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Direitos autorais © 1ª edição - 2023 Valéria Veiga

ISBN 978-65-00-38278-5
1. Cartéis 2. Erotismo na literatura 3. Ficção brasileira 4. Máfia I.
Título II. Série.
1. Ficção: Literatura brasileira B869.3
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

Design da Capa: Lana Tyler


DI 1891354438
Diagramação: Valéria Veiga
Revisão: Danielle Oliveira

Texto em conformidade com as normas do NOVO ACORDO


ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA (Decreto Legislativo
Nº 54 de 1995).

Todos os direitos reservados

Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios.


Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é
coincidência e não é intencional por parte do autor.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou armazenada
em um sistema de recuperação, ou transmitida de qualquer forma
ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou
outro, sem a permissão expressa por escrito da editora.
Série Sweet Risk

​ série Sweet Risk é uma série de máfia invertida, onde as


A
mulheres têm suas vozes respeitadas e ditam as regras do jogo.
​A máfia é o pano de fundo, já que a história central gira em torno
do romance entre os casais, lembrando sempre que as mulheres
são as donas da porra toda nessa série.
​A Tentação do Mafioso foi lançado pela primeira vez em
junho de 2020, com o título Dante Cosa Nostra. Ele volta agora com
novo título, capa e revisão, ficando adequado ao meu momento
atual como escritora, que mudou muito nesses três anos que se
passaram.
Você pode ler os livros da série separadamente, mas a série
Sweet Risk segue uma sequência, então você vai pegar spoilers e
referências dos livros anteriores.
Os personagens da série participam de todos os livros.
​ u recomendo que o leitor leia os livros em ordem, para uma
E
melhor compreensão da história, já que a série se passa em doze
anos, divididos em cinco livros.
Esse livro foi lançado pela primeira vez em junho de
2020, com o título Dante Cosa Nostra. Ele volta agora com
novo título, capa e revisão, ficando adequado ao meu
momento atual como escritora, que mudou muito nesses três
anos que se passaram.
Boa leitura!
Capítulo 01
Isabella Marino

Apesar de ter sido criada nos moldes da máfia, essa jamais seria a
vida que eu escolheria para mim. Fui orientada desde cedo para ser
uma esposa troféu e achava isso tudo muito injusto.
Aos quatorze anos, fui enviada para um colégio interno e só
ia para casa nas férias. Quando saía, era para comparecer a algum
evento da máfia e sempre estava cercada de seguranças.
Em um desses eventos, quase fui morta, mas Nina Cosa
Nostra me salvou. Sinceramente, antes ela tivesse me deixado
morrer!
Uma semana depois daquele casamento, voltei para o
colégio interno, onde moraria até completar meus estudos, que, na
verdade, não me serviriam de nada, uma vez que meu pai anunciou
que tinha firmado um compromisso de noivado para mim e que eu
me casaria com Dante Cosa Nostra.
Aquele homem dava medo só de olhar e não falava com
ninguém, a não ser para dar ordens ou mandar matar. Meu pai disse
que era uma honra me entregar para ele e que eu seria a mulher
mais importante da máfia.
Apesar de ter o título de esposa do Capo di tutti capi,
importância eu não teria nenhuma. Eu viveria debaixo das ordens de
um marido tirano.
Seis anos depois, eu estava na frente da minha casa, com
minhas malas na mão e pronta para cumprir o meu destino.
Só de pensar nesse casamento arranjado e no fim do meu
sonho de ser médica, várias lágrimas deslizam pelo meu rosto e
uma dor profunda esmaga meu coração.
Sem escolha, obriguei-me a caminhar para o interior da
minha casa, algo dentro de mim dizia que minha vida tinha acabado.
De acordo com as leis da máfia, eu pertenceria ao meu marido e
não sabia se teria permissão para visitar minha mãe.
Desde criança, fui treinada para ser a filha e a esposa
perfeita. Eu seria uma espécie de fantoche nas mãos do meu
marido, que me exibiria em forma de troféu.
Regra número 01: qualquer ordem do seu marido não deve
ser questionada se você quiser continuar viva.
A máfia era uma sociedade machista, secreta e silenciosa.
Tudo que acontecia dentro dela morria, literalmente, dentro dela.
Porém, ser criada longe me fez conhecer outras culturas. Por isso,
não tinha como concordar com a forma humilhante com que as
mulheres eram tratadas na organização em que nasci. Logo, com
certeza, eu morreria, uma vez que não tinha como escapar, afinal,
quando queriam, encontravam quem eles quisessem em qualquer
lugar do mundo.
Essa, sim, era uma sociedade sombria e criminosa, na qual
se matava por poder e riqueza.
E o papel da mulher na máfia? Além de estátua e fantoche,
era ser procriadora e dona de casa. Também precisava ser perfeita
e submissa, e sua reputação até o casamento deveria ser
impecável.
O que aconteceria se a mulher falhasse? Seu destino eram
os prostíbulos da “Família”.
Estas lições eram aprendidas desde o berço, ou seja, desde
quando nascia alguma mulher na máfia: mantenha-se virgem ou
servirá de fonte de renda nos clubes como prostituta.
Em outras palavras, porém de forma bem clara: seja
submissa, idiota, muda e você sobreviverá.
Eu não vivia assim no colégio interno, pois não sabia seguir
regras. Por isso, tinha muito medo do que me aguardava nesse
casamento.
Quando entrei em casa, tudo estava igual e silencioso como
sempre.
Minha mãe, quando me viu, correu para me abraçar, e é claro
que ela não sabia da minha chegada, visto que os homens não
costumavam dar satisfação às suas mulheres.
Meu sonho de ser médica estava destruído, pois eu seria
uma pessoa sem voz como a minha mãe.
— Isabella, minha filha, que bom que você chegou!
Finalmente você vai se casar e eu vou ser sogro do Capo dos
capos. Seu noivo não quer que você fique andando pelas ruas.
Portanto, vá para o seu quarto, que amanhã ele vai mandar os
seguranças dele acompanharem você e a sua mãe na escolha do
vestido de noiva.
— O Capo enviou um presente de boas-vindas, que eu deixei
na sua cama — minha mãe falou sorrindo, e eu subi desanimada
para o meu quarto.
Na minha cama, tinha uma caixa de veludo com um lindo
anel de brilhantes e um bilhete.

“Coloque este anel e não esqueça que você pertence a


mim!”
Dante Cosa Nostra

Arrogante! Como ele ousa me enviar um bilhete dizendo que


era meu dono?
Só não joguei o anel longe porque levaria uma surra do meu
pai.
Então, coloquei aquela porcaria no dedo e jurei para mim
mesma que não abaixaria minha cabeça para o meu marido. De
algum jeito ele teria que aprender a me ver como gente e não como
um enfeite da sua casa.
Capítulo 02
Isabella Marino

​Amanheceu e eu não sentia vontade de sair da cama e enfrentar o


meu destino. Eu não tinha escolha, mas me casar com Dante estava
fora dos meus planos. Que sorte a minha! Eu me casaria com o
Capo dos capos, um homem arrogante, que me enviou um bilhete
“super-romântico”, dizendo que era meu dono!
​— Isabella, você ainda está deitada? Daqui a pouco o carro do
seu noivo chega para nos buscar — minha mãe falou, puxando as
minhas cobertas e quase me jogando para fora da cama. — Tome o
seu banho e fique bem linda! Não se atrase, ou seu pai vai ficar
furioso, e, se não brigar com você, vai descontar a raiva toda em
mim.
​Nessa hora, olhei para minha mãe e só consegui sentir pena da
vida que ela levava com o meu pai. Não podia falar ou dar opinião e
ainda morria de medo de ser agredida. Por causa dela, que eu
amava tanto, empurrei meu próprio corpo até o banheiro e me
obriguei a ficar linda como se eu estivesse feliz.
​Escolhi uma roupa básica e clássica, estilo “mulheres da máfia”,
para agradar minha mãe. Ela se encheu de orgulho quando me viu
em um vestido preto rodado, que ia até a altura dos joelhos, com um
scarpin nude.
​— Você está linda, minha filha! A verdadeira primeira-dama da
Cosa Nostra!
​Respirei fundo quando escutei minha mãe falar isso, enquanto
ela suspirava de emoção e orgulho. Para os meus pais, não havia
honra maior que ter a filha ocupando a posição máxima na Máfia
Mãe.
​ inutos depois, escutei um barulho e, pela movimentação de
M
carros e seguranças que dava para ver do lado de fora, soube que o
veículo que vinha me buscar havia chegado.
​Quando minha mãe abriu a porta, sorri feliz ao ver que Nina
Cosa Nostra estava na minha casa e tinha vindo me acompanhar na
escolha do vestido de noiva. Eu admirava a coragem dela por se
casar com o Demônio da Cosa Nostra e não se deixar intimidar por
ele.
​— Nina! Que alegria ver você na minha casa! — exclamei e corri
para abraçá-la.
​— Senhora Cosa Nostra, quanta honra! — minha mãe falou,
fazendo uma reverência para Nina, que fez um sinal para indicar
que aquilo era desnecessário.
​Vendo essa cena, comecei a imaginar que as pessoas seriam
assim comigo, cheias de bajulação por respeito e por medo do meu
marido. Logo, não conseguia me imaginar casada com Dante.
​— Eu vim te acompanhar na escolha do vestido de noiva! Você
está ansiosa com os preparativos do casamento? Eles me
mandaram organizar tudo, mas quero a sua opinião, afinal, esse dia
tem que ser especial para você!
​— Obrigada! Eu não estou ansiosa, mas saber que vou poder
decidir alguma coisa da cerimônia já é mais animador.
​Quando eu disse isso, vi que o olhar da minha mãe mostrava
claramente que ela reprovava cada palavra minha. Mesmo assim,
não me importei, afinal, já estava me casando como eles queriam e
essa era minha obrigação para com a Família, segundo meu pai.
Então, pelo menos, eu me reservava o direito de não me mostrar
confortável e feliz com esse compromisso.
​Por fim, entramos no carro com Nina, a alegria e a descontração
dela me fizeram sorrir e me sentir entre as minhas amigas do
colégio interno, que eram normais.
​Quando chegamos ao ateliê, que, é claro, era de alguém da máfia
também, porque tudo ali era feito entre eles, não pude disfarçar a
minha cara de infeliz.
​— Você não gostou desta loja? Tem uns vestidos bonitos aqui
que eu andei pesquisando... — Nina indagou.
​ Você é feliz? — perguntei. — Deve ser porque você não foi

criada no nosso meio e se casou com um Cosa Nostra. Eu nasci na
máfia, mas passei anos no colégio interno e não concordo com as
regras que me obrigam a me casar com Dante.
​— Muito antes de Dante propor o meu casamento com Lorenzo,
em troca de alianças, o meu coração já tinha o escolhido como
marido. Eu não fui criada para ser uma esposa troféu, e não sou —
ela respondeu, rindo. — Aconteceram tantas coisas nesses quase
seis anos em que estou casada com Lorenzo que você nem
imagina! Eu aprendi a ceder um pouco para ser mais feliz com o
meu marido. Nós temos um filho lindo, e Lorenzo é um pai muito
amoroso. Da porta para fora, ele é o Demônio da Cosa Nostra, mas,
em casa, é o meu marido e o pai do meu filho.
​— Eu não amo Dante! Na verdade, eu só o vi uma vez naquele
seu jantar de noivado. Naquela festa de casamento em que você
salvou a minha vida, eu o vi de longe e senti medo. Até olho
algumas fotos que ele posta no Instagram, em que finge ser apenas
o dono de um vinhedo — falei, rindo. — Dante é muito bonito, mas
eu não gosto de saber que ele pensa que vai ser meu dono.
​— Dante realmente exala poder e medo quando a gente olha pra
ele — Nina frisou. — Acontece que ele é o Chefe de tudo, e,
querendo ou não, temos que respeitar isso. Também não concordo
com essas leis da máfia. Mas quem somos nós para discutir isso?
Mesmo assim, tenha em mente, Isabella, que você merece respeito
e vai ser a esposa de Dante. Querendo ou não, as pessoas vão te
olhar diferente por isso, e, a partir de agora, o peso dessa posição
vai cair sobre você. Tente, de algum jeito, ser feliz, já que você não
pode mudar seu destino. Ou pode?
​— Não, eu não posso! Vocês nascem livres para escolher o que
querem das suas vidas, porém, na nossa sociedade, nascemos para
obedecer aos nossos pais e depois aos nossos maridos. Mas você
tem razão! Já que não tem jeito, vou escolher, pelo menos, o vestido
dos meus sonhos.
​Andei pela loja, olhando todos os modelos e percebendo o olhar
de despeito das vendedoras. Uma delas parecia ter raiva de mim, e
eu bem podia imaginar o motivo: meu noivo. Todas queriam a
posição que eu ocuparia, e, com a fama de mulherengo, não
duvidava que aquelas ali tivessem passado pela cama dele.
​— Eu quero esse — falei, apontando para um vestido, e Nina
mandou que o trouxessem para que eu pudesse experimentar e, a
partir daí, acertar o meu tamanho e tudo que fosse preciso para que
ele ficasse perfeito.
​Quando vesti aquele vestido de princesa e me olhei no espelho,
foi impossível não deixar as lágrimas rolarem. Sempre havia
sonhado em me casar e, nos meus sonhos, eu encontraria meu
príncipe encantado, que me levaria com ele em uma fuga para um
reino distante.
Capítulo 03
Isabella Marino

Quando saímos da loja, Nina me convidou para almoçar e


perguntou à minha mãe se ela se importaria com o fato de ela me
roubar pelo resto do dia.
— Imagina, Senhora Cosa Nostra! É uma honra saber que a
senhora quer a companhia de Isabella! — minha mãe respondeu
como se Nina fosse a Rainha da Inglaterra e eu, uma pobre plebeia
sortuda, que viveria um dia de princesa.
Dava para perceber que Nina não gostava daquela bajulação
toda em torno dela, e eu estava até com vergonha da minha mãe,
que tinha passado a manhã toda concordando com tudo que ela
falava.
Nina pediu que um dos seguranças levasse a minha mãe
para casa, e nós duas fomos almoçar à vontade.
— Eu percebi que você estava sufocada — Nina falou,
sorrindo para mim. — Você não me parece muito à vontade com
todas essas regras e títulos da máfia.
— Não mesmo — afirmei e respirei fundo, sorrindo para Nina.
— No meu colégio, eu era livre, podia ser uma pessoa normal. Claro
que eu respeitava as regras de não ter ninguém antes do meu
casamento e não saía com nenhum rapaz como faziam as minhas
amigas. Na faculdade, era pior, porque não existiam as regras de
um colégio, já que éramos maiores de idade, mas, mesmo assim,
era como se eu ainda tivesse quinze anos. Ia sempre para o meu
dormitório depois das aulas.
— Eu me preocupo porque Dante não é flexível e, se ele
perceber que você tem muitas ideias liberais, vai surtar — Nina diz,
rindo, me deixando com medo, porque ela estava certa, eu teria que
aprender a me controlar.
— Acho que eu falo um pouco demais e isso vai me causar
problemas.
— Você tem que ser você mesma. Não vejo como alguém
poderia fingir um comportamento por vinte e quatro horas.
— Você acha que ele vai me bater? — perguntei, assustada.
— Eu espero que não! De verdade, fico torcendo para vocês
serem felizes.
— Felizes? Ele nunca quis me conhecer. Estamos noivos há
seis anos e Dante nunca me procurou ou mandou uma mensagem
de texto. Eu o acompanho sempre pelo Instagram, acredita que ele
nunca curtiu uma foto minha?
Nesse momento, eu nem quis comentar o fato de que, nos
stories, ele estava sempre com uma mulher diferente. Dante e
Giancarlo posavam de CEOs do vinho. Algumas amigas minhas
falavam sobre eles serem gostosos e não imaginavam quem os dois
eram de verdade, muito menos que eu me casaria com um deles.
Meu noivo era gostoso, e isso não tinha como negar. Seu
olhar de predador e sua cara sempre amarrada o deixavam com
“um ar sexy de homem com pegada”, como diziam minhas amigas.
Eu até sentia um pouco de ciúmes quando elas falavam assim dele
ou brincavam ao dizer que Dante era um solteirão com quem elas
casariam sem pensar.
— Amanhã, no seu jantar de noivado, vocês terão um contato
mais próximo, isso será bom — Nina diz, deixando-me surpresa
com a notícia, mas preferi fingir que isso não era novidade para
mim.
Depois do almoço, fomos dar umas voltas pelas ruas de Nova
Orleans, e, quando ela me deixou em minha residência, eu estava
bem mais leve.
No entanto, ao entrar em casa, minha alegria acabou assim
que vi a cara feia do meu pai, que parecia estar sempre com raiva
da vida.
— Quando vocês iam me contar sobre o meu jantar de
noivado amanhã? — pergunto, olhando para os meus pais.
— Vá para o seu quarto, que eu não lhe devo satisfações!
Amanhã esteja pronta ao anoitecer para rever o Capo di tutti capi e
os nossos convidados!
Como meu pai tinha essa personalidade, só dizia o que
achava necessário e, quando não gostava de alguma coisa que eu
ou minha mãe falávamos, ele nos mandava nos calar e sumir da sua
frente.
— Eu tenho direito de saber sobre o meu noivado! — insisti, e
ele me segurou pelo braço.
— Quero ver quanto tempo essa sua arrogância vai durar
com o seu marido — ele falou com um tom irônico e me empurrou
em direção a escada. — Já mandei você subir! A ordem do seu
noivo é para que você não saia de casa e a minha é para que você
não saia do quarto!
Por fim, subi as escadas e me tranquei no meu quarto. Sentei
na minha cama, abracei as minhas pernas e chorei.
Olhando pela janela e para o céu, pensava no que seria da
minha vida.
Cansada de lamentar, peguei meu celular e abri o meu
Instagram para me distrair um pouco e conversar com as minhas
amigas. Eu precisava de um pouco de normalidade na minha vida.
Estava começando a curtir as publicações quando recebi uma
notificação informando que o meu noivo havia postado uma foto
nova.
Fui até o Instagram de Dante e me deparei com uma foto
linda dele. Meu noivo era muito bonito! Sinceramente, me irritava o
fato de saber tudo sobre ele, enquanto eu era uma desconhecida, a
qual ele nunca se importou em conhecer. Curiosa, fui olhar os
stories e vi imagens dele em uma boate de Nova Orleans. O achava
ridículo por postar, de vez em quando, coisas normais para passar
uma imagem que estava bem longe da realidade. Por um instante,
meu coração disparou quando vi uma mulher agarrada no pescoço
de Dante e a única coisa que fiz foi atirar o celular longe.
Angustiada, eu me deitei chorando – de novo –, abraçada
com meu travesseiro. Peguei no sono e acordei com a minha mãe
batendo à porta do meu quarto. Levantei, já me preparando para
mais uma rodada de assuntos sobre o meu noivado, mas ela só
queria me entregar uma bandeja com chá e torradas.
— Você ficou trancada no quarto desde que chegou, achei
que fosse gostar de um chá com aquelas torradas integrais que
você tanto ama — minha mãe falou enquanto entrava e colocava a
bandeja na minha cama. — Eu sei que você está ansiosa com esse
noivado e o casamento que já é daqui a dois meses...
— Eu não estou ansiosa com nada! Não sei se a senhora se
lembra, mas sou uma prisioneira nesta casa. Não tenho direito de ir
e vir.
— Você sempre é rebelde e desafiadora. Eu sabia que essa
ideia de colégio interno só ia piorar as coisas e te fazer questionar o
que não pode ser mudado — minha mãe opinou e deu um beijo na
minha testa e saiu em silêncio, fechando a porta.
Para minha mãe, era tão normal ser obediente ao marido e a
sua ditadura medieval.
Depois de uma noite em que não dormi quase nada, acordei
para enfrentar o dia do meu noivado. Fui procurar o meu celular, que
estava jogado no chão, e abri novamente o Instagram. Felizmente,
não tinha nenhuma novidade sobre Dante, o que me fez ficar calma.
A rotatividade de mulheres na vida do meu noivo me incomodava
demais. Eu não tinha experiência nenhuma, e, com certeza, ele me
acharia sem graça perto daquelas mulheres experientes.
Pensei em me afundar na cama novamente, mas, em vez
disso, resolvi ter um dia de princesa e me cuidar para deixar o meu
noivo babando quando me visse e ficasse arrependido por nunca ter
se importado comigo.
Capítulo 04
Isabella Marino

A noite chegou e eu já podia escutar vozes no andar de baixo e


perceber uma forte movimentação de carros no jardim. A festa do
meu noivado estava começando e eu me arrumava para o teatro
que seria tudo aquilo.
Minha mãe separou um vestido clássico e sem graça para
mim, mas optei por um vestido nude todo colado no meu corpo,
realçando as minhas curvas. Coloquei um batom vermelho bem
forte e passei um delineador, marcando bem os meus olhos.
Quando me vi no espelho, sorri para minha imagem refletida, me
senti linda e poderosa, tendo controle das minhas emoções. Na
verdade, precisava disso naquela noite.
Comecei a descer as escadas e vi quando Dante veio se
aproximando. Estava lindo, vestindo um terno preto que parecia
clássico, mas realçava todo o seu porte musculoso. Ele tinha um
olhar de superioridade e de dono do mundo. Apesar de tudo, queria
entender de onde alguém tirou a ideia de que eu seria uma boa
esposa para esse arrogante! Quando ele esticou o braço e segurou
a minha mão, senti como se eu tivesse levado um choque, meu
corpo ficou todo arrepiado. Eu queria disfarçar minhas emoções,
mas vi pelo seu olhar convencido de que ele tinha percebido o que o
seu toque havia provocado no meu corpo.
— Boa noite, Senhor Cosa Nostra — cumprimentei para
mostrar a minha indiferença. — É um prazer conhecê-lo. Espero que
se sinta à vontade na minha casa.
Para mim, Dante era um estranho e apenas uma visita.
— Senhorita Marino — Dante falou, estreitando os olhos e
me analisando da cabeça aos pés —, ou melhor, Isabella — ele
continuou beijando a minha mão e meu corpo ficou todo arrepiado
novamente —, você é tão fria nas palavras — ele disse, apertando a
minha mão. — Já o seu corpo parece pegar fogo só com o meu
toque.
Engoli em seco ao ouvir aquelas palavras e fiquei com
vergonha de ser tão idiota.
— Saiba que só peguei na sua mão por educação, Senhor
Cosa Nostra.
— Que belo casal, vocês não acham? — meu pai se
aproximou falando alto e querendo mostrar para todos que a filha
dele era noiva do Capo dos capos.
Dante não sorriu, nem deu confiança para o meu pai puxa-
saco. Pelo menos, disso eu gostei nele. Meu pai estava me usando
para ganhar posição na máfia, como se eu fosse uma moeda de
troca.
— Podemos conversar um pouco, Senhor Cosa Nostra? —
perguntei, olhando em seus olhos.
— Claro que sim! — ele respondeu, sem mover um traço em
sua expressão facial séria e sombria.
Como meu pai queria me exibir para todos como a noiva do
ano, ele me puxou na intenção de me arrastar pelo salão, sem se
dar conta de que eu estava conversando com Dante. No entanto, fiz
força para ficar parada no mesmo lugar, e, ao ver a minha atitude,
seu olhar para mim foi de fúria.
— Eu estou conversando com o meu noivo, meu pai — falei
com um tom de voz um pouco alto, e minha mãe, que estava
próxima a ele, abaixou a cabeça.
— Você é muito atrevida em incomodar o Capo e mais ainda
em me responder! — meu pai exclamou, segurando-me pelo braço
e conseguindo me machucar.
O que mais me impressionava era a cena que meu pai estava
fazendo e que todos ignoravam. Para eles, era normal o pai corrigir
sua filha, ou o marido, a sua esposa, com agressividade. A festa,
porém, continuava com todos comendo e conversando, enquanto
meu pai apertava o meu braço.
— Solte o braço dela, Marino — Dante ordenou, e meu olhar
se voltou para o meu noivo.
— Eu só estou educando a minha filha! — meu pai
respondeu, nervoso. — Ela me faltou com respeito e...
— Se pareceu para você que eu te fiz uma pergunta, quero
deixar claro que estou dando uma ordem. Solte o braço da minha
noiva — Dante falou baixo, mas o tom da sua voz era intimidador.
— Chefe, eu...
— Não me interrompa quando eu estiver falando — o tom
autoritário do meu noivo parecia ter um ritmo cadenciado, que fazia
a gente escutar o que ele falava sem respirar. — Ela deixou de te
pertencer assim que colocou esse anel no dedo — Dante frisou, e
eu olhei para o anel de brilhantes que ele me enviou de presente. —
Nunca vou permitir que alguém marque o que é meu — ele falou, e
meu pai foi afrouxando sua mão, que estava apertando o meu
braço. — Se eu encontrar qualquer marca que não seja minha no
corpo da minha noiva, vou cortar sua mão fora.
Meu pai soltou o meu braço tremendo. Ele deveria estar com
uma mistura de medo e ódio pela humilhação. Nessa hora, Dante
olhou para a marca em minha pele e seu olhar escureceu ainda
mais. Em seguida, meu noivo me puxou pela cintura para perto de
si, seu toque demonstrava posse.
— Que isso nunca volte a acontecer! E nunca mais se refira a
Isabella por “ela isso ou ela aquilo”. Tenha mais respeito pela futura
Senhora da Máfia Cosa Nostra.
— Ela é minha filha...
— Ela?
— A futura Senhora Cosa Nostra é minha filha, e eu só
estava corrigindo sua postura inadequada.
— Você quer dizer que a sua filha não está pronta para
assumir esse compromisso?
— Não, Dom Cosa Nostra, minha filha foi criada dentro de
uma educação rígida.
— Então, pode deixar que o que faltar para ela aprender eu
mesmo vou ensinar — Dante falou, e meu pai acenou com a
cabeça, concordando e olhando com ódio para a minha mãe.
Com certeza, minha mãe levaria a culpa pela desfeita que o
meu futuro marido fez ao meu pai. Eu até sentiria pena dele em
outra situação, mas não havia motivos para ele ter me humilhado na
frente dos convidados. Se para os dois era normal agir de forma
agressiva com as mulheres, para mim, não era. Com isso, eu me
senti envergonhada, sem poder reagir.
Meu futuro marido era muito poderoso e fazia qualquer um se
curvar na sua frente. Talvez eu só estivesse mudando de dono, mas,
naquele momento, eu me senti protegida por ele, que me defendeu
do meu pai.
Dante me levou para o jardim e foi estranho ficar sozinha com
ele. Éramos noivos, mas não nos conhecíamos.
— Por que não nos conhecemos antes? — perguntei,
querendo conhecer esse homem. — Eu não sei nada sobre você!
— Sou o Capo di tutti capi, Dante Cosa Nostra, o seu futuro
marido, isso basta — ele respondeu com um tom irônico, e eu revirei
os olhos.
— Eu sei da sua posição na máfia. Não sou nenhuma idiota!
Perguntei por que não...
— Minha noiva é mesmo atrevida, pelo visto! — Dante
exclamou, e eu senti como se ele me dominasse com seu tom de
voz. — Eu vou amar ensinar você a me respeitar! — ele falou,
levantando o meu queixo, enquanto eu engolia em seco e sentia
uma vontade enorme de beijar aquela boca linda que ele tinha.
Apesar disso, tentei controlar a minha respiração. Eu não
estava me reconhecendo diante daquele homem.
— Obrigada por me defender lá dentro — ele tocou no meu
braço quando falei isso, e, por um instante, parecia que estava me
fazendo um carinho. — O meu pai não costuma ser um homem
paciente — completei e abaixei a cabeça, envergonhada.
Na verdade, foi muito humilhante ver meu pai me tratar
daquela forma na frente das pessoas.
— Você é minha, Isabella. Nem seu pai nem ninguém pode
tocar no que pertence a mim — ele frisou, tocando no meu rosto e
olhando dentro dos meus olhos.
Pensei que ele fosse me beijar, mas Dante apenas me deu a
mão e me levou de volta para o salão.
Capítulo 05
Isabella Marino

Quando entramos de mãos dadas na festa, todos os olhares se


voltam para nós. Nesse momento, deu para sentir o alívio da minha
mãe ao me ver com meu noivo. Ela deve ter pensado que eu
poderia aprontar alguma coisa e estragar tudo. Porém, eu nunca
faria isso, pois sabia muito bem das consequências que ela sofreria.
Então, por mais que eu não concordasse com a sua total
submissão, sabia qual era nosso papel dentro da sociedade na qual
nasci e sentia pena por não ter conhecido de verdade a minha mãe,
mas sim o modelo para o qual ela foi educada.
Mais tarde começaram os brindes e todos falavam de aliança,
acordo, poder e riqueza. De repente, escutei a voz da única mulher
na qual todos mantinham atenção, Sarah Cooper, que fez um brinde
desejando que fôssemos muito felizes. Vi Nina rindo discretamente
da cara dos homens quando escutaram o brinde e só não ri também
porque vi o olhar irônico que Dante lançou para Sarah quando ela
ergueu a taça.
Ao ver as duas, não pude deixar de perceber como Sarah e
Nina eram lindas e cada uma, do seu modo, extremamente
poderosas.
— Não se iluda! — Dante falou próximo ao meu ouvido. —
Minha esposa nunca será como essas duas.
— Isso é verdade, porque elas se casaram por amor! —
respondi, encarando-o com minha respiração presa e sentindo
medo depois de perceber minha ousadia.
— Um aviso: não banque a engraçadinha comigo! Eu não
sou um homem que faz concessões. Sou o Capo da máfia toda!
— E eu? Serei apenas a esposa troféu?
— Não! Você será a Senhora da Porra Toda e trate de dar o
exemplo. Não vou permitir que a minha esposa saia por aí fazendo
o que bem entende e deixando que pensem que todas podem se
comportar assim!
“Senhora da Porra Toda!”, esse era o jeito romântico de
Dante falar da minha função, a qual, por algum motivo, fez com que
eu me sentisse importante.
— Por que você escolheu a mim? — perguntei, querendo
saber o motivo de tanta sorte.
— Porque sim! Fui criado para fazer o melhor pra Cosa
Nostra. Então, no momento, isso significa que preciso ser um
homem sério e chefe de família. Você, pelo que sei, foi criada para
se casar em troca de alianças. Então, não vejo motivo para essa
conversa. Nos casamos em dois meses e pronto!
Dante saiu e me deixou sozinha no salão. Meu noivo não
ficou sequer uma hora ao meu lado e já parecia estar entediado. Em
contrapartida, com as outras mulheres das fotos no Instagram, ele
nunca parecia cansado.
A festa estava chata, e, se não fosse Nina para vir me salvar,
eu não saberia o que fazer.
— Você ainda não conhece a Sarah — Nina disse,
apresentando-me a Senhora Cooper.
— Nunca nos falamos, mas a conheço pela fama. De certa
forma, você é nossa heroína — afirmei, rindo, e ela sorriu para mim.
— Eu precisava de sua força e coragem para me casar com Dante.
— Vou te contar um segredo... — ela falou, aproximando-se
de mim. — Nós, mulheres, somos mais inteligentes do que qualquer
homem presente nesse salão, tenho certeza de que você vai dar um
jeito de ser feliz nesse casamento.
Eu sabia que ela queria me dar forças e, mesmo não sendo
verdade, me senti amparada.
— E você, futura Senhora Cosa Nostra, vai ser
superpoderosa! Vai ser a primeira-dama da Máfia Mãe! — Nina
exclamou, e as duas me abraçaram.
— Ele não gosta de mim — resmunguei supertriste. — Ontem
ele estava com outra mulher nas redes sociais dele.
— Eu tenho certeza de que você vai saber colocar essas
vadias no lugar delas — Sarah falou, e eu sorri confiante.
Por um momento, pensei no fato de que não ia deixar
ninguém tirar o meu marido de mim, até porque não desejaria ser
devolvida e parar nos prostíbulos da Família.
O resto da noite pareceu se arrastar, e, quando finalmente
consegui ficar a sós com meu noivo outra vez, ele disse que já
estava indo embora.
— Você já pode subir e descansar, que estou indo embora —
Dante pronunciou, era só o que faltava, ele decidindo até a hora em
que eu dormiria.
— E o nosso casamento? Será mesmo daqui a dois meses?
— Com pressa de se casar? — pergunta, abraçando-me e
colando seu corpo no meu.
— Eu não quero ter que ficar presa em casa por dois meses.
Quero andar pela cidade, fazer compras para o meu enxoval, mas
meu pai disse que você me quer dentro de casa.
— Vou colocar uma equipe de seguranças e um carro à sua
disposição. Você tem permissão para sair acompanhada deles.
Isso era melhor do que nada, eu não estava em condições de
recusar.
— Obrigada, mas acho que não será necessário, pois agora
me lembrei que meu pai me proibiu de sair do quarto — falei,
sabendo que meu pai ficaria revoltado se Dante decidisse que eu
poderia sair de casa.
— Quem manda em você sou eu! Se estou dizendo que você
pode sair de casa quando quiser, com meu carro e seu segurança,
você não tem com que se preocupar!
Dante me acompanhou até a escada da minha casa para se
despedir.
— Eu vou subir porque estou muito cansada. Boa noite,
Senhor Cosa Nostra.
— Isabella! — Dante me chamou. — Não quero você
conversando com nenhum outro homem.
— E eu não quero abrir o seu Instagram, meu noivo, e ver
uma mulher agarrada no seu pescoço.
— Você vai ser minha esposa e não tem que se meter nos
meus assuntos de homem.
Ao ouvir isso, mudei meu semblante e subi para o meu
quarto, irritada com a cara de pau daquele homem. Nunca me
procurou e se dizia meu dono. Ainda por cima, pelo visto,
continuaria me traindo como se isso fosse algo normal.
Não me importei se ele ficaria com raiva porque subi e o
deixei plantado na escada sozinho. Ninguém se importou em me
perguntar se eu queria estar naquela situação, então, que fossem
todos para o inferno!
Entrei no meu quarto e me joguei na minha cama. Que
inferno! Eu, Isabella Marino, estava oficialmente com ciúmes de
Dante Cosa Nostra!
Capítulo 06
Isabella Marino

No dia seguinte ao meu noivado, recebi uma mensagem de Nina


avisando que me enviaria por e-mail as provas dos convites e as
fotos da decoração do casamento para que eu as escolhesse.
Assim que soube que toda a comitiva Cosa Nostra estava
retornando para a Sicília, eu me dei conta de que Dante nem tinha
me dado o número do seu celular. Tudo relacionado ao meu
casamento eu resolveria com Nina, que me deixou participar de
todos os detalhes. Aparentemente, ela era a única da família que
gostava de mim. Lorenzo e Giancarlo, meus cunhados, sequer
falavam comigo.
Fui tomar um banho e demorei horas na banheira, pensando
em como seria a minha noite de núpcias. Eu não tinha a menor
experiência, e meu noivo, por sua vez, estava com uma mulher
diferente por dia, fora aquelas pelas quais ele tinha preferência e
ficavam explanando isso aos quatro ventos.
Quando finalmente tomei coragem de sair do quarto, desci as
escadas, e, assim que caminhei em direção à cozinha, meu pai me
chamou.
— O que você falou para o Capo ontem? Sabia que eu tenho
uma posição que pretendo preservar? Esse casamento é para me
dar prestígio e não para acabar comigo, sua imprestável.
— Só estava indo até a cozinha e já vou voltar para o meu
quarto.
Eu sentia fome e não tinha ideia do que o meu pai falava;
sinceramente, não me importava em saber.
— Boa noite, Senhorita Marino — um segurança que eu não
conhecia me cumprimentou. — Meu nome é Enrico, e sou o seu
segurança. Quando a senhorita precisar sair, é só me avisar.
— Obrigada! — falei sem graça e olhei para a minha mãe,
que deu de ombros, e para o meu pai, que me olhava irritado.
— O seu noivo deixou um carro e um segurança para te
acompanhar sempre que você quiser sair. Você nem é esposa dele
ainda e o Capo já está dando ordens! Você ainda está debaixo do
meu teto, ele deveria respeitar a minha autoridade de pai!
— O senhor deveria falar isso com o meu noivo, meu pai.
— O seu castigo vai ser o seu “noivo”, de quem você está
enchendo a boca para falar. Ele vai te fazer engolir esse orgulho,
você vai comer o pão que o diabo amassou com essa sua
petulância! Já eu — ele disse, dando uma gargalhada — serei o
sogro do Capo di tutti capi e Cooper, com certeza, me terá em alto
conceito.
Meu próprio pai desejava que eu fosse infeliz. Para ele, só
importava o título de sogro de Dante Cosa Nostra.
Voltei para o meu quarto, porque não me sentia disposta a
continuar aquela conversa desagradável com o meu pai. Comecei a
olhar alguns modelos de decoração de casamento para trocar ideias
com Nina. Eu precisava ocupar o meu tempo e parar de pensar em
abrir o Instagram para ver se Dante estava com alguém.
Eu queria ser indiferente ao seu comportamento, mas, a
verdade é que nunca nenhum homem tinha encostado em mim.
Então, quando Dante colou o corpo dele no meu, senti um desejo
enorme de ser beijada e tocada por alguém, como eu via nos filmes
e escutava as minhas amigas contando.
Em contrapartida, sentia raiva pela indiferença dele. Sendo
assim, resolvi dar uma volta para esfriar a cabeça. Depois de me
arrumar, desci procurando Enrico.
— Vai sair? — minha mãe perguntou, preocupada. — Seu pai
não vai gostar de saber que você irá à rua sozinha.
— Eu não vou estar sozinha, o meu segurança vai comigo.
Dante disse que eu poderia sair, desde que fosse acompanhada.
— Hoje, antes de partir para a Sicília, ele enviou uma equipe
de segurança para você. Deixou ordens mencionando que você era
livre para sair, desde que acompanhada deles. Seu pai não achou
certo o seu noivo interferir na autoridade dele antes do casamento,
afinal, você ainda vive nesta casa.
— Era só o meu pai ter dito não e desfeito o acordo com
Dante — falei, virando-me para sair, sabendo que meu pai preferiria
sempre mil vezes não ter autoridade sobre mim a perder o prestígio
que meu casamento traria para ele.
— O que aconteceu com você, minha filha? Não te
reconheço mais. Você mudou. Sempre foi doce e até ontem nem
podia escutar o nome do seu noivo.
— Vocês me entregaram à Fera e queriam que eu ficasse
sorrindo agradecida? Não, minha mãe, eu não vou ser doce com
quem decidiu a minha vida por mim e me trata como uma moeda de
troca para conseguir poder e riqueza. Ontem, aprendi que, tirando o
meu marido, não tenho que abaixar a cabeça para mais ninguém,
porque vou ser a Senhora de vocês todos, ou, como ele mesmo
disse, a Senhora da Porra Toda!
Peguei minha bolsa em cima do balcão e saí, deixando minha
mãe sem palavras. Eu sabia que ela não teria como mudar o meu
destino, mas poderia ser mais minha amiga quando meu pai
estivesse longe. Eu estava sendo entregue a um homem
desconhecido para o meu pai ter mais prestígio, os dois bem que
poderiam, ao menos, ser mais agradecidos.
Quando abri a porta, levei um susto e só então entendi o que
a minha mãe quis dizer com “ele enviou uma equipe de segurança
para você”. Eu pensava que era só Enrico, mas, aparentemente, ele
era o chefe da minha segurança. Havia três carros e quatro homens
em cada um dos veículos. Seria vergonhoso demais sair assim, e as
pessoas até pensariam que era a comitiva do Presidente.
— Você não vai ser só a Senhora de tudo, minha filha! Você
será também a esposa do Chefe, todos os inimigos dele serão seus
também — minha mãe falou, respirei fundo e a abracei.
Ela não tinha culpa de ser daquele jeito, eu precisava me
lembrar disso todos os segundos do meu dia.
— Vem comigo? — perguntei para a minha mãe. — Vamos
só tomar um café e respirar um ar diferente do desta casa.
Minha mãe então sorriu e foi toda feliz buscar sua bolsa para
sair comigo.
Em seguida, ela enviou uma mensagem para o meu pai,
dizendo que me acompanharia nas compras para o meu enxoval e
ele não reclamou, afinal, aceitava tudo por esse casamento de ouro.
Capítulo 07
Dante Cosa Nostra

Eu pensava que seis anos custariam muito para passar, mas, meu
casamento estava batendo à minha porta. Só aceitei esse acordo
com o Capo Marino porque me fortaleceria mais dentro da Máfia
Cooper. Além disso, minha futura esposa era neta do Capo da
Alemanha e sempre se estreitavam as alianças com essas uniões.
O casamento de Lorenzo tinha dado tanto trabalho nos
últimos cinco anos que não me deixaram perceber que o dia do meu
estava se aproximando. Na verdade, isso me deixou mais
desanimado ainda com a ideia do matrimônio. Apesar de Nina ter
sido um grande problema para a minha família, no final, ela nos deu
uma grande alegria: o primeiro herdeiro dos irmãos Cosa Nostra. Eu
nem queria mais me casar; por mim, meu sobrinho Enzo assumiria
meu lugar no futuro e eu poderia viver livremente, como sempre
quis.
— Chegou o ano de Dante ser exclusividade de uma mulher!
— Giancarlo chegou gritando e rindo, estragando o meu dia.
— Não seja idiota! Eu vou me casar, não morrer para o
mundo! — exclamei, virando meu copo de whisky. — Melhor
dizendo, não morrerei para as mulheres que me dão tanto prazer!
— Nem casou e já está pensando nas outras?
— Chegou nosso irmão fiel à esposa, Lorenzo Trouxa Cosa
Nostra — falei e ergui meu copo, para que Giancarlo colocasse mais
whisky e brindamos ao nosso irmão de uma mulher só.
— Eu sou fiel à minha esposa porque ela me satisfaz e não
preciso de ninguém além dela. Sinto muito se os Irmãos Espertos
Cosa Nostra precisam ficar pelos prostíbulos da Família procurando
prazer de cama em cama.
— Sorte sua, meu irmão, porque eu vou me casar com uma
virgem que não sabe nada de nada, que ainda vou ter que ensinar
tudo. Não tenho paciência para isso.
— Ainda bem que, ao contrário de vocês dois, eu posso
continuar me divertindo — Giancarlo disse, espreguiçando-se na
cadeira.
Nosso irmão caçula pensava que ainda era criança e que eu
e Lorenzo éramos os únicos que teríamos que ser sérios para levar
o nome Cosa Nostra a ferro e fogo.
— Falando em você, Giancarlo — Lorenzo pronunciou
seriamente —, já estamos procurando uma esposa para você.
— Como assim? Eu não quero me casar! — Giancarlo
afirmou. — E não se preocupem que, quando eu quiser, eu mesmo
procuro uma esposa.
— Engano seu, meu irmão — falei, olhando para ele. — Eu
escolho e decido com quem você vai se casar.
O clima ficou tenso, já que nosso irmãozinho era o único
mimado dos três. Ele também sofreu nas mãos do nosso pai, mas
eu e Lorenzo fizemos de tudo para que ele não se sentisse sozinho
como a gente. O resultado foi um desastre. Giancarlo era perfeito à
frente dos nossos homens em todas as ações da Cosa Nostra, mas,
em casa, só reclamava, gastava dinheiro à toa e achava que
poderia fazer sempre o que tivesse vontade, sem se importar com
mais nada.
— Agora vamos falar dos problemas da máfia e deixar de
lado nossos casamentos — Giancarlo sugeriu. — Você vai mesmo
atacar a base colombiana?
— Claro que sim! Quero todo aquele território nas nossas
mãos e vou pessoalmente acabar com eles e tomar posse de tudo!
— respondi, e meu pensamento foi para bem longe de tudo aquilo.
Isabella Marino era o meu maior problema.
Quando acertei os detalhes para o bem da Cosa Nostra, só
me lembrei do meu pai dizendo que nossa vida era a máfia. Eu me
casaria para obter mais respeito, como se o casamento me tornasse
um homem mais sério.
De cabeça quente ou de cabeça fria, sempre achava que
aquilo seria a pior coisa para mim. Com calma, pesquisei sobre a
minha futura esposa e descobri que era uma sem-sal. Sempre
aparecia comedida nas fotos, com roupas comportadas e amigas
meio loucas, sobre as quais pesquisei também. No entanto, Isabella
nunca saía para nada. Passou a vida dentro de um colégio interno e
em um pensionato para moças durante a faculdade. Estudou serviço
social, embora sonhasse em ser médica. Honestamente, nunca
permitiria que minha mulher ficasse em plantões intermináveis
dentro de um hospital.
O Instagram dela era cansativo, como Isabella deveria ser
também. Ela era bonita, e nada mais. Era muito magra e não tinha
curvas até a última vez que vi suas fotos, quatro anos atrás. Na
verdade, de lá para cá, nem me importei em saber se estava viva.
Infelizmente, não pude fugir desse compromisso. Lorenzo já
estava casado há seis anos e tinha um herdeiro. Eu precisava ter
um filho também e depois seria a vez de Giancarlo. Nosso legado
necessitava desses herdeiros para darem continuidade à Cosa
Nostra.
Assim que a nossa reunião acabou, eu me dei conta de que
invadiria a base colombiana sem ter escutado nenhuma estratégia
traçada por Giancarlo. Esse casamento estava me deixando sem
cabeça para nada. Não conseguia imaginar uma mulher todos os
dias ao meu lado, falando na minha cabeça. Minha mãe, antes, só
aparecia na hora do jantar, mas, depois da chegada do Enzo,
praticamente se mudou para a casa de Lorenzo. Todo amor que ela
nunca nos deu foi direcionado para o neto.
Minutos depois, subi para o meu quarto e resolvi dar uma
olhada no Instagram para ver como estava a tal Isabella. Na hora
em que eu ia abrir o aplicativo, escutei a voz do meu sobrinho me
chamando, ele era prioridade na nossa família. Nina disse que ele
ficou mimado demais depois que passou a morar conosco. Tudo
que nunca fizemos na vida fazíamos com ele. Enzo era um menino
alegre e superinteligente. Ele seguia à risca o tratamento depois do
transplante e era muito saudável.
À noite, embarcamos para a Colômbia, onde ficaríamos por
mais ou menos um mês. De lá, seguiríamos para encontrar Nina em
Nova Orleans, para o meu jantar de noivado. Minha mãe não
participaria, pois ficaria com Enzo.
Já estávamos no jatinho quando Giancarlo começou a
repassar as estratégias. Eu nem sabia que Cooper participaria da
ação e, de quebra, levaria meu futuro sogro. Sabendo disso, pensei
em estratégias para despachar Marino rapidamente de volta para
casa.
Aquela base era muito importante e só aumentaria o poder e
o domínio da Cosa Nostra. Eu seria cada vez mais o Capo dos
capos, o primeiro a dominar um território tão imenso e a ter um
número grande de famílias sob o meu controle e comando.
Capítulo 08
Dante Cosa Nostra

