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A FILHA QUE ABANDONEI ©Copyright 2023 — JÉSSICA DRIELY

Todos os direitos reservados. De acordo com a Lei de Direitos Autorais LEI

Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. Nenhuma parte deste livro

pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem


autorizações por escrito da autora.

Está é uma obra de ficção qualquer semelhança, com nome,


pessoas, locais ou fatos será mera coincidência.
PLÁGIO É CRIME!

Revisão: SONIA CARVALHO


Capa: Ctrl Designer
Diagramação: Jéssica Driely
Imagens: FreePik e Canva
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Ele é o herdeiro de um império;
Ela é a filha da empregada;
Os dois juntos viverão algo carnal e proibido.
Age Gap
Fast Burn
Gravidez inesperada
Rejeição
Second Chance
Mason Coleman é o herdeiro de um grande conglomerado. Criado
para saber lidar com o mundo, está pronto para assumir a presidência da
empresa de sua família. No entanto, depois de voltar de uma longa viagem,
ele esbarra em uma garota que poderia mudar toda a sua vida.
Ava Martinez é uma garota petulante, que já passou por alguns
traumas em sua vida. Sua mãe é uma mulher batalhadora e ela segue os
mesmos passos, focando em seus estudos e trabalhando com o que surge,
para ajudar a mãe, que está com um problema sério de saúde. Ava só não
esperava conhecer Mason, o filho dos patrões de sua mãe e o homem que
fez algo pulsar mais forte dentro do seu peito.
Mason sabia que ela podia destruir tudo o que ele almejava. Ava
sabia que a filha da empregada não tinha chance com o herdeiro. E juntos
eles se esqueceram do que era certo… até que Ava surgiu grávida, após um
grande incidente e foi abandonada por Mason, que devido a um erro não
queria uma filha, muito menos ficar ao lado da mulher que ele pensou amar.
+18
Ligia… Mason Coleman é todo seu,
aproveita e pega alguns paninhos,
porque você vai precisar passar,
mas pode sentar também.
E eu quero dizer que você é uma pessoa especial;
estou muito feliz por sua vitória.
Uma guerreira que passou por uma
batalha muito difícil e saiu vitoriosa.
Agora é só alegria!!!
Para as mulheres fortes que eu conheci.
Para mães solos que se desdobram em mil
para darem conta de tudo e ainda terem
tempo o suficiente para serem mães.
Você fez eu me perder nas sensações
Me intoxicou com a sua droga
Sangue correndo nas veias, coração palpitando
A verdade é que eu me apaixonei por você
The Feels - Labrinth (feat. Zendaya)
Link:https://open.spotify.com/playlist/2Kp1O5azQeahCBfuv1C6nR?
si=d1bc37e2a7214241
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
EPÍLOGO
Conheça também
PRÓLOGO

Dois anos depois

Soltei um suspiro antes de caminhar para dentro do espaço em que


acontecia o evento. Se eu dissesse que estava contente com toda aquela
merda seria um grande mentiroso.
Ainda mais naquele dia em específico, o dia que eu evitava me
lembrar de toda desgraceira que cometi há dois anos. Aquele inferno de
data ficou grudado em minha mente e eu tinha certeza de que podiam passar
anos e anos e me lembraria daquela dia, de como fui um filho da puta, do
olhar magoado na minha direção, dos olhos marejados...
O arrependimento sempre me tomava quando eu me lembrava do dia
em que provavelmente destruí o resto da minha existência. Nunca consegui
reverter o maior erro que cometi e talvez nunca conseguisse o perdão da
garota que… balancei minha cabeça para não pensar naquilo, não ali, com
tantas pessoas como testemunhas.
Por isso, eu preferia estar em minha cobertura, escondido dos olhares
alheios, vivendo somente o drama em que eu mesmo me enfiei.
Assim que pisei literalmente dentro do local, diversas cabeças se
viraram em minha direção e eu tentei sorrir, mesmo que aquele ato fizesse
um formigamento estranho tomar meus sentidos.
Eu era um desgraçado!
Repetia aquele pequeno elogio a mim quase todos os dias, mas
naquele instante nem aquilo tirava o ódio que estava se apossando do meu
ser… e não se enganem, o ódio não era para ninguém em específico que
estava ali, era direcionado somente na minha direção.
Que merda eu estava fazendo naquele evento?
Justo quando eu precisava ficar bêbado, em um canto escuro e talvez
chorar pelo que perdi. Talvez tenha me tornado um depressivo, mas quem
se importava?!
Fui obrigado a jogar o pensamento depreciativo para baixo de algum
tapete imaginário, quando Aiden Ward se aproximou de onde eu estava. Ele
era o CEO de uma empresa de tecnologia conhecida pelo mundo e assim
como eu, era o herdeiro do império de seus pais.
Aiden e eu, estávamos negociando uma parceria há alguns meses e
aquele evento beneficente que sua empresa estava patrocinando, seria o
lugar, onde provavelmente, fecharíamos o nosso acordo.
Juntar segurança e tecnologia, seria um ponto para nós dois, e eu
sabia que elevaríamos as nossas empresas a patamares jamais vistos.
— Chegou quem estava faltando! — afirmou, me estendendo uma de
suas mãos.
Aceitei o cumprimento, tentando parecer cordial com aquele
momento.
— Desculpe o atraso, o trânsito estava… bom, você sabe como Nova
Iorque é!
O homem à minha frente abriu um sorriso e assentiu. Ele apontou
para uma das mesas reservadas e o acompanhei na direção do local
indicado.
Enquanto conversávamos amenidades, pois ainda não era o momento
de tratar de negócios, Ward acenou para uma das garçonetes que passava
pelo lugar e não sei por qual motivo, mas senti uma vontade incontrolável
de observar a moça.
E foi naquele momento… que todo meu autocontrole desabou.
Era ela…
Dois anos depois de tudo, eu a tinha encontrado, pessoalmente já que
mal sabia que eu sempre tinha notícias suas e da… também não queria
lembrar-me daquilo.
Meu corpo gelou, o coração parou e o ar travou em meus pulmões.
Ela não havia percebido quem estava ao lado de Aiden Ward, mas
assim que parou perto do homem, com a bandeja de champanhe à sua frente
e um leve sorriso nos lábios, pareceu perceber a minha presença…
Seus olhos se grudaram nos meus, vi seu rosto ficar pálido, o engolir
em seco de sua garganta e Ava deixou a bandeja escorregar de sua mão
levando as diversas taças ao chão.
O barulho de vidro se partindo deveria ter desviado nossos olhares,
mas mesmo com toda aquela bagunça não fomos capazes de desviarmos
nossa atenção um do outro.
Porém, alguns segundos depois, rápido demais para o meu gosto,
diferente de mim, que sentia uma saudade incontrolável da garota que
sempre foi a minha ruína e minha salvação, o ódio estampou sua
expressão…
Eu sabia que a havia perdido, mas depois de dois anos, ainda receber
aquele olhar só me provava que nunca seria perdoado pela única mulher
que amei…
A mulher que rejeitei…
CAPÍTULO 01

Dois anos antes


Talvez eu fosse uma curiosa de carteirinha, mas não podia me sentir
culpada, já que o filho dos senhores Coleman, havia chegado naquele dia e
no exato momento estava dando uma festa em volta da piscina da mansão.
Quando minha mãe começou a trabalhar naquele lugar chique demais
para nossos padrões, como uma das empregadas do lugar, Mason Coleman
já estava fora na sua viagem de longos anos pela Europa, então não tive o
prazer de conhecê-lo, mas pelas fotos que às vezes eu via sabia que o
homem era lindo.
Claro que eu soube que ele chegaria aquele dia de viagem, graças à
minha mãe que amava fofocar sobre as novidades do emprego comigo. E
exatamente por causa daquele motivo fui visitá-la . Já que ela ficava a
maioria dos dias na propriedade, exigência dos patrões, e só voltava para
casa aos finais de semana.
Como ainda era quarta-feira, resolvi sair da faculdade e passar na
mansão, para ver se tinha a chance de ter um vislumbre de Mason, só não
esperava que ele estivesse fazendo uma festa que parecia bastante agitada e
com música alta, além das várias risadas que reverberavam pelo ambiente.
Um resmungo de dor tirou minha atenção da festa. Voltei meus olhos
para minha mãe e amaldiçoei a minha curiosidade, se não estivesse quase
empoleirada em cima da pia de mármore da cozinha, tentando ver o tal
herdeiro dos Coleman, não teria deixado minha mãe ficar se abaixando para
limpar sob os móveis do local.
— Mãe, deixa que eu faço isso!
Eu a ajudei a se sentar em uma das cadeiras do local e fiz o trabalho
que estava se tornando uma dificuldade para dona Stella. Minha mãe havia
descoberto há cinco meses que estava com um problema sério de coluna e
que poderia levá-la a uma cadeira de rodas.
E mesmo que o médico tivesse exigido que ela repousasse e parasse
de fazer o serviço pesado, nós sabíamos que seria impossível. Até porque
quem pagava o seguro saúde de minha mãe eram os Coleman, se ela saísse
do emprego não teria como continuarmos com o seu tratamento, mesmo
que não estivesse surtindo efeito, já que ela não repousava.
Até tentava ajudar minha mãe, mas conseguir manter uma casa
dividindo a atenção com os estudos e meus trabalhos de meio período que
nem sempre existiam ficava ainda mais complicado.
Meu pai havia abandonado minha mãe quando eu ainda era uma
bebê. Ele não queria uma filha, muito menos uma esposa e desde então,
mamãe se desdobrava em duas para nos sustentar. Assim que atingi a idade
aceitável, comecei a pegar alguns trabalhos de meio período, mas a única
exigência da mulher que me gerou era que eu fizesse faculdade.
Que tivesse uma chance melhor do que ela na vida.
Como sempre fui uma aluna dedicada, havia conseguido ser aceita
em uma universidade importante de Nova Iorque e já estava no quinto
período de Literatura Inglesa.
— Você tinha que parar de trabalhar, mãe! — murmurei, assim que
comecei a guardar os produtos de limpeza.
— Nem vou voltar a entrar nesse assunto, Ava.
Ela se levantou depois de um tempo, indo até o bebedor de água da
cozinha, tomando um copo cheio em seguida com o líquido transparente.
— Mas…
— Chega, querida. Não quero que a senhora Ella ou o senhor Noah,
escutem você reclamando do meu trabalho. É o único que tenho e não sairei
daqui.
Minha mãe me encarou com aquela expressão brava, que eu sabia
que não podia relutar e assenti. Magoava-me saber que eu não conseguia
ajudá-la o suficiente, que não conseguia fazer o impossível para que ela não
precisasse trabalhar.
As risadas vindas da direção da piscina, me distraíram daquela
conversa que eu sabia que não teria com Stella. Voltei minha atenção para a
janela enorme da cozinha, pessoas com muito dinheiro tinham a leve mania
de querer esbanjar até mesmo com vidros e por isso eu achava que eles
tinham colocado tantas janelas grandes por aquele casarão, porque não
tinham ideia de onde enfiar mais dinheiro, e tentei novamente ver se
conseguia enxergar alguma alma naquela direção, mas os arbustos do lugar
taparam completamente a minha visão.
— Você veio aqui só para vê-lo, não é? — Mamãe sorriu na minha
direção e eu revirei os olhos.
— Só estava curiosa, a senhora trabalha aqui há anos, queria saber
como ele era, já que por foto não é o suficiente.
Minha mãe me encarou com todo cuidado do mundo.
— Querida, deixe de ser curiosa e vá para casa. Não quero que se
aproxime de Mason, os senhores Coleman, não gostam muito nem que eu
fale com eles. Tenho certeza de que não irão querer que a filha de uma das
suas empregadas chegue perto o suficiente para que seu filho repare nela.
Engoli em seco com a fala de mamãe. Ela sabia muito bem que
aquela família não aceitaria qualquer envolvimento do filho com uma pobre
coitada como eu.
No entanto, eu não queria nada com o riquinho, só estava curiosa,
porém, aquela curiosidade podia colocar minha mãe em algum problema
com os seus patrões.
Por isso, assenti e me aproximei dela.
— Acho melhor eu ir embora. Vejo a senhora no final de semana? —
perguntei, abrindo um sorriso grande, mas que acabou morrendo aos poucos
quando dona Stella fez uma careta. — O que foi, mamãe?
— Então, eu terei que trabalhar neste final de semana.
Fechei meus olhos tentando me concentrar em alguma coisa que
pudesse me acalmar, porque não era possível que mesmo se matando todos
os dias, minha mãe ainda trabalharia nos dias que deveriam ser a sua folga.
— Mamãe… — Tentei reclamar, mas ela me puxou para um abraço.
— Eu sei que não é certo, filha, porém, vou receber o dobro, então,
não se preocupe tanto.
Meu coração se partiu ao ouvir aquelas palavras.
— Dinheiro não é tudo no mundo — sussurrei, sabendo que não
adiantaria falar nada para ela.
— Não é, mas é o único que pode proporcionar algo para gente.
Então, eu vou trabalhar no final de semana e não existe nada que você possa
dizer que mudará isso.
Engoli em seco. Claro que não adiantaria, minha mãe nunca me
escutava, por qual motivo faria algo do tipo agora?
— Vou embora, não consigo aceitar numa boa essa sua vontade de
acabar com a vida, mãe.
Estava emburrada e sabia que as palavras que sairiam da minha boca
poderiam magoá-la, por isso, tentei não dizer mais nada.
— Não estou acabando com a minha vida, Ava… — Sua voz cansada
me deixou ainda mais triste.
— Tudo bem, mamãe! Só tente descansar um pouco, quando se sentir
muito exausta.
Ela segurou meu rosto entre suas mãos.
— Farei isso, minha pequena.
Sorri de lado, mas por dentro estava despedaçada. Beijei a testa da
minha mãe, afastando-me do seu toque em seguida. Olhei uma última vez
para a mulher de cabelos castanho-claros como os meus, que já
despontavam alguns fios brancos e por fim, quando ela acenou na minha
direção, abri a porta da cozinha que dava na direção da saída dos
funcionários e comecei a caminhar me distanciando daquela mansão.
Contudo, o chamado de um desconhecido fez com que eu parasse no
mesmo momento, quando pisei no caminho de pedras grandes que se
dirigiam à saída.
— A festa está tão chata que está fugindo pela saída dos
funcionários? — Era uma voz rouca, grossa, grave… uma mistura deliciosa
que nunca havia presenciado até aquele momento.
Girei meu corpo, querendo encarar o homem que disse aquilo e eu
soube que o destino talvez estivesse querendo brincar comigo.
Porque descendo os degraus que levavam na direção da piscina e
caminhando na minha direção vinha o homem que quis ver desde a hora
que pisei ali naquela mansão.
Eu sabia muito bem qual era a fisionomia de Mason Coleman, afinal,
eu o stalkeava no instagram desde que minha mãe começou a trabalhar na
mansão Coleman, mas nunca pensei que nenhuma foto fizesse jus à sua
beleza real.
Seus cabelos castanhos estavam jogados para trás em um corte
desleixado, uma leve barba brincava em seu rosto, enquanto usava uma
bermuda jeans clara e uma camisa preta de mangas curtas, deixando
evidente a quantidade de músculos que possuía naqueles braços fortes.
Os olhos azuis me avaliavam e talvez eu tivesse visto a curiosidade
brincar em seu olhar, enquanto me secava de forma completamente
descarada.
Naquele instante comecei a entender o homem que não havia me
falado nem meia dúzia de palavras: ele era um canalha.
— Eu te conheço? — inquiriu, assim que parou próximo o suficiente
para que eu pudesse sentir seu perfume.
Era amadeirado e adocicado ao mesmo tempo, impossível de explicar
e deixava aquele homem com um cheiro único.
Um sorrisinho sacana brincou em sua boca e mesmo que estivesse
abobalhada com a beleza de Mason Coleman, consegui balançar a cabeça e
negar.
— Não! — sussurrei, por sorte, sem gaguejar.
Mason passou seus olhos novamente por meu corpo, antes de voltar a
falar.
— Ah, então vamos nos conhecer!
Tinha uma entonação tão luxuriosa em suas palavras que mesmo que
eu não o conhecesse, como ele realmente era, eu soube que aquele homem
podia ser a ruína de qualquer um…
Principalmente a minha, caso eu caísse em seu papinho…
Mas eu não iria cair…
E foi aí que começou o meu engano.
Porque eu caí e muito no golpe de Mason Coleman!
CAPÍTULO 02

Passar cinco anos fora não foram o suficiente para que eu me


acostumasse com aquele tipo de comemoração, onde não gostava de
ninguém e os únicos que era obrigado a suportar eram meu pai e minha
mãe.
Já que mesmo que eles tivessem atitudes que eu detestava, ainda os
amava. Eram meus progenitores e eu o único herdeiro que eles possuíam.
E era exatamente por causa daquele fardo, que havia voltado da
Europa para Nova Iorque. Meu pai queria que eu assumisse a presidência
do Conglomerado Coleman, a empresa que geria diversas outras e que era
uma herança de família.
Possuíamos um nome conhecido pelo mundo, desde indústrias
têxteis, quanto tecnológicas e até mesmo uma rede de hotelaria importante
tanto em Nova Iorque, como por toda América do Norte.
E como fui criado para tomar a frente daquela empresa, ali estava eu,
de volta àquela vida que evitei por anos, mas que agora teria que aguentar,
para enfim conseguir me tornar o CEO que fui treinado para ser.
Sabia que era ridículo que uma pessoa só possuísse um sonho na
vida, mas fui criado para aquilo, para ser quem seguraria as rédeas do
Conglomerado Coleman e estava pronto para realizar aquele sonho que foi
imposto em meu caminho desde que eu entendia por gente.
Mais uma gargalhada de uma das convidadas fez com que novamente
o choque pulsante em alguma veia em minha testa se expandisse.
Como eu odiava aquelas pessoas.
Ainda bem que ficaria somente uma semana naquela mansão, pois
iria para a cobertura que havia adquirido há algum tempo, só precisava
preparar o terreno para aguentar o humor de meu pai e mãe.
Sabia que eles não ficariam nada felizes por eu estar indo morar em
outro lugar, ainda mais depois de ter passado tantos anos afastados, mas
porra um homem de trinta e três anos só queria uma coisa… paz e às vezes
sexo. Então, eram duas e eu não estava com nenhuma vontade de levar um
rolinho qualquer para a casa dos pais.
Meio entediado levantei-me da espreguiçadeira em que estava e olhei
ao redor da propriedade. As pessoas que vieram para a festa na piscina
estavam trajando quase roupas de gala e eu na minha bermuda jeans e
camisa de manga curta, quase me senti humilhado, no entanto, estava pouco
me fodendo para a opinião alheia.
Já que uma festa na piscina, deveria realmente ser uma festa na
piscina e não somente uma desculpa para os ricos jogarem na cara um do
outro quem continuavam mais ricos, ou quem havia perdido ações na bolsa
de valores.
Enquanto observava os mesquinhos, algo chamou minha atenção pela
visão periférica e assim que voltei minha atenção para o local, fiquei
intrigado com a mulher que saía pela porta da cozinha da mansão Coleman.
Abri um sorriso e sem me importar com o que diriam, saí da área da
piscina, passando por alguns arbustos e árvores, até que comecei a descer os
degraus que me levariam direto à garota de cabelos castanhos
encaracolados.
— A festa está tão chata que está fugindo pela saída dos
funcionários? — indaguei, querendo saber quem era aquela mulher que eu
ainda não havia visto na festa.
Ela parou abruptamente e não demorou muito para se voltar na minha
direção e puta que pariu…
Se realmente existisse um Deus, ele jogou toda a beleza existente do
mundo em cima daquela… garota. Olhei de cima a baixo, ela não devia ter
mais que vinte e três anos.
Usava uma calça jeans colada, o que me deu uma bela visão das
coxas grossas. O quadril era grande, com uma cintura violão, mas os
seios… ah, caralho! Eu era louco em peitos grandes e a regata que a garota
usava não escondia muito os dois volumes avantajados que ela possuía.
Deliciosa!
Era a única coisa que minha mente falava naquele momento e quando
por fim, encarei seu rosto, eu me perdi… sério, ela tinha uma expressão tão
desdenhosa que fez quase meu pau saltar dentro da boxer.
Havia esquecido como a minha cidade possuía maravilhas como
aquela.
— Eu te conheço? — Precisei perguntar, pois não me recordava dela
e minha memória costumava ser boa, mesmo que estivesse afastado por
mais de cinco anos.
— Não! — O sussurro dela despertou algo predatório dentro de mim.
— Ah, então vamos nos conhecer!
E para minha total surpresa, a garota abriu um sorriso e conteve uma
gargalhada. E dela eu aguentaria qualquer risada, porque fiquei
completamente fascinado por sua beleza.
— Não sei por qual motivo deveríamos nos conhecer, não sou
ninguém — respondeu de forma convicta.
Talvez a garota não entendesse que quanto mais ela me recusasse
mais eu tentaria me aproximar? Um pouco tóxico e talvez abusivo? Sim,
mas claro que não passaria de um limite aceitável.
— Pelo que estou vendo, você é alguém sim. — Eu permiti que meus
olhos vagassem novamente por seu corpo, e foi prazeroso ver as bochechas
da mulher corarem.
— Costuma jogar todo o seu charme para cima de desconhecidas? —
ela retrucou, elevando uma das sobrancelhas.
— Claro que não, eu me valorizo, mas quando encontro alguém tão
irresistível, fica difícil controlar.
E para meu total desespero a menina mordeu o lábio inferior. Talvez
eu morresse ali mesmo, porque aquele era o meu ponto fraco, mordidas em
lábios… inferno!
Mesmo sem ter ideia de quem ela era, já queria a sua boca na minha,
provando o sabor delicioso que deveria ser.
Os olhos azuis completamente escuros, me fitaram de uma forma que
não soube explicar. Ela parecia… zangada!
— Deveria saber que você é um idiota!
E ouvir aquilo foi quase como receber uma bofetada bem no meio da
cara, não, uma bofetada doeria menos. O meu ego ficou completamente
ferido.
Quando a gatíssima me deu as costas para voltar a caminhar na
direção da saída, fiz algo completamente impensado e segurei seu braço
para impedi-la de sair.
Ela se virou abruptamente e chocou-se contra o meu corpo. Só
quando estava perto o suficiente é que percebi o tamanho do meu erro. Suas
mãos espalmaram em meu tórax e uma lufada de ar com mais força escapou
de sua boca.
— O que está fazendo? — rosnou.
Soltei seu braço, completamente arrependido ainda mais por ver seu
olhar assustado, encarar o local em que eu o havia segurado.
— Desculpe-me, fui realmente um completo idiota.
Afastei-me e talvez ela tenha percebido que não foi minha intenção
agir daquela maneira.
Assim que se afastou, passou as mãos pela calça, parecendo não saber
onde colocá-las.
— Sinto muito mesmo! — sussurrei, afastando-me dois passos para
trás.
Distanciando-me daquele cheiro de jasmim que tomava seus cabelos,
que naquele instante haviam se alvoroçado um pouco, devido ao vento que
bateu em nossos corpos.
— Tudo bem! Você não deve saber o que significa um não, ou ao
menos atitudes que representam um não.
Cada fala sua era quase um soco no meio da minha cara, a voz da
garota, havia ganhado uma entonação grave e eu não podia negar que
merecia aquela sua atitude, ainda mais depois de ter agido de forma tão
escrota.
Assenti e assim que lhe dei as costas sua voz me atingiu novamente,
mas daquela vez fez com que eu olhasse por cima do ombro e lhe
direcionasse um sorriso.
— Sou Ava, filha da Stella, uma das empregadas da mansão.
Sentindo o sorriso crescer em minha boca, disse:
— Eu sou...
— Sei muito bem quem você é, Mason. — Depois de olhar-me da
mesma forma, passando seus olhos por todo o meu corpo, murmurou: — E
não estou com a mínima vontade de conhecê-lo além disso.
Ela apontou o dedo na sua direção e logo para mim, deixando claro
que aquilo estava fora de cogitação. Depois de um aceno rápido, por fim,
Ava me deu as costas e eu não a impedi novamente de se afastar.
Mas também não evitei de semicerrar os olhos na sua direção,
enquanto ela ficava mais longe a cada segundo e logo saiu pelo portão dos
funcionários.
Talvez tenha ficado intrigado…
Muito, na verdade, já que nunca fui tratado daquela forma por
nenhuma mulher.
Sorri de lado e balancei a cabeça…
Voltar a Nova Iorque poderia me trazer muitas surpresas.
Começando por aquela garota.
CAPÍTULO 03

Homens eram muito engraçados. Era só você não cair de amores por
eles, quando lhe direcionavam um sorriso que já se achavam no direito de
lhe segurar o braço de forma possessiva.
Não que Mason tivesse me mostrado daquela forma que fosse um
escroto total, mas era assim que tudo começava e depois podia dar muito
errado…
Claro, que não podia negar que senti um choque passar pela minha
corrente sanguínea assim que sua pele tocou na minha, mas mesmo assim,
embora com aquela sensação que nunca havia sentido, não podia concordar
com sua atitude.
Aquele riquinho, metido e lindo, não tinha direito algum de me
abordar daquela forma. Ao menos o infeliz se mostrou arrependido de sua
atitude, diferente de muitos machos que se achavam com toda razão por
cometer certos tipos de atitude.
E eu ainda fiquei com pena, por ver sua expressão completamente
arrependida e foi exatamente aquele sentimento que fez com que eu lhe
dissesse meu nome.
Talvez o arrependimento tivesse me tomado após deixar escapulir o
“Ava” pela minha boca, porém já havia passado. Iria fazer exatamente o que
aquela palavra significava, deixar no passado. Estava morrendo de
curiosidade para conhecer o tão falado Mason Coleman, mas agora que já o
tinha visto aquela vontade maluca de vê-lo havia desaparecido e não queria
saber mais do riquinho, metido e lindo…
Deus, nós precisamos conversar. Por que fazer alguém tão lindo?
Sei que o Senhor tem seus preferidos, mas podia ao menos maneirar
na dose de beleza, porque se tornava muito difícil para uma mulher como
eu, carente e com vontade de pular em algum gatinho, se controlar.
Pelas fotos na rede social eu sabia que ele era muito bonito, mas eu
nunca cansaria de repetir — mentalmente e nunca para que ninguém
escutasse —, o quanto Mason era lindo pessoalmente. A boca estilo
coração, aquela barba que deveria fazer misérias com uma pele delicada
como a minha, os olhos que pareciam ser cheios de intensidade e fogo…
Balancei minha cabeça, tirando aqueles pensamentos depravados da
mente, percebendo que estava chegando perto do ponto que eu precisaria
descer.
Assim que saltei do ônibus, comecei a caminhar para casa. Morava
no subúrbio de Nova Iorque e mesmo que muitas pessoas virassem a cara
para aquele lugar, eu gostava dali.
Vivi minha vida inteira naquele bairro, bom, se considerasse vinte e
três anos, como uma vida toda.
Claro que existiam problemas, ainda mais que era um bairro
controlado por facção, mas dava para viver tranquilamente se você ficasse
no seu canto.
E só existia uma coisa ruim naquele lugar… o homem que caminhava
na minha direção. Daniel Rivera, foi meu namorado por dois anos, fazia
parte de uma das facções do lugar e com ele eu perdi tudo, até mesmo a
vontade de me relacionar novamente com alguém.
Era um homem tóxico que só percebi o quanto mexia comigo
psicologicamente, quando consegui sair do relacionamento horroroso que
tínhamos.
E por esse e mais motivos que não era bom nem mesmo ficar me
recordando, eu evitava andar até na mesma calçada que ele. Quando fiz
menção de atravessar para o outro lado da rua, o imbecil aumentou a
velocidade dos passos e logo parou à minha frente.
Daniel tinha os olhos pretos como a escuridão, um sorriso arrogante e
os cabelos cortados baixinhos, que quase dava para enxergar o seu couro
cabeludo. E eu tinha nojo de mim, por ter dado uma chance para aquele
homem.
— Você anda fugindo de mim como o diabo foge da cruz,
bonequinha.
Odiava quando ele me chamava daquela forma. Já que as lembranças
dos anos que passei ao seu lado, batiam pesadamente em minha mente e
faziam com que eu ficasse completamente triste por ter me deixado passar
por aquilo.
— Não tenho nada para falar com você, Daniel! — respondi, meio
ríspida.
Mason segurar meu braço de forma abrupta e talvez até mesmo sem
querer não se comparava em nada com o que aquele ser, que estava parado
diante de mim, havia feito comigo.
— Ah, tem sim! — Tentei desviar do seu corpo que parecia mais um
poste, estagnado na minha frente, mas ele me cercou e sorriu ainda mais
quando percebeu que eu não conseguiria escapar dele com o meu tamanho
em completa desvantagem. — Eu ainda não abri mão de você, Ava. Estou
deixando que respire, durante esses cinco meses que estamos afastados, mas
você ainda será minha novamente. Eu ainda vou te ter em meus braços de
novo e vou te fo…
— Cala a boca! — gritei, desejando interromper o que ele estava
prestes a dizer.
Algumas pessoas que passavam pela rua nos encararam, e por fim,
Daniel abriu espaço para que eu pudesse continuar meu trajeto para casa.
No entanto, mesmo estando já há alguns passos dele, sua ameaça percorreu
todo o meu corpo.
— Em breve teremos outra conversa, Ava!
Senti meus olhos marejarem, mas fiz o máximo para não
começar a chorar ali mesmo. Eu era uma pessoa que se entregava às
lágrimas facilmente, e quando relembrava tudo o que passei nas mãos
daquele desgraçado fazia com que um medo angustiante tomasse conta de
mim.
E quando eu estava com medo, nervosa, triste ou irada, sempre
chorava. Talvez eu pudesse, sim, ser considerada uma chorona de
carteirinha, mas mesmo assim, naquele momento não podia deixar que
aquelas lágrimas caíssem.
Mas era só ver Daniel que suas palavras maldosas voltavam a surgir
em meus pensamentos…

“Você acha que se terminar comigo alguém vai te querer? E mesmo


se quisesse, eu mataria qualquer um que chegasse perto de você. Já que
sabe muito bem do que sou capaz, Ava.”
Cheguei ao meu prédio, entrando rapidamente no local. Meu bairro
consistia nas moradias serem todas iguais. Eram prédios antigos, pintados
com um marrom desbotado e cada um possuía quatro andares, com quatro
apartamentos por andar.
Subi as escadas correndo até o terceiro andar, que era onde ficava
localizado o apartamento de minha mãe, e assim que abri a porta de casa,
me trancando na segurança do meu lar, permiti que minhas pernas
falhassem.
Escorreguei para o chão e daquela vez deixei o choro vir. Nunca
havia dito nada para minha mãe sobre o que tinha acontecido, sobre o
motivo do meu término com Daniel, pois sabia que ela não merecia ter mais
um peso daqueles carregado sobre seus ombros.
Claro, que era perceptível a sua preocupação em relação ao meu
término, já que sempre me aconselhou a não me envolver com ele, mas fui
inconsequente e agora me arrependia das atitudes que tomei há dois anos.
Passei minhas mãos pelo rosto e respirei fundo tentando me controlar
depois da pequena crise de desespero que tive.
Era muito difícil ser mulher, mesmo que tentássemos nos manter
fortes, existiam coisas no mundo que acabavam com nossa existência e
depois você não sabia como se recuperar.
Muitos machistas achavam que era um absurdo, nós reclamarmos e
lutarmos por direitos que eles não consideravam importantes. Entretanto, só
nós sabíamos pelo que passávamos quando algo muito grave acontecia.
A nossa opinião era invalidada, éramos chamadas de malucas,
humilhadas e muito mais coisas ruins que não valiam a pena ficar
lembrando.
Depois de alguns minutos, tentando me acalmar, levantei-me do chão
e fui arrumar algo para comer, pois estava com fome, já que havia passado
muito da hora do almoço.
No entanto, assim que cheguei à cozinha que era separada da sala,
somente por um balcão pequeno, meu celular vibrou com uma notificação.
Desbloqueei a tela e quando abri a rede social que anunciava a
mensagem recebida, meu corpo todo gelou, e fui obrigada até mesmo a
engolir em seco.
A foto de Mason notificava uma mensagem e eu me arrependi de ter
verificado seus stories naquele dia, porque só assim para que ele soubesse
que o havia stalkeado.
Tomando a coragem que eu nem sabia que possuía, abri a mensagem
e soltei uma lufada de ar mais forte pela boca.

Mason Coleman: Bom saber que você já estava


olhando minhas redes sociais,
assim eu posso olhar as suas,
senhorita Martinez.

Revirei os olhos. Mesmo que meu corpo ainda tremesse pelo


encontro com Daniel, respondi ao homem que minha mãe havia, mais uma
vez, me alertado para que ficasse longe. Parecia que eu não aprendia com
meus erros.

Ava Martinez: Pode stalkear, só não vá se apaixonar!


CAPÍTULO 04

Ainda sorria com a resposta que li da garota atrevida.


Se ela soubesse que eu não era um homem que se apaixonava, não
teria me dito aquilo, mas não podia negar o quanto a desgraçada era linda.
Tão perfeita, com aqueles olhos azuis-escuros, que em algumas fotos
pareciam decifrar até os segredos mais obscuros que qualquer pessoa
guardava.
A boca rosada e chamativa, sexy mesmo sem perceber, até os cabelos
de Ava chamaram minha atenção. Talvez fosse possível fechar os olhos e
visualizar sua imagem linda em meus pensamentos.
Havia bastante tempo que não me impressionava tanto com alguém.
Depois que a maldita festa que meus pais inventaram acabou, fui para
meu quarto e comecei a olhar minhas redes sociais, que cuspia notificações
de todos os lados.
E como eu gostava de ver quem visualizou meus stories, acabei me
deparando com o nome Ava, entre as mais de mil pessoas que haviam visto
minha postagem.
E não deu outra, quando cliquei no perfil, vi que se tratava da garota
maravilhosa de mais cedo. Fui obrigado a me sentir lisonjeado que ela tenha
feito o favor de ver as minhas postagens, pois assim poderia reparar na sua
beleza sem que fosse interrompido por ela ou por qualquer pessoa.
E puta que pariu!
A filha da mãe era uma gata!
Tinha algumas fotos que mostravam serem de uma universidade,
onde ela sempre estava sorridente. Tinha algumas em uma piscina e tive um
vislumbre do corpo delicioso, os seios grandes em um biquíni indecente, a
bunda… caralho que deliciosa.
Eu não valia nada, só por estar quase devorando a garota, somente ao
olhar para as imagens.
Pode stalkear, só não vá se apaixonar!
Suas palavras vieram novamente em minha mente e acabei mandando
mais uma mensagem para Ava.

Mason Coleman: Impossível não se apaixonar,


já que estou completamente deslumbrado
com essas fotos encantadoras.

Não demorou muito para a confirmação de leitura aparecer, mas Ava


não respondeu imediatamente e isso fez com que eu ficasse um pouco
ansioso.
Era ridículo, que um cara de trinta e três anos, estivesse parecendo
um jovenzinho que não via uma boceta há meses.
Sorri mais um pouco com aquele pensamento e mesmo que tenha
aguardado alguns minutos para a resposta de Ava, ela não veio e acabou que
tive que parar com a minha observação em sua rede social, quando escutei
alguém batendo à porta do meu quarto.
Fechei a expressão e me sentei na cama. Observei o quarto que
sempre estava completamente impecável e soltei um suspiro exasperado.
Queria ir para minha casa…
Mesmo que tivesse passado boa parte da minha juventude ali e até
mesmo um pouco da vida adulta, não me sentia mais em casa naquele lugar.
Meus gostos haviam mudado e o garoto que saiu daquela mansão,
cresceu muito em outro país. Pelo menos no sentido de caráter, algo que eu
sabia que meu pai não tinha quando se tratava do seu casamento com minha
mãe. Eles eram casados, ele lhe dava diversas joias, mas sempre tinha mais
algumas amantes para bancar.
Antes não me importava com aquele fato, porém, com o tempo fui
vendo o quanto aquilo era errado.
A infidelidade era uma desgraça!
E era por isso que preferia não me envolver com ninguém, pois assim
não precisava ser fiel, já que não era comprometido e não fazia ninguém
sofrer.
Podia ter a mulher que quisesse na minha cama e somente aquilo que
importava. Relacionamentos poderiam ser complicados, mesmo que eu
nunca tivesse tido algum tipo de relacionamento sério.
— Pode entrar! — autorizei, mesmo que minha bateria social já
estivesse completamente esgotada.
Meu pai abriu a porta do quarto e com seu olhar sério, eu já sabia que
viria algo ainda mais grave para que eu tivesse que aguentar.
— Percebi seu descaso pela recepção que preparamos para você hoje.
— Nada cordial, como sempre.
Levantei-me da cama, cruzei meus braços, inquirindo em seguida:
— O que quer, pai?
O homem com seus cabelos grisalhos cruzou os braços, tomando
quase a mesma posição que eu o aguardava e sorriu de forma desdenhosa.
— Vim lhe informar que na semana que vem já começamos o seu
treinamento para tomar o meu lugar. Quero me aposentar, garoto.
Assenti uma única vez, no entanto, percebi que ele queria a
concordância saindo da minha boca.
— Ok, pai! Eu estarei pronto para tornar o Conglomerado Coleman
ainda melhor.
— Espero que sim, porque te criamos para que seguisse com os
nossos negócios e eu acredito que você se tornará um ótimo CEO para o
Conglomerado.
Assenti mais uma vez e soltei as palavras que estavam presas em
minha garganta.
— Pai, também queria informar que a partir da semana que vem irei
para a cobertura que comprei há algum tempo.
Vi quando a palidez passou por sua face e sinceramente fiquei com
medo de meu pai cair duro ali na minha frente, mas percebi que não era por
se sentir mal que ele havia ficado daquela forma.
E sim, por não poder segurar alguma coleira invisível em meu
pescoço.
Aquela fase do filhinho obediente e que acatava qualquer merda que
ele mandasse havia passado. Aquele Mason já havia morrido há muito
tempo.
— Você comprou um apartamento e não nos contou?
Dei de ombros.
— Sim, sabia que seria meio turbulento se falasse antes. Então, agora
o senhor já está informado.
O homem acenou uma única vez na minha direção, mas deixou clara
a sua ameaça antes de sair do quarto.
— Não se esqueça de que eu posso tirar a empresa de você.
Antes que pudesse falar qualquer coisa para aquele velho desgraçado,
ele bateu a porta do quarto, deixando-me em seu interior que estava mais
para claustrofóbico do que para um ambiente reconfortante.
Ele havia me moldado desde pequeno a ter um único objetivo na
vida, que era ser o CEO da empresa da família, me dediquei por anos para
aquela posição que enfim estava sendo direcionada a mim.
E eu sabia muito bem que Noah Coleman podia ser um filho da puta
quando quisesse e em um estalar de dedos, arrancaria o sonho que sempre
almejei ter.
E mesmo que já tivesse completado meus trinta e três anos e soubesse
qual rumo tomar na minha vida, ainda sentia aquela insegurança de não ter
o que tanto desejava.
Eu queria ser o dono de tudo e nada tiraria aquele objetivo do meu
futuro.
E parecendo que o destino queria brincar um pouquinho com a minha
decisão, meu celular anunciou uma mensagem.
Voltei a me aproximar da cama, peguei o aparelho e abri um sorriso
ao ver quem havia me respondido.

Ava Martinez: Sei que sou linda,


mas pode limpar a babinha, querido.
Zero chances comigo!
Gargalhei e me joguei sobre a cama.

Mason Coleman: Será mesmo?


Se eu falar que não esqueço sua boca,
você não daria chance para esse pobre coitado?

Ava Martinez: Nem me beijou


e já não se esquece da minha boca?

Mason Coleman: Para você ver


o quanto estou enfeitiçado.

Ava Martinez: Sinto informar que comigo,


você não terá chance, riquinho.

Mason Coleman: Quer apostar?

A mensagem “digitando” apareceu várias vezes, mas desaparecia


logo em seguida, me dando a certeza de que eu havia conseguido atingir a
garota.

Ava Martinez: Aposto!


E foi com aquela resposta que tive a certeza de que Ava cairia muito
fácil em meus braços…
E eu faria questão de acabar com aquela sua marra…
Meu novo objetivo na vida era fazer a garota que mal conhecia
implorar pelo meu corpo e eu sabia que conseguiria.
CAPÍTULO 05

Subi as escadas que levavam para dentro da universidade um pouco


mais apressada que o normal. Ainda precisaria atravessar todo o campus
para chegar a tempo na aula, já que o ônibus havia atrasado para passar no
meu ponto naquele dia.
Sinceramente, havia dias que nós não devíamos sair da cama, mas eu
precisava dar meu sangue na faculdade para poder continuar com a bolsa, e
os gerenciadores por aquela dádiva não toleravam muitas faltas.
Então, caso acontecesse algum dia de eu ter que me ausentar,
precisaria estar resguardada com a presença em dia.
Assim que cheguei à sala de aula, sentindo o suor escorrer pelas
minhas costas, o professor iria começar com a matéria, mas esperou que eu
tomasse o meu lugar e por fim iniciou.
Ainda bem que consegui chegar a tempo, porém, sentia o fôlego
sendo quase sugado do meu corpo, do tanto que estava arfante.
— Pelo jeito hoje não é um bom dia — Maya sussurrou, para que o
Sr. Patrick não escutasse.
Olhei para a amiga que havia conquistado naqueles anos de
faculdade. E soltei uma lufada de ar mais alta que o normal. Enquanto
pegava a caneta para anotar o que o professor estava escrevendo no quadro.
— Você não sabe o quanto — resmunguei.
Maya deu uma batidinha em meu ombro, como se fosse me
reconfortar.
— Se depois quiser conversar, sabe que sempre estarei aqui.
Encarei de soslaio a garota de cabelos cacheados, com a pele marrom
que eu sempre achava muito hidratada, já que brilhava quando os raios
solares pairavam sobre ela.
Maya era linda, com a boca carnuda e os olhos castanhos-escuros. Ela
era sexy e a invejava por ser tão alto astral, mesmo quando tinha uma vida
tão difícil, com um pai alcoólatra e uma mãe que a abandonou quando
criança.
Por fim assenti em resposta ao que havia me dito, voltando minha
atenção para o professor.
Quando a aula por fim finalizou, peguei meu celular para verificar se
havia chegado alguma mensagem do homem que estava conseguindo
arrancar sorrisos de mim, mesmo que eu tentasse evitar.
E claro que assim que abri o instagram, lá estava a mensagem de
Mason.

Mason Coleman: Bom dia!


Para a garota que surgiu
em meus sonhos a noite toda.
Ele era um galanteador barato, que pensava mesmo que iria me
conquistar com aquelas palavras bregas e fofas.
Depois que respondi sobre a aposta, Mason deixou claro que usaria
todas as suas táticas para me conquistar e provar que ele era “demais”,
palavras dele, não minhas.
Claro que eu acreditava que ele podia mesmo ser “demais”, no
entanto, nunca admitiria aquilo em voz alta e muito menos para ele.

Ava Martinez: Já amanhece assim?

Mason Coleman: Para você ver o que


está fazendo comigo, senhorita.

E o maldito sorriso tomou meus lábios, enquanto eu juntava minhas


coisas para ir para a próxima aula daquele dia.
— Algum bicho te mordeu? — Maya indagou.
Encarei-a sem entender, com o cenho franzido em sua direção.
— O quê? — perguntei, porque realmente estava sem entender.
— Você está sorrindo igual a uma bobinha para o celular, surgiu
algum gato?
Ela era muito perceptiva, havia me esquecido daquele pequeno fato.
Como não respondi, enquanto nos direcionávamos para nossa próxima aula,
a maluca acabou soltando um grito no meio do corredor, fazendo até mesmo
alguns alunos a encararem sem entender porra alguma.
— Não me diz que você voltou com aquele traste que um dia sonhou
em chamar de namorado.
O timbre de Maya havia até mesmo mudado, tomado um tom mais
gutural, como se ela realmente estivesse sendo possuída por alguma alma
maligna.
Maya sabia o suficiente da minha história com Daniel, já que
estudávamos juntas e nos tornamos muito amigas desde o primeiro período
da faculdade, para estar ciente de tamanha loucura se eu resolvesse voltar
com aquele homem. A pior parte ela ainda não sabia e nem sei se um dia
teria coragem de contar, porque realmente era algo que eu não conseguia
falar. Um medo me dominava, o pânico tomava meus sentidos, por isso,
também nunca tinha revelado a ninguém as piores fases da minha vida com
Daniel.
— Não viaja, Maya! Eu já disse que Daniel é passado e nunca se
tornará novamente um presente.
Ela soltou um suspiro.
— Ainda bem, porque pensei que teria que fazer uma interdição e
explicar todos os motivos de não estar certo ficar com um homem igual
àquele imbecil.
Sorri meio sem graça, mas acabei assentindo com as palavras daquela
desmiolada.
Ela jogou um dos braços por cima dos meus ombros e quando
entramos na sala de aula, a professora ainda não havia chegado.
— Mas então, ele é um gatinho? — perguntou.
Dei de ombros, mas acabei respondendo.
— Ele é, muito… É o filho dos patrões da minha mãe, mas é
perceptível o quanto é um imbecil cheio de ego.
Virei a tela do celular para que ela lesse as mensagens, quando nos
sentamos nas carteiras que estavam dispostas uma ao lado da outra. Maya
pegou o celular da minha mão e leu tudo.
Quando o sorriso maquiavélico foi aberto em sua boca, eu soube que
ela faria algo muito impensado.
— Maya… — Tentei falar algo, mas ela já estava digitando. — O que
você está fazendo?
Minha amiga me entregou o celular e eu tentei me preparar para o
que quer que estivesse escrito ali, mas nada me preparou para ler o que ela
havia feito e o maior problema era que Mason já havia visto a mensagem.

Ava Martinez: Hoje minha aula acaba mais cedo,


então se quiser vir me encontrar
na Universidade Echos de Nova Iorque,
estarei lhe esperando no campus cinco às onze.

Mason Coleman: Foi mais fácil do que pensei!

Aquele imbecil teve a capacidade de digitar aquelas palavras.

Ava Martinez: Não fui eu quem te chamou,


foi minha amiga. Não precisa vir, sério.
Não quero te ver.

Mas Mason começou a digitar o mais rápido que pôde, e logo a


resposta apareceu na tela.
Mason Coleman: Ah, por isso achei estranho!
Mas mesmo assim, irei ao encontro de vocês.
Preciso te ver de novo, senhorita Martinez.

