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Tem dias que você pede ajuda a algum ser superior que habita os
céus, mas a impressão que tenho, é que eles sempre estão
dormindo, justamente porque sou sempre ignorada.
O túnel estava completamente engarrafado, a loja completamente
cheia mesmo que eu fosse a secretária de um cliente vip. Não era
Corbyn ali, era eu. Uma mulher descabelada, com a postura perdida
em algum momento do trajeto até ali, os olhos mortos de cansaço e
o semblante fadigado.
Essa era eu.
No momento em que pisei de volta no prédio da empresa e olhei
para o relógio gigantesco sobre o elevador, soube que estava
ferrada, porque o trajeto que eu queria fazer em 1 hora, tornou-se 2
horas.
Eram 15 horas da tarde, exatamente a hora em que Jacob devia
estar chegando em sua entrevista. Subi o elevador, como um
pecador, em direção ao julgamento. Quando entrei na sala, lá estava
ele.
Por que eu deveria me culpar? Corbyn sabia que não era tão
rápido atravessar para Greenwich, ainda mais com tanta gente nas
ruas. Ele me pediu e eu fiz. Acontece que eu já estava tão
acostumada naquele looping de culpa, acreditando não ser boa o
suficiente para fazer tudo que me era designado, que sempre que eu
não conseguia realizar milagres, acabava jogando sobre mim toda a
culpa que não me pertencia.
Seu rosto estava sério ao me encarar entrando pela porta,
embora já fosse acostumada, sempre me davam calafrios.
— Seu terno. — Estiquei a sacola, depositando sobre a sua
mesa, com a maior delicadeza que eu podia.
— Pedi que voltasse em 1 hora. Se perdeu na rua? — Ele
desengasgou olhando para o terno de ombros.
— Infelizmente nem tudo que você me pede, acaba se tornando
possível, ainda mais quando você me perde pra atravessar o mundo
em 1 hora.
Ele gargalhou, pousando a mão sobre o diafragma e logo depois
fechou a boca, estalando a língua afiada no céu de sua boca, sem
dar um deslize na postura impecável. Quanto mais eu o odiava, mas
eu o achava sedutor.
Era um balanceamento perfeito.
— É assim que se realiza conquistas. Transformando o possível
em impossível, Claire. Mas talvez não esteja pronta para essa
conversa.
— Isso não te dá o direito de ser egocêntrico, Jacob.
Ele sorriu novamente, mas dessa vez um sorriso torto, condizente
com qualquer coisa maliciosa que percorresse sua cabeça.
— Prefiro ser chamado de Sr Corbyn, Claire. Você não fala com
respeito ou formalidade, você fala com…raiva.
Seus passos pesados, novamente, fizeram barulho no carpete no
chão. Ele se aproximou de mim, me avaliando da cabeça aos pés,
mas na hora de subir novamente seus olhos, eles pararam no meu
decote, que provavelmente lhe dava uma boa visão pela altura.
— O que você…
— O foco da reunião não é seu decote, é o contrato. Então por
favor venha com menos dele exposto da próxima vez.
Eu respirei fundo. Seu olhar me queimou por inteira, porque
infelizmente, Corbyn não tinha o hábito de desviar o olhar mesmo
que eu sustentasse os seus. Uma batalha que ele sempre vencia
justamente porque em poucos segundos lhe encarando, meu corpo
esquentava, e eu tinha receio do que eu sentiria se continuasse
sustentando aquilo. Abaixei o queixo encontrando meu peito,
abotoando os 3 botões abertos da camisa social com as mãos.
— Pelo visto você presta atenção em tudo mesmo! — Alfinetei,
assistindo se aproximar da porta e abri-la.
— Eu percebo tudo, até a falha em sua respiração. — Disse ele
— Inclusive, Claire...você fica até as 19h da noite hoje.
Eu passei pela porta e parei no momento em que ele decretou a
extensão do meu horário que já havia sido programado para uma
saída.
— O que? Mas porquê? Não tenho o que fazer aqui! — Falei com
uma clara indignação em minha voz. Aquilo era errado.
Extremamente errado, e mesmo que fosse corriqueiro, eu não podia
abaixar a cabeça sempre. Uma coisa era estender horário quando
necessário e quando Jacob precisava realmente de mim e outra, era
ele praticamente me prender na empresa, porque minhas respostas
haviam sido ríspidas o suficiente para que ele me prendesse ali.
— Ah, temos muitas coisas pra fazer! — Ele deu de ombros à
minha insatisfação. — Minha caixa de e-mails está cheia. Responda
a todos eles!
Ele fechou a porta me deixando com cara de idiota enquanto ele
se afastava de mim e se aproximava do elevador aberto.
— Jacob! — Eu o chamei e ele apenas ajeitou sua gravata.
— Até mais, Claire. Lembre-se, nada de decotes! — Sorriu
desastrosamente sedutor — Eu sou ciumento até com minhas
secretarias.
— Merda! — Praguejei para mim mesma quando as portas de
aço se fecharam e ele finalmente foi embora.
(...)
(...)
(...)
(...)
(...)
Há passagens na bíblia que diz que, aquele que mente vai direto
pro inferno. Mas o que eu sempre me perguntei era se aqueles que
mentiam por uma boa causa também iam? Não que eu ligasse de ir
para um dos lugares mais odiados pelas pessoas, mas não é como
se eu não vivesse um inferno de vez em quando com pessoas falsas
e fingidas ao meu redor tentando tirar de mim, o pouco que podiam.
Afinal, eu era um dos Corbyn, o herdeiro de Michael Corbyn. Luxo e
elegância preenchiam os letreiros com notícias sobre mim, mais
ainda sim, eu preferia o interior simples ao invés da cidade.
Liguei para minha assessoria pedindo para cancelar a procura
pelo responsável da notícia que havia saído no jornal logo quando
Claire saiu. Quando antes eu queria apagar aquilo, minha mente só
pensava em milhares de formas de alimentar a notícia que me
renderia milhões, e o meu foco não era exatamente no dinheiro, mas
na grandeza que tudo se tornaria.
Simon não deveria saber por hora da verdade, apenas da nova
sócia, e provavelmente meu braço direito ali dentro.
— Que chá de boceta foi esse que Claire te deu? — Ele
exclamou mais impactado por ter transformado Claire em minha
Sócia, do que com a notícia de noivado.
— Não foi chá de…boceta. Eu só…— Por onde começar? nem
mesmo eu sabia.
Simon deitou no pequeno sofá ao lado da porta, apoiando os
braços atrás da cabeça, fitando o teto e balançando os pés.
— Cara, me explica isso direito! Eu tô perdido nos
acontecimentos. Claire não tinha pedido demissão? Como ela voltou
noiva e ainda por cima sua sócia? Não me entenda mal, acho que
ela é uma pessoa incrível, e não vejo pessoa melhor pra quem você
possa dar essa chance do que ela, mas é que são tantos
acontecimentos que me deixa perdido!
Tinha que ser algo simples e convincente.
— Não queria expor o que nós tínhamos e deixá-la exposta,
portanto, Claire ficou chateada com a forma na qual eu falei sobre a
entrevista e como eu não queria…
Simon tomou a frente.
— Não queria perdê-la e a pediu em casamento? Olha, não que
eu soubesse o que se passava entre vocês, mas eu sabia que a
forma em que você sorria pra ela quando a via irritada, era muito
mais do que satisfação de chefe. — Seus dentes alinhados abaixo
dos lábios deram as caras. — Bom, acho que você tem muita gente
curiosa querendo saber mais sobre vocês dois, até porque você
disse naquele programa que, a mulher que receberia um anel seu
nos dedos ainda estava para nascer. — Ele gargalhou em desdém,
me vendo cuspir pro alto e receber a excreção salivar na minha
própria cara. O homem negro se sentou, puxando uma nova revista
do seu lado, e empurrando em minha direção. — Cara, vocês serão
os novos entretenimentos dos ingleses pelas próximas semanas,
aproveite o novo patamar da sua fama.
