
Eu me sento por um segundo para me orientar. Dormi pesado pra
caralho depois de um cansativo treino extra. Hoje, cada músculo do meu
corpo dói ainda mais do que o normal. Disco o número da minha mãe e ela
atende ao primeiro toque.
— Reed. Graças a Deus! — Ela inspira.
Corro minha mão pelo cabelo, ainda tentando acordar.
— Sim, mãe e aí? Tudo bem? Estamos no meio da noite.
— Eu acabei de receber uma ligação do seu pai.
Desconforto sobe pela minha espinha com a menção de Robert. Eu e
Emery não o vemos desde os meus oito anos e, dizer que ele é um assunto
delicado é eufemismo, um tópico que geralmente não abordamos. Não
imagino um motivo para ele querer falar comigo, especialmente às quatro
da manhã.
— Por que Robert te ligou no meio da noite? — Basta falar o nome dele
para minha boca ficar amarga.
— Eu não tenho certeza querido, ele não me contou. Disse que é um
assunto de extrema urgência. E, por favor, ligue o mais rápido possível.
— Não faz sentido. Ele nunca tentou entrar em contato antes. Tem algo
a me dizer agora? Ou quer colocar um ponto final, mãe?
Ouço a hesitação em sua voz.
— Eu sei meu amor. Sei que você nutre muitos sentimentos ruins por
ele, mas sinto que algo está errado. Fui casada com ele por muito tempo e
notei em sua voz. Não estou dizendo que você tem que ligar para ele. Essa
decisão é totalmente sua, mas acho que se não fosse importante ele não me
pediria para entrar em contato com você.
Eu arrasto minha mão pelo rosto. A letargia do sono finalmente passou,
e agora meu coração bate como uma marreta. Não falo com Robert há anos.
Desde que era criança. No entanto, a traição e a dor do seu abandono ainda
parecem recentes. A ideia de falar com ele faz o medo se formar no meu
estômago. Por que agora?
O que aconteceu para ele solicitar esta ligação? Desespero sobe pela
minha garganta até ficar difícil engolir.
— Não sei se consigo falar com ele, mãe, não depois de tudo. Depois de
ele nos deixar.
— Eu sei querido, eu… eu senti a dor e o pânico no seu tom. Já faz
muito tempo, mas eu o conheço.
Eu suspiro, mal respirando. A última coisa que eu esperava ao ligar para
ela, era ouvir isso. A ansiedade aperta o meu peito.
— Me manda o número dele por mensagem? Eu vou tentar. Uma vez.
Obrigado, mãe.
— Amo você, querido. — Ela diz suavemente. — Nunca se esqueça.
Neste momento, eu gostaria de estar com ela. Não consigo imaginar o
sentimento dela ao falar com ele pela primeira vez desde que nos deixou.
Tenho certeza de que suas velhas feridas se abriram, assim como as minhas.
Terminamos a ligação e, poucos segundos depois, meu telefone apita
com o número.
Ele é intimidante. É grande, vigoroso, e me causa uma raiva familiar e
afiada que embrulha o meu estômago, mas eu a afasto. Aperto os dígitos e
espero o telefone tocar.
— Alô? — O barítono profundo das lembranças da minha infância sai
do alto-falante, aquele que tantas vezes desejei ter esquecido.
Porra, me atinge direto no peito.
Limpo a garganta obstruída de emoção. Dor, tristeza, arrependimento.
São tantos sentimentos que não consigo separar.
— É Reed.
Ele exala alto, como se esperasse a minha ligação.
— Reed… filho.
— Não me chame de seu filho. — Eu o corto. Levanto da cama e
começo a andar de um lado para o outro no quarto. Desesperado para
descobrir uma maneira de acabar com a ansiedade que ameaça fechar minha
garganta de vez.
Foda-se, não estou preparado para lidar, sem aviso prévio, com um
problema que não consigo resolver.
— Sinto muito. Eu precisava dos seus dados para passar para Crianças e
Serviços Familiares. — Ele tosse do outro lado da linha, me interrompendo.
Tento me recompor, me acalmar. Mas não funciona muito bem.
— Por que o DCSF precisaria entrar em contato comigo? — Minha
raiva se transforma em incerteza.
— Eu não sei como dizer, Reed. — Ele chora baixinho do outro lado da
linha. — Sua irmã, Amelia, e o marido, Adam, foram mortos esta manhã
em um assalto em Nova Iorque. Eles têm um filho, Evan. — A voz de
Robert falha ao falar. Parece irreal ouvir a emoção em sua voz, ouvi-lo tão
abalado, embora, logicamente tenha acabado de perder a filha.
Amelia está... morta? Minha meia-irmã, que só encontrei duas vezes
brevemente, está... morta. O choque me atinge com força total. Eu sabia que
algo estava errado para Robert me procurar pela primeira vez em vinte
anos, mas não esperava por isso.
Uma parte de mim está triste. Triste porque a vida da minha irmã
acabou tragicamente, que seu filho terá que crescer sem mãe, e por não ter a
oportunidade de conhecê-la de verdade. Por causa do nosso pai, nunca
tivemos um relacionamento e esse é um arrependimento que vou ter que
carregar. Eu poderia tê-la procurado, deixar o passado de lado e tentar fazer
as pazes com ela. Mas agora é muito tarde.
Merda, Evan... meu sobrinho. Deus, eu tenho a porra de um sobrinho.
Eu nem sabia da sua existência.
— O garoto estava lá? Ele está bem? — Eu pergunto.
— Evan estava com a babá quando aconteceu.
É muito para processar, minha cabeça gira. Aperto os olhos, tentando
respirar. Não consigo me lembrar da última vez que me senti assim.
Minha irmã está morta.
E por causa dos problemas com nosso pai, não tive a chance de
conhecê-la.
— O que isto significa? O que eu devo fazer?
Robert pausa.
— Eu.... Eu tenho câncer, Reed. Não vou adoçar. Legalmente, Evan se
tornaria meu, mas estou morrendo e sou incapaz de me tornar o seu tutor.
Tenho câncer de pulmão em estágio quatro.
A ironia de suas palavras não me passa despercebida. Como se ele não
fosse adequado para ser nosso pai? Então ele foi embora quando acabou a
diversão para ele. Emery era mais nova quando ele partiu, por isso não tem
tanto ressentimento quanto eu. Ela mal se lembra dele. Mas eu lembro.
Lembro do meu pai indo embora e do meu sentimento de traição quando ele
encontrou outra esposa e teve outra criança depois de abandonar seus dois
filhos. Imagine acordar na manhã de Natal, sabendo que seu pai está com
sua nova família, e você é apenas uma reflexão tardia. Ele nunca ligou.
Nunca enviou cartas. Desde que foi embora, nunca tentou nos ver de novo.
A escolha dele foi bem clara.
Passei a vida inteira me perguntando o que fiz de errado, o que poderia
ter feito para o meu pai ficar. Para ele querer a sua família. Para ele me
querer.
Quando adulto, finalmente percebi que os problemas eram de Robert.
Passei anos lidando com o trauma fodido que ele deixou para trás.
Agora ele está morrendo. Câncer. Pode parecer frio estar tão indiferente,
mas a verdade é que sofri a perda de meu pai há muito tempo. Isso não quer
dizer que a dor não apareça em algum lugar lá no fundo, apenas significa
que não posso sentir falta de alguém que morreu para mim desde que eu
tinha oito anos.
— Lamento ouvir isso. — Eu murmuro. Não confio em mim para dizer
mais nada agora. As emoções são fortes e, a cada segundo, fica mais difícil
de engolir.
Queria ter evitado essa conversa. Queria que a morte de minha irmã não
fosse a única razão para o meu pai entrar em contato. Acima de tudo,
gostaria que ele percebesse seus erros e tentasse consertá-los antes de estar
em seu leito de morte. Se não fosse por mim, que fosse por Emy.
— Minha…. Minha esposa faleceu de câncer de mama há três anos. Era
mãe de Amelia, e não há mais ninguém além de você e Emery. Você é o
mais velho, portanto a escolha será sua. O DCSF entrará em contato com
você, Reed. Eu mesmo quis lhe dar a notícia. — Ele faz uma pausa e o ouço
fungar baixinho. — Sinto muito por não ter agido bem com você e com sua
irmã, Reed. Cometi muitos erros na minha vida, e machucar vocês dois foi
o maior deles. Eu sinto muito.
Com isso, um barulho vem do meu telefone. Quando olho para a tela
brilhante, a chamada se encerra e encaro uma tela em branco.
Ainda estou em choque, sem acreditar que minha irmã morreu e que
acabei de falar com Robert pela primeira vez em vinte anos. Entro na
cozinha, acendo a luz que a ilumina juntamente com a sala de jantar em
conceito aberto, pego um Gatorade na geladeira e bebo de um só gole.
Não alivia em nada o caroço ainda alojado em minha garganta.
Meu telefone toca novamente, mas desta vez o identificador de
chamadas diz que é de Nova Iorque.
— Alô?
— Sr. Davidson? — Pergunta uma mulher. Sua voz é rouca e áspera,
como se ela fumasse um maço de cigarros por dia nos últimos trinta anos.
— Sim?
— Aqui é Connie, do Departamento de Crianças e Serviços Familiares
da cidade de Nova Iorque. Lamento ter que ligar tão cedo, mas há uma
emergência. Amelia e Adam Farley faleceram esta noite, deixando o filho
deles, Evan. No momento, ele está sob custódia do DCSF, mas estamos
entrando em contato para um posicionamento. Você é o familiar mais
próximo de Amelia, já que seu marido Adam não tinha parentes vivos que
possamos localizar. Pelo que entendi, ele também foi uma criança do
sistema de adoção.
Minha garganta seca.
— Certo. Eu acabei de falar com Robert. Ele está bem?
— No momento, sim. Ele tem apenas três anos, então não sabe
exatamente o que está acontecendo. O que pode ser tanto uma benção
quanto uma maldição. Sr. Davidson, sinto muito por sua perda. Falei com
seu pai e foi determinado que, por estar em estado terminal, ele não é capaz
de cuidar de Evan. Se o parente mais próximo não for um cuidador capaz,
seguimos para o próximo na fila. Sempre procuramos os familiares
disponíveis e tentamos colocar o menor no lar mais estável e adequado
possível. Parece que, como tio, você é o próximo da fila. Você tem a opção
de aceitar ou recusar a responsabilidade.
Puta. Merda. Isso não pode estar acontecendo. O suor se forma em
minha testa, e eu o limpo com as costas da mão. A cozinha gira ao meu
redor, e, congelado no lugar, agarro o balcão. A merda ficou muito mais
real com este telefonema.
— Mas, e-eu... eu nem mesmo conheci essa criança. Eu nem soube da
existência dele até dez minutos atrás.
Connie faz uma pausa e ouço o barulho do movimento dos papéis ao
fundo.
— Eu entendo, mas além do Sr. Davidson, você é o único parente
estável da criança. Se você recusar a ficar com Evan, ele estará sob a
custódia do estado e irá para um orfanato. Parece que sua irmã Emery não
tem condições financeiras para cuidar dele, o que significa que não há outra
opção.
Enquanto ouço tudo o que a mulher diz, meu cérebro se recusa a
processar. Em vez disso, meu estômago se contrai em um nó. O suor
escorre pela minha testa enquanto minha mão suada luta para segurar o
telefone.
— A escolha é sua, Sr. Davidson, mas, por favor, entenda as tristes
circunstâncias. Você é a única opção dele.
— Senhora, estou ouvindo o que está dizendo. Alto e claro. Eu só... tem
que haver alguém mais para ficar com ele. A família do marido da minha
irmã? A mãe dela?
— Além do seu pai e sua irmã, você é o único parente vivo. Nós não
podemos colocar uma criança em um lar temporário com um doente
terminal. Ou com um tutor que mora com alguém e não tem emprego
remunerado. Evan ficará sob os cuidados do estado esta noite, mas
precisaremos de uma resposta dentro de vinte e quatro horas, Sr. Davidson.
Sei que é muita coisa para processar e peço desculpas por ter que dar a
notícia, mas é meu trabalho garantir que ele tenha um lugar seguro agora
que seus pais faleceram. Você tem o meu número, por favor me ligue assim
que tomar sua decisão.
Murmuro um obrigado hesitante e coloco meu telefone no balcão.
Eu não posso acreditar nisso. Em nada disso. Amelia e Robert mortos,
Evan…. Tudo parece irreal.
Tenho a sensação de que este telefonema acabou de mudar o resto da
minha vida. Foda-se.
Cap 03
Reed
A casa da minha mãe é a minha primeira parada. Não posso tomar uma
decisão dessas sem a opinião dela e de Emery. Eu gostaria de poder dizer
que é uma escolha fácil. Provavelmente me tornaria um homem melhor. O
tipo de homem que nem precisaria pensar para uma resolução dessas. Um
altruísta que acolheria o filho de sua falecida irmã, mesmo sem nunca o ter
conhecido.
A mesma irmã de quem ele se afastou e que, provavelmente, seria a
última pessoa para quem ela gostaria de entregar seu filho. Como ela
poderia? Ela não me conhecia. Encontrar alguém, por duas vezes, em uma
cafeteria não é tempo suficiente para construir um relacionamento. Para
avaliar o tipo de homem que eu sou, ou o homem que eu era naquela época.
Além de tudo, não sei o que diabos fazer com uma criança. Quero dizer,
é claro que às vezes levo as meninas ao parque e as coloco na cama para
Liam. Mas ser o Tio Reed é muito diferente de ter a responsabilidade total
de ter um filho. Ser pai significa que você, e somente você, seja responsável
por seu filho se tornar um ser humano decente ou não, e se essa não é a
maior pressão da porra do mundo, não sei o que é.
Por isso, pelas últimas três horas revisei todos os cenários possíveis em
minha cabeça. Não sou o tipo de cara que toma uma decisão precipitada
sabendo que a vida de uma criança está em jogo... honestamente, isso está
fodendo com a minha cabeça.
E se eu errar? E se eu for o pior pai de todos os tempos... como meu
pai? E se eu me tornar exatamente o que mais odeio nele? Alguém que foge
ao primeiro indício de problema. Que não estava pronto para a
responsabilidade de ser pai?
Não é como um cachorro que eu possa devolver a qualquer abrigo de
onde o tenha adotado.
É uma criança. Uma criança viva, que respira e que dependeria de mim
para sobreviver. Para crescer, se transformar em um homem e aprender
todas as coisas que minha mãe me ensinou.
Isso vai mudar o resto da minha vida.
Duas opções: sim ou não.
Qualquer uma delas determinará a trajetória do meu futuro. E dele.
— Sei que não é fácil para você, querido. Mas, se serve de consolo,
acho que você seria incrível ... em ser o tutor dele. Mamãe olha para mim e
sorri levemente. Estou sentado entre ela e Emery em um sofá que está
cedendo com o nosso peso.
Minha mãe é assim. Não importa que eu seja um jogador profissional de
hóquei com um contrato de vários milhões de dólares e possa substituir esta
casa inteira e mais algumas para ela. Ela diz que memórias foram criadas
neste sofá velho e desgastado, junto com o restante de sua pequena casa em
estilo chalé onde passei minha infância. Ao crescermos, nós não tínhamos
muito. Não depois que Robert foi embora.
Claro, ele pagava pensão alimentícia para mamãe e isso ajudava, mas
criar dois filhos, pagar a hipoteca, as contas, um financiamento de veículo...
era muito para ela. Sem mencionar o fato de que eu sempre precisava de
novos equipamentos, e Emery fazia aula de dança, participava da torcida
organizada e de cinquenta outras atividades extracurriculares. Não
importava; minha mãe, de alguma forma, encontrava uma maneira e nunca
nos deixava saber sobre as suas dificuldades. Não até ficarmos mais velhos.
Agora, olhando para trás, percebo que havia linhas de preocupação nos
cantos de seus olhos enquanto ela gastava dinheiro com coisas que
realmente não tinha condições de pagar. Tudo por nós. Eu quero dar mundo
para ela, porque se sacrificou abnegadamente por nós.
— Mãe, eu não entendo nada de crianças. Como posso ser responsável
por uma sem saber nada sobre elas? E o hóquei? Quer dizer, merda, eu
moro em uma casa que não tem um pingo de segurança para crianças. Ele
mal tem três anos, crianças da idade dele precisam ser protegidas, certo?
Emery ri, me dando uma cotovelada.
— Você é basicamente uma criança, Reed, como vai criar outra?
— Obrigado Em. Me sinto ainda melhor agora.
— Oh, fica quieta, Emery! — Mamãe repreende. — Reed, eu sei do que
você tem medo. E eu quero que você tire isso da cabeça.
— Impossível.
— Isso é possível. Você não parece em nada com ele. — Ela pega a
minha mão com uma das suas, e traz a outra para a minha bochecha. —
Você é um homem bom. Eu sei por que te criei dessa forma. Além de ter o
maior coração de todos, você também é gentil, compassivo e altruísta.
— Mãe, pare antes que ele fique com o ego ainda maior. — Em
murmura.
Eu rio.
Permito que Emery me faça rir em uma situação como essa. Embora
estar cercado por ela e minha mãe me faça sentir menos... sei lá, sozinho ao
ter que decidir algo dessa magnitude. Emery e eu não tivemos um pai
enquanto crescíamos, mas tivemos mamãe, que é a mulher mais esforçada
que já conheci.
— Eu só não quero que você permita que ele influencie a sua decisão,
apesar do passado. Olha, querido, eu perdoei seu pai há muito tempo.
Eu começo a falar, mas ela levanta a mão, me impedindo.
— Eu não estou pedindo para você fazer o mesmo. Reed, eu carregava
tanta raiva, ódio e dor dentro do meu coração que me fazia mal. Não para
ele, para mim. Eu tive que aprender a relevar e a seguir em frente, ou nunca
me livraria daqueles sentimentos que cultivava. Finalmente percebi que,
mesmo que tenha sido ele a ir embora, foi ele quem perdeu. Perdeu a
oportunidade de ver vocês dois se tornarem os adultos incríveis que são
agora.
Merda, alguém está cortando cebolas por aqui?
— Decida pelo seu coração, Reed. Não permita que seus sentimentos
em relação ao seu pai o afetem. Ele não merece ter nenhuma participação
nisso. E independente do que você escolher… estarei aqui para apoiá-lo.

***

Depois de deixar mamãe e Emery, vou direto para a casa de Liam. Se


tem alguém que pode me dar um bom conselho, é ele. É o meu melhor
amigo desde a convocação e esteve ao meu lado em todos os momentos
importantes da minha vida, assim como eu estive ao lado ele.
Eu estaciono minha caminhonete na garagem, e saio em direção à sua
casa. Antes mesmo de eu chegar à porta da frente, ela se abre e minhas
garotas correm pela entrada da garagem com tiaras de princesa, camisolas
rosa com babados e seus chinelos do Olaf.
— Tio Reed! Você está aqui! — Ari grita.
Kennedy se joga em meus braços e aperta meu pescoço com tanta força
que não consigo respirar.
— Como estão as minhas garotas?
— Juliet pintou nossas unhas e agora temos que ir para a cama, mas eu
estou com muitas saudades de você.
Ari abraça minha perna, coloca seus pés nos meus, e eu nos conduzo
pela garagem enquanto elas riem. Embora não sejam minhas sobrinhas de
sangue, sinto como se fossem. Quando a esposa de Liam o deixou, Ari era
pequenininha e Kennedy um bebê, eu me aproximei e fiz tudo o que pude
para ajudar. Aprendi a trocar fraldas, a fazer mamadeira, e a dar tapinhas
nas costas para arrotarem.
Passamos a maior parte do tempo ligando para a mãe de Liam e
implorando sua irmã a ter misericórdia de nós. Mas... nós conseguimos essa
merda. E Liam se superou. Ele é o melhor pai que já conheci. Então, ele
conheceu Juliet e tudo mudou para melhor. Eles se casaram recentemente e
eu fui o padrinho, obviamente.
Passo pela porta e encontro Juliet parada na antessala, sorrindo.
— Essas garotas. Elas não podiam esperar nem mais um segundo para
você entrar. — Ela puxa Ari da minha perna e faz cócegas na sua barriga,
fazendo-a rir ainda mais. — Vamos garotas, vamos colocar vocês duas na
cama. Liam está no pátio, lá fora.
— Obrigado, Juliet.
É incrível como as coisas mudaram desde que ele e Juliet se casaram. O
quanto Liam mudou. Ele está mais acessível e mais feliz do que eu já o vi.
E eu estou contente pra caralho por ele. Se tem alguém que merece a
felicidade, é ele. E Ari e Kennedy estão ridiculamente alegres, e é isso que
mais importa.
Quando saio pela porta dos fundos, encontro Liam na mesa, tomando
uma cerveja.
— E aí, estranho?
Sento-me na cadeira do pátio à sua frente e passo as mãos pelo cabelo.
— Desculpa por eu não ter passado por aqui. As coisas se complicaram
rapidamente.
Surpreendido, ele levanta as sobrancelhas.
— Sério? O que aconteceu?
— Lembra da minha irmã, Amelia, aquela do segundo casamento de
Robert? Ela e o marido... foram assassinados em um assalto em Nova
Iorque.
Parece irreal dizer em voz alta, e é ainda mais insano eu estar sentado
aqui prestes a pedir Liam o conselho mais importante da minha vida.
— Puta merda Reed, eu sinto muito.
Assinto.
— Obrigado. É uma sensação estranha. Cara, ela era minha irmã, eu
mal a conhecia e ainda assim dói. Machuca saber que não investi mais para
fazer nosso relacionamento funcionar. E então conversei com Robert pela
primeira vez em anos.
Liam se endireitou na cadeira.
— Como foi?
— Do jeito que imaginei. Foi ele quem deu a notícia do falecimento de
Amelia. Parecia triste e abalado de verdade. Foda-se, eu fiquei emocionado.
Foi muita coisa ao mesmo tempo, sabe? Mas essa nem é a parte mais
chocante. — Eu me levanto da cadeira, vou até o freezer e pego uma
cerveja. Tiro a tampa e tomo um longo gole.
— Eles têm um filho. Evan. E Robert está com câncer. Estágio Quatro.
— Reed, porra cara, isso é demais. Eu sinto muito.
Olho para a tampa de cerveja na minha mão enquanto passo o polegar
pela borda irregular.
— Sou o parente mais próximo deste garoto, Liam. Eles querem que eu
fique com ele, seja seu tutor. Tecnicamente, é Robert, mas ele é um doente
terminal. Não o colocarão sob seus cuidados.
— Uau!
Assinto.
— Quer dizer, caralho, Liam, o que devo fazer? Se eu não aceitar, ele
entrará no sistema. Vai para um abrigo ou orfanato. Eu não posso nem me
imaginar fazendo isso com ele. Penso no meu pai e em como foi crescer
sem uma figura paterna. Se eu me recusar, basicamente vou deixar esse
garoto sem os seus pais e sem família.
Liam suspira.
— É uma grande decisão, você sabe tão bem quanto eu. Lembra de
como foi ser um pai solteiro para as garotas. Merda, eu mal consegui evitar
afundar. Se não fosse o seu apoio, eu não conseguiria.
— Sim, mas eu não sei como ser pai. Claro, eu ajudei quando pude, mas
criar? Ter a vida dele exclusivamente em minhas mãos? Parece uma
responsabilidade… sei lá, assustadora pra caralho.
Eu arrasto a mão pelo meu rosto. Não é uma decisão fácil, mas algo no
fundo do meu âmago me diz que, recusar e não o ajudá-lo, será a coisa
errada a fazer. Abandoná-lo da maneira que o meu pai fez comigo.
— Sim, porra... a paternidade é assustadora. Não há dúvidas quanto a
isso. E você sabe que não vai ficar mais fácil com o passar do tempo. Sim,
você aprende um pouco mais à medida que avança, mas é como andar no
escuro com uma venda nos olhos e esperar não colocar tudo a perder. Com
isso dito, Reed, você seria um tutor incrível para esta criança.
Meu estômago embrulha com suas palavras. É estranho ouvi-las, parece
que transformam o momento em realidade.
— Sim?
Ele concorda.
— Sem dúvida. Você nasceu para isso. Não digo que vai ser fácil, mas
pense dessa maneira. Você tem uma rede de apoio forte. Eu e Juliet estamos
à disposição e Ari e Kennedy adorariam conhecê-lo. Sua mãe. Sua irmã.
Você tem pessoas que não hesitariam se você pedisse ajuda. Sei lá cara,
ninguém pode decidir por você. É assustador, lançaram muita coisa em
cima de você ao mesmo tempo, mas sei que tomará a decisão certa.
Bebo outro gole da minha cerveja antes de concordar. Depois de falar
com minha mãe e Emery e agora com Liam… sinto que, se decidir ficar
com Evan, terei o suporte deles.
— Vou fazer um exame de consciência hoje à noite, antes de retornar a
ligação. Está tudo bem com você e as meninas?
Liam sorri.
— Bem... acho que estamos em um bom momento, considerando que a
minha esposa está prestes a explodir.
Ele pega o telefone, rola a tela por um segundo e o vira em minha
direção.
Na tela há uma imagem de… um ultrassom?
— Espere. — Aperto os olhos e me inclino para a frente para ver
melhor. — Juliet está grávida?
Liam sorri, e o seu rosto ilumina completamente.
— Puta merda! Parabéns, cara!
Salto da cadeira e ele se levanta, me abraçando. Eu bato minha mão em
suas costas em felicitação.
— Porra, papai pela terceira vez. Como se sente?
Ele balança a cabeça.
— Honestamente? Bem pra caralho, cara. Eu fiquei feliz. Não
estávamos tentando, nem prevenindo. — Ele encolhe os ombros. — Mal
posso esperar para contar para as meninas. Elas vão ficar muito
empolgadas.
— Gostaria que fosse um menino? Eu pergunto. — Tendo duas garotas,
ele precisa de um cara em casa para fazer parte de seu time de vez em
quando.
— Sim, mas no fim das contas, eu só quero um bebê e uma esposa
saudáveis. É tudo que importa.
Vim aqui por um conselho e Liam me deu. Mesmo que ele não tenha
dito nada em voz alta, a felicidade e o amor que você sente ao cruzar a
soleira da porta e a verdadeira alegria estampada em seu rosto ao mencionar
sua família, me dizem tudo o que preciso saber.
Minha decisão acabou de ficar muito mais fácil.
Cap 04
Holland
Eu amo livros. Tipo, eu realmente amo.
Na verdade, foi por isso que, com apenas seis anos de idade, decidi me
tornar bibliotecária. Enquanto a maioria das crianças sonhava em ser super-
herói, bailarina e bombeiro, eu queria passar o dia todo, cotidianamente,
trancada em uma biblioteca mofada, mergulhada na literatura. Mesmo
quando criança, meu amor pela palavra escrita superava qualquer outra
coisa. Nunca me interessei por Barbies, casas de bonecas e muito menos
por aulas de dança. A leitura e os livros se tornaram o meu escape. Toda vez
que eu pegava um novo livro, me perdia em um mundo diferente, vivendo
mil vidas através de suas páginas.
Olhando por fora, pode parecer um sonho fácil de alcançar, mas não é.
Esses desejos só podem ser realizados quando se nasce em uma família que
tem a única coisa que eu não tenho. Dinheiro.
Ninguém soube, na realidade, o quanto lutamos enquanto eu crescia. Eu
fiz o possível para esconder enquanto pude, e a única pessoa que realmente
conheceu a verdade foi Emery. Quando eu tinha sete anos, minha mãe
morreu de câncer de mama e meu pai praticamente desmoronou. Mesmo
sendo apenas uma criança, fui eu quem segurou as pontas. Meu pai
trabalhava longas e exaustivas horas na fábrica de papel local, por um
salário abaixo da média e poucos benefícios. Mas nós conseguimos... por
pouco.
No dia que completei dezesseis anos, desci a Main Street até a
biblioteca que frequentava desde criança e praticamente implorei por um
emprego. Foi o único lugar onde me imaginei trabalhando. Felizmente, a
bibliotecária, Velma, tinha uma queda por mim e me ofereceu uma vaga de
meio período; o resto é história.
Estou começando meu primeiro ano de mestrado em Biblioteconomia
na Universidade de Chicago... mesmo que seja online. Há três anos, meu
pai foi diagnosticado com demência. Então, passo os meus dias aqui na
biblioteca, me perdendo na beleza dos livros, depois cuido do meu pai e
assisto as aulas à noite.
Meu sonho demorou mais do que o planejado, mas como minha mãe
costumava dizer... "é a jornada, não a corrida.'"
— Holland?
Levanto o olhar do livro pesado em minhas mãos para ver Velma me
encarar com preocupação em seus olhos.
— Está tudo bem? — Ela pergunta.
— Sim, sinto muito. Estava em outro mundo. — Me desculpo antes de
colocar o livro em seu lugar na estante. Eu estava tão perdida em
pensamentos que não vi a aproximar.
— Vou encerrar a noite. Você pode ficar e estudar, é claro, apenas ative
o alarme e tranque tudo quando sair.
Ela me dá um sorriso gentil e me deixa com o carrinho de livros que
ainda estou guardando.
Algumas noites, quando Mona, a enfermeira do meu pai está com ele,
fico na biblioteca até tarde estudando. Embora tecnicamente não seja
permitido, Velma me dá passe livre porque me conhece muito bem.
Meu telefone toca no bolso de trás, eu o pego e sorrio ao ver a foto de
Emery na tela.
— Por favor, me diga que a ligação é para avisar que você está
oficialmente pronta para as férias de outono.
Emery frequenta a Universidade de Chicago e atualmente está no curso
de Direito. Ela é a esquisita que gosta de assistir a documentários e
podcasts de assassinos em série sobre como ter êxito em desmembrar
alguém, mas na vida real fica severamente enojada com sangue e fluidos
corporais. Então ela escolheu a lei. "Pelo menos ela poderia estar do lado da
justiça criminal", diz ela
Um gemido baixo e abafado vibra pelo telefone antes dela bufar. —
Mais uma prova, Hol, mais uma. Quero me afogar em tequila barata e
esquecer esses últimos dias de merda.
— Esse é o eufemismo do século. — Eu zombo, empurrando o carrinho
de livros pelo corredor, para poder guardar os livros durante a conversa. —
Como você está? Eu quero dizer... como você realmente está?
Emery cala por um momento antes de falar, e eu paro no meio do
caminho.
— Em. — Eu digo o nome dela suavemente. — Fale comigo. Estou
aqui.
— Tenho evitado. Honestamente. Ele era um idiota, e eu sabia disso,
mas isso não faz doer menos, sabe? Ser traída é uma merda.
— Eu sei, mas acho que você está muito melhor. Seu príncipe
encantado vai aparecer montado no cavalo branco e você vai cair de
amores. — Eu digo.
Ela suspira. — Espero que ele não venha montado em nenhum tipo de
equipamento esportivo. Deus sabe que tenho drama suficiente ao lidar com
Reed e companhia.
O nome de Reed libera um turbilhão de borboletas no meu estômago.
Porque eu tenho um segredo, um daqueles que ninguém sabe.
Principalmente Emery. O motivo desse segredo? Ele mudaria tudo.
O segredo que guardei por tanto tempo é que eu, Holland Parker, sou
ridiculamente apaixonada por Reed Davidson desde os meus nove anos de
idade, quando o vi salvar um gatinho em uma árvore. Foi um daqueles
momentos que me trouxeram corações aos olhos e, depois disso, sempre
que Reed estava por perto eu não conseguia controlar o frio no meu
estômago. De repente, ele não era mais o vizinho ou o irmão mais velho da
minha melhor amiga. Era o garoto que ao aproximar fazia meu coração
acelerar.
Sem que ele soubesse do meu sentimento. Eu nunca dei a entender que
me importava com ele de qualquer outra forma que não fosse estritamente
platônica. Reed era mais velho e andava com outra turma. Então eu
aproveitava cada momento de atenção que ele dava para Emery e para mim.
Não consigo lembrar quantas noites passei na lateral de uma pista de
gelo, morrendo de frio, com o meu nariz vermelho e certa de que teria
hipotermia... só para passar mais tempo com ele. Não era estranho, porque
não havia nenhum lugar que Emery preferisse estar do que aquele onde
Reed estivesse.
Esses dois têm uma ligação que muitas pessoas nunca experimentarão
na vida. Por ser filha única, nunca tive um vínculo tão forte e tão amoroso
como o deles. O mais próximo que já tive de uma irmã foi Emery.
É por isso que, sob nenhuma circunstância, eu falaria com ela a respeito
da minha paixão infantil por Reed. Isso vai além de mudar a dinâmica da
nossa amizade. Bem no início, Emery e eu fizemos o acordo de que, como
sua melhor amiga, eu nunca, jamais (promessa de colegas do ensino médio,
lembre-se) pensaria em Reed como algo mais do que um irmão.
Ela passou todos os anos do ensino médio sendo amiga de garotas falsas
que não queriam nada além de se aproximarem de Reed. Ele causava esse
efeito. Fazia com que elas se apaixonassem e Emery ficou de vítima de
muitos desses relacionamentos que não deram certo.
Não é isso que as meninas fazem? Se aproximam da irmã de seu novo
namorado, só para abandoná-la quando, de repente, eles terminam?
Eu vi acontecer várias vezes, mesmo depois de nos tornarmos amigas.
Por isso fizemos o acordo.
Mesmo que tenha sido há anos, eu nunca quero machucar Emery ou
fazer com que se sinta traída, não importa quão apaixonada por Reed eu
esteja, desde o ensino médio.
Interrompendo meus pensamentos proibidos, ela diz: —Então, eu estava
pensando, você quer ir comigo para uma aula de ioga de cabra amanhã de
manhã? É cedo pra caralho, mas que seja. Eu estou precisando.
Espere. Ioga de cabra?
— Que diabo é ioga de cabra? — Eu rio. Durante a conversa com Em,
aparentemente avancei no trabalho com o carrinho de livros e, enfim,
guardei o último.
Em dá um gritinho. — Oh meu Deus, escute, eu vi no Twitter e soube
que tínhamos que participar. É basicamente a prática de ioga ao ar livre,
com a possibilidade de acariciar filhotes de cabras.
— Tudo bem, parece ser incrível. Estou dentro. Ei, esqueci
completamente de te perguntar. Você acha que Reed está com tempo para
parar passar lá em casa e checar a caldeira? Começou a esfriar à noite e eu
juro que parece que, toda vez que começa a funcionar, tem alguém batendo
com uma chave inglesa dentro dela. — Eu rio. Sério, eu vou bater com a
minha cabeça nela, se estiver estragando de vez. É uma despesa que
realmente não podemos ter neste momento. Não, a não ser que,
paralelamente, eu consiga mais trabalhos de transcrição.
Quando não estou cuidando do meu pai ou trabalhando na biblioteca,
pego trabalhos de transcrição on-line para conseguir uma grana extra. Ainda
que não seja muito. Mas é legal ter um dinheirinho guardado.
— Hum... então, Reed está fora da cidade por um tempo para hum...
algumas coisas de família. — Em gagueja. — Tenho certeza de que ele
pode dar uma olhada quando chegar em casa.
— Sim, talvez eu mande uma mensagem para ele.
— Certo, bem, vejo você amanhã de manhã. Te envio o endereço por
texto. Amo você, tchau!
Ela desliga antes da minha resposta e eu olho para o meu telefone. Tudo
bem, combinado. É isso, ioga de cabra. Rio sozinha.
Depois do telefonema de Em, sento-me na grande mesa de carvalho,
abro meus livros e começo a estudar. Está é minha única noite de folga,
então tenho que aproveitar o máximo possível.

