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Copyright © 2023. 一 Diana Novak 一 Todos os direitos reservados.

Esta é uma obra de ficção. Semelhanças como nomes, datas ou


acontecimentos reais é mera coincidência. É proibido armazenamento e/ou
reprodução total, ou parcial desta obra através de quaisquer meios
existentes 一 tangíveis, ou intangíveis 一 sem a prévia autorização da
autora. A violação autoral é crime, direitos autorais assegurados, com base
na Lei 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do código penal.

Designer Capa: Designer Ttenório


Revisão : Zilanda Cardoso
Ilustrador: Carlos Miguel Ilustrações
Betagem: Pamela Furjala e Elisa Bianchi
Diagramação e Artes: Diana Novak e Elisa Bianchi
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA
NOTA DA AUTORA
PLAYLIST
GATILHOS
SINOPSE
SÉRIE SETE DESEJOS
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
CAPÍTULO 67
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA
Para todas as garotas que já tiveram um coração idiota que bateu
descompassado por um cafajeste!
NOTA DA AUTORA
Grávida do Bilionário Indecente é um romance age gap proibido
entre uma aspirante a perfumista que escolhe recomeçar a vida em Nova
York e um CEO bilionário arrogante que vive um casamento por contrato
há 10 anos. Encontrarão neste livro muitos sentimentos extremos e algumas
condutas inadequadas.
Um desejo secreto, uma paixão proibida e uma gravidez inesperada
mudará drasticamente a história de vida de ambos os personagens. Caso não
se identifique com o gênero do livro não recomendo a leitura, mas caso
deseje continuar encontrará sentimentos intensos, a descoberta do amor e
acompanhará o amadurecimento de Cassandra Werner e Leon Stanley em
detalhes. Uma história que irá retratar que todos podem recomeçar mesmo
se achando impossibilitados por escolhas do passado.

Aviso: Este livro é o volume 2 da Série Sete Desejos e trata-se de


uma história independente que pode ser lida separadamente e não se
conecta com a primeira.
PLAYLIST
Que tal curtir a playlist de Grávida do Bilionário Indecente? Essa
playlist foi criada com muito carinho e totalmente baseada na vida
e na personalidade dos personagens. As músicas te proporcionarão
uma experiência intensa, permitindo que entre no clima do livro e
possa se conectar ainda mais com a história e os personagens.
Para ouvir, abra o aplicativo do Spotify e escaneie o código com a
sua câmera ou clique aqui, para acessar e comece a desfrutar das
músicas que inspiraram a nossa história.
GATILHOS
Este livro contém: sexo explícito, violência física gráfica, assassinato,
tentativa de abuso sexual, luto e morte.
AGE GAP ROMANCE 一 GRAVIDEZ INESPERADA 一 ROMANCE PROIBIDO 一
SEGUNDA CHANCE 一 HOT DE MILHÕES 一 STAR-CROSSED LOVERS

Leon Stanley acreditava que a riqueza e os negócios eram tudo o que mais importava em sua vida,
até conhecer Cassandra Werner. Uma mulher 21 anos mais nova, que chegou para ensinar que o
amor não tem idade para acontecer, mas principalmente para provar que ele esteve errado a vida
toda!
SINOPSE
Acabei de completar meus 18 anos e carrego dentro de mim uma dor
insuportável! Perdi os meus pais para a pandemia que dominou o mundo, e
estive por mais de 30 dias imersa em tristeza. Talvez mudar de cidade fosse
o que eu precisava nesse momento? Sabe? Como dizem, vida nova.
Genevieve Flin, minha melhor amiga, me convidou a morar na “Big Apple”
e a trabalhar com ela. Disposta a viver novamente, decidi entregar-me aos
momentos e senti-los intensamente. Cometi uma loucura em pleno voo para
Nova York e me entreguei a um homem misterioso. Por que fiz isso?
Ansiava por sentir adrenalina, por me aventurar e perceber que, sim, meu
coração ainda batia.
Minha vida teve uma trágica mudança quando descobri que o deus
grego era Leon Stanley, meu novo chefe e também CEO da maior empresa
de Tecnologia das Américas. Um homem indecente, sedutor, dono de um
par de olhos verdes esmeraldas e uma voz potente, capaz de despertar a
alma.

Ele é casado por contrato.


Acredito em contos de fadas.
Ele não acredita no amor.
Vivo por ele.
Ele sonha em ter um herdeiro e ser pai.
Eu jamais me imaginei como mãe.

Uma gravidez inesperada e algumas surpresas pelo caminho me


deixaram diante de uma difícil decisão: contar ou não sobre o bebê?
SÉRIE SETE DESEJOS
A Série Sete Desejo remete aos 7 pecados capitais. Em sua
essência encontrarão os principais erros ou vícios cometidos pelos
personagens que dão origem a diversas ações pecaminosas e indecentes. A
série contará histórias que poderão ser lidas separadamente, sem uma ordem
cronológica, e que poderão se conectar ou não.

Aviso: Esse é o livro 2, sendo um volume único.


Dez anos antes…
Quinze de novembro, dia do meu casamento e meu pai ainda está
tentando falar sobre responsabilidades e como devo “aprender” a amar
alguém.

一 Amor… que amor, não fale besteira! Os negócios sempre estarão


em primeiro lugar na minha vida. 一 reclamo enquanto ele solta uma risada
irônica.

Minha mãe abre lentamente a porta e adentra o quarto,


aproximando-se com uma dose de Brandy Cognac[1] em mãos. Posicionada
em minha frente, ela inclina o pequeno copo de drink que prontamente pego
e viro de uma vez em meus lábios.

一 Cornélia! Nosso filho só me enche de orgulho, irá seguir a


tradição da família e se casará por contrato, não se preocupe, filho, você se
acostumará com sua esposa e viverão um casamento feliz! 一 finaliza meu
pai ajeitando a minha gravata slim off white em meu terno.

一 Sergey, meu amor, é como avisei a ele, nos casamos assim e


vivemos juntos há 30 anos, completamente felizes. 一 ameniza minha mãe.

一 Besteira de novo! Acha que sou cego? Vocês se suportam e é isso


que espero dessa união. Ava Moore, nunca será sinônimo de amor, mas
farei isso pelo bem da empresa. Chega, vamos acabar logo com isso!

Sigo até o espelho fixado na parede oposta a porta e alinho o meu


terno azul-cobalto e movimento os meus ombros confortáveis. Minha noiva
é Ava Moore, filha do sócio do meu pai, Gerard Moore. Os dois se tornaram
sócios quando meu pai iniciou os trabalhos na empresa.

Gerard o ajudou a alavancar os números se tornando dono de 10%


das ações, o que fez meu pai apreciar ainda mais essa união matrimonial.
Segundo ele, “Ava, é uma mulher inteligente e será uma esposa dedicada a
formar uma família”.

O contrato possui uma cláusula que até relutei um pouco em aceitar,


no entanto, me programei a vida toda para assumir as empresas e me tornei
um homem de negócios aos 18 anos. Hoje, com 29 anos, estou disposto a
fazer o necessário para manter a tradição da família Stanley.

Não gosto de ter variáveis em minha vida e com esse casamento


arranjado sinto-me tranquilo quanto ao futuro e ao sucesso dos nossos
empreendimentos tecnológicos. Meu pai ajeita o próprio terno preto
enquanto mamãe sorri feliz em seu vestido prata brilhante.

一 Vamos! 一 exclamo abandonando o cômodo.

Caminho pelos corredores luxuosos do Hotel Aman New York[2].


Essa foi a escolha da minha noiva, uma mulher extremamente elegante.
Analiso a situação e deveria estar indiferente a esse momento, mas em meu
peito sinto se formar um pequeno nó que tento ignorar a todo custo. Todos
falam sobre os casamentos com amor, mas nunca fui destinado a viver isso
e aceitei a minha condição.

Nunca questionei essa sentença e jamais haverá uma mulher que


mudará os meus pensamentos. Chegamos ao salão todo decorado com
infinitos lírios-brancos e milhares de lustres de cristais. Todos os
convidados sorriem, e caminho até o altar me posicionando a frente do
Padre. Ava entra em um vestido de noiva impecável, repleto de pérolas e
diamantes. A cada passo em direção ao altar me faz ter certeza que jamais
precisarei de amor.

A mulher é bonita, loira, possui os olhos claros, um tom mel


esverdeado, estatura média e sorri simpaticamente para todos. Pela postura
delicada e serena demonstra ser calma e compreensiva. Penso que não será
um sacrifício ficar ao seu lado e em breve poderei ter o meu primeiro
herdeiro para futuramente assumir os negócios. Sempre quis ser pai e
segundo Gerard, sua filha é a pessoa certa.
Ava para ao meu lado e o padre começa o casamento. Tudo que
mais desejo é que a cerimônia acabe rápido.

一 Eu vos declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva! 一 finaliza


o padre e aproximo apressadamente o meu rosto do dela sussurrando em
seu ouvido:

一 Jamais te amarei, porém, você terá uma vida afortunada. 一


Com agrado beijo sua testa.

Ava roça a maçã do rosto em minha barba e sorrindo retruca:

一 Não preciso de amor, só o luxo me importa!


CAPÍTULO 1
Dias atuais…
O inverno chegou e com ele a sensação de que tomarei muitos cafés,
vinhos, caldos e comerei muito marshmallow! Adoro essa época do ano,
porque ela traz a sensação de aconchego. Tenho apenas 18 anos e moro no
interior do Texas[3]. Cresci na cidade de Marfa[4], uma cidade pequena no
estilo “velho oeste''. Um lugar tranquilo e que agora deixa de ser o meu lar.

Perdi os meus pais há um mês devido a um surto epidêmico isolado


de doença viral, após a grande pandemia que dominou o mundo. Decidi que
quero recomeçar a minha vida em outra cidade. Passei os dias devastada,
perder as pessoas que mais amo fez o brilho da vida se apagar, como se não
houvesse motivos plausíveis para continuar lutando. Sou filha única, assim
como os meus pais eram, e hoje estou sozinha no mundo. Padeci enquanto
as horas e os dias passavam.

Cada lugar que tentava ir recordava-me de um momento ao lado


deles e acabei ficando reclusa e depressiva. Genevieve, minha melhor
amiga, vive em Nova York[5] e ao saber da minha situação me convidou a
morar com ela na cidade que nunca dorme. Concordei! Claro que estou
assustada, mas uma voz dentro de mim ecoa incentivando que eu supere
esse sentimento de medo e me jogue de vez nessa mudança.

Perdi os meus pais quando finalmente a epidemia estava controlada,


porém a vida me pregou uma peça dolorosa e só resta tentar reencontrar
minha alegria de viver. Olho ao redor admirando meu quarto simples e
despeço desse cômodo que sempre foi meu refúgio desde bebê. Vou até o
espelho e me encaro uma última vez. Aliso meus cabelos longos e
castanhos, ajeito minha franja e dou três tapas no meu rosto para corar as
minhas bochechas.

“Agora sim, estou pronta para recomeçar”.


O táxi buzina lá fora e saio arrastando com dificuldade a minha
mala enorme e pesada. Assim que aponto na porta, o taxista me fita da
cabeça aos pés. Talvez seja pela minha maneira de vestir ou pelos meus
olhos grandes. Meu pai sempre dizia que possuo olhos hipnotizantes. Creio
que seja a minha combinação de roupa porque apesar da maioridade, todos
dizem que pareço uma adolescente. Hoje estou usando um vestido rosa,
com um sobretudo pink e botas no mesmo tom. O senhor coloca a bagagem
no porta-malas e em poucos minutos seguimos até o aeroporto mais
próximo em El Paso[6], a menos de 200 milhas da minha cidade.

O caminho é tranquilo e aviso a Genevieve que em breve estarei


chegando. Ela se mudou para Nova York há dois anos e trabalha em uma
grande empresa de tecnologia, a maior do mercado. Quando meus pais
partiram, não hesitou em me estender a mão e rapidamente arrumou um
emprego na mesma empresa que ela. Começo na segunda-feira, e
aproveitarei o final de semana para conhecer um dos clubes da cidade. Não
tenho vontade de sair e às vezes até bebo escondido para dormir. Penso que
o álcool pode me fazer esquecer essa dor destruidora.