— Não quero ver! — E eu não queria. Tinha coisa demais pra
pensar em tentar resolver, planos demais pra bolar, e definitivamente
eu não queria saber de coisas que não fariam menor diferença a
essa altura.
— Você precisa ver, afinal, é sua noiva. — Estranhamente,
mesmo sendo mentira, eu tinha aquele sentimento de posse,
pequenino e profundo sobre Claire. E ainda que eu soubesse que ele
não deveria estar ali, acenando pra mim, eu estava olhando
diretamente pra ele, dentro de mim, querendo emergir. Talvez porque
ela tenha trabalhado por tanto tempo comigo, mais próxima de mim
do que qualquer outra mulher que não fosse minha querida mãe.
Na capa, em cores que eu tenho certeza que não se
assemelhavam ao original, estava Claire. De biquíni, com um óculo
preso no rosto, bloqueando seus olhos do sol. Os seios cheios
pesando sobre a parte de cima do biquíni preto, e a calcinha
minúscula que era engolida por seu bumbum avantajado e arrebitado
no quadril delgado. Ela estava em pé, na borda de uma piscina, de
cabelos soltos reluzindo ao vento. O letreiro tendencioso do jornal
não havia mentido dessa vez.
“Talvez Jacob não estivesse tão certo na entrevista prestada no
início da semana, porque sua noiva além de já ter nascido, mostra no
Instagram que a sortuda da história não é ela, mas sim o milionário
Inglês…”
Claire era gostosa, e pior do isso era ela ser esperta e gostosa, a
junção perfeita para me quebrar ao meio, ao menos nos sonhos.
Regra era clara: Claire era minha secretária no fim de tudo, e eu
deveria ter respeito por ela, assim como tinha por todas as outras.
— É como dizem, quando se ama, toda vez é sempre como a
primeira vez. — Simon falou divertido me retirando da inércia.
— É. — Concordei — Mas você não está tão longe de mim, meu
amigo.
Simon coçou a cabeça, com aquele sorrisinho diferente, sem
graça e envergonhado. Um homem do tamanho dele, em qualquer
outra ocasião, nunca reagiria desse jeito enfadonho.
— Quinn é incrível! Agora que anunciou seu romance com Claire,
podemos marcar de sair qualquer dia.
— Acho que seria bacana.
A noite já estava caindo e eu precisava conversar com Claire
para alinhar algumas informações. Fechei as persianas da minha
janela, desligando o computador e vestindo o blazer escuro embora
estivesse quente do lado de fora.
— Feliz com a resposta positiva da Pandors? — Simon
perguntou.
Funguei nariz ressecado, com um suspiro longo, ainda sim leve.
— É o que queríamos, não era?
— Com certeza, mas você não acha que talvez, depois de
assinar tudo eles não possam tentar mudar ela? Digo: O contrato já
vai estar assinado, as ações estão no teto, a gossip.com está
explodindo de usuários. Você não acha? seria o momento perfeito
pra eles.
— Acho que não estou me preocupando tanto com isso.
Podemos evitar essas mudanças futuras com uma cláusula no
contrato, sei que os representantes da Pandors estão de olho nessa
oportunidade, mas eu também! e eu te garanto que pretendo agarrá-
la sem ter qualquer prejuízo.
— Prejuízo?
— Atualmente, os dados mostram que os usuários preferem as
ferramentas e interfaces informais. Se a Pandors quiser tirar isso, vai
ser um prejuízo, pois foi investido dinheiro nisso, Simon.
— Então, aproveite a repercussão do seu noivado, e mostre a
todos que a informalidade da gossip.com é o que tem de melhor
nela. — Simon era um amigo incrível. Não existia momentos de
tristeza, existia momentos de aprendizado, porque a todo momento
ele dizia ser uma lição, e de fato eram. Nunca banalizar um erro,
essa era outra regra. — A missão foi dada, Jake.
Eu sorri.
— E ela vai ser cumprida.
Claire Blackwood.
(...)
(...)
— Você devia ter pedido ajuda e não tentado me despedir. O que
você pretendia? Me levar nu para o hospital?
— Oh meu deus, você é horrível! Horrível, Jacob! — Apontei em
sua direção, indignada pela brincadeira de mal gosto — Eu achei que
você estava sufocando, que você não conseguia respirar, eu não
queria te deixar...nu! O seu pescoço estava vermelho...
— Não queria, mas ficou tempo o suficiente me admirando sem
roupa pra achar que você mudou de ideia depois! — Corbyn abotoou
cada um dos botões, me encarando, se alimentando da minha fúria
pós pegadinha sem graça. — Não fique com tanta raiva, depois de
amanhã temos o ensaio de Burberry. Tire o dia amanhã pra fazer
essas coisas que as mulheres fazem quando tem algo importante.
Ergui uma das sobrancelhas, sem entender a última parte. Jacob
era milionário, mas as vezes parecia aquele tipo de homem das
cavernas.
— E o que seria essas coisas que as mulheres fazem?
— Fazer coisas no cabelo, unha e outras coisas! — Ele
respondeu, ajeitando sua gravata. — Eu vou sair pra resolver
algumas coisas, almoçar com minha mãe e ir conversar com Simon
sobre a reunião de fechamento de contrato com a Pandors que
acontece amanhã.
— Então está me dando uma folga?
— Eu não dou folgas a você mais, Claire. Você agora é a minha
sócia, eu apenas sugeri para que as fotos saíssem...melhores! —
Piscou galanteador — Busco você pela manhã, não se preocupe. As
13h estarei na sua porta. — Me respondeu antes de deixar a sala.
Jacob saiu um pouco antes do almoço, e ali, sentada e sozinha
na sala dele, que agora também era minha, eu me pus a pensar que
talvez jamais imaginaria estar onde estou. Mesmo que Jacob tivesse
aceitado a condição de me tornar sócia, ele o fez porque sabia que
eu era capaz, então parte daquilo tudo era mérito meu, e isso me
deixava em paz, pelo menos por hora. Porque mesmo tendo
conquistado tanto, eu nunca perdi o costume de contar minhas
conquistas para a maior e melhor amiga que já tive, e ali, no meio de
tanta notícia boa, nada me fazia mais falta que ela.
Eu estava sem fome alguma, porque o que eu sentia no peito era
saudade de Quinn. Eu tinha tempo o suficiente de almoço para ir até
seu escritório e pedir desculpas por não ter contato, não só sobre o
noivado, mas sobre tudo, sobre a verdade.
— Olá, como vai? Vou para 369, Psicóloga Quinn Dunhill! — Pedi
a recepcionista. A parte boa é que eu ia ali tantas vezes que era
normal me deixarem subir sem sequer pedir permissão direto na sala
de Quinn. Eu subi o elevador vazio ao som de Frank Sinatra que me
deixou quase na porta do escritório dela. Embora houvesse
recepcionista na portaria, ela também tinha uma secretária que
trabalhava em sua sala.
Bati na porta duas vezes, sendo recepcionada por Sara, que
trabalhava com Quinn.
— Sra. Blackwood, tudo bem? — Ela disse carismática.
Eu entrei, me sentando na cadeira de espera pacientemente.
— Olá Sarah, bom, eu estou bem! Quinn está?
— Claro, quer que eu avise que chegou?
— Por favor! — pedi.
Quinn e eu nos conhecíamos desde o ensino médio na cidade de
Dereham, e desde então não nos desgrudamos mais. Nunca fui
aficionada por homens, mas Quinn...Quinn dizia que qualquer
homem bom com negócios era bom de cama, e ela fazia questão de
testar a validar esse ditado velho e infundado. E pelo menos com ela,
dava muito certo. Passamos pra mesma faculdade, embora cursos
diferentes. Ela sempre gostou de escutar as pessoas, sempre foi
uma ótima amiga que nunca falava o que eu gostasse de ouvir, mas
ainda sim o que eu deveria ouvir. Toda desgraça ou benção em
minha vida era passada pra ela. Era um ciclo natural, entre mim e
uma pessoa que já havia deixado de ser apenas amiga a muito
tempo, e se tornado muito mais que uma irmã. Quinn era um
pedacinho de mim, e esconder aquilo dela, era omitir coisas pra mim
mesma.
