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A Grávida Que Abandonei ©Copyright 2023 — JÉSSICA DRIELY

Todos os direitos reservados.

Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida

sob quaisquer meios existentes sem autorizações por escrito da

autora.

Está é uma obra de ficção qualquer semelhança, com nome,

pessoas, locais ou fatos será mera coincidência.

PLÁGIO É CRIME!

Revisão: SONIA CARVALHO

Capa: Letícia K. | Capas de Livros

Diagramação: Jéssica Driely

Imagens: Depositphotos e Canva


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PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
EPÍLOGO
Conheça também
Dois estudantes. Gravidez Inesperada. Grávida Abandonada.
Anos depois, o arrependimento de um homem.

Dave McBride era um cara com quem as pessoas nunca


poderiam pensar em se envolver, pelo simples fato de ele ser
amável demais, sim, aquele garoto era apaixonante e foi

exatamente isso que aconteceu comigo.

Apaixonei-me pelo cara que tirou a minha virgindade e que me


prometeu as estrelas. Uma pena que era tudo mentira.

E não muito depois me vi grávida, de um homem que

simplesmente virou as costas e disse para que eu nunca mais o


procurasse, tudo por causa de uma mentira.

Fui abandonada grávida… eu só não sabia que anos depois, ele


seria o filho do meu chefe, ou melhor, o meu futuro chefe.

O problema, era que ele acreditava que no passado eu havia

abortado, e agora, talvez Dave descobrisse que ainda era pai de


um garotinho maravilhoso que ele abandonou.

+18

*Este livro contém conteúdo sensível.


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Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é
fácil ser perdoado?

Cecília Meireles
PRÓLOGO

Estava digitando desesperadamente no laptop, quando escutei


a batida na porta da minha sala. Eu me sentia muito importante, por

ter uma sala somente para mim na empresa de um homem tão

poderoso como Fernando Cameron.


Era um senhor de quase setenta anos que parecia não querer

nunca se aposentar e conduzia sua empresa do ramo farmacêutico

sempre como prioridade.


No entanto, naquele dia em específico as coisas estavam

estranhas. Algo estava me avisando que poderiam acontecer coisas


esquisitas. Até porque, era do meu conhecimento, que o filho de

Fernando Cameron, retornaria ao país depois de longos anos fora,


para trabalhar junto com o pai.

Eu nunca o tinha visto.

Fernando Cameron, era muito discreto com a sua família, não


colocava nem mesmo uma foto em seu escritório.

Assim que tirei os olhos da tela do computador, voltei-me na

direção da porta e autorizei a entrada. E quando meu chefe entrou


acompanhado de um homem que eu conhecia muito bem, tive

certeza de que meus dias estavam contados naquela empresa.

E eu amava trabalhar ali, era o meu lugar, que conquistei com


muito suor…

No entanto, eu preferia fugir de Dave McBride do que o ver


novamente.

Porém, o meu choque foi ainda maior quando o senhor

Fernando disse as palavras que me enterrariam de vez no fundo do

poço.

— Bom dia, Jolie! Vim apresentar meu filho para você. Dave,

essa é uma das salvadoras da nossa empresa.


Era pior do que pensava…

Dave era filho de Fernando…


Ah, que merda!
Eu estava ferrada!
CAPÍTULO 1

Dez anos antes

A faculdade deveria ser considerada a melhor fase da vida. Ao


menos era daquela maneira que eu sempre pensava quando se

dizia aquela palavra.


A frase “quando eu for para a faculdade” era sempre dita com

muito entusiasmo e euforia. Jurava mesmo que aquele lugar seria o

melhor da minha vida.


E assim que pisei no campus que passaria a chamar de lar, eu

soube que minha vida mudaria para sempre.


Abri um sorriso contagiante e olhei para trás, por cima do

ombro, na direção em que minha mãe estava. Dona Juliana estava

completamente entusiasmada por eu estar realizando o meu tão


sonhado desejo de fazer Biomedicina.

Era o meu objetivo, poder salvar as pessoas com uma

habilidade pouco desejada por elas. Eu queria saber desvendar o


mistério que um vírus pode ter e também fazer com que ele, fosse

apenas mais um no mundo, ao descobrir como curar alguma

infecção, ou saber fazer uma vacina que já erradicou muitas


doenças do mundo.

Aqueles eram os meus sonhos, meus desejos e tinha absoluta


certeza de que me tornaria tudo o que sempre quis.

Antes de continuar caminhando, deixei minha mala no chão e

corri de volta para minha mãe, lhe dando mais um abraço forte. Era

muito grudada com ela, desde que meu pai nos abandonou para a

morte há alguns anos.

— Vou sentir sua falta, mamãe — sussurrei, sentindo as


lágrimas marejarem meus olhos.
— E eu, que vou ficar naquela casa enorme sozinha? Vou
morrer de saudade.

Minha mãe beijou minha testa e aquilo fez com que eu

tomasse a confiança que me faltava para voltar a caminhar em

direção ao campus. Estava na hora de trilhar meus próprios

caminhos.

Peguei a mala que abandonei por alguns minutos e me senti


pronta para continuar com meu destino. Daquela vez, não olhei para

trás, para não perder a coragem que havia me tomado.

Estava lotado de calouros, assim como eu, e eu me sentia

como se estivesse naquelas cenas dos filmes, onde a novata olhava

boquiaberta para todos os lugares, encantada com tudo que

passava à sua frente.

Entrei pelo portão do campus quatro, que era uma das alas
femininas, e que também seria minha casa. Caminhei pelos

corredores, olhando as portas para identificar qual seria o meu

quarto.

Assim que vi o número 303 na porta, soltei mais uma lufada de

ar e depois de duas batidinhas na madeira, abri a porta e encontrei

um total de zero pessoas dentro do quarto.


Uma das camas, já estava com algumas bagagens sobre ela e

eu percebi que o meu lugar era na que ainda não possuía nada.
Minha colega de quarto, provavelmente já estaria curtindo em algum

lugar.
Fechei a porta e coloquei minha mala sobre a cama que seria
minha a partir dali. Olhei pela janela que ficava ao lado e sorri mais

uma vez. Até que a porta foi aberta e eu voltei na direção do lugar.
Uma garota loira, com muita maquiagem no rosto entrou no

quarto e parou abruptamente ao me ver ali dentro. Ela usava roupas


escuras, uma típica roqueira, se é que eu podia lhe chamar daquela

maneira.
— Quem é você? — perguntou, sem nem mesmo me
cumprimentar antes.

— Oi! — Acenei, como uma idiota. — Sou Jolie Thorn, a sua


colega de quarto.

A menina que eu não tinha ideia de quem fosse, revirou os


olhos e murmurou:

— Tanto faz, desde que você não perturbe o meu sono.


Sorri sem graça para ela e tentei entender o que eu tinha feito
de errado para já ter arranjado inimizades com a minha parceira.
— E você? — Tentei dizer com bom humor, para não socar a

cara daquela menina que estava se achando.


— Acho que não é da sua conta.

Ela entrou no quarto, fechou a porta e foi até suas malas.


Ridícula!

— Olha, eu posso parecer uma imbecil, por usar roupas fofas e


tudo mais, ter expressão de boa moça, mas te garanto que não sou
nada disso. Então, não precisa me tratar como se você fosse a

boazuda que pode tudo.


Depois de dizer as palavras, peguei meu celular que havia

deixado em cima da cama e saí do quarto. Que se fodesse a colega


de quarto.
Eu iria conhecer o campus e os lugares ao redor.

Desci as escadas e comecei a caminhar pelos lugares. Ainda


bem que estava com uma roupa apropriada, pois o vento estava um

pouco forte, mas o sol estava estampado no céu.


Minha regata vermelha e a calça jeans eram apropriadas para

o momento. Meus cabelos voavam de um lado para o outro. Eu iria


sofrer bastante depois para desembaraçá-los.
E assim que cheguei na curva de um dos prédios do campus,

sem perceber que também alguns garotos faziam a curva do outro


lado acabei me esbarrando com um deles, o que me pegou
completamente desprevenida e fez com que eu me desequilibrasse.
Dei alguns passos para trás e quando percebi que não

conseguiria segurar meu corpo, só fechei meus olhos pensando no


tamanho da vergonha que passaria na frente de tantos garotos.

Antes que eu pudesse me estatelar no chão, uma mão forte


segurou meu braço e me puxou para a frente em um rompante.
Quando vi que não cairia abri novamente meus olhos e o garoto que

havia me segurado estava parado na minha frente dando um


sorrisinho de lado.

E puta que pariu!


Ele era lindo!

Sua boca parecia ter sido feita em formato de coração, pois


era assim que eu conseguia assimilar aqueles lábios carnudos e
bem- desenhados. Seus olhos eram de um castanho, mas parecia

tão raro ver um olho daquela cor que achei encantador. Os cabelos
eram curtos, mas estavam tão bagunçados que eu não saberia dizer

se era seu estilo, ou se alguém os teria deixado daquela maneira.


— Você precisa olhar por onde anda, caloura! — avisou.
O que me fez sair do meu momento de transe e olhar ao redor,

para perceber que era um grupo de cinco garotos, que não


pareciam nada perdidos como eu.
Eles deveriam ser veteranos.
— Desculpa, por ainda não ter visão de raio-x e descobrir que

você faria uma curva na mesma direção que a minha — respondi,


cheia de ironia.

Os garotos ao seu lado, caíram na gargalhada e eu revirei


meus olhos.
Fui tentar passar pelo idiota que esbarrou em mim, mas ele

não pensou o mesmo que eu. Tomando a liberdade de passar um

de seus braços pela minha barriga e depositar sua mão na minha


cintura.

Encarei-o com a expressão fechada e ele passou sua língua

pelos lábios, chamando minha total atenção naquela direção.

— Eu sou Dave.
Ao menos alguém falava nomes naquele lugar.

— E eu, Jolie.

Ele soltou minha cintura e tomou seu caminho junto com os


outros garotos. Antes de sumir das minhas vistas, ainda olhou por

cima do ombro e me deu uma piscadinha.

Garoto idiota!
Era melhor continuar minha exploração e deixar o tal de Dave

esquecido. Antes que eu me lembrasse da boca em formato


coração.

Eu tinha ido para a Universidade de Washington, para estudar

e seria somente por isso que eu me dedicaria. Nunca cairia aos pés
de um garoto que parecia ser metido demais para que eu o

suportasse.

Eu seria a melhor Biomédica do meu ano…

Ao menos era naquilo que eu acreditava.


CAPÍTULO 2

Começo do ano letivo era sempre a mesma coisa. Pessoas

perdidas, tentando encontrar o campus que ficariam, ou até mesmo


querendo fazer amizades logo de cara, para não passar um dia
sequer sem ser notado.

Eu achava aquilo tudo um saco, mas fazer o que? Tinha que


agradar meus pais, que sonhavam que um dia eu tomasse a frente

da empresa da família.

Não que eu quisesse me tornar um CEO ou algo do tipo, mas

fazia de tudo para dar orgulho a eles. E só aquilo me importava.


Então, andava na linha o máximo que podia para não os

decepcionar.
— Cara, essas calouras são umas gostosas.

Carter comentou, enquanto encarava as garotas andarem pelo

pátio que levavam para as salas de aula.


— Gostosas e inocentes, duas coisas que não combinam com

o meu desejo.

— Dave, você é um pé no saco, de verdade.


Revirei meus olhos e não quis dar atenção para meu amigo. Já

que precisava ir para a sala, começar mais um semestre de

Negócios e Gerenciamento. O curso que meu pai escolheu para que


eu fizesse.

Sim, era isso… um completo filhinho de papai, que realizava


todos os desejos que o senhor Fernando pedisse. E olha que ele

nem era mesmo o meu pai, mas eu o considerava daquela forma. Já

que foi o homem que me criou e me fez ter a imagem de herói

quando eu era criança.

Meu verdadeiro pai, morreu quando eu ainda estava sendo

gerado. E alguns anos depois, Dona Madelyn conheceu o homem


que eu passei a chamar de pai.

E éramos uma família, só isso importava.


Antes que eu pudesse sair dos meus devaneios, acabei
trombando com uma garota que saía do banheiro feminino. O

caderno que eu carregava caiu no chão e alguns papéis soltos que

a menina tinha nas mãos, se espalharam pelo piso.

— Puta que pariu! — Ouvi a garota xingar, antes de se abaixar.

Levantei meus olhos, que ainda não tinha visto em quem havia

esbarrado e quando vi, tive noção de que os nossos caminhos


estavam se esbarrando demais.

— Novamente você, caloura?

Há dois dias, tinha me tropeçado com a mesma garota que

caminhava distraída pelas ruas do campus e novamente tínhamos

nos encontrado.

Ela me encarou e aquela imensidão de olhos azuis se focaram

nos meus. Ela era uma gata e tinha uma beleza única. Assim que
terminou de recolher seus papéis, ela se levantou e continuou me

encarando.

— Acho que você está fazendo de propósito, para nos

encontrarmos.

Abri um sorriso, porque ela não se afetava com a minha

presença, e mesmo que não quisesse me gabar, aquela era a


primeira vez que alguém não me tratava como o cara mais gato da

universidade.
— Provavelmente devo estar — brinquei.

Abaixando-me rapidamente e recolhendo meu caderno.


— Bom, Dave… vou para minha aula que ganho mais do que
perdendo meu tempo com você.

Ela ainda lembrava meu nome. Diferente de mim, que não


recordava.

A caloura continuou se afastando e eu fiquei a observando.


— Você lembra o nome dela? — perguntei para Carter.

— Cara, eu não me lembro nem do nome da garota que


transei ontem à noite e você acha que vou me lembrar de uma
garota que trombou com você?

Olhei de esguelha para aquele imbecil.


— Esqueci que você é um idiota.

Deixei Carter de lado e fui para minha aula, antes que


perdesse o primeiro tempo de estudos.

E foi assim que a manhã toda passou. Acabei me esquecendo


da caloura e só focando no que eu devia fazer naquela
universidade, que era estudar.
Claro que não podia negar, que em alguns momentos eu curtia

um pouco de tudo. Ia para algumas festas, bebia e pegava algumas


garotas, no entanto, nunca me desviava do meu objetivo.

Já que estava ali para aprender tudo que seria necessário para
mim.

Saí da sala e caminhei para o refeitório. Mal entrei e já vi onde


ela estava. Parecia que um ímã estava me puxando para a caloura.
Tentei evitar olhar em sua direção, já que ela parecia estar

concentrada na conversa que estava tendo com uma outra caloura.


— Fala, galã? — Robert, me cumprimentou, assim que

cheguei na nossa mesa de costume.


Acenei na sua direção, mas acabei olhando por cima do ombro
para a novata. Acabei pegando-a me encarando e não resisti, lhe

direcionando um sorriso de lado.


— Já caiu no encanto da caloura? — indagou Robert.

— Não, só estou achando muito engraçado ter me esbarrado


novamente com ela. — Olhei para meu amigo e perguntei: — Você

lembra o nome dela?


Robert era mais sensato que Carter, então provavelmente ele
se lembrava de algo.

— Jolie, se não estiver enganado.


No momento que ele disse o nome, me recordei dele. Apontei
o indicador para meu amigo e murmurei:
— Você é o melhor.

— Eu já sei disso. — Gabou-se.


Balancei minha cabeça e resolvi tomar uma iniciativa.

Caminhei até onde estava Jolie e parei ao lado da mesa em que ela
conversava com sua amiga.
A loira que a acompanhava me encarou e ficou boquiaberta.

Era assim que a maioria das mulheres ficavam, quando eu parava


perto delas e era exatamente desse tipo que eu corria. Elas não

faziam nem um pouco meu tipo.


— Oi, caloura — cumprimentei, Jolie.

Ela soltou um suspiro e respondeu:


— Ao menos você não trombou comigo.
Sorri de lado e indaguei:

— Jolie, vai fazer algo hoje à noite?


De onde eu tinha tirado aquilo?

Não era para chamá-la para sair.


— Isso importa, Dave?
Já que eu estava na chuva, poderia me molhar um pouco.

— Talvez eu pudesse levar você a algum lugar.


— É meu primeiro dia de aula, não quero começar meu curso,
cansada e nem nada do tipo.
A sua recusa pareceu como um soco na minha cara. Ninguém

nunca tinha recusado um convite meu.


— Você está recusando o meu convite? — indaguei, pois

realmente tinha ficado chocado.


— Sim, eu vim aqui para estudar, não para sair com um
veterano que se acha.

Puta que pariu!

Um soco de direita bem dado no meio do meu ego.


— Como queira, caloura.

Dei as costas e caminhei a passos rápidos em direção aos

meus amigos.

Ela havia negado um convite meu.


Talvez eu pudesse dizer que ela tinha um propósito e eu nem

sabia por qual motivo tinha ficado revoltado com a sua recusa.

Fechei minhas mãos em punhos, sentando-me no mesmo


momento junto com os garotos.

— Acho que alguém levou um fora. — David, que havia

chegado, enquanto eu estava me humilhando para uma caloura,


murmurou.
— Esqueçam isso — repreendi.

E os idiotas caíram na gargalhada. Só faltava um dos meus


amigos para chegar, mas nem quis perguntar onde Jensen andava,

porque a resposta era sempre a mesma: entre as pernas de uma

mulher.
— O primeiro fora do senhor perfeitinho.

Continuaram com a gozação e aquilo me deixou ainda mais

nervoso. Nem era para eu ter chamado Jolie para sair.

Como eu era idiota…


Mas ao menos agora podia andar bem afastado daquela

caloura e era somente isso que faria.

Deveria agradecer a sua recusa, mas eu era orgulhoso demais


para assumir aquilo…

Então, só ficaria com raiva mesmo e esqueceria aqueles olhos

azuis e aquela boca carnuda…


A caloura não era ninguém para que eu me importasse.

E eu não ligaria mais para a sua existência.

E era aquilo que eu faria…


CAPÍTULO 3

Duas semanas haviam passado, desde que cheguei a

Universidade de Washington. Já tinha me habituado com o dia a dia


e fiquei agradecida pela minha colega de quarto, não me perturbar
no pequeno momento em que nos encontrávamos.

Eu tinha conhecido Brooke, uma garota extremamente legal,


que se tornou uma amiga naqueles poucos dias. Estudávamos

juntas e por sorte tínhamos selecionado as mesmas matérias.

Naquele dia, teria uma festa em uma das fraternidades que

ficavam espalhadas pelo campus. E depois de tanta insistência de


Brooke, tinha aceitado ir à festa daquele dia.

Não queria tirar meu foco dos estudos, mas até minha mãe,
quando comentei com ela sobre a festa, apoiou que eu fosse, então,

não teria como lutar contra aquela decisão.

No momento, estava com o meu armário aberto e pensando


que roupa usaria para ir a uma festa de fraternidade. Peguei um

cropped e uma calça pantalona, pretos e não deixei meu casaco de

veludo de fora.
Assim que coloquei a roupa, percebi que estava bem. Para

fechar o visual, passei um batom vermelho, só para realçar meus

lábios. Eu não precisava de muita maquiagem, me achava muito


bonita e quase nunca precisava me esbaldar no retoque da pele

para me achar digna de sair de casa.


Deixei meus cabelos soltos, caindo em ondas sobre as minhas

costas. Por último, calcei uma bota de cano baixo e olhando-me no

espelho, percebi que estava bom para ir à festa.

Peguei meu celular em cima da cama e enviei uma mensagem

para Brooke.

Jolie: Estou pronta.


Brooke: Já pode me esperar lá embaixo que estou
descendo.

Jolie: Ok!

Peguei uma bolsa pequena e coloquei minha carteira e o

celular dentro. Depois saí do quarto e caminhei para o ponto de

encontro com Brooke. Chegamos juntas na saída do prédio.


— Uau! Que gata. — Minha amiga, murmurou.

— Você também está linda.

— Obrigada!

Começamos a caminhar e fomos caminhando até o local da

festa. Já que não era muito longe de onde estávamos. Quando

chegamos na casa onde estava acontecendo a festa, percebi que

talvez eu tivesse entrado dentro de um roteiro de filme.


Porque me lembrava demais dos filmes de universitários que

havia assistido. Nunca imaginei que estaria em uma festa de

fraternidade, mas ali estava eu. Morrendo de nervosismo e até

sentindo um friozinho na barriga, por ter ido a um lugar como

aquele.

A música tocava alta, e enquanto caminhávamos pela casa,


esbarramos em várias pessoas. Alguns já estavam alterados pelo
álcool e eu tive certeza de que não demoraria muito naquele lugar.

Não gostava de nada do que estava acontecendo ali. Era


muito careta para festas daquele tipo.

— Hoje quero transar — Brooke sussurrou.


E eu fiquei calada, pois não estava naquela mesma vibe. Na
verdade, eu não comentava minha vida sexual com ninguém, até

porque nunca havia tido nenhuma.


Virgem demais, para uma festa de fraternidade, literalmente

virgem. Era daquela maneira que estava me sentindo. Já que vi


alguns casais se pegando, pelos corredores e talvez fosse proibido

fazer aquele tipo de coisa em público.


— Você quer beber o quê? — Brooke indagou e eu olhei ao
redor.

— Acho que vou de água, porque não quero ficar bêbada.


— Ah, Jolie! Larga de ser careta, vamos aproveitar. Amanhã

nem temos aula.


Fiz uma careta e neguei. Já estava achando uma péssima

ideia ter me deixado convencer pela minha amiga e minha mãe,


afinal, não estava gostando nada daquele ambiente.
O tempo foi passando e Brooke começou a dançar com um

cara, que a puxou para um canto e para variar eu fiquei sozinha.


Não julgava minha amiga, eu realmente era careta e não queria

atrapalhar sua noite.


Olhei ao redor e consegui perceber que a casa tinha uma

varanda na parte de trás e que lá não estava com movimento algum.


Para sair um pouco da fumaça de cigarro, maconha e outras coisas

que não conseguia identificar, caminhei na direção do lugar.


Assim que subi os degraus laterais que me fariam ficar
protegida das pessoas, parei abruptamente, pois as luzes estavam

apagadas e uma pessoa estava sentada em um dos bancos do


lugar.

Era um homem, pois pela sombra, foi fácil chegar àquela


conclusão.
O homem me encarou na escuridão e fez um som que parecia

mais um rosnado do que algo mais.


— O que quer, caloura?

Assim que ouvi aquele apelido idiota, soube de quem se


tratava. Dave, o carinha que se achava a última pessoa do universo.

Terminei de subir os degraus, já que não iria ficar parada ali,


como uma idiota, só por ele estar no mesmo lugar que eu queria
estar.
— Desculpe, mas eu não vim aqui atrás de você. Estava
tentando me manter afastada um pouco daquela multidão de
pessoas bêbadas e drogadas.

— Para quem só quer focar nos estudos, você apareceu em


uma festa. Uau! — Eu podia sentir o tom de ironia em sua voz.

Encarei-o na escuridão, cruzando os meus braços na frente do


corpo.
— Eu sei quando posso dar uma pequena pausa.

Dave se levantou e caminhou para perto de mim, dando-me


uma bela visão de sua boca, já que a pouca luz que iluminava o

lugar a deixava bem visível.


— E hoje foi a sua pausa? — perguntou, passando seus olhos

pelo meu corpo de forma descarada.


— Parece que sim, mas me arrependi.
Ele franziu o cenho e voltou a indagar:

— Por quê?
Dei de ombros e respondi:

— Talvez seja porque eu não gosto do que está acontecendo.


Prefiro ficar quieta num canto, curtir sem muito alvoroço, visitar
lugares que ninguém gosta de visitar. Sou uma jovem com alma de

velha.
Dave soltou uma gargalhada rouca, gostosa e foi impossível
não abrir um sorriso com o seu momento de descontração.
— Olha que ela não tem somente farpas, mas também tem

sorrisos lindos.
Fiquei sem graça com seu comentário.

— Quando você não está sendo idiota, posso ser uma pessoa
menos idiota também — comentei.
Dave sacudiu sua cabeça e confessou:

— Eu prometi que não chegaria mais perto de você. Depois do

fora que recebi, mas o destino está te colocando toda hora no meu
caminho. Que saco!

— Sabe que estou percebendo isso também?

Dave soltou um suspiro e murmurou:

— Caloura, começamos errado. — Ele fez uma pausa e me


estendeu sua mão. — Eu sou Dave McBride.

Não ganharia nada sendo grossa com ele, por isso colei

minha mão na sua.


— E eu sou, Jolie Thorn.

— É um prazer te conhecer, Jolie.

— O prazer é todo meu.


Dave levou minha mão até seus lábios e deu um beijo leve no

local.
— Aceita conhecer um lugar sossegado?

Senti o frio da ansiedade tomar meu estômago. Eu tinha vindo

àquela festa para me divertir, e não estava me divertindo. Então,


não custaria tentar curtir algo que eu gostava.

— Tá, pode ser. Só preciso mandar uma mensagem para

minha amiga, avisando que estou indo embora.

— E eu vou até meu quarto, pegar um casaco.


Levantei minha sobrancelha e questionei:

— Aqui é sua casa?

— Sim, você fugiu e acabou parando na toca do lobo.


— Ele nem parece um lobo.

Dave sorriu e antes de se afastar, pediu para que eu o

esperasse ali.
Peguei meu celular, enviei uma mensagem para Brooke

avisando que iria embora e que ela podia curtir a noite.

Em pouco tempo Dave estava de volta.

— Vamos? — perguntou.
— Sim!
Ele indicou o lugar e começamos a caminhar lado a lado. Eu

esperava que aquela caminhada não acabasse mal. Mas fiquei

surpreendida, quando ele parou ao lado de um Maverick preto


fosco. Abriu a porta para mim e estendeu a mão para que eu

entrasse.

— É tão longe assim?

— Não é longe, mas demoraria muito para chegar a pé.


— Ok!

Entrei no carro, que possuía bancos de couro, tão pretos

quanto a cor do carro e desejei que não estivesse entrando no carro


de um psicopata.

Quando Dave deu partida… só pedi que ele não fosse idiota,

se não voltaria caminhando.

O problema, era que Dave não era o idiota que eu pensava e


aquilo talvez fosse ainda pior, pois seria muito fácil gostar daquele

homem que parecia bom demais para ser verdade.


CAPÍTULO 4

O perfume doce, mas nada enjoativo exalava pelo meu carro e

não podia negar que estava gostando dele. Peguei a estrada e em


quinze minutos estávamos na entrada de uma cabana que meu pai
possuía na região.

Ele tinha me dado as chaves antes de eu vir para a


universidade. Dizendo que quando eu quisesse fugir um pouco da

rotina, era só ir ali. E não podia negar, que quando queria respirar,

acabava parando por um final de semana naquele lugar.


Que me dava paz para refrescar a mente e ficar sem vontade

de sair pirando ou socando as coisas, como em alguns momentos


tinha vontade.

Entrei na estrada de chão e comecei a dirigir pelo caminho.

Percebi pela minha visão periférica, o momento em que Jolie me


encarou. E foi impossível não soltar uma gargalhada, pois claro que

ela pensava que eu faria algo com ela.

— Fica tranquila. — Olhei para ela rapidamente, para


tranquilizá-la.

— Como vou ficar tranquila? Falo que gosto de sossego e

você, um completo desconhecido, me traz para o meio do mato. Tô


quase pensando que meus órgãos vão ser roubados.

Aquela garota era engraçada. Continuei sorrindo e quando


parei o carro, voltei a encará-la. Jolie estava com a expressão

assustada. Soltei meu cinto e me ajeitei no banco do carro.

Levei uma das minhas mãos ao seu rosto, sem nem mesmo

pedir permissão a ela.

— Não vou fazer nada com você. Só te trouxe em um lugar

que eu gosto muito. Então, pode ficar tranquila, aqui é uma das
propriedades do meu pai, sem neura, por favor.
Abri a porta do carro, o contornei e abri a porta para que Jolie
pudesse sair. Ela soltou o cinto e aceitou a minha mão que estava

estendida para ela.

Sua pele era macia e parecia caber tão perfeitamente na

minha.

Caminhamos lado a lado até a cabana.

Destranquei a porta e acendi as luzes. Tanto as de dentro


como as de fora.

O lugar se iluminou e mostrou o lago que tinha um pouco mais

à frente.

— Nossa, que lugar lindo!

A luz da lua refletia as montanhas que contornavam o lago e

por mais que estivesse frio, o tempo estava limpo, e as estrelas

brilhavam radiantes, e fazia do lado um espelho para que elas


pudessem refletir.

— Eu gosto daqui — respondi.

Jolie voltou na minha direção e colocou suas mãos na cintura.

— E você me trouxe aqui, só por ser um lugar sossegado?

— Você disse pra mim que gostava de lugares assim, só

consegui me lembrar daqui.


Jolie se aproximou de mim, mas não parou na minha frente,

como imaginei que faria. Ela entrou na cabana e a observou por


dentro.

— É um lugar bom, para fugir da realidade — constatou.


— Sim, eu venho aqui às vezes.
— Se lembre de me trazer aqui mais vezes.

Ela estava se oferecendo para vir comigo?


Quando não respondi, Jolie se voltou na minha direção.

— O que foi?
— Você acabou de se oferecer para vir aqui mais vezes?

— Foi isso que eu disse.


Jolie depositou sua bolsa em uma das poltronas que ficavam
por ali e saiu da cabana, voltando para a pequena varanda que

ficava do lado de fora.


Parei na porta e me encostei no batente. Cruzei meus braços

e fiquei observando Jolie. Ela era linda, seu perfil proporcionava-lhe


uma aura angelical.

Perfeita!
Jolie, olhou por cima do ombro em minha direção e eu retribuí
seu olhar.

— Pensei que você fosse um idiota — confessou.


— Não posso negar que sou. Às vezes sou menos.

— Você não está parecendo um idiota para mim. Pelo menos,


não nesse momento.

Saí do meu encosto e parei ao seu lado.


— Nesse momento estou parecendo o quê? — indaguei.

— O cara que eu vou beijar.


Não a havia levado ali, para que quisesse me beijar, mas se
ela queria não iria negar. Já que estava louco para provar aquela

boca na minha.
— E o que está esperando? — perguntei.

Não precisei falar mais nada, porque ela se aproximou de


mim, parou há alguns milímetros da minha boca e esperou que eu
desse o próximo passo. Eu até podia não querer ficar me

envolvendo, mas quando encontrava uma mulher tão disposta a me


beijar eu não negava.

Grudei uma das minhas mãos em sua nuca e a puxei para


perto até que nossa boca se grudou.

Minha língua invadiu sua boca, encontrando a dela e


começando uma dança que eu amava fazer. A dança de como
deixar uma garota completamente louca por mim com apenas um

beijo.
As mãos de Jolie abraçaram meu pescoço e com a minha
mão livre, grudei na curva de suas costas para que seu corpo se
colasse ao meu.

Meus dedos que estavam em sua nuca, entraram no meio dos


fios dos seus cabelos e voltei a aprofundar o beijo.

Deliciosa!
Nossas bocas pareciam querer mais do que estávamos
oferecendo e quanto mais eu a beijava, mais vontade de devorá-la

eu sentia.
Afastei minha boca da sua rapidamente, só para descer para o

seu pescoço e poder chupar sua carne e sentir seu sabor em minha
língua.

Jolie gemeu, assim que suguei a sua pele e meu pau deu sinal
de vida. Mexi meu quadril, para ela perceber o que estava fazendo
comigo e aquilo pareceu deixá-la um pouco receosa.

Já que acabou se afastando de mim, ofegante e me deu as


costas.

— O que foi?
— Acho que podemos ir embora, né?
Fiquei sem entender muito bem o que tinha acontecido.

— Fiz alguma coisa que te chateou?


— Não, só preciso voltar, porque estamos um pouco longe da
universidade.
Não iria obrigá-la a ficar ali.