***

Duas noites depois, meu telefone toca quando estou deitada na cama
lendo. Me envolvi tanto na história que nem me dou ao trabalho de verificar
a tela, pensando ser uma notificação das redes sociais, mas então, segundos
depois... toca de novo.
Desta vez, olho para o meu telefone e vejo o nome de Reed piscar na
tela.
Colocando o livro de lado, me sento rapidamente. Reed nunca me liga
desde... sempre.
— Reed? — Eu sussurro com cuidado para não acordar meu pai, que
está do outro lado da finíssima parede.
— Hum, Holland, ei... — Ele interrompe a fala e eu ouço uma batida
forte do outro lado da linha. — Então, você poderia vir até a minha casa?
Tipo... agora?
— Já passa da meia-noite, está tudo bem? — Eu pergunto
hesitantemente. Mesmo que eu já esteja saindo da cama, enfiando meus pés
em meus Vans gastos e pegando meu cardigã do cabide atrás da minha
porta.
— Te explico quando você chegar aqui. Okay? — Soa como se ele
estivesse correndo uma maratona.
— Tudo bem, estarei aí em breve.
Encerramos a ligação e ando pela casa na ponta dos pés, em silêncio
como se voltasse a ser uma adolescente saindo escondido. Tranco tudo e
confiro se papai está em sono profundo. Ele deve ficar bem por alguns
minutos enquanto corro para encontrar Reed. Ele mora a poucos minutos da
casa que divido com meu pai. Porém, na parte chique da cidade. Eu pego o
meu telefone e verifico se todas as câmeras internas e externas funcionam
corretamente, tranco a fechadura da porta da frente e saio.
Minha lata velha em forma de carro está parada na porta da garagem.
Eu a apelidei carinhosamente de Betty. Ela não é muito bonita por fora,
pensando bem, nem por dentro. Mas, pelo menos tem quatro rodas e me
leva onde eu preciso. Aprendi a apreciar as pequenas coisas da vida.
Minha mente corre à mil por hora, durante todo o percurso até a casa de
Reed. Quando estaciono na entrada, percebo que todas as luzes da casa
parecem estar acesas.
Por que ele me ligou depois da meia-noite? Depois do nosso... momento
estranho na casa dele outro dia, eu não esperava vê-lo novamente tão cedo.
Estou, no mínimo, surpresa.
E… ansiosa. Esta é a primeira vez que venho à casa dele, sozinha.
Antes de sair do carro, respiro fundo algumas vezes para me acalmar,
depois faço o caminho até a porta da frente. Eu levanto minha mão para
bater, mas antes disso, a porta se abre e Reed está do outro lado.
Rapidamente subo o meu olhar dos seus pés descalços.
Ele está ali na minha frente... sem camisa. Shorts pretos de ginástica
pendem em seus quadris, revelando o V profundo de onde não consigo
desviar o olhar. Seus cachos escuros estão desalinhados, como se tivesse
passado os dedos por eles um milhão de vezes. Provavelmente em
frustração ou ansiedade, como sempre fez. Mas o que me interrompe, é a
expressão preocupada em seus olhos escuros salpicados de âmbar. Ele não
está feliz e brincalhão como sempre.
— Hum, oi? — Eu pergunto, ainda com a mão suspensa.
— Entre. — Afasta a porta para eu entrar. Quando passo por ele, sinto o
cheiro suave do seu sabonete e quase gemo.
Meu Deus, Holland, quão patética você é?
— Então... O que vou dizer é estritamente confidencial. — Ele começa
logo que fecha a porta atrás de mim.
Caminho até o banco do bar ao lado da ilha da cozinha, coloco a bolsa
na minha frente e deslizo no luxuoso assento de madeira.
— Ceeeerto...
— Sério, Holl, não pode sair desta sala. É importante.
Reviro os olhos. — Você é tão dramático quanto Briggs, o que está
acontecendo?
Antes que ele possa me responder, uma criança, de dois ou três anos de
idade vem caminhando pelo corredor, apertando um polvo velho contra o
seu corpinho.
— Papai?
— Oh meu Deus! — Eu sussurro e agarro o balcão, como se minha vida
dependesse disso. Eu olho para frente e para trás entre o garotinho, que tem
o mesmo cabelo e olhos escuros do homem parado na minha frente, que
parece tão assustado quanto eu.
O lábio inferior do garotinho começa a tremer.
Olho para Reed. — Você tem um filho? — Eu reclamo.
Puta. Merda.
Acho que este é um segredo que nem eu conseguiria guardar.
Cap 05
Reed
Porra, isso não está saindo como planejado.
Passo a mão nervosamente pelo cabelo e começo a andar pela cozinha.
— Espere, não, quero dizer... mais ou menos? Eu não sei, Holl. — Minhas
palavras saem apressadas. — Eu sou seu … tutor. Ele é meu agora. Este é
Evan.
Parece a coisa mais estranha do mundo para se dizer. Apenas três dias
atrás, eu estava em um bar com uma Maria Patins no colo, falando sobre a
doçura da vida, e agora meu mundo inteiro virou de cabeça para baixo.
Mas eu sei que não é nada comparado ao que esse carinha deve estar
sentindo.
Holland tira seu olhar arregalado de mim e olha de volta para Evan, que
parece estar a dois segundos de cair em prantos. Não posso culpá-lo, foram
os dois dias mais exaustivos da minha vida.
E acho que vai ser assim de agora em diante. Troquei as noites no bar
por noites no sofá, assistindo desenhos animados.
No fim das contas, a decisão foi fácil. Eu não podia deixar o filho da
minha irmã acabar em um orfanato e ser mais uma criança perdida no
sistema. Eu não podia abandoná-lo. Eu não faria isso. Ele precisa de mim.
Depois que conversei com mamãe e Em, reservei o próximo voo para
Nova York, liguei para o dono do time, Mark, e meu treinador, Rick, e
avisei que faltaria ao treino por alguns dias devido a tudo que estava
acontecendo. Felizmente, eles entenderam e não se importaram.
Quando o avião pousou em Nova York, eu estava mais nervoso do que
já estive em toda a minha vida. Mais ainda do que no meu primeiro jogo
como um Avalanche. Aquilo era diferente. Assim que encontrei com Evan,
soube que a vida nunca mais seria a mesma. Como poderia? Como voltaria
à minha vida antiga, sabendo que lá fora havia um garotinho precisando de
mim?
Foi mais do que apenas encontrar o meu sobrinho, pela primeira vez, na
pior das circunstâncias. De repente, senti o peso do mundo em meus
ombros. Muitas coisas dependiam do fato de eu ter sua tutela.
Minhas palmas umedeceram e meu coração acelerou. Eu estava tão
ansioso que parecia que minha garganta ia fechar. Quando entrei no táxi
para o DCSF, quase me convenci a desistir pelo menos doze vezes. Ao
passar pela entrada daquele prédio, senti como se jogassem um balde de
água fria na minha cara.
A realidade da situação me atingiu. Era isso. Eu encontraria o meu
sobrinho pela primeira vez e o levaria de volta para casa comigo. Tudo isso
dentro de vinte e quatro horas.
Vê-lo pela primeira vez não foi nada como eu pensei.
Deus, eu não estava preparado para ele ser tão... pequeno.
Mesmo tendo encontrado minha meia-irmã apenas algumas vezes, eu
poderia dizer o quanto ele se parecia com ela. O que mais me chocou foi o
quanto ele parecia comigo. Cabelos escuros, olhos verdes, covinhas nas
bochechas. Não que ele tenha, pelo menos, fingido um sorriso quando o
conheci.
Ele me fitou com os olhos cheios de lágrimas, abraçando um polvo
velho esfarrapado com um olho só. Pude ver sua tristeza e, porra, foi um
soco no estômago. Esse pobre garoto. Não consigo nem imaginar passar
pelo que ele passou sendo tão pequeno.
Provavelmente, ele estava apavorado. Eu senti os tremores em sua mão
quando segurou na minha.
Naquele momento, soube que tinha acertado na decisão. Não hesitei
nem arrependi. Vendo o meu sobrinho inexpressivo daquela forma, não
tinha como duvidar. Sem trocarmos uma palavra, eu senti uma necessidade
inexplicável de protegê-lo. Talvez tenha me enxergado nele, e não queira
que ele passe pelas mesmas coisas que eu.
Connie, a assistente social, assumiu logo depois, organizando tudo para
Evan vir comigo, o que foi um monte de papel. Assinei tanta merda que
minha mão quase caiu, enquanto Evan estava em silêncio, sentado ao meu
lado em uma velha cadeira de metal. Todo o processo parecia apenas uma
transação e, de repente, senti ainda mais pelas crianças que não tiveram
escolha a não ser irem para o sistema de adoção. Tipo, assine aqui na linha
pontilhada e, de repente, você passa a ter um filho para cuidar. Basta uma
assinatura e um carimbo.
Verificamos antecedentes criminais, impressões digitais e ela disse que,
nas próximas vinte e quatro horas, alguma pessoa do meu estado faria uma
inspeção residencial de emergência e pronto.
Eu era oficialmente o tutor de um menino de três anos cujos pais
haviam acabado de ser assassinados.
Apenas. Simples. Assim.
Nos hospedamos em um resort cinco estrelas perto da Times Square, e
assim que entramos no quarto ele se deitou na cama e desmaiou.
Eu não. Tenho certeza de que não preguei o olho a noite toda. Em vez
disso, o observei dormir para me assegurar de que ele estivesse... você sabe,
respirando. Porra, eu não sabia de nada. Eu era novo nisso e temia estragar
tudo.
Ele não me falou muitas palavras além de suco, comida...e baboseiras
assim. E, felizmente, eu aprendi a trocar as fraldas de Ari e Ken, ou estaria
realmente fodido. Voamos a curta distância para casa com sua palma
pegajosa apertando a minha.
Tudo era muito surreal.
Passaram-se vinte e quatro horas e sobrevivemos. Ele fica tímido perto
de mim, o que era de se esperar, e eu faço o melhor que posso. Com
exceção desta noite, que ele acordou com o que eu imagino serem
pesadelos, porque acordou gritando logo depois de adormecer. Nós dois
estamos exaustos e eu não sei o que fazer. Mamãe e Em não atenderam
nenhuma das dezessete vezes que liguei, mas vai entender, nesse momento
eu realmente preciso de ajuda. Depois Liam não atendeu e eu já estava
enlouquecendo. Então... liguei para Holland. A única outra pessoa de minha
confiança, que pode realmente ter uma ideia do que fazer.
— Reed…— Holland diz com cautela. Ela pula do banco e se aproxima
de Evan lentamente. A julgar pelo aperto mortal no polvo, ele está passando
por um momento difícil.
— Minha irmã… Amelia. Minha meia-irmã. Ela e o marido foram
assassinados em um latrocínio em Nova Iorque. Robert está com câncer e
não pode cuidar dele, então… Eu sou a próximo na fila para a tutela. Ou eu
o acolho ou ele vai para um orfanato. Holland, eu não poderia deixar o
garoto ficar sob a guarda do estado. — Eu abaixo minha voz e praguejo. —
Merda, eu não sei o que estou fazendo. As poucas coisas que eu sei não são
suficientes para ser um... pai solteiro.
As palavras soam estranhas na minha língua.
Os olhos desconfiados de Holland suavizam, transformando em algo
diferente. Uma centelha de piedade. Ela se senta na frente de Evan,
balançando seu longo cabelo loiro no processo.
— Oi Evan. Meu nome é Holland. Esse é o seu polvo? — Ela acena na
direção do animal de pelúcia em seus braços.
Evan olha para baixo, volta a olhar para Holland e depois balança
levemente a cabeça.
— Eu adorei. — Ela sorri largamente. — Qual é o nome dele?
— Pickles.
Solto uma risada baixa, e Evan me lança um olhar mortal, que me faz
parar imediatamente.
Merda. Essa criança é uma plateia difícil.
— Sabe, quando eu era da sua idade, eu tinha um macaco de pelúcia
chamado Arthur que carregava para todo lugar. Ele fazia com que eu me
sentisse corajosa. Eu nunca tinha medo de nada quando ele estava por
perto.
Evan levanta o olhar para o dela e funga. Seus pezinhos mexem de um
lado para o outro enquanto ele esfrega os olhos já avermelhados e cheios de
lágrimas com a outra mão.
— Acho que ele está tendo pesadelos.... Tentei acalmá-lo, mas ele
apenas … Ele não conseguiu. Eu não soube o que fazer. — Eu digo
calmamente. Holland balança a cabeça.
— Evan, que tal assistirmos um pouco de desenhos animados com
Pickles? O que você acha?
Ela estende a mão e ele olha para ela, obviamente tentando decidir se é
uma aposta segura ou não, depois finalmente desliza sua mãozinha na dela.
Respiro aliviado.
Os dois caminham até o sofá e eu entrego o controle remoto a Holland.
Ela coloca algo sobre um bebê tubarão que, na minha opinião, tem muita
música, e Evan finalmente relaxa no sofá. Pela primeira vez depois que ele
chegou, parece que ele está… bem.
Não deve ser fácil para ele; não consigo imaginar a falta que sente dos
seus pais, embora provavelmente não entenda totalmente o que está
acontecendo.
Eu ando até o bar e verifico meu e-mail. Respondo a algumas
aprovações pendentes e envio ao meu treinador e ao proprietário uma
mensagem com atualização. Preciso voltar aos treinos, mas não posso
deixá-lo.
Não depois de tudo que ele passou nos últimos dias.
Volto a olhar para Holland enquanto ela puxa um cobertor sobre o peito
de Evan e, vagarosamente, levanta-se do sofá. Ele ainda segura a mão dela
e isso causa uma sensação estranha no meu peito.
Merda, estou tão perdido.
Soltando cuidadosamente do forte aperto, ela devolve a mãozinha ao
seu peito e caminha para perto da ilha, em minha direção.
— Uau! — Ela suspira enquanto retoma o seu lugar no banquinho do
bar. — Honestamente, posso dizer que esta era a última coisa que eu
imaginava quando você ligou.
— Sim, aconteceu tão rápido que eu quase não tive tempo para
processar. Inferno, eu ainda estou em choque. Depois ele estava chorando
ao dormir e eu apenas… tentei ligar para Em e minha mãe, mas,
aparentemente, elas dormem como se estivessem mortas.
Holland acena.
— Acho que Em tomou alguma pílula para dormir mais cedo. Com tudo
o que está acontecendo, ela disse que não dormiria tarde esta noite para
tentar recuperar o sono. Acabaram as provas.
— Estou com medo de foder com tudo. — Eu sussurro.
— Crianças são resilientes, Reed. Você vai se surpreender. Tenho
certeza de que ele sente falta dos pais e a mudança não vai ser fácil, mas
você vai ser incrível. Sei disso. Entendo que, estar no seu lugar agora, seja
assustador e sufocante, mas sem dúvida vai dar tudo certo.
Eu não estou muito confiante. Nem um pouco na verdade, mas tenho
uma certeza do caralho que vou tentar ser tudo o que puder para ele. O fato
de Holland ter tanta fé em mim... é como se fosse o melhor elogio do
mundo.
— Acho que só precisamos nos conhecer. Neste momento, somos
estranhos. Ele nunca tinha me visto e eu o tirei do único lugar que ele tinha
como lar.
Suas sobrancelhas franzem e ela fica pensando em silêncio por um
momento.
— Sabe o que poderia ajudar? Montar um espaço para ele. Tipo, criar
um lugar onde ele se sinta confortável e à vontade em seu novo ambiente.
Talvez conversar com a assistente social e descobrir como era o quarto dele
em casa? E tentar fazer uma versão similar aqui.
Merda, é uma boa ideia.
— Você é um presente de Deus, Holland.
Suas bochechas enrubescem e ela revira os olhos.
— Fiz uma matéria sobre desenvolvimento infantil como eletiva e, pelo
menos, aprendi um pouco para aplicar na vida real.
— Bem, dá para notar. Você é ótima com ele.
Comentários como esse e sua confiança inabalável em mim tornam
ainda mais difícil parar de pensar nela. Honestamente, desde a outra noite,
que a busquei junto com Em na casa da fraternidade, não consigo parar de
pensar nela.
Assim como agora, mexendo timidamente nos botões do seu cardigã
parada na minha frente, ela está linda. Sem nenhum esforço.
Minhas mãos coçam para percorrer as amplas curvas de seus quadris.
Holland não é magra de forma alguma, e, por tê-la em minha casa vinte e
quatro horas por dia, sete dias por semana, desde que éramos crianças, eu
sei que ela sempre se preocupou com seu peso.
Quando ela era caloura, quebrei o nariz de um garoto porque ele a
chamou de vaca. Não havia nada repulsivo em seu corpo. De jeito nenhum.
Ela é um nocaute do caralho, e acho que nunca me permiti um segundo
olhar para ela porque é a melhor amiga de Emery, mas agora, não consigo
parar de olhar.
Ela está usando calças de ioga que abrem em seus quadris e abraçam
suas amplas curvas. Estou cativado e preciso colocar minha cabeça no
lugar.
— Reed?
Meu olhar arrasta até o dela, e ela me olha com curiosidade.
Pego no flagra.
— Sim?
— Eu perguntei se você já se programou. Sabe onde Evan vai estudar?
Todos os meus pensamentos impróprios desaparecem depois desta
pergunta.
— Porra! — Interrompo, arrastando minhas mãos pelo cabelo e
descendo pelo rosto e pela barba. — Eu não sei o que vou fazer Holland.
Hóquei é o meu trabalho. Preciso voltar para o gelo, mas não posso deixá-lo
aqui enquanto estiver na estrada durante seis meses do ano. Essa criança
passou pelo inferno e voltou. À essa altura, ele provavelmente já está
traumatizado. Imagine alguém novo e diferente bagunçando o seu mundo
mais uma vez. Eu preciso construir um relacionamento, criar um vínculo
com ele. Isso é o mais importante. Vou até a geladeira, pego duas garrafas
de água e coloco uma na frente dela. — Eu gostaria que houvesse um
manual para essa merda. Um guia simples que me dissesse exatamente o
que fazer.
— Tenho certeza de que isso é o que todos os pais desejam. Eu acho que
você tem um sistema de apoio incrível e sabe lidar com crianças. Mesmo
que não tenha cuidado delas em tempo integral e sozinho, você tem muita
prática com Ari e Kennedy.
Eu assinto. Foda-se, ela tem razão. Só que não parece assim agora.
Parece excessivo e exaustivo, e sinto que cada movimento que eu fizer
estará errado.
Holland estende a mão e a coloca sobre a minha no balcão.
— Não seja tão duro. Se dê algum crédito.
Seu telefone vibra, ela o tira da bolsa e murmura um palavrão.
— Me desculpe, Reed, eu tenho que ir. Acho que meu pai acordou. A
câmera está desligando.
— Pode ir, você já fez mais do que o suficiente aqui. Obrigado. Por esta
noite.
— Não precisa agradecer, Reed. Ele apenas... ele precisa de alguém que
o ame agora. Ele pode não entender totalmente o que está acontecendo, mas
sabe que teve que sair de casa e que não tem visto os seus pais. Será um
período de muito aprendizado e muita cura. Para vocês dois. — Ela salta do
banco e pega sua bolsa, jogando-a sobre o ombro.
— Tome cuidado. Amanhã vou ver a caldeira. Falei com Em e ela
mencionou que você estava tendo problemas. Ela e mamãe querem levar
Evan para comprar roupas e ficar um tempo com ele, então terei algumas
horas livres para passar por lá.
— Não, Reed, você tem muito o que fazer. Está tudo bem. Posso
chamar um profissional.
— Eu vou passar lá. É o mínimo que posso fazer. Te vejo amanhã, ok?
Eu a acompanho até a porta e, assim que a abro, ela sai.
— Tchau Reed.
Seus olhos cor de oceano brilham na iluminação da noite, e ela sorri
timidamente, acena e entra no seu carro.
Quando trouxe Evan para casa esta noite, não sabia o que esperar.
Inferno, eu ainda não sei. Mas depois de conversar com Holland e sentir a
sua confiança em mim, acho que posso lidar com isso. Não vai ser fácil,
mas eu nunca fui de desistir quando as coisas complicaram.
Foi a única coisa que aprendi com o homem que não me criou.
Cap 06
Holland
Não passaram nem vinte e quatro horas desde que vi Reed e ainda
assim, sinto borboletas no estômago ao ouvir a campainha tocar.
Toda vez que me pego pensando nele, um nó de culpa se forma na boca
do meu estômago. Não apenas porque acho que seja traição com Emery,
mas porque me sinto egoísta por permitir o sentimento, mesmo que em
segredo.
Eu não quero comprometer meu relacionamento com Em, portanto,
continuará sendo a paixão oculta que venho nutrindo por Reed. Um
segredo.
Papai levanta os olhos de sua poltrona quando passo na sala de estar
para abrir a porta. Ele me dá um sorrisinho, e eu me lembro porque trabalho
tanto. Por ele.
Abro a porta e vejo um sorridente, charmoso e radiante Reed. Hoje ele
está casual. Usa jeans, uma camiseta branca surrada e tênis que parecem ter
uma década. Me lembrei de quando éramos mais jovens e ele ficava no gelo
jogando hóquei com os amigos o tempo todo.
— Dia. — Ele diz.
— Bom dia. Abro mais a porta, gesticulando para ele entrar.
Quando entra no saguão, ele observa ao redor.
— Nossa, este lugar não mudou nada desde que éramos crianças.
— Sim, eu tento manter as coisas familiares para o papai.
Ele acena com a cabeça, entendendo sem que eu precise dizer. A
demência de papai mudou nos últimos dois anos, e cada dia que eu o tenho
de verdade, é um dia muito feliz.
Mesmo que Reed esteja na estrada durante seis meses do ano, ele e meu
pai sempre tiveram um relacionamento amigável. Moramos na casa ao lado
dos Davidsons por mais da metade da minha vida. Sempre que o cortador
de grama quebrava e Reed chutava e xingava depois de tentar fazê-lo
funcionar novamente, meu pai se aproximava e ajudava. Quando papai
precisava de ajuda para pintar a garagem, Reed passava o dia inteiro
pintando com ele, sem reclamar ou esperar algo em troca. A qualquer
momento que papai precisasse de ajuda com o barco que ele tanto amava,
quando éramos mais novos, Reed vinha e passava o dia na oficina
trabalhando com ele.
Reed entra na sala e seu rosto suaviza quando avista papai na poltrona.
— Ei, meu velho.
Papai olha para cima e seus olhos iluminam no segundo em que vê
Reed. Ele está tendo um bom dia; deve reconhecê-lo.
— Ah, você é um grande jogador de hóquei agora. Acha que é bom
demais para visitar esse velho?
Ele tenta se levantar da poltrona, com dificuldade porque as suas pernas
estão trêmulas. Reed imediatamente intervém e lhe oferece o braço. Ele o
levanta da cadeira sem esforço, e assim papai consegue ficar cara a cara
com ele, e apertar sua mão.
Tudo isso me causa lágrimas, que eu seco rapidamente. Não quero que
Reed perceba. É que... faz bem para o meu coração vê-lo tratar meu pai
com tanto respeito e amor. Da mesma forma que me dói na alma, porque
meu pai está se perdendo mais e mais a cada dia e não há nada que eu possa
fazer para impedir. Nada que eu possa fazer para diminuir a dor do
desvanecimento de sua vida. Para ajudá-lo a ser a pessoa que sempre foi e
não se sentir incapaz. Eu mal suporto a dor no peito nos seus dias ruins.
Os dias que ele não se lembra de mim ou que ele me chama pelo nome
da minha mãe. É difícil, e fica ainda pior porque sou impotente, e tenho que
me sentar e assistir acontecer sem fazer nada a respeito.
— Não, nunca. Você sabe o quanto gosto de dividir uma cerveja. Eu
vim consertar a caldeira que está causando problemas para Holland.
— Essa coisa maldita é tão velha quanto ela. Eu queria substitui-la, mas
ando muito ocupado na fábrica.
Eu congelo. Oh papai.
Reed não perde o ritmo e apenas dá um tapinha nas costas dele.
— Cuide-se, viu? Venha até a casa da mamãe se precisar de ajuda com o
barco, tudo bem?
Papai sorri e aperta sua mão de novo.
— Não seja um estranho, viu? Sinto sua falta, garoto.
Só então deixo as lágrimas quentes e pesadas caírem pelo meu rosto;
saio do saguão e entro na cozinha precisando de um momento para me
recompor. Não imaginei essa situação quando Reed disse que vinha
consertar a caldeira, e não estou emocionalmente preparada.
— Holland? — Ouço a voz de Reed, profunda e rouca, vindo da entrada
da cozinha. Enxugo algumas lágrimas perdidas e viro para ele, dando-lhe
um sorriso molhado.
— Desculpe, eu estou apenas… — Ele me interrompe e se aproxima,
me puxando para seus braços.
Ele me pega desprevenida. O conforto, a proximidade, tudo isso. Eu
cresci com Reed, mas não passamos muito tempo nos tocando. É
exatamente o que eu precisava neste momento, mas nunca teria pedido.
Aperto os olhos e mordo o lábio até sentir o gosto metálico do sangue
enquanto tento segurar um mar de lágrimas. A mão de Reed acaricia minha
nuca e eu solto um pequeno gemido.
— Não se desculpe por sentir, Holland. Eu sei que é difícil, e você passa
por tudo sozinha.
Em seu abraço, aceno com a cabeça.
— Obrigada. — Eu me afasto e olho para ele.
Seus lábios se curvam em um pequeno sorriso quando ele me solta.
— Você está certa, mas está frio pra caralho aqui. Por que diabos você
ainda não chamou ninguém?
Eu dou de ombros e começo a caminhar em direção ao porão. Reed
segue logo atrás, tão perto que posso sentir o calor que irradia do seu corpo.
Será que me acostumei com o frio sem perceber?
— Não está tão frio.
Apesar disso, a cada passo que damos em direção ao porão, fica mais
gelado. No momento em que chegamos ao último, posso ver minha
respiração na minha frente.
Talvez esteja um pouco mais frio do que eu imaginei.
— Holland. — Reed diz severamente, balançando a cabeça.
— O que? Tenho usado aquecedores dentro de casa.
Ele passa por mim em direção à caldeira, pegando a bolsa de
ferramentas de papai que está em cima da mesa. Balança a cabeça mais uma
vez antes de se abaixar sob a caldeira e começar a trabalhar. Aproveito a
oportunidade para subir na mesa e observar.
Cada vez que ele ergue a chave inglesa, sua camisa branca levanta
levemente revelando uns poucos pelos acima do cós de seu jeans.
Argh. De todas as pessoas, por que tenho que ser obcecada pelo irmão
da minha melhor amiga? A única pessoa no mundo que eu não posso ter.
Após alguns minutos de ruídos e xingamentos, Reed se senta. A caldeira
agora está ligada, mas faz barulhos horríveis. A cada som que sai da
máquina, a prateleira de madeira que está acima de Reed vibra.
— Essa coisa está fodida. E mesmo que não fizesse tanto barulho, acho
que não passaria na inspeção. — Assim que termina de falar, a caldeira chia
e estala, ficando cada vez mais alta a cada segundo.
— Uh, acho que precisamos desligar isso, Reed.
Antes que ele consiga se levantar, a estante acima da caldeira, cheia até
a borda com livros que não cabiam nos livreiros lá de cima, racha, e quase
em câmera lenta, cai em cima de Reed.
— Oh meu Deus! — Eu grito, pulando de cima da mesa.
— Ai! — Reed geme tirando os livros do seu rosto. — Droga.
Eu chego até ele e começo a tirar os livros velhos e estragados até
conseguir ver seu rosto, e me certificar de que não esteja realmente ferido.
— Puta merda, você está bem? — Eu grito, em pânico.
Minhas mãos o apalpam para certificar de que nada esteja quebrado e
que não tenha sinal visível de trauma. Elas deslizam pelo seu peitoral liso e
rígido, por seu abdômen duro como pedra e também por suas coxas.
Ótimo, isso é tudo que eu preciso. Machucar o melhor central de toda a
NHL e fazer mundo dos esportes me odiar por ser a responsável. E, é
impossível não surtar com minhas mãos nele; quero dizer, ele pode estar
machucado e estou aqui pensando em como seus músculos são tonificados.
— Holland. — Ele geme de novo, só que desta vez, soa mais profundo,
mais rouco. Seus olhos estão fechados e sua respiração está ofegante.
— Você quebrou a perna, ou as mãos? Oh Deus, você ainda consegue
andar? — Eu grito. Minhas mãos sobem e descem pelo seu corpo
novamente, procurando por qualquer tipo de lesão. Não encontro nada além
de duros e inabaláveis músculos.
— Pare.
Congelo, imediatamente.
Reed apoia nos cotovelos e olha para mim.
— Eu não vou ficar bem se você continuar me tocando.
Puta merda. Meus olhos disparam para onde ele está se ajustando e
depois voltam para seu rosto. Oh deus, Reed estava se excitando com as
minhas mãos no seu corpo. Jesus, Holland, suas mãos estão praticamente
no pau dele.
Eu afasto rapidamente e murmuro:
— Sinto muito.
Exceto que eu não sinto, nem um pouco. Bem, talvez um pouco, porque
agora estou envergonhada. Minhas bochechas queimam.
— Tenho certeza de que o seu precioso Orgulho e Preconceito errou
meu pau por meio centímetro. — Ele levanta o livro que estava sobre sua
barriga.
Com isso, jogo minha cabeça para trás e solto uma risada alta e
completamente deselegante que inclui bufos e lágrimas. Eu caio de joelhos
para o lado, agarrando meu estômago, pensando em Reed Davidson sendo
ferido por um romance clássico.
— Oh Deus, isso é a coisa mais engraçada que eu já ouvi. — Sorrio.
— É mesmo? Você acha engraçado que eu quase perdi meu pau por
causa de um livro, Holland? — O seu tom é de brincadeira, mas suas
palavras têm o efeito oposto. E é aí que percebo o quanto estamos
próximos. Em algum ponto da confusão, chegamos tão perto um do outro
que posso sentir sua dificuldade para respirar. Só não sei se é por causa da
queda da prateleira ou por ter o mesmo sentimento que eu.
Seus profundos olhos castanhos me encaram, e de repente me sinto
visível. Aberta. Crua.
Exposta para Reed Davidson.
— Holland. — Ele sussurra meu nome asperamente e, pela primeira
vez, acho que ele pode sentir o mesmo que eu. Ouço o tom torturado de sua
voz. A mesma hesitação que sinto e desejo não sentir, a mesma vontade de
me beijar, sabendo que ele não pode.
Que nós não podemos.
Eu coloco uma mecha solta de cabelo atrás da minha orelha e desvio os
olhos, a intensidade de seu olhar queimando diretamente no meu núcleo.
— Porra, você é linda.
Meu coração dispara no peito, sem saber o que está acontecendo, mas
egoísta demais para impedir. Suas palavras me fazem tremer, e um fogo
delicioso que parece começar no meu estômago queima até o ponto sensível
entre minhas coxas.
Ele se inclina para mais perto e eu não me afasto. Eu simplesmente
engulo um suspiro.
Ring, Ring, Ring
Seu telefone toca, nos faz pular e quebra o feitiço que estava sobre nós.
— Merda. — Ele limpa a garganta e pragueja antes de tirá-lo do bolso,
deslizar o dedo na tela e atender. Enquanto ele fala, eu me ocupo pegando
os livros ao seu redor.
— Ei mãe. Sim, estou terminando aqui e vou embora. Eu sei. Sim. Sim.
Mãe... sim.
Ele encerra a chamada e o coloca no bolso outra vez. Tão rápido quanto
inicia, a conversa acaba e nos deixa em um silêncio tenso e incomum.
O que acontece agora?
— Você precisa de uma caldeira nova, Holl. Essa merda não é segura e
você não consegue lidar com ela. Alguém precisaria inspecionar as linhas
de gás, certificar de que tudo está funcionando bem, sem falar na troca da
maldita fornalha.
— Eu, nós… não é possível agora, Reed, — sussurro, sentindo minhas
bochechas queimarem de embaraço.
Odeio o quanto me sinto vulnerável ao expor a nossa deplorável
situação financeira. É vergonhoso. Mas é a verdade. A resposta simples é
que não podemos pagar milhares de dólares em uma caldeira, e o seguro
não cobrirá desgaste manual. Já faz um tempo que precisamos substitui-la, e
nunca tivemos condições.
— Qual é o problema? Está tudo bem?
Eu olho para longe, incapaz de encontrar seu olhar.
— Não podemos pagar. Eu tenho economias, mas não o suficiente.
Teremos que nos virar.
— Eu pago tudo.
Viro minha cabeça para ele e meu queixo cai. O que?
Obviamente foi atingido na cabeça quando a prateleira caiu. Essa é a
única razão para ele dizer algo tão ridículo.
— Absolutamente não. Eu vou cuidar disso. Os aquecedores vão
resolver por enquanto.
— Holland, eu tenho dinheiro. Bastante. Não vou conseguir dormir à
noite sabendo que você está sozinha nesta casa gelada. — Ele balança a
cabeça. — Por favor, me deixe fazer apenas isso.
— Não. — Balanço a cabeça violentamente e me levanto do chão frio.
— Eu te disse que posso lidar com isso e eu vou. Vou pegar mais alguns
turnos na biblioteca quando não estiver em minhas aulas online.
Reed se levanta abruptamente e me olha. Ele passa a mão pela barba
antes de começar a andar de um lado para o outro do porão.
— Ouça.... Eu tive uma ideia. Pode ser uma loucura do caralho, mas
acho... acho que poderia dar certo.
— Okay.
— E se… e se você viesse para a estrada comigo? Apenas me escute. —
Ele pausa levantando as mãos. — Apenas para cuidar de Evan enquanto eu
estiver no treino e quando houver jogo. Vou conseguir ingressos para todos
os jogos, então você só precisa levá-lo.
— Isso é loucura, Reed. Não invente uma insanidade só par comprar
uma nova caldeira para mim. Eu posso resol...
Ele me interrompe.
— Só escute. Não estou inventando e isso também me beneficia. Eu
proponho com egoísmo. Vou te pagar um salário. Ridiculamente alto. E
antes de dizer qualquer coisa, saiba que vai me ajudar mais do que imagina,
Holland. Não posso simplesmente deixá-lo com um estrangeiro que não
conheço, eu nem mesmo penso em deixá-lo para trás. Suas aulas são
online... então não atrapalharia, certo?
Não atrapalharia..., mas... Eu não poderia simplesmente sair com Reed.
Para a estrada. Por uma temporada de hóquei inteira.
Ou poderia?
— Basta pensar sobre isso. Dessa forma, você pode ganhar uma quantia
decente de dinheiro, economizar e salvar a minha pele dez vezes mais. É
apenas durante os treinos e jogos, e vou reservar um quarto para você. Sei
que seu pai já tem Mona, mas vou contratar uma enfermeira noturna
também. A melhor cuidadora que o dinheiro puder pagar.
A enfermeira de papai, Mona, provavelmente concordaria em ficar com
ele nos dias que eu estivesse fora.
— E deixe tudo isso de lado, okay? Veja, Evan acabou de te conhecer e
já gosta de você, inferno, provavelmente mais do que de mim. Ele
obviamente tem confiança e se sente confortável com você e... nesse
momento? Isso é tudo para ele. E para mim. Não sou só eu que preciso de
você... Evan também.
Oh Deus, estou pensando seriamente nisso? Ele puxa diretamente as
cordas do meu coração ao mencionar Evan e o fato de ele precisar de mim.
No entanto, Reed está certo sobre tudo. Preciso ser capaz de consertar
essa caldeira estúpida e tudo mais que está desmoronando por aqui, e sem
mencionar, tenho que economizar para a próxima emergência, para não ter
que me estressar.
— É uma ideia terrível. — Eu murmuro.
Ele se aproxima, quase me tocando.
— Por favor, Holland. Aqui estou eu, Reed Davidson, o jogador de
hóquei mais gostoso que já conheceu, te implorando. Eu preciso de você.
Prometo que vai valer a pena. Isso resolve meus problemas e os seus. O que
poderia dar errado? Apenas… me dê a temporada de hóquei. É tudo que eu
preciso, e então eu vou encontrar outra pessoa. Seis meses.
Quando coloca dessa forma... Ele está certo.
O que eu tenho a perder?
— Fechado.
As palavras saem da minha boca antes que eu possa me convencer do
contrário.
Cap 07
Reed
— Essa jogada foi ordinária, idiota. Eu reclamo, enxugando o suor da
minha testa com a parte de trás da minha luva.
— Passe a porcaria do disco então. — Ledger sorri.
Porra, é bom voltar para o gelo. O único lugar onde eu tenho a
impressão de não foder nada. Quando minha lâmina atinge o gelo, é como
se tudo desaparecesse. Eu me sinto no topo da porra do mundo, e é uma
sensação que eu nunca vou parar de buscar. A euforia que o hóquei me dá.
Os últimos dias foram um turbilhão, e ainda não consigo acreditar que
Holland vai viajar comigo. Ou que quase nos beijamos. Seria uma pequena
loucura? Sim. Provavelmente seria uma péssima ideia conviver com uma
garota que, repentinamente, passou a deixar o meu pau duro apenas por
abrir a boca... com toda certeza do caralho, mas está feito.
Eu não deixaria Evan em casa com uma pessoa desconhecida, eu nem
mesmo pensaria nisso. Não depois de Holland concordar em me ajudar.
Talvez no próximo ano, principalmente quando ele estiver mais confortável
comigo.
A merda é complicada. Ele fica desconfiado quando está perto de mim e
ainda tenta entender o que está acontecendo, mas faço o melhor que posso.
Nenhum de nós sabe o que está fazendo, mas de alguma forma... estamos
fazendo juntos.
— Davidson, você vai jogar a porra do hóquei ou vai ficar sonhando
acordado? — O treinador grita, me tirando dos meus pensamentos.
Merda. Tenho que tirar minha cabeça do meu rabo. Patino de volta para
o centro e empurro o disco com a ponta do meu taco.
O resto do treino passa voando. Ser o central do melhor time de hóquei
do país significa que essa é a porra do meu show. Não há espaço para
merdas ou erros. É meu trabalho pontuar e garantir que levemos a taça para
casa este ano. O hóquei é minha vida e, embora meu mundo esteja virado
de cabeça para baixo, é minha constância. Como sempre foi.
Eu saio do gelo e arranco minhas luvas, jogando-as na caixa em cima do
banco.
Partimos amanhã e isso significa que nos próximos três dias estarei com
Evan e Holland. Eu reservei um quarto separado para Holland e uma suíte,
de forma que Evan tenha seu próprio espaço, mas foda-se, estou nervoso
por estar sozinho... com Holland. Porque quero ficar a sós com ela, e o que
quero fazer são coisas que nunca poderiam acontecer.
— O que há com você esta noite? — Hudson pergunta. Ele é o nosso
goleiro e um dos meus melhores amigos. A maioria de nós se dá muito
bem, mas Graham, Briggs, Hudson e Asher são meus melhores amigos.
Falta Liam, mas ele está treinando o ensino médio agora, e não consigo vê-
lo tanto quanto antes, quando ele treinava os Avalanches.
Briggs sai do chuveiro com uma toalha na cintura. — Sua cabeça não
estava lá esta noite. Estou surpreso porque o treinador não o obrigou a fazer
exercícios.
— Porra, tem muita merda acontecendo. —Eu digo enquanto tiro uma
camiseta limpa da minha bolsa. — Você conhece Holland? A amiga de
Emery. Aquele que mora ao lado da casa da minha mãe desde que éramos
crianças?
Briggs assente.
— Eu pedi a ela para viajar comigo e me ajudar com Evan durante os
jogos e treinos.
— Sim, e?
Eu paro, passando minhas mãos pelo meu cabelo.
— Até recentemente, eu nunca tinha olhado para ela de verdade. Tipo
uma boa checada. Ela é linda e eu não confio no meu pau quando ele está
perto dela.
Eu me sinto culpado apenas por pensar nisso, e ainda mais por ser
afetado por ela.
— Cara, Emery literalmente quebraria seus membros. Ela é esquisita
assim. Esta é a amiga da sua irmã mais nova, se existe alguém que está fora
dos limites, esta pessoa é ela. Não siga esse caminho. — Graham murmura.
— Eu nem conheço Emery direito, mas sei que ela tem um metro e meio de
pura violência. — Ele estremece.
Fechando meu armário com força, coloco minha bolsa em meu ombro e
pego meu taco.
— Eu não vou. A porra do problema é que eu sei disso, mas meu pau
não recebeu o memorando... — Eu paro.
— Ela é apenas... sei lá, diferente. Eu sei que não deveria, eu sei porra,
mas isso não significa que eu não vá fazer.
— Você sabe que Em vai cortar seu pau.
Ele tem razão. Emery perderia a cabeça se suspeitasse algo entre mim e
Holland. Não que tenha alguma coisa, mas eu vejo como Holland cora
quando a provoco, ou se inclina levemente sempre que estou perto. Depois
daquele dia no porão da casa dela, quando quase me entreguei e a beijei pra
caralho, a última coisa que preciso é criar oportunidade de ficar sozinho
com ela.
Esta é uma má ideia. Eu sei disso, Briggs sabe disso, inferno, qualquer
um que conheça minha irmã e o pequeno terror que ela é... sabe disso.
Não que minha vida já não esteja um show de merda total e tão
complicada quanto poderia ser, ao herdar o filho da minha falecida irmã,
que eu nunca conheci e que não quer absolutamente nada comigo. Vamos
começar a desejar a melhor amiga da minha irmã.
Eu gemo e olho para o teto.
— Estou completamente fodido.
Depois do treino, vou para casa e entro pela porta logo depois das nove.
Esta noite foi particularmente cansativa, visto que tirei alguns dias de folga
para ficar com Evan. Assim que fecho a porta atrás de mim, Emery aparece
na entrada, cheia de energia.
— Puta merda! — Eu rio, agarrando a parede para me manter em pé.
— Eu e Evan fizemos uma guerra de Nerf. Foi incrível. — Ela dá um
gritinho. Sorri de orelha a orelha, e eu mentiria se dissesse que não fico
feliz em vê-la tão alegre. Faz muito tempo que não vejo minha irmã sorrir
assim. E o fato de ser Evan quem a faz sorrir?
A cereja do bolo.
Eu sorrio, jogo minha bolsa no chão e tiro meus sapatos.
— Aposto que ele chutou seu traseiro, hein?
Ela revira os olhos, salta em cima do sofá e cai para trás.
— Eu o deixei ganhar. Foi muito engraçado, Reed. Sério, eu me diverti
tanto. Ele riu demais.
— Ele é um ótimo garoto. Eu odeio que passe por tanta coisa. Não
consigo nem imaginar em perder mamãe.
Emery assente.
— Ouvi dizer que Holl vai viajar com você. É melhor você não ser um
idiota com ela. — A expressão dela é severa, e eu quase rio.
Emery é pequena, cinco anos mais nova e pesa três vezes menos do que
eu, mas, para ser honesto, minha irmãzinha é uma destruidora de bolas e
não hesitará em me bater, especialmente quando se trata da sua melhor
amiga. Ela cruza os braços no peito e estreita os olhos para mim.
Ofendido, aperto os olhos.
— Eu sou o melhor irmão que você tem, Emery.
Uma almofada voa no meu rosto.
— Você é o único irmão que eu tenho, imbecil. Estou falando sério.
Sem esquisitice Reed, seja um cavalheiro.
— Por que tanta recomendação, Em? Estamos nos ajudando. Não faça
disso algo que não é.
Assim que digo, sinto as palavras amargarem a minha língua. A verdade
é que eu quero Holland e gostaria que não houvesse todos os obstáculos do
mundo no meu caminho.
Emery levanta do sofá e se aproxima de mim. — Reed, ela é a pessoa
mais importante da minha vida. Eu só não quero que aconteça alguma coisa
que me faça perdê-la. Só tenho você, mamãe e Holland.
A culpa se estabelece.
— Olha, maninha, está tudo bem. Não precisa se preocupar. Me
comportarei da melhor maneira. Agora, eu tenho que estar de pé no início
da madrugada para sair. Me manda uma mensagem quando você chegar em
casa? E não se esqueça.
Ela parece ter mais a dizer, mas acena com a cabeça e pega sua bolsa na
mesa de canto.
— Amo você, idiota.
— Te amo, pirralha.
A porta da frente se fecha silenciosamente atrás dela e segundos depois,
ouço o som do motor ligar e ela se afastar.
As coisas estão prestes a ficar ainda mais complexas, mas o que é a vida
sem um pouco de complicação?
Ou pelo menos é o que continuo me dizendo.
Cap 08
Reed
— Uau, isso é incrível! — Holland sussurra enquanto observa Boston.
Aqui é lindo à noite, principalmente no centro comercial, mas a beleza que
vejo não tem nada a ver com a cidade. — Eu nunca estive fora de Chicago.
Sua admissão me surpreende. As luzes da cidade parecem reluzir em
seus olhos, e durante todo o passeio ela mal desvia o olhar da paisagem.
— Sério? — Eu pergunto. Acabamos de desembarcar do avião e
estamos no banco de trás de um Uber, indo para no nosso hotel que fica
perto da arena. É a nossa primeira noite juntos na estrada, e Evan não
conseguiu ficar parado em nenhum momento.
— Carro, corre! Corre! — Ele grita. O mais alto que já o ouvi falar
desde que veio morar comigo. É a primeira vez que o vejo sair de sua
concha e, podem me chamar de maricas, mas isso faz meu coração apertar.
— O carro está correndo, carinha. — Eu digo a Evan.
Holland bagunça o cabelo dele antes de falar:
— Nós nunca tivemos dinheiro para viajar. Além disso, trabalho e
estudo de sol a sol desde os dezesseis anos. — Ela ri, tentando ignorar o que
disse, mas me sinto um completo idiota. Eu nunca percebi que Holland e
seu pai tinham uma vida tão difícil. Sem sombra de dúvida, enquanto
crescíamos, ela ficava na minha casa mais do que na dela. Eu pensei que
fosse porque ela e Em eram carne e unha, mas os últimos dias revelaram
muito sobre Holland que eu não sabia... ou, pelo menos, não prestava
atenção.
Eu me sinto totalmente imbecil por não ter percebido.
— Nós não voltaremos para casa até a próxima noite, talvez possamos
passear amanhã?
Ela acena com a cabeça.
— Eu adoraria.
— Nem sempre temos tempo livre antes ou depois de um jogo. Deu
certo desta vez. Podemos ir ao Fenway Park? Ou talvez à Biblioteca
Pública de Boston? Eu sei como você é em relação aos livros.
O rosto dela se ilumina.
— Seria ótimo, mas penso que Evan não iria se divertir.
Verdade. Ele provavelmente não conseguiria ficar quieto, mas... há
muitas coisas para ver em Boston.
— Vamos descobrir algo para fazer.
Alguns minutos depois, o Uber estaciona na calçada em frente ao hotel,
e todos nós saímos.
— Vou pegar a bagagem. Eu só fiz uma mala para mim e Evan.
Holland parece meio culpada antes de dizer:
— Talvez eu tenha exagerado ... um pouquinho.
Levanto minhas sobrancelhas e quando o motorista abre o porta-malas,
vejo sua mala enorme. Ela tem, pelo menos, três vezes o tamanho de Evan,
e eu gemo fingindo aborrecimento.
— Tem certeza de que trouxe coisas suficientes para dois dias?
Ela encolhe os ombros.
— Eu não sabia do que iria precisar, então embalei tudo. Eu sou uma
exagerada.
— Você acha? — Pego a minha mochila e a mala ridiculamente pesada
do porta-malas, e entramos no hotel para fazer o check-in. O porteiro
solícito é rápido em localizar os quartos e logo estamos com as chaves, e
seguimos em direção ao elevador.
— Senhor, sinto muito pelo inconveniente, mas no momento o elevador
está em manutenção. Se vier por aqui, a escada está disponível.
Vocês estão de sacanagem comigo. Tenho que carregar essa mala de
duzentos quilos por três lances de escada?
Eu sorrio para Evan, que segura forte na mão de Holland, e ela me olha
com uma careta.
— Desculpe. — Ela sussurra.
— As damas primeiro. — Eu faço um gesto em direção às escadas.
Os dois primeiros lances vão bem. Eu sou a porra de um jogador de
hóquei, disputo com caras que pesam trezentos quilos. Teria continuado
bem se a roda da porcaria da mala não tivesse prendido no piso do nosso
andar, me fazendo puxar com um pouco mais de força do que necessário,
fazendo a maldita coisa se abrir, derramando roupas, sapatos e artigos de
higiene pelo chão.
— Merda. Sinto muito, Holland.
Holland ri, ignorando o assunto, e se abaixa para me ajudar a colocar
tudo de volta na mala. Evan dá uma risadinha enquanto nos observa.
Pega leve, homenzinho. Você fica parado aí, gracioso, enquanto eu
carrego essa coisa escada acima.
Junto as coisas até pegar um pedaço de renda vermelha transparente. Eu
congelo, meu cérebro fica completamente em branco no segundo em que
percebo o que é.
Holland trouxe... lingerie? Ou é isso que ela sempre usa por baixo de
seus suéteres recatados e jeans rasgados?
Minha boca seca. Engulo um comentário, tentando recuperar o
pensamento racional, mas ele me escapa. Quando Holland percebe o que
está na minha mão, suas bochechas ardem da mesma cor de sua peça íntima
e ela a arranca de minha mão e enfia de volta na mala entreaberta.
Foda-se. Foda-se. Foda-se.
Agora não consigo parar de imaginá-la vestindo nada além daquela
pequena lingerie vermelha, e eu a arrancando e transformando em uma
pilha de rendas esfarrapadas pelo chão. Eu quero isso, porra, eu preciso
disso.
— Weed? — Evan pergunta, interrompendo meu transe. Ele pronuncia
seus r's como w's, então ele começou a me chamar de erva [1].
Honestamente, eu não dou a mínima. Pelo menos ele está se abrindo para
mim.
Limpo minha garganta, empurrando os pensamentos na minha cabeça.
— Desculpe, carinha. Você está com fome?
Evan assente. Para um garoto de três anos que passou pela merda que
passou, ele é ótimo. É tranquilo, observador, para uma criança da idade
dele, e até brinca sozinho.
Holland rapidamente pega suas roupas caídas, e eu entrego a ela o
cartão do seu quarto. Ela obviamente está envergonhada e evita meus olhos,
mas porra, não consigo parar de imaginá-la vestida.
Chegamos em nossos quartos e ela se move nervosamente de um pé
para o outro.
— Então, amanhã?
Assinto.
— Sim, uh, nos encontramos aqui? Às oito?
Ela acena com a cabeça.
— Certo. Boa noite, Evan. — Ela abaixa e o abraça, em seguida, olha
para mim. — Boa noite, Reed.
— Boa noite.
Levo Evan para o nosso quarto e, pelo resto da noite, meus pensamentos
são consumidos por Holland Parker.

