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Nunca me senti tão aflita como me sentia nesses dois dias, desde que
soube que Don pediu para que fôssemos jantar na mansão de sua família.
Tudo parecia como um pesadelo e não conseguia pensar em mais nada
que não fosse em inventar que estava doente. Será que minha mãe se
compadeceria de mim ao menos uma vez e pediria para alterar a data do
jantar, usaria esse tempo sobressalente para pensar em outra desculpa mais
convincente para ganhar tempo? Poxa, na minha cabeça nosso encontro
aconteceria no baile, junto de dezenas de garotas, que estariam disputando
sua atenção, sendo algo que não faria.
Mas não sabia que merda tinha feito com a minha vida, que tudo parecia
conspirar contra mim nos últimos dias, e isso somado a curiosidade no
motivo de Matteo em querer tanto me conhecer, me deixava agoniada com a
possibilidade de estar tramando alguma coisa contra mim.
Será que ele me desmascararia em frente à minha família?
Caso esse fosse o real motivo da convocação desse jantar, estaria
perdida, pois seria a minha palavra contra a dele, do dono da porra toda, do
maior mafioso dos últimos tempos e por mais que eu não quisesse admitir,
minha fama não ajudava muito e sabia que acreditariam nele sem pestanejar.
Suspirei frustrada, enquanto observava a pantalona, riscada em preto e
branco com uma renda preta na barra larga da calça, junto do cropped de um
ombro só no mesmo tom, com o mesmo estilo de renda no caimento em meu
peito. Sentia-me elegante, sexy apesar de não ter muita carne à mostra, pois
meu cropped permitia ver apenas um pequeno pedaço de pele de meu
abdômen.
No pé calçava uma sandália com salto alto de couro branco, destacando
o esmalte vermelho que usava em minhas unhas. Minha mãe implicaria com
isso, sem sombra de dúvidas, mas me neguei a trocar a minha cor favorita por
um nude, como era esperado que uma primeira-dama usasse.
Foda-se a primeira-dama e suas unhas no tom nude, não me privaria até
disso.
Por esse motivo, me fingi de sonsa e diria que esqueci de tirar. Vesti
uma roupa que gostava e era apropriada para a situação, isso tinha que servir.
Pelo menos era assim que esperava.
Terminei minha maquiagem e apesar da vontade de usar meu batom
rouge, passei um rosa-claro e uma maquiagem delicada que destacasse meus
traços, mas que não parecesse nada exagerado. O cabelo, deixei jogado de
lado com pequenas ondulações em seu caimento. E para mim parecia
perfeito, mesmo que preferisse uma coisa ou outra.
O real motivo desse jantar não deixava meus pensamentos e apesar de
não saber o que me aguardava, dessa vez estaria preparada para encontrá-lo.
Tive longos dois dias para isso, claro que não era como o mês inteiro que
teria até o baile, mas já era melhor do que os segundos que tive na boate.
Dessa vez, pelo menos sabia com quem me encontraria e quem ele era.
Uma batida à porta, cortou meus pensamentos e, então, me virei para a
porta e encontrei Genie com um sorriso delicado no rosto, com seu vestido
florido.
— Mamãe pediu para vir te chamar, temos que sair.
Assenti, alcancei minha bolsa pequena de mão com meu celular dentro
e segui em direção à minha irmã, até a entrada de casa, onde Federico nos
aguardava com o carro estacionado para seguirmos em direção à mansão
Lucchese, como uma repleta família feliz, algo que não poderia estar mais
longe da verdade.
Assim que a Mercedes de Federico fora estacionada na guarita onde um
dos muitos seguranças que rodeavam a mansão se encontrava, o grande e
imponente portão de ferro forjado, se abriu revelando um caminho
pavimentado ladeado por palmeiras majestosas.
A mansão se localizava em uma grande colina, afastada do centro de
Sicília e era cercada por muros imensos, feitos de pedras, garantindo a total
privacidade de seus moradores.
Conforme seguíamos pelo longo pavimento, admirava o lindo jardim
iluminado nas laterais, com alguns canteiros de flores e até mesmo árvores
frondosas, mostrando o belo e extenso gramado verde. Em frente à entrada da
mansão era possível visualizar uma grande fonte ornamental jorrando água
em cascata, encantando ainda mais a beleza e os detalhes do local.
Assim que saí do carro, admirei a fachada da mansão que exibia uma
combinação de pedras e estuques, enriquecendo seus detalhes requintados.
Percebi alguns seguranças espalhados andando em volta da propriedade
com toda a sua seriedade, sempre atentos ao seu redor.
Uma mulher com seu uniforme social preto abriu a porta, com um
sorriso no rosto, se apresentando como Francesca, disse que era a governanta
da família. Conforme entrávamos no hall espaçoso da entrada, fiquei
deslumbrada com os detalhes sofisticados do grande lustre de cristal que
iluminava o ambiente e deixava o piso de mármore ainda mais bonito.
Ela nos direcionou até uma enorme sala de estar, com grandes e
confortáveis estofados e pediu que nos sentisse à vontade, que avisaria sobre
a nossa chegada.
Sentei-me com a postura ereta, me mantendo silêncio admirando as
lindas telas de artes penduradas nas paredes, visto que não queria prestar
atenção nos cochichos entre minha mãe e seu marido.
Poucos minutos se passaram e uma linda mulher sorridente, que vestia
um conjunto social de saia e um casaco em um tom de vermelho, apareceu,
seus braços enganchados no homem alto, com cabelos pretos jogados para
trás e seu bigode bem-feito, o reconheci no mesmo instante. Salvatore
Lucchese e mesmo que não quisesse admitir, adorei o fato de sua esposa usar
uma roupa em um tom forte, como eu gostava, sem se importar com o que a
sociedade diria.
— Boa noite a todos, desculpem a demora — ele nos cumprimentou. —
Essa é a Sandra, minha esposa. Matteo está em uma ligação importante e já
descerá, pediu para que viesse recebê-los enquanto isso.
Levantamo-nos para os cumprimentar e Sandra o fez com um sorriso no
rosto, que parecia ser verdadeiro, nada forçado como o de minha mãe.
Voltamos a nos sentar nos estofados e Sandra se juntou a nós, enquanto
os homens conversavam tomando uma bebida de cor âmbar em pé próximos
à pequena mesa.
Francesca retornou com algumas taças de champagne e água, e apesar
de querer aceitar o champagne, precisava manter as aparências e aceitei a
água, assim como minha irmã.
Nós duas permanecemos caladas e minha inquietação aumentava com a
demora que Matteo levava. Como não fazia parte da conversa sobre o baile
que tinham e nem fazia questão de participar, me levantei e fui até a enorme
vidraça que dava a vista para o lindo jardim lá fora, fiquei o admirando por
alguns minutos, até que senti um arrepio subir por minha espinha e um
perfume masculino cítrico, que me lembrava limão e capim-cidreira, adentrar
em minhas narinas e invadir o ambiente, mesmo que nunca tivesse ficado
frente a frente com ele, eu soube que Matteo tinha chegado.
— Boa noite a todos, desculpem pelo meu atraso. — Virei-me na
direção da voz grossa e máscula que exalava tanto energia quanto confiança,
e percebi que me enganei ao pensar que estava preparada para o encarar pela
primeira vez. — Como vai, Chiara?
Um sorriso indecente surgiu em seus lábios, que fez com que eu me
esquecesse por alguns segundos quem ele era e onde estávamos. Senti meu
corpo por completo se esquentar com a mera menção de meu nome em seus
lábios e, por isso, fiquei grata quando Federico tomou frente indo até Matteo
e cortando nossos olhares.
Essa distração serviu para me recompor e tomei um longo gole de água
para tentar acalmar as batidas frenéticas de meu coração, que obviamente
ficou nervoso com a intensidade de seu olhar para cima de mim.
Aproveitei a oportunidade para observar melhor a maneira como Matteo
era e não podia negar que apesar de tudo, era um excelente colírio para os
olhos.
Ele era alto, bem mais alto do que imaginei aquele dia na boate. Tinha
os cabelos escuros, talvez pretos, assim como os do pai. Vestia-se todo de
preto também, com seu terno de três peças, uma camisa bem passada e uma
fresta da gola aberta, permitindo visualizar um pouco de sua pele bronzeada.
Mesmo com toda a sua roupa, era possível perceber o quão forte era, pois
suas vestes se colavam em sua pele, deixando pouco para a imaginação.
Minha mãe me chamou em volume baixo e me lembrei de me
aproximar para cumprimentá-lo, segui até onde todos estavam e aquele
sorriso insolente surgiu em seu lindo rosto assim que me aproximei.
— É um prazer te conhecer, Chiara!
Estendi minha mão em sua direção, parecendo que tinha perdido minha
voz e senti um choque percorrer das pontas dos meus dedos e caminhar por
todo o meu braço, conforme ele a segurava com cuidado e deixava um beijo
casto sobre ela.
Não esperava por seu cavalheirismo, isso me surpreendeu e acreditava
que não consegui disfarçar.
— Chiara, cadê os seus modos? — ralhou minha mãe. Fazendo com que
forçasse minha voz a sair de minha boca.
— O prazer é todo meu, senhor Lucchese.
— Pode me chamar de Matteo.
Engoli em seco, sem saber o que pensar, pois ele não corrigiu nenhum
outro até então, deu apenas essa liberdade para mim. Não soube o que dizer e
apenas assenti, conforme puxava minha mão pequena de seus dedos longos.
Fiquei remexendo minha mão, inquieta com tudo que senti em sua
presença, tentando entender o que tinha acontecido comigo naquele
momento, enquanto todos voltavam a conversar, incluindo Matteo, dentro de
seus assuntos. No entanto, eu fingia que prestava atenção na conversa tediosa
entre minha mãe e Sandra, mas vez ou outra meus olhos traidores seguiam
em direção ao lindo moreno que conversava com uma intimidade invejável
com seu pai.
Federico tentava chamar a atenção do Don, o que ficou claro que
tentava o impressionar, talvez para não gerar suspeitas com todas as coisas de
errado que fazia. Mas o fato de ele o ignorar ou ser apenas educado nos
momentos propícios, deixou a minha noite um pouco mais agradável.
Não me passou despercebido que a todo instante nossos olhares se
cruzavam e sentia uma quentura me envolver, mas quando em uma dessas
trocas de olhares, ele levantou seu copo de uísque como se brindasse a algo,
foi aí que tive a certeza de que ele sabia de fato quem eu era e engoli em
seco, com o medo de que dissesse alguma coisa durante o jantar.
Desviei o olhar no mesmo instante e senti aquele sorrisinho irritante em
seu rosto. Precisei me conter para não o mandar se foder.
Após esse episódio, fiz o máximo para evitar que meu olhar vagasse em
sua direção, o que consegui até o momento do jantar.
Tudo corria bem apesar de tudo. Federico conseguia fingir
deslumbramento por cada um deles, sabendo muito bem o quanto os odiava.
Minha mãe também conversava animada com Sandra, mesmo que soubesse
suas reais intenções para com sua família. Enquanto eu e minha irmã
permanecemos em silêncio e só respondemos o essencial, quando nos era
perguntado diretamente. E Matteo permanecia conversando sobre negócios
com seu pai e Federico, mas sentia sua atenção em mim a todo instante.
— Chiara toca piano tão graciosamente, tenho certeza de que nosso Don
ficaria encantado com seus dotes.
— Adoraria ouvi-la tocando qualquer dia desses.
— Caso queira, ela pode tocar alguma coisa para...
— O que gosta de tocar, Chiara? — Seu corte em minha mãe e sua
pergunta direta a mim, me surpreendeu mais uma vez, mas o respondi com
toda a educação que fingi que tinha.
— Toco bastante Mozart, mas algumas mais novas, como Imagine de
John Lennon.
— Também é fã de Beatles? — Sua pergunta soou curiosa e me peguei
intrigada se apenas estava sendo educado ou se de fato tinha interesse em
saber mais sobre mim.
— Pode-se dizer que sim, conheço a maioria de suas músicas.
Um sorriso satisfeito surgiu em seus lábios, mas voltou a exalar toda a
sua seriedade quando meu padrasto interferiu na conversa.
O jantar transcorreu bem, mas em toda a oportunidade que tinha minha
mãe tentava mostrar o quanto eu sabia me comportar como uma dama, que
tinha um currículo impecável, falava três idiomas, além de saber bordar e até
mesmo cozinhar. Ela tentava mostrar o quanto fez o possível para me
preparar para um bom casamento, mesmo sabendo que não precisaria usar
alguns deles, pois se me casasse com um bom marido, teríamos uma
cozinheira em casa.
Segurava-me para não demonstrar minha completa insatisfação e tédio
com toda aquela conversa furada e quando todos jantaram, fui surpreendida
quando Matteo se aproximou de minha cadeira.
— Quer conhecer o jardim? — indagou, estendendo sua mão em minha
direção, como um completo cavalheiro.
— Perdão, senhor. Mas para evitar qualquer maldizer sobre nossa
ragazza preferiria que Genevive os acompanhasse.
Matteo empertigou seu corpo, deixando claro sua falta de paciência com
minha mãe e estralou seu pescoço, enquanto a respondia com total frieza,
colocando-a em seu lugar:
— Tenho certeza de que no jardim da minha mansão, que está cercado
de seguranças, não causará nenhum falatório indesejado. Prefiro ter um
momento com Chiara a fim de conhecê-la melhor. — Ele voltou seus olhos
acinzentados em minha direção, estendendo a mão novamente. — Caso
assim, você queira.
Percebi que minha mãe engoliu em seco, com a ira estampada em seus
olhos por ter sido repreendida em frente a todos, mas segurou sua língua por
ele ser quem era. Minha irmã abaixou o rosto, contendo seu sorriso e quando
estava prestes a respondê-lo, minha mãe indicou com a cabeça para seguir
logo com ele.
— Claro.
Aceitei sua mão, me levantei e segui com os braços encaixados em
direção ao imenso jardim, em silêncio. Na dúvida de como deveria agir ao
seu lado, optei pelo silêncio, afinal, uma mulher submissa mal tinha voz para
nada, logo, imaginei que estivesse no caminho certo dessa maneira.
— Pela maneira como admirava o jardim pela vidraça, imaginei que
gostaria de passear por aqui, como está uma noite agradável. — Matteo
cortou o silêncio, tentando puxar conversa e tentei ser o mais educada
possível.
— Sim, é muito bonito.
— Você também está deslumbrante essa noite — assumiu, acariciando
em círculos minha mão encaixada em seu braço, com sua mão livre e senti
uma fisgada em meu peito com seu comentário.
— Obrigada! O senhor também está bem atraente. — Tomei cuidado
com minhas palavras, precisava ser submissa, mas, ainda assim, demonstrar
interesse.
Aquele seu sorriso indecente voltou a surgir em seus lábios e precisei
respirar fundo para não me deixar levar pelo seu sorriso, era deslumbrante,
não poderia negar o contrário.
— Mas admito que senti falta do batom vermelho em seus lábios.
O espanto me tomou por completo, pensei que continuaria a fingir que
não sabia quem eu era, mas obviamente esse foi o real motivo de ter pedido
por uma caminhada longe de todos, queria privacidade para dizer as verdades
que o incomodavam.
— Desculpe, mas não sei do que o senhor está falando.
Ele revirou os olhos e tornou a acariciar minha mão de uma maneira
lenta e torturante. Seu contato com a minha pele, por menor que fosse, fazia
com que sentisse coisas inapropriadas para a situação.
— Ah, qual é, Chiara, estamos apenas nós dois aqui, não precisa fingir
ser algo que não é ao meu lado. Quero conhecer sua verdadeira personalidade
e sei que não é aquela que demonstrou o jantar inteiro.
Engoli em seco, pois tudo que eu mais temia aconteceu. Tinha certeza
de que não conseguiria enganá-lo depois que soubesse quem eu era.
— Não tenho nada para esconder, senhor. Tenho sido eu mesma o
tempo todo. — Continuei em minha farsa, torcendo para que acreditasse e
talvez pensasse que se enganou com a mulher da balada.
— Primeiro, não me chame de senhor, já pedi para que me chame de
Matteo. E segundo, uma garota que mal falou o jantar todo, não condiz com
aquela que fugiu por um simples convite de conversa, a ponto de quebrar
uma vidraça, pular por ela e deixar vários seguranças que matam milhares de
bandidos por aí a ver navios.
Era fato, ele não cairia em meu teatro fajuto, mesmo que continuasse
insistindo na mentira, por isso, já que ele sabia da verdade, resolvi ser eu
mesma, pelo menos em algum momento da minha noite.
— Acredito que deva trocar seus seguranças, talvez eles não sejam tão
bons como imaginava. Acabei te fazendo um favor. — A gargalhada viril
ecoou o jardim, e vi o mesmo segurança que veio falar comigo atrás de nós,
limpar a garganta incomodado com meu comentário.
— Tenho que concordar contigo, talvez eu realmente deva fazer isso.
Dei de ombros, fingindo não ter gostado de como ele se parecia à
vontade ao meu lado.
— Fiquei preocupado que tivesse se machucado, mas admito que fiquei
ainda mais admirado com sua atitude. — Ele preocupado comigo? Com
certeza devia tá brincando com a minha cara! — Mas, antes de mais nada,
deixarei claro uma coisa, era só ter dito que não tinha interesse, não precisava
se dar ao trabalho de fugir daquela maneira. Não sou um monstro.
— Não é o que ouço dizer — falei, antes que conseguisse conter minha
língua e me arrependi no mesmo instante.
Mas para a minha surpresa, Matteo não se importou e um riso malicioso
surgiu em seus lábios, conforme me olhava intrigado.
— Sou um monstro apenas com quem merece ser tratado como tal. Não
é o seu caso, principessa. Pelo menos não até onde eu saiba.
Um arrepio me tomou por inteiro com o final de sua frase, pois mal ele
sabia que sim, talvez eu lhe desse motivo para ser um monstro comigo.
Ficamos em silêncio por alguns instantes, enquanto assimilava suas
palavras que me pareceram sinceras, junto do apelido carinhoso que até então
nunca tinha sido chamada.
— É por isso que tem ficado nervosa ao meu lado? Percebi sua
inquietação tanto durante o jantar e agora enquanto está ao meu lado. —
Como ele poderia ser tão observador dessa maneira? — Tem medo do que
posso fazer com você?
Talvez eu devesse ter mantido minha boca fechada, mas já que ele
gostaria de me conhecer, faria exatamente o que pediu.
— Na verdade, não tenho medo de você, nem de ninguém. E jamais
permitirei ser intimidada por você, só porque é o dono de todo esse império.
Já passei da fase de ser amedrontada por tão pouco.
Ele estreitou os olhos em minha direção e um sorriso torto surgiu em
seus lábios, enquanto passava os dedos em seu cavanhaque bem-feito, o que
fez com que meus olhos vagassem até seus lábios bem desenhados, por um
momento até me esqueci que ele era o inimigo.
— Além de tudo é corajosa! — Seu olhar me estudava, como se fosse
algum de seus brinquedinhos que ainda não soubesse manusear. — Então
qual foi o motivo de ter fugido de mim daquela maneira na boate?
— Não sou obrigada a te dar um motivo. Apenas fiz o que achei melhor
naquela ocasião, talvez esteja tão espantado com meu gesto, pois não está
acostumado a te deixarem esperando, ainda mais as muitas mulheres que
costuma sair por aí.
Ele arregalou seus olhos, boquiaberto com a coragem que tive de o
afrontar e sabia que estava colocando tudo em risco com os planos de minha
mãe e padrasto. Mas, cazzo, quando que realmente imaginei que fosse
conseguir segurar a minha língua ao seu lado apenas porque a minha mãe
queria?
— Touché! — Ele parou de caminhar, ficou de frente para mim com
uma distância muito pequena, permitindo que sentisse o cheiro forte de álcool
de seus lábios, misturado com o odor de charuto e seu perfume cítrico, não
podia negar que a mistura ao invés de revirar meu estômago, teve a reação
contrária. Olhei na direção de seus lábios e subi para os seus olhos, tão
intensos e me perdi dentro deles. — Realmente não tenho o costume de ficar
correndo atrás de ninguém, mas vou adorar ver isso acontecendo com você,
ainda mais quando ficar implorando para que eu te foda com força e gostoso.
Suas palavras esdrúxulas se fixaram em minha mente, desacreditada
com a coragem do que disse e pior ainda, achar que um dia imploraria para
que me fodesse, ele só poderia ter ficado louco.
Dei um passo em sua direção, ficando com apenas um centímetro de
distância.
— Só se for nos seus sonhos! Nunca pedirei por isso a você —
retruquei, sentindo aquela sensação de fogo me tomar novamente, mas lutei
contra meus instintos de dar atenção a eles.
— Isso é o que veremos, principessa!
Aquele sorrisinho insolente retornou em seus lábios, ele umedeceu seu
lábio inferior de maneira sedutora e antes que entregasse a maneira como
mexia comigo, recuei um passo para tomar fôlego.
— Acho melhor voltarmos antes que minha mãe venha atrás de mim,
pensando que fiz algo de errado ou que comprometa a minha honra.
Ele assentiu, como um leão prestes a devorar a sua presa e disse:
— E mais uma vez você me surpreende com suas atitudes e a forma
como pensa. Você tem me deixado cada vez mais intrigado, principessa.
Fitei seus olhos intensos, sem saber ao certo o que dizer, mas algo me
dizia que ele tinha se agradado de alguma coisa que fiz ou falei, e não era
pela maneira recatada que me comportei seguindo as instruções de minha
mãe. Talvez ele tivesse se interessado apenas por eu ter sido eu mesma, e isso
me agradou, mesmo que não quisesse admitir.
Faltavam apenas três dias para o dia do baile.
Três semanas se passaram desde que aconteceu meu encontro
desastroso com Matteo.
Para a minha progenitora e seu marido, tudo acontecia melhor do que o
esperado, apenas pelo fato de ele ter se interessado por mim. Mas minha mãe
sempre me questionava o que tinha acontecido entre nós dois em nosso
pequeno passeio pelo jardim.
Queria saber tudo que conversamos e se me comportei da maneira
adequada, óbvio que dizia que fiz exatamente como fui instruída. Mal sabia
ela que isso não passava de uma grande mentira, pois Matteo conseguia
despertar o pior em mim e quando percebi, já tinha falado tudo que pensava a
seu respeito.
Se esse era o motivo de ele ter se afastado por essas três semanas, ao
invés de tentar mais uma reaproximação, não sabia dizer. Mas acreditava que
os dois esperavam por mais contato da parte dele, depois de seu visível
interesse. O problema era que talvez eu tivesse colocado tudo a perder e não
queria nem imaginar o que fariam comigo, caso descobrissem isso.
Um dos motivos que talvez os tivessem deixado mais tranquilos que
não fiz nada de errado, fora a viagem que Matteo fez para os Estados Unidos
que durou mais de dez dias, pelo que Federico comentou. Por isso, deviam
imaginar que ele não teve tempo para vir atrás de mim.
Sinceramente, não sabia o que pensar a respeito, pois uma parte de mim
ainda se sentia confusa com a maneira que me senti ao seu lado, pois pensava
que a única coisa que sentiria dele seria repulsa, e isso nem chegou perto de
acontecer. O que me assustava na mesma proporção que me preocupava.
Minha mãe agendou com a costureira que faria o meu vestido para o
baile, fez questão de fazer sob medida para que saísse perfeito e chamasse
ainda mais a atenção de Matteo. Uma parte de mim, queria distância desse
baile, ainda mais por causa da preocupação que o sumiço de Vitto me afligia,
ainda precisava conversar com ele e não sabia como.
Já outra parte de mim, uma bem pequena, por sinal, se sentia ansiosa
para saber a reação que o Don teria ao me ver usando o vestido sob medida,
não porque me importava com o que pensasse ou deixasse de pensar. Era
apenas porque gostei da maneira como me olhava, afinal, que mulher não
gostaria de ser olhada com tamanho desejo por um homem poderoso,
confiante e com uma beleza enlouquecedora? Mas era apenas isso, meu ego
que queria ser inflado por aquele desejo que ficou estampado em seus olhos.
