Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CABRAL
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
PRÓLOGO
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPÍTULO DEZENOVE
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE E UM
CAPÍTULO VINTE E DOIS
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
CAPÍTULO VINTE E CINCO
CAPÍTULO VINTE E SEIS
CAPÍTULO VINTE E SETE
CAPÍTULO VINTE E OITO
CAPÍTULO VINTE E NOVE
CAPÍTULO TRINTA
CAPÍTULO TRINTA E UM
CAPÍTULO TRINTA E DOIS
EPÍLOGO
PRÓLOGO
Ou assim eu esperava...
CAPÍTULO UM
Eu não queria dançar. Queria falar com ela. Queria dizer que
ela era a coisa mais linda na qual pus os olhos nos últimos tempos.
Queria saber o nome dela. Queria lhe dizer o meu só para ouvi-la
repetindo com aquela voz deliciosa. Mas o que eu fiz? Apenas
respondi sua pergunta aproximando-me um pouco mais e
começando a acompanhá-la.
Se não fosse por aquele maldito oi, a garota iria pensar que
eu era mudo.
Ellena.
Ellena.
Ellena.
— Brasil.
Sempre que nos víamos ele era ótimo para mim, e minha
viagem preferida com minha mãe, quando ela ainda era viva, fora
para visitá-lo. Passamos três dias em sua casa, a mesma onde ele
ainda morava, e por mais que eu tivesse por volta de uns dez anos
de idade, me lembrava de tudo.
E eu precisava esquecer.
— Mas eu não...
Do nada.
— Claro.
Por que diabos o fato de ela dizer que estava toda molhada
me fez estremecer?
Consegui, aliás.
— Para quê?
Só me tira daqui.
— Ouça, Danilo. Muito obrigada pela ajuda, mas acho que foi
uma péssima ideia. Não quero te atrapalhar e...
Era adorável.
— Eu vou ligar para o meu tio, para avisar que onde estou —
anunciei, enquanto me aproximava da minha bolsa, pegando meu
celular.
Era fácil acreditar com ela falando daquele jeito. Mas então...
qual era o problema? O que a fazia ser tão assustada?
— Para te vigiar?
— Foi por isso que você fugiu naquele dia, na boate? — Era
algo bem óbvio, mas me sentia pisando em ovos com aquela garota
e queria me certificar de não dizer nada errado, muito menos ser
injusto.
— Tudo bem.
Será que ele tinha mesmo dormido ali a noite inteira, só para
me deixar com a cama? O que me criava outra dúvida: teria me
carregado, de forma completamente cavalheiresca, só para me
deixar mais confortável? Se sim, quem era aquele cara? Em que
tipo de sonho eu tinha me metido?
— Bom dia — ele respondeu com uma voz rouca matinal que
era bem interessante.
— Não, tio.
— Não.
QUE. FOFO.
— Mas eu tenho.
Droga...
E se...
— Não, eles não vão. Você pode ficar aqui comigo. — Foi
um convite de impulso. Aparentemente eu estava começando a agir
sem pensar o tempo todo.
— E se eles fizerem algo com o meu tio? — ela soou
apavorada. — Se eu contar o que aconteceu, ele vai voltar... vai
querer ficar aqui para cuidar de mim.
Casa...
Sorri também.
Deu de ombros.
— Você acha?
Se eu queria? Muito.
Desejo...
Luxúria...
Fome...
— Isso é incrível.
— Podemos.
— Qual foi a frase pronta que ela usou dessa vez? Que nos
carregou nove meses na barriga, cada um, e nós não damos valor?
Ou que se um dia sumir nós vamos sentir falta e aí sim vamos ligar
para procurá-la?
— As duas.
Uma risada escapou, porque eu sabia que o drama era o
esporte favorito da minha mãe. Ela poderia ser medalhista olímpica,
se fosse uma modalidade aprovada.
Perfeição.
— Chantagista!
E desligou. Só isso.
— Tudo bem — ela não falou tão alto para que eu pudesse
ouvir por cima da música, mas meus olhos estavam tão fixos nos
seus lábios que consegui lê-los perfeitamente.
E os beijos...
E eu gostava. Muito.
— Sereia... não sei se é uma boa ideia. Não faz isso comigo.
Quero ir com calma com você, mas eu não sou de ferro... — ele
sussurrou, enquanto deslizava os lábios pelo meu pescoço, fazendo
minha pele inteira arrepiar.
Uau.
Uau.
E por mais inocente que eu fosse, sabia muito bem que toda
mulher merecia um homem como Danilo em sua vida, para beijos
inesquecíveis e provavelmente muitas outras coisas que eu ainda
não sabia se teria coragem de fazer até dizermos adeus.