​Chegamos a Nova Orleans super cansados, porém, vitoriosos


depois de um mês de guerra. Eu estava mais poderoso do que
nunca, até a Máfia Mara Salvatrucha se preocupava com o nosso
avanço, cada vez maior. Eles eram muito temidos por todos, menos
pela Cosa Nostra, que era superior a todas as outras.
​Minha cunhada, assim que me viu, falou que minha noiva
chegaria em dois dias do tal pensionato em que ela vivia para
estudar, mencionando que estava pensando em dividir com ela a
escolha da decoração.
​— Nina, faça o que você achar melhor. Eu não estou interessado
na cor da decoração nem na cerimônia.
​— Dante está superanimado com o casamento, como você pode
perceber, meu amor! — Lorenzo falou, beijando a esposa, que me
olhava com cara de brava.
​— Você pelo menos comprou o anel de noivado? Ou vou ter que
fazer isso também? — pergunta, irritada. — Isabella não tem culpa
desses casamentos arranjados por vocês.
​— Tudo bem, amanhã eu vou comprar esse anel, mas agora
será que eu posso subir e tomar um banho? Não sei se você sabe,
mas o seu cunhado está mais poderoso do que nunca depois que
vencemos essa guerra.
​Nina fez cara de desinteresse e me entregou uma fitinha azul
que formava um pequeno círculo preso por um nó.
​— Esse é o tamanho do dedo da sua noiva para você poder
comprar o anel — Nina falou e saiu, puxando Lorenzo com ela.
​Fui para o meu quarto tomar um banho e dormir, mas antes, pedi
a Giancarlo que conseguisse o contato de um joalheiro. Eu tinha
que comprar um anel de brilhantes para minha futura esposa antes
que o trator que eu tinha na minha casa, em forma de cunhada, me
atropelasse com suas reclamações.
Horas depois consegui escolher o anel de Isabella, então, o
enviei para a casa dela com um cartão, deixando bem claro que
minha noiva era só minha.
Na verdade, não me importava com Isabella, mas, já que
seria minha esposa, não queria que tivesse a menor dúvida de que
ela pertencia a mim. Eu não passaria a vergonha de ter uma esposa
que ficava conversando com outros homens. Inferno! Eu ia mesmo
ter uma esposa.
​Enquanto resolvia os assuntos da Cosa Nostra com meus
irmãos, percebi a cidade sendo visitada pelas famílias dos Capos da
Máfia Americana, que chegavam para o meu noivado. Cooper disse
que esse era o assunto do momento, afirmando que o convite para
o jantar de noivado e, posteriormente, para a cerimônia na Cosa
Nostra estava sendo bastante disputado.
​Pelo visto, o desânimo era só meu mesmo. Eu sabia que Isabella
estava em Nova Orleans e que passaria o dia com a minha adorável
cunhada para escolher seu vestido de noiva.
​— Nina, eu acho que não preciso te recomendar que evite
expressar seu comportamento liberal para a minha noiva. Não
pense que sou meu irmão e que vou tolerar qualquer tipo de
insubordinação por parte de Isabella. Portanto, não coloque
fantasias ou sonhos na mente dela, pois Isabella não viverá como
uma mulher do mundo, já que é uma mulher da máfia. Na Cosa
Nostra, nesta casa e na minha mulher, quem manda sou eu. Fui
claro?
​— Sim, senhor! — a idiota da Nina respondeu, batendo
continência para mim.
— Vou buscar seu soldado, senhor! Ops... sua noiva!
​— Debochada como sempre, não é, minha cunhadinha? — falei,
irritado.
​Nina era insuportável, mandona e irônica. Decididamente,
Lorenzo não sabia educar sua esposa. Em casa, o temido Demônio
da Cosa Nostra se comportava como o marido apaixonado e pai de
família.
​ u não era assim. Eu era Dante Cosa Nostra na máfia e na
E
minha casa, minha mulher faria apenas o que eu mandasse. Se
Nina colocasse ideias na cabecinha de Isabella, seria pior para ela,
que sofreria mais com isso.
​Como o dia não poderia ficar “melhor” do que já estava,
Giancarlo avisou que tivemos alguns problemas com nossas bases
na Sicília. Os ratos sempre aproveitavam quando os gatos se
ausentavam para criar asinhas.
​— Já mandei Francesco levar para a Cosa Nostra os que
achavam que poderiam tentar tirar algo que fosse nosso. Se derem
sorte, quando eu chegar, ainda vão estar vivos para conversar
comigo — Lorenzo falou.
​— Se você diz que isso é sorte, quem sou eu para contrariar! —
Giancarlo diz.
​— Assim que acabarmos isso tudo de jantar de noivado,
voltaremos imediatamente para a Cosa Nostra. Quero decidir o
rumo dessas novas bases que conquistamos na Colômbia.
Precisamos de alguém de confiança e com pulso firme por lá. Por
enquanto, você vai retornar e cuidar de tudo, Giancarlo. Acho que é
o melhor no momento.
​— Depois do seu jantar de noivado eu volto para a Colômbia,
mas, no seu casamento, quero estar presente. Não vou perder a
oportunidade de ver o meu irmão mais velho entrando para o mundo
dos homens sérios!
​— Eu vou continuar sendo o mesmo Dante de sempre, só que
com uma aliança no dedo
​— A sua noiva é muito bonita! Lembro-me muito dela no seu
jantar de noivado e naquele casamento em que Nina foi me
acompanhando, onde, por acaso, ela salvou a vida da sua futura
esposa. Isabella vivia na roda das solteiras que esperavam
sentadas que eu fosse tirá-las para dançar comigo — Giancarlo
lembrou, rindo.
​— Tenha mais respeito quando falar da minha noiva. Guarde
para você esses comentários se não quiser ficar para sempre na
Colômbia — falei, irritado.
​— Para quem não está interessado na noiva, isso me pareceu
uma cena de ciúmes, Dante! — Lorenzo comentou, e deixei os dois
no escritório falando sozinhos e fui para o meu quarto.
Giancarlo era meu irmão, mas eu não aceitaria esse tipo de
brincadeira com a minha mulher. Era só o que me faltava, minha
noiva em rodinha de solteiras, buscando marido na máfia!
​À noite, no jantar, Nina ficou contando como foi seu dia com
Isabella e dizendo que gostou muito dela.
​— Ela é um amor! O vestido que ela escolheu é lindo e a deixou
parecendo uma princesa.
​— Parece que estou interessado nesse conto de fadas? —
pergunto enquanto jantava e escutava as histórias de Nina sobre o
dia com a minha noiva.
​— Vocês vão formar um casal perfeito! Os desinteressados! —
Nina debocha e Lorenzo olha para a esposa, querendo que ela se
calasse, mas eu, no entanto, queria saber o que ela quis dizer com
isso.
​— Como assim?
​— Ela não me pareceu nem um pouco animada com esse
casamento também — Nina diz calmamente, enquanto tomava uma
taça de vinho. — Ah... lembrei agora... ela está se casando obrigada
pelas leis da máfia, que permitem que o pai escolha o marido da
filha.
​Ao ouvir isso, respirei fundo e olhei furioso para Lorenzo, já que
a esposa dele estava passando de todos os limites.
​— Ela parecia mais animada seis anos atrás, quando me falou
que achava Giancarlo lindo.
​— É porque eu sou lindo mesmo! — Giancarlo brinca, dando
uma gargalhada.
​— Já chega! — gritei, levantando-me e atirando o meu copo de
whisky contra a parede. — Vocês perderam a noção? Vocês dois
estão falando com o Chefe de vocês. Lorenzo, controle a língua
afiada da sua esposa e a mantenha bem longe da minha mulher!
Quanto a você, Giancarlo, arrume suas coisas, que você parte
amanhã cedo para a Colômbia! Não quero ver a sua cara tão cedo!
​Eu não estava para brincadeiras, e aqueles dois foram longe
demais! Isabella que se atrevesse a repetir que meu irmão caçula
era lindo para ela ver se teria língua para falar mais alguma coisa na
vida! Eu não gostei de saber que ela ficava olhando para os
solteiros nas festas, e meu irmão deveria ser só mais um dentre os
outros que ela ficava admirando.
​Enfim, fui tomar um banho e, em seguida, aproveitei para ler os
relatórios que recebia semanalmente sobre o comportamento de
Isabella durante os últimos seis anos, informações que nunca me
interessei em ver antes. Passei a noite em claro lendo tudo, e,
desde o nosso noivado, a vida dela foi sair para a faculdade e voltar
para o seu quarto. Ela nunca mais tinha ido para casa ou a alguma
festa da máfia.
​— Posso entrar? — Giancarlo pergunta, batendo à porta do meu
quarto.
​— Entra!
​— Estou indo para a Colômbia. Só quero deixar claro que falei
brincando sobre Isabella. Eu prefiro ficar cego a olhar para as
esposas dos meus irmãos. Vocês dois são meus ídolos!
​— Eu sei disso. Nunca pensei o contrário de você. A Cosa
Nostra realmente precisa de você à frente dessa nova base. Nos
vemos no meu casamento?
​— Eu já disse que não perderia esse dia por nada neste mundo!
​Se existiam no mundo duas pessoas em quem eu confiava
cegamente eram os meus irmãos. Nós três podíamos ter todos os
defeitos do mundo, mas o sentimento que nos unia era baseado em
lealdade e confiança.
​Quando Giancarlo saiu do meu quarto, fui até a varanda e vi que
já estava amanhecendo. Era o dia do meu noivado!
Capítulo 09
Dante Cosa Nostra

Quando cheguei à casa do Capo Marino, fui recebido pelo meu


sogro, que queria, de qualquer forma, mostrar para os convidados
que tínhamos algum tipo de amizade para ganhar prestígio.
​Não éramos amigos; apenas firmamos um acordo seis anos
atrás, e tudo foi tratado por Lorenzo. Eu não estava com paciência
para tantos puxa-sacos e queria ver logo a tal Isabella. Olhei entre
os convidados, mas, com certeza, se ela estivesse no salão, teria
vindo com o seu pai me receber.
​A casa estava muito cheia, todos os capos vieram para o meu
jantar de noivado, eu tinha certeza de que veria cinco vezes mais
pessoas no meu casamento. Procurei Lorenzo, que se encontrava
sozinho, já que sua esposa desapareceu assim que sua amiga
Sarah Cooper chegou à festa.
​Estava com meu irmão quando ele apontou para a escada e eu
me virei. Minha futura esposa era como uma visão, de tão linda!
Isabella..., mas que raio de vestido ela usava? Nude? Ela
simplesmente parecia estar descendo nua pelas escadas da sua
casa, e, pelos olhares dos convidados, todos desejavam o que
pertencia apenas a mim. A futura Senhora Cosa Nostra já estava
atraindo a atenção de todos em sua primeira aparição em público.
Me aproximei da escada e estendi a mão para minha noiva.
Dessa vez, ela tinha curvas e não era mais aquela sem-sal de
antes. Ao me ver, seus olhos se fixaram nos meus, e eu pude sentir,
assim que me deu a mão, que Isabella tremia, tendo seu corpo todo
arrepiado.
Ela me cumprimentou com frieza e fez questão de deixar bem
claro que eu era um estranho. Minha noiva era tão inocente! Isabella
não estava acostumada com o toque masculino e ficou sensível
apenas em segurar a minha mão. Porém, ela não sabia que eu tinha
como sentir isso!
Estávamos conversando quando o Capo Marino começou a
gritar para que todos olhassem para nós dois. Em seguida, ele saiu
arrastando-a pelo braço, para mostrar que a noiva do Chefe era sua
filha. Esse infeliz do meu futuro sogro só se esqueceu de me
perguntar se eu gostava que exibissem o que era meu!
Isabella, para minha surpresa, manteve-se firme como uma
estátua, recusou-se a ir com o pai e o enfrentou, dizendo que estava
conversando comigo. Minha Isabella tinha o olhar firme e a altivez
de uma verdadeira Cosa Nostra. E era isso que ela seria... A
Senhora da Porra Toda!
Mesmo assim, Marino começou a apertar o braço dela e a
machucá-lo, e eu percebi que ele estava erguendo sua outra mão.
Ele que ousasse tocar no rosto dela, o mataria ali mesmo!
Ordenei que ele soltasse o braço dela, o infeliz tentou
argumentar, puxando, ao mesmo tempo, o meu saco. Entretanto,
quando eu dava uma ordem, gostava que ela fosse cumprida na
mesma hora e não tinha paciência para conversinhas.
Deixei bem claro que Isabella não pertencia mais a ele desde
o momento em que colocou o anel de noivado no dedo. No corpo da
minha mulher, só aceitava marcas minhas; de qualquer outro
homem, eu arrancaria as mãos e tiraria a vida.
Quando puxei Isabella pela cintura, para junto do meu corpo,
ela estava tremendo. Porém, quando eu disse ao pai dela que
tivesse respeito pela futura Senhora Cosa Nostra, senti seu corpo
firme. Ela gostou de escutar o que falei, sua postura confiante
demonstrou isso.
Fomos para o jardim e ela começou a querer saber mais
sobre mim, o que era desnecessário. Eu seria o marido dela, e
bastava que soubesse disso. Mas Isabella queria mais! As mulheres
sempre queriam mais de mim, e Isabella não era diferente. Contudo,
ela seria minha esposa e teria mais direitos que qualquer outra que
fosse minha só na cama.
Quando eu a abracei e colei seu corpo no meu, sua
respiração ficou ofegante. Gostei de saber que eu era o primeiro
homem que provocava isso nela. Ela me olhou, querendo ser
beijada, eu senti vontade de morder aqueles lábios e arrancar todo
aquele batom vermelho que chamava tanta atenção. Porém, senti
que estava desejando mais aquilo do que eu imaginava quando a vi
engolindo em seco e tensa com a minha ereção forçando a entrada
dela sobre o vestido.
Eu não era homem de ficar excitado à toa por uma mulher,
então a afastei de mim. Entrei na casa e deixei Isabella no jardim.
Eu estava preparado para encontrar uma noiva sem graça, e não
um anjo sedutor. “A única diferença entre ela e as outras é o título
de esposa, e mais nada”, eu repetia para mim mesmo.
Aquela festa parecia não ter fim, e, na hora de ir embora, fui
me despedir de Isabella e mandá-la se recolher, não queria minha
noiva sozinha andando pela casa cheia de homens quando eu não
estivesse mais ali.
Ela não gostou de receber ordens e veio para cima de mim,
dizendo que era dona de si mesma. Até senti vontade de rir da sua
pureza. Eu era o dono dela!
Para completar, Isabella resolveu me cobrar fidelidade, e,
quando eu disse que isso era assunto de homem, a atrevida me deu
boa noite e me deixou falando sozinho.
“Ah, Isabella, não tenha dúvidas de que vou te ensinar a me
respeitar!”
Voltamos para casa e já estava tudo pronto para partirmos
cedo para Sicília. Antes de me deitar, designei um chefe de
segurança e uma equipe com três carros para acompanhar Isabella
onde ela quisesse ir naqueles dois meses até o nosso casamento.
Escrevi um bilhete para o meu sogro e o enviei pelo
segurança para a casa dele.

“A partir de hoje, minha noiva pode sair quando ela


quiser e sempre no meu carro e acompanhada pelos meus
seguranças. Cuide para que minha Isabella chegue perfeita à
Sicília para o nosso casamento. Qualquer coisa que fizerem
contra ela será feito contra mim também… Em outras palavras,
contra a Cosa Nostra. Tenha isso em mente. Seu futuro genro,
Dante Cosa Nostra.”
Capítulo 10
Isabella Marino

​Faltavam 45 dias para o meu casamento, e, quanto mais a data se


aproximava, mais triste eu ficava. Fazia duas semanas que Dante
tinha voltado para a Sicília, e ele simplesmente não me mandava
uma mensagem de texto ou curtia um post meu no Instagram. Tudo
que eu consegui dele foi ser seguida de volta e mais nada.
​Uma amiga minha do colégio interno, que também morava nos
Estados Unidos, decidiu passar o fim de semana em Nova Orleans
e me mandou uma mensagem avisando de sua chegada. Fiquei
animada em poder finalmente conversar com alguém que não fosse
a minha mãe e ouvir seus conselhos sobre como ser uma boa
esposa, que mais pareciam um manual de sobrevivência.
​Pedi Enrico que me levasse até o hotel onde minha amiga
estava hospedada e, no caminho, recebi uma mensagem que só
poderia ser do meu noivo. Com certeza, meu segurança o informava
de todos os meus passos. Mesmo sabendo que era de Dante, eu
me fiz de desentendida.

​ ante: O que você vai fazer em um hotel?


D
​Isabella: Quem é? Como conseguiu o meu número e como você
sabe para onde estou indo?
​Dante: Você sabe muito bem quem sou! Então, responda logo a
essa pergunta ou vou mandar Enrico te levar de volta pra casa!
​Isabella: Eu não sabia que você tinha o meu número. Você
nunca me ligou ou me deu bom dia, por que resolveu se interessar
pelos lugares aonde vou?
Ouvi o celular de Enrico vibrar, Dante mandou o motorista
retornar.
Isabella: Dante, só estou indo visitar uma amiga que está na
cidade. Ela está hospedada em um hotel, vou lá me encontrar com
ela.

​ ue raiva eu senti por ter que ficar dando explicação para


Q
alguém que toda noite deveria me trair com uma prostituta!

​ ante: Eu não quero ver você frequentando hotéis.


D
​Isabella: É só uma amiga, eu juro! Por favor! Enrico pode subir
comigo, ele vai te contar que estou falando a verdade.

​ roga! Eu estava pedindo por favor para o meu noivo que nem
D
lembrava que eu existia!

​ ante: Que amiga é essa?


D
​Isabella: Kate, quero dizer, Catherine. Ela estudava comigo em
Londres e mora em Nova York. Ela não sabe nada da vida das
nossas famílias, por isso não a convidei para ir à minha casa.
​Dante: Enrico vai subir com você e ficar na porta do quarto
aguardando. Se quiser sair com ela, me avise primeiro e não pense
em ir para alguma boate.
Isabella: Eu nunca fui a uma boate antes, Dante, por que iria
agora?
Dante: Porque todas as fotos dessa sua amiguinha são com
bebidas e em boates.

Ele estava vendo o Instagram da Kate?

Isabella: O meu Instagram você não olha nunca. Eu nem


tinha o número do seu telefone.
Dante: Agora você tem! Comporte-se! Tenho uma reunião
agora!

Respirei fundo e me lembrei do manual de sobrevivência no


casamento da máfia, o qual minha mãe recitava para mim todos os
dias. Cheguei à conclusão de que precisaria muito dele.
Saí do carro batendo a porta e de cara feia para o ridículo do
meu segurança fofoqueiro que ficaria me vigiando no corredor do
hotel.
Quando bati à porta do quarto de Kate, ela veio correndo me
abraçar. No mesmo instante, escutei um grito, era Anthony, o primo
dela, que tinha a acompanhado até Nova Orleans. Eu só o conhecia
do FaceTime e amava ficar conversando com ele.
— Não acredito que estou te conhecendo finalmente ao vivo
e a cores! — Anthony falou, abraçando-me, e, quando me lembrei
de Enrico ali fora, gelei.
Dante ia me matar!
Olhei para Enrico, que me encarava, e falei que estava tudo
bem, mencionando que Anthony era primo de Kate. Logo depois,
fechei a porta.
— Quem é esse deus? — Anthony perguntou, dando
pulinhos.
— Meu segurança! Do meu noivo! Uma longa história...
— Noivo? Você está noiva e não contou nada? — Kate gritou.
Comecei a tremer ao ver meu celular tocar. Fiz sinal para
Kate e Anthony, mostrando o aparelho, exibindo uma cara de quem
estava encrencada e indo atender no banheiro.
— Você está brincando comigo? — Dante gritou do outro lado
da linha. — Parei uma reunião por sua causa, você vai para casa
agora! E reze para eu me acalmar e não mandar Enrico te matar!
— Eu não sabia que Anthony tinha vindo, mas ele é gay. Não
está nem aí para mim; na verdade, ele gostou foi do Enrico!
Falei sem respirar, e o silêncio que Dante fez parecia eterno.
Que vida triste a minha, trancada em um banheiro de hotel, dando
satisfações para o meu noivo que não gostava de mim e esperando
para ser morta por ele. Eu morreria virgem e sem nunca ter beijado
na boca, que derrota!
— Gay? — foi tudo que Dante perguntou.
— Sim!
— E como você o conheceu?
— Eu sempre fui aquela que ficava no quarto e nunca saía.
Toda vez que Anthony ligava para Kate no FaceTime, ficava com ela
escutando as histórias dele. É só um amigo.
— Sugiro que você passe a se certificar antes quando você
for encontrar alguma amiga e veja se ela realmente está sozinha.
Você tem ideia de quantos inimigos nós temos? De quantas
armadilhas em que você pode cair?
— Não! Nunca pensei nisso!
Dante estava falando em segurança, e eu, burra, achando
que ele estivesse com ciúmes de mim. Como eu conseguia ser tão
idiota?
Enfim, voltei para o quarto e inventei que meu noivo era muito
ciumento.
Kate e Anthony não acreditaram que eu me casaria com o
dono dos vinhedos Cosa Nostra. Para eles, esse negócio de máfia
era coisa de filme e não se davam conta da realidade.
— Vamos brindar ao seu casamento! — Kate exclamou,
abrindo uma garrafa de vinho.
— Eu nunca bebi!
— Para tudo na vida, há uma primeira vez. Comece pelo
vinho — ela falou, estendendo-me uma taça —, que, em breve, será
outro tipo de primeira vez. — Kate completou e brindou com
Anthony, sorrindo maliciosamente para mim.
Eu tremi quando pensei nisso e virei minha taça de vinho. O
sabor era maravilhoso, então, resolvi aceitar outra taça.
— Sabe o que falta? Você sensualizar, fazer a louca —
Anthony aconselhou. — Se o cara é pegador, entra no jogo dele!
Após ouvir isso, comecei a rir e lembrei que já tinha o número
de Dante. O vinho, por sua vez, começou a fazer efeito e a me
encher de coragem. Peguei a taça e passei a língua nela, enquanto
Anthony fazia uma foto minha. Ficou bem estranha, mas, segundo
Anthony, tinha um duplo sentido. Enviei para Dante. Logo depois, eu
me arrependi de ter feito isso, pois nem conhecia o meu noivo e já
estava mandando uma foto daquelas para ele!
Capítulo 11
Isabella Marino

Continuei conversando e rindo com meus amigos quando meu


celular vibrou. Não conseguia acreditar que era uma mensagem de
Dante.

Dante: Hummmm... Que vinho é esse?


Isabella: Eu não sei!

O vinho realmente estava me deixando um pouco ousada, e,


sem pensar, mandei outra mensagem para ele.

Isabella: É muito gostoso!


Dante: Garanto que você vai achar o sabor Cosa Nostra mais
gostoso!

Minha nossa! Foi eu ler a mensagem dele que senti tudo


formigando embaixo de mim.
Meus amigos estavam cantando e dançando com um clipe
que passava na televisão, e eu, nervosa, trocando mensagens com
Dante pela primeira vez. Em seguida, tomei mais um pouco do vinho
e escrevi para ele.

Isabella: Qual o sabor do vinho Cosa Nostra? Esse aqui tem


gosto de fruta, eu acho. Não entendo muito de vinho.
Dante: Em breve, você vai descobrir o sabor nesses seus
lábios carnudos.

Suspirei tão alto que chamei atenção dos meus amigos. Eu


me senti uma total idiota. Nunca tinha beijado na boca e estava ali,
falando aquelas coisas com meu noivo! Ele deveria me achar uma
boba! Porém, eu não conseguia parar e pedi a Anthony para tirar
uma foto minha com o vinho, molhando os meus lábios. Ele riu
muito e disse que eu deixaria o meu noivo de pau duro. Na hora,
fiquei corada de tanta vergonha. Tomei mais um gole de vinho, rindo
alto, e enviei a foto.

Dante: Porra! Você quer me enlouquecer, Isabella?

Fiquei sem saber o que responder e fui dançar com os meus


amigos.
Meu celular começou a vibrar, era uma mensagem de Dante.

Dante: Melhor você ir para casa. Acho que você já bebeu


demais, não é verdade?”
Isabella: Acho que sim! Vou pedir para Enrico me levar
embora.

Eu concordei, porque tinha combinado de me encontrar com


meus amigos no dia seguinte, e, segundo o manual de
sobrevivência do casamento na máfia da minha mãe, eu ganharia
mais se não ficasse afrontando meu marido o tempo todo.
Me despedi dos meus amigos e voltei para casa. Quando
cheguei, corri para o meu quarto e tomei um banho. Certamente o
vinho ainda estava na minha corrente sanguínea, porque resolvi tirar
uma foto minha de camisola, a qual era meio transparente, e enviar
para Dante com uma mensagem inocente, informando que já ia
dormir.
Meu celular começou a tocar, e, quando fui atender, perdi
toda a coragem. Dante estava me chamando no FaceTime, e eu
não sabia como conversar com ele. Droga!
— Oi — foi tudo que consegui falar quando atendi,
envergonhada à ligação e senti meu corpo se arrepiando todo.
Dante estava lindo: todo de preto e com a camisa
desabotoada. Ele era cheio de tatuagens e totalmente sexy. Meu
Deus, ele era maravilhoso! Eu seria um brinquedo perfeito nas suas
mãos! Eu não tinha a menor experiência, enquanto ele, com seu
sorriso safado, me fez formigar no meio das pernas só por estar me
olhando.
— Eu queria conferir essa foto assim, ao vivo. Você é linda,
Isabella! — Dante falou enquanto bebia um copo de whisky.
​— Você também é muito lindo!
​Ele sorriu para mim e pareceu estar me analisando.
​— Já está indo dormir?
​— Sim, já estou deitada.
​— Hummm... Deixa o celular ligado então, que vou ficar vendo
você dormir enquanto eu trabalho.
​Meu coração disparou! Dante estava me dando atenção pela
primeira vez, e eu não sabia como agir. Nunca pensei em dormir
com alguém me observando. Apesar disso, eu não ia bancar a
chata, era melhor meu noivo ficar me vendo dormir do que ir para a
rua pegar outra mulher.
​— Está bem! — falei um pouco envergonhada e coloquei o
celular na mesinha ao lado da minha cama, virado para mim.
​— Pode dormir que vou ficar daqui te olhando.
​Respirei fundo, e, quando fui me deitar, a droga da minha
camisola superdecotada mostrou mais do que deveria. Logo, fiquei
morrendo de vergonha quando um dos meus seios ficou todo à
mostra, ocupando a tela do meu celular.
​— Decididamente você quer me deixar louco! — Dante falou
com uma voz que fez tudo esquentar dentro de mim.
Nesse momento experimentei sensações que nunca tinha
sentido, e ainda bem que meus amigos estavam na cidade, porque
com a minha mãe eu não poderia conversar sobre isso.
​— Bom trabalho! — desejei com a minha zero experiência e
fechei meus olhos.
Era estranho ser observada, mas saber que Dante estava ali
do outro lado me olhando fazia com que eu me sentisse protegida.
Talvez ele não fosse tão ruim assim, ou o vinho estivesse me
fazendo criar ilusões.
​Quando acordei, escutei vozes no meu quarto e me assustei.
Olhei para o meu celular, e percebi que Dante falava com outros
homens. Parecia uma reunião. Lembrei que, quando fui dormir, às
nove da noite, onde Dante estava, eram quatro horas da
madrugada. Provavelmente, ele deveria estar fazendo o fechamento
da noite de seus cassinos e suas boates.
Vi que meu relógio marcava oito horas da manhã, e onde ele
estava eram três horas da tarde. Por estar distraída calculando os
horários, levei um susto quando escutei a voz dele me dando bom
dia.
​— Você não dormiu? — pergunto.
​— Dormimos juntos, Isabella. Só que a Cosa Nostra não para e
hoje o dia vai ser intenso por aqui.
​— Problemas?
​— Os mesmos de sempre: máfias iludidas, que pensam que
podem mais do que nós. O que você vai fazer hoje?
​— Sair com os meus amigos para eles conhecerem a cidade.

​ Posso ver você se arrumar ou vou ter que desligar?



​— Vai ter que desligar, Senhor Dante Cosa Nostra!
​Com a minha resposta, Dante fez uma cara de bravo que o
deixou ainda mais lindo.
​— Tudo bem! Vai se divertir um pouco, mas não exagere na
bebida. Só quero você bebendo quando estiver comigo.
​— Eu posso te ligar se eu resolver beber?
​— Se você resolver passar todas as noites assim comigo no
telefone, vou ter que antecipar sua vinda para a Sicília. Nos falamos
mais tarde.
​Fui me arrumar pensando em Dante. Até o dia anterior, eu
acordava sempre odiando a ideia de me casar com ele, porém,
nesse momento, estava doida para me encontrar novamente com
meu noivo.
Capítulo 12
Isabella Marino

​Era estranho imaginar que Dante havia passado a noite me vendo


dormir. Eu sabia que, em pouco tempo, isso faria parte da nossa
vida, mas, mesmo assim, era algo incomum. Eu literalmente dormi
com ele trabalhando e me observando. Ele disse que também
dormiu com o celular ligado, se eu tivesse acordado, certamente
teria visto o meu noivo dormindo.
​Dante passou a noite comigo, e não com uma das suas
prostitutas. Eu havia me acostumado a odiar Dante, mas alguma
coisa estava mudando. Passei a sentir vontade de falar com ele, de
saber o que fazia, e, principalmente, de beijá-lo. Será que ele vai
gostar do meu beijo? Eu nunca tinha beijado ninguém para saber se
faria certo.
​— Você é uma raridade, Isabella Marino! — Anthony falou, rindo,
enquanto caminhávamos pelas ruas de Nova Orleans, seguidos por
Enrico. — Como você chegou aos vinte e quatro anos sem beijar na
boca?
​— Minha vida é complicada — respondi, dando de ombros. —
Será que meu noivo vai gostar de mim? Dante é mais velho e bem
experiente.
​— E, mesmo assim, passou a noite te vendo dormir — Kate
falou. — Bella, você tem que dar uma apimentada nesse
relacionamento!
​— Como assim? Eu só vou me encontrar com ele agora na
Sicília, uma semana antes do casamento. Dante é muito ocupado.
— Esse noivado de vocês é muito estranho, mas isso não
importa — Anthony falou. — Menina, você tem que se abrir mais, se
mostrar para esse homem! No lugar dessas mulheres atiradas que
vivem se jogando para ele, que a gente cansa de ver nos stories do
seu noivo, faz com que ele queira você, que é a noiva dele!
Senti um arrepio no meu corpo. Eu ficava estranha quando
pensava em Dante.
— Você sente tesão por ele? — Kate perguntou. — Porque,
amiga, o seu noivo é um pedaço de mau caminho!
— Eu não sei! Mas, quando ele fala comigo, meu corpo fica...
— tentei completar, mas estou com vergonha e fico corada.
— Fica arrepiado, formigando, com tudo latejando na parte
de baixo e sentindo vontade de agarrar seu noivo? — Anthony
perguntou empolgado, e eu fico mais corada ainda.
— Eu sinto tudo isso!
— Amiga, você quer dar para esse homem! — Kate falou e
começou a rir. — E saiba que essa sua carinha cheia de vergonha
vai levar esse homem à loucura! Não se preocupe, que ele vai cair
aos seus pés!
— Vocês não conhecem Dante Cosa Nostra — falei, sem
criar expectativas. — Se ele me notar, eu já vou ficar feliz.
Eu queria que Dante me olhasse, desejava estar mais com
ele, mas sabia que, para ele, eu não era nada mais que uma aliança
entre máfias.
— Quando ele te perguntou se não ia deixá-lo ver você se
arrumando, por que você não disse que sim? — Anthony perguntou
como se fosse normal eu me arrumar conversando com Dante.
— Imagina! O que ele iria pensar de mim?
— Então você queria, mas se preocupou com o que ele iria
pensar? Bella, você precisa criar uma intimidade com ele! Vai, aos
poucos, falando o que você sente. Se abre para trazer seu noivo
para você!
Anthony estava sugerindo que eu me mostrasse para Dante
antes do casamento? Eu não sabia se conseguiria fazer isso, mas,
só de pensar, já sentia a respiração acelerada.
Andamos pela cidade toda e, no fim da tarde, sentamos para
comer alguma coisa, enquanto Kate pediu umas bebidas. Ficamos
conversando sobre vários assuntos, e eu cheguei a me engasgar de
tanto rir com as histórias de Anthony com seus boys,
​ uando pesquisei o fuso horário no meu celular, vi que na Itália
Q
já era uma hora da manhã. Dante deveria estar na boate ou no
cassino, e eu só conseguia pensar que ele dormiria com outra
mulher. Os drinks daquela noite eram mais fortes que o vinho, e,
quando me levantei, estava um pouco tonta.
​Combinamos de nos encontrar no dia seguinte, antes de eles
voltarem para Nova York. Eu sentiria falta de Kate e Anthony
quando fosse para a Sicília. Não sabia se poderia ficar conversando
sempre com os dois pelo FaceTime. Na verdade, não tinha ideia de
como seria minha vida depois do casamento.
​Já em casa, fui para o meu quarto e tentei ignorar o meu pai, que
estava na sala fumando um charuto e tomando seu whisky, mas foi
impossível.
​— Onde você passou o dia, Isabella?
​— Com os meus amigos, já que meu noivo permitiu que eu
ficasse com eles até agora. Está tudo certo com o meu casamento,
não se preocupe.
​— Você pensa que pode falar comigo desse jeito? Acha que,
porque ficou noiva do Chefe, é importante como ele? Para mim,
nada mudou e você vai ver o que eu faço com quem fala comigo
com esse seu tom de voz! — meu pai veio na minha direção,
segurando o meu cabelo com força. — Que cheiro é esse? Você
andou bebendo? O que mais você andou fazendo, sua infeliz? Se
você for devolvida, vai viver como uma puta!
​Eu queria gritar, mas as palavras dele me machucaram mais que a
dor física. Sempre fui uma filha obediente, jamais deixei de me
comportar, e, mesmo assim, meu pai só sabia me agredir. Nunca foi
diferente. Ele não conversava, só ditava ordens e me batia. Eu sabia
que a maioria dos homens na máfia era ignorante, mas alguns até
mimavam as filhas, e, mesmo que elas tivessem seu destino
traçado, não deixavam de receber amor. Era muito triste crescer
sem amor mesmo depois ser entregue a um casamento arranjado.
Isso não era vida, mas sim escravidão.
​— Algum problema aqui? — Enrico entrou perguntando e meu
pai me soltou na mesma hora, me olhando furioso. Ele não precisou
falar alto, nem apontar uma arma para lembrá-lo de que ele estava
ali representando o Capo di tutti capi da Cosa Nostra.
— Você ainda vai me pagar por tanta humilhação — meu pai
esbraveja, referindo-se ao fato de não poder me bater por causa do
meu noivo. — Eu não vou aceitar que me ditem regras na minha
casa.
— Eu já estou te pagando, e muito bem, me tornando a
Senhora Cosa Nostra — não sabia se foi o álcool, mas, tomei
coragem e enfrentei o meu pai. — Você vai ter o prestígio que tanto
quer sendo sogro de Dante.
Ele levantou a mão para mim, mas Enrico se colocou na
minha frente. Meu pai não podia fazer nada contra mim, já que era
um Capo subordinado ao meu futuro marido. Logo, eu me senti
poderosa vendo-o se curvar diante de uma situação que ele mesmo
criou quando acertou meu casamento, visando ao poder. Ele
gostava tanto de mandar que esqueceu que, ao me casar com o
Chefe, ele me tornaria uma Cosa Nostra e que, troféu ou não, eu
seria inatingível para qualquer mortal da máfia.
Capítulo 13
Isabella Marino

Quando cheguei ao meu quarto, toda a minha altivez de minutos


antes deu lugar a um mar de lágrimas. Deixei meu celular na minha
cama e fui tomar um banho. Já era para eu estar acostumada com
cenas como aquela com o meu pai, mas eu não conseguia ser forte
e sempre acabava chorando.
​A última vez foi justamente quando eu tinha dezoito anos e
questionei o meu noivado. Quando meu pai me chamou e me
comunicou, eu só disse que não queria me casar e levei uma surra,
que me deixou com hematomas no corpo todo. Eu falei por impulso,
com o susto da notícia. Aquela foi a vez em que ele mais me bateu
e com toda a sua força. Quando acordei com o meu corpo todo
dolorido, minhas malas estavam prontas para retornar para Londres
e ele disse que eu só voltaria para o meu casamento. Meu pai não
queria me ver antes disso. Eu tinha seguranças, inclusive, um era
da parte do meu noivo, que me seguiam quando eu ia para a
universidade e que garantiam que minha vida fosse apenas estudar
e dormir.
Fui enviada para um pensionato, que era um complexo do
meu colégio interno, e que, apesar de podermos sair para estudar,
trabalhar e voltar, lá dentro tinha um regimento rígido e cheio de
regras. Kate, minha companheira de quarto no colégio, ficou comigo
no pensionato, mas ela burlava as regras e chegava sempre com
bebida escondida. Isso quando não passava a noite fora. Até o meu
curso de assistente social foi escolhido pelo meu pai, que ignorou o
meu sonho de ser médica. Só fiz a graduação para justificar o fato
de eu ficar longe de casa.
Tirei minha roupa e tomei um banho demorado para relaxar.
Quando voltei para o meu quarto, havia algumas mensagens de
Dante e uma chamada de vídeo perdida.

Dante: Me liga!
Dante: Onde você está?

Mandei uma mensagem para ele e decidi que não deixaria


mais meu celular longe de mim.

Isabella: Desculpa, eu estava tomando banho.

Na mesma hora em que respondi, ele me chamou no


FaceTime. Eu atendi sem graça, porque estava enrolada em uma
toalha e com o cabelo molhado.
— Oi, desculpa eu atender assim. Sei que não é certo. Vou
trocar de roupa e te ligo de volta.
— Eu preferia que você tivesse atendido sem essa toalha!
Dante era safado e direto. Eu gostava desse jeito dele,
mesmo ficando envergonhada.
— Isabella, eu quero saber por que você não me ligou. O seu
pai te machucou?
Enrico deve ter feito contato com Dante contando o que havia
se passado, até porque ele enfrentou meu pai dentro da nossa casa.
— Está tudo bem! Eu não achei que era importante, por
isso...
— Tudo que acontece com você é importante, tenha isso em
mente. Ninguém pode falar alto ou muito menos encostar em você,
eu não vou permitir.
— Eu ainda vivo nesta casa, e aqui quem manda é o meu
pai. Mesmo assim, Enrico não o deixou me bater. Meu pai só puxou
o meu cabelo com força. Ele não quer que eu fique saindo de casa e
ficou com raiva porque bebi.
— Você é muito inocente, Isabella. Seu pai não manda em
nada sem que eu permita. Se eu quiser, ele deixa este mundo
agora!
— Por favor, não mate o meu pai! Eu quero que ele viva!
— Isso quem decide sou eu.
— Ele vai sofrer bem mais me vendo ser a Senhora Cosa
Nostra e tendo que se curvar a mim com respeito até o último dia da
vida dele — falei com raiva, pois queria me vingar do meu pai,
mesmo sabendo que era errado pensar assim.
Dante deu uma gargalhada.
— Pedido aceito, minha princesa! Vou deixar seu pai viver
para isso!
— Você ainda está trabalhando? — perguntei.
— Encerrando agora.
Fico em silêncio. Era tão estranho Dante estar no celular
comigo e falando naturalmente que eu tinha medo de estar
sonhando. Ouço um barulho e vejo as luzes do Cassino e as
pessoas falando com meu noivo. Ao perceber uma mulher se
pendurando em seu pescoço, morro de raiva e sinto vontade de
desligar na cara deles.
— Não precisa fazer essa cara de brava, porque você é mais
linda que todas essas mulheres que estão aqui juntas. E assim,
enrolada numa toalha, falando comigo, é golpe baixo!
Eu não sabia o que dizer, mas me lembrei de Anthony
falando que, se eu quisesse a atenção do meu noivo, tinha que
demonstrar interesse nele. Acontece que Dante dizia umas coisas
que me deixavam toda boba, achando que tinha alguma chance
com ele. Eu não passava de uma tola que se derretia por qualquer
coisa. Acabei nem o respondendo.
Enquanto ele saía do cassino, vesti minha camisola por cima
da toalha, deixando a roupa de banho cair no chão. Dante, por sua
vez, disse que era sorte minha ele estar tão longe, mas que
resolveria esse problema também.
Ficamos conversando, Dante falava umas coisas que me
faziam querer esfregar uma perna na outra.
— Você é muito gostosa, sabia? Não vejo a hora de ter você
nua na minha cama e sendo minha.
— Você fala umas coisas que eu fico me sentindo estranha.
— Estranha como?
Eu não queria contar, mas ele ficou insistindo.
— Eu quero saber o que você sente quando eu falo com
você!
— Eu sinto tudo formigando e parece que vou explodir.
— Porra! Você quer gozar só de escutar a minha voz? Não
vou aguentar isso!
— Você não quer mais se casar comigo? — perguntei,
assustada. — Eu falei alguma besteira?
— Não, Isabella, só que você me deixou duro falando assim.
Você está proibida de se virar sozinha, entendeu?
Ele estava dizendo que eu não podia me masturbar? Senti
até vontade até de rir. Se ele soubesse que eu não sabia fazer nem
isso!
— Eu quero você toda para mim! Quero fazer você gozar
pela primeira vez na minha mão e na minha boca.
Meu noivo era quente demais e eu já estava com medo de
não dar conta. Ele tinha a boca suja e eu gostava de escutar aquilo.
— Eu gosto quando você fala assim. Meu corpo parece que
ganha vida.
— Vida ganhou o meu pau e vou ter que me virar sozinho
aqui.
— Eu estava pensando que…
— Pensando no quê, Isabella?
— Posso ver?
Dante riu e parecia nervoso.
— Isabella, você realmente conseguiu me deixar louco agora!
— Eu tenho medo de falar essas coisas que eu sinto e você
não me querer, porque meu pai já avisou que vou para o prostíbulo
da Família.
— Isso nunca vai acontecer, porque eu nunca vou deixar
nenhum homem tocar no seu corpo.
Mordi meu lábio e me assustei quando vi Dante tirando a
roupa. Meu ar sumiu dos pulmões, e meu corpo começou a pegar
fogo. Quando suspirei alto demais, Dante me olhou.
— Desculpa, eu nunca tinha visto um homem nu!
— Ah, minha princesa, você pode ter certeza de que eu serei
o primeiro e o único que você vai ver assim!
Capítulo 14
Isabella Marino

Fazia uma semana que meus amigos tinham ido embora, e eu não
tinha vontade de sair de casa. Passava o dia no meu quarto para
evitar encontrar o meu pai. Minha mãe sempre vinha me chamar
para as refeições, mas eu dizia que não estava com fome e ela
acabava me trazendo alguma coisa para eu comer no quarto.
Eu conversava com Dante várias vezes durante o dia e,
quando não falava com ele à noite, tentava não ficar colocando
ideias na cabeça. Aos poucos, estávamos nos conhecendo, e ele já
não me parecia o monstro de antes. Não acreditava em contos de
fada, mas, quem sabe, eu pudesse tentar construir algo com ele que
não fosse um casamento frio e sem sentimentos.
Não tinha ilusão de que Dante fosse mudar de um dia para
outro, ou que fosse ser o mais perfeito dos maridos, mas ele estava
me dando atenção, e eu me sentia protegida com ele na minha vida.
Meu celular vibrou com a notificação de uma mensagem de
Dante, e acabo saindo do meu devaneio.

Dante: O que você está fazendo?


Isabella: O de sempre... nada!
Dante: Mandei antecipar a vinda de vocês para a Sicília.
Isabella: Como assim? Para quando?
Dante: Na próxima semana. Nina me disse que precisa de
você aqui para escolher essas coisas de decoração, que o
casamento é isso e aquilo... Minha cunhada sabe ser convincente
quando começa a falar sem parar.
Isabella: Tudo bem! Você já avisou ao meu pai?
Dante: Avisei mais cedo. Você e sua mãe estão vindo na
segunda-feira, no meu jatinho, e vão ficar aqui na minha casa.
Isabella: Está bem. Vou arrumar as minhas coisas.
Dante: Eu pensei que você fosse ficar mais animada vindo
logo para cá. Vai ser melhor do que ficar só conversando pelo
FaceTime, não acha?
Isabella: Sim! Mas estou indo porque Nina pediu, e não…
Dante: Se eu não quisesse te ver, não concordaria com Nina.
Mandaria minha cunhada escolher tudo sozinha e pronto. Se eu
estou deixando você escolher tudo para o nosso casamento, é
porque me importo.
Isabella: Você se importa comigo?
Dante: Você sabe que sim!

