Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ISBN 978-65-00-38278-5
1. Cartéis 2. Erotismo na literatura 3. Ficção brasileira 4. Máfia I.
Título II. Série.
1. Ficção: Literatura brasileira B869.3
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
Apesar de ter sido criada nos moldes da máfia, essa jamais seria a
vida que eu escolheria para mim. Fui orientada desde cedo para ser
uma esposa troféu e achava isso tudo muito injusto.
Aos quatorze anos, fui enviada para um colégio interno e só
ia para casa nas férias. Quando saía, era para comparecer a algum
evento da máfia e sempre estava cercada de seguranças.
Em um desses eventos, quase fui morta, mas Nina Cosa
Nostra me salvou. Sinceramente, antes ela tivesse me deixado
morrer!
Uma semana depois daquele casamento, voltei para o
colégio interno, onde moraria até completar meus estudos, que, na
verdade, não me serviriam de nada, uma vez que meu pai anunciou
que tinha firmado um compromisso de noivado para mim e que eu
me casaria com Dante Cosa Nostra.
Aquele homem dava medo só de olhar e não falava com
ninguém, a não ser para dar ordens ou mandar matar. Meu pai disse
que era uma honra me entregar para ele e que eu seria a mulher
mais importante da máfia.
Apesar de ter o título de esposa do Capo di tutti capi,
importância eu não teria nenhuma. Eu viveria debaixo das ordens de
um marido tirano.
Seis anos depois, eu estava na frente da minha casa, com
minhas malas na mão e pronta para cumprir o meu destino.
Só de pensar nesse casamento arranjado e no fim do meu
sonho de ser médica, várias lágrimas deslizam pelo meu rosto e
uma dor profunda esmaga meu coração.
Sem escolha, obriguei-me a caminhar para o interior da
minha casa, algo dentro de mim dizia que minha vida tinha acabado.
De acordo com as leis da máfia, eu pertenceria ao meu marido e
não sabia se teria permissão para visitar minha mãe.
Desde criança, fui treinada para ser a filha e a esposa
perfeita. Eu seria uma espécie de fantoche nas mãos do meu
marido, que me exibiria em forma de troféu.
Regra número 01: qualquer ordem do seu marido não deve
ser questionada se você quiser continuar viva.
A máfia era uma sociedade machista, secreta e silenciosa.
Tudo que acontecia dentro dela morria, literalmente, dentro dela.
Porém, ser criada longe me fez conhecer outras culturas. Por isso,
não tinha como concordar com a forma humilhante com que as
mulheres eram tratadas na organização em que nasci. Logo, com
certeza, eu morreria, uma vez que não tinha como escapar, afinal,
quando queriam, encontravam quem eles quisessem em qualquer
lugar do mundo.
Essa, sim, era uma sociedade sombria e criminosa, na qual
se matava por poder e riqueza.
E o papel da mulher na máfia? Além de estátua e fantoche,
era ser procriadora e dona de casa. Também precisava ser perfeita
e submissa, e sua reputação até o casamento deveria ser
impecável.
O que aconteceria se a mulher falhasse? Seu destino eram
os prostíbulos da “Família”.
Estas lições eram aprendidas desde o berço, ou seja, desde
quando nascia alguma mulher na máfia: mantenha-se virgem ou
servirá de fonte de renda nos clubes como prostituta.
Em outras palavras, porém de forma bem clara: seja
submissa, idiota, muda e você sobreviverá.
Eu não vivia assim no colégio interno, pois não sabia seguir
regras. Por isso, tinha muito medo do que me aguardava nesse
casamento.
Quando entrei em casa, tudo estava igual e silencioso como
sempre.
Minha mãe, quando me viu, correu para me abraçar, e é claro
que ela não sabia da minha chegada, visto que os homens não
costumavam dar satisfação às suas mulheres.
Meu sonho de ser médica estava destruído, pois eu seria
uma pessoa sem voz como a minha mãe.
— Isabella, minha filha, que bom que você chegou!
Finalmente você vai se casar e eu vou ser sogro do Capo dos
capos. Seu noivo não quer que você fique andando pelas ruas.
Portanto, vá para o seu quarto, que amanhã ele vai mandar os
seguranças dele acompanharem você e a sua mãe na escolha do
vestido de noiva.
— O Capo enviou um presente de boas-vindas, que eu deixei
na sua cama — minha mãe falou sorrindo, e eu subi desanimada
para o meu quarto.
Na minha cama, tinha uma caixa de veludo com um lindo
anel de brilhantes e um bilhete.