Sara voltou, com a cabeça baixa, desconcertada, mexendo nas
mãos, sorrindo torto, desajeitada como nunca era. E eu sabia o
porquê.
Mas só porque eu sabia, não queria dizer que eu concordaria.
— Sinto muito, Sra. Blackwood, Quinn está ocupada... — Havia
um pesar em suas palavras. —...Está com cliente! — Se retificou.
Mas eu sabia que era mentira, e eu não desistiria assim tão fácil.
— Não tem problema, aguardo o cliente ir embora.
Sara não esperava que eu dissesse aquilo.
— Acho que ela vai demorar... — Ela me respondeu, apressada,
se pondo atrás de sua pequena mesa quadrada de verniz escuro.
Suspirei fundo sem paciência. Nunca briguei com Quinn, nunca
nos chateamos e já que a culpa havia sido minha, eu não sairia dali
enquanto não pudesse conversar com ela, e a intromissão de Sara
só mostrava o nível de tristeza dela comigo.
— Não vou sair daqui enquanto não falar com Quinn.
— Sinto muito, mas ela não está bem pra falar agora!
Se eu não falasse com ela por bem, falaria por mal.
Eu abri um sorriso de lado, um tanto tristonho para a ocasião,
olhando para o chão. Não havia cliente nenhum. Quinn não queria
falar comigo.
— Ela está sozinha, não está? — Me levantei e Sara ainda tentou
me impedir de ir em direção a sala do consultório dela, mas não foi
rápida o suficiente. Quando eu pus a mão na maçaneta, abrindo a
porta, encontrei Quinn sentada na poltrona ao lado da janela,
enxugando os olhos vermelhos, por provavelmente chorar.
Porque ela estava chorando? Era por causa de mim?
— Quinn?
Ela me olhou assustada e logo para Sara atrás de mim.
— Eu disse que não queria receber ninguém? — A loira relutou a
dizer, ainda estressada por sua ordem falha, dada através de sua
secretária.
— Sinto muito, Sra. Dunhill, eu disse que a Sra. não queria falar
com ninguém agora! — Sara se explicou.
— Quinn, o que está acontecendo? Porque está chorando?
Porque não me ligou mais? Eu fiquei preocupada? — Eu queria
expressar minha preocupação. Não só por seu bem estar mais por
nossa amizade. Eu a amava, pois foi ela, a loira a minha frente que
muitas das vezes me impediu de tirar todos os cabelos da cabeça
em tempos difíceis, onde pensamentos assombravam quando não
deviam.
— Vai embora, Claire! Eu disse que ligaria quando estivesse
pronta pra conversar! — Disse sem ao menos me olhar nos olhos. O
lado de fora da janela chamava sua atenção, mas do que eu,
preocupada, parada em sua porta.
— Eu preciso conversar com você, preciso contar tudo o que
aconteceu, me desculpar, Quinn. Eu...
— Claire, vai embora! Por favor! Só vai embora! — Não era um
pedido. Era uma suplica. Ela não queria ficar sozinha, ela precisava,
por algum motivo.
— O que aconteceu, Quinn? Porque você...você está assim? É
por minha causa?
— É sobre muita coisa. Então por favor, vai embora! Quando eu
puder, entro em contato. — Eu não disse nada. Aquilo não era algo
que eu poderia resolver, e tão menos Quinn me deixaria ajudar a
resolver. — Sara, por favor, leve Claire até a porta.
Eu não sai. Me deixei ser levada por Sara, observando minha
melhor amiga voltar seus olhos para a janela, sem ao menos me dar
um olhar de despedida.
O que havia acontecido com Quinn? Meu coração dizia que eu
não era a única culpada.
Não poder falar com ela, era como se eu não pudesse contar com
alguma parte crucial de mim, pois era isso que minha melhor amiga
representava, um pedaço importante da minha vida. Voltei para
minha sala logo depois de deixar o escritório de Quinn. Tudo estava
pacifico demais, e embora eu tenha me estressado mais cedo com
Lenon, acredito que depois do copo de água que esfriou sua cabeça,
ele não voltaria e incomodar nem tão cedo, mas mesmo que voltasse
a incomodar, eu estaria pronto para virar o bebedouro inteiro em sua
cara.
Simon pediu que eu deixasse toda a papelada para o contrato do
dia seguinte pronta. Assinei o contrato que me tornava oficialmente
uma sócia, que tornaria a Orsoft parte de mim.
Com uma vida de poucas pessoas e poucos acontecimentos, eu
me dedicaria ao que eu tinha, e a empresa era parte disso agora. E
eu ficaria ainda mais feliz em ver que os funcionários que faziam
parte da equipe, estariam dispostos a botar o coração ali, quando
Jacob fizesse o anuncio do aumento digno de tanto esforço honesto.
O Sol se pós cedo, e eu o vi descer pelo horizonte, esboçando
uma coloração entorpecida, alaranjada, dando adeus a mais um dia,
quente por sinal. Era hora de ir pra casa. Durante todo o caminho, no
taxi, minha cabeça vagou por lugares hostis dentro da minha mente,
momentos da minha vida na qual eu penso que talvez pudesse ter
deixado de existir, como meu relacionamento com Hardin. Se minha
mãe estivesse viva, será que eu teria deixado tudo chegar ao ponto
que chegou? Não era amor, era apego emocional, era o medo de
estar sozinha, de chegar em casa e encontrar apenas a cama me
esperando, sem premissa de futuro ou alguma anulação do passado.
Apenas o silencio triste e sufocador. O meu relacionamento com
Hardin, depois de certa altura passou a ser apenas...comodismo.
Embora nova, minha mãe foi alguém marcante em minha vida, e
Tia Carrie apenas agregou a tudo que ela me ensinava. Lembro-me
de noites em que ela dizia o que nunca aceitar de um homem,
mesmo nova, suas instruções foram cirúrgicas, embora eu tivesse
ignorado todas elas pra estar com Hardin. E olhando de longe...eu
dou graças a deus por estar livre dele.
— Boa noite, Daniel! — Acenei para ele, vendo balançar a
cabeça retribuindo a saudação. Estava tudo vazio demais, e ainda
que fosse noite, parecia clima de fim de ano, mas havíamos acabado
de chegar na metade dele.
Quando botei o pé dentro do meu apartamento senti um aroma
diferente, e ao ligar a luz, eu encontrei a origem dele.
— Boa noite, amor. — Ele sibilou, me encarando, sentado no
sofá, estirado, com o braço esticado sobre o apoio rente a parede. —
Ficou surpresa?
O susto foi inevitável, a faísca de receio que se acendia em
minha nuca, iluminando todos os pelos do meu corpo. Hardin estava
apático, de uma forma que eu nunca o vi antes.
— O que você faz aqui? Como entrou aqui? Eu troquei a
maçaneta. — Perguntei com medo, sem ter como esconde-lo dessa
vez.
— Esqueceu de pedir ao porteiro pra não me deixar entrar, e
sobre a maçaneta, nada que um clip não ajude! — Ele sorriu,
sentando-se virado exatamente pra mim. — Mas vamos ao ponto:
Que porra é essa de noivado com seu chefe, Claire?
Mais um acontecimento para o dia difícil. Não havia escapatória,
mas pior do que contar a verdade sobre o falso noivado, seria afirmar
que eu realmente estava noiva de Jacob. Mas contar a verdade,
implicaria em muita coisa e botaria muita coisa a perder. Afinal,
Hardin não merecia a sinceridade.
— Vá embora! — Apenas o cortei.
Ele riu.
— Ir embora? Eu quero saber que merda é essa, Claire. Na
nossa última conversa você diz que chutaria as bolas dele se ele
tentasse algo, e dias depois aparece noiva dele? Que porra tá
acontecendo? Você me fez de otário durante todo esse tempo
debaixo do meu nariz? — Hardin estava começando a ficar
notoriamente alterado, não só por seu tom de voz, mas por suas
gesticulações.
— Não temos mais nada, Hardin. Absolutamente NADA! — Falei.