— Tudo bem, como queira.


Voltei para dentro da cabana, peguei sua bolsa e assim que fui

levar para ela a encontrei na porta me encarando. Suas bochechas


estavam coradas e Jolie mordia os lábios.
— Está tudo bem?

— Está, eu só não consigo avançar, ainda. Não fique

pensando que você fez algo, ok?


Franzi meu cenho, mas assenti.

Estendi-lhe a sua bolsa e ela a pegou.

Desliguei as luzes e caminhamos para o carro. Abri a porta

para que ela entrasse e logo estava pegando no volante e voltando


para o campus.

Eu sentia que Jolie me encarava hora ou outra, não estava

chateado, só fiquei sem entender o motivo de ela querer parar o


beijo tão abruptamente.

Assim que parei em frente ao campus em que ela ficava,

desliguei o carro e a encarei.


— Depois se quiser voltar lá, ou fazer alguma coisa por aqui,

me liga.
Tentei falar aquilo, para que ela percebesse que eu não estava

com raiva de nada.

— Tá, me dê o seu número.


Passei para ela, que anotou em sua agenda. Pensei em pegar

o dela, mas deixei quieto, se ela quisesse sair comigo, ela me

mandaria mensagem ou algo do tipo.

Não ficaria insistindo e parecendo um chato, para que ela


ficasse com raiva.

— Nos vemos por aí, Dave.

Ela nem esperou que eu saísse do carro para abrir a porta e


muito menos me deu um beijo de despedida. Só destravou o cinto e

foi embora.

Minha boca ainda ardia de desejo, mas eu precisava controlar


aquele desejo, já que parecia que Jolie não queria nada mais do

que uma pequena aventura só para aquela noite.

Nós tínhamos objetivos, que não incluíam nos beijarmos e

muito menos termos um relacionamento.


Novamente voltei para minha casa, jurando que não me

envolveria com ninguém.


CAPÍTULO 5

O dia tinha amanhecido e eu continuei sentada sobre a cama,


levando hora ou outra meus dedos até os lábios e lembrando-me do

beijo da noite anterior.


Brooke havia me mandado uma mensagem há algumas horas,

falando que a festa tinha sido uma loucura e que eu havia perdido.

Se ela soubesse onde fui parar, com toda certeza não diria

aquilo. No entanto, preferi deixar aquela pequena parte da minha


noite em segredo.

Talvez fosse melhor ficar somente no pensamento.


Simone, a minha colega de quarto, se mexeu na cama e logo

abriu os olhos. Quando voltei para o quarto, ela já estava dormindo

e eu tentei ao máximo não fazer barulho para acordá-la.


Ela olhou na minha direção, mas não disse nada. Eu preferia

muito mais ter sido colega de quarto de Brooke, ao menos receberia

uma conversa de amigas, diferente de Simone que nem mesmo me


cumprimentava.

Deixei de pensar nela e olhei para a janela. O campus estava

parado, já que era final de semana e ninguém tinha aulas. Sem


contar que muita gente foi para a festa de ontem e deveriam estar

de ressaca.
Lembrar-me da festa, era pensar em Dave e sua boca

maravilhosa, que pegou a minha de uma forma que me fazia ter

vontade de mais. Se eu não fosse tão covarde, não teria corrido

dele.

Só que quando o senti duro, se encostando em mim, fui

obrigada a fugir. Não sabia se estava preparada para perder minha


virgindade. Não que eu achasse sagrada, nem nada do tipo, eu só
não estava com vontade de sentir dor e já havia ouvido relatos de
que a primeira vez era um terror.

Saí do meu estado letárgico, já que havia me dado fome. Fui

até o banheiro, tomei uma ducha rápida e fiz minha higiene pessoal.

Logo estava de volta no quarto.

Peguei uma bermuda jeans, uma regata e um blusão de frio.

Eu sempre sentia mais frio nos braços do que nas pernas.


Aproveitei para pegar um tênis e quando me dei por satisfeita,

saí do quarto, pronta para ir até uma cafeteria que ficava a umas

duas ruas de onde se localizava o campus.

Coloquei o capuz e comecei a caminhar em direção à

cafeteria. Coloquei minhas mãos dentro dos bolsos e aproveitei para

esquentá-las. Estava mais frio do que o normal, mas dava para

aguentar sem as pernas protegidas.


Abri a porta da cafeteria e assim que entrei no local, agradeci

mentalmente pelo aquecedor que estava ligado. Antes mesmo de

caminhar até o balcão para pedir um capuccino, percebi que um

grupo de garotos estava em uma das mesas da cafeteria.

Assim que encarei o lugar, constatei que eram os mesmos

garotos que esbarrei no meu primeiro dia, sem contar que Dave
estava entre eles.
Droga!

Desviei minha atenção e logo fui até o balcão fazer meu


pedido. Aproveitei para adicionar ao pedido uma porção de ovo frito

com bacon.
Sem olhar novamente para a mesa, procurei um lugar para
ficar, bem distante de onde eles estavam. Não sabia se estava

preparada para ver Dave tão cedo. Principalmente depois da noite


passada.

Meu pedido chegou e tentei me concentrar somente nele, sem


desviar meus olhos para a mesa cheia de garotos risonhos.

Porém, mesmo que quisesse me esconder, não consegui, já


que assim que coloquei a segunda garfada de comida na minha
boca, Dave parou ao lado da minha mesa.

— Bom dia, caloura!


Levei meus olhos até o seu rosto. E não podia ser rude com

ele, mesmo que quisesse me manter afastada, se não seria capaz


de beijá-lo novamente.

— Acho que você se lembra do meu nome.


— Ah, claro que lembro. Mas que graça teria te chamar de
Jolie?

Revirei meus olhos e murmurei:


— Acho melhor você voltar para os seus amigos.

— Você vai fugir de novo?


Senti minhas bochechas esquentarem.

— Dave, só me deixa tomar meu café da manhã.


Ele assentiu, no entanto, antes de se afastar, comentou:

— Só não entendi o motivo da sua fuga. Ainda estou com


medo de ter feito algo errado.
— Eu já disse que você não fez nada de errado. Tá tudo bem,

juro!
Acabei lhe direcionando um sorriso para que ele ficasse

tranquilo.
— Tudo bem! — Ele se aproximou um pouco mais de mim e
sussurrou. — Vou pra cabana essa tarde, vou passar a noite lá. Se

quiser ir, você tem meu número.


Assenti e ele se afastou depois de encarar meus olhos

profundamente.
Depois daquilo tive mais dificuldade para descer a comida. No

entanto, não desperdiçaria um grão do meu café da manhã.


Depois de comer, paguei a conta e fui embora, sem olhar na
direção de Dave, senão eu daria muita brecha para ele. Voltei para o

campus, sem saber o que fazer.


Algo dentro de mim, gritava para ir com ele para aquele lugar
que eu havia adorado, mas também uma incerteza falava,
sussurrava, quase implorava para que eu não cometesse aquela

idiotice.
Subi os degraus que me levavam até meu quarto e entrei,

batendo a porta atrás de mim. Pelo jeito Simone havia voltado a


dormir, pois se sobressaltou com a minha entrada abrupta.
— Caralho! Não sabe fechar a porta?

Nem respondi a sua ofensa. Ela sempre fazia de tudo para me


acordar e eu continuava sendo um pouco legal com ela.

Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Brooke.

Jolie: Preciso de uma opinião.

A resposta dela acabou não chegando. Já que provavelmente

estava dormindo.
Passei minhas mãos pelos meus cabelos, sem saber

realmente o que fazer. Eu mal conhecia aquele garoto, por qual


motivo estava daquela maneira por ele?
Peguei meu celular, fui no aplicativo de mensagem e fiz o que

minha mente gritava para não fazer, o problema era que meu corpo
pedia o contrário.
Eu sabia que se fosse para aquela cabana, acabaria
transando com Dave, mas acho que já estava preparada para

aquilo. Tentaria amenizar minha dor.


Quando digitei a mensagem eu desisti de esperar e queria

viver uma loucura. Seria somente um final de semana.

Jolie: Aceito ir!

Dave: Te pego às 2 da tarde.

Jolie: Ok!

Eu iria sair com Dave e que se fodessem as consequências.


CAPÍTULO 6

Nem acredito que ela realmente aceitou vir para a cabana


comigo. No entanto, lá estava a caloura no banco do carona,
esperando que chegássemos ao lugar onde a havia levado na noite

anterior.
Ela vestia a mesma roupa de mais cedo. Uma bermuda curta

demais para minha imaginação safada, mas um casaco que

tampava muito da parte de cima.


Assim que cheguei, estacionei no lugar da noite anterior e

daquela vez, nem consegui abrir a porta para Jolie, pois ela saiu
antes de mim.

Pegou sua mochila e eu peguei a minha. Caminhei até a porta

da cabana e a abri para que ela entrasse. A cama de casal ficava


perto de uma das janelas da cabana, enquanto a minicozinha ficava

no canto adjacente. O banheiro ficava na parte de trás.

— Sinta-se em casa — murmurei.


Jolie sorriu e depositou a mochila na mesma poltrona da noite

passada.

— Vai ser meio difícil. Eu nunca dormi em uma cabana no


meio do nada. E agora, olhando para essa floresta, acho que estou

um pouco receosa de passar a noite nesse lugar.


Fui obrigado a sorrir, pois ela parecia tão corajosa em alguns

momentos e em outros, era somente uma florzinha doce.

— Fica tranquila, meu pai nunca deixaria eu vir para esse

lugar se não fosse seguro.

— Vou tentar acreditar nisso.

Coloquei a minha mochila em cima da cama. E me aproximei


de Jolie puxando-a para os meus braços, tomando sua boca na
minha, já que estava louco para beijá-la desde o momento em que a
vi na cafeteria.

Desci minhas mãos lentamente por suas costas, enquanto ela

se entregava para o beijo.

Parei em sua bunda e apertei-a com força. Puxei-a para cima,

ela contornou suas pernas na minha cintura e estava mais entregue

do que na noite anterior.


Jolie afastou sua boca da minha e me olhou um pouco tímida.

— Preciso… te falar algo. — Ela parecia muito nervosa.

— Pode falar.

Segurei sua bunda e ela continuou com as pernas

entrelaçadas em minha cintura.

— Eu sou virgem.

O choque fez com que eu a descesse para o chão.


— Você é o quê?

Jolie fez uma careta, mas acabou respondendo.

— Sou virgem, por isso, quis ir embora ontem. Não sei se foi

uma boa ideia ter voltado aqui, já que está nítido que você quer me

foder, mas não posso garantir se vou te agradar, já que não sou

nada experiente. — Ela começou a falar e não parou mais. — E eu


não tô muito preocupada em te agradar também não, mas é isso,
achei melhor dizer antes que você pensasse que algo aconteceu e

que você foi o culpado.


Era raro encontrar uma garota virgem nos dias de hoje, mas

não era nada de incomum também. Não sei por qual motivo Jolie
achou que eu ficaria desapontado por saber daquilo.
— Eu não me importo — comentei.

— Como assim?
Dei de ombros.

— Se você quiser transar, vou transar, se você falar que


vamos passar o final de semana sem transar, vamos passar o final

de semana sem transar. Você que escolhe, Jolie.


Vi um leve sorriso abrir em seus lábios e ela caminhou
lentamente na minha direção.

— Você é muito fofo, sabia?


— Não sou fofo, só sei respeitar uma mulher.

O sorriso dela aumentou e daquela vez, quem me puxou para


beijar foi ela.

Não me fiz de rogado, correspondi o mais rápido que pude ao


seu beijo. Voltando a apoiar minhas mãos em sua bunda e
aprofundando o nosso beijo.
Jolie passou sua língua por meus lábios e eu desci os meus

para o seu pescoço, provando novamente um pouco dela.


Jolie fez a mesma coisa comigo, passando sua boca pelo meu

pescoço e mordendo a minha carne. Senti meu corpo se acender e


ficar pronto para fazer o que ela quisesse.

— Assim você fode todo o meu argumento — rosnei.


— Isso é bom, certo?
Sorri para ela e assenti. Encostei Jolie na parede e liberei

minhas mãos, para entrar por dentro do seu blusão. No entanto,


assim que toquei em seus seios, ela soltou minha boca.

— Podemos fazer isso depois?


Afastei minhas mãos e assenti.
— Claro!

Continuei a segurando, mas sem tentar avançar o sinal.


— Obrigada!

— Já disse que não precisa agradecer, é minha obrigação ser


um homem respeitador.

Jolie me deu um leve selinho e logo desceu do meu colo e foi


fuxicar as coisas da cabana.
Ela era muito curiosa e eu estava adorando conhecer aquela

caloura.
— Você faz qual curso? — perguntei, enquanto ela pegava
uma foto minha e da minha mãe.
— Biomedicina — respondeu, olhando a imagem. — Sua

mãe?
— Sim!

Jolie deixou o porta-retratos e perguntou:


— E você, qual faz?
— Negócios e Gerenciamento.

Jolie virou na minha direção e soltou uma brincadeira.


— Ui, ui, ui… Teremos um CEO aqui?

Revirei os olhos.
— Bom, meu pai até quer que eu cuide da empresa dele no

futuro.
— Já quero ver isso… — Ela olhou pela janela que levava ao
lago. — Vamos tomar banho no lago?

— O lago deve estar um gelo.


Jolie mordeu o seu lábio inferior e sorriu.

— Isso deve ser bom, porque depois podemos banhar na


água quente do chuveiro, juntos.
— Garota, você é uma caixinha de surpresas.

— Eu sei!
E com aquela resposta, ela tirou seu blusão, ficando somente
com uma regata que usava e a bermuda curta. Tirou o tênis e saiu
correndo em direção ao lago.

Logo lá estava eu, sem camisa e só de cueca boxer pulando


naquela água extremamente gelada.

O que eu não fazia por uma mulher.


Com a mesma velocidade que o pensamento veio, ele foi
embora, já que Jolie surgiu debaixo da água fria, se aproximou de

mim e me beijou encostando seus mamilos intumescidos em mim.

Aquele dia seria longo, até eu poder aplacar o tesão que


estava sentindo por aquela mulher.

Mas tinha certeza de que valeria a pena.


CAPÍTULO 7

Estava encostada no parapeito da pequena varanda que havia


na cabana, quando senti os braços fortes de Dave abraçarem minha

cintura.
Ele depositou um beijo leve em meu ombro que estava

exposto pela regata que usava. Tínhamos saído do lago gelado e

ainda estávamos molhados, no entanto, estava esperando um

pouco da água escorrer das minhas roupas.


Como Dave estava somente com sua boxer, senti seu membro

duro encostar na minha bunda.


— Você vai se resfriar se não vier tomar uma chuveirada

quente.

Assenti e deixei que ele me conduzisse para o banheiro. Ao


chegarmos no local, Dave parou à minha frente, segurou meu

queixo e levantou minha cabeça para que meus olhos se

encontrassem com os seus.


— Quer ficar sozinha? — perguntou.

— Não — sussurrei.

Ele aproximou sua boca da minha, me deu um leve beijo e em


seguida levou suas mãos para a barra da minha regata. Subiu a

peça vagarosamente, deixando meus seios expostos.


Dave ficou observando-os, me deixando um pouco

apreensiva, porém, quando ele levou suas mãos para os meus seios

e os apertou entre seus dedos, revirei os olhos de prazer.

Enquanto eu gemia, com o seu aperto em meus mamilos,

senti sua língua passar por um e logo o sugou com força e eu quase

gritei, mas me contive. Aquilo era muito bom.


Depois que parou de chupar meu peito, Dave foi para o botão

da minha bermuda, mas não demorou muito para abaixá-la junto


com a calcinha. Agradeci mentalmente por estar depilada naquele
dia em questão.

Levantei um pé de cada vez, para a roupa ser deixada sobre o

chão. Dave continuou abaixado e me olhava com uma expressão

completamente safada.

— Que foi? — questionei.

— Você é uma delícia.


— Você nem me provou para saber se sou uma delícia.

Sem nenhuma vergonha, Dave se aproxima do meio das

minhas pernas e passa sua língua por toda a extensão da minha

vagina. O contato quase faz com que eu perca as forças da perna.

Acabei me apoiando na bancada do banheiro, o que facilitou

para Dave poder abrir mais as minhas pernas e voltar a me chupar

com força. Ele segurou minhas coxas com suas mãos e as apertou,
enquanto continuava a sugar minha vagina.

— Dave… — gemi.

Mas aquilo pareceu dar mais força para que ele continuasse.

Quanto mais ele se deliciava com minha vagina, mais louca e

ensandecida eu ficava.

Eu já tinha me masturbado algumas vezes, então eu sabia


que estava perto de gozar, por isso, avisei:
— Eu vou gozar…

E Dave parecia não me dar ouvidos, porque continuou me


chupando e como eu estava começando a ficar descontrolada,

acabei levando uma das minhas mãos aos seus cabelos e


pressionei ainda mais a sua boca na minha vagina.
Ele aumentou a velocidade com que sua língua passava por

meu clitóris, e hora ou outra dava mordidas leves, para me deixar


com ainda mais vontade de me libertar por completo em sua boca.

E com isso, com aquela pressão completamente insana que


Dave fazia em minha vagina, liberei todo o meu orgasmo em sua

boca. Soltando o grito que estava segurando há algum tempo.


Assim que ele se sentiu satisfeito por me sugar, afastou sua
boca da minha pele e sorriu para mim, com os lábios vermelhos, por

ter me dado diversos beijos em uma área maravilhosa.


— Sim, eu comprovei, você é uma delícia.

Eu estava ofegante, mas acabei sorrindo para ele. Dave se


levantou e eu não pude deixar de olhar para sua box, o quanto

estava duro.
Ao perceber para onde eu olhava, ele pousou sua mão em
cima do seu membro e fez alguns movimentos. No entanto, logo
parou para arrancar a peça que me impedia de olhá-lo e eu até

engoli em seco.
Seu membro era grande, cheio de veias e parecia pronto para

me foder da maneira que eu já estava desejando.


Dave segurou minha mão e me puxou para dentro do box do

banheiro. Ligou o chuveiro, que despejou sua água quente sobre


mim e eu sorri com o choque térmico que fez minha pele se arrepiar.
— Vou te dar banho — sussurrou em meu ouvido.

— Não quer que eu te dê atenção? — indaguei.


— Depois eu te fodo com meu pau, preciso te foder com meus

dedos antes.
Dave mordeu o lóbulo da minha orelha e eu já não sabia mais
se minha pele estava se arrepiando pela água quente, ou por ele

estar brincando com meus instintos.


Ele pegou o sabonete e começou a passar pelo meu corpo,

parando nas partes específicas em que eu mais sentia prazer. Meus


mamilos receberam uma atenção especial. Minha barriga foi limpa

lentamente.
Dave me virou de costas para ele, passou sua mão por minha
coxa e subiu para minha boceta, a limpou e depois de enxaguá-la,

ele fez o inimaginável: penetrou um de seus dedos dentro de mim.


Senti um choque leve na região, mas era controlável.
— Vou tentar ser cuidadoso — gemeu na minha orelha,
enquanto esfregava seu membro na minha bunda.

Seu dedo começou a se movimentar dentro de mim, enquanto


outro fazia movimentos circulares em meus clitóris. Eu fui ficando

cada vez mais molhada e Dave começou a aumentar seus


movimentos.
A dor ainda estava lá, mas o prazer era muito melhor do que

ela. Por qual motivo eu havia demorado tanto para perder minha
virgindade?

— Dave, eu quero mais — pedi.


Ele penetrou mais um dedo dentro de mim e começou a me

foder, literalmente, com seus dedos.


Eu comecei a rebolar em sua mão, além de empinar minha
bunda para trás, para que seu membro tivesse a atenção merecida.

— Droga! Para de me atentar, senão eu não vou conseguir


resistir e esperar para sairmos do chuveiro.

Ouvir aquilo foi como se eu estivesse ouvindo uma serenata.


Eu estava tomada pelo tesão. E nem me lembrava mais que nunca
havia tido um homem entre minhas pernas.

— Me fode, Dave! — pedi com um gemido.


Dave não esperou mais para empinar um pouco do meu
quadril para trás e começar a entrar em mim. Mais um pouco da
ardência que estava sentindo aumentou, mas não me importava, eu

queria mais.
Enquanto Dave continuava massageando meu clitóris, ele

começou a se movimentar dentro de mim.


Era… não tinha palavras para expressar o quão bom era e
também não acreditava que demorei tanto tempo para fazer.

Quanto mais Dave entrava dentro de mim, mais eu o queria, e

quando eu já estava completamente louca, liberei o meu orgasmo.


Dave aumentou seus movimentos e acabou gozando dentro de

mim.

Senti seus jatos quentes derramarem no meu núcleo e quando

ele se deu por satisfeito saiu de dentro de mim e eu apoiei meu


corpo no seu.

Dave me virou para ele e mesmo ofegante pelos nossos

movimentos, levei minha boca à sua e o beijei. Completamente


viciada naquele homem.

Completamente pronta para mais.


CAPÍTULO 8

Estava sentado na poltrona da cabana, enquanto observava

Jolie dormir. Ela era muito linda, seu corpo nu refletia a luz da lua,

deixando-a ainda mais perfeita.


Ela se remexeu na cama e logo vi seus olhos sonolentos

sendo abertos. Jolie encarou o nada, até acordar por completo e


acabou retribuindo meu olhar.

— Por que está acordado? — sussurrou.

— Meio que perdi o sono e ficar te observando é maravilhoso.


Um leve sorriso surgiu em seus lábios.

Jolie se sentou na cama e olhou para o meu corpo nu, afinal,


tínhamos transado tantas vezes naquele dia, que resolvi nem me

vestir mais.

Ela saiu da cama e caminhou até onde eu estava, sentou-se


em meu colo, com uma perna de cada lado do meu corpo e em

seguida depositou um beijo leve em meus lábios.

— Pensei que estaria mais dolorida. Conheço pessoas que


sempre falavam que a primeira vez tinha sido horrível. Mas a minha

não foi assim.

Apertei sua cintura com força e ela gemeu, fechando os olhos.


Levei minha língua para o seu pescoço e comecei a passar por sua

pele.
— Não sabem como é ter um homem de verdade —

murmurei.

Levantei seu corpo por um momento, para poder ajeitar meu

pau e poder senti-la se sentando e engolindo-o todo.

— Você é insaciável, Dave.

— Eu sei — confessei.
Estoquei fundo dentro dela, o mais rápido que eu podia, Jolie

foi ficando cada vez mais molhada. Suas mãos apoiadas em meus
ombros, faziam movimentos com as unhas e arranhavam minha
pele.

Seus seios estavam na direção do meu rosto e balançavam à

medida que eu me enfiava dentro dela.

— Você é tão apertada — rosnei.

Uma das minhas mãos pararam em seu clitóris e eu comecei

a movimentá-lo rapidamente para que Jolie gozasse, eu queria


sentir mais uma vez o seu orgasmo no meu pau.

Assim que ela se libertou, não demorou muito para que eu me

jorrasse todo dentro dela. Ouvindo o som que nossos sexos juntos

faziam. Ainda mais quando estávamos extremamente molhados

com nossos orgasmos.

Continuei me movimentando lentamente dentro de Jolie, até

que me senti completamente vazio.


Ela se aproximou de mim, me beijou amorosamente e eu

retribuí. Não queria me envolver, mas era impossível negar qualquer

envolvimento, quando a levei para a cabana do meu pai e até

mesmo tirei sua virgindade.

Assim que ela se afastou, levei minha mão ao seu rosto e

acariciei sua pele. Seus olhos grudaram nos meus e eu não


consegui desviar daquele olhar em momento algum.
Jolie era linda e sua beleza tinha me enfeitiçado.

— Sei que é meio insano, mas quero continuar com você —


disse.

Jolie mordeu o lábio inferior.


— Como assim?
— Continuar fazendo isso que estamos fazendo.

— Transando?
Soltei minha respiração e assenti.

— Também, mas eu sou monogâmico, espero que você fique


só comigo.

Jolie parecia espantada com o que eu estava lhe dizendo.


— E você vai ficar só comigo?
— Se não quero te dividir, com certeza não quero outra mulher

também.
— Tá, podemos tentar.

Sorri de lado e a peguei em meu colo.


— Então vamos tomar mais um banho, caloura.

E foi assim que eu comecei um pequeno relacionamento com


Jolie, mesmo que negasse que tinha algo com ela para todos. No
entanto, quando estávamos juntos, só tinha olhos para ela, só
queria ela, na verdade, até mesmo quando estava afastado eu a

queria.
Às vezes passávamos finais de semana juntos na cabana,

outras vezes, no meio da noite eu lhe chamava para transarmos no


meu carro.

Eu estava me apaixonando e aquilo era algo que eu não


queria, mas era meio difícil de evitar quando Jolie cada dia mais se
mostrava uma pessoa incrível.

E eu… eu estava caindo direto no seu encanto.

***
Era meu aniversário e Dave tinha me feito uma surpresa.

Naquele momento estávamos em um mirante e além de


conseguirmos ver toda Seattle, também podia ver muitas estrelas
brilhando sobre o céu.

Dave abraçou minha cintura e me encostou em seu corpo.


— Se eu pudesse, lhe daria todas as estrelas do céu, só para

te ver sorrir dessa maneira todos os dias.


— Você está muito romântico hoje — caçoei.

— Eu sempre sou romântico.


Girei em seus braços, ficando de frente para ele. Estávamos
juntos há quatro meses, mas parecia uma eternidade. Já que eu
estava ficando cada vez mais caidinha por ele.

Dave no início me pareceu só mais um universitário babaca,


mas desde que passei o final de semana com ele na cabana, que

ele tirou minha virgindade, ele se mostrava ser um cara


extremamente fofo.
O que era um perigo para uma mulher como eu, que estava

disposta a entregar seu coração de bandeja para ele, sem fazer

muitos obstáculos.
— Você fala como se estivesse apaixonado por mim — joguei

as palavras no ar.

No entanto, não esperava por sua resposta repentina.

— Mas eu estou.
— Para de brincar, Dave — repreendi.

— Não brinco com coisa séria.

Abri um sorriso para ele.


— Tá falando sério?

— Tô!

Não aguentei, levei minha boca até a dele e o beijei


ensandecidamente.
Não podia acreditar que ele estava sentindo algo por mim.

Quando fui para a faculdade, disse que nunca me envolveria com


ninguém, mas Dave era diferente… Dave era único.

E com isso resolvemos assumir nosso relacionamento. Ou

melhor, só colocar um nome na nossa relação, já que todos sabiam


que estávamos ficando.

Eu só não sabia que as coisas poderiam sair do controle muito

rápido.
CAPÍTULO 9

Estava tendo uma festa de final de semestre na fraternidade


onde Dave morava. Como sempre a festa rolava solta, bebidas,

drogas e muita safadeza.


Naquele dia em questão, eu não estava me sentindo bem,

mas compareci à festa para não deixar Dave sozinho. Segundo ele,

eu era a pessoa que fazia com que ele não quisesse socar meio

mundo de gente que estragava sua casa, quando davam festas.


Brooke estava lá no meio da pista de dança, mas ultimamente

tínhamos nos afastado. Na verdade, quando lhe revelei que estava


tendo um relacionamento com Dave, ela se afastou, pois disse que

não queria ser amiga de uma qualquer.

No dia fiquei com muito ódio por ela ter falado daquele jeito
comigo, mas no fim deixei para lá. Eu não me importava em como

as pessoas me julgavam, só queria ficar quieta na minha e era

exatamente aquilo que eu iria fazer.


— Quer uma cerveja? — Dave, indagou, beijando meu

pescoço.

— Não, estou me sentindo meio enjoada.


— Qualquer coisa vamos ao hospital.

Revirei meus olhos e o encarei por cima do ombro.


— É só um enjoo, devo ter comido algo estragado.

Fomos tirados dos nossos devaneios, quando Carter se

aproximou de nós, com expressão de poucos amigos. Ele tinha

odiado que Dave tivesse assumido um relacionamento comigo.

Porque segundo ele, seu amigo tinha se tornado um idiota

depois que havia se apaixonado por uma caloura.


Eu ainda achava que era pelo simples fato de Dave ter parado

de bancá-lo, quando eles saíam sozinhos, então ele falava que a


culpa era minha para não ter que culpar o amigo.
— Dave, deixa essa garota de lado e vai curtir a festa. — Ele

estava bêbado demais para o meu gosto.

— Carter, vai encher o saco de outro. — Dave rosnou.

O homem me encarou com uma expressão de poucos amigos,

mas ao menos não quis dizer mais nada, para não começar uma

confusão desnecessária.
— Quer subir para o meu quarto? — Dave perguntou algum

tempo depois.

Eu não queria tirá-lo da festa, mas estava muito mal para

continuar ali.

— Sim, pode ser. Mas antes vou tomar uma água.

— Tudo bem! Vou avisar ao Robert que tô lá em cima, caso

ele precise de mim.


Assenti e fui até a cozinha pegar um copo de água. Arrependi-

me no mesmo momento, já que Carter estava lá.

— Deixou o Dave sozinho por alguns minutos? Que milagre!

— Só vim tomar água.

Fui caminhar até a geladeira, mas ele me barrou.

— Eu pego para você, querida. — Olhei-o com a expressão


fechada. — Acho que te devo desculpas, sou um pé no saco.
— Tenho que concordar — respondi, mas tentei sorrir, para

tentar fazer o clima chato que tinha entre nós cair por terra.
Carter sumiu atrás da porta da geladeira e eu fiquei

aguardando que ele surgisse com a água. Logo ele apareceu com a
garrafa e pegou um copo no balcão.
Estendeu-me o copo e eu tomei um gole do líquido gelado,

para ver se melhorava um pouco do meu estômago.


— Obrigada! — sussurrei.

— Por nada! — Seu sorriso parecia maldoso, mas eu sabia


que era o seu jeito de ser.

Dave surgiu logo depois e encarou o amigo.


— Algum problema?
— Não, sua namorada e eu, vamos ser amigos.

Dave me encarou e eu assenti. Sua expressão relaxou e ele


assentiu.

— Que bom que você entendeu que eu estou com ela e não
vou deixá-la.

Meu coração quase saltou do peito ao ouvir suas palavras.


Dave pegou minha mão e me conduziu para o andar de cima,
onde ficava seu quarto. Ele destrancou a porta e assim que

estávamos lá dentro me senti melhor.


Talvez fosse o fedor de bebida, misturado com drogas que

estava me fazendo ficar daquela maneira.


Dave trancou a porta e quando se voltou para mim sorriu

diabolicamente.
— Acho que vou ter que ser um filho da puta.

— Por quê? — questionei, mas já sabendo onde ele queria


chegar.
— Vou ter que fazer amor com você, mesmo que esteja

passando mal.
— Nesse momento eu me esqueço do meu estado de saúde,

só para você me fazer sua.


Ele sorriu e arrancou a camiseta que usava, jogando-a em um
canto do quarto.

Dave levou suas mãos até o zíper do meu vestido e o


arrancou. Deixando-me somente com o fio dental vermelho que

usava.
Sua mão pousou sobre minha vagina e começou a me

masturbar. Eu me perdia em completo prazer quando estava com


Dave. Quando menos percebi, já estava sem minha peça íntima e
deitada sobre a sua cama, enquanto ele me chupava e eu liberava

todo o meu orgasmo em seus lábios.


Dave não parou de me sugar, até que outra onda de orgasmo
me abatesse. Só que nosso momento foi interrompido, por alguns
gritos no andar de baixo. Ele se afastou do meio das minhas pernas

e cerrou os olhos.
— Vou ver o que tá acontecendo, fica aqui, desse jeito que

ainda não acabei com você.


Sorri para ele e assenti. Pegando sua camisa em seguida, ele
saiu do quarto. Esperava que ele tivesse fechado a porta, já que eu

estava completamente nua.