​ ssas palavras me deixaram mais animada! Dante se importava


E
comigo e isso significava muito para mim. Apesar de não gostar do
jeito autoritário dele, não queria ficar reclamando do que estava
conquistando. Sarah Cooper me disse que eu precisava ser
inteligente para afastar as vadias da vida do meu marido e Nina
falou que era preciso ceder, às vezes, para vencer lá na frente.
​Chamei Anthony no FaceTime para contar a novidade.
​— Dante antecipou a minha ida para a Itália. Estou indo na
segunda-feira e vou ficar hospedada na casa dele até o nosso
casamento. No caso, na minha futura casa.
​— Uhuuuu, Bella! Isso vai ser muito bom para vocês dois! Você
precisa conviver com esse homem, trocar uns beijos e dar uns
amassos para esquentar essa relação!
​— Eu sou virgem!
​— O mundo todo sabe disso — ele falou, rindo. — Não estou
falando de sexo, mas de preliminares. Eu sei que você é virgem,
totalmente virgem, mas, Bella, você vai se casar com esse homem!
Vocês precisam se conectar de alguma forma!
​— Sei que pareço uma idiota, acontece que… — eu tinha até
vergonha de falar uma coisa dessas. — Eu não sei nem me
masturbar. Sou uma toupeira do sexo!
​— Você vai levar esse homem à loucura — Anthony falou,
jogando-se na cama. — Ele não vai aguentar uma virgem assim! Vai
perder a cabeça, a razão e tudo mais.
​ nthony não tinha ideia de quem era Dante Cosa Nostra na
A
realidade e que nosso casamento era um acordo dele com o meu
pai. Meu noivo era um mafioso nato e não se apaixonaria por mim.
Pensar assim me deixou triste, mas precisava tentar. Meu amigo
não tinha noção de que algo a mais me jogaria nos prostíbulos da
Família.
​Minha mãe entra no quarto e interrompe minha conversa com
Anthony, dizendo que meu pai estava mandando me chamar.
Naturalmente, ele ia me comunicar que eu estava indo para a
Sicília, sem nem imaginar que eu já sabia disso.
Desço com a minha mãe e vejo meu pai nos esperando no
seu escritório.
— Vocês duas comecem a preparar as malas que, na
segunda-feira, estão seguindo para a Itália. O Capo quer que
Isabella cuide da organização do casamento deles. Vê se mostra
que você serve para alguma coisa que não seja reclamar da vida,
porque, se esse acordo for desfeito, eu não fico com você nesta
casa. Ninguém vai querer uma mulher largada pelo Chefe!
​— Sim, senhor meu pai! Não se preocupe que vou me casar com
Dante.
​— Você se acha íntima dele para chamá-lo assim pelo nome?
Pois saiba que ser minha filha e neta do Capo di tutti capi da
Alemanha foi o que fez o seu futuro marido te querer.
​Meu pai sabia como ferir as pessoas e não media esforços para
isso. Eu era sua única filha e sempre fui tratada como lixo.
​— Espero que você não seja incompetente como a sua mãe, que
não me deu um filho homem.
​— Um filho homem seria o seu sucessor, mas não te daria
jamais a posição que a filha mulher, que minha mãe te deu, vai te
proporcionar: sogro do Chefe!
— Você é muito atrevida e seu noivo, que resolveu tomar
posse de você antes do casamento, vai acabar com essa sua pose!
Se você me acha ruim, espere até ver do que o Chefe é capaz —
meu pai falou rindo alto. — E você, sua imprestável, tome conta da
sua filha! Não quero surpresas nem devoluções!
— O senhor não vai viajar comigo e Isabella?
Minha mãe e sua total submissão me cansavam.
— Cooper resolveu que tenho que acompanhá-lo numa
missão. Deve estar me tendo em alto grau de confiança, agora que
vou ser sogro de Dante Cosa Nostra — meu pai respondeu,
gabando-se. — E você, Isabella, leve tudo que é seu, porque você
não retorna mais para esta casa.
— Sim, senhor!
Meu pai não me queria nem como visita. Eu sempre gostei
dele, apesar de tudo, mas, no momento, só queria vê-lo pelas
costas.
Segui para o meu quarto, para arrumar as minhas coisas e
minha mãe veio me ajudar. Ela estava chorando e me abraçou com
seu corpo tremendo por conta do mar de lágrimas que saía dos
seus olhos.
— Minha menina que eu amo tanto! Como vou viver sabendo
que você não volta mais a esta casa? Seu pai não podia fazer isso
comigo!
— Nós vamos nos ver sempre, minha mãe. Eu prometo que
vou mandar te buscar para me visitar.
— Seu pai não vai permitir — ela falou, abaixando a cabeça.
— Minha mãe, eu não vou pedir para que a senhora vá me
visitar, vou ordenar! Depois que eu me casar, serei a Senhora Cosa
Nostra, meu pai vai ter que me respeitar se quiser ficar vivo.
— Você me assusta falando assim, Isabella. Temo por sua
vida ao lado do Chefe. Ele é um homem ruim e cheio de mulheres.
Tenho medo desse seu temperamento.
— Pode deixar que eu sei me cuidar. Quanto às mulheres —
falei, rindo —, elas não sabem quem é Isabella Marino, muito menos
quem será Isabella Cosa Nostra! Eu me preparei nesses seis anos
para ser a esposa do Chefe, elas vão ter uma surpresa.
— Do que você está falando, Isabella?
— Estou falando que eu não entraria despreparada nesse
casamento. A senhora acredita mesmo que eu passei seis anos da
minha vida frequentando uma academia e fazendo aulas de ballet?
Os seguranças me seguiam até a porta, mas nunca entraram
comigo.
Minha mãe me olha boquiaberta. Deixo-a estática e vou para
o meu closet separar as minhas roupas. Não pretendia levar quase
nada que eu tinha, afinal, se o meu marido gostava de gastar com
as putas, a despesa maior ele teria comigo.
Capítulo 15
Isabella Marino

Eu e minha mãe embarcamos no jatinho de Dante rumo à Sicília,


meu novo lar. Nosso casamento seria em três semanas. A princípio,
eu chegaria dois dias antes da cerimônia, mas meu noivo antecipou
nossa ida, eu ficaria três semanas na mesma casa em que ele antes
do nosso matrimônio.
​A vida era sempre cheia de reviravoltas: semanas atrás, eu
viajaria contrariada; porém, no momento atual, estava louca para
encontrar o meu noivo. Eu não sabia ao certo como me comportar
na frente dele, porque já não éramos dois estranhos e estávamos
sempre conversando.
​A viagem foi cansativa por conta da minha ansiedade. Minha mãe
estava muito nervosa porque ficaria hospedada na residência Cosa
Nostra.
​— Minha filha, estou tão preocupada! Seremos hóspedes da
família Cosa Nostra. A gente já nasce temendo a eles. Seu falecido
sogro é uma lenda da maldade e os filhos parecem que não ficam
para trás. Não queria esse casamento para você, mas seu pai não
se importa com o que penso...
​— Não se preocupe que vai ficar tudo bem! Eu quero me casar
com Dante, essa casa agora vai ser minha. Você não precisa ficar
com vergonha!
​— Isabella, essa casa será sempre do seu marido!
​— Será nossa! Se estou me casando com ele, a casa será
nossa!
​— Você e suas ideias do mundo lá fora! Aqui, nessa sociedade,
não somos nada, ninguém sabe que existimos. Pensam que somos
histórias de filmes e livros de mocinho e bandido.
​ inha mãe tinha razão, mas, no que dependesse de mim, o meu
M
casamento seria diferente. Eu queria ser feliz e merecia isso!
​Quando desembarcamos, tinha um carro nos aguardando.
Seguimos para a Fortaleza Cosa Nostra. Durante o caminho, eu
tremia e fazia mil planos sobre o que falar quando encontrasse
Dante. Não sabia como ele me trataria e precisaria ser forte.
​Assim que chegamos, fomos recebidas por Giancarlo, que
estava na sala principal.
​— Bem-vinda, cunhada!
​Eu sorri para ele e respirei fundo, olhando a imensidão daquele
lugar. Minha casa era enorme, mas nada se comparava àquele
palácio.
​— Você também mora aqui?
​— Não, esta casa principal é do Dante. A minha fica mais próxima
dos vinhedos, e, logo depois da ponte que tem aqui atrás, fica a de
Lorenzo.
​— Entendi — digo sorrindo.
Escuto muitas vozes e olho para uma porta de onde estavam
saindo vários homens. Pelo cheiro de whisky e charuto, era uma
reunião da Cosa Nostra.
​— Não é apropriado nós ficarmos aqui na sala com os homens
em reunião — minha mãe falou para Giancarlo, esperando que ele
nos mostre o caminho para o nosso quarto.
​Todos os olhares se voltam para mim antes que eu consiga
escapar dali. Me arrepio da cabeça aos pés quando vejo Dante
surgindo entre eles. Nós conversamos tanto pelo FaceTime, porém,
dessa vez, ele estava ali de verdade, e sua presença era
intimidadora. À medida que ele se aproximava, minha respiração
acelerava.
​Ele passou na frente dos outros homens e olhou para eles de um
jeito que todos pareciam engolir em seco.
​Quando se aproximou de mim, ele me puxou pela cintura,
colando meu corpo no dele. Tudo que eu mais queria aconteceu:
Dante me beijou. Meu primeiro beijo foi rápido, mas foi perfeito. Eu
senti meu corpo todo ganhando vida e fiquei com medo de não o ter
beijado direito.
​ Senhores, quero que conheçam minha noiva, Isabella Marino,

a futura Senhora Cosa Nostra — Dante falou, apresentando-me
para os homens da máfia. — De hoje em diante, lembrem-se de não
ficarem olhando para ela como vocês fizeram agora ao saíram da
sala de reuniões, se quiserem sair com vida desta casa — ele
recomendou e se voltou para mim novamente. — Fez boa viagem,
minha princesa? Sentiu minha falta?
​— Sim! Eu estava ansiosa para chegar logo — foi tudo que
consegui responder de tão nervosa que eu estava por estar em seus
braços.
​Dante me beijou novamente sem se importar se isso era certo ou
errado, já que não estávamos casados ainda. Ele era a Lei, então,
pelo visto, não precisava se importar com mais nada.
​Minha mãe estava com cara de quem tinha visto um fantasma
por me ver abraçada ao meu noivo, enquanto eu só conseguia
pensar no quanto seu beijo era gostoso.
​Dante designou uma das funcionárias da casa para que
acompanhasse a mim e a minha mãe até os nossos quartos.
​— Eu e Isabella podemos ficar juntas no mesmo quarto — minha
mãe informou para a senhora que estava nos mostrando o caminho.
​— Não é necessário que vocês dividam o mesmo quarto.
Isabella será a dona desta casa e vai ficar em um quarto só para ela
até passar para o meu, quando nos casarmos — Dante falou com
uma firmeza que era impossível não obedecer calada.
​Quando chego no meu quarto, me jogo na cama e sonhando
acordada com o meu primeiro beijo eu adormeço. Acordo mais tarde
com a minha mãe batendo à porta do quarto.
​— Minha filha, vim ver se está tudo bem com você. Essa casa é
muito grande e silenciosa. Você já olhou a vista do seu quarto? Isto
aqui é um mundo!
​— Ainda não olhei, mas vou fazer isso agora — respondi,
levantando-me e respirando fundo quando chego à varanda do meu
quarto. O lugar era imenso e parecia não ter fim.
​— Fiquei preocupada com o comportamento do seu noivo. Ele te
abraçou e te beijou na frente de todos. Isabella, vocês ainda não
estão casados. Eu não acho isso certo e tenho medo de ele te
devolver. Filha, se ele achar que você é assim de sair beijando, ele
pode…
​— Chega, minha mãe! Eu dormi feliz com o beijo do meu noivo,
e a senhora não vai me deixar insegura! Eu vou ser a esposa dele, e
meu marido vai ser só meu!
​— Filha, ele vai ser seu marido, mas você sabe que fidelidade
não é comum no nosso mundo, nem deve ficar cobrando isso do
seu marido. Ele tem o direito dele…
​— Não quero escutar! Eu não vou ser como a senhora e outras
tantas mulheres da máfia que são obrigadas a se deitar cedo para
os maridos receberem suas amantes. Nesta casa, a primeira
prostituta que entrar vai sair com vida, porém, toda quebrada, só
para levar o recado para todas as outras de que este lugar tem
dona, ou eu não vou me chamar Isabella Cosa Nostra!
​— Você ficou louca? Não pode afrontar seu marido dessa forma!
​— Posso, sim! Se eu vou ser só dele, ah... ele vai ser só meu
também!
​— Eu não vou aguentar perder você. Esse homem vai te matar!
Eu não queria esse casamento para você... Como você vai
sobreviver como esposa desse homem ruim agindo desse jeito?
​— Não se preocupe, eu sei me cuidar! Agora vai descansar, dar
uma volta pelo jardim, respirar um pouco de liberdade. Você só vive
para cuidar do meu pai. Aproveita essas semanas longe daquele
tirano!
​— Não fale assim do seu pai. Eu não posso ficar andando pela
casa, sou convidada e ninguém falou que a gente podia sair.
​— Eu estou falando — frisei, vou até a porta do meu quarto e
chamo Enrico. — Por favor, peça a alguém que trabalhe na casa
para acompanhar minha mãe em um passeio pelo jardim, porque
ela tem medo de se perder.
​— Pois não, Senhorita Marino! Eu mesmo posso acompanhar a
sua mãe e mando outro segurança para ficar no meu lugar, caso a
senhorita precise de alguma coisa.
​— Obrigada!
​Minha mãe me olha como se não me conhecesse e, de verdade,
ela realmente não sabia muita coisa sobre mim.
​ Você não pode ficar dando ordens nesta casa, Isabella! Você

ainda não se casou.
​— Tanto posso que eu dei! Vai se distrair que eu vou dormir mais
um pouco.
​Minha mãe sai, e eu aproveito para ligar para Anthony, para
contar que tinha finalmente beijado na boca.
Capítulo 16
Isabella Marino

Era meu primeiro dia na Cosa Nostra, e eu ainda não havia me


adaptado ao fuso horário e aos costumes deles. A senhora que nos
mostrou o quarto veio informar que o jantar estava servido, e
encontrei minha mãe no corredor dizendo que não queria descer
para se alimentar, porque se sentia sem graça de estar hospedada
ali.
​— Vem, minha mãe! Vamos enfrentar as feras juntas! — falei,
sorrindo. — Eles são pessoas normais que têm mais poder que
todas as outras. Pense assim que vai ser mais fácil.
​Assim que descemos, encontramos uma senhora na sala, que
sorriu com doçura, mas que tinha um olhar triste. Pela cor azul dos
olhos, só poderia ser a mãe de Dante.
— Seja bem-vinda, Isabella! — ela desejou e me mostrou a
mesa servida para o jantar. — Seja bem-vinda também, Senhora
Marino! Eu sou a mãe de Dante.
— E onde está o meu noivo? — perguntei, e minha mãe só
faltou pedir desculpas formalmente por escrito pelo que, segundo
ela, era uma falta de respeito minha.
— Estou aqui — Dante respondeu ao entrar na sala, e depois
me abraçou. — Vamos jantar?
Eu não estava com fome, mas comi o que aguentei para não
parecer mal-educada.
— A senhora mora aqui nesta casa? Estou perguntando por
que Giancarlo me disse que cada um mora em um imóvel diferente.
— Sim, eu moro aqui, mas agora tenho ficado muito na casa
de Lorenzo, cuidando do meu neto. Ele trouxe uma alegria imensa
para a minha vida.
Pude perceber que Dante não conversava com a mãe. Na
verdade, ele comia calado, e minha mãe, como sempre, me olhava,
pedindo com os olhos para que eu fizesse o mesmo.
Quando acabamos de jantar, Giancarlo e Lorenzo chegaram,
avisando que estavam atrasados.
— Você vai sair? — perguntei.
— Isabella, seu noivo tem os compromissos dele — minha
mãe falou, achando errado eu perguntar se Dante sairia.
— Bem-vinda à Família! — Nina, que tinha acabado de
chegar, falou sorrindo de mãos dadas com seu filho. O menino era
uma miniatura do pai. — Aqui, os homens vivem trabalhando. Você
acorda e se pergunta: será que eu tenho mesmo um marido?
— É sempre um prazer te receber aqui em minha casa,
cunhada! Você é sempre tão agradável! — Dante exclama, olhando
sério para Nina. — O que mesmo você veio fazer aqui?
— Ela veio me ver e combinar sobre o nosso dia de amanhã
— respondi, e Dante fecha a cara. Ele não queria que eu me
aproximasse de Nina, porque ela não tinha sido criada na máfia.
Porém, eu não precisava da influência dela para não concordar com
nada do que eles achassem certo em relação às mulheres. — Nós
vamos sair para escolher a decoração do casamento.
— Vamos logo que nós já estamos atrasados — Lorenzo
afirma e se vira para dar um beijo no filho e na esposa. Eles
pareciam felizes no meio daquilo tudo.
— Eu vou sair para trabalhar e só volto de madrugada. Hoje
temos muito trabalho — Dante me informa e me dá um beijo antes
de ir embora.
Fico triste ao vê-lo sair, porque pensei que passaria mais
tempo com ele, mas acabei me distraindo com Nina e Enzo, que era
um amor de menino. O ídolo do garoto era o tio Dante, e Nina fazia
careta quando o menino dizia que queria crescer e ser igual a ele.
— Dante é o ídolo dos irmãos e do sobrinho — Nina afirma,
revirando os olhos, e eu sorrio.
Depois do bate-papo com Nuna e as brincadeira com Enzo
resolvo me deitar, mas foi um sacrifício pegar no sono. Estava
cansada e, ao mesmo tempo, ansiosa por estar na Cosa Nostra.
Minha mãe ainda quis fazer um discurso, alertando que meu
comportamento não era de moça que tinha recebido uma educação
rígida. Ela não queria que eu ficasse conversando com o meu noivo
ou fazendo perguntas.
Era muito tarde quando escutei meu celular vibrando com a
mensagem de Dante avisando que tinha chegado. Eram três horas,
o que significava que ele tinha ido direto para casa. Com isso, meu
coração disparou de alegria. Ele não dormiu com ninguém! Logo, eu
me enchi de coragem e mandei uma mensagem de volta para ele.

Isabella: Você vem me ver antes de dormir?

Ele não respondeu, o que me deixou decepcionada, até ver a


maçaneta da porta do meu quarto girando e Dante entrando.
Num impulso, eu me levantei e corri para os braços dele,
beijando-o. Ele me abraça com força e me coloca contra a parede e
sua língua entra com força na minha boca. Eu queria tudo daquele
homem, não só o beijo, mas o corpo, a alma e o que mais ele
tivesse para mim.
— Tudo tem um limite, e você, assim de camisola, está
testando todos os da minha sanidade mental! — ele falou ao apertar
a minha bunda.
— Eu sou virgem, Dante! Não sei fazer nada do que você
está acostumado a fazer, tudo isso é novo para mim. Eu nem
pesquisava nada na internet porque tinha medo de ser controlada
pelo meu pai e de ele acabar comigo. O que sei é o que escutava a
Kate contando para o Anthony. Não quero que você me ache uma
boba.
— Eu acho você gostosa, não uma boba. Tenho vontade de
te chupar toda e de te fazer ficar louca de tesão. Não sou um
homem de ir devagar com nada, mas estou tentando fazer isso com
você. Mas não posso negar que quero te ver pelada e gemendo o
meu nome enquanto goza para mim.
A versão devagar de Dante era meio ousada e nem um
pouco... devagar, mas gostei da ideia de fazer tudo que ele falou.
— Eu quero me casar virgem! Mas há como fazer essas
coisas sem... Eu não sei como falar isso, mas eu queria conhecer
você e ir me preparando. Entendo que vocês, homens, só querem
que a esposa se deite, e mais nada, só que eu não quero ser esse
tipo de mulher. Tenho vontade de sentir você... Desejo tocar em
você... Quero aprender a ser sua mulher e não um fantoche nas
festas e uma boneca inflável na cama.
— Deixe-me ver se eu entendi, você quer fazer um monte de
putaria comigo antes de se entregar para mim depois do nosso
casamento?
— Eu não diria com essas palavras, mas é mais ou menos
isso.
Dante me agarra com força e me joga em cima da cama.
— Minha princesa, eu não sou homem de deixar passar uma
oferta dessas. Pode se preparar, porque vou te fazer gritar o meu
nome de tanto gozar para mim, minha delícia!
Capítulo 17
Isabella Marino

​O beijo de Dante era forte, e ele parecia estar me devorando com


sua língua. Eu nunca tinha beijado ninguém antes e estava
agradecida por isso, porque achava que ninguém deveria beijar tão
bem como o meu noivo.
Ele estava deitado por cima de mim, e suas mãos apalpavam
todas as partes do meu corpo ao mesmo tempo. Eu sentia tudo
latejando entre as minhas pernas e queria me controlar, mas não
conseguia e me esfregava nele, tentando buscar algum tipo de
alívio.
— Você se masturbava?
— Hummm… Eu tinha vergonha.
— Minha princesa, você existe mesmo? Seu pai é um merda,
mas ter conseguido manter sua inocência no meio desse nosso
mundo o fez ganhar alguns pontos comigo.
— Eu nunca tive um quarto só meu no colégio interno nem no
pensionato. Cresci escutando tudo o que as meninas contavam
quando voltavam das férias, mas eu mesma só ficava no meu
quarto. Nas festas da máfia, também ouvia muitas histórias das
mais atiradas, porém, fiquei sua noiva e só fui a mais umas três ou
quatro festas, depois disso, fui trancada no pensionato para ser sua
esposa.
— Minha gostosinha, eu vou te mostrar como é ser minha —
Dante falou enquanto passava a mão no meu peito, por cima da
camisola.
— Você já me deixou te ver, lembra? Quer me ver também?
Dante sorri satisfeito e depois me beija.
Ele estava levantando minha camisola, o que me deixou um
pouco envergonhada e com o medo de ele me achar feia, mas seu
toque ia me deixando confiante e cada vez com mais vontade dele.
— Você é perfeita! — Dante me elogia e começa a morder o
bico do meu seio. Eu não sei o que acontece comigo, mas sinto que
meu corpo começa a ter espasmos e penso que posso estar
morrendo.
Ele sugava meus seios e depois os soprava, o que me
deixava louca, senti quando ele foi descendo seus beijos e parou na
minha barriga. Eu estava com a minha cabeça jogada para trás e as
minhas mãos puxavam com força o lençol da cama. Queria gritar,
mas tinha medo de que alguém me escutasse naquele castelo
silencioso.
Quando senti que Dante estava tirando minha calcinha, fiquei
tensa, e minha mão segurou a dele por impulso.
— Não vou fazer nada que te machuque — Dante falou,
tentando me acalmar e eu solto minha mão, confiando nele. — Você
quer casar virgem, vou respeitar isso!
Dante começa a me beijar, e eu pensei que nunca mais
conseguiria olhar para ele depois disso, até sentir sua língua
serpenteando dentro de mim. Aquilo causou um frenesi no meu
corpo todo, e os espasmos aumentaram. Minhas pernas pareciam
que estavam com cãibra de tanto que formigavam, podia sentir meu
coração disparar numa velocidade que eu não sabia que ele era
capaz.
— Dante... Dante — falei, gemendo e com a respiração
ofegante quando percebi que meu corpo estava explodindo. Depois
senti um alívio que durou segundos, e os espasmos voltaram.
— Você quer gozar de novo, minha delícia? — ele perguntou,
deitando-se ao meu lado e com o seu dedo entrando devagar dentro
de mim. — Seu gosto é muito bom, sabia?
Meu corpo parecia um vulcão entrando em erupção.
— Eu quero gritar... Manda todo mundo embora desta casa
para eu fazer isso! — falei, e Dante riu. Então o safado aumentou o
ritmo do círculo que seu dedo estava fazendo dentro de mim e
começou a sugar os meus mamilos ao mesmo tempo.
— Goza falando o meu nome de novo, minha safada gostosa,
que ama uma putaria e que, de anjo, só tem esse rosto lindo!
— Dante! — gritei e senti que gozei duas vezes seguidas.
Será que isso era normal?
Minha respiração acelerou tanto que pensei que fosse
desmaiar.
— Olha para mim — Dante pediu. — Você gozou três vezes,
minha noivinha insaciável! Isso tudo estava guardado para mim?
— Sim! Eu só não sabia que eu ia gostar tanto disso!
Dante me beijou com força, e eu senti vontade de tocar nele
também. Já o tinha visto nu pelo FaceTime, mas, dessa vez, ele era
real na minha cama. Então, coloquei minha mão próxima à calça
jeans que ele usava e tentei enfiá-la dentro dela.
— O que você está tentando fazer, Isabella?
— Tentando tocar em você. Eu posso?
Dante se levantou, arrancou a calça jeans e ficou de cueca,
olhando para mim. Seus olhos estavam escuros e pareciam os de
um predador que devoraria a sua presa.
​Minha respiração acelerou quando olhei para ele, e eu engoli em
seco enquanto passava a língua pelos meus lábios.
— Está vendo como eu fico duro por sua causa? — ele falou
enquanto arrancava a cueca que estava cada vez mais justa.
Dante era perfeito e na medida certa! Era alto, forte,
musculoso e tremendamente gostoso. Dava vontade de beijar cada
parte do seu corpo, e eu ainda faria isso.
Ele começou um vaivém com as próprias mãos enquanto me
olhava, e eu ficava pensando se ele caberia dentro de mim.
— Depois do nosso casamento, vou fazer isso aqui dentro de
você!
Minha nossa! Dante estava sendo paciente comigo, e isso me
encheu de desejo por ele. Seus olhos ficaram fixos nos meus, e
senti quando sua respiração acelerou, fazendo-o jogar a cabeça
para trás.
​Não sabia o que tinha dado em mim, a não ser que senti um
instinto que me fazia querê-lo todo. Então, me levantei correndo e
fui até a beirada da cama onde ele estava de pé, coloquei minha
boca no seu pau, quase engolindo-o com a minha pressa e falta de
jeito. De repente, senti um jato quente com um líquido grosso
entrando direto na minha garganta e, sem saber o que fazer, acabei
engolindo tudo.
— Isabella! Porra! — Dante gritou e segurou minha cabeça
enquanto eu engolia aquele líquido que não acabava nunca.
​Me sentei e olhei para ele, que parecia estar em choque!
​— O que foi isso? Você engoliu tudo?
​— Eu não podia fazer isso?
​— Isabella, o que eu vou fazer com você? Estou tentando ser
paciente e ir devagar, mas você está me provocando!
— Me desculpe, eu não sei o que aconteceu, só senti uma
vontade louca de sentir como era o seu gosto e... Eu gostei!
— Mulher, você vai me enlouquecer! — Dante falou e se
deitou na cama, puxando-me para junto dele. — Você não precisa
pedir desculpas por isso, mas já vou te avisando que vou querer
isso todos os dias!
Eu sorri confiante! Talvez tivesse que matar poucas
prostitutas antes de meu marido ser só meu.
— Você não pode dormir aqui porque, se minha mãe entrar
de manhã…
— Pode dormir que, quando estou em casa, meus soldados
não permitem que ninguém se aproxime do corredor onde fica o
meu quarto.
— O seu quarto fica aqui perto?
— Ao lado do seu — ele respondeu com seu sorriso safado.
— Você acha que eu deixaria você ficar longe de mim?
Seu corpo era quente, e aquela foi a primeira noite em que
dormi sem ter medo de nada. Com Dante, eu me sentia segura e
dona de mim mesma.
Capítulo 18
Dante Cosa Nostra

​Giancarlo me passava relatórios diários das nossas atividades na


Colômbia. Alguns infelizes ainda pensavam em se rebelar, mas
foram logo eliminados. O território colombiano era aliado da Mara
Salvatrucha, que nasceu em Los Angeles e era uma forte inimiga da
Máfia Cooper, que não dava espaço para eles. Aliás, os inimigos
estavam crescendo rápido, e é claro que a Cosa Nostra entraria em
guerra com eles mais cedo ou mais tarde.
​— Nossos homens estão dando conta de tudo ou você precisa
que sejam enviados mais soldados? — perguntei a Giancarlo.
​— Por enquanto, está tudo certo por aqui, mas, qualquer coisa, a
Máfia Cooper pode enviar soldados para cá.
​— Estou recebendo informações de que a Bratva está se aliando
à Mara Salvatrucha, e o alvo deles é a Cosa Nostra!
​— Precisamos estourar algumas bases deles no território
americano e as que começarem a surgir na Itália.
​— Vamos começar a planejar um ataque imediato.
​Lorenzo chega com novos mapas e relatórios que confirmavam
ações conjuntas da Bratva e da Mara Salvatrucha. Eu teria que
tomar atitudes imediatas, e aquelas duas semanas, desde que
cheguei de Nova Orleans, foram dedicadas a planejamentos e muita
carga nova que chegava e precisava ser distribuída.
​Tivemos muitas baixas em vários pontos nossos por conta
desses ataques, era preciso revidar, eliminando, em massa, vários
soldados inimigos. O resultado disso acabava chegando à imprensa,
que noticiava massacres entre gangues rivais, mas a verdade era
que a Cosa Nostra estava agindo.
​ Dante, precisamos limpar essa sujeira que está saindo na

mídia. Nossos policiais infiltrados despistam, mas você sabe que os
repórteres gostam de furos e que, quando ligam tudo isso a uma
máfia, dá ibope. Preciso levar mais soldados para limparem as
cenas e deixarem a mídia sem assunto por um tempo — Lorenzo
sugeriu e eu concordei com ele.
​Enquanto meu irmão planejava essas ações, meu celular vibrou,
era uma mensagem de Enrico.

Enrico: Don Cosa Nostra, a Senhorita Marino me pediu para


sair, e o endereço é de um hotel aqui de Nova Orleans.
Dante: Hotel? Que diabos minha noiva está indo fazer em um
hotel? Onde vocês estão?
Enrico: A caminho do endereço que ela nos deu, senhor!
Eu não tinha paz. Estava no meio de uma guerra e minha
noiva indo para um hotel. Ela não seria burra de sair para me trair e
ainda levar os meus seguranças com ela.
Mandei uma mensagem para Isabella questionando o que ela
faria no hotel e ela ousou me perguntar quem eu era e por que
queria saber isso. Minha noiva estava sendo irônica pelo fato de eu
nunca ter ligado ou mandado mensagem para ela e de o número
aparecer como desconhecido. Ela sabia ser irritante quando queria,
pelo visto.
Minha paciência com Isabella era nula, então, mandei que os
homens a levassem de volta para casa. Na mesma hora, o leão
virou cordeirinho e começou a explicar e a pedir por favor para eu
deixá-la encontrar uma amiga que morou com ela em Londres.
Pesquisei e vi que se tratava de uma doida tatuada que vivia
nas baladas. Não queria minha noiva andando com gente assim,
mas estava sem tempo para resolver isso e disse que ela poderia ir,
mas que se limitasse ao quarto do hotel, frisando que Enrico ficaria
a aguardando do lado de fora. Ela concordou, mas se irritou porque
fui olhar as redes sociais da amiga e veio me cobrar que eu nunca
olhei as dela ou lhe mandava mensagens.
Não quis ser sincero e começar uma discussão, contando
que já tinha olhado as redes sociais dela e as tinha achado um saco
e cheias de fotos sem graça. Na verdade, era necessário admitir
que, ao vivo, ela era muito gostosa, mas, na internet, não passava
de uma sem-sal. Para que eu perderia meu tempo vendo aquelas
fotografias sempre iguais?
Eu tinha uma vida real, mulheres que me davam o prazer que
eu queria, que faziam tudo que eu mandava na cama e se
esforçavam para me agradar. Tudo que fazia com as que eu tinha
preferência era dar um cartão de crédito e elas não me enchiam a
paciência. Eu me casaria e cumpriria minha obrigação de marido,
mas não passaria disso com Isabella. Não tinha saco para quem
não sabia fazer nada, e é claro que eu não ia ficar ensinando.
Depois da lua de mel, que seria na Grécia, onde Nina alugou uma
casa para nos receber, eu voltaria e manteria a minha vida normal.
Como já tinha mulheres à minha disposição, Isabella ficaria em casa
e eu não perderia meu tempo com ela. Pelo jeito de falar, pedindo
por favor para visitar uma amiga doida no hotel, deveria ser uma
chata que ficaria choramingando e pedindo minha atenção.
Assunto resolvido com a minha noiva, iniciamos uma reunião
com os capos aliados para resolver a questão das cenas dos crimes
que não estavam sendo limpas e chamando atenção de quem não
interessava.
Meu telefone vibrou, e fui obrigado a olhar a mensagem, pois
era novamente de Enrico. Que inferno! Enquanto todos falavam ao
mesmo tempo, abri o celular para ler a mensagem e quase matei
todos naquela sala com a raiva que tomou conta de mim.
— Assuma tudo, Lorenzo, que preciso sair para resolver um
assunto!
Meu irmão me olhou e achou meu comportamento estranho,
porque eu não costumava fazer isso se não fosse um problema
sério com nossa família, como na época em que Nina foi
envenenada.
A mensagem dizia que, além da amiga, havia um homem no
quarto do hotel. Eu ia matar Isabella e já estava decidido a fazer
isso quando liguei com ódio para ela.
— Eu não sabia que Anthony tinha vindo, mas ele é gay — foi
o que ela me disse quase chorando.
Precisei me controlar para não acabar com ela. Essa doida
não tinha ideia da minha vida e só naquele dia ela me fez parar
duas vezes o meu trabalho por conta de um passeio. Melhor seria
deixá-la trancada em casa mesmo até o casamento para não ficar
me aborrecendo. Isabella não falava nada, mas eu podia escutar
sua respiração ofegante com medo de mim.
Resolvi explicar para a insensata da garota que tínhamos
muitos inimigos e que ela deveria ter certeza, quando fosse
encontrar alguém, de que era seguro e quem estaria realmente no
local. Marino criou uma sem-noção que parecia esquecer que
éramos da máfia.
Voltei para a reunião, mas estava com raiva de mim, porque
não me preocupei com a segurança dela como havia dito. Aliás,
fiquei puto só de pensar que ela estivesse com outro homem em um
quarto de hotel. Como não queria pensar na Isabella, foquei na
reunião.
Em seguida, fui para o cassino com Lorenzo, que me ajudaria
a conferir o fechamento da semana, e depois eu esfriaria a minha
cabeça.
​— Vamos beber alguma coisa — sugeri, puxando Lorenzo para o
bar. Não demorou para uma das mulheres, com a qual eu gostava
de ficar quando estava estressado, aparecer e Lorenzo dizer que ia
para casa.
​— Eu também estou indo — falei, e Lorenzo fez cara de nojo
para a mulher que eu estava levando comigo.
Capítulo 19
Dante Cosa Nostra

Assim que estava entrando no meu carro, recebi uma mensagem


de Isabella. Minha noiva nunca tinha escrito nada para mim, me
arrependi na mesma hora de ter dado meu número para ela, mas,
quando li o teor da mensagem, quase deixei meu celular cair no
chão.
Que porra era aquela?
Isabella me enviou uma foto passando a língua numa taça de
vinho. Encostei no meu carro, meu pau ficou duro quando lembrei
que ela nunca tinha encostado aquela língua em ninguém. Eu seria
o primeiro a foder aquela boca deliciosa. Por mais que odiasse
mulheres sem experiência, estava desejando a minha noiva. Tive
vontade de jogar o celular longe, mas, ao mesmo tempo, queria
mais dela.
Ela queria me provocar e conseguiu!
Perguntei que vinho era aquele, achando que ela se
arrependeria de ter enviado a foto, mas Isabella respondeu que não
sabia. Quando eu ia colocar o celular no bolso para ir embora, ela
escreveu que o vinho era muito gostoso.
— Dante, você não vai entrar no carro?
Lembrei-me da vadia que estava dentro do meu automóvel
achando que poderia me cobrar alguma coisa.
— Ficou louca? Se eu vou entrar ou não no meu carro não é
da sua conta! Some da minha frente! — gritei, e ela saiu com cara
de choro. — Está chorando por quê? Vai atender os clientes e
desaparece daqui!
Entrei no meu carro e comecei a conversar com Isabella.
Quando eu falei que ela provaria o vinho da Cosa Nostra
diretamente nos lábios, ela me enviou outra foto exatamente assim,
com vinho escorrendo por sua boca.
Meu pau começou a doer pensando nela me chupando, e, se
o que ela queria era a minha atenção, tinha conseguido mais do que
isso. Eu simplesmente queria Isabella para mim.
Depois de pedir para ela ir para casa porque, naturalmente, já
tinha bebido além da conta, salvei as fotos no meu celular e fui para
casa também.
Estava sozinho no meu escritório, bebendo e organizando as
cargas que chegariam naquela semana. Giancarlo fazia muita falta.
Sem ele, eu e Lorenzo ficávamos sobrecarregados.
Meu celular vibrou mais uma vez, era a diaba da minha noiva
mandando uma foto e dizendo que ia dormir com uma camisola
transparente.
Liguei para ela pelo FaceTime, porque precisava ver aquilo
tudo ao vivo. Quando ela atendeu, deu para notar que estava
vermelha de vergonha por ter ido tão longe comigo. Ela era muito
inocente. As putas me enviavam nudes, mas minha Isabella
mandava foto vestida e, ainda assim, era quem me deixava cheio de
tesão.
Comecei a falar o que eu tinha vontade de fazer com ela e vi
que Isabella gostava de escutar as minhas fantasias e sacanagens.
Sua respiração ficava ofegante e eu percebia que ela ficava
mudando de posição na cama.
Ela estava indo dormir, e eu tinha que fazer toda a rota do
carregamento. Pensei que transaria e trabalharia relaxado, mas, no
lugar disso, fiquei sentado no escritório de pau duro, conversando
com a minha noiva. Esse definitivamente não era quem eu
costumava ser!
Já que eu ficaria trabalhando, falei que Isabella poderia
dormir, deixando o celular ligado que, assim, ela me faria
companhia. Ela concordou, e, quando foi ajeitar o aparelho, sua
camisola — que, além de um pouco transparente, era
superdecotada — desceu um pouco, e seu seio ficou à mostra. Ela
ficou corada, e eu, louco para cair de boca nele. Minha mulher era
linda demais!
Foi difícil trabalhar com aquela visão dela dormindo e todas
as fantasias que vinham à minha cabeça. Eu não gostava de quem
não sabia nada, mas minha noiva parecia que aprenderia rápido, e
só o fato de pensar que eu seria o único homem dela me fez
começar a desejá-la. Eu realmente precisava antecipar a vinda de
Isabella para a Cosa Nostra.
Eu me deitei e adormeci com o celular do meu lado. Em
pouco tempo, ela estaria na minha cama, mas não dormiria. Acordei
duas horas depois e fui tomar café e me reunir com Giancarlo.
Estávamos com alguns problemas de última hora e meu irmão era
nosso melhor estrategista.
Escutei um barulho durante a reunião, era Isabella
acordando. A visão dela de manhã era perfeita.
— Bom dia! Dormiu bem?
Ela se espreguiçou olhando para mim e perguntou se eu não
dormia. Dormir? Eu e meus irmãos fomos treinados para não dormir
e viver em alerta.
Perguntei o que ela faria e se poderia vê-la se arrumando. É
claro que ela disse não. Mesmo assim, Isabella me pediu permissão
para me ligar mais tarde, sem imaginar que eu faria isso de qualquer
jeito.
Quando desliguei, lembrei que estava na sala de reunião com
Lorenzo e Giancarlo. Os dois ficaram me olhando como se tivessem
visto um fantasma, eu tentei continuar a reunião, mas foi impossível.
— Até algumas horas atrás, você estava com uma das suas
prostitutas e agora está falando com a sua noiva, dizendo que vai
antecipar a vinda dela para cá?
​— Eu não estava com ninguém porque deixei aquela lá no
cassino. A infeliz achou que podia me cobrar alguma coisa. E sim,
estou pensando em antecipar a vinda de Isabella. Agora podemos
voltar para a nossa reunião?
​Giancarlo deu uma gargalhada, e Lorenzo, que parecia estar
prendendo o riso, não aguentou e começou a rir também.
​— Dante dispensou uma mulher e acordou perguntando se a
noiva dormiu bem? Foi isso que aconteceu, Lorenzo?
​— Se a gente ficar conversando assim todas as noites, vou ter
que antecipar sua vinda para cá — Lorenzo falou, imitando-me. —
Eu entendi bem? Você dispensou aquela puta para ficar
conversando com Isabella?
​— Vão para o inferno vocês dois! — falei e deixei a sala de
reunião, apesar de ainda de longe escutar a gargalhada deles.
​Resolvi treinar na nossa academia e acabei participando do
treino de luta dos nossos soldados. Eu precisava me acalmar, nada
melhor do que me exercitar para esvaziar a mente.
À noite, no cassino, decidi que não viraria piada para os
meus irmãos, nem ficaria pensando em Isabella. Então, chamei uma
das mulheres para vir ao meu escritório. Quando ela começou a
abrir a minha calça, meu celular vibrou, e era uma mensagem de
Enrico.
Porra! O que tinha acontecido agora?
Quando ele disse que meu futuro sogro havia agredido minha
noiva, empurrei a mulher que estava ajoelhada na minha frente,
ajeitei minha roupa e fiquei nervoso porque Isabella não me atendia.
Liguei para Cooper e o mandei dar um aviso ao meu futuro
sogro, dizendo que Nova Orleans estaria sob um novo comando, já
que ele não faria mais parte do nosso mundo.
Quando Isabella finalmente me atendeu, ela estava enrolada
em uma toalha e me pediu desculpas por não ter me atendido antes
por estar no banho. Será que ela tinha noção de que fazia um
estrago na minha sanidade mental?
Isabella estava com os olhos vermelhos e eu percebi que ela
tinha chorado. Logo, senti ódio do pai dela. Ninguém tocaria no que
era meu e sairia por aí contando história. Mas Isabella me pediu
para deixá-lo vivo, pois o castigo do pai seria se curvar a ela pelo
resto da vida.
Essa mulher tinha nascido para ser minha! Apesar do rosto
de anjo, era a tentação em forma de ser humano e ainda tinha o
sentimento de querer se vingar dos inimigos. Seu pai era um inimigo
para ela, pelo visto.
Resolvi ir para casa, já que estava conversando com Isabella,
porém, no caminho, uma infeliz resolveu se atirar no meu pescoço,
na mesma hora eu vi a cara de brava da minha noiva. Como se eu
fosse preferir alguma dessas mulheres da vida quando tinha a
minha princesa conversando comigo, enrolada em uma toalha, que
eu queria poder tirar com a minha boca!
Isabella não tinha ideia de quanto era gostosa! Ela disse que
eu falava umas coisas que a deixavam estranha. Perguntei o que
eram, e ela ficou com vergonha de contar. Eu precisava saber o que
minha noiva sentia, queria conhecer essa mulher que seria só minha
e, quando ela disse que sentia que o corpo explodiria de tanto
formigar assim que escutava as sacanagens que eu lhe falava, não
aguentei.
Ela queria gozar e não sabia o que era isso que sentia só de
escutar a minha voz. A inocência dela me deixava mais louco ainda.
Só mesmo Isabella para achar que eu ficaria bravo por ela me
contar isso.
Para fechar a noite, minha noiva simplesmente me pediu,
toda cheia de medo, se poderia me ver gozando para ela. E ainda
assim, levou um susto quando me viu nu e excitado ao extremo.
Eu só conseguia pensar que seria o primeiro e único homem
da vida dela e, pela primeira vez, senti vontade de proteger alguém
que não fossem meus irmãos e meu sobrinho, Enzo.
Capítulo 20
Dante Cosa Nostra

​Passei aquela semana conversando com Isabella e precisava ter


com ela muito mais do que conversas pelo FaceTime. Aproveitei
que Nina queria tanto que ela ajudasse na escolha da decoração do
casamento e resolvi trazer minha noiva e a mãe para cuidarem de
tudo pessoalmente.
​— Nina está toda feliz porque Isabella está vindo na próxima
semana cuidar da decoração do casamento — Lorenzo falou com
um tom irônico. — Você pode contar essa história para Nina e o seu
sogro, mas você não me engana, meu irmão — ele completou,
rindo. — Você está trazendo Isabella para ficar perto dela.
​— Você veio falar de trabalho ou encher a minha paciência com
seus delírios?
​— Tudo bem, meu irmão, não quer contar que está interessado
na sua noiva, não conta, mas eu sei que você mudou desde que
começou a trocar mensagens o tempo todo com Isabella.
​Lorenzo tinha razão, eu estava mudando, e escutar isso trouxe
meu lado obscuro à tona. Era como se todos os meus fantasmas
gritassem que eu não tinha nascido para o casamento. Uma batalha
interna se travou dentro de mim, e a voz do meu pai me iniciando
tomou conta da minha mente.

FLASHBACK

​ Você nasceu para amar? — meu pai perguntou enquanto me



mantinha de cabeça para baixo, completamente nu e preso por
correntes em cima de uma fogueira, onde as labaredas pareciam
que me atingiriam.
​ Não! — respondi, e a dor provocada pelas correntes que

estavam queimando a minha pele não me deixava pensar em mais
nada.
​— Você nasceu para fazer o quê?
​— Para ser o líder da Cosa Nostra.
​— O que mais?
— Para servir à Cosa Nostra. Para honrar a Cosa Nostra.
Para viver pela Cosa Nostra. Para morrer, se for preciso, pela Cosa
Nostra.
​— E o amor?
​— O amor é para os fracos. Eu sou o líder e o mais forte de
todos. Nunca posso falhar, porque todos vão depender de mim.
​— O que vem na frente de tudo?
​— A Cosa Nostra! Sempre a Cosa Nostra!

◆◆◆

​ ui com Lorenzo interrogar alguns soldados que prendemos da


F
Bratva, mas, como estava fora de mim, matei todos eles antes de
meu irmão começar a fazer qualquer pergunta.
​— O que deu em você? — Lorenzo perguntou irritado, já que eu
não costumava interferir no seu trabalho.
​— Estou sem paciência para ninguém hoje. Matei esses infelizes
e, se quer saber, não me acalmei ainda. Sinto muito se você
também precisava expulsar seus demônios torturando-os, meu
irmão, só que os meus estão gritando na minha cabeça.
​— Eu não estou te condenando, nem reclamando por ter feito
nada que eu também faria, claro que com um requinte de crueldade,
e não com um tiro na testa.
​Dei uma gargalhada e abracei meu irmão.
​— Só você para me fazer rir agora, Lorenzo. Eu não mato com
requinte de crueldade! Vou me lembrar disso da próxima vez.
​— O que está te perturbando?
​— Nossos demônios não são suficientes para você? Como você
os venceu?
​ Eu não os venci, Dante, eles continuam comigo. Fui ao

inferno quando estava em coma e sei que lá é o nosso lugar, não
porque escolhemos, mas porque nos ofereceram as trevas em troca
de poder. Nosso pai era o demônio encarnado e nos queria ao lado
dele. Eu só voltei porque o amor do meu filho por mim iluminou
aquele lugar. Eu não ficaria lá para deixar Enzo e Nina aqui
desprotegidos. Mas não os venci, luto contra eles diariamente.
​Respirei fundo quando escutei essas palavras. Éramos três
condenados com um passado sombrio.
Fomos para o Cassino e depois para a boate. Bebi mais do
que o normal, tentando esquecer tudo, quando meu celular vibrou
no meu bolso e vi que era uma mensagem de Isabella, o coloquei
de volta no bolso e peguei uma das mulheres que eu bancava e que
estava ali se oferecendo e a levei para um dos quartos que havia no
último andar da boate.
​Eu não estava transando, mas sim parecendo um animal que
queria descarregar toda a raiva e adrenalina. Enquanto meus
demônios se alimentavam, eu escutava que deveria continuar.
Quando terminei, no lugar de alívio, senti um ódio e um nojo
profundo de mim.
​Entrei no chuveiro para tomar um banho e me lembrei do meu
celular, que tinha ficado na minha calça. Saí enrolado na toalha e
mandei que Pietra fosse embora. Ela pediu para ficar um pouco
mais, e eu perguntei se ela queria morrer, porque era isso que
aconteceria se ela não sumisse da minha frente.
​Peguei meu celular, e tinha várias mensagens de Isabella.