— Nem sozinha?
Só que pelo sorriso que ele deu, pude jurar que gostou muito
da ideia.
Era errado ser tão escandalosa assim, não era? Não podia
ser certo.
Hesitei, mas obedeci. Não esperava, mas ele uniu meus dois
punhos em uma de suas mãos grandes e os imobilizou.
Gostava disso.
Parecendo querer me provocar, Danilo usou dois dedos. E...
DEUS!
Imaginei que não poderia ficar melhor do que isso, mas ele
continuou me surpreendendo com movimentos diferentes, sugando,
chupando, lambendo, beijando, mordendo, combinando língua com
dedos, em um ritmo intenso. Tão intenso, que eu senti meu corpo
estremecer com força, enquanto algo muito singular acontecia
dentro de mim.
— Tem certeza?
Casar?
Ok, talvez estivesse. Mas não era só isso. Havia uma dor
grande no coração daquela garota, e eu sabia, por experiência
própria, que esse tipo de coisa não se curava sozinha. Eu me senti
assim quando perdi meu pai.
O que isso queria dizer? Que ela sentia algo por mim? E por
que isso me aterrorizava e empolgava ao mesmo tempo? Era uma
responsabilidade pesada; não apenas o fato de tirar a virgindade de
uma garota com quem eu me importava muito, mas também ser o
escolhido por ela.
— E se eu te machucar?
Não desejando deixar seu outro seio sem atenção, usei uma
das minhas mãos para massageá-lo, usando a palma áspera para
friccionar o mamilo, e a combinação dos dois movimentos a fez
arquear os quadris, parecendo ansiosa, mas eu não estava com
pressa de nada.
Não contestei mais. Fui mais fundo, ainda tentando agir com
toda a minha calma, embora a sensação de estar dentro dela — tão
quente e apertada — fosse celestial o suficiente para que eu
quisesse ir com mais força. Mas não seria o caso. Se tivéssemos
chance, se ela me permitisse, eu repetiria a dose naquela noite,
mostrando outras coisas para Ellena. Outras formas de amá-la,
menos contidas, mas que a fariam sentir ainda mais prazer.
Com isso, ele partiu, e eu fiquei olhando para seu carro, com
a certeza de que aquela era a última vez que nos veríamos.
Ok. Ele estava ali para me ouvir, então. Seria simples, não?
Apenas contar tudo, vomitar as palavras que pareciam comprimir o
meu peito.
— Deixou. Por isso não posso mais vê-lo. Foi uma noite e
nada mais.
— Dan... é sério.
— O que houve?
Puta merda!
Foi mais uma hora até que eu pudesse vê-la, porque estava
na sala de exames e sendo medicada.
Aquela fofoqueira!
UM ANO DEPOIS
Pior que era verdade. Vinte e sete anos na cara, mas ainda
tinha que passar por aquele tipo de coisas.
— Mas ela não está ouvindo. Para de ser puxa saco — ralhei
com ela, ouvindo-a rir do outro lado da linha. — E é sério, Deb. Eu
vou passar aí neste fim de semana.
Não, isso era injusto. Eu estava animado até. Não seria nada
mal passar algumas horas com a minha família.
Mas fosse como fosse, eu tinha algumas coisas para fazer.
...
...
...
Mas...
Como assim?
Papai?
Minha?
Minha filha...
Seria mesmo?
Querido Danilo,
Desculpa te enviar a notícia desse jeito, mas pela forma como nos
despedimos um ano atrás, eu nem sabia como começar a me
explicar. Só que as coisas ficaram muito complicadas por aqui, e eu
preciso que cuide de nossa filha.
Saiba que o que houve entre nós foi muito importante para mim.
Você foi o primeiro e único homem da minha vida. Meu primeiro
beijo. Não sei o que acontecerá comigo daqui em diante, mas, de
alguma forma, sempre terei um pedacinho de felicidade dentro de
mim, porque você surgiu, me mostrando o amor. E porque tive a
nossa garotinha. Mesmo por pouco tempo, tive a nossa Anya.
Sim, meu amor. Escolhi este nome para ela, porque quero que
nunca mais olhe para a tatuagem que tem no peito com tristeza.
Quero que ela seja motivo de alegrias para você a partir de agora. E
para a sua família também. Sei que no início será um choque, mas
ela é uma menina maravilhosa. Também sei que você vai ser um pai
incrível para ela.