Apesar de que eu percebia que ninguém entrava no quarto

dos anfitriões. Eles sabiam que aquilo seria motivo suficiente para
não ser mais chamado para as festas da fraternidade.

Dave acabou demorando demais e uma sonolência estranha


me abateu, na verdade, era sono com tontura. Meu corpo parecia
estar dopado, tudo girava e eu parecia ver cores diferentes no meio

da escuridão do quarto.
Nunca tinha usado drogas, mas pelos relatos de alguns,

deveria parecer com aquilo. Provavelmente, eu já devia estar


sonhando, depois que apaguei na cama do meu namorado. Em
algum momento Dave voltaria para continuar de onde parou.
Não sei quanto tempo dormi, mas senti quando a língua de
Dave voltou para onde estava quando saiu do quarto. Abri um
sorriso sonolento, abobado, não sabia explicar, mas eu estava

aérea. Levei minhas mãos para os seus cabelos, mesmo que


parecesse que elas pesavam uma tonelada.

Os fios dos seus cabelos pareciam mais ásperos, mas devia


ser o sono que eu estava sentindo que me fazia sentir aquilo.
— Você demorou, estou morrendo de sono — gemi, muito

próxima de um orgasmo.

Dave aumentou a pressão em minha vagina e acabei gozando


em sua boca. Logo um dedo se enterrou em mim e eu me perdi no

prazer, ele o tirou de dentro de mim e quando encostou sua glande

na minha vagina, a porta do quarto abriu abruptamente.

Como ainda estava gozando, não consegui parar de gemer


rapidamente, mas abri meus olhos e tomei um susto ao ver Dave na

porta.

Sua expressão era de puro ódio.


— Na minha cama? Você me traiu na minha cama?

O sono que estava sentindo não desapareceu, mas consegui

sentar-me na cama.
Olhei para os pés da cama e lá estava Carter. Senti-me usada,

estuprada, ele havia me tocado se passando por Dave.


Meus olhos se encheram de lágrimas e eu puxei o lençol da

cama para me esconder.

— Dave, eu não… — Minha voz parecia estranha.


— Cala a boca, Jolie. Você quer que eu acredite em qualquer

coisa, depois de eu ver isso.

Neguei com a cabeça, sem conseguir falar qualquer coisa. Eu

não sabia explicar, não conseguia me defender, pela primeira vez


perdi minha voz.

Os olhos de Dave estavam repletos de fúria. Ele se voltou

para Carter e indagou:


— Desde quando isso está acontecendo?

Ele fez uma expressão de coitado e disse:

— Desde sempre, ela pode ter perdido a virgindade com você,


mas me dava sempre que você não estava por perto.

Levantei-me abruptamente da cama o que me deixou um

pouco zonza, mas tentei não me importar com aquilo.

— Isso é mentira. Dave, eu nem sabia que era ele que estava
aqui, para mim tinha sido você que havia voltado. Acredita em mim,

eu não sabia, ele me estuprou… — Consegui me defender.


— Não quero mais olhar na sua cara, Jolie e muito menos na

do Carter. Some do meu quarto, da minha casa, do meu caminho.

As lágrimas escorreram pelo meu rosto.


— Você precisa acreditar em mim — pedi.

Dave me deu as costas e eu sabia que tudo que tivemos tinha

acabado. Por culpa de um idiota invejoso. Olhei para Carter, ele já

havia se vestido e estava com uma expressão vitoriosa.


Saiu do quarto de Dave e eu procurei minha roupa, mesmo

que estivesse sentindo minhas pernas fracas. Depois de colocar a

calcinha e o vestido, saí do quarto de Dave, mas ainda o encarei.


— Isso foi um mal-entendido — sussurrei.

No entanto, ele nem me olhou e eu não tinha prova de que fui

estuprada, como conseguiria denunciar Carter à polícia?

Inferno!
Era aquilo que eu estava passando…

Pelo inferno…

Quando voltei para o meu quarto no campus, vomitei horrores


e acabei na enfermaria.

Para me hidratar, a estagiária que estava de plantão,

comentou que eu parecia ter ingerido algum tipo de droga. E depois


de alguns exames, foram constatados droga em meu sangue e não

só aquilo, eu estava grávida...


Não me lembrava de nada, mas a gravidez me assustou, no

entanto tentei pensar que era um erro no exame, porque naquele

momento eu sentia tanta dor no meu coração que só queria dormir e


foi o que fiz.

Dormi, para tentar esquecer tudo o que me fazia infeliz.


CAPÍTULO 10

Já tinha alguns dias que as aulas haviam terminado. Mas


avisei aos meus pais, que passaria um tempo na cabana, curtindo a
solidão daquele lugar.

As coisas de Jolie que estavam pelo lugar, haviam sido


queimadas, já que eu as peguei, fiz uma espécie de fogueira e as

queimei.

Não queria nada no meu lugar preferido que me recordasse

daquela… eu nem conseguia xingá-la, mas também não esquecia o


dia em que a peguei transando com Carter.

Ela ainda gozou olhando para mim.


Que mulher asquerosa.

Naquele dia, eu tinha resolvido uma briga, que se deu na

festa. O que acabou fazendo com que eu demorasse a voltar para o


quarto. Já que dispensei todo mundo da minha casa e ajudei os

garotos a colocarem todos para fora.

Quando a casa estava vazia e sem música, meus amigos e


eu, escutamos gemidos altos vindo do andar superior. E se eu não

fosse tão apaixonado por Jolie, não acreditaria ser ela que gemia

descontroladamente.
Só que eu sabia muito bem que era ela que estava fazendo

aquele som. Deixando que todos a escutassem gozar.


Subi os degraus correndo e quando cheguei ao quarto,

percebi que a porta estava destrancada. Não sabia como, se a

chave do quarto estava no meu bolso.

Quando vi Carter tirar o seu pau de dentro dela e ela estava

gozando, como sempre fazia comigo, eu não pude acreditar no que

via. Na verdade, eu pensei que fosse um pesadelo e que eu


acordaria em algum momento.

Infelizmente eu havia me enganado…


E agora, uma semana depois, estava aqui na cabana que me
deixava cheio de lembranças daquela traidora.

Olhava para o lago onde tantas vezes fizemos a merda do

amor, já que eu nem conseguia mais falar que a fodia. Porém, voltei

à realidade, assim que ouvi um carro se aproximar da cabana.

Ninguém conhecia aquele lugar, então quem poderia ser?

Quando girei meu corpo e encarei o motorista, quis socar


alguém, já que na verdade, a motorista era ela: Jolie.

Ela saiu de dentro do carro, que provavelmente deveria ser

alugado, e caminhou até onde eu estava. Seu cabelo estava solto,

seus olhos estavam fundos e olheiras despontavam por debaixo

dele.

Usava um dos seus blusões, uma legging e um tênis.

— O que tá fazendo aqui? — rosnei.


Jolie passou sua língua pelos lábios que pareciam estar

trincados.

— Precisamos conversar, Dave.

Sorri com puro desdém.

— Eu não tenho nada para conversar com você. Suma daqui,

você não é mais bem vinda a esse lugar.


Os olhos de Jolie, ficaram marejados e ela falou com a voz

embargada:
— Você precisa acreditar em mim, eu não te traí. Eu juro que

nunca fiquei com o Carter, a não ser quando fui enganada por ele no
seu quarto.
Engoli em seco, já que não queria mais reviver aquela cena

em minha cabeça.
— Jolie, só vai embora. Eu não quero te ver mais na minha

frente, eu te odeio e para mim você é só um lixo que ainda me


incomoda.

Ela abaixou sua cabeça e negou.


— Dave, eu não posso me afastar de você, pois precisarei da
sua ajuda.

Sem perder mais tempo, me aproximei dela, grudei uma das


mãos em seu braço com um pouco de força desnecessária e

comecei a arrastá-la de volta para o seu carro.


— Eu quero que você suma daqui.

Empurrei-a em direção ao carro e agradeci por ela não ter


caído, mas eu estava descontrolado.
— Eu não posso ir embora, porque estou grávida de você. —

O seu grito ecoou pelo ambiente silencioso e eu dei um passo para


trás, devido ao choque que tomei.

— Para de mentir para mim — gritei de volta.


— Não tô mentindo, você é o único homem com quem tive

relações e transei sem camisinha. Então, Dave, você precisa


acreditar em mim e me ajudar, pois não sei como contarei para

minha mãe que estou esperando um bebê.


Jolie parecia realmente desesperada. Porém, ela tinha perdido
minha confiança e eu não acreditava em nenhum segundo que

aquele bebê fosse meu. Se é que ela realmente estava grávida.


E se fosse mesmo, meu pai nem poderia saber que engravidei

uma colega de faculdade. Eu me tornaria uma decepção para ele e


nunca iria querer isso.
— Não quero que você jogue seus problemas para cima de

mim — rosnei.
Jolie me olhou desacreditada.

— Meus problemas?
— Você disse que usava pílula, provavelmente queria me dar

o golpe do baú. Ou melhor, engravidar de um homem como o Carter


e depois falar que eu era o pai.
Jolie passou a mão pelo rosto e secou suas lágrimas, sua

expressão se fechou e os olhos passaram a arder de puro ódio.


— Eu não preciso dar o golpe em ninguém, minha família tem
dinheiro suficiente para que eu possa esbanjar, se eu quisesse fazer
isso. Eu só sou uma universitária desesperada por ter engravidado

do homem que amo, e por ele não acreditar em mim. Você preferiu
acreditar em uma mentira que o seu amigo inventou.

Fechei ainda mais a minha expressão e disse:


— Eu acredito no que meus olhos viram… — Fiz uma pausa,
respirei fundo umas duas vezes, para dizer as palavras que fariam

com que aquela traidora fosse embora. — Suma daqui e leve essa
gravidez fajuta que você inventou. Ou faça o que bem entender com

ela. Não me importo mais com você. Por mim, se você


desaparecesse seria muito melhor. Eu preferia que você nunca

tivesse surgido na minha frente, você é uma… uma traidora e eu


nunca mais quero te ver, Jolie Thorn.
Daquela vez, minhas palavras surtiram efeito, já que ela abriu

a porta do carro, sem derramar nenhuma lágrima.


Provavelmente queria ser forte, ou já tinha cansado de fingir

que se importava.
— Como queira, Dave McBride — sussurrou. — Você não
será pai, eu nunca permitiria que um bebê meu se aproximasse de

você. Vou dar um jeito nessa gravidez, como você mesmo pediu.
Jolie entrou no carro, deu partida e sumiu das minhas vistas.
Quando tudo silenciou, eu soube que talvez tivesse cometido
algum erro, mas que não significava mais nada. Não queria mais me

importar com aquela mulher…


Jolie era um passado que nunca deveria ter acontecido.

Um passado que eu apagaria de dentro de mim.


CAPÍTULO 11

10 anos depois

Eu tinha acabado de correr na esteira e estava pingando suor.

Peguei a toalha de rosto e enxuguei-o. Logo subi pelo elevador e fui


para o meu apartamento.

Sempre acordava de madrugada, para poder malhar na

academia do meu prédio antes de ir para o trabalho. Cheguei ao


meu apartamento, passei rapidamente pelo corredor que levava aos
quartos e depois de me despir, tomei um banho rápido, mas

necessário para deixar meu corpo limpo.


Enrolei uma toalha na cabeça, enquanto com outra enxuguei

meu corpo. Caminhei até meu closet e peguei um dos meus

terninhos de costume.
Naquele dia, seria uma saia preta, que pegava na altura do

joelho e uma camisa social branca. Coloquei um brinco pequeno e

por fim calcei um scarpin.


Saí do meu quarto, ainda com a toalha enrolada no cabelo e

fui para o quarto da pequena pessoa que era dona do meu mundo.

Theo era o meu coração fora do peito, o meu pequeno menino que
tinha todo o meu amor.

Ele tinha nove anos e era meu pequeno príncipe. Eu me


orgulhava de poder criá-lo tão bem, já que no início da gravidez eu

passei por diversas turbulências.

Minha mãe me colocou para fora de casa, quando descobriu o

meu estado, parou de pagar a minha faculdade e eu não tive muito

o que fazer a não ser economizar o pouco que tinha na minha conta

bancária.
Não consegui finalizar o curso que eu tanto sonhava, mas ao

menos consegui um trabalho em uma indústria farmacêutica. Tinha


um cargo de confiança e era somente aquilo que importava.
Minha mãe acabou voltando a falar comigo, depois que Theo

nasceu. No entanto, não quis aceitar o dinheiro que ela queria me

dar para cuidar do meu menino. Eu já tinha sofrido humilhação

demais nos últimos tempos para poder depender dela.

Foi quando arrumei uma babá para Theo e comecei a

trabalhar em qualquer coisa que aparecesse. No final do mês eu


sempre dava conta de pagar minhas contas e a babá. Foram

tempos difíceis, mas há quatro anos, trabalhava na Cameron Farma

e minha vida mudou bastante.

Eu tinha um apartamento digno, um emprego estável e um

carro para completar minha felicidade. Não precisava de mais nada,

ainda mais que Theo amava os luxos que podíamos ter.

— Vamos acordar, dorminhoco?


Ele abriu seus olhos castanhos em minha direção e eu sorri.

Ele não tinha nascido com a cor dos meus olhos e sim com a cor

dos olhos de Dave, mas mesmo que eu o enxergasse no meu filho,

não conseguia amá-lo menos.

Dave destruiu meu mundo, mas ao menos me deixou Theo. O

amor da minha vida.


— Não posso faltar a escola hoje?
— De jeito nenhum. Se não, no final de semana, eu não te

levarei para passear.


Ele abriu um sorriso, murmurando em seguida:

— Mamãe, você é malvada.


— Eu sou um amor.
Beijei sua testa e me levantei da sua cama, para que ele

pudesse descer e começar a se arrumar para a escola.


Theo ainda tinha sua mesma babá, mas agora ela só o

pegava na escola e o levava para casa, ficando com ele até o


anoitecer, que era quando eu voltava do trabalho.

Ele foi para o banheiro e quando ouvi o chuveiro sendo aberto,


fui até a cozinha preparar o leite com cereais que ele amava. Depois
de vinte minutos, meu pequeno surgiu, vestido com o uniforme e os

cabelos penteados.
Theo amava ser independente, então eu já não me metia em

algumas coisas na sua vida, pois queria que ele ainda me achasse a
melhor mãe do mundo, como ele sempre gostava de lembrar.

— Toma seu café, enquanto eu termino de me arrumar.


— Tá bom, mamãe.
Novamente beijei sua testa e ele sorriu para mim.
Fui até o quarto e passei um pouco de maquiagem. Nada

demais, para não exagerar, eu sabia que essa semana o filho do


senhor Fernando apareceria na empresa, mas não que eu quisesse

impressioná-lo.
Até porque eu nunca fui de me importar com ninguém. Mas no

fundo, eu sabia muito bem que o meu chefe queria que o filho
tomasse as rédeas da empresa e se eu fosse demitida, seria um
grande problema. Então estar apresentável seria o mínimo que eu

devia fazer.
Assim que borrifei o perfume em meu pescoço, peguei a

minha bolsa e o meu celular, voltando para a copa, para verificar se


Theo havia terminado o seu desjejum.
— Pronto, meu amor? — questionei, ao parar a seu lado.

— Sim, mamãe. Vou pegar minha mochila.


— Claro!

Fiquei aguardando, até que meu menino voltou, com sua


mochila sobre as costas. Theo além de ter os olhos de Dave,

também tinha a boca em formato coração, os cabelos castanhos


com algumas leves mechas mais claras.
Ele era quase a cópia perfeita de Dave, eu só não deixaria

que ele se tornasse um idiota quando crescesse e que aprendesse


a acreditar nas pessoas quando elas diziam que algo estava errado.
Descemos pelo elevador e logo estávamos em meu carro.
Theo se sentou no seu lugar de costume, no banco de trás e logo

colocou seu cinto. Fiz o mesmo e dei a partida no carro.


— Para onde vamos esse final de semana? — Theo

perguntou.
— Pensei em irmos assistir aquele filme de super-herói que
você gostou do trailer.

— Sim, mamãe! Por favor, vamos ver Pantera Negra.


Aproveitei que parei em um sinal, para lhe dar uma piscadinha

por cima do ombro. Quando chegamos à porta da sua escola, eu


desci e esperei que ele saísse do carro para irmos até a entrada.

— Até de noite, mamãe.


— Até, meu amor!
Abracei Theo, que sempre ficava meio envergonhado com os

meus gestos carinhosos em público. No entanto, eu não conseguia


parar de demonstrar o quanto era apaixonada por aquele menino.

Ele era o meu ponto de luz no meio da escuridão. Meu


menino, que me salvou, quando eu queria desistir. Foi por gerá-lo,
que eu aprendi a viver novamente sem dor no coração.
Depois que ele entrou na escola, despedi-me do porteiro e fui
para o meu carro.
Precisava ir trabalhar e viver um pouco do que amava fazer.

Não consegui me tornar uma biomédica, mas ao menos trabalhava


em um lugar que me valorizava e eu aprendi a viver com aquilo.

Estava na hora de colocar a máscara de melhor funcionária e


continuar sorrindo para todos que passavam por mim.
Era o momento de ser a adulta que eu era e matar um leão

por dia para dar conta de sustentar meu filho.


CAPÍTULO 12

Quando saí de Seattle, jurei que nunca mais pisaria naquele

lugar, que só me remetia a lembranças ruins. Porém, quando meu


pai pediu para que eu desse uma força para sua empresa, não pude

negar o retorno.
Minha mãe havia falecido há dois anos, devido a um câncer

em estado avançado, e eu sentia muita falta dela. E esse também

era um dos motivos para não querer voltar para a cidade que mudou
toda a minha vida.
No entanto, ali estava eu, puxando minha mala e chamando

um motorista por aplicativo, para me levar até a casa que havia


comprado anos atrás, mas que nunca tinha sido utilizada.

Entrei no carro e fiquei observando enquanto o motorista se

dirigia para o endereço que eu havia colocado. Minha casa, ou


melhor a mansão que eu comprei, ficava na rua Federal Avenue

East. Na época que a adquiri, achei que seria um bom investimento,

já que ficava cinco minutos de carro da Universidade de


Washington.

Eu gostei, em certa parte, da época que vivi por ali, por

aquelas regiões. Dedicando-me aos estudos. As coisas só foram


ruins quando descobri sobre a traição de Jolie. Uma pessoa que eu

fazia questão de não me lembrar.


Tornei-me um homem completamente fechado para

relacionamentos depois daquela mulher. E para mim, mulheres só

serviam para uma transa e nada mais.

Assim que o motorista parou em frente ao grande portão de

entrada agradeci a viagem e saí do carro, caminhando até o local.

Apertei o controle que me dava acesso à casa e assim que


ultrapassei o portão admirei o lugar.
Era muito lindo e parecia que ali havia uma paz, que era difícil
de encontrar. Era quase como se fosse um resort particular,

somente para que eu usufruísse das suas belezas.

Fui até a entrada da casa e logo já estava dentro do lugar.

Não olhei muito para os lados, já que eu sabia que não tinha

ninguém. Eu pagava uma diarista para ir ali, duas vezes na semana

e só.
Eu preferia ficar meio isolado das pessoas.

Subi as escadas e escolhi o quarto que tinha vista para a área

de lazer. Deixei minha mala dentro do closet, em algum momento eu

a desfaria, só que naquele instante, eu queria somente deitar um

pouco e descansar.

Minha cabeça estava explodindo, já que não havia dormido

nada a noite passada. Tudo por estar um pouco apreensivo e ao


mesmo tempo ansioso por voltar a Seattle depois de tanto tempo.

Não sei em qual momento apaguei, mas provavelmente

deveria ter sido há muito tempo, já que quando abri meus olhos, o

quarto já estava escuro. Peguei o celular em meu bolso, que nem

mesmo isso eu havia tirado para pegar no sono e olhei as horas.

Já passavam das nove da noite. Meu pai já havia até mesmo


me enviado uma mensagem, perguntando se eu tinha chegado. Fiz
uma careta ao ler as palavras, pois ele deveria estar preocupado.

Sentei-me na cama, disquei seu número e logo ouvi o som da


chamada. Não demorou muito para que atendesse o telefone.

— Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? — Falou em


tom de brincadeira, do outro lado do telefone.
— Papai, me perdoe. Acabei caindo no sono e só vi agora

suas mensagens.
— Ah, filho! Você deve estar muito cansado.

Sorri de lado, pois ele pareceu arrependido, pela brincadeira


anterior.

— É normal, papai. Viagem sempre me cansa, mas já estou


instalado aqui na minha casa e amanhã estarei bem cedo na
empresa, para que o senhor comece a me passar o que achar

necessário.
— Fique tranquilo. Pode ir descansar que depois falamos de

trabalho.
Ouvi meu pai tossindo do outro lado da linha e fiquei um

pouco apreensivo, com o que podia ter gerado aquilo.


— O senhor está bem?
— Claro, filho! Estou na flor da idade — respondeu

completamente despreocupado.
— Vou acreditar nisso, mas se estiver escondendo algo de

mim, vou ficar muito bravo.


— Não estou escondendo nada.

— Ok! Então nos vemos amanhã.


— Até amanhã, filho.

Depois de encerrar a ligação com meu pai, levantei-me da


cama e fui até o interruptor do quarto. Acendi a luz e aproveitei para
tirar minha roupa.

Era melhor tomar um banho e procurar algo para comer. Já


que amanhã seria um dia completamente corrido e provavelmente

cansativo.

***

Cheguei à empresa e antes mesmo de entrar, olhei para o


prédio imponente. O lugar era grande demais, mas também eu

sabia que ali estava um grande sonho do meu pai, que ele
conseguiu realizar e fazer com que se tornasse uma das indústrias
farmacêuticas mais bem conceituadas do mundo.

Caminhei até a entrada e ultrapassei as portas giratórias.


Cumprimentei os seguranças e fui até a recepção, informando para
uma das mulheres que estava disponível, que havia chegado.
— Só um momento que informarei ao senhor Cameron.
— Tudo bem — respondi, sem me importar muito.

Meus olhos vagaram pelo lugar e acabaram parando na


direção dos elevadores.

Vi uma mulher esperando por um deles e tive minha atenção


tomada por ela. Parecia que eu já a havia visto em algum lugar, mas
não conseguia me lembrar de onde. Talvez se eu visse seu rosto,

poderia saber onde a tinha encontrado. Porém, o elevador chegou e


eu não consegui vê-la e preferi deixar aquela paranoia para lá.

— O senhor Cameron autorizou a sua entrada, senhor


McBride.

— Obrigado!
Acenei para a recepcionista e caminhei na mesma direção que
estava olhando há alguns minutos. Entrei no elevador e subi até o

andar que eu sabia que ficava a sala da presidência.


Quando cheguei no local indicado, informei à secretária quem

eu era e ela logo pareceu ficar envergonhada. Autorizou minha


entrada e não demorou muito para que eu estivesse frente a frente
com meu pai.

— Aí está o meu menino.


— O senhor fala como se eu fosse um garotinho de cinco
anos.
Meu pai me encontrou e me deu um abraço apertado.

— Para mim, você sempre será um garotinho.


— Pelo amor de Deus! Não fale isso na frente das pessoas,

que o senhor vai me envergonhar.


Sorri para meu pai, retribuí seu abraço e acabamos nos
sentando para botar um pouco do papo em dia. Ele me falou como a

empresa sempre rendia bons frutos e como confiava em seus

colaboradores.
Principalmente em uma pessoa específica, que já estava na

empresa há quatro anos e parecia dar tudo de si, para que ela

continuasse indo para a frente.

A tal senhorita Thorn, parecia ter conquistado o meu pai que


só tinha elogios para ela.

E depois de conversarmos por um tempo, ele decidiu que ela

seria a primeira pessoa que eu conheceria. Nós nos levantamos e


caminhamos até a sala da mulher.

Assim que ele bateu a sua porta, ela autorizou sua entrada, no

entanto, o que era para ser uma apresentação se transformou em


um pesadelo.
Afinal, a querida senhorita Thorn, era exatamente quem eu

mais temia ver…


Jolie Thorn, trabalhava na empresa do meu pai, e naquele

momento, mesmo que eu não tivesse poder algum, faria de tudo

para tirá-la da Cameron Farma.


CAPÍTULO 13

Talvez se eu fingisse um desmaio, o senhor Fernando saísse

de dentro da minha sala, para que eu pudesse fugir o mais rápido


que conseguisse da empresa.

Fechei meus olhos rapidamente, já que se fosse um pesadelo,


eu acordaria tranquilamente. Porém, assim que os abri novamente,

na minha frente ainda continuavam os mesmos dois homens de

alguns segundos atrás.


Levantei-me da minha cadeira, caminhei até o meu chefe e

tentei sorrir, mas eu sentia que o meu sorriso estava mais forçado
do que todos as vezes que tive que disfarçar um desconforto para

alguém.
— Bom dia, senhor Fernando!

Estendi minha mão para cumprimentá-lo e ele acabou

comentando:
— Está tudo bem, querida? Você parece meio pálida.

Bom… o pai do meu filho é seu filho… Como eu poderia estar

bem? Meu chefe, era avô do meu filho. Que merda!


— Sim, senhor Fernando.

Sem ter mais como escapar, voltei-me na direção de Dave e

engoli em seco antes de estender a mão em sua direção. Que ele


não me constrangesse na frente do seu pai, se não eu teria que

explicar um passado que não queria relembrar.


— Prazer, senhor Dave!

Por um momento franzi meu cenho, já que Dave não tinha o

mesmo sobrenome do senhor Fernando. Só que se meu chefe

estava dizendo que aquele era seu filho, eu não iria contra ele.

— Prazer, senhorita Thorn!

Dave grudou sua mão na minha, a apertou com força e


mesmo que eu tivesse me sentido um pouco desconfortável com o
toque, não pude deixar de perceber que aquela corrente elétrica, de
anos atrás, passou por meu corpo.

— Bom, Jolie… meu filho veio trabalhar comigo, eu não disse

nada a ele, mas estou querendo me aposentar e agora que ele está

aqui, poderá ficar por dentro de tudo, para assumir meu lugar.

Soltei a mão de Dave e direcionei um sorriso amarelo para

Fernando.
— Que bom, senhor!

Fernando, depois de fazer as apresentações, se despediu e

foi mostrar a empresa para Dave. Engoli em seco, quando o meu

chefe foi na frente e Dave ficou para trás.

Ele não me disse nada, mas o seu olhar tomado pelo ódio, foi

a prova de que ele não havia se esquecido de nada do passado.

Mesmo que ele tivesse acreditado em uma mentira, não podia negar
o fato de que meus dias provavelmente estariam contados naquela

empresa.

Quando ele saiu, senti minhas pernas fraquejarem. Voltei para

minha cadeira de couro e joguei meu corpo sobre o assento. O que

eu faria a partir dali?

Não consegui mais me concentrar no meu trabalho, com a


mente só recordando o meu passado, principalmente me lembrando
da cabana que me deu tantos momentos felizes e o último que me

recordava, foi o mais horrível de todos.


O surgimento de Dave tantos anos depois, só me fazia pensar

o quanto o passado podia prejudicar o seu futuro.


Mal percebi o tempo passar, tão focada em meus
pensamentos como estava. Quando vi, já era hora do almoço e por

pior que eu estivesse, tinha que sair daquele lugar para tentar voltar
a respirar.

Peguei a minha bolsa e em seguida caminhei para fora da


minha sala. Fui decidida até o elevador e agradeci por não ter mais

ninguém esperando para descer. Provavelmente todos já tinham


saído, afinal, percebi que era hora do almoço, mas já haviam
passado mais de vinte minutos.

O elevador chegou e entrei, apertando o botão do


estacionamento. Estava com o rosto baixo, quando percebi que uma

pessoa também entrou comigo. Levantei meus olhos rapidamente,


quase amaldiçoando aquela pessoa que tinha atrapalhado o meu

momento sozinha, mas seria muito melhor ter ficado encarando o


chão.
Assim que vi quem estava lá dentro, já era tarde, porque a

porta já tinha se fechado e ele começou a descer.


Dave me encarava com a expressão emburrada, braços

cruzados e eu jurei que se ele pudesse me jogava ali de cima. Não


consegui desgrudar meus olhos dele, mesmo que quisesse muito

não o ver nunca mais.


— Resolveu perseguir meu pai? — Sua voz era grossa, grave

e muito tentadora.
Os anos lhe haviam feito bem e ele continuava tão lindo como
quando era jovem.

Porém, eu não tinha mudado e continuava petulante.


— Não tenho que perseguir ninguém, não tinha nem ideia de

que ele era seu pai. Até porque se tivesse o conhecimento antes, eu
nunca teria vindo trabalhar aqui, para não ter o desprazer de te ver.
Dave havia mudado naqueles dez anos que eu não o via. Uma

barba tomava seu rosto. Os cabelos continuavam bagunçados e a


boca era a perdição de sempre.

Ele parecia ainda mais forte…


— Já terminou sua avaliação? — indagou.

— Sim e cheguei a uma conclusão.


— E qual seria? — Eu sentia a repulsa em sua voz.
— Que você continua o mesmo babaca de sempre.
Dave deu um passo à frente e como o espaço era pequeno
dentro do elevador, ele não ficou muito longe de mim.
— Vou fazer de tudo, para que você seja demitida, Jolie

Thorn.
Ao ouvir suas palavras, um fogo subiu por meu corpo e não

tinha nada a ver com prazer, era de ódio por estar sendo
ameaçada.
— Eu não vou ser demitida, seu pai nunca permitiria, afinal,

sou uma ótima funcionária.


Dave sorriu de lado e rosnou:

— Vamos ver se ele vai concordar com isso, quando eu contar


para ele do seu passado e do quanto você foi uma… uma falsa

comigo.
— Eu não tenho medo da sua ameaça, Dave. E pare de ser
infantil. Você preferiu acreditar em uma mentira e não vai estragar a

minha vida profissional, por ser um idiota que acredita em tudo o


que vê. E se continuar me ameaçando, terei que descer ao seu nível

de infantilidade e dizer para o seu pai que você abandonou uma


mulher grávida.
As minhas palavras pareceram surtir efeito, pois Dave voltou

para o lugar onde estava anteriormente, mas acabou resmungando.


— Eu não era o pai mesmo…
As portas do elevador se abriram e eu comecei a caminhar
para fora, mas antes de sair, fui direta:

— Você chegou a essa teoria sozinho, pague para ver, senão


eu destruo a sua boa imagem com seu pai, caso interfira no meu

trabalho.
Dei as costas para ele e tomei o meu rumo.
Daquela vez, eu não olhei para trás e nunca mais olharia…

Não quando se tratava de Dave McBride, o homem que me

abandonou e que destruiu meu coração.


CAPÍTULO 14

Ainda fiquei observando-a caminhar até seu carro, por um

longo tempo, até que Jolie saiu do estacionamento. Voltei a apertar


o botão do elevador indo para o último andar, onde meu pai estava

almoçando.
Eu não poderia permitir que aquela cretina continuasse

trabalhando na empresa da minha família. Ela podia até me

ameaçar, mas eu não tinha medo dela.


Assim que cheguei ao meu destino, fui à procura do meu pai.

Ele estava sentado em uma mesa que ficava perto da janela do seu
escritório e comia tranquilamente a quentinha que havia pedido há

alguns minutos.
— Papai…

Ele me olhou e continuou comendo, esperando que eu falasse

o que queria.
— Não sei se gostei daquela sua funcionária — comentei.

Fernando deixou os talheres apoiados na mesa e franziu o

cenho.
— Qual funcionária, filho?

