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ABANDONADA PELO CHEFE ©Copyright 2023 — JÉSSICA

DRIELY

Todos os direitos reservados.

Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida

sob quaisquer meios existentes sem autorizações por escrito da


autora.

Está é uma obra de ficção qualquer semelhança, com nome,

pessoas, locais ou fatos será mera coincidência.

PLÁGIO É CRIME!

Revisão: SONIA CARVALHO

Capa: Ctrl Designer

Diagramação: Jéssica Driely

Imagens: Depositphotos e Canva

Ilustração: Mery Ribeiro


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Um CEO que jurava que nunca se apaixonaria.

Uma secretária completamente apaixonada pelo chefe.

Cafajeste + Inocente

Rejeição + Segunda Chance

Age Gap + Virgem

Gravidez inesperada
Frederico Salles é um renomado CEO do ramo hoteleiro.

O homem que é podre de rico leva uma vida indecente, em que a


cada final de semana aparece com uma mulher diferente nos

tabloides.

Frederico só quer saber de sacanagem e nada sério,

prometeu nunca se apaixonar, pois achava que o amor levaria

um homem à derrota.

Laura Bueno é a mais nova secretária de Frederico, uma

mulher sonhadora que ainda pensa que existem príncipes


encantados. E o maior problema: sofre de amor platônico pelo

seu chefe.

A garota sabe que não pode se envolver com ele, mas o seu

bobo coração não escuta a razão.

O problema maior é que depois de uma noite de bebedeira,

onde ela acaba acordando na cama do seu chefe, percebe que

perdeu a virgindade e que ele mal se importava com aquele fato.

O que os dois não imaginavam era que Laura acabaria

grávida e ao perceber que seria pai, o homem da forma mais


grossa que existe, exige que ela suma da sua vida e que nunca
mais apareça… nem ela e nem o bebê.

Mas o destino estava pronto para cruzar seus caminhos


novamente e talvez o CEO estivesse arrependido de todo o seu

passado e a secretária não estivesse pronta para perdoá-lo.

+18
Para Ingrid, o putão é dela!!!

Meninas, não briguem!

É só mais um personagem, tem para todas (risos).


Para você que teve tantas decepções e parou de acreditar no
amor... ele ainda vai surgir na sua vida.
“Que jogo perverso de se jogar
Me fazer sentir assim
Que coisa perversa de se fazer
Me fazer sonhar com você
Que coisa perversa de dizer
Que você nunca se sentiu assim
Que coisa perversa de se fazer
Me fazer sonhar com você
E, eu não quero me apaixonar
Não, eu não quero me apaixonar
Por você”

Wicked Game - Stone Sour


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PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
EPÍLOGO
PRÓLOGO

20 anos antes

Meu corpo tremia!

Sentia tudo doer!

Encostei-me na parede e deixei que minhas pernas


perdessem as forças e fui me arrastando de encontro ao chão.
Os olhos lacrimejados eram a prova de que a dor estava

consumindo todos os meus músculos, todos os meus nervos, todo o


meu ser.

A imagem à minha frente era um dos piores pesadelos que


podia presenciar em toda a minha vida. Tinha apenas quinze anos,

mas sabia que aquilo ficaria para sempre em meus pensamentos,

me assombrado pelo resto da minha existência.

— Pai! — sussurrei.

Não gritei, não chamei por ajuda, porque eu sabia que não

tinha mais jeito.

Ele não voltaria para mim.

Ele preferiu abandonar tudo… me abandonar para não ter que

lidar com a dor.

Meu pai era o homem em quem eu me espelhava, era quem

eu queria ser “quando crescer”, ao menos era aquilo que eu tinha

em mente desde novo.

Só que uma mulher fez aquilo com ele.

Uma traição fez aquilo com ele.


O amor fez aquilo com ele.

Perdi minha mãe muito novo para uma pneumonia e meu pai

foi o homem que cuidou de mim e me ensinou a ser alguém. Mesmo


com quinze anos eu já possuía princípios.

E tudo aquilo era graças a ele.

E devido à traição da sua namorada eu o tinha encontrado


daquela forma…

Morto!

Com uma corda no pescoço…

Porque depois de sofrer tanto com a perda da minha mãe, ele

começou a se reerguer há três anos quando conheceu Natasha,

mas ela só queria o seu dinheiro.

Ele a pegou a traindo há três dias com o personal trainer… e

naquele momento, quando o vi daquele jeito, eu soube que por

amar demais o meu pai não deu conta de lidar com a dor.

Vendo o corpo dele daquela forma, prometi a mim mesmo que

nunca na minha vida permitiria me apaixonar…

O amor era a ruína de um homem…


E eu não seria arruinado dessa forma.
CAPÍTULO 01

Dias atuais

Senti o cheiro de café quentinho assim que apareci na cozinha


de casa. Minha mãe havia acabado de encher a garrafa térmica com

o líquido preto, quando a abracei por trás.

— Bom dia, mamãe! — cumprimentei-a.

— Bom dia, meu amor!


Mamãe sorriu quando me encarou por cima do ombro. Éramos

nós duas pela gente. Meu pai havia falecido há um ano, o que
acabou fazendo com que eu deixasse a faculdade, já que não tinha

conseguido uma bolsa e era ele quem custeava meus estudos.

Como não consegui terminar de estudar, recentemente, para

ser mais exata há seis meses estava trabalhando para Frederico

Salles, como sua secretária. O homem com trinta e cinco anos


possuía uma rede hoteleira extremamente famosa no Brasil e

também nos Estados Unidos: The Palace Good!

Só pessoas com bastante dinheiro conseguiam se hospedar

naquele lugar e todas as vezes que eu precisava visitar algum dos

hotéis com Frederico me sentia fora da minha zona de conforto, já


que tudo era tão luxuoso que me deixava envergonhada.

— Fiz bolinho de chuva, Laurinha! — Mamãe adorava me

chamar por apelidos e eu amava a forma que parecia me amar.

— Vou ter que levar, mamãe. Porque acordei um pouco

atrasada e a senhora sabe que o Frederico é chato com horários.

Minha mãe conhecia muito bem Frederico, afinal, antes de se

aposentar trabalhou na casa do seu pai por anos, ela até mesmo
sabia o quanto o homem era lindo, maravilhoso, perfeito… e
completamente sem sentimentos.

Engoli em seco com aquele pensamento.

Nunca havia confessado para mamãe, mas tinha uma leve

impressão de que ela sabia muito bem dos meus sentimentos


direcionados a Frederico.

Ele era doze anos mais velho do que eu, e mesmo quando era

uma criança tive alguns encontros com ele em sua casa, o garoto

nunca me deu muita bola, porém, quando minha mãe conseguiu me

arrumar aquele emprego, não perdi a oportunidade de me aproximar

novamente daquele homem.

Um leve pensamento de que ele poderia ter mudado pairava

sobre minha mente, no entanto, quando constatei que o humor

Frederico Salles tinha piorado, havia ficado mais arrogante e mais


frio do que nunca.

E mesmo sabendo o quanto ele parecia ser um idiota, meu


coração disparava quando o via. Parecia que aquele órgão imbecil

gostava de sofrer, quanto mais o homem pisava em mim, mais eu

me sentia apaixonada.
Burrice?

Com toda certeza!

Mas como fazer com que um amor platônico deixasse de


existir?

Bem, eu não tinha ideia!

— Pega leve com o garoto. Frederico é assim porque já sofreu


muito, então ele se tornou meio ranzinza.

Mamãe era meio puxa-saco do meu chefe e mesmo sabendo


que ele podia ser um imbecil, ela ainda o defendia. Eu não me
lembro do que havia acontecido com sua vida, porém, mamãe

sempre dizia que era porque ele perdeu a mãe e o pai cedo demais.

Mas também não queria ser a pessoa que passava a mão em

sua cabeça, só por ele ter se tornado órfão com quinze anos.
Aquele fato não lhe dava o direito de tratar as pessoas como se elas

fossem somente objetos que existiam para servi-lo e mesmo com


todos esses pensamentos contraditórios sobre Frederico, eu ainda
suspirava mais alto quando o via, ou sentia seu perfume pairar no

ar.
Ah, Deus!

Por qual motivo eu tinha que ser daquela maneira?

— Bom, aqui estão seus bolinhos! — Mamãe me entregou um


potinho de plástico com os bolinhos que eu tanto amava.

— Obrigada, mamãe!

Voltei a me aproximar e depositei um beijo em sua bochecha.

— Tenha um ótimo dia de trabalho, filha!

Acenei para ela e logo me voltei para a sala, peguei a minha


bolsa, que estava jogada sobre o sofá, colocando em seguida os

potinhos com os bolinhos, dentro dela.

Dei uma última olhada para o ambiente antes de sair porta a


fora. Minha casa era simples, morava em um bairro de periferia no
estado de São Paulo e mesmo assim me achava riquíssima, já que

possuía uma ótima saúde e tinha minha mãe para me amparar nos
meus problemas, se é quando eu tinha algum.

Afinal, eu era uma filha exemplar, nunca magoava minha mãe


e tentava ao máximo lhe deixar orgulhosa das minhas pequenas

conquistas.
Parei no ponto de ônibus e logo o meio de transporte surgiu
na esquina, acenei para que o motorista parasse e assim eu
pudesse embarcar no veículo.

Por sorte! Algo que nunca acontecia com aquele ônibus,


restavam dois bancos vagos e eu pude ir para o trabalho sentada,

como uma verdadeira sortuda naquele dia.

A semana estava começando super bem!

Demorou mais de uma hora e meia, para que o ônibus

chegasse no meu ponto de descida e assim que saltei, comecei a


caminhar um pouco mais rápido. Já que a empresa de Frederico

ficava a mais ou menos três quarteirões de distância de onde eu


sempre descia.

Quando cheguei, troquei minhas sapatilhas pelo sapato de


salto alto que estava sempre dentro da minha bolsa. Eu brincava
comigo mesma, que aquele objeto era quase igual à bolsa da

Hermione, amiguinha do Harry Potter. Já que eu levava tudo o que


podia dentro do lugar e sempre caberia mais alguma coisa se eu

organizasse com jeitinho.


Calcei meus sapatos e passei pelas portas giratórias que me
davam acesso à empresa.

— Bom dia, meninas! — Cumprimentei as duas recepcionistas


que ficavam no térreo e elas sorriram para mim.

— Bom dia, Laura! — Adriana respondeu.

Ela era uma mulher bonita de cabelos loiros e sempre muito


bem-educada.

Aline, que era a outra recepcionista me deu um aceno, mas


voltou sua atenção para o computador, provavelmente já resolvendo

alguma pendência.

Ela era uma mulher morena, de cabelos cacheados e a

achava muito linda, com certeza se investisse na carreira de modelo


seria selecionada, mas quando comentei aquele pensamento com

ela, a sua única reação foi cair na gargalhada e dizer que eu

sonhava demais.

Talvez eu realmente fosse muito sonhadora, mas sonhar não


pagava imposto, então eu podia muito bem viver naquele mundo

que só me trazia felicidades.


Apertei o botão de um dos elevadores do lugar e esperei que

chegasse. Quando as portas se abriram estava lotado, sorri para as


pessoas e algumas acenaram na minha direção, já que seria

impossível entrar no lugar.

Por sorte o outro abriu a porta em seguida e eu me apressei


para entrar.

Este estava vazio, ou melhor, tinha uma única pessoa dentro

dele e era o homem que eu incluí em meus sonhos... em diversos

sonhos românticos e até mesmo eróticos.

— Bom dia, senhor! — cumprimentei-o.

Frederico estava encarando a tela do celular e assim que

ouviu minha voz levantou os olhos escuros e me olhou.

Sua expressão já estava fechada e eu soube que talvez a

sorte que tive em pegar um ônibus particularmente vazio logo cedo,


era para me dar um resquício de paz para aguentar o dia com

Frederico Salles de mau humor.

— Chegando em cima da hora, Laura? — Sua voz grossa

retumbou pelo ambiente fechado do elevador.


Engoli em seco e foquei na tela de led que mostrava os

números dos andares que subíamos.

— Desculpe, senhor! Mas não cheguei atrasada.

Verifiquei a hora no meu celular e realmente ainda estava


adiantada cinco minutos.

— Espero que nunca se atrase, pois no seu primeiro deslize,

te colocarei no olho da rua.

Abaixei meu rosto, porque era uma fraca que não dava conta

de encarar aquele homem quando estava mal-humorado.

Frederico tinha uma beleza única, sua barba cheia o deixava

com uma expressão séria, os cabelos com um topete bagunçado,

faziam-lhe parecer mais relapso com a vida, no entanto, só quem o


conhecia sabia o quanto aquele homem podia ser insuportável

quando queria.

Como eu gostava de um homem tão grosso?

Aquela era a pergunta que sempre me fazia.

As portas se abriram e eu saí à sua frente, porque


sinceramente, começar a semana tendo que encarar aquela cara de
bunda era uma merda.

Frederico era lindo, mas aquela expressão de bosta que


sempre estava presente, o deixava com uma aura negra que eu não

tinha a mínima vontade de aguentar.

— Quero minha agenda, agora — rosnou, assim que passou

ao lado da minha mesa.

Deus! Dai-me paciência, senão eu ainda mataria o homem


que me fazia sentir meu coração bater mais forte por ele.

Liguei o notebook, depositei minha bolsa na cadeira, depois a

guardaria. Peguei o tablet em que ficava a agenda de Frederico e

assim que acessei a página indicada, caminhei até a sua sala e


entrei.

— Aqui, senhor!

Estendi o tablet com a agenda e ele verificou em silêncio os

seus compromissos.

— Pode desmarcar todos, hoje irei verificar a construção de

um novo hotel, então não terei tempo para essas reuniões.

— Sim, senhor!
Frederico me encarou e eu engoli em seco. Esperava que ele

não falasse nenhuma asneira.

— Tome conta das coisas! — Amenizou as palavras e eu

suspirei fundo.

— Pode deixar comigo.

Quando percebi que podia sair da sua sala, lhe dei as costas e

voltei na direção da minha mesa.

Por fim, iria me concentrar no meu dia, que seria complicado,

já que cancelar reuniões em cima da hora era um saco e eu


escutaria diversas ofensas.

Mas aquele era o meu trabalho e eu o fazia da melhor forma

possível.

Ao menos era o que me restava…

Só aquilo e mais nada.


CAPÍTULO 02

Observava a construção, com uma das mãos no queixo,


enquanto a arquiteta parava ao meu lado e aguardava que eu

dissesse algo.

Tirei meus olhos da obra e a encarei de soslaio. A mulher era


loira e o batom vermelho em sua boca chamava atenção para

aquela parte do seu corpo.

— Está indo bem rápido — comentei.


— Sim, senhor! Estamos agilizando para ficar pronto para as

férias de final de ano.

— Onde está Marcos? — Quis saber.

O homem era o engenheiro, mas não o tinha visto em nenhum

lugar desde que cheguei ao local.

— Ele teve que dar uma saidinha rápida, senhor Salles, mas
logo estará de volta.

Renata girou o corpo na minha direção, deixando o decote


avantajado, pelos botões abertos da camisa social que usava,

exposto.

Era claro que a mulher desde que havia começado a trabalhar

para mim se jogava na minha direção e eu nunca fui contra comer

as funcionárias, mas ainda não tinha achado uma oportunidade de

foder Renata.

Ela mordeu o lábio inferior e eu sorri de lado para ela.

— Vamos até a sala de reunião, o que acha? — perguntei,

sentindo minha voz ficar ainda mais grossa.


— Sim, senhor! Preciso mostrar algumas plantas para o
senhor.

A mulher me deu as costas e começou a caminhar em direção


à sala improvisada de reunião, fazendo meus olhos descerem até

sua bunda que rebolava gostosa, dentro da saia do terninho que

usava.

Assim que entrei, fechei a porta atrás de mim e a tranquei. As

persianas estavam abaixadas e Renata se voltou na minha direção

com um sorriso delicioso na boca desenhada.

— Quer ver as plantas, senhor?

— Quero! — murmurei.

Ela subiu a saia, até deixar a calcinha de renda vermelha à

mostra, sentou-se com as pernas abertas em cima da mesa do lugar

e ronronou:

— Pode vir ver!

E eu fui…
Saí da sala de reuniões da construção, ajeitando a gravata do
terno. Devido ao barulho que as máquinas faziam, tinha certeza de

que ninguém havia conseguido ouvir os gritos de Renata.

Ela saiu segundos depois de mim e parou ao meu lado.

— Se o senhor quiser prolongar essa reunião na minha casa

— sussurrou.

Olhei-a de lado e sorri com puro desdém.

— Não como a mesma boceta duas vezes. A sua é bem


gostosa, mas não é especial.

Observando a expressão no rosto da mulher se fechar e suas

bochechas ficarem vermelhas, ela se afastou bufando de raiva. Eu


abri um sorriso ainda maior.
— Elas nunca aprendem! — comentei comigo mesmo.

Indo em direção ao meu carro, logo entrei na SUV e parti para


a empresa. Tinha passado algumas horas na construção e tinha

sido o suficiente para ver que tudo estava indo de acordo com o
projetado.

Marcos ainda não havia voltado, então não tinha mais o que
fazer ali. Afinal, já tinha fodido uma boceta, nada mais importava

depois daquele fato.

O trânsito de São Paulo era um caos e para falar a verdade,


eu preferia morar em um lugar mais calmo, mas tinha que continuar

mantendo os negócios que meu pai deu duro para construir em


ordem, então não deixaria aquela vida, mesmo que almejasse a paz
de um local mais tranquilo.

Por sorte, quando cheguei à empresa ainda estava no horário


do almoço. E eu não esbarrei com muitos funcionários. Não tinha

nada contra eles, só não gostava de ter que socializar com quem
surgia em meu caminho.

No entanto, sempre indo contra o que eu dizia, Laura estava


sentada na sua mesa, com uma marmita de lado e com os olhos
grudados na tela do computador.

— Já não disse a você, para não comer e trabalhar ao mesmo

tempo?

A mulher levou um susto, que fez com que desse um salto na

cadeira e se engasgasse com a comida que estava em sua boca.


Antes que morresse ali na minha frente, contornei a mesa e a ajudei
a desengasgar.

— O senhor quase me matou — Laura, comentou, com a voz

meio grossa por causa do engasgo.

Tomou um gole do suco de laranja que estava ao lado da

marmita e me encarou, com aqueles olhos azuis, lacrimejantes que


eu pensei ser também devido ao engasgo.

— Eu já disse para não comer e trabalhar.

Ela me olhou sem graça e respondeu:

— Hoje eu não estava trabalhando, juro.

Franzi o cenho e esperei que se explicasse melhor.

— Saiu o episódio do dorama que estava louca para ver,

então, aproveitei para comer no computador e assistir ao episódio. É


por isso que estou chorando.

Então os olhos lacrimejantes não eram pelo engasgo.

Cruzei meus braços e encarei a secretária. Laura era muito


bonita, tinha cabelos castanhos, lisos e sempre muito bem-

arrumados. Possuía uma expressão inocente e seus olhos pareciam


me deixar nu quando me encarava. Sem contar a boca carnuda que

me fazia ter vontade de beijá-la só para ter certeza se era tão


gostosa quanto eu imaginava.

No entanto, eu sabia que aquela menina não merecia ser uma

das minhas fodas, porque conhecia sua mãe e a mulher tinha sido

um grande apoio quando perdi meus pais. Somente por aquele

motivo, Laura ainda não havia parado em minha cama, porque não
queria tratá-la como uma qualquer depois de fodê-la.

Afinal, eu era daquela forma e não tinha como mudar. Para

mim, mulheres só serviam para isso e nunca as trataria de forma


carinhosa, mesmo que fosse uma conhecida de muitos anos, então,

manter o meu pau guardadinho perto daquela mulher era o melhor

que eu podia fazer por ela.

— Assistindo esses paspalhos no serviço?


Laura se levantou da cadeira e pegou a quentinha, junto com

o suco.

— Desculpe, senhor. Como falou que não voltaria hoje, pensei

que não teria problema, mas irei para o refeitório.

A mulher me deu uma última encarada e percebi que seus

olhos pararam em meu pescoço. Talvez tenha aparentado ficar


chateada, mas fez aquela expressão estranha sumir logo.

— O senhor está com um chupão no pescoço — avisou.

Depois me deu as costas e partiu na direção do refeitório.

Soltei um suspiro e a observei até sumir das minhas vistas.

Depois que desapareceu, entrei no escritório e fui direto para o


banheiro que tinha no lugar.

Verifiquei o pescoço e realmente existia um chupão no lugar.

Bom, ao menos todos sabiam o quanto eu não valia nada e


provavelmente entendessem a marca exposta. Talvez eu estivesse

com vontade de voltar na construção e demitir Renata por ter me

deixado aquela marca, porém, não a tinha impedido de nada, então

a culpa não era da garota e realmente a boceta dela havia sido uma
delícia de comer.
Ela continuaria no seu emprego.

Por enquanto, se não desse uma de maluca, e tentasse

marcar mais uma foda comigo.

Por fim, saí do banheiro e fui pedir uma comida pelo aplicativo
específico.

Afinal, depois de uma foda tão gostosa, o melhor seria me

alimentar antes que caísse duro no chão.

Sentei-me na cadeira do escritório e aguardei a comida…

minha vida era aquela: me dedicava a empresa e à rede hoteleira,


fodia quem bem entendesse e evitava qualquer tipo de

relacionamento.

Não tinha muita novidade na minha rotina, mas era o que


possuía na vida de merda que dispunha e somente aquilo que

importava.
CAPÍTULO 03

Sentei-me em frente ao computador, logo após acabar a hora


do meu almoço e voltei a responder a alguns e-mails relacionados à

desmarcação da agenda de Frederico naquele dia.

Se ele iria voltar para a empresa, por qual motivo me fez


desmarcar todos os compromissos?

Agora, eu que tinha que aguentar aqueles idiotas falando


merda para mim. Tudo bem! Era meu trabalho, mas era revoltante

mesmo assim.
Enquanto digitava o e-mail, a imagem daquele chupão veio à

minha mente. Eu realmente era muito boba, imbecil, todos os


xingamentos possíveis.

Sério?

Por qual maldito motivo, eu ainda sentia alguma coisa por

Frederico, ele não estava com aquela marca no pescoço quando


chegou de manhã, provavelmente tinha encontrado alguma mulher

no tempo que passou fora…

Não que eu não soubesse de fato como ele era. Todo final de

semana, uma mulher diferente aparecia em fotos com ele. Não que
eu fosse uma stalker ou algo do tipo, mas eu seguia páginas de
fofoca no instagram e sempre, não tinha uma semana sequer, que

ele não aparecia com outra.

Mas o que eu queria?

Que ele parasse na minha frente e dissesse que nunca mais


sairia com ninguém, que eu era a única que ficaria na sua vida?

Frederico nunca me deu nem mesmo um olhar diferente, e eu


ficava toda boba por ele, mesmo quando era um idiota!
Emocionada!

Talvez fosse assim que eu deveria ser chamada e não de

Laura, porque a única coisa que prevalecia em minha vida era a


emoção de sonhar com algo que nunca nem mesmo foi insinuado.

— Laura, venha aqui! — Ouvi a voz do homem que tinha


dominado a minha mente, mais uma vez, reverberar pelo ambiente.

A porta da sua sala estava aberta, então o ouvi me chamar

normalmente.

Soltei um suspiro, levantei-me da minha cadeira, caminhei até

a sala, e murmurei:

— Sim, senhor?

Frederico voltou aqueles olhos escuros na minha direção e


ainda com a expressão fechada indagou:

— Seu passaporte está em dia?

Quando fui contratada, uma das coisas que me foi informada é


que precisava estar com o passaporte atualizado para qualquer

viagem de emergência que precisasse fazer.


E foi por isso que eu fiz aquele documento, já que eu não o

tinha até entrar na empresa, e ainda tirei um visto americano, por


isso, não decepcionaria o meu chefe com aquilo.

— Sim! E o visto americano também. — Achei por bem


informar.

— Que ótimo! Acabei de saber que na semana que vem


precisarei ir a um dos hotéis dos Estados Unidos e preciso que me

acompanhe para anotar tudo o que for falado nas reuniões.

Engoli em seco, seria a primeira viagem internacional que


faria, mas tinha absoluta certeza de que meu inglês estava bom, já
que sempre o colocava em prática em algumas aulas de

conversação que fazia na semana.

— Tudo bem, senhor! É só me dizer a data certinho, para que

eu organize tudo.

Frederico assentiu e me passou as informações, até mesmo

para mandar preparar o seu jatinho para o dia da viagem.

Deveria ser interessante ter o tanto de dinheiro que aquele

homem possuía e não precisar se preocupar com passagens


aéreas, já que tinha seu próprio avião à sua disposição.
Depois de pegar todas as informações, fui organizar as

pendências daquele dia. Não podia negar que meu coração estava
disparado, já que nunca viajara de avião e nem mesmo saíra do

Brasil.

Aquilo seria uma aventura e eu esperava que pudesse curtir

ao menos um dia na Califórnia.

Passei o resto do dia focada no trabalho e quando deu o

horário de ir embora, desliguei o notebook, peguei minha bolsa e


caminhei até a porta da sala de Frederico.

— Senhor, já estou indo — avisei.

Ele tirou os olhos da tela do seu computador e respondeu:

— Bom descanso, Laura!

— Obrigada! Para o senhor também!

Acenou uma única vez na minha direção e eu lhe dei as


costas. Como eu era bobinha, ainda pensei que ele me olharia

novamente, antes de voltar sua atenção para o computador.

Chamei o elevador, por sorte, estava meio vazio e deu para

descer com alguns funcionários.


Desci todos os andares e logo estava no térreo, me despedi
de quem passava por ali e parti para o ponto de ônibus. Diferente da
parte da manhã, desta vez o meu meio de transporte estava lotado

e por um momento pensei que as pessoas pudessem sair pela


janela.

Tive que seguir caminho, junto com o motorista, antes mesmo


da catraca, pois era impossível passar. A viagem foi complicada,

pois quanto mais cheio, mais o ônibus parava e com o trânsito de


São Paulo sendo um pandemônio, enrolava ainda mais a viagem.

Depois de quase duas horas, dentro daquele lugar quente, o


meu ponto se aproximava. Passei pela roleta e fui até a porta, não
me esquecendo de apertar o botão que sinalizava a parada para o

motorista.

Desci como todos os dias, olhei para todos os lados,


atravessei a rua e comecei a caminhar em direção à minha casa. A

lua já estava alta no céu, mas algo me incomodava, não sabia dizer
o que era, no entanto estava sentindo um aperto no peito.

E logo entendi o motivo de estar me sentindo daquela


maneira. Mais à frente, de um beco escuro, surgiram dois homens,
vestidos com moletons que possuíam capuz. Engoli em seco e
continuei andando.

Viver em um mundo como o nosso e sendo mulher, fazia com


que qualquer pessoa se tornasse suspeita, ainda mais quando
vinham andando na sua direção. A rua que eu sempre ia para minha

casa, ficava movimentada todos os dias, mas por ironia do destino,

naquele dia em específico não passava uma alma viva pelo lugar.

Olhei para trás, para tentar ver se alguém vinha para a mesma

direção em que eu estava e aquele foi meu primeiro erro, pois

quando voltei meus olhos na direção dos homens, eles haviam

parado bem à minha frente.

— Passe o celular!

Aquela era uma das frases mais usadas ultimamente por

pessoas daquele tipo.

E eu cometi meu segundo erro…

— Não posso, moço!

Segurei minha bolsa com mais força e tentei correr, mas o


segundo homem me puxou pelos cabelos, o que me fez soltar um
grito de dor. Socou meu rosto, bem na direção do olho e enquanto o

atordoamento me tomava, acabei caindo no chão, eles tomaram


minha bolsa, com todos os meus documentos, celular, sapato e

correram.

Juntando toda a minha dignidade, levantei-me do chão,


sentindo meu rosto latejar e caminhei para casa.

Toquei a campainha, já que até a chave havia perdido para os

bandidos e minha mãe apareceu assustada na porta.

— Pelo amor de Deus, Laurinha! O que aconteceu?

Ela correu para dentro da casa, pegando a chave do portão,


indo destrancá-lo o mais rápido possível.

— Me assaltaram, mamãe.

Somente naquele momento, que percebi o quanto podia ter

sido pior e assim que minha mãe me abraçou, eu chorei, porque me


sentia humilhada, perdida e até mesmo sortuda, por nada pior que

um soco ter acontecido comigo.

— Minha menina, não precisa chorar. Ao menos você está

aqui com a mãe.


Assenti e me afastei do seu abraço. Ela franziu o cenho e

sussurrou:

— Acho que precisa ir a um hospital, Laurinha.

— Não, mamãe! Foi só um soco, nada demais aconteceu.

Ela enxugou minhas lágrimas e eu reclamei quando se


encostou no machucado.

— Vamos ao menos colocar um gelo no lugar, para não inchar

tanto.

Assenti e fomos para dentro de casa. A vida do trabalhador


era complicada, você se matava todos os dias, pegava transporte

público na maioria das vezes lotado, para no final do dia ter o pouco

que você conseguiu roubado por dois bandidos.

Era frustrante…

Mas ao menos eu estava bem…

Ao menos isso!
CAPÍTULO 04

Se havia uma coisa que eu odiava em toda a minha vida era o


fato de alguém me ignorar.

Eu podia agir assim, mas não gostava que as pessoas

fizessem isso comigo, ainda mais quando a pessoa em questão era


uma das minhas funcionárias.

Olhei pela terceira vez para a tela do celular e Laura não havia
me respondido.
Fechei minhas mãos em punho e tive vontade de socar

alguma coisa.

Talvez fosse um pouco tóxico agir daquela maneira, mas

aquele era o meu jeito e não tinha muito o que pudesse fazer para
me controlar. Já que mandara mensagem para Laura havia duas

horas, logo que cheguei em casa, porque marcara uma reunião para

sete horas no dia seguinte, então ela teria que chegar mais cedo na
empresa.

Mas a secretária continuou me ignorando e não me


respondeu.

Joguei o celular sobre a cama e me deitei, estava exausto,


precisava descansar, no entanto, queria dormir mais tranquilamente

e para que isso acontecesse seria melhor receber a resposta de

Laura Bueno.

Porém, algumas horas depois, eu já havia cochilado, acordado

e a garota continuava sem dar sinal de vida.

Esperava que visse a mensagem, pois senão, eu a demitiria

no dia seguinte caso não aparecesse para a reunião. Mesmo que


tivesse um carinho especial por Dona Juliana, a mãe de Laura, não
admitiria aquela falta de profissionalismo.

Eu tinha seu contato pessoal para exatamente poder falar com


ela quando precisasse fora do horário de trabalho e mesmo assim a

garota simplesmente ignorou minhas mensagens.

Por fim, resolvi me desligar do mundo e deixei que o mundo

dos sonhos tomasse meu corpo. Parecia que havia acabado de

fechar os olhos, quando o celular apitou e o alarme com um som

chato começou a reverberar pelo ambiente.

Estava tão cansado nos últimos dias que as minhas noites de

sono não pareciam ser o suficiente para me fazer acordar

descansado, na verdade, se fosse certo afirmar, parecia que se eu


dormisse ou deixasse de fazer aquilo seria a mesma coisa, pois

continuaria exausto.

Levantei-me da cama e parti para o banheiro, tomei uma

chuveirada rápida, em seguida fiz minha higiene matinal e depois de

enxugar meu corpo me vesti com um dos meus ternos caros, com

tecido italiano e toda aquela babaquice que os deixavam mais caros

do que o que normal.


Se pudesse só andava de forma desleixada por todos os

lugares. Era muito mais gostoso poder usar algo confortável, porém,
para ser um empresário de sucesso precisava agir de tal forma,

então os ambientes que frequentava sempre pediam aquele tipo de


vestimenta.

Passei as mãos molhadas pelos meus cabelos, porque aquilo


era algo que não mudava, adorava deixá-los em um penteado
bagunçado, já que não dava para ser engomadinho demais ou eu

acho que morreria de desespero.

Assim que estava pronto, peguei meu celular que tinha

deixado na mesinha de cabeceira e verifiquei se Laura tinha me


respondido, para meu total ódio com pessoas descompromissadas,

não tinha nem mesmo visualizado minha mensagem.

Coloquei o aparelho dentro do bolso da calça e caminhei para


fora do quarto. Sairia mais cedo de casa, para não me atrasar para

a reunião e também para não pegar tanto trânsito, já que São Paulo
era sempre insuportável naquele quesito.

Fui todo o caminho até o estacionamento do prédio em que


morava pensando no que faria com Laura. Eu não era uma pessoa
insensível, mas ser ignorado me deixou irado e provavelmente a

garota seria demitida naquele dia.

Entrei no SUV assim que parei ao lado do automóvel e fui

para a empresa. Aquelas horas se passaram como um borrão, a


secretária não apareceu e eu fui obrigado a além de me reunir com

os investidores, anotar tudo sozinho.

Por qual motivo eu pagava àquela garota se quando mais

precisava ela não podia me ajudar?

Quando deu oito e meia, a reunião acabou e eu saí da sala


indo direto para o meu escritório.

Meus olhos bateram diretamente na mesa de Laura e lá


estava ela, sentada na cadeira, focada no computador como se não

tivesse me ignorado a noite passada.

Assim que percebeu que eu me aproximava, Laura tirou a

atenção do computador e voltou aqueles olhos tão azuis na minha


direção.

O ódio que fervilhava em mim falou mais alto e eu esbravejei:


— Por que caralhos não compareceu na reunião que te
avisei?

Bati a mão na sua mesa e em seguida encarei com mais


determinação seu rosto, somente naquele momento, percebendo
que mesmo com a maquiagem seu olho estava roxo.

Cerrei o cenho e senti meu corpo gelar ao ver aquilo. Laura


me olhou assustada, mas levantou-se rapidamente da cadeira em

que se encontrava.

— Senhor, eu juro que não sabia que tinha uma reunião.

Naquele momento esqueci que ela não tinha me respondido,

contornei a mesa, ainda sentindo o sangue em minhas veias


parecerem pedras de gelo.

Segurei um dos seus braços com uma das mãos e a outra


levei ao seu rosto, sem acreditar que alguém a tinha machucado.

Aquela mulher tão linda, tão doce, sempre tão educada.

— Quem ousou encostar a mão em você? — rosnei.

Eu mataria o desgraçado que havia feito aquilo.


E para meu total desespero Laura ficou com os olhos
marejados e uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

— Desculpa! — pediu, enxugando a lágrima. — Eu juro que


não faltei à reunião por que quis, nem sabia que teria alguma, eu só
fui…

— Ei! — cortei-a. Puxei-a para meus braços e a abracei sem

me importar com as consequências daquele ato. — Não precisa se


desculpar, vamos para minha sala, para que me explique o que

aconteceu.

Abracei a sua cintura com meu braço e a conduzi até lá,

fechando a porta em seguida.

O ódio estava fervilhando pelo meu corpo, mas estava


tentando manter a calma, para que ela não ficasse mais assustada

do que já estava.

— Quem fez isso, Laura? — Voltei a perguntar, quando ela

estava mais calma, minhas mãos voltaram a acalentar seus braços.

— Ontem quando estava chegando em casa, fui assaltada,

tentei não entregar meus pertences, porém, eles me agrediram e…


Mais lágrimas escorreram pelo rosto de Laura e a raiva que já

tinha tomado os meus sentidos, terminou de se apossar do resto do


meu corpo. Eu queria acabar com quem tinha feito aquilo com ela.

— Quantos foram?

— Dois! — respondeu, completamente abalada.

— Não deveria ter vindo hoje — comentei.

E talvez a culpa tenha me tomado, por eu ter duvidado do


profissionalismo daquela mulher.

— Não deixaria o senhor na mão. Se soubesse que tinha

alguma reunião antes do horário comercial estaria aqui, me

desculpe, senhor, eu…

Toquei seus lábios carnudos com meu indicador e o olhar

marejado de Laura se voltou para os meus.

Aquela aproximação era o que deveria ser evitada, porque

Laura era muito linda, pelos terninhos que vestia eu sabia que ela
era uma grande gostosa, mas não podia… não podia fazer com ela

o mesmo que fazia com outras, porque ela parecia não ter
mentalidade suficiente para entender o que era somente sexo e

muito menos que era só por uma noite.

Desviei minha atenção de Laura, afastei-me do seu contato e

disse:

— Não se preocupe, eu entendo, não a repreenderei por isso.

Sendo que antes eu até queria colocar a garota no olho da

rua.

Laura sorriu, meio sem graça na minha direção e assentiu.

— Obrigada, senhor!

Tirei o celular do bolso e olhei as horas, quase nove da

manhã.

— Já tomou café da manhã? — indaguei.

Laura parecia não entender aonde eu queria chegar, mas

respondeu mesmo assim.

— Não, estava sem fome.

— Vamos a uma padaria, acho que comer pode te deixar

menos triste.
Vi suas bochechas corarem.

— Senhor, eu…

— Não aceitarei um “não” como resposta. — Fiz aspas com os

dedos.

O sorriso de Laura aumentou e ela assentiu.

— Tudo bem, então vamos!

Ela saiu antes de mim do escritório e por dentro estava me


perguntando “que porra eu estava fazendo?”

Revirei os olhos e acompanhei a secretária até o elevador,

logo estávamos indo para a padaria que ficava perto da empresa.

Talvez fossem as lágrimas que tivessem derretido o meu

coração de gelo…

Ao menos era naquilo que eu queria acreditar!


CAPÍTULO 05

Estava um pouco sem graça por estar sentada em uma mesa,


na padaria que ficava perto da empresa, com meu chefe.

Não que Frederico tivesse feito alguma coisa para que eu me

sentisse daquela maneira, no entanto, ao me lembrar como me


tratou de forma tão protetora, me senti um pouco acolhida e talvez

até importante para aquele homem.

— Seu chocolate quente está bom? — Frederico perguntou e

eu sorri para ele.


— Está sim, senhor!

Tomei mais um gole da bebida adocicada e Frederico me

observava. Pela sua expressão ele parecia estar com medo de eu

me quebrar a qualquer momento.

— Ainda acho que você deveria tirar o dia de folga, Laura.

Revirei os olhos.

— Foi só um assalto, eu me assustei na hora, mas estou bem.

Com o olho roxo, no entanto, nada pior aconteceu, o que já me faz


sentir completamente agradecida.

Frederico, para minha total surpresa, segurou minha mão por


cima da mesa e eu engoli em seco. O que estava acontecendo com

aquele homem?

— Não sou o melhor homem do mundo, mas quando te vi com

esse machucado, a vontade que tive foi de acabar com a vida de

quem o fez. Nenhuma mulher merece passar por agressão física.

Eu já estava completamente encantada com ele, toda boba e

apaixonada e ele ainda fazia aquilo?

Ah, Deus!
Como eu conseguiria manter meu pobre coração intacto
quando Frederico estava me tratando de forma tão maravilhosa?

O homem percebendo que ainda estava com a mão sobre a


minha, acabou a afastando e sorriu na minha direção.

— Bom, depois te colocarei a par da reunião de mais cedo.

Assenti, me sentindo um pouco culpada por não ter estado


presente. Já que eu sabia muito bem o quanto Frederico Salles

podia ser uma pedra no sapato, quando se tratava de atrasos e tudo

mais que envolvia a sua empresa.

— Tudo bem, senhor!

Voltei a tomar o chocolate e dei uma mordidinha no croissant

que meu chefe havia me comprado.

— E também precisamos nos organizar para a viagem que

faremos.

Somente naquele momento me lembrei da conversa do dia

anterior. Por sorte, meu passaporte ficava guardadinho na minha

casa, já que se o tivesse perdido estaria muito lascada.

— Sim, já devo começar a organizar minhas malas?


Frederico encarou o celular, provavelmente verificando o dia

que iríamos.

— Iremos em seis dias, então fica a seu critério se deve ou

não já preparar as malas.

— Quantos dias passaremos lá, senhor?

— Uma semana!

Fiquei um pouco ansiosa.

— Poderei conhecer a cidade? — Fiz a pergunta sem pensar.

Frederico levou seus olhos na minha direção e sorriu.

— Você quer conhecer a cidade?

A voz grossa ressoou pelo ambiente ou foi minha audição


apaixonada que elevava aquele homem em um patamar quase
inalcançável.

— Como nunca saí de São Paulo, será minha primeira vez


viajando e ainda uma viagem internacional.

Frederico sorriu mais uma vez, no entanto agora, era um


sorriso torto que fez todo o meu corpo tremer e eu agradeci
mentalmente por estar sentada, se não seria possível que eu caísse

no chão.

— Fique à vontade para fazer o que quiser no seu tempo livre,

Laura.

Meu nome sempre foi tão bonito daquela forma, ou era só por

ser Frederico o estar murmurando daquele jeito?

— Obrigada, senhor!

— Para de me agradecer, Laura. Eu também não sou um filho

da puta que não entende as coisas.

Nunca vi Frederico me abordar de forma tão… normal. Ele

sempre me tratou como uma simples funcionária, que era o que eu


era, mas naquele dia, o assunto sobre o assalto que sofri, fez com

que percebesse que eu era uma pessoa com sentimentos.

Depois daquilo, voltamos para a empresa e o dia passou

voando, já que devido à minha ausência para acompanhar o meu


chefe até a padaria, havia atrasado algumas pendências.

No final do dia, estava exausta e pronta para voltar ao conforto


da minha casa, caminhei até a sala de Frederico e depois de bater
em sua porta e receber a autorização para entrar, surgi dentro do
local e murmurei:

— Senhor, já estou de saída, precisa de mais alguma coisa?

Frederico tirou os olhos da tela do computador e me encarou.

— Não, estou indo também!

Aquilo me surpreendeu, porque meu chefe nunca saía no


mesmo horário que eu. Frederico era conhecido por chegar cedo e
sair tarde da empresa, aquilo era novidade.

— Tudo bem! Até amanhã, senhor!

Dei as costas para ele, porém, antes que eu pudesse dar um


passo sequer na direção do corredor, o homem deliciosamente gato

me chamou e eu me voltei na sua direção.

— Vou te levar em casa hoje.

Engoli em seco ao ouvir suas palavras.

— O senhor o quê?

Meu coração começou a correr uma maratona. Já não bastava

o toque de Frederico em minha pele nessa manhã? Ele ainda queria


terminar de destruir meu juízo me falando aquelas coisas.

— Vou te dar uma carona, Laura! Fiquei preocupado com esse

assalto.

— Senhor, não precisa.

Ele se levantou da mesa, pegou sua carteira e o celular que

estavam dispostos sobre a mesa e sorriu para mim.

— Precisa sim, Laura e eu não vou aceitar um não como

resposta.

Respirei um pouco mais forte do que o necessário, porque não


sabia se terminaria bem dentro de um espaço minúsculo com

Frederico, ele… ele mexia demais comigo.

Só que também era ciente de que aquele homem realmente


não aceitaria minha negativa, o jeito era passar pelo martírio com

ele ao meu lado.

Ah, como eu sofreria!

— Eu aceito, senhor! — respondi, sentindo a derrota tomar

meu corpo.
Sim, derrota, porque eu sabia muito bem que meu chefe

nunca me daria a oportunidade de mostrar a ele o quanto eu podia


ser uma mulher perfeita para ele.