Claro, caso ele não tivesse perdido o interesse por mim, visto seu
sumiço nas últimas semanas.
Assim que fiz a última prova do vestido, fiquei deslumbrada em como
enriqueceu meus traços e minhas curvas. Apesar de saber que chamava a
atenção das pessoas, não conseguia me achar tão bonita assim, mas naquele
momento isso aconteceu e um sorriso apontou em meu rosto enquanto olhava
para o lindo vestido na cor marsala.
— Você tá tão linda, Chichi! — Genie cortou meus pensamentos e sorri
em sua direção.
— Sua irmã está certa, com certeza vamos conseguir destacar você das
demais convidadas — disse minha mãe, com seu tom ácido enquanto meu
sorriso sumia.
Retirei o vestido e saímos da boutique famosa na Sicília, seguindo em
direção ao carro, onde nosso motorista nos aguardava.
Irene e Genie, caminhavam lado a lado à minha frente, enquanto eu as
seguia sem muito interesse observando as vitrines das lojas, mas quando
olhei para uma livraria com diversas revistas na vitrine com letras garrafais
falando sobre uma notícia bombástica, meus olhos por curiosidade subiram
em direção à foto do casal e perdi o ar por um momento, ao parar
abruptamente e me virar de frente para a maldita vitrine.
Nesse momento, uma mulher saía com a própria revista nas mãos e
antes que percebesse, peguei dela a ouvindo me xingar, mas não me importei.
— Tá louca, garota! Me devolve isso, cazzo.
Mas parecia que meus ouvidos zumbiam, o ar parecia ter fugido de
meus pulmões e a decepção assolava meu peito com força.
Para alguns não passava de uma fofoca qualquer, para mim foi pior,
senti o gosto da traição em meus lábios, ainda mais por Vitto não ter me dito
em nenhum momento que se casaria com a herdeira da empresa concorrente
de logística.
Meus olhos se encheram de lágrimas e antes que percebesse ou
conseguisse conter, as lágrimas escorriam por meu rosto de maneira nada
contida, a mulher que tinha pegado a revista, tomou-a de minhas mãos com
ignorância, me xingou de alguma palavra não tão educada e saiu irritada. Eu
continuei parada olhando para a foto do casal estampado nas revistas,
posando com um sorriso no rosto, enquanto se olhavam nos olhos,
parecendo... Dio mio... era difícil até pensar nisso, mas pareciam apaixonados
e isso foi o que mais me doeu.
Vitto me fez de idiota, mentiu para mim, enquanto estava de caso com
outra.
Nesse momento, tive meus pensamentos cortados, quando senti um
puxão com força em meu braço, junto de um apertão em minha pele com as
unhas afiadas de minha mãe.
— Mas que merda você pensa que está fazendo, chorando no meio da
rua, enquanto pega a revista de outra pessoa, Chiara?
Engoli em seco, pois mesmo que quisesse, não poderia lhe contar a
verdade, mas isso nem seria necessário.
Quando minha mãe me soltou, deu um passo em direção à vitrine da
loja e reconheceu de quem se tratava a fofoca, ela me olhou primeiro com um
sorriso vitorioso no rosto, pois sabia que isso apenas a ajudaria a seguir com
seu plano, sempre a merda do seu plano nos pensamentos. E na sequência a
fúria começou a tomar seus olhos, ao invés de verdes como os meus,
começaram a ficar num tom de preto horripilante, dei um passo para trás,
sabendo que ela deveria estar se segurando para não me dar uma bela de uma
surra ali mesmo na frente dos outros.
Engoli em seco, sem saber ao certo o que lhe dizer.
Ela cortou o espaço que havia entre nós, me puxou com força contra seu
corpo.
— Se você fez alguma merda com esse riquinho metido a besta, Chiara,
eu te mato e não estou exagerando, eu vou te matar! — grunhiu, enfurecida
em meus ouvidos.
Ela começou a me puxar irritada, sem se importar com o que pensavam
ao ver uma mulher puxando sua filha pelo meio da rua, como se fosse uma
menina que tivesse acabado de aprontar.
— E-eu não fiz...
— Cale a porra da boca, Chiara!
O olhar enviesado que me lançou fez com que eu ficasse quieta e
tentasse argumentar quando chegasse em casa. Vi o olhar entristecido que
Genie me lançava, enquanto tentava nos acompanhar. Apenas reconheci o
que me disse, sem emitir som “força” e mesmo com as lágrimas ainda
escorrendo de meus olhos, não pela surra que levaria, mas ainda pelo impacto
que recebi da notícia, apenas assenti, tentando recuperar o choque que recebi
de uma das poucas pessoas que me importava nessa merda de vida.
Minha mãe foi o caminho inteiro gritando comigo, que isso não era a
postura esperada de uma dama que se casaria com o capo da máfia, ainda
mais chorar por outra pessoa que não fosse o meu noivo. Em sua cabeça era
isso que eu já era, a noiva de Matteo.
Fiquei calada o caminho inteiro e nas poucas vezes que tentei lhe dizer
que nunca me deitei com Vitto, tomei um belo e forte tapa na cara, fazendo
com que tivesse que respirar fundo para não me voltar contra aquela que me
deu a vida.
Nas poucas vezes que não me xingava, fazia algumas ligações e uma
delas reconheci como uma das médicas que costumava tratar das pessoas da
máfia, alguém confiável e que sempre mantinha em segredo a podridão que
nos envolvia. Meu sangue gelou quando minha mãe exigiu que ela fosse em
nossa casa com urgência.
Assim que entrei em casa, minha mãe voltou a gritar a plenos pulmões
em minha cara, por ser uma vagabunda em me envolver com outro, uma
ingrata por eles terem planos que eu seria a mais beneficiada com tudo isso e
colocar tudo a perder por um rapaz que não estava nem se importando
comigo.
Ela me trancou no quarto e não me importei, pois naquele instante a
única coisa que queria era chorar todas as lágrimas possíveis. Minha vontade
também era de ligar para Vitto e o xingar com as piores palavras existentes,
mas nem isso tinha força. Meu único desejo era me encolher em posição fetal
e cair nas lágrimas que pareciam nunca ter fim.
Uma hora depois, ouvi a porta ser destrancada e o receio voltou a me
envolver, pensei que seria minha mãe vindo me dar a surra que ainda não
tinha acontecido, mas quem eu vi, fez meu ar escapar dos pulmões por alguns
segundos. Era a doutora De Luca, a médica que conversou no telefone e a
hipótese do que ela faria comigo começou a me amedrontar.
— Doutora, conforme te expliquei mais cedo, quero que confira que
minha filha continua sendo pura.
Ela assentiu, me direcionando um olhar tão frio quanto o de minha mãe
e apertei minhas pernas por puro instinto.
Minha mãe fechou a porta atrás de si e a doutora colocou sua maleta em
cima da minha cama, então disse em seu tom frio.
— Chiara, por favor, tire a calcinha, como está de vestido não será
necessário retirar mais nada.
Prendi a respiração, olhando com total incredulidade na direção de
minha mãe.
Como ela conseguia ser tão fria com sua própria filha? Como podia
não me dar um voto de confiança na minha palavra.
Mesmo com a médica aguardando que eu fizesse o que me pediu, e
minha mãe com os braços cruzados com sua carranca fechada em minha
direção, tentei lhe mostrar a racionalidade que pensei que talvez ainda
pudesse ter.
— Mãe, eu nunca fiz nada com Vitto, eu juro. Isso não é necessário.
— Cale a boca, Chiara — gritou, sem se importar com a visita dentro do
quarto. Ela respirou fundo, se contendo para não avançar sobre mim e
continuou com seu tom frio. — Pode dar continuidade, doutora.
— Mas eu... — Tentei voltar a dizer. Não queria ser exposta dessa
maneira, ainda mais humilhada da maneira que seria.
— Já mandei você se calar e fazer o que ela mandou. — Ela perdeu a
paciência, vindo em minha direção num rompante, pegou meu rabo de cavalo
e puxou com força, enquanto segurava meu rosto com força, afundando suas
unhas enormes em minha pele. Precisei conter o choramingo com a dor e
antes que conseguisse raciocinar, ela jogou minha cabeça com toda sua ira
para a cama. — A culpa disso é toda sua! Se não se comportasse como uma
vadia, nada disso seria necessário.
Se fosse em uma situação normal com um exame ginecológico eu sabia
que seria necessário fazer isso, mas não era o caso. Aquilo era humilhante de
tantas formas, que o meu ódio por ela aumentou gradativamente, segurei os
lençóis com força, para não avançar sobre ela, engoli em seco, a fim de tentar
me recompor.
Levantei-me, retirei a calcinha e voltei a me deitar na cama com as
pernas dobradas, para que a médica fizesse sua função.
Ela não me avisou de nada do que faria, para que me preparasse e o
incômodo junto da humilhação me tomavam por completo. Ela colocou
alguma coisa em mim, fazendo com que fosse possível me enxergar por
completo e disse:
— Ela continua virgem, Irene.
— Tem certeza? Não posso ter dúvida nenhuma em relação a isso. Sua
honra seria exposta e jamais poderia permitir que isso acontecesse, ainda
mais com quem ela se casará.
A médica respirou fundo e voltou a afirmar:
— Sim, tenho certeza, o hímen está intacto.
Minha mãe respirou fundo, passando a mão aliviada por seu rosto,
enquanto precisei segurar minha língua para não gritar em sua cara que eu
falava a verdade e nada disso era necessário. Porém, me sentia cansada de
lutar contra ela, por esse motivo apenas permiti que as lágrimas escorressem
de meus olhos. Não eram mais lágrimas por um coração partido, mas pela
humilhação de ter que comprovar a minha virgindade.
Assim que a médica saiu de meu quarto, permaneci deitada com o
antebraço em meus olhos, não querendo olhar para mais nada, apenas me
perder no vazio que crescia dentro de mim.
— Nossa conversa ainda não terminou, Chiara. Não pense que o que
você fez mais cedo e tudo que poderia causar aos nossos planos, ficará por
isso mesmo. — Senti um arrepio subir por minha espinha e sabia que não
escaparia de qualquer que fosse seu castigo.
Mas não me dei ao trabalho de argumentar em nada, afinal, de nada
adiantaria.
Ouvi a porta se bater com força e a fechadura ser trancada, soltei a
respiração que nem percebi ter segurado.
O restante da tarde, fiquei pensando em tudo que acontecia à minha
volta. No motivo de Vitto ter me traído dessa maneira. Eu já sabia que nosso
namoro tinha data de validade, mesmo que não quisesse, tinha essa ciência,
mas ele poderia ter me contado os planos de sua família, ao invés de me
convidar para fugir com ele ou ficar me pedindo a todo instante para que me
deitasse com ele.
Será que esse era seu real desejo? Que me entregasse e depois
continuaria o casamento que seu pai exigia?
Não conseguia acreditar que ele também me usaria dessa forma, a ponto
de apenas querer tirar minha virgindade e me descartar como se não fosse
nada. Será que todas as palavras doces que me disse eram mentiras? Será que
não passava de um troféu em suas mãos? Uma conquista que estava disposto
a ter e nada mais?
Aquela foto não parecia de alguém que se via obrigado a entrar em um
casamento forçado. Parecia que seu olhar era sincero ao admirá-la.
O fato de ele ter se afastado tanto depois que me neguei mais uma vez a
me entregar, também não ajudava. E todo o amor que dizia sentir por mim?
Onde tinha ido parar?
Pelo menos para uma coisa tudo isso serviu, ficaria mais fácil seguir
pelo caminho tortuoso que minha mãe planejou, não tinha mais nada a
perder.
Fiquei me remoendo por mais um tempo, até que a porta foi destrancada
e meu peito deu um solavanco com o medo me assolando com o que
aconteceria. Sabia que uma visita para saber como estava, com certeza não
era. E quando enxerguei a cabeça raspada surgir pela fresta da porta, com
aquele sorriso cheio de malícia em seus lábios, que sempre aparecia quando
vinha me torturar, torci para que realmente tivesse me entregado a Vitto e
minha mãe tivesse cumprido sua palavra em me matar.
Pois sabia que a morte era a melhor opção mediante ao que ele faria a
seguir.
Vi o chicote passar por seus dedos cheio de calos, enquanto seu olhar
gelado me percorria de cima a baixo, com a maldade estampada em cada um
deles e me retesei no mesmo instante.
— Fiquei sabendo o que aprontou mais cedo, Chiara, e como ficou
depois de saber do casamento daquele moleque.
Ele se aproximou e encolhi meus joelhos, envolvendo meus braços
como se pudesse protegê-los. Sabia que dessa maneira mostraria a minha
vulnerabilidade, mas muita coisa tinha me acontecido naquele dia e não
estava em meus melhores momentos de ser forte.
— Você sabe como sou ciumento e ficaria ainda mais decepcionado se
tivesse entregado seu corpo a ele. Preservar você até o casamento já tem sido
bem difícil, então pense em como fiquei irritado ao descobrir que seu
namorico estava mais sério do que imaginei.
Fiquei quieta, olhando-o com todo o ódio que tinha desse desgraçado, já
prevendo a diversão que teria dessa vez.
— Mas para a sua sorte, você continua intacta e não colocou em risco
nossos planos. Mas... — Fez pausa passando aquele dedo asqueroso em meu
rosto e dei um tapa em sua mão antes que conseguisse me conter, o que fez
com que gargalhasse de minha atitude. — Como dizia, vou te lembrar do
porquê você deve continuar com essas pernas fechadas e só abrir no maldito
casamento.
— Vá se foder, Federico.
— Não dá ideia, porque a vontade que tenho é de fazer exatamente isso
com você! — rosnou, com aquele hálito nojento perto do meu rosto, me
causando ainda mais nojo.
— Eu te mato antes disso, pode ter certeza!
A gargalhada reverberou pelo meu quarto e antes que tivesse reação, ele
puxou meu vestido com brusquidão rasgando-o toda a sua frente e me
derrubou no chão com força.
— Agora fique na posição que eu tanto gosto de te ver, ragazza.
A vontade de me levantar, voar em cima dele e matá-lo com minha
adaga surgiu de uma maneira tão forte, que precisei respirar fundo e me
lembrar de que até que eu conseguisse alcançar minha adaga, Federico já
teria grande vantagem e não seria forte o suficiente para derrubá-lo, por esse
motivo, engoli minha ira e me ajoelhei de costas para que ele começasse a
sua diversão.
— Muito bem, cara mia. Isso é para aprender a nunca mais colocar
nossos planos em risco. Do contrário, a próxima vez será pior.
Não terá próxima vez!
Nem que eu tivesse que matá-lo e ser presa, ou até mesmo morta pelo
próprio Matteo, mas isso não se repetiria, foi o que prometi a mim mesma
nesse momento.
Senti o chicote estralar em minhas costas, cortando minha pele com a
intensidade da força que o desgraçado colocou no braço, segurei o choro e
qualquer resmungo de dor, pois sabia que isso apenas o deixava ainda mais
satisfeito, ver a maneira que me atingia.
Sabia que sua ira seria intensificada quando não demonstrasse a emoção
que esperava, pois adorava me ver chorando e pedindo que parasse, ele
bateria o dobro de vezes para tentar tirar alguma reação de mim, mas graças a
eles, eu já me acostumei a ser torturada e lidar com a minha dor. Por isso,
com muito esforço consegui trancar minhas emoções dentro de mim,
deixando que o desgraçado do meu padrasto continuasse sua tortura até se
cansar.
O tão esperado dia pelos meus pais chegou. O dia em que aconteceria o
baile planejado com tanto cuidado por minha mãe e a data de minha escolha
para meu pai.
Acabou o meu prazo para encontrar uma noiva e a dúvida ainda me
corroía do que deveria fazer. Odiava a ideia de me casar com alguém sem
amor, mas não via alternativa.
Sempre que pensava no assunto ou olhava as várias fotos com o resumo
de cada uma das mulheres que compareceriam ao baile, para que eu já
estivesse a par, afinal, talvez isso facilitasse minha escolha, até mesmo para
que eu me aproximasse, Chiara Caruso voltava em minha mente e nosso
jantar, no mínimo intrigante, por assim dizer.
Suas palavras e a maneira como me afrontou, sem demonstrar medo
com quem falava ou com o que poderia lhe fazer, sempre voltava em meus
pensamentos e sempre me tirava um sorriso do rosto.
Cheguei até a ser questionado certa vez por Carlo que me pegou com
um sorriso estampado na cara, enquanto divagava pelas atitudes inadequadas
do que era esperado para a esposa de um Don, mas que Chiara não se
importou de esconder para mim.
E, porra, se sua intenção fosse fazer com que eu desistisse com suas
ações, mal sabia ela que surtiu o efeito contrário. Só conseguiu atiçar ainda
mais meu lado caçador e dominador. Pois era isso que queria fazer com ela,
dominá-la por completo.
Como ansiava em tê-la em minha cama, gemendo para que eu a fodesse
de todas as formas inimagináveis, e como adoraria demonstrar cada um dos
meus desejos dentro de quatro paredes.
Minha vontade foi de inventar alguma desculpa para revê-la nessas três
semanas que se passaram, todavia, além de ter tido que viajar e não ter
sobrado tanto tempo livre em minha agenda, também tinha a questão que
precisava agir com a razão. Aquela ninfeta mexia comigo mais do que
gostaria de admitir, meu corpo despertava ao seu lado e minha mente parecia
prestes a entrar em ebulição com tudo que planejava para nós dois.
Mas não podia agir assim, precisava ser racional, não me tornei o
mafioso mais temido dos últimos tempos agindo com a emoção, mas sim
colocando a razão e a frieza acima de tudo. Por esse motivo, permaneci
distante, para conseguir colocar meus pensamentos em ordem.
Li e reli várias vezes todas as fichas de cada uma das pretendentes que
seriam mais adequadas para ficar ao meu lado, e claro que a ficha de Chiara
sempre parecia chamar mais a minha atenção.
Sabia que seu pai trabalhava para mim há alguns anos e acabou
morrendo, quando se viciou com os próprios produtos que vendia, a ponto de
ter deixado uma dívida imensa com seus vícios para sua esposa Irene. Foi
onde um tempo depois, ela se casou com um dos meus subchefes, Federico,
que quitou toda sua dívida e tinha criado suas filhas, Chiara e Genevive.
Para ser sincero, a atitude de Federico me surpreendeu, pois ele sempre
me pareceu uma pessoa fria e gananciosa para ter se compadecido de uma
mãe com duas filhas sozinhas e ter pegado o problema para si. Talvez ele não
fosse tão desprezível como imaginava.
E isso era outra coisa que chamava minha atenção em Chiara, ela já
sofreu e lidou com a perda, o que a tornava mais forte para ocupar seu lugar
ao meu lado. Além de ela não parecer uma garota tão ingênua e medrosa para
enfrentar todas as adversidades que poderiam se levantar contra nós.
Sabia que era temido e que tinha o respeito de muitos, pois apesar de
não perdoar ser traído por ninguém e ser extremamente exigente nos meus
negócios, não era inocente de imaginar que ninguém tentaria me derrubar.
Pois no meio em que trabalhava o que mais existiam, eram cobras
peçonhentas prontas para tentar me morder e me matar. Sempre precisava me
manter em alerta e não ser surpreendido.
Ouvi uma batida à porta chamar minha atenção, então virei minha
cadeira giratória em direção dela, soltando a fumaça entre meus lábios do
charuto que segurava entre meus dedos, junto da metade do uísque em minha
outra mão.
Minha mãe entrou sem que eu lhe autorizasse, era assim que fazia,
independentemente de ser o novo capo da máfia Cosa Nostra, para ela eu
sempre seria seu bambino e nunca fiz questão de lhe tirar esse costume.
Tinha minha completa admiração e respeito pelos meus pais e não era um
cargo como o que carregava que mudaria isso. Acima de tudo, eles eram
meus pais.
Claro, caso precisasse ir contra suas opiniões para o bem dos negócios,
iria sem pestanejar, como já fui em outros momentos. Mas eles sempre
souberam separar os negócios do nosso relacionamento familiar.
— Vim te lembrar que já deveria ter ido se arrumar, em menos de uma
hora nossas convidadas começarão a chegar.
Lancei-a um sorriso insolente, depois de tragar o restante de meu
charuto.
— Estava apenas aproveitando meus últimos momentos como solteiro.
Seus olhos brilharam com a possibilidade que seu sonho realizasse, pois
essa era a verdade, minha mãe ansiava para que eu encontrasse uma boa
esposa, pois sempre quis ter uma filha e para ela essa seria sua maneira de
conseguir conquistá-lo.
— Espero que realmente essa fase de sua vida esteja acabando — minha
mãe comentou, se aproximando de mim e acariciando meu rosto, como se
ainda tivesse meus cinco anos de idade. — Sabe que já passou da hora de
sossegar, certo? Hoje não as olhe como objetos para um fim, mas procure por
aquela que fará seu coração dar um solavanco, que tenha química, que te tire
do eixo, mas, acima de tudo, para aquela que seu coração escolher. Você
pode ainda não a amar, mas o amor pode vir com o tempo.
Assenti sem saber ao certo o que lhe dizer, depois de seu conselho.
— Tentarei fazer isso. — Ela estreitou os olhos, desconfiada com minha
aceitação repentina e lhe dei um sorriso sincero, um dos poucos que dirigia a
alguém. — Estou falando sério, prometo que vou tentar. Dei minha palavra
que de hoje não passaria e vou cumpri-la.
Ela me deu as costas, indo em direção à porta, mas vi que tinha um
sorriso no rosto, satisfeita com a minha atitude.
— Fico feliz em saber disso — comentou ao longe. Quando estava
prestes a fechar a porta, voltou a dizer. — Pietro chegou há pouco e está
ansioso para te ver, então acho melhor se arrumar logo, do contrário vai se
atrasar para receber suas convidadas.
Terminei de tomar o restante de meu drinque, ansioso para rever meu
irmão que tinha se ausentado por alguns meses cuidando dos nossos negócios
nos Estados Unidos. Apesar de sempre viajar para o mesmo país que residia
no momento, nem sempre conseguia encontrá-lo, tanto que nem contava com
sua presença nesse baile, saber que conseguiu vir me animou um pouco mais
para a noite que teria.
Segui até meu quarto e quando estava prestes a fechar a porta, senti um
braço envolver meu pescoço, na mesma hora um sorriso perverso surgiu em
meus lábios por saber de quem se tratava. Antes que ele atingisse o ponto
sensível que me tirasse o fôlego, segurei seu antebraço, joguei meu corpo um
pouco para trás para pegar impulso e antes que percebesse, o trouxe de volta
num rompante, inclinando meu corpo, ele caiu com seus quase cem quilos de
costas no chão, gargalhando.
Cruzei os braços, ainda rindo junto dele, enquanto observava Pietro
resmungar do impacto que recebeu, conforme se levantava.
— Maledetto, ainda vou conseguir te pegar desprevenido.
— Continue tentando, quem sabe um dia consiga.
Sempre era assim o nosso cumprimento, ele ficava à espreita de uma
brecha e tentava me golpear de maneira diferente da última, mas eu era mais
velho e tinha muitos anos a mais que ele de experiência nas artes marciais,
por isso seria difícil conseguir me derrubar com facilidade.
Ele rolou os olhos e me deu um meio-abraço, dessa vez me
cumprimentou adequadamente.
— Soube que hoje será o dia da sua escolhida. Já tem uma ideia de
quem será a felizarda a tirar o título do mafioso mais cobiçado do momento?
— provocou, se sentando em minha poltrona, com as pernas abertas em seu
traje social preto.
Bufei pelo assunto que me rondava a todo instante, mas optei por não
comentar a respeito de Chiara e como ela dominava minha mente nas últimas
semanas.
— Ainda não tenho certeza. Não sei por que está com esse sorriso
debochado na cara, logo, logo será sua vez e quem não vai perder a
oportunidade de tirar com a sua cara, serei eu.
Ele jogou uma caneta em minha direção e me esquivei gargalhando,
enquanto terminava de retirar minhas roupas para tomar meu banho.
— Nem me fale, papà já tem me perguntado a respeito.