O táxi estaciona no aeroporto e após pagar, pego a minha mala e vou


até a área de embarque. O atendente fala comigo entusiasmado enquanto
confirma os meus dados. Tento prestar atenção em suas palavras, mas estou
completamente fora de órbita.

一 Pronto, Srta. Werner, pode embarcar no portão 10. 一 O


atendente está sorrindo, e só consigo piscar continuamente enquanto pego a
passagem da mão dele.

O homem despacha minha mala e vou em direção ao portão de


embarque. Em poucos minutos estou dentro do avião e me aconchego na
poltrona marcada. Precisarei fazer conexão, porém a minha ansiedade é
maior que a minha chateação. Mudar de vida nesse momento será como me
jogar no meio da rua na frente de um carro, é arriscado e o futuro é incerto.
O avião decola e mantenho minha visão nas nuvens. É incrível
imaginar flutuando no meio delas e saboreando-as como algodões-doces
gigantes. Sem perceber adormeço admirando a imagem do céu. Acordo
novamente com o aviso do piloto de que estamos pousando no Aeroporto
Nacional Bill e Hillary Clinton/Adams Field (LIT)[7] que fica a 3 km da
cidade Little Rock no Arkansas. Desembarco calmamente e caminho pelo
saguão principal à procura de um café. O local é grandioso e possui uma
estrutura luxuosa. Após fazer o pedido, sento em uma das poltronas de
plástico e bebo o café com abóbora aguardando o próximo voo chegar.
Aproveito para verificar as mensagens e percebo que Genevieve está
animada para morar comigo.

“Genevieve: Amiga, a empresa aceitou que você seja minha


ajudante”.
“Cassandra: Isso é incrível, certo? Recomeçar a minha vida com um
emprego novo e com um salário digno era tudo que eu precisava”.
“Genevieve: Estarei na empresa quando você chegar, peça um táxi e
pegue a chave do apartamento na recepção”.
“Cassandra: Tudo bem, combinado! Beijos, o voo chegou!”.

Desligo a tela e me levanto distraída do banco. Sem perceber,


esbarro em um homem alto, em torno de 2.10 de altura, que mais parece
uma montanha e derrubo imediatamente os meus pertences no chão. Fico
tão frustrada e irritada que nem ouso olhar para o ser humano que está
atrasando a minha vida. Abaixo-me e começo a recolher as coisas que
caíram da minha bolsa. Faço contato visual com o desconhecido e fico
totalmente sem palavras.

Minhas bochechas queimam em timidez e nos entreolhamos


intensamente. O homem é largo, forte, a mandíbula é quadrada, sobrancelha
arredondada, nariz reto, os lábios carnudos e meus olhos caem em seus
músculos torneados visíveis por debaixo da camisa branca social que veste.
Os olhos são verdes em um tom quase apaixonante e o cheiro parece fazer
minha alma sair do corpo e agarrar a dele.
一 Desculpe-me, eu… eu estava distraído e você também, uma
combinação perigosa. 一 comenta o gostosão completamente sem graça,
com o rosto inteiramente vermelho de vergonha.

一 Ah, tudo bem… bem! Desculpe-me, estava digitando e realmente


não prestei atenção. 一 Concordo tímida e hipnotizada pela beleza
incomum daquele homem.

Ele pega o meu celular e me entrega. Seguro o aparelho sentindo


nossas mãos se tocarem brevemente, o suficiente para fazer o meu corpo
todo estremecer e inflamar. Uma sensação que jamais experimentei antes. O
olhar penetrante e profundo me admira com curiosidade e um estranho
desejo parece se apoderar do meu corpo. O gostosão sorri e abre um sorriso
safado perturbador despertando um desejo louco de querer beijá-lo.

“Meu Deus, Cassandra, olha o que você está pensando? Agarrar


um homem assim, sem nem ao menos conhecê-lo? Seria errado?”.

Passo os meus olhos pelos braços definidos que parecem a ponto de


arrebentar a camisa social e minha mente divaga imaginando safadezas.

“Pelo amor de Deus Cassandra, volte a realidade, o homem ainda


está na sua frente”.

Meu inconsciente me penaliza e volto a realidade para ser atordoada


pelo sorriso branco e genuíno que se forma nos lábios carnudos desse
maldito homem irresistível. Guardo meus pertences enquanto os autos
falantes anunciam a saída do voo em cinco minutos. O desconhecido
rapidamente recobre a postura e começa a caminhar junto comigo.

一 Preciso pegar o voo 一 menciona o deus grego, caminhando para


a área de embarque.

Apenas concordo com a cabeça e me afasto dele, seguindo meu


caminho. Vou até à lixeira para descartar o copo de café e quando percebo o
homem desapareceu.
“Agora vive apenas na minha memória”.

O atendente pega minha passagem e pouco segundos depois estou


esparramando o meu corpo na poltrona macia. Escolhi a janela por sempre
gostar de admirar a imagem do alto. Um perfume magnífico me tira a paz e
viro o meu rosto para olhar o passageiro que senta ao meu lado. É o homem
gostoso e dono do sorriso mais lindo desse mundo.

Uma risada levemente maléfica escapa dos lábios dele, enquanto o


olhar safado do gostosão escorrega pelo meu corpo. Minha blusa é decotada
e meus seios estão bem expostos. Uma onda de nervosismo predomina em
meu corpo e minhas mãos ficam frias e suadas. Desvio o meu rosto, fugindo
da intensidade e da sensação estranha que borbulha em meu estômago.

Alto Falante: Senhores passageiros, apertem os cintos! Vamos


decolar.

Aperto o cinto desesperada e me atrapalho totalmente. O homem


segura a fivela e as mãos grandes transpõem as minhas me ajudando de
forma calma e sedutora.

一 Calma pequenina, está nervosa? Esse nervosismo é pela minha


presença? 一 questiona em tom suave e malicioso.

Engulo as palavras e apenas abro um sorriso fraco e ele começa a


gargalhar encantado.

“Esse homem gosta de sorrir, com esses dentes perfeitamente


alinhados e a covinha nas bochechas, ele tira o fôlego de qualquer
mulher”.

一 Você tem quantos anos? 一 pergunta o deus grego já acoplando


o próprio cinto e se aconchegando na poltrona.
一 Tenho 18 anos, me desculpe, só fico nervosa com voos longos
一 Tento justificar a minha falta de reação, uma maneira tola de disfarçar
que fiquei mexida.

一 Dezoito anos pequenina, é uma idade inesquecível, aprontei


muito e realizei várias loucuras.

一 Que tipo de loucuras, Sr. Misterioso? 一 O homem se aproxima


de mim e sussurra em meu ouvido. Sua voz é sexy, grossa e causa um
arrepio monstruoso na minha pele.

一 Loucuras memoráveis, principalmente as mais proibidas.

Meu corpo amolece e viro o meu rosto de uma vez para encará-lo.
Sem calcular a rapidez do movimento, nossas bocas se chocam. Poderia
simplesmente me afastar, mas paraliso e permito que meus lábios encostem
suavemente e por alguns segundos no dele. Um sentimento novo, que nunca
vivenciei, domina os meus sentidos e um beijo inesperado acontece. A
sensação é de liberdade, com uma leve pitada de proibido. O beijo torna-se
incandescente quando suas mãos quentes seguram o meu rosto e sua língua
safada invade a minha boca.
CAPÍTULO 2
Permito que seus lábios deslizem pelos meus e fecho os meus olhos
sentindo a língua magnífica dele envolver a minha. Um beijo ardente,
gostoso, lento e que me excita loucamente. Quando nossas bocas se
afastam, nos admiramos assiduamente e com desespero outro beijo
acontece. Não consigo controlar o meu corpo, ele parece criar vida própria
e em poucos minutos estou praticamente arrancando o cinto para sentar no
colo dele.

O homem sorri e uma eletricidade castiga o meu corpo, como pode


esse desconhecido que acabei de conhecer afetar inegavelmente a minha
sanidade? O sorriso é indecente, as mãos são grandes e quentes, a pele
cheirosa, os olhos bárbaros e o corpo é excepcional. Afasto-me dele quando
escuto um homem pigarrear na poltrona da frente. Uma vergonha
incontrolável me faz murchar e encolho no meu assento. Pergunto, porque
fiz isso? Porque tenho o desejo de agarrá-lo? A verdade é que passei o
último mês imersa em tanta dor que essa chama nova e potente me desperta
para a realidade, que continuo viva.

一 Desculpe-me, eu… não sei porque fiz isso. 一 comento,


desviando o meu olhar do dele e encarando as nuvens lá fora.

一 Você me deixou louco sabia. 一 O homem reclama enquanto de


soslaio vejo ele apalpar o pau duro dentro da calça.

Meu coração acelera em imaginar que ele está assim por minha
causa. Sempre fui uma garota reservada e loucura não é bem minha praia,
mas algo nele tira a minha compostura.

一 Poderíamos terminar o que começamos, sabe, tornar esse voo


inesquecível, sem qualquer cobrança ou compromisso. 一 sugere o
gostosão aproximando aqueles lábios carnudos do meu pescoço.
Ele solta uma respiração quente que me faz inclinar a cabeça e
deixar o meu pescoço livre para que possa receber os seus beijos. Seus
lábios encostam em minha pele e a mão segura a minha nuca com firmeza.

“Todo mundo comete loucuras, sempre ouvi as confissões das


minhas amigas sobre ficar com desconhecidos em festas, por que não posso
me arriscar e me aventurar ao menos uma vez na vida? Não resistirei a ele,
será apenas uma loucura que jamais acontecerá de novo”.

Convenço-me mentalmente a aproveitar essa conexão instantânea


que nunca senti antes. Respiro fundo e sussurro de volta, roçando
suavemente minha boca no lóbulo da sua orelha:

一 Eu quero você, sem compromisso, apenas um momento louco e


passageiro. 一 confesso enquanto sinto minhas bochechas quentes e
rosadas de vergonha.

一 Vem comigo… 一 menciona, chamando minha atenção e


segurando em minha mão.

Ele solta o cinto que prende o seu corpo e seguimos disfarçadamente


até o pequeno banheiro do avião. Ao passarmos pela porta estreita, suas
mãos grandes imediatamente tocam o meu corpo. Com uma pegada
poderosa, o homem me puxa contra o seu peitoral amplo e imponente.
Meus sentidos vibram quando seus dedos acariciam a minha cintura, e com
safadeza ele roça os lábios nos meus.

O lugar apertado poderia sufocar, mas é perfeito porque de uma vez


nossos corpos se agarram e se prendem mutuamente. A boca dele devora a
minha e desliza pela minha pele com violência. Os braços fortes me
apertam em uma pegada feroz e me erguem do chão.

一 Você é muito gostosa! No instante em que te vi, quis provar os


seus lábios. 一 confessa encaixando o meu quadril sobre a pia enquanto de
imediato abre as minhas pernas.
Esse homem é uma avalanche de pecado. Minha boceta incendeia
em excitação ao senti-lo levantar o meu vestido com euforia. Seu pau duro
como uma rocha marca a calça social preta e com afobação abro o zíper
vendo-o saltar para fora. O órgão é majestoso, imenso, grosso, e bem
delineado. Estou rendida e totalmente molhada, pronta para senti-lo dentro
de mim com toda sua safadeza. Nosso momento é quente, intenso e o
homem penetra com tanta força e desejo que meu corpo fica trêmulo.

A boca safada chupa o meu corpo com paixão e me entrego a esse


sentimento crescente e louco. Desfrutamos de um sexo violento, ardente e
completamente inesquecível. Uma transa para ficar marcada. Quando o
nosso momento de safadeza termina sorrateiramente, voltamos para o nosso
lugar e nos observamos secretamente o restante da viagem. Adormeço com
a mão dele colada na minha e quando abro os olhos assusto com a
aeromoça me chamando calmamente.

一 Boa tarde, senhorita, acabamos de aterrissar e todos já desceram.


一 avisa sorrindo.

Abro a boca em surpresa e instintivamente olho para a poltrona ao


meu lado à procura daquele deus grego do pau grande e memorável.

一 Você viu o homem, que estava sentado ao meu lado? 一


interrogo, ansiosa pela resposta dela.

一 Ele já desceu, disse estar atrasado e me pediu para acordá-la. 一


Ela sorri e começa a caminhar para a porta de saída.