— Jolie Thorn, não senti a confiança que o senhor disse sentir

por ela.
Ele acenou para que eu me sentasse e voltou a dizer:

— Ela é uma ótima colaboradora, filho. Esforçada, move


montanhas para resolver algum problema de contrato com os

fornecedores. Nunca, ninguém que esteve no lugar dela, fez tanto

quanto Jolie.

Ele parecia estar encantado demais pela traidora.

— Acho melhor, pagarmos o que é dela por direito e dispensá-

la.
Meu pai fechou a cara.
— Não vou demitir uma funcionária que não fez nada e espero
que quando eu deixar essa empresa na sua mão, você também não

faça isso. Jolie é uma ótima funcionária, pelo que sei é mãe solteira

e precisa do emprego. Não ouse parecer um garoto irresponsável

para demitir alguém, que não fez nada de errado.

Pensei em retrucar, mas ainda estava chocado com a

informação de ser mãe solteira.


Sempre pensei que ela tinha abortado o bebê, que na

verdade, eu nem sabia se era real, afinal, não dava para acreditar

em uma traidora.

Senti o sangue do meu corpo todo gelar. Jolie tinha tido um

filho ou filha, que afirmava ser meu. Minha garganta se fechou e eu

nem sabia como reagir na frente do meu pai depois daquele

comentário.
— Estamos entendidos, Dave?

Só consegui assentir, já que estava claro que eu não

conseguiria pronunciar nenhuma palavra naquele momento.

— Acho que vou para a sala que o senhor designou a mim. —

Consegui dizer por fim.

— Não vai almoçar?


Nada descia por minha garganta naquele momento.
— Agora não.

Saí da sala do meu pai e fui para a minha, que ficava bem
próxima da de Jolie. Olhei na direção da sua porta, mas tomei a

direção da minha sala.


Era melhor permanecer recluso em um lugar seguro do que
ficar admirando aquela mulher, caso ela parecesse. Afinal, eu podia

muito bem odiá-la, mas não negava que continuava linda.


Com aqueles olhos expressivos, sua boca delineada, o corpo

perfeito para que eu pudesse colocar minhas mãos.


Droga!

Entrei na minha sala e sentei-me na cadeira que seria minha


companheira no tempo que passaria ali na empresa.
Abri o laptop e comecei a trabalhar. Se eu focasse no trabalho,

não pensaria que Jolie teve um bebê, nem que ela estava em uma
sala tão próxima à minha, não pensaria nela… a mulher que

estragou a minha vida.


Por sorte, fui tirado dos meus devaneios quando meu celular

recebeu uma mensagem.


Quando olhei, percebi ser Robert, ele tinha sido o único amigo
que mantive na época da faculdade. Carter, eu nunca mais vi,

depois que se formou. Infelizmente, tive que conviver com ele na


mesma casa de fraternidade que eu morava, porém, nunca mais

conversei com ele.

Robert: E aí, como está sendo a sua nova vida?

Ele sabia que eu começaria a trabalhar na empresa do meu


pai e que provavelmente tomaria a frente dos negócios, pois meu

velho queria se aposentar.

Dave: Uma chatice.

Robert: Acabou a vida de farra amigo, você vai se tornar


um CEO.

Revirei os olhos com a mensagem.

Dave: Que grande merda.


Robert: É um saco, mas ao menos vai continuar o legado

do seu pai.
Dave: Você não vai acreditar quem trabalha aqui.

Robert: Fofoca! Pode mandar…


Dave: A Jolie.
Robert: Mentira! O que essa escrota faz aí?
Dave: Faz parte da contabilidade da empresa.
Robert: Manda ela ir para o olho da rua.
Dave: Meu pai a tem como protegida.

Robert: Que saco!

Sim, era um saco, ter que aturar aquela mulher. E novamente

o assunto “mãe solteira” pairou na minha mente. Resolvi ocultar


aquela parte da história, para que Robert não tirasse suas próprias

conclusões.

Dave: Preciso trabalhar, mais tarde nos falamos.


Robert: Ok!

Bom, ao menos eu tentaria trabalhar, já que não sabia se a


minha mente pararia de me pregar peças.

Principalmente de fazer com que eu parasse de pensar em


Jolie. Não esperava revê-la e já estava sendo um martírio o pouco

de contato que tive com ela.


Como seria a minha vida a partir de agora que essa mulher
tinha voltado a me perturbar?

Não tinha ideia e estava realmente apreensivo com a


novidade de ela ser mãe solteira.
Será que realmente Jolie tinha tido um filho meu?
Fechei os olhos e suspirei profundamente, teria que averiguar
sobre aquela história…

E dependendo da minha resposta eu me sentiria culpado pelo


resto da vida.
CAPÍTULO 15

O dia estava sendo pior do que o esperado. Após voltar do


almoço, tomei muito cuidado para não reencontrar com Dave, mas

naquele momento seria inevitável não vê-lo.

Já que fui à sala do senhor Fernando e ele não estava mais


presente. Sua secretária me informou que tudo que precisasse

resolver com ele, a partir de agora, quando ele não estivesse


presente, era para resolver com Dave.

Deus, o que eu tinha feito de mal no mundo para merecer

aquilo?
Parei em frente à porta da sala de Dave, respirei fundo e dei

duas batidas. Seria muito melhor se ele tivesse uma secretária e eu


pudesse deixar os documentos com ela e não com ele.

— Pode entrar. — Sua autorização veio abafada pela porta,

mas não pude deixar de perceber que o timbre rouco da sua voz
ainda continuava o mesmo, ou melhor, talvez estivesse ainda mais

grave, já que a idade lhe caiu muito bem.

Abri a porta, pronta para xingá-lo, mas quando seus olhos


pararam em mim, fiquei completamente estática.

— O que quer? — rosnou.

Fechei meus olhos e lentamente voltei a abri-los.


— Preciso que o senhor assine para mim.

Caminhei para dentro da sala, fechando a porta atrás de mim


e indo próximo à sua mesa. Dave parecia apreciar a minha

relutância em me aproximar, pois abriu um sorriso de lado, que eu

me lembrava muito bem.

Era o sorriso maldoso que ele dava quando queria atingir

alguém.

— Ainda bem que sabe o seu lugar.


Aquelas palavras foram quase como uma bofetada. No

entanto, não me deixei ser induzida a fazer algo que iria contra a
minha vontade, senão acabaria realmente sendo demitida e talvez
fosse por justa causa.

Estava com vontade de pegar a cara do Dave e dar-lhe uns

belos tapas.

Entreguei os papéis e fui saindo da sala, mas ele me impediu

no mesmo momento.

— Não autorizei que saísse.


Encarei-o por cima dos ombros e respondi:

— Não tenho mais nada para fazer aqui, pego os documentos

depois.

Coloquei a mão na maçaneta da porta e ouvi o seu rosnado:

— Eu não permiti que saísse.

Virei-me na sua direção e respondi entre dentes:

— Você é somente o meu chefe, mas não manda em mim.


Dave se levantou da sua cadeira e caminhou decidido em

minha direção, parou a poucos metros de mim e perguntou com o

tom de voz repleto de ódio.

— Que história é essa de você ser mãe solteira?

Quando ele pronunciou as palavras, meu coração que já não

estava em seu estado normal, começou a disparar ainda mais. Eu


sentia até mesmo a veia do meu pescoço pular em desespero.
— Não sei do que está falando — menti.

Não queria que ele soubesse de Theo. Eu deixei bem claro na


época que falei sobre a gravidez, que daria um jeito, talvez ficasse

subentendido que eu tiraria a criança, mas na verdade, eu tinha me


decidido em ser mãe solteira.
— Não minta mais do que já mentiu para mim, meu pai me

disse que você é mãe solteira.


Dave me imprensou na porta do seu escritório, colocou suas

mãos uma de cada lado do meu corpo, impossibilitando que eu


fizesse qualquer movimento.

— Você estava realmente grávida naquela época?


Não adiantava mentir.
— Estava — admiti.

Dave ficou olhando meus olhos de forma profunda. Droga! Ele


tinha tanto os traços de Theo.

— Pensei que você daria um jeito de tirar a criança.


Coloquei uma das mãos em seu peito e o empurrei.

— Não fale algo, sobre as percepções que você teve. Me dê


licença.
Dave segurou meu braço com força, mas não o suficiente para

me machucar.
— Aposto que você nem sabe quem é o pai.

O ódio foi tomando meu corpo e eu não me contive. Com a


minha mão livre lhe dei uma bofetada, cheia de raiva e revolta.

— Sei muito bem quem é, mas eu nunca diria a meu filho


quem é o verdadeiro pai, pois ele não merece conhecê-lo.

Soltei meu braço, enquanto Dave ficava em choque, por eu ter


lhe esbofeteado e saí do seu escritório.
Eu tinha falado demais e se ele juntasse todos os pontos

perceberia que assumi novamente que o filho era dele.


Entrei na minha sala e me tranquei lá dentro. Que inferno eu

estava vivendo?
Já não bastava por tudo o que havia passado, agora teria que
enfrentar o meu passado? O passado que amei demais e que tinha

se tornado um grande idiota.


Tentei respirar, mas não estava dando conta. Resolvi ir

embora, pois não conseguiria ficar mais nenhum segundo naquela


empresa.

Avisei a secretária do senhor Fernando que não estava


passando bem e ela disse que falaria para ele. Saí da empresa e fui
direto para casa.
Naquele momento a única pessoa que eu queria ver, era meu
filho, meu pequeno Theo que não merecia passar por nenhuma
turbulência.

Cheguei ao meu prédio e subi o mais rápido que pude até o


andar em que eu morava. Destranquei a porta e assim que Theo me

viu entrando abriu um sorriso.


— Mamãe! — gritou.
Theo veio correndo em minha direção, abaixei e o abracei

com força.
— Te amo, filho — murmurei.

— Também te amo, mamãe.


E era somente daquele amor que eu precisava.

O amor do meu filho… o único verdadeiro que encontrei em


toda a minha vida.
CAPÍTULO 16

Meu rosto ainda ardia pelo tapa que havia levado.


Talvez eu merecesse, por ter sido tão imbecil ao falar com

Jolie. No entanto, a raiva e o ressentimento que pensei que havia

amenizado por ela, ainda gritavam dentro de mim.


Já estava na minha casa, com um copo de uísque na mão,

mas sem ter nem mesmo bebido um gole.

Eu quase nunca bebia, mas gostava de desperdiçar aquele


líquido, para poder ver sua cor âmbar no copo de vidro. Só que nem
mesmo olhar para aquela cor, estava fazendo com que meus

pensamentos melhorassem.
Ela tinha me traído…

Com um cara que considerei ser meu amigo, por anos, então

por qual motivo parecia que eu havia cometido um erro?


Que merda!

Já haviam passado mais de dez anos, não teria lógica eu

ainda me sentir daquela forma por Jolie…

— Sei muito bem quem é, mas eu nunca diria a meu filho


quem é o verdadeiro pai, pois ele não merece conhecê-lo.

Suas palavras entraram em minha mente e daquela vez ficava

ainda mais difícil esquecê-las. Será que realmente o filho que ela

gerou naquela época era meu?

Não podia ser… Ela teve um caso com Carter, com toda
certeza seria dele.

Mesmo que no início eu tenha pensado que Jolie era uma

mulher diferente, ela só provou querer o meu dinheiro, ainda mais

falando sobre aquela gravidez.

Levantei-me um pouco revoltado e joguei o copo cheio de

líquido na parede mais próxima. Tinha tanto tempo que não perdia o
controle por causa daquela situação.
Porém, acho que por saber que Jolie viveria aparecendo na

minha frente a partir de agora, fez com que eu esquecesse como

agir. Eu deveria ter continuado morando na Europa, muito melhor do

que ter que conviver com aquela mulher.

Olhei para os pedaços de vidro no chão e me senti como

aqueles cacos. Jolie tinha me destroçado por dentro e nada me


colaria novamente, nem um filho que ela ousava dizer que era meu.

Caminhei para o meu quarto, pronto para tomar banho, mas

antes mesmo que eu pudesse chegar aos degraus da escada, meu

celular tocou e estranhei, pois devido ao horário só podia ser

alguma merda.

— Alô! — Atendi o número desconhecido.

— Gostaria de falar com Dave McBride?


— Sou eu mesmo, quem fala?

A ligação estava ruim, cheia de ruídos e barulhos ao redor.

— Fiquei sabendo que voltou para Seattle…

A pessoa fez uma pausa e franzi meu cenho no mesmo

instante.

— Não sei quem está falando, então…


— É o Carter. — Ele me cortou e eu senti meus dedos

apertarem o aparelho em minha orelha.


— O que você quer? — rosnei.

— Colocar algo em pratos limpos e pedir desculpas por anos


de mentira.
Não estava entendendo nada do que ele falava. Até mesmo

porque ele parecia bêbado e eu não tinha paciência para falar com
aquele traidor.

— Não tenho nada para falar com você.


Fui afastar o celular do ouvido, quando ele sussurrou:

— É sobre a Jolie…
Queria desligar, queria poder não me sentir fraco, queria…
nem sei mesmo o que eu queria.

— Não quero saber de vocês — rosnei.


— Eu menti…

Aquela informação me pegou completamente desprevenido.


Fiquei em silêncio, pois não consegui dizer nada para aquele

cretino.
— Ela não te traiu, eu a droguei e fiz você pensar que sim…
Eu me sinto culpado até hoje por ter feito isso, mas na época eu era

muito inconsequente e não pensei nos meus atos.


A ligação foi encerrada, mas mesmo assim eu continuei com o

celular no ouvido, ouvindo o “tum, tum, tum” da chamada finalizada.


Estava estático com o que eu tinha acabado de ouvir. Não

podia ser real, claro que aquilo era um plano de Jolie com Carter,
eles estavam tentando me enganar novamente.

Afinal, seria muito ilógico, ele me ligar somente agora, depois


de eu voltar para a cidade.
Tirei o telefone do meu ouvido e ainda encarei o aparelho por

um tempo.
Não iria cair no joguinho de Jolie novamente…

Ela estava pensando que era quem para fazer isso comigo?
Aquela imbecil iria ter que me explicar aquela idiotice.
Entrei no banco de dados da empresa, pelo meu celular e

procurei seu nome em meio ao dos colaboradores. Podia ser errado,


mas se Jolie achava que podia brincar comigo daquela forma, iria

ver só do que eu era capaz.


Assim que achei seu endereço, o copiei e joguei no GPS…

Ela iria se arrepender muito.


Fui até a garagem da minha casa e tirei a capa protetora que
estava por cima do meu Maverick, que há anos eu não usava.
Lembro-me de deixar o tanque cheio, quando o abandonei naquela
casa.
Assim que entrei no carro, com as chaves em mãos, respirei

fundo com as lembranças que me tomaram…


Principalmente as diversas transas que tive com Jolie no

banco de trás daquele carro.


Balancei minha cabeça e dei partida no carro. Abri a garagem
e saí de casa, logo ganhando as ruas de Seattle. O GPS do celular

me guiava, para um lugar que demoraria mais ou menos quarenta


minutos para eu chegar.

Não era um dos melhores bairros de Seattle, mas também,


não era um lixo de lugar. Assim que parei em frente ao apartamento

simples, mas muito bem-cuidado, desci do carro e caminhei até a


portaria.
Não havia porteiro no local e por sorte do destino o portão

estava somente encostado. Olhei o número do apartamento de Jolie


e vi que era no terceiro andar.

Fui até o elevador, decidido a acabar com aquela palhaçada.


Apertei o botão do terceiro andar e pareceu que aquela caixa de
metal, estava mais lenta do que uma lesma.
As portas se abriram no terceiro andar e as luzes automáticas
foram acesas no teto, enquanto eu procurava o apartamento 306.
Quando o encontrei, respirei fundo antes de tocar a campainha.

Um tapete estava em frente à porta, com uma joaninha


desenhada e escrito “bem-vindo”. Não sei se aquela palavra poderia

ser direcionada a mim.


Ninguém apareceu para atender a porta, por isso, toquei
novamente a porra daquele botão. Não demorou muito, daquela

vez, para que eu ouvisse passos dentro do apartamento.

A porta não tinha olho mágico, o que agradeci, pois se Jolie


me visse, provavelmente não abriria a porta para que eu acabasse

com ela.

Porém, nada me preparou para o que vi, quando a porta foi

aberta.
Um garotinho com olhos sonolentos me olhou. E seus cabelos

acobreados, iguais aos meus, estavam meio caídos em sua testa.

Um menino, era uma cópia quase perfeita minha.


Inferno!

Eu tinha um filho e nem precisava de DNA para chegar àquela

constatação.
Puta que pariu! Eu havia abandonado o meu filho…
CAPÍTULO 17

Em algum lugar da minha mente, ouvi o som da campainha,

mas provavelmente deveria ser somente uma alucinação. Estava

dormindo tão bem, que nem me atentei para o que poderia


acontecer.

Só que o sentido mais forte de uma mãe, é quando ela escuta


a voz do seu filho. E não sei por qual motivo, ouvi Theo perguntar

algo, mas não era para mim.


Meus olhos se abriram e eu tentei ver onde estava, reconheci

o teto do meu quarto e os móveis ao redor: casa.


A sonolência passou de imediato, quando ouvi novamente a

voz de Theo.

— Minha mamãe tá dormindo.


Levantei-me abruptamente da cama, por sorte lembrando-me

de pegar meu roupão que estava estendido, sobre os pés da cama.

Afinal, eu estava sem nada.


Acabei dormindo da forma que saí do banho. Estava exausta e

cheia de ressentimento, por ter discutido com Dave. Saí do quarto

rapidamente, caminhando pelo corredor e assim que cheguei à sala,


tomei um susto por ver Theo com a porta aberta.

— O que tá acontecendo? — perguntei e meu filho me


encarou.

— Ele tava tocando a campainha, mamãe.

Meu menino apontou para o lado de fora do apartamento e

meu sangue gelou. Ele sabia muito bem que não podia abrir a porta

para ninguém.

Assim que cheguei perto o suficiente para ver quem estava do


outro lado, meu sangue gelou por completo.
Dave estava do outro lado e percebi que ainda olhava para
Theo, como se algo tivesse explodido dentro da sua mente. Puxei o

braço do meu filho e o coloquei atrás de mim.

O que fez com que o homem do lado de fora tirasse seus olhos

dele e me encarasse em completo choque.

— Jolie…

— O que você tá fazendo aqui? — esbravejei.


E talvez a minha voz tenha despertado Dave do seu transe,

pois ele fechou sua expressão e disse com a voz grossa:

— Você acha que eu vou cair nos seus joguinhos?

Fiquei sem entender o que ele queria dizer. Talvez percebendo

pela minha expressão que eu não fazia ideia do que ele falava,

Dave resolveu clarear a minha mente.

— Não se faça de inocente, o Carter me ligou, falando um


monte de baboseiras e eu vim te perguntar se você acha que sou

idiota para cair em mais uma mentira?

Se fosse para eu entender o que ele dizia, depois daquela

explicação, fiquei ainda mais sem ideia do que se tratava. No

entanto a menção ao nome de Carter, era o que eu precisava para

reagir.
— Eu não sei, porque você veio aqui, mas isso não são horas

de aparecer e muito menos sem ser convidado. Por favor, saia da


minha casa e deixe a gente dormir.

Dave deu um passo para a frente e eu engoli em seco. Olhei


para trás, onde encontrei Theo, completamente assustado.
— Vai para o seu quarto, amor — pedi.

— Tô com medo, mamãe — choramingou.


— Não precisa, ele é o meu chefe, agorinha eu vou lá para

deitar com você. Ok?


Acariciei seu cabelo e Theo pareceu se conformar com aquela

resposta. Beijei sua testa e logo meu menino caminhou em direção


ao corredor.
Vi quando fechou a porta do seu quarto e naquele instante eu

sabia que poderia matar Dave se ele me irritasse um pouco mais.


— Vai embora — exigi, apontando em direção ao elevador.

Dei um passo à frente e outro em seguida, até estar fora do


apartamento. Dave, pareceu se intimidar um pouco, pois deu alguns

passos para trás, até que eu pudesse fechar a porta atrás de mim.
— Não vou sair daqui, antes de deixar claro que não vou cair
nas suas mentiras novamente.
Sorri com puro desdém e sussurrei, pois não estava a fim de

acordar nenhum dos meus vizinhos.


— Eu nem sei do que você está falando, mas quero deixar

claro que não me importo com o que você pensa de mim. Sobre o
Carter, que você citou há alguns minutos, eu nem sei onde esse

cara está, afinal a última vez que o vi, foi quando ele se passou por
você no seu quarto, na bosta de uma universidade que eu nunca
devia ter pisado. Então, se não basta para você ouvir isso, eu

também não me importo. Só quero que suma daqui, está me


ouvindo? Já passei por humilhação demais, por um dia ter me

envolvido com você. Fui drogada, estuprada e abandonada. E essa


última parte eu direciono inteirinha a você, pois depois de eu ter
passado pelo pior, você ainda me virou as costas. Suma da minha

frente e não ouse chegar perto do meu filho novamente.


Dave ficou em silêncio, me encarando completamente atônito

com minhas palavras. Dei as costas para ele e entrei dentro do meu
apartamento.

Fechei a porta em sua cara, sem deixar que ele falasse


qualquer coisa. Tranquei a fechadura e encostei a testa na madeira
do lugar. Ouvi os passos de Dave se afastarem e senti meus olhos

se encherem de lágrimas.
Tinha muito tempo que eu não chorava, mas a presença
daquele homem só me trazia lembranças ruins.
Enxuguei as malditas lágrimas que desceram por meu rosto e

depois de respirar um pouco mais forte, caminhei até o quarto do


meu filho, que estava deitado na cama, mas ainda com os olhos

abertos.
— Você precisa dormir, meu amor.
Sentei-me na beirada da sua cama e acariciei seus cabelos.

— Aquele homem parecia um monstro, fiquei com medo que


ele fizesse algo com você, mamãe.

Sorri para ele e beijei sua testa.


— Ele não iria fazer nada. Agora durma, que amanhã você

tem aula.
Fiquei acarinhando os cabelos de Theo até que ele pegou no
sono e eu pude me afastar, para voltar ao meu quarto.

Tirei o roupão e fui atrás de um pijama. Vesti-me e voltei a


deitar, mas sem conseguir pregar meus olhos novamente. Dave

havia visto Theo e se ele não acreditava que eu tive um filho seu,
naquele instante ele podia estar convencido que era pai do meu
menino.
Por que só um idiota para não perceber a semelhança entre
eles…
Pensando bem, Dave era um completo tapado, então talvez

ele nem tivesse visto o quanto era igual ao Theo.


Enfim… só o tempo poderia dizer aquilo, no momento eu só

queria esquecer aquele homem por um tempo.


Esquecer que um dia o amei… e esquecer que meu coração
ainda perdia algumas batidas quando o via.

Dave era o caos que eu nunca mais queria presenciar…


CAPÍTULO 18

Havia chegado mais cedo na empresa, já que meu pai disse


que naquele dia não iria e deixaria que eu me habituasse ao início

sozinho. Só que não era por aquele motivo que eu havia chegado

mais cedo.
Eu não havia conseguido dormir, só pensando naquele

garotinho que se parecia tanto comigo, pensando também nas

palavras de Jolie.
Drogada, estuprada e abandonada…

Será que eu havia cometido um erro?


Será que eu caí em um truque?

Inferno!
Bati a mão sobre a mesa de madeira de carvalho e me

levantei, assim que vi pelas câmeras de segurança, que eu tinha

acesso, Jolie chegar e entrar em sua sala.


Ela não tinha pegado os papéis que deixou no dia anterior na

minha sala. Não permiti que a secretária do meu pai levasse para a

sala dela, o que faria com que Jolie viesse buscar, ou que eu
levasse.

E não demorou muito para que ouvisse duas batidas em minha

porta. Autorizei a entrada da pessoa e assim que vi a mulher que


me deixava completamente maluco entrar, senti a porra daquele

órgão bater mais rápido.


— Bom dia, senhor! Vim buscar os documentos que deixei

aqui.

Jolie olhava para todos os lados, menos para mim…

Levantei-me da cadeira em que estava, contornei a mesa e

parei a alguns metros dela.

— Senhorita Thorn… — Seu sobrenome fez cócegas na ponta


da minha língua.
Sem jeito, Jolie me encarou, com o queixo para cima,
demonstrando que não levaria nenhum desaforo meu, caso eu

falasse alguma asneira.

— Senhor…

Naquele momento quis deixar a minha raiva de lado, mesmo

que o ressentimento que eu sentisse fosse mais forte do que eu.

— Acho que precisamos ter uma conversa franca.


Jolie respirou fundo e soltou na minha direção:

— É sobre o trabalho, senhor?

— Não!

— Então, me desculpe, não tenho nada para falar com o

senhor. Os papéis. — Estendeu a mão, com a expressão mais

fechada do que quando entrou em minha sala.

Não me movi e fiquei encarando seus olhos, que sempre me


fascinaram… Droga! Eu já estava me rendendo àquela mulher? Não

podia permitir me convencer tão fácil por uma ligação, mesmo que

eu quisesse.

— Jolie, o que aconteceu naquela noite?

— Senhor, só vim buscar os papéis, se ainda não assinou volto

depois.
Ela deu as costas para mim e não resisti ao segurar seu braço

e parar seus passos.


— O que aconteceu naquela noite? — exigi saber.

Perdendo a paciência, Jolie se virou na minha direção e eu


não soltei seu braço para que não fugisse.
— Se quisesse saber, você tinha me escutado quando foi o

tempo, dez anos se passaram, não existe mais explicação. Agora,


me solta, antes que eu faça um escândalo. Eu não quero perder

meu emprego, mas se você continuar fazendo essas coisas, vou ser
obrigada a pedir demissão.

Não consegui soltar seu braço de imediato, porque parecia que


o meu corpo estava com vida própria, mesmo que a minha mente
falasse outra coisa.

— Eu pensei que estava curado de você — rosnei.


A declaração pareceu pegar Jolie de surpresa, pois foi aquele

sentimento que eu vi transparecer por seu rosto.


— Eu me curei — respondeu de forma dura, mas eu podia ver

em seus olhos a mentira.


Eu posso ter sido enganado por ela, ou não, estava
completamente sem saber o que aconteceu, porém, conseguia ver
tudo em seus olhos, era como se eles fossem um livro

completamente aberto para mim.


— Mentira! — afirmei.

— Me solta — gaguejou.
— Não consigo.

Dei alguns passos a mais em sua direção colando nosso corpo


e fazendo com que as costas de Jolie batessem na porta.
— O que você tá fazendo? — indagou, mas para mim foi mais

como um gemido.
— Nem eu sei…

Sem conseguir controlar o meu corpo, que quase implorava


para que eu avançasse sobre aquela mulher, minha boca se colou à
sua. Com fome, ferocidade e desespero.

Eu estava realmente com vontade de provar o doce da sua


boca, a maciez dos seus lábios grossos.

Inferno!
Quando senti sua língua encostar na minha, perdi toda a

sanidade que ainda me restava. E não foi nada fácil admitir o quanto
senti falta daquela boca grudada na minha, o quanto queria sentir
seus lábios devorando os meus com tanta violência, quanto eu os

comia com a minha.


Minha mão soltou o seu braço, só para se juntar à outra e ir de
encontro às suas coxas grossas, que a saia social atrapalhava que
eu sentisse sua pele.

Subi aquele tecido que me impedia de tocar o que eu queria,


enquanto continuava devorando a boca de Jolie. Quando a saia

estava na sua cintura, levei minhas mãos à sua bunda,


impulsionando-a para cima, fazendo com que suas pernas se
entrelaçassem em minha cintura.

Meu pau, ficou completamente duro, mas no momento eu só


queria senti-la em meus dedos. Levei uma das minhas mãos para o

meio dos nossos corpos, afastando sua calcinha para o lado e


sentindo a lubrificação, deixando Jolie completamente molhada para

mim.
Afastei nossas bocas, para respirarmos e quando encarei os
olhos de Jolie, só vi fogo tomar aquelas pupilas maravilhosas.

Enfiei dois dedos dentro dela de uma só vez, para sentir a sua
entrada apertada, Jolie levou uma de suas mãos para a boca, para

impedi-la de gritar e fazer com que o prédio inteiro soubesse o que


estávamos fazendo ali.
— Isso, fica molhada pra mim, linda.
Enquanto aumentava o movimento dos meus dedos dentro
dela, mais molhada ela ficava e o som do seu líquido era quase
música para os meus ouvidos.

Afastei Joli da porta e fui em direção à mesa da minha sala,


deitei seu corpo em cima da madeira e pude ver a sua boceta, toda

lisinha para mim. Continuei enterrando meus dedos dentro dela,


enquanto ela movia seus quadris, para a frente e para trás em um
rebolar gostoso.

Quando senti sua boceta se contraindo, tirei meus dedos de

dentro dela, antes que gozasse e sem me conter, abri o cinto, o


botão e o zíper da minha calça em um segundo.

Tirei meu pau, que estava mais duro que uma pedra para fora

da calça e sem conseguir esperar me enterrei fundo dentro de Jolie,

que gemeu um pouco mais alto, mas ainda havia se controlado para
não chamar a atenção de ninguém.

Que merda eu estava fazendo?

Enterrei-me com força mais uma vez e continuei assim


desesperado para que chegássemos ao orgasmo.

Apoiei minha mão sobre a barriga de Jolie, enquanto metia

fundo dentro dela.


— Dave… — gemeu.
— Que saudade dessa boceta apertada — disse entre dentes.

Não parei de me afundar dentro dela. Quanto mais eu entrava,


mais o seu corpo mexia, derrubando até algumas coisas de cima da

mesa.

Rosnei como um louco, saindo de dentro de Jolie e


levantando-a da mesa, só para girar seu corpo, como se ela fosse

uma boneca, completamente dominada por mim.

Coloquei-a com os seios encostados na mesa e voltei a me

afundar dentro dela, agora com a visão maravilhosa da sua bunda.


Desferi-lhe um tapa com gosto em sua pele clara, que

instantaneamente ficou vermelha.

Eu já estava no meu limite… Tão apertada, tão deliciosa, tanta


falta que senti daquela boceta.

Levei uma das mãos ao seu clitóris e não demorou nem dois

minutos para Jolie gozar no meu pau e eu como estava na beira do


abismo jorrei dentro dela, bem fundo, sentindo meu pau bater na

parede do seu útero.

Assim que parei meus movimentos, mas sem sair de dentro de

Jolie, voltei à realidade e não acreditei no que havia acabado de


acontecer.
— Dave, o que fizemos? — Foi a pergunta de Jolie direcionada

a mim.

— Acho que precisávamos reviver alguma coisa.


Saí de dentro dela e a ajudei a ficar em pé. Jolie parecia

completamente desnorteada. Ofegante, com os lábios inchados com

a pele vermelha e suada.

Encarei seus olhos, que estavam tão perdidos quanto os meus


e sussurrei:

— Acho melhor você ir para a sua sala.

— Não tem como eu sair daqui agora. Todos iriam perceber o


que aconteceu aqui.

Meio arrependido a chamei:

— Jolie…

— Não fala nada. Não devíamos ter feito isso, você é um


escroto que me humilhou, como me deixei levar?

Ela parecia sem chão.

— Jolie…
— Cala a boca, Dave. Me deixe em paz.

Ela se afastou, ajeitando sua roupa, olhou para cima da minha

mesa, que estava um completo caos e viu os papéis que veio pegar.
Jolie os recolheu e depois de verificar seu estado no espelho de

parede do meu escritório, ela saiu me deixando para trás.


Vesti minha roupa e me arrependi do que aconteceu.

Como pude me render tão fácil?

Inferno!
O que eu faria agora?
CAPÍTULO 19

Minhas pernas estavam trêmulas, enquanto eu me limpava no

banheiro da minha sala. O que tinha acontecido?