O quanto eu podia ser mais do que suficiente em sua vida do

que todas as com que ele saía.

Frederico mesmo sem querer esmagava meus sentimentos e


eu como uma boba aceitava tranquilamente as migalhas que ele me

dava.

Quando entramos no elevador e seu perfume tomou o espaço

minúsculo, só pensei no quanto a viagem seria longa até minha


casa…

Longa demais!
CAPÍTULO 06

Onde eu estava com a cabeça?

Provavelmente dentro da bunda ou algo do tipo!

Eu nunca… nunca mesmo, havia sido tão cordial com uma

pessoa, só pelo fato de eu ter me sentido mal, por tê-la julgado

mesmo sem saber realmente dos fatos.

E ali estava eu, dirigindo para um bairro em que eu nunca

tinha botado os meus pés, com minha secretária sentada ao meu


lado, completamente em silêncio e parecendo totalmente

envergonhada daquele meu gesto inesperado.

Tinha quinze minutos que estávamos dentro do carro e o

silêncio reinava pelo ambiente. Claro que o congestionamento, nos


faria ficar por um longo tempo parados, por isso, tomando mais uma

atitude impensada naquele dia, comecei a dizer:

— E aí, você gosta de ouvir músicas?

Que tipo de pergunta era aquela?

Parecia um idiota que nem sabia conversar com mulheres.

— Gosto sim, e o senhor?

Cerrei meu cenho. Aquele era o problema de tentar interagir


com alguém, a outra pessoa também queria fazer perguntas sobre a

sua vida.

— Depende do meu humor.

— Que nem sempre é dos melhores.

Laura murmurou tão casualmente que parecia nem ter


percebido o que disse. Voltei meus olhos na sua direção e assim
que se atentou ao que tinha dito, ela arregalou os olhos azuis e por
um momento pensei que eles pulariam para fora do seu rosto.

— Quer dizer…

— Bom saber que você está ciente do meu humor complicado,

Laura.

Mesmo dentro do carro, com a luz parca do lado de fora, pude


perceber as bochechas da garota corarem.

— Senhor, eu não quis…

— Você quis sim, Laura.

Fiquei irritado só para comprovar que a garota estava certa.

— Senhor…

— Laura… — Voltei-me na direção dela, aproveitando que o

trânsito estava parado. — Eu sou um idiota, mas tudo bem, não

precisa ficar se explicando, você não falou por mal eu sei.

Engoli em seco e agradeci que o trânsito deu uma leve

avançada. Pelo canto do olho era possível ver que a garota tinha

voltado para a frente, mas sua cabeça estava baixa e encarava seus
dedos. Eu era um imbecil, porque só a deixava sem graça.
— Não precisa ficar assim, Laura — murmurei.

— É porque o senhor às vezes pode pensar que eu sou uma

péssima pessoa.

De onde ela havia tirado aquilo?

— Nunca pensei isso!

Para falar a verdade, eu só pensava nela como uma pessoa


boa, por isso nunca... nunca mesmo a comparei com as mulheres
com quem eu saía.

Nem mesmo cogitei levá-la para jantar fora, pois sabia que
aquilo acabaria somente de um jeito: com Laura nua em minha

cama, sendo fodida por mim, com força, do jeito que eu mais
gostava de fazer.

Só que por saber de quem era filha e como demonstrava ser


tão doce, eu não podia fazer com ela como fazia com as outras que

entendiam o que significava somente sexo.

— Tudo bem, senhor!

Ela sorriu e desanuviou a expressão tristonha que havia

tomado seu rosto.


Talvez Laura soubesse usar bem uma máscara que

escondesse seus verdadeiros sentimentos, porque se eu fosse


admitir a mulher tinha sangue frio, para poder me aguentar daquela

maneira.

Por fim, depois de quase duas horas no trânsito infernal, parei

o carro em frente ao portão da sua casa. Eu nunca tinha estado


naquele lugar e mesmo que aparentasse ser uma casa simples,

tinha completa certeza de que Dona Juliana cuidava bem de Laura e


a amava muito.

Algo que me faltou desde os quinze anos.

Amor de mãe e pai...

Tentei não pensar naquilo e voltei a encarar a minha

secretária.

— Está entregue, sã e salva desta vez.

Laura sorriu e eu tinha que confessar que vê-la sorrindo


daquela forma, me deixava meio vidrado com sua beleza.

— Muito obrigada, senhor. Não quis atrapalhá-lo.


— Não foi incômodo algum, Laura. Eu não gostei de imaginar
você voltando para casa sozinha. O trauma do assalto deve estar na
sua mente e querendo ou não pode ser que fique por um tempo.

Ela assentiu, no mesmo momento em que a porta da frente da


casa foi aberta e Dona Juliana surgiu.

— O senhor quer entrar? — Laura perguntou.

— Não, vou para casa, aproveitar que agora estarei contra o


fluxo, chegarei mais rápido.

— Boa viagem de volta!

A secretária abriu a porta do carro e assim que saiu, Juliana

me viu e acenou para mim.

— Oi, meu menino! Como está?

A mulher me ajudou muito quando encontrei meu pai sem

vida. Sempre me sentiria grato por ela.

— Estou bem e a senhora?

— Estou bem também, querido. Vamos entrar?


— Não, dona Juliana, vou para casa, quis trazer a Laura para
que nada de ruim pudesse acontecer com ela novamente.

A senhora abriu um sorriso na minha direção e rapidamente


encarou a filha.

— Estava toda apreensiva de ela voltar sozinha, muito


obrigada, Frederico.

— Por nada!

Juliana acenou na minha direção em forma de despedida,


Laura me olhou uma última vez e depois de balançar a cabeça em

forma de despedida fechou a porta do carro e entrou na casa,

abraçada à mãe.

Ao menos eu ainda conseguia fazer o bem para alguém no


meio daquele caos que eu chamava de vida.

Assim que voltei a ganhar as ruas de São Paulo, meu celular

tocou, atendi pelo bluetooth do carro sem nem mesmo olhar quem

ligava.

— Alô!

— Oi, Frederico!
A voz feminina tomou o carro silencioso e eu sorri, não sabia

quem era, mas já estava gostando daquela ligação.

— Quem fala?

— Aqui é a Leila Drumond, uma das investidoras que estava

presente na reunião de mais cedo.

Abri um sorriso ainda maior, percebi que a mulher estava me

comendo com os olhos, mas estava tão possesso com a falta de


Laura que fui obrigado a não cair na tentação.

— Oi, Leila! Tudo bem? Aconteceu algum problema na

reunião? — Fiz-me de desentendido.

A mulher soltou uma risada gostosa do outro lado e ronronou:

— Aconteceu, Frederico! Você não olhou na minha direção,

então, estou pensando que talvez poderia vir no hotel que estou

hospedada e eu te mostrar que valho a pena ser olhada.

Mordi o lábio inferior, sentindo meu amigão ficar alegre só por


ouvir aquela proposta.

— Espero que esteja em um dos meus hotéis.


— Estou sim, venha me encontrar no que fica localizado no

Itaim Bibi, garanto que não se arrependerá.

— Fique no meu aguardo, Leila Drumond. Não demorarei.

Depois de me despedir da mulher, ela encerrou a ligação e eu


me senti relaxado.

Iria foder muito aquela noite...

E só o pensamento do que viria a seguir me deixou mais

leve... eu amava foder... não valia nada e gostava de ser assim.

Sem amarras...

Sem sentimentos...

Somente sexo!
CAPÍTULO 07

Estava saboreando a sopa que minha mãe havia feito, depois


de sair do banho relaxante que tomei quando cheguei e percebi que

hora ou outra ela me encarava.

Sabia muito bem o que estava esperando, mas não tinha nada

para lhe contar, já que Frederico só tinha me oferecido uma carona,


que fora meio impossível recusar, ainda mais quando ele se tornava

um tanto quanto insistente quando queria algo.

Não consegui me controlar, quando mais uma vez senti seus

olhos na minha direção.


— O que foi, mamãe? — indaguei.

Ela chegou a engasgar assim que fiz a pergunta.

— Eu não disse nada, querida!

Depositei a colher por cima do prato e a fuzilei.

— Mas seus olhos estão quase me deixando pelada, o que


está se passando nessa mente?

— Que culpa eu tenho, se Frederico Salles, te trouxe até aqui.


Um bairro completamente distante de onde ele mora, um bairro que

ele nem mesmo devia conhecer, porque duvido que aquele garoto

que sempre foi rico conheça o subúrbio.

Sorri com suas palavras, porque mamãe estava


completamente certa em seus pensamentos.

— Também fiquei meio chocada quando ele disse que me

traria.

Ela tomou mais uma colherada da sopa e fez uma expressão

sapeca.

— Ele deve ter ficado preocupado com você.


Lembrei-me de mais cedo quando Frederico viu o machucado
em meu rosto.

— Quem ousou encostar a mão em você?

Sua voz estava tão grossa quando disse aquela frase e eu

mesmo toda fodida emocionalmente me senti transportada para


algum livro que costumava ler, ou alguma série, filme romântico.

Nunca imaginei que o homem que me fazia sonhar acordada se

preocuparia comigo daquela forma ao me ver machucada.

Os olhos dele pareciam chamuscar de raiva, ao ver o roxo em

meu olho. Eu tive certeza absoluta de que Frederico podia mesmo

matar alguém que fizesse mal a mim.

Mas ainda ficava me questionando o motivo de ele ter ficado

daquela forma. Ele nunca demonstrou nem mesmo gostar da minha

presença, mas foi só eu surgir machucada para que me tratasse


assim.

Aquele homem era uma incógnita.

Tudo bem! Ele tinha falado que não aguentava ver mulheres

sendo machucadas e aquele era um ponto alto, mas eu nunca tinha


imaginado que ele pudesse reparar tão bem em mim, de maneira
que conseguisse ver o roxo na minha pele, que estava carregada de

maquiagem para esconder exatamente aquele machucado.

Ninguém mais havia percebido, porém, Frederico tinha me

enxergado no meio de tudo… tinha percebido que eu não estava


bem e pela primeira vez, desde que comecei a trabalhar naquela

empresa, ele me tratou como uma pessoa importante.

— Ele realmente pareceu se preocupar, mamãe! Ele me levou

até mesmo para tomar café da manhã, quando soube que eu não
tinha comido nada.

Dona Juliana, que sempre tinha uma piadinha pronta,


arregalou os olhos e sorriu de forma cúmplice por mim.

— Será que o senhor Salles está caidinho pela minha filha?

Daquela vez fui obrigada a soltar uma gargalhada.

— Ele só foi educado, mamãe — murmurei aquilo, mais para

mim do que para ela, não podia acreditar em suposições.

Frederico nunca iria querer nada comigo, ele só tinha me


tratado daquela forma por perceber que eu estava toda
traumatizada e machucada.
Terminei de comer a minha sopa, lembrando que na noite

passada não havia falado da viagem com minha mãe.

— Ah, semana que vem vou viajar para fora do país —

sussurrei.

— Para onde?

— Nova Iorque!

Não sabia qual a reação da minha mãe, desde que meu pai
havia falecido, não a tinha deixado sozinha, aquela seria a primeira

vez e eu não tinha certeza se estava fazendo o certo.

E se algo acontecesse com ela quando eu estivesse fora?

— Ah, minha filha! Será a trabalho?

Assenti e fiquei a encarando, para tentar decifrar sua


expressão. Para ao menos saber se ela realmente tinha gostado da

ideia.

— O que foi? — perguntou-me, assim que percebeu que eu a

olhava.

Mordi meu lábio e em seguida respirei um pouco mais fundo.


— Não sei se estou preparada para deixar a senhora sozinha,
mamãe.

Ela se levantou da mesa, pegou nossos pratos e levou até a


pia da cozinha.

— Querida, eu estou bem! Vou estar aqui quando você voltar.


E também é uma viagem a trabalho, você é obrigada a ir, só não
deixe de se divertir, não se preocupe com essa velha aqui, você

precisa curtir o mundo, minha filha.

Levantei-me da cadeira e fui até ela. Mamãe abriu os braços e


eu a abracei.

— Nunca fiquei longe da senhora, será algo novo e


provavelmente estranho — confessei.

— Mas eu te criei para curtir o mundo, meu amor. Não precisa


ter medo, sei muito bem que você sabe se virar sem mim.

— E a senhora sabe se virar sem mim? — Quis saber, mas


mamãe percebeu o tom de brincadeira.

Por isso mesmo, soltou uma risada e acariciou meu rosto.


— Querida, eu sei sim, não precisa se preocupar comigo. —
Voltei a abraçá-la, enquanto ela continuou falando: — Só me
prometa que vai curtir muito essa viagem.

— Eu prometo, mamãe!

Iria tentar curtir ao máximo na verdade.

Tudo o que ainda não tinha curtido.


CAPÍTULO 08

O dia da viagem havia chegado…

Naquele instante estava esperando Laura chegar ao aeroporto

e não demorou muito para que visse as portas automáticas abrirem


e a garota surgir vestindo uma calça mais folgada, um moletom e

tênis.

Nunca vi Laura tão casual e gostei daquele novo estilo que a

vi vestindo. Porque era bom para uma viagem que demorava muitas

horas, ao menos estar confortável dentro do avião.


— Bom dia, senhor!

— Bom dia, Laura!

Eu não era bobo e nem cego, por isso, peguei o exato


momento em que os olhos de Laura passaram por todo o meu corpo

e vi que passou a língua pelos lábios para umedecê-los.

Já a havia visto diversas vezes fazer aquilo na empresa, mas


nunca dei moral… novamente pensava que ela era inocente e não

merecia nem mesmo que eu tivesse pensamentos safados com ela.

— Está preparada para voar? — perguntei.

— Não!

Sorriu meio nervosa.

— Será tranquilo, pode confiar.

Ela assentiu, mas percebi que estava meio vacilante.

Por fim, organizamos todas as burocracias necessárias e logo

estávamos dentro do jatinho. Laura estava sentada à minha frente e

olhava pela janela.


Enquanto eu a observava do outro lado, mas fingindo que
olhava alguma coisa no tablet que segurava.

Seus dedos estavam apertando um ao outro e aquilo era um


jeito de demonstrar o quanto estava nervosa.

— Quer tomar alguma coisa, Laura? — perguntei, quando


comecei a sentir o jatinho se mover pela pista.

Os olhos azuis se direcionaram até meu rosto e ela negou,

mas não disse nada.

— Quer que eu me sente ao seu lado?

Ela engoliu em seco, foi fácil perceber aquilo. E continuou sem


me dizer nada. Desativei a tela do tablet e antes que o jatinho

ganhasse o céu me sentei ao seu lado, afivelando o cinto

rapidamente.

Quando o avião aumentou velocidade, Laura que estava com

a expressão fechada segurou minha mão, mesmo que não tivesse

me pedido e eu pude perceber o quanto seus dedos estavam

gelados e suando mais frio ainda.


— Se acalma, Laura — sussurrei, tomando a liberdade de me

aproximar do seu ouvido.

Ganhamos o ar e a sensação de que estava despencando

tomou nossos corpos, mas logo estávamos estabilizados e as


nuvens já podiam ser observadas da janela do jatinho.

— Está melhor? — Voltei a sussurrar pelo do ouvido de


Laura.

Seu perfume tomou meu olfato e seu cheiro parecia muito

viciante. Por um momento me repreendi, porque não podia pensar


em perfume viciante ou em nada daquele tipo.

Na verdade, nunca havia direcionado aquele tipo de


pensamento a ninguém, então não sabia o motivo de ter pensado
aquilo de Laura.

Por fim, a garota voltou seus olhos para mim e sua expressão
aterrorizada havia abrandado e era perceptível que estava bem

mais calma.

— Sim, senhor! Eu estava com medo de algo dar errado, mas

percebi que estava só sendo dramática, ver as nuvens...


Ela parou de falar e olhou pela janela do jatinho.

— São lindas, não é?

Ela assentiu e só naquele momento percebeu que ainda


segurava sua mão. Laura encarou nossos dedos entrelaçados e
mais rápido que pôde os afastou.

— Desculpe por monopolizar a mão do senhor.

Fui obrigado a sorrir com suas palavras. Aquela garota falava


cada absurdo que eu me sentia na obrigação de sorrir também

daquilo. Algo que não fazia muito.

— Você não monopolizou nada, garota.

Logo uma das comissárias apareceu e perguntou se


queríamos algo, acabei só pedindo um copo de água e Laura não

quis nada.

Passamos algumas horas conversando banalidades, para que


Laura não se sentisse mais nervosa e ela pareceu bem relaxada à

medida que as horas passavam.

Aproveitei para pegar meu tablet e verificar algumas coisas do

trabalho. Não podia negar que era um workaholic, mas sabia muito
bem que era por não ter nada melhor na vida, por isso, focava
sempre no trabalho e somente no trabalho.

Continuei sentado ao lado de Laura durante o voo e em algum


momento senti sua cabeça se encostar em meu ombro. Parei de
mexer meu corpo, enquanto a sentia repousar.

Olhei para o lado e vi que dormia tranquilamente. No jatinho


possuía uma suíte com uma cama QueenSize, mas não sabia se

ofereceria para ela se deitar ali, já que pensar em Laura deitada em


uma cama tão perto de mim, não era algo bom.

Balancei minha cabeça repreendendo aquele pensamento.

Estava parecendo um tarado pensando daquela forma da garota


inocente que estava sentada ao meu lado.

Resolvi recostar minha cabeça e fechei meus olhos. Era


melhor dormir no restante da viagem do que ficar pensando naquilo.
Agradeci mentalmente, antes de cair no mundo do sono pela viagem

demorar somente oito horas, porque se fosse um voo comum


poderia ser muito pior.

Não sei em que momento pousamos, mas acabei acordando


sentindo um leve cutucão em meu braço. Abri meus olhos
lentamente e vi os da minha secretária me encarando de volta.

— Oi, senhor! Estamos em terras Norte-Americanas.

Ajeitei-me na poltrona e me espreguicei.

— Foi bom tirar uma soneca, o voo passou mais rápido.

Laura sorriu sem graça e apontou para o meu ombro, eu tinha


preferido ficar confortável também, por isso estava somente com

uma camisa social, uma calça jeans e coturnos.

Olhei para o lugar que ela apontou e vi uma marca de água no

lugar.

Encarei-a tentando entender o que era aquilo.

— Por que o senhor não me acordou antes? Eu meio que

acabei babando no ombro do senhor.

As bochechas de Laura que já coravam com facilidade,

acabaram ganhando uma tonalidade tão vermelha que ela não


precisaria usar nenhuma maquiagem para ganhar tom de saúde.

— Você babou no meu ombro? — indaguei e percebi que

minha voz havia ganhado um tom áspero.


— Desculpa, senhor... é que...

— Silêncio, Laura!

Ela se calou e eu me amaldiçoei. Eu que a deixei deitada em

meu ombro, por que estava com raiva agora? Aquilo era bom para

aprender a não fazer coisas estranhas em relação a Laura.

— Vamos só para o hotel!

Levantei-me da poltrona do jatinho, depois de desatar o cinto


e saí à frente, sem me importar em esperar minha secretária.

Estava parecendo um homem fresco, importando-me com

uma babinha, mas porra aquilo só aconteceu porque eu ficava

abrindo exceções para aquela garota...

Toda vez, precisava me lembrar de não me aproximar muito

da minha secretária, senão acabaria voltando tudo e acabaria

machucando aquela menina que era a porra de uma mulher


inocente.

Deixei-a dormir em meu ombro... balancei a cabeça, assim

que o motorista que trabalhava para mim em Nova Iorque, abriu a

porta do carro e eu entrei.


Nem mesmo as minhas fodas diárias eu deixava se

aproximarem tanto quanto a Laura.

O que aquela menina tinha de especial?

Logo ela se sentou ao meu lado e o motorista partiu para um


dos meus hotéis na cidade que nunca parava. O silêncio tinha

recaído sobre o ambiente do carro, mas não pude deixar de

perceber o quanto Laura estava curiosa em relação a tudo.

Passamos pela ponte mais conhecida de Nova Iorque e Laura


tirou algumas fotos com seu celular.

Turista!

Revirei meus olhos, porém, me lembrei da primeira vez que

estive naquele lugar. Não tinha ninguém para compartilhar minha


felicidade, então, não podia julgar Laura que ainda tinha sua mãe

como companhia.

Chegamos ao hotel, desci do carro e encarei a construção

opulenta à minha frente.

O hotel era requintado, parecia uma obra de arte no meio de


Nova Iorque. Sua construção havia sido inspirada no Palácio de
Buckingham e eu me orgulhava daquela arquitetura.

Quando passamos pelas portas automáticas, uma fonte ficava


no meio da recepção que se assemelhava muito a um jardim. Com

espelhos no teto que refletiam tudo o que acontecia naquele lugar.

Quando as recepcionistas do lugar me viram abriram um

sorriso, ao menos duas delas já haviam parado em minha cama,


talvez até mesmo as duas ao mesmo tempo, mas se pensavam que

repetiriam a dose estavam muito enganadas.

Assim que perceberam Laura ao meu lado fecharam a

expressão. Elas sabiam que naquela viagem em questão, eu estaria


acompanhado da minha secretária, mas talvez não soubessem que

Laura fosse tão bonita.

— Boa tarde! — cumprimentei-as.

— Boa tarde, senhor! — Ignoraram a garota ao meu lado.

— Esta é Laura! — apresentei-a para as garotas, já que não


queria que se sentisse envergonhada. — Laura, essas são as

meninas que trabalham aqui.


Talvez as recepcionistas tivessem sentido um pouquinho de

raiva por eu não as ter apresentado pelos nomes, mas eu não me

lembrava e também não me importava.

— Boa tarde! — A secretária as cumprimentou.

— Os cartões das suítes que mandei reservar — pedi, sem

me importar com a expressão de poucos amigos no rosto delas.

— Claro!

Elas pegaram os cartões de acesso e me entregaram, depois

de me despedir, segui com Laura para o elevador, enquanto nossas


malas provavelmente já deveriam ter sido deixadas em nossas

suítes.

— Senhor, aqui é lindo! — Laura comentou, quando saímos

para o corredor que nos levaria aos nossos quartos.

Eu a havia deixado na suíte master em frente à minha, pois

quis que tivesse uma experiência tão incrível quanto podia. Já que

escolhi aquele quarto, quando soube do seu assalto, que por sorte o
roxo em seu rosto já havia sumido, senão eu não me controlaria e ia

acabar cometendo algum tipo de loucura e caçando os filhos da

puta que fizeram aquilo com ela.


— Prontinho! — Passei o cartão na porta que a destravou e o

entreguei a ela. — Hoje caso não esteja muito cansada pode curtir a
cidade, tem um restaurante com uma comida muito boa no hotel,

pode colocar tudo na conta da empresa.

Eu já havia me acalmado em relação ao fato do que havia

acontecido no jatinho, então, Laura já parecia estar mais tranquila


também.

— Obrigada, senhor!

— Por nada!

Laura sorriu e se afastou, logo despedindo-se e fechando a

porta.

— Espero que seja uma boa viagem! — murmurei, antes de

entrar no quarto.

Bati a porta e fui direto tomar um banho, era só daquilo que

precisava naquele instante…

O futuro da viagem eu descobriria depois.


CAPÍTULO 09

Estava estática no meio do quarto, deixando somente que


meus olhos corressem por toda a suíte em que eu estava

hospedada. Talvez aquele lugar fosse do tamanho inteiro da minha

casa e naquele instante percebi o quanto o dinheiro era importante

para se viver bem.

Não que eu não amasse minha vida, mas puta que pariu… se
eu possuísse um terço do que Frederico tinha, com certeza eu seria

muito mais feliz.


A suíte era enorme, com a maior cama que eu já tinha visto

em toda a minha vida. Uma penteadeira, que representava os


tempos antigos, chamou minha atenção e eu provavelmente tinha

sido transportada para um quarto de livro de época.

A pintura do quarto me deixou completamente extasiada.

— Uau! — murmurei.

Precisava mostrar aquilo para minha mãe. Peguei meu celular

— que havia comprado alguns dias antes da viagem —, e liguei em

chamada de vídeo para ela. Minha mãe era como eu, adorava ver

coisas novas e quando mostrei para ela todo o quarto ela soltou
gritinhos de felicidade.

Aproveitei para mostrar a vista da sacada do lugar, ao longe

eu conseguia ver a Estátua da Liberdade. Nossa, muitas pessoas


matariam para ter aquela vista.

E ali estava eu, Laura Bueno, que não tinha onde cair morta,
vivendo um dos melhores momentos da vida.

Depois de finalizar a ligação, coloquei minha mala sobre a


cama enorme e a abri, peguei um pijama e parti para o banheiro,
que também não deixou a desejar e tinha até mesmo uma
banheira.

Abri um sorriso de orelha a orelha e fui em direção daquele


lugar.

Porra! Eu nunca tinha tomado banho em uma banheira,


aquela seria a primeira vez e seria em grande estilo.

Quando entrei dentro da água quente, cheia de sais

aromatizantes, me senti poderosa, linda e perfeita.

Tudo bem! Talvez eu estivesse exagerando um pouquinho,

mas naquele instante eu podia exagerar o quanto quisesse.

Abri um sorriso, deixei meu corpo descer pela água e afundei

até mesmo minha cabeça, molhando o cabelo e tudo.

Não sei quanto tempo passei naquele lugar, mas meus dedos

até mesmo ficaram enrugados. Quando saí da banheira, vesti um

roupão felpudo e enrolei uma toalha na cabeça.

Voltei para o quarto, novamente sendo tomada pela imagem

daquele quarto completamente incrível.


Caminhei até a penteadeira, sentei-me em frente a ela e

encarei o espelho. Olheiras despontavam por baixo dos meus olhos,


provavelmente pela noite maldormida, já que fiquei ansiosa demais

com a viagem, sem contar que me estressei muito quando o jatinho


estava ganhando os céus.

No entanto, não podia negar o quanto tinha sido uma


experiência sensacional, depois do medo passar, cheguei à
conclusão de que queria sempre viajar de avião, a partir do

momento que existisse alguma oportunidade eu faria um passeio


daqueles por simplesmente ter amado.

Tirei a toalha do cabelo. conectei o secador que estava em


cima da penteadeira na tomada e comecei a secar meus fios, que

eu nunca soube se eram ondulados ou lisos, dependia do dia e do


humor do meu cabelo.

Quando estava seco, penteei os cabelos e caminhei até a

cama, assim que deixei meu corpo cair sobre o colchão senti todos
os meus músculos relaxarem, que cama maravilhosa, que lugar
incrível.

Estava completamente extasiada com aquela viagem! Mesmo


que fosse a trabalho, me sentia nas nuvens por estar
experimentando aquela sensação.

Não sei em que momento adormeci, mas acabei acordando


devido a um som constante que eu quis não escutar e só continuar

dormindo.

Estava exausta!

No entanto, quando percebi que aquele som não passaria,

sentei-me na cama e recapitulei onde estava... hotel, cama perfeita,


lugar lindo, Nova Iorque!

Puta que pariu! Levei meus olhos rapidamente para a janela e


percebi que já havia anoitecido.

Não podia ser possível, eu tinha deixado que o cansaço


falasse mais alto e não estava aproveitando a minha primeira

viagem internacional, nos tempos livres que tinha.

Novamente o barulho ressoou pelo quarto e percebi que

estavam batendo em minha porta.

Quem poderia ser?

Levantei-me da cama, verificando se o roupão estava no lugar

certo, pois não estava preparada para pagar peitinho nos Estados
Unidos.

Caminhei até a porta e indaguei antes de abrir:

— Quem é? — Em inglês, obviamente.

— Sou eu, Laura!

Ao ouvir a voz de Frederico tomar o ambiente, senti meu

corpo se arrepiar, mesmo que ele não tivesse dito nada demais.

Abri a porta, sem sequer organizar meus cabelos, que

deveriam estar uma zona, por eu ter acabado de acordar.

— Oi! — cumprimentei, quando o vi.

Deus, eu estava com sérios problemas naquele momento!

Primeiro, Frederico estava usando uma camisa preta,


acompanhado de uma jaqueta de couro. Calça jeans tão escura

quanto a parte de cima e coturnos.

Nunca o tinha visto tão despojado...

E talvez não, provavelmente eu tenha morrido por estar vendo


aquele homem lindo à minha frente.
Engoli em seco e percebi que meu chefe me encarava com
um sorrisinho sacana naquela boca vermelha que desde que o
conheci desejei provar para saber como seria ser beijada por um

homem que parecia ter pegada.

— Acho que você não vai sair, certo? — Frederico apontou

com o queixo na minha direção.

Senti minhas bochechas esquentarem... como eu era bobinha,


tudo o que ele me dizia eu acabava corando.

Uma completa imbecil!

— Então, acabei caindo no sono, mas acho que irei sim dar

uma saída — confessei.

E é claro que as bochechas esquentaram ainda mais.

Frederico coçou a nuca e fez quase com que a costura da

jaqueta de couro estourasse, com seus músculos que pareciam

estar em tamanha evidência.

— Eu irei jantar no restaurante do hotel, mas pensei em

passar aqui para ver se você queria ir comigo, já que não sei se
você tinha planos e...
— Aceito, senhor! Se puder esperar que eu me arrume.

Respondi rápido demais, o que fez Frederico sorrir um pouco


mais.

— Irei te aguardar em meu quarto, quando estiver pronta me

avise, por favor.

— Claro!

Ele acenou na minha direção e voltou para o quarto, fiquei


como uma estátua encarando a porta em frente à minha por um

tempo, até perceber que precisaria me arrumar.

Bati a porta e corri para a mala que nem mesmo havia

desfeito.

Peguei um dos vestidos que tinha levado, um dos meus

sapatos de salto alto, além minha necessaire, cheia de maquiagem.

Primeiro fui dar um jeito em meu rosto cansado e quando

terminei de me maquiar, gostei do que vi, já que meus olhos ficaram


ainda mais realçados.

Vesti meu vestido preto, que era de veludo e colado ao corpo,

calcei o sapato e em seguida coloquei o casaquinho para finalizar.


Aproveitei para colocar um brinco pequeno e prendi meu

cabelo, porque não tinha tempo de ajeitá-lo melhor naquele

momento.

Peguei minha bolsa por último, colocando o celular dentro dela


e logo estava saindo, batendo a porta do quarto e dando três toques

na de Frederico.

Não demorou muito para ele aparecer novamente e


continuava lindo, ou melhor, parecia que tinha ficado mais bonito

nos minutos que se passaram.

— Vamos? — indagou.

— Sim! — respondi, meio sem graça.

E sabia muito bem o motivo de estar daquele jeito. Frederico


tinha passado seus olhos castanho-escuros por todo o meu corpo e

claro que parou por um tempo nas minhas pernas expostas.

Frederico saiu do quarto, travou a porta e começamos a

caminhar em direção ao elevador.

Mas o que disse a seguir, acabou com toda a minha confiança


em um estalar de dedos, eu quase me esqueci de como caminhar
depois daquilo.

— Você está bonita, Laura!

Com aquilo, o elevador abriu as portas, entramos — e eu

agradeci a Deus por simplesmente ter me feito parecer que não me

derretido igual a uma gelatina —, logo meu chefe apertou o botão do

térreo e eu senti...

Senti quando algo mudou no ambiente...

Levei meus olhos na direção de Frederico e ele me encarava

tão intensamente que meu corpo todo esquentou.

Aquela viagem, talvez se tornasse um acontecimento ainda

maior, já que nunca tinha visto aquele homem me olhar daquela


forma.

Mas ali, dentro do elevador, tão perto e tão fora da nossa zona

de conforto, Frederico Salles estava me comendo com os olhos.

E eu, como a boba que era, poderia facilmente cair em sua


lábia se ele ao menos tentasse algo mais sério comigo...

No fundo, eu quase implorava que tentasse...

Seria um sonho realizado!


CAPÍTULO 10

O controle era um sentimento que eu apreciava, no entanto,


não sabia como estava conseguindo me manter controlado naquele

momento!

Puta que pariu!

Caralho!

Eu já sabia que Laura era linda, mas arrumada daquele jeito,

sem os seus terninhos de costume, a mulher estava um espetáculo,


não um espetáculo normal, era quase como aquelas peças teatrais
extraordinárias que se via uma única vez na vida e nunca mais teria

uma prova daquela obra de arte e mesmo assim ela nunca sairia de
seu pensamento.

Dentro do elevador não consegui tirar meus olhos dela, estava


fascinado, encantado, e talvez se eu não me atentasse logo

começaria a babar por aquela grande gostosa.

Assim que as portas se abriram, fiz algo que me policiava

sempre para não fazer: encostar nela. Levei minha mão às suas

costas e percebi que ela retesou o corpo no mesmo momento, mas


tentou aparentar que estava tudo bem.

Conduzi-a pelo salão da recepção exuberante, com a fonte no


meio deixando a água fazer aquele som relaxante, enquanto as

luzes noturnas iluminavam o jardim. Continuei tocando em suas

costas, até chegarmos ao restaurante. Eu já havia reservado uma

mesa, afinal, podia ser o chefe, mas regras deveriam ser seguidas.

Ao pensar naquilo, cheguei à conclusão de que eu estava

quebrando uma que me havia imposto, tão simples e fácil de

cumprir e não estava fazendo aquilo: que era não me aproximar da

garota doce que estava ao meu lado.


Tudo bem!

Eu não estava prometendo sexo nem nada, era somente um

jantar. Mas por que caralhos eu queria levá-la para a cama daquela
forma?

Era só mais uma boceta…

Tinha tantas aos meus pés!

Tentando tirar o pensamento de Laura e boceta em frases

próximas, afastei a cadeira para que se sentasse e contornei a


mesa, para ficar de frente a ela, mas também o mais longe que

podia.

Depois que fizemos nosso pedido, Laura começou a

conversar, pois devia estar percebendo o quanto o clima havia

ficado estranho entre nós.

— Acho que esse hotel é o mais bonito de toda a companhia

— observou.

— Esse é realmente um dos mais bonitos, mas você ainda

não conheceu o hotel de Santa Catarina, eu acho aquele o mais

incrível.
Laura sorriu e assentiu.

— Pelas fotos ele parece realmente ser lindo. — O garçom se

aproximou com nossos pratos e Laura ficou em silêncio enquanto

ele nos servia, assim que se afastou voltou a dizer: — De onde


surgiu a ideia de construir esses hotéis temáticos? Porque o The

Palace Good é pioneiro nessa ideia.

Ela realmente estava certa, provavelmente havia pesquisado

quando começou a ser minha secretária.

Porém, não gostava de me lembrar de onde havia surgido


aquela ideia, pois eu sempre voltava para o lugar de onde eu mal
havia conseguido sair.

Eu voltava para o dia em que encontrei meu pai


completamente sem vida. A ideia havia partido dele e aquele

homem sempre seria minha inspiração, mas já fazia tempo que eu


não contava com a sua presença e eu sentia tanta a sua falta,

principalmente para podermos comemorar as vitórias que conquistei


naqueles anos.

— Bom, foi ideia do meu pai, como ele não… — Fiquei em


silêncio e Laura sussurrou:
— Não precisa me falar nada, senhor.

Voltei meus olhos na sua direção e acenei, ao menos ela


compreendia um pouco do que eu passava, já que também havia

perdido seu pai.

No entanto, o dela ainda ajudou sua mãe a terminar de criá-la,

eu fui deixado no meio da adolescência, completamente sem rumo,


com familiares que não se importavam comigo e, sim somente com

a herança que havia ficado para mim.

O silêncio constrangedor caiu novamente sobre nós e eu não


fiz questão de quebrar aquele gelo, porque meu humor tinha

mudado drasticamente.

Quando finalizamos o jantar, Laura não quis sobremesa, só

concordei e saímos do restaurante, caminhando em direção ao


elevador logo em seguida.

Apertei o botão que chamava a caixa metálica e enquanto


aguardávamos, vi Laura olhando para o lado de fora do prédio. Era
perceptível a sua curiosidade e provavelmente queria conhecer a

cidade.
Mesmo querendo me recolher no meu quarto, para tentar
esquecer as lembranças do meu pai que sempre me deixavam para
baixo, tive uma ideia meio maluca.

— Tem um lugar que conheço e gosto sempre de ir quando


estou em Nova Iorque.

Minhas palavras saíram no mesmo instante em que as portas


se abriram e Laura já havia começado a caminhar na direção do

lugar. Ela girou seu corpo e encarou a minha direção.

— Qual lugar, senhor? Se é que posso perguntar. — Sorriu um


pouco sem graça.

As portas começaram a fechar, mas coloquei uma das minhas


mãos entre elas, o que as fez abrir novamente.

— É uma boate, com um clima legal, tenho um camarote


reservado nela. Quer conhecer?

Laura mordeu o lábio inferior o que fez meus olhos se


voltarem para sua boca carnuda. Eu queria tanto provar seus lábios

para saber se eram tão gostosos quanto eu imaginava.

Respirei fundo… não podia continuar pensando aquilo.


Laura era um território proibido…

— Aceito! — respondeu e saiu do elevador.

Acabei lhe estendendo minha mão e quando ela a tocou com


a sua, algo diferente aconteceu, meu corpo chegou a sentir certa

vibração que eu não saberia explicar o que era, mas nunca havia
sentido aquilo.

Aquilo era estranho!

— Então vamos!

Murmurei, começando a conduzi-la na direção da saída do


hotel, aproveitei para avisar ao motorista que iria sair e por sorte ele

estava esperando na porta da frente.

— Vou te apresentar um dos prazeres de Nova Iorque! —


Voltei a dizer, e a olhando de soslaio pude perceber suas bochechas

corarem.

Cheguei à conclusão de que estava cometendo um erro, mas

não tinha como voltar atrás. Só precisaria me controlar para não

cometer nenhuma burrada com Laura Bueno, a garota doce que


parecia se afetar demais com a minha presença.
Ao menos era aquilo que eu tinha em mente…

Minhas ações não pensavam do mesmo modo que eu!


CAPÍTULO 11

Abri os olhos lentamente, sentindo meu corpo ser abraçado


por braços fortes, enquanto uma respiração quentinha batia em

minha nuca e fazia com que minha pele se arrepiasse.

Minha cabeça estava latejando e eu não tinha ideia de onde

me encontrava. Tentei me desvencilhar dos braços que me

seguravam e o movimento foi o suficiente para que eu sentisse…

Puta que pariu!

Eu estava pelada?
E a pessoa que me abraçava também?

Ah, caralho! O que tinha acontecido?

O homem, porque naquele instante eu já conseguia


reconhecer os braços que me abraçavam, já que eram musculosos

iguais aos de um homem. Assim que me movi me apertou mais em

seu corpo e seu… fechei meus olhos de novo, o pênis dele tocou
minha bunda.

O que eu tinha feito?

Respirei fundo, tentei me lembrar do que tinha acontecido… e

não demorou muito para os flashes da noite passada me atingirem

com força total.

Saímos do carro de Frederico assim que chegamos à porta da

tal boate que ele havia me levado. Talvez fosse a hora de assumir

que nunca estive em uma boate?

Só sabia como era aquele lugar, porque já tinha visto em

diversos filmes e séries que assistia.

Era possível ouvir um som baixinho vindo do lado de dentro. A

fila do lugar estava enorme e algumas pessoas, nos encararam de


forma assassina, quando Frederico me conduziu para a entrada.

O segurança assim que o viu, liberou sua passagem o

cumprimentando e desejando uma boa noite. Realmente deveria ser


um lugar que meu chefe tinha o costume de frequentar em Nova

Iorque, como ele me disse mais cedo, mesmo que não

comparecesse muito na cidade.

O som que estava baixo até entrarmos na Liv, o nome que

estava estampado no letreiro do lugar, aumentou em um nível quase

insuportável, deixando quase impossível a comunicação.

A mão de Frederico na minha cintura, não me passou

despercebida, na verdade, desde a primeira vez que ele me tocou

naquela noite, meu corpo já estava todo em estado de alerta.

Completamente arrepiado e até mesmo meus mamilos

estavam entumescidos. E ele não tinha feito nada a não ser me


tocar para me conduzir pelo lugar lotado.

As pessoas dançavam ao som da música ensurdecedora que


tocava, enquanto meu chefe me levou para o camarote que não

tinha ninguém, até que ele chegou e liberaram a entrada.


Subimos pelas escadas e logo estávamos no lugar vazio, que

possuía um bar à disposição somente do camarote. Sofás estavam


disponíveis em um canto e uma grade separava o camarote da

queda para a pista.

Algumas luzes giravam e iluminavam o lugar, mas não o

suficiente para que pudesse se enxergar direito. Logo um bartender


subiu para o segundo andar e foi até Frederico que ainda segurava
minha cintura e lhe disse algo que não consegui ouvir.

No entanto, o homem não demorou muito e logo voltou a


descer. Encarei meu chefe com o cenho franzido e ele se aproximou

muito mais do que o permitido, ao menos para mim, que era


somente uma simples funcionária.

Colocou os lábios tão próximos da minha orelha que senti até

mesmo a barba roçar no meu ombro e sua boca tocar o lóbulo.

— Ele queria ficar para nos servir, mas decidi te mostrar um

lado meu que você não conhece, Laura.

Olhei-o de esguelha, não ousando virar meu rosto em sua

direção, senão as nossas bocas ficariam tão próximas que as coisas


poderiam se complicar demais para nós dois.
— E o que seria, senhor?

Frederico continuou com a boca perto demais do meu ouvido


e disse:

— Hoje vamos esquecer que eu sou seu chefe e vamos curtir


a noite. Irei preparar os drinques.

Naquele momento ele se afastou e a atmosfera que já estava

diferente se aqueceu ainda mais.

Frederico caminhou até o bar e começou a literalmente

prepará-los.

— Você gosta de bebida alcoólica? — falou um pouco mais

alto para que eu o escutasse por cima da música.

— Não tenho nada contra!

Ok! Eu não era uma exímia cachaceira, bebia vez ou outra,

nunca demais já que sabia que não era forte o suficiente para o
álcool, mas ali naquele ambiente, eu podia me permitir curtir um

pouquinho.

Frederico começou a agitar a coqueteleira e logo estava

despejando o líquido em dois copos. Estendeu-me um, enquanto


pegou outro para si.

Era uma bebida colorida que eu não saberia denominar, mas

assim que a levei à boca percebi que era deliciosa, doce e com uma
dose de álcool que a deixava ainda mais saborosa.

E daquela forma comecei a curtir a noite em um lugar que


nunca estive.

Deixei minha bolsa em cima de um dos sofás e fui para perto


das grades observando as pessoas dançarem. Assim que um copo

de bebida saía da minha mão, Frederico preparava outro, tanto para


ele quanto para mim.

Eu percebi que nós dois estávamos alterados, quando meu


chefe deixou a jaqueta em cima do sofá e eu fiz o mesmo, o clima

estava quente demais ali dentro.

E foi a primeira vez que vi os braços de Frederico sem a

proteção de um blazer de terno, ou de camisas de manga longa.

Ele tinha tatuagens!

Espalhadas pelos braços fortes.


Os músculos pareciam implorar para que eu os tocasse, e
talvez agindo pelo álcool, levei meus dedos a um de seus braços,
contornando o desenho.