Fuzilei Maya, que abriu um sorriso conspiratório e acabei rosnando


em sua direção.
— Eu vou te matar!
A safada me deu uma leve piscadinha e respondeu, como se não
tivesse me colocado em maus lençóis.
— Você vai me agradecer.
— Como vou te agradecer? Eu não queria passar uma impressão
errada, agora esse idiota vai ficar com o ego ainda maior.
Maya se aproximou de mim e sussurrou para que somente eu
escutasse.
— Você precisa transar com outra pessoa. — Deu novamente uma
piscadela em minha direção.
Engoli em seco com aquele comentário.
Ela não sabia de tudo…
Ela não tinha como evitar falar aquelas coisas, sendo que não sabia de
nada do que aconteceu…
E por sorte, agradeci quando a professora entrou e começou a aula,
assim evitaria que entrássemos naquele assunto que eu evitava há alguns
meses… longos meses… os piores da minha vida.
CAPÍTULO 06

Tamborilei os dedos no volante, enquanto seguia pelas ruas de Nova


Iorque. Estava aproveitando meus últimos dias de folga, antes de começar a
me dedicar totalmente à empresa da minha família.
E por isso, comecei a cometer a loucura de ir até a faculdade de uma
garota que demonstrava em todos os momentos que não estava com a
mínima vontade de me dar uma chance, mas que eu estava louco para fazer
aquele rostinho petulante e maravilhoso voltar atrás em suas palavras.
A garota era filha da empregada da casa dos meus pais e eu tinha
absoluta certeza de que se eles descobrissem que eu estava trocando
mensagens com ela, teriam algum tipo de ataque, porém, nunca fui muito de
seguir as regras impostas pelos Coleman.
Principalmente, quando os achava somente uns preconceituosos de
merda, que só estavam em meu caminho para que eu tomasse o que era meu
por direito.
Não que eu desejasse que eles partissem para o além, na verdade, só
queria logo que a presidência da empresa fosse passada a mim e não teria
mais problema algum com eles.
Depois de ter passado os anos longe dos meus pais, percebi o quanto
eu era influenciado por eles, por isso, como queria muito tomar conta dos
negócios, só ainda deixava que eles pensassem que seguravam as rédeas em
volta do meu pescoço.
Até conseguir o que eu queria, que estava muito perto… perto
demais.
Poderia parecer um ingrato, mas a única verdade que sempre guiou
minha vida, era que meus pais sempre me trataram como um objeto, então
nada mais justo do que depois de entender como devia ser a vida, que eu os
tratasse somente com a forma que sempre foi direcionada a mim.
Parei o carro em uma das vagas indicadas para estacionar e desci do
automóvel, o contornando e logo encostei ao lado da minha BMW,
esperando que Ava e sua amiga, que ainda não tinha ideia do nome saíssem.
Pelo que fui informado pela tal amiga, faltavam mais ou menos dez
minutos para o horário combinado na mensagem. E esses poucos minutos
pareciam nunca passar.
Olhei para o céu nublado e sabia que aquele tempo feio não se
transformaria em chuva, ao menos não por enquanto, então daria para
esperar ali naquele lugar até que as garotas saíssem.
Mas mesmo sabendo que faltava pouco tempo, meu pé começou a
bater no chão, completamente sem controle. A ansiedade me pegou
totalmente de surpresa, já que nunca fui de correr atrás das mulheres. Na
maioria das vezes, ou melhor, em todas as vezes, eram elas que corriam
atrás de mim.
Levando em consideração que eu conhecia Ava há quase vinte e
quatro horas, estar ali, em frente àquela universidade, só provava que eu
provavelmente não estava em meu estado de sanidade normal.
Quando por fim, deu a hora exata, ainda demorou uns sete minutos
para começarem a surgir alunos pela saída, e sim, eu estava contando
ansiosamente até a garota linda aparecer. E não foi nada difícil encontrá-la
no meio da multidão, ao lado de uma mulher com pele da cor de chocolate e
cabelos cacheados, que provavelmente havia sido a que me enviou a
mensagem.
Não demorou muito para os olhos de Ava se voltarem na minha
direção, ela e a amiga desceram as escadas que levavam até a saída do
campus e mesmo que parecesse relutante se aproximou de onde eu estava.
Com os braços cruzados, fiquei observando a garota completamente
encantadora se aproximar de onde eu estava encostado no carro
estacionado.
A mulher ao seu lado, abriu um sorriso travesso na minha direção.
Ava parou à minha frente e elevou uma das sobrancelhas, me
encarando com puro desdém.
— Eu disse que não precisava vir — reclamou, depois de alguns
segundos me olhando.
Dei de ombros e lhe dei uma piscadinha, enquanto voltei minha
atenção para a garota ao seu lado.
— Obrigado pelo convite, senhorita... — Franzi o cenho, esperando
que a menina me dissesse seu nome.
— Maya!
Ela me estendeu a mão, que aceitei de bom grado, depositando um
beijo sobre sua pele, o que fez as bochechas de Maya corarem. Claro que
não passou despercebido para mim o revirar de olhos de Ava, como se
aquilo tivesse sido a coisa mais ridícula que ela já vira na vida. Assim que
me afastei de Maya, sorri na direção de Ava e perguntei:
— Quer um também?
Ela soltou uma risada completamente tomada pelo desinteresse e
respondeu:
— Não, obrigada!
— Ava encarou, Maya, perguntando em seguida: — Vamos? Se não
acabaremos perdendo o ônibus.
Maya soltou um suspiro e encarou a amiga.
— Sim, temos que ir! — Maya voltou sua atenção para mim. —
Desculpe ter mandado a mensagem, mas precisamos realmente ir.
Franzi o cenho de novo e fiz mais um ato impensado quando se
tratava da mulher que ainda me encarava com a expressão de poucos
amigos.
— Posso levar vocês, que tal?
Os olhos de Maya brilharam, porém, eu sabia que a aceitação não
deveria partir dela, e sim da garota meio rabugentinha parada à minha
frente.
— O que acha, Ava? — Direcionei a pergunta na sua direção.
Ela deu um sorrisinho de lado.
— Você está disposto a ir até o subúrbio? — respondeu de volta com
uma pergunta.
Abri um sorriso ainda maior e revelei:
— Por você, Ava. Eu vou para qualquer lugar, só me pedir.
A garota acabou soltando uma gargalhada e assentiu.
— Não vou recusar uma carona.
Senti-me vitorioso com aquele pequeno ato de paz que ela havia me
direcionado. Logo afastei-me do carro e abri a porta do carona para ela.
Maya não esperou pelo protesto de Ava, entrou no banco de trás sem se
importar com mais nada.
Os olhos azuis se voltaram na minha direção e com um sorrisinho
presunçoso, Ava brincou:
— A sua sorte é que sou boazinha, imagina se peço para você ir para
o inferno.
Soltei uma gargalhada, mas aproveitei para aproximar minha boca do
seu ouvido e sussurrar:
— Se fizesse com que você sorrisse na minha direção, eu iria de
encontro ao diabo tranquilo.
Percebi o olhar de esguelha na minha direção e Ava respondeu:
— Você é um galanteador barato.
— Faço o que posso, coisinha irritante.
Sorrindo, Ava entrou no carro e assim que fechei a porta do
passageiro, contornei-o e não demorou nada para que eu tomasse o volante,
depois de colocar o cinto de segurança.
Bom… estava na hora de começar a colocar minha aposta em jogo…
a garota ao meu lado seria minha, aquilo já era certo, talvez eu precisasse
somente de um pouco mais de tempo.
Mas Ava Martinez acabaria na minha cama, eu tinha absoluta
certeza…
E depois, bom, depois eu deixaria claro que era um homem só para
algumas noites e nada sério, esperava que ela entendesse, aquele meu ponto
sem relutar muito.
No entanto, ainda tinha tempo de explicar para ela como as coisas
funcionavam comigo, no momento eu só precisava conquistá-la a ponto de
querer ser minha…
Só minha, por algumas noites… somente algumas.
CAPÍTULO 07

Meus olhos passaram pelo interior do carro, que era mais confortável
do que o sofá da minha casa. Aquele automóvel deveria ser realmente muito
caro.
Depois de um trânsito infernal, mas que mesmo assim havia sido
mais rápido do que se tivéssemos vindo de ônibus, Mason estacionou em
frente à casa de Maya, que colocou a cabeça entre os bancos, depositando
um beijo em minha bochecha.
— Até amanhã, amiga! — Encarei seu rosto, assentindo em resposta
à sua despedida. Maya sem perder tempo, arregalou os olhos rapidamente,
antes que Mason percebesse e acenou levemente na direção do homem.
Sem fazer som algum, moveu a boca, para que só eu percebesse o que
queria dizer: — Pega ele, não perca tempo.
Revirei os olhos e um sorriso gigante se abriu em sua boca.
— Obrigada, pela carona, Mason!
— Por nada, Maya!
Depois de um aceno, ela saiu do carro e por fim, estávamos a sós e eu
não sabia se aquilo era bom ou ruim.
— Bom, agora é a sua vez de me passar o seu endereço.
Tinha quase certeza de que me arrependeria de deixar aquele homem
lindo se aproximar de onde eu morava, por isso, disse:
— Eu posso ir caminhando, nem é tão longe.
Senti quando Mason me fuzilou. Voltei minha atenção para ele e
tentei sorrir.
— Claro que vou te deixar em sua casa. — Ele fez uma pausa e olhou
para o para-brisa do automóvel. — Viu até o tempo está de acordo com
meus planos.
Apontou com o queixo na direção da sua defesa e quando encarei o
lugar, foi possível ver as gotas de chuvas salpicarem o vidro e parecia
bastante provável que logo cairia uma tempestade.
Soltei um suspiro e assenti.
— Tudo bem! — informei o endereço a Mason que o digitou no GPS
todo sorridente.
— Agora sim, podemos conversar — o homem ao meu lado
sussurrou, enquanto começou a se dirigir na direção da minha casa.
Na tela do GPS indicava que ainda ficariam juntos por mais vinte
minutos dentro daquele lugar. Maya morava perto e ao mesmo tempo um
pouco distante de mim.
— O que quer conversar que não falou na frente da minha amiga? —
indaguei me fazendo de desentendida, porque imaginava muito bem do que
Mason queria falar.
— Quero te conhecer melhor, coisinha irritante.
Sorri com a forma que ele voltou a me chamar. Não tinha como
discordar dele, pois eu sabia muito bem ser um pé no saco quando queria.
Ele parou em um sinal, voltando sua atenção para mim, Mason sussurrou:
— Vai me deixar te conhecer?
Olhei para ele e depois de soltar o ar, que parecia ter saído de forma
esganiçada, murmurei:
— Você sabe que não podemos nos envolver.
Resolvi ser verdadeira, porque um dos meus medos em relação a
Mason era aquilo… aquele problema gigante. Um sorrisinho despontou na
boca bonita e bem desenhada. Mason voltou a dirigir assim que o sinal
abriu, mas não deixou de falar.
— Por que não podemos?
Soltei mais uma lufada de ar pela boca.
— Você é o filho dos patrões da minha mãe e sabendo muito bem
como eles são, fica claro que eu não deveria nem ter aceitado essa carona.
Não passou despercebido, quando Mason apertou o volante com mais
força ao mencionar seus pais.
— Você sabe que tenho trinta e três anos? Que eles não mandam mais
na minha vida e que estou pouco me fodendo para a opinião deles?
Eu podia não o conhecer nem mesmo há um dia direito, mas ali, com
a forma que o homem ao meu lado reagiu, eu podia jurar que tinha algum
problema entre ele e os pais que ninguém mais sabia.
— Eu sei que você pode tomar suas próprias decisões, mas a minha
mãe pode muito bem ficar no meio de um tiro cruzado, se eu ao menos
aceitar o que você tanto está querendo.
Mason soltou uma risada.
— Não estou pedindo mais que um beijo e os Coleman não precisam
saber desse detalhe.
Nunca vi um homem tão decidido a me deixar louca por ele. Eu
estava conseguindo ser forte, mas não podia negar o quanto queria fraquejar
ao menos aquela vez, eu queria ser fraca para algo.
Mesmo sabendo que ele estava sendo tão insistente daquela forma,
porque eu o havia desafiado com aquela aposta filha da mãe.
— Eu já disse que isso não vai acontecer, Mason. Pode insistir o
quanto quiser, mas não teremos nada e eu nem te conheço.
— E por isso estou aqui, querendo te conhecer melhor, querendo
saber seus gostos, o que você gosta de fazer, para que eu possa te
conquistar.
Deu-me uma piscadinha rápida, enquanto voltava sua atenção para a
rua e eu agradeci por estarmos chegando, pois percebi que ele não deixaria
de insistir naquilo.
— Pode me deixar aqui, não precisa entrar na minha rua — disse,
antes que ele sequer ligasse a seta que levaria em direção ao meu prédio.
— Nossa, que irritante, vou te levar até a sua porta. A chuva está
ficando mais grossa, sua teimosa.
Não podia negar que os pingos realmente pareceram pesar mais de
uma tonelada e não precisou de nem um minuto para que a tempestade que
estava ameaçando caísse por completo sobre o automóvel.
Ainda bem que estávamos perto do prédio, pois assim que Mason
parou o carro no canto da rua, já não dava para ver quase nada do lado de
fora, mesmo que os limpadores estivessem rápidos o suficiente para tentar
deixar que o motorista visse algo.
Um raio despontou ao longe, fazendo com que eu estremecesse no
banco.
— Tem medo de chuva? — Mason perguntou.
— Não, mas foi tão do nada que me deixou meio apreensiva. Ainda
mais pela forma que está trovejando e tudo o mais.
Olhei para o lado de fora por um momento e voltei minha atenção
para Mason, que havia recostado no banco e estava aguardando
provavelmente que a chuva diminuísse.
— Quer entrar? — perguntei.
Seus olhos se voltaram para os meus.
— Posso?
Dei de ombros.
— Parece que não tem como eu te despachar daqui e não iria querer
que você esperasse a chuva passar aqui dentro do carro. Meu bairro não é o
melhor de Nova Iorque.
Mason sorriu, mas confirmou.
— Tudo bem, então, vamos!
— Corre, riquinho, senão a sua roupa cara vai molhar.
Enquanto eu saía rápido do carro, ouvi a risada de Mason e só não
olhei para trás, porque me molharia muito mais. Abri a porta que dava
acesso para dentro do prédio e não demorou muito para que Mason surgisse
ao meu lado, com os cabelos pingando água. Mesmo que fosse uma corrida
de cinco passos, a chuva estava tão densa, que acabou encharcando o
riquinho.
Sorri para Mason e ele retribuiu o gesto. Aquele canalha era lindo
demais, puta que pariu, a boquinha era uma graça e os olhos pela pequena
travessura que havíamos feito estavam brilhantes.
— Vem, riquinho, precisamos secá-lo, antes que pegue um resfriado.
Mason revirou os olhos, mas me seguiu sem relutar pelos lances de
escadas. Assim que cheguei no corredor que levava até o meu apartamento
estaquei no mesmo momento, fazendo com que Mason até esbarrasse em
meu corpo.
O que aquele desgraçado estava fazendo ali?
Assim que Daniel percebeu que eu estava acompanhada ele fechou a
expressão. Engoli em seco e olhei por cima do ombro, Mason tinha
percebido que algo estava errado.
— O que foi? — sussurrou.
— Só fica quieto — avisei, quando comecei a caminhar na direção de
Daniel, ou melhor na direção do meu apartamento.
Senti a presença de Mason às minhas costas e mesmo não querendo
admitir, agradeci mentalmente por estar acompanhada naquele momento.
Talvez aquela chuva tenha vindo em um momento propício.
— Quem é esse? — Daniel quase rosnou ao fazer a pergunta, assim
que me aproximei o suficiente dele.
— Não te interessa. O que você quer? — Meu tom de voz não deu
abertura para que ele perguntasse mais nada.
— Precisamos conversar, ontem…
— Não tenho nada para conversar com você. Some daqui! —
Apontei na direção das escadas.
Daniel fechou ainda mais a expressão e eu senti minha pele se
arrepiar de medo.
— Quem sabe quando deve se afastar sou eu, Ava e você…
Ele deu um passo em minha direção, fechei meus olhos sabendo o
que poderia acontecer comigo, como muitas vezes aconteceu, mas assim
que percebi que Daniel havia parado de falar, abri meus olhos lentamente.
Mason havia se colocado na minha frente e eu temi muito pela vida
do homem diante de mim, que parecia estar pronto para defender a garota
que só soube ser idiota com ele. A garota que ele nem mesmo conhecia, só
sabia que ela era filha da empregada dos seus pais.
— Acho que você ouviu o que Ava disse. Então some daqui, ou eu te
mostrarei o caminho da saída.
Engoli em seco, sentindo meu corpo tremer. Meu Deus! Mason não
sabia o risco que ele estava correndo.
— Sabe com quem tá falando, playboy? — Daniel bradou.
— Com um babaca que acha que pode aumentar a voz para uma
mulher e pressioná-la a fazer o que ele quer. Não tenho medo de você se é
isso que está querendo insinuar com essa sua pose de machão de merda.
Quando Mason tentou avançar um passo a mais na direção de Daniel,
apoiei minha mão em sua cintura e acho que meu toque fez com que se
acalmasse, mas ainda não foi o suficiente para que ele desviasse a atenção
do homem à sua frente.
No entanto, aquele toque também não passou despercebido por
aquele monstro que encontrou meu olhar de nojo na sua direção.
— Ainda iremos conversar, Ava.
— Não tenho nada para falar com você — sussurrei, mas por sorte
não deixei minha voz transparecer o medo que estava sentindo.
Daniel por fim se afastou, indo na direção das escadas. Afastei a mão
da cintura de Mason, conforme ele se voltava na minha direção com uma
expressão preocupada.
Peguei a chave e destranquei a porta, logo entramos em silêncio
dentro do minúsculo apartamento que provavelmente deveria ser do
tamanho de um quarto da mansão onde o riquinho morava.
Depois de me certificar de que havia trancado a porta, joguei minha
mochila no chão, perto de um dos cantos da sala e encarei Mason que me
olhava em silêncio, enquanto a chuva ainda caía desesperada do lado de
fora.
— Vou querer saber quem é aquele idiota?
Neguei, mas consegui dizer, deixando que o medo ficasse evidente
em minha voz.
— Não chegue perto dele. Daniel é muito perigoso, você não devia…
Mason me cortou, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa.
— Ava, uma coisa é eu ter cometido um erro ontem, quando segurei
seu braço daquela forma, e eu me arrependo de passar aquela imagem a
você. Outra diferente é se eu estiver perto e um homem como aquele quiser
dar um de valentão para cima de uma mulher... — Tentei falar algo, mas ele
não deixou. — Sei que vocês são fortes e sabem se defender, mas isso não
impede que eu me intrometa em algo que ache abusivo demais.
Mason deu de ombros e caminhou um passo na minha direção, depois
outro parando a poucos centímetros de mim.
— Se precisar de um defensor pode me chamar.
Sentindo um pouco do medo se dissipar do meu corpo, consegui abrir
um sorriso leve em minha boca.
— Obrigada! — agradeci, mesmo que eu soubesse que Mason tinha
entendido que eu estava agradecendo por sua atitude no corredor e não pela
sua oferta para ser meu defensor.
— Faço o que posso.
Mais um raio brilhou e logo o barulho do trovão vibrou até mesmo as
paredes do apartamento.
Como a chuva não parecia que passaria tão cedo, inquiri:
— Aceita ficar para o almoço?
— Se você não colocar veneno, aceito.
Soltei uma risada, como ele conseguia ser tão imbecil.
— Vou pensar no seu caso — brinquei.
Indiquei a cozinha, logo o riquinho estava me acompanhando para o
lugar e antes de começar a preparar a comida, eu o encarei de esguelha.
Talvez a imagem que tive em um primeiro momento de Mason
estivesse mudando… e novamente não sabia discernir se aquele fato era
bom ou ruim.
Mas no fundo eu torcia para ser bom…
CAPÍTULO 08

Meu sangue ainda estava fervendo com muita vontade de caçar


aquele desgraçado que tentou se aproximar de Ava de um jeito
completamente absurdo.
Só de pensar a forma que ele a olhou como se ela pertencesse a ele, e
não pudesse estar ao lado de um homem. Fechei minhas mãos em punhos
só por recordar aquele momento.
O cara era mais ou menos da minha altura e jurou que eu sentiria
medo dele, por parecer um criminoso de qualquer facção que fizesse parte
daquele bairro, mas sinceramente, eu não me deixava intimidar por homens
como aquele, eles adoravam pagar de machão para cima de mulheres
indefesas.
Olhei na direção da garota que estava terminando de preparar o
almoço. Até me ofereci para ajudá-la a cortar os legumes, mas assim que a
faca bateu em meu dedo e o sangue escorreu, Ava achou melhor continuar
fazendo tudo sozinha.
O corte não havia sido profundo e depois de um curativo estava sob
controle.
Fiquei observando a mulher se mover pela cozinha pequena,
enquanto ficava sentado em uma das cadeiras da mesa, esperando a comida
ficar pronta. A chuva ainda não havia amenizado e parecia que todo minuto
que passava aumentava um pouco mais a intensidade das gotas que caíam.
O cheiro gostoso da comida tomou meu olfato e senti minha boca até
mesmo salivando com vontade de provar os legumes salteados com carne
que Ava estava preparando.
Olhei mais uma vez ao redor do lugar, o apartamento era bem
simples, muito pequeno, mas tinha algo que a mansão dos meus pais nunca
teria: cheiro de casa.
Nas paredes da sala, vários porta-retratos despontavam, algumas
plaquinhas com mensagens motivacionais também ficavam espalhadas por
ali. Na cozinha tinha algumas também com frases sobre comida e para falar
a verdade adorei observar um pouco daquele ambiente acolhedor.
Por fim, olhei na direção de Ava que finalizava a comida e assim que
ela desligou o fogão se voltou em minha direção e me pegou a encarando.
— O que foi? — indagou.
Antes de começar a cozinhar, ela havia prendido o cabelo em um
coque, dando uma visão maravilhosa para seu pescoço que quase implorava
para ser beijado.
— Só reparando na garota mais linda que já conheci.
Ava soltou uma gargalhada e eu gostei de ouvir aquele som. Porque
desde que havia enfrentado aquele imbecil do lado de fora do seu
apartamento, ela meio que mudou a forma meio agressiva que falava
comigo.
Talvez tivesse percebido que eu não era tão troglodita como ela
pensava.
— Você é um fanfarrão, Mason!
E tinha outra coisa que chamava minha atenção para aquela garota
que estava adorando pisar em mim. Ela me tratava como uma pessoa
normal, não como a maioria das pessoas que queriam somente saber da
minha herança.
— Um fanfarrão maravilhoso, vamos combinar — brinquei.
Ava balançou a cabeça, ainda sorrindo e caminhou até o armário da
cozinha pegando dois pratos e os talheres para almoçarmos.
— Olha, não tenho vinho nem nada do tipo que um riquinho é
acostumado a tomar em suas refeições, mas tenho refrigerante.
Anunciou assim que colocou o prato à minha frente na mesa. Dei de
ombros sussurrando:
— Não me importo, posso tomar refrigerante, apesar de achar que o
vinho é mais saudável.
Ava me mostrou a língua e caminhando até a geladeira comentou:
— Eu tenho vinte e três anos, deixa eu viver minha vida com celulites
e algumas gorduras a mais no corpo, não tem como ser feliz sem
refrigerante.
Ela pegou a garrafa da geladeira, depositou em cima da mesa e como
eu não valia nada, acabei dizendo:
— Ah, eu conheço algumas coisas que poderiam entrar para sua lista
e te fazer feliz mais do que o refrigerante.
Ava me encarou com um sorrisinho na boca sabendo exatamente do
que eu estava falando.
— Você não desiste mesmo, não é?
— Ah, eu não desisto mesmo, enquanto eu não tiver o que quero.
Revirou os olhos e apontou para o fogão.
— Vá se servir, riquinho e mimado, não vou colocar comida para
você.
Levantei-me da cadeira, mas antes de caminhar até o fogão, caminhei
até onde Ava estava e percebi que o sorrisinho em sua boca foi morrendo
devagar conforme me aproximava dela.
Parei próximo ao seu corpo, sussurrando em seguida:
— Sente-se, vou servir você, já que preparou a comida. — Ava me
encarou chocada.
Puxei a cadeira para ela que não se fez de rogada e com o sorriso
voltando à sua boca, sentou-se e esperou que eu fizesse o que havia falado.
Assim que a comida estava em seu prato e no meu, sentei-me à sua
frente e indiquei que começasse a comer. Ava começou a mastigar a comida
e eu levei a primeira garfada à boca, quando o sabor bateu em meu paladar
quase chorei de emoção.
Aquilo estava divino!
— Nossa, você cozinha muito bem! — elogiei.
— Obrigada! — Tomou um gole do refrigerante que estragaria o
gosto supremo daquela comida. — Eu trabalho aos finais de semana em um
restaurante, algumas horas, para ajudar na renda de casa e lá aprendi muito
com o chefe do lugar.
Pelo jeito a garota era batalhadora como a mãe e eu admirava aquilo.
— Qual restaurante? — Quis saber.
— No Tomorrow! — respondeu.
Sabia muito bem onde ficava.
— Conheço os donos de lá — comentei.
— Claro que conhece, ricos acabam conhecendo ricos e tudo o mais.
Deu de ombros, voltando a se fartar da comida.
— Você parece não gostar muito da minha classe social.
Ela respirou profundamente.
— Não é nada contra a classe, mas sim contra a maioria das pessoas
que fazem parte dela. Elas costumam se achar melhores do que as outras só
por terem uma conta bancária gorda. Os donos do restaurante humilham os
funcionários sempre que podem, seus…
Ela se calou, mas sabia muito bem o que iria dizer.
— Meus pais fazem isso com sua mãe?
Ava desviou os olhos dos meus e assentiu.
— Eles não se importam que ela tenha um problema sério de coluna.
Quando mamãe falou para eles, pareceu que fizeram questão de delegar
mais funções a ela, que não pode parar de trabalhar, porque quer que eu
foque nos meus estudos, e eu me sinto tão culpada por não poder ajudá-la
mais. Me sinto uma péssima filha.
Meu sangue ferveu.
— Eu vou falar com eles!
Ava arregalou os olhos e quase gritou:
— Não, se minha mãe souber que eu disse algo, ela me mata. Não
ouse se meter nisso, só comentei, porque estávamos conversando sobre isso,
por favor, não faça nada que possa colocá-la em algum risco de perder o
emprego.
Assenti, enquanto murmurava:
— Sei como meus pais podem ser complicados.
Minha fome até havia passado ao ouvir aquilo. Como eles podiam ser
tão canalhas, como podiam pensar somente neles?
Pensei que com o tempo que havia passado afastado, eles se
tornariam ao menos um pouco melhores do que eram, mas pelo visto nada
mudava na vida daqueles dois.
— Sinto muito por falar deles — Ava pediu.
— Não tem nada que sentir, sei que não está mentindo, afinal eu sou
o filho deles e sei do que são capazes.
Percebi o momento que despertei a curiosidade da garota à minha
frente.
— Vou querer saber o que eles fizeram com você? — questionou.
Sorri de lado para ela, tentando diminuir a tensão daquele momento.
— Você me dá um beijo se eu contar?
Ava novamente gargalhou e eu abri um sorriso maior ao ver sua
reação.
— Você realmente é impossível, Mason.
Levantei minhas mãos e como se estivesse me rendendo, sussurrei:
— Tenho que tentar aproveitar as oportunidades que surgem, vai que
você aceita uma delas.
Ava só balançou a cabeça e voltou a comer, fiz exatamente a mesma
coisa, mesmo que meu estômago tenha se fechado depois que ouvi o que
meus pais haviam feito com a mãe de Ava.
Pelo jeito teria que fazer algo impensado mais uma vez pela garota
que havia acabado de conhecer, mas que estava louco para proteger.
Parecia que algo gritava para que eu fizesse aquilo… algo que eu não
sabia explicar, porém, que iria deixar que conduzisse meu destino para
aquela vontade incontrolável e quem sabia assim ela não daria uma chance
para mim?!
CAPÍTULO 09

A chuva depois de duas horas havia por fim diminuído sua


intensidade e depois do almoço, Mason e eu jogamos um pouco de conversa
fora na sala, enquanto esperávamos a chuva cessar.
E naquele momento, quando olhei para a janela e vi que as gotas já
estavam bem fininhas, senti um peso tomar meu peito, porque eu realmente
gostei de passar aquela tarde com Mason Coleman, que não aparentava ser
nada parecido com seus pais.
— Acho que chegou a hora de ir embora — murmurou.
Voltei minha atenção para ele e seus olhos encararam os meus com
uma intensidade que fez até mesmo minha pele se arrepiar e daquela vez
não era medo, e sim desejo.
— Não precisa ir se não quiser — sussurrei.
Mason sorriu de lado, fazendo aquela boca linda e desenhada chamar
minha atenção.
— Preciso ir, ainda tenho coisas para resolver, já que vou me mudar.
Aquela informação me pegou de surpresa.
— Você vai sair da mansão?
— Sim, prefiro morar sozinho a morar com meus pais, até porque me
acostumei a viver sem eles.
Pelo pouco que tínhamos falado sobre os Coleman, Mason havia
deixado claro o quanto não concordava com muitas atitudes do casal que se
achava melhor do que Deus.
Mason se levantou e eu fiz o mesmo, para ao menos acompanhá-lo
até a saída.
— Adorei o almoço e se eu puder retribuir lhe convidando para sair
no final de semana.
Ele não perdia a oportunidade de tentar algo comigo.
— Pensei que participaria da festa que seus pais vão dar no final de
semana.
Ele revirou os olhos.
— Acho que deixei claro o que acho sobre eles.
Abri um sorriso e concordei.
— Tenho que aceitar essa explicação, mas não sei se irei sair com
você.
Sorri de lado e não passou despercebido para mim o quanto ele me
comia com os olhos, enquanto eu caminhava até a porta.
Coloquei a mão na chave para destrancá-la, mas antes que pudesse
girar a chave senti Mason parando atrás de mim, tão próximo que o calor do
seu corpo aqueceu o meu por completo.
— Antes de eu ir, queria que soubesse que seu cheiro é viciante e que
não consigo esquecê-lo.
Fechei meus olhos, à medida que sentia Mason se aproximar ainda
mais de onde eu estava, até que sua boca roçou o lóbulo da minha orelha.
— Realmente gostei de passar essas horas com você.
Mordi meu lábio inferior, conforme os lábios de Mason ainda
pairavam naquela parte pequena da minha orelha, que fazia misérias com
meu corpo.
Girei minha cabeça o suficiente para encontrar seus olhos. Quando
nos fitamos, mais um sorriso despontou na boca de Mason, mas dessa vez
não tinha aquela presunção que ele costumava deixar em evidência. Era um
sorriso leve, um que me desmontou por completo, destruindo a barreira que
tentei colocar entre nós dois.
Meus olhos se fixaram naquela parte do seu rosto que estava me
atraindo mais do que eu queria admitir. Senti até mesmo a atmosfera ficar
carregada com uma mistura de antecipação e nervosismo, criando um
momento de pausa antes do inevitável. Eu já tinha entendido que não
adiantava fugir do que eu tanto queria, ainda mais quando Mason era tão
insistente em relação a um beijo.
Ele se aproximou lentamente um pouco mais de mim, seus olhos
fixos nos meus, como se estivesse lendo meus pensamentos. Minha
respiração ficou um pouco mais agitada, acompanhando a aproximação dele
em minha direção. Minha mão caiu da chave, o que permitiu que meu corpo
todo se virasse na direção de Mason.
Por fim, senti minhas costas baterem na parede ao lado da porta. O
corpo de Mason se encostou no meu e eu me calei. Seus lábios estavam a
apenas centímetros dos meus, e eu podia sentir o calor de sua presença
envolvendo-me. Seu hálito encontrou o meu e fui capaz somente de engolir
em seco, antes que seus lábios tocassem os meus.
Um arrepio percorreu minha espinha ao sentir seu toque suave, cheio
de respeito e delicadeza, como se estivéssemos fazendo o reconhecimento
de um território novo e não sabíamos como avançar naquele lugar, mas que
parecia ficar delicioso a cada segundo que passava.
Minhas mãos instintivamente encontraram seu rosto, acariciando sua
pele macia enquanto nossos lábios se moviam juntos em um ritmo perfeito.
Quando a língua de Mason se encostou na minha, toda aquela lentidão de
reconhecimento foi esquecida.
Levei as mãos que estavam em seu rosto, direto para sua nuca e o
puxei mais de encontro a mim, querendo mais daquele toque que parecia
me deixar tão necessitada. Mason me entregou tudo o que pedi, sua mão
apertou com força o meu quadril e aprofundou o beijo com vontade, desejo,
desespero.
A sensação de seus lábios contra os meus era intoxicante, e me senti
viciando naquele gosto, naquela boca, em Mason Coleman. Entreguei-me
por completo àquele beijo voraz que havia se transformado muito rápido e
que já fazia um calor obsceno subir por minhas pernas e se alojar bem no
meu ponto de mais prazer.
Pela primeira vez me senti beijada de verdade, venerada por alguém
que parecia me respeitar, no entanto, quando uma das mãos de Mason subiu
pela minha cintura e tocou por cima da blusa que eu usava em meu seio,
aquilo fez com que eu saísse do transe em que me coloquei.
Tirei as mãos da sua nuca e apoiei-as em seu tórax afastando seu
corpo completamente do meu. Estávamos ofegantes, mas tinha quase
certeza de que Mason percebeu o medo em meus olhos, porque ele franziu
o cenho.
— Eu te machuquei de alguma forma? — Parecia preocupado.
Neguei.
— Desculpe, é só que… era só um beijo — sussurrei.
Mason voltou a se aproximar de mim e tocou meu rosto com sua mão
grossa e grande. Acariciou minha bochecha, levantou um pouco do meu
rosto na sua direção e sorriu de lado.
— Eu que devo pedir desculpas, me perdi tanto na sua boca que
avancei sem que você permitisse. Não farei mais isso, só quando você me
pedir.
Tentando esquecer o que havia acontecido, abri um sorriso.
— Você é tão convencido. Quem disse que vou pedir algo?
Mason sorriu e me roubou um selinho, logo se afastando e se
gabando.
— Você disse que não queria me beijar e olha onde estamos.
Canalha!
— Vai embora, Mason! — Fuzilei-o, mas não demorou muito para
que um sorriso brincasse em meus lábios.
— Vou, mas pense com carinho no meu convite. Ainda quero sair
com você no final de semana.
Assenti e recebi um beijo carinhoso na testa.
— Depois me manda seu número.
Concordei novamente, logo Mason abriu a porta e eu voltei à
realidade.
— Te acompanho até a saída.
— Não precisa. Ainda me lembro da forma que aquele cara te olhou,
não quero que você se encontre com ele, caso ele esteja nesses arredores.
Um bolo pareceu se formar em minha garganta e eu concordei. Não
queria ver Daniel, de jeito nenhum, ainda mais depois daquelas lembranças
terem pairado sobre minha mente há alguns minutos.
— Obrigada!
Mason me deu uma piscadinha.
— Me agradeça aceitando o convite para sair comigo.
Ele se afastou sem esperar que eu lhe desse algum tipo de resposta e
eu fiquei observando até que o homem lindo, que usava uma calça jeans e
uma camisa de manga longa sumisse das minhas vistas para voltar para
dentro do apartamento.
Levei meus dedos à minha boca e sorri ao preencher minha mente
com o beijo, tirando aquelas lembranças ruins que ainda pairavam por ali.
Mason era completamente diferente do que pensei.
E talvez aquele tenha sido mais um dos erros da minha vida… porque
acreditei nele… acreditei no seu caráter…
Acreditei que ele era diferente… e me enganei.
CAPÍTULO 10

Por todo o caminho pensei em tudo o que Ava havia me dito. Tanto
sobre meus pais, quanto sobre as pessoas da alta sociedade que se achavam
melhores do que os outros.
E foi por isso, que não esperei que chegasse a semana seguinte,
naquele dia mesmo resolvi ir para a cobertura. Minha mãe ainda tentou
reverter aquela decisão, mas deixei claro que não queria ficar na mansão.
Por isso, naquele instante, olhando de uma das vidraças que iam do
teto ao chão, observava Nova Iorque. Um copo de uísque estava em minha
mão, balancei o objeto observando o líquido âmbar se mover lentamente
dentro do copo.
Sorri para aquele movimento, deixando que as recordações do beijo
tomassem minha mente, no entanto, no mesmo momento a reação estranha
de Ava tomou meus pensamentos e eu fechei a mão com mais força em
volta do copo.
Alguma coisa muito séria havia acontecido com aquela garota, o que
fazia ainda mais o meu instinto protetor aguçar. Quase a abracei naquela
hora e prometi que nada de ruim aconteceria a ela, mas não podia fazer
aquilo, ainda mais que não tínhamos nada e eu não pretendia ter.
Aquela garota, mesmo que estivesse me cativando de um jeito muito
insano, não faria com que eu quisesse um relacionamento. Havia objetivos
em minha vida que não incluiriam um romance e por isso, mesmo se ela
aceitasse continuar saindo comigo, deixaria claro que seríamos somente um
caso qualquer sem nenhuma amarra.
Tomei o uísque em um único gole e caminhei até a bancada do bar
depositando o copo da bebida ali.
Olhei ao redor observando a cobertura muito bem-organizada. Com
um espaço amplo, uma televisão maior do que o necessário, mas que ao
menos eu podia chamar aquele lugar de meu.
Desde quando fui embora de Nova Iorque, coloquei um objetivo em
minha vida de que não seria mais controlado pelos meus pais. E sabia que
havia feito a escolha certa, quando Ava me disse sobre a situação da sua
mãe.
Estava até mesmo pensando em contratar a mulher, para que ela não
precisasse passar pela humilhação de ter que trabalhar para aqueles dois.
Caminhei até o sofá, sentei-me sobre o móvel pegando meu celular,
abri o aplicativo e enviei uma mensagem para Ava. Ela havia me mandado
seu número mais cedo, mas não havia tido tempo para conversar com ela
depois que a deixei em seu apartamento.

Mason: Como está a mulher mais


deliciosa desse mundo?

Não demorou nada para a resposta de Ava surgir na tela.


Ava: Não sei se sou deliciosa,
mas estou tentando dormir,
já que amanhã tenho aula,
e não estou conseguindo.

Ela era tão novinha e mesmo assim havia despertado o meu desejo
incontrolável por ela. E tendo ciência daquele pensamento, não consegui
evitar minha pergunta ousada.

Mason: Posso te pegar aí


e te levar para a aula amanhã.
O que acha?

Daquela vez a resposta demorou a vir. Sabia que provavelmente a


garota devesse estar pesando a decisão de aceitar ou não minha proposta.

Mason: Para de pensar tanto,


só vive o momento, Ava.

Decidi tomar a iniciativa para que ela entendesse que estava disposto
a curtir aquela loucura que estava tomando nós dois. Algo tão insano que
surgiu em questão de poucas horas. Aquilo nunca havia acontecido, mas
não era um idiota para negar o quanto queria estar com ela.
E quando o celular notificou a chegada da mensagem destravei a tela
e li suas palavras.

Ava: Por que tanta insistência?


Já nos beijamos, quer mais o quê?

Sorri de lado, sabendo que ela estava certa, mas não admitiria aquilo.

Mason: Simples, Ava.


Eu quero mais… muito mais beijos.
E estou disposto a esquecer que você
deve ser bem mais jovem do que eu,
uma menina comparada aos meus trinta e três anos,
e mesmo assim, eu te quero toda pra mim.

Ava: E se eu não quiser nada disso?

Foi verdadeira e eu decidi ser também, porque não era nenhum


abusador.

Mason: Então me afastarei e irei prometer


que nunca mais te perturbarei com nada disso.
Era um fato, se ela realmente falasse para que eu parasse eu cessaria
qualquer tentativa de ter algo com ela.

Ava: Me busca amanhã às 07:00, riquinho.


Você está me deixando inquieta,
quero entender o que isso significa.

Deixei meu corpo relaxar sob o sofá e me senti vitorioso. Tinha


ganhado a batalha contra a rabugentinha, agora seria fácil tê-la para mim.
Iria deixar claro para que não se apaixonasse, que seríamos somente
um casal sem compromisso que matava aquela vontade insana de ficar um
com o outro.
Já que eu tinha certeza de que aquela inquietação que Ava sentia era a
mesma que eu sentia desde a primeira vez que a vi…
Eu a queria, ela me queria e nós viveríamos aquilo…
Desci as escadas um pouco mais afoita do que o normal. Eu
continuava sem acreditar que Mason realmente havia vindo me buscar,
ainda achei que ele podia mudar de ideia durante a noite, mas ali estava ele,
assim que abri a porta do prédio o sorriso encantador surgiu em sua boca.
Aquele desgraçado era lindo demais!
E eu nunca me cansaria de pensar sobre aquilo, pois toda vez que o
via sua beleza me impactava.
— Bom dia! — cumprimentou-me.
Sorri na sua direção e me aproximei de onde ele estava.
— Bom dia! — Mordi meu lábio inferior ao encarar seus olhos. —
Pensei que não viria.
Mason fez uma careta que me causou uma risada.
— Vai perceber que eu costumo cumprir com o que prometo, Ava.
Quando fui responder, senti algo ruim e olhei para os lados,
percebendo que estava sendo observada pelo monstro que ainda dominava
os meus pesadelos.
Minha expressão fechou e provavelmente Mason percebeu que eu
não o encarava mais, por isso virou a cabeça na direção de Daniel e também
o encarou.
Os dois trocaram olhares meios assassinos, mas decidi acabar com
aquilo antes que algo pior acontecesse. Coloquei a mão em seu braço e
quando o homem voltou sua atenção para mim, pedi:
— Vamos sair daqui, não quero que comecem uma briga.
— Como você quiser, Ava!
Assenti e Mason contornou o carro ao meu lado, logo abrindo a porta
para mim. Entrei no local, sem deixar de perceber que Daniel continuava
nos olhando. Logo o riquinho entrou no automóvel e deu a partida,
afastando-me daquele homem cruel.
Quando saímos do meu bairro, Mason sussurrou:
— Em algum momento vou poder saber o que aquele idiota significa
em sua vida?
Não consegui encará-lo. Continuei olhando para a frente, para o
trânsito que começava a se transformar em um pequeno pandemônio.
— Ele é meu ex-namorado.
Senti os olhos de Mason passarem rapidamente por mim e voltar para
a rua.
— Pelo jeito ele não aceitou bem o término.
Neguei, mas não queria tocar naquele assunto. Soltei um suspiro e
resolvi falar de algo menos complicado. Bom, continuava sendo um
problema, mas ao menos não se tratava de um homem que me dava medo.
— Amanhã é sábado, você disse sobre sairmos no final de semana,
mas tenho que trabalhar, então poderia ser hoje?
— Claro que pode!
— Então tá bom, eu aceito.
Mason tirou uma das mãos do volante e tomando uma iniciativa
ousada, ele segurou minha mão que estava apoiada em minha coxa.
— Que tal, se eu te levar a um restaurante do seu agrado e depois
você conhecer minha cobertura?
Revirei os olhos e o encarei sem acreditar na cara de pau que aquele
safado possuía.
— Não vou transar com você, Mason.
Ele gargalhou e deu um leve aperto em minha mão.
— Que pervertida, eu não disse nada sobre transar.
Foi a minha vez de soltar uma risada.
— Não precisa nem mesmo falar. A desculpa é me levar para
conhecer a sua cobertura, cria vergonha.
Ele deu de ombros e quando parou em um sinal voltou seus olhos na
minha direção.
— Tenho que jogar com todas as minhas forças.
Afastei sua mão da minha e sussurrei:
— Preferia ir ao cinema. Sei lá, eu meio que gosto de assistir filmes e
amanhã já passarei boa parte do meu dia em um restaurante, então…
— Sou muito velho para esses passeios adolescentes — brincou.
— Você só é dez anos mais velho do que eu e nem aparenta ter trinta
e três anos. Deixa de ser chato e vamos ao cinema.
Mason revirou os olhos, voltando a dirigir, assim que o sinal foi
aberto.
— Qual o filme que quer assistir?
Sabia que tinha ganhado a batalha e talvez Mason fosse aquele tipo
de homem que eu pensei que nunca encontraria.
Será que ele era o tão sonhado príncipe em um cavalo branco?
Aquilo só o tempo diria… e eu daria uma chance para aquela
maluquice que tinha recaído sobre a minha vida.
Talvez eu conseguisse enfim conhecer uma parte boa sobre
envolvimento com um homem… e não aquilo que havia passado.
Aquele terror!
CAPÍTULO 11

Rendido!
Cachorrinho!
Idiota!
Não sabia como iria me chamar a partir daquele momento, porque ali
estava eu, me dirigindo para o apartamento de Ava, porque ela
simplesmente queria assistir um filme e claro que eu realizaria a sua
vontade igual a um animalzinho obediente.
Eu só queria transar com a garota, mas pelo jeito teria que escalar
diversos obstáculos para enfim conseguir o que tanto desejava.
Talvez estivesse parecendo um filho da puta por pensar daquela
forma, no entanto, não podia mentir. Queria levar Ava para a cama e se eu
precisasse assistir quinhentos filmes eu assistiria. No entanto, só faria
aquilo quando ela me permitisse, quando falasse que tudo bem, que
poderíamos avançar por aquele caminho que ela parecia meio relutante.
Estava acostumado a conhecer mulheres e na mesma noite levá-las
para a cama, mas com Ava já havia entendido que precisava de calma e
tinha certeza de que não me arrependeria de esperar pelo momento que ela
achasse ideal.
Parei o carro em frente ao prédio, peguei o celular e avisei a Ava que
estava lhe esperando. Ela disse que já estava descendo, então preferi sair do
carro para esperá-la.
Só que não demorou muito para três homens se aproximarem de onde
eu estava e não foi difícil reconhecer o cara que estava entre os dois
armários que se aproximavam.
O que aquele infeliz queria?
— Acho que você tá frequentando demais essa região, playboy.
O tal Daniel disse ao parar à minha frente.
— Tenho meus motivos para frequentá-la, afinal, tenho o direito de ir
e vir para onde quiser.
O homem de cabelos escuros cuspiu no chão, próximo ao meu sapato
caríssimo, mas tentei relevar, não queria esmurrá-lo ali, muito menos
sabendo que a qualquer momento Ava podia surgir pela porta de saída.
Sem contar que covardes como aquele Daniel, sempre adoravam
andar acompanhados quando saíam para fazer algum tipo de encrenca,
então eu não cairia na sua pilha.
— Vou te dar um aviso, playboy. — Elevei uma das sobrancelhas e
cruzei meus braços, com puro desdém em minha expressão. — Se afaste da
minha bonequinha, se não as coisas não ficarão boas para o seu lado.
Não gostei da forma que ele havia chamado Ava. Ela realmente era
uma fofa, podia muito bem ser chamada de bonequinha, mas por pessoas
que pareciam se importar com ela, não por aquele escroto que
provavelmente fazia aquilo para pressioná-la de alguma forma.
— Eu não sei do que você está falando — respondi, tomado pela
ironia.
A porta do prédio abriu e Ava saiu na hora em que Daniel quis
avançar na minha direção. Percebi quando o medo estampou seu rosto e ela
caminhou rapidamente para o meu lado.
— O que você tá fazendo, Daniel?
O perfume delicioso tomou meu olfato e xinguei aquele desgraçado
mentalmente por ter feito eu perder a visão daquela garota. De esguelha
percebi que usava uma calça colada, uma bota de cano curto, uma blusa
preta e uma jaqueta de couro também da mesma cor. Os cabelos ondulados
estavam soltos, mas não dava para ficar babando nela naquele momento, já
que aqueles imbecis ainda estavam ali.
— Estou dando um aviso para seu novo amigo, bonequinha. — O
apelido pareceu travar Ava, percebi que toda a sua petulância havia caído
por terra e naquele instante resolvi sair do meu estado passivo.
— Com quem ela sai ou deixa de sair não é da sua conta, Daniel —
rosnei. — E se você continuar a perseguindo como está fazendo, se prepare
para enfrentar as consequências dos seus atos.
O homem sorriu de forma ameaçadora, mas vi quando o ódio tomou
sua expressão, assim que segurei a mão de Ava na minha.
— Você não sabe com quem está mexendo, playboy.
Sorri de lado para ele, passando meus olhos de cima a baixo, depois
fazendo o mesmo com seus acompanhantes.
— Eu posso te fazer a mesma ameaça. Afinal, com o dinheiro que
tenho acabo com você ou com qualquer um que entrar no meu caminho.
Odiava agir como meus pais, colocando o dinheiro sempre acima de
tudo, mas aquele cara estava me tirando do sério.
— Veremos, playboy.
Puxei Ava para o outro lado do carro e abri a porta para ela. Logo que
fechei, voltei-me na direção do motorista e encarei os três homens que
ainda estavam parados na calçada muito próximo de mim.
— Não tenho medo de gangue alguma — avisei.
E por fim, entrei no meu BMW, dei partida saindo daquele bairro o
mais rápido que pude. Não sabia como Ava conseguia morar no subúrbio,
mas entendia que o dinheiro era escasso e que ela e dona Stella não tinham
muita opção de moradia.
Apertei o volante com força enquanto dirigia. O carro ficou em
silêncio por um bom tempo, mas depois quando estávamos afastados o
bastante daquele lugar disse:
— Não quis humilhar ninguém em relação a meu dinheiro, mas
aquele cara me irritou e foi a única forma que achei de calar a boca dele.
— Ele nunca me deixará em paz, nunca… eu o odeio tanto.
E só naquele momento percebi que Ava chorava. Sem me importar
com nada, liguei a seta e parei em um lugar permitido.
— Ei, não fica assim!
Sem que me desse permissão, soltei seu cinto e a puxei para o meu
colo. Ela não pareceu relutar, e aquilo me fez sentir ainda mais necessidade
de cuidar dela naquele momento. Ava apoiou sua cabeça em meu ombro e
chorou.
Esquecendo completamente os meus planos de não me tornar íntimo
o suficiente, abracei seu corpo com um dos braços, enquanto levava uma
das mãos aos seus cabelos e acariciava para ver se ela com aquele toque ela
se acalmava.
— É muito difícil, sabe?
Não, eu não tinha como saber, mas imaginava que algo muito ruim
havia acontecido para que ela estivesse agindo daquela forma.
— Eu imagino que seja, e eu estarei aqui para te dar o ombro amigo a
qualquer momento que precisar.
Ava se afastou do meu abraço e encarou meu rosto, com os olhos
marejados, as bochechas meio coradas pelo choro constante, ela parecia tão
triste, tão desolada, tão sozinha naquele mundo.
— Você nem me conhece, como pode estar pegando minhas dores
dessa forma?
Passei as mãos pelo seu rosto, secando suas lágrimas.
— Não é necessário ter alguém ao seu lado por longos anos para
saber o momento de querer apoiar aquela pessoa. Nosso destino meio que
nos conectou de alguma forma, talvez fosse para sermos amigos e um
ajudar o outro com as dificuldades da vida.
Ava me fitou profundamente e depois de um longo suspiro assentiu.
— Você só está sendo fofo para me levar para a cama, não é? — Com
os olhos ainda úmidos das lágrimas, ela jogou a verdade no ar e não quis
mentir.
— Eu realmente quero te levar para a cama, muito, estou indo no
cinema com segundas intenções, mas talvez eu esteja sentindo vontade de
ser seu amigo. E quem sabe não podíamos ter uma amizade colorida, o que
acha?
Ela piscou e mais lágrimas escorreram pelo seu rosto, mas a menção
de um sorriso brincou em sua boca.
— No momento não quero fazer sexo — sussurrou.
— Então, eu só fico beijando essa boca gostosa, não é uma boa
ideia?
Daquela vez o sorriso que se formou em sua boca foi maior e
novamente os olhos se voltaram para os meus.
— Você realmente não desiste.
— Não desisto, ainda mais que já ganhei a aposta, então… — Dei de
ombros.
Ava tomando a iniciativa que não pensei que ela faria tão cedo,
pousou uma de suas mãos em meu rosto e lentamente aproximou seu rosto
do meu.
Sua boca não demorou a encontrar a minha. A garota sugou meu
lábio inferior com os seus e rapidamente permiti que sua língua avançasse
para dentro da minha boca. Levei uma das mãos até sua nuca segurando sua
cabeça no lugar, enquanto aprofundava o beijo.
Seus lábios eram macios, o hálito mentolado era quase uma dádiva e
a boca na minha era algo que eu parecia realmente necessitar. Nunca fiquei
com tanta vontade de provar uma mulher quanto estava com desejo em
Ava.
Quando ela se afastou do meu beijo, a boca estava vermelha e seu
fôlego meio ofegante, mas ao menos as lágrimas haviam parado.
— Você é linda! — sussurrei, percebendo que eu também estava
arfante.
— Obrigada, você também é! — respondeu de forma doce.
Completamente diferente da mulher que conheci e que estava pronta
para me dar um soco. Talvez aquela Ava de alguns dias atrás fosse só uma
máscara que ela colocava sobre si antes de saber como a pessoa realmente
era e se deveria ser tratada de forma mais educada.
— Eu sei! — gabei-me.
Ela revirou os olhos.
— Modesto também!
Sorri para ela, observando quando saiu do meu colo. Acomodou-se
no banco, voltando a colocar o cinto, ela olhou na minha direção e
sussurrou:
— Vamos?
— Vamos, senhorita!
Mais um sorriso tomou a boca linda e eu me senti agradecido por ser
a pessoa que estava lhe trazendo aquele tipo de alegria.
Finalmente parti em direção ao cinema e não sabia explicar
corretamente o que se passava em minha mente, mas eu sabia que algo
diferente estava se apossando dos meus pensamentos…
E eu realmente tinha medo de saber o que era aquilo… talvez fosse
melhor deixar em um fundo escondido para não começar a pensar
besteiras.
E mal sabia o quanto estava enganado… malditamente enganado.
CAPÍTULO 12

Chegamos ao cinema e quando entramos na sala, até me espantei,


porque não tinha ninguém no lugar. Também nunca havia ido a uma sala de
cinema tão requintada, onde as poltronas se transformavam quase em
camas, sem contar que até mesmo serviam champanhe e diversos tipos de
aperitivos.
Segui Mason pela sala vazia e ele quis sentar-se na última fileira, em
uma das poltronas namoradeiras. Sentei-me ao seu lado e ele me estendeu o
pacote de pipoca que preferi comer às outras diversas opções que tinham no
cardápio.
— Nunca cheguei perto de um cinema tão chique e tão vazio.
Mason passou seu braço por cima do meu ombro completamente
descarado e sussurrou:
— Ah, só está vazio por eu ter reservado a sala toda para nós.
A pipoca que eu havia acabado de colocar na boca, desceu muito
errada pela minha garganta ao ouvir aquela informação e eu acabei
engasgando.
Tossi tanto que pensei que morreria ali, mas por sorte consegui voltar
a respirar e fazer com que a comida descesse pela garganta.
— Você o quê? — indaguei depois de dar um gole no refrigerante que
também preferi ao invés de champanhe.
Quem em sã consciência tomava champanhe em um cinema?
— Ah, pensei que você iria querer ficar mais à vontade do que ter
diversos olhos sobre nós. Quero passar um momento com você, não com
outras pessoas.
Depositei o pacote de pipoca em uma mesinha que ficava ao lado da
poltrona e voltei-me na direção de Mason.
— Você realmente fez isso?
— Fiz, não gosto muito de lugares fechados cheio de pessoas, então
se era para passar um tempo com você, em uma sala de cinema, eu preferia
passar somente você e eu.
Mordi o lábio inferior.
— Você tem algum trauma com lugares fechados? — questionei,
realmente curiosa.
— Não, eu só não gosto mesmo. Vou em alguns eventos e tudo o
mais, mas sempre prezei pela calmaria.
Fiquei encarando Mason ainda por uns bons minutos, até que as luzes
se apagassem. Ele me olhava de esguelha esperando que eu dissesse algo.
Encostei-me no apoio da poltrona e sussurrei, antes que os trailers
começassem.
— Você está me surpreendendo, Mason.
— Ainda bem, porque eu realmente quero que isso aconteça.
Sorri, mas deixei que minha atenção ficasse somente na tela enorme
da sala de cinema. Enquanto a mente gritava que eu estava me metendo em
uma enrascada.
Minha mãe havia dito para eu não me aproximar de Mason Coleman
e ali estava eu, trocando beijos e saindo com o homem que eu sabia que
podia ser a minha ruína.
Assistimos ao filme em silêncio, mas não passou despercebida por
mim, a mão de Mason ainda por cima do meu ombro. Ele não desistia e eu
nem o julgava, pois gostava de ser persistente com os meus objetivos igual
a ele.
Se ele queria tanto me levar para a cama teria que fazer por merecer,
ainda mais que eu não era nada experiente naquele quesito e eu nem sabia
se teria coragem de fazer sexo de novo na minha vida.
Fechei meus olhos e respirei fundo tentando voltar minha atenção
para o filme. Era um romance fofo, que provavelmente deveria estar
matando Mason de tédio, mas eu tinha gostado da premissa, já que amava
sonhar acordada com aqueles amores impossíveis que só aconteciam na
ficção.
Quando por fim o filme acabou, saímos de mãos dadas do lugar, e eu
me senti pela primeira vez bem-cuidada por um homem. Ao menos Mason
colocava minhas vontades acima das dele, o que era quase como um
milagre, pois ainda era muito difícil encontrar homens que entendiam as
vontades das mulheres.
Mason olhou o relógio no punho assim que saímos da sala e paramos
na entrada do cinema.
Naquele momento me mantive reparando nele, que usava uma calça
jeans escura e uma camisa de manga longa, que sempre o deixava
parecendo muito formal. Sapatos que pareciam ser caros, completavam seu
look.
Quer dizer, tudo em Mason parecia ser caro, aquele homem era
vaidoso na medida certa e provavelmente usava tudo que tinha valor
elevado, até mesmo o seu perfume marcante deveria custar uma nota.
— Vou ficar sem graça se continuar me encarando dessa forma.
Murmurou, enquanto um sorriso tomava seus lábios e eu balancei
minha cabeça, pela forma que ele se achava.
— Se você pode, eu também posso — sussurrei.
— Bom saber! — Sua voz parecia ter ganhado uma entonação mais
grave.
E mesmo sem querer minha pele se arrepiou.
— Ainda está cedo, quer ir para outro lugar?
Os olhos claros de Mason se voltaram na minha direção e ele
aguardou que eu respondesse.
Puxei seu pulso e percebi que ainda iria dar nove da noite. Mordi meu
lábio inferior e um pensamento travesso passou por minha mente.
— Você gosta de hot dog?
Mason franziu o cenho.
— Gosto!
— Você não quis comer nem sequer uma pipoquinha e aquele pacote
todo ainda não me encheu, então, podemos ir comer um que conheço e que
não fica muito distante de onde estamos.
Vi a expressão de Mason parar por um momento.
— Você está me chamando para comer hot dog dessas banquinhas de
rua?
Abri um sorriso gigante com a sua reação exasperada e assenti.
— Não quer me conquistar, riquinho? Então precisará viver da forma
que eu vivo.
Ele respirou fundo.
— As provações que passo — brincou, ao mesmo tempo que
gargalhei. — Tudo bem, vamos comer um hot dog de rua e que não
fiquemos doentes.
Revirei os olhos, conforme voltávamos a caminhar ainda de mãos
dadas, na direção do BMW.
O caminho foi tomado por conversas tranquilas, à medida que Mason
se dirigia para o endereço que lhe informei.
— E você gosta do curso que escolheu? — ele perguntou em um
momento.
— Sim, sempre amei literatura, então parece que vivo o tempo todo
em um conto de fadas quando estou estudando sobre tudo relacionado à
literatura inglesa.
— Gostar do que faz é sempre muito importante — murmurou.
— E você, gosta do que faz, gosta de saber que vai tomar conta da
empresa dos seus pais?
Ele deu de ombros, um gesto que percebi que ele tinha o hábito de
usar.
— Fui criado desde criança para tomar as rédeas da empresa. Nunca
tive amigos, pois segundo o meu pai eu devia ter o foco no trabalho. Eu
realmente vivi em função de ser somente o herdeiro para eles, a pessoa que
tomaria a frente dos negócios e não se importaria com mais nada. A única
vez que saí um pouco da linha que eles traçaram, foi quando resolvi me
mudar por alguns anos, estudando e aperfeiçoando tudo o que existia de
melhor em relação ao meio empresarial. Ser o comandante do
Conglomerado se tornou um sonho e estou muito perto de conseguir, por
isso não me arrependo de ter vivido em função somente de aprender e
aprender e aprender sobre negócios. Só quero me tornar o CEO da empresa
e nada mais importa.
Cada um vivia o sonho que achava ser o que valia a pena para a vida,
por isso, não julgava Mason. Ele foi criado daquela forma, só teve um
objetivo na vida, o jeito mais certo de realizar suas vontades era conseguir
realmente tomar a frente da empresa dos pais, mesmo que aquilo lhe desse
uma vida solitária.
— Espero que consiga realizar seus desejos — murmurei e era
verdade.
Mason parecia ser um homem bom, só em alguns momentos parecia
ser um imbecil pela forma que foi criado, mas nada grave demais, que não
desse para resolver com conversa.
— Vou realizar, já está certo. Tomarei a frente da empresa em breve.
Sorri em sua direção, ao passo que ele estacionava o carro próximo à
banquinha de hot dog.
— Espero não quebrar seu foco, então, já que nos tornamos amigos
— comentei, quando abri a porta e não esperei que ele fizesse aquilo para
mim.
Sabia que Mason estava me encarando, mas não quis voltar meu
olhar na sua direção, não por ora, porém, suas palavras me fizeram estacar.
— Talvez eu devesse ter te conhecido antes, porque estou adorando a
amizade que está me oferecendo.
Meu sorriso se abriu um pouco mais, o encarei por cima do ombro.
Mason saiu do carro e também sorriu na minha direção…
E eu da mesma forma estava gostando da amizade que estava
nascendo.
Gostando mais do que podia admitir.
CAPÍTULO 13

Havia conseguido, ou quase, o que tanto almejei.