Eu pensava que seis anos custariam muito para passar, mas, meu
casamento estava batendo à minha porta. Só aceitei esse acordo
com o Capo Marino porque me fortaleceria mais dentro da Máfia
Cooper. Além disso, minha futura esposa era neta do Capo da
Alemanha e sempre se estreitavam as alianças com essas uniões.
O casamento de Lorenzo tinha dado tanto trabalho nos
últimos cinco anos que não me deixaram perceber que o dia do meu
estava se aproximando. Na verdade, isso me deixou mais
desanimado ainda com a ideia do matrimônio. Apesar de Nina ter
sido um grande problema para a minha família, no final, ela nos deu
uma grande alegria: o primeiro herdeiro dos irmãos Cosa Nostra. Eu
nem queria mais me casar; por mim, meu sobrinho Enzo assumiria
meu lugar no futuro e eu poderia viver livremente, como sempre
quis.
— Chegou o ano de Dante ser exclusividade de uma mulher!
— Giancarlo chegou gritando e rindo, estragando o meu dia.
— Não seja idiota! Eu vou me casar, não morrer para o
mundo! — exclamei, virando meu copo de whisky. — Melhor
dizendo, não morrerei para as mulheres que me dão tanto prazer!
— Nem casou e já está pensando nas outras?
— Chegou nosso irmão fiel à esposa, Lorenzo Trouxa Cosa
Nostra — falei e ergui meu copo, para que Giancarlo colocasse mais
whisky e brindamos ao nosso irmão de uma mulher só.
— Eu sou fiel à minha esposa porque ela me satisfaz e não
preciso de ninguém além dela. Sinto muito se os Irmãos Espertos
Cosa Nostra precisam ficar pelos prostíbulos da Família procurando
prazer de cama em cama.
— Sorte sua, meu irmão, porque eu vou me casar com uma
virgem que não sabe nada de nada, que ainda vou ter que ensinar
tudo. Não tenho paciência para isso.
— Ainda bem que, ao contrário de vocês dois, eu posso
continuar me divertindo — Giancarlo disse, espreguiçando-se na
cadeira.
Nosso irmão caçula pensava que ainda era criança e que eu
e Lorenzo éramos os únicos que teríamos que ser sérios para levar
o nome Cosa Nostra a ferro e fogo.
— Falando em você, Giancarlo — Lorenzo pronunciou
seriamente —, já estamos procurando uma esposa para você.
— Como assim? Eu não quero me casar! — Giancarlo
afirmou. — E não se preocupem que, quando eu quiser, eu mesmo
procuro uma esposa.
— Engano seu, meu irmão — falei, olhando para ele. — Eu
escolho e decido com quem você vai se casar.
O clima ficou tenso, já que nosso irmãozinho era o único
mimado dos três. Ele também sofreu nas mãos do nosso pai, mas
eu e Lorenzo fizemos de tudo para que ele não se sentisse sozinho
como a gente. O resultado foi um desastre. Giancarlo era perfeito à
frente dos nossos homens em todas as ações da Cosa Nostra, mas,
em casa, só reclamava, gastava dinheiro à toa e achava que
poderia fazer sempre o que tivesse vontade, sem se importar com
mais nada.
— Agora vamos falar dos problemas da máfia e deixar de
lado nossos casamentos — Giancarlo sugeriu. — Você vai mesmo
atacar a base colombiana?
— Claro que sim! Quero todo aquele território nas nossas
mãos e vou pessoalmente acabar com eles e tomar posse de tudo!
— respondi, e meu pensamento foi para bem longe de tudo aquilo.
Isabella Marino era o meu maior problema.
Quando acertei os detalhes para o bem da Cosa Nostra, só
me lembrei do meu pai dizendo que nossa vida era a máfia. Eu me
casaria para obter mais respeito, como se o casamento me tornasse
um homem mais sério.
De cabeça quente ou de cabeça fria, sempre achava que
aquilo seria a pior coisa para mim. Com calma, pesquisei sobre a
minha futura esposa e descobri que era uma sem-sal. Sempre
aparecia comedida nas fotos, com roupas comportadas e amigas
meio loucas, sobre as quais pesquisei também. No entanto, Isabella
nunca saía para nada. Passou a vida dentro de um colégio interno e
em um pensionato para moças durante a faculdade. Estudou serviço
social, embora sonhasse em ser médica. Honestamente, nunca
permitiria que minha mulher ficasse em plantões intermináveis
dentro de um hospital.
O Instagram dela era cansativo, como Isabella deveria ser
também. Ela era bonita, e nada mais. Era muito magra e não tinha
curvas até a última vez que vi suas fotos, quatro anos atrás. Na
verdade, de lá para cá, nem me importei em saber se estava viva.