Ri ainda mais alto, enquanto entrava debaixo do chuveiro escaldante,
sabendo muito bem que era a cara de nosso pai.
Faz exatamente uma hora que tínhamos saído da festa para a nossa
primeira noite juntos e apesar de uma parte minha ansiar para que ela de fato
acontecesse, outra parte se sentia insegura com o que poderia vir a acontecer.
Com o que poderia sentir tendo tanto contato com Matteo e isso me
deixava atordoada, na mesma proporção que me excitava.
Tinha sentido muitas coisas com um mísero beijo e apesar de não ser
uma mulher medrosa, me sentia assim durante toda a festa com medo do que
sentiria quando fosse tocada por ele, quando me fizesse dele, assim como
prometeu. Tinha medo de que perdesse a razão e esquecesse o real objetivo
de tudo isso.
Ele assassinou o meu pai, ele era o meu inimigo e não poderia me
deixar esquecer disso assim, só porque me sentia mexida pelo que poderia
fazer, mas era exatamente isso que temia: que ele me fizesse esquecer.
Uma coisa pelo menos eu consegui agilizar desde que o doutor foi em
casa cuidar de meus ferimentos, sem que soubesse, pedi uma indicação de
anticoncepcional para começar a tomar assim que me casasse, óbvio que
questionou se meu noivo estava de acordo e comentei que conversaria com
ele a respeito, mas não o fiz, pelo menos ainda.
Não queria dar seguimento no plano de minha mãe e ainda carregar o
filho do assassino de meu pai no ventre, por isso, desde que ele foi em casa,
em uma pequena oportunidade que tive de ir ao centro da cidade, comprei o
remédio e comecei a tomar no mesmo dia. Sabia que o primeiro mês não era
confiável, então precisava exigir que Matteo usasse camisinha quando não
conseguisse mais escapar de suas investidas, pois algo me dizia que seria
nessa noite. Mesmo que me sentisse insegura, ele não se importaria com o
que queria ou não, apenas me tomaria para si, como os homens costumavam
fazer. Já tive prova o suficiente disso, para que não confiasse em nenhum.
Assim que entramos no grande quarto que seria nosso a partir dessa
data, pedi licença e fui me trocar no banheiro para ganhar tempo e colocar
minha cabeça no lugar.
Joguei uma água no corpo para tirar o cansaço e suor da longa festa,
coloquei uma camisola que minha mãe comprou para esse momento, que
apesar de ser longa e sofisticada, era transparente em meu corpo, com
exceção dos meus seios que eram cobertos por bojos e rendas, por esse
motivo, não mostrava nada além de um pequeno decote. Respirei fundo,
criando coragem e saí em direção ao quarto. Nesse momento, perdi o ar de
meus pulmões quando o notei, Matteo usava apenas uma boxer preta e, Dio
mio, ele era mais lindo do que pensei ser possível.
Encontrava-se sentado na poltrona próximo à porta da varanda e era
possível ouvir as batidas frenéticas da música que soava em nossa festa. Ele
abriu uma pequena fresta da porta para que soltasse a fumaça do charuto que
fumava, com a outra mão segurava um pequeno copo largo com uma bebida
de cor âmbar e algumas pedras de gelo enquanto as remexia. Sentia seus
olhos presos em mim, como um predador da ponta dos meus pés até chegar
em meus olhos e vi o desejo estampado pelas suas pupilas dilatadas assim
que me encontraram.
Não resisti em descer meus olhos por ser corpo voluptuoso e senti um
calor me tomar quando encontrei seu peitoral completamente definido, assim
como os gomos de seu abdômen. Havia uma pequena pelugem que levava à
sua masculinidade, mas não conseguia ver muito, pois sua cueca não me
permitia. Seus braços desenhados repletos de tatuagens e uma delas
reconheci, era o símbolo da Cosa Nostra em seu bíceps direito.
Também não me passou despercebido as cicatrizes que carregava em
seu corpo, não eram muitas, mas tinha umas quatro pelo que pude contar
rapidamente.
Continuei a descer meus olhos e encontrei suas pernas definidas, eram
longas, com poucos pelos espalhados e nunca senti tanta vontade de me
sentar em seu colo, como naquele momento e me deixar levar pelo fogo que
me atingia. Mas por mais que quisesse, não seria eu a tomar a primeira
atitude, ainda mais com a confusão que ainda me atormentava, mesmo que
soubesse em meu interior que já tinha perdido qualquer possibilidade de não
seguir adiante com o que era necessário. Matteo precisava entregar o lençol
que comprovaria minha virgindade a famiglia e só em pensar nisso, sentia
uma certa gastura por algo tão arcaico como isso ainda ser necessário dentro
da máfia.
Chegou um momento em que cansei de esperar que ele tomasse alguma
atitude e me sentei na cama, pois nós dois parecíamos presos em uma luta
interna para saber quem cederia primeiro, já que nenhum dos dois tomava
nenhuma atitude.
Depois de meia hora que saí do banheiro, ele se levantou com seu ar
prepotente e inquisidor, veio até a minha frente com aquela monstruosidade
visível através de sua cueca que não tinha o poder de esconder o que me
aguardava sobre ela, e ficou parado me encarando com seu olhar sensual, e
sua intimidade ficou próxima ao meu rosto por ele estar em pé e eu ainda
sentada.
Será que ele queria que eu o chupasse logo de cara, por isso estava
parado na minha frente?
Cheguei a pensar nessa possibilidade, mas nem em sonho que faria isso
logo de cara, sem nem ao menos ter alguma intimidade com ele para tal
atitude.
Ele estendeu sua mão, cortando meu devaneio e me puxou para ficar em
pé, eu o obedeci sem saber ao certo o que fazer ou o que falar.
— Você tá tão linda, principessa. — Meu coração disparou mediante
seu comentário, não estava acostumada a ser elogiada e ele sempre o fazia
quando tinha oportunidade, sua atitude mexia com a minha libido mais do
que gostaria de admitir. — Não precisa ficar nervosa... — Seus dedos
másculos, encontraram meu rosto e senti o acariciar com carinho, prendendo
um pouco do meu cabelo que se soltou atrás de minha orelha.
— Não estou nervosa... — menti, pois mais uma vez não admitiria o
quanto me sentia aterrorizada mediante sua presença.
Ele soltou um riso anasalado, enquanto aproximava seu rosto do meu,
pensei que fosse me beijar, mas foi até meu pescoço e inalou meu perfume,
enquanto perpassou seu nariz em minha pele, me fazendo arrepiar com seu
mísero toque.
— Não é o que parece, principessa.
Sempre tive comigo que conseguia guardar bem as minhas emoções,
mas sempre ficava na dúvida se eu me enganava pensando que conseguia,
contudo, na verdade, sempre fui tão transparente assim e apenas me iludi
durante todos esses anos. Matteo sempre conseguia me deixar em dúvida
sobre as minhas ações, ou ele era muito bom em ler as pessoas, ou eu fui uma
tola ao imaginar que vestia bem minha máscara.
Por esse motivo fiquei quieta, sem saber o que fazer ou falar. Mas nada
foi necessário, Matteo me puxou de maneira lenta em direção à cama e me
deitou sobre ela. Meu coração disparava tão rápido que parecia estar prestes a
explodir em minha caixa torácica.
Ele se deitou ao meu lado e lambeu seu lábio inferior com puro desejo,
enquanto encarava o decote dos meus seios, mas não o tocou.
Depois de longos minutos nessa mesma posição, ele me surpreendeu
quando num rompante colocou suas pernas em minha volta, me deixando de
costas na cama e se posicionou sobre mim. Perdi o fôlego momentaneamente
sabendo o que estava prestes a fazer comigo, sentia minha boca seca e engoli
em seco, a fim de tentar conter o nó em minha garganta.
Seu nariz desceu até a minha barriga e subiu lentamente, mal sentindo o
toque dele em minha pele, mas nem por isso ficava menos arrepiada com o
pouco contato que tivemos. Passou pelo vão dos meus seios mais devagar do
que fosse possível, como se quisesse aproveitar ao máximo o que fazia, sua
atitude fez com que minha calcinha ficasse ainda mais encharcada. Ele
chegou até meu pescoço e fez a mesma coisa, mas dessa vez senti seu
cavanhaque fazer o trabalho e, Dio mio, fiquei ainda mais arrepiada com a
fricção dele com minha pele.
Estava perdida!
— Você é uma deliciosa e linda tentação, sabia? Será mais difícil do
que imaginei cumprir a minha palavra.
Minha cabeça ficava tão confusa com as sensações que ele me causava
que não entendi no momento o sentido de suas palavras.
Quando ele ajeitou sua coluna, mas ainda com sua masculinidade
roçando sobre meu ventre, puxou alguma coisa de trás de sua cueca e quando
vi o canivete em sua mão, enrijeci no mesmo instante.
Que merda ele faria com aquilo?
E se me machucasse? Será que descobriu que era uma infiltrada para
destruir sua família? Se fosse isso, estaria, de fato, perdida.
Meu coração disparou novamente em meu peito, mas nesse momento,
por puro desespero. Minha adaga estava em minha bolsa, dentro da parte que
foi reservada para mim, minha intenção era colocá-la abaixo de meu
travesseiro, mas como entramos juntos, não tive oportunidade até então.
Matteo levantou um de seus braços e antes que percebesse, levou o
canivete até ele e cortou seu antebraço.
— V-você tá louco? — indaguei, incrédula, vendo o sangue escorrer
por seu braço. Mas em nenhum segundo ele sequer resmungou, nem fez
nenhuma careta de dor pelo corte que recebeu. — Por que tá se machucando?
Procurei alguma coisa ao meu redor que pudesse colocar sobre seu
braço, para estancar o sangue, mas o lençol estava preso abaixo de nossos
corpos.
Quando forçaria seu corpo para sair de cima do meu para procurar
alguma coisa, ele abaixou seu braço e passou sobre o lençol que nos
deitávamos.
Não entendi o sentido de nada do que fazia.
— Calma, principessa. Não sou nenhum suicida, muito menos
masoquista.
— Não foi o que pareceu — disse, antes que conseguisse pensar em
outra coisa melhor. — Por que se machucou?
Ele arqueou a sobrancelha e saiu de cima de mim, me deixando ao lado
da mancha de seu sangue no lençol e foi então que, finalmente, meus
pensamentos se organizaram e entendi o que fez. Mas, ao mesmo tempo, não
conseguia acreditar em sua atitude.
Olhei desacreditada em direção à porta e quando saiu de lá, com uma
toalha de rosto segurando seu braço, nossos olhares se encontraram e forcei
minha voz a sair, ainda confusa.
— P-por que fez isso? Pensei que nós... — não consegui finalizar a
frase, mas ele entendeu o que quis dizer, quando balançou a cabeça em
negativa.
— Você está nervosa, você disse diversas vezes que não quer. Não te
forçarei a nada. — Ele amarrou uma faixa no pequeno corte de seu braço, foi
até a poltrona e vestiu a camisa que usava inicialmente e sua calça, sem
arrumá-la direito, em seguida, se virou em minha direção. — Pode me dar
licença? Preciso pegar o lençol.
Ainda não acreditava na atitude que teve e o que isso dizia a seu
respeito, forcei minhas pernas a pararem de tremer e saírem da cama, num
único puxão ele retirou o lençol de cima, virou-se de frente para mim
enquanto segurava o emaranhado de lençol em suas mãos.
— Fique à vontade para descansar, mais tarde eu retorno.
Quando virou as costas e abriu a porta para sair, me forcei a sair do
transe que me encontrava e o chamei em volume alto, ele virou metade de seu
corpo, com a porta ainda entreaberta.
— Por que você fez isso? — Voltei a perguntar, porque nada fazia
sentido. Desde quando alguém se preocupava com o que eu queria ou não?
Não estava acostumada com esse tipo de atitude. — Por que simplesmente
não me tomou como sua? — Precisava ouvir com todas as palavras.
Ele voltou a fechar a porta, se aproximou lentamente e precisei prender
o ar em meus pulmões quando tocou meu rosto, de maneira delicada e
carinhosa.
— Eu quero você por completo, principessa. Te disse há pouco tempo
que você pediria para que eu te fodesse, então não vou te tocar até que
realmente me queira e peça por isso.
Suas palavras tocaram algo bem fundo dentro de mim e meus olhos
lacrimejaram pela atitude que jamais imaginei que teria comigo, soltei o ar
devagar de meus pulmões, sentindo meu peito ainda acelerado, mas devido à
pouca distância que tínhamos. Ele abaixou seu rosto em minha direção e
deixou um beijo no canto de meus lábios.
— Agora descanse. — Seus guardas estarão na porta para que ninguém
a incomode. — Vou voltar lá para a festa, pois preciso mostrar o lençol.
Mais uma vez tocou meu rosto ternamente, virou as costas para mim e
saiu de nosso quarto, me deixando perdida em milhares de pensamentos que
perpassavam em minha mente com a atitude mais surpreendente que poderia
ter dele.
Cresci ouvindo falar horrores de Matteo e sua família. Minha mãe
sempre disse o quanto ele era uma pessoa inescrupulosa, ruim e machucava
as mulheres que tinha. Não sabia como ele se comportaria comigo na cama,
se me machucaria ou não, mas considerando o cuidado e preocupação que
demonstrava nas poucas vezes que tivemos contato e o que fez nessa noite
por mim, colocava em xeque qualquer comentário que já ouvi falar sobre ele.
Que pessoa tão ruim cortaria seu próprio braço para provar que nos
envolvemos para a famiglia, quando isso não chegou nem perto de acontecer?
Como ele poderia ser tão horrível, quando percebeu que não me sentia
pronta para essa noite e pediu que esperasse pelo meu tempo?
Nem minha mãe nunca tinha se preocupado com o que queria ou não,
mas Matteo, sendo um estranho até então para mim, teve mais preocupação
do que minha família jamais demonstrou por mim.
E, nesse momento, com sua atitude tão diferente do que um dia
imaginei alguém ter, ele ganhou um pouco do meu respeito e talvez,
dependendo de como nosso dia a dia passasse a ser, eu conseguisse parar de o
olhar como meu inimigo e o enxergaria como meu marido.
Ouvi uma batida à porta, conforme despertava e virei em sua direção,
com os olhos inchados por ter acabado de despertar.
Olhei ao meu lado e Matteo já tinha saído, o que ainda não conseguia
definir como algo bom ou não.
A verdade era que praticamente não preguei os olhos durante a noite,
pensando em tudo que me aconteceu nesse dia. A atitude de meu marido
mexeu comigo mais do que poderia imaginar e, por isso, não consegui dormir
com os pensamentos a todo vapor em minha cabeça. Depois de horas me
revirando na cama, ele chegou cheirando ainda mais forte a álcool e se deitou
ao meu lado, mas não encostou em mim em nenhum momento.
Fingi assim que entrou em nosso quarto que dormia e fiquei apenas
atenta às suas ações, até que percebi que tinha adormecido. Para a minha
própria surpresa, virei de frente para ele e não resisti em o admirar enquanto
dormia, seu semblante denotava serenidade. Nem parecia que era um mafioso
tão temido quem o enxergasse dormindo naquele momento.
Meus olhos desceram por seu corpo e fiquei deslumbrada ao admirar
ainda mais perto seu corpo excepcional. Ele era lindo, sem sombra de
dúvidas e não duvidava de suas palavras quando disse que não me tocaria,
ainda quando comentou que todas as mulheres se deitavam com ele porque
queriam, era impossível se duvidar disso vendo o vestido, depois de vê-lo
seminu então, qualquer objeção caiu por terra. O homem era magnífico, nem
os doze anos de diferença entre nós mudava a maneira que o enxergava.
Fiquei daquela maneira em uma intensa observação por horas, pensando
em suas atitudes que me confundiam e causavam tantas coisas diferentes do
que pensei jamais sentir ao seu lado.
Fui conseguir pegar no sono, quando o dia já apontava e nem notei
quando Matteo despertou e saiu da cama.
Outra batida quebrou meu devaneio e me lembrei de que não tinha dito
nada.
— Pode entrar.
Sentei-me na cama, penteando meus cabelos com os dedos, para o
ajeitar um pouco e enxerguei a governanta pedir licença e entrar em meu
quarto, segurando uma linda bandeja de café da manhã.
Minha barriga roncou no mesmo instante e foi nesse momento que
percebi mal ter me alimentado durante a festa com o nervosismo que me
tomava.
— Bom dia, senhora Chiara. Sou Francesca, já nos conhecemos outro
dia. Vim trazer seu café da manhã.
Ela puxou algum suporte que facilitava para que colocasse a bandeja
sobre ela e se aproximou de minha cama para que eu me alimentasse.
— Bom dia, obrigada, mas não precisava se preocupar. Eu desceria
assim que me levantasse para tomar café.
Ela abriu um sorriso terno, enquanto terminava de ajustar o suporte ao
meu tamanho na cama.
— Foi um pedido do senhor Lucchese. — Olhei em sua direção, com
visível curiosidade estampada em meu rosto. — Ele pediu que preparasse
uma caprichada bandeja e te trouxesse na cama. — Ela soltou um risinho,
como se estivesse orgulhosa da atitude de seu chefe e disse o restante em tom
baixo, como se fosse um segredo: — Pela maneira que falou, queria te mimar
um pouco.
Um rubor tomou minha face, sem saber ao certo o que dizer sobre seu
comentário.
Limpei minha garganta, tentando controlar minhas emoções ainda mais
conflituosas com sua atitude.
— Sabe onde meu marido está? Não vi quando saiu da cama — quis
saber, preparando uma xícara de café puro, era o que precisava nesse
momento.
— Senhor Lucchese saiu bem cedo, tinha uma reunião importante com
o conselho.
— Ah... — soltei, antes que conseguisse me conter e um sorriso
compreensivo surgiu em seus lábios.
— Não se preocupe, senhora Chiara, ele disse que não demoraria,
voltaria para almoçar com a senhora.
Não sabia definir o motivo pelo qual me senti frustrada em saber que
não estaria comigo em nossa lua de mel, mas foi exatamente isso que senti,
frustração.
Dio mio, me sentia tão confusa.
— Obrigada e, por favor, não mexe chame de senhora, Chiara está
ótimo.
Ela ficou em silêncio, talvez surpresa com o que pedi e depois de alguns
segundos tornou a falar:
— Desculpe, mas não quero problemas com o senhor Lucchese.
Pensei em contra-argumentar, mas estava chegando naquele dia e não
queria já arranjar confusão com meu marido, ainda mais depois das coisas
que fez por mim. Por isso apenas assenti, anotando em minha mente que
veria isso depois com ele.
Quando Francesca estava prestes a sair do quarto, disse:
— Estava quase me esquecendo, dona Sandra pediu que assim que se
arrumar, desça até a sala de estar que ela vai começar a passar suas
atividades.
Não negava o quanto fiquei surpresa pelo comentário de Francesca, mal
dormimos essa noite e, sinceramente, pensei que não fosse querer trabalhar
depois da longa festa que tivemos. Todos estávamos exaustos, pelo menos eu
me sentia dessa maneira, mas para a família Lucchese, isso parecia não
atrapalhar de seguir sua rotina normal.
Poderia ter me equivocado, mas isso não me parecia atitude de pessoas
mesquinhas que não faziam nada, que não fosse dar ordens aos seus
seguidores, como sempre fui informada que acontecia com eles.
Fiquei as próximas três horas junto de Sandra, que me levou até o
escritório que se encontrava desocupado, tomando ciência de todas as minhas
atividades.
Já tinha uma vaga ideia de algumas das ações que deveria ter a partir do
momento que me tornasse a primeira-dama da máfia, todavia, percebi que
tinham muitas outras que não imaginava precisar ter a minha participação.
Não negava que fiquei mais satisfeita do que imaginei com a quantidade
de atividades que ocupariam os meus dias, assim não precisaria ficar apenas
trancada em meu quarto, como acontecia em casa, ou ficar treinando piano
incansavelmente.
Gostava de tocá-lo e não queria perder a prática, entretanto, não
precisava ficar o dia inteiro apenas nele.
Comecei a organizar minha agenda em um notebook que Sandra me deu
para não perder nenhum prazo dos eventos que precisaria comparecer com
meu marido, como também organizar.
Por isso, aproveitei para também organizar pelo menos nesse início um
dia para ter meu treinamento com Leonardo, conforme Matteo tinha
autorizado.
Quando comentei com meu primo em um momento da festa de meu
casamento, até ele mesmo se surpreendeu com essa notícia, aparentemente
não fui a única a ficar espantada, visto que pensei que meu marido jamais
aceitaria tal ação, afinal, não era um costume nada comum entre as mulheres
dentro da máfia.
— Como você está se sentindo em plena lua de mel já estar
trabalhando? — minha sogra perguntou, cortando meus pensamentos,
enquanto nos servia uma xícara de café que Francesca nos trouxe há pouco
tempo. — Não tinha intenção de te trazer aqui hoje, mas como Francesca
avisou que Matteo saiu logo cedo, pensei que preferiria isso do que ficar sem
ter nada para fazer.
Ela não poderia ter acertado mais, nem que quisesse. Seu comentário,
permitiu que eu abrisse um sorriso sincero, conforme sorvia um gole de café.
— Sim, agradeço por ter pensado dessa maneira. Realmente não gosto
de ficar parada e isso vai me ajudar a distrair.
— Mas não se apegue apenas com isso, agora somos família, então
sempre que quiser conversar, dar uma volta pelo jardim, ficarei muito
satisfeita em te acompanhar. — Suas palavras me tocaram e precisei engolir
em seco, surpresa com a maneira sincera com que as dizia. Abaixei meus
olhos para minha mão, quando senti as dela me tocar e fiquei ainda mais
inquieta com o toque carinhoso que demonstrava por uma completa estranha.
— Agora você também é uma filha para mim, não quero ser aquela sogra
chata que sempre afasta a família quando meu filho se casa.
Não conseguia entender como conseguia agir dessa maneira comigo,
fiquei desconfiada de início, será que ela dizia a verdade ou era alguma tática
para que eu abaixasse a guarda e pudesse me destruir.
Não era acostumada com esse tipo de tratamento e, por isso, não
esperava os receber quando viesse morar aqui.
Fiquei sem saber que palavras dizer, por isso apenas assenti com um
sorriso singelo no rosto.
— Desculpe, não quero te assustar. — Ela deu uma risada tão gostosa,
que me deu vontade de rir junto e soube naquele instante de quem Matteo
havia herdado sua risada. — Mas fiquei esperando tanto tempo que meu
bambino trouxesse alguém para nossa vida que agora que você chegou, quero
fazer com que as coisas deem certo conosco, assim como com o seu
casamento também.
— Ele nunca trouxe nenhuma mulher para cá? — indaguei, incrédula,
antes que conseguisse segurar minha língua, minha curiosidade falou mais
alto, ainda mais pela quantidade de notícias que surgiam sobre ele nas
manchetes.
Ela balançou a cabeça, com um brilho no olhar.
— Nunca, bambina, acredita? Para ser sincera, já tinha até perdido as
esperanças de que Matt um dia se casaria.
Matt... bambina... não me passou despercebido a maneira carinhosa que
direcionava a nós dois. Sandra parecia tão leve, tão diferente de minha mãe,
que comecei a pensar que não poderia ser fingimento, ela não demonstrava
em nada que pudesse ser.
Seu comentário também me pegou desprevenida, pois pensei que pelo
menos uma namorada ele tinha trazido, afinal, ele completaria trinta anos
dentro de uma semana, isso era, no mínimo, surpreendente e me fez pensar o
que ele tanto enxergou em mim que fez com que se interessasse e até tivesse
se casado?
Minha cabeça parecia a ponto de explodir com tantas questões sem
respostas, como também sem saber o que pensar das que descobri há poucos
minutos.
— Espero que não esteja enchendo a cabeça de minha esposa contra
mim, dona Sandra! — Aquela voz que sempre mexia comigo cortou nossa
conversa, fazendo com que sentisse um solavanco em meu peito. Ergui meus
olhos e o encontrei, precisei conter a agitação em meu coração, inspirei
lentamente e soltei o ar de meus pulmões, visto que precisava ser discreta.