Naquele momento, estava na sala da presidência do Conglomerado
Coleman. Um porta-retratos com uma foto minha e dos meus pais estava
sobre a mesa de madeira do escritório. Lembro muito bem quando meu pai
colocou aquela foto ali, e foi no dia que avisei a ele que iria me mudar para
outro país.
Como ele e minha mãe sempre adoravam fazer algum tipo de
lavagem cerebral comigo, ele me chamou até a empresa…

— Oi, pai! — cumprimentei, assim que entrei no escritório.


Ele estava segurando o porta-retratos, observando a foto, e quando
apareci desviou sua atenção na minha direção.
— Veio rápido, filho!
Ainda me sentia preso a ele, por isso, antes de realmente sair do país
resolvi obedecer a sua ordem, porém, não falaria aquilo em voz alta.
— Eu estava arrumando minhas malas, o senhor precisa de algo?
Tentei evitar o aperto em meu peito quando o vi me encarar como se
eu fosse um pedaço de objeto descartável.
— Mason, você é um Coleman. — Ele se aproximou de mim, que
estava parado no meio do escritório, ainda com o porta-retratos na mão.
Ele me estendeu a foto e eu a segurei, encarando o trio estampado
ali. Meus pais não sorriam, somente eu no meio deles, acreditando que
éramos a família perfeita.
A foto já tinha alguns bons anos que havia sido tirada, eu ainda era
muito novo… e um completo imbecil.
— Somos sua família, as pessoas que te sustentam e você vai nos
abandonar?
Era sempre aquilo, “sem nós você não é nada”, ele nunca disse com
aquelas palavras, mas sempre era o que parecia.
— Não vou abandonar vocês, irei para outro país, aperfeiçoar meu
feeling para os negócios.
— E com qual dinheiro? — Meu pai segurou meu ombro com uma de
suas mãos, querendo fazer a realidade bater em minha porta.
Novamente aquilo de que você não é capaz… mas ele provavelmente
havia se esquecido da minha herança…
— Não precisa bancar a minha viagem, pai. Sei que eu não seria
nada sem o seu dinheiro, até porque o senhor sempre bancou tudo o que eu
quis, me transformando em um protegido por sua coleira invisível, mas não
se preocupe. Eu já tenho uma proposta de emprego, em uma empresa na
Europa, lá irei aprender como gerir uma empresa até maior do que o
Conglomerado e quando voltar estarei apto para tomar a presidência. E em
relação a dinheiro, o senhor sabe que tenho de sobra, já que meu avô me
transformou no único herdeiro dele no testamento que deixou.
Vi quando seu rosto ficou pálido. O pai de minha mãe, que era podre
de rico, havia falecido há dois anos e para a surpresa de todos, quando o
testamento foi aberto ele não havia deixado nada para a filha única e muito
menos para o genro, somente para mim… tudo era meu!
Estendi o porta-retratos para o meu pai que o segurou ainda meio
atônito com minhas palavras e por fim eu disse:
— Bom, já vou me despedir do senhor, eu voltarei a vê-lo daqui a
cinco anos. — Abracei-o rápido, não sentindo nada, nem um pingo de amor
batia em meu coração. — Se era somente esse tipo de ameaça que o senhor
queria me fazer, já estou de saída.
Como ele não disse nada, lhe dei as costas e saí da sua sala. Naquele
mesmo dia, cheguei à mansão e minha mãe estava me aguardando com
uma expressão séria.
Provavelmente meu pai já havia lhe contado o que se passou no
escritório.
— Mason, eu ainda acho essa sua partida abrupta muito arriscada,
filho.
Soltei um suspiro alto.
— Mãe, eu já comprei minha passagem, fiz tudo em segredo para
vocês ficarem realmente sabendo quando chegasse a hora. Eu irei passar
esses cinco anos fora e não há nada que vocês digam que mudará esse
fato.
Ela deu uma leve risada de desdém.
— Nós te criamos para ser um exemplo, não um garoto rebelde que
parece ter se chateado com a vida boa que leva e quer ir embora. Deixando
os pais que sempre prezaram por sua vida para trás.
Cruzei meus braços, encarei na direção da minha mãe de forma séria
e sussurrei, sem forças para falar mais alto.
— Mãe, eu vou e não existe nada que você possa fazer para mudar
isso.
— Até se o deserdamos?
Eles só pensavam em dinheiro. Nunca se importaram
verdadeiramente comigo.
— Pode me deserdar. Fale agora se for fazer isso, porque tiro aquela
vontade que vocês enfiaram dentro de mim desde pequeno, para ser o
presidente da empresa. — Ella ficou em silêncio, mas aquilo me fez ficar
com mais raiva. — Vai, mãe… diz alguma coisa, a senhora e meu pai vão
fazer isso, vão tentar me impedir usando a única coisa que quero na vida?
Mamãe ainda de forma altiva me encarou, tentando não demonstrar
que tinha perdido a batalha.
— Vá para sua viagem, e com o tempo descobriremos como será o
seu futuro no Conglomerado.
Dei-lhe as costas sem me importar em dizer mais nada…
Aquela era minha vida…
Sem amor, sem carinho, sem a importância necessária dos pais, eles
só me queriam como um objeto que eles podiam usar como fantoche, mas
aquilo acabaria ali…

E realmente acabou.
Parei de agir como eles achavam que eu deveria, parei de fazer a
vontade dos dois e voltei completamente mudado.
Naquele um mês depois da minha volta, consegui entender o
funcionamento da empresa e ali estava eu na mesa da presidência, porque
mesmo tendo me ameaçado diversas vezes que eu não tomaria a frente do
Conglomerado Coleman, meus pais sabiam que eu era o único apto o
suficiente para tomar o lugar de Noah Coleman.
Digitei a resposta de um e-mail importante para a secretária e assim
que enviei, peguei meu telefone e verifiquei para ver se havia recebido
alguma mensagem dela…
Ava e eu estávamos nos encontrando ocasionalmente. E não podia
negar que cada vez que a via algo diferente parecia me unir ainda mais a
ela.
Trocávamos beijos quentes, mas nada que avançasse demais pelo
caminho que ela não queria. Eu entendia que algo havia acontecido com
ela, quando namorou com aquele criminoso, mas Ava ainda não tinha
sentido que havíamos nos tornado confidentes reais para me dizer o que
era.
No entanto, viveríamos aquela coisa estranha que tínhamos no
momento, e só passaríamos para o próximo passo quando ela se sentisse
pronta.
Ela não tinha me enviado nenhuma mensagem, provavelmente
ocupada com a prova que teria na faculdade, mas como eu me sentia todo
viciado naquela menina lhe mandei um oi rápido e pedi para depois me
contar como havia sido a prova.
Afastei-me da mesa, levantei-me da cadeira e caminhei até a vidraça
do escritório. Encarei Manhattan e sorri, eu havia conseguido me tornar o
CEO daquela empresa, tinha tomado as rédeas da situação.
O meu pequeno objetivo de vida tinha enfim sido conquistado.
O telefone do escritório tocou, soltei um suspiro me afastando da
vidraça e caminhando até a mesa. Peguei o aparelho e logo murmurei:
— Sim!
— Senhor Coleman, seu pai está na linha.
A alegria em meu peito havia diminuído um pouco.
— Pode passar, Ester!
— Mason? — Ouvi a voz do meu pai do outro lado.
— Oi, pai!
— Como está indo?
Eles podiam ter me deixado em paz durante aquele mês, mas não
tinha sequer um dia que Noah Coleman não me ligava para saber como
estava a empresa.
— Bem, pai! Como ontem, ou antes disso, como todos os dias. Eu sei
cuidar da empresa, não levarei o império da família à ruína.
O homem ficou um momento em silêncio, mas por fim, disse:
— Hoje é o meu aniversário de casamento com sua mãe e faremos
um jantar para alguns amigos. Como você não a responde há dias, resolvi
lhe avisar por telefone que sua presença é de extrema importância.
Soltei um suspiro, mas sabia que não tinha como correr daquele
evento.
— Claro, pai! Estarei presente!
Depois de me informar a hora que era para eu chegar à mansão
encerrei a ligação e por sorte percebi que havia recebido uma resposta da
garota que ao menos fazia o sorriso surgir em minha boca naqueles
momentos que eu só queria ser filho de outras pessoas.

Ava: Eu sei que fui bem,


mas mesmo assim bate um medinho.
Estou com saudades!

Meu sorriso se abriu ainda mais, fazendo uma leveza necessária


tomar conta do meu corpo. Eu também estava com saudades dela, não sabia
como, porque nunca fui de ficar apegado a ninguém daquela forma, mas
não a ver naquela semana de provas estava acabando comigo. E pelo jeito
eu não a veria naquela sexta.
Mason: Não esperava algo
diferente da minha mulher.
Morrendo de saudades
deveria ser meu sobrenome.

Ava: Eu não sou sua!


Vamos nos ver hoje?

Gargalhei!

Mason: Ainda, mas será!

Ava: Talvez, riquinho!

Um tipo de ansiedade me tomou, era a primeira vez que ela admitia


aquele tipo de coisa e talvez fosse um passo a mais dado na sua direção.

Mason: Infelizmente tenho um jantar para ir,


na casa dos meus pais,
mas se pudermos nos ver amanhã,
depois do seu trabalho.

Ava: Pode ser, nos vemos amanhã, então!


Mason: Um beijo, nessa boca deliciosa!

Ava: Pervertido!

Eu sabia que ela não estava errada, mas com ela… ah, com aquela
garota eu estava sendo quase um monge e não me arrependia em momento
algum de viver aquela amizade com ela.
Aquela amizade colorida e gostosa!
CAPÍTULO 14

Estava deitada no sofá, quase cochilando ali mesmo quando uma


notificação chamou minha atenção. Ainda não eram nem sete da noite, mas
aquela sexta havia sido exaustiva, eu tinha estudado muito para a prova da
parte da manhã e ao chegar em casa, ainda dei uma faxinada para quando
minha mãe chegasse pegasse o apartamento limpinho e pudesse descansar o
final de semana todo.
Falando em mãe, dona Stella havia acabado de me avisar que iria vir
para casa somente amanhã, uma vez que tinha um jantar para cobrir na casa
dos Coleman.
Resolvi nem responder, porque eu já não gostava o suficiente dos pais
de Mason, e não queria nutrir uma raiva maior por eles, ainda mais quando
estava tão caidinha pelo filho deles.
Eles podiam ser uns merdas, mas ao menos o filho era um cara legal,
que naquele um mês estava me tratando melhor do que muitos homens que
surgiram em minha vida…
Ou melhor, só existiu um, mas Daniel serviu para me mostrar o
quanto qualquer um podia ser filho da puta.

“— Para, Daniel!
— Abre essas pernas, bonequinha!”

Balancei minha cabeça para tentar tirar aquele pensamento da minha


mente. Ele não merecia que me lembrasse dele em nenhum momento.
Daniel era um passado que eu não queria ver mais… nunca mais, mesmo
que ainda fosse obrigada a esbarrar com ele por morarmos no mesmo
bairro.
Aquele jantar que minha mãe iria cobrir, era o jantar em que ele
também estaria presente e por um momento senti vontade de estar na
mansão só para vê-lo.
Não menti ao dizer que estava morrendo de saudades dele. Tinha me
acostumado com sua presença, quando ia me buscar na faculdade, ou até
mesmo nas visitas sorrateiras que ele me fazia no meio de semana,
aproveitando que eu não trabalhava naqueles dias e que também minha mãe
não estava presente.
Ainda não havia comentado com ela, que Mason e eu estávamos
saindo, na verdade, não tinha coragem alguma de lhe dizer aquilo, porque
dona Stella já deixara claro para que eu me mantivesse afastada do riquinho
mais lindo que eu já havia visto.
Mas como me manter afastada, quando acabara de receber uma foto
dele, usando um terno todo preto, com camisa e gravata também pretos.
Todo trabalhado na elegância e em me fazer suspirar ao encarar os seus
olhos pela foto.
Acabei enviando um áudio para ele, pelo aplicativo que estávamos
trocando mensagens.
— Uau! Isso tudo para um jantar na casa de seus pais. Com certeza
deve ter alguém muito importante lá.
Tudo bem! Talvez eu tenha sentido um aperto no peito ao falar
aquilo, mas ele não precisava saber daquele pequeno detalhe.
Logo me respondeu também em áudio.
— Te garanto que preferia estar com você. As pessoas que estarão lá
são insuportáveis.
Eu sabia bem como elas poderiam ser… tinha certa ressalva quando
se tratava de pessoas ricas, eu já havia passado por experiências horríveis
com elas para saber que muitas viviam para humilhar quem nunca teve a
mesma condição de vida que eles.
— Fica tranquilo, amanhã nos veremos! — respondi.
E depois de me desejar um boa noite, Mason ficou offline, pois
precisava ir para o tal jantar de aniversário de casamento dos pais.
Voltei a fechar meus olhos e logo o sono chegou e eu me esqueci de
tudo ao redor deixando a escuridão e a exaustão me tomarem.
Era insuportável você ter que fazer como se amasse estar entre
aquelas pessoas, ainda mais quando eu havia tomado a frente da empresa.
— Como está a nova cara do Conglomerado Coleman? — Aiden
Ward, um herdeiro como eu da empresa de sua família, parou ao meu lado
ao questionar.
Tentei sorrir amigavelmente, aquele homem nunca tinha feito nada
para me desagradar, então talvez fosse o único ali naquele jantar com quem
eu pudesse conversar tranquilamente.
Um jantar que meu pai havia dito que seria simples, para os amigos e
tinha mais de cinquenta pessoas, que eu havia contado, já perdera a conta
daquilo há muitos minutos.
— Bom, ainda é tudo muito novo, mas estou me saindo bem.
— Ah, com certeza! Já conseguiu sair até no New York Times, como
o mais novo CEO de sucesso do Conglomerado Coleman, sua cara
estampando a capa do jornal. Muitos demoram a conseguir esse feito.
Realmente aquela matéria havia saído na semana passada, algo que
sei que consegui alcançar muito rápido, porque meu pai demorou anos para
conseguir um feito como aquele.
— Mas não é algo para me gabar tanto, foi somente uma matéria, que
não diz nada como gerir uma empresa. Só que eu sei que sou bom, eles não
precisam me elogiar.
Ward soltou uma gargalhada e eu tomei um gole do uísque que estava
em minha mão, mesmo que não estivesse a fim de beber, mas para suportar
aquele evento uma dose de álcool era necessária.
Só que tudo que já estava insuportável, piorou, quando um pequeno
acidente aconteceu e eu ouvi o barulho de vidro se estilhaçar, enquanto um
grito esganiçado tomava a boca de uma das convidadas da minha mãe.
— Você não olha para onde anda, sua imbecil! — a mulher gritou
com uma das funcionárias da mansão e quando percebi quem era minha
visão ficou vermelha.
Entreguei o copo de uísque para Aiden e comecei a caminhar na
direção de onde a algazarra estava acontecendo.
— Descul… desculpe, senhora! Eu tropecei e… — Stella tentou se
explicar.
— Cale a sua boca, sua empregada inútil.
Minha mãe parou ao lado da sua convidada e eu ainda dei chance
para que ela defendesse a mulher que trabalhava em sua casa há anos, mas
quando percebi o olhar de desprezo na direção da mãe da minha… não
sabia como poderia considerar Ava, mas ela era minha amiga e já odiava as
pessoas ricas por sempre humilhá-la, não deixaria que fizesse aquilo com
sua mãe.
— Como sempre sendo uma imprestável, Stella — minha mãe
esbravejou, dando um pequeno vexame.
Olhei ao redor e os convidados pareciam concordar que Stella era
aquilo mesmo. Meu sangue ferveu!
— Acidentes acontecem! — esbravejei, assim que me aproximei de
Stella e a ajudei a se levantar, tentando evitar que ela apoiasse alguma parte
do corpo em cima de algum caco.
— Mason, deixe essa inválida aí, ela sabe se levantar sozinha! —
minha mãe disse e eu lhe direcionei um olhar mortal por cima do ombro.
— Tenha mais respeito com as pessoas, mãe. Ela não é uma inválida
e eu não a humilharei como você está acostumada a fazer com seus
funcionários.
Ajudei a mulher a ficar de pé e quando estava ao meu lado, encarei
todos ao redor.
— Vocês acham que são melhores do que ela? — Alguns levantaram
as sobrancelhas em puro desdém. — Então fiquem sabendo que vocês são
um bando de merda. — O susto passou pela feição de todos.
— Mason… — Meu pai rosnou ao se aproximar.
— O quê, pai? Quer que eu fique quietinho e assentindo para o
absurdo que acabei de ver? Não, vocês não passam de um nada!
— Senhor… — Stella tentou me falar algo, mas minha mãe a cortou.
— Você está demitida!
A empregada levou a mão à boca, porém, não implorou por nada e eu
lhe dei crédito por aquela atitude, pois sabia o quanto precisava do
emprego.
— Vem, Stella! Vou te levar para sua casa!
A mulher me encarou com os olhos marejados, tão parecidos com os
de Ava e eu quase me ajoelhei para lhe pedir perdão pelo que aquelas
pessoas a fizeram passar.
— Não precisa, senhor!
— Precisa, sim!
Coloquei minha mão respeitosamente sobre seu ombro e a conduzi
para dentro da mansão. Afastando Stella daquele bando de abutres.
Assim que chegamos dentro da mansão, a mulher soltou um soluço,
devido ao choro que estava contendo.
— Eu sinto muito pelo que eles fizeram, Stella — pedi, sabendo que
aquilo não mudaria os sentimentos da mulher.
— Não sei o que farei… — sussurrou.
— Vamos pensar nisso depois, primeiro vamos arrumar suas coisas e
eu te levarei à sua casa.
Ela me encarou com os olhos marejados.
— Senhor, não precisa. Eu posso pegar o ônibus e…
Segurei seu braço, fazendo com que parasse de falar.
— Ava me mataria se eu deixasse você ir embora a uma hora dessas
sozinha, vou levá-la.
Os olhos marejados de Stella ficaram mais atentos.
— O senhor conhece minha filha? — indagou, com surpresa e até
mesmo choque passando pelo seu rosto.
— Sim, mas esse assunto também é para outro momento. Vamos
arrumar suas coisas?
A mulher ainda me olhando com a expressão séria assentiu e
começou a caminhar na direção da cozinha…
Ava ficaria ainda mais chateada com o que aconteceu à sua mãe e eu
não podia julgá-la, não quando vi com meus próprios olhos a forma como
dona Stella fora tratada.
Só esperava que aquilo não recaísse sobre mim, porque mesmo que
não quisesse admitir, eu não queria me afastar de Ava…
Ela tinha se tornado uma parte essencial no meu dia a dia, não sei se
me acostumaria a não a ter por perto…
Em tão pouco tempo percebi que me rendi àquela garota e eu
realmente estava com medo do que poderia acontecer com o nosso futuro.
Muito medo!
CAPÍTULO 15

Ainda estava deitada no sofá, dormindo quando um ruído ao longe


me despertou do mundo dos sonhos. Meus olhos abriram lentamente e eu
encarei o teto com a pintura desgastada.
Novamente o barulho chamou minha atenção e percebi que era na
porta de entrada para o apartamento. Sentei-me abruptamente, pronta para
começar a gritar, quando minha mãe surgiu do outro lado da porta.
Por um momento a calma bateu sobre o meu corpo, mas quando me
recordei que ela ficaria no trabalho até o dia seguinte algo dentro de mim
entrou em alerta. Porém, o pior foi ver Mason surgir atrás dela, com a
expressão fechada deixando claro que algo muito sério havia acontecido.
Levantei-me do sofá e caminhei até onde minha mãe estava parada
com sua mochila nas mãos. Só naquele momento percebi o quanto seu rosto
estava abatido.
— Mamãe, o que foi?
Aproximei-me rapidamente de onde ela estava, tirei a mochila de
suas mãos e a puxei para um abraço. Aquilo pareceu desencadear algo que
ela estava segurando por muito tempo, pois começou a chorar e eu me
peguei sentindo um bolo se formar em minha garganta ao perceber o quanto
estava sofrendo.
Olhei por cima do ombro dela, na direção de Mason que ainda estava
parado a porta e sua expressão continuava fechada, mas eu sabia que ele
não falaria nada por enquanto.
Não quando minha mãe estava tão nervosa. Acompanhei-a até o sofá
e Mason aproveitou para entrar no apartamento e fechar a porta atrás de si.
— Vou pegar uma água com açúcar para a senhora! — avisei.
E mamãe assentiu.
Caminhei na direção da cozinha e senti a presença de Mason mesmo
que eu estivesse de costas para a entrada do cômodo. Assim que estava
afastada do olhar de minha mãe, voltei-me na sua direção e percebi que ele
tinha ficado estrategicamente atrás da geladeira para ela não nos ver.
— O que aconteceu? — sussurrei baixo o suficiente para dona Stella
não escutar.
— O que você sempre fala, ricos se achando melhores que os outros.
Meu sangue gelou.
— Explique melhor, Mason!
E ele me contou tudo o que havia acontecido. Contou sobre ter levado
minha mãe, porque não queria que ela pegasse o meio de transporte tão
tarde como estava. Disse que foi a pior coisa que viu, quando eles
começaram a humilhá-la.
Minha garganta foi se fechando e no momento em que a primeira
lágrima escorreu por meus olhos, eu quis ir à mansão Coleman ensinar
aqueles imbecis como tratar uma pessoa.
Enchi o copo de água, peguei uma colher de açúcar e misturei no
líquido, tentando manter a calma, para não descontar em Mason, ele não
merecia. Não quando havia levado minha mãe até ali, e ter sido o único, no
meio de todos, que pensou em sua integridade física ao não a deixar vir
sozinha para o meu bairro.
Antes que eu pudesse retornar à sala, Mason segurou meu braço e
quando encarei seu rosto, ele levou suas mãos às minhas bochechas,
secando-as, já que ainda estavam molhadas com as lágrimas.
— Tenta não chorar na frente dela — pediu baixinho.
Assenti e saí da cozinha, com ele logo atrás de mim.
— Aqui, mamãe! — Estendi o copo para dona Stella que pegou
agradecendo em seguida.
Depois de tomar dois goles da água adocicada, mamãe secou as
lágrimas e levantou o rosto, fitando em minha direção, mas eu percebi que
seus olhos estavam fixos atrás de mim bem onde Mason estava.
— Seus pais são pessoas cruéis, Mason — sussurrou, com a voz
completamente embargada pelo choro. — Não queria você perto da minha
menina, eles podem machucá-la.
Algo apertou meu peito com suas palavras e senti necessidade de
defendê-lo, mesmo que não tivesse pedido por aquilo.
— Mamãe, o Mason é completamente diferente deles.
Ela voltou sua atenção na minha direção e franziu o cenho.
— Eu sei, querida! Mas eles podem querer acabar com você se
souberem que o Mason está ao menos lhe direcionando sua atenção.
Senti o corpo de Mason se aproximar do meu, o calor que emanava
dele passou para mim e minha pele chegou a se arrepiar.
— Dona Stella, eu sei como eles são, mas prometo que nunca
deixarei que eles façam nada com a Ava.
Mamãe parecia tão cansada, contudo, eu tinha certeza de que ela
ainda tocaria naquele assunto novamente, quando estivéssemos sozinhas, ou
quando ela se encontrasse menos abalada.
Ela se levantou, me estendeu o copo e tentou sorrir na minha direção.
— Não precisa ficar tão preocupada, minha menina. Eu vou arranjar
outro emprego…
Aproximei-me dela no mesmo momento, depositando a minha mão
livre em sua bochecha, acariciando a pele macia e que começava a ficar
flácida, mostrando as leves rugas que já haviam aparecido.
— Mamãe, não se preocupe com isso! Eu vou dar um jeito!
— Não quero que largue a faculdade e…
Novamente a cortei.
— Tudo vai dar certo, tá bom?!
Assentiu uma única vez, antes de sussurrar:
— Vou tomar um banho, para poder me deitar. — Antes de sair da
sala, ela deu um beijo na minha testa, depois se voltou para Mason. —
Obrigada, menino!
— Não precisa agradecer, dona Stella.
Um sorriso fraco surgiu na boca de mamãe, mas logo ela se afastou,
dirigindo-se para o banheiro que ficava no corredor perto dos quartos.
— Ela está arrasada! — sussurrei.
— Eu sinto muito, de verdade, não consegui evitar que ela ouvisse as
palavras que minha mãe e a convidada dela disseram, mas eu juro que tentei
fazer de tudo para ajudá-la, Ava.
Pude ouvir o medo na voz de Mason. Sem encará-lo caminhei até a
cozinha para deixar o copo sobre a pia.
Girei meu corpo e novamente encontrei o homem que tinha levado
minha mãe até ali, ele estava um pouco afastado, próximo à mesa de jantar
e me encarava com o cenho franzido, provavelmente esperando que eu
dissesse alguma coisa.
Passei meus olhos pelo seu corpo, reparando em seu terno preto que
achei tão bonito mais cedo e não tinha como negar o quanto Mason ficava
lindo vestido daquela forma.
Só que aquele não era o momento para babar na beleza daquele
homem.
— Eu não te culpo pelo que aconteceu — respondi, sem esperar
mais.
Mason soltou um suspiro forte, sussurrando em seguida:
— Graças a Deus! — Levou uma das mãos ao peito. — Eu juro que
não sabia como você iria reagir, mas estava morrendo de medo de me
afastar por isso.
Cruzei os braços em frente ao meu corpo e encarei seu rosto, ainda
séria, sem saber ao certo o que era o correto a fazer naquele caso. Mason,
percebendo que não sorri pela sua reação, deixou a expressão suave sumir e
novamente ficou sério.
— Eu nunca te culparia por algo que não fez, Mason. Entretanto,
minha mãe tem razão. Não sei se devemos continuar com isso e…
Fui impedida de terminar minha fala, quando ele avançou na minha
direção, segurou meu rosto entre suas mãos e começou a jogar suas
palavras.
— Sei que não temos nada sério e nem sei se quero alguma coisa por
agora, você está ciente dos meus objetivos, sabe que meu único desejo era
aquela empresa e agora que a tenho meio que já realizei meus sonhos. Só
que passar meu tempo com você, foi a melhor coisa que me aconteceu, Ava.
Por favor, não deixe meus pais estragarem outra coisa na minha vida. Eu
não te prometo amor, porque não sei se posso dar isso a alguém tão
maravilhosa, mas continue me dando essas pequenas chances de poder te
beijar e um dia quem sabe te levar para a cama.
Ele me deu uma piscadela e aquela barreira que hora ou outra eu
tentava levantar caiu por terra. Era impossível ficar imune a Mason
Coleman, mesmo sabendo que ele não podia me oferecer um conto de fadas
que sempre almejei ter.
— Você não desiste — sussurrei.
— De você não!
Mason aproximou seu rosto do meu, nossos olhos não se desviaram, e
o único momento que parei de enxergar aquelas pedras preciosas à minha
frente, foi quando sua boca tocou na minha e eu fechei meus olhos para
poder curtir aquele momento.
Sua boca me tomou, em um beijo lento, mas ao mesmo tempo
sensual. Um beijo que parecia me reivindicar por completa, fazendo todo o
meu corpo esquentar. Sua língua tomava a minha, como se eu realmente lhe
pertencesse.
Uma das mãos de Mason parou entre os fios dos meus cabelos,
enquanto a outra desceu para minha cintura, apertando com força aquela
região, fazendo com que o calor que já subia por todos os meus nervos,
veias, poros, pelos, se intensificasse.
Nossos corpos tão colados daquela maneira causava uma corrente
elétrica pelo meu e fazia com que eu tivesse vontade de viver, muito
diferente de antes, quando eu era beijada por aquele homem que me
machucou tanto.
Beijar Mason me fazia ter vontade de fazer coisas que jurava que
nunca mais iria querer na minha vida, parecia me fazer respirar um ar mais
puro, me levava para uma atmosfera tão diferente que desejei viver nela
para sempre.
Mason estava me tirando do poço escuro que me encontrava e mesmo
que eu soubesse que nosso envolvimento era somente uma diversão eu
agradeci por ter dado aquela pequena abertura para ele.
Quando sua boca se afastou da minha, estávamos ofegantes,
completamente sem fôlego pelo nosso contato de minutos antes.
— Como sempre deliciosa — sussurrou com a testa encostada na
minha.
Suas mãos ainda não haviam se afastado dos lugares anteriores e
aproveitando aquela deixa, voltei a beijá-lo e quis me esquecer de tudo ao
redor, mesmo que minha mãe estivesse em outro cômodo, quis viver só
mais um pouquinho daquela loucura antes de voltar à realidade.
Então… eu me entreguei àquela realidade paralela… e que estava
começando a amar viver.
E tinha completa convicção de que aquilo me destruiria.
CAPÍTULO 16

Resolvi ir no dia seguinte até a empresa, já que havia combinado com


Ava que a buscaria em seu trabalho de final de semana no Tomorrow.
Ainda não sabia onde a levaria, mas logo decidiria algo.
No momento precisava me concentrar em alguns contratos, já que
desde que a empresa passou para mim, percebi que meu pai estava deixando
a desejar com alguns.
O homem quase levou o Conglomerado para a ruína, provavelmente
por isso, ele havia me tornado tão fácil o CEO de tudo aquilo para se ver
livre das consequências erradas que havia tomado.
Parei de focar no texto de um contrato, tentando descansar as vistas,
já estava há muito tempo ali, lendo e lendo aquelas folhas. Como era final
de semana e ninguém trabalhava, o silêncio recaiu sobre o lugar e talvez eu
devesse ir descansar um pouco para poder sair com Ava mais tarde, mas
precisava organizar tudo aquilo.
Encostei minha cabeça na cadeira e fechei os olhos por um momento,
lembrando-me do que havia acontecido na noite anterior. A forma que
minha mãe tratou dona Stella, fez com que algo que já estava quebrado
dentro de mim se partisse ainda mais.
Não tinha certeza se queria ver meus pais tão cedo, não depois
daquela atitude ridícula que tiveram com a mãe de Ava.
Inferno!
Se Ava tivesse me afastado dela por causa deles, eu não sabia o que
teria feito, simplesmente não tinha ideia de como conseguiria continuar
trilhando meu caminho se ela fosse tirada de perto de mim de forma tão
abrupta.
Eu havia falado a verdade para ela, não tínhamos nada, nada
amoroso, mas ela se tornou uma parte crucial da minha vida. Naquele um
mês juntos, Ava me mostrou que eu podia sorrir sem preocupação, que
podia contar com ela para desabafar caso precisasse e o seu jeitinho
petulante era maravilhoso e me deixava louco para agarrar aquela boca
deliciosa e tomá-la para mim.
Ainda a queria levar para a cama mais do que tudo na vida, mas
também queria passar parte dos meus dias ao seu lado, ou conversando por
mensagem igual a um adolescente.
Aquela garota despertava uma parte minha que eu nem sabia que
existia mais, ela era especial… muito.
E o que eu havia dito a dona Stella era verdade, eu nunca permitiria
que meus pais fizessem algo a ela. Eu a protegeria de tudo e de todos, até
mesmo daquele infeliz que ainda a amedrontava.
Tentei não pensar naquilo e resolvi voltar a encarar o contrato que
estava analisando. Finalizei um e passei para outro, sem perceber que as
horas passavam , quando meu estômago protestou de fome e percebi que já
eram três da tarde.
Nem havia percebido que entrei em um limbo onde só foquei no
trabalho e me esqueci de tudo ao redor.
Organizei os documentos, colocando-os em ordem para quando
chegasse a segunda-feira eu pudesse continuar de onde parei. Depois
estiquei meu corpo para me espreguiçar e por fim levantei-me da cadeira.
Peguei meu celular e carteira, caminhando para fora do escritório e
aproveitei para mandar uma mensagem para Ava.

Mason: Estou saindo da empresa,


você disse que estará livre só à noite,
então vou esperar até estar perto
do seu horário para te buscar.
Algum lugar em especial que queira ir esta noite?

Só quando eu estava chegando próximo ao meu carro que recebi sua


resposta e juro que tive que ler pelo menos quatro vezes para ter certeza de
que era real.

Ava: Quero ir para sua casa!


Assim que acordei, caminhei até o quarto de mamãe e ela estava
deitada na cama, mas já se encontrava acordada.
— Tudo bem, mamãe? — perguntei, baixinho.
Ela gesticulou para que eu me deitasse ao seu lado e foi o que fiz.
Assim que estava aconchegada na cama ela disse:
— Estou bem, meu amor. Não precisa se preocupar muito. O pior já
aconteceu.
Segurei sua mão, sentindo meu coração apertar com suas palavras
tristes.
— Mamãe, não fala assim. Se aqueles ricos se acham melhores do
que a senhora, então eles não a merecem como funcionária. Vou tentar
arrumar mais um emprego no meio da semana, depois da faculdade e a
senhora pode ficar em casa, quem sabe fazendo aqueles salgados deliciosos
para vender aqui no bairro?
Dona Stella sorriu, passou uma das mãos em meus cabelos e encarou
meus olhos.
— O que você está tendo com o Mason, Ava?
Eu sabia que aquela pergunta viria em algum momento. Engoli em
seco uma, duas, três vezes, tentando tomar tempo para lhe dizer as palavras
que eu sabia que poderiam ser julgadas de maneira errada.
— Mamãe não temos nada, só nos encontramos de vez em quando,
começamos a conversar por uma rede social e uma coisa levou à outra.
— Filha, não quero que me entenda mal, mas se Noah ou Ella
descobrirem que vocês estão se envolvendo, eles tentarão transformar sua
vida em um inferno, não quero nem imaginar as humilhações que eles
podem fazer com você, meu amor.
Respirei fundo.
— Mamãe, o Mason tem trinta e três anos. Ele já é bem grandinho
para tomar suas próprias decisões e ontem até passou pela minha cabeça em
não o encontrar mais depois do que aconteceu com a senhora, mas eu
pensei em tudo e… — Encarei seus olhos, confessando: — Ele não merece
que eu me afaste dele. Mason me trata extremamente bem, mamãe. Ele faz
com que eu não sinta medo de relacionamentos, mesmo depois de Daniel.
Vi quando ela fechou a expressão.
— Daniel fez algo para você ter medo de se envolver com alguém?
Meu coração errou diversas batidas, porém, não queria preocupá-la
mais com algo que seria impossível de resolver.
— Não, é só que eu me magoei. — A única verdade que podia
admitir. — E pensei que nunca mais iria querer chegar perto de um homem
e Mason é diferente, não é paixão, nem nada do tipo, antes que a senhora
diga algo precipitado. É só um desejo que não deixa com que nos
afastemos, eu até tentei manter distância, só que ele sabe ser insistente,
então deixei as minhas barreiras cederem para eu ver no que daria e tô
gostando do que tá acontecendo.
Surpreendendo-me completamente, mamãe abriu um sorriso e eu
retribuí da melhor forma que pude, pois aquela sua atitude me pegou de
surpresa.
— Então se você tá gostando, não posso te impedir de nada. Na
verdade, só quero que seja feliz. Só tome cuidado com os pais do garoto,
pois sei que ele é um bom rapaz.
Soltei uma gargalhada e confessei ainda sorrindo.
— Ele não tem nada de bom, mamãe. É um safado que só pensa em
sexo.
Ela colocou a mão no rosto e sorriu.
— Homens, sempre pensam primeiro com a cabeça de baixo.
Novamente uma onda de risadas me tomou, mas acabei levantando-
me da cama e dando um beijo na testa da minha mãe.
— Preciso me arrumar para ir para o restaurante, hoje foi solicitado
que chegássemos um pouco mais cedo, mas descansa, tá bom?
Depois que dona Stella assentiu, saí do seu quarto e fui fazer o que
havia dito, uma hora depois estava chegando no Tomorrow, encontrando
Maya que trabalhava junto comigo no lugar.
— Olha, ela parece radiante hoje! — minha amiga comentou ao me
abraçar e entramos juntas no restaurante.
Caminhamos até os armários dos funcionários e guardamos nossas
bolsas.
— Bom, tirando tudo o que aconteceu ontem, até que estou bem.
Havia contado a Maya por mensagem no dia anterior o que tinha
acontecido, então ela sabia de tudo, até das trocas de beijo com Mason.
— Eu sei, amiga. No entanto, só por estar com a expressão felizinha
já me deixa melhor, pensei que você estaria toda pra baixo.
Neguei e depois de colocar a touca e o avental fomos para a cozinha
do restaurante que já estava frenética.
Não tive mais tempo de conversar com minha amiga, pois logo
descobrimos que o restaurante fechara para um aniversário e por isso
tivemos que chegar mais cedo.
Estava tudo uma correria. De quatro em quatro horas, tínhamos um
intervalo de meia hora e somente no segundo intervalo consegui ver Maya
novamente.
— Nossa, o pobre sofre — comentou, sentando-se em um dos
banquinhos da sala de descanso, enquanto comia um sanduíche que havia
trazido de casa.
— Estou moída! — murmurei, dando uma mordida no próprio pão
que também tinha levado.
— E como vai o gatíssimo?
Sorri de lado e dei de ombros.
— Estamos na mesma, ele sendo fofo, safado, querendo me levar
para a cama e eu o deixando no vácuo.
Minha amiga sorriu e no mesmo momento uma mensagem de Mason
chegou. Depois que li, mostrei a ela, que me encarou com seus olhos
escuros e disse:
— Tá esperando o quê?
Se ela soubesse…
— Eu tenho medo, Maya!
Ela tomou minha mão e deu um aperto.
— Eu sei que tem muito mais coisas que você não me contou a
respeito do Daniel. — Meu sangue gelou, enquanto eu olhava para ela.
Sentindo meus olhos lacrimejarem. — Mas eu não vou te pressionar para
me contar, só vou dizer que você pode ser feliz com outra pessoa, pode
viver algo com ele, mesmo que ainda esteja ferida por outro. Nem todos são
iguais e pelo pouco que você me fala do Mason ele é muito bacana, vá viver
um pouco, você é tão jovem e já carrega tantos fardos nas costas.
Pisquei, deixando que as lágrimas escorressem pelo meu rosto.
— Você tá certa! — murmurei.
— Eu sempre tô! — brincou, mas tinha carinho na sua voz.
E foi com aquele incentivo que respondi a única coisa que queria no
momento, mas que ainda tinha medo de admitir, no entanto, estava na hora
de talvez começar a viver minha própria vida e deixar o passado para trás.

Ava: Quero ir para sua casa!