— Não sabia que tinha tatuagens — murmurei.

— Tenho algumas.

Os olhos dele pareciam me devorar. E eu estava fascinada por


aquela nova parte descoberta do meu chefe.

Sempre o achei perfeitinho e as tatuagens mostravam que ele


era mais rebelde do que imaginava.

— Dança comigo? — perguntei, perdendo totalmente a

vergonha.

— Quer que eu dance com você? — repetiu a pergunta.

Assenti, tirando o copo de bebida das mãos dele.

Depositei-o no balcão do bar e voltei a me aproximar de


Frederico. Indo contra tudo o que eu pensei que nunca faria,

contornei meus braços em seu pescoço e meu chefe segurou minha

cintura com força.


The Hills de The Weeknd começou a tocar e Frederico me

puxou com mais força de encontro ao seu corpo, conduzindo nossos


corpos na medida em que a música continuava.

Uma de suas mãos subiu pelas minhas costas e todo o meu

corpo se arrepiou.

— Não deveria estar fazendo isso, Laura! — sussurrou em


meu ouvido.

— Por quê? — retruquei.

— Porque eu sou louco para te provar, mas você é inocente

demais.

Fechei meus olhos e falei, quase gemendo para que


entendesse que eu queria aquilo tanto quanto ele.

— Esquece quem eu sou, Frederico!

Passei minha língua pelo seu pescoço e sua mão que ainda

estava em minha cintura, apertou minha bunda com força, minha


calcinha molhou.

E aconteceu o que eu tanto almejei em todos aqueles meses.

A boca de Frederico grudou na minha, com vontade, com fome e


desespero.

Beijá-lo era muito melhor do que eu imaginava!

Sua língua brigava com a minha, seus dentes mordiam meus

lábios, parecendo sentir raiva do que acontecia, mas sendo fraco o


suficiente para se afastar.

Eu também era fraca, então não o julgava.

Frederico subiu um pouco do meu vestido e eu não sabia de

onde sentia tanto calor, mas queria que ele arrancasse minha roupa

ali mesmo. Uma de suas pernas foi parar entre as minhas e eu me


esfreguei em sua coxa sem pudor algum.

Seu beijo continuava me devorando e me deixando ainda mais

perdida no meio de todo o desejo. O que era aquilo que eu estava


sentindo?

Seria tesão?

Passei minhas unhas pela nuca de Frederico, ele rosnou

contra minha boca e acabou se afastando rápido demais do meu

contato.

— Não posso fazer isso, Laura!


Andou para longe de mim e meu corpo que estava

queimando, pareceu esfriar rapidamente, com a ausência do seu


contato.

— Por quê?

— Estamos alterados pelo álcool, não vou continuar com isso.

Você não merece somente uma noite com um homem como eu e eu


não fico mais de uma noite com ninguém.

Suas palavras me atingiram quase como um tapa na cara e

por isso eu assenti.

Eu também não queria ser um caso de uma noite, mas sabia

muito bem como Frederico era e não o obrigaria a ter mais do que
uma simples noite comigo, se ele aceitasse eu também aceitaria.

Peguei meu copo de bebida e virei em um único gole.

Frederico me encarava sem entender aquela minha reação,

depositei o copo da bebida e caminhei até ele, decidida a não ser


ignorada.

— Me faça sua, Frederico. Foda-se a bebida, foda-se qualquer

coisa, eu quero ser sua por uma noite. — Aproximei-me de onde ele
estava e segurei seu rosto. — Só tenho algo para te dizer, sou

virgem e quero perder a minha virgindade com você. Então, me faça

sua!

O choque pareceu ter tomado sua expressão, mas eu não me


importava, não mais.

— Você vai se arrepender, Laura!

— Eu pensarei depois em arrependimentos, neste momento,

eu quero você e eu vou ter.

Os fragmentos de memória acabaram e eu sentia que meus


olhos estavam arregalados.

Não era possível!

Eu…

Girei meu rosto e encarei o homem deitado de conchinha

comigo.

Meu chefe!

Enquanto ainda o observava, Frederico pareceu sentir que

estava sendo observado e abriu os olhos. Ele me encarou de volta

e, assim que percebeu como estávamos, se assustou. Talvez


tenhamos cometido uma grande loucura e eu não sabia se me

arrependia ou se gritava de felicidade.

A única coisa certa era que eu havia perdido minha virgindade

e não me lembrava de nada.

Que diabos eu tinha feito?!


CAPÍTULO 12

Senti o corpo macio em meus braços antes mesmo de abrir


meus olhos. Tentei me recordar com quem estava, mas não me

lembrava de nada da noite passada.

A única pessoa que me lembro de ter contato foi com Laura,

até chegarmos à boate e…

Abri meus olhos e lá estava minha secretária, me encarando

tão chocada e eu tive por um momento de lucidez que eu estava

igual a ela.
Tomei um susto tão grande por vê-la ao meu lado que meu

corpo se sobressaltou completamente abalado com o que estava à


minha frente.

— Laura…

Pronunciei seu nome, mas não queria acreditar no que estava

acontecendo.

Não…

O que eu tinha feito?

Puta que pariu!

Enquanto encarava aqueles olhos azuis, algumas lembranças

da noite passada bateram em minha mente e eu tive certeza de que


era um desgraçado.

— Me faça sua, Frederico. Foda-se a bebida, foda-se qualquer

coisa, eu quero ser sua por uma noite. — Ela se aproximou de mim,

completamente sexy me deixando enfeitiçado pela sua beleza,

segurou meu rosto entre suas mãos e continuou: — Só tenho algo

para te dizer, sou virgem e quero perder a minha virgindade com

você. Então, me faça sua!


O choque tinha me tomado no instante em que ouvi a palavra
virgem. Não era possível que ela fosse virgem, como… ninguém

mais era virgem com vinte e três anos.

— Você se arrependerá, Laura! — Foi a única coisa que

consegui dizer no momento.

Ainda sem acreditar que a garota era virgem.

— Eu pensarei depois em arrependimentos, neste momento,

eu quero você e eu vou ter.

Com aquela sua afirmação me vi rendido por ela. Não que eu

fosse um fracote, mas os homens sempre deixavam o pau falar no

lugar do cérebro e porra, ela disse que eu seria dela, então eu seria

e tiraria a porra da sua virgindade com todo cuidado que pudesse

ter, porém, naquele momento a única coisa que queria era foder

Laura.

Bebemos mais um pouco, dançamos e eu deixei que me

beijasse e retribuí todos da forma que eu queria.

Não lembro como, mas paramos sentados no banco da boate

e eu recordo que sentei Laura em meu colo, abri suas pernas,


afastei a calcinha para o lado e a masturbei ali, sem nenhum pudor,

correndo o risco de qualquer pessoa nos ver.

— Gosta do exibicionismo, minha delícia? — rosnei em seu

ouvido, enquanto meus dedos se molhavam com sua lubrificação.

— Gosto de saber com quem estou fazendo isso… — Laura

gemeu e rebolou nos meus dedos.

Sorri com sua resposta e aproveitei o momento, penetrei um


dedo nela e ela se retesou soltando um gritinho, que foi abafado

pela música.

— Tão apertada, realmente virgem — constatei.

— Pensou que eu estava mentindo? — indagou, parecendo


ficar com raiva.

— Eu ainda estava querendo acreditar que era mentira,


desculpa!

Movi meu dedo em seu interior, mas aproveitei para

massagear o clitóris, enquanto ela gemia e eu não estava sabendo


decifrar se era de dor ou de prazer.

— Está doendo muito? — perguntei.


Meu pau endurecia a cada movimento que ela fazia em meu

colo.

— Só um desconforto…

— Goza nos meus dedos, que vou te levar para o hotel e te


foder gostoso.

Voltei para a realidade e Laura parecia pálida. Ela se sentou

rapidamente na cama, segurando o edredom que a tapava com


cuidado.

Eu fiz o mesmo, mas assim que me movi, ela se levantou


cobrindo-se da melhor forma possível com o cobertor.

Assim que percebeu que havia me destampado e que eu


estava de pau duro, ela deu um gritinho e girou o corpo, tentando

evitar me olhar completamente nu.

Se eu não estivesse tão em choque, teria caído na

gargalhada, porém estava completamente desnorteado. A mancha


vermelha no lençol chamou minha atenção.

Ela realmente era virgem!

Que desgraceira!
Saí do meu estado catatônico, levantei-me da cama e corri até
o banheiro pegando um roupão, após vesti-lo voltei ao quarto e
disse:

— Pode se virar!

Laura girou o corpo lentamente, me encarando em seguida.

— Senhor… — Ela começou, mas suas bochechas estavam

tão vermelhas que entendia o quanto estava com vergonha.

— Laura, eu não sei o que dizer.

Também estava sem palavras, como deixei que as coisas


chegassem naquele nível?

Eu jurei que não a levaria para a cama, mais flashes bateram

na minha mente.

— Caralho, que boceta apertada!

— Estou te sentindo tão fundo, Frederico! — gritou.

E eu estoquei com mais força dentro dela, e caralho, tão


molhada, tão deliciosa… que boceta…
Voltei novamente para o presente, sentindo meu pau
querendo novamente dominar meu corpo.

— Acho melhor você ir para o seu quarto, Laura.

Disse as palavras, quase com um rosnado, não me importava

se fosse ferir seus sentimentos, só precisava daquela garota longe


de mim.

Aproveitei para encarar o relógio de parede e lá mostrava que

faltava somente uma hora para nossa reunião.

— Senhor…

— Laura! — cortei-a. — Vá se preparar para nossa reunião e

esqueça esse acidente.

Caí na besteira de a encarar e a decepção estampada em seu


rosto me fez sentir um lixo, mas não importava, eu não podia deixar

que aquele tipo de sentimento me tomasse.

Precisava cortar o mal pela raiz.

— Sim, senhor! Estarei pronta daqui a pouco. — Ela começou

a caminhar, aproveitando para pegar sua roupa que estava jogada


em um canto, junto com os sapatos e a bolsa. Antes que pudesse
sair do quarto, voltou-se na minha direção e disse: — Será fácil

esquecer já que não me lembro de nada.

Saiu do quarto batendo a porta.

Eu também não me lembrava de muita coisa, mas o pouco

que me lembrava me dava vontade de correr atrás dela e pedir para

que nós nos lembrássemos, pois em algum lugar dentro de mim


algo gritava dizendo que aquele tinha sido um acontecimento quase

histórico na minha vida.

Porém, eu não faria aquilo, nunca!

Nunca ficaria com uma mulher mais de uma vez, lembrando-


me da noite ou não, sendo Laura ou não…

Tinha cometido um erro e não o cometeria novamente.

Ter transado com Laura havia sido um lapso, que eu teria que

carregar o peso da culpa pelo resto da vida.

Por qual merda eu tinha enchido a minha cara de álcool?

Inferno!

Como consertaria aquilo ainda não tinha ideia, mas evitar a

minha secretária seria a melhor opção.


E era exatamente aquilo que faria.
CAPÍTULO 13

Fechei a porta do meu quarto e agradeci por ter conseguido


me controlar até ficar segura dentro daquele cômodo. Meu corpo

tremia, o coração estava disparado e eu estava meio sem chão.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e outras a

acompanharam. Não sabia por qual motivo estava chorando, pois

tinha aceitado ser o caso de uma noite do meu chefe, então não
tinha motivo algum para estar daquele jeito.
E mesmo não me lembrando de nada que fizemos depois que

eu resolvi seduzi-lo, sabia que tinha sido de Frederico naquela noite,


me entregado de corpo e alma.

Passei uma das mãos pela minha testa, percebendo que me


encontrava estava suada de tanto que o desespero estava me

tomando.

Enquanto isso as lágrimas continuavam rolando pelo meu

rosto, como prova do tamanho da idiotice que havia cometido.

Não tinha motivo para chorar por ter sido desprezada daquela

forma, no entanto, eu nunca pensei que seria dispensada daquele


jeito. Havia acabado de perder minha virgindade, mesmo que não
fosse algo tão importante, já que era somente um hímen, queria ao

menos ser tratada com educação.

Aquilo que tinha me machucado!

O que Frederico achou que eu faria? Que me ajoelharia aos


seus pés e imploraria que me fodesse novamente? Que fizesse

algum juramento de amor eterno?

Nunca faria aquilo!


Mas queria ser tratada com educação, somente isso… será
que era pedir muito?

Respirei fundo algumas vezes para me acalmar, enxuguei


minhas lágrimas e caminhei para o banheiro, precisava de um

banho rápido. Quando a água quente caiu sobre o meu corpo, meus

músculos tensionados começaram a relaxar.

Levei meus dedos aos lábios e mais alguns momentos da

noite passada vieram à minha mente.

Frederico abriu a porta do quarto, com um sorriso sacana

despontado da sua boca deliciosa. Quando me puxou de volta na

sua direção, passou a barba pelo meu pescoço, fazendo a pele se

arrepiar imediatamente.

Eu estava quente, quase entrando em ebulição, queria tanto

que ele arrancasse minhas roupas e me fizesse sua. Não me


importava se doesse, só queria ser dele, senti-lo dentro de mim e

provar como era ter sexo com um homem como ele, que parecia

saber exatamente o que estava fazendo.

Sua língua subiu pelo meu pescoço e logo seus dentes

morderam o lóbulo da minha orelha…


E era somente aquilo, nada mais para me lembrar, pelo menos

não por enquanto. Sempre achei que as pessoas que diziam que
tinham pequenas falhas na memória quando bebiam eram

mentirosas e naquele instante percebi que realmente podia


acontecer, quando enchíamos a cara mais do que devíamos.

Nunca fui de me entregar para a bebida, mas a noite anterior


exigiu aquilo de mim. Se não tivesse me deixado levar pelo álcool,
eu não teria conseguido o que tanto queria.

Poderia parecer um pensamento ridículo, porém, queria tanto


Frederico que podia cometer aquele tipo de erro e só depois do

calor do momento que percebi o tamanho da burrada.

Saí do banho alguns minutos depois, me enxuguei rápido e fui


atrás de um dos meus terninhos de sempre. Vesti-me rapidamente e

continuei me arrumando o mais apressada possível.

Antes que pudesse sair do quarto, mandei uma mensagem

para minha mãe, pois não queria que se preocupasse comigo. Ao


menos ainda era uma boa filha.

Quer dizer, eu era boa em tudo, não seria porque cometi um


erro que havia deixado de ser uma boa pessoa e uma ótima
profissional.

Quando estava pronta, peguei minha pasta com o que


precisaria para a reunião e saí do quarto. Parecendo adivinhar os

meus passos, Frederico surgiu do outro lado do corredor, percebi


que me encarou, mas fiz questão de evitar olhar em seus olhos.

— Está pronta? — indagou com a voz grossa de sempre.

— Sim, senhor!

— Vamos!

Ele seguiu na frente e eu me obriguei a caminhar atrás para


evitar estar tão perto dele. Meus olhos desceram por suas costas

largas e pararam em sua bunda redonda e tão grande que a calça


do terno quase arrebentava suas costuras.

Aquele homem era todo grande… Algumas imagens me


atingiram.

— Chupa meu pau, Laura! — ele pediu, enquanto se

masturbava na minha frente, com aquele corpo todo sarado, um


abdômen de dar inveja a qualquer um.
O membro grande era grosso, com veias sobressalentes que
me fizeram salivar. De onde havia saído aquela Laura safada?

A cabeça rosada melava com seu líquido pré-ejaculatório…

Minhas bochechas esquentaram tanto que pensei ser possível

que elas explodissem ali, só por eu estar daquela forma.

Como conseguiria conviver com Frederico depois do que

fizemos?

Entramos no elevador e meu chefe fazia questão de me

ignorar. Talvez aquilo fosse bom, já que assim eu não teria


esperanças de nada.

Saímos do elevador, assim que chegou ao térreo, por sorte a


reunião aconteceria em um espaço reservado no hotel em que

estávamos hospedados.

Fomos em silêncio para o local indicado e assim que

entramos, alguns investidores já estavam presentes. Eles nos


cumprimentaram e eu retribuí da melhor forma possível, não estava

no clima de sorrisos, mas nunca deixaria que aquele detalhe


atrapalhasse minha vida profissional.
A reunião começou alguns minutos depois e eu me concentrei
em anotar tudo o que falavam. Era somente a secretária, então não
precisava fazer muito mais do que escutar e anotar, às vezes

percebia que algum dos homens em volta me olhavam, mas eu os


ignorava tranquilamente.

Aquele lado completamente descarado que havia me tomado

na noite passada, foi somente por estar dominada pelo álcool e por
querer demais o meu chefe, que naquele instante me observava.

Meus olhos encontraram os seus, mas fiz questão de desviar

rapidamente, não queria me recordar de mais nada da noite anterior,

principalmente por não querer ficar excitada no meio da reunião.

Horas se passaram e quando terminamos, me despedi dos


acionistas que me cumprimentaram e quando fiquei sozinha com

Frederico na sala, ele murmurou:

— Por hoje é só, Laura. Se quiser pode ir curtir seu dia em


Nova Iorque.

Desliguei o tablete que usava para anotar o que foi dito na

reunião, o coloquei dentro da pasta e voltei minha atenção para o

meu chefe que não tirava os olhos de cima de mim.


— Obrigada, senhor! Farei isso!

Dizendo aquilo lhe dei as costas e caminhei para fora da sala


de reuniões.

Era isso…

Precisava agir profissionalmente e seria como o trataria dali

para a frente, como se nada nunca tivesse acontecido entre nós.

Cometi um erro e precisava lidar com as consequências


daquele fato.

Mesmo que quisesse somente mais um pouco de atenção de

Frederico Salles, o homem que não me prometeu nada e mesmo

assim eu me sentia completamente dele.

O quão idiota aquilo poderia parecer?

Muito!

Mas era melhor evitar pensar naquele ponto por enquanto…

Naquele instante iria curtir Nova Iorque e tentaria esquecer

tudo o que havia acontecido.


CAPÍTULO 14

Ainda estava encarando a porta da sala que foi designada


para fazer a reunião de minutos atrás.

Laura havia saído há mais ou menos cinco minutos e parecia


disposta a me ignorar, mas eu queria que ela fizesse o quê? A não

ser exatamente aquilo, já que pela forma que a havia tratado não

podia esperar outra abordagem vindo dela.

Por fim, saí da sala de reuniões, mas não quis ir para o quarto,

para evitar esbarrar em Laura. Por isso, fui direto para o restaurante,
aproveitando que estava perto da hora do almoço.

Assim que me sentei em uma das mesas não foi difícil notar

que tinham olhos sobre mim, parecia que um imã me atraía para

meus alvos e foi exatamente isso que aconteceu, quando percebi


que em três mesas de onde eu estava, havia duas mulheres

sentadas aproveitando uma refeição que parecia bem apetitosa.

As duas olharam na minha direção, quando perceberam que

eu as encarava, no entanto, a loira já estava me olhando antes

mesmo de eu retribuir o olhar e naquele momento a ruiva também


virou meu alvo.

Talvez para tirar o pequeno erro que aconteceu com minha


secretária da mente, o melhor seria me ocupar com duas mulheres.

Não teria tempo para pensar em mais nada a não ser dar prazer

para as duas ao mesmo tempo.

Quando abri um sorriso na direção delas, as amigas se

encararam e trocaram um olhar cúmplice. Aquele dia seria agitado.

Levantei-me da minha mesa e caminhei até elas,

tranquilamente sem me importar com mais nada.

— Boa tarde! — cumprimentei-as, com meu inglês impecável.


— Boa tarde! — As duas responderam ao mesmo tempo.

E com aquilo só tive a confirmação de que havia ganhado

duas fodas fáceis demais.

Sentei-me à mesa com elas e começamos a conversar. Era

tão fácil ser um homem que não se importava com nada, a vida era
mais leve e com menos preocupação. E de fato somente aquilo

importava.

Estava sentado em uma das poltronas que ficava disposta na

suíte, enquanto observava as garotas se vestirem. Iria aguardar que

saíssem para tomar um banho, poder me jogar na cama e dormir


pelo resto do dia.
A exaustão estava me pegando, já que dar conta de duas

mulheres ao mesmo tempo tinha que possuir fibra, e ainda bem que
eu tinha de sobra, no entanto não podia negar o quanto estava

cansado.

— Se quiser nos ligar enquanto estiver em Nova Iorque — a

ruiva disse.

— Não repito a dose — respondi, sem me importar em

ofender.

Ela fechou a expressão, mas ao menos não retrucou.

Por que elas sempre queriam uma segunda rodada em outro

dia?

Estava bom, transamos, foi gostoso, mas chega. Para não se

apegar a ninguém, precisava manter distância de qualquer forma de


ficar repetindo sexo com as mesmas pessoas.

O apego e o amor levavam qualquer um para a ponta do


precipício e aquilo não aconteceria comigo.

Levantei-me da poltrona assim que elas estavam prontas e


caminhei ao lado delas até a porta.
— Foi bom conhecê-las — murmurei.

— Foi bom para nós também — a loira respondeu.

Ela beijou meu rosto de um lado e a ruiva fez o mesmo do


outro, porém, assim que meus olhos percorreram pelo corredor senti
todo o meu corpo gelar.

Vindo da direção do elevador, Laura havia estacado e nos

encarava completamente chocada. Era perceptível a decepção


refletindo em seus olhos.

Ela segurava algumas sacolas, provavelmente deveria ter ido


às compras. Não consegui desviar minha atenção dela, as mulheres

se afastaram e passaram ao seu lado comentando como havia sido


boa aquela tarde.

Laura engoliu em seco e talvez tenha notado seu rosto perder


a cor de vivacidade. Ela respirou fundo duas vezes e voltou a

caminhar.

— Boa noite, senhor! — disse sem nem mesmo me olhar.

Passou o cartão na porta e a destravou. Não sabia por qual


motivo, mas quis me explicar para ela.
— Laura? — chamei e ela parou de entrar no quarto, mas não
se virou para me encarar.

— Sim? — respondeu, mas sua voz parecia carregada.

— Eu… é…

Minha secretária por fim me encarou por cima do ombro e


murmurou:

— Não precisa se explicar, senhor. Não me deve nenhuma


satisfação da sua vida.

E depois de dizer aquilo, ela entrou no quarto e bateu a porta


com força que fez até mesmo as paredes tremerem ao nosso redor.

Pela primeira vez na vida me senti envergonhado pelas

atitudes que tomei. Talvez envergonhado não fosse a palavra certa,


e sim arrependido.

Se fechasse os olhos veria a expressão de Laura nitidamente


na minha mente. Ela parecia tão decepcionada, seus olhos

perderam o brilho, sua pele ficou pálida e tudo aquilo por eu não
saber controlar meu pau em um dia que já estava completamente

estranho.
Fechei minhas mãos em punho e tive vontade de socar algo
por causa daquilo.

Voltei para dentro do quarto e soquei a parede, com ódio de


ter feito aquilo. Se parasse para pensar, a minha atitude havia sido
muito infantil, no fundo, eu sabia que Laura poderia me ver com

outras mulheres e talvez eu tenha ficado com vontade de mostrar

para ela que não tínhamos nada.

No entanto, não precisava ter feito aquilo, ela já tinha deixado

claro que havia entendido meus termos.

Como era imbecil…

Ela nunca me perdoaria por aquilo!

Joguei-me na cama e fiquei encarando o teto que possuía


diversos detalhes, para deixar o quarto parecido com o de uma

realeza.

Para falar a verdade, eu não deveria me importar se ela iria

me perdoar ou não. Era somente seu chefe e Laura não deveria


nem ligar para o que eu fazia da minha vida.
Porém, a cada pensamento daquele que surgia em minha

mente, algo pesado recaía sobre mim, como se fosse um


sentimento provando que eu estava agindo errado pela primeira vez

na minha vida.

Apoiei um dos meus braços sobre meus olhos, tentando com


aquele peso esquecer um pouco da burrada que havia cometido.

Não sabia como faria para voltar ao normal com Laura e

precisava pensar numa solução logo, sem que meu pau agisse por

vontade própria.

O que era mais difícil de controlar!

Muito difícil!
CAPÍTULO 15

Passei o resto do meu dia andando pelas ruas de Nova


Iorque, fui ao Central Park, passei pelo famoso bairro do SoHo e até

ousei entrar em algumas lojas.

Nada que várias parcelas no cartão de crédito não me

garantisse uma roupinha ou outra.

Tirei fotos em pontos turísticos e cheguei a ir até mesmo na

Estátua da Liberdade.
Depois de aproveitar meu dia, o sol já estava se pondo,

quando resolvi voltar para o hotel. Estava exausta, mas ao menos


tinha conseguido me divertir.

Assim que pisei na recepção do lugar estava me sentindo


mais leve e até deixei um pouco de lado o grande acontecimento

com o meu chefe. Estava disposta a não me lembrar mais daquilo,

mesmo que fosse algo que mexesse demais comigo.

Afinal, eu ainda nutria aquele sentimento platônico por

Frederico e saber que transei com ele, fez com que aquele
sentimento aumentasse. Mesmo que não me lembrasse de muitas

coisas, mas o pouco que me recordava me fazia ter tanta vontade

de prová-lo mais uma vez para tirar a dúvida se era realmente


grandioso aquele evento.

Sim, eu era muito idiota! Considerava a transa com Frederico

algo tão importante que me denominava daquela forma.

No entanto, nada me preparou para quando saísse do

elevador e desse de cara com Frederico saindo do quarto, com duas

mulheres…

Duas!
Não uma! Duas! Ele tinha ficado com duas mulheres!

Meu corpo todo começou a tremer, minhas mãos, que

seguravam as alças das sacolas começaram a suar frio e talvez


minha visão tenha ficado turva por um instante. Fui obrigada a

estacar no lugar, pois não confiei nas minhas pernas para continuar

o caminho, e falharia miseravelmente em fingir que não tinha visto

nada.

A dor que senti ao ver as mulheres saindo do quarto de

Frederico foi parecida com a de um soco no meio da cara. Na

verdade, o soco que levei dos assaltantes há alguns dias doeu

menos do que o que senti ao avistar a loira e a ruiva.

Meu coração no momento parecia que pararia a qualquer


momento. Eu não tinha nada com Frederico, sabia muito bem disso,

mas tinha absoluta certeza de que ele podia ficar um dia sem fazer

sexo e esfregar aquele fato na minha cara.

Porra!

Havíamos passado a noite juntos, custava ao menos por um

dia ele respeitar aquele momento?


Não era ninguém para ele, mas ainda tinha sentimentos…

sentimentos idiotas, mas eu tinha.

Quando me viu ele pareceu se arrepender, porém, naquele

momento era tarde. Não adiantava se arrepender de nada.

As mulheres passaram ao meu lado, sorrindo e comentando

sobre o que havia acontecido. Elas cheiravam a sexo, suor e orgia.

Recolhendo toda a humilhação que estava sentindo, tomei


coragem e voltei a caminhar em direção ao meu quarto.

— Boa noite, senhor! — Controlei o embargo em minha voz


para dizer as palavras.

Passei o cartão no local indicado e a porta logo destrancou.


Eu queria correr para dentro do quarto e me esconder ali, evitar que

ele visse que me afetou tanto.

— Laura?

Quando o ouvi me chamar, tive vontade de xingá-lo, mas não

faria aquilo. Eu não tinha motivo, certo?

Ele era um homem desimpedido, eu que quis me entregar a

ele, deveria lidar com as consequências.


— Sim? — Daquela vez não consegui esconder o meu tom de

voz magoado.

Porém, evitei encarar meu chefe, não queria que ele visse

mais decepção em meu rosto.

— Eu… é…

Só que não aguentei ficar parada, assim que ouvi suas

palavras gaguejadas.

Idiota!

Olhei por cima do ombro e murmurei:

— Não precisa se explicar, senhor. Não me deve nenhuma


satisfação da sua vida.

Depois daquilo, antes que desabasse à sua frente, bati a porta


do quarto e me encostei na madeira que me separava do homem

que eu não queria amar.

Como pude gostar de alguém como ele?

Era o clichê mais ridículo, um instalove que somente eu


almejava. E com isso os dias em Nova Iorque foram passando e a
cada momento que encontrava Frederico, ele tentava conversar
comigo e eu lhe respondia da melhor forma que podia.

Não o ignoraria, afinal ele era meu chefe, mas também não
ficaria batendo papo com ele. Chegava a um ponto da vida, que até
a pessoa mais boba do mundo, tomava vergonha na cara.

O dia de retorno ao Brasil foi o mais conturbado. Ainda senti


medo dentro do jatinho, mas tentei não demonstrar, não queria

Frederico sentado ao meu lado.

Não havíamos tocado mais no assunto daquele fatídico dia, o


que era bom, pois não queria me recordar de nada daquela noite, só

os flashes que vinham às vezes já bastavam.

Na viagem de volta, optei por ler e nem mesmo olhar na

direção de Frederico. Coloquei meus fones de ouvido e deixei as


músicas rolando em meu celular, enquanto devorava o livro que
estava amando.

Pelo menos meu chefe pareceu perceber que não queria


companhia e evitou conversar comigo. Depois de várias horas no ar,

pousamos em Guarulhos, logo estava saindo da aeronave. Comecei


a arrastar minha mala e fui na direção da saída do aeroporto,
porém, fui impedida assim que Frederico segurou meu braço e me
parou no lugar.

Encarei-o com o cenho franzido e esperei que dissesse o que


havia ido falar. Já que tinha me impedido de ir embora.

— Laura, eu posso te levar em casa.

— Obrigada, senhor! Mas não preciso que me leve.

Soltei meu braço do seu aperto e voltei a andar na direção da

saída.

A partir dali, seria daquele jeito, tentaria de todas as formas


tirar Frederico da minha mente. Seríamos somente chefe e

secretária.

O que sempre deveria ter sido, se eu não fosse idiota o


suficiente para deixar me levar por um sentimento imbecil.

Entrei um táxi e parti para casa. Iria demorar muito já que de

Guarulhos até minha casa eram umas boas três horas de carro.

Aproveitei para continuar lendo o romance que tinha toda a minha

atenção no momento.
Quando cheguei, minha mãe quase me amassou de tanto

abraçar. Eu sabia que ela sentia saudades de mim, assim como eu


sentia dela, mas também não precisava quase me quebrar ao meio.

O problema de ter uma mãe observadora, era que assim que

me afastei do seu abraço, ela levantou uma das sobrancelhas e


indagou:

— Aconteceu algo na viagem? — A voz dela parecia atenta.

E meu coração começou a correr uma maratona. Não falaria

para minha mãe o que havia ocorrido, nem mesmo se me

ameaçasse.

— Não, mamãe! — falei rápido demais, quase me

entregando.

Ela pareceu não acreditar nas minhas palavras.

— Tem certeza?

— Absoluta!

Ela ainda me encarou por um tempo, com os olhos atentos em


meu rosto. Sabia que ela estava ciente de que eu mentia, mas não

quis dizer nada para contrariar o que havia lhe falado.


— Se você diz!

Respirei fundo e me afastei um pouco dela.

— Só estou cansada da viagem. Ainda bem que tenho o final

de semana todo para descansar.

Como havíamos chegado sexta à tarde, Frederico já tinha me


informado que voltaríamos somente na segunda-feira.

— Então vá tomar um banho, que vou preparar um lanche

para você.

— Obrigada, mamãe! — Beijei seu rosto e sussurrei: —


Quando voltar, vou abrir a mala para pegar os presentes que trouxe

para a senhora.

— Tá bom, meu amorzinho!

Fui para o meu quarto, e o sorriso que estava tentando manter

no rosto morreu um pouco.

Esperava que aquela dor passasse, pois em cada momento

que me lembrava do que havia acontecido há uma semana, me

sentia cair em desespero.


Não me lembrava de tudo, mas o que vinha à minha mente

era o suficiente para saber que tinha sido uma noite inesquecível.

E que no dia seguinte, meu chefe estava com duas mulheres,

para provar que realmente o que tivemos foi um erro.

Só precisava daquele final de semana de desintoxicação, para

tentar colocar um basta naquela dor. Segunda, voltaria para a


empresa, como se nada tivesse acontecido.

Como sempre foi… uma secretária que só servia a seu

chefe…

Só isso e nada mais!


CAPÍTULO 16

O final de semana era para ser de descanso, mas acabei


sendo convidado para um evento beneficente que não pude negar

estar presente. Como nunca aparecia sozinho, fui acompanhado de

uma mulher muito bonita, com quem ainda não havia saído.

Claro que diversas fotos minhas com a garota foram parar nas

páginas de fofoca, o que fazia com que meu nome estivesse na


boca do povo.
E talvez eu não me encontrasse no meu estado normal, pois

estava preocupado com Laura, se ela tivesse visto, as coisas que já


não estavam bem entre nós poderiam piorar muito.

Naquele dia em específico, cheguei dez minutos depois do


meu horário habitual e ela já estava sentada no seu lugar de

costume, completamente focada no que estava fazendo.

Caminhei até próximo à sua mesa e coloquei o copo térmico

com a bebida que havia comprado no caminho para ela. Os olhos

azuis saíram da tela do computador e me encararam de forma


profunda que senti até mesmo um desconforto com o jeito que me

olhava.

— Bom dia, Laura! — Cumprimentei-a e lhe direcionei um

sorriso meio sem graça.

— Bom dia, senhor! — A resposta fria chegou até os meus

ouvidos e eu soube o quanto era um filho da puta.

Aquela garota nunca mais voltaria a conversar normalmente

comigo. Eu sabia que ficar com Laura Bueno era um erro e deveria

ter me mantido afastado.


Mas o desejo falou muito mais alto e eu sabia que não tinha
sido somente a bebida que nos levou a fazer o que cometemos, foi

algo que estava no ar, na nossa pele… foi tesão mesmo!

Algo que sempre senti por Laura e que tentei deixar escondido

por muito tempo, mas com uma ajudinha daquela noite insana e

com ela se entregando daquela forma para mim, acabei deixando

que fizéssemos o que mais temia: sexo.

E o pior que nem me lembrava direito daquela noite.

Tirando-me dos devaneios que hora ou outra tomavam minha

mente, Laura indagou:

— O que é isso, senhor? — Apontou para o copo da bebida

que havia levado para ela.

— Um chocolate quente para você. Já que hoje amanheceu

meio frio.

Laura encarou o desenho verde do copo branco por um

tempo, voltou a me olhar e respondeu:

— Em Nova Iorque estava muito mais frio que aqui e não

ganhei chocolate quente, por qual motivo está me dando isso?


Nem eu sabia responder àquela pergunta.

— Achei que você gostaria de receber um mimo.

Laura afastou a mão do teclado do computador e cruzou os


braços, ainda me encarando de forma séria.

— Senhor, pode ficar com o chocolate quente, não quero.


Obrigada!

Respirei fundo e olhei para os lados, só para certificar que não


havia nenhum funcionário por perto.

— Laura, sei que agi de forma equivocada, mas não precisa…

— Daqui a pouco levarei a agenda do senhor — cortou-me.

Logo voltou sua atenção para a tela do computador e me

deixou ali parado como se fosse um completo idiota. No entanto, em


algo aquela garota estava certa, eu realmente era um imbecil que

não merecia sua atenção.

Peguei o copo com a bebida, caminhei para minha sala e

tomei um gole do líquido doce. Eu odiava provar doces logo de


manhã, mas não desperdiçaria aquele alimento, muitas pessoas não

tinham a condição que eu possuía.


Não demorou muito para Laura dar seus toques de praxe na

porta e me pegou tomando a bebida. Vi um sorrisinho brincar em


seus lábios, mas logo ela voltou a ficar séria.

— Posso entrar, senhor?

Girei meu corpo, jogando o copo térmico no lixo, cruzei meus

braços e encostei-me na mesa do escritório.

— Claro!

Ela entrou, mas antes que pudesse dar sequer dois passos

para dentro, ordenei:

— Feche a porta, Laura!

Ela me olhou de forma estranha, mas não retrucou minha


decisão, já que ali dentro da empresa eu era o chefe e ela deveria

me obedecer. Bom, estava parecendo um filho da puta arrogante,


mas talvez eu fosse aquilo mesmo, só não demonstrava cem por

cento das vezes.

A secretária fechou a porta e caminhou um pouco mais perto,


mas se conteve ainda em uma distância aceitável de mim.
— O senhor está com a manhã livre de reuniões, precisa
somente verificar o contrato que mandei no e-mail, para que possa
imprimir para que assine e…

Observava Laura falar, mas não conseguia desviar meus


olhos da sua boca carnuda, tão desenhada e que novamente

parecia implorar para que eu a devorasse.

Nunca senti vontade de repetir doses de sexo, de beijos, de

safadeza com ninguém. Só que devido ao fato de não me lembrar


da maioria das coisas que aconteceram naquela noite, eu não sabia

o motivo de estar desejando tanto provar novamente minha


secretária.

Aquela mulher parecia ter o poder de foder com todas as


minhas regras.

Com tudo que impus na minha vida.

Afastei-me da mesa e me aproximei de onde ela estava. Laura


travou o que falava, tirei o tablet da sua mão, depositando na
poltrona que estava perto de nós.

Sem pensar grudei uma de minhas mãos em sua cintura e


aproximei seu corpo do meu como se aquilo fosse conter a vontade
insana que eu estava sentindo.

Laura era mais baixa do que eu, por isso, levei a mão livre

para seu queixo e levantei seu olhar até o meu, sentindo sua
respiração quente e acelerada bater em meu rosto.

— Eu cometi um erro, mas não quero ser odiado, Laura —


sussurrei.

Ela tentou desviar sua atenção de mim, mas não permiti

segurando seu queixo com um pouco mais de força.

— Não odeio o senhor! — respondeu entre dentes.

— Nós nos deixamos levar, Laura. E eu peço desculpas por

ter ficado com aquelas mulheres…

A secretária fechou os olhos, impedindo que eu visse aquelas


pedras azuis, que considerava tão preciosas.

— Por favor, não diz isso, Frederico. — Ao ouvir meu nome

sair de sua boca, lembrei-me daquela maldita noite, de quando ela

estava na boate e disse que eu seria dela.

Engoli em seco com o pensamento, mas tentei focar no que


estava acontecendo no meu escritório.
— E posso saber o motivo de não poder te pedir desculpas?

— indaguei baixinho, com a boca tão perto da sua, se Laura fizesse


qualquer movimento encostaria seus lábios nos meus.

Ela voltou a abrir os olhos e respondeu de forma ríspida:

— Não quero pedidos de desculpas, sabendo que não tenho

nada para desculpar o senhor. Agora, por favor, me solte.

Suas palavras foram como bofetadas na minha cara, mas era


daquela forma mesmo que eu merecia ser tratado.

— Sei muito bem que não lhe tratei bem. Por isso, estou

pedindo desculpas, Laura.

— Ok, senhor! Eu lhe desculpo!

Ela tentou se afastar novamente e mais uma vez, indo contra

toda a minha vontade, permaneci segurando seu corpo junto ao

meu.

— Por que não consigo te esquecer? — indaguei, perdendo a


batalha de manter o que estava ocorrendo dentro de mim em

segredo.

Laura franziu o cenho.


— O senhor o quê? — Pareceu não acreditar nas minhas

palavras.

— Nunca senti vontade de provar ninguém mais de uma vez,

Laura. Mas você parece um vício, que eu preciso ter só mais um


pouco, eu não consigo me recordar totalmente das coisas que

aconteceram naquele dia. — Fiz uma pausa e aproximei minha boca

mais um pouco da de Laura, encostando nossos lábios, mas sem


beijá-la, só deixando pairar um no outro. — Fica comigo mais uma

vez? — pedi.

E não tinha como negar que Laura estava entregue em

meus braços, no entanto, assim que ouvi o meu pedido, seus olhos
se arregalaram e ela me empurrou com força, para assim se afastar

de vez de mim.

— O senhor acha que eu sou o quê? — Seus olhos

lacrimejaram e novamente Laura me fez sentir um lixo.

— Laura eu não quis te ofender. — Tentei me explicar.

Algumas lágrimas escorreram pelo seu rosto, mas ela tratou

de enxugá-las rapidamente.
— Aquele dia eu cometi um erro, Frederico. Eu nunca devia

ter deixado me levar pelo momento. Você não é um homem para se


relacionar, mulheres são objetos para você. Fui para a cama com o

senhor e no outro dia estava com duas… — Ela levantou dois dedos

para dar ênfase no que dizia. — Claro que você pode fazer o que
quiser da sua vida, mas eu só queria ter sido respeitada naquele dia

e não fui. E agora o senhor todo poderoso chega, com um chocolate

quente, achando que não vi que estava com mais de uma mulher no

final de semana? E se não bastasse, quer me provar mais uma vez?


Não sou uma qualquer, não sou um objeto que está a seu dispor.

Com licença!

Laura me deu as costas, saindo do escritório logo em seguida.

Eu realmente era um imbecil…

Um imbecil que não deveria ter dormido com a secretária.


CAPÍTULO 17

Entrei no banheiro da empresa e me tranquei em um dos


boxes, sentei-me sobre a tampa do vaso sanitário e chorei, porque

era uma imbecil que não sabia fazer outra coisa a não ser chorar

por um homem como Frederico.

Ele achava que eu era o quê?

Nunca me senti tão humilhada!

Fui uma completa tola de ir para a cama com ele e para piorar
ainda nem me lembrava de tudo.
Que inferno!

Funguei e enxuguei as lágrimas que escorriam sem parar.

Depois de um tempo, consegui me controlar e sair do box, fui até a

pia e abri a torneira, lavando meu rosto para tentar amenizar a


expressão de choro.

Quando enxuguei o rosto, encarei meu reflexo no espelho e


percebi que estava um pouco melhor, mesmo que minha expressão

me denunciasse um pouco.

Assim que voltei para a mesa, percebi pela minha visão

periférica um vulto encostado no batente da porta do escritório de


Frederico. Tirei meus olhos da tela do computador e encarei na
direção da sombra, constatando que meu chefe estava encostado

no batente da porta, com os braços cruzados e me encarava como

se tentasse decifrar algo que não sabia o que era.

— O senhor precisa de algo? — indaguei a voz ainda um

pouco embargada.

— Não, Laura!

Frederico estava calmo, ou talvez aquilo fosse pena, não

estava conseguindo decifrar o que se passava na expressão do meu


chefe, que naquele momento me olhava de forma tão intensa.

— Ou melhor, desmarque tudo o que eu tinha para hoje.

Assustei-me com sua decisão.

— Mas… — Tentei lembrá-lo que tinha uma reunião

importante.

— Não tem problema, Laura! Só desmarca!

Engoli em seco e assenti.

Ele era o chefe, faria o que me pediu. Assim que comecei a

digitar um e-mail para as secretárias dos investidores, Frederico

voltou para dentro da sua sala e de lá não saiu por um bom tempo.

Quando reapareceu, já estava próximo da hora do almoço.

Apontou para fora da sala, fechando a porta em seguida e antes que


continuasse andando parou em frente à minha mesa.

— Conseguiu desmarcar? — perguntou.

— Sim, senhor! — respondi, sem encará-lo.

— Olha pra mim, Laura!


Engolindo em seco e respirando profundamente em seguida

levei meus olhos até ele.

— Venha comigo. Não consigo te ver assim e não fazer nada.

Cerrei meu cenho.