一 Era apenas curiosidade. 一 assenti, seguindo ela e descendo do


avião.

“Aquele homem não foi uma miragem e muito menos um sonho


louco, ele realmente foi real”.

Com calma e plena sigo até o aeroporto, pego minha mala na esteira
e peço um táxi. Essa foi a primeira vez que fiz uma loucura desse nível na
minha vida, ficar com um homem dentro do banheiro do avião. Não sinto
arrependimento, pelo contrário, foi extraordinário e só de lembrar me encho
de tesão.

Aconchego-me no táxi relaxando o meu corpo e admiro a enorme


cidade lá fora através do vidro. Nova York é ainda mais incrível
pessoalmente, as infinitas pessoas nas ruas e o sol começando a querer se
esconder é fascinante. Mesmo com os enormes prédios, a cidade consegue
ser convidativa, diferente de onde vim, repleto de natureza e simplicidade.

Alguns minutos depois o motorista estaciona em frente a um prédio


que fica em uma das avenidas mais movimentadas da cidade. Saio do carro
com os olhos brilhando, definitivamente a Genevieve esqueceu de
mencionar que mora em um prédio estilo parisiense encantador.

A arquitetura, os adornos e as paredes brancas me conquistam à


primeira vista. O taxista entrega a minha mala e com elegância caminho
para a entrada do prédio. Assim que passo pela porta, meus olhos parecem
delirar, o saguão é charmoso com um enorme lustre central de cristal e há
milhares de vasos de plantas espalhados pelos cantos, deixando o ambiente
moderno e harmônico.

Aproximo-me da recepção e sou atendida pela recepcionista que


coleta os meus dados por segurança e depois entrega as chaves do
apartamento da Genevieve. Arrasto minha mala até o elevador e em
segundos, estou no décimo andar abrindo a porta do apê. A sala é compacta,
possui um sofá preto grande encostado na parede, uma enorme janela com
sacada para a cidade e um lustre de madeira com pequenos cristais ao
centro. Um ambiente simples, minimalista e sofisticado.
Procuro pelo quarto e encontro uma porta com um pequeno papel
grudado a ela “Esse é o seu quarto Cass, seja bem-vinda, eu amo você”.
Um sorriso feliz se forma em meu rosto e entro no cômodo. O quarto é
simples, possui uma cama de casal no centro. Um criado em cada lado com
dois abajures fofos, uma cômoda grande e uma sacada fabulosa que me dá a
vista do pôr do sol que acontece nesse instante.

“Pronto, estou finalmente em casa, agora sim começarei a minha


nova vida e espero amenizar essa saudade que me devora”.

Passo o restante do dia arrumando minhas roupas e quando a noite


chega escuto a porta da sala se abrir. Levanto-me imediatamente e corro
para ver a Genevieve que entra segurando uma caixa de pizza. Ela é uma
mestiça de cabelos pretos e lisos, em um corte chanel, os olhos são como
dois diamantes negros, a altura não passa de 1,70 e minha amiga sorri de
orelha a orelha.

一 Amiga, estava com tanta saudade 一 exclama Genevieve,


largando tudo que segura nas mãos em cima do sofá.

Ela agarra o meu corpo dando um abraço longo e cheio de afeto.


Genevieve é três anos mais velha, sempre me protegeu quando éramos
crianças, e durante a adolescência compartilhamos muitas experiências e
rebeldia. Desde que ela recebeu essa proposta de emprego aqui em Nova
York, há dois anos, não havíamos mais nos encontrado, falávamos apenas
por chamadas de vídeo.

一 Obrigada Gen, por me receber nesse recomeço extremamente


importante para mim.

一 Cass, somos amigas a tantos anos, você sabe que te considero


uma irmã. Acolher você é o mínimo que posso fazer. Espero que essa fase
seja libertadora e feliz. 一 Genevieve aponta para o sofá e grita feliz: 一
Pizza para comemorar a sua chegada!
一 Não esperava nada menos que isso, você sempre soube que me
conquista facilmente com pizza. 一 declaro pegando a caixa e levando para
a mesa de jantar.

A primeira noite ao lado da minha melhor amiga é repleta de


conversas, risadas e questionamentos bobos e alegres. Conto sobre o
homem misterioso e ela grita a cada detalhe. A imagem do desconhecido
não sai da minha mente e o desejo de saber mais sobre ele surge em meu
peito.

一 Como você fica com um deus grego e não pergunta o nome dele?
一 interroga, indignada.

一 Por que saber o nome de um homem que ofereceu um prazer sem


compromisso? Para ficar me martirizando e desejando um dia vê-lo de
novo? 一 confesso triste por saber que nunca mais verei aqueles olhos
verdes inesquecíveis.

一 Como ele era? Muito novo? 一 questiona ansiosa por mais


detalhes.

一 Não, aparentava ter uns trinta e poucos anos, pelo porte físico
malhado e elegância acredito ser um homem bem-sucedido na vida.
Homens mais velhos sempre chamaram minha atenção.

一 Idade é só um número, sempre admirei o quanto você é


responsável desde nova! Como se sentiu ao ficar com ele?

一 Eu me senti viva de novo! Não sei explicar… 一 confesso


enquanto Genevieve me lança um olhar terno.

Quando perdi os meus pais naquela fatídica noite obscura, senti que
a minha vontade de viver foi enterrada com eles. As lágrimas passaram a
ser minha companhia e na maioria das noites procurei conforto em uma
garrafa de vodka. Uma garota recém-adulta que perdeu completamente o
sentido da vida. Por alguns instantes, enquanto beijava e era afagada pelos
braços musculosos do homem misterioso, me senti feliz e desejada.

一 Vocês usaram proteção? 一 grita já arregalando os olhos.

一 Claro Genevieve, mesmo no calor do momento e do nosso


desespero, ele colocou, foi um pouco difícil, o lugar era minúsculo, mas deu
certo.

Ela me abraça e solta uma respiração de alívio enquanto vamos até à


sala e nos deitamos juntas no sofá. Conversamos por horas e quando já
estamos exaustas seguimos para os quartos. Morar com ela é maravilhoso,
traz segurança principalmente por estar ao lado de uma amiga que me
considera e que deseja o meu bem de verdade.

Em Marfa tudo era simples, minha vida era resumida a estudos e


passava a maioria dos finais de semana trabalhando com as flores no pomar
de uma amiga da mamãe. Meu sonho sempre foi ser perfumista, adoro a
botânica e sempre me encantei pelas fragrâncias que as flores possuem.
Elas não se comparam com os perfumes convencionais e não apresentam
uma nota constante que permanece inalterada com o passar das horas.
Acabei perdendo os meus sonhos com a morte deles e hoje tudo que resta é
um buraco de solidão em meu coração.

O final de semana ao lado da Genevieve é divertido e passamos os


dois dias andando por toda Nova York. Em cada loja que entrava era um
surto diferente e na noite de sábado e domingo comemos diferentes pratos e
nos embebedamos com entusiasmo. Genevieve é aquela amiga que desperta
sentimentos bons, que te faz vibrar e sentir nas veias o desejo de viver.
Quando a segunda-feira chega, me levanto animada e começo a escolher a
minha roupa.

“Hoje eu começo na Esfera Tecnologia e preciso estar impecável”.

Coloco um terno preto elegante, alinhado perfeitamente ao meu


corpo. Passo um dos meus melhores perfumes adocicados e um batom para
deixar os meus lábios com aspectos saudáveis. Solto os meus cabelos
castanhos e passo um blush suave nas bochechas. Sou uma mulher vaidosa
e adoro me sentir linda e apresentável. Coloco um salto agulha vermelho e
olho satisfeita no espelho ao ver minha imagem refletida.

“Agora estou uma verdadeira Leoa, pronta para mostrar meu


valor”.
CAPÍTULO 3
Genevieve termina de se arrumar e, após tomarmos o café da
manhã, partimos para a empresa. Chegamos no prédio comercial que fica a
poucos minutos do apartamento onde moramos.

Com passos elegantes e confiantes entramos no imenso hall


principal. A empresa é ampla, as paredes são cinzas com detalhes dourados
e um lustre central colonial deixa o ambiente luxuoso. Os pisos são de
mármore cinza, deixando o visual notável e deslumbrante. Os funcionários
estão devidamente trajados com uniformes impecáveis.

Genevieve me conduz até o elevador que dá acesso à área


administrativa. Meu coração imediatamente palpita e fico com as mãos
geladas de ansiedade. Trabalhar na cidade grande e em uma empresa
renomada me deixa inquieta, afinal, não quero cometer erros e nem ser
incompetente. Em poucos minutos, chegamos ao último andar e o elevador
se abre. Seguimos até a recepção das salas da diretoria. Não há funcionário
e minha amiga sorri abrindo os braços para apresentar o local.

一 Pronto, é aqui que trabalharemos juntas. São duas recepções. 一


Genevieve aponta para uma segunda mesa ao lado da porta principal. 一
Essa é a sua mesa, o seu serviço será garantir o café para o Sr. Stanley, os
papéis que ele pedir e o que mais ele precisar, entendeu? 一 esclarece
Genevieve, esperando que eu confirme que entendi.

一 Basicamente serei a serviçal dele! Já captei! 一 confirmo,


enquanto arqueio a sobrancelha.

一 Agora você entendeu o espírito da coisa! Você fará os serviços


básicos, já estou cansada de fazer tudo sozinha 一 reclama com um
semblante triste.

一 Fique calma, vou te ajudar o máximo que eu puder! Relaxa, sabe


que sou muito atenta a tudo, vai se sentir menos sobrecarregada! 一
Artículo feliz e ela imediatamente relaxa os ombros diminuindo a tensão.

一 Do lado oposto, na porta com detalhes dourados, fica a sala da


Ava Stanley, a esposa do Leon. Ela é diretora de marketing e o que posso
dizer dela… bom, ela é difícil, mas com o tempo você vai aprendendo a
lidar 一 avisa revirando os olhos. 一 Ela é um pouco persuasiva, um tanto
dramática, porém é suportável. 一 Genevieve puxa a cadeira da minha
nova mesa para que me sente. 一 A funcionária da cafeteria deixa os cafés
às 8h em ponto. Quando pegá-los já leve até as salas. Leon gosta que o café
seja colocado ao lado esquerdo do notebook, em cima do porta-copos. 一
detalha.

Concordo com a cabeça e antes de novas orientações, a porta do


elevador se abre. Barulhos dos saltos finos batem no chão e uma mulher
vem rebolando até a recepção. A granfina possui estatura média, a pele
branca, cabelos loiros longos e soltos. Os olhos são cor de mel e o batom
rosa combina com o vestido social preto impecável. A mulher leva a mão
ao coração e abre a boca surpresa ao me ver.

一 Quem é essa? 一 questiona, indignada.

一 Bom dia Srta. Ava, essa é a nova secretária. 一 refuta,


apressadamente, Genevieve.

一 Certo, Genevieve, havia esquecido esse detalhe, não entendo


porque o Leon quis contratar outra recepcionista. Não vejo essa
necessidade. Temos mais de 40 funcionários, contratar mais uma não é um
negócio vantajoso. 一 reclama a mulher enquanto me olha com desprezo.

一 Estou muito cansada Srta. Ava, cuido de todos os papéis, das


reuniões, das conferências, pagamentos, recepção e os desejos pessoais de
vocês. Realmente preciso de ajuda. 一 justifica minha melhor amiga com
firmeza.

Ava não diz nada, apenas balança a cabeça e caminha para o outro
lado da recepção.
一 Assim que chegar o meu café me entregue imediatamente. 一
Ordena irritada entrando em sua sala e fechando a porta.

“Pelo visto essa mulher é um pé no saco, precisarei respirar bem


fundo nas horas que estarei ao lado dela”.

Sento-me na recepção e a funcionária da cafeteria sai do elevador


com os cafés lattes na mão. Ela sorri e entrega os copos.

一 Pronto, muito obrigada, um ótimo dia. 一 agradeço e ela acena


antes de sair.

No mesmo instante pego o copo com o nome da Ava e levo até a


sala dela. Quando passo pela porta, a mulher estreita o olhar estudando todo
o meu corpo e verifica minha atitude até que eu coloque o café sob a mesa
em cima do porta copos cor-de-rosa.

