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Copyright© 2023 – LIS SANTOS

Capa: Mariana Oliveira


Revisão: RS Revisões
Diagramação: DC Diagramações

1ª Edição

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados. É proibido o armazenamento e/ou a
reprodução de qualquer parte desta obra, através de quaisquer meios —
tangíveis ou intangíveis — sem o consentimento escrito da autora.
Criado no Brasil.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº.
9.610/98, punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Sumário
Sinopse
Prólogo
Caleb
Capítulo 1
Caleb
Capítulo 2
Olívia
Capítulo 3
Olívia
Capítulo 4
Caleb
Capítulo 5
Caleb
Capítulo 6
Caleb
Capítulo 7
Olívia
Capítulo 8
Caleb
Capítulo 9
Olívia
Capítulo 10
Olívia
Capítulo 11
Olívia
Capítulo 12
Caleb
Capítulo 13
Olívia
Capítulo 14
Caleb
Capítulo 15
Olívia
Capítulo 16
Olívia
Capítulo 17
Caleb
Capítulo 18
Olívia
Capítulo 19
Caleb
Capítulo 20
Olívia
Capítulo 21
Caleb
Capítulo 22
Caleb
Capítulo 23
Caleb
Capítulo 24
Olívia
Capítulo 25
Olívia
Capítulo 26
Caleb
Capítulo 27
Olívia
Capítulo 28
Olívia
Capítulo 29
Olívia
Capítulo 30
Caleb
Capítulo 31
Caleb
Capítulo 32
Caleb
Capítulo 33
Olívia
Capítulo 34
Olívia
Capítulo 35
Caleb
Epílogo
Caleb
Bônus
Olívia
SOBRE A AUTORA
OUTROS LIVROS DA AUTORA
No necesito más de nada ahora que

Me iluminó tu amor inmenso fuera y dentro


Aos 30 anos, Caleb Mancini, CEO da Conway International

Holdings, é focado no trabalho e nunca esteve em um relacionamento


sério. Cansado das cobranças e ameaças de seu pai e acionistas, ele aceita a

ideia de se casar desde que possa escolher a própria noiva. Caleb decide
por um noivado nada convencional para ludibriar aqueles que o

pressionam.

Olívia, uma jovem patricinha de 20 anos, precisa desesperadamente


de dinheiro depois que seu pai corta seus cartões de crédito e acesso a sua

conta. Decidida a dar um jeito na situação, ela vai para um clube em busca
de um sugar daddy e em uma dessas noites, encontra Caleb que faz

uma proposta inusitada: 'Dê seu preço e torne-se minha noiva'.

Caleb e Olívia decidem embarcar em um noivado falso, cada um com

seus propósitos e objetivos, mas a prática logo mostra que brincar com o

destino pode não ser uma boa ideia. Juntos, eles descobrem uma história

de amor que nasceu do acaso, mas lhes trará muitos desafios.


Caleb
Um mês antes

Devemos arriscar tudo para conseguirmos o que queremos? Qual o


preço que pagamos pelas nossas escolhas? Dia após dia, preciso escutar o

mesmo discurso dessas pessoas que não estão preocupadas de fato comigo e
sim, com a reputação da empresa. Qual o problema de não aparecer nos

eventos com uma mulher grudada nos braços? A porra da minha capacidade
é reduzida apenas por que escolhi ser solteiro?

─ Você está nos escutando, Caleb? ─ Meu pai pergunta, me

encarando com a sobrancelha arqueada. ─ Tenha mais consideração pelos


mais velhos, não aja como se não estivéssemos em sua sala.

─ Pai, essa conversa não nos levará a lugar nenhum. Estou farto de ter

que escutar a mesma coisa repetidas vezes. Por que não colocam na cabeça

de vocês que não quero a droga de uma noiva?

─ Você tem trinta anos, na sua idade nós já estávamos casados e com

filhos. Uma família sempre agrega aos negócios ─ fala Giuseppe, um dos

acionistas e meu tio.

─ Chi se ne frega! [1]


Soco a parede com raiva dessa repetição. Desde que completei trinta

anos, semanalmente esse assunto volta à tona, como se meu pai no meu pé

não fosse o bastante, os acionistas resolveram colaborar com ele.

─ Você representa a nossa empresa, estamos apenas preocupados com

a imagem que as pessoas terão da Conway International Holdings. Como

CEO, você deveria levar em consideração a nossa opinião, Caleb. ─ Joseph,

um dos diretores, diz, me encarando sério.

─ Quando se tratar da empresa, tenham certeza de que os escutarei

atentamente. No entanto, não posso e não permitirei que se envolvam na

minha vida pessoal. Estou na minha melhor fase, posso dormir com uma

mulher a cada dia, sem cobranças ou preocupações idiotas. Então por quê?
Por que acham que devo me prender dessa forma?

─ Você pode continuar fazendo todas essas coisas, desde que tenha

uma esposa para lhe acompanhar em eventos como representante da

empresa.

─ Então eu devo me casar e ser um maldito infiel como você, pai? ─

falo sério, sustentando seu olhar enfurecido. ─ A reunião acaba aqui, se

voltarem a desperdiçar meu tempo com besteira, vão se arrepender

amargamente.

Saio da sala batendo a porta atrás de mim.


Preciso dar um jeito em toda essa situação, não posso permitir que

continuem achando que podem mandar na porra da minha vida. Uma

esposa? Tenha santa paciência, uma mulher é tudo que não preciso agora

em minha vida. Cobranças, ciúmes, desentendimentos. Por que buscar todas

essas baboseiras, quando posso transar e na manhã seguinte nem me

preocupar com o nome da pessoa?


Caleb

─ Mio amico.[2] ─ Levanto minha bebida em cumprimento. ─ Não


pensei que você realmente viria, afinal, está amarrado agora.

─ Caleb, não estou amarrado, apenas encontrei uma mulher que

realmente vale a pena.

Logan senta-se a minha frente, nos conhecemos há alguns anos,


sempre tivemos gostos parecidos para mulheres, até chegamos a
compartilhar a mesma beldade. No entanto, esse idiota se apaixonou, não só

isso, se casou com uma linda brasileira.

─ Cadê a sua esposa? Pensei que você tivesse dito que ela também
viria contigo.

─ Milena e Adam foram fazer compras e decidiram estender a noite

em algum lugar, disseram que não é todos os dias que podem aproveitar a

noite em Milão.

─ Você está bem com isso? Deixar sua mulher sair com outro homem

─ falo pensativo, não pensei que ele fosse do tipo despreocupado.

─ Além de confiar na minha mulher, Adam tem um noivo, não é

como se corresse qualquer perigo. ─ Sorri, bebendo um pouco de seu


drinque. ─ Por que está sozinho? Costuma sempre estar rodeado de muitas

mulheres. Resolveu seguir o meu conselho e sossegar?

Dou uma gargalhada, esse bastardo[3] sabe que isso nunca acontecerá.

Não tenho a menor pretensão de comer a mesma boceta todas as noites,

gosto de um cardápio bem variado.

─ Não me subestime, eu sabia que você viria, então posso esperar um

pouco até encontrar a presa da noite. ─ Olho em volta no clube, tem muitas

mulheres gostosas, talvez eu encontre o que estou precisando. ─ Como se


sente, tendo que dormir todas as noites com a mesma mulher, amico? Não

entendo como você mudou tanto nos últimos dois anos.

─ Você não entende porque ainda não encontrou a mulher certa, tenho
certeza de que aparecerá uma que te deixará completamente viciado, assim

como Milena fez comigo. Aquela mulher é um furacão, mas é claro que

você não precisa saber detalhes sobre isso.

Sorri de canto, desabotoando sua gravata e abrindo alguns botões.

─ Você parece o meu pai, que simplesmente decidiu que eu tenho que

me casar a qualquer custo, até os idiotas dos acionistas estão pegando no

meu pé. ─ Pego outro drinque oferecido pela garçonete gostosa.

─ Como vai driblá-los? Uma hora você vai ter que ceder à pressão

deles.
─ Não sei, há um mês estou ignorando qualquer contato do meu pai.

Ainda não encontrei uma solução, mas sinto que irei enlouquecer a

qualquer momento.

─ Por que simplesmente não se casa?

─ E por que eu faria isso? Amo a minha vida de solteiro, posso sair

quando quero, beber sem me preocupar com ninguém e dormir com quem

eu quiser, sem cobranças desnecessárias. Não faz sentido me casar apenas

porque outras pessoas querem.

─ Não posso te julgar, antes de conhecer a Milena eu pensava

parecido, mas sei que uma hora seus pensamentos vão mudar, basta

conhecer a mulher certa.

─ Como um cafajeste como você está conseguindo se manter fiel?

Desde que chegou, as mulheres não param de te encarar. É um teste de

fidelidade, Logan.

Eu conheci a esposa dele, confesso que é uma mulher belíssima, mas

não acho que seja o suficiente para um homem como Logan. Esse bastardo

pode ter sossegado agora, mas lembro de todas as vezes que saímos juntos,

seja aqui na Itália ou nos Estados Unidos.

─ Não é difícil, Milena é gostosa para cacete, uma obra de arte. Eu

lutei tanto para que ela me desse uma chance, então por que jogaria tudo
fora? Além do mais, eu não preciso buscar na rua, porque tenho tudo dentro

de casa. Você não vai entender, mas daqui uns anos, quando estiver

apaixonado saberá o que estou falando.

Apaixonado? Nos meus trinta anos de vida, nunca me apaixonei e não

acho que acontecerá. Só preciso de dinheiro e sexo, felizmente tenho os

dois.

Continuamos a conversar por mais um tempo, deixando de lado o


assunto amor e casamento, focando em negócios. Estamos trabalhando na

ideia de uma parceria entre nossas empresas, acredito que seja a nossa

oportunidade da Conway se estabelecer no mercado americano. Logan se

despediu para encontrar com a esposa, mas antes de sua volta para os

Estados Unidos, iremos sair para jantar.

Vou até o banheiro antes de pagar a conta, amanhã pela manhã tenho

uma reunião, não posso beber demais ou ficarei com uma puta ressaca. No

caminho esbarro em uma ruiva de aparência tentadora, meus olhos

percorrem cada pedacinho do seu corpo à mostra por causa da roupa curta.

─ Gosta do que vê? ─ pergunta, encostando na parede.

─ Mentiria se dissesse que não. ─ Me aproximo, colocando os dois

braços na parede, prendendo-a. ─ Você está sozinha?


─ Não, mas tenho alguns minutos para você. Tenho te observado

desde que chegou. Aquele seu amigo, que tal se ele se juntasse a nós?

Passa a unha por meu peito à mostra.

─ Desculpe desapontá-la, meu amigo é casado.

─ Que pena, mas nós dois podemos nos divertir?

Não respondo, a puxo pela nuca, beijando seus lábios vermelhos.

Nossas línguas se entrelaçam, ela rodeia os braços em volta do meu

pescoço, mordendo meu lábio inferior, intensificando o contato. Enfio

minha mão por dentro de sua blusa, apertando levemente o bico do seu

peito, a fazendo soltar um gemido gostoso.

─ Podemos sair daqui? ─ pergunto quando nos afastamos.

─ Por quê? Nós podemos resolver nossa excitação aqui mesmo.

─ Tem certeza? Alguém pode aparecer e nos ver, eu não me importo,

mas você...

─ Sinceramente? Não ligo, na verdade, é até excitante a ideia de ser

pega no flagra por alguém. ─ Sorri de canto, desafivelando meu cinto.

─ Você é maior de idade? ─ pergunto pegando uma camisinha no

meu bolso, por mais excitado que eu esteja, não tenho vocação para ser

preso.
─ Sim, tenho vinte e três anos. Quer conferir o meu documento?

─ Não precisa se preocupar, vou confiar na sua palavra. ─ Viro-a para

ficar de costas para mim, enfiando dois dedos dentro de sua boceta

enxarcada. ─ Uau! Molhadinha do jeito que eu gosto.

Enfio meu pau de uma vez, fazendo-a arquear as costas, gemendo

baixinho. Como posso trocar a excitação de uma rapidinha na balada por


um sexo baunilha?
Olívia

─ Pai, por que você cortou os meus cartões? ─ Entro abruptamente

em seu escritório, o encontrando concentrado em alguns papéis. ─ Passei


uma vergonha enorme no shopping, precisei deixar todas as minhas

compras para trás.

─ Isso são modos de entrar, Olívia? Dá próxima vez, tenha educação


e bata na porta.

─ Não mude de assunto. Por que meus cartões foram bloqueados? ─


choramingo, parando ao seu lado. ─ Eu precisava muito daquelas compras.

─ O que eram? Algo para a faculdade?

─ Não... sim, já que iria com aquela bolsa para a faculdade. Era uma

bolsa da última coleção da Prada, pai. Por que fez isso comigo?

─ Não precisa ser muito inteligente para entender os motivos, Olívia.

Estou cansado de ter uma filha tão fútil, você só sabe gastar dinheiro, sem
se preocupar com o dia de amanhã. Nem uma faculdade que preste você

está cursando.

─ Como não? Eu estudo moda em uma das melhores escolas


especializadas do país, serei uma grande profissional na minha área.
─ Você me garantiu que se esforçaria, já que decidiu seguir um

caminho completamente oposto do seu pai. No entanto, só vejo você

saindo, passando a noite em festas e torrando o meu dinheiro com coisas

inúteis. Até que você me prove o contrário e tire notas boas nesse semestre,

nada de cartão para você. ─ Ele cruzou os braços sobre o peito.

─ Mas, pai, como vou sobreviver?

Eu não posso acreditar que estou passando por isso, nunca em toda a

minha vida, imaginei que meu pai seria tão severo, mesmo que às vezes eu

realmente mereça uma correção. No entanto, como vou ficar sem dinheiro?

É possível alguém viver sem um centavo no bolso?

─ Te darei um valor suficiente para comer e abastecer o carro,

agradeça por eu não o ter tirado de você, Olívia.

─ E eu andaria como? A pé, papai?

─ Existe transporte público, sabia disso?

─ Nãaao, prometo me comportar, mas não me faça andar de ônibus

ou metrô, aquele lugar parece uma lata de atum, completamente sem

espaço. ─ Sento-me em sua frente, encarando o senhor Charles que não


parece disposto a mudar de ideia.

O que farei agora? Tenho uma festa para ir no fim de semana, como

irei sem nenhuma roupa nova? E a coleção nova da Prada? Não acredito
que não comprarei aquela bolsa linda. Preciso pensar em uma forma de

arrumar dinheiro urgente, papai não parece estar blefando.

─ Amanhã vamos jantar juntos.

─ Também não quero. ─ Cruzo os braços emburrada, em uma ação

totalmente infantil.

─ Devo colocar seu apartamento à venda? ─ pergunta pensativo.

─ Não sei quem é você, faça o favor de trazer o meu pai de volta. ─

Me levanto pronta para sair, tenho que resolver isso logo. ─ Nos vemos

amanhã, espero que pense melhor nisso, pai.

Beijo sua bochecha saindo da sala. Cumprimento alguns de seus

funcionários, seguindo para o estacionamento. Envio uma mensagem para a

Madison, ela saberá como me ajudar a sair dessa situação deplorável.

Quinze minutos foram suficientes para chegar até o condomínio

luxuoso da minha amiga, cumprimentei o segurança que rapidamente

liberou a minha entrada, venho tanto aqui que ele já decorou meu

documento.

─ Qual a emergência da vez? ─ pergunta abrindo a porta, me

cumprimentando com um beijo no rosto.

─ Preciso de dinheiro ─ falo adentrando, indo direto para a cozinha.

─ Por quê? O tio decretou falência?


─ Se esse fosse o motivo seria compreensível, porém meu pai

bloqueou os meus cartões e acesso a minha conta. Só terei dinheiro para me

alimentar na faculdade e abastecer o carro. ─ Me jogo no sofá, tomando um


pouco do suco que peguei em sua geladeira.

─ O que você aprontou para ele fazer isso? ─ Senta-se ao meu lado.

─ Não fiz nada, ele simplesmente decidiu me deixar sem um centavo.

Disse que só compro coisas inúteis, não faço um curso que preste e todo fim
de semana vivo em festas.

─ Bem, em relação as festas ele está certo.

─ Madison, você é minha amiga, não pode ficar do lado do papai. ─

A repreendo, recebendo um sorriso em resposta.

─ Eu sempre te disse que uma hora isso aconteceria, nós temos a

mesma idade, mas apenas uma de nós vive enfiada em festas, boates e

clubes de procedência duvidosa. Você sabe como foi difícil para o tio

aceitar que faria moda ao invés de administração.

─ Você sabe que a ideia de assumir a empresa nunca me agradou,

então não tinha por que fazer um curso que me deixaria infeliz. Eu amo

moda, tenho planos para assim que terminar a faculdade.

─ Então por que não foca apenas nos estudos e deixa a farra um

pouco de lado?
─ Eu tenho apenas vinte anos, por que não posso me divertir? ─ Deito

a cabeça em seu colo, e ela passa a acariciar meus cabelos.

─ Não tem problemas se divertir, mas precisa ter os pés no chão,


amiga. Por que não escuta o seu pai e tenta focar nos estudos nesse

semestre?

Eu sei que talvez ela tenha razão, mas não é como se fosse fácil

abandonar um modo de vida de um dia para o outro. Sempre tive o que

quis. Meu pai, desde que a minha mãe nos deixou, focou no trabalho e me

dava tudo que eu queria, até mesmo minhas loucuras de última hora. Não

posso ficar sem dinheiro... não posso!

─ Já sei. ─ Me levanto de seu colo, a assustando.

─ Santo Deus, essa sua cara não é um bom sinal. Tenho certeza de

que é alguma ideia maluca, estou certa, Olívia? ─ Ela cobriu a boca com a

mão.

─ Vou arrumar um sugar daddy! ─ falo animada, batendo palmas.

─ O QUÊ? ─ grita, me encarando em choque. ─ Você enlouqueceu,

amiga? Um sugar daddy?

─ Sim, não é uma ideia perfeita? ─ Balança a cabeça negando. ─ Eu

sou linda, jovem, inteligente e frequento sempre os melhores lugares da


cidade. Sendo assim, não acho que seja difícil encontrar um homem para

bancar os meus luxos. Vou mostrar ao papai que posso me virar sem ele.

Essa é uma ideia maravilhosa, muitos homens ricos pagam fortunas

para terem belas mulheres ao seu lado. Só preciso encontrar um que não

aparente ser tão velho quanto o meu pai, aceite beijos e minha presença

como pagamento. Estou guardando a minha virgindade para o meu futuro

amor.

─ Você escutou suas próprias palavras? Acho que o tio está coberto

de razão, você não tem o parafuso no lugar. Não disse que só transaria com

a pessoa que amar?

─ Sim, não mudei de ideia.

─ E como quer arrumar um sugar daddy?

─ Nem todos procuram exclusivamente por sexo, só preciso encontrar

alguém que se adeque aos meus requisitos.

Pego meu celular e envio algumas mensagens, entre os meus contatos

deve ter alguém que saiba um caminho mais fácil de encontrar o que estou

procurando. Mesmo não gostando da ideia, Madison me ajuda. Depois de

muito pesquisar, uma das minhas colegas mandou um endereço, é um clube


onde os homens vão à procura de sugar baby.

─ Nós vamos até lá essa noite.


─ Por que tanta pressa? Melhor pesquisarmos um pouco mais a

procedência desse lugar, Olívia. E se for perigoso? Já pensou se eles nos

traficam ou exploram sexualmente? ─ Ela parece realmente preocupada,

apesar de ter exagerado um pouquinho.

─ Se você não for comigo, irei sozinha. Além do mais, pare de

assistir esses documentários, está ficando louca.

É isso, essa noite vou encontrar um homem bonito, rico e disposto a


pagar pela minha companhia.
Olívia

Por que as coisas não estão saindo como planejei? Há uma semana

vou regularmente ao clube que minha amiga indicou, porém, diferente do


que imaginei, só os velhos parecem frequentar aquele lugar. Por mais

desesperada que eu esteja, nunca me relacionaria com um homem que tem a


idade do meu pai, pior, pode parecer facilmente o meu avô.

Ainda sigo tentando convencer o meu pai a mudar de ideia, ele não

pode querer que eu me acostume com uma nova realidade. Vivi a minha
vida inteira cercada de luxos, é injusto tirar isso de mim.

Entendo e admito que extrapolei alguns limites, entretanto, uma

conversa seria suficiente para me colocar de volta nos eixos. Droga! O que
irei fazer?

─ Por que não se concentra na aula? Semana que vem temos prova,

deveria tentar dar o seu melhor e surpreender o tio ─ Madison diz,


chamando minha atenção.

─ Como posso prestar atenção, quando minha conta bancária está


completamente vazia? ─ Suspiro, deitando a cabeça na mesa.
─ Você fala como se seu pai estivesse te fazendo passar fome, todas

as suas despesas básicas estão garantidas. Você apenas não poderá comprar

bolsas caras e desnecessárias, pagar para diversos amigos todas as vezes

que saímos e...

─ Ok, eu já entendi, não precisa continuar o sermão.

─ Se já entendeu, foque no que o professor está dizendo. Não disse


que moda é algo que você ama? ─ confirmo com a cabeça. ─ Então, dê o

seu melhor. Se você se sair bem, tenho certeza de que o tio mudará de ideia

e devolverá todos os seus cartões.

─ Talvez você tenha razão, vou mostrar a ele que sou uma excelente

aluna e moda pode sim ser uma área promissora. Porém, não desistirei

facilmente, hoje é sexta-feira, irei ao clube novamente.

─ Ainda não desistiu dessa ideia idiota?

─ Por que eu desistiria? Amiga, você sabe que quando coloco algo na

cabeça, não consigo tirar facilmente. Tenho certeza de que alguém da minha

faixa etária aparecerá.

Não é possível que apenas os velhos busquem esse tipo de


companhia. Dez anos mais velho é o máximo que me permitirei, assim

também ficaria mais fácil de enganar o papai, eu só preciso dizer que

arrumei um namorado e tudo ficará perfeito.


─ Do fundo do meu coração, espero que você não se meta em uma

enrascada. Os homens já costumam ser escrotos, imagina “pagando”.

─ Não seja tão pessimista. E já que está tão preocupada, por que não

vem comigo? ─ Encaro seus grandes olhos de jabuticaba. ─ Por favor,

prometo que se não encontrar ninguém interessante hoje, pensarei em um

plano B.

─ E qual o plano B? Se anunciar em um jornal, tipo classificados? ─

fala brincando, mas até que não é uma ideia ruim. ─ Pode ir parando, sei

que na sua cabeça tem um monte de besteira passando. Se você não

encontrar ninguém, deveria pensar em arrumar um emprego.

─ Emprego? Não acho que eu saiba fazer alguma coisa além de gastar

dinheiro ─ falo pensativa.

─ Dio Mio! [4] ─ Balança a cabeça em negativa, me deixando confusa.

─ Vamos focar na aula, ok?

Vira para a frente, me ignorando.

Em uma dupla de amigos, sempre tem um com o parafuso a menos e

outro sendo o responsável. É claro que essa função ficou com a Madison.
Nos conhecemos desde que erámos crianças, nossos pais sempre fizeram

negócios e por isso acabamos nos encontrando em uma dessas reuniões.


Confesso que se não fosse por ela, já tinha me enfiado em muitas

confusões. Não sei o que faria da minha vida sem ela.

(**)

Chegamos ao clube Fenice e ficamos em um canto mais reservado, a

música eletrônica preenche o ambiente. Assim como esperado para uma

sexta-feira, o local está bem cheio. Pedimos uma bebida, enquanto

observamos o entra e sai de pessoas. Apostei em um vestido tomara que


caia preto com dourado, ele fica no meio da minha coxa. É sexy e talvez um

pouco chamativo. Deixei meus cabelos loiros caídos sobre os ombros e no

rosto apenas um batom avermelhado.

─ Esse lugar é tão barulhento ─ fala tomando sua bebida.

─ Claro, amiga, estamos em um clube.

─ Você entendeu o que eu quis dizer. ─ Me mostra a língua e sorrio.

Alguns homens se aproximaram, fizemos questão de deixar bem claro

que não estamos disponíveis. Acho que a ideia de encontrar um sugar daddy

não funcionará, todos os caras novos que chegaram estavam acompanhados

de lindas mulheres.

Será que terei mesmo que trabalhar? Mas, o que se faz em um

trabalho? Além de moda, não é como se eu entendesse muitas coisas. Acho


que eu deveria ter escutado meu pai e cursado administração, seria mais

fácil de encontrar um emprego.

─ Então, lembra da sua promessa?

─ Sim ─ falo a contragosto.

─ Espero que tenha aprendido a lição. Quando pegar as notas das

provas, vá conversar com o tio, tenho certeza de que ele estará mais

flexível.

─ Ok, senhorita Madison! Vou ao banheiro e poderemos ir embora.

Faço minhas necessidades, jogo uma água no rosto e retoco o batom.

Pela primeira vez em meses, não sairei no fim de semana, irei revisar

algumas questões, preciso tirar nota máxima na prova. E de qualquer forma,

será bom para o meu fígado ficar longe de tanto álcool.

─ Quanto você quer? ─ Um homem encostado na porta pergunta.

─ Desculpe, não sou garota de programa.

Tento passar por ele, sem sucesso. Apesar da pouca iluminação,

consigo ver bem cada detalhe do seu rosto. Cabelos e barba castanhos, é
dono de lindos olhos azuis. Sua expressão é séria, assim como seu tom de

voz gélido.

─ Escutei quando conversava com sua amiga. Quanto você quer?


─ Depende, o que preciso fazer em troca?

─ Ser a minha noiva por alguns meses. ─ Cruza os braços na altura

do peito, mesmo com o terno, é possível ver o quanto é forte. ─ Pago o

valor que você quiser. Então, topa?

Seria essa a ajuda que tanto clamei? Mas, como posso confiar em um

desconhecido que me seguiu até o banheiro? Pior, por que um homem tão
lindo como ele, precisa de uma noiva falsa?

─ Podemos conversar a respeito ─ respondo tentando passar

segurança.

É uma atitude perigosa? Sim, mas esse sempre foi o meu objetivo

desde o começo, não tem por que dar para trás agora. E, tecnicamente, nós

não saímos do clube, logo, não estou quebrando a promessa que fiz a
Madison.
Caleb

Eu só queria tomar uma bebida, mas não pude deixar de escutar a

conversa das duas garotas. Uma delas estava desesperada atrás de dinheiro,
enquanto a outra tentava colocar alguma responsabilidade na cabeça da

loira. Como uma luz no fim do túnel, pensei: Por que não unir duas pessoas
desesperadas?

Saímos do clube e conversamos um pouco, ela me falou seu nome e o

porquê estava procurando um sugar daddy. Combinamos de elas seguirem o


meu carro, a outra amiga não deixou que Olívia entrasse no carro de um

estranho tão facilmente.

Hoje tive novamente uma discussão com o meu pai, que insiste nessa
ideia descabida de me fazer casar. Estou cansado dessa merda, por isso acho

que um contrato é a melhor solução. Poderei continuar com minha vida de

solteiro, e ao mesmo tempo fazer com que meu pai e os acionistas me


deixem em paz de uma vez por todas.

Acertarei todos os detalhes com essa menina, ficaremos noivos por

uns meses, depois anunciarei a todos que não deu certo e decidimos seguir
caminhos diferentes.
Agora, na minha casa, observo-a bem. Na casa dos vinte anos, tem

cabelos loiros, olhos verdes e pouco mais de um metro e sessenta. Já a

amiga é o completo oposto, morena dos olhos pretos.

No caminho, mandei mensagem para o meu advogado e pedi para que

redigisse um contrato de relacionamento com todas as cláusulas necessárias

para me proteger publicamente. Deixei o valor em aberto, porque ainda

precisamos acertar. Mas sinceramente, dinheiro não será um problema.

Parando para pensar, elas devem ser de uma família importante. Suas

roupas são caras e o sedã elétrico de luxo avaliado em mais de um milhão

de dólares deixa bem claro.

─ Vamos direto ao assunto, posso pedir qualquer valor?

─ Sim, como pode ver, dinheiro não é um problema para mim. ─


Imprimo o contrato que me foi enviado por e-mail. ─ Aqui, leia antes de

qualquer coisa.

Pega o documento de minhas mãos e ela e a amiga leem atentamente.

Assinado hoje, ____________de 2022 (“O Início da Vigência”)


ENTRE
SR. CALEB MANCINI, residente em 325 Escala, MILÃO (“NOIVO”)
SRTA. OLÍVIA GRECCO, residente em 1114 Rua White, Apartamento
1450, MILÃO (“NOIVA”)
AS PARTES CONCORDAM COM OS TERMOS ABAIXO
1. O propósito fundamental do presente contrato é oficializar o
noivado, trazendo segurança para ambas as partes.
2. As duas partes concordam que tudo acontecerá de forma
consensual no relacionamento.
3. O valor acordado pelo Sr. Caleb e a Srta. Olívia será pago
mensalmente, sem atrasos na conta fornecida em anexo.
4. Sob hipótese alguma, o conteúdo deste documento deve ser
divulgado para terceiros.
5. Relações sexuais com outros parceiros são permitidas, desde
que no anonimato, um escândalo fará com que o contrato seja
quebrado imediatamente.
6. A srta. Olívia deverá comparecer em reuniões, jantares e
eventos, acompanhando o sr. Caleb como sua noiva.
7. O presente contrato vigorará por um período de seis meses a
partir do Início da Vigência do Contrato.
8. Sentimentos amorosos são proibidos, visto que se trata de um
negócio.
9. Relações sexuais entre as duas partes são permitidas, desde
que seja da vontade de ambos.

─ Você realmente pensou em tudo, Caleb ─ fala ainda encarando o

papel. ─ Não vi nenhuma parte falando sobre os valores que receberei.

─ Gosto de ser precavido, até porque a vida é como um contrato,


funciona quando duas pessoas estão empenhadas. ─ Sua amiga me lança

um olhar estranho. ─ Enfim, deixei essa questão em branco, afinal de

contas, não tivemos tempo para conversar sobre isso. Qual valor você acha

justo, Olívia? Lembrando que pelo menos uma vez na semana devemos

aparecer publicamente em eventos.


Ela e a amiga cochicham, pela expressão da morena, não gostou

muito.

─ Você disse que dinheiro não é um problema, certo? ─ Meneio a

cabeça concordando. ─ Então eu quero cem mil, assim conseguirei manter

todos os meus luxos tirados pelo meu pai, além de estar sempre

apresentável ao seu lado como sua noiva.

É um valor alto, mas não esperava menos vindo de alguém como ela.
Não tenho dúvidas de que Olívia vem de uma família rica. Queria entender

por que seu pai cortou o seu dinheiro, mas isso fica para outro dia, acredito

que não demorará para eu ter essa informação. Mandei que a investigassem.

─ Não vejo problemas para não aceitar. ─ Vou até o minibar, me

servindo com uma dose de Negroni, voltando para o sofá. ─ Então,

podemos assinar?

Surpreendendo-me, ela vem em minha direção, pega o copo da minha

mão e vira de uma única vez, fazendo a amiga arregalar os olhos. Sorrio

surpreso com a audácia, eu gosto disso.

─ Onde tem uma caneta? ─ pergunta com um enorme sorriso.

─ Espera, você não deveria pensar melhor? ─ A amiga pergunta. ─

Deveríamos levar esse contrato para um advogado, saber se legalmente é

uma coisa boa e...


─ Madison, eu não me importo com a legalidade, para mim está bem

claro. Ganharei cem mil, em troca de posar ao lado de um homem lindo,

rico e poderoso. Como isso pode dar errado?

─ Mas...

─ Sem “mas”, eu sei o que estou fazendo, amiga. Pode confiar em

mim, por favor?

─ Se você a levar para algum lugar de procedência duvidosa ─

Aponta um dedo em minha direção ─ vou dizer a todos que o poderoso

Caleb Mancini é um brocha que não consegue encontrar uma noiva por

meios convencionais e seduziu uma pobre garota inocente.

Dou uma gargalhada sincera, de inocente Olívia não parece ter nada.

Caso contrário não estaria em um clube daqueles, aonde as pessoas vão em

busca de sexo.

─ Devo mostrá-la o quão brocha consigo ser? ─ Ela se esconde atrás

da amiga.

─ Você... ─ Joga o documento em meu colo. ─ Fique longe da minha

amiga, sei que nosso contrato é aberto em relação a isso, mas mantenha seu

pau dentro das calças, senhor Caleb Mancini. ─ As duas seguem em direção

a porta. ─ Quando precisar de mim, basta me mandar uma mensagem,

coloquei meu número junto com a conta bancária.


─ Não fuja, Olívia!

─ Não irei, até porque são cem mil em jogo. Nos vemos em breve,

Caleb.

Elas saem, me deixando sozinho. Não posso acreditar que eu

finalmente terei um sossego com o meu pai. Terça-feira tenho um evento

importante, o dia perfeito para apresentar a todos minha noiva.


Caleb

Não consigo focar na porra da reunião, não quando tenho lábios

tentadores chupando o meu pau lentamente, o levando até o fundo de sua


garganta. Essa videoconferência não fazia parte da minha agenda, tem

pouco mais de meia hora que recebi uma ligação da minha secretária, não
pude negar, afinal de contas, há tempos estávamos tentando agendar com

essa empresa brasileira.

─ Quando poderemos nos encontrar, senhor Mancini? ─ pergunta em


inglês.

─ Acredito que na próxima semana seja possível encaixar na minha

agenda, irei pessoalmente ao Brasil para acertarmos todos os detalhes do


contrato ─ falo tentando ao máximo me controlar, olho de soslaio para a

loira, que massageia as minhas bolas.

─ Excelente, te espero na nossa sede. Tenho certeza de que será um


negócio lucrativo para as duas partes. E, mais uma vez, desculpe a reunião

de emergência.

Empurro a cabeça da loira, fazendo a levar meu pau bem fundo.


─ Não se preocupe, senhor Andrade ─ falo com um pouco de

dificuldade. ─ Nunca é tarde quando se trata de negócios. Nos vemos na

próxima semana.

Encerro a chamada, puxando-a para sentar sobre a mesa. Sem perder

tempo, abro bem suas pernas, passando a língua por seu clitóris, enquanto

brinco com seus mamilos. Suas mãos vão para o meu cabelo, prendendo

minha cabeça em sua boceta. Enfio dois dedos dentro dela, que a essa altura

do campeonato, por causa de toda excitação está tão molhada.

─ Você foi uma garota bem malvada, o que aconteceria se por acaso

mostrasse a todos o que estávamos fazendo?

─ Não é como se eu fosse achar ruim. Mas, você ficaria bem, com

todos vendo o poderoso Caleb recebendo um boquete no meio de uma

reunião? ─ Passa a língua no canto da boca, me encarando com uma

expressão fodidamente erótica.

─ Melhor irmos direto ao que importa, não acha? ─ Retiro a camisa,

pego uma camisinha na bancada e sem perder tempo, ela se senta,

encaixando nossos corpos. ─ Porra! Como você pode ser tão apertada?

─ Você se surpreenderia com muitas coisas ao meu respeito.

Sobe e desce se apoiando em meu ombro, neste quarto de hotel,

apenas o barulho de nossos corpos, misturado com os gemidos pode ser


escutado. Seguro firme em sua cintura, ajudando com seus movimentos.

Levo um de seus seios a boca, enquanto ela rebola gostoso no meu pau.

Fui até o bar apenas espairecer a mente, não tinha intenção de transar

essa noite, mas não pude resistir quando ela deu em cima de mim. Loira,

peitões e uma bunda empinada. Alguém pode me julgar?

A pego de surpresa levantando-a, ela enrola as pernas em volta da

minha cintura e caminhamos em direção a cama. Pego uma de suas pernas e

coloco no ombro, enquanto meto de uma vez, fazendo-a arquear o corpo.

Com movimentos intensos, percebo os sinais de seu orgasmo e continuo

metendo precisamente, fazendo com que ela grite histericamente. Com mais

algumas estocadas, se desmancha gozando gostoso, enquanto chama meu

nome. Poucos minutos depois, me entrego ao ápice do prazer, gozando.

Meu dia foi bem corrido, afinal de contas, preciso me preparar para

embarcar para o Brasil. Estou pensando em convidar minha excelentíssima

noiva para me acompanhar, será logo depois do evento onde irei apresentá-

la oficialmente como minha noiva.