— Não vou a lugar algum com o senhor!

Frederico fechou os olhos, como se tentasse se controlar e


quando voltou a abri-los me fitou de forma tão intensa que senti até
mesmo meu corpo esquentar.

— Laura, eu sou um idiota, mas por favor eu tô te pedindo,


venha comigo.

Meu chefe estendeu a mão em minha direção e eu me lembrei


de quando havia feito aquilo em Nova Iorque. Maldito dia que aceitei

sua mão para me levar para onde quisesse.

Percebendo que não seria muito fácil me convencer,


Frederico, implorou em forma de sussurro:

— Por favor, aceita vir comigo, prometo que não se


arrependerá. — Ainda sem me movimentar, Frederico olhou em

volta novamente, e voltou a dizer: — Preciso me ajoelhar?


Por um momento pensei em fazê-lo se ajoelhar, mas não

queria que algum funcionário visse aquela cena e depois saísse


comentando alguma coisa sobre mim para a empresa toda.

Sem tocar nele, levantei-me, peguei minha bolsa e caminhei


ao lado do meu chefe até o elevador. Entramos na caixa metálica e

vi quando Frederico apertou o botão que nos levava para o subsolo.

Aproveitei que ninguém entrou, para girar-me na sua direção.

— Aonde estamos indo?— perguntei.

O homem me olhou de esguelha, e sua expressão pensativa


fez com que eu ficasse mais curiosa.

O que Frederico Salles estava aprontando?

— Se eu te contar, você promete não desistir de ir comigo? —

ele respondeu.

Estava temerosa com aquilo, porque eu sabia muito bem que


ele podia aprontar as piores atrocidades se eu concordasse com o

que estava planejando.

No entanto, a curiosidade tinha me tomado por completo, por

isso me peguei assentindo, concordando com o que eu nem sabia.


— Vou te levar até minha casa — revelou.

E meu coração deu um salto no meu peito.

— O quê? — questionei, sem acreditar que havia realmente


escutado aquilo.

As portas do elevador se abriram, mas não fiz nem sinal de


que daria um passo para fora do lugar. Frederico também percebeu

aquilo e não saiu do lugar.

— Você prometeu, Laura. Vem comigo, por favor?

A expressão de bom moço e a mão estendida, quebraram


todas as barreiras que tentei impor naquele dia contra o meu chefe.

Segurei sua mão ainda meio relutante e Frederico me

conduziu por fim, para fora do elevador, indo em direção ao seu


carro. Pelo que todos diziam, meu chefe nunca levava ninguém à
sua cobertura, então porque estava fazendo aquilo comigo?

Ele abriu a porta do SUV e me ajudou a entrar no automóvel.

Surpreendi-me ainda mais, quando puxou o cinto de segurança e o


travou ao meu lado.
Talvez eu tenha me sentido igual às mocinhas dos doramas,
que costumava assistir, quando os mocinhos chegavam tão
próximos que até o perfume tomava todo o ambiente, tudo entrava

em uma dimensão paralela e seguia em câmera lenta por um


tempo.

Frederico ainda teve a ousadia de me direcionar um sorrisinho

de canto quando se afastou de mim.

O que aquele homem estava querendo?

Assim que fechou a porta e contornou o carro me arrependi de

estar ali.

Eu o deixaria me fazer de idiota de novo?

Não que ele tivesse escondido alguma coisa de mim. No


entanto, ainda estava chateada por ter sido tratada de forma tão

fria.

Eu só podia ser burra mesmo!

— Não pense demais, Laura! — sussurrou, quando entrou no

carro e também colocou o cinto.

— Só não sei o motivo de me levar para a sua casa, senhor.


— Você descobrirá.

Dizendo aquilo, Frederico deu partida no carro e começou a


seguir pelas ruas de São Paulo. O trânsito naquele momento estava

até tranquilo, já que não era a hora do rush.

Mas de qualquer jeito demoramos uma hora para chegarmos

ao bairro de Pinheiros e só de estar naquele lugar, já era perceptível


que tudo ali esbanjava dinheiro.

Quando paramos em frente ao prédio de Frederico, fui

obrigada a engolir em seco. O lugar tinha ao menos vinte andares,

não era um prédio enorme, mas os detalhes já mostravam o quanto


precisava ter bastante grana para morar ali.

Depois de Frederico digitar a senha de acesso ao

estacionamento, o portão foi aberto e entramos naquele

condomínio, que me deixava até mesmo sem graça por tamanha


exuberância.

Assim que meu chefe parou em sua vaga, saí do automóvel e

o ouvi dizer:

— Desse jeito você acaba com meu cavalheirismo.


Encarei-o sem entender, elevando uma das sobrancelhas para

deixar claro que não havia compreendido o que falou.

— Eu queria ter aberto a sua porta. — Apontou uma das mãos

na direção da porta do automóvel, que eu ainda não havia fechado.

— Ah! — Foi a única coisa que respondi.

Não queria me sentir como uma boba sonhadora, mas aquele

homem estava me deixando completamente confusa com sua de

atitude.

Fechei a porta e o acompanhei pelo estacionamento, até o


elevador que para acessá-lo precisava de senha. Claro que

Frederico apertou o último botão, que nos levaria para a cobertura e

eu tive absoluta certeza de que aquele homem podia acabar com a


fome de algum país pequeno.

Uma cobertura em um bairro como aquele, era simplesmente

para quem podia e pelo jeito Frederico Salles podia muito. Saímos

no último andar e para minha surpresa a porta do elevador, era


simplesmente a entrada da sala de estar do homem ao meu lado.

Dei alguns passos até estar dentro do lugar, deixei meus olhos

percorrerem o lugar. O piso era escuro, não possuía muitos enfeites,


era o típico apartamento de um homem solteiro, bem impessoal.

Os sofás cinza pareciam ser daqueles que abraçavam seu


corpo quando se sentava sobre eles, a mesinha de centro era de

vidro e ao meu lado esquerdo, tinha um pequeno bar perto das

vidraças.

No entanto, minha atenção foi completamente tomada para a


mesa que estava mais à frente, perto das vidraças que tinham uma

vista incrível de São Paulo, e aquilo me deixou em choque.

Era uma mesa de dois lugares, mas grande o suficiente para

ser ocupada por mais umas duas pessoas e ali estavam dispostos
diversos pratos, sem contar que havia um buquê de rosas

vermelhas em um aparador próximo à mesa.

Fiquei estática e Frederico percebendo aquilo, se afastou indo

diretamente até o buquê, o pegou e voltou a se aproximar


estendendo as rosas para mim.

— Senhor…

— Laura, eu sou um homem frio que não costuma se importar

com os sentimentos das pessoas e esqueço que nem todos os


seres do mundo são ruins. Errei com você e percebi que pisei na
bola com uma pessoa incrível. Por isso, estou aqui, lhe fazendo

essa humilde surpresa para lhe pedir desculpas.

Não deveria cair tão fácil, mas os meus olhos infelizes

lacrimejaram.

Mas quando Frederico se ajoelhou no chão, aquilo foi minha

ruína.

— Senhor, levante-se — pedi.

— Eu sei que você não está chateada por termos ido para a

cama e eu não querer nada sério. Sei que está chateada por eu ter
te tratado como uma qualquer. Não queria te magoar, mas quero

que entenda, Laura. Que não nasci para ter relacionamentos com

ninguém, nem com uma pessoa tão incrível como você. Por isso,
estou aqui, implorando pelo seu perdão, porém, isso não significa

que teremos nada sério, tudo bem?

Claro que ele tinha que estragar um pouquinho da surpresa.

No entanto, não tinha como forçar ninguém a nada e foi exatamente


por isso que assenti.

Frederico e eu tínhamos tido um sexo, que eu nem sabia se

foi realmente bom, e que havia acontecido somente naquela noite.


Não voltaria acontecer, eu faria de tudo para deixar de amá-lo e

começaria a partir dali.

— Eu o desculpo, senhor!

Ele se levantou, me estendeu o buquê e apontou para a

mesa.

— Vamos almoçar? — questionou.

— Sim!

Frederico pegou minha bolsa e o buquê, deixando em outro


aparador mais distante da mesa, em seguida caminhamos para a

mesa.

Eu precisava parar de amá-lo…

Mas o destino não parecia querer entender aquilo, já que me


fez tropeçar em um degrau que não havia percebido e quando

pensei que acabaria no chão, meu chefe me segurou pela cintura,

grudando nossos corpos um no outro.

Minhas mãos bateram em seu tórax forte, nossos olhos se


encontraram, deixando perceptível o momento que Frederico
percorreu os seus pelo meu rosto parando diretamente na minha
boca.

— Talvez eu possa provar sua boca somente mais uma vez —

sussurrou.

Eu deveria ter negado…

Ah, como deveria!

— Talvez uma última vez não faria mal para ninguém —

respondi, deixando o resquício de barreira que havia sobrado cair

por terra.

Não demorou muito mais para sua boca grudar na minha…

E com aquilo só tive uma única certeza: Frederico seria a

minha completa ruína!


CAPÍTULO 18

Ouvir as palavras duras de Laura foi o que me fez perceber o


quanto eu tinha sido um idiota.

Ela não estava chateada por termos ido para a cama e eu não

querer nada sério com ela, estava triste por eu simplesmente a ter

tratado com toda a minha insensibilidade.

Como pude me transformar naquele monstro quando se


tratava dos sentimentos femininos?
Por isso, pedi para Cleide, a senhora que arrumava minha

cobertura duas vezes na semana, para preparar aquele almoço. E


era verdade quando eu dizia que havia levado Laura ali para ter o

seu perdão.

Porém, assim que a tive em meus braços de novo, algum

instinto predatório dentro de mim tomou conta do meu corpo e eu

não resisti ao dizer as palavras que gritaram em minha mente.

— Talvez eu possa provar sua boca somente mais uma vez —

meu sussurro saiu quase inaudível.

Por dentro tudo gritava, meus instintos imploravam, para que


Laura concordasse com aquilo.

Não queria usá-la, mas algo dentro de mim estava louco por

ela e estava sendo difícil resistir.

— Talvez eu possa provar sua boca somente mais uma vez.

— Quando ouvi sua aprovação me esqueci de tudo e só grudei


minha boca na sua.

Naquele dia não havia álcool para mudar meus pensamentos,


não havia nada que pudesse me fazer esquecer o beijo em Laura.
E eu podia afirmar que beijá-la…

Puta que pariu!

O beijo de Laura era o melhor que já havia sentido em toda a

minha vida.

Nossas bocas se grudavam com vontade, desespero,

eufóricas e aquilo fazia com que um calor subisse pelo meu corpo.

Nossas línguas estavam dançando uma música só nossa,

onde nossa conexão parecia ainda mais forte.

Mordi o lábio inferior de Laura e um gemido gutural escapou

de sua garganta. Meu corpo todo se esquentou somente com


aquele som. Nossas bocas se moviam em perfeita sincronia,

explorei o interior da sua com minha língua com completa

intensidade.

Aproveitei para envolver a cintura de Laura, puxando-a para

mais perto, quase fazendo com que nossos corpos se fundissem em

um só. Minha secretária pareceu parar de se preocupar com o que

poderia acontecer e se entregou ao momento, suas mãos

percorreram meus cabelos me segurando com mais força no lugar,


para evitar que minha boca se afastasse qualquer centímetro que

fosse da sua.

Nossos suspiros entrecortados se tornaram o som ambiente,

percorrendo todo o cômodo que nos encontrava. O calor do


momento se intensificou, enquanto nos entregávamos mais e mais

àquele. Perdendo completamente o controle, deixei que minhas


mãos descessem para a bunda de Laura e a apertei com força.

Quando a impulsionei para cima, sem relutar, Laura envolveu


as pernas ao redor da minha cintura e caminhei com ela para o sofá.
Sentei-me no lugar, com ela por cima de mim, o que fez com que

minha secretária sentisse meu pau completamente louco por ela.

Laura se mexeu em meu colo e eu aprofundei o nosso beijo


com mais vontade. Engoli seus gemidos, chupei sua língua, lábios e

assim que desci meus beijos pelo seu pescoço, as unhas da mulher
passaram pela minha nuca fazendo toda a minha pele se arrepiar.

Quando minha boca voltou para a de Laura, ela se afastou de


mim parecendo voltar à realidade do momento. Nós estávamos

ofegantes, com olhares intensos de um para o outro e o desejo era


quase palpável.
Encarei sua boca carnuda e sorri ao perceber que seus lábios

estavam vermelhos e inchados, mostrando o quão intenso foi o


momento que compartilhamos.

— Acho melhor pararmos por aqui com esse beijo, senhor!

Não queria parar, mas não a forçaria para nada.

— Você está certa!

Laura se levantou do meu colo, ajeitou os cabelos que


estavam um pouco desgrenhados pelo que vivemos e disse:

— Vamos almoçar!

— Vamos!

Levantei-me do sofá e conduzi minha secretária até uma das


cadeiras, afastando-a para ela se sentar.

E por fim começamos a almoçar.

— Aqui é bem bonito — A mulher comentou.

— Sim, eu gosto da vista e de todo o espaço que tenho aqui.

Laura sorriu e teve sua atenção tomada por algo atrás de mim.
Quando pensei em girar o corpo para ver o que era, ela me indagou:
— Você tem uma piscina na cobertura?

Voltei-me para a frente e sorri para ela.

— Sim e uma hidromassagem também.

— Uau! Acho que agora realmente entendi o quanto o senhor


é rico.

Dei de ombros sem me importar com aquilo.

— Dinheiro vem e vai, não é muito importante.

— Ah, eu acho que é importante sim, mas não igual àquelas


pessoas que fariam qualquer merda por dinheiro.

Voltei meus olhos para Laura e vi suas bochechas corarem.

— Desculpe-me, eu acho que me senti muito íntima para


começar a dizer palavrões.

Sorri para ela e fui obrigado a observar seu rosto por mais
tempo. Laura era linda demais, meiga, carinhosa e parecia tão

compreensiva e talvez se eu não fosse uma pessoa tão quebrada


ela seria a mulher ideal para ter um relacionamento.

— Gosto do seu jeito, Laura! Nunca mude, por ninguém.


Ela mordeu o lábio inferior e eu podia ter implorado para ela
não fazer aquilo, senão eu seria capaz de agarrá-la por cima da
mesa, sem me importar com mais nada.

— Para de me olhar dessa maneira, senhor!

— Por quê?

— Porque o jeito que me olha é muito inapropriado. Não quero


cometer esse erro de novo, então, só pare de olhar como se

quisesse arrancar minha roupa.

Levei uma das mãos para os meus olhos tapando a visão que

tinha dela, porém o sorriso ainda pairava em minha boca.

— Assim está melhor?

— O senhor não tem jeito mesmo!

Soltou uma gargalhada e eu fui obrigado a destapar os olhos


para ver aquela menina tão alegre daquela forma.

Linda!

— Não tenho culpa de ser um safado incurável e não vou

negar que queria mesmo arrancar sua roupa.


Ela revirou os olhos, mas acabou perguntando a coisa errada:

— Por que você é assim, Frederico? Por que as mulheres são


somente objetos pra você?

Perdi a fome instantaneamente e tomei um gole do vinho

disposto na taça ao lado do meu prato.

— Desculpe-me novamente, não deveria querer saber da sua

vida pessoal.

Segurei a mão de Laura por cima da mesa e ela encarou

meus olhos.

— Não gosto de falar sobre isso, o problema não é você,

realmente sou eu.

Ela assentiu e não havia julgamento em sua expressão.

Laura seria muito fácil de amar se eu fosse um homem que

amasse alguém, porém não era, então ela teria que ser amada por

outro.

— Tudo bem, Frederico! Se um dia precisar conversar sobre


isso pode me considerar uma amiga que estenderá o ombro para te

escutar.
— Obrigado! — respondi.

E Laura voltou a se concentrar no almoço. Será que um dia eu

iria conseguir falar sobre tudo o que me afligia?

Esperava que sim e com aquilo me lembraria de que Laura


estava ali para mim, não sabia até quando, mas talvez ela estivesse

sempre que eu precisasse.

Pelo menos era aquilo que eu esperava…


CAPÍTULO 19

Depois do almoço surpresa que Frederico me proporcionou,


ficamos mais tranquilos em relação ao que havia acontecido entre

nós. No entanto, quanto mais fofo ele era comigo mais meu coração
se agitava por ele.

Haviam se passado duas semanas desde aquele dia em seu


apartamento e não teve um dia sequer que Frederico não surgiu na

empresa com um botão de rosa, ou uma caixa de chocolates.

Sabe o que era mais difícil?


Resistir a ele!

O homem que não queria relacionamento parecia estar

disposto a me deixar rendida por ele.

E o motivo? Eu não tinha ideia!

Sem contar que o beijo… eu nunca mais conseguiria esquecer

aquele beijo.

A forma que a boca do meu chefe me devorava era diferente

de todos os beijos que havia provado em minha vida. Claro, que eu


não tinha uma lista infinita de homens que já havia beijado, no

entanto, Frederico estava no topo.

E não sabia se alguém um dia conseguiria dar um beijo

melhor que o dele…

Um beijo daqueles que faziam a pele se arrepiar e a calcinha

encharcar.

Só por ter tido aquele pensamento minhas bochechas

coraram. Aquele homem não sabia o que estava fazendo comigo.

Era sexta-feira, quando Frederico chegou com mais uma

caixinha de chocolate. Talvez ele estivesse querendo me deixar


diabética.

— Obrigada, senhor!

— Bom dia, Laura!

Ele sorriu para mim e eu retribuí o sorriso, encarando seus

olhos castanhos. Conhecia tão bem aquele homem, mesmo que ele

nem sonhasse com aquilo, que sabia distinguir até quando ele fazia
a barba e eu podia jurar que ele a aparou na noite passada ou até

mesmo nesta manhã, já que estava um pouco mais baixa que no dia

anterior.

— Bom dia, senhor!

— Como está minha agenda para hoje? — perguntou, agindo

novamente diferente de antes daquele almoço.

— Hoje está mais tranquilo senhor. Tem somente uma reunião

e alguns contratos para assinar.

Frederico assentiu e sorriu novamente na minha direção.

— Venha até a minha sala, Laura. Preciso falar algo com

você.

Engoli em seco com aquilo. O que ele queria?


Peguei o tablet com a agenda e caminhei até o seu escritório.

— Feche a porta, por favor!

Ok!

Meu corpo todo se arrepiou com sua fala, mas ainda bem que

Frederico já estava sentado em sua cadeira, bem longe de mim.


Então talvez eu estivesse segura e não precisaria começar a correr

do meu chefe.

Mesmo que a vontade fosse a de ficar e pedir para que ele

fizesse o que quisesse comigo.

Sim, eu havia esquecido completamente dos meus princípios

de “não voltarei a ficar com meu chefe”, já que Frederico tinha feito
a minha vida ficar muito difícil desde que começou a ser um fofo.

Se eu já tinha um tombo por ele e era completamente


dominada pelo amor platônico quando ele não me dava atenção,

imagina quando ele começou a ser fofo?

Podíamos dar adeus para Laura Bueno, ela tinha se tornado


uma cadelinha mentalmente de Frederico Salles.
— Laura, quero te fazer um convite. — Frederico entrelaçou

os dedos uns nos outros e apoiou os braços cuidadosamente em


cima da mesa de mogno.

Engoli em seco.

— Pode falar, senhor!

Frederico encarou meus olhos com tanta intensidade.

— Não consigo parar de pensar em você, Laura.

Tudo ficou silencioso, o som dos automóveis passando lá


embaixo na rua parou, qualquer pessoa fora daquele escritório não
existia mais. Minha respiração ficou pesada e senti minhas pernas

fraquejarem, porém, consegui me manter firme.

— Como?

Frederico passou a língua pelos lábios e meus olhos

percorreram cada pequeno detalhe, até que fui tirada do meu


devaneio com suas palavras.

— Eu estou tentando ser menos pilantra, não quero estragar o


nosso convívio de chefe e secretária, mas eu não consigo parar de

pensar em você, Laura. E estou sendo sincero, nos meus sonhos


você aparece, quando abro os olhos o primeiro pensamento que
vem é você e seus olhos encantadores e sua boca que eu desejo
tanto provar novamente ficam me perturbando.

Fechei meus olhos e mordi meu lábio inferior.

— Senhor…

Ouvi a cadeira sendo afastada e quando voltei a encarar

Frederico ele estava caminhando na minha direção.

Sem que eu pudesse reagir ao que estava acontecendo, ele

segurou meu rosto entre suas mãos grandes e grossas e encostou


sua testa na minha.

— Laura, não me odeie, mas passe o final de semana


comigo? Eu prometo que não vou estar com outra mulher depois, só

preciso sanar essa vontade incontrolável de ter você. Pelos seus


olhos e gestos eu sei que você me quer, por favor.

Meu corpo todo se arrepiou com suas palavras, meu coração


disparou e senti que até mesmo meus lábios ficaram trêmulos pelo

pedido de Frederico.

— Se eu fizesse isso, como poderia…


Ele tirou uma das mãos do meu rosto, colocando o indicador
sobre meus lábios para me calar.

— Por favor, Laura! Vamos esquecer tudo e só viver essa


maluquice, depois nós podemos lidar com tudo que vier, com todas
as consequências. Seja minha por um final de semana.

Eu sabia que iria sofrer se concordasse com Frederico.

— Isso tudo é por causa de sexo? — Tentei me afastar, mas

ele continuou me segurando. — Porque se for, você pode transar


comigo aqui mesmo, não preciso passar um final de semana com

você. Não sei se posso controlar meus sentimentos. — Abri meu

coração.

Frederico beijou o cantinho da minha boca e sussurrou


deixando que seus lábios passassem pela minha pele.

— Não é por isso, Laura. — Ele soltou uma risada rouca. —

Se você quiser, podemos transar aqui em cada canto do meu

escritório, mas não é por sexo. Eu quero entender que merda está
acontecendo comigo que não consigo te esquecer. Te quero perto

de mim, sentir seu perfume quando acordar, saber por que eu não

consigo te tirar da minha mente.


Sua voz estava tão grossa, os dentes cerrados deixando o

timbre ainda mais forte.

Frederico passou seus lábios sobre os meus vagarosamente,

senti seu hálito quente se misturar com o meu e eu fui obrigada a

engolir em seco.

No entanto, coloquei minha mão sobre o seu tórax e pedi:

— Me deixa pensar. — Frederico se afastou sem aprofundar o


beijo. — Depois lhe dou a resposta.

Ele assentiu e deixou que eu saísse da sua sala. Fechei a

porta e me encostei na madeira.

Deus!

Aquele homem me deixaria maluca.

Peguei meu celular e caminhei diretamente para o banheiro da

empresa, verifiquei se não havia ninguém dentro dos boxes e depois

tranquei a porta principal.

Logo liguei em chamada de vídeo para minha mãe que não


demorou muito para atender.
— Oi, querida! — Ela tinha um sorriso enorme nos lábios, mas

quando percebeu minha expressão ficou séria. — O que aconteceu,

Laura?

Meus olhos se encheram de lágrimas.

— Desculpa, ter mentido para a senhora! — Elas escorreram,

fazendo minha mãe desesperar.

— Mentido sobre o quê, minha menina?

— Mamãe, eu dormi com o Frederico na viagem de Nova

Iorque.

Dona Juliana abriu um sorriso, me deixando confusa com

aquela sua atitude.

— Meu amor, eu já sabia que algo assim tinha acontecido.

Você não consegue me enganar por nem um segundo, Laura.

Chorei mais só por ela estar me tratando de forma tão amável.

— A senhora me perdoa?

— Não tenho o que te perdoar, Laura. Você é uma filha

maravilhosa, o que eu falaria? Para evitar se relacionar com


homens? De jeito nenhum e eu adoro o Frederico, aprovaria uma

relação de vocês.

Ah, se ela soubesse que Frederico não queria nada comigo,

somente sexo, bem que ele disse também que queria saber o que

estava acontecendo com ele que não conseguia me esquecer.

— Mamãe, ele quer passar o final de semana comigo. O que


faço?

Minha mãe era minha melhor amiga, nunca fui uma pessoa

que tivesse diversos amigos, ou conhecidos, já que dediquei minha

vida aos estudos e depois da morte do meu pai, à minha mãe.

— Tipo uma viagem romântica? — Quis saber.

— Acho que foi o que ele quis dizer.

— Então, eu digo para você ir.

Não esperava que ela concordasse tão rápido.

— Por que a senhora está tão feliz com isso?

Dona Juliana tinha um sorriso ainda maior em seus lábios e


sua expressão parecia tranquila.
— Não é do feitio de Frederico convidar mulheres para

passarem finais de semana com ele. Se está te chamando é porque

algo mudou em seu pensamento. Então, aceita o que o destino está

querendo te mostrar e vá, minha filha.

Encostei-me na pia e encarei meus pés.

— E se eu me machucar?

— Bom, corações quebrados vão existir sempre, querida. Eu

espero que aquele menino metido a poderoso não quebre o seu,

mas se ele ousar fazer isso estarei aqui para segurar sua mão e
enxugar suas lágrimas. — Voltei a encarar a tela do celular. — Eu

sei que você é toda apaixonada pelo Frederico, não perca essa

oportunidade. O Fred é um homem muito quebrado, talvez ele


precise de uma Laura para tirá-lo da escuridão.

Sorri com as palavras da minha e com aquilo me senti

confiante para aceitar a proposta de Frederico.

— A senhora ficaria bem o final de semana sozinha?

— Pare de se preocupar comigo, Laura. Vá viver sua

juventude, não tem como vivê-la duas vezes e você só tem vinte e

três anos, meu amor.


— Obrigada, mamãe!

— Quando precisar estarei aqui de braços abertos.

Assenti e me despedi dela. Estava na hora de voltar para a


sala do meu chefe, antes de dar-lhe a resposta, queria ver se ele

teria coragem de fazer algo.

Sorri de lado, encarei o espelho do banheiro, enxuguei os

resquícios de lágrimas que haviam ficado.

Vinte e três anos…

Eu iria viver os erros e acertos que uma garota jovem como eu

podia.

E depois pensaria nas consequências.


CAPÍTULO 20

Não havia mentido!

Era totalmente verdade!

Eu não conseguia esquecê-la!

E depois de lhe dar diversas rosas e chocolates, não vi

alternativa a não ser deixar um pouco daquela verdade vir à tona.

Queria manter aquilo em segredo, já que assumir parecia me

tornar fraco. No entanto, não consegui resistir, não quando ver

Laura à minha frente me deixou completamente sem rumo.


Aquela mulher tinha se tornado um vício, igual a uma droga

que nunca se lembrava de ter ingerido, mas que ficava em sua


corrente sanguínea pedindo por mais…

E de Laura, eu parecia querer tudo.

Como mudei de ideia em tão pouco tempo, não saberia dizer,

mas eu a queria…

Queria tanto que não sabia expressar a dimensão do meu

desejo.

Estava concentrado em meu computador, quando escutei dois

toques na porta, era ela… Somente aquela mulher maravilhosa

tocava aquele objeto de forma tão delicada.

— Pode entrar! — autorizei.

Tinha mais ou menos vinte minutos que Laura havia saído da

minha sala e assim que retornou percebi que havia chorado.

Que inferno!

Odiava ser o motivo de suas lágrimas.

— Posso falar com o senhor?


Assenti e ela fechou a porta. Não me passou despercebido
que Laura passou a chave na fechadura.

O que estava acontecendo ali?

— Tenho algo para lhe pedir, Frederico.

Sua voz meiga tomou todo o ambiente. Levantei-me da

poltrona para caminhar até ela, mas a secretária fez um gesto


impedindo que saísse do meu lugar.

— Fique onde está, senhor!

Franzi meu cenho.

— O que está acontecendo, Laura?

A mulher engoliu em seco e olhou ao redor, suas bochechas

coraram, porém, quando seus olhos se voltaram na minha direção


eu soube que algo muito insano iria acontecer.

— O senhor transaria realmente comigo no seu escritório?

A pergunta me pegou totalmente de surpresa. Quando ela

sugeriu aquilo mais cedo várias imagens pervertidas passaram pela

minha mente, e tratei logo de desvencilhá-las dos meus


pensamentos, já que não podia ficar com aquilo na cabeça, senão
eu pegaria Laura de jeito ali sem me importar com as

consequências.

— Por que está me perguntando isso, Laura?

Ela mordeu o lábio inferior para conter o sorriso que começou


a tomar sua boca deliciosa.

— Quero saber, Frederico. Você transaria comigo aqui?

Acenou na direção do escritório e eu engoli em seco.

Meu pau começou a inchar dentro da calça e ficou até mesmo


desconfortável devido ao aperto da boxer.

— Transaria com você em qualquer lugar, Laura! — Fuzilei


seus olhos e lhe direcionei um sorriso de lado.

Laura para minha surpresa desabotoou o primeiro botão da


camisa do terninho que usava.

— Sabe, Frederico… eu quero que você transe comigo, aqui e


agora, se eu me sentir muito bem comida, posso pensar em aceitar

a sua proposta para passar o final de semana com você.

Mesmo com o ar-condicionado refrescando o ambiente, um

calor descomunal me tomou, o que me obrigou a afrouxar o nó da


gravata.

— Você quer ser bem fodida? — questionei, percebendo que


minha voz havia ganhado um novo tom rouco, já que estava

dominado pelo tesão.

Ela assentiu, mas prosseguiu:

— Não me lembro de quase nada da minha primeira vez, a

única prova de que perdi a virgindade foi a mancha de sangue no


lençol, então faça amor comigo como se fosse a minha primeira

vez.

Laura passou a língua pelos lábios os deixando úmidos e

chamando minha atenção para aquela boca gostosa e grossa.

— Talvez eu seja um pouco mais bruto, então não seria certo

chamar de amor.

Deixei claro, pois não queria que aquela palavra pairasse

entre nós.

A secretária deu de ombros e desabotoou mais um botão da


camisa social.
— Pare de fazer isso, Laura! — ordenei e ela abaixou as mãos
da camisa me olhando completamente cheia de questionamentos:
— Se você vai ficar pelada, quem vai arrancar sua roupa sou eu.

Afastei a cadeira rapidamente, que ouvi até mesmo bater na


estante que ficava atrás da mesa. Tirei minha gravata pelo caminho

e a joguei em qualquer canto sem me importar com mais nada.

Caminhei decidido até a mulher que estava parada no mesmo

lugar e assim que fiquei à sua frente, segurei seu rosto entre minhas
mãos e encarei aqueles olhos encantadores.

— Vou ser cuidadoso, como se fosse sua primeira vez, como

se eu não tivesse me deixado levar pelo desejo naquela noite e pela


bebida. Prometo te dar tanto prazer que você vai implorar pelo meu
pau.

Percebi mais uma vez quando engoliu em seco.

Aproximei minha boca da sua e nossos lábios se tocaram,


porém, não aprofundei o beijo, foi somente um roçar de lábios como
fiz mais cedo.

— Sou um canalha, Laura. Sei que estou corrompendo você,


mas não consigo resistir, espero que possa atingir suas
expectativas.

Ela passou a ponta da língua no meu lábio inferior e sorriu,

logo me respondendo:

— Estou deixando as consequências para depois, não consigo

mais controlar o quanto te desejo, eu te quero, Frederico. Eu preciso


saber como é transar com você, não aguento mais ter somente

flashes em minha mente daquela noite. Vamos só esquecer o resto


por enquanto.

Mordi seu lábio inferior e Laura suspirou, completamente

entregue a mim, sem eu nem mesmo ter feito nada.

Tirei minhas mãos do seu rosto e levei-as até os botões da

camisa. Comecei a desabotoar um por um, sem desviar os olhos de


Laura. Percebia que estava sem graça, mas que também me

desejava com toda a intensidade daquele momento.

Assim que deixei a camisa cair no chão, o sutiã rendado,

preto, me deixou mais duro. Ele realçava a pele clara e cheia de


pintinhas da minha secretária.

Levei a mão para o fecho e o desatei do seu corpo, logo os

seios ficaram expostos e os mamilos marrom-claros ficaram visíveis.


Eles estavam entumescidos e minha boca salivou para prová-los.

No entanto, antes que os pudesse devorar, passei um dos


meus dedos pelo pontinho duro e a pele de Laura se arrepiou

lindamente.

— Sensível, Laura?

— Acho que sim, senhor!

— Esqueça essa formalidade, eu vou foder a sua boceta, não


precisa me chamar assim.

Percebi quando encostou uma perna na outra, mostrando o

quanto já estava entregue a mim, mesmo que não tivesse feito nada

demais.

— Está sentindo sua boceta molhada por mim?

As bochechas de Laura ganharam uma tonalidade tão forte

que a achei adorável.

— Responde, Laura! — ordenei e girei um dos mamilos em

meus dedos.

Ela fechou os olhos com força e soltou um ronronar como uma

gatinha depravada.
— Sim, tô molhada… Fred…

Soltei seu mamilo, levei minhas mãos para o botão da calça

social que usava e aproveitei para abaixá-la junto com a calcinha,

não queria nada me impedindo de ver aquele corpo.

Só a deixaria com os sapatos vermelhos, porque aquilo seria

uma visão do inferno e para confessar eu amaria aquela visão

depravada da minha secretária.

Assim que me abaixei com sua calça e calcinha, fiquei de


joelhos à sua frente e pela primeira vez desviei meus olhos dela

para encarar a boceta depilada.

Deliciosa!

Eu me fartaria daquela parte do seu corpo, com vontade,


desespero, desejo, com fome… Aquela boceta maravilhosa!

Ajudei a tirar a roupa, mas disse!

— Fica com os sapatos.

Ela assentiu e percebi o sorrisinho brincar na sua boca.

— Está gostando de me ver ajoelhado por você, não é?


— Não é a primeira vez e espero que não seja a última, Fred!

— murmurou o apelido e eu sorri.

— Ah, com toda certeza não será a última vez, pretendo ficar

de joelhos sempre para venerar a mulher incrível que você é.

Os olhos azuis brilharam e ela indagou, enquanto arqueava

uma das sobrancelhas.

— Sempre?

Sim, ela estava certa. Eu não era homem que repetia mulher,

mas… era Laura e eu ainda não sabia o motivo de ela ter me

viciado daquele jeito.

— Sim, Laura! Pretendo te foder hoje, amanhã, depois…


Quantos dias forem necessários para aplacar a vontade louca de ter

você para mim. E claro, se você me permitir te darei os melhores

orgasmos que receberá.

Ela levou uma de suas mãos até meus cabelos e acariciou o


lugar com seus dedos macios.

— Comece agora, Frederico! Depois pensamos nos outros

que me dará. Me mostra o poder que você tem para ser tão
desejado.

Dei-lhe uma piscadinha e sem aviso levei uma das mãos para

o meio de suas pernas e penetrei um dedo com força dentro dela.

— Ah, Deus!

Laura apoiou as mãos em meus ombros e eu continuei


enterrando o dedo fundo dentro dela.

— Você tá molhada mesmo, Laura!

Vi que cerrou o cenho e indaguei:

— Ainda dói?

— Só um pouco de desconforto, mas tá bom... — gemeu.

Sorri para ela e girei meu dedo dentro dela, fazendo suas
pernas se abrirem mais. Tirei minha mão do meio delas só para lhe

desferir um tapa em sua boceta que fez um gritinho escapar da boca

de Laura.

— O que você tá fazendo? — perguntou, com as bochechas

coradas.

— Começando a te mostrar o motivo de ser tão adorado.


Aproveitando que Laura não estava muito longe da parede,

empurrei seu corpo levemente para trás e segurei uma de suas


pernas apoiando-a por cima do meu ombro.

A boceta ficou na direção da minha boca, levei minhas mãos

aos grandes lábios e os abri, sem me conter comecei a chupá-la

com vontade.

— Frederico… — gemeu, segurou meus cabelos com força e

eu continuei me deliciando com aquela carne melada.

— Gosta da sensação da minha boca na sua boceta, Laura?

— indaguei, ao me afastar um pouco para encará-la.

— Si… sim — gaguejou. — Nunca pensei que podia ser tão…

— Delicioso?

A mulher abriu um sorrisinho e assentiu.

— Então aproveita o momento.

Voltei minha boca para a boceta inchada de prazer e passei a

ponta da língua pelo clitóris durinho. Laura continuou fazendo sons


e seria arriscado que os funcionários do lado de fora nos

escutassem, mas naquele momento o que mais queria era que ela
mostrasse ao prédio inteiro quem a estava chupando daquela forma,
lhe dando aquela quantidade de prazer.

Penetrei a língua dentro do seu buraco apertado, em seguida

chupando com vontade aquela parte do corpo de Laura que estava


me deixando maluco.

Levei um dedo para dentro da sua entrada, estoquei com força

e continuei devorando o clitóris com minha boca.

— Ah, Fred… Eu… eu…

Laura apertou mais os seus dedos nos fios dos meus cabelos,
fazendo com que o desejo fizesse com que eu aumentasse o ritmo

da minha sugada enquanto a fodia com meu dedo.

A boceta melada começou a comprimir meu dedo, até que

encharcou minha mão com seu sumo delicioso, tirei meu dedo
médio de dentro de Laura, deixando minha língua sugar todo o seu

gozo.

Caralho!

Seria tão fácil me viciar naquele sabor…

Puta que pariu!


Eu me tornaria sedento por Laura.

Aquilo não era um achismo, era uma verdade que não tinha

como negar…

Laura Bueno era o vício do qual eu não queria me curar.


CAPÍTULO 21

A sensação era inexplicável.

Minhas pernas estavam bambas e por sorte meu chefe estava

me segurando, senão eu teria ido direto ao chão por tamanho prazer


que sentia.

Assim que Frederico se afastou do meio das minhas pernas,


um sorriso safado pairava em seus lábios e a barba estava molhada

com o meu orgasmo.


Eu já havia me masturbado algumas vezes, mas nunca senti

tanto prazer daquela forma.

Por isso, elogiavam tanto uma chupada bem dada.

— Preparada pra se tornar minha comida preferida, Laura?

Meu nome saindo da boca de Frederico, fazia com que eu

tivesse a sensação quase de ter outro orgasmo.

Ele parecia gemer ao falar e aquilo fazia mais fogo se acender

dentro do meu sangue.

— Quero ser seu prato preferido — confessei.

— Talvez você se torne!

Frederico me deixaria maluca. Eu sabia que ele não queria

nada sério, mas ele tinha assumido minutos antes de que ficaria
comigo mais vezes do que o normal.

O que aquilo significava?

Fechei meus olhos para tirar minha mente daqueles

pensamentos conflitantes e voltei para o momento.


Meu chefe ficou de pé, parado à minha frente e eu aproveitei
que ele estava sem o casaco do terno e já tinha tirado a gravata,

para levar minhas mãos aos botões da sua camisa.

— Você está muito vestido, enquanto eu só uso meu scarpin.

Ele sorriu e eu retribuí da melhor forma que pude, mas sem


conseguir evitar de morder os lábios. Ainda mais quando afastei a

camisa e vi novamente as tatuagens de Frederico.

Da última vez que o vi sem nada, estava muito apavorada por

descobrir que havíamos ido parar na cama, mas naquele momento

eu pude apreciá-las com mais calma.

Em um lado havia um tigre, pássaros e alguma escritura de

uma língua que não reconhecia, do outro lado uma espada

contornada por cordas espessas.

Passei meus dedos por cima delas e confessei:

— Sempre tive um fraco para homens tatuados.

— Que bom que eu as tenho, então.

Sorri mais uma vez, tirando a mão direita dos seus músculos

do braço, passando-a pelo peito e depois descendo a unha pelos


gominhos do seu tanquinho.

— Você é um grande gostoso, Frederico! — assumi.

— Laura, assim você me deixa com mais tesão.

— Só por te achar uma delícia?

Ele segurou novamente meu rosto entre suas mãos e daquela

vez não roçou seus lábios nos meus. Frederico reivindicou minha
boca, tomou-a para ele, rendeu-me com um beijo de tirar o fôlego.

Sentia o gosto do meu prazer na sua língua, lábios e aquilo


parecia tão pervertido e ao mesmo tempo tão gostoso que acabei
soltando um gemido completamente rendida por aquele momento.

Eu ofegava, enquanto ele comia minha boca com a sua em


forma de beijo. Sua língua entrou em uma briga deliciosa com a

minha e não havia ar-condicionado no mundo que conseguisse


esquentar meu corpo naquele instante, quando eu estava

completamente quente, fervendo, suando por aquele homem.

Frederico mordeu meu lábio inferior e quando se afastou, tão


ofegante quanto eu, gemeu:

— Sabe o quanto essa boca me deixa doido?


— Espero que muito — respondi, toda ousada.

— Ah, com certeza é muito, Laura!

Frederico me pegou em seu colo, sem que eu esperasse por


aquilo e eu fui obrigada a conter o gritinho que quis escapar da
minha boca.

— Eu quero te foder, Laura, mas preciso provar sua boceta

novamente com minha boca antes de me enterrar fundo dentro de


você.

Frederico empurrou os documentos que estavam sobre a


mesa e me sentou no tampo de madeira.

— Vou foder você com minha boca mais um pouco.

Ele subiu minhas pernas com violência, apoiando-se na ponta

da mesa, voltou a ajoelhar no chão e mesmo antes de um suspiro


estava novamente com a boca na minha boceta.

Meus olhos se reviraram de prazer e eu me senti no céu. Pelo

menos era aquela sensação de plenitude que eu julgava que sentiria


quando morresse.

— Puta que pariu! — gritei.


Lembrando-me dos funcionários que podiam passar por ali,
coloquei a mão sobre a boca evitando gritar novamente. Ou melhor,
evitando que ruídos muito altos fossem escutados, porque era

impossível conter os gritos quando se era apreciada daquela forma


por um homem tão delicioso.

Mais uma vez senti Frederico penetrar minha vagina, mas


daquela vez era perceptível que havia colocado mais um dedo

dentro de mim. Ele começou a estocar com tanta força, que era
possível ouvir os sons de vai e vem dos seus dedos e da minha
umidade juntos.

— Céus! Eu vou gozar de novo! — avisei.

— Quero te dar vários orgasmos, minha linda.

Ser chamada daquela forma por meu chefe, não me deu


escolha, a não ser apoiar meus cotovelos com mais força na mesa e
deixar mais uma onda de orgasmo me preencher, enquanto era

comida por Frederico, com sua boca e línguas urgentes.

Quanto mais eu gemia, mais ele estocava e eu mal percebi

quando fui assolada por mais uma onda de prazer.


Meu corpo todo começou a tremer de forma desesperada,
meu chefe continuou sugando meu clitóris de forma exasperada e
seus dedos continuavam a se enterrar dentro de mim.

Mal soube o que aconteceu, mas senti algo esguichando de


dentro de mim. Aquela sensação foi tão boa, que meu corpo todo

amoleceu e enquanto Frederico estimulava aquele ponto dentro de

mim, mais um pouco do líquido foi ejaculado.

Assim que afastou a boca, pude ver que sua barba estava

completamente molhada, bem mais do que antes.

— Qual a sensação de ter um squirting com seu chefe?

— A mais insana e proibida que eu jamais poderia imaginar,

Fred.

Observei, ainda ofegante, sentindo suor escorrer pelo meu

pescoço. Enquanto ele sugava os dedos molhados com meu

prazer.