Esperava não me arrepender daquela decisão…


CAPÍTULO 17

Parei o carro na entrada dos fundos do Tomorrow e aguardei ali


mesmo até que Ava aparecesse. Ela saiu junto com Maya e as duas estavam
sorrindo.
Assim que viu meu carro, a morena acenou na minha direção e eu
retribuí o gesto, enquanto Ava só me deu uma piscadinha. Elas se
despediram e antes que minha garota entrasse no carro, indaguei para
Maya:
— Quer uma carona pra sua casa?
— Ah, não precisa! Podem ir curtir a noite!
Ela sorriu e acenou. Não me sentia bem em deixá-la ir embora
sozinha.
Saí do carro, antes que Ava pudesse entrar, contornei-o e abracei a
deliciosa que estava mudando os meus dias.
— Vou chamar um Uber pra ela, ok?
— Fico muito mais tranquila se você fizer isso.
— Maya? — chamei.
Ela se virou e eu informei o que faria, mesmo tentando negar Ava
acabou insistindo, porque estava um pouco tarde e o bairro em que elas
moravam não era um lugar bom para caminhar à noite ainda mais sozinha.
— Tudo bem, aceito! Mas depois vou te pagar, Mason.
Revirei os olhos, o que a fez gargalhar.
Depois que o motorista por aplicativo chegou, nós nos despedimos de
Maya e voltamos na direção do carro, ofereci meu celular para Ava que me
encarou com o cenho franzido.
— Pra quê isso? — indagou, meio confusa.
— Pra você acompanhar a viagem da Maya.
Ava sorriu e pegou o aparelho.
— Não tem medo de que eu possa ver os seus segredos sórdidos?
Abri a porta do carro para ela, que entrou ainda com um sorrisinho
brincando na boca.
— Droga, agora você vai descobrir que quero pegar seus órgãos.
Tentei imitar uma risada maligna, o que arrancou uma gargalhada de
Ava.
— Nem querendo você parece o vilão, riquinho.
Segurei seu rosto e depositei um beijo leve em sua boca.
— Oi, Ava! — disse ao me afastar dela.
Suas bochechas coraram.
— Oi, Mason!
Fechei a porta e contornei o carro. Assim que entrei senti a garota ao
meu lado me encarando.
— Você mora muito longe daqui? — indagou e podia ouvir a
ansiedade em sua voz.
— Não muito, uns vinte minutos se o trânsito colaborar.
Pela visão periférica eu a vi ela assentindo e dei partida no carro, sem
querer pressioná-la a nada. Eu a levaria para minha casa, tinha comprado
jantar para nós e depois o que ela exigisse que eu fizesse acataria.
— Avisei minha mãe que talvez eu possa demorar, mas que estou
com você. — Sua voz estava baixa.
Fiquei preocupado com o que dona Stella podia falar para Ava,
depois que eu fosse embora, por isso indaguei:
— Ela brigou com você?
Ava ficou em silêncio por um momento, ponderando se me contava o
que ela e a mãe haviam conversado.
— Não, ela só está preocupada com a reação dos seus pais.
Fechei as mãos com mais força em volta do volante.
— Eles não serão um problema para você. Nunca deixaria que
fizessem nada para te magoar.
Aproveitando a direção automática, lhe estendi a mão que ela aceitou
prontamente, colocando a sua por cima da minha, entrelaçando nossos
dedos um no outro.
— Como foi seu dia? — indaguei, acariciando sua mão.
— Cansativo! O restaurante foi fechado para um aniversário, tivemos
que chegar mais cedo e sairmos mais tarde, estou um caco.
Fiz uma careta por ouvir aquilo, queria que ela estivesse bem.
— Posso fazer uma massagem em você, caso queira relaxar.
Ela cravou as unhas na minha pele e eu reclamei.
— Quer arrancar minha pele? — questionei.
— Você não vale nada, Mason. Mal falo algo e você já leva pra
segundas intenções.
Trouxe a sua mão até minha boca e beijei a pele macia.
— Eu tenho que jogar com o que posso.
— E pelo jeito você está vencendo esse jogo.
Fiquei em silêncio, enquanto Ava também permanecia na inércia. Ela
realmente estava certa, depois de tanta relutância, eu estava vencendo
aquela pequena batalha, mas no fundo eu tinha completa convicção de que
mesmo sendo um jogo não queria machucá-la.
Ava sabia que eu queria curtição e mesmo assim não queria magoá-la,
se eu pudesse ter os dois e ela sair intacta daquilo que estávamos nos
enfiando, ficaria mais que grato.
— Ava? — chamei, enquanto parava em um sinal.
A garota me fitou e eu tentei dizer, mas provavelmente o que eu
queria falar estivesse estampado em meu rosto, porque ela tomou a frente
da situação.
— Eu sei que não é um compromisso sério, que temos escolha para
seguirmos com nossas vidas. Não precisa se preocupar, eu não sou aquela
mulher que correrá atrás de você como uma maluca se você não quiser
mais. Só dei abertura para isso entre nós, porque você me faz querer viver
aventuras que não imaginei que viveria, Mason.
Engoli em seco com suas palavras.
— Obrigado por confiar em mim, para isso.
Estava sendo sincero, porque o que mais queria era sua felicidade.
Ela me jogou um beijo no ar e eu voltei a avançar com o carro,
porque o sinal havia sido liberado. Fomos o resto do caminho em silêncio,
não sei por qual motivo, mas talvez fosse pelo desejo que recaiu sobre o
ambiente.
Se eu sentia, sabia muito bem que ela também poderia sentir.
Assim que chegamos digitei a senha do portão da garagem e logo
entrei no local, parando o carro em uma das minhas vagas.
Saí do veículo e logo abri a porta para Ava me acompanhar. Segurei
sua mão na minha, enquanto ela olhava ao redor.
— Nossa, aqui é enorme!
— É só o estacionamento.
Ela revirou os olhos e sussurrou:
— Eu sei, por isso, mesmo já estou chocada.
Sorri, abracei sua cintura e fomos caminhando em direção ao
elevador.
Apertei o botão da cobertura, enquanto ela caçoava da minha cara.
— Claro que ele tinha que morar no lugar mais caro do prédio, só
para manter sua pose de riquinho.
Fiz um coração com as mãos na sua direção e ela fez uma careta,
como se não suportasse aquela dose de afeto.
Quando saímos, caminhamos para a entrada da cobertura, liberei a
porta com minha digital e acenei para que ela entrasse antes de mim.
Assim que pisou no hall de entrada, foram visíveis seus olhos
passeando pelo lugar.
— Uau! Isso que eu chamo de casa — comentou.
— Eu sei, aqui é incrível — murmurei ao parar ao seu lado.
Peguei sua bolsa e o celular. A viagem de Maya estava quase
finalizando, por isso, ainda ficaria de olho. Coloquei a bolsa de Ava no
aparador, que ficava dentro de um armário na entrada para guardar
exatamente aquele tipo de objeto e lhe estendi a mão em seguida.
— Vamos, eu preparei o jantar. Ou melhor, comprei o jantar, porque
você descobriu muito recentemente o quanto sou bom na cozinha.
— Ao menos em alguma coisa você tem que ser ruim, Mason.
Conduzi Ava pela sala, deixando que ela observasse tudo ao redor e
por fim, quando se sentiu satisfeita a levei até a mesa de jantar que estava
em outro cômodo.
Eu havia diminuído a intensidade da iluminação da sala de jantar,
deixando que pouca luz iluminasse o ambiente. Ava olhou para a mesa
posta e mordeu o lábio.
Afastei uma das cadeiras para ela se sentar. Logo que me afastei
acendi as duas velas sobre a mesa e me sentei ao seu lado.
— Você realmente se empenhou — sussurrou.
— Você aceitou vir à minha casa, eu tinha que fazer o mínimo, não?
Olhando-me de soslaio um sorriso doce brincou em sua boca. E eu
soube naquele momento, que talvez o feitiço poderia virar contra o
feiticeiro, porque algo em meu peito se apertou ao encarar aquela menina
sentada ali.
A parca luz a deixava ainda mais linda, sua expressão de surpresa e
até mesmo de agradecimento mexeram comigo e talvez… talvez eu
estivesse muito enrascado…
Já que o sentimento de posse me tomou e eu queria Ava só para
mim… toda para mim!
CAPÍTULO 18

Ainda estava desacreditada com o que ele havia preparado. A mesa


abarrotada de comida podia alimentar umas vinte pessoas, as velas acesas
em candelabros fizeram meu coração disparar.
Eu nunca havia recebido tanta atenção daquela forma. No meu último
relacionamento, que durou um longo tempo, nunca recebera nem metade do
que Mason estava me oferecendo naquele um mês que nos conhecemos.
Sei que no início fui rude com ele, mas havia uma explicação, todas
as minhas atitudes controvérsias tinham uma razão. Eu contaria para ele, me
decidira no caminho para o seu apartamento que falaria o motivo de ter sido
tão idiota e depois que entrei naquele lugar, percebi que talvez tenha me
precipitado e eu também falaria aquilo para ele.
Talvez Mason me entendesse, na verdade, eu esperava que ele
compreendesse, pois não estava preparada para passar novamente por algo
assustador como há alguns meses. Maya disse que ele podia ser diferente,
eu sabia que ele era. Mason nunca me enganou, ele sempre foi claro em
relação a mim.
Ele me queria como uma amizade colorida, me queria em sua cama,
mas sem compromisso e eu também não queria nada sério, queria ao menos
viver uma aventura e talvez tivesse escolhido a pessoa certa para vivê-la.
— O que você quer comer?
Saí dos meus devaneios, olhando para todas as opções em cima da
mesa.
— Pra quê isso tudo? — indaguei, apontando o indicador para a
mesa.
— Não tinha ideia do que você gostava de comer, então resolvi pedir
um prato de cada.
A cada momento ele me fazia mais surpresas. Soltando uma
respiração forte, escolhi o bife salteado com aspargos e nós comemos em
silêncio, enquanto eu agradecia por aquilo, já que estava deixando meus
pensamentos falarem comigo.
Mason havia lembrado que eu preferia refrigerante a vinho e mesmo
que ele estivesse tomando um tinto, em uma taça que deveria ser de cristal,
pois brilhava até mesmo na parca iluminação, ele não insistiu para que eu
tomasse a bebida alcoólica.
Tão diferente dele…
— O que foi? — O homem ao meu lado perguntou.
Minhas mãos começaram a tremer, ao constatar como as atitudes
eram diferentes e de um jeito impensado me levantei da mesa
abruptamente, afastando-me alguns passos de Mason.
Ele percebendo o que estava acontecendo, também se levantou, mas
se manteve distante sem invadir o meu espaço, deixando que eu decidisse se
podia se aproximar de mim.
— Eu tô com medo! — confessei, deixando que as malditas lágrimas
caíssem pelo meu rosto.
O homem deu um passo à frente, no entanto, parou novamente, me
respeitando.
— Medo do quê? — Ele olhou para os lados. — Do escuro?
Mesmo que estivesse chorando, abri um sorriso, ele era tão bobo e
tão legal.
— Não, idiota! — respondi.
Mason abriu um sorriso e estendeu a mão para mim.
— Medo de mim? — indagou de forma cautelosa.
Neguei, entretanto depois de alguns segundos assenti.
— Eu não fiz nada para te fazer sentir medo! — afirmou.
Tentei enxugar as lágrimas, e uma nova onda caiu pelo meu rosto,
deixando claro que seria impossível secá-las.
Permitindo que escorressem pelas minhas bochechas comecei a dizer
com a voz embargada:
— Sei que não, mas eu também tenho culpa, achei que estivesse
preparada para ficar sozinha em um lugar fechado assim com você e acho
que entendi tudo errado e… não sei se consigo fazer o que você quer e…
Mason avançou mais um passo com a mão estendida em minha
direção, cortando-me, mas sem encostar em mim, ele disse:
— Não precisa fazer nada que não queira. Já te disse que estou aqui
para te ouvir, caso precise de um ombro amigo. Eu posso ser um canalha,
que não está pronto para relacionamentos, mesmo estando velho, porém,
nunca faria mal a você.
Olhei para sua mão estendida e mesmo com o coração quase saltando
do meu peito, com o medo que percorria todas as minhas veias, nervos e
músculos a aceitei de bom grado, deixando que ele me puxasse para seus
braços.
Mason me abraçou carinhosamente, o que acabou fazendo com que
eu explodisse em uma nova onda de choro. Com o rosto encostado em seu
tórax deixei que o medo saísse em forma de lágrimas, assentindo que o
homem que me abraçava tão forte me acalmasse um pouco.
Uma de suas mãos se apoiou no final das minhas costas, enquanto a
outra passava pelos meus cabelos que estavam soltos.
— Eu estou aqui, coisinha irritante. — A voz rouca de Mason tomou
o ambiente.
Afastei-me o suficiente para encarar seus olhos lindos, que me
fitavam parecendo querer descobrir todos os segredos que eu guardava a
sete chaves dentro de mim.
— Te conheço há tão pouco tempo, porque sinto que tenho que
revelar meus segredos que não conto a ninguém? — perguntei.
— Talvez eu lhe passe a confiança necessária para poder me contar.
Engoli em seco voltando a apoiar o rosto no peito de Mason,
deixando que ele voltasse a acarinhar meu cabelo, enquanto ponderava
sobre tudo o que havia acontecido comigo.
— Namorei com Daniel por dois anos — admiti, sentindo o braço de
Mason se apertar um pouco mais em minha cintura. Como se ele não
esperasse ouvir aquilo.
— O que ele fez, Ava? — Sua voz estava rouca.
— No começo ele me tratava até de forma gentil, no primeiro ano eu
pensei que realmente havia escolhido um cara legal. Só que fui vendo as
coisas que ele fazia e comecei a perceber que eu não queria aquilo para
minha vida. Daniel comanda uma das gangues do meu bairro, ele comete
muitos crimes e a primeira vez que tentei terminar com ele percebi como
estava encrencada.
Mason se afastou um pouco de mim, tirando a mão do meu cabelo e a
levando para meu queixo para que eu encarasse seus olhos. A luz parca não
impedia de eu observar a raiva que estava estampada em sua feição.
Ele ficou em silêncio, mas percebi que queria que eu continuasse
daquela forma, o encarando, para perceber que ele estava ali por mim. E
mesmo que não admitisse em voz alta agradeci por ele estar fazendo
aquilo.
— Continue — murmurou.
— Ele me ameaçou, falou que só quando ele quisesse terminar
comigo é que eu podia me afastar dele… — Perdi-me um pouco nas
lembranças, mas voltei rapidamente para a realidade. Já era difícil falar, se
eu me colocasse tão dentro do que aconteceu, eu desabaria de novo. —
Lembro que ele estava armado e colocou a arma na minha cintura,
perguntando se eu entendi. Sentia tanto medo, que acabei concordando.
— Ele é um desgraçado. — A voz de Mason estava tomada pela
fúria.
E fiquei com medo do que ele poderia fazer caso eu continuasse a
história.
— Por favor, promete que não fará nada contra ele. Não quero que
você se meta com aquele maluco, sei que ele é capaz de coisas terríveis.
Mason engoliu em seco.
— Não posso te prometer isso! — afirmou.
Afastei-me no mesmo momento dos seus braços.
— Então não posso continuar, Mason!
Ele tentou me abraçar de novo, mas saí da sala de jantar, caminhando
para a iluminação da sala de estar. Fui para perto de uma das vidraças que
mostrava uma vista incrível de Nova Iorque e fiquei olhando os carros que
aparentavam ser tão pequenos de um lugar como aquele, que ficava tão alto,
um verdadeiro arranha-céu da cidade que nunca dormia.
Ouvi os passos de Mason se aproximarem e pelo reflexo da vidraça,
observei quando ele parou atrás de mim e contornou minha cintura com
seus braços, colando meu corpo no seu, fazendo com que eu sentisse aquele
calor que somente ele conseguia espalhar pelo meu corpo e tomar todo o
meu ser.
— Prometo que não farei nada, mas por favor desabafe, sei que está
precisando disso.
Sussurrou bem próximo do meu ouvido, fazendo minha pele se
arrepiar. Engoli em seco e encarei seus olhos pela vidraça.
— Promete mesmo? — inquiri.
— Sim!
Fechei meus olhos e disse quando uma nova onda de lágrimas me
tomou, fazendo minha voz embargar, fazendo tudo dentro de mim tremer,
se amedrontar, se sentir destruído:
— Passei o último ano tentando me afastar de Daniel, mas ele insistia
que éramos namorados e não tinha nada que eu pudesse fazer contra ele,
ainda mais quando ele ameaçava que faria algo com minha mãe se eu me
afastasse. Só que nos últimos meses que ficamos tudo mudou. Teve uma
noite, em que ele me obrigou a beber, eu não queria, mas ele forçou a
bebida para dentro da minha boca. Ele me drogou, Mason! — Um gemido
sofrido escapou de dentro de mim.
Os braços do homem que me abraçavam ficaram tensos e pelo
reflexo vi sua expressão feroz.
— Ele me drogou e me estuprou!
Era aquilo, a merda do meu grande segredo, como eu havia me
tornado tão fechada para os homens que olhavam na minha direção. Como
eu tinha me tornado tão petulante, usando uma máscara insuportável para
tentar afastá-los de mim.
E mesmo assim, Mason viu algo… viu o que eu não queria e
conseguiu destruir as minhas barreiras.
Talvez ele fosse a minha salvação… a salvação que eu tanto
precisava.
CAPÍTULO 19

Sabia que não estava sendo capaz de esconder a raiva que passava
pelo meu corpo, mesmo que eu tentasse vigorosamente, não tinha como
ficar completamente passivo com aquela confissão.
— Eu não me lembro direito, mas ele me obrigou. Lembro que
arrancou minha roupa e se forçou para dentro de mim, com tanta força que
sinto a dor até hoje. Eu era virgem, Mason. Nos dois anos que ficamos
juntos, nunca tinha deixado que as coisas avançassem, sabe? — Ava
continuava, mesmo que sua voz estivesse cortada pela dor de relembrar o
que havia acontecido com ela.
Meus olhos começaram a arder, porque aquela confissão estava
acabando comigo. Não podia acreditar que aquela menina, tão maravilhosa,
tão minha tinha passado por aquilo.
— Eu implorava para ele parar, mas era a mesma coisa do que pedir
para continuar. — Ava encostou seu corpo no meu e eu senti seu corpo
tremer, quando continuou: — Então tudo acabou e tinha sangue, e eu sentia
tanta dor. A droga não conseguiu fazer com que eu ficasse anestesiada.
Completamente amedrontada me vesti e avisei a ele que era para nunca
mais chegar perto de mim, se não eu o denunciaria e pela primeira vez vi
que ele ficou com um pouco de medo. E por fim, consegui me afastar de
Daniel, mesmo que ele ainda me persiga e tente me colocar medo, mas não
estou mais com e mesmo assim não consigo esquecer, não consigo me
entregar, eu não sei nem mesmo se um dia gostarei de fazer sexo.
Ela girou seu corpo e encarou meu rosto, o seu estava banhado por
lágrimas e o meu não se encontrava diferente, porque aquela revelação
acabou comigo.
— Foi por isso que me antecipei demais, não sei se estou preparada.
Eu tenho medo, Mason. Medo de sentir dor, de ser machucada novamente,
eu tenho medo de tudo relacionado a um homem e mulher nus em um lugar
fechado.
Eu estava arrasado, completamente destruído com sua revelação.
Sentindo-me o pior ser humano que podia existir, por não ter percebido os
sinais antes.
O tanto que pressionei aquela garota. Estava fazendo mais mal do que
bem a ela.
Segurei seu rosto entre minhas mãos e beijei sua testa vagarosamente.
Depois depositei um beijo sobre seus lábios e com a minha boca ainda
encostada na sua, sussurrei:
— Desculpe, por ter sido tão insistente. Não queria te deixar com
mais medo. Eu estou com muito ódio desse desgraçado, mas prometi que
não farei nada, então continuarei com essa promessa, porém, deveríamos
denunciá-lo pelo que fez a você.
Ava balançou a cabeça negando imediatamente o que lhe disse. Ela se
afastou do meu toque, abraçou seu próprio corpo e murmurou:
— Não quero fazer isso. Sei que deveria, mas eu tenho medo do
Daniel. Se ele já é assim comigo sem denunciá-lo, não sei do que ele seria
capaz se descobrisse que o denunciei. Ele pode me destruir caso saiba que
eu fui até a polícia, sem contar que as mulheres sempre são subjugadas, é
sempre a nossa palavra contra a deles e em sua maioria a justiça sempre fica
do lado deles.
Respirei fundo, sabendo que ela estava certa em algumas partes,
mesmo que não concordasse e achasse que deveria, sim denunciá-lo.
— Se um dia você estiver preparada para fazer isso, saiba que estarei
ao seu lado segurando sua mão.
Mesmo sofrendo, Ava assentiu.
— Desculpe ter te passado a impressão errada. Não queria que você
tivesse esperança e logo eu te jogasse esse balde de água fria.
Neguei, voltando a me aproximar dela.
— Não se desculpe, eu nunca falaria nada pra você. Já disse que só
farei algo, caso queira e se não quiser eu entendo. — Tentei amenizar a
situação, para tirar aquela expressão triste do seu rosto. — Mas, claro que
se você quiser, estarei aqui prontinho para você.
Consegui o feito quando um sorriso escapou dos lábios de Ava. Senti-
me vitorioso por ver aquele sorriso direcionado para mim, mesmo depois de
tudo que ela havia passado.
— Obrigada, Mason!
Levei os nós dos meus dedos até sua bochecha e acariciei a pele
úmida pelas lágrimas.
— Eu que agradeço por você sentir tanta confiança comigo para
poder compartilhar a sua dor.
Ava soltou os braços que ainda estavam em volta do seu corpo e me
abraçou em seguida.
Contornei seu corpo com os meus e deixei que ficássemos daquela
forma por um tempo.
— Você pode me levar embora? — indagou baixinho.
Encarei seu rosto, os olhos estavam vermelhos, inchados pelo choro
constante, mas ao menos naquele instante as lágrimas haviam parado de
escorrer pelo seu rosto.
— Posso, sempre que quiser, mas também se for do seu desejo pode
ficar aqui.
Um sorriso ameno despontou em sua boca.
— Prefiro ir para casa, quem sabe mais para a frente eu não fique
aqui, mas no momento eu realmente quero ir embora.
Encostei meu nariz no seu e sussurrei:
— Claro, coisinha irritante! — O sorriso em sua boca aumentou. —
Mas antes vamos arrumar aquela quantidade exorbitante de comida que eu
comprei para você levar. Quase não fico aqui, então não podemos
desperdiçar.
— Tudo bem! — concordou.
Fizemos o que falei e quinze minutos depois estávamos dentro do
meu carro, indo em direção à casa de Ava. Fomos conversando amenidades,
enquanto isso e fiquei realmente satisfeito por ela estar bem mais calma
depois que se abriu comigo.
Quando chegamos à sua rua, estacionei em frente ao seu prédio, saí
do carro e o contornei abrindo a porta para Ava em seguida, que estava
carregando o saco das marmitas que havíamos arrumado.
Fechei a porta do carro e caminhamos até a calçada, parando perto da
entrada do seu prédio.
— Amanhã estarei de folga, porque o Tomorrow não vai abrir, se
quiser fazer algo — comentou.
Assenti, segurando seu rosto entre as minhas mãos e beijei sua boca
levemente.
— Posso pensar em algo para fazermos.
— Me avisa então, caso pense e se decida.
Ava estava muito mais tranquila do que mais cedo, parecia até
mesmo ter diminuído ainda mais suas barreiras depois de me contar o que
havia acontecido.
— Tá bom!
Beijei novamente sua boca, porém, algo me avisou que o ambiente
havia ficado mais tenso, muito mais do que era naquele bairro conturbado.
Afastei minha boca da de Ava e olhei por cima dela, já que era bem
mais alto a figura parada a certa distância de nós. A garota à minha frente
percebendo para onde minha visão estava voltada, girou o corpo e viu o
desgraçado que havia destruído seus desejos.
— Falei pra você ficar longe dela, playboy!
Encarei-o por mais um tempo, antes de avisá-lo, deixando claro o
tom ameaçador na minha voz.
— Acho melhor você seguir esse conselho e se manter bem longe
dela.
O homem sorriu em puro escárnio e eu fechei minhas mãos em punho
ao lado do corpo.
— Não tenho medo de você, playboy.
— Deveria ter!
— Ou vai fazer o quê? — Desafiou-me.
Assim que dei um passo na sua direção, Ava apoiou a mão em meu
peito.
— Por favor, Mason! Você prometeu!
E por ela, somente por ela eu assenti.
— Entra que vou embora — avisei.
Ela se virou e beijou minha boca rapidamente.
— Até amanhã! — murmurou, antes de entrar e ficar segura dentro
do seu prédio.
Esperei mais alguns segundos, enquanto tinha certeza de que Ava
havia subido as escadas.
— Se chegar perto dela, eu vou acabar com você — ameacei, sem
medo algum.
— A bonequinha deve ter falado alguma mentira sobre mim, para
você estar com tanta raiva direcionada na minha direção.
Meu sangue ferveu!
— Não a chame assim!
— Ou você vai fazer o quê, playboy? — tentou me irritar, mal
sabendo que eu já estava a ponto de quebrar a sua cara.
— Vou te mostrar!
E não esperei nem mesmo mais uma respiração sua, quando avancei
na sua direção e o soquei com tudo bem no meio do nariz. O homem pelo
visto não esperava a minha reação, já que nem conseguiu se defender,
quando o soquei e aproveitando a guarda baixa desferi mais golpes.
Todos no rosto, para que ele não conseguisse esconder a sua
humilhação. Quando tentou me acertar, consegui desviar e novamente
soquei seu nariz, que já estava escorrendo sangue. Senti o osso afundar e
sorri ao perceber que havia quebrado aquela parte sua.
Chutei seu estômago, fazendo o cara ir parar direto no chão. O rosto
estava uma mistura de cortes e sangue, o que me deixou ainda mais
contente ao encará-lo daquela forma.
— Você está avisado, Daniel! Se chegar perto de Ava novamente, eu
não vou parar nos socos. Se a ameaçar eu vou acabar com você, se tentar
abusar dela de novo, eu vou acabar com você, se respirar perto dela eu vou
acabar com você. Espero que estejamos entendidos.
Afastei-me indo em direção ao meu carro. Entrei no BMW e parti
para casa. Deixando o traste caído no chão, gemendo de dor, podia morrer,
mas meus golpes não o matariam… infelizmente não!
O senso de proteção havia me dominado e naquele instante percebi
que Ava se tornou muito mais especial do que eu imaginava.
Mais do que deveria!
CAPÍTULO 20

Estava sentada sobre uma das cadeiras da cozinha, esperando meu


pão ficar pronto na torradeira, quando mamãe entrou na cozinha com um
sorrisinho brincando em sua boca.
— Bom dia, meu amor!
— Bom dia, mamãe!
Abracei seu corpo pequeno e a encarei com atenção.
— Está melhor?
— Estou, querida!
Ela acarinhou meu rosto e eu fechei os olhos ao sentir aquele toque
afetuoso.
— Como foi ontem à noite? — quis saber.
Eu havia avisado que saí com Mason e como ela já estava deitada
quando cheguei, provavelmente deixou para me interrogar hoje.
— Bom, na verdade, foi incrível!
Mesmo que eu tenha revelado a verdade para Mason eu senti como se
aquilo fosse uma das melhores coisas que haviam acontecido na minha
vida.
— Então Mason Coleman é assim tão poderoso para fazer um
encontro ser incrível?
Sorri ao me lembrar do que ele havia feito.
— A senhora acredita que ele comprou diversas comidas por não
saber qual a minha preferida.
— Exibido! — brincou.
Concordei e meu pão ficou pronto. Peguei a fatia e aproveitando que
havia feito dois ofereci um para minha mãe.
Já havia preparado o café, então nos sentamos à mesa para tomar o
café da manhã.
— Ele é um pouco, mas todos os pratos que não comi estão dentro da
geladeira.
Parecendo adivinhar que falava dele, meu celular tocou e seu nome
piscou na tela.
— Preciso atender, mamãe!
Ela assentiu, me levantei da mesa e fui para a sala, tentando ter um
pouco de privacidade naquele momento, mesmo que soubesse que minha
mãe podia ouvir tudo de onde eu estava.
— Oi!
— Como está minha rabugentinha linda?
Revirei os olhos com seu cumprimento.
— Primeiro, não sou rabugenta, mas o linda aceito e estou ótima!
Não era mentira, eu realmente estava maravilhosamente bem.
— Hum, que interessante! Porque eu já me decidi onde te levar. Está
preparada para passar o domingo mais perfeito da sua vida comigo?
Soltei uma gargalhada.
— Você é muito convencido!
— Eu sei que posso, por isso, sou!
Novamente revirei os olhos.
— Para onde vamos?
Mason fez uma pausa e quando respondeu me deu vontade de socá-
lo.
— Surpresa!
— Você é um chato, Mason!
Uma gargalhada do outro lado da linha fez os pelos do meu corpo se
arrepiarem.
— E você me adora! — Não podia negar aquela afirmação. — Vá se
arrumar, daqui a uma hora passarei aí.
— Ok!
Desliguei e assim que voltei para a cozinha estaquei no mesmo lugar.
Porque minha mãe estava parada entre a sala e a cozinha, me encarando
com os braços cruzados.
— Você está apaixonada, Ava! — afirmou.
E daquela vez quem gargalhou fui eu.
— Não, mamãe! Mason e eu somos somente amigos.
Seus olhos avaliadores me encaravam como se soubesse das coisas
muito mais do que eu.
— Eu sou sua mãe e sei reconhecer a paixão em seus olhos.
Não sabia se ela estava brava ou somente com medo do que poderia
acontecer, caso sua afirmação fosse real.
— A senhora está tomando como verdade algo que não é. Eu juro que
não estou apaixonada, sério. Eu só gosto de ser amiga dele, uma amizade
meio colorida, mas é só isso!
Engoli em seco quando terminei de falar.
— Tudo bem, não ficarei insistindo nesse assunto, só peço que tome
cuidado.
Assenti, enquanto ela se aproximava de mim e segurava minhas mãos
nas suas.
— Só sou uma mãe preocupada.
— Eu entendo! — admiti.
Ela beijou minha bochecha, sussurrando em seguida:
— Vá curtir o seu domingo.
Antes de partir para meu quarto, questionei:
— A senhora se importa de ficar sozinha?
— Não, meu amor! Quero mesmo que você se divirta.
Sorri para ela e corri para o quarto, já que não sabia para onde
iríamos, precisava encontrar algo que combinasse com qualquer lugar.
Depois de escolher um vestido, que era justo no busto, mas soltinho
no quadril, vermelho, peguei uma bota de cano curto e uma jaqueta para
terminar de finalizar o look e por fim fui tomar banho.
Quando estava pronta, ainda esperei cinco minutos antes que Mason
enviasse uma mensagem avisando que havia chegado.
Despedi-me de minha mãe e desci as escadas quase tropeçando em
alguns degraus, assim que abri a porta do prédio ali estava ele, todo lindo e
tão diferente do normal que eu costumava ver. Usava uma camisa de manga
curta preta, um jeans da mesma cor e tênis. Nunca vi Mason usando tênis,
foi quase um choque para mim.
O sorrisinho sacana pairava naquela boca linda, que ficava ainda mais
deslumbrante quando sorria. A barba cerrada me fez engolir em seco e a
vontade incontrolável de beijar sua boca me tomou e eu acabei avançando
na sua direção.
Sem me importar com quem pudesse ver, coloquei minha mão em sua
nuca e o puxei, grudando sua boca na minha. As mãos de Mason pararam
em minha cintura e me apertaram com um pouco mais de força em seu
corpo.
Sua língua pediu passagem para dentro da minha boca e eu permiti,
me entregando àquele beijo com vontade. E naquele momento sentindo o
beijo gostoso fazer aquele fogo começar a se acender dentro de mim as
palavras de minha mãe surgiram na minha mente.
“Você está apaixonada, Ava!”
Interrompi o beijo e encarei os olhos de Mason, que me fitou sem
entender.
— O que foi? — perguntou com a voz rouca.
Meu coração saltava dentro do meu peito.
Quando eu havia me apaixonado por Mason? Não, eu não podia estar
apaixonada… não podia mesmo.
Só tinha pensado naquilo porque minha mãe havia dito tamanha
barbaridade.
— Nada, só estou ansiosa para saber onde me levará.
— Ah, que menina curiosa!
Ele beijou minha boca rapidamente, me conduzindo em seguida para
o lado do carona. Logo já havia tomado a frente da direção e começou a nos
conduzir pelas ruas de Nova Iorque.
Senti minhas mãos suarem frio e pedi a Deus que não permitisse que
aquilo que pulsava dentro de mim não fosse amor. Mason deixou claro que
não queria nada sério, ele só queria uma amizade colorida e só estava
disposto a me dar aquilo.
Encarei-o de soslaio e percebi que realmente perdi o controle dos
meus atos…
Eu tinha me apaixonado por um herdeiro que não queria
relacionamentos. O quão idiota aquilo me tornava? Muito. Com toda a
certeza, a mais burra de todas... Eu me apaixonei por um homem que não
iria me amar e, ainda por cima, não estava disposta a me afastar. Respirei
fundo e decidi curtir aquele momento e esquecer o resto das consequências.
Depois, pensaria em como contornar aquela situação complicada em
que havia me metido...
Depois, somente depois, quando estivesse sozinha e segura no
interior do meu quarto, pensaria naquela maluquice que havia acontecido.
Mason pousou a mão em minha coxa e eu me esqueci de tudo… eu
só o queria pela quantidade de tempo que ele pudesse me dar.
CAPÍTULO 21
Sentia os olhos de Ava sobre mim, ela tinha ficado estranha depois do
nosso beijo em frente ao seu prédio e eu realmente não sabia o motivo, mas
provavelmente não era nada demais senão ela teria me dito algo.
Assim que estacionei o BMW em uma vaga do Chelsea Piers, saí do
carro e o contornei abrindo a porta para Ava. Ela encarou o lugar e os píers
abarrotados com diversos tipos de embarcações.
— O que estamos fazendo aqui? — indagou.
— Pensei em algo para hoje, bem turístico. Como já tem anos que
não ando por Nova Iorque, quis fazer algo com você que gostava muito
quando morava aqui.
Ava me encarou de esguelha e um sorriso lindo despontou em seus
lábios.
— Você não existe, Mason!
— Ah, mas eu existo!
Aproximei-me dela e abracei sua cintura.
— Quero te dar momentos especiais — confessei.
Ela voltou seu rosto totalmente em minha direção.
— Por quê?
Dei de ombros.
— Tem que ter um motivo para querer te agradar?
Ava mordeu o lábio inferior, soltou um suspiro e negou.
— Acho que não!
— Exatamente, pequena rabugenta!
Como sempre revirou os olhos e depois de pegar sua mão na minha,
caminhamos na direção do píer em que ficava a lancha da minha família
que nunca era usada.
Havia pedido para arrumarem mais cedo e quando cheguei no local o
zelador já estava me aguardando. Ele não demorou muito, só avisou que
tudo o que eu havia pedido tinha sido organizado e logo saiu.
Ajudei Ava a entrar na lancha, mas como sempre atenta às coisas ela
inquiriu:
— Quem irá pilotar?
Apontei para meu peito, sussurrando em seguida.
— Essa gostosura de pessoa aqui.
— Sério isso? — Pareceu não acreditar nas minhas palavras.
— Claro, você acha que eu te colocaria em risco, logo na água? Sou
um ótimo condutor de lanchas, só para que fique claro.
Ava andou um pouco mais para o meio da lancha, que possuía bancos
almofadados ao redor da popa, uma escada para o andar superior, onde eu
sabia que também havia bancos e duas espreguiçadeiras caso quisesse
tomar sol, sem contar a parte inferior, com duas suítes e camas enormes de
casal. A proa tinha um espaço vago para se sentar no piso de madeira, caso
quisesse observar a vista completamente de frente.
— Parece até mentira. Eu nunca fiz esses passeios que a maioria das
pessoas fazem e você tá aí realizando essa vontade que eu tinha, mas que
sabia que não teria condição tão cedo.
Aquela informação me pegou completamente de surpresa. Observei
Ava por um momento, enquanto o vento batia em seus cabelos castanhos e
fazia com alguns fios rebeldes batessem em seu rosto.
Ela era linda, perfeita, e eu a queria… inferno! Como eu queria
aquela mulher e sabia muito bem, que a minha vontade não era somente por
uma noite, eu queria Ava mais do que podia admitir.
— Fico feliz por saber disso.
Aproximei-me dela, puxando-a para dentro do convés. Coloquei-a
sentada em um banco acolchoado que ficava ali e dei partida na nossa
pequena aventura.
Enquanto passávamos pelas águas do Hudson alguns pontos turísticos
passavam ao redor, como Battery Park e Ellis Island. Ava os observou
atenta e por fim, quando paramos próximo à Estátua da Liberdade a garota
olhou encantada para aquele símbolo Norte-Americano.
— Nossa, é muito incrível! — comentou.
— Vem, vamos tirar várias fotos suas para a senhorita atualizar suas
redes sociais.
Ela gargalhou, mas fez o que pedi. Entregou seu celular para mim e
fez diversas poses na proa da lancha, enquanto tirava várias fotos em
posições diferentes, ângulos e tudo mais o que ela pedisse.
Ficamos sentados por um tempo na proa, observando o tempo, que
estava muito agradável para que ficássemos ali. O sol não estava nem muito
quente e nem muito frio, o vento ajudava o frescor a passar por nossos
corpos e Ava apoiou sua cabeça em meu ombro em certo momento.
— Quem diria que o riquinho que eu conheci, que em um primeiro
instante eu achei insuportável, fosse me fazer uma surpresa tão incrível.
Algo dentro do meu peito se aqueceu por saber que ela realmente
havia gostado daquele passeio.
— Se a senhorita me permitir, irei fazer muito mais por você.
— Como sempre um galanteador barato.
Gargalhei e beijei o alto de sua cabeça, só curtindo o nosso
momento.
— Vamos almoçar!
Levantei e a puxei comigo, descemos para o andar inferior e
caminhei até a mesa do local, afastando uma cadeira para Ava se acomodar,
enquanto arrumava a comida que o zelador havia deixado dentro da
geladeira.
— Não é algo muito requintado como ontem, mas é só para matar a
nossa fome.
Daquela vez quem deu de ombros foi Ava.
— Você sabe que não me importo muito com requinte.
Olhei por cima do meu ombro.
— Você se importa somente com a crueldade.
Ela me mostrou sua língua e sussurrou:
— Só quando você merece!
— Eu sou um amorzinho, nunca mereço nada.
Ava ficou em silêncio e eu terminei de preparar nosso almoço,
levando seu prato primeiro para a mesa e depois retornando para pegar o
meu.
A mulher à minha frente comeu em silêncio e novamente aquela aura
estranha pairou por seu rosto. Não quis indagar o que estava se passando
por aquela cabecinha, pois sabia que com Ava as coisas só funcionavam da
forma que ela queria, se ela não tinha me dito nada, era porque não queria
comentar agora.
Nosso almoço correu bem, depois voltamos para a proa, Ava se
deitou em meu colo e chegou a cochilar ali, conforme acariciava seus
cabelos.
Sua expressão estava leve, completamente diferente da de ontem à
noite, ela estava em paz comigo e aquele medo que estampou sua face não
se encontrava mais ali.
Deixei de acariciar seus cabelos, para passar os nós dos dedos pelo
seu rosto. A pele macia acariciou a minha e eu sorri para o biquinho que
Ava fez enquanto dormia.
Eu estava enfeitiçado por aquela garota, completamente encantado,
rendido e a queria cada vez mais…
Meu peito parecia se encher de ar quando a via, algo dentro de mim
gritava para que eu a tocasse. Nunca tinha ficado daquela forma por
ninguém. Será que… balancei minha cabeça. Não, eu não pensaria naquela
palavra, porque ela não existia em meu vocabulário.
No entanto, assim que Ava abriu os olhos depois de um certo
momento, enquanto eu tentava evitar aquela palavra e me encarou, eu soube
que talvez tivesse me apaixonado sem perceber. E eu não queria aquilo, não
queria de jeito nenhum!
— Dormi por muito tempo? — inquiriu.
— Não, uma hora ou duas no máximo.
— Isso é muito tempo!
Ela tentou se levantar do meu colo, mas não permiti que fizesse
aquilo, não quando estava viciado na imagem dela em meu colo.
— Fica aí, você tá tão linda desse jeito, com essa carinha de sono.
Ava se aconchegou melhor em meu colo e encarando meus olhos
pediu com a voz ainda rouca do sono.
— Me beije, Mason!
— Sempre que quiser.
Levei meu rosto até o seu, grudando nossas bocas em questão de
segundos. Daquela vez não comecei com o beijo leve, comecei de forma
bruta, revezando entre chupar sua boca deliciosa a mordidas leves, minha
língua reivindicava a sua com vontade, desespero, paixão…
Inferno!
O fogo que aquela garota despertava em mim era incontrolável.
Espalmei a mão em sua barriga e passei meus dedos por cima do tecido do
vestido que ela usava. A vontade que tinha era de subir a barra e tocar sua
pele sem aquela quantidade de pano, mas sabia que não podia ultrapassar o
limite que ela me deu.
Porém, indo contra tudo o que se passava em minha mente, Ava
pegou a mão que ainda acariciava sua barriga e levou a um dos seios
grandes, e antes que eu pudesse me fartar com aquela liberdade que ela
havia me dado, parei o beijo e encarei seu rosto, sentindo o fôlego me
faltar.
— Ava… — Perdi-me nas palavras quando vi o fogo dominar seus
olhos.
— Eu quero, Mason! Eu confio em você, sei que não vai me
machucar, me mostre como é ser amada de verdade por meio do sexo.
Engoli em seco.
— Você tem certeza? Eu não quero te forçar a nada, posso esperar o
tempo que você quiser.
Ela abriu o sorriso mais doce que já havia me direcionado, pegou
novamente minha mão e levou-a até o seio grande. Apertou minha palma ali
e sussurrou em meio a um gemido:
— Eu quero agora, por favor, me faça sua.
Pisquei algumas vezes atônito e quando vi que ela realmente estava
falando sério eu disse.
— Vou te dar o melhor sexo da sua vida.
— Tô contando com isso! — afirmou.
Beijei-a de novo, daquela vez deixando que meus dedos brincassem
com o mamilo durinho.
Ela seria minha, completamente minha…
CAPÍTULO 22

Eu tinha me decidido!
Queria Mason, ali no meio do rio Hudson, à medida que curtíamos
aquele domingo incrível.
Eu queria saber como era ter meu corpo realmente amado por quem
sabia valorizar. Necessitava tirar aquela imagem ruim de sexo da minha
mente, precisava saber como era ter a sensação de plenitude que as pessoas
sempre diziam ter. Ainda não sabia o que era aquilo e queria descobrir com
Mason, ali, naquele momento.
Mason me conduziu até o andar inferior, passamos pela cozinha que
havíamos almoçado e logo entramos em uma suíte, que possuía uma cama
enorme, as paredes eram brancas e não tinha nenhum enfeite, mostrando
que ali era um lugar impessoal, mas que seria o ideal para eu ter o que tanto
queria.
O homem que fez aquele desejo despertar dentro de mim, parou atrás
de mim, segurou as abas da minha jaqueta e a desceu pelos meus braços.
— Tem certeza? — indagou, todo preocupado.
Sorri e assenti.
— Tenho, Mason!
Ele jogou a jaqueta em um canto da suíte e levou uma das suas mãos
de novo para minha barriga, encostando meu corpo no seu. Sua boca parou
no lóbulo da minha orelha, enquanto ele raspava os dentes levemente pela
carne daquele lugar.
Soltei um gemido e senti meus dedos dentro da bota se revirarem
com a vontade que estava me tomando. A língua de Mason passou pelo
meu pescoço e eu quase implorei que ele arrancasse minha roupa logo.
— Já se masturbou, Ava? — questionou, fazendo minha calcinha
molhar só com a pergunta.
— Há muito tempo, bem antes daquilo acontecer.
Suas mãos subiram para os meus seios e ele os apertou com força.
Senti meus mamilos ficando cada vez mais entumescidos. E Mason fez
questão de virá-los sob o tecido do vestido.
Perdi o fôlego com aquele ato e encostei meu corpo mais no de
Mason, sentindo seu membro duro cutucar a minha bunda, enquanto fazia o
movimento com meu corpo.
— Eu vou tirar a sua roupa, vou te masturbar com meus dedos, e vou
querer sentir sua porra escorrer por eles, depois vou me ajoelhar no chão e
vou sugar sua boceta até que se perca em mais um orgasmo ao mesmo
tempo que eu a fodo com a minha língua e só depois disso é que vou
enterrar meu pau bem fundo dentro de você e te provar o quanto o sexo
pode ser gostoso, tá bom?
Talvez eu quase tenha gozado só de ouvir a voz rouca que Mason
havia usado para me falar tantas palavras pervertidas e não sabia explicar,
mas eu tinha gostado tanto de ouvi-las.
— Responde, Ava! — exigiu.
— Sim, fa… faça isso! — gaguejei.
Ele afastou as mãos dos meus seios, levou-as até o zíper das costas do
vestido e o desceu. Logo o tecido caiu aos meus pés, como estava sem sutiã,
meus seios ficaram totalmente expostos. Eu usava uma calcinha simples,
preta, nada sedutora e me arrependi um pouco por não ter vestido algo mais
bonitinho.
Mason contornou meu corpo e um sorriso feroz tomava sua boca
deliciosa.
— Sonhei com o dia que ia vê-los assim! — confessou.
Minhas bochechas coraram e Mason sorriu ainda mais.
— Fica tão linda toda vermelhinha assim, Ava.
Mason me ajudou a me afastar do vestido, se abaixou à minha frente
e tirou minhas botas, seus olhos encontraram os meus e um sorrisinho
sacana continuou brincando em sua boca.
— Estou aos seus pés, deusa!
Revirei os olhos, perguntando em seguida:
— Deixei de ser a rabugenta e cruel?
Com uma careta ele negou.
— Não, você ainda é as duas coisas, mas posso acrescentar mais uma
à lista de maravilhas que possui.
Mason beijou minha barriga, quando me livrou das botas e um
arrepio percorreu meu corpo. Suas mãos pararam no cós da minha calcinha,
uma de cada lado e com um puxão forte, fez o tecido estalar e o arrebentou.
Soltei um gritinho e quase fechei as pernas pelo formigamento entre
as minhas pernas que aumentou ainda mais.
— Mason! — esbravejei.
— É desnecessário esse paninho me atrapalhando a chegar aonde
quero.
Novamente o rubor tomou meu rosto, esquentando toda minha pele
com as suas palavras. Mason jogou o que sobrou da calcinha em um canto
da suíte e deixou seus olhos passarem por todas as minhas partes expostas.
— Caralho! Sou bem resistente, Ava. Mas te ver assim, quase faz
meu cacete jorrar rápido por você.
E ele mal sabia que falando aquelas palavras safadas eu quase me
derretia ali mesmo, na sua frente, como uma menina bobinha.
Mason subiu suas mãos por minhas pernas, acariciando a pele com os
dedos grossos, logo uma delas passou para a parte interna da minha coxa,
subindo até encontrar minha vagina.
Eu não sentia medo com Mason, não tinha nenhuma dúvida pairando
sobre meu corpo, eu o queria demais… muito. Seus dedos encontraram os
grandes lábios e logo brincaram para o lado de dentro, passando pela
umidade e arrancando um gemido gutural do fundo da minha garganta.
— Já está tão molhadinha assim?
Mordi o lábio inferior não dando conta de expressar nada, já que
estava completamente tomada pelo prazer. Aquilo era tão diferente de antes,
tão diferente do pesadelo que passei. Meu corpo tremia querendo mais dos
seus toques, ele não queria repelir Mason, queria que ele continuasse o que
estava fazendo.
Mason passou os dedos por toda a extensão da minha vagina, fazendo
mais gemidos escaparem da minha boca. Seus dedos brincaram com meu
clitóris e pressionaram com força aquele ponto durinho no centro da minha
vagina o que arrancou um grito gutural do fundo da minha garganta.
— Isso, Ava! Grita pra mim, grita enquanto meus dedos te comem.
Perdendo completamente o controle, meu quadril começou a se
movimentar, indo e vindo sobre a mão de Mason. Gritei mais uma vez,
quando senti aquele desespero gritante se avolumar em meu ventre,
querendo ser liberto de alguma forma.
Levei minhas mãos aos cabelos de Mason, que sorria parecendo
encantado com o meu desespero, quando deixei o orgasmo tomar conta dos
meus sentidos e liberei aquela sensação deleitosa em sua mão.
Mason ainda brincou com os dedos ali, fazendo meu corpo ficar
trêmulo, enquanto mais um sorriso vitorioso despontava em seus lábios.
Seu dedo do meio encontrou minha entrada e ele me penetrou
vagarosamente. Senti uma ardência me tomar e fiz uma careta.
— Muita dor?
Neguei, mordendo o lábio inferior, no momento em que ele fazia o
movimento de vai e vem, deixando eu me acostumar com aquela sensação.
— Juro que vou ser cuidadoso! — assenti.
— Confio em você! — sussurrei, por fim, completamente ofegante.
Mason tirou o dedo de dentro de mim e o levou à boca.
— Que bom, porque agora eu quero provar o seu sabor direto da
fonte.
E não demorou nada para que a boca de Mason avançasse sobre a
minha vagina e tomasse o que ele disse que faria. Sua língua passou por
toda a minha extensão, provando do meu orgasmo anterior e fazendo que
aquela sensação maravilhosa começasse a me tomar novamente.
Minhas mãos continuaram em seus cabelos, mas daquela vez eu os
puxava com força, tomada pelo desespero querendo que Mason me desse
aquela sensação de novo.
— Mason chupa com força — pedi, não, eu gritei.
E o filho da mãe gargalhou, afastando a boca da minha vagina. Eu o
fuzilei e talvez temendo pela própria vida, ele voltou sua boca para minha
boceta e chupou com mais força, sugou, mordiscou, penetrou a língua em
minha entrada e quando gozei minhas pernas até mesmo fraquejaram.
Esfreguei minha boceta na boca de Mason, em sua barba que fazia
cócegas gostosas em minha pele. Enquanto ele chupava com vontade minha
vagina, suas mãos apertaram minha bunda e por fim, quando eu implorei
para que ele se afastasse, Mason me pegou em seus braços e me deitou
sobre a cama.
— Vou te fazer minha, Ava!
Sem conseguir dizer mais nada em voz alta, porque estava
completamente ofegante, só assenti e desejei que ele realmente cumprisse
com aquilo.
Eu queria ser completamente de Mason.
CAPÍTULO 23

O seu sabor tomava minha boca, minha língua desejava provar mais
uma vez o seu orgasmo, estava completamente maluco naquela mulher.
Ver seu corpo sobre a cama de lençóis brancos, ofegante e com a pele
ruborizada fez meu pau ficar ainda mais duro dentro da cueca. Arranquei
minha camisa e a joguei em qualquer lugar, fazendo o mesmo com os
sapatos, a calça e por fim a boxer.
Meu pau ficou ainda mais ereto, quando vi a forma que os olhos de
Ava passavam pelo meu corpo. Eles deslizaram pelo meu tórax observando
os fios de pelos que passavam por ali, pela minha barriga até chegar em
meu pau.
Vi quando ela engoliu em seco e sorriu de lado encarando o meu
cacete que já babava por ela.
— Viu algo que gostou, Ava?
Ela passou sua língua pelos lábios secos e assentiu.
— Com certeza eu vi!
Mesmo que ela tivesse se entregado para mim há alguns minutos
ainda vi o medo pesar em seu olhar. Aquele desgraçado a tinha
amedrontado demais, eu teria que ser muito cuidadoso para não a deixar
completamente em pânico.
— Como está se sentindo? — questionei, deixando meus olhos
famintos passarem por seu corpo.
— Ansiosa? — respondeu, mas em tom de pergunta.
Elevei minha sobrancelha na sua direção.
— E com medo?
Ela fechou seus olhos e assentiu.
— Desculpe, Mason! Eu tô achando tudo tão incrível, mas é que
agora fiquei…
Aproximei-me da cama e depositei meu dedo que ainda tinha seu
cheiro e gosto sobre sua boca.
— Não precisa pedir desculpas. Vamos devagar, tá bom?
Ava se sentou sobre a cama e assentiu. Ajeitei-me perto dela, levando
uma das minhas mãos ao meu pau e começando a movê-lo para cima e para
baixo, enquanto encarava seu corpo.
— Eu posso só ficar aqui, assim te olhando e me masturbando. Só irei
tomar outro tipo de atitude quando você quiser, minha rabugentinha.
Continuei passando meus olhos por aquele corpo gostoso, apertando
com mais força o cacete duro. Minhas bolas estavam inchadas, loucas para
terem aquele tesão liberado.
Minha respiração aumentou e vi o momento que Ava avançou na
minha direção, tirando minha mão e fazendo a sua tomar o meu lugar.
— Me ensina a fazer do jeito que você gosta? — pediu.
Apertei minha mão por cima da dela e rosnei:
— Vai, com mais força e mais rápido.
Ela fez como eu pedi, fechei meus olhos sentindo a sensação daquela
mão macia tomar meu pau e grunhi, quando Ava aumentou ainda mais os
movimentos.
— Ah, caralho! — esbravejei.
No mesmo momento esporrei sentindo o líquido quente sair pelo
buraquinho da glande, voltei a abrir meus olhos, ao passo que Ava ainda me
masturbava, fazendo até a última gota da minha porra ser liberada.
Vi para o lugar que ela olhava e antes que eu pudesse falar qualquer
coisa, Ava se aproximou com a pontinha da língua e passou pelo gozo que
escorria para sua mão e em volta do meu pau.
Só de sentir a pontinha da língua em meu membro, fez com que eu
pulsasse em sua mão.
Ava me encarou de baixo para cima e seus olhos brilharam.
— Sei que você pode demorar a ficar duro de novo, mas posso te
chupar?
— Faça o seu melhor, coisinha cruel.
Ela sorriu e sem se importar que eu estava todo gozado, começou a
passar sua língua pela extensão do meu membro e pela glande melada,
enquanto a mão de Ava brincava com minhas bolas e não demorou muito
para que eu começasse a ficar duro novamente.
Quanto mais forte ela me chupava, mais ereto eu ficava. Chegou um
momento que não resisti, levando uma das mãos aos seus cabelos, afundei
mais a sua boca no meu pau, com força, sentindo o fundo da sua garganta
pressionar a cabeça do cacete.
— Ah, que boca desgraçada! — rosnei, como um animal saindo de
uma jaula e para o meu completo terror, antes que eu pudesse me derramar
no fundo da sua garganta, Ava se afastou.
Eu a olhei como se estivesse a ponto de explodir e o sorrisinho safado
que me direcionou quase fez que eu gozasse ali mesmo, sem que nada
pudesse me conter.
Ava se deitou sobre os lençóis e abriu as pernas na minha direção.
Tomada pelo desejo, que eu podia ver em seus olhos, ela levou um dedo
para o meio da boceta melada e se tocou deixando um gemido escapar da
sua garganta.
— Você me faz mudar de ideia muito rápido, Mason. — Fez
movimentos circulares em cima do clitóris e movimentou o quadril
delicioso. — Vem me foder?
— Tem certeza? — perguntei, engolindo em seco.
Ela assentiu e não precisou de mais nada para que eu caçasse minha
calça, achasse a carteira e tirasse lá de dentro um preservativo. Abri o
pacotinho rápido, o desenrolando em meu pau que babava por aquela
boceta e em questão de segundos meu corpo pairou por cima do de Ava.
Encarei seus olhos, conforme conduzia o cacete para sua entrada e
mal coloquei a cabeça, quando ela fechou os olhos com força e gemeu de
dor. Ela não era mais virgem, mas sabia que a boceta demorava a se
acostumar, sem contar que sua primeira vez havia sido terrível.
— Continua se masturbando, enquanto me enfio em você, pequena.
Ela fez o que pedi e eu voltei a penetrá-la, não impedindo que sua
expressão dolorosa passasse. Ava se contraiu e eu aproximei a boca do seu
ouvido para sussurrar:
— Relaxa, deixa eu entrar fácil na sua boceta molhada.
— Não tem como entrar fácil, quando você é enorme e grosso desse
jeito — reclamou, mas fez o que pedi.
Sorri e passei a língua por sua orelha.
— Sua boceta é apertada demais, caralho! Ela tá sufocando o meu
pau, tá estrangulando ele e sabe o que é pior? — perguntei, ao mesmo
tempo que me enterrava de vez, até o talo dentro da sua boceta.
— Não! — gemeu, tirando a mão do clitóris, à medida que levava as
unhas para minhas costas e me arranhava, para me marcar do jeito que eu
queria ser lembrado por estar ali com ela.
— Eu tô adorando o jeito que você tá me enlouquecendo.
Afastei meu tórax do seu, aproveitando para levar minha boca até um
dos seios fartos e sugar seu mamilo durinho e rosado, no instante em que
comecei a me movimentar lentamente para que ela se acostumasse comigo.
Suguei com força o peito gostoso, quando Ava começou a se entregar
ao nosso envolvimento, ao prazer daquele momento, ao sexo delicioso que
estávamos fazendo.
— Mason, mais forte… — pediu e eu atendi o seu desejo.
Colocando o braço na curva do seu joelho, puxei uma das pernas para
cima e aumentei o ritmo das estocadas. A cama rangia, Ava gritava e eu
rosnava como um animal ensandecido, perdendo completamente o controle
dos meus atos.
Soquei com força, rápido, desesperado… aquela boceta seria a minha
ruína.
— Mason, você tá… Ah! — Ava gritou…
— Eu tô o quê? — grunhi, enquanto continuava a penetrando.
— Tá me levando à loucura!
Vi o momento exato em que os olhos de Ava se reviraram e ela
apertou as paredes vaginais em volta do pau duro e gozou forte, fazendo o
cacete grosso deslizar mais fácil para dentro dela.
Aproveitando que ela estava entregue ao prazer, levantei sua outra
perna, deixando-as flexionadas ao lado do seu corpo, para que a boceta
ficasse toda aberta para mim e voltei a socar fundo dentro dela.
— Ah, que delícia! — gritei ao meter com vontade.
Levantei meu corpo sem tirar o pau de dentro de Ava e continuei
introduzindo o membro naquela entrada apertada que me levou
completamente à loucura e quando senti Ava me pressionar de novo e o
orgasmo jorrar da sua boceta, deixei que o meu próprio prazer escapasse e
conforme a porra fazia meu quadril se contrair, deixei meu corpo cair por
cima do de Ava e mordi seu ombro como forma de reivindicá-la só pra
mim.
Continuei pressionando os dentes naquela carne suada, cheirosa,
viciante até a última gota do orgasmo vazar pela glande e quando me afastei
o suficiente para encarar o rosto de Ava, um sorrisinho exausto e lindo
brincou na sua boca.
Suor escorria por sua testa, pescoço e ela estava ofegante, mas
aparentava estar muito bem comida.
— Agora sim eu sei o quanto é bom — sussurrou.
— Vou fazer com que prove muitas vezes para você entender que não
é bom, é perfeito, maravilhoso, a coisa mais radiante do mundo.
Ava gargalhou e me desferiu um tapa leve no braço.
— Você não vale nada, Mason!
— Eu sei e é por isso que você me adora! — afirmei.
Novamente aquela sombra estranha passou pelo rosto de Ava, mas
logo ela tentou disfarçar e assentiu.
— É por isso mesmo!
— Vamos nos banhar para vermos o pôr do sol.
Levei Ava em meus braços para a banheira da suíte e não quis pensar
novamente naquela palavra que pairava na minha mente… eu não podia
estar sofrendo daquilo…
Não podia e não queria!
CAPÍTULO 24