Em sua cabeça, apenas ele podia acabar com o relacionamento,
mas minha opinião sempre havia sido irrelevante durante todo esse
tempo.
— Essa merda que você chama de relacionamento com seu
chefe está fodendo minha vida!
— Fodendo sua vida? E porque motivo meu noivado com Jacob
estaria fodendo sua vida, Hardin? Consegue ouvir o que está
falando? — Eu o perguntei, indignada. — Você não tem o direito de
invadir o meu relacionamento e me acusar de coisas que não fazem
sentido.
— Você é minha, Claire. Me humilhou, me humilhou diante de
Londres inteira.
— Você já me humilhou diante de tantas pessoas, por tantas
vezes e eu nunca pude sequer reclamar. E não, eu não sou sua, na
verdade nunca fui. Eu pertenço a mim, somente a mim! Agora saia!
— Abri a porta, sentindo um misto de preocupação com receio. Eu
achava conhecer Hardin, mas ali, diante de mim, ele estava
provando que não, e que talvez eu não conhecia nem mesmo a mim.
— Vou perdoar você, Claire. Vai acabar com esse noivado e
voltar pra mim.
Ele parou diante de mim. Me encarando no fundo de uma alma
que nunca se encaixou na sua, porque eu não passei de um móvel
velho que fazia enfeite em sua sala. Nunca fui importante para
Hardin, e o que ele sentia agora, era a dor da perda, não de perder
algo com quem ele se importasse, mais a dor de perder algo que ele
denominava como seu e de mais ninguém, com a certeza de que ele
sempre seria minha primeira escolha, assim como foi em toda a
faculdade, por tantos anos imbecis.
Mas agora eu sabia que havia sido apenas desperdício.
— Você só pode estar perdendo a cabeça! — Aleguei. Aquilo era
loucura.
— Você vai voltar pra mim, vou dar a você 5 dias para acabar
com essa palhaçada. E todos iram ver que podemos ser um casal
feliz. Me entendeu?
— Vá embora! — Insisti, fitando o chão. Hardin agora me enchia
de nojo e má digestão. Ele passou pelo batente, parando ao lado de
fora da porta. — Se aparecer aqui de novo, eu juro que chamo a
polícia.
— 5 dias, Claire. E não esqueça de atender ao telefone.
Eu nunca lidei bem com ameaças, ainda mais aquelas onde eu
tinha razão. E ali, diante da penumbra da noite, tudo que eu queria
era paz. Não queria pensar nas ameaças de Hardin, na falta de
contato com Quinn, na falta de Tia Carrie ou no meu noivado falso e
a capacidade de fingir que tudo estava bem, mas ainda sim com todo
aquele amontoado de alegria, ainda me restava aquele sentindo
pequeno, mínimo de tristeza para resolver agora, o que acalentaria o
meu coração ansioso e preocupado com tudo que virasse uma bola
de neve mais tarde, e nesse caso, eu sabia que precisaria me
resolver com relação a Hardin.
Faze-lo entender que não existia mais nós ou abrir contra ele,
uma ocorrência na delegacia.
Isso teria que ser resolvido, sendo ou tarde.
Capítulo 11
Jacob Corbyn
(...)
Ficamos ali, conversando, botando o papo em dia. Contando-me
como havia sido seu reencontro com Simon e sua descoberta da
gestação. Contei a ela sobre meu dia a dia na Orsoft, até as
mudanças que foram feitas e que finalmente estavam dando certo
dessa vez. Vimos alguns filmes, até que desse a hora e fossemos
para o bar.
Quinn tinha carro, então dessa vez, eu dispensei o taxi. Seu
corpo era gordinho e em um estado de gravidez tão recente, ainda
não era possível ver a saliência do bebê ou senti-lo dar os primeiros
pulos em sua barriga, mas não tenho dúvidas de que Quinn estava
ansiosa para que a hora de o sentir finalmente chegasse, afinal,
dizem os sábios que a maternidade desperta o melhor nas mulheres,
não é mesmo?
Willow já estava lá quando chegamos, e ao nos ter sob campo
de visão, levantou sua taça de Gin em minha direção.
— Vocês sabem que eu nunca aguento esperar tanto! — Ela
resmungou.
— Me surpreende você não estar bêbada! — Eu disse rindo,
enquanto solicitava ao garçom uma dose de tequila.
— Só quando você chegasse, Claire! Porque felizmente não
podemos contar mais com Quinn, nossa guerreira foi abatida. — A
mulher nega, abraçou a loira, sorrindo, dando-lhe um beijo de
cumprimento na cabeça, pois notavelmente era mais alta que ela.
— Então você já sabe! — Eu praticamente afirmei.
— Pois é, dessa vez eu fui a primeira!
Tomamos boas doses, enquanto eu contava também para Willow
sobre todo o acontecimento desde a notícia nos jornais, até o
catalogo da Burberry.
— Porra, você é uma filha da mãe sortuda! Diz que aproveitou
bem daquele homem, Claire! Diz! — Willow sibilou, atenta, enquanto
Quinn gargalhava sem parar, temendo respirar e beber o suco ao
mesmo tempo.
— Nós trabalhamos juntos, Willow!
— Mais isso é uma vantagem! Diz, ele tem o pau grande mesmo
ou... — Eu tossi, abafando o som e rindo junto de Quinn. Era
impossível ficar séria. A morena exalava humor por onde quer que
passasse, e ficar sério era um desafio que poucos conseguiam.
— Eu não sei, eu só o senti duro! Mas acho que sim! — Eu
odiava ficar envergonha, como estava agora.
— Ah, mas pelas fotos que tem na internet, eu espero que
sim...e olha, vocês se pegaram mesmo! Olha essas fotos! — Ela
puxou o catalogo da bolsa, e quando folheou a página, lá estava eu,
sentada sobre o colo de Jacob, com a boca pressionada na sua,
minhas mãos em seu peito, e a mão grande dele engolindo minha
cintura e pressionando minha nuca.
— Cassete, eles botaram essas também! — Deus, só me vinha
Hardin na cabeça. Eu precisava acabar com aquilo, porque se ele
tivesse visto esta revista, certamente não viria conversar tão
amistoso na próxima vez. Eu já havia deixado o porteiro avisado para
não o deixar subir, porque nem mesmo do meu círculo de amizade
ele estava presente mais.
“Podemos conversar agora?” — Era uma mensagem de Jacob,
ignorada de novo.
— Gata, se vocês estavam fingindo nessas fotos, vocês devem
ganhar o óscar de atuação. Mas eu juro que esse homem parece
que vai te quebrar se vocês realmente transarem.
— Não vamos! — Deixei claro, mesmo que meu corpo me
sabotasse em uma próxima oportunidade de fazê-lo.
— É isso que ela diz, Willow! — Quinn chamou atenção. — Mas
me conte, como foi seu dia hoje?
Ela virou seu copo de gin, pedindo um novo para o garçom que
se apressava para servi-la. A mulher era uma esponja de bebidas.
— Meu dia foi uma merda. — A morena proclamou, admirando o
cigarro na vitrine, sabendo que ali não era permitido fumar. —
Consegui uma entrevista que ia me render um respeito gigantesco
na emissora, mas adivinha? O cara sofreu um ataque epilético e
faleceu pela manhã. Realmente só pra me foder. Mas eu juro que
entendi, deus não quis!
— Entrevista sobre o que? — Eu perguntei, curiosa.
— Sobre uma milicia no estado de Nova York e como eles
transitam de um lugar pro outro. Ele trabalhava lá dentro, ia mostrar
o rosto, mas acho que não deu tempo. E eu ainda ia entrevista-lo
ontem, mas cheguei atrasada e adiei pra hoje.
— Oh, sinto muito Willow! Talvez consiga outro em breve. —
Quinn disse, com pesar.
— Ou não. Mas vou ficar por enquanto falando mal da prefeitura
de Londres para que alguns impostos sejam reduzidos e algumas
obras saiam do estágio inicial, sempre costuma funcionar.
— E você gosta do que faz? — A questionei. Não que eu
estivesse curiosa, mas eu amava o que eu fazia, mas Willow não
tinha lá cara de tantos amores para a profissão de repórter.