一 Quantos anos você tem garota? Qual o seu nome? 一 pergunta


curiosa enquanto pega o copo e degusta o café.

一 Meu nome é Cassandra Werner, tenho 18 anos, Srta. Stanley.

一 Você é muito nova, preste bastante atenção no seu serviço e nada


de intimidades com o Leon. Ele pode ser um homem bem-humorado, mas
não confunda, nessa empresa você é apenas uma funcionária qualquer. 一
avisa a mulher com arrogância.

一 Srta. Ava, me desculpe a sinceridade, mas estou aqui para


trabalhar, sou uma moça de respeito e sei muito bem o que é ser
profissional, com licença! 一 respondo rispidamente, controlando minha
raiva.

A feição endurece e com raiva a loira engole de uma vez o café.


Quando termina de beber, bate o copo com força na mesa.
一 Pode ir! 一 fala, irritada.

Passo pela porta e solto uma respiração frustrante, que estava presa
em meu peito. A primeira impressão é a que sempre fica, e para mim, essa
mulher é extremamente soberba e sente-se superior.

Antes que eu retorne para a mesa, o elevador se abre e um homem


sai. Poderia ser qualquer homem da face da terra, qualquer um, mas não, o
que os meus olhos veem é completamente assustador. Sim, minhas pernas
fraquejam, minhas mãos ficam frias e meu coração acelera de uma forma
intensa, como jamais bateu antes.

A sensação é que corri uma maratona e estou a ponto de morrer por


pura exaustão. O deus grego que vem pisando fortemente sobre o mármore,
é o mesmo deus grego que esteve no avião e que me fez cometer uma
loucura sob o céu. Ele retira os óculos de sol e me olha incrédulo.

Antes que eu possa falar qualquer coisa, ele segura o meu braço e
me arrasta com ele. Minhas pernas ameaçam travar, porém, encontro
minhas forças e sigo ao seu lado. Para a nossa completa sorte, não há
ninguém na recepção. Entramos na sala e bruscamente ele fecha a porta ao
passo que prende o meu corpo com força na parede.

一 Qual foi a parte que era casual e insignificante que você não
entendeu? 一 interroga ele, com o olhar preso ao meu. 一 Como conseguiu
o meu nome e o que faz aqui? Está querendo um relacionamento sério? Pelo
amor de Deus, pequenina… foi apenas uma transa e nada mais. 一 enfatiza,
imaginando que estou aqui a sua procura.

Uma risada escapa dos meus lábios e intrigado, ele franze o cenho e
parece procurar nos meus olhos a resposta para o meu comportamento.

一 Acha que sou uma perseguidora apenas por ter um momento


quente com você? 一 questiono com deboche. 一 Sou a nova secretária e
pelo que vejo, o destino realmente gosta de pregar peças. Com tantos
homens eu tinha que ter ficado com o meu chefe? Você é o Leon Stanley?
一 pergunto enquanto sinto ele aproximar os lábios dos meus.

A sensação do corpo dele contra o meu, faz uma chama latente


começar a queimar e se estende pelas minhas pernas. Seus olhos descem
pausadamente até os meus lábios expressando desejo.

一 Sim, eu sou o Leon Stanley! 一 A voz é potente e me arrepia.


一 Por um momento achei que estaria aqui para me chantagear. 一 confessa
o indecente.

Minha ficha cai e percebo que ele é casado, rico, poderoso e traiu a
esposa justamente comigo.

“Puta que pariu, com tantas mulheres no mundo, por que tinha que
ser logo comigo?”.

一 Por que não me disse que era casado?

一 Você não perguntou, pequenina! 一 retruca com ironia.

一 Você é um cafajeste, safado!

一 Sou o que você quiser! 一 sussurra me deixando excitada.

Meu coração palpita enquanto a respiração quente do indecente faz


cócegas em minha boca. Abalada movimento o meu corpo para escapar do
seu aperto em vão, ele me pressiona mais forte e começo a suar frio. É
difícil resistir a esse homem, o cheiro é tão sedutor que provavelmente o
acharia de olhos fechados por onde fosse. Produziria um perfume exclusivo
da sua essência para nunca mais esquecê-lo.

一 Me solte! 一 ordeno já sentindo minhas bochechas queimarem.

一 O que foi pequenina, você parece nervosa, ficar presa a mim,


mexe com você? 一 Provoca o safado enquanto me estuda com um olhar
malicioso.

Empurro-o com força e escapo dos seus braços grande e fortes.


Levo a mão a minha blusa social e ajeito minha roupa amarrotada pelo
atrevimento dele.

一 Escuta aqui Leon Stanley, o que aconteceu naquele avião ficou


no passado. Aqui sou apenas sua secretária e exijo respeito. Você jamais
mexeria comigo, foi apenas uma transa de desespero. 一 Justifico com a
voz falha, sabendo que na minha mente é tudo mentira, são apenas palavras
vazias.

A fisionomia do homem se torna sombria e ele vira o rosto evitando


me encarar de novo. Provavelmente, nunca foi rejeitado na vida e talvez a
“transa por desespero” o tenha irritado profundamente. Ignoro o incômodo
que aperta o meu peito e penso ser melhor assim, até porque, trabalhar e
misturar relacionamento pessoal e profissional nunca fez parte dos meus
desejos.

一 Com licença Sr., pegarei o seu café. 一 Declaro saindo da sala


evitando dar a ele uma chance de resposta.

Quando fecho a porta atrás de mim, minhas pernas quase cedem,


porém, mantenho a postura e me equilibro sobre os saltos. A única coisa
que consigo confirmar é que meus dias serão bem complicados. Quando
decidi viver aquela loucura passageira, não imaginei vê-lo de novo. Leon
tem algumas características particulares que conseguem despertar esse meu
lado selvagem que até alguns dias atrás era desconhecido. Em outros
tempos ou com outras pessoas jamais cometeria essa loucura, cresci sendo
reservada e isso faz parte da minha personalidade.

Será uma mistura um tanto explosiva essa nossa relação


profissional. O que de fato me deixa furiosa é saber que fui uma amante,
mesmo não tendo conhecimento do seu casamento, me sinto mal. Encaro a
porta da Ava, a esposa desse maldito deus grego, que está a poucos passos
de mim e, agora, além de ter que lidar com ele, trabalharei para ela também.
“Jamais posso deixar que qualquer pessoa saiba que cheguei a ter
um lance casual com esse homem, além de ser poderoso, pelo visto é muito
ovacionado. Não estou preparada para um drama desse nível na minha
vida”.

Aproximo-me da minha mesa e pego o copo de café. Minhas mãos


estão tremendo e tento acalmar a minha mente, respirando devagar e
profundamente.

“Como vou trabalhar para esse homem, se tudo que vem na minha
mente é a imagem daquele pau bonito e gostoso? Meu Deus, estou fudida”.
CAPÍTULO 4
Ignoro meus pensamentos sórdidos caminhando até a sala
novamente e quando atravesso a porta o homem está sentado na enorme
cadeira de couro preta. Ele exala supremacia, elegância e tenta disfarçar que
está me admirando escondido. Deposito o copo de café em cima do porta-
copos e paro em sua frente. Leon arqueia a sobrancelha e não desvia o olhar
da tela do notebook.

一 Deseja alguma coisa, Senhor? 一 pergunto, tentando manter a


postura profissional.

一 Sim, Srta? … não me disse seu nome. 一 questiona, apoiando o


rosto sobre os cotovelos.

一 Meu nome é Cassandra Werner, sou uma excelente funcionária.


Isso é tudo que precisa saber sobre mim. 一 argumento, com firmeza.

一 Cassandrinha, por favor, quero que separe as pautas que


precisarei abordar no evento da House Green. Esse evento é importante e
estarei acompanhado de outros nomes valiosos do ramo da Tecnologia. 一
Explica Leon, pegando o copo de café e dando um gole longo. 一 Não sei
se você entende algo de tecnologia, mas qualquer coisa, pegue algumas
dicas com a Genevieve. Acredito que em poucos dias estará familiarizada
com o ambiente e vai me servir muito bem. 一 finaliza o safado, sei muito
bem o duplo sentido dessa última fala dele.

一 Claro, Chefe… prepararei as pautas, não se preocupe! Com


licença. 一 concordo, girando o meu corpo para sair pela porta.

一 Ainda não terminei pequenina, uma dica importante para ser uma
excelente funcionária é “espere o seu chefe terminar de falar”. 一 Ele solta
uma risada rasa me provocando.
A minha vontade é de perder a compostura e me aproximar dele,
agarrá-lo pelo colarinho e brigar contra os lábios perfeitos daquele homem.

“Isso é muito tentador, provavelmente o beijaria e a minha raiva se


perderia no ar”.

Tudo que faço é abrir um sorriso simples e aguardo que ele termine
de proferir suas ordens.

一 Desculpe-me Leon Stanley, falha minha. 一 menciono, enquanto


o vejo se levantar da cadeira e caminhar em minha direção.

一 A minha outra ordem… 一 O homem sussurra encostando a


lateral do rosto na minha bochecha direita. 一 Quero que me chupe…
esqueci de mencionar durante o nosso momento picante, mas a sua boca é
macia e faz aquela sucção gostosa que só de lembrar fico de pau duro. 一
declara, enquanto a respiração quente do indecente me deixa
completamente molhada.

“Como vou trabalhar agora, com esse desejo torturante queimando


em meu corpo?”.

一 Vou perguntar para a Srta. Ava quanto ela pagará de extra para
fazer o trabalho dela, já que obviamente está sendo mal-executado. 一
Refuto, enquanto percebo os olhos maliciosos dele se escurecerem.

Leon atrevidamente deposita um beijo suave na minha bochecha e


no mesmo instante meu rosto esquenta.

一 Gostei de você… 一 comenta, se afastando de mim e se


sentando novamente no seu trono executivo. 一 Pode ir, pequenina. 一
finaliza sorrindo enquanto rapidamente saio pela porta.

Meu corpo está excitado só por lembrar dos seus toques. Aquelas
mãos quentes que inteiramente passearam pelo meu corpo enquanto nos
agarramos dentro daquele banheiro nas alturas. Só de imaginar senti-las de
novo, fico com as pernas bambas. Lembro também dos dedos grandes
deslizando na minha entrada e me explorando com movimentos rápidos e
intensos.

Aperto minhas pernas, uma na outra, tentando conter essa labareda


que parece inflamar sem controle na minha boceta. Uma desilusão cai sobre
o meu corpo quando vejo a porta da Ava se abrir. Rapidamente retorno para
a minha mesa e ela para na minha frente.

一 Leon já chegou? 一 questiona com indiferença.

一 Sim, Srta. Ava, ele está na sala dele!

一 Digite esses contratos, os dados dos clientes estão todos nos


papéis. Genevieve preparou a reunião de hoje e preciso que estejam prontos
em 15 minutos. 一 ordena a loira, com um sorriso perverso.

一 Claro, começarei agora mesmo. 一 Nos meus pensamentos


quero xingá-la, mas tudo que faço é concordar com um sorriso no rosto.

Meus olhos verificam os papéis enquanto ela entra na sala do Leon.


Não entendo nada de contratos e rapidamente vou até uma gaveta da
Genevieve e analiso os que ela já digitou.

“Certo, só preciso dos dados da empresa, vou mostrar para essa


mulher fútil que posso ser nova, mas realizo um excelente trabalho”.

Concentro minha atenção em digitar com eficiência os documentos.


Sempre gostei de ser prestativa e aqui não será diferente. Mesmo com toda
essa tensão sexual que sinto diante do Leon, isso não diminuirá o meu
desempenho, até porque, em minha mente, estou convicta de que em alguns
dias não existirão mais esses sentimentos misturados.

“Ficará claro a minha posição nessa empresa, a de ser apenas uma


recepcionista, que solucionará os problemas executivos”.
Digito com rapidez e passo os 15 minutos em que a Ava esteve na
sala do Leon redigindo continuamente. A mulher sai quando já estou
imprimindo os contratos.

一 Provavelmente ainda deve estar perdida pensando em como fazer


os contratos, certo? 一 supõe Ava, com tom de vitória.

Leon sai pela porta e aproxima-se parando ao lado da esposa,


prestando atenção nas suas palavras.

一 Não senhora, estão prontos! 一 garanto, orgulhosa de mim


mesma, passando os papéis para a loira aguada.