***

— O que está programado para hoje? Você decide. — Eu pergunto para


Holland quando saímos do hotel em direção à estação de metrô mais
próxima. A mão de Evan aperta forte a minha, e ele quer parar e admirar
tudo que está no nosso caminho. Não posso culpá-lo. Na sua idade, tudo é
vasto e empolgante e gosto de ver o mundo pela sua ótica.
Os olhos de Holland estão tão arregalados e maravilhados quanto
quando chegou na cidade. Não posso acreditar que ela nunca tenha saído de
Chicago. Pelo menos agora que vai viajar conosco, conhecerá novos lugares
e poderá experimentar coisas novas.
— É muita pressão, Reed. — Ela murmura, mastigando o lábio.
Eu rio.
— Na verdade, não. Escolha o que você quer fazer, e eu e Ev estamos
prontos. Para qualquer coisa.
— Qualquer coisa? — Ela pergunta.
— Dentro do possível.
Ela bate em meu ombro de brincadeira.
— Quer dizer, podemos ir para Fenway. Eu posso ser um fã de beisebol.
Eu estreito os olhos e balanço a cabeça. — Vou fingir que você não
disse isso.
A audácia desta menina.
— Estou brincando, estou brincando. — Enquanto caminhamos,
Holland pega seu telefone e digita furiosamente. — Oh, que tal isso? — Ela
me mostra a tela.
— Boston Tea Party navio e museu? Parece incrível. Acho que Evan
vai amar.
Ela acena com a cabeça.
— Nunca andei de barco, e este é como uma réplica gigante de uma
embarcação histórica. Nós temos que ir. Parece que pegamos o metrô ali.
— Você já andou de metrô antes, certo? — Eu provoco. Ela mora em
Chicago, então sei que sim, mas gosto de provocá-la.
Ela revira os olhos e olha para o mapa do metrô em seu telefone.
— Sim, já andei de metrô. Eu simplesmente nunca saí de Chicago,
apesar de ter vontade.
Fazemos o resto do percurso em um silêncio confortável, apesar da
conversa animada de Evan. Quem diria que uma criança de três anos teria
tanto a dizer? Depois de uma curta viajem de metrô e uma caminhada,
chegamos ao barco.
Puta merda, eles não estavam brincando, é uma réplica legítima. Bem,
se eu fosse capaz de imaginar como foi o navio Boston Tea Party.
Evan arqueja quando o vê.
— Um navio pirata, Weed? — Ele está tão empolgado que pula na
ponta dos pés, agarrado a Pickles.
Não vou mentir, não existem muitas coisas melhores do que
testemunhar a verdadeira emoção em seu rosto. Eu não tinha percebido o
quanto precisava da felicidade dele até agora.
Eu sabia que não estava preparado quanto tomei a decisão de ser seu
tutor. Inferno, a ideia de estragar tudo era uma das minhas batalhas. Ainda
morro de medo e sou homem o suficiente para admitir. No entanto, vê-lo
feliz, sorridente e prosperando apesar da situação que enfrenta, faz tudo
valer a pena.
Estamos vivendo um dia de cada vez.
— Sim, carinha. É um navio. Você quer entrar nele?
Evan concorda com entusiasmo, e Holland sorri e estende a mão para
ele. Ele desliza a mão na dela e caminhamos até a bilheteria.
Depois de alguns minutos de espera, atravessamos a passarela para
embarcar no navio. O vento balança levemente o barco e Evan congela.
Posso sentir a sua rigidez quando a madeira sob nossos pés se move
ligeiramente.
Ele imediatamente irrompe em lágrimas e agarra minha perna como se
fosse o fim do mundo.
— Está tudo bem carinha. Está tudo bem. — Eu digo, tentando acalmá-
lo.
Parece que isso o faz chorar ainda mais. Seu aperto na minha perna é
surpreendentemente forte para uma criança e eu estremeço quando ele sobe
cada vez mais, praticamente me escalando.
Holland nem pisca. Ela se ajoelha ao nosso lado e fica na altura de
Evan. Coloca uma mão reconfortante nas costas dele e acaricia suavemente.
— Evan, está tudo bem. Você está seguro. Lembra como Pickles te
torna corajoso?
Ele funga, mas enterra a cabeça no meu jeans e fica em silêncio. Ela
olha para cima e me dá um pequeno sorriso, para me garantir que tudo vai
ficar bem. Estou tão assustado quanto ele. Esse é o problema de se tornar o
tutor de Evan. Eu não tenho todas as respostas. Eu não tenho habilidade
para resolver qualquer situação. Não sei muita coisa, aprendo um pouco a
cada dia. Sobre ele e sobre mim. A paternidade não vem com um manual,
embora eu desejasse pra caralho. Afinal, não é isso que te torna melhor, o
fato de aprender com todas as situações que surgem em seu caminho?
Assumir seus erros e aprender com eles?
É tudo o que posso esperar. Ser o tipo de pai que o meu pai nunca foi.
Eu afasto os braços dele das minhas pernas e me agacho ao lado de
Holland. Evan me olha com olhos cheios de lágrimas. Seu aperto mortal em
Pickles não diminuiu, mas pelo menos ele olha para mim.
— Carinha, posso te contar um segredo? Um que eu nunca contei para
ninguém? O meu maior segredo?
Evan olha de mim para Holland e acena com a cabeça.
— Quando eu era pequeno, eu tinha pesadelos, assim como você. Eu
tinha tanto medo do escuro que ficava acordado olhando para o teto a noite
inteira. Mas quer saber? Minha mãe uma vez me disse que a coragem vem
daqui. — Eu pressiono o seu coração e ele olha para o meu dedo. — Sim.
Você tem coragem aqui, Evan. Não importa o que enfrente, não importa o
quanto seja assustador. Tudo o que você precisa fazer é lembrar quanta
coragem você tem em seu coração.
Os olhos de Holland suavizam e ela continua a massagear as costas de
Evan enquanto ele se acalma.
— Eu posso ser corajoso. — Evan murmura.
— Você é corajoso, carinha. Não há problema em ter medo às vezes,
porque você tem a mim e, juntos, podemos ser corajosos. Podemos
enfrentar qualquer coisa.
Não importa se estamos no meio de um ancoradouro, provavelmente
bloqueando todas as pessoas que vem em seguida. Tudo se desvaneceu
porque neste momento, Evan precisava de nós.
Ele precisava ter certeza de que tudo ficaria bem e que ele estaria
seguro. E não importa o lugar que estivermos, sempre vou parar para
garantir que ele se sinta seguro e protegido.
Agora que se acalmou, as lágrimas secaram e aparentemente está bem,
ele me surpreende quando pula para frente e joga os braços em volta do
meu pescoço, apertando forte.
— Eu adolo você, Weed.
Jesus, alguém está cortando cebola aqui outra vez. Meu coração aperta
no peito com algo que nunca pensei em experimentar. Eu levanto meus
braços e os envolvo em torno de seu pequeno corpo, e nós ficamos desse
jeito. Abraçados. Eu lutando com os meus olhos marejados, e Holland nos
olhando com lágrimas nos dela.
— Adoro você também, carinha.
Passamos o resto do tempo na enorme réplica do navio e, felizmente,
Evan tem um ótimo dia. Ele brinca e dá risadas, e as lágrimas são coisa do
passado. Sem mais colapsos. Na verdade, ele parece mais leve.
Foi um bom dia.
O melhor dia que tive em muito tempo, realmente.
De alguma forma, Evan e Holland me convenceram a tirar uma foto
com chapéu de pirata. Tudo que eu posso pensar é o quanta merda os caras
vão falar quando virem. Mas eu não me importo. Isso o deixou feliz, é o
que interessa. Eu usaria uma fantasia de pirata completa se fosse necessário,
para fazê-lo sorrir.
Estamos sentados em um restaurante italiano localizado bem no centro
de Boston. É exótico e aconchegante, e ainda repleto de clientes. O lugar é
animado, o vinho é envelhecido com perfeição e a comida é de dar água na
boca. Também fica a apenas alguns quarteirões do nosso hotel, o que
facilita a nossa volta.
Nosso voo estava marcado para hoje à noite, mas depois do dia que
tivemos, decidimos remarcar para amanhã. Holland conseguiu falar com a
enfermeira de seu pai para ficar mais um dia, e eu não tinha nenhum motivo
urgente para correr para casa. Evan se divertiu muito. Desde que está
comigo, foi o dia que mais sorriu. Eu queria que continuasse assim.
Tomamos duas taças de vinho e Evan apagou ao lado de Holland. Ela o
envolve com o braço e, com a boca entreaberta, ele ronca levemente. Estava
exausto. O carinha quase desmaiou no seu prato de espaguete. Acho que
nenhum de nós quer encerrar a noite, então nos últimos trinta minutos
conversamos sobre nossos pratos acabados.
Não sei se é por causa do vinho ou das luzes da cidade, mas os olhos de
Holland parecem brilhar cada vez que ela ri, e ela tem feito sem parar esta
noite.
Como agora, ela está tirando sarro de mim depois que contei a ela uma
história sobre o que faço para deixar as garotas de Liam felizes.
— Oh Deus, agora estou seriamente imaginando você em um vestido de
Frozen e uma peruca.
Provavelmente não deveria ter contado essa história porque agora nunca
vou conseguir esquecer.
— Por favor, não. Olha, eu fiz isso pelas meninas. Você não viu os
rostos delas, ok? A linha dos limites foi traçada com batom.
Holland solta uma risada baixa e calorosa e leva a taça de vinho aos
lábios. Quem diria que tomar vinho poderia ser tão sexy? Há muitas coisas
que eu não percebi serem excitantes até que Holland as fizesse.
Estou perdendo a cabeça, e o mais inteligente seria acabar com isso
agora. Colocar todos nós em um voo de volta para casa e encontrar uma
senhora de sessenta anos com cabelos grisalhos e prótese dentária para
viajar comigo e Evan.
Mas, eu sou egoísta. Eu não vou.
Quero passar cada segundo que puder com Holland.
— Conte-me sobre o futuro. Seu. De Evan. Quais são os seus planos?
— Ela diz, tomando mais um gole de vinho. — Parece que você já está
programando tudo. Estou orgulhosa de você, Reed.
Eu arrasto minha mão pela barba.
— Quer saber a verdade?
Ela acena com a cabeça.
— Eu não sei. Em um segundo, meu mundo era de um jeito, no seguinte
Evan foi jogado nele e não faço ideia. Só sei que sou grato pelas coisas
terem acontecido como aconteceram. Não a parte da minha irmã ter sido
assassinada. Apenas o fato de Evan vir morar comigo. Talvez tenha ficado
indeciso e ansioso no começo, mas agora? Sei que tudo deveria acontecer
dessa forma. Vou continuar jogando hóquei e passar todo meu tempo livre
com Evan. Exceto quando mamãe e Emery o roubarem para uma festa do
pijama. Elas estão obcecadas.
Holland ri.
— Você sabe que não tem a menor chance contra Emery. Ela foi feita
para ser tia. Ela me enviou imagens de coisas da Amazon para o novo
quarto dele, o dia inteiro.
Eu dei carta branca para Emery e Holland, e elas decidiram decorar o
quarto com tema marinho. Estou apenas passando meu AmEx e,
conhecendo minha irmã, ficarei muito menos rico quando ela terminar.
— Eu só quero estar presente e ser tudo o que mamãe me criou para ser
e, não parecer nem um pouco com o meu pai. — Pensar nele embrulha o
meu estômago. — Isso é o que importa para mim. Não terei todas as
respostas e, provavelmente, precisarei ligar para minha mãe muito
frequentemente. Mas, pelo menos estou aqui e estou tentando. Estou
fazendo o meu melhor.
Meus olhos se voltam para Evan, e eu sorrio. Ele dorme tranquilamente
apesar da agitação do restaurante.
— Além do mais, ele é um carinha e tanto. Eu já o amo. Faz tudo ficar
mais fácil, entende?
— Definitivamente. Ele é contagiante. — Ela acaricia a cabeça dele.
O garçom se aproxima com a conta.
— Obrigado por jantarem conosco. Aproveitem a noite.
Depois que ele se vai, percebo como está tarde.
— Acho que deveríamos voltar e colocá-lo na cama.
Holland assente e pega a carteira ao seu lado.
— Você está maluca, me conceda o prazer de pagar o seu jantar. — Eu a
interrompo colocando meu cartão junto com a nota.
— Tem certeza? Eu posso pagar a minha parte, Reed.
Ela é assim. É uma das coisas que admiro desde que éramos mais
jovens.
— Eu sei que você pode, mas eu convidei e quero pagar o jantar para
você.
Depois de pagarmos a conta, coloco meu casaco e pego Evan dela.
Imediatamente, ele deita a cabeça no meu ombro e cai no sono de novo,
antes mesmo de sairmos do restaurante. Holland abre a porta e caminhamos
juntos de volta para o hotel. Enquanto passamos, ela observa os prédios
com admiração.
— Esse lugar é incrível. Fico impressionada em saber que existe esse
mundo inteiro fora de Chicago, que eu nunca vi. Isso me faz querer
adicionar uma dúzia de outras coisas à minha lista de desejos.
— É uma das coisas que amo em ter que viajar para jogar hóquei. Posso
ir a lugares que gosto e a lugares que nunca vi. Estou feliz por você e Evan
estarem aqui também. É diferente com vocês.
Depois de um momento de silêncio, ela diz:
— Eu também.
Assim que chegamos no hotel, Holland desaparece em sua suíte para
passar a noite, e eu preparo Evan para dormir, vestindo o pijama e
escovando os dentes. Ele adormece rapidamente em seguida. O dia de hoje
o esgotou da melhor maneira possível. Tenho esperança de que não haja
pesadelos.
Tomo um banho rápido e coloco um moletom velho, ligando a ESPN
antes de ir para a cama. Alguns minutos depois, ouço uma batida suave
vindo da porta adjacente, do quarto de Holland.
— Entre.
Holland abre a porta e espreita a cabeça pelo canto.
— Você tem um segundo?
— Sim, claro, tudo bem com você?
Ela ainda está atrás da porta, apenas com a cabeça para fora.
— Hum, é muito embaraçoso. Eu tentei tirar meu colar e ele emaranhou
no meu cabelo por causa do vento de hoje. Você consegue me ajudar? Eu
sinto muito.
— Sim, ventou muito hoje. Deixe-me ver.
Eu me levanto da cama e vou até onde ela está escondida atrás da porta.
Seus olhos descem do meu peito para o moletom cinza que uso, e voltam
rapidamente.
— Se precisa da minha ajuda vai ter que abrir a porta. — Eu rio.
Nervosa, ela mastiga a parte interna da bochecha, mas sai de trás da
porta com apenas uma toalha enrolada ao seu redor.
Porra, eu não esperava por isso.
— Desculpe, eu ia entrar no banho e não quis colocar a blusa para ele
não enrolar de novo. É muito estranho. Acho que eu posso resolver sozinha
sem te incomodar. — Deixo-a divagar.
É fofo pra caralho. Dá pare ver que está nervosa e tenho a sensação que
tem menos a ver com o colar e mais a ver comigo.
— Holland. Respire. Está tudo bem. — digo suavemente. — Vire-se.
Ela move lentamente, revelando seu pescoço delicado e a pele nua de
suas costas. Suas mãos estão nos cabelos, levantando-os para mostrar a
corrente emaranhada. Meus olhos examinam a extensão de pele que eu
quero percorrer com minha língua, e voltam para a inclinação de seu
ombro.
Com cuidado, levanto a corrente frágil do seu pescoço e a desembaraço.
Quando meus dedos roçam levemente sua pele, ela arrepia. Uma reação que
faz meu pau estremecer sob minha calça de moletom.
Porra, como algo inocente parece tão... mais?
Chegando mais perto, libero as mechas de cabelo emaranhadas na
corrente, em seguida, deslizo minhas mãos para removê-la do seu pescoço.
Ela me olha por cima ombro, com as pupilas dilatadas pelo mesmo
sentimento que eu, e murmura:
— Obrigada.
Quando vira para mim, suas bochechas estão avermelhadas e o rubor
delas parece se espalhar pelo peito e descer até onde a toalha a cobre. Eu
me pergunto até onde vai realmente.
— Reed. — Ela sussurra.
Eu sei. Não preciso nem perguntar sobre o tom de advertência em suas
palavras, porque eu já sei. Mas eu pouco me importo. Temos dançado ao
redor disso, empurrado como se não houvesse nada, mas não posso mais
ignorar.
— Eu deveria ir.
Eu assinto. Ela deveria. O que não quer dizer que eu quero que ela vá.
Ela olha nos meus olhos, acena com a cabeça e desaparece atrás da
porta, fechando-a firmemente atrás dela.
Bato a bunda na cama e coloco minha cabeça em minhas mãos. Merda,
eu vou foder com isso. Sei disso. Ela é a melhor amiga de Emery.
É também a garota em quem não consigo parar de pensar.
A decisão é simples. Eu apenas rezo pra caralho para que ela se sinta da
mesma maneira.
Cap 09
Reed
É tarde demais para mudar de ideia. Tarde demais para voltar atrás.
Tarde demais para voltar ao território intocado que já estivemos.
Não quando tudo que separa o motivo do meu desespero é apenas esta
porta. Porra, eu tentei me conter. Tentei ser o bom moço, aquele que faz as
escolhas certas, mas não consigo.
Não mais. Não depois desta noite consolidar tudo o que tenho sentido.
Meus dedos batem contra a porta, uma, duas, três vezes, e então ela se
abre, revelando Holland do outro lado. Suas bochechas estão vermelhas, a
boca ligeiramente aberta, completamente pega de surpresa.
— Reed? O que você está fazendo a...
Não permito que nenhum de nós tenha a chance de pensar. Dando um
passo à frente, diminuo a distância entre nós. Minhas mãos deslizam da sua
mandíbula até a nuca, puxando-a para mim. Então minha boca está na dela.
Seu corpo macio se encontra com o meu e ela choraminga sob meu toque.
Eu a beijo como se morresse de sede, e porra, eu quero me afogar nela.
É o melhor de todos os beijos. Do tipo que arruína qualquer garota antes
dela.
É imprudente, a chave para um desastre do caralho, mas eu não me
importo. Talvez depois, pode ser que nós dois nos incomodemos.
Mas agora, tudo o que quero é me perder na garota em quem não
consigo parar de pensar.
Quando ela abre a boca para me deixar entrar, deslizo a língua e gemo
quando ela agarra minha camisa como se segurasse sua preciosa vida.
Minhas mãos deslizam das suas costas até as coxas e eu a pego, entrando
para dentro do quarto. Chuto a porta atrás de mim, enquanto suas pernas
apertam em volta da minha cintura.
— Espere, espere, espere. Ela arqueja, afastando sua boca da minha.
Seus profundos olhos azuis procuram os meus, e então ela me beija
novamente. Como se não pudesse parar. É carente, desesperador, como me
senti nos últimos dias. Louco por ela. — Nós não deveríamos fazer isso.
Não, nós não podemos fazer isso, Reed. — diz ela novamente.
— Não dou a mínima. — Beijo a sua mandíbula, desço pelo pescoço,
chupando até que ela choramingue embaixo de mim.
— Reed.
Eu me afasto e olho para ela.
— Pare de pensar, Holland. Escute, eu não poderia ficar nem mais um
minuto do outro lado daquela maldita parede, pensando em você, obcecado
por você. Estou perdendo a porra da minha mente. Não dá mais para ficar
perto de você sem te tocar.
Sua mente está em conflito com o seu corpo e vejo faíscas nos seus
olhos. A mesma batalha que eu lutei, mas no final, minha necessidade por
ela venceu.
— Diga que você não quer. Fale agora que não sente o mesmo que sinto
por você. Diga e vou embora, saio desse quarto e fingiremos que isso nunca
aconteceu.
Ela amolece embaixo de mim, puxa o lábio para dentro da boca e fala:
— Emery vai nos matar. Isso... isso vai estragar tudo. Você sabe que vai.
Pode ser que sim, mas é um risco que estou disposto a correr. Eu a
quero, e a quero mais e mais enquanto nos desejarmos. É claro que não
quero machucar Emery, ou arriscar a amizade dela e de Holland. Mas, no
fim das contas, o que acontece entre nós dois não diz respeito a ela.
— Por favor, não fale da minha irmã quando o meu pau estiver duro. —
murmuro.
Holland ri, e o movimento aperta o seu núcleo contra a cabeça do meu
pau que pressiona contra o meu short.
Eu sibilo, deixando cair minha testa em seu ombro.
— Veja Holl, a bola está com você. Acho que o meu desejo é bem
óbvio, mas você controla o show. Caso se sinta desconfortável e queira
manter as coisas do jeito que estão, eu vou respeitar. Respeitar e entender.
Nossos olhos se encontram, os dela nublados e escuros como o céu
antes de uma tempestade. Qualquer decisão ou qualquer caminho que
seguirmos... vai mudar alguma coisa.
— Se nós.... Se isso acontecer, ninguém poderá saber. Principalmente
Emery. É importante para mim e é a minha única maneira de... concordar.
— Holland diz.
— Certo. Juro manter em segredo. Palavra de escoteiro. — Levanto
dois dedos durante a promessa, e ela revira os olhos.
— Estou falando sério, Reed. Temos que ter.… regras. Se você
realmente quiser, tem que haver normas. Elas mantêm tudo em ordem. Sem
desentendimentos, sem falhas de comunicação. Simples. Fácil. Não tem
complicação e ninguém se machuca.
Eu suspiro, a coloco com cuidado na cama e me sento ao seu lado. A
última coisa que quero é parar, mas traçar uma linha clara pode ajudar no
fato de que ambos estamos entrando em território desconhecido. Além do
mais, não consigo pensar direito com ela tão perto do meu pau.
— Certo, tudo bem. Regras. Manda aí.
— Regra número um: não se apaixonar.
Eu rio.
— Baby, eu não tenho relacionamentos. Sentimentos não são a minha
praia. Então, acho que não será um problema.
Holland desvia o olhar do meu, mexendo com as mãos no colo.
— Sentimentos complicam as coisas. Você não precisa de complicação
e eu não quero arruinar o relacionamento que tenho com minha única e
melhor amiga. Então, estamos de acordo? Apenas sexo.
— Fechado.
— Regra número dois: ninguém pode saber. Estou falando sério, Reed.
Nem seus companheiros de equipe, nem Liam, e principalmente Emery.
Concordo.
— Eu sei. Sou um cara reservado, Holland, você não precisa se
preocupar.
E ela não precisa mesmo. Não é como se eu fosse subir em um telhado e
contar ao mundo com quem estou dormindo. Briggs poderia, mas eu não.
Respeito Holland demais para colocar essa merda em exibição de propósito.
— Você gostaria de acrescentar alguma coisa?
Porra, só consigo pensar em colocar minhas mãos nela, mas já que
estamos tendo essa conversa, quero deixar minhas expectativas claras. Eu
odeio falha de comunicação e a última coisa que desejo é machucá-la.
— Regra número três.... Quando a temporada acabar, nos afastamos.
Voltamos ao que éramos antes.
O rosto de Holland muda levemente e acho que vejo um lampejo de dor,
mas ela acena com a cabeça.
— Eu concordo. É óbvio que temos algum tipo de química, mas nunca
daria certo fora disso. Você está certo. E eu apenas… não quero perder Em,
Reed.
— Então, nós seguimos as regras. Estritamente sexo entre amigos.
— Okay. Então… — Ela interrompe, parecendo mais nervosa agora que
"a conversa" acabou.
— Sem pressão, Holland. Seguiremos o nosso ritmo como for
confortável para você. Sem expectativas.
Dessa forma, as regras parecem simples. Mas tenho a sensação de que
será tudo, menos simples.
Não quando Holland estiver envolvida.
— Que tal apenas assistirmos a um filme? Tenho certeza de que, como a
viciada que é, você tem balas de goma escondidas em algum lugar dessa
mala. Podemos colocar alguma coisa e apenas... sei lá, ficarmos juntinhos?
— Eu pergunto.
Ela revira seus olhos azul-escuros.
— Você não sabe.
Eu levanto minhas sobrancelhas.
— Tem balas de goma na sua mala agora, Holland?
— Tá bom.
Ela sai da cama, desaparece em sua suíte e retorna com um saco gigante
de balas de goma azedas, das mesmas que é viciada desde que éramos
crianças. Ela e Emery costumavam me implorar para comprá-las, quando eu
ia ao supermercado para mamãe, sempre que faziam festa do pijama.
Indecisa, ela rasteja de volta para a cama e se senta ao meu lado.
Desligo o abajur e coloco um filme no pay-per-view. Algo de terror, pois sei
que ela adora qualquer coisa assustadora.
— Nossa, eu estava doida para ver esse. É a sequência do primeiro
filme da boneca.
O filme começa e, mais ou menos na metade, Holland chega mais perto.
Aproxima um pouco mais a cada parte que a faz pular, até que esteja
pressionada contra mim. Tento me concentrar no filme e não no toque dela,
mas está duro.
E quando digo isso, me refiro ao meu pau.
Foi uma piada de mau gosto, mas falando sério, não consigo me lembrar
da última vez que desejei alguém do jeito que desejo Holland.
— Não consigo me concentrar. — diz ela.
— Nem eu.
Ela se apoia nos cotovelos e joga outra goma na boca.
— Não é como se algum de nós fosse realmente assistir a esse filme.
Vamos brincar de vinte perguntas. Você faz uma pergunta e depois eu.
Podemos nos conhecer melhor.
— Você me conhece desde os sete anos, tenho certeza de que sabe tudo
sobre mim.
— Não é verdade. — Ela se endireita, cruza as pernas na sua frente, e
tenho que forçar meus olhos a ficar nos dela. — Eu começo. Qual é a sua
comida favorita?
Merda, dificuldade logo de cara.
Eu coço minha barba.
— Provavelmente Captain Crunch.
— Sabe, por ser um atleta profissional com mais músculos do que
qualquer um que já conheci, você come muito açúcar. Aposto que isso
deixa Liam louco.
Meu melhor amigo odeia açúcar com cada fibra de seu ser. Tanto que
ele não permitia em sua casa, porém, agora que tem Juliet, ela mudou um
pouco as regras.
— Sim, bem, eu sou um cara grande, preciso de sustento e não do
caralho da couve. Essa merda é nojenta.
Ela concorda com a cabeça.
— Você tem razão. Tem gosto de meia mofada.
Isso me faz rir e eu decido forçar seus limites. Tirá-la da zona de
conforto.
— O que te deixa excitada?
Minha pergunta a pega desprevenida, e ela mexe no saco de balas em
suas mãos.
— Ah, não sei.
— Sim, você sabe. Qual é, Holl. Você quer isso entre nós? Eu quero
saber do que você gosta, o que te deixa com tesão. — Eu me inclino mais
perto até sentir seu hálito quente contra meus lábios, e então sorrio quando
ela respira fundo. — Quero saber como fazer você incendiar, e o que fazer
para você gozar com meu nome nos lábios.
Ela sussurra com voz rouca:
— Beije-me.
Meus lábios estão nos dela na próxima respiração, e juntos, nos
atrapalhamos para colocá-la no meu colo. Sinto que vou morrer de fome se
esperar mais um segundo. Cobertas do caralho. Por fim, ela se senta em
mim sem nunca se libertar do meu beijo. Seus quadris remexem enquanto
ela se contorce, e estou a dois segundos de perder o controle.
Sua pele está quente e sedosa sob meu toque quando minhas mãos
deslizam dos seus quadris até as costelas. As coisas estão esquentando,
rápido. Ela balança contra mim, ofegando contra meus lábios. Nossos
movimentos são desesperados, desequilibrados. Nos unimos em um frenesi.
Vou me arrepender, sei que vou. Mas eu sou um cara legal e tenho
respeito por ela.
Afasto meus lábios dos dela e digo seu nome asperamente:
— Holland, espere.
Como se levasse um balde de água fria, ela se afasta imediatamente,
enrijecendo no meu colo.
Minhas mãos deslizam pelo seu queixo para que ela continue olhando
para mim.
— Não pire. Só quero que esteja certa de que é isso que você deseja.
Não quero que se sinta pressionada.
— Não me sinto pressionada, mas você está certo. Talvez devêssemos
dar passos de bebê. Eu apenas... eu quero isso
Eu assinto.
— Eu também, Baby. Vamos fazer como você disse, passos de bebê.
Lentos e constantes.
Falo essas palavras, sabendo que nunca fiz nada devagar na minha vida,
mas estou disposto a tentar por Holland.
— Que tal tentarmos isso...— Deito-a na cama à minha frente e dou um
leve beijo em sua clavícula. Depois, dou outro no bico do seu peito que
desponta da sua regata. Cada vez que meus lábios conectam com sua pele,
ela suspira, um som suave e gracioso que me faz querer me punir por ter
parado antes.
Meus dedos deslizam das suas panturrilhas até o interior das suas coxas,
desenhando pequenos círculos na carne macia. Seus músculos estão tensos.
Eu posso sentir a hesitação em seu corpo, e quero fazê-la desaparecer.
Eu olho para ela e pergunto:
— Está tudo bem?
Ela balança a cabeça com fervor, e eu continuo a subir os dedos até que
eles acariciem a sua boceta. O seu corpo responde ansiosamente ao mais
leve dos movimentos e se eu não sabia antes, agora eu sei… estar com
Holland vai mudar o jogo. Ela é tão sensível e tão flexível ao meu toque
que me deixa louco.
Desta vez, meus dedos roçam a sua boceta, fazendo-a sibilar.
— Está tudo bem? — Eu pergunto.
— Sim. — A voz dela é um sussurro rouco, baixo e sensual.
Eu arrasto o short do pijama pelos seus quadris, revelando uma calcinha
de renda rosa que quase me leva às lágrimas. Rosa claro e minúscula, mal
cobrindo sua fenda. Acho que nunca desejei tanto alguma coisa. Não da
forma que desejo Holland.
Nosso olhar se conecta e suas íris azul-escuras parecem encobertas por
luxúria, exatamente como me sinto. Encaixo meus dedos sob o tecido
rendado e puxo para baixo passando pelos quadris até chegar nos pés,
depois jogo de lado.
Porra, ela é perfeita.
Meus dedos exploram sua boceta rosada e brilhante. Rosa, carnuda e
perfeita. Mal posso esperar para experimentá-la com a minha boca, mas
quero ir devagar e dar tempo para ela se acostumar com o fato de que isso
vai acontecer... muito. Pretendo passar todos meus momentos livres
adorando-a. Porque uma mulher como Holland merece ser venerada.
Uso meus dedos para separá-la, e a abertura me permite admirar cada
centímetro dela. Começando pela pequena e delicada protuberância do seu
clitóris. Quando o acaricio suavemente com o dedo, ela abaixa as mãos em
punho no meu cabelo.
— Oh! — Ela sussurra de forma casual, mas a palavra deixa seus lábios
de uma forma que faz com que se torne a mais erótica de todas. Provoco
levemente seu clitóris com o dedo, desço substituindo o indicador pelo
polegar e depois o deslizo dentro dela. Ela é apertada pra caralho, me
comprime com a boceta e eu reprimo um palavrão.
Muito estreita e molhada, e eu a fodo com a mão. Lentamente. Tomando
meu tempo para saborear este momento.
Curvando o meu dedo, fricciono um ponto que faz suas costas
inclinarem da cama e suas mãos agarrarem furiosamente o meu cabelo.
— Reed, Deus, mais! — Ela ofega, e eu lhe dou mais.
Acrescento um segundo dedo e esfrego seu clitóris em sincronia.
— Isso, Holland, se liberte, eu quero sentir você gozar na minha mão.
Quando as palavras saem da minha boca, ela aperta os olhos e se
entrega. Agarra o meu cabelo rudemente, enquanto monta minha mão.
Completamente selvagem e desinibida. Ela goza com tanta força que o seu
corpo inteiro treme de prazer, sua boceta aperta os meus dedos e seu
gemido ecoa pelos quatro cantos do quarto. Eu cubro sua boca com a minha
mão livre, e o som vibra contra ela.
Estou tão duro que parece que meu moletom vai explodir.
Logo que seu corpo relaxa e ela lentamente solta o meu cabelo, eu
removo minha mão de sua boca e suas bochechas ficam vermelhas.
— Não se envergonhe Baby, foi incrível pra caralho. — Eu digo e puxo
meus dedos de sua boceta, coloco na minha boca, sugando o gosto dela, e
seus olhos se arregalam em choque.
— Você tem um sabor maravilhoso, e da próxima vez? Vou adorar sua
boceta com meus dedos e minha boca.
— Oh meu Deus! — Ela murmura: — Isso realmente acabou de
acontecer?
— Aconteceu, e se eu quiser, vai acontecer de novo. Repetidas vezes.
Cruzamos a linha esta noite, e agora… nunca poderemos voltar atrás.
E eu não tenho a mínima intenção de tentar.
Cap 10
Holland
Em todos os anos que conheço Reed, esta noite será a primeira vez que
o verei jogar em uma arena.
Arena que, por si só, provavelmente poderia abrigar toda nossa pequena
cidade. Dizer que é enorme seria um eufemismo. Eu me sinto minúscula
nos assentos que Reed conseguiu para nós. Meus olhos desviam para ele no
gelo. Os fãs entoam seu nome e o ar ao nosso redor é eletrizante. Dá para
sentir o burburinho da emoção e é indescritível.
É maravilhoso, mais impressionante do que qualquer coisa que eu já
tenha experimentado.
— Weed no gelo? — Evan pergunta. Ele joga outra goma orgânica na
boca e mastiga.
Eu rio.
— Sim, Evan. Reed está no gelo. Olhe. — Aponto na direção de Reed,
que está no centro do gelo com o disco. Sua camisa pende dos seus ombros
largos com o seu sobrenome adornado nas costas.
Jesus, o homem é o sexo com um bastão. Literalmente. Não consigo
afastar os olhos enquanto ele corre pelo gelo. Não há dúvida que nasceu
para ser jogador de hóquei. Desde pequeno, todos ao seu redor sabiam que
ele era especial e que nunca foi apenas um hobby; Reed tem um dom.
Quando criança, passava a maior parte do tempo no gelo ou na academia.
Passei dias suficientes com Emery para saber o quão talentoso ele era.
Todas as tardes assistíamos ele e seus amigos jogarem até o sol se por.
Felizmente, ao longo dos anos aprendi sobre hóquei o suficiente para
acompanhar o jogo. O tempo todo, Evan assiste com entusiasmo. Continua
segurando Pickles, é claro, mas pula na cadeira quando a multidão aclama e
aplaude quando um gol é feito.
Ansiosa, observo Reed em seu elemento, deslizando facilmente pelo
gelo com uma suavidade que vem do talento, e não apenas da prática. Ele
manuseia o disco com maestria, ziguezagueando entre os jogadores até se
alinhar para a tacada.
Roo minhas unhas até a carne enquanto o relógio avança, segundo a
segundo, e eu passo de observar Reed para verificar o tempo que está
diminuindo.
Meu Deus, ninguém me disse que poderia ser tão desesperador. Estou
na ponta da minha cadeira.
Parece que um cara do time adversário tomou o disco de Reed muitas
vezes, porque mesmo daqui, posso ver a determinação brilhar em seu rosto.
Ele está farto de perder tempo.
Fingindo ir para a esquerda, ele acerta o disco e dispara para a direita
antes que o grande idiota possa detê-lo, então corre pelo gelo em direção ao
gol.
Prendo a respiração quando ele se alinha e dá a tacada.
A multidão explode e eu solto o ar que estava preso no fundo dos meus
pulmões. Puta merda, Reed acabou de marcar o gol da vitória. Gritando,
seus companheiros de equipe o cercam e batem em suas costas. Evan pula
para cima e para baixo em sua cadeira. É o puro caos, mas do tipo em que
você quer se perder nele.
É um momento que, mesmo daqui a alguns meses, quando tudo isso
acabar e nós dois voltarmos às nossas vidas de antes, eu não vou esquecer.
Acima de nós, o telão dá um zoom no rosto de Reed. Sua beleza é
devastadora e, mesmo que não fosse, seu charme é tão grande que qualquer
garota derreteria aos seus pés.
Meu coração dispara no peito quando vejo toda torcida o aclamar e
desejo, mesmo que por um segundo, poder comemorar com ele. Em público
com o mundo assistindo, e não escondido, como um segredo. Eu sei que
minhas esperanças são tolas, mas meu coração parece acreditar em falsas
expectativas e sonhos bobos.
Eu acalmo o sentimento e olho para Evan, que ainda segura Pickles e
sorri de orelha a orelha. Estou feliz que ele finalmente começa a sair de sua
concha. Nós dois assistimos Reed e sua equipe no telão um sorriso tonto
permanente estampa os meus lábios, e então Reed tem uma atitude
inesperada.
Ele se vira para a multidão, na direção que sabe que estamos sentados, e
pisca. Eu posso ver em HD, o sorriso safado que mostra suas covinhas e a
piscadela que me causa borboletas descontroladas no estômago. Ele levanta
a mão em um aceno e, enquanto as pessoas ovacionam, pensando que é para
elas, eu sei que é para nós.
Evan e eu descemos as arquibancadas e nos dirigimos para a parte de
trás, onde vamos nos encontrar com Reed. Esperamos na lateral porque
jornalistas com microfones e câmeras estão em todos os lugares, esperando
um vislumbre dos caras saindo do vestiário. Brincamos de esconde-
esconde, usando uma fileira de bancos, e a risadinha encantada de Evan
ecoa pela multidão de repórteres. Alguns minutos mais tarde, depois da
reunião pós-jogo, Reed passa pela porta com a bolsa pendurada no ombro,
vestindo uma camiseta preta e jeans desbotados.
— Você viu aquela tacada? — Ele diz ao nos alcançar. Abaixa, faz um
cumprimento de mão e soquinho com Evan e levanta para me olhar.
Sorrio.
— É claro que eu vi. Você foi incrível, Reed.
— Porra, me sinto no topo do mundo agora. — Ele soca o ar com os
punhos. — Fazia tempo que não me sentia tão bem no gelo. Eu precisava
disso. Vamos embora daqui.
Ele se abaixa e pega Evan, para carregá-lo no meio do tumulto, e logo
que estamos cercados pelo mar de pessoas que tenta sair do estádio, ele
estende a mão para trás. Eu, hesitantemente, deslizo a minha para dentro
dela. Do ponto de vista de alguém de fora, pode parecer meio suspeito, mas
é facilmente justificável, pois ele só está me ajudando atravessar a multidão.
Isso não impede que a uma sensação horrível de perda substitua as
borboletas no estômago que ele me causou. Não consigo parar de pensar
nisso desde que definimos as regras para este acordo. O fato de haver um
acordo ou o fato de Reed me querer mais do que apenas a melhor amiga de
sua irmã mais nova é muito para processar.
E Emery esteve em minha mente o tempo todo. Não consigo imaginar
qual seria a reação dela se descobrir que, em uma atitude individualista,
estou quebrando minha antiga promessa de colocar nossa amizade em
primeiro lugar e nunca pensar em Reed dessa maneira.
Odeio me considerar uma egoísta, mas, em contrapartida, nunca houve
um momento que eu tenha priorizado a minha vontade. Até agora.
Até Reed.
Pela primeira vez na vida, me coloco em primeiro lugar. Aí está a
importância de manter casual, colocar uma data de validade nas coisas e
garantir que tudo permaneça descomplicado. Dessa forma, Emery nunca
saberá. Nada vai mudar. Será apenas sexo. E depois nos afastamos.
— Holl?
Quando olho para cima, Reed me encara com a testa franzida. Evan está
deitado em seu ombro, completamente apagado.
Oh Deus, os dois juntos é muito para aguentar. É adorável.
Isso é o que as mulheres aspiram quando estão obcecadas por
engravidar. Não foi importante até eu ver Reed Davidson segurar uma
criança adormecida contra o peito.
— Desculpe, a multidão estava louca, eu meio que me desconcentrei.
Não acredito que ele dormiu no meio disso.
Reed sorri.
— Encantador de bebês é o meu nome.
Reviro os olhos e rio. Está congelando lá fora, abaixo de cinco graus,
então Reed transfere um Evan sonolento para os meus braços e nos deixa no
calor enquanto espera pelo Uber. Ele finalmente estaciona no meio-fio, e
percebo a minha exaustão. A adrenalina do jogo me deixou esgotada, e mal
posso esperar para deitar nos lençóis macios da cama do hotel.
— Está pronta? — Reed aparece atrás das portas.
Eu assinto. Não quero acordar Evan, então fico quieta até entrarmos no
carro e colocarmos o cinto. A viagem de volta ao hotel é tranquila, embora
eu veja o joelho de Reed balançar sem parar. Ele está completamente
acelerado, ainda sentindo a empolgação da sua vitória.
Chegamos ao hotel alguns minutos depois e, felizmente, desta vez o
elevador funciona porque não tenho a menor vontade de subir três lances de
escada com o peso morto de uma criança adormecida em meus braços.
Meu quarto fica ao lado do de Reed. Então, assim que elevador sinaliza
que estamos no nosso andar, sigo atrás dele até a suíte e coloco Evan na
cama, lembrando de tirar os seus sapatos e devolver Pickles aos seus
braços.
Ouço o chuveiro ligado quando fecho a porta do quarto dele e volto para
o de Reed.
Não tenho certeza do que fazer. Eu devo ficar? Será que Reed iria
gostar? Tudo entre nós é muito novo, e eu não sei o que fazer em uma
situação como essa. Em um hábito que estou desesperadamente tentando
perder, mordo nervosamente o interior do meu lábio, quando Reed sai do
banheiro enrolado em uma toalha branca. Ele está seco, ainda não deve ter
tomado banho.
Jesus Cristo.
Meus olhos desviam das covinhas e do sorriso brincalhão e descem do
seu peitoral rígido até o abdômen que é o suficiente para me deixar com
água na boca. Eu sou um caso perdido quando se trata deste homem, e, a
julgar pela expressão presunçosa em seu rosto, ele tem consciência disso.
— Vai ficar aí parada, Baby? Ou… — Ele provoca, esperando pela
minha resposta. Reed é naturalmente confiante e eu… não sou.
De repente, me sinto tímida, a velha Holland aparece no pior momento
possível. O que aconteceu com a Holland desinibida e audaciosa que
assumiu o comando na outra noite? Aquela que não sentiu medo nem
constrangimento quando Reed devorou meu corpo.
— Eu-eu não tinha certeza se você queria que eu ficasse. — sussurro.
Reed faz uma expressão confusa e ri.
— Você não precisa de convite, Holland. Esclarecemos onde estamos
um com o outro e, Baby, eu quero você. Eu quero você agora, amanhã, e
daqui a porra de uma semana.
Minhas bochechas queimam com a sua admissão, mas meu clitóris
lateja, carente e desesperado por atenção.
Ele se aproxima e me puxa, capturando meus lábios em um beijo que
me faz derreter. Seus lábios são firmes e macios, e quando sua língua
desliza para dentro da minha boca, todas as dúvidas e hesitações, todas as
preocupações desaparecem e a única coisa que posso sentir, é Reed. Sinto a
sua rigidez pressionada contra mim, e minhas mãos descem do seu peito até
a toalha amarrada em sua cintura. Eu arrasto a mão pelo seu pau e ele sibila
alto em resposta.
— Porra, Holland.
Reunindo cada grama de confiança dentro de mim, eu caio de joelhos
diante dele e olho por dentro dos meus cílios.
— Holland, eu não estou esperando por isso. — Reed começa, mas
balanço a cabeça, o interrompendo.
— Eu quero. Eu tenho vontade há muito tempo.
Seu olhar suaviza, me incendiando por dentro. Dedos longos e grossos
envolvem levemente a minha garganta, movem-se até minha mandíbula, e
ele desliza a ponta áspera de seu polegar em meu lábio inferior. Seu toque é
estimulante e reconfortante. Me incentiva a continuar.
Desfaço a toalha da sua cintura e ela cai no chão em uma pilha. Seu pau
se liberta, balançando no meu rosto, e eu, ansiosamente, envolvo minha
mão trêmula ao seu redor. Ele é tão grande e grosso que meus dedos não se
encontram ao segurá-lo.
Sabe qual é melhor coisa de ter Reed como amante? Ele é vocal.
Descobri desde a nossa primeira vez e jamais imaginei que gostaria tanto.
Bombeando meu punho, movimento seu pênis para cima e para baixo e
traço sua cabeça sensível com a língua. Ele imediatamente entrelaça a mão
no meu cabelo, deixando escapar um gemido baixo e torturado. Eu olho
para cima e vejo sua cabeça jogada para trás enquanto agarra meu cabelo, e
só então o envolvo com os meus lábios e sugo até minhas bochechas
afundarem.
Cada vez que o aprofundo na boca, ele aperta meu cabelo com mais
força. Depois de alguns momentos, se afasta abruptamente, arfando.
— Droga, Holland, não vou demorar, pare. — Ele geme, ofegante.
Deus, ele é tão lindo.
Ele me estende a mão.
— Toma banho comigo. Por favor?
Concordo com a cabeça e coloco minha mão na dele. Quando me
levanto, ele desliza as mãos por baixo do meu suéter, passa pelo meu
estômago, e arrasta para cima, até puxar o tecido sobre minha cabeça e
jogá-lo de lado. Ele me beija enquanto desabotoa meu sutiã, libertando os
meus seios.
É sempre o que mais me preocupa, minha barriga e meus seios. Eu não
sou muito magra; tenho quadris, coxas e uma bunda grande. Meus seios são
grandes e pesados. Eu sempre evito essa hora, mas o olhar de Reed no meu
corpo me faz sentir tudo, menos constrangimento.
— Você é perfeita. Eu nunca vou me fartar. Esses… — Ele segura meus
seios em suas mãos, que quase os cobrem completamente. O tamanho
perfeito para Reed, — Foram feitos para mim, para minhas mãos, para
meus lábios. Meus.
Ele abaixa, puxa meu mamilo para dentro da boca e o rola entre a língua
e os dentes. A sensação é suficiente para enfraquecer meus joelhos. Ele
raspa os dentes levemente contra a ponta sensível e eu estremeço.
— Reed. — Eu arquejo. Ele se afasta e olha para mim. Seus profundos
olhos cor de chocolate fixam nos meus, e ele está sem fôlego, assim como
eu. Algo inexplicável acontece entre nós e eu me sinto mais próxima dele
do que nunca.
Rapidamente, ele remove meus jeans e a calcinha transparente de cetim,
me deixando completamente nua diante dele. Por força do hábito quero me
cobrir, mas ele segura minha mão.
— Não. Não se esconda de mim. Eu quero você, Holland, cada
centímetro de você.
As palavras me fazem tremer em uma névoa de luxúria. Ele se abaixa,
me pega e me leva direto para o chuveiro. A água quente está ligada, vapor
cobre as paredes, e se espalha pela água escaldante.
Reed entra e me coloca de pé assim que estamos sob o jato. É uma
sensação divina, quase tão boa quanto a sensação de suas mãos em mim.
Porém nada se compara ao toque de Reed.
Esse pensamento me assusta. Me apavora saber que quando estou com
Reed... eu sinto tanto. Como fico impotente, me deixando levar pelo seu
charme.
Ele pega meu queixo entre os dedos e inclina minha cabeça para olhar
em sua direção.
— Pare de se preocupar. Não permita que nada fique entre nós agora.
Nos sinta.
Eu assinto. Ele pega o xampu que colocou no chuveiro, derrama uma
quantidade generosa na mão e passa no meu cabelo. Sem aviso prévio, meu
corpo derrete em seu toque. Ele massageia o meu couro cabeludo, lavando-
o completamente.
É íntimo de uma forma que nunca experimentei. Lavar meu cabelo, me
tratar com tanto cuidado e carinho. Ao terminar, ele cai de joelhos na minha
frente, assim como eu estive poucos minutos atrás.
Eu o olho de forma interrogativa, e ele acaricia o meu quadril com o
nariz, antes de beijar o local onde ele se insere. Um lugar que sempre odiei,
mas de repente passei a amar muito. Ele coloca a língua dentro do meu
umbigo.
Nada jamais pareceu tão erótico. Parada sob um jato de água escaldante,
Reed consegue me fazer tremer. De necessidade. Estou presa em um sonho
e não quero mais acordar. Ele segue seu caminho para baixo até chegar na
minha boceta. Em seguida, coloca minha perna sobre o seu ombro e eu
preciso me agarrar ao seu cabelo para conseguir me equilibrar.
— Reed, — grito.
— Shh, eu vou cuidar de você, Baby.
Então ele separa minhas dobras com os dedos e leva a boca até o meu
clitóris. No segundo em que sua língua lambe a protuberância sensível e
latejante, eu me contorço contra sua boca.
Oh. Meu. Deus.
Reed Davidson está de joelhos me devorando no chuveiro. Sonhei com
este exato momento. Durante anos, imaginei esse mesmo cenário em minha
cabeça e agora sei que nada, e quero dizer nada, se compara à realidade.
Ele segura o meu quadril com uma mão, separa os lábios da minha
boceta com a outra e me devora como se ansiasse por isso o dia inteiro.
Lambe e suga meu clitóris, e eu não consigo evitar o gemido que escapa da
minha boca. Um prazer nunca sentido cresce dentro de mim, espalha pelos
meus membros, tornando ainda mais difícil me manter em pé.
Reed percebe. Ele para abruptamente, desliga a água e abre a porta do
chuveiro. Mais uma vez, me tira do chão. Sem se importar que eu esteja
encharcada e que a água molhe o piso; ele me carrega para o quarto e me
joga na cama. Eu nem tenho tempo para falar antes dele me puxar para a
beirada da cama e se ajoelhar no chão.
Lentamente, ele percorre com a língua a distância da minha entrada até
o meu clitóris. Minhas mãos agarram os lençóis, me apoiando para ele
extrair o prazer do meu corpo.
Sem esforço.
Meus olhos reviram quando ele mergulha a língua no meu interior,
dentro e fora enquanto insere seu dedo grosso, curvando e friccionando
contra o ponto que faz minhas costas arquearem na cama. Sua barba roça
nas minhas coxas quando ele me devora, e eu tenho certeza de que amanhã
sentirei uma ardência gostosa, que será uma constante lembrança desse
momento de prazer.
— Você é muito receptiva, é incrível pra caralho. — Ele diz entre
minhas pernas enquanto introduz outro dedo em mim.
Sinto as ondas do meu orgasmo atingirem o topo, e quando ele suga
forte o meu clitóris, eu desmorono.
Minhas costas se curvam, minhas mãos soltam os lençóis e agarram o
seu cabelo, o aproximando de mim enquanto o orgasmo mais poderoso
consome meu corpo. Calmamente, ele continua a me foder alternando os
dedos com a língua, até o meu corpo se esgotar e me transformar em uma
pilha de ossos.
Eu afundo na cama, saciada e feliz em meu estado pós-orgástico.
Reed rasteja pelo meu corpo com minha umidade ainda cobrindo sua
barba e seus lábios. É tão obsceno... tão erótico, que mesmo depois do
melhor orgasmo da minha vida, eu quero mais. Eu o quero uma e outra vez,
até não conseguirmos mais.
— Você está cansado?
Ele se deita ao meu lado e me abraça.
— Agora? Sim.
Eu rio.
— Depois de um jogo, principalmente como o desta noite, geralmente
fico ligado. É a adrenalina, demora muito para passar. Eu costumava sair
com os caras ou encontrar outras maneiras de gastar energia. Mas... eu
prefiro resolver dessa maneira.
— Eu pensei que estava cansada antes de voltarmos, agora estou
exausta. Preciso me vestir e voltar para o meu quarto. Tenho que refazer as
malas antes de partirmos amanhã.
— Fica? Só um pouquinho. Podemos descansar os olhos.
Eu suspiro, sonolenta. Um minuto não vai doer. Então, amanhã
estaremos em casa. E voltaremos a fingir que não existe nada entre nós.
É mais fácil falar do que fazer.
Cap 11
Holland
Reed: Você sabia que os polvos têm três corações?
Leio a mensagem de novo para ter certeza de que li corretamente. Por
que Reed está me mandando mensagens sobre polvos à meia-noite? Deixo
meu livro de lado e respondo.
Eu: Não, mas acho que agora eu sei. RS
Poucos segundos depois, os pontos flutuantes aparecem, indicando que
ele está respondendo.
Reed: Eles também têm nove cérebros. Um em cada tentáculo. (Emoji
de polvo)
Eu: Uau. Pickles deve ser um cara inteligente, então.
Reed: Sem brincadeira. O que você está fazendo?
É estranho trocar mensagens com Reed. Crescemos juntos e moramos
lado a lado a vida inteira, mas nunca tivemos uma relação descontraída a
ponto de trocarmos mensagens ou conversamos além de quando estava na
casa dele com Emery.
Faz dois dias que voltamos de Boston. Dois dias extremamente longos
que não o vi ou conversei com ele de verdade. Mas, como as regras foram
claramente definidas por “nós”, eu não quis parecer pegajosa. Pretendo vê-
lo depois de amanhã quando partirmos para o seu jogo em Vancouver.
Passei os dois últimos dias com meu pai. E agora me sinto ainda mais
culpada, sabendo que ele teve alguns dias difíceis. Passou a maior parte do
dia me chamando de Annie, minha mãe. Eu odeio ter que passar tempo
longe dele.
Eu: Só deitada na cama lendo, nada excitante. E você?
Alguns segundos depois, meu telefone toca e é Reed no FaceTime. Eu
me jogo na cama, em pânico. Meu cabelo tem um coque bagunçado de dois
dias. Passei creme para acne e estou com uma camisola com Ursinhos
Carinhosos de muito tempo atrás.
Oh meu Deus. Eu me atrapalho com meu telefone, deixando-o cair no
tapete ao lado da minha cama, mas rapidamente o recupero e recuso a
chamada.
Ele não pode me ver assim. De jeito nenhum. Eu vou morrer de
vergonha.
Antes mesmo de eu conseguir enviar uma mensagem para ele, meu
telefone toca.
Reed: Você vai fingir que não está com o celular na mão agora? Ou
vai atender?
Pega no flagra.
Merda. Merda. Merda. MERDA.
Eu pulo da cama e corro para o banheiro. Passo rapidamente uma
escova no cabelo, lavo todo o resíduo de creme para espinhas, e visto um
moletom velho do colégio.
Ainda pareço uma sem-teto, mas está consideravelmente melhor do que
cinco minutos atrás. Meu telefone toca de novo e eu me deito na cama antes
de atender.
O rosto sorridente de Reed aparece e suas covinhas se destacam,
causando aquelas borboletas estúpidas.
— Até que enfim.
Solto uma risada nervosa.
— Eu, uh, tinha que ficar decente.
Deus, isso soou estúpido. Se recomponha, Holland.
Ele ri.
— Decente, hein? Você se despe para ler? Essa é uma cena que eu
pagaria para ver. Pode ler nua para mim? Estou pensando, quem sabe Harry
Potter enquanto como a sua bu- …
Meus olhos se arregalam e eu grito imediatamente.
— Oh meu Deus, Reed!
Estendo a mão para o criado e coloco meus AirPods. Ouvir Reed dizer
isso em voz alta faz minhas bochechas queimarem. De repente, parece que
meu corpo está pegando fogo.
— Sinto muito, Baby, isso vai para o banco de memórias para
descabelar o palhaço.
Escondo meu rosto com um cobertor enquanto ele ri. Esta conversa
tomou um rumo inesperado. Eu não quero que ele veja minhas bochechas
vermelhas de vergonha.
Mudando de assunto, eu falo:
— Então, hum, você tem estudado polvos?
Reed se recosta na cabeceira da cama e balança a cabeça.
— Não, Evan viu o polvo em Procurando Nemo e me fez retroceder dez
vezes. Depois assistimos fatos aleatórios sobre eles no YouTube. Consegui
mantê-lo quieto por uma hora.
Adoro ouvir sobre a relação de Reed e Evan. Agora eu o admiro mais
do que nunca. Poucos homens fariam o que ele fez, especialmente no auge
de suas carreiras e com o mundo ao seu alcance. Ele é um cara do bem. O
melhor homem, e eu sempre soube disso. Só é diferente vê-lo interagir com
Evan.
Meus pensamentos parecem muito íntimos. Demais para esta conversa,
então limpo minha garganta.
— Qual o motivo para uma ligação no meio da noite? Existe algo que
precisamos discutir para amanhã?
Antes de balançar a cabeça, ele passa a mão grande e grosseira pelo
cabelo.
— Talvez eu tenha sentido sua falta, Baby.
Deus, agora as borboletas no meu estômago estão descontroladas. Por
que ele tem que ser tão encantador? Ele torna muito fácil sentir coisas que
eu não deveria e que eu não poderia.
— Sentiu?
Ele encolhe os ombros.
— Sim, eu senti. Provavelmente é contra as regras, mas eu nunca fui de
segui-las.
Eu rio. É uma sensação boa. A facilidade que sinto com Reed. Mas,
também é fácil esquecer que há um motivo para a existência de regras e, por
mais que eu queira que seja diferente, não será, não pode ser. Além do mais,
tenho que proteger meu coração.
— Pode ser que eu tenha sentido a sua falta também.
Seus lábios curvam em um sorriso divertido.
— Pode ser? Droga.
Incapaz de colocar um fim nisso, eu bocejo.
— Deus, estou exausta. Tenho muito o que revisar para prova, então
preciso dormir um pouco. Amanhã à noite Em vai me ajudar a estudar. Mas
te vejo na sexta? Okay?
— Boa sorte na prova. Noite, Baby.
Meu coração acelera por causa do novo apelido dele para mim.
— Noite, Reed.
Eu pressiono o botão, encerrando o FaceTime, mas mesmo depois que
ele desliga... Eu me vejo ainda pensando em Reed, e talvez...
definitivamente sentindo falta dele também.
As regras que se danem.