— E se entrevistasse Claire? — Quinn sugeriu e eu encarei a
morena, que agora ria, com toda atenção no cigarro filho da mãe.
— Não que você seja tediosa, mas eu prefiro política, tragédias
públicas e desastres naturais, isso dá mais pontos de audiência. E
vai por mim, eu sou melhor criticando do que elogiando. — Ela
disse.
Passamos quase 3 horas conversando, trocando informações e
notícias do que havia acontecido nos últimos dias. Willow namorou o
cigarro na vitrine do caixa por tempo o suficiente até tomar as rédeas
e ir comprar, para se retirar para fumar no lado externo do bar.
— Acho que já vou indo! Vou me encontrar com Simon, ele vai lá
pra casa!
Era algo reconfortante saber que minha melhor amiga estava
prestes a forma uma família saudável. Foi algo inusitado e que me
assustou, mas não como assustou ela. Simon sempre foi um homem
mais centrado, e mesmo que essa notícia tenha mexido mais com
Quinn, eu não tenho dúvidas de que embora o susto, ele estivesse
em um estado pleno de felicidade. Afinal, toda criança que chegava
na recepção da empresa, ele era o único capaz de dedicar alguns
poucos minutos do dia para lhes dar atenção, no meio de tanta gente
engravatada que ao menos lhe daria um olhar decente.
— Tudo bem! Eu vou pra casa. — Eu murmurei. Eu precisava
sentar no box do meu chuveiro, e pensar em como eu conversaria
com Jacob e também quando. Éramos dois adultos e talvez o fato de
ter correspondido tão ativamente a cada um dos toques dele, me
deixaram sem muitas palavras. Eu adoraria dar uma de maluca e
fingir que absolutamente nada havia acontecido, mas ele não
deixaria isso passar sem um discurso de “Ah Claire, foi no calor do
momento, eu sou homem e bla bla bla”
— Simon está lá fora, vamos! — Quinn se levantou pagando a
conta, passando na frente. Nós despedimos de Willow que entrou no
bar de novo para beber. E quando chegamos na esquina do bar,
avistamos o carro de Simon, mais logo a frente, também estava
estacionado um carro que eu conhecia muito bem. Jacob abriu a
porta, saindo de dentro dele agasalhado, com sua face séria, me
encarando minuciosamente, querendo uma explicação que pra ele
agora, valia de milhões!
Quinn adentrou no carro de Simon, acenando e sorrindo em
minha direção.
Jake se aproximou, atravessando a rua, com seus cabelos
bagunçados, a barba ainda maior, deixando seu rosto estupidamente
belo, e o nariz vermelho de calor.
Estávamos cara a cara.
— Vai me ignorar aqui também?
Capítulo 13
Jacob Corbyn
(...)
(...)
(...)
(...)
— É claro que foi uma imensa surpresa! Você parecia ter aversão
a Jacob. Mas pelo visto trouxe coisas boas, afinal, vou ter o dobro do
meu salário e isso já um motivo de pra comemorarmos. — Lorah
bebericou o café rindo à toa depois de saber que seu saldo no banco
seria maior a partir do próximo mês.
— Foi uma surpresa até pra mim! — Mordi a rosquinha de trigo
depois de ter acabado com meu capuccino. — Mas fico feliz em
saber que estão contentes com o aumento.
— Não tem como não ficar! Mas pelo que parece Lenon odiou!
— Lenon faria menos falta se fosse pro inferno!
Lorah soltou uma risadinha baixa como se as paredes tivessem
ouvidos. Eu havia chegado cedo, antes de Jacob já que ele havia
dito que iria se atrasar para sair. Na verdade, quis passar antes no
consultório de Quinn para lhe dar um beijo e jogar um pouco de
conversa fora já que ela não tinha pacientes pela manhã.
— Acho que pra fechar com chave de ouro, o Sr Corbyn podia
demiti-lo.
Sorri pensativa.
— Está aí uma boa ideia! — Eu respondi.
Mas nada no preparou para a aparição do próprio em pessoa.
— Boa ideia, é mesmo? — Falando no diabo.
Lorah abriu os olhos do tamanho de acerolas e se desencostou
da parede da cozinha, pedindo licença.
— Sr Blackwood, vou voltar pra recepção. Se precisar de mim
sabe onde me encontrar.
Eu não dei atenção para Lenon. Fingi que sua pessoa nem
mesmo estava ali, mesmo que ele continuasse me encarando
aguardando uma explicação para a boa hipótese de sua demissão
recém levantada.
— Ouvi certo, Claire? Levantando a probabilidade de Jacob me
demitir? — Ele parou na porta bloqueando a saída.
— Foi só uma brincadeira, Lenon. — Eu respondi, tentando ser
legal. Mas com ele, visivelmente não funcionava.
— Espero que não se importe com minhas brincadeiras também!
— Ele murmurou, entrando na cozinha e logo fechando a porta.
O que esse merda estava pensando em fazer.
Dei um passo pra trás, procurando mais espaço, porém
encontrando apenas a parede fria atrás de mim.
— O último copo da água não foi o suficiente?
— Então está tentando fazer a cabeça de Jacob para me demitir?
O que quer Claire? Hein? Que porra você fez com ele? Alugou um
triplex naquela cabeça loira e está manipulando suas ações? — Ele
disse com um tom que começou a parecer ignorância de sua parte.
— Jacob é muito grandinho pra ser manipulado por mim. — Eu
murmurei vendo-o se aproximar cada vez mais. — Saia daqui e abra
essa porta, Lenon!
— Foi você não foi? Foi você que fez ele virar a porra de uma
boneca distribuindo dinheiro pelos funcionários, não é?
Ele se aproximava, e à medida que ele o fazia, eu contornada a
cadeira.
— Eu vou gritar por socorro! Abra essa merda!!!! — Exclamei
ainda mais alto à medida que o nervosismo e a ansiedade iam
tomando conta de mim. Corri para alcançar a porta na pequena
cozinha, mas o filho da puta foi mais rápido e agarrou o colarinho do
meu vestido preto, e puxou com toda força quase me enforcando.
Quando eu estava quase esquecendo Hardin, Lenon tomava o seu
lugar como um maníaco perseguidor. — Socorro!!!!! — Gritei o mais
alto que pude. Tombei no chão, sentada, olhando Lenon de cima pra
baixo, assistindo sua mão se levantar no ar. Mas quando ele engatou
em gira-la em minha direção, algo o puxou forte o suficiente para
joga-lo a alguns metros, por cima de algumas mesas ao lado de fora.
Era Jacob.
Ele parou no batente da porta, me encarou.
— Você está bem? — Ele se aproximou, olhando meu rosto,
passando a mão em meu pescoço, onde estranhamente ardia.
— Eu...estou bem! — O respondi. Ele se levantou, indo até onde
Lenon estava estirado sobre a mesa.
Não entendi muito bem o que ocorreu depois, não sei ao certo se
foi por causa do nervosismo ou da adrenalina ainda alta em meu
sangue, mas a silhueta de Jacob sobre a mesa era única, atingindo a
cara de Lenon por diversas vezes repetidas. Alguns gritos ecoaram,
tornando-se sempre mais altos, até a imagem de Simon aparecer,
agarrando-o pela cintura, fazendo-o soltar o imbecil sobre a mesa,
que logo levantou cambaleando, sendo amparado por seus
companheiros de trabalho.
Me levantei, correndo, e Simon o estava levando para sua sala.
Os funcionários inteiros do andar ficaram encabulados com a cena
de violência explicita. Jacob era sempre muito centrado, e aquele
episódio havia sido algo que nenhum deles esperava ver
acontecendo.
Entrei na sala, trancando a porta.
Simon estava tirando o blazer de Corbyn, enrolando seu pulso no
pano. Estava sangrando. Eu peguei sua mão, e o corte
anteriormente feito no episódio com Hardin, havia aberto por cima do
ferimento que já estava cicatrizando.
— Merda Jacob, por que fez aquilo? Porque tem que perder a
cabeça assim?