Matteo parecia ainda mais sexy, de maneira tão despojada, vestia
apenas uma camisa preta com dois botões abertos, permitindo notar um
pouco de seu peitoral definido e as mangas dobradas até o cotovelo. Seus
cabelos não se encontravam penteados para trás como de costume, mas
estavam desalinhados, daquela maneira que achava tão sensual.
Cenas do nosso beijo permearam meus pensamentos em um momento
inapropriado e senti minha bochecha ruborizar com a mera lembrança.
Ele se aproximou da mãe, deixou um beijo carinhoso em sua bochecha
e acariciou seu rosto. Depois olhou em minha direção e meu coração que
havia se acalmado, voltou a retumbar no peito com a intensidade de seu
olhar.
— Bom dia, amore mio, dormiu bem? — questionou, de maneira
sedutora, mais uma vez não soube como agir, afinal, nunca tinham me
perguntado se havia dormido bem. Por isso, me limitei a dizer o mínimo.
— Dormi sim. — Em dois passos ele cortou a distância entre nós dois e
quando pensei que beijaria meus lábios, senti seus lábios macios tocarem
meu rosto.
Não soube o que senti naquele momento, alívio por não ter me beijado
ou frustração. Mentira, eu sabia que não tinha sido alívio, o que me irritava
ainda mais, porque desejei que me beijasse nos lábios e isso me intrigava
mais do que poderia, pois não poderia sentir esses desejos ao seu lado. Era o
que sentia e sabia que era muito errado, mas parecia tão certo ao mesmo
tempo.
— Que bom, pois tenho uma surpresa para você. — Seu comentário
chamou minha atenção, ainda mais pelo vislumbre de euforia com que
demonstrou. — Conversei com a estilista que desenha as roupas de minha
mãe, ela virá aqui amanhã depois do almoço para tirar suas medidas e trazer
alguns modelos, que já tem em estoque para você. Pode ficar à vontade e
compre tudo que achar necessário, quero que fique ainda mais linda do que já
é, mesmo que não ache isso possível.
Dio mio, como conseguiria odiar esse homem, quando me tratava como
uma princesa? Isso era tão frustrante.
Apesar da dificuldade de formar as palavras coerentes para esse
momento, forcei minha voz a sair.
— Muito obrigada, mas trouxe roupas suficientes para os próximos
eventos e, também, para o dia a dia.
— Minha filha — senti as mãos de Sandra voltar a tocar nas minhas e
olhei em sua direção, encontrando seu olhar caloroso em minha direção —,
aproveite as mordomias que sua posição lhe proporciona, pois nem sempre
terão só vantagens, muito pelo contrário, na maioria das vezes só terão
espinhos no caminho.
Engoli em seco com seu comentário e voltei meu olhar na direção
daqueles olhos acinzentados que me tiravam de órbita, respirei fundo e
assenti, tentando deixar um pouco minha insegurança e desconfiança de lado
por um instante.
— Vá bene, talvez eu esteja precisando de um ou outro vestido mesmo.
— Matteo me lançou uma piscadela, enquanto abria um sorriso de lado
encantador, sabendo que tinha levantado uma bandeira de trégua naquele
momento, pelo menos.
Ele estendeu a mão em minha direção e olhei confusa em sua direção,
percebendo pelo canto do olho o sorriso nada discreto que sua mãe nos
lançava e tive vontade de rir.
— Espero que esteja com fome, nosso almoço está pronto.
Certo, era um almoço normal, não era nada de mais, teria que almoçar
todos os dias, certo? Certo, respondi a mim mesma, tentando não ver nada
além do que seu gesto demonstrava.
Aceitei sua mão, afinal, não poderia demonstrar a frieza rotineira em
frente à sua mãe, ela, com certeza, não acharia normal para um casal recém-
casado.
— A senhora não vem? — indaguei, um pouco nervosa com a
possibilidade de que ficaríamos a sós.
O olhar de cúmplice surgiu em seus olhos e soube naquele momento
que alguma coisa aconteceria.
— Não, querida. Pode ir, vou esperar pelo Salvatore que deu uma saída
e almoçarei com ele.
Mais uma vez precisei treinar minha respiração para não deixar o
nervosismo me tomar por inteiro. Assenti e Matteo me guiou em direção à
saída da mansão.
Fiquei confusa, pois a sala de jantar era na outra direção.
— Não disse que vamos almoçar? — Não resisti em perguntar, com a
curiosidade me inundando por completo.
— Vamos sim! — Não disse nenhuma palavra a mais e precisei saber
de mais detalhes.
— Mas a sala de jantar é na outra direção dentro da mansão —
constatei, tentando entender o que ele queria afinal de contas.
— Eu sei! — Um sorriso zombeteiro surgiu em seus lábios e rolei meus
olhos, desistindo de tentar descobrir algo, ele queria me provocar e, por
incrível que parecesse, não queria o mesmo. Talvez fosse culpa de sua atitude
na noite anterior, em não me tomar como sua à força, ou ter se preocupado
em pedir que uma estilista renomada saísse de sua loja para vir aqui me
mimar. Só sabia que queria um pouco de paz e, por incrível que parecesse,
parecia que isso acontecia ao lado dele. — Fique tranquila, quero fazer uma
surpresa para você.
Arqueei minha sobrancelha, mais uma vez espantada com sua dedicação
e fiquei ainda mais ansiosa para o que viria a seguir.
— Mais uma? — Não consegui conter meu comentário.
Um sorriso sincero surgiu em seu lábio e, dessa vez, não consegui
segurar o meu de aparecer, não como o dele, mas era um sorriso leve e
contido.
— Já te falei que quero fazer esse casamento dar certo, mesmo que
tenha começado de forma errada.
Mordi meu lábio, ainda o encarando, pois sua sinceridade me deixou
perplexa.
Era engraçado como Matteo, um mafioso inescrupuloso, poderia ser tão
romântico em alguns momentos. Isso era tão contraditório para uma pessoa e
me deixava ainda mais confusa com o que me fazia sentir.
Caminhávamos de mãos dadas pelo imenso jardim da mansão e apesar
do silêncio confortável que pairava entre nós dois, ficava pensando na
sensação aconchegante que era sentir sua mão junto da minha. Era como se já
reconhecesse o seu toque e ansiasse por isso.
Depois de alguns minutos caminhando, avistei em uma pequena mesa
com dois lugares e alguns garçons à nossa espera e entendi tudo, Matteo
havia organizado um almoço ao ar livre apenas para nós dois, Sandra sabia
disso e por isso me olhou daquela maneira.
Mais um sorriso quis surgir em meu rosto, mas tentei não demonstrar
com facilidade o quanto seus gestos me alegravam, algo que não era
familiarizada.
Assim que nos aproximamos do local reservado para nós dois, avistei
um lago enorme à nossa frente, com pedalinhos e, também, um balanço de
madeira que serviam talvez uns dois adultos sentados frente a ele.
Anotei mentalmente para vir qualquer dia aqui para distrair a mente,
seria um excelente local para colocar meus pensamentos em ordem.
Sempre gostei de ser sozinha, mediante a tudo que passei em minha
vida na casa de minha mãe, por isso apreciava esses momentos. Ainda mais
quando tinha uma vista tão linda quanto essa.
Depois de nos acomodarmos de frente um para o outro, passei a
remexer minhas mãos sobre minhas pernas, nervosa com o andar desse
almoço.
É apenas um almoço, Chiara. Não surta! Não é nada de mais.
— Espero que minha mãe não a tenha enlouquecido — comentou,
rindo. Nós nos servindo de um gole de vinho.
Caso ele soubesse o que era enlouquecer, nem brincaria com isso na
mesma sentença que tivesse sua mãe também.
— Não, ela só parecia bem... — hesitei por um instante —, animada.
Aquele riso que já me familiarizava cada vez mais, voltou a ecoar pelo
jardim e me peguei o admirando por um instante.
— Isso ela é a todo instante, dificilmente encontro minha mãe de mau
humor.
Mais uma grande diferença entre a minha progenitora e a dele. A
minha vivia dessa maneira.
A comida chegou e o cheiro da lasanha à carbonara invadiu minhas
narinas, aumentando a minha fome.
Assim que coloquei a primeira garfada em minha boca, não consegui
conter um gemido prazeroso com o sabor da refeição.
— Nossa, está uma delícia essa lasanha — elogiei, observando um
sorriso dos lábios de Matteo, que visivelmente apreciou a minha sinceridade.
Algo que convenhamos, era raro de se expor.
Entre uma garfada e outra, Matteo perguntava sobre o que achei das
atividades que precisaria realizar e, também, se propôs a me ajudar no que
pudesse, apesar de não ser algo que ele dominasse.
Mesmo que soubesse que não era algo que costumava fazer, fiquei
admirada com sua proatividade em oferecer ajuda, não podia negar que ele
mais uma vez me surpreendeu, algo que já parecia se tornar corriqueiro do
que o envolvia.
Quando terminava a última garfada, Matteo voltou a quebrar o silêncio
entre nós.
— Gosta de ler?
Olhei em sua direção, interessada com o desenvolvimento da conversa e
assenti, ainda mastigando.
— Então talvez goste da surpresa que preparei para você — comentou,
tomando um gole de seu vinho.
Arregalei os olhos, incrédula com suas palavras.
— Mais uma?
Sua mão alcançou a minha e a acariciou, o mísero contato fez com que
sentisse uma quentura que sempre me envolvia quando ele o fazia, no
entanto, tentei disfarçar para não me deletar.
— Na verdade, essa é a surpresa que comentei mais cedo. Claro que o
almoço e as roupas também imaginei que fosse gostar, mas quis arriscar
minha intuição com outra coisa. Espero não estar errado.
Tomei um longo gole do vinho, para evitar que meu sorriso estampasse
meus lábios.
— Vamos descobrir se é um homem intuitivo, então — zombei e ele riu
alto.
— Ah, amore mio, tenho certeza de que sou e você já percebeu isso! —
Mais uma vez ele me lançou aquele maledetta piscadela, que apreciava cada
vez mais.
Assim que ingerimos a sobremesa, Matteo mais uma vez entrelaçou
nossas mãos e me direcionou de volta à mansão.
Sentia-me cada vez mais ansiosa com a surpresa que disse que me daria
e acreditava que ele percebia isso em mim, pois estava a todo instante me
observando de soslaio, mas tentava, inutilmente, disfarçar a minha grande
curiosidade.
Depois de virarmos em alguns corredores que poderia fazer com que me
perdesse sem sombra de dúvidas, caso viesse sozinha, ele parou em frente a
uma porta, colocou a mão sobre uma maçaneta e me olhou com os olhos
animados.
Ele empurrou a porta cautelosamente e, em seguida, com a cabeça
indicou que eu entrasse.
Assim que dei dois passos adentro, parei espantada com a biblioteca
gigantesca disponível dentro da mansão.
— Meu Deus! Uma biblioteca... — Não resisti em conter o riso dessa
vez e olhei em sua direção, encantada por ter me apresentado esse cômodo.
— É imensa, posso ver?
O sorriso que abriu, me encantou mais do que fosse possível e deu um
passo à frente.
— Ela agora também é sua! Aproveite da maneira que quiser! — Senti
seu dedo indicador perpassar em minha pele. — Tem todo tipo de leitura por
aqui, acredito que não faltarão opções a você.
Ele abaixou seu rosto do meu e, por um instante, pensei que fosse me
beijar e ansiei para que o fizesse, mas era óbvio que isso não aconteceu e
apenas deixou um beijo terno em meu rosto, depois deu dois passos para trás.
Senti que não era o que queria fazer, ele queria que o beijo fosse em outro
lugar, assim como eu, contudo, também se conteve, com certeza, me
lembrando da merda da promessa que me fez.
Porém, mesmo que uma grande parte de mim desejasse que ele voltasse
a me beijar, não daria meu braço a torcer para pedir.
— Preciso resolver algumas coisas, se precisar de alguma coisa pode
me ligar ou pedir que Mattia, ou Fabrizio, me avisem e venho ao seu
encontro.
Assenti, me sentindo um pouco frustrada por se afastar tão rápido,
depois de algumas horas tão agradáveis ao seu lado.
Fiquei o observando sair, até que a porta se fechou e virei em direção à
imensa biblioteca sem saber por onde começar a vasculhá-la.
Mas não perdi mais tempo, comecei a olhar as imensas prateleiras
disponíveis e fiquei o restante da tarde sentada em um dos puffs gigantes
espalhados para apreciar a leitura, nesse momento, tive certeza de que tinha
acabado de encontrar o melhor cômodo da mansão Lucchese sem sombra de
dúvidas.
Odiava pedófilos e estupradores.
Quando os pegávamos, eu nunca pegava leve em meus castigos e
sempre ordenava aos meus seguranças para judiarem deles ao máximo, assim
como eles se dignavam a fazer com mulheres ou crianças.
Suas mortes eram sempre bem lentas e torturantes, não sentia o mínimo
remorso com isso, muito pelo contrário.
Esse maledetto, por exemplo, tinha sido delatado para nós pela mãe da
criança. Ela chegou desesperada aqui, pois seu marido fazia parte da famiglia
e foi preso pela polícia da Sicília em flagrante por ter espancado esse cara que
está preso nesse momento sob meus cuidados, a ponto de o desfalecer, no
entanto, ele não conseguiu o matar, porque os policiais o prenderam antes.
Pelo que a mãe do garoto me explicou, o desgraçado era o motorista da
van da escola que a criança frequentava e o levava embora. Seu pai deu uma
bala ao bambino, com a mais pura inocência e o garoto, sem saber o que
fazia, pegou no saco de seu pai. Óbvio que num primeiro momento seu pai
enlouqueceu com sua atitude e chamou sua atenção, porém, algo o alertou a
respeito e questionou seu filho no motivo de ter feito isso, então ele com a
maior inocência, apenas disse: “Mas o tio Lorenzo nos dá bala e pede pra
fazer isso, papà.” E nesse momento o pai se encontrava preso porque quase
matou o desgraçado que ficava pedindo para o seu filho pegar na rola dele.
Esse era o tipo de justiça que acontecia em nosso país, por isso, não me
importava de ser o fodido mafioso que me tornei, desde que pudesse
massacrar esses desgraçados que faziam esse tipo de coisa.
Observei Lorenzo, o maledetto pedófilo que pedi para meus homens
buscarem, sentado sobre um “Culla di Giuda[7]”, como era conhecido aqui
na Itália. Isso nada mais era que um dispositivo que foi inventado na era
medieval, tinha um formato piramidal feito de madeira sobre o qual o
estuprador ficava amarrado, prendíamos suas pernas e braços em algumas
correntes na parede para que ficássemos brincando com seu querido corpo.
Nesse momento, o desgraçado chorava como uma bambina indefesa,
porque sabia o que aconteceria quando mandei mexer nas correntes que o
seguravam no ar.
— Pode colocar ele de novo na ponta — ordenei ao Carlo, que não
perdeu tempo em começar a mexer de um lado das correntes, enquanto
Marco o fazia do outro lado.
Seu corpo começou a cair sobre a ponta da pirâmide e a ponta a invadir
seu ânus, não satisfeito com o grito que o infeliz dava, enquanto me
encontrava sentado observando a cena ao lado de Pietro, que fazia uma cara
de dor, com certeza imaginando o quanto deveria doer.
— Abaixem mais o corpo do infeliz! — grunhi, com meu tom de voz
frio. Seu grito reverberou pelo calabouço e um sorriso satisfeito surgiu em
meu rosto. Levantei-me, fui até a mesa de apetrechos e peguei uma adaga,
como também uma pinça comprida e segui em direção ao local onde ele se
encontrava urrando de dor. — Tá gostoso, seu estuprador de merda? — Mais
gritos invadiram meus ouvidos. — Você gostou quando ficava pedindo para
as crianças pegarem nessa merda que chama de pau, não é? Ou quando
estuprava as mulheres e, também, as crianças que sua longa ficha delatou
sobre você?
— Eu errei, mas não vou fazer mais isso! — Voltou a chorar, conforme
as correntes o puxavam para baixo rasgando seu cu.
Gargalhei alto com sua falsa promessa.
— Claro que não fará mais, cazzo! Você não vai ficar vivo para isso.
Mais lágrimas caíram de seus olhos e ele voltou a implorar:
— Então me mate, acabe logo com isso, seu mafioso de merda.
Arqueei a sobrancelha e olhei em direção à risada espantada de meu
irmão.
— Virou machinho de repente, vê se pode? — ironizei e meu irmão
assentiu.
— Tão inocente, talvez deva forçar mais as amarras para baixo, o que
acha, brother?
Fingi pensar e assenti, olhando para os meus amigos.
— Por favor, façam o que meu irmão sugeriu. — E Marco com seu
sorriso diabólico o fez. Ele também adorava torturar esse tipo de gente.
Quando cansei de ouvir seus gritos invadirem meu ouvido, voltei a me
aproximar ainda com os instrumentos em mãos.
— Deixe que eu te explique um pouco sobre sua morte lenta. — Seus
olhos se arregalaram. — Sim, você realmente pensou que morreria assim de
um minuto para o outro? — Ele engoliu em seco e balancei a cabeça negando
a ele. — Não, não será assim que acontecerá. Agora, Pietro, explique a ele
como será — pedi, enquanto o sorriso inescrupuloso de meu irmão desenhava
seu rosto e se levantava vindo até próximo a mim.
— Então, Lorenzo. Esse dispositivo que tá te rasgando por dentro, não
vai te matar, sinto te informar. Você vai passar com seu rabo nele por alguns
dias, vai dormir, acordar dia após dia nessa mesma posição que se encontra.
Nossos amigos Carlo e Marco, virão aqui frequentemente para mudar sua
posição, afinal, não queremos você desconfortável, não é? — Mais lágrimas
molharam seu rosto. — O que talvez possa te matar, seja a infecção que
poderá pegar nesse momento de outros estupradores, igual a você, que
também passaram por essa mesma situação.
— Puta que pariu, esqueci de avisar que isso não foi esterilizado! —
Fingi inocência, conforme lançava um murro no ar, como se tivesse cometido
uma atrocidade. — Que vacilo o meu.
Meu irmão soltou um riso anasalado, pois era algo que sempre
fazíamos.
— Pois é, como você acabou de ver, não temos nenhum cuidado com
isso, ele está exposto a várias doenças de outras pessoas, como também a
vermes do próprio local e assim por diante. — Meu irmão suspirou, como se
estivesse cansado. — Ah, outra coisa, vai chegar em um momento que a dor
que vai sentir será tão agonizante, em decorrência do tempo que permanecerá
sentado aí, que você vai desmaiar, mas um dos seus companheiros dos
próximos dias, mudarão você de posição para que te acorde. Então, não se
preocupe com isso. — Seus olhos prateados, se voltaram em minha direção.
— Acho que é isso, brother.
Assenti e me aproximei mais dele, rodando de um lado a outro a adaga
em minhas mãos.
— Parem um pouco. — E o infeliz suspirou aliviado, pensando que
deixaria que descansasse. — Agora vem a melhor parte. — Seus olhos se
esbugalharam com o medo os tomando por completo. — A parte em que
corto fora sua rola. — Lancei um sorriso irônico e ele começou a se debater
em cima da pirâmide, para tentar impedir que tivesse acesso à sua parte
íntima.
— Não! Por favor, não faça isso. Eu prometo...
Marco deu um murro, com um pedaço da corrente grossa que o
amarrava na cara, para que calasse a boca.
— Não tenho paciência quando começam a implorar.
— Nem eu! — Carlo compactuou.
— Abram as pernas dele. — Ambos manusearam as correntes e
expuseram toda aquela nojeira. Segui até lá, mesmo que ainda tentasse se
remexer, isso apenas o machucava ainda mais. Levei a pinça até suas bolas e
comecei a cortar lentamente com a adaga uma por vez, como se estivesse
cortando um pedaço de bife.
Seus gritos pareciam que explodiriam o local em que nos
encontrávamos, mas não me importei.
Joguei suas bolas no chão, com um nojo descomunal me invadindo.
Depois joguei um pouco de álcool sobre ele e lancei um fósforo para que o
desgraçado visse aquela merda queimando, mas a mariquinha chorava tanto
que era capaz de nem perceber.
Já havia anoitecido e me sentia exausto.
— Amanhã eu volto para cortar a minhoca que você um dia chamou de
pau — avisei, virando as costas.
— Porra! Ele desmaiou, cazzo! — Carlo resmungou.
— Já sabem o que fazer — ordenei, saindo com Pietro ao meu lado. —
Depois que ele acordar, vão descansar, mas deixem outro guarda de olho nele
para que não o deixem dormir, nem desmaiar de novo.
Já se passaram duas semanas que me casei com Matteo e, para meu
espanto, tinha me familiarizado bem melhor do que imaginei.
A melhor coisa de tudo isso, era que passei a dormir tranquilamente
durante à noite, o que era, de certa forma, bizarro meu psicológico aceitar
isso, pois Matteo ainda poderia ser considerado um estranho para mim,
estávamos começando a nos conhecer, por isso, estranhei quando não tive
medo de dormir ao seu lado e que me fizesse algum mal.
Não sei se era a confiança que me passava com suas atitudes e o fato de
nem em nossa própria lua de mel ter me obrigado a fazer nada, mas isso fez
com que ganhasse um pouco de minha confiança. Algo que sabia que não
deveria fazer, mas quando percebi já tinha conseguido.
Ele não tentou nada comigo durante todo esse tempo, mas nem por isso
se tornava mais fácil não o admirar como homem, pois modéstia à parte, o
homem era lindo demais. Seria impossível que eu negasse isso apenas pelo
meu orgulho. Matteo também não me beijou mais, mas nem por isso o desejo
que o fizesse desapareceu, muito pelo contrário, parecia ter aumentado ainda
mais.
E a prova disso era que nesse instante, me encontrava deitada em nossa
cama de casal, lendo um romance que encontrei dentro da biblioteca, para
meu azar o casal se encontrava perdidamente apaixonados e se beijavam. Não
teria nenhum problema em ler esse tipo de coisa, caso a descrição da autora
com o que a personagem sentiu não lembrasse em praticamente tudo o que
senti quando meu marido o fez. Isso era frustrante, pois apenas aguçava meu
desejo em tomar seus lábios para mim.
Suspirei frustrada, pensando seriamente em mudar a página para sair
dessa parte da história, mas não o fiz e continuei com a minha sessão de
tortura.
Poucos minutos depois que tentava me concentrar na história e não
imaginar que o casal da história, éramos eu e meu marido, o barulho da
maçaneta se abrindo chamou minha atenção e só de imaginar quem seria, fez
com que meu coração desse um solavanco no peito em expectativa.
Sabia que meus seguranças estavam na porta, afinal, Matteo ainda os
manteve, mesmo dentro da mansão, não reclamei como me encontrava em
uma casa de estranhos e isso mostrou mais uma vez o quanto se mostrava
diferente do que imaginei.
Enxerguei por cima do livro, Matteo entrando, parecia cansado e seu
estado físico era deplorável. Suas roupas estavam imundas, parecia ter rolado
no chão com as marcas espalhadas por sua roupa, sua camisa no tom cinza-
claro entreaberta se encontrava com diversas manchas de sangue e mesmo
que não quisesse o fazer, me peguei preocupada com o que havia lhe
acontecido, se por acaso se machucou para ter ficado dessa maneira.
Apenas uma coisa era certa, algo tinha dado errado, afinal, seu estado
denotava isso e precisei conter a frustração por imaginar de quem teria
causado isso a ele.
Seus olhos que se encontravam perdidos e pensativos, encontraram os
meus e um leve sorriso em seu rosto imundo, surgiu.
— Boa noite, amore mio. Pensei que já estivesse dormindo.
Por mais que o odiasse, amava quando me chamava dessa maneira,
parecia tão real.
— Boa noite, Matteo. — Mexi o livro no ar para indicar o motivo de
minha falta de sono, pelo menos um deles, mas isso não vinha ao caso. —
Estou lendo, ainda sem sono.