Infelizmente, não pude fugir desse compromisso. Lorenzo já
estava casado há seis anos e tinha um herdeiro. Eu precisava ter
um filho também e depois seria a vez de Giancarlo. Nosso legado
necessitava desses herdeiros para darem continuidade à Cosa
Nostra.
Assim que a nossa reunião acabou, eu me dei conta de que
invadiria a base colombiana sem ter escutado nenhuma estratégia
traçada por Giancarlo. Esse casamento estava me deixando sem
cabeça para nada. Não conseguia imaginar uma mulher todos os
dias ao meu lado, falando na minha cabeça. Minha mãe, antes, só
aparecia na hora do jantar, mas, depois da chegada do Enzo,
praticamente se mudou para a casa de Lorenzo. Todo amor que ela
nunca nos deu foi direcionado para o neto.
Minutos depois, subi para o meu quarto e resolvi dar uma
olhada no Instagram para ver como estava a tal Isabella. Na hora
em que eu ia abrir o aplicativo, escutei a voz do meu sobrinho me
chamando, ele era prioridade na nossa família. Nina disse que ele
ficou mimado demais depois que passou a morar conosco. Tudo
que nunca fizemos na vida fazíamos com ele. Enzo era um menino
alegre e superinteligente. Ele seguia à risca o tratamento depois do
transplante e era muito saudável.
À noite, embarcamos para a Colômbia, onde ficaríamos por
mais ou menos um mês. De lá, seguiríamos para encontrar Nina em
Nova Orleans, para o meu jantar de noivado. Minha mãe não
participaria, pois ficaria com Enzo.
Já estávamos no jatinho quando Giancarlo começou a
repassar as estratégias. Eu nem sabia que Cooper participaria da
ação e, de quebra, levaria meu futuro sogro. Sabendo disso, pensei
em estratégias para despachar Marino rapidamente de volta para
casa.
Aquela base era muito importante e só aumentaria o poder e
o domínio da Cosa Nostra. Eu seria cada vez mais o Capo dos
capos, o primeiro a dominar um território tão imenso e a ter um
número grande de famílias sob o meu controle e comando.
Capítulo 08
Dante Cosa Nostra
roga! Eu estava pedindo por favor para o meu noivo que nem
D
lembrava que eu existia!
Dante: Me liga!
Dante: Onde você está?
Fazia uma semana que meus amigos tinham ido embora, e eu não
tinha vontade de sair de casa. Passava o dia no meu quarto para
evitar encontrar o meu pai. Minha mãe sempre vinha me chamar
para as refeições, mas eu dizia que não estava com fome e ela
acabava me trazendo alguma coisa para eu comer no quarto.
Eu conversava com Dante várias vezes durante o dia e,
quando não falava com ele à noite, tentava não ficar colocando
ideias na cabeça. Aos poucos, estávamos nos conhecendo, e ele já
não me parecia o monstro de antes. Não acreditava em contos de
fada, mas, quem sabe, eu pudesse tentar construir algo com ele que
não fosse um casamento frio e sem sentimentos.
Não tinha ilusão de que Dante fosse mudar de um dia para
outro, ou que fosse ser o mais perfeito dos maridos, mas ele estava
me dando atenção, e eu me sentia protegida com ele na minha vida.
Meu celular vibrou com a notificação de uma mensagem de
Dante, e acabo saindo do meu devaneio.
FLASHBACK
◆◆◆
Isabella: Oi! Você não falou comigo hoje. Está muito ocupado?
Isabella: Dante, onde você está?
Isabella: Vou dormir, porque não quero imaginar por que você
não me atende.
Isabella: Só para você saber, eu não dormi e não consigo não
pensar que você está com outra.
Isabella: Quer saber de uma coisa? Você que se dane!
Isabella: Dante, que ódio de você!
inha nossa! Isabella passou a noite me escrevendo! Odiava
M
que me cobrassem as coisas, e era bom ela ficar ciente disto. Eu
não era obrigado a lhe dar satisfações sobre o que eu fazia.
Peguei meu celular e liguei para ela. Não me importava se
Isabella estaria dormindo ou não. Ela nunca mais me mandaria
mensagens assim e escutaria que eu me deitava com quem eu
quisesse.
— Oi, Dante, o que você quer? Você me acordou para me dizer
que sofreu uma emboscada e está à beira da morte? Porque, se for
menos que um tiro que te impediu de me responder, eu vou voltar a
dormir.
— Quase isso! Estou vivo porque meus soldados são muito
bons. Tentaram invadir uma de nossas bases e passei a noite no
meio de uma troca de tiros, por isso não te liguei.
— Qual a base?
— Isabella, você deveria perguntar como eu estou, e não qual
base.
