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“Então você quer dizer que Lily e Emma nunca deveriam ter
ficado juntos?”, Eros perguntou a ele, sentando em meio a suas
pernas enquanto comiam pipoca. O pintor havia avisado os pais que
não voltaria para casa naquele dia e, quando Lily ouviu a conversa,
foi como se fogos de artifício explodissem em seu interior. Isso
significava que eles eram, pelo menos, alguma coisa, certo? “Por
algum motivo isso não me incomoda mais. Eles não terem ficado
juntos, quero dizer.”
“É claro que não incomoda”, Lily respondeu, tocando
suavemente na cintura do pintor, deixando os dedos serpentearem
para dentro da camiseta que ele usava.
“Eu tenho tantas perguntas.”
“Me pergunte o que quiser. Respondo tudo o que você pedir.”
O brilho perverso nos olhos de Eros atiçou algo no escritor.
Ele temeu se arrepender em responder a qualquer pergunta depois
daquilo.
“Por que você nunca explorou os outros personagens além
dos protagonistas? Eles tinham tanto potencial!”
“Meu agente não deixou. Ele queria algo que eu focasse 95%
do enredo no romance entre a Emma e o Lily. Não tive permissão
para desenvolver muito bem nenhum personagem da história.”
A expressão azeda que tomou conta do rosto do pintor foi
adorável. Lily queria se levantar e beijar a ponta do seu nariz, seus
lábios, bochechas e pálpebras. Beijar tudo. “O que o Lily e o primo
original da Emma eram? Eles não se gostavam? Eu não lembro
muito bem.”
“O nome original dele era Ed”, começou Lily. “Eu não faço
ideia de como seu nome foi modificado e nenhum dos personagens
notou. Realmente não sei. Mas acredito que isso não precise fazer
muito sentido, já que essa história, desde o começo, é a maior
loucura do mundo.”, engoliu em seco ao levantar a barra da camiseta
do outro, tocando sua pele com carinho. “De qualquer forma, o único
objetivo dele seria aconselhar Emma quando ela precisasse decidir
entre contar ou não seus sentimentos ao Lily. E era isso. Ed nunca
foi realmente… de grande importância para a história.”
“Me sinto decepcionado.”, Eros sorriu na sua direção, se
curvando sobre seu corpo até ambos os peitorais se tocarem. Lily
prendeu a respiração como um maldito adolescente na puberdade.
“Se eu parar para pensar, sua história não teve praticamente nenhum
desenvolvimento. Quero dizer, não por sua culpa, mas pelo seu
agente. Por que você ainda trabalha para ele?”
Lily se remexeu no sofá, desconfortável enquanto enfiava
mais uma pipoca nos lábios. Desde que voltou, falou com Ambrose,
o agente, uma única vez por vídeo chamada para conversar sobre
seu desaparecimento. Lily mentiu sobre seu estado de saúde, que
não estava muito bem e que precisou se afastar por um tempo.
Ambrose ficou furioso por ter sumido sem avisá-lo, relembrando-o
sobre o contrato que tinham. E a enorme multa que teria que pagar
caso descumprisse sua parte.
“Tenho um contrato de quatro anos com Ambrose, o que
significa que, se eu não renovar no final desse ano, nosso acordo
finalmente acaba”, explicou, observando os olhos de Eros enquanto
o pintor deixava seu queixo apoiado no peitoral de Lily. “E a editora…
ela tem os direitos autorais da edição de ‘Um Cavalheiro para Uma
Dama’ que você conhece. Eu não me importo tanto com a história da
Emma e do Lily, já cansei desse enredo e não aguento mais ouvir
falar deles. O problema maior é que o meu contrato com Ambrose
envolve os direitos autorais de todas as minhas obras por esses
quatro anos.”
“Isso significa que tudo o que você publicar nesse meio tempo
é responsabilidade dele?”
“Exatamente.”
“Meu Deus.”, Eros suspirou. O cheirinho de manteiga do seu
hálito aqueceu o rosto de Lily. Ele tentou não torcer o nariz. “Que
furada. Não tem nada que possamos fazer?”