***

Passo a maior parte do dia seguinte resolvendo problemas, fazendo


compras e cuidando das coisas da casa para garantir que, quando voltar à
estrada, meu pai tenha tudo que precisa. Conversei com as enfermeiras hoje
de manhã, e elas me garantiram que está tudo bem e que elas têm tudo sob
controle, mas ainda me preocupo. Eu sou assim. Passei a maior parte da
adolescência e da vida adulta me preocupando com ele.
A culpa ainda pesa no meu estômago.
Levo o café aos lábios, tomo outro gole, rezando para fazer efeito,
porque meu cérebro parece estar à beira de um colapso em breve.
Solto um suspiro e deixo cair minha cabeça no livro que está na minha
frente. Quando penso que aprendi, começo a me questionar e o ciclo vicioso
continua.
— Você precisa de uma pausa. Desse jeito, não está se ajudando. —
Emery fala, ao se sentar na minha frente. Estamos nisso há horas, e não me
sinto mais preparada agora, do que quando me sentei.
Talvez ela esteja certa e eu me pressione demais.
— Sinto que se eu olhar para isso por mais um segundo, minha cabeça
vai explodir.
— E se a gente for beber alguma coisa? Saímos um pouquinho depois
retornamos para mais um período de estudo.
— Tudo bem, uma hora. E aí nós voltamos. Preciso fechar essa prova,
Em.
Emery acena e me entrega a minha jaqueta. — Vamos, vai ser super-
rápido e dará ao seu cérebro uma chance de relaxar.
Caminhamos até o Johnny's, um bar esportivo que fica aqui pertinho e
serve comida e bebida. Pegamos uma mesa perto da porta da frente. Está
tranquilo para uma quarta-feira.
Depois de tirar o casaco, Emery pede bebida e aperitivo para nós duas e
olha para mim. — Então, como foi a primeira viagem com Reed e Evan?
Quero saber de tudo.
Meu coração dispara. É desse momento que tenho corrido como o diabo
foge da cruz. Eu não quero mentir, e se eu falar sobre Reed vou omitir.
Acho que por todo tempo que fomos amigas, nunca ocultei a verdade dela.
Eu odeio mentiras. E até agora, nunca tive nada a esconder de Emery.
— Uh. — Eu balbucio. — Foi ótimo. Nada de especial para contar.
Você conhece Reed. — Solto uma risada nervosa. Deus, isso não vai ser
fácil. Engulo em seco, tentando empurrar a culpa de volta para o lugar de
onde ela saiu.
Felizmente, a garçonete me salva trazendo nossas bebidas, as batatas
fritas e o molho.
— Como vai o trabalho?
Emery faz estágio em um escritório de advocacia no centro da cidade,
onde vai trabalhar depois que se formar.
Seus olhos, que tem o mesmo marrom escuro de Reed, iluminam com a
menção do trabalho.
— Oh meu Deus! Esqueci completamente de te contar. Então, tem um
assistente jurídico que trabalha no terceiro andar. Ele é muito fofo. Alto e
nerd, no bom sentido. Tem olhos impressionantes e o seu sorriso é perfeito.
Bem, outro dia nós conversamos e ele me convidou para sair. Duh, eu
totalmente disse sim. — Ela sorri, erguendo as sobrancelhas. — E ele tem
um amigo. Nós estamos preparando um encontro às cegas para vocês dois.
Meu estômago embrulha. Parece que vai derramar pela cadeira e
escorrer até o chão. Não que Reed e eu sejamos mais do que amigos com
benefícios, mas não consigo me imaginar com outro cara enquanto durmo
com Reed. Não que seja parte das regras...
O que também me causa ânsia de vômito, porque até agora eu nem
mesmo pensei que seria um assunto a comentar com ele. E se ele dormir
com outras garotas também?
Emery estala os dedos na minha cara.
— Olá? Holland?
— Me desculpe, o que foi? — gaguejo, ainda atormentada com o
cenário na minha cabeça.
— Eu disse que na próxima semana quando você voltar, teremos um
encontro duplo. O amigo dele é um sonho, acho que vocês dois se darão
muito bem. Ele é um excelente profissional. Se não me engano, trabalha em
um hospital infantil. Enfim, o que você acha?
Acho que preciso mandar uma mensagem para Reed agora, ou não vou
tirar isso da cabeça. Tenho que esclarecer que não me sinto confortável com
ele dormindo com mais ninguém.
— Claro, Em, parece bom. — Eu digo distraidamente. Minha resposta
parece acalmá-la, porque ela deixa por isso e come as batatas fritas com o
molho.
Puxo meu telefone da bolsa e abro minha conversa com Reed.
Eu: É aleatório, desculpe, mas uh... isso realmente não foi discutido
em nossas regras e eu precisava saber. Você vai dormir com outras
garotas durante o nosso acordo?
Espero alguns segundos para ver se ele abre a mensagem e não vejo
alteração no status de leitura. Então, travo meu telefone e o enfio de volta
na bolsa. Estou exagerando. Isso é bobagem.
— Você está em outro planeta esta noite, querida. — Emery diz,
enfiando outra batata frita na boca.
— Eu sei, me desculpe. Tem muita coisa acontecendo.
Não é uma mentira, apenas... não é toda a verdade.
Terminamos nossas margaritas e batatas fritas e voltamos para minha
casa. Emery está mais quieta no caminho de volta, e eu me preocupo em tê-
la chateado.
— Você está bem? — Bato em seu ombro enquanto caminhamos.
— Sim, apenas não dormi muito bem ontem à noite. Acho que fiquei
ansiosa. Amanhã, antes de vocês viajarem, vou ficar o tempo todo com
Evan e mal posso esperar! Nos divertimos muito da última vez, e eu
simplesmente amo poder passar um tempo com ele.
Eu assinto. — Ele é um ótimo garotinho. Reed tem sorte de tê-lo.
Depois de uma curta caminhada, chegamos na minha porta. Emery olha
para mim. — Estude um pouco mais, mas não se estresse, okay? Eu vou
embora tentar dormir um pouco.
— Okay. Amo você, Em. — Eu a abraço. Ela me aperta forte e sussurra:
— Também te amo, Holl.
Eu não imaginei que seria tão difícil omitir a verdade da minha melhor
amiga.
Cap 12
Reed
Eu não respondi a mensagem de Holland. Aquela que chegou quase à
meia-noite. Não porque eu tinha algo a esconder, mas porque não queria
discutir um assunto como dormir com outra pessoa, em uma mensagem de
texto.
Estou interessado em qualquer outra mulher que não tenha longos
cabelos loiros e olhos verde-mar que me tiram o sono à noite? Foda-se, não.
E isso me preocupa, mas nem por isso deixa de ser verdade.
Acabamos de nos registrar no hotel em Vancouver, e nesse momento,
tenho problemas maiores.
Problemas de desfralde. Eu tremo só de pensar. Com certeza, ao cuidar
de Ari e Ken, filhas de Liam, já troquei fraldas suficientes para ter
habilidade no escuro, bêbado e com os olhos fechados.
Mas ensinar um garoto a fazer xixi na privada... e ter boa mira? São
outros quinhentos.
— Okay, vamos contar até três e aí você só, não sei, aponta para a água?
Evan me olha como se tivessem crescido duas cabeças no meu pescoço.
Ele está com as calças nos tornozelos, em cima de um banquinho na frente
da privada e, honestamente, parece tão preocupado quanto eu.
Passei os últimos trinta minutos pesquisando dicas no Google e me
deparei com algumas coisas estranhas. E eu posso te dizer que, meu
histórico de pesquisas está diferente pra caralho do que costumava ser.
Penico.com não é como pornhub.com.
— É para fazer xixi agora? — Evan pergunta.
— Sim, carinha, tente fazer dentro do vaso.
— No vaso? Da planta?
Eu murmuro.
É um desastre, e não sei se consigo resolver sozinho. Olho para o meu
telefone mais uma vez e, antes que eu me convença do contrário, disco o
número.
— Alô? — A voz ofegante de Holland vem do telefone.
— Ei, uh… — Eu gaguejo — Pode me ajudar rapidinho?
— Claro, sim. Chego aí em um segundo. — A linha fica muda e eu
expiro. Sim, caralho, eu quero ver Holland, mas também não quero
sobrecarregá-la ou ligar por cada coisinha. Eu sou o tutor de Evan. Tenho
que descobrir minhas merdas sozinho.
Exceto essa, porque obviamente não vou chegar a lugar nenhum. Quer
dizer, eu tenho as mesmas partes que ele, e ainda assim não consigo
explicar.
Segundos depois, há uma batida na porta.
— Não se mexa carinha? Okay? — Eu digo.
Evan concorda com a cabeça, suas mãos nos quadris e as calças nos
tornozelos.
Se não estivesse tão perturbado por ter falhado com essa coisa toda de
desfralde, eu seria capaz de rir.
Atravesso a sala e abro a porta para Holland. Ela sorri, mas o sorriso
desaparece rapidamente quando vê a expressão no meu rosto.
— Qual é o problema? Está tudo bem com Evan? — Suas palavras
saem aceleradas. Ela muda de felicidade para pânico tão rápido que eu a
pego pela mão e entro no quarto.
— Não, ele está bem, eu estou tendo uma crise.
Eu a levo até o banheiro, onde Evan espera pacientemente em cima do
banco.
Ela olha para mim, vira para ele e volta a olhar para mim.
— Uh? Bem? Então... vamos fazer xixi na privada? — Ela ri.
— Sim, esse é o objetivo, mas ele não faz. Só olha para mim como se eu
tivesse perdido a cabeça.
Holland fica em silêncio por alguns segundos, depois joga a cabeça para
trás e ri. Tão alto que ecoa pela parede do banheiro e faz com que Evan ria
com ela.
— Holland, vamos lá, estou falando sério. Estou pesquisando online há
uma hora e dizem para pegar esses livros e guloseimas e eu simplesmente...
porra, não sei. Sinto que estou falhando. — Exalo em frustração.
Ela se aproxima e desliza as mãos pelo meu peito, subindo até a nuca.
— Primeiramente, respire. Está tudo bem. Todos os pais passam por isso e
você não está falhando. Vocês só precisam descobrir, juntos.
— Certo. Você tem razão.
— Então, a maioria das pessoas usa Cheerios. Basta jogar lá dentro e
pedi-lo para atirar neles. Ele vai descobrir como fazer.
Certo, Cheerios. Entendi.
— Okay, vou ligar para a recepção e ver se eles podem providenciar
alguns. Talvez seja melhor continuarmos amanhã. — Eu aceno para Evan,
que balança ligeiramente no banquinho. Seus olhos estão começando a
fechar.
Holland ri e, em seguida, o ajuda a descer do banco e subir as calças.
Também o auxilia na troca do pijama e ele suspira sonolento quando sobe
no colo dela, e deita a cabeça no seu ombro.
— Você é boa nisso, sabia?
Ela sorri.
— Ele facilita. Vou colocá-lo na cama e já volto.
Volto para o quarto atrás deles, sento-me na cama e caio para trás.
Merda, a paternidade é difícil. Gratificante pra caralho, mas ainda
difícil.
Ultimamente tenho refletido muito sobre minha decisão. A respeito de
ficar com Evan, e sobre a minha irmã e o meu pai. Estou tentando resolver
as merdas na minha cabeça porque quero ser o melhor pai que puder para
Evan.
Fico pensando que, mesmo que o meu pai não mereça, e se eu nunca
tiver a chance de resolver as coisas com ele? E se eu passar todo esse tempo
o odiando, e então acabar? Não vai ter um encerramento. Ainda guardo
muita mágoa por ele nos abandonar para começar uma nova família. Mas
isso não o machuca; me machuca. Me muda.
— Reed?
Abro os olhos e vejo Holland parada em cima de mim, com o semblante
preocupado. Sento-me puxando-a para perto de mim. Ela cai facilmente em
meus braços.
— Está cansado? — Ela pergunta.
Balanço a cabeça.
— Só estou pensando. Sobre a sua mensagem.
Ela ainda está em meus braços. Um segundo depois, se afasta e me olha
com os olhos arregalados.
— Desculpe por ter mandado aquilo. Eu deveria ter esperado até te
encontrar.
— Não se desculpe. Holland, eu não sou um babaca. Conheço as regras,
e podemos adicionar uma quarta se quiser. Mas nesse momento, não estou
interessado em ninguém além de você. Ponto final.
— Também não estou interessada em ninguém. Eu só queria deixar
claro que não me sinto confortável em dormir com você se houver outras
garotas.
— Não tem. Enquanto estivermos juntos, não haverá mais ninguém.
Observo sua expressão mudar de cautelosa para aliviada, e me sinto um
idiota. Um panaca egoísta que a quer só para mim, mas não com o sacrifício
de prejudicar meu relacionamento com minha irmã.
E sinceramente, não é apenas Emery que me impede. É o fato de que
não sou, e nunca fui o tipo de cara para relacionamentos. Nunca tive um
namoro sério na vida e sei que, se levar as coisas adiante com Holland, ela
vai acabar magoada. Talvez eu me sinta assim porque meu pai abandonou
mamãe. Talvez seja algo de família, não sei. Mas eu sei que não posso e não
vou machucar Holland, então o que quer que haja entre nós, vai ter que ser
assim.
— Quer ficar esta noite? — Eu pergunto.
— Sinceramente, estou exausta. Estou estudando para a prova até tarde
toda noite. Amanhã?
— Sim, Baby, durma um pouco.
Eu me inclino e a beijo pela primeira vez esta noite e, porra, isso me
atinge bem no peito. Nada é como quando estou com ela.
— Boa noite Reed. — Ela diz antes de me deixar sozinho com os meus
sentimentos.
Porra, estou perdido.