Frederico abriu o fecho do cinto e desabotoou a calça social.


Ele se aproximou de mim, apertou meus seios com vontade. E girou

os mamilos fazendo a sensação de dor tomar meus sentidos, mas

fazendo que até mesmo aquilo fosse prazeroso.


— Vou te foder!

Assenti sem conseguir dizer mais nada.

Frederico me tirou de cima da mesa, girou meu corpo e fez

com que meu tronco se apoiasse sobre a mesa do escritório. Os

seios ficaram pressionados sobre a madeira.

Percebi quando pegou a carteira que estava ao lado da tela do

computador e tirou um preservativo de dentro dela.

Olhei por cima do ombro, quando escutei a parte metálica do

cinto bater no chão e vi o seu membro grande, grosso, com veias

que o contornavam inchadas, quase implorando para ser chupado.

Minha boca chegou a salivar com aquela visão.

— Depois deixo você brincar com ele, agora preciso entrar em

você — Frederico disse, quando viu que eu o olhava com desejo.

Ele empinou um pouco mais da minha bunda e passou a

glande por toda a extensão da minha vagina. Fez os movimentos


algumas vezes e quando começou a entrar em mim, senti como se

estivesse me rasgando.
Eu transei uma única vez, que eu nem me lembrava de como

havia sido, então era aceitável que ainda não estivesse acostumada

com aquela sensação.

— Relaxa, minha pequena. Se não eu posso te machucar.

Fiz o que pediu e Frederico entrou mais um pouco, cada vez

que me preenchia mais eu sentia como se fosse arrebentar ali

mesmo.

Frederico se deitou sobre meu corpo, levou uma das mãos


para meu clitóris e começou a me masturbar. Sem conseguir

controlar a onda de prazer que me tomou, comecei a rebolar com

mais facilidade e ele escorreu por completo para dentro de mim.

— Como você é apertada, Laura! Puta que pariu!

Ele continuou me masturbando e eu continuei mexendo meu

quadril, louca para sentir o que meu chefe estava pronto para me

dar.

Vagarosamente Frederico começou a se movimentar, ele


levantou seu corpo de cima do meu, tirou a mão da minha vagina e

segurou em minha cintura.


A cada estocada, ele aumentava o ritmo.

— Se estiver te machucando me avisa, Laura.

Não estava sentindo mais nada de dor, somente prazer.

— Pode ir mais rápido! — pedi e o homem simplesmente fez

aquilo.

Começou a estocar com tanta força, que meu corpo ia e vinha

sobre a mesa. Os pés da mesa começaram a se arrastar pelo chão


e a tela do computador acabou caindo, mas quem ligava?

O que importava era somente o que estava acontecendo ali.

— Caralho, Laura! Se você tivesse a visão que tô tendo… —

rosnou. — Sua boceta engole meu pau tão gostoso.

Ouvir aquelas palavras de Frederico me deixava com mais


prazer, com mais desejo, com mais vontade de gozar a cada

segundo.

Frederico segurou meus cabelos, que estavam tão bem-

organizados em um coque antes de começarmos a fazer aquela


insanidade e sussurrou ao se aproximar do meu ouvido:

— Gosta de ser fodida assim, Laura?


— Assim como? — Estava completamente confusa, não sabia

nem mais se me chamava, de tão perdida no prazer como estava.

— Com violência?

Para mostrar do que estava falando, Frederico entrou com


tanta ferocidade em mim que a mesa em que me apoiava rangeu.

Iríamos quebrá-la se continuássemos com aquela intensidade.

— Gos…to — gaguejei tomada pelo momento.

— Que bom, porque eu estou tão louco em você que não vou

parar de te foder dessa forma. Vou te comer com vontade, enterrar


meu pau dentro de você, dessa sua boceta apertada e melada… só

minha!

Frederico novamente levou seus dedos ao meu clitóris e eu

não demorei muito mais para gozar.

— Isso, goza no meu pau, minha linda!

Olhei por cima do ombro a tempo de ver a expressão de

prazer tomar o rosto de Frederico e ele estocou mais algumas vezes

dentro de mim enquanto jorrava sua porra no preservativo.


Ainda estava ofegante quando Frederico se afastou e eu

consegui endireitar meu corpo, estava completamente mole, mas


consegui observar enquanto ele ia até o banheiro do seu escritório e

descartava o preservativo.

Depois veio caminhando com toda aquela pose deliciosa que

ele tinha na minha direção.

Passei meus olhos pelo seu corpo, sem conseguir evitar

encarar o pênis que ainda estava ereto. Aquele homem realmente

tinha fibra.

Sorri com o pensamento que tomou minha mente.

— O que foi? — indagou, enquanto me puxou para um beijo


gostoso depois de uma foda espetacular.

— Só pensamentos safados — murmurei quando se afastou.

— Espero que sejam comigo esses pensamentos.

Daquela vez, segurei seu rosto entre as minhas mãos e disse:

— Acho que está muito possessivo para um homem que


sempre diz não querer nada sério com ninguém.
Frederico desviou o olhar do meu e respirou fundo, depois de
limpar a garganta, mudou de assunto:

— Decidiu se vai me acompanhar no final de semana?

Ele era um imbecil!

Por qual motivo não assumia que queria algo comigo?

No entanto, eu tinha que ficar atenta, porque Frederico


sempre deixou claro que era somente sexo e meu coração idiota

não poderia sofrer quando ele me desse um pé na bunda.

— Sim!

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Isso quer dizer que vai, ou que só decidiu o que vai me


responder?

Deixando meus medos de lado respondi com convicção:

— Eu vou passar o final de semana com você.

Frederico sorriu do jeito mais sacana que pôde e me beijou


novamente.

Ah, Deus!
Eu estava me metendo em uma enrascada que não sabia se
depois conseguiria escapar.

Ou melhor, eu até conseguiria fugir daquilo, mas sairia com o


coração partido em mil pedacinhos.

Com toda certeza sairia!


CAPÍTULO 22

Laura abriu a porta do carro e me encarou antes de sair.

— Não quer entrar?

— Não sei se é uma boa.

— Anda logo, minha mãe te adora.

Sim, dona Juliana era uma querida e eu também apreciava a


companhia daquela mulher que conviveu comigo na melhor fase da

minha vida: quando meu pai ainda estava vivo.


— Você vai demorar muito para arrumar suas coisas? —

indaguei.

— Não, é só um final de semana, então só vou jogar algumas

coisas dentro de uma mochila.

Laura era tão despreocupada, gostava daquilo. Já que sempre

estive envolvido com mulheres medíocres que só pensavam na


imagem que tinham que passar para a sociedade.

Acabei me decidindo por sair do carro e caminhar com ela

para dentro da sua casa.

Depois da nossa transa insana no meu escritório, trabalhamos

como pudemos e quando deu a hora de sair, combinei de passar na

sua casa para que ela pegasse algumas roupas e seus itens de

higiene pessoal.

Já que como eu possuía segundas intenções já havia levado

uma mala de mão para o trabalho, se Laura não tivesse aceitado eu


acabaria tendo que guardar tudo na volta do trabalho.

Assim que a secretária abriu a porta da casa, meus olhos


passaram por toda a decoração.
Era uma casa colorida, completamente diferente da decoração
impessoal que usava na cobertura. O sofá do lugar era vermelho e

tinha uma manta por cima da cor verde.

Com certeza era uma casa colorida, com muitas plantas pelos

cantos.

Deus!

As pessoas tinham mau gosto.

Claro que eu não tinha nada a ver com aquilo, afinal todos
decoravam suas casas da forma que queriam.

— Mamãe? — Laura chamou.

Logo a mulher surgiu de um cômodo que julguei ser a

cozinha.

— Oi, querida! Você não ia…

Assim que me viu, dona Juliana parou de falar o que estava

dizendo e abriu um sorriso.

— Frederico, que bom te ver.

— Boa noite, dona Juliana!


Estendi a mão para ela que me abraçou sem se importar com

meu espaço pessoal. Por cima do ombro da mulher pude ver Laura
sorrindo com aquele contato.

Ela sabia o quanto a mãe podia ser maluca.

— O que estão fazendo aqui? — indagou, mas encarou a filha

como se elas tivessem um segredo que eu não sabia.

— Ah, vim pegar algumas coisas para a viagem.

Ela tinha falado para a mãe dela?

— Ah, claro! Vai lá, minha menina. Enquanto isso fico aqui
com Frederico.

Laura assentiu, me deu uma última olhada e foi na direção


que também julguei serem os quartos.

— Aceita alguma coisa para beber, menino?

Juliana sempre foi educada.

— Obrigado, estou bem!

Ela sorriu para mim e olhou na direção que a filha tinha ido. A
mulher que segurava um pano de prato ao perceber que Laura não
estava a vista se voltou para mim e fechou a expressão.

Eu sabia que viria algum sermão assim que ela abriu a boca.

— Eu sempre te adorei, Frederico. Você sabe, cuidei de você


como um filho e quando perdeu seu pai, sofri com você, porque me
doía ver o quanto estava destruído.

Engoli em seco com o que disse. Juliana foi a primeira pessoa

que chegou ao quarto quando encontrei meu pai, depois que gritei
por ajuda.

Ela sabia mesmo o que era me ver em ruínas.

— Minha Laura é um amor de menina. Então, mesmo que

você não seja uma pessoa honesta com as mulheres, não desconte
nela as maldades do mundo. Minha filha não merece!

Limpei minha garganta, sendo atingido em cheio pelas


palavras da mulher.

— Não escondi nada de Laura. Ela sabe que não quero nada

sério, então, vamos ver no que vai dar, Juliana.

— Espero que nenhum dos dois saia machucado dessa

aventura.
Assenti e por sorte Laura voltou do quarto. Ela vestia um
vestido azul, com estampa de florzinhas brancas e um tênis da
mesma cor das plantas do vestido.

Os cabelos estavam soltos e trazia consigo uma mochila.

— Tudo bem? — perguntou, provavelmente notando minha


expressão.

— Tudo! Vamos? — Tomei a iniciativa, pois queria sair dali o


mais rápido que pudesse.

Já que eu não julgava Juliana, ela estava certa. A filha não


merecia sofrer por minha causa, porém, eu queria Laura mais vezes

do que o normal e ela tinha aceitado aquele nosso pequeno


“encontro”, então faria com que fosse o melhor final de semana que

ela já viveu.

— Claro!

Ela se despediu da mãe e a mulher voltou a me abraçar e pelo


seu olhar eu pude ver que ela repetia as palavras que havia me dito.
Assim que saímos, abri a porta do carro para Laura e logo
estava contornando o automóvel para levar minha secretária para
minha casa privativa que ficava em Ubatuba

Enquanto ganhávamos a estrada, senti Laura me encarando.

— O que foi? — perguntei, sem tirar meus olhos do trânsito.

— Você não disse para onde estamos indo e já passamos do


seu bairro.

Sorri com sua curiosidade.

— Eu sei que não disse!

— Larga de ser malvado, Frederico.

Aproveitei que paramos em um sinal e a encarei.

— Não pode ser uma surpresa?

Laura negou com um aceno. Soltei um suspiro e murmurei:

— Vamos para Ubatuba

Ela soltou um gritinho ao meu lado e por um momento pensei


que havia acontecido algo sério.
— O que aconteceu?

— Sério que vamos para Ubatuba? — indagou tão chocada


que eu achei que ela podia odiar o lugar.

— Sim!

Logo um sorriso gigantesco se abriu na boca de Laura e ela

gritou de alegria:

— Sempre quis conhecer. Obrigada, Frederico!

Agora estava explicado o motivo de ter ficado daquela forma.

— Que bom que te alegrei com essa notícia.

— Ah, com certeza me alegrou!

Com o passar das horas, notei que Laura já estava inquieta.

Para chegar ao nosso destino, já que demoraria por volta de quatro


horas ou mais dependendo do trânsito, então faltavam mais ou

menos duas horas ainda.

— Se quiser pode colocar alguma música, parece estar muito

ansiosa.

— É que ficar sem fazer nada me deixa meio desgostosa.


Soltei uma gargalhada, porque Laura era completamente

maluca. E aquilo pareceu diverti-la, pois me encarou com mais

intensidade, como se tivesse visto uma das maravilhas do mundo.

— Desgostosa?

Ela colocou um pé no banco do carro e eu quase pedi para

abaixá-lo, mas era só um banco, não precisava tratar a garota mal

por causa daquilo.

— Sabe quando você está tão no limbo da falta do que fazer,


que sente um monte de merda?

Revirei meus olhos.

— Para de falar besteira, meu anjo.

Olhei rapidamente na sua direção e Laura sorriu para mim.

— Para de me chamar com apelidos fofos — pediu, voltando a

se sentar direito no banco.

Achei estranho aquele pedido.

— Por quê?

— Porque sim, por favor.


Aproveitei que estávamos passando por um pedágio para

encará-la, já que o trânsito estava parado.

— Se é da sua vontade.

Laura encarou o carro que estava à nossa frente e não me

olhou de volta. Logo voltei a dirigir ainda com aquilo na cabeça.

Tentei deixar aquele incômodo de lado, no entanto, quando

Laura pediu para parar em um posto de combustível, pois queria ir


ao banheiro, não consegui esquecer aquela merda.

Fui até a loja de conveniência do local e comprei alguns

chocolates, balas e mais algumas besteiras, além de duas garrafas

de água para terminarmos a viagem. Assim que voltei, a mulher já


estava encostada ao lado do carro, com os braços cruzados.

Estendi a sacola com as besteiras que havia comprado e

assim que pegou me dirigiu um sorriso meio sem graça.

Antes de destravar o alarme, apoiei uma das minhas mãos no


automóvel e me aproximei dela.

Encarei seus olhos fascinantes e indaguei:

— Me conta o motivo de eu não poder lhe dar apelidos fofos?


— Por que está tão encucado com isso? Esquece!

Laura tentou girar para não ter que me encarar, mas não

permiti, segurei seu rosto com a mão livre e fiz com que continuasse

me olhando.

— Só quero saber o motivo — sussurrei.

Ela soltou uma lufada de ar pela boca e parecendo irritada,

disse:

— Apelidos fofos me deixam desnorteada, porque eu penso

que podemos ter algo a mais que sexo, Frederico. Então, eu quero
continuar sendo a Laura, sua secretária e a mulher que você

resolveu levar para a cama por algumas noites.

Como eu era idiota!

Deveria ter percebido aquilo antes!

Fechei meus olhos e me culpei por brincar tanto com os


sentimentos daquela garota.

— Desculpe-me, não queria ter lhe passado essa impressão.

Laura mordeu o lábio inferior e em seguida sorriu para mim.


— Tudo bem! Vamos só focar nesse final de semana, ok?

— Ok!

A mulher ficou na ponta dos pés e depositou um selinho em


minha boca.

Assim que se afastou parecia ter se esquecido do nosso

assunto, pois abriu um sorriso ainda maior e alçou as sobrancelhas,

como se sugerisse que fôssemos logo.

E eu só fiz o que ela queria…, no entanto, algo que não disse

em voz alta, era que sentia necessidade por chamá-la daquela

forma.

Não sabia o motivo, mas Laura estava me mudando por


completo.

E eu não sabia se queria aquilo…


CAPÍTULO 23

Existia um problema com pessoas com dinheiro demais…

Elas amavam se exibir e naquele instante eu tive certeza de


que Frederico possuía aquela mansão à beira da praia só por

exibição.

Não era possível que o homem que nunca vinha àquele lugar

tivesse uma casa tão exuberante e preferisse morar na cidade de


São Paulo.
Cruzei meus braços ao observar o lugar, antes de sequer dar

um passo na direção da entrada.

A casa era enorme, possuía dois andares e tantas vidraças de

vidro, que eu tinha absoluta certeza de que quando estivéssemos do


lado de dentro, iríamos sentir como se nos encontrássemos dentro

do mar.

— O que foi? — Frederico indagou.

Ele ainda estava meio estranho, desde que pedi para não me

chamar por apelidos fofos. Porém, não havia nada que eu pudesse

fazer a respeito daquilo, já que bastava ter que aguentar meu


coração todo derretido por ele, sabendo que não queria nada sério,
se ele começasse a me confundir, as coisas poderiam se complicar.

E eu não queria sofrer mais do que já imaginava que iria,


quando ele resolvesse se afastar de mim.

Porque eu podia ser ingênua, mas aquela era a única certeza,


Frederico em algum momento iria se afastar de mim. Ele não me

prometeu amor eterno, então quando se cansasse da nossa

loucura, me meteria o pé sem dó.


— Estou observando o tamanho dessa mansão. Alguém vive
aqui?

Ele negou com um aceno e eu revirei meus olhos.

— Você é um exibido! — afirmei.

— Não sou nada, gosto de manter essa casa, pois meu pai

gostava muito dela, é como uma lembrança dele.

Senti um pouco de pena de Frederico, já que toda vez que

falava do pai ele ficava com uma expressão tristonha.

Minha mãe sempre batia na mesma tecla de que ele era um

homem quebrado por causa da perda do pai e desde que o conheci,


percebi que ela estava certa. Era só tocar no assunto “pai” que ele

mudava completamente sua fisionomia.

Segurei sua mão e a atenção daquele homem se voltou na

minha direção.

— Vamos viver esse final de semana, Frederico e esquecer de

todos os nossos medos, passado e até mesmo o futuro. Só vamos

viver o presente.

— Você está certa, Laura. Vamos viver o presente!


Meu chefe abriu a porta de trás do carro, pegou a sua mala de

mão e a minha mochila e nos conduziu para dentro da casa.

Assim que a porta foi aberta fiquei bestificada com a

decoração. Ali não era nada impessoal igual à cobertura. Possuía


uma decoração chique e diversas fotografias de Frederico com seu

pai.

Era compreensível o motivo de ele não ir muito àquele lugar,

ali exalavam lembranças do homem que Frederico preferia guardar


somente em sua mente.

Frederico me apresentou à casa, que tinha uma sala de estar


enorme, uma de jantar, além de uma cozinha equipada com tudo

que precisasse, lavanderia, dez quartos, e quatorze banheiros, Além


de ter sauna, uma piscina com uma vista incrível para o mar,

hidromassagem e até mesmo um heliponto e um píer, que eu não


desci as escadas que levavam até ele para conhecê-lo.

Assim que ele abriu a porta do quarto que ficaríamos sorri. As


portas da sacada estavam abertas e as cortinas de renda branca

balançavam levemente pela brisa que entrava.


A cama possuía um dossel adornado com tecidos finos que

me levou diretamente para um romance de época. Duas poltronas


confortáveis ficavam dispostas perto de uma das janelas do quarto,

com uma mesinha de centro de madeira e um vaso com rosas


vermelhas pousava em cima dela.

— Quem diria que Frederico Salles, um dos empresários mais


mulherengos da atualidade, me faria uma surpresa dessas?

A risada grossa dele reverberou pelo ambiente e eu adentrei o


lugar, enquanto o observava depositar nossas malas em cima da

cama.

— Pra você ver que até os mulherengos conseguem fazer


surpresas inesquecíveis.

Retribuí o sorriso que ele me direcionou e logo Frederico


estava caminhando na minha direção.

— Pedi para a funcionária que cuida dessa casa deixar


alguma comida pronta na geladeira, vamos jantar e depois você
pode ser a minha sobremesa, o que acha?

Frederico era inacreditável!


Soltei uma risada, enquanto ele abraçou minha cintura e sorriu
para mim.

— Que tal, se a sobremesa vier antes da refeição? —


indaguei, porque não podia enganar ninguém.

Eu queria novamente experimentar a sensação de mais cedo,


sentir meu corpo ficar trêmulo de tanto prazer, aproveitar de
Frederico como ele se aproveitaria de mim, me banquetear dele,

enquanto me comia com sua boca, com seu pênis, com seus dedos,
com qualquer parte que ele pudesse usar para me dar mais tesão,

prazer, orgasmos.

— E eu pensando que estava mexendo com uma menininha


inocente.

— Eu era inocente, Frederico. Até você me mostrar o caminho


da perdição.

Gargalhei com a expressão chocada que ele fez.

— Sou inocente! — brincou, mas acabou se aproximando

mais de mim.
Sua boca pairou sobre o lóbulo da minha orelha e meu corpo
todo se arrepiou.

— Onde você quer ser fodida, Laura? Aqui no quarto, na sala,


observando as estrelas? Escolha um lugar e eu realizarei todos os
seus desejos, te darei os melhores orgasmos, farei de você a

mulher mais bem fodida de todas.

Engoli em seco ao ouvir suas palavras e Frederico ousando


mais, roçou seus dentes em minha pele, logo depositando um

chupão em meu pescoço.

Aquele homem faria com que eu entrasse em combustão

espontânea em questão de segundos. Já que com tão pouco ele me

deixou completamente quente e molhada.

— Só me fode, não importa o lugar — confessei.

Frederico fechou a expressão e empurrou meu corpo de

encontro à parede mais próxima.

— Não importa o lugar, é? — perguntou com a voz tomada


pela rouquidão.
Assenti e mais uma vez me surpreendendo, Frederico girou

meu corpo, acabei espalmando minhas mãos sobre a parede e senti


quando ele passou seus dedos grossos pelas minhas coxas subindo

a barra do vestido que usava.

Logo ele descartou a peça e rosnou quando viu minha bunda


empinada e a calcinha que usava.

Era de renda branca, fio dental, mas que possuía um laço

acima da bunda.

— Você trocou de calcinha?

— Sim! — gemi.

Como estava sem sutiã, senti o corpo de Frederico se


encostar no meu e acabou segurando meus seios com suas mãos

grandes.

— Eles cabem tão perfeitamente dentro das minhas mãos.

Senti seu membro ereto bater em minha bunda, enquanto


brincava com meus mamilos em seus dedos.

— Sabe o quanto eu sonhava em te pegar assim, Laura? —

questionou, passando a língua pelo meu ombro e subindo até o


lóbulo da orelha, dando uma mordida leve em seguida.

— Eu sempre pensei que você nem mesmo me observava,

saber que me desejava me deixa um pouco contente.

— Ah, garota! Se você soubesse o quanto é gostosa não


falava algo tão irreal.

Meu corpo se arrepiou ao ouvir aquilo.

Nunca pensei que seria desejada daquela maneira.

Nem me achava tão bonita quanto Frederico fazia parecer.

— Você está pronta para tudo o que vou fazer com você,
Laura?

Encarei-o por cima do ombro confessando:

— Estou pronta para o que quiser me dar.

Frederico sorriu de lado e espalmou a mão com força em

minha bunda.

Gemi ao sentir aquilo.

— Tudo? — rosnou.
— Tudo, Frederico! — afirmei.

Ele abaixou minha calcinha de uma vez e logo a desceu por


meus pés. Ainda estava com meu tênis, mas o homem não fez

questão de tirá-lo.

Frederico abriu mais as minhas pernas e passou toda a mão

na minha vagina completamente molhada por ele.

— Você tá tão melada pra mim, gostosa.

Ele fez com que eu afastasse mais as pernas, desferiu um

tapa em meu clitóris e deixei um gritinho escapar, porque a

sensação era deliciosa demais.

— Aqui você pode gritar o quanto quiser, Laura. Vou te foder


muito, e quero ouvir os sons de prazer saindo da sua boca.

Sem me preparar enterrou dois dedos dentro da minha vagina

e eu mal me contive remexendo meus quadris em sua mão.

— Olha o quanto sua boceta é gulosa, tem dois dedos dentro


dela e quer mais.

Falando aquilo meu chefe juntou mais um dedo na brincadeira

de me foder com sua mão.


— Ah, Fred… — Era uma sensação tão gostosa e tão

absurda, não sabia explicar aquilo, mas sabia que estava gostando

demais.

Com sua outra mão começou a massagear meu clitóris e eu


revirei os olhos com a sensação que me tomava cada vez mais.

Quanto mais Frederico estocava seus dedos dentro de mim,

mais bamba sentia que minhas pernas ficavam, e cada vez mais

prazer me dominava.

Não demorou nada para que sentisse aquela sensação de


plenitude e ao perceber que estava perto de gozar, Frederico

aumentou o ritmo dos dedos tanto dentro de mim, quanto em meu

clitóris e acabei gozando gritando como eu queria.

— Puta que pariu! — soltei.

— Que delícia de boceta — Frederico falou tirando os dedos

de dentro de mim.

Olhei por cima do ombro e o peguei de joelhos passando a


língua pelos dedos molhados.
— A sua porra é uma delícia, Laura! — Sorriu de forma

completamente safada, enquanto sugava os dedos.

— Frederico — sussurrei.

— Sim? — indagou me encarando de onde estava.

Ele ainda não havia tirado uma peça de roupa, completamente

formal com seu terno de sempre.

— Quero provar uma coisa — confessei, sentindo as


bochechas esquentarem.

— O quê, Laura?

— Seu pau! — disse e mais vergonha me atingiu.

Ainda mais quando ele sorriu de forma completamente sacana

em minha direção.

— Que me chupar, Laura?

Assenti e ele mordeu o lábio inferior. Logo se levantou e girou

meu corpo.

— Nunca chupou um pau antes? — perguntou.


— Não, eu nunca tinha visto um homem pelado antes de
você.

— Tão novinha, inocente e eu estou corrompendo você.

Abaixei meus olhos, estava com vergonha dele.

— Vem, Laura. Não precisa ficar assim, vou te ensinar a


chupar meu pau e quero ver minha porra escorrendo da sua boca,

enquanto soco até o fundo da sua garganta, tá bom?

Minha vagina pulsava com suas palavras safadas.

Frederico segurou minha mão e me levou na direção da cama.


Ele começou a desabotoar a camisa, mas acabei tirando suas mãos

do lugar. Eu mesma queria fazer aquilo.

Quando seu tórax ganhou minha atenção, salivei. Nunca me


cansaria de visualizar aqueles músculos.

Tomando mais uma atitude, levei minha língua ao gominhos


da sua barriga, passei-a pela pele e percebi Frederico ficar sério e

me encarar com os olhos pegando fogo.

Ele tirou os sapatos, ainda sem se mover muito e logo a calça

ganhou o mesmo fim que a camisa: o chão.


Frederico abaixou a boxer e seu pau grosso, grande com
aquelas veias deliciosas que me faziam quase babar por elas
estavam inchadas.

Meu chefe se sentou na beirada da cama e acenou para eu


me ajoelhar à sua frente.

— Vem aqui, tirar a virgindade dessa sua boca.

Sorri e fui…
CAPÍTULO 24

Observei enquanto ela se ajoelhava em minha frente. Era


perceptível o quanto estava nervosa com aquilo.

— Coloca a mão no meu pau, Laura.

Ela fez o que pedi e a palma quente quase me fez revirar os


olhos de tesão.

— Sobe e desce.

Laura começou a fazer movimentos lentos, por isso, segurei

sua mão e comecei a movimentar com um pouco mais de


brutalidade.

— Assim, eu gosto forte, Laura.

Seus olhos passaram pelos meus e desceram para o meu pau


duro que babava pela carícia que estava recebendo.

— Prova minha porra, Laura. Sente o meu gosto na sua

língua.

Ela colocou para fora e passou a ponta da língua pela glande.

A sensação da sua boca no meu pau era indescritível, quente,


deliciosa, o que me dava vontade de esporrar todo nela.

Deixei que Laura começasse a tomar as iniciativas e ela se


entregou ao momento sem precisar de ajuda para guiá-la pelo

caminho da perversão.

Ela subia e descia a língua por todo o meu comprimento.

Depois abocanhou o pau, tomando o cuidado para não me arranhar

com seus dentes e começou um movimento de vai e vem, enquanto

estimulava meu cacete com sua mão.

— Ah, caralho!
Levei uma das minhas mãos aos seus cabelos soltos e
seguirei Laura no lugar, enquanto comecei a estocar meu pau em

sua boca.

— Se prepara, pequena. Vou foder sua boca com força.

Comecei a entrar com força e Laura já estava até mesmo com


as bochechas vermelhas do quanto tinha que se controlar para

continuar me engolindo.

Meu pau ia até o fundo da sua garganta, fazendo com que ela

engasgasse, mas como uma boa menina ela me chupava

deliciosamente.

— Que boca deliciosa! — rosnei.

Metendo com mais força percebi que Laura estava com

lágrimas escorrendo pelo canto dos olhos.

— Gosta de ter sua boca fodida por mim? — perguntei, mas

não esperava qualquer tipo de resposta, eu queria mesmo continuar

me enterrando dentro daquele buraco apertado.

Enquanto ela continuava sugando todo meu pau, Laura levou

a mão até minhas bolas e aquilo foi a minha ruína.


— Porra, Laura! Vou gozar, se afasta se não quiser minha

porra na sua boca.

Disse, mas pedi internamente que não fizesse aquilo e

parecendo me ouvir ela continuou me sugando com força e minha


porra foi esporrada na sua boca quente.

Jorrei muito e um pouco até escorreu pelos cantos da boca de


Laura, mas minha menina engoliu a maioria do líquido viscoso.

Assim que ela se afastou, limpou os resquícios do canto dos

lábios e sorriu envergonhada na minha direção.

— Isso foi diferente — assumiu.

— Gostou? — questionei, levando minha mão até seu rosto.

— Gostei!

Sorri e lhe dei uma piscadinha. Pegando-a completamente de

surpresa, a puxei para cima com um dos braços e a coloquei por


cima do meu corpo.

Meu pau semiereto encostava em sua barriga.

— Vou te foder aqui nessa cama e depois que terminarmos,

vamos jantar.
Ela assentiu e girei nossos corpos, Laura soltou até um

gritinho surpreso. Saí da cama, aproveitando para descer as malas


de cima do lugar. Peguei um preservativo no bolso da minha calça e

percebi quando Laura se apoiou nos cotovelos e ficou me


encarando.

Levei minha mão até meu pau e comecei a me masturbar à


sua frente.

— Se toca, Laura! — ordenei e a safada abriu um sorriso.

Afastou suas pernas e levou dois dedos na direção do clitóris.


Começou a se massagear e eu continuei o movimento de vai e vem

com o meu pau.

Enquanto ela se masturbava, desenrolei o preservativo em

todo o meu comprimento. E voltei a me aproximar da cama, Laura


parou de se tocar e abraçou meu pescoço, enquanto contornou
minha cintura com suas pernas.

Passei meu pau por toda a extensão da sua boceta e não


demorei muito para começar a penetrá-la.

Ela estava tão molhada do que estávamos fazendo que


deslizei facilmente dentro dela.
— Sua boceta já está se acostumando com meu pau —
brinquei.

Aumentando o ritmo das minhas investidas.

Não queria encarar seus olhos daquela forma, enquanto nos

entregávamos aquela sensação, mas também não conseguia


desviar meu olhar do seu.

Aquilo era tão íntimo e não sabia se era por não ter ideia do
motivo de não querer me afastar de Laura como sempre fiz com

outras mulheres, mas continuei encarando profundamente os seus


olhos, enquanto continuávamos com nossa transa gostosa.

Nossos corpos pareciam combinar naquele ritmo insano. Meu


pau afundava dentro dela, tão apertada, tão gostosa, tão… minha.

Tentei tirar aquele pensamento da cabeça, mas porra, eu


considerava em tão poucos dias Laura completamente minha.

Sua boceta me engolia e eu amava aquela sensação de


plenitude que sentia com ela. Abaixei meu rosto e encontrei seus

lábios que se abriram para os meus. Nossas línguas começaram a


dança com que estavam acostumadas e eu continuei fodendo
aquela mulher que não saía da minha mente.
As unhas da minha secretária arranharam minhas costas e eu
me afastei, pois precisávamos respirar. Completamente ofegante,
entrelacei um dos braços na sua cintura e a puxei para sentar-se

sobre meu colo, enquanto eu ia mais fundo dentro dela.

— Ah, Frederico! — gemeu meu nome.

Passei minha língua pelo seu pescoço e chupei com força a

sua carne. Fui abaixando minha cabeça à medida que saboreava o


gosto da sua pele que começava a ficar salgada pelo suor dos

nossos movimentos.

Movimentei-me mais forte, aquela mulher me levava a

liberdade muito rápido.

— Acho que nunca vou me cansar de você — revelei e Laura


encarou meus olhos em completo choque.

Segurei sua cintura e aproveitando que nossos olhos estavam

grudados enterrei fundo dentro dela, levando minha mão até seu

clitóris e a masturbando com vontade para que gozasse juntos


comigo.

E quando não deu conta de concentrar seus olhos no meu,

pois os revirou com tamanho prazer e deixei mais uma vez minha
porra jorrar.

Com Laura eu havia chegado à conclusão de que tudo o que


eu entendia da vida tinha chegado ao fim…

Eu não sabia ainda distinguir direito, mas de uma coisa tinha

certeza absoluta, queria repetir com Laura muito mais vezes do que

aquela.

Ela era a mulher que mudaria minha vida… e eu ainda não


sabia se era para o bem ou para o mau.

Depois de transarmos loucamente, achamos melhor tomarmos

um banho e foi o que fizemos, para só depois jantarmos. Laura e eu


conversamos tranquilamente no jantar e a cada vez que encarava

aquela menina, percebia o quão doce ela era.

Eu sabia que estava cometendo um erro, no entanto, aquilo

era mais forte do que eu. Não sabia como me afastar de Laura,
ainda mais agora que estava completamente viciado nela.

Quando nos deitamos, na cama com dossel, ela me abraçou e

não demorou muito para pegar no sono. E eu acabei indo de

encontro ao mundo da escuridão, ainda observando aquela


pequena mulher dormir tranquilamente.
O sol ainda não havia nem apontado no céu, quando meus

olhos abriram. Primeiramente me recordei de que estava na casa de

praia em Ubatuba, depois voltei minha atenção para a sacada que


estava aberta e uma leve brisa entrava por ela, em seguida percebi

que estava acompanhado e também me lembrei de que era minha

secretária.

A mulher que eu não queria magoar, mas que estava ali na


cama ao meu lado, dormindo tranquilamente como se nada de ruim

pudesse lhe acontecer, mal sabendo que a pior pessoa estava

dormindo ao seu lado.

Eu era um monstro que só sabia usar as mulheres. E nunca


quis machucá-la, porém, não tinha ideia do que fazer com Laura, a

única certeza de que tinha era que a queria, mas também não

desejava ter um relacionamento sério.

Sinceramente? Um homem quebrado como eu, nem deveria


sonhar em ficar com a secretária, só que o desejo havia sido muito

mais forte do que eu.

E naquele instante só queria curtir aqueles dias com ela,

depois pensaria em um jeito de afastá-la de mim.


Mesmo que no fundo a quisesse ao meu lado para sempre…

Mas eu havia prometido e cumpriria com a minha promessa,


não iria ficar com mulher alguma, elas só levavam homens

importantes como eu à ruína.

E eu não acabaria como meu pai.

Nunca!
CAPÍTULO 25

Aquele final de semana estava se mostrando incrível em todos


os aspectos, principalmente naquele momento, que Frederico havia

me levado até o píer e eu fui apresentada ao seu João. Ele que iria
nos conduzir com o passeio de lancha pelo mar.

Aproveitei para tirar diversas fotos, enquanto passeávamos


por diversos lugares incríveis. Frederico até aceitou aparecer em

algumas e eu fiquei extremamente feliz com aquilo. Mesmo que ele


tivesse amanhecido com o humor um tanto quanto suspeito.
Depois de passarmos a manhã toda no passeio, voltamos

para casa e resolvemos almoçar fora. Andamos de mãos dadas


pelas ruas, até encontrarmos um restaurante que agradasse meu

chefe.

Quando saímos do restaurante, voltamos caminhando até

onde Frederico havia deixado o carro. Assim que entramos,

comentei:

— Esse lugar é incrível!

Ele deu partida no carro, mas estava muito concentrado à

frente para me responder.

Apesar de achar que Frederico estava mais frio naquele dia,

muito diferente da noite anterior, quando transamos com ele me

encarando tão concentradamente e de forma tão… eu sonhava


acordada mesmo, mas jurei que me olhou de forma apaixonada na

noite passada.

— O que foi? — indaguei, tentando tirar aquele pensamento

da minha mente.

— Nada, Laura! — respondeu de forma seca.


Franzi meu cenho com aquela reação.

— Tem certeza, Frederico? Você mudou de humor tão

drasticamente. Percebi que acordou meio ranzinza, mas no passeio


de lancha você até deu algumas risadas e também enquanto

caminhávamos pela cidade.

Ele deu de ombros.

— Será que tenho que estar sempre com sorrisos?

A forma como falou me ofendeu. Ele não tinha falado nada


demais, mas a entonação que usou me magoou.

— Eu só queria entender o que estava acontecendo.

— Só me deixe em paz, Laura! — a resposta doeu, foi como

levar um tapa no meio da cara.

— Tudo bem! — respondi.

Olhei para fora e desejei sair dali. Até que ponto me

humilharia para ter alguma migalha de atenção daquele homem?

Ele sempre era assim, se abrisse demais sua vida para mim,

se fechava em seguida e começava a me tratar como um objeto.


Eu havia caído fácil demais no seu papinho. Agora que já

havíamos transado várias vezes seguidas ele devia estar


começando a se cansar de mim.

Respirei fundo e fiquei em silêncio o resto do caminho até


chegarmos à mansão à beira da praia. Assim que estacionou, saí do

automóvel e caminhei para dentro do lugar. Não esperei que


Frederico abrisse a porta, contornei a casa e fui para a área da
piscina.

Sentei-me em uma das espreguiçadeiras que estavam


dispostas perto da vidraça que tinha vista para o mar e peguei meu

celular dentro do bolso.

Ia aproveitar aquele momento para atualizar minhas redes


sociais. Evitei olhar as fotos de Frederico, já que nenhuma delas iria

para meu perfil.

Logo a porta que levava à piscina foi aberta e senti a presença

de Frederico mesmo antes de ele tocar meu ombro.

— Sinto muito, Laura!

Não ousei olhar para ele, não queria ver aquela carinha de
cachorro que caiu da mudança que ele fazia quando queria ser
perdoado. Frederico não merecia nem mesmo que eu lhe dirigisse a

palavra naquele momento.

Ele tinha trinta e cinco anos e parecia uma criança, com

atitudes tão ridículas quanto as de um bebê. E eu com meus vinte e


três me sentia muito mais madura do que ele.

— Não vai mais falar comigo? — perguntou.

Bufei e girei minha cabeça na sua direção.

— O que você quer? Eu tento ser legal, não ouso te julgar,

estou aqui feito uma idiota e ainda quer que eu fale com você? Não
é somente a minha boceta que você quer? Então me deixa curtir o

sol, não estou a fim de transar agora.

Tirei sua mão do meu ombro e levantei-me da

espreguiçadeira. Caminhei até a borda de vidro e fiquei recostada


nela, encarando as ondas do mar quebrarem.

Novamente senti a presença de Frederico e eu senti muita


vontade de gritar com aquele imbecil para que me deixasse em paz.

— Eu não menti para você quando disse que te queria mais


do que as outras, mas deixei claro que era somente sexo.
— E em que momento eu te pedi algo mais? — Girei
novamente na sua direção.

Eu tinha perdido a minha paciência.

— Frederico, eu não pedi nada mais do que sexo, mesmo que

eu morra de amores por você, não pedi nada mais do que isso.
Você que inventou a porcaria desse final de semana juntos e
quando eu aceito, começa a me tratar de forma fria novamente? Eu

só quero que você me respeite, está fazendo igual em Nova Iorque


me tratando como uma merda.

Em algum momento eu devo ter dito algo errado, porque a

expressão dele se fechou e seus olhos fervilhavam de raiva.

— Você morre de amores?

Ao me tocar com o que tinha dito engoli em seco.

— Esquece o que eu disse.

Tentei me afastar novamente, só que daquela vez ele me

conteve segurando meu braço.

— Não, você vai me explicar que merda é essa de morrer de

amores — esbravejou.
Frederico tinha ficado irado com aquilo, mas por qual motivo?
Eu não estava pedindo que me amasse de volta.

— Eu sou apaixonada por você. É isso que quer ouvir? Eu me


apaixonei por você desde a primeira vez que te vi, meu coração
disparou quando coloquei meus olhos em você, meu corpo se

arrepiou só de eu observar a forma como você se movia. Seu

perfume é o meu cheiro preferido em todo o mundo. Eu te amo! É


isso que quer ouvir? Eu amo você, mas eu não te pedi nada, porque

eu sei como você é, Frederico. Eu só concordei com a merda do

sexo que você queria tanto ter. Por que está tão irado com os meus
sentimentos?

Ele soltou meu braço e respondeu:

— Esse final de semana foi um erro, Laura. Eu não queria

brincar com seus sentimentos, se eu soubesse que você era

apaixonada por mim, nunca tinha te convidado para cá, nunca tinha
pedido mais sexo com você. Conheço as mulheres e elas sempre

confundem as coisas.

Revirei meus olhos e cuspi as palavras na sua direção.


— Não sou idiota a esse ponto, Frederico. Só fui idiota por me

apaixonar platonicamente por você. — Afastei-me dele e respondi.


— Vou arrumar minhas coisas, não quero mais continuar cometendo

esse erro.

Era perceptível o quanto ele estava decepcionado com aquela


decisão, mas também não ficaria me humilhando por aquele homem

que só pensava nele.

Subi as escadas e fui até o quarto, peguei as roupas que

estavam fora da mala e fui jogando de qualquer jeito ali dentro. Ouvi
Frederico entrar atrás de mim, mas ao menos ele não disse nada,

só começou a arrumar suas coisas.

Como a maioria do que levei estava guardada, foi fácil

terminar de empacotar o resto. Logo olhei para a cama em que


havia passado uma noite deliciosa com Frederico e soltei um

suspiro.

Não ousei olhar na sua direção, porque não era obrigada a

sofrer daquela forma.

Desci as escadas e o aguardei fora da casa, não queria mais

ficar no mesmo ambiente que ele, mas sabia que a distância até a
cidade era longa, então eu precisava que Frederico me levasse de

volta, pois não conseguiria voltar sozinha.

Só que não consegui segurar as lágrimas. Elas escorreram

pelo meu rosto, mas as enxuguei rapidamente e tentei me controlar,


não queria que Frederico me visse daquela maneira.

O que era para se tornar um final de semana inesquecível,

tinha virado um filme de terror.

Eu nunca deveria ter permitido aquela aproximação. Maldito


dia que fui a Nova Iorque com meu chefe, bebi demais e me deixei

levar pela bebida.

Quando Frederico apareceu, eu já tinha me acalmado. Peguei

meu fone e coloquei nos ouvidos, não queria falar nada com ele.
Assim que coloquei o cinto de segurança, o homem ao meu lado

deu partida no carro e deixamos a mansão de Ubatuba para trás.

Frederico tinha que se tornar um passado em minha vida…

E talvez, eu precisasse até mesmo pedir demissão do


emprego, para nunca mais vê-lo à minha frente.
Sim, aquela deveria ser uma opção… uma opção que

pensaria com muito cuidado, porque também não podia ficar


desempregada.

Sinceramente, eu não tinha ideia do que fazer com a minha

vida.

Só uma única certeza pairava em minha mente: eu não


poderia mais me envolver com Frederico Salles.