Tinha acabado de sair do uber e caminhei para dentro da sede do


Conglomerado Coleman. Mason havia pedido para eu o encontrar ali,
depois da aula naquele dia, porque ele queria me levar para a cobertura para
passarmos o final de semana juntos.
Já que era sexta, ele sairia mais cedo da empresa, para poder me dar
atenção, afinal no último mês, ele ficou tão sobrecarregado de reuniões que
quase não nos vimos. Minha mãe ainda ficava um pouco preocupada com a
nossa relação não oficial, mas falei para ela ficar tranquila no que dizia
respeito àquilo, porque eu sabia que nada aconteceria entre mim e Mason.
Mesmo que não fôssemos oficiais, ele fazia questão de deixar claro
para todos que estávamos juntos. Mason me buscava na faculdade algumas
vezes na semana, ou até mesmo me visitava no subúrbio no final de semana
e tinha vezes que ia no Tomorrow só para me ver.
Já estávamos há dois meses juntos e como minha mãe havia sido
demitida da casa dos seus pais, ela realmente começou a fazer os salgados
para vender e eu consegui uma vaga por mais três dias no Tomorrow no
meio da semana o que ajudava nas despesas de casa.
Mason quis contratar minha mãe para alguma vaga de auxiliar-geral
do Conglomerado, mas fui contra, ainda mais se os pais dele aparecessem
por ali em algum momento e a vissem, não queria que ela passasse por mais
uma humilhação como havia acontecido.
Voltei à realidade e parei em frente à mesa das recepcionistas do
térreo.
— Boa tarde! — cumprimentei as três mulheres que estavam ali.
Uma delas respondeu e as outras só me encararam.
— No que posso ajudar a senhora?
— O Mason está me esperando — informei.
Uma das recepcionistas que ficaram caladas me encarou da cabeça
aos pés e eu tentei me controlar para não lhe fitar de volta com todo o
desdém que ela havia me direcionado.
— E o nome da senhora?
— É senhorita, é Ava e ele sabe quem eu sou.
A única mulher que falou comigo pegou o telefone e discou algum
ramal, que provavelmente deveria ser o da secretária de Mason e falou em
seguida.
— Boa tarde, a senhorita Ava está aqui para falar com o senhor
Coleman.
Ela sorriu maldosamente em minha direção e depois de responder
algo que nem liguei, virou-se para mim dizendo:
— Desculpe, mas ele não está!
Eu sabia que ela estava mentindo só pelo sorrisinho maldoso em sua
boca. Pelo jeito não eram somente alguns ricos que se achavam melhores
que os outros, até mesmo secretárias que trabalhavam em empresas famosas
queriam passar por cima das pessoas que elas nem mesmo conheciam.
Peguei meu celular e liguei para Mason. Dando as costas para a
mulher e caminhando até uma das poltronas da recepção do local. Sentei-
me em uma delas e mesmo que estivesse concentrada na ligação, vi quando
uma das mulheres acenou para os seguranças que perambulavam por ali.
Era inacreditável!
— Oi, minha rabugenta linda! — Mason atendeu, no momento em
que o segurança parou próximo a mim e disse.
— A senhora não é bem-vinda aqui!
Engoli em seco… senti que as três mulheres no balcão me encaravam
e minha garganta se fechou. Elas estavam rindo de mim e eu não tinha ideia
do maldito motivo que as levou a fazerem isso.
— Ava? — Mason pareceu se preocupar do outro lado da linha.
— Você tá na empresa?
— Claro, eu disse que te esperaria aqui para irmos para a cobertura.
Funguei, tentando evitar que as lágrimas escorressem pelo meu rosto,
estava me sentindo humilhada pelo que estava acontecendo.
— Eu tô aqui embaixo… — Respirei fundo.
— Ava, o que aconteceu?
Vi o momento em que o segurança avançou sobre mim e me puxou
pelo braço fazendo até mesmo o celular escapar da minha mão e cair no
chão.
— Me solta! — exasperei-me.
— A senhorita está causando problemas aqui — o segurança disse me
puxando para a direção da saída, nem deixando que eu pegasse meu celular
no chão. O seu aperto era tão forte que estava machucando meu braço.
Ele me empurrou para fora, fazendo com que eu caísse no chão assim
que as portas automáticas liberaram a passagem. Senti o jeans rasgar e os
joelhos se ferirem.
Levantei-me sentindo minha pele arder e girei meu corpo, com os
olhos marejados, mas sem deixar nenhuma lágrima cair. Encarei o homem
que me empurrou e as três recepcionistas. O ódio percorria minhas veias e a
vontade que tive foi de socar todos eles para tirar aquela expressão de
superioridade de seus rostos.
Ao longe pude ver as portas do elevador se abrirem e Mason surgiu,
com o celular ainda no ouvido, assim que ele me fitou pelas portas de vidro
sua expressão se fechou.
Ele caminhou decidido até a recepção e nem olhou para os lados,
antes de caminhar para fora do lugar, passou os olhos por todo meu corpo,
parou o olhar nos meus joelhos e depois de uma respiração funda avançou
na minha direção e segurou meu rosto entre suas mãos.
— O que aconteceu?
— Você tem os piores funcionários! — Não tentei defendê-los. —
Não sei o que aquelas suas secretárias viram em mim, mas me julgaram
mesmo antes de eu abrir minha boca e a de cabelo ruivo disse que você nem
estava aqui e colocou aquele brutamonte pra me colocar para fora.
Mason fechou os olhos por um momento e quando os abriu só vi
frieza gélida naquele olhar azul como safira. Ele abraçou minha cintura e
me conduziu para dentro da empresa.
As três mulheres e o segurança que havia me jogado para fora
pareciam ter ficado pálidos.
— Preciso pegar meu celular!
Avisei e desvencilhei-me do seu braço, fui mancando até onde o
aparelho havia caído e percebi que havia quebrado a tela. Sério? Só
melhorava aquele dia que havia se tornado infernal!
— Por qual razão você mentiu sobre eu estar na empresa? — Foi a
pergunta de Mason para a secretária ruiva.
— Senhor, eu pensei que ela…
— Você não faz as coisas por achar ser o certo, você faz o que foi
paga para fazer, Sandra!
— Desculpe! — A mulher pediu a Mason.
— Não foi eu que fui ofendido. — Ele esbravejou. A mulher ousou
olhar na minha direção, mas antes que ela pudesse falar qualquer coisa,
Mason continuou com a voz ameaçadora: — Os quatro estão demitidos.
O choque passou pela expressão de ambos.
— Eu não gosto de parecer o meu pai, que demitia qualquer um sem
motivos aparentes, no entanto, vocês trataram mal a minha namorada e
ainda se sentiram melhor do que ela. — Ele se voltou para o segurança, mas
eu estava muito chocada pelo “minha namorada”, para reagir e tentar
manter o emprego daquelas pessoas. — Você a machucou. Eu podia
simplesmente te denunciar, então agradeça por eu não fazer isso. Ela é uma
pessoa tão boa quanto vocês, então não sei por qual caralhos que passou
pela mente dos quatro que podiam humilhá-la dessa forma.
Os outros seguranças do local encaravam com os olhos arregalados e
até mesmo alguns funcionários haviam saído de suas salas para verem o que
estava acontecendo.
— Podem arrumar suas coisas e passarem no recursos humanos.
Mason estendeu a sua mão na minha direção e eu aceitei de bom
grado aquele gesto.
— Vamos, amor!
Ainda estava muito em choque com o “namorada” e agora aquela
palavra… a mesma palavra que tentei esquecer durante aquele mês que se
passou… Amor… O que estava acontecendo ali?
Será que Mason também havia se apaixonado por mim?
Entramos no elevador e ele apertou o botão que nos levaria para o
último andar da empresa.
Fiquei o encarando sem entender o que havia acontecido e quando
seus olhos encontraram os meus ele simplesmente admitiu:
— Sim, Ava! Eu me apaixonei por você!
CAPÍTULO 25

Se um dia me dissessem que eu estaria completamente apaixonado


por alguém eu gargalharia na cara de quem teve tamanha ousadia de falar
algo daquele tipo.
Mas, porra! Se qualquer um conhecesse Ava como eu conheci
naqueles últimos dois meses que nos conhecemos e passamos juntos,
perceberia que seria impossível não se apaixonar.
Ela era toda delicada, amorosa, adorava ouvir minhas histórias e
contar as suas. Era sonhadora e me apoiava nas loucuras que eu tinha
vontade de fazer.
Era impossível não se apaixonar e mesmo tentando evitar foi
impossível… eu me rendi completamente a ela. Rendi-me no dia da lancha,
quando percebi que a queria sempre, sendo abraçada a mim, só rindo
comigo das minhas besteiras, ou transando não importava eu queria aquela
mulher na minha vida.
No entanto, nada me provou tão bem o quanto estava apaixonado do
que naquele momento, quando vi seus joelhos sangrando e ela com os olhos
marejados por causa de funcionários da empresa que era minha.
Ava já havia passado por muita coisa na vida para ter que aguentar
humilhação de pessoas que nem sabiam o quanto ela era maravilhosa.
Por isso, quando vi a forma como ela me encarava, eu soube que ela
estava em choque com o que havia ouvido no andar debaixo, como amor e
namorada… e resolvi assumir que a amava, só esperava que ela ficasse em
choque até que as portas do elevador se abrissem.
Ela saiu em silêncio e eu fui atrás dela, caminhamos juntos até minha
sala e nem me importei de apresentá-la à minha secretária, no momento
tinha coisas mais importantes para tratar do que cumprimentos.
Ava parou no meio do escritório e assim que fechei a porta ela se
voltou na minha direção. Encarou meus olhos e indagou:
— Você me ama?
Engoli em seco, mas concordei com seu questionamento.
— Você sempre disse que teríamos somente uma amizade colorida
e…
— Ava! Eu sei o que disse sobre não querer envolvimento sério,
sobre não amar ninguém, você também disse isso lá no início quando nos
conhecemos, que não era para eu me apaixonar, e eu realmente tentei não te
amar, tentei não dar ouvidos ao que estava crescendo dentro de mim e que
parecia ser tão forte, mas você já viu o quanto é perfeita? Porra, me
apaixonei e você não é obrigada a me amar, só aceita o meu amor, pode ser?
Mais lágrimas escorreram pelo seu rosto.
Inferno!
Eu havia estragado tudo com aquela declaração, ela não queria nada
sério e eu provavelmente faria com que se afastasse de mim.
— Repete! — exigiu.
Franzi o cenho, sem entender, mas fiz o que pediu.
— Eu te amo, Ava!
E quando o sorriso surgiu na boca de Ava eu soube que o mundo
realmente podia ser um lugar bom.
— Eu também te amo, Mason!
Todo o medo que eu tive de ela não querer se envolver comigo caiu
por terra e eu caminhei até ela, puxei-a pela cintura e assim que seu corpo
grudou no meu beijei sua boca deliciosa.
Avancei com aquele beijo, tomando sua língua para mim,
esquecendo-me completamente de tudo ao redor, eu só queria aquela
menina ali e agora.
Peguei-a em meu colo, e ela aproveitou para entrelaçar as pernas em
minha cintura, caminhei com ela para uma das vidraças do escritório e bati
suas costas ali, fazendo um gemido gostoso escapar da sua boca.
Abri o botão da sua calça e fui obrigado a colocá-la no chão, para que
arrancasse a roupa, quando suas pernas estavam nuas e sua calcinha tinha
ganhado o mesmo fim da peça, voltei a pegá-la em meu colo. Ava
entrelaçou as pernas outra vez em minha cintura e eu abri minha calça,
deixando que ela caísse até meus pés e descendo a boxer o suficiente para o
pau saltar.
Eu mal a ouvi dizendo que me amava e fiquei duro, louco para estar
dentro dela.
— Eu te amo, Ava! — disse quando me enterrei dentro dela, duro, no
pelo sem me importar com nada, só com a mulher que estava em meus
braços.
— Ah, Mason… — gemeu, perdendo o fôlego.
— Sou seu homem, amor! Gosta de sentir meu pau fundo dentro de
você, sabendo que eu te amo tanto?
Ava apertou as mãos em meus ombros, passando suas unhas pela
minha camisa, fazendo o tecido até mesmo estalar. Não duvidava de que ela
havia rasgado o pano.
— Sim! — gritou, o que me obrigou a beijá-la rapidamente, senão
logo a empresa descobriria o que estávamos fazendo ali.
Soquei com mais força dentro da boceta apertada, que estava me
levando à loucura, ela era quente demais, apertada demais e estava tão
molhada que eu gozaria muito rápido.
Minha língua ainda reivindicava a dela de forma desesperada, eu
chupava sua boca com vontade, sabendo que seus lábios ficariam inchados
pela forma que eu os comia.
Ela era minha!
Ava se afastou do meu beijo completamente ofegante e disse em meio
aos gemidos baixinho, lembrando-se que estávamos em meu escritório.
— Mason, não goza dentro… eu não tomo remédio.
Assenti e rosnei no seu ouvido:
— Goza no meu pau e depois se ajoelha no chão pra eu gozar nessa
boca gostosa, bem no fundo da sua garganta.
Mal terminei a frase, sentindo Ava se contrair com força e liberar seu
orgasmo melado no pau, tão quente, tão delicioso. Meu orgasmo se
aproximava, por isso, arranquei o cacete de dentro de Ava rapidamente, e
ela fez o que pedi antes.
Ajoelhou-se no chão e fechou a boca no meu pau todo gozado com a
sua porra. Seus olhos encontraram os meus, enquanto ela mamava gostos.
Estoquei com força, fazendo com que ela se engasgasse e os olhos
chegaram a lacrimejar.
Soquei mais duas vezes antes de urrar e esquecer que estava na
empresa. Esporrei no fundo da sua garganta, apoiando a testa na vidraça,
enquanto ela engolia toda a minha porra.
Assim que afastei meu pau da sua boca sorri na sua direção e ela na
minha. Só que quando fez uma careta eu me lembrei que seus joelhos
estavam machucados.
— Ah, merda! Desculpe, amor!
Ajudei-a a se levantar e com uma careta, Ava murmurou:
— Não tem nada, eu também esqueci.
— Vamos para a cobertura, chegando lá vou cuidar do seu joelho e
depois faremos sexo na piscina, na sala, na banheira em todos os cantos
daquele lugar.
Ava segurou meu rosto entre suas mãos e sussurrou:
— Eu te amo!
— Eu também te amo!
Beijei sua boca, sentindo meu gosto em sua língua e ficando feliz por
saber que Ava Martinez era minha… toda minha!
CAPÍTULO 26

Ele havia confessado seu amor por mim. Mason me amava tanto
quanto eu o amava.
Eu jurei que nunca poderia revelar a ele sobre meus sentimentos, no
tempo em que ficássemos juntos, mas quando aquelas palavras saíram da
sua boca, me senti a mulher mais feliz de todo o mundo.
Ele me amava!
Eu queria gritar aos quatro cantos, aos ventos, para qualquer um que
passasse ao meu lado, mas resisti a ficar sorrindo como uma boba dentro do
carro, mesmo sentindo dor em meu joelho.
No caminho para a cobertura, Mason fez questão de comprar um
celular novo para mim, algo que implorei para que ele não o fizesse, mas
claro que aquele cabeça-dura não me deu ouvidos e comprou o último
lançamento da loja. O aparelho custava uma pequena fortuna, ao menos
para mim, que não tinha um salário fixo, mas não tive como lutar contra
quando ele ficou exigindo e exigindo que eu aceitasse o presente.
E por fim eu cedi… como sempre estava destruindo todas as barreiras
que ergui em relação a Mason Coleman.
Chegamos à cobertura na parte da tarde, mas como havíamos comido
no shopping, acabou que fizemos como Mason disse, sexo em todos os
lugares da cobertura, alguns sem ou com camisinha.
Meu namorado, porque eu podia chamá-lo assim agora, toda vez
gozava fora, mas confesso que certo medo estava se apossando do meu
corpo.
Naquele momento, deitada em sua cama, com a cabeça apoiada em
seu peito, enquanto Mason acariciava meus cabelos acabei dizendo:
— Não podemos continuar transando sem camisinha, mesmo que seja
delicioso.
Ele parou o que estava fazendo e eu senti quando seus olhos focaram
em mim. Levantei um pouco minha cabeça e o encarei.
— Eu não posso engravidar, Mason.
O homem carinhoso por quem me apaixonei beijou a minha testa e
sussurrou:
— Tá bom, desculpe! Nem perguntei antes de fazer sem camisinha.
Fui um completo idiota que não pensou nas consequências, minha vida não
seria prejudicada se você arrumasse um bebê, mas a sua sim. Então, por
favor, me perdoe. Vou me controlar de agora em diante, prometo! E também
vou marcar uma consulta para você, para verificarmos se nada de pior
aconteceu.
Sorri para ele e beijei a ponta do seu nariz.
— Eu não acho que um bebê possa ser considerado algo de pior, mas
eu não tenho condições de criar uma criança agora.
Ele segurou meu rosto entre suas mãos.
— Eu também não, quer dizer, condições eu tenho, mas não quero
filho tão cedo.
Revirei os olhos, porém, Mason e eu fomos pegos completamente de
surpresa, quando a campainha da cobertura tocou. Eu até mesmo me
sobressaltei com o toque alto e insistente, pois a pessoa parecia que não
queria tirar o dedo do botãozinho que acionava o som.
Encarei meu namorado e o vi com a testa franzida.
— Você estava esperando alguém? — inquiri.
— Não, e ninguém tem autorização para entrar aqui.
Engoli em seco e me afastei do seu corpo, quando ele fez menção de
se levantar.
— Fique aí, vou ver quem é!
Assenti, observando-o vestir uma calça de moletom que estava
jogada sobre uma poltrona no quarto e logo saindo, não antes de me
direcionar uma piscadela, sorri para aquilo e lhe joguei um beijinho no ar.
Abri um sorriso e me aconcheguei na cama enorme que Mason
possuía em seu quarto. Eu estava tão feliz, tão apaixonada, me sentindo tão
bem por ele me amar.
Mas quando escutei a voz que veio da sala de estar, aquela felicidade
começou a ruir e a realidade bateu à porta. Mason era um sonho, contudo
sua família era um pesadelo e a voz que ressoava do outro ambiente me fez
voltar à realidade.
— Que história é essa de você estar namorando a filha da
empregada?
Quando vi minha mãe pela câmera de acesso à porta, o
descontentamento me atingiu. Soltei uma lufada de ar pela boca e a abri, ela
estava com a pior expressão do mundo.
Entrou no apartamento sem que eu permitisse e parou no meio da sala
de estar, sem nem me cumprimentar, jogou a pergunta no ar:
— Que história é essa de você estar namorando a filha da
empregada?
Eu pedi muito a Deus para que Ava não tivesse escutado aquela
pergunta, mas eu sabia que seria impossível, já que dona Ella falou alto o
suficiente para que todos os cantos da cobertura ouvissem.
— Mãe, acho que isso não é da conta da senhora! — afirmei.
Ela soltou uma gargalhada.
— Eu deveria ter imaginado, quando você defendeu Stella naquele
dia em nossa casa, mas claro que nunca algo tão insano passaria pela minha
cabeça. O meu filho, que criei com todo amor, se envolvendo com uma
morta de fome.
Meu sangue começou a ferver.
— Não fale dela assim! — esbravejei. — Se a senhora veio aqui só
para isso, pode ir embora. — Apontei para a porta que ainda estava aberta.
Minha mãe me encarou com seus olhos injetados em veneno.
— Você teria coragem de expulsar a sua própria mãe, por eu estar
falando a verdade?
Como a minha mãe estava de costas para o corredor que levava aos
quartos, não viu quando Ava surgiu, usando nada mais nada menos do que a
minha camisa de mais cedo.
— A senhora não está falando a verdade — Ava, sussurrou, mas de
forma firme sem nem deixar a voz tremer.
Minha mãe arregalou os olhos e se voltou na direção da minha
mulher. Ela encarou Ava de cima a baixo, parecendo ficar ainda mais em
choque por vê-la daquela forma.
Ella soltou uma risada de pura ironia e indagou:
— Ah, resolveu colocar as asinhas para fora?
— Mãe, vai embora!
Ela quase rosnou, quando voltou a dizer:
— Você não percebe que ela está te usando, Mason. Aposto que quer
dar o golpe do baú em você, ainda mais agora que a mãe não tem como
sustentá-la.
— Mãe… — repreendi.
— A senhora não fala da minha mãe. Ela é uma mulher muito
honrada e me ensinou a ser uma boa pessoa. — Ava esbravejou.
— Ah, claro! Com aquela expressão de mulher sofrida ela engana
qualquer um e ainda ensinou a você ser uma aproveitadora.
Mal vi quando Ava avançou na direção da minha mãe e lhe desferiu
um tapa no rosto que estalou pelo ambiente. Tentei segurar a risada, porque
Ella merecia aquele tipo de reação.
Minha mãe direcionou um olhar fervilhante na direção de Ava e
quando tentou ir para cima da minha namorada, me coloquei entre elas e
disse:
— Eu estou com a Ava, queira a senhora ou não. Ela é minha
namorada, eu a amo e não há nada que possa fazer para me afastar dela.
Então, saia da minha casa, porque não pretendo estragar o meu dia com a
presença da senhora.
Ella passou a mão pela bochecha vermelha e me encarou com ódio.
Depois direcionou seu olhar uma única vez para Ava, porém, antes de sair
da cobertura, sussurrou:
— Você vai perceber o quanto essa gente pode ser aproveitadora,
Mason.
Ella nos deu as costas e saiu pisando duro. Quando ela sumiu porta
afora, caminhei até o lugar e bati com força a madeira.
Ava estava com a expressão fechada, pronta para estourar a qualquer
momento.
— Desculpe bater na sua mãe, mas ela…
Aproximei-me dela, coloquei meu indicador sobre seus lábios e
sussurrei:
— Você não me deve desculpas, quem tem que se desculpar sou eu.
Por ela, por tudo o que lhe fizeram hoje, eu sinto muito, amor.
Beijei seus lábios doces e pedi novamente:
— Me desculpe, por favor!
Ava respirou fundo.
— Você não fez nada! É o único da sua família que compensa
defender e amar. Por isso, me apaixonei por você.
Sorri mesmo que ainda estivesse chateado pelo aparecimento abrupto
da minha mãe. Ao menos Ava sabia que eu não era como aquele casal que
adorava humilhar as pessoas.
E mesmo que ela parecesse estar bem, podia ver a preocupação em
seus olhos.
— Fica tranquila, não vou deixar que façam nada com você.
Ava assentiu e me abraçou.
Respirei fundo e contornei meus braços em volta do seu corpo.
Aquela era a única verdade que pairava sobre mim, eu a protegeria e a
amaria com a mesma intensidade, não permitindo que nada acontecesse a
minha pequena rabugenta…
Que eu estava completamente rendido por ela!
CAPÍTULO 27

O final de semana havia passado muito rápido, parecia que depois


que conheci Ava os dias corriam desesperados fazendo com que eu sentisse
que o tempo que ficávamos juntos não fosse o suficiente para nutrir a
vontade que eu tinha de ficar ao seu lado.
Estava no escritório, lendo alguns e-mails, colocando o que havia
deixado em aberto na sexta em dia, quando a porta do escritório foi aberta
abruptamente sem que a secretária avisasse que eu tinha alguma visita.
Assim que vi as duas figuras, que tentavam parecer imponentes
invadindo a minha sala, eu soube que minha segunda se tornaria pior do que
pensei que poderia ficar.
Meu pai bateu a porta da sala, fazendo o som alto reverberar pelo
lugar e eu cheguei a revirar meus olhos. Afastei a cadeira da mesa e
levantei-me, abotoando o botão do casaco do terno.
— Ao que devo a honra da presença de vocês tão cedo? — perguntei,
sarcasticamente.
— Você ainda tem a pachorra de perguntar isso? — Meu pai
esbravejou.
Revirei os olhos e em seguida dei de ombros.
— Aposto que estão aqui, com esse humor divino, só por causa da
descoberta da minha namorada.
Meu pai se aproximou de onde eu havia parado e avançou sobre mim,
segurando as abas do meu casaco e rosnando perto do meu rosto o
suficiente para eu sentir seu hálito bater diretamente na minha face.
— Que merda você tem na cabeça?
— Não sei por qual motivo seria uma merda namorar com Ava —
murmurei, sem me importar com a proximidade do homem.
Minha mãe se sentou e em uma das poltronas em frente à mesa e
disse de forma despretensiosa.
— Está fora de cogitação esse seu relacionamento com essa garota.
Vamos intervir nisso!
Suas palavras eram calmas, meu pai soltou meu casaco empurrando
meu corpo para trás, fazendo até mesmo que eu desse dois passos para trás.
— Ah, é? — inquiri, elevando uma sobrancelha.
— Sim, ou você se afasta dessa garota, ou vamos tirar a empresa de
você. Não será mais nosso herdeiro.
De novo aquela ameaça?
Eles sabiam que eu amava o que fazia, sabiam que meu objetivo de
vida sempre foi aquela empresa. No entanto, meus pais não entendiam que
desde que conheci Ava, meus desejos tinham sofrido algumas mudanças e
se eles quisessem aquela empresa, mesmo que eu me sentisse chateado por
eles a tirarem de mim, podiam ficar com aquela merda.
— Já arrumou alguém para me substituir? — questionei.
A surpresa tomou a expressão no rosto da minha mãe e meu pai ficou
até mesmo pálido com aquela pergunta.
— Como assim, Mason? — foi sua resposta, quando o choque
pareceu amenizar para que ele perguntasse.
— É isso mesmo que estão ouvindo. Já que querem tanto me ameaçar
que podem tomar a empresa, que vocês mesmos transferiram para mim.
Estou querendo saber se já conseguiram um substituto? Porque eu não vou
largar a Ava por causa dessas ameaças ridículas. Sempre foi meu sonho
chegar aonde estou hoje, à frente da empresa da família, mas já que querem
tanto me usarem como uma marionete, saibam que isso não será mais
possível. Eu abro mão do Conglomerado Coleman pela Ava. Simples
assim!
Sorri para ele e esperei que dissessem algo.
— Você está dizendo que prefere perder a sua herança a deixar a filha
daquela empregada? — Minha mãe se levantou da poltrona ao perguntar.
— Sim! — respondi rapidamente.
— Só pode estar brincando com a gente! — Noah parecia
completamente perplexo com o que eu havia dito.
— Não estou, pai. Pela minha felicidade, abro mão do que herdaria
de vocês. Sabem muito bem que eu já tenho dinheiro suficiente para
ameaçarem me deserdar, então, estou pouco me fodendo. Eu tenho trinta e
três anos e mesmo assim vocês querem controlar o que eu faço, prestem
bastante atenção, sou adulto há muitos anos e tomo as minhas próprias
decisões. Vocês no mínimo deveriam respeitar o meu desejo, que neste
momento é ter um relacionamento com a Ava.
Os dois ficaram em silêncio por tempo o suficiente para que eu
percebesse que não diriam nada, por isso, prossegui:
— Temos a festa anual da empresa no próximo final de semana.
Aproveitem até lá para pensarem em alguém para tomar o meu lugar, assim
anunciarei a pessoa na festa. Agora, tenho muita coisa para fazer enquanto
isso, já que em dois meses consegui elevar o nome do Conglomerado mais
do que o senhor conseguiu em todos esses anos, pai. — Apontei para a
porta. — Por favor, queiram se retirar para que eu possa voltar a ser um
profissional exemplar.
A expressão altiva havia sumido do rosto dos dois e eles seguiram em
direção à porta sem nem pestanejarem. O que agradeci, estava de saco cheio
de tudo aquilo, só queria curtir minha paz e ela tinha nome e sobrenome:
Ava Martinez.
Voltei-me na direção da mesa, sentei-me na cadeira acolchoada e
novamente prestei atenção nos e-mails que deveria responder.
Estava farto de ser somente uma marionete para meus pais. E já havia
passado da hora de cortar de vez aquele laço que ainda nos unia. Deveria ter
feito aquilo muito antes, desde que sumi por cinco anos pela Europa.
Mas, por Ava eu enfim tomaria a decisão de me afastar de vez dos
Coleman. Nunca mais os procuraria para nada… meus pais se tornariam um
passado que eu não queria me lembrar.
Havia deixado de ser o objeto para eles… agora queria viver somente
a minha felicidade ao lado da mulher por quem eu estava completamente
apaixonado.
— Você o quê? — gritei, dentro do carro, assim que Mason me disse
o que falou aos pais mais cedo.
Ele deu de ombros, como se sua decisão não fosse a pior do mundo.
— Foi a coisa certa, amor. Não iria me calar diante deles, ainda mais
quando queriam me ameaçar para que eu me afastasse de você. Com quem
eles acham que estão lidando? Com um garotinho menor de idade que não
sabe decidir o seu próprio destino? Você é minha e foda-se aquela empresa,
caso você não seja aceita por eles ao meu lado.
Não sabia se batia em Mason ou se o beijava até minha boca inchar.
— O que eu faço com você, Mason Coleman? — perguntei, enquanto
ele estacionava atrás do Tomorrow, já que naquele dia era um dos da
semana que agora eu trabalhava no lugar.
— Se eu te falasse seria chamado de pervertido!
Soltei uma gargalhada, sabendo muito bem ao que ele se referia. Os
vidros escuros do BMW esconderiam qualquer coisa que fizéssemos ali
dentro. Olhei para o relógio e faltava meia-hora para que eu tivesse que
entrar no restaurante.
Agradeci mentalmente por Maya aquele dia não vir com a gente, já
que ela não trabalhava e sorri de lado para meu namorado.
— Quer um boquete rápido em comemoração por me colocar como
prioridade? — perguntei, quase ronronando e mordendo o lábio inferior
para que ele soubesse que estava disposta a fazer aquilo.
— Não me tente, coisinha irritante. — Mason levou a mão para o
meio das pernas e ajeitou o pau ali.
— Se você quiser eu te dou uma mamada — admiti.
Ele fechou os olhos abrindo um sorriso e no mesmo momento
desabotoou a calça, abaixando o tecido e a boxer o suficiente para o pau
saltar para fora. Semiereto, quase pronto para que eu o fizesse gozar. Soltei
o cinto, quando Mason começou a movimentar o pau com força.
Mason abriu os olhos quando levei minha mão ao pau gostoso e
sussurrou.
— Não quero a sua boca, Ava. Quero sua boceta, senta gostoso em
mim?
Molhei minha calcinha ao escutar sua voz rouca tomada pelo tesão.
Aproveitei que estava de saia e a levantei rapidamente, puxando a
calcinha e jogando-a em cima do banco do passageiro, quando passei por
cima do câmbio e depositei um joelho de cada lado do corpo de Mason.
Esquecendo-me completamente do aviso que tinha lhe dado dias
antes, sentei-me no pau que já estava duro como madeira e senti ele me
abrindo, rasgando como toda vez que eu deixava que ele me penetrasse
daquela forma, sem muitas preliminares.
Mason afastou um pouco do banco, para que minhas costas não
batessem no volante e eu me sentei rápido, sentindo o membro gostoso até
o fundo, batendo a glande diretamente no meu útero.
— Ah, Deus! Você tá tão fundo! — sussurrei, movendo meu quadril
para a frente e para trás, conforme esperava minha lubrificação deixar os
movimentos mais fáceis.
A expressão de Mason estava tomada pelo tesão. Ele espalmou as
mãos em minhas coxas nuas e as apertou com força. Eu tinha plena ciência
de que ficaria roxa onde ele me apertava.
— Me beija, Ava! Me beija, enquanto meu cacete come essa boceta
gostosa.
Adorava ouvir a boca suja de Mason quando transávamos, ele me
deixava ainda mais molhada quando começava a falar daquela forma.
E eu fiz o que ele pediu, à medida que ele começava a estocar forte
dentro de mim. Sua língua tomava a minha em um beijo molhado,
completamente indecente, ao mesmo tempo que o som dos nossos sexos se
encontrando tomava o interior do veículo, e nossa respiração ofegante fazia
o resto.
Se alguém passasse perto do carro saberia o que estava acontecendo
ali, por isso, pedi mentalmente para que ninguém passasse, continuei
deixando que Mason me fodesse com força e agradeci por sua boca estar
grudada na minha senão todos estariam ouvindo meus gritos.
Quando senti o orgasmo começar a tomar meu corpo, cavalguei em
busca do meu prazer e quando gozei, mordendo o lábio inferior de Mason
com tanta força que senti o gosto metálico do sangue tomar minha boca, ele
jorrou dentro de mim, me preenchendo completamente com sua porra
quente.
Afastei-me do seu beijo e sorri levemente para ele, ao passo que
nossos corpos ainda sofriam os espasmos do orgasmo avassalador que nos
tomou.
— Vou tomar a pílula do dia seguinte, só assim para evitarmos um
bebê.
Ele assentiu e me beijou mais uma vez, com o lábio ferido onde o
mordi.
— Não quero que tome isso, aquilo é uma bomba de hormônio, pode
te fazer mal.
Beijei sua boca novamente e sussurrei com os lábios encostados nos
dele.
— Não quero um bebê, prefiro a bomba hormonal.
— Vou comprar pra você então e marcar a sua consulta.
Eu o beijei novamente e saí de cima do seu corpo, sentindo o gozo
escorrer pela minha perna. Peguei a calcinha no banco e me limpei,
dobrando-a em seguida e colocando-a dentro de um saquinho que estava na
minha mochila.
— Preciso ir, já estou cinco minutos atrasada, Mason. A nossa
rapidinha não foi tão rápida — brinquei.
Ele fez uma careta.
— Desculpa!
Revirei os olhos, o beijei e sussurrei:
— Eu te amo!
— Eu amo mais!
Saí do carro e fui trabalhar, com um sorriso de orelha a orelha no
rosto.
Mason Coleman havia mudado minha vida completamente e eu sabia
que era para melhor…
Muito melhor!
CAPÍTULO 28

Estacionei em frente ao prédio de Ava, saindo em seguida do carro.


Já havia lhe enviado uma mensagem avisando que estava chegando.
Abotoei o caso do smoking e olhei ao redor, tentando ver se o tão
Daniel não estava à espreita. Desde a pequena surra que tinha lhe dado, que
nem sonhei em contar a Ava, ele nunca mais perseguu minha pequena
rabugenta.
A porta do prédio abriu e Ava surgiu, fazendo que o ar fugisse dos
meus pulmões, tentei engolir em seco, mas nem aquilo consegui quando a
observei dos pés à cabeça.
Puta que pariu, eu namorava a mulher mais linda do mundo.
Ela estava usando o vestido que eu lhe presenteara para que o vestisse
naquele dia. Ele era preto em cima, com um decote em v, com duas alças da
largura de dois dedos, possuía uma saia plissada de couro marrom e por
fim, uma sandália de salto quadrado, com tiras que subiam por sua
panturrilha grossa deliciosa.
Os cabelos estavam metade presos para trás, enquanto o restante das
ondas caía por seus ombros.
— Já terminou de babar? — perguntou, se aproximando de mim.
— Nem sei se conseguirei parar. Porque, puta que pariu, você tá uma
gostosa. O que vou fazer se um homem te olhar?
— É só não agir como um bicho das cavernas, que não agirei como
uma louca de ciúmes. Já que você está deliciosamente tentador nesse
smoking, e eu quero arrancá-lo mais tarde e provar todo o seu corpo.
Sorri de lado, sentindo o pau pulsar dentro da calça.
— Não diga isso, se não vou ser obrigado a me atrasar para a festa da
empresa que ainda estou gerindo.
Ava gargalhou e me deu a mão.
— Vamos logo, antes que eu me esqueça disso.
Assim partimos para o salão de eventos do Conglomerado. Quando
chegamos entreguei a chave para o manobrista e logo os fotógrafos
começaram a disparar os flashes em nossa direção.
Paramos no lugar indicado para fotos e fiz questão de segurar a
cintura de Ava, para que ficasse ao meu lado enquanto tiravam as fotos.
— Qual o nome da moça que o acompanha, senhor Coleman? — um
dos jornalistas perguntou.
Encarei Ava, dando-lhe a escolha de decidir se iria revelar sua
identidade ou não.
— Ava Martinez! — sussurrou e os profissionais logo anotaram.
Caminhei para dentro do salão com Ava ao meu lado e diversas
pessoas nos olharam. Como eu odiava aquele tipo de evento, mas ali estava
eu, ao seu lado, sentindo-a manter o queixo erguido cheia de altivez para
enfrentar aquelas pessoas mesquinhas.
Ao longe vi que meus pais já haviam chegado e nos encaravam com
as piores expressões possíveis.
— Pronta para enfrentar as cobras? — perguntei.
— Não, mas estou aqui. Então terei que encará-los.
Dei-lhe uma piscadela.
— Está certa!
Fomos de encontro aos meus pais, onde fiz questão de segurar a
cintura da minha menina, sem me importar com a forma que os dois me
olhavam.
— Boa noite, pai e mãe! — murmurei, cheio de sarcasmo.
A mesa onde eles estavam sentados, encontrava-se abarrotada de
puxa-sacos e eu fiz questão de falar em códigos para ver a expressão deles.
— Já se decidiram sobre o responsável?
Quando deixei que a pergunta escapasse da minha boca, eles
novamente ficaram pálidos, mas minha mãe tentou disfarçar.
— Querido! — Ela se levantou e caminhou para o meu lado,
ignorando Ava completamente. — Decidimos deixar esse assunto em aberto
por ora — sussurrou.
Meu pai nem mesmo olhou na minha direção. Senti Ava retesar o
corpo ao meu lado, percebendo que estava sendo ignorada por Ella
Coleman.
— Eu falei para se decidirem!
— Mas não nos decidimos, então curta a festa da empresa e esqueça
isso por enquanto. Talvez o discernimento bata na sua mente novamente.
Daquela vez ela olhou Ava e elevou uma das sobrancelhas.
— Boa noite, Ella! — Minha namorada sorriu na direção da mulher.
Minha mãe ficou até vermelha e eu fui obrigado a gargalhar com a
reação ridícula daquela mulher, mas o que ela disse baixinho para ninguém
escutar fez meu sangue ferver.
— Não converso com filhos de serviçais.
— Mãe… — rosnei, chamando a atenção de algumas pessoas ao
redor.
Ela nos deu as costas e eu preferi sair de perto para não fazer um
escândalo na frente de pessoas que não tinham nada a ver com aquilo.
Sendo que a maioria eram funcionários que não precisavam ouvir as
ofensas que estava disposto a direcionar àquela mulher.
— Sua mãe é uma pessoa intragável, Mason — Ava sussurrou,
enquanto eu caminhava para o bar do salão.
— Eu nunca vou conseguir me desculpar o suficiente com você pela
forma que ela te trata ou como tratou a sua mãe.
— Já disse que você não tem nada com isso — murmurou.
Por fim, cheguei ao bar e pedi um champanhe, ao mesmo tempo que
para Ava, já que não tinha refrigerante, um suco, que ela aceitou de bom
grado. A festa estava correndo muito bem e logo eu sabia que teria que
fazer um discurso para aquelas pessoas.
No entanto, algo estranho recaiu sobre meu corpo e quando eu
entendi o que era já era tarde demais, pois não deu tempo nem mesmo de
acionar os seguranças. Porque quando olhei quem caminhava na minha
direção e na de Ava, meu mundo parou.
Daniel tirou a pistola da cintura e apontou. Eu sabia que morreria
naquele dia, que se tivesse muita sorte conseguiria somente salvar Ava, por
isso, imediatamente puxei-a para trás do meu corpo quando as pessoas ao
redor começaram a gritar ao ver a arma na mão do homem que sorria com o
ódio dominando sua face.
— Oi, playboy! — rosnou.
— Meu Deus! — Ava gemeu atrás de mim.
— Você não aceita perder, não é? — inquiri.
— Achou que os socos que me deu ficariam impunes?
Limpei a garganta, ouvindo um “o quê?” baixinho atrás de mim.
— A Ava é minha, você não vai ficar com ela. Achou mesmo que eu
permitiria que a minha bonequinha ficasse com um homem igual a você?
Ela pertence a mim.
— Daniel, vai embora! — Ava tentou sair de trás de mim, ao falar,
mas não permiti.
Pela visão periférica, enquanto o caos se instalava no lugar, vi os
seguranças tentando se aproximar do homem armado, que sorria como se
fosse um completo maluco.
— Rapaz, abaixe essa arma! — Meu pai se aproximou de onde eu
estava com Ava — fale o quanto quer para sair daqui e nos deixar em paz.
Minha mãe estava um pouco mais afastada, sendo contida por um dos
seguranças que não conseguiu impedir a aproximação de meu pai.
— Eu não quero dinheiro. — O maluco gargalhou. — Quero ela e ele
mortos! — Acenou na direção de Ava e depois na minha.
— Se a quer tanto leve essa imprestável, mas deixe meu filho em
paz.
Ousei olhar para meu pai.
— Ela não sai daqui! — esbravejei.
— Você não está percebendo o que pessoas da laia dessa menina
fazem? Olha isso! — Ele apontou na direção de Daniel.
Não acreditava que mesmo no meio daquilo Noah Coleman queria
gritar as suas regras ridículas. Porém, não tive tempo de pensar em mais
nada quando Daniel destravou a arma e Ava gritou:
— Não!
Quando o estampido ressoou pelo ambiente, me joguei por cima de
Ava, para que ela não conseguisse sair de trás de mim e caímos no chão.
Esperei sentir a dor de onde o tiro havia me perfurado, mas não senti nada.
Olhei por cima do ombro e não vi mais Daniel que havia sumido,
entretanto, o choque me dominou quando percebi o homem caído no chão
com o seu terno caro, enquanto sangue se empossava ao seu redor.
— Pai! — Soltei Ava, verificando rapidamente se ela não tinha se
machucado e quando constatei que estava bem, me voltei para o homem
caído no chão.
O smoking cinza que usava estava com um furo na direção do
coração.
— Pai! — chamei, sem acreditar naquilo.
Os olhos tão iguais aos meus estavam vítreos e encaravam o teto
completamente sem vida.
— Noah! — Ao longe ouvi o grito da minha mãe.
— Meu Deus! — O sussurro de Ava me trouxe de volta à realidade
paralela que havia entrado.
Pisquei algumas vezes e logo vi que já ligavam para o socorro, mas
eu sabia que nada mais podia ser feito.
— Não, meu marido! Assassinaram meu marido! — Minha mãe
chorava, de forma desesperada, jogada sobre o corpo ensanguentado. Ela
levantou o rosto banhado em lágrimas e encarou Ava: — A culpa é sua,
aquele homem a queria… maldito dia que vocês entraram na nossa vida.
Voltei-me para Ava e dos seus olhos escorriam lágrimas. E mais
lágrimas, ela se voltou na minha direção e tentou se aproximar, mas eu
neguei, ainda meio atônito com o que havia acontecido.
Eu não amava meus pais, no entanto, nunca lhes desejei aquele fim.
Meu pai tinha sido assassinado na minha frente e a culpa não era de Ava, a
culpa era minha, completamente minha…
Nunca me perdoaria!
CAPÍTULO 29

Como nossa vida podia mudar em tão pouco tempo. Em um momento


você está irradiando felicidade e no outro está vivendo o luto. Havia se
passado um mês desde o fatídico dia em que Daniel fez a pior coisa no
mundo.
Assassinou Noah Coleman, o pai do meu até então namorado, mesmo
que eu não o visse desde o velório do seu pai, a pedido dele é claro, porque
eu quis muito apoiá-lo naquele momento, mesmo não gostando dos seus
pais, sabia que a dor da perda deveria ser difícil.
Ninguém nunca estava preparado para perder ninguém, ainda mais
quando se tratava de pai e mãe. Mason não nutria um amor eterno pelos
seus pais, mas naquele dia no evento da empresa, eu soube que algo dentro
dele se partiu quando ele viu Noah caído no chão e completamente sem
vida, com sua mãe esbravejando aos quatro ventos que a culpa era minha.
Mason não me culpava, eu tinha completa convicção daquilo, ele se
culpava pelo que havia acontecido e talvez por isso, não estivesse querendo
me ver, para não perceber que foi ao me conhecer, ao insistir muito em me
ter que ele levou Daniel à sua vida e assim sucessivamente até seu pai.
Ainda me lembrava das suas palavras no dia do velório, enquanto sua
mãe gritava de forma descontrolada que me tirassem da sala onde o corpo
estava sendo velado.
“— Tirem a culpada do assassinato daqui! — ela gritava, chorava,
quase esperneava.
E também não a julgava, porque se ela amasse o marido o tanto
quanto eu amava Mason, entendia o seu sofrimento e talvez estivesse igual
a ela se fosse ele no lugar do pai.
Alguma parte muito egoísta dentro de mim, agradeceu por não ser
ele naquele caixão marrom-escuro, vestindo aquele terno chique, em volta
daquelas flores mortuárias.
Mason se aproximou de mim, usando um terno todo preto e ainda
com um óculos escuros escondendo seus olhos. Odiei aquele objeto, já que
não permitia que eu encarasse os olhos cor de safira que tanto admirava.
— Ava, eu sei que você quer me apoiar nesse momento. Mas, minha
mãe está tão abalada e já está sofrendo tanto. Você poderia ir embora?
Depois eu vou até você, só que agora está complicando as coisas. E…
Segurei sua mão.
— Tudo bem! Eu vou ficar te esperando! Só queria dizer que sinto
muito, meu amor.
Mason assentiu, mas não disse nada. Sua expressão estava
indecifrável e sem conseguir ver seus olhos eu não saberia dizer mais nada
a respeito do que encontrar ali.
— Depois conversamos!
Ele me deu as costas, me deixando na entrada da capela e depois de
um longo suspiro, dei as costas para as pessoas que ali estavam e voltei
para casa”.
E desde aquele dia, um mês depois, Mason ainda não havia me
procurado. Eu lhe mandei muitas mensagens e todas ficaram sem resposta.
Olhei novamente os quatro pequenos testes em minha mão e quis
chorar, mas me controlaria. Eu sabia que corria aquele risco desde que
transei diversas vezes sem camisinha, mas sinceramente queria que fosse
mentira, porque naquele momento incerto eu não sabia como seria quando
Mason descobrisse o que aconteceu.
— E aí? — Maya, indagou. Batendo na porta do banheiro.
Eu havia ido para sua casa e contado que minha menstruação estava
há dias atrasada, fora que comecei a sentir enjoos matinais horríveis e
algumas tonturas que nunca sentira na vida.
Ela foi em uma farmácia perto da sua casa e comprou quatro testes de
gravidez diferentes, todos de laboratórios diversos para ter uma ínfima
certeza sobre o positivo ou negativo.
Levantei-me do vaso sanitário e abri a porta mostrando os testes à
minha amiga.
— Ah, merda! — exclamou.
Respirei fundo e olhei novamente os testes… todos positivos, tanto os
digitais, quanto os de listras.
Não iria chorar, porque eu sabia das consequências, sabia muito bem
que transar sem preservativo poderia acarretar aquilo e mesmo assim eu fiz,
gostei e faria de novo… com Mason.
— Acho que vou ter que quebrar o gelo — sussurrei.
Maya segurou minha mão e franziu o cenho.
— Vai contar primeiro para quem, sua mãe ou o Mason?
Tinha mais aquela, minha mãe. Que desde o assassinato de Noah,
estava desesperada, já que o Daniel fugiu do local e até hoje nenhuma das
autoridades ainda o haviam encontrado.
Claro, que as buscas ainda continuavam, afinal ele matou um homem
importante e quando a pessoa era conhecida a polícia trabalhava com mais
afinco para achar o culpado.
— Acho que o pai deve saber antes da minha mãe.
Maya me puxou para um abraço e eu agradeci por ela ao menos estar
ali naquele momento conturbado da minha vida. Ao menos estávamos nas
férias de verão e eu podia usar a parte da manhã toda para ir até a casa de
Mason, pois eu sabia que ele não estava na empresa.
Na verdade, ele se ausentou de tudo, parecia que a depressão
realmente caiu sobre o meu namorado e o homem se isolou não querendo
ver ninguém.
Eu descobri isso, colocando Maya para ligar na empresa e até mesmo
na mansão Coleman, em nenhum dos lugares ele se encontrava, então
restou somente a cobertura para procurar.
— Vou lá! — avisei, assim que me afastei do seu abraço.
— Quer que eu te acompanhe? — indagou minha amiga, parecendo
preocupada.
— Não, eu me meti nisso sozinha, então preciso resolver sozinha.
Maya colocou a mão sobre minha barriga e sussurrou:
— Eu meio que dei o primeiro chute, então se precisar que eu vá com
você.
Revirei os olhos.
— Não precisa, amiga. Você pode ter meio que sido o início do
cupido, mas não me obrigou a transar sem proteção. Essa foi uma escolha
minha.
Depois de me despedir de Maya, peguei a condução que me levaria
para o outro lado de Nova Iorque, e esperava encontrar Mason em sua
cobertura.
Depois de mais de duas horas, consegui chegar à frente do seu prédio
e nem precisei pedir ao porteiro que avisasse a Mason que eu estava ali,
pois ele me conhecia bem de todas as vezes que passei por ali, com isso foi
mais fácil entrar no prédio e me dirigir à cobertura.
Assim que as portas do elevador se abriram, caminhei até a porta do
apartamento e toquei a campainha.
Demorou um tempo até que alguém surgisse e quando Mason abriu a
porta, com a expressão completamente tristonha, eu soube que aquele não
era o homem por quem me apaixonei.
Sua barba estava enorme e o cabelo completamente bagunçado.
Usava uma calça manchada e nenhuma camisa à vista. Ele me olhou por um
momento parecendo tentar compreender o que eu estava fazendo ali e antes
que pudesse falar qualquer coisa eu disse:
— Oi, Mason!
Ele franziu o cenho, passou os olhos por todo o meu corpo e por fim,
murmurou:
— Ava!
Mason ficou parado na entrada, ainda completamente imóvel e eu
engoli em seco, por vê-lo daquela forma.
— Preciso conversar com você — pedi.
Ele simplesmente assentiu. Afastou-se da porta e por fim, mesmo
com o coração disparando mais que o normal, eu caminhei para dentro da
cobertura.
Estava na hora de enfrentar aquela realidade e no fundo eu sabia que
algo muito errado aconteceria, mas mesmo assim eu precisava contar a
Mason…
Sempre fui justa e apesar dele ter sumido, ainda era meu namorado e
o pai do bebê que eu carregava…
Mesmo com medo eu o encarei e disse:
— Estou grávida!
CAPÍTULO 30