Ainda me custa acreditar que realmente fui capaz de assinar um

contrato deste tipo, não é que eu esteja preocupado com o valor gasto, até

porque cem mil não fará muita diferença, porém se não fosse o meu pai e os
acionista com essa maldita ideia de me fazer casar, sendo que tenho apenas

trinta anos, não teria que recorrer a essas coisas.

Precisar de uma esposa para manter as aparências é o cúmulo do

absurdo, sempre fui excelente no meu trabalho, pouco a pouco fui

conquistando o meu nome e a posição que estou hoje, então não faz o

menor sentido.

Batidas na porta me trazem de volta a realidade, minha secretária


informou que meu pai estava a minha espera. Ponderei um pouco, tentando

decidir se iria ou não o encontrar, no fim das contas, não vai adiantar fugir.

─ Por que você não responde as minhas ligações, Caleb?

─ Porque eu sei qual é o motivo de todas elas, e sinceramente não

estou com saco para suas cobranças, pai.

─ Cuidado com a boca, você é o CEO dessa empresa, porém ainda

me deve respeito.

Senta-se a minha frente, cruzando as pernas e me encarando sério.

Não precisa de muito para saber o motivo da sua visita, ele está realmente

empenhado em testar a minha paciência.

─ O que faz aqui, pai? Não sei o senhor, mas eu tenho muitas tarefas

para cumprir ao longo do dia. Então, por favor, não tome o meu tempo com

coisas desnecessárias.
─ Visitar o meu filho agora é desnecessário?

─ Sim, sempre foi. Pare de enrolar e vá direto ao ponto, te conheço o

suficiente para saber que essa não é uma simples visita para saber se estou
bem ou não, pai.

─ Ok, como você sabe, amanhã tem um evento importante. Esteja

preparado, pois irei lhe apresentar uma mulher. Ela é linda, tem a sua idade

e é filha de um grande amigo, tenho certeza de que vocês vão se dar muito

bem.

Ma che cazzo[5]! Sabia que ele estava aprontando alguma coisa, dar

uma de cupido, era só o que me faltava.

─ Agradeço os seus esforços inúteis de me arrumar uma

companheira, pai. ─ Uma linha aparece entre suas sobrancelhas. ─ Mas não

se preocupe comigo, não preciso que procure alguém, até porque, já

encontrei alguém.

─ Como assim encontrou alguém? ─ pergunta desconfiado. ─ Até

alguns dias, você estava completamente relutante em relação a encontrar

uma noiva, como agora você está namorando? Não pense em fazer qualquer

besteira, Caleb.

─ Pai, vocês me disseram que eu precisava me casar, certo? Pois

então, mesmo contrariado, encontrei uma mulher. Nós temos uma química
absurda na cama ─ minto descaradamente. ─ Por isso pensei que se fosse

para me casar, ela seria a pessoa perfeita. Não sei como serão as coisas no

futuro, mas a pedi em casamento.

─ Não sei se posso confiar em suas palavras, filho.

─ Não precisa se preocupar, irei apresentá-la na festa, espero que com

isso vocês parem de encher a minha paciência com assuntos desnecessários,


que não sejam relacionados ao trabalho.

─ Primeiro eu preciso conhecê-la para saber se você não está nos

enganando. Convenhamos, alguém como você não muda de ideia tão

facilmente, muito menos faz aquilo que os outros estão mandando. Tenho

que ficar com os olhos bem abertos em relação a você, Caleb.

─ Que seja, faça o que bem entender, pai. Agora se me der licença,
tenho uma reunião para me preparar.

Aponto para a porta e sem dizer nada ele sai.

Era óbvio que ele estranharia, afinal, nunca gostei dessa ideia de me

casar. Mas depois que eu aparecer com Olívia, eles vão parar com essas

cobranças irritantes, enquanto estivermos com um contrato ativo, ela será

oficialmente minha noiva. Quando chegar ao fim, penso na resposta que


darei a imprensa para justificar nosso término.
Estou ansioso para essa festa, mal posso esperar para ver a cara de

idiota daqueles velhos.


Caleb

Olívia e eu não viemos juntos, recebi uma mensagem onde ela dizia

que viria acompanhada do pai e poderíamos nos encontrar no local. As


informações que pedi sobre ela ainda não ficaram prontas, então não faço

ideia de quem de fato seja essa menina. Espero que isso não atrapalhe os
meus planos, planejei para que essa noite fosse perfeita, não permitirei que

atrapalhem.

Desço do carro, sendo fotografado por alguns repórteres, eu realmente


odeio esses abutres. Sem dizer uma palavra, passo por eles, ignorando todas

as perguntas.

─ Me disseram que essa noite você apresentaria sua noiva. ─ Escuto a


voz do Elliot, vice-presidente e meu maior desafeto. ─ Eu deveria ter

aceitado a aposta, é claro que não passava de um boato infundado.

─ Quantas vezes já lhe disse para não me dirigir a palavra? ─ Olho


feio para ele. ─ Recolha a sua insignificância, Elliot. Minha vida não lhe diz

respeito.

─ Um dia os acionistas vão cansar de você e eu serei o CEO da

Conway International Holdings. ─ Sorrio, não é como se eu não soubesse


que ele sempre quis o meu lugar. ─ Eu ainda tirarei esse sorriso presunçoso

do seu rosto, Caleb.

─ Eliott ─ Apoio a mão em seu ombro, sussurrando em seu ouvido;


─, continua tentando, quem sabe um dia você consegue... E, um inseto

como você, não me intimida.

Passo por ele, adentrando o salão. Cumprimento alguns rostos


conhecidos e não demoro a encontrar o meu pai conversando com alguns

dos diretores. Olho em volta e nem sinal da Olívia, ela disse que logo

chegaria.

─ Boa noite.

─ Boa noite, filho. Onde está a sua garota?

─ Ela logo estará aqui, não precisa se preocupar. ─ Pego uma bebida

oferecida pela garçonete.

─ Espero que não esteja mentindo, ou...

─ Pai, tente aproveitar a festa sem encher a minha paciência. Essa sua

obsessão em casamento, não será a sua vontade de colocar uma substituta

no lugar da mamãe?

Minha mãe morreu eu tinha acabado de completar dezoito anos, um

câncer de mama a tirou de nós e desde então não me lembro de ter visto o
meu pai com outra mulher, o que era bem diferente de quando estava

casado.

─ Ficou maluco? Ninguém nunca será capaz de ocupar o lugar da

minha Angelina. ─ Dou de ombros.

Depois do meu segundo copo, avisto Olívia caminhando em minha

direção. Seus cabelos loiros estão presos, o vestido vermelho com uma

enorme abertura na perna combinou perfeitamente com ela, tirou um pouco

da aparência inocente que ela transmite.

─ Caleb... ─ Me surpreende colando nossos lábios. ─ Desculpe a

demora, meu pai ama conversar com as pessoas e fomos parados diversas

vezes. ─ Sorri, entrelaçando os dedos nos meus. ─ Ele quer saber quem é o

homem que me deu esse anel.

Estende a mão, mostrando o pequeno diamante. Mandei que

entregassem em seu endereço há uns dias, não poderia apresentar uma

noiva sem um anel.

─ Você está linda. ─ Toco seu rosto, olhando de soslaio meu pai nos

encarar com a testa franzida. ─ Vem aqui, vou te apresentar o meu pai, ele

estava louco para conhecer a nora. Pai, essa aqui é Olívia, minha noiva.

─ Muito prazer, senhor. Caleb falou muito a seu respeito. ─ Sorri,

estendendo a mão em um cumprimento.


─ Você é muito bonita e jovem, tem certeza de que é noiva do meu

filho? ─ pergunta desconfiado.

─ Pode parecer difícil que alguém como ele tenha conquistado

alguém tão linda como eu, mas é verdade. Antes tínhamos uma relação

meio complicada, na verdade, não passava de sexo, se o senhor me entende.

Ela não tem nenhum filtro, inacreditável.

Os outros se aproximam, a cumprimentando. Olívia não parece ter

nenhuma dificuldade, sorri de maneira simpática, conversando com todos.

Acho que eu fiz uma boa escolha no fim das contas.

─ Você por acaso é filha do Charles Grecco? ─ Meu pai pergunta, me

deixando confuso. ─ Quanto mais olho para você, tenho certeza de que se

parece com a Eleonora, seus olhos lembram muito ela.

─ O senhor conheceu a minha mãe? ─ pergunta e ele acena que sim.

─ Que mundo pequeno, sogro. Eu sou Olívia Grecco, pelo visto o senhor

conheceu os meus pais.

─ Nossa, nunca pensei que esse dia chegaria. Meu filho namorando a

filha do Charles? ─ fala sorridente. ─ Onde está o seu pai? Preciso

cumprimentá-lo, nós estudamos juntos na faculdade, inclusive abrimos

nossas empresas no mesmo ano, até chegamos a trabalhar em parceria. Sua

mãe morreu não muito depois da minha mulher.


Eles continuam conversando e não posso deixar de sorrir, satisfeito

porque o plano deu realmente certo. Quem imaginaria tamanha

coincidência?

Um senhor caminha em nossa direção, parando ao lado da Olívia,

acredito que seja o seu pai.

─ Stefano, há quanto tempo não nos encontramos? ─ Se

cumprimentam com um abraço. ─ Moramos na mesma cidade e nos vemos

apenas nesses eventos, como isso é possível?

─ Estava me perguntando a mesma coisa, Charles. Por sinal, acabei

de conhecer a sua filha, que também descobri ser a noiva do meu filho. ─ O
homem muda de feição, me encarando sério.

─ Boa noite, senhor. Sou Caleb Mancini, muito prazer. ─ Estendo a

mão em um cumprimento, que é retribuído depois de alguns segundos. ─

Me desculpe por não o ter encontrado antes, ainda preciso lhe fazer um

pedido oficialmente.

─ Quando essa cabeça de vento disse que estava noiva, tinha certeza
de que era alguma de suas loucuras. Afinal de contas, quem seria louco a

ponto de entrar em um relacionamento com essa imatura?

─ Pai, pare de falar mal de mim na frente das pessoas. E não sou

imatura, muito pelo contrário, sou bem madura para a minha idade.
Controlo a vontade de rir, o pouco que a conheço, não me restam

dúvidas de que o pai a descreveu perfeitamente. Não posso esquecer que ela

estava atrás de um sugar daddy aquele dia, o cenário perfeito para se meter

em confusão.

─ Por mais que eu concorde em alguns pontos. ─ Puxo-a pela cintura,

colando seu corpo ao meu. ─ Não tinha como evitar de me apaixonar por

ela.

Olívia me olha de canto de olho, franzindo a testa. O que tem de

estranho? Preciso de alguma forma convencer a todos do nosso noivado,

tem muita coisa em jogo.

A conversa continua e apenas uma pessoa não parece estar contente.

Elliot, que nos observa com uma expressão nada agradável. Esse idiota não

entende, se ele fosse realmente melhor do que eu, estaria sentado na cadeira

da presidência. Nós nunca nos demos bem, diferente de mim, esse idiota

nunca fez questão de disfarçar.

─ Você foi perfeita na atuação, Olívia ─ falo quando nos afastamos

com a desculpa de ficar um pouco a sós. ─ A ideia do beijo de cumprimento

foi perfeita, a cara de surpresa do meu pai é memorável.

─ Nós já viemos separados, de certa forma sabia que precisava fazer

algo marcante. Não é sempre que o poderoso Caleb Mancini apresenta uma
namorada, ou melhor, noiva.

─ Essa semana você tem algo importante na faculdade?

─ Amanhã tenho prova, quinta e sexta apenas aula normal. Por quê?

Vai me levar a algum lugar?

─ Já foi para o Brasil? ─ Nega com a cabeça. ─ Então prepare-se,

passarei para buscá-la às duas da tarde na quinta. Prepare uma mala

suficiente para três dias.

─ Aaah, mal posso esperar. ─ Bate palmas animada, pegando o copo

de minhas mãos e bebendo. ─ Acho que somos excelentes parceiros de


negócios, não concorda, Caleb?

Sorrio, sendo contagiado pelo seu bom humor.


Olívia

─ Você quer que eu acredite nessa loucura, Olívia? ─ pergunta,

andando de um lado para o outro em seu escritório. ─ Até ontem nunca


tinha falado sobre ter alguém.

─ Pai, eu sou jovem, bonita, inteligente e rica. Acha mesmo que é

impossível arrumar alguém assim?

─ Não estou dizendo que é impossível, mas vindo de você é difícil de

acreditar. Não me julgue, nos últimos anos sua vida tem girado em torno de
saídas e mais saídas.

─ Então, foi justamente em uma dessas minhas idas ao clube que

conheci o Caleb. Nós nos demos bem de imediato, ele me chamou para sair

e depois de alguns encontros veio o pedido de namoro. Não precisa se

preocupar, sabe o jantar que o senhor me convidou? ─ Meneia a cabeça

concordando. ─ Antes ele tinha me chamado para acompanhá-lo, de certa


forma será o momento perfeito para vocês se conhecerem.

─ Se você tiver envolvida com uma pessoa errada...

─ Não se preocupe, pai. Pela primeira vez na vida, o senhor ficará

orgulhoso da sua filha, pode esperar.


Ainda não posso acreditar que o plano deu realmente certo. Nunca

pensei que estaríamos rodeados de tantas coincidências, nossos pais se

conhecerem deixa tudo mais fácil. Assim como pensei, meu pai amou o

Caleb, ele ser um CEO de uma empresa importante ajudou muito,

principalmente por não ser um velho, como meu pai tinha imaginado.

A noite do evento foi excelente, na saída fomos fotografados por

vários repórteres e no dia seguinte, nossa foto estava estampada na primeira

página de vários veículos de comunicação. Caleb Mancini, como posso ter


dado tanta sorte? Por que um homem como ele, precisou de um noivado de

mentira? A fila de pretendentes deve ser enorme.

─ Chegamos, senhorita. ─ Volto a realidade com a voz do motorista.


Decidi me despedir da Madison antes de ir para o Brasil com o Caleb.

Pago a corrida e adentro o condomínio luxuoso, cumprimento o

segurança que não demora a liberar a minha entrada. Estou animada, essa é

a primeira vez que conhecerei esse país tropical. Fiz algumas pesquisas na

internet e o país tem praias belíssimas, principalmente na Região Nordeste,

onde ficaremos por alguns dias. Vi que elas usam biquínis bem menores
para tomar sol, como não sou boba, comprei alguns on-line.

─ Ainda não acredito que você vai realmente fazer isso. ─ Madison

diz abrindo a porta. ─ Tem certeza de que precisa acompanhá-lo?


─ Amiga, qual o problema? Eu te falei que nossos pais se conhecem,

não tem como ele fazer nada comigo. Além do mais, estou ansiosa para essa

viagem. ─ A puxo para um abraço. ─ Sei que se preocupa comigo, mas essa

é a primeira vez que você pode ficar tranquila.

Na boate, quando contei que tinha encontrado um sugar daddy ela

também faltou morrer, na verdade recebi alguns tapas, confesso que doeu

para caramba.

─ Como pode ter tanta certeza? Se o Caleb for um tarado e tentar algo

a força com você? Não podemos esquecer que esse homem é um cafajeste,

além de ser bem mais velho que você.

─ Madison, às vezes você me subestima demais. Sei muito bem me

defender sozinha, Caleb não conseguirá nada, exceto que seja da minha

vontade. ─ Puxo-a para nos sentarmos no sofá.

─ Se sentir que tem alguma coisa de errada, me mande uma

mensagem imediatamente. ─ Sou grata por toda sua preocupação comigo,

mas às vezes me sinto sufocada.

─ E o que você irá fazer estando há quase quinze horas de distância?

─ Ainda não pensei nisso ─ fala emburrada. ─ Mas, não importa os

meus meios, apenas me avise se algo estiver errado, ok?

─ Tudo bem, obrigada por se preocupar comigo apesar de tudo.


Trinta minutos depois recebi uma mensagem do Caleb dizendo que

me aguardava, ele já passou no meu condomínio e pegou a minha bagagem

que deixei na portaria. Despeço-me da minha amiga e sigo ao seu encontro.

─ Por um momento, pensei que você fosse dar para trás, Olívia ─

Caleb diz assim que nos encontramos.

─ Não sou mulher de dar para trás, se eu te falei algo, pode ter certeza

de que irei cumprir. ─ Sorrio, colocando o cinto de segurança.

Ele não diz nada, apenas me olha de canto, voltando sua atenção para

o tablet em suas mãos. Toda vez que olho para esse homem, não posso

deixar de admirar sua beleza. Seus olhos azuis criam um contraste incrível

com seus cabelos castanhos. Sua expressão sempre séria me deixa intrigada

de certa forma.

Chegamos ontem em Natal, capital do estado do Rio Grande do

Norte, estávamos tão cansados que nem saímos para jantar. Estamos em um
quarto conjugado, ligado por uma porta. É como se estivéssemos juntos e

ao mesmo tempo separados. O lugar é enorme, além de ter uma vista

perfeita para o mar, tem uma piscina privativa.

São duas da tarde, Caleb me mandou uma mensagem dizendo que

encontraria com algumas pessoas, eu poderia aproveitar o hotel e caso


quisesse sair poderia falar com o segurança que nos acompanhou. Está um

calor absurdo nessa cidade, sendo assim, não posso perder a chance de

aproveitar. Coloco um dos biquínis que comprei, um short e nada mais.

Seria chato ficar sozinha, então sigo para a piscina compartilhada. Me

acomodo em uma cadeira e aceito um drinque oferecido pelo garçom.

Tirei algumas fotos e enviei para o meu pai e Madison, os

certificando de que estou ótima. Ah, Deus, tem vida melhor do que essa?

Desconheço completamente, eu nasci para isso, não tenho dúvidas.

─ Seu drinque, senhorita. ─ Agradeço que ele fale inglês, já estava

pensando em como me virar.

─ Desculpe, deve ser um engano, não pedi nenhuma bebida, nem

terminei a minha ainda. ─ Sorrio educadamente.

─ Não é engano, aquele rapaz ali. ─ Aponta para um homem mais ou

menos da minha idade, sentado do outro lado. ─ Pediu para lhe entregar.

Ele mandou esse número também.

Antes que eu conseguisse ter qualquer reação, Caleb aparece,


pegando o papel da mão dele, amassando e jogando fora.

─ Minha noiva não pediu nenhuma bebida, certo? ─ Balança a cabeça

concordando. ─ Então leve isso daqui.

─ Tudo bem, com licença!


O homem sai com o rosto branco, como se tivesse visto um fantasma.

Já Caleb, senta-se na cadeira ao meu lado, só agora percebo que não está

vestindo seu costumeiro e caro terno de grife. Vestindo bermuda branca e

camiseta, ele conseguiu ficar ainda mais bonito, como pode isso?

─ Você não acha isso muito pequeno?

─ O quê? ─ pergunto confusa.

─ Isso que você está usando. ─ Aponta para o meu biquíni. ─ Eu

consigo ver sua bunda completamente exposta, assim como todos nesse

lugar. Por que não usou a piscina do nosso quarto?

─ Porque seria muito chato ficar sozinha. Além do mais, um biquíni é

assim mesmo, a questão é que os da Itália são maiores e talvez por isso

esteja estranhando. Se você olhar em volta, a maioria das mulheres está


usando o mesmo.

─ Não importo com as outras mulheres, sim com você. Está atraindo

muita atenção. Se eu não tivesse chegado, aceitaria o número daquele

homem? ─ Me encara com uma sobrancelha arqueada. ─ Deveria voltar e

vestir algo mais coberto.

─ Não irei, como já disse, esse é um traje apropriado para o local


onde estamos. E, eu iria recusar educadamente o rapaz, mas você chegou

antes agindo grosseiramente.


─ Olívia... ─ Me repreende, mesmo eu não entendendo o motivo. ─

Ao menos vire de frente e coloque algo para cobrir.

─ Por quê?

─ Quer sair na imprensa com a bunda de fora?

─ Não vejo problemas. Você está surtando sem motivos, Caleb.

─ Sem a porra de um motivo? Olhe em volta, todos olham para você

como se fosse uma presa.

─ E qual o problema? ─ Volto a perguntar, realmente não estou


entendendo essa reação.

Não responde, levanta-se e vai embora, me deixando extremamente


confusa. Que homem bipolar, se não estivéssemos em um relacionamento

de mentira, eu poderia jurar que ele estava com ciúmes.


Caleb

Sei que minha atitude pode parecer que eu estava com ciúmes, mas

não era nada disso. Não me importo com quem Olívia dorme ou deixa de
dormir, porém nosso relacionamento acabou de ser divulgado para toda

imprensa, me envolver em um escândalo agora colocaria tudo a perder, não


posso arriscar, não agora que os malditos acionistas saíram do meu pé.

No bar do hotel, pego uma caipirinha, uma bebida bem comum aqui

no Brasil. É diferente do que estou acostumado, mas não é ruim. Nós temos
mais dois dias na cidade, felizmente tudo está caminhando bem e

voltaremos para Milão com um contrato milionário. Não posso deixar de


me sentir vitorioso, podem falar o que quiserem a respeito da minha vida

pessoal, só não podem dizer o mesmo do meu lado profissional. Modéstia à


parte, sou muito bom no que me proponho a fazer.

Agora que paro para pensar, Olívia é mais gostosa do que pensei.
Aquela calcinha minúscula, deixou sua bunda redonda e empinada

completamente à mostra. Eu daria tudo para deixar aquela pele branquinha

toda marcada. Ela é do tipo atrevida, como deve ser na cama? Um furacão

entre quatro paredes ou faz a linha tímida? Questa ragazza è un peccato. [6]
Uma mulher senta-se ao meu lado, diz alguma coisa que não entendo.

─ I’m sorry, I don’t speak portuguese. [7]

─ Are you american?

─ No, I’m not. I’m from Itália. ─ Ela sorri, tocando no meu ombro, se

fosse em outra ocasião retribuiria seu flerte, mas não é como se eu pudesse

fazer isso. ─ Sorry, but...

─ He has a girlfriend. ─ Me assusto com a chegada da Olívia, que se

senta entre minhas pernas. ─ Could you excuse us? ─ A mulher sai com

cara de poucos amigos. ─ Não é muita hipocrisia da sua parte, surtar


comigo na piscina e agora estar flertando? E se alguém fotografasse?

Acaba se mexendo demais em meu colo, me deixando com uma puta

ereção. Tento mudar os meus pensamentos e esquecer o fato de que ela está

quase pelada, sentada em mim.

─ Eu já estava pronto para dispensá-la, mas você chegou antes. ─

Tenta se levantar, mas a impeço. ─ Não saia agora, espere alguns minutos.

─ Por quê? ─ Me encara confusa, se mexendo ainda mais.

─ Não quero ser preso por atentado ao pudor em um país

desconhecido. ─ Ela continua com uma expressão perdida. ─ Estou duro,

Olívia. Não sentiu a minha ereção na sua bunda?


Ela cobre o rosto com as duas mãos, escondendo suas bochechas

vermelhas como um tomate. Sorrio, talvez Olívia realmente faça a linha

tímida entre quatro paredes.

─ Não pensei que você fosse um maldito pervertido ─ fala com a voz

baixa, pegando minha bebida e tomando um gole. ─ Controle isso aí,

preciso levantar.

─ Não sou pervertido, mas como um homem saudável de trinta anos,

seria impossível não ficar duro quando você estava roçando sua bunda em

mim. Quem se sentou no meu colo do nada? Então a única culpada é você,

Olívia.

Ficamos em um silêncio fodidamente constrangedor. Tentei pensar

em coisas aleatórios, como imaginar uma velha em uma lingerie me

chamando de amor. Tenho arrepios! No entanto, funcionou de alguma

forma.

─ Pode levantar-se, Olívia. ─ Ela faz imediatamente, sentando-se no

banco ao meu lado. ─ Me faz companhia em uma bebida?

─ Sim, quero o mesmo que você está bebendo. ─ Peço mais duas

caipirinhas e lhe entrego uma. ─ Eu sempre quis perguntar isso, e sempre

acabei adiando, mas por que você optou por um contrato? ─ fala a última

parte apenas para que eu escute.


─ O que tem de tão estranho nisso?

─ Você é um homem bonito, rico e muito poderoso, não deve ser

difícil encontrar uma mulher interessada em casar contigo. Então por quê?

─ Você tem razão, tem uma fila de mulheres interessadas em ocupar o

posto de esposa de Caleb Mancini. Porém, não acredito nessas baboseiras

relacionadas ao amor, para mim, é um sentimento que apenas atrapalha a

nossa vida. Sendo assim, nada mais justo do que optar por um
relacionamento de negócios, já que meu pai e os acionistas estavam me

pressionando para casar.

─ Por que pensa assim sobre o amor? Teve seu coração machucado

por alguém no passado? ─ Seus olhos verdes estão focados em mim, me

encarando com curiosidade.

─ Como você sabe que realmente ama uma pessoa? E se esse


sentimento for apenas uma ilusão criada pela sua mente? É possível que os

desejos do seu corpo, façam com que você confunda as coisas. Nunca estive

em um relacionamento, porque não consigo acreditar nessas coisas.

─ Talvez você só não tenha encontrado a pessoa certa, aquela que vai

fazer seu coração bater mais forte, ocupar seus pensamentos vinte e quatro

horas por dia e fazer com que queira ficar ao seu lado o tempo inteiro.
Na teoria é tudo lindo, mas não acho que o amor seja tão belo como

as pessoas dizem. Veja só o exemplo dos meus pais, ficaram juntos por

anos, meu pai dizia amar a minha mãe, mas constantemente a traía. Me

pergunto que amor é esse, que machuca e fere o outro?

─ Você fala com tanta convicção, já amou alguém, Olívia? ─ Sua

boca se curvou em um sorriso.

─ Não, mas eu pude presenciar a relação linda dos meus pais, eles se

amaram o máximo que puderem, até que ela nos deixou. Desde criança,

meu maior sonho era poder viver um amor como o deles.

─ Boa sorte, não acho que seja uma tarefa fácil, ainda mais no mundo
de hoje. ─ Ela faz uma careta. ─ Que foi?

─ Vamos fazer uma aposta.

─ Que tipo de aposta? ─ A encaro desconfiado.

─ Quando você conhecer alguém que fará seu coração acelerar e essa

ser a única pessoa em seus pensamentos, terá que me presentear com algo

caro.

─ Por que isso parece benéfico apenas para você?

─ Não é óbvio? ─ Meneio a cabeça negando. ─ Eu sou a única que

realmente acredita nessa possibilidade, logo, preciso ganhar alguma coisa.


─ Tudo bem, isso não acontecerá mesmo ─ falo convencido, não tem

como eu me apaixonar por ninguém.

Continuamos a conversar até que o bar ficou cheio e resolvemos

continuar a beber em meu quarto, apesar de ser bem nova e parecer um

pouco fútil, Olívia é capaz de manter uma conversa agradável.


Olívia

Dio mio! O que eu fiz?

Levo a mão a boca, sem acreditar no que meus olhos estão vendo.
Deitado ao meu lado, Caleb está completamente pelado, o que não é muito

diferente de mim. Em choque e com cuidado, pego minhas roupas do chão,

visto apressadamente e corro para o meu quarto. Em frente ao espelho,


observo meu corpo coberto de chupões. O que aconteceu noite passada?

Lembro que decidimos beber em seu quarto, eu tomei um banho,


troquei o biquíni e fui. Conversamos, rimos bastante e não me recordo do

que aconteceu depois. Não precisa de muito para imaginar, afinal de contas,

nós dois estávamos pelados em uma cama. Mas, por que não lembro?

Pego meu celular e ligo para a Madison que atende no primeiro toque.

─ Aproveitando as férias, amiga? ─ pergunta animada.

─ Amiga, eu acho que fiz uma grande besteira ─ falo me lamentando,


tentando fazer com que os acontecimentos da noite passada venham a

minha mente.

─ O que houve?

─ Eu acho que transei com ele.


─ Transou com o Caleb? ─ grita do outro lado, me fazendo afastar o

celular. ─ Como isso aconteceu? E a sua promessa de entregar sua

virgindade apenas para o homem que amasse?

─ Por favor, não me lembra disso. Para ser sincera, não sei o que

aconteceu de fato, mas acordei pelada na cama dele, além do meu corpo

estar coberto por chupões. O que eu faço, amiga?

Flashs começam a rodar em minha mente, nós dois nos beijamos em

um determinado momento, não apenas isso, eu iniciei o beijo.

Sento-me em seu colo, rodeando os braços em volta do seu pescoço,


enquanto nos beijamos com desejo. Caleb suga a minha língua,

intensificando o contato. Ele mordisca meu lábio inferior ao mesmo tempo

que coloca uma mão por baixo do meu vestido.

─ Olívia, se não pararmos agora, não posso garantir que terei

controle ─ fala assim que nos afastamos.

─ Não pedi para você ter controle, Caleb.

Por que eu tive que falar aquilo? Onde eu estava com a cabeça?

─ Está sentindo alguma dor lá embaixo?

─ Não ─ respondo pensativa.

─ Desconforto? Irritação ou ardência?


─ Não, nada.

Se não fosse as marcas roxas e o fato de estar pelada, passaria

despercebido o que de fato aconteceu algo naquele quarto.

─ Então não dá para ter certeza se vocês realmente transaram, acho

que a melhor opção é perguntar ao Caleb.

─ Ficou doida? Como posso perguntar algo tão íntimo assim?

─ Ora essa, vocês não estão em um relacionamento? Além do mais, é

melhor ir direto ao assunto do que ficar com a cabeça cheia de dúvidas.

Converse com ele e pergunte, você nunca foi do tipo tímida.

─ Eu sei que timidez não combina comigo, mas agora é

completamente diferente. Ele me achará uma boba por não saber algo

básico, afinal de contas, nosso corpo dá indícios de uma boa noite de sexo,

certo?

─ Certo, mas você não é a pessoa mais experiente desse mundo, pelo

contrário, nunca viu um pênis de perto, Olívia.

─ Talvez eu tenha visto e tocado ontem.

Mais algumas memórias da noite passada aparecem:

Abaixo-me em sua frente, ficando com o rosto muito perto de seu

membro. Envergonhada, o seguro com as duas mãos, levando a boca.

Passo a língua pela cabeça, tentando lembrar se era assim mesmo que vi
uma vez no filme. Olho para Caleb que permanece imóvel, sem nenhuma

expressão. Enfio-o em minha boca, é maior do que calculei e machuca.

─ Cuidado com os dentes, Olívia. Tente levá-lo mais fundo. Acha que

consegue? ─ Enrola meus cabelos em sua mão, empurrando minha cabeça.

─ Respire pelo nariz ou ficará difícil. Oh, isso mesmo, continue nesse ritmo

e não demorará para que eu goze nessa boquinha.

Oh, Deus, queria voltar no tempo e não aceitar o convite. Se pudesse,


abriria um buraco e me enterraria até essa vergonha que estou sentindo

passar.

─ Lembrou de algo? Vou ligar por chamada de vídeo, espera aí. ─

Encerra a ligação, voltando em segundos. ─ Puta merda, ele é um vampiro

por acaso? Olha essas marcas, que merda tem no pescoço?

─ Eu o chupei. ─ Levo a mão a boca, chocada com a minha própria


descoberta. ─ Madison, você tem noção do que eu acabei de falar?

─ Te falei para não ir nessa viagem, Caleb é um homem experiente, é

claro que tentaria seduzi-la e...

─ Não, eu que comecei, amiga. Lembro claramente de me sentar em

seu colo e beijá-lo, ainda disse que ele não precisava se controlar. ─ Me

jogo na cama morrendo de vergonha. ─ Como irei encará-lo agora? Fico

vermelha só de imaginar.
─ Não tem como voltar atrás, se ele fingir que nada aconteceu, faça o

mesmo. Caso ele comente, diga que se deixou levar pela bebida e que algo

do tipo não voltará acontecer.

Conversamos por mais alguns minutos e quando encerramos a ligação

corro para o banheiro. Mesmo estando nesse lugar quente, terei que vestir

roupas que cubram a maior parte do meu corpo, não posso aparecer dessa

forma ou todos saberão o que aconteceu entre nós dois. Após me arrumar,

desço para tomar café da manhã, quando eu retornar para o quarto vou

tomar um remédio para essa maldita dor de cabeça.

Desfrutando da culinária maravilhosa dessa país, aproveito para

comer um pouco de tudo, vou retornar para a Itália com uns quilos a mais,

não tenho dúvidas. Atualizo o meu instagram com uma foto linda que tirei

na piscina.

De longe avisto o segurança, ainda não entendi o motivo do Caleb

precisar andar com um. Entendo que ele é um homem que tem muito

dinheiro, mas o carro blindado não seria suficiente?

─ Bom dia, Olívia. ─ Caleb aparece, sentando-se a minha frente. ─

Não pensei que você fosse do tipo que foge na manhã seguinte.

Engasgo com o café, não pensei que ele tocaria no assunto assim tão

rápido.
─ Não fugi, eu só achei melhor voltar para o meu quarto, precisava de

um banho. Além do mais, fiquei preocupada com o estado do meu corpo.

─ Eram apenas chupões, não precisa se preocupar tanto ─ fala de

maneira despreocupada, bebendo um pouco do seu café. ─ Ontem à noite...

bem, não fomos até o fim.

─ O quê?

─ Nós fizemos algumas preliminares, você parecia consciente e

gostando, mas quando eu estava prestes a enfiar, você disse “não”.

─ E você parou? ─ pergunto receosa e surpresa ao mesmo tempo.

─ Não sei qual imagem você tem de mim, mas não sou do tipo que

força uma mulher. Você disse “não”, logo, minha obrigação era acatar seu

desejo, mesmo que tivesse com uma puta ereção.

─ Me desculpe!

─ Não se desculpe, não é como se você me devesse alguma coisa. De

toda forma, nós dois estávamos bêbados, então vamos esquecer esse

assunto, assim não atrapalha nossa boa relação. Precisamos ficar bem e

juntos pelos próximos seis meses.

Não queria admitir o quanto sua atitude me surpreendeu, sei que é

obrigação de qualquer homem saber ouvir e respeitar a recusa de uma

mulher. No entanto, ele poderia ter se aproveitado da minha


vulnerabilidade, e depois alegado que eu permiti. Por que isso me deixou

feliz?

─ Fico aliviada, eu não me perdoaria caso tivesse quebrado a minha

promessa.

─ Qual promessa? ─ pergunta parecendo realmente curioso.

─ Entregar minha virgindade apenas para o homem que amo. ─

Nossos olhares se encontram e vejo surpresa estampado neles. ─ Vamos


terminar de comer, ainda quero conhecer a praia antes de irmos embora.

Infelizmente não tem como voltar atrás depois de cruzarmos a linha,


preciso me lembrar de nunca mais beber com o Caleb, não tenho certeza se

conseguirei sair intacta da próxima vez.


Olívia

Um mês se passou desde nossa viagem ao Brasil, apesar de termos

cruzado a linha naquela noite, nossa relação não mudou. Continuamos


nosso “noivado”, inclusive fomos juntos a duas inaugurações e no dia

seguinte nossa foto estava mais uma vez estampada nos jornais.

─ Posso saber o que veio fazer aqui? Pedir dinheiro novamente? ─


Meu pai diz, entrando em sua sala.

─ Pai, por acaso só o procuro para pedir dinheiro? ─ Estendo a mão o


parando. ─ Não precisa responder, eu já sei a resposta. Mas agora é

diferente, vim apenas ver como o senhor está, não nos vimos desde aquele

evento.

Quando completei dezoito anos, disse que queria ter privacidade e

pedi um apartamento de presente. Meu pai prontamente atendeu o meu

pedido, por isso às vezes ficamos dias e mais dias sem nos vermos, ele é um
homem ocupado e eu, bem, tenho outros coisas para fazer. Porém sempre

estamos nos falando através de mensagens ou chamada de vídeo. Meu pai

sempre me mimou muito, não tenho do que reclamar.

─ Arrumou um emprego?
─ Não, por quê?

─ Fez um escândalo quando tirei boa parte do seu dinheiro, como tem

vivido esse tempo todo? E suas bolsas de grife?

─ Felizmente tenho um namorado que me presenteia com essas

coisas, Caleb me dá tudo que eu quero, pai.