A mulher estreita o olhar em minha direção e encara os papéis que


segura nas mãos irritada. Ela até abre a boca para falar, porém, fecha
novamente e fica muda. Leon sorri ao lado dela e me lança uma piscada
irresistível.

一 Muito bem, srta. Werner, pelo que percebo, você foi uma
contratação de ouro! 一 elogia Leon, arrancando os papéis da mão da Ava e
caminhando em direção a sala de reuniões.

Ava aperta o passo acompanhando-o enquanto permito que uma


respiração de alívio finalmente escape dos meus pulmões. Ver que meu
primeiro desafio foi concluído me deixa radiante, afinal, sei do meu valor e
o quanto sou determinada.

Concentro minhas energias em separar as pautas para o Leon. Abro


a guia da internet e pesquiso sobre a House Green. O lugar, através das
fotos, é extraordinário e completamente apaixonante. Há árvores e plantas
raras por todo local e eles realizam eventos com o tema de Tecnologias
Ecológicas e Sustentáveis.

Separo algumas pautas como: redução de carbono, transição de frota


elétrica, ferramentas online, redução de custos e gestão digital de
documentos. Não entendo muito de tecnologia, mas espero que sejam
interessantes. Durante o tempo de reunião, aproveito para criar um arquivo
e separo tudo o que o Leon pode falar no evento.

Quando finalizo essa parte converso com alguns funcionários da


empresa, que me contam mais sobre a Ava e o Leon e, após retornar do
intervalo, vou à sala dele e estudo os últimos contratos assinados com
atenção. Preciso me familiarizar com a empresa para desempenhar o meu
melhor. Algum tempo depois, Leon passa pela porta à minha procura.

一 Aqui está você! Tenho uma reunião agora na Empresa Expresso e


a Genevieve está ocupada, você precisará me acompanhar. 一 Leon se
projeta até a mesa e pega o notebook.

一 Claro, o que preciso levar, senhor? 一 interrogo, caminhando em


direção à porta.

一 Apenas o seu corpo pequenina, você digitará tudo aqui no meu


notebook enquanto definimos as regras contratuais. 一 Ele passa pela porta,
seguindo para o elevador. 一 Pegue sua bolsa, demoraremos. Após a
reunião deixo você na sua casa. 一 finaliza, me esperando.

Corro até a minha mesa, pego a bolsa e apressadamente entro no


elevador me posicionando ao seu lado. A porta se fecha e imediatamente
meus pensamentos voltam ao pequeno banheiro do avião, onde esse homem
ao meu lado, com esse cheiro inebriante, pegou o meu corpo com
brutalidade e cravou seu pau fabuloso em mim.

O cheiro sedutor domina o ambiente, ele mantém o rosto reto, fixo


na porta. Sua postura é profissional, poderosa, e ao sairmos do elevador
todos as funcionárias paralisam para admirá-lo. Mantenho-me ao lado dele,
acompanhando seus passos grandes, enquanto quase que preciso correr para
alcançá-lo. Quando entramos no estacionamento, ele aperta o controle do
carro.

一 Entre, não podemos atrasar!


O carro é um Mercedes-Benz Maybach Exelero[8], sendo um modelo
único e exclusivo, feito por encomenda, meu pai sempre foi fascinado por
carros e conheço vários modelos que foram lançados. Nesse momento
percebo o quanto esse homem é poderoso já que esse pequeno automóvel
custa em torno de US$ 8,0 milhões de dólares. Por dentro, o carro
demonstra muito da sua personalidade, é atrevido, marcante e luxuoso. Ele
liga o carro e em poucos minutos estamos nas ruas de Nova York. Durante o
trajeto me admira discretamente de soslaio. A mão direita que antes
segurava o volante desce até o banco e começa a se aproximar da minha
perna.

一 Não se atreva a colocar sua mão na minha perna, senhor Stanley.


Alguém já lhe disse que você é muito safado? 一 questiono, cruzando os
braços indignada.

一 Já me disseram sim, entre quatro paredes, mas dentro de um


carro a caminho de uma reunião importante, é a primeira vez. 一 afirma,
sorrindo e virando o rosto para me olhar. 一 Não pegarei na sua perna,
estava apenas indo abrir o porta luvas para pegar uma bala de menta. 一
justifica, abrindo e pegando o pequeno pacote.

一 Por um segundo achei que você seria indecente. 一 menciono


tímida, me penalizando por imaginar que ele tocaria em meu corpo.

一 Estamos em horário de trabalho, preciso ser um homem


responsável pelo menos algumas horas do dia. 一 diz ele, acelerando o
carro.

O restante do caminho é silencioso e quando estaciona, descemos


depressa e seguimos até à entrada da Empresa Expresso. Após passarmos
pela recepção, somos levados até a sala de reuniões. Um homem pardo,
cabelos castanhos, vestindo um terno preto, entra e nos cumprimenta com
um aperto de mão firme.

一 Esse é o André Fonsi, o CEO da empresa Expresso. 一 mostra


Leon, me apresentando gentilmente ao homem.
一 Muito prazer, senhor Fonsi, me chamo Cassandra e digitarei o
contrato de vocês.

Fonsi concorda e senta calmamente na cadeira à frente do Leon para


começarem a decidir as regras do contrato de negócios. Abro o notebook e
começo a digitar cada pequeno termo que eles definem.

一 Podemos te fornecer um ótimo programa. Poderá ter acesso


remoto até nas suas vendas simultâneas. 一 articula Leon, convicto de suas
propostas.

一 Sim, isso seria ótimo, estamos presos no mesmo modelo anterior,


precisamos nos adequar às novas tecnologias. 一 concorda Fonsi, acatando
todas as propostas do homem que domina essa área.

Digito incansavelmente, atenta a cada palavra que falam durante as


horas de reunião. Ao final, releio todo contrato enquanto eles jogam
conversa fora. Foi inevitável não contemplar Leon Stanley, o homem
definitivamente possui postura e profissionalismo. É extremamente
convicto de suas decisões, além de possuir o porte executivo perfeito.

A cada gesto premeditado que ele fazia com as mãos, em cada fala
certeira e em cada expressão que adotava, um suspiro escapava
secretamente dos meus lábios. O homem é um verdadeiro líder, que leva em
consideração todos os pontos do cliente e trabalha para evoluí-los, sempre
com respeito e autonomia. Enquanto assinam os papéis, estou suspirando
sendo totalmente enfeitiçada pelo poder desse homem indecente. Eles
finalizam a reunião apertando as mãos em respeito e Fonsi se despede de
mim, saindo pela porta feliz e satisfeito.

一 Pronto Cassandrinha, estou impressionado com a sua rapidez e


agilidade, como recompensa por exceder o seu horário de expediente, te
levarei para jantar. 一 afirma o poderoso, esperando uma resposta.
一 Jantar? 一 interrogo, surpresa. 一 Não acho necessário. 一
finalizo, olhando para o meu relógio de pulso e me assusto ao perceber que
já são quase 20h da noite.

“A hora passou e nem percebi. A verdade é que cravei o meu olhar


nesse homem impressionante e fiquei totalmente hipnotizada”.

一 Não seja chata pequenina, é um jantar em um lugar público,


apenas porque já está tarde e amanhã preciso de você sem atrasos na
empresa. 一 justifica, se levantando e fechando o notebook.

“E agora? O que faço? Deveria jantar com esse deus grego?”.


CAPÍTULO 5
Questiono-me mentalmente se deveria ou não aceitar o convite
enquanto sigo o Leon que está saindo da sala. O poderoso possui pernas
longas e cada passo dele se refere a cinco dos meus. As mulheres da
empresa suspiram hipnotizadas, ao vê-lo caminhar para a área externa do
prédio. Quando estamos na rua, meus olhos captam admirados a imagem da
cidade.

Uma chuva de luzes coloridas ilumina os prédios e residências e


ainda assim, consigo ver o céu estrelado. A cidade é sempre magnífica,
repleta de painéis de propagandas e tradições. Entro no carro e Leon tosse
para chamar minha atenção. Ele parece esperar uma confirmação minha
para ligar o carro e escolher um caminho. Antes que eu possa respondê-lo,
minha barriga ronca alto confirmando que aceito o jantar. Leon arqueia a
sobrancelha ao ouvir meu estômago implorar por comida.

— Será um jantar insignificante, entendeu? Apenas porque estou


com fome e preciso descansar quando chegar em casa. — comento,
passando o cinto de segurança no meu corpo.

— Totalmente insignificante, eu entendi pequenina. — confirma


sorrindo e ligando o carro.

O caminho é silencioso, poderia até dizer que é desconfortável.


Entretanto, não é o sentimento que predomina entre nós. As luzes na rua, as
músicas que se toca nos bares, tudo parece ser parte de uma trilha sonora
desse momento. Leon sorri, ao observar os meus olhos vidrados em cada
pequena arquitetura exuberante que vejo na cidade.

— É a sua primeira vez em Nova York? — interroga o deus grego,


notando minha admiração.

— Sim, ficou bem perceptível, certo? — respondo, mais relaxada na


presença dele.
— Normalmente as pessoas ficam assim que nem você, com a boca
aberta e com os olhos vidrados — supõe o poderoso, me estudando com
atenção.

A maneira com a qual analisa os meus traços, deixa-me


desconcertada, a sensação é que ele devora cada pedacinho do meu corpo.
Viro o meu rosto evitando sentir a intensidade da sua observação e foco
minha atenção em cada pequena esquina. Dezenas de pessoas caminham
pelas ruas e sorriem felizes. Algumas estão acompanhadas da família e vejo
as crianças correrem e apontarem os dedos para as enormes vitrines das
lojas. Minha expressão que era de entusiasmo e emoção se torna triste e
apática. Tento evitar me sentir assim, mas não é exatamente algo
controlável.

O deus grego coloca uma música suave para tocar, esmagando meu
peito e inundando minha mente de memórias. Lembro-me do meu pai
sorrindo e das manhãs de domingo em que a mamãe fazia suas panquecas
deliciosas acompanhada de chocolate quente. Nessa época do ano ela já
estaria enchendo a casa com biscoito gingerbread e meu pai estaria fazendo
inúmeras perguntas difíceis para concluir as palavras-cruzadas do jornal
impresso.

“Vocês fazem tanta falta na minha vida, mamãe e papai. Queria ter
tido a chance de vê-los uma última vez”.

— Planeta Terra, Leon Stanley chamando… — brinca Leon ao


perceber que estou fora de órbita.

— Falou algo? Me desculpe, estava perdida em meus pensamentos.


— justifico, envergonhada.

— O que aconteceu? O que fez sua euforia se transformar em


tristeza em tão poucos segundos? — indaga o indecente com uma expressão
de preocupado.
Leon espera minha resposta do porquê fiquei triste. Passo as mãos
nos meus cabelos nervosa por falar sobre a minha vida. Hoje sinto que não
tenho mais ninguém importante como os meus pais, ficou apenas uma vida
sem ânimo para ser vivida e uma saudade incontrolável presa dentro do
peito.

— Perdi os meus pais para uma doença e essas pessoas nas ruas
felizes com suas famílias, me fizeram lembrar que não tenho mais a minha.
— desabafo, enxugando uma lágrima intrusa que cai do canto dos meus
olhos.

— Sinto muito por isso, pela sua tristeza. É recente essa perda?

— Sim, foi há um mês, por isso estou aqui em Nova York, para
começar uma vida nova. — confesso voltando minha atenção para os
prédios lá fora.

— Com o tempo você sentirá que essa dor se torna sua


companheira, sendo assim, aprenderá a viver bem com ela. Infelizmente,
nunca irá sumir, mas irá amenizar gradativamente. — O magnata parece
estar familiarizado com a mesma dor.

— Perdeu alguém importante também? — pergunto triste.

— Meu pai, já faz três anos, desde então assumi os negócios e


convivo com essa dor — detalha Leon, estacionando o carro. — Chegamos!
Vamos falar de coisas boas, pequenina. Não quero te ver com esses olhos
grandes cheios de lágrimas. — diz abrindo a porta.

Saio do carro e Leon me espera para entrarmos no restaurante.


