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Plágio é crime inafiançável. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido
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Título: Xeque-mate
Imagens da capa: Depositphotos.com
Ilustração da capa e Diagramação: Alessa Ablle.
Revisão: Carla Santos e Alessa Ablle.
Travis Lozartan é o mais novo Capo da máfia da Costa Leste dos Estados Unidos,
herdando o cargo de seu pai. Com a fama de “O Cruel”. Mau, impiedoso, frio e calculista,
não mede esforços para derramar sangue de seus inimigos e defender a Lawless. Desde
muito novo sabia que seria o próximo a liderar Nevada e os negócios; e, quando seu pai
morreu, ele ganhou poderes e inimigos. Porém, não esperava ter que honrar um acordo de
anos atrás, que salvou a todos.
Madeleine Beluzzo também foi nascida nesse mundo cruel e insano, mas quando
seu pai, um policial “duvidoso”, decide fazer um acordo com a máfia rival, é introduzida
no lado ainda mais obscuro e perigoso, tornando sua vida um terror; quando ela começou a
atrapalhar os negócios com suas opiniões, foi mandada para longe. Agora está de volta e
terá que se aprofundar nesse caos e na vida do homem que a dominará muito além do que
era o acordo.
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Segundo livro da série Máfia Lawless (Travis & Madeleine)
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Terceiro livro da série Máfia Lawless (Travis & Madeleine)
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Sumário
Prólogo
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte & Um
Vinte & Dois
Epílogo
C ONHEÇA S EUS O UTROS L IVROS
Curta a playlist que fiz no Spotify para me ajudar a escrever o livro.
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Xeque-Mate,
é uma jogada do xadrez que representa o final da partida. Nesta situação, o rei
não pode ser coberto por nenhuma outra peça nem mover-se para nenhuma
outra casa sem ser tomado por uma peça do adversário.
PARA ELAI!
Talvez sua expectativa tenha me deixado “doente”. Porque quando alguém quer
algo de mim, eu faço o meu melhor. Faço valer a pena. Estou com os dedos cruzados
que você goste.
E SIM! Para os meus leitores fiéis que esperaram muito o livro. Desculpe
demorar um pouco mais.
Espero valer a pena de todo coração.
Prólogo
A ssisti de longe Mia se despedir, pela quinta vez, de Sophia, que ficara
com meus pais para que nós pudéssemos ir ao casamento do Capo.
Ela estava relutante em deixar nossa filha. Tive que insistir muito para ela
aceitar.
— Ah, minha filha. Não chora — minha esposa disse para a nossa
menina, que parecia entender que a mãe ia sair. — Não vou demorar.
A bebê de duas semanas estava inconsolável e eu poderia falar para
Mia não ir. Ela iria apenas me fazer companhia, não era obrigação dela ir ou
minha de levar minha esposa. O Capo não ligaria e eu pouco me fodia para as
tradições. Ela tinha acabado de dar à luz, caralho.
Eu estava ficando nervoso com Sophia chorando. Dentro de mim, senti
uma forte vontade de dizer para Mia desistir e de jogar todo o meu esforço
para convencê-la de ir junto comigo para o ralo. Mas eu a conhecia muito
bem e sabia que não adiava mais eu falar para ficar em casa.
Fora que prometi que seria rápido. Ela só iria participar da cerimônia
religiosa e voltar para casa em seguida. E olhando bem o seu vestido delicado
rosa, que escolheu com tanto entusiasmo e carinho, não queria pedir para ela
desistir. Mia quase nunca saía, independente da gravidez e o pós-parto.
Queria que ela fosse desde o início, pois vira seus olhos brilharem com a
realização de participar de um evento. A última vez que saiu foi para a
cerimônia de Travis como Capo e na festa comemorativa do Bellagio, ela não
estava se sentindo bem e, com a gravidez no início, optei para deixá-la segura
em casa.
— Minha filha, a mamãe já vai voltar. — Beijou a cabeça com poucos
cabelinhos loiros de Sophia. — Não vou demorar. Meu Deus, ela não para de
chorar.
Minha mãe meneou a cabeça, mas não disse nada. Ela não estava
muito satisfeita em ter que cuidar de um bebê de duas semanas por no
máximo duas horas. Merda. Se algumas pessoas são perversas e ruins,
culpem os pais. Os filhos sempre carregam traços dos pais. No meu caso,
ninguém poderia me acusar de ter o temperamento igual ao dos meus pais.
Meus pais eram pessoas muito frias e nem um pouco prestativos,
principalmente quando não iriam ganhar nada com isso. Cuidar da minha
filha na cabeça deles era “não ganhar nada”. E minha mãe adoraria ir ao
casamento do Capo. Sempre pensando nos status da Famiglia.
— Acha que ela vai se acalmar? — Mia, inocentemente, perguntou a
minha mãe.
— Eu não sei, querida, mas acho ainda que você precisa se apressar.
Daqui a pouco, você estará de volta.
Minha esposa fez uma careta de lamentação e assentiu.
— Vão. Vocês já estão atrasados.
Revirei os olhos e enfiei as mãos nos bolsos tentando não expressar o
quanto minha mãe me irritava. Já sabia que estávamos atrasados e iríamos
chegar com Madeleine entrando na igreja e não me importava. Eu não era o
caralho do noivo.
— Vamos, Mia — disse me aproximando e colocando a mão na altura
da sua lombar.
Ela suspirou, deu um último beijo na testa da nossa filha e foi comigo
para fora de casa. Fiz um sinal para Gregori e ele entrou no carro, já ligando o
motor.
— Ela vai se acalmar, não fique preocupada — falei assim que nos
ajeitamos na traseira do Bentley.
— Eu sei. — Virou o rosto para mim e sorriu.
Um sorriso que não consegui identificar o porquê e estranhamente
fiquei incomodado.
Piscando, peguei sua mão e entrelacei nossos dedos, focando minha
atenção na cabeça loira de Gregori.
Tinha encerrado a ligação com meus pais há dez minutos quando senti
novamente uma pessoa se aproximando. Já sabia que poderia ser Travis ou
Luca. Eles eram os únicos que permiti se aproximar, e apostaria minha casa
que o Capo não permitiria mais ninguém ver o corpo de Mia, agora
escondido por um lençol branco que o padre colocou.
— Oi.
A voz de Madeleine me surpreendeu e virei o rosto para ela esperando
o motivo de ela estar ali.
— Eu... queria dizer que sinto muito — disse com a voz baixa e notei
que queria chorar. — Sinto muito mesmo. Ela... estava na minha frente e eu...
— pausa segurando o soluço.
— Não se culpe. — Girei meu corpo por completo. — Não foi você
que apertou o gatilho.
— Mas ela morreu no meu lugar.
— Ela morreu porque era uma boa pessoa. Tenho certeza de que, se
acontecesse de novo, ela não mudaria o que fez. Mia era assim.
Era isso. Minha esposa era muito boa e mesmo não sabendo o motivo
da bala ter atingido-a invés de Madeleine, tinha certeza da sua pureza e
proteção a quem gostava.
— Um anjo — murmurou Madeleine e suas lágrimas escorreram. —
Eu não a conhecia há muito tempo, mas o pouco que estive em sua presença
me encantei e... não consigo me conformar. Não está certo.
A mulher na minha frente soluçou e era muito frágil. Nem um pouco
parecida com a pessoa determinada que era geralmente. Nem quando viu
Travis parecendo partido ao meio, ela ficou assim.
Dei um passo mais perto e disse:
— Madeleine, eu sei que as mulheres são emotivas e agradeço seu
carinho por Mia, porém você precisa ser forte. Essa guerra não está no fim.
Ela acenou que sim e limpou os olhos.
— Travis não pode lidar com seus sentimentos agora e, na verdade, ele
vai precisar de você em algum momento. Está apenas no começo, e vingança
sempre leva algo de nós. — E já tinha levado uma parte de mim. — Não
quero que seja sua determinação, que, convenhamos, foi muito boa e irritante
também — falei para ela despertar da sua dor e eu voltar ao foco.
— Pensei que você tinha apenas reclamações sobre mim.
— Não, mas entenda — me aproximei mais um pouco —, é meu dever
testar os limites. Ver as falhas, enxergar o perigo e os inimigos. Não podia
ficar sorrindo para você e não espere que eu faça agora. O que estou lhe
dizendo é para o bem da Famiglia. Nenhum de nós pode ficar neutro agora.
É preciso muita garra para saber lidar com uma vingança.
Concordou com um aceno silencioso e seus olhos fugiram para o corpo
de Mia. Alguns pensamentos passaram por sua cabeça e refletiram em seu
rosto. Era visível que tentava encontrar o equilíbrio de manter a tranquilidade
e a raiva. As mulheres tinham o senso de humanidade diferente dos homens.
Engolindo em seco, ela enrijeceu a postura, me encarou e disse:
— Seja cruel e continue cuidando do meu marido. Sei que não tenho
direito de te pedir nada, mas preciso que prometa que irá fazer de tudo e
proteger a retaguarda de Travis.
— Farei tudo o que estiver ao meu alcance, Sra. Lozartan — dei minha
palavra.
Assisti Madeleine se afastar, indo até Travis, que a protegeu com um
braço nos seus ombros.
Sentindo um peso no peito, vi Gregori entrar na igreja e chegar até a
mim. Ele não disse nada quando olhou para o corpo de Mia e fez o que pedi
quando soube que estava voltando.
— Não se preocupe. Vou cuidar de tudo — disse ele.
Assenti e dei-lhe as costas e saí dali. Eu precisava respirar.
Gregori levaria Mia, o corpo de Mia, para o nosso necrotério e
começaria a preparar tudo para o velório e eu não precisava me preocupar
com muita coisa.
Sem dizer nada, saí da igreja. Do lado de fora, ignorei a mancha de
sangue nos degraus, passei por cima, e fui até meu carro do outro lado da rua.
Liguei o motor e corri. Simplesmente corri até pegar a estrada e não parei.
Cheguei no Balcão, deixei o carro de qualquer jeito.
— Paolo, o que está fazendo aqui?
Ignorei Carlo e entrei na quadra de treinamento. Alguns homens
estavam lutando e pararam para me ver caminhar até a sala à prova de som.
Sem falar uma única palavra, peguei uma pistola e comecei a atirar na porra
da folha com um alvo enorme que eu apenas atingi o meio doze vezes.
Acabei com um cartucho e usei outro, depois mais outro e depois de dez
cartuchos, larguei a arma em cima do balcão.
Meu peito doía. Sentia meu coração parecendo estar aberto e sendo a
merda de um alvo num papel. As lágrimas queimaram meus olhos pela
primeira vez na minha vida. Eu nunca, jamais, chorei na vida e estava prestes
a fazer porque doía. Eu sentia uma dor que também nunca sentira. Eu sentia
uma ausência dolorosa dentro de mim que apenas a fúria conseguia abafá-la.
Saindo do gabinete que estava, entrei no do lado e disparei com a arma
carregada gritando a plenos pulmões:
— PORRAAAAAAAAAA!
Esfreguei meus olhos com uma puta dor na nuca que, mesmo
recorrendo a um comprimido de dor que minha mãe arrumou, nada adiantou.
Eu sentia como se tivesse um caminhão de chumbo em minhas costas.
Ajeitando meu paletó, peguei um cigarro no maço no bolso da frente, já o
guardando para não perder, e acendi.
— Nunca vi você fumar tanto como agora.
A voz de Colen veio do fundo da sala da capela. Virei-me e
acompanhei ele caminhar até a mim com passos marcados. Tinha um ar
pesado em seus olhos. Ficando cara a cara comigo, apertou minha mão com
firmeza. Não teve sentimentalismo, mas entendi que ele estava me dando
seus pêsames, que não fez anteontem. Eu fugi de todos desde que saí da
igreja e deixei Gregori cuidar do corpo de Mia. Vi Travis e Enzo por algumas
horas para podermos começar o plano de retaliação, mas, fora isso, não
mantive contato com ninguém. Ainda nem entrei em casa.
— Pode contar comigo — Colen disse soltando minha mão e dando
um passo para trás. — Eu vou fazer questão de honrar sua esposa no que
você precisar de mim.
Assenti e deixei que ele saísse. Colen era pavio curto quando estava
nervoso. Diferente de Travis, ele não esperava nem uma palavra sequer para
uma tentativa de defesa. Colen era fatal. Todos os Lozartan não toleravam
mentira. Nascidos e criados por um homem ególatra, eles não gostavam de
ser adulados mais.
Não fiquei muito tempo sozinho. Logo vi uma sombra pelo corredor e
novamente me surpreendi com Madeleine. Ela estava toda de preto, pela
primeira vez desde que a conheci, e neutra. Não consegui ler seu rosto, nem
quando parou na minha frente. Travis apareceu atrás dela logo em seguida.
— Como você está? — ela perguntou.
Franzi a testa e encarei as rosas brancas em suas mãos.
— Como você acha que estou?
— Com raiva — disse e Travis colocou a mão no seu ombro.
— Querida, me deixa a sós com Paolo.
Ela assentiu e baixou a cabeça. Parecia querer falar algo.
— Ela está preocupada com você e sua filha.
Minha filha. Eu nem a vi ainda.
— É evidente. Diz para ela relaxar.
— Isso não vai acontecer, não — falou balançando a cabeça,
incomodado. — Todos nós estamos querendo saber como você está lidando
com isso.
— Todos nós? — repeti numa interrogação.
— Eu sei que você, e todo mundo, acredita que eu sou frio ao ponto de
não sentir a morte de alguém, mas você é meu braço direito e com isso só vou
te perguntar uma coisa. Você chegou em casa? Você, por acaso, dormiu,
Paolo?
— Travis... — Cerrei a mandíbula.
— Não! — ele me interrompeu. — Paolo, responde, merda. Você
dormiu ou bebeu e fumou o dia todo? Porque está na cara que você está
esgotado e não posso ter você assim ao meu lado.
Joguei o cigarro no chão e pisei para terminar de apagar a ponta, e
ergui a cabeça para perguntar:
— O que você quer dizer com isso?
— Você tem uma filha de menos de um mês para cuidar e sozinho.
Não dá para os seus pais, que são velhos, cuidarem dela para sempre.
Quis meter uma bala na cabeça dele e me controlei para não mandá-lo
se foder.
— Eu estou enterrando minha esposa hoje e você está pensando em
arrumar outra mulher para mim, como se fosse a coisa mais simples. —
Respirei profundamente. — Se Madeleine tivesse morrido, você ia arrumar
outra esposa no dia seguinte?
— Se eu tivesse um filho pequeno para cuidar e ninguém para me
ajudar, talvez sim.
Balancei a cabeça e escolhi fitar o teto.
— Eu vou deixar você passar o seu luto — Travis continuou. — No
momento, não temos como focar em nada a não ser na retaliação com a
Bratva, mas pense a longo prazo que vou retornar a esse assunto. Eu não
posso ter você cansado e sem foco ao meu lado.
Minhas entranhas se reviraram e torceram pela cólera. Olhei para o
meu Capo.
— Você quer que eu mostre meu foco?
— Não estou falando de vingança e seu poder de destruir. Não estou
falando de você destruir Ivon Avilov ao meu lado. Você é meu cérebro e a
opção tática. Eu não quero você cansado.
Engoli a saliva com força. Minha garganta estava travada. Eu sentia
um gosto de ferro na boca.
Apesar de sentir uma raiva mortal por ele estar dando aquela ideia no
funeral da minha esposa, sabia que estava certo. Não podia viver na tristeza
acompanhada de cansaço e raiva para sempre. Uma das últimas palavras de
Mia fora encontrar uma mãe para Sophia. E eu iria fazer, porém depois de
matar dolorosamente o desgraçado que matou ela. Ele iria se arrepender de
fazer parte da Bratva, de apertar aquele gatilho.
— Está na hora — minha mãe disse aparecendo no corredor.
Sem dizer mais nada, Travis passou por ela, que baixou a cabeça sem
encontrar seus olhos, e saiu. Eu fui em seguida com minha mãe.
— Ele pediu para você se afastar dos seus serviços por enquanto?
— Não, por que pediria?
— Você acabou de perder sua esposa e tem que cuidar da sua filha.
Merda de gente imprestável!
— Não se preocupe com Sophia. — Parei para ela me olhar. — Marta
pode cuidar dela até eu resolver os assuntos.
Meu pai se juntou a nós quando ela falou:
— Você precisa encontrar outra mulher. Uma mãe para ela, que é
apenas uma bebê. Não pode perder seu posto ao lado do Capo.
— Minha mulher está sendo enterrada hoje, porra! — Abafei meu grito
na garganta fazendo minha voz sair estrangulada, mas minha mãe entendeu o
recado.
Ela se afastou e foi ficar ao lado da minha tia Izolda, outra
inconveniente. Só sabiam fofocar e cuidar da vida dos outros.
— Sua mãe tem razão, Paolo — meu pai falou com a voz baixa. —
Você não pode cuidar dos seus afazeres como Consigliere e da sua filha
pequena. Precisa encontrar alguém e a Famiglia espera de você uma decisão
sensata. Não verão com bons olhos você sozinho com uma filha recém-
nascida e ao lado de Travis. Ele também não vai querer — completou seu
pensamento como se tivesse ouvido o Capo falando comigo há alguns
minutos.
— Não estou me negando — repliquei com um gosto amargo as
palavras. — Mas hoje não quero falar sobre isso e nem é momento para
pensar em um casamento.
— O que quer dizer com isso?
— O foco agora é pegar Ivon e seus aliados.
Meu pai assentiu e apertou meu ombro.
— Você é sensato e tomará a decisão certa quando precisar tomar.
Ainda bem que ele pensava assim, porque estava cansado de todos os
olhares de pena e dúvida em minha volta.
O funeral terminou poucos minutos depois e eu esperei todos jogarem
suas flores no buraco de terra no cemitério para eu fazer o mesmo. Joguei
margaridas brancas e rosas que Mia adorava e me despedi. A vontade de
derramar lágrimas não reapareceu e eu dei as costas assim que o começaram
a jogar a terra em cima do caixão. Dei as costas para uma vida tranquila, que
sempre tive ao lado de uma mulher que merecia muito mais do que teve. Dei
as costas para o meu lado compassivo e me preparei para o que viria à frente.
Cinco
Desde aquele dia não voltei a ver o Capo. Não tem nada acontecendo
comigo, apenas quero ficar sozinho e trabalhando nos meus negócios. Sophia
também toma muito da minha atenção e tempo, mesmo Marta ajudando como
ela consegue. Fiquei sabendo que Travis se encontrou com o Pakhan da
Bratva, que deu sua palavra – como se pudéssemos confiar no que esses
porcos russos falam – que não tinha nada a ver com Ivon. Mas, dessa vez, é
verdade. Todo o conflito foi gerado porque Edgar – pai de Madeleine – era
um caçador de poder.
O importante é que o Pakhan, que reside no Texas não deu sinal de
que está puto com o ataque que a Lawless fez com os homens de Ivon.
Continuamos em conflito de interesse e das drogas, mas sobre aquele assunto,
morreu. E ele disse que os homens e mulheres, que são da Bratva e morram
em Las Vegas, não irão causar problemas. Ainda temos muitos russos entre
nós. Não me agrada, contudo, precisei aceitar a ordem de Travis que alguns
podem frequentar a cidade. Dinheiro nunca é bom negar e ele quer mais que
os miseráveis enterrem seus dólares em nossos cassinos e puteiros.
Voltando minha atenção para Sophia em seu berço com o cachorro de
pelúcia que Madeleine deu quando veio aqui nas muitas vezes para cuidar da
minha filha – ela até amamentou quando descobriu que estava grávida e se
tornou a ama-de-leite de Sophia – fico imaginando como não andou sua
cabeça essas duas semanas. Espero que participar da morte daquele rato não
tenha mudado ela. Seria lamentável vê-la ficar insensível ou fria como os
Homens Feitos.
O filho do Capo deve nascer mês que vem e todos estão vigilantes. Seu
herdeiro é um alvo desde que vazou a gravidez de Madeleine. Algum
linguarudo conseguiu espalhar a notícia até a Sicília. Eu queria encontrar esse
idiota e fazê-lo engolir o caralho do negativo das fotos.