Ele me puxou pelo pulso, olhando meus pulsos, meu vestido,
procurando minunciosamente algo anormal, que talvez não deveria
estar ali.
— Ele fez algo com você? Hein?
— Não...só puxou meu colarinho! — Eu respondi. — Deus, olha o
que aconteceu!
— Porque não me contou?
Franzi as sobrancelhas.
— Porque não te contei? — Eu não estava entendendo.
— Está nas filmagens da câmera, Claire! Sei que não foi a
primeira vez. Porque não me contou, porra?
Fechei os olhos. Eu havia esquecido a merda das filmagens.
Como fui dar esse mole?
— Jacob...
(...)
Jacob Corbyn
(...)
Saí do quarto, tomei um banho no quarto de hospedes, e assim
como ela havia dito, não tinha efeito nenhum. Me deitei na sala, no
tapete macio e liguei o abajur sobre a mesa, de frente pra lareira.
Sem a menor condição de acende-la, caso contrário eu realmente
me sentiria um pato assado.
Havia se passado um tempo, e acredito que faltava pouco mais
de uma 1 hora para que o sol subisse no céu.
Meu corpo inteiro estava acesso. Eu conseguia sentir cada
arrepio por meu corpo indeciso entre deixar aquilo passar ou me
expor e me aliviar ali mesmo, no sobre o carpete da minha mãe. Em
outras circunstâncias acho que essa noite eu teria ficado com Claire
se minha mãe não tivesse dado esse empurrão da forma errada.
Me estiquei no chão, botando os pés sobre a almofada. Tirei a
blusa, ficando apenas de bermuda. A casa no campo era
maravilhosa, mas havia apenas um defeito monstruoso que agora
poderia ter feito uma tremenda diferença: o ar-condicionado. No
quarto em que eu e Claire ficaríamos havia um, no quarto de minha
mãe também, mais na sala? Apenas janelas que seu eu ousasse
abrir a essa hora da noite, eu seria carregado pelos mosquitos
famintos por uma gota de sangue.
— Eu não consigo dormir! — Tomei um susto com Claire em pé,
próximo dos meus pés. Apenas de Short com um sutiã meia taça
cobrindo seus seios cheios. Porra, isso era uma sacanagem. Eu
aqui, esperando uma excitação sem tamanho passar, enquanto ela
exibia seu corpo seminu pela casa.
— O que houve?
— Estou tentando ligar o ar-condicionado, mas não consigo! —
Claire ao menos olhava em meus olhos. Apenas me deu as costas,
se aproximando da escada. — Pode me ajudar? Aquele quarto
parece o inferno.
É, acho que não só o quarto, mas a situação ao todo.
Subi as escadas, e ela abriu passagem para que eu pudesse
passar, mas a primeira coisa que meus olhos encontraram foi o
controle do ar sobre a cama, e logo depois o ar gelado bater contra
minha pele, refrescando meu suor. Aquilo realmente era o que eu
achava que era?
Claire batendo a porta e bloqueando-a com o corpo era a maior
das respostas.
— Tem certeza que é só pra ligar o ar-condicionado que você
quer ajuda?
Seus olhos avelãs se fecharam.
— Eu ajudo você e você me ajuda, Corbyn! Eu tô...agoniada!
Ela saiu da porta, dando a volta sentando-se na cama.
Me aproximei de seu corpo sobre a cama, dei uma risadinha
admirando seu rosto.
— Eu já tô precisando de ajuda a muito tempo! — Ajoelhei-me
entre suas pernas, encarando seu lindo rosto vermelhado. — Mas
você é teimosa, Claire. Luta contra o que não deve!
Minha mão abaixou uma de suas alças expondo um de seus
seios lindos, durinhos de tesão. Apertei, sentindo a macies e ela
fechou os olhos, passando sua mão por meu ombro, pescoço e
braço.
— Você está quente... — Ela sussurrou ainda de olhos fechados.
— Qual a chance de tudo o que temos de acabar mudando?
— Explique-se, meu bem! Não sou bom com enigmas! — Eu
sussurrei contra a pele de seu diafragma. Ela jogou a cabeça pra
trás, apoiando seu cotovelo na cama.
— Antes você era só o Sr Corbyn e agora você está quase
chupando meu...peito!
A agarrei pela cintura, jogando seu corpo mais para o centro da
cama, jogando meu corpo entre suas pernas, beijando seu pescoço
salgado pelo suor insistente. Sua respiração estava carregada de
necessidade, mas ela não voltaria ao ritmo normal enquanto eu não
desse o que seu corpo tanto queria.
— Só vai mudar se você quiser. — Sussurrei beijando sua boca
gulosa, que retribuiu o beijo assim que nossos lábios se chocaram.
Meu dedo percorreu a lateral de seu corpo, enquanto suas pernas
fechavam-se em minha cintura, e eu tinha certeza que ela podia
sentir meu pau tremular dentro do short de cetim, enlouquecido para
estar finalmente dentro dela.
— Me deixe ficar sobre você! — Ela pediu e eu acatei. Uma
mulher carregada de tesão embaixo de mim fazendo pedidos era
algo que eu não costumava ignorar, ainda mais quando era uma a
quem eu passava boa parte do tempo desejando. Ela sentou sobre o
meu colo e tratou de rebolar como se o ato lhe desse energia.
— Era isso que queria, se esfregar no meu pau, Claire? —
Exclamei quando senti pela decima vez ela arrastar seu tronco pra
cima e pra baixo, friccionando como força seu quadril contra o meu.
Enfiei minha mão pela lateral de seu short, cintura acima e a filha da
mãe estava sem calcinha, literalmente somente de short.
— Eu vou gozar... — Que? Como assim? A que nível de tensão
sexual ela estava?
Agarrei seu quadril, jogando-a sobre a cama. Puxei seu short,
tirando apenas uma das pernas e sem lhe dar um folego para
entender o que eu queria, eu lambi seus lábios íntimos melados,
adocicados pelo que transbordava em seu corpo agora. Enfiei um
dos dedos dentro de seu canal quente, sentindo pequenos espasmos
que delatavam seu corpo no limite, mas ainda não em um pré
orgasmo. Mordi suas coxas para retardar o pico de seu prazer, e
voltei com a língua para os lábios menores, subindo pela carne de
seu meio, até chegar em seu clitóris e a carne que o envolvia.
— Eu quero ouvir meu nome na sua boca, sem rodeios! — Fechei
a boca em seu ponto de prazer enquanto internamente passava a
língua suavemente sobre a carne sensível, sugando ao mesmo
tempo. — Essa noite eu vou foder você até que fique sem força nas
pernas, me entendeu? — Claire não só era gostosa, quanto me fazia
querer estar no lugar de meu dedo, socando tão fundo que os
vizinhos ouviriam a cama arrebentar a parede. Investi dois dedos
dentro de sua entrada, e suguei seu clitóris ao mesmo tempo
enquanto Claire posicionava seus dois pés em meus ombros,
elevando o quadril contra a minha boca, afundando a cabeça no
travesseiro recebendo um orgasmo que varreu qualquer onde de
sanidade que ela poderia ter. E quando achou que estivesse
terminado, continuei lambendo-a prolongando e intensificando o
ápice que ainda consumia seu interior, fazendo diminuir o rebolado.
— Isso foi...deus! — Botou as mãos na cabeça, e logo enxugou
as lagrimas que desciam pela lateral de seus olhos.
Subi sobre seu corpo, ainda sentindo meu pau pulsar, pedindo
por livre arbítrio.
— Não tem deus aqui, só eu! — Disse. Beijei sua boca, para que
ela soubesse do gosto viciante que tem, passando minha língua por
seus lábios, friccionando meu quadril entre suas pernas molhadas de
suco. Claire abaixou a perna, rolando sobre a cama, parando
sentada por cima de mim. Jogou seu pequeno short longe.