Quando passamos pela porta, vejo que o ambiente está inteiramente
decorado com luzes amarelas e laços vermelhos. Nunca estive antes em um
lugar tão extraordinário. O restaurante é luxuoso com vários lustres pretos
espalhados pelo teto, que é inteiramente emoldurado em carvalho
envernizado. As paredes são azuis-turquesa e todas as toalhas de linho
escura. Os castiçais, as taças e as porcelanas decoram a mesa que o garçom
prontamente nos indica. Nos sentamos e a impressão que tenho é que invadi
um filme hollywoodiano. As pessoas estão em trajes elegantes e fico
envergonhada por estar com roupas de promoção.

— O que houve? Por que essa cara? Parece que está com dor de
barriga. — provoca o meu querido chefe.

— Por que me trouxe em um lugar como esse? — questiono, com a


boca aberta de surpresa.

— Como assim? É o melhor restaurante da cidade, você adorará os


pratos daqui!

— Não sei, não como apenas um grão de arroz, como vocês ricos
fazem. — falo com deboche.

Leon analisa o ambiente e parece ser dominado por algo que não
consigo decifrar. Pelo olhar, está questionando se um prato dessa comida
chique poderia me satisfazer.
Quando esbarrei naquela pequena criatura no aeroporto de “Little
Rock” fiquei impressionado com a sua beleza. Cassandra possui olhos azuis
como o mar, cabelos castanhos longos levemente ondulados, estatura média
em torno de 1,65 e é dona de um sorriso encantador. Ao vê-la notei pelo
jeitinho singelo que era uma moça do interior, mas independente disso, o
olhar foi capaz de me entorpecer e me deixar confuso.

Quando estava distraído e voltei para procurá-la, a pequena pedra


preciosa havia desaparecido, fiquei apenas com a vaga lembrança do sorriso
meigo e da forma profunda com a qual a sua voz suave atingiu os meus
sentidos. Entrar no avião e vê-la ao meu lado foi tentador demais! Os lábios
eram perfeitos, a pele clara e aveludada, os olhos profundos e intrigantes,
mas o sorriso tímido, que me demonstrava inocência, foi a cereja do bolo
para ativar o meu lado safado.

Aquele não era para ser o meu voo, todavia, me atrasei e precisei
embarcar no primeiro disponível para Nova York. Quando a tive em meus
braços e vivi aquele momento quente e inesperado, agradeci por ter
aceitado entrar naquele avião.
Volto minha atenção a ela que está bem diante de mim
impressionada pelo restaurante ser exacerbadamente luxuoso. Ser
surpreendido na empresa com a presença dessa mulher quase me deixou
furioso, por um momento achei que ela estava ali para fazer alguma
chantagem. Se ela não fosse uma pessoa enigmática e não tivesse me
deixado tentado a pecar de novo, eu nem me importaria. Porém, agora,
tenho que olhá-la e ficar secretamente imaginando meu pau afundando na
sua boceta exclusiva.

A pequenina mexeu comigo com seu atrevimento em me rejeitar


com tanto afinco. Ela não se importa com luxuosidades e só pelo olhar
assustado que me lança agora, percebo que está se sentindo inferior diante
desse lugar. Analiso o ambiente e talvez seja pelas pessoas ricas que
desfilam de um lado para o outro.

— Conheço outro restaurante, vem comigo, Cassandrinha. —


menciono, enquanto levanto.

— Não quis ofendê-lo, podemos jantar aqui mesmo. — justifica,


com tristeza.

— Vamos, quero te mostrar um lugar! — insisto, segurando em sua


mão e a conduzindo para fora.

Seu rosto fica corado pelo meu toque e sua pele é tão macia que
segurar sua pequena mão já me deixa de pau duro. Lembro que ela tem
apenas 18 anos enquanto estou no auge dos meus 39, uma diferença
considerável e que causaria falatórios. Solto ela no mesmo instante, com a
minha mente me penalizando para manter o controle de tudo.

Foi uma aventura absurdamente gostosa comê-la em pleno voo.


Ainda lembro da sensação de ter o meu pau dentro dela e de imediato já
sinto ele começar a pulsar de desejo. Entramos no carro e sigo em direção a
uma pequena lanchonete que às vezes visito para comer escondido. Ava
jamais entraria naquele lugar simples, ela sempre foi ligada ao luxo e a
lugares caros e exuberantes.

Chego na pequena lanchonete e faço os pedidos enquanto a


Cassandra espera no carro. Pela primeira vez em anos me sinto um homem
livre, fazendo coisas normais e comuns, como qualquer outro ser humano.
Estou sempre com o poder nas mãos, mas hoje decidi guardá-lo no bolso.
Abro calmamente o meu terno e afrouxo a minha gravata. Pego a refeição e
rapidamente coloco no carro e sigo em direção a um lugar diferente.

— Você está misterioso, para onde me levará? — indaga, a garota


do interior atenta a cada rua que entramos. — Me matará essa noite? Afinal,
possuo um segredo sórdido, e inclusive você achou que eu estava na
empresa para te chantagear. — finaliza com provocação.

— Ainda é cedo para isso, seria rapidamente descoberto! Preciso


esperar ao menos uma semana para que ninguém desconfie de nada.

Cassandra sorri e estaciono o carro próximo à Ponte do Brooklyn.


Sempre gostei de vir aqui, para contemplar escondido a cidade enquanto
lamentava mentalmente por minha vida. Pego uma garrafa de vinho e duas
taças que sempre deixo em uma maleta de couro atrás do banco. Descemos
juntos e ela me segue em silêncio.

A verdade é que jamais compartilhei esse lugar com ninguém, mas


hoje exclusivamente quero fodê-la admirando a cidade. Sempre tive as
mulheres que eu queria e com ela não será diferente. Mesmo com o meu
desejo pulsando, ao admirá-la sinto que algo mais me incomoda, mas é
impossível distinguir o quê.
CAPÍTULO 6
Leon é um homem misterioso e não se abre facilmente. Consigo
perceber que está acostumado a ter tudo em suas mãos, ter os seus desejos
sempre realizados e sua autoridade cumprida fielmente. Avisto logo a frente
a Ponte do Brooklyn[9], um lugar fascinante com uma vista incrível de Nova
York. Nos sentamos juntos na grade protetora e Leon me entrega o lanche
com cuidado.

— Me fale de você, Cassandra. Possui alguma ambição na vida? O


que fazia no interior?

Suspiro abalada pela pergunta, talvez a resposta certa seja “sim”,


mas minha mente está confusa com toda essa mudança de vida.

— Tinha… sonhava em ser perfumista, em ter uma enorme


floricultura para vender flores e um pomar com inúmeras rosas. Passaria
horas sentindo o aroma da natureza. — Leon encara-me fixamente,
admirando meus lábios se moverem.

— Os sonhos nunca morrem. Aposto que seus pais desejariam vê-la


lutando para realizá-lo.

— É indiferente agora… não faz mais sentido! — decido mudar o


assunto, é difícil falar de algo particular e doloroso. — O poderoso Leon
Stanley já fez isso antes? Comer na rua? — questiono, sorrindo.

— Não, essa é a primeira vez, mas não posso negar que estou
animado — diz, abrindo a garrafa de vinho e servindo uma taça.

Leon inclina a taça na minha direção e a seguro experimentando o


vinho. O sabor é suave, com um leve toque adocicado. Um sorriso raso se
forma em seus lábios e nos alimentamos admirando a cidade ao longe. As
luzes dos prédios e o céu repleto de estrelas me deixam totalmente sensível
e emotiva. O poderoso ao meu lado mexeu comigo desde o primeiro olhar.
Quando me entreguei à loucura de ficar com ele, foi exclusivamente por me
encantar com toda a sua masculinidade. Quando cheguei e descobri que era
casado, tudo desmoronou. Claro, que não imaginava encontrá-lo de novo,
mas saber que faço parte de um segredo tão impuro causa uma imensa
frustração.

— Por que traiu sua esposa? — pergunto, limpando-me para


degustar do vinho caríssimo.

Leon paralisa e também se desfaz das embalagens enquanto sério,


limpa as mãos. O indecente evita o meu olhar e movimenta a taça com
elegância para ativar o sabor do vinho. Acho que esse é o programa mais
pobre que ele já fez na vida e mesmo assim consigo ver que está satisfeito,
exceto pela minha pergunta que acaba de lhe tirar a paz. Seus lábios tocam
a borda da taça de cristal ao passo que respira profundamente pensativo.
Após dar um gole longo, finalmente me encara e fala algo irritante.

— Porque gosto de traí-la. — garante, com convicção.

Não posso acreditar no que os meus ouvidos acabam de escutar, me


questiono se não seria o ruído do vento que afetou a minha audição.

— Gosta? Como assim? Isso é um absurdo. — julgo inconformada,


em um tom ríspido.

— Sim, não serei hipócrita e nem fingirei que sou um homem fiel,
me casei por contrato, sendo um casamento de negócios. Após algumas
tentativas falhas de vivermos um casamento real, decidimos que
manteríamos apenas as aparências. — confessa Leon.

— Contrato? — pergunto, chocada com a revelação dele.

— No interior vocês não possuem isso, pequenina? Casamento por


contrato?
— Não, nós casamos quando amamos, não tem essa coisa de
obrigação. Pelo contrário, tem uma dinâmica de amor. Você se apaixona,
vive um romance tórrido, percebe que não pode viver sem aquela pessoa ao
seu lado e pronto, assim nasce uma família. Conhece o modo normal e
natural da vida? — refuto, perplexa.

— Já ouvi falar, mas nunca experimentei. Venho de uma família


poderosa, onde todos os casamentos foram planejados e comigo não foi
diferente. Já faz 10 anos que me casei com a Ava e sou diariamente
obrigado a conviver com uma mulher narcisista. Um sacrifício em nome da
família.

— Isso é inaceitável, então, por ficar casado sem amor, sai comendo
todas as mulheres por aí? — opino, incrédula.

— Sim, Cassandrinha, você foi apenas mais uma que fez parte do
meu menu de satisfação fora do casamento. Não posso me divorciar, preciso
me aliviar de alguma forma.

A confissão e a forma completamente ortodoxa que ele vê a vida e


as mulheres me anoja.

— Isso é horrível, acha que por ter dinheiro pode comprar o mundo?
— rebato, chateada.

— As pessoas são compráveis, muitas mulheres aceitam isso, elas


sabem que sou casado e me satisfazem para ganhar algo. Não sou um filho
da puta, pelo contrário, abro as cartas na mesa, joga quem quer. O que
aconteceu entre nós não é a maneira que normalmente faço no meu dia-a-
dia. Foi algo não planejado. — menciona, desviando o olhar do meu, como
se penalizasse a si mesmo, por fazer sexo comigo.

— Isso é para que eu me sinta pior? Escute, não concordo com o seu
estilo de vida, porém, não estou aqui para dizer como você precisa viver e
nem tratar as pessoas. Nunca mais chegue perto de mim, minha relação com
você será restrita, apenas para negócios. — esclareço, confiante.
— Como assim? Não vai me permitir tocar o seu corpo essa noite?
Nem sentir a sua boceta me dando prazer? — esbraveja Leon,
inconformado.

Esse ser cafajeste, que se acha o dono do mundo, pensa que sou
como todas as outras mulheres que se divertem, porém, não estou aqui em
busca de um relacionamento fracassado, e sim dê um recomeço. Após
perder as pessoas da minha vida, precisava de uma mudança, sentir que
posso escolher o meu próprio destino. Ficar com um homem complexo
como ele, jamais esteve na minha listinha de desejos, pelo contrário, nunca
passou uma maluquice dessas pela minha cabeça.

— Com licença, agradeço pelo jantar… — comento, me levantando.


— A sua intenção era ficar comigo hoje, porém deixamos claro naquele
avião que seria algo sem compromisso. Agora, é diferente, estamos
trabalhando juntos e sinceramente, você não é homem para mim. Não gosto
de poderosos e nem de cafajestes — finalizo indo até o carro para pegar
minha bolsa.

O homem poderia dizer algo, entretanto, parece que perdeu a fala


porque permanece sentado olhando a cidade. Não há nada que me faça
gostar dele, mesmo com um pau majestoso e sendo um verdadeiro
especialista do sexo, não posso me prender a isso. Sei que ele é
incrivelmente irresistível e safado, mas Ava parece ser uma pedra, que não
quero ter no meu sapato. Meu principal objetivo agora é não ficar com
homens comprometidos, mesmo por contrato. Leon parece recobrar os
sentidos ao se levantar e rapidamente se aproximar de mim. Acabei de pedir
um táxi e aguardo encostada no seu carro milionário.