Hoje sinto uma grande necessidade de proteger Madeleine. Ela foi a
única pessoa, sem ser Marta – minha governanta, que se vira para ser babá –
que cuida da minha filha sem pedir nada em troca. Tudo bem que Marinne
vem algumas vezes, mas ela é uma criança. Minha mãe ficou doente e com a
guerra preferiu estar em Reno, em sua casa, a ficar por sua única neta em Las
Vegas. Eu pedi que cuidasse de Sophia pelo menos nos preparativos do
ataque a Ivon há duas semanas, e minha resposta foi: “não posso me envolver
nisso, Paolo. Você precisa de uma esposa. Uma mãe para essa criança, não
ficar pedindo ajuda a todos”. Eu quis mandá-la se foder. Imprestável.
Inspirando com força, estico minha mão e afago a barriga de Sophia.
Ela se mexe erguendo as perninhas gordinhas e o urso lentamente.
— Até mais tarde, querida — digo e me viro.
Saio do seu quarto, desço as escadas e sinto o celular vibrar. Leio a
mensagem de Travis:
Com uma paciência que não é meu normal, espero uma pequena
multidão se dissolver na frente do Bellagio. Parece até que essa porra está
com promoção. O que jamais seria.
Finalmente passo pelas pessoas e atravesso o hall de recepção. O
escritório de Travis fica na área do hotel. Noto que a movimentação de
hóspedes está muito grande devido ao feriado. Isso é bom para os bolsos, mas
fico em alerta. É sempre uma ótima forma de fingir ser uma pessoa comum.
As máfias rivais e os inimigos em comum, gostam de aprontar nos cassinos
ou mandar algum filho da puta que não tem medo de morrer fazer merda.
Com um aceno de cabeça, ordeno que abram as portas duplas que leva
ao corredor onde fica as salas de contagem de dinheiro, câmeras de vigilância
para ver se não tem nenhum espertinho contando cartas e etc., e a sala do
Capo, que alcanço rapidamente.
Lawrence, o novo encarregado de proteger o chefe, cerra os olhos,
surpreso por me ver aqui. Não lhe devo satisfação e abro a porta do
escritório.
— Pensei que você fosse me fazer ir até o MGM ou à sua casa.
Inclino a cabeça e fico em silêncio.
Sinto muita raiva o tempo todo e tento não direcionar ao meu líder. Ele
pode confiar em mim e esperar que eu seja leal, que tome boas decisões para
a nossa Famiglia. Por isso que baixo a cabeça.
— Sente-se, Paolo! — ordena Travis.
Sento-me na cadeira, em frente à sua mesa e pego um cigarro, acendo e
dou uma tragada.
— Você me chamou aqui para que?
— Já está de mau humor e eu nem abri minha boca. Geralmente quem
faz isso sou eu.
Respirando fundo, cruzo a perna apoiando sobre o joelho e trago mais
uma vez.
— Fala logo o que é. Eu não ando dormindo direito e há um mês
piorou.
— Sua filha não deixou você dormir? Achei que, quanto maior ela
ficasse, daria menos trabalho.
Eu também esperava que isso acontecesse, mas a verdade não é essa.
— Sophia está com uma pequena hérnia umbilical.
Travis franze a testa.
— Ela está bem?
— Sim, já está saindo, mas ela está chorando muito.
— Eu sei como é.
— É, eu sei. — Travis criou a irmã mais nova desde o começo.
A Sra. Lozartan estava num grau de depressão e revolta muito grande
quando Marinne nasceu e Vincenzo, o Capo anterior, nunca ligou para a
filha. Travis, como sempre tão concentrado em cuidar da família, na verdade
os irmãos, tomou Marinne como sua responsabilidade, o que foi bom quando
a mãe se jogou do apartamento e morreu espatifada no asfalto.
Ele cuidou da irmã bebê e arrumou as melhores babás, e completo o
resto dos meus pensamentos em voz alta:
— Mesmo que eu esteja numa outra forma de sofrimento sobre o
mesmo tema, convenhamos.
Travis concorda com um aceno e fala:
— Por isso mesmo que o chamei aqui. Rocco Gatti me ligou.
Meu cigarro acaba, jogo o resto no cinzeiro e acendo outro encarando-
o. Relaxo um pouco mais meu corpo na cadeira porque sinto como se minhas
pernas fossem dois troncos de árvores pesados e duros. Afrouxo minha
gravata e me permito dar uma tragada forte. Cigarro, eu fumo mais
livremente fora de casa porque fico perto demais de Sophia e não quero que
ela se acostume tão cedo como eu cheiro a esse vício maldito. Eu estou
cansado, esgotado, minha coluna dói e quase não durmo. Mesmo com a ajuda
de Marta, quando ela vai embora e os empregados, fica só eu e é muito
diferente cuidar de um bebê tão pequeno comparando com qualquer outra
função que já tenha feito na vida.
— O que tem o Underboss de Seattle? Algum problema com ele?
Travis nega com a cabeça e cruza as mãos na frente do corpo em cima
da mesa.
— Não, nada de errado com Rocco.
— Então, qual o problema?
— Paolo — faz uma pausa, o que sempre me irrita, e simplesmente
solta: —, você precisa se casar de novo.
— O quê? — Franzo a testa e apago o cigarro no cinzeiro. — Do que
você está falando?
— Você precisa se casar de novo para a sua filha ter uma mãe para
cuidar dela. Lhe dar toda atenção e...
— Não me lembro — interrompo-o — de lhe dar o mesmo conselho
quando você tomou a decisão de criar sua irmã recém-nascida.
— Não é a mesma coisa — fala com fúria e bate na mesa. — Minha
mãe tinha acabado de se suicidar e eu quis cuidar da minha irmã porque ela
não tinha ninguém, nem pai. Eu não era o pai dela e nunca precisei de uma
mulher para criar Marinne.
— Não é isso que eu acho. A menina sempre precisou de uma figura
materna.
Ele esfrega os olhos e respira fundo.
— Eu não tinha a obrigação de criar meus irmãos. Tomei a
responsabilidade deles para mim porque alguém precisava. Uma mãe nunca
foi necessária para cuidar deles. Marie Rose e Rosália sempre fizeram um
excelente trabalho e eu me casaria em algum momento. Não estava na hora
ainda. Agora, você... — pausa e se levanta. — Você foi casado. Você teve
sua filha num matrimonio e, infelizmente, perdeu sua esposa. Não foi a
mesma coisa comigo. Se na época que eu tomei Marinne como minha total
responsabilidade fosse casado e, por alguma circunstância perdesse minha
esposa, teria que me casar de novo como todo Madman faz na Famiglia.
Tinha que honrar minha casa, meus irmãos e filhos.
— Seu pai não se casou de novo quando sua mãe se matou.
— Você quer mesmo se comparar ao que um Capo faz?
Engulo a resposta que me levaria à morte e aperto a mandíbula
reprimindo minha raiva.
— Eu tenho Marta assim como você teve Marie Rose e Rosália.
— Paolo, não me contrarie. Você é meu braço direito e eu preciso de
você focado. Quer que eu dê um grande motivo para você se casar e logo?
É uma pergunta com imposição. Ele não espera minha confirmação.
— Você está cansado, desfocado e abatido. Eu não quero meu
Consigliere pela metade. Se optar em continuar com sua vida como está há
quase oito meses, eu vou precisar substituí-lo.
Aperto o maço de cigarro no bolso da frente do meu paletó e engulo a
saliva com força, que parece ser uma bola de futebol.
— Não pode continuar na sua casa, tentando, de alguma forma, ajudar
a criar sua filha e depois trabalhar apenas no cassino. Você não está dando
tudo de si em nenhum dos dois. E sabe que terá novos dias pesados e de
guerra. Se algo acontecer com você, ela estará com quem? Seus pais são
velhos e, mesmo assim, não acredito que vão querer assumir sua filha. Minha
esposa pode cuidar dela, mas não posso deixar. Você sabe das regras. —
Respira fundo. — No fim, ela ficará sozinha se você morrer.
Baixo a cabeça, fito meus sapatos marrons engraxados. A vertigem me
atinge forte. Não quero falar em voz alta que tudo que ouvi é verdade.
Minha causa, a causa da minha família sempre foi a Lawless. Vim de
uma longa linhagem de Consiglieres, que representou com estruturas
guerrilheiras nossa Famiglia, e agora, que tamanha decepção seria se eu
desonrasse meu sobrenome, meu Clã, permitindo que o Capo me exonere do
posto de ser seu braço direito. O homem que ele mais confia e escuta para
guiar seu território.
Engulo meu orgulho e a dor da perda Mia, a raiva que ainda é tão
presente dentro de mim, e ergo a cabeça. Eu jurei que faria todos pagarem sua
morte. E o que seria pior para mim do que conviver com uma nova mulher
na casa onde era dela? Eu não iria torturar minha nova esposa, mas seria
apenas um casamento tático. Um simples e infeliz casamento por estratégica.
— Você tem razão.
— Tenho — afirma com soberba e a postura implacável. — Apesar de
eu ser muito defensor da família e querer o bem da sua filha, quero sua
presença quando preciso — enfatiza a palavra engrossando a voz — e, talvez,
eu esteja pensando no bem da sua filha até mais do que você.
Desvio meus olhos e aperto meus lábios.
— Ela vai precisar de uma mãe. É uma menina e precisa de uma figura
materna. Você tocou na questão da Marinne e, mesmo que nossa situação
seja diferente, o que você falou não é tudo mentira. Minha irmã precisou sim
de uma mãe, de uma mulher que se encarregaria de cuidar, ensinar e educá-la
porque era seu dever, não porque era paga. Porém, eu não tinha me casado e
não exigiam de mim essa tarefa. Eu dei tudo de mim para que ela não sentisse
tanto a falta de uma mulher enquanto crescia, mas olha que ironia. Quando
ela mais precisou de uma mulher, uma figura materna, foi quando Madeleine
apareceu e eu assumi aquela mulher. Hoje ela é minha esposa e cuida muito
bem da minha irmã. Então... — faz a pausa pensativo — por acaso, você
pretende encontrar outra mulher? Me responde com sinceridade. — Junta as
mãos na frente do corpo, sobre a mesa, e encara-me sério. — Pretendia, sem
a minha intromissão, se casar de novo para que sua filha tivesse uma mãe?
— Não — respondo seco e com senso. — Eu não tenho por que
mentir, Travis. Eu não estava pensando em me casar de novo, mas... — olho
para longe — confesso que cuidar de Sophia está sendo a tarefa mais difícil
da minha vida. — Olho para ele de novo. — Não pense que eu quis me
comparar a você e seu pai, e não tem como. Um Capo se precisar se ausentar
ou não comparecer, tem o seu Consigliere. Tem o seu homem de recado e
negócios. E esse alguém sou eu, que não posso ser substituído e recolocado
no lugar. Não existe lacuna para alguém como eu tirar folga ou se ausentar.
— Se a questão fosse por pouco tempo, sabe que eu posso fazer.
— Sim.
Ele assente.
— E você não falou o mais importante. A Famiglia espera que homens
na nossa idade tenha o seu Clã e sejam casados. Eu fiz a minha parte e agora
você precisa fazer a sua.
O que ele diz é a mais pura verdade. Pelas nossas tradições, homens
com nossos postos e nossas idades, já devem estar casados e gerando
herdeiros para o sobrenome se fortalecer e vigorar. Mesmo sem Madeleine
aparecer na vida dele, Travis se casaria logo. Ela surgir e o fazer desejá-la
como esposa, foi o útil ao agradável.
Sobre criar um bebê, é claro que ele sabe do que fala com tanta certeza,
afinal cuidou de todos os irmãos sozinho sem a figura da mãe.
Marinne é o retrato da menina que é forte demais, mas quebrável
porque não teve o lado materno por perto. Giulia Caputo era só apenas a avó
que vinha de vez em quando visitar, ou Travis ia com os irmãos até Carson
City ficar com os avós. Era muito breve e a menina precisava de uma figura
feminina sim. Madeleine pode ter chegado um pouco tarde, porém ainda bem
que está aqui agora. Inclusive, por conta do noivado dela com apenas quinze
anos.
— Olha, Travis. Eu com concordo que preciso tomar uma atitude, mas
não quero me casar agora.
— Infelizmente, essa situação me compete de alguma forma e eu já
entrei em contato com alguns Underboss para saber se tinha alguma mulher
para casar. Algum com filha com idade para casar ou...
— Como assim? — interrompo-o sem acreditar nos meus ouvidos. —
Você quer me casar com uma jovem?
— Você quer se casar com uma viúva? Geralmente uma mulher, que já
fora casada, já tem filhos. Você quer uma mãe solteira? Quer dividir atenção
da sua filha bebê com outra criança, que não tem nada a ver com vocês, e
sem saber se a mulher pode rejeitar a sua filha e querer apenas cuidar do seu
próprio filho.
— Se pensou nisso tudo, também pensou ou imaginou que uma mulher
solteira e com idade para casar vai ser muito mais nova. Eu provavelmente
serei o dobro da sua idade.
— Então quer uma mulher que foi casada?
Solto a respiração sem vontade.
— E você quer que eu case com uma menina nova e virgem, que
provavelmente acabou de terminar a escola. Vou ser quase o dobro da idade
da garota. — Levanto-me da cadeira e, puto, caminho de um lado para o
outro na frente da sua mesa. —Você é louco, Travis. Não vou me casar com
uma criança.
— Ou é isso ou uma viúva. Você precisa se casar. Sophia precisa de
uma família, de uma mãe.
Paro e o vejo chegar até a mim.
— Você não pode continuar do jeito que está. Sozinho vai ser
derrotado e não pode confiar que seus pais podem ajudar e continuar a
sobrecarregar Marta. A maior diferença de você pedir a ela para ajudar e eu
deixar Marinne com Marie Rose, é a idade. Marie Rose tinha dezenove anos
quando cuidava da minha irmã bebê. Marta já tem quarenta e cinco. Ela não é
mais tão jovem.
Respiro fundo, engulo – pela milionésima vez – em seco e digo:
— Por acaso, você já encontrou?
— Uma mulher?
— Sim — responde assentindo. — Ela é filha do Subchefe de Seattle.
O rapaz que ela iria se casar, um soldado qualquer, saiu do jogo. Nada
importante.
— Claro — resmungo e vou me sentar nos sofás.
— Ela ainda não tinha sido compromissada oficialmente e, mesmo
assim, sempre passo à frente de qualquer acordo de boca.
— Você tirou uma noiva de alguém simplesmente porque queria que
ela fosse minha?
Assente com simplicidade. Que ordinário!
— Fique contente. A menina é muito inteligente e acredito que vai ser
uma boa companhia para você e ainda mais para a Sophia.
— Quantos anos ela tem? — Minha voz é baixa demonstrando minha
insatisfação apenas em saber da idade dela.
— Vinte. Acabou de completar.
Franzo a testa sem entender.
— Vinte e ainda não tinha se casado. Tem algum problema com ela?
— Não. O que aconteceu é que o noivo, o soldado, está na Itália
fazendo o treinamento especial de conhecimento da área de lá e porque sua
família toda reside na Sicília ainda. Alguns dos homens precisam aprender de
verdade a nossa cultura. Você sabe disso.
Assinto e comento:
— E você aproveitou que ele estava longe para roubar a noiva dele.
— Era um acordo de boca — responde e anda até o bar servindo-se de
uma boa dose de uísque. Toma um grande gole e vira-se para mim. — Como
disse, eu posso desfazer qualquer acordo que não tenha quebrado nenhuma
regra. E o pai dela achou muito mais interessante casar a filha com meu braço
direito do que com um simples soldado.
Realmente eu sou uma escolha muito melhor do que um simples
soldado.
— Mesmo assim, você fez algo incomum. Nunca um Capo se
intrometeu num casamento.
Travis respira fundo erguendo o queixo.
— O que interessa é que foi uma interferência bem-sucedida embora
incomum. O pai dela não achou nada de ruim.
Assinto e troco as pernas de posição deixando a direita sobre a
esquerda.
— Se você já acordou todo o processo acredito que o pai dela está
apenas esperando a minha resposta, certo?
— Não. Eu disse que você ligaria para ele confirmando e supostamente
marcaria uma visita à sua casa.
— Quer que eu vá à Seattle? Quando?
— O mais rápido possível. Espero que, depois do casamento, você
fique mais atento e presente aos negócios. A guerra com a Bratva causada por
Ivon foi encerrada e os traidores da Lawless também, mas temos os
mexicanos e os motoqueiros. Fora que meu filho nasce agora e preciso
manter em segredo sua existência até quando puder, e com isso vou precisar
da sua mente brilhante — soa com ironia, mas, no fundo, é verdade.
— Okay. Vou ligar para Rocco Gatti.
— E dizer que está tudo bem — ordena com seu tom de
questionamento invasivo. — Vai ligar para marcar o casamento, certo?! —
Meneia a cabeça do jeito autoritário e convincente.
Assinto e me levanto.
— Pode deixar comigo e agora vou para o MGM. Como você mesmo
disse, não estou dando tudo de mim e quero hoje, pelo menos, comparecer a
todos os lugares que são da minha responsabilidade.
— Falando nisso — diz se pondo de pé e ficando cara a cara comigo.
— Você precisa encontrar alguém para gerenciar o MGM. Quando fizemos o
acordo que seria metade meu e seu, não pensei que você, em algum
momento, fosse se enfurnar lá dentro. Então, agora estou pensando
seriamente em colocar alguém para cuidar do MGM.
— A única pessoa que eu confiaria para isso está cuidando da
segurança da minha filha.
— Um novo soldado leal para cuidar da sua família, nós podemos
encontrar. Podemos ir testando e preparando ele. — Enfia as mãos nos
bolsos. — E você está falando do Gregori para cuidar do MGM?
Nada, absolutamente nada, escapa de Travis e é óbvio que sabe que o
meu braço direito é Gregori.
— Ele mesmo.
Travis faz um som pensativo e se encaminha para a sua mesa,
sentando-se na sua majestosa cadeira.
— Encontre um nome para substituí-lo e depois conversamos sobre a
promoção de soldado a gerente de um dos meus hotéis e cassinos.
— Certo — concordo. — Agora já estou indo. Se precisar de mim,
apenas me ligue.
— O que preciso de você já disse agora.
Porra! Odeio o modo babaca dele.
Meneando a cabeça em sinal de respeito, lhe dou as costas e saio do
escritório.
Depois que finalmente termino de cuidar das minhas flores, sigo até o
meu quarto e tomo um banho rápido. Quando minha mãe diz para se limpar,
quer dizer: tome banho, troque de roupa e pare de se vestir como uma
criança.
São tantas regras, às vezes, que eu fico me perguntando se, em algum
momento da minha vida, vou ser livre. Eu nem sei o que é isso: liberdade.
Sinto-me como um dos soldados da Lawless, só que não do meu pai e
sim da minha mãe na luta de me fazer o melhor feito da sua vida. Ela é muito
frustrada por não ter tido mais filhos, e eu ser a primeira e do meu irmão ser
um tanto rebelde. Sinto falta dele, que está na Itália no mesmo treinamento
que Augusto.
Apesar de eu odiar ter que usar roupas neutras, coloco um vestido
preto com uma simples faixa lilás na bainha e um cinto branco combinando
com os meus sapatos sem saltos.
Papai acha que eu ainda sou uma criança, então preciso me vestir como
uma linda donzela. Ele disse que o momento de usar saltos, roupas mais
coladas ao corpo, mais ousadas, será quando eu me casar.
Às vezes, por mais que me dê muito medo em conviver em uma casa
com um homem estranho, anseio fervorosamente com o meu casamento,
mesmo sabendo dos boatos que existem alguns homens que estupram,
maltratam e batem nas esposas.
Eu acho que uma mulher da máfia, de verdade, nunca alcança nada
além da miséria. Acho que as que têm um pingo de sorte, conseguem um
marido que não bate, porém são frios como uma pedra de gelo.