Ensine-a a ser uma boa pessoa, Danilo. Ensine-a a lutar por seus
sonhos, como a mãe dela nunca foi capaz de fazer. E, por favor, não
permita que ela não saiba quem eu fui. Imagino que você já possa
estar com alguém ou que ainda surgirá a mulher sortuda que
ganhará o seu coração, e eu espero que ela seja uma boa mãe para
a minha garotinha, mas, por favor, fale de mim.
Com amor,
Ellena.
P.S. – Ela tem uma marca de nascença igual à que você tem
no peito. A dela é na coxinha esquerda. Caso você tenha alguma
dúvida sobre Anya ser sua.
Anya.
— Não, eu acredito.
Que pergunta!
Princesa?
Vossa Alteza?
Mas... noivado?
— Não.
— Você?
Alfred prosseguiu:
— Chegou aos ouvidos do rei que ela foi vista com um rapaz
durante alguns dias das férias. Henry pediu que ela fosse mantida
sob vigilância antes do casamento, que vai acontecer em alguns
meses.
Claro que não conhecia Danilo tão bem assim. Claro que
nossa convivência fora muito breve para eu conhecer totalmente
seu caráter, mas algo me dizia que não era o tipo de homem que
renegava um filho. Ele não iria deixar minha bebezinha
desamparada. Tinha uma boa família, pelo que me contara, e meu
tio fora instruído a procurar quem fosse necessário para que Anya
fosse protegida. Ela não cairia nas mãos de Henry.
Vozes.
Henry!
A única coisa que pedi a meu pai foi para que não permitisse
que Henry fosse me visitar. Se isso acontecesse, eu estando
sozinha, apenas na companhia de um guarda que não conhecia e
em quem não confiava, não sabia o que ele poderia fazer.
Não tendo mais para onde fugir, senti meu corpo colidindo
com a bancada da pia da cozinha. Henry continuou avançando até
me encurralar lá.
— Mas...
Ainda bem.
Eu preferia a solidão.
Qualquer forma.
CAPÍTULO DEZOITO
Sequestro?
...
...
Minha filha.
MINHA filha.
Minha filha.
Eu era pai.
Ela...
— O que aconteceu?
Alfred sorriu.
“Pegue
Se ela te der o coração dela, não o quebre
Deixe seus braços serem um lugar onde ela se sinta segura
Ela é a melhor coisa que você terá”
IF YOU LOVE HER – FOREST BLAKK
Cada vez que eu falava tudo em voz alta, mais sentia o quão
absurda era a minha nova realidade que mais parecia saída da
Disney.
— Peraí, Danilo... a sua irlandesinha misteriosa é a princesa
Ellena Marie, de Anthoria? — Débora jogou, com o cenho franzido,
quase indignada.
Mas Alfred deveria saber o que fazer, não? Esta não poderia
ser a minha preocupação. Ele parecia ter um plano quase
arquitetado. Eu seria apenas uma peça.
Ela ainda estava acordada, mas jurei que seria por pouco
tempo, a julgar por seus olhinhos sonolentos. Então eu precisava
aproveitar, porque tinha algumas coisas a dizer para ela.
— Aliás, por mais que ela pense que não, sua mãe é uma
mulher muito corajosa. Ela se arriscou muito para permitir que você
viesse ao mundo e que fosse trazida até mim, para que ficasse
segura. — Ajeitei-me no sofá, deitando-me nele e colocando Anya
sobre o meu peito, mantendo ambas as mãos em suas costas para
segurá-la ali, acariciando-a. — Sabe, filha... sua tia está certa. Eu
não pensava em ser pai. Não agora. Talvez daqui a alguns anos,
quando estivesse casado, e não nessa situação meio caótica. Só
que você existe, você chegou, e eu vou ser o melhor que você
poderia ter. Eu juro. Vou fazer o que estiver ao meu alcance para
você ser feliz, para que se mantenha segura e que possa se tornar
uma boa pessoa.
UM MÊS DEPOIS
Dois meses.
Sozinho.
Amanhã?
Claro que não expliquei nada disso ao rei, mas ele até que
concedeu meus desejos mais uma vez.
Não o respondi.
O quê?
Mas...
Que idiota, Ellena! Você sabe muito bem o que ele quer
dizer. Conhece suas intenções. A forma como sempre te olhou...
— John, se você me tocar, Henry vai saber... Eu vou contar
para ele. — Tentei usar de um argumento nada convincente, mas
também me levantei da cama, colocando-me de pé, do outro lado
dela, tentando ficar ao máximo longe do homem.
— Seu pai não será mais responsável por você. Seu marido,
sim.