─ Então você está com ele apenas por interesse? ─ Me encara com

uma expressão séria.

Eu queria responder “sim”, mas não é como se meu pai precisasse


saber que nosso relacionamento não passa de um contrato. Sinceramente

não vejo nenhum problema nisso, se ambas as partes estão de acordo.

─ Pai, o senhor viu o Caleb, certo? ─ Balança a cabeça confirmando.

─ O único interesse que tenho naquele homem é na beleza dele. Por que

não fica feliz por mim?

─ Porque tenho uma leve impressão de que você está escondendo

alguma coisa, Olívia. ─ Senta-se ao meu lado. ─ Ele está te ameaçando?

Solto uma gargalhada sincera.

─ Pai, ficou maluco? Por que o Caleb ameaçaria alguém?

─ Conversando com o pai dele, ele me disse que Caleb até pouco

tempo era resistente com a possibilidade de se casar, mas de uma hora para
outra a apresentou. O que me faz pensar que esse homem pode estar te

ameaçando, ou comprando com algum valor.

Merda, às vezes odeio o fato do meu pai ser tão inteligente. Porém,

levarei esse contrato para o túmulo.

─ Entendo que esteja preocupado, mas não sou tão boba e inocente a

esse ponto. Por mais desesperada por dinheiro que eu estivesse, nunca me

prestaria a esse papel ─ minto, porque estava realmente disposta a qualquer

coisa.

─ Por que não namorar uma pessoa da sua idade?

─ Simples, os meninos da minha idade são bem imaturos, não sabem

valorizar uma mulher como eu. Além do mais, sempre gostei de homens

mais velhos, pai.

Ele me encara desconfiado, é como se soubesse que estou mentindo,


só não tem uma prova convicta. Entendo a preocupação dele, mas não é

como se o Caleb fosse muito mais velho que eu, temos apenas dez anos de

diferença, algo normal no nosso tempo.

Conversamos mais um pouco, até que a secretária avisou sobre uma

reunião e nos despedimos. Não encontrei com a Madison hoje, minha amiga

me abandonou na faculdade. Se eu não tivesse um trabalho para fazer, iria


até sua casa, não posso ficar muito tempo sem vê-la que entro em

abstinência.

Despeço-me de alguns funcionários e sigo para o estacionamento,

antes de entrar no carro, escuto alguém chamar o meu nome:

─ Olívia. ─ Olho para trás e não o reconheço. ─ Você é ainda mais

bonita pessoalmente.

─ Desculpe, quem é você?

─ Oh, perdoe a minha falta de educação. Sou Elliot Bianco, vice-

presidente da CIH. ─ Ah, ele é da mesma empresa do Caleb. ─ Infelizmente

não conseguimos ser apresentados no último evento. É um prazer conhecê-

la.

Me olha de cima abaixo. Ele não percebe que isso é desconfortável?

Estende a mão em um cumprimento, retribuo receosa. Odeio fazer

pré-julgamentos, mas não tenho um bom pressentimento vindo dele. E se

fosse alguém confiável para o Caleb, teríamos sido apresentados antes.

─ O prazer é todo meu. Agora se me dá licença, preciso ir embora.

─ Espera... ─ Segura em meu pulso sem a menor educação, me

afasto. ─ Desculpe, não queria te assustar.

─ Não me assustou, eu apenas não gosto que pessoas que não

conheço toquem em mim. Você é apenas colega de trabalho do meu noivo,


certo?

─ Nós somos amigos.

─ Se vocês são amigos, por que não fomos apresentados antes? ─ Ele

me encara com uma sobrancelha arqueada. ─ Com licença, preciso ir.

Dou as costas entrando no meu carro. Que homem mais estranho e

assustador, pensei realmente que ele iria me fazer alguma coisa. Espera, o

que ele estava fazendo na empresa do meu pai? Que seja, não é da minha

conta.

Dirijo o caminho inteiro pensativa. Será que devo falar para o Caleb

sobre essa aproximação repentina? É estranho como aquele homem fez com

que eu me sentisse mal com a forma como olhava para mim.

Aproveito o sinal vermelho para discar para o Caleb, colocando no

viva-voz, ele atende no terceiro toque.

─ Você conhece algum Elliot? ─ pergunto indo direto ao assunto.

─ Sim, por quê?

─ Nós nos encontramos no estacionamento da empresa do meu pai,


ele veio se apresentar e disse que vocês eram amigos. Não só isso, me

olhava de maneira assustadora, como se eu fosse a próxima presa.

─ Aquele bastardo fez algo?


─ Não, quer dizer... ele segurou em meu braço quando eu disse que

iria embora, até ficou vermelho no lugar que apertou.

─ Filho da puta! Onde você está?

─ Indo para casa.

─ Te mandarei o meu endereço, venha até aqui ─ fala autoritário.

─ Por quê? ─ pergunto parando o carro no acostamento.

─ Quero ver com meus próprios olhos o seu braço.

─ Posso te mandar uma foto, não é necessário...

Ele me interrompe, praticamente gritando.

─ Olívia, se eu quisesse uma foto tinha pedido. Venha até a minha

empresa, preciso me certificar de que está tudo bem.

─ Não vai adiantar eu discutir com você, não é mesmo? ─ Ele

responde que não adiantará. ─ Ok, me manda o endereço que daqui a pouco

chegarei.

Encerro a ligação. Não pensei que ele teria esse tipo de reação, mas

não tenho muito o que fazer, se não escutar a sua “ordem”. De qualquer

forma, quero saber quem de fato é aquele homem, só de lembrar sinto

arrepios.
Olívia

Chego ao luxuoso prédio da Conway International Holdings, não

posso deixar de admirar a grandiosidade desse lugar. Pensei que a empresa


do papai fosse grande, mas nada se compara a essa. Quantos andares será

que tem nesse lugar?

Caminho até a recepção, onde um homem e uma mulher estão


focados nos computadores a sua frente. Me aproximo e falo:

─ Boa tarde! Estou aqui para encontrar o Caleb.

─ Tem horário marcado com o senhor Mancini? ─ A morena


pergunta, sem dar-se ao trabalho de olhar para mim.

─ Não, mas...

─ Então, para encontrar com o CEO é necessário marcar horário. ─

Me entrega um cartão. ─ Ligue nesse número, eles podem conseguir um

horário para você.

Sorrio, incrédula com tanta falta de profissionalismo. Eles em

momento algum olharam para mim, pior do que isso, me interromperam

sem nenhuma chance. Não acho que esse seja um comportamento indicado
para uma empresa desse porte.
─ Não acho que essa seja a indicação passada para os funcionários,

vocês nem me deixaram falar. ─ Agora obtenho a atenção dos dois. ─

Como eu ia dizendo e me interromperam. O Caleb está esperando por mim,

sou Ol...

─ Senhora, por favor. ─ Me interrompe novamente, estou furiosa. ─

Não atrapalhe o nosso trabalho.

Pego meu celular e ligo para ele, que atende no primeiro toque.

─ Está ligando para dar uma desculpa, Olívia?

─ Nada disso, Caleb. ─ Eles me encaram ao escutar o nome dele. ─

Estou aqui na recepção e mesmo informando que você estava a minha

espera, seus funcionários foram extremamente mal-educados, me

interromperam diversas vezes e disseram que preciso marcar um horário


para falar com o meu noivo. Como pode isso?

Sorrio, vendo o medo estampado na cara deles.

─ Não saia daí, estou a caminho. ─ Encerra a ligação.

Apoio-me no balcão à espera do Caleb. Tanta gente precisando de

emprego e esses dois agindo dessa maneira. Se me tratam assim, imagina

como agem com pessoas que não tem nenhuma ligação com o pessoal da

empresa? Eles me trataram como se fosse algo insignificante, nem se deram

o trabalho de me escutar.
Escuto uns cochichos, olho para trás e Caleb caminha até mim em seu

terno preto impecável. É incrível como ele exala poder ao caminhar, só de

encarar seus olhos inexpressíveis eu teria medo. Ao mesmo tempo que é

lindo, também consegue ser assustador.

─ Que merda vocês têm na cabeça? ─ pergunta aos dois funcionários.

─ Vocês tinham a obrigação de ao menos ligar para a minha secretária, além

do mais, não é dessa maneira que devem tratar as pessoas.

─ Desculpe, senhor ─ o homem fala pela primeira vez. ─ Nós não

sabíamos que se tratava da sua noiva.

─ Não interessa quem ela é, não deveriam tratar ninguém dessa forma

─ fala com a voz firme, infelizmente chamando atenção das pessoas ao

redor. ─ Para que episódios como esse não voltem a acontecer, essa aqui é

Olívia Grecco, minha noiva. ─ Puxa-me pela cintura, colando meu corpo ao

seu. ─ Como deve ser óbvio, ela tem passe livre para entrar e sair a hora

que quiser.

─ Sim, senhor! ─ falam em uníssono.

─ E, antes do expediente terminar, passem no RH.

─ Você vai demiti-los? ─ sussurro, não queria que chegasse a esse

ponto. ─ Não precisa ser tão radical, Caleb, uma conversa deve ser

suficiente.
─ Eles foram grosseiros com você, Olívia.

─ Eu sei, mas essas pessoas devem ter família para sustentar. Não me

sentiria bem sabendo que eles perderam o emprego por minha causa.

Apesar de viver levianamente, sem me preocupar com quanto

dinheiro gasto por dia, sei como uma grande parcela da população trabalha

para comer. Ou seja, se perderem essa fonte de renda, a situação de sua

família poderia ficar bem difícil. Nunca me perdoaria caso isso acontece
por minha causa.

─ Não vou demiti-los, apenas trocar de setor. ─ Entrelaça os dedos

aos meus, me arrastando até os elevadores.

No último andar, ele passou direto, sem cumprimentar ninguém. Senti

minha nuca esquentar com tantos olhares sobre a gente, é como se

estivéssemos sendo expostos. Me pergunto se alguma vez eles viram o


chefe acompanhado, apesar de que a minha pesquisa sobre ele não tenha

mostrado nenhum antigo relacionamento, só casos de uma noite que vieram

à tona e foram muitos.

─ Deixa eu ver o seu braço. ─ Pede assim que entramos em sua sala,

mostro de imediato. ─ Aquele filho da puta! Como ousa tocá-la desse jeito?

O que ele te disse?


─ Nada demais, apenas se apresentou como vice-presidente e disse

que vocês eram amigos.

─ Amigos minha bunda. ─ Controlo a vontade de rir, foi engraçado a


forma como ele disse. ─ Ele quer o que é meu.

─ Como assim?

─ Esse bastardo sempre ficou com as minhas sobras, dormia com as

mesmas mulheres que eu, frequentava o mesmo lugar e até sonha em se

sentar na minha cadeira. Elliot é um invejoso de merda.

─ Como eu sou sua noiva... ─ O incito para que continue.

─ Isso mesmo que você está pensando. Não importa o tipo de relação

que temos por trás, para todos somos noivos e ele deve querer se aproximar

de você também.

─ Não precisa se preocupar, ele não faz o meu tipo. Muito pelo

contrário, senti arrepios só de olhar para aquela cara assustadora. ─ Sento-

me no sofá, cansada. ─ O que acha de jantarmos juntos essa noite?

Eu deveria estudar, mas não seria tão ruim assim sair com ele. Um

contrato de cem mil está em jogo, durante esses cinco meses que restam,

não quero que tenham dúvidas da veracidade da nossa relação, nós

acabamos nos encontrando apenas em eventos, uma hora vão achar

estranho.
─ Tudo bem, só preciso de quarenta minutos para terminar meu

trabalho. ─ Me encara por cima de seu computador. ─ Quer alguma coisa?

Posso pedir para trazerem.

─ Não é necessário, vou apenas ficar aqui quietinha. Posso deitar-me

no sofá? ─ Meneia a cabeça concordando.

Pego meu celular e mando algumas mensagens para Madison, faz


tempo que ela não me responde. Provavelmente está focada estudando, o

que eu deveria fazer também, mas não consigo me concentrar por muito

tempo. Posto algumas fotos no meu Instagram, aceito algumas solicitações

para me seguir e guardo o aparelho.

Não sei em que momento adormeci, mas acordo com a porta sendo

aberta abruptamente, ainda abrindo os olhos, vejo uma mulher bem-vestida

em frente à mesa do Caleb.

─ Por que você não atendeu o telefone?

─ Estava ocupado, ainda estou, caso não esteja vendo, Martina.

Será que devo mostrar que estou acordada? Não, vamos ver sobre o

que eles conversam.

─ Desde que você inventou essa história de noivado, nunca mais nos

divertimos a sós. ─ Essa mulher realmente não me viu bem aqui? ─ Quando

vamos sair novamente?


─ Não sei se você é burra ou está apenas fingindo, mas tenha mais

respeito pela minha noiva que dorme no sofá. ─ Fecho o olho rapidamente.

─ E sobre nós dois sairmos, já disse que não tenho por que procurar fora,

quando sou bem servido.

Que belo de um ator, parabéns, Caleb!

─ Como essa menina pode se comparar a mim?

Rivalidade feminina? Que coisa ultrapassada, eu nunca perderia meu


tempo brigando dessa forma.

─ Você tem razão, não pode. ─ Como é? Filho da mãe. ─ Ela é muito
melhor do que você, Martina. Agora se me der licença, tenho que terminar

aqui, pois vou jantar com a Olívia. E, por favor, só volte a entrar na minha
sala quando o assunto for trabalho.

Escuto passos em direção a porta, finalmente posso abrir os olhos.

─ Pensei que teria que escutar vocês transando ─ falo para o Caleb
que me encara sério.

─ Mesmo que eu goste dessa adrenalina de ser pego, não faria isso

com você no mesmo ambiente. Pode não parecer, mas tenho um pouco de
princípio. ─ Sorri de canto, fazendo borboletas dançarem em meu

estômago. ─ Cinco minutos e poderemos ir.


O que foi isso que acabou de acontecer? Não ouse se apaixonar por
esse homem, Olívia.
Caleb

Faz uma semana que jantei com a Olívia, até que não foi tão ruim a

sua presença, como já havia notado, apesar da pouca idade, ela sabe como
manter uma conversa. Dia após dia, me convenço de que tomei a melhor

decisão ao escolhê-la como minha noiva, meu pai saiu do meu pé, as
cobranças a respeito de casamento acabaram, posso desfrutar de belas

companhias e ser o “noivo” prestativo.

Tem uma coisa me incomodando, ainda não tive a oportunidade de


encontrar com o Elliot, preciso confrontá-lo do porquê foi falar com a

Olívia, não é como se eu tivesse os apresentado antes. Esse bastardo daria


tudo para ser eu, mas não é como se tivesse capacidade. Não vou tolerar

que se aproxime da minha noiva novamente, ou da próxima vez irei quebrar


a cara desse idiota.

Dou meu dia por encerrado e sorrio ao avistar Elliot no


estacionamento, se preparando para entrar em seu carro.

─ Bastardo... ─ Vira-se, me encarando. ─ Quero apenas lhe dar um

aviso: Não volte a se aproximar da minha noiva, não pense que ela será
mais uma na sua lista de sobras.
─ Como é?

─ Não se faça de desentendido, você sabe muito bem sobre o que

estou falando. Não se aproxime da Olívia novamente, deixe-a longe dos


seus joguinhos.

─ Por que tem tanto medo de que eu me aproxime? Medo de que eu

roube a sua noiva, Caleb? ─ Ri como um babaca.

─ Não seja ridículo, você nunca foi uma concorrência para mim e não

será agora que as coisas vão mudar. Quero apenas que o que aconteceu no

estacionamento há alguns dias não se repita.

─ Você está apenas fazendo uma tempestade em copo d’água, não é

como se eu tivesse feito algo além do que ter me apresentado. O que não

parece nada de outro mundo, afinal de contas, você é o CEO da empresa e


eu vice-presidente.

Se fosse qualquer outro acionista, ou até mesmo um dos diretores,

realmente acreditaria em uma ação inofensiva, porém conheço Elliot o

suficiente para saber que ele é como uma cobra traiçoeira, ou seja nunca

ataca sem ter planejado antes.

─ Que seja! Não me interessa quais foram as suas intenções, não se

aproxime da minha noiva novamente. Aproveite enquanto estou sendo

amigável.
Viro para voltar para o meu carro quando ele diz:

─ Você não me assusta, Caleb. ─ Se aproxima, ficando com o rosto

rente ao meu. ─ Eu ainda terei o prazer de arrancar esse maldito sorriso dos

seus lábios. Você se gaba tanto de ser o melhor, mas no fundo a gente sabe

que não seria nada sem o seu pai.

Dou uma gargalhada o encarando sério.

─ O seu pai é tão importante quanto o meu. Nós temos uma diferença

de cinco anos ─ falo firme, sem desviar o olhar, o encarando com frieza. ─

Então me diga, por que quando teve a votação para a escolha do CEO, você

recebeu apenas dois votos?

─ Porque o seu pai comprou a todos. ─ Sua voz está trêmula, ele

parece bem irritado.

─ Errado! Diferente do que você acredita, meu pai não moveu um


dedo para convencer ninguém a votar em mim. Existe uma clara diferença

entre nós dois. ─ Cruzo os braços na altura do peito, agradeço por ninguém

ter vindo para esse lado. ─ Eu sou inteligente e eles sempre confiaram em

mim, o que não podemos falar o mesmo de você.

─ O que você está querendo dizer com isso?

─ Isso mesmo que entendeu. Ninguém confia em você, agradeça por


ocupar a vice-presidência, porque alguém tão inconfiável, inconsequente,
imaturo e um completo babaca não merecia estar naquela cadeira. ─ O ódio

é perceptível em sua expressão. ─ Temos pessoas mais competentes e

completamente capazes de estar ao meu lado.

─ Escuta aqui seu...

─ Não tenho que ficar escutando nada, até porque a minha intenção

era te dá um recado. Da próxima vez que nos encontrarmos e eu souber que

você voltou a se aproximar da minha noiva, sinto dizer, mas você conhecerá
a minha verdadeira personalidade.

Dou as costas, entrando no meu carro. Como eu já disse, ele não me

assusta, muito pelo contrário. Elliot deveria ter medo de mim, por mais

idiota que seja, nunca me viu com raiva de verdade. Se ele voltar aborrecer

a Olívia, teremos uma conversa mais dura.

─ Pensei que sua noiva estava te prendendo em cárcere privado,

Caleb. Há quanto tempo você não vem aqui? ─ Kate, gerente da casa, diz,
sentando-se ao meu lado.

─ Não diria cárcere privado, mas o clube não é um local apropriado

para um homem que está prestes a se casar ─ falo tomando meu drinque,

observando algumas dançarinas no palco.


─ Então você vai se casar realmente?

─ Sim, por que o espanto?

─ Você é um dos maiores galinhas que eu conheço, toda semana

estava por aqui. Então não me julgue por achar essa história repentina.

Não posso julgá-la, o plano era tão arriscado que pensei que meu pai

não cairia, mas para minha surpresa, não houve nenhum questionamento

estranho demais ou mais profundo. Acredito que seja o fato de a Olívia ser

filha de alguém conhecido para ele.

─ Meu pai sempre disse que eu sossegaria quando encontrasse a

mulher certa, foi assim que aconteceu com a Olívia. Nossa química é boa.

─ Fala a verdade para mim. Ela está grávida, não é mesmo? ─

sussurra, olhando para os lados.

─ Kate, você acha que sou do tipo que se casaria apenas por esse

motivo? ─ Leva a mão ao queixo, pensativa. ─ Não temos uma criança

envolvida.

─ Então por quê?

─ Que tal se você me trouxer mais uma bebida? ─ Desconverso,

ninguém, muito menos ela precisa saber o motivo.

Segue para buscar minha bebida, quando meu celular sinaliza uma

mensagem, abro e vejo o nome da Olívia, é uma foto minha com a Kate.
Olívia: Cuidado, não quero ser conhecida por todos como uma

mulher traída.

Caleb: Quem lhe mandou?

Olívia: Você não precisa saber das minhas fontes, apenas tome

cuidado e comporte-se como um bom menino.

Essa garota é atrevida, gosto disso.

Caleb: Se eu me comportar, qual será minha recompensa?

Olívia: O que você quer? Posso ver, desde que esteja ao meu alcance.

Caleb: Vamos terminar o que começamos outro dia, você me deixou

duro feito pedra. Não mereço uma compensação?

Olívia: Santo Deus, você é tão pervertido. Pode ir esquecendo, já

disse que só vou entregar minha virgindade ao homem que tiver o meu
coração também.

Porra! Tinha esquecido desse detalhe tão importante. Uma noiva

virgem. Do jeito que ela estava desesperada atrás de um sugar daddy, essa

possibilidade nunca passou pela minha cabeça. Como essa menina pode ser

atrevida e inocente ao mesmo tempo?


Olívia

─ Olívia, esse aqui não é o seu noivo? ─ Angelina, uma colega da

turma pergunta, me mostrando uma foto do Caleb em seu celular.

─ Sim, por quê?

─ Nada, só achei estranho o fato de vocês estarem noivos e ele nunca

ter vindo buscá-la na faculdade ─ fala com um pouco de malícia.

─ Desde quando isso é parâmetro para alguma coisa? Não sei se você
percebeu, mas o meu noivo é um dos homens mais importantes dessa

cidade, ou melhor, do país. Não é como se ele tivesse tempo para ficar
vindo me buscar.

─ Talvez, mas também pode ser que tudo não tenha passado de um

mal-entendido e ele não teve coragem de desmentir.

─ Como é? Eu lá sou uma mulher de mal-entendidos, Angelina? ─

Olho feio para ela, é óbvio sua intenção de soltar seu veneno. ─ Era muito
mais fácil você admitir que está com inveja, seria menos feio do que ficar

soltando seu veneno.

Ela e suas amigas me encaram surpresas, não esperavam que eu fosse


responder, porém, não sou mulher de escutar essas coisas calada e pessoas
como elas fazem minha sororidade ir para o inferno.

─ Não sei do que você está falando, eu apenas estava curiosa. ─ Faz-

se de desentendida, me deixando ainda mais irritada.

─ Quando estiver curiosa a meu respeito, dá um Google, com toda

certeza você achará todas as informações que precisa a respeito do meu

relacionamento com o Caleb.

Levanto-me saindo da sala, vou direto para casa, essa semana de

provas me deixou estressada e ainda preciso lidar com esse tipo de gente.

Estou com saudades da Madison, minha amiga foi acompanhar o tio, seu
pai em uma viagem, me deixando sozinha.

Será que devo fazer uma visita ao papai? Não, melhor seguir meu

plano inicial de ir descansar.

─ Olívia... ─ Viro-me, encontrando Caleb encostado em uma moto


que parece ser caríssima.

─ O que faz aqui? ─ pergunto me aproximando.

─ Não posso encontrar a minha noiva? ─ Sorri de canto, olho em

volta e os olhares estão em nossa direção, entre eles um rosto conhecido:

Angelina. ─ Saí mais cedo da empresa, pensei que seria uma boa ideia

buscá-la. Fiz mal?


─ Não, claro que não. Parece que você adivinhou. ─ Me encara

confuso. ─ Hoje na aula, uma colega disse que parecia estranho o fato de

você nunca ter vindo me buscar, era óbvio sua intenção de desmerecer a

nossa relação.

─ Então devemos parecer um casal apaixonado? ─ Puxa-me pela

cintura, colando meu corpo ao seu. Nossa diferença de altura fica gritante,

já que preciso olhar para cima. ─ Eu vou beijá-la, não se assuste.

Sem que eu possa responder, seus lábios encontram os meus. O

contato é delicado, apesar de ser estranho por causa de sua barba. Ele enfia

a língua em minha boca, intensificando algo que pensei que fosse rápido. A

forma como meu corpo está reagindo me assusta, pois não é algo que

deveria acontecer com Caleb.

─ Chega, Caleb. ─ Me afasto, envergonhada.

─ Qual o problema, Olívia?

─ Isso não deveria acontecer, nosso contrato...

─ Nosso contrato diz que precisamos parecer um casal, então qual o


problema de nos beijarmos quando estivermos em público? Não precisa se

preocupar, não sou como uma besta planejando devorar a presa indefesa. ─

Sorri, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

Por que senti um pouco de sarcasmo em suas palavras?


─ O que acha de jantar comigo?

─ Com você? ─ O encaro desconfiada, esse homem está muito

estranho.

─ Sim, não precisa ficar com medo, Olívia, já disse que não farei

nada contigo. ─ Encosta na moto, cruzando os braços.

Essa realmente é uma visão digna dos filmes. Trajando um terno

impecável e cabelo devidamente alinhado, não consigo imaginar alguém

como ele pilotando uma moto, principalmente sendo alguém que usa um

carro blindado. Isso não é muito perigoso?

─ Qual o restaurante?

─ Não iremos a nenhum restaurante, vou cozinhar para você na

minha casa.

─ Por que tenho a sensação de que está me levando para o abate? ─

Olho para ele desconfiada, tudo isso me parece uma oportunidade perfeita

para me seduzir. ─ Por acaso está planejando me levar para a cama?

─ Isso não passou pela minha cabeça. ─ Respiro aliviada, Caleb pode

ser uma tentação. ─ Hoje... hoje não pensei em transar com você, só não

posso dizer o mesmo dos dias anteriores.

Sorri de orelha a orelha, como se não tivesse dito algo tão, não sei

qual a melhor palavra para usar nessa situação.


─ Se você tentar alguma coisa, chutarei suas bolas ─ falo apontando

um dedo rente ao seu rosto.

Acabei deixando meu carro no estacionamento e seguindo na sua


moto até a sua casa. O trajeto não foi muito distante, trinta minutos foram

suficientes para chegarmos. Assim como imaginei, Caleb mora em um

condomínio luxuoso, onde tem apenas um apartamento por andar. As

paredes de vidro na sala deixam o ambiente bem agradável, as cores escuras

não negam quem é o morador. Olho detalhadamente tudo em volta,

pensando em como ele pode morar em um lugar tão grande assim.

─ Quer beber alguma coisa? ─ pergunta tirando o terno e

desabotoando os primeiros botões da sua camisa. ─ Tenho vinho, cerveja e

caso prefira algo mais forte, Negroni.

─ Um vinho, por favor. ─ Ele some das minhas vistas, retornando

com uma garrafa e duas taças, me entregando uma. ─ Os vinhos desta

vinícola são os meus favoritos.

Levo a taça próximo ao nariz, sentindo o aroma delicioso, antes de

tomar um gole, saboreando essa preciosidade em minha boca, sentindo o

toque perfeito das uvas.

─ Eu também gosto, se quiser posso levá-la um dia na vinícola, a

família do meu amigo é dona do local.


─ Sério? Você não está apenas brincando comigo? ─ pergunto

animada e ele meneia a cabeça negando. ─ Por favor, não me enrole e

marque essa visita o mais depressa possível. Ah, e caso não seja um

problema, a Madison vai com a gente.

─ Vocês vivem grudadas, por que não estavam juntas?

─ Ela viajou com o pai, estou realmente me sentindo solitária sem a


minha amiga. Mas enfim, o que você vai cozinhar para comermos?

─ Risotto alla Milanese[8], você gosta?

─ Não só gosto, como é um dos meus pratos favoritos. Saiba que sou

uma pessoa bem crítica, espero que seus dotes culinários estejam a minha

altura.

─ O que eu ganharei em troca? ─ pergunta se aproximando.

Seus olhos... bem, eu realmente sinto como se fosse sua próxima

presa. Ele me encara como se me desejasse. Não é possível que eu esteja

vendo coisas, Caleb está realmente disposto a me seduzir? Mas por quê?
Caleb

A excitação ao vê-la envergonhada, me fez agir impulsivamente.

Quando dei por encerrado o meu dia de trabalho, pensei em como seria bom
encontrá-la. Quando a beijei e seu rosto ganhou um tom avermelhado,

percebi que não podia ir embora tão rapidamente. Essa menina tem um imã
que está me atraindo loucamente, eu posso tentar negar, mas não tenho

dúvidas de que o fato dela ser virgem me deixa louco.

Non ci posso credere[9]! Qual seria sua reação entre quatro paredes?

Seus gemidos seriam contidos ou do tipo escandalosos? Luz acesa ou


apagada? Como ela reagiria quando eu passasse a língua por todo o seu

clitóris, depois enfiasse dois dedos dentro de sua boceta nunca tocada
antes?

Enquanto preparo nosso jantar, meu cérebro só consegue pensar na

menina sentada na minha sala. Porra, por que caralhos estou agindo como

um adolescente na puberdade? Será que isso significa que não estou tendo

sexo o suficiente?

─ Oi, pai. ─ Volto a realidade quando escuto sua voz, ela está falando

ao telefone. ─ Sim, estou na casa do Caleb. Isso, nós vamos jantar juntos
essa noite.

Ainda me custa acreditar nas coincidências da vida, os nossos pais se

conhecerem foi como a cobertura que faltava no bolo para o contrato


funcionar. Olívia tem apenas vinte anos, uma menina com um mundo

inteiro para desvendar, agora que me recordo, ela foi bem inconsequente me

seguindo naquele dia. Se eu fosse um assediador? Ela e a amiga seriam

presas fáceis, apesar de que Madison parecia alerta o tempo inteiro.

─ Pode deixar, vou falar com ele, pai. Beijos, te amo! ─ Se aproxima,

sentando-se atrás da bancada. ─ No dia dez terá um evento na empresa do

meu pai, inauguração de alguma coisa que não prestei atenção. Mas, ele

gostaria que nós dois fôssemos. Consegue um tempo na sua agenda?

─ Me lembre na próxima semana, verei com a minha secretária.

Finalizo a preparação, modéstia à parte, sou um cozinheiro de mão

cheia. Assim que saí da casa do meu pai, precisei aprender a me virar

sozinho, não achei que contratar uma cozinheira para um jovem fosse algo

necessário.

─ Pode me ajudar com a louça, por favor?

─ Claro, onde fica?

─ No armário a minha direita, na parte superior.


Olívia faz o que peço, ficando na ponta dos pés para pegar os pratos

necessários para o nosso jantar. Ela arruma a mesa de maneira correta, me

surpreendo, pensei que ela fosse fútil ao ponto de não saber algo simples.

Vai e volta algumas vezes, até que me encara com um pedido de socorro, os

talheres estão na parte mais funda, fazendo com que não alcance.

─ Pare de ficar apenas me encarando e pegue, por favor.

Por trás, pego os talheres necessários. Aproveito nossa proximidade

para respirar bem perto do seu corpo, o suficiente para ver sua pele se

arrepiar. Ela vira-se, se chocando com o meu corpo, sem me encarar diz:

─ Pode tirar os braços, por favor? Preciso terminar de organizar a

mesa.

─ Não precisa ficar na defensiva, Olívia, eu já disse que não irei fazer

nada que não queira. Posso ter vários defeitos, mas assediador não é um

deles. ─ Pego uma mecha do seu cabelo, colocando atrás da orelha.

Olhando-a bem de perto, é impossível não reparar em sua beleza, seus

olhos azuis transmitem uma inocência que me encanta. Antes pensei que

fosse apenas coincidência, mas Olívia realmente parece uma menina,

mesmo que às vezes aja como uma mulher adulta e segura de si.

─ Você não vai conseguir o que está planejando ─ fala com a voz

baixa.
─ E o que estou planejando? Porque desde o começo, o único plano

era cozinhar para você.

─ Eu não vou para cama com você, Caleb! Mesmo que meu corpo

reaja a cada um dos seus estímulos, não serei mais uma em sua cama,

senhor Mancini.

Sorrio quando ela passa por baixo dos meus braços. Eu preciso

encontrar alguém para me aliviar, ou acabarei realmente a assustando e


colocando tudo a perder. Nós temos um contrato, isso é a única coisa que

importa.

─ Nós precisamos nos preparar para a negociação desse contrato, é de

conhecimento de todos que nossas concorrentes também tentarão, ainda não

temos nenhuma garantia.

Entendo o medo deles, mas não é como se estivéssemos há pouco

tempo no mercado. Nós supervisionamos e gerimos um conjunto de


empresas subsidiárias, entre elas algumas do setor bancário, vestuário,

tecnologia e infraestrutura.

─ Antônio, não se preocupe, eu tenho tudo sob controle. Nosso time

analisou todas as propostas, estamos convictos que somos a melhor opção

para eles.
─ Você precisa parar de contar vitória antes do tempo, Caleb ─ Elliot

fala, lendo os documentos entregues pela minha secretária. ─ Que garantia

nós temos, de que as outras empresas também não fizeram o mesmo?

─ Não me surpreenderia se as nossas concorrentes tivessem um plano

de ação semelhante, mas existe uma diferença enorme entre a Conway e

todas as outras. ─ Tamborilo com os dedos na mesa.

─ E qual seria? ─ pergunta com uma sobrancelha arqueada.

─ Nenhuma delas tem a mim como CEO. Não estou e nunca estive

para brincadeiras, levo meu trabalho a sério, essa não será a primeira, muito

menos a última empresa que nós disputaremos.

A empresa em questão é de energia, nós iremos adquirir cotas e nos

tornar sócios majoritários. Esse é um novo mercado que estamos nos

preparando para entrar, a concorrência nesse leilão será grande.

─ Essa sua prepotência ainda nos colocará em péssimos cenários.

Sorrio, encarando-o. Se entre nós dois existe uma pessoa prepotente,

esse posto não é meu.

─ Não deixe seu problema pessoal comigo afetar seu julgamento

profissional, como já te falei antes, não estou sentado nesta cadeira sem ter

merecimento. ─ Seus olhos me encaram com raiva, foda-se, ele continua


agindo como uma criança. ─ Além do Elliot, mais alguém me acha

incapaz?

─ Nós confiamos em você, Caleb.

─ Você contribui para que nós fiquemos mais ricos todos os anos,

como podemos te achar incapaz?

A reunião segue, apesar da tentativa fracassada do Elliot. Admiro

seus esforços, ele sempre parece bem empenhado em me ferrar. Para minha

satisfação, é idiota o suficiente para falhar em todas as vezes. Após

esclarecer todas as dúvidas, retornei para minha sala, vou terminar de ler

alguns e-mails e ir embora, combinei de encontrar um amigo no clube,

depois de ter provocado a Olívia ontem, preciso me livrar de todo esse tesão

acumulado.
Olívia

─ Amiga, me prometa que não vai ficar tanto tempo longe de mim. ─

Rodeio os braços em volta do seu pescoço. ─ Sabe como foi difícil ficar na
aula sem você?

─ Para de drama, Olívia, não é como se eu tivesse ficado um mês

longe, foram apenas alguns dias.

─ Não interessa, você é minha melhor amiga, é claro que sinto sua

falta sempre.

Ela retornou ontem e combinamos de sair para uma boate com alguns
amigos, faz tempo que não saio, para falar a verdade, desde que assinei o

contrato com o Caleb. Por falar no diabo, nunca precisei de tanto

autocontrole como o dia em que jantei na sua casa, suas intenções eram

bem claras e por pouco não cedi as suas investidas.

─ Como vai o seu relacionamento? Fiquei sabendo que ele foi buscá-

la, não pensei que já estavam nesse nível. ─ Bebe um pouco do seu drinque.

─ Dormiram juntos?

─ Não, claro que não.


─ Por que está falando como se fosse impossível? Por mais idiota que

tenha sido essa ideia de assinar o contrato, estamos falando de Caleb

Mancini, um homem que exala poder e sensualidade em um simples

caminhar. Se vocês dormirem juntos, não irei julgá-la.

Não pode ser, Madison sempre foi mais responsável do que eu. Pensei

que ela seria resistente, me faria enxergar que dormir com o Caleb seria

loucura, afinal de contas, ele não é o homem que eu amo, além do nosso

relacionamento ser apenas um contrato.

─ Por favor, me julgue, amiga. ─ Viro todo meu drinque de uma só

vez. ─ Você precisa colocar juízo na minha cabeça, já basta o meu corpo

reagindo toda vez que ele se aproxima.

─ Do que você tem tanto medo? ─ Sua voz sai um pouco mais alta,

por causa do som que aumentaram.

─ De ser traída pelas minhas emoções e me arrepender depois. Você

sabe o que penso sobre transar pela primeira vez, não precisa nem esperar

para depois do casamento, eu queria apenas que fosse com alguém que eu

tenho sentimentos, que não me descartaria depois logo pela manhã.