Com os meus cabelos em uma trança de lado, desço até o escritório do
meu pai. Agora está quase na hora do jantar e é estranho ele estar em casa.
Deve ter acontecido alguma coisa para não ter saído hoje em nenhum horário.
Segurando a respiração por nanossegundos, bato na porta e espero que
ele permita que eu entre. Assim que estou dentro do escritório, escuto sua
voz:
— Fecha a porta e sente-se.
Não digo nada e faço um aceno de cabeça respeitosamente. Fecho a
porta e vou me sentar em uma das cadeiras em frente à sua mesa pomposa.
Ele tira os óculos de graus, deixando-os sobre a mesa e me encara
sério.
— Queria falar com você sobre o seu casamento.
O frio na barriga volta com força. Eu não digo nada. Não tenho
permissão.
— Augusto ainda não voltou da Itália e eu acho que a gente está
esperando por muito tempo.
— O que o senhor quer dizer com isso, papai? — pergunto em voz
baixa para não parecer que estou sendo abusada.
— Eu consegui outro marido para você.
Engulo em seco e torço meus dedos no tecido do meu vestido.
— Conseguiu outro marido para mim?! Assim tão rápido?
— Ele é um pouco mais velho que você — responde sem se alterar —
e é muito mais interessante se casar com ele.
— Em que sentido? Desculpa lhe perguntar.
— Augusto era apenas um soldado, Nina. Você ou seus filhos nunca
seriam nada além de simples membros da Lawless. Nunca alcançaria um
grande posto, a não ser que Augusto fosse tão bom que o futuro Capo, que no
caso será o filho de Travis, faça seu marido ou seu filho ser um Capitão ou
General. Mesmo assim nunca um Underboss ou Consigliere, por exemplo.
— Aham — digo baixinho.
— Então, Augusto não lhe traria frutos tão bons afinal de contas. E
você é filha de um Underboss.
— Eu sei, papai, m-mas... você disse que não tinha ninguém melhor.
— Não tinha — sorri de lado maliciosamente — até oito meses atrás
quando a esposa de Paolo Dal Moli morreu.
Esse nome não me é estranho, mas continuo calada esperando mais
informações, e obviamente permissão para falar alguma coisa.
— Paolo está viúvo e procurando uma esposa nova. Eu entrei em
contato com o Capo e disse que eu tinha uma filha solteira numa idade
razoável para se casar com um homem que já foi casado e consideravelmente
mais velho.
Franzo o cenho. Mais velho?
— Como assim, consideravelmente mais velho? — Me atrevo a
questionar.
— Paolo tem trinta e sete anos e uma filha sem mãe e precisando de
atenção. O casamento já foi acordado e ele está vindo para conhecê-la
amanhã à tarde.
Fiquei tão abalada, que não tive o que dizer depois que ele falou que o
homem tem trinta e sete anos e uma filha. Ou seja, ele é um viúvo, solteirão e
velho. Vão me casar com um homem velho.
— Eu acredito na sua boa escolha, papai, e... de qualquer forma, eu
não posso falar nada sobre.
— Ainda bem que você sabe o seu lugar.
Escuto de cabeça baixa.
— Eu só lhe chamei aqui antes de amanhã chegar para não ficar tão
surpresa e com essa cara de espanto e amedrontada na frente do seu futuro
marido.
Assinto e o encaro.
— Não se preocupe porque Paolo não tem fama de tratar as mulheres
com crueldade.
Como se isso fosse algo superlegal da parte dele. Uma benfeitoria. É
mais do que obrigação um homem tratar uma mulher com dignidade. Já que
as mulheres são obrigadas a serem submissas e tratá-los como reis, os
homens deveriam fazer o mesmo. Tratar as mulheres como rainhas, então
quando eu escuto: “Ah, mas ele não bate na mulher. Não estupra e não
tortura”, eu fico um pouco indignada. Parece um grande feito. É mais do que
obrigação.
— Tudo bem, papai.
— Amanhã, ele deve chegar mais ou menos um pouco depois do
horário do almoço e espero que você esteja dentro de casa e arrumada,
esperando, e não que esteja suja de terra e no seu jardim. Hoje você nem
almoçou, Nina.
— Me desculpa. É que, às vezes, eu fico...
— Distraída — ele me cortou. — Saiba que, quando você se casar, terá
uma grande responsabilidade e não só com seu marido. Existe um bebê que
precisará da sua atenção. Então, pare com essa palhaçada de flores e assuma
seu lugar como uma mulher adulta.
Agora eu sou uma mulher adulta? Penso torcendo meu interior,
esmagando meu fígado.
— Paolo é um homem mais velho — continua e eu presto atenção —,
por isso você tem que se vestir do jeito que está agora. Neutra e comportada,
nada de flores, cabelos soltos e já pode começar a usar salto alto. Como eu
disse a você, quando casasse teria permissão de usar saltos e estou lhe dando
agora. Se for da sua preferência, pode sair amanhã cedo com a sua mãe e
fazer compras.
— Não precisa. Eu ganhei de presente de Natal da vovó — assinto
falando, estou tremendo. — Eu tenho um salto alto, obrigada.
— Que seja. Agora, me dê licença e espero que não precise falar de
novo amanhã tudo que eu te orientei hoje, certo, Nina?
— Sim, senhor, papai.
Levanto-me e inclino meu corpo com os olhos baixos e saio.
É realmente muito difícil me controlar ao ponto de caminhar
lentamente e chegar até as escadas como uma dama. Estou alcançando os
degraus quando escuto alguém me chamar.
— Sim, o que deseja?
— A senhorita não vai jantar hoje? — Léa pergunta.
Respiro fundo e, ainda encarando o chão, respondo:
— Estou sem fome. Obrigada por se preocupar.
Ela assente como se entendesse o que estou sentindo.
— Eu vou guardar um pouco para a senhorita e deixar um leite com
canela morno no micro-ondas. Depois a senhorita esquenta mais um
pouquinho.
— Obrigada.
— De nada. Boa noite.
Com um aceno, finalmente corro pelas escadas acima e com toda a
força de vontade que tenho, fecho a porta do meu quarto sem bater e corro
para a minha cama, onde me sento e solto um suspiro alto. Sinto meu coração
acelerado.
Talvez eu esteja apavorada à toa. Eu nem conheço o meu futuro
marido e, mesmo que nossas idades sejam tão distantes, será um choque
conviver com ele e ele comigo, ainda tendo um bebê para cuidar.
Talvez não seja tão ruim quanto a vida que eu já levo. É extremamente
triste pensar assim. Que a minha única saída da tristeza, que é ter um pai e
uma mãe tão frios e maquiavélicos, seja um casamento arranjado, com um
homem mais velho e com um bebê sem mãe.
Antes de sair do quarto, para poder esperar o meu futuro marido na sala de
estar, eu paro em frente ao espelho e encaro a mim mesma com um vestido
marrom sem graça, os ombros são fofos e ordenados como se fosse feito de
glacê, a saia é pregada e estou usando o sapato que a vovó me deu de Natal. É
um salto preto sem nada demais, apenas uma fivela quadrada na ponta com
pequenos strass.
Meus cabelos estão penteados para trás e alisados porque quando eu os
deixo soltos, ao normal, que ficam quase cacheados criando muito volume,
papai não gosta. Minha maquiagem é um pouco mais pesada do que
geralmente gosto de usar. Estou usando lápis de olho, bastante rímel e um
batom cor de cereja.
Olhando-me no espelho, me daria vinte e quatro anos, mas, por dentro,
agora eu me sinto com uma criança no meio de uma praia deserta vendo o
mar revolto e prestes a me engolir.
Ontem eu estava confiante, pensando que esse casamento poderia me
salvar da vida horrível que é conviver com meu pai com a minha mãe, mas e
se não for?
Acordei chorando, desesperada, ansiosa e com o coração acelerado.
Martelando dolorosamente até. Engolindo o soluço, limpo com cuidado
embaixo dos olhos as lágrimas e tomo um fôlego.
Saindo do meu quarto, fico parada no topo da escada procurando
coragem necessária para descer os degraus. Respiro fundo, assumindo
bravura e finalmente desço até o lobby da casa. Ninguém está e com isso vou
até a sala de estar, depois de jantar, e, por fim, vou para a cozinha e encontro
mamãe, que logo me vê e fala:
— Não acha que está arrumada muito cedo? E, por acaso, você não vai
almoçar?
Suspiro baixinho e respondo:
— Eu não estou com fome. Tomei um café reforçado e papai disse que
ele deve chegar daqui a pouco.
— Quando ele falou isso se não está em casa?
— Ele me disse ontem, que o... Paolo... vai chegar um pouco depois do
almoço.
— Se é assim, então está ótimo. Fique arrumada mesmo e espere
sentada na sala de estar.
— Sim, senhora, mamãe.
Com um aceno de cabeça, me viro e saio.
Mesmo que ela não tivesse falado, eu viria me sentar na sala de estar e
esperar a excelência, que é a forma que tratamos papai, chegar. Pensei em
trazer um livro comigo para me fazer companhia, mas aí papai não ia gostar.
Quando eu estou me sentando no sofá maior perto das janelas, escuto a
porta de casa abrir. Prendo a respiração e meu coração acelera loucamente.
— Boa tarde, senhor. Não pensei que viria essa hora hoje — Léa fala e
com isso eu sei que é meu pai.
Até mesmo porque ele responde falando alto e grosseiramente:
— Eu disse que tinha um encontro depois do almoço e espero que a
casa esteja limpa e organizada para receber uma visita importante.
— Está sim, senhor. Todos os dias limpo.
Fico revoltada com a forma como ele fala com os funcionários da casa.
— A casa está limpa e pronta para receber qualquer pessoa, não se
preocupe, senhor. Com licença.
Fecho os olhos e consigo visualizar perfeitamente ela fazendo a
referência de curvar levemente para a frente e olhar para o chão, se virar e se
afastar dele. Todo mundo aqui parece tratar meu pai como um rei e minha
mãe rainha. Isso me irrita bastante. Como eles são pedantes!
Quieta, abro os olhos e tento relaxar, mas vai por água abaixo quando
vejo a sombra do seu corpo no chão enquanto chega na sala de estar. Espero
que esteja ao alcance dos meus olhos para poder olhá-lo. Ele me olha de cima
a baixo e me levanto para ver direito como eu estou.
Depois de um longo silêncio, ele se pronuncia:
— Essa roupa está boa e o cabelo também. O salto poderia ser um
pouco melhor. Você deveria ter ido ao shopping, mas está apresentável. —
Olha para o seu relógio. — Paolo disse que já está a caminho.
Aceito sem dizer nada porque eu me sinto, como se tivesse algo na
minha boca tampando qualquer tipo de pensamento que eu possa ter agora, e
meu pai me traz um certo medo. Sempre foi assim. Sou um pouco
aterrorizada pelos seus olhos intensos sempre mal-humorado. Ele pode não
me bater, mas certos olhares doem mais do que um soco.
— Eu vou tomar um banho e trocar de roupa. Enquanto isso, você fica
aqui. Não sai daqui de jeito nenhum até eu voltar.
Ele não espera que eu faça nada ou nenhum cumprimento, muito
menos que fale. Ele deu sua palavra e sai me dando as costas.
Sete
U m tempo depois, Paolo volta para a nossa mesa, onde tive uma
conversa amigável e legal com Madeleine, a esposa do Capo, que
também está na mesa, mas não está. Travis Lozartan ficou recluso
conversando com alguns homens ao longe. Assim como meu marido, que foi
para fora.
Com os olhos baixos, vejo-o se sentar no seu lugar e pegar uma taça de
champanhe quando o garçom passa. Ele bebe todo o líquido de uma vez.
— Você comeu? — Paolo pergunta olhando para o meu prato e a taça
de vinho cheia.
Na verdade, não. Meu estômago está revirado com o nervosismo de ter
que sair daqui e ir para a casa dele para sempre. Na máfia, o fim dos
casamentos é apenas a morte. Não tem outra opção. E não sei por que estou
pensando isso. Ficar no meio dos leões muda tudo.
— Não estou com fome.
Ele limpa a garganta, fita meu prato de novo e depois seus olhos
encontram os meus.
— Seria bom comer. Não quero que você passe mal. — Chega o rosto
mais perto do meu e murmura: — Também não estou feliz, mas você não me
verá ficar bêbado para compensar isso. Então, coma!
É uma ordem. E eu aceito. Qual a outra escolha? Acontecer o que ele
acha terrível e eu ser punida em casa. Melhor não. Nunca gostei de apanhar e
não será dele que vou aceitar.
Papai não me batia diretamente, ele fazia o típico pai que mandava a
mãe fazer o trabalho de punir, e tanto faz. Eu não gostava de apanhar, nem de
leve e nem forte, mas aguentava em silêncio e, principalmente, quando
desrespeitava as regras. Céus! Eu cresci cercada de tantas regras que me
questionava se respirava da forma como papai achava aceitável.
Mesmo assim, eu cresci forte e complacente. Eu sou a filha do meu pai
e se me tornasse fraca seria uma desonra por tudo o que ele representa em
Seattle como Subchefe de Travis. Eu não posso quebrar justamente essa
regra: a de esposa perfeita. Ele mandou eu respeitar e honrar meu marido.
— Deixe esse prato aqui. — Escuto Paolo e viro-me para ver. —
Coma! — ele ordena colocando o prato na minha frente e eu encaro o
macarrão ao molho branco.
Assinto e pego os talheres, encho a primeira garfada e o vejo comer
também. Ele olha de soslaio para mim e sorrio de canto de boca. Quero ser
agradável, fazer valer a pena.
— Está bom — comento.
— Você está com fome, por isso acha que está bom.
Solto uma risada e tampo a boca correndo para não ser deselegante.
Não antes de capturar os olhos de Paolo arregalados. Ele parece surpreso. Por
que eu ri?
S eu riso resgatou algo dentro de mim, que não sei o que foi. Alguns
meses atrás, eu pensei que ela nunca sorriria perto de mim e gostei
dela se permitir relaxar ao ponto de rir de algo que eu disse. Rir de
verdade. Mesmo eu dificultando as coisas.
Nós terminamos de comer em silêncio e eu peço uma taça de vinho
para ela e uma para mim depois que comemos. Quando estou relaxando do
seu lado e percebendo que ela também não está mais nervosa, o mestre de
cerimônia comunica que está no momento da dança dos noivos.
Eu me levanto, abotoo meu paletó de volta e estendo a mão.
— Vamos dançar?
Ela concorda com um aceno, aceita minha mão e se levanta. Seu olhar
está compassivo. Eu realmente esperava que se encolhesse na minha presença
às vezes, porém ainda bem que isso é bem distante do que ela faz.
Eu a guio até o meio do salão para podermos fazer a nossa dança, e
forço os pensamentos a ficarem trancafiados em algum lugar obscuro em
minha mente. Não quero ficar pensando na primeira dança que tive com Mia
ou na última, que foi num casamento da Famiglia.
Coloco minha mão na sua lombar e a outra junto com sua mão direita.
Tudo que nos resta enquanto dançamos é a música diante do silêncio que se
estabelece entre nós.
Olhando para os seus cabelos, ignorando a semelhança com minha
falecida esposa, tudo aquilo que Colen acabou de falar para mim e até mesmo
Gregori, martela na minha cabeça, pois eu preciso que tenhamos um bom
convívio como marido e mulher. Não tive ainda um filho homem e
provavelmente muitos esperam que ela me dê esse filho, ou mais filhos. Não
importa, se for outra menina, eu vou amá-la do mesmo jeito. Eu sempre vou
adorar todos os meus filhos.
Continuamos dançando por uma segunda música e uma força maior do
que eu pede para ela erguer o rosto e olhar para mim.
— Você está muito infeliz?
— O que você quer dizer?
— Com esse casamento. Você está muito infeliz?
A surpresa em seus olhos é brilhante. Ela chega a arregalar seus olhos
e depois franze a testa.
— Eu não tive escolha, Paolo, e seria muito mal-educada se falasse que
estou infeliz. Embora não tenha sido planejado, até agora você não me tratou
mal.
— E eu não pretendo fazer. Não vou lhe prometer nada além de
respeito e companhia. E assim eu quero sua lealdade e que cuide da minha
filha.
— Eu vou cuidar dela e... — Prende a vontade de rir mordendo seus
lábios doces e macios. — Eu adoraria conhecê-la.
Ela é uma ninfeta fazendo esse gesto e, por pouco, não me esqueço dos
protocolos, e a beijo bem agora.
O que está acontecendo comigo?
— Ela já foi embora para casa — replico retomando meu raciocínio.
— Você vai conhecê-la mais tarde.
— Tudo bem — ela assente.
— Daqui a pouco, depois que você dançar com seu pai e o meu pai e o
Capo, nós iremos subir para finalizar a cerimônia.
Seus olhos arregalam, agora de pavor.
Ela sabe do que estou falando e isso me dá um certo alívio. Iria
detestar ter que explicar para ela o que acontece nos casamentos, ou nos
quartos depois do casamento.
— Não fique com medo. Isso só piora as coisas.
Ela nada diz, apenas concorda balançando a cabeça mais uma vez.
— Agora é a minha vez de dançar. — O pai dela aparece, nos
interrompendo.
Dando um olhar protetor a Nina, eu me afasto e vou dançar com a mãe
dela.
Não troco uma palavra com ela, porque é uma mulher intragável. Eu a
cumprimento, dançamos e depois me afasto. Danço com minha mãe e
Madeleine, enquanto Nina dança com Travis.
— Faça valer a pena, Paolo — Madeleine fala e eu viro meu rosto para
ela. Com Travis, eu não preciso me preocupar em deixar Nina.
— Ela parece ser uma boa menina e educada. E, acima de tudo,
complacente. É raro ter meninas assim.
— O problema é esse, Madeleine. Ela é uma menina e isso me
incomoda.
— O tempo vai fazer essa impressão passar. — Abre um sorriso suave.
— Olha que estranho, Travis e eu somos quase dez anos de diferença, e nós
nunca tivemos essa conversa. — Franze a testa como se lembrasse de algo.
— Não sentimos a distância das nossas idades em nenhum momento porque
nos conhecemos, curtimos a mesma coisa e compartilhamos momentos.
Acredito que, quando a gente se abre, as coisas acontecem.
— Eu espero que você tenha razão.
— Acho que, dessa vez, você vai ter que dar o braço a torcer para mim
— diz fingindo soberba, e fica séria. — Eu espero de verdade que você fique
mais calmo e que, talvez, encontre a felicidade. Eu não quero que você
esqueça a Mia, talvez isso nunca vá acontecer, Paolo. — Faz uma pausa. —
Mas você pode ser feliz de novo com a Nina e eu sei que você era feliz com
sua esposa. Você sorriu e a tratou bem quando eu nunca vi você fazer isso
com ninguém, a não ser com Marinne. Eu sei que esse seu coração de gelo
não está todo congelado, então tente.
— Você tem o mesmo ar de persuasão do Travis.
Ela deixa escapar uma risada relaxada e feliz.
— E é por isso que eu sou a esposa dele.
— É por isso que todo mundo chama você agora de “O Capo de saia”.
Ela ri, mais uma vez, e se afasta quando a música acaba.
— Então, o seu Capo está pedindo para você tentar ser feliz dentro de
casa — enfatiza a palavra casa. — Ninguém precisa saber. — Pisca o olho e
se vira para ir até Travis.
Minha esposa está nos meus braços, mais uma vez, e ela me dá um
sorriso tímido. Mas logo some quando todos gritam para que eu tire a liga.
Eu faço, tentando não encostar muito na sua pele. É sacanagem. Não quero
assustá-la.
— Lençóis! Lençóis!
Nina franze a testa porque sabe o que eles querem dizer e eu aperto sua
mão.
Eu aceitei me casar com uma mulher nova, quando todas as vezes que
fecho os olhos enxergo minha ex-esposa. Homem de honra só jura a
verdadeira lealdade a Lawless e ao seu Clã nada mais. O que é um
passatempo e uma forma de garantir que seu sobrenome se estenda por
muitos anos quando os filhos carregam seus nomes. Não temos piedade e
nossas morais são bem contraditórias, sobre esperar o casamento, quando
fazemos coisas tão bárbaras. Porém para mim, consumar este casamento será
uma tortura.