— Sua boca chupa tão bem quanto beija, Jake! — Ela sussurrou
contra meus lábios, descendo beijos por meus ombros, barriga, e
ficando ereta sobre mim. A loira retirou meu short, revelando meu
pau duro, como churros com recheio de porra na ponta. — Eu sei
que quer me foder, mas me deixa foder você também... — Minha
resposta foi o sorriso mais satisfatório da vida. E para o meu prazer e
loucura, Claire sentou ao contrário, com a bunda linda, branca e
arrebitada virada para mim, me dando a visão perfeita de seu cu
rosado e sua intimidade encharcada.
Eu precisei me segurar somente com a imagem. Ela posicionou a
cabeça de meu pau na entrada. Antes de descer, espalmou suas
mãos em meu joelho, jogou o cabelo loiro pra trás, caindo nas costas
nuas, e devagar e lentamente ela desceu sobre meu pau.
Filha da puta. Ela é uma diaba filha da puta.
Eu gemi como um cachorro e tive que fechar os olhos pra me
controlar. Essa coisa de me pegar desprevenido não dava certo.
Porque sempre quando eu achava estar por cima, Claire me
impressionava, e aquela cena, de sua boceta me engolindo até a
base e me expulsando completamente molhado era a melhor coisa
que eu poderia ver agora. Suas duas pernas estavam cada uma de
um lado do meu corpo e eu gozaria fácil se continuasse naquilo.
Molhei meu dedo indicador, massageando o buraco rosa que me
encara à medida que sua velocidade aumentava, enfiei um dos
dedos e senti seu corpo se arrepiar sobre o meu.
— Claire, porque quer acabar com a brincadeira? Tsc.... —
Resmunguei enquanto ajudava nas estocadas. Eu podia sentir seu
interior me comprimir e medida que me engolia, tentando extrair de
mim toda minha energia. A quanto tempo eu não transava? Já havia
parado de contar a alguns dias, e somente o fato de Clair estar ali,
disposta a se entregar tanto quanto eu, ajudava no fato de eu querer
transar com ela e sacia-la a noite inteira.
Puxei seu cabelo, obrigando-a a ficar ereta, tirando suas mãos de
meu joelho, e aquilo só provou que eu poderia ir mais fundo em sua
carne latente e apertada. Ela quicava, desesperada, apertando os
seios. Era lindo de ser ver. Uma mulher louca pra chegar ao ápice de
seu próprio prazer.
— Estamos apenas começando! — Ela disse. Puxei minhas
pernas, fazendo Claire cair de joelho novamente da cama. Sai de
dentro dela, posicionando meu corpo atrás da loira, pois ela havia
ficado literalmente de quatro. Em uma estocada só, quase
empurrando seu corpo da cama eu a arrastei percorrendo o mais
fundo que eu podia. — Eu queria foder você
naquele palácio, Claire. — Puxei seu tronco, murmurando,
aclamando em seu ouvido, estocando forte, duro e rápido. — Eu
queria abrir suas pernas em cima daquele piano e comer você ali. —
A mulher embaixo de mim começou a gemer, arfando e empinando o
rabo rosa contra meu quadril. — Você estava tão molhada, tão
escorregadia que eu iria deslizar com facilidade! — E então ela
fechou os olhos, gemendo e com um sorriso no rosto, como uma
cantoria de opera, mostrando que seus arfares eram como música
para meus ouvidos.
— Eu quero você, eu preciso que...continue.... — Dizia,
necessitada.
Eu estava a ponto de gozar, mas não iria tirar o momento de
Claire de ter seu segundo orgasmo enquanto empinava contra meu
pau, me engolindo como uma mulher faminta, jogando pra fora tudo
o que ela provavelmente também vinha sentindo nas últimas
semanas.
— Eu estou aqui amor, e vou estar enquanto você não estiver
satisfeita! E se você quiser, eu só vou parar quando o sol iluminar o
seu corpo! — Seus gritos aumentaram, e então senti seu interior me
apertar forte, em tremores satisfeitos e sincronizados, enquanto
Claire revirava seus olhos rebolando contra meu quadril enquanto eu
ainda a estocava agora mais lentamente.
Seu corpo estava soado, mesmo com o ar-condicionado.
Eu ainda estava duro, mas vê-la ali, cansada e satisfeita era
melhor do que qualquer orgasmo. Distribuí beijos em suas costas,
descendo até o quadril e deitei na cama, ainda ereto, esperando que
ele abaixasse. Meu saco doía, mas sei que passaria.
— Jake... — Sussurrou.
— Está viva? — Perguntei.
— Porque não transamos antes? — Era a mesma pergunta que
eu me fazia.
— Porque você fazia doce! Acredite, desperdiçamos tanto tempo
atoa. — Ela levantou a cabeça, olhando para minha ereção.
— Você ainda não...
— Meu orgasmo é o mesmo que o seu. — Falei. Ela se levantou,
sentando sobre meu colo, beijando minha boca, com suas mãos
acariciando meu peito. E além da excitação, meu corpo começava a
emergir sobre a vontade de tê-la novamente. — Claire, você precisa
dormir e se não sair de cima de mim, eu juro que só vai fechar os
olhos pra gozar até o amanhecer.
Ela calou-se, sem me responder. Ergueu o quadril, tentando me
encaixar em sua bunda, mas não conseguiria, eu era grande demais
para seu buraco tão pequeno e apertado. Não entraria, não sem uma
mínima preparação previa.
— Você é...grosso! — Ela sorriu, encarando meus olhos.
— Deixe que eu ajudo... — Usei de sua lubrificação para
massagear sua entrada traseira enquanto estimulava seu ponto de
prazer na frente. — Rebole, Claire e feche os olhos. — Enfiei
lentamente dois dedos, assistindo seu corpo se arrepiar, e no
momento que fechou seus olhos avelãs, eu busquei um de seus
peitos com a boca, mordiscando-os e chupando.
— Ah...droga! — Ela murmurou gemendo, rebolando ritmamente.
Quando senti que seus lábios já estavam encharcados
novamente, substitui meus dedos pela cabeça do meu pau, sem
parar de dar atenção aos seus seios e ao seu clitóris. Forcei a
cabeça, até a metade, assistindo-a me abraçar pelo pescoço. Logo
finalmente eu já estava inteiro dentro dela. Tirei a mão do meio de
suas pernas, abraçando sua cintura, vendo-a movimentar sua bunda
pra cima e pra baixo.
— Isso, devagar... — Eu murmurei. Eu sentia suas paredes me
espremendo à medida que eu saia e entrada novamente, segurando
o orgasmo cada vez que Claire descia com sua bunda redonda, me
engolindo mais ainda sou louca para me beber.
Joguei meu tronco pra trás, enquanto ela quicava
desenfreadamente com seu cu sobre meu pau.
Inverti as posições, ficando por cima de seu corpo, estimulando
novamente seu clitóris, enquanto uma de minhas mãos alcançaram
seu pescoço, apertando-o contra a cama.
Seria um orgasmo daquele violento, que eu já não sentia a muito
tempo.
Claire posicionou seus pés um em cada um de meus peitos,
dando-me liberdade para entrar com tudo, força e agilidade. Seus
dedos apertaram meus joelhos dobrados no colchão, anunciando um
novo orgasmo quando seu corpo se arqueou no colchão, respirando
fundo e revirando os olhos.
— Ahhhhhh...eu vou encher você, Claire! Consigo sentir você me
apertando... — Foram apenas três estocadas até que eu sentisse o
clímax violento, que parecia me desintegrar, acelerando meu coração
e retirando energia de toda minha alma. Mas ainda sim eu continuei,
até que ela tivesse extraindo até minha última gota.
Eu cai por cima de seu corpo. Estava exausto. Eu conseguia
sentir seu coração embaixo de mim.
— Acho que o efeito passou... — Eu ri, retirando sorrisos delas.
— Precisamos dormir. — Disse ela. — Temos que estar na
empresa cedo.
Sai de dentro de seu corpo, tombando pro lado, puxando o corpo
de Claire junto do meu.
— É! Podemos aproveitar algumas horas de sono.
— É... — Ela foi a primeira a dormir e embora eu estivesse
cansado, fiquei um tempo a mais acordado, agradecendo
mentalmente minha mãe pela erva no jantar.