Como deixei que o tesão falasse por mim?

Eu tinha que ter sido mais forte!


Só de lembrar-me de sua boca na minha sentia tesão mais

uma vez. O seu pau grande se enterrando em mim.

Que desgraça de vida!


Joguei um pouco de água em meu rosto e nuca, assim

refrescando um pouco e voltando para minha mesa. Coloquei os


malditos papéis que tinham causado aquele sexo maluco e os

coloquei na impressora para digitalizá-los.


Assim que terminei, mandei o e-mail para o pessoal

responsável e tentei me focar no trabalho, o que acabou

funcionando um pouco, mesmo que ainda me sentisse suada e


cheirando a Dave.

Em alguns momentos a lembrança dele em cima de mim,

comigo naquela mesa dura, sendo fodida sem pudor por ele, tomava
minha mente e eu quase voltava em sua sala e pedia um replay.

De onde eu havia tirado aquela porra de pensamento?

Não existia replay porra alguma. Eu precisava me concentrar


no meu trabalho, precisava me dar mais valor e lembrar-me do

quanto fui humilhada por Dave.

— Suma daqui e leve essa gravidez fajuta que você inventou.


Ou faça o que bem entender com ela. Não me importo mais com

você. Por mim, se você desaparecesse seria muito melhor. Eu

preferia que você nunca tivesse surgido na minha frente, você é

uma… uma traidora e eu nunca mais quero te ver, Jolie Thorn

Lembro-me muito bem de suas palavras e eu ainda me deixei

levar. Como pude deixar que algo assim acontecesse?


Apoiei meus cotovelos na mesa e coloquei meu rosto em
minhas mãos, pronta para desabar em qualquer momento. Nos

últimos dez anos, desde que me afastei de Dave, da minha mãe, da

vida boa que eu conhecia, aprendi a ser mais forte do que

esperava.

Minha gravidez foi horrível, passei muito mal no início, não

conseguia comer quase nada, que acabava jogando tudo para fora.
Mas mesmo assim não deixei de ser forte, e foi só Dave surgir

novamente na minha vida, que eu perdi a linha, que me tornei fraca,

uma mulher que sente o olho lacrimejar por qualquer merda que

aconteça.

Eu deveria ser mais forte…

Foi pensando nisso que eu sabia que não podia mais continuar

ali, mesmo que estivesse colocando minha vida em risco. Eu não


poderia conviver no mesmo lugar que Dave McBride.

Levantei-me da minha cadeira, saí do escritório e fui até o

Recursos Humanos da empresa. Bati na porta e Louíse, autorizou a

entrada. Assim que me viu, sorriu.

— Oi, Jolie! Quanto tempo!

— Oi, Louíse!
Como minha expressão não era das melhores, ela deve ter

percebido que não estava para conversa.


— Ao que devo a honra da sua visita?

— Louíse, quero pedir minha rescisão.


A mulher arregalou os olhos e não soube como agir.
— Como assim?

— Desculpe, mas não tenho motivos exatos, só quero assinar,


receber o que é meu por direito e ir embora. Só isso!

A mulher assentiu.
— Tudo bem! Irei preparar o documento e levar para o senhor

McBride assinar.
Só de ouvir seu nome, sentia um ódio dominar o meu corpo.
— Fico aguardando!

Saí da sala sem me despedir e voltei para a minha. Continuei


fazendo o que precisava, até que Louíse me falasse que o

documento estava pronto.


No entanto, nada me preparou para meia hora depois a porta

do escritório ser aberta abruptamente e o motivo do meu pedido de


demissão entrar na sala, cuspindo fogo pelas ventas.
— Que porcaria é essa?
Dave me apontou um papel e provavelmente era a rescisão

em sua mão.
— A rescisão ficou pronta? — perguntei, convicta.

— Você vai deixar o trabalho só pelo que aconteceu?


Levantei-me da cadeira e sorri para ele.

— Lembro muito bem, que você me disse no dia que chegou,


que faria de tudo para que eu fosse demitida. — Bati palmas e
murmurei. — Parabéns, você conseguiu. Estou me demitindo!

Dave respirou fundo e voltou a dizer:


— Jolie, você é mãe, como vai cuidar do seu filho assim?

— Tenho os meus meios e eu posso muito bem arrumar outro


emprego.
— Não vou assinar isso.

— Tudo bem! Eu não venho trabalhar mesmo assim.


Vi que Dave ficou irritado, mas não me importei, eu iria sair da

Cameron Farma e aquela era uma decisão que tomei e ninguém


mudaria.

— Jolie, vamos conversar. Ok?


Dave parecia sincero demais.
— O que quer conversar? — perguntei, sem mais forças para

discutir.
— O seu filho… ele… — Parecia não encontrar a palavra. — O
seu filho, é realmente meu?
— Por que você quer saber?

Dave depositou o documento em cima da mesa e se


aproximou de mim. Colocou suas mãos em meus ombros e disse:

— Sem brigas, só me responde.


— Dave, você o viu. Tire suas conclusões. Mesmo te odiando,
eu tenho que ver o meu menino, tão idêntico a você todos os dias,

me lembrando em como fui uma jovem inconsequente, que não


deveria ter amado um homem que me prometeu as estrelas e que

depois pegou todas elas e as jogou em minha direção, como adagas


afiadas.

A expressão de Dave se fechou.


— Mas você mentiu para mim, o que queria que eu fizesse?
Revirei meus olhos, sem qualquer resquício de raiva. Eu só

queria que aquela conversa acabasse.


— Eu nunca menti para você. Você chegou a essa conclusão,

sozinho, porque não acreditou em mim. Você não confiou na mulher


que disse amar. Dave, eu quero me afastar de você, então, por
favor, assina a rescisão.

— Jolie, eu…
— Por favor!
— Eu posso ao menos conhecê-lo?
Meu coração parou por um momento.

— Não! — Fui convicta.


Dave assentiu e se afastou de mim. Pegou a rescisão e

assinou.
— Se quiser voltar, as portas da farmacêutica estarão abertas
para você.

— Espero não querer.

Dave me olhou uma única vez antes de sair do escritório. Ele


me encarou com arrependimento nos olhos, mas aquilo não mudaria

o fato de dez anos atrás.

Não mudaria nada!


CAPÍTULO 20

Três dias…

Três dias que ela sumiu da empresa…


Três malditos dias, que ouvia as ameaças do meu pai, para

que eu fizesse com que uma das suas melhores funcionárias


voltasse para a empresa, senão eu seria deserdado.

Não sabia se ele estava dizendo a verdade, mas não duvidei,

já que meu pai não costumava blefar.


— Eu juro, Dave que doo toda a herança para uma instituição

de caridade.
Enchi um copo de uísque no bar que meu pai tinha no

escritório da empresa. E mesmo que não fosse do meu feitio, acabei


virando todo o líquido de uma vez dentro da boca.

Minha garganta queimou e eu gostei do que senti, pois assim,

ao menos eu conseguia amenizar um pouco do sentimento que


estava tomando todo o meu corpo.

— Aposto que foi você que fez com que Jolie desistisse do

emprego.
Depositei o copo de uísque sobre a bancada do bar e virei-me

na direção do meu pai.

— Eu não fiz nada, papai.


Ele se levantou e caminhou decidido até a minha direção.

Segurou as abas do meu terno com força e ameaçou:


— Eu sei que fez, pois fui informado pelos meus olhos e

ouvidos dentro dessa empresa, que ela foi até a sua sala e depois

de passar longos minutos lá dentro, saiu completamente

desnorteada e depois pediu demissão.

— Foi ela, pai… — admiti, pois ele sabia muito bem como

fiquei há dez anos. — Foi ela que me deixou naquele estado


deplorável, no final do curso na universidade.

Ele me largou e ficou me olhando.


— Sim, a sua querida funcionária, me traiu com o meu amigo,
e o senhor não imagina a vontade que tenho de… — Fechei minhas

mãos em punho. — Droga! Eu nem sei se foi verdade, pai. Por que

está parecendo que eu fui enganado, e que agora, a perdi… perdi,

ela e meu filho…

Após confessar o que estava entalado na minha garganta,

abaixei minha cabeça e não disse mais nada.


— Como assim, filho?

— Ela estava grávida, mas eu jurei que era do Carter, depois

de pegá-la na cama com ele. Só que, eu só fui descobrir por agora

que ela parece ter sido drogada e talvez eu tenha sido enganado,

pelo homem que um dia pensei ser meu amigo.

Meus olhos se voltaram para o meu pai e ele ficou

extremamente vermelho.
— Não posso acreditar que você abandonou uma mulher

grávida, Dave.

— Pai, na época eu só queria que ela sumisse da minha frente

e nem acreditei no bebê que ela disse esperar.

— Eu tenho um filho covarde. — Ele estava nervoso. E parecia

ficar mais vermelho a cada instante. — Sabe quem você me


lembra? — Quando não respondi, ele jogou as palavras na minha
cara: — A porra do seu pai de sangue, ele que abandonou a sua

mãe, quando ela mais precisava. Eu nunca pensei, que depois de


eu te ensinar tudo o que é certo, você ainda me aprontasse uma

dessa.
A última parte, meu pai esbravejou, mas nada me preparou
para o que veio a seguir. Em questão de segundos, eu o vi levar a

mão ao peito e gritar de dor.


Depois caiu no chão e meu instinto só fez com que eu corresse

até ele.
— Pai… — gritei. — Sonia, chame uma ambulância, berrei

para que a secretária do meu pai me ouvisse.


Comecei a fazer massagem cardíaca em seu peito, pois
provavelmente aquilo era um infarto.

— Pai, por favor, não me deixe… por favor.


Pedi, sentindo minha garganta se fechar… não, eu também

não podia perdê-lo.


Algumas lágrimas escorreram dos seus olhos e ele conseguiu

dizer, com muito esforço:


— Vá atrás dela…
E depois disso eu soube que o perdi, mesmo que continuasse

a massagear seu coração, vi em seus olhos a vida se esvair.


A secretária entrou no escritório e não demorou muito para os

paramédicos chegarem, mas eles mesmos constataram que era


tarde demais.

Eu tinha perdido meu pai…


Agora realmente estava sozinho no mundo.

Fiquei sem chão, não sabia como agir e até mesmo o que
falar, quando me perguntavam alguma coisa.
Fiz tudo no automático e quando percebi já estava resolvendo

coisas de velório, cremação e afins.


Tudo passou tão rápido, que em um dia, tudo estava resolvido

e eu já não tinha mais o meu pai comigo.


O homem que confiou a empresa que amava a mim, o homem
que me ensinou a ser homem e que morreu decepcionado, por eu

simplesmente ter sido um grande canalha.


Fiquei sabendo que ele já sabia que estava com problemas de

coração, mas havia mantido tudo em segredo. Se eu soubesse,


nunca teria revelado a ele o que havia acontecido entre Jolie e eu.

Dois dias depois eu estava sentado na cadeira que ele amava,


quando escutei uma batida na porta do escritório. Decidi me jogar
de cabeça no trabalho, para tentar esquecer o que tinha acabado de

acontecer.
A porta foi aberta e Sonia entrou na sala.
— Senhor, já passam das sete da noite. Vou para casa.
— Claro, fique à vontade.

— Boa noite!
— Para você também.

Ela fechou a porta e meu celular tocou. Era Robert, que não
compareceu ao velório do meu pai, por estar fora do país em uma
viagem a trabalho.

— Oi! — atendi, sem muito entusiasmo.


— E aí, cara! Como que você tá?

— Nem sei te responder.


— Eu imagino. E sinto muito, sei que já sabe, porque já te

disse, mas eu queria muito estar aí para te dar um apoio.


— Eu entendo, Rob. Nossa vida é agitada.
— E como…

Ficamos sem assunto, no entanto lembrei-me da ligação de


Carter e contei ao meu amigo.

— Sério que ele disse isso? — Robert estava chocado com o


que lhe disse.
— Sim, foi ao menos o que me falaram na ligação.
— Cara, se a gente parar para pensar, com menos ódio
daquela víbora, até que faz sentido. Até porque a caloura não tinha
olhos para outro homem que não fosse você. Ela odiava sair com a

gente, porque atrapalhava ela babar por você.


Suas palavras fizeram com que eu voltasse ao tempo e me

lembrasse exatamente de uma situação parecida.

— Por que tenho que sair com você, quando eles estão

juntos?

— São meus amigos, você precisa conviver com eles às


vezes. — Movi a sobrancelha em sua direção.

Carter caminhou para perto de nós, com a expressão fechada.

Ele era o que menos gostava de Jolie e murmurou:


— Cara, vem tomar uma e deixa esse grude de lado.

Ele olhava com raiva para Jolie e eu abracei seu ombro de

forma reconfortante.
— Ela é o grude que amo, um dia você acha uma igual.

— Credo! Nem joga uma praga dessas.

Assim que se afastou, Jolie voltou seus olhos para os meus e

cuspiu:
— Vou para meu apartamento, de todos os seus amigos,

Carter é o que menos gosto. Ele é o único que fala idiotices.


Jolie se levantou da cadeira e passou pelos garotos, sem nem

mesmo lhes direcionar o olhar. Soltei um suspiro e fui atrás dela.

— Já vai, Dave?
— Não posso ficar sem a minha garota.

Saí do bar em que estávamos e fui atrás de Jolie. A chuva

começou a cair e eu apressei o passo, pois ela já estava chegando

à esquina.
Abracei sua cintura em um movimento rápido e ela me encarou

assustada, por não saber quem era de imediato.

— Quer me matar do coração?


— Nunca, quero o seu coração só para mim, mas com ele

batendo.

Ela tentou se manter séria, mas sorriu para mim.


— Eu te amo, mas só quando você está longe daqueles

amigos imbecis.

— Ainda tá aí, cara? — Robert me tirou dos meus devaneios e

eu respondi.
— Acho que talvez tenha sido enganado, Robert.

— Então, está na hora de mudar isso.


Talvez, realmente estivesse na hora de mudar aquilo.

De mudar o meu destino… De ir atrás da mulher que nunca

esqueci e também do filho que só vi uma única vez.


Estava na hora de tentar buscar o perdão daqueles que

abandonei.
CAPÍTULO 21

Estava sentada sobre o sofá, com Theo em meu colo,

enquanto eu acariciava os cabelos do meu filho.


Ele assistia a um filme de super-herói que passava na TV,

enquanto o mimava um pouco. Dei uma semana de folga para a


babá, para que pudesse passar um tempo com meu menino. Mas

amanhã eu teria que começar a procurar emprego, senão quisesse

me foder lindamente.
Ao pensar em emprego, lembrei-me da notícia que vi há dois

dias em uma reportagem. O senhor Fernando havia falecido de um


infarto fulminante. Fiquei tão triste quando soube, que acabei indo

ao velório, mas fiquei distante o bastante para não deixar que Dave
percebesse a minha presença.

Como ele foi cremado, não havia um túmulo que eu pudesse

levar flores nem nada, porém, rezei muito por sua alma, para que
ele fizesse uma boa passagem.

A verdade, era que eu quase perdi o controle e liguei para

Dave, para desejar meus pêsames, mas quando disquei o número


que tinha anotado, antes de sair da empresa, não consegui

completar a chamada.

Eu não podia voltar a me aproximar de Dave…


Ele era o caos e eu deveria ficar longe de tudo que ele trazia.

— Mamãe, a gente pode tomar sorvete?


Saí dos meus devaneios, ao ouvir a voz de Theo.

— Bom, teremos que sair para comprar, ou passar em uma

sorveteria. Já que o senhor tomou todo o resto que tinha no

congelador ontem.

Theo sorriu e eu retribuí o seu sorriso.

— Então vamos, mamãe.


— Vamos sim. Vá vestir uma roupa para irmos.

— Tá bom.
Fui ao quarto para me trocar e optei por uma calça cargo
verde-escuro e uma blusa de malha preta, que se colava ao meu

corpo, por último finalizei com um tênis.

Saí do quarto e Theo já me esperava, parecendo pronto para

dominar o mundo, com sua calça jeans preta e um pulôver marrom.

— Às vezes eu penso que você é um miniadulto.


— Faço o que posso, mamãe.

Estendi a mão para ele e saímos do apartamento, depois de

eu pegar minha bolsa. A sorte é que tinha uma sorveteria do lado da

nossa casa e não demoraríamos para matar a vontade de Theo.

Saímos para a rua e uma sensação estranha me tomou. Já

havia anoitecido, mas as ruas ainda estavam movimentadas, por

isso, eu não sabia porque sentia que estava sendo seguida.


Mesmo assim, não deixei que nada demonstrasse a minha

apreensão para Theo. Chegamos à sorveteria, ele se serviu e eu

também, sentamos em uma das mesas dispostas no lugar e

comemos, enquanto Theo fazia uma bagunça com o doce.

— Você vai tomar outro banho quando chegarmos em casa.

— Ah, mamãe!
— Theo, olha o quanto você está se sujando. Você já é

grandinho, não precisa colocar a mão na comida.


— Sorvete não é comida — respondeu de forma topetuda.

— Ah, garoto! Não é o quê?


Ele não me respondeu e voltou a comer.
Amava aquele pedaço de gente, mas tinha horas que dava

vontade de apertá-lo para ver se acordava para a realidade.


Assim que terminamos de tomar nosso sorvete, indaguei:

— Quer mais, ou podemos ir embora?


— Tá generosa, mamãe!

— Só não passe do limite.


— Mas eu tô cheio. Num quero.
— Tá bom!

Passei minha mão por seu rosto e Theo ficou envergonhado.


Ele sempre ficava assim, quando eu demonstrava carinho na frente

de outras pessoas.
— Então, vamos!

Theo levantou, me estendeu a mão e eu a segurei, para irmos


embora. Assim que saímos a sensação estranha novamente me
tomou. Olhei para trás e não vi nada, porém, assim que estávamos

chegando à porta do meu prédio o choque passou por meu corpo.


Dave estava lá, com os braços cruzados, vestido em um terno

que deveria pagar as prestações futuras do meu apartamento e nos


observava.

Parei no mesmo momento que o vi. Theo me encarou e ao


perceber que eu olhava para a frente ele apertou minha mão.

— O que ele quer, mamãe?


— Não sei, filho.
Voltei a andar e decidi que iria passar por Dave sem nem

mesmo lhe direcionar mais um olhar, no entanto, o meu plano caiu


por terra, assim que passei ao seu lado e ele murmurou:

— Precisamos conversar.
Theo o encarou com a expressão fechada e eu não esperava
a sua reação.

— Minha mãe nem trabalha mais na sua empresa, vai


embora.

Meu menino arredio, soltou minha mão e cruzou os braços de


forma petulante.

Dave não esperava sua reação e acabou me encarando,


pedindo algum tipo de explicação.
— O Theo está certo, pode ir embora.

Dei as costas para Dave, mas ele jogou baixo.


— Ele sabe?
Engoli em seco com a sua pergunta e voltei-me na sua
direção.

— Vai embora, Dave. Não sei o que faz aqui, mas eu já deixei
a empresa, é só você não vir aqui que não vamos nos ver mais.

— Sei o quê, mamãe? — Theo sussurrou, bem baixinho, mas


vi que Dave ouviu e constatou que o meu filho não tinha ideia de
que ele era o seu pai.

— Nada, filho. Vamos entrar!


Porém, Dave não parecia que iria deixar que eu fosse tão

fácil.
— Eu preciso conversar com você, Jolie.

Perdi um pouco da minha paciência e voltei-me na sua


direção.
— E pelo contrário, eu não tenho nada para falar com você.

Ah, sinto muito pelo seu pai, e sim, isso é a única verdade que saiu
da minha boca para você. Por que eu adorava o senhor Fernando.

Vi que a expressão de Dave se transformou em dor e talvez


mencionar o seu pai fosse um ponto malvado quando se tratava de
um falecimento tão precoce.

— Obrigado!
Dave abaixou os olhos e ficou encarando o chão. Fiquei
arrependida e murmurei:
— Desculpa ter tocado no assunto.

Ele voltou a me encarar e depois olhou para Theo, ignorando


o assunto do pai por enquanto.

— Rapazinho, sei que eu posso parecer um idiota, mas sou


legal. E quando sua mãe estiver preparada, ela vai te contar algo e
eu queria muito te conhecer.

Não esperava ouvir aquelas palavras, por isso, meu coração

disparou.
— Me contar o quê? — Theo, perguntou, um pouco bravo.

Dave me olhou e eu neguei rapidamente, mas aquilo pareceu

só deixá-lo com mais vontade de dizer.

— Que eu sou seu…


— Dave — gritei.

Ao menos aquilo fez com que ele parasse de falar.

Theo soltou minha mão e me encarou.


— Mamãe, quem é esse homem?

Desde sempre, deixei claro para Theo que eu amei muito o pai

dele, mas que ele nos abandonou, quando descobriu sua existência.
O que fez Theo ter um ressentimento enorme pelo pai.
E eu sabia que se falasse para ele quem era Dave, a reação

seria uma das piores, mas até quando eu conseguiria esconder de


uma criança, que aquele homem que nos rondava era o seu pai?

— Theo… — Minha voz ficou embargada.

E eu não podia negar que meu filho era inteligente, pois ele
me conhecia muito bem. Quando vi sua expressão se transformar

em dor, ele se voltou para Dave e sua voz chorosa saiu para que

escutássemos.

— Ela nem precisa me falar para eu saber quem você é. Eu


não gosto de você, e não quero te ver. Você não é meu pai…

Theo pegou a chave do portão da minha mão, o abriu e saiu

correndo para dentro. A expressão de Dave deixava claro que ele


não esperava aquela reação de uma criança.

— Você escolheu nos abandonar, Dave. Eu só contei a

verdade para ele.


Dei as costas para o homem que parecia destruído e entrei

dentro do meu prédio. Pronta para tranquilizar o meu filho para que

ele não ficasse ainda mais chateado.

Theo sentado no sofá da recepção, com o rosto sobre os


joelhos que estavam para cima. Ele chorava copiosamente.

— Meu amor — chamei.


Caminhei até ele e o puxei para os meus braços.

Theo me abraçou e continuou chorando, mas acabou dizendo

em meio às lágrimas.
— Por isso, você saiu do emprego? — soluçou.

— Sim! Descobri que o filho do senhor Fernando era ele,

então não podia ficar lá.

Fiz carinho nos cabelos do meu menino e ele se aconchegou


melhor em meus braços.

— Eu nunca quis um pai, mãe. Nunca senti falta, então porque

ele tá aqui?
Não gostava que meu filho fosse daquela maneira, mas talvez

eu tivesse um pouco de culpa, por ter lhe contado a verdade, porém,

nunca mentiria para ele.

— Não sei, filho! Mas talvez ele queira ser perdoado.


Peguei-me dizendo, sem nem mesmo saber o motivo.

— Não vou perdoá-lo, nunca.

Em outro momento, quando o meu menino se acalmasse, eu


falaria com ele sobre a questão do perdão. Afinal, nós precisávamos

perdoar as pessoas, o rancor não nos levava a lugar algum.

E ao pensar naquilo, eu só conseguia imaginar o quanto eu

mesma não seguia meus conselhos.


Que bela mãe eu era…

Se Theo perdoasse Dave, eu também teria que perdoá-lo e


aquilo não seria nada fácil. Não seria mesmo!
CAPÍTULO 22

Meu filho me odiava…

Fui embora da frente do prédio de Jolie, mas no dia seguinte,


lá estava eu. Dentro do meu carro, encarando o portão do lugar. Eu

ainda não sabia o nome do meu filho, até a noite anterior, quando
Jolie o pronunciou.

E não podia negar, o quanto Theo caiu bem para aquele

garotinho.
Só de me lembrar da expressão de ódio com que o menino

me olhou, as lágrimas escorrendo, eu soube o quanto ele era uma


criança magoada. E não era sua culpa, o verdadeiro culpado de

toda aquela mágoa, era eu.

Quando vi o carro de Jolie sair do estacionamento, não pensei


duas vezes. Liguei o meu e parti atrás do seu, ficando a uma

distância segura para não ser percebido.

Parece que depois de tanto tempo, a lógica havia recaído


sobre mim e eu tinha percebido que provavelmente fui enganado

por Carter e descontei tudo em cima de Jolie, que era tão inocente

quanto eu em toda aquela história.


Depois de dirigir por alguns minutos, ela estacionou em frente

a um colégio infantil, que provavelmente era onde Theo estudava.


Jolie saiu do carro, contornou e abriu a porta para que nosso

menino descesse.

Seus cabelos estavam jogados para trás, havia puxado aos

fios finos de Jolie e a cor amendoada do meu. Usava o uniforme do

colégio e carregava uma mochila nas costas de super-herói, se eu

não estivesse enganado era o Capitão América que estampava o


objeto.
Jolie parou na porta do colégio, se abaixou e beijou a testa de
Theo. Senti um pouco de inveja daquele ato, pois queria que o

menino ao menos me aceitasse.

Meu filho… parei por um momento para pensar naquela

palavra e sorri calmamente, sim, meu… Abraçou a mãe e depois

entrou no colégio.

Assim que sumiu das vistas de Jolie, percebi que ela se virou
e focou seus olhos diretamente em meu carro.

Droga!

Havia sido descoberto.

Ela caminhou pisando duro até o meu carro e parou ao lado

da porta do motorista. Sem ter muito o que fazer, apertei o botão

que abria o vidro automático.

— Você achou mesmo que eu não reconheceria esse carro?


— Uma de suas sobrancelhas estava levantada e ela me encarava

com expressão de poucos amigos.

— Talvez eu quisesse que você percebesse que era eu.

Jolie cruzou os braços em frente ao peito e ficou esperando

que eu desse algum tipo de explicação.

Odiava ter que repetir coisas que já havia falado. Abri a porta
do automóvel, fazendo com que ela se afastasse um pouco para
que a porta não batesse em suas pernas.

Saí do carro e parei à sua frente.


— Eu preciso conversar com você, eu preciso conversar com

o meu filho, eu preciso ser ouvido. — Assustei-me com a


intensidade que minhas palavras saíram, mas era a única verdade
que eu tinha a dizer.

Estava desesperado e não sabia o que fazer. Na verdade,


estava dilacerado por dentro, perder meu pai, no meio dos

problemas que estava vivendo, não estava em meus planos e meu


coração doía.

Poderia estar sendo piegas, mas era a única verdade. Eu


estava sentindo dor no órgão que deveria funcionar perfeitamente
bem, para que eu me mantivesse vivo.

Jolie, parecendo derrotada, descruzou os braços e apontou


para si mesma.

— Eu estou aqui, Dave. Na sua frente, querendo te dar um


soco, porque o meu filho passou quase a noite toda tendo

pesadelos com um pai desaparecido que resolveu se fazer presente


e mesmo assim, hoje ele quis vir à escola.
Ela fechou os seus olhos, tão lindos, tão verdadeiros e quando

voltou a me encarar eu só via mágoa.


— Você teve tanto tempo para querer saber das coisas, tanto

tempo e nunca quis nem mesmo verificar se eu tinha continuado


com a gravidez. Nunca se preocupou em saber se eu estava bem,

você tem noção do que eu passei?


— Não, eu não tenho — respondi, verdadeiramente.

— Eu tive que desistir do meu sonho de me tornar biomédica,


porque não tinha você para me apoiar, quando eu estava grávida. A
minha mãe, nunca mais foi a mesma comigo, ela me abandonou

igual a você. Mas eu fui atrás, corri e trabalhei para ao menos dar
uma vida digna para o meu filho e eu consegui… para agora você

aparecer, querer que eu seja toda sorrisos para você e querendo


que o meu filho te aceite de braços abertos.
Encarar os olhos de Jolie era quase impossível, pois tinha

tanta dor neles que eu me senti o pior ser humano do mundo.


— Não posso saber pelo que passou, nem consigo imaginar.

Só que eu posso tentar ao menos conversar para entender o que


aconteceu?

Eu queria saber, queria — tarde demais — ouvir o que ela


tinha para me falar.
Jolie, olhou em direção ao portão do colégio de Theo, que foi

fechado e a calmaria recaiu sobre a rua que estava movimentada


até poucos minutos atrás.
Assim que voltou a me encarar, murmurou:
— Vamos a um café que tem ali na esquina, vou só pegar meu

celular.
Ela me deu as costas, abriu o seu carro, pegou sua bolsa e

depois de travá-lo voltou na minha direção. Fechei a porta do meu,


travei o alarme e a acompanhei até o local que havia comentado.
Assim que chegamos, ela pediu um cappuccino e se dirigiu

para a mesa mais afastada do balcão do lugar. Pedi um expresso e


a atendente anotou o nosso pedido. Logo me sentei na cadeira em

frente a Jolie e esperei que ela dissesse algo.


Ela esperou que a sua bebida chegasse, para bebericá-la e só

depois voltar a me encarar e começar a falar.


— A verdade é que você me deixou no seu quarto, há uns dez
anos, completamente nua, para te esperar voltar… — Lembrar-me

daquele dia, fazia meu coração disparar e uma lufada de raiva


passar por meu corpo. — Eu não estava bem, uma sonolência,

tontura e não sei mais o quê. Acabei caindo no sono…


A cada palavra que Jolie falava, eu ia me sentindo pior.
— Acabei parando na enfermaria do campus e depois de

alguns exames, foi constatado que eu fui drogada, e eu só


conseguia pensar em quando Carter me deu aquela bebida. — Jolie
ficou com seus olhos marejados.
Ela desviou o olhar do meu e encarou a vidraça da cafeteria.

E eu… ah, eu queria me matar só por ouvir o que ela dizia.


— Nos exames, também foi constatado a gravidez, mas eu

não quis acreditar. Porque, como você disse aquele dia, eu tomava
pílula e nem dei importância para aquilo. Só estava revoltada por
você não ter acreditado em mim, mas depois de uns dois dias eu

passei mal novamente e fui a um hospital de verdade, onde foi

realmente constatada a gravidez, eu estava com tanto medo… E


depois que saí da cabana, eu percebi que o medo era real, eu tinha

sido abandonada grávida, pelo homem que eu jurei que me amava.

Jolie não tinha sentimento nenhum estampado em sua face,

ela me olhava como se eu não fosse nada.


— Minha mãe me colocou pra fora de casa, quando contei a

ela, e a minha vida caiu por terra. Tudo o que eu sonhei, foi

destruído, não tinha como continuar a faculdade, porque quem


pagava era minha mãe e ela parou de pagar, parou de me ajudar e

deixou que eu passasse pelo pior. Assim como você fez, Dave. As

duas pessoas que amei na vida, me decepcionaram, me


abandonaram, me jogaram para escanteio.
Fechei minhas mãos, com raiva, força e ódio de mim mesmo.

— Eu sinto muito, de verdade, eu… — Fiquei sem palavras


para expressar o que estava sentindo.

— Agora não adianta sentir, Dave. Se passaram dez anos, eu

já não preciso de ninguém, eu aprendi a lidar com tudo sozinha.


Tentei pegar sua mão que estava apoiada sobre a mesa e ela

a afastou.

— Jolie…

— Eu não sei se um dia vou te perdoar. Mas eu vou conversar


com o Theo e posso pensar em deixar ele te conhecer. Só que se

você magoar o meu filho. — Ela fez uma pausa e sorriu com puro

desdém na minha direção. — Eu te mato e não pense que estou


falando da boca pra fora, porque pelo Theo eu faço qualquer coisa.

Ela abriu a carteira, tirou uma nota de dentro e deixou

embaixo do seu copo.


— Não precisa pagar, eu…

Ela não deixou que eu terminasse.

— Quando eu conversar com meu filho, te mando uma

mensagem para que você possa surgir, como fez hoje, mas não
precisará ser escondido.
Jolie saiu da cafeteria e me deixou sozinho na cadeira do

lugar. Fiz o mesmo com ela, peguei uma nota e deixei embaixo do

copo de bebida.
Saí da cafeteria e corri, para alcançá-la antes que pudesse

entrar em seu carro.