─ E Caleb é esse tipo de homem ─ fala pensativa. ─ Como você se

sente na presença dele?


─ Com borboletas no estômago, ele sempre me encara como se

estivesse prestes a me comer. Sabe, tipo aqueles leões famintos. Quando

jantei na casa dele, por pouco não cedi as suas investidas.

─ Se você acha que pode sucumbir ao desejo e se arrepender depois,

evite situações que te deixem desfavorável. Não fique a sós com ele, Caleb

é do tipo que sabe como seduzir uma mulher, até você, que pretende se

manter firme.

Isso é tudo culpa do meu pai, se ele não tivesse inventado de tirar

todo o meu dinheiro precioso, eu não teria que me sujeitar a essas coisas.

Agora corro sérios riscos de ter a minha virgindade perdida, tudo porque

não acho que conseguirei resistir ao Caleb por muito tempo. Dio Mio, me

ajuda!

─ Vamos dançar, não viemos aqui para conversar. ─ Uma amiga nos

puxa para a pista de dança.

Dançamos como se não houvesse amanhã, tocaram algumas músicas

eletrônicas e funk brasileiro, arrisquei um pouco na dança, coloquei em

prática um pouco do que aprendi naquele país maravilhoso. Suadas e

precisando de um descanso, arrasto Madison para o banheiro. Fazemos

nossas necessidades básicas, lavamos o rosto e retocamos a maquiagem.


─ Graças a Deus não temos aula amanhã, ou seria um verdadeiro

fardo. Faz tempo que não nos divertimos assim ─ comento, arrumando o

meu cabelo.

─ Claro, agora você tem um noivo e está prestes a se casar ─ fala e

caímos na gargalhada, é uma nova “realidade” que não pensei que

aconteceria tão cedo. ─ Entre nós duas, pensei que eu seria a primeira a me

casar.

─ E será, você sabe que meu relacionamento com o Caleb funciona

apenas no papel ─ sussurro, me certificando de que ninguém escutou. ─ Só

mais alguns meses e seremos nós duas solteiras de novo, eu vou poder

encontrar um amor, dessa vez de verdade.

─ Por que não tenta fazer o relacionamento de vocês dar certo?

─ Enlouqueceu? O que começou errado, não tem como ir para frente.


Além do mais, somos apenas duas pessoas que se uniram com propósitos

diferentes, mas com o mesmo objetivo. ─ A puxo para fora do banheiro.

─ Olívia? ─ Reconheço a voz, mas era melhor não ter escutado. ─

Que mundo pequeno, não pensei que fôssemos nos encontrar tão cedo.

Elliot me olha de cima a baixo, sem ao menos disfarçar. Babaca!

Tenho arrepios só de olhar para sua cara.


─ Pois é! Nós vamos indo, aproveite a noite. ─ Tento passar por ele,

sem sucesso. ─ Precisa de alguma coisa? Como pode ver, tenho que ir.

─ Podemos conversar? Prometo não tomar muito do seu tempo, serei


breve.

─ Não tenho nada para falar com você, Elliot.

─ É sobre o Caleb, você como noiva dele gostará de saber o que

tenho a dizer. ─ Pelo pouco que o conheço, deve tentar fazer alguma intriga,

mas acho melhor ouvi-lo.

─ Pode ir na frente, amiga, te encontro em cinco minutos.

─ Tem certeza? ─ Meneio a cabeça concordando.

Madison nos deixa a sós, o local não é tão bem iluminado, isso

facilita para as pessoas se pegarem nesse corredor. Acho melhor sairmos

daqui, não quero que tenham uma ideia errada.

─ Vamos conversar em outro lugar. ─ Caminho até o estacionamento,

está mais vazio, porém tem luzes o suficiente e menos barulho, se eu gritar

alguém escutará. ─ O que quer falar sobre o Caleb?

Ele fica em silêncio, apenas me encarando. Cruzo os braços,

esperando esse idiota começar a falar. Chutando por alto, acredito que Elliot

seja mais velho que Caleb, então por que fica agindo como um moleque?

─ Eu queria apenas um pretexto para ficar sozinho com você.


─ Como?

─ Por que não pode ser eu? ─ Rio, incrédula com essa pergunta

clichê. ─ Você é nova, bonita e inteligente, não entendo como pode ter

caído nas garras de um cafajeste como o Caleb. Se você quiser, posso...

─ Farei de conta que nunca tivemos essa conversa, não volte a dirigir

a palavra a mim, se nos encontrarmos, faça de conta que não me conhece.

Ao passar por ele, segura firme em meu braço, colando o corpo ao

meu. Sem que eu consiga reagir, o filho da puta me beija, com raiva, mordo

seu lábio inferior.

─ Seu idiota! ─ Ele sorri.

─ Olívia. ─ Olho para trás, encontrando um Caleb com uma

expressão nada amigável, agora faz sentido o porquê do sorriso.

─ Não é nada disso do que você está pensando, esse idiota me beijou

a força.

Ele não responde, passa por mim igual furacão, socando o rosto do

Elliot que cai no chão. O sorriso presunçoso que tinha até agora pouco

some.

─ Eu falei para você não se aproximar da minha noiva, por que

continua a cercando como um maldito animal no cio? ─ Se abaixa,

segurando em seu colarinho. ─ Da próxima vez que colocar suas mãos


imundas na Olívia, eu esqueço a porra da posição que você tem na minha

empresa, arrebento essa sua cara nojenta e tiro você da vice-presidência.

Elliot não diz nada, Caleb entrelaça os dedos nos meus, me arrastando

até seu carro. Fico confusa quando ele abre a porta de trás, praticamente me

jogando no banco do passageiro.

─ O que você vai fazer, Caleb? ─ pergunto em um misto de medo e

excitação, não sei por quê.

─ Fique calada, Olívia. ─ Entra fechando a porta.

Ele afrouxa a gravata e abre alguns botões da camisa, de surpresa me


puxa para o seu colo, colocando uma perna de cada lado. Felizmente o teto

do carro é alto, ou teria facilmente batido a cabeça.

Caleb começa a beijar e deixar leves chupões no meu pescoço, sei que
deveria reagir, mas algo me impede.

─ Se você não quiser, me diga para parar. Caso contrário...

─ Caso contrário o quê? ─ Tenho um pouco de dificuldade para falar,


porque estou sentindo sua ereção na minha bunda e isso me deixa

envergonhada.

─ Eu vou fazê-la minha essa noite, Olívia. ─ Sua voz rouca me atinge

em cheio, ao mesmo tempo que toma meus lábios, sugando a minha língua
com pressa. O beijo não é nada delicado, mas o suficiente para deixar todo
o meu corpo ainda mais sensível.

O poder de afastá-lo está em minhas mãos, então por que diabos

continuo querendo mais do seu toque?


Olívia

Com Caleb mordiscando o meu pescoço, ao mesmo tempo que coloca

uma mão por baixo da minha saia, tento colocar os meus pensamentos em
ordem, mas sinto que meu corpo não consegue me obedecer. A sensação de

ter sua mão passeando por minha pele, não se compara a nada que eu já
tenha sentido antes.

─ Não aqui ─ falo tomando coragem.

─ O quê? ─ pergunta confuso, me encarando com os olhos cheios de


desejo.

─ A minha primeira vez. Não quero que seja dentro de um carro no

estacionamento de uma balada. Me leve para outro lugar.

─ Você tem certeza disso, Olívia?

─ Sim, me leve daqui.

Surpreendendo-me, ele beija a minha testa e se afasta, passando para


o banco da frente. Perdida em pensamentos, pego meu celular e envio uma

mensagem para Madison, não gostaria que ela se preocupasse.

Estou indo contra tudo que vim acreditando ao longo de toda a minha

vida, no entanto, algo me faz querer ir adiante. Não estou apaixonada pelo
Caleb ou algo do tipo, é apenas o meu corpo que parece clamar por seu

toque. Seus beijos, os movimentos precisos enquanto me acariciava. Por

mais que meu lado racional diga que é loucura o que estou prestes a fazer,

minha razão diz que não deveria transformar nosso contrato em algo sexual.

Afinal de contas, o meu noivo é alguém que tem uma mulher diferente a
cada dia em sua cama.

─ Chegamos, Olívia. ─ Volto a realidade, reconhecendo o seu prédio

luxuoso.

─ Pensei que me levaria para um hotel, não é isso que você costuma

fazer? ─ pergunto saindo do carro.

─ Tem razão, mas pensei que você se sentiria melhor na minha casa.

Além do mais, não importam as circunstâncias, você é minha noiva ─ fala

apoiando a mão em minha cintura, enquanto caminhamos até o elevador.

A tensão nesse ambiente minúsculo é perceptível a qualquer um, sinto

um formigamento na parte baixa da minha barriga. Estou nervosa com o

que irá acontecer, não sei muito bem o que fazer, acho que em um momento

como esses, minha mente ficará em branco e esquecerei qualquer teoria que

aprendi.

Entramos no apartamento e seguimos direto para o quarto, antes de

conseguir raciocinar, meu corpo é prensado na porta. Como se fosse um


vampiro sedento por sangue, Caleb mordisca e chupa o meu pescoço,

segurando uma das minhas pernas, roçando sua ereção na minha

intimidade. Respirando com muita dificuldade, seguro seu rosto com as

duas mãos, beijando-o. O contato de sua barba na minha pele me excita de

alguma forma. Nossas línguas travam uma batalha, quanto mais nos

beijamos, mais quero desfrutar de seus lábios.

Caleb me pega no colo e enrolo as pernas em volta da sua cintura,

com cuidado sou colocada sobre a cama. Ele retira a minha sandália, minha

saia e top, me deixando apenas de lingerie. Lentamente, do tornozelo a

parte interna da minha coxa, passa a língua, intercalando leves mordidas.

Com cuidado ele retira minha calcinha, levo a mão ao rosto,

envergonhada por estar tão exposta na sua frente.

─ Não se esconda, quero ver suas expressões. Não tem motivo para se

envergonhar, sexo é um presente de Deus, não é isso que dizem? ─ Abre

meu sutiã, jogando-o longe. ─ Você tem seios tão lindos, Olívia. Só consigo

pensar em chupá-los.

Leva um deles a boca, sugando, enquanto brinca com o outro. Não

pensei que pudesse sentir tantas coisas apenas com os meus seios, a

sensação é mais prazerosa do que pensei. Trilhando um caminho por toda


minha barriga, ele chega em minha intimidade, fazendo movimentos
circulares em meu clitóris. Todo o meu corpo se retrai, são tantas

terminações nervosas neste pequeno local.

─ Vou colocar um dedo, me avise se for desconfortável. ─ Meneio a

cabeça, concordando. ─ Oh, assim como imaginei, você está encharcada,

Olívia. Mal posso esperar para sentir o seu gosto — fala olhando fixamente

em meus olhos, quero desviar de seu intenso olhar, mas não acho que seja

possível.

Sinto um certo incomodo lá embaixo, acredito que seja normal. Caleb

abandona os meus seios, e vai para o meio da cama, coloca uma das minhas

pernas no ombro, ficando de cara com a minha intimidade.

─ O que você está pensando em fazer, Caleb? ─ pergunto com

dificuldade.

─ Não estou pensando, eu irei te dar o melhor orgasmo oral de toda a


sua vida. ─ O contato de sua língua úmida faz meu corpo estremecer. ─

Chuparei sua boceta, até que você fique com as pernas bambas.

Depois de assoprar levemente, passa a língua novamente em meu

clitóris. Ao mesmo tempo que enfia mais um dedo dentro de mim, não sei

explicar o que estou sentindo, é realmente estranho, porém é bom de

alguma forma. Com movimentos precisos, ele segue com o propósito de me


dar um belo orgasmo, como se eu realmente tivesse alguma outra

experiência para comparar.

─ Hum... ─ Um som estranho sai da minha boca.

─ Não se contenha, Olívia. Essa noite quero tudo de vocês, suas

expressões envergonhada, seus gemidos de prazer... não se prive, só

aproveite.

Pensamentos conflitantes, coração acelerado e respiração lenta, essas

são as sensações em meu corpo, antes de ser atingida por uma onda de

prazer até então desconhecida. Minhas pernas tremem, se eu não estivesse

deitada, certamente cairia. Sinto algo melado entre minhas coxas, seria
resultado do orgasmo que acabei de ter?

─ Assim como imaginei, é così sexy [10]escutar seus gemidos, Olívia.

Seu gosto é delicioso ─ fala limpando os resquícios do meu gozo no canto

da boca.

Caleb se afasta, ficando de pé. Lentamente, como se me presenteasse

com um strip-tease, vai tirando peça por peça, deixando à mostra seu corpo

definido. Os gominhos em sua barriga criam um contraste incrível com o

caminho em V. Sem que eu tenha me recuperado, sua calça e cueca também

são jogados longe, seu membro é maior do que eu me lembrava naqueles

flashes.
Sem desviar os olhos dos meus, ele pega uma camisinha, coloca em

seu membro e se aproxima. Com a mão em minha cintura, me beija. Sinto

um gosto levemente salgado em seus lábios, não é ruim, só diferente.

─ Vai doer um pouquinho, mas tentarei me controlar o máximo

possível por ser a sua primeira vez.

─ Você não precisa...

─ Acredite em mim, não seria prazeroso para você, preciso ser gentil,

pois imagino que seja doloroso. Mas, se tivermos uma outra oportunidade,

te mostrarei o meu verdadeiro lado. ─ Se alinha entre minhas pernas. ─ Vou

enfiar, respire fundo.

Lentamente ele entra, sinto como se estivesse sendo rasgada. Arde e

queima, não sei explicar. Por mais que eu tente controlar, uma lágrima
desce pelo canto do meu olho. Me surpreendendo ele limpa, deixando um

beijo na minha bochecha. Esperando que eu me acostume, Caleb fica

parado. Como eu poderia me acostumar com algo assim? Ele precisava ser

tão grande?

─ Posso me mover?

─ S-iimm ─ falo baixinho.

Devagar, começa a mover-se, conectando nossos corpos. Seus

movimentos vão aumentando gradativamente, o desconforto ainda está


presente, mas estou me sentindo bem.

─ Porra, menina! Você é tão sexy e gostosa, essa sua inocência me


deixará louco. Dentro de você é tão gostoso e apertado. ─ Segura firme em

minha cintura, certeza de que amanhã ficarei marcada.

Troca nossas posições, me colocando de quatro apoiada no

travesseiro. Ele enrola meus cabelos em sua mão, essa sensação é tão boa,

como se Caleb estivesse me dominando completamente. Sinto seus lábios


em meu pescoço, quando suas estocadas ficam cada vez mais rápidas. A

forma como nossos corpos se encaixam, seus beijos e como está sendo
gentil. Nunca pensei que fosse me sentir tão bem dessa forma.

Na minha vida não tem espaço para arrependimentos, não sei como
será daqui para frente, mas não voltaria atrás, não me arrependo de ter

entregado minha virgindade a esse homem.


Caleb

Esse rosto inocente seria capaz de levar qualquer homem a perdição.

Olívia é o tipo de mulher perigo, se não abrirmos os olhos, elas podem nos
destruir. A noite passada foi melhor do que imaginei, a forma como seu

corpo reagia ao meu toque foi sexy para caralho. Queria ter ido mais fundo,
saciado todo o meu desejo por aquela menina, mas eu sabia que era sua

primeira vez, não tinha como ser um filho da puta.

Deixei-a dormindo serena e vim para cozinha preparar nosso café da


manhã, não costumo ser assim, mas se eu a colocasse para fora assim que

acordasse, de alguma forma nossa convivência e contrato ficariam ruins,


não é isso que eu quero, pelo contrário, preciso que cada vez mais as

pessoas se convençam de que nosso relacionamento é real.

Falando em relacionamento, lembro o motivo que me fez “atacá-la”

ontem, aquele filho da puta ousou tocar no que é meu. Nossos olhares se
encontraram assim que cheguei ao estacionamento, de imediato ele se

aproximou e a beijou. Suas intenções eram óbvias para mim, tentei me

controlar na frente da Olívia, mas se Elliot pensa que ficará por isso mesmo,
não me conhece. Farei com que se arrependa de ter cruzado o meu caminho,

eu já o tinha avisado antes.

Fui bem rápido até a padaria, comprei alguns pães doces e salgados,
além de croissant de chocolate. Preparei a mesa, colocando café, suco,

água, chá e alguns frios. Não tinha certeza do que ela gostava, então decidi

colocar um pouco de cada coisa.

─ Tem um cheiro bom, o que é? ─ Viro-me, encontrando Olívia com

uma camisa minha, deixando suas pernas bem à mostra. ─ Desculpa ter

pegado sua camisa, não jantei ontem e estou morrendo de fome, por isso

peguei a primeira roupa que apareceu.

Faz uma cara de desconforto ao sentar-se ao meu lado, será que está

machucada em algum lugar?

─ Não tem problemas, sinta-se à vontade. ─ Sirvo-me com um pouco

de café. ─ Não sabia do que você gostava, então tem um pouco de cada

coisa.

─ Oh, não sou fresca com comida, então como de tudo. ─ Sorri,

levando um pedaço de pão a boca.

─ Você está bem?

─ Por que não estaria? ─ Arqueia levemente a cabeça, me encarando.

─ Ah, você está falando sobre ontem à noite? ─ Meneio a cabeça


concordando. ─ Estou bem, ao menos eu acho. Sinto um leve desconforto lá

embaixo, mas já era de se imaginar. Segunda irei até a minha ginecologista.

─ Por quê? ─ Não consigo esconder minha preocupação.

─ Não é nada demais, é que eu sempre soube que deveria passar pela

minha médica depois da minha primeira vez. Exames de rotina, sabe?

─ Entendo. ─ Tomo um gole generoso de café.

Seu rosto sem maquiagem, cabelos presos e usando uma camisa que é

o dobro do seu tamanho. Eu sei que ela tem apenas vinte anos, mas

observando-a comer tão delicadamente, tenho a impressão de que é ainda


mais nova. Por que precisei arrastar uma menina para a minha confusão?

Onde estava com a cabeça quando a interceptei no clube?

Ao término do contrato, preciso tomar todos os cuidados e precauções

necessárias para que ela não saia machucada dessa situação. Sei que Olívia
teve os seus motivos para embarcar neste noivado de mentira, mas me sinto

responsável por tê-la arrastado. O que eu farei caso essa menina se apaixone

por mim?

─ Por que está me encarando tanto? ─ pergunta com os cotovelos

apoiados na mesa, com os olhos fixos nos meus.

─ Nada demais, só pensei que você fica linda com o rosto limpo.

─ Rosto limpo? ─ questiona com uma expressão confusa.


─ Sim, sem nenhuma maquiagem.

─ Aah, na verdade não sou muito fã, uso apenas em algumas

ocasiões. Para falar a verdade, tenho uma enorme preguiça de passar todas

aquelas coisas no meu rosto, tirar me deixa ainda mais entediada. ─ Sorrio,

não me surpreendo, ela parece diferente das meninas da sua idade. ─

Deveria fazer isso mais vezes.

─ O quê?

─ Sorrir! Você fica lindo, já que sempre está com uma expressão

séria, causando medo nas pessoas ao seu redor.

─ Você tem medo de mim? ─ Os cantos da sua boca curvaram-se.

─ Eu nunca teria assinado um contrato caso tivesse medo. Além do

mais, não acho você tão assustador como falam, é apenas frio em alguns

momentos, audacioso também.

─ Não tenho certeza se foi uma crítica ou elogio.

Ela dá de ombros, voltando a comer. Olívia me surpreende todas as

vezes que nos encontramos, pensei que era apenas uma garota fútil, mas

não é tão ruim, diria que é apenas uma patricinha que não teve limites. Não

posso julgar, em seu lugar, também teria as mesmas atitudes.

─ Você costuma preparar café da manhã para todos os seus casos de

uma noite?
─ Estou te passando uma imagem errada? Acha mesmo que perderia

meu tempo com essas baboseiras?

─ Então...

─ Então por que preparei para você? ─ Ela meneia a cabeça,

concordando. ─ Já disse, por mais que nosso relacionamento seja um

contrato de negócios, você é minha noiva. Além do mais, como se sentiria

se eu tivesse te colocado para fora assim que acordou?

─ Chutaria suas bolas ─ responde sem pestanejar, me olhando feio.

─ Por isso mesmo não fiz, acho que ao longo desses dois meses, já te

conheço um pouquinho.

─ É, você tem razão. ─ Leva mais um pouco de comida a boca. ─

Vou tomar banho. Pode me levar para casa depois?

Concordo e ela se retira. Senhorita Grecco, por que você me parece

tão intrigante?

Cheguei à empresa e fui direto para a sala do Elliot, esse idiota ainda

não chegou. Entrei para esperá-lo, ordenei que sua secretária não

informasse sobre a minha presença, quero surpreendê-lo, mas não de uma


maneira positiva. Escuto passos se aproximando, me coloco ao lado da

porta, encostado na parede com os braços cruzados.

─ Sim, eu vou fazer aq... ─ Assim que ele entra, arranco o celular de

suas mãos, o arremessando na parede. ─ Mas que porra, Caleb! Ficou

maluco, filho da puta?

Seu rosto ferve de raiva, isso não é nada comparado ao que senti
quando suas mãos imundas estavam sobre a Olívia, não posso esquecer do

quanto ela parecia desconfortável naquela conversa.

─ Se alguém entre nós ficou louco, foi você. Que porra tinha na

cabeça para beijar a minha noiva? ─ Seguro em seu colarinho, deixando o

rosto rente ao seu. ─ Eu te falei para ficar longe da Olívia, por que diabos

não me escutou?

─ Você está falando como se eu tivesse ido atrás da sua noivinha, mas

não foi isso que aconteceu. Ela deu em cima de mim, o que não é nenhuma

novidade, já que sou mais bonito e maduro.

─ Maduro? Indo atrás de todas as minhas fodas? Espalhando boatos e

colocando os acionistas contra mim? Esse é o seu significado de ser

maduro? ─ Se debate, tentando sair do meu aperto. ─ Esse será apenas um

aviso, afinal de contas, de alguma forma você me ajudou ontem à noite.

─ Eu te ajudei? ─ pergunta com o cenho franzido.


─ Sim. ─ Solto-o, limpando minhas mãos. ─ Enquanto você deve ter

ficado comemorando, achando que causou uma grande intriga entre a gente,

eu a tinha em meus braços, se contorcendo de prazer por causa dos meus

toques.

─ Você...

─ Não levante o tom de voz, o único errado sempre foi você, Elliot.

Como eu tinha dito, esse é o último aviso que estou dando, da próxima vez
que ficar no meu caminho quebrarei suas pernas.

Saio de sua sala, batendo a porta e seguindo para a minha. Sei que ele
irá aprontar novamente, preciso estar preparado. Nesta batalha criada por

ele, eu serei o único vencedor.


Olívia

Um mês se passou e não consigo esquecer da noite que passei nos

braços do Caleb. Sei que de alguma forma deveria ter sentido


arrependimento, mas só consegui pensar em como seria bom viver aquilo

novamente. Suas mãos, seus beijos, a forma como nossos corpos se


encaixaram. Aquele homem me venerou, esqueci todos os meus medos e

receios e só foquei nele.

Lembro de como Madison reagiu quando contei.

─ VOCÊ O QUÊ? ─ grita, felizmente estamos em casa.

─ Transei com o Caleb. ─ Sento-me no sofá, escondendo o rosto com

um almofada. ─ Foi tão bom, nunca pensei que meu corpo pudesse me

proporcionar tanto prazer.

─ Foi por isso que mandou aquela mensagem ontem? A emergência

era sentar-se no pau dele? ─ Não consigo controlar a risada. ─ Não ria,

estou falando sério.

─ Desculpe, amiga, mas você reagiu como se fosse a minha mãe. Não

precisa me dar sermão, não tem como voltar atrás e não estou arrependida.

─ E a sua promessa?
─ Acho que foi feita para ser quebrada.

Naquele dia pensei que Madison fosse surtar, entendo sua

preocupação, mas acho que está tudo bem.

─ Olívia, só assim para nos encontrarmos. ─ Me assusto com a

chegada de Carlo. ─ Você mudou.

─ Em que sentido?

─ Não responde mais as minhas mensagens, não vai mais a boate com

tanta frequência.

Nós fazemos parte do mesmo grupinho, o mesmo que o meu pai

odiava que eu andasse. Toda semana estávamos na boate de um amigo,

bebíamos tanto que só saíamos quando o sol estava nascendo.

─ Muitas coisas aconteceram, meu pai tirou quase todo o meu

dinheiro para evitar que eu saísse o tempo todo, segundo ele eu deveria

focar mais nos meus estudos.

─ E por que não respondeu nenhuma das minhas mensagens? Até te

mandei uma DM no instagram, nem visualizou. ─ Senta-se ao meu lado.

Vim até a cafeteria aproveitar o intervalo da aula, Madison não quis me

acompanhar.

─ Você não acompanha as notícias?


Carlo é um homem bonito, dois anos mais velho que eu,

costumávamos ficar algumas vezes. Mas, é estranho como ele me parece

infantil agora. Onde estava com a cabeça para me relacionar com alguém

desse tipo?

─ Está falando do seu noivo? ─ Balanço a cabeça confirmando. ─

Não me importo em dividi-la com ele. Esse é o motivo de não ir mais a

boates? Aquele velho te proíbe?

Reviro os olhos, sem acreditar em suas palavras.

─ Como você vai dividir algo que nunca foi seu? Nós apenas ficamos,

não é como se tivéssemos um relacionamento. E Caleb não me proíbe de

nada, eu apenas não gosto mais da vida que levava antes. Por último, e não

menos importante, não o chame de velho.

─ Pensei que você estivesse o usando apenas para passar o tempo, por

que parece tão real?

─ Como assim passar o tempo? ─ pergunto irritada, nunca fui assim.

─ Meu noivado é algo sério.

─ Até sair na imprensa, eu nunca tinha te visto com aquele homem,

Olívia. Nós estávamos juntos todos os fins de semana. Como quer que eu

acredite nisso?
─ Não preciso que você acredite, porque nada disso é da sua conta.

Caso você não saiba, não é preciso de muito para se apaixonar por um

homem como Caleb Mancini. Lindo, gostoso, rico e dono de um sorriso


encantador. Quando nos encontramos no clube, não tive dúvidas de que ele

mudaria minha vida. ─ Levanto-me furiosa. ─ Não volte a me mandar

mensagem, eu sou comprometida você acredite ou não.

Saio pisando duro, retornando para minha sala. Me aproximo de

Madison, sentando-se ao seu lado e colocando a cabeça em suas pernas.

─ O que aconteceu? ─ pergunta fazendo carinho nos meus cabelos.

─ Você me acha burra, amiga?

─ Às vezes, por quê?

─ Porque eu acho que estou cometendo a maior burrice de toda a

minha vida. ─ Lamento, me sentindo péssima.

Enquanto eu falava sobre o Caleb, meu coração batia de forma

diferente. Não gostei da forma que Carlo se referiu a ele. Há um tempo eu

já vinha me sentindo estranha, como se borboletas fizessem a festa em

minha barriga todas as vezes que estava em sua presença.

─ O que foi dessa vez?

─ Você acha que é possível se apaixonar em tão pouco tempo?


─ Sim, por quê? ─ pergunta desconfiada, ela não é burra, logo vai

sacar. ─ Espera, você se apaixonou só por que transaram?

Levanto-me, pegando sua mão entre as minhas. Se fosse possível


morrer com um olhar, eu estaria morta. Não estou apaixonada ainda, no

entanto, algo está diferente.

─ Não, eu já vinha me sentindo estranha bem antes.

Minha amiga se levanta, pega suas coisas e me puxa para fora da sala.

Caminhamos por alguns minutos, até chegar ao jardim, que felizmente está

vazio a esse horário.

─ Conta tudo, não omita nenhum detalhe.

─ Antes mesmo de transarmos eu já me sentia estranha, pensei que

fosse a convivência, mas acho que tem alguma coisa errada.

─ Acha? Desde o começo tudo está errado, começando por você ter

topado essa loucura. Relacionamento de mentira? ─ fala baixinho apenas

para que eu escute. ─ Qual a probabilidade de você não sair ferida nessa

história? Desde o começo isso era bem óbvio, Olívia.

─ Por que eu sairei machucada? Não é como se tivesse intenção de

contar isso ao Caleb. Essa não será a primeira, nem a última vez que me

apaixono por alguém que não deveria.


─ Mesmo que não conte, não te machucará vê-lo com outras

mulheres?

─ Não. ─ Me deito na grama, encarando o céu nublado. ─ Quatro

meses, eu só preciso aguentar por mais quatro meses. Quando o contrato

terminar, cada um seguirá o seu caminho e voltarei para a minha vida. Você

me conhece, sabe que logo o esquecerei.

─ Tem certeza de que conseguirá esquecê-lo tão facilmente? ─ Se

deita ao meu lado. ─ Caleb é o tipo de homem que não consegue passar por

nossas vidas sem deixar uma marca, seja boa ou ruim. Como você pode

garantir que esquecerá o homem que lhe fez quebrar uma promessa?

Sempre fui muito bem resolvida quando o assunto era sexo, por mais

que meus ficantes me pressionassem para ir para a cama com eles, nunca

senti vontade. Eu gostava deles, mas não ao ponto de dar um passo tão

importante.

Então, por que fui tão “fácil” com o meu noivo?

─ Eu não sei responder.

─ Pois deveria, pense em tudo que aconteceu na sua vida desde que

se conheceram. Eu sei a resposta, mas você precisa descobrir por conta


própria. ─ Vira-se, me encarando. ─ Você quer ficar ao lado dele? Sente

saudades? Pensa nele o tempo todo?


Esse sentimento desconhecido, foi por isso que me entreguei a ele? O

que difere o Caleb de todos os outros que tentaram me levar para a cama?

Onde irei encontrar as respostas que tanto preciso?


Caleb

O cheiro daquela menina parece ter se impregnado em mim, não

consigo me concentrar em nada, porque a porra do meu cérebro me faz


pensar nela o tempo todo, me deixando duro só de imaginar como seria tê-

la em meus braços novamente. Faz dias que não nos vemos, hoje iremos em
um jantar, precisarei de todo autocontrole. Nunca fui assim, mas Olívia faz

com que eu aja de maneira estranha.

Ela esqueceu sua calcinha na minha casa, pensar que naquele dia ela
foi embora sem nada por baixo me deixa puto, não sei por quê.

─ Que porra você tem na cabeça, Caleb? ─ Meu pai entra

abruptamente na minha sala.

─ Não sei do que está falando. O que eu fiz dessa vez?

─ Por que agrediu o Elliot?

─ Como sabe disso?

─ Precisei interferir, pois os nossos advogados entraram em contato

dizendo que ele iria registrar um boletim de ocorrência, mas em

consideração a mim, mudou de ideia.


─ Pai, isso aconteceu há um mês, poupe os sermões desnecessários.

Além do mais, sou um homem adulto, sei muito bem como resolver os

meus problemas.

Meu pai me trata como uma maldita criança, ele não entende que não

pode mandar na minha vida. Não deveria ter ficado satisfeito por eu ter

encontrado uma noiva?

─ Por que o agrediu? ─ Ele lança-me um olhar furioso.

─ Ele vinha assediando a minha noiva, não contente a beijou. ─ Sinto

ódio só de lembrar que esse filho da puta colocou as mãos nela.

─ Você agrediu a Olívia também?

─ Ficou louco, pai? É claro que eu nunca faria isso.

Como eu faria isso quando sou louco por mulheres? Sejam loiras,

morenas, ruivas, brancas, negras, amarelas. Para mim só o fato de ser

mulher já me conquista, nunca as machucaria, ao menos não

intencionalmente.

─ Não tem como uma pessoa beijar sozinha, Caleb. Sua noiva deve

ter dado abertura para o Elliot, sempre suspeitei que ela estava com você

apenas por interesse e...

Mas que porra, não consigo acreditar no que estou ouvindo, às vezes

me pergunto como a minha mãe conseguiu ficar casada com um homem


desse por tanto tempo.

─ Se o senhor falar mais alguma besteira sobre a Olívia, esquecerei

que é meu pai.

─ Não me julgue, tudo nesse relacionamento foi repentino, como

você quer que eu acredite?

─ Pouco me importa se acredita ou não, pai. O senhor sabe que odeio


usar violência física, então se eu bati naquele filho da puta, pode ter certeza

de que motivos eu tive ─ respondo possesso de raiva. ─ Ele beijou Olívia a

força, assim como todas as outras mulheres que já passaram pela minha

cama. Se ele quiser me denunciar, fique à vontade.

─ Vocês não podem viver em harmonia?

─ Como posso viver em harmonia com alguém que quer ser eu, pai?

Quando digo isso não estou aumentando, todo mundo sabe eu Elliot até
hoje não aceitou o fato de não ter sido escolhido como presidente. Ao longo

desses anos ele seguiu nutrindo um sentimento de ódio por mim, não tem

como nos darmos bem.

Tenho todos os defeitos do mundo, mas não é como se eu fosse uma

pessoa difícil de conviver. Se Elliot não tentasse me foder sempre que tem

chance, nós poderíamos ser grandes amigos, até porque não temos uma

diferença de idade muito grande.


─ Você está linda hoje, Olívia ─ falo sussurrando em seu ouvido.

─ Apenas hoje? Os outros dias sou feia, Caleb? ─ Sorri, segurando

em meus braços enquanto entramos no restaurante.

─ Você sabe que sempre foi linda, não seja modesta.

Somos encaminhados para nossa mesa, onde alguns conhecidos estão

a nossa espera. Cumprimentamos a todos, nos acomodando. Pedi um

Negroni e Olívia uma taça de vinho. Assim como o esperado, ela

rapidamente se familiarizou com algumas mulheres, conversando sobre

roupas e bolsas, futilidades que Olívia ama.

─ Onde você encontrou uma menina tão nova, Caleb? ─ Francisco

pergunta, olhando para minha noiva.

─ Desse jeito você faz parecer que sou um homem velho, Francisco,

nós temos apenas dez anos de diferença.

─ Ainda assim é muita coisa, ela parece ser ainda mais nova.

─ Tenho certeza de que ele a está ameaçando. ─ Giulia, filha de

Francisco comenta, me encarando por cima de sua taça. ─ Brincadeira, é

que eu até me surpreendi quando fiquei sabendo que estava noivo, nunca

pensei que o maior cafajeste da cidade iria se amarrar.


Olívia me olha de canto de olho. Giulia foi uma das mulheres que

passaram pelas minhas mãos, dormimos juntos umas três, quatro vezes. O

sexo era bom, mas ela era grudenta demais, suas cobranças não condiziam

com o nosso relacionamento casual.

─ Eu só não tinha encontrado a pessoa certa ainda ─ respondo, a

alfinetando.

O assunto é encerrado, mas nossos olhares se encontraram várias

vezes durante a noite, era como se Giulia estivesse com ciúmes de algo que

nunca foi seu. Peço licença para ir até o banheiro, preciso me aliviar. Por

agora não irei mais beber, preciso levar Olívia para casa em segurança.

─ Você não consegue se manter longe, não é mesmo? ─ Encontro-a

me esperando na saída do banheiro.

─ Do que você está falando, Giulia?

─ Me admira sua noiva não ter percebido os seus olhares. O que foi?

Sente saudades das nossas noites quentes de sexo? ─ Toca em meu braço,

me encarando. ─ O que acha de deixá-la em casa e ir me encontrar no hotel


de sempre?

Tenta me beijar e me afasto.

─ Não sei o que você pensa, mas não pretendo dormir com você ou

qualquer outra mulher. ─ Minto, afinal de contas, preciso manter minha


moral. ─ Ponha-se no seu lugar.

─ Ei, espera. ─ Puxa-me pela gravata, aproximando o rosto do meu.

─ Caso mude de ideia, me liga, mudei de número.

Coloca um cartão no meu bolso, apenas dou as costas, retornando

para o salão, mas não encontro a Olívia. Pergunto sobre ela e disseram que

foi ao banheiro e, quando retornou, pegou a bolsa e foi embora, dizendo que
uma emergência havia surgido.

Porra, ela nos viu!

Corro para a saída, ela não veio de carro, então deve estar esperando

um táxi. De imediato a avisto prestes a entrar em um carro, seguro em seu

pulso, impedindo.