Nunca mais!
CAPÍTULO 26

O pensamento da madrugada tinha me pegado em cheio e


mesmo que eu tentasse demonstrar algum tipo de alegria por estar

acompanhado da minha secretária, não consegui fazer com que a


falsidade durasse por muito tempo e acabou acontecendo o que eu

temia:

Nós dois brigamos e Laura decidiu ir embora de Ubatuba.

Naquele momento ela estava com o volume dos fones de

ouvido no máximo. De onde estava conseguia ouvir as músicas que


ela escutava. Estava me sentindo péssimo, eu havia prometido a

Juliana que não magoaria sua filha.

Mas também não tinha ideia de que a garota era apaixonada

por mim.

Na verdade, nunca imaginei que alguém pudesse me amar.

Aquela informação me pegou completamente de surpresa. Soltei um


suspiro e olhei de esguelha rapidamente para a menina ao meu

lado.

Ela nem ousava respirar na minha direção.

Quando ela disse que não era para lhe chamar com apelidos

carinhosos, pois poderia confundir as coisas, jurei que estava se

prevenindo para não se apaixonar, mas não… ali estava Laura, a

garota que me afirmou há algumas horas que me amava.

Acabei parando em um posto de gasolina, porque precisava

encher o tanque. Laura mal esperou que eu estacionasse para


saltar do carro e ir na direção do banheiro.

Esperei o frentista abastecer e em seguida o paguei. E a


garota ainda não havia voltado do banheiro, esperei por mais um
tempo e quando havia se passado vinte minutos fui obrigado a ir
atrás dela.

Mal cheguei no corredor que levava aos banheiros quando


ouvi sua voz.

— Me larga!

Aquilo me deixou em alerta, apressei meus passos e assim


que vi um velho segurando seu braço, com um sorriso diabólico no

rosto, não pensei nem duas vezes e o empurrei.

— O que foi, cara? — Percebi que o homem estava bêbado.

— A deixe em paz!

O homem tentou se levantar, mas estava tão bêbado que não

conseguiu. Laura se afastou antes que eu pudesse ver se estava


bem, quando me aproximei do SUV, ela já havia se sentado no

banco do carona e assim que percebeu que eu me aproximava da

sua porta virou o rosto para o outro canto.

Parei no meio do caminho. Não queria atrapalhar, mais ainda,

porém precisava saber se ela estava bem.


Contornei o automóvel e a vi virar o rosto de novo. Puxei o

fone do seu ouvido e quis saber:

— Ele te machucou?

Ela tomou o fone da minha mão, mas ao menos negou em


resposta à minha pergunta.

Pensei em dar partida no carro, porém, me senti na obrigação

de falar algo, por isso, puxei novamente o fone e aquilo fez com que
Laura ficasse ainda mais irritada.

— O que foi? — gritou.

— Você é maravilhosa, o problema sou eu, então, não pense

que foi algum problema com você…

Nem havia terminado de murmurar as palavras que queria,

quando Laura soltou uma gargalhada.

— O seu ego é tão grande, que faz você pensar que eu me


culparia por você não me querer, Frederico? — Havia parado de

gargalhar, mas ainda tinha o vislumbre de um sorriso nos lábios.

— Não é isso…
— Eu sei muito bem que o motivo não sou eu, porque eu

posso não ser a melhor pessoa do mundo, mas sou muito boa, sou
perfeita na verdade. Eu trabalho, luto para ajudar minha mãe com as

despesas de casa, desisti da minha faculdade devido ao falecimento


do meu pai. E você acha que eu vou pensar que o problema sou

eu? O problema de tudo realmente é você, Frederico.

Suas palavras me atingiram de uma forma que eu não

consegui evitar e acabei esbravejando:

— Eu prometi que nunca deixaria uma mulher me enganar.

No momento que as palavras saíram da minha boca, Laura se

calou e me encarou com os olhos arregalados.

— Como assim?

— Meu pai se matou por causa de uma mulher, Laura. Se


matou, porque amava demais e foi enganado pela maldita, o amor

cega as pessoas, então, desculpa, mas eu nunca vou ser perfeito


porque sou quebrado e continuarei sendo. Não deixarei nem mesmo
que você, uma garota boa, me tire do caminho que escolhi.

Seus olhos lacrimejaram, mas ela desviou sua atenção de


mim.
— Não sou como muitas e nem sou perfeita, mas nunca faria
mal a quem eu amasse — comentou e as lágrimas escorreram por
seu rosto. — Espero que um dia você faça terapia, pois precisa e

muito.

Voltei a dar partida no automóvel e daquela vez não tentei

mais puxar assunto. Horas depois, parei o carro em frente à casa de


Laura, ela desceu, abriu a porta de trás pegando a mochila, em

seguida a bateu e logo estava entrando em casa sem nem mesmo


se despedir.

O que eu queria?

Que ela fosse estivesse toda sorridente depois do que


aconteceu?

Respirei fundo e dirigi para casa.

Seria melhor se nunca tivesse nem mesmo olhado para a sua

direção.

Porque naquele instante eu sabia que sentiria falta da menina

que tomava meu ar, mesmo sem eu saber o motivo.


Foram poucas vezes que passei ao seu lado, mas eu tinha
completa convicção de que Laura possuía algo único que me faria
sentir tanta saudade.

Uma saudade que eu precisava parar de sentir!


Assim que abri a porta, minha mãe surgiu na sala e me

encarou com o cenho franzido.

— O que está fazendo aqui? — perguntou, com o tom de voz


preocupado.

As lágrimas que não queria derramar em frente a Frederico

começaram a escorrer.

— Ele precisa de terapia, mamãe!

Deixei a mochila cair no chão e caminhei até ela, abraçando-a


em seguida.

— Querida, mas o que aconteceu?


Afastei-me dela, e mamãe aproveitou para secar minhas

lágrimas, o que não surtiu muito efeito, já que voltei a deixar mais

gotas salgadas caírem.

— Ele disse que prometeu nunca se apaixonar e eu fui idiota o


suficiente de deixar escapar que gostava dele. Tudo deu errado e eu

resolvi vir embora, porque não queria me humilhar mais por aquele

imbecil.

Minha mãe fez uma expressão de tristeza.

— Querida, sinto tanto. Pedi para ele não te magoar.

Sua expressão de tristeza com certeza se assemelhava à

minha.

— Mamãe, ele não me prometeu nada mais que sexo. Eu só


não esperava ser novamente tratada com grosseria. Foi isso que me

machucou. Ele fez a mesma coisa em Nova Iorque, quando começa

a se abrir, percebe que não é isso que quer e me trata como um

monte de nada. — Sentei-me no sofá e apoiei minhas mãos no


rosto, para tentar controlar minha raiva. Sentindo que meu coração

estava desacelerando, voltei a encará-la. — Só que agora eu estou


desistindo desse sentimento que sinto por Frederico, não o quero

mais, não quero nem mesmo me aproximar dele.

Minha mãe ficou séria com minha confissão.

— E o emprego, querida?

— Ainda continuarei lá, mamãe. Até arrumar algo que me

pague tão bem quanto aquela empresa.

Dona Juliana se sentou ao meu lado e me puxou para seus


braços. Ao menos ali eu voltava a me sentir segura e sabia que

aquela mulher me amava mais do que qualquer outra pessoa.

— Tudo vai ficar bem! Acredito que as coisas acontecem por

um propósito, então vamos aguardar para saber o que o futuro


reserva, ok?

Assenti e mamãe voltou a me acalentar.

Estava destroçada…

Era para ter sido um final de semana inesquecível…

E Frederico com sua grosseria acabou com tudo.

Aquele homem não merecia nem mesmo uma lágrima minha.


Ele não sabia me respeitar e não merecia que eu o amasse.

Faria de tudo para esquecê-lo e iria conseguir.


CAPÍTULO 27

A segunda-feira chegou rápido demais e Frederico e eu


voltamos a falar somente de assuntos relacionados à empresa.

Levava sua agenda toda manhã, o acompanhava nas reuniões,


anotava o necessário e lhe passava tudo por e-mail.

Não deixei de enviar currículos para algumas vagas que vi


disponíveis na internet. Havia dito a verdade, não queria mais ficar

perto daquele homem.

Eu queria me afastar o máximo que pudesse de Frederico. Ele

não merecia nada que viesse de mim.


E assim meus dias continuaram a ser os mesmos de antes,

como se tivesse voltado no tempo, na época que ainda só sonhava


acordada com aquele homem, o problema era que agora eu sabia o

quão maravilhoso Frederico era, então ficava meio complicado

deixar de lembrar os poucos momentos insanos que vivemos.

Porque o sexo com Frederico era realmente insano, maluco,

destruidor… de mocinhas virgens.

Duas semanas se passaram e nosso dia a dia não estava

melhor, parecia que a cada hora piorava um pouco mais.

Na última sexta-feira do mês de junho cheguei à empresa,


mas estava péssima, havia passado mal a noite inteira com meu
estômago meio ruim, porém, naquela manhã tudo havia piorado.

Qualquer cheiro estava despertando um enjoo insuportável.


Coloquei minha bolsa sobre a mesa e de repente aquela vontade

incontrolável me acometeu e quando pensei em sair correndo para o

banheiro, esbarrei com tudo em Frederico.

Ele me segurou para que eu não caísse e me encarou com a

expressão fechada.
— Está tudo bem, Laura? — perguntou, mas evitei responder,
pois se fizesse aquilo acabaria vomitando ali mesmo. — Você está

pálida, não precisa ser tão…

Não consegui segurar mais a vontade incontrolável e

Frederico não me soltava, tentei empurrá-lo, mas ele ainda não

tinha se afastado e acabei despejando tudo o que queria sair de

dentro de mim em cima dele.

O que acabou sujando nós dois, porque respingou para todos

os lados.

Meu chefe me olhou atônito e eu senti minha bochecha

esquentar à medida que via toda a sujeira que fiz.

Frederico me olhou com a expressão fechada e eu cheguei a

me encolher por estar sendo encarada daquele jeito.

— Vá para o banheiro do meu escritório e se limpe.

— Eu tentei avisar ao senhor!

— Tudo bem, Laura! Só vai…

Ele apontou para a porta do escritório e eu assenti lhe dando

as costas. Não era porque estávamos um com raiva do outro que


tinha o direito de fazer aquilo, mas esperava que ele entendesse

que havia sido um acidente.

No entanto, assim que abri a porta do seu escritório, uma

tontura me acometeu e eu fui obrigada a me segurar no batente da


porta. Quando menos esperei, Frederico estava ao meu lado, sem o

casaco do terno, que foi o mais atingido.

— O que está sentindo? — Ele colocou uma das mãos sobre

meu rosto. — Está gelada!

— Foi só uma tontura.

— Se eu desse um corte em sua boca não sairia uma gota de

sangue, está completamente pálida.

Passei minha língua pelos lábios, pois senti eles ressecarem

conforme ficava mais tonta.

— Estou com medo de desmaiar.

— Esquece, Laura! Vou te levar para casa, não tem condição

de você trabalhar desse jeito.

Tentei dizer algo, mas Frederico já havia me pegado em seu

colo, sem se importar com minha roupa suja. Parou ao lado da


mesa e esperou que eu pegasse minha bolsa para caminhar comigo

até o elevador.

Encostei minha cabeça em seu peito e deixei que me

conduzisse. Sabia que não adiantava ir contra ele naquele momento


e se fosse parar para pensar, não estava dando conta de me manter

em pé.

Havia chegado na empresa quase arrastando os meus pés e

agora a tontura não passava.

Talvez o fato de ter vomitado, sem ter ingerido nada de manhã


tenha me deixado daquele jeito. Provavelmente eu melhoraria assim

que comesse algo.

Ainda meio tonta e me sentindo fraca fui colocada no banco

do carona do SUV de Frederico. Logo estava ganhando as ruas de


São Paulo e agradeci por estarmos contra o fluxo, porque só queria
chegar em minha casa.

— Está melhorando? — Frederico indagou e eu girei minha


cabeça na sua direção.

Encarei-o por um momento e respondi, agradecendo


mentalmente por não ter vomitado de novo.
— Sim!

Frederico parecia preocupado ao me olhar, mas não quis me

atentar àquele fato, pois ainda estava muito recente em minha


mente tudo o que aconteceu naquele final de semana há duas
semanas.

— Você quer passar em um hospital para ver…

— Não! — cortei-o, antes mesmo que terminasse a frase.

— Tudo bem!

Fomos em silêncio até chegarmos a minha casa. Eu já havia


melhorado, por isso, saí do carro por conta própria.

— Laura, eu te ajudo! — Frederico falou de forma

exasperada.

Revirei os olhos e o encarei.

— Obrigada por me trazer, mas não precisa mais se


preocupar. Eu lhe peço desculpas por toda a sujeira que fiz, e se

quiser mandar para alguma lavanderia e descontar do meu salário.

Comecei a caminhar na direção do portão de casa, só que

para minha surpresa, Frederico segurou meu braço e eu o encarei,


esperando que dissesse o que queria.

— Qualquer coisa se continuar passando mal me avise.

— Te avisarei só se precisar faltar à empresa.

Tirei meu braço do seu contato e entrei em casa. Não olhei


para trás, com medo de ver que meu chefe ainda me observava.

Entrei em casa e senti um cheiro gostoso de bolo. Minha mãe

deveria estar fazendo as suas receitas maravilhosas.

Caminhei até a cozinha e a encontrei colocando a cobertura

no bolo que estava em cima da mesa e pude constatar que era de


cenoura, o meu favorito.

— Oi, mamãe!

— Laura! — gritou e girou rapidamente na minha direção. —

Quer me matar do coração, garota?

Soltei uma risada, só dona Juliana para me fazer sorrir depois


do que havia acontecido.

— Desculpa, mamãe.

Ela olhou para o relógio de parede e voltou a me encarar.


— O que está fazendo aqui?

Soltei um suspiro e comecei a explicar o que havia acontecido,


mamãe me encarava atentamente, assim que terminei, murmurei:

— Por isso, preciso de um banho.

Ela se aproximou de mim, após finalizar a cobertura e

encostou a mão em meu rosto.

— Vai, minha menina! Levo para você um pedaço do bolo.

— Obrigada, mamãe!

Fui para o meu quarto e depois de arrancar minha roupa e

deixá-la separada para lavar quando estivesse cem por cento,

caminhei para o banheiro e tomei uma chuveirada dos pés à


cabeça.

Não me demorei muito no banho, porque o que mais queria

depois do que aconteceu era me jogar na minha cama.

Quando vesti meu pijama, mamãe entrou no quarto com a

fatia de bolo em um prato, sentei-me na beirada da cama e peguei o


prato que me estendeu.
— Está com um cheiro delicioso — comentei e parti um

pequeno pedaço, levando-o até a boca, mas assim que o gosto

tomou meu paladar coloquei o prato ao meu lado e corri para o


banheiro.

Ao menos daquela vez me deu tempo de chegar à privada e

colocar tudo para fora.

Minha mãe me ajudou a segurar meu cabelo, enquanto eu


continuava a me acabar em vômito.

Assim que me levantei e enxaguei minha boca, encarei minha

mãe pelo espelho do banheiro e ela estava com uma expressão

séria.

— Laura, acho que precisamos ir ao hospital.

Ela estava com o rosto tão fechado que fui obrigada a me virar

na sua direção.

— Mamãe, deve ser somente uma virose, eu devo…

— Laura, escuta a sua mãe. Vamos ao hospital!

Engoli em seco no mesmo instante.

— Por que, mamãe?


— Você nunca passa mal, querida! E você está me lembrando

muito eu no começo da minha gestação.

Meu coração deu um salto tão grande e minhas pernas

bambearam, que me vi obrigada a me segurar na pia do banheiro.

Não…

E só naquele momento lembrei-me que minha menstruação

estava atrasada.

Ah, meu Deus!

Eu não podia estar grávida!

Principalmente de Frederico…

Se aquele achismo da minha mãe fosse real, as coisas que já

não estavam boas iriam piorar ainda mais.

Que não fosse real…

Que não fosse real…

Mas infelizmente a vida nem sempre nos dava as escolhas

que implorávamos e quando a médica me estendeu o resultado do


Beta HCG e me explicou que havia dado positivo, senti o chão ser
arrancado debaixo dos meus pés e me vi caindo em um limbo que

não tinha mais volta.

O que eu faria agora?


CAPÍTULO 28

Passei o final de semana todo preocupado com Laura, mas


me contive para não lhe enviar nenhuma mensagem e nem mesmo

aparecer em sua casa para ver se havia melhorado.

Mesmo me mantendo afastado daquela mulher, eu não podia

negar o quanto ainda estava ligado a ela. Pensava na secretária

todas as horas do meu dia, quando estava na empresa a vontade


que quase me possuía era de arrastá-la para meu escritório e

mostrar o quanto a desejava.


No entanto, continuava me contendo para não tomar aquele

tipo de atitude, pois Laura não merecia que eu nem olhasse na sua
direção. Eu não era o homem ideal para ela, só a faria sofrer e

desejava que ela se apaixonasse por alguém que merecesse seus

sorrisos lindos, seus carinhos e aquele olhar de devoção que ela me


direcionou todas as vezes que a fiz minha.

O problema de pensar naquilo, era que todas as vezes que


me lembrava de Laura sendo realmente minha, a vontade que dava

era realmente de reivindicá-la para mim, de mostrar a ela que

ninguém nunca conseguiria fazê-la gozar como eu, que ninguém


nunca a beijaria de forma tão sedenta como a minha boca.

A vontade que tinha era de esquecer toda merda que me


aconteceu aos meus quinze anos e tentar investir em um futuro com

minha secretária, só que o medo me dominava mais do que o

aceitável e exatamente por isso, na mesma rapidez que aqueles

pensamentos surgiam em minha mente, eu tentava esquecê-los

imediatamente.

Não podia me deixar levar por aquele sentimento que parecia

crescer mais e mais por Laura Bueno. Eu não queria me vincular a


uma mulher sabendo que em um futuro ela poderia destruir a minha
vida.

Sempre fui feliz da forma que decidi viver, não seria por causa
da secretária que mudaria todo o meu jeito de pensar e agir.

Porém, assim que pisei no andar do meu escritório percebi


que ela não estava em sua mesa. Engoli em seco e senti todo meu

corpo gelar.

Será que ela havia piorado?

Senti até minhas pernas perderem um pouco da força que me

mantinha em pé.

Passei as mãos pelos cabelos e apressei meus passos para

dentro da minha sala, porque eu iria ligar para Laura, ignorando

qualquer limite que havia imposto.

Assim que entrei na minha sala, pronto para esquecer tudo o

que prometi a mim, estaquei no lugar quando vi que Laura estava

ali, sentada no sofá que ficava mais afastado da vista de entrada do

escritório.
Perto das vidraças que davam para a vista da cidade. Ela

observava o lado de fora como se estivesse tão perdida em seus


pensamentos que nada poderia lhe tirar daquele momento.

Só que assim que percebeu que eu havia chegado, voltou seu


rosto em minha direção e foi fácil constatar o quanto estava abatida.

Alguma coisa havia acontecido.

— Laura?

Ela se levantou do sofá e era tão notório o quanto estava

nervosa, já que segurava suas mãos uma na outra, apertando os


dedos, mostrando-me que realmente algo estava errado.

Será que havia descoberto alguma doença?

— Frederico, precisamos conversar — anunciou e pelo tom de

voz parecia realmente algo sério.

Terminei de adentrar a sala, fechei a porta e parei n cruzando

meus braços em frente ao peito, pronto para ouvir o que ela queria
me dizer.

— Pode falar! — Gesticulei em sua direção, para deixar claro


que estava pronto para ouvir o que ela quisesse me dizer.
Ela respirou fundo e encarou meus olhos. Laura parecia tão

desesperada que nem havia aberto a boca quando começou a


chorar e eu me desesperei.

Que merda havia acontecido?

Dei um passo em sua direção, mas ela estendeu a mão

pedindo silenciosamente para que não me aproximasse.

— O que está acontecendo? — perguntei, completamente


nervoso, atendendo ao seu pedido.

— Frederico, eu descobri algo na sexta que mudou tudo o que


eu pensava para o meu futuro e tenho certeza de que mudará o seu

também.

Seus olhos claros encaravam os meus com tanta intensidade

que comecei a ficar ainda mais nervoso.

— Conta logo, Laura! Estou desesperado aqui, você está

doente?

Ela tentou sorrir de forma irônica, mas falhou miseravelmente


na tentativa e deixou mais algumas lágrimas escorrerem pelo rosto.
— Não estou doente, Frederico. — Ela fez uma pausa e levou
a mão à barriga. — Estou grávida!

Por um momento fiquei encarando-a sem entender o que


aquilo queria dizer. Afinal, acho que fui pego com tanta surpresa que
nem me atentei ao real fato daquela revelação.

Eu pensei que ela havia transado só comigo, mas aquilo


realmente me deixou intrigado. Ela talvez tenha se vingado de mim,

estando com outro e eu tenha sido atingido por aquela informação,


porque cerrei até mesmo os meus punhos pronto para socar alguma

coisa, só por visualizar em minha mente Laura com outro.

Algum filho da puta que provou do seu corpo maravilhoso, da


sua boceta deliciosa, sua boca perfeita…

— Devo lhe dar os parabéns? — indaguei, quase rosnando,


sem conseguir controlar a raiva que sentia dela naquele instante.

O que eu queria?

Que ela se mantivesse fiel a mim?

Ela não me devia nada, já que eu era covarde o suficiente

para não a querer ao meu lado.


No entanto, naquelas últimas duas semanas, eu nem
conseguia olhar para outra mulher, pois Laura não saía da minha
mente. E agora descubro que ela estava tendo relações com outro a

ponto de ficar grávida.

Laura cerrou o cenho e me olhou como se eu fosse um

extraterrestre.

— E eu, devo lhe dar os parabéns? — perguntou sarcástica.

Alcei uma sobrancelha com aquela pergunta.

— Por que eu deveria receber os parabéns, o filho não é meu!

— afirmei.

E a expressão de Laura que já não era uma das melhores,

terminou de se fechar no momento que não ouviu aquilo.

— Frederico, vou fingir que não escutei isso — esbravejou.

Por um momento pensei que ela estava brincando comigo,

mas Laura estava tão séria que eu realmente entendi o que ela

queria me dizer.

— Você está insinuando que esse filho é meu?


Apontei na sua direção e ela se aproximou de mim, encarando

meu rosto com raiva.

— E de quem mais seria? Eu estou grávida de você, seu

imbecil e não sei o que fazer, mas aqui… — passou novamente a

mão na barriga, ainda muito lisinha sem nenhum sinal de um bebê.


— Está crescendo nosso filho ou filha.

— Ficou maluca, Laura? — rosnei.

E a mulher deu um pulo com a forma como falei com ela. A

expressão assustada não fez com que eu me acalmasse, na

verdade, estava me deixando com mais ódio.

Como ela foi capaz daquilo?

Pilantra e mentirosa!

— Você acha que inventando que está grávida de um filho

meu, vai fazer com que eu mude de ideia e fique com você?

Laura parecia desacreditada no que estava ouvindo. Ela


ousou sorrir, como se aquilo tivesse sido a coisa mais ridícula que

ela já ouviu em toda a vida.

— Você não pode estar falando sério, Frederico.


Eu que não imaginava que ela ousou pensar que eu

acreditaria naquilo.

— Eu que não estou conseguindo acreditar, Laura. Eu não vou

ficar com você por causa de um bebê e eu não sei nem mesmo se
esse filho é meu, sempre usei preservativo.

Mal consegui perceber quando sua mão estalou em meu rosto

com força, senti até mesmo o lugar latejar, pelo tapa forte que
ganhei por estar sendo um babaca, mas não tinha como não ser

naquele momento com aquela garota dizendo tanta asneira.

— Você me respeita, Frederico. Sabe muito bem que foi o

único homem que me levou para a cama. Também fiquei surpresa

com a gravidez, porque eu também sei que usou preservativo, só


que nós não sabemos se você usou em Nova Iorque, já que

estávamos muito bêbados para nos lembrarmos, sem contar que

nenhum método contraceptivo é 100% certo.

Suas palavras me atingiram com força.

Ela fez aquilo tudo de caso pensado.

Tinha certeza, o ódio fervilhou em meu sangue, eu avancei na

sua direção e segurando seu rosto entre minhas mãos, acabei


rosnando bem perto do seu rosto, sem me preocupar com as

consequências das minhas palavras.

O que podia fazer se no futuro eu percebesse o quanto agi

como um merda naquele momento.

— Suma da minha vida, você e esse bebê, Laura. — Ela

arregalou os olhos como se não acreditasse no que estava ouvindo.


— Não quero filho algum. Agora eu vejo o quanto você é ardilosa.

Fez tudo de caso pensado para engravidar de mim e provavelmente

me dar o golpe do baú, não é mesmo?

Soltei seu rosto e vi a decepção passar por ele, mas não parei
por ali.

— Você é igual àquela pilantra que enganou meu pai no

passado. Só queria saber do meu dinheiro, inventou que estava

apaixonada e como não deu certo, agora vem me dizer que está
grávida? — Soltei uma gargalhada cheia de ódio. — Mesmo se tiver,

não quero ser pai, não vou assumir um bebê que você só está

gerando para pegar meu dinheiro. Se é que existe mesmo um feto


dentro de você.
Laura me olhava como se não me reconhecesse e eu não me

importava mais se a machucaria. Ela era uma aproveitadora e por

isso, nunca se devia acreditar em mulher alguma, elas serviam

somente para sexo e nada mais.

— Repito: suma da minha vida. Se quiser pode processar a

minha empresa, mas você está demitida, Laura Bueno. Vou avisar

os recursos humanos sobre o seu afastamento…

O queixo de Laura começou a tremer e ela voltou a chorar


mais do que antes.

— Você está falando sério, Frederico?

Cego pela raiva respondi com um único aceno de cabeça e

ela negou.

— Você não assumirá seu filho por pensar que eu só fiz isso
pelo seu dinheiro?

Ela colocou a mão sobre a barriga, como se para proteger o

bebê que dizia carregar.

— Eu sabia que você era uma pessoa complicada, mas nunca


pensei que seria um monstro. — Suas palavras soavam baixas,
porém, evitei olhar na sua direção.

Apontei meu indicador na direção da porta e Laura antes de


sair, murmurou:

— Espero que você seja tão infeliz, Frederico, e que se lembre

em todos os momentos que rejeitou o seu filho, que o abandonou e

quando estiver bem velhinho, sozinho e sem ninguém para segurar


sua mão, lembre que poderia ter esse bebê ao seu lado. Espero que

morra sozinho, Frederico Salles. Você merece que a solidão te

corroa de uma forma que nunca consiga se recuperar.

Suas palavras me atingiram tão forte que travei meus dentes


uns nos outros, para não ter que demonstrar o quanto aquela sua

fala foi como um soco no meio da minha cara.

Laura saiu da minha sala e eu concordei com ela, pois a única

verdade em tudo aquilo, era que realmente a solidão iria começar a


me corroer a qualquer momento e talvez um dia me arrependeria

daquela decisão.

Só que naquele momento, não me importava com mais

nada…
Eu só não iria assumir um filho que estava sendo gerado para
me obrigar a conviver com uma mulher que não queria amar…, mas

que provavelmente aquilo que sentia por ela era amor, um amor que

faria de tudo para apagar da minha vida.


CAPÍTULO 29

Estava deitada em posição fetal em minha cama, sem


conseguir parar de chorar. Já haviam se passado ao menos umas

quatro horas que tinha conversado com Frederico e suas palavras


não paravam de surgir em meus pensamentos.

Quem aquele idiota achava que era?

Sério que ele pensava mesmo que eu fosse capaz de


engravidar só para obrigá-lo a me dar sua herança, ou obrigá-lo a

ficar comigo?
Como estava odiando Frederico naquele instante. Que homem

desprezível!

Minha mãe entrou no quarto e parou ao meu lado, senti um

cheirinho de comida caseira tomar o ambiente e a encarei para ver o


que havia trazido para mim.

Era uma sopa de legumes e aquilo fez com que eu me


sentasse na cama e aceitasse o prato com a comida.

— Obrigada, mamãe!

— Se acalmou mais, meu amor? — assenti.

Eu havia contado para minha mãe quando cheguei o que


Frederico havia me dito e pela sua expressão na hora que foi

ouvindo minhas palavras, sabia que ele havia entrado para a lista de

pessoas odiadas em sua vida e olha que minha mãe nunca odiava

ninguém.

Ela se sentou ao meu lado e passou a mão pela minha

cabeça.

— Vamos cuidar muito bem desse bebê, sem precisar daquele

idiota.
— Sim! — afirmei, sem muita convicção.

Falar ainda fazia minha voz embargar, mas não queria chorar

mais, aquilo fazia mal ao bebê.

Tomei um pouco da sopa e fiquei feliz pelo meu estômago

aceitar aquela comida, pois passei o final de semana todo sem


conseguir ingerir nada direito, já que colocava tudo para fora assim

que sentia o sabor de qualquer coisa.

— Não quero mais pensar nele, mamãe! Não quero mesmo

nem ouvir falar de Frederico.

Ela assentiu e murmurou:

— Eu te entendo, meu amor. Não vou defendê-lo mais, porque

aquele idiota não sabe a hora de parar. Vamos seguir em frente sem

ele e prontas para mimar esse bebezinho.

Ela depositou a mão sobre minha barriga e pela primeira vez

naquele dia me senti acolhida por alguém.

Ter sido rejeitada daquela forma por Frederico havia acabado

com meu emocional, mas o problema não era ele não me querer

perto dele, era ele rejeitar o filho que eu carregava.


Como me enganei tanto com aquele homem?

Eu o havia colocado em um pedestal e naquele instante

percebi que era uma idiota por ter achado que ele fosse perfeito em

algum instante.

Novamente eu batia na tecla de que eu sabia muito bem que

não teria um relacionamento com Frederico, mas nunca esperava


que ele fosse aquele tipo de homem que abandona um bebê mesmo

antes de conhecê-lo.

Comi toda a sopa e agradeci por minha mãe ter ficado comigo
até eu finalizar o almoço. Depois ela saiu com a louça suja e eu
voltei a deitar.

Já havia marcado uma consulta com uma obstetra para daqui


a três dias, pois queria ser uma boa mãe para aquele serzinho que

não pediu para existir, mas que mesmo assim estava ali por alguma
irresponsabilidade que a mãe havia cometido.

Afinal, eu não tirava um pouco da minha culpa, não devia ter


bebido aquele dia. Pelos cálculos que o médico me falou na sexta

eu estava com um mês e alguns dias, então era exatamente a data


da viagem para Nova Iorque.
E agora não sabia como conseguiria um emprego estando

grávida. Frederico falou que se eu quisesse podia processá-lo por


demitir uma mulher grávida, mas eu havia falado sério quando disse

que não queria mais nada com aquele idiota.

Nunca mais olharia sequer para a direção daquele homem.

Então a única coisa que fiz foi assinar minha demissão sem falar
nada e por sorte, eu não precisaria voltar mais à empresa.

O meu acerto cairia em minha conta e com aquilo eu pensaria


o que faria a partir dali.

O mais certo seria tentar trabalhar de forma autônoma

naquele momento, não tinha como fazer outra coisa a não ser
aquilo. Depois teria que pensar com calma em algo para fazer que
me desse uma renda e que sustentasse aquele serzinho que crescia

dentro de mim.

Pousei uma das mãos sobre a minha barriga e acariciei

aquele lugar. Era muito estranho saber que dentro de mim, estava
sendo gerada uma criança. Sorri com aquele pensamento e

sussurrei:
— Mesmo não sabendo nada sobre maternidade, bebê, vou
tentar ser uma ótima mãe. Eu só tenho vinte e três anos, mas se te
fiz tenho que te criar. Não vou te abandonar, pode ter certeza.

Como havia me acabado em lágrimas o sono me atingiu e


naquele dia eu permiti me dar um descanso, depois pensaria em

como lidaria com o meu futuro dali em diante.


Tinha se passado uma semana que demiti Laura e talvez a

culpa já estivesse me corroendo. Não queria ir atrás dela, mas só de

me recordar da sua expressão naquele dia, eu me sentia um grande

merda.

Laura nunca me deu motivos para pensar que ela me usaria


da forma que ousei acusá-la e mesmo assim lhe disse tantas

merdas. Tinha dias que eu me pegava quase seguindo o caminho

para a sua casa.

No entanto, a realidade me acometia. Não tinha nada para


fazer em sua casa, o melhor era me manter distante, nunca mais
deveria me aproximar de Laura, ainda mais se aquele bebê fosse

real.

Não queria ser pai… mas porra, se fosse verdade aquela

história, eu estaria abandonando meu filho e não iria ter direito

algum depois de conhecê-lo ou conhecê-la.

Apoiei meu rosto em minhas mãos, no mesmo instante que o


telefone da mesa do escritório tocou. Ainda não havia contratado

outra secretária, então estava tudo uma confusão.

Alguns compromissos fui obrigado até mesmo a adiar, pois

algumas coisas saíram do meu controle. Sem Laura por perto, era
bem mais fácil perceber o quanto ela me ajudava em questões de

organização.

— Alô! — Atendi, demonstrando que não estava em meu

melhor humor.

— Bom dia, senhor! A senhora Juliana Bueno gostaria de falar

com o senhor.

Ao ouvir aquele nome, meu corpo se arrepiou, o que a mãe de

Laura estava fazendo ali?


Será que algo havia acontecido com ela?

— Pode deixá-la subir! — respondi rápido demais.

Com um sentimento muito estranho me atingindo, me levantei

da minha cadeira e caminhei até a porta escancarando-a e


aguardando que dona Juliana aparecesse.

No entanto, quando vi a mulher surgindo no corredor que

levava até meu escritório eu soube que era um homem morto. A

mãe de Laura me fuzilava com tanto ódio que tive absoluta certeza
de que estava fodido.

— Dona Juliana! — cumprimentei-a e estendi minha mão

para que entrasse na minha sala.

Ela o fez sem nem me direcionar o olhar. Assim que fechei a


porta do lugar e girei meu corpo na sua direção, a senhora imitou

sua filha há alguns dias e estalou um tapa em meu rosto.

Levei a mão ao lugar e agradeci por ser do lado que Laura

não havia batido, assim ao menos igualava as agressões.

— Não pedirei desculpas, Frederico! — Sua voz estava perto


do desespero. — E não pense que estou aqui para te pedir nada.
Na verdade, Laura nem sonha que estou nessa empresa, ela não

quer nem mesmo olhar na direção desse lugar, não quer saber de
nada que venha de você.

Encarei a mulher que parecia tanto com a secretária de quem

eu… de quem eu sentia tanta falta.

— Dona Juliana — tentei me explicar, mas ela não permitiu.

— Não quero saber de nada, garoto. Só quero deixar claro


para que nunca mais procure minha filha. Eu sempre apoiei você,

pensei que com Laura na sua vida, depois que percebi que ela lhe

amava, você se tornaria uma pessoa mais feliz e deixaria de ser um


imbecil. No entanto, percebi que joguei minha menina para um

monstro.

Soltei um suspiro exasperado.

— Eu deixei claro a ela que não queria…

— Que não queria relacionamento — cortou-me. — Que


queria somente sexo, eu sei de tudo. E Laura não te pediu nada,

não pediu que a amasse de volta, que lhe assumisse publicamente.

Ela só veio lhe contar sobre a gravidez e você humilhou a minha


menina, minha única filha, minha princesinha, meiga e carinhosa,
como se ela fosse uma qualquer que saísse com diversos caras ao

mesmo tempo. Eu não valorizo a virgindade, Frederico, mas minha

filha perdeu a dela com você. Com vinte e três anos, algo que chega

a ser um milagre hoje em dia. Para você dizer que o filho podia ser
de qualquer um e que se fosse seu você não queria. — Ela fez uma

pausa e se aproximou de mim. Juliana era bem mais baixa do que

eu, porém, não parecia sentir um pingo de medo de mim. A mulher


apontou o dedo na minha direção e voltou a dizer: — Você perdeu

seu pai com quinze anos e desistiu do amor por esse motivo, só que

ao recusar aquela criança, você se tornou pior do que ele. Não

precisou chegar ao ponto dele quando perdeu a mulher. Você


cometeu a sua própria ruína ao recusar o seu filho, e diferente do

seu pai, você abandonou o seu antes mesmo de ele ter o tamanho

de um feijãozinho. Não quero te ver nunca mais perto da minha


filha. Por quem eu amo, posso me tornar um monstro, Frederico. E o

senhor não irá gostar da minha versão raivosa. Passar bem e até

nunca mais.

Assim que ouvi a porta bater deixei que o ar que ainda


segurava escapasse e me senti ofegante.

Você cometeu a sua própria ruína ao recusar o seu filho…


As palavras daquela mulher me feriram de uma forma que

pensei que nunca mais poderia me machucar.

Passei as mãos pelos cabelos e me senti completamente sem

chão.

Eu não era como meu pai… não tinha me deixado levar… era

forte…

Parei naquele instante!

Forte?

Desde quando uma pessoa forte abandona um filho?

Puta que pariu!

O que eu havia feito?


CAPÍTULO 30

Vender doces por aplicativo de delivery, foi a decisão que


tomei e há um mês estava conseguindo começar uma renda legal

de início.

Peguei um pouco do meu acerto na empresa e comprei tudo o

que precisava para o início e monopolizei a cozinha da minha mãe.


Com o tempo, dependendo dos lucros, iria montar um ateliê para

mim, para não precisar ocupar a casa de mamãe daquela forma.

Minha barriga já estava começando a se fazer presente e

naquele dia, até fechei minha loja online mais cedo, pois havia uma
consulta de pré-natal com a obstetra que escolhi.

— Acabei por hoje, mamãe! — anunciei, assim que terminei

de limpar toda a bagunça que havia feito.

— Você quer que eu te acompanhe até a clínica? —

perguntou me abrindo um sorriso.

— Não precisa, vou pegar o ônibus e chegarei lá em vinte


minutos. Não quero a senhora se esforçando à toa.

— Não seria à toa, era para ver como está esse nenezinho.

Ela apoiou a mão em minha barriga e eu sorri para dona

Juliana.

— Será que vai demorar muito para começar a chutar?

Minha mãe soltou uma gargalhada e eu senti minhas


bochechas coradas. Era uma mãe de primeira viagem, ela tinha que

entender as minhas curiosidades absurdas.

— Filha, você está com oito semanas, vai demorar mais um

pouquinho até o seu brotinho começar a se movimentar.

Mordi meu lábio inferior, tirei o avental e em seguida a touca

de proteção, para evitar que caísse qualquer tipo de fio de cabelo


nos docinhos.

— Estou ansiosa!

— É normal, meu amor! — Ela me abraçou. — Não quer

mesmo que eu vá? — perguntou, enquanto se afastava.

— Não, mamãe! A senhora mesmo estava reclamando de

dores nas pernas hoje. Deixa que vou dessa vez, na terceira
consulta a senhora vai, tudo bem?

Na consulta do mês passado minha mãe havia me


acompanhado e dessa vez era melhor ir sozinha, pois era

necessário pegar condução para ir à clínica onde havia escolhido

fazer meu pré-natal.

— Tá bom, mas tome cuidado!

— Pode deixar!

Beijei sua testa e caminhei até o lugar em que havia deixado

minha bolsa. Havia tomado um banho há uma hora, por saber que

se deixasse para mais perto da hora de sair não conseguiria me

higienizar antes de ir à Clínica Feminina Mulher.


Saí de casa e caminhei até o ponto de ônibus. Por sorte o

meio de transporte não demorou muito e logo estava estendendo


minha mão para ele, para sinalizar que precisava que parasse.

Logo entrei e me sentei em um dos bancos vagos. Como não


era horário de pico, era mais tranquilo. Fui olhando pela janela,

enquanto o ônibus ganhava as ruas.

E enquanto pensava na vida, assumi para mim que havia sido

fraca. Tinha pesquisado o nome daquele idiota na internet, pois vi


um patrocínio em minha rede social, onde mostrava que ele
compareceu a um evento.

Achei engraçado vê-lo sozinho, o que era quase um milagre

na terra. Frederico nunca ia àquele tipo de evento sem uma mulher


escultural ao seu lado.

Respirei fundo e tentei desvencilhar aqueles pensamentos da


minha mente, porque não estava a fim de sempre pensar nele e me

sentir mal pelo bebê que cresceria sem pai. Sabia muito bem que
daria conta de cuidar sozinha do meu filho, mas eu sentia pela

criança que em algum momento notaria a falta que o pai lhe fazia,
porém, quando chegasse aquela época, eu mostraria que ele ou ela
não precisaria da figura paterna em sua vida, que eu seria o

suficiente para que fosse feliz.

Logo o ônibus se aproximou do meu ponto de descida,

sinalizei e não demorou muito para saltar do meio de transporte.


Caminhei até a clínica e quando fui tomada pelo ar-condicionado do

lugar agradeci, porque aquele dia estava achando o clima muito


quente.

— Laura Bueno? — A ajudante da doutora Carolina me


chamou.

— Sim!

— Vamos?

Assenti e a acompanhei até o consultório da médica.

Respondi as perguntas de rotina da doutora e logo já estava sobre o


leito para que fizesse a ultrassonografia, meu pequeno brotinho

estava cada dia maior e já deu para escutar seu coraçãozinho.

Senti-me muito emocionada quando escutei aquele “tum, tum,

tum” desgovernado. Era meu pequeno amor sendo gerado com todo
carinho.
Quando me acalmei, me limpei e me vesti novamente. Logo a
doutora Carolina me passou as informações do que iria continuar
tomando, para manter o bebê e eu saudáveis durante a gestação.

Quando minha consulta foi finalizada, saí do consultório e logo


depois de me despedir das atendentes caminhei para fora da

clínica.

Porém, o que vi fez meu sangue ferver. Não só isso, porque

aquele órgão burro que ainda batia dentro do meu peito, disparou e
minhas mãos chegaram a suar ao constatar que Frederico estava

ali.

Respirei fundo e desviei minha atenção do homem que estava


encostado no SUV e aguardava com os braços cruzados, como se
fosse o dono do mundo, da porra toda e fez até parecer que era

meu dono ao surgir ali em frente à clínica em que eu estava.

O desgraçado estava lindo, óbvio! Usava um terno com corte

bem-alinhado em todo o seu corpo musculoso, os óculos escuros o


deixavam com um charme a mais, com aquele seu estilo de cabelos

bagunçados e aquela barba cheia, minha boca salivou e


infelizmente as imagens dele sem roupa surgiram em minha mente.
Eu não merecia aquilo!

Queria tanto achá-lo horroroso, mas seria impossível já que

Frederico Salles era um gostoso da porra. No entanto, eu sabia ter


princípios e nem mesmo o olhei uma segunda vez.

Limites! Era disso que eu precisava para parar de pensar nele


da forma que surgiam as imagens em meu pensamento.

Não queria dar motivos para ele me falar alguma merda. Na

verdade, o que Frederico fazia ali? Aquela nem era uma área da
cidade que ele frequentava.

Quando o pensamento de que ele podia estar me seguindo

surgiu, fiquei com ainda mais raiva. Aquele egocêntrico tinha bem o

estilo de um stalker, porém, não entendia mesmo a razão de ele me


encarar tanto que sentia até mesmo meu corpo formigar por onde

passavam seus olhos.