I​sabella: Oi! Você não falou comigo hoje. Está muito ocupado?
​Isabella: Dante, onde você está?
​Isabella: Vou dormir, porque não quero imaginar por que você
não me atende.
​Isabella: Só para você saber, eu não dormi e não consigo não
pensar que você está com outra.
​Isabella: Quer saber de uma coisa? Você que se dane!
​Isabella: Dante, que ódio de você!
​ inha nossa! Isabella passou a noite me escrevendo! Odiava
M
que me cobrassem as coisas, e era bom ela ficar ciente disto. Eu
não era obrigado a lhe dar satisfações sobre o que eu fazia.
​Peguei meu celular e liguei para ela. Não me importava se
Isabella estaria dormindo ou não. Ela nunca mais me mandaria
mensagens assim e escutaria que eu me deitava com quem eu
quisesse.
​— Oi, Dante, o que você quer? Você me acordou para me dizer
que sofreu uma emboscada e está à beira da morte? Porque, se for
menos que um tiro que te impediu de me responder, eu vou voltar a
dormir.
​— Quase isso! Estou vivo porque meus soldados são muito
bons. Tentaram invadir uma de nossas bases e passei a noite no
meio de uma troca de tiros, por isso não te liguei.
​— Qual a base?
​— Isabella, você deveria perguntar como eu estou, e não qual
base.
​Ela ficou em silêncio e depois voltou a conversar comigo antes
de dormir de novo, ainda desconfiada de que eu estivesse
mentindo. Eu, Dante Cosa Nostra, menti para minha noiva em vez
de mostrar que eu mandava e poderia fazer o que eu quisesse.
​Fui para casa e não consegui dormir, porque fiquei pensando em
Isabella. Logo, decidi que a traria para a Cosa Nostra, porém,
precisava dar um basta na vida que eu tinha de solteiro antes.
​— Lorenzo — falei assim que meu irmão atendeu ao celular. —
Eu sei que você vai dizer que sou desorganizado, mas você pode
me ajudar a cancelar os cartões que dei para as mulheres que eram
da minha preferência?
​— Eram? Não são mais?
​— Não. Não sinto mais prazer com nenhuma delas. Talvez eu
arrume alguma nova, dessas eu cansei.
​— Tudo bem! Vou cancelar todos para você! Tem certeza de que
você já não arrumou alguém?
​— Vai para o inferno!
​— Vou cancelar e mais tarde passo aí! Você quer que eu mande
providenciar um cartão para Isabella?
​ Você está chamando a minha noiva de puta? Acha que vou

dar um cartão igual ao das vadias para ela? Minha mulher vai ter um
cartão conjunto comigo.
​— Eu já escutei isso antes em algum lugar, Dante — Lorenzo
falou. — Ah, lembrei, foi na minha lua de mel, quando vocês
compararam o cartão das prostitutas de vocês com o que dei para
minha esposa. Você disse que eu estava como mesmo?
Apaixonado!
​Desliguei o telefone na cara do meu irmão. Eu não estava
apaixonado por ninguém. Só não queria confusão para minha vida.
Por esse motivo, era melhor dar um tempo de ter outras mulheres
porque Isabella falava demais e eu não teria paz. Era só isso!
Capítulo 21
Dante Cosa Nostra

Os ataques que vinham acontecendo em algumas bases, como


resposta às investidas inimigas, estavam provocando uma guerra
nos meus territórios, mas era preciso mostrar que a Cosa Nostra
não mandava recado, muito menos tinha piedade de alguém.
— Senhores, mantenham seus soldados de prontidão,
porque pretendo varrer qualquer membro da Mara Salvatrucha que
esteja na Sicília! — foi a ordem que dei para os capos da minha
região que estavam reunidos comigo.
Anunciei algumas mudanças realizadas na semana anterior,
entre elas, o retorno de Giancarlo da Colômbia e a transferência de
três subchefes da minha confiança para cuidar de tudo por lá, além
de três da Máfia Americana.
Enquanto a reunião continuava, fiquei recordando como tinha
me livrado do meu sogro na semana anterior, deixando o caminho
livre para receber minha noiva que chegaria naquele dia.

FLASHBACK

— De Lucca, como vão as coisas na América? — perguntei e


senti Ryan Cooper respirando fundo, porque eu o chamei como seu
avô era conhecido.
— Tudo certo por aqui! Que novidade foi essa de me enviar
para a Colômbia?
— Preciso que você acompanhe três subchefes da sua
confiança até nossas bases, fique uns dois dias e pode retornar. Vou
trazer Giancarlo de volta e formar uma base por lá com novos
capos. E quero que você me faça um favor.
— Que favor?
— Leve o Capo Marino com você para a Colômbia e o deixe
por lá cuidando de tudo. Ele vai acreditar que você está confiando
nele porque vai ser meu sogro. O cara é um infeliz puxa-saco, mas
tem Nova Orleans debaixo do seu comando. Vai fazer um bom
trabalho na Colômbia até o meu casamento.
— Você não precisa de mim para promover seu sogro.
​— Não o estou promovendo, mas sim me livrando dele por um
tempo. Quero trazer Isabella e a mãe para cá na próxima semana, e
a última pessoa que desejo ver na minha frente é Marino. Acredite,
ele só está vivo porque minha noiva me pediu.
​— Atendendo o pedido da sua noiva? Progresso!
​— Qual o problema de vocês? Eu não posso atender um pedido
da minha noiva? Já basta Lorenzo e Giancarlo, não vou aturar você!
Faça o que eu mandei, leve Marino e se esqueça dele na Colômbia!
​Eu tentei conversar como amigo, mas acabei dando uma ordem
como Capo e desligando. Eles eram uns frouxos com as mulheres,
e só porque atendi um ou dois caprichos da Isabella já estavam
achando que eu seria trouxa que nem eles.
​A culpa maior de Isabella achar que poderia me cobrar alguma
coisa era de Cooper. Ele inventou de dar espaço na máfia para
Sarah, e, por esse motivo, todas achavam que poderiam se igualar
aos homens. Eu ainda tinha a minha cunhada na casa ao lado, que
era um péssimo exemplo e que eu faria de tudo para afastar da
minha noiva. Só pensei em trazer a mãe da Isabella para cá por
isso. Queria que ela grudasse na filha e não a deixasse sozinha com
Nina durante as compras para o casamento.
​No fim do dia, Cooper me avisou que Marino estava indo com ele
para a Colômbia e que passou a se achar superimportante. “Esse
velho miserável não perderia por esperar”, pensei.
Aproveitei e liguei para ele, que ficou puxando meu saco pelo
telefone, como se eu tivesse tempo para isso.
​Ele não gostou muito do fato de a esposa e a filha viajarem sem
ele para a Cosa Nostra, porém, como eu não estava pedindo a sua
opinião, comuniquei que na segunda-feira queria as duas em minha
casa.
◆◆◆

Quando fui informado de que Isabella já estava na Cosa


Nostra, encerrei a reunião. Assim que deixei a sala, vi todos
parados, admirando a minha mulher. Passei entre eles, e meu olhar
de que os mataria fez com que prendessem até o ar que
respiravam.
O olhar dela quando encontrou os meus olhos era de quem
estava feliz em me rever e com medo também. Então me aproximei
e a segurei firme com um sentimento de posse, colando seu corpo
no meu e a beijando. Sua boca era tão macia, e seus lábios
pareciam de veludo.
Eu sabia que ela nunca tinha beijado e me senti mais
possessivo ainda em relação a Isabella. Tudo comigo era único para
ela, e seria assim para sempre. Nunca deixaria ninguém tirá-la de
mim. Apresentei minha noiva para os capos, deixando bem claro
que quem queria viver dali para frente deveria abaixar a cabeça
quando a visse.
Como ela e a mãe deveriam estar cansadas, mandei que as
levassem para o quarto. Minha futura sogra queria dividir o quarto
com a filha. Quase dei uma gargalhada quando ela falou isso. Eu
tinha mandado preparar o quarto ao lado do meu para minha noiva.
Era comigo que ela dormiria todas as noites a partir de então.
Na hora do jantar, Isabella fez várias perguntas, querendo
saber tudo da casa, dos horários e da minha rotina.
— Minha filha, as pessoas vão pensar que você não recebeu
educação falando desse jeito enquanto estamos jantando.
— Não tem problemas, Senhora Marino, é bom Isabella
aproveitar esses dias e começar a pensar na organização da casa,
que será responsabilidade dela.
Depois do jantar, minha cunhada resolveu aparecer, deu para
ver o quanto Isabella ficou animada com a presença dela. Não
queria que elas ficassem amigas, Nina colocaria um monte de ideias
na cabeça da minha noiva e eu não tinha a intenção de ficar
brigando, dizendo que ela não poderia fazer isso ou aquilo.
Quando retornei para casa de madrugada, fui direto para o
quarto da minha noiva, que se atirou nos meus braços e me propôs
fazermos umas preliminares antes de nos casarmos. Como eu era
um homem que não dispensava uma foda, aceitei na hora o pedido
de Isabella. Depois de gozar três vezes e de simplesmente me
chupar de surpresa quando eu não esperava, dormi abraçado com
ela.
Ela queria se casar virgem e eu respeitaria isso, até porque
ela era uma delícia, qualquer coisa com ela era melhor do que tudo
com outra mulher. Ela era só minha e estava se soltando para me
agradar, isso me fazia pensar só nela.
— Oi — ela falou, olhando-me assim que acordou. — Tem
certeza de que minha mãe não vai entrar aqui e ver a gente assim?
— Tenho. Ninguém pode entrar nesta ala. Eu não gosto de
ser perturbado.
— E por mim? Eu posso te perturbar assim de manhã? — ela
perguntou, passando a mão delicadamente no meu peito e
descendo-a.
— Isabella, você está brincando com fogo — falei, deitando-
me sobre ela na cama. — Você está sentindo a minha ereção na
sua entrada querendo sair de dentro desta cueca e entrar em você?
— perguntei, pude perceber quanto ela me queria. — É assim que
você está me perturbando. Agora, deixa eu te mostrar como eu vou
querer você todos os dias.
​Me ajoelhei na cama, olhando para ela enquanto tirava a sua
calcinha. Ela movimentou os quadris quando sentiu minha
aproximação, e sua respiração começou a ficar ofegante. Minha
língua acariciava seus lábios rosados, e ela rebolava perdida nos
seus desejos. Ela não resistiu por muito tempo, pois, quando
comecei a chupar e a lamber mais forte, fazendo círculos com a
minha língua em seu clitóris e introduzindo um dedo devagar dentro
dela, isso foi demais para Isabella. Pude sentir seu abdômen se
contraindo e o prazer vindo como ondas pelo seu corpo.
​Ela gritava o meu nome enquanto puxava com força os lençóis
da cama. Ver suas costas arqueadas querendo mais me deixava
louco, o fato de que ela seria só minha para sempre despertava em
mim algo novo, como um desejo fixo em uma só mulher.
​— Agora vem aqui, minha princesa — pedi, ficando de pé na
beira da cama e olhando para ela.
​ Você vai me ensinar como eu tenho que fazer?

​Isabella era perfeita e parecia ter nascido sob medida para me
dar prazer. Ela chegou e apagou tudo que eu tinha como certo na
minha vida. Queria que ela sentisse o mesmo prazer que eu, coisa
com a qual nunca tinha me preocupado antes.
​— Você é perfeita — foi tudo que consegui falar quando cheguei
ao clímax, sentindo que com ela era muito mais gostoso do que em
todas as outras vezes que tinha feito isso na vida.
Isabella exalava poder no seu olhar, e foi assim que,
lambendo os lábios, ela falou algumas palavras, olhando para mim.
​— Você pode ser o Capo di tutti capi, mafioso perigoso,
assassino, frio, ruim, calculista e ter todos os seus demônios, só
que, nas minhas mãos e na minha boca — ela falou e mordeu os
lábios, porque a minha noivinha sabia ser sedutora mesmo sem se
dar conta disso —, quando você estiver comigo e na nossa vida de
casal, vai ser só o meu Dante, o meu marido! Só meu!
Naquele momento, eu soube que Isabella seria a minha
morte.
Capítulo 22
Isabella Marino

​Faltavam duas semanas para o meu casamento, e nunca pensei


que Dante poderia ser tão paciente. Imaginava que ele estivesse
desesperado para me ter de verdade. Também não sabia se tinha
que ficar esperando apenas por uma formalidade, já que ele dormia
todas as noites comigo.
— Anthony, eu não estou aguentando mais esperar essa tal
lua de mel. Preciso de mais do que essas tais preliminares!
— Bella, eu não sei como você aguenta, porque esse seu
noivo, amiga, é uma coisa de gostoso!
— Você não tem ideia do quanto! — falei, rindo. — Fico com
receio de ele não me querer se eu fizer isso antes do casamento.
— Vocês são de alguma seita medieval? Porque não tem
como o cara não te querer só porque você transou duas semanas
antes do casamento. E, cá entre nós, o cara está louco por você!
Um homem que pegava geral, há duas semanas, tem dormido de
conchinha com você e, por mais que essa sua boca seja gostosa,
ele deve estar louco por sexo.
Eu já me sentia como a mulher dele e queria muito pular o
casamento e chegar logo à nossa lua de mel.
Escutei alguém batendo à porta do meu quarto e mandei a
pessoa entrar, despedindo-me de Anthony.
​— Até que enfim me deixaram passar para falar com você! Hoje
seu noivo ficou em casa até mais tarde e ninguém pode acessar
esta ala quando ele está presente. Eu conversei com a mãe dele
sobre a possibilidade de você passar para outro quarto, mas ela
disse que tudo isso só pode ser feito com a ordem do filho.
​ Faltam apenas duas semanas para o meu casamento, e não

vou brigar com o meu noivo por causa de quarto. Se ninguém pode
passar quando ele está aqui, então, a senhora fala comigo quando
ele não estiver. Vai ver que ele quer que eu me acostume com
essas regras, por isso eu não vou dizer nada.
​Minha mãe concordou que deveria ser isso mesmo que Dante
queria e disse que não falaria nada, mas que meu pai, quando
chegasse, não gostaria nada disso. Ela se preocupava com a minha
honra, e meu pai, em garantir a minha troca com o prestígio que ele
conquistaria.
​Eu estava muito feliz passando as noites com Dante e tinha a
intenção de mudar de quarto somente depois do casamento, para a
suíte master que ficava ao lado. Queria poder conversar com a
minha mãe, contar como me sentia feliz com meu noivo,
conhecendo-o aos poucos, desconstruindo sua imagem de Chefe de
Máfia e tentando enxergar apenas o meu marido entre essas quatro
paredes.
​No meio em que vivíamos, onde tudo eram guerra e adrenalina,
algum lugar precisava ser nosso território neutro, e eu fazia da
nossa cama esse local. Na verdade, não me deitava com o Chefe,
mas com o homem que estava aprendendo a amar.
​O dia custou a passar com Dante ausente. Ele e os irmãos
tinham o costume de vir sempre jantar em casa, mas, naquele dia,
nenhum deles apareceu. Eu, como filha de um Capo, sabia bem que
esses sumiços poderiam significar duas coisas: guerra ou mulher.
​O meu pai às vezes desaparecia por dias e, quando voltava,
mostrava-se sempre exausto e estressado. Na máfia, nunca se
estava em paz! Era sempre uma luta diária por controle e poder. Eu
tive um exemplo dessa vida desde que nasci e, dessa vez,
começaria uma bem mais difícil na Cosa Nostra, que comandava
tudo.
​Com essa parte da guerra eu me acostumei, mas nunca me
conformei com as humilhações que minha mãe passava, quando
todas as noites ela tinha que me colocar cedo na cama e se recolher
para que meu pai tivesse sua hora de lazer com suas prostitutas.
Aquilo era nojento, eu sabia que ela sofria quando, depois de tudo,
ainda tinha que dormir ao lado dele, e sabe-se lá o que era obrigada
a fazer com o meu pai.
​— Mãe, você chegou a amar o meu pai algum dia?
​— Que pergunta é essa, Isabella? Eu sou esposa dele há vinte e
cinco anos.
​— Eu sei o seu tempo de casada. Perguntei se você ama ou
amou o meu pai.
​— Eu fui entregue a ele pelo seu avô, que enxergava nele um
homem de valor para a máfia, ou seja, que era um Capo que
poderia ser um bom aliado. Eu não conhecia o seu pai quando nos
casamos, e ele nunca foi gentil comigo. Por isso, temo por você com
a fama dos Irmãos Cosa Nostra.
​— Você não se incomodava com o fato de todas as noites meu
pai levar uma prostituta para casa?
​— O que eu podia fazer, minha filha? Seu pai que manda em
tudo. Eu, como qualquer outra mulher, não posso reclamar de nada.
Você sabe que eu já te expliquei que os homens podem ter outras
mulheres, podem bater na gente, humilhar, e tudo está sempre no
direito deles. Você precisa aprender isso para não ter problemas.
Temo por esses seus questionamentos e comportamento. Você não
pode ficar achando que vai ter direitos iguais, porque, na nossa
sociedade, não é assim, e quem reclama... — ela respirou fundo
antes de continuar a falar — morre!
​Eu não aceitaria isso de forma alguma. Jamais dividiria o meu
marido com qualquer outra.
​— Filha, você vai casar com o Chefe, precisa se controlar!
​— O Chefe não vai precisar de outra mulher, porque Isabella
Cosa Nostra será suficiente para ele!
​Minha mãe se chocou com o meu jeito de falar. Ela passou a
vida dentro de casa e debaixo das ordens do meu pai e não sabia
nada da vida. Para ela, a esposa só tinha que se deitar na cama e
dar prazer para o marido. Pensar assim me deixava com náuseas e
com a certeza de que eu jamais seria desse jeito.
​Fui me deitar depois do jantar e acabei dormindo enquanto
esperava Dante voltar. Mandei uma mensagem perguntando se
estava tudo bem e ele só respondeu com a palavra “problemas”.
​ em saber que horas eram da madrugada, apenas escutei um
S
forte estrondo no quarto ao lado do meu e acordei assustada. Me
levantei e vi que os soldados do meu noivo já estavam no corredor,
ou seja, ele se encontrava em casa e ninguém mais poderia entrar
na ala onde eu estava.
​ Por que ele foi para o quarto dele e não para o meu, como
sempre? Resolvi ir até lá ver o que tinha acontecido e, por um
momento, pensei que ele poderia estar com alguém.
​Quando tentei entrar no seu quarto, um dos seguranças se
colocou na minha frente para me impedir de entrar.
​— Não ouse nunca mais se colocar na minha frente — falei, e
minha voz saiu mais forte do que eu imaginei. — Quem você pensa
que é para me impedir de entrar em qualquer cômodo desta casa?
​— Senhorita, volte para o seu quarto — outro soldado pediu,
colocando-se ao lado do que estava à porta.
​ Eu dei uma gargalhada e segurei os dois pelo braço num golpe
tão rápido, empurrando um para cada lado, eles levaram um susto
quando simplesmente passei por eles. Podiam estar preparado para
qualquer invasão, mas não para a minha. Com certeza achavam
que eu era uma mulher indefesa.
​— Não sou uma qualquer que vocês podem dizer o que fazer!
Sou a futura Senhora da Máfia Cosa Nostra e tenham mais respeito
da próxima vez.
​— Que porra foi essa, Isabella? — Dante perguntou quando me
viu falando com seus soldados. — Volte para o seu quarto! — ele
gritou, nervoso. — Eu não te chamei aqui. Isso é uma ordem!
​Dante saiu andando e se despindo, provavelmente para tomar
um banho e eu fui atrás dele. Suas roupas tinham manchas de
sangue, mas não era dele, já que seu corpo não tinha nenhum
ferimento. Ele respirava acelerado e deu um soco tão forte na
parede que chegou a rachar uma das placas de cerâmica que
tinham o símbolo da Cosa Nostra.
​ Eu tirei minha roupa e entrei no box onde ele estava, e, quando
Dante sentiu a minha presença, virou-se, seus olhos escureceram
ao me verem nua na sua frente. Não desviei meu olhar e ele
respirou fundo e engoliu em seco.
​ O que você está fazendo aqui assim, Isabella? Eu dei uma

ordem para você sair do meu quarto.
​— Eu não vou sair — falei firme, sem desviar do seu olhar, que
estava cada vez mais escuro.
​— Isabella, eu não estou bem, tive muitas baixas hoje, e isso me
deixa com ódio. Não aceito perder um soldado, quanto mais vários.
​— Mara Salvatrucha?
​— Sim, tentaram desviar uma de nossas cargas. Perdi vários
homens, mas acabei com um por um deles, minha carga ficou
intacta. Eles estão me desafiando e vou acabar com todos eles e
com seus aliados. Os atentados vão começar! Eu não estou no
clima para ir devagar, por isso, vá para o seu quarto.
​Dei um passo à frente e ele fechou os olhos enquanto parecia
lutar com seus instintos mais selvagens.
— Eu odeio que me desafiem! Por que você invadiu o meu
quarto?
— Porque fiquei preocupada com você e depois, por um
momento, achei que havia outra mulher aqui e que, por isso, não
queriam me deixar entrar no quarto.
— Ao contrário do que você pensa, mesmo com ódio e
querendo extravasar, eu não fui atrás de boceta nenhuma para me
dar alívio. Agora, para o seu bem, sai daqui!
Segurei o rosto dele entre as minhas mãos e o beijei com
força. Dante me segurou firme pela cintura e, com a outra mão,
derrubou todos os shampoos que estavam na bancada e me sentou
ali, ajoelhando-se na minha frente.
— Você nasceu para me desafiar? Comece a torcer para que
eu me controle, porque você está aqui se oferecendo para o diabo,
isso pode ter consequências!
Dante meteu o rosto entre as minhas pernas e me chupou tão
forte que precisei apoiar minhas mãos na bancada e na parede para
não escorregar e cair no chão. Os espasmos foram intensos e
imediatos, e eu tentava conter meus gemidos, que pareciam se
espalhar como eco pelo banheiro.
— Grita, minha rainha! Eu quero escutar você gritando o meu
nome ou vou te comer com força e dar adeus ao casamento com
pureza.
— Dante, você falando assim só me deixa te querendo mais
ainda!
— Safada! — Dante disse, apertando a minha coxa e dando
depois um tapa nela, que ardeu mais que o normal, já que eu estava
molhada. Nesse momento, gozei como nunca.
— Você é gostosa demais — Dante falou, olhando para mim,
e se levantou, mostrando-me o quanto estava excitado. — Se
ajoelha aqui e me chupa!
Ele me queria de joelhos para mostrar que mandava, e eu
entendi que ele queria se sentir no comando, já que eu estava,
segundo ele, desafiando-o constantemente. Sem desviar o olhar do
seu, simplesmente o segurei pelas mãos e saí com ele do box.
Estávamos completamente molhados quando eu colei meu
corpo no seu, beijando-o com um desejo que crescia forte dentro de
mim e me consumia por inteiro.
— Eu quero mais que um boquete! — falei e Dante me olhou
atentamente quando o empurrei para a cama e me sentei no seu
colo. Como era gostoso senti-lo tão duro perto da minha entrada!
— Ogni provocazione ha un limite, mia regina, e tu le stai
superando tutte facendo questo! (Toda provocação tem um limite,
minha rainha, e você está ultrapassando todos eles fazendo isso!)
— Eu não estou te provocando; estou te querendo! — afirmei,
fechando os meus olhos e sentindo que meu corpo precisava dele
mais do que nunca. — Não quero esperar mais nada!
— Você é minha!
— E você é meu!
Capítulo 23
Isabella Marino

​Meu coração disparou quando Dante me tirou do colo dele e me


deitou na cama. Seus beijos eram carinhosos, e seu toque no meu
corpo era cuidadoso, bem diferente dos momentos que vivemos
naquelas duas semanas.
​Seu olhar era de desejo e não de um predador, ele me passava
tranquilidade, como se pudesse sentir o medo que eu sentia
daquele momento que era novo para mim.
​Custei relaxar, mas Dante não fez nada além de me beijar e
passar a mão suavemente por todo o meu corpo, como se estivesse
fazendo aquilo pela primeira vez.
​Eu me senti importante com ele me tratando assim e fui
ganhando confiança para romper uma regra que parecia ter nascido
comigo: casar virgem!
​Ele começou a chupar os meus seios e a fazer carícias no meu
clitóris. Então um orgasmo foi se construindo e eu comecei a
desejar que ele entrasse logo dentro de mim.
​— Eu quero ser sua!
​— Você já é minha! Vai doer no início, só que, depois, eu juro
que vai ser muito bom. Eu quero você por inteiro!
​Ele se inclinou sobre meu corpo e, enquanto beijava meus
mamilos, foi me penetrando devagar. Dante me beijou, e, quando
senti que ele estava mesmo dentro de mim, uma explosão de
sentimentos e emoções tomou conta do meu ser.
​Respirei fundo e agarrei forte em seus ombros, achando que não
tinha sido tão ruim quando ele entrou com tudo. Cheguei a pensar
que nem era essa dor toda, até que algo parecia estar me rasgando
ao meio. Minha vontade era de gritar, mas, no lugar disso, eu o
beijei com força e apertei os seus braços, como se isso fosse fazer
a dor parar.
​Mesmo me sentindo rasgada ao meio, eu queria concluir aquele
momento com Dante.
​— Você é maravilhosa, minha princesa! Vou querer entrar em
você todos os dias! — ele falou e me beijou intensamente, seus
movimentos começaram a ficar mais rápidos. Além disso, seu olhar
me desejando e me reverenciando era tão lindo que comecei a
sentir como se o sangue corresse mais forte nas minhas veias,
fazendo-me querer ser dele para sempre.
​— Vai gozar, meu amor? — ele perguntou e começou a estimular
com seus dedos os bicos dos meus seios. — Goza que eu quero
tudo que você tem para me dar.
​Essas palavras foram suficientes para me fazer explodir de
desejo. Comecei a rebolar embaixo dele ao mesmo tempo em que
Dante entrava e saía de mim, tomada por uma excitação que não
tinha fim.
​A sensação dele dentro de mim era tão boa que eu sabia que
nunca mais poderia viver sem aquilo.
​— Vou querer te comer todo dia e toda hora — ele falou,
estocando fundo e se movendo mais rápido. — Sua boceta é
apertada, gostosa e só minha!
​Ele apertou a minha bunda e me suspendeu, entrando mais
fundo em mim. Já eu, cravei minhas unhas em seus braços quando
senti os espasmos percorrendo o meu corpo novamente.
​— Diz que você é só minha e que só eu vou entrar e sair daqui
de dentro — ele falava entrando e saindo com dificuldade de dentro
de mim. — Você é apertada e só me faz querer te foder mais forte!
​— Eu sou toda sua para sempre! Você também vai ser só meu?

​ ante respirou fundo e gozou forte dentro de mim, ao mesmo


D
tempo em que senti minhas pernas tremerem e um alívio enorme
tomando conta do meu corpo.
​— Sim, eu vou ser só seu, minha princesa!
​O abracei e me senti protegida pelos seus braços fortes.
​— Está tudo bem? Depois vai ser melhor, e eu vou fazer você
querer isso sempre.
​ Não vou dizer que não doeu, porque doeu e muito. Só que ter

você dentro de mim compensou tudo. Eu já te quero de novo, agora,
amanhã, depois de amanhã, para sempre!
​Dante não pensou duas vezes e me colocou sentada em cima
dele.
​— Tem certeza de que você não quer descansar um pouco?
​— Eu quero você!
​— Não precisa pedir duas vezes!
​Transamos até o amanhecer e em posições que eu nem
imaginava serem possíveis. Dante era perfeito e eu não tinha
dúvidas de que seria feliz com ele.
​Quando acordei, meu noivo estava lindo, todo de preto, como
sempre, olhando para mim. Meu corpo, por sua vez, reagiu na
mesma hora com as lembranças dele dentro de mim.
​— Vou ter que sair para fazer uns interrogatórios e já dei ordens
para ninguém entrar neste corredor hoje sem a sua autorização.
​— Eu vou para o meu quarto. Não quero minha mãe me
enchendo de perguntas logo cedo.
​Quando me levantei, percebi que estava toda dolorida. Dante
sorriu e me perguntou com seu sorriso cheio de malícia:
​— Dolorida, meu amor?
​— Eu tive uma noite agitada dentro de mim — respondi, selando
os seus lábios com um beijo e pegando um roupão dele para poder
ir para o meu quarto.
— Nem pense em sair daqui assim com os meus soldados no
corredor.
Dante segurou as minhas mãos e me levou até o closet dele.
— Você prefere que eu use uma roupa sua? — perguntei,
rindo.
— Eu não tenho dúvidas de que você vai ficar linda só com a
minha camisa cobrindo esse corpo, que é todo meu — Dante falou,
puxando-me para junto dele e apertando a minha bunda enquanto
me beijava.
— Tem certeza de que você precisa matar esses homens
hoje?
— Eu falei que vou interrogar — ele respondeu, rindo. —
Quem vai matar todos eles vai ser Lorenzo!
​ ante abriu uma porta que tinha no closet dele, e por lá
D
entramos no meu closet.
​— Você acha mesmo que eu te deixaria em um quarto que não
tivesse ligação direta com o meu?
​— Esse era o quarto que você usava para as suas prostitutas?
Você me comparou a elas? — indaguei, gritando e empurrando-o.
​— Você ficou maluca? Para começar, prostituta nunca teve
quarto na minha casa! Eu transava com elas em um quarto no final
desse corredor, porque nunca nenhuma se deitou na minha cama.
Em segundo lugar, eu mandei colocarem essa porta aqui uma
semana antes de você chegar, para que a gente pudesse entrar e
sair um do quarto do outro se alguém batesse à porta. Em terceiro e
último lugar, nunca mais grite comigo, pois sou o Chefe desta máfia
toda, desta casa e seu…
​— Meu o quê? — perguntei sem desviar o meu olhar do dele. —
Meu chefe? Meu dono? Meu senhor?
​Eu não abaixaria a cabeça para Dante de jeito nenhum.
​— Por que você me desafia? O que mais você quer de mim?
Não te dar o corretivo que você merece por gritar comigo não é o
suficiente?
​— Corretivo? Você teria coragem de me bater? — indaguei, com
os olhos cheios d'água. — É claro que teria, afinal, você é um
homem da máfia! Desculpa, Chefe dos Homens da Máfia!
​Tirei o roupão e o deixei no chão do quarto, indo para o banheiro
tomar um banho.
— Bom trabalho para você, Dante! — desejei e sabia, mesmo
sem olhar para trás, que ele estava perturbado por me ver sem
roupa. “Ele nervoso ficava ainda mais gostoso”, pensei e ri sozinha.
Liguei o chuveiro e comecei a passar a esponja com o
sabonete líquido no meu corpo. Mesmo de olhos fechados, pude
sentir a presença dele no banheiro.
Quando ele abriu a porta do blindex, continuei de costas, e
todos os pelos do meu corpo ficaram arrepiados. Senti sua
respiração quente e forte no meu pescoço, e, na mesma hora, tudo
começou a latejar entre as minhas pernas. Dante tinha o poder de
me levar ao clímax só por existir.
— Olhe para mim, Isabella — Dante ordenou.
Eu me virei, ele estava nu, lindo, com seu corpo todo definido
e tatuado. Mesmo sabendo que Dante estava bravo comigo e
querendo me punir, não consegui deixar de morder os lábios e dei
um passo à frente, sentindo o seu membro duro feito pedra tocando
em mim.
— Você não pode ficar me desafiando, Isabella, senão eu vou
ter que te punir por isso!
Fiquei toda arrepiada e precisei segurar nos braços dele para
não cair. Eu sentia o poder de Dante no meu corpo, e isso me
deixava mais excitada.
​— Você vai gozar porque me escutou falando que vou te
castigar?
​— Sim!
​— Você vai ser a minha ruína! — ele disse, dando chupões no
meu pescoço, enquanto eu gemia, reagindo ao seu toque. Logo,
meu corpo ficou em chamas, como se eu não tivesse mais controle
de nada. — Eu vou te foder e não vou ser gentil!
​— Por favor! Eu preciso de você!
​Ele me virou para a parede, abaixou-se um pouco, posicionando
seu membro na minha entrada, que estava dolorida, mas que queria
aquilo mais do que tudo. Em seguida, me penetrou com força,
dando uma estocada firme e me fazendo gritar o seu nome.
​— Você foi feita para ser minha mulher, a futura rainha da Cosa
Nostra!
​— E você, Chefe, para ser o meu homem!
​— Eu vou te foder todo dia e toda vez que eu quiser!
​— Que romântico, Chefe!
​— Quer que eu seja romântico?
​— Não! Eu quero que você me faça gozar!
​Dante aumentou a força das suas estocadas, ao mesmo tempo
em que beijava meu pescoço e, com uma das mãos, apertava os
meus seios, levando-me ao máximo de prazer.
​— Dante!
​— Isabella! — ele gritou, e jatos grossos e quentes foram
disparados dentro de mim.
​Nossos gritos se misturavam ao barulho do corpo dele batendo
na minha bunda. Quando eu ia relaxar, ele segurou meus cabelos,
puxando-os para trás, e senti Dante crescendo novamente dentro de
mim. Ele recomeçou com estocadas fortes, e minhas pernas
ficavam bambas cada vez que eu gozava e minha vagina voltava a
latejar forte.
​— Vou te foder até você não aguentar mais, minha princesa!
​— Espero que seus inimigos possam esperar para morrer,
porque eu não pretendo me cansar nunca de você!
Capítulo 24
Isabella Marino

​Dante saiu para trabalhar bem tarde e eu fiquei no meu quarto


descansando. Estava exausta, mas não me dei por vencida, ele
disse que eu era uma coisinha difícil de dobrar.
​— Anthony, tenho novidades! — falei, batendo palmas. — Kate
está aí com você?
​— Para o mundo, que essa cara de poderosa, essa pose de
mulher plena e essas olheiras só podem dizer uma coisa: bem-vinda
ao mundo dos adultos, Isabella Marino! — Kate gritou, dando
pulinhos. — Até que enfim, mulher!
​— Foi perfeito! No começo, doeu muito, eu até pensei: “Goza
logo, homem de Deus, e me deixa respirar!” — contei, rindo. — Só
que depois, mesmo sendo rasgada ao meio, eu ainda queria mais.
​— Nasceu para isso, então — Anthony falou, aos risos, e eu me
joguei para trás na cama, rindo também. — Eu quero saber se
vocês vêm para o meu casamento?
​— Claro que sim! As passagens já estão compradas, eu não ia
perder um evento desses por nada!
​— Vocês já perceberam que as coisas na minha vida são um
pouco diferentes…
​— Bella, nós não somos cegos nem burros — Kate disse, rindo,
e depois ficou séria. — A gente não fala porque tem situações em
que é melhor fingir demência. A ficha de tudo que falam, mas não
provam, sobre a Cosa Nostra é real, já caiu, mas vamos focar no
seu casamento porque queremos ter vida longa.
​— Eu já disse que amo vocês?
​— Nós também te amamos, Senhora Isabella Cosa Nostra! —
Anthony exclamou e piscou para mim. — Esse é o momento em que
você vai falar que seus inimigos são nossos inimigos? Já posso te
passar uma listinha com os embustes?
​Comecei a rir e, mesmo sem ser direta nas palavras, saber que eles
conheciam toda a verdade me deixava mais à vontade para recebê-
los no meu casamento. Eles não quiseram se hospedar na minha
casa, disseram que se sentiriam perdidos no meio disso tudo e que
preferiam ficar em um hotel. O restante do dia passei com a
minha mãe na casa de Nina. A mãe de Dante ficava o dia todo lá
com Enzo, e só com o neto ela conversava e sorria. Sentia pena
dela e da minha mãe, duas mulheres que não tiveram o direito de
ser felizes. Foram atiradas em um casamento com homens frios e
cruéis e se tornaram a imagem da infelicidade.
​— Ela sofreu muito nas mãos do nosso sogro — Nina falou. —
Ele era um covarde que infernizou a vida dela e a dos três filhos.
​Nunca tinha parado para pensar que, assim como eu, que tive
minha vida roubada para ser uma esposa troféu, Dante também
teve a dele tirada para ser o Capo di tutti capi temido e respeitado
por todos. Cada um do seu jeito tinha uma história triste por ter
nascido e crescido na máfia. Olhava para Enzo, que parecia tão
inocente, e pensava quando tirariam dele esse direito de sorrir e
brincar livremente para se tornar o sucessor de Lorenzo Cosa
Nostra.
​— Infelizmente, em breve... — Nina parecia ter lido os meus
pensamentos.
​Voltamos para casa na hora do jantar, e, quando Dante chegou,
tudo que eu queria era ficar sozinha com ele. Quase não consegui
comer nada, e meu noivo resolveu me provocar.
​— O que foi, minha noiva? Não está com fome ou está querendo
comer outra coisa?
​Respirei fundo e mordi os meus lábios, olhando para ele.
​— Passei o dia todo faminta, mas agora perdi a fome!
​— A comida está uma delícia, minha filha, não faça essa desfeita
e coma — minha mãe falou, olhando para mim.
— Sim, está uma delícia, mas não é bem isso que eu passei
o dia com vontade de comer. Não sei, se eu fechar os olhos e
respirar fundo, chego a sentir o cheiro de algo gostoso que me deixa
com água na boca — Dante quase se engasgou quando falei isso, e
ofereci um copo com água para ele.
​Após o jantar, eu disse para minha mãe que me deitaria, e cada
uma seguiu para o seu quarto. Assim que cheguei ao corredor do
meu quarto, dei ordem a Enrico para não deixar mais ninguém
passar até Dante subir e fui para o quarto dele.
​Um tempo depois, quando eu estava na varanda vendo a vista
da Cosa Nostra à noite, escutei um barulho na porta e vi Dante
entrando no quarto e deixando toda a roupa pelo caminho. Ele veio
direto na minha direção e me agarrou, fazendo com que eu me
sentasse no colo dele.
​— Quer dizer que você estava sentindo um cheiro que te dava
água na boca?
​— Sim! — respondi enquanto ele dava leves mordidas nos meus
lábios e ficava passando o seu pau na minha boceta, brincando
comigo.
​— Eu posso saber que cheiro era esse que você sentiu?
​— Hummm…. — falei, fechando os olhos e sentindo que tudo
latejava embaixo de mim. — Era o cheiro do homem mais gostoso
do mundo, que, por acaso, é o meu.
​— Eu sou seu?
​— Todo meu! — respondi, e Dante entrou em mim de uma vez
só, segurando-me pela cintura e me fazendo cavalgar em cima dele.
Tudo que eu sentia era que eu seria dele de novo.
​— Você gosta disso? Gosta que eu te coma com força, te dando
uns tapas por ser tão engraçadinha na frente dos outros e me
fazendo engasgar no jantar? — ele perguntou e deu uns tapas na
minha bunda. Isso foi suficiente para que eu entrasse em
combustão, gritando o nome dele e agarrando os seus cabelos.
​Eu gostava daquele sexo forte, selvagem e das coisas que
Dante me falava.
​— Minha! Só minha! — Dante exclamou e acelerou as
estocadas, e sua respiração ofegante no meu ouvido era sinal de
que ele gozaria por conta do prazer que eu lhe dava.
​Depois disso, Dante ficou calmo e me levou para o banheiro para
tomarmos banho juntos e fez amor comigo. Ele só precisava de um
sexo forte para se acalmar, e, em seguida, o leão já não era tão
bravo assim.
​Os dias seguintes foram todos uma correria por conta do meu
casamento que estava se aproximando. Eu e Nina fomos à cidade
diversas vezes, e comecei a ficar ansiosa para que o grande dia
chegasse logo. Não aguentava mais fingir a noiva recatada na frente
da minha mãe, que não se conformava com o fato de Dante sair de
casa cada vez mais tarde, o que a obrigava esperar para poder falar
comigo.
​A cidade foi ficando superlotada, e os convidados ocupavam
quase todos os hotéis da região. Meus amigos chegaram, e, com
muito custo, convenci Dante a me deixar sair com eles para
conhecer a Sicília. É claro que a condição foi que eu levasse um
exército comigo, mas, como Anthony e Kate sabiam de tudo, não
tinha problema, eles não estranhariam.
Assim que encontrei os dois, corri para abraçá-los e respirar
o mundo normal. Com eles eu ficava fora daquela tensão que era
viver cercada por assuntos que giravam sempre em torno de guerra,
vingança, tortura, dinheiro e poder. Eu cresci assim e sempre fiquei
tensa com aqueles homens entrando e saindo da minha casa, que
estava sempre cheirando a charuto e whisky. No entanto, na Cosa
Nostra, era bem pior, já que ali se concentrava o poder absoluto, e
meu marido era o Chefe de todos.
Não queria ser a esposa que só cuidava das roupas e dos
pratos favoritos do seu marido. Tinha a intenção de ser a mulher, a
amante, a confidente, a companheira e estar sempre presente,
apoiando Dante em tudo.
— Bella, você está linda! — Kate falou, olhando-me dos pés à
cabeça e me fazendo dar uma voltinha. — Você é realmente a
Rainha da Máfia! — ela pronunciou baixinho quando me abraçou.
— Esse seu sorriso de felicidade e esse look preto com essas
botas cano longo azuis te deixaram um mulherão! — Anthony me
elogiou, fazendo-me dar uma voltinha para ele também e batendo
palmas.
— Escolhi sorrir e tomar a minha vida e o meu destino nas
minhas mãos. Eu poderia ficar me lamentando até o dia do meu
casamento, me entregar por obrigação ao meu marido e ser a
esposa submissa que aguenta a tudo calada. No lugar disso, fui
contra os tabus e me permiti ter desejos. Eu me entreguei de corpo
e alma para o meu noivo. Sabe quem fica dizendo que não casar
virgem é coisa de mulher fácil? Já reparou que esse tipo de
comentário é sempre de outras mulheres?
— Isso mesmo, Bella! Eu tenho orgulho de você, minha
amiga! Para as pessoas que não te conhecem, você era apenas a
estranha que nunca saiu para se divertir, a que nunca namorou e a
que estava se preparando para ser freira — ela disse, rindo e se
lembrando do que falavam de mim no internato e mais ainda no
pensionato. — Mas eu sempre soube que você não era assim!
— As quietinhas são as piores — Anthony brincou e deu uma
gargalhada.
— Sem contar que o pai pensava que ela passava a tarde
fazendo ballet — Kate riu. — Ele nem imaginava que ela passava
pela ala dos funcionários e que lá tinha uma escada interna para o
terceiro andar, onde funcionava o clube de luta. Agora eu entendo
por que você queria aprender defesa pessoal, muay thai, boxe e luta
livre, Senhora Cosa Nostra!
​— Eu precisava me preparar para ser a esposa do Chefe —
frisei, dando de ombros.
Caminhamos pelas ruas da Sicília e só paramos quando já
estava começando a escurecer. Depois fomos jantar em um
restaurante que Nina indicou.
— Só falta um dia, e você vai se tornar a Isabella Cosa
Nostra, casada com aquele monumento do pecado! — Anthony
disse, erguendo uma taça de champanhe para brindarmos.
— Ele desapareceu das redes sociais depois que te
conheceu, isso é sinal de que você está conseguindo prender o
homem — Kate comentou, erguendo a taça para o brinde. — À
nossa amiga Bella, que está exalando poder!
Ergui minha taça e brindei com eles.
— Em dois dias, como diria o meu noivo, eu serei a Senhora
da Porra Toda!
Capítulo 25
Isabella Cosa Nostra

A grande data chegou! Acordei para o meu dia de noiva, que seria
em grande estilo, como tudo na Cosa Nostra, que abusava da
ostentação. Transformaram o meu quarto em um verdadeiro salão
de beleza, e só a massagem corporal, que foi a primeira etapa, já
me fez dormir.
Bateram à porta, e minha mãe foi ver quem era, voltando com
um enorme buquê de rosas-vermelhas.
— Presente para a noiva! — ela falou, entregando-me o
cartão que me fez sorrir quando li e minha mãe quase desmaiar com
medo do meu futuro.