***

Vencemos Vancouver por três a um e, porra, é muito bom. Nada se


compara ao mundo inteiro assistir a sua melhor performance. Agora me
sinto no topo do mundo.
O treinador Rick exigiu que eu e Briggs façamos entrevistas pós-jogo
hoje à noite, quando tudo o que quero é ficar com Evan e Holland, mas sei
que assim que terminar, estarei em casa livre pelos próximos dois dias.
Seguro minha garrafa de Gatorade enquanto os repórteres se sentam à
minha frente.
— Então, Reed, como se sente depois dessa vitória?
Eu abro o meu sorriso mais encantador e respondo:
— No topo do mundo.
Há outra rodada de flashes de câmeras antes de uma garota falar.
— Sr. Davidson, estatisticamente, esse foi um dos melhores anos desde
que começou a jogar pelo Avalanche. Existe uma pessoa específica a quem
você atribua o seu sucesso?
A pergunta me pega desprevenido, mas me recupero rapidamente.
— Talvez haja alguém especial. — Sigo com uma piscadinha.
O treinador entra.
— É o suficiente por esta noite. Obrigado a todos. — Eu e Briggs
somos acompanhados por ele pela sala de impressa.
— São uns malditos abutres. Bom trabalho essa noite, Davidson,
Wilson. Descansem um pouco, vejo vocês em alguns dias.
Briggs acena com a cabeça e caminhamos até Asher, Graham e Hudson.
Assim como eu, eles estão empolgados com a vitória.
— Então, vamos sair hoje à noite? Eu preciso de um pouco de amor das
Marias. — Graham diz. Ele come com os olhos uma morena atraente que
está do outro lado da sala, e sei que ele vai sair com força total hoje.
— Quando você não precisa? — Asher sorri.
— Conte-me sobre isso. — Briggs murmura.
Graham Adams é o novato. O garoto novo, a carne fresca. O que
significa que é quem mais provocamos e a pessoa mais provável de receber
uma medalha por foder mais Marias Patins esse ano. Metade das garotas
que desejamos são loucas por ele, mas, honestamente, ele é insano com um
taco e um disco. Acho que nunca vi alguém patinar tão rápido ou com tanta
naturalidade. A única coisa que ele não tem a seu favor? Sua boca.
— Eu não posso evitar que você sofra por foder seu punho porque não
consegue encontrar uma garota. É meio que um problema. Eu sou bom
nesse departamento.
— Adams, se você continuar falando, eu vou quebrar as suas pernas e te
bater com elas.
Eu rio.
— Eu vou ficar esta noite, tenho que verificar Evan. — Como o jogo de
hoje foi mais tarde, ele e Holland não vieram, e droga, eu estou pronto para
me juntar a eles.
— Não é para isso que você tem uma babá? — Hudson pergunta com os
olhos colados no telefone. Asher dá uma cotovelada nele por ser um idiota.
— Em primeiro lugar, ela não é uma babá, é uma amiga da família.
Segundo, não espero que ela cuide de Evan enquanto estou na farra.
Briggs assente.
— Não se preocupe, vou beber o suficiente para nós dois.
Lado a lado, nós cinco saímos da arena em direção ao ônibus que nos
levaria de volta para o hotel.
— Fique longe de problemas. Por que você não volta para o hotel
comigo? Podemos tomar cerveja em um bar de lá. Um que não esteja cheio
de Marias patins e repórteres esperando uma falha nossa.
Briggs ainda está com problemas com a equipe. Ele não consegue
manter seu rabo fora de brigas ou das manchetes. Mark, o proprietário, e o
nosso treinador já estão fartos de publicidade ruim. Como melhor amigo,
apenas tento manter o traseiro dele na linha.
Um olhar sombrio cruza o seu rosto.
— Não sei por que a mídia fica o tempo inteiro atrás de mim. Estou me
fodendo para eles.
— Porque você tem muito talento para desperdiçar. — Asher diz. Ele
coloca a bolsa no bagageiro do ônibus. — Sem sombra de dúvidas, você é o
melhor atacante que eu já vi. Mas não terá nenhum proveito se estiver no
banco ou fora do time.
Briggs fica em silêncio, com o queixo cerrado, e, sem uma palavra,
esbarra em nós ao entrar no ônibus.
Eu sei que é uma zona cinzenta para ele. Entendi, porra, mas Asher está
certo. Se Briggs seguir por esse caminho, vai acabar no sofá de casa, sem
um time.
— É melhor ninguém me ligar essa noite, se você acabar atrás das
grades. Ligue para Sam porque não estarei disponível. — sorrio.
— Não podemos evitar, você é como o pai da equipe. Combina com
você, mano. — Graham me bate nas costas.
Os três seguem na direção oposta indo para o estacionamento, eu
empurro minha bolsa no compartimento e me junto a Briggs. Ele está com
os seus AirPods, olhando pela janela e, apesar de eu me sentar ao lado dele,
fico em silêncio. Ele sabe o que está em jogo e precisa levar as coisas a
sério.
Quando chegamos ao hotel, Briggs vai para o quarto sem dizer boa
noite e eu pego o elevador para o meu andar. Caminho até a minha porta e
deslizo o cartão no leitor. Após a luz verde e o sinal sonoro, entro o mais
discretamente possível.
Merda. Até ver as luzes brilhantes do relógio marcando mais de meia-
noite, eu não tinha notado que estava tão tarde. Eu tiro meus sapatos, olho
para a cama e vejo Holland enrolada em um cobertor branco de pelúcia.
Seus cabelos cor de mel espalhados ao seu redor.
Enrolada em branco, ela parece um anjo. Seus cílios escuros descansam
nas bochechas que estão coradas por causa do calor do quarto. Uma parte
de mim deseja ser o tipo de cara que a mereça. Para poder chegar em casa
depois de cada jogo noturno, e encontrá-la na minha cama como se fosse
feita para ela.
Esses pensamentos estão fora das regras e nem deveriam passar pela
minha cabeça.
Ao pressionar o joelho na cama para deitar junto, ela se mexe sonolenta.
— Reed? — Sua voz está rouca de sono, e porra, reflete direto no meu
pau.
—Sim, querida, sou eu. Como foi esta noite?
Ela se apoia nos cotovelos e olha para o relógio.
— Deus, não acredito que adormeci. Eu estava tentando te esperar, mas
devo ter cochilado.
Puxo o cobertor e deslizo na cama com ela, puxando seu pequeno corpo
contra mim.
— Fiquei conversando com os caras, me atualizando.
— Humm. — Ela se mexe ligeiramente contra mim, e eu mordo o lábio
para me conter. Não quero ser um idiota, mas meu pau tem uma queda por
Holland e agora ela está pressionada nele.
Saindo do meu aperto, ela olha para mim e sorri timidamente.
— É meio estranho. Adormecer na sua cama. Você não acha?
Eu assinto.
— Não posso dizer que alguma vez pensei que pudesse acontecer, mas
não estou me importando.
Ela puxa o lábio inferior para dentro da boca, e uma faz expressão
sensual. Seu peito sobe rapidamente, a veia em seu pescoço pulsa
descontroladamente. O sentimento é recíproco, Holland me deseja tanto
quanto eu a desejo.
— Pensei nisso a noite inteira. Mal pude concentrar na porra do disco.
Sua risada é doce. Ela se aproxima até que seus lábios estejam a apenas
um centímetro dos meus. Posso sentir seu hálito quente em minha boca.
Perto pra caralho. Quero beijar esses lábios carnudos e depois ouvir meu
nome sair deles como uma prece.
— Pensou, Sr. Atacante Celebridade, jogador mais importante da NHL?
— Ela respira e umedece os lábios com a língua. Sinto suas mãos
deslizarem pelo meu peito cada vez mais para baixo, acariciando meu
abdômen que se contrai com seu toque. Seus dedos imergem sob o algodão
da minha camiseta e correm pela pele nua acima da minha cintura.
Me causa um arrepio do caralho. Não sei o que essa garota faz comigo,
que qualquer movimento me deixa louco e agora quero minhas mãos nela.
Não posso esperar nem mais um segundo.
Eu enlaço minhas mãos em seu cabelo e a arrasto até que os seus lábios
se encontrem com os meus, depois viro para ela ficar embaixo de mim.
Suas mãos agarram minha camisa, me aproximando.
Não é perto o suficiente. Eu quero mais. Eu preciso de mais com
Holland. A ironia desse sentimento não me passa despercebida. Pelo
contrário. Eu a beijo com mais força, percorrendo minhas mãos sob o cetim
do seu pijama até que meu dedo toque o bico duro do seu mamilo. Sua pele
é tão sedosa quanto o tecido da sua blusa, e eu quero passar minha língua
pelas inclinações e cavidades do seu corpo.
Uso as duas mãos para tirá-la por cima da cabeça e coloco de lado,
deixando-a nua da cintura para cima, debaixo de mim. O quarto está escuro,
iluminado apenas pelo fraco néon da televisão, mas ainda consigo ver sua
forma. Ela é incrível. Tudo o que um homem poderia desejar em uma
mulher. Suas curvas são perfeitas para minhas mãos, e nunca vou me cansar
de tentar memorizar cada centímetro dela.
Não há tempo suficiente no mundo para me satisfazer.
Sempre estarei faminto por mais.
Eu arranco meus lábios dos dela e beijo seu pescoço, sugando o local
que a faz sussurrar meu nome. Então, desço mais e mais, até conseguir dar
atenção aos bicos enrijecidos e carentes. Rosados, eles parecem corar junto
com ela, destacando contra sua pele clara.
Alternando entre o esquerdo e o direito, sugo, mordo e acaricio minha
barba ao longo dos seus seios, marcando a sua carne sensível até ela se
contorcer embaixo de mim. Eu arrasto o short pelo seu corpo e ela o chuta
para o lado. Eles embolam nos seus tornozelos, deixando-a com nada além
de um minúsculo pedaço de cetim.
Esfrego meu nariz na frente de sua boceta, inalando a sua essência.
Deus, eu amo isso. Eu quero enterrar meu rosto e comê-la até precisar
de ar para respirar. Ao contrário da crença popular, homens adoram o cheiro
da boceta de suas garotas, e pretendo ser muito atencioso ao provar que essa
teoria está correta.
— Reed. — Holland pede, puxando as longas mechas do meu cabelo
enquanto beijo seu pequeno e ansioso clitóris através de sua calcinha.
— Você precisa de mais, Baby? — Passo a língua por suas dobras, ainda
sobre a calcinha. Ela geme de frustração e eu rio. — Hmm, acho que você
está sendo uma garota gananciosa, Holland.
Eu enrolo o cetim na minha mão e puxo, soltando as fitas em um
movimento rápido. Porra, ela está tão molhada. Descarto a sua calcinha e
dou uma longa lambida em sua boceta, revestindo minha língua com sua
umidade.
Usando meu polegar, traço seu clitóris em círculos suaves e
provocantes, e ela enlouquece. É assim que a desejo. Molhada, encharcada
e suplicando para eu deslizar dentro dela e acabar com a sua necessidade.
— Reed, por favor. — Ela está implorando agora. Sua voz é
desesperada e ansiosa, e eu gosto pra caralho.
— Quer que eu te faça sentir melhor? Que eu acabe com essa dor que te
consome?
Ela balança a cabeça furiosamente, arqueando para fora da cama
enquanto deslizo meu dedo médio dentro dela. Fricciono o local ao chupar
seu clitóris e observo como ela se contrai em volta do meu dedo. Nunca me
cansarei de vê-la desmoronar e ceder ao prazer proporcionado por mim.
Não há nada como isso nesse mundo do caralho.
Eu me afasto e a encaro, apenas para nossos olhos se encontrarem de
uma forma ardente e intensa. Ela me puxa de volta para cima dela e estica
minha camisa, tentando desesperadamente tirá-la do meu corpo. Eu a
arranco por trás da minha cabeça, enquanto observo seus olhos famintos
percorrerem meu peito, meu abdômen até chegarem ao meu pau que força
contra minha calça de moletom cinza.
— Você é a razão de as mulheres adorarem calças de moletom cinza. —
Ela geme, e estende sua mão minúscula para acariciar meu pau através das
minhas calças. Sua ousadia me surpreende. Talvez seja empolgação do
momento, mas porra, eu amo esse lado dela. Ela me empurra de volta para a
cama, prende as unhas cor-de-rosa na minha cintura, tirando minha cueca e
o meu moletom de uma só vez. Quando meu pau se liberta, ela o envolve
com as mãos, bombeia uma e outra vez, usa o polegar para girar a gota de
pré-semem que escorre da fenda, e eu gemo em voz alta.
Holland se ajoelha, suga nervosamente o lábio inferior e ergue os olhos
por entre os cílios espessos e escuros.
— Quero ficar por cima. Está tudo… bem?
Eu poderia chorar. Está. Tudo. Bem? Essa mulher acabou de me
perguntar se ela pode montar meu pau.
— Você não precisa perguntar, Baby. Apenas suba.
Ela me olha timidamente, suas bochechas enrubescem. Eu não permito
que ela se intimide. Em vez disso, a trago de volta para mim, desesperado
para sentir sua pele contra a minha e coloco meus lábios nos dela. Deslizo
minhas mãos pela sua cintura, subo pelas laterais e seguro os seus seios
enquanto ela me monta. Os pequenos bicos de seus mamilos se eriçam,
implorando para serem sugados. Eu me inclino um pouco, prendo um deles
entre os dentes e puxo levemente, extraindo um gemido dela.
Nos lugares que ela toca, deixa uma trilha de calor e eu fico ardendo por
ela. Seu centro quente e molhado está encostado no meu pau e, por apenas
um centímetro, eu posso deslizar dentro dela. Ela se levanta pelos joelhos e
eu seguro o meu pau, arrastando-o por suas dobras. A cabeça larga
esfregando no seu clitóris. Sua respiração pesada mostra o quanto ela gosta.
Ficamos assim por um tempinho, ela balançando para frente e para trás,
arrastando seu clitóris no meu pau.
Porra, ela é incrível. Tudo nela. Seu cheiro, seu corpo. Eu coloco
minhas mãos em seus seios e aperto levemente, depois, rolo seu mamilo
entre meus dedos.
Uma coisa que aprendi sobre Holland é que os seus mamilos são muito
receptivos. Estão sensíveis, e cada vez que os toco, ela parece chegar mais
perto do orgasmo, e porra, eu quero ver se consigo fazê-la gozar apenas por
chupar e morder. Porém, outra hora. Desta vez, quero que ela aperte meu
pau quando gozar.
A cabeça dele toca a sua entrada, ela o segura e nos alinha
perfeitamente, e sem pressa... devagar pra caralho, ela desce sobre mim.
Pela primeira vez na vida, juro que vejo o céu.
Luzes brancas e um prazer ofuscante me fazem apertar seus quadris,
evitando empurrar até o máximo dentro dela.
Puta merda.
— Oh Deus! — Ela geme, abaixando calmamente sobre mim, até eu
estar completamente dentro dela.
No momento, recito o alfabeto na minha cabeça para não gozar. Eu não
estava preparado para ela ser tão apertada e gostosa em volta de mim, e
agora me sinto como um adolescente.
Meus olhos se abrem para vê-la em cima de mim. Seu cabelo loiro cai
como uma cortina pelo seu rosto quando ela começa a cavalgar, subindo e
descendo no meu pau.
— Holland! — Eu gemo, estendendo a mão para afastar o cabelo do seu
rosto e admirar sua beleza.
Seus olhos da cor do oceano se arrastam para encontrar os meus. É
diferente de tudo que já experimentei. É mais do que sexo. Mais do que
duas pessoas tentando dar prazer uma à outra. Quando ela desce mais uma
vez, e a cabeça do meu pau encontra o seu ponto mais profundo, envolvo
minhas mãos ao seu redor e nos viro em um movimento rápido. Agora que
está embaixo de mim, coloco sua perna no meu ombro para poder foder
com ela da forma que morri de vontade desde a primeira noite que a toquei.
Meus quadris lançam golpes fortes e a empurram para cima da cama. A
cada estocada, fricciono seu clitóris com o meu polegar e ela toca em seus
seios, puxando seus mamilos.
Vê-la se tocar é quase o suficiente para me fazer derramar, mas eu não
gozaria sem ela.
— Quero que você goze no meu pau, Holland. Isso, Baby. — Estimulo
seu clitóris com o meu polegar. — Ordenhe meu pau.
— Vou gozar. — Ela murmura. Eu me inclino para frente e capturo seus
lábios, no momento que ela aperta meu pau, e explode em torno de mim.
Ela geme na minha boca, enquanto seus quadris tremem e sacodem seu
corpo com a intensidade do orgasmo.
Segundos depois, empurro profundamente e me liberto, gozando dentro
dela. Eu não consigo movimentar, porque todo o meu corpo está dominado
pelo êxtase. Nada no mundo me proporcionou, nem vai me proporcionar o
sentimento que tenho quando Holland está ao meu redor.
Estou arruinado.
Ela arranha minhas costas, me fazendo sibilar, e eu encosto minha testa
na dela. As palavras me escapam.
O que você diria para a garota que arruinou você para qualquer outra
pessoa?
— Uau! — Ela puxa o ar, rindo.
Eu rolo para o meu lado, ainda dentro dela e, embora esteja começando
a amolecer não estou pronto para deixá-la ir. Para abrir mão desse
momento. Puxando-a para o meu peito, envolvo meus braços no seu
pequeno corpo e ela se aconchega na curva do meu pescoço. Nós dois
somos uma bagunça suada e grudenta. E então eu percebo por que nós dois
estamos tão pegajosos.
— Porra, Holland…. O preservativo.
— Hum, estou tomando anticoncepcional e, mesmo antes do meu
último exame, já fazia tempo que eu não ficava com ninguém.
Coloco meus lábios em seu cabelo, e desejo não ter gostado tanto de
ouvir isso.
— Eu sou testado regularmente pelo time. Se você concordar em não
usar, por mim tudo bem.
— Eu concordo. Confio em você, Reed.
Ficamos deitados em um silêncio confortável, ainda enrolados um no
outro, sem intenção de movimentar. Depois de alguns minutos, sinto
Holland relaxar em meus braços e sua respiração estabilizar.
Ela adormeceu. Outra primeira vez para mim. Nunca aconteceu. Dormir
abraçado com uma mulher. Eu não consigo imaginar isso com outra pessoa
senão Holland.
Agora percebo por que ela quis colocar essas regras, porém, eu já estou
perigosamente perto de quebrá-las.
Cap 13
Holland
Reed: Os polvos são carnívoros, só comem carne. Você sabia?
— Por que você está sorrindo desse jeito?
Eu olho para cima rapidamente, bloqueio meu telefone e o coloco de
volta no bolso do meu casaco.
— Nada, eu vi uma coisa engraçada no Facebook.
Emery parece não acreditar nem um pouco em mim, mas não insiste.
Estamos no sofá dela assistindo One Tree Hill na Netflix e comendo muitos
carboidratos de uma só vez, em comemoração.
— Não acredito que passei naquele teste. Eu tinha certeza de que seria
reprovada. Quando me sentei na cadeira, estava tão nervosa que minhas
pernas suavam. Quem sua as pernas ao ficar nervoso?
Ela encolhe os ombros, colocando outro Skittle na boca.
— Quem se importa? Você fechou aquela porcaria e agora pode relaxar
e parar de me deixar ansiosa de tabela.
Minha risada é alta e desagradável, mas essa declaração também é.
— Você? Imagine como eu me senti. Era sessenta por cento da minha
nota. Se eu falhasse, teria que repetir a matéria. Repetir. A. Matéria. Em.
— Mas não falhou. Você passou porque é uma vadia fodona e nós não
temos tempo para energia negativa em nossas vidas.
— Pode apostar.
Sorrio porque, apesar dos meus problemas estarem longe de acabar, vou
aproveitar o momento de comemoração com minha melhor amiga. O teste
foi ontem e o professor acabou de postar nossos resultados, então liguei
para Em e disse que deveríamos comemorar.
Quando mandei uma mensagem para Reed contando que havia passado,
ele gravou um vídeo dele e de Evan me parabenizando, e eu me derreti
todinha. Esse homem é muito bonito e ridiculamente encantador para o seu
próprio bem.
— Sabe de uma coisa? — Em diz, ao sentar-se no sofá. — Vamos sair.
Precisamos de bebidas, de sacudir nossas bundas e celebrar que você é
basicamente uma adulta produtiva na sociedade.
— Ou, poderíamos ficar em casa e festejar assistindo a Diários de Um
Vampiro.
— Podemos assistir em qualquer noite da semana. O que não podemos é
tomar tequila em um bar enquanto você ainda está no auge da
comemoração. — Ela se levanta do sofá e me olha com olhos suplicantes.
— Por favor? Estou morrendo de vontade de usar aquela saia nova de
couro. Sem você aqui não tem graça.
Com a menção da minha ausência, a culpa sobe pelo meu peito. Isso me
faz lembrar de Reed e me sinto ainda pior. Odeio não falar para ela. Odeio
ter que esconder o que me faz feliz, mas conservar nossa amizade é mais
importante para mim.
— Tudo bem, vamos. Mas eu quero usar o vestido bordô.
Ela não hesita. — Combinado! Eu vou tomar banho. Já volto.
Pego meu telefone assim que ela sai da sala. Abro na mensagem de
Reed e digito uma resposta rápida.
Eu: Mais fatos aleatórios sobre polvos, assistindo documentários
com Ev outra vez?
O status de digitação aparece, sinalizando que ele está respondendo.
Reed: Não, só queria uma desculpa para mandar uma mensagem ;)
Aquelas borboletas estúpidas giram em meu estômago de novo. Mordo
meu lábio pensando na resposta. É claro que ele está flertando, mas eu não
deveria pensar muito nisso, certo?
Devolvo o flerte ou apenas respondo casualmente?
Certo, esse não namoro é muito difícil. Onde está o manual?
Eu: Você não precisa de desculpa, mas oi. O que vocês estão
aprontando?
Reed: Na última hora, estávamos em um jogo intenso de construção
de castelos. Agora ele me convenceu a ir ao aquário para ver polvos vivos,
amanhã. Quer ir?
Meu coração salta no meu peito. Uma parte pela lembrança de passar
mais tempo com Reed, e mais ainda, por não saber como explicar para Em.
Será que ela iria perguntar?
Eu: É uma boa ideia?
Reed: Eu sou um quebrador de regras, Baby, vai ter que se acostumar.
Reed: Além disso, Evan pediu especificamente para Ollie ir, então…
Eu: Tudo bem. Só porque foi um pedido de Evan e eu sei que ele vai
ficar muito animado ao ver um polvo pessoalmente.
Reed: Ele vai passar a noite na casa da minha mãe, então... pego você
às oito.
Eu: Emoji de polegar para cima com cara de beijo.
Vantagens de morar ao lado da mãe dele e de Emery, eu acho. Reflito
com a minha pessoa.
Saio da mensagem e coloco meu telefone na mesa antes de ir me
arrumar no quarto de Emery. Agora, eu só tenho que passar por esta noite.

***

— Não me mate.
Três palavras que você não quer ouvir quando sua melhor amiga te
arrasta para um bar depois da meia-noite, e tudo que você quer é ficar em
casa de pijama, enchendo a cara.
Eu aperto os olhos.
— Ceeeerto. — Arrasto a primeira sílaba, já desconfiada do que está
prestes a sair de sua boca.
— Uh, então, lembra daquele cara que eu te falei? O legal com quem eu
saí? — Emery diz, apertando o nariz: — E o cara que eu disse que ia
arranjar para você?
Oh, não! Eu não gosto da direção que esse assunto está tomando. De
jeito nenhum.
— Bem, eles estavam por perto e então vão passar aqui.
— Emery. — resmungo. — Não. Por favor, não faça isso comigo esta
noite. Lembra que estamos comemorando?
Eu levanto minha bebida e balanço o gelo, desejando não ter
concordado em sair hoje à noite para começo de conversa. Mas sinto falta
de Em. Sinto falta de poder passar todos os dias com ela, fazer tábuas de
charcutaria e assistir porcarias na tv.
— Vai dar tudo certo. É como se fosse o destino, certo?
— Só que você mandou mensagem para eles dizendo que estávamos
aqui, Em. Não quero que você tente me fazer ficar com esse cara. — Reviro
os olhos. Cruzo os braços sobre o peito e, de repente, fico mais consciente a
respeito da escolha da roupa desta noite. Se eu soubesse que ela me armaria
um encontro às cegas, usaria algo mais conservador. Menos Emery e mais
eu. É isso que ganho por tentar ser aventureira e viver o momento.
Emery toma um gole do seu mojito.
— Querida, você está estressada. Não fique. É bem descontraído, não
tem pressão. Agora beba e coloque seu doce traseiro na pista de dança para
podermos balançá-lo.
Não faz sentido discutir com ela. Ela tem boas intenções, tem sim. Sei
que tem um coração de ouro. Somos completamente opostas e,
honestamente, olhando para nós duas, jamais pensaria que poderíamos ser
amigas. Ela sempre foi a divertida, extrovertida e cativante da nossa
amizade, e eu a mais tímida e reservada. Quando vamos a festas ou
qualquer evento social, Em é aquela que nunca encontra um estranho. O
tipo de pessoa que te atrai. Ela tem essa capacidade de deixar qualquer
pessoa confortável. Um dom que, definitivamente, eu não tenho.
Termino minha bebida e coloco o copo sobre a mesa, antes de me
levantar instável sobre os saltos que ela insistiu que eu usasse.
— Você precisa usar esses, eles deixam as suas pernas ainda mais
gostosas com esse vestido.
Eu: Lembre-me de nunca permitir que Emery me convença a fazer
nada, literalmente, nunca mais.
Antes que eu possa mudar de ideia, envio a mensagem para Reed.
Então, assim que Emery se aproxima, devolvo meu telefone para a minha
bolsa. E ela não está sozinha. Está com um cara alto que parece ter senso de
moda melhor do que eu. Ele veste uma camisa polo para dentro da calça e
uma jaqueta preta esportiva.
Simpatizante de clubes campestres, condutor de Range Rover, jogador
de golfe de fim de semana, garoto ex-integrante de fraternidade.
Totalmente o tipo de Emery.
Morro de amor por ela, mas a garota tem um tipo.
Ele tem olhos escuros e um sorriso gentil. Mesmo sem ter vontade de
conhecer ninguém esta noite, sinto uma boa vibração dele.
— Oi, eu sou Landon. Trabalho com Emery. Holland, eu suponho?
Rapidamente, aperto sua mão estendida e concordo com a cabeça.
— Eu sou. É um prazer conhecer você.
Em seguida desvio meu olhar para o cara ao seu lado. Meu “encontro às
cegas” para a noite. Ele é um pouco mais baixo que Landon, e é o oposto
dele. Quase como Emery e eu. Seu cabelo loiro está bagunçado e espetado
em todas as direções, e ele usa jeans escuros e camiseta branca. Uma
combinação simples.
Ele sorri, e vejo que tem covinhas nas duas bochechas.
— E você deve ser a infame Holland. — Ele brinca. — Eu sou Aaron.
Melhor amigo desse idiota, mas não use isso contra mim.
Eu rio.
— Sim, eu sou Holland.
Emery sorri e envolve seu braço no de Landon.
— Me deve uma dança por preencher cinco montes de formulários para
você na sexta-feira. Vamos.
Quase sinto pena do cara. Sua expressão de dor é evidente antes que ela
o leve para o meio da pista de dança, deixando eu e Aaron sozinhos.
— Não vou mentir. Não tinha ideia de que ele me arrastaria para cá esta
noite. — Aaron ri. Ele sinaliza para o garçom, pede uma cerveja e olha para
mim. — Posso pedir uma bebida para você?
— Claro. Manhattan, por favor.
Ele acena e diz ao garçom. Sinto meu telefone vibrar na minha bolsa,
então rapidamente o tiro e verifico minhas mensagens.
Reed: Será que eu quero saber?
Eu: Sua irmã me encurralou em um encontro às cegas.
Ele responde imediatamente.
Reed: Onde você está?
Eu: Centro da cidade, no SoHo bar. Não se preocupe, estou de olho
nela ;)
O status de digitação aparece, depois desaparece e aparece de novo. Ele
está pensando em como vai responder?
Espero sua resposta, mas ela não vem e eu guardo meu telefone.
Aaron entrega minha bebida com um sorriso.
— Então, Emery disse que você estuda para ser bibliotecária. Isso é
incrível. Onde tem vontade de trabalhar quando se formar?
A escola é um território seguro. Passar uma impressão errada é a última
coisa que eu quero, mas jogar conversa fora não machuca ninguém.
— Gostaria muito de trabalhar em uma universidade. De preferência.
Mas, em qualquer lugar que eu for, se houver livros, vou ficar feliz.
Caminhamos até uma mesa vazia perto da pista de dança, em um lugar
com menos barulho e eu me sento.
— Às vezes acho que tenho tudo planejado e, no minuto seguinte, todas
as coisas mudam. — Eu digo. — Acho que logo que me formar, terei uma
noção melhor das coisas.
Aaron assente. — Entendo o seu raciocínio. Estou no terceiro ano da
faculdade de medicina e prestes a começar minha residência. Uma hora
quero fazer pediatria, na outra obstetrícia e no momento seguinte quero ser
cirurgião.
— As decisões da vida são difíceis.
Passamos os trinta minutos seguintes conversando e percebi que,
embora não esteja romanticamente interessada em Aaron, ele pode ser um
amigo incrível. Temos muita coisa em comum e conversar com ele fica
fácil, como se sempre nos conhecêssemos. Honestamente, tenho a
impressão de que torce para o outro time, mas ele não tocou no assunto e eu
não me intrometeria. Eu estou bem em apenas conversar com ele.
— Quer dançar?
— Tenho dois pés esquerdos. Sério, é terrível. — Eu rio, balançando a
cabeça.
Ele fica em pé e estende a mão. — Honre-me, bibliotecária Holland, e
me permita essa dança.
Uma música lenta sai dos alto-falantes. Reviro os olhos e rio antes de
colocar a mão na dele enquanto nos leva para a pista de dança. Ele me puxa
em sua direção, e eu coloco minhas mãos em volta do seu pescoço.
Embora estejamos agarrados em uma pista de dança, é como dançar
com um primo, estritamente platônico. Eu sorrio para ele, sem jeito.
Meu Deus, Holland, isso é terrível. Era para ser em um encontro às
cegas e você está pensando no cara como seu primo distante.
Por isso, será eternamente soleira.
— Tudo bem, momento de honestidade, eu odeio essa música. — Ele
murmura, e eu jogo minha cabeça para trás e rio.
Pelo canto do olho, noto a aproximação de alguém e, quando olho para
cima, vejo Reed. Ele está parado ao meu lado, ridiculamente lindo sob a
iluminação fraca da boate.
Espere, por que ele está aqui?
— Reed? — Eu pergunto, de queixo caído. — O que você está fazendo
aqui?
Ele contrai o maxilar e força um sorriso. — Enviei uma mensagem para
Em e ela disse que vocês estavam aqui. Como Evan está com minha mãe
esta noite, decidi aparecer.
Confuso, Aaron olha para ele.
— Okay ... uh, estamos dançando, você se importa?
Reed olha para ele, em seguida, vira de volta para mim. — Na verdade
eu me importo. Por que você não pega a porra de uma …
— Ennnnntão, eu já volto. Sinto muito. — Me desculpo com Aaron, e
tiro meus braços do seu pescoço. Agarro Reed e o arrasto para fora da pista
de dança. Ele está duro como aço sob meu toque, muito inquieto, e não faço
ideia do que está acontecendo agora.
Eu o levo pelo corredor escuro, passando pelos banheiros, até
chegarmos à porta dos fundos. Então a abro, e saímos. Logo que ela fecha
às nossas costas, e ficamos apenas nós dois, eu o ataco.
— Que diabos foi isso, Reed Davidson? — Eu reclamo.
Meu coração dispara. Estou envergonhada pela sua atitude, mas também
um pouco excitada por Reed estar com ciúmes. Aaron o deixou tão
enciumado que ele não aguentou.
— Como assim, o que foi isso, Holl? Ele estava com a porra das mãos
em você, quase tocando sua bunda.
Reed joga as mãos para o alto, depois passa pela confusão dos seus
cachos castanhos, estressado. Anda de um lado para o outro na minha
frente.
— Você não pode simplesmente invadir o lugar e exigir que uma pessoa
não me toque. Não é assim que as coisas funcionam, Reed.
Ele para de andar e olha para mim; enquanto ele se aproxima, seus
olhos pegam fogo.
— Você acha que eu não sei disso? Acha que não sei que não tenho o
direito de sentir ciúmes? Nenhum direito de me sentir possessivo pra
caralho, como se você fosse minha.
— Você tem razão. Porque nós definimos regras. Regras para proteger
nossos corações, e isso não está de acordo com elas, Reed.
Chegando mais perto, ele sobe as mãos pelo meu queixo, tocando
ternamente, gentilmente.
— Sinto muito, Holl. Eu só… perdi a porra da minha cabeça lá. Eu sinto
muito.
Eu aceno com a cabeça e envolvo suas mãos que estão no meu queixo.
— Você não pode fazer isso de novo. Ninguém pode saber. Lembra? —
Falo nossa terceira regra em voz alta, e sinto amargura na minha língua.
Reed suspira pesadamente, e encosta a testa na minha. Você pode me
fazer o favor de não o tocar enquanto eu estiver aqui? Isso me consome,
Holland.
— Sim. Foi inofensivo, Reed, ele é um cara legal. Estávamos
conversando, ele me convidou para dançar, e eu concordei.
— Eu só ... perdi a cabeça, Holland. Eu não aguentaria ver as mãos dele
em você e ficar parado. Mesmo sendo inofensivo, faz meu sangue ferver.
— Acho que vou para casa. Estou exausta. Em ficou com Landon a
noite toda e não vai sentir minha falta.
Ele franze as sobrancelhas.
— Isso significa que você vai voltar para casa comigo?
Eu mordo meu lábio inferior, debatendo se devo ir ou não.
— Depois daquele seu ato digno de homem das cavernas? Eu não sei,
Reed. Talvez eu deva ir para casa sozinha.
Fixando meu olhar nele, divertidamente, tiro suas mãos do meu rosto e
dou um passo para trás. Ouço o barulho dos meus saltos contra o chão,
enquanto coloco um espaço muito necessário entre nós.
O olhar de Reed escurece.
— Você está ... bancando a difícil Holland Parker?
Com a minha expressão mais sensual, faço biquinho e encolho os
ombros.
— Vou jogar sua bunda por cima do meu ombro e carregá-la até a
minha casa. Não dê um passo maior do que a sua perna, Baby.
Baby.
Eu nunca percebi o quanto amava essa palavra até que ela saiu dos
lábios de Reed.
— Hmmm…
Antes que eu possa dar mais um passo para trás, Reed avança. Ele me
puxa pela cintura, se inclina e me beija até perdermos o fôlego. Nossas
línguas se emaranham até ficarmos ofegantes. A forma como o meu corpo
responde a Reed, nunca aconteceu com nenhuma outra pessoa. Como se eu
fosse feita sob medida para ele, e ele fosse o único capaz de me fazer sentir
viva.
Senti saudades e, embora não possa admitir em voz alta, estava
morrendo por isso. Por ele.
— Me leve para casa, Reed.
Ele sorri, se agacha e me levanta por cima do ombro, no verdadeiro
estilo de homem das cavernas.
— Oh meu Deus, Reed, me coloque no chão! — Eu reclamo. —
Alguém vai ver minha bunda neste vestido!
Se isso acontecer, vou morrer de vergonha. Morte por embaraço. Isso
acontece de verdade, pode pesquisar. Felizmente estamos sozinhos em um
beco escuro, ou eu teria que matá-lo.
Sinto uma fisgada na bunda que vem de um tapa de Reed. Forte.
Bem ... acho que essa é a minha resposta.
Cap 14
Reed
Perdi minha cabeça esta noite. Ao ouvir Holland me dizer que estava
em um encontro às escuras com aquele idiota, deixei todo o pensamento
racional em casa ao aparecer naquela boate. Porra, eu não sabia o que faria,
ou o conseguiria ao chegar lá, mas esse é o ponto. Eu não pensei.
Fiquei louco por apenas imaginar as mãos dele nela. Acho que nunca
tive esse sentimento por uma mulher. Ficar à beira da insanidade só com o
pensamento de alguém tocar nela. Porra, apenas por olhar para ela.
O pensamento ainda me faz querer bater meu punho em alguma coisa.
O problema é que estou ciumento e possessivo no que diz respeito a
Holland, é isso não é permitido por nossas regras.
— Ainda estou brava com você. — Holland murmura mal-humorada,
mas falta convicção em suas palavras. Ela está deitada na minha cama,
usando uma das minhas camisetas que pende nas suas coxas. Seu rosto não
tem maquiagem, seu cabelo está em um nó bagunçado no topo da cabeça e,
honestamente, nunca a vi mais bonita.
Há algo em vê-la nas minhas roupas que me deixa bêbado de luxúria.
Talvez seja o sentimento de posse que habita em mim esta noite. De agora
em diante, se ela usar apenas a minha camisa, eu ficarei muito feliz. Depois
que chegamos da boate e nos preparamos para dormir, eu lhe dei espaço.
Depois do que aconteceu, não queria pressionar. Tomei um banho rápido,
escovei os dentes e coloquei um moletom velho, enquanto esperava ela
terminar no banheiro de hóspedes.
— Sinto muito, Baby, posso compensar você? — Sorrio. Lamento ter
agido daquela maneira e minha única desculpa é que ela me deixa louca.
— Hmmm. — Ela morde o lábio e finge pensar no assunto.
Em vez de esperar a resposta, caio no chão à sua frente e agarro seus
quadris, puxando-a até o final da cama. Ela grita enquanto eu mordo o
interior de sua coxa.
— Sei exatamente como melhorar as coisas. — Puxo a sua calcinha
pelos quadris e a arrasto pelas coxas. Sua boceta bonita e rosada brilha,
esperando que eu acabe com a sua necessidade. — Que tal isso? — Sigo a
língua lentamente, da sua abertura ao clitóris e depois mordo a pequena
protuberância insaciável.
A pele macia de suas coxas está vermelha e irritada pelo roçar da minha
barba. A ideia de deixá-la marcada, me dá ainda mais tesão.
—Reed. — Ela geme, puxando o meu cabelo enquanto sugo devagar. —
Mais.
— Eu amo quando você fica mandona. —Sorrio contra a sua boceta,
depois me afasto e olho para ela. — Toque-se.
Ela me olha como se eu fosse louco. — O que? Não pare.
— Quero assistir você se tocar. — Coloco os dedos dela na sua boceta,
sobre seu clitóris. — Sabe quantas vezes fantasiei sobre isso desde que te
busquei naquela casa de irmandade? Quantas vezes eu gozei na porra do
meu punho sonhando em ver você regozijar com meu nome em seus lábios?
Holland morde a boca ansiosamente, mas não tira a mão. — Só... Só se
você se fizer gozar também.
Minha menina tímida. Ela é tão doce. Estou viciado nela. Em cada
pedacinho dela.
Tiro meu moletom e liberto meu pau duro das barreiras da minha cueca.
Holland estreita o olhar. Seus olhos observam o meu punho e ela umedece
os lábios com a sua pequena língua rosa.
— Acaricie o seu clitóris. Devagar, em suaves círculos. Como se minha
língua estivesse deslizasse sobre ele.
Seu olhar escurece, mas ela obedece. Lentamente, desliza dois dedos
pelo seu clitóris, sempre me olhando.
— Boa garota. — Eu digo com a voz rouca. — Continue.
Seguro meu pau, bombeando lentamente em sincronia com a mão dela.
Quando o ritmo de Holland aumenta e sua respiração acelera, sei que ela
está perto. Então dou um passo para frente e arrasto meu pau pelas suas
dobras, cobrindo-me com sua maciez.
— Está me encharcando, Baby, você gosta disso? Gosta que eu te
observe? Que eu diga o que quero que você faça?
Ela acena com a cabeça.
— De joelhos.
A princípio, fiquei preocupado de ela não gostar desse tipo de coisa,
mas o corpo dela diz tudo o que preciso saber. Holland ama essa merda
tanto quanto eu. Espero que sua confiança me permita levar seu corpo para
uma nova dimensão. Para que, quando esse “arranjo” acabar, ela ainda
pense em mim, e lembre que ninguém pode dar a ela o mesmo prazer que
eu.
Holland vira, jogando seu longo cabelo loiro sobre o ombro para me
olhar. Eu afasto os seus joelhos e deslizo a mão pela sua bunda. Subo da
coluna até a nuca, onde a empurro ligeiramente para frente na cama. Sua
bochecha está pressionada no colchão, e ela me olha com um pequeno
sorriso.
Com uma mão no seu pescoço e a outra segurando a carne macia de
seus quadris, esfrego meu pau contra seu centro. Ela empurra avidamente
contra mim, tentando criar atrito e aliviar a necessidade.
Não se preocupe, Baby, eu darei o que você quer. Nós dois estamos no
limite. Principalmente depois do show que ela me deu, não posso esperar
para me enterrar dentro dela. Depois desta noite, tenho muitos pensamentos
gritando na minha cabeça. Alguns deles eu não consigo ignorar. O
possessivo, típico homem das cavernas que me diz para reivindicar
Holland, mesmo sabendo que isso não pode acontecer.
Alinho o meu pau com sua entrada e empurro, lentamente, saboreando a
umidade e o aperto ao meu redor, enquanto relaxo dentro do seu corpo.
Estar com a Holland é pura felicidade. Estou convencido de que seu
corpo foi feito unicamente para mim. Meus quadris movem para frente até
que eu esteja enterrado dentro dela. Tão profundo que não sei onde ela
começa e eu termino, e é a porra do paraíso.
Suas mãos minúsculas fecham nos lençóis, e cada vez que eu saio e
entro no seu corpo apertado, elas agarram até que os nós de seus dedos
embranqueçam por causa do esforço.
— Reed, mais, por favor. — Ela implora.
Minhas mãos apertam sua cintura com mais força enquanto penetro,
minhas estocadas são cada vez mais brutais e profundas. Estendo a mão
entre nós para esfregar seu clitóris. Eu preciso levá-la ao êxtase, preciso que
ela se desfaça em meu pau. Toda vez que meus quadris batem contra sua
bunda, um prazer enorme passa pela minha espinha.
— Goze Holland, goze no meu pau. — Eu sussurro com a voz rouca.
Não vou conseguir esperar nem mais um maldito segundo com ela
apertando meu pau desse jeito, mas não posso gozar sem que ela esteja
comigo.
Mais alguns movimentos bruscos do meu polegar e ela geme meu
nome. O som mais doce do mundo, explodindo ao meu redor. Sua boceta
comprime, e isso é tudo o que preciso para atingir o meu limite. Eu me
inclino, entro profundamente e gozo dentro dela, com tanta força que
pontos negros obscurecem minha visão. Chego mais perto, dobro meu
corpo sobre o dela e traço um caminho de beijos até a sua espinha. Porra, eu
sinto nossos fluidos escorrendo dela, e nunca experimentei nada mais
excitante.
Nunca estive com ninguém sem proteção. Outra primeira vez com
Holland.
Ela movimenta devagar, eu retiro gentilmente e sento para admirá-la.
Não consigo evitar. A visão da minha porra deslizando para fora dela quase
me deixa duro de novo.
Essa garota me arruinou pra caralho. Não há dúvida.
Eu me levanto. Vou até o banheiro, umedeço um lenço com água morna,
volto para a cama e a limpo gentilmente. Ela suspira satisfeita e se aninha
nas cobertas. Jogo o lenço no cesto, deito ao seu lado e puxo as cobertas
sobre nós.
Eu a abraço e ela se acomoda na curva do meu pescoço, acariciando a
minha barba.
— Preciso buscar Evan amanhã à tarde, mas quero te levar a um lugar
pela manhã. O que você acha? — Eu pergunto.
Holland me encara com olhos sonolentos e expressivos e acena com a
cabeça.
— Onde?
Eu rio.
— Não seria uma surpresa se eu te dissesse, não é?
— Contanto que eu consiga dormir até depois das oito. Faz muito tempo
que não durmo.
Eu me inclino e a beijo suave e docemente.
— Durma um pouco, Baby. Vou correr de manhã e não vou te acordar.
Ela murmura sonolenta, mas quando vejo já está roncando. Um ronco
leve e fofo pra caralho, que me faz rir. Holland Parker está me destruindo e
não tenho nenhuma intenção de impedir.