Assim que ela abriu a porta, eu gritei:

— Eu acredito em você.
Ela me olhou e sorriu, mas era um sorriso cheio de mágoa.

— Dave, quando era para você acreditar, você não fez isso.

Vocês homens, são tão machistas, que só veio ter um pouco de


dúvida do que aconteceu, depois de receber uma ligação do Carter,

ao menos foi isso que você deixou claro para mim aquele dia.

Suas palavras eram como adagas que se cravavam no meio

da minha cara, para eu aprender a deixar de ser imbecil.


Jolie deu partida em seu carro e sumiu das minhas vistas.

Pelo jeito se um dia eu quisesse o seu perdão, eu teria que lutar

muito por aquilo.


E eu merecia cada gota de rejeição que ela tinha por mim.

Afinal, quem a rejeitou primeiro fui eu.

Um idiota que perdeu o amor que podia ter sido seu para

sempre.
CAPÍTULO 23

Distribuí curriculum por alguns lugares. Mas não estava

confiante de que iria ser chamada para qualquer coisa, ainda mais
com a aproximação do natal.

As empresas em geral, não costumavam contratar no final de


ano e se eu conseguisse algo, seria somente por temporada e eu

precisava de algo fixo e não passageiro.

Cheguei em casa após algumas horas na rua e só depois, que


tirei meus sapatos e depositei minha bolsa no batente ao lado da
porta que deixei minha mente voltar para o homem que me fodeu

por inteira naquela manhã.


E se fosse “foder” no sentido bom da palavra estava tudo bem,

mas infelizmente, ou melhor, felizmente — porque eu não queria

mais transar com ele — Dave só sabia fazer com que minha mente
se transformasse em um turbilhão de confusão. Deixava-me

machucada por dentro, fazia com que eu me lembrasse de todas as

merdas que aconteceram em nosso passado.


Fui até meu quarto, indo diretamente ao closet, na parte mais

escondida, onde eu deixava uma caixa toda fechada e lacrada, para

que Theo não visse o teor das coisas escondidas.


Aproveitei que ele estava na escola e fui para minha cama,

desembrulhando a caixa e tirando a sua tampa em seguida. Assim


que vi as fotos jogadas dentro daquele lugar, meu coração sangrou.

Eu era tão jovem, tão sonhadora, tão apaixonada por aquele

homem que estava ao meu lado.

Ali continha tudo o que juntei durante todo o tempo que

namorei com Dave. Peguei uma foto de nós dois abraçados em

frente ao bar que costumávamos frequentar nos finais de semana e


encarei aquele casal sorridente.
Dave apoiava seu braço em meu ombro, enquanto eu
segurava sua cintura muito forte. Talvez eu sentisse que nosso amor

era passageiro e que não duraria o quanto eu desejava.

Fui tirando foto por foto, alguns ingressos de cinema que eu

tinha guardado para recordar, um por um… tão boba e tão

apaixonada.

Assim que cheguei na foto que mais gostava eu não me


contive e um soluço escapou dos meus lábios e só naquele

momento percebi que estava chorando.

Eu podia jurar o quanto fosse para mim, que odiava Dave,

mas no fundo eu sabia que ainda tinha tanto sentimento por ele

dentro de mim, que eu nem sabia como conseguia ser forte, como

hoje, que fiquei tão próxima dele.

A foto em questão, era de nós dois, sentados na escadaria da


varanda da cabana. Lembro-me perfeitamente de quando Dave

disse…

— Vem cá… — chamou minha atenção, que estava no livro

que eu lia para fazer uma prova oral na semana que vem.

Assim que vi, Dave estava com o celular na mão e pronto para

fazer uma selfie nossa.


Ele beijou minha bochecha e eu fechei meus olhos ao sentir o

contato da sua boca na minha pele. Dave bateu a foto e se afastou


de mim, mas eu estava toda derretida por ter sentido sua boca em

mim.
— Você disse que queria sossego para estudar, mas se
continuar me encarando assim, eu vou te foder aqui, nesse chão e

nem vou me importar com sua prova.


Fechei o livro e o deixei de lado.

— Que jeito estou te olhando? — Mordi meu lábio inferior.


— Daquele jeito que diz: me foda, aqui e agora, com força e

rápido.
Passei minha língua pelos meus lábios e respondi:
— Eu posso estudar depois.

— É por isso que te amo, porra!


Ele deixou o aparelho no canto e agarrou minha boca com a

sua, mas não demorou muito para começar a beijar meu pescoço e
passar sua língua por toda a pele exposta da regata que eu usava.

Logo sua mão subiu pela minha coxa e entrou dentro da barra
larga da minha bermuda e Dave só se contentou, quando seus
dedos já estavam na minha boceta, me masturbando…
Voltei à realidade, tentando fazer aquela lembrança ir embora.

Lembrar-me de Dave, me trazia tanto os momentos divertidos,


quanto os quentes e principalmente os horríveis.

Encarei todas as fotografias e percebi que só não tive


coragem de jogar fora, porque ainda amava demais aquele

desgraçado.
Tive alguns namorados e até algumas transas por algumas
noites, ou meses, mas eles nunca conseguiram fazer com que eu

me sentisse completa, que eu me sentisse devorada e amada.


Tudo o que eu senti com Dave no passado.

O que eu faria, agora que ele parecia querer se enfiar no meio


da minha vida?
Eu não devia nem pensar em perdoá-lo, mas como conviveria

com ele, sendo que eu tinha completa noção que precisava deixar
Theo conviver com ele.

Apesar de que eu também nunca forçaria meu filho a querer a


presença do seu pai.

Fui tirada dos meus devaneios assim que meu celular


despertou, alertando-me que era hora de buscar Theo no colégio.
Como eu ainda não tinha arrumado nada, havia dispensado a babá

por enquanto.
Deixei as fotos onde estavam, pois quando chegasse iria
conversar com meu menino.
Saí do apartamento e logo já estava dirigindo para o colégio

de Theo. Não sei se era por eu estar tão absorta no que minha vida
havia virado, que acabei percebendo tarde demais que o sinal havia

sido fechado para mim e continuei avançando pela pista.


Quando vi que o inevitável iria acontecer, acabei tentando
acelerar o carro, mas foi tarde, pois uma caminhonete grande

demais estava em cima do meu carro e bateu com tudo na minha


direção.

Soltei um grito e só vi o momento em que o carro capotou, não


soube dizer quantas vezes, mas o pior aconteceu, pois tudo se

apagou e meu último pensamento foi que meu menino ficaria


sozinho.
Meu pequeno Theo…
CAPÍTULO 24

Não tinha conseguido voltar para a empresa naquele dia. As

palavras de Jolie ainda reverberaram pela minha mente, gritavam,


me culpavam.

Eu havia feito o pior e não tinha como julgar Jolie e Theo, eles
não precisavam me perdoar, eu não merecia nem mesmo que eles

me direcionassem um olhar.

Talvez, se eu conversasse com Jolie, ela deixasse que eu


ajudasse financeiramente Theo, para pelo menos meu filho ter tudo

o que pudesse
Não que eu quisesse tentar comprar ninguém com o meu

dinheiro. Eu só queria tentar ajudar de alguma forma.


Já que não pude ajudar com a minha presença paterna desde

o início, ao menos a financeira, caso Jolie precisasse eu estaria aqui

de braços abertos. Tarde demais, mas tentaria reverter esse tempo.


Joguei-me para trás em meu sofá e fechei os olhos. Droga!

O pior daquilo tudo, era que só o fato de Jolie estar próxima a

mim, fazia com que eu a desejasse e era tão descontroladamente


que eu quase não conseguia me conter.

Pelo jeito, tudo o que tive para tentar esquecê-la, não

adiantou. Foram diversas mulheres, sem nenhum namoro, mas


várias fodas para esquecê-la. No entanto, foi só eu bater os meus

olhos sobre ela, para saber que eu podia ficar com a mulher mais
linda do mundo, que nunca seria a Jolie… ou melhor, a mais bonita

do mundo, sexy, desejável, era ela.

O fato de não ir à empresa, não fazia com que os problemas

viessem atrás de mim. Já que fui tirado dos meus devaneios com o

toque do meu telefone. Peguei o aparelho que estava na mesa de

centro e vi que era Sonia. Com toda certeza deveria ter acontecido
alguma merda na empresa.

Ah, pai! Que falta o senhor fazia.


— Oi, Sonia!
— Senhor, não sei o motivo, mas ligaram na empresa

procurando o senhor.

Achei estranho, pois Sonia parecia um pouco afoita.

— Tudo bem, Sonia! As pessoas sabem que estou no lugar do

meu pai…

— Não senhor, a senhorita Thorn sofreu um acidente e eles


não explicaram direito, mas ligaram para o senhor.

Levantei-me imediatamente sem acreditar no que tinha

ouvido.

— Em que hospital ela está?

Depois de Sonia me passar o endereço, nem me despedi e

desliguei o telefone em sua cara. Ela teria que me perdoar, mas

naquele momento, bons modos era o que eu menos queria ter.


Peguei o carro e parti em direção ao hospital, tomando

cuidado para que não acontecesse um acidente comigo também.

Quando cheguei ao hospital, informei que haviam ligado para

mim e ela logo chamou o médico que estava cuidando do caso de

Jolie.

— Senhor! — O doutor me estendeu a mão.


— Como ela está? — Eu disse sem me importar com a mão

estendida do doutor.
— Bom, a senhorita Thorn está estável, quebrou uma costela

e terá que ficar de repouso por um tempo, no momento ela está


dormindo, pois estava com um pouco de dor, então lhe demos
alguns remédios, já que teve uma luxação no ombro, mas no mais

ela ficará bem.


— Posso vê-la?

— Claro!
Acompanhei o médico e ele me levou até o quarto de Jolie.

Vê-la tão frágil naquela cama de hospital me deixou sem chão. Eu


me culpei até pelo seu acidente, mesmo que não tivesse nada a ver
com ele, tudo por ela ter se machucado e eu não poder fazer nada

para evitar aquilo.


Aproximei-me de sua cama e segurei sua mão,

cuidadosamente para não machucá-la mais. Tive que desviar minha


atenção de Jolie, que parecia tão tranquila, dopada com alguns

remédios, quando o médico retornou ao quarto.


— Senhor McBride. Esqueci de lhe passar um recado. — Ele
pegou um pedaço de papel que estava em seu jaleco e disse: — A

senhorita Thorn pediu para que o senhor lesse.


— Obrigado! — agradeci, quando ele me entregou o papel e

logo saiu do quarto.


Levei meus olhos ao papel e comecei a ler:

Dave, estou te escrevendo, pois os remédios são muito fortes


e provavelmente eu irei dormir… eu não queria contar com você

para isso, mas também não quero pedir nada à minha mãe, — você
pode ter me magoado, mas ela fez muito pior — então, só restou
você. Theo está com a babá, mas ela não pode ficar com ele nesses

dias, pois a havia dispensado e ela está olhando outra criança.


Então, mesmo indo contra a minha vontade e contra a vontade de

Theo. Fique com ele, já que o médico disse que ficarei em


observação por alguns dias.

— Eu vou cuidar bem dele — prometi a ela.


Beijei sua mão carinhosamente e observei o seu rosto, que
continha alguns arranhões, minha Jolie estava tão machucada.

Tanto por dentro, pois era fácil perceber o quanto eu lhe fazia
mal e tanto por fora, devido àquele acidente que lhe atingiu.

Mesmo sem querer, soltei sua mão vagarosamente e caminhei


até o corredor, encontrando o doutor que havia me entregado o

bilhete.
— Doutor, quanto tempo ela ficará dormindo?
— O resto da tarde, senhor McBride.
Assenti e voltei a dizer.

— Terei que resolver o que ela me pediu, mas eu posso voltar


mais tarde?

— Infelizmente ela tem um horário de visitas e como está na


área de urgência, não poderá recebê-las.
— E se ela for transferida para um quarto que não seja na

área de visitas?
— Bom, senhor. Ela me informou que não tem seguro saúde e

disse que nem sabia como iria pagar essa internação.


Soltei o ar, exasperado, com raiva e vontade de socar aquele

homem.
— Dinheiro não é o problema — respondi, chateado. — A
transfira para o melhor quarto que eu pago tudo, desde a hora que

ela pisou nesse hospital. É porque eu sei que o meu filho irá querer
ver a mãe, então eu vou trazê-lo aqui.

— Como queira, senhor.


— Obrigado!
Saí do hospital e fui direto para o meu carro. As coisas já não

estavam fáceis para mim e agora esse acidente complicaria ainda


mais, afinal, Theo não ia gostar nada de ficar comigo.
Mas ao menos Jolie estava bem, tirando a costela quebrada e
logo ela estaria em casa e ficaria mais fácil para eu poder cuidar

dela e de Theo.
Até porque ela podia querer me evitar, mas eu nunca deixaria

que ela ficasse sozinha, depois de se machucar daquela maneira.


Ainda mais tendo uma criança para cuidar.
Estava na hora de enfrentar o meu menino… que ele me

odiasse menos naquele dia.


CAPÍTULO 25

Parei em frente à casa da babá. Era uma residência humilde e

não muito distante da casa de Jolie. Saí do carro e fui até a porta da
casa, toquei a campainha e não demorou muito para uma moça vir

abri-la.
— Olá! — Ela me cumprimentou, meio receosa.

— Oi, eu sou Dave McBride, não sei se Jolie falou sobre mim.

Ela me olhou dos pés à cabeça e com a expressão fechada,


respondeu:
— Ela falou sim. Já veio buscar o Theo?

— Sim!
A mulher, que aparentava ter só um pouco mais de idade do

que eu, deixou a porta aberta, mas não me convidou para entrar. Ela

sumiu das minhas vistas e demorou um momento para voltar, com


uma expressão meio receosa.

— O Theo não quer vir, senhor. Ele disse que prefere ficar

sozinho a ter que ficar com o senhor.


Engoli em seco, pois aquele garotinho sabia muito bem como

atingir uma pessoa.

Só que eu havia prometido à sua mãe e não faria merda


alguma daquela vez.

— Eu posso falar com ele? — perguntei.


A mulher se afastou e antes que eu pudesse continuar,

perguntei.

— Qual seu nome?

— Nami!

Assenti e a segui, enquanto ela me guiava pela casa e logo eu

estava dentro de uma biblioteca, onde Theo se encontrava na


poltrona perto da janela.
A mulher ficou na porta e eu entrei. Quando percebi que ela
não sairia dali, tentei ao menos fingir que ela não estava ali.

Caminhei para perto da poltrona e parei em frente a Theo que

não olhou para mim.

— Oi, Theo! — cumprimentei.

E claro que não obtive resposta.

Abaixei-me para ficar da sua altura e continuei, mesmo que


fosse ignorado.

— Eu sou Dave, claro que você já deve saber disso e se eu

pudesse, eu voltaria no tempo, só para não ter feito tanta babaquice

com a sua mãe.

O menino parecia ter chorado, pois naquele momento percebi

seus olhos vermelhos, mas ainda se mantinha forte em não olhar na

minha direção.
— Você ainda é muito jovem para entender algumas coisas,

mas eu sei que as poucas que entende lhe falam que eu te

abandonei. E não é uma mentira, só que eu quero mudar isso, nem

que seja lentamente, até que você me aceite na sua vida.

Theo me encarou e respondeu:

— Não vou aceitar.


Mantive-me calmo.
— Tudo bem, se não aceitar, eu não forçarei nada. Só te peço,

que enquanto a sua mãe está no hospital você possa me ajudar,


porque ela pediu para eu cuidar de você, não queria pedir à sua vó.

Theo semicerrou os olhos e ficou em silêncio esperando que


eu dissesse mais alguma coisa.
— Eu vou cuidar de você, até porque a Nami está trabalhando

em outro lugar e não pode ficar te olhando até sua mãe melhorar.
Mas você não precisa nem conversar comigo, só espera a sua mãe

se recuperar. Pode ser?


— Quando ela vai melhorar?

— Em breve e aí você pode ficar com ela. Desde que tome


cuidado, porque ela se machucou um pouco, ok?
Ele assentiu e perguntou:

— Eu vou poder ver ela?


Tentei sorrir, mas o menino fechou ainda mais a expressão e

eu evitei aquele tipo de contato com ele, por enquanto.


— Vai sim. Eu vou te levar lá, agora mesmo.

Só naquele momento que ele pareceu ficar um pouco feliz


com toda aquela situação. Levantou-se rapidamente da poltrona e
pegou sua mochila que estava no canto da parede.

— Então vamos.
Levantei e assenti.

Logo o garotinho se despediu de Nami e ela disse para ele lhe


ligar, caso ficasse muito incomodado que ela tentaria dar um jeito

em tudo para ficar com ele.


Quase revirei os olhos, mas tentei não fazer aquilo, já que

sabia que estava sendo avaliado pela babá.


Quando abri a porta do carro para Theo entrar, ele foi para o
banco de trás e colocou o cinto. Extremamente inteligente. Fechei a

porta e fui para o lugar do motorista.


— Bom, vamos ver a sua mãe e torcer para ela já ter

acordado.
Olhei pelo retrovisor e ele estava encarando o lado de fora.
Seria difícil quebrar o pequeno gelinho que aquele garoto era,

mas eu tentaria de tudo, faria com que ele me perdoasse e usaria


aquele trunfo de ficar com ele, para conquistá-lo.

E agiria da mesma maneira com Jolie.


Eu retomaria o que destruí anos atrás.

***
Caminhando um pouco mais lento para acompanhar o
pequeno que estava ao meu lado, me senti um pouco vitorioso, por
ele ao menos permitir que eu chegasse perto o bastante para sentir
o quão ansioso estava para ver a mãe.
Paramos na porta do quarto para onde o pessoal do hospital

havia transferido a Jolie.


Theo não abriu a porta, ele me olhou e eu percebi que estava

com medo de ver a mãe.


Abaixei e sussurrei:
— Eu também estava com medo, quando me ligaram

avisando que ela estava no hospital, mas eu já a vi e sei que ela não
está tão mal, então pode confiar na minha palavra.

— Meio difícil — murmurou, convicto.


Mas ao menos tomou coragem e abriu a porta do quarto.

Assim que entrou ele encarou Jolie e começou a chorar.


— Mamãe…
Foi até o lado da sua cama, segurou sua mão e por sorte Jolie

já havia acordado da reação dos remédios.


— Filho, não chora.

Sua voz estava mais grossa, provavelmente pelo tempo que


não falava.
Theo apoiou a testa na mão de Jolie e disse:
— Fiquei com tanto medo quando você não apareceu pra me
buscar. Liguei pra você e ninguém atendia, tive que chamar a Nami
e…

— Meu amor… — Jolie encheu os olhos de lágrimas e fez


uma careta de dor, porque provavelmente não podia fazer muito

esforço.
— Ei, garotão! — Chamei-o e ele me olhou ainda com a
expressão fechada. — A sua mãe tá bem, então vamos nos

acalmar, senão ela não vai sair daqui tão cedo.

Theo encarou Jolie, que enxugava as lágrimas que


escorreram pelas suas bochechas e assentiu.

— Ele tá certo, meu amor. Eu vou sair daqui logo, mas vou

precisar ficar de repouso e tudo mais.

— Vou preparar muito cereal pra você, mamãe.


— Obrigada!

Jolie sorriu para ele e meu filho retribuiu o sorriso de forma

genuína.
Será que um dia ele me olharia daquela forma?

Como se eu fosse algo muito importante para ele?

Eu esperava que sim, pois estava convicto de que queria ser


melhor e para isso, eu precisava correr atrás de tudo que estraguei
no passado.

Meus olhos deixaram Theo por um instante, enquanto ele


beijava a mão de Jolie e parou na mulher em questão. Ela também

me olhou rapidamente e podia até parecer que me odiaria pelo resto

da vida, mas em seus olhos eu ainda conseguia ver aquele fogo de


anos atrás e do dia em que nos perdemos no meu escritório.

Talvez nem tudo estivesse perdido, era só eu aprender a agir

da forma certa que as coisas melhorariam.

E talvez conseguisse o perdão daqueles dois.


Minha meta de vida, era pela honra do meu pai, que foi

embora tão recentemente, e que queria que eu resolvesse o que

estraguei no passado. Eu moveria o mundo para ter de volta Jolie e


daquela vez, acrescentando Theo no nosso meio.

Eu queria aqueles dois para mim… e conseguiria.


CAPÍTULO 26

Assim que cheguei na minha casa, estacionei o carro e abri a


porta para que Theo saísse. Havíamos passado no apartamento de

Jolie para pegarmos algumas roupas de Theo e claro que ele não

queria sair de lá, mas como sua mãe pediu para que ele aguentasse
um pouco comigo, ele acabou fazendo isso.

O garotinho, ainda meio ressentido saiu do carro e ficou

esperando, a fim de que eu o guiasse para dentro de casa. Claro


que não pude evitar observar Theo, que parecia curioso com tudo

que estava vendo ao redor.


No entanto, não falava nada, provavelmente para não ter que

conversar comigo.
Entramos em casa e ele ficou parado no hall, sem se

movimentar, só observou em silêncio novamente.

Voltei-me na sua direção e perguntei:


— Está com fome?

Seus olhos, tão iguais aos meus, pararam em mim e com um

pouco de relutância ele assentiu.


— Que tal, se pedirmos uma pizza?

O menino mudou um pouco a expressão e concordou.

Percebendo que se eu não fizesse algo, ele só me trataria com


acenos, tirei a mochila do seu ombro e abaixei-me na sua frente, até

ficar na altura dos seus olhos.


— Eu sei que está sendo difícil, saber que sua mãe está no

hospital e que eu sou um desconhecido. Só me dá uma chance de

provar que sou um cara legal, posso ter demorado muito para cair

na realidade sobre a paternidade, mas agora que sei a verdade, eu

vou fazer o meu melhor para que goste de mim. Então, me deixa

tentar, pode ser?


Falei com calma, para não passar alguma informação errada

para Theo. Eu não queria que ele se retraísse ainda mais.


— Você vai fazer minha mãe sofrer — sussurrou.
E eu cerrei meu cenho.

— Não pretendo. Juro para você, que se eu fizer isso

novamente, você tem todo o direito de não conversar comigo e nem

de olhar na minha cara, mas deixa eu te mostrar que posso ser

legal, por favor.

Implorei para aquele menino, porque era o que eu queria.


Quase sentia a necessidade gritar dentro de mim, para que meu

filho deixasse eu tentar ser o seu pai. Eu devia aquilo à memória do

meu próprio pai, o homem que não tinha meu sangue, mas que

cuidou de mim, me tornou um homem honrado. Precisava que ele

visse, de onde estivesse, que eu fui atrás do perdão e que tentaria

ser um pai tão bom quanto ele foi para mim.

— Eu gosto de pizza de calabresa. — O menino me


respondeu, sem fazer a expressão de raiva que fazia todas as vezes

que falava comigo.

Sorri para ele e assenti, entendendo que aquilo era quase

como uma bandeira branca que Theo estava levantando para mim.

— Vou pedir para a gente e te mostrar o seu quarto.

Concordou e depois que pedi a comida, pelo aplicativo, o levei


aos quartos de hóspedes, mostrando onde era o meu quarto e onde
ficavam os outros que nunca usei.

Theo escolheu o quarto que ficava ao lado do meu,


provavelmente por não sentir confiança de ficar em um mais

distante.
E depois disso, quando a pizza chegou, comeu em silêncio na
sala de jantar. Eu o observava, com medo de dizer algo errado e

acabar com aquela pequena paz que havia se instaurado entre nós.
Assim que ele terminou de comer, seus olhos se voltaram para

mim e ele indagou:


— Você ainda tá muito triste pela morte do seu pai?

Aquilo me pegou completamente de surpresa. Terminei de


mastigar o pedaço de pizza e assim que finalizei, encarei meu filho
que esperava por minha resposta.

— Eu estou. Meu pai era muito importante para mim. Sempre


fiz de tudo para que ele se orgulhasse de mim e não sei se

consegui. Estou me sentindo meio culpado pela sua morte, apesar


de saber que ele já estava com problemas cardíacos antes mesmo

de eu ter a conversa séria que tive e de ele passar mal.


Fechei minha mão em punho, porque aquela era a única
verdade que eu sentia naquele momento. Eu havia feito com que o

coração do meu pai desistisse de bater.


— A mamãe me ensinou que quando as pessoas partem, é

porque chegou a hora delas. Então, você não deve se culpar,


porque provavelmente era a hora do seu pai.

Encarei aquele menino que parecia tão sábio para sua idade e
lhe dei um leve sorriso.

— Obrigado! — respondi, mas acabei confessando: — A sua


mãe te criou muito bem.
Theo ficou em silêncio, porém, eu conseguia perceber que ele

queria dizer mais alguma coisa.


— Você pode me dizer o que quiser — incentivei.

Ele encarou meus olhos e questionou:


— Você vai ficar aparecendo no meu caminho a partir de
agora?

Meio sem jeito, segurei a mão do garotinho que estava sobre


a mesa e ele se retraiu por um momento, mas não me afastou.

— Theo, quero que saiba, se você permitir eu quero te ver


mais, passar um tempo com você. Poder fazer coisas que você

gosta.
Só que ele me deixou completamente sem jeito quando
confessou algo que eu não esperava.
— Quando me perguntavam na escola onde estava o meu pai,
eu falava que você tinha morrido. Porque era melhor pensar assim,
do que admitir que meu pai não me quis.

Ele não estava nervoso, só estava contando o que fazia, no


entanto, era nítido o ressentimento em seus olhos.

— Fui enganado, acreditei numa mentira e devido às


circunstâncias, com a cabeça dura e tudo mais, não quis confiar na
palavra da sua mãe. Eu vou te pedir desculpas sempre, por não ter

estado ao seu lado quando você precisou. — Minha garganta se


fechou e eu dei uma leve apertada em sua mão. — Eu agi, como o

homem que abandonou a minha mãe e me deixou para trás.


Theo me encarou profundamente e eu admiti.

— Não era realmente filho de Fernando Cameron, meu pai


verdadeiro abandonou a mim e a minha mãe, quando eu ainda era
muito pequeno, mas Fernando surgiu na nossa vida e ele me tratou

como se eu realmente fosse o seu filho, seu próprio sangue e eu


nunca quis ser um imbecil que abandonava a mulher que amava.

Estava sendo uma confissão forte demais para uma criança,


mas parecia que se eu não falasse aquelas palavras para o meu
filho, acabaria explodindo.

— Eu aceito!
Theo murmurou e eu fiquei sem entender, ainda bem que ele
deixou claro logo depois, sobre o que dizia:
— Eu aceito te conhecer melhor.

Sorri para ele e mesmo tentando me controlar, senti meus


olhos lacrimejarem. Levantei-me da cadeira e parei ao seu lado.

— Posso te abraçar? — indaguei, quase não conseguindo


pronunciar as palavras, pois estava com a voz embargada pelo
choro que segurava.

Theo se levantou e respondeu:

— Pode…
Peguei-o em meus braços em um movimento abrupto, já que

foi mais forte do que eu controlar os sentimentos que me tomaram.

Abracei forte o seu corpo pequeno e meu garoto retribuiu o

afeto abraçando meu pescoço com força.


— Prometo, mesmo que tarde, ser o melhor pai do mundo.

Acho que Theo aceitou a minha promessa, já que não disse

nada e continuou me abraçando.


Eu me sentia como se estivesse flutuando. Aquele garoto,

parecia ser a minha salvação e eu nem sabia que precisava de uma,

até sentir seus braços ao redor do meu pescoço.


Seria um homem melhor…
Seria o melhor pai, assim como um dia Fernando foi para

mim…
Nunca mais magoaria Theo e muito menos Jolie, eu faria de

tudo para conquistá-los e tê-los em minha vida, no caso de Jolie, tê-

la de volta no meu caminho e fazer com que ela voltasse a me amar.


Afinal, aquela mulher sempre foi o amor da minha vida e eu

nunca consegui esquecê-la. Eu precisava de Jolie, como precisava

do ar para respirar.

Correria atrás do tempo perdido e faria valer a pena cada


segundo ao meu lado…

Estava na hora de Dave McBride ser novamente o

conquistador que roubou o coração daquela mulher uma vez e que


roubaria quantas vezes fosse preciso.

Eu só precisava do seu perdão.

E conseguiria.
CAPÍTULO 27

Quando acordei no hospital, sem entender o que estava


acontecendo, me peguei em completo desespero. No entanto, assim

que as imagens do acidente bateram na minha mente, eu agradeci

por ainda estar acordada e nada de pior ter acontecido, ao menos


foi o que minha primeira impressão passava.

Só que assim que me lembrei de Theo, sozinho na escola, eu


me desesperei e foi aí que a dor de verdade começou. O médico e

as enfermeiras tentavam fazer com que eu me acalmasse, mas não

conseguia, queria meu filho que devia estar desesperado e sozinho.


Quando entregaram meu celular, percebi as chamadas de

Theo e de Nami. Então, pude me acalmar um pouco ao saber que o


meu menino estava bem.

No entanto, quando Nami me disse que não podia cuidar dele,

não vi escolha a não ser pedir para ligarem para Dave. Sabia que
Theo não ficaria feliz com aquilo, mas o que eu poderia fazer?

Pedir ajuda à minha mãe?

Ela foi a pessoa que me virou as costas quando mais precisei


do seu amor e apoio.

Dave era culpado também, mas ele era o pai de Theo e talvez

se eu passasse por cima do meu orgulho, ele conseguisse se


aproximar um pouco do meu… nosso filho.

Que estava tão ressentido com a aparição abrupta do pai.


Depois de três dias no hospital, eu recebi alta e claro que tudo

o que menos queria era depender de Dave, mas lá estava ele, com

o meu filho que já parecia aceitar melhor a presença do pai.

— Eu chamaria um táxi tranquilamente — murmurei, enquanto

tentava caminhar devagar para não sentir dor.

Segundo o médico eu ficaria melhor em seis semanas, o


prazo que costumava ser a cicatrização de uma costela quebrada.
No entanto, seis semanas pareciam uma eternidade muito longe do
meu alcance.

— Mas Theo e eu chegamos a uma conclusão de que se eu

viesse te ajudar seria mais fácil, não é mesmo?

Dave olhou para Theo que me traiu lindamente ao responder:

— Mamãe, você tá machucada e como pediu pro Dave ajudar

nesse momento, seria certo ele vir te buscar. — Meu menino deu
ênfase em algumas palavras para que eu entendesse a real

situação.

Suspirei um pouco forte e fui obrigada a fazer uma careta,

porque aquilo doía.

— Sente muita dor? — Dave indagou, se aproximando.

Encarei seus olhos antes de responder.

— Dependendo do movimento que faço, dói muito…


Theo segurou minha mão e a beijou. Ele estava preocupado

comigo, por isso com a mão livre afaguei seus cabelos e murmurei:

— Logo estarei boa novamente. Ok?

Theo assentiu e deu um leve sorriso.

— Então, vamos? — Dave perguntou.

E como não estava com a mínima vontade de discutir, assenti


e deixei que ele me ajudasse a caminhar até o carro. Um carro que
me remetia a lembranças demais para o meu gosto.

Dave abriu a porta, Theo se sentou no banco de trás e


colocou o cinto e logo Dave gesticulou para que eu me sentasse no

banco da frente. Novamente não fui contra a ideia, já que depois de


três dias em um hospital, eu só queria a minha cama e descansar
para tentar melhorar da dor.

Sentei-me no banco e logo Dave já havia contornado o carro e


começado a dirigir em direção à minha casa.

— Se você quiser, pode ficar na minha casa — Dave


sussurrou.