“Rosas-vermelhas que significam paixão, que é o que te


desejamos neste casamento. Que seja intenso, que seja
ardente, que seja de amor e que seja muito hot! Bem-vinda ao
#teammafiafeminina das Meninas Mafiosas Superpoderosas!
Sarah, Alice e Nina”

— Essas três são malucas, não respeitam a autoridade dos


maridos e ainda querem levar você para a morte. Fique longe delas,
minha filha! Seu marido vai te matar se você ficar imitando as três.
— Para começar, minha mãe, eu não imito ninguém.
Segundo, eu sou superfã das três, Sarah Cooper é uma mulher para
se ter como referência, já que ela lidera, ao lado do marido, a Máfia
Cooper.
— Dizem que ela mata sem piedade, igual aos homens.
Você, minha filha, é delicada, foi educada para ser uma boa esposa
e não teria coragem de matar ninguém.
— Deixa uma mulher olhar para o meu marido para a
senhora ver se eu tenho ou não coragem de matar alguém, minha
mãe!
Novamente bateram à porta, e, dessa vez, era a equipe que
cuidaria dos meus cabelos e da minha pele. Enquanto meu cabelo
recebia uma hidratação profunda, eu observava minha mãe
assustada e pensando nas minhas palavras.
Ao ficar pronta, eu me olhei no espelho e sorri para mim
mesma. No dia em que experimentei o vestido de noiva no ateliê, só
conseguia pensar no casamento dos meus sonhos, e acabou que
ele estava sendo realmente assim. Dante não era um príncipe
encantado, mas era o meu rei da máfia e eu o amava, e esse
matrimônio seria, com certeza, tudo que sonhei para mim!
Meu cabelo estava preso em um coque com alguns fios
soltos, e a maquiagem era supersuave e foi finalizada com um
batom nude. No meu véu, eles colocaram um broche bem delicado,
com pedrinhas de brilhantes, que contornavam o brasão da Cosa
Nostra. Eu me casaria com o Capo di tutti capi, e o brasão no meu
véu fazia de mim a Senhora da Máfia Mãe.
— Seu pai está lá embaixo te esperando, minha filha —
minha mãe falou com os olhos cheios d'água.
— Não chore, minha mãe! Eu estou me casando por amor.
Eu vou ser feliz!
— Minha princesinha, sempre cheia de sonhos! Eu sei que
você está encantada com seu futuro marido, mas tome cuidado.
Não confie tanto assim, porque ele é um homem da máfia, que não
nos vê como uma igual. Se ele te tratar bem, já agradeça por isso,
mas não espere essa fidelidade porque você vai se decepcionar.
Minha mãe não conseguiria me colocar para baixo. Dante me
disse que seria só meu, mas eu sabia que o percurso para que isso
fosse realidade poderia demorar a chegar, mas eu estava preparada
para tirar qualquer uma do meu caminho.
Desci e vi o meu pai me esperando. Ele chegou da Colômbia
no dia anterior para o meu casamento, mas não estive com ele.
Inventei uma indisposição e fui me deitar mais cedo. Minha mãe
disse que ele não gostou de não ser recebido por mim, mas não
pôde falar comigo, uma vez que Dante estava em casa e ninguém
podia acessar o corredor do quarto dele. Enquanto meu pai
esbravejava, eu morria de prazer na cama do meu futuro marido.
Não me arrependi de me entregar para Dante antes do
casamento. Na verdade, aquelas duas semanas com ele foram
perfeitas e me fizeram estar segura no dia do meu casório.
— Você está linda! — meu pai falou, estendendo-me o braço.
— Obrigada! — respondi sem entusiasmo.
— Você me fez uma desfeita ontem não vindo me receber.
Casando ou não, saiba que você vai continuar sendo minha filha e
me deve respeito.
Fiquei em silêncio, deixando que ele falasse e colocasse sua
raiva para fora enquanto caminhávamos até o jardim. Levei um
susto com a quantidade de pessoas que tinham vindo para a
cerimônia. Todas queriam estar presentes no casamento do Chefe.
Assim que meus olhos encontraram meu futuro marido, foquei
apenas nele enquanto caminhava.
​Dante estava lindo! Seu terno era preto e com três peças. Seu
cabelo estava todo para trás e ele deixou a barba por fazer, que o
deixava mais gostoso ainda. Eu amava quando sua barba me
arranhava no momento em ele me chupava, e pensar nessa cena
deixou minhas pernas bambas. Parecia que ele tinha percebido
isso, pois seus olhos escureceram, e eu sabia que ele me queria,
assim como eu o queria mais do que tudo. Certamente havíamos
sido feitos mesmo um para o outro.
​Meu noivo veio até onde eu parei com o meu pai, deu um beijo
em sua face, como era o cumprimento da máfia, e me estendeu o
braço. Eu me aproximei do meu pai, dei um beijo no seu rosto e
falei, sorrindo, para que só ele escutasse:
​— A partir de agora, o senhor é quem me deve respeito, meu
pai. Não serei mais a sua filha, mas sim a Senhora da Máfia Cosa
Nostra, não se esqueça nunca disso!
​Meu pai mudou de cor, sua vontade era de me dar uma surra,
porém, ele não poderia fazer isso, pois eu representava o brasão
que estava preso no meu véu, e qualquer coisa que ele fizesse
contra mim estaria fazendo contra a Cosa Nostra. Sendo assim,
todos os convidados apontariam uma arma para ele.
​ lhei para Dante, esperando, de verdade, ser uma boa esposa
O
para ele e torcendo para que ele fosse um bom marido para mim. A
cerimônia começou e, em vez de fidelidade ao casamento, tudo
girava em torno da Cosa Nostra.
Os votos de Dante começaram, e eu respirei fundo com suas
palavras que mais pareciam uma iniciação à máfia do que uma troca
de alianças. Decididamente, o romantismo passava longe do meu
futuro marido, mas eu tinha certeza de que, com paciência,
conseguiria ser feliz com ele. Nós nos dávamos bem na cama e fora
dela, tínhamos sempre assuntos novos para conversar, e ele, do
seu jeito, era carinhoso comigo. Então, eu não me abalaria e faria os
meus votos do jeito que eu tinha escrito depois dessas duas
semanas com ele, e não os que eu recebi para fazer.
— Dante, eu te recebo como meu marido porque você me faz
sorrir, me faz sentir que sou a mulher mais protegida do mundo
quando me abraça e única quando diz que fui feita para você. Eu
quero ser uma boa esposa e uma companheira para todas as horas.
Quero estar ao seu lado todas as vezes que você precisar e, por
esse amor que eu sinto por você, eu juro sempre defender a Cosa
Nostra, porque ela representa você!
​O silêncio se fez presente entre os convidados com os meus
votos, mas mantive meu olhar firme nos olhos do meu noivo. Eu
sabia que ele estava pensando que eu o tinha desafiado mais uma
vez não recitando os votos que escreveram para mim, e seus olhos,
cada vez mais sombrios, demonstravam isso. No entanto, ele olhou
para o juiz e mandou que a cerimônia continuasse. Respirei fundo,
sabendo que ele falaria comigo mais tarde sobre isso, mas tentei
não me importar.
​A cerimônia acabou, e fui apresentada como a Senhora Dante
Cosa Nostra. Meu sorriso foi primeiro para o meu pai, que engoliu
em seco e virou o rosto para o outro lado.
​Depois se formou uma enorme fila de cumprimentos, e Dante me
deu a mão para que fôssemos falar com as pessoas. Fiquei
desanimada, achando que passaria meu casamento todo dizendo
obrigada pelos votos de felicidade.
​— Você está linda, meu amor! — Dante me elogiou quando
pegou a minha mão. — Só gostaria de saber por que você não falou
o voto que foi escrito para você?
​— Porque eu quis falar o que eu sentia e…
​— E desafiar o seu marido — ele completou.
​— Talvez eu ame ser castigada por desafiar você — pronunciei,
mordendo os lábios.
​— Eu quero te comer agora — Dante disse.
​— Infelizmente, meu marido, temos um milhão de pessoas nos
esperando — frisei e mostrei a fila que nos aguardava.
​— Você sabe que eu não preciso falar com ninguém agora se eu
não estiver com vontade.
​— Vamos acabar logo com isso! — falei, e nos aproximamos da
fila. Dante, por sua vez, simpático como sempre, não sorria para
ninguém.
Capítulo 26
Isabella Cosa Nostra

— Minha neta e o Chefe da Cosa Nostra — meu avô falou,


cumprimentando Dante. — Acho que isso merece uma reunião na
próxima semana.
— É um prazer recebê-lo na Cosa Nostra — Dante afirmou,
e, naquele momento, vi como eram essas alianças. Meu avô disse
que eu estava linda e depois foi falar com meu pai.
Nem pensei que ele viria, pois não tinha contato quase
nenhum com ele. Fiquei praticamente a minha vida toda em Londres
e só fui à casa do meu avô na Alemanha três vezes. Mas meu
casamento era a abertura para uma aliança com Dante, e ele só foi
por isso.
Aquela fila nunca terminava, eu já estava cansada de sorrir
para toda aquela gente. De repente, vi uma mulher quase se
jogando em cima do meu marido. Era morena, tinha o cabelo liso
até a cintura e usava um batom vermelho e um vestido todo colado
no corpo. Ela segurou no braço de Dante e ficou fazendo carinho
enquanto o cumprimentava.
— Parabéns! — ela desejou, aproximando-se de mim. — Não
nos conhecemos, Isabella, mas sou filha do Capo...
— Me chame de Senhora Cosa Nostra — falei,
interrompendo as apresentações dela. — Na próxima vez você que
se aproximar do meu marido, não ouse tocar nele ou dar um beijo,
como você fez, que eu acabo com a sua vida com um sorriso no
meu rosto, como se nada estivesse acontecendo. Dante Cosa
Nostra é casado comigo, é meu marido e não tem lugar para mais
ninguém na cama dele. Fui clara?
— Sim — ela respondeu e pensou em olhar para o meu
marido, mas voltou a atenção para mim e se curvou com raiva. —
Não vai acontecer de novo, Senhora Cosa Nostra — ela completou
e saiu cuspindo fogo, mas eu não me importei com isso.
— Ciúmes de mim, amore mio?
Olhei para Dante e não respondi. Minha vontade era mandá-
lo para o inferno por me fazer cumprimentar suas ex-amantes.
Aquela fila, que parecia interminável, depois de horas, começou a
diminuir e, nos últimos cumprimentos, já estava igual ao meu marido
sem dar um sorriso.
— Até que enfim acabou! Vou ficar um pouco com os meus
amigos — pronunciei, e Dante me segurou pelo braço.
— Você vai se eu permitir, não me lembro de ter feito isso —
ele falou sério, e precisei respirar fundo. Eu tinha me casado com
um homem que, com certeza, se julgava meu dono.
— O senhor, meu marido, me permite ficar um pouco com os
meus amigos? — pedi da forma correta segundo o manual da boa
esposa, mas não consegui deixar de virar meus olhos no final.
— Não, eu não permito. Não gosto dessa sua amiga que vive
nas boates e cada noite com um cara diferente.
​— Ela é minha amiga, ou melhor, são meus amigos. Vieram de
Nova York para o nosso casamento, eu não posso deixar de dar
atenção para eles.
​— Tanto pode que você vai! Vem, vamos dar uma volta pela
festa.
​— Vai para o inferno e aproveita para dar sua voltinha sozinho —
falei e virei as costas, indo falar com os meus amigos.
​— Espera — Dante pediu, vindo atrás de mim. — Você sabe que
tem que me obedecer ou não te ensinaram isso? Você é minha
esposa, Isabella, e agora carrega o meu sobrenome.
​— Eu nunca vou me esquecer disso, só que agora estou indo
ficar um pouco com os meus amigos, você pode vir comigo porque
eu quero te apresentar para eles — expliquei, quase implorando. —
Por favor, ninguém tem um marido tão lindo e gostoso como eu!
Deixe-me te exibir um pouquinho! Eu já falei com esse povo doido
que veio aqui para te agradar, agora deixa eu te mostrar para os
meus amigos, que vão morrer de inveja de mim.
​ ante me olhou se sentindo envaidecido com as minhas
D
palavras e aceitou meu pedido, dando-me a mão e indo comigo
conhecer os meus amigos. Era tudo uma questão de ser inteligente
e saber como falar com ele para não criar briga e conseguir que
meu marido fosse comigo.
​— Eu estou tão feliz em ter vocês aqui — falei e abracei os dois,
comemorando.
— A gente não entrou naquela fila gigante porque queria
dizer a você mais que um simples parabéns — Kate falou. — Minha
amiga da vida toda se casou e, Bella, você está linda! Eu vou
chorar!
Nos abraçamos de novo. Kate podia ter um jeito meio doido,
não levar os relacionamentos a sério, mas nossa amizade era
verdadeira. Quando cheguei ao colégio interno, chorava por me
sentir sozinha, e ela me emprestou sua boneca para dormir comigo.
Quando eu era criança, a gente só se separava nas férias quando
voltávamos para casa, mas, no resto do ano, ficávamos juntas e
dividíamos o mesmo quarto. No pensionato, eu não ia para casa nas
férias e passava o tempo todo me divertindo com as doideiras dela e
as de Anthony pelo FaceTime.
— Se vocês duas continuarem chorando, eu não vou
aguentar — Anthony falou, fazendo biquinho e nos abraçando, e eu
pude sentir Dante respirando fundo atrás de mim com o show que
estávamos dando de sentimentos, coisa que ninguém naquela máfia
tinha um pelo outro.
— Vou apresentar meu marido para vocês — falei, achando
estranho chamá-lo assim e mais ainda saber que estava casada. —
Dante Cosa Nostra, esses são meus amigos e irmãos, Kate e
Anthony.
— Muito prazer — Dante falou, vestindo a máscara de CEO
do vinhedo e de uma rede de cassinos e hotéis.
Todos na Instituição tinham empresas laranjas para lavagem
de dinheiro e para manter uma fachada honesta.
— Muito prazer e cuide bem da minha amiga, porque a Bella
é única! — Kate falou sério, olhando para Dante. — Faça-a feliz!
— Sim, minha esposa realmente é única! — Dante
concordou, e eu não sabia se ele falava aquilo de coração ou no
modo automático do bom marido. Ele, assim como os outros
homens da Instituição, sempre atuavam quando estavam em locais
públicos ou conversando com pessoas de fora para não levantar
suspeitas.
Após Dante trocar meia dúzia de palavras, pediu licença,
dizendo que tinha que falar com outros convidados.
— Se comporte! — ele disse baixo no meu ouvido quando me
deu um beijo. — Cansei de atuar aqui e vou fechar alguns negócios.
Olhei incrédula para Dante, que simplesmente estava usando
nosso casamento para fechar alianças e garantir mais poder. Nem
nesse dia ele poderia ser um pouco menos mafioso?
— Seu marido é mais gostoso ao vivo — Anthony falou,
rindo. — Bella, você não pode reclamar por cem vidas depois de
conseguir um homem desse tipo!
Meu marido andou por toda a festa e depois veio me buscar,
levando-me com ele para mais uma rodada de cumprimentos pelas
mesas dos convidados. Tinha certeza de que falei com algumas
pessoas mais de uma vez e já estava cansada de bancar a esposa
troféu, que seria o meu papel dali para frente nas festas da máfia.
— Que carinha é essa fazendo biquinho, Senhora Cosa
Nostra? — Dante perguntou, e comecei a rir do seu jeito fofo de
falar. Ainda não tinha me acostumado com ele sendo assim normal,
dizendo coisas que me faziam rir e do nada me dando ordens como
se fosse o meu dono.
— Estou cansada de falar com tanta gente. Minha boca está
doendo de tanto forçar sorrisos e...
— Acabaram os cumprimentos por hoje — Dante me cortou.
— Eu quero sua boca para outras coisas que não sejam sorrir para
esse bando de puxa-saco.
Mordi os lábios olhando para o meu marido e o beijei sem me
importar com mais ninguém que estava à nossa volta.
— Nós vamos ser felizes? — perguntei, olhando para ele.
— Não sei, mas farei o possível para que isso aconteça —
ele respondeu e me beijou como se tivesse necessidade de me
beijar, selando um compromisso de fidelidade comigo.
Capítulo 27
Dante Cosa Nostra

​— Eu tive uma vida miserável, Isabella — falei enquanto


dançávamos. — Minha mãe sempre pareceu uma assombração
vagando pelos corredores da Cosa Nostra, e, antes do Enzo, nunca
tinha visto o seu sorriso.
​Isabella me abraçava forte conforme eu relatava meu passado, e
isso me fez falar tudo que estava preso dentro de mim. Ela queria
ser feliz e precisava saber quem era o homem por trás do Chefe
com quem ela se casou.
​— Sempre precisei ser forte e tinha um ano quando Lorenzo
nasceu. Ainda era um bebê, mas já cuidava dele como se fosse seu
pai e sua mãe. Meus irmãos não vivenciaram tudo que a minha mãe
sofreu. Eu lhes dizia que os gritos que eles escutavam eram do
fantasma de uma mulher que morava aqui na Cosa Nostra. Meu pai
batia nela e falava que minha mãe estava nesta casa apenas para
lhe dar filhos homens. Eu matei o meu pai!
​Isabella se afastou um pouco e me olhou assustada assim que
contei isso. Porém, quando pensei que ela correria, simplesmente
me beijou.
​— Eu não o matei apenas pelo poder, ou porque ele foi
exagerado na nossa iniciação na máfia, e sim porque cresci com ele
chamando minha mãe de vagabunda e a violentando. Eu nunca quis
me casar, mas, já que aconteceu e foi com você, quero tentar te
fazer feliz.
​Nesse momento, alguém gritou viva os noivos, e do nada
trouxeram um carrinho com um bolo gigantesco, enfeitado com um
casal de noivos. Quando vi o bonequinho ajoelhado beijando as
mãos da noivinha, procurei rapidamente minha cunhada e a fuzilei
com o
meu olhar. Eu nunca deveria tê-la deixado responsável pela
cerimônia.
​Isabella pediu para se despedir dos amigos e da sua mãe antes
de seguirmos para nossa lua de mel.
​— Vocês dois vão me prometer que voltam para me visitar?
​— Prometemos, Bella! Você não vai se livrar da gente, amiga! —
a tal da Kate falou, abraçando minha esposa e trazendo o primo
com ela.
​Os dois se afastaram, e o meu sogro se aproximou.
​— Foi uma cerimônia muito bonita, parabéns, meu genro! — ele
falou alto para que quem estivesse próximo escutasse o que todo
mundo já sabia.
​— Mãe, eu quero que você venha muitas vezes me visitar e
passar um tempo aqui comigo — Isabella disse e deu um beijo na
mãe, que tinha lágrimas nos olhos.
​— Se o seu pai permitir, eu venho sim!
​— Sua mãe tem as obrigações dela, e você agora trate de cuidar
das suas com o seu marido — o pai dela afirmou, e eu fiz de conta
que não escutei o que ele estava falando baixo para minha esposa.
​— Eu tenho certeza, Capo Marino, que, no meio de tantas
obrigações, vai encontrar um tempo para que minha sogra venha
sempre nos visitar, não é verdade?
​— Claro! — o puxa-saco respondeu. — Se o senhor estiver de
acordo, é claro que minha esposa pode ficar com a filha na sua
casa.
​— Esta casa, meu pai, é minha também, e não só do meu
marido!
​— Você é uma insolente! — o pai dela gritou. — Não sei o que
eu faço com você!
​— Não fará nada, porque minha esposa pertence só a mim e
não é problema seu! Vamos embora! — falei, puxando Isabella
antes que desse um corretivo no pai dela em plena festa.
​Isabella olhou para seu pai quando começamos a caminhar.
​— Aprenda a olhar sempre para frente — pedi, e ela se virou
para mim.
​ Ele nunca vai deixar minha mãe vir me ver.

​— Ninguém que deseja viver por longos anos recusaria um
convite feito por mim — afirmei, e Isabella me deu a mão. Era
estranho caminhar de mãos dadas, mesmo que fosse só até o meu
carro, como um casal qualquer do mundo normal.
​Isabella estava exausta e, assim que entramos no jatinho,
recostou a cabeça no meu ombro e adormeceu. Olhei para ela se
sentindo segura ao meu lado e pensei que nunca me imaginei
casado. Para os meus irmãos e amigos, sempre disse que isso seria
depois dos quarenta e cinco, com alguém que eu conseguisse ter
um mínimo de sossego para ter um herdeiro e um casamento, para
não dizerem que o Chefe não tinha família. Depois da chegada do
meu sobrinho Enzo, eu me arrependi de ter aceitado me casar, já
que ele poderia assumir a Cosa Nostra.
​Então apareceu Isabella, que foi, sem dúvida, o melhor acordo
que fiz como Capo di tutti capi. Eu sabia que não teria sossego com
ela, que chegou bagunçando tudo e tinha a língua afiada, falando
sempre o que pensava. Eu achava que Sarah Cooper, minha
cunhada e Alice, a pior das três malucas, fossem únicas, mas fui
premiado com uma esposa que parecia que não me daria um
minuto de sossego na vida.
​Eu precisaria me controlar na volta dessa viagem porque não
poderia dar sinal de fraqueza para os meus inimigos. Tivemos duas
experiências ruins com Cooper e Lorenzo e não poderia repetir os
erros deles, já que, sendo o Chefe, minha esposa seria a mulher
mais visada por todos os meus inimigos. Por isso, não fiz suas
vontades no casamento, que era dançar por horas ou dar beijinhos
como um homem apaixonado. Meus inimigos tinham que ver minha
esposa como troféu, e mais nada.
​Eu era o alvo principal de Mikhailov, o Chefe da Bratva, um velho
asqueroso e um dos últimos da geração do meu pai. Depois do
casamento, seu filho Aleksey assumiria todo o poder, e, com
certeza, alianças seriam refeitas, o que movimentaria toda a máfia,
assim como foi quando assumi a Cosa Nostra. Eu sabia que
Mikhailov queria me eliminar e, em resposta, começaria a mandar
pelos ares seus patrocinadores, fossem políticos, fossem
empresários.
​ nquanto pensava nisso tudo, Isabella abriu os olhos e sorriu
E
para mim, fazendo-me esquecer a Cosa Nostra e me lembrando de
que era um homem casado. Foram longas horas até o nosso
destino, e tudo que eu queria era aproveitar os próximos cinco dias
com a minha esposa antes de retornar para minha vida de Chefe da
Cosa Nostra.
​Assim que chegamos à casa que minha cunhada alugou na
Grécia, fui checar a segurança do local com os soldados que levei
comigo. Quando entrei na residência, Isabella estava linda, com um
body de renda vermelho mostrando todo o seu corpo.
​Me aproximei, e ela começou a tirar minha roupa. Meu
pensamento foi direto para Isabella rebolando em cima de mim. Ela
foi abrindo os botões e beijando cada parte do meu corpo que ficava
exposta.
​— Eu amo o seu cheiro — ela falou e começou a tirar o meu
cinto, e eu puxei a minha camisa de dentro da calça, tirando-a e
jogando-a no chão. Meu pau já estava duro dentro da cueca, e,
quando ela passou as mãos nele, cheguei a sentir dor de tanta
vontade de entrar na minha mulher.
​Deitei Isabella na cama e tirei o seu body enquanto a beijava.
Seus seios empinados apontando para mim me deixavam doido, e
eu amava cair de boca neles.
​— Eu quero você! — ela disse, abrindo as pernas para que eu
entrasse de uma vez nela. — Não preciso de nada mais do que
você dentro de mim!
​— Seu pedido é uma ordem, minha princesa! Ou eu devo dizer
minha rainha, agora que está casada comigo? — falei, estocando
fundo dentro de Isabella até que ela gozasse gritando o meu nome.
​Transamos o resto do dia e a noite toda. Isabella não gostava de
sexo calmo e era exigente mesmo sem ter experiência. Ela aprendia
tudo rápido e sempre queria mais. Era difícil admitir, mas cheguei a
ficar cansado, mesmo com toda a minha experiência e vigor. Minha
esposa parecia mesmo disposta a ser a única na minha vida e a não
deixar que sobrasse nada para que eu tivesse outra na rua. Ela,
decididamente, estava focada em me esfolar e deixar o meu pau
dolorido.
​ uando amanheceu, minha esposa já estava pronta para
Q
passearmos de veleiro.
​— Este lugar é lindo — ela falou enquanto navegávamos pelas
águas cristalinas de Santorini. — Só que elas não são nada perto do
meu paraíso particular — Isabella disse, olhando para minha sunga
e mordendo os lábios.
Capítulo 28
Dante Cosa Nostra

​Os dias com Isabella estavam sendo especiais, e me dei conta de


que, pela primeira vez, fiquei afastado da Cosa Nostra por uns dias.
Mas eu não podia me afastar por completo e, mesmo confiando nos
meus irmãos, era o Chefe e precisava ficar a par de tudo que
acontecia.
​Estava tentando me concentrar nos relatórios quando minha
esposa apareceu com uma camisola transparente e que, por causa
da brisa que entrava pela janela, deixava seus mamilos arrepiados.
​— Gostou da minha camisola?
​— Gostei, mas eu prefiro você sem nada.
​— Acontece que eu fiz um enxoval para minha lua de mel e
quero usar tudo que comprei.
​— Pode usar, eu vou adorar arrancar cada peça que você estiver
vestindo — falei, puxando Isabella para o meu colo.
​— Você está trabalhando na nossa lua de mel? — ela perguntou,
olhando para o meu computador.
​— Eu sou o Chefe, lembra?
​Então me beijou, e eu já sabia que não conseguiria me
concentrar no trabalho.
​— Posso te perguntar uma coisa? — ela disse, e eu fiz com a
cabeça que sim. — Se a gente tiver um filho, ele vai ser o Chefe no
futuro?
​— Claro que sim! Nosso filho será o novo Capo di tutti capi da
Cosa Nostra.
​— E para isso ele vai ter uma iniciação como a sua? Desculpe,
mas já ouvi horrores sobre isso, a sua iniciação e a dos seus irmãos
dizem que foram as piores.
— Eu não vou ser igual ao meu pai, se é isso que você quer
saber, mas o meu filho precisa e vai ser treinado para sobreviver no
nosso mundo. Acredito que vou descobrir um meio de ele aprender
tudo sem ter que sobreviver no escuro, pensando em se matar ou
sendo acordado durante a noite sendo sufocado para ficar em
alerta. Mas, se eu tiver que fazer isso, vou explicar que é para que
ele possa vencer os inimigos, e não porque eu o odeio.
— Eu não sei se gostei de escutar isso, mas te agradeço por
ter sido sincero. Não pretendo ser como a minha mãe, que não falou
nada na minha criação. Quero ser uma mãe amorosa e, se não
concordar com alguma coisa, eu vou falar.
— E, por acaso, você acha que, por algum momento, eu
pensei que você me deixaria decidir tudo do nosso filho sozinho? —
falei, rindo, mesmo sabendo que a educação do herdeiro da Cosa
Nostra seria responsabilidade minha, e não dela, mas ainda faltava
muito para esse dia chegar, e, assim como dizia Lorenzo, eu
deixaria essa batalha para lutar no momento certo.
Meu celular vibrou com as mensagens dos relatórios de
boates, cassinos, rondas e subornos diários para os políticos e
policiais. Queria poder ficar com a minha esposa, mas precisava
analisá-los. Por fim, ela adormeceu nos meus braços enquanto eu
trabalhava.
Quando terminei de verificar tudo, acordei Isabella com um
beijo.
— Sabia que você é uma coisinha muito deliciosa? — eu
disse, e seu corpo reagiu na hora, ficando todo arrepiado. Isabella
gostava de ser elogiada, e isso fazia com que ela se entregasse
ainda mais ao prazer.
Comecei a brincar com seus seios e a dar leves mordidas
nos seus mamilos. Quando eu fazia isso, percebia que ela se
contorcia procurando alívio.
— Vai me deixar meter com força em você, minha gostosa?
— Dante... — ela gemeu, cravando as unhas em meu braço.
— Por favor!
— Por favor, o quê?
— Dante... — ela falou mais alto.
— O que você quer? Fala para mim!
— Eu quero você!
Comecei a espalhar beijos por todo o seu corpo enquanto
sua respiração ficava mais acelerada.
— Eu quero sentir o seu gosto. Goza para mim, minha rainha
— pedi, passeando com a minha língua dentro dela.
— Sua boca é muito gostosa! — ela disse e começou a
gemer e a gritar o meu nome, movida por um desejo e prazer
enormes que eu estava lhe proporcionando. Essa era a primeira vez
que eu sentia necessidade de dar prazer a alguém, e o incrível foi
saber que isso me deixava excitado também.
Me posicionei entre as suas pernas e comecei a entrar e sair
de dentro dela. Percebi que ela começou a tremer e a gozar de novo
feito louca. Logo depois, chupei seus seios com força e cravei meus
dedos na sua bunda, fazendo seu corpo arquear ao encontro do
meu.
— Vira de quatro — ordenei e, assim que ela ficou de joelhos,
entrei com força e escutei seu gemido. Ela gostava quando eu fazia
assim e rebolava no meu pau. Seus peitos balançavam, e, para me
provocar, ela empinava mais a bunda, fazendo-me estocar com
mais força e me deixando louco.
​— Eu vou gozar de novo — ela falou quase chorando, e o
orgasmo foi tão forte que ela perdeu a força das pernas, tendo que
ser segurada por mim.
​— Isso, goza para mim!
​Ela chorava, gemia e suplicava por mais. Minha esposa era
mesmo a minha ruína, e eu estava me viciando em fazer sexo com
ela. Enfim, continuei metendo como doido até gozar, preenchendo
Isabella por completo.
​O dia amanheceu lindo como sempre, e fiquei olhando Isabella
caminhando pela praia com um macacão rosa superdecotado, que,
com certeza, ela não usaria quando não estivesse só comigo como
estava na Grécia.
​Já estávamos com tudo pronto para retornar, e eu me
preocupava em como seria a partir de então, já que estava casado.
Minha vida corrida não me permitiria dar atenção à minha mulher o
tempo todo, e eu torcia para que ela entendesse isso.
​ ntramos no jatinho, e Isabella dormiu durante a viagem toda
E
com as pernas em cima de mim. Provavelmente, minha mulher tinha
medo de que eu levantasse e transasse com a comissária, que ela
disse que poderia ser menos exibida.
​Já em casa, fomos direto para o nosso quarto. Dessa vez, não
tínhamos mais visitas como nos dias anteriores ao nosso
casamento, nem precisávamos fingir que não dormíamos juntos. Foi
estranho entrar no meu closet e ver tudo reorganizado com as
roupas de Isabella. A princípio, quando fiz uma passagem ligando
meu closet ao dela, pensava que assim poderíamos ter dois quartos
e manter certa privacidade, mas, conhecendo minha esposa, eu
sabia que ela não aceitaria isso, e, para falar a verdade, eu também
não a queria longe de mim.
​Tomamos um banho juntos, o primeiro depois de casados, na
nossa casa. Isabella era sensual até passando a esponja de banho
no meu corpo. Tudo na minha esposa cheirava a sexo, e eu gostava
do jeito inocente dela me perguntando as coisas de que eu gostava
e querendo aprender tudo.
​Ela estava deitada, dormindo, depois de inaugurarmos nossa
cama, e não percebeu que eu me arrumava para voltar à rotina da
Cosa Nostra. Como havia ficado quase uma semana fora, tinha que
tomar a frente de tudo novamente.
​Mandei uma mensagem para os meus irmãos, dizendo que
estava indo para o cassino me encontrar com eles, e outra para
Isabella, avisando que voltaria mais tarde.
​Por fim, entrei no meu carro e, no caminho, fui revisando os
relatórios da noite anterior. Aquela semana tinha sido tranquila e
sem ataques da Bratva, mas o silêncio de Mikhailov era sempre algo
suspeito, com o qual eu precisava ficar mais atento.
Capítulo 29
Dante Cosa Nostra

Meu dia foi cheio de reuniões e atualizações dos assuntos da Cosa


Nostra com os meus irmãos. Estávamos planejando um ataque em
massa contra os patrocinadores da Bratva, e isso seria uma
operação grande e arriscada. Nada poderia dar errado e, por esse
motivo, precisávamos nos dedicar.
— Vamos começar por Chicago e Nova York. Avise Cooper
para preparar seus homens, que vamos mandar muita gente pelos
ares — falei, e Giancarlo começou a traçar as estratégias e conferir
a lista de nomes com Lorenzo.
— Sarah Cooper se aliou a um grupo de elite especializado
em espionagem que trabalha por fora da máfia. No caso, serão úteis
para saber tudo sobre os políticos e aliados dos russos. Parece que
esse grupo teve problemas com Mikhailov e estava na cola da
Bratva. Cooper falou que eles são muito bons e vivem nas sombras
— Lorenzo contou, e fiquei em silêncio, pensando que Sarah era
realmente esperta demais e sempre estava um passo à frente.
​— Agora que está tudo certo, vou para casa jantar e volto para o
fechamento do cassino — comuniquei, e Giancarlo disse que ficaria
preparando as estratégias e nos encontraria mais tarde.
Eu e Lorenzo saímos juntos e fomos para casa, com ele me
atualizando sobre o que Enzo havia aprontado enquanto eu estava
fora. Meu sobrinho era realmente a alegria da Cosa Nostra, além de
ser nosso futuro subchefe.
​Quando cheguei ao meu lar, encontrei Isabella de cara feia,
encarando-me como se eu fosse o pior dos maridos.
— O que aconteceu? Por que está com essa cara? De
verdade, não tenho como saber e não estou com paciência.
— Você não se preocupou se era meu primeiro dia sozinha
nesta casa e saiu sem nem se despedir!
— Eu realmente tive um dia supercheio, e tudo que não estou
a fim de aturar é uma mulher que reclama porque ficou em casa
sozinha. Eu não tenho tempo para isso e...
Minha mulher me deixou falando sozinho e subiu batendo os
pés com força na escada. Eu me recusei a ir atrás dela, porque
Isabella foi criada com sua mãe ficando em casa enquanto seu pai
trabalhava, e isso não era novidade para ela, muito menos que a
sua obrigação era cuidar da organização da casa e esperar por
mim. Contei até cem e fui para o escritório trabalhar até a hora do
jantar. Já que Isabella estava de mau humor, não perderia meu
tempo falando com ela.
Fiquei adiantando uns relatórios à noite e me dei conta de
que ninguém foi me chamar para jantar. Na tentativa de saber o que
houve, vi a mesa arrumada com os pratos, sem a comida ter sido
servida.
— Cadê o jantar? — perguntei para uma das mulheres da
cozinha. — Desde quando o jantar deixou de ser servido nesta
casa?
— Desculpe, senhor, mas a sua mãe disse que agora era a
sua esposa que cuidaria de me informar para servir o jantar. Ela não
desceu ainda, estamos aguardando.
Respirei fundo e subi em direção ao meu quarto. Isabella
teria que parar com seus ataques e aprender a se comportar e a
cuidar da casa.
Entrei no quarto, e ela estava cheirando a flores e cheia de
óleo no corpo.
— Estava fazendo um relaxamento e passei esses óleos
relaxantes. Vou tomar um banho. Você vem comigo?
Fiquei sem ação, porque tinha ido brigar com ela por não ter
cuidado da casa e me deixado sem jantar, mas fui recebido com um
convite para tomarmos banho juntos. Tive dúvidas se era um
joguinho dela ou se minha esposa era bipolar, porque, quando
cheguei, sua cara era de poucos amigos, e depois ela estava toda
sensual, olhando para mim cheia de desejo.
Enfim, tirei minha roupa e entrei no chuveiro em silêncio,
enquanto ela me abraçou apertado, beijando o meu corpo.
— Não sei o que posso fazer durante o dia. Sempre estudei,
e agora fico aqui, e o tempo não passa.
— Você tem que cuidar da casa — falei, e Isabella ficou me
encarando. — Hoje você não desceu, e ninguém serviu o jantar.
— E você quer descer para jantar? — ela me perguntou,
mordendo os lábios.
— Você é impossível, Senhora Cosa Nostra! — respondi e a
coloquei no meu colo, encaixando-me perfeitamente nela. — Agora
minha fome é outra!
Isabella deu o seu sorriso safado para mim enquanto eu a
encostei na parede e comecei a estocar fundo dentro dela.
— Eu senti sua falta o dia todo — ela disse, gemendo. — Eu
amo você assim, dentro de mim, sendo todinho meu.
Depois do banho descemos para jantar de mãos dadas, o
que continuava sendo estranho, mas Isabella parecia querer ficar
grudada em mim o tempo todo. Sentamo-nos à mesa, e o jantar foi
servido. Ao contrário da minha cunhada, que Lorenzo dizia só comer
verde, a minha esposa comia de tudo e não se importava em
parecer uma esfomeada, e isso me fazia rir.
​— O que foi? — ela perguntou quando me viu rindo enquanto
enchia o prato com carne e batatas.
— Sempre vejo mulheres dizendo que não podem comer
para não engordar e cheias de frescura.
— Gosto de comer, estou sempre com fome! — ela falou,
rindo. — Quer me ganhar quando eu estiver brava? Me convida
para comer pizza! Amo pizza!
— Vou anotar isso!
​ Após o jantar, fomos para o nosso quarto, e Isabella não gostou
de saber que eu voltaria para o cassino.
​ — Eu tenho que estar lá todas as noites e volto assim que
fecharmos o movimento. Sempre faço um balanço a cada dezoito
horas.
— E depois fica no bar bebendo com as mulheres se atirando
em cima de você — ela disse, revirando os olhos.
​— Você sabe que não tem que ficar me questionando, que isso não
é da sua conta.
— Experimenta fazer isso que você acha que não é da minha
conta e você vai saber se eu sei ou não que tenho que me calar.
​ — Eu não gosto de ameaças! — exclamei, olhando sério para
Isabella, que não abaixou o olhar.
​— Não estou te ameaçando, estou te avisando!
​Eu não gostava de ser desafiado, e Isabella estava indo longe
demais. Por mais que eu quisesse viver em paz, não poderia deixá-
la acreditar que mandaria em mim. No meu interior, uma voz gritava
para que eu a corrigisse e a fizesse entender o seu lugar, e isso me
deixava sem saber como agir.
Quando acabei de me arrumar, passei direto por Isabella, que
estava deitada na cama, e não a olhei.
— Dante, você não vai me dar um beijo antes de sair? — ela
perguntou e começou a chorar.
​Droga! Eu não sabia como lidar com a minha esposa, nem com
meus fantasmas gritando na minha mente perturbada, e estava a
fazendo chorar! Sentei ao lado dela na cama e a puxei para o meu
colo.
— Eu não tenho a intenção de trair você — falei, e ela ficou
me olhando. — Você me satisfaz, Isabella. Eu não preciso de outra
mulher quando a minha já me dá tudo que eu preciso.
— Eu não sou experiente, não sei fazer tudo...
​Eu a calei com um beijo e fiz um carinho meio sem jeito no seu
rosto. Eu não havia sido criado para ser carinhoso, mas senti
vontade de acariciar a minha esposa.
— Você é linda, minha rainha!
Isabella sorriu e me abraçou. Preferi ficar mais um tempo
com ela e depois fui para o cassino. Ainda não sabia como lidar com
tantos sentimentos diferentes despertando dentro de mim e, ao
mesmo tempo, não poderia me distrair, porque sabia que era alvo
de Mikhailov, o inimigo que queria tirar a minha vida.
Capítulo 30
Isabella Cosa Nostra

Ainda era muito estranho imaginar que viveria entre as muralhas da


Fortaleza Cosa Nostra. Passei minha vida praticamente toda em
uma escola em Londres, cercada por várias alunas que andavam de
um lado para outro e falavam sem parar.
Nos últimos anos no pensionato, eu estudava de manhã e
treinava durante a tarde toda, enquanto pensavam que eu fazia
aulas de ballet. Dessa vez, eu passava o tempo sozinha dentro de
uma casa enorme, sem nada para fazer. Dante se ausentava o dia e
a noite e ficava comigo nos intervalos. Ele entrava e saía e nunca
me acordava para se despedir.
De vez em quando, eu ia para a casa de Nina, mas não podia
ficar invadindo a privacidade dela o tempo todo. Ela também sofreu
bastante no início e, ainda hoje, diz que, às vezes, sente um grande
vazio dentro desse mausoléu.
A vida dos irmãos Cosa Nostra era sempre tensa, numa
busca desenfreada por poder e dinheiro, além de guerras e
ameaças de morte. Sempre pensei que seria um inferno me casar
com Dante por causa disso, mas a verdade é que me apaixonei por
esse mafioso e não conseguia mais imaginar minha vida sem ele.
Desci para tomar café da manhã, e meu celular vibrou. Vi que
era uma mensagem do meu marido.

Dante: Acordada?
Isabella: Pensei que você soubesse de tudo que se passa
nesta casa.
Dante: Eu não passo o dia te vigiando pelas câmeras, se é
isso que você pensa.
Isabella: Estou pensando em sair para dar uma volta, andar
pelo shopping.
Dante: Vou avisar aos seguranças que você pode sair e pedir
para te acompanharem.

Ao ler a última mensagem, revirei os olhos, peguei uma maçã


e fui para o meu quarto. Eu não gostava quando Dante falava como
se eu fosse sua propriedade, mas esse era seu jeito, e eu teria que
me acostumar ou passaria o resto da vida emburrada.
Tomei um banho, mas, no lugar de sair, eu me deitei e acabei
dormindo.
— Bella — escutei alguém me chamando e reconheci a voz
de Nina. Me levantei e fui até a porta do meu quarto, encontrando-a
toda animada no corredor.
— Que animação é essa? — perguntei, e Nina entrou no meu
quarto, puxando-me.
— Hoje vai ter um jantar dos aliados lá na boate, e eu nem
queria ir, porque só tem aquelas mulheres chatas, só que lembrei
que agora tenho você! — ela falou, abraçando-me, e eu me lembrei
de Kate, que sempre chegava ao quarto assim como Nina.
— Se eu te contar uma coisa, você não vai me achar
esquisita?
— Claro que não.
— Eu nunca fui em a boate — falei, e Nina me olhou e sorriu
para mim.
— Então vamos hoje, e uma faz companhia para a outra!
— Dante... — fiquei sem jeito de falar para Nina. — Ele não
me contou nada sobre esse jantar. Acho que nem pensou em me
levar — afirmei, sem saber se minha voz era de desolação ou de
raiva.
— Eu pensei que você fosse, por isso vim aqui... me
desculpa!
— Você pensou certo! Pode contar com a minha companhia,
porque eu vou a esse jantar!
— Ele já não gosta de mim mesmo — Nina afirmou, revirando
os olhos. — Pode dizer que eu te falei, achando que você fosse.
— Eu vou falar com ele. Obrigada por me avisar desse jantar.
Estava doida para ir a essa boate, porque me incomoda Dante viver
mais lá do que aqui.
Nina foi para casa, e, assim que eu ia mandar uma
mensagem para Dante, meu celular vibrou, recebendo uma
mensagem dele.

Dante: Os seguranças me disseram que você ficou em casa.


Não quis sair?
Isabella: Eu posso saber por que não fui convidada para te
acompanhar hoje à noite no jantar que vai ter para os aliados?
Dante: Quem te falou sobre isso?
Isabella: Nina veio saber se eu também iria hoje à noite à
boate para combinar de irmos juntas.
Dante: Você não está vindo, Isabella! Eu não quero você na
boate! Isso é um jantar de aliados, e eu não vou ter tempo...
Isabella: Alguma puta vai te acompanhar?
Dante: De onde você tirou essa ideia? Nossa conversa
acaba aqui!
Isabella: Sem problema, nos vemos à noite.
Dante: Você não ousaria me desobedecer.
Isabella: Nos. Vemos. À. Noite.
Dante: Você não me dá ordens, Isabella.

Dante não me ligou, nem mandou mensagem, tampouco foi


em casa. Mesmo assim, não me intimidei com isso e fui tomar um
banho e me arrumar para o tal jantar. Nina me disse que Lorenzo
chamou sua atenção por ela ter vindo me falar, mas ressaltou que
não se importou porque não fez por mal.
— Lorenzo disse que não me chama para mais nada! — Nina
falou, rindo. — Até parece! Ai dele se fizer isso!
— Vamos? — pronunciei — Já estou pronta!
Nina avisou que poderíamos ir em um carro só, e, na hora em
que eu ia sair do quarto, descobri que minha porta estava fechada
por fora. Então dei vários chutes, fiz um escândalo, mas ninguém
veio abrir.
— Eu não acredito que Dante fez uma coisa dessas! — Nina
disse do outro lado da porta. — Esse povo é pré-histórico!
— Deixa, Nina, não vai estragar sua noite. Eu cresci nessa
vida e me iludi com Dante. Ele é igual ao meu pai e a todos os
outros. Sou só a esposa troféu que ele usa quando vem em casa.
— Você não é nada disso, Bella. Você é nova, linda e forte.
Faça esse homem arrogante e das cavernas entender isso.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Dante.

Isabella: Você é tão nojento quanto o meu pai e qualquer


outro homem dessa máfia infeliz! Eu te odeio, Dante Cosa Nostra!
Dante: Porra! Que inferno! Eu preciso me concentrar hoje à
noite! Estou contatando aliados para atos que precisam ser bem
executados, já que estou na mira da Bratva!
Isabella: Pois tomara que eles acertem o alvo!

Depois de enviar essa última mensagem, desliguei meu


celular. Não queria ler mais nada que Dante me escrevesse, porém,
não queria nem pensar nele morrendo nas mãos da Bratva. Falei o
que senti só porque estava com muita raiva. Ele havia dado ordens
para me trancarem no quarto só para mostrar quem mandava no
nosso casamento.
Acabei dormindo depois de chorar muito e acordei sentindo
alguém me abraçando. Quando abri os olhos, vi Dante com o corpo
colado no meu e o empurrei.
— O que você pensa que está fazendo?
— Abraçando a minha mulher.
— Agora eu sou sua mulher? Na hora de ir à boate, você me
deixou trancada no quarto!
— Isabella, eu não posso me distrair, e, se você fosse nesse
jantar, era isso que aconteceria.
— Você mandou os seguranças me trancarem aqui dentro e
me humilhou na frente de Nina! Tudo para quê, Dante? Mostrar que
você é o Chefe? Impressionar os seus soldados ou os seus irmãos?
— Eu não posso parecer fraco! Entenda isso! Você me
desafiou, me disse que ia à boate quando eu falei para não ir...
Ninguém nunca me desobedeceu.
Dei um grito e me levantei, indo em direção ao closet. Pela
primeira vez, agradeci por ter um quarto do outro lado das nossas
roupas, porque eu precisava respirar. Dante não queria ser
desafiado, e eu não estava disposta a ceder e ser uma esposa
troféu. Que ótimo! Estávamos em um impasse, e eu venceria esse
inferno que tinha dentro dele de qualquer jeito!
Capítulo 31
Isabella Cosa Nostra

— Você não vai dormir em outro quarto, Isabella! Volte agora


para nossa cama, ou eu vou te levar!
— Me deixa em paz, até porque você já deve ter se divertido
muito na sua festinha!
— Se você não vier para nossa cama, eu posso...
— Pode o quê, Dante Cosa Nostra? Pode me obrigar a ficar
com você?
Dante me olhou, e seus olhos azuis estavam negros. Sua
respiração forte e acelerada me fez ficar em alerta, e eu o encarei,
esforçando-me para conseguir ter o máximo de altivez.
"Nunca demonstre fraqueza diante do seu inimigo. Se ele
sentir sua respiração, mesmo que levemente alterada, vai te atacar."
Cresci escutando meu pai falando diariamente essas
palavras para os seus soldados. Eu nunca abaixei a cabeça por
causa disso; na verdade, eu as gravei como um mandamento. Nos
treinos de luta e defesa pessoal, era como se eu escutasse o meu
pai dizendo isso na minha mente.
— Que inferno é você na minha vida, Isabella! — Dante
gritou. — Eu tenho uma esposa que não me escuta, não me
obedece e me desafia a cada minuto!
Dante pegou o celular e digitou uma mensagem. Eu continuei
imóvel, mas já imaginando o que ele estava fazendo. Quantas vezes
em uma mesma festa eu escutava conversas de mulheres
desgostosas contando que seus maridos se cansavam delas e
chamavam outra mulher para lhes dar prazer. Os homens poderiam
ter amantes, e as mulheres morreriam se olhassem para o lado.
Essas leis, sim, eram um inferno!
Dante saiu do quarto, e meu coração disparou. Minha
vontade era de enfiar a cara no travesseiro e chorar, mas eu não
faria isso. Não teria jamais medo do inimigo, muito menos daria
espaço para alguém tocar no que me pertencia.
Não passou muito tempo, e escutei uma voz de mulher na
sala da minha casa. Depois vi Dante saindo do quarto descalço,
com uma calça de moletom e sem camisa.
Eu poderia aceitar tudo, menos o fato de ele se deitar com
outra mulher. Respirei fundo e me concentrei. Não desviaria meu
pensamento da única coisa que me importava naquele momento:
mostrar que aquela casa tinha dona e que ninguém invadiria o meu
espaço.
Dante ainda estava no meio da escada quando passei por ele
em disparada e fiquei cara a cara com uma mulher morena, com o
cabelo cheio de cachos desalinhados e um vestido todo colado no
corpo, olhando-me com desdém, como se eu fosse uma inútil que
não sabia dar conta do meu marido.
— Vou te dar cinco segundos para sair da minha casa, sua
vadia!
— Eu tenho nome: Pietra. E olha como fala comigo, pois foi o
Chefe quem me chamou, e, se ele me quer, ninguém vai me fazer ir
embora!
— Uma mulher que vem se encontrar com um homem
casado não tem outro nome que não seja "vadia"! — pronunciei com
ódio, porque ela não estava ali obrigada por ele ser o Chefe como
ela falou, e sim porque, pelo visto, gostava muito do meu marido. —
Esta casa é minha, e eu decido quem entra e quem sai daqui com
vida!
— Pietra, o que você está fazendo aqui? — Giancarlo
perguntou, entrando na sala. — Eu escutei as vozes da minha
cunhada lá de fora. O que você está fazendo aqui? Ficou surda e
não escutou a minha pergunta?
Dante continuava na escada sem dar uma palavra, e
Giancarlo ficou em silêncio depois de ver seu irmão ali. Nesse
mesmo momento, a tal Pietra passou por mim, indo em direção ao
meu marido, e eu a segurei pelo cabelo. Rapidamente, imobilizei a
infeliz, segurando o seu pescoço e trazendo seu braço para trás do
seu corpo.
— Ela vai me matar! — a tal Pietra gritou, mas nem Dante
nem Giancarlo deram uma palavra.
— Escuta bem o que eu vou te falar, sua vadia. Avisa para as
suas amiguinhas que você só não morreu nas minhas mãos para
levar um recadinho da mulher do Chefe: nesta casa, a próxima que
entrar sai em um caixão, ou eu não me chamo Isabella Cosa Nostra!
Empurrei a mulher com força no chão e mandei os soldados
que entraram com Giancarlo tirarem-na da minha frente.
— Você está bem? — Giancarlo me perguntou. — Se bem
que essa pergunta deveria ser para a "vadia" — ele falou e foi
embora, rindo. — Uma cunhada pior que a outra! Nunca vou me
casar para não ter que tolerar isso!
Olhei para Dante e caminhei até ele, que continuava como
uma estátua parado na escada.
— Nunca mais traga suas amantes para dentro da nossa
casa.
— Então, na rua...
— Cala a boca, que você é só meu, Dante Cosa Nostra! Só
meu em casa, na rua, em todo lugar!
Dante me olhou, e seus olhos já estavam sem aquela nuvem
negra. Logo, pude jurar que ele achou aquilo tudo divertido.
— Eu só chamei a Pietra para te provocar — ele falou, rindo.
— Eu não pretendia ficar com ela, só te mostrar que você me quer,
ao contrário do que você disse no nosso quarto, só não pensei
que... — ele completou. — Onde você aprendeu a imobilizar uma
pessoa?
— Isso não importa, mas tome cuidado comigo! Eu não sei só
imobilizar, mas também sei matar — falei e subi para o nosso
quarto, puxando Dante pela mão. — Anda! Vem deitar e não adianta
que não pretendo te desculpar pelo que você me fez passar hoje.
Vai dormir duro, e tomara que sinta dor de tanto tesão.
— Como eu fui escolher uma maluca como você para me
casar? Lorenzo fez de propósito: me arrumou uma mulher pior que a
dele, se é que isso é possível!
Comecei a rir porque ele parecia uma criança resmungando
atrás de mim. Eu já não sabia mais se tinha raiva ou se achava
aquilo fofo. Entrei no nosso quarto, fui tirando minha roupa e
deixando-a pelo caminho. Dante deu uma risadinha de nervoso, e
eu fingi que não me importei.
— Me admirando, meu amor? — perguntei enquanto
caminhava.
— Você está me provocando, Isabella!
— Não, amore mio, só estou te mostrando o que você perde
quando me coloca em segundo plano.
Tomei um banho sob os olhos de Dante e precisei respirar
fundo para não o chamar para junto de mim. Meu corpo parecia
precisar dele como uma droga, um vício. Depois me enxuguei e fui
me deitar para dormir.
— É sério isso? Você vai dormir nua ao meu lado e não vai
me deixar encostar em você?
— Até onde sei, se eu não tivesse colocado aquela Pietra
para fora da minha casa, era dentro dela que você ia estar — afirmei
e me virei de costas para ele.
Dante precisava aprender a me respeitar, já que eu não era
uma qualquer, e sim sua esposa. Ele passou o resto da noite se
virando de um lado para outro, falando sozinho com raiva.
Quando acordei, ele já tinha saído sem se despedir, como
fazia todos os dias. Logo depois, meu celular vibrou, e era uma
mensagem de Nina dizendo que Giancarlo foi cedo contar as
novidades para Lorenzo. Aproveitei que ela me chamou e lhe pedi
um favor.