— Está na hora. Vamos subir?
Novamente ela apenas concorda com a cabeça. Eu espero que ela pare
com isso. Quero ouvir sua voz, não só suas expressões de obediência.
T omando café reparei que Sophia é uma criança doce e não exige
nada. Fiquei surpresa que, depois que ela comeu, Marta a pegou na
cadeirinha. Eu fui atrás para saber o que iria acontecer e vi a mulher
colocar a bebezinha num bercinho baixo e com alguns brinquedos.
— Ela vai ficar aí?
— É onde ela fica — a mulher responde olhando para mim com a testa
franzida. — O que a senhorita esperava? Desculpa, o que a senhora esperava?
Eu não sei se ela falou de propósito ou é porque a minha cara não
parece de uma senhora.
— Não. É... porque, ela fica o dia inteiro aí?
— Depois que ela come o seu café da manhã, eu coloco no
chiqueirinho para ela brincar com seus ursos de pelúcias.
— Mas ela não anda? Ela não engatinha? — questiono confusa e triste
pela criança. — Sendo sincera, nem sei se ela está engatinhando. Ela tem
nove meses e qualquer criança nessa idade já está engatinhando, quase
andando.
— Como você sabe disso? Você tem irmão pequeno?
— Não.
— Sobrinho pequeno?
— Não.
— Então como é que você sabe?
— Porque eu li num livro.
Os olhos de Marta se arregalam surpresos, porém irritados.
— Você leu num livro?
Ergo meu rosto, aprumando a postura e explico:
— Eu li vários livros sobre bebês e crianças. Não sabia a idade certa
dela, então queria me preparar como podia, já que ninguém me deu uma
única informação.
— Você não sabia que ele tinha uma filha pequena?
— Eu sabia que Paolo tinha uma filha, mas não que era um bebê tão
pequeno. Achei que tinha um ano e meio, ou dois anos.
— Mesmo que fosse essa idade, iria continuar dependente de você.
— Eu não estou dizendo isso. Estou falando que é errado ela ficar o
tempo todo dentro do berço.
— Olha, ela fica aí porque eu não tenho muito tempo para nada. Eu
estou cansada. Aproveita a sua energia de uma garota jovem e gaste com ela
ensinando a andar, brincar e tudo o que você leu nos seus livros. Eu agora
vou finalmente conseguir limpar a casa e preparar uma comida decente. Se
precisar de ajuda, é só me chamar — diz e me dá as costas sumindo feito
fumaça. Parece irritada comigo.
Pelo amor de Deus! Ela não percebe que está errada e a culpa é minha
ainda.
Suspirando, me aproximo de Sophia, que olha para mim cheia de
expectativa. Ela está agarrada a um cachorro de pelúcia muito bonitinho.
— Oi, anjinho. Que tal a gente hoje sair desse quadradinho e explorar
sua casa toda, hum?!
Eu a pego no colo, não esquecendo do urso que ela estica a mãozinha
pedindo desesperada para pegar. Vou me sentar sobre o tapete no meio da
sala com ela.
Sei que o quarto dela é grande, consegui perceber mesmo ainda não
entrando lá. Provavelmente tem várias outras coisas para bebês, mas a gente
está aqui.
No tapete, estico minhas mãos para ela tocar e ela bate com suas mãos
gordinhas. Caramba! Eu tenho vontade de morder de tão gostosa.
— Hoje a gente vai vê se você consegue engatinhar, que tal? —
Converso com ela, mesmo achando um absurdo a situação. — Você já era
para estar andando. É quase uma mocinha.
Ela faz sons confusos e joga para longe o urso. Acho que tentou jogar
para mim. Me estico e pego o urso e jogo para o alto, agarro e entrego para
ela. Sophia dá um grito, um meio sorriso, mostrando suas gengivas sem
dentinhos. É fácil se apaixonar por ela, diferente do pai. Ela é simpática,
agradável e exige nossa atenção, não tem vergonha disso.
— Eu espero que você goste de mim tanto quanto eu já estou gostando
de você.
Encarando-a, uma ideia passa pela minha cabeça vendo ela toda
melecada.
Então me levanto, a pego no colo e vou até a cozinha, onde encontro
Marta resmungando sozinha.
— Com licença — peço sentindo-me uma intrusa.
— Sim, senhora? — Ela vira-se para mim.
— Ela já tomou banho hoje?
— Creio que não pelo horário. O senhor Paolo não deu banho na filha
e, se você quiser dar, não precisa pedir para mim.
Uau. Ela é grossa sempre assim? Ou eu fiz algo que ela não gostou?
— Tudo bem, então eu vou dar um banho nela.
— Faça o que a senhora bem entender.
Caramba! Eu vou parar de falar com ela. Vou ignorar que não fazia
com minha mãe e com ela é mais fácil, já que eu sou a patroa dela.
Com um aceno de cabeça, saio da cozinha o mais rápido possível e
subo para o quarto de Sophia.
— Acho que a tia Marta não gosta de mim.
A bebê não entende, óbvio, e sorri.
— Isso. Ria da minha desgraça. Eu sou uma piada pra você?
Ela ri mais alto e agarra meus cabelos, mas não puxa.
— Por favor, não. Isso machuca a Nina.
Tiro suas mãos dos meus cabelos quando a deixo sobre uma cômoda
com um colchãozinho. É o trocador. Eu vi isso num filme. E passei as últimas
três semanas lendo livros de crianças e bebês, e assistindo filmes. Eu espero
que comer cocô por acidente ou deixar ela cair do canguru, não aconteça. Eu
vou comprar um canguru depois e vou cuidar para que não deixe Soph cair
dele.
— Vamos tomar banho.
— Aaaah! — ela grita e bate as mãozinhas.
— Você gosta de banho ou...
Ela não me deixa terminar e grita de novo.
Eu dou uma gargalhada e termino de tirar sua roupa.
— Banho?
— Ba-ba-ba...
Ai, que alívio. Ela gosta de banho.
Doze
C omo uma semana passou rápido, eu não sei. E nesses sete dias, eu
aprendi muita coisa sobre bebês e Paolo. Sophia é como eu percebi
no primeiro dia de convívio, calma e fofa. Já o pai dela. Eu mal o
vejo em casa e não acho que ele está fazendo de propósito. Deve estar com
muito trabalho. Eu vejo quando ele chega, parecendo bem esgotado, porque
todas as noites vai falar com Sophia no bercinho, menos comigo. Não tem
problema. Uma hora, ele vai se acostumar.
É óbvio que eu não quero ser apenas Nina, sua esposa estratégica para
cuidar da sua filha. Quero mais. Almejo ser feliz com ele e Sophia. Mas ainda
está cedo e eu o entendo estar relutante. Ele repete tantas vezes que a minha
idade o incomoda, que estou pensando em amadurecer. Vai ser bom para ele
e para mim. Não posso ser uma boboca cuidando de uma criança.
Nessa semana que passou fiquei pensando na nossa noite de núpcias.
Fiquei curiosa se ele gostou como eu. Ouvi tantas histórias sobre perder a
virgindade e como os maridos tratavam as esposas no Dia D, que fiquei
confusa. Não foi como eu esperava e eu queria experimentar mais. Quando o
vejo sem camisa, que ele sempre dorme sem, fico com vontade de tocar seu
peitoral musculoso. Ele é forte e um afrodisíaco para os meus olhos.
Como nos filmes que eu assisto e nos livros que eu leio, eu podia ser
legal com ele, me aproximar e ser sua amiga. Talvez isso o faça querer ficar
perto de mim também. Só não vou insistir nisso. Eu não sei quanto tempo ele
está viúvo e talvez é por isso que não quer ficar perto de mim ainda. Foi
pouco tempo, levando em consideração que Sophia tem nove meses.
— A senhorita deseja mais alguma coisa?
Acordo do meu devaneio e olho para Gregori. Ele me ajudou a colocar
uma manta no gramado para poder brincar com Sophia no quintal, que é
enorme e repleto de flores. Mesmo mortas e maltratadas, eu percebi que tinha
um lindo jardim por aqui. Talvez eu possa fazer algo sobre isso.
— O urso dela. Eu esqueci.
Ele abre um sorriso.
— Você nunca esquece ele.
— Ela não me deixar esquecer.
Ele assente e volta para dentro da casa. Me viro para Sophia e ajeito o
chapéu de verão que coloquei nela. Estamos iguais. Vestido florido e chapéu
de palha. Ela está uma gracinha.
— Você está uma mocinha.
— Boh! — grita batendo as mãos nas perninhas. — Boh!
— Boh?
Estico minha mão para ela, que é empurrada.
— Boh! Boh... Boh... — continua e seu rostinho fica tristonho de
repente.
— Oh, amor, não.
— Acho que ela quer isso.
Olho para Paolo vindo de dentro da casa com o cachorrinho de pelúcia
na mão. Ele chega até nós e se agacha, sentando-se nos calcanhares. Entrega
o urso para Sophia e ela grita:
— BOH!
— Boh é o urso? Eu não sabia. Estou há uma semana aqui e não sabia.
Paolo sorri olhando para a filha.
— Eu também não sabia.
Suspiro e admiro-o na minha frente. Eu realmente sinto uma atração
maluca por ele. É tão bonito e não parece ser tão velho. Definitivamente não
sei nada sobre aparentar a idade que temos. Será que tenho mesmo cara de
dezesseis.
— Que cara é essa? Está se sentindo bem?
Pisco rápido e o encaro.
— Eu tenho cara de dezesseis?
Paolo cerra os olhos, desconfiado e fica me encarando como se fosse
um bicho em extinção.
— Por que a pergunta?
— Porque você não parece ter trinta e sete.
Um som estridente sai da sua garganta e ele se levanta.
— Vamos entrar. Vim buscar você para fazer compras.
— Minhas roupas te incomodam também?
— Você pergunta demais, Nina. Vamos. — Estende a mão para mim.
Sem minha resposta, aceito sua mão e fico de pé e, quando estou quase
cara a cara com ele, porque ele é muito mais alto que eu, seu rosto fica perto
do meu e engulo em seco com a intensidade dos seus olhos.
— Não incomoda não. — Se afasta, muito rápido e manda: — Agora,
pegue minha filha e vamos sair.
Sua filha. Sempre sua filha. Tudo bem. Ela não é minha, mesmo.
Ignorando minha irritação, me agacho e pego Sophia, que estava com
os braços esticados pedindo atenção.
— Vamos, minha princesa. — A ajeito no meu colo e arrumo sua
franjinha. Seu cabelo cresce rápido. — Vamos passear com o papai.
Virando-me para Paolo, o flagro olhando para mim com uma
expressão estranha.
— Aonde vamos? No shopping?
— Melhor.
— O que é melhor do que o shopping?
— Você não pode esperar, não?
— Não é isso. Eu posso esperar. Só estou curiosa.
— Isso eu já percebi — fala com sarcasmos.
Prendo a vontade de rir porque ele está tranquilo hoje e parece que
aconteceu alguma coisa que o deixou leve. Geralmente é tão fechado e
distante. A placa de “Não olhe para mim”, hoje está fora das suas vistas. Em
vez disso, ele está se permitindo. Não quero estragar o clima.
Eu o sigo para dentro de casa com Sophia nos braços agarrada ao urso
e batendo quase no meu rosto. Eu não ligo. Ela é uma graça.
— Você vai levar o urso com a gente?
Olho para a mão de Soph e para Paolo.
— Eu acho melhor não — ele recrimina.
— Qual o problema de levar o urso de pelúcia?
— Se ela perder, eu não sei se Madeleine pode achar outro igual e não
quero Sophia chorando por besteira.
— Madeleine? — indago franzindo a testa.
— A esposa do Capo. Ela deu de presente para Sophia nas vezes que
veio ajudar.
— Posso fazer uma pergunta?
Ele me olha com desconfiança como se não tivesse a fim de responder.
Porém, eu sou eu e faço a pergunta:
— Há quanto tempo sua esposa morreu?
— Não quero falar da minha esposa.
— Da sua ex-esposa — corrijo.
— Não estrague o dia, Nina — fala seco e sai pela casa entra no
corredor, que eu sei que fica o seu escritório.
Parabéns, Nina. Conseguiu deixar o seu marido de novo no modus
operandi de distância. Está feliz agora? Meu inconsciente zomba de mim.
— Eu acho que não posso falar da sua mãe — comento para Sophia.
— Mama.
— Isso. Mamãe. Você a conheceu? Será que conheceu?
— Se eu fosse você, não ficava fazendo esse tipo de pergunta.
Eu me viro para a voz atrás de mim, Gregori.
— Paolo é fechado, como você consegue ver, mas nem sempre foi
assim e a sua esposa era uma das únicas pessoas que fazia ele relaxar.
— Sua ex-esposa.
— Você compreendeu — sentencia rudemente. — O que eu estou
querendo dizer. — Ele se aproxima com sua expressão séria. — Se casar com
você foi porque ele estava muito cansado para cuidar da filha sozinho. Sophia
precisava de uma mãe e ele de alguém para ajudar. De alguém para ser sua
parceira. Não fica fazendo esse tipo de pergunta se deseja uma boa vida com
ele.
— Mas eu não perguntei nada demais.
— Falar da ex-esposa de Paolo é tudo que vai fazê-lo ficar mais
distante de você.
— Então você pode me responder?
— Ela morreu quando a Sophia tinha quinze dias de nascida.
Satisfeita?
Meu coração para e meus olhos enchem d'água. Quinze dias, então ela
quase não conviveu com a filha e o Paolo ficou esse tempo todo sozinho
cuidando de um bebê recém-nascido.
— Isso quer dizer...
— Que Sophia vai ter você como a mãe dela, mais ninguém. Não
acredito que ela vai conseguir se lembrar de Mia. Com certeza, não.
— Ele se casou comigo para eu ser a mãe dela?
— É isso mesmo. Por que você está surpresa?
— Não é isso. Teria sido mais fácil e eu não ficaria insistindo às vezes,
nem falaria sobre ela ou tentaria descobrir.
— Você não está toda errada. O certo era as pessoas lhe dar
informações, mas quase ninguém sabe da situação.
— Qual era o nome dela?
— Mia.
Mia? Eu ouvi Paolo falar esse nome um dia desses. Ele parecia estar
falando sozinho no escritório e eu não entrei porque não me sinto à vontade
ainda para me aproximar dele. Eu não quero insistir. Prometi a mim mesma
que não iria me rebaixar a ele. Prometi que nessa vida nova, eu iria dar tudo
de mim para as pessoas gostarem do que eu sou, não do que elas esperam que
eu seja. Eu não quero ser uma mulher que fica se arrastando para o homem.
Estou me esforçando e sendo uma mãe muito legal para a Sophia
nesses dias. Atenciosa e fazendo muito mais do que qualquer um já tenha
tentado. A criança nunca nem deve ter visto aquele jardim. Mas se ele estava
falando com a esposa morta, quer dizer que ele ainda a ama. Que sente a falta
dela.
Meus olhos enchem d'água e eu sinto uma dor no peito.
Será que ela vai ser uma sombra entre nós. Um fantasma do que ele
viveu.
Eu não quero isso. Eu não mereço isso.
— Por que você quer chorar? Está triste pela morte dela? Realmente
foi terrível.
— Como ela morreu? Foi complicação do parto?
— Não. Foi um atentado da Bratva no casamento do Capo.
— Então é por isso que a esposa dele vem cuidar da menina.
— Madeleine veio cuidar da Sophia algumas vezes porque se sente
culpada, sim. Mia estava na sua frente quando tomou o tiro, no lugar dela.
Mesmo que Paolo e Travis não gostem de falar sobre isso, é bom que você
nunca mencione que eu falei isso. Eu gosto da minha vida.
— Minha boca é um túmulo. E eu fico feliz que você esteja falando.
Eu preciso que alguém me esclareça algumas coisas. Odeio ficar no escuro.
— Eu vou falar só o que eu acho que você precisa saber. Nada além
disso.
— Agradeço.
— Madeleine também é madrinha de Sophia e, por isso, ela vem visitar
a menina. Melhor do que Marta, ela cuidou do Sophia muitas vezes, mas
você está fazendo um bom trabalho. Continua assim que Paolo vai lhe dar o
devido respeito. Sinceramente, tenha paciência. Talvez ele se acostume com
você. Ele vai precisar de um filho homem.
Oh, meu Deus!
Agora eu fiquei mais aliviada ainda. Ele vai me procurar para transar
para eu engravidar do filho dele, apenas isso. Sou a mãe incubadora jovem.
— Podemos ir? — A voz de Paolo chega até nós.
Me afasto de Gregori, virando-me para o meu marido, que está de testa
franzida olhando de mim para o segurança.
— Qual o problema?
— Nenhum — respondo rápido demais e me arrependo. — Gregori só
foi... Eu pedi a ele para tirar as coisas do jardim. Não quero que suje. A
colcha ainda está limpa.
— Está bem. Agora, vamos.
— Só vou pegar minha bolsa e Gregori...
— Sim, senhora.
— Pegue o carrinho da Soph nos quartos dos fundos.
— Sim.
Subindo correndo as escadas, passo pelo quarto de Paolo e vejo as
portas abertas. Ele dividia o quarto com Mia ou ela também tinha seu próprio
quarto?
Duvido. Ele a amava. Pior que superar o ódio de alguém é substituir
um amor. Pessoas especiais ficam para sempre marcadas em nós. As que
odiamos têm tempo para nos fazer lembrar delas.
A verdade é que não sei o que esperar quando o Paolo pediu para eu
ir para o quarto dele. Eu ninei e troquei a fralda tão rápido, para
Sophia dormir logo, que me sinto até culpada. E já tem dez
minutos que estou sentada na ponta da cama dele. Eu estou no quarto dele.
Não tinha entrado aqui ainda, diferente dele que entrou três vezes no
meu quarto. Uma delas foi para brigar comigo porque eu estava demorando
para voltar.
Sophia tinha acabado de tomar banho e ele achou que eu estava
enrolando para ir ver a bebê. Eu jamais faria isso com Sophia. Ela é a minha
princesinha.
Será que ele vai querer transar comigo hoje de novo. Eu espero que
sim. Honestamente fico esperando-o me tocar de novo desde aquele dia, e
hoje ele esfregou minhas costas, tocou meus peitos e foi maravilhoso. Delirei
e queria que ele colocasse a mão lá embaixo porque sinto um vazio nas noites
que penso nele.
Será que é normal ficar assim?
— Meu Deus. Eu estou suando.
Vou até o banheiro, correndo, para ver se ainda estou apresentável.
Penteio meus cabelos com uma escova que tem na pia e confiro meu vestido.
É simples, preto, colado ao corpo e deixa acentuado todas as minhas curvas,
os meus peitos. Parece que Paolo gosta deles.
— Eu sabia que ela não viria.
Escuto e saio do banheiro. Dou de cara com Paolo. Ele arregala os
olhos e toma uma respiração aguda.
— Onde você estava?
— No banheiro. Fui... fazer xixi — minto.
Eu deveria falar isso em voz alta?
De vez em quando eu não tenho filtro e ninguém é obrigado a tolerar
as coisas que sai da minha boca.
Ele caminha em minha direção e seguro a respiração. Sua mão voa
pegando meus cabelos e está em cheio por trás da minha cabeça, que eu deixo
cair um pouco para trás. Nossos olhos se encontram e os dele estão negros.
Famintos. Um animal feroz.
O arrepio se espalha pelo meu corpo e sinto meus mamilos
endurecerem, pressionando o sutiã de renda que coloquei de propósito.
Comprei hoje porque a moça da loja disse que empina os peitos.
— Você está linda com esse vestido.
— Obrigada. Foi você que me deu hoje.
Vejo seus lábios estremecerem e logo sua mão, que estava livre, toca
minha cintura. Ele respira com força e fecha os olhos por breves segundos.
— Você está cheirando a canela.
— Eu escovei os dentes.