***
Não me lembro da última vez que dormi tão pacificamente. Não acordei
nenhuma vez até a luz do sol entrar pelas janelas do meu quarto.
Normalmente acordo antes do sol e corro ou treino depois de um shake de
proteína. Hoje dormi até mais tarde com Holland, e não me arrependo de
um segundo. Ela dorme profundamente em meus braços, com o corpo
colado ao meu.
O sol da manhã reflete um brilho quente e alaranjado em sua pele já
perfeita. Enquanto ela dorme, eu continuo assim, apoiado em meu cotovelo,
observando o constante subir e descer do seu peito. Seus cílios escuros se
espalham nas bochechas, seu lábio carnudo e rosado não tem nenhuma
maquiagem, sua pele é perfeita, ela é linda. Eu poderia observá-la dormir
pelo dia inteiro, mas hoje quero levá-la a um lugar e não tenho muito
tempo.
Meus lábios roçam a pele morna e bronzeada de seu ombro. Pouco
tempo depois ela se mexe, um gemido sonolento sai dos seus lábios
exuberantes.
— Bom dia, linda! — Eu digo, minhas mãos deslizando com mais força
ao redor de seu estômago.
— Mmm, bom dia.
Ela me olha por cima do ombro e dá um sorriso sonolento.
— Dormiu bem?
— Sim. Esta cama é maravilhosa. É como uma nuvem, eu poderia
dormir aqui toda noite.
É o meu desejo também, penso, mas guardo essa intenção só para mim.
Ela pediu que fosse um relacionamento casual, mas acho que cada dia fica
mais difícil de não ser o pacote completo.
— Vou fazer um smoothie e tomar um banho rápido. Quero sair na
próxima hora. Acha que podemos fazer acontecer? — Eu pergunto.
Ela balança a cabeça contra o meu braço, mas não faz nenhum
movimento para se levantar.
Eu rio e beijo atrás da orelha dela. — Tire essa bunda gostosa da cama.
— Me desculpe, é essa cama. Ela é simplesmente o paraíso.
A cama não tem nada a ver com a minha vontade de ficar, a garota que
está nela é que tem tudo a ver.
Depois de um banho rápido, coloco um jeans e uma camiseta e nos faço
smoothies para viagem. Sento-me no bar e envio uma mensagem para
mamãe com a intenção de verificar Evan. Ela manda uma foto dos dois
fazendo panquecas e eu sorrio.
Deus, eu amo aquele garoto.
— Tudo pronto.
Olho para cima e vejo Holland parada à minha frente, usando um suéter,
jeans e botas pretas até o joelho. Boa o suficiente para comer.
— Reed… — Ela avisa, com um sorriso. — Se você continuar me
olhando assim, nunca chegaremos a esse lugar secreto que você vive
falando.
— Tudo bem. Eu não consigo evitar. Quero te levar para a cama de
novo e continuar de onde paramos na noite passada.
Suas bochechas enrubescem e eu sorrio. — Eu amo fazer você corar.
Venha, vamos embora.
Estendo o braço, e ela desliza sua pequena mão na minha. Entramos na
caminhonete. Ela, com a minha ajuda, é claro, já que é pequenininha. Então
eu saio para a rodovia. Holland não tem ideia de onde vou levá-la. Estou
pensando e pesquisando sobre isso há um tempo, e, com alguns dias de
folga é o momento perfeito para levá-la.
Dirigimos por trinta minutos, deixando a cidade e seguindo para o
interior de Illinois. Por fim, estaciono a caminhonete na longa estrada de
cascalho, e Holland me olha confusa.
— Rancho Serenity? O que é isso?
Continuo a dirigir, mas seguro sua mão. — Você vai ver.
Ela parece nervosa, mas quando aperto sua palma para tranquilizá-la,
ela sorri para mim.
Este lugar é lindo. Situado nos arredores de Chicago, por si, é um
pedaço do céu. Acres e acres de terras agrícolas com colinas verdes, muitas
árvores e ar fresco.
Quando estaciono e ajudo Holland a sair, o proprietário, Bert, se
aproxima e nos cumprimenta. Falei com ele algumas vezes por telefone nas
últimas semanas e o reconheço pela foto que vi no site.
— Sr. Davidson? — Ele pergunta. Alto, magro, com um sorriso amável
e um chapéu de cowboy, Bert imediatamente me causa uma boa impressão.
Com base nas conversas que tivemos, ele parece sincero e confiável.
Estendo a mão para ele.
— Oi, sim. Me chame de Reed. Esta é a minha namo… Esta é Holland.
— Merda. Holland me olha com olhos arregalados, depois sorri e aperta a
mão de Bert.
— Então, Holland, bem-vinda ao Rancho Serenity. Venho conversando
sobre o nosso programa com Reed há algumas semanas, e sei que ele queria
te fazer uma surpresa.
Holland olha para mim e depois para Bert. Ele apenas sorri
calorosamente e gesticula para caminharmos com ele.
— Há dez anos, eu e a minha esposa Delores começamos o Rancho
Serenity. Meu sogro foi diagnosticado com Alzheimer, e minha esposa
decidiu comprar este pedacinho do céu. Passamos a dedicar nossas vidas
ajudando outras pessoas que tiveram o mesmo diagnóstico. Passamos os
últimos dez anos transformando-o no que vocês podem ver hoje.
Holland tem lágrimas nos olhos e sei que ela começou a entender o
motivo de eu trazê-la aqui.
Bert continua a caminhar pelo caminho de terra até chegarmos a um
grande estábulo onde pastam vários cavalos.
— Oferecemos um lugar seguro com enfermeiras certificadas e
voluntários, para dar às pessoas com Alzheimer um lugar onde se sintam
necessárias. Aqui na propriedade, temos terapia animal, jardinagem,
dinâmica de grupo, e cães de terapia. Às vezes, as pessoas com Alzheimer
só precisam de um lugar onde se sintam seguras e sem limitações. Esse é o
objetivo aqui no Rancho Serenity.
Ela observa a fazenda, o grande celeiro e os animais.
— Este lugar é incrível, Bert. O que você e sua esposa estão fazendo é
maravilhoso.
Aperto gentilmente a mão de Holland e ela olha para mim. Seus olhos
azuis estão cheios de lágrimas.
— Obrigada. — Ela sussurra.
— Bert, pode nos dar um segundo?
— Claro. Estarei por aqui se vocês precisarem de alguma coisa.
Quando ficamos a sós, eu a aproximo de mim e levanto o seu queixo
para olhar em seus olhos.
— Espero não ter ultrapassado os limites ao procurar este lugar. Eu só…
depois de ver seu pai, eu queria ver como funcionava. A mãe de um amigo
meu tem Alzheimer e frequenta muito aqui. Ele acha que realmente tem
feito ela feliz. E se o seu pai viesse aqui, Baby?
Limpo uma lágrima que escorre do seu olho.
— Reed, este lugar provavelmente custa uma fortuna, mas Deus, é
incrível. Eu quero conhecer melhor, mas apenas o que eu vi, parece
espetacular. Pode mudar a vida dele.
Eu assinto.
— Foi por isso que quis te surpreender. Holland, conheço seu pai
melhor do que o meu. Ele me apoiou sempre que precisei de um pai. Ele é
importante para mim, e se você me permitisse fazer isso por ele, significaria
muito.
Nesse momento Holland chora de verdade. Um soluço escapa de seus
lábios e eu o absorvo em um beijo profundo que sinto até na alma.
— Seria a coisa mais incrível que alguém já fez por nossa família, Reed.
— Ela sussurra.
— Vamos ver o restante do lugar e conhecer alguns dos funcionários e,
se você tiver certeza, pagarei o ano adiantado.
Holland chora baixinho pelo resto do percurso, mas observa todas as
comodidades com admiração. Depois que Bert nos mostra o rancho inteiro,
não tenho dúvidas. Este lugar é perfeito.
— Aqui está um folheto do rancho com meu número no verso. Sinta-se
à vontade para me ligar a qualquer momento para conversarmos a respeito.
Aqui no rancho, também temos um programa de atendimento domiciliar.
Sei que é um grande passo e pode ser que vocês não se interessem, mas nós
temos a opção.
— Obrigado por nos receber, Bert. Gostei muito do passeio. — Aperto
sua mão mais uma vez e sigo Holland de volta à caminhonete. Assim que
entramos, olho para ela. — O que você acha, Baby?
— Acho que ele amaria isso aqui. Lembra o quanto adorava plantar
canteiros de flores?
Eu assinto.
— Quando não estava na fábrica ficava lá fora, faça chuva ou faça sol.
Cortava a grama dia sim, dia não.
— Obrigada, Reed. Isso significa mais para mim do que você poderia
imaginar. Não consigo explicar o quanto... estou grata.
Pego sua mão e beijo seus dedos.
— Eu só quero que você seja feliz. Desejo que seu pai esteja seguro e
contente em um lugar que ele goste.
— Quero pensar sobre isso e conversar com as enfermeiras e médicos
dele, antes de tomarmos uma decisão, talvez depois do ano novo?
— Quando estiver pronta. Eu vou apoiar qualquer coisa que você
decidir.
Digo isso consciente de que faria qualquer coisa para manter o sorriso
desta tarde em seu rosto.
Cap 15
Holland
Os dias se transformam em semanas, o outono desaparece no inverno e,
durante esse tempo, as coisas mudam entre mim e Reed. Não disse em voz
alta, mas depois do rancho ele ficou diferente. Além das mudanças no nosso
relacionamento, esta é a melhor temporada de todos os tempos dos
Avalanches. Rapidamente, eles estão se tornando o time com a melhor
classificação da NHL, prestes a disputar a Copa Stanley pela segunda vez
em dois anos. O sonho de todo jogador de hóquei.
O sonho de Reed.
Participar de frente, estar no centro e ver acontecer, faz desse um dos
melhores momentos da minha vida. Sentir a emoção de Reed ao vencer
jogo após jogo. Seu desempenho está melhor do que nunca, e caso você
pergunte? Ele diz que Evan e eu somos seus amuletos da sorte. Eu sei que é
apenas o jeito encantador habitual de Reed, e que o motivo é ele realmente
estar mais engajado, treinar muito, festejar menos e se esforçar mais.
— Esse vestido me deixa gorda? — Emery pergunta, exibindo seu
microvestido preto justo, novinho em folha no espelho do meu quarto. Faz
uma hora que estamos experimentando roupas para a festa de Natal da
empresa dela, que acontecerá em breve no escritório de advocacia. Ela e
Landon ainda estão firmes e ela só fala em impressionar todos os amigos
dele.
— Uh não, mas se você se curvar, todo mundo vai ver sua Virgínia.
Ela dá uma risadinha e se vira diante do espelho.
— Então, é um sim?
Levanto minhas sobrancelhas, e quando estou prestes a dizer a ela que
absolutamente não, a campainha toca.
— Okay, não tome decisões precipitadas. Eu já volto.
Saio do quarto rindo, atravesso o hall de entrada e abro a porta.
Um cara alto, segurando uma caixa, está parado na soleira da porta e
fico imediatamente confusa.
— Olá, Srta. Parker?
— Sim, sou eu.
Ele me entrega uma prancheta com uma caneta enquanto faz
malabarismos com a caixa.
— Tenho uma entrega para você. Pode assinar aqui, confirmando o
recebimento?
Rapidamente, rabisco uma assinatura malfeita e devolvo a ele. Ele me
entrega a caixa e se despede com pressa, enquanto fecho a porta.
Uma entrega? De quem? Não estou esperando nada.
Volto para o meu quarto com a caixa, coloco em cima da cômoda e
desamarro a grande fita vermelha. Levanto a tampa e cuidadosamente puxo
o papel de seda branco. Debaixo dele há uma camisa com o nome
DAVIDSON nas costas e um bilhete.
Pego a nota e leio os rabiscos confusos escritos com caneta preta.
Linda,
Só uma coisinha para mostrar que eu estava pensando em você.
Saudades. Me envie uma foto vestindo apenas ela, por favor.
;) Reed
— O que é isso? A voz de Emery vem de trás de mim, me assustando
tanto que o bilhete cai atrás da cômoda.
Eu bato a tampa na caixa, viro e grito.
— Ninguém. Nada. — Rio freneticamente, e percebo o quão suspeito
deve parecer. Eu não sou muito boa nesse negócio de mentir para a minha
melhor amiga.
— Ceeeerto. — Ela diz balançando a cabeça, voltando para o espelho.
— E esse?
O mini traje preto foi substituído por um vestido envelope de veludo
marsala.
Meu corpo relaxa completamente quando vejo que ela mudou de
assunto e não vai me forçar a mostrar a ela. O que Reed estava pensando?
Poderia ter acabado muito mal.
— Sim definitivamente. É este. Parece que foi feito para você, Em.
Seu rosto se ilumina.
— Sério? — Ela gira na frente do espelho e passa a mão pelo vestido.
— Sério. Na verdade, estou com inveja. Você vai se divertir muito e
será a garota mais bonita da festa.
Eu não estava mentindo. Emery tem o tipo de beleza que faz todo
mundo olhar quando chega em algum lugar. Toda cabeça vira em sua
direção e ela nem nota. Ela nunca vê a atenção que atrai, e é por isso que é
tão bonita por dentro e por fora.
— Estou nervosa, Holl. Tipo, esta é a primeira vez que eu gosto de
alguém desse jeito. Uma relação que não é apenas superficial e "divertida",
sabe? Ele gosta de mim por quem eu sou e não espera que eu seja diferente.
— Siga seu coração, ele não vai te indicar um caminho ruim. Meu pai
costumava me dizer isso quando eu era pequena. Só depois de ficar mais
velha que percebi o quanto esse conselho é verdadeiro.
Sento-me na beirada da cama e puxo as pernas na direção do peito.
Emery caminha e se senta ao meu lado.
— É assustador. Se expor. Todas as suas falhas, suas manias e sua
celulite. É por isso que não namoro. — Ela suspira e cai de costas na cama.
— Depois do babaca traidor, acabo pensando que todos são iguais.
Eu rio.
— Você está passando o carro na frente dos bois, irmã. Permitir que
outra pessoa tenha poder sobre você é assustador. Mas, antes de planejar a
separação deixe-o mostrar se é digno ou não. Nem todo mundo é desleal, há
muitos caras fiéis por aí.
— Você tem razão. Isso exige margaritas. Ou podemos pular a margarita
e ir direto para a tequila.
— Não posso. Tenho que estudar para o meu último semestre. Acredita
que em cinco meses vou me formar e finalmente conseguir meu diploma?
Ela se apoia nos cotovelos e me olha.
— Sim, eu posso. Duh. Você trabalhou duro, Holland, o mérito é seu.
Nós somos piegas. Rindo, eu a empurro com o pé. — Este é o vestido.
Agora, tenho que voltar a estudar, mas te amo. Posso te ligar amanhã?
— Tudo bem, tudo bem, estou indo. Ligue-me quando terminar e
podemos ir ao Starbucks para falar sobre as últimas novidades de Diários de
um Vampiro.
— Combinado.
Depois que Em sai, deito-me na minha cama com meus livros e tento
terminar a tese. Tirando as tentativas de concentração, meus olhos
continuam voltando para a caixa branca em cima da minha cômoda.
Mordo o lábio, me esforçando a focar nas palavras do papel, mas elas se
misturam. Em vez disso, penso na camisa que Reed enviou e me pergunto
se ele realmente acha que eu vou mandar uma foto com ela.
Provavelmente não.
Mas… imagine a cara dele se eu mandar.
É aí que decido enviar. Ir em frente. Fazer a coisa que Reed Davidson
menos espera.
Empurro meus livros para o lado, saio da cama, tiro a camisa da caixa, e
me troco rapidamente. Vou até o espelho e olho para o meu reflexo. A
camisa azul e branca é muito comprida, cobre a minha bunda, mostrando
apenas a parte de baixo da nádega, como se eu usasse boxers femininas.
Satisfeita, vou até a cama e pego meu telefone. Tiro uma selfie fazendo
biquinho, outra sorrindo e, para provocar, uma de costas no espelho
mostrando o seu nome.
Envio, antes que de me convencer do contrário. Depois, tento esquecer
o que acabei de fazer. Volto a estudar enquanto aguardo sua resposta.
Alguns minutos depois, meu celular vibra.
Reed: Quer me matar? Puta merda, Baby... Estou treinando com os
caras e não é uma boa hora para uma ereção.
Eu sorrio.
Eu: Sinto muito... não sinto. Achou que eu não enviaria, não é?
Reed: Ainda bem que o treino está quase acabando. Posso dar uma
passadinha? Eu levo o jantar.
Eu: Tenho que estudar. Tipo estudar de verdade, Reed. Não é a versão
que você me distrai e eu nunca termino.
Reed: Vou manter minhas mãos para mim. Eu prometo.
Reviro os olhos para a mensagem. Nós dois sabemos que isso nunca vai
acontecer, mas eu concordo porque estou com saudades.
Eu: Tenho minhas dúvidas. Te vejo em breve.
Em vez de vestir a camiseta velha e o moletom, continuo com a camisa
dele, mesmo sabendo que vai ser impossível ele se comportar e manter as
mãos para si. Continuo trabalhando na minha tese até ouvir uma leve
batida. Pego um short na cômoda, visto rapidamente e depois abro a porta.
Reed está parado na soleira, com uma embalagem de comida do meu
restaurante favorito e meu coração para. Nossas regras não especificam
sobre agradar um ao outro, mas mencionam a respeito de não se apaixonar.
Estou falhando irremediavelmente. Cada dia que passa, meus sentimentos
por Reed aumentam, quebrando todas as regras que estabelecemos. Não
vou contar para ele. Não apenas por saber que não é recíproco, mas porque
prometi não ser uma complicação na vida dele e o amor complica tudo.
Ele precisa focar em Evan e na sua carreira no hóquei. Sem falar que
perderei Emery se ela descobrir minha paixão pelo seu irmão. Existem
muitas coisas trabalhando contra nós. Apesar de tudo, ainda gostaria que
fosse diferente.
Esta noite, ele acabou de tomar banho. Seus cachos bagunçados estão
desgrenhados como sempre, e ele usa jeans claros e uma Henley preta.
Como de costume, borboletas aparecem no meu estômago no segundo que
seu olhar encontra o meu. Seus olhos percorrem meu corpo e um sorriso se
forma em seus lábios.
— Ainda melhor pessoalmente.
O tom rouco da sua voz me causa um frio na barriga. — Entre. — Abro
a porta para ele passar.
— Seu pai está dormindo?
Eu assinto.
— Ele teve um dia difícil hoje, então foi para a cama cedo.
Reed coloca a embalagem de comida no aparador próximo ao sofá,
chega mais perto e me puxa.
— Eu não consigo parar de pensar em você.
Ele se inclina e pressiona seus lábios nos meus. Suas mãos fortes e
cheias de calos apertam minhas costas, me pressionando contra ele.
Antes das coisas saírem do controle, puxo meus lábios dos dele e dou
um passo para trás.
— Você prometeu se comportar.
Encolhendo os ombros timidamente, ele ri.
— Eu disse que iria tentar. Eu tentei. Agora me deixe alimentar você.
Com isso eu não vou discutir. Tenho me negligenciado e estou
morrendo de fome. Tirando a visita breve de Em e o preparo do jantar de
papai, passei o dia trancada, tentando avançar em minha tese.
Pego o livro da mesa, seguro a mão de Reed e vou para o meu quarto.
Só agora me lembro que ele ainda é o mesmo da época do colégio e que
provavelmente deveria tê-lo arrumado antes de permitir sua visita. Coloco a
comida na minha mesa de cabeceira e rapidamente começo a pegar roupas e
livros que estão espalhados por toda parte.
— Desculpe a bagunça. Ainda não tive tempo de arrumar. — murmuro.
Enfio as roupas no cesto e coloco os livros na estante. Estou nervosa, mas
quando Reed se aproxima, pega um livro da minha mão e coloca na
prateleira atrás de mim, depois segura o meu queixo, esse sentimento
evapora.
— Não me importo com a aparência do seu quarto, Baby. Estou aqui
por você. — Ele sorri. — E por essa pizza burrito.
Eu dou um soco nas costelas dele. Ele abaixa, pressiona um beijo suave
e surpreendentemente casto em meus lábios, e volta para a comida.
É um momento simples que significa muito. Mostra Reed realmente
como ele é. Meu frágil coração não sobreviverá, mas não quero deixá-lo ir.
Às vezes, o amor pode ser egoísta e, neste momento, sei que quero
conservar o que quer que eu tenha com Reed, ao invés de deixá-lo ir.
Um de frente para o outro, sentamos na minha cama e jantamos. Mas
antes mesmo de terminarmos, Reed empurra a comida para o lado e sobe
em cima de mim, me beijando até perdermos o fôlego.
Ele é uma droga, e eu não consigo me saciar.
Reed Davidson é o tipo de homem que você nunca esquece. Não
importa quanto tempo passe.
Deitamos juntos na minha cama e Reed apaga o abajur. Acima de
nossas cabeças, permanecem coladas no teto as estrelas que brilham no
escuro que Emery me deu no meu aniversário de dezesseis anos, ainda
cintilando tanto quanto no dia que eu ganhei.
Ele apenas segura a minha mão. Seus dedos entrelaçaram firmemente
nos meus.
Este momento entre nós parece... diferente. Mais íntimo. O tipo de
momento sublime, apesar da simplicidade.
— Você acredita em almas gêmeas? — Ele pergunta com a voz
profunda e rouca.
Olho para ele, mas só consigo distinguir o contorno do seu rosto no
brilho da falsa Via Láctea do meu teto.
— Eu acredito. — É fascinante pensar que em algum lugar do mundo
existe alguém feito para você. Projetado especificamente para você.
— Sim. Ultimamente, tenho pensado muito a respeito disso. Você sabe
que meu pai foi embora quando Emery era um bebê.
Concordo com a cabeça e ele continua:
— Desde aquela época, falei com ele pela primeira vez, alguns meses
atrás. Eu não parei de pensar nisso. Nele. E estou irritado comigo por isso.
Por permitir que ele tenha esse poder. Estou furioso e fodido, Holland.
A dor na voz dele parte meu coração. Quebra em pedacinhos. Eu rolo na
sua direção e me deito em cima dele. Minha orelha pressiona no seu peito
enquanto conto as batidas constantes do seu coração. Sua mão encontra
meu cabelo, girando uma mecha entre os dedos distraidamente.
— Acho que conversar com ele me fez encarar as merdas da minha
cabeça que eu escondia e evitava. Eu fingia que não era um problema real, e
agora estou enfrentando. Não é fácil, mas acho que estou pronto para
perdoá-lo e penso que isso tem muito a ver com Evan. No pouco tempo que
está aqui, conseguiu me mudar. Sou incapaz de lembrar de como a minha
vida era antes dele. É como se o cara lá de cima soubesse que eu precisava
dele, mesmo quando eu nem imaginava.
— Acho que nosso futuro já está traçado, mesmo antes de estarmos
prontos para vivê-lo. Às vezes, estamos confortáveis em nossas vidas e não
enxergamos que é necessário mudar. É por isso que as pessoas são pegas de
surpresa pelas mudanças em suas vidas e não querem encarar a verdade. A
sua atitude é corajosa, Reed. É um crescimento pessoal e isso exige bravura.
Ele respira. Seus dedos deslizam no cabelo da minha nuca, enquanto seu
polegar esfrega círculos suaves em meu couro cabeludo.
— Às vezes não parece assim, mas acho que a única forma de superar, é
perdoar e abrir mão dele.
Sento-me levemente no seu tórax e tiro um cacho de cabelo da sua testa.
Estar assim com Reed é muito natural.
— Você não pode controlar as ações dos outros, mas pode controlar se
permite ou não que o afetem. Acho que resolver a sua mágoa dele vai te
fazer seguir em frente.
Reed fica em silêncio por um momento. Sua outra mão corre levemente
pelo meu braço, causando arrepios na pele onde seus dedos roçam. O ar do
quarto está diferente, como se uma mudança tivesse acontecido. Eu sinto, e
posso apostar que Reed também.
— Você é um bom homem, Reed. — Eu sussurro no escuro, sob as
estrelas brilhantes. Meus olhos pesam, exaustão se infiltra lentamente no
meu corpo, até que o constante subir e descer do peito dele me embala para
dormir.
Logo que estou adormecendo, juro que o ouço sussurrar:
— Só se for um homem bom o suficiente para você, Holland Parker.
Cap 16
Reed
— Weed, podemos ter um polvo de vedade? — Evan me pergunta, com
uma expressão séria. Porra, por que as crianças são tão fofas? Isso me faz
pensar sinceramente em comprar uma porcaria de um polvo para ele.
Aposto que o faria sorrir. É por isso que dizem que os pais são
influenciáveis. Se essa criança me pedisse um unicórnio, eu faria qualquer
coisa para conseguir um para ele.
— Carinha, os polvos não foram feitos para morar com as pessoas em
suas casas. Eles vivem no oceano. Lá que é o lar deles.
Ele franze a testa enquanto pensa no que eu disse.
— Mas… e o aquá-rio?
— Bem, essa é a exceção.
— O que é uma eu-seu-ção?
Respiro fundo.
— Sabe, carinha, que tal começarmos com um peixe? Um pequenininho
como você, e podemos chamá-lo de Pickles 2.0, o que acha? Pode ser que
um dia tenhamos um polvo de verdade, mas por enquanto Pickles vai ter
que servir.
— Ele pode ser verde?
Eu assinto.
— Pode ser da cor que você quiser. Podemos buscá-lo em breve, mas
agora temos que ir porque você tem um encontro com Ari e Kennedy, e eu
vou ajudar o tio Liam a montar alguma coisa de bebê.
Evan enruga o nariz.
— Eu quero fazer xixi.
Lá vamos nós. A hora é agora. Aprendi bastante merda lendo livro após
livro com diferentes técnicas de desfralde. Nós vamos conseguir.
As crianças são diferentes, e tudo se resume ao que dá certo para cada
uma. Isso eu entendo.
Pego a caixa de Cheerios na parte superior da despensa e corro para o
banheiro atrás de Evan. Ele sobe no seu banquinho e abaixa as calças, e
antes de começar, jogo uns Cheerios na água do vaso sanitário, e levanto o
meu punho depois.
— Você vai conseguir, carinha! — Eu digo e o pequeno punho dele bate
no meu.
Somos uma equipe, e eu serei amaldiçoado se não enfrentarmos essa
jornada juntos.
Viro de costas para ele ter um pouco de privacidade e, pela graça de
Deus os céus se abrem. Olhe e contemple, eu ouço o som de água caindo e
um grito de alegria.
— Eu fiz, Weed, eu consegui!
Ele pula para cima e para baixo e quase cai do seu banco, mas eu o pego
no último minuto.
— Carinha, eu sabia que você conseguiria. Percebeu que é oficialmente
um rapazinho agora, certo?
O sorriso dele é contagiante, e eu me pego sorrindo junto. É a primeira
vez desde que veio morar comigo que me sinto confiante de que talvez
possa fazer isso. Pode ser que, de alguma forma, consigamos descobrir
juntos.
A vida é muito diferente de antes, mas não sinto falta das coisas como
eram. Ainda encontro com Asher, Hudson, Briggs e Graham nos treinos e
de vez em quando, tomamos uma cervejinha em algum lugar ou fazemos
um churrasco na casa de alguém. Mas foda-se, não sinto falta de
desperdiçar minha vida em um bar. Ou de correr atrás de Marias Patins que
não tenho intenção de ver novamente depois de ter me acabado em uma
noite. Essa é a verdade, antes de Evan… antes de Holland, eu estava
esgotado. Me acabando com mulheres, festejando, bebendo. Agora, a merda
da minha vida é boa, e não quero fazer nada para prejudicá-la.
Hoje a minha vida é diferente e eu não gostaria que fosse de outra
forma.
Depois de arrumar rapidamente uma bolsa e pegar Pickles, vamos para
a casa de Liam e entramos em um completo caos. No segundo em que fecho
a porta às nossas costas, Juliet corre para o foyer.
— Ei Reed. Tchau Reed! — Ela passa por mim tão rápido que suas
meias deslizam pela madeira.
— Uh, o que está acontecendo? — Eu pergunto, mas ela vai embora. Eu
e Evan olhamos um para o outro nos perguntando o que diabos acabou de
acontecer.
Então Ari e Kennedy vêm correndo pelo corredor, gritando, com Liam
atrás delas.
— Guerrinha de Nerf! — Ari grita, passando direto por mim e quase
acertando a parede.
Oh. Merda.
Levamos as guerras de Nerf muito a sério por aqui.
— Tudo bem, Ev, entramos em uma batalha. É hora de se preparar. —
Seguro sua mão e o puxo para o quarto das meninas, onde pego duas armas.
Liam montou uma parede cheia de Nerfs para Ari e Ken. Merda, eu gostaria
de ter uma dessas enquanto crescia.
— Nós não nos separamos. É mais fácil deles nos pegarem se não
estivermos juntos. Me siga.
Evan dá uma risadinha e depois tapa a boca com a mão para não fazer
barulho. Porra, ele é muito fofo.
E é meu, eu penso.
Volto para o corredor na ponta dos pés, segurando a arma de plástico
como se fosse um agente do FBI prestes a fazer uma varredura. Quando
chego no fim da parede, verifico todos os cantos e não encontro nada.
— Eles são sorrateiros. Nunca baixe a guarda.
— O que é gu-arda?
— Não importa. Apenas me siga, carinha.
Precisamos trabalhar na logística da guerra, mas chegaremos lá. Ele me
segue pela casa enquanto procuro pelas meninas e, ao passar pela sala, ouço
uma risadinha. Fraca, mas definitivamente é de Ari.
Eu aponto para a sala de estar, e Evan acena, segurando a arma mais
alto. É quase tão grande quanto ele e por pouco eu começo a rir, mas
consigo ficar sério enquanto invadimos o local. Vejo os saltos altos de
plástico de Ari por trás da casa de brinquedo. Subo em cima dela o mais
silenciosamente possível e grito:
— Boo!
Eles gritam alto o suficiente para quebrar o vidro das janelas e saem de
trás do sofá. Assim que a cabeça de Ari aparece, Evan puxa o gatilho
atirando no meio da testa dela.
Oh caralho.
O rosto de Ari se contorce e ela começa a chorar. O pobre Evan parece
estar prestes a chorar junto com ela. Ele olha apavorado para mim e eu
balanço a cabeça.
— Está tudo bem, não se preocupe.
Eu a levanto e a envolvo em um abraço apertado, do jeito que só o tio
Reed é capaz de fazer, e logo suas lágrimas secam e ela sorri.
— Senti saudades, tio Reed.
— Eu senti mais, minha linda. Trouxe um amigo para brincar com
vocês enquanto ajudo o papai e a Juliet. Este é Evan.
Evan olha para ela com um sorrisinho tímido.
Coloco Ari perto dele. Kennedy pula e puxa Evan para um abraço
estrangulador infinito.
O olhar apavorado retorna, e desta vez eu dou de ombros.
— Garotas, carinha. Garotas.
Ari olha para o polvo esfarrapado em suas mãos e pergunta:
— É o seu xodozinho?
Evan assente.
— O nome dele é Pickles.
— O nome do meu xodozinho é Princesa Sparkles. Quer brincar no
nosso quarto?
Ele olha para mim, e eu aceno com a cabeça, enxotando-os porta afora.
Bem... isso foi mais fácil do que eu esperava. Percebi que as crianças são
resilientes assim.
Agora que a guerra de Nerf oficialmente acabou, coloco as armas no
quarto das meninas de novo, e me certifico de que estão brincando antes de
subir para o quarto de hóspedes que será o berçário do novo bebê.
As paredes ainda são brancas, porque decidiram esperar para saber o
sexo, mas começaram a encher a sala com móveis e decorações neutras.
Juliet está no canto, sentada em uma cadeira de madeira preta e branca
folheando as páginas de um livro de gravidez, enquanto Liam está no chão
desembalando as peças do berço.
— Vocês poderiam ter me avisado que eu estava entrando em um campo
de batalha.
Juliet ri.
— Onde estaria a graça?
— Só para constar, os caras ganharam. Poderia ter ajudado seu melhor
amigo, cara. — Digo a Liam. Ele apenas balança a cabeça e continua a tirar
a madeira.
— Tudo bem, os pais estão de plantão. — Juliet se levanta da poltrona.
Sua barriga de grávida finalmente está aparecendo. Uma pequena
protuberância por baixo da sua blusa que Liam acaricia o tempo todo. —
Mamãe está cansada e dolorida, e quer um banho de espuma em completo e
total silêncio.
— Eu cuido do jantar e das crianças, descanse amor. — Liam murmura.
Nunca vi um cara tão apaixonado pela sua esposa. Ver esses dois juntos
é só o que preciso para acreditar no amor. O tipo natural, verdadeiro e
único. Isso é o que eles compartilham, e cara, ver meu melhor amigo
vivenciar isso depois de tudo o que ele passou é incrível. Ninguém merece
tanto quanto ele.
Juliet dá um beijo rápido nele e depois nos deixa para montarmos os
móveis.
— Ainda não consigo acreditar que vocês só descobrirão o sexo quando
nascer. Eu preciso saber.
Ele ri.
— É a vontade dela, e eu acabo fazendo tudo que ela quer. De qualquer
forma, o que importa para mim é a saúde do bebê. Agora, as meninas? Elas
são outra história. Nos perguntam se vamos contar para elas, pelo menos
duas vezes ao dia. Ari tentou me subornar com abraços, mas eu disse a ela
que sou mais forte que isso.
— Isso não me surpreende.
— Então, como estão as coisas com Evan e Holland?
Merda, direto para a parte boa.
— Evan é uma criança incrível. Adoro passar o tempo com ele. Fez xixi
na priva…— Eu me interrompo. — Hoje pela primeira vez. Parecia uma
vitória de verdade.
Sinto uma merda estranha no peito quando penso em Ev e nas coisas
que ele superou desde que nos conhecemos. Seus pesadelos diminuíram.
Depois que eu comprei um abajur que reflete figuras marinhas no teto e
leio, não apenas uma, mas três histórias antes dele dormir, praticamente
acabaram. Ele ama qualquer coisa sobre a selva ou o mar. Grandes
aventuras e, inferno, adoro criá-las todas as noites para contar a ele. Não
que eu possa levar o crédito pelo abajur. Holland se superou ao montar um
espaço para Evan onde ele se sentisse como ... Ele. Sabendo que é obcecado
pelo oceano e pela maioria das criaturas marinhas, ela transformou o quarto
em uma aventura subaquática para que cada vez que ele entrar, possa
admirar à sua volta.
Eu realmente não tinha notado, o tanto que Holland participa da nossa
vida. Eu me acostumei com a rotina confortável que criamos.
— Por que você está com esse olhar? — Liam pergunta, com a testa
franzida em desentendimento.
— Que olhar? Eu não tenho esse olhar? — murmuro. É um blefe e, a
julgar pela sua expressão, ele sabe disso.
— Nem vem. O que você não está me dizendo?
— Nada.
Liam acerta meu rosto com um saco de parafusos. Depois pega uma
chave de fenda e eu levanto minhas mãos em sinal de rendição.
— Tudo bem, caralho, tudo bem. Este rosto é uma máquina de fazer
dinheiro, preste atenção.
— Você é um idiota. — Liam ri. — Agora me diga que diabos você está
escondendo. Oh merda, é Holland, não é? É por isso que você ficou calado
de repente.
Merda.
— É complicado.
Nesta hora, Liam joga a cabeça para trás e ri. Sua risada profunda ecoa
nas paredes vazias do quarto do bebê.
— E não é sempre assim? Juliet e eu também tivemos uma coisa
complicada e olhe para nós agora. Derrame.
Suspirando, passo a mão pelo meu cabelo bagunçado e indomável e
olho para ele.
— Nós definimos umas regras estúpidas pra caralho que dizem que
devemos pegar leve. Não complicar. No entanto, já fizemos uma bagunça
danada. Ela está perfeitamente bem com as coisas como estão, mas eu não
consigo tirá-la da minha cabeça. Penso nela em cada coisa que faço.
— Você a ama. — Liam diz sinceramente.
— Uau, essa é uma palavra muito forte. Demais. Quer dizer, eu nem sei
como amar alguém.
— Besteira. Você ama sua mãe, Emery, Evan. E Ari e Kennedy? Você
as ama desde o dia em que nasceram. E todas aquelas vezes que esteve
presente, Reed? As festas de aniversário que você ajudou a organizar, os
dias que trabalhei até tarde e você as buscou para mim? — Ele faz uma
pausa, e vejo a sinceridade nos seus olhos. Aperta meu coração e sou
homem o suficiente para admitir. Liam e essas meninas são e sempre foram
tanto minha família quanto mamãe e Emery. Todos eles me dão um
propósito para viver. Ser o tio delas. E agora... Evan e Holland me dão um
propósito. Só que de uma maneira diferente e assustadora.
— Estou apavorado pra cassete, cara. Amor? O amor é a coisa mais
aterrorizante do mundo. Ele te deixa vulnerável.
— Você tem razão. É isso que o amor faz. Ele te expõe, te deixa cru. É
apavorante dar a alguém a capacidade de te machucar. Mas Reed, Juliet é a
melhor coisa que já me aconteceu, e você sabe disso. Ela me transformou
em um homem melhor. Eu a amo tanto que faria qualquer coisa neste
mundo por ela. Sim, foi assustador me expor e dizer por favor me ame
como eu te amo. Mas se não tivesse feito, não teria o amor da minha vida
ou minha família. — Ele para de falar, desvia seu olhar do meu e olha para
o berço à sua frente, depois volta a olhar para mim. — Às vezes você só
precisa deixar esse medo de lado e viver. Você me disse uma vez que se eu
a deixasse ir embora, seria o maior erro da minha vida. Siga seu próprio
conselho.
— Ela é incrível e, Deus, sou louco por ela, mas não quero machucar
Emery. Não quero estragar a amizade delas. Ela nunca me perdoaria. É
parte do porquê criamos as regras idiotas em primeiro lugar.
Ele balança a cabeça.
— Você realmente acha que Em vai se importar porque você se
apaixonou pela melhor amiga dela?
— Conhecendo Em e o fato de ela ter me ameaçado com ferimentos
corporais por sequer olhar para Holland, acho que provavelmente sim. Mas
acho que ela superaria... eventualmente.
— Acho que você precisa falar com Holland. Dizer a ela como se sente.
Ser honesto. Não há nada de errado em ser vulnerável ou se expor.
Eu assinto.
Ele tem razão. Preciso falar com Holland. Ser franco a respeito dessas
malditas regras que não funcionam mais para mim.
Não quando tudo o que quero é reivindicá-la, quero que seja só minha.
Para poder segurá-la em meus braços todas as noites, voltar para ela depois
de dias na estrada. Eu a amo pra caralho.
E tenho o plano perfeito para dizer a ela.
Cap 17
Holland
— Reed. — Eu choramingo. Seus dedos longos e grossos abafam meus
gemidos. Estão na minha boca desde que ele exigiu que eu os chupasse.
Ele me observa através do vão entre minhas pernas. Seus cachos
escuros indisciplinados estão bagunçados por causa dos meus puxões
constantes, enquanto ele me devora como um homem faminto. Seus olhos
ficam vidrados por luxúria ao se encontrarem com os meus, e um sorriso
malicioso lentamente aparece nos seus lábios.
A beleza dele é tão grande que eu não posso suportar. Especialmente em
momentos como este, quando ele está com a boca na minha boceta, me
proporcionando o maior prazer da minha vida.
Eu gemo quando a língua dele me atinge, golpeando ao longo do meu
clitóris. O prazer é muito grande. Exatamente quando sinto que vou
explodir e ver estrelas, ele interrompe.
— Preciso te falar uma coisa.
Suas palavras vibram no meu centro, e eu reclamo em frustração. Esta é
a pior forma de tortura.
Enrolo meus dedos no seu cabelo e o puxo de volta para onde eu quero
sua boca esteja, e ele sorri.
— Aluguei uma cabana para a próxima semana. Tenho sete dias de
folga e vamos para Kettle Moraine. Eu quero que você venha conosco.
— Tem certeza de que vamos falar sobre isso… nesse exato momento?
— reclamo. Estou nua, deitada na frente dele, enquanto sua cabeça está
entre minhas pernas. E ele quer falar sobre os planos para a semana que
vem?
— Podemos discutir com calma, ou você pode simplesmente dizer sim.
— Seu hálito quente sopra a parte interna da minha coxa, me causando
arrepios. Estou tão tensa que sinto que vou explodir a qualquer momento.
— Nós poderíamos encerrar o assunto, e eu te daria exatamente o que você
quer...— Ele para e passa a língua no meu clitóris uma vez, depois duas
vezes.
— Reed Davidson. — Eu me apoio nos cotovelos e olho para ele. —
Você está me chantageando... com um orgasmo?
— Estou ofendido, Holland, eu jamais faria uma coisa dessas.
No entanto, o sorriso envergonhado em seu rosto diz o contrário. Seu
dedo me invade, curvando e acariciando até que minhas costas levantam da
cama, minhas mãos agarram os lençóis e o nome dele sai dos meus lábios.
Sinto que estou muito perto.
Então ele para. De novo.
— Reed! — Eu reclamo. — Pare com isso.
Ele ri. — Diga sim.
— Não.
Um dedo se transforma em dois e seus lábios fecham sobre meu clitóris.
Despreocupado, ele suga e move seus dedos dentro de mim lentamente, até
eu estar perto de novo.
Arqueio em sua direção, desesperada para finalmente ultrapassar os
limites da sua provocação. Ele afasta a boca e volta a olhar para mim.
— Tudo bem. Deus. Tudo bem.
— Sério? —
— Sim, agora você poderia, por favor … — Eu paro. Poucos segundos
depois, ele se levanta, me cobre com o seu corpo tonificado e definido e
desliza para dentro de mim, me preenchendo lentamente. Logo depois,
estamos quentes e pegajosos de suor. Os dedos de Reed esfregam meu
clitóris e gozamos juntos.
Ele me puxa para o seu peito com os braços musculosos e cai de costas
na cama. Encosto meu ouvido no seu peito, escutando a batida do seu
coração e meus olhos ficam pesados.
— Você vai mesmo? — Ele pergunta. Sinto seus lábios na minha
cabeça.
Eu assinto. — Não porque você me coagiu com um orgasmo, mas
porque Emery já me convidou e ameaçou com danos corporais.
Reed zomba. — Então eu fiz tudo isso sendo que você já iria?
— Sim. Mas você estava tão comprometido que eu não quis te impedir.
Ele ri. — Um sacrifício e tanto.
Eu me inclino para trás para poder olhar para ele. — Você sabe... eu
disse não. Várias vezes, na verdade. Eu só... estou preocupada que ela
descubra que algo está acontecendo. Ela me conhece melhor do que
ninguém. Estou ansiosa.
Reed fica quieto. Ele não responde, mas seus lábios tocam meu cabelo
outra vez, e isso me conforta.
— Nós somos amigos, Baby. Sempre fomos e Emery sabe disso. Ela
não vai suspeitar de nada.
Minha aflição não passa. Só espero que tão bem quanto Em me
conheça, ela não consiga ver através de mim.