Isabella: Será que podemos sair como se fôssemos ao


shopping e você me deixa lá no cassino? Quero fazer uma surpresa
para o meu marido. Se eu for com você, não preciso dos meus
seguranças, que ligariam na hora para Dante.
Nina: Claro que sim! Se arruma que eu já passo aí para te
buscar.

Quando cheguei ao Cassino, Nina me mostrou onde era o


escritório de Dante e aproveitou para ir até a boate, que era no
anexo, falar com Lorenzo.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Dante.

Isabella: Bom dia! Como sempre, você saiu e não se


despediu.
Dante: O que você quer? Saber se ainda estou vivo com o
meu pau duro por sua causa?
Isabella: Adoro você assim...
Dante: Com raiva do mundo?
Isabella: Não, amore mio.

Eu escrevi, mordendo os lábios, entrando no office dele e


trancando a porta.

Isabella: Duro por minha causa.

Dante me olhou e se levantou, vindo na minha direção. Ele


me segurou, colando seu corpo no meu e me beijando com força.
— Você quer me deixar louco?
— Se for dentro de mim — falei, olhando dentro dos seus
olhos —, pode ter certeza que sim!
Sem perder tempo, Dante empurrou tudo que estava em cima
da mesa e rapidamente ficou nu e lindo, entrando com força dentro
de mim.
— Ontem você falou que eu era uma esposa que não te
escutava, não te obedecia e te desafiava — mencionei enquanto
sentia estar chegando ao meu limite. — Faltou uma coisa...
— O quê?
— Eu sou uma esposa que te ama.
Dante entrou com mais força em mim quando falei isso, e
chegamos juntos, como sempre, já que nossos corpos pareciam
estar sintonizados.
— Eu também te amo, minha rainha! — Dante afirmou e me
beijou.
Capítulo 32
Dante Cosa Nostra

Eu estava completando dois meses de casado, tudo com Isabella


era na velocidade máxima. Ela não aceitava me esperar acabar uma
reunião e enviava várias mensagens, fazendo com que eu não me
concentrasse. Na cama, era cada vez mais exigente. Também me
vigiava constantemente como se ela deixasse alguma coisa em falta
para eu ter uma amante, algo que, de verdade, eu nem queria.
Eu recusava toda e qualquer investida que recebia. Primeiro,
porque minha rainha me satisfazia por completo, e era estranho
repetir isto para mim mesmo: eu a amava e não tinha vontade de ter
mais ninguém. Segundo, porque tínhamos um grande lucro com as
prostitutas, e Isabella já havia ameaçado todas de morte, então, isso
seria um grande prejuízo.
Minha esposa era forte como uma rocha e tinha uma frieza
impressionante para lidar com qualquer situação. Ela não se
preparou durante seis anos para ser esposa do Chefe, mas sim para
ser sua metade, sua extensão, sua companheira perfeita.
Eu admirava Isabella e, ao mesmo tempo, me preocupava
com isso, porque, quanto mais importante ela se tornava para mim,
mais se transformava em meu ponto fraco e minha distração. Passei
a entender o desespero de Cooper quando a Corsa sequestrou
Sarah e a dor de Lorenzo quando quase perdeu Nina envenenada
pela Bratva.
Levei um susto quando Giancarlo começou a falar e me dei
conta de que, mais uma vez, estava distante e perdido nos meus
pensamentos.
— Não sei qual das minhas duas cunhadas é a mais doce —
Giancarlo falou. — O que eu sei é que pretendo escolher sozinho a
minha esposa. Vocês dois parecem ter ímãs para mulheres-
problemas!
— Minha mulher não é um problema — Lorenzo respondeu.
— Nina só é um pouco temperamental.
— E Isabella está um pouco cheia de vontades.
— Meus irmãos, as esposas de vocês são possessivas,
controladoras, ciumentas, barraqueiras, e a lista cada dia só
aumenta.
— Não lembro mais como era antes delas — falei, rindo. —
Elas tumultuaram a Cosa Nostra.
— A sua será especial, irmãozinho, estamos procurando...
— Não procure, Lorenzo. Não quero nenhuma esposa
escolhida por vocês — Giancarlo disse, rindo. — Eu nem quero me
casar! Estou traumatizado só pela história de vocês dois.
Acho que as únicas coisas que não tinham mudado eram os
nossos momentos tentando parecer normais e as guerras diárias.
Meu celular vibrou, era uma mensagem de Cooper.

Ryan Cooper: Hoje o dia amanheceu com muita fumaça por


aqui.

Fomos ver as últimas notícias da América, e um senador e


sua família haviam morrido. A casa dele pegou fogo, e a suspeita
era de algum curto-circuito. Olhando meu álbum de fotos, lá estava
o tal senador em uma foto com Aleksey Mikhailov, filho do Chefe da
Bratva.

Dante: Boas notícias, De Lucca!

Ryan e Sarah, a pioneira em mulheres rebeldes na nossa


Instituição, faziam um excelente trabalho e nossa guerra só havia
começado. Aquele era o terceiro atentado contra os patrocinadores
de Mikhailov. O velho queria a minha cabeça, e eu estava
destruindo seus aliados para que ele perdesse força.
— Hoje à noite, durante a festa aqui na boate, enquanto
pensam que estamos comemorando o Centenário do Vinhedo Cosa
Nostra, vamos incendiar a casa de Bellucci, o CEO, que, em vez de
se aliar a nós, que somos italianos, resolveu patrocinar os russos —
falei.
— E ninguém vai suspeitar de nada, já que estaremos aqui
com nossas esposas, que organizaram o evento. Vamos
desaparecer por tão pouco tempo que ninguém vai notar — Lorenzo
disse.
Liguei para Isabella, avisando-a para não se atrasar. Era
fundamental que ela chegasse na hora que combinamos, e, depois
de um tempo longe das redes sociais, eu faria alguns stories de uma
noite feliz com a minha esposa.
As horas custaram a passar, mas, aos poucos, a festa do
Centenário começou a lotar nossa boate. Os aliados chegavam, e a
noite aparentava que seria tranquila. Lorenzo avisou que nossas
esposas estavam chegando, então fomos encontrá-las na entrada
da boate, onde ficaram os fotógrafos dos tabloides, já que, ali
dentro, só permaneceram os que faziam parte da nossa folha de
pagamento e postavam o que era do nosso interesse.
Isabella estava com um vestido tão curto e tão decotado que,
se eu tivesse visto antes, não a deixaria usá-lo. Minha esposa tinha
o dom de me deixar morrendo de ciúmes.
— Eu paguei quanto por esse pedaço de pano que você está
usando?
— Muitos euros, meu amor! — Isabella respondeu, sorrindo e
me beijando.
Liguei o celular, e, em pouco tempo, todos sabiam que eu
estava com a minha família na boate. Felizmente, ao contrário do
meu irmão, Nina já chegou postando no Instagram, deixando nossos
inimigos tranquilos, achando que estávamos nos divertindo naquela
noite.
Eu precisaria sair com Lorenzo para ter certeza de que o
atentado contra nosso inimigo seria perfeito. Deixei minha esposa
no camarote com Nina, dizendo que só receberíamos uma carga e
voltaríamos.
— Nina não vai se importar de ter organizado uma festa para
servir de pano de fundo pra Cosa Nostra, mas sua esposa pensa
que você finalmente quis trazê-la a uma festa, e o mundo vai cair na
sua cabeça quando ela souber que só veio para ser seu álibi.
— Ela não vai ligar um fato ao outro. Nem sabe quem é
Bellucci — afirmei, e Lorenzo respirou fundo enquanto trocamos
rapidamente de roupa e saímos da boate.
Quando chegamos ao local, nossos homens estavam com
tudo pronto, e, em segundos, as chamas já ficaram altas. Em
seguida, retornamos para a boate, como se nunca tivéssemos saído
de lá.
— Nossa, Dante, você demorou muito!
— Calma, minha rainha, esta noite é toda nossa!
— Eu posso saber por que estou vendo a tal da Pietra aqui?
— Porque ela trabalha na casa.
— Então, ela que vá arrumar algum trabalho, porque não
gosto dela.
— Vem cá, meu amor — falei, colando o corpo dela no meu.
— Perceba como esse seu vestido está me deixando!
— Eu não aguento te sentir assim, já fico te querendo — ela
disse, esfregando-se em mim.
Isabella era fogo puro, e eu amava isso nela. Por mim, eu a
levaria para o meu escritório e apagaria o seu fogo, mas precisava
ser visto na festa, como se o mundo lá fora não estivesse pegando
fogo. Só fomos embora quando a boate fechou, e, no caminho,
minha esposa dormiu abraçada comigo no carro. Ela estava muito
feliz por ter ajudado Nina a organizar a festa e por eu ter tirado fotos
com ela para o Instagram.
— Obrigada por me deixar fazer parte da sua vida. Essa noite
foi especial — ela falou e voltou a dormir com a cabeça no meu
ombro.
No dia seguinte, Isabella acordou falando sem parar com
aquele tal de Anthony sobre a festa e as fotos nas redes sociais.
Aparentemente, minha esposa ficava feliz por ter fotos suas no meu
feed e me lembraria de fazer isso mais vezes para deixar minha
bravinha mais bem-humorada. É claro que com a sua mudança de
humor repentina, ela falaria mais alto. Isabella parou de falar e veio
balançando o seu celular, querendo me mostrar alguma coisa.
— O que foi agora, Isabella? — perguntei sem vontade de
começar uma das nossas tantas brigas que, de bom, só tinha o final
na nossa cama.
— Você não me contou que o amiguinho do seu inimigo russo
sofreu um atentado.
— De quem você está falando?
— Esse empresário que morreu essa noite em um inocente
incêndio na casa dele, enquanto seu inimigo postava fotos felizes ao
lado da esposa troféu — ela disse, mostrando-me uma foto do
Bellucci junto a Aleksey Mikhailov.
— O que eu tenho com isso? A casa dele pegou fogo, só isso
— frisei, sabendo que minha mulher era inteligente demais e parecia
não deixar nada passar despercebido.
— Ninguém morre por acaso na máfia — ela falou, sentando-
se ao meu lado à mesa da sala, enquanto eu tomava meu café, que
pensava que seria em paz. — Aleksey é filho do homem que quer
acabar com você, não é, meu amor? Esse Bellucci, com certeza, faz
parte da folha de pagamento dele.
— Fazia, eu acho!
— E você fala como se não tivesse nada a ver com isso? Se
você queria parecer ocupado com os seus inimigos, podia ter me
falado que fingiríamos na festa do Centenário, e não me deixar
pensar que você queria ser visto comigo.
— Não faz drama, Isabella — pedi, tentando manter a calma,
embora Lorenzo tivesse me avisado que isso ia acontecer. — Eu
gostei de ficar na boate com você e de mostrar para o mundo que a
minha mulher é linda!
— Não sou frágil como você pensa e, se no processo de ser
sua esposa eu me quebrar, você me ajuda a remendar a ferida e a
seguir em frente. Eu me casei com você para ser sua companheira,
para dividir tudo com você. Se ontem você precisava eliminar nosso
inimigo e queria um álibi, era só ter me falado que eu seria com o
maior prazer. Só não me deixa fazer a iludida e confundir trabalho
com romance. Ontem achei que estávamos só nos curtindo em uma
festa.
— E eu estava...
— Não estava, não! — Isabella gritou, levantando-se, e eu
sabia que ela tinha razão e não queria que minha esposa ficasse
com raiva de mim.
— O que eu preciso fazer para você entender que é a mulher
da minha vida? — perguntei num impulso e me arrependi no
segundo seguinte quando vi que consegui sua atenção.
— Ser de verdade a Senhora dessa máfia e lutar ao seu lado
pela Cosa Nostra.
— Isso nunca vai acontecer. Você é o meu bem mais
precioso, e não vou te expor de jeito nenhum.
— Eu gostei de saber que sou seu bem mais precioso! — ela
falou e se sentou no meu colo.
— Tudo bem? Acabou a briga?
— Por enquanto! — ela respondeu, beijando-me. — Vamos
para o nosso quarto?
Capítulo 33
Isabella Cosa Nostra

Eu já não queria nem mais olhar as notícias na internet, porque a


sucessão de mortes de pessoas envolvidas com os russos e os
líderes das gangues de Los Angeles mostrava o tamanho da guerra
que a Cosa Nostra travava com a Bratva e a Mara Salvatrucha.
Dante odiava ser ameaçado, e o velho Mikhailov queria a sua
cabeça e não mediria esforços até expulsar todos dos seus
domínios. Russos e italianos se odiavam e, com a aliança da Cosa
Nostra com a Máfia Cooper, inimiga da Bratva, seu domínio
aumentava, assim como os seus inimigos, na mesma proporção.
Minha mãe andava bem apreensiva, já que meu pai quase
não ficava em casa por conta disso e havia aumentado a segurança
de lá. Ela disse que Sarah Cooper mandou que eles varressem
todos os inimigos dos seus territórios, e uma batalha sangrenta e
silenciosa acontecia, enquanto, para o mundo, eram apenas
fatalidades.
— Cooper deixa Sarah à frente de tudo e confia nela,
enquanto Dante me trata como um enfeite. Eu queria lutar ao lado
dele. Temo que façam alguma coisa contra meu marido.
— Realmente Sarah e Alice estão no meio de uma guerra,
enquanto estamos em casa assistindo a tudo, e nossos maridos,
com a cabeça a prêmio — Nina ressaltou enquanto arrumava as
malas para o fim de semana que passaríamos na nossa casa na
Sardenha, que eu ainda não conhecia.
— Essa guerra toda será que vai ter um fim?
— Uma trégua talvez, fim jamais, porque a cobiça pelo poder
nunca vai parar de crescer. Eu só espero que os russos recuem,
porque já atentaram contra a minha vida há seis anos e agora
querem a cabeça de Dante para desestabilizar a Cosa Nostra.
— Pelo menos, neste fim de semana, vamos respirar outros
ares, porque por aqui está cheirando a sangue — falei, referindo-me
ao número de torturas que havia aumentado. Nina respirou fundo
enquanto olhava a foto de Lorenzo com o pequeno Enzo, que ficava
em uma cômoda do seu quarto.
No sábado de manhã, eu, Nina, Enzo, nossa sogra e os
seguranças estávamos prontos para seguir de helicóptero para a
Sardenha. Não acreditei quando Dante disse que ele e os irmãos só
iriam para lá no domingo de manhã.
— Eu não quero ir sem você! — falei com o coração
apertado. — Me deixa ficar aqui, por favor!
— Minha rainha, só um dia, e eu vou me encontrar com você.
Amanhã de manhã estarei na nossa casa na Sardenha.
— Promete que você vai tomar cuidado?
— Não vai acontecer nada com o seu marido! Pode ter
certeza de que você não vai se livrar de mim!
— Eu comprei um presente para você — mencionei, abrindo
a minha bolsa. — Ia te dar no helicóptero para comemorar nosso fim
de semana, mas, já que você só vai amanhã... — completei e
peguei uma caixa de veludo, entregando-a para ele.
— Parece até que está se despedindo de mim — ele falou,
rindo e abrindo a caixa. — Só vamos ficar longe um do outro por
vinte e quatro horas. Eu nunca ganho presentes. Meu pai não dava
presentes para a gente, nunca tive namorada, e minha mãe não
passava de um fantasma.
Dante ficou todo feliz abrindo o que lhe comprei. Por causa
dessa reação, passaria a comprar sempre lembrancinhas para ele,
que estava sorrindo que nem criança quando viu o relógio na caixa.
— É lindo! — ele exclamou e me deu um beijo. — Vou tirar
esse e usar o que você me deu!
— Olha a parte de trás do relógio.
Então ele virou o relógio e viu que estava gravado: "Para
sempre, serei sua. Isabella".
— Sempre minha!
— Para sempre, sua!
Beijei Dante com o coração apertado por me separar dele,
mesmo que fosse por um dia, e entrei no helicóptero. A viagem foi
rápida, e, quando chegamos, fiquei deslumbrada com a beleza
daquele lugar. A praia era lindíssima, e a casa, exageradamente
grande, como todas as propriedades dos irmãos Cosa Nostra.
O dia estava lindo, fazia tempo que eu não pegava um pouco
de sol. Nina sugeriu que fizéssemos um piquenique no jardim
próximo à praia. Assim nós nos divertiríamos, tomaríamos banho de
sol, e Enzo poderia brincar na água.
Eu adorava Nina, ela fazia com que eu me sentisse acolhida
por ela e suas amigas como parte de um time. Isso me deixava feliz,
porque só assim me sentia participando da "Família", já que Dante
tentava me manter dentro de uma bolha isolada de tudo.
— Lorenzo também faz o maior esforço para que eu fique
distante dos assuntos da Cosa Nostra, mas Sarah e Alice me
mantêm informada de tudo, e, muitas vezes, eu ajudo a Máfia
Cooper com relatórios sigilosos, e ele nem fica sabendo.
O dia foi maravilhoso, e eu toda hora checava o celular para
ver se tinha alguma mensagem de Dante. Meu coração se acalmava
toda vez que ele me dava sinal de vida. Até mandei uma foto minha
na praia e disse que só faltava meu marido para tudo estar perfeito.

Dante: Você quer deixar seu marido doido, minha rainha?


Mandar foto sua de biquíni, sabendo que eu não posso ter você
agora, é maldade!
Isabella: Então não demora, porque eu não vejo a hora de
ser sua!
Dante: Amanhã eu estarei aí!
Isabella: Te amo, Dante!
Dante: Eu também te amo muito, amore mio!

Quando o sol começou a sumir no céu da Sardenha, fomos


para casa tomar um banho, descansar um pouco e esperar o jantar.
O único barulho que escutávamos vinha das ondas batendo nas
pedras.
Coloquei uma roupa bem básica: legging preta, blusa de
malha soltinha e um tênis, e desci para jantar. Nina estava tentando
falar com Lorenzo e perguntou se Dante tinha feito contato. Eu disse
que a última vez tinha sido quando estávamos na praia. Depois do
jantar, sentamos para tomar um vinho e, assim que pegamos as
taças, escutamos explosões ao lado de fora da casa.
— Corram para o abrigo de segurança, senhoras! A casa
está sendo invadida! — Enrico gritou, mostrando-nos as escadas.
Subimos correndo, e Nina entregou Enzo para um dos
seguranças.
— Levem meu filho daqui! Rápido! — Nina gritou. — Onde
está minha sogra?
— A Senhora Cosa Nostra ficou lá embaixo.
Nina me olhou, e eu gritei dizendo que iria descer.
— Vou buscá-la! — falei, voltando para o andar de baixo.
— Eu não posso permitir! — Enrico gritou, colocando-se na
minha frente, visivelmente nervoso.
— Você não tem que permitir! Na ausência de Dante, eu
represento a Cosa Nostra.
— Diego, leve o meu filho agora que nós vamos descer —
Nina ordenou para o seu segurança. — A prioridade aqui é salvar a
vida do herdeiro da Cosa Nostra.
Nina tirou uma arma de dentro de sua bota e outra da cintura
no momento em que escutamos um barulho de luta no andar de
baixo. Minha nossa! Eu nunca imaginei que ela andasse armada
dentro de casa, enquanto eu nem uma arma tinha!
— Você sabe atirar? — Nina me perguntou.
— Lutar e atirar — respondi, e ela me jogou uma arma.
— Vamos! — ela falou, e descemos com Enrico.
Nina chegou à escada atirando e acertando dois homens de
uma vez. Rapidamente, acertei um que se encontrava do outro lado
e não esperava pela gente. Minha sogra estava no chão com um
infeliz segurando seus braços para trás, e, enquanto ele tentou atirar
em Nina, que chamou sua atenção, fui por trás e o acertei com um
chute no pescoço. Quando ele caiu, Enrico atirou nele. Puxei
minha sogra e corri até a escada, enquanto os seguranças atiraram
para a gente passar. Um deles subiu com ela, e eu voltei para junto
de Nina. Perdi a conta de quantos chutes e golpes eu dei
desarmando aqueles infelizes que nos atacaram. Um dos nossos
soldados começou a jogar explosivos na sala, e, com isso, subimos
as escadas e nos dirigimos para o abrigo que nos levava ao último
andar, onde estava nosso helicóptero.
— Se eles invadiram, é porque tinham certeza de que
estaríamos desprotegidas! — Nina gritou e pegou nossos celulares
que ela havia deixado com Enzo. — Não tem nenhuma chamada de
Lorenzo! — ela falou, tremendo.
Nina ligava sem parar, mas meu cunhado não atendia. Eu
tentei falar com Dante, mas o celular dele estava desligado.
— Giancarlo! Onde está Lorenzo? Vocês estão bem?
— Nina, vocês estão bem? Recebi o alerta de segurança da
nossa casa da Sardenha. Estava tentando falar com vocês.
— Fomos atacados, mas estamos todos bem e retornando
para a Cosa Nostra. Onde está Lorenzo?
— Ele está desesperado. Estamos desorientados, e ele ainda
não sabe da Sardenha.
— O que aconteceu?
— Perdemos o sinal do carro e do celular de Dante. Ele foi
para um de nossos galpões, Lorenzo foi atrás e...
— E o quê? — gritei, nervosa, escutando Giancarlo falar no
viva-voz do celular de Nina. — Onde está o meu marido?
— Não encontramos sobreviventes no local, só chamas. O
carro de Dante explodiu junto ao galpão, não sabemos onde ele
está.
Capítulo 34
Isabella Cosa Nostra

— Eu quero ir até esse galpão — falei assim que saí do


helicóptero.
— Não temos ordem, senhora — Enrico disse, mas foi
ignorado por Nina.
— Diego, mande preparar o carro, que nós vamos sair
imediatamente. Eu e Isabella vamos até o local onde Dante foi visto
pela última vez. Meu marido está lá, acabei de avisar que estamos
indo nos encontrar com ele.
O percurso da nossa casa até o local da explosão foi feito em
silêncio. Eu não conseguia falar nada, e Nina aparentava entender a
minha dor. Aquilo tudo parecia um pesadelo. Há algumas horas ele
disse que me amava e sorriu com o relógio que eu lhe dei. As
lágrimas desciam pelo meu rosto, mas eu continuava em silêncio
como se não estivesse respirando.
Quando finalmente chegamos ao local e saímos do carro,
encontramos um Lorenzo destruído, andando de um lado para
outro.
— Precisamos limpar a cena antes de a polícia toda chegar.
Por enquanto, só os que trabalham para a gente estão aqui. Foi
uma armadilha. Dante veio receber a carga, e ela estava com
explosivos — ele explicou para Nina em choque e só depois notou
que eu estava ali.
Olhei para o carro de Dante todo carbonizado e vazio.
— Vamos fazer uma varredura, porque tudo foi pelos ares,
não achamos nenhum sinal de Dante. Os corpos estão mutilados e
carbonizados. A perícia que trabalha pra gente está juntando
fragmentos de roupas e objetos.
Assim que ele terminou de falar, uma policial apareceu
trazendo alguns objetos, e, na hora, eu reconheci o relógio que dei
para Dante naquela manhã.
— Esse relógio... — falei, tremendo — foi um presente meu
para o meu marido... dei para ele nesta manhã — completei, com
lágrimas rolando com força pelo meu rosto quando a policial disse
que o encontrou junto a alguns pedaços de corpos carbonizados.
Dante estava morto! Aquilo não deveria ser verdade! Ele não
poderia ter morrido!
— Vamos manter essa informação em sigilo — Lorenzo
pediu. — Por enquanto, ninguém deve saber que meu irmão foi
vítima desse atentado.
— Vamos montar equipes de busca, já que estamos ao lado
dessa floresta. Giancarlo vai estruturar uma central na nossa casa.
Vamos sair daqui agora — Lorenzo falou. — Não quero que essa
notícia vaze — ele concluiu, parecendo estar ligado no automático.
— Eu não posso sair daqui sem Dante! — exclamei,
abaixando-me no chão e, pela primeira vez, permitindo-me desabar.
Nina me abraçou e disse que eu não estava sozinha. Olhei
para aquela escuridão, e meu mundo ficou vazio. Meu corpo parecia
ter morrido junto à ideia de que meu marido não se encontrava mais
vivo.
A volta para casa estava acabando comigo. Como entrar
naquela fortaleza sem meu marido estar lá? Se o relógio dele foi
encontrado com pedaços de corpos mutilados e carbonizados,
então, ele estaria morto e minha vida não teria mais sentido.
Entramos em casa, e o silêncio me deixou desesperada.
Olhava aquele lugar imenso e não tinha sentido viver sem Dante. Eu
não conseguiria sem ele. Giancarlo e Lorenzo foram para o
escritório e decidiram manter o sigilo até que eles resolvessem o
que fazer. Nossos inimigos não poderiam ter a confirmação da
morte de Dante.
— Eu vou chamar as únicas pessoas em que podemos
confiar, Lorenzo — Giancarlo disse, e o irmão fez que sim com a
cabeça e sentou-se à mesa, deitando a cabeça sobre ela. Eu podia
imaginar a dor que ele estava sentindo.
Nina ligou para Sarah e contou o que estava acontecendo.
Sarah disse que eles já estavam vindo para a Cosa Nostra, e Nina
me avisou que os próximos dias seriam longos.
— Eu perdi meu chão. Não sei o que fazer ou pensar. Estou
com medo de subir e olhar para o nosso quarto...
— Se ele estiver vivo...
— Você acredita nisso? — perguntei.
— Não sei, o relógio dele estava entre pedaços de corpos.
Isso é tão horrível!
— Acho que vou tentar me deitar, porque preciso ficar um
pouco sozinha. Eu não sei... estou me sentindo tão perdida —
desabafei e comecei a subir as escadas, mas parei no meio e
comecei a chorar. Nina sentou ao meu lado e ficou abraçada
comigo.
— Meu marido acabou de morrer, e eu sei que não vai
demorar para começarem as reuniões em que decidirão o futuro
desta droga de Instituição! Eu quero o Dante de volta!
Um bom tempo depois, tomei coragem e fui para o meu
quarto. Quando entrei, parecia estar vendo Dante só de toalha, com
aquele sorriso safado dizendo que me queria só para ele. Fui
andando em direção ao closet que tinha o seu cheiro. Peguei um
travesseiro e me deitei no chão, entre suas roupas, como se ele
estivesse ali. Eu sabia que precisaria ser forte, mas, naquele
momento, eu só queria ter o direito de chorar como uma pessoa
normal, que estava com medo de não ver mais o amor da sua vida.
Peguei no sono depois de tanto chorar e acordei com o meu corpo
todo dolorido.
— Isabella? — Nina me chamou, e falei para ela que estava
no closet.
— Eu acabei pegando no sono. Alguma notícia do Dante?
— Nada ainda, mas eles estão fazendo uma varredura em
torno do local. Olha, os soldados trouxeram nossas coisas que
ficaram na casa. Sorte que só pegou fogo na parte de baixo e em
uma das alas, e nossos quartos ficavam do outro lado.
Peguei minha bolsa e a apertei contra o meu corpo.
— Preciso te contar uma coisa que ninguém sabe e que ia
mostrar para Dante neste fim de semana.
Abri a minha bolsa, peguei um envelope com o nome de
Dante e o entreguei para Nina. Ela pegou, abriu com cuidado e
levou um susto.
— Positivo! Você está grávida! — ela exclamou, sorrindo e
me abraçando.
— Sim, e eu preciso da sua ajuda. Eu não vou ficar chorando.
Vou descer e quero ajudar nas buscas. Preciso encontrar o meu
marido!
— É claro que vou te ajudar! Vamos descer e saber como
estão as varreduras e ajudar no que for preciso.
— Eu vou tomar um banho e te encontro lá embaixo. Não
conte isso para ninguém, nem para Lorenzo.
— Pode confiar! Não vou contar para ele.
Nina desceu, e eu fui tomar um banho, porque precisava
estar bem para ficar a par de tudo que acontecia. Uma força maior
que tudo exigia que eu fosse firme e seguisse em frente, já que
dentro de mim crescia o futuro Chefe da Cosa Nostra, e ninguém
tomaria nada que fosse dele.
Por fim, desci, e a casa continuava silenciosa. Meus
cunhados não deixaram a informação do desaparecimento de Dante
vazar, e isso deixaria nossos inimigos confusos. Em seguida, vi a
mesa de café arrumada, e as lembranças dele sentado tomando seu
café invadiram a minha mente.

FLASHBACK

— Amore mio, acordou cedo!


— Eu não entendo você se levantar, tomar café da manhã
sozinho e me deixar dormindo!
— Achei que ter que te acordar para isso era coisa de esposa
troféu.
— No nosso caso, é coisa de esposa apaixonada que quer
ficar ao lado do marido.
— Ao lado?
— Safado!

◆◆◆
Nina, assim que me viu, veio me puxando para sentar à mesa
e comer alguma coisa.
— Eu não tenho fome — falei depois de ficar algum tempo
olhando para a xícara de chá na minha frente.
— Pouco tempo depois daquela festa de casamento em que
nos encontramos e que acabou em um massacre, descobri que
estava grávida e fui embora, como você sabe, porque já te contei a
minha história. Bella, mesmo no chão, eu me forçava a me
alimentar, porque, dentro de mim, tinha alguém que só dependia de
mim, independentemente do que acontecia no mundo louco aqui
fora.
— Vou tentar — eu disse, comendo um pedaço de bolo.
— Você vai conseguir, ou então eu me enganei e você não é
uma das meninas superpoderosas? — Sarah perguntou,
aproximando-se da mesa. — E falem mais baixo, porque acho que
os outros só devem saber disso na hora certa.
— Por quanto tempo eu dormi? Não sabia que vocês tinham
chegado — perguntei, levantando-me e abraçando Sarah e Alice,
que estava ao lado dela.
— Entre o tempo que você chorou, dormiu, chorou, dormiu de
novo, tomou banho, enfrentou seus fantasmas e saiu do quarto...
quase dezoito horas.
— Você precisava disso e agora deve se alimentar. Depois,
nós quatro vamos conversar. Ryan, Jordan e Matthew estão com
Lorenzo e Giancarlo no escritório, em reunião, e logo vamos para lá
também, para saber o que está acontecendo e os próximos passos.
— Queria pedir uma coisa a vocês três — falei e respirei bem
fundo. — Preciso que me apoiem a assumir a Cosa Nostra até o
meu marido ser encontrado.
Capítulo 35
Isabella Cosa Nostra

O caos estava formado depois de quarenta e oito horas sem


notícias de Dante, dentro da sala de reuniões da Cosa Nostra, onde
todos falavam ao mesmo tempo. Lorenzo e Giancarlo se mostravam
arrasados, e eu, que pensava que eles não tinham emoção, me
surpreendi vendo seus olhos vermelhos, o que era um sinal de que
tinham chorado. Ryan, Jordan e Matthew tentavam organizar as
buscas com os soldados que pareciam desolados e sem a confiança
de que encontrariam alguma coisa.
Eu mantinha o olhar fixo na cadeira vazia do meu marido
como se ele fosse voltar a qualquer momento. Suas lembranças
tomaram conta da minha mente, e meu corpo todo sentia falta do
seu toque. Todos estavam desesperados, e eu, quebrada. Dentro de
mim, tudo era um silêncio profundo até que escutei o meu nome.
— Alguém vai precisar assumir o comando da Cosa Nostra
— Cooper falou. — Você, Lorenzo, tem que fazer isso e cuidar de
Isabella, que precisa de proteção e amparo na falta do seu irmão.
Meu marido só tinha desaparecido há dois dias, e já
pensavam no seu substituto. Eu não teria tempo de ter esperanças
de ele ser encontrado ou sofrer com a sua possível morte. Ninguém
me daria esse tempo! Eu era a esposa do desaparecido ou a viúva,
não sabia ao certo. Tudo que eu queria era acordar daquele
pesadelo que só crescia a cada minuto.
— Dante não pode ter virado fumaça! Aqueles miseráveis
limparam a cena após a explosão para nos confundir, e nós tivemos
que fazer o mesmo em pouco tempo. Até agora, nenhum exame de
DNA deu positivo, mas vai saber a distância em que foram parar
alguns corpos! Não sei nem dizer quantos dos nossos soldados
estavam lá na hora da explosão — Giancarlo falou, nervoso. — Só
temos o relógio dele e a carteira com os documentos, e já se
passaram dois dias.
— A carteira foi achada bem mais à frente do local da
explosão e foi o ponto que focamos mais as buscas — Matthew
afirmou, mostrando um mapa. — Eu não acho que ele morreu na
explosão, mas que queriam que acreditássemos que isso
aconteceu.
— Não podemos anunciar que Dante está desaparecido,
porque isso faria nossos inimigos iniciarem uma busca atrás dele —
Lorenzo disse enquanto andava de um lado para outro. — E
realmente precisamos que alguém assuma...
— Vamos deixar que todos pensem que Dante morreu —
falei, e todos olharam para mim enquanto me levantei e caminhei
até a cadeira do meu marido. — Quero assumir o lugar de Dante
enquanto buscamos por ele.
Lorenzo e Giancarlo me olharam como se estivessem tendo
uma alucinação assim que me viram sentada na cadeira de Dante.
— Isso não vai acontecer! — Lorenzo gritou. — A Cosa
Nostra não vai ter uma mulher na liderança, e meu irmão não pode
ter morrido! Ele era inteligente demais para isso!
Lorenzo assumiu, mesmo abalado, sua aparência de
Demônio da Cosa Nostra quando escutou as minhas palavras. Eu
sabia que, para ele, seria difícil aceitar o que eu pedia e me lembrei
de Dante, que teria a mesma reação. Os três irmãos eram tão iguais
no jeito de ser e de pensar. Então olhei para Lorenzo com carinho,
apesar do olhar frio e escuro com que ele me encarava, quando me
lembrei do amor que Dante sentia por ele e Giancarlo. Quantas
vezes meu marido me disse que, desde criança, foi como um pai
para os dois. Ele só tinha um ano a mais que Lorenzo e parecia tão
mais velho por causa da sua responsabilidade, que, naquele
momento, eu estava querendo para mim.
— Escutem! — Sarah pediu, e todos olharam para ela. — Eu
acho que Isabella pode e deve assumir esse lugar ao lado de vocês:
Lorenzo, Nina e Giancarlo. Eu assumi quando Ryan estava no
hospital, e deu tudo certo! Quando vocês vão parar de nos olhar
como enfeites?
— Sarah, aqui não, por favor! — Cooper falou. — Isso é a
Cosa Nostra!
— E qual o problema de ser a Cosa Nostra? — Nina
perguntou. — Você acha que Isabella e eu não temos condições de
fazer o que os nossos maridos fazem, Ryan? Vocês estão exaustos,
Lorenzo está abalado, Giancarlo, com o olhar perdido... Vocês
precisam confiar na gente!
— Isabella se preparou ao longo desses anos para ser a
esposa do Chefe, e não a esposa troféu — Alice afirmou. — Ela é
inteligente, fria para lidar com as situações e, quando falo com ela,
parece que estou falando com Dante.
— Eu não sei o que aconteceu e se vamos encontrar Dante
de novo, se ele está vivo ou está morto, mas sei que a Cosa Nostra
não pode parar — falei, e todos na sala de reuniões olharam para
mim. — As buscas vão continuar, só que não temos tempo até que
novos ataques recomecem. Vamos continuar comandando tudo aqui
de dentro, e ninguém vai saber o que está acontecendo. Quem fez
isso espera nosso próximo passo, que será o anúncio da morte de
Dante, mas não falaremos nada. Ficaremos, por enquanto em
silêncio e atacaremos sem piedade todas as bases russas em
nossos territórios. Não vamos nos importar com o que vão pensar
sobre tantas explosões. A mídia que especule, porque vamos
mandar tudo pelos ares, começando a fazer isso agora — eu disse.
— Só preciso que confiem em mim, Isabella Cosa Nostra, que
carrego dentro de mim o herdeiro de Dante Cosa Nostra, não vou
permitir que ninguém toque no que é do meu filho! Vamos lutar pela
Cosa Nostra e, se Dante não voltar, seguir em frente como ele
sempre fez, não importasse o que estivesse acontecendo.
— É impressão minha ou vocês já tinham tudo planejado? —
Giancarlo perguntou, olhando para mim e para as outras mulheres
que estavam ali na sala. — De qualquer forma, meu voto é sim! Por
uma nova Cosa Nostra, onde trabalharemos juntos até a volta de
Dante, que vai mandar todo mundo de volta para sua casinha!
— O meu também é sim — Nina falou e olhou para Lorenzo.
— Estou representando Enzo na votação, ele é homem e tem o
direito de votar.
— Espero que lá do inferno meu pai esteja vendo esse
momento — Lorenzo disse e respirou fundo. — Eu voto sim. Você
assume até a volta de Dante, mas com uma condição: eu vou sair
buscando pelo meu irmão, e Nina vai ficar no meu lugar. Se for
assim, eu aceito!
Nina olhou para Lorenzo sabendo que, naquele momento, ele
colocou tudo em suas mãos.
— Tudo bem, marido, eu fico no seu lugar, e você pode ir
procurar por Dante. Ninguém vai acabar com o legado de vocês! As
mães dos herdeiros vão mostrar o que são as leoas defendendo o
que pertence aos seus filhotes, no caso, aqui, duas leoas! Eles que
venham!
Lorenzo abraçou Nina e disse que sairia para ficar à frente
das buscas.
— Cunhada, ou melhor, Chefe — Lorenzo falou, sorrindo
para mim —, cuide do meu sobrinho e de todos aqui, eu vou buscar
meu irmão.
Passei a ser a responsável por todos e conseguia entender a
responsabilidade de Dante, que nasceu com esse peso em suas
costas. Eu tinha a missão de devolver com fúria o que fizeram com
meu marido, e, ao meu lado, estavam Sarah, Nina e Alice. Ainda
demoraria a chegar o dia em que as mulheres teriam voz na nossa
sociedade, mas esse era mais um passo seguindo os da pioneira
Sarah Cooper.
Capítulo 36
Isabella Cosa Nostra

Eu não poderia desabar, não nesse momento. Dante era único, e


eu não deixaria que ele fosse esquecido. Em meio aos meus
pensamentos, meu celular vibrou, era uma mensagem de Lorenzo.

Lorenzo: Meu irmão vai ficar orgulhoso de saber que você


não permitiu que ele fosse substituído. Se vingue de quem fez isso!
Eu prometo que farei de tudo para voltar trazendo-o comigo. Meu
irmão estava feliz com você, Isabella, e vai ficar ainda mais quando
souber que vai ser pai.