A grande parte do coração de Lily na qual Eros havia se
apossado, vibrou com aquilo. O fato de ele ter dito “que possamos
fazer” ao invés de “o que você pode fazer” fez com que cada fibra de
seu corpo queimasse de amor. Lily sabia que não era a melhor
pessoa do mundo em demonstrar sentimentos, mas a paixão ardente
em seu peito por Eros era verdadeira e o estava queimando de
dentro para fora.
Lily ergueu a mão trêmula. Ele sabia que sua alma estaria
eternamente marcada por Eros. Sabia que, se algo no futuro
acontecesse e não pudessem mais ficar juntos, nunca esqueceria.
Não era humanamente possível viver tudo o que haviam vivido juntos
e simplesmente se esquecer das mãos mornas que haviam tocado
seu coração. “Seis meses atrás você disse que me amava. Você
disse e logo em seguida sumiu, me deixou desesperado. Achei que
tinha morrido. Por um tempo, viver nesse lugar, sozinho, sem você,
foi pior do que a morte. Você desapareceu como se fosse areia,
sumiu no ar. Nem sequer esperou minha resposta.”
“Lily-“
“Eu te amo”, sussurrou ele de uma única vez. O homem em
seu peito levantou o tronco, parecendo totalmente em alerta. Os
olhos escuros de Eros queimavam sua pele pela intensidade. “Os
seis meses que vivi com você, provavelmente, foram os dias mais
felizes da minha vida.”
“Lily”, repetiu ele, como uma prece.
Eros estava chorando. Uma lágrima caiu de seus olhos e ele
tentou escondê-la, passando o pulso pelos olhos, mas os reflexos de
Lily foram bons o suficiente para perceber. Ele se sentou, puxando
Eros para seu colo. Passou os braços pelos ombros do pintor,
massageando sua nuca. Mas, quando sentiu soluços vindo dele, se
distanciou para beijar suas pálpebras úmidas. “Você vai quebrar meu
coração se continuar chorando.”
“É só que… isso tudo parece bom demais para ser verdade.”,
Eros fungou, escondendo o rosto no ombro direito do escritor. “Quer
dizer, eu nunca tinha me apaixonado antes. Nunca, nunca mesmo. E
achei que nunca me apaixonaria, ou que no mínimo não seria
recíproco. E agora, parece que tem milhares de explosões
acontecendo dentro de mim, embora uma vozinha na minha cabeça
continue me lembrando para não criar muitas expectativas porque
isso, merda, é tudo muito bom para ser verdade.”
Lily não sabia como responder àquela confissão. Não sabia
como confortá-lo como ele provavelmente precisava, por isso tentou,
cuidadosamente, achar palavras para fazê-lo perceber o quanto seu
amor nunca acabaria. “Um dia vou escrever um livro sobre nós dois.
Quando eu finalmente me livrar de Ambrose, vou escrever um livro
chamado Anteros, o amor correspondido. Porque foi você quem me
provou que até pessoas miseráveis como eu merecem amor.”
Talvez as coisas não estivessem muito boas no momento,
mas isso não significava que não podiam melhorar. No ano seguinte,
seu contrato com o agente maldito acabava e Lily finalmente poderia
voltar a escrever por prazer e não por obrigação. Eles poderiam,
juntos, formar um império de histórias e artes, deixando, para
sempre, uma marca no mundo.
Afinal, havia dois tipos de morte: aquelas em que seu corpo
parava de funcionar e seus olhos nunca mais se abriam, e aquela em
que seu nome é dito pela última vez na boca da última pessoa que
se lembra de você. Algumas pessoas, como Shakespeare,
Aristóteles, Homero eram eternas. Porque jamais seriam esquecidas.
Lily queria isso. Ele queria ser eternamente lembrado com
Eros, seu amor correspondido.
Agradecimentos
Em especial, queria agradecer a todos que leram Eros e me
mandaram mensagens maravilhosas no Instagram e no Twitter, me
pedindo por um extra ou uma explicação sobre o que tinha
acontecido com o Lily e o Eros. Receber essas mensagens foi a
realização de um sonho, porque nunca pensei que alguém poderia
gostar dos meus personagens a esse ponto. Esse extra é todinho
para vocês! Muito obrigada mesmo, sou eternamente grata.
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[1]Personagens não jogáveis colocados apenas para
ambientação, dos quais não se é possível controlar.