─ Olívia, espera. Para onde você está indo?

─ Para casa.

─ Por quê?

─ Porque você não me respeitou como sua noiva, Caleb. Mesmo o

nosso relacionamento sendo falso, você me deve respeito ─ fala com uma

expressão séria.

─ Como assim não a respeitei? ─ pergunto confuso.


─ Não se faça de idiota, eu estava ao seu lado e ainda assim passou

toda a noite trocando olhares com aquela mulher. Ela já esteve em sua

cama, estou certa?

─ Sim, mas...

─ Não tem “mas”, eu me senti péssima presenciando aquela cena.

Além do mais, vocês pareciam bem íntimos na porta do banheiro. Sei que

não tenho direito de cobrar nada, apenas não gostei da cena.

─ Não nego que tenhamos dormido juntos antes, mas não estava

flertando com ela. Porra, não sou tão filho da puta assim, Olívia.

─ Vou embora, não precisa me levar. ─ Outro táxi para em sua frente.

─ Não ouse me impedir, Caleb.

Entra no carro, me deixando sem reação. Mas que porra, o que acabou
de acontecer aqui? Por que estou sendo acusado do que não fiz, sem

oportunidade de defesa?
Olívia

Não queria confessar que estava sentindo ciúmes, por isso fui embora

o mais depressa possível na noite passada. Era óbvio que aquela mulher já
tinha passado por sua cama, minha raiva vem do fato dela não ter feito

questão de esconder o quanto estava se jogando para cima de um homem


comprometido com a noiva estando ao lado.

Quando decidi ir ao banheiro, não pensei que fosse realmente

encontrá-los juntos, eles pareciam tão à vontade um com o outro.

─ Você já tem uma resposta, certo? ─ Madison pergunta.

─ Para quê?

─ Sobre você estar apaixonada pelo Caleb, essa é a única explicação

para estar com essa cara feia, está morrendo de ciúmes. ─ Odeio o fato dela
me conhecer tanto. ─ Por que foi embora, deixando-o fácil para ela?

─ Eu não estava suportando olhar para cara dela, além do mais, que
direito eu tenho de criar uma confusão por causa de ciúmes? Você sabe

como funciona a minha relação com o Caleb.

─ Mesmo o relacionamento sendo de mentira, você tinha total direito


de reclamar. Se me lembro bem, o contrato dizia que se fossem encontrar
com outras pessoas, deveriam tomar cuidado.

─ Não quero que ele suspeite dos meus sentimentos, não quando nem

eu ainda tenho certeza de como me sinto em relação ao Caleb. Talvez esteja


apenas confundindo as coisas porque dormimos juntos.

─ Você sempre foi desapegada com essas coisas do coração, amiga.

Então não, não acredito que esteja confundindo por causa disso.

Ontem foi a primeira vez que senti raiva pelo Caleb dormir com

tantas mulheres, elas sempre são lindíssimas, maduras e donas de corpos

belíssimos. Mas, além do nosso relacionamento ser uma grande mentira, eu


sou imatura às vezes e nova para alguém como ele. Preciso proteger o meu

coração, falta pouco para o nosso contrato terminar e não quero sair

machucada.

─ Não consigo assistir mais aula, vamos para a cafeteria? Preciso de

algo gostoso. ─ Meneia a cabeça, concordando.

Pegamos nossas coisas e saímos da sala, a caminho da área de

alimentação. Cumprimento algumas pessoas pelos corredores, acho que

estou precisando sair, certeza de que a falta de álcool está me deixando

doida.

─ Para onde estão indo? ─ Carlo aparece, colocando os braços em

volta do meu ombro.


─ Para a cafeteria.

─ Posso ir também?

─ Claro, por que não?

Chegamos, pegamos uma mesa discreta, pedi um macchiato e fatia de

torta de chocolate, Madison me acompanhou e Carlo ficou só no americano.

Conversamos sobre o curso, falando como a semana difícil sugou a nossa


energia. Carlo é uma pessoa boa, ao menos quando não abre a boca para

falar bobagens.

─ Tem uma festa nesse fim de semana, querem ir? Posso colocar o
nome de vocês na lista.

─ Onde?

─ Na boate de um amigo, será a inauguração e teremos open bar a

noite inteira. E aí, topam?

─ Não estou no clima para festas, prefiro ficar em casa ─ Madison

responde, bebendo um pouco da sua bebida.

─ Amiga, vamos? ─ Olho para ela suplicando. ─ Estou precisando

sair, você sabe que não irei se você não for. Vamos, por favor!

─ Olívia... ─ Faço cara de cão que acabou de cair da mudança, isso

sempre funciona com ela. ─ Tudo bem, mas não deixarei que beba demais.
Conversamos mais um pouco com o Carlo, acertamos os detalhes e

ele nos envia o endereço por mensagem. Há dois dias recebi a quantia

estabelecida no contrato, acho que passarei no shopping para comprar


algumas bolsas, não tem terapia melhor do que gastar dinheiro. Saímos da

cafeteria e pego uma carona com a Madison, meu carro está na oficina

fazendo alguns reparos.

─ Vamos as compras, amiga. Temos cem mil para gastar, o que acha

de comprarmos algumas roupas novas? ─ pergunto animada, segurando em

seu braço. ─ Acho que tem coleção nova da Celine.

─ Acho que deixaremos isso para outro dia.

─ Por quê? Você não tem nada para fazer. ─ Olha para frente e a

acompanhando, vendo o Caleb encostado no carro. ─ Por que ele está aqui?

─ Ela dá de ombros. ─ Vamos embora. Onde está o seu carro?

─ Não vai falar com ele?

─ Não ─ falo a arrastando.

─ Por quê? Não pode deixá-lo plantado, é óbvio que o Caleb veio te

procurar.

─ Não quero falar com ele, não agora.

─ Espera. ─ Segura meus dois braços, me firmando no lugar. ─ Pare

de loucura, você vai resolver o que quer que esteja te chateando. Se desde o
começo tivesse me escutado, não estaríamos passando por isso agora.

─ Mas...

─ Você é sempre tão segura de si, por que parece tão receosa? ─ Ela

pressionou as mãos nas minhas bochechas. ─ Tem algo que não me disse?

─ A mulher de ontem, ela era tão linda e...

─ Nem continue, você é maravilhosa, Olívia. Converse com o Caleb,

estarei no carro esperando, caso ainda queira ir embora comigo. ─ Vejo

quando ela sinaliza para o Caleb, que caminha em nossa direção.

─ Olívia, vim buscá-la ─ fala com a voz rouca, me encarando como

se pudesse ver minha alma.

─ Não combinamos nada para hoje ─ respondo desviando o olhar.

─ Você foi embora sem nem ter me escutado, nós temos um contrato,

não quero que exista mal-entendidos entre a gente. Podemos conversar, por

favor? ─ Segura em meu queixo, forçando um contato visual. ─ Eu não

dormi com ela ontem.

─ Não te perguntei. ─ Pego meu celular e mando uma mensagem


para Madison. ─ Vamos para a minha casa.

Saio na frente, pisando duro. Entramos no carro e todo o caminho foi

feito em silêncio. Me amaldiçoo por ter feito esse papel de idiota, não
queria que ele soubesse que fiquei com ciúmes. Já na minha casa, sento-me

no sofá, esperando que ele comece.

─ Não deveria me oferecer alguma bebida? Não acho que o Charles

tenha faltado no quesito educação, apesar de tê-la mimado demais. ─ Ele

afrouxa a gravata. ─ Posso?

Se refere ao minibar no canto esquerdo da minha sala, meneio a


cabeça concordando.

Desde que o vi, não consigo acalmar o meu coração. E aquelas

borboletas em meu estômago, parecem ainda mais agitadas. Queria ser

indiferente, mas como fazer isso quando ele é tão lindo e sedutor?

─ Eu tenho todos os defeitos do mundo, mas não flertaria com outra

na sua frente, apesar do nosso relacionamento ser uma fachada. E o que


você viu na saída do banheiro, de longe poderia parecer uma conversa

amigável, mas eu a estava dispensando. Sabe como foi difícil para mim?

─ Difícil por quê? Você poderia ter combinado de encontrar com ela

depois que me deixasse em casa.

─ Sim, mas aí eu estaria assinando o meu atestado de filho da puta,

porque ela deu em cima de mim mesmo sabendo que você estava ao meu
lado. ─ Ele se recostou na cadeira, bebericando seu Negroni. ─ Não sou

tão fácil como você pensa.


─ Não foi isso que pareceu para mim, Caleb. Me senti péssima,

porque você não me respeitou. Eu nunca faria algo do tipo.

─ Desculpe mais uma vez, como eu já disse, não foi culpa minha.

Além do mais, acho que mereço ao menos o benefício da dúvida, assim

como fiz quando te encontrei aos beijos com o Elliot. ─ Seu rosto ficou

tenso.

─ Não o beijei, ele me agarrou ─ falo em minha defesa, aquele idiota


nem faz o meu tipo.

─ Pois então, eu não flertei com a Giulia, ela que estava dando em
cima de mim. ─ Arqueia uma sobrancelha, me encarando sério.

Droga, odeio o fato dele ter razão.


Caleb

─ Não o beijei, ele me agarrou ─ fala com os ombros encolhidos.

─ Pois então, eu não flertei com a Giulia, ela que estava dando em
cima de mim.

Ontem, depois que Olívia foi embora, Giulia tentou mais uma vez me

convencer de que seria uma boa ideia ter uma espécie de despedida de
solteiro. Se fosse em outro momento, não pensaria duas vezes em levá-la

para a cama, mas eu sabia que caso cedesse as suas investidas, isso faria
com que se sentisse superior à minha noiva.

─ Você já falou o que queria, pode ir embora. ─ Levanta-se do sofá.

─ Quando sair, pode puxar a porta que trancará sozinha. Vou tomar um

banho.

Dá as costas, seguindo para onde acredito que seja o seu quarto.

Como ela pode simplesmente me deixar sozinho? Pior, depois de ter me

dito que tomaria banho, fazendo minha mente me guiar para o seu corpo nu,

com gotas de água por toda sua pele. Uma parte de mim diz que devo ir
embora, a outra me instiga a acompanhá-la no banheiro.
Um bom moço iria embora, mas não posso dizer que faço parte desse

time. Bebo toda minha bebida, retiro a camisa, desafivelo meu cinto e vou

ao seu encontro. Entro na primeira porta e escuto o barulho do chuveiro, em

silêncio, adentro o local. No box embaçado, vejo o desenho perfeito de sua

silhueta.

Fico como telespectador por alguns minutos, até que abro a porta,

fazendo-a pular de susto.

─ O que faz aqui, Caleb? ─ Tenta se esconder com as mãos, como se

eu já não tivesse visto seu corpo.

─ Você me convidou. ─ Me aproximo, ela dá alguns passos para trás,

se chocando contra a parede.

─ Quando eu te convidei? Lembro claramente de ter dito para você ir


embora.

─ Talvez, mas eu achei melhor escutar apenas a parte em que disse

que iria tomar banho. Para mim, soou-o como um convite. ─ Puxo sua

cintura, colando seu corpo desnudo ao meu. ─ Sua pele é tão branquinha,

devemos dar um pouco mais de cor?

─ O que você pretende fazer?

─ Nada que você não vá gostar. ─ Mordisco o lóbulo de sua orelha,

chupando seu pescoço, intercalando com mordidas leves. ─ Desde que a


tive nos meus braços, só consegui pensar em como seria bom fodê-la

novamente.

─ Caleb. ─ Espalma as mãos em meu peito. ─ Você deveria sair

daqui, se eu soubesse que suas intenções desde o começo eram essas, não o

tinha chamado para conversar na minha casa.

─ Em minha defesa, não estava pensando nisso, ao menos não até

você sugestivamente dizer que tomaria banho.

─ Eu não... ─ Coloco um dedo em seus lábios, impedindo-a de

continuar.

─ Eu sei que não foi a sua intenção, mas não é como se pudesse

voltar atrás em suas palavras, Olívia.

Seguro em sua nuca, beijando-a. No começo ela não retribuiu, até que

enfiei minha língua em sua boca, travando uma batalha com a sua. O
contato é delicado, apesar do puta desejo que esteja sentindo, não quero

assustá-la. Os braços de Olívia são colocados em volta do meu pescoço,

aproveito para aprofundar o beijo.

Desligo o chuveiro com uma mão e a outra brinco com seus mamilos

enrijecidos. Como essa menina consegue ser tão tentadora? Olívia é

fascinante, tê-la tão entregue me deixa doido. Um gemido escapa de seus

lábios quando acaricio levemente seu clitóris. Fico de joelhos em sua frente,
pego uma de suas pernas, colocando sobre a minha. Com água na boca,

passo a língua por seu clitóris, sentindo todo seu corpo se retrair. Olívia

pressiona minha cabeça em sua boceta, me deixando duro para cacete.

Não demora e ela goza na minha boca, se eu não estivesse segurando

em sua cintura, teria facilmente caído.

─ Seu gosto é delicioso, Olívia! ─ Passo a língua no canto da boca,

limpando seus resquícios.

Beijo-a novamente, para que sinta o sabor de sua excitação. Estou tão

duro, que se eu não entrar nela terei um grave caso de bolas roxas.

─ Podemos ir para o próximo passo? ─ Acaricio seu rosto vermelho

como tomate. ─ Se você não quiser, respeitarei sua decisão e irei embora.

Como se estivesse travando uma batalha consigo mesma, Olívia me

encara por alguns minutos, até que meneia a cabeça concordando. Apesar

de sexo no banheiro ser uma delícia, também é perigoso, então a levo para

cama. Retiro a única peça de roupa que nos separava, pego uma camisinha

na minha carteira e envolvo em volta do meu pau, e entro nela sem perder

tempo.

Começo a me mover devagar para que se acostume. Olívia enrola as

pernas em volta da minha cintura, me dando carta branca para intensificar

meus movimentos. Aumento minhas estocadas, controlando-me para não a


assustar. As expressões de prazer em seu rosto estão me enlouquecendo. Os

únicos sons que podem ser escutados são de nossos corpos se chocando e os

gemidos. Inverto nossas posições, a colocando sentada por cima, enquanto

ela cavalga gostoso, apoiando as duas mãos em meu peito.

─ Não precisa ficar me encarando assim, Caleb ─ fala com a voz

baixa, quase que não escuto.

─ Por que, Olívia? Você não tem noção de como é sexy vê-la subindo

e descendo no meu pau. Por que não posso aproveitar o meu espetáculo?

─ Você não tem vergonha de dizer essas coisas?

─ Quando o assunto é sexo, não tem nada que me envergonhe. ─

Puxo-a pela nuca, beijando brevemente seus lábios.

Inverto novamente nossas posições, pego uma de suas pernas,

colocando no ombro, enquanto meto de uma vez, fazendo-a gritar e arquear

o corpo sobre a cama. Com movimentos intensos, percebo os sinais de seu

orgasmo. Com mais algumas estocadas, Olívia se desmancha debaixo de

mim, gozando gostoso, enquanto grita o meu nome da maneira mais sexy

que já ouvi. Alguns minutos depois me entrego ao ápice do prazer, caindo


ao seu lado. Ofegantes e suados, retiro a camisinha e a puxo para deitar-se

em meu peito. Não é algo do meu feitio, mas acredito que ela goste.
─ Não precisa se preocupar comigo, pode ir embora. ─ Me

surpreendo com sua fala, se fosse outra pessoa eu realmente faria isso, mas

as coisas são diferentes.

─ É isso que você quer? ─ Balança a cabeça negando. ─ Então não

me coloque para fora, bambina.

Toco seu rosto e ela fecha os olhos, se agarrando a mim. Essa menina

me atrai tanto. Por quê? Por que continuo abrindo exceções quando estamos

juntos?
Caleb

Retiro a gravata, jogando dentro do carro, antes de adentrar no clube.

Minha mente está uma verdadeira confusão, preciso colocar meus


pensamentos em ordem, e esse sempre será o melhor lugar para isso. Há

uma semana dormi com a Olívia, passamos a noite inteira com ela em meus
braços, quanto mais pensava, mais ela se agarrava a mim. Foi a primeira

vez que dormi com alguém daquela forma.

Eu já tinha algumas suspeitas, mas constatar que ela estava com


ciúmes me deixou sem reação. Para se ter ciúmes de algo, é necessário ter

sentimentos. Ou seja, tem uma grande chance de ela ter se apaixonado por
mim. Mas, onde eu estava com a cabeça, sendo o primeiro homem a tocá-

la? Era óbvio que algo assim aconteceria, Olívia deve estar apenas
confundindo suas emoções. Nosso contrato é bem explícito em relação a

isso, na nossa relação, não temos espaço para essas besteiras que envolvam

o coração.

Passo pelos seguranças que liberam a minha entrada para o Vip 2,

onde apenas membros do clube tem acesso. Escolho uma mesa discreta, não
quero ser visto, não vim aqui para encontrar uma foda. O garçom me trouxe

um Negroni, eles já sabem a minha preferência.

Meia hora se passou, quando avisto Logan e Javier caminhando em


minha direção, nem sabia que esses malditos estavam na cidade.

─ O que faz nesse canto tão solitário? ─ Javier pergunta, sentando-se

ao meu lado.

─ Levou um pé na bunda da sua noiva? ─ Agora é a vez do Logan.

─ Por que não me avisaram que estavam na cidade? Poderíamos ter


combinado alguma coisa.

─ Não queríamos incomodar o recém apaixonado, também não

esperávamos encontrá-lo no clube. Brigou com a sua noiva?

─ Logan, você sabe qual o tipo de relacionamento eu tenho com ela,

não precisa fingir que não sabe, filho da puta.

─ Quase quatro meses já se passaram, pensei que a essa altura do

campeonato você já teria se apaixonado. ─ Bebe um pouco de sua bebida.

─ Por que está aqui? Brigaram?

─ Não temos por que brigar, vim aqui porque preciso clarear os meus

pensamentos. Tenho quase cem por cento de certeza de que ela se

apaixonou por mim.


─ E qual o problema? ─ Javier questiona, me encarando pensativo. ─

Pelo que vi na imprensa, sua noiva é uma mulher muito bonita, aposto que

muitos homens dariam tudo para tê-la ao lado.

─ Uma das cláusulas do nosso contrato era justamente proibindo

sentimentos amorosos, não quero ter que machucá-la no fim do prazo.

─ Desde o começo você deveria ter levado isso em consideração,

quando decidiram envolver sexo no contrato, estavam sucintos a essa

possibilidade. Talvez seja o momento de você tentar algo mais sério.

─ Como assim algo mais sério? Nós já estamos noivos.

─ Não seja tão burro, ele está dizendo que talvez seja o momento de

você parar com essa aversão ao amor e tentar dar certo com a sua noiva.

─ Mas eu não estou apaixonado por ela ─ falo com convicção.

─ Você não pode afirmar, quando veio ao clube porque estava se

sentindo confuso. Eu o conheço o suficiente para saber que você sente algo

por aquela menina, talvez só ainda não tenha percebido. ─ Logan me encara

sério, é verdade que ele me conhece bem, mas acho que está errado.

─ Tente ver um lado positivo em tudo isso, talvez seja a hora de você

sossegar meu amigo. Esse momento chega para todos, olha só o Logan,

nunca pensei que ele se casaria novamente. ─ Javier inclinou-se para frente.
─ Eu quero ser o padrinho, não faça como esse cara que não pensou em

seus amigos.

─ Vá se ferrar, Javier. Você nem compareceu ao meu casamento, eu

deveria ter cortado as relações com você e sua empresa.

─ Eu já te expliquei, amigo. Cheguei na California e fui encontrar

alguns amigos, saímos para beber e quando acordei na manhã seguinte,

estava em um hotel sozinho e com uma puta ressaca, minha companhia da


noite tinha me deixado sozinho.

Continuamos a conversa e tratei de mudar de assunto, esses dois vão

me enlouquecer com essa história. Não estou apaixonado pela Olívia, essa é

a única certeza que tenho no momento.

─ Aquela ali não é a sua noiva, Caleb? ─ Logan aponta para um

grupo de pessoas, reconheço Olívia e Madison. ─ Pessoalmente parece


ainda mais nova. Tem certeza de que não está seduzindo essa pobre garota

inocente?

─ Vai se ferrar, Logan! De inocente Olívia só tem a aparência, ela é

ousada e atrevida, não se engane.

Pego meu celular e envio uma mensagem:

“Venha até mim, estou no vip 2”


Poucos minutos depois, ela e os amigos adentram o local, eles se

acomodam em uma outra mesa, mas Olívia para em nossa frente. Levanto-

me para cumprimentá-la, de maneira surpreendente, Olívia beija meus

lábios.

─ Oi, rapazes! ─ cumprimenta os meus amigos. ─ Sou Olívia Grecco,

noiva do Caleb, é um prazer conhecer vocês. ─ Sorri docemente.

─ Uau, você é filha do Charles? ─ Javier pergunta, levantando-se. ─

Não sabia que aquele velho tinha uma filha tão bonita. Sou Javier Romero,

amigo desse cabeça dura aqui.

Ia beijá-la no rosto, quando a puxei de seu alcance. Javier se afasta


com as mãos estendidas para o alto, esse filho da puta não sabe deixar o pau

dentro das calças.

─ Muito prazer, sou Logan Scott.

─ Nossa, eu lembro de tê-lo visto em algum jornal ─ fala pensativa.

─ Você é mais bonito ainda pessoalmente, Logan.

─ O que faz aqui, Olívia? ─ pergunto chamando sua atenção.

─ Nós viemos comemorar a finalização do sexto semestre, a ideia é

beber até cair e não lembrar de nada no outro dia. ─ Sua animação é

contagiante, mas ela não enxerga os perigos?


─ Beber até cair? ─ questiono com a sobrancelha levemente

arqueada.

─ É modo de falar, não irei fazer isso, ou vou? ─ Sorri, provocando.

─ Olívia... ─ A repreendo, eu vi como ela ficou quando estava

bêbada, é uma péssima ideia.

─ Você estará aqui para cuidar de mim, então não preciso me

preocupar. ─ Sorri, tocando a minha barba. ─ Você vai assumir a

responsabilidade?

Porra, essa garota...

─ Quando quiser ir embora me avise. ─ Olho de soslaio e os filhos da

puta me encaram sorridentes. ─ Não precisa se preocupar com a conta de

vocês, eu pagarei.

─ Você é o melhor, Caleb. ─ Beija minha bochecha e corre de

encontro aos amigos.

─ Não ousem dizer uma palavra. ─ Sento-me e sinalizo para que o

garçom me traga outro drinque.

─ Se isso não é estar apaixonado.

─ Essa garota lhe tem na palma da mão, Caleb. ─ Logan começa a rir,
me deixando irritado. ─ Não esqueça de nos convidar para o casamento,

ok?
─ Vão se foder! Cuidem da vida de vocês.

Essa menina vai me enlouquecer, por que tinha que aparecer justo
neste lugar, com tantos clubes e boates na cidade? Os caras que estão com

ela, não perdem a chance de tocar seu corpo. Que porra eles pensam que

estão fazendo? Por que ela está permitindo que toquem no que tem dono?

Tentei não me importar com a mesa ao lado, mas inconscientemente

meus olhos eram guiados para Olívia e seus amigos. Eles se divertiam sem
preocupação, porém, um idiota não tirava as mãos dela, era óbvio que

estava tentando seduzi-la. Ele não me conhece? Como pode ser tão
descarado?

─ Parece que tem alguém se mordendo de ciúmes. ─ Javier zomba,


me olhando por cima do copo. ─ Logan, será que teremos mais um

casamento se aproximando?

─ Devemos preparar o terno? Reconheço um homem ciumento de


longe, afinal de contas, me olho no espelho todos os dias. ─ Os idiotas

riem, como se eu não estivesse escutando.

─ Quem está com ciúmes? Vocês estão vendo coisas onde não tem,

apenas estou preocupado, não quero nenhum mal-entendido. ─ Bebo meu


drinque de uma só vez, batendo o copo na mesa com mais força que o
necessário. ─ Ela não deveria permitir que outro homem a tocasse tão
facilmente, precisar pegar para conversar?

─ Eles são amigos pelo visto, você está apenas cego pelo ciúmes. ─

Logan comentou me olhando sério. ─ Mas se você estiver incomodado, por


que não vai falar com ela?

─ Não posso… não tenho esse direito. ─ Fecho o punho, contendo


essa maldita inquietação que estou sentindo.

Sem que eu pudesse impedir, Javier vai até a mesa deles e cochicha

algo para Olívia que me encara com um leve sorriso. Ele retorna, senta-se
novamente em seu lugar e ela vem em minha direção, sentando-se em meu

colo, beijando-me sem que eu pudesse ter reação.

─ Não importa quantos homens deem em cima de mim, é na sua

cama que irei dormir essa noite.

Retorna para os seus amigos, me deixando sem reação. Porra, como


ela pode me deixar duro com uma simples frase? Sou um adolescente por

acaso?
Caleb

Tem um maldito celular que não para de tocar. Fomos dormir era

madrugada, por que estão ligando em pleno sábado? Abro os olhos com
dificuldade, encontrando Olívia deitada em meu peito. Ontem quando

saímos do clube, perguntei se poderíamos ir para a minha casa, ela não


negou. Tomamos um banho de banheira, antes de irmos para cama e

transarmos como se fosse a primeira vez. Nossas transas ficam cada vez
melhores, é como se Olívia fosse ficando mais desinibida.

─ Por que você não atende logo, Caleb? ─ sussurra sem abrir os

olhos.

─ Como sabe que é o meu, não o seu? ─ Tiro uma mecha de cabelo
que cobria seu rosto.

─ Meu celular vive no silencioso desde o dia que eu comprei. Então,

atende logo, pode ser uma emergência.

No visor, várias chamadas perdidas da minha secretária, espero que

seja realmente algo importante.

─ Chefe, desculpa ligar nesse horário, mas algo urgente parece estar

acontecendo.
─ O que houve?

─ Fiquei sabendo pelo grupo de secretárias que o senhor Elliot

convocou uma reunião com o conselho, vai acontecer em meia hora. Mas, o
senhor não foi incluído.

Que merda aquele idiota está planejando?

─ Meu pai também foi convocado?

─ Sim, todos os acionistas e o conselho também. Ele não disse o

motivo da reunião, só informou que era um caso importante a ser discutido.

─ Obrigado por avisar, aproveite o fim de semana para descansar. ─

Encerro contato.

─ Filho da puta! ─ Acabo assustando Olívia, que levanta sem abrir os

olhos direito. ─ Me desculpe, volte a dormir.

Não faço ideia do que porra esse idiota está aprontando, porém o fato

dele ter me excluído, deixa bem óbvio que o assunto sou eu. Como alguém

pode viver em função do outro? Se ele usasse o mesmo empenho que tem

para me ferrar, no trabalho, poderia ao menos sonhar em ocupar o meu

lugar.

─ O que houve? O problema é sério?

─ Elliot vai aprontar alguma coisa. ─ Soco o travesseiro, quando na

verdade queria quebrar a cara daquele filho da puta. ─ Ele vai reunir os
acionistas em meia hora, mas não fez questão de chamar o CEO do grupo.

─ Ele pode fazer isso? ─ pergunta estando completamente desperta

agora.

─ Infelizmente sim. Vou tomar um banho e ver essa palhaçada com os

meus próprios olhos, não tenho um bom pressentimento com isso. ─ Me

levanto da cama apressado. ─ Você pode ficar aqui, não tenha pressa de ir

embora.

─ Não, eu irei com você.

─ O quê?

─ Você disse que tem um mal pressentimento, e, pelo pouco que tive

o desprazer de conhecer o Elliot, pode ser algo que tenha relação com a

gente. Como sua noiva, acho que devo acompanhá-lo.

Ela tem razão, mas não queria ter que arrastá-la para aquele covil de

cobras traiçoeiras.

─ Tudo bem, prometo levá-la para almoçar depois de resolvermos.

Tomamos um banho juntos e em menos de quinze minutos estávamos

a caminho da empresa. Não consigo pensar em nada especificamente,

aquele filho da puta não sabe a hora de parar. Já me perguntei algumas

vezes porque ele tem tanta raiva e inveja, ambos fomos criados em famílias

ricas, tivemos educação de qualidade e os mesmos incentivos.


─ Vocês sempre foram assim? ─ Olívia quebra o silêncio.

─ Rivais? ─ Balança a cabeça concordando. ─ Eu nunca tive nada

contra o Elliot, ele que decidiu ser meu inimigo. Tudo piorou quando eu fui

eleito o CEO aos vinte e cinco anos, ele por ser mais velho deve ter ficado

com raiva por alguém mais novo ter ocupado um cargo que tanto queria.

Mas não é como se eu tivesse culpa, infelizmente os acionistas não o

acharam qualificado.

─ Por isso ele nutre uma raiva por você.

─ Sim, na verdade acredito que ele queira tudo que é meu.

─ Como assim?

─ Quando eu dormia com uma mulher, algum tempo depois ele

aparecia com a mesma. Pensei que era coincidência, mas esse acaso foi

acontecendo várias e várias vezes. ─ Aproveito o sinal vermelho para

encará-la. ─ O mesmo aconteceu contigo, mas você não deu oportunidade.

─ Não precisa se preocupar comigo, ele não faz o meu tipo. ─ Sorri

de canto.

─ E qual o seu tipo? ─ Toco seu rosto, me afastando assim que

percebo o que fiz.

─ Você... você é o meu tipo ─ fala virando para frente assim que o

sinal abre.
Foco minha atenção no trânsito e o carro volta a ficar em silêncio, às

vezes me surpreendo com o jeito tão direto da Olívia. Dez minutos depois,

estaciono na empresa. Cumprimento alguns seguranças e de mãos dadas,

seguimos para o andar da presidência, adentrando a sala de reuniões.

─ Fiquei sabendo sobre a reunião, ela não pode acontecer sem o

CEO, correto? ─ Elliot me encara surpreso, esse idiota realmente precisa

aprender que nada passa despercebido por mim. ─ Não se importem com a

presença da minha noiva, estávamos juntos quando fiquei sabendo de

última hora.

Passo por Elliot, sentando-se na cadeira da ponta, lugar que ele tanto

almeja. Olívia senta-se no sofá do canto da sala, observando tudo em

silêncio.

─ Qual o motivo da reunião, Elliot? ─ Meu pai pergunta.

─ Na pasta a frente de vocês, tem um documento bem interessante.

Essa é a prova de que estão sendo enganados por este homem. ─ Aponta

para mim com um sorriso cínico. ─ Como podem ver, este é um contrato

onde Caleb comprou uma noiva apenas para enganar os acionistas.

Fecho o punho, controlando minha vontade de quebrar sua cara,

dando motivos reais para esse filho da puta abrir um boletim de ocorrência

contra mim.
─ Como assim nos enganando?

─ Ele e essa mulher assinaram um contrato, onde eles precisam fingir

por seis meses que estão em um relacionamento.

─ Mas, o que Caleb ganha com isso?

─ Ele sabia que caso continuasse se recusando a casar, vocês

continuariam o pressionando, poderiam até destituí-lo da presidência.

─ Você não tem nada mais interessante para fazer, Elliot? Por que se

preocupa tanto com a porra da minha vida? ─ Abro a pasta, encontrando

uma cópia do nosso contrato.

Como esse babaca conseguiu isso? Olho para Olívia que parece tão

surpresa quanto eu, não acho que ela tenha perdido sua cópia.

─ Uma pessoa que tenta ludibriar o conselho, não é capacitado para

ocupar essa cadeira. Você foi capaz de entrar em um relacionamento falso,

não se envergonha? ─ Seu tom de voz está alterado. ─ Convoquei está

reunião para pedir uma nova votação.

─ Por mais irresponsável que seja, isso não é motivo para tirar o

Caleb do cargo. A vida pessoal dele, nada tem relação com sua capacidade

de gerir perfeitamente a empresa. ─ Francisco sai em minha defesa, algo

bem raro.
─ Concordo, você não deveria tomar o nosso tempo com besteiras,

Elliot. ─ Meu pai diz, levantando-se. ─ Caleb é o CEO por ser capacitado,

seu descontrole só deixa claro que estávamos certos ao escolher ele ao invés

de você.

─ Mesmo sendo um motivo desnecessário para uma reunião, Caleb

nos deve uma explicação ─ Vittório diz, me encarando sério.

─ Desculpe me intrometer. ─ Olívia levanta-se, sem o cachecol que


escondia as marcas roxas em seu pescoço. ─ Eu que sugeri o contrato,

porque estava precisando de dinheiro, depois que meu pai tirou todos os
meus cartões. ─ Se aproxima, parando ao meu lado com uma mão em meu

ombro. ─ Nosso relacionamento pode ter começado de maneira estranha,


mas agora as coisas mudaram, se é que vocês me entendem.

Prende os cabelos no alto da cabeça, evidenciando seu pescoço.

─ Ela está mentindo apenas para protegê-lo. ─ Aponta um dedo para


ela, sua expressão de raiva é perceptível.

─ Por que está fazendo isso, Elliot? É por que eu lhe dei um fora?
Você disse a eles o motivo do Caleb ter lhe dado um soco outro dia?

─ Como assim um soco? ─ O pai dele pergunta, pensei que tivesse


gritado aos quatro cantos sobre isso.
─ Ele me assediou duas vezes, sendo que na segunda me agarrou e
beijou a força, mesmo eu dizendo que não queria nada com ele. Entendo

que para alguém como o Elliot, ser inferior ao Caleb é um problema, mas
ele precisa parar de tentar derrubá-lo.

─ Escuta aqui sua pirralha.

─ Escuta aqui você. ─ Levanto-me indo ao seu encontro. ─ Cuidado


com suas palavras quando for falar com a minha mulher, ela não é nenhuma

pirralha, muito pelo contrário, é mais madura que um marmanjo como você,
Elliot. A reunião está encerrada, espero que aprendam a não dar ouvidos

para esse idiota novamente.

Entrelaço os dedos com a Olívia, me preparando para sair desse circo


de horrores.

─ Filho...

─ Agora não, pai. Combinei de levar Olívia para almoçar,


conversaremos na segunda.

Saímos da sala e consigo escutar os gritos daquele idiota. Mesmo


apanhando todas as vezes, ele ainda não aprendeu que não importa as

circunstâncias, eu sempre estarei a frente dele.


Olívia

Meu Deus, será que estou pagando por todos os meus pecados? Faz

uns dias que não para nada em meu estômago, tudo que como acabo
colocando para fora. Tenho certeza de que foi algo que comi na rua, eu

deveria saber que aquelas comidas poderiam ser de procedência duvidosa.

─ Tem certeza de que não quer ir ao hospital? ─ Meu pai pergunta,


me entregando um pouco de água.

─ O senhor sabe que eu odeio hospitais, já tomei alguns remédios


para enjoo, só preciso descansar e logo ficarei bem.

─ Devo cancelar todos os meus compromissos de hoje?

─ Sim, cuide da sua filha doente. ─ Ele acaricia meus cabelos,

quando me deito em seu colo. ─ Desde que eu era criança, essa é a primeira
vez que o senhor vai cuidar de mim, não é pai?

─ Claro que não, eu cuido de você todos os dias, caso contrário já


tinha se metido em confusões difíceis de resolver.

─ Não seja tão cruel, não é como se eu me envolvesse em coisas

erradas, estava apenas aproveitando como qualquer pessoa da minha idade.


─ Faço cara de emburrada, às vezes o meu pai exagera demais.
─ Não tem nada de errado em aproveitar a vida, mas você passava

mais tempo em clubes e boates do que em casa. Permiti que estudasse moda

porque era algo da sua vontade, se eu soubesse que conheceria tantas

pessoas ruins, tinha lhe obrigado a cursar administração.

Levanto-me chateada.

─ Pai, o problema não são as pessoas, eu não sou o tipo que se deixa
influenciar facilmente, não é como se meus amigos estivessem me levando

para um caminho ruim. No fim das contas, a faculdade não faria diferença,

porque eu continuaria tendo as mesmas atitudes. ─ Ele cobriu os olhos com

uma mão. ─ Sou muito grata por ter me dado autonomia para escolher qual

curso fazer, tenho certeza de que estaria infeliz a essa altura do campeonato.

Entendo que não deve ter sido fácil para o papai criar uma

adolescente, porém ele se saiu muito bem, apesar de ter me mimado um

pouco demais, confesso.