Desolado!
Era assim que me sentia durante aquele mês que passou, eu sabia que
estava agindo como um grande desgraçado, mas não conseguia sair daquela
bolha de destruição em que me enfiei.
Ainda me lembrava do sangue no piso, dos olhos sem vida do meu
pai encarando o teto e da culpa, aquela culpa me tomando por completo.
Sentia cada vez mais aquele sentimento se arraigar dentro de mim e
tomar todo o meu corpo. Fui eu quem levou a morte para meu pai. Minha
mãe jogou aquilo diversas vezes na minha cara, se não tivesse conhecido
Ava, se não tivesse me envolvido com a filha da empregada meu pai ainda
estaria vivo.
E era verdade!
Eu matei meu pai, mesmo que não tivesse puxado aquele gatilho, eu
simplesmente o matei por enfrentar Daniel todas as vezes que o vi, por
simplesmente ter me apaixonado por Ava.
O sorriso doce e ao mesmo tempo petulante daquela garota hora ou
outra surgia em minha mente, meus dedos até coçavam com vontade de
tocá-la, de sentir seu corpo pequeno grudado no meu.
No entanto, eu já havia matado o meu pai, se Daniel que continuava
foragido resolvesse se vingar dela também, eu não aguentaria. Não
aguentaria vê-la morta, por ele não a querer ao meu lado.
Quando a campainha tocou, agi simplesmente no automático, nem
olhei quem era, por isso, quando notei que era exatamente a mulher que
vivia surgindo em minha mente, mais uma onda de choque me tomou.
Ela havia emagrecido, as suas bochechas estavam menores e as
olheiras enormes embaixo dos olhos. Eu tinha certeza de que aquilo se
devia um pouco a mim, sempre o culpado de tudo de ruim que acontecia ao
redor, com as pessoas que se aproximavam de mim.
Depois de ela pedir para conversar comigo, me afastei da porta,
sabendo que devia aquilo a ela. Precisava deixar claro que não tinha
condição no momento de manter o nosso relacionamento. Não quando eu
estava morrendo de medo de algo pior acontecer com ela.
Mas nada… absolutamente nada me preparou para o que ela disse a
seguir:
— Estou grávida!
O choque foi tanto que me encostei na porta que havia acabado de
fechar. Senti meus olhos se arregalarem e encarei meio desacreditado na sua
direção.
Ava respirou fundo e me observou meio triste.
— Eu sei que você comprou a pílula do dia seguinte pra mim, mas
acho que não adiantou e as coisas aconteceram tão rápido que nem fui à
médica como estávamos combinando. — Ela fechou os olhos e passou as
mãos rapidamente pelo rosto. — Você sumiu, Mason. Não tive escolha a
não ser vir atrás de você, sei que precisou desse tempo para sofrer a sua
perda, mas agora eu preciso de você.
Sua voz estava embargada.
Não, aquilo não podia estar acontecendo.
Eu tinha destruído a vida daquela garota.
Inferno!
Ela só tinha vinte e três anos e eu fiz um filho nela… não tinha
condições nem de lidar com os meus sentimentos naquele momento, como
lidaria com um bebê?
Não!
— Ava… — Tentei dizer algo, mas ela me contou.
— Eu sei que você tá sofrendo, amor! — Deu alguns passos na minha
direção, porém, estendi a mão impedindo que ela se aproximasse. Ava
franziu o cenho para o meu gesto e disse: — Mason, você não pode me
evitar mais.
Ela não entendia que eu não podia me aproximar dela? Ainda mais
agora, carregando aquela vida dentro dela? Daniel poderia fazer o pior com
ela assim como fez com meu pai.
— Eu preciso de tempo, Ava! — sussurrei.
Não sabia o que dizer naquele momento, não sabia o que sentir. Ela
sabia que eu não queria ser pai, ainda mais agora depois de tudo o que
aconteceu. Eu era uma pessoa horrível.
Ela soltou uma risada, mas foi de puro sarcasmo.
— Não posso te dar esse tempo, Mason. Eu já te dei um mês e acabei
de descobrir que estou grávida, então, não. Eu não posso te dar mais tempo.
Preciso que o homem que disse me amar segure minha mão, porque eu tô
morrendo de medo.
As lágrimas escorreram pelo seu rosto.
— Você sabe que eu nunca quis um filho — soltei, sem pensar nas
consequências das minhas palavras.
Meus olhos se grudaram nos de Ava e a decepção brilhou neles
quando eu lhe disse aquilo.
— Eu também não e mesmo assim nós transamos sem camisinha.
Então, agora precisamos lidar com as consequências.
Afastei-me da porta, passando as mãos pelos cabelos que já estavam
grandes demais.
— Não! — rosnei. — Você não entende, Ava? O Daniel matou o meu
pai e eu não consigo me imaginar ficando tranquilamente com você,
sabendo que ele está solto por aí, e que ele pode fazer mal a você e agora a
esse bebê. Eu. Não. Quero. Isso! — Apontei para ela, falando
pausadamente.
Seus olhos além de decepcionados, agora demonstraram estar
confusos.
— Mason, eu sei o que o Daniel fez e eu sinto muito, de verdade
nunca pensei que ele chegaria a esse ponto. Já sabíamos que ele era um
criminoso, mas eu juro que eu…
— Eu não quero mais me aproximar de você, Ava.
Ela se calou, quando a cortei e me encarou com os olhos se enchendo
de água de novo.
— Você vai simplesmente deixar o que aconteceu nos afastar? Eu tô
grávida, como vou cuidar de um bebê sozinha? — berrou, perdendo
completamente o controle.
Tentei sorrir, mas falhei miseravelmente.
— Você tem noção que houve um assassinato?
— Eu sei! — gritou novamente. — O seu pai morreu, mas eu ainda tô
viva, o bebê que tô gerando ainda tá vivo e você vai nos jogar no lixo, por
simplesmente achar que ficando comigo, o Daniel vai surgir e me matar?
Caminhei até ela, mas não ousei segurar seu corpo entre minhas
mãos. Eu não podia mais sentir a sua pele quente, não podia desejá-la mais.
— Sei que ele fará isso se eu continuar com você. E eu não quero que
aconteça. Eu te amo muito, pra ver você morrendo, por minha causa.
Ela balançou a cabeça.
— O que aconteceu não tem nada a ver com você, Mason. O Daniel é
o único culpado nisso tudo.
Sabendo que ela não se afastaria se eu continuasse tentando explicar
sem ofendê-la, eu disse:
— Ou você!
A expressão de raiva tomou seu rosto.
— Eu não tenho culpa de nada — gritou novamente.
— Se eu não tivesse te conhecido, isso nunca teria acontecido. —
Apontei para ela, mesmo com o coração sangrando. — Eu não deveria ter
perdido a cabeça, porque assim você não estaria esperando esse bebê. Não
quero ser pai, deixei me levar pelo sexo e agora tô aqui apaixonado, tendo
uma vida que não queria e ainda de brinde carrego o assassinato do meu pai
nas minhas costas.
Minha voz ficou mais grave, porque estava tentando controlar as
lágrimas.
Ava tinha se calado e me encarava completamente em silêncio, só
deixando a mágoa tomar mais e mais sua expressão.
— Eu me apaixonei de verdade, Ava. Mas eu não quero que nada
mais de ruim aconteça. Eu não quero mais me relacionar com você, não
quero esse bebê, não quero mais te ver. — Respirei fundo. — Procure meus
advogados, para que eu possa pagar uma pensão, mas não chegue mais
perto de mim. Nunca mais!
Seus olhos se desviaram dos meus.
Ela não entendia que aquilo era o único jeito de salvá-la do que
poderia acontecer com ela e com a criança que eu ainda não havia ousado
pensar direito. Não queria pensar que estava abandonando um filho mesmo
antes de acontecer.
Ava em uma das nossas conversas falou que sua mãe foi abandonada
pelo seu pai e eu estava fazendo aquilo com ela, como se o passado se
tornasse o presente. Mas eu tinha um motivo válido, queria que ela vivesse,
que aquela criança também conhecesse o mundo.
Ava encarou suas mãos, enquanto disse tão baixo que quase não
escutei:
— Você está me mandando embora da sua vida, com um filho seu
dentro de mim?
Engoli em seco, sentindo cada palavra que disse perfurar meu peito.
— Sim! — admiti.
— Mason, se eu for embora eu não vou querer que você nunca mais
olhe na minha cara. Essa criança não terá pai, eu nunca falarei para ela
sobre você, nunca deixarei que a veja, nunca mais sonharei em chegar perto
de você e nunca permitirei que chegue perto de mim.
Respirei fundo.
— É exatamente isso que quero, que nos afastemos, para o Daniel
nunca lhe fazer mal.
Seus olhos se voltaram para os meus, completamente sem vida.
— Seus pais, mesmo que um tenha morrido, conseguiram mesmo te
afastar de mim.
— Não toque no nome deles, eles não têm nada a ver com isso. Eu
que não te quero mais, não quero carregar o fardo de outra morte nas
minhas costas. Não quero um filho! — gritei a última parte.
— Como queira, Mason Coleman. Você pode pegar todo o seu
dinheiro e enfiar no meio… — Suspirou. — Você sabe onde enfiá-lo. Não
quero nada de você e nunca mais chegue perto de mim.
Assenti, sentindo uma vontade insana de abraçá-la, mas não ousei
nem mesmo me aproximar dela.
Ava me deu as costas e foi embora da minha vida para sempre…
Quando a porta fechou, caí de joelhos no chão e chorei…
Chorei por ser um desgraçado, por fazê-la sofrer, por ser obrigado a
cometer a pior coisa da minha vida…
Abandonar a mulher que eu amava… grávida!
CAPÍTULO 31

A dor ainda me acompanhava constantemente, mesmo que fosse uma


dor impossível de curar… a dor de um coração partido. No entanto, eu não
nasci pregada em homem algum e podia viver sem a pessoa que pensei
amar.
Minha barriguinha havia começado a aparecer e não podia negar que
estava gostando de ver aquilo acontecendo. Cada dia era uma descoberta
diferente.
Eu já estava com quatro meses de gestação e por sorte os enjoos
matinais haviam passado, já não suportava mais colocar tudo para fora
assim que sentia o cheiro do café da manhã.
Depois daquele dia, voltei para casa aos prantos, quase matando
minha mãe do coração e contei a ela tudo o que havia acontecido. Contei
que Mason ficou traumatizado com a morte do pai, o que eu entendia, mas
que não conseguia compreender como me abandonando faria com que o
Daniel ficasse longe.
Mamãe deixou claro que era para eu não o procurar mais e que
cuidaríamos do bebê sozinhas. E foi exatamente aquilo que fiz, nunca mais
o procurei e nem o procuraria.
Parei de segui-lo nas redes sociais e o bloqueei em tudo, até mesmo
seu número estava bloqueado em meu celular para que não recebesse
nenhuma ligação dele, querendo reverter a merda daquela situação.
Entrei em uma lojinha de brechó e fui direto para a sessão de bebês.
O valor que a minha mãe ganhava nas vendas de salgados ainda não era o
suficiente para que eu comprasse roupas novas para o bebê, no entanto, com
o pouco que eu ganhava dava para comprar em brechó e na maioria das
vezes eram roupinhas super novas.
Depois de comprar várias, pois era a primeira vez que saía para
começar o enxoval do bebê, que ainda não tinha ideia do sexo, mas que não
importava, pois já o amava imensamente, saí da loja querendo voltar para
casa, já que o outono havia chegado com tudo e o frio já despontava em
Nova Iorque.
Novamente aquela sensação de que alguém me observava me tomou
e como todas as vezes eu fazia nos últimos meses, olhei para trás, com
medo de encontrar Daniel à espreita.
Não negava que Mason tinha razão em dizer que Daniel poderia
tentar algo contra minha vida. Ele já havia me estuprado, me matar de
forma passional seria algo normal para ele, mas estando junto com o
Coleman ou não ele faria aquilo, por isso, sempre andava atenta.
Como não vi nada suspeito, nenhum membro da gangue de Daniel,
voltei a caminhar na direção de casa. As aulas da faculdade continuavam e
meu trabalho no Tomorrow também, mas eu sabia que logo quando a
barriga crescesse mais, eu teria que optar por trancar a faculdade ou parar
de trabalhar, ainda não sabia qual seria pior.
Desistir da minha graduação por enquanto, ou entrar deixar de ganhar
a única quantia em dinheiro que eu poderia ter. Respirei fundo e voltei a
caminhar para casa. Não adiantava nada ficar me martirizando por causa
daquilo no momento, por enquanto ainda dava conta de continuar com as
duas coisas.
Assim que abri a porta do prédio e me dirigi para as escadas, outro
pensamento conflitante me tomou. Como eu subiria aqueles lances quando
a barriga estivesse maior?
Balancei a cabeça e comecei a subir, tentando novamente não pensar
naquilo, Gravidez não era uma doença, era somente um bebê que fazia com
que você ficasse parecendo uma melancia com pés. Então, eu conseguiria
tranquilamente lidar com pequenos detalhes.
Quando cheguei ao terceiro andar já estava bufando. Talvez os quilos
a mais pelo bebê já estivessem fazendo diferença no meu condicionamento
físico.
Entrei em casa e encontrei mamãe sentada no sofá com uma
expressão de dor.
— Mamãe, o que foi? — perguntei, rapidamente deixando as sacolas
no chão e caminhando até ela.
— Ah, querida! De repente minhas costas começaram a doer muito.
Engoli em seco. Havia meses que ela não reclamava da coluna,
porque ela estava fazendo menos esforço físico, mas se agora tinha voltado
a doer… não, aquilo também não podia estar acontecendo.
— Vamos para o hospital, mamãe!
Ela negou e eu quis chorar por tamanha teimosia.
— Um remédio ajuda, filha. Vou tirar o dia de descanso.
Engoli em seco mais uma vez.
— Mamãe, precisamos ver como anda a sua coluna e se não agravou
mais nesse tempo que a senhora parou com o tratamento.
Dona Stella passou a mão pelo meu rosto e me deu um sorriso fraco.
— Querida, você sabe que nossas condições estão mais difíceis
agora, então vamos esperar um pouco. A minha coluna não é o pior dos
problemas agora. Precisamos juntar dinheiro para o seu parto, você sabe
que não é barato.
Eu sabia muito bem disso, ainda mais quando a saúde pública em
nosso país era quase escassa.
— Vou tentar me inscrever no sistema de saúde público — sussurrei.
— Se você conseguir, será muito bom, mas por enquanto, eu fico
com meus remédios e sem médico.
Calei-me com aquilo, afinal, não tinha nada que pudesse dizer,
porque realmente o parto era importante, já que não conseguiríamos tirar
um bebê de dentro de mim se não tivéssemos dinheiro.
Às vezes ter orgulho fazia com que passássemos por diversas
provações, mas eu não iria atrás de ajuda, não quando fui tão humilhada por
Mason.
Ajudei minha mãe a levantar, a conduzi até o seu quarto e depois fui
para o meu chorar, em silêncio, sem que ela percebesse. Não podia deixar
que dona Stella sofresse mais do que já estava.
Tinha fé de que as coisas poderiam melhorar e eu realmente esperava
que melhorassem, porque um dia eu pensei que Mason Coleman era a
minha felicidade e salvação, mas agora eu entendia o quanto estava
enganada.
Aquele homem foi o início da minha ruína e não sabia se um dia
conseguiria me reerguer…
E eu o odiava por aquilo… odiava muito!
CAPÍTULO 32

2 anos depois

Sentado atrás da mesa de madeira, sentindo uma enxaqueca me


tomar, respirei fundo ao ler a merda daquele contrato. Nada ali era bom para
o Conglomerado Coleman. O que havia acontecido com meus
funcionários?
Só podiam ter se tornado burros em questão de segundos. Peguei o
telefone e liguei para a sala de Clark Watson.
— Watson, bom dia!
— Eu queria saber como pode ser um bom dia, Clark. Se eu estou
lendo esse contrato de merda que você digitou para o Red House? — Minha
voz não deixava dúvidas de que eu estava puto da vida.
O homem limpou a garganta do outro lado da linha e eu aguardei.
— O senhor tinha me passado as informações. — O homem para seu
crédito não travou ao dizer.
— Então, não sei como, mas refaça essa merda, com informações
onde a gente saia ganhando e não perdendo.
— Claro, senhor Coleman!
Bati o telefone no gancho e bufei ao me recostar na cadeira
acolchoada do escritório. A vontade que tinha era só de voltar para casa, me
jogar na cama e me esquecer do mundo.
No entanto, assim que meu telefone apitou avisando sobre uma
mensagem, me senti um pouco mais animado, ainda mais sabendo que
aquele horário era sempre o momento de receber minhas atualizações
diárias sobre as pessoas mais importantes da minha vida, mesmo que elas
não soubessem daquilo.
Destravei a tela do telefone e abri a mensagem, recebendo uma
enxurrada de fotos daquela sexta-feira. Por um momento não reconheci o
ambiente, mas logo me recordei que era uma pracinha que ficava no bairro
dela… da mulher que nunca esqueci, porém, não podia me aproximar mais
do que o que eu fazia há dois anos.
Por meio de seguranças disfarçados que a protegiam de qualquer mal
que pudesse rondá-la e que pudesse rondar também a pequena Sadie, a filha
que abandonei.
Existiam poucos arrependimentos que eu nutria em minha vida e o
meu maior era o dia que mandei Ava embora do meu pequeno mundo
infeliz há mais ou menos dois anos.
Quando percebi a merda que havia feito, pensei em correr atrás dela e
pedir perdão de joelhos, no entanto, o medo me corroeu e a culpa também.
Não me esquecia da morte do meu pai, não conseguia tirar o sorriso
vingativo de Daniel da cabeça.
Nunca esqueci aquele dia.
Eu sofria todas as vezes que me lembrava.
Contudo não era por amor ao meu pai que eu tinha me fechado para o
mundo daquela forma. Claro, que não desejei sua morte em momento
algum, mas a culpa me corroía, mesmo que Ava tivesse deixado claro que
eu não era culpado, sabia que no fundo não tinha nada a ver com aquilo,
porém, se eu nunca tivesse me aproximado dela nada daquilo havia
acontecido.
Minha mãe a culpava até hoje. Todas as vezes que a visitava ela dava
um jeito de dizer algo relacionado àquilo. E eu tentava evitar prestar
atenção, pois não queria discutir com uma mulher que nutria o luto pela
perda do marido até nos dias de hoje.
Por fim, encarei as fotos das duas meninas da minha vida, a mulher
que eu amava e a minha filha. Elas estavam brincando na pracinha, Sadie
sorria para a mãe. Ela possuía a cor dos nossos olhos, os cabelos castanhos
cheios de cachos e meu coração toda vez se derretia ao vê-la.
Eu amava aquela menininha. Um dia pensei que não queria ser pai,
que não estava pronto para ser, mas quando vi a primeira foto de Sadie, eu
soube que havia nascido pronto para pegar aquela garotinha nos braços e
cuidar dela como um bom super-herói.
No entanto, Ava tinha dito com todas as letras para que eu não me
aproximasse nunca mais dela e devido ao meu medo, eu realmente preferi
cuidar delas por trás de tudo. Contratando aqueles seguranças, que me
informavam todos os dias sobre a rotina diária de mãe e filha.
Que saudade eu sentia de Ava, às vezes sonhava com ela em meus
braços e acordava no meio da noite implorando para que o sonho se
tornasse realidade, contudo eu sabia que nunca mais a teria.
Soltei um suspiro e mandei uma mensagem para o chefe de
segurança:

Mason: Elas estão bem?


Bill Elliot: Sim, senhor!

Era só daquilo que eu precisava saber, então bloqueei a tela e voltei


para o trabalho. Era melhor enfiar a cara em algo que eu fazia muito bem,
do que ficar pensando no que havia perdido.
O dia correu conforme o esperado, assim que o expediente acabou,
saí do escritório indo para casa. Eu não tinha amigos, nunca tive graças aos
meus pais, então quando conheci Ava ela havia se tornado a pessoa que
passava os finais de semana comigo, até que tudo ruiu e eu voltei a ser
somente um cara sozinho no meio da multidão.
Fui o caminho todo, em silêncio dentro do carro, sem colocar nem
mesmo uma música. O único ruído que ressoava pelo interior do veículo
eram as buzinas incessantes pelas ruas abarrotadas de Nova Iorque.
Quando por fim cheguei na cobertura, que ainda me lembrava muito
de Ava, deixei a maleta no armário que ficava próximo à entrada e caminhei
para o meio da sala, tirando o blazer do terno o jogando em seguida sobre o
sofá.
Fui até o bar e não demorou muito para o líquido âmbar cair sobre
um copo, preferi tomá-lo sem nenhum gelo, para sentir a bebida queimar
minha garganta e ver se assim aplacava aquela dor que sempre sentia dentro
do meu peito…
A dor da perda, da solidão… a dor de amar e não poder viver aquele
amor e tudo graças às decisões erradas que tomei há dois anos.
Era um homem infeliz que não via mais cores no mundo, as únicas
doses homeopáticas de felicidade que possuía na vida, era quando recebia
as fotos de Ava e Sadie, tirando aquilo tudo era praticamente cinza, sem
graça e sem vida…
Igual a minha vida era… uma grande merda!
Uma grande perda de tempo!
CAPÍTULO 33

Meu mundo todo se resumia a uma coisinha pequena que pegava


abaixo do meu joelho e gritava “mamá” para tudo que via.
Como se todos os seus brinquedos tivessem se tornado sua mãe, ou as
árvores, talvez até mesmo as nuvens fossem “mamá”.
— Aquilo se chama poste de luz, filha, e não mamãe! — Apertei a
ponta do seu nariz, enquanto caminhava com ela em meus braços de volta
para casa.
Tinha acabado de pegá-la na creche, que por um milagre do destino
havia conseguido uma vaga de meio-período. Claro que eu queria o período
integral, mas no próximo ano talvez ela fosse chamada por já estar
matriculada.
Mas, ao menos naquele meio-período eu conseguia trabalhar no
mercadinho do bairro e juntar uma grana legal de quinze em quinze dias.
Bom, legal significava comprar fraldas, remédios e algumas frutas para
Sadie.
— Mamá! — Soltou um gritinho e uma gargalhada.
Provavelmente ela fosse petulante igual à mãe. Comecei a sorrir junto
com ela, enquanto abria a porta do prédio. Subir as escadas com Sadie nos
braços talvez fosse mais difícil do que quando eu a carregava dentro de
mim.
Minha menininha estava com um ano e um mês, e já dava seus
passinhos desengonçados para todos os cantos, no entanto, eu não a deixava
subir as escadas, até porque ela nunca conseguia levantar as perninhas com
facilidade para os degraus altos para o seu tamanho minúsculo.
— Sabe, estamos precisando começar uma dieta, butijãozinho.
Sadie sorriu e babou na mãozinha tocando no meu rosto. As
humilhações que as mães eram obrigadas a passar.
— Você nem sabe o que é dieta e tá sorrindo? — indaguei, abrindo
um sorriso maior quando ela continuou babando em mim.
Destranquei a porta do apartamento e Sadie mexeu as perninhas para
descer. Coloquei-a no chão, enquanto ela dava os passinhos tortinhos até
minha mãe que estava sentada no sofá.
A expressão de dor estampava o rosto de dona Stella. Há um ano
estávamos lutando para conseguir uma cirurgia pelo sistema público de
saúde de Nova Iorque, mas eles até hoje não haviam liberado.
Fechei a porta e indaguei:
— Não melhorou nada, mamãe?
— Acabei de tomar o remédio que o Dr. Caíque me passou, não sei se
está fazendo muito efeito, mas é melhor do que ficar sem tomar nada.
— Claro! — respondi, tentando evitar que ela percebesse o quanto
me sentia impotente por não poder fazer nada.
— Vou ver se Maya pode ficar com a Sadie hoje, porque tem aquele
evento que me chamaram pra cobrir como garçonete. É um dinheiro bom,
porque é para uma empresa grande. Dá para nos mantermos por uma
semana com o que eu receber.
Minha mãe estendeu a mão na minha direção e eu me aproximei,
enquanto Sadie subia o sofá e se deitava no colo de mamãe. Minha filha
amava aquela avó, acho que até mais do que eu, já que não a mimava tanto
quanto dona Stella.
Segurei a mão que já apontava algumas rugas e sorri.
— Desculpe estar fazendo você trabalhar tanto nos últimos tempos.
Balancei a cabeça.
— Para de se preocupar com isso, mamãe! Sério!
Ela assentiu e eu me afastei. Beijei a testa de Sadie e disse:
— Vou ligar para a Maya e daqui a pouco volto.
— Tá bom!
— Bobó, bobó, bobó… — Sadie começou a dizer repetidamente e eu
caminhei sorrindo para o meu quarto.
Quando ela começava a repetir as palavras ia sem freio até cansar.
Fechei a porta do quarto e recostei-me na madeira da porta, sentindo
aquele aperto no peito. Se não conseguisse a cirurgia para minha mãe, ela
podia parar em uma cadeira de rodas e eu sabia que aquilo era o fim para o
resto de felicidade que dona Stella nutria.
Ela era muito independente para depender de algo daquela maneira.
Eu precisava que aquela cirurgia saísse.
Respirei fundo algumas vezes, antes de pegar o telefone e ligar para
minha amiga.
— A gata mais linda me ligando em um dia como hoje?
Sorri ao ouvir sua voz.
Ainda bem que Maya segurava minha mão quando eu mais
precisava.
— Eu queria ser realmente a gata mais linda, mas tô mais para mãe
solteira borralheira.
Ela soltou uma gargalhada do outro lado.
— Ah, quem dera se todas as mães solteiras fossem lindas como
você, querida.
Balancei minha cabeça, mas resolvi deixar a brincadeira de lado, pois
era muito urgente a minha situação.
— Diz pra mim, que você pode ficar com sua afilhada hoje?
Sim, Maya era madrinha de Sadie e era outra que a mimava tanto que
eu não sabia como não havia perdido minha filha para ela e para minha mãe
até hoje.
— Claro que posso, você vai trazê-la ou quer que eu fique aí?
Quase chorei de verdade, com soluços e tudo o mais quando ela
respondeu de forma positiva.
Havia tantos anos que eu realmente não chorava, a última vez foi há
dois anos… Naquela cobertura, na volta para casa dentro do transporte
coletivo, em casa… E eu guardava muito bem aquele dia, que era
exatamente a data de hoje… O dia que vi todos aqueles testes de gravidez
com um positivo enorme, o dia que fui abandonada grávida pelo pai da
minha menina.
Sacudi minha cabeça e murmurei:
— Aqui em casa, bom que você passa o olho na mamãe, ela está
péssima.
— Muito ruim mesmo, amiga?
— Demais! Não sei o que vou fazer se a cirurgia não sair, Maya!
— Vamos pensar positivo e pedir a Deus que saia logo.
Concordei, lembrando que ela não estava ali para ver o meu gesto.
— Sim, vamos pensar positivo! Bom, se você puder estar aqui às
cinco, o evento começa às sete da noite.
— Claro, estarei sim!
— Beijo, amiga e obrigada!
— Para de me agradecer, eu sempre vou estar aqui pra segurar sua
mão, eu já disse.
— Ainda bem, por que o que seria da minha vida sem você?
— Nada, gata!
Sorri e por fim me despedi dela.
Realmente eu não seria nada sem Maya e minha mãe. Era muito
difícil ser mãe solo, muito mesmo, ter que se desdobrar em mil para tentar
sustentar a criança e sem muito apoio ficava ainda mais complicado.
Eu estava tão cansada, só nunca admitia aquilo para ninguém, pois
não queria mais olhares de pena direcionados para mim. No entanto,
quando me pegava sozinha, igual àquele momento observando o meu
quarto que só tinha uma cama de solteiro e vários brinquedos, percebia o
quanto estava exausta.
Nunca consegui comprar um berço para Sadie, muito menos um
carrinho. A maioria de suas roupinhas vieram de brechós e eu agradecia
muito por ter tido condição de comprá-las.
Eu ao menos tinha conseguido terminar a faculdade, mas que acabou
não resultando em nada, porque ninguém me contratou quando eu estava
grávida e depois que Sadie nasceu, não tinha muita opção de trabalho,
quando minha mãe não podia buscá-la na creche por causa da coluna e não
podia olhá-la o dia todo.
Então o sonho de viver da Literatura Inglesa, ficou para depois, quem
sabia depois que Sadie estivesse maiorzinha eu não conseguisse realizar
aquelas vontades, por enquanto, eu precisava me levantar e continuar
batalhando pelo pão de cada dia…
Sem me deixar vencer…
Eu sabia das consequências e mesmo assim as enfrentei e continuaria
enfrentando todas… e minha filha, bom, mesmo que fosse difícil ela era o
bem mais precioso da minha vida.
CAPÍTULO 34

Olhei para a mensagem de Aiden Ward e quis morrer, sério? Ele iria
fazer com que eu fosse a um evento naquele dia infeliz para fechar a nossa
parceria?
O homem em questão era o CEO de uma empresa de tecnologia
conhecida pelo mundo e assim como eu, era o herdeiro do império de seus
pais.
Aiden estava exigindo que eu fosse no evento beneficente que sua
empresa estava promovendo, para falar de negócios no meio de todos.
Sério!
Logo naquela data infernal?
O dia que eu arruinei minha vida para sempre?
Eu só queria só ir para a cobertura, encher minha cara de uísque e
chorar até pedir a Deus para me levar embora daquele mundo, porque eu
não conseguia viver em um lugar onde Ava não estivesse ao meu lado, mas
claro que pelo quanto eu fui filho da puta com ela, eu demoraria muitos e
muitos anos para morrer.
Como não poderia curtir a minha tristeza naquele dia, saí mais cedo
da empresa e resolvi passar na casa da minha mãe para vê-la. Havia alguns
meses que não fazia aquilo, já que era sempre intragável aguentar aquela
mulher, no entanto, a empatia que ainda restava dentro de mim sentia pena
pelo sofrimento da mulher.
Entrei pelo portão principal da mansão, estacionei em uma vaga
qualquer espalhada pela frente da casa e logo estava entrando no lugar que
passei toda minha infância, juventude e alguns anos da vida adulta.
— Mãe? — chamei, depois de me despedir da governanta que havia
ido me recepcionar.
— Estou aqui! — Sua voz veio da sala de estar.
Assim que pisei dentro do cômodo, senti pena da mulher que um dia
foi tão bela e agora parecia cada vez mais acabada.
Ela ainda usava roupas pretas e as maquiagens que sempre pintavam
seu rosto, nunca mais foram usadas, muito menos as joias.
— Lembrou que eu existo, Mason? — inquiriu com a voz grossa de
sempre.
Fiz uma careta e me sentei em uma das poltronas do lugar, apoiando
minha panturrilha em cima do joelho.
— A senhora sabe que sou ocupado. Não tenho tempo para vir lhe
visitar sempre.
— Você ao menos deveria ter vindo quando completaram dois anos
da morte do seu pai, sabe o quanto sofro até hoje?
Jogou as palavras na minha direção e eu respirei fundo.
— Mãe, a morte do meu pai também é difícil para mim, mas eu
prefiro ficar sozinho a ter companhia.
Ela se levantou do sofá e caminhou para perto da janela da sala, que
tinha uma vista muito linda do jardim da residência e também para o portão
dos funcionários e o caminho de pedra que um dia vi a rabugentinha mais
linda do mundo…
Fechei meus olhos deixando algumas lembranças dos seus sorrisos
voltarem aos meus pensamentos, suas expressões quando eu lhe dava
prazer.
— Aposto que se fosse aquela filha da empregada você estaria se
arrastando atrás dela — esbravejou e eu abri meus olhos, perdendo toda a
vontade de ficar ali.
Levantei-me da poltrona e murmurei:
— Não vim aqui para a senhora ofender a Ava. Terminei com ela há
dois anos e mesmo assim ainda a amo perdidamente e se pudesse eu estaria
com ela, mas não posso, então a deixe de fora disso, mãe.
Dei as costas para ela, mas sua voz cheia de maldade me fez parar.
— Naquele dia quem deveria ter morrido era ela.
Meu sangue ferveu. Fechei minhas mãos em volta do meu corpo,
tentando me controlar para não socar a parede.
— Não, ninguém deveria ter morrido.
Voltei a andar, mas novamente fui obrigado a parar quando ela
murmurou:
— Chegou aos meus ouvidos que ela tem uma filha. — O som das
suas palavras escorriam com puro nojo. — Não me diga que aquela morta
de fome engravidou de você, Mason!
Respirei fundo.
— Já falei para parar de falar dela e a deixar em paz — gritei a última
parte. Voltei na sua direção e encarei a mulher que me olhava com raiva. —
Você queria que eu me afastasse dela, eu me afastei, o que mais quer?
Sorriu com maldade pura.
— Queria ela morta e meu Noah de volta.
— Para de desejar isso a ela. Ava não tem nada a ver com a morte do
meu pai. Então a senhora…
— Tem sim — gritou. — Era para ela morrer, ou ao menos tomar um
susto grande e te deixar, mas não, aquele desgraçado atirou no seu pai.
Aquilo não era o combinado, o combinado era assustá-la e fazer com que se
afastasse de você. — O choque me tomou por completo. — E agora eu
descobri, que a desgraçada tem uma filha sua. Uma maldita filha que
merece morrer com aquela víbora.
Saliva respingou da sua boca quando terminou de falar. E talvez só
naquele momento ela percebesse o que havia dito, porque os olhos de Ella
se arregalaram.
— Mãe, a senhora…
— Vá embora, Mason! Estou cansada, vou me retirar.
Ela tentou passar por mim, mas eu segurei seu braço com força e a
encarei.
— Mãe! — berrei. — A senhora combinou aquilo com Daniel?
— Não sei do que está falando. Solte meu braço! — pediu e a soltei,
pois sabia que ela não falaria mais nada.
No entanto, se aquilo fosse verdade…
Não, eu não podia acreditar que minha própria mãe e pai ousaram
fazer algo daquele tipo. Ela deveria ter falado da boca para fora.
Observei Ella subir a escadaria que a levaria para o quarto e eu decidi
ir embora. Não tinha ficado dez minutos naquela casa e pareciam mais
quinze anos.
Entrei em meu carro e parti para a cobertura. Era muito melhor ir me
preparar para o inferno daquele evento do que ficar ali, aguentando algo que
eu não suportava e só tentava fazer por causa do luto de Ella.
E se o que ela insinuou fosse verdade…
Não, balancei minha cabeça, aquilo não poderia ser verdade, porque
se fosse… eu faria de tudo para minha mãe ir parar atrás das grades, se ela
tivesse algo relacionado com a morte do meu pai.
E se ela tivesse tramado com Daniel e Noah naquela época… a
realidade me bateu. Se foi uma farsa que deu errado eu tinha terminado com
Ava por absolutamente nada.
Era só o que faltava, ter abandonado a mulher que eu amava, grávida
da minha filha por pura trama da minha mãe. Não, mesmo se minha mãe
tivesse combinado com Daniel sobre aquilo, eu terminei porque quis, por
medo de ele fazer algo com o amor da minha vida.
Foi por egoísmo meu que deixei Ava, mas também por amá-la
demais, preferi abandoná-la a ficar com ela…
Bufei, não tinha defesa… abandonei-a por ser um desgraçado.
Um desgraçado que não merecia aquela coisinha irritante e linda.
CAPÍTULO 35

A cozinha do lugar estava uma bagunça, pelo que entendi o evento


era para a alta sociedade e talvez eu tenha ficado com medo de encontrar
alguém do Conglomerado Coleman ali, mas já vinha me preparando para
aquilo desde quando comecei a cobrir os eventos naquela empresa.
Eles pagavam muito bem e eu não podia deixar de trabalhar aquelas
horas-extras, por causa do medo de encontrar Mason ou Ella.
Por fim, peguei a bandeja de champanhe e saí para o salão em que
acontecia o evento. Caminhei entre as mesas, observando quem desejava a
reposição de taças.
Fiz não sei quantas idas e vindas em menos de meia-hora. Sempre fui
muito rápida, por isso, sempre era chamada para cobrir eventos grandes
como aqueles.
— Boa noite! — um homem todo trabalhado na beleza me
cumprimentou e eu somente respondi rapidamente e voltei para a cozinha
com a bandeja cheia de taças vazias.
— Isso aí, pessoal! Concentração, porque o organizador do evento já
está presente. — Nora, a responsável pelos funcionários da cozinha,
murmurou e eu assenti.
Peguei outra bandeja cheia de taças abarrotadas de champanhe e
voltei para o salão. Comecei a atender uma mesa e assim que finalizei,
percebi que um homem acenou para mim, o mesmo homem bonito que
havia me cumprimentado minutos atrás.
Aproximei-me dele, querendo agilizar logo para ver se algum outro
lugar precisava de mais champanhe naquele momento. Assim que parei na
frente do homem, sorri gentilmente para ele, mas algo chamou minha
atenção pela visão periférica.
Já que o homem ao seu lado me encarou e para não aparentar dar
atenção somente para um, voltei minha atenção para quem me olhava e…
Deus!
Eu tinha me preparado para aquele momento, então porque minhas
mãos começaram a tremer, na verdade, não só as mãos, mas o corpo todo.
Era só olhar com altivez, só colocar a expressão de petulância que eu
conseguia fazer muito bem. Por que não estava conseguindo fazer o que
tanto treinei?
Só por ser real, não significava que eu tinha que fraquejar, mas eram
dois anos sem vê-lo e Mason parecia tão lindo, mais lindo do que a última
vez que o vi, muito mais lindo.
Mais velho, perfeito com a barba bem-aparada, os cabelos em um
corte sério e ele usava um dos ternos que o deixava ainda mais
maravilhoso.
Meus olhos grudaram no seu, senti o sangue fugir da minha face e
acabei engolindo em seco ao reparar que ele me olhava com uma devoção
que fazia com que eu retornasse àqueles meses que vivemos juntos.
Mas foi aquele contato com seus olhos e o corpo trêmulo que fez a
bandeja escorregar das minhas mãos, contudo quem se importava com o
vidro quebrando, o champanhe caro sendo espalhado pelo chão, quando o
homem que eu odiava e amava na mesma intensidade estava à minha
frente?
O barulho de vidro se partindo deveria ter desviado os meus olhos
dos dele, mas mesmo com toda aquela bagunça eu não conseguia parar de
encarar Mason. Ele parecia tão bem, tão feliz… e aquilo meu sangue ferver.
Ele estava bem, enquanto eu… eu só desgracei a minha vida depois
de conhecê-lo.
“— Não toque no nome deles, eles não têm nada a ver com isso. Eu
que não te quero mais, não quero carregar o fardo de outra morte nas
minhas costas. Não quero um filho!”
Seu grito surgiu em minha mente, o grito que me fez partir para
nunca mais querer olhar para trás.
E a máscara que treinei por anos, por fim, surgiu em meu rosto.
Queria deixar claro que não era para ele nem mesmo chegar perto de mim.
Desviei minha atenção para o homem que havia se molhado com o
champanhe e sussurrei:
— Desculpe!
— Você não presta atenção! — Toda a lindeza que achei mais cedo
caiu por terra, pela forma que falou comigo.
— Aiden, foi um acidente — Mason sussurrou.
— Se ela estivesse prestando mais atenção isso não aconteceria.
Senti minhas bochechas se esquentarem e eu quis muito que um
buraco surgisse bem ali para que eu me escondesse.
— O que aconteceu aqui? — Nora parou ao meu lado, olhando o caos
de caco de vidro e champanhe pelo chão.
Limpei minha garganta e tentei me explicar.
— Acho que tive uma queda de pressão e a bandeja escorregou da
minha mão.
— Tire essa garota daqui e peça para limparem essa bagunça.
— Claro, senhor Ward!
Então o homem que eu tinha jogado a bandeja quase em cima era o
anfitrião da festa, que maravilha, as coisas só melhoravam.
— Venha, Ava! — a mulher me chamou e pelo tom de voz eu sabia
que meus serviços já não seriam bem-vindos.
Assim que entramos na cozinha ela se virou para mim, com os olhos
quase chamuscando e disse:
— Pode arrumar suas coisas e ir embora! Infelizmente não podemos
continuar com alguém tão irresponsável.
Fechei meus olhos por um momento, respirei e quando os abri
novamente, tentei me explicar.
— Nem tente, não irei te pagar a noite de hoje, já que trabalhou
menos de duas horas e você está fora da lista para o próximo evento, se é
que será chamada de novo.
Ela levantou uma sobrancelha e eu tentei controlar o tremor em meus
lábios. Não iria chorar… não iria!
Tirei o avental, soltei meus cabelos da touquinha e joguei tudo em
cima dela, lhe dando as costas e caminhando até o armário, pegando minha
bolsa em seguida.
Por fim, saí pela porta dos fundos e respirei o ar fresco daquela noite.
O que mais de pior podia acontecer ainda? Mal terminei o
pensamento, quando Mason surgiu contornando a parede e me encontrando
ali.
Não sabia por qual motivo ainda duvidada do destino em fazer merda
com minha cara.
— Ava… — Meu nome saiu quase como um sussurro da sua boca e
depois de um olhar na sua direção, olhei para a frente e comecei a caminhar
para a rua.
Ouvi seus passos reverberarem atrás de mim, mas não olhei por cima
do ombro para vê-lo se aproximar.
— Ava, podemos conversar? — inquiriu.
Continuei ignorando, como se ele não fosse nada. O que realmente
era verdade, Mason não era nada, foi somente o homem que serviu para que
eu concebesse minha filha.
— Ava, por favor! — O tom de sua voz, que parecia implorar tanto
me fez voltar na sua direção. — Ava…
— O que foi? O que quer? Não basta ter me feito perder um dos meus
empregos, você quer mais o quê? — gritei, o cortando.
Culpa passou por seus olhos.
— Eu sinto muito!
Um bolo se formou em minha garganta.
— Você não sente nada, Mason! Só para de me seguir, eu avisei para
nunca mais se aproximar de mim. Entendo que foi algo inevitável, o
encontro ali, naquele evento, mas agora aqui no meio da rua, já é você
quebrando o que eu pedi há dois anos, nessa mesma maldita data.
Ele baixou a cabeça e respirou fundo.
— Eu sei, sempre me lembro da data de hoje.
— Então se você se lembra, me deixa em paz. — E depois de dois
anos, uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Uma maldita lágrima que tentei
conter, mas não consegui: — Toda vez que você entra na minha vida é para
estragar algo. — Enxuguei a gota salgada rapidamente, pois já estava
cansada de ser humilhada por aquele homem.
Mason tentou dizer mais alguma coisa, no entanto, lhe dei as costas e
voltei a caminhar. Colocando as mãos nos bolsos da calça e não ousei olhar
para trás.
Porque se ele estivesse me seguindo eu pegaria qualquer coisa que
achasse na rua e jogaria na cara dele.
Como eu não tinha ideia de que horas o ônibus passaria, resolvi ir de
metrô para casa, mesmo que morresse de medo das estações paradas à
noite.
Mas por sorte, se é que eu pudesse contar com aquela merda nos dias
de hoje, cheguei ao prédio depois de duas horas sã e salva. Subi as escadas
lentamente e quando parei em frente à porta do apartamento não quis entrar.
Não queria encarar minha mãe e Maya naquele momento, e confessar
a elas o que havia acontecido. Sabia que Sadie já deveria estar dormindo,
por isso, dei meia-volta descendo as escadas e saindo para a rua mal-
iluminada.
Havia mandado o bom senso para a puta que pariu. Comecei a
caminhar lentamente pela calçada, respirando algumas vezes, para controlar
a minha fúria.
Cheguei na pracinha em que às vezes levava Sadie e me sentei em um
dos bancos do lugar. Ao longe um grupo de rapazes estava fumando, a
maioria eu conhecia desde pequena, por isso, não fiquei com medo de ficar
ali com eles tão próximos.
Apesar que naquele bairro, quando os garotos entravam para as
gangues, não podia confiar neles, só que eu tinha certeza de que possuía
mais coragem para enfrentá-los do que enfrentar minha mãe e contar que o
dinheiro para nos manter semana que vem não viria.
Que a merda do sistema público não respondia sobre a cirurgia, que a
nossa vida estava indo de mal a pior.
Senti os olhos lacrimejarem, mas segurei as lágrimas, elas não iriam
cair. Não permitiria que aquilo acontecesse. Deixei os olhos passearem pela
pracinha e quando voltei minha atenção para os rapazes que fumavam ao
longe algo chamou minha atenção…
Não algo, alguém… e sorrindo na minha direção, como naquele
fatídico dia, Daniel me encarou.
Minha respiração aumentou, tornando-se ofegante em questão de
segundos, levantei-me do banco rapidamente e saí correndo em direção ao
prédio.
Olhei por cima do ombro uma única vez e por um milagre ninguém
me seguia, mas eu tinha certeza de que era o Daniel e se ele estava ali…
Meu Deus!
Se ele estava ali poderia querer se vingar pelo que havia acontecido
há dois anos, mesmo que eu não tivesse feito nada. Pessoas psicopatas
tendiam a te culpar por coisas que você nunca foi culpada e aquele sorriso
de Daniel na minha direção era a prova viva de que ele fazia aquilo no
momento.
Abri a porta do prédio e subi as escadas mais rápido do que todas as
vezes que escalei aqueles degraus.
Completamente ofegante, parei em frente à entrada do meu
apartamento e em menos de dois segundos destranquei a porta, entrei e bati
minhas costas na madeira que me protegeria daquele homem, não
demorando para me afastar e trancar a fechadura.
Mamãe e Maya me encararam de onde estavam sentadas
completamente assustadas…
E foi por vê-las ali, me esperando, que deixei as malditas lágrimas
que tentei tanto segurar caírem.
Eu não conseguia mais ser forte, a minha barreira de fortaleza havia
esmorecido, precisava desabafar…
Quando Maya me puxou para sentar-me entre elas, contei tudo o que
havia acontecido tanto no evento, como na pracinha, e ao menos aqueles
abraços fizeram com que eu me sentisse amada e protegida novamente.
E no momento era só o que eu precisava!
CAPÍTULO 36

Passei a noite em claro!