Assente e seus lábios estão nos meus, furiosos. Não sei por que, mas
sinto como se estivéssemos numa corrida desenfreada. Será que ele ficou
preocupado de eu não querer que nós tivéssemos outro contato depois da
noite de núpcias. Eu apenas não queria, e não quero, ficar me jogando para
ele. Já passei vinte anos de humilhação. Não quero mais um segundo.
— Vou fazer tudo aquilo que você permitir.
Toco seu peito e franzo a testa.
— Eu quero.
— Você quer transar comigo?
— Eu quero tudo — respondo subindo minhas mãos no seu peito e
começo a abrir os botões da camisa e do colete.
Ele está perigosamente atraente. A camisa dele e o colete com suporte
de armas ficou. Ele tirou o paletó porque provavelmente molhei no banho.
Isso me deixa eufórica.
— Você fica bonito assim. Assustadoramente bonito.
Sua expressão é tentadora e gananciosa. Eu nem reconheço meus
pensamentos, meus desejos. Eu era apenas uma Nina, noiva de um soldado
que está na Itália e que gostava de flores e era supermaltratada pelos pais.
Agora sou esposa e a mãe de Sophia. Não mais uma menina. Esse
pensamento me causa ansiedade em tudo. Até de ser a mulher dele.
— Sou sua mulher — sussurro encarando.
— Sim, você é — ele reafirma.
Agarra minha cabeça de novo entrelaçando seus dedos nos meus
cabelos e me beijando até tirar o fôlego. Sua língua dança com a minha e
adoro. Corajosa também, enfio meus dedos por seus cabelos grisalhos. Eu
realmente gosto dos cabelos dele. Esse ar de maturidade o torna mais sexy.
Depois que paramos de nos beijar, nos afastamos para poder tirar as
nossas roupas. Desabotoo todos os botões da sua camisa e o colete. Ele deixa
cair no chão e me agarra, vira de costa. Abre o zíper do meu vestido e desliza
pelas minhas pernas apalpando meu corpo em todos os lugares que anseio por
seu contato. Ele quase arrebenta meu sutiã, mas eu o advirto porque comprei
hoje.
Ele tira minha calcinha e me abraça por trás, como estava na banheira.
Sua boca está no meu pescoço, lambendo até meu queixo e uma das suas
mãos toca meus peitos e desce. Seus dedos dedilham até o vale dos meus
pelos pubianos. Passa a ponta do dedo nos lábios e logo está massageando
onde formiga: a ponta do meu clitóris.
— Você está molhada — sussurra no meu ouvido e parece surpreso.
Eu não digo nada e junto minha mão com a sua, forçando-o a continuar
a me acariciando ali. Mordo o lábio sentindo uma quentura e gemo alto, sem
vergonha.
Ele continua brincando com meu clitóris, incansável. Eu estou quase
caindo porque minhas pernas viram gelatina, até que ele para. Me vira de
frente para ele, como se eu fosse uma boneca, e me beija segurando meu
rosto. Ele sempre faz isso. Essas mãos enormes e brutas seguram meu rosto e
seus lábios devoram a minha boca. Eu me sinto pequena em seus braços de
uma forma sexy. Ele é tão quente, alto, forte e musculoso. Eu toco seus
braços, sentindo os músculos e as varizes, os pelos no meio do peito. Pelos
grisalhos.
Quando foi que o grisalho ficou tão sexy?
— O que que foi? — Afasta meu rosto, ainda segurando com suas
mãos e me encara. — Te incomoda?
— Não. Eu só acho... que combina com você.
— Meus pelos grisalhos combinam comigo?
Prendo meu sorriso mordendo minha boca.
— Você combina com você mesmo. — Toco seus ombros. — Não
consigo imaginar você sendo outro homem.
Seus olhos brilham e algo passa por eles que não consigo identificar.
— Como você me imaginava?
Eu poderia não falar, mas faço.
— Gordo, sem graça, um pouco parecido com meu pai e fedendo a
charuto.
Paolo ri, pela primeira vez para mim, e afaga minha bochecha com o
polegar.
— Ainda bem que eu não sou nada disso. E eu fumo cigarro.
— Percebi que está fumando menos. Está tentando parar? Seria bom
para viver mais.
Ele não responde e me dá um beijo. Gemo quando aperta minha bunda
e eu me agarro a ele. Dou um pulinho e consigo abraçá-lo, enlaço minhas
pernas em sua cintura e meus braços em seu pescoço. Ele continua me
beijando e sinto que anda.
Logo sinto o colchão macio e o cheiro bom das colchas quando ele me
deita, e não se afasta. Paolo mantém o contato me beijando, passando as
mãos na minha cintura, na minha bunda, nas minhas coxas e, quando para de
beijar minha boca, lambe meu queixo, meu pescoço e dá atenção para os
meus seios. Ele chupa um de cada vez.
Me agarro às colchas sentindo um prazer me enlouquecer e fecho os
olhos. Quase morro quando o sinto passar a barba no meu umbigo. Uau! Sua
boca está na minha boceta, me lambendo.
Ele parece gostar muito de fazer isso. Me chupar. Dá um beijo bem no
centro do meu calor, que envia um arrepio eletrizante por cada parte do meu
corpo. Me sinto eletrocutada. Sinto-me queimar e incendiar.
Paolo desce mais o corpo, se acomodando na cama para poder agarrar
minhas coxas, abrindo minhas pernas e começa a me chupar de verdade. Eu
abro a boca, sentindo meus olhos lacrimejar. Por que é tão bom?!
Se tivessem me contado antes que, quando a gente se casa tem isso, eu
teria aceitado ontem e com um sorriso. Mas será que, se não fosse Paolo,
seria assim? Não quero pensar nisso porque estou adorando demais isso que
ele faz com a língua na minha boceta.
Como Léa me falou brincando, mas agora comprovo: “Panela velha
que faz comida boa”. A experiência de Paolo é sexy e eu espero que um dia
ele ache o mesmo da minha juventude. Acho que nunca vou me cansar de
sexo.
Um gemido solta do meu peito, como se fosse uma corda que arrebenta
dentro de mim.
— Oh! — grito e ele levanta a cabeça.
— Não faz isso. Vai acordar a Sophia.
— Me desculpa. Me desculpa.
Ele sorri e vejo que seus lábios estão molhados. Não tem visão mais
sexy do que essa. Eu nem consigo pensar.
Por impulso, me sento, fazendo ele ir para trás e agarro seu rosto. Lhe
dou um beijo ardente.
— Eu não quero sua mão, nem sua boca. Eu quero você — murmuro
olhando-o nos olhos.
Fica me encarando e acho que vai fazer algo quando um choro
estridente atravessa a casa inteira e nós congelamos.
— Sophia — digo com a voz fraca. — Ela acordou.
Paolo fecha os olhos, parece se sentir derrotado e se afasta.
— Eu vou ver como ela está. Fica aí.
— Mas e se ela...
— Ela só quer atenção. Me espera aqui.
Eu tenho não outra opção porque estou nua e não sinto minhas pernas.
Eu quero que ele volte logo.
F ico arrependido de ter atrapalhado nosso momento. Na verdade, eu
não atrapalhei nada, foi Sophia que acordou e ela podia ter esperado
um pouquinho mais para pedir atenção. Mas é um bebê e não
entende as coisas.
Estou parado, observando Nina dormindo na minha cama. Ela se
aconchegou e se cobriu deitando-se do meu lado da cama. Parece que tem
alguma voz extraordinária na cabeça dela que está aconselhando a fazer todas
as coisas certas para me convencer ou conquistar, de que ela foi a escolha
perfeita.
Me aproximando, eu cubro seus ombros e ela resmunga. Vou até o
banheiro tomar banho, bater uma punheta. Não tenho outra opção, porque
minha esposa pegou no sono e fiquei com vontade de foder. Que sorte a
minha.
Depois coloco minha calça de flanela e vou me deitar do seu lado, mas
paro.
Eu podia pedir para ela colocar a roupa ou ir para o seu quarto, no
entanto, em algum momento ela vai vir dormir comigo. Só não quero que seja
tão rápido. Não quero que pareça muito rápido que ela está substituindo Mia.
Com esse pensamento, vou dormir no quarto da minha filha, que
realmente só acordou e chorou pedindo atenção.
— Não é, minha querida?
Olho para Sophia dormindo agarrada ao pelúcia novo: um cachorrinho
de pelúcia um pouco maior do que o que Madeleine deu, que ela ainda está
agarrada. Suas duas mãos estão ocupadas agora. Uma gracinha.
— Talvez você queira que o papai se comporte — penso em voz alta e
me sento na cama.
Depois que pego uma coberta no armário, me deito e olho para o teto
porque se eu virar para o lado, vou sentir o cheiro do xampu de Nina, que
está impregnado na merda do travesseiro.
Ela já está ficando em cada canto dessa casa. Como ela pode apagar
tão rápido todas as memórias de Mia? Será que um dia eu vou esquecer que
ela existiu, assim como seu cheiro já sumiu da casa?
Gregori mandou a mensagem não faz muito tempo. Pela primeira vez
eu o mandei se ausentar por algumas horas de vigiar Sophia e Nina. Sua
missão hoje tem outros fins. Ele conseguiu o que eu lhe pedi há nove meses.
Entro no local que ordenei ele trazer a encomenda e desvio dos
cascalhos de ferros enferrujados, peças de carros e motos destruídos. É um
lixão de peças que foram apreendidos, que usamos para desovar corpos ou
automóveis que a polícia descobriu o chassi. Algumas vezes trazemos uns
desgraçados para matar aqui e abandonar.
Virando uma pilha de carros amassados, vejo-o.
Todo o meu corpo entra em alerta. Adrenalina e fúria me consomem.
Ele está pelado e molhado, amarrado a uma cadeira de ferro perto de
Gregori com uma arma para a cabeça dele, mas creio que não usou, e sim
facas e punhos pela quantidade de sangue no chão.
Cerrando o maxilar controlando-me para não atirar na sua boca e
explodir sua cabeça. Paro na sua frente e encaro sua cara destruída. Eu
mandei meu soldado trazê-lo para cá pronto para eu lhe dar o último golpe,
assim como ele fez.
— Eu deveria lhe dar uma morte rápida. — Chego mais perto e
Gregori ergue sua cabeça puxando seus cabelos, para que ele possa me
enxergar. — Mas ela agonizou pelo menos por um minuto. Eu vou fazer
melhor.
Calmamente tiro um cigarro do meu bolso, acendo com meu isqueiro e
dou uma tragada.
Eu esperei esse momento por longos meses. O casei por todo o Estados
Unidos. Como um fodido de merda, ele estava debaixo do meu nariz,
escondido num hotel de lixo no fim da estrada que sai de Reno. Eu deveria
ter ouvido Luca e procurado nas redondezas. Gastei tempo e dinheiro à toa.
Ratos ficam nas espreitas dos esgotos.
Niklo Petronov é, não; foi, um soldado da Bratva, a serviço de Pyotr
Smirnov, um capitão do grupo do sul dos russos filhos da puta. Ele entrou no
meio do conflito de Ivon Avilov com Travis Lozartan, e perdeu muitos
homens no dia que atacaram a igreja e no decorrer da guerra declarada da
Lawless com Ivon. Niklo e outros soldados conseguiram fugir, e Pyotr deu a
desculpa de não querer mais estar em guerra conosco. Morreu mesmo assim.
O capturamos uns dias depois de resgatarmos Travis.
Se eu fosse humano quando se trata dos meus interesses e dos negócios
obscuros da Lawless, eu lamentaria matar um soldado de quatorze anos que
servia ordens se questionar. Porém, lhe darei o mesmo que a Bratva faria se
pegasse um dos nossos soldados.
— Xeque-mate, Niklo! — Pronuncio em russo.
Vejo seus olhos aterrorizados brilharem no momento que solto o
cigarro. A chama acessa cai lentamente no chão e recuo assim que a explosão
acontece. Quando a faísca viva toca a gasolina caída em torno dele.
Com satisfação escuto seu grito quando a chama começa a lamber seu
corpo. Recuo dois passos quando o fogo quase alcança meu sapato italiano
brilhantemente polido. Enfio as mãos no sobretudo e assisto ele agonizar por
longos minutos, talvez horas.
— Gregori, vai embora. Vai cuidar delas — falo em italiano.
Os ouvidos dele, mesmo queimando, podem ainda funcionar. Não
quero que ele saiba das minhas fraquezas.
Ninguém nunca mais chegará tão perto do meu ponto fraco.
Não alcançará minha família.
Sozinho, dessa vez confortável em estar sozinho, aprecio ele morrer na
minha frente. Seu corpo queimar e virar carvão.
Espero a real satisfação e lamentavelmente não tenho, mas eu me
vinguei. Eu mantei o penúltimo homem responsável pela morte de Mia. O
último eu preciso conviver quando me encaro no espelho e terei que aguentar
o meu purgatório vivo e castigando-me com a ausência da felicidade que
destruí.
Quinze
Q ueria saber o que eu fiz de errado para o Paolo não querer falar
comigo. Ficou bem evidente no telefonema de mais cedo, que não
está com vontade nem de me ver. Poxa, ontem à noite pensei que nós
íamos engatar em um convívio harmônico de marido mulher.
Ele parecia com tanta vontade de querer transar comigo. Me preparei
toda para o momento, psicologicamente quero dizer, porque fiquei do jeito
que estava. Mesmo colocando aquele vestido para provocar, a calcinha e o
sutiã, não foi realmente para ele.
Eu queria demais, não só transar com ele, mas sua aproximação.
Ontem foi um dia incrível. Nós saímos como uma família na rua: eu, ele e
Sophia. Então ela chorou.
— Eu amo você, querida, mas você podia não ter chorado — comento
olhando para os seus olhos inocentes.
Vim para o jardim hoje de novo, dessa vez disposta a curtir o espaço.
Estou pensando em podar as pequenas árvores, regar os cantinhos que têm
flores quase mortas também e cortar as pontas dos roseiras que não vão
crescer mais.
Flores são que nem cabelo; se a gente tirar as pontas que estão podres,
elas se renovam e crescem mais fortes e mais bonitas. Tem até o lance de
cortar pela estação da lua que está na semana. Eu realmente quero cuidar
desse jardim.
Pegando Sophia no colo, dou uma caminhada com ela pelo jardim,
então vejo uma porta dupla francesa pintada de azul, desbotada por falta de
manutenção como todo o lado de fora da casa.
Do lado direito do jardim, no canto, tem treliças em volta da porta e
das duas pequenas janelas. É muito fofa e parece ter saído de um filme da
Disney.
— Você sabe o que é aquilo? — indago para Sophia, que olha para
onde estamos indo, quietinha.
Quando eu abro as portas, arregalo os olhos. E abro também um
sorriso. É uma estufa. Paolo tem uma estufa em casa. Por que ninguém nunca
me disse?!
Vendo que não tem perigo de nada cair em cima de mim e nem de
Sophia, entramos na estufa e observo que as flores cultivadas eram bem
cuidadas.
Cada uma está no seu respectivo vaso. Existia muitas margaridas, de
todas as cores, mas agora não tem mais nada. As que restaram nos galhos
estão desbotadas, e mortas. A única coisa que tem como salvar aqui é o
espaço. Qualquer flor que já existiu aqui morreu.
Na ilha, que fica no meio da estufa, tem uma árvore. Uma pequena
árvore e em torno dela colocaram como se fosse um poço e ladrilharam de
azul e lilás. É um lugar bonito.
— Será que era da sua mãe?
— Era sim. — Escuto a voz de Gregori, que tinha sumido mais cedo, e
viro-me para ele. — Não sei se Paolo vai gostar de ver você mexendo aqui.
— Por quê?
— Eu já disse que ele gostava muito da esposa e esse lugar era como...
Era o santuário dela. Não sei se ele vai gostar.
— Mas e se eu for cuidar? — Ergo o queixo, sendo – tentando –
arrogante. — Faz um teste e liga para ele. Podemos contratar um jardineiro
para cuidar do jardim. Não é só essas flores aqui que morreram. — Ajeito
Sophia no colo porque ela está ficando pesada e dando câimbra no meu
braço. — Só fala para ele que vai vir alguém cuidar do jardim e das flores lá
de fora. Eu vou cuidando daqui sem ele saber.
— Acha que ele não vai perceber? E se, em algum momento, tiver
vontade de entrar aqui e ver que todas as flores voltaram a viver. Sendo que
você consegue enxergar perfeitamente que nenhuma delas estão boas para
salvar. Todas morreram.
— Olha, você não me conhecia antes. Eu não quero mexer nessas
flores para incomodar alguém. Para desonrar a memória da esposa dele.
Sempre gostei das flores e eu posso cuidar delas melhor do que um jardineiro
qualquer que possa vir aqui. Como eu tenho que cuidar da Sophia, de vez em
quando a minha mente fica vazia. Ela dorme, descansa e eu não tenho
vontade de dormir. Fico sem fazer nada.
— Então leia um livro. Vai ler mais livros sobre bebês.
Fecho minha cara para ele e cruzo os braços.
— Você não tem capacidade de me dar ordens, Gregori. Você não é
meu marido, nem meu pai e nem nada que possa mandar eu fazer ou não
fazer algo. Não fale assim comigo.
— Você pediu para eu te ajudar e estou tentando fazer isso. Se você
não quiser me ouvir, não posso fazer nada. Depois não reclama se o Paolo
brigar com você.
Ele tenta embora, mas eu me apresso e paro na sua frente.
— A questão não é essa. Eu preciso de alguma coisa para me distrair e,
mesmo que eu saiba cozinhar, não sou muito boa. Eu quero mexer nessas
flores porque... esse jardim está horrível. Quero dar um pouco de vida para
esse lugar.
— Por que você não inventa de pintar um muro então?
— Porque eu não sei pintar, merda! — Eu tapo os ouvidos de Sophia
quando grito o palavrão. — Não me irrita. Eu vou fazer o que quero e eu
quero cuidar dessas flores. Quero cuidar desse espaço tão bonito que foi
abandonado. Pelo que eu percebo, Mia era uma mulher muito boa e legal,
então eu acho que ela não ia gostar do jardim dela estar desse jeito. Eu
duvido.
Gregori baixa a cabeça e parece se lembrar de algo. Quando volta a
olhar para mim, está mais relaxado.
— Eu vou te ajudar, mas você vai prometer — aponta o dedo para mim
— que eu nunca estive aqui. Que eu nem sabia que você estava mexendo na
estufa dela. Paolo não vai gostar disso, Nina. Eu estou te avisando.
Dou de ombros e concordo que pode dar em confusão. Paolo pode
ficar zangado comigo e até me colocar de castigo, só que não pode me
mandar embora. Não vai dar em nada. Eu literalmente estou mexendo em
espinhos.
E sse dia podia passar sem eu perceber. Não estava nos meus planos
me lembrar dessa merda, mas, como um imbecil que sou, eu me
esqueci de retirar do calendário que hoje era o aniversário de Mia.
Dia cinco de setembro. Tenho vontade de jogar o celular longe, mas não sou
um completo babaca.
— Você está bem?
Levanto os olhos para Vera. Estamos em uma reunião sobre o hotel,
fazendo o balanço da festa de aniversário do Bellagio, que eu vim sem Nina.
Eu vim porque Travis não pôde comparecer com o filho recém-
nascido. O homem está mais protetor com a esposa do que nunca. Se todos
temiam em mexer com a família dele antes de ele se tornar pai, é bom não
testar agora se ele é tão mortal quanto alguns tem a sorte de comprovar sem
morrer.
— Estou apenas conferindo esses números agora.
Vera opta em não se meter nos meus pensamentos, nos meus assuntos
e foca no trabalho. Ela é a escolhida para gerenciar o hotel e não é à toa.
Como filha de um general da Itália, ela conquistou seu espaço em Roma e em
Las Vegas sozinha. Não é por conta do seu sobrenome ou seu pai. Ela tem
uma mente brilhante, uma fera e mesmo que Travis e eu não confiamos em
ninguém, nela nós acreditamos o suficiente para estar no posto que está.