─ Você está diferente, filha. ─ Todo seu rosto iluminou, me deixando

confusa.

─ Diferente como, pai?

─ Mesmo que eu ainda ache suspeita a sua relação com o Mancini, de

alguma forma algo em você mudou desde que anunciaram a relação. Posso

dizer que está mais pé no chão, sem me dar muita dor de cabeça.
─ Pai...

─ Não estou achando ruim, é bom que você tenha finalmente

amadurecido.

─ Pai, não sei se posso dizer que realmente amadureci, eu apenas não

estou saindo com tanta frequência, não ficaria bom uma pessoa

comprometida ser pega em situações constrangedoras.

Admitir que me apaixonei tão rapidamente fere de alguma forma o

meu orgulho, nos meus vinte anos de vida sempre consegui controlar tudo

ao meu redor. Porém, não fui capaz de proteger o meu coração. Não

consegui evitar de me apaixonar por este cafajeste que todos conhecem

como meu noivo. Não pretendo abrir meus sentimentos para ele, desde o

começo Caleb foi claro sobre o motivo do contrato, não tem por que contar

sobre algo que apenas diz respeito a mim.

─ Não importa o motivo, o fato de você ter sossegado e se dedicado

mais aos estudos me deixa feliz. ─ Me puxa para um abraço. ─ Quando

você se formar, pode escolher o presente que quiser.

─ Então, o senhor pode me dar uma loja? ─ pergunto animada.

─ Se é isso que você quer, então terá.

Conversamos por mais um tempo, até que me deitei para descansar


um pouco, enquanto meu pai prepara o nosso jantar. Quando lhe mandei
mensagem dizendo que estava doente, rapidamente veio até o meu

apartamento, mesmo que tivesse vários compromissos da empresa para

cumprir.

─ Ainda com esses enjoos? ─ Madison pergunta, meneio a cabeça

concordando.

─ Quando a aula acabar nós iremos ao hospital, nem que para isso eu

precise arrastá-la pelos cabelos.

─ Não vou ─ respondo emburrada, odeio hospitais com todas as

minhas forças.

─ É claro que vai, já tem quase uma semana que está desse jeito.

Onde já se viu, enjoar até de água?

─ Deve ser alguma virose, ou algo que comi e não está me fazendo

bem. Se eu for ao hospital, elas vão querer me furar para tirar sangue, você

sabe que desmaio só de imaginar.

─ Eu sei que odeia essas coisas, mas não faz sentido continuar dessa

forma. Nós vamos assim que a aula acabar ─ fala de maneira autoritária.

─ Já disse que não irei, Madison. Nem o papai conseguiu me arrastar,

me recuso a ir naquele lugar.


Faz uma careta que me deixa um pouco assustada.

─ Me dá o seu celular.

─ Por quê?

─ Faz o que eu mando, me dá aqui. ─ Entrego o aparelho em suas

mãos, desbloqueado. Depois de alguns segundos procurando algo, ela

parece estar ligando para alguém. ─ Oi, Caleb, sou eu Madison.

Olho em choque para ela, de todas as possibilidade que passaram em

minha cabeça, nenhuma delas envolvia o meu noivo.

─ Você está muito ocupado? Então, a sua noiva está há uma semana

se sentindo mal, não tem quem faça essa louca procurar um médico. ─ Ela

não parece se importar que eu escute. ─ Sim, sim, eu e o tio já tentamos,

mas ela parece irredutível. Ok, estaremos livres em trinta minutos.

Encerra a ligação, me devolvendo meu aparelho.

─ Por que fez isso? Por que o envolveu nos meus problemas?

─ Não é óbvio? ─ Nego com a cabeça. ─ Ele é seu noivo, é claro que

tem obrigação de ajudá-la quando for necessário.

─ Madison, você sabe que nosso relacionamento é uma farsa.

─ Talvez, mas os seus sentimentos são verdadeiros. A conheço o

suficiente para saber que irá escutá-lo, diferente da sua melhor amiga e seu
pai.

─ Vou embora. ─ Tento levantar, sem sucesso. ─ Madison, me deixa

ir embora.

─ Sente-se e espere, Caleb disse que chegaria em alguns minutos. Se

você for embora, direi a ele que está apaixonada. ─ Me encara sorridente,

sabendo que não poderei mais retrucar.

Assim como prometido, Caleb apareceu e por mais que eu tentasse

argumentar, ele me pegou literalmente pelo braço, me colocando no carro e

seguindo a caminho do hospital. Madison não quis nos acompanhar.

Quando eu finalmente descobrir o que tenho, vou dar o troco naquela

safada.

─ Por que não me disse nada? ─ Caleb pergunta quebrando o


silêncio.

─ Não vi necessidades de incomodá-lo com algo bobo.

─ Eu sou o seu noivo, Olívia. ─ Me encara por breves segundos,

voltando sua atenção para o trânsito.

─ Não é como se tivéssemos um relacionamento de verdade, por isso

não achei necessário te incomodar com os meus problemas.

─ Não importa se é verdade ou mentira, enquanto eu for o seu noivo,

você é minha responsabilidade. Quando algo a estiver incomodando, não


hesite em me contatar.

Não respondo e o assunto se encerra, odeio a maneira como ele me


confunde, agindo como se nós realmente tivéssemos alguma coisa, não um

contrato entre nós.

Chegamos ao hospital e não demorou para que eu fosse atendida, a

médica fez várias perguntas, entre elas se a minha menstruação estava

atrasada. Eu disse que sim, mas é porque o meu ciclo sempre foi desregular,
inclusive tomo anticoncepcional para tentar normalizar. Entendo que foi

uma pergunta de rotina, então não fico preocupada, a probabilidade de eu


estar grávida é quase zero. A gente sempre usou camisinha, exceto no dia

em que perdi minha virgindade, quando fomos para um segundo round no


banheiro.

─ Então doutora, o que eu tenho? ─ pergunto quando a médica


retorna para a sala. ─ É alguma infecção intestinal?

─ Você está grávida, Olívia!


Olívia

─ Isso não é possível doutora, eu tomo anticoncepcional.

─ O anticoncepcional é um método contraceptivo com eficiência


99,5%. Menos de 1% vão ter risco de engravidar, mas pode acontecer.

Como seu ciclo é irregular, não é possível prever o seu período fértil, por

isso é necessário tomar regulamente o anticoncepcional, pois se tomar de


forma errada, mesmo com a probabilidade baixa, é possível engravidar.

Céus, talvez eu tenha esquecido de tomar, uma, duas ou três vezes.


Droga, não tenho certeza da quantidade exata de dias. Mas ainda assim,

como fui engravidar logo na minha primeira vez? É punição por ter

quebrado a minha promessa? Não, um bebê não pode ser tratado como um
castigo.

─ O que a médica disse? ─ Caleb vem ao meu encontro preocupado

assim que saio da sala.

─ Os exames não apresentaram nenhum problema, ela suspeita que

seja uma infecção intestinal. Me receitou alguns remédios e pediu para me


hidratar bastante. ─ Faço um esforço enorme para não transparecer a

verdade.
─ Você quer ir para minha casa?

Não posso chorar e em hipótese alguma posso deixá-lo saber sobre a

gravidez.

─ Melhor ir para minha casa, Madison vai me encontrar lá quando

terminar de resolver umas coisas. Se não for incômodo, você pode me

deixar em casa?

─ Claro que sim. ─ Para em minha frente, colocando uma mecha do

meu cabelo atrás da orelha. ─ Você está bem mesmo? Parece mais abatida

do que quando entrou no consultório.

─ Estou bem sim, só um pouco cansada. Vamos, não quero continuar

ocupando seu tempo.

Sem mais perguntas, entramos no carro e o caminho foi feito em

silêncio. Sinto como se minha mente estivesse em branco, a frase dita pela
médica não para de rodar na minha cabeça. Como deixei isso acontecer? Eu

não poderia ter engravidado agora, ainda estou estudando e com um homem

que não quer relacionamento sério. Ser mãe solo não fazia parte dos meus

planos, no entanto, em hipótese alguma cogitaria um aborto, se tem alguém

inocente nessa história é o bebê que estou esperando.

Chegamos ao meu apartamento, saio do carro e Caleb me acompanha,

ficando em minha frente. Seus olhos estão fixos nos meus, é estranho, como
se ele soubesse que estou escondendo alguma coisa.

Se fosse em outra situação, não pensaria duas vezes antes de contá-lo

que ele seria pai, mas as coisas são diferentes entre a gente. Eu só irei me

machucar no fim da história.

─ Tem certeza de que ficará bem? ─ Ele acaricia o meu rosto. ─

Posso ficar com você até que Madison chegue.

─ Não precisa se preocupar, olha ela ali. ─ Agradeço aos céus sua

aparição no momento perfeito. ─ Você pode ir trabalhar, se eu precisar de

qualquer coisa envio uma mensagem. Não se preocupe!

De surpresa, segura meu rosto entre suas mãos, beijando meus lábios

com delicadeza.

─ Se cuida, bambina! ─ Entra no carro e sai cantando pneu.

─ O que houve? Vim assim que li sua mensagem.

Jogo-me nos braços da minha amiga, me permitindo chorar pela

primeira vez desde que escutei a palavra “você” e “grávida” na mesma

frase. Essa hipótese em momento algum passou pela minha cabeça, então

estava tranquila, pensando que era um simples problema de estômago.

Madison me encara sem entender nada, por mais que eu queira, não consigo

falar nada, só chorar.


Caminhamos para o meu apartamento e assim que entramos me jogo

no sofá, com o corpo soluçando de tanto chorar. Mãe aos vinte anos? Não

sou madura o suficiente para ser mãe, mal dou conta de cuidar de mim
mesma.

─ Beba essa água e me fala o que aconteceu, a cada segundo que vejo

você chorando, mais preocupada fico. ─ Pego o copo de suas mãos,

bebendo todo o líquido. ─ O que aconteceu no hospital? Vocês não

pareciam ter brigado.

─ Eu estou grávida, amiga. ─ Me olha com os olhos arregalados.

─ Como? Acho que não estou escutando bem.

─ É isso mesmo que escutou, eu estou esperando um filho do Caleb.

Tem noção da merda que me enfiei? Como fui tão descuidada?

─ Você não percebeu o atraso da sua menstruação?

─ Você sabe que meu ciclo sempre foi desregulado. Como isso

aconteceu? Droga, eu tomo anticoncepcional. Uma vez... uma única vez que

transamos sem camisinha isso aconteceu.

─ Quando foi isso?

─ No dia em que tive a minha primeira vez.

─ Espera, então você já deve estar quase com dois meses de gravidez.

Agora faz sentido todos os seus enjoos e vômitos. Droga, eu deveria ter
suspeitado ─ fala pensativa, sentando-se ao meu lado. ─ O que você vai

fazer?

─ A médica disse que eu deveria procurar uma obstetra, preciso fazer


uma ultrassom para ver de quantas semanas estou e começar o

acompanhamento. ─ Limpo as lágrimas, me acalmando um pouco. ─ Você

vai comigo, certo?

─ É claro que sim. Mas, porque tenho a impressão de que não contou

ao seu noivo.

─ Não é impressão, realmente não contei e nem pretendo, ao menos

não antes do contrato terminar.

─ O quê? Mas por quê? Vai criar o bebê sozinha?

─ Existem duas possibilidades: Caleb achar que fiz de propósito para

aplicar o golpe da barriga e me machucar com suas palavras. Ou querer

continuar com o nosso contrato apenas por causa da criança.

─ E isso não é bom?

─ Não, porque acabarei confundindo as coisas. Ele não estará comigo

porque corresponde aos meus sentimentos, sim por causa do bebê que estou

esperando.

─ Você enlouqueceu, não faz sentido. ─ Ela faz uma careta.


─ Não estou dizendo que não contarei que ele será pai, o problema é

que só contarei quando nosso contrato finalizar, o que não falta muito. Só

preciso esconder a gravidez por cerca de um mês e meio.

Por mais difícil que seja de entender, estou fazendo isso para proteger

o meu coração. Agora não estou mais sozinha, o meu corpo está carregando

uma nova vida, a partir de agora precisarei pensar sempre neste bebê.
Caleb

─ Escuta aqui seu pedaço de merda. ─ O seguro pelo colarinho, o

prensando na porta de sua sala. ─ Por que insiste em tentar me foder? Você
achou mesmo que eu aceitaria tranquilamente o que você fez?

─ O que eu fiz? ─ pergunta com seu costumeiro cinismo. ─ Apenas

quis mostrar a todos que eles estavam sendo enganados. Não me culpe por
desmascarar um mentiroso como você.

─ O que você ganhou com aquilo? Eu continuo sentado na cadeira


da presidência, enquanto você continuará sendo a minha sombra. ─ Aperto

seu pescoço, ao mesmo tempo que tento controlar minha raiva. ─ Minha

paciência com você se esgotou, o último aviso foi dado, da próxima vez
teremos que resolver de outra forma.

─ Está me ameaçando, Caleb? ─ Se debate tentando sair do meu

aperto. ─ Se eu não conseguir a presidência, ao menos levarei a sua


noivinha. O contrato de vocês está acabando, não é mesmo?

Acerto-o com um soco, enquanto continuo segurando em seu


colarinho.

─ Por que está tão nervosinho? Ela não é sua, Caleb!


─ Aí que você se engana, desde o começo ela sempre foi minha. Tente

se aproximar da Olívia novamente que tirarei tudo que você ama,

começando pela vice-presidência. Só sossegarei quando te encontrar na

sarjeta, que é onde vermes como você merecem estar.

O solto, mas não sem antes acertá-lo mais uma vez. Elliot é a única

pessoa que consegue despertar a minha fúria, tenho vontade de matá-lo

com as minhas próprias mãos.

─ Você está escutando, filho? ─ Meu pai chama minha atenção,

estava com a mente longe.

─ Desculpe, pode repetir por favor?

─ Eu estava dizendo que no próximo mês terá um evento que gostaria

que fosse me representando.

─ Pai, não acha que já tenho muito trabalho com a empresa?

─ Entendo, mas essa será sua chance. Muitos empresários estarão

presentes, não será necessário que saia do país, só precisa ir até Roma. Faça

contatos, estabeleça a confiança deles, será perfeito se for acompanhado da

sua noiva.

Parece que ele aceitou bem, apesar de ter descoberto a farsa. Na

segunda quando conversamos, meu pai encheu os meus ouvidos com os

mais variados sermões. Jogou na minha cara que sempre suspeitou, e ainda
assim me deu um voto de confiança que foi quebrado. Como não poderia

sair por baixo, deixei claro que só tomei aquela decisão, porque ele não

parava de me pressionar.

─ Vou conferir a minha agenda, pai.

Conversamos mais um pouco e discutimos os detalhes do próximo

balanço que entregarei aos acionistas. Aqueles abutres não encheram o meu

saco, porque sabem que sou o único capaz de dar tanto lucro a eles. Elliot

por mais que tente, não tem a mesma competência.

Envio uma mensagem para Olívia, ela parecia bem estranha no

hospital, apesar de dizer que era uma simples infecção intestinal. Trinta

minutos se passaram e não obtive uma resposta. São seis da noite, não acho

que esteja no instituto, ela sempre me responde rápido. Será que aconteceu

alguma coisa?

Sei que não deveria estar me preocupando, que em pouco mais de um

mês nosso contrato terminará, mas não consigo ficar alheio a essa situação.

Infelizmente, me pego pensando nela mais do que eu gostaria. Basta eu

parar por alguns minutos que seu rosto vem a minha mente.

Será que ao término do nosso contrato, ainda poderemos dormir

juntos? Vou sentir falta do calor da sua pele branquinha, dos seus beijos, ou

a forma delicada como ela coloca o meu pau na boca. Porra, que merda
estou pensando? É melhor ir ver como ela está ao invés de estar aqui

pensando besteira.

Saio da minha sala, despeço-me da minha secretária e paro em frente

ao elevador, quando as portas se abrem, Giulia aparece.

─ Caleb, está de saída?

─ Sim, como pode ver. ─ Passo por ela, que me segue. ─ Que porra

você veio fazer aqui?

─ Pensei que seria uma boa ideia fazer uma visita. ─ Toca o meu

peito quando as portas se fecham. ─ O que acha de irmos naquele hotel que

fomos da última vez?

─ Deixa eu esclarecer as coisas, porque acho que você tem certa

dificuldade de entendimento. ─ Tiro sua mão de mim, segurando firme o

seu pulso. ─ Se você fosse boa o suficiente, estava no lugar da Olívia. Sabe

por que ela é minha noiva, não você? Eu odeio mulheres grudentas, são

irritantes igual chicletes quando grudam na sola do nosso sapato.

─ Você não precisa ser tão grosseiro, Caleb. ─ A tristeza está

estampada em sua expressão.

─ Preciso, porque eu já tinha sido claro o suficiente contigo no dia do

jantar. Nós só dormimos juntos algumas vezes, não é tempo suficiente para

alguém como você se apaixonar.


─ Você se apaixonou por ela, não foi?

─ Não sei, talvez! Mas, isso não é da sua conta, estou certo? ─ Solto

seu pulso, respirando aliviado por chegarmos ao estacionamento. ─ Caso


seja do seu interesse, agora estou indo encontrar com a minha noiva, ela

está doente, precisando de cuidados. Se é que você me entende.

Dou-lhe as costas, entrando no meu carro. Acho que agora fui ainda

mais direto, ela vai desistir e ir atrás de alguém para ser seu novo

brinquedinho.

Parei no meio do caminho e comprei algo para jantarmos, pensei em

comprar um combo em um fast-food, mas não acho que seja a melhor


opção para alguém com problemas no estômago. Cumprimento o segurança

que libera a minha entrada, estaciono na vaga e avisto Charles prestes a sair.

─ Boa noite, Charles. ─ O cumprimento saindo do carro.

─ Caleb, veio cuidar da minha filha?

─ Acho que sim, mandei mensagem e ela não me respondeu. Então

pensei que ainda estivesse indisposta. ─ Ele está me encarando de uma

maneira estranha, não tem mais aquela frieza da última vez. ─ Olívia está

bem?

─ Sim, estava dormindo até agora a pouco. Melhor você subir, ela

comentou que iria pedir algo para comer. ─ Sorri, passando por mim e
batendo no meu ombro. ─ Cuide da minha filha, por favor.

Vai embora antes que eu possa responder. Cuidar da Olívia? Não seria

tão estranho, só temos um prazo de validade para terminarmos o que quer

que esteja acontecendo entre a gente.

─ O que faz aqui? ─ pergunta assim que abre a porta.

─ Você não respondeu a minha mensagem ─ falo entrando, sem

esperar ser convidado. ─ Trouxe comida, está com fome?

─ O que você trouxe?

─ Eu queria ter trazido uns hambúrgueres do fast-food, mas não achei

apropriado para uma pessoa doente. Então, trouxe lasanha. ─ Mostro a

sacola do restaurante, o mesmo que fomos da última vez.

─ Ah, eu queria um hambúrguer com muita batata frita e refrigerante

─ fala parecendo triste.

─ Quando estiver melhor, prometo te levar para comer. ─ Retiro o

terno, abrindo alguns botões da camisa e gravata. ─ Agora sente-se, vou

preparar a mesa para comermos.

Acena, se acomodando no sofá, observando cada um dos meus

passos. Nossos olhos se encontram e sorrio, ela desvia, encarando as

próprias mãos. Por que tenho a impressão de que Olívia está mais tímida

que o normal? Ou será coisa da minha cabeça?


Droga, confesso que não estou conseguindo pensar direito. Quando

passei a me preocupar com alguém que não fosse eu mesmo? Por que me

preocupo tanto com o fato dela ter ou não se alimentado bem? Por que

estou em seu apartamento em plena sexta-feira à noite, quando poderia estar

no clube encontrando uma companhia?

São tantas perguntas, tenho medo da resposta.


Olívia

Desde que eu fiquei “doente” meu pai passou a me visitar com mais

frequência, coisa que ele não era muito de fazer. Desde que me mudei,
todas as vezes eu ia visitá-lo, então é estranho de certa forma. Enquanto ele

trança o meu cabelo, fecho os olhos pensando em todas as mudanças que


minha vida deu nos últimos meses. Será que serei uma boa mãe? Meu bebê

um dia terá orgulho de mim?

─ Não tem nada para me contar, filha?

─ Não, por que a pergunta? ─ Viro para trás, o encarando.

─ Você tem certeza?

Seu olhar desconfiado me deixa desconcertada, não tem como ele

saber sobre a gravidez, certo?

─ Pai, se quer perguntar alguma coisa, vá direto ao assunto, não fique

fazendo rodeios.

─ Quando iria me contar que está grávida? ─ Gelo na mesma hora.

─ Ficou maluco? Como assim grávida, pai? ─ Me afasto, andando até


a sacada do apartamento.
─ Olívia, não tem nada a seu respeito que eu não saiba, isso inclui o

contrato de relacionamento entre você e Caleb.

Meu Deus, eu estou muito ferrada! Como ele sabe de todas essas
coisas? Será que o pai do Caleb contou? Afinal de contas, aquele idiota do

Elliot também descobriu.

─ Pai...

─ Eu sei sobre o contrato desde o começo, você achou mesmo que eu

acreditaria? Por mais que o teatro tenha sido bem convincente, eu a conheço

perfeitamente para saber quando está mentindo. ─ Para ao meu lado, me


encarando com um sorriso contido. ─ Fiquei em silêncio porque pensei que

de alguma forma, as coisas pudessem funcionar entre vocês dois.

─ Como descobriu de verdade?

─ Tenho os meus contatos, assim como também sei que você foi até o
hospital e fez uma ultrassonografia para confirmar a existência do meu

neto.

─ Oh, pai, isso não é invasão de privacidade? Como ficou sabendo

disso? Eu paguei os exames em dinheiro vivo, não tinha como o senhor


saber que usei o meu cartão.

─ Eu sempre tive olhos e ouvidos bem atentos a você, até porque

vivia em festas de origem duvidosa. Não me crucifique, sou apenas um pai


preocupado.

─ Não vai me xingar e dizer o quanto sou irresponsável? ─ pergunto

com os ombros encolhidos.

─ Por que eu deveria? ─ Pega minha mão entre as suas, me encarando

com ternura. ─ Imagino que não deve estar sendo fácil para você, por isso

não vejo motivos para colocar mais pressão sobre os seus ombros.

Jogo-me em seus braços, eu sou tão sortuda por ter o Charles como

pai.

─ Pai, é tão assustador saber que tem uma vida crescendo aqui. ─
Meus olhos marejam quando coloco a mão no ventre. ─ Será que darei

conta?

─ Você sempre conseguiu tudo que quis, por que seria diferente

agora? Tenho certeza de que você será uma excelente mãe. Até porque, eu
estarei ao seu lado o tempo todo, assim como a Madison e o pai do meu

neto. Como o Caleb reagiu?

Afasto-me novamente, andando de um lado para o outro.

─ Não contei ainda.

─ Por quê? ─ pergunta em tom de indignação.

─ Farei isso quando o contrato terminar. Por favor, não conte nada a

ele, pai. Estou esperando o momento apropriado.


─ Mas...

─ Pai, por favor.

─ Não gosto da ideia, porém não é como se eu tivesse poder de

interferir em sua vida. Não demore, ele precisa e merece saber que será pai.

Meu pai me comprou um pote de sorvete e continuamos a conversa,

peguei a foto do meu filho e o mostrei, ele chorou como um bebê, não

muito diferente da minha reação quando escutei seu coraçãozinho batendo.

Espero ter a oportunidade de viver essa experiência com o Caleb. Será que

seria suficiente para derreter aquele coração de gelo?

─ Você deveria cozinhar para mim mais vezes ─ falo sentada no

balcão da cozinha, enquanto ele termina de lavar a louça.

─ Ao invés de um noivo, quer um cozinheiro?

─ Olha, não queria ferir os seus sentimentos, mas não acho uma má

ideia. ─ Ele me joga um pouco de água. ─ Ei, isso está frio.

─ É para você aprender, você pode ter os dois. Por que apenas um

cozinheiro?

Para em minha frente, o prendo entre minhas pernas. Rodeando os

braços em volta do seu pescoço. Sem perder tempo, beijo sua boca,
mordiscando o lábio inferior. Estava com saudades de beijá-lo.

─ Isso significa que você será meu noivo e cozinheiro? ─ pergunto

quando nos afastamos.

─ Você quer? ─ Enfia a mão por dentro da minha camisa, apalpando

meus seios.

─ Sim ─ respondo com ousadia, tirando sua camisa, deixando à

mostra seu peitoral. Ele não deveria se esconder tanto debaixo daqueles

ternos.

─ Você tem certeza de que não pode me acompanhar na viagem? ─

Ele não deveria falar sem o meu seio na boca? ─ Seria bom se você fosse

comigo, poderíamos experimentar sexo nas alturas.

─ Você só consegue pensar em sexo? ─ Sorrio, sem conseguir

esconder minha vergonha. ─ Tenho uma atividade importante para

apresentar, vou com você na próxima.

─ Já que não vai comigo, precisa me compensar agora.

─ O que você quer? ─ Desenho seus lábios com a ponta do dedo. Eu

amo a sua barba.

─ Me deixe chupá-la... aqui neste balcão. ─ Sorri maliciosamente. ─

Fantasiei isso desde a primeira vez que veio à minha casa.


Não acho que seja capaz de proferir qualquer palavra, em vista disso,

meneio a cabeça concordando. Caleb retira a minha saia, levando junto a

calcinha. Sem qualquer pudor, se abaixa, pega uma das minhas pernas

colocando no ombro, tendo fácil acesso a minha intimidade. Não sei lidar

com a intensidade deste homem.

Sinto sua língua úmida e quente em meu clitóris, brincando e

chupando esse ponto tão sensível, não consigo controlar os gemidos

involuntários que saem da minha boca. Me curvo sobre o balcão gelado,

causando sensações estranhas no meu corpo. Dois dedos são enfiados

dentro de mim, ele rapidamente encontra meu ponto G, deixando claro

como conhece essa parte tão íntima de mim.

─ Caleb... ─ Seguro firme em seus cabelos, perdendo os sentidos por

alguns segundos, antes de me entregar ao ápice do prazer. ─ Eu cabei de

gozar, pare um pouco.

─ Por quê? Para você um orgasmo é suficiente? ─ Meneio a cabeça

negando. ─ Então por que está se privando? A sensibilidade ajudará a

chegar lá ainda mais rápido. Aproveite, porque eu amo chupar a sua boceta,

Olívia.

─ Não fale desse jeito.


─ Você fica envergonhada quando eu falo “boceta”, mas não quando

estou com a boca aqui embaixo? ─ Sorri, vindo me beijar, sinto o salgado

do meu gosto. ─ Você é tão viciante, ao ponto de me deixar louco, bambina.

─ O que isso quer dizer?

─ Que eu estou fodidamente viciado em você. Seu gosto me deixa

inebriado, Olívia. ─ Me pega nos braços, rodeio as pernas em volta de sua

cintura. ─ Vamos terminar no quarto, temos muito até o amanhecer.

Beijo-o, chupando sua língua. Eu amo quando sua barba faz cócegas

em mim quando nos beijamos. Já estou tão entregue a esse homem, por que
me privar? Preciso aproveitar, não sei o que o futuro nos espera.
Olívia

Quase não consegui me levantar para vir até a aula, Caleb sugou todas

as minhas energias. Marquei uma consulta com a minha médica, tudo foi
tão intenso ontem, tenho medo de algo ter acontecido com o meu bebê. O

susto do primeiro momento já passou, agora consigo lidar melhor com o


fato de estar gerando uma outra vida.

─ Aqui, uma grávida precisa manter-se hidratada. ─ Madison me

entrega uma garrafa de água. ─ Passou a noite com o Caleb?

─ Como você sabe? ─ pergunto com um enorme sorriso.

─ Seu pescoço. ─ Levo a mão rapidamente. ─ Qualquer pessoa que

veja essa marca vermelha, pensará o mesmo, que você teve uma noite bem

quente.

─ Merda, se eu tivesse visto tinha escondido. ─ Dou uma mordida na

minha maçã. ─ Ele iria viajar hoje, então jantamos juntos.

─ Quando vai contar para ele?

─ Sobre o quê?

─ Ora essa, sobre o fato dele ser pai. ─ Acerta um tapa na minha

testa. ─ Tem um mês que você descobriu, ainda continua com a ideia de não
falar nada?

─ Não sei, estou confusa ainda.

─ Você gosta dele?

─ Sim, não tenho mais dúvidas.

─ Então pronto, quando ele retornar, tome coragem e conte. É melhor

sofrer de uma vez, do que ficar adiando o sofrimento. Se for para Caleb ter

uma reação ruim, acontecerá com contrato ou sem. ─ Odeio quando ela tem

razão.

─ Tenho medo, Caleb sempre deixou claro que não estava buscando

um relacionamento. Ele optou pelo contrato apenas para pararem com as

cobranças. Por mais que a gente se dê bem dentro e fora da cama, não

acredito que seja suficiente para fazê-lo querer formar uma família.

─ Mesmo que ele não queira um relacionamento contigo, precisa

assumir as responsabilidades pelo filho. Você não fez sozinha, amiga.

─ Eu sei, mas...

─ Não tem justificativa. É melhor você contar antes que seja tarde

demais. Existe uma chance de vocês darem certo, então por que não tentar?

Será que poderemos mesmo tornar isso real? Um homem como

Caleb, é capaz de amar outro alguém?


─ Com licença. ─ Um homem para em nossa frente, o encaramos

confusas. ─ Você é Olívia Grecco, certo?

─ Sim, sou eu mesma.

─ Uma entrega do senhor Caleb. Assina aqui, por favor. ─ Faço o que

ele pede, recebendo uma pequena caixa. ─ Tenha um bom-dia, senhorita.

─ Um presente? ─ Madison pergunta curiosa. ─ Abre logo, quero ver


o que tem dentro.

Abro, me deparando com uma linda pulseira de ouro amarelo e

diamantes da Louis Vuitton. Encaro por alguns minutos a peça, ele não
poderia ter feito escolha melhor. Essa joia é tão delicada, a minha cara.

─ Uau, uma Louis Vuitton? Os benefícios de ser noiva de um homem

podre de rico, não é mesmo?

─ Você fala como se não fosse podre de rica também.

Meu celular sinaliza com uma mensagem do Caleb.

“Assim que eu voltar para Milão, irei direto para o seu apartamento.

Use o presente.”

É isso, vou aproveitar esse mesmo dia para contar sobre a gravidez,

não sei o que me espera, mas acho que posso me iludir um pouco.
─ Bebê, já preparei tudo para contar ao seu papai sobre sua

existência. Não sei qual será sua reação, afinal de contas, não sei se

podemos ser chamados de casal, mas caso ele não queira nos acompanhar
nesta jornada, não se preocupe, serei sua mamãe e papai. ─ Acaricio minha

barriga de dez semanas.

Não deve demorar para ele chegar em seu destino, Caleb me mandou

outra mensagem, dessa vez, dizendo que decolariam, ou seja, duas horas se

passou e já devem estar preparando para pousar.

─ Filha, o que você quer comer?

─ Pizza, papai.

─ Não seria melhor comer algo mais leve?

─ Não, o nosso bebê quer pizza.

Apesar de todos os desentendimentos, papai e eu sempre fomos muito

unidos. Uma prova disso é o fato dele ter ficado superprotetor depois que

descobriu sobre a gravidez. Por sinal, não importa quantas vezes pergunte,

ele não me conta como descobriu. A cada dia tenho mais certeza de que tem

alguém me seguindo, apesar de nunca ter percebido.

─ Tudo bem, vou fazer o pedido.

Pego o controle e procuro algo interessante na televisão, faz tempo

que não assisto nada, para falar a verdade não consigo me concentrar. Pego
o copo de suco oferecido pelo meu pai, na mesma hora um plantão de

notícia urgente aparece, todo meu corpo se arrepia.

─ Acaba de cair sobre uma área de mata fechada o Boing 1465 com
destino a cidade de Roma. Ainda não se tem notícias sobre o estado de

todos, Informações apontam que entre os passageiros, está o empresário

Caleb Mancini - CEO do grupo Conway. ─ Começo a tremer, derrubando o

copo que se quebra ao chegar no chão. ─ Voltaremos a qualquer momento

com atualizações.

Ligo desesperadamente para o seu celular que dá na caixa postal. Meu

peito está queimando, minhas vistas embaçadas em decorrência das

lágrimas que molham desenfreadamente o meu rosto.

Não, ele não pode ter morrido desse jeito. É um mal-entendido, como

eles podem divulgar algo tão sério sem comunicar a família?

─ Filha... ─ Me puxa para os seus braços.

─ Ele morreu, pai.

Meu corpo treme descontroladamente, é a mesma dor que senti

quando perdi a minha mãe. Dói tanto, que é como se meu coração estivesse

sendo esmagado.

─ Filha, tenta se acalmar. Vou ligar para o Stefano, não podemos

acreditar em tudo que a imprensa divulga, eles são bem sensacionalistas.


Ligo novamente, caindo na caixa postal.

─ Por favor, me diga que isso não é verdade... liga para mim, fala que

tudo não passou de um mal-entendido e você está vivo. Amor, você não

pode ter me deixado, você não pode estar entre os mortos ─ falo na caixa

postal. ─ Eu não tive a chance de dizer o quanto te amo, nem que iremos ter

um filho.

─ Vai ficar tudo bem, filha, vamos manter o pensamento positivo.

─ Eu fui tão egoísta, pai. Se ele for um dos mortos, nunca me

perdoarei por tê-lo deixado ir sem saber da existência do nosso bebê.

Agarro-me em seu corpo, molhando toda a sua camisa com minhas

lágrimas, ao mesmo tempo que insisto em ligar, sem sucesso para Caleb.

Meu coração se aperta ainda mais ao ouvir mais uma vez, a música

assustadora do plantão de notícias. Olho para a TV e meu coração se quebra

no momento que ela diz:

─ Até o momento, não foi confirmado nenhum sobrevivente. Nossa

equipe apurou e sim, o empresário Caleb Mancini é um dos passageiros do

Boing 1465, que decolou de Milão com destino a Roma.

─ Pai...

É a última coisa que falo, antes da minha visão escurecer.


Olívia

Estou há dois dias no hospital, quando eu desmaiei meu pai me trouxe

às pressas. Por conta da minha gestação, todas as minhas emoções estão


mais afloradas, a médica disse que eu não posso passar por muito estresse,

pois isso faz mal para o bebê. Mas como vou controlar isso, quando o pai
do meu filho está entre os passageiros daquele voo?

Ainda não tivemos uma informação concreta a respeito do Caleb, ao

que tudo indica a região onde o avião caiu é de difícil acesso, as equipes
estavam se organizando para ir até lá. Isso é a única coisa que eu sei, meu

pai e a Madison não me deixam assistir televisão ou ter acesso à internet, é


a forma que eles encontraram de tentar me deixar fora de perigo.

Ontem à noite eu sonhei com ele, mais precisamente a última noite

em que estivemos juntos antes da viagem. E pensar que eu quase o

acompanhei, talvez o melhor seria se eu tivesse ido. Mas esse não é um


pensamento egoísta da minha parte? Afinal de contas tem uma vida

crescendo dentro de mim. Céus, a verdade é que eu não pensei que passaria

pela mesma dor novamente. Quando a minha mãe morreu, senti como se o
meu mundo tivesse acabado. Meu peito doía tanto, era como se estivessem

com o meu coração na mão, apertando com o máximo de força possível.

Dói saber que ele pode ter morrido sem saber que seria pai, o meu
medo fez com que eu agisse de forma egoísta. Por quê? Por que tudo isso

tinha que acontecer conosco? Acidentes aéreos não são tão comuns como os

acidentes de carro, então por que ele tinha que estar dentro daquela

aeronave?

O meu sogro veio me ver, meu pai acabou falando que eu tinha

passado mal e que eu estava grávida. Surpreendentemente aquele homem de

aparência fria, assim como o Caleb, me puxou para os seus braços e chorou.

Ele se desculpou inúmeras vezes, porque pediu para que o filho o


representasse naquela viagem.

─ Me desculpe, se eu não tivesse pedido para que o Caleb fosse em

meu lugar, o seu filho não estaria agora correndo o risco de crescer sem a

presença do pai. Como eu vou encarar o meu neto sabendo que o pai dele

morreu por minha causa?