Meus olhos se encheram d’água, mas eu não tinha tempo


para chorar. Lorenzo estava lutando contra algo que todos nós,
desde pequenos, aprendemos: na máfia, quando alguém
desaparecia, era para sempre.
— Vamos seguir normalmente fazendo o fechamento da
boate, do cassino, acompanhando as cargas que estão chegando...
— falei, olhando para Giancarlo. — Você me mostra como tudo
funciona e nos organizaremos provisoriamente.
— Precisamos segurar a notícia do desaparecimento dele até
Lorenzo nos dar algum sinal — Jordan mencionou, dizendo, em
seguida, que nos acompanharia até a boate para dar uma ajuda.
— Amanhã preciso retornar para os Estados Unidos e iniciar
uma execução em massa da Mara Salvatrucha — Cooper disse. —
Irei somente com Jordan, Sarah, Alice e Matthew ficam aqui na
Cosa Nostra.
— Vamos indo, então — Giancarlo falou, saindo do escritório.
— Espero que a Cosa Nostra sobreviva no comando dessas quatro
gângsters! — ele completou, batendo no braço de Jordan, que
seguia com ele.
— Não somos gângsters! — Alice exclamou. — Somos as
Mafiosas Superpoderosas!
— Um conselho: ignore! — Cooper disse para Giancarlo,
deixando a sala também.
— Vamos? — Matthew chamou, sorrindo, e lembrei que Nina
me contou que ele as treinou quando entraram para a máfia e que
era o único que tinha paciência com elas.
Saímos, e evitei olhar para trás. Eu quis tanto fazer parte da
vida de Dante que acabei conseguindo, contudo sem a presença
dele. Enfim, chegamos à boate e entramos pelos fundos, para não
sermos vistos, e fomos direto para o escritório. Senti pena de
Giancarlo, que estava sozinho nos mostrando tudo. Rapidamente
nos dividimos e iniciamos os fechamentos.
Jordan mapeou vários pontos de atuação da Bratva no nosso
território, e não pensei duas vezes antes de dar ordem para
explodirem todos de uma só vez.
— Não precisam nem disfarçar! Quero que saibam que fomos
nós, a Cosa Nostra, que explodimos tudo!
— Melhor: vamos deixar o velho Mikhailov enlouquecido! —
Sarah falou. — Deixe-o saber que foi uma ordem da Senhora Cosa
Nostra!
— Exatamente! Que nossos inimigos entendam de uma vez
que, por trás dos nossos líderes, existem mulheres fortes e saibam
que o pior ainda estar sempre por vir! — Nina afirmou, e Jordan saiu
para executar o serviço.
Os russos sairiam por bem ou por mal dos nossos domínios e
ficariam quietos, porque não estávamos para brincadeira. Naquela
madrugada, houve dez ataques simultâneos contra eles, e seria
assim durante toda a semana.
No dia seguinte, Cooper voltou para Los Angeles, e nós
continuamos cuidando da boate, do cassino e das cargas que
chegavam. Os trazidos para a Cosa Nostra eram interrogados por
Nina e Sarah.
— Você está me surpreendendo, Nina! — Alice falou. — Está
fazendo os russos falarem em italiano na tentativa de se safar!
— Eles foram longe demais e vão pagar por cada lágrima do
meu marido e do meu filho, que não para de perguntar pelo tio
Dante. Lorenzo está destruído, tentando encontrar o irmão, mas a
verdade é que, quanto mais o tempo passa, mais difícil fica, porque
não tem mais onde se fazer uma varredura.
Assim o tempo foi passando, e, aos poucos, não tínhamos
como continuar sem convocar os aliados e lhes contar o que tinha
acontecido. Duas semanas era tempo demais, e não havia mais
nada que pudesse ser feito. Dante não tinha sido encontrado, e
chegou a hora de aceitar que ele tinha morrido. Meu coração estava
destruído, e, dentro de mim, tudo vazio. Pensava no meu filho e em
como Dante ficaria feliz com ele nos braços. Mas a verdade era que
isso não aconteceria.
— Vamos reunir os aliados e comunicar o novo comando da
Cosa Nostra — Lorenzo falou. — Falaremos com os capos dei capi
de cada região, e eles comunicarão aos capos locais.
— Você tem certeza de que está pronta para assumir,
Isabella? — Giancarlo me perguntou. — Não será provisório, mas
sim definitivo.
— Sim, estou pronta. Sei que os homens não vão querer
aceitar, mas esse lugar é meu por direito, e não vou abaixar a
cabeça. E eu não estou sozinha: tenho Sarah, Alice e Nina comigo;
eu tenho vocês, meus cunhados; e eu tenho o meu filho, que será o
novo Chefe, e vou lutar pelo que é dele!
Eu sabia que aqueles dias seriam difíceis e que tinha que
estar preparada. A Instituição odiava Sarah Cooper, e as mulheres
subjugadas também, mas eu não era como elas, que sentiam inveja
do poder de Sarah. Pelo contrário! Eu a admirava e, por isso, havia
me preparado por seis anos para ser a esposa do Chefe, não uma
esposa troféu jogada em um canto, mas alguém forte e preparada
como Sarah Cooper, que, na hora em que precisou, soube se
defender e sobreviver.
Eu não seria como as irmãs do Capo da Corsa, que, no
primeiro tiro, saíram correndo e morreram porque estavam
despreparadas. Eu sobreviveria se fosse preciso e, por isso, decidi
pedir a Matthew que me treinasse, porque queria aprender a resistir
como os soldados. Eu precisava ser iniciada para isso e não teria
medo; aprenderia a aguentar as torturas para ser a nova Chefe da
Cosa Nostra.
Logo depois, Lorenzo marcou uma reunião para a semana
seguinte, e eu sabia que ele queria dar mais um tempo para Dante
aparecer. Nesse intervalo, aproveitei para treinar com Matthew, que
dizia que eu estava grávida e não podia passar por um treinamento
rígido, mas que faria o que fosse possível.
As noites silenciosas no meu quarto me traziam recordações
dos momentos que vivi com Dante, os quais foram os mais felizes
da minha vida. Se eu soubesse que seria tão perfeito o meu
casamento, não teria sofrido seis anos à toa. Parecia loucura, mas
eu precisava vestir uma camisa dele e abraçar outra para conseguir
adormecer. O cheiro do meu marido me acalmava, e eu não sabia
como seria no dia em que nem isso eu teria mais para me consolar.
A semana passou arrastada, e eu tentava aceitar minha nova
condição de viúva. Na máfia, as viúvas deveriam se casar
novamente ou ficar sozinhas no mundo. Comigo não seria assim!
Não me casaria de novo, muito menos seria subjugada por alguém.
Enfim, entrei na sala de reunião, que estava com todas as cadeiras
ocupadas, acompanhada dos meus cunhados e de Nina.
Sarah Cooper já estava na sala com os aliados, sentada na
cadeira ao lado de Giancarlo, enquanto Alice e Matthew sentaram
em cadeiras laterais, já que eles não eram capos dei capi. Na
verdade, eles nem poderiam estar presentes, visto que, nas laterais,
estavam os conseglieris e os capos, mas eu os queria ali e não me
importei com o que falariam, porque, de verdade, eu seria o grande
alvo.
Em um telão apareceram os capos dei capi de várias regiões
e, em outro, Cooper, o Capo dei capi da América e seus capos
aliados, entre eles, o meu pai. O falatório era enorme, tanto ao vivo
como nos telões, mas tudo ficou em silêncio quando eles me viram
ocupar a cadeira de Dante e Lorenzo tomar a palavra. Meu cunhado
deu bom dia, e todos começaram a querer saber onde estava o
Chefe.
— Infelizmente, depois de três semanas desaparecido, não
temos mais esperanças de encontrar nosso irmão e Capo di tutti
capi, Dante. Reunimos os senhores porque a Cosa Nostra não pode
parar e, por isso, queremos lhes apresentar a nossa cunhada
Isabella Cosa Nostra, mãe do futuro Chefe, a qual representará
Dante a partir de hoje e dividirá comigo, minha esposa Nina Cosa
Nostra e Giancarlo o comando da Máfia Mãe.
— Isso é um absurdo! — um dos capos falou, e outros o
acompanharam.
— Isabella no comando? Minha filha não pode comandar! —
meu pai gritou, e sua voz invadiu a sala de reuniões.
— Não basta essa Sarah na máfia Cooper, agora teremos
mulheres na Cosa Nostra também?
— Silêncio! — ordenei com um grito, o que fez todos se
calarem e olharem para mim. — Não estou aberta a discutir com os
senhores a minha decisão de ocupar a cadeira do meu marido! Até
agora, ninguém perguntou o que aconteceu! Só se preocuparam
comigo e Nina ao lado de Lorenzo e Giancarlo. Ninguém está
sofrendo como eu, sem a presença de Dante. Tudo dentro de mim
chora, e vou fazer esta cidade e cada lugar onde estiverem nossos
inimigos sangrarem. Quem não quiser aceitar pode deixar a máfia!
Isso vale também para o Senhor Marino, Capo de Nova Orleans! Se
o senhor não aguentar ver a sua filha no comando, pode deixar a
Cosa Nostra!
Sarah me olhou e sorriu. Estávamos começando a escrever,
naquele momento, uma nova fase na máfia, que não mudaria a
condição das mulheres, mas traria a esperança de dias melhores e
de que aqueles homens se dessem conta de que elas não eram
inferiores, e sim iguais a eles.
Capítulo 37
Isabella Cosa Nostra

Infelizmente, não bastava aquela reunião para que eu e Nina


estivéssemos juntas a Lorenzo e Giancarlo à frente da Cosa Nostra.
Sarah passou por muita coisa quando resolveu vingar Cooper, entre
elas, precisou ser impiedosa para que a respeitassem. Se eu queria
ficar à frente de tudo e não permitir que ninguém mais nos atacasse,
teria que ser forte e controlar todos os meus movimentos na frente
daqueles homens. Se encontrassem em mim algum sinal de
fraqueza, eles me atropelariam sem piedade. Todos ali queriam o
poder, desejavam aquela cadeira, mas ela pertencia ao meu filho, e
só ele a ocuparia na hora certa.
Meu marido não gostava de me ver entre os homens nem
perto dos negócios. Ele temia pela minha vida, porém, nesse
momento, eu tinha que estar ali e sabia que, de alguma forma, ele
me entenderia. Dante e seus irmãos nunca tiveram o carinho da
mãe, que viveu amedrontada. Porém, meu filho teria o meu carinho
e o meu apoio para ser quem ele precisasse ser no futuro.
— Meu filho é o herdeiro de Dante e, por isso, ele terá o
controle de tudo. Eu cuidarei para que ninguém tire o que é dele por
direito. Quem não entender isso está fora, e agora vamos ao que
interessa: fortalecer nossas fronteiras e ampliar nossos domínios.
Nós quatro, juntos — falei, apontando para os meus cunhados e
Nina —, formaremos o Conselho da Cosa Nostra, porque não
queremos substituir Dante, e sim continuar seu trabalho.
Dentro de mim só havia dor, mas, por fora, estava tomada de
força. Queria ter o direito de me sentar, chorar e viver meu luto,
porém, se eu fizesse isso, correria risco de vida. Eu esperava um
herdeiro da Máfia Mãe e seria o principal alvo dos nossos inimigos.
— Sendo assim, vamos passar para a segunda parte da
nossa reunião: Colômbia. Precisamos subir um Capo para assumir e
cuidar de tudo por lá, e já temos um nome que foi escolhido pelo
Conselho da Cosa Nostra — eu disse. — Apresento a vocês: Peter
Jordan, Consiglieri da Máfia Cooper e, a partir de agora, Capo
Jordan, que representará a Cosa Nostra na Colômbia.
Cooper cumprimentou Jordan, e Alice nos olhou surpresa.
Sim, estávamos colocando na Colômbia nosso homem de
confiança, que tinha ao lado dele uma mulher forte, que o ajudaria
no comando de tudo por lá.
— Precisávamos de um Capo novo para a Colômbia, porque
os senhores já têm seus territórios bem controlados, e não
queremos mudar nada por enquanto, a não ser que seja preciso —
Lorenzo falou, e seu tom de voz, assim como o seu olhar, parecia
petrificar quem olhasse para ele.
Lorenzo era frio e distante das pessoas. Nas festas, todos
falavam que raramente viam o Chefe, mas o Demônio só viram uma
vez e no dia do seu jantar de noivado. Ele não aparecia nas
confraternizações e, segundo contavam, não falava nas reuniões.
Lorenzo era misterioso e o mais temido dos Irmãos Cosa Nostra.
Dante era o Chefe, mas Lorenzo era o torturador. Meu marido me
disse que matava friamente, enquanto o irmão fazia o mesmo com
requintes de crueldade. Dessa vez, ele estava falando na reunião, e
seu discurso soava como uma ameaça. Todos disfarçaram, e ficou
claro que ninguém ousava olhar nos olhos dele, como se pudessem
se tornar alvos do Demônio.
Depois da reunião, fui para o meu quarto porque não me
sentia bem. Eu não tinha tempo para ter enjoos ou qualquer outra
coisa, apenas para lutar e tentar me manter no poder. Meu corpo
estava cansado e dolorido, assim como a minha mente parecia
esgotada. Eu precisava descansar, e tudo que eu queria era poder
sonhar com Dante e matar a saudade que sentia dele.
No fim do dia, fui me reunir com Sarah, Nina e Alice, que
agora passou a ser a esposa de um Capo.
— Vocês nem me contaram que estavam planejando isso de
me enviar para a Colômbia! — Alice falou. — Eu não esperava, mas
agradeço a confiança de vocês!
— Na verdade, isso foi uma decisão de Dante. Ele tinha
decidido, comunicado aos irmãos e anunciaria sua decisão na
semana... — eu não consegui falar que Dante estava morto.
— Essa semana, no retorno para Los Angeles — Sarah
disse, porque percebeu que eu travei quando falei do meu marido.
— Ryan está vindo me buscar e Jordan vem com ele para se reunir
com vocês antes de partir para a Colômbia. Eu não sei como vai ser
ficar longe da Alice — ela completou. — Agora cada uma de nós vai
estar em um país.
— Tem como ter uma vida normal em algum momento,
Sarah, depois que entramos nesse mundo, sem ser como esposas
que só ficam em casa caladas? — perguntei, porque ela parecia
sempre tão linda e de bem com a vida.
— Hoje em dia, eu não fico mais vinte e quatro horas na
máfia, já que amo curtir minha casa e meus filhos, e ainda temos a
Cooper, de onde não podemos nos ausentar, já que é a empresa
que, para todos, é nossa fonte de renda. Nossa fachada de pessoas
normais... Estou sempre a par de tudo, participo das reuniões, mas
não fico à frente de missões, a não ser em casos especiais, como o
que está acontecendo agora aqui na Cosa Nostra. Enquanto Ryan
esteve no hospital, eu comandei tudo sozinha e não tinha tempo
para respirar, pois assumi a vida de mãe, de empresária e de Capo.
— Acho linda essa cumplicidade que você tem com Ryan.
Queria ter sido assim com Dante, mas ele não me deixava
participar.
— Eu só entrei porque ele sofreu um atentado. Ryan também
não me deixava nem saber de nada e achava que precisava me
proteger do mundo. Jordan e Alice já começaram um
relacionamento trabalhando juntos, então, para eles é normal. Nina
ficou afastada de tudo e só agora está ao lado de Lorenzo à frente
da Cosa Nostra. Não julgue Dante; ele não fez nada que nossos
maridos também não tenham feito. E, se ele cruzar aquela porta,
não duvide de que tudo voltará a ser como antes, afinal...
— Dante é sempre Dante — as três falaram juntas, e, pela
primeira vez naqueles vinte e um dia, eu sorri.
Nos dias seguintes, trabalhamos em equipe, e era visível que
Lorenzo e Giancarlo trabalhavam no automático e sempre ficavam
olhando para a porta como se o irmão fosse entrar a qualquer
momento. Aquela semana foi a pior de todas para mim, porque era
como se a vida tivesse voltado ao normal, porém, fora do lugar.
A Bratva estava em silêncio, esperando um contra-ataque
direto que não aconteceria. Decidimos esperar que eles relaxassem
e tivessem uma surpresa — essa seria a nossa estratégia. As
boates e os cassinos tinham sua rotina normal, e as cargas
chegavam normalmente.
Os soldados me respeitavam, e, aos poucos, Lorenzo e
Giancarlo foram percebendo que eu poderia dar conta de tudo com
eles. Nina cuidava de toda a papelada e nos orientava com as
palavras certas na negociação dos preços mais altos em nossas
mercadorias. Ela tinha o dom de saber argumentar, como uma boa
advogada.
— Dante sempre quis sua ajuda, cunhadinha, meu irmão
aqui... — Giancarlo falou, apontando para Lorenzo — é que nunca
aceitou essa ideia.
— Verdade, marido? Então Dante não me achava só uma
cunhada-problema? Por essa eu não esperava!
— Eu nunca quis te envolver nisso tudo e, na verdade, ainda
não quero — Lorenzo disse. — Por mim, você e Isabella...
— Para com isso, Lorenzo! — Giancarlo exclamou. — Estou
gostando de trabalhar com vocês!
— Giancarlo, você já nos ganhou falando assim! — Sarah
afirmou, entrando no escritório com Ryan. — Estamos voltando para
casa amanhã, e vou sentir falta de todos vocês.
Aquele mês foi intenso, e Sarah trabalhou muito ao nosso
lado. Ela e Matthew foram fundamentais para me preparar para o
que seria minha vida dali para frente. Seria grata aos dois
eternamente por tudo que fizeram por mim nesse momento tão
difícil.
Quando a noite chegou, fui para o meu quarto e me deitei nas
almofadas que coloquei no chão do closet. Aquele era o único lugar
que me fazia sentir como se nada tivesse mudado. Como eu faria
para viver para sempre sem o seu amor? Sem o seu mau humor
irritante e suas piadinhas que me deixavam nervosa? Como viver
sem ele chegando ao quarto, tirando sua roupa e entrando com
força dentro de mim e me fazendo sua? As lágrimas intensas
pareciam lavar minha tristeza. Por fim, adormeci com meu corpo
latejando pela falta dele.
No dia seguinte, depois do café da manhã, chegou a hora
das despedidas. Ryan e Sarah retornariam para os Estados Unidos,
e Jordan e Alice iriam para a Colômbia. Já a Cosa Nostra voltaria à
sua rotina, e a casa ficaria vazia. Eu não sabia como seria lidar com
o silêncio, que seria externo também, e não só na minha alma.
Estávamos todos reunidos nos despedindo quando Lorenzo
pegou seu celular, leu uma mensagem e pediu licença. Segundos
depois, ele retornou e pareceu ignorar nossos amigos, que estavam
indo embora, chamando-os para sair com eles.
— Cooper e Jordan, eu preciso de vocês! — ele disse, saindo
apressado, e os dois foram rapidamente atrás do meu cunhado. —
Giancarlo, cuide de tudo por aqui, e ninguém sai desta casa até eu
voltar — Lorenzo falou, cruzando a porta. — E isso é uma
ordem!
Alguma coisa muito grave deveria ter acontecido, e Sarah
disse que o melhor era não especular e aguardar o retorno deles.
— Giancarlo, mande reforçar a segurança em torno da Cosa
Nostra — pedi e me sentei para aguardar o que mais estava por vir.
Capítulo 38
Lorenzo Cosa Nostra

Eu estava na boate quando Giancarlo entrou apressado e


superagitado, dizendo que tínhamos perdido o sinal do celular de
Dante e do GPS do seu carro. Na mesma hora, refizemos os seus
passos, e eu fui para o galpão onde ele receberia uma de nossas
cargas. O percurso até lá foi tenso, e, quando cheguei, estava tudo
em chamas. Avisei a Giancarlo e iniciei uma varredura com meus
soldados antes de a polícia chegar. Felizmente, meu irmão
conseguiu fazer com que os primeiros presentes no local fossem os
que constavam na nossa lista de pagamentos. Meu celular
descarregou, e eu não me dei conta disso de tão desesperado que
me encontrava. Então, não imaginei que meu irmão tentava me
avisar que nossa casa na Sardenha tinha sido invadida.
— Senhor, seu irmão precisa falar com você e parece que
seu celular está desligado — Francesco me alertou, dando-me o
seu aparelho e pegando o meu para que fosse carregado.
— Irmão, nossa casa na Sardenha foi atacada!
— Minha mulher e meu filho? — perguntei, desesperado. —
O que aconteceu?
— Estão todos bem, mas, Nina estava falando comigo no
viva-voz e Isabella se desesperou quando soube de Dante. Elas
estão chegando à Cosa Nostra dentro de alguns minutos, e Nina
está louca atrás de você.
— Meu celular! — gritei, e Francesco o trouxe junto a um
carregador. Tinha milhares de mensagens de Nina, então liguei
nervoso para ela. Não poderia perder mais ninguém!
— Esposa, o que aconteceu? Enzo e Isabella estão bem?
— Todos bem! A propósito, sua mãe também sobreviveu.
— Eu quero saber como foi esse ataque.
— Longa história, só que primeiro quero saber sobre Dante.
— Ele está desaparecido. Não sei como isso foi acontecer,
não consigo achar meu irmão.
— Estou indo até aí com Isabella, e não me diga que não,
porque irei assim mesmo. Ela precisa saber o que está
acontecendo, e quero estar ao seu lado.
— Eu te amo!
— Também te amo! Daqui a pouco estamos aí!
As horas se passavam, e ninguém me dizia que tinha
encontrado algum sinal de Dante. Minha esposa chegou, e minha
cunhada parecia perdida, buscando com os olhos alguma notícia de
Dante. Quando trouxeram um dos objetos encontrados no meio dos
corpos, Isabella o reconheceu na hora. Ela tinha dado o relógio de
presente para o meu irmão naquela manhã.
Dali para frente, os dias foram se arrastando em um vazio
que parecia não ter mais fim. Eu e Giancarlo não sabíamos como
lidar com nossas vidas sem nosso irmão, que sempre se fez
presente o tempo todo. Era Dante que, na nossa infância, cuidava
da gente e não deixava tudo ser pior do que já era. Ele era só um
ano mais velho que eu, mas era como se fosse o meu pai. Dante
sempre cuidou de mim e, para mim, ele era um herói que sempre
fazia tudo parecer mais fácil.
Nina chamou suas amigas Sarah e Alice para virem ficar com
ela e Isabella na Cosa Nostra, e Ryan e Jordan vieram para apoiar a
mim e a Giancarlo. Não queríamos que a notícia se espalhasse e
fingimos que nada tinha acontecido. Para a Instituição, um de
nossos galpões sofreu um atentado, mas não falamos que Dante
estava lá. Só Cooper, que Nina dizia ser da família, sabia, e eles
foram incansáveis nas equipes de busca que não deram em nada.
No meio do caos, Isabella decidiu que o lugar de Dante era
dela por direito por estar carregando o seu filho. Meu irmão
desapareceu sem saber que seria pai. Eu fui contra, porque não
aceitava mulheres na máfia, mas acabei concordando e deixando
Nina em meu lugar para procurar meu irmão. Talvez não fosse tão
ruim dividir tudo com a minha esposa, já que Ryan fazia isso e era
muito feliz com Sarah, e o casamento de Jordan com Alice também
tinha dado certo. Então, o que me custava tentar, visto que eu
precisava me ausentar?
Três semanas depois, fui vencido pelo cansaço, e a
esperança de encontrar meu irmão com vida tinha acabado. Era
hora de a Cosa Nostra ter um novo comando. Reunimos todos os
nossos aliados, que enlouqueceram com a notícia de que teríamos
uma mulher no lugar de Dante. Os homens quiseram questionar,
mas Isabella disse que eu, ela, Nina e Giancarlo trabalharíamos em
equipe e quem não aceitasse estaria fora. O pai dela tentou ser
contra, e, quando ela falou que ele poderia deixar a Cosa Nostra, os
outros capos acharam melhor se calar.
Minha cunhada era altiva e tinha uma força e frieza que me
lembravam do meu irmão. Realmente eles tinham tudo para ser
felizes, ainda mais com a chegada do filho. No entanto, infelizmente,
Dante não voltaria mais, e a falta dele estava me destruindo por
dentro.
Tivemos uma semana de muito trabalho, e Sarah e Alice nos
ajudaram em tudo. No final, Sarah não era uma pessoa mandona
quanto parecia, e Alice, bem, essa era doida mesmo, não tinha jeito!
Logo depois, Cooper e Jordan chegaram para buscar suas esposas,
e aproveitamos para fazer algumas reuniões, já que Jordan seria o
Capo da Colômbia.
No dia da partida deles, minha esposa estava triste, porque,
para ela, era sempre difícil se distanciar das amigas. Eu me
despedia de Cooper e Jordan quando meu celular vibrou com a
mensagem de um número desconhecido. Então me afastei para lê-
la, e meu coração disparou a cada palavra que eu lia.

"Você se lembra do seu gatinho? Aquele que você


encontrou no nosso quintal? Ele não morreu e está nesta
localização que estou te enviando. Não me ligue de volta e
venha rápido. Não chame atenção de ninguém, porque seu
gatinho está ferido."

— Cooper e Jordan, vocês vêm comigo! — falei, e os dois me


seguiram, sabendo que eu não mudaria os planos de viagem deles
se não fosse por causa de algo realmente muito sério.
Dei ordem a Giancarlo para cuidar de tudo e não deixar
ninguém sair de casa. Por fim, entrei no meu carro com Ryan e
Cooper e mandei Francesco preparar quatro veículos para nos
acompanhar.
— O que aconteceu? — Cooper perguntou quando deixamos
a Cosa Nostra.
— Eu recebi essa mensagem — respondi e entreguei o
celular para ele, que mostrou a mensagem para Jordan.
— E o que isso quer dizer? É o que estou pensando? —
Cooper perguntou.
— Eu tinha um gato, que achei no nosso quintal, meu pai
obrigou Dante a matá-lo na minha frente. Só meu irmão poderia ter
me enviado essa mensagem. A localização é de um hospital que
fica a seis horas daqui. Eu não tenho mais dúvida: Dante está vivo!
Capítulo 39
Dante Cosa Nostra

Uma infinidade de barulhos, luzes e gritos se misturavam na minha


mente. Eu queria mover o meu corpo, mas não conseguia, e tudo
que eu sentia era muita dor. Como um apito ficava tocando perto de
mim sempre em um mesmo ritmo, precisei de algum tempo para
entender que era de um monitor próximo à minha cama. “Que lugar
é este e onde eu estou?”, pensei, tentando lembrar como tinha ido
parar ali.
Minha última lembrança era do relógio que minha esposa
tinha me dado. Lembro que o tirei do meu pulso para ler o que
estava gravado nele: "Para sempre, serei sua. Isabella".
Tentei me acalmar, e, aos poucos, imagens desconexas
foram se formando na minha mente até começarem a ter sentido.
Lembrei que, assim que cheguei ao galpão e ia entrar, resolvi parar
primeiro para responder a uma mensagem de Isabella. A imagem
dela linda e de biquíni veio na minha lembrança, e eu pude sentir
meu corpo reagindo só de pensar nela. Em seguida, tirei o relógio
do pulso e fiquei lendo suas palavras que diziam que ela era só
minha. A minha Isabella.
Nesse momento de distração, alguém pulou em cima de mim
e me atirou no chão, deitando-se sobre o meu corpo. Na verdade,
era o peso de duas pessoas que eu senti nas minhas costas quando
percebi que fomos arremessados para longe.
Parecia que eu me lembrava de tudo, ou quase tudo!

FLASHBACK

— Dominic, vou chegar ao galpão, conferir a carga e


regressar imediatamente. Quero seguir ainda hoje para a Sardenha
e não amanhã de manhã.
— Sim, senhor! Vou avisar os homens para serem mais
rápidos hoje, porque o Chefe tem outros compromissos.
— Faça isso! — ordenei ao meu segurança.
Meu celular vibrou ao receber uma foto da minha rainha de
biquíni. Isabella sabia como me fazer ficar duro e correr para junto
dela.
— Chegamos, senhor!
— Já vamos entrar — falei e andei para longe do carro para
responder às mensagens da minha esposa.
Meus seguranças, como sempre, vieram atrás de mim.
Dominic era muito leal e já estava comigo há oito anos. Naquele dia,
quem dirigia o meu carro era Frederico, que fazia parte da minha
equipe pessoal há pouco tempo.
Tirei meu relógio do pulso e fiquei lendo o que minha esposa
mandou gravar nele. Isabella não era minha porque assinamos um
contrato de casamento, e sim porque me amava. Ela tinha prazer
em ser só minha e fez questão de deixar isso gravado naquele
relógio, que ficaria para sempre no meu pulso.
— Senhor! — Dominic gritou, jogando-se com Frederico em
cima de mim, e fomos arremessados para longe dali.
Um calor insuportável e uma bola de fogo foi tudo que eu
pude enxergar quando nossos corpos bateram no chão. Eu não
conseguia me mover, e Frederico estava queimando com chamas
por todo o seu corpo. Dominic se desesperou tentando arrancar
parte de sua roupa que se encontrava em chamas, gritando por
conta das queimaduras no seu corpo e me chutando quando viu que
eu não podia me mover. Logo, fez com que eu rolasse no chão e
apagasse o fogo que também me consumia. Com muito custo,
consegui fazer alguns movimentos, mas senti que estava todo
quebrado por conta do arremesso e do peso deles sobre mim. Os
meus soldados fizeram um escudo humano para proteger a minha
vida e não pensaram nem um minuto na deles.
— Vamos, senhor! Precisamos sair daqui! — Dominic disse,
arrastando-me mesmo com o seu corpo queimado.
Não saberia dizer por quantas horas caminhamos, nem como
cheguei ao hospital. Tudo se apagou da minha mente depois que
começamos a entrar na mata.

◆◆◆

Uma mulher que eu não conhecia entrou no meu quarto, e vi


que era uma enfermeira. Ela conferiu os monitores e só depois
olhou para mim, assustando-se quando me viu de olhos abertos.
— Finalmente o nosso paciente sem nome acordou. Bem-
vindo de volta! Vou chamar o médico.
Como assim paciente sem nome? Cadê o Dominic? Será que
minha esposa sabia que eu estava em um hospital?
— Bom dia! — o médico falou, entrando no meu quarto. —
Como está se sentindo?
— Onde estou e como vim parar aqui?
— Você chegou há quinze dias e precisou ficar sedado por
conta das queimaduras e das inúmeras fraturas em seu corpo.
Estávamos esperando que acordasse para nos dizer o seu nome e
a quem da sua família devemos avisar que você está internado em
tratamento.
— Eu não me lembro direito do que aconteceu. Meu nome é
Frederico.
Eu não sabia onde estava, nem como sair dali. Também não
tinha ideia do que tinha acontecido naqueles quinze dias e, por
cogitar que meus inimigos estivessem por perto, inventei um nome.
— Seu amigo, que chegou com você, apesar das inúmeras
queimaduras, está se recuperando também. Ele disse que se chama
Ranier.
— E quando eu posso vê-lo?
— Em breve! Precisamos fazer alguns exames primeiro, e
depois vou pedir para que tragam seu amigo até aqui.
Com certeza Dominic deu um nome falso quando chegou ao
hospital para que não fôssemos identificados.
— Vocês não tinham nenhum documento, ele disse que ficou
no carro quando o fogo começou — o médico contou, e eu só
escutava.
Depois dos exames, o médico disse que era melhor eu
descansar e que, mais tarde, Ranier viria me ver.
Eu não queria descansar, e sim sair daquele hospital e voltar
para a Cosa Nostra. Visto que o médico falou que se passaram
quinze dias, então, se não me encontraram ali, certamente achavam
que eu tivesse morrido.
Na máfia, quem desaparecia era porque estava morto!
Por conta dos remédios que colocavam na minha veia,
acabei dormindo. Quando acordei, levei um susto ao dar de cara
com Dominic ao lado da minha cama. Ele estava sentado em uma
cadeira de rodas e tinha cicatrizes de queimadura em grande parte
do seu rosto.
— O senhor não se queimou assim, Chefe. Fique tranquilo —
ele disse ao perceber que me assustei com o seu estado. — Mas
quebrou as pernas, um dos braços e fraturou também algumas
costelas.
— Onde nós estamos???
— Distantes da Cosa Nostra. A primeira coisa que fiz depois
da explosão foi jogar nossos documentos longe, para que nossos
inimigos pensassem que estávamos mortos e ganhássemos tempo
para fugir. Desculpe, Chefe, mas eu fiz o que achei ser o melhor e
não tinha tempo para...
— Você fez o certo, Dominic. Ranier?
— Sim, e o médico me disse que meu amigo Frederico tinha
acordado — ele falou isso, e nós rimos. Em seguida, ele continuou.
— Depois de caminhar por muitas horas na mata, por um tempo
arrastando o senhor e outros te carregando — Dominic relatou, e eu
imaginei a dor que ele deve ter sentido para salvar a minha vida —,
chegamos a uma estrada, e, depois de caminhar mais um pouco, vi
um pequeno bar de estrada e roubei um carro que estava
estacionado no local. Dirigi como um louco, tentando me distanciar o
máximo que pudesse. Após, mais ou menos duas horas, cheguei a
essa pequena cidade e parei próximo ao hospital. Abandonei o carro
e dei entrada sem nossos documentos, e provavelmente fomos
atendidos como indigentes na emergência. Fiquei sedado por vários
dias e, quando acordei, disse que estávamos caminhando e um
grupo de rapazes jogou um produto na gente, afirmando que
comecei a queimar e que achava que tivessem batido no meu
amigo. Foi tudo que consegui inventar.
— Precisamos sair daqui.
— Eu sei, Senhor, mas assim — ele falou, apontando para
mim, que estava todo engessado — seremos presas fáceis.
Capítulo 40
Dante Cosa Nostra

Eu e Dominic combinamos uma história e dissemos que não


tínhamos família para contatar. Eu sabia que seria uma questão de
dias até que meu rosto, que estava todo inchado, ficasse normal
para acabar sendo reconhecido por alguém.
Devido ao meu estado, não tinha condições de sair daquele
hospital e ir para o meio da rua sem documento, dinheiro ou celular.
Por isso, precisava aguardar mais um pouco até que pudesse fazer
alguma coisa. Cinco dias depois, já estava agoniado, querendo sair
dali, mas começava a fazer fisioterapia e, segundo os médicos, em
dez dias, conseguiria voltar a andar.
Não tinha outra escolha a não ser aguardar mais dez dias.
Enquanto isso, eu me esquivava de perguntas e de ficar no meio
das pessoas. Depois fui transferido para a área de reabilitação, e
toda hora tinha algum evento de recreação para os pacientes. É
claro que eu não ia a nenhum deles e já deveria ser o antissocial do
local.
Dominic, que teve uma parte do corpo toda queimada e
algumas costelas fraturadas, já estava na reabilitação quando
cheguei e evitamos conversar muito para não chamar atenção.
Os dias se passaram, e eu consegui ficar de pé novamente.
Por um momento, Dominic entrou no meu quarto enquanto a
enfermeira trazia o meu almoço e fingiu que estava passando mal e
sentindo falta de ar. Então, a mulher foi cuidar dele e não percebeu
quando peguei seu celular, o qual ela sempre deixava em cima da
bancada do meu quarto.
Quando ela correu para chamar um médico, eu silenciei
rapidamente o aparelho e o coloquei embaixo do meu colchão.
Durante aqueles dias, observei atentamente quando ela pegava o
celular para enviar mensagens, por isso foi fácil descobrir a sua
senha.
A enfermeira acompanhou Dominic no atendimento, e eu
aproveitei para mandar uma mensagem para Lorenzo. Sabia que
ele não reconheceria o número e acharia que era uma armadilha,
por isso falei que nosso gatinho estava naquela localização, pedindo
que ele viesse o mais rápido possível e não chamasse atenção de
ninguém quanto a isso. Eu sabia que Lorenzo saberia que a
mensagem era minha.

“Você se lembra do seu gatinho? Aquele que você


encontrou no nosso quintal? Ele não morreu e está nesta
localização que estou te enviando. Não me ligue de volta e
venha rápido. Não chame atenção de ninguém, porque seu
gatinho está ferido.”

O gato que Lorenzo tinha quando criança e que eu tive que


matar não deixaria dúvidas de que era uma mensagem minha, a
qual só ele entenderia. Em seguida, apaguei a mensagem do celular
e joguei o aparelho no chão, para ser encontrado e não levantar
suspeitas. Meu irmão era muito inteligente e viria me buscar.
As horas se passavam, e eu já não estava mais certo de que
meu irmão tinha lido a mensagem, porque ele nunca chegava, e
isso foi me deixando desesperado.
— Temos um paciente aqui que chegou sem identificação,
mas ele disse se chamar Frederico — escutei a enfermeira falando
ao lado de fora do meu quarto. — Desculpe. Tem alguns homens
aqui te procurando e dizendo que são seus conhecidos.
Fiquei em alerta quando ela disse “homens”, no plural, e, por
um momento, achei que tinham interceptado a minha mensagem,
até que vi Lorenzo quase passando pela enfermeira e entrando no
meu quarto.
— Eu sabia! Você não nos deixaria, meu irmão! — Lorenzo
disse, correndo e me abraçando tão forte que pensei que ele tivesse
quebrado as costelas que ainda estavam inteiras.
— Cuidado! Ele ainda está muito machucado! — a enfermeira
falou, e Lorenzo só então se deu conta de que eu estava todo
enfaixado.
— Quando dizem que vaso ruim não quebra... — Cooper
disse, estendendo-me a mão.
— Sentiu minha falta, De Lucca? — perguntei, rindo, e ali
estávamos nós três reunidos novamente, igual quando éramos
adolescentes.
— Que bom rever o nosso Chefe! — Jordan exclamou e
apertou minha mão.
— O que aconteceu? Como veio parar aqui? Todo mundo
acha que você morreu! — Lorenzo falou, e eu o interrompi,
querendo saber da minha mulher.
— E Isabella? Onde ela está?
— Em casa, devastada com a sua morte.
— Preciso voltar logo para casa! Me tirem deste lugar! Eu dei
outro nome até conseguir ficar de pé e poder entrar em contato com
você, meu irmão. Eu, Dante Cosa Nostra, tive que roubar um celular
para te mandar uma mensagem!
Dominic entrou no quarto e respirou aliviado quando viu que
tinham vindo nos buscar.
— Se estou vivo, devo isso a Dominic e a Frederico, que
infelizmente não sobreviveu. No caminho para casa, eu te conto
tudo que aconteceu. Agora tire logo a gente daqui.
Depois de algumas horas e de assinar vários papéis, fomos
finalmente liberados.
— Dante Cosa Nostra, minha nossa! Eu sabia que você me
lembrava alguém, mas nunca imaginei que o CEO do vinhedo fosse
chegar aqui e ser internado como indigente! — o médico que cuidou
de mim falou quando veio me dar alta.
— Muito obrigado por tudo! Por favor, peço discrição quanto à
minha passagem por aqui. Minha família pensa que estou morto, e
quero estar com eles primeiro antes que saibam por algum site de
fofoca.
O médico afirmou que não comentaria com ninguém e se
despediu de mim e de Dominic depois de ter certeza de que
continuaríamos o tratamento na Cosa Nostra.
Dominic voltou no carro com os seguranças de Lorenzo, que
ficaram felizes quando viram que ele tinha sobrevivido, mesmo com
o corpo cheio de queimaduras. Eu pagaria os melhores cirurgiões
para cuidar dele, que salvou a minha vida.
Enquanto Jordan dirigia, eu contava para os três como eu
tinha ido parar naquele hospital e tudo que me lembrava da
explosão. Eu devia tudo aos meus seguranças, que realmente
deram a vida por mim naquele momento em que tudo foi pelos ares.
— Eu te procurei em toda parte, mas nunca imaginei que
Dominic roubaria um carro e os levaria para tão longe. Ele dirigiu por
cinco horas, e não por duas horas como ele imaginou.
— E a Cosa Nostra? — perguntei, percebendo o desconforto
de Cooper e Jordan no banco da frente do carro quando perguntei
isso a Lorenzo.
— Depois de não ter mais como segurar a notícia do seu
desaparecimento, eu convoquei todos os aliados há uma semana
para anunciar o novo comando da Cosa Nostra.
— Você fez certo, meu irmão, mas por que demorou tanto
para assumir tudo? — perguntei, sabendo que era estranho saber
que tinha sido substituído, mas sabia que isso seria inevitável, uma
vez que eles não tinham noção de que eu estava vivo.
— Eu esperava te encontrar e, por isso, fui adiando essa
decisão de reunir todo mundo. Eu não aceitava te perder, meu
irmão. Ainda bem que agora você está de volta!
— Então você agora é o Chefe? — perguntei, olhando para
Lorenzo, que não olhava para mim. — Meu irmão, não precisa ficar
com essa cara! Eu imaginei que você tivesse assumido, mas agora
eu voltei, e tudo será como antes.
— Na verdade... — Lorenzo falou pausadamente, enquanto
Cooper parecia querer sair do carro em movimento. Então percebi
que alguma coisa estava errada na minha máfia. — Eu não assumi
o comando no seu lugar.
— Eu não acredito! — exclamei, superirritado. — Você
permitiu que Giancarlo assumisse a Cosa Nostra? Nosso irmão é
ótimo estrategista, mas descompromissado com a vida. Ele pensa
que ainda é um adolescente!
— Giancarlo também não assumiu — Lorenzo falou, e eu
comecei a ficar realmente nervoso.
— O que aconteceu? Vocês deixaram nossos inimigos
dominarem a Cosa Nostra? Fala, porra!
— O novo Chefe é sua esposa Isabella — Lorenzo afirmou
de uma vez só, e eu com certeza precisaria voltar para o hospital,
porque estava começando a ter uma febre muito alta e delírios.
— Porra! Fala que isso é uma brincadeira de mau gosto! A
Cosa Nostra nas mãos da minha mulher? Você ficou louco? Que
inferno, Lorenzo!
— Ela quis assumir, Dante! Sua esposa não admite que você
seja substituído. Desculpa, mas ela sabe ser bem persuasiva.
— Minha esposa é uma mulher, seu infeliz! Lógico que ela é
persuasiva! — falei, já que conhecia bem a mulher que eu tinha,
apesar de estar casado há pouco tempo. — Isabella é cheia de
vontades, e eu, de verdade, acreditei que você era capacho apenas
da sua esposa mimada.
— Pensei que você estivesse morto! Eu não tinha chão para
nada. Desculpa se eu não consegui ser o cérebro da Cosa Nostra
com a dor de ter perdido você, meu irmão! Eu e Giancarlo fomos
treinados para tudo, menos para perder você, que sempre foi a
nossa base neste mundo.
Respirei fundo, meu corpo todo estava doendo por conta da
minha agitação, eu precisava me controlar e tentar entender a real
situação.
— Então minha esposa, neste momento, está comandando a
minha máfia? — perguntei, tentando ficar calmo, o que parecia
impossível.
— Formamos um conselho para administrar juntos a Cosa
Nostra: Isabella, eu, Nina e Giancarlo.
— Nina? Duas mulheres à frente das ações da Cosa Nostra?
Satisfeito, De Lucca? Sua mulher é a culpada por isso tudo! Isabella
é fã de Sarah Cooper e é claro que ia querer ser Mob Boss também,
como dizem vocês americanos! Isso é tudo ou tem mais alguma
coisa que eu precise saber?
— Sarah passou esse mês todo na Cosa Nostra ajudando
Isabella — Cooper falou, e Jordan completou, dizendo que Alice
também estava lá.
— Sarah Cooper administrando a Cosa Nostra com a doida
da Alice! — exclamei, pois cada vez as notícias ficavam piores. —
Porra! E eu achando que o velho Mikhailov não tinha acabado
comigo!
Capítulo 41
Dante Cosa Nostra

Eu não conseguia entender como meus irmãos puderam deixar


minha esposa sentar na minha cadeira e sair dando ordens. Minha
bravinha, quando queria uma coisa, dava voltas até conseguir, mas
chefiar minha máfia eu não permitiria.
— Minha mulher disse que tinha direito ao meu lugar
baseada em quê? Em qual estatuto da Cosa Nostra está escrito que
viúvas se tornam capos? Só se é a lei Sarah Cooper, que foi
instituída, e eu não fiquei sabendo.
— Dante, aconteceram muitas coisas quando você ficou fora
e...
— E você, Lorenzo, em vez de assumir, deixou a Isabella
fazer isso no seu lugar. Quando eu quis que Nina colaborasse com
a gente na parte jurídica, você não concordou — falei, irritado. —
Agora basta você achar que eu morri para colocar minha mulher na
linha de frente? Isso não vai ficar assim, porque não quero Isabella
no meio dos meus homens nem em reuniões ou qualquer coisa
parecida.
— Não se estressa que vai te fazer mal, Cosa Nostra! —
Ryan disse. — Ainda temos quatro horas de viagem, relaxa! Quando
você chegar, tudo se resolve, fica tranquilo. Você chega e fala isso
tudo para Isabella, e sua vida será como antes.
— Cala a boca, De Lucca, que você sabe muito bem que não
é tão simples assim — falei, vendo o risinho dele pelo retrovisor do
carro. — Isabella vai fazer da minha vida um inferno e dizer que
vocês confiaram nela e eu não. Porra, Lorenzo! Você arruinou minha
vida!
— Está com medo da sua mulher, meu irmão? Virou
capacho? — Lorenzo perguntou, e todos riram no carro.
— Eu passei um mês desaparecido e sou recebido desse
jeito? Vocês vão me pagar por isso!
— Cosa Nostra, mesmo mal-humorado, você fez falta —
Cooper afirmou. — No final, apesar de tudo, eu só conseguia me
lembrar da nossa infância juntos quando você sumiu. Não somos só
mafiosos como todos pensam, somos seres humanos também, e
esse meu lado sentiu, de verdade, dor pela sua "morte".
Eu e Ryan tivemos nossas adversidades, mas nos
conhecíamos desde crianças e nos reaproximamos depois do
casamento de Lorenzo com a melhor amiga da sua esposa.
— Tem mais alguma coisa de que eu precise saber?
— Me tornei o Capo da Colômbia — Jordan falou. — Ia para
lá hoje quando soubemos que estava vivo!
— Pelo menos isso você fez direito — afirmei, olhando para
Lorenzo. — Como está tudo por lá? Você vai ter muito trabalho.
— Estamos monitorando, e já não tem maiores resistências.
Agora, com o anúncio da troca de poder da Cosa Nostra, ficamos
um pouco preocupados, mas nossa Chefe mandou explodir, sem
piedade, ao longo deste mês, as bases russas e as das gangues de
Los Angeles dos nossos territórios, e nossos inimigos não
esperavam por isso.
— Isabella fez isso? — perguntei, sem demonstrar que
estava orgulhoso da minha esposa.
— Ela fez mais que isso! — Lorenzo respondeu. — Ela
mandou um recado para o velho Mikhailov, dizendo que tudo dele
estava indo pelos ares por ordem da Senhora Cosa Nostra.
— Se você achava que Sarah exalava poder, é porque não
viu sua esposa no comando — Ryan falou. — Ela intimida a todos
só com a sua presença; se eu não soubesse quem era ela, diria na
hora: esposa do Dante.
Minha mulher era assim mesmo, altiva, poderosa, uma
rainha, mas não seria Chefe de nada comigo. A única coisa que eu
queria era chegar logo e abraçar aquela teimosa, que sabia que eu
não a queria no meio dos meus negócios e, mesmo assim, sentou
na minha cadeira.
— E Giancarlo?
— Nosso irmão está trabalhando no automático. Ele queria
largar tudo quando você sumiu. Você fez muita falta, Dante! Nunca
mais faça isso com a gente! — Lorenzo falou, abraçando-me.
As horas iam passando, e minha ansiedade para chegar logo
a minha casa e retomar minha vida era enorme.
— Acabei não te contando que, na noite em que explodiram
nosso galpão, também atacaram nossas esposas na Sardenha.
— O quê? — perguntei. — Como assim?
— Nina e Isabella tinham acabado de jantar e escutaram
explosões do lado de fora. Então Enrico entrou na casa, avisando
que estavam invadindo. Eles pegaram nossa mãe que ficou no
andar de baixo...
— Nossa mãe está morta?
— Não, porque, segundo Nina, sua esposa deu ordem para
que saíssem da frente delas e desceu para salvar nossa mãe. Nina
passou uma arma para ela, e as duas, com nossos soldados,
eliminaram os inimigos e foram para o helicóptero.
— Isabella sabe atirar?
— E lutar também, segundo Nina, com maestria.
Eu não conhecia Isabella como eu pensava. Vi quando ela
imobilizou Pietra, mas não levei a sério quando ela me disse que
também sabia matar. Já estava apreensivo com as novidades em
doses homeopáticas que eu recebia pelo caminho.
— Por acaso, ainda falta eu saber de mais alguma coisa?
— Pior que falta! — Lorenzo falou, rindo. — Mas essa última
coisa vou deixar sua esposa te contar, senão ela vai ficar brava
comigo.
— E desde quando você se preocupa se Isabella vai ficar
brava ou não?
— Desde que ela se tornou nossa Chefe — Lorenzo disse e
deu uma gargalhada, e eu fechei os meus olhos. O melhor seria
dormir, já que eles pareciam querer me irritar, e só acordar em casa
para arrumar a bagunça que eles fizeram nesses trinta dias em que,
supostamente, eu estava morto.
À medida que íamos nos aproximando da Cosa Nostra, eu
sentia uma sensação de alívio e de perda ao mesmo tempo. Foram
trinta dias longe de tudo e de todos, e, apesar de estar voltando, não
me sentia mais o mesmo de antes. Foi como sair do inferno e
simplesmente ser convidado a voltar para ele.
Eu fui facilmente atingido porque me distraí pensando em
Isabella e brincando de marido apaixonado, quando, na verdade,
era o Chefe da máfia. Em contrapartida, sobrevivi ao ataque, mas
poderia estar voltando viúvo para casa se eles tivessem eliminado
minha esposa na Sardenha. Distração, amor e máfia não tinham
como caminhar juntos, e eu precisava ter isso em mente, já que
estava de volta.
— Chegamos! — Lorenzo falou quando nossos carros
cruzaram os portões da Fortaleza.
— Bem-vindo de volta! — Cooper disse enquanto abria a
porta para mim.
— Vamos colocar ordem nesta casa! — exclamei e passaria
a ser o Dante de antes, sem dar espaço para paixonites de
adolescente. — Espero não ter mais nenhuma surpresa.
— Você avisou a Giancarlo ou a Nina que estamos com
Dante? — Cooper perguntou, e Lorenzo respondeu que não achou
seguro falar nada até chegarmos e decidirmos como e quando
reuniríamos os aliados.
— Quando você reassume? — Cooper perguntou.
— Imediatamente!
Lorenzo abriu a porta, Nina foi a primeira a vir na direção
dele, dando um grito quando me viu.
— Dante! Minha nossa! Você está vivo! — ela gritou como se
estivesse vendo um fantasma.
— Dante? Você voltou! — Giancarlo falou, correndo para me
abraçar, e Lorenzo pediu que ele fosse com calma porque eu estava
me recuperando.
Foi então que vi Isabella. Ela me olhava como se estivesse
sonhando, e pude ver as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ela
parecia em choque, e pensei que ela pularia no meu pescoço, mas,
no lugar disso, minha mulher parecia estar perdendo a cor.
— Bella, está tudo bem? — Sarah perguntou, aproximando-
se dela.
— É um sonho? Se for, eu não vou aguentar acordar —
Isabella falou, e eu senti a dor dela dentro de mim.
Entrei em casa pensando na Cosa Nostra, no poder e na
guerra, mas me dei conta de que, na verdade, tudo de verdadeiro
que eu tinha no mundo era Isabella.
— Dante! — Isabella falou e começou a chorar.
Caminhei até ela com um pouco de dificuldade e a abracei.
— Eu senti tanto a sua falta, minha rainha!
— Você não tem ideia do vazio que eu estava sentindo.
Amor, eu não deixei ninguém te substituir porque você é único. Eu
me sentei na sua cadeira e cuidei de tudo para você. Ninguém ficou
no seu lugar, só eu, que sou sua esposa.
Eu estava bravo por ela ter assumido a minha máfia e me
recebido com um discurso pronto, porém, Isabela tinha o dom de me
quebrar de alguma forma. Eu não queria brigar e deixaria as
mudanças para mais tarde. Minha esposa estava assustada com a
minha volta e precisava se acalmar primeiro. Todos queriam saber
de tudo que tinha acontecido, e, quando eu ia começar a contar,
Isabella me interrompeu.
— Primeiro você vai subir comigo, tomar um banho e
descansar. Você está tão abatido! Alguém pode pedir para levarem
uma comida lá no nosso quarto para o Dante jantar?
— Eu faço isso! — Nina falou e sorriu para mim, coisa que
nunca fez antes, já que não simpatizava muito comigo.
— Vamos subir! — Isabella disse e me abraçou.
Olhei aquela escadaria enorme e me lembrei de que ela
nunca me pareceu tão grande. Estava no terceiro degrau ainda
quando escutei uma voz fraca vindo na minha direção.
— Filho? É você? Meu Deus, meu filhinho está vivo!
Levei um susto e fiquei sem saber o que falar, olhando para a
minha mãe e parecendo escutar a voz dela pela primeira vez. Ela
nunca demonstrou carinho e, dessa vez, veio sem jeito,
aproximando-se de mim e parecendo que iria... Minha mãe me
abraçou chorando, e eu fiquei congelado.
— Você está vivo, meu filho, vivo!
Isabella pegou os meus braços delicadamente e os envolveu
em torno da minha mãe. Eu não sabia como abraçar alguém que
sempre me olhou distante e nunca me tocou, mas minha esposa se
encarregou de fazer isso por mim.
— Estou bem, me recuperando. Vou tomar um banho, jantar
e depois vou descer para uma reunião com todos os presentes —
falei, olhando para todos na sala, soltando a minha mãe e já ia
subindo quando ela segurou o meu braço.
— Descanse primeiro, meu filho. Que bom que você voltou —
ela disse, segurou o meu rosto e deu um beijo na minha testa. Logo,
senti o meu corpo aquecido. Foi a primeira vez que experimentei na
vida o amor de mãe.
Capítulo 42
Dante Cosa Nostra