Ele assentiu, então voltei a tentar a ler. No entanto, meus planos caíram
por água abaixo quando percebi o que fazia. Meu marido começou a se
despir, de maneira lenta e torturante, enquanto admirava o jardim escuro, por
causa da noite, sobre nossa porta de vidro que dava para a varanda. Poderia
fechar a porta escura, mas gostava de sentir os raios solares invadirem meu
quarto pela manhã e isso não me impedia de dormir. Nem Matteo, que
sempre levantava cedo para trabalhar.
Enquanto continuava perdido em pensamentos ao desabotoar cada um
dos botões da camisa, eu o observava por cima do livro, fingindo que ainda
lia, no momento em que ele tirou sua camisa pelos braços musculosos,
precisei conter minha respiração, para não me deletar com o que fazia. Queria
lamber cada um dos seus gominhos abdominais. Observei as tatuagens
espalhadas pelo corpo e como isso conseguia o deixar ainda mais lindo, caso
fosse possível. Elas o deixavam com um ar de perigo, poder e era
extremamente sensual.
Queria percorrer meus dedos por cada uma delas, além de também o
fazer com a minha língua.
Dio mio, nem me reconhecia com o desejo descomunal que surgia
dentro de mim ao lado desse homem.
Será que ele também me trataria bem? Caso entregasse meu corpo a
ele? Ou será que me machucaria? Era algo que sempre voltava a passar em
minha mente nos últimos dias, mas tentava dispersar tais indagações, para
não alimentar esses sentimentos. Mas ficava cada vez mais difícil o fazer,
enxergando a própria criatura exibindo toda a sua perfeição e protuberância à
minha frente.
Matteo já se encontrava praticamente todo despido, mas usava apenas a
cueca boxer, o que deixava pouco para imaginação mesmo que fosse escura,
era possível notar quão grande ele era e a ansiedade voltou a tomar forma
dentro de mim.
Quando se virou para seguir até o banheiro, seus olhos se encontraram
com os meus e o maledetto gostoso, lançou uma piscadela em minha direção,
o que me deixou com as bochechas rubras.
Ai que ódio de mim mesma por ser tão fraca!
Óbvio que para piorar a situação, ele não ficou quieto e o que disse a
seguir, fez com que eu quisesse cavar um buraco e enfiar minha cabeça
dentro.
— Você não precisa ficar espiando, principessa. Sabe o que tem que
fazer para me ter todinho para você! — provocou, com seu ar zombeteiro no
rosto e meu desejo de tirar aquele sorrisinho diabólico nos murros de seu
lindo rosto, apenas aumentou.
— Vê se me erra! — disse, sem conseguir montar nenhuma frase
mirabolante que o quebrasse, afinal, ele me pegou no flagra e nada do que
dissesse, conseguiria contradizer minha atitude.
Por isso, de fato voltei minha atenção à leitura, ou pelo menos mostrei
isso com meus olhos nas palavras descritas e, em seguida, ouvi sua
gargalhada tomar o ambiente de nosso quarto, enquanto seguia seminu para o
banheiro tomar seu banho. Mas não dei meu braço a torcer, quando percebi
que não fechou a porta, possibilitando que o espiasse, se assim eu quisesse,
enquanto se ensaboava. Entretanto, nem por isso as coisas foram menos
difíceis para que mantivesse meus olhos na história.
Depois de um tempo, consegui voltar a ter minha atenção na leitura,
mas aquele bendito perfume cítrico, que já conhecia muito bem, começou a
invadir o ambiente e me desconcentrou. Matteo usava apenas uma calça de
moletom preta, com seus cabelos molhados desalinhados e o infeliz
conseguiu ficar ainda mais sexy.
Estava ferrada!
Ele se deitou ao meu lado, ficou com o corpo de lado e o rosto apoiado
em sua mão, enquanto continuava a fingir que lia meu livro.
— O que está lendo que te prende tanto?
— Orgulho e preconceito.
— Muito bom esse livro. — Parei de ler por um instante e fitei seus
olhos intensos, que mudava do livro para mim, observando se brincava
comigo ou falava sério, aparentemente falava sério. — Que foi?
— Você já leu esse livro? — perguntei, incrédula.
— Por que o espanto, cara mia? Costumava ler bastante antigamente,
hoje leio menos do que gostaria, mas sempre que posso procuro por algum
livro na biblioteca para espairecer a cabeça um pouco.
— Está aí algo que nunca imaginei, que um Don da máfia faria, como
ler um livro de romance — soltei, sem que conseguisse segurar minha língua,
e sua risada ecoou ao meu lado, fazendo com que sorrisse junto, aliviada por
não ter ficado irritado com meu comentário.
— Só porque sou um mafioso foda, não posso ler romance, então? —
zombou de mim, com um arquear de sobrancelha.
Dei de ombros, sem saber o que lhe responder.
— Não é que não possa. Você pode fazer o que achar melhor, só
estranhei. — Fui sincera, um pouco envergonhada por tê-lo julgado por causa
de um livro.
Ele se deitou com a barriga para cima e cruzou as mãos atrás de sua
cabeça, mantendo-as como apoio.
— Na verdade, não costumo ler romance de fato, apenas li há alguns
anos, como já ouvi comentários positivos muitas vezes, me peguei curioso e
li, como tinha na biblioteca, pois minha mãe ama essa obra.
Assenti, admirada com sua sinceridade em admitir isso, pois apesar da
minha pouca experiência, sabia que muitos homens não admitiriam isso por
pensar que os deixariam menos másculo.
Continuamos conversando sobre a história de Jane Austen, como
também sobre outras obras que ele leu e gostou, fiz o mesmo também e
indiquei alguns livros que li. Talvez se interessasse, conforme fomos
descobrindo algumas semelhanças entre nós.
Depois que o assunto livros cessou, começamos a conversar sobre
filmes e até seriados, continuei descobrindo que realmente nossos gostos
eram muito parecidos.
Quando percebi, tinha deixado o livro de lado sobre a cabeceira e fiquei
deitada de lado com minha cabeça sobre meu braço, enquanto passamos
horas entre algumas conversas, assim pudemos nos conhecer melhor.
Chegou um momento que apesar de todos os assuntos interessantes,
meus olhos começaram a pesar e a vontade de continuar naquele clima
descontraído já não era suficiente, então Matteo começou a acariciar meu
cabelo, recebendo pela primeira vez algo que nunca tinha acontecido, conheci
a sensação de receber um cafuné em minha cabeça e foi tão gostoso, que
quando percebi adormeci ao seu lado.
Uma parte de mim ficava irritada por ter baixado a guarda tão fácil com
esse homem, não podia me esquecer de tudo que sofri pelo que fez com meu
pai, mas, ao mesmo tempo, ele me tratava tão bem que não conseguia me
preocupar com ele.
Uma hora se passou, até que, enfim, meu celular indicou o recebimento
de uma mensagem e abri rapidamente para ler, era dele e meu coração
disparou no mesmo instante.
Foi impossível conter o riso de surgir em meu rosto com seu comentário
e fiquei um pouco mais aliviada, pois isso indicava que os planos de Federico
não saíram como o planejado.
Só tome cuidado!
Ele não me respondeu mais e tentei pensar que era apenas porque estava
ocupado. Ele estava bem, era o que tentava me convencer.
Mas a todo instante, os pensamentos de mais cedo voltavam à minha
mente e, então, percebi que precisava encarar de vez tudo que me começava a
sentir, parar de me enganar e encarar minha nova realidade.
Nada saiu como o esperado nessa noite, minha intenção era apenas
jantar em paz com a minha família e, quem sabe, conseguir avançar mais
alguns passos com minha linda Oncinha, ainda mais depois dos deliciosos
beijos que trocamos na área da piscina.
Chiara pensava que me afastaria com as farpas que trocávamos, mas
isso apenas me excitava ainda mais e aumentava meu desejo de dobrar aquele
orgulho que ela insistia em carregar.
Mas isso apenas me dava a certeza de que valeria muito a pena no
futuro.
Sempre fui muito bom em ler as pessoas e Chiara, desde que a encontrei
pela primeira vez naquela boate, mexeu comigo mais do que pensei ser
possível. Ela parecia uma pessoa que buscava pela felicidade, parecia
procurar por um escape e quando percebi a diferença com que agia quando
estava ao lado da família, apenas me deu a certeza de que meus pensamentos
andavam na direção correta.
Quando nos casamos, obviamente ela continuou tentando se manter
afastada, mas percebi que minha atitude de não a forçar a se entregar a mim,
como era esperado, por causa daquela merda de prova dos lençóis da noite de
núpcias, conseguiu surpreendê-la e percebi que a minha atitude a fez perceber
que não era o monstro que imaginava que fosse em sua cabeça.
Afinal, duvidava muito que qualquer homem normal aguentaria um mês
após o casamento sem tocar na esposa.
Não negava que isso parecia uma tortura infinita e nunca bati tanta
punheta na vida, como fazia nos últimos tempos, mas me negava a trair
minha esposa. Mesmo que nas vezes em que precisei comparecer à boate para
resolver alguma coisa e até mesmo encontrar alguém lá para os negócios,
algumas mulheres, assim como as próprias dançarinas, se ofereciam a mim.
Teria sido tudo muito mais fácil para conter minha tensão sexual até que
minha esposa resolvesse se entregar a mim, não tinha como não admitir que
ela era mais difícil do que imaginei, mas eu a queria e, por isso, não deixaria
meu tesão estragar tudo.
Entrei na mansão acompanhado de Marco e Leonardo, que começou a
trabalhar comigo nessa semana, mas Chiara ainda não sabia, sem contar que
pedi para que seu primo não lhe contasse os meus planos por enquanto.
A verdade era que pensei nele como segurança de minha esposa, desde
que os vi treinando no jardim certo dia e sabia que não teria pessoa melhor
para cuidar de sua segurança do que ele próprio, só que queria o ver em
prática para ter certeza se seguia com o que pensei e depois dessa noite, tive
certeza de que ele seria perfeito para a segurança dela, pois seu desempenho
fora impecável. A desconfiança que tive no início, quando descobri que
treinavam juntos, não me importava mais, pois, para mim, ficou claro que
tudo entre eles não passava de um carinho fraternal, algo que nunca percebi
ela demonstrar por mais ninguém de sua família que não fosse ele e sua irmã.
Isso tudo mexia com minha cabeça e me intrigava ainda mais com a
verdadeira relação que eles tinham e para mim ficava cada vez mais nítido
que não passava de uma fachada. Mas esperava ter me equivocado.
As surras que Chiara recebia também me intrigou muito e queria ter
certeza de quem o fazia, queria que minha esposa confiasse em mim, para me
vingar daqueles que ousaram a machucar. Eu e ela ainda tínhamos uma
relação de vidro e poderia rachar a qualquer momento com uma atitude
errada de minha parte, apenas por isso ainda não peguei Irene e Federico para
tirar da boca deles o que faziam com a minha esposa.
Pois se eles, ou até mesmo sua mãe, que acreditava ser inocente nessa
questão de açoitá-la, não tivessem nada a ver com o que aconteceu, perderia o
pouco que construí e não queria regredir ainda mais com ela. Por esse
motivo, tentava conquistar sua confiança, pois imaginava que não confiava
em ninguém pelo que já sofreu em vida e não poderia imaginar que se abriria
para mim com facilidade de um dia para o outro. Essas coisas nós
ganhávamos com o tempo e paciência, algo que não era muito o meu forte,
mas tentava melhorar, somente por ela.
Subi os degraus que me levavam aos meus aposentos e pensei que
precisava levar Chiara até nossa casa em Palermo. Minha intenção era passar
os finais de semana lá pelo menos, ou quem sabe até morarmos lá, se assim
ela quisesse, mas tantas coisas estranhas aconteciam nos últimos meses que
ficava difícil pensar nisso, além do mais, não queria deixá-la sozinha naquela
casa imensa, apenas com nossos seguranças. Na mansão pelo menos ela tinha
minha mãe para a distrair.
Já passava da 1h e me sentia exausto, além de todo sujo de sangue, com
os murros e ações que precisei fazer com os capangas que chegamos a
capturar. Sofremos uma grande emboscada e por pouco não conseguiram me
pegar, mas eles não imaginavam que realmente era muito bom com minha
mira, apenas eu e Marco, juntos, conseguimos nos livrar de metade de seu
grupo.
Marco e Carlo, prenderam os dois capangas no calabouço e no dia
seguinte eu e Pietro tentaríamos tirar alguma coisa deles, no momento só
queria tomar um banho para tirar a sujeira do corpo e descansar ao lado da
minha principessa.
Abri a porta devagar e assim que entrei no cômodo parcialmente escuro,
percebi que minha Oncinha dormia com um livro ao seu lado, me aproximei
devagar da cama e percebi a sobrancelha que demonstrava preocupação,
mesmo dormindo, e me recordei da mensagem que me encaminhou mais
cedo, pedindo para me cuidar e um sorriso se formou em meu rosto, com a
mera possibilidade de sua preocupação ser por minha causa.
Talvez ela já estivesse começando a se envolver, mesmo que não
admitisse para si mesma, mas ansiava pelo dia que o fizesse.
Retirei com cuidado algumas mexas de cabelos loiros que caíam sobre
seu rosto e coloquei atrás de sua orelha para que eu pudesse a admirar, em
seu sono profundo.
Meus olhos desceram por seu corpo voluptuoso, completamente
descoberto pelo lençol de seda que deveria cobri-la e me arrependi no mesmo
instante de ter feito, pois Chiara usava apenas um pequeno baby-doll no tom
azul-escuro, com um tecido que parecia ser extremamente macio, apenas de
notar minhas mãos coçaram em agonia para tocar um pouco de sua pele
macia. Seus seios pareciam pular para fora, como se pedissem para que eu os
tocasse e, finalmente, os experimentasse.
Respirei fundo, tentando controlar meu impulso de agir como um
canalha ao fazer algo enquanto dormia, isso seria tão errado, mas como era
difícil me controlar com uma mulher tão linda e gostosa dormindo quase nua
em minha cama, depois de um dia desgastante. Como eu a queria, não
conseguia nem descrever o quanto ansiava por tê-la em meus braços.
Alcancei o lençol com cuidado e a cobri, para esconder seu corpo
delicado de minha vista e não fazer algo que me arrependeria no dia seguinte.
Dei um passo para trás, ainda sem desgrudar meus olhos dela e comecei
a desabotoar os botões de meus pulsos e depois de minha camisa, sem pressa
alguma. Queria decorar cada detalhe enquanto dormia para gravar em minha
mente.
Retirei a camisa e a deixei no chão, desafivelei o cinto e soltei o botão
de minha calça social, assim como o zíper e deixei que caíssem aos meus pés.
Suspirei frustrado por não poder acordá-la e segui em direção ao banheiro, a
fim de tomar um banho gelado, para quem sabe diminuir o fogo que
queimava meu interior, como o tamanho do meu desejo de foder minha
Oncinha.
Deveria ter fechado a porta do banheiro, mas como Chiara parecia
dormir em um sono pesado, optei por não a fechar e poder admirá-la durante
meu banho. Eu era um safado, não tinha como negar isso e minha longa
ereção mostrava a real intenção, queria gozar olhando para ela e era egoísta
nesse ponto. Nunca o tinha feito, pois todas as vezes fechava a porta, para
que ela não presenciasse o que fazia no banho, com meus pensamentos nela.
Apenas uma vez deixei a porta aberta para provocar minha principessa,
mas ela permaneceu firme em não dar nenhuma espiada, algo que não
aconteceria caso fizesse comigo.
Abri o chuveiro e deixei que a água caísse desenfreada sobre minha
cabeça e corpo, era relaxante conseguir sentir toda a sujeira se esvair de meu
corpo. Espalmei as mãos na parede, pensando se deveria seguir meu desejo
de me masturbar, mas lembranças de nosso beijo mais cedo e em como ela se
entregou de verdade neles pela primeira vez, avivaram ainda mais minha
mente fértil e não resisti em despejar um pouco de sabonete líquido em
minhas mãos e passei a acariciar meu membro. Levantei meu rosto em
direção à água que caía forte em meu rosto e precisei conter que um gemido
escapasse, conforme massageava meu mastro devagar, enquanto me
recordava daquela boca carnuda que adorava me afrontar e o quanto beijava
bem. Era o melhor beijo que tive o prazer de provar e isso era a melhor coisa
que poderia ter acontecido.
Imaginei aquela mesma boca, engolindo meu pau com volúpia enquanto
enxergava seus lindos olhos esmeraldas, me observando com frenesi ao me
engolir. Abri meus olhos, cada vez mais excitado e virei meu rosto em
direção ao quarto levemente escuro e meu coração chegou a errar uma batida
quando encontrei aqueles mesmos olhos que imaginava, olhando em minha
direção com desejo estampado neles, isso foi o que precisava para continuar a
me masturbar, pois ela parecia gostar do que via e isso apenas me estimulou a
continuar.
Para a minha surpresa, minha Oncinha se levantou lentamente,
intercalando seu olhar entre meu pau, mão e olhos. Assim que ficou em pé,
para o meu completo delírio, ela retirou seu minisshort e junto da calcinha
por suas pernas torneadas, na sequência segurou a barra de sua camisa
soltinha em seu corpo de alcinha e puxou de uma vez por sua cabeça e parei
por um instante de me tocar, para admirar o corpo perfeito que possuía.
Era a primeira vez que a enxergava completamente nua e minha
imaginação não poderia ter feito jus a realidade o suficiente. Seus peitos eram
do tamanho perfeito para minhas mãos, durinhos e firmes, com as aréolas
num tom de rosa-claro. Seus bicos apontavam em minha direção, como se
pedissem para que eu os chupasse com vontade e precisei engolir em seco
para conter meu desejo.
Meus olhos desceram por sua barriga negativa, com leves gominhos
definidos com certeza por causa da luta que praticava com seu primo. O
quadril não era tão largo, mas não poderia me excitar mais. E sua vulva, tinha
apenas um pequeno filete de pelos claros que pareciam como uma perdição
para mim.
Meu pau parecia prestes a explodir apenas em vê-la dessa maneira, subi
meus olhos para seu rosto e percebi que se encontrava nervosa com o que
fazia, mas a leve insegurança que demonstrou pareceu evaporar, quando deu
o primeiro passo em minha direção e entrou no banheiro. Ela abriu a porta do
boxe de vidro, sem desgrudar nossos olhos e precisei passar a língua em
meus lábios que se encontravam secos, antes que conseguisse pensar em
alguma coisa para lhe dizer, ela cortou o espaço que havia entre nós, puxou
minha nuca em sua direção e tomou meus lábios para si, pela primeira vez,
ela tomou a atitude de me beijar e isso por si só, foi uma das melhores
surpresas que poderia ter recebido nesse momento.
Nossas línguas duelavam com desejo, diferente do beijo do final da
tarde que tivemos, dessa vez ele era puro fogo, excitação e necessidade de
termos o máximo que pudéssemos um do outro. Minhas mãos foram até sua
cintura e passei por suas costas nuas e já encharcadas com a água que nos
molhava. Queria explorar seu corpo todo, mas tinha receio de que uma
atitude a fizesse se afastar de mim, por isso esperei que ela tomasse as ações
que desejava.
E como se lesse meus pensamentos, uma de suas mãos desceu por meu
tórax devagar, como uma deliciosa tortura, passou pelos gomos de meu
abdômen e quando alcançou a minha masculinidade, foi como se tivesse
chegado ao céu naquele instante.
Sua mão delicada, começou a subir e descer em toda a minha
protuberância, não consegui conter que um gemido escapasse de meus lábios
em sua boca e um sorriso safado surgiu nos seus, satisfeita por conseguir me
agradar.
Não aguentei mais e levei minhas mãos até seus seios, sem desgrudar
nossas bocas que pareciam se engolir com a ferocidade que nos beijávamos,
quando senti o peso de seus peitos, levei meu polegar até seu bico
intumescido e comecei a fazer círculos de maneira lenta e excitante, Chiara
pareceu ter aprovado minha ação, como empertigou seu corpo em minha
direção, pedindo por mais.
Nem pensei duas vezes e comecei a intercalar entre circular e beliscar
os mamilos, visto que minha intenção era agradar minha esposa, quando ela
gemeu em minha boca, foi o meu fim. Desci uma de minhas mãos até sua
intimidade e a toquei, notei como se encontrava ensopada e em nada tinha a
ver com a água que nos molhava.
— Molhadinha para mim, minha Oncinha.
Quando começaria a massagear seu clitóris, Chiara se afastou um
pouco, me olhou um pouco insegura, aguardei para saber o que deveria fazer.
— Quero tentar uma coisa, se eu fizer errado, você me ajuda.
Olhei intrigado com seu comentário, enquanto minha mente libidinosa
caminhava para várias possibilidades que poderia fazer, mas quando ela se
ajoelhou à minha frente, parecia que um sonho muito recente se realizava.
Ela encarou meu pau em sua pose de sentido e umedeceu seus lábios,
como se fosse o prato mais suculento que tivesse à sua frente. Guardaria em
minha cabeça essa imagem pelo resto de meus dias.
Seus olhos encontraram os meus e neles apenas enxerguei a ânsia
estampada, suas pupilas haviam dilatado e fiquei surpreso com o quanto meu
apetite por essa mulher aumentava a cada minuto, mesmo que pensasse não
ser mais possível.
Ela segurou meu pau em uma de suas mãos, aproximou seu lábio e
lambeu ao redor da glande devagar, como se experimentasse algo pela
primeira vez e apreciasse o que começava a conhecer.
Joguei minha cabeça para trás, ainda desacreditado no que acontecia e
tentava conter meu desejo avassalador de não meter com força em sua
garganta como costumava fazer com as mulheres que saía.
Chiara começou a abocanhar lentamente meu pau, indo e voltando
devagar, testando até onde aguentaria. Eu era grande, sabia disso e
dificilmente encontrava uma mulher que conseguia me engolir por completo,
por isso não esperava que ela fosse conseguir, ainda mais em sua primeira
vez.
Não resisti mais em manter minha mão longe e, então, puxei seus
cabelos no alto de sua cabeça incentivando em como deveria continuar e
Chiara não me decepcionou ao seguir no ritmo que pedia. Para a minha
completa surpresa, ela me abocanhava cada vez mais fundo e tentava distrair
minha mente com o que de fato acontecia à minha frente para não gozar em
sua boca com dois minutos de boquete.
Sentia-me completamente excitado ao vê-la fazer isso logo de cara,
parecia ser demais para meu autocontrole.
— Cazzo... — gemi, desnorteado com tudo que me fazia sentir.
Comecei a perder o controle de mim mesmo, quando Chiara passou a
aumentar ainda mais o ritmo de sua sucção em meu pau, a ponto de sentir
minha glande atingir sua garganta, minha Oncinha afastava rapidamente
quando a ânsia queria surgir, mas voltava a me engolir com puro desejo e não
aguentava mais. Tentei puxar meu pau para não gozar em sua boca, porém,
ela segurou minhas nádegas e puxou com afinco.
— Amore mio, me solta, não to aguentando, vou gozar... — tentei
alertá-la do que aconteceria se não me soltasse, mas a cachorra apenas
intensificou sua ânsia em me engolir ainda mais rápido e não consegui mais
resistir, explodi com todo o meu desejo em seus lábios, soltando uns
palavrões incoerentes enquanto encontrava o meu ápice.
Chiara continuou a me chupar, enquanto meus espasmos duraram e
quando abaixei a cabeça, completamente sem fôlego para vê-la, ela lambia
seus lábios como se tivesse acabado de chupar um sorvete de chocolate. Seus
olhos encontraram os meus e enxerguei como adorou a sensação de conseguir
me satisfazer em sua primeira vez e não consegui impedir que um sorriso
cafajeste surgisse em meu rosto, com tudo que gostaria de fazer com ela. O
pouco de contato que tivemos apenas mostrou o quanto nossa química era
perfeita.
Estendi minha mão, que segurou e a ajudei a se levantar, ficando de
frente para mim, ainda presos dentro dos olhos um do outro.
— Você é simplesmente perfeita, principessa.
Um leve rubor tomou conta de seu rosto e um pequeno sorriso surgiu
em seus lábios, grudei nossas bocas novamente e ela não pensou duas vezes
em aceitar meu beijo que parecia arder as chamas que habitavam em nosso
interior.