Não conseguia parar de pensar em Ava… Tão linda, tão perto de
mim, se eu desse dois passos na sua direção eu poderia tê-la tocado… Vê-la
por fotos era uma coisa, mas encará-la cara a cara era outra completamente
diferente. Lembrar-me de como a mágoa ainda brilhava em seu olhar foi o
que me manteve acordado a noite toda.
Aquela única lágrima que deixou escorrer acabou comigo, pois
mostrou que Ava ainda sofria por tudo o que eu havia feito a ela há dois
anos, mostrou que ela sofria tanto quanto eu.
O alvorecer surgiu, mostrando o nascer preguiçoso do sol e logo a
bola amarela que iluminava o céu brilhou radiante. Os movimentos do dia
começaram e eu continuei sentado no sofá da sala de estar da cobertura.
Segurando um copo de uísque na mão, com o líquido âmbar intocado.
O casaco do terno jogado no chão, a camisa dobrada até os cotovelos e os
botões abertos até o início da barriga.
Estava naquela mesma posição, não fazia ideia de quantas horas, e
talvez eu tivesse continuado daquela maneira pelo que restava do final de
semana, porém, meu celular tocou e me tirou daquela posição estática que
havia até mesmo me dado um torcicolo de presente.
Saindo do meu estado atônito e contemplativo de como a vida podia
lhe dar a maior felicidade do mundo e ao mesmo tempo tirá-la tão rápido.
Apoiei o copo da bebida na mesinha de centro e tirei o celular do bolso,
ficando em alerta no mesmo momento.
Era o chefe de segurança e ele nunca me ligava, só me enviava
mensagens, então algo muito ruim passou por minha mente. Deslizei o dedo
na tela do celular, aceitando a ligação e logo disse:
— Bill, o que foi?
— Senhor, desculpe entrar em contato tão cedo, mas…
— Pare de enrolação, diga logo! — exigi.
Meu humor não estava em seus melhores dias, então não seria
educado com o homem que era pago para cuidar da segurança de Ava e
Sadie.
— Senhor, ontem percebemos uma movimentação diferente próximo
ao prédio da senhorita Martinez.
Senti meu humor ficar pior, o sangue em meu corpo esquentou e eu
apertei o celular com força na mão.
— O que aconteceu?
O homem suspirou do outro lado da linha e disse sem mais delongas:
— Um homem que nunca rondou pelo bairro da senhorita Ava, desde
que começamos a cuidar de sua segurança, passou pela rua diversas vezes à
noite e quando ela voltou do evento em que estava, não demorou muito
dentro do seu prédio indo até a praça que costuma ir com Sadie. No entanto,
esse mesmo homem estava lá, com um grupo de homens e quando a viu,
meus homens perceberam que ele ficou meio obcecado pela presença da
moça. Devido às características que o senhor nos passou há dois anos,
estamos cogitando que este homem seja o assassino de seu pai, senhor, que
continua foragido.
Daniel havia voltado…
Mesmo que não tivesse certeza algo dentro de mim gritava para que
eu me levantasse dali e fosse atrás da minha mulher e minha filha para
protegê-las pessoalmente.
— Ele… — Não sabia o que dizer, já que havia perdido as palavras
no limbo de preocupação que havia me tomado. — Ele ainda está rondando
o lugar.
— Não, senhor, desde ontem à noite, quando a senhorita Ava pareceu
perceber a sua presença e voltou para o apartamento não o vimos mais,
mesmo que alguns dos seguranças o tivessem seguido, mas o homem
pareceu perceber aquilo e soube despistá-los.
Meu corpo todo tremeu!
— Obrigado, Bill!
— Se tiver mais alguma informação avisarei ao senhor.
— Combinado!
Por que ele tinha voltado depois de dois anos?
Poderia não ser ele, mas… eu não acharia coincidência se Daniel
reaparecesse bem no dia em que reencontrei Ava pessoalmente. Seria como
se ele estivesse seguindo seus passos, mesmo escondido dos seguranças e
quando me viu tão perto dela quisesse passar uma mensagem não para Ava,
e sim para mim.
Como se continuasse à espreita e nem os meus homens conseguiram
perceber aquilo.
Chegando àquela conclusão, mesmo que precipitada, levantei-me do
sofá, esquecendo completamente o uísque em cima da mesinha de centro
partindo imediatamente para o quarto. Arranquei o terno que usava e entrei
embaixo do jato de água gelada no chuveiro.
Assim que me senti desperto, saí da água, me enxugando e em
seguida fui atrás de algo para vestir. Eu precisava sair, precisava avisá-la…
precisava nem que fosse somente mais uma vez vê-la e tentar protegê-la do
mal que podia estar a rondando.
Vesti a primeira roupa que apareceu na minha frente e não demorou
nada para que eu estivesse dentro do elevador descendo para a garagem do
meu prédio. Assim que parei ao lado do meu carro entrei e não demorei
para partir em direção ao subúrbio para onde eu não me dirigia há dois
anos, ou melhor há dois anos, dois meses e cinco dias… as horas exatas eu
não saberia, porque não tinha olhado nem mesmo no relógio para saber em
que parte daquele sábado eu me encontrava.
Fui o caminho todo pressionando o volante e depois de diversos
minutos e minutos e minutos, parei em frente ao prédio de Ava. Continuava
da mesma forma, não, talvez a pintura estivesse bem mais desgastada do
que da última vez que a vi, mas o lugar aparentava a mesma coisa, nada
diferente…
Abri o porta-luvas e peguei o boné da NBA do meu time preferido de
basquete, o New York Knicks, que deixava ali para quando precisasse
disfarçar um pouco da minha aparência. Claro que se fosse realmente o
Daniel que estivesse à espreita, ele me reconheceria até mesmo porque um
carro tão caro quanto o meu parando em frente ao prédio em que Ava
morava podia muito bem despertar a curiosidade, mesmo que naqueles dois
anos eu tivesse trocado de automóvel, passando do BMW para um Bentley,
mas não deixava de esbanjar dinheiro, não ali, naquele bairro perigoso que
minha rabugentinha morava.
Olhei para os lados, porém, não vi nada suspeito, nem mesmo os
seguranças consegui perceber, o que significava que eles conseguiam, muito
bem se disfarçar.
Abri a porta do prédio e com o coração pulsando mais forte que o
normal, subi os três andares que me levariam até ela. Até a minha Ava, à
minha filha…
Parei em frente à porta de madeira que conhecia tão bem, que parecia
um pouco mais malcuidada e tomando coragem bati duas vezes, com força,
para caso estivessem dormindo acordassem com a minha batida.
Só naquele momento que percebi que não me atentei ao horário. Ava
não estaria ali naquele momento, provavelmente ela estaria no mercadinho
em que trabalhava por meio-período. Fechei meus olhos, como eu era
burro, deveria ter pensado naquilo muito antes.
Afastei a mão da porta e pensei em dar as costas para o apartamento,
no entanto o local foi aberto e eu estaquei no lugar, sem conseguir dar as
costas para quem quer que fosse aparecer ali.
E assim que dona Stella surgiu, parecendo sentir muita dor, devido à
sua expressão sofrível e meio curvada, fui obrigado a engolir em seco
porque os olhos tão iguais aos de Ava me reconheceram no mesmo
momento e o ódio fervilhou ali.
— O que você…
— Dona Stella!
— Ah, seu vagabundo!
A mulher deu um passo muito rápido na minha direção e mal vi
quando a sua mão fechada avançou na minha direção e um soco foi dado
em meu nariz com toda a força que ela possuía.
A dor latejou pelo meu rosto e senti até mesmo um filete de sangue
escorrer por cima da minha boca. Balancei a cabeça e levei meus dedos ao
sangue, tentando contê-lo, mas esqueci completamente o que a mulher
havia feito, quando ela soltou um grito de dor e caiu ao chão.
Pela visão periférica pude ver alguém surgindo à porta do
apartamento e por um momento pensei que pudesse ser Ava, mas quando
constatei vi ser Maya e logo ela gritou:
— Tia Stella! — Abaixou-se e tentou ajudar a mulher que chorava de
dor no chão.
— Eu não consigo, Maya! — Stella, gemeu.
Abaixei-me ao seu lado e tentei ajudá-la.
— Não toque em mim, tire esse homem daqui — a mãe de Ava gritou
e Maya só naquele momento percebeu quem estava ali.
Ela me encarou e cerrou o cenho no mesmo momento.
— Mason… — Tinha nojo em sua voz.
Pelo jeito todas elas me odiavam, mas não as julgava, porque até
mesmo eu me odiava.
— Eu posso explicar — tentei dizer.
— Sai daqui, olha o que você fez.
Observei dona Stella no chão, chorando de dor e me lembrei de que
ela tinha um problema sério na coluna.
— Vou chamar o socorro — anunciei, pegando meu celular, mesmo
com elas relutando. — Vai ficar tudo bem, dona Stella!
Tentei acalmar a mulher que mesmo chorando de dor, me encarava
com ódio e eu sabia que merecia aquele tratamento, afinal, ela sempre foi
contra o meu envolvimento com sua filha.
Porém, mesmo que a mulher estivesse sofrendo ali, meu mundo
parou quando escutei a vozinha fofa tomar o ambiente.
— Bobó?
O celular escorregou da minha mão e caiu no chão quando meus
olhos encontraram Sadie parada no umbral da porta, olhando assustada para
o que estava acontecendo.
Minha filha estava ali…
Minha menininha!
E foi ali que comecei a chorar ao vê-la tão perto, tão linda, tão
minha…
A filha que abandonei!
CAPÍTULO 37

Eu sabia que minha vida começaria a piorar quando vi Mason na


noite passada, mas não imaginei que seria tão rápido e tão drasticamente.
Quando Maya me ligou chorando, informando que estava correndo
para o hospital com minha mãe, porque ela havia caído e não parava de
chorar de dor, eu tive certeza de que o chão se abriu sobre os meus pés e
que um buraco me engolia para dentro dele rapidamente.
Conversei com a dona do mercadinho e ela por sorte, conhecendo
minha mãe há anos, me liberou mais cedo sem descontar nada do meu
salário.
Maya não havia me contado direito o que havia acontecido, disse
somente que minha mãe havia caído e estava com muita dor, mas depois de
quarenta minutos, já que o hospital ficava no bairro vizinho, quando
cheguei na recepção do local e minha amiga me chamou segurando Sadie
em seus braços, eu entendi o que havia ocorrido.
Já que atrás de Maya aquele desgraçado estava parado me olhando
com uma expressão de desculpas. Só estranhei porque o seu nariz estava
inchado e a gola polo que usava estava manchada de sangue, será que
aquilo era da minha mãe. No entanto, ninguém precisou me contar que
Mason tinha algo a ver com a ida de dona Stella para o hospital.
Engolindo em seco, me aproximei de Maya e Sadie me estendeu seu
braço vago, já que com o outro segurava a mamadeira. Peguei minha filha
rapidamente, sentindo os olhos de Mason sobre mim e Sadie, mas o ignorei
prontamente.
— O que aconteceu? — questionei a minha amiga, beijando a
testinha da minha menina.
— Não sei muito bem, só sei que estava dormindo com Sadie no seu
quarto, quando ouvi o grito da tia e quando cheguei na sala, estava caída no
chão, com esse traste parado perto dela. — Maya apontou o dedo atrás de
mim.
— O Dr. Caíque a está atendendo? — perguntei.
— Sim, ele a passou na frente de todos. Amiga, ela está muito mal.
Senti aquele bolo se formar em minha garganta e soltei um suspiro.
— E você, filhinha, tá tudo bem? — Tentei grudar minha atenção em
Sadie para não arrancar a cabeça de Mason ali mesmo.
Sadie assentiu, continuando a sugar o bico da mamadeira.
— Quer conversar com ele? — Maya inquiriu.
Encarei minha amiga com o meu pior olhar e neguei.
Procurei um banco afastado de Mason, me sentando ali com Sadie em
meu colo. Logo ela terminou a mamadeira e Maya a guardou em sua bolsa,
que ainda estava pendurada no braço da minha amiga.
E claro que o cachorrinho que caiu da mudança tinha que tentar se
aproximar. Senti a presença de Mason me espreitando antes mesmo dele
parar à minha frente.
Sadie que estava sentada em meu colo quietinha, virou a cabecinha
na sua direção e vi os olhos de Mason brilharem ao encará-la.
— Ava, podemos conversar? — questionou.
Por sorte, não precisou nem mesmo que eu lhe respondesse, pois o
Dr. Caíque surgiu e eu me levantei rapidamente.
— Olá, senhorita Martinez! — Ele me conhecia desde muito tempo,
então não precisava me apresentar. — Oi, Sadie! — O homem sorriu para
ela e minha filha abriu um sorrisinho para o médico, mas logo escondeu o
rosto na curva do meu pescoço.
Ela sempre ficava envergonhada de ter muita atenção.
— Doutor, como está minha mãe?
Ele soltou um suspiro, passando a mão pelos cabelos brancos.
— Ava, o quadro dela piorou e caso ela não faça a cirurgia, mesmo
que seja algo arriscado, ela pode sair daqui em uma cadeira de rodas.
Meus olhos marejaram no mesmo momento.
— Ainda não consegui a vaga pelo sistema público, doutor. O senhor
sabe que não tenho a quantia para fazer particular.
A expressão do homem, completamente profissional, não demonstrou
nada, mas eu sabia que por dentro ele entendia a merda que era ser pobre
naquele país.
— Eu sinto muito, Ava! Mas ou ela fica internada, para tentar
amenizar as dores, o que também será um custo, porque ela não está no
sistema público ou a mandaremos para casa em uma cadeira e quando
liberar a vaga…
O médico continuou falando e eu fui sentindo minhas pernas
perderem as forças, nem me importei de pedir licença, enquanto me sentava
de novo e apertava Sadie em meus braços.
Tudo o que eu temia estava acontecendo, minha mãe ficaria sentindo
mais dores do que o normal, ela não conseguiria andar e caso não saísse a
vaga no sistema gratuito, eu não poderia fazer nada.
— Doutor, pode fazer a cirurgia, eu pago!
Ouvi a voz de Mason reverberar pelo ambiente. Maya que estava ao
meu lado tentando me passar força arquejou, eu saí do meu estado de
pânico e encarei o homem parado ao lado do homem.
— O senhor é quem? — O médico indagou de forma curiosa.
— Eu…
— Não aceito, Mason! Obrigada, mas pode tirar a sua insignificância
daqui? — Minha voz estava tomada pela raiva.
— Amiga… — Maya tentou me repreender e eu olhei para ela.
— Você quer que eu aceite? — perguntei a ela.
— Senhorita Martinez, seria uma ótima saída para sua mãe — Caíque
disse, enquanto eu voltava minha atenção para ele.
Mason se ajoelhou à minha frente, fazendo Sadie levar a mão à aba
do boné do New York Knicks, segurei sua mãozinha antes que ela pudesse
pegar o boné e ela reclamou.
Mason a olhou e sorriu, tirando o boné, bagunçando um pouco o
cabelo e lhe entregando para que brincasse. A menina sorriu, pegou-o e eu
observei a forma devotada que Mason a encarava.
Para quem a rejeitou, ele até parecia um pai babão. E talvez
percebendo que eu o encarava quase o chutando para que saísse de perto de
mim, ele desviou a atenção de Sadie, murmurando:
— Ava, eu sei que nem deveria estar aqui.
— Ainda bem que sabe! — retorqui, completamente petulante.
Mesmo que por dentro sentisse meu peito se partir a cada segundo
que ele ficava naquela posição, me olhando e observando Sadie como se
nós fôssemos importantes para ele.
No entanto, eu sabia que não éramos. Já que ele nos abandonou há
dois anos.
— Mas, Ava, eu posso ajudar sua mãe. Me deixa fazer isso, como
uma reparação por tudo que lhe fiz passar, por favor, eu sei que ela precisa,
se eu soubesse disso antes, já teria ajudado. E juro que não queria agravar a
situação dela, só que ela me socou e isso fez algo que não entendo,
acontecer com a coluna dela, não me deixa ficar com essa culpa também.
Deixa eu ajudar, por favor? — repetiu.
Meu queixo começou a tremer, percebendo que não tinha saída.
Encarei Maya, que mesmo que odiasse o Mason assentiu em concordância e
indo contra tudo o que eu acreditava, olhei para o Doutor Caíque, dizendo:
— Pode prepará-la para a cirurgia, doutor!
— Claro, Ava!
Mason suspirou e eu ousei olhar na sua direção.
— Obrigado! — murmurou.
E eu não ousei agradecê-lo, não quando ainda sentia tanta raiva só de
vê-lo. Não queria precisar do dinheiro dele para nada, como fiz naqueles
dois anos, consegui a trancos e barrancos sustentar minha filha e minha
mãe, mas inferno, como eu deixaria minha mãe em uma cadeira de rodas,
sentindo muito mais dor do que já sentia, sendo que tinha aquela chance de
fazer sua cirurgia?
O doutor Caíque autorizou a visita à minha mãe e aproveitei para
levar Sadie para se despedir da avó que ela tanto amava.
— Mamãe? — questionei, assim que entrei no quarto.
Diferente de todas as vezes ela estava em um quarto particular, não na
enfermaria e não duvidava que aquilo também tinha dedo de Mason.
— Filha! — Sua voz estava tão baixinha.
— Bobó! — Sadie esticou os bracinhos querendo ir na minha mãe,
mas não permiti.
— A vovó não pode pegar a neném, ela tá dodói, mas logo ficará
boa.
Minha mãe respirou fundo e eu voltei minha atenção para ela.
— A dor melhorou?
Ela apontou para o acesso em seu braço, com remédio entrando em
sua veia e murmurou:
— Dopada tudo melhora! — Ela franziu o rosto. — Apesar que não
sei como pagaremos essa internação, Ava.
E daquela vez quem respirou fundo foi eu.
— Não se preocupe com isso, mamãe. Tudo vai ficar bem agora.
Ela franziu o cenho.
— O que você fez, Ava? — perguntou.
Passei a mão pelos cabelos enrolados de Sadie e sussurrei, sem
encarar minha mãe.
— Eu não vi escolha, mamãe. A não ser aceitar a ajuda dele.
— Não, filha! — A voz da minha mãe embargou. — Não preciso que
você se humilhe para aquele… — Ela evitou falar o palavrão na frente da
neta.
— Mamãe, eu passei por cima do meu orgulho, só aceita, eu não
aguento mais ver a senhora assim.
Chorei!
Com o surgimento de Mason, parecia que a comporta de lágrimas
havia sido aberta e ali estava eu me entregando mais uma vez para a
fraqueza das lágrimas salgadas.
— Não aguento mais!
Sadie me encarou com os olhinhos arregalados e sussurrou:
— Mamá!
— Tá tudo bem, querida!
Minha mãe estendeu sua mão para mim e eu a aceitei, colocando
Sadie sentada ao lado da avó. Ela abraçou minha mãe e deu um beijo
babado na bochecha de Dona Stella.
— Tudo bem! Vou aceitar a ajuda daquele homem, mesmo que não
seja o que quero. Vou aceitar, para não ver você definhando como está
acontecendo.
As palavras de minha mãe, foram as únicas que me fizeram acalmar
um pouco naquele momento.
E mesmo que eu não estivesse me sentindo nada bem por usar o
dinheiro de Mason, eu senti um fio de esperança me tomar ao saber que ela
não sentiria mais dor.
Só aquilo que ainda estava me mantendo em pé…
CAPÍTULO 38

Maya e eu estávamos do lado de fora do quarto e eu ouvi muito bem


quando dona Stella quis recusar minha ajuda, mas as palavras de Ava sobre
não aguentar mais, meio que partiram uma parte minha que pensei que nem
existia.
Jurei que estava completamente quebrado, contudo, com as palavras
de Ava eu soube que era fácil me sentir ainda mais destruído, mesmo sendo
um pouco impossível.
Senti a amiga da mãe da minha filha me encarar e voltei meus olhos
na direção dela.
— Por que você resolveu aparecer justo agora? — perguntou
baixinho, já que ela estava próxima o suficiente para que eu escutasse.
Maya continuava linda, com seus cabelos cheios de cachos
volumosos, a pele de chocolate ainda parecia brilhar, mesmo que ela parecia
ter ganhado uma expressão mais fechada nos últimos tempos.
Ela já havia aparecido em algumas das fotos que eu recebia
diariamente de Ava e Sadie.
— Eu juro que tentei ficar afastado, mas algo aconteceu e eu precisei
vir conversar com Ava.
Maya virou sua cabeça na minha direção e semicerrou os olhos ao
perguntar:
— O que aconteceu? — O dedo em riste na minha direção, provava
que se eu não começasse a abrir minha boca logo, ela seria capaz de
arrancar as minhas tripas ali mesmo.
Cheguei a engolir em seco e olhei na direção da porta do quarto
rapidamente. Voltei minha atenção para Maya e sussurrei:
— Sei de fontes seguras que o Daniel retornou.
Pensei que ela ficaria espantada com o que disse, mas nada passou
pelos olhos da morena.
— Isso já sabíamos, o que mais?
Tudo bem, Bill havia dito que Ava provavelmente o tinha visto na
praça, mas não imaginei que Maya já soubesse.
— Ele pode colocá-la em perigo e eu não permitirei isso.
Maya cruzou os braços.
— Você a deixou por dois anos. Tem noção do quanto foi difícil para
ela? O quanto ainda é? A Ava se mata todos os dias e mesmo quando eu
penso que ela não irá aguentar, porque eu não aguentaria fazer tudo o que
ela faz para conseguir alguns dólares para sobreviver a semana, ela continua
batalhando e tentando ser uma ótima mãe, uma ótima filha e uma ótima
profissional.
Encarei meus sapatos e assenti:
— Tenho! E me arrependo sempre por isso. Porque eu não a ajudei,
me fechei em uma bolha de medo e tristeza, quando pensei em ir atrás dela
me lembrava do seu pedido para que eu nunca mais chegasse perto dela ou
da bebê, então, sim, eu sei que sou um filho da puta, mas dessa vez não
consegui me manter quieto em relação ao afastamento. Não consegui vê-la
pessoalmente depois de dois anos e me manter longe, sabendo que ele… o
assassino do meu pai, que ficou com uma arma tão próximo dela, poderia
tentar fazer algo tanto com ela quanto com a minha filha. — Abri meu
coração para Maya.
— Você fala como se soubesse o que aconteceu nesses dois.
Soltei uma risada só para tentar aliviar um pouco da tensão que
estava dentro de mim.
— Se você soubesse…
— Se ela soubesse o quê? — Ouvi a voz de Ava e imediatamente
virei meu corpo na direção da mulher que segurava aquele pequeno
pacotinho em seus braços.
A garotinha estendeu o bracinho na minha direção apontando para o
boné que estava em minhas mãos, dei um passo e o estendi para ela.
Novamente aquele sorriso lindo surgiu em sua boca pequena, que
parecia ter sido desenhada com um pincel, uma covinha apareceu em sua
bochecha e foi impossível desviar minha atenção quando Sadie estava tão
próxima.
Meus braços formigaram com vontade de pegá-la e antecipando a
minha pergunta, Ava disse:
— Maya, leva a Sadie para casa. Eu ainda preciso ver com o doutor o
que devo fazer a respeito da cirurgia.
— Claro, amiga! — A mulher se aproximou e estendeu os braços
para Sadie que foi tranquilamente para ela. — Devolve o boné para o
moço.
Sadie fez uma caretinha e eu mais rápido que pude, murmurei:
— Pode ficar! — Ava tentou relutar. — É só um boné, não estou
fazendo mal a ela.
A mãe da garotinha ficou quieta e eu dei um tchauzinho para minha
filha, mesmo que quisesse tomá-la dos braços de Maya e abraçá-la com
força.
Não podia fazer aquilo, quando fui eu que decidi abandoná-la. Sadie
sorriu e deu um aceno em minha direção. Logo Ava se despediu das duas e
voltou-se na minha direção.
— O que você estava falando para Maya quando cheguei? — Quis
saber e mesmo que sua voz estivesse tomada pela ignorância, agradeci por
Ava ao menos estar falando comigo.
— Que eu apareci no seu apartamento hoje, por estar preocupado
com você.
Ava revirou os olhos e bufou, começando a se afastar do quarto em
que a mãe estava.
— Ava, vamos conversar? — pedi, seguindo-a para onde quer que ela
estivesse indo.
Ela parou de andar tão abruptamente que fui obrigado a frear meus
passos imediatamente, mas meu corpo ainda trombou com o seu e mesmo
aquele toque rápido, sem nenhuma segunda intenção fez com que eu
sentisse aquele calor que sempre me tomava quando encostava em Ava
percorrer todas as minhas veias.
Afastei-me o suficiente para ela voltar aqueles olhos lindos na minha
direção, eles podiam estar raivosos, quase chamuscando de raiva, mas ao
menos me encaravam, fazendo aquela pequena chama de esperança ainda
queimar dentro de mim.
Talvez um dia eu ainda tivesse uma chance com Ava Martinez, a
mulher que me ensinou o que era amor e que mesmo sem saber havia me
dado o melhor presente do mundo, que se resumia em uma pequena
garotinha, que possuía o sorriso mais lindo do mundo.
— O que você quer conversar? — A arrogância sumiu do seu tom de
voz, ela realmente estava cansada de tudo aquilo.
— Vamos no café do hospital?
Um suspiro e logo assentiu. Ela caminhou em silêncio ao meu lado, o
que achei quase como uma vitória, já que não relutou em momento algum.
Logo nos sentamos em uma mesa, depois de eu pegar um café para
ela e um para mim. Ava não tocou na sua xícara, à medida que eu a
observava.
Tomei um gole da bebida amarga, enquanto ela me fitou e disse:
— Você me chamou aqui para ficar me encarando?
— Observar a sua beleza sempre foi o meu maior prêmio —
respondi, sem conseguir me conter.
No entanto, quando Ava fez que se levantaria, segurei sua mão em
cima da mesa e ela parou, olhando para o toque em sua pele. Puxou a mão,
mas voltou a se sentar.
— Fala logo, Mason! Eu nem deveria estar aqui, estou sendo legal
com você, por ter se oferecido para pagar a cirurgia da minha mãe, mas não
pense que meu pensamento mudou em relação a alguma coisa. Continuo te
achando um ser desprezível de merda, que abandonou a sua filha sem nem
mesmo conhecê-la.
Assenti, não querendo mudar sua opinião sobre mim, porque eu
realmente era tudo aquilo e mais um pouco do que ela estava me
chamando.
— Eu sei, Ava! E queria muito mudar tudo o que te disse naquele dia,
queria poder voltar no tempo. Estava tão abalado com o que aconteceu que
usei palavras duras demais, pensando que era a escolha certa a se fazer, era
me afastar para te manter segura. Hoje percebo que foi o maior erro da
minha vida.
Ela concordou sem dizer uma palavra, somente com um gesto de
cabeça.
— Bom, chegou ao meu conhecimento de que o Daniel está de volta.
Não consegui ficar afastado sabendo disso, ainda mais depois de te ver
ontem, porque… — Fiz uma pausa, encarei Ava da forma que eu amava
fazer desde que a conheci e abri meu coração. — Porque te ver Ava, foi
quase como se eu fosse cego e voltasse a enxergar naquele momento. Tão
perto de mim, a mulher que me mostrou como era amar, a mulher que eu
nunca esqueci. E ficar sabendo que o homem que tirou a vida do meu pai
voltou a rondar o seu bairro, mesmo que eu me mantivesse afastado, foi
pior do que o soco que a sua mãe me deu no nariz.
Ava alçou uma sobrancelha.
— Como você sabe que o Daniel voltou? — De tudo o que falei só
aquilo que pareceu despertar sua atenção.
E mesmo sabendo que complicaria as coisas ainda mais para o meu
lado, revelei:
— Porque eu tenho um grupo de dez seguranças que protege você e a
Sadie desde que você saiu da minha cobertura, carregando a minha menina
na barriga.
O choque passou por seu rosto e daquela vez ela realmente se
levantou com raiva.
— Você está me seguindo esse tempo todo? — esbravejou.
Algumas pessoas que estavam nas mesas ao redor encararam na
nossa direção. Eu me levantei e tentei falar de forma mais baixa.
— Eu queria te proteger e…
— Meu Deus! — Ela negou. — Proteger? Não diga essa palavra,
você foi a pessoa que mais me feriu e diz que quis me proteger. Você é
doente, igual àquele psicopata do Daniel. — Ela apontou o dedo na minha
direção. — Você não ouse se aproximar de mim ou da minha filha e pega
esses seguranças e os leve para a puta que pariu.
Ava me deu as costas, deixando-me plantado no meio do salão do
café do hospital.
Ela realmente nunca iria me perdoar…
Mas eu também não tiraria os seguranças, nunca a deixaria
desprotegida, ainda mais com o retorno daquele criminoso. Ela e minha
filha eram minha prioridade e continuariam sendo até o fim.
CAPÍTULO 39

Não deixei a informação sobre seguranças me seguindo há dois anos


sair da minha mente, no entanto, a escondi em um cantinho que eu pudesse
remoer depois e fui atrás do médico.
Após resolver todas as pendências sobre a cirurgia, que ainda não
havia descido pela minha garganta, porque Mason estava pagando. Voltei
para o quarto e informei a minha mãe que a deixaria sozinha, para ir em
casa arrumar uma pequena mala para os dias que ela ficaria ali e também
precisava ver se Maya conseguia ficar com Sadie, para que eu ficasse como
acompanhante de dona Stella.
Assim que pisei fora do hospital, olhei para todos os lados, porque eu
tinha certeza de que Mason não mandaria os seguranças embora, se ele os
manteve sem que eu soubesse por dois anos, não seria agora que os tiraria
da minha cola.
Maluco!
Já estava sendo difícil me controlar ao ouvir suas palavras fofas que
quase me enganaram, que quase fizeram que eu acreditasse que ele ainda
me amava, porém, ao ouvir que ele havia colocado aqueles homens atrás de
mim, durante aqueles anos, foi o fim.
Comecei a caminhar para casa, sem me importar de esperar o ônibus,
porque queria espairecer um pouco. Eu precisava respirar um pouco do ar
gelado daquele dia para tentar me acalmar.
Deus!
A minha vida já não estava difícil o suficiente? O Senhor tinha que
trazer o Mason, Daniel e toda aquela desgraceira com a minha mãe para o
meu presente?
Exaustão era o que me dominava, era o que tomava meu corpo por
completo.
Sentia tanta dor no coração, era como se ele estivesse sendo
esfaqueado e sangrava por cada corte que se abria. Já estava bom de tanto
sofrimento!
Quase me espelhava em uma personagem de novela mexicana.
Chutei uma pedrinha com aquele pensamento idiota na mente e consegui ao
menos abrir um sorriso fraco ao ter aquilo na mente.
Bom, minha família vinha do México, talvez o sangue sofredor viesse
junto.
Mas bem que os dias de glória podiam estar próximos, já que não
aguentava mais aquela fase de batalhas, porque nunca vinha a exaltação
somente a humilhação.
Chutei a pedrinha novamente, e se não bastasse vi um carro diminuir
a velocidade, começando a trafegar lentamente pela rua, só para “andar” ao
meu lado.
— Quer carona? — A voz de Mason reverberou pelo ambiente e eu
fervilhei, sentindo ainda mais ódio daquele desgraçado.
Eu iria pegar aquela pedra e jogar nele.
— Vai embora! — avisei.
— Ava, eu sei que não mereço o seu perdão, mas por favor, deixa eu
conhecer a Sadie?
Soltei uma gargalhada tão alta, que os pássaros que estavam em uma
árvore mais à frente saíram voando de forma desesperada. E deixei que as
palavras que eu guardava dentro de mim, nutrindo aquela mágoa, aquele
rancor saíssem…
— O que aconteceu não tem nada a ver com você, Mason. O Daniel
é o único culpado nisso tudo — repeti o que disse há dois anos.
Mason continuou dirigindo o carro ao meu lado e eu continuei
falando:
— Ou você! — Engrossei a voz, para que ele entendesse que aquela
era a fala dele.
Eu não o encarei enquanto falava, mas sabia que ele escutava
atentamente, pois se mantinha em silêncio.
— Eu não tenho culpa de nada. — Respirei e murmurei: — Lembro
que gritei essa parte, bem alto, mas sabe o que veio a seguir? — Não
esperei que respondesse e continuei:
— Se eu não tivesse te conhecido, isso nunca teria acontecido. —
Apontei o dedo na minha direção, porque eu sabia que ele veria aquilo, eu
me lembrava até mesmo dos seus gestos, de como ele indicou a minha
direção jogando tudo em cima de mim. — Eu não deveria ter perdido a
cabeça, porque assim você não estaria esperando esse bebê. Não quero ser
pai… — Solucei. — Escuta bem, essa parte, Mason. — Minha voz ficou
fanha, já que comecei a chorar, sem me importar mais em manter a máscara
de indiferença, não aguentava mais ser forte. Estava pouco me fodendo para
a imagem que passasse a ele. — Não quero ser pai, deixei me levar pelo
sexo e agora tô aqui apaixonado, tendo uma vida que não queria e ainda de
brinde carrego o assassinato do meu pai nas minhas costas.
Parei de andar e ouvi o barulho de pneu cantando, quando Mason
freou o automóvel. Voltei-me na sua direção, deixando que ele visse o
quanto estava destruída, o quanto não consegui me reerguer depois daquele
dia.
— Por que você quer vê-la? Se você não quis ser pai? — perguntei,
baixinho. — Você nunca quis ser pai, ela seria só mais um fardo para você
carregar. Você deixou claro que não me queria e nem queria a Sadie! Você
me mandou embora, com um bebê dentro de mim e mesmo que eu fizesse
de tudo para nunca mais te procurar, você colocou seguranças atrás de mim.
Tem noção do quanto eu quis saber como você estava, mas não tive
coragem? — Mason me encarava com os olhos marejados. — Sabe por qual
motivo eu não tinha coragem? Porque você me abandonou grávida, me
deixou sozinha mesmo depois de dizer que me amava, disse que era para
minha proteção, mas que não queria uma filha. E agora, você pede pra ver
ela…
Abaixei meu rosto, encarando a barriga que um dia carregou a Sadie.
Coloquei minha mão sobre o ventre e disse:
— Pede pra ver a menininha que eu guardei aqui por nove meses, que
protegi de todo o mal, que fiz de tudo para dar conta de sustentá-la e que
ainda faço o possível e o impossível. Sei que você falou que pagaria tudo se
eu procurasse os advogados, mas eu não quis, meu orgulho era muito
grande. Mesmo agora, com você salvando a minha mãe de um futuro
terrível, eu não me sinto agradecida, porque sei que esse dinheiro não foi
conquistado por minhas lutas, ele veio fácil, de uma pessoa que me
conquistou mais fácil ainda e que depois me abandonou.
Fiz uma pausa, voltando a encarar seu rosto. Olhando o homem que
eu amava tanto, que eu sentia tanta falta, que nunca conseguia esquecer,
pois eu via muito dele na nossa pequena garotinha.
— Não irei permitir que a veja, porque eu simplesmente não quero
que ela sofra como eu, quando você achar prudente abandoná-la
novamente. Prefiro que ela nunca te conheça passar pelo sofrimento da
rejeição. A Sadie não precisa de você, então, por favor, nos deixe em paz,
Mason.
Voltei a caminhar, por sorte, sem pegar a pedra para jogar nele.
Mason devia ter entendido o recado, pois parou de me seguir. E eu segui
para minha casa.
Para o lugar em que abraçaria minha filha e mostraria a ela que nunca
precisava de um pai, porque eu era o suficiente para lhe fazer feliz.
Sempre seria e nunca a abandonaria!
CAPÍTULO 40

Ela nunca esteve errada em suas afirmações…


E eu nunca poderia julgá-la por querer me manter afastado de Sadie.
Ainda mais eu que realmente disse que não queria um bebê, que não queria
ser pai e a mandei embora no momento mais frágil da sua vida.
A culpa de Ava ter engravidado nunca foi só dela, nós dois fomos
inconsequentes na época, já que não usamos preservativo, nenhum dos dois
se conteve.
Estava sentado na cadeira do escritório, haviam passado dois dias
desde que ouvi suas últimas palavras voltadas na minha direção. Não quis
segui-la, sabia que precisava deixá-la em paz, já que tinha feito aquela
garota sofrer demais.
Então, o tempo era necessário para que ela pudesse pensar em tudo o
que novamente estava acontecendo em sua vida. Sem contar que naquela
segunda aconteceria a cirurgia de sua mãe, que passou todo o final de
semana realizando os exames necessários para que tudo ocorresse bem.
Já havia deixado todos os meus contatos com o hospital e que todas
as despesas deveriam ser direcionadas para mim. Portanto não precisavam
poupar, queria que dona Stella tivesse o melhor tratamento que alguém
poderia ter.
O telefone da minha sala tocou, tirando-me completamente dos meus
devaneios.
— Sim? — atendi, sem muita vontade.
— Senhor, o senhor Ward já chegou para a reunião.
Ainda havia a reunião que marquei com Aiden naquele dia, já que no
evento de sexta tudo tinha ido por água abaixo depois que trombei com
Ava.
— O leve para a sala de reuniões que já estou indo.
Bati o telefone no gancho e depois de soltar uma lufada de ar,
levantei-me da minha cadeira e fui direto para a sala de reuniões. O tempo
ao menos, quando eu entrava de cabeça nos negócios, passava
relativamente rápido. E por aquilo, eu agradecia de ter continuado na
empresa, depois de tudo o que aconteceu.
Porque querendo ou não eu amava tomar conta de todo aquele
conglomerado.
Quando consegui ver a assinatura de Aiden no contrato que elaborei
por diversos dias, me senti realizado. Havia algum tempo que queria fazer
aquela junção e agora que havia conseguido não pouparia esforços para
manter a sociedade que estávamos iniciando com uma vida longa e
duradoura.
Depois daquilo, resolvi sair para almoçar e Aiden até me
acompanhou. Ele quando não estava estressado, como no evento de sexta,
em que ele tomou um banho de champanhe e cacos de vidro, era uma
pessoa legal.
Não era acostumado a humilhar ninguém devido a quantidade de
dinheiro que possuía, então era até suportável ter uma ligação com ele até
mesmo fora dos negócios.
Quando por fim, o nosso almoço terminou, saí do restaurante e me
despedi de Aiden. Assim que entrei em meu carro percebi que tinha
somente duas opções para seguir: para a empresa, onde ainda havia trabalho
a fazer, ou para o hospital e ver se a cirurgia tinha dado certo.
Depois de confirmar com Bill onde Ava estava, decidi que deveria ir
até o hospital. E após longas horas de trânsito, consegui estacionar em
frente ao local.
Saí do carro e caminhei de forma decidida até a recepção.
— Boa tarde! — cumprimentei, uma das atendentes.
— No que posso ajudá-lo? — indagou de forma gentil.
— Gostaria de saber se Stella Martinez está bem após a sua cirurgia?
A mulher abriu um sorrisinho e abaixou o rosto vagarosamente, o que
fez com que eu percebesse que havia alguém parado ao meu lado… não,
parada ao meu lado.
Provavelmente a atendente a conhecia, e por isso, reagira daquela
forma.
— Oi, Ava! — Sorri para ela, como se não sentisse seus olhos
perfurando minha pele.
— O que você está fazendo aqui? — A pergunta saiu de forma
ríspida.
— Poderia te fazer a mesma pergunta — tentei brincar.
Ela fechou ainda mais a expressão.
— Talvez seja muito cedo para brincar, né? — indaguei e ela
continuou em silêncio. — Os seguranças disseram que você estava
trabalhando e eu quis vir saber como sua mãe estava e talvez essa moça
gentil permitisse que eu a visse.
Ela cruzou os braços.
— Então eles continuam na minha cola?
Dei de ombros.
— Vão continuar, ainda mais com a ameaça chamada Daniel solta
por aí.
Ela semicerrou os olhos, encarou a atendente rapidamente e voltou a
me olhar.
— Minha mãe está bem, a cirurgia foi um sucesso. Ela está
dormindo, então aproveitei para ir ver Sadie, porque não a vejo desde
ontem. Seus seguranças não informaram que cheguei ao hospital à meia-
hora?
Novamente dei de ombros.
— A última vez que conversei com o chefe da segurança, ele avisou
que você estava trabalhando no mercadinho, mas como peguei um trânsito
desgraçado para cá, deve ter sido quando chegou antes de mim.
Tentei sorrir, mas que inferno, encará-la daquela forma tão perto de
mim, era quase masoquista, porque meu corpo doía com vontade de tocá-
la.
— Faz alguma coisa útil, Mason e me dá uma carona!
Ava disse e eu fiquei por um tempo parado, enquanto ela andava para
fora do hospital.
— Se ficar plantado aí, ela vai embora! — a atendente sussurrou e eu
saí do meu estado atônito.
Ela tinha mesmo me pedido uma carona?
Ava já passava pelas portas automáticas, quando saí andando a passos
largos para alcançá-la.
Assim que a alcancei, conduzi a garota até meu carro e fiz questão de
abrir a porta para ela.
Sentou-se no banco do passageiro e eu a olhei por um momento,
fazendo com que seus olhos se grudassem nos meus.
— O que foi? — perguntou.
— Como nos velhos tempos!
Ela revirou os olhos e eu bati a porta, contornando o carro e indo para
sua casa. De carro não demorava quase nada para chegar lá, por isso, o
caminho todo fomos em silêncio, enquanto minhas mãos suavam por eu
simplesmente estar com ela ali, dentro do meu veículo, fazendo algo por
ela… com ela… depois de tudo.
Assim que estacionei em frente ao prédio, ela saiu do carro sem
esperar que eu abrisse a porta. E quando fiz o mesmo, Ava parou na calçada
e me encarou.
— Foi só uma carona, pode ir embora! — murmurou.
Voltou a caminhar em direção à entrada do prédio, eu não pensei
muito e só a segui para dentro do local. Ela mal havia pisado no primeiro
degrau das escadas, quando eu segurei seu braço impedindo que ela desse
qualquer passo.
— Me perdoa? Por favor, me perdoa? Eu sou um idiota, tudo o que
você me disse no sábado é verdade, sou um monstro que rejeitou a filha,
que te abandonou e achou que seria o suficiente colocar seguranças atrás de
você para te proteger. Ava, não sei como consertar o que eu estraguei, eu
juro que tentei pensar durante esses anos, durante todos os momentos em
que eu recebia as suas fotos grávida, ou quando Sadie nasceu, eu nunca
soube como tentar puxar um assunto com você. — Caí de joelhos, sem me
importar com a ardência no osso, abracei suas pernas e depositei diversos
beijos em suas coxas. — Ava, eu te amo!
Olhei para cima e vi a forma como ela me encarava, como se
realmente não acreditasse em uma palavra que saía da minha boca.
— Por favor, Ava! Me dê uma chance, diga qualquer coisa, o que
posso fazer para consertar as coisas. Eu te imploro, Ava! Eu não tinha
ninguém antes de te conhecer e depois que você foi embora, aquela solidão
com que nunca me importei, começou a me matar, porque você era a pessoa
que trazia felicidade para a minha vida.
Apertei mais as suas pernas entre meus braços e depositei mais beijos
em suas coxas grossas.
— Eu sou somente um nada sem você. Sonho com você todas as
noites, sinto seu cheiro em momentos diversos, já sonhei em segurar a
Sadie ao menos uma vez e no sonho aquilo foi a melhor coisa que
aconteceu na minha vida. Me fala qualquer coisa que posso fazer para ser
perdoado, Ava. E se você não suportar me ter ao seu lado novamente, só me
deixa abraçar a Sadie uma única vez, só um pouquinho.
Chorei, eu chorei de verdade, com soluços, nariz escorrendo e
lágrimas, muitas lágrimas, que não sabia como conseguiria parar de chorar
agora que aquela comporta tão profunda foi aberta.
— Eu pensei que estava te protegendo — gemi, ainda soluçando. —
Pensei que ele nunca mais chegaria perto de você, se eu fizesse com que
você acreditasse que eu não queria mais te ver. Eu deixei claro que te amava
daquela vez e ainda deixo claro novamente que te amo perdidamente e que
não existe arrependimento maior no mundo, do que ver todo o processo da
sua gravidez e não poder ter estado ao seu lado, segurando suas mãos nos
momentos difíceis.
Lágrimas escorreram pelo rosto de Ava e com a voz embargada ela
disse:
— Me solta, Mason!
Eu realmente tinha perdido!
Afastei os braços das suas pernas e continuei ajoelhado no chão,
enquanto ela voltou a subir os degraus. No entanto, antes de virar o
primeiro lance de escadas, Ava olhou por cima do ombro e sussurrou:
— Vem logo vê-la, não faça com que eu pense demais e me
arrependa disso.
Algo tão maravilhoso cresceu dentro de mim, que me fez levantar
rapidamente e eu subi os degraus quase correndo em desespero para ver
Sadie.
Ava tinha permitido que eu me aproximasse…
Ela tinha deixado que eu visse minha filha…
Quando Ava abriu a porta do apartamento e a pequena garotinha a viu
entrando, veio andando com os passos completamente desengonçados e
engraçadinhos na direção da mãe, enquanto gritava repetidamente:
— Mamá, mamá, mamá! — Ava deixou sua bolsa no canto perto da
porta e pegou a pequena falante.
— Vim ver a bebê mais linda.
Meu coração iria sair do peito, com toda certeza ele pularia para fora.
Eu estava completamente emocionado. Mais lágrimas escorreram pelo meu
rosto e depois de abraçar a mãe, Sadie voltou os olhos tão grandes e azuis
na minha direção.
E o aceno fofo que me deu, abrindo aquele sorrisinho com covinha
me desfez em mais lágrimas.
Do sofá pude ver Maya me encarando com o cenho franzido.
— Tudo bem, amiga?
— Tudo! — Ava assentiu.
— Bom, eu vou embora, porque preciso ir para o trabalho.
— Obrigada por tê-la pegado na creche.
Maya pegou uma mochila em cima do sofá e se aproximou de Ava,
beijou a testa da amiga, sussurrando:
— Sabe que sempre que precisar e eu puder estou aqui. — Ela olhou
novamente para mim. — E se precisar que eu arranque as bolas de alguém
também.
Ava sorriu e assentiu, recebeu mais um beijo da amiga, depois foi a
vez de Sadie que falou “mamá”, também em direção a Maya.
Quando por fim, ficamos sozinhos, Ava se voltou na minha direção e
já com o rosto sem lágrimas ela disse.
— Filha, aquele é seu pai!
Apontou para mim e Sadie me encarou, ainda sorrindo, porque aquela
garotinha parecia ser a felicidade em pessoa, ela virou o rostinho e disse:
— Mamá?
E eu só pude sorrir com ela me chamando também de mamãe, além
de deixar meu coração todo apertado. Mas quando ela me estendeu os
bracinhos eu soube que minha vida não teria mais sentido sem que minha
filha não estivesse ao meu lado.
E para completar a felicidade que me dominava, o corpinho pequeno
veio para perto do meu e aquele cheirinho de bebê tomou meu olfato.
— Te amo, filha! — sussurrei.
CAPÍTULO 41

Antes de minha mãe cair no sono, devido aos remédios e ainda pelo
efeito da anestesia, ela tinha me dito para que eu fizesse tudo o que meu
coração mandasse.
Porque mesmo se eu errasse na vida, ao menos não poderia me
arrepender depois e jogar um monte de “e se” para o universo, por isso,
quando vi Mason na recepção do hospital, querendo saber da minha mãe, eu
decidi deixar novamente meu coração bobo e molengo tomar conta dos
meus sentidos.
No entanto, pensei que ele só me daria a carona, não que sairia do
carro e faria toda aquela cena dentro do meu prédio. Porém, Mason sempre
foi muito transparente e quando suas palavras transbordaram em meio às
lágrimas eu soube que aquele homem estava destruído tanto quanto eu por
dentro.
E foi aquela percepção, que fez com que ele estivesse agora, sentado
no sofá da minha sala, com Sadie em seu colo brincando com um coelhinho
que ela amava.
— Brumm! — Mason fazia o som com a boca, enquanto fingia que o
coelho estava fazendo cócegas na barriguinha de Sadie e ela…
Bom, aquela menina risonha, que não estranhava ninguém gargalhava
de forma traidora. No fundo, eu queria muito que ela não gostasse dele, mas
pelo jeito as minhas vontades não tinham vez quando se tratava de Sadie
Martinez.
— Bom, vou arrumar algumas coisas para minha mãe! — avisei.
Mason tirou os olhos de Sadie rapidamente e sorrindo para mim ele
assentiu.
Fui até o quarto da minha mãe e ali eu permiti deixar que as lágrimas
novamente caíssem pelo meu rosto.
Inferno!
Eu estava emocionada por ele ter ido ali e aberto o coração daquela
maneira, mas não queria que ele percebesse aquilo, já bastava que ele havia
visto um pouco do meu desmoronamento nas escadas quando dizia aquelas
palavras bonitas.
Aquele imbecil…
Ele jurou mesmo que nos abandonando iria fazer com que Daniel se
afastasse?
Sentei-me na cama, pensando no dia que o vi na praça. Por que ele
tinha retornado agora? Logo agora, que Mason havia voltado? Será que ele
nunca havia desaparecido e só esperou que um dia eu me encontrasse com
Mason para aparecer novamente?
Aquilo estava muito mal contado. Não tinha lógica ele sumir por dois
anos e no maldito dia que encontrei com Mason ele retornasse. E ainda
tinha Mason, querendo que eu o perdoasse.
Como eu poderia perdoar o homem que me fez sofrer tanto?
Joguei-me para trás na cama e provavelmente a exaustão deve ter me
tomado. Porque só abri meus olhos novamente, quando aquele homem
lindo estava cutucando minha perna com o indicador.
Situei-me rapidamente e quando percebi que havia dormido, sentei-
me sobressaltada.
— Por quanto tempo apaguei? — perguntei, curiosa.
Um sorriso gentil brincou na boca tão bem desenhada, que eu sentia
tanta falta.
— Por uns quarenta minutos. Meio que me preocupei pelo seu
sumiço, então vim ver como você estava, até porque Sadie cansou de
brincar com o coelhinho e capotou no sofá.
Passei uma das mãos pela nuca e suspirando mais forte levantei-me
da cama, tentando me afastar do corpo de Mason que parecia tão próximo
ao meu, no quarto minúsculo da minha mãe.
— Onde a coloco para dormir? — Mason perguntou com sua voz
grossa.
— Ela dorme na minha cama, mas preciso levá-la para o hospital
hoje. Maya vai trabalhar, então, não tenho com quem deixá-la.
Prontamente Mason entrou na minha frente e disse:
— Se quiser posso ficar com ela, muito melhor do que levar uma
criança saudável como a nossa filha para um hospital e ocorrer de ela pegar
alguma infecção ou bactéria.
Cruzei os braços e indaguei:
— Você sabe ao menos trocar uma fralda cheia de cocô, Mason?
Ele franziu o cenho e pareceu aterrorizado com aquela ideia.
— Foi o que eu pensei! — sussurrei, mas novamente fui impedida de
sair do quarto, com Mason entrando na minha frente.
— Hoje existem todos os tipos de tutoriais na internet, então eu posso
muito bem aprender a trocar uma fralda com cocô.
Não sei se era por ele tentar parecer prestativo, mas não consegui
controlar a gargalhada que escapou da minha boca e daquela vez, foi uma
verdadeira, eu realmente achei graça da forma que ele falou.
— O quê? — perguntou, com um sorrisinho brincando em sua boca.
Controlei a risada, murmurando em seguida:
— Você continua idiota!
Ele fez uma careta bonitinha, se é que era possível existirem caretas
bonitas e sussurrou:
— Ao menos fiz com que sorrisse, já que senti tanta falta de vê-la
assim.
Meu coração disparou. Meu corpo esquentou e eu quis tanto que nada
do que nos separou tivesse acontecido.
— Você ainda me ama mesmo, Mason? — perguntei.
O sorrisinho lindo da sua boca sumiu e ele engoliu em seco, e
passando seus olhos vagarosamente pelo meu rosto, disse:
— Com todas as forças da minha existência. Agi errado, não deveria
ter te abandonado, não deveria tê-la deixado por medo. Naquele dia, eu
disse algumas coisas que não foram reais, como te culpar, eu só disse aquilo
para você se afastar. — Mason deixou seus ombros caírem, como se
estivesse derrotado. — Nunca estive com mais ninguém, Ava. Depois que te
conheci, só existiu você e ainda só existe você. E agora a Sadie!
Assenti e sussurrei:
— Eu também te amo! Por isso, vou confiar em você para cuidar da
Sadie hoje, enquanto fico com minha mãe no hospital. Você precisa levá-la
para a creche amanhã, consegue fazer isso?
— Consigo! Vou ser o melhor pai do mundo nesta noite e em todas as
outras que virão. Eu vou te mostrar que posso ser novamente o seu super-
herói e o herói dela.
Apontou na direção da sala. Não sabia se aquilo seria uma boa ideia,
mas algo dentro de mim, pedia para que ele cuidasse da nossa menina.
Nossa…
Eu estava aceitando aquele retorno de Mason muito fácil. Jamais
pensei que agiria daquela forma se um dia ele voltasse a aparecer na minha
vida.
Mas pelo jeito, nunca acontecia da forma que eu almejava e com
poucas palavras eu já estava acreditando naquele imbecil. Um imbecil que
eu ainda amava tanto.
Tentei sair novamente, mas Mason segurou meu braço.
— Me dá um beijo, Ava?
Não ousei nem olhar para seu rosto, quando disse:
— Te amar é fácil, Mason. Esquecer o que me disse não é, eu sonho
também com seus beijos, mas não darei nada a você. Já estou permitindo
sua aproximação com Sadie, fique contente com isso.
Tirei minha mão do seu braço e saí do quarto.
Os níveis de perdão vinham com calma e não sabia se um dia
perdoaria Mason o suficiente para voltar a ser como éramos…
Provavelmente nunca voltaríamos a ser daquela forma…
Pelo menos era o que eu pensava!
CAPÍTULO 42

Na teoria, cuidar de uma criança era muito fácil!