Capítulo 19
Jacob Corbyn
(...)
(...)
Se tudo desse certo, Elsa veria Claire pelada tentando me
socorrer completamente sujo de chocolate, eu iria pro hospital e lá
teria que explicar o que havia antecedido até o momento de eu cair
no chão, e honestamente, inventar mentiras não era o meu forte.
Mas se não desse certo, eu morreria feliz.
Talvez não fosse só paixão o que eu sentia por Claire, fosse algo
mais complexo do que tesão, porque mesmo que ela tivesse
praticamente tentado me matar com mel, havia sido por uma boa
causa, e tudo o que eu podia pensar agora era em como ela era
linda e em como eu poderia conquista-la, para que ela realmente
fosse somente minha.
Se tudo desse certo eu me dedicaria a ela, se tudo desse certo,
Claire seria realmente minha noiva, somente se tudo desse certo....
Seu rosto preocupado, dizendo algo que eu não entendia, com os
olhos marejados, com os dedos em meu rosto foi tudo que eu vi
antes de perder a consciência.
Capítulo 20
Claire Blackwood
(...)
(...)
Jacob Corbyn
Sete dias foi o tempo que precisei pra encaixar tudo no lugar, foi
o tempo que precisei pra entender que talvez eu nunca tenha
precisado da Pandors. Nunca me dei bem com críticas, ainda mais
com criticas que eu sabia que eram sem fundamentos.
A realidade era que Victor acreditou que poderia me influenciar a
trocar muitas coisas na empresa, mas depois que viu que não seria
tão fácil, encontrou uma brecha para tentar quebrar o contrato sem
ter que sofrer toda a burocracia contratual, e ele resolveu transformar
uma pequena fenda, em uma cratera para ter tudo o que quis ao seu
favor. Por saber que tudo aquilo era minha vida, ele achou que
possivelmente eu sucumbiria aos seus desejos com o medo de
sofrer um processo violento, mas minha conduta era uma só, e não
seria um homem que mal cabia em seu terno que me faria mudar de
opinião.
Claire.
Era apenas nisso que minha cabeça pensava.
Fui um imbecil com ela, mas nada ainda justifica seu erro, e
ainda que ela tenha pedido desculpa, eu não fui capaz de ouvi-la
com facilidade.
Anunciamos formalmente a quebra de contrato, e aquilo sem
dúvidas fez nossas ações despencarem, mas no fundo eu não
estava me importando com isso, no fundo eu estava em paz. Era
uma sensação de ter se desamarrado da Pandors, uma sensação de
liberdade que eu deveria ter tido desde o começo. Mesmo com essa
queda brusca, a Orsoft poderia se reerguer como fez uma centena
de vezes.
Estava ali, na minha frente e somente eu poderia ver. Tudo
corroborou para os fatos que aconteceram nas últimas semanas, e o
mais concreto era a paixão que eu sentia por ela apesar de tudo, e
talvez eu só tenha percebido isso quando meus olhos se
surpreenderam com a noticia da manhã estampada na revista.
Claire Blackwood
Jacob Corbyn.
Meu pai sempre disse que tudo o que vai volta, e se eu plantasse
o meu, eu também o colheria. Mas eu ainda me pergunto, o que
exatamente eu plantei para colher tudo que tenho hoje.
O que plantei para ter a melhor esposa do mundo.
O que plantei para ter a maior empresa tecnológica do continente.
O que plantei para colher tanta felicidade.
Não que eu tenha plantado coisas ruins, mas o quanto eu plantei
para colher tudo isso?
Mas independente de qualquer coisa eu sou grato e agradecido
até mesmo pelo que eu não tive.
Estava duas semanas fora, em uma reunião no Cairo. A
Gossip.com havia expandido 250% mais do que nos últimos dois
anos. Éramos um fenômeno, meus funcionários eram os melhores,
até a faxineira Lumena era a melhor. Passei pelo Hall da empresa,
com um copo de chocolate quente e pães de queijo quentinhos.
Cumprimentei Lorah na entrada que deu uma piscada pra mim.
Subi ao elevador sozinho.
Eu estava louco de saudades.
Nunca passei tanto tempo longe de Claire, mas eu sabia como
sanar isso.
Na porta de sua sala, uma placa anunciava seu nome.
“Claire Corbyn, Diretora jurídica empresarial.”
Abri a porta com o coração quente quando encarei minha esposa
sentada atrás de sua mesa, com um sorriso no rosto. Seus cabelos
loiros estavam maiores do que antes. Seu corpo continuava delicioso
com as curvas plenas no auge de sua vida, mas nada era mais
apaixonante que seus olhos, porque mesmo quando sua boca não
dizia, seu olhar delatava.
Me aproximei de sua mesa.
— Foi aqui que pediram um café da manhã?
— Eu pedi a volta de um marido, mas acho que posso aceitar um
café da manhã se ele vier junto. — Num piscar de olhos, seus braços
já estavam em meu pescoço.
Beijei sua boca com saudade, agarrando seu rosto, para que
mostrasse a ela tudo que senti quando estava fora. Ela me agarrou,
aproximando mais nossos corpos e eu senti a respiração em seu
busto por dentro do vestido.
— Senti sua falta, deusa... — Distribui beijinhos em seus ombros.
— Também, Jake. — Ela sussurrou sem tirar o sorriso do rosto.
— Eu achei que...não chegaria a tempo para o aniversario de Poppy.
Poppy era nossa afilhada, a filha de Simon e Quinn, era tão
charmosa como a mãe com sua pele negra e seus cachinhos
escuros. Não acho que havia menina tão mimada quanto ela, não
pelos pais, mas porque Claire fazia o mundo por ela e eu
consequentemente também. Enquanto não tínhamos planos de ter
filhos, paparicávamos Poppy como se fosse nossa, e mesmo que
Claire eu tivéssemos os nossos próprios um dia, Penelope ainda
seria nossa primogênita.
Hardin nunca mais nos incomodou depois daquele episódio,
soube que ele havia se casado e inaugurado algumas academias no
leste da cidade, e sobre Lenon, havia entrado tanto no papel de
evangélico que agora ele auxiliava a realizar missas, e ainda sim
pagava cestas básicas para cumprir com o processo de assédio
contra algumas mulheres na empresa.
— Eu sempre cumpro com a minha promessa. — Falei. Ela se
afastou indo até a porta. — Tia Carrie chega hoje pra passar o final
de semana conosco, não é?
— Sim, e acho validamos tirar os moveis da minha sala do lugar,
do que fazer ouvi-la destruindo nosso quarto. — Seu olhar era
lascivo. Ela abriu o zíper do vestido branco que usava, e
honestamente, eu nunca me acostumaria com Claire se despindo.
— Acho que eu nunca vou me acostumar com o quão gostosa
você é.
— Acho que eu posso te ajudar com isso. — A loira murmurou
antes de subir sobre meu colo, e eu deitar seu corpo sobre a mesa,
pronto pra me perder incansavelmente dentro dela.
Éramos ferro e fogo, e mesmo que em desafios internos eu sabia
que era ela feita pra mim, mas mais do que isso, eu pertencia a ela
de maneira que nunca pertenci e nunca queria pertencer a mais
ninguém.
Agradecimentos
Meu deusssssssssssss, obrigadaaaaa!!!!!!!!!!!!! Obrigada por
terem lido A NOIVA DE MENTIRA até aqui, por terem esperado essa
história junto comigo e me cobrado a cada dia, isso ajudou MUITO.
Obrigada a Barbara, essa pessoa incrível que nunca me deixou
desanimar, ou me cansar de virar a noite escrevendo. Obrigada,
amiga, você é do caralho, esse livro não é só meu, esse livro é
nosso. Obrigado a Yasmin C. por depositar altas expectativas na
minha capacidade, quero você por muitos anos na minha vida.
Espero que tenham gostado do livro, não foi difícil escrever, mas foi
longe de ser fácil. Esse é só um dos lançamentos incríveis que eu tô
planejando para esse ano e quero vocês comigo em todos eles.
Mais uma vez, obrigada!
Larissa.