─ Caleb não morreu! Algo no meu peito diz que ele está vivo, ainda

não confirmaram todos os mortos e nós combinamos de nos encontrarmos

quando voltasse. ─ Limpo a lágrima que desce por minha bochecha. ─ Não
devemos nos sentir culpados, porque eu também não fui sincera com ele,

descobri a gravidez há mais de um mês e não contei.

─ Tenho certeza de que meu filho ficaria muito feliz. ─ A tristeza está

estampada em seu rosto.

─ Pare! ─ Ele me encara confuso. ─ Pare de se referir a ele no

passado, até termos certeza, Caleb permanece vivo.

Acaricio meu ventre tentando passar um pouco de conforto para meu

bebê, já que as minhas emoções estão uma merda. Quando tudo isso se
resolver, farei com que o Caleb processe aquele canal de televisão que de

forma irresponsável anunciou sua morte sem confirmação.

─ O que faz aqui? ─ pergunto ao ver Elliot entrando no quarto.

─ Não precisa ficar na defensiva, vim apenas dar os meus

sentimentos, não deve estar sendo fácil lidar com a morte do seu noivo ─

fala com um falso sentimentalismo. ─ Me coloco a inteira disposição, caso

precise de alguma coisa.

─ Não quero sua pena, Caleb está vivo, então me poupe dessa sua

falsidade. Por favor, saia daqui.

Não faço ideia de como ele descobriu porque eu estava hospitalizada,

pior, como soube o hospital e o quarto em que me encontro. E quem não o


conhece, pode achar que eu estou sendo mal-educada e até mesmo fria,

porém este homem não faz nada inocentemente.

─ Por mais que você queira pensar assim, não tem como ele ou

qualquer pessoa ter saído vivo daquela explosão.

─ Explosão? Como assim? ─ Meus olhos encheram-se de lágrimas.

─ Você não sabia? ─ Meneio a cabeça confirmando. ─ O avião

explodiu logo após colidir com o solo, eles estão indo apenas recolher os

corpos que ainda estão inteiros.

─ Você está mentindo ─ falo nervosa, levantando-me da cama, tem

pouco tempo que tiraram o acesso do soro do meu braço.

─ Eu não... ─ A porta é aberta por Madison.

─ O que você fez com ela? ─ pergunta ao ver o meu estado. ─ SAIA

DAQUI AGORA!

─ Melhoras, Olívia! Deixarei o meu cartão, caso precise de ajuda.

─ Amiga, você está bem? Ele te falou ou fez alguma coisa? ─ Segura

minha mão entre as suas, me olhando com preocupação.

─ Meu celular, me entregue.

─ Por quê?

─ Me entregue, AGORA! ─ grito, saindo de seu aperto.


Sem ter escapatória, Madison tira o aparelho da bolsa, entregando em

minhas mãos. Acesso o Google e pesquiso sobre o acidente, enquanto eu lia

a matéria, desejei com todo o meu coração que aquele filho da puta

estivesse mentindo, mas era verdade, o avião realmente explodiu.

─ Quando vocês iam me contar?

─ Acalme-se, pense no seu bebê, amiga.

─ POR QUE ESCONDERAM ISSO DE MIM? ─ Minhas pernas

falham, ela me segura antes de ir ao chão. ─ Vocês não tinham esse direito,

eu merecia saber, Madison.

─ Pelo amor de Deus, agora seu corpo não é apenas só seu. A médica

disse que não seria uma boa ideia passar por fortes emoções, por isso

achamos melhor não contar nada. Até porque, todos os corpos não foram

identificados ainda, ele pode estar vivo.

Disco para o seu número, que cai na caixa postal.

─ Você vai ouvir essa mensagem? Seu nome aparecerá no visor do

meu celular? Você dirá que que está bem e tudo não passou de um maldito

pesadelo? ─ Sento-me no sofá. ─ Eu não tive a chance de dizer que te

amava. Tive medo, porque sabia que você diria que era burrice, afinal de

contas, nos conhecemos há poucos meses. Amo você, por favor, volta para

a gente. Sim, temos um bebê no forninho louco para escutar a voz do papai.
Levo a mão a boca, em uma falha tentativa de conter os soluços.

─ Não quero que nosso encontro seja com você em um caixão, por

favor, volta para mim.

Largo o celular, me agarrando a minha amiga. Nunca entenderemos a

intensidade de um amor, até ter a oportunidade de vivenciá-lo. Não importa

se nos conhecemos há dias, meses ou anos. Quando o amor acontece, é


difícil explicar.

─ Eu sabia que me machucaria ao me apaixonar pelo Caleb, só não

pensei que essa dor me consumiria por inteiro. Dói tanto amiga, onde

encontrarei forças para seguir em frente e recomeçar?

─ Você agora é mãe, vai encontrar forças no bebê que cresce em seu

ventre. Eu imagino como esteja se sentindo, mas tente ser forte por ele. ─
Acaricia a minha barriga. ─ O bebê sente todas as suas emoções.

Desde que assinamos o contrato, essa é a primeira vez que me

arrependo. No fim das contas, você realmente me fez chorar.


Caleb

As pessoas costumam dizer por que só damos valor a algo quando

estamos perto de perdê-lo. Nunca pensei que fosse concordar com este tipo
de pensamento, mas no momento que começamos a cair, eu só conseguia

pensar no sorriso da Olívia. Me perguntei qual teria sido a sua reação ao


receber a pulseira. Será que ela lembrou da aposta que fizemos? Naquele

dia achei uma bobagem, como assim eu iria presenteá-la só por ter alguém
em meu pensamento 24 horas por dia?

Durante esse tempo que fiquei na mata, fiz algo que não fazia parte da

minha vida. Se existe um Deus, orei para que ele me salvasse, porque eu
queria abraçá-la, beijá-la e dizer que estava perdidamente apaixonado por

aquela menina. Não tenho certeza de quando ela invadiu um espaço tão
restrito que era o meu coração.

Não fazia ideia de quanto tempo fiquei debaixo daquela árvore.


Quando a fumaça começou, eu e mais algumas pessoas, desesperadamente

saímos pela porta de emergência. Em questão de segundos, foi tudo pelos

ares.
Agora estamos a caminho de um hospital, só quero correr para ver

Olívia, deve ter sido uma emoção enorme. Minha perna está bem

machucada, nada que seja muito preocupante, os escutei falando que se

demorassem mais um pouco, eu poderia estar em grandes apuros.

Assim que chegamos, pedi para colocarem meu celular para carregar.

Quero tranquilizar aqueles que sei que se importam comigo. A minha

menina deve estar preocupada, correto? Conhecendo bem o meu pai, aposto

que se culpou, porque deveria ter sido ele no meu lugar.

Os médicos me colocaram no soro por causa da desidratação, e

trataram as minhas feridas. Não tenho certeza de quanto tempo dormi, mas

eu estava realmente precisando de um descanso. Me entregaram meu


celular, pesquisei sobre o acidente e erroneamente vários veículos de

comunicação anunciaram a minha morte. Esses filhos da puta são um monte


de abutres, como divulgam algo tão sério sem comprovação?

Várias ligações perdidas da Olívia, meu pai e os meus amigos. Tem

três mensagens de voz da Olívia, aperto para escutar a primeira.

Por favor, me diga que isso não é verdade... liga para mim, fala que

tudo não passou de um mal-entendido e você está vivo. Amor, você não

pode ter me deixado, aqueles corpos sem vida, você não pode estar entre
eles. Eu não tive a chance de dizer o quanto te amo, nem que iremos ter um

filho.

Um filho? Olívia está grávida?

Aperto para escutar o próximo, confuso, sem saber se escutei

corretamente suas palavras.

Você vai ouvir essa mensagem? Seu nome aparecerá no visor do meu
celular? Você dirá que está bem e tudo não passou de um maldito pesadelo.

Eu não tive a chance de dizer que te amava. Tive medo, porque sabia que

você diria que era burrice, afinal de contas, nos conhecemos há poucos

meses. Amo você, por favor, volta para a gente. Sim, temos um bebê no

forninho louco para escutar a voz do papai.

Eu não posso estar louco a esse ponto, ela realmente disse que está

grávida. Quando isso aconteceu? A única vez que transamos sem

camisinha, foi quando eu não consegui controlar o meu desejo enquanto

tomávamos banho, logo depois da nossa primeira vez. Espera, isso tem

mais de dois meses, por que Olívia não me contou antes? Nós realmente

seremos pais?

Essa hipótese nunca passou pela minha cabeça, mas não é como se eu

desgostasse dessa possibilidade. Porra, será que eu serei capaz de ser um


bom pai? Por que Olívia guardou esse segredo por tanto tempo? Ela não me

contaria nada?

─ Com licença, senhor Caleb. ─ Uma senhora adentra o quarto,

acredito que seja uma médica. ─ Está sentindo alguma dor ou incômodo?

─ Quando terei alta?

─ É muito cedo para falarmos sobre isso. Você ficou por dois dias

naquela mata, sem comer ou se hidratar. Inalou uma fumaça tóxica, e não

podemos esquecer do machucado em sua perna, precisamos dar total

atenção. Seus familiares já foram avisados, não deve demorar para

chegarem. ─ Faz algumas anotações em seu tablet.

─ A quem vocês avisaram?

─ Ao seu pai, ele disse que chegaria o mais breve possível. Enquanto

isso, descanse. Se precisar de qualquer coisa. É só apertar o botão logo atrás

da sua cama.

Sai, me deixando sozinho novamente.

Será que Olívia está bem? Meu pai falou para ela que estou vivo? Não

posso deixar de me preocupar, suas mensagens eram tão carregadas de

emoção. Uma mulher grávida pode passar por algo assim? Ela disse que me

amava, desde quando? Nosso contrato acabará em alguns dias, significa que

temos uma chance de ficar juntos?


Quanto mais eu penso, mais confuso fico. Como essa menina

conseguiu me mudar tanto em tão pouco tempo? Eu serei capaz de

renunciar à minha vida de solteiro, para ficar ao seu lado? A resposta vem

mais rápido do que esperava. Sim, não preciso dormir com outras pessoas

quando posso ter várias versões da Olívia nos meus braços, Amo seu lado

inocente, como fica envergonhada quando falo putaria, ao mesmo tempo

que fica sexy entre quatro paredes.

─ Caleb... ─ A porta é aberta abruptamente por Olívia.

Sem me dar tempo para raciocinar, ela se joga em meus braços, me

abraçando e molhando minha roupa com suas lágrimas. Sinto um pouco de

dor quando acerta minha perna machucada, mas não a afasto, pelo

contrário, aperto mais seu corpo contra o meu, sentindo um puta alívio de

vê-la.

─ Minha menina. ─ Limpo as lágrimas que descem desenfreadamente

por seu rosto. ─ Desculpe por preocupá-la, mas agora estou bem, pode

parar de chorar.

─ Eu não consigo me controlar, esses dois dias foram bem difíceis,

não queria aceitar a sua morte, algo me dizia que você estava vivo. ─ Me

abraça novamente, sinto seu corpo tremer em meus braços. ─ Doeu tanto o

meu peito, Caleb.


─ Por quê?

─ Porque eu te amo! Me desculpe por quebrar a cláusula do contrato,

não fui capaz de proteger o meu coração e evitar que me apaixonasse.

Seguro seu rosto entre as minhas mãos, beijando seus lábios com

delicadeza, me sentindo aliviado por tê-la em meus braços neste momento.

─ Eu fui tão egoísta, Caleb ─ fala encostando a cabeça em meu

ombro.

─ Por quê, Olívia?

─ Eu estou grávida!

─ Eu sei disso. ─ Coloco uma mecha de seu cabelo atrás da orelha,

sorrio ao ver seu rosto confuso. ─ Escutei as mensagens que você deixou

para mim.

Toco sua barriga levemente saliente. Como não percebi isso antes?

─ Não iria te contar até o término do contrato, não queria que se

sentisse obrigado a ficar comigo apenas por isso.

─ Você acha que sou o tipo de homem que faz as coisas obrigado? ─

Meneia a cabeça negando. ─ Menina, você está gravada em mim como uma

tatuagem, impregnada na minha pele, fazendo parte de mim. Enquanto


estava naquela mata, seu rosto vinha a todo instante em meus pensamentos.

Seu sorriso, sua voz, o rosto sereno enquanto dorme. Eu não sei explicar
quando, como e em que momento me apaixonei. Posso viver sem você?

Sim, mas eu não quero. Sem você meus dias parecem perder o sentido.

─ Você não está falando isso porque quase morreu, não é?

─ Talvez, mas eu estava disposto a confessar os meus sentimentos

quando retornasse. “Quando você conhecer alguém que fará seu coração

acelerar e essa ser a única pessoa em seus pensamentos, terá que me

presentear com algo caro.” ─ Suas pupilas dilataram.

─ A pulseira... ─ fala dando-se conta.

─ Sim, no fim das contas, você ganhou a aposta, Olívia. Sono

follemente innamorato di te.[11]

─ Eu te amo, obrigada por ter voltado para a gente com vida. Nós

vamos ser pais, tem noção disso?

─ Não sei se serei um bom pai, mas por favor, mi insegni[12].

─ Vamos aprender juntos.

Eu acho que acabei recebendo uma segunda chance. Durante toda a

minha vida, pensei que não precisava de uma pessoa ao meu lado, mas eu
estava fodidamente errado. Não consigo enxergar a minha vida sem essa

menina, até porque, agora temos uma pessoinha para cuidar.

Serei pai, quando imaginei essa possibilidade?


Caleb

─ Você sentiu medo quando percebeu que o avião estava caindo? ─

Olívia pergunta, tamborilando em meu peito.

Há uma semana recebi alta do hospital, ainda não estou cem por

cento, meu machucado ainda tem um curativo e ficará assim até que os

pontos cicatrizem. Confesso que não estou acostumado a ficar tanto tempo
sem fazer nada, me sinto um completo inútil.

─ Sim, pensei que nunca mais teria a chance de ver o seu lindo rosto.
─ Coloco uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. ─ Acho que foi a única

vez que senti medo de alguma coisa.

─ Fiquei tão preocupada, naquele mesmo dia eu tinha decidido contar

sobre a gravidez, quase morri quando o plantão apareceu na televisão. Se eu

não estivesse com o papai, não sei o que aconteceria. ─ Abraço forte seu

corpo delicado, em seguida acaricio sua barriga.

Assim que saí do hospital, entrei em contato com os meus advogados

e pedi para que se preparassem para abrir um processo contra a primeira


emissora que noticiou a minha morte. Eles não podem sair divulgando essas

coisas. Se Olívia tivesse perdido o meu filho por conta disso?


Meu filho.

Quem imaginaria que a mesma pessoa que fez um contrato de

relacionamento, que tem aversão a essas baboseiras do coração, estaria feliz


com a possibilidade de ser pai? Nunca pensei que iria me apaixonar, ainda

mais sendo em tão pouco tempo. Confesso que se Olívia tivesse contado

antes sobre a gravidez, a chance de eu ter uma reação negativa seria muito

grande. Porra, nunca pensei em ser pai, não queria nem ter um

relacionamento.

─ Como você descobriu que estava grávida?

─ Naquele dia que você me levou ao hospital. ─ Esconde o rosto no

travesseiro.

─ Agora faz sentido porque algo parecia errado.

─ Sim, eu estava digerindo o que a médica tinha me dito, tentei ao


máximo não transparecer, porque não era o momento de contar. ─ Ela deu

um sorriso torto. ─ Me arrependo de não ter contado antes, me amaldiçoei

só de pensar na possibilidade de você ter morrido sem saber que seria pai.

Sento-me com cuidado e ela me acompanha.

─ Se você tivesse me dito antes, talvez não estivéssemos juntos agora

─ falo com sinceridade, beijando seus lábios. ─ Me conheço o suficiente


para saber que minha reação não seria uma das melhores. Nunca quis uma

família, isso inclui filhos também.

─ E o que mudou?

─ Deus me deu uma segunda chance, eu pedi que ele me salvasse,

porque queria te ver novamente. Depois de tudo que passei e do medo

absurdo que me atingiu, como seria capaz de renegar um filho com você? A

menina que venceu a difícil batalha de se impregnar em meu coração.

─ Você realmente me ama, Caleb? ─ Ela toca carinhosamente em

minha barba. ─ Está mesmo disposto a renunciar a sua vida de cafajeste

nato? Como se contentará em transar apenas comigo?

─ Por mais difícil que seja de acreditar, realmente estou disposto a

abandonar tudo para ficar apenas contigo. Na verdade, já estava fazendo

isso no contrato, a última vez que dormi com uma mulher foi há meses.

─ Tenho medo de que você desista e abandone a mim e o nosso bebê

─ fala com o rosto carregado de tristeza.

─ Fica em pé, por favor. ─ Ela faz, ficando em minha frente, me

aproximo de sua barriga saliente e digo: ─ Oi, bebê! Ho voglia di vederti[13].


Sei que demorei muito para me apresentar, mas eu sou o seu papai. Sua mãe

é uma das mulheres mais linda, inocente e atrevida que já conheci. Nós nos
encontramos por acaso, embarcamos em um contrato louco e no fim das

contas, olha só, estamos apaixonados um pelo outro.

Um pingo cai no meu rosto, olho para cima, vendo Olívia chorar.

─ Desculpe, os hormônios da gravidez deixaram as minhas emoções à

flor da pele.

Beijo sua barriga, abraçando-a pela cintura.

─ Espero que você seja tão lindo como a sua mãe, mas não puxe sua

personalidade, mesmo carregando você no ventre, ainda é desnaturada e

imatura. ─ Recebo um tapa como resposta. ─ A verdade é que estou

assustado, mas tenho certeza de que ela me ajudará a ser um bom pai.

Uma menina de apenas vinte anos, terminando o ensino superior,

tenho certeza de que uma gravidez atrasará seus planos. Então, como eu

poderia ser o mais assustado entre nós dois? Olívia tem muito mais a perder

e em nenhum momento passou por sua cabeça a possibilidade de abortar.

Pode parecer louco, mas não me resta nenhuma dúvida a respeito dos

meus sentimentos por ela. Acredito que no dia que conversei com Logan e

Javier, eu já tinha uma resposta para todas as minhas dúvidas, só não queria

admitir.

─ O nosso contrato termina na próxima semana ─ falo, quando ela se

senta ao meu lado, permaneço com a mão em sua barriga.


─ Como vamos denominar o nosso relacionamento?

─ Vamos esperar até que eu fique completamente bom.

─ Por quê?

─ Porque quando eu pedir para que você seja oficialmente minha,

precisaremos comemorar. E como pode ver, não acho que sexo está incluso

nos meus tratamentos paliativos.

Pego sua mão, colocando em minha ereção.

─ Caleb. ─ Puxa rapidamente, com o rosto vermelho. ─ Você só

consegue pensar em sexo?

─ Sim, inclusive tenho uma dúvida. Nós poderemos transar durante a


sua gravidez?

─ Infelizmente não ─ fala com os ombros caídos.

─ Você está falando sério? ─ pergunto desesperado e ela responde

com um meneio de cabeça. ─ Tudo bem, por mais difícil que seja, posso

recorrer aos velhos tempos e tornar minha mão uma bela companheira.

Olho para ela que tenta conter o riso, sem sucesso.

─ Está me enganando, Olívia? ─ Me abraça pelo pescoço,

gargalhando as minhas custas. ─ Quando eu estiver melhor, farei você

pagar por essa gracinha, menina.


─ Não pode, o bebê se assustará.

─ Pedirei permissão antes, ele não se importará com o fato de seus

pais terem um pouco de diversão. ─ Deito-me, puxando para ficar em meu

peito. ─ Vamos dormir, quanto mais rápido eu me recuperar, mais fácil a

terei cem por cento nos meus braços para fazer tudo que eu quiser.

─ Me abraça forte, quero sentir o seu calor durante toda a noite. ─ Se


aninha ainda mais em meus braços.

─ Sono tuo, bambina.


Caleb

Deixei Olívia no instituto de moda antes de vir para empresa. Há três

dias retirei os pontos, posso voltar finalmente ao meu trabalho, tenho muitas
pendências para resolver. Finalmente descobri como aquele filho da puta

teve acesso ao contrato. Ele deve ter escutado alguma das minhas
conversas, não tinha como ter suspeitado do nada. Elliot subornou a

secretária do meu advogado, foi assim que conseguiu uma cópia.

Olívia também me contou sobre sua visita indesejada ao hospital, se


alguma coisa tivesse acontecido a minha mulher e filho, não seria capaz de

controlar as minhas ações. Conversei com o meu pai, abri o jogo e disse que
pediria a substituição do Elliot. Nós dois juntos temos a maior quantidade

de ações do grupo, mesmo que fiquem contra, não permitirei que alguém
tão podre continue na vice-presidência.

─ Bem-vindo de volta, chefe. ─ Minha secretária me cumprimenta


assim que as portas do elevador se abrem.

─ Obrigado! A sala de reunião já está preparada?

─ Sim, os acionistas e diretores já estão aguardando.


─ Mantenha os seguranças sobreaviso, não acho que Elliot aceite sair

sem nenhuma resistência. ─ Meneia a cabeça concordando e sigo direto

para a sala onde me esperam. ─ Bom dia a todos.

─ É bom ver sua cara novamente, Caleb. ─ Francisco diz, me

cumprimentando com um aperto de mãos.

─ Concordo, não nos assuste novamente garoto.

─ Não acho que o diabo me queira ao seu lado, tenho muito que fazer

por aqui ainda. ─ Meus olhos encontram com os do Elliot, a raiva está

evidente, como todas as vezes. ─ Pai. ─ Nos cumprimentamos com um


abraço breve.

─ Qual o motivo dessa reunião? É para darmos boas-vindas por que

você voltou dos mortos? ─ Ele contrai sua mandíbula.

─ Bem, o motivo desta reunião é para comunicá-los que outra pessoa


assumirá o cargo de vice-presidência. ─ Eles me encaram com olhos

arregalados, exceto nossos pais que já sabiam. ─ Por muito tempo, tolerei a

incompetência e petulância do Elliot, desde que assumi o cargo de CEO,

por diversas vezes ele tentou me ferrar, porque em seu cérebro minúsculo,

era mais merecedor do que eu.

─ Você não pode fazer isso, os acionistas escolheram a mim ─ fala

exasperado.
─ Pode ser, mas você só permaneceu no cargo porque eu permiti.

Afinal de contas, junto com o meu pai, possuímos a maior quantidade de

ações do grupo. Caso não tenha entendido, isso nos dá total autonomia para

tomar decisões, mesmo que a bancada de acionistas não concorde.

─ Por que quer destituí-lo, Caleb? ─ Vittório pergunta.

─ Como eu disse, por repetidas vezes esse babaca tentou me ferrar.

Não acrescenta em nada, não tem bons contatos e muito menos podemos

contar com sua inteligência. ─ Sento-me na cadeira da ponta. ─ Ele

subornou a secretária do meu advogado, foi como conseguiu uma cópia do

meu contrato de relacionamento. Deu em cima da minha mulher e quando

eu estava desaparecido, se achou no direito de visitá-la no hospital, onde ela

quase perdeu o nosso filho por conta das merdas que esse idiota despejou

em uma mulher de “luto”.

─ Você não pode trazer os seus problemas pessoais para a empresa. ─

Vittório nunca perde a chance de ficar ao lado deste babaca.

─ Quantos contratos o Elliot fechou? Quantos leilões ele venceu? E

as reuniões para obter contatos, há quantas ele foi? ─ Um cochicho começa

na sala. ─ Eu não estaria fazendo isso, caso ele acrescentasse em algo para a

Conway.
─ O meu filho tem razão, não podemos permitir que uma pessoa

irresponsável ocupe um cargo tão importante na empresa. Não posso

permitir que alguém que odeia o meu filho, permaneça na presidência.

─ Vocês não podem permitir que eles tomem decisões sem

embasamento profissional, é claro que me querem fora porque não gostam

de mim. ─ Se levanta agitado. ─ Caleb nunca mereceu o cargo de CEO,

agora está tentando destruir a concorrência.

─ Você nunca foi meu concorrente, porque sempre fui superior a

você. ─ Tenta vir em minha direção, mas é impedido por seu pai. ─ Não

gostaria de ter chegado a esse ponto, porém você não me deixou escolha,

Elliot.

─ Tudo isso por causa daquela mulherzinha?

─ Não fale da minha mulher desse jeito, se você não tivesse ido atrás
dela, talvez não precisasse perder o seu posto. Por conta das suas palavras

de merda, o meu filho correu perigo, você não tinha que ter ido ao hospital.

─ Como pode ter tanta certeza de que o filho é seu? ─ Sorri, como se

eu fosse cair nesta provocação.

─ Não vá por esse caminho, eu disse que não iria tolerar mais erros da

sua parte. Aceite as consequências das suas decisões e não tente


menosprezar a minha mulher, ela é infinitamente melhor do que um babaca

como você. ─ Acerto um soco na mesa para não socar a cara desse idiota.

─ Você tem uma sugestão de nome, Caleb?

─ Não, faça suas sugestões, faremos uma votação. ─ Ajeito minha

gravata, me preparando para sair. ─ Bem, nos reuniremos novamente na

quinta, pensem bem em quem escolherão, não queremos um inútil como o

último vice-presidente.

─ Isso não ficará assim, Caleb. ─ Tenta me acertar e é interceptado

por seu pai.

─ CHEGA, Elliot! ─ grita, acertando um tapa no rosto do filho,

destituído e humilhado. ─ Você não acha que me envergonhou o bastante?

Um homem de trinta e cinco anos com atitudes de um moleque, eu não o

criei desta forma. Pode pensar um pouco no seu pai? Desculpe, Caleb, me

certificarei de mantê-lo longe de você e da sua noiva.

Despeço-me com um aceno de cabeça, meu pai me segue até a minha

sala.

─ Espero não ser surpreendido com um novo contrato, Caleb. ─ Vai

até o minibar, pegando uma dose de uísque. ─ Tome juízo e faça a menina

Olívia feliz, ela ficou um caco quando tudo aquilo aconteceu.


─ Não se preocupe, pai. O único contrato que farei com a Olívia é da

compra da nossa casa, precisamos de um espaço maior para quando o bebê

nascer.

Sorrio, aceitando a bebida que me oferece.

Agora que um problema foi resolvido, só preciso me preocupar com

Olívia. Há dias venho pensando em como nomear o nosso relacionamento,


na minha cabeça não faz sentido pedi-la em namoro, nós já passamos dessa

fase de nos conhecermos. Comprarei um anel e tornarei o nosso noivado

real, sem um contrato ou outras pessoas envolvidas.

Por mais que quisesse, não consigo mais enxergar a minha vida sem

aquela menina atrevida. Ela se tornou a pessoa mais importante da minha

vida, aquela a quem eu daria o mundo se fosse necessário. Não sabia que

era capaz de amar outro alguém além de mim mesmo.

Olívia não me mostrou a beleza do mundo, ela tornou-se meu próprio

mundo!
Olívia

Caleb pediu para que eu preparasse uma pequena mala, pois

passaríamos duas noites fora. Porém, ele não me disse qual será o nosso
destino. Estou nervosa, essa é a primeira vez que iremos sair depois do seu

acidente, e sem um contrato entre nós. É estranho saber que agora estamos
juntos realmente, sinto como se fosse um sonho e a qualquer momento eu

acordarei.

Como se isso não fosse o suficiente, há quatro dias Caleb me


acompanhou em um ultrassom e embora estivéssemos ansiosos, pudemos

vivenciar um momento único.

─ Vejo que o papai também veio desta vez. Querem ver o sexo do
bebê? ─ pergunta com um enorme sorriso, desde o começo ela se mostrou

bem simpática.

─ Já poderemos ver?

─ Tudo dependerá da colaboração do bebê, você já está com

dezesseis semanas, é possível sim. Deite-se na cama, por favor Olívia.

Faço o que ela pede, em seguida levanto minha camisa e sinto o gel

gelado ser colocado, confesso que é uma sensação estranha. Caleb observa
tudo em silêncio. Não consigo decifrar a expressão em seu rosto.

Assustado? Preocupado? Medo? Enfim, espero que sinta as mesmas

emoções que senti na primeira vez que escutei o coraçãozinho do nosso

bebê.

A médica nos explicou coisas rotineira, até que colocou para que

escutássemos o coraçãozinho. Não é a minha primeira vez, mas a emoção é

igual. Sinto um misto de medo e ansiedade por saber que estou gerando

uma vida. Como alguém como eu, que viveu os últimos anos loucamente,
pode ser capaz de algo assim?

Caleb segura minha mão, imóvel encarando o visor. Nunca pensei

que fosse ver esse homem com os olhos marejados. Meu desejo parece ter
se tornado real, nós poderemos compartilhar da mesma emoção.

─ Esse barulho, é normal? ─ Caleb pergunta, quebrando o silêncio.

─ Sim, é o coraçãozinho saudável do seu filho.

─ Qual é o tamanho dele?

─ Cerca de onze centímetros, pouco mais de 100 gramas.

─ Não consigo visualizar. Esse é um tamanho normal, doutora?

─ Sim, o esperado para um feto de dezesseis semanas. Talvez fique

mais fácil se você visualizar uma pera, é desse tamanho mais ou menos.

Ele assente, e beija minha testa, me deixando surpresa.


─ Posso saber no que você tanto pensa? Estou há minutos chamando

o seu nome. ─ Saio do transe quando ele toca a minha perna. ─ Está se

sentindo bem? Quer que eu pare o carro um pouco?

─ Não precisa, estava apenas lembrando de quando você foi comigo

no ultrassom. Uma pena que não tenhamos conseguido ver o sexo do bebê.

─ Nunca pensei que sentiria tanta emoção ao escutar batidas de

coração. ─ Pega minha mão, depositando um beijo. ─ Espero que da

próxima vez seja possível, quero que seja um menino, não sei se aguento

uma versão sua em miniatura.

─ Por que não? Seria bom ter uma Olívia 2.0 correndo pela casa.

─ Você já me dá trabalho o suficiente, preciso de um garotão para me

ajudar a cuidar da mãe desnaturada. ─ Sorri, voltando a focar sua atenção

na estrada. ─ Chegamos.

Ele para em frente ao porto, onde vários iates luxuosos estão

atracados. Saímos do carro, Caleb pegou nossa bagagem e com os dedos

entrelaçados, entramos em um barco de dois andares.

─ Esse iate é seu? ─ Meneia a cabeça confirmando. ─ Você que irá

pilotar?

─ Sim, não quero ninguém nos atrapalhando, é um passeio onde


apenas nós três somos permitidos. ─ Toca carinhosamente o meu rosto.
─ Nós três?

─ Sim. Você, eu e o nosso bebê. ─ Se abaixa beijando minha barriga.

─ Vamos aproveitar, começaremos o dia tomando um banho de jacuzzi, até

o horário do nosso encontro.

Não sou capaz de esconder o meu enorme sorriso, essa é a primeira

vez que ele fala “nosso bebê”. Mesmo aceitando a gravidez, não sentia

como se Caleb tivesse realmente aceitado a ideia de que seria pai. Todos os
dias esse homem me surpreende, às vezes acho que tudo não passa de um

sonho e logo irei acordar.

Em alto mar, coloquei um biquíni e fui para jacuzzi, não demorou e

Caleb me acompanhou. Todo o meu corpo relaxou só de estar em seus

braços, suas mãos o tempo inteiro ficaram sobre minha barriga saliente. Me

pergunto o que teria acontecido se não houvesse o acidente. Será mesmo

que ele reagiria mal ao nosso filho? Teríamos uma briga feia? Talvez soe

como egoísmo, mas acho que foi melhor as coisas terem acontecido assim,

mesmo me preparando para uma possível reação negativa dele, meu

coração seria partido em pedaços.

Quase uma hora depois saímos, tomamos um banho juntos e Caleb

me deixou para preparar o nosso jantar. Ele pediu para que eu usasse um

belo vestido, teríamos um encontro sob a luz das estrelas.


─ Espero que a comida esteja do seu agrado, senhorita.

─ Por acaso está tentando me conquistar pelo estômago? ─ brinco,

vendo a comida que parece deliciosa.

─ Eu já lhe conquistei. ─ Me dá um beijo casto.

Em um clima descontraído, desfrutamos de um jantar maravilhoso e

como não posso beber, fiquei apenas no suco, enquanto Caleb tomou vinho.

Uma das primeiras coisas que perguntei a médica foi sobre sexo, por um

momento me assustei com a possibilidade de passar meses sem transar com

o Caleb, seria uma tortura, já que basta ele sorrir que todo meu corpo reage.

─ Vem aqui, Olívia. ─ Segura minha mão e seguimos para o andar de

cima, me surpreendo ao ver pétalas de rosa e um buquê que parecem

tulipas.

─ O que é tudo isso?

─ Pensei muito em como iria denominar a nossa relação agora que o

contrato acabou. Namorados? Amantes? Noivos? Por um tempo fiquei sem

saber como definir, mas a única certeza que sempre tive foi de que queria

ficar com você. Dias, meses, anos. Não pensarei nisso, porque não temos

como prever o futuro e nem desafiar o destino como já tentamos uma vez.

Se abaixa, ficando de joelhos em minha frente.


─ Talvez você tenha dificuldades para acreditar em minhas palavras

por causa de todo o meu histórico. Não a julgarei, eu também não

acreditaria se fosse o contrário. ─ O encaro sem reação, com os olhos

marejados. ─ Nunca gostei da ideia de me casar, esse foi um dos motivos

cruciais que me fizeram propor aquele contrato a você. Não sabia como

conseguiria ser apenas de uma mulher, quando tinha várias dando em cima

de mim.

Reviro os olhos, não precisava saber desse detalhe.

─ Sei que nos conhecemos há poucos meses, mas se você foi capaz

de se impregnar na minha pele, ao ponto de romper as barreiras

estabelecidas em meu peito, acredito que não seja necessário esperar mais

tempo para torná-la oficialmente minha. ─ Tira uma caixinha do bolso,

mostrando um lindo anel com uma pedra vermelha. ─ Assim como sou o

pai do bebê que cresce em seu ventre, me permita ser o homem a quem

chamará de marido?

─ Meu amor... ─ Com cuidado, jogo-me em seus braços. ─ Posso ser

imatura ou até mesmo irresponsável em alguns momentos, mas não tenho a

menor dúvida de que quero passar o resto dos meus dias ao seu lado.

Choro compulsivamente, algo que tem se tornado rotineiro na minha

vida.
─ Isso é um sim? ─ Se afasta, limpando minhas lágrimas.

─ Claro, nada me faria mais feliz do que ser sua esposa, Caleb.
Preciso mostrar para todos consegui tirar um dos maiores cafajestes de

Milão de circulação. ─ Sorrio, enquanto ele coloca a aliança em meu anelar.

─ É lindo! Obrigada, amor.

Tomo seus lábios em um beijo delicado, capaz de mostrar tudo que

estou sentindo no momento. Envolvo os braços em volta do seu pescoço,


ele me puxa para mais perto, temos apenas a barriga saliente entre nós.

─ Eu te amo, Olívia.

─ Eu também amo você, Caleb.


Olívia

─ Seus olhos, o seu sorriso estonteante, a maneira atrevida e louca

como enxerga a vida. Não tinha como não me apaixonar por cada detalhe
seu, Olívia. ─ Vai deixando beijos por todo o meu corpo. ─ Naquele dia no

clube, quando escutei você dizendo que queria um sugar daddy, só consegui
pensar que faltavam parafusos na sua cabeça. Mas agora que a tenho em

meus braços, sou grato por você ter tido uma ideia tão louca ou nunca
teríamos nos conhecido.

Ele retira meu vestido, inclina a cabeça, passando a língua por meus

mamilos entumecidos. Mordisca, chupa levemente, me fazendo estremecer.


Caleb coloca a mão livre por dentro da minha calcinha, acariciando o

clitóris. Com uma trilha de beijos do meu pescoço até minha barriga, ele
beija meu ventre antes de dizer:

─ Filho, me desculpe por qualquer movimentação estranha, mas eu

preciso ter a sua mãe em meus braços. Sinto como se fosse enlouquecer se
não entrar nela. ─ Dou risada, ele acha realmente que o nosso filho já

escuta. ─ Tem certeza de que podemos fazer sexo?