Ainda não tinha tomado banho, mas não queria perder a oportunidade
de a satisfazer, por isso, segurei suas pernas ao redor de minha cintura, que
me abraçaram no mesmo instante e fui caminhando com minha Oncinha em
direção à nossa cama, sem me importar que molhávamos o quarto todo.
Deitei seu corpo delicado com cuidado sobre nossos lençóis e fiquei por
cima dela, ainda perdido em nossos beijos.
Acariciei seu rosto com delicadeza, tentando conter todo o meu desejo,
desgrudei nossos lábios e passei a beijar seu rosto, seu maxilar, mordisquei o
lóbulo de sua orelha e notei quando estremeceu excitada com minha ação.
Usei meu cavanhaque para acariciar sua pele macia, pude notar que ela
ficou completamente arrepiada para meu deleite.
— Tão linda. — Beijei um lado de seu rosto. — Tão perfeita. — Beijei
o outro lado de seu rosto. — Tão minha. — Beijei a ponta de seu nariz.
Um riso anasalado escapou de seus lábios e ela negou com seu sorriso
zombeteiro no rosto.
— Ainda não, garanhão. Não vou me entregar completamente ainda.
— Nem por isso, deixa de ser minha. — Dei de ombros. — Agora fique
quieta que quero te agradar.
Ela mordeu os lábios, extasiada e deduzi que isso era como sua
aprovação para mim.
Desci meus lábios, deixando rastros de beijos por sua jugular, seus
ombros, até que finalmente encontrei seus seios, tão perfeitos e não perdi
mais tempo ao abocanhar cada um deles.
Torturei minha Oncinha, por cada dia que me fez esperar para prová-los
e enxerguei a loucura que a tomava, remexendo seu corpo em completa
euforia abaixo de mim, o que apenas me incentivava a continuar.
Intercalava entre mordiscar, chupar, beijar seus bicos e mordiscar seus
seios. Chiara parecia prestes a enlouquecer, conforme bagunçava meus
cabelos entre seus dedos.
Continuei descendo meus lábios por sua barriga e notei uma de suas
cicatrizes, com a cor clara. Minha principessa percebeu para onde olhava e
seu corpo ficou rígido no mesmo instante, quando pensou em puxar meu
rosto até o seu para distrair a minha mente, eu beijei o contorno de cada uma
delas. Mostrando o quanto eu a queria mesmo com cada uma de suas
cicatrizes, talvez fosse isso que mais me deixava encantado por essa garota
forte que se tornou.
O corpo de Chiara relaxou no mesmo instante e continuei meu caminho
para onde tanto almejava chegar.
Segurei suas coxas, arreganhando sua boceta completamente úmida em
minha direção e salivei com o desejo que me invadia.
— Como disse, perfeita!
Ela respirou fundo, sem desgrudar seus olhos inseguros de cada uma de
minhas atitudes, passei minha mão acariciando sua pele, até chegar em seus
pés. Tão pequenos e delicados, exatamente como ela. Suas unhas estavam
pintadas de vermelho, com um anel em seu segundo dedo, que o deixava
ainda mais encantador. Não resisti em chupar o seu dedão do pé, sem
desgrudar nossos olhares, enquanto notava cada reação que causava em
minha Oncinha.
Depois de subir meus lábios beijando todo o seu pé, calcanhares, toda a
extensão de sua perna, desisti de adiar meu real objetivo nisso tudo e a lambi
de baixo para cima toda a sua vulva, Chiara contraiu seu corpo, com visível
timidez, mas deixou um gemido escapar de seus lábios e foi a minha deixa.
Afundei minha boca em sua intimidade, penetrei minha língua em sua
vulva, chupei seu clitóris e depois de tanto me deliciar, com seu pré-gozo
invadir minha boca, senti suas mãos puxarem meus cabelos, como se
precisasse me tocar de toda maneira.
Levei meu polegar até seu clitóris e passei a circulá-lo em sentido
horário e senti meu pau completamente duro com a cena à minha frente,
Chiara se remexia fora de si, com o prazer e sensações que imaginava ser
desconhecidas até então.
— Dio... isso é muito bom...
Continuei torturando minha esposa e quando senti sua boceta se contrair
em minha boca, sabia que se aproximava de seu clímax.
Aumentei ainda mais a velocidade da movimentação de meu polegar e
penetrei fundo minha língua e senti seu gozo explodir em minha boca, para
não só o prazer dela, mas o meu também.
Chupei cada jato que soltou, encantado por ter conhecido o sabor de seu
prazer e tive certeza de que se tornava o meu novo sabor preferido.
— Você é uma delícia, Oncinha!
Subi para cima dela, quando seus espasmos acabaram e não resisti em
deixar que meu pau brincasse levemente com sua boceta deliciosa e um
sorriso de orelha a orelha surgiu em seu rosto e tive certeza daquilo que já
imaginava, mas não queria admitir ainda, eu já estava completamente fodido,
apaixonado por essa mulher e faria qualquer coisa para fazê-la feliz.
Poderia nunca ser correspondido, mas se conseguisse desenhar todos os
dias esse sorriso em seu rosto, já me sentiria completamente satisfeito com
meu plano de vida.
Continuei brincando com meu pau, torcendo para que mudasse de ideia
e pedisse por mais e resolvi provocá-la.
— Sabe que tem muito mais para você, do que já provou, né? Posso te
mostrar se você quiser. — Um sorriso de lado surgiu em meu rosto, quando
sua risada tomou nosso quarto.
— Cala a boca, vai! — Suas mãos bagunçaram meu cabelo, mas não me
afastou dela e mordeu seu lábio inferior com visível excitação e pensativa
com minhas palavras. No entanto, minha Oncinha não cedeu.
Mas não me importei, pois sabia que, enfim, tínhamos alcançado outro
patamar em nossa relação e tínhamos dado um grande passo à frente.
Levantei-a e puxei para meus braços, nos abraçando pela primeira vez e
melhor ainda, nus.
— Venha, vamos tomar um banho para descansarmos.
Ela assentiu e foi assim que tomamos nosso primeiro banho juntos,
entre carícias e muitas trocas de beijos.
Quando voltamos para a cama, minha principessa usava de volta seu
baby-doll, enquanto eu apenas uma cueca boxer, puxei seu corpo delicado
para se encaixar com o meu e dormimos de conchinha pela primeira vez, com
meu nariz infiltrado em seus cabelos perfumados para a minha completa
satisfação.
Uma semana se passou desde que eu e Matteo demos um passo a mais
em nossa relação e desde então, passou a ficar mais difícil manter distância.
Na verdade, não queria manter e isso ainda me assustava.
Como eu poderia ter mudado tanto em um tempo relativamente curto?
Antes não queria vê-lo pintado de ouro à minha frente, no entanto, nesse
instante ansiava para que chegasse logo em nosso quarto e repetisse tudo que
fizemos na última semana.
Pois como demos esse passo adiante, Matteo não permitiu que
regressássemos à estaca zero e simplesmente também não fiz questão de o
afastar, eu também o queria. Tanto que o momento em que me tornaria sua
começava a tomar meus pensamentos por completo cada vez mais.
Não conseguia esquecer o real motivo de estar ali, ainda mais quando
minha mãe insistia em ligar para saber como andava minhas tentativas para
engravidar, começar a ter relação com Matteo era dar início definitivo ao que
eles queriam, mesmo que tomasse anticoncepcional, sabia que se
começássemos a nos dar bem de fato, em um momento viria o pedido por um
herdeiro e o que faria?
Além de que, mesmo com minha inexperiência sexual, sabia que
nenhum remédio contraceptivo era cem por cento eficaz.
Não sabia o que fazer! Eu o queria, mas não dessa maneira, não com
tanta mentira entre nós dois. Mas não era como se eu tivesse escolha, não é?
Pois se resolvesse lhe contar a verdade, ele me mataria como um dia me
ameaçou, mataria até a minha irmã que nem sabia de nada do que acontecia
naquela família.
Respirei frustrada conforme terminava de me arrumar, irritada por esses
pensamentos terem me atormentado o dia todo.
O grande evento que organizei, finalmente chegou e em partes me
sentia animada para ver algo acontecer por meio de meu trabalho, isso era
extremamente animador. Mas também me sentia nervosa, pois tinha medo de
que tudo desse errado, isso seria uma vergonha para a família Lucchese e não
queria envergonhá-los, mesmo que isso fosse animar minha mãe e seu
marido, não era o que queria, afinal, também era o meu nome. Todos sabiam
que era a atividade da esposa de Matteo, logo, a pior vergonha seria minha.
Optei por usar um dos vestidos que comprei da estilista que Matteo me
disponibilizou, ele era num tom de vermelho-vivo, simplesmente magnífico e
ficava ansiosa para quando meu marido me encontrasse, torcia para que
gostasse mesmo que não tivesse escolhido pensando em agradá-lo, mas seria
muito hipócrita se não admitisse que pensei em como me elogiava quando
usava vermelho, então, talvez, uma pequena parte minha tivesse pensado em
agradá-lo, um pouco pelo menos.
Meu vestido era bem sensual e apesar de ter nas costas apenas um corte
pequeno, pois não queria expor minhas cicatrizes, na frente seu decote era
bem ousado. Um sorriso surgiu em meu rosto ao pensar quando Matteo me
visse, se ele realmente era ciumento como demonstrou em alguns momentos,
isso o deixaria possesso, mas era o que queria, vê-lo com ciúme. Nunca tive
esse tipo de envolvimento e me agradava vê-lo dessa maneira.
Segurei o lindo colar que tinha uma corrente fina e delicada, feita de
ouro branco 18 quilates, que se curvou de maneira graciosa ao redor do meu
pescoço. O pendente central era um diamante excepcionalmente lapidado, de
quilate generoso e claridade impecável. O diamante era envolvido por um
intrincado encaixe de ouro branco, cuidadosamente trabalhado para criar um
contraste sutil e enfatizar a pedra preciosa deslumbrante. Ao redor do
diamante central, havia diminutos diamantes adicionando um toque de brilho
extra à peça.
Foi um presente que Matteo fez questão de deixar mais cedo em nosso
quarto, para que eu usasse essa noite. Ele não era em nada extravagante, o
que mostrava como meu marido me conhecia e sabia que se fosse ao
contrário, não usaria.
Passei o batom rouge para finalizar a maquiagem e fiquei grata por ter
comprado um que não borrasse. Considerando o envolvimento recente com
meu marido, seria bom evitar que me parecesse com o coringa no primeiro
evento que organizei como dama da máfia.
Uma batida à porta chamou minha atenção, mas não foi necessário
liberar sua entrada, pois meu elegante e lindíssimo marido entrou vestido em
seu smoking preto, precisei conter um suspiro para não me delatar em sua
frente.
Tudo isso ainda era muito estranho para mim. A maneira como me
sentia realizada ao lado desse homem, deveria ser inadmissível, mas parecia
ser o contrário. Podia afirmar que em meus dezoito anos de vida, pela
primeira vez, me sentia feliz.
Sabia que não deveria ser assim, a realidade deveria ser outra. Devia
sentir saudades de casa, de minha mãe e fazer questão de sua visita, como
também realizá-la, em contrapartida, isso era algo que não acontecia.
Comecei a atender suas ligações justamente para não receber suas visitas
inesperadas, não queria. Já minha irmã, pedi para Pietro a buscar um dia
durante a semana e passamos o dia juntas na piscina, ela adorou,
principalmente quando mostrei a linda biblioteca que existia na mansão. Ela
sempre leu até mais do que eu, então para ela foi o melhor presente que
poderia ter recebido.
— Você está... Uau... — Matteo balançou a cabeça me medindo de
cima a baixo, não resisti em soltar um riso contido, como pela primeira vez
consegui deixar meu marido sem palavras. — Você está maravilhosa,
deslumbrante, vai ser simplesmente a mulher mais linda da festa, sem sombra
de dúvidas.
Mordi o canto de meus lábios, adorando ouvir a maneira como se sentiu
em me encontrar e fiquei ainda mais satisfeita por ter investido nesse vestido.
— Você também está um arraso! — admiti, mesmo que essa palavra
não fizesse jus ao que ele realmente era.
Um meio-sorriso surgiu em seu rosto, conforme dava passos lentos em
minha direção com as mãos dentro do bolso dianteiro de sua calça e, Dio mio,
ele ficou tão sexy andando dessa maneira, que senti um calor envolver meu
corpo no mesmo instante, sem sequer ter sentido seu toque.
— Só não vou poder desgrudar de você a noite inteira...
— Ah, é? E posso saber o motivo, senhor Lucchese?
— Porque esse decote está mostrando mais do que gostaria de
compartilhar, amore mio. Você sabe que não gosto que vejam o que é meu,
lembra-se? — Matteo arqueou a sobrancelha, tentando me intimidar, mas
levantei o queixo, a fim de mostrar que não mudaria o vestido por causa
disso.
Como imaginei, ele implicaria com isso e adorei ver seu ciúme exposto
por mim. Suas mãos tocaram minha cintura e uma delas subiu até meu
decote, contornando meus seios com extrema delicadeza, deixando minha
pele completamente arrepiada e repercutindo em minha intimidade.
— Então, aparentemente terá que ficar ao meu lado a noite inteira,
garanhão. Pois não tenho intenção de trocar esse vestido.
— Você está linda demais nele para trocar, não teria coragem de pedir
isso a você. Opto por ficar colado em você, não será nenhum sacrifício, afinal
de contas. — Ele deu de ombros, com um sorriso travesso no rosto e
aproximou seus lábios dos meus, tomando um beijo quente, exatamente como
me sentia desde que entrou em nosso quarto.
Nossas línguas duelavam com excitação, suas mãos colaram ainda mais
nossos corpos e nos perdemos por um tempo, até que para minha decepção,
Matteo finalizou com um selinho e deu um passo para trás, ainda me
encarando com as pupilas dilatadas.
— Queria fazer tanta coisa com você nesse momento, por que você tem
que ser tão difícil, carino?
Soltei um riso alto com o tamanho de seu desespero e mal sabia ele que
me sentia da mesma maneira.
— Se eu fosse fácil, talvez não teria a mesma graça, concorda?
— Você tem ideia de que nunca fiquei tanto tempo sem transar na
minha vida, desde que descobri o que era sexo? — indagou, com um olhar
fingindo compaixão, seu argumento conseguiu tirar uma gargalhada de mim.
— Tá vendo só como você é forte! Fico satisfeita em saber que não tá
morrendo por manter esse exagero de... você sabe dentro das calças. —
Fiquei ruborizada em tentar mencionar sua masculinidade, não era como se
nunca tivesse dito isso antes, mas por algum motivo, fiquei envergonhada em
sua frente.
— Tá com vergonha de dizer isso, principessa? Vamos lá, eu te ajudo.
Pau, repete! — sugeriu em tom lento, para continuar a me torturar e fiquei
ainda mais vermelha. — Pode ser pica, essa pica monstruosa que você tem,
diz para mim, vai? Ou piroca, espigão, mastro...
Gargalhei alto com a maneira que falava de si mesmo, negando com
minha cabeça enquanto secava uma pequena lágrima que caiu de meus olhos
de tanto que ri ao seu lado.
— Cala a boca, vai. Temos que ir, vamos nos atrasar — decretei,
tentando ser mais forte e não continuar o beijando.
Um sorriso terno decorava seu rosto e ele levou seus dedos até meu
rosto e me acariciou.
— Já vamos, mas antes, tenho uma coisa para você.
Arregalei os olhos, incrédula que esse homem realmente existisse.
— Como assim? Você já me deu esse colar lindo, não cansa de me
presentear? Vai me deixar mal-acostumada dessa maneira.
— Essa é a intenção, carino.
Ele retirou de dentro do smoking uma caixa de veludo preto, ela era
grande e pensei que era outro colar, pelo estilo da caixa, mas não fazia
sentido, afinal, ele já tinha me dado um naquele mesmo dia, ficaria muito
cafona se usasse os dois juntos.
Matteo colocou a minha frente e meus olhos não desgrudaram do que
segurava com a curiosidade me tomando por completo, então com uma mão
apoiando na parte debaixo, levantou a tampa de cima, com a caixa virada
para mim e dei um passo para trás, desacreditada com o que me mostrava.
Levei a mão até minha boca, que tinha se aberto com o espanto do
presente que recebi e olhei em direção de seus olhos, que brilhavam em
expectativa.
— N-nossa... — gaguejei, sem conseguir formar as palavras corretas. —
É linda.
Na caixa continha uma linda adaga de ouro branco, com o comprimento
de aproximadamente vinte centímetros, com uma lâmina de metal reluzentes
e curvada, seu cabo era ornamentado, com cristais de diamantes cravados
sobre ela, assim como a guarda protetora.
As palavras escaparam de meus lábios e fiquei sem saber o que dizer
com o gesto inesperado que recebi.
— É sua... não quer pegar e ver o que acha? Pedi para que não fosse
muito pesada, para facilitar o seu manuseio, caso não goste, posso pedir para
trocar, mas...
— Eu amei! — constatei, passando meus dedos em seu entorno com
cuidado, ainda não acreditando que me deu uma das coisas que mais
desejava.
Eu tinha a minha, que Leonardo tinha conseguido certa vez para mim,
mas era simples e nem tão afiada como gostaria, mas faria um belo estrago,
caso precisasse.
Mas essa era magnífica, linda e ainda tinha um elástico para prender na
minha perna caso quisesse.
— Como você sabia? — Forcei minhas palavras a saírem e tentar
entender o que o motivou a me dar isso.
— Que você deixava uma adaga debaixo de seu travesseiro? — Meus
olhos se arregalaram com suas palavras, não sabia que ele tinha
conhecimento do que fazia. — Relaxa, principessa. Sabia o motivo que a
guardava lá, você não me conhecia, não poderia te julgar por tentar se manter
protegida.
Engoli em seco, sem saber ao certo o que lhe dizer.
— Mas você nunca ficou com medo de que fizesse algo com ela
enquanto dormisse? — Pois eu ficaria pensando nisso se descobrisse que meu
marido dormia armado ao meu lado, ainda mais escondido.
— Era um risco. — Ele deu de ombros. — Mas algo me dizia que não
era para me matar que você a tinha, mas sim para se defender. Errei? —
Neguei com a cabeça. — Ótimo, agora temos que ir, não vai olhar seu
presente? Tô começando a achar que não gostou.
Balancei a cabeça, com um sorriso nervoso no rosto.
— Não é isso, eu adorei. Só fiquei surpresa por saber e por ter me dado
uma, não esperava essa atitude de você.
Seus dedos acariciaram meu rosto e levantou meu queixo para olhar em
meus olhos.
— Carino, eu quero que se sinta confortável, não só ao meu lado, mas
longe de mim também e se uma adaga te faz se sentir mais segura, por mim,
tudo bem. Esse seu jeito sempre arisco, essa sua necessidade de se defender
tem um motivo e espero que um dia confie em mim para se abrir, mas, por
enquanto, quero apenas que te apoiar na necessidade que tem de se defender
e o que puder te proporcionar para isso, eu o farei.
As lágrimas tomaram meus olhos com suas palavras e antes que
conseguisse pensar no que fazia, joguei meus braços em volta de seu pescoço
e o abracei forte. Por ele se preocupar comigo, por cuidar de mim e por não
tentar impedir que eu tivesse meu poder de escolha em saber me defender.
— Obrigada! Você não tem ideia do quanto isso foi importante para
mim — assumi, com algumas lágrimas escorrendo por meus olhos.
Assim que nos afastamos, Matteo me deixou um beijo carinhoso nos
lábios, retirou a adaga da caixa e colocou em minhas mãos.
— Então que tal já a usar hoje?
Meus olhos se espantaram com sua sugestão e engoli em seco pensando
se esse homem realmente existia.
— Tá falando sério?
— Claro! Por que te dei, afinal? Para ficar apenas debaixo do
travesseiro? Aqui você não corre perigo, amore mio. Então, por que não usar
no evento de hoje?
Abri um sorriso de orelha a orelha animada, olhei com atenção os
detalhes da adaga fenomenal que ganhei, levantei a fenda do meu vestido aos
olhos de Matteo e retirei a minha antiga adaga.
— Por que não pensei que você já iria armada, não é? — brincou, com
os olhos em puro desejo ao admirar minhas pernas e lancei uma piscadela em
sua direção.
— Não uso apenas debaixo do travesseiro, não é?
— Pois é... é o que parece. Vem, deixa que eu faço isso.
Ele se ajoelhou à minha frente e quando sua mão tocou em minha perna,
minha respiração ficou falha com o contato puramente sexual, enquanto
prendia o elástico firme em minha coxa e a adaga sobre ela.
— Nossa, você fica muito sexy com isso na coxa. — Ele lambeu seu
lábio, de maneira sensual, sem tirar os olhos de minha coxa, enquanto
passava os dedos em uma tortura alucinante. — Quando você parar de me
enrolar, vou querer te foder usando apenas isso entre nós dois.
E como a louca que era, suas palavras fizeram com que uma quentura
deliciosa percorresse meu corpo e encharcou minha calcinha, algo que
acontecia com cada vez mais frequência.
— Talvez eu queira isso — admiti, com um sorriso travesso no rosto,
olhando para meu marido ainda ajoelhado aos meus pés.
— Você é a mulher dos meus sonhos, principessa. — Matteo deixou
alguns beijos em minha coxa nua e não consegui evitar o pensamento que
passou por minha cabeça, após sua declaração.
Talvez você também seja o homem dos meus.
Uma batida à porta cortou o clima sexual que nos assolava e Matteo se
levantou, depois de arrumar o meu vestido.
— Entra! — autorizou.
Pietro entrou de uma vez e disse:
— Ufa! Vocês estão vestidos, dá para parar de namorar que temos que
ir, dona Sandra pediu para vir buscá-los.
— Estamos indo — disse, Matteo. — Quem dera realmente
estivéssemos pelados — lamentou em tom baixo, foi impossível não rir de
seu comentário enquanto seguíamos em direção ao corredor.
— Boa noite — disse, assim que entrei no quarto com apenas uma
pequena luz fraca acesa.
Chiara se encontrava deitada lendo algum livro e seus olhos se
encontravam vermelhos e inchados de tanto chorar, senti meu peito apertar
em angústia, com a mera possibilidade de que eu fosse o motivo de sua
tristeza.
Outra coisa que mexeu comigo mais do que gostaria, foi lembrar das
palavras ácidas e desprezíveis de Ítalo, queria a confrontar e tirar todas as
informações dela. Mas, ao mesmo tempo, sabia que isso a machucaria e não
queria lhe causar isso, visto que ela parecia sofrer bastante com o gelo que
lhe causava, além do fato de estar praticamente isolada, porque era para ter
acontecido isso se minha mãe não fosse uma teimosa e viesse sempre aqui,
ou até mesmo na mansão da Sicília, quando a visitava mesmo contra as
minhas ordens.
Ela tentou esconder o rosto e secou algumas lágrimas com o dorso das
mãos para tentar disfarçar, mas eu já tinha notado e não era possível me
esconder.
— Tudo bem, Matt? — perguntou com a voz rouca, causada pelo choro.
Assenti, me sentindo ainda pior pelo que lhe causava, mesmo sabendo
que ela quem provocou tudo isso, mas nem por isso me machucava menos
vê-la dessa maneira.
— Tem alguém querendo te ver.
Ela arregalou seus olhos, visivelmente interessada e empertigou seu
corpo para a frente com curiosidade e antes que eu pedisse para que Genevive
entrasse, ela o fez. Chiara colocou a mão em sua boca, espantada com o que
via, um sorriso lindo surgiu em seu rosto e começou a chorar, à medida que
abria os braços para que a irmã fosse até ela. Claro que a ragazza não perdeu
tempo e correu, pulando na cama, deixando a mala no chão no caminho e
mesmo que não quisesse admitir a cena à minha frente, fiquei comovido com
o sentimento que ambas exalavam.
Chiara a abraçava tão forte, olhava como ela estava e quando me olhou
ainda agarrada em sua irmã, seus olhos demonstravam gratidão por ter
permitido isso.
— Trouxe ela para te fazer companhia por uns dias, depois ela vai
retornar para a mansão, pois não quero deixar minha mãe sem companhia. Se
você não se importar.