Como ele estava na direção que eu precisava passar, segui

sem encará-lo e assim que passei ao seu lado, o cara de pau, teve
a ousadia de dizer meu nome:

— Laura, podemos conversar?


Fiz questão de não parar, mas sorri com puro desdém,

sabendo que ele havia percebido minha reação, antes de continuar


me afastando.

Não sabia o que aquele imbecil queria, contudo eu honraria a

minha palavra e nunca mais olharia para Frederico.

Nunca mais me aproximaria dele.

Mesmo não sabendo o motivo de estar ali, não me importaria.


Frederico perdeu todo o respeito que eu possuía por ele. E não

duvidava que ele ainda me perseguia só para ver se eu não soltaria

na mídia algo a seu respeito.

Não que ele tenha insinuado algo, mas vindo dele eu

esperaria tudo…

Respirei fundo e parei no ponto de ônibus. Por sorte o meu ex-

chefe não havia se aproximado de onde eu estava e agradeci


mentalmente por aquilo.

Cuidaria do meu bebê sozinha e seria uma ótima mãe, mesmo

sem a ajuda do homem que preferiu me abandonar esperando um

bebê seu.
CAPÍTULO 31

Fiquei encarando Laura, enquanto ela se distanciava de mim.


Eu tinha feito merda, uma merda tão gigantesca que não conseguia

pensar em como resolveria aquilo.

No entanto, comecei a segui-la há alguns dias. Estava

aparecendo menos na empresa, só para acompanhar seus passos.


Claro que parecia um abusador de merda, mas queria estar por

perto caso ela precisasse de mim.

E hoje quando a vi entrando naquela clínica, não consegui me

conter, eu queria pedir perdão, queria que ela me desse a chance


de reverter o que lhe disse e óbvio que Laura não faria aquilo.

Sempre foi uma pessoa coerente e deixou claro que dava

conta de se virar sozinha.

Merecia tudo o que estava passando. Entrei no SUV e parti

para um lugar que há muito tempo não visitava: o cemitério.

Assim que cheguei ao local, aproveitei para comprar duas


rosas em uma banquinha que ficava perto da entrada e fui até a

lápide dos meus pais.

Encarei por um momento a foto da minha mãe e em seguida a

do meu pai. Sentia muita saudade dos dois, mas o meu pai era o

homem que ficou ao meu lado até me abandonar.

A minha mãe me recordava pouco dos momentos que tivemos

e mesmo assim eu a amava muito e doía saber que não tinha mais

nenhum dos dois ali para me amparar naquele momento que não

sabia o que fazer.

Coloquei as rosas sobre os túmulos e sem me importar com

mais nada, ajoelhei-me ao lado da lápide e comecei a falar como se


eles estivessem ali por mim.
— Oi, mãe e pai!

Eu não chorava há anos. Não sabia nem mais como era sentir

aquilo, mas ali estava eu com a voz embargada e uma vontade


incontrolável de deixar aquelas lágrimas escorrerem pelo meu

rosto.

— Queria que tivessem vivos. — Meu peito doeu ao falar

aquilo. — Eu sinto tanto a falta de vocês. Cresci cercado de idiotas,

já que a nossa família é bem filha da puta. — Estava falando com os

dentes cerrados, para não deixar que o choro me dominasse. — E

eu acho que cometi tantos erros por não ter vocês ao meu lado. Não

sou uma pessoa boa.

A primeira lágrima escorreu e não consegui conter as


próximas que vieram quase em forma de enxurrada. Era por isso

que evitava ir ali, pois sabia que quando me entregasse à emoção

ela dominaria tudo o que eu entendia como homem.

— Mãe, quando te perdi, eu era uma criança que não entendia

o que era morrer. Eu pensava que morrer, era como ir viajar, mas

que em algum momento você voltaria. Quando fui crescendo e

percebi que essa viagem na verdade não tinha volta entendi o que

era perder alguém que amamos e como doeu, mãe. Me desculpa


por não vir te visitar sempre, não consigo estar nesse ambiente, não

consigo aceitar que eu não tenho mais você e o pai.

Solucei devido ao choro sofrido que escapava do fundo da

minha alma.

— Pai, eu não te perdoo por ter me deixado quando eu ainda

não entendia nada da vida. O que o senhor queria que um garoto de


quinze anos fizesse? Como o senhor pôde me abandonar? Eu sei

que estava sofrendo, mas eu também sofri e ainda sofro muito com
a sua decisão. — Passei a palma da mão em meu rosto, tentando
secar as lágrimas. — Eu me fechei para o mundo, porque não

queria ter um fim como o do senhor. Na minha mente, se eu


deixasse alguma mulher se aproximar de mim, eu acabaria como o

senhor acabou. E eu fui um escroto com as mulheres. Com trinta e


cinco anos, acabei de perceber que sou um homem imaturo, que

não soube valorizar as pessoas ao redor e principalmente uma


mulher incrível que surgiu no meu caminho, pai.

Os soluços tomaram conta da minha voz e não me dei conta


de dizer mais nada. Eu estava quebrado, não sabia o que fazer para

reconquistar a mulher que deixei se aproximar o suficiente de mim e


que acabei gostando demais…
Ela estava grávida e eu não sabia o que fazer, a abandonei e

agora não tinha ideia de como consertar aquilo.

Com a cabeça baixa e as mãos no rosto não percebi que

alguém se aproximava e quando tocou meu ombro sobressaltei-me


e encarei na direção da pessoa que estava ali.

— Tudo bem, moço? — Era uma senhora que aparentava ter


mais de sessenta anos, cabelos branquinhos e com expressão

amável.

Enxuguei minhas lágrimas e respondi com a voz rouca:

— Sim, desculpe!

— Não precisa se desculpar, querido! — Ela parecia tão gentil.


— Quer conversar?

Não conhecia aquela mulher, mas ela parecia ser tão


bondosa, no entanto, não me abriria para uma completa

desconhecida, mesmo que fosse fofinha.

— Não, obrigado!

Levantei-me e encarei a lápide dos meus pais.


— Tudo bem! — a senhora comentou e começou a se afastar
e parecendo lembrar-se de algo, acabou se voltando em minha
direção. — Chorar é bom, não precisa ficar envergonhado, ajuda a

limpar a alma quando ela está muito machucada. Espero que o que
te aflige seja resolvido, é muito bonito para sofrer.

Se ela soubesse o monstro que estava chamando de bonito


não diria aquilo.

Ela acenou mais uma vez na minha direção e eu voltei a


encarar a lápide dos meus pais.

— Só queria que me mandassem um sinal do que fazer… —

Enxuguei o restante das lágrimas que ainda molhavam meu rosto e


sussurrei: — Prometo que voltarei mais vezes, mãe e pai.

Dei as costas para o túmulo e voltei na direção da saída do


cemitério. Ainda pude ver a senhora que havia me consolado saindo
do lugar.

Um dos seguranças que ficavam na porta do local a


cumprimentou quando passou ao seu lado e assim que ela se

afastou, parei ao lado do homem e perguntei:


— O senhor sabe me dizer quem é essa senhora? — O
homem franziu o cenho, mas não se importou de responder:

— É a dona Amélia, ela vem todos os dias aqui visitar os


túmulos do marido e dos filhos.

Engoli em seco com aquela afirmação e o homem parecia


saber bem da vida da mulher que continuou com a história:

— Eles faleceram em um acidente de carro, sobrou somente

ela que os aguardava em casa. E ela é guerreira, pois nunca deixou


de vir visitá-los, diz sempre que a vida é só uma e que temos que

dar valor enquanto estamos aqui, pois depois que perdemos não

tem como voltar atrás. E mesmo assim continua vindo todos os dias,

mesmo tendo muitos problemas de saúde.

Encarei a direção que a senhora havia ido e assenti uma vez.

— O senhor parece saber bastante da vida dela.

— Ah, somos vizinhos!

Sorri de forma acolhedora para o homem.

— O senhor é algum parente dela? — o segurança


perguntou.
— Não, ela só me disse palavras acolhedoras e fiquei

curioso.

— Dona Amélia é muito querida mesmo.

Depois que me despedi do homem, fui direto para meu carro e

assim que entrei as palavras do segurança me acertaram em cheio.

Eu sabia bem sobre perder quem se amava, no entanto, eu ainda


estava ali e Laura também.

Talvez devesse pegar a garra daquela mulher que sempre

vinha visitar a sua família e correr atrás da mulher que despertou

algo diferente dentro de mim.

Deveria correr atrás enquanto ainda tivesse tempo, nunca

sabíamos o que poderia acontecer amanhã.

Eu faria aquilo… correria atrás de Laura todos os dias e

tentaria reverter tudo o que fiz com ela.

Iria mostrar que não era o monstro que quis parecer ser e

esperava que ela me perdoasse.

Esperava muito, porque naquele momento eu queria

conquistá-la, conhecê-la melhor e cuidar do bebê que teríamos.


Não sabia por onde começar, mas descobriria e lutaria por ela.
CAPÍTULO 32

Por fim, consegui alugar uma loja bem perto da minha casa e
a Agridoce Doce e Sabores estava indo muito bem. Todo dia

conseguia ter muitos pedidos e a loja só me trazia felicidade. Algo


que pensei que iria demorar para conquistar, já que ainda me sentia

muito frágil e triste em alguns momentos, quando meus


pensamentos se voltavam para o dia que aquele homem me disse

tantas palavras que me feriram.

Balancei minha cabeça levemente para desvencilhar aqueles

pensamentos, já que ultimamente evitava ao máximo me lembrar


dele.

Olhei para o lado e vi a única pessoa com quem eu podia

contar a qualquer momento: dona Juliana.

Minha mãe estava me ajudando com os pedidos que

aumentavam a demanda a cada dia. Já estava pensando em até

mesmo contratar alguém para me ajudar naquela empreitada, pois


sozinha eu provavelmente não daria conta.

Já estava com vinte semanas, quase completando vinte e uma

e já sabia que meu pequeno brotinho era um menino, ele havia

aberto as perninhas todo fofo na última ultrassonografia e lembro a


emoção que senti quando saí da clínica com aquela notícia, por
sorte, nunca mais encontrei Frederico me esperando em minhas

saídas o que agradecia todos os dias.

E novamente, me repreendi por pensar naquele imbecil.

Mesmo me atentando sempre para não me lembrar dele, hora ou

outra o infeliz ainda surgia em minha mente.

Voltando ao bebê ainda me encontrava em completa dúvida

de que nome escolher para meu pequeno.


Existiam tantas opções e se eu escolhesse um nome e ele
não parecesse com meu filho?

Tenho certeza de que iria crescer meio traumatizado. Afinal,


eu tinha cara de Laura, o pai dele tinha cara de Frederico e se eu

colocasse o seu nome como Gabriel e ele não tivesse aquela

carinha de Gabriel?

Revirei meus olhos para aquele pensamento idiota, porque

novamente a porra do nome de Frederico surgiu em minha cabeça.

Só eu mesma para ficar com aquilo na cabeça.

Soltei uma lufada de ar e voltei a decorar os docinhos de um

batizado no dia seguinte.

— Tudo bem, querida? — Mamãe deve ter percebido o meu

momento de raiva.

— Sim, mamãe! Só pensando besteira — confessei.

— Quer compartilhar a besteira comigo? — indagou, sorrindo.

— Só pensando em como devo chamar o bebê, na dúvida de

que nome escolher, afinal, acho um trabalho de muita

responsabilidade. — Claro que omiti a parte de Frederico, minha


mãe que sempre foi uma puxa-saco do homem não gostava nem

mesmo de ouvir seu nome.

E para minha surpresa, ela soltou uma gargalhada.

— Minha filha, como você é boba. O nome certo surgirá


quando for o momento ideal. O seu me veio em sonho, espera que

logo você saberá que nome colocar no meu netinho.

Sorri em sua direção e concordei com um aceno. Dona Juliana


estava toda apaixonada pelo bebê e mesmo que ainda estivesse

dentro da minha barriga ela já o mimava.

E com o pensamento de mimar, veio à minha mente o quanto

eu estava tão na correria que até aquele momento ainda não havia
começado o enxoval, porém, já havia me decidido que naquele dia
iria ao shopping comprar algumas coisinhas.

— Vai fechar mais cedo, querida? — mamãe perguntou, assim


que terminou de bolear alguns brigadeiros.

— Sim, quero ir ao shopping comprar algumas roupinhas para


o neném. A senhora quer ir comigo?
Dona Juliana me olhou por cima do ombro e sorriu, mas era

nítido que estava muito cansada.

— Querida, você ficaria muito chateada se eu não fosse?

Sorri para ela e fiz uma careta em seguida que a fez


gargalhar. Adorava brincar com minha mãe.

— Até parece, mamãe. A senhora está me ajudando muito,

mesmo não podendo, não vou forçá-la.

— Dá próxima vez te acompanho.

— Tá bom!

— Mas aproveita e me traz um hambúrguer bem gorduroso.

Revirei os olhos.

— O colesterol da senhora permite isso?

Ela parou e me encarou como se eu fosse um monstro prestes


a roubar o pirulito de uma criança.

— Eu tomo remédio para controlá-lo, Laura. Um dia não mata


ninguém.
Rendi-me, mesmo sabendo que era sempre bom ela evitar
aquele tipo de alimento.

— Tudo bem, dona Juliana. Eu vou trazer um com muito


cheddar e bacon.

— Agora você falou a minha língua.

Sorri e voltei a me concentrar no que estava fazendo. Depois

de alguns minutos terminamos a encomenda do dia seguinte e em


seguida fechei a loja. Fui com mamãe para casa, para poder tomar

banho e assim que finalizei saí do banheiro enrolada na toalha.

Tirei o tecido que cobria o corpo nu e me encarei no espelho.

A barriga pontudinha estava linda em mim e talvez eu tenha me


tornado uma mãe babona, pois sempre me admirava daquela forma

em frente ao espelho.

E naquele dia, meu brotinho resolveu me surpreender dando o

primeiro chutinho. Por um momento pensei que algo estava


acontecendo com ele, porém, quando entendi do que se tratava,
abri um sorriso enorme.

Era algo muito estranho e ao mesmo tempo mágico, coloquei


a mão sobre o lugar e senti novamente aquele cutucão levinho na
barriga.

Senti meus olhos lacrimejarem. Já era uma chorona de

carteirinha, com os hormônios da gravidez tinha ficado ainda pior,


chorava por tudo, mas estava tão feliz que nem podia reclamar.

— A mamãe te ama tanto. — E como resposta recebi mais um


chutinho.

Algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto e eu me senti a

pessoa mais sortuda por ter aquele neném ali, guardadinho dentro
de mim.

Nunca pensei que seria mãe tão jovem, mas a vida sabia

brincar com nosso destino e naquele instante eu soube que havia

nascido para aquilo. Não julgava quem não queria ser mãe, no
entanto, se eu recebi a dádiva de gerar aquele neném eu só tinha a

agradecer.

Cuidaria dele como o meu bem mais precioso e lhe ensinaria

como ser um bom menino que nunca abandonaria um filho…

Fechei meus olhos e mais algumas lágrimas deslizaram pela

minha pele. Ainda doía tanto me lembrar de Frederico, mas eu

tentaria ao máximo esquecê-lo para sempre.


Nem eu e muito menos o bebê merecíamos recordar aquele

homem…

Assim que o neném se acalmou, me vesti e saí de casa me

despedindo de mamãe. Resolvi curtir aquele momento que tive com

meu filho sozinha por enquanto. Depois contaria para dona Juliana
sobre os chutinhos.

Daquela vez preferi ir de uber até um shopping que ficava na

Avenida Paulista, pois já vinha seguindo a loja que queria comprar

algumas coisas há algumas semanas no instagram.

Depois de longos minutos dentro do automóvel, o motorista


encostou em frente ao shopping, eu me despedi do homem e saí do

carro em seguida.

Caminhei pelo lugar, logo encontrando a loja no piso dois.

Assim que entrei me senti completamente feliz ao ver tantas


coisinhas fofas para o bebê.

Uma das vendedoras foi super gentil comigo e até pediu

autorização para tocar em minha barriga. Assim que concordei ela


acariciou e meu menino já mostrava que seria um grande safado,

pois acabou dando um leve chutinho na mão da mulher.


Caímos na gargalhada com aquilo, voltei minha atenção para

as roupinhas e para quem não havia comprado nada, consegui

comprar tantas roupas de recém-nascido que agora meu bebê


estaria ao menos a um passo de ter um enxoval maravilhoso.

— Então é um menino? — Uma das vendedoras indagou.

— Sim! — respondi, passando a mão pela minha barriga.

Estava usando um vestido soltinho, vermelho e mesmo assim

minha barriga já ficava toda bonita nele.

— Já sabe o nome? — A mulher continuou perguntando.

— Ainda não, mas pretendo pensar em breve. Só estou com

cinco meses.

— Ah, claro!

Depois de me entregar as sacolas com as minhas compras,

saí da loja, pronta para ir comprar o sanduíche para minha mãe e


partir para casa, estava tão distraída que não percebi que um

homem passava meio apressado pelo lugar e acabei trombando

nele.
Só que assim que senti o perfume característico percebi não

ser um homem qualquer… era ele…

Frederico segurou meu braço para evitar que eu caísse e me

encarou parecendo surpreso. Meu corpo todo se arrepiou só por

sentir o seu toque em minha pele.

— Laura… — Quase gemeu meu nome.

E logo que voltei à realidade puxei meu braço do seu toque.

— Dá para você parar de me seguir? — rosnei, alto o

suficiente para as pessoas que passavam ao nosso lado me

encararem.

Ele franziu o cenho e passou seus olhos por todo o meu


corpo, parando por um momento em minha barriga visível.

Coloquei uma das mãos por cima da barriga, como se

protegendo o bebê, caso aquele idiota tentasse fazer algo com ele.

E percebi que Frederico também viu as sacolas.

— Eu juro que dessa vez foi uma coincidência, eu tinha vindo


me encontrar com um investidor em um restaurante — tentou se

explicar.
— Não me importo com o que fez ou deixou de fazer. Só

procura não aparecer na minha frente, Frederico.

Comecei a me afastar, mas claro que ele tinha que me impedir

me segurando novamente.

Seu toque parecia queimar a minha pele e eu tive vontade de

gritar por socorro só para ele parar de se encostar em mim.

— Laura, podemos conversar? — pediu e eu o encarei como

se ele tivesse batido a cabeça.

— Qual o seu problema? Me deixa em paz! Você pediu para


eu sumir da sua vida, eu sumi, não tem mais volta depois daquilo

Frederico.

Puxei novamente meu braço, estava começando a ficar

nervosa e aquilo não era bom para o bebê.

Andei mais rápido até a escada rolante e para minha total

surpresa, Frederico começou a me seguir.

— Eu sei o que disse, mas eu preciso me desculpar, Laura,

por favor…
Ele tinha alterado um pouco da voz para que o escutasse,

mas nem sequer olhei para trás. Saí do shopping querendo


caminhar para o mais longe possível daquele homem.

Estava tão nervosa que não olhei para os lados e assim que

pisei na rua, sem perceber que vinha um carro em alta velocidade,

senti a mão de Frederico me puxando para trás trocando de lugar


comigo e…

O baque foi tão alto que me desequilibrei e caí sentada,

enquanto via o… não… meus olhos marejaram no mesmo

momento!

Frederico tinha sido atropelado para evitar que aquilo

acontecesse comigo.

Ele caiu a um metro do carro que o havia atingido.

— Frederico! — gritei.

Nunca me perdoaria se algo grave tivesse acontecido com ele.

Meu Deus!

Faça que nada tenha acontecido…

Por favor!
CAPÍTULO 33

Não era segredo para ninguém que eu era um covarde. Havia


prometido no dia que visitei meus pais no cemitério, que tentaria

fazer de tudo para que Laura me perdoasse, mas quando a vi


depois de algumas semanas se reerguendo lentamente não tive

coragem de me aproximar.

Não queria estragar as suas conquistas, não queria ser o

motivo de mais lágrimas, então decidi me afastar. Mesmo que aquilo


partisse meu corpo em milhares de pedaços.
Queria muito me desculpar, porém, achei necessário esperar a

poeira baixar e conversar com ela quando estivesse mais tranquila


em relação à nova empreitada que estava montando.

No entanto, assim que esbarrei com aquela mulher baixinha,


com uma barriguinha linda de cinco meses — sim, porque eu havia

baixado um aplicativo de gestação para saber de quantas semanas

Laura estava, já que ainda não tinha coragem de me aproximar —,


eu esqueci todas as promessas que fiz, sobre deixá-la em paz por

enquanto.

Laura havia se transformado em meu ponto fraco, não podia

colocar meus olhos sobre ela que me sentia enfraquecer em

qualquer decisão, sentia meu corpo perder até mesmo a força de


ficar em pé, quase me ajoelhei na frente de todos no shopping, mas

ela não me deu tempo.

Realmente perdia todo o meu controle quando se tratava

daquela mulher e à medida que ela se afastava eu comecei a segui-

la, mas aquele foi meu erro. Era perceptível que Laura estava
nervosa e talvez aquele tenha sido o maior fator para que não

percebesse que estava caminhando para a rua, sem que o sinal

estivesse a seu favor.


Quando notei que alguns carros avançavam pela Avenida
Paulista, não perdi tempo. Saí correndo e puxei Laura pelo braço de

uma vez para trás, fazendo com que o impulso me jogasse para a

frente e eu trocasse de lugar com ela.

Não dava mais tempo de desviar do atropelamento iminente.

Fechei meus olhos e pedi para minha mãe e meu pai me

protegerem, porque eu ainda precisava consertar a burrada que fiz.

E senti o impacto…

Meu corpo foi jogado a certa distância do carro e caí com tudo

por cima do braço, batendo o rosto no asfalto sentindo a pele arder

no mesmo momento.

— Frederico! — O grito de Laura fez com que eu tentasse me

levantar de onde estava, mas uma dor insuportável me acometeu.

Gemi, era meu braço… inferno eu deveria ter fraturado, só

podia ser aquilo.

— Moço, você se enfiou na frente do meu carro. — A

motorista parecia desesperada.


Só que aquilo não me importava no momento, precisava

verificar se Laura estava bem.

Girei meu corpo, mas a dor estava insuportável.

— Frederico? — Laura se aproximou e se abaixou ao meu


lado. — Você está bem? — Ela estava pálida!

Deus, eu só fazia com que aquela menina se sentisse mal!

— Você tá todo machucado. — Levou a mão à boca e


algumas lágrimas escorreram pelas suas bochechas.

— Não chora, por favor. Eu tô bem! — Indo contra a minha


afirmação, gemi, a dor estava demais para suportar.

— Fica quieto, já chamaram socorro.

Laura encostou sua mão em meu rosto e eu não ligava para


mais nada ao nosso redor, as pessoas perguntavam como eu

estava me sentindo e aquilo não era relevante, a não ser a mulher


que estava ao meu lado toda preocupada.

— Você se machucou? — perguntei, sentindo minha cabeça


girar.
— Não, mas você sim! — Enxugou as lágrimas que escorriam

pelo rosto.

Acho que havia batido a cabeça muito forte, porque estava

sentindo que iria desmaiar.

— Fica calma… não quero fazer mal para o bebê…

Meus olhos começaram a se fechar.

— Frederico, não, fica acordado…

Eu queria tanto atender o pedido dela, mas naquele instante


não tinha como…

Caí no mundo da escuridão…


Fui dentro da ambulância com Frederico, segurando sua mão

todo o caminho. Os paramédicos afirmaram que ele não


apresentava nada muito grave, somente a fratura no braço, mas

mesmo assim colocaram um colar cervical por precaução.

Chegamos ao hospital e o levaram para fazer diversos

exames. Estava morrendo de preocupação, já que ele havia


desmaiado e aquilo não podia ser bom, como eu havia caído o
médico que atendeu Frederico me pediu uma ultrassonografia,

mesmo que afirmasse a ele que estava bem.


No caminho para o hospital, havia ligado para minha mãe e
informado o que havia acontecido. Ela queria vir me encontrar, mas
pedi que não fizesse isso, logo estaria de volta, só aguardaria o

médico me dizer se Frederico estava bem.

Enquanto Frederico fazia os exames para ver se estava tudo

bem, tirando o braço quebrado, fiz a ultrassonografia e graças a

Deus o médico constatou que tudo estava normal.

Assim que me vi liberada, o médico que atendeu Frederico,

disse que ele havia recobrado a consciência e que tirando a fratura

e uma leve concussão, nada mais grave havia acontecido.

Senti no momento que disse aquelas palavras um peso

enorme ser retirado de cima de mim.

— A senhora já pode vê-lo. — Apontou na direção do quarto

que Frederico estava.

Não sabia se era uma boa ideia entrar naquele lugar, mas o

médico me olhou com tanta expectativa e eu também queria


verificar com meus olhos se ele realmente estava bem, que acabei

entrando no quarto, levando comigo todas as sacolas de compras

que havia feito naquela tarde.


Frederico estava com o braço em uma tipoia e repousava

sobre o leito hospitalar, encarando a janela como se estivesse


dopado de remédio e pudesse dormir a qualquer momento.

Quando viu que adentrei o lugar, ele girou o rosto na minha

direção e abriu um leve sorriso. A sua preocupação com o bebê,


antes de desmaiar me pegou completamente de surpresa, eu

sinceramente não esperava ouvir aquelas palavras saindo da sua

boca.

— Laura… — Sua voz estava baixa, mas mesmo assim ainda


mexia comigo. — Você tá bem?

Ele havia se enfiado na frente do carro para que eu não me

machucasse e ainda perguntava se eu estava bem?

Aquele homem parecia muito mudado.

— Estou! — respondi. — E você está sentindo muita dor? —


Queria saber, mas fiquei com medo de ele confundir o meu

interesse.

— Um pouco, só que a quantidade de remédio que devo estar

recebendo tá ajudando bastante a amenizar.


Encarei o cateter em seu braço e a bolsa de soro com

medicação que ele estava recebendo. Senti que os olhos de

Frederico não se desviavam de mim em nenhum segundo e eu


evitava o encarar, já que não queria deixar evidente o quanto fiquei

preocupada com ele.

Limpei a garganta e por fim tive forças para olhá-lo. Aquele

homem tão lindo, que eu pensei que havia me tornado forte o


suficiente para não sentir mais nada por ele, me olhava de uma

forma tão intensa que senti meu coração errar algumas batidas.

— Obrigada, por ter me salvado! — disse de uma vez,

querendo sair dali.

O rosto sempre tão impecável, estava com algumas


escoriações, mas não deixaria cicatrizes, com o tempo melhoraria

bastante.

— Não precisa agradecer, Laura. O maior culpado sou eu.

Sempre faço algo errado com você. Nunca poderia permitir que
você ou o nosso bebê sofressem algum acidente.

Um bolo se formou em minha garganta… Ele havia dito nosso

bebê?
Eu deveria estar alucinando, só podia, já que ele mesmo não

quis o meu filho.

— Ele é meu! — afirmei, levando a mão à minha barriga.

Frederico sorriu levemente, o que fez minhas pernas

fraquejarem.

— É um menino?

Não respondi a seu questionamento.

— Bom, espero que melhore!

Afastei-me da cama pronta para sair daquele lugar.

— Laura, fica aqui, por favor? — Parei, quando ele pediu.

Encarei-o por cima do ombro e era nítido que aquele homem

estava realmente esperançoso que eu aceitasse o seu pedido.

— Não, Frederico! Não é porque você se enfiou na frente de


um carro por mim que as coisas mudaram. Espero realmente que

melhore, mas nada mudou.

Voltei a andar e quase fraquejei quando escutei suas palavras:

— Me perdoa, por favor, eu quero ser o pai do nosso bebê.


Mas era tarde…

Muito tarde para perdoá-lo.

Continuei caminhando sem olhar para trás daquela vez.

Havia acabado… aquele homem era um passado que não

queria que se tornasse presente.

Nunca mais!
CAPÍTULO 34

Estava deitada no sofá da sala, assistindo um dos doramas


que era apaixonada, enquanto mamãe estava no alpendre lendo um

livro que havia lhe dado há alguns dias.

Tinha se passado uma semana que toda a confusão com

Frederico havia acontecido e eu não procurei saber se ele havia


melhorado.

Naquele instante o mocinho do romance coreano, beijou a

mocinha e eu me senti toda boba. Era sempre assim, um beijo

fraquinho e eu quase morria de amores.


Não tinha como negar que era uma romântica incurável e que

sonhava em encontrar um amor como àqueles que assistia ou lia na


minha vida.

Respirei fundo ao pensar naquilo…

A campainha tocou e como minha mãe estava do lado de fora

da casa, nem me importei em saber quem era, mas não demorou


muito para eu perceber que dona Juliana ficou irada com algo.

— Eu quero que você desapareça, garoto.

Coloquei pausa no seriado e levantei-me do sofá, caminhando

para o lado de fora e assim que cheguei ao alpendre estaquei no

lugar. O que ele queria ali?

— Dona Juliana eu preciso falar com a Laura.

Frederico e mamãe não perceberam que eu os observava.

— Minha filha não quer te ver. Eu disse para você nunca mais

procurá-la, se não sair daqui vou chamar a polícia.

— Mas… — Frederico olhou para trás da minha mãe e me

encontrou. — Laura, por favor?


Seu braço ainda estava na tipoia e ele parecia ter emagrecido.
O rosto havia afilado e a barba que sempre foi cheia e bem-cuidada

parecia grande demais naquele momento. Sem contar os cabelos

que não pareciam ser arrumados há alguns dias.

Minha mãe me encarou e sussurrou:

— Não precisa escutar esse escroto, filha.

Frederico abaixou a cabeça e murmurou:

— Dona Juliana, eu quero provar para ela que não sou esse
monstro que mostrei aquele dia, estou arrependido…

— Some daqui, garoto!

Avancei até o portão e parei ao lado da minha mãe, apoiando

a mão em seu ombro e fazendo com que me olhasse com a


expressão raivosa. Sabia que não estava direcionando aquele olhar

para mim e sim para Frederico.

— Mamãe, me deixa ver o que ele quer e depois o expulso

daqui.

Juliana pareceu ponderar as suas palavras.


— Não caia no papo dele, Laura — murmurou, sem se

preocupar que o homem nos escutasse.

— Eu sei, mamãe.

— Te amo, filha!

Ela beijou meu rosto.

— Também te amo!

Assim que se afastou me deixando sozinha com Frederico, eu

o encarei, mas não ousei sair para a calçada, queria que aquele
portão nos separasse.

— Fala! — exclamei.

— Laura, podemos conversar em algum lugar…

— Não! — cortei-o.

O filho da mãe, que Deus a tenha, abaixa o rosto e demonstra


estar realmente triste com minhas palavras, mas o que ele queria?
Que eu o recebesse com um arranjo de flores?

Ou com beijos e abraços?


Há alguns meses, eu faria aquilo se ele me permitisse, no

entanto, depois de ter sido humilhada com palavras tão duras não
voltaria atrás em minha decisão.

— Laura… — E claro que para me surpreender ele se


ajoelhou na calçada, sem se importar que alguém visse. — Eu errei,

fui um imbecil que não merece nem mesmo que você olhe na minha
direção. Não te julgo por estar com tanto ódio de mim, no seu lugar

me sentiria da mesma forma, mas eu te imploro, me deixa


acompanhar o final da sua gravidez? Deixa eu te mostrar que posso
ser um homem legal? Deixa eu correr atrás do que perdi?

Quando Frederico me encarou de novo, seus olhos estavam


marejados e eu quase… quase… passei muito perto de fraquejar,

mas me mantive em silêncio.

— Nunca me arrependi tanto de uma atitude que tomei, Laura.


Eu estou completamente sem chão, só consigo pensar no quanto te

machuquei, no quanto sou um desgraçado por ter te falado aquelas


merdas todas. Porra, eu descobri que posso amar alguém!

Não teve como não me sentir impactada quando ouvi aquela


declaração.
— Eu jurei, Laura! — Lágrimas escorreram pelo seu rosto. —
Já te disse, mas reafirmo que jurei, para mim, quando encontrei meu
pai morto que nunca deixaria que mulher alguma me tirasse do

caminho. Jurei que nunca deixaria meu coração se envolver demais,


mas você… você mudou tudo. Sonho com você todos os dias desde

que te mandei embora da minha vida, sinto sua falta em meus


braços, mesmo que não tenha passado muitas vezes por eles,
tenho vontade de conviver com você e nosso filho. Laura, eu

imploro, me perdoa, me dê uma segunda chance.

Minha garganta doeu, enquanto segurava as lágrimas para

que as malditas não me entregassem para Frederico.

— Você se arrependeu tarde demais, Frederico! — consegui

dizer.

Mais lágrimas escorriam pelo seu rosto, quando percebeu que


não seria nada fácil conseguir me conquistar.

— Diz que não me ama mais e eu paro de te atrapalhar —


pediu.

A verdade é que eu ainda o amava, sentia meu corpo tremer


quando o via, sentia meu coração saltar degraus e degraus por ele,
mas o amor não conseguia apagar o que ele havia feito.

— Não sei! — Nunca fui boa mentirosa, por isso, resolvi

continuar: — Eu só sei que você escolheu estar assim hoje, por


isso, eu não te perdoo, não quero você ao meu lado, quero que
suma como me pediu para sumir da sua vida e eu fiz. A única

pessoa que ainda corre atrás de mim é você, então, não pode dizer

que eu não cumpri com o que me pediu com tanto ódio naquele dia.

— Laura…

— Adeus!

Dei-lhe as costas e por fim deixei minhas lágrimas caírem.

Entrei em casa e fechei a porta com força, me recostando na

madeira. Segurei minha barriga e deixei que o choro escapasse da


minha garganta.

— Meu amor! — Minha mãe se aproximou e me abraçou. —

Não fica assim!

— Por que eu ainda o amo, mamãe?

Ela se afastou de mim e enxugou minhas lágrimas.


— Nosso coração não entende que sentimentos assim são

errados, ele te humilhou muito há alguns meses.

— Eu sei, mas a senhora viu o quanto ele está triste? —

indaguei. — Ele emagreceu, está todo desarrumado, algo que

nunca o vi fazer.

— Se conheço bem aquele menino, ele realmente caiu na real


e eu sinto pena dele, porque não tem ninguém para o amparar. Não

queria sentir nada por aquele idiota, mas passei a infância dele e

uma boa parte da adolescência ao seu lado, ainda gosto daquele


filho de uma boa mãe, mesmo que também o odeie por fazer com

que minha menina sofra.

As palavras da minha mãe sempre tinham o poder de me

acalmar.

— A senhora acha que eu deveria perdoá-lo?

Ela sorriu calmamente para mim.

— Eu acho que você precisa ouvir seu coração, querida. Se

quiser perdoá-lo, vou ficar ao seu lado para te apoiar. E se quiser

nunca mais encará-lo, também estarei aqui.


Mordi meu lábio inferior e assenti.

— E em relação ao bebê, deveria deixá-lo acompanhar o

restante da gestação?

Minha mãe me encarou e com seu olhar amável em minha


direção respondeu:

— Acho que se ele quer tanto recuperar a sua confiança, você

podia deixar que acompanhasse para ver como ele se portará e se

com isso Frederico demonstrar a você que realmente é um homem


arrependido, quem sabe ele não possa te reconquistar?

Sorri de lado e assenti.

— Vou pensar nisso!

Ela segurou meu rosto e beijou minha testa em seguida.

— Se um dia eu o perdoasse, a senhora também o

perdoaria?

Dona Juliana sorriu de lado e murmurou:

— Se ele me desse muitos sanduíches.

Soltei uma gargalhada.


— Só a senhora mesmo para ser comprada pela barriga.

— Faço o que posso.

Ela me acompanhou daquela vez até o sofá e assim que dei

play no seriado, foi assistir comigo, no entanto, nem meu mocinho

coreano conseguiu fazer com que minha atenção voltasse para a

série.

Frederico ainda possuía poder demais sobre mim e a prova


viva era aquela que eu não conseguia mais parar de pensar nele,

depois de vê-lo chorando por mim.

O que eu faria, Deus?

Não queria quebrar a promessa que fiz a mim, mas como


resistir ao homem por quem eu ainda nutria um sentimento tão

grande e inexplicável?

E para piorar, ele era o pai do meu bebê…

Como a vida era complicada!


CAPÍTULO 35

Será que se um dia Laura soubesse que eu havia voltado a


segui-la ela me denunciaria à polícia?

Afinal, com o ódio que vi estampado em seu rosto da última

vez que nos encontramos, talvez ela fosse capaz de fazer aquilo.

Estava dentro do SUV, dois dias depois de aparecer na casa

daquela mulher, a observando caminhar sozinha pela pracinha que


havia perto da sua casa.
Já tinha alguns dias que ela estava fazendo aquilo, não sabia

se era para facilitar algum processo da gravidez, mas a vontade que


tinha era de sair do carro e ir até lá ver como estava.

Só que não queria chateá-la ainda mais, por isso, continuei a


observando à distância, para lhe dar paz. Ainda tentaria abordá-la

mais uma vez naquela semana, desistiria de Laura só quando

percebesse que realmente havia parado de me amar.

Sentia que ela ainda possuía sentimentos por mim. E parecia

que naquele instante os meus por ela só cresciam.

Senti um choque no braço quebrado e fiz uma careta de dor,


aquela merda parecia que nunca iria melhorar. Ainda estava com
aquela parte impossibilitada, precisava ficar seis semanas com a

tipoia, mas por sorte era fácil dirigir somente com um braço, quando

o carro era automático e passava a marcha sozinho.

Assim que o choque diminuiu a constância, voltei minha

atenção para Laura, mas para meu total desespero ela estava

conversando com um cara.

E para me deixar ainda mais maluco ela tinha sorrido para

ele.
Quem era aquele desgraçado?

Quem ele pensava que era para conversar com minha mulher

com toda aquela intimidade e ainda tocar a sua barriga como estava
fazendo naquele momento?

A paz que queria dar a Laura foi pelo ralo, abri a porta do
carro e assim que travei comecei a caminhar na direção dela.

Quando estava próximo o suficiente pude ouvir o desgraçado dando

em cima dela.

— Você continua linda, Laura! Se quiser podemos sair

qualquer dia desses.

— Roberto, eu estou bem grávida, você não acha?

— Eu não ligo, se quiser posso até assumir esse bebê.

Laura para minha total loucura gargalhou daquele paspalho.

Eu iria matar aquele tal de Roberto.

— Ela não precisa que você assuma nada, porque o bebê já

tem pai — esbravejei.

Parei ao lado de Laura que virou a cabeça na minha direção e

pelo canto do olho pude perceber que arregalou os seus.


O filho da puta fechou a expressão e me encarou como se

quisesse me socar. Ah, ele queria me socar?

Estava pronto para quebrar o outro braço, se fosse

necessário, para acabar com a raça daquele desgraçado.

— Que merda é essa, Frederico? — Laura indagou, mas eu

ainda estava encarando aquele idiota que retribuía o meu olhar de


forma intensa.

Eu ia acabar com ele.

— Roberto, me desculpe.

Por fim, ele voltou sua atenção para Laura e sorriu…

ELE SORRIU PARA ELA!

Não tinha mesmo medo de morrer!

— Fica tranquila, Laurinha. Se quiser aceitar meu convite, me

manda uma mensagem, ainda tem meu número, certo?

— Tenho sim!

Voltei meus olhos para ela, que deu um beijo no rosto do


homem que me encarou novamente com expressão de poucos
amigos e se afastou.

Ainda o fiquei encarando até que sumisse de vista.

— Que merda você acha que está fazendo? — Laura voltou a


questionar.

— Marcando território — ousei confirmar.

Ela sorriu com puro desdém e eu fiquei observando que suas


bochechas estavam um pouco mais cheias, provavelmente devido à
gravidez, mas também era perceptível que ela não havia engordado

quase nada.

Continuava linda demais!

Nem podia julgar o desgraçado do Roberto de achá-la linda,


porque aquela mulher não ficava feia em nenhum momento.

— E você acha que tem algum direito em marcar território,

Frederico?

Sabia que não, mas não daria o braço a torcer.

— Tenho, o filho é meu e você é a minha mulher, então…


— Eu sou o quê? — Laura indagou completamente
exasperada.

— Isso mesmo que ouviu, Laura. Chega, eu estou apaixonado


por você, completamente maluco de saudade, quero estar ao seu
lado, quero tocar sua barriga e sentir nosso filho. Estou te

reivindicando de volta. Você quer que eu grite? — Aumentei a voz e


gritei sem me importar com a vergonha que poderia sentir. — EU TE

AMO! TE QUERO DE VOLTA, ME PERDOA, SOU UM BABACA,


MAS UM BABACA QUE PASSOU A QUERER VOCÊ E NOSSO
FILHO.

As bochechas de Laura coraram.

— Para! — repreendeu-me, olhando para os lados.

As pessoas realmente nos encaravam, só que naquele


momento eu só queria ela e se quisesse que pulasse de
paraquedas gritando que a amava eu pularia.

— Você mesmo disse para eu sumir da sua vida — sua voz


ficou embargada ao repetir novamente aquela minha fala.

— E eu vou me arrepender pelo resto da vida por ter lhe dito


isso. — Uma lágrima escorreu pelo seu rosto e mais algumas
acompanharam-na. Segurei seu rosto com o braço que não estava
quebrado e tentei enxugá-las. — Me deixa te mostrar o quanto eu
posso ser bom? Me perdoa, eu te imploro, me pede qualquer coisa

que faço para que me perdoe.

— Qualquer coisa? — indagou, com a voz ainda tomada pelo

choro.

Que medo de confirmar aquilo, mas precisava que ela


voltasse a confiar em mim.

— Sim, tudo que você quiser!

Laura abriu um sorriso radiante e eu senti meu mundo ganhar

um pouco de cor no meio dos tons cinza que estava enxergando há

alguns meses.

— Tô com desejo de comer churros e já tem dias que venho

até aqui na pracinha procurar o seu José, que vendia sempre, mas

fiquei sabendo que ele se mudou e agora eu tô com muita vontade

de comer churros de doce de leite.

Aquele era o pedido que ela tinha para me fazer?

Só um churros faria com que ela me perdoasse?


— Eu te compro uma fábrica de churros, Laura. É só isso que

precisa para me perdoar?

Ela me encarou e as bochechas lindas coraram.

— Eu só quero uns dois churros, não quero a fábrica não. —

Ela fez uma pausa. — Não te perdoo ainda, você terá que me

provar que realmente mudou, mas posso deixar que conviva com o
final da gestação, Frederico.

Queria que ela me perdoasse, mas aquele já era um passo

muito grande e eu reconquistaria Laura com todas as minhas forças,

provaria o quanto a amava, o quanto a queria ao meu lado…

Faria tudo por ela.

Uma felicidade gigantesca estava tomando meu corpo, só com

ela concordando em me deixar fazer parte do final da gestação. Se

estivesse certo o meu aplicativo, ela estava com seis meses, quase
chegando aos sete.

— Isso já é um começo, Laura! Vou te provar o quanto posso

ser bom para você e nosso menino. — Fiz uma pausa. — Já tem

nome?
Ela mordeu o lábio inferior.

— Ainda não escolhi, acho muito difícil tomar essa decisão.