— Socorro! Socorro...
Danilo...
Porra... era difícil não pensar que ela nunca deveria ter saído
deles, mas isso era algo que ainda precisávamos consertar. Havia
muito tempo e mágoas entre nós. Coisas a serem conversadas, a
serem compreendidas. Um longo caminho.
— Danilo! O que fez com ela? Ela deveria vir por livre e
espontânea vontade.
— Claro, claro!
O alívio por ela estar ali com a gente finalmente recaiu sobre
a minha cabeça. Se tivesse chegado alguns minutos depois, ou ela
já não estaria mais ali ou o filho da mãe teria "se divertido", como
disse que ia fazer.
Amor?
Fosse como fosse... Voltei meus olhos para ela, tão indefesa
nos meus braços, e pensei em amor.
Será que era o que ela sentia?
Até que uma voz familiar e muito amada foi captada por
meus ouvidos atentos.
Só que ele fez uma pergunta que ficou sem resposta. Depois
ouvi alguns murmúrios dele mesmo, além de uma despedida.
Estaria no telefone?
— Ah, querida!
No entanto miragens não falavam, não é? E não afundavam
colchões ao se sentarem neles. Muito menos abraçavam tão forte.
— Brasil, então?
— Lena?
— Sei. — Que bom que ela sabia. Era importante para mim.
— Ótimo, vamos manter em mente que eu não queria ter te
abandonado, e você não queria ter me escondido a verdade. Ok?
— É a sua família.
Família...
Seria mesmo?
Mas foi no dia em que ele precisou sair para uma reunião na
empresa, mesmo em meio às férias que tirou para o tal resgate, e
eu fiquei em casa com Anya, que a decisão foi tomada.
Mas foi então que algo me passou pela cabeça: será que
alguma vez ele me vira assim?
— Sim, eu...
Mas ele não esperou muito mais, apenas girou meu corpo,
colocando-me de barriga para baixo, arrancando minha calcinha em
um puxão nada delicado. Depois tirou minha camisola, da mesma
forma, lançando-a no chão.
Quem era aquele homem e o que tinha feito com meu doce
Danilo?
Nunca.
Porque eu amava Danilo. Fora um sentimento que se
construíra em mim aos poucos. A distância o intensificara, por causa
da saudade e das lembranças, o nascimento de nossa filha o
solidificara e o reencontro o trouxe à tona ainda mais.
Minha família.
— Como eu?
— Não, linda. Não quero que ela seja criada como você foi,
com uma responsabilidade como essa nas costas.
Eu deveria...
Não, não seria. Nunca. Mas a cada dia que passava com
minha família o amor se tornava ainda maior, se é que era possível.
Uma caixinha?
Mas o quê...?
Ele voltou andando devagar, sem me encarar, com os olhos
fixos nas próprias mãos, que brincavam com a caixa,
movimentando-a por entre os dedos.
— O que você...
Ok... ok...
— Danilo...!
O quê?
Mas...
Feliz...
Mais?
Sozinho.
Virei-me para ele de súbito, sentindo meu corpo inteiro
estremecer.
Mas ele podia ser o Papa que não faria diferença alguma
para mim.
— Acho que vocês vão ter que passar por cima de nós
quatro para tirá-la daqui.
— Ai, que coisa linda, meu Deus. Até eu me caso com você,
Danilo! — ele comentou, afetado, e isso teria me feito rir, mas,
naquele momento, sentia-me tenso.
— Pai, por favor. Henry não é confiável. Ele vai ser cruel
comigo se insistir que nos casemos. Eu não posso. E não quero.
Não era possível que aquele dia, que preparei com tanto
carinho, fosse estragado.
Eu queria não estar tão nervosa. Queria confiar que meu pai
respeitaria a minha vontade e que o que ouvira seria suficiente para
que sua obsessão em me casar com Henry desaparecesse.
Era a primeira vez que nos víamos tão perto daquela forma,
sem um de seus seguranças ao redor ou sem que meu pai
estivesse pronto para se afastar na próxima chance.
— Eu não sou...
Marido.
Uau!
Era uma grande mulher. Dez anos mais velha que minha
esposa, bem mais jovem do que o rei, nós a adorávamos. Fora ela a
responsável por aproximar James da filha; ela que o incentivara a
participar mais da vida de Ellena, principalmente quando nosso
segundo filho nasceu — um menino daquela vez, nosso pequeno
Thomas.
— Sorte a sua que ela não era uma madrasta como as dos
livros, né?
Nenhum outro poderia ser tão perfeito, tão mágico, tão meu.
EPÍLOGO