Na prática, aquilo se mostrava um verdadeiro pandemônio.
Porque Sadie estava chorando? Eu já havia lhe dado a mamadeira, a
comidinha, tinha trocado a fralda com xixi, e até mesmo verificado se não
tinha feito cocô e não, ela estava sequinha.
Ela estava sentada no sofá, coçava os olhinhos e chorava de forma
desesperada.
Deus, só estava com a minha filha há quatro horas e já não sabia
como agir. Como Ava conseguia fazer com que ela fosse uma criança
calminha?
Pensando em Ava, peguei o celular no meu bolso e liguei para ela. Eu
agradecia muito pelo voto de confiança que ela havia me dado, no entanto,
se eu não conseguisse que Sadie se acalmasse, Ava teria que sair do hospital
e nunca mais deixaria que eu ficasse com a neném.
— Alô? — Ava parecia assustada.
— Eu juro que está tudo bem, fiz tudo o que você pediu, mas ela não
para de chorar. O que eu faço? — Quase comecei a chorar também,
completamente desesperado pelo choro constante de Sadie.
Escutei o risinho de Ava do outro lado do telefone e quase fui até ao
hospital perguntar o que tinha tanta graça.
— Está na hora dela dormir, provavelmente está chorando por estar
com sono. Em cima da minha cama, tem a fraldinha que ela gosta de
segurar para dormir. Ela só dorme se você se deitar com ela, na cama, dar a
fraldinha para que segure e fique mexendo nos cabelinhos dela.
— Só isso?
— Sim!
— Vou tentar, obrigado!
Outro risinho. Aquela mulher estava brincando com a minha cara.
— Qualquer coisa me liga!
— Tá bom!
Guardei o celular e me aproximei de Sadie.
— Vem no papai, meu amorzinho.
O chorinho era tão sentido que seu rostinho estava todo vermelho e
diversas lágrimas escorriam pelas bochechas gorduchas.
Peguei-a em meu colo, caminhando para o quarto de Ava e fiz tudo o
que ela mandou. Logo Sadie parou de chorar e eu sorri, realmente era um
pai completamente inexperiente, mas ao menos havia conseguido cuidar
dela até chegar o momento de dormir.
Não demorou nada para que Sadie caísse no sono. Fiquei observando
minha filha dormir e se realmente existissem anjos ela seria um, porque
parecia ter sido criada pelo pincel mais especial que Deus tinha em seu
arsenal.
Peguei o celular e digitei uma mensagem para Ava, que por sorte
havia desbloqueado o meu telefone e agora eu conseguia falar com ela
facilmente.

Mason: Você estava certa!


Ela apagou!

Ava: É a minha filha, Mason!


Eu a conheço.

Sorri com sua resposta!

Mason: Acho que senti saudades


de conversar com você assim.

Claro que ela não me respondeu depois daquilo. No entanto, ainda


saber que ela me amava bastava no momento. Sabia que não seria fácil
reconquistá-la, mas ela em pouquíssimos dias já havia permitido mais do
que imaginei.
Não podia julgá-la por estar tão ressentida sobre mim. Eu a
abandonei e ela sofreu as piores consequências durante aqueles dois anos.
Contudo provaria a Ava que eu poderia ser aquele homem legal que
ela conheceu novamente e um dia tinha esperança de que a conquistaria.
Estava tão cansado que acabei pegando no sono ao lado de Sadie e só
percebi que aquilo havia acontecido quando o dia amanheceu com o meu
celular despertando.
Meio assustado e desorientado levantei-me para arrumar as coisinhas
de Sadie para a creche. Ava havia deixado claro às professoras que eu
levaria nossa filha hoje, quando estava tudo pronto, fui acordar a pequena
dorminhoca para escovar os dentinhos.
Toda preguiçosa, Sadie despertou com os olhinhos sonolentos. Se um
dia me dissessem que eu estaria cuidando daquela criança, daquela forma,
nunca acreditaria e mesmo assim ali estava eu, completamente rendido por
aquela menina.
Minha menina!
Depois de escovar seus dentes, trocar a fralda e vestir a roupinha que
Ava deixou separada, eu penteei seus cabelos e percebi que não era muito
bom naquilo, apesar de que em relação a uma primeira vez estava bom, mas
mesmo assim tinha ficado bem bagunçado aquele cabelo.
Por isso, tirei a presilha e deixei os cachos sem nada, se não minha
menina iria parecendo uma doidinha para a creche.
Como ainda não possuía cadeirinha, optei por ir caminhando até a
creche, que não ficava longe dali. Um dos seguranças até me acompanhou,
para que eu não me perdesse pelo caminho e quando me aproximei da
creche me senti um pequeno sortudo por ter recebido a oportunidade de
vivenciar a experiência de cuidar da minha filha.
— Bom dia! — cumprimentei à mulher que estava no portão.
— Bom dia! O senhor é Mason Coleman? — A mulher indagou.
— Exatamente! — respondi, quase babando de tão idiota que parecia
ao levar minha filha pela primeira vez na escolinha.
— Pode deixá-la na sala cinco!
— Obrigado!
Entrei no lugar, deixando o segurança para trás e antes mesmo que eu
pudesse passar pela sala dois, senti algo sendo encostado na minha cintura e
a voz que ainda atormentava meus dias, sussurrou:
— Acho melhor não fazer escândalo, playboy!
Meu sangue gelou e eu só pedi para que nada de ruim acontecesse à
minha filha.
Eu não suportaria ter mais aquela perda em minhas costas.
Algo muito errado estava acontecendo…
Eu não sabia explicar o que era, mas Mason deveria ter me avisado
que tinha deixado Sadie na creche há pelo menos quinze minutos e nada de
me avisar.
— Tudo bem, querida? — mamãe, perguntou.
Tentei sorrir, mas não consegui mentir.
— Mason não disse nada sobre ter deixado Sadie na creche.
— Eu falo pra você ouvir seu coração e você logo já deixa ele cuidar
da menina. Liga para ele, Ava!
Senti o puxão de orelha, mesmo que a voz dela estivesse baixinha,
por ainda estar grogue pelos remédios.
Antes que eu pudesse clicar no nome de Mason e colocar para
chamar, um homem de terno preto surgiu à porta do quarto do hospital.
— Senhorita Martinez? — Quem era aquele.
— Sou eu!
Levantei-me imediatamente.
— Sou Bill Eliott, o chefe de segurança que o senhor Mason
contratou há dois anos.
Engoli em seco.
— O que aconteceu?
Ele olhou para minha mãe que começou a se agitar na cama do
hospital.
O homem acenou para que eu o acompanhasse e eu encarei minha
mãe rapidamente.
— Fique calma que logo voltarei!
Saí o mais rápido que pude do quarto, avisando à enfermeira
responsável pela minha mãe que algo havia acontecido e que eu teria que
deixá-la sozinha.
Segui o segurança, sentindo aquele bolo de preocupação se formar
em minha garganta.
— O que aconteceu?
— O senhor Coleman está na creche com Sadie. — Por um momento,
uma calma passageira me tomou, mas ao perceber que o homem ainda
continuava sério, voltei a ficar nervosa. — Ele está sendo mantido de refém
com a criança.
Estaquei no lugar, sentindo meu mundo parar na mesma velocidade
que meus passos travaram.
— O quê?
Bill Elliot segurou minhas mãos e disse:
— Daniel entrou na creche sem que ninguém percebesse e está
mantendo Mason e Sadie como reféns. A polícia já foi acionada, mas o
negociador quer a senhorita lá, pois Daniel quer conversar com você.
— Meu Deus!
Quando entendi o que estava acontecendo, deixei as lágrimas
escorrerem pelo meu rosto. Caminhei apressadamente ao lado do homem e
mal sabia se ele estava dizendo a verdade, mas entrei em um SUV preto
com ele dirigindo e mais três homens, usando ternos pretos, estavam na
parte de trás.
Ao perceber que estávamos pegando realmente o caminho para a
creche, percebi que ele não havia mentido. Bill mal havia estacionado
quando desci do carro e corri até a aglomeração de policiais que já se
formavam ali.
— Me falaram que o Daniel quer falar comigo. — As lágrimas já
desciam pelo meu rosto.
Olhei ao redor e as professoras estavam todas desesperadas, tentando
acalmar as crianças que estavam em torno delas.
— A senhora é Ava Martinez? — Um dos homens perguntou.
— Ela é sim! — Bill respondeu.
— Quero que a senhora mantenha a calma, porque o sequestrador
está meio nervoso e exigiu falar com a senhora, então, por favor, não o
irrite, converse como se vocês fossem conhecidos.
Bufei!
— O senhor não sabe de nada, policial! Eu o conheço, namorei com
ele por dois anos e quando me estuprou eu me separei dele. Ele matou o pai
do meu ex-namorado, que está lá dentro com a nossa filha. — Quase gritei,
mas nem forças para aquilo eu tinha. Olhei para Bill. — Você não informou
a eles que Daniel é o assassino de Noah Coleman?
Os policiais se viraram todos na minha direção parecendo chocados.
— Não tive muito tempo, fui buscar a senhorita!
Voltei meus olhos para o policial que falou comigo anteriormente,
que parecia realmente chocado com a minha fala.
— O que eu tenho que fazer? — questionei.
— Vamos continuar com o plano inicial!
— Ok! — Respirei fundo e implorei. — Só traz a minha filha de
volta e o Mason, por favor.
— Faremos o possível!
Ele não entendia que o possível não era o suficiente?
Tinha que ser o impossível!
Para que eu pudesse ter Sadie e Mason de volta teria que ser o
impossível…
E se fosse necessário eu trocaria de lugar com eles, só para salvar as
pessoas que eu amava… amava perdidamente e não conseguiria viver em
um mundo em que elas não estivessem.
CAPÍTULO 43

Meu corpo estava meio trêmulo, conforme tentava abraçar Sadie que
mesmo tão pequenina entendia que algo muito ruim estava acontecendo.
Minha filhinha encostou a cabecinha em meu peito e chorou.
— Mamá! — chamou pela mãe, mas tudo o que ela dizia era bobó ou
mamá, então não dava para ter certeza o que era realmente ela queria.
— Ficará tudo bem, meu amor! — sussurrei e beijei o alto da sua
cabeça, enquanto Daniel nos encarava com um sorriso no rosto.
Ele estava sentado no tampo da mesa que eu imaginava ser da
professora da sala de Sadie e por sorte, não tinha feito mal a ninguém, a não
ser prender minha menina e a mim naquele lugar.
— Parece que estou vivendo a melhor fase da minha vida, playboy —
comentou, soltando uma gargalhada.
Eu me mantive em silêncio, porque não queria confrontá-lo estando
com Sadie em meus braços. Se ao menos estivesse sozinho não teria medo
de tentar quebrar aquele desgraçado ao meio.
O telefone que Daniel havia recebido a ligação do negociador da
polícia tocou e ele o atendeu, colocando-o no viva-voz.
— Daniel? — Era Ava.
Sadie desencostou a cabecinha do meu peito e olhou na direção do
aparelho.
— Mamá! — Apontou para o telefone com os dedinhos tão pequenos
e gorduchos.
— Sim, meu amor. Mas você não pode falar com ela agora!
— Ah, então você quis falar comigo, Ava? — Daniel, gargalhou.
Do outro lado, pude perceber que Ava suspirou profundamente.
— Daniel, não cometa nenhuma besteira, minha filha não tem culpa
de nada.
O homem grudou seus olhos em Sadie e eu o encarei de volta,
tentando ficar de olho para ver se ele não faria mal à minha menina.
Se a porta não estivesse trancada, já teria tentado fugir dali, nem que
minha vida fosse ceifada, mas tiraria Sadie daquele lugar, mas com a porta
fechada não tinha como agir.
— Ah, mas você sabe que tem culpa nisso tudo, Ava! Quando decidiu
me trocar por esse playboy há dois anos. — Ele soltou outra gargalhada,
demonstrando o quanto estava descontrolado. — Sabe o que é mais
engraçado? — Contudo não esperou que ela respondesse: — Foi que ele te
abandonou grávida e eu vi o seu sofrimento. E foi tão bom saber que eu
tinha um pouco de culpa no abandono dele, só porque o papai morreu.
Meu sangue ferveu, ele estava escondido de alguma forma, onde
meus seguranças não o viram.
— Daniel, o que você quer? Nós podemos te dar se nos contar o que
deseja. — Ava tentou ignorar as palavras que o homem falava.
— Fácil, desejo você, troco sua vida pela da neném. Não quero
machucar crianças, apesar de que a velha disse que se tirasse a vida dela
não teria problema, mas era para proteger o filhinho. Mal ela sabe que a
intenção é matar o desgraçado, ver os miolos dele no chão.
Engoli em seco com o que disse e Ava também havia percebido muito
bem o que escapou de sua boca.
— Velha? Que velha, Daniel? — quis saber.
Provavelmente o negociador deveria estar instruindo o que perguntar.
— A ricaça, mãe do playboy. Você acha mesmo que teria entrado
facilmente naquele evento há dois anos se ela e o defunto não tivessem me
ajudado? Lembro que queria muito me vingar de você por estar saindo com
ele, porém, ainda não havia achado uma brecha, mas por incrível que pareça
dois riquinhos chegaram em um dia no prédio da gangue e me contrataram
para passar um medo em você. Eles tinham fontes confiáveis que contaram
que eu tinha tido uma relação com você e segundo eles, o herdeiro que
zelaram tanto nunca poderia ficar com a filha da empregada. Eles me
pagaram muito bem para passar esse medo em você. No entanto, eu queria
tirar a vida do playboy e o papai dele percebeu que o plano de merda deles
tinha saído do controle e acabou entrando na frente da bala.
O homem fez uma pausa, coçando a têmpora com o cano da arma.
— Sabe, Ava? Eu pensei em te machucar naquele dia, ou em todos
os outros que via você com ele, até quando sua barriga crescia carregando
essa coisinha bonitinha aqui, mas naquele dia achei que o melhor
sofrimento para você seria vê-lo morrer. E falhei na missão de matá-lo.
Os olhos de Daniel estavam sobre mim.
— Por que voltou depois de dois anos, Daniel?
— Porque mesmo ameaçando Ella Coleman, ela decidiu parar de
pagar o que eu pedia por mês, já que viver foragido é algo muito
complicado. E a velha ainda disse que poderia matar você, a sua bastarda,
mas se machucasse o filho dela, ela me caçaria no inferno. Mas, vamos
concordar, se ela parou de me pagar, mesmo comigo ameaçando que a
entregaria à polícia, ela não tem direito algum de me pedir nada, não é
mesmo?
O choque passou pelo meu corpo…
Minha mãe e meu pai haviam contratado Daniel para amedrontar
Ava, só para que não ficássemos juntos. Ele decidiu me matar e meu pai
entrou na frente.
Nunca tive culpa no assassinato dele!
Abandonei Ava, por sentir a culpa me corroer e mesmo assim eu
nunca fui culpado!
Uma das pessoas culpadas se encontrava abaixo da terra, enquanto a
outra ainda curtindo o seu luto, vivendo cercada de regalias naquela mansão
enorme.
— Daniel, você está dizendo que Ella te contratou para…
— Não sei por que está chocada, Ava! Você sabia muito bem que os
papais desse playboy eram os demônios. — O homem respirou fundo. —
Chega de papo furado, te dou dez minutos para trocar de lugar com sua
filha, ou você terá que enterrar mais dois corpos.
Dizendo aquilo ele desligou o celular e sorriu de forma ameaçadora
na minha direção.
Apontou-me a arma e sem pensar muito levantei-me da cadeira
colocando Sadie atrás de mim.
— Se quer tanto me matar, vá em frente, mas deixe minha filha fora
disso.
— Quando Ava passar por aquela porta, pode ter certeza de que farei
isso, enquanto não chega esse momento senta essa bunda aí, antes que eu
comece a te torturar.
Aproveitando que Sadie estava atrás de mim, sorri de lado para
Daniel.
— Deve ser difícil saber que mesmo depois de dois anos sem me ver,
ela ainda me ama e se tiver que escolher entre mim e você, me escolherá.
Até porque ela nunca iria escolher o estuprador!
Os olhos do homem faiscaram.
— Tá querendo morrer antes da hora, playboy?
Usando todo o meu autocontrole, murmurei com a voz baixa:
— Por que não me enfrenta sem essa arma? Da última vez eu te dei
uma surra, tá com medo de apanhar de novo?
Ele fechou a expressão e bateu a arma na mesa, levantou-se
rapidamente, mas assim que fui me afastar de Sadie ela segurou minha
calça.
E mesmo sabendo que aquele era o meu pior erro, olhei para onde a
havia colocado na cadeira e seus olhinhos estavam marejados.
— Mamá! — disse, mas eu sabia muito bem que não era mamãe que
ela queria dizer naquele momento.
E quando senti o primeiro soco no estômago, resisti para não cair
para trás. Não queria machucar a minha filha. Sadie começou a chorar,
porém, a polícia provavelmente não quis mais negociar com Daniel, pois
quando escutei o estouro na porta a única reação que tive foi de pegar Sadie
e me abaixar.
Por sorte, antes que Daniel pudesse chegar novamente até a arma, um
dos policiais gritou:
— Parado!
Sadie entrou em desespero com o estrondo e os policiais entrando de
forma desesperada dentro da sala.
— Amor, está tudo bem! O papai tá aqui!
Ainda chorando completamente descontrolada, seus bracinhos
contornaram meu pescoço e eu senti meus próprios olhos marejarem por vê-
la daquela forma.
Estava disposto a entregar minha vida para salvá-la. Sabia que amava
Sadie, mesmo sem nunca a ter visto pessoalmente, mas depois de poucos
dias vivendo ao seu lado, e passando uma noite toda com ela, eu soube que
amor de pai e filha, quando verdadeiro não precisava de uma eternidade
para se tornar mais forte que qualquer pedra preciosa.
Levantei-me com Sadie em meus braços, no instante em que um
oficial me conduziu para fora da creche. O local já estava lotado de
jornalistas e não havia se passado nem uma hora direito, eram um bando de
abutres loucos por informações.
— Ah, meu Deus! — Ouvi a súplica e quando olhei para Ava ela veio
correndo em nossa direção, chorando tanto quanto Sadie.
A mulher se jogou sobre o meu corpo, abraçando a nossa filha e a
mim.
— Vocês estão bem, estão feridos? — perguntou.
Sadie me soltou e logo estava nos braços da mãe que olhava para
todo o corpo da garotinha verificando se não tinha nenhum machucado.
— Estamos bem! Nada de pior aconteceu — sussurrei.
Uma de suas mãos parou em meu rosto.
— Eu tive tanto medo, Mason! — A voz tomada pelo choro cortou
meu coração.
— Ei… — Puxei-a para os meus braços, beijei o alto da sua cabeça e
depois o de Sadie. — Estamos bem, vamos ficar bem.
Meus olhos encontraram os de Ava e não soube se foi pelo momento
insano que havíamos passado, mas senti que tinha autorização para lhe dar
um beijo, porém, assim que aproximei meu rosto do seu um burburinho
vindo de trás chamou nossa atenção.
Daniel havia conseguido escapar do policial e como suas mãos
estavam algemadas para a frente, ele puxou uma das armas do coldre deles
e destravou-a pronto para atirar na nossa direção.
O único movimento que tive chance de fazer foi parar diante de Ava e
Sadie, protegendo-as do pior.
Quando ouvi o estampido forte retumbar pelo lugar, fechei meus
olhos, escutando o espanto das pessoas ao redor. E quando percebi que não
estava sentindo nada, nenhum sinal de dor, voltei a abrir meus olhos e o
corpo de Daniel estava caído no chão.
Bill Elliot apontava a pistola na direção do homem caído no chão. Ele
me encarou de soslaio, dizendo:
— Desculpe ter chegado muito tarde, senhor!
Soltei a respiração que nem percebi que estava segurando.
— Ah, você chegou na hora certa!
Voltei-me na direção de Ava e mesmo depois de vermos um homem
ser baleado, e não queria verificar, mas tinha quase certeza de que sua vida
havia se esvaído do corpo, ela sorriu na minha direção.
— Vamos sair daqui? — indagou.
— Para onde você quiser ir, coisinha irritante.
O sorriso aumentou ao me estender a mão e eu aceitei, porque se
aquela era a bandeira branca que Ava estava levantando na minha direção
eu aceitaria de bom grado.
Aceitaria tudo o que ela quisesse me oferecer!
Eu amava aquela mulher e depois de perceber que fui enganado a
única coisa que podia fazer era tentar conseguir o seu perdão e tê-la de volta
na minha vida… junto com nossa filha!
CAPÍTULO 44

Depois do terror que passamos há um mês, as coisas começaram a se


tranquilizar. Claro que nos primeiros dias foram terrores atrás de terrores,
até porque com Daniel morto, não tinha como pegar o seu verdadeiro
depoimento sobre o envolvimento de Ella Coleman no assassinato do
marido.
Mesmo que ela não tivesse contratado Daniel para matá-lo, ainda
assim a culpa recairia sobre ela. Porém, quando encontraram o lugar que
Daniel se escondia durante aqueles dois anos, que para minha surpresa era
em um apartamento no mesmo prédio que o meu, que muitos pensaram
estar abandonado há anos, encontraram provas concretas para a
incriminação de Ella.
Quando percebeu que o cerco estava se fechando, ela tentou fugir,
mas foi pega no aeroporto e desde então estava presa aguardando
julgamento.
Sem contar que nos primeiros dias tivemos que dar diversos tipos de
depoimentos também, sobre como foi minha relação com Daniel, Mason
precisou falar como era com os pais e até mesmo funcionários e ex-
funcionários também tiveram que depor sobre os Coleman.
Mas ao menos uma coisa boa havia acontecido, ou duas, minha mãe
havia recebido alta e a cirurgia tinha dado super certo e Mason… bom,
Mason estava se mostrando ser um pai incrível.
Ele ia no apartamento todos os dias visitar a filha, a levava para
passear e a cada dia que chegava para suas visitas diárias ele trazia uma
surpresa diferente, como naquele dia, que chegou carregando uma casa de
boneca que Sadie amou imediatamente.
Mason tinha garantido um berço e um carrinho para Ava nos últimos
dias, o que me fez ficar extremamente grata, pois nunca havia conseguido
comprar nenhum dos dois e saber que agora minha filha dormiria mais
tranquilamente me deixava muito feliz.
Ah, para que eu não precisasse parar de trabalhar para olhar minha
mãe, Mason também insistiu em pagar uma cuidadora para ela, durante sua
recuperação e uma babá para Ava. No começo pensei em recusar, mas
aquele homem sabia quebrar todas as barreiras que eu tentava levantar
contra ele.
Depois do dia que Daniel manteve Sadie e Mason presos na creche,
percebi que a vida era muito curta para guardar tanto ressentimento em meu
coração.
No entanto, ainda não havia conversado com Mason e naquele dia em
especial, tinha combinado com minha mãe que quando ele chegasse ali, iria
chamá-lo para caminhar e colocar todos os pontos que ficaram faltando em
nossa história.
— Mamá! — Sadie apontou para Mason, enquanto soltava seu
gritinho fofo.
— Não, papai!
Sorri com a pequena briga que aqueles dois estavam tendo e agradeci
mentalmente a Deus por tudo ter ficado bem. Porque só ele sabia o medo
que senti de perder minha filha naquele dia e também de perder Mason…
perder o homem que eu amava tanto, eu sinceramente não sabia como
continuaria vivendo se algo daquele tipo tivesse acontecido.
Senti o bolo se formando em minha garganta, mas depois de respirar
profundamente consegui me controlar. Minha mãe surgiu no final do
corredor, ainda usando o andador para amparar seu caminhar, mas a
recuperação estava sendo um sucesso.
— Querida, pode ir! — ela sussurrou, enquanto Suzana, a cuidadora,
a acompanhava pronta para ajudá-la caso precisasse.
— A senhora vai conseguir olhar a Sadie? — indaguei.
— Maya está vindo para cá!
Claro que ela e minha amiga tinham combinado aquilo. Atento à
minha conversa com mamãe, Mason me encarou de cenho franzido e
indagou:
— Vai sair?
Assenti e ele tentou não demonstrar o desapontamento.
— Mamá! — Sadie dessa vez apontou para mim.
— Sim, meu amor! A mamãe vai sair e você ficará com a vovó e a
dinda.
Sadie fez um barulhinho com a boca, mas parou de me dar atenção,
pois ainda estava encantada com a casa de boneca que o pai havia trazido
para mimá-la.
Mason passou a mão pelos cachinhos da nossa menina e logo ouvi a
batida conhecida na porta, dois toques e depois três com pausas, era Maya!
Caminhei até lá e a abri, com ela me direcionando um sorriso
travesso.
— Vim ficar de babá! E ainda estou tentando entender por que não
fiquei sabendo deste detalhe importante.
Coloquei o indicador sobre a boca pedindo silêncio.
— Depois explico, quis manter segredo, mas pelo jeito, dona Stella
explanou meus planos.
— Ainda bem! Mesmo que eu ache precipitado. — Ela se aproximou
de mim e sussurrou para que somente eu escutasse: — Eu deixaria ele
rastejar muito se fizesse isso comigo, mas eu sei que seu coração é bem
mais amoroso que o meu, então cai fundo e se possível de boca.
Soltei uma gargalhada, deixando que ela passasse por mim. Logo que
Maya se sentou no chão, ao lado de Sadie e começou a fuxicar a casinha de
boneca, encarei Mason e assim que seus olhos encontraram os meus
indiquei a porta.
O idiota olhou para os lados, para se certificar de que era com ele que
estava falando, quando voltou a me olhar revirei os olhos e com um
sorrisinho todo sem vergonha, ele deu um beijo na cabeça de Sadie e
murmurou:
— O papai terá que dar uma saidinha!
Ela balançou a cabeça, jogando um beijinho para o pai e eu aproveitei
para sair na frente, pegando minha bolsa, ouvindo o momento em que
Mason fechou a porta do apartamento.
Não demorou muito para ele estar ao meu lado descendo os degraus
em silêncio. No entanto, assim que chegamos ao último lance de escadas, o
curioso não se aguentou e perguntou:
— Por acaso seria muito errado perguntar aonde estamos indo?
Sorri de lado e mesmo que aquilo não tivesse passado pela minha
cabeça antes, parei e o encarei de esguelha.
— Você ainda tem aquela lancha?
Foi possível ver o pomo de adão de Mason mexer rapidamente
quando ele engoliu em seco.
— Sim — respondeu, meio rouco.
— Nunca estive em uma lancha à noite. E a única vez que andei em
uma, foi com você.
Mason ficou pálido e por um momento pensei que ele fosse desmaiar.
— Você quer ir para a lancha agora?
Elevei as duas sobrancelhas e com um sorrisinho na boca assenti.
— Agora, imediatamente!
— É… acho que não tenho nada para comer lá, quer que eu passe em
algum lugar para…
Avancei na sua direção, depositando o indicador sobre seus lábios.
— Meu objetivo não é comer naquele lugar, Mason. Você queria uma
chance para se redimir comigo, então me faça sua, me prove o quanto me
ama e aí no final eu te responderei se te perdoo.
A cor voltou para seu rosto e os olhos se tornaram famintos…
— Ah, eu vou te provar, Ava! Pode ter certeza!
Ele segurou minha mão e me puxou o restante dos degraus. Logo
estávamos dentro do seu carro novo e bem mais espaçoso do que o antigo.
Mal ele sabia que já havia sido perdoado, mas nada me impedia de
brincar e talvez provar o que sentia tanta falta…
E naquele dia eu voltaria a ser de corpo e alma de Mason Coleman.
CAPÍTULO 45

Se eu dissesse que estava calmo seria um mentiroso de carteirinha.


Na verdade, o infarto provavelmente estava perto. Eu sentia o suor escorrer
pelas minhas costas, mesmo que o clima estivesse frio do lado de fora, até
mesmo o ar do carro estava funcionando e ainda assim ainda suava de
forma desesperada.
Minhas mãos estavam trêmulas e eu quase não me lembrava do meu
nome, só pelo fato de saber que Ava Martinez havia me pedido para ir com
ela à lancha e…
Eu realmente tinha entendido certo?
Ela queria transar para pensar se deveria me perdoar?
Quando a mulher ao meu lado disse que sairia naquela noite, pensei
que seria sozinha, ou com alguém, porque ela tinha o direito de seguir sua
vida se não quisesse mais nada comigo, mesmo que eu tivesse absoluta
certeza de que nunca mais conseguiria ficar com alguém.
No entanto, assim que me chamou e eu percebi que os planos daquela
noite eram ao meu lado, eu soube que ou eu era um sortudo, ou eu estava
sonhando, por isso, cogitei me beliscar só para ter certeza de que não seria
um sonho. Até porque se fosse um eu ficaria muito triste… triste demais.
Naqueles dois anos, não teve um dia que não sonhei com Ava e com
o dia que talvez eu pudesse reencontrá-la. Aquele evento da empresa de
Aiden foi a minha salvação, mesmo que não soubesse, porque assim que vi
a mulher que mudou toda a minha vida eu percebi que para continuar
respirando eu precisava dela ao meu lado.
E saber que o meu pior pesadelo havia retornado, eu tive que voltar a
perturbá-la, porque precisava proteger ela e minha filha, mas quando notei
que ela não me perdoaria, tinha meio que desistido de tentar reconquistá-la,
preferi sofrer a ter que abalar a paz daquela mulher que já havia sido tão
machucada.
Por isso, estava focando somente em Sadie no último mês, mesmo
que me doesse olhar para Ava, tê-la no mesmo ambiente e não poder tocá-
la, não poder me aproximar dela o suficiente para sentir seu perfume, sentir
o seu corpo no meu.
E para me deixar completamente maluco, naquele instante, estávamos
nos dirigindo para o píer que eu não ousei pisar depois de abandonar Ava.
Fazendo até mesmo que eu errasse os pedais do carro, Ava pousou a
mão por cima da minha coxa, mas não disse nada. Também fiquei em
silêncio, com medo de dizer algo sobre aquilo e fazer com que ela se
afastasse novamente.
Por fim, quando chegamos ao Chelsea Piers, saí do carro, mas Ava
não esperou que eu abrisse sua porta. Ela pisou no piso de madeira que
levava até a lancha e foi caminhando sem mesmo me esperar.
Depois de travar o carro comecei a acompanhá-la e por sorte eu sabia
que meus funcionários mantinham ali limpo e organizado, se não era bem
capaz de ter quilos e quilos de poeira.
Quando chegamos ao lado do barco, entrei primeiro ajudando Ava até
que estivéssemos seguros na popa e por fim assim que ela se encaminhou
para o meio do local, observando como da primeira vez que esteve ali, a
mulher linda parada um pouco mais à minha frente sorriu e se voltou na
minha direção.
O queixo de Ava tremeu e eu me preparei para o que ela queria me
dizer.
— Quando vim aqui pela primeira vez, eu mal sabia, mas já te
amava. Você me tratou tão bem depois de tudo o que aconteceu comigo e o
Daniel, que acabou que não tive dúvidas de que você era o amor da minha
vida. — Tentei respirar calmamente, mas mal consegui fazer com que o ar
entrasse em meus pulmões. — Eu saí daqui, naquele dia me sentindo a
mulher mais sortuda do mundo. Pelo simples fato de ter você ao meu lado,
por simplesmente entender como sexo podia ser bom, como podia ser
prazeroso.
Tentei dar um passo na sua direção, contudo Ava acenou para que eu
me mantivesse no meu lugar.
As lágrimas que ela tentou segurar escorreram pelo seu rosto e eu mal
conseguia segurar as que estavam embaçando a minha visão.
— Depois de você, Mason! Eu não soube mais o que era sentir
prazer, queria provar de novo, queria me lembrar como é estar em seus
braços, queria você.
Daquela vez quebrei a distância entre a gente, mesmo que ela ainda
quisesse manter espaço entre nós. Segurei seu rosto entre minhas mãos e
sussurrei:
— Eu vou te mostrar como posso ainda te dar prazer, como posso te
amar tanto mesmo que tenha estado afastado tantos anos. Me deixa te amar,
Ava?
— Deixo, Mason!
Encarei seus olhos, sentindo aquele fogo que dominava meu corpo
quando ela estava perto me tomar, e com a voz rouca, avisei:
— Vou levar a lancha para longe deste lugar, porque quando eu te
tiver de novo, vou te fazer gritar tanto, que não quero ser interrompido por
ninguém.
— Promessa é dívida!
Sorri ao ouvir sua voz quase ronronando em minha direção. Puxei sua
mão a levando para o convés, como da última vez que estivemos ali e não
demorou muito para que ganhássemos o rio Hudson e minutos depois, já
estávamos parados no mesmo lugar que atraquei a lancha da última vez.
Mal terminei de girar a chave para desligá-la, quando me voltei na
direção de Ava. Estendi minha mão para ela, que aceitou rapidamente,
descemos para o andar superior, enquanto ia acendendo as luzes por onde
passávamos.
Entrei na mesma suíte da outra vez e logo girei meu corpo para ficar
de frente para Ava.
Peguei a bolsa em sua mão e deixei-a apoiada em uma poltrona,
depois tirei o blazer do terno e a gravata ganhou o mesmo fim da peça
anterior.
Voltei a me aproximar de Ava, ajoelhando-me à sua frente, desatei
seu tênis e logo a deixei descalça. Depois levei as mãos ao botão da calça e
a tirei, visualizando segundo a segundo suas pernas grossas e claras
tomarem minha visão.
A calcinha que usava era uma preta de renda, que ela ousou
murmurar:
— Não é para rasgar essa!
Sorri com a lembrança que me tomou. Voltei meus olhos para os seus
e sussurrei:
— Tudo bem! Vou tomar muito cuidado com ela.
Desci a calcinha lentamente deixando Ava completamente nua da
cintura para baixo à minha frente. Depositei um beijo leve em seu monte de
vênus e percebi o momento que contraiu suas pernas.
Voltei a ficar de pé, logo segurando a barra da blusa que usava. Sua
respiração estava alterada, o que gostei de ver, pois isso provava que eu
ainda mexia muito com ela, assim como ela mexia comigo.
Depois de deixá-la completamente nua diante de mim, observei seu
corpo e as mudanças que aqueles dois anos haviam lhe causado. A pequena
cicatriz da cesárea estava presente ali, o que a deixava mais linda, pois era a
prova de que nossa neném havia saído dali. Seu corpo havia ganhado
algumas curvas que não tinha e eu queria muito apertá-las, até marcá-la e
deixar claro que ela era minha.
Ainda a devorando somente com meu olhar, segurei sua mão,
conduzi-a para uma das poltronas no quarto e pedi em seguida:
— Sente aí!
Ava franziu o cenho, mas fez o que pedi. Voltei a me ajoelhar à sua
frente e aproveitando que a poltrona possuía braços, elevei uma de suas
pernas e a apoiei no estofado, fiz o mesmo com a outra, tendo uma visão
privilegiada da boceta completamente depilada, rosinha e pronta para ser
provada pela minha boca.
Salivei com a visão e me aproximei daquela parte do seu corpo que
tanto necessitava. Engoli em seco, sem acreditar que aquilo realmente
estava acontecendo e quando estava próximo o suficiente passei minha
língua por toda a boceta quente.
— Ah, Deus! — Ava, gemeu.
Voltei a passar minha língua pela boceta gostosa, provando o gosto do
qual senti tanta falta na minha boca, sentindo o cheiro daquela mulher que
me viciou em cada parte sua.
Comprimi os lábios no clitóris e suguei-o com força, fazendo o
pontinho ficar duro no mesmo momento. Brinquei com minha língua por
cada canto dos grandes lábios, levando minhas mãos para segurá-los,
conforme penetrava a ponta em sua entrada.
— Ma… Mason! — Arfou meu nome em meio ao gemido que me
deixou duro, a ponto de explodir na cueca.
Continuei penetrando minha língua na sua entrada, enquanto levava
dois dedos ao seu clitóris para estimular ainda mais o prazer que eu sabia
que crescia dentro de Ava.
Ela mexeu o quadril o que me proporcionou penetrar um pouco mais
da língua, no entanto, afastei-me, levando os mesmos dedos que
friccionaram seu clitóris para dentro dela. Aquela entrada apertada,
deliciosa, que eu sabia que quando estivesse com meu pau ali eu estaria no
paraíso.
— Ah… Mason! — Ava, gritou.
E eu sorri, aumentando a velocidade dos meus dedos, sentindo sua
boceta molhar a cada investida, o líquido transparente lambuzava meus
dedos fazendo com que eu ficasse com mais vontade de continuar socando
dentro dela.
Curvei os dedos dentro dela, o que enlouqueceu Ava imediatamente.
Seu quadril subia e descia na poltrona, sons indecifráveis saíam de sua boca
e quando as paredes vaginais apertaram meu dedo sabia que estava
gozando.
— Mais rápido! — gritou e eu atendi seu pedido.
Encarei o rosto de Ava e vi quando revirou os olhos tomada pelo
prazer, fazendo meu pau babar dentro da boxer. Seu corpo convulsionou e
um sorriso surgiu em sua boca.
Ofegante ela abriu os olhos e sussurrou, enquanto eu levava os dedos
melados com sua porra até minha boca.
— Quero seu pau fodendo minha garganta, agora.
Eu sabia que ela havia sido tomada pelo tesão, pois nem esperou que
eu dissesse que ela poderia fazer isso depois de fodê-la. Ava se jogou em
cima de mim, fazendo meu corpo cair sobre o chão, ela puxou a camisa de
dentro da calça, desatou o cinto e logo abriu o botão da calça, abaixando o
suficiente a peça e a boxer para que meu pau saltasse para fora.
Ava levou a mão ao meu cacete, começando a me masturbar com
força.
— Ah, caralho! — Foi a minha vez de perder o controle, ainda mais
quando ela levou sua boca à glande e sugou o líquido pré-ejaculatório que
estava ali.
Seus olhos encontraram os meus e ali eu só vi desejo. Ava não deu
tempo para que eu pensasse em mais nada, ela começou a sugar em
desespero meu pau e eu parei de pensar, só levando a mão aos seus cabelos,
fazendo sua boca se enterrar fundo, a cabeça do cacete bateu no fundo da
sua garganta.
Soquei com mais força, enquanto ouvi os sons engasgados
escapulirem da sua boca, à medida que os meus próprios saíam em forma
de gemidos e urros.
Inferno!
Era tanto tempo sem provar uma mulher!
Gozei forte, rápido, com força e Ava não deixou uma gota escorrer
pelos seus lábios.
Ainda estava estremecendo quando ela se afastou, com os olhos
lacrimejados e um sorriso satisfeito na boca.
Nossos olhares grudaram um no outro e eu me esqueci de tudo ao
redor. Puxei Ava pela nuca, aproximando seu rosto imediatamente do meu,
nossas bocas se grudaram, misturando seu sabor com o meu. As línguas
pareciam travar uma batalha deliciosa de saudade e desespero.
Senti que ela chorava, quando suas lágrimas molhavam meu rosto e
as minhas não estavam diferentes. Suguei seus lábios, enquanto Ava abria
minha camisa e a tirava rapidamente, ajudei a fazer o mesmo com a calça e
a boxer logo ela estava sobre meu colo, sem se importar com mais nada.
Nós não afastamos nossas bocas. Era muita saudade, era muita perda
que tivemos naquele tempo distante. Ava segurou meu pau e se sentou
sobre ele, mesmo que ainda estivesse semiereto, mas não demorou muito
para que estivesse socando fundo, forte e duro dentro dela.
Sem desviar nenhum centímetro da sua boca. Ela cavalgou em mim,
enquanto eu socava fundo. Nossas lágrimas continuavam se misturando
com os beijos, o fôlego estava escasso, porém, não ousamos nos afastar em
nenhum momento.
Seus seios estavam grudados em meu tórax, minhas mãos passavam
com força em suas costas a arranhando, ao mesmo tempo que suas unhas
rasgavam as minhas.
Ava gozou mordendo o meu lábio e eu jorrei dentro dela, apertando
sua pele macia, com minhas mãos grossas.
E só quando estávamos satisfeitos é que encaramos os olhos um do
outro. Completamente sem fôlego, com suor e lágrimas escorrendo pelos
nossos rostos.
— Mason, eu te amo!
— Eu também te amo! — rosnei.
— Eu te perdoo, volta pra mim. Eu quero viver ao seu lado, quero
cuidar da nossa filha junto com você.
Abri um sorriso, apoiei minha mão em seu rosto e acariciei sua pele.
— Você não precisava nem pedir! Te amo, rabugentinha e quero que
você seja minha mulher. Te peço perdão por todos os meus erros, e nunca
vou me cansar de pedir, nunca vou deixar de tentar me redimir. Vou te fazer
todos os dias a mulher mais feliz do mundo, você e nossa filha.
Ava sorriu e me beijou de novo, porém, bem mais rápido dessa vez,
quando se afastou eu só consegui ver felicidade sobre seu olhar.
— Dessa vez será para sempre! — afirmou.
— Para sempre! — confirmei.
Ela sempre foi o meu para sempre, só a maldade do mundo que
desviou nossos caminhos, mas quando o amor era real nem mesmo os erros
conseguiam nos separar e enfim tínhamos retomado de onde paramos…
com um pequeno presente a mais chamado: Sadie.
CAPÍTULO 46

6 meses depois

Saímos do carro juntos, Mason estendeu sua mão para mim, onde a
aliança dourada brilhava. Tínhamos nos casado há três meses, em uma
cerimônia íntima onde contou somente com a presença de mamãe, Maya e
Sadie.
Não queríamos nada avantajado, já que sempre fui muito discreta e
mesmo que Mason esbanjasse dinheiro ele também não quis saber de nada
muito grande.
Foi uma cerimônia simples no cartório para somente firmarmos o
nosso compromisso. Mason comprou uma casa para nós, um pouco maior
que a sua cobertura, em um bairro seguro e tranquilo. Levando até mesmo
mamãe para morar com a gente.
E como meu marido era a pessoa mais incrível do mundo, ele
presenteou Maya, por ser a minha melhor amiga e ter me ajudado quando
precisei em relação aos anos que ele me abandonou, com a cobertura.
Em um primeiro momento, minha amiga tentou negar, pois não tinha
condições de manter um apartamento como aquele, com um simples
trabalho de bibliotecária e foi aí que Mason também lhe deu um emprego
no Conglomerado Coleman.
Mason optou por continuar mantendo a empresa, e seu argumento foi
o mais sensato de todos, mesmo que no momento a empresa estivesse caído
nos tabloides de fofoca, por tudo o que o pai e a mãe haviam feito, ainda era
a empresa que ele foi criado para administrar e ele não tinha outros sonhos
a não ser elevá-la a mais patamares do que ela já havia alcançado. E
também, por ter funcionários ali que precisavam do emprego, então ele não
iria abandoná-los naquele momento.
E cada vez que ele me dizia aquelas palavras, defendendo a empresa
que ele geria muito bem e os colaboradores, me peguei o amando mais e
mais.
Aquele homem era incrível!
Ele suspirou profundamente e encarou a entrada do local em que
estávamos.
— Se quiser podemos ir embora, amor! — avisei. — Você não é
obrigado a estar aqui.
Mason apertou um pouco mais a minha mão e assentiu.
— Eu sei que não, mas eu sinto que preciso falar algumas coisas para
ela, antes do julgamento na semana que vem. Porque depois que ela for
considerada culpada, o que sei que será, eu vou me esquecer que um dia fui
filho daquela mulher.
Estávamos em frente ao presídio temporário, onde a mãe de Mason se
encontrava presa até o julgamento e naquele dia ele havia amanhecido com
vontade de visitá-la, não para matar a saudade e sim para ver a ruína em que
a mulher se meteu.
Tirando a empresa, toda a fortuna dos Coleman, foram congeladas e
depois do julgamento se Ella Coleman fosse condenada, tudo passaria para
Mason e ele já havia dito que doaria toda a quantia para instituições de
caridade, pois não queria nada que viesse deles… somente a empresa, que
era algo que ele amava e prezava para continuar mantendo de pé.
Até porque, quando ele se tornou CEO da Conglomerado, a empresa
foi passada para seu nome, então não tinha mais ligações com Noah e Ella.
— Então, vamos lá. Só se lembre que estarei ao seu lado, tudo bem?
Ele sorriu na minha direção e me deu aquela piscadinha que deixava
minhas pernas bambas.
Por fim, entramos no presídio, paramos no local indicado, onde
possuía aquelas paredes de vidro e um telefone, que era pelo local que os
visitantes se comunicavam com os presidiários.
Fiquei atrás de Mason, enquanto ele se sentou na cadeira que tinha
ali. Não demorou muito para sua mãe aparecer. Ela nem parecia a mesma
pessoa, já que olheiras despontavam debaixo dos seus olhos, os cabelos
sempre bem arrumados estavam desgrenhados e a pele não tinha mais
nenhum resquício de maquiagem.
As algemas estavam presas em suas mãos e ao tirar o telefone do seu
lado do gancho, ainda me encarou com ódio, mas só lhe encarei de volta,
mostrando que não tinha medo de um ser desprezível como ela.
E até mesmo abri um sorriso ao vê-la ali daquela forma o que a
irritou ainda mais. Parei de implicar com ela, assim que Mason pegou o
telefone, dizendo:
— Oi, mãe!
Olhei para a boca de Ella, para fazer a linguagem labial e entender o
que ela falava do outro lado.
— Lembrou que eu existo!
Como sempre arrogante.
— Bom, eu lembro sempre que a senhora existe, já que mandou
matar minha filha, a mulher que eu amava e com isso o meu pai morreu. Eu
me culpei durante dois anos, abandonei a mulher que eu amava grávida, por
culpa e medo de algo ruim acontecer a ela e há alguns meses, por sorte, eu
descobri os verdadeiros culpados daquele fatídico dia.
— Me poupe, Mason! Fiz isso para te proteger, se você mesmo assim
preferiu essa mulher, já não posso fazer nada.
— A sua proteção sempre foi muito estranha, porém, eu não vim aqui
para remoer o passado, até porque consegui o perdão de Ava, ela me ama,
se tornou minha esposa e eu tenho uma filha linda.
Percebi o choque passar pelo rosto da mulher assim que ela ouviu que
eu havia me tornado esposa de seu filho, o garoto que ela quis tanto afastar
de mim.
— Não acredito que fez isso, Mason!
— Você não tem que acreditar, Ella! Porque eu vim aqui, só te dizer
que neste momento, estou esquecendo que você é minha mãe, não quero
mais saber da sua existência e torço muito para que pegue uma prisão
perpétua, para que apodreça na cadeia e pague pelos seus crimes. Até nunca
mais!
Mason bateu o telefone no gancho e se levantou da cadeira, sem nem
mesmo olhar na direção da mãe mais uma vez. Eu por outro lado ainda a
encarei por um momento, pude ver a raiva passar por seu rosto e com
aquela última visão, também desejei que ela pagasse por tudo o que fez e
por fim lhe dei as costas.
Quando saímos e caminhamos em direção ao carro, Mason
murmurou:
— Parece que tirei um peso de cima dos ombros.
— Então, vamos viver a nossa vida e nos esquecer de todo o
passado.
— Sim, meu amor!
Entramos no carro e partimos para casa, para a nossa casa, onde
nossa menininha nos esperava ansiosa para brincarmos e sermos a família
feliz que tínhamos nos tornado.
Não me arrependia em momento algum de ter perdoado Mason
rápido demais, porque sempre estive ciente de que ele era o amor da minha
vida.
E mesmo que ele tivesse cometido o erro de me abandonar, ele
realmente estava cumprindo com sua promessa de me provar todos os dias
que era o melhor homem do mundo.
E somente aquilo valia…
Somente aquilo importava para o nosso felizes para sempre.
EPÍLOGO

2 anos depois
Estava lendo o jornal, sentado na cadeira do jardim de casa, quando
senti as mãozinhas taparem meus olhos. Não precisava ser nenhum mágico
para descobrir quem era.
— Hum… — Soltei o jornal e segurei as mãos pequenas. — Deve ser
uma fadinha de jardim.
— Papai, eu não sou fadinha de jadim!
Soltei uma gargalhada e ajudei Sadie a contornar o banco, enquanto
se sentava em meu colo, fazendo um bico emburrado por eu tê-la chamado
de fada de jardim.
— Sério? Pensei que só as fadas tinham mãos tão pequenas. — Fiz
cócegas nas suas costelas e logo minha menina desfez o bico, começando a
gargalhar em meu colo.
— A sua mão que é gande demais!
— É mesmo! — Fiz que iria fazer cócegas nela, mas Sadie gritou.
— Pala, se não eu num vô contá o que vim falá.
Semicerrei os olhos e disse:
— Sabia que você tá parecendo a sua mãe?
Sadie sorriu, fazendo as covinhas aparecerem e disse:
— Então sô linda?
E convencida, quase disse, mas respondi.
— Maravilhosa!
A pestinha continuou sorrindo como se tivesse ganhado o dia e disse:
— A mamãe disse que é pá eu levá o sinhô lá na piscina.
Aquilo estava estranho. O que aquelas duas estavam aprontando?
— Então vamos!
Sadie pulou do meu colo, pegou minha mão e saiu me puxando em
direção à piscina.
Assim que chegamos ao lugar, vi que Ava me esperava perto da área
da churrasqueira. Ela segurava algo atrás das costas, mas eu não saberia
dizer o que era, já que seu corpo estava tapando minha visão.
Ela usava um vestido branco, tomara que caia e os cabelos estavam
soltos, o sorriso lindo brotava em sua boca gostosa e eu quase pedi para
Sadie sair dali, só para fazer maravilhas com aquela mulher sobre a bancada
da churrasqueira.
Sim, eu nunca deixaria de ser um pervertido.
Assim que paramos em frente a Ava, Sadie disse:
— Já posso falá?
Encarei-a fazendo uma careta e logo fiz o mesmo com Ava.
— O que estão escondendo de mim? — indaguei curioso.
Ava olhou para Sadie e disse:
— Pode falar!
Voltei a olhar a pequena de cabelos cacheados e ela disse:
— O sinhô vai cê papai de novo!
Senti minhas pernas fraquejarem e por muita força interna consegui
me manter de pé.
Encarei Ava e ela sorriu, tirando o teste de gravidez de trás das
costas, junto com um par de sapatinhos.
Senti as lágrimas chegarem sem que eu conseguisse contê-las.
— Ava… isso é sério?
Ela sorriu e também começou a chorar.
— Sim, eu sei o quanto você queria, então quis fazer uma surpresa.
Puxei-a para os meus braços e beijei sua boca rapidamente.
— Você me faz o homem mais feliz desse mundo.
— Agora você vai poder ver desde o início.
— Sim! — Segurei seu rosto entre minhas mãos, enquanto Sadie
abraçava nossas pernas. — Eu vou ser ainda mais babão.
— Que Deus me proteja! — Ava brincou e eu gargalhei.
Beijei sua boca mais uma vez e assim que me afastei, ajoelhei-me no
chão, beijei a testa da minha filha e em seguida a barriga de Ava. Encarei
seus olhos daquela posição e brinquei:
— Você adora me ver de joelhos!
— É a melhor posição! — Deu-me uma piscadinha que prometia
muita coisa e a maioria não era inocente.
— Vô tê um imãozinho ou uma imãzinha! — Sadie disse, desviando
minha atenção da sua mãe.
— Sim, meu amor!
— Tô feliz! — ela disse abrindo um sorriso tão grande quanto o da
sua mãe.
— E eu sou o homem mais sortudo do mundo por ter vocês na minha
vida.
Sadie me abraçou e eu voltei novamente meus olhos para Ava.
— Obrigada! — sussurrei.
Ela sorriu para mim e só disse:
— Eu te amo!
E sabia que não precisava responder àquela declaração, porque eu lhe
provava todos os dias o quanto ela era o amor da minha vida, e continuaria
provando até o resto da minha existência.
Porque uma vez errei ao abandoná-la, mas nunca mais cometeria
aquele erro novamente…
Já que Ava Martinez Coleman era a mulher da minha vida, a mulher
que me tirou da solidão, minha amiga, parceira e tudo o que eu podia pedir
para o destino como o meu final feliz.
E todos os dias, ela me provava que cada linha que traçávamos, era
mais uma para continuarmos desfrutando do nosso conto de fadas.

FIM
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