O sono não parece algo que vai acontecer fácil para mim hoje. Então
vim fumar na sala de livros e jogar xadrez sozinho. Não tem muita graça.
Estou querendo distrair minha cabeça enquanto o sono não vem. Não dormir
é algo comum para mim, mas a questão não é apenas dormir. É tesão
acumulado.
Eu não posso continuar ignorando Nina. Talvez eu tenha que tomar
uma postura mais fria para conviver com ela. Vou procurá-la às noites e,
quando for necessário, precisarei tê-la como companhia. Temos um
casamento, o de Enzo, para ir semana que vem. Tenho que estar falando com
ela. Não dá para eu ir a um evento com tanta visibilidade sem estar falando
com minha esposa. Principalmente porque Nina é muito transparente. Ela não
é o tipo de pessoa que consegue esconder o que está sentindo. Seus olhos são
o espelho do que se passa dentro dela.
Levanto-me e vou pegar mais uma dose de conhaque. E após me sento
na poltrona de couro do canto. Desisto do xadrez. É horrível jogar sozinho,
tão ruim quanto não ter controle sobre as coisas que Nina faz. Ao mesmo
tempo que quero ela longe, não consigo deixar de olhá-la.
Olhar suas pernas, seus seios apertados nos vestidos. Sua bunda
moldada pelas calças de algodão que usa. Ela parece uma modelo retro. E
tenho que ver seu sorriso, que parece não sair do seu rosto.
Esfrego meu rosto sentindo-me esgotado.
De repente, alguém bate na porta, baixinho. Nina coloca sua cabeça
loira para dentro do cômodo, me procurando. Fito seu rosto e ela me dá um
sorriso tímido.
— Eu queria falar com você.
— Então fala.
Sua cabeça sobe para então terminar de abrir a porta e entrar. Ela
aperta o robe que está vestindo ficando na minha frente.
Ainda estou sentado na poltrona e olho para ela de cima a baixo. Está
com uma sandalinha cor-de-rosa que usa em casa, a tentadora camisola
branca e, por cima, o robe rosa claro, que não ajuda muito eu não ver a renda
da camisola. Os cabelos estão amarrados em um coque improvisado que não
consegue realmente segurar. Ela tem muitos cabelos. E seu rosto está sem
maquiagem. Ela parece sofisticada e, ao mesmo tempo, jovem demais.
Aperto o braço do sofá sentindo o quanto gostaria de arrancar essa
camisola e lambê-la todinha. Imagino eu a comendo em cima da mesa de
jogos de tabuleiro. Derrubar as peças de xadrez, comer sua boceta e depois
foder até ela perder os sentidos.
— Você está me ouvindo? — pergunta inclinando a cabeça para o lado
e as bochechas ficando vermelhas de vergonha.
— Estou — respondo, mesmo que não tenha prestado atenção em nada
que estava falando. Sei que tinha alguma coisa a ver com o jardim.
— Eu estava pensando hoje, depois de regar o jardim, que você podia
providenciar produtos para cuidar um pouco melhor dele e... das roseiras.
Escuto-a, apático.
— Eu podia cortar, limpar e realmente cuidar do jardim todo lá de fora.
— Abre um sorrisinho. — Eu sempre gostei desse tipo de coisa, mas...
preciso de material apropriado para fazer funcionar.
— Basta você pedir para o Gregori comprar.
— Mas... será que eu posso arrumar um lugar para cuidar de
margaridas, por exemplo? — continua como não tivesse me ouvido. — Eu
gosto muito de margaridas.
Quando ela diz o nome dessa flor, eu acordo da minha admiração.
— Margaridas?
— Sim, eu gosto delas. Flores são meu hobby — explica-se. — Em
casa, era o jeito de fugir de meus pais.
Soltando ar pela boca, esfrego meu rosto e levanto-me. E, quando
passo por ela, sinto seu cheiro.
Ela podia gostar de outra coisa, menos flores. Porque até nisso ela tem
que parecer com minha esposa.
— Faz o que você quiser.
— Mas a casa é sua.
Minhas vistas se perdem no quadro na parede. A fotografia pintada de
Fontana di Trevi. Mia e eu fomos lá uma vez. Ela jogou uma moeda pedindo
que engravidasse e segurasse o bebê. Depois de três abortos espontâneos, ela
tinha começado a ficar com medo de nunca gerar um filho.
Pisco, voltando para o agora, e digo:
— Nina, fique à vontade. — Giro-me e olho para ela. — A casa é sua
também, não diga isso e... se cuidar das flores vai fazer você se sentir mais
em casa, tudo bem. Apenas não se esqueça de cuidar da minha filha.
— Eu cuido da sua filha! — exclama sendo malcriada. — Mas, às
vezes, eu fico entediada sem fazer nada. Enquanto ela dorme, fico sem nada
para fazer. Não sou obrigada a acompanhar esse momento. Algumas
mulheres têm, mas são quando são as mães de verdade e ficam cansadas de
amamentar e cuidar, mas eu não.
Assinto. Eu sei como fiquei acordado nos primeiros meses de Sophia.
E realmente ela não consegue ficar parada e se cuida de verdade das flores e a
minha filha, principalmente da minha filha, ela pode fazer o que quiser
quando estiver com tempo livre.
Pelo relatório que Gregori me passava, ela está fazendo um papel
muito bom com Sophia, e Marta não fica mais rabugenta ao redor dela. Marta
é rabugenta por natureza, mas tem parado de torcer a cara para a minha
jovem esposa.
— Você estava jogando sozinho?
Como ela é observadora. Na verdade, muito curiosa.
— Sim, eu estava.
— Como você consegue jogar xadrez sozinho? Acho que é um dos
jogos que não dá para jogar sozinho, que nem dama ou pôquer.
— Você sabe jogar pôquer?
— Sim, aprendi na internet a jogar um monte de coisa — fala se
aproximando de mim.
Seu perfume maravilhoso, que vem dos seus cabelos, chega no meu
nariz. Ela tem um cheiro tentador.
— Por que ninguém nunca jogou com você? Seu irmão não é muito
mais velho que você.
— Sim, meu irmão tem dezesseis anos. Vai fazer dezessete mês que
vem.
— Então ele já deve estar voltando da Itália.
— Eu espero que não — comenta nervosa. — Espero que ele fique
para sempre lá.
— Não gosta do seu irmão?
— Eu amo meu irmão e por isso acho que ele tem que ficar lá.
— Você realmente não gosta dos seus pais.
— Você também não gostaria deles.
— Eu não gosto.
— Que bom que temos mais alguma coisa em comum.
— O que seriam as outras coisas, Nina?
— Nós dois amamos a Sophia, jogos e livros e eu... peguei hoje livros
de romance erótico.
— Você está falando sério? — pergunto surpreso.
— Mesmo que você não estivesse falando comigo. Esteja — se corrige
— falando comigo esses dias. Eu fiquei curiosa sobre sexo e sabia que no
momento que você me desculpasse, por alguma coisa que eu fiz, nós
poderíamos continuar o que estávamos fazendo aquela noite.
Como ela é incrível.
Chego mais perto dela, toco o seu rosto e levanto.
— Eu não estava zangado com você. Estou com muito trabalho.
— Mas em casa você não pode relaxar? Sempre foi assim, você
trabalha o tempo todo? A gente não precisa necessariamente conversar — diz
calmamente. — Nós podemos ficar nessa salinha e jogar, assistir um filme.
Você pode brincar com a Sophia. Qualquer coisa. Não precisa falar comigo,
mas você está chegando muito tarde. Só te vejo de manhã saindo e quando
chega.
Me pergunto como, já que chego e a casa está silenciosa, e passa das
duas da manhã muitas vezes.
— Você sempre está acordada quando eu chego? Por quê?
— Porque eu espero você.
— Você me espera?
— Sim, para ver se está bem. — Baixa o rosto e murmura: — Nós
vivemos em um mundo cheio de perigos e inimigos. Não temos, de fato,
segurança de que vai ficar tudo bem. — Olha para mim de volta. — Você é o
conselheiro do nosso Capo e é altamente arriscado. Os inimigos sempre
querem pegar os homens mais poderosos. Assim como meu pai é um
Underboss. Eu fico com medo de acontecer algo com você.
Uma satisfação me envolve em ouvi-la falar isso, porque, mesmo
sendo um babaca com ela e forçando nossa distância, ela se preocupa
comigo.
Dando o último passo que nos sapara, seguro seu rosto com as duas
mãos. Seus olhos estão ansiosos enquanto espero que ela fale o que anseio
ouvir.
— O que é?
— Quero ouvir da sua boca.
Nina morde a boca, nitidamente excitada e sussurra:
— Eu quero que você me beije. Você vai me beijar?
— Eu vou.
— Aonde? — ela devolve e suas mãos estão no meu cinto.
Ela está querendo saber se eu vou beijá-la lá embaixo. Chupar e lamber
sua doce boceta.
— Primeiro eu vou beijar aqui — dou um selinho na sua boca —, e
depois — desço minha mão, abro o seu robe, subo sua camisola e espalmo
minha mão por cima da sua calcinha — eu vou te lamber todinha aqui. Vou
chupar sua boceta até você gozar na minha boca.
— E depois?
Sinto meus lábios se curvarem em um sorriso cínico, por causa de sua
audácia.
— Depois eu vou te colocar naquela mesa. — Indico com meus olhos a
mesa de jogo de tabuleiro. — Vou abrir suas pernas e te comer por trás.
Seus olhos se arregalam. Acho que entendeu errado.
— Eu vou comer sua boceta, não se preocupe. — Chego minha boca
no seu ouvido. — A gente ainda tem tempo para explorar outras coisas, se
você quiser.
Ela assente freneticamente e parece óbvio que já leu alguma coisa
sobre sexo anal. Ela é espetacular.
— Eu vou poder te chupar também?
Ela me deixa sem fala. Porra! Enfio minhas mãos em seus cabelos,
fazendo seu rosto inclinar mais para mim e mordo seu lábio inferior porque
sua boca está levemente aberta. Está respirando com dificuldade.
— Se você quiser.
— Você gosta? — questiona ousada.
— Quando é bem feito, eu gosto sim.
— Então eu vou tentar fazer direito. Você me diz se estou acertando?
Porque é tão sexy a possibilidade de ensiná-la a como me agradar na
cama e fazer ela gostar do que eu gosto. É tudo muito novo para mim, porque
com Mia nossas primeiras interações não foram assim.
Eu nunca tive esse tipo de conversa com Mia. Ela era solista e acabava
gostando das coisas que eu fazia, e nós não transávamos loucamente. Fora
que depois de um tempo, com tantas tentativas de engravidar fracassadas,
acabávamos mais indo para a cama para tentar de novo e apenas isso. Era o
amor que sustentava qualquer coisa no nosso casamento. Mas esse casamento
com Nina, me traz outras sensações, como o sex appeal da minha jovem
esposa. Ela parece querer explorar várias formas de prazer e eu quero
também. Talvez eu largue o cigarro e ela se torne meu novo vício.
Eu estava tentando com todas as forças não ceder, não me aproximar,
mas, quando dou por mim, estou com ela nos meus braços. Com sua doce
boca colada a minha. Eu não resisto. Eu não resisti, merda!
Ninguém nunca pôde me acusar de ser um homem que não sabe se
controlar. Só perco o controle quando é mais forte do que minhas convicções
ou alguma ética. Essa mulher nas minhas mãos consegue derrubar todas as
minhas barreiras.
Beijo sua boca ruidosamente e me perco no seu gosto doce, no seu
cheiro suave e no sabor de canela que ela tem. Sigo perdendo meu controle
ao redor dela.
Pensei que ela ia me recusar, afinal são dezessete anos de diferença e
jurava que teria nojo. como muitas jovens esposas têm dos seus maridos
velhos, mas ela parece ansiar pela minha presença, pela minha boca, pelo
meu pau dentro dela. Então hoje vou satisfazer sua vontade.
Continuo provocando-a com meus beijos querendo deixá-la molhada
com a forma que eu chupo sua língua. Meus lábios acariciam os dela e minha
língua move-se com fúria na sua boca. Beijo-a cheio de tesão e desejo.
Enrosco a língua na dela, sorvendo seu sabor.
Afasto-me e ela se agarra a minha roupa para não cair quando
cambaleia para trás. Satisfeito com o efeito que meu beijo lhe causou, passo o
polegar sobre seus lábios inchados. Fito suas coxas escondidas por baixo da
sua camisola branca. Nina respira fundo e recua dois passos e abro o robe.
Com os olhos fixos nos meus, ela puxa a camisola por cima da minha cabeça,
ficando só de calcinha na minha frente.
Como um animal eu vou até ela. Espalmo minhas mãos nas suas costas
e chupo seus seios. Nina deixa o corpo cair para trás extasiada com minha
devorando seus seios.
— Paolo! — ela chama meu nome.
É a primeira vez que ela faz e sinto meu pênis ficar mais duro por sua
voz carente pedindo mais.
Pego-a, espero que me agarre para eu conseguir levá-la para a mesa.
Eu prometi que ia comer sua doce boceta aqui. Com um pouco de
dificuldade, consigo jogar as peças do xadrez no chão e coloco-a em cima da
mesa. Me afasto, encaro seu rosto e digo bem sério, porque é muito sério o
que eu vou prometer agora.
— Depois que eu lhe dei esse beijo e agarrei seu corpo, você é minha
essa noite — digo olhando nos seus olhos. — Hoje, mesmo que Sophia
chore, você vai me esperar. Eu vou ver minha filha. Ver o que ela precisa e,
enquanto isso, você se toca me esperando porque hoje eu como essa boceta.
Nina me dá um sorriso nervoso e agarra meu casaco.
— Eu espero sim! — Lambe minha boca. — Eu também fiquei
frustrada e esperei que fosse me procurar depois, mas você me ignorou na
manhã seguinte e... até hoje.
— Chega disso. Não vamos falar mais.
— Feito — sussurra com sua voz safada.
— Feito.
Promessa feita, acaricio o seu corpo com as pontas dos meus dedos e
encontro o tecido da sua calcinha. Peço a ela para erguer a bunda só para eu
poder passar a calcinha. Ela faz e jogo o tecido para longe ficando chocado
quando vejo sua boceta.
— Você se depilou?
— Fiquei curiosa e tirei um pouco mais dos pelos. Você gostou?
— Se eu gostei?
A respondo segurando suas coxas e enfiando minha cabeça no meio
das suas pernas e com urgência dou uma lambida nos lábios inferiores do seu
sexo mais aparente. Agora restou poucos pelos. Não está como a sua primeira
vez, e a segunda que fracassou. Está melhor para chupar e sei que ela fica
mais sensível também.
Passando a ponta da língua mais para baixo, toco seu clitóris e isso a
faz gemer. Porra. Es estava duro quando cheguei em casa. Ficar vendo sua
bundinha no vestido que ela estava usando na hora do jantar e agora isso.
Estou dolorosamente com uma ereção no meio das pernas.
Eu não resisto e continuo chupando e solto um gemido lá no fundo da
minha garganta. Passo longos minutos chupando seu grelo, enfiando meus
dedos e fazendo-a ficar cada vez mais dilatada. Consigo enfiar três dedos e
dobro.
Nina gosta e chama meu nome perdida e goza.
Recuperando o fôlego, esfrego minha barba dos seus lábios inferiores
até o umbigo, porque eu sei que ela gostou da última vez. Ela se arrepia toda
e abre os olhos quando pairo sobre seu rosto. Ela agarra meu rosto e nós nos
beijamos de língua.
Ela não se importa se acabei de chupar sua boceta. Isso é tão sexy.
Agarra meu cabelo, me querendo no mesmo lugar e se esfrega em mim, no
meu cinto. Me afasto e detenho-a de continuar seu beijo desenfreado
segurando-a pelos cabelos.
— Calma. Eu estou aqui.
Ela puxa meu cinto.
— Eu quero mais.
— Eu sei, minha linda, mas calma. — Fitando seus olhos, desço minha
mão e massageio seu clitóris.
Ela geme de boca fechada, o som saindo da sua garganta. Sexy como o
diabo e rebola me ajudando a massageá-la onde quer.
— Eu quero te chupar — ela diz.
Caralho.
— Prometo fazer direitinho. Só... quero experimentar — murmura
como se estivesse pedindo desculpa.
Ela não entende direito meu silêncio. E limpando a garganta, dou-lhe
um selinho.
— Eu vou ter que te soltar.
Choraminga e me agarra de novo, se esfregando em mim. Minha mão
escorrega para a sua cintura e puxo seu cabelo, inclinando sua cabeça para ela
me enxergar.
— Para você me chupar, vou ter que me afastar — digo encarando seus
olhos.
— Está bem. Está bem.
Dou outro beijo na sua boca e me afasto de Nina. Ela está sentada na
mesa me olhando, parecendo atordoada. Nem consegue fechar as pernas. A
visão dela de pernas abertas na mesa de tabuleiro, seus olhos brilhando de
excitação. Está me deixando com as bolas roxas e o pau mais duro que já tive
na vida.
Recobrando os sentidos, me dispo das minhas roupas e tiro os sapatos
também. E não espero e a vejo pular da mesa e me agarrar. Ela me abraça e
beijo sua boca. Eu a comeria agora contra a parede se não quisesse sentir seus
lábios virgens no meu pau.
Lhe dou um beijo, só para ela tentar se acalmar. Seus olhos estão
arregalados e ela passa as mãos no meu peitoral.
— Eu me sinto como... — pausa, perdida. — Eu quero saber... Eu me
sinto vazia. Isso é loucura?
Aperto sua bunda e dou um beijo rude nela e mando:
— Me chupa logo para eu poder te comer. Outro dia, a gente faz um
69. — Deslizo as mãos até seus peitos. — Eu te chupo e você me chupa, mas
agora — belisco seus mamilos — estou por um fio, Nina.
Ela concorda e se afasta e cai de joelhos na minha frente. Eu olho para
baixo quando ela segura a minha base e. Senhor...
Não estou preparado quando enfia a ponta na boca de uma vez. Não
consigo desviar os olhos dela me chupando de olhos fechados e como se
estivesse chupando um sorvete. Agarro seus cabelos e jogo minha cabeça
para trás me controlando para não gozar antes do momento. Eu não sou um
adolescente.
Porra!
Me controlo para não impulsionar para a frente e acabar engasgando-a.
Não quero assustá-la na primeira vez que faz oral em mim e ela parece
poderosa.
— Você está satisfeita de me chupar?
Nina abre os olhos e me encara.
Quase gozo e, quando concorda com um som da garganta, é demais.
— Garota gulosa — digo dando-lhe um sorriso de tubarão.
Ela faz de novo o som com a garganta. E sou obrigado a puxar seu
cabelo.
Caralho.
Ela volta a fechar os olhos e eu fico hipnotizado vendo-a como está me
saboreando, adorando. Ela toca minha coxa, descansa a mão e com a outra
punheta meu pau. Para de chupar e lambe tudo.
Não. Não. Eu vou gozar.
Paro ela, para não conseguir gozar, recuando. Afastado, vejo que ela
continuaria até me fazer perder a cabeça. Feroz, eu a pego e é minha vez de
beijar sua boca sem me importar com meu gosto nela. Nós soltamos sons nos
beijando e parando, nossos lábios fazem barulhos se separando. Seguro seu
rosto com as duas mãos.
— Vou fazer você ver estrelas hoje.
Ela geme e morde os lábios fitando-me.
— Você vai gozar com meu pau dentro de você.
E como imaginei e prometi, coloco-a na mesa virada de costas para
mim. Sua bochecha fica pressionada no jogo de xadrez. Pego suas mãos,
puxo para trás, afasto suas pernas com meus pés e guiando meu pau com a
mão, coloco no seu calor molhado.
Nina geme alto, desprende suas mãos das minhas e se agarra à mesa.
Vejo-a mordendo a boca e vou mais para dentro. Ela está tão molhada que
não acredito que vai se machucar se eu não for com tanta calma. Não sei se
consigo.
— Se doer me fale.
— Por que vai... doer? — questiona sem entender.
— É a sua segunda vez, pode doer.