Ficou óbvio o quanto minhas últimas palavras a surpreenderam, pois ela
não esperava que pedisse sua autorização para tal ação.
Ela balançou a cabeça de um lado ao outro, soltando sua irmã por
alguns segundos.
— Claro que não, sei que dona Sandra está precisando, como estou
longe e — jogou as mãos para o lado — , presa, não tenho muito com o que
ajudar.
Assenti e mesmo que uma parte de mim pedisse para continuar ali, me
obriguei a sair, pois precisava colocar minha cabeça para pensar.
Quando fechava a porta ouvi Chiara me chamar e mesmo com ela
entreaberta, disse:
— Obrigada por isso.
Um sorriso singelo desenhou seu rosto e senti meu peito um pouco mais
aliviado por saber que lhe daria um pouco menos de tristeza em seus dias.
Dez dias se passaram desde que voltei para a mansão em Palermo e
nesse momento Matteo me levava até o retorno com o médico para ver como
andava o descolamento de placenta.
Realmente não fiz nada nesses últimos dias que não fosse ficar deitada,
me levantava apenas para tomar banho e ir ao banheiro, nada mais.
Já me encontrava cada dia mais ansiosa com a chegada do bebê e
começava até a pensar em alguns nomes que poderia lhe dar.
Estava aí algo que não costumava pensar, em ser mãe, eram tantas
coisas ruins que me envolvia que não tinha tempo para pensar nisso, não que
minha vida tivesse voltado aos eixos, pois não tinha.
No entanto, me sentia esperançosa de que talvez Matteo me perdoasse,
ou pelo menos me permitisse ficar viva quando o bebê nascesse e pudesse ser
sua mãe, afinal, ele não tinha tempo para isso. Não queria pensar que seria
obrigada a fugir com a criança, pois sabia que isso seria quase que impossível
sair de seu radar e para ser sincera, nem queria.
Não sabia se essa esperança que carregava se dava com as poucas
conversas que ele voltou a ter comigo, ou por ter trazido Genie para
matarmos a saudade, ou até mesmo pela injeção de ânimo que dona Sandra
me deu em minha última visita, dizendo que nunca viu seu filho tão abatido
como tinha visto desde que nos separamos.
Claro que tinha a questão da saudade do pai e do amigo, sentimentos
que era muito bem familiarizada, considerando que perdi cedo a única pessoa
que demonstrava amor a mim dentro de casa.
Ele ainda se encontrava distante de mim, não sabia se me dando tempo
ou a si mesmo, considerando que já tive tempo demais para pensar, tentei
algumas vezes pedir que me ouvisse, depois do dia que chegamos à mansão,
mas todas as vezes ele fugia do assunto dizendo que ainda não era o
momento. Acreditava que devido à minha situação era o que lhe causava essa
preocupação, em esperar pelo melhor momento.
Seguíamos em direção ao hospital em completo silêncio e isso corroía
meu peito, odiava esse gelo que Matt insistia em me dar, não parecia o
mesmo homem, não me tocava a não ser que fosse para me levar até o carro,
para que nem as escadas eu descesse, nem nos corredores me permitia andar.
Queria pedir que tocasse na pequena protuberância já evidente em meu
ventre, mas ele nunca aparecia em meu quarto, sabia que perguntava sobre
mim a Francesca, como também a sua mãe, porque elas o deduravam, mas só
por isso, pois para mim era como se simplesmente não existisse. O único
momento em que ele parecia ainda demonstrar um certo ciúme, se era que
poderia comparar a isso, eram nos momentos em que precisava sair do quarto
e ele não permitia que nenhum segurança me pegasse no colo.
Tentava não ficar cabisbaixa, pois segundo minha sogra e Francesca o
bebê sentia tudo isso, mas isso era quase impossível e o coitadinho deveria
estar bem angustiado, considerando como me encontrava.
Mas não sabia mais o que fazer para tentar me aproximar dele, ou fazer
com que me ouvisse. Rogava aos céus que tivéssemos uma boa notícia nessa
consulta para que talvez esse fosse o pontapé inicial que precisávamos para
sair dessa situação.
— Você não tem dormido direito? — Para minha completa surpresa,
Matteo me perguntou ainda olhando para fora.
Não, tenho tido pesadelos horríveis desde que reencontrei aquele
desgraçado. Era o que queria dizer.
— Não muito. — Foi o que optei por dizer.
Não queria que se aproximasse de mim por pena, sabia que quando o
momento de contar minha história chegasse, essa seria uma das coisas que
teria que contar, mas era algo tão humilhante, algo que me machucava tanto
que não conseguia imaginar o fazendo. Na verdade, não queria, pois sabia
que seu olhar mudaria, não seria mais o mesmo e tinha medo de enxergar
pena neles, não mais aquela paixão abrasadora que antes possuía.
Percebi que seu maxilar ficou tenso e tive que segurar minhas mãos
para não levar meus dedos até sua barba rala e bem-feita e o acariciar. Já me
aproveitava sempre que podia nas poucas vezes que me pegava no colo.
Tinha medo de que me mandasse parar, mas para minha sorte ele
também não o fez.
Outra coisa que me atormentava cada vez mais quando nos
encontrávamos como nesse momento, era como meu corpo ansiava pelo dele,
pelo que lia recentemente nos livros que dona Sandra me trouxe sobre
gravidez, como ainda continuava sem meu celular, era que os hormônios
afetavam a libido de algumas mulheres, algumas elas perdiam o desejo, em
outras, aumentava gradativamente. Percebi que era o meu caso, pois eu mal
podia vê-lo que sentia o meio de minhas pernas umedecer de tal forma que
precisava sempre me ajeitar para não me denunciar o quanto o queria.
Mas sabia que ele não faria nada comigo, isso se já não estivesse
saciando sua carne com outras lá em sua boate.
— Podemos ver com o médico se tem algum remédio que possa tomar
que não afete o bebê para dormir, já que o calmante não está sendo o
suficiente — sugeriu, parecendo preocupado com meu sono, enquanto eu
pensava em sexo.
Dio, como sou patética.
Mas entre pensar em sexo e o real motivo das minhas noites
maldormidas, preferia pensar no sexo descomunal que fazíamos, isso era o
que me ajudava a espairecer um pouco da tristeza que me tomava, lembrar
dos momentos bons que tivemos, mas infelizmente foram poucos.
Suspirei frustrada e vi que Matteo continuava aguardando uma resposta,
por isso lembrei de lhe responder:
— Sim, pode ser.
Chegamos à consulta e não demoramos nada para ser atendidos,
provavelmente por causa de quem era.
Doutor Vittorio conversou um pouco comigo, assim como meu marido
e depois de ver que me sentia bem melhor, disse:
— Bom, vamos dar uma olhada em como está esse descolamento e no
desenvolvimento do bebê?
Uma ansiedade me tomou por completo, me recordando do quanto me
emocionei a primeira vez que ouvi as batidas frenéticas de seu pequeno
coração. Matteo ainda não tinha acompanhado nenhuma consulta e o fato de
ele ter feito questão de vir, aumentava minha ânsia de que isso pudesse de
alguma forma nos reaproximar.
Isso mostrava que ele finalmente colocava a vontade de participar do
desenvolvimento de nosso bebê acima de qualquer coisa, ao invés de deixar
aquela maledetta vingança nos destruir.
— Será que já podemos descobrir o sexo? — indaguei, com evidência
ansiedade.
O doutor riu e percebi que Matt também mostrou um pequeno sorriso
no rosto, mesmo que ainda mantivesse sua pose de homem sério.
Sentei-me na maca ginecológica, sem precisar me dar ao trabalho de
subir sozinha, pois meu marido fez questão de me colocar e precisei me
conter de não agarrar seu pescoço na frente do médico pela saudade que
sentia de sentir seu perfume.
— Grazie — agradeci e o doutor levantou minha camiseta justa até
abaixo de meus seios, colocou um gel gelado na ponta do aparelho e
começou a passar em meu abdômen procurando meu pequeno mafioso.
Tinha que parar de falar como se fosse um menino, mas para mim era.
Mas eu amaria se fosse uma ragazza também, mesmo que tivesse me
equivocado em seu sexo.
Notei que Matteo observou meu corpo e suas pupilas dilataram quando
caíram em meus seios que já cresciam cada vez mais, mesmo que se
encontrassem escondidos em minha camiseta discreta, que nem permitia ver
meu decote.
Mas no momento em que ouvi aquela batida rápida invadir meus
tímpanos, nós dois voltamos nossa atenção para a tela que nos mostrava um
pequenino bebê, mas já bem maior do que a última vez que o vi.
Era impossível não me emocionar todas as vezes que o via e quando
olhei para Matteo, percebi que não era a única mexida com o que
enxergávamos. Sua mão que segurava seu queixo, completamente vidrado
naquele pequeno serzinho que não parava de dar cambalhotas dentro de meu
ventre, mesmo que não sentisse, considerando que estava próxima de entrar
no quarto mês.
— Olha que o bebê parece ser bem agitado, fica até difícil conseguir
enxergar o sexo — brincou o doutor.
Não resisti mais e puxei a mão de Matteo para as minhas, seus olhos
encontraram os meus, com pura cumplicidade quando lancei um sorriso para
ele, feliz de tê-lo finalmente comigo num momento tão importante quanto
esse.
— Consegui. — Ainda segurava as mãos de meu mafioso, mas olhei em
direção ao que o doutor apontava, em uma imagem congelada para que
conseguíssemos visualizar com exatidão.
Não conseguia entender direito o que enxergava como era tudo preto e
branco, mas uma coisa chamou minha atenção, tinha algo em pé para cima e
um sorriso se formou em meu rosto ao imaginar o que era.
— Parabéns, papais. É um garotão!
Minhas bochechas começaram até a doer com o tamanho do sorriso
sincero que finalmente dei depois de meses em meio à tristeza.
Olhei em direção de Matteo, olhando com puro encantamento e se um
dia pensei que não poderia me apaixonar ainda mais por esse homem, percebi
que me enganei, pois a maneira repleta de amor que observava a imagem à
nossa frente, apenas encheu meu coração de esperança de que um dia
conseguiríamos nos tornar uma família feliz.
— Nosso garoto! — disse, apertando minhas mãos.
— Sim, nosso garoto! — concordei, me sentindo em paz novamente.
Pelo menos por alguns minutos.
— Tenho excelentes notícias — disse o doutor, animado, rompendo
nossa bolha. — O descolamento da placenta já se normalizou, mas ainda
quero que pegue leve por enquanto, já pode voltar a caminhar um pouco, ao
invés de ficar apenas deitada. — Um alívio me tomou ao ouvir suas palavras
e percebi que os ombros de Matt também relaxaram. — Mas evite fazer
esforço e nada de relações sexuais por enquanto, ok? — orientou aos risos,
olhando de um para o outro.
Foi impossível não ruborizar com a menção do doutor, pois era o que
meu corpo mais pedia nos últimos dias, mas aparentemente não precisaria me
preocupar com isso, considerando que meu marido parecia imune a mim nos
últimos meses.
Depois que o doutor terminou de limpar minha barriga com um papel,
questionou:
— Vamos dar uma olhada nos seus mamilos?
— Mas que porra é essa, Rossi? — Matteo perguntou com um arquear
de sobrancelhas e os braços cruzados em frente ao peito, para intimidar o
médico, que apenas riu.
Não podia mentir que simplesmente adorei a crise de ciúme de meu
mafioso, talvez de fato, nem tudo estivesse perdido.
— Preciso olhar para ver se ela está se preparando da maneira adequada
para sofrer menos quando o bebê nascer — explicou com paciência.
A carranca fechada ainda se encontrava em seu rosto, mas soltou os
braços vencidos, mas não saiu de perto, o que aqueceu meu peito.
Ele terminou de levantar minha blusa para cima dos seios e puxou meu
sutiã de renda para baixo e não resisti em olhar para meu marido que teve
suas pupilas expandidas por completo com a visão de meus seios. Ele engoliu
em seco e juro que pude ouvir um gemido escapar de seus lábios, o que
aumentou minha expectativa de que ele não era imune a mim, assim como
também não era por ele.
— Você deve esfregar com as escovinhas conforme te expliquei, no
banho e quando faltar dois meses para o nascimento, te darei também uma
pomada. O maridão também pode ajudar — brincou, enquanto já ajustava
minha roupa. — Pode brincar bastante com eles, isso tudo vai ajudar para
fortalecer os bicos para a sucção do bebê.
Queria rir quando percebi o quanto as palavras do médico o afetaram,
pois era algo que seria normal entre um marido e uma mulher, que
obviamente estivessem bem um com o outro, o que não era o nosso caso.
Seus olhos caíram de novo para meus seios já compostos, engoliu em
seco e respirou fundo com visível frustração, assim como eu.
— Olhe para mim, cadela! — rosnou o soldado, enquanto desafivelava
o cinto, em seguida abriu seu zíper e tirou seu pau ereto para fora da cueca.
— Você vai me chupar com essa boquinha gostosa que parece ter e se ousar
pensar em me morder, vou fazer você encontrar com seu pai num piscar de
olhos.
Não tive tempo de assimilar suas palavras, quando pegou minha nuca e
levou até seu pau sujo, que fedia a urina em minha boca, as lágrimas
escorriam ainda mais de meus olhos e perdi a conta das vezes que cheguei a
engasgar com a brusquidão que metia em minha boca.
Depois do que pareceu uma eternidade o desgraçado gozou em minha
boca.
— Não! — gritei, me contorcendo de um lado para o outro enquanto
mais uma vez o pesadelo me invadia.
Senti braços fortes me envolverem e pedindo para me acalmar, mas eu o
queria longe. O chutava, batia nele fora de controle.
— Você não vai encostar em mim de novo, seu desgraçado! — gritei.
— Chiara! Sou eu, Matteo! — gritou, segurando meu rosto, mesmo que
eu tentasse me soltar, mas conforme ele me abraçou à força e senti aquele
perfume cítrico, misturado ao charuto e uísque que tanto aprendi a amar, fui
me acalmando e olhei ao redor, percebendo que tudo não passava de mais um
maldito pesadelo. — Xii... calma, sou apenas eu aqui. Nada de ruim vai mais
te acontecer, eu prometo!
Suas palavras foram como um calmante natural para meu peito e, aos
poucos, senti minha respiração se normalizar, assim como meus batimentos
que tinham se acelerado.
Não aguentava mais esses pesadelos, todas as noites desde que
reencontrei aquele maldito, eles apareciam com mais frequência e era tão
real, que parecia que tinha voltado há quatro anos quando tudo aconteceu.
— Desculpe te acordar... — falei, mas antes que ele conseguisse
responder alguma coisa, puxei sua camiseta para o mais próximo de mim,
considerando que ele já me abraçava e desabei em meio às lágrimas, cansada
de carregar isso dentro de mim.
— Xii... fique calma, tá? Não estava dormindo.
Senti seus dedos enxugando as minhas lágrimas e isso fez com que, aos
poucos, ela fosse diminuindo cada vez mais.
Um soluço ou outro ainda escapava de minha garganta, mas tentei puxar
conversa para tentar tirar aquelas imagens horripilantes de minha mente.
— Você ouviu lá do seu quarto?
Ainda estávamos em Palermo, mas como o resultado da consulta de
mais cedo foi bom, ele tinha comentado que pensou em voltarmos para a
Sicília para que sua mãe e até mesmo eu tivesse mais companhia, até porque
Francesca ficava se desdobrando de uma casa à outra. Por isso voltaríamos no
dia seguinte.
— Não. Estava sentado ali. — Indicou com a cabeça em direção a uma
poltrona próximo à porta de entrada.
Meu coração errou uma batida com sua confissão e mesmo que tentasse
não pensar, meu coração se avolumou de esperanças, pois ele mal entrava
aqui desde que nos separamos.
— Por quê? — questionei, curiosa, mas com medo do que diria.
— Estava pensando... — Fiquei em silêncio, esperando que terminasse
seu comentário, mas segurando minha língua para não perguntar no quê. —
Em te dar uma chance de se explicar.
Afastei-me dele por um instante para olhar em seus olhos prateados que
tanto amava.
— E vai me dar essa chance? — Engoli em seco apreensiva com sua
resposta.
Ele lambeu seu lábio inferior, enquanto seus olhos esquadrinhavam meu
rosto de ponta a ponta, como se sentisse a mesma saudade que me matava aos
poucos.
— Você vai me dizer tudo? — frisou a última palavra. — Será sincera
em cada palavra? — Nem pensei para responder e assenti com convicção
minha cabeça.
— Prometo que sim. Eu sei que deveria ter feito isso há tempos, mas...
— Então vamos deixar para ter essa conversa amanhã, antes de
voltarmos para a Sicília, tá bom? — Pensei em protestar e pelo meu rosto ele
deve ter percebido. — Nem ouse pensar o contrário, Chiara. Nosso filho
precisa que descanse e você mal tem dormido.
Ele foi se levantar e meu peito se apertou em angústia. Matteo olhou
para seu braço que segurava, esperando que dissesse algo.
— Pode dormir comigo? — pedi, em um fio de voz, mas determinada a
não voltar atrás e vi que hesitou no mesmo instante, por isso continuei meu
argumento. — Com você aqui me sinto segura, tenho medo do pesadelo
voltar.
Seus olhos demonstraram compaixão e compreensão, então ele respirou
fundo e assentiu.
Precisei conter a euforia que meu peito sentiu em não demonstrar a ele.
Fui para o lado lhe dando espaço e apesar da vontade imensa de abraçá-lo,
optei por ir com calma, do contrário, poderia colocar tudo a perder no pouco
que avançamos.
Ficamos deitados um de frente para o outro com aproximadamente dez
centímetros de distância, sem desgrudar nossos olhos, e quando senti seus
dedos acariciarem meu rosto com ternura, foi impossível impedir que um
sorriso surgisse em meu rosto, fechei meus olhos e dormi perdida naquelas
íris prateadas que tanto senti falta.
Um mês se passou desde que fui liberada de caminhar pelo jardim duas
vezes ao dia, já estava com quase seis meses de gestação.
Mas, infelizmente, não tive muito progresso com Matteo, foram raros os
momentos em que o encontrei e quando voltava a pensar nisso, o desânimo
voltava a me afundar. Minha barriga já estava bem aparente e me entristecia
que ele estivesse perdendo a oportunidade de ver seu bambino crescer por
causa do que fiz. A única coisa que mudou depois de uma semana que
comecei a sair de meu quarto, foi que ele também liberou que fizesse minha
refeição na sala de jantar normalmente, não mais apenas trancada em meu
quarto como antes. Mais uma vez me enchi de esperanças de que pudéssemos
nos encontrar na mesa e, quem sabe, nos reaproximar, mas com exceção de
duas vezes que me viu e disse que voltaria depois, não o vi mais.
Pietro continuava o mesmo comigo, aos poucos voltou ao seu normal,
pelo menos. Pensava que se seu irmão pôde passar por cima do que fiz, por
que Matteo também não o faria?
Sandra e Genevive sempre tentavam me animar dizendo que não
perdesse minha fé, mas parecia cada vez mais difícil, mesmo vendo o quanto
a situação já tinha melhorado.
O que não esperava era que depois de um mês e meio com ele me
evitando a todo custo, finalmente as coisas começariam a mudar nesse dia,
por isso, ao final da tarde, quando ele bateu à porta e entrou, enquanto lia um
livro na varanda, quase não acreditei.
As palavras fugiram de minha boca, conforme me levantei ficando de
frente para aquele que tanto amava, meu coração batia tão rápido e
descompassado que parecia que estava prestes a explodir minha caixa
torácica.
Seus olhos estavam mais fundos do que o normal, seu cabelo um pouco
maior e até a sua barba que antes era apenas um cavanhaque, cobriu todo o
seu rosto. Ele colocava as mãos em seu bolso dianteiro e parecia tão sem jeito
quanto eu, conforme seus olhos me mediam da cabeça aos pés.
Nesse dia usava apenas uma calça de legging confortável e uma
camiseta justa que deixava bem aparente minha barriga pontuda.
— Ele já cresceu bastante — comentou e não me passou despercebido a
tristeza que o acometeu, ao notar isso.
Aproveite a oportunidade, Chiara. Disse a mim mesma em
pensamentos, tentando me recompor da surpresa que me envolveu com sua
visita.
— E sinto quando ele se mexe também — comentei, demonstrando um
sorriso em meu rosto, que para minha surpresa foi retribuído.
— Isso é ótimo. — Ele caminhou pelo quarto e seus olhos foram até o
nosso porta-retrato, mas desviou o olhar rapidamente. — Queria conversar
algo com você. Sente-se, por favor. — Indicou a cama e apesar de não ter
gostado de seu tom de voz, me causando insegurança, fui até lá e me sentei,
começando a remexer minhas mãos com o nervoso.
— Sobre o que seria? — perguntei, não conseguindo evitar mostrar
minha apreensão em meu tom de voz.
— Como sua gestação está mais tranquila, estava pensando, desde
aquele dia que os rebeldes invadiram a mansão, Federico se encontra como
meu prisioneiro. — A informação me pegou desprevenida, pois pensei que já
estivesse morto. — Venho causando imensas torturas de diferentes formas a
ele, principalmente depois do que descobri o que lhe causou. Quis que
sofresse muito mais do que um dia te fez sofrer.
Sabia que suas palavras não indicavam uma reconciliação, mas saber
que ele queria vingar tudo que passei na mão daquele maledetto fez com que
aquela esperança ressurgisse dentro de mim.
— E o que queria ver comigo? — perguntei com curiosidade.
— Certa vez você me disse que falou a ele que o mataria, por isso,
queria saber se mesmo carregando nosso bambino no ventre, gostaria de fazer
isso ou quer que eu faça por você?
Um brilho surgiu em meus olhos e apesar de nunca ter desejado matar
ninguém de verdade, essa possibilidade era a que mais almejava, pois ele foi
o único que de fato despertou esse desejo insano em mim.
Não pensei duas vezes em respondê-lo.
— Com certeza, quero! — respondi, me levantando, e fiquei ainda mais
próxima dele, a ponto de sentir aquele cheiro que aprendi a amar, misturado a
uísque e charuto. — Tenho certeza de que nosso bambino entenderá sua mãe,
aquele desgraçado acabou com a minha vida, ele aterrorizou minhas noites e
se puder me vingar nem que seja um pouco, é o que mais desejo.
Um sorriso orgulhoso surgiu em seus lábios e indicou as mãos para que
eu fosse à frente.
— Então, me acompanhe, por favor.
Meu coração passou a retumbar em meu peito a cada passo que
acompanhava Matteo. Ambos estávamos quietos, em um clima tenso entre
nós ou talvez fosse a única que sentia isso, pois me encontrava com as mãos
suando em ansiedade em finalmente poder me vingar daquele infeliz.
Nos últimos meses, tentei pensar o menos possível nele e em minha
mãe, porque me sentia cansada de tudo que me fizeram passar, além do mais,
quase perdi meu filho por conta de suas ações e a maneira brusca com que me
jogou longe. Precisava parar de pensar naquilo que me fazia mal e,
definitivamente, Federico e Irene eram o caos de minha vida.
Além disso, tantos meses se passaram e minha vida continuava um
caos, que pensei que ele já tivesse morrido no mesmo dia que Irene, por isso,
meu único pensamento se encontrava em Matteo e em meu bambino, aqueles
que realmente mereciam minha atenção e esforço.
Mas saber que aquele que me aterrorizou tanto ainda se encontrava vivo
e no quanto ele me atormentou, do nojo que senti quando invadiu minha
cama no meio da noite, de ter tocado em mim enquanto me encontrava
inconsciente. Das vezes que ousou rasgar a minha roupa para seu único
deleite enquanto me açoitava. Eu o odiava tanto, que jamais perderia a
oportunidade de vê-lo sofrendo.
Chegamos ao calabouço que até então Matteo nunca havia me permitido
entrar, nem convidado a conhecer e, para ser sincera, nunca tive interesse.
Antes que começássemos a descer as escadas, ele parou à minha frente,
com um ar preocupado, que aqueceu meu coração.