Sorri para ela e lhe dei uma piscadinha.

— Vamos procurar seus churros.

Assentiu e caminhou ao meu lado até o carro.

— Você está dirigindo machucado?

— Com o automático ativado, é só mexer no volante.

— Entendi!

Abri a porta e ela me encarou por um momento antes de

entrar no carro, retribuí seu olhar por tempo o suficiente, até que
desviasse sua atenção.

Assim que fechei a porta, agradeci mentalmente por aquela

oportunidade que estava recebendo.

Iria provar a Laura que eu era o homem certo para ela.

Faria o meu melhor para que ela voltasse a confiar em mim.

Começando por comprar churros!


CAPÍTULO 36

Estava com um saco no colo, enquanto Frederico me levava

de volta para casa.

Havíamos achado uma loja de churros, e depois de comer

quatro e me sentir satisfeita, o homem achou por bem me comprar

mais dez e pedir para a viagem.

Não queria admitir que fiquei morrendo de vontade de mandá-

lo embora novamente, mas não podia negar que meu ex-chefe

estava se empenhando em me reconquistar.


Por isso, segui os conselhos da minha mãe e o deixei voltar a

se aproximar.

Assim que parou em frente de casa, desci do carro e ele veio

atrás de mim.

— Posso entrar? — indagou.

— Minha mãe pode te expulsar com uma vassoura —


comentei de forma despretensiosa, mas no fundo eu sabia que ela

não faria aquilo.

Dona Juliana sempre respeitou minhas escolhas.

— Eu levaria quantas vassouradas fossem necessárias para


ficar mais um pouco com você e nosso menino. Ainda quero tocar

sua barriga, Laura. Por favor, sei que estou sendo um chato, mas

me deixa entrar.

A carinha de cachorro que caiu da mudança era o meu fim.

Por isso, assenti e abri o portão, deixando que passasse. Frederico

esperou que eu tomasse a frente e logo me seguiu.

Tê-lo tão próximo a mim fazia meu corpo se esquentar só por

saber daquele fato, mas eu tinha que me controlar, não podia ceder
tão fácil.

Ele merecia sofrer… eu sofri tanto quando me abandonou…

O que ele estava sofrendo não chegava nem aos pés do que

eu senti naquela época.

Abri a porta e mamãe gritou da cozinha:

— Querida, é você?

— Sim, mamãe!

— Conseguiu achar os churros? — perguntou e vi o momento

que surgiu na sala e viu Frederico.

Sua expressão fechou, mas ela não disse nada, só voltou

seus olhos para mim.

— O Frederico me levou ao shopping e comprou para mim.

— Que bom, querida! — Ela tentou sorrir, mas falhou

miseravelmente.

— Dona Juliana, queria me desculpar com a senhora. —

Frederico saiu de trás de mim e parou no meio da sala. — Sei que

magoei tanto a senhora, quanto magoei Laura, ela me deixou


conviver ao seu lado neste restante da gestação, então como

aparecerei por algum tempo por aqui, queria que a senhora me


perdoasse por tudo que fiz.

Ela o fuzilou e respirou fundo.

— Frederico, te conheço desde criança, não te odeio, para

mim você é quase um familiar, mas só te perdoarei se um dia minha


filha te perdoar. Se ela só permitiu você se aproximar pelo bebê,

então será somente pelo bebê.

Fiquei com dó quando o vi abaixar a cabeça e assentir na


direção da minha mãe.

— Mas obrigado por permitir que eu fique ao lado dela.

Dona Juliana concordou e me olhou, deu uma leve piscadinha

em minha direção e voltou para a cozinha. Provavelmente querendo


me deixar sozinha com Frederico para conversar.

— Vou guardar os churros, não quero mais. Você quer algum?


— perguntei a Frederico e ele negou. — Quer água, café?

— Também não, Laura. Só quero passar um tempo com você.


Sua voz parecia ter ficado mais rouca naquele momento ou eu

que estava ficando maluca?

Assenti e caminhei na direção da cozinha, assim que entrei,

peguei minha mãe com o ouvido encostado na parede, como se


quisesse ouvir o que dizíamos.

Assim que me viu, se assustou e deu um pulo. Contive-me


para não gargalhar e chamar a atenção do Frederico.

— A senhora não tem jeito — resmunguei, colocando o saco

com os churros sobre a mesa.

— Eu queria saber o que ele diria — sussurrou.

Antes de voltar a encarei.

— Será que fiz certo?

— Fez sim, você parece até mais radiante, agora que ele está

ao seu lado.

Revirei os olhos, mas não contive o sorriso. Eu realmente me

sentia melhor com Frederico ao meu lado. Esperava que ele me


surpreendesse e realmente se tornasse um homem bom, porque

assim, eu poderia lhe dar uma chance.


Joguei um beijo para minha mãe e voltei para a sala,
encontrando Frederico sentado no sofá da minha sala. Eu o achava
tão chique para estar na sala da minha casa tão simples.

Ele sorriu na minha direção e eu retribuí o gesto, caminhei até


onde estava e sentei-me ao seu lado, mas não tão colada ao seu

corpo, porque não queria que parecesse que estávamos com aquele
tipo de intimidade.

— Como está se sentindo? — perguntou para quebrar o gelo.

— Uma melancia.

Ele soltou uma risada gostosa.

— Você tá linda — respondeu em meio ao sorriso.

Revirei meus olhos e recostei-me no sofá, fechei meus olhos,


porque já estava me sentindo muito cansada com aquela barriga
que não existia até a alguns meses.

Abri meus olhos abruptamente quando senti Frederico

tocando em minha barriga e quando ouvi um soluço voltei minha


atenção para ele. O homem que eu ainda amava, se abaixou e

sussurrou perto da minha barriga.


— Desculpa, meu filho! Eu fui um péssimo pai, mas eu te
prometo que de agora em diante vou ser o super-herói que você
precisa. Vou acompanhar sua mamãe em tudo, vou te fazer carinho,

te mimar e quando você nascer vou ficar com você sempre em


meus braços.

Minhas próprias lágrimas começaram a escorrer e ao sentir

Frederico beijar minha barriga fiquei ainda mais emocionada, porque


nosso bebê chutou na direção da sua mão, como se tivesse

realmente escutado aquilo.

— Isso… — Ele me encarou assustado, mas um sorriso

brilhava em sua boca deliciosa.

— Sim, um chutinho!

Frederico sorriu mais ainda e depositou mais diversos beijos

em minha barriga. E se ele continuasse daquele jeito, o perdoaria

tão rápido, mais rápido do que imaginava.


CAPÍTULO 37

As semanas foram se passando e eu ia a casa de Laura


todos os dias e a cada dia que chegava, ela demonstrava estar com

menos raiva de mim.

Já conversávamos sobre sua empresa de doces que estava

dando super certo, ela até mesmo conseguiu contratar alguém para

lhe ajudar, uma garota que era filha de uma amiga de sua mãe.

Também comentava sobre a minha, e ela não parecia ter

nenhuma vontade de voltar a trabalhar lá. E eu não faria o convite,


Laura parecia muito feliz com a sua nova onda empreendedora.

Naquele momento estacionei em frente à casa de Laura, após

sair da empresa e vi que ela estava virando a esquina. Tinha

combinado que passaria ali hoje, fingindo não saber que data era,
só fazendo como se fosse a minha visita diária.

O sol estava começando a se pôr e assim que viu meu carro


parado em frente à sua casa ela sorriu na minha direção.

Saí do carro, abri a porta de trás e peguei o presente que

havia comprado. Fora o buquê de rosas vermelhas que escolhi a

dedo em uma floricultura no caminho.

— Oi! — cumprimentei.

— Oi!

Laura passou os olhos pelos meus braços, que eu havia

colocado atrás do corpo, para tentar esconder seu presente.

— Tirou a tipoia? — perguntou curiosa.

Já tinha sido liberado para tirá-la, pois por um milagre divino,

meu braço não precisou das seis semanas indicadas para colar o
osso, em quatro já estava tudo certo e eu estava livre daquela
merda.

— Sim, hoje de manhã. Quis te surpreender.

— Que bom, Frederico! — Ela continuou olhando para meus

braços. — O que tem aí?

Sorri para ela, pois continuava curiosa como me lembrava.

— Adivinha?

Ela revirou os olhos e eu sorri.

— Se seu filho nascer com cara de interrogação, você ficará

feliz?

Meu filho… ainda não acreditava que iria ser pai, mas

confesso que toda vez que o sentia chutando minha mão, ficava
todo contente, apaixonado e ansioso para ver seu rostinho.

— Tudo bem! — Estendi o pacote para ela e o buquê. — Feliz

aniversário!

Laura abriu um sorriso e me surpreendendo completamente,

ela me abraçou com força sem pegar o presente. Aquela foi a


primeira vez que me abraçou desde que voltamos a nos ver.
Senti o cheiro do seu perfume tomar meu olfato e retribuí o

contato da melhor forma possível.

Afastou-se e aí, sim pegou as coisas.

— Vamos entrar para eu abrir!

Gesticulou na direção da porta e eu a segui. Sua mãe acenou


na minha direção, quando entramos e eu retribuí o gesto. Dona

Juliana não conversava muito comigo, mas ao menos não me


tratava mal.

— Vejo que ganhou presentes.

— Sim, de Frederico!

A mulher sorriu e esperou que a filha abrisse. Fiquei ansioso e


com medo de ela odiar o que havia lhe comprado.

Assim que Laura abriu a carta que lhe escrevi à mão, caiu no

chão e para que não se abaixasse para pegar, por causa da sua
barriga, fiz isso e a entreguei.

A carta estava escrita para que lesse quando estivesse


sozinha e ela assentiu sem muitos questionamentos.
E por fim abriu a caixa que continha um kit de brincos, colar e

pulseira de Safira com diamantes, uma das pedras preciosas mais


raras.

— Frederico, isso deve custar uma fortuna!

— Não importa, o importante é que se parecem com a cor dos

seus olhos.

Ouvi dona Juliana fingindo que estava engasgando, mas não


estava a fim de desviar a minha atenção de Laura naquele

momento.

— Obrigada! — respondeu me encarando.

— Por nada!

— Você ficará para jantar, Frederico?

E somente naquele momento que voltei minha atenção para a

senhora.

— Acho que vou embora, dona Juliana, não quero atrapalhar,

só vim ver como Laura estava e o bebê. Já estou indo, mas muito
obrigado pelo convite.

Ela assentiu e nos deixou sozinhos.


— Espero que tenha gostado, eu não sou bom em dar
presentes, mas…

— Eu amei! — interrompeu-me.

— Feliz aniversário, Laura! — Ainda a encarei por um

momento, queria tanto beijá-la, mas ainda não tinha permissão para
fazer aquilo. — Tchau!

Abaixei-me e beijei sua barriga, recebendo o chutinho de


despedida do nosso menino, estava esperando que Laura

escolhesse o nome do bebê, porém, ela ainda estava na dúvida de


qual decidir.

— Até mais, Frederico!

Talvez eu quisesse ir embora logo, para que lesse a carta que

escrevi para ela, mas não sabia o que esperar quando a lesse, já
que ali eu abria meu coração por inteiro para Laura.

Entrei em meu carro e encarei a casa da mulher que eu sabia


que amava uma última vez e depois dei partida no SUV, indo para

casa e ansioso para saber se Laura iria responder ao


questionamento que fiz no final da carta.
Eu esperava que sim…

Não conseguia mais viver sem ela e sem o nosso filho.

Pensei em ir atrás dele?


Pensei!

Mas preferi deixar Frederico ir embora para poder ler a carta


que havia deixado para mim. Estava nítido que ele não queria estar

presente quando eu a lesse.

— Ele já foi? — mamãe indagou.

— Sim! — respondi, encarando o envelope na minha mão.

— Vai ler? — Havia puxado a curiosidade da minha mãe.

— Sim! — Sorri e voltei a encará-la. — A senhora que falou

para ele sobre meu aniversário?

— Não, querida! Eu falei que só vou perdoá-lo, quando você o

perdoar, então não facilitaria.

Mordi meu lábio inferior.

— Como será que ele descobriu?

Minha mãe deu de ombros.

— Talvez olhou seu registro na empresa? — sugeriu.

Tinha sentido.
— Bom, vou para o quarto, ler essa carta. — Apontei o

envelope.

— Vai lá, meu amor. Tem certeza de que não quer comemorar

o aniversário?

— Sim, mamãe! Eu prefiro poupar dinheiro para comprar o

resto de coisinhas que faltam para o bebê.

Minha mãe beijou meu rosto e eu peguei as joias que havia

ganhado e a carta, além do buquê e caminhei para o meu quarto.


Assim que entrei, coloquei as rosas em cima da minha penteadeira

e as joias ao lado delas.

Por fim, abri o envelope e tirei os papéis de dentro. Respirei

fundo algumas vezes, antes de começar a ler. A letra de Frederico


era muito bonita, parecia até a escrita de um príncipe perdido.

Oi, Laura!

Quis escrever essa carta, pois acho que consigo me


expressar melhor por meio da escrita do que com palavras.
Não é segredo para você, que eu me apaixonei, mesmo

lutando contra tudo, eu me vi completamente rendido por você.

Quando meu pai morreu, Laura, eu não queria amar

ninguém, eu tinha tanto medo de amar e perder a minha vida,

sei que fui imaturo com este pensamento, mas um garoto de

quinze anos não tem mentalidade para lidar com a perda. E


devido estar acostumado a pensar que nunca me apaixonaria,

cheguei aos trinta e cinco com esse pensamento idiota de que

nunca queria alguém… até você surgir.

Sempre soube que você era diferente, desde a primeira

vez que te vi, com esses olhos grandes e azuis, com essa boca

carnuda que eu sonho em viver beijando, eu tive certeza de que

se um dia me deixasse levar pela vontade você seria a minha


ruína.

E foi isso que aconteceu em Nova Iorque, bebi todas e

não consegui me controlar. A culpa não foi da bebida, ela só

tirou a barreira de desejo que eu impunha sobre mim, quando


estava perto de você.

Esse erro foi um dos melhores acertos que aconteceu na

minha vida. Eu também acho que já era apaixonado por você


desde que te vi, quase um instalove, como esses jovens dizem

hoje em dia, mas nunca assumiria isso, Laura.

Não podia assumir que amava você, porque eu tinha

medo de amar. Medo de tudo…

Mas te perder, por minha culpa, foi a pior coisa que

aconteceu desde que perdi meus pais. Foi como se uma ferida

que nunca tivesse cicatrizado direito se abrisse e não parasse

de sangrar.

Hoje, está estancada, mas ainda sangra, porque eu ainda


não consegui seu perdão e não estou te pressionando a nada.

Eu só estou tentando me abrir com você, tentando fazer que

entenda que eu sou um caco de homem que nunca amou e que


descobriu que esse sentimento é bom demais.

Eu sonho com você me perdoando e eu podendo viver

com você e nosso menino…

Laura, se um dia você me perdoar, você vem morar


comigo?

Sei que é abrupto, que nós nem chegamos a namorar, por

culpa minha também, mas eu sinto que você já faz parte de


tudo que eu sou. Quero você e nosso filho aqui, na minha casa,

pode trazer sua mãe se for te fazer mais feliz.

Eu só peço, que você seja minha, quando sentir que está

na hora de me perdoar… juro que serei seu para sempre.

Te amo, Laura!

Amo também esse pequeno, que precisamos escolher o

nome rapidamente…

Com amor, Frederico!

Enxuguei o rosto, porém mais lágrimas escorreram.

— Pequeno, seu pai sabe abaixar as barreiras da mamãe.

Mamãe deu dois toques na porta e eu autorizei a entrada.

— Sabia que encontraria você assim — murmurou.

— Mamãe, ele quer que eu more com ele e até que a senhora

vá junto.

Ela sorriu e entrou no quarto, segurou minha mão e sorriu

para mim.
— Quem sabe um dia, mas acho que nesse momento, você
precisa seguir sua felicidade ainda mais que está completando vinte

e quatro anos. Vá se dar um presente de aniversário e vai atrás

desse homem que todo dia demonstra estar mais apaixonado por
você.

Senti meu coração disparar.

— A senhora acha que…

— Não acho, Laura, tenho certeza. Vai ser feliz filha, você o

ama e ele já me provou com poucas atitudes que também se


apaixonou. Vai, meu amor!

Ela chorou e eu a abracei.

— A senhora tá certa. Eu vou mesmo!

Iria atrás do homem que amava perdidamente… iria ser feliz…

eu merecia aquilo.

Coloquei minha mão sobre a barriga e reiterei a frase: “nós

merecemos”.
CAPÍTULO 38

Havia pedido uma pizza, porque não estava a fim de cozinhar


naquele dia, então quando o interfone tocou já imaginei que seria o

porteiro avisando que a comida havia chegado.

Assim que atendi me surpreendi.

— Senhor, uma moça chamada Laura está aqui.

Não respondi ao porteiro, saí correndo na direção do elevador,

sem me preocupar em vestir uma camisa, desci somente de calça

social e descalço.
Assim que cheguei ao térreo Laura ainda estava do lado de

fora.

— Abre esse portão! — exigi e o funcionário fez o que pedi.

Laura abriu um sorriso assim que pisou para o lado de dentro

do prédio e eu estaquei no lugar, pensando que talvez eu pudesse

estar em um sonho.

No entanto, como ela estava demorando demais para se

aproximar, não consegui aguardar e saí correndo na sua direção até

chegar próximo o suficiente dela.

— Diga que me perdoou? — perguntei, quase implorando

para dizer que sim.

— Estou aqui, não é?

Abri um sorriso e não esperei mais, puxei Laura para os meus

braços e grudei minha boca na sua. Sem mais hesitação, nossos

lábios se uniram em um beijo intenso e ardente. Senti até mesmo

como se o mundo ao meu redor desaparecesse, e tudo o que

importava era Laura, ali, o agora e a barriga pontuda que encostava


em meu corpo, lembrando-me que ela gerava o fruto do nosso

amor.
Nossos lábios se moveram em perfeita sincronia, com a língua
explorando cada canto e a curva da sua boca, não da minha boca…

Laura era toda minha.

Minhas mãos a apertaram com firmeza, enquanto o beijo

continuava, mesmo que estivéssemos quase sem ar. Nossas

línguas dançavam em uma dança apaixonada, explorando e

provocando um ao outro. Os corpos se aproximaram, buscando se

fundir em um só. Não estava me importando se fôssemos

observados por quem quer que passasse pelo saguão, só o que


importava era estar com Laura naquele momento.

Nosso beijo era uma mistura de desejo, amor e entrega, que

nos consumia por completo. Nada mais importava, ela havia me


perdoado, eu poderia enfim fazê-la feliz, cuidar do nosso filho e ser

o homem mais sortudo do mundo, por tê-la comigo.

Quando finalmente nos separamos, nossos olhos se

encontraram, e percebi que Laura chorava.

— Eu te amo, Frederico!

— Eu também te amo, meu amor!

Segurei seu rosto e enxuguei suas lágrimas.


— Não chore mais, vou estar ao seu lado para sempre, tudo

bem?

— É só o que mais quero!

E claro que algo tinha que quebrar o nosso clima.

— Senhor, sua pizza! — O porteiro avisou.

E eu encarei Laura com raiva, a minha menina começou a


sorrir e disse:

— Ainda bem que não jantei, vou comer pizza.

Segurei sua mão com medo de que pudesse perdê-la

novamente e caminhei até o portão. Depois de pegar a caixa da


comida, subimos para a cobertura.

— Você aceitou meu pedido? — indaguei.

E Laura sorriu.

— Você é bem apressadinho, Frederico.

— Sou mesmo, já decidi que não consigo viver sem você e


nosso filho.
Laura me abraçou, enquanto o elevador subia e eu me senti a

porra de um sortudo, só por ter os braços daquela mulher ao redor


da minha cintura.

— Não sei se virei morar, mas passarei mais tempo com você.
Tipo esse final de semana todo.

Beijei sua testa, as portas se abriram e entramos juntos na


cobertura.

— Então vamos comer! — anunciei.

Queria que ela ficasse comigo para sempre, mas se ela


estava me permitindo um final de semana, aceitaria e mais para a

frente voltaria a chamá-la para morar comigo.

Devoramos a pizza em silêncio, mas aquilo não significava

que eu me mantive afastado de Laura. Fiquei segurando sua mão


enquanto comíamos.

Quando finalizamos a puxei para perto de mim e beijei seus


cabelos.

— Satisfeita? — perguntei.

— Sim! — respondeu.
— Nem acredito que você está realmente aqui — murmurei.

Ela pousou a mão em meu rosto e beijou a ponta do meu

nariz.

— Estou, e se você não pisar na bola, eu vou estar sempre.

— Prometo, meu amor, que nunca mais farei qualquer coisa


para te magoar.

Ela sorriu e naquele instante aproveitei para puxar seu rosto


de encontro ao meu e grudar nossas bocas novamente.

Estava faminto pelos seus lábios nos meus, se eu a beijasse


por um dia, uma semana, um mês, até mesmo um ano não seria o

suficiente para aplacar a saudade que sentia da sua boca.

Sua língua brincou com a minha em uma carícia deliciosa e eu


a peguei sorrindo quando se afastou de mim.

— Eu acho que sou o homem mais feliz do mundo —


murmurei.

— Que bom que se sente assim, porque se você continuar me


tratando como está, eu também me considerarei a mulher mais feliz

de todo o universo.
Levantei-me do sofá e estendi a mão para Laura.

— Venha, pois pretendo continuar te fazendo feliz, meu amor.

Laura aceitou minha mão e nós caminhamos juntos pelo


corredor que levava aos quartos.

— Aonde estamos indo?

— Larga de ser curiosa, Laura — brinquei.

Ela puxou minha mão e a encarei por cima do ombro.

— O que foi?

Laura me encarou com o cenho franzido.

— Você já quer transar?

E daquela vez eu que franzi o meu.

— Não, garota! Eu amo sexo, mas não estou te levando para

o meu quarto. Estou te levando para um quarto, no entanto, não é

para transar.

Ela alçou uma das sobrancelhas e assentiu para que eu


continuasse.
Abri a porta que ficava ao lado do meu quarto e no momento

que acendi a luz para iluminar o lugar, Laura soltou minha mão e
levou as suas até a boca, pois estava em choque com o que viu.

— Você…

Ela se emocionou e eu não sabia se era de felicidade ou de

tristeza. Estava completamente perdido com aquela mulher.

— Amor, não quero que chore.

— Mas eu tô grávida e me emociono fácil. Como não chorar?

Ela avançou pelo quarto e abriu os braços para o ambiente.

— Olha o que você fez, Frederico!

Olhei ao redor e sorri. Havia contratado um arquiteto para

montar um quarto perfeito para bebê. E ali estava o quarto todo


decorado, com clores claras, pequenos cavalinhos, ursos e até

mesmo pássaros enfeitando as pinturas na parede.

O berço com dossel estava no meio do ambiente, a poltrona

amamentadora em um dos cantos perto das janelas. Um closet


lotado com diversas roupinhas e utensílios para um bebê que eu

havia comprado sozinho e nunca me senti tão feliz e ao mesmo


tempo triste, porque tudo o que fiz, queria Laura ao meu lado, mas

ela nunca aceitaria se eu falasse antes de me perdoar.

— Você gostou? — perguntei, morrendo de medo de não a ter

agradado.

Ela se aproximou de mim e segurou meu rosto.

— Eu amei, Frederico! Estava tão preocupada por ainda não

ter conseguido terminar de montar o enxoval.

— Nunca deixaria nosso filho sem nada.

— Você fez isso sozinho? — perguntou, curiosa.

— Bom, a decoração não, porque sairia horrível, mas todos os

móveis fui eu que escolhi e as roupas eu mesmo comprei.

Laura parecia encantada com o que lhe disse.

— Se fosse o Frederico que conheci não teria feito nada disso.

Você realmente mudou.

Senti uma emoção me tomar quando ouvi suas palavras.

— Espero que tenha sido para melhor — sussurrei, sentindo a

minha própria voz embargar.


— Foi sim!

— Desculpa ter feito sem te perguntar, eu só estava louco


para fazer algo por ele.

Laura me beijou e mais uma vez senti como se o mundo ao

redor não importasse mais. Ela, sim era o meu mundo.

— Não precisa se desculpar, eu estou realmente feliz por

nosso neném ter esse cantinho lindo. — Ela fez uma pausa e me
surpreendeu ao dizer: — Quando ele nascer venho morar com você,

enquanto isso, precisamos escolher o nome dele, você me ajuda?

E a felicidade daquele dia só aumentava. Senti-me honrado

com aquela proposta.

— Sempre, meu amor!


CAPÍTULO 39

Havia me cansado, então Frederico me trouxe para o seu


quarto e agora estávamos deitados, abraçados e ainda tentando

decidir o nome do nosso menino.

Tinha me emocionado tanto com o que aquele homem havia

feito para mim e para nosso filho que eu não conseguia parar de
encará-lo como se ele fosse extremamente precioso.

— O que foi? — indagou, enquanto acariciava meus cabelos.


Ele havia tomado banho um pouco antes de voltar a se deitar

na cama comigo e estava com um cheiro delicioso de sabonete e


desodorante.

Cheiro de homem!

Do meu homem!

— Estou pensando o quanto de maravilhas que ganhei em


meu aniversário.

Frederico sorriu e sussurrou:

— Sendo clichê, mas dizendo a verdade: o aniversário, mas o

maior presente quem ganhou fui eu.

E daquela forma eu me derretia ainda por aquele homem.

— Te amo de verdade, Frederico!

— Aprendi o que é amor com você, Laura. Eu te amo!

Depositei um leve beijo em seus lábios, me sentindo tão feliz,

que tinha até medo de abrir meus olhos e constatar que foi tudo um

sonho.
Ficamos deitados por um tempo, até que Frederico quebrou o
silêncio:

— O que você acha de Samuel?

Encarei-o e indaguei:

— E se ele não tiver cara de Samuel?

Frederico soltou uma risada e fez uma expressão pensativa.

— Então, descartamos Samuel, porque quero sugerir algo que

você fale imediatamente que é o perfeito para nosso filho.

E passamos uma boa parte de horas pensando em nomes,

até que eu ouvi um que amei. Não era diferente e já tinha ouvido em

outros garotos, mas aquele tocou minha alma.

— É esse! — gritei e abracei Frederico.

— Então o nome escolhido é Pietro?

Sorri para o homem que me olhava com expectativa e

assenti.

— Sim, Pietro é lindo!

— Pietro Bueno Salles.


Para mostrar que tinha gostado da escolha, nosso menino

chutou minha barriga e Frederico encostou sua mão para sentir.

Não existia momento mais perfeito que aquele.

Depois de mais algum tempo, acabamos caindo no sono, mas


em algum momento da madrugada abri meus olhos e senti o braço

de Frederico sobre mim, enquanto seu corpo estava encostado no


meu.

Era como se tivéssemos voltado para Nova Iorque, só que

daquela vez eu sabia que ele não acordaria e me mandaria


embora.

Empinei minha bunda, sentindo sua ereção, mesmo protegida


pela bermuda que usava, tocar minha bunda. Sorri de lado, nem
dormindo aquele homem sossegava.

E como eu morri de tesão todos aqueles meses, já que a


gravidez meio que me deixou desejosa por orgasmos e eu fui

obrigada a dar meu jeito, novamente empinei minha bunda e rocei


no membro meio ereto de Frederico.

Ele me abraçou com um pouco mais de força e sussurrou


totalmente sonolento.
— Se não quiser que eu te foda aqui é melhor parar.

Mordi meu lábio inferior, sentindo meu corpo todo arrepiar ao


escutar sua voz.

— E se eu quiser que me foda?

Frederico não respondeu, soltou meu corpo e o senti


descendo o seu para baixo do edredom que nos cobria. Quando

menos esperei ele virou meu corpo, para que eu apoiasse as costas
na cama e abriu minhas pernas, afastando a calcinha que eu usava

para o lado.

E antes mesmo que eu pudesse dizer algo, sua boca estava

em minha vagina, me sugando com vontade como se ele estivesse


morrendo de saudade da minha boceta.

— Deus! — gemi.

Sua língua passava por toda a minha vulva e eu rebolei em

sua boca. Tirei o cobertor de cima de Frederico para vê-lo entre


minhas pernas, sugando, beijando e mordendo o meu clitóris.

— Estava com tanta saudade do meu prato preferido!


— Eu sou seu prato preferido? — perguntei, ofegante,
enquanto o sentia voltar a me sugar com vontade e assentir ainda
com a boca lá no meio.

Quando dois dedos entraram em mim, revirei meus olhos. A


língua de Frederico se movia com tanta rapidez em meu clitóris que

eu sabia que não demoraria muito e ele também deve ter percebido,
pois aumentou o ritmo dos dedos dentro de mim.

Frederico parou de passar somente a língua em meu ponto de


prazer, ele começou a chupar com vontade e desespero e seus

dedos fizeram uma curva tão gostosa dentro de mim, sem parar de
me foder com força.

Era possível escutar os ruídos das investidas devido à


quantidade de fluidos que liberava. E quando senti o orgasmo se

aproximar, segurei a cabeça de Frederico, pois em momento algum


deixaria que ele escapasse dali sem me dar aquele gozo que estava

almejando.

Quando senti todo o meu prazer ser libertado sorri, mas claro

que Frederico não parou por ali, ele continuou me penetrando com
seus dedos e sugando minha vagina.
— Amor… — gritei e quanto mais eu falava mais ele socava
seus dedos com vontade.

— Quero que jorre na minha cara, quero sua porra, Laura!

Rosnou e voltou para sua empreitada de me dar um squirting,

não sei quantos minutos se passaram, mas quando aquela


sensação avassaladora me tomou, eu comecei a balançar tanto os

meus quadris que meu corpo se levantava da cama e pude ver o


momento que Frederico afastou a boca da minha boceta e meteu

com mais força os dedos dentro de mim e o líquido claro jorrou em

seu rosto, molhando sua barba, boca, nariz e me dando aquela

sensação maravilhosa de plenitude.

Penetrou mais algumas vezes e mais três vezes gozei


gostoso. Quando Frederico afastou os dedos da minha vagina, os

sugou com vontade e me virou de lado, ajeitou as minhas costas,

levantou uma das minhas pernas deixando apoiada em seu braço.

Sem aviso me penetrou de uma vez, fazendo até mesmo eu

senti um desconforto ao ser arregaçada por seu pau.

— Olha como eu tava com saudade da porra dessa boceta,

Laura! — Frederico entrou com força mais e mais.


— Ah, você vai me deixar sem andar assim — brinquei e ele

mordeu o lóbulo da minha orelha.

— A intenção é essa, meu amor, te assar, te esfolar com meu

pau.

E meteu com mais força.

— Olha o quanto meu cacete tá inchado de saudade, vou

jorrar tanta porra nessa boceta gulosa e apertada.

Quanto mais falava safadeza, mais louca de tesão eu ficava.

— Vai com mais força, Frederico! — pedi, porque eu queria

mesmo que ele acabasse comigo.

Meu homem soltou a perna que segurava, fazendo a minha


entrada ficar ainda mais apertada e segurou um dos meus seios

com força.

— Eles estão pesados, quando você estiver amamentando,

terá que lidar com Pietro e comigo, porque vou te mamar todo dia.

E aquilo foi minha ruína. Gozei com um grito, enquanto


Frederico girava meu mamilo em sua mão.

— Ah, meu amor! Vou esporrar na sua boceta…


E eu senti todo seu líquido me preencher com vontade,

quente, viscoso.

— Que saudade, Laura!

Frederico ainda entrava e saía de dentro de mim.

— Acho que mudei de ideia. — Sorri ao comentar.

— Sobre? — gemeu, quando se deu por satisfeito e saiu de

dentro de mim.

— Vou me mudar para cá antes, preciso do seu pau todo dia.

— Meu pau é muito bom mesmo, mas a sua boceta é a


melhor.

Gargalhei e me voltei para ele.

— Me leva para banhar? — perguntei, fazendo biquinho.

— Levo, mas vou te foder de novo.

Mordi meu lábio inferior e assenti.

Frederico não valia nada e eu… bom, aprendi com ele que eu
também era uma sedenta por sexo.
E daquele jeito iríamos nos fazer felizes… em nosso

mundinho que havia acabado de começar e parecia que iria dar


certo pelo resto das nossas vidas.
CAPÍTULO 40

Laura segurava minha mão enquanto caminhávamos pelo


cemitério. Havíamos resolvido ir ali, alguns dias antes de ela ganhar

Pietro, pois eu queria visitá-los.

Assim que paramos ao lado dos túmulos, Laura apertou minha

mão com mais força. Dando apoio para que eu falasse o que estava
preso dentro de mim.

— Oi, mãe e pai! — murmurei. — Eu voltei!


Fiz uma pausa e olhei para a mulher ao meu lado, grávida de

nove meses do nosso menino. As bochechas tinham crescido um


pouco mais, mas nada exagerado, só um pouco de peso devido à

gravidez.

— Trouxe a Laura comigo e o neto de vocês. Eu só queria que

vocês soubessem, que eu consegui me reerguer desde que estive

aqui da última vez. E essa linda ao meu lado, tem todo o crédito
nisso. Mãe, eu tenho certeza de que a você amaria, porque eu estou

completamente apaixonado por essa mulher, ela é a melhor pessoa

que surgiu no meu mundo.

Laura revirou os olhos e comentou em tom de brincadeira:

— Ele é só um pouquinho exagerado, sogra!

Aquilo aqueceu meu peito.

— Pai, eu disse que nunca te perdoaria, mas era porque

estava infeliz. Eu tinha perdido a Laura e o meu filho, então, quero


pedir desculpa para você e dizer que te perdoo sim, eu não tenho

mais nenhum ressentimento no meu coração a Laura tirou todo o

meu sofrimento.

— Outra vez eu acho que ele está exagerando, sogro.


— Não é exagero e eu sei, pai, que ela é a mulher da minha
vida e que me ama de verdade.

Laura me olhou com os olhos brilhantes e um sorriso


apaixonado no rosto e murmurou:

— Eu amo mesmo!

De repente senti que alguém parou ao meu lado e a mesma


senhora daquela vez estava perto de mim.

— Que bom que voltou, moço bonito, dá pra perceber que


você tirou aquele peso do seu coração.

Sorri para dona Amélia e respondi.

— Sim, eu encontrei a mulher que amo.

Ela encarou Laura e acenou.

— Você é muito bonita, moça!

— A senhora é muito gentil — minha namorada, respondeu.

Apesar de que no meu pensamento já a considerava minha

mulher. Laura tinha se mudado verdadeiramente no mês passado

para a cobertura e dona Juliana não quis acompanhá-la, mas agora


nos últimos dias de gravidez, consegui convencer minha sogra a

ficar no meu apartamento para me ajudar a cuidar de Laura.

— Vou indo, meu filho! Fico feliz por ver que está sorrindo.

Acenou para mim e para Laura e logo estava se afastando de


nós.

— Quem era? — Laura indagou.

— Uma senhora que me pegou chorando igual a um bebê da


última vez que vim aqui.

Laura fez um biquinho lindo e caçoou da minha cara:

— Tadinho do meu bebê!

— Você brinca, mas era por sua causa que eu chorava.

Ela deu de ombros e abriu aquele sorriso implicante.

— Não fiz nada, você que começou.

Gargalhei, mas logo senti que minha mão foi apertada com

força.

— Ai! — Laura gemeu.


Voltei-me na sua direção no mesmo momento.

— O que aconteceu? — perguntei, preocupado.

— Acho que estou com contração.

E naquele momento eu me tornei uma gelatina. Havia treinado


há alguns meses para aquele grande dia, mas quando ouvi a
palavra “contração” travei no lugar e Laura novamente apertou

minha mão com mais força.

— E elas começaram do nada, Frederico! — Voltou a gemer,

mas quando ficou pálida e olhou para seus pés, acabei fazendo o
mesmo e vi que seu vestido estava todo molhado.

— Amor, não me diz que… — Tentei dizer.

— A bolsa estourou! — Laura gritou!

E depois daquilo, foi um pandemônio, nem me despedi de

papai e mamãe, não tinha tempo, meu filho ia nascer. Peguei Laura
nos braços e corri o mais rápido que pude para o carro, tentando

não cair com ela em meus braços.

O trânsito de São Paulo, como sempre estava um inferno, fui

obrigado a sair buzinando e gritando pela janela que minha mulher


estava parindo.

Quando Laura chegou na maternidade doutora Carolina já

aguardava, porque eu havia ligado igual a um doido para ela


enquanto me dirigia para o local, com uma cadeira de rodas, Laura
se sentou e foi levada para longe de mim.

Fui informado que tinha que me desinfetar para participar do


parto e por isso, fiz tudo o que mandaram. Quando entrei na sala de

parto, que era iluminada com luzes suaves, vi minha mulher já


fazendo força para trazer o nosso bebê ao mundo.

— Amor, estou aqui! — disse no mesmo momento em que

segurei sua mão.

Ela apertou com força e gritou.

— Vamos, Laura! Você está ótima! Chegou aqui


completamente dilatada, Pietro vai vir ao mundo. — Doutora

Carolina incentiva, enquanto Laura fazia força.

Falaram nos nossos treinamentos que algumas mulheres

demoravam horas e horas para parir, mas Laura pelo jeito era
daquelas que conseguia dilatar fácil.
E eu agradecia, pois assim ela sofreria menos.

— Laura, sinta a contração e empurre quando eu te indicar.

Estamos perto, você está fazendo um ótimo trabalho.

Laura assentiu determinada e seguiu as instruções da médica.

Após várias empurradas, e expressões de dor que minha mulher


fez, o chorinho potente tomou todo o ambiente.

Olhei na direção do nosso filho e me emocionei ao vê-lo. Ele

era tão pequeno, tão gordinho, cheio de dobrinhas, os cabelos eram


pretos iguais aos meus.

— Quer fazer as honras, papai? — Carolina, perguntou.

E eu olhei para a tesoura que ela indicava para cortar o

cordão.

— Não vou machucá-lo? — indaguei, completamente

inseguro.

— Claro que não!

Fiz tudo o que a doutora ensinou e logo Pietro estava

separado de Laura e acomodado nos braços da minha amada.


Ele estava tão calminho e quando abriu os olhinhos, todo

inchado, foi possível ver que eram claros.

— Nosso menino é lindo, Laura! — Minha voz embargada

tomou o ambiente e percebi Pietro virando a cabecinha em minha

direção.

Ele me reconheceu, eu sentia aquilo.

— É sim! — concordou, toda emocionada.

Uma felicidade sem tamanho me tomou quando observei

aqueles dois. Eles eram meu mundo e eu o homem mais sortudo da

vida.

Perdi alguns meses infinitamente importantes, mas desde que


Laura me perdoou eu fazia o máximo para ser o melhor homem

para ela. O homem que aquela mulher realmente merecia.

Ainda estava cheio de arrependimentos das coisas que havia


lhe dito no passado, porém, todo dia batalharia para fazê-la

esquecer aquele tempo que a humilhei.

Com Laura aprendi que eu podia, sim me deixar amar, só

tinha que encontrar a pessoa certa.


E Laura era aquela pessoa…

O meu grande amor…

A minha vida!
EPÍLOGO

Cinco anos depois

Estava sentada em uma das espreguiçadeiras próximas à

piscina observando meus dois homens dentro da água. Minha mãe

estava ao meu lado, tomando um suco de melancia delicioso que


Frederico havia preparado mais cedo.

O verão em Ubatuba estava ótimo, todo ano desde que Pietro


nasceu, nós vínhamos curtir um mês inteiro na mansão que ficava à
beira da praia.

Aquela casa ainda me remetia a dias tristes, mas eu sempre

esquecia quando me lembrava que Frederico provava todos os dias

o quanto era apaixonado por mim.

— Mamã, tô nadando! — Pietro gritou, enquanto Frederico

segurava a barriguinha do nosso pequeno e o conduzia sobre as


águas da piscina.

— Nossa, mas você é muito maravilhoso, meu amor.

Frederico me deu uma piscadela e eu retribuí com um beijo.

— Depois teremos que ficar de olho em Pietro, ele pode


pensar que agora tem permissão de ir à piscina sozinho por saber

“nadar”. — Mamãe fez aspas com os dedos.

— O Frederico vai colocar a proteção em volta dela depois.

Meu marido era todo preocupado com os perigos que uma

piscina podia ter, por isso, na cobertura já tinha aquela proteção e

ele comprou uma para colocar na de Ubatuba.

Depois de algum tempo, Frederico e Pietro saíram da piscina

e meu menino correu para pegar um dos sanduíches de peito de


peru que havia preparado antes de vir tomar sol.

— Filho, fica com a sua avó, mamãe e eu precisamos arrumar

uma coisa ali dentro.

Encarei-o de cenho franzido, porque não me lembrava de

nada que tínhamos que organizar.

Meu marido, sim, havíamos nos casado, quando Pietro


completou um ano, me estendeu sua mão e eu aceitei, pois sempre

aceitaria seu toque, mas ainda não sabia o que tínhamos para

organizar.

— Mamãe, olha o Pietro.

— Claro, filha!

Ela sorriu para mim e Frederico abraçou minha cintura, me


conduzindo para o segundo andar.

— O que temos que arrumar? — perguntei, completamente

perdida.

E claro que aquele safado me direcionou um sorriso sacana e

comentou:
— Tenho que enfiar o meu pau dentro da sua boceta, porque

estava louco dentro daquela piscina, te vendo com esse biquíni


minúsculo.

— Frederico, você é um safado! — Desferi um tapa leve em


seu braço musculoso, em cima da tatuagem de tigre.

— Admite que você ama esse safado.

— Amo!

Deu-me um beijo rápido, em seguida me pegou no colo e

correu para nosso quarto.

Aquela era nossa vida perfeita…

E mesmo que no passado tenhamos passado por provações,


Frederico provou ser o melhor homem de todo o universo para mim.

Eu me apaixonei sem entender o motivo anos atrás, mas hoje

eu sabia a razão, era porque aquele homem era o meu grande


amor, o meu grande destino, o meu porto seguro…

A minha felicidade!
Fim
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Ele é o dono do hospital. Ela é residente.

Arrogante + Inocente

Impiedoso + Virgem

Chefe + Rejeição

Age Gap + Second Chance + Fast Burn

Ryan Demons é um dos médicos mais respeitados de Seattle,

um neurocirurgião premiado, que além da fama, ainda possui um


hospital- escola muito bem-recomendado por todo o país. Ele é

metódico, arrogante e organizado. Odeia que as coisas saiam do

seu controle. Só não esperava perder o rumo da sua vida assim

que conhecesse a nova residente que mudará toda a sua história.

Alexandra Reed, é uma recém-formada em medicina, que


conseguiu uma vaga para residência no hospital dos seus sonhos.

Ela deseja se tornar uma neurocirurgiã respeitada como o

Doutor Demons, o médico que ela considerava como espelho para a

vida.

Alex, só não imaginava que em uma noite tudo poderia mudar.

Quando entregou sua virgindade ao seu ídolo e dois meses


depois se descobriu grávida.

Mas o pior ainda estava por vir, já que Ryan Demons não era tão

encantador quanto ela pensava e acabou a desprezando junto

com o bebê que esperava.

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