Encarei-o de soslaio e quase revirei meus olhos, mas achei


que não valia a pena.
— Vou para o meu apartamento. Quero paz e descanso de

algo que já estou acostumada. — Não queria parecer grossa, mas


fui mesmo assim.

— Claro, você está certa.


— Sempre estou certa — retruquei.

Dave soltou uma risada e ao ouvir aquele som rouco que


lembrava muito tempo, senti um arrepio passar por todo o meu
corpo.

Inferno!
Eu não queria sentir aquilo… não mais.

Mas parecia que tudo ia contra o que eu queria. Já que aquela


proximidade me deixava louca e talvez se Theo não estivesse ali, eu

até me esqueceria do meu estado crítico para dar um beijo naquela


boca infernal que Dave possuía.

De onde saiu aquele pensamento?


Por um milagre, chegamos ao meu prédio e eu quase
agradeci, pois assim eu pararia de pensar em coisas sem lógica.

Dave me ajudou a sair do carro e sua mão ficou me tocando,


até estarmos no elevador. Eu me recostei na parede de metal e

esperei chegar ao meu andar. Theo saiu na frente, assim que as


portas se abriram, para destrancar a porta.
E claro que Dave tinha que continuar me ajudando.

— Você sabe que não precisa fazer isso — rosnei.


— Mas farei, porque você é a mãe do meu filho e eu vou te

ajudar em tudo, enquanto não melhorar.


Daquela vez fui obrigada a revirar os olhos.

— Agora você parece tão confiante de que Theo é seu filho —


sussurrei para meu menino não escutar.
— Sim, eu sou um idiota — assumiu.
Theo ficou olhando, enquanto Dave me ajudava a entrar no
apartamento. Algo estava diferente nos olhos do meu filho, ele já
não olhava com ferocidade para Dave. Parecia mais que o estava

admirando.
O que havia acontecido naqueles três dias que passei

internada?
Claro, percebi que Theo estava mais tranquilo com a presença
do pai, no entanto algo deve ter mudado a sua concepção.

— Quer ir para o seu quarto?


— Por favor!

Indiquei o lugar a Dave e ele continuou me ajudando, até


entramos em meu quarto e eu me lembrar de que havia deixado

todas as nossas fotos espalhadas sobre a cama.


Fechei meus olhos no mesmo momento que percebi Theo
parar perto da cama e ver as fotos e Dave também fez o mesmo, só

que ele estava com sua mão em meu ombro e eu senti um leve
aperto na minha pele.

— Vocês eram novos — Theo sussurrou, pegando a foto que


eu mais gostava.
— Novos e inconsequentes — Dave sussurrou.
Senti seus olhos me avaliando e tentei evitar sentir tudo o que
estava me deixando desconcertada.
Afastei-me do toque de Dave e me sentei com cuidado na

cama.
— Filho, eu tinha pegado essas fotos para te mostrar, antes de

tudo acontecer. — Tentei me explicar.


— Pra quê? — Dave quis saber.
Maldito!

Meus olhos voltaram para o seu rosto e ele tinha um leve

sorriso naquela boca infernal de linda.


Elevei uma de minhas sobrancelhas.

— Era para ele entender que você pode ser legal às vezes.

— Ah, mas agora eu já sei! — Theo respondeu e sorriu para

mim, depois olhou para o pai e sorriu para ele também.


Sorri para o meu filho ao ver que ele realmente estava mais

tranquilo com Dave e afaguei sua bochecha.

— Que bom, meu amor!


Theo beijou meu rosto e indagou:

— Posso comer cereal?

— Filho, temos que almoçar. Garanto que sua mãe deve estar
faminta por comida que não seja de hospital.
Dave se prontificou e eu fiquei espantada com a reação de

Theo que levou numa boa.


— Então vamos preparar alguma coisa? — Theo pareceu

confuso ao perguntar.

— Sim, vou fazer uma comida leve, mas saborosa para que
ela fique melhor logo. — Dave me deu uma leve piscadinha e voltou

a murmurar: — Vou usar sua cozinha.

Assenti meio bestificada e ele saiu do quarto, deixando Theo

comigo.
— Filho, tá tudo bem?

— Sim, mamãe, por quê?

— Você está gostando do Dave? — perguntei.


Theo se sentou na beirada da cama e olhou para a foto que

ainda estava em sua mão.

— Ele me tratou muito bem, mamãe. E eu deixei ele me


mostrar que pode ser legal. Até agora tá sendo legal. — Repetiu a

palavra meio sem graça.

Sorri para ele.

— Que bom! Eu faria de tudo para que você o conhecesse


melhor, mas vejo que nem precisou de muito esforço da minha

parte. Seu pai… mesmo ele tendo feito o que fez no passado,
sempre foi um cara que admirei. Então, eu fico feliz de ver você o

conhecendo.

Theo olhou para a porta, quando viu que o caminho estava


livre, confessou:

— Ele prometeu pra mim, que não vai mais te fazer sofrer.

Meu coração, que até aquele momento, tinha se acalmado

depois que Dave me soltou, voltou a correr uma maratona.


— Ah! — Fiquei sem reação.

Theo sorriu e beijou minha bochecha.

— Descansa, mamãe. Vou ajudar o Dave.


Assenti e fiquei observando meu filho sair do quarto. As coisas

estavam mudando e para falar a verdade eu estava com medo…

Medo de deixar me levar e de ser conquistada novamente só

para sofrer.
Infelizmente o passado ainda parecia ser tão recente que eu

não conseguia tirar da minha mente tudo o que sofri.

Naquele momento iria me preocupar em me recuperar, talvez


fosse o melhor a se fazer, e tentar esquecer Dave… pelo menos por

enquanto.

Se é que seria possível.


Afinal, Dave era uma pessoa que quando voltava a aparecer,

ele se tornava algo constante… e meus sentimentos nunca o


esqueceram…

Ah, Deus!

O que eu iria fazer com a presença daquele homem na minha


vida?

Aquela era uma pergunta, que só o tempo podia responder e

eu estava com medo da resposta.

Muito medo…
CAPÍTULO 28

Estava sentado ao lado de Theo, enquanto ele pressionava o


joystick querendo ganhar de mim no joguinho de corrida que

estávamos disputando, no entanto, eu também batalhava, porque o

meu pequeno garoto tinha me desafiado.


— Estou quase colado em você — murmurei.

E Theo soltou uma gargalhada.

— Ainda nem usei minha carta na manga.


E assim que o garoto se calou, ele apertou algo que soltou um

ruído especial e sumiu das minhas vistas, chegando na linha de


chegada antes de mim.

Theo gargalhou mais uma vez, se levantou e gritou que era o


campeão.

Fui obrigado a rir junto com ele. Até porque meu menino

estava feliz e parecia ter perdido toda a ressalva que tinha comigo.
Abracei-o e beijei sua testa. Senti como se estivesse sendo

observado e sabia muito bem que estava. Já que Jolie estava

deitada em um dos sofás da sala nos observando.


Quando meus olhos encontraram os seus, vi que estavam

brilhando de alegria. Ainda bem que ela não parecia ressentida de

enfim eu ter conseguido conquistar um pouco do nosso filho.


Theo desligou o videogame, pois já estava na hora de deitar,

já que no dia seguinte ele tinha aula.


— Mamãe, boa noite! O Dave vai me colocar na cama.

— Tá bom, querido! — Jolie aproveitou para beijar a testa de

Theo e sussurrou: — Durma bem, meu amor.

O garoto foi na frente e eu fiquei observando Jolie, que

acabou se sentando com alguma dificuldade.

— Você não se importa de eu cuidar dele, né?


Ela me encarou e negou.
— Eu estou contente que ele esteja se adaptando a você.
Pensei que seria mais difícil.

— Eu juro que serei melhor e que ele vai ficar bem.

Jolie me encarou e pediu quase como uma súplica.

— Só não o magoe.

Ajoelhei-me em frente a Jolie e murmurei:

— Não vou, eu juro pra você e dessa vez, eu vou cumprir.


Segurei suas mãos e as beijei.

— Dave…

— Eu juro, Jolie que vou ser o melhor pai para o Theo e vou te

provar que deixei de ser um idiota, que mereço o seu perdão.

Seus olhos de um azul tão radiante, ainda ficaram me

encarando como se não estivesse cem por cento certa de tudo

aquilo. Mas eu iria provar a ela que seria um homem melhor.


Levantei-me do chão e fui colocar o nosso filho para dormir.

Assim que cheguei ao seu quarto, Theo já estava na cama.

Sentei-me em uma poltrona que ficava perto e indaguei:

— Quer que eu te conte outra história?

As noites que Theo passou comigo, em minha casa, foram

cheias de brincadeiras e mesmo que em alguns momentos ele


quisesse se fazer de revoltado, eu conseguia lhe tirar algumas

risadas.
E também lhe contei histórias para dormir, com direito a leite

quente com uma pitada de açúcar e canela. Era aquilo que meu pai
fazia comigo, quando eu era pequeno e estava tentando me inspirar
nele.

— Hoje não, Dave!


Quando escutava Theo me chamando pelo meu nome, quase

sentia uma tristeza me atingir, mas ao pensar em como ele estava


no início comigo, eu já tinha conseguido uma grande vitória.

— E o que você quer? — perguntei.


— Você ainda gosta da minha mamãe?
A pergunta me pegou completamente de surpresa e eu fiquei

sem entender o motivo de ele estar me questionando aquilo.


— É… — Eu não tinha ideia do que responder. — E se eu

ainda gostar?
Theo sorriu e respondeu:

— Seria legal!
Ele se aconchegou melhor na cama, estendeu uma das mãos
para mim, que segurei prontamente. Com sua outra mão, pegou um

dinossauro de pelúcia que ele tinha e o abraçou.


Fiquei por diversos minutos observando aquele garotinho,

minha pequena cópia, e ele achava legal se eu ainda gostasse de


sua mãe.

Um sorriso idiota ficou brincando em meus lábios.


Quando senti sua mão suavizar o aperto eu soube que ele

tinha caído no sono.


Soltei a mão lentamente, a coloquei em cima da cama, beijei
sua testa e o cobri melhor para que não sentisse frio à noite. Afinal,

estávamos no inverno e mesmo que não nevasse em Seattle, as


temperaturas costumavam ser muito baixas.

Saí do quarto, lembrando-me de deixar a luminária acesa e a


porta entreaberta. Fui até a sala e Jolie ainda estava lá. Olhando
para a janela da sua sala que tinha uma vista um tanto quanto

agradável do seu bairro.


Assim que surgi ela voltou sua atenção para mim.

— Ele dormiu? — indagou, curiosa.


— Sim! — respondi.

— Você já pode ir. — Entendi o que ela estava esperando.


Sorri de lado e revirei os olhos.
— Eu vou dormir nesse sofá e só vou arredar o pé daqui,

quando for para a empresa e você estiver cem por cento.


Apontei para o sofá que até há poucos minutos eu estava
jogando com Theo.
Jolie franziu o cenho e levantou rápido demais, sentindo dor

no mesmo momento. Ela soltou um gemido que me preocupou e fez


com que eu me aproximasse rápido demais dela.

— Se machucou, quer ir ao hospital?


— Não! Só me esqueci da minha costela.
— Jolie…

De forma carinhosa e sem a sua permissão, porque não iria


esperar que ela permitisse algo que eu sabia que ela nunca

admitiria, peguei-a em meus braços, o que rendeu um olhar que eu


podia considerar quase como um fuzilamento, e comecei a caminhar

em direção ao seu quarto.


— Me ponha no chão — pediu, quase rugindo.
— Vou te colocar na cama, não quero que se machuque

mais.
Jolie, provavelmente se lembrava do meu temperamento, pois

não disse mais nada, já que não iria adiantar, eu não a colocaria no
chão, enquanto não atingisse meu objetivo.
Cheguei ao seu quarto e a depositei lentamente sobre a cama.

A aproximação me enfeitiçou com o seu cheiro doce. Fiquei


encarando o rosto de Jolie, onde eu via cada detalhe que ela
carregava e principalmente a boca da qual eu sentia tanta falta.
— Fui um idiota que por dez anos preferiu nutrir o ódio a

correr atrás do que eu mais queria.


Jolie engoliu em seco, mas acabou perguntando de forma

petulante, a essência que ela nunca perdeu.


— E o que você queria? — Uma de suas sobrancelhas estava
arqueada ao perguntar.

— Eu queria correr atrás de você, queria te ter em meus

braços, mas preferia acreditar que você era uma traidora a passar
por cima do meu orgulho, do meu ego e pedir seu perdão. Você

disse que só acreditei em você depois de receber aquela ligação,

mas na verdade, eu acho que já sabia, depois de um tempo, mas

não queria acreditar que eu podia ser manipulado tão facilmente. Me


perdoa?

Jolie desviou seus olhos dos meus e murmurou:

— Se for dormir aqui, pegue algum cobertor no armário do


corredor. Agora me deixe em paz.

Não queria ouvir aquilo, porém, não podia ficar a forçando

para nada.
Saí do seu quarto. Peguei o cobertor e um travesseiro, fui para

o sofá, mas antes de me deitar fui até o banheiro que ficava fora dos
quartos, para tomar uma chuveirada.

Só depois que fiz aquilo é que voltei para o sofá, vestindo a

mesma calça, mas sem camisa. Deitei-me no sofá, que por sorte era
confortável, me cobri e deixei que a noite me levasse para o sono.

Amanhã seria um novo dia…

E eu esperava que fosse um dia melhor e que Jolie

começasse a me aceitar de volta.


Era só isso que eu queria.
CAPÍTULO 29

Os dias foram passando e por sorte quando eu acordava,


devido aos remédios fortes que tomava, Dave já havia saído para

trabalhar. Era uma pena que eu não conseguia ver Theo antes de ir

para a escola.
Mas eu compensava aquela falta minha nos finais de semana,

que pedia a comida que ele queria, ou até mesmo permitia que

Dave o levasse ao shopping.


Eu estava na última semana de recuperação e já nem sentia

dores significantes, às vezes um desconforto ou outro, mas nada


que me fizesse gritar de dor, como no início.

Naquele dia mesmo, eu tinha a consulta de retorno com o


médico que me atendeu na época do meu acidente.

E depois iria passar em um lugar que eu havia me decidido

naquele dia. Não podia deixar para depois o que tinha que resolver
de forma urgente.

Faltava uma semana para o Natal e eu precisava arranjar um

emprego, se não eu ficaria na merda. O acidente não estava nos


meus planos, então, toda a reserva que possuía foi para as

semanas em que fiquei acamada.

Cheguei ao hospital e depois de alguns exames o doutor me


liberou, pois estava tudo em seu devido lugar. Saí de lá com um

sorriso no rosto, e depois de pegar mais um táxi me encaminhei


para o lugar que pensei nunca mais voltar.

Quando o motorista parou em frente à farmacêutica, uma leve

palpitação começou e minhas mãos também iniciaram o processo

de suar demais, para algo que eu não precisava temer.

Ou precisava?

Merda!
Paguei o motorista e saí do carro caminhando para dentro do

prédio. Como não fazia parte mais do quadro de funcionários, parei


na recepção e anunciei que gostaria de falar com o senhor McBride.
A mulher, que parecia nova na empresa, sorriu com desdém

em minha direção e murmurou:

— Você tem hora agendada?

Quase revirei meus olhos, mas mantive a calma.

— Não, mas eu tenho certeza de que o senhor…

— Querida, então faça o favor de se retirar, pois o senhor


McBride, não recebe uma qualquer.

Que vontade de pegar a cabeça dela e esmagar.

Continuei sorrindo, mesmo que estivesse com pensamentos

assassinos. Peguei meu celular e não tive outra opção a não ser

discar o número de Dave.

— Jolie? Aconteceu alguma coisa?

Ele não esperou nem o som da primeira chamada finalizar,


antes de atender de forma desesperada, preocupada, desnorteada.

— Dave, estou bem. — Encarei a recepcionista que franziu o

cenho, quando ouviu o nome do seu chefe ser pronunciado.

— Que bom! Fiquei preocupado, já que você não deixou que

eu te acompanhasse.

— Porque não era necessário — resmunguei.


— Ainda vou te provar que estar ao seu lado é mais

necessário do que respirar.


Desde a primeira noite em minha casa, ele vinha me falando

aquelas frases que poderiam fazer com que uma antiga Jolie
acreditasse, mas eu já tinha trinta anos, não dava mais para
acreditar naquilo. Não depois do nosso passado.

— Dave… Eu estou aqui embaixo, mas acho que a


recepcionista é nova, então…

— Ela te barrou?
— Sim! — Tive que sorrir, porque ele pareceu muito chocado.

— Pode subir, Jolie.


— Tudo bem!
Encerrei a ligação e encarei a novata.

— Provavelmente ele vai ligar.


Mal terminei de falar e comecei a caminhar em direção ao

elevador. Nem olhei para trás, pois não queria imaginar o que Dave
estava falando para ela.

Eu não queria humilhar a novata e nem nada do tipo, mas


depois do “querida”, eu nem pensei, só agi. Quem ela pensava que
era para falar comigo daquela forma?
Nunca tratei ninguém com falta de educação, a não ser o

Dave, mas ele sempre mereceu. Agora uma pessoa qualquer, como
eu, não deveria me tratar daquela forma.

Assim que o elevador chegou ao andar da presidência,


caminhei pelos corredores e cumprimentei alguns colaboradores

conhecidos pelo caminho.


Quando parei em frente à mesa de Sonia, sorri para ela.
— Oi, Sonia!

— Ah, Jolie! Você voltou? — Ela pareceu esperançosa.


— Bom… não sei.

— Ao menos não foi uma negativa direta.


Ela contornou sua mesa, me abraçou e sorriu.
— Eu não sei o que você e o patrãozinho tiveram, mas espero

que esteja tudo bem.


Tentei evitar aquele assunto, pois não sabia se Dave havia

comentado sobre Theo.


— Bom, como estão as coisas sem o seu Fernando?

— Ah, querida! Um horror! O senhor McBride está se tornando


uma pessoa workaholic, ele pegou o seu trabalho para fazer, pois
não quis colocar ninguém no seu lugar. E ainda cuida de tudo o que
o pai deixou para trás. Você tinha que ter visto como o pobrezinho
ficou, quando o pai se foi…
A conversa ficou tão pesada que quase fui embora no mesmo

momento. Não sabia que Dave estava daquela maneira. E mesmo


que eu não o tivesse perdoado, sabia que aquilo não deveria ser

saudável para ninguém.


Ainda mais que todas aquelas semanas ele estava dormindo
em meu sofá…

No entanto, ainda bem que a conversa parou, pois a porta foi


aberta e Dave apareceu, usando um terno diferente do que saiu do

meu apartamento aquele dia. Provavelmente, antes de ir à empresa,


ele passou em sua casa.

— Pensei que a Robben, estava te barrando ainda.


Sorri e neguei.
— Só estava matando a saudade da Sonia.

Ele assentiu e acenou para que eu entrasse. Joguei um beijo


no ar para Sonia e caminhei para dentro do antigo escritório do seu

Fernando, que agora era de Dave.


Nada estava diferente, provavelmente ele queria manter a
essência do pai naquele lugar.
Fui tirada dos meus devaneios, quando a porta foi fechada.
Olhei por cima do meu ombro e Dave caminhou até onde eu estava
e questionou:

— E como vai a fratura?


— Estou novinha em folha.

— Que bom! — Dave sussurrou e encarou minha boca, como


ele vinha fazendo há algum tempo.
Puxei a cadeira e me sentei, acho que percebendo que estava

ali para outra coisa, ele contornou a mesa e sentou-se na poltrona

de couro.
— Ao que devo a honra da sua visita, senhorita Thorn?

Revirei os olhos o que o fez sorrir… e maldita hora que ele

abriu aquele sorriso, pois eu só conseguia ver o antigo Dave.

Passei minha língua pelos meus lábios, que se ressecaram


rápido demais e tentei olhar para todos os lugares, menos para

Dave.

— É… Aquela oferta ainda está de pé?


Dave apoiou seus cotovelos na mesa e chegou um pouco

mais para a frente para me encarar.

— Qual oferta?
— A minha vaga ainda está aberta?
Eu já tinha a resposta, mas queria ouvir ele me dizer.

— Ela nunca foi preenchida e não será se você não voltar a


trabalhar aqui.

Senti um peso sair dos meus ombros, pois eu realmente

precisava do trabalho.
— Posso começar hoje?

Dave se levantou da sua poltrona, contornou a mesa, parou

ao meu lado e fez o meu corpo esquentar mais que o normal com

aquela aproximação.
— Pode sim, mas eu não quero que você volte agora. Sei que

o médico disse que está boa, porém, acho mais certo, você tirar

essas últimas semanas do ano de folga, e voltar quando iniciar o


novo ano.

Levantei-me no mesmo momento, de forma abrupta para

provar que estava bem.


— Eu não quero receber um tratamento diferente só por ser

mãe do seu filho — esbravejei.

Nunca dava para conversar com Dave, sem querer esmurrá-

lo.
— Não estou te dando um tratamento diferenciado. Se Sonia

tivesse sofrido um acidente e estivesse disposta a trabalhar, faltando


uma semana para o Natal, eu faria a mesma coisa, se fosse

qualquer outro funcionário, eu também faria isso.

— Mentira, Dave! — Fiquei brava.


— Não estou mentindo, e também tenho planos para esse

final de ano, que estava disposto a discutir com você e Theo.

Naquele momento franzi o meu cenho e cruzei meus braços

em frente ao corpo.
— Qual plano?

— Eu não tenho ninguém para passar o Natal, seria o primeiro

que eu passaria com meu pai, depois de anos… — Dave abaixou a


cabeça e eu o vi respirar para tentar falar novamente. No entanto,

não conseguiu.

Sem resistir e por sentir pena, me aproximei dele e o peguei

com os olhos lacrimejando.


— Dave…

— Eu sinto falta dele, Jolie.

— Sinto muito!
Esquecendo, momentaneamente qualquer desavença que

tínhamos o abracei verdadeiramente e Dave, não se segurou,

desabando em um choro doloroso em meu ombro.


Seus braços apertaram a minha cintura e eu senti meu

coração sangrar ao ver seu sofrimento. Nós podíamos ser quase


inimigos — se é que eu podia chamar a nossa relação daquela

forma —, mas eu nunca desejaria a dor que ele está sentindo, pois

me lembro de quando o meu pai nos deixou.


Afastei o rosto de Dave e enxuguei suas lágrimas, passando

meus dedos lentamente por suas bochechas.

Seus olhos não saíram dos meus, enquanto eu o acalmava

com meu toque, seus soluços foram se acalmando e quando ele


voltou a respirar normalmente eu sorri amigavelmente para ele.

— Melhorou?

— Dói bem menos com você aqui.


Não deveria ter ficado surpresa com seu comentário, porém,

Dave sempre me pegava desprevenida e para variar eu estava

novamente caindo em seus encantos… como eu era boba.

Muito boba e apaixonada por Dave McBride.


CAPÍTULO 30

Ainda segurava sua cintura, enquanto Jolie ficava sem graça


pelo que eu havia pronunciado.

Mas era a única verdade.

— Você quer que passemos o Natal com você? — Jolie,


indagou, tentando mudar de assunto.

Pelo menos ela não tentou afastar o meu contato.

— Eu pensei que poderia ser. Eu nunca passei com o Theo e


seria legal…
— Tá bom, eu aceito e tenho certeza de que o Theo vai adorar

ir até a sua casa,. porque pelo jeito ele amou aquele lugar.
O problema é que eu não queria passar na minha casa.

— Eu quero passar na cabana, Jolie.

— O quê?
Daquela vez ela se afastou do meu abraço.

— Você iria adorar voltar lá, as coisas mudaram, eu reconstruí

a cabana. E ela está mais espaçosa, bem diferente da última vez


que você foi lá.

Jolie me olhava estarrecida.

— Eu não vou voltar lá, Dave.


— Por que não?

Ela me olhou como se não acreditasse no que eu falava.


— Você ainda pergunta?

— Eu vivi os melhores momentos da minha vida, naquele

lugar, queria que Theo começasse a viver também.

— Caso você não se lembre, o meu pior momento, depois de

ser estuprada, foi naquele lugar. Onde você me renegou e ao seu

filho.
Jolie estava meio nervosa e eu não queria fazer aquilo com

ela.
— Tudo bem! Esqueça, eu não deveria ter sugerido aquele
lugar. O fato de eu ainda o amar, mesmo que eu tenha feito essa

merda que você disse, não significa que você tenha que amá-lo

também. Eu só pensei que seria…

— Só pensou em você, não é mesmo?

Ela tinha voltado a ser a Jolie malvada.

— Claro que não! Se eu ainda te conheço, você gosta de


coisas simples, nada grandioso e lá seria um lugar incrível para

você e o nosso filho, mesmo que no inverno seja impossível entrar

no lago.

Jolie negou e respondeu:

— Vamos passar aqui mesmo. Ou no meu apartamento, ou na

sua casa.

— Ok! — concordei.
— Eu vou embora, porque vou aproveitar para pegar o Theo

na escola.

Acabei olhando as horas no meu relógio de pulso e ainda

faltava mais de uma hora e meia para buscar o Theo.

— Espere que eu vou junto.

— Não preciso que você me acompanhe para buscar o meu


filho.
Daquela vez eu revirei meus olhos e dei um passo na direção

de Jolie.
— Ele é nosso filho e eu não estou sendo um cão vigiador. Eu

só tinha combinado que iria buscá-lo e não vou quebrar essa


promessa. Você pode ir comigo e eu deixo vocês em casa.
Fiz um sinal de joinha para ela, o que pareceu irritar Jolie.

Acho que esquecemos completamente o meu estado deplorável,


devido à partida do meu pai, porque o humor daquela mulher era

bipolar.
— Eu vou sozinha.

Segurei seu braço, trazendo seu corpo para perto do meu, e


sentindo o calor que ela emanava passar por sua roupa. Um vestido
social roxo, com um blazer por cima, que combinava com o tecido

do vestido.
— Iremos juntos.

Falei próximo ao seu rosto e a respiração de Jolie bateu em


minha pele.

Ah, Droga!
Cometi o erro de me aproximar demais.
De novo encarei sua boca, tão… deliciosa.
— Dave, me solta — sussurrou, mas nada em seu jeito pedia

para que eu a soltasse, e sim, que eu continuasse.


— Você quer mesmo que eu te solte? — perguntei, chegando

minha boca perto da sua.


A centímetros de uni-las. Se Jolie movesse sua cabeça

lentamente, ela encostava em mim e tudo estaria perdido. Quando


ela não respondeu, soube muito bem que nós dois estávamos
loucos um pelo outro.

— O médico te liberou? — indaguei.


— Para o quê?

— Pergunta errada…
Não esperei que falasse mais nada, avancei meu rosto em
sua direção e acabei grudando nossas bocas, que pareciam sentir

fome e desespero ao mesmo tempo.


Dois sentimentos que nos deixavam completamente à mercê

um do outro. Jolie se esqueceu de tudo, eu esqueci até como era o


meu nome, o que importava naquele momento era dançar com a

língua de Jolie.
Soltei seu braço, só para colar os meus em sua cintura e
segurá-la no lugar, para que eu continuasse devorando-a, comendo-

a como se ela fosse a fruta mais gostosa do mundo.


Jolie jogou os seus em volta do meu pescoço e eu a puxei
para cima, fazendo o seu vestido subir e dando liberdade para que
ela entrelaçasse suas pernas em meu corpo.

Afastei minha boca da dela, para perguntar novamente:


— O médico te liberou?

Ela sorriu entendendo o que eu estava dizendo, assentindo


em seguida e voltando a me beijar, sem parecer furiosa.
Caminhei até o sofá do escritório, deitando seu corpo sobre o

estofado. Em seguida tirei seu casaco, e Jolie começou a


desabotoar minha camisa.

Levei minhas mãos para o zíper do seu vestido e o desci,


puxei o tecido para a frente, deixando Jolie com os seios expostos

para mim. Tirei a camisa que ela havia acabado de desabotoar e


puxei meu cinto.
Ela fez o mesmo com o botão da minha calça e eu me livrei

dela junto com a boxer. Jolie, enquanto eu tirava minha roupa, fez o
mesmo com o vestido, mas ficou com sua calcinha… um pecado de

calcinha.
Tão pequena na frente que deixava sua boceta quase toda à
mostra. Sem contar que era de renda e eu podia ver tudo o que ela

devia esconder.
— Sempre deliciosa, Jolie.
Para me deixar louco, ela passou seus indicadores por seus
seios e abriu as pernas na minha direção. Voltei a me deitar sobre

ela, para começar a chupar um dos seus mamilos.


— Dave… — gemeu meu nome, o que me deixava mais louco

por ela.
Sua mão grudou em meu pau e começou a movimentá-lo.
— Isso, minha delícia. Ele é seu… — rosnei e mordisquei o

mamilo de Jolie.

Ela soltou um grito e eu estava me fodendo para as pessoas


que podiam ouvir.

Desci uma das minhas mãos pela barriga de Jolie e

ultrapassei o elástico da calcinha, chegando na sua parte

completamente molhada.
— Amo o jeito que você fica molhada para mim…

— Você é convencido. — Sorriu e mordeu o lábio inferior,

enquanto eu penetrava dois dedos dentro dela.


— Eu sou o quê? — Perguntei, enquanto enterrava meus

dedos nela.

— Gostoso… — admitiu.
Voltei a beijar sua boca e tirei meus dedos de dentro dela,

para poder arrancar sua calcinha. Jolie não parou de me masturbar,


mas acabei segurando sua mão e a levantando do sofá.

Ela ficou sem entender por um momento, mas assim que me

deitei, murmurei:
— Quero te chupar, Jolie. Me dá essa boceta gostosa.

Jolie não esperou que eu dissesse mais nada, sentando-se

sobre o meu rosto e colocando sua boceta perto da minha boca, que

engoli inteira, assim que estava ao meu alcance.


Jolie começou a rebolar na minha boca e eu continuei

chupando, mordendo seu clitóris, enfiando minha língua em sua

entrada, bebendo todo o seu sabor.


Assim que Jolie gozou em minha boca, tampando a sua ao

mesmo tempo, para poupar um pouco de barulho que estava

fazendo, bebi todo o seu líquido para não deixar escapar nenhuma
gota.

Ela mal tinha gozado, saiu de cima do meu rosto, mas não

saiu de cima de mim, Ela procurou meu pau e o segurando ela se

sentou em cima dele, fazendo que todo o meu cumprimento


entrasse dentro dela.

— Você tá tão fundo, Dave.


Os sons que ela soltava, me obrigaram a aumentar o ritmo

das estocadas e não depender somente dos seus movimentos.

Sentei-me no sofá, para beijá-la enquanto a fodia e para aplacar um


pouco dos nossos sons.

Apertei os mamilos de Jolie com meus dedos e a fodi como

amava, com força, desejo, fome, desespero… minha, do jeito que

eu fodia a minha mulher.


Quando ela gozou de novo em meu pau, foi a minha vez de

me libertar todo dentro dela. Fundo, quente, jatos rápidos e

desesperados, como eu era por ela. Um louco e alucinado.


Afastei nossas bocas, enquanto ofegávamos.

— Eu sou sua funcionária, não podemos ficar fazendo isso —

Jolie sussurrou, comigo ainda dentro dela.

— Eu quero que você seja mais que a minha funcionária e a


mãe do meu filho.

— Dave… — Coloquei meu indicador em cima dos seus

lábios, cortando o seu protesto.


— Eu sei, meu amor. Você ainda não confia em mim, mas eu

tenho fé de que você voltará a confiar.

Levantei-me do sofá, com Jolie em meus braços e aproveitei

para sair de dentro dela.


— Vamos aproveitar que tem um banheiro com chuveiro aqui,

para podermos nos limpar e buscar o nosso filho.