— Vou te levar para casa. — esbraveja ele, nervoso.

— Não precisa, achou que eu fosse comprável? Que você pagaria


um jantar e eu abriria as pernas para você? — brigo, perplexa. — Não
quero nada de você, entenda que jamais vou dormir com você de novo. —
finalizo, sentindo ele segurar meu pulso com firmeza.
— Não seja boba Cassandra Werner, não obrigarei você a dormir
comigo. Entre nesse carro, vou deixá-la na sua casa. — garante Leon.

Só de ouvir o timbre raivoso, ele não gostou de ser rejeitado por


uma moça que claramente o vê como inferior. Faço o que me pede, é nítido
através do olhar cortante que está sendo sincero e me levará para casa. O
caminho é tenso, silencioso e a única coisa que escuto é o barulho do vento
batendo contra o carro.

Nem mesmo os olhares dele se atrevem a cair sobre mim, acredito


que agora finalmente percebeu, que não cederei ao seu charme e encanto.
Quando ele estaciona em frente ao prédio rapidamente abro a porta do
carro, passo pelo saguão principal e vou direto para o elevador. A porta se
abre e antes que eu possa entrar sinto uma mão grande segurar o meu pulso.

— Sei que sou safado, atrevido e inconsertável, porém jamais quis


te ofender. O jantar era uma forma de realmente poupar o seu tempo, mas
quando olhei para você eu queria mais, muito mais. Não vou pressionar
você… — diz Leon, com um semblante triste. — Prometo não passar dos
limites no ambiente de trabalho! — Ele passa lentamente a outra mão nos
meus cabelos, ficando em silêncio.

Por um momento o Leon cafajeste parece fazer um ato de carinho e


demonstrar que pode ser vulnerável. Ele abre a boca querendo falar mais
algumas palavras, mas noto que engole o desejo e apenas abaixa a cabeça.
Talvez ele se ache incapaz de se importar, não quero acreditar nisso, afinal,
todos podemos sentir e imagino que viver em um casamento como o dele
deva ser broxante. O indecente é safado, arrogante, autoritário e se acha o
dono do mundo, mas consigo ver uma luz, uma pequena faísca ainda não
explorada, pronta para emergir e queimar tudo.

— Boa noite! Não se atrase amanhã, pequenina — cobra, acenando


e saindo do prédio residencial notoriamente atordoado.

Paraliso e o vejo entrar no carro e partir.


“Leon Stanley tem graves defeitos, porém meu coração vagabundo
insiste em bater fortemente a cada toque dele. Hoje, renuncio aos meus
desejos carnais e continuarei mostrando que eu não sou uma mulher fútil”.

Aciono o meu andar e quando a porta do elevador se abre, entro de


uma vez na sala. Genevieve corre em minha direção. Sua fisionomia é de
preocupação, afinal, esse foi o meu primeiro dia na empresa e acabo de
chegar tarde da noite.

— O que houve? Por que chegou às 23h?

— Leon precisou ir em uma reunião na Empresa Expresso,


acabamos saindo tarde e ele me pagou um jantar. — conto, sucintamente.

— Que susto amiga, uma reunião já no primeiro dia de trabalho com


contrato ainda, você é muito azarada. — declara Gen, sorrindo. — Comprei
pizza, deixei metade para você no forno elétrico.

— Obrigada Gen, mas estou cansada, acho que vou deitar mais
cedo.

— Tudo bem, bom descanso Cass. — fala a mestiça, me dando um


abraço forte.

Após os rituais da noite e de trocar para dormir, decido ir até a


pequena sacada pensar um pouco. Talvez a minha mente esteja pensando
demais sobre tudo, mas a verdade é que não tenho limites, quando percebo
já estou me martirizando. A luz pálida da lua me ilumina e a brisa leve toca
o meu rosto. Fecho os meus olhos e o meu primeiro novo pensamento é o
Leon. Movimento minha mão no ar querendo que ele desapareça da minha
cabeça como se fosse uma pequena fumaça ou uma pequena nuvem de
tempestade.

A sinceridade dele assusta e me deixa admirada ao mesmo tempo.


As palavras do safado parecem se repetir na minha mente como uma canção
viciante: “Não sou um monstro, pelo contrário, abro as cartas na mesa,
joga quem quer. O que aconteceu entre nós, não é a maneira que
normalmente faço no meu dia-a-dia. Foi algo não planejado”.

Um homem que era para ser esquecido, se tornando apenas uma


vaga lembrança gostosa de prazer, está agora entrelaçado a minha vida,
como o meu chefe.

“Esse homem está tirando a minha paz, preciso esquecê-lo”.


CAPÍTULO 7
Resolvo ignorar essa tormenta de pensamentos e deito na cama, fico
o que parece horas olhando para o teto e revirando nos lençóis. Minha vida
toda estava traçada antes de decidir me mudar para Nova York. Na minha
listinha de desejos, primeiro era construir o chalé do meu pai, segundo,
conhecer o Egito com eles e, terceiro, me casar no meio do oceano com o
homem dos meus sonhos. Hoje, ficou apenas o desejo, porque infelizmente
pereci.

Quando meus pais morreram, meus sonhos mudaram. Estar aqui,


começando na empresa do Leon jamais foi um sonho ou se quer um
planejamento. Quando via a cidade de Nova York era na televisão, como
apenas um ponto turístico e realizador de sonhos. Decido parar de pensar e
começo a contar carneirinhos. Pouco tempo depois adormeço
tranquilamente.

Um novo dia começa na Big Apple, engulo o café quente e aliso o


meu vestido preto social. Hoje especificamente decidi ir bem arrumada,
sempre fui uma garota vaidosa, mas com a tristeza como companheira,
estava desanimada até mesmo para pentear os cabelos.

— Uau, está muito linda hoje Cass. O que aconteceu para ativar esse
seu lado vaidoso de novo? — analisa Gen, curiosa.

— Apenas quis deixar a vida mais colorida, não sei bem por quê.

— Tem a haver, por acaso, com um chefe gostoso, alto, safado e


dono de um olhar matador? — provoca, minha melhor amiga, já estreitando
os olhos em minha direção.
— Ficou louca? — grito, nervosa. — Aquele homem é tenebroso,
muito velho, não possui modos, é arrogante, atrevido e definitivamente o
oposto dos homens que eu gosto. — Asseguro, porém a verdade é que estou
completamente caidinha por aquele indecente.

Pego uma enorme colher de açúcar sem notar e jogo na minha


xícara de café. Genevieve olha para a minha mão e inclina a cabeça
confusa.

— Velho? Como se você não gostasse… 一 ela gargalha alto. 一 O


homem parece um ator de Hollywood, queria um velho como aquele e outra
coisa Cass, se você toma café sem açúcar, por que está colocando esse
veneno em sua xícara? Ficou tão nervosa assim ao ouvir o nome do Leon?
— debocha, pegando a bolsa.

— Deixe-me em paz. — refuto sorrindo, colocando a xícara sobre o


mármore da pia e a seguindo até a porta.

Aconchego meu quadril na poltrona macia, atrás da minha pequena


mesa. O elevador se abre e rezo baixinho para não ser o Leon, ainda faltam
exatamente 20 minutos para o início do expediente. Quem vejo saindo é um
homem desconhecido, vestido em um terno azul-marinho, gravata preta,
cabelos loiros desgrenhados, olhos marcantes e um sorriso atraente e
agradavelmente branco. A voz é sexy, o sotaque único e indica que se trata
de um legítimo britânico.

— Hoje está um dia lindo, ótimo para tomar uma boa dose de
whisky. — diz o desconhecido, esticando a mão para me cumprimentar.
— Sim, uma dose de whisky, com café e dois cubos de gelo para
realçar o sabor. — concordo de imediato, apertando com firmeza a mão
dele. — Nessa época do ano, com o inverno chegando, uma bebida
alcoólica sempre faz bem. — O homem sorri com a minha resposta e leva
as mãos a cintura com certo questionamento.

— Nunca vi uma moça linda como você nesta empresa. Você é nova
aqui? — interroga, estudando o meu rosto.

O loiro alto parece ter em torno de 40 anos, é charmoso e tem um


humor diferenciado. Antes que eu possa responder à pergunta, Leon entra
na recepção.

— Bom dia, já chegou Rick? Sempre pontual, esses britânicos são


um orgulho. — brinca Leon, abraçando o homem.

Stanley me encara friamente e apresenta o homem com entusiasmo.

— Cassandra, esse é o Rick Muzy, ele é um dos nossos sócios e vem


duas vezes na semana para cuidar de alguns documentos da administração.
O que ele precisar, pode ajudá-lo, por favor. — diz brevemente.

— Claro, senhor! Farei o que estiver ao meu alcance, será um prazer


ajudá-lo.

— Estaremos em uma pequena reunião rápida, qualquer coisa pode


interfonar na sala. — ordena Leon, já caminhando com o sócio e fechando a
porta da sala ao passar.

O poderoso nem sequer piscou ou fraquejou na minha presença, na


frente de todos é como se fossemos dois desconhecidos, totalmente
profissionais. Essa atitude dele me deixa menos aflita, não quero ter
problemas e nem me sentir intimidada na hora de desempenhar o meu
melhor. Ava entra pela porta com uma enorme caixa de bombons. Levanto-
me rapidamente e a ajudo pegando o produto da mão dela.
— Não é tão tapada, afinal, leve para a minha sala! — ordena a
jararaca.

Coloco a caixa na mesa de vidro. Ava com cara de nojo senta atrás
da mesa e retira um pequeno bloco de notas da gaveta.

— Onde estavam ontem? Notei que Leon chegou tarde! —


questiona a loira.

— A reunião com o senhor Fonsi ficou extensa e infelizmente eles


demoraram para assinar o contrato. — explico, enquanto observo seu olhar
duvidoso.

— Nossa última tentativa de ter uma secretária acabou em desastre,


a pobre moça acidentalmente queimou os cabelos! — declara, com um
timbre ameaçador.

Meus olhos se arregalam e percebo que não foi nada acidental, será
que Ava Stanley cometeria agressão e queimaria os cabelos de uma pessoa?
O quão desequilibrada ela poderia ser? Ava cessa qualquer dúvida com sua
fala horrorosa.

— A atrevida ficou rindo para o Leon, mas rapidamente aprendeu a


ser profissional, espero que esteja trabalhando corretamente em outro lugar,
com uma bela peruca. — debocha, se sentindo certa pela atitude deplorável.

Ava Stanley demonstra ser intolerante, entretanto, é visível através


das suas roupas de grife um olhar insatisfeito com a vida. O mesmo olhar
que Leon carrega quando olha para as paredes desse lugar. Às vezes o fardo
de ser poderoso, influente e nobre pode destruir uma alma já machucada.
Essa executiva na minha frente, com toda essa arrogância, também se sentiu
forçada a casar?

Com os comentários que escutei dela, cheguei a conclusão que


arduamente ela tenta provar que é forte, inigualável, que suas palavras
precisam ser as últimas proferidas entre as mulheres da empresa.
Duramente e com descortesia ela quer enfiar sua posição na nossa goela,
demonstrando liderança, no entanto, só consigo ver uma pessoa vazia por
dentro.

— Precisa de mais alguma coisa senhorita Ava?

— Não, Cassandra, pode ir! — assegura, movimentando a mão no


ar e gesticulando para que eu saia rapidamente.

O restante do dia na empresa é tranquilo. No final do expediente


guardo todos os documentos e separo os novos contratos que precisam ser
revisados amanhã. Pouco tempo depois já estou em casa, deitada na cama
olhando o teto com insônia. Fico horas pensando nos meus pais até que
finalmente o sono me alcança.

O restante da semana passou freneticamente, amanhã é sábado e já


separei todas as pautas que serão abordadas no evento da House Green.
Stanley me tratou rudemente e ficou inexpressivo a maioria das vezes que
precisou estar ao meu lado nos últimos dias. Sento-me no tapete da sala e
vejo Gen correr em minha direção.

— O que houve? — pergunto, assustada.