─ Com moderação sim.


─ Então não iremos transar... ─ Olho para ele em choque. Como

assim me atiça e foge? ─ Essa noite faremos amor e nos entregaremos

como nunca. Te marcarei para que seu corpo saiba que pertence a mim,

farei com que nenhum outro homem seja capaz de te saciar. Venerarei cada

parte do seu corpo, dando graças por ter um bem tão precioso em meus
braços.

Engulo em seco, sem saber como reagir a toda intensidade que este

homem está me mostrando. Caleb retira toda sua roupa, me mostrando o

quão excitado está. Sem perder mais tempo, tira a última peça que faltava,
minha calcinha.

─ Eu amo chupar a sua boceta, Olívia. ─ Sua língua sobe e desce por

minha intimidade, me fazendo contorcer sobre os lençóis brancos. ─ Saber

que fui o primeiro e serei o único a vê-la completamente molhada, me deixa

ainda mais excitado.

─ Para de falar enquanto está com a boca aí embaixo. ─ Escondo o

rosto com o travesseiro, ele sabe como me deixar envergonhada.

─ Não se esconda, por que se envergonhar? Nós somos um casal, não

tem por que ficar tímida desta forma, Olívia.

─ Como não ficar tímida, quando você fala safadeza com tanta

facilidade?
─ Estou apenas sendo sincero, não há nada para se envergonhar. ─

Enfia a língua dentro da minha intimidade, é estranho, não é ruim. ─ Você é

tão gostosa e me deixa doido quando assume sua versão tímida.

Engatinha na cama, ficando por cima, apoiando os cotovelos. Puxo-o,

beijando seus lábios, sentindo mais uma vez o meu gosto. Coloco minhas

pernas em volta de sua cintura, quando ele brinca com a minha entrada,

tirando e colocando seu membro. Meu corpo está ansiando por isso, quero

senti-lo dentro de mim.

─ Pare de me provocar, eu quero você, Caleb.

─ Eu já estou com você. ─ Mordisca o lóbulo da minha orelha.

─ Você sabe que não me refiro a isso. ─ Não consigo controlar um

gemido quando ele fricciona o membro em meu clitóris. ─ Pare de me

torturar e meta de uma vez.

Sem uma resposta, ele me preenche. Suas estocadas são rápidas, mas

sinto que ele está tentando se controlar por causa do bebê. Seus movimentos

ficam cada vez mais precisos, não consigo controlar os gemidos que saem

da minha boca. De alguma forma, o balanço do mar deixa a experiência


diferente.

─ Me deixa ficar por cima, Caleb.


Ele faz o que eu peço, senta-se encostado na cabeceira e devagar

encaixo nossos corpos. Essa posição faz com que meus seios balancem a

cada instante. Me apoio em seu ombro, subindo e descendo com sua ajuda,
enquanto nossos olhos estão fixos um no outro.

─ É possível que você tenha ficado mais linda, Olívia? Essa barriga,

saber que dentro dela tem o nosso filho... ─ Acaricia o meu ventre.

Sinto os primeiros sinais de que meu orgasmo se aproxima, Caleb

segura meu rosto com as duas mãos, me beijando com amor e desejo. Toda

atmosfera do lugar me deixa excitada, porque eu realmente sinto a

diferença. Das outras vezes nós transamos como coelhos no cio, agora é

diferente. Ele está realmente me venerando, mostrando através de seus

toques, beijos e carícias que me ama.

Como se um vulcão que estava prestes a entrar em erupção,


explodisse, meu corpo é tomado por deliciosas ondas de prazer. Segurando

firme em minha cintura, Caleb continua as estocadas, chegando ao ápice de

prazer logo em seguida. Deito a cabeça em seu ombro, respirando com

dificuldade, enquanto meu coração se acalma.

─ Porra, eu amo você pra caralho, Olívia! ─ Seus olhos estão

marejados. ─ Prometa que ficará para sempre ao meu lado. Me prometa que

me amará até mesmo quando os meus defeitos vierem à tona?


─ Todos nós temos qualidades e defeitos. Para que eu julgasse os seus

defeitos, precisaria ser perfeita e sabemos que estou longe disso. Quero

ficar ao seu lado pelo resto da minha vida, Caleb. Por favor, me faça sua!

Nossa relação está apenas começando, mas não tenho dúvidas de que
poderemos ser felizes. Porque onde há amor, a felicidade!
Caleb

Estaciono o carro, seguindo para a recepção, antes mesmo de falar o

meu nome, os seguranças liberaram a minha entrada, disseram que meu


sogro estava a minha espera. Quando recebi uma mensagem do Charles,

estranhei, não sabia nem que ele tinha o meu contato.

Sabe aquela sensação de paz e felicidade? Nunca tinha sentido isso


antes, até me acertar com a Olívia. Desde que a pedi em casamento,

estamos mais “próximos”, ela quase não pisa no próprio apartamento, me


acostumei a dormir e acordar com ela em minha cama, não quero que vá

embora.

Cumprimento a secretária que me direciona até a sala do chefe, bato


na porta, entrando assim que escuto sua liberação.

─ Caleb, pensei que você fugiria. ─ Me estende a mão em um

cumprimento.

─ Não sou um homem que costuma fugir dos compromissos. Você

quer falar sobre a Olívia, acertei? ─ Sento-me na cadeira indicada por ele.

─ Não vou perguntar quais as suas intenções com a minha filha,

porque se eu não soubesse que realmente está apenas com ela, não estaria
sendo tão bonzinho contigo.

─ Você colocou alguém para me investigar?

─ Claro, precisava ter certeza de que não estava enganando a minha

filha. Por mais que ela me dê muito trabalho, não gostaria que seu coração

fosse quebrado por um filho da puta como você. Não me julgue, não é todo

o dia que vemos um mulherengo sossegar.

─ Tudo bem, eu mereço mesmo suas desconfianças. Porém, antes do

contrato entre a gente terminar, já não estava dormindo com mais ninguém.

Confesso que o fato de estar confuso sobre como me sentia foi fundamental.

Caminha até o bar no canto esquerdo, serve duas doses de Negroni,

me entregando uma.

─ Não o chamei aqui para fazer cobranças, porque se alguma coisa

desse errado, eu também teria culpa.

─ Por quê?

─ Porque se não tivesse cortado o dinheiro da minha filha, ela não

teria se relacionado contigo, pois estaria muito ocupada comprando coisas

fúteis e participando de festas todo o fim de semana.

─ Oh, então eu devo agradecê-lo sogro? ─ provoco, tomando um

gole.
─ Acho que é melhor eu ir direito ao ponto. O chamei aqui porque

quero fazer um pedido. ─ Me olha sério. ─ Preciso que me prometa uma

coisa, Caleb.

─ O quê?

─ Cuide da minha menina! Não a machuque ou faça com que

derrame lágrimas.

─ Charles, entendo sua preocupação como pai, mas não posso

prometer que não a machucarei. Tudo é muito novo para mim, estou

aprendendo dia após dia como é amar alguém, por mais que eu tente, sei

que irei errar em algum momento.

─ Todos nós estamos passivos a erros, mas eu preciso que você

prometa que se esforçará para não machucar o meu bem mais precioso.

Eu amo a Olívia, não tenho dúvidas a respeito disso. E por amá-la que
tenho ciência de que não sou perfeito, nós somos pessoas completamente

opostas, além de termos uma diferença de dez anos. Por mais que me

esforce, sei que em um momento ou outro serei o responsável por causar

suas lágrimas.

─ Prometo que cuidarei dela, porque Olívia não é apenas o seu bem

mais precioso, ela é o meu mundo, aquela que escolhi amar, apesar de todas

as minhas convicções ─ falo sério, encarando os olhos de um pai


preocupado. ─ Irei amá-la, protegê-la e cuidar até o resto dos meus dias.

Olívia será minha esposa em poucos meses, e mãe do meu filho. Não

precisa se preocupar, assumirei daqui para frente, Charles.

Espero que Charles tenha sentido veracidade em minhas palavras.

Não sou mais um moleque, quando pedi Olívia em casamento sabia que não

tinha como voltar atrás. Na minha vida não tem espaços para dúvidas ou

incertezas.

─ Tem certeza de que não quer jantar conosco, Madison? ─ Ela e


Olívia passaram a tarde juntas, incrível como não se desgrudam.

─ E ser mais uma vez vela para vocês dois? ─ questiona emburrada,

ela ainda não superou a última vez que saímos para jantar. ─ Não, muito

obrigada, prefiro ficar na minha casa, assistindo filme de pijama no sofá.

Despede-se da amiga, saindo do nosso apartamento. No começo ela

não fazia questão de esconder o fato de não gostar de mim, hoje acredito
que acabei conquistando-a também.

─ O que quer comer, bambina? ─ Beijo sua testa, em seguida seus

lábios, acariciando sua barriga de seis meses.


─ O bebê quer comer pizza com sorvete ─ responde passando a

língua nos lábios, como se estivesse salivando.

─ Você diz pizza e sorvete, certo?

─ Não, é pizza com sorvete junto, de preferência baunilha.

Olívia não teve muitos desejos, então acho que esse é o primeiro

menos “normal”. Não posso deixar de admirar essa menina, ela é tão linda e

mesmo esperando o nosso filho, ainda parece inocente. Sorrio, tocando seu

rosto e ela sorri de volta. Nunca pensei que fosse capaz de amar alguém

como a amo. Não consigo enxergar os meus dias sem sua presença, minha

casa fica sem graça quando não escuto sua risada enquanto conversa com a
amiga.

─ Quer sentir, amor? ─ Pega minha mão colocando em sua barriga,

sinto um leve empurrão. Lembro que na primeira vez que nossa menina

chutou, chorei como um idiota, era tanta emoção que não fui capaz de me

controlar.

─ Dói? ─ pergunto preocupado.

─ Às vezes, mas é uma sensação boa saber que nossa filha está

crescendo bem.

Seguro seu rosto entre as minhas mãos, olhando fixamente em seus

olhos verdes que amo. Essa menina, como posso descrevê-la quando me
faltam palavras?

─ Amo você! ─ sussurro com os lábios encostados nos seus.

─ Eu também amo você, Caleb. ─ Me dá um selinho, deitando a

cabeça em meu ombro, apoiando a mão em meu peito, sentindo as batidas

frenéticas do meu coração.

Nós tentamos ludibriar o destino, mas no fim das contas, aprendemos

que sempre fomos meros coadjuvantes, porque tudo já estava traçado. Eu

fugi do amor a vida toda, até ser conquistado por uma linda garota de vinte

anos. Olívia é a minha menina, mãe da minha filha e o meu amor!

FIM.
Caleb

Meses depois

Entrei no nosso quarto, encontrando Olívia e a nossa pequena


dormindo serenamente. Alessia chorou muito durante a madrugada, por

esse motivo achamos melhor trazê-la para dormir conosco. Tinha uma
reunião bem cedo, isso me fez abandonar brevemente as duas mulheres da

minha vida. Sento-me na poltrona ao lado, acariciando delicadamente o

rosto da minha esposa.

Esposa.

Mais de um ano se passou desde que nos esbarramos naquele clube.

Não pensei que aquela menina, que parecia desesperada e louca atrás de um

sugar daddy mudaria tanto a minha vida. Não consigo explicar o quanto a
amo, hoje não consigo imaginar minha vida sem Olívia e Alessia. E pensar

que nunca parei para ler o documento que me passaram, depois que pedi

que buscassem informações a seu respeito.


Não vou mentir e dizer que é fácil, nós temos uma diferença grande

de idade, além da personalidade oposta. Desde que nos casamos, pensei que

em algum momento poderia surgir um arrependimento, mas isso não

aconteceu. Dia após dia, tenho mais certeza de que as coisas aconteceram

no tempo certo.

─ Até quando ficará me olhando? ─ Olívia me encara, como pode ser

tão linda até com a cara amassada e cabelos bagunçados? ─ Que horas são?

Levanta-se com cuidado para não acordar Alessia.

─ Dez da manhã. Vá tomar um banho, preparei algo para comermos.


─ Ela segura em meu pulso, me impedindo de sair. ─ O que foi, bambina?

─ Me acompanhe no banho, sinto saudades desses momentos com

você. ─ Me encara com os olhos cheios de desejo. ─ Desde que tive a

Alessia, nós não ficamos juntos com tanta frequência como antes.

Puxo Olívia pela cintura, a abraçando forte, sentindo o calor dessa

menina que me mudou completamente. A rotina de cuidar de um bebê não é

fácil, alinhando isso ao meu trabalho, nos faz ficar sem tempo para

aproveitar momentos a dois. Confesso que sinto falta de tê-la em meus

braços, mas tentei me controlar para não parecer um pervertido.

─ Espera um pouco, colocarei a banheira para encher. ─ Meneia a

cabeça concordando.
Olívia não faz ideia de como ficou mais gostosa depois da gestação,

suas curvas ficaram mais acentuadas, seus seios dobraram de tamanho

também. Se eu escutasse o meu pau, nós transaríamos todos os dias, mas sei

que a rotina com um bebê é bem cansativa, por diversas vezes cheguei do

trabalho e a encontrei dormindo no sofá.

Retorno para o quarto, com os dedos entrelaçados nos seus, seguimos

para o banheiro. Por precaução, trouxe comigo a babá eletrônica, não temos

muito tempo até nossa filha acordar. Entramos na banheira, ela estremece

quando seu corpo encontra a água. Olívia encosta a cabeça em meu peito

quando a puxo para mais perto.

─ Você acha que podemos deixar a Alessia com uma babá no sábado?

─ pergunto quebrando o silêncio.

─ Por quê? Tem algum evento que precisa da minha companhia?

─ Não necessariamente, prometi há uns meses que te levaria até a

vinícola do meu amigo. Mandei uma mensagem para ele e fui informado de

que no fim de semana seria uma boa ideia.

─ Posso ver com a Madison ou o papai, assim ficarei mais tranquila e


poderemos aproveitar, sem que minha cabeça esteja na Alessia. ─ Vira-se

me presenteando com seu lindo sorriso.


Mesmo sendo contra a ideia, Olívia trancou sua matrícula no instituto

porque queria se dedicar integralmente a nossa pequena até que ela fizesse

um ano de idade. Não queria que ela atrasasse sua vida desta forma, sinto
como se apenas Olívia se sacrificasse.

─ Prometo te compensar no sábado, podemos jantar juntos depois da

visita. ─ Acaricio seus cabelos loiros, abraçando forte sua cintura.

─ É tão bom ficar assim com você, sinto saudades do seu calor, amor.

─ Não torne tudo mais difícil, Olívia. Estou fazendo o máximo que

posso para me controlar, sei que no momento que colocar minhas mãos em

você, Alessia acordará com os pulmões prontos para gritar e nos afastar.

Todas as vezes que tentamos ir além dos beijos, nossa pequena chora,

é como se ela soubesse que os pais estão juntos.

Olívia levanta-se apenas para sentar-se de frente para mim, mais

precisamente nas minhas pernas. Ela envolve os braços em volta do meu

pescoço, beija brevemente meus lábios e pergunta:

─ Você se arrepende? ─ Seu tom de voz é baixo.

─ Do que eu deveria me arrepender?

─ De ter me proposto o contrato naquele dia, sinto como se por causa

das minhas loucuras, mudei toda a sua vida. Você sempre gostou de ser
solteiro agora está preso em um casamento e é pai.

─ Não sou um homem de arrependimentos, além do mais, não estou

preso em um casamento como você disse, eu gosto da nossa vida de

casados. Ou melhor, eu amo você e a nossa filha.

─ Você não se sente infeliz? ─ questiona cabisbaixa.

─ Ei, olha para mim. ─ Seguro seu rosto com as duas mãos. ─

Infeliz? Minha vida ganhou mais sentido desde que te conheci. Confesso

que realmente amava a minha vida de solteiro, era bom viver sem

cobranças. Porém, tudo mudou quando entendi que te amava. Não me

arrependo de nada, estou orgulhoso do homem que me tornei.

─ Não estou falando isso porque estou arrependida ou algo do tipo,

mas às vezes me questiono se não acabei te obrigando a assumir um

relacionamento por causa da gravidez...

Coloco um dedo em seus lábios, impedindo-a de continuar.

─ Quando eu estava na mata, meus pensamentos eram únicos e

exclusivamente seus, mesmo sem saber que seria pai, só conseguia pensar

em como eu daria tudo para tê-la em meus braços pelo resto da minha vida.

Nossa relação não começou de uma maneira convencional como as outras,

mas isso não nos diminui. ─ Beijo-a devagar, passando minha mão por todo
o seu corpo. ─ Eu sou um filho da puta sortudo por você ser a minha

mulher. Não quero ouvir novamente sobre arrependimentos.

─ Eu amo você, Caleb. E amo a mulher que me tornei ao seu lado.

Obrigada por ter ido atrás de mim naquele dia, por ter me feito sua noiva e

me mostrado que o amor pode nascer do acaso.

─ Eu também amo você, Olívia Mancini. Obrigado por ter me

tornado um homem melhor.

A vida é feita de escolhas, erros, acertos e arrependimentos. Não

temos o poder de mudar ou alterar o passado, mas podemos ser gratos pelas

escolhas que influenciam o futuro. Olívia foi um acaso na minha vida, por

mais que dúvidas pairassem em minha mente naquela época, hoje tenho
certeza de que quero caminhar ao seu lado. Ela e Alessia são a minha

família, o destino que escolhi viver!


Olívia

A experiência de conhecer uma vinícola foi melhor do que imaginei,

Lorenzo, amigo do Caleb nos mostrou pessoalmente cada detalhe de como


eram feitas todas as coisas. Fiquei encantada com todos os detalhes, queria

ter experimentado todos os vinhos que estavam em exposição, mas só


voltarei a beber quando Alessia completar um ano. Sei que posso ter

quantas babás quiser, mas quero viver a maternidade, pois sei que quando
me formar, terei ainda menos temos para ficar com a minha pequena.

Enquanto aguardo Madison escolher algumas peças de roupa, deixo

minha mente ser teletransportada para a maior loucura que já fiz em toda a
minha vida, e olha que já foram muitas.

─ Sintam-se à vontade para degustar dos vinhos, queijos e

chocolates. Os deixarei sozinhos para aproveitarem. ─ Pisca para Caleb,

me deixando confusa.

O homem sai, fechando a porta. Estamos em uma parte da vinícola

onde tem vários barris de vinho, uma mesa com alguns petiscos e um sofá

bem atrativo. Comi um pouco e com uma dor no coração, dispensei o


vinho. Quando eu voltar a beber, beberei todos os vinhos possíveis.
─ Tem certeza de que não quer um gole?

─ Tenho, Alessia vai querer mamar assim que eu chegar em casa, não

me sentiria bem.

Surpreendo-me quando me puxa pela nuca, colando nossos lábios.

Caleb enfia a língua em minha boca, chupo sentindo o leve gosto do vinho

que ele acabou de beber. Aprofundo mais o beijo, sentindo meu corpo cada
vez mais entregue em seus braços. Tem um mês que não transamos, então

qualquer toque queima como brasa.

─ Porra, assim você me enlouquece, eu só queria que provasse o


vinho.

─ Não tinha segundas intenções? ─ Meneia a cabeça negando. ─

Estranho, porque o seu amigo parecia bem suspeito quando disse para
aproveitarmos.

─ Ok, confesso que pedi para que ele preparasse uma sala mais

íntima para nós dois. Estou morrendo de saudades do seu cheiro pós-sexo,

dos seus gemidos ao pé do meu ouvido e de como sua boceta aperta o meu

pau toda vez que...

─ Não precisa continuar. ─ Coloco a mão em sua boca. ─ Nem

depois de ser pai você deixará de ser um pervertido?


─ Desculpa, amor, é mais forte que eu. ─ Enfia uma mão por baixo

do meu vestido. ─ Ainda temos um tempinho até o horário que combinamos

com a Madison. Me deixa entrar em você, Olívia.

─ O quê? Você quer transar aqui? ─ Olho em volta, com todas essas

janelas alguém facilmente nos veria.

─ Sim... ─ Beija o meu pescoço, mordiscando em seguida. ─ Fiquei

duro só de beijá-la, não sei se serei capaz de me controlar até irmos para

casa.

─ Sente no sofá ─ falo de maneira autoritária.

Ele faz o que peço, desafivelo seu cinto, colocando seu membro para

fora. Sem perder tempo ou me fazer de rogada, retiro minha calcinha e

lentamente vou encaixando nossos corpos. Já estava esquecendo como era

bom tê-lo dentro de mim.

─ Controle os seus gemidos, ok?

─ Tudo bem! Vamos direto ao ponto, você precisa me dar um

orgasmo, Caleb. ─ Mordo o seu pescoço, em seguida beijando seus lábios.


Não importa quantas vezes façamos isso, ainda não me acostumei com as

sensações causadas por sua barba em meu rosto.

─ Pela cara de boba, aposto que está pensando no Caleb. ─ Madison


fala, chamando minha atenção. ─ Estou há um tempão te chamando. Vamos
embora, não gostei de nenhuma dessas roupas.

─ Você não está sendo exigente demais, amiga? Você é linda, ficará

bela em qualquer coisa.

─ É o nosso primeiro encontro, preciso parecer apresentável.

Há uns meses ela nos acompanhou na inauguração de um hotel, foi

quando conheceu um homem lindo e mais velho. No começo parecia

indiferente, mas depois me confessou que eles trocaram números de

telefone e estava bem animada pela primeira vez em anos.

Entramos em mais algumas lojas, até que finalmente o look foi

escolhido. Confesso que ela conseguiu ficar ainda mais linda, tenho certeza

de que o deixará de queixo caído. Nos despedimos e segui para a empresa

do meu marido, Caleb disse que tinha que resolver alguns problemas e

levou Alessia para um dia de trabalho.

É tão estranho todas as mudanças que aconteceram em nossas vidas,

nunca pensei que o fato de ser tão fútil, me traria bons frutos. Se o papai

não tivesse tirado os meus cartões, não pensaria na louca ideia de encontrar

um sugar daddy, nem me colocaria em risco indo para boates procurar um

homem disposto a bancar meus luxos. Hoje, de certa forma, agradeço tudo

que aconteceu, caso contrário não estaria casada com um homem tão lindo e
poderoso como o Caleb, não só isso, não seria mãe de uma bebê linda de

seis meses.

Nós nos casamos quando eu estava com oito meses de gestação, foi
uma cerimônia “íntima”, apenas nossos amigos, familiares e alguns

acionistas do grupo Conway, entre eles o novo vice-presidente e um pessoal

da empresa do papai. Foi tudo lindo, chorei do começo ao fim. Na hora dos

votos, Caleb me surpreendeu quando uma lágrima escorreu por sua

bochecha.

─ Minha menina, desde que nos conhecemos, tudo mudou para mim.

Encontrei em você meu porto seguro, alguém que quero correr quando

preciso de um alento. Ao longo do nosso relacionamento, aprendi muitas

coisas sobre o amor e sobre mim mesmo. Aprendi que é preciso cultivar a

admiração e a expressão do carinho diariamente. Que é possível ser feliz

na companhia daqueles que amamos. ─ Uma lágrima escorre por seu

rosto, me deixando sem reação a não ser enxugá-la, beijando brevemente

seus lábios. ─ Descobri que é maravilhoso ter um cúmplice na vida, que


está disposto a caminhar ao meu lado, apreciando cada nova aventura,

enfrentando desafios e superando obstáculos. Prometo ser seu porto

seguro, ombro amigo, cuidador, amante e um pai perfeito para a Alessia.

─ Você é a pessoa que eu escolhi para passar o resto da minha vida,

Caleb e não poderia estar mais feliz por isso. Eu te amo e sempre te
amarei, tanto nos dias mais felizes quanto nos mais difíceis. Obrigada por

ser a minha escolha, meu amor.

Queria eternizar os nossos votos de casamento, o Caleb frio e

audacioso que conheci há alguns meses, não se assemelha em nada com o

marido cuidadoso, amoroso e incrível que tenho ao meu lado.

Chego à empresa e logo liberam minha entrada, cumprimento alguns


funcionários que me reconheceram e entrei no elevador. Desde que Elliot

saiu, o clima ficou mais agradável, aquele homem tinha uma aura

assustadora. Pelo que Caleb comentou, o pai acabou mandando-o para

administrar uma empresa em outro país, ele sabia que se continuasse em

Milão, o filho desnaturado poderia dar ainda mais trabalho.

Cheguei ao andar da presidência e a secretária não estava, sigo para a

sala do meu marido, encontrando a porta semiaberta. Antes de adentrar,

escuto-o conversar com a nossa filha.

─ Você sabia que você e sua mamãe são as pessoas que mais amo

neste mundo? ─ Entro em silêncio, e ele está deitado no sofá com Alessia

no peito. ─ Quando descobri sobre sua existência fiquei com medo, não

sabia se seria um bom pai ou se seria capaz de amá-la como um pai deve

amar incondicionalmente seus filhos. Mas veja só, algo dentro de mim

mudou no momento que escutei seu coraçãozinho.


Alessia resmunga, como se o respondesse.

─ Quando você crescer, te contarei como sua mãe e eu nos


conhecemos. Nunca acreditei nessas baboseiras de destino, no entanto, acho

que nossos caminhos estavam destinados a se cruzar. Porra, desculpe o

palavrão filha. É que quando penso no quanto amo aquela menina, fico

louco.

─ Posso participar do momento também? ─ pergunto com os olhos


marejados, ele se levanta, caminhando em minha direção.

─ Amor, senti sua falta. ─ Me abraça com Alessia entre nós. ─ Ou


melhor, a gente sentiu saudades. Não é filha? Fala oi para a mamãe.

─ Bobo, está muito cedo para ela falar. ─ Aninho a cabeça em seu
peito, depois de beijar a testa da nossa filha. ─ Eu te amo, sabia disso?

─ Claro que sim, você me ama desde o começo. ─ Sorri de orelha a

orelha. ─ Assim como eu também te amo e amarei até o fim dos meus dias.

Quando o conheci, eu jamais imaginei que viveria um amor tão

intenso e verdadeiro quanto o nosso. Caleb me completa e me faz ainda


mais forte, me incentiva e me apoia em todos os momentos da minha vida.

Ele me faz querer ser uma esposa e mãe melhor a cada dia. Ao lado dele
encontrei o meu lar.
SOBRE A AUTORA

Lis Santos é baiana, tem 26 anos e iniciou o gosto pela leitura ainda

na adolescência. Uma army apaixonada por séries e doramas, procura


sempre ter tempo de colocar os episódios em dia. Resolveu se arriscar na

escrita em 2016 na plataforma wattpad, tendo seu primeiro e-book


publicado na Amazon em 2017 e lançado em físico no ano seguinte na

Bienal de São Paulo. Dedica-se à escrita desde maio de 2019 e publicou


mais de 30 títulos na Amazon entre noveletas, contos e romances.
OUTROS LIVROS DA
AUTORA

Acesse o link abaixo e confira as outras obras da autora Lis Santos.

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Nos Braços do Magnata

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Acionista majoritário do grupo SV, Logan Scott é respeitado por

todos. Aos quarenta anos, divorciado, vive uma vida rodeada de mulheres,
bebidas e trabalho. Um dos solteiros mais cobiçados da cidade , não se importa com

o título e a fama que tem. Em uma viagem à filial do Brasil, conhece Milena, uma

funcionária nada amigável e que não parece estar disposta a cair em seus encantos.

Dona de lindos olhos verdes e uma aparência angelical , Milena não deixa que

nada interfira em seu tão sonhado trabalho, afinal de contas, cuida sozinha

do filho de oito anos, além de ajudar financeiramente sua mãe.

Certo dia, tem seu caminho cruzado com um dos homens mais

lindos que já viu, mas toda sua beleza vai embora quando comentários machistas saem de

sua boca.

Ele gosta de provocá-la e vai transferi-la para a sede em outro país.

Ela não o suporta, mas aceitará a mudança.

Ele a quer em sua cama.

Ela só quer melhorar a vida de sua mãe e filho.

Amor Impróvavel

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Um dos maiores empresários da cidade, Henry Bueno, coleciona

desafetos por onde passa e está acostumado a ter mulheres se jogando em

seus braços. Aos trinta e cinco anos, tem como regra não se envolver ou

contratar mães solos como suas secretárias, pois acredita que são ímãs de
confusão e nunca colocam o trabalho em primeiro lugar.

Formada em administração, Vitória não hesitou em aceitar a

primeira vaga de emprego que surgiu. Secretária executiva, precisa se


desdobrar entre o trabalho e sua filha de cinco anos. Tudo seguia bem, até

seu chefe, de um dia para o outro, demiti-la por um motivo fútil.

Ela o odeia e não esconde de ninguém. Ele “parece” compactuar


com esse sentimento.
Mas, como manter as regras quando o seu corpo reage ao

desconhecido? É possível o amor nascer entre embates e discussões?

Meu Ponto Fraco

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Aos trinta e oito anos, Ramon é um excelente cirurgião e todos

sabem do seu futuro promissor na área. Bebidas, mulheres e sexo são

complementos em sua vida. Sem nunca ter estado em um relacionamento e

após experiências ruins do passado, não acredita no amor. Em mais uma


visita ao clube, conhece Adella, uma linda ruiva que se torna sua

obsessão.

Adella dedica todo seu tempo para cuidar da sua família. Aos vinte e
três anos, depois de sua mãe perder o emprego, se arrisca trabalhando à

noite como dançarina em uma boate, visto que seu salário de professora não

é o suficiente.

Em uma noite de trabalho, ela tem seu caminho cruzado com

um dos homens mais lindo e arrogante que já conheceu.

Um romance quente que irá mostrar que às vezes, nem tudo é o

que parece.

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Mew é um mulherengo nato, acostumado a ter qualquer mulher ao

seu alcance, e desconhece a palavra relacionamento. Em uma viagem a


trabalho, hospeda-se na casa de um velho amigo de seu pai, onde conhece

Gabriela, uma moça humilde e ingênua. Após conseguir seu objetivo, ele

vai embora, sem se preocupar com os sentimentos da doce garota.

Anos depois, por obra do destino, eles se reencontram. A inocente

Gabriela se transformou em uma linda e renomada advogada. A menina

doce que não abandonava os pensamentos de Mew, ficou no passado.

Em sua caminhada em busca do perdão da mulher que deseja, um

segredo que mudará tudo virá à tona. Mas disposto a ter a redenção da
única mulher que o fez sentir algo semelhante ao amor, o CEO não

medirá esforços.

A Rendeção de Nicholas

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Nicholas é um dos CEO mais respeitados e temidos da cidade, aos


trinta e cinco anos, leva uma vida recheada de mulheres, bebidas e muito

trabalho. Amor não faz parte da sua realidade, pois a única mulher que
entregou seu coração, foi embora com outro.
Angel divide sua atenção entre o filho e seu trabalho de dançarina
em um clube famoso. No passado, após flagrar uma traição, resolveu deixar

tudo para trás, incluindo seu grande amor, aquele que mais a machucou.

Vítimas de um mal-entendido esses dois corações machucados são


colocados frente a frente e Nicholas precisará se redimir, afinal de contas, o

amor falará mais alto que a raiva e o rancor.

Amor no Tribunal

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Filippo é conhecido como o terror dos tribunais, um Juiz


completamente inexpressível, não se importa em aplicar uma sentença,
mesmo que seja injusta aos olhos de outros. Relacionamentos não fazem
parte de sua rotina, quando o corpo pede, um clube sensual torna-se sua

opção.

Apesar da profissão escolhida, April não consegue deixar de lado

suas emoções, o que às vezes é um empecilho para seus julgamentos. Após


uma ação disciplinar, é encaminhada para a 50ª Unidade, e passará um

período como juíza assistente de Filippo.

Como duas pessoas completamente opostas conseguirão trabalhar


em conjunto? Embates, conflitos e uma química avassaladora.

O Bebê da Minha Melhor Amiga

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CEO da Andrade Engenharia, Isaac sempre foi o filho e profissional
modelo, mas quando o assunto era casamento e paternidade, ele fugia,

assim como o diabo da cruz. Após um ultimato de sua avó e correndo risco
de perder sua posição na empresa, precisa tomar uma decisão às pressas.

Tudo na sua vida é resolvido com contratos, e agora não seria diferente.

Luísa se viu perdida ao descobrir uma gravidez, fruto de um caso de


uma noite. Por causa de uma emergência financeira e com uma criança

crescendo em seu ventre, topa embarcar na loucura de seu melhor amigo e


assina um contrato.

Uma simples decisão pode mudar completamente o destino.


Dois amigos, uma criança inocente e um desejo até então

desconhecido.

Série Homens de San Diego

STONE – LIVRO 1

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Dylan é um ex-militar que carrega terríveis marcas emocionais.
Sendo incentivado pela mãe, ele aceita uma ajuda não tão convencional, um

fórum on-line.

Durante algumas visitas ao site, Dylan conhece a jovem e


encantadora Ayla, uma psicóloga que encontrou na internet uma forma de

ajudar aqueles que precisam.

Um homem com o coração e a mente machucados.

Uma doce mulher disposta a ajudar.

Entre medos e recomeços, uma forte ligação surge entre eles, e a


paixão é inevitável.

Série Homens de San Diego

ICE – LIVRO 2

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Sargento do exército americano e apaixonado pelo trabalho, Bryan
perdeu oitenta por cento de sua equipe em um atentado no Afeganistão. Ele

e Megan se conheceram em um momento difícil de suas vidas, e


encontraram no outro, conforto para os dias nublados.

Tudo seguia perfeitamente, se Bryan não estivesse cego de ódio.


Entre o amor e a vingança, ele fez uma péssima escolha.

Grávida, Megan decidiu não contar sobre a gravidez e partiu sem o


amado, recomeçando sua vida em San Diego. Responsável por suas batidas

do coração falharem, Megan teria um dilema a ser resolvido com o retorno


do homem que ama.

Bryan precisará lutar pelo perdão daquela que tanto ama.


Perdoar e reviver um grande amor, ou esquecer e seguir em frente?

Série Homens de San Diego

GOLD – LIVRO 3

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Heitor sempre foi apaixonado por Ava, filha do melhor amigo de


seu pai. No entanto, Jordan sempre deixou claro que ele deveria protegê-la
de qualquer homem que se aproximasse. Com receio de decepcionar
aqueles a quem tinha apreço, decidiu estudar medicina no exterior. Depois
de cinco anos está de volta à cidade. O problema? Ele pensou que tinha

superado seus sentimentos, mas tudo volta quando cruza com ela.

Aos 20 anos, Ava dedica a maior parte do tempo à faculdade de


arquitetura. Na adolescência, era apaixonada por Heitor, mas tinha a
impressão de que ele a queria longe, mesmo sendo superprotetor em alguns
momentos.

Com os sentimentos aflorados e um retorno inesperado, Ava está


decidida a conquistá-lo.

Como Heitor, o garoto de ouro conseguirá deixar suas mãos


longe da doce menina?

AVISO: Algumas cenas podem gerar desconforto, gatilhos


sinalizados no inicio dos capítulos!
LEON – LIGADOS PELO SANGUE

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Leon cresceu em um orfanato e, sem ter muitas opções, se envolveu


com coisas erradas, até que depois de quase morrer, decidiu dar um rumo

para a própria vida.

Aos trinta anos, é editor-chefe de uma das maiores editoras dos


Estados Unidos. Contrariando as estatísticas de sua área de trabalho
escolhida, é mal-humorado e totalmente impaciente.

Leon leva a vida de forma tranquila, até que seus desejos mais

intensos são despertados por uma estagiária linda e de aparência angelical.


Com a convivência, o desejo fala mais alto e eles decidem se

entregar, vivendo, assim, uma intensa e conflitante paixão. Finalmente Leon


teria uma vida normal, mas o passado vem à tona e ele precisa se desdobrar
para proteger a amada, sem deixar que sua imagem de editor seja
manchada.

[1]
Quem se importa!
[2]
Meu amigo
[3]
Filho da puta
[4]
Deus meu!
[5]
Que porra!
[6]
Essa garota é um pecado.
[7]
Desculpe, não falo português.
[8]
Risotto à base de açafrão.
[9]
Não dá para acreditar!
[10]
É tão sexy
[11]
Estou loucamente apaixonado por você
[12]
Ensine-me
[13]
Mal posso esperar para ver você

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