— Ah... Tudo bem. Vai logo.
Solto uma risada rouca e meto mais um pouco dentro dela, e ela parece
se adaptar rapidamente ao meu tamanho.
É claro. Sou eu que estive aqui.
Fecho os olhos e engulo em seco. Minha boca seca, a garganta arranha
conforme engulo a saliva e respiro. Meu coração está acelerado demais. Que
tesão louco. Ela vai me fazer enfartar e eu sou velho. Ela é novinha.
Não, Paolo! Volta aqui.
Pego-a pelo quadril e puxo seu corpo para mim, forçando para dentro e
tiro devagar. Nina geme e eu impulsiono para dentro, forte e seco. Ela solta
uma risada como se estivesse extasiada e eu olho para ela. Baixo meu corpo,
tiro seu cabelo da frente e beijo suas costas até o pescoço. Escuta-a gemer de
novo.
É tão sexy e linda. Sinto seu cheiro, cheiro de sexo. Dou uma lambida
no seu lóbulo. Ela grita e agarra ainda mais a mesa, com os dedos ficando
brancos.
Entrelaçando minha mão direita com a dela, a esquerda levo até a sua
abertura molhada. Nina tenta arquear o corpo. Esfrego seu clitóris
vagarosamente e num movimento de entrar e sair, percorro meu orgasmo.
Chego a soltar um som estranho como um rosnado. Ela é tão macia. Ela geme
e chama meu nome.
Meu orgasmo está gritando e com uma imagem na cabeça, saio de
dentro dela, ouvindo-a protestar alto e rebelde:
— O quê?!
— Cale a boca, Nina — digo virando-a para mim.
Colocando em cima da mesa, mas de frente para mim, pego meu
membro e acaricio seu clitóris. Ela sorri e entrelaça os dedos atrás do meu
pescoço e olha para baixo, para onde meto meu pau de uma vez.
Sua boca se abre soltando uma lufada de ar mistura a um gemido. Eu
respiro fundo e acelero porque é demais. Agarro sua bunda e encontro uma
posição boa para bater meus quadris nela e ela me segurar. Num vaivém,
continuo até senti-la gozar e com isso, vou junto. Ainda mais porque ela
morde meu ombro e joga a cabeça para trás. Vejo seus olhos molhados. Eu
me sinto do mesmo jeito. Terrivelmente satisfeito. Foi um sexo feroz.
Definitivamente, tirei o atraso essa noite.
Sinto minhas pernas como borrachas e não sei como consigo nos levar
para o sofá, ainda conectados. Ela deita no meu peito, mole e cansada. Não a
abraço e olho para o teto. Como eu vou me afastar depois disso?
Dezesseis
Vestido de casamento. Porra. Queria poder falar para ela para não usar
nada rosa claro como Mia usou no casamento de Travis e Madeleine, e
morreu naquelas escadas. No entanto, eu prometi que não iria impor nada a
ela, nem mesmo uma interferência para a minha sanidade mental e para não
descontar minha frustração nela.
Se eu pudesse encontrar com ela nessas compras no Bellagio e vê-la
experimentar e fazer uma cara feia para algum vestido rosa que ela
supostamente escolhesse, se seria mais natural e fácil, ela não ficaria zangada.
Se fosse ontem esse passeio... Hoje não tenho tempo para nada e vou
chegar em casa muito tarde. Estou no Balcão recebendo nossas remessas de
materiais para cocaína e maconha. Mais tarde chega novas armas. Não tem
como eu me encontrar com ela.
Eu não vou poder ir até vocês. Estou no Balcão e vou chegar tarde
hoje. Tome conta delas.
Sim, senhor.
Se Gregori está com Nina, é óbvio que Sophia está junto. Nina não sai
sem ela para nada, primeiramente com aquele bebê canguru.
T oda vez que Nina se aproxima demais, é doce comigo e abre seu
sorriso, Eu quero fugir. Fugir da tentação de “aceitar” o que ela está
querendo me dar. O casamento era apenas para Sophia ter uma mãe,
não para eu ter outra esposa.
Hoje ela estava tão bonita com aquele vestido de festa. Eu todo
preocupado com sua escolha e ela me aparece toda sexy de vermelho. Me
surpreendendo mais uma vez. Eu nem me importei com seus peitos
parecendo que iam pular do tecido.
O mais interessante da noite mesmo foi o fato de ela se preocupar
comigo na porta da igreja. Talvez Gregori não devesse ficar falando da minha
vida, mas ele deve ter feito porque Nina não para de perguntar e tira a
paciência de qualquer pessoa. E foi bom ela saber, assim conseguiu
compreender que eu estava nervoso e que precisava que ela fosse rápida.
Termino meu conhaque e me levanto. Subo as escadas me arrastando,
meu paletó pendurado no meu ombro e, quando estou virando para o meu
quarto, vejo Nina saindo dele.
— Eu estava te procurando — murmura.
Meus olhos vagueiam por suas pernas, os braços e peitos.
— Ainda está com o vestido — comento meus pensamentos para ela.
— Eu estou. — Chega até a mim e afrouxa minha gravata, puxa
devagar e abre três botões da minha camisa. — A gente podia aproveitar a
noite. Sophia acabou de dormir.
— Você sempre tem tanta energia.
— Você também. — Estica a mão num convite. — Só vem comigo.
E não é que ela tem razão? Eu fico mais enérgico perto dela.
Sendo evidente que ela está me seduzindo, enfio minhas mãos nos seus
cabelos e beijo sua boca.
Eu sei o que ela quer me dar.
E mesmo que essa possibilidade de ter outro coração para cuidar não
seja viável, Não sei se consigo mais me apegar. Pego-a nos meus braços e
carrego para o meu quarto. Fecho a porta quando vejo que ela deixou a babá
eletrônica na cabeceira da cama.
— Você é tão esperta — digo assim que a deixo no chão.
Nina ri e dá de ombros.
— Eu não quero que Sophia nos interrompa, mas se acontecer, eu não
vou desistir. Pais precisam se prevenir e improvisar.
Algo extraordinário acontece no meu coração ouvindo-a falar isso. É,
nós somos pais. Marido e mulher, companheiros.
Eu estava considerando subir e dormir de uma vez. Estava realmente
sentindo-me esgotado e ela acabou com meus planos. Tendo ela me
esperando na porta do quarto, sexy e linda, não tenho uma alternativa melhor
que não seja devorá-la essa noite.
Não me demoro em ficar beijando e provocando-a. Tiro seu vestido e a
jogo na cama. Enquanto Nina, descaradamente se toca quando eu mando, tiro
minha roupa e então vou para cima dela.
Fecho os olhos sentindo suas mãos tocarem meu corpo e como ela
gosta disso. Ela aperta meus músculos, arranha minhas costas e suas mãos
estão na minha bunda, quando estou entrando no seu calor. Estoco para
dentro dela com força e a escuto gemer jogando a cabeça para trás.
Afasto meu rosto para ver seu rosto e Nina segura meu rosto com as
duas mãos. Nos provocamos lambendo nossos lábios até que enfio minha
língua na sua boca, lhe dando um beijo profundo.
Abraçando seu corpo, viro de costas deixando-a por cima. Seus olhos
se arregalam e mesmo querendo me seduzir, ela ainda não fez todas as
posições comigo.
Por isso seguro sua cintura e ordeno:
— Quero que me cavalgue essa noite. Que monte em mim.
Ela solta um riso nervoso. Coloca as mãos no meu peito e começa a se
mexer lentamente. Respiro pelo nariz e a admiro toda gostosa rebolando em
cima de mim. Seus olhos sorriem e a puxo para mim. Junto minha boca na
sua, minhas mãos nos seus cabelos e na bunda, sentindo o vaivém do seu
corpo. Estou muito duro e, quando ela se contrai toda por dentro, fico
maluco. Aperto seus cabelos por reflexo e empurro para cima.
Meu pau está duro de uma forma dolorosa. Nina resmunga com a boca
na minha e diminuo o ritmo.
— Porra, Nina! — falo quando nos afastamos para respirar.
Ela joga a cabeça para trás e solta um “Paolo”, como se estivesse
delirando de olhos fechados.
Bato para cima, indo mais fundo e ela deixa o rosto cair no vale do
meu pescoço e ombro. Pegamos um ritmo bom e seguimos ele. Caralho, eu
vou gozar! Mordo seu ombro. Sinto a maciez da sua boceta, a quentura e
como está molhada. Uma ansiedade me corrói e passa freneticamente por
meu corpo. Bato meus quadris para cima e Nina respira fundo deslizando
para fora e voltando a me “engolir”.
— Caralho, Nina!
Ela faz um som afirmativo e segura meus cabelos. Colocando minhas
mãos na sua lombar, detenho-a de se afastar e acelero de verdade. Nina junta
a sua boca na minha, mas não nos beijamos. Trocamos o mesmo ar, perdidos
no coito.
— Paolo — sussurra com sofreguidão.
Corro uma das mãos nas suas costas, entrelaço meus dedos nos seus
cabelos e afasto seu rosto até seus olhos encontrarem os meus. E assim não
paro até que ela goze. Meus batimentos estão muito rápidos e estou sem
fôlego. Puta que pariu! Meus músculos estão tensionados e quero gozar.
Respiro fundo e quase no mesmo momento, ela também. Então grita,
arfando com força e apertando meus ombros quando bato nela. Ela é
apertadinha e deliciosa.
Impulsiono o quadril para cima e dou um tapa na sua bunda. Ela sobe,
ficando sentada e desce o corpo, deslizando. Os movimentos estão cada vez
mais rápidos. Nina rebola em cima de mim, procurando fricção. Se esfrega
em um vaivém enquanto me cavalga. E ela escorrega e encosta a testa na
minha. Me beija gemendo e arfando.
Seu núcleo me aperta forte e fica cada vez mais quente. Ela está
incrível. Está no controle e eu não me importo, nem um pouco.
— Minha — digo separando meus lábios brevemente dos seus.
— Sua — replica sem voz.
Abraço sua cintura e remexo dentro dela com força, e quando ela
geme baixinho agarrada a mim, gozamos juntos.
E pela segunda vez sinto-me exorcizando aquele sentimento ruim que
se estalou dentro de mim nos pés da igreja.
Dezoito
N ão sei o que fez Paolo deixar eu dormir no seu quarto hoje, mas
gostei. Ele até me abraçou enquanto dormia. Ficamos de
conchinha. Meu Deus. Ele foi tão bom ontem, ainda consigo senti-
lo dentro de mim. Embora o sexo mais selvagem que fizemos foi na sala de
jogos, ontem foi o mais excitante. Ficar por cima foi novidade.
Sinto quando ele desperta e me solta. Se mexendo na cama, me viro
para ele.
— Bom dia — digo encolhendo-me nas cobertas.
— Bom dia. Vou tomar um banho — ele informa e se levanta.
Sem beijo, sem abraço.
Será que ele se arrependeu de deixar eu dormir aqui? Aqui era o quarto
dele com a Mia, assim como o meu quarto era dela também, por mais que ela
não usasse para dormir, suas coisas ficavam lá. Gregori me contou.
Ele me conta tudo e não sei se ele faz de propósito ou é muito
linguarudo mesmo. Espero que seja a primeira opção, senão é um péssimo
soldado.
Não demora muito tempo, Paolo, sai do banheiro já vestido porque o
closet fica embutido ao lado.
Ele está cheiroso e todo bonito. De terno cinza escuro, a camisa preta,
e a gravata pelo visto hoje vai ficar em casa. Parece mais jovem, o que é
loucura da minha cabeça.
— Eu tenho que ir.
— Tudo bem. — Dou um sorriso amarelo para ele e, quando o vejo
saindo, corro até ele. — Paolo.
Ele gira para ver o que é. Toco o seu rosto, dando um beijo e não
recusa, na verdade aprofunda o beijo. Quando nós soltamos, estamos sem
fôlego.
— Ontem à noite foi incrível. Obrigada.
— Não precisa agradecer. Eu também gostei.
Assinto e mordo meu lábio, nervosa.
— Volte a dormir — fala passando uma mecha do meu cabelo atrás da
minha orelha. — Antes de eu sair, vou trocar a fralda da Sophia e dar a
mamadeira. E, provavelmente, hoje vou chegar muito tarde.
— Deixa que eu faço. Pode ir.
— Eu ainda vou tomar café.
— Então por que eu não posso acordar com você?
— Porque... você estava dormindo tão bem, pensei que estivesse com
sono.
— Eu durmo depois de tarde quando Sophia dormir.
— Está bem, então.
Saio com ele do quarto e vamos ver Sophia, que está dormindo
profundamente.
— Ela ficou cansada mesmo de ontem. Acho que eu não quero acordá-
la. — Fito seu rostinho fofo perto do ursinho que ela agarra, ainda o ursinho
da Madeleine.
— Vamos tomar café ou, se quiser, volte a dormir. Eu tomo café no
hotel.
— Tem certeza? — pergunto olhando para ele.
— Tenho, sim. Pode ficar.
— Então eu vou dormir aqui com ela.
Também concorda, me dá um beijo na testa e se vira para ir embora.
Dessa vez não vou atrás, mas fico no corredor vendo-o caminhar até as
escadas e sumir das minhas vistas.
Aquele formigamento no meu peito está crescendo, junto com um
calor estranho. Talvez eu goste dele.
Ele disse que eu sempre o surpreendo, mas é ele que faz tudo ser
perfeito. Na minha cabeça ele seria distante para sempre e não está. Cada dia
vejo que está se esforçando e estamos cada vez mais unidos.
Suspirando, me deito e volto a dormir querendo sonhar com a noite de
ontem, que foi espetacular. Mais ainda dormir com ele a noite toda no seu
quarto.
Hoje faz uma semana que Nina ficou muito doente e com isso fui
obrigado a estar em casa. Dei folga para Marta e Gregori ficou longe da
minha esposa para não pegar o resfriado. Por sorte, Sophia tem uma
imunidade muito boa e não ficou doente, mesmo agarrada a mãe.
Nina foi muito forte e teimosa, achando que iria ficar boa de um dia
para o outro, como toda pessoa jovem tem costume de pensar. Que fica boa
de um resfriado tão rápido quanto o pegou. Tive muito trabalho para colocar
na cabeça dela que o repouso e o remédio eram as duas coisas que a ajudaria
a ficar boa mais rápido.
Agora são quase uma da manhã e chego em casa, subo direto para o
quarto de Sophia e a encontro dormindo sozinha. Nina deve estar no quarto
dela ou no meu. Ela voltou a dormir comigo anteontem quando se sentiu
melhor para dividir a cama.
Indo direto para o meu quarto, abro a porta e logo a fecho rápido.
Mesmo que minha filha não possa andar ainda, de vez em quando
Gregori anda pela casa vigiando os corredores. Não entra nos cômodos, mas
fica por aqui, e minha mulher está pelada no meio da minha cama, sentada de
pernas abertas com uma gravata no pescoço.
— Que é isso. Posso saber?
Sorrindo, ela se levanta e caminha até a mim. Tira o paletó da minha
mão, jogando na poltrona que tem no canto do quarto e começa a abrir os
botões da minha camisa. Estou sem gravata, que de uns tempos para cá não
quero mais usar. Estão falando que é o efeito de Nina e quero ficar mais
jovem. Não sei o que ela tem a ver com isso.
— Isso aqui é o meu jeito de agradecer você por ter cuidado de mim.
— Você quer me agradecer com sexo?
— Na verdade... não só isso — sussurra.
Ela continua tirando minha roupa e eu permito. Ela tira meu coldre,
colocando com cuidado junto com o paletó. Tira minha camisa, o cinto e se
ajoelha na minha frente. Ergo as sobrancelhas e a vejo tirar meus sapatos, as
meias e puxa minha calça. No fim, vai tirar minha cueca, que eu mesmo tiro e
me abaixo para poder pegá-la nos braços. Suas pernas abraçam meus quadris
e os braços meu pescoço. Eu beijo sua boca pintada de vermelho.
Nina estremece com meu beijo e se esfrega em mim. Sinto seu fluido
erótico molhar minha virilha quando a pressiono na parede devorando sua
boca. Me afasto para olhar seus olhos.
— Você quer fazer o quê?
— Me coloca no chão.
Faço o que pede, ela puxa-me para ficar perto da cama e olha dentro
dos meus olhos. Espalma as mãos no meu peito e vai descendo até estar de
joelhos na minha frente.
Eu sei o que ela quer.
Enfio meus dedos nos seus cabelos e puxo de leve fazendo ela gemer e
me enxergar.
— Eu tive uma ideia melhor.
— O quê? — pergunta visivelmente excitada.
— Vou te dar aquilo que te prometi da outra vez.
Dando um sorriso safado, ela levanta e segura meu rosto. Me beijando
com força e eu agarro seu corpo, levo-a para a cama. Passamos um bom
tempo nos beijando, até que giro na cama e fito seus olhos dizendo:
— Gira o corpo e vai chupar meu pau, que eu vou chupar você.
— Seu pedido é uma ordem, marido.
Ela me dá um selinho, vira o corpo e logo agarra meu pau. Fecho os
olhos com força quando abocanha a cabeça do meu pau e chupa apertando
meu comprimento. As mãos descem e apertam minhas bolas.
Passo um bom tempo aproveitando e, quando começo a perder a
cabeça, com a visão dela molhada e aberta na minha cara, dou um beijo e
assopro fazendo-a gemer alto.
Sinto minhas pernas começarem a tremer e Nina a engolir até o fundo,
sinto sua garganta. Eu fecho os olhos, respiro e dou um tapa na sua bunda em
cheio e trago sua boceta para a minha cara. Dou uma lambida e belisco com a
ponta dos dentes a ponta do seu clitóris e começo a chupar na mesma
velocidade que ela dá atenção para o meu pau. Meto dois dedos dela e ela
geme fazendo aquele estremecimento com a garganta. Não demora muito e
sinto que vou gozar. Ela gira a língua na ponta da cabeça.
— Porra.
Aperto os olhos sentindo meu orgasmo e trabalho na sua entrada com a
minha língua, metendo e tirando. Aperto sua bunda e seguro-a quando
começa a gozar e faço o mesmo, não permitindo afastar a boca.
Ainda duro, com um movimento rápido, a tombo para a cama e giro
meu corpo. Abro suas pernas e meto meu pau até o fundo. Nina abre a boca e
arranha minhas costas gritando meu nome.
— Você vai acordar Sophia.
— É... você que... está fazendo eu gritar.
Faço o movimento de sair e entrar mexendo só a pélvis, e murmuro:
— Então, grita baixinho.
Ela abre os olhos e agarra meus pulsos, com minhas mãos ao lado dos
seus ombros.
— Ensina-me a gritar baixinho — ela me provoca.
Abaixo meu corpo e a permito gritar na minha boca enquanto agradeço
seu "agradecimento" fodendo-a até perder o raciocínio.
Quando terminamos, ficamos agarrados no meio da cama e poderíamos
ficar por mais tempo, se Sophia não fosse nos atrapalhar.
Dou um beijo no seu rosto e pergunto:
— Quer tomar banho?
— Só se for de banheira — responde de olhos fechados e manhosa.
— Está bom, mas não podemos demorar. Sophia deve acordar logo.
— Uhum. — Nina sorri e levanta a cabeça do meu peito. — Você anda
com muita energia.
— Deve ser porque tenho uma esposa jovem.
— E eu um marido velho com energia de garotão — debocha.
— Garotão?
— Eu acho que dentro de você na verdade tem dois de vinte.
A abraço e rio.
Não consigo lembrar de um momento que estive relaxado nesse ano.
Quase três meses casados e ela está se tornando magnífica.
Acho que não estou mais com raiva do meu Capo.
E u posso estar sendo iludida, mas sinto que Paolo está começando a
gostar de mim de algum jeito. Ele aprecia a minha companhia,
principalmente na cama, e eu também. Ele gosta de me fazer o rir, e
eu também. Agora estamos na banheira depois de eu ter o plano de agradecer,
porém parece que foi ele quem me agradeceu. Estou muito grata, e inchada.
— Acho que... estou... — Respiro fundo e completo: — Eu gosto de
você.