— Comi algo que me fez muito mal, já vomitei 4 vezes e agora


estou com dor no estômago. — reclama, cobrindo o rosto com as mãos.

— Amiga, fica tranquila, vou à farmácia agora mesmo, comprar um


remédio.

— Já tomei Cass, o problema não é estar ruim.


— Qual o problema, então? — interrogo, já apavorada.

— Amanhã eu deveria acompanhar o Leon no evento da House


Green. Ava não poderá ir e exigiu a minha presença ao lado dele, para
vigiá-lo. — Expressa triste se afundando no sofá.

— Pode ser que amanhã você esteja bem! Respira, ainda faltam
algumas horas. — menciono positivamente.

— Amiga, se caso meu corpo não estiver em condições, você


precisará ir no meu lugar. Sei que começou essa semana, que ainda está
perdida, mas não podemos arriscar. Ava Stanley já mandou garotas embora
da empresa, por muito menos que isso. Ela odeia deixar o Leon solto em
qualquer lugar. — justifica ela, revirando os olhos em desaprovação.

— Um casamento por contrato, mas pelo jeito ela realmente ama


ele! — Suponho, tentando entender essa relação que eles possuem.

— Casamento por contrato? Do quê está falando? Quem te disse


isso? Jamais imaginei esse babado. — confessa Gen, sentando rapidamente
no sofá.

Acabo de perceber que contei um segredo e falei mais do que


deveria. Levanto apressadamente e antes que eu possa fugir para o quarto,
Genevieve me questiona.

— Não considere fugir, senhorita Cassandra, sou sua melhor amiga


desde o jardim de infância, trate de abrir a bocona agora mesmo. —
esbraveja, me olhando furiosa. — Eu sabia que estava me escondendo algo,
não sou boba. — finaliza, puxando meu braço e me empurrando no sofá.

— Não é nada, Leon apenas se abriu, acho que se sente pressionado.


Não gosto muito dele, mas ser poderoso deve ser algo cansativo. —
articulo, enquanto vejo ela desconfiada.
— Tem certeza que é só isso?

— Claro que sim, vai descansar, amanhã você estará novinha em


folha. — asseguro, indo para a cozinha.

Não queria esconder nada da Genevieve, ela sempre esteve ao meu


lado e me apoiou, mas tenho medo de ser julgada. Cometi uma loucura,
errei, sim, eu sei. Poderia apenas falar de uma vez, mas parece que uma
bola se forma em minha garganta, me impedindo de desabafar.

Nunca houve um segredo entre nós, sempre fomos aquele tipo de


amigas que confidenciam, que criticam com respeito e que acima de tudo
apoiam. Posso estar sendo ridiculamente estúpida em mentir, porém, a
verdade é que trai uma pessoa, mesmo não sendo uma escolha minha, eu
posso ser responsável por magoar alguém e isso me deixa devastada. Na
verdade, preciso aceitar que fiz realmente isso, antes de contar.

Após fazer uma sopa para que ela se sinta melhor vou até o quarto.
Abro meu nécessaire e retiro uma pequena carta escrita pelos meus pais no
natal passado. Meus olhos se enchem de lágrimas ao notar que as palavras
se encaixam perfeitamente no que estou sentindo. Leio novamente as lindas
palavras me recordando da voz deles, enquanto sou inundada por uma
saudade sem fim.

“Bem-vinda a vida adulta, pequeno botão de rosa. Ainda nos


lembramos de quando você caminhava pelo pequeno jardim de flores. Você
parava ao lado de um dos galhos do pé de rosas-vermelhas e espetava os
dedos ao pegá-lo. Todas às vezes você chorava e dizia que nunca mais iria
tocá-lo, porém repetidas vezes você o segurou em teimosia, apenas para
admirar aquela linda rosa desabrochada. A garra e determinação que
existem dentro de você te faz ser assim, uma verdadeira lutadora, que
jamais desistirá. Com o passar do tempo você aprendeu a segurar nos
pontos certos e com carinho cheirava aquela flor, encantada com a beleza
dela. Você pode se machucar todas as vezes, mas uma hora você irá
aprender e atingir o seu objetivo. Você é como um pequeno botão de flor
que vai lentamente desabrochar e ganhar o mundo. Sempre estaremos com
você, fisicamente ou em espírito. Amamos você”.

Como não lembrar dos nossos momentos? Lembro-me de deitar no


colo do meu pai enquanto ele ouvia rádio e das broncas da mamãe.
Recordo das noites que passamos sorrindo nos jantares em família, tudo era
incrível e aproveitei cada pequeno momento e isso me conforta.

“São tantas pequenas memórias de amor, mas elas causam tanta


dor! Por que dói tanto?”.

Aperto os meus olhos fechados tentando dissipar esse sentimento de


injustiça que sinto, pela perda precoce deles. Meus pensamentos voam para
outra lembrança que faça meu coração se acalmar. Instintivamente sou
levada ao avião. Para o momento em que Leon descia beijos suaves pelo
meu pescoço.

“Por que continuo pensando nele? É errado, Cassandra, para de


pensar nesse homem!”.

Algumas horas depois desligo meu pensamento e adormeço.

Passo o sábado todo orando para que Genevieve esteja


perfeitamente bem. Não queria ter que acompanhar o Leon em um evento,
meu desejo é manter distância dos sorrisos infames e do olhar dominador.
Quando o relógio apita às 19h, Genevieve aparece na minha porta com cara
de cachorro sem dono.

— Amiga, me perdoe, sei que é sua primeira semana, que você não
merecia ter tido uma reunião no primeiro dia e agora ir a um evento, mas
não tem outra opção. Você precisará acompanhar nosso chefinho nessa
festa. Sinto muito! — avisa, entristecida.

Meu coração acelera e minhas mãos ficam geladas de nervosismo.

— Não tenho nenhuma roupa de grife para isso. — Levo as mãos à


cabeça enquanto reclamo. — Não posso ir com minhas roupas de
promoção, isso seria vergonhoso. — declaro, triste.

Sinto que meus nervos palpitam por baixo da minha pele. Sempre
fui uma garota dramática e minha pele parece murchar em desidratação
após essa notícia devastadora. Minhas pernas amolecem e em minha cabeça
imagino flashbacks do Leon ao meu lado com toda aquela supremacia,
tirando completamente o meu fôlego. Não conseguirei resistir às investidas
do indecente, ainda mais hoje que cogito aproveitar cada bebida caríssima
servida naquele evento.

— Acalme-se, a Ava tinha me enviado o vestido, você vai com ele,


nós temos o mesmo manequim, não se preocupe! Se maquie e fica bem
bonita que hoje conhecerá a elite de Nova York. — Genevieve segue em
direção ao quarto dela para buscá-lo.

“Não faço a menor ideia de como funciona uma festa desse nível,
espero não me tornar a piada de todos os ricos essa noite”.
CAPÍTULO 8
Genevieve entra no meu quarto com um vestido em uma capa preta
protetora. Não sei a cor, o modelo, se é bonito ou feio. Vou rapidamente
para o banho e enquanto a água quente cai no meu corpo, mil dúvidas
perturbam minha mente. Quando retorno ao quarto, Genevieve está deitada
na minha cama e dá apoio moral.

— Se sirva sempre depois do Leon, para conseguir acompanhar a


escolha de talheres e taças dele. Não exagere na bebida e sob nenhuma
circunstância dance nesses eventos. Fique atenta às pessoas e de olho no
Leon, aquela jararaca vai querer saber até os horários que ele esteve no
banheiro. — avisa, apontando para os sapatos perto da porta.

Analiso as opções, são 2 pares, um dourado e um prata repleto de


pedras brilhantes.

— Que cor é o vestido? — interrogo, curiosa.

— Abra a capa e veja você mesma. — brinca Gen.

Aproximo do cabide que segura o vestido e abro, percebo que se


trata de um vestido de marca. Ele é longo, vermelho, extremamente luxuoso
e possui um decote espetacular. Meu queixo quase cai no chão, afinal,
nunca vi uma peça tão perfeita em minha vida.

— Uau, esse ano ela caprichou na escolha. Está com sorte amiga. —
diz minha melhor amiga, surpresa com o vestido.

— Com toda certeza nunca vesti nada tão caro na minha vida. —
ressalto, com os olhos presos ao vestido.

— Vai, mexa-se Cass, em menos de 1 hora o motorista vem te


buscar! Vamos, que vou te ajudar a arrumar o cabelo. — Afirma Gen, se
levantando e pegando o que precisa para arrumar os meus cabelos rebeldes.
Coloco o vestido, caminho e paro em frente ao espelho. Fico
perplexa ao conferir a minha imagem refletida, como uma roupa pode
mudar tanto uma pessoa? Aliso o vestido no meu corpo, parece ter sido
feito sob medida, o encaixe é perfeito e a altura ficou exata. Coloco os
saltos e depois começo a passar um creme no meu rosto. Genevieve se
aproxima e mesmo com dor me ajuda a passar a maquiagem e a arrumar o
cabelo. Opto por deixar os fios soltos e ela faz cachos nas pontas, após
finalizar ela passa um brilho nos fios, para iluminá-los. O batom é vermelho
vivo para destacar os meus olhos. Escolhi o salto prata e vou até a meu
nécessaire e pego um lindo colar que mamãe me deu.

— Não vai com esse não, deixa guardadinho, vai que você perde
amiga. — avisa Genevieve, segurando minha mão com carinho.

— Verdade, só o batom já está dando um destaque ótimo —


concordo, me levantando e parando na porta.

O interfone toca e meu coração palpita desenfreado. Equilibro-me


nos saltos e com confiança vou até o interfone, atendo e o porteiro avisa que
o motorista espera na entrada. Despeço-me da Genevieve e sigo até o
saguão principal. Quando chego na calçada, uma limusine me espera. A
porta traseira se abre e entro calmamente. Leon me fita com surpresa, os
olhos estão esbugalhados e descem pelo meu corpo.

— Cadê a Genevieve? O que faz aqui? — interroga, já passando a


mão pelo rosto parecendo nervoso e sua expressão enrijece.

— Ela não está bem de saúde. Infelizmente irei te acompanhar neste


evento. Prometo falar pouco, você nem notará a minha presença. — Viro
meu rosto para não encará-lo.

— Impossível você não ser notada! — exclama Leon, se censurando


por dizer isso.
Ele parece se remexer no banco incomodado e, ao mesmo tempo,
me estuda como se buscasse algo. Abruptamente abro a porta do carro e
faço menção de sair. Leon captura o meu pulso e nos entreolhamos
fixamente.

— Não se preocupe, se não está feliz com a minha presença, não irei
mais. — Leon rosna entredentes.

— Feche a porta. — Com raiva bato a porta ao fechá-la e Leon


balança a cabeça em discordância.

Ele toca levemente no pequeno vidro que nos separa do motorista e


pronuncia uma ordem.

— Jonas, volte para a minha casa, esqueci algo lá. — avisa, se


ajeitando no banco.

O motorista imediatamente se move pelas ruas. Ficamos em silêncio


até que ele chegue em frente a residência. Meu corpo imediatamente fica
tenso e a dúvida só cresce quando o Leon desce para buscar algo na casa.
Olhando aqui pelo vidro, vejo que a propriedade é magnífica e digna de um
filme hollywoodiano. Possui moldura em todos os detalhes, longas colunas
de concreto que alcançariam o céu facilmente, as portas são de madeira
pura, com entalhes e os detalhes dourados glamourosos.

Minutos depois ele retorna e senta ao meu lado, o motorista segue o


caminho enquanto o magnata pega uma pequena caixa de couro de marca.
Ao abri-la vejo um lindo colar de diamantes, as pedras brilham
demasiadamente com qualquer pequeno feixe de luz que entra pelo vidro do
carro.

— Você ficará linda com esse colar, aliás, mais linda do que você já
é. — As mãos dele seguram a corrente brilhante e tocam o meu pescoço.

— Não posso usá-lo Leon, deve ser caríssimo, não tenho dinheiro
para pagá-lo caso o perca. — Meu rosto fica inteiramente corado ao sentir
os dedos dele, na minha pele.

— Se perder não precisa pagar, não estou fazendo um empréstimo,


quero que fique com ele. — exclama, olhando o meu rosto intensamente.

“Por que Leon Stanley me daria um colar desses? Ele acha que sou
comprável