***

— Preciso trabalhar até tarde esta noite. — Emery diz: — É muito


chato, mas meu chefe pegou um caso grande e todos nós temos que fazer
horas extras. Eu irei mais tarde, então você vai ter que ir com Reed e Evan,
mas não estarei muito atrás de vocês. Você conhece minha mãe, ela tem que
acordar de madrugada e chegar cedo para garantir que tudo esteja pronto.
Meu coração dispara com a menção de Reed, mas eu dou um sorrisinho.
— Sua mãe é a pessoa mais organizada que já conheci. Eu queria que
ela tivesse nos influenciado. Posso ir com Reed e Evan, sem problemas. Eu
estava pensando em levar o papai, mas não sei se ele vai lidar bem com a
mudança. Mona disse que não se importa de ficar com ele.
Detesto deixá-lo em casa, mas sei como é importante manter os seus
horários e o lugar que lhe é familiar. Foi a única exigência do seu médico
desde que ele foi diagnosticado. Sou grata por ter Mona e ela se oferecer
para ficar com ele mais esta semana para eu poder viajar com Em e sua
família.
— Você precisa disso, Holland. Alguns dias longe das
responsabilidades, dos estudos e do trabalho. Vai ser ótimo. — Emery diz,
animada. — É exatamente o que você precisa para distrair e relaxar.
Na mesma hora, minha mente volta para alguns dias atrás, quando Reed
me persuadiu com a boca a concordar com esta escapada improvisada.
Por mais que eu esteja feliz com Reed... Ultimamente, minha culpa pesa
cada vez mais no meu coração e na minha mente.
Essa coisa com Reed era simples no começo, mas agora parece muito
mais. Eu deveria saber que seria incapaz de deixar meus sentimentos de
lado e ter apenas um relacionamento físico com ele. Os sentimentos
complicam tudo. Nossa situação já é bastante complexa.
— Sim, vai ser ótimo. Mal posso esperar para passar um tempo com
você. Vou começar a fazer as malas, e te vejo mais tarde, okay? Dirija com
cuidado.
— Você também querida. Te amo, tchau!
Terminamos a ligação, eu me sento ao lado da mala vazia e fico olhando
para ela.
Você consegue, Holland. Três dias confinada com o a sua paixão secreta
e sua melhor amiga, que, se descobrir, provavelmente matará vocês dois.
Qual lugar seria mais apropriado do que uma cabana isolada no meio da
floresta, onde ninguém encontrará nossos corpos?
Eu gemo e me jogo na cama.
Serão apenas três dias. Enquanto faço as malas, repito o mantra pelo
resto da tarde e, antes que eu perceba, Reed me surpreende ao entrar no
meu quarto.
— Tudo pronto? — Ele aparou a barba, penteou os cachos rebeldes para
trás, e ficou ainda mais bonito. Usa uma camisa xadrez vermelha e preta
esticada sobre seus ombros largos, jeans velhos e desbotados e botas. —
Evan está na caminhonete. Vamos esperar você terminar, Baby. — Ele dá
um beijo demorado nos meus lábios e se afasta olhando para mim.
Apesar de estar vestido para um passeio no campo, o que me chama
atenção não é a roupa, é a felicidade nos olhos dele.
Pelo sorriso nos lábios e a excitação no olhar, dá para ver o quanto está
empolgado. Não me interpretem mal, estou animada para escapar e passar
um tempo com Reed e Emery. Mas então… esses dois relacionamentos não
podem andar juntos, e isso revira o meu estômago.
— Tudo bem com você? — Reed pergunta, me observando colocar as
últimas coisas na mochila.
Eu assinto.
— Só meio nervosa por ficar em uma cabana com Em… e eu não sei.
Vou ficar bem. Provavelmente estou pensando demais nisso. Eu odeio
mentir para ela, Reed.
Seu olhar suaviza. — Eu sei. Podemos conversar quando chegarmos lá
hoje à noite?
— Tudo bem.
Ele me dá outro beijo rápido e pega minha mala da cama. Fazendo
drama, ele a deixa cair pesadamente no chão.
— De novo não. — Seus olhos brilham com malícia. — É melhor que
aquela renda vermelha que tanto amo esteja aqui.
Reviro os olhos. — Vamos Casanova.
Colocamos minha mala no carro e eu sento no banco do passageiro.
— Howwand! — Evan me grita do banco de trás. Ele está com Pickles
espremido ao seu lado e o tablet no colo. Reed estava muito indeciso sobre
Evan ter ou não um tablet nessa idade. Ele vasculhou a Internet por horas e,
finalmente, decidiu limitar o tempo de tela de Evan e garantir que seus
jogos e vídeos sejam educativos.
Foi sua atitude mais “paternal” e fez meu coração bater um pouco mais
rápido. Ver Reed se transformar neste homem que eu nunca conheci é
incrível. Observá-lo se apaixonar por Evan e se encontrar como pai não é
algo que você vê todos os dias. Isso me deixa mais orgulhosa dele e de tudo
que os dois superaram juntos nos últimos meses.
— Está pronto para fogueira e s'mores carinha? — Eu pergunto.
Ele balança a cabeça animadamente e seus olhos brilham no segundo
que menciono s'mores.
Continuo:
— É a minha coisa favorita ao acampar. S’mores!
Reed abre a porta e se senta no banco do motorista.
— Estamos prontos?
Eu concordo e Evan bate palmas.
A hora é agora.
O percurso até a cabana é surpreendentemente silencioso, exceto pelo
falatório de Evan com Pickles. Viajamos em um silêncio confortável. Reed
está com uma mão na minha coxa e a outra no volante. Eu me concentro no
seu toque, tentando acalmar o nervosismo no meu estômago. Olhando pela
janela, observo a cidade desaparecer nas nossas costas, enquanto
conduzimos para o interior, deixando os limites da cidade para trás.
Descemos uma longa estrada, totalmente sem asfalto e coberta de
cascalho nem sei por quanto tempo até uma pequena e adoravelmente
pitoresca cabana aparecer. É do tipo que você veria em um filme Hallmark.
Com um tronco de madeira do lado de fora, uma porta de entrada vermelha
e fumaça saindo da chaminé. Na lateral da casa há uma pilha de lenha, uma
fogueira grande com cadeiras ao seu redor. Parece aconchegante mesmo
antes de acender o fogo. Eu já me enxergo aqui pela manhã, bebendo uma
xícara de café.
É tão perfeito que o meu nervosismo diminui. Por enquanto.
Reed estaciona na garagem em frente à cabana, ao lado do SUV de sua
mãe, depois dá a volta para abrir minha porta e tirar Evan da cadeirinha.
Sorrio no momento que meus pés tocam o solo e inspiro o ar fresco.
— Reed, este lugar é incrível.
— Fico feliz que tenha gostado, Baby. Eu imaginei que um tempo fora
seria bom para todos nós relaxarmos. A temporada está difícil e eu queria
apresentar Evan ao ar livre. — Ele sorri e olha para Evan, que devolve com
um sorriso travesso.
— Holland Parker, é você? — Uma voz suave e melódica vem da
varanda. Eu me viro e vejo Kathy, a mãe de Reed e Emery, sorrir
calorosamente para mim.
— Você sabe que sim. Tem apenas o que, três semanas desde que a vi?
— Sorrio e ando em direção aos seus braços abertos. Ela me mantém perto
de seu corpo por alguns momentos antes de me soltar.
Reed e Evan vêm logo atrás de mim, e quando se trata de Evan, ela dá
abraços extras. Provavelmente já está enrolada no seu dedo mindinho. Não
que eu possa culpá-la… Ele é encantador. Assim como Reed.
— Agora, Reed, pegue a bagagem enquanto entramos e nos aquecemos.
— Ela estremece visivelmente e fecha mais o casaco. — Esses dois vão
congelar com esse frio.
— Sim, mamãe.
Depois de pegar Evan no colo, ela agarra minha mão e me arrasta para
dentro da cabana. Eu não consigo deixar de rir. Foi com ela que Reed e Em
aprenderam a ser controladores. Cem por cento com a mãe deles.
— Você conversou com Emery? — Kathy pergunta. — Ela disse
alguma coisa sobre talvez ter que trabalhar até tarde.
— Sim, ela disse que ficaria até tarde na empresa, e viria depois. Foi por
isso que vim com Reed e Evan. Não me sinto confortável em dirigir com
muita neve, então Reed se ofereceu para me trazer.
Ela sorri.
— Aquela garota. Sempre trabalhando, mas acho que posso admirar sua
ética profissional. Você sabe que ela e Reed sempre foram muito
determinados a atingir seus objetivos. Reed ficava lá fora com aquele taco
de hóquei, jogando até ficar tão escuro que ninguém conseguia enxergar.
Você se lembra de como ele e seus amigos colocavam aquelas lanternas
baratas no gelo, só para ficarem mais alguns minutos lá fora?
Eu assinto.
Cara, eu me lembro daquela época. Como o lago ficava no fundo da
casa deles, eu e Em tínhamos permissão para assistir. Ficávamos com o
nariz vermelho e batendo queixo só para assisti-los patinar no escuro. A
única luz vinha daquelas malditas lanternas que eles nos imploravam para
segurar. Mesmo usando luvas minhas mãos ficavam muito frias e
adormeciam depois de poucos minutos. Mas, sendo um pedido de Reed, eu
segurava de qualquer jeito.
— Ainda sinto calafrios ao lembrar de como fazia frio naquela época.
— Eu digo a ela.
Foram aquelas noites no gelo com Reed que me fizeram perceber que
minha paixonite tinha se transformado em algo maior. A determinação
absoluta por trás das suas tacadas. Apesar do frio, da neve, e do cansaço, ele
se esforçava além dos limites. Ele fazia de tudo para alcançar o seu
objetivo.
A porta se abre e Reed entra com nossas malas, trazendo com ele um
pouco de ar frio. Ele desaparece pela sala e volta de mãos vazias.
— Evan, quer procurar ursos? — Ele pergunta. É brincadeira, mas a
expressão no rosto de Evan é impagável.
Ele arregala os olhos e olha para mim. Eu dou de ombros.
— É você quem decide, carinha. Vou ficar aqui dentro, que é quente e
não tem ursos.
— Estou brincando, mas trouxe o meu taco de quando era pequeno. Vou
levar Evan para o lago. Voltaremos antes de escurecer. — Ele caminha até
sua mãe, dá um beijo carinhoso em sua bochecha e sorri para mim. Em
seguida, ele e Evan saem, me deixando sozinha com Kathy na cozinha.
— Você se importa de me ajudar a lavar essas batatas para o ensopado?
— Ela pergunta.
— Claro que não.
Pego a tigela de batatas da mão dela e vou para a pia.
— Sabe, não diga a Emery que eu te falei, mas acho que Reed está
saindo com alguém. — Kathy diz atrás de mim.
Eu solto a tigela de batatas e elas caem pesadamente na pia com um
baque alto. Viro depressa e limpo a garganta de maneira nervosa.
— Por que você acha? É Reed. — Eu balbucio.
Ela encolhe os ombros.
— Eu conheço o meu filho, vantagens de ter meninos. Eles são os
filhinhos da mamãe. Eu o conheço como a palma da minha mão… é só um
pressentimento.
Engulo em seco, minha garganta de repente parece mais estreita do que
nunca. Está óbvio? É a maneira de agirmos um com o outro? Meu
nervosismo se transforma em pânico completo.
— Espero que se acomode. Ele não está ficando mais jovem, e se
conseguir encontrar alguém que o ame e ame Evan... é tudo o que desejo.
Que o meu filho encontre amor e felicidade. Na profissão dele, é difícil
determinar quem é sincera e não se interessa apenas pelas vantagens de ser
casada com um jogador de hóquei. Acho que isso é parte do problema, o
motivo de ele ter dificuldade em conseguir uma conexão verdadeira com
qualquer pessoa. — Ela olha para mim e sorri. — Desculpe, estou
divagando, é porque eu nunca o vi tão feliz. Não posso deixar de me
perguntar se existe algo além de Evan.
Com a cabeça tremendo eu concordo. Depois volto a olhar para as
batatas que jogo água negligentemente. Terminamos de preparar o jantar em
silêncio, mas as palavras dela esquentam a minha cabeça.
Por que o meu relacionamento com Reed não pode ser simples? Por que
alguém tem que se machucar por causa do que sentimos um pelo outro? As
coisas entre nós estão longe de ser simples, são complicadas e sinto que se
não for honesta comigo e com Reed, muito em breve eu vou me machucar.
Cap 18
Reed
A fogueira estala e suas brasas brilham em alaranjado e vermelho na
minha frente. Estamos todos sentados ao redor dela enquanto Evan e
mamãe fazem s'mores. Desvio o meu olhar do fogo para Holland, que está
com uma jaqueta Sherpa e um cobertor sobre os ombros. Ela segura uma
caneca de chocolate quente e encara as chamas. Fracasso e tristeza refletem
nos seus olhos azuis.
— Tudo bem com você? — Eu pergunto em voz baixa. Mamãe está
entretida com Evan, mas eu não quero deixá-la desconfortável. Ela está
ainda mais quieta do que o normal desde quando fui para o gelo com Evan.
Holland acena.
— Sim. — Seu sorriso é forçado, não chega aos olhos. Queria que
estivéssemos sozinhos para poder tocá-la, segurar sua mão e tranquilizá-la.
Mas nossas regras estúpidas me impedem de fazer qualquer uma dessas
coisas.
Mas isso acaba essa noite. Pretendo dizer a ela exatamente como me
sinto.
— Está com sono, Evan? — Mamãe pergunta. Afasto meu olhar de
Holland e olho para Evan. Seus olhos estão pesados e o palito que ele
segura com marshmallow derretido está começando a cair.
Eu rio.
— Acho que sim. Posso colocá-lo na cama. — Começo a levantar da
cadeira, mas mamãe balança a cabeça e me lança um olhar severo.
— Não senhor. Eu quase não passo tempo assim com ele. Vou prepará-
lo para dormir e me deitar também. Estou velha, preciso do meu sono de
beleza.
— Você ainda é linda, mãe. — Eu digo a ela.
Seu olhar suaviza.
— Desfrutem, você e Holland, mais um pouquinho da fogueira. Não faz
sentido desperdiçar um bom fogo. Além disso, imagino que Emery esteja
aqui antes da meia-noite. Aquela garota indomável.
Mamãe repreende, mas Emery é sua filha única e ela alivia muito mais
para ela do que para mim.
— Vem aqui carinha. — Eu chamo Evan. Ele se aproxima e eu lhe dou
um abraço apertado. — Boa noite. Te vejo pela manhã, okay?
Ele assente, esfregando os olhos sonolento.
Mamãe pega sua mão e o leva para dentro. Agora somos apenas
Holland e eu sentados em silêncio, ao som crepitante da fogueira.
— Qual é o problema, Baby? — Eu pergunto. Eu a conheço desde que
morava na casa ao lado e era a garotinha tímida e nerd melhor amiga da
minha irmã. E nos últimos seis meses, passei todo o tempo livre com ela e
Evan. Observando as particularidades que eu só via de longe, hoje eu a
conheço de verdade, como a palma da minha mão. Mais do que qualquer
pessoa que eu tenha conhecido antes.
Ela está quieta, desconfiada e distante. Totalmente diferente do que ela
é, mas eu não quero pressionar nem sufocar. Especialmente por causa
dessas regras malditas.
Holland me olha, com lágrimas brilhando em seus profundos olhos
azuis.
— Eu não consigo mais fazer isso, Reed. — São apenas sussurros,
entretanto são mais impactantes do que qualquer coisa que ela já disse.
Sinto como se um balde de água fria tivesse caído na minha cabeça. A
porra do meu coração para no meu peito.
Minha voz sai rouca e ríspida quando eu resmungo:
— O quê? O que isso quer dizer? O nosso acordo? Nós?
Olhamos um para o outro até ela desviar o seu olhar lacrimejante.
Parece que a cada segundo que passa, se afasta um pouco mais de mim.
Talvez não fisicamente, mas nesse momento, parece que a porra de um
oceano nos separa.
Enquanto lágrimas caem dos seus olhos, ela cobre a boca com uma mão
trêmula.
Vê-la chorar é como levar uma facada no coração, me causa uma dor
quente e brutal no fundo do peito. A minha vontade é segurá-la em meus
braços e dizer ao mundo para se foder, mas as coisas não são tão fáceis
assim.
Nada disso é.
— Não consigo mais mentir para Emery. Eu não posso guardar segredos
da minha melhor amiga. Não posso mais fingir. — Ela desvia a atenção
para a floresta escura à nossa frente e depois volta a olhar para mim, com
uma expressão tão cheia de dor que me atinge direto no estômago. — Não
posso mais fingir que esse acordo está dando certo. Essas regras... nunca
vão funcionar. Eu deveria saber disso antes de concordar. Não posso mais
fingir que não sinto nada por você, Reed. — Seus lábios tremem enquanto
ela continua. — Deus, conversei com sua mãe esta noite... Reed, ela pensa
que você está saindo com alguém. Ela disse que nunca te viu tão feliz. Você
merece alguém com quem possa ficar abertamente, sem necessidade de
esconder.
Eu me levanto da cadeira e caminho em sua direção, me abaixo e
acaricio o seu queixo com a mão. Ela aperta os olhos e inclina para o meu
toque enquanto lágrimas constantes caem por suas bochechas.
— Ela está certa. Eu nunca estive tão feliz. Porra, eu jamais me senti
assim, e é assustador. Liam, meus amigos e colegas de time me falaram a
respeito. Sobre como é amar alguém.
Ela fica imóvel sob meu toque, mas eu não paro.
— Disseram que estar apaixonado é a melhor sensação do mundo, e eles
não estão errados. Mas também é aterrorizante. Essa é a parte que ninguém
conta. A parte vulnerável e inexperiente de se colocar nas mãos de outra
pessoa e rezar para ela te amar por quem você é. Eu te amo, Holland. Estou
totalmente apaixonado por você.
Lágrimas quentes saem dos seus olhos azuis e ela solta um pequeno
soluço com a minha declaração.
— Eu não estou chateado por me apaixonar por você. Estou sentido por
ter que guardar segredo, quando tudo que eu quero é gritar do telhado do
edifício mais alto desta cidade. Eu te amo pra caralho, Holland. Eu imaginei
que nunca conseguiria amar alguém. Pensei que estava quebrado, confuso
por causa do meu pai. Mas então você me mostrou o contrário. Você e Evan
são o único futuro que vejo. Esses seus sentimentos? Baby, há muito tempo
eu também os sinto. Deveria ter falado antes, mas não estava pronto para
ser honesto comigo nem com você. Eu tive que descobrir da maneira mais
difícil.
— Reed. — Ela chora. Seu lábio inferior treme enquanto ela acaricia os
cabelos da minha nuca. Esse momento, tudo que guardei dentro de mim,
porra, é muito bom dizer isso em voz alta. Expressar o meu sentimento,
mesmo morrendo de medo de estragar tudo. De me ferir. De machucá-la.
Encosto minha testa na dela.
— Eu não posso voltar, Holland. Não posso voltar ao que éramos antes.
Não quando eu já sei como é amar você.
Ela balança a cabeça contra a minha.
— Eu… eu também te amo, Reed.
Ouvi-la dizer isso é como estar no paraíso.
Um paraíso que nunca pensei ser digno de entrar.
Sem pensar duas vezes, pego seus lábios com os meus e beijo com todo
o amor que há meses guardo dentro de mim. Eu quero gritar do maldito
telhado. Ela é minha garota. Minha. Ela puxa meu cabelo enquanto nossas
línguas se emaranham em um beijo de tirar o fôlego. Eu arranco meus
lábios dos dela para olhar em seus olhos apaixonados.
— Eu criei novas regras para nós. Relembrava delas toda vez que
pensava em te dizer. Dizer que me apaixonei por você apesar daquelas
regras do caralho. Aquelas que passei a odiar tanto que elaborei novas.
Sento e a encaro enquanto um pequeno sorriso aparece no canto dos
meus lábios.
— Um: Me apaixonar diariamente. Nunca parar de demonstrar o quanto
você significa para mim, e de te dar razões para me amar.
Ela cobre a boca e aperta os olhos enquanto o rímel escorre pelo seu
rosto. Deus, mesmo assim, ela está linda pra caralho.
— Dois: Gritar para o mundo. Eu nunca vou esconder o meu amor por
você. Quero que todos neste maldito mundo saibam que sou o filho da puta
que teve a sorte de amar você, Holland Parker. Eu vou colocar no telão. Em
cada outdoor de Chicago.
— E três: manter sempre balas de goma em estoque. — Holland joga a
cabeça para trás e solta uma gargalhada. Isso me faz rir. — Estou falando
sério, Baby. Prometo sempre tê-las comigo. Não posso me imaginar sem
você e Evan. De manhã, de noite, todos os dias. Você é a única para mim,
Holland.
— Eu não sei como contar para Emery. Como vou dizer que menti e me
apaixonei pelo irmão dela? Estou morrendo de medo de perdê-la. Ela é a
minha melhor amiga, Reed.
— Viveremos uma coisa de cada vez. Vamos sentar, pensar no que fazer
e depois colocar em prática. Ela vai ficar com raiva, com certeza. Ela é
como um filhote mal-humorado de Lulu da Pomerânia, e provavelmente vai
tentar arrancar a porra da minha cabeça. Mas minha irmã tem um coração
de ouro e você sabe disso. Vai acabar nos perdoando.
Holland morde o lábio e vejo hesitação em seus olhos. O fogo está
apagando e ela começou a tremer.
— Baby, vamos entrar, você está congelando.
— Estou morrendo de frio. — Ela fala baixinho. — Preciso de tempo
para processar. É muito e eu só… Preciso de um tempo, tudo bem?
— Não vou a lugar nenhum. Leve o tempo que for necessário. Eu só
precisava te dizer como me sinto, e que esse sentimento não vai acabar.
Eu me levanto, pego sua mão e a espero dobrar o cobertor que estava
nos seus ombros antes de entrarmos na cabana. Está escuro e silencioso lá
dentro, e sei que mamãe já está dormindo.
— Esse é o seu quarto, o meu fica no final do corredor.
Mesmo sendo apenas três portas adiante, faz parecer que ela está do
outro lado do mundo. Mas, vou respeitar o seu desejo de espaço. Coloquei a
bola no campo dela esta noite e entendo sua necessidade de resolver tudo.
Inferno, passei os últimos meses tentando descobrir minhas próprias coisas.
— Boa noite, Reed. — Ela fica na ponta dos pés e me dá um beijo
rápido e doce, depois abre a porta e a fecha atrás dela, sem fazer barulho.
Quando entra, encaro a porta esperando que ela decida que quer isso
tanto quanto eu. Me sinto mais leve e seria mentira dizer que não estou feliz
por confessar meus sentimentos. Tirá-los do meu peito, me abrir para ela.
Vou até o quarto de Evan me certificar que ele está bem. Sua luminária de
animal marinho reflete no teto formas giratórias azuis e verdes, e ele dorme
profundamente, ainda segurando Pickles. Fecho a porta e vou para o meu
quarto.
Será uma noite muito longa, consciente que Holland está bem no final
do corredor, e não posso tocá-la. Depois de um banho e de revirar na cama
por horas, adormeço. A última vez que olhei para os números
fosforescentes do relógio, eram duas e meia. O barulho da porta ao abrir e o
esticar das cobertas me fazem mexer.
Abro um olho e vejo Holland deslizar na cama ao meu lado. Eu nos
enrolo para manter o calor e coloco o meu braço ao redor dela, encostando-
a em mim.
— Eu não consegui dormir. Precisava te ver. — Ela murmura,
salpicando beijos por meu queixo. Suas mãos frias deslizam sob o meu
moletom até pararem no meu estômago, e eu sorrio. Minha garota e seus
pés e mãos frios. Ela sempre os encosta em mim para roubar um pouco do
meu calor.
Ainda estou meio adormecido, mas porra, estou feliz que ela esteja aqui.
— Eu realmente quero um pouco de Captain Crunch, mas não pareceu
certo me esgueirar sem você.
Eu rio.
— É mesmo? Estou feliz porque você não foi, eu te chamaria de
traidora.
Ela se senta e sorri.
— Então é melhor irmos. — As cobertas são jogadas para trás e, antes
mesmo de eu sair da cama, ela já está andando na ponta dos pés pelo
corredor. Eu me levanto e a sigo até a cozinha. Ela está na ponta dos pés
tentando pegar a caixa de cima da geladeira, e eu chego por trás,
pressionando-a. Ela esfrega sua bunda doce e atrevida ao longo do meu
comprimento, e em qualquer outra circunstância, eu transaria com ela aqui
mesmo, com ela segurando a geladeira como se não houvesse amanhã, mas,
infelizmente... eu tenho que me comportar.
Ela ri quando passo por cima da sua cabeça e pego a caixa.
— Não posso evitar, você é um gigante.
Me abaixando, sussurro no ouvido dela:
— Baby, não ajuda em nada o meu ego, você comentar sobre o quanto
eu sou grande.
Ela me dá uma leve cotovelada no estômago, e eu rio, ao entregar a
caixa. Mas antes que ela possa pegar uma tigela, eu a puxo pra mim de
novo e beijo o ponto sensível atrás de sua orelha, descendo até o pescoço.
— Talvez queira guardar essa caixa, Holl.
Ela a coloca no balcão e segura a borda com os nós dos dedos brancos
enquanto minhas mãos percorrem seu corpo firme. Deus, essas curvas. Sou
louco pra caralho por elas. Deslizo minhas mãos dos seus quadris até a
barriga e insiro sob o cós do seu short de pijama, passando pelo pedaço de
renda que cobre sua doce boceta, até arrastar meus dedos por sua fenda.
Quando meus dedos se conectam, ela sibila.
— Mmm. — Holland geme baixinho e eu provoco seu clitóris mais
rápido enquanto sinto a pressão crescer em seu corpo.
— Reed? Holland? — A voz de Emery atravessa a escuridão. Holland
pula tão rápido que esbarra em mim, e eu arrumo seu short me certificando
de que ela esteja coberta.
Merda. Merda. MERDA.
Emery não apenas nos pegou no pior momento possível. Ela também
me pegou com a mão dentro do short de Holland.
A luz se acende e Emery está na nossa frente, com uma expressão de
choque em seu rosto. Ela ainda está de jeans e casaco e tem neve fresca nos
ombros. Deve ter acabado de chegar à cabana. Estávamos tão envolvidos
que nem ouvimos a porta da frente se abrir.
— Que diabos? — Ela grita.
Holland encolhe visivelmente e tenta caminhar na direção dela.
— Emery, eu…
Em levanta a mão, a interrompendo.
— Uau. Então é por isso que você anda tão bem informada? É isso que
você está escondendo de mim? — Seus olhos alternam entre mim e
Holland.
Pegue o pior cenário possível e multiplique por três. Este é o desastre
que está acontecendo agora. Esta é a pior forma de Emery descobrir.
— Por favor, apenas escute Eme… — Holland começa, mas ela a
interrompe. Lágrimas brilham nos olhos de Emery ao olhar para a amiga.
— Deus, Holland, você foi minha melhor amiga durante toda a minha
vida. E você mentiu para mim? Escondeu isso de mim? Para que… dormir
com o meu irmão? — Emery desdenha. — Eu jamais pensei que vocês
pudessem fazer isso. Nenhum de vocês. Principalmente você, Holland.
Eu sinto a raiva irradiar dela. Quando me aproximo, ela dá um passo
para trás.
— Apenas nos deixe explicar, Em. — Eu tento, e ela balança a cabeça
rapidamente, com lágrimas manchadas de rímel molhando seu rosto.
— Eu não quero falar com nenhum de vocês. Vocês podem explicar para
mamãe quando eu for embora, eu não consigo ficar aqui agora. Estou fora.
Ela vira e abre a porta com um puxão, e ao sair, deixa bater com tanta
força que faz o batente vibrar.
Deus, isso é um pesadelo do caralho.
Olho para Holland, que já está começando a chorar. Seus pequenos
ombros tremem.
— Baby. — Estendo a mão, mas ela se afasta, passando por mim em
direção ao seu quarto. Ouço o som da porta fechando e da chave na
fechadura.
Caminho até a lá e bato levemente. Não consigo suportar a ideia de ela
estar machucada e essa porra de porta nos separar. Mas ela não abre.
Eu olho para a entrada e decido ir atrás de Emery. Pego minha jaqueta
no cabide e calço minhas botas. Abro a porta e vou procurá-la. Entendo que
esteja chateada e não queira nada conosco agora, mas não é seguro para ela,
ficar aqui fora no meio da noite.
Meus olhos percorrem a garagem escura e percebo que o carro dela
sumiu. Ela foi embora.
Entro para pegar o meu telefone; tiro do carregador e ligo para ela. Ele
toca e vai para o correio de voz. Então eu tento uma vez... duas... mais três
vezes.
Droga, Emery. Atenda o telefone.
Desta vez, vai direto para a caixa postal. Digito uma mensagem para
ela.
Eu: Eu sei que você está chateada, Em, mas, por favor, fique em
segurança. Está escuro e as estradas estão escorregadias.
Poucos segundos depois, aparece a confirmação de leitura. Então, pelo
menos eu sei que ela leu. O status de digitação aparece e chega um texto.
Emery: Não vou atender ao telefone, pare de ligar. Você é um idiota e
não quero falar com você, Reed. Mas não sou estúpida. Vou ficar bem. Eu
preciso de espaço. Por favor, me dê um tempo.
Eu odeio isso pra caralho. Odeio brigar com Em. Posso contar nos
dedos de uma mão as vezes que brigamos de verdade enquanto crescíamos.
Por isso uma discussão assim me atinge bem no peito. Eu só queria que ela
nos desse um momento para explicar. Então, antes de explodir e sair
furiosa, ela saberia que meus sentimentos por Holland são verdadeiros.
Se há uma coisa que Emery é, é impetuosa. Vou respeitar o seu desejo
de espaço por enquanto, mas não posso deixá-la ficar com raiva de mim.
Não por isso.
Suspirando, enfio o telefone no bolso do moletom e volto para a porta
de Holland. Quero bater de novo e ver se ela está bem, mas também não
quero que se afaste de mim mais do que nos últimos dias.
Espero que amanhã de manhã ela queira conversar e possamos entender
tudo isso juntos. Porque apesar de Emery estar irritada conosco agora, e de
eu saber que isso aconteceria de qualquer jeito, meus sentimentos por
Holland não vão mudar. Quanto antes eu puder explicar isso para Emery,
melhor.
Volto para o meu quarto, tiro minhas roupas e entro nas cobertas. Meu
último pensamento antes de dormir é que os lençóis ainda têm o cheiro de
Holland, e mesmo que esta noite não tenha sido como eu planejei, não me
arrependo nem por um segundo.
Cap 19
Reed
Durante a minha carreira, tive muitas lesões. Ossos quebrados,
concussões, cortes por ser atirado contra brutamontes de mais de cem
quilos. Eu sou familiarizado com a dor.
Mas os cinco dias que passei sem Holland são de longe os mais
dolorosos de toda a porra da minha vida. Estou péssimo. Tanto que Liam
está sentado na minha frente, me olhando como se eu tivesse perdido a
cabeça.
É provável que eu tenha perdido.
Holland não fala comigo há cinco dias. A porra da minha irmã não fala
comigo há cinco dias. As duas ignoraram minhas ligações, minhas
mensagens, e as flores que enviei.
Silêncio mortal.
E eu sinto falta dela. Deus, sinto falta da risada dela, sinto falta daquelas
balas de goma do caralho. Sinto falta do sarro que tira de mim sempre que
tem oportunidade.
Estou de mau humor e agora Liam tenta intervir à sua maneira. Eu não
preciso de intervenção; preciso da minha garota. Necessito que essa
confusão acabe, que minha irmã não fique chateada e que meu mundo
inteiro não vire de cabeça para baixo.
— Você não vai passar mais um dia deprimido assim. Foda-se, Reed,
nunca o vi jogar tão mal em sua vida inteira. — Liam resmunga, chutando
meu Nike do otomano para o chão com mais força do que o necessário.
— Eu não estou deprimido, cale a boca.
Ele me olha incrédulo. — Ouça suas palavras. Levante-se, tome um
banho e tire a cabeça da bunda. Procure Emery, converse com ela. Diga
como se sente e acabe com essa merda.
— Não é simples assim Liam, ela nem responde às minhas mensagens.
— Então vá até lá. Sua mãe não vai bater a porta na sua cara. Sentar e
ficar chateado, cada um de um lado da maldita cidade não vai resolver nada.
Mas primeiro tome um banho, você cheira a meias suadas.
— Você é um idiota. — Eu digo a contragosto, me levantando e
conferindo a axila.
Droga, eu tenho cheiro de bunda.
— Cale a boca. — Eu grito e ele ri.
— Conte sempre comigo. Vou levar Evan e as meninas ao parque e
depois veremos um filme. Me ligue mais tarde.
Vou até o quarto de Evan, que brinca batendo os seus navios no castelo
alto de Lego que ele construiu e reconstruiu cinco vezes.
— Ei, carinha, quer ir ao parque com o tio Liam, Ari e Ken?
Ele solta o navio como se estivesse em chamas e grita: — Sim, por
favor! — Verifico se a mochila dele está pronta enquanto ele pega Pickles
de sua cama, e a entrego a Liam.
— Ele tem fraldas extras aqui. Estamos em processo de desfralde, mas,
às vezes, acidentes acontecem. Então não deixe de lembrá-lo, porque ele
fica ocupado e se esquece e …
— Cara. Eu tenho duas crianças e um bebê a caminho. — Liam diz.
Merda.
— Me desculpe, é a força do hábito.
Liam bate nas minhas costas. — Eu disse que você seria um pai
incrível. Não se preocupe com Evan. Ele vai se divertir muito. Se preocupe
em consertar a bagunça que você fez.
É mais fácil falar do que fazer. Eu resmungo para mim e fecho a porta
atrás deles. Mesmo sabendo que preciso, estou com medo de ver Emery. Ela
pode me atropelar com o carro dela, está com raiva a esse ponto. Em nossa
vida inteira, nunca passamos mais do que um fim de semana sem conversar,
e desta vez já se passaram cinco dias.
Depois de tomar um banho rápido e trocar de roupa, pego minhas
chaves e telefone e sigo para minha caminhonete. Por todo o caminho,
penso no que vou falar.
É mais como um ensaio de pedido de desculpas, com a esperança de
que Emery não esteja com intenção de causar danos corporais.
Só há uma pessoa neste mundo que me assusta: ela tem um metro e
meio e pensa que o café é um importante grupo alimentar.
Sério, ela é altamente assustadora. Como um cãozinho temperamental
enfurecido.
Quando estaciono minha caminhonete na garagem da minha mãe,
suspiro profundamente e saio.
Eu consigo, porra. Caminho até a porta da frente e bato antes de abrir.
— Mãe? Emery? — Eu chamo. Deixo os meus sapatos na entrada
porque não preciso de duas mulheres Davidson furiosas. Mamãe vai chutar
minha bunda se eu sujar sua casa.
Eu contorno pelos cantos da sala de estar e vejo Emery deitada no sofá,
parecendo tão abalada quanto eu.
O coque do seu cabelo tem mechas apontando para vinte direções
diferentes. Rímel espalha por suas bochechas. As bordas dos seus olhos
estão vermelhas e inchadas, como consequência do choro, e caixas de bala a
rodeiam no sofá.
— O que você está fazendo aqui? — Ela sussurra, sem tirar a atenção da
televisão. Olho para a tela grande e percebo que ela está assistindo One Tree
Hill.
Jesus, eu realmente fodi tudo. One Tree Hill é o programa que conforta
Emery. Se essa merda está passando, algo irreparável aconteceu. Como eu
sei disso? Oh, você sabe, crescer em uma casa com duas mulheres me
submeteu a mais tortura ao longo dos anos, do que você pode imaginar. Eu
deveria ter trazido Starbucks.
— Em. — Falo baixinho o nome dela.
Ela vira para mim e revira seus olhos vermelhos e manchados de rímel.
— Tudo bem. Merda.
Eu me aproximo e me jogo ao lado dela, roubando a caixa de balas de
goma de suas mãos. Ela me olha e suspira.
As balas me lembram Holland e sinto uma dor no peito. Porra, sinto
falta dela.
— Você parece uma merda. — Emery diz ironicamente.
— Me sinto como merda também. — Eu resmungo.
Sentamo-nos em silêncio, encarados na televisão.
— Você sabe que poderia ter me falado. — Ela olha na minha direção.
— Sobre você e Holland.
— Em, você teria me matado durante o sono. Literalmente.
Emery encolhe os ombros, colocando outra bala de goma na boca.
— Agora que eu deveria te matar durante o sono, por mentir e esconder
essa merda. Ela é minha melhor amiga, Reed. E eu te conheço pra caralho.
Você tem um histórico de partir corações, e Holland é muito boa. Ela é pura
demais para ser contaminada por seus modos libertinos.
Suas palavras me machucam um pouco, apenas por serem verdadeiras.
Antes de Holland e de Evan... eu era diferente. Bebia muito, farreava
demais e passava muitas noites com mulheres que até hoje não consigo
lembrar dos nomes. Eu sempre as respeitei sendo sincero sobre o que teriam
de mim, que não seria mais do que uma noite.
Nunca estive em um relacionamento, nunca me apaixonei. É assim que
sei que o que sinto por Holland é verdadeiro. Não há nada no mundo que eu
não faça por ela.
— Eu a amo, Em. — Eu falo baixinho. Parece irreal dizer em voz alta
para Emery, mas porra, é um peso a menos no meu peito. Porque mesmo se
Holland nunca mais atender as minhas ligações, eu sempre vou amá-la.
Ela se senta direito e arregala os olhos para mim.
— Você ama Holland?
Eu assinto.
— Estou assustado pra caralho. Tenho medo de estragar tudo feri-la.
Prefiro pular na frente de um caminhão em movimento do que machucá-la.
Não quero estar com outra mulher porque ela é a certa para mim. Mas não
tenho como dar a ela tudo que eu posso. E se eu acabar como o papai?
Em segura minha mão.
— Reed Davidson, jamais diga isso outra vez. Nunca estive tão
chateada com você e ainda posso dizer que você é o dobro do homem que
ele jamais será. Você foi o melhor irmão mais velho por toda a minha vida.
Juntou todos os pedaços que ele deixou para trás. Você não parece em nada
com ele.
— Ela me ensinou a amar, Em. Nós não conspiramos às suas costas para
te machucar. Você sabe o quanto aquela garota te ama? Ela desistiria de
mim num piscar de olhos para manter a sua amizade. Ela foi embora. Na
manhã seguinte, quando acordei, ela não estava lá. Voltou para a cidade de
Uber. Deixou um bilhete dizendo que precisava de espaço, e para eu fazer o
favor de não procurá-la. Porra, parece que vou morrer.
Sento e abaixo a cabeça nas mãos, correndo os dedos pelos meus
cabelos.
— Puta merda! Você a ama de verdade. — Emery murmura em um tom
surpreso e abafado. — Nunca pensei que veria o dia que alguém te
arrebatasse e, por acaso, aconteceu com a minha melhor amiga. Estou
brava, mas caramba, estou meio orgulhosa. — Ela vira para mim e puxa os
joelhos até o peito antes de falar de novo. — Reed, eu não me importo que
você tenha se apaixonado por Holland. Quero dizer, estou feliz por vocês.
Eu só… me machuquei muito por causa da mentira e por omitirem de mim.
Por que simplesmente não me contaram?
Porra, quando ela fala assim eu me sinto um completo idiota. Agora,
ainda mais.
— Em, Holland estava com medo de você odiá-la, e eu não queria te
machucar, especialmente por algo que começou como um arranjo
temporário. — Quando ela estremece e franze o nariz, eu rio. — Sinto
muito. No começo íamos apenas ficar, era para ser casual, e depois... deixou
de ser. Eu me apaixonei por ela, mesmo sendo contra as regras.
— Regras?
— Criamos uma lista de regras que deveriam manter as coisas simples,
e elas fizeram tudo além de manter a merda simples. Na verdade,
complicaram tudo. Me desculpe por esconder isso de você, Em. Sei que
Holland também se arrepende. Não te machucar era importante para
Holland e eu sinto muito por tudo explodir na nossa cara e você descobrir
dessa forma. Mas não arrependo de me apaixonar por ela. Combinamos de
te contar naquela noite, mas tudo deu errado antes que conseguíssemos.
Emery geme.
— Deus, você a ama de verdade. Está tudo bem, seu babacão. Mas é
melhor prometer nunca mais mentir para mim, ou vou ter que te bater.
Concordo.
— Prometo.
— E se você a machucar, eu vou machucar você. Portanto, cuidado.
— Sim, ela nem ao menos fala comigo. Acho que você não precisa se
preocupar com isso.
Emery cai de costas no sofá, suspirando dramaticamente.
— Eu deveria falar com ela. Preciso falar com ela. Eu nem mesmo estou
chateada por ela pegar meu irmão. Só estou com raiva porque ela é minha
melhor amiga e mentiu para mim.
— Eu sei.
Sentamos juntos em silêncio até Em levantar de uma vez. — Sabe de
uma coisa? Eu vou lá.
Levanto minhas sobrancelhas.
— Agora?
— Sim, claro. Por que não? Ela mora aqui do lado, idiota. Te vejo mais
tarde, okay?
Agora ela está me expulsando?
— Você realmente está me enxotando da casa da minha mãe?
Ela acena com a cabeça.
— Vá. Eu tenho que ver pessoas e consertar coisas. Adeus. — Ela leva
sua voz melodiosa até o outro cômodo.
Assim ela sai e desaparece em seu quarto. Eu afundo no sofá, desejando
que conseguir fazer Holland falar comigo fosse tão simples.
Cap 20
Holland
— Entendi. — Eu digo ao meu pai quando a campainha toca.
Resmungando, vou até a porta da frente e a abro, revelando Emery do outro
lado.
Fico tão chocada que gaguejo:
— E-m?
Ela revira os olhos e passa por mim para entrar, depois agarra minha
mão e me arrasta atrás dela, tão rapidamente que mal consigo fechar a porta
depois que entra.
— Esta briga está oficialmente encerrada.
E assim, minha melhor amiga está de volta, fazendo o que ela melhor
sabe fazer.
— Sente-se. — Ela manda quando eu entro no meu quarto. Sabendo o
quanto está chateada comigo, eu me sento sem falar nada.
— Você precisa procurar Reed.
De todas as coisas que eu esperava que ela dissesse, essa não era uma
delas.
— Espere, o que?
Emery se irrita.
— Holland, você é minha melhor amiga e, para alguém incrivelmente
inteligente, com certeza você consegue ser estúpida às vezes. — Ela sorri.
— Você não está… com raiva de mim?
Encolhendo os ombros, ela se senta de pernas cruzadas ao meu lado na
cama.
— Quer dizer, eu estou chateada? Claro que sim. Somos melhores
amigas desde criança, Holl, e você mentiu para mim. Você e meu irmão
esconderam coisas de propósito. — Ela estremece e se cala de forma
dramática. — Doeu. Eu não fiquei com raiva porque você e Reed estão
juntos. Eu fiquei surpresa, dã! Mas foi principalmente porque você não teve
a consideração de me contar.
— Em, não é nada disso. Eu só… estava com muito medo de te perder.
Estava com medo de você me odiar e não podia perder a sua amizade. Eu
me lembro que quando ficamos amigas, você odiava todas as garotas que a
usavam apenas para estar com Reed. Isso te machucava, Em. Eu nunca quis
ser essa pessoa, você é minha melhor amiga. Nossa amizade é tudo para
mim.
Emery balança a cabeça.
— Holland, eu nunca pensaria isso de você. Quero dizer, sim, aquelas
garotas eram horríveis, mas também foi há muito tempo e desde então eu
me esforcei, amadureci e me tornei uma vadia durona. Eu gostaria de ter
falado sobre isso com você. Assim poderíamos evitar, querida. Não estou
com raiva por você e Reed estarem... em um relacionamento.
Expiro devagar, aliviada. O peso que eu carreguei por meses é retirado
de uma vez e, de repente posso respirar fundo, finalmente.
— No entanto, acho que você deveria ir falar com Reed. Ele está
acabado, Holland. Você precisa falar com ele.
Eu solto o ar.
— Deus, eu estraguei tudo. Eu o empurrei para longe.
Ela me puxa contra o peito e me abraça apertado.
— Pessoas inteligentes podem ser idiotas às vezes, mas você agiu com
sentimento. Você tem o melhor coração que conheço, Holland.
— Bem, já que estamos sendo honestas, preciso te dizer mais uma
coisa. — Sento e respiro fundo. — Eu tenho sentimentos por Reed… há
muito tempo. Tipo, desde que éramos crianças.
O queixo de Emery cai. Ela gagueja:
— Sério?
Eu assinto.
— Eu não queria acabar com a nossa amizade por causa dos meus
sentimentos. E eu jamais pensei que Reed pudesse se interessar por mim.
Ele nem sabe disso, não falei para ninguém até contar para você agora.
— Você tem que dizer a ele. Deus, Holl. Parece um daqueles romances
que você vive lendo.
Parece mesmo. Sinto falta de Reed e odiei cada segundo da semana
passada. Ficar longe dele foi uma tortura, mas pensei que estava fazendo a
coisa certa. Eu não queria atrapalhar o relacionamento dele com Emery,
sendo que Em e eu nem estávamos nos falando.
— Eu falei com ele que precisava de espaço. Eu não sabia o que fazer,
Em… — Eu interrompo.
— Olha, a questão é que os relacionamentos não são perfeitos. Nada
neles é. Vocês dois vão errar e estragar tudo. Mas o que é importante? É
vocês se comunicarem e aprenderem a resolver os problemas juntos.
— Sabe, para uma garota que vive solteira, com certeza você tem os
melhores conselhos sobre relacionamento.
Emery dá de ombros.
— É um dom.
— Eu prometo. Nunca mais quero brigar. Foi uma tortura, Em. Eu quis
te dar espaço, mas peguei o telefone muitas vezes para te ligar. Como
pensei que você não atenderia, fiquei aqui chafurdando nas minhas
tristezas.
Em deita na minha cama, olhando para as estrelas no teto, e eu deito ao
lado dela.
— Eu também. Assisti reprises de One Tree Hill e odiei Peyton de novo.
Lembra o quando você aguentou isso? Como assistíamos por horas,
falávamos sobre garotos, e ouvíamos One Republic o tempo todo?
Eu rio.
— Oh Deus. Sim. Aqueles foram os melhores dias. Eu tinha aquela
franja, lembra como era horrível? Por favor, nunca mais me deixe ter franja.
— Eu amava sua franja, mas okay, tudo bem. — Em olha para mim. —
Senti sua falta, Holl.
— Eu senti sua falta, Em. Me desculpe por tudo isso. Se eu pudesse
fazer tudo de novo, faria de forma diferente. Um monte de coisas, na
verdade.
— Apenas lembre-se querida: amigas primeiro, caras depois. Amo você
e sempre estarei por aqui.
A abraço forte de novo, chego para trás e olho para ela.
— Acho que tive uma ideia para… quando for conversar com Reed.
Acha que pode me ajudar?
Ela se senta. — Precisa perguntar por acaso? Fala logo, vadia.
Então, conto a ela o meu plano e rezo para não ser tarde demais.