Paolo me encara por longos e intensos segundos.
— Não deveria.
Franzo a testa sem entender. Ele é meu marido e, por ordem do destino
e da convivência, gostar dele era mais do que o esperado. Muitos homens e
mulheres se casam por obrigação, mas começam a se gostar e talvez até amar.
Por que eu não deveria gostar dele?
— Por quê?
O que mais quero é tirar todo o peso que ele carrega, que está lá
dentro. A luta interna de querer ficar comigo. Ele precisa cuidar da sua filha,
protegê-la e deixá-la feliz. Ele é um homem criado para ficar dentro de um
casco de força e brutalidade. Não é para ser sensível e chorar, sentir saudade
e pesar, mas ele sente e como sente.
— Não sei se estou pronto ainda.
Ele está nos dando uma chance e quero saber até quanto. O que ele
pode me oferecer.
Viro-me de frente para ele e toco seu rosto.
— Não precisa me dar nada, só... se permita.
Ele assente e me beija. Um beijo profundo e desesperado.
Posso nunca ter o seu coração por completo, Mia sempre terá uma
parte dele. No entanto, sei que no fim o que importa é que eu sou dele.
Aprendi a ser dele e mesmo não tendo seu coração por inteiro, eu sei que
tenho algo sim. Que ele me sente.
Vinte
P aolo me deu carta branca e fiz tudo que tive vontade para hoje. Hoje
é véspera de Natal e nossa casa está pronta para receber o Papai
Noel para Sophia. O dia de lamentar e de luto, foi há um ano. Cada
dia que passa vou me convencendo de que Mia precisa estar morta. Precisa
estar num cantinho dessa casa sem influenciar em nosso casamento e na
criança de Sophia.
E eu decidi que Mia será as flores nessa estufa, que eu agora rego.
Infelizmente, pela estação fria não estão muito bonitas. Estou fazendo o meu
melhor.
O que importa é isso. Que eu faça o meu melhor.
Desde que aceitei o casamento, desde que disse sim para Paolo no
altar, eu prometi dar o meu melhor. Dar tudo que eu poderia ter de bom e eu
faço. Inclusive para ela.
Paolo não sabe, ontem quando eu vim regar a estufa mexi em alguns
vasos que estavam no canto mais escondido. Tinha terra neles e nada
brotando ali. Eu, sempre curiosa, resolvi tirar a terra deles e colocar nos vasos
que tem flores. Mexendo neles, encontrei uma carta.
Eu não sei como, me pergunto até agora, como ela sabia que ia morrer,
que ia acontecer alguma coisa com ela porque na sua carta ela diz coisas
como se soubesse que não estaria aqui para Sophia e nem para Paolo.
Tenho o costume de rezar porque acredito em Deus, mesmo no mundo
obscuro da máfia. O fato da violência existir não quer dizer que Deus não
existe. Eu acredito mesmo num mundo obscuro. Deus não deixa de estar
nunca. Ele não está ausente, tudo tem a permissão d’Ele.
É difícil manter a fé quando sabemos de mulheres torturadas, de
homens que estupram crianças, que vendem órgãos, que trocam suas filhas
por drogas, que matam seus pais, que fazem tudo por dinheiro. Que a
ganância é tão poderosa.
Obviamente perguntamos como Deus permite. Bem, a presença de
Deus não significa que só teremos bênçãos. Andar com Ele não significa que
nada irá nos acontecer. Talvez seja o contrário. A fé fica mais forte quando
nós mais precisamos. Deus fica mais forte quando nós estamos passando pelo
fogo, quando estamos sendo torturados, estamos sofrendo.
Por mais que eu tenha ficada zangada em descobrir minha semelhança
com Mia da pior forma, depois que li sua carta e rezei, sentei-me na estufa e
encarei todas as flores nos vasos e a aliança em minha mão.
Será que não foi obra de Deus me colocar na vida de Paolo? Talvez
não por ele, mas por Sophia. Talvez não por ele, por mim mesma.
Se não fosse Paolo, eu nunca saberia o que é ter voz, fazer o que eu
quero, realizar minhas vontades. Ele pode ser um monstro fora de casa,
temido por todos. Ele pode não me amar, talvez nunca e já assumiu isso.
Mesmo assim, essas coisas não me impedem de amá-lo. Amar o que ele faz
por mim, amar o jeito que ele cuida da filha dele.
Será que nós não somos realmente obra do destino?
Ele se casar com uma mulher parecidíssima com a sua esposa falecida.
E novamente, não sou idêntica a ela, mas meus traços, meus gostos, é claro
que é assustador. Não pode ser por acaso. Nosso mundo é apavorante, mas
pode acontecer milagres e, por sorte, eu tenho um marido que não me bate.
Tenho um marido que não maltrata a filha, que a trata com carinho e com
honra, dignidade. Não menospreza porque nasceu menina como tantos
Madman fazem.
Não tem como negar, tive a sorte de ficar no lugar de uma pessoa tão
espirituosa que deixou uma carta. Não entendi direito algumas partes, mas
guardei as importantes na cabeça.
Quero que cuide da minha filha. Sophia precisa de atenção e uma mãe
generosa e firme. Entenda que o silêncio de Paolo quer dizer muito. Trate
bem minhas flores.
S ophia anda muito dengosa desde o seu aniversário e pede colo com
mais frequência que o normal. O problema é que não é o meu colo.
Ela quer o colo de Nina, que está demorando muito.
— Sua mãe está se vestindo. Para de chorar.
Tento acalentar Sophia para ela parar. Como ela vai conosco, se não
para de chorar? Que merda! Vamos à festa de Natal na casa de Travis, que
Madeleine organizou. Ela não me convidou formalmente porque me respeita
demais e pensa que estou sofrendo hoje. Honestamente, não. Mesmo vendo
Nina dentro da estufa, o que senti foi incômodo.
Não quero que ela abandone, ela gosta do lugar. No entanto, depois
que ela afirmou que lá seria onde Mia ficaria em nossas vidas, eu não quero
mais chegar perto. Depois de matar Niklo e me permitir realmente viver com
Nina, quero Mia onde deve estar. Nas memórias do passado.
Eu preciso me concentrar em Nina. É nela que preciso pensar, desejar e
amar. Não sei como aconteceu, mas eu me apaixonei pela minha jovem
esposa. Com seu jeito falante e esforçado, ela me conquistou.
— Por que não para de chorar, querida? — Coloco a mão na testinha
de Sophia para ver se ela não está ficando doente. — Está normal.
Não entendo por que que ela está chorando.
— Você não está ficando doente, querida. O que que houve?
Ela faz uma careta de choro e deita a cabecinha no meu peito. Eu afago
suas costas. Acho que ela não vai sujar minha roupa. Nina que escolheu o
terno preto, camisa de linho branca e a gravata champanhe.
Estou tentando consolar Sophia quando vejo Nina descendo as escadas.
Engulo em seco porque ela está linda. Me aproximo depois que me levanto
do sofá e ajeito Sophia no colo.
Nina está usando um vestido champanhe, igual a minha gravata, com
as alças finas com brilho. Os cabelos loiros e compridos estão soltos em
ondas e sua maquiagem é leve, mas sofisticada. Eu nunca a forcei a vestir
nada e não me incomodo mais com seu jeito jovial. Na verdade, nossa
diferença de idade passa despercebida agora.
Porém, hoje com essa roupa, ela parece uma esposa ideal para mim.
Uma mulher de uns vinte e cinco. Ainda jovem.
Ela abre um sorrisinho e para nos pés da escada. Parece mais madura,
mais mulher e mais bonita. Dizem que a minha convivência com ela fez eu
rejuvenescer. As roupas e o humor. Acho que ela amadureceu.
— Está me olhando assim por quê?
Vou mais para perto vendo-a de cima a baixo. Ela coloca a mão na
cintura e tomba o rosto para o lado, desconfiada.
— O quê?
— Porque você está linda. Não pode olhar?
Ela dá uma gargalhada.
— É claro que pode — responde e, de repente, fica séria. — O que que
houve com a Sophia?
— Ela não para de chorar.
A preocupação cruza seu rosto e ela acaba de descer as escadas. Não
tem mais provocação.
— Será que ela está ficando doente? — Toca nas costas da filha.
— Acredito que não, mas não tenho certeza.
— Me dá ela aqui.
Eu entrego nossa filha e ela imediatamente para de chorar. Abro a boca
indignado. Eu tenho um exército de homens cruéis que se curvam para mim e
minha filha não.
— Encontramos o remédio para a Sophia — resmungo.
— Mamãe.
Nina beija sua cabeça e a aconchega nos braços.
— Tudo bem, meu amor. A mamãe vai junto e a Sophia também.
Por algum motivo não me sinto bem vendo Sophia chorar desse jeito e
se agarrar a Nina. Se eu tivesse ouvido todas as vezes que meu instinto
acendeu um alerta de perigo como um alarme, e ficado em casa.
E então eu não teria ela. Não teria essa mulher maravilhosa cuidando
da minha filha.
Essa é minha esposa. Meu presente.
— A gente pode ficar em casa? — dou a ideia. — Ou você quer muito
ir?
Nina desvia sua atenção de Sophia e olha para mim.
— Você não quer ir à festa?
— Quero ficar em casa com vocês. — Dou um passo e coloco a mecha
do seu cabelo para trás. — Eu prefiro ficar em casa na lareira, tomar um
whisky e ver você dançando com a Sophia. Talvez assistir um filme de Natal,
qualquer coisa.
Ela tomba a cabeça para o lado, pensativa e assente com um grande
sorriso.
— Eu ia falar isso, mas fiquei sem jeito. — Sacode os ombros. —
Estava terminando de me arrumar agora e pensei que queria ficar em casa.
— Podia ter falado.
— É a festa do Capo. A gente não deveria ir?
— Eu sou o Consigliere dele, não sua sombra. Eu posso não ir em
alguns lugares e eventos. E hoje eu quero ficar em casa com a minha família.
Ela dá um sorrisinho e concorda de novo.
— Então, vamos.
— Ainda bem que sobrou comida.
— É claro que sobrou comida, Nina. Você fez um banquete para nós
três e era só para almoçar. Você é muito exagerada.
— Mas o Papai Noel vai chegar. — Ela olha para Sophia. — Não é,
filha? Ele não vai chegar e encher sua pança de peru e panetone?!
Sophia solta uma gargalhada, com o humor recuperado. Era a Nina que
ela queria.
Minha esposa passa por mim e anda até a sala de estar, onde montou
uma árvore gigante de Natal com muitas luzes. Tem uma guirlanda na nossa
porta e várias luzes do lado de fora, mas ela não exagerou muito. Talvez ela
goste do Natal, porém não tanto quanto Mia gostava. Ela botava guirlanda em
todas as portas da casa, tantas luzes de Natal que eu ficava preocupado de
pagar multa por ofuscar o quarteirão.
Chegando na sala vejo que ela colocou Sophia perto da árvore e
entregou o urso. O famoso urso de Madeleine.
— Eu acho que nunca vou superar esse ursinho. Nenhum brinquedo a
faz soltar ele — Nina comenta tirando os sapatos, deixando-os no canto para
Sophia não pegar e vem para mim.
Eu seguro o seu rosto, beijo sua boca.
— Vamos dançar?
— Quer dançar? — Um sorriso surge no seu rosto. — Mas não tem
música.
— Eu coloco a música. Não seja por isso.
Me afasto e vou até o aparelho de som. Escolho uma música diferente,
uma de 1993 – Crep. E volto dançando para ela, que me espera no lugar.
— Você bebeu hoje? — Põe as mãos na cintura.
— Só porque estou dançando?
— Não — ela responde rindo.
Pego suas mãos, faço-a dar um giro para fora da sala, indo para o hall.
Então abraço o seu corpo e dançamos no ritmo da música.
— Essa música foi feita quando você nasceu?
Rio e aperto sua bunda, provocando-a.
— Com certeza não foi quando você nasceu, espertinha.
Ela abraça minha cintura e deita a cabeça no meu peito. Vamos para lá
e para cá. Nós dois olhamos para Sophia, que levanta as mãozinhas quando
chega no refrão.
— Olha! Ela gosta de música velha.
— E a mãe dela de homem.
Nina joga a cabeça para trás, rindo. A risada dela me deixa feliz.
O que eu faria se perdesse de novo?
Eu não posso ser hipócrita e dizer que nunca senti o que sinto com ela.
Esses dias mágicos. Claro que tem a novidade da sua idade, que a torna
confiante e esperançosa, e tem o acréscimo de Sophia. Tudo é novo para
mim, mesmo assim eu já estive aqui e nunca mereci. Eu destruir da outra vez.
Deus tirou de mim, ou o diabo. E tenho medo de perder de novo.
Fecho os olhos e encosto meu nariz nos seus cabelos, não querendo
pensar nisso. Escuto Nina cantar a outra parte do refrão e se afastar de mim.
Giro-a erguendo meu braço de novo e quando a vejo sorrindo desse jeito é
demais para mim.
Ela me fez esquecer de sentir raiva.
Ela me fez esquecer meu maior arrependimento.
Abraço seu corpo dançando e tento relaxar.
Ela está aqui. Sempre estará. Nina.
Tudo que foi quebrado, um dia esteve perfeito. E talvez para Adam Stella é
exatamente assim que ele se sente. Após uma terrível tragédia ter abatido sua família e
principalmente a ele, Adam sente-se imperfeito. Há seis anos sua vida sofreu uma
reviravolta e o garoto mais querido e cheio de amigos, o neto mais amado, o filho mais
aclamado por seus dotes e inteligência nos próximos segundos depois do acidente deixou
de existir. Se ruiu por entre as chamas. Ele deixou tudo para trás em cacos. Adam se tornou
um homem estilhaçado, quebrado. Vivendo cada dia após o acidente com culpa.
Sua família não suporta mais vê-lo viver desta forma, então sua mãe em uma nova
tentativa encontra uma nova forma de salvá-lo de si mesmo. Colocando a menina curiosa
de olhos azuis em sua vida. Tão quebrada quanto ele, mas cheia de vontade de viver,
Belinda o fará ver o lado ruim de ter deixado a vida para depois.
Será que Adam vai conseguir aproveitar essa nova chance e colar as partes que ele
deixou-se perder pelos anos de culpa?
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Nascida em berço de ouro, Victoria Colton carregava em seu coração muito mais
que sonhos. A “pobre menina rica” rodeada por holofotes, inseguranças e uma vingança
gerada por um segredo guardado há muitos anos, contava os dias para se livrar do medo e
dos traumas de sua infância.
Ethan Brown nunca pôde reclamar de sua boa vida. Nada nunca lhe faltou e
aprendeu cedo demais que o dinheiro tinha seus prós e contras. Após anos longe de casa,
retorna com ambições para com sua carreira, mas logo de cara algo entra em seu caminho e
ele precisará saber o que é mais importante.
Totalmente opostos um do outro, deixam as diferenças de lado, quando após um
reencontro – nada convencional –, não conseguem mais ficar separados. Mas eles
precisarão de muito mais do que sentimentos para ficarem juntos.
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Eles não esperavam que fossem se apaixonar tão profundamente. Victoria e Ethan
se tornaram inseparáveis, e ficar longe um do outro é um desejo que não almejam. O
intenso e profundo amor que construíram, sofrerá altos e baixos, e sustos que colocará em
prova seu futuro juntos e o desejo de viver o “felizes para sempre”.
Victoria vem determinada a lutar com Ethan, que está ainda mais apaixonado e
profundamente envolvido por sua princesa, focado em destruir o inimigo, na continuação
da história de amor épica, que ficará para sempre na sua cabeça.
Um reencontro que marcou a vida dos dois.
Uma aventura que se transformou em amor verdadeiro.
Um amor que durará a vida toda?
QUEM SABE?!
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No terceiro volume da Saga Profundamente, Victoria viverá seu pior pesadelo e
verá seu mudo sofrer grandes perdas e um grande choque.
Ethan enfrentará todos os demônios para viver ao lado da mulher que ama. E terá
que fazer coisas que apenas esteve em seus piores pensamentos e precisará descobrir um
jeito de trazer Victoria de volta para ele.
Agora o inimigo é o tempo e a mente, onde ninguém pode corromper.
E mesmo um homem profundamente apaixonado, terá seus momentos de desespero
e arrependimento enquanto sua amada não sabe o que é real ou fantasia.
Novamente o mais forte salvará os dois de cair no mais profundo abismo.
Um amor tão profundo que ultrapassa todas as barreiras. Que enfrenta o medo.
Uma promessa de amor eterno.
Mas será que, depois de tudo, ainda restará algo além de estilhaços?
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Agora parece que todos os problemas já estão resolvidos, que os traumas foram
deixados para trás e só lhes restam viver e serem felizes.
Victoria ultrapassou todos os obstáculos que apareceram em sua vida. Foi forte,
confiante e corajosa, mas claro que nada seria a mesma coisa sem seu príncipe
“encantado”. A sua vida é um verdadeiro milagre e ela quer mais do que nunca viver
intensamente a segunda chance que teve.
Ethan deixou totalmente seu passado para trás e se transformou em um homem de
sucesso e maduro. A felicidade está batendo em sua porta, finalmente. E só resta aproveitar
essa jornada com sua princesa.
Mas será mesmo que todos os espinhos foram retirados de suas vidas?
Não perca o desfecho desta história linda e profundamente apaixonante.
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“Muito mais do que sobre um romance. Uma história de almas. De amor eterno.”
1 - SEM ASPAS.
2 - NOVA LEITURA.
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Cecillia Romanoff é uma jovem nerd, conhecida por ser muito curiosa. Uma de
suas maiores curiosidades é, justamente, sobre algo que nunca fez: sexo.
Henry Frinsheens tem uma vida agitada, porém responsável. É um jovem que
possui um currículo ótimo, é estudioso e amigável. Diferente do típico cara babaca de
faculdade. Em uma aula de Biologia, por força do destino, os dois se esbarram. Dois jovens
diferentes, mas iguais em um sentido: são solitários e buscam algo que os complete.
Quebram a velha (e ultrapassada) rixa entre nerd e playboy e viram amigos de
verdade. Vencidos pela forte química que existia entre eles, os dois se rendem a uma noite
que os envolvem ainda mais e poderia mudar tudo. Talvez tenha sido um tremendo erro e a
amizade tão sólida correria perigo. Eles sabem que seus sentimentos estão indo além de
carinho e, no meio dessa relação, vão perceber que um precisa do outro muito mais do que
podem admitir.
No final, qual será a escolha certa a se tomar?
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Um relacionamento que começou sem pretensão de ser alto mais do que amizade e
realmente os transformaram em grandes amigos, mas os sentimentos mudaram e
cresceram. Henry e Cecillia aprenderam a não saber viver um sem o outro. De uma
amizade nasceu um amor verdadeiro.
Os anos se passaram, a vida seguiu seu curso perfeitamente e eles estão a passos de
dizer o sim mais importante da vida deles e começar sua própria família. Até que uma farpa
do passado volta e dá um choque de realidade em suas vidas.
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Amanda Frinsheens, ou Mandy para os íntimos, é uma garota determinada,
sonhadora e uma Frinsheens. O que a torna sensível. Assim como seu irmão Henry, foi
cursar sua faculdade de Medicina em Massachusetts, na aclamada Cambridge. Ela ama sua
rotina, que intercala em estudar e curtir sua juventude.
Maximus Smith é um médico dedicado e, mesmo com trinta e três anos, é um
molecão que vive apenas para o trabalho. Talvez o que lhe ocorreu anos atrás tenha
deixado cicatrizes maiores do que possa admitir.
Logo de cara, Mandy e Max sentem uma forte atração, que agora terá que ser
enfrentada no mesmo ambiente de trabalho, já que por destino ela fará residência no
hospital em que ele é cirurgião.
Será que Mandy vai conseguir manter o profissionalismo perto dele?
E Max, será que vai conseguir ficar longe da irmã do seu melhor amigo, agora sua
aluna também?
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adoro agradar meus leitores.
[1] Tchau, minha linda.
[2] Tchau, minha linda.