Ela ficou em silêncio e depois voltou a conversar comigo antes
de dormir de novo, ainda desconfiada de que eu estivesse
mentindo. Eu, Dante Cosa Nostra, menti para minha noiva em vez
de mostrar que eu mandava e poderia fazer o que eu quisesse.
Fui para casa e não consegui dormir, porque fiquei pensando em
Isabella. Logo, decidi que a traria para a Cosa Nostra, porém,
precisava dar um basta na vida que eu tinha de solteiro antes.
— Lorenzo — falei assim que meu irmão atendeu ao celular. —
Eu sei que você vai dizer que sou desorganizado, mas você pode
me ajudar a cancelar os cartões que dei para as mulheres que eram
da minha preferência?
— Eram? Não são mais?
— Não. Não sinto mais prazer com nenhuma delas. Talvez eu
arrume alguma nova, dessas eu cansei.
— Tudo bem! Vou cancelar todos para você! Tem certeza de que
você já não arrumou alguém?
— Vai para o inferno!
— Vou cancelar e mais tarde passo aí! Você quer que eu mande
providenciar um cartão para Isabella?
Você está chamando a minha noiva de puta? Acha que vou
—
dar um cartão igual ao das vadias para ela? Minha mulher vai ter um
cartão conjunto comigo.
— Eu já escutei isso antes em algum lugar, Dante — Lorenzo
falou. — Ah, lembrei, foi na minha lua de mel, quando vocês
compararam o cartão das prostitutas de vocês com o que dei para
minha esposa. Você disse que eu estava como mesmo?
Apaixonado!
Desliguei o telefone na cara do meu irmão. Eu não estava
apaixonado por ninguém. Só não queria confusão para minha vida.
Por esse motivo, era melhor dar um tempo de ter outras mulheres
porque Isabella falava demais e eu não teria paz. Era só isso!
Capítulo 21
Dante Cosa Nostra
FLASHBACK
A grande data chegou! Acordei para o meu dia de noiva, que seria
em grande estilo, como tudo na Cosa Nostra, que abusava da
ostentação. Transformaram o meu quarto em um verdadeiro salão
de beleza, e só a massagem corporal, que foi a primeira etapa, já
me fez dormir.
Bateram à porta, e minha mãe foi ver quem era, voltando com
um enorme buquê de rosas-vermelhas.
— Presente para a noiva! — ela falou, entregando-me o
cartão que me fez sorrir quando li e minha mãe quase desmaiar com
medo do meu futuro.
Dante: Acordada?
Isabella: Pensei que você soubesse de tudo que se passa
nesta casa.
Dante: Eu não passo o dia te vigiando pelas câmeras, se é
isso que você pensa.
Isabella: Estou pensando em sair para dar uma volta, andar
pelo shopping.
Dante: Vou avisar aos seguranças que você pode sair e pedir
para te acompanharem.
FLASHBACK
◆◆◆
Nina, assim que me viu, veio me puxando para sentar à mesa
e comer alguma coisa.
— Eu não tenho fome — falei depois de ficar algum tempo
olhando para a xícara de chá na minha frente.
— Pouco tempo depois daquela festa de casamento em que
nos encontramos e que acabou em um massacre, descobri que
estava grávida e fui embora, como você sabe, porque já te contei a
minha história. Bella, mesmo no chão, eu me forçava a me
alimentar, porque, dentro de mim, tinha alguém que só dependia de
mim, independentemente do que acontecia no mundo louco aqui
fora.
— Vou tentar — eu disse, comendo um pedaço de bolo.
— Você vai conseguir, ou então eu me enganei e você não é
uma das meninas superpoderosas? — Sarah perguntou,
aproximando-se da mesa. — E falem mais baixo, porque acho que
os outros só devem saber disso na hora certa.
— Por quanto tempo eu dormi? Não sabia que vocês tinham
chegado — perguntei, levantando-me e abraçando Sarah e Alice,
que estava ao lado dela.
— Entre o tempo que você chorou, dormiu, chorou, dormiu de
novo, tomou banho, enfrentou seus fantasmas e saiu do quarto...
quase dezoito horas.
— Você precisava disso e agora deve se alimentar. Depois,
nós quatro vamos conversar. Ryan, Jordan e Matthew estão com
Lorenzo e Giancarlo no escritório, em reunião, e logo vamos para lá
também, para saber o que está acontecendo e os próximos passos.
— Queria pedir uma coisa a vocês três — falei e respirei bem
fundo. — Preciso que me apoiem a assumir a Cosa Nostra até o
meu marido ser encontrado.
Capítulo 35
Isabella Cosa Nostra
FLASHBACK
◆◆◆
◆◆◆
Clube de Leitoras
Site Oficial
Série Sweet Risk