Entrar com Isabella no nosso quarto fez com que eu me sentisse


vivo novamente. Desde que acordei, senti uma saudade enorme
desse lugar que era só nosso, onde a minha mulher era só minha e
me realizava de todas as formas possíveis.
Ela estava linda como sempre, e seu perfume exalava por
toda parte. Isabella caminhava devagar ao meu lado sem soltar a
minha mão, que ela apertava como se tivesse medo de eu
desaparecer de novo.
— Você não mudou nada por aqui — falei porque o quarto
estava como eu havia deixado antes da explosão.
— Sim, eu não deixei nem arrumarem. Eu que cuidava de
tudo, limpava e organizava, para que seu cheiro não se misturasse
com os produtos de limpeza.
Ela me olhou, e tinha muitas lágrimas em seus olhos.
— Eu não podia perder isso também — ela disse, e eu engoli
em seco, sentindo a sua dor. Quando entramos no closet, tinha
almofadas, travesseiros e cobertas pelo chão. — O seu cheiro era
tudo que eu tinha para continuar tendo forças para acordar todos os
dias e recomeçar. À noite, quando eu entrava aqui e o seu perfume
tomava conta da minha alma, eu dormia como se você estivesse
comigo.
— Meu amor, me perdoa por tudo isso. Eu nunca quis que
você sofresse assim! Quis tanto te proteger e acabei sendo a sua
maior dor.
— Você voltou, e isso é o que importa — ela falou, tocando o
meu rosto e me beijando pela primeira vez desde que cheguei. Sua
língua brincava com a minha, e um desejo enorme tomou conta de
todo o meu corpo. Tudo que eu mais queria era a minha mulher de
novo, realizando-se e gritando o meu nome.
Isabella tirou delicadamente a roupa que eu estava vestindo
enquanto a água quente enchia nossa banheira. Ela colocou vários
sais coloridos, que dizia serem relaxantes, na água, e o aroma do
banheiro era como eu me lembrava: tinha o cheiro da minha rainha.
— Vem, amor! Me deixa cuidar de você — ela falou, fazendo-
me entrar na banheira e vendo o meu corpo, que tinha algumas
marcas de queimadura.
Ela foi tirando sua roupa, peça por peça, e eu já estava tão
duro que pensei que explodiria. Eu desejava demais a minha
mulher, que era simplesmente perfeita.
Isabella sentou no meu colo e começou a passar as mãos
cheias de óleo no meu peito, enquanto me olhava como se eu fosse
uma miragem.
— Você sabe que eu não vou aguentar com você sentada
assim no meu colo por muito tempo...
Mal terminei de falar e a safada se esfregou no meu pau e
mordeu os lábios. Ela sabia como me provocar, e eu não queria
mais saber de massagem nenhuma. Então a segurei firme, caindo
de boca em seus seios que me deixavam louco.
— Que saudade de você, minha gostosa! — exclamei, dando
mordidas de leve em seus mamilos enquanto ela gemia alto,
dizendo que ia gozar se eu continuasse fazendo aquilo. — Goza,
minha rainha, que eu quero você sendo minha de todas as formas e
estou só começando!
— Entra em mim com força, Dante! Eu preciso me sentir
completa de novo! — ela pediu, encaixando-se perfeitamente em
mim, e eu a suspendi um pouco e, quando ela desceu, senti meu
pau preenchendo aquele seu corpo que era só meu.
— Você estava com saudade disso, minha rainha? —
perguntei enquanto suspendia meu quadril e entrava com força
dentro dela.
— Nunca mais me deixe sozinha, Dante Cosa Nostra! — ela
disse enquanto gemia alto e se desmanchava no meu colo. — Eu te
amo!
— Eu também te amo! — falei e me senti vivo de novo
quando percebi meu pau latejando dentro da minha mulher e
liberando, logo depois, tudo que estava guardado só para ela.
Aquela mulher me tinha nas mãos, e eu sabia que nunca
mais seria de nenhuma outra. Precisei quase perder a vida para
entender que ela era mais valiosa que a Cosa Nostra para mim, e
que se danasse essa voz que vinha do inferno e gritava dentro da
minha alma! Eu viveria com a minha mulher e seria feliz, mesmo
que, no processo, eu fosse obrigado a fazer algumas concessões,
como dividir minha cadeira de Chefe com Isabella, se essa fosse a
vontade dela.
Estávamos acabando nosso banho quando alguém bateu à
porta com o jantar. Eu estava com muita fome, e ainda bem que
minha cunhada não mandou sopa ou salada, porque isso era só o
que eu comia naquele hospital e precisava me recuperar. Em
seguida, mandei uma mensagem para Lorenzo avisando que nossa
reunião seria no dia seguinte, visto que eu só queria ficar com a
minha esposa.
— Já tinha esquecido como era dormir nesta cama. Eu só
conseguia pegar no sono se estivesse no closet agarrada às suas
roupas — Isabella falou quando nos deitamos.
— Eu estou aqui, amore mio! Voltei para você!
— Para vocês! — ela me corrigiu.
— Não, minha rainha, eu voltei para você, que é o amor da
minha vida. Obrigada por cuidar de tudo e por não me tornar alguém
que se possa substituir de um dia para outro.
— Você é único e só vai ser substituído pelo seu herdeiro —
ela falou e colocou a mão na barriga. — Quando eu disse "vocês",
estava me referindo a mim e ao nosso filho, que vai te substituir um
dia.
— Você está grávida?
— Sim, e foi o que me deu forças para seguir em frente e
tomar conta de tudo. Ninguém tomaria do seu herdeiro o que você
construiu com a sua vida.
Pela primeira vez, meus olhos começaram a arder, e lágrimas
escorreram pelo meu rosto. Foi algo incontrolável, e eu não me
importei de parecer fraco, pois tudo que eu queria era lavar a minha
alma. Então me dei conta de que eu poderia ter morrido sem
conhecer aquela vida que crescia dentro do ventre da minha
esposa.
Passei a vida sendo treinado para controlar tudo e, por um
descuido, poderia ter deixado aquele momento único de saber que
seria pai. Isabella era forte e transformou toda a dor pela minha
suposta morte em força, para que essa criança soubesse quem eu
tinha sido, o que construí, e herdasse tudo.
Beijei sua barriga e fiquei com meu rosto colado nela, como
se estivesse tocando no meu filho.
— Eu ainda não te conheço, mas já te amo tanto — falei e
beijei novamente a barriga da minha esposa.
— Nós te amamos, Dante! — Isabella disse, e eu a beijei com
amor. — Eu quero viver todos os dias para cuidar de vocês e amá-
los, que são tudo pra mim.
Nós nos beijamos, e, naquele momento, eu não queria mais
nada além de fazer carinho na minha esposa, amá-la e venerá-la.
Não queria nada bruto, e sim tranquilo. Não queria beijar com força,
mas com amor.
Nos amamos em paz e felizes por estarmos juntos de novo.
Isabella dormiu com a cabeça deitada no meu peito, e, quando
pensei nas noites em que ela adormeceu no chão do closet para se
sentir perto de mim, eu a abracei.
Naquela noite, tudo que eu queria era dormir, porque tinha
muito trabalho pela frente. O amanhã seria um novo dia, e eu
anunciaria aos nossos aliados a minha volta, as mudanças e o
destino da Cosa Nostra.
Capítulo 43
Dante Cosa Nostra

Assim que amanheceu, acordei cedo para retomar minha função


como Capo di tutti capi.
— Isabella, amore mio, acorda que precisamos descer,
porque temos um dia longo pela frente — falei enquanto me
levantava.
Ela me olhou como se não estivesse entendendo, já que,
antes, eu me arrumava e ia trabalhar, deixando-a dormir.
— Você não vai me deixar aqui dormindo como sempre
fazia?
— Não — respondi, e ela sorriu com seu jeitinho safado que
eu conhecia muito bem.
— Gostei disso! Você sabe que vamos nos atrasar cada vez
que você me acordar, não sabe?
— Claro que sei, por isso estou levantando uma hora antes
que o normal.
— Safado! — ela falou enquanto se levantava e colocava
seus braços em volta do meu pescoço, beijando-me.
Isabella foi descendo devagar e beijando cada parte do meu
corpo, até que se ajoelhou na minha frente, sem desviar um minuto
o seu olhar, que estava fixo no meu.
— Você vai ser sempre só meu — ela afirmou e começou a
me chupar, como só ela sabia fazer e me deixava cheio de tesão.
— Você ainda tem dúvidas de que eu seja só seu, Senhora
Cosa Nostra?
Isabella era intensa e tão possessiva quanto eu. Por isso,
sempre reivindicaria seu domínio, mesmo sabendo que eu era dela
e sempre seria.
— Assim como você é minha — falei enquanto me deliciava
com sua boca no meu pau.
Eu e Isabella tínhamos sido feitos um para o outro, eu não
tinha dúvidas disso, pois nos completávamos em todos os sentidos.
Deitei Isabella na cama, e minha boca devorou a sua de um
jeito selvagem. Minha língua serpenteava junto à sua enquanto
minha mulher gemia de prazer. Eu lambia e chupava seus peitos, e
sua carne ficava excitada com o meu toque. Logo, eu podia sentir
seus espasmos embaixo de mim.
— Você é muito linda, amore mio!
Quando minha língua tocou sua intimidade, ela começou a
gemer desesperada de tanto tesão. Eu a chupava com força, e os
meus dedos dentro dela a deixavam alucinada e gozando feito
louca.
— Eu sempre soube que você seria o meu inferno, Dante
Cosa Nostra. Só não tinha ideia de que o "inferno" fosse tão
gostoso!
Quando entrei duro dentro dela, nossos gemidos e prazeres
pareciam um só, eu estocava forte enquanto minha mulher rebolava
para me deixar mais duro ainda e louco por ela. Quando coloquei
suas pernas nos meus ombros e entrei fundo, Isabella gritou,
dizendo que eu era só dela e que me amava.
— Eu posso até ser o inferno, mas você fodendo parece uma
diaba, além de ter a luxúria no seu olhar. Rebola mais no meu pau e
mostra que você é só minha!
Nossos corpos batendo um contra o outro e nossos gemidos
eram o único som dentro do nosso quarto. Nossas respirações cada
vez mais fortes indicavam que estávamos chegando juntos mais
uma vez e que nada, nem a "morte", seria capaz de nos separar um
do outro.
Um tempo depois, eu e Isabella descemos para a reunião
com Lorenzo, Giancarlo, minha cunhada, Cooper e sua esposa, que
inspirava as mulheres da máfia a se rebelarem, e Jordan, o novo
Capo da Colômbia, com aquela sua mulher que, para mim, era uma
sem-noção, a qual o tempo não consertava. Depois, eu reuniria os
aliados em uma videoconferência. Todos se surpreenderam, até
mesmo Isabella, quando entrei na sala de reuniões de mãos dadas
com ela.
— Senhores, primeiro, obrigado a cada um de vocês que
cuidou da Cosa Nostra nestes trinta dias em que estive fora — falei
enquanto caminhava até a minha cadeira sem soltar a mão de
Isabella. — Obrigado também ao trio de mafiosas que eu sei que
também ficou à frente da Cosa Nostra.
— Vocês trouxeram o cara certo do hospital? — a irritante da
Alice perguntou, porque, é claro, a sem-noção jamais manteria sua
boca fechada.
— Continuando... — eu disse e fuzilei Alice com meu olhar,
mas, com certeza, ela não se importou. — Sente-se — pedi para
Isabella se sentar na minha cadeira e quase tive que fazer isso à
força, já que ela continuava de pé, porque, até sem perceber, ela me
desafiava. — A partir de hoje, essa cadeira de Chefe da Cosa
Nostra será dividida por mim e Isabella.
Todos me olharam surpresos e o silêncio foi quebrado por
Isabella, que se levantou, dizendo que não queria nada daquilo.
— Eu não quero dividir essa cadeira com você, Dante — ela
disse e ganhou a atenção imediata de todos. — Ela pertence a
você, que é o nosso Capo. Nós formamos um conselho porque você
estava ausente, mas agora você voltou e vai conduzir a Cosa Nostra
como sempre fez, e muito bem por sinal. Nestes trinta dias, pude te
conhecer melhor e entender o peso que você carrega nas costas.
— Você não quer o comando da máfia junto a mim?
— Não, meu amor. Eu só quero ser sua esposa, sua
companheira, aquela com quem você pode dividir todos os seus
problemas. Sempre que você precisar, eu estarei ao seu lado, nos
momentos bons e nos difíceis também. Se eu tiver que lutar e matar
nossos inimigos pela Cosa Nostra, saiba que eu o farei, mas o que
eu quero, de verdade, é ser a sua mulher. Eu quero criar nosso filho
e ser feliz! Quero que você tenha tempo para a Cosa Nostra e para
a gente. Eu quero você, e não a sua cadeira.
Isabella era uma mulher surpreendente, e certamente todos
os dias com ela seriam como esse — uma caixinha de surpresas.
— Eu nasci e fui criada para ser uma esposa troféu. Quando
meu pai anunciou nosso noivado, odiei saber que me casaria com
você, que tinha sido o escolhido para mim. Quando voltei para casa
para nos casarmos, me senti sendo empurrada para o inferno e para
uma vida de prisioneira como esposa do Capo. Eu pensei que
morreria nas suas mãos, porque nunca aceitei a forma como nós,
mulheres, somos tratadas na máfia. Na verdade, ainda não aceito, e
sei que talvez nunca tenhamos um lugar de destaque nessa
sociedade. Só que o ódio que eu sentia deu lugar ao amor quando
te conheci melhor e vi que você não era o monstro que parecia ser.
Eu não quero ser Chefe, não quero o seu lugar, não quero o poder
absoluto da Cosa Nostra, e sim do seu coração.
— Isso você já tem, minha rainha! — exclamei e a beijei sem
me importar se parecia um marido bobo e apaixonado por sua
esposa. — E você, Nina? Vai trabalhar com a gente?
— Quando vocês precisarem, claro que sim! Eu também
sempre estarei pronta para a Cosa Nostra, como nestes trinta dias
em que larguei tudo.
— Pelo que entendi, vai ficar tudo como antes, então,
comigo, Lorenzo e Giancarlo, é isso?
— Não, meu amor, porque agora você sabe que, quando
precisar, eu e Nina não seremos dois enfeites dentro dessa
Fortaleza — Isabella falou, e puxei uma cadeira para que ela se
sentasse ao meu lado.
Foi estranho sentar de novo naquela cadeira depois de tanto
tempo e com tantas coisas diferentes se passando pela minha
cabeça.
Lorenzo ligou a videoconferência, e os aliados estavam em
choque por me verem novamente no lugar que sempre me
pertenceu como Chefe da Máfia Mãe. Depois de todas as
saudações e de uma infinidade de bajulações, pedi silêncio para
falar, porque não tinha paciência para tantos puxa-sacos ao mesmo
tempo, começando pelo meu sogro, que minha esposa disse que
não a procurou uma vez sequer para oferecer ajuda; ao contrário, foi
o primeiro a se levantar contra ela.
— Senhores, passamos por trinta dias de turbulência, mas
agora tudo começa a voltar ao normal. Vou me reunir com meus
irmãos e tomar conhecimento de tudo que foi feito enquanto estive
fora, e seguiremos firme no combate aos nossos inimigos. Quero
que nossos domínios sejam fortalecidos e, antes de isso tudo
acontecer, estava em negociação com o novo Capo di tutti capi da
Corsa, que quer se aliar à Cosa Nostra. Lorenzo me informou ontem
que nossa aliança com a Corsa só dependia da minha aprovação,
coisa que fiz hoje antes dessa reunião começar.
Todos me olharam surpresos, mas eu era Dante Cosa Nostra
e não tinha tempo a perder, além daqueles em que fiquei fora.
Nesse dia, o novo Capo da Corsa, Marcel Sarti, e eu selamos
o noivado de meu irmão Giancarlo Cosa Nostra com sua filha,
Louise Sarti. O casamento seria o símbolo da aliança entre a Nova
Corsa e a Cosa Nostra.
Giancarlo olhou furioso para mim e depois para Lorenzo, que
o olhava firmemente. É claro que ele não ousou dar uma palavra. Eu
sabia que, assim que pudesse, ele viria com tudo para cima da
gente, mas, no final, meu irmão se casaria porque eu era o Chefe e
decidia que seria assim.
— Por último, quero anunciar que meu herdeiro está a
caminho. Ainda não sabemos se é homem ou mulher, mas isso não
faz diferença, porque herdeiro ou herdeira, essa criança será o
futuro ou a futura Chefe da Máfia Cosa Nostra. Essa é a minha
decisão, e que ninguém ouse contestar ou vai direto para o inferno
pelas minhas mãos.
A reunião foi encerrada, e Giancarlo saiu da sala batendo a
porta com força e dizendo que não se casaria de jeito nenhum. Eu e
Lorenzo já esperávamos essa reação da parte dele e não nos
importamos.
Todos foram deixando a sala de reuniões, surpresos com o
anúncio que fiz sobre o futuro comando da Cosa Nostra.
— Dante — Isabella me chamou quando ficamos sozinhos
—, o que você falou sobre nosso filho ou filha aqui nesta sala agora
há pouco é verdade?
— Sim, amore mio, se essa criança — falei e toquei na sua
barriga — for menina, então nossa princesa será a Senhora da
Máfia Cosa Nostra e a primeira mulher a comandar a Máfia Mãe.
— Eu te amo tanto!
— Não quero que você pense que desejo um herdeiro e fique
torcendo para ser um filho homem, porque, seja como for, essa
criança herdará o lugar que você lutou para que fosse dela
enquanto eu estive fora. Eu te amo, minha rainha!
Epílogo
Dante Cosa Nostra

​— Dois anos depois daquele atentado contra a minha vida,


estando entre guerras e gozando de um período que podemos dizer
que foi razoavelmente de tréguas, vamos iniciar agora uma nova
fase de alianças — falei, reunido com meus irmãos, os Capos
Cooper e Jordan, meu sogro e outros aliados que vieram como
convidados para o aniversário de dois anos de Luna Cosa Nostra,
minha filha e futura Chefe da Cosa Nostra.
​— Este ano, teremos o casamento de meu irmão Giancarlo com
Louise Marcel e consolidaremos uma aliança que tem sido muito
positiva para a Cosa Nostra — Lorenzo disse, ganhando a atenção
de todos, que levantaram seus copos para brindar, enquanto
Giancarlo mantinha o seu olhar frio e distante. — Além disso,
teremos o casamento de Aleksey Mikhailov com Irya Kolov, que
fortalece a Bratva, porém, nos leva a uma troca de comando, porque
existe uma promessa de passagem de cargo do velho Aleksandr
Mikhailov para o filho após essa união.
​— Essa troca de comando significa novas alianças, pois o
filho, apesar de parecer um robô comandado pelo pai, pode mudar
quando assumir a chefia de tudo — Cooper afirmou. — Depois que
ele assumir, vamos conhecer a verdadeira face desse Alecksey, que
até hoje segue fielmente as ordens do pai — Sem contar que
quando a bomba estourar, nem sabemos se acontecerá um
casamento.
— Aquele velho maldito tentou matar Nina envenenada e não
conseguiu, depois mandou fazer uma chacina acabando com a
minha família enquanto tentou me mandar pelos ares, e acha que
iríamos deixar por isso mesmo, sem retaliações diretas a ele e seu
herdeiro.
— Falando nisso, como está o seu homem nessa ação? —
Lorenzo perguntou a Cooper.
— Tudo dentro do combinado. Aleksey já está desonrado! —
Cooper falou erguendo seu copo para brindarmos.
— Nossas mulheres acham que tudo se resolve explodindo
galpões, destruindo bases. Ele atentou contra a minha vida, e vai
pagar, de um jeito ou de outro.
— Esse assunto é nosso, e estamos resolvendo do nosso
jeito — Lorenzo falou e nós brindamos novamente — Vamos
aguardar com paciência o desfecho do nosso plano, que está
próximo, afinal, falta pouco para o casamento de Aleksey Mikhailov.
A reunião silenciosa da Cosa Nostra, que parecia correr
tranquilamente com os homens fumando seus charutos e bebendo
seus vários copos de whisky, foi invadida por risos, gritos e muita
correria da nova geração, que parecia não se importar com portas
fechadas.
​— Papá, voglio stare con te! (Papai, eu quero ficar com você!) —
minha princesa Luna falou assim que entrou correndo e se sentou
no meu colo. Junto a ela estavam meu sobrinho Enzo Cosa Nostra e
Pietro Cooper, que tinham, respectivamente, sete e seis anos.
​— Cosa sta succedendo? (O que está acontecendo?) — Lorenzo
perguntou para Enzo e Pietro.
— Lo voglio essere il mafioso, e Pietro non vuole essere la
polizia (Eu quero ser o mafioso, mas Pietro não quer ser a polícia).
— Porque eu também quero ser o mafioso — Pietro gritou, e
ele e Enzo começaram a discutir.
— Silenzio! (Silêncio!) — falei sério e alto, e os meninos me
olharam. — Siamo alleati e non combattiamo tra di noi. Siamo
"Famiglia”! (Nós somos aliados e não brigamos uns com os outros.
Somos “Família”!)
​Pietro e Enzo olharam um para o outro e depois para mim. Por fim,
os dois se calaram e decidiram brincar de outra coisa. Eles me
respeitavam porque sabiam que eu era o Chefe, só não respeitavam
as nossas reuniões, pelo visto, e eu não poderia culpá-los, já que
tinham suas infâncias preservadas da iniciação à máfia.
​ Achei vocês! Me desculpem! Eu não consegui tomar conta

deles! — Anne Cooper falou, entrando na sala de reuniões. — Vem,
Luna, que você precisa colocar seu vestido de princesa para sua
festa.
​— Vai, mia principessa, che papà ti incontrerà alla festa (Vai,
minha princesa, que o papai vai te encontrar na festa) — eu disse, e
Luna me deu um beijo, correndo para os braços de Anne.
​Enzo e Pietro também deixaram a sala de reuniões e passaram
correndo, quase derrubando Anne, que tinha Luna em seus braços.
A filha de Cooper já era uma adolescente de quatorze anos, e isso
me fez ver como o tempo passava rápido e que, em um piscar de
olhos, minha Luna também cresceria e ocuparia a minha cadeira.
​Depois da reunião, fui para o jardim encontrar minha esposa,
que estava brava depois de mil mensagens que me enviou avisando
que era um dia de festa e não de reuniões.
​— Pensei que você tivesse esquecido que o motivo de todos
estarem aqui hoje era o aniversário da nossa filha — Isabella veio
falando assim que me viu.
​— Minha rainha, você sabe que na máfia tudo termina em
reuniões.
​— Eu sei disso, só que hoje é o dia da Luna.
​Minha esposa nunca me deixava ter a última palavra, porque
sempre tinha uma resposta para tudo. Já estávamos casados há
dois anos, e nosso relacionamento era perfeito: intenso na cama e
cheio de companheirismo na Cosa Nostra. Isabella era uma
excelente mãe, cuidadosa, carinhosa e superatenciosa.
​Já eu era um pai presente para minha Luna e babão, como
Isabella dizia o tempo todo. Eu tentava ser rígido, mas a minha
pequena parecia ter herdado a braveza da mãe e eu não aguentava
quando ela fazia biquinho e cruzava os bracinhos para mim,
mostrando que estava contrariada.
​Anne, Enzo, Pietro e Luna eram para os irmãos Cosa Nostra e a
Máfia Cooper a chance de um recomeço, em que disciplina e afeto
poderiam caminhar juntos.
Decidimos que Enzo e Pietro seriam iniciados na máfia
quando fossem adolescentes, por volta dos treze anos, e teriam
suas infâncias preservadas. Na verdade, essa decisão foi de Sarah
e Nina, que sabiam que os meninos passariam, querendo ou não,
por uma iniciação que os deixariam fortes e preparados para
enfrentar nossos inimigos, mas isso poderia acontecer depois dos
treze anos, e não desde o berço. Elas tinham razão, como sempre,
afinal, as duas, assim como Alice e Isabella, passaram por
treinamentos depois de adultas e, embora tivéssemos um pacto de
nunca admitir isso publicamente, elas eram tão fortes como nós, os
homens da máfia.
​Aquele ano seria importante para a Cosa Nostra, pois nosso
irmão mais novo se casaria. Giancarlo não queria, mas eu e
Lorenzo fomos firmes, e ele acabou aceitando. Eu não sabia como
seria esse casamento, porque, apesar de acharem que eu e
Lorenzo éramos ruins, nosso caçula conseguia vestir uma capa por
cima dos acontecimentos e viver no piloto automático. Ele disse que
não sonhava com finais felizes e que só se casaria para ter o tal
herdeiro ou herdeira, já que tínhamos Luna como futura Chefe, e
mais nada. Giancarlo não quis conhecer Louise nem ver fotos dela.
Aliás, disse que vê-la no noivado seria suficiente, já que estava se
casando para formar uma aliança e nada mais, afirmando que era o
que realmente importava para a Cosa Nostra. Por isso, nem
perdemos o nosso tempo insistindo no assunto.
​Entrei no meu quarto para tomar um banho, porque Isabella
disse que não permitiria que eu cantasse parabéns para Luna
fedendo a reunião de mafioso, ou seja, charuto e whisky, já que
aquele dia não era do Chefe, e sim da nossa filha. Liguei o chuveiro
e deixei a água cair, lavando toda a carga da Cosa Nostra e me
preparando para ser apenas o pai de uma linda menina que
aniversariava. Eu estava distraído, mas, mesmo assim, pude notar a
presença da minha mulher. O perfume da sua pele era único e
invadiu todo o box, misturando-se ao cheiro de sabonete e à fumaça
provocada pela água quente, que tomava conta de tudo.
​— Você não estava pronta, amore mio? — perguntei ainda de
costas, porque eu não precisava me virar para saber que Isabella
estava ali comigo.
​— Eu nunca estou pronta se você não estiver também, meu
amor — ela respondeu, abraçando-me e passando as mãos no meu
peito.
​ eu corpo estava colado ao meu, e eu podia sentir o bico dos
S
seus seios enrijecidos roçando as minhas costas. Um tesão enorme
tomou conta de mim. Me virei, e seus olhos eram de desejo. Eu
nunca negava prazer à minha mulher.
​— Jamais vou deixar de ficar louco por esses seus seios, que
foram feitos sob medida para mim — falei enquanto os apertava
com as minhas mãos e Isabella gemia, jogando sua cabeça para
trás. — Você gosta quando eu faço assim? — perguntei e comecei a
chupá-los com força enquanto mordia seus mamilos, e minha
mulher segurou forte nos meus braços para não cair por conta dos
espasmos no seu corpo, mostrando como reagia à minha boca
quando eu a chupava. Peguei Isabella no colo, encostei-a na parede
e encaixei meu pau na sua entrada, estocando de uma vez e
fazendo-a gemer alto.
​— É isso que falta para você ficar pronta para a festa, sua
safada? Meu pau te fodendo com força e te fazendo gozar feito
louca?
​— Você sabe que sim!
​— Desde o início, eu sabia que você seria a minha ruína! Você
me deixa doido, me querendo todos os segundos do dia!
— Eu não vivo sem você, Dante Cosa Nostra! Agora, por
favor!
— Por favor, o quê?
— Cala a boca e me fode!
Minha mulher aprendeu comigo a ser desbocada, e eu amava
isso nela. Isabella nunca se fez de difícil e sempre quis aprender
tudo de que eu gostava para me dar prazer. Logo, acabei, sem
querer, fazendo o mesmo que ela, procurando descobrir tudo que a
deixasse com tesão e saciada, mas ela nunca estava satisfeita e
sempre queria mais de mim. Eu, na verdade, queria ser tudo de que
minha mulher precisasse na cama e fora dela.
​Assim que os parabéns começaram, fui me juntar à minha
esposa e à minha filha, que estava cada dia mais linda! Luna tinha
um grande peso para carregar no futuro quando estivesse à frente
da Cosa Nostra. Mas, por enquanto, ela era só a nossa garotinha
fofa, que invadia o nosso quarto no meio da noite para dizer que
queria dormir com a gente e se instalava no meio da cama sem
cerimônia. Luna era uma menina alegre e feliz, que não tinha ideia
do que se passava dentro da nossa Fortaleza, a qual seria seu
castelo quando ela se tornasse no futuro a Rainha da Cosa Nostra.
Essa história está longe de terminar.
Vejo vocês no quarto livro da série SWEET
RISK
E para vocês sentirem um pouco do gostinho
do que vem por aí, a seguir tem 02 capítulos de
degustação do livro do Aleksey e da Irya
Lançamento
04 de maio de 2023
Capítulo 01
Narrado por Irya

Chicago foi a cidade que eu escolhi para recomeçar a minha vida.


Uma metrópole agitada que passou a ser o meu novo lar. Meu nome
é Irya Koslova e cheguei há quatro anos, logo depois do meu
aniversário de dezoito anos. Um tempo depois, já ambientada a
minha nova vida, iniciei uma carreira de designer de interiores.
Eu amava transformar espaços desorganizados e sem vida
em ambientes claros, com luzes e mega sofisticados. Trabalhava
para uma empresa que tinha uma enorme lista de clientes
superexigentes e fiz alguns cursos de especialização. Eu tinha um
dom e aprendia novos conteúdos rapidamente, com isso os meus
projetos eram sempre escolhidos pelos clientes, e assim fui
organizando a minha vida e me tornando independente.
Quando eu cheguei aqui vindo da Rússia, procurei um
advogado que me ajudou a conseguir um asilo político dizendo que
não queria voltar para o meu país onde não tinha liberdade para
nada e com isso pude trabalhar e estudar legalmente na América
que me recebeu de braços abertos. No início eu morava em uma
república para estudantes e logo depois passei a dividir um
apartamento com Hanna que se tornou uma irmã para mim.
Consegui progredir rápido graças ao meu talento, eu me orgulhava
de estar completando vinte e dois anos com tantas coisas que
conquistei em pouco tempo.
— Feliz aniversário princesinha russa — Hanna me acordou
cantando parabéns, com um bolo cheio de velas na mão e muitos
balões coloridos.
— Obrigada — Eu falei soprando todas as velas que ela
colocou, e que com certeza eram muito mais do que vinte e duas, e
quase não dei conta de apagar tudo.
​Me lembrei dos meus aniversários na minha casa onde só minha
mãe e minhas irmãs vinham me abraçar. Meu pai só fazia contas de
quantos anos faltavam para que eu pudesse me casar. Afastei
esses pensamentos da minha cabeça e atendi meu celular que não
parava de tocar.
​— Baby, feliz aniversário — Ian falou assim que eu atendi —
Hoje vamos comemorar essa data em Vegas, já comprei as
passagens e nem adianta dizer que não porque eu sei que você
pode trabalhar lá mesmo se precisar, mas já aviso que você não
terá tempo para isso.
​Eu namoro Ian há dois anos, desde que nos conhecemos em um
parque onde eu ia sempre caminhar. No início nosso assunto se
resumia ao meu trabalho como designer e o dele como fotógrafo, e
aos poucos fomos nos aproximando, e tenho que admitir que meu
namorado foi muito paciente e determinado em me conquistar,
porque eu sou muito fechada, além disso tinha motivos para ter
medo de ter um relacionamento.
​Hanna no início gostava muito dele e do seu jeito fofo de me
enviar flores, bichos de pelúcia, chocolate, e outros presentes na
sua tentativa de me conquistar. Hoje em dia, ela acha que ele é
perfeito demais, compreensivo demais e que segundo ela parece
estar sempre me vigiando.
​Organizei minha pequena mala e fui me encontrar com Ian para
comemorar meu aniversário.
​— Se voltar milionária de Vegas, não se esqueça de mim —
Hanna gritou da porta enquanto eu descia as escadas do prédio
atrasada.
​Se ela soubesse que deixei milhões quando abandonei tudo na
Rússia. Eu nem sei quantos cassinos e hotéis meu pai tem pelo
mundo. Cresci escutando-o falar disso em inúmeras reuniões na
minha casa.
​Sorri quando vi meu namorado e mais uma vez no dia de hoje
empurrei para longe as lembranças da minha vida na Rússia. Esse
aniversário em especial eu sempre quis esquecer, mas aqui longe
de tudo não será tão ruim fazer vinte e dois anos.
​— Pronta baby? — Ian perguntou sorrindo pra mim.
​ Sim, vamos comemorar meu aniversário em Vegas que hoje

eu quero comemorar muito essa data que significa minha liberdade.
​Ian não entendeu o que eu queria dizer com isso e fiquei feliz
porque ele estava empolgado com a viagem e não me fez
perguntas. Ele era super atencioso comigo e eu adorava dividir a
minha vida com ele. Eu não sei se ele é o grande amor da minha
vida, mas eu sei que nos damos super bem em tudo.
​No quarto do hotel fiquei olhando para Ian e pensando como ele era
bonito. Ele era alto, loiro, olhos claros e tinha um corpo que exigia
horas de musculação diária.
​— Me admirando, Irya? — Ele falou rindo vendo que eu o
observava.
​— Sempre! — Eu respondi rindo e ele me puxou para o seu colo
me dando um beijo. Eu queria me soltar, ser uma mulher daquelas
que querem sexo o tempo todo com o namorado, mas a verdade é
que eu achava o meu namorado lindo, mas ainda me retraia quando
ele tinha gestos normais para um casal como esse de me pegar no
colo.
Um tempo depois ele disse que devíamos sair da cama e dar
uma volta por Vegas, afinal era meu aniversário e ele queria me
levar para jogar nos cassinos.
— Vamos que você vai amar apostar e quem sabe ganhar
muito dinheiro.
— Quem sabe! — Eu falei tentando parecer animada.
Coloquei um vestido vermelho colado no corpo, deixei meus
cabelos soltos e fiz uma make simples que finalizei com um batom
nude. Ian colocou um jeans escuro com uma camisa preta e por um
minuto me lembrei da minha família vendo-o todo de preto.
Chegamos no cassino e Ian parecia criança querendo jogar
em todas as máquinas e nas mesas onde tinham as roletas e as
pessoas normalmente perdiam todo o seu dinheiro. Fomos em três
cassinos diferentes e em todos eles o meu namorado se mostrou
deslumbrado.
— Baby você não está se divertindo?
— Sim! — Falei com um sorriso falso no rosto. Não gostava
de cassinos porque me lembravam da minha verdadeira origem.
— Vem, vamos comprar fichas que chegou a hora de
ficarmos milionários.
Paramos em uma das mesas onde os homens estavam
concentrados para saber em qual número a bolinha iria parar e ver
se tinham ficado ricos ou perdido tudo. Ian me fez escolher um
número e uma cor para apostar e quando a roleta girou senti meu
celular vibrando dentro da minha bolsa.
— Я надеюсь, что блудная дочь с радостью отмечает свой
двадцать второй день рождения, и что она рада узнать, что ее
место займет младшая сестра. С Днем рожденья! (Espero que a
filha pródiga esteja feliz comemorando seus vinte e dois anos, e que
fique mais feliz ainda em saber que sua irmã mais nova vai assumir
o seu lugar. Feliz Aniversário!)
Meu coração disparou quando eu li aquela mensagem. Minha
irmã só tinha dezesseis anos, era minha bonequinha linda que eu
amava muito e meu pai não poderia estar falando sério quando
disse que ela assumiria o meu lugar. Precisava ligar para minha
mãe e saber o que estava acontecendo. Comecei a me sentir mal e
Ian estava desolado por ter perdido no jogo.
Voltamos para o hotel e fiquei com pena dele, que preparou
aquela surpresa de aniversário pra mim e decidi não pensar naquela
mensagem até o dia seguinte. Tentei parecer o mais normal possível
para que o meu namorado não percebesse que havia algo errado e
fiz a única coisa que podia me fazer esquecer de tudo: tomei um
porre.
No dia seguinte de manhã acordei com uma tremenda
ressaca e Ian queria que a gente ficasse mais um dia em Vegas,
mas eu falei que o combinado era uma noite e que eu tinha uma
reunião aquela tarde. Assim que cheguei em casa entrei correndo e
me tranquei no meu quarto para ligar para minha mãe.
— Irya, feliz aniversário atrasado. Desculpa eu não ter te
ligado ontem, foi um dia muito difícil.
— O que aconteceu?
— Seu pai decidiu que não poderia faltar com a palavra com
o Chefe da Bratva. Como Mischa está prometida para um subchefe
de confiança do seu pai, sua irmã Katherine vai ter que se casar no
seu lugar.
Meu mundo estava desabando.
— Isso não vai acontecer com Katherine — Eu falei nervosa
— Ela não vai se casar com dezesseis anos.
— Ela não tem escolha Irya e eu não tenho voz nesta casa —
Ela falou chorando.
— Você não tem escolha, mas eu tenho.
Entrei no site da companhia aérea e comprei uma passagem
para a Rússia, e naquele momento me lembrei da primeira frase que
aprendi na minha vida: Quem nasce na máfia, morre na máfia.
Capítulo 02
Narrado por Aleksey

Rússia há vinte e dois anos atrás


FLASHBACK

Os Mikhailov eram uma família poderosa da Rússia, com inúmeros


negócios, entre eles uma empresa de importação e outra que
fabricava destilados, uma rede de hotéis, cassinos, boates e tudo
mais que pudesse servir como laranja para sua principal fonte de
renda, a Máfia. Aleksandr Mikhailov era o patriarca da família e
Chefe da Bratva, a Máfia Russa. Seu herdeiro, Aleksey Mikhailov,
tinha seis anos e estava sendo treinado desde que nasceu para
herdar seus negócios.
Temido por todos que o conheciam, pesadelo dos seus
inimigos, Mikhailov não pensava duas vezes quando o assunto era
poder e dinheiro. Por isso estava recebendo em sua casa naquele
dia o seu aliado Andrei Koslov, que estava prosperando cada vez
mais em seus negócios e era dono de uma das maiores redes de
hotéis do mundo, além de inúmeros cassinos. O motivo do encontro
era formar uma aliança que rendesse mais dinheiro para a família
Mikhailov e prestígio para Koslov. Os dois homens em comum
acordo firmaram o compromisso de casamento entre seus filhos,
Aleksey Mikhailov de seis anos e a recém-nascida, Irya Koslova,
quando eles tivessem respectivamente vinte oito e vinte e dois
anos.
— Aos vinte e oito anos, Aleksey vai estar pronto para ser o
novo Chefe e então precisará se casar. Temos um acordo?
— Sim, temos um acordo!
Com um aperto de mãos entre o Chefe Aleksandr Mikhailov e
seu aliado Andrei Koslov, Aleksey e Irya ficaram oficialmente noivos.

◆◆◆

— Eu posso saber onde você estava? — Meu pai me


perguntou quando eu estava chegando em casa enquanto ele
tomava café da manhã.
— Por aí com Nikolay pelas orgias da vida — Eu respondi —
Só que tudo que o senhor me pediu foi feito e o repasse de dinheiro
para as novas cargas foram realizados com sucesso.
— A partir de hoje você se preocupe não só com as suas
orgias, mas em foder com a sua esposa e me dar um neto. Chegou
a hora de você se casar!
— Como assim? Eu não quero me casar.
— Você está noivo há vinte e dois anos e fala do casamento
como se fosse uma novidade. Por acaso eu te peço alguma coisa?
Minhas ordens são para ser obedecidas ou será que você sente
saudades do seu treinamento?
— Eu suponho que esse casamento signifique a minha posse
como Chefe da Bratva?
— Você é meu herdeiro e foi treinado para me substituir. Faça
sempre o que eu mando sem discutir porque não posso ter um
imprestável assumindo o meu lugar.
— Eu sempre fiz tudo como o senhor mandou meu pai, nunca
o desobedeci.
— Já sim, mas a estadia nas nossas celas de tortura tão
prazerosas te ensinou a não ser um frouxo e sim um homem. Em
uma semana teremos o jantar na casa de Koslov e tudo e tudo que
você tem que fazer é pedir a filha dele em casamento e colocar esse
anel no dedo dela — Meu pai me entregou uma caixinha de veludo
— Dentro de quinze dias você vai estar casado, e trate de me dar
um neto. Esse casamento só serve para que a Bratva tenha seu
herdeiro e que ele seja o mais poderoso de todos, afinal herdará
tudo dos Koslov também.
— Sim senhor!
— Sua noiva Irya está estudando fora, não sei para quê, já
que depois de casada só vai servir para ser fodida e te dar um
herdeiro. Koslov disse que se quiser você pode se casar com
Katherine, a filha mais nova. Talvez seja melhor porque mulheres
que estudam fora costumam vir cheia de ideais.
— Não quero me casar com uma adolescente que deve ser
uma chata.
— Então trate de disciplinar sua esposa. Mostre a ela qual o
papel dela nesse casamento e não esqueça que até ela engravidar
deve dividir o quarto com você.
— Sim senhor! — Era tudo que eu podia responder já que era
obrigado a concordar com tudo que ele falava. Sempre foi assim
desde que eu nasci. Meu pai ordena e eu executo.
O casamento era tudo que eu não queria para a minha vida.
Não gosto de dividir meu espaço com ninguém. Quando chego no
meu quarto gosto de ficar sozinho com meus fantasmas, por isso eu
iria engravidar minha esposa o mais rápido possível e me livrar dela.
​Eu precisava tomar um banho e voltar para o armazém para
fiscalizar a distribuição de uma carga. Não podia falhar porque tudo
que eu mais queria era assumir o comando da máfia vermelha. Tive
minha vida roubada com esse objetivo e queria esse cargo. Eu
queria o poder total nas minhas mãos, mas para que meu pai me
entregasse o cargo eu teria que ser submisso a todas as suas
vontades. Ele era a lei e eu o respeitava cegamente. Fui criado e
condicionado para obedecê-lo mesmo contra a minha vontade.
​Esse casamento era mais uma prova que passaria para chegar
ao comando e essa maldita noiva não ia atrapalhar tudo que
planejei. Essa mulher me daria meu herdeiro e meu pai me
concederia o poder absoluto da Bratva. O poder movia a minha vida
e era o propósito do meu casamento. Eu quero e vou ser o Chefe da
Máfia Vermelha.
​Cheguei no armazém e já fui notificado que tínhamos um traidor.
Minha satisfação foi enorme ao saber disso, já que estava furioso
com o tom seco com que meu pai me comunicou que eu iria me
casar sem se importar com a minha opinião. Eu não via nenhuma
necessidade de me casar, mas meu pai foi claro que não era algo
que dependia da minha vontade. Entrei no meu carro e segui para o
local onde o traidor estava me esperando.
​— Apollonni que decepção! Eu esperava mais de você. Foi falar
das nossas operações com a polícia e com quem mais?
​— Me perdoa senhor! — O covarde falou tremendo enquanto eu
passava a faca cortando o seu rosto de cima para baixo.
— Eu quero todos os nomes? Falou com nossos amiguinhos
da Cosa Nostra também?
— Não senhor, os italianos são vermes.
Dei uma gargalhada e comecei a passar a faca cortando o
seu braço direito.
— Você também é um verme, e se quiser meu perdão vai ter
que me falar todos os nomes das pessoas que você entregou nosso
esquema.
Ele foi falando os nomes um por um enquanto finquei a faca
na sua coxa e apertei vendo-o se contorcer de dor e gritar por
perdão. Quando acabou de me entregar todos que sabiam da máfia,
graças a ele mandei que meus homens resolvessem esse assunto.
— Peguem esses nomes, localizem todos eles e eliminem um
por um.
Meu homens saíram para cumprir essa missão e eu me
levantei para ir embora quando Apollonio clamou para ser solto.
— Eu fiz o que o senhor pediu, dei todos os nomes, vou
receber o seu perdão?
— Sim! — O homem sorriu olhando pra mim — Está
perdoado, descanse em paz no Inferno! — Eu falei e atirei na sua
testa.
Não existe perdão para quem revela os segredos da nossa
Instituição.
Se você chegou até aqui é porque gostou do livro, e eu fico muito
contente por ter dividido esta história com você!
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