Ela assentiu, mas eu pude ver que Jolie me encarava mais

que o normal. No entanto, não a perturbaria com seus

pensamentos, deixaria que pensasse o que quisesse sobre o que


aconteceu e depois, se ela me dissesse algo, nós conversaríamos

sobre.

No momento, eu ia só lhe dar banho para buscarmos o nosso

filho… Se não, chegaríamos atrasados.


Abri o chuveiro e quando a água esquentou, coloquei Jolie no

chão e ela virou, ficando de costas, mas encostando o seu corpo no

meu.
Ela molhou seu corpo e eu beijei seu ombro.

— Eu não deveria falar, mas não consigo resistir… —

sussurrei. Jolie me olhou por cima do ombro e encarando aquelas

pedras azuis, disse: — Eu ainda te amo tanto.


Jolie não me respondeu, mas ela não precisava, porque em

seus olhos gritava a resposta que eu queria ouvir.

E com o tempo, ela pronunciaria aquelas palavras novamente.


CAPÍTULO 31

Eu disse que nunca mais voltaria àquele lugar e ali estava eu,
no banco do carona do carro de Dave, chegando à cabana, que

realmente estava muito diferente.

Não era mais um cômodo só. Ela era literalmente uma casa,
com a parte da entrada toda de vidro que dava uma visão para o

lago. Agora tinha um deck, com escadas que desciam para o lago e

algumas poltronas ficavam espalhadas pelo lugar.


— Uau! Como mudou — sussurrei.

— Sim, mudou!
Encarei Dave de soslaio e ele olhava pelo retrovisor. Olhei por

cima do meu ombro e Theo ainda estava dormindo. Quando


pegamos a estrada, ele acabou caindo no sono e continuava

daquela maneira.

Suas aulas estavam em recesso, para as festas de final de


ano, então deixaria que ele descansasse.

E foi devido à insistência daquele garotinho que eu tinha vindo

parar ali. Quando comuniquei que passaríamos o Natal com seu pai,
Theo ficou eufórico, eu só não sabia que Dave havia contado sobre

a cabana para ele.

— Mamãe, eu quero conhecer lá. Por favor! — Theo implorou

com as mãos juntas.

— Querido, a casa do seu pai deve ser bem melhor do que a

cabana, lá só tem um lago e…


— O papai e eu vamos caçar…

E foi naquele momento que eu travei, ele tinha dito “papai”.

Theo tinha chamado Dave de pai e eu não podia negar aquela

aventura entre pai e filho para Theo. Ainda mais quando ele parecia

tão ansioso por ela com o pai.


Abaixei-me para ficar à sua altura e sorri para ele, com os
olhos rasos de água.

— Nós vamos! Pode avisar ao seu pai que vamos para a

cabana. — Antes que ele pudesse sair das minhas vistas, já que

ficou todo sorridente com a minha aceitação. — Você já o chamou

de pai?

Theo negou.
— Eu vou chamar. Tava pensando, que eu posso chamá-lo,

né? Porque ele é meu pai e…

— Sim. — Eu o cortei. — Ele é seu pai e tenho certeza de que

amará ser chamado assim.

Theo me abraçou, quando se afastou, disse:

— Ele ainda gosta de você.

Fiquei sem reação, o que fez Theo continuar:


— Eu vi como ele te olha. Parece um bobo babão.

Sorri com a comparação e voltei a abraçar Theo.

— Só você, meu menino.

— Eu gosto dele, mamãe.

— Eu sei e não te julgo, porque é muito fácil gostar do seu

pai.
Theo assentiu e depois disso saiu correndo pelo apartamento

para mandar uma mensagem avisando a Dave sobre o nosso


destino no Natal.

E ali estava eu, saindo do carro de Dave, pronta para passar o


final de semana de Natal naquele lugar, que me remetia a muitas

coisas. No entanto, ao menos a casa estava diferente, seria mais


difícil ter lembranças.
Dave foi pegar nossas mochilas e eu fui acordar Theo.

— Chegamos, meu amor.


Meu menino despertou e sorriu para mim, logo acordou por

completo e saiu correndo do carro para conhecer o lugar.


— Não entre no lago, deve estar congelando — avisei, antes
que ele agisse como um maluquinho.

Fui para trás do carro ajudar Dave.


— Deixa eu levar as sacolas com as comidas.

Dave me olhou de cima a baixo e todo o frio que eu estava


sentindo, foi embora, porque meu corpo pegava fogo quando ele

fazia aquilo.
— Sei que não tenho direito, mas você fica linda, até
embrulhada em um casaco felpudo.
— Dave, para de me paquerar.

— Sabe que não consigo, Jolie. Desde a primeira esbarrada


em você… fui enfeitiçado.

Bati com uma das mãos em seu peito e o empurrei até que se
encostasse no carro.

Aproximei minha boca da sua e quando estava muito perto,


rosnei:
— Eu não vou transar com você de novo.

Dave sorriu de lado, me deu uma piscadinha e assentiu.


Quando me afastei dele, peguei as sacolas com comida e comecei a

caminhar em direção à entrada.


Senti seus olhos comendo o meu corpo, mesmo que eu
tivesse com um casaco bem grande, para me proteger do frio

intenso que tinha amanhecido naquela manhã. Nem mesmo o meu


estilo de bermuda e casaco deu certo, fui obrigada a colocar uma

calça com tripla proteção.


Dave parou no deck e apertou um botão, que liberou a porta

de entrada.
— Porta automática, claro! — Fui completamente sarcástica.
— Benefícios que o dinheiro compra.

— Sempre o riquinho metido.


Assim que entrei na cabana, fui obrigada a parar por um
momento. Porque eu jurei que ela estaria diferente, mas ao menos a
parte da entrada era igual. No lugar da cama, tinha um sofá, mas o

resto…
Onde meus olhos batiam, eu me recordava dos momentos.

Dave e eu transando em cima da bancada da cozinha, em cima da


mesa de madeira no centro da sala, na parede que, ao menos
agora, tinha se tornado um corredor e que provavelmente levava

aos quartos.
— Essa parte, continua a mesma — comentei.

— Nunca reformaria uma parte, que me lembraria de você.


Meus olhos pararam em Dave, que depositava as mochilas

em cima do sofá. Por sorte, Theo entrou na cabana e gritou.


— Aqui é incrível, papai.
Quando ele murmurou o título, Dave deixou a última mochila

cair no chão. Ele se voltou para nosso menino e ficou estático.


Esquecendo o passado, foquei no presente e não pude deixar de

sorrir, quando Dave caminhou até Theo, abaixou-se na sua frente e


sorriu com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
— Meu filho, meu Theo…
Ele abraçou nosso pequeno e eu sorri ainda mais com aquela
cena.
— Você é meu papai.

— Sim, eu sou.
Dave se afastou e beijou a testa do filho.

Deixei-os quietos, com o momento só deles e fui guardar as


coisas. Aquela pequena viagem, era para eles se conectarem mais
e era isso que eu daria a eles.

Privacidade para começarem a ter uma relação de pai e filho.

E… eu, bom, eu já estava completamente apaixonada por


Dave de novo, ou melhor, eu tinha começado a me esquecer da

parte do ódio e o amor estava ganhando naquele momento. Já que

nunca deixei de amá-lo. Mas aquele pequeno segredo ficaria

guardado, até o dia que eu achasse certo dizer em voz alta para ele
escutar.

E eu não sabia se esse dia ainda iria chegar.


CAPÍTULO 32

Ainda parecia um bobo, já que não acreditava que havia sido


chamado de pai. Naquele momento, eu estava picando algumas

maçãs, para Jolie fazer uma torta para a nossa ceia de Natal para o

dia seguinte, no entanto, ainda tinha o sorriso bobo no rosto.


Já estava anoitecendo e a lareira estava acesa, já que o frio

parecia ficar pior a cada segundo.

Theo estava sentado no sofá e como sempre fazendo o que


mais gostava, que era curtir um jogo no videogame. Jolie havia ido

tomar banho, enquanto eu picava as maçãs.


E quando senti seu perfume tomar o ambiente, olhei na

direção do corredor. Ela estava vestindo um suéter natalino e abriu


um sorriso quando Theo parou de jogar e correu na sua direção.

— Também quero vestir o meu — gritou, jogando-se em seus

braços, que sempre estavam prontos para recebê-lo.


— Vai tomar o seu banho que você pode vestir.

— Tá bom!

Só daquela maneira, para ele largar o videogame e ir para o


banheiro.

— Terminou? — questionou, assim que parou ao meu lado,

perto da bancada da cozinha.


— Estou na última — respondi, lhe encarando.

— Lento! — Implicou comigo.


Eu estava gostando daquele dia. Jolie, estava me tratando

como uma pessoa normal e não como a pessoa que destruiu o seu

passado.

— Desculpe, senhorita Thorn, eu não sou muito bom com

facas.

Ela revirou os olhos e estendeu a mão.


— Deixa que eu faço, vai tomar seu banho.

— Tem um suéter para mim também? — brinquei.


Ela pegou a faca, mas apoiou na bancada da cozinha, para
gesticular em direção ao corredor.

— Sim! Deixei em cima da cama do seu quarto.

Fui pego de surpresa, porque não imaginei que ela faria

aquilo.

— Sério?

Jolie assentiu e eu voltei a sorrir.


— É por isso que não consegui deixar de te amar, você

sempre pensa em tudo.

O sorriso dela morreu aos poucos, assim que mencionei a

palavra “amar”.

— Prefiro que você não fique falando essas coisas, o Theo

pode ouvir e pensar algo que não está acontecendo.

Assenti, mas não concordava. Já que a queria de volta.


— Como preferir.

Saí da cozinha e fui direto para o meu quarto. Vi o suéter

vermelho, decorado com diversos bonecos de neve, árvores de

Natal e algumas estrelas.

Fui para o banheiro, arranquei minha roupa e entrei embaixo

da água.
Como eu conquistaria aquela mulher, se ela estava tão

disposta a não me querer?


Deixei que a água quente caísse sobre o meu corpo e fiquei

em silêncio por muito tempo, depois me ensaboei e assim que


estava completamente limpo, saí do chuveiro, me enrolei em um
roupão e esperei que meu corpo secasse.

Quando percebi que já estava bem, peguei o suéter e o vesti.


Era uma coisa ridícula, mas que eu usaria para ficar como um

trigêmeo dos outros dois que estavam do lado de fora.


Assim que saí do quarto e fui caminhando até a sala, fui

obrigado a pausar meus passos para ouvir o que Theo estava


dizendo para a mãe.
— Mamãe, eu gosto do papai. — Ele não estava no sofá,

então provavelmente estava atrás da bancada da cozinha, onde


Jolie se encontrava.

— Eu sei, meu amor. E fico muito feliz que vocês tenham se


acertado, que você tenha começado a gostar dele. Mas porque está

me dizendo isso?
— Porque eu queria que você gostasse dele também.
Engoli em seco com o que Theo havia falado.
— Theo, meu amor. Eu gosto do seu pai, já aprendi até a

conviver com ele. Mas as coisas são complicadas.


Achei melhor ajudar Jolie naquele momento, antes que nosso

filho a colocasse entre a cruz e a espada.


— Voltei, como estou?

Peguei os dois de surpresa e percebi que Jolie quase me


agradeceu mentalmente.
— Ficou brega, papai!

Fiz uma expressão de choque com o comentário de Theo e


Jolie caiu na gargalhada. Era daquela forma que eu queria passar o

final de semana com eles.


Como se nada impedisse a nossa felicidade.
E eu tentaria de tudo, para fazer aquele final de semana se

tornar inesquecível.

***
Theo havia dormido no sofá, enquanto ouvia Dave contar

algumas histórias de quando era pequeno para ele. Em seguida,


Dave o pegou e o levou para o quarto onde dormiria.

Estava encarando a parede de vidro que dava vista para o


lago, quando escutei seus passos se aproximarem. Ele parou em
frente à lareira elétrica e aumentou a temperatura, para que a casa

não ficasse fria quando chegasse de madrugada.


Ele já havia falado que me amava duas vezes e eu não sabia

como reagir com aquele fato. Afinal, a única verdade que eu sabia
era que eu também ainda o amava, mas não queria amá-lo, por
medo… um medo que me impedia de tentar viver com ele.
Dave se sentou ao meu lado e ficamos em silêncio. Eu olhava
para o lago e ele provavelmente para a lareira, mas quando senti
meu corpo queimar e não era pelo fogo, e sim, pelo seu olhar que

me devorava, eu fui obrigada a voltar meus olhos para os seus.


Aquele tom amendoado que me derretia toda, estava me

consumindo de uma forma que eu quase tirei a parte de cima do


meu suéter para tentar me refrescar.
— Você pode tentar negar, mas eu sei que ainda tem algo

dentro de você que gosta de mim.

— Pare de ser convencido — murmurei, tentando não entrar


naquele assunto.

Dave se ajeitou no sofá, o que facilitou com que ele me

comesse com os olhos.

— Deixa eu te mostrar, Jolie, que ainda posso ser o homem


da sua vida?

Tomando coragem, murmurei:

— Como você me provaria isso? Você nem sabe quais os


meus gostos mais, Dave. São dez anos, eu mudei.

Sua mão avançou sobre mim e parou em minha bochecha.

— Não mudou o que é e isso é o que mais admiro em você.


Você ainda é aquela garota sonhadora, que queria salvar as
pessoas, uma pena eu ter feito que você desistisse do seu curso,

mas se quiser voltar eu estarei aqui para te apoiar. Você ainda é a


garota que odeia festas, que prefere um lugar cheio de paz e

calmaria. Um lugar como esse aqui. E você ainda é uma garota que

quer ser amada de verdade, por um homem que te prometa o


mundo e te entregue ele.

Dave se calou e eu não podia negar, mas aquele filho da puta

ainda sabia muito sobre mim.

— Foram dez anos, Jolie, mas dez anos que não tiraram a sua
essência.

Dave puxou meu rosto e logo eu estava a centímetros do

dele.
— Por favor, deixe eu ser o homem da sua vida novamente?

Eu queria dizer não, queria falar que ele não seria mais nada

meu. No entanto, meu corpo reagiu a ele e quando me vi, já estava


com meus dedos entrelaçados em seus cabelos e sua boca estava

sob a minha.

Sua língua avançava e a minha fazia o mesmo, começando

uma batalha quente com a dele. Dave espalmou suas mãos pelas
minhas costas e quando precisamos respirar, ele começou a beijar

meu pescoço.
Soltei um leve gemido, mas lembrei que não podia fazer

barulho. Jurei que não transaria com ele naquele lugar, mas pelo

jeito seria impossível não fazer aquilo, quando eu o desejava


demais.

Dave voltou a beijar minha boca, porém, fui obrigada a impedi-

lo. Ele afastou sua boca da minha e tentou tirar suas mãos da minha

pele, pensando que eu tinha mandado parar.


No entanto, eu o segurei no lugar e disse:

— Continua, mas não aqui, o Theo pode ver.

Dave sorriu de lado, me pegou em seu colo e me levou para o


seu quarto.

Dali eu sabia que eu sairia completamente rendida por aquele

homem. Eu tinha voltado a ser a Jolie, do Dave… Eu o queria e não

conseguiria mais negar.


Eu amava Dave…

E aquela era a única verdade.

Ele me magoou, mas eu o amava demais.


Só estava com medo de que ele acabasse com o resto do

meu coração, pois se fizesse aquilo, eu nunca mais me recuperaria.

Seria somente um caco…

E eu não estava a fim de me tornar um.


CAPÍTULO 33

Dave abriu a porta do seu quarto e a fechou rapidamente,


passando a chave para Theo não ter o risco de entrar e nos pegar

no flagra.

Mais cedo, quando vim deixar o suéter para Dave, percebi que
o seu quarto tinha uma vista maravilhosa para o lago e talvez eu

tenha ficado com um pouquinho de inveja daquela vista e agora ali


estava eu, nos seus braços, enquanto Dave me roubava beijos

vorazes.
Sua boca me punia e alimentava a vontade incontrolável que

eu tinha daquele homem.


Dave me encostou na janela de vidro, com a vista incrível para

o lago e continuou me comendo com sua boca, devorando, me

venerando com seus lábios.


Abri meus olhos e encarei aquele homem que se afastou de

mim, para podermos respirar.

— Eu te quero, Jolie. Eu te amo e vou fazer de tudo para que


você volte a ser minha.

Empurrei-o, fazendo com que me soltasse e tentei não ligar

para suas palavras que me deixavam cada vez mais molhada. Voltei
a colocar a mão em seu peito, empurrando-o em direção à cama.

Daquela vez, quem ditaria o que aconteceria seria somente


eu. Assim que Dave se aproximou o suficiente do local que eu

queria, peguei a barra do seu suéter e o arranquei com fúria.

Assim que seu peito e barriga ficaram expostos, passei minha

língua por cada músculo que ele possuía naquela parte. Dave

fechou os olhos e jogou a cabeça para trás.

Peguei o cós da sua calça e a abaixei, vendo por cima da box


o quanto ele estava pronto para mim. Ajoelhei-me no chão,

liberando o seu pau e o pegando na minha mão.


Cheio de veias e grande…
Aquele homem me deixava maluca.

Passei minha língua por toda a sua extensão e quando

cheguei na cabeça o abocanhei, sentindo seu membro ir até a

minha garganta. Dave segurou meu cabelo com uma das mãos e

começou a movimentar minha cabeça.

Enquanto mexia seu quadril e enfiava ainda mais seu pau na


minha boca. Estava tão fundo, que me engasguei, mas nada que

impedisse Dave de continuar.

Uma lágrima escorreu por meus olhos e aumentei as sugadas

que dava em seu membro.

— Caralho… Jolie…

Dave estava ensandecido, gemia, rosnava, e tentava controlar

os seus sons que estavam me deixando maluca e molhada por ele.


Queria continuar lhe dando prazer, porém, minha boca foi tirada do

seu membro e Dave não deixou que eu controlasse mais nada.

Colocou-me de pé, grudou sua mão em minha nuca e agarrou

minha boca com a sua. Enquanto subia meu suéter, logo nos

separamos para que ele arrancasse minha roupa e quando menos

percebi já estava completamente nua e sendo jogada na cama


macia, onde Dave veio por cima de mim e chupou meu mamilo com

força.
Seus dedos desceram para o meio das minhas pernas e

ficaram brincando com meu clitóris.


— Queria te chupar primeiro, mas você me deixou
descontrolado com aquela chupada.

Dave tirou seus dedos de mim e me penetrou de uma vez com


seu membro grosso e louco por ele. Senti que ele ia até o fundo. Ele

pegou minhas pernas, colocando-as nos seus ombros e continuou a


me foder.

Até que gozei, sentindo as contrações tomarem todo o meu


corpo. Dave soltou minhas pernas, deitou-se sobre mim, enquanto
ainda se movimentava com ferocidade.

Ele encarou meus olhos e sussurrou:


— Te amo tanto… Me perdoa. Por favor? Eu passei dez anos

no inferno sem você, me desculpa.


Ele continuava se enfiando dentro de mim, com mais raiva, ou

desejo, não estava sabendo diferenciar o sentimento, mas o


problema era que eu não conseguia mais guardar O que eu sentia.
— Eu também te amo, porra! — Gemi, e Dave ao ouvir minhas

palavras aumentou ainda mais o seu ritmo.


Levando-me à loucura mais uma vez, gozei de novo e

arranhei suas costas com as minhas unhas.


— Minha linda, deliciosa…

Quando senti Dave se libertar dentro de mim, segurei seu


rosto, para ver sua expressão de prazer enquanto gozava e naquele

momento eu resolvi esquecer tudo.


Passei por cima do meu orgulho.
— Te perdoo.

Dave abriu um sorriso, segurou meu rosto da mesma forma


que eu segurava o dele, seus olhos ficaram rasos de lágrimas e ele

anunciou.
— Obrigado!
E daquela vez, o seu beijo teve o gosto salgado das lágrimas

que escorriam por seu rosto. Mas aquele beijo, era o que
precisávamos no momento.

Naquela cabana eu perdi minha virgindade com Dave,


naquela cabana vivi meses incríveis ao seu lado…

Naquela cabana, eu havia deixado as mágoas do passado


para trás e perdoado o homem que sempre amei. O homem que era
o pai do meu filho e que agora parecia muito disposto a realmente

ser o homem da minha vida.


Ainda dentro de mim, Dave sussurrou em meu ouvido.
— Eu prometo que vou fazer valer a pena pelos dez anos que
passamos afastados, por causa da minha idiotice.

Dei um selinho na sua boca e respondi:


— Vamos deixar para trás o que ficou no passado. Não quero

me lembrar, quero começar a viver o novo com você.


Dave assentiu.
— Como você quiser, caloura.

Sorri para ele e acariciei sua barba.


— Eu já não sou mais uma caloura.

— Sempre será a minha caloura.


Abracei Dave e me senti amada por ele.

Amada de verdade, da forma que eu sempre quis.


Da forma que ele me amou uma vez, mas deixou a raiva
cegar. Daquela vez seria tudo diferente e Dave seria meu para

sempre.
CAPÍTULO 34

Acordei sentindo um corpo colado ao meu. Havia esquecido a

merda da cortina aberta e a claridade entrava direto pela janela do


meu quarto que dava em direção ao lago.

No entanto, eu congelei no mesmo momento que as


lembranças da noite passada me pegaram.

— Eu te perdoo…

Abaixei meus olhos e encontrei Jolie dormindo sobre meu


peito, não consegui controlar o sorriso que estampou meu rosto.

Levei minha mão delicadamente, afastando os cabelos que estavam


caídos sobre o seu rosto e aquele movimento, fez com que os olhos

que sempre amei se abrissem lentamente.


Por um momento, ela observou o quarto, até que me encarou

e quando viu meu sorriso, revirou os olhos, mas também sorriu.

— Parece que você acordou feliz — implicou.


— O mais feliz do mundo.

Jolie se aproximou de mim e beijou minha boca.

— Eu te amo, Dave McBride.


— Eu também te amo, Jolie Thorn.

Nosso momento foi interrompido, quando escutei uma

batidinha na porta.
— Papai, tá aí? A mamãe sumiu!

As bochechas de Jolie ficaram vermelhas e ela arregalou os


olhos.

— E agora? — sussurrou.

— Vamos dizer a verdade.

— E se…

Coloquei meu indicador sobre a sua boca, porque não queria

ouvir qualquer coisa que parecesse com algo de que não íamos dar
certo.

— Será tudo perfeito.


— Papai? — Theo, chamou novamente.
— Oi, filhão! Pode ficar tranquilo, sua mãe está aqui comigo,

já vamos sair.

Jolie se levantou de uma vez, com o que eu disse para o

nosso filho. Sua careta de desagrado quase me fez gargalhar, mas

foi o que meu filho disse que desmontou a mulher raivosa que

queria arrancar algum órgão meu.


— Ah, tá bom! Eu já sabia que ela gostava de você.

Jolie desfez a careta e sorriu em direção à porta.

— Você sempre foi o mais inteligente, filho — ela gritou.

Em seguida se levantou, pegou suas roupas espalhadas pelo

chão e começou a vesti-las.

Fiz o mesmo, já que era manhã de Natal e eu queria fazer

aquele primeiro natal com meu filho ser inesquecível.


Agarrei Jolie pela cintura, antes de ela sair do quarto e

sussurrei:

— Feliz Natal!

— Feliz Natal!

Beijei sua boca, não o quanto eu queria, porque nosso filho

estava nos esperando e quando saímos do quarto o garotinho


estava com um sorriso gigante em nossa direção.
— Vamos ser uma família? — perguntou.

Olhei para Jolie e ela para mim, não ousei responder, porque
tudo dependia dela.

— Vamos sim, filho. Mas com o tempo, primeiro vou namorar o


seu pai e depois quem sabe.
— Tá bom! Mas vamos abrir os presentes.

Theo gritou e saiu correndo na direção da árvore, que eu


havia montado em um dos dias que passei ali, antes de chegarmos

naquele final de semana.


— Namorados, hein?

Peguei sua mão e caminhamos até a sala.


— Sim, vamos começar tudo de novo.
— Gostei disso.

Nós nos sentamos ao redor da árvore e fomos ser felizes,


porque naquele momento a única coisa que importava, era eu ter

visto o quão burro fui.


Deixei de viver aquela vida que eu estava amando, por não ter

acreditado na mulher que eu amava, por ter sido enganado…


Mas agora eu faria tudo valer a pena.
Concentrei-me na troca de presentes. Jolie deu uma armadura

do Homem de Ferro para Theo, que saiu gritando de felicidade. Eu


por outro lado, lhe dei uma lança dardos da Nerf para que

pudéssemos brincar de guerrinha, já que havia comprado uma para


mim também.

Theo se mostrou ainda mais alegre e Jolie me encarou como


se dissesse “você vai machucar meu filho”. Joguei-lhe um beijo e ela

deixou para lá.


Logo pegou um pacote menor e me estendeu.
— Você se lembrou de mim? — perguntei abismado.

— Claro!
Sorri e peguei o pacote, tomando todo cuidado ao abri-lo. Era

um porta-retratos e a foto que continha nele fez com que minha


garganta ficasse fechada com vontade de chorar.
Eu estava bem emotivo naqueles tempos.

Theo era um bebê e segurava o seu dinossauro que ele tanto


amava.

— Pensei que eu nunca teria uma foto dele pequeno.


— Pode colocar em cima da sua mesa na empresa.

Assenti e sussurrei um obrigado. Depois peguei o pequeno


embrulho retangular, que havia escondido atrás da árvore e estendi
para Jolie.

— E você se lembrou de mim — repetiu minha frase.


— Nunca me esqueci.
Ela sorriu e abriu o embrulho, revelando uma caixinha azul da
Tiffany & Co.

— Dave… — Ela levou a mão à boca.


— Abre primeiro, depois briga comigo, caso não goste.

Jolie abriu a caixinha e eu fiquei olhando cada uma das suas


reações e quando uma lágrima escorreu por seu rosto, eu sabia
muito bem que ela havia se lembrado.

Eu tinha prometido que se pudesse lhe daria todas as


estrelas, mas como não podia, comprei uma para ela.

Jolie, tirou o cordão com o pingente de diamante em formato


de estrela e me encarou.

— Acabou que você me deu mesmo uma estrela.


— Se não posso te dar uma do céu, posso te dar uma que
represente elas.

— Obrigada, Dave! Eu amei.


Puxei seu rosto lentamente e lhe dei um beijo rápido.

— E eu te amo.
Jolie sorriu e Theo limpou a garganta.
— Vocês são bonitos juntos, mas vamos brincar? — Meu filho

pediu, fazendo sua mãe gargalhar e eu não fiquei muito diferente.


— Vamos, meu filho!
E naquela manhã de Natal, eu fiquei brincando com Theo na
parte gramada ao lado da cabana, enquanto Jolie nos observava

com um sorriso no rosto.


E pude sentir, naquele momento, que eu voltei a viver de

verdade e que tinha tudo o que queria…


A mulher que sempre amei e um filho que sempre desejei.
EPÍLOGO

3 anos depois

Levantei-me da poltrona da minha sala, com uma dor chata


nas costas. Estar no sétimo mês de gravidez, fazia com que eu

começasse a sentir desconforto.


Daquela vez, Dave estava acompanhando de perto a minha

gestação e se eu desse um gemido, ele já se preocupava, pensando

que algo mais grave tinha acontecido.

Parecia um bobo, mas um bobo que eu amava.


Saí da minha sala e andei pelos corredores da Farmacêutica

Cameron. O legado que o seu Fernando deixou para o meu marido


e que ele estava cuidando perfeitamente bem.

Dave insistiu para que eu voltasse para a faculdade e que me

tornasse a Biomédica que sempre sonhei, mas na verdade, eu


gostava da minha vida agora, e não queria me meter em estudos

novamente.

Tive a chance, não deu, não iria fazer depois de estar


estabelecida em uma profissão que eu gostava.

Dei duas batidas na porta de Dave e abri, colocando meu

rosto para dentro do seu escritório.


— Sinto fome — murmurei.

— Penélope, vai acabar fazendo a mamãe rolar.


Sim, nossa neném se chamaria Penélope e estava sendo um

xodó, afinal Theo sempre quis uma irmã e quando descobriu sobre

Penélope, ele se tornou um puxa-saco da minha pequena comilona,

mesmo que ela ainda nem tivesse nascido.

— Pois é, mas você será obrigado a me amar, mesmo que eu

vire uma bolinha.


Dave se levantou da sua poltrona e foi ao meu encontro.
— Eu te amaria, mesmo que você se transformasse em um
tatu.

— Meu Deus! Que comparação horrível, Dave!

— Senhora McBride, acho que você não entendeu, eu te

amaria de qualquer jeito, mulher linda e deliciosa.

— Acho bom mesmo. — Beijei-o e sussurrei: — E acho bom

você me levar para comer.


— Vamos lá! O que você deseja?

— Uma comida italiana.

— É para já, senhora.

Eu amava aquele homem e todas as besteiras que ele fazia

para me alegrar. Dave prometeu que nunca mais pisaria na bola e

ele estava cumprindo muito bem o prometido.

Um dia, jurei nunca mais vê-lo, mas talvez aquele fosse o


nosso destino, para que hoje nos tornássemos um casal feliz e

completamente apaixonado.

Dave era o meu idiota que me prometeu estrelas, e conseguiu

me dar todas em forma de amor.

***
Peguei minha carteira, colocando-a dentro do bolso e logo
peguei a mão da minha esposa estendida para mim. Fomos

caminhando até o elevador e quando estávamos dentro da caixa de


metal, recebi uma mensagem de Robert.

Robert: Estou em Seattle, posso passar na sua casa hoje?

— Robert quer ir lá em casa, algum problema?


— Claro que não, ele é suportável.

Jolie ainda não gostava de se lembrar do passado e Robert


deixava o passado muito vivo. No entanto, ela sabia que eu o
considerava meu melhor amigo, então tentava ser mais tranquila em

relação a ele.
Com a sua mãe era outra história. As duas não davam certo e

quase nunca se viam. Quando Juliana descobriu que Jolie se


casaria com o pai de Theo, ela apareceu em seu apartamento e

aprontou um escândalo.
O que fez Jolie a expulsar e pedir para nunca mais voltar.
A relação que já estava despedaçada, terminou de se quebrar

e desde então, Jolie vive fingindo que a mãe nem existe.


Nem a julgo, porque eu faria o mesmo.

Assim que saímos para o estacionamento, voltei a segurar a


mão da minha esposa, enquanto íamos para o carro e com a outra
respondi Robert, o autorizando a ir à minha casa.

Abri a porta do Maverick para Jolie e logo contornei o carro


entrando do lado do motorista.

Encarei minha mulher e ela me olhou com um sorriso. A


estrela que lhe dei no dia de Natal, que voltamos a ser um só,

estava pendurada em seu pescoço.


— Eu te amo, Jolie!
— Eu também te amo, Dave!
Tirei o carro do estacionamento da empresa e parti para o
restaurante italiano que aquela mulher amava. Enquanto parei em
um sinal, olhei para o céu e sorri para as nuvens claras daquele dia.

Tinha certeza de que onde meu pai estivesse, ele estaria


orgulhoso de mim. Eu havia me tornado o homem que ele me

ensinou a ser e construí uma linda família.


Ainda bem que existia o perdão e que Jolie me perdoou, pois
só depois de começar a viver a seu lado, que percebi que a vida era

muito maravilhosa.
E que eu era um idiota — como ela sempre me chamava —,

por ter perdido dez anos.


No entanto, hoje em dia eu não perdia nenhum detalhe,

porque era um louco apaixonado por aquela mulher, nosso filho e a


pequena garotinha que chegaria daqui a uns meses.
E eu continuaria fazendo com que valesse a pena cada

segundo que eu passava ao lado da minha eterna caloura.

Fim
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