***

A caixa de vidro treme enquanto luto para trocar de uma mão para
outra, e tocar a campainha. Ela é quase do meu tamanho e sofro para
segurá-la, ponto final.
Eu estou falhando. Droga. Vou deixar essa coisa cair.
Assim que me abaixo para colocá-la na varanda, a porta da frente é
aberta e, quando olho para cima, Reed e Evan estão me observando da
porta.
Um pouco de ar deixa meus pulmões, ao ver Reed pela primeira vez
desde a cabana. Meu batimento cardíaco nunca diminui quando o vejo.
Toda vez é como se fosse a primeira. De alguma forma, a beleza dele me
pega de surpresa.
Ele cortou o cabelo depois da última vez que o vi. Além de mais curto,
está mais disciplinado. Eu queria poder passar minhas mãos e bagunçar de
novo aqueles cachos que eu tanto amo.
— Holland? — Reed pergunta franzindo a testa.
Ele está confuso por eu estar aqui, com todo direito. Eu o afastei e pedi
espaço, e aqui estou na sua porta, segurando um aquário maior do que eu.
— Ei. — Eu falo baixinho. — Humm, na verdade não sei como
começar, mas isso está realmente pesado, posso levar para dentro?
Ele sai depressa, toma da minha mão, vira as costas e passa pela porta
da frente. Sigo atrás, de repente ainda mais nervosa do que quando ensaiei
essa conversa cinquenta vezes na minha cabeça.
Minhas palmas umedecem e meu coração acelera no peito.
Evan desliza a mão na minha palma úmida e sorri.
— Isso é para mim, Howwand?
Eu assinto.
— Sim, carinha, é para você.
Soltando a mão dele, tiro uma sacola de dentro do aquário sem água.
— Acho que deveria começar dizendo que sinto muito. Eu não deveria
ter afastado você.
— Holland, você não precisa se desculpar. — Reed diz.
— Não, eu preciso. Você abriu seu coração para mim, o que exigiu
coragem, e eu corri quando pensei ter perdido Emery. Eu tive medo, Reed.
Não apenas de machucar Emery, ou de ela descobrir sobre nós daquela
forma. Eu tive medo de acabar machucada.
Ainda segurando a sacola, eu me aproximo.
— Também tenho uma confissão. Desde quando concordamos com as
regras, com esse acordo, ou qualquer outro nome que você queira dar... eu
já guardava um segredo. Reed, sou apaixonada por você desde criança.
Desde que eu era a tímida e idiota melhor amiga da sua irmã mais nova, que
você não dava a mínima.
— Como? — Reed diz, rouco.
Eu assinto.
— Sinto muito por demorar tanto a te falar. Lamento não ter admitido
como realmente me sentia. E sinto muito que esses sentimentos e a briga
com Emery tenham me afastado de você quando eu realmente deveria tê-lo
puxado para mais perto.
Reed dá um passo em minha direção e, se minha mão não estivesse
ocupada, eu a estenderia para tocá-lo, mas, infelizmente, ainda não cheguei
a essa parte do pedido de desculpas.
— Amo você. E lamento ter demorado a te dizer isso também. Eu te
amo desde a primeira vez que você bateu em Marcus na oitava série porque
alguém me chamou de vaca. Desde aquele dia que eu torci o tornozelo e
você me carregou por todo o caminho do gelo até minha casa. Desde o dia
em que criamos as regras e dissemos para não nos apaixonarmos. Já era
tarde. Eu já era louca por você.
Eu seguro a criatura do mar dentro do saco plástico e os olhos de Evan
se arregalam ao vê-la nadar.
— Então, aqui estou, com completa honestidade, pedindo para me dar
outra chance porque, apesar de o amor às vezes ser difícil e assustador, não
significa que não valha a pena. E eu comprei esse cavalo-marinho-anão
porque fui à loja de animais e me olharam como se eu fosse insana quando
pedi um polvo vivo. Aparentemente, eles são muito agressivos, bem
grandes e…
Antes que eu possa terminar de divagar, o cavalo-marinho é tirado da
minha mão, Reed me puxa e cola seus lábios nos meus. Só agora pude
perceber o quanto meu peito doía de saudades.
Quando ele afasta a sua boca e sorri para mim, pela primeira vez em
uma semana, sinto que tudo vai ficar bem.
— Baby, eu não posso acreditar que passamos a última semana
separados por causa de algo tão estúpido.
Concordo com a cabeça, franzindo o nariz. Tudo poderia ser evitado se
fôssemos honestos com Emery … e conosco.
— Relacionamento é isso. É aprender a se comunicar e solucionar os
problemas quando as coisas dão errado. Eu estou aprendendo. Nós estamos
aprendendo. Prometo que, independentemente do que acontecer, não vou
me afastar de você. Vou dizer como me sinto e resolveremos juntos.
Reed se inclina e me beija de novo. É tão intenso que tira o meu fôlego
e atrapalha a minha linha de pensamento.
Eu me afasto e aceno para o saco plástico que está em cima da mesa.
— Este é Dill. Dill o cavalo-marinho-anão. Você sabe, porque os polvos
são venenosos e meio… — eu me inclino e sussurro. — Idiotas. Mas ele
pode ser amigo de Pickles.
Reed balança a cabeça.
— Eu te amo pra caralho. — Ele olha para Evan que pressiona o nariz
no aquário. — Evan, carinha, Holland trouxe um animal marinho de
verdade especialmente para você.
Evan assente. Seu narizinho deixa manchas no vidro e isso me faz rir.
— Vamos acomodá-lo em sua nova casa. Onde ele deve ficar? — Reed
pergunta.
Tomara que não escolha o quarto dele.
— Meu quarto! — Evan diz e sai correndo na direção de seu quarto.
Assim que ele está fora do alcance da voz, olho para Reed. — Sem
chance. Ele vai acabar com a mão dentro do aquário antes do fim da noite.
Confie em mim. O que você acha do aparador de sofá, na sala?
— Boa ideia.
Ajudo Reed a montar o aquário e, antes que eu perceba, o sol já se pôs e
Evan boceja.
— Está cansado, carinha? — Eu pergunto.
Sonolento, ele balança a cabeça. Senti falta dele tanto quanto de Reed.
Passo a hora seguinte com Evan. Dou banho, o ajudo com os pijamas e
passamos tanto tempo observando Dill, que ele cochila sentado.
Gesticulo para Reed pegar Pickles do balcão, carrego Evan para o
quarto e o coloco na cama. Reed coloca Pickles ao lado dele, acende o
abajur e saímos juntos.
— Sabe, é quase como se fôssemos uma... equipe. — Reed sorri, depois
se agacha e me joga sobre o ombro.
Eu grito bem alto.
— Oh Deus, Reed Aaron, coloque-me no chão! Agora mesmo!
Quando ele bate na minha bunda, não apenas uma, mas duas vezes, eu
guincho. Ele me carrega para o seu quarto e, assim que entramos, me joga
na cama.
— Não tive uma boa noite de sono desde a cabana. Está na hora de você
pagar por isso.
Ele sorri e sobe em cima de mim. Seu corpo sólido se molda ao meu.
Eu também não dormi bem. Na verdade, passei mais tempo desejando
estar com ele.
— Eu também não. Estou feliz por ter falado com Em. Se não fosse
ela... Sabe, é meio engraçado, foi por causa dela que decidimos manter as
coisas em segredo em primeiro lugar. E acabou sendo ela quem nos juntou
de novo. É importante para mim ter a bênção dela.
Ele me olha com seus olhos de chocolate escuro e acena com a cabeça.
— É Em. Nada seria o mesmo se não fosse por sua produção dramática.
Eu a amo, mas essa é a verdade. Sabe, eu pensei muito nesses últimos cinco
dias.
— Em que? — Eu pergunto.
— Em você. Em nós. Em Evan. — Reed me puxa em direção ao seu
corpo e beija o meu queixo. — Eu acho que você deveria morar conosco.
Me surpreendo tanto que me sento abruptamente esbarrando em Reed
no processo.
— Merda. — Ele pragueja, apertando o nariz.
— Sinto muito, sinto muitíssimo. Você não pode jogar isso em cima de
mim de uma vez, Reed, meu Deus.
Seus olhos estão bem fechados, mas ele dá de ombros.
— Parecia um momento tão bom quanto qualquer outro. Concordamos
em sempre mantermos diálogo e honestidade, e eu quero que você venha
morar comigo. Inferno, fomos vizinhos por praticamente toda a nossa vida.
Se aprendi alguma coisa na semana passada foi que sempre devemos seguir
nossos sentimentos, sem enrolação nem fingimento. Quero você aqui,
Holland. Quero você na minha cama, na minha caminhonete, no estádio
quando eu ganhar a porra da Copa Stanley. Eu te amo e quero que você viva
aqui. Comigo. Com Evan. Com Pickles. E Dill. Como uma família. A
minha família.
Deus, esse homem. Sempre me fazendo chorar com suas palavras. Ele é
tão gentil e atencioso, que às vezes é difícil acreditar que ele é meu, e
agora... o mundo inteiro vai poder saber. Depois disso, nunca mais quero
guardar segredo de nada que diga respeito a Reed.
Eu me inclino em sua direção, com mais cuidado desta vez, e o beijo.
Suas mãos seguram meu queixo e seu polegar distraidamente esfrega minha
bochecha.
— Também amo você. E Evan. E Pickles. E Dill. E quero isso, mais do
que tudo. Quero acordar ao seu lado todos os dias, quero te fazer assistir os
filmes de terror que odeia e quero encher sua casa de balas de goma. Mas
preciso pensar no meu pai. Somos só nós dois há muito tempo. Sempre
cuidei dele e não posso deixá-lo lá sozinho.
Reed concorda com a cabeça.
— Eu sei, Baby. E se ele vier também? Há muito espaço para ele nesta
casa e nada me deixaria mais feliz do que ter vocês dois aqui.
— Tenho pensado muito sobre o Rancho Serenity. Quero levá-lo e ver
se ele gosta. É incrível e é uma alternativa para o futuro dele que nunca
tivemos antes. Graças a você. Eu jamais teria descoberto, Reed.
Ele abaixa e me dá um beijo lento e carinhoso.
— Você não precisa decidir agora, Baby. A qualquer hora que estiver
pronta, estarei aqui. Aceito qualquer decisão que você tomar. Sabe outra
coisa em que tenho pensado ultimamente? Nosso amor é muito parecido
com o meu termo de hóquei favorito.
— E qual seria?
— Change on the fly. Você não para, faz a mudança que for necessária e
termina o jogo.
Isso tem muito a ver conosco. Comigo, com Reed e as mudanças pelas
quais passamos. O que começou como uma paixão de infância se tornou
muito mais. E mesmo com os percalços no caminho, foi a minha melhor
decisão. Esse é o diferencial do amor. Ele é confuso. Nem sempre é fácil.
Nem sempre é perfeito. Mas tem que ter capacidade de mudar, de restaurar,
de crescer.
De se tornar maior do que você pensou que seria possível.
Eu o encontrei em Reed Davidson quando menos esperava, e nunca vou
deixar que vá embora.

FIM
Epílogo
Reed
Um Ano Depois

— Tudo bem carinha, você está pronto?


Evan concorda com a cabeça:
— Tô pwonto, Weed!
Já faz um ano que eu trouxe Holland ao Rancho Serenity pela primeira
vez, e dizer que nossas vidas mudaram parece um eufemismo. Felizmente,
mudança é meio que uma coisa nossa. Da forma que vier, nos adaptamos.
Evan fez quatro anos há alguns meses, e Holland e eu decidimos colocá-
lo na pré-escola aqui em Chicago. Isso significa que eles não viajam mais
comigo e, caramba, sinto falta deles, mas, no fim das contas, sei que é o
melhor para Evan. O Avalanche ganhou a Copa Stanley pelo segundo ano
consecutivo e, dizer isso parece irreal pra caralho, mas nós conquistamos e
estou muito orgulhoso do meu time por isso.
Hoje, voltamos ao Rancho Serenity para visitar o pai de Holland, Mike.
Holland só aceitou morar comigo seis meses atrás, quando Mike realmente
se adaptou à equipe e às pessoas do Serenity. Ele já está lá há seis meses e,
é claro que não foi apenas a sua condição que melhorou. A sua alegria de
viver também.
Ele ainda tem dias ruins. Não há cura para Alzheimer, mas esses dias
ruins são superados pelos bons. No mês passado, passamos o dia inteiro na
sua oficina consertando seu barco. Mesmo sem praticar por mais ou menos
cinco anos, ele se lembrou como se fosse ontem, e eu permiti que
continuasse acreditando nisso.
Aquele dia também mudou minha vida.
— Ei Mike, eu tenho uma pergunta para você.
— Hmm? — Mike me olha, com uma mancha de óleo no rosto e uma
chave inglesa na boca. Vendo de fora, ninguém poderia imaginar que ele
tinha uma doença que roubava sua mente todos os dias. Não em um dia
como hoje, que parece um tempo atrás, quando Holland era apenas a
vizinha e eu era apenas o irmão de sua melhor amiga.
— Preciso da sua permissão para propor a Holland. Quero me casar
com ela, senhor.
Lágrimas não derramadas enchem seus olhos, e ele acena com a
cabeça: — Você tem a minha bênção, Reed. Sempre soube que vocês dois
acabariam juntos.
— Soube? — Eu pergunto.
Mike concorda e encolhe os ombros.
— A única questão era vocês descobrirem. Já não era sem tempo.
Seu sorriso me causa um aperto no peito, e eu estendo minha mão para
ele. Ele ignora e me puxa para um abraço: — Vou te dar um conselho,
filho. Um que eu não quero que você esqueça. Não deixe de amar, mesmo
quando for difícil. Nunca vá para a cama com raiva e sempre coloque sua
família em primeiro lugar.
— Sim Mike, eu te prometo.
— Seja bem-vindo à família filho, agora você vai me ajudar com esse
motor ou vai ficar aí parado como um mauricinho?
Eu sorrio e pego a chave de sua mão estendida.
Nunca vou esquecer aquele momento. Mesmo daqui a vinte anos, vou
me lembrar de Mike e do conselho que ele me deu naquela oficina.
Hoje vou cumprir aquela promessa e propor a Holland.
Somos apenas Evan e eu, parados perto do estábulo esperando-a virar a
esquina. Não estou nervoso pelo que estou prestes a fazer.
Eu sei, sem sombra de dúvidas, que Holland é o nosso futuro. Nunca
houve incerteza. Não desde aquela primeira noite que ela se sentou ao meu
lado enfiando gomas na boca, sem nenhuma preocupação.
Ela é minha garota, em meio a tudo isso.
A mãozinha úmida de Evan encontra a minha, e eu a seguro com força.
Ele não entende o que realmente vai acontecer hoje, mas sabe que é
importante e espero que um dia ele possa olhar para trás e saber o quanto é
especial para mim. O quanto ele mudou a minha vida.
Sem Evan, eu não seria o homem que sou hoje. Eu mudei muito ao
longo do ano passado. Me tornei paciente, compreensivo e aprendi como
ser pai. Como melhorar com os erros e não os repetir uma e outra vez.
Como amar esse garotinho que confiou em mim para cuidar dele. Aprendi a
pintar quadros pela metade, a construir castelos de Lego e a sempre
verificar os bolsos antes de lavar a roupa. Bem, isso é mais Holland do que
eu, e o pensamento me faz sorrir.
Eu limpei cortes e arranhões, verifiquei se tinha monstros embaixo da
cama, e abracei meu garotinho quando o pesadelo o fez chorar.
Nem sempre é fácil, mas vale a pena. Uma e outra vez.
De repente, vejo um lampejo do cabelo loiro de Holland, e ela aparece
com um sorriso largo. Seus olhos encontram os meus, e ela olha entre mim
e Evan com as sobrancelhas franzidas.
— Reed? Evan? Pensei que vocês estavam na cabana.
Foi o que minha mãe e Em disseram a ela, mas eu planejei ficar aqui o
tempo todo, com aquela caixa no bolso de Evan.
— Tenho que cuidar de um assunto importante.
Finalmente, ela se aproxima e para na nossa frente, com as bochechas
vermelhas de correr atrás de Polly, a cabra que roubou seu coração. Ela tem
palha no cabelo, sujeira no queixo, e felicidade no olhar.
Este lugar mudou a todos nós.
Esse parece ser o melhor de todos os momentos. Então, ali mesmo na
terra do rancho eu caio de joelhos. Os olhos de Holland se arregalam e ela
cobre a boca.
— Quando penso no meu futuro, no nosso futuro, você é tudo o que
vejo. Não há cenário na minha vida em que você não participe. Achei que
sabia quem eu era antes de te conhecer. Pensei que tinha tudo planejado,
que sabia exatamente como seria e então você mudou tudo. Acho que te
amei no segundo em que seu romance clássico quase me matou no assoalho
do seu porão. Talvez até antes disso.
Pego sua mão trêmula antes de continuar.
— Case comigo. No próximo ano, na próxima semana, amanhã. Não
tem importância. Apenas case comigo. Seja minha esposa. Quero passar o
resto da minha vida acordando com você, me lembrando que você é a única
mulher que vou amar. Você me ensinou a ser um homem melhor. Ter
paciência, colocar as meias no cesto e abaixar a tampa do vaso sanitário.
Você me ensinou a amar. Eu preciso de você agora e por toda a minha vida.
Prometo te amar em todas as provações e segurar sua mão quando as coisas
ficarem difíceis. Nunca ir para a cama chateado e sempre colocar nossa
família em primeiro lugar.
Olho para Evan que dá um passo à frente com uma expressão tímida no
rosto. Ele tira a caixa do bolso: — Howwand, você vai se casar com Weed e
ficar conosco para sempre?
Caralho, ele fez ainda melhor do que praticamos.
Holland soluça e balança a cabeça rapidamente:
— Claro que vou. Ela cai de joelhos e o abraça. — Eu te amo. MUITO.
Eu me agacho ao lado deles e Holland joga os braços em volta do meu
pescoço.
— Sim, eu serei sua esposa Reed Davidson. — Ela exclama.
Pego a caixa da mão de Evan, tiro o diamante oval e deslizo no seu
dedo anelar trêmulo. Então, estendo meu punho para Evan bater.
— Nós conseguimos, carinha.
Ele bate o pequeno punho no meu e fala:
— Agora posso tomar sorvete?
Eu e Holland rimos.
— Sim carinha, vamos tomar um pouco de sorvete. Vá se despedir do
Sr. Bert que te espero aqui.
Evan acena com a cabeça corre em direção à cerca.
Holland me olha, ainda com a mão elevada para observar o anel que Em
me ajudou a escolher.
— Eu não acredito que vou me casar com você.
— Mal posso esperar. Amanhã soa bem?
Ela joga a cabeça para trás e ri:
— Você nunca faz nada devagar, não é?
— Lembra como chegamos aqui?
— Eu não trocaria isso por nada no mundo.
Enquanto esperamos por Evan, pego meu telefone que vibra no meu
bolso sem parar.
Há uma dúzia de mensagens. A última de Briggs diz:
Briggs: @ hospital, venha AGORA EMERGÊNCIA.
Holland lê e seus olhos se arregalam:
— Oh Deus, precisamos ir. No que ele se meteu agora?
Essa, Baby … é a pergunta de um milhão de dólares.
O que Briggs Wilson aprontou dessa vez?
Sobre a autora
Maren Moore é o alter ego de R.Holmes. Autor de um romance
sombrio, angustiante e proibido. Desesperada para deixar o lado mais leve e
fofinho reinar livre, ela criou Maren.
 
Você sempre pode esperar pais gostosos e finais felizes!
Agradecimentos
Todo mundo sempre me pergunta qual é a minha parte favorita sobre
escrever um livro, e embora haja tantas coisas que eu amo em publicar, esta
é a minha parte favorita. Dar crédito onde é realmente devido. Porque sem
essas pessoas, eu não seria quem sou. Não seria capaz de publicar ou
escrever, e nunca poderei agradecer-lhes o suficiente pelos sacrifícios que
fizeram.
À minha melhor amiga do mundo, Holly Renee. Eu te amo. As palavras
são inúteis quando se trata de como me senti. Irmãs de alma para vida.
Para Jac, eu poderia escrever um livro inteiro sobre o quanto você
significa para mim, mas eu só espero que você saiba que eu te amo
incondicionalmente e eu te amo.
Katie, este livro não existiria sem você. Isso é um fato. Você segurou
minha mão e me empurrou quando pensei que não conseguiria terminar.
Devo-lhe tudo. Eu te amo.
Aos meus amigos autores que continuamente apoiam, encorajam e
oferecem orientação... eu valorizo cada um de vocês. Vocês são luzes na
minha vida. Todas as Savage Queens (literalmente todas vocês!) Trilina
Pucci, Meagan Brandy, Giana Darling, CoraLee June, Alley Ciz, SJ Sylvis,
Julia Wolf, Shantel Tessier, Samantha Lind, Eliah Greenwood, Amanda
Richardson e muito mais. Amo vocês, garotas.
Ao Alex, Haley e Jan por serem meus alfas e betas. O conselho de
vocês é tão crítico para minha escrita. Eu não poderia fazer isso sem vocês.
Amo muito cada um de vocês.
À minha incrível RP, Amanda, que eu realmente não mereço. Obrigada
por todo o seu trabalho duro e amizade. NÃO POSSO VIVER SEM VOCÊ.
OK? Te amo. À minha equipe e ao meu grupo no Facebook Give Me
Moore. Obrigada por todo trabalho árduo que vocês fazem. Vocês
compartilham, comentam e divulgam meus livros e aprecio muito isso.
E como sempre, obrigada aos leitores e blogueiros que pegam isso e se
arriscam por mim. Se vocês amam ou odeiam o fato que vocês deram uma
chance significa tudo. Sem vocês nosso mundo não giraria.
A Editora nasceu em 2019 e, em agosto de 2020 atravessou o país,
literalmente indo do Sul ao Norte. Essa mudança trouxe não só uma nova
administração, mas, com ela, nasceram novas ideias, novos objetivos sem
perder sua essência que é proporcionar aos leitores o melhor da literatura
nacional e, agora também, da literatura estrangeira. Uma editora que aos
poucos conquistou o Brasil, seus leitores e autores, que respeita seu público
e que abre portas para novas oportunidades. Acreditamos que há um imenso
mercado literário a ser explorado e vamos investir nisso: em diversidade,
qualidade e representatividade. Cada lançamento será especial e único,
pensando especialmente em você, leitor.
Contato: sac@reservereditora.com.br
Site: www.reservereditora.com.br
Instagram: @reservereditora

[1] Weed é erva em inglês.

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