— O cheiro aqui dentro é forte e como já faz alguns meses que ele se
encontra sendo torturado e remendado, talvez você não o reconheça. —
Assenti, sentindo a palpitação em meu peito acelerar mediante o que poderia
encontrar lá dentro. — Se você não aguentar, você me fala que...
— Fique tranquilo, Matt, não perderia por nada a oportunidade de vê-lo
da pior maneira que fosse possível.
Um brilho algoz tomou seus olhos e me indicou para que o seguisse.
Respirei fundo e o fiz.
O cheiro de fato era horrível e de início cheguei a ficar enjoada, mas
tampei meu nariz com a mão e continuei indo.
Depois de passarmos por um corredor estreito e pouco iluminado,
avistei o infeliz que me maltratou durante anos, sentado sobre um aparelho
pontiagudo que parecia cortar suas partes íntimas. Caso fosse com qualquer
outra pessoa, eu poderia ficar comovida com a dor descomunal que deveria
sentir, todavia, não era o caso com ele.
Percebi que aqueles olhos ardilosos, que tanto me amedrontavam
encontraram os meus e a raiva ficou ainda maior.
Olhei ao redor e notei que aquele que descobri recentemente ser meu
irmão, também se encontrava ali, acorrentado nas mãos e pernas, ambos nus,
totalmente cortados, remendados, os rostos deformados, ambos estavam
irreconhecíveis.
— Eles estão lúcidos? — perguntei a Matt que me olhava com
curiosidade.
— Sim. Pensei em cortar a língua de Federico fora, mas achei que você
pudesse querer tirar alguma informação dele.
Por isso que amava esse homem, ele sabia o que queria antes que esse
infeliz morresse.
— Sim, quero.
Leonardo, Pietro e Marco se encontravam no mesmo ambiente nos
observando. Fiquei pensando no quanto deveria ser difícil para Leonardo
enxergar o irmão, que deveria ter sido seu melhor amigo, seu companheiro,
naquela situação horripilante. Entretanto, foi o que o Alexandre procurou
para si mesmo.
— Olhe só quem apareceu por aqui... se não é a principessa da famiglia
— ironizou, com dificuldade na fala o infeliz do meu ex-padrasto.
— Não poderia perder a oportunidade de te encontrar em uma situação,
tão... — fingi pensar —, interessante, como a que está!
Ficou claro o quanto a acidez de minhas palavras o irritara, pois seus
olhos soltaram faíscas em minha direção e não resisti em devolver um sorriso
irônico.
— Sua vadia! — grunhiu, irritado, e tentou se soltar das correntes que o
prendiam naquele instrumento. — Isso é tudo culpa sua! Se tivesse feito seu
trabalho direito, esse desgraçado não estaria morto, você seria milionária e eu
comandaria a famiglia. Mas foi uma burra, deixou se envolver, imagine só
como seu pai deve tá se contorcendo debaixo do túmulo em saber que se
apaixonou pelo assassino dele... — Tentou me envenenar com suas palavras,
mas já me encontrava vacinada contra eles.
Quando fui responder, Matt puxou com força alguns pesos que tinham
em suas pernas e o grito do infeliz reverberou pelo espaço com todo o seu
sofrimento.
— Filho da puta! — gritou em completo desespero.
— Pare de mentir, seu desgraçado, do contrário, vou jogar meu peso
nessa corrente e te cortar em dois — ralhou Matteo, fiquei admirada em vê-lo
na imagem do mafioso terrível que sempre ouvi falar.
Federico engoliu em seco, com o medo assolando seus olhos e me
aproximei, segurando nas mesmas correntes que Matt havia puxado para
baixo.
— Quem matou o meu pai? — indaguei, com a voz firme, mostrando
que não me encontrava para brincadeira.
O desgraçado permaneceu em silêncio, despejando todo o seu ódio
sobre mim.
— Não vai falar? — questionei, sem paciência. — Então, tá bom. —
Puxei com força a corrente para baixo e outro gritou ecoou dele, conforme
notava seu pau ficar cada vez mais dividido. Estava praticamente pendurado e
se forçasse um pouco mais, suas bolas e aquela nojeira seria jogado longe.
— Vadia, desgraçada! — Continuei puxando, tomada pela ira, com
relapsos das imagens de tudo que senti nesses anos com o que fazia comigo.
— Foi sua mãe, caralho! Já falei, foi sua mãe.
Afrouxei a corrente, sentindo minha respiração acelerada com o que
assumiu.
— Você tá mentindo, ela não seria tão fria em fazer isso. — Mesmo
com a clareza dos pensamentos que Matt fez no outro dia, me negava a
acreditar em tamanha crueldade.
Mesmo cheio de dor, ele abriu um sorriso repleto de maldade, que me
arrepiou inteira.
— Ela era o monstro por trás de tudo — asseverou, com dificuldade. —
Quem você acha que bolou todo o plano? Foi ela quem matou seu pai
envenenado, teve a ideia brilhante de envenenar as próprias drogas que ela
mesma entregou para ele usar. — Balancei a cabeça, desacreditada que pude
viver tantos anos com uma pessoa monstruosa dessa e não ter percebido a
magnitude do que era capaz. — Seu pai era um peso para sua mãe. Ela queria
se tornar a dama da máfia, seu pai era uma besta, que não tinha ganância
nenhuma. Então ela procurou alguém que pensasse grande como ela e
fizemos acontecer o que precisava.
— E veja onde estão hoje? — ironizei, tentando conter as lágrimas que
se formavam em meus olhos. Não permitiria que elas caíssem em frente desse
infeliz. — Por que mentiram para mim?
Ele deu de ombros.
— Sua mãe sabia que era a única maneira de conseguir te convencer a
se casar com esse daí... — Apontou com desgosto para Matt, que continuava
atento a cada palavra, com mais ódio do que no início. — Ela só foi uma
idiota de acreditar que o seu ódio por ele, te impediria de se apaixonar pelo
assassino de seu pai.
— O assassino que vocês me fizeram acreditar — disse, entredentes.
Aproximei-me dele, fechando meus punhos com a ira me tomando. — Quero
que você e ela apodreçam no quinto dos infernos!
— Vou te esperar lá para terminar o que começamos, príncipes...
Antes que pudesse terminar de dizer, Matteo pegou seu rosto o trouxe
para perto com força, colocou um alicate sobre sua boca com força e puxou
sua língua com brutalidade, apenas a vi saindo num rompante pendurada no
alicate.
Arregalei os olhos desacreditada com o que enxergava.
— Desculpe, mas só eu posso te chamar dessa maneira, e se ele te
chamasse de vadia mais uma vez eu juro que o mataria.
Federico se contorcia de dor, mas só saía resmungos que deveriam ser
gritos. Sangue jorrava de sua boca e para a minha completa surpresa, não
senti a mínima compaixão com o que observava.
— Tire ele desse negócio, por favor.
Matteo estreitou os olhos, mas o fez com a ajuda de Marco e o
pendurou pelas correntes.
Federico parecia fora de órbita com a dor descomunal que deveria
sentir, mas não me importei. Olhei em seus olhos repletos de pavor e disse:
— Eu disse um dia que cortaria seu pau fora, você nunca penetrou essa
merda em mim, mas já chegou bem perto e sabe disso, por isso vou cumprir
minha palavra, antes que meu marido termine de te matar...
Peguei minha adaga, retirei de sua proteção sob os olhos amedrontados
de Federico, me aproximei daquele desgraçado lentamente e me lembrei de
quando ele se masturbou, enquanto eu dormia, fiz o que tanto almejei, enfiei
com toda a minha fúria de anos reprimida naquele nojo que carregava entre
as pernas. Gritei tanto conforme picotava seu pau, suas bolas que me
encontrava fora de mim.
Federico se remexia tanto que isso apenas me incentivou a continuar,
penetrei minha adaga em seu abdômen e quando me lembrei daqueles olhares
repletos de malícia que me ameaçavam, perfurei seus dois olhos e, por
último, pelas vezes que disse que eu o chuparia, que tentou me forçar a isso,
mas acabava me açoitando como não conseguia que eu o fizesse; comecei a
cortar sua pele em diversas camadas em cortes profundos, vendo aquele
desgraçado definhar sobre meus olhos.
Matteo segurou meu braço, fazendo com que parasse.
— Acho que já tá bom, você não pode se exaltar tanto e acho que já o
fez demais.
Assenti, grata por ele ter me dado essa oportunidade, mas não consegui
formular nenhuma frase com tudo que fiz e passei nos últimos minutos.
Olhei uma última vez em direção àqueles que me destruíram, sabendo
que com a quantidade de sangue que Federico perdia, dentro de minutos ou
horas, ele padeceria e um alívio me tomou por saber que isso aconteceria.
— Deixe que ele se vá dessa vez — pedi a Matteo, que me olhou com
compreensão e assentiu. Meus olhos vagaram até Alexandre que me olhavam
com puro espanto e terminei de jogar a bomba no ventilador. — Esqueci de te
contar uma coisa aquele dia. — Matteo estreitou os olhos, sem entender.
— Do que você tá falando?
— Foi o Alexandre quem atirou em você naquela invasão. — Os olhos
de Matteo escureceram e sabia que ele sofreria muito mais por conta disso,
mas era o que queria, o que ele merecia. — Podemos voltar para a mansão?
Seus olhos pareciam reluzir em perceber o que tinha acabado de fazer e
não me abalei, não tanto pelo menos.
— Claro. Vamos, principessa?
Um singelo sorriso surgiu em meu rosto, mediante ter usado o apelido
que sempre falou para mim e roguei aos céus que esse fosse o início de uma
possível reconciliação.
Despertei no meio da noite, sentindo o bebê inquieto em meu ventre,
quando fui mudar minha posição, não esperava encontrar Matt sentado
naquela mesma poltrona da outra noite me observando com o pensamento
longe.
Mas, dessa vez, não enxergava a mágoa habitual que costumava
perceber, ele parecia exalar a dúvida com a ruga entre suas sobrancelhas.
— Oi! — falei, sem jeito. Apoiando minha cabeça em cima de meu
braço, ainda deitada. — Não sabia que estava aqui — tentei puxar assunto.
— Depois do dia de hoje, pensei que seria melhor ficar de olho em
você, foram muitas emoções num só dia, isso poderia fazer mal para o bebê.
Assenti, concordando com ele, talvez esse fosse o motivo da agitação
do bebê. Mesmo que não tivesse me sentido afetada de fato pelo que
aconteceu mais cedo naquele calabouço.
Claro que fiquei pensando em tudo que fiz, em como a fúria tomou
conta de mim e nem me reconheci ao lembrar de meu surto com a adaga
naquele desgraçado, mas não sentia o mínimo de remorso. Na verdade,
parecia um alívio saber que finalmente realizei a verdadeira vingança e isso,
sim, era acalentador.
Resolvi me sentar apoiada na cabeceira, usava apenas um baby-doll
verde-claro de seda, como se encontrava calor nos últimos dias, ele era de
alças bem finas e bem decotado. Depois que me sentei, me lembrei das dicas
de Sandra, de usar as armas que tinha para me aproximar de Matt e mesmo
ainda sonolenta, resolvi colocá-las em prática.
— Realmente o bebê está agitado. — Coloquei a mão em meu ventre
protuberante e o acariciei. — Quer sentir ele mexer? — perguntei, olhando
em direção de Matteo que observava o movimento de minhas mãos com
pesar.
Deveria ser tudo tão diferente!
Quando ele ouviu minha sugestão, seus olhos brilharam e ele assentiu,
se levantando com apenas uma calça de moletom e uma camiseta justa no
corpo. Fui mais para o lado, ele se sentou ao meu lado, olhou em meus olhos
parecendo inseguro de fazer esse contato tão próximo, mas depositou sua
mão sobre minha barriga.
Sabia que deveria ser um gesto inocente entre nós, mas a minha saudade
era tão imensa que meu peito galopava em minha caixa torácica, o local que
tocou parecia incendiar mesmo que fosse sobre a roupa. Sonhei tanto com
esse momento, que não consegui descrever a alegria que finalmente senti.
Um sorriso de felicidade surgiu em meus lábios por finalmente sentir
seu toque em meu ventre. Alcancei sua mão e levei até o outro lado, fazendo
com que seu braço quase envolvesse minha barriga toda, pois o bebê chutava
naquele ponto e não arredei meus olhos ao observar cada detalhe de seu
rosto. Quando meu pequeno jogador de futebol chutou com força, um riso
anasalado saiu de Matt e seu rosto sério se transformou em pura alegria, algo
que nunca mais tinha presenciado, desde aquele maldito dia.
— Nossa, que chute forte! — falou, surpreso com seu primeiro contato.
— Sim, nosso bambino será um excelente jogador de futebol —
brinquei.
Ele continuava observando minha barriga com afinco e como se nosso
pequeno exibido sentisse a presença de seu papà pela primeira vez tão
próximo, não parava de se remexer.
— Acho que ele está sentindo a sua presença.
— Será? — perguntou, inseguro, nem parecia o mesmo mafioso que
emanava segurança.
— Acho que sim, dizem que eles sentem, conversar com eles também
ajuda, para quando nascer já reconhecer quem somos — esclareci. — Sua
mãe, Francesca e os livros de maternidade dizem isso pelo menos —
brinquei, mordendo meu lábio inferior, sentindo meu peito tão acelerado com
o singelo toque e proximidade entre nós.
Seus olhos caíram sobre meus olhos e ele engoliu em seco, desviando
sua atenção de volta para meu ventre.
— Ei, bambino, você tá querendo bagunçar com seu papà, é? — Outro
chute forte foi depositado em sua mão e a gargalhada de Matt ecoou pelo
quarto, fazendo com que minhas bochechas começassem a doer de tanto que
também sorria.
— Parece que sim, bagunceirinho — comentei, ao acariciar ao lado da
mão de Matt, seu olhar brilhava ao encarar os meus pela primeira vez em
meses e sorri em sua direção, contendo minha mão para que não fosse até seu
rosto e o acariciasse.
— Você precisa deixar sua mamá descansar um pouco, agora não é hora
de ficar brincando, sabia? — disse, com o rosto próximo de minha barriga, se
sentindo mais à vontade, sem desgrudar nossos olhos.
Como se entendesse o que seu pai pediu, ele se remexeu mais um pouco
e ficou quieto, fiquei espantada com a conexão forte que já tinha com o nosso
bambino.
— Pelo visto ele entendeu o que pediu.
Matt acariciava o ponto em que se mexia antes, como se acariciasse o
próprio bebê e sorriu, completamente satisfeito ao perceber o mesmo que eu.
— Parece que sim — comentou, percebendo que havia baixado a
guarda por causa do bebê e ficou nítido o momento que voltou a levantar seus
muros contra mim de novo, em questão de segundos.
Uma tristeza começava a me envolver ao perceber os passos para trás
que dávamos, mas não aceitava regredir de novo, mesmo sabendo que
deveria ser paciente.
Quando ele foi se levantar para ir embora ou voltar a poltrona que
sempre ficava, segurei seu braço.
— Fica aqui comigo — pedi, sem me importar de parecer desesperada
por qualquer migalha que fosse possível.
— Não sei se seria uma boa ideia — disse com insegurança, ao descer
seus olhos de meu rosto para meus seios, mas da mesma maneira que desceu,
subiu rapidamente de volta para os olhos.
Ele ainda me queria. Era o que percebi quando suas pupilas dilataram
ao notar meu corpo.
Meus seios haviam crescido consideravelmente depois da gestação e a
camiseta do baby-doll que usava não escondia nenhum pouco essa questão,
considerando que ainda não tinha comprado novas.
— O bebê ficou mais calmo com você perto — disse, sem me importar
de usar nosso bambino para uma possível reaproximação, mesmo que não
tivesse mentido, porque de fato ele se acalmou depois que sentiu a presença
de seu papà.
Seu olhar dizia que sabia o que fazia, pois olhou para baixo para
esconder o sorriso que tentava surgir em seus lábios, por isso sorri
descaradamente em sua direção e fui sincera.
— Não estou mentindo, ele estava agitado, por isso acordei. Depois que
você o tocou, ele ficou mais calmo, talvez esteja se sentindo mais seguro,
assim como eu.
Ele umedeceu seus lábios, respirou fundo e soube o momento que venci
essa batalha, pois voltou a se ajeitar em seu lugar.
Deitamos frente a frente, mas queria que ele segurasse em meu ventre,
por isso, com toda a minha cara de pau, virei de costas e me encaixei em seu
corpo, peguei seu braço ouvindo um gemido escapar de seus lábios e
coloquei sobre minha barriga.
— É pelo bebê, Matt — menti, descaradamente, com um sorriso
travesso no rosto, que ele não poderia ver.
Ele afastou sua virilha que começava a inchar em meu quadril, pegou
um dos travesseiros e colocou entre nossos corpos, me deixando
completamente frustrada.
Olhei em sua direção sem me importar de deixar claro que gostei nada
do que fez e para minha surpresa ele sorria, sabendo o que tramava de início.
— Não força a barra, Chiara! Um passo de cada vez.
Confirmei e deitei minha cabeça no travesseiro, não tão satisfeita se
tivesse seu corpo colado ao meu, mas sentindo uma grande esperança tomar
conta de mim, por tê-lo ali ao meu lado, com sua mão acariciando meu
ventre.
Precisava ser paciente, depois de meses, ele finalmente se permitiu dar
um passo em minha direção, mesmo que não tivesse sido por mim, mas por
nosso filho, no entanto, poderia ser o início de um recomeço, por isso, resolvi
aceitar e me contentar com o passo que demos.
Sua presença me acalmava, o carinho de sua mão aquecia meu peito e,
aos poucos, o sono começava a dar as caras, por isso, antes que adormecesse,
disse, sem saber se ainda se encontrava acordado e ouviria:
— Sinto sua falta, Matt!
Ele suspirou frustrado por um instante e soube que ouviu minha
declaração e fiquei satisfeita por isso. Quando quase dormia depois de alguns
minutos, ouvi-o dizer, ao acariciar levemente minhas mechas de cabelo.
— Também sinto a sua falta, carino.
Ouvindo isso, um sorriso se formou em meus lábios e adormeci, em um
sono profundo, como há tempos não acontecia. Em meu sonho apenas
enxergava aquelas íris prateadas e sentia meu peito repleto de esperança de
que ele ainda seria meu mais uma vez.
Katarina, mais conhecida como Kit Kat ou Kat, é uma linda pediatra bem-sucedida, estruturada
financeiramente e determinada. Entretanto, extremamente traumatizada com homens. Seu sonho
sempre foi ser mãe, mas em decorrência de um trauma o seu sonho está cada vez mais distante.
Em meio a todas essas transformações, Derek surge em sua vida, um lindo homem que parece ser mais
um deus grego do que uma pessoa em si, ao conhecê-lo a química entre eles é mútua, mas Kat não quer
nenhum envolvimento que atrapalhe seus objetivos. Ainda mais com uma pessoa que não busca
relacionamentos, assim como ela.
Derek, com seus lindos olhos azuis e seu corpo escultural, faz um grande sucesso com o mulherio, um
excelente engenheiro civil e sócio da empresa DM Arquitetura e Construções, um ótimo pai e um
tremendo cafajeste. No entanto, tudo muda quando ele conhece a Katarina. Ao mesmo tempo em que
nele é despertado o instinto de caça, nela é aflorado o de fuga.
Quando o destino intervém brincando com a vida dos dois, será possível resistir a química que os
envolve?
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RENASCE UM CORAÇÃO
SÉRIE JOGOS DO DESTINO – VOL. II
Sofia é uma pediatra bem-sucedida, que adora ouvir sertanejo e tem como filosofia de vida o famoso:
pegar sem se apegar.
É uma mulher guerreira, que luta com afinco para alcançar seus objetivos. Possui um grande instinto
protetor com todos aqueles que ama.
Ela gosta de curtir a vida, sua vontade sempre é absoluta. Sua única regra é não sair mais de uma vez
com o mesmo homem.
Anthony é um consultor de investimento, lindo, educado, roqueiro e ainda luta jiu-jitsu. No entanto, um
deslize no passado faz com que todos o enxerguem como vilão.
Eles se conhecem em um momento inusitado, sem imaginar que fazem parte do mesmo círculo social.
O problema é que Sofia tem dificuldade de confiança. Enquanto Thony exala desconfiança.
Ambos possuem segredos obscuros e buscam uma solução.
É possível dois corações quebrados aprenderem a amar?
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ACORDO POR CONVENIÊNCIA
SPIN-OFF DE ANTES DE VOCÊ CHEGAR
Ana Luíza é uma mulher batalhadora, alegre e que sempre carrega um sorriso no rosto, mesmo com
uma vida tão difícil. Depois de ter tido sua vida virada de cabeça para baixo, ela tenta se desdobrar para
conseguir alcançar seus sonhos e objetivos. Como se não tivesse problemas suficientes, ela recebe uma
notícia que faz seu mundo desmoronar.
Gustavo é um cirurgião cardiotorácico, que exala confiança e arranca suspiros por onde passa. Ele tem
tentado esquecer os erros cometidos em seu passado, mas nunca conseguiu se perdoar pelos mesmos.
Seu objetivo passou a ser exclusivamente sua carreira, como perdeu alguém importante em sua vida.
Ele e Ana Luíza se conhecem de maneira inusitada e o que era para ser um ato de caridade, se torna um
casamento por conveniência. Eles só não esperavam que a atração entre ambos pudesse vir a atrapalhar
o acordo firmado inicialmente.
Será que Ana Luíza e Gustavo conseguirão vencer seus próprios medos e encontrarão uma luz no fim
do túnel?
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UM REENCONTRO INESPERADO NO NATAL
LIVRO ÚNICO
Lily é uma arquiteta renomada da cidade de Chicago, que tem por sua vida, apenas seu trabalho.
Ao ponto de não dar mais atenção às festas de fim de ano. Sendo uma época que sempre adorou quando
morava em Amarillo, Texas – a cidade em que seus pais moram.
Após um ocorrido inesperado, Lily percebe que ficará completamente sozinha.
Por isso, aceita o insistente convite de sua mãe para viajar e passar ao lado de sua família. Mesmo
receosa, ela compra sua passagem e decola para o lugar que fugiu por anos.
Lily, só não esperava reencontrar seu ex-namorado de adolescência, ainda mais bonito e atraente.
Seria possível ela ganhar uma nova chance de refazer suas escolhas?
Será que uma viagem indesejada, pode lhe dar um amor de Natal?
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Mais uma vez, agradeço a Deus em primeiro lugar, por me capacitar e
dar criatividade para chegar até aqui.
A todos que de alguma forma participaram da chegada de Matteo.
Meus pais, marido e filhos por me aguentarem com meus momentos de
estresse, muitas vezes tendo que deixar de lado minhas obrigações de casa
para finalizar minha história.
Minha revisora, Patrícia, e Layce por terem me incentivado a entrar no
mundo da máfia, sinceramente, não imaginei que conseguiria escrevê-lo e
aqui estou nos agradecimentos, muito obrigada por terem acreditado em mim.
As minhas betas lindas, que estão comigo desde meu relançamento, me
aturando, com meus surtos (e surtando muito também haha), inseguranças e
sendo sempre meu termômetro para vocês, queridos leitores.
As parceiras também só tenho a agradecer, por me ajudarem a levar
essa linda história até vocês, em especial a Manu, Camila e Silmara, que
sempre me ajudam desde o início de tudo.
Por último, mas não menos importante, a vocês, meus amores, que
chegaram até aqui, é sinal de que finalizaram a leitura e só tenho a agradecer
por terem dado uma chance de conhecê-los, espero de todo meu coração que
tenham se apaixonado e surtado muito, assim como eu, minhas betas e
revisora.
Se continuo insistindo nessa empreitada, mesmo que em alguns
momentos pense em desistir, são graças a vocês que não o faço.
Amo vocês, um beijo e até o próximo surto literário.
[1]
Merda.
[2]
Tudo bem!
[3]
Minha menina.
[4]
Carino – Gracinha em italiano.
[5]
Cariño – gracinha em italiano.
[6]
Mio caro - Meu querido em italiano.
[7]
Dispositivo de tortura, conhecido como Berço ou cadeira de Judas.
[8]
Obrigada!
[9]
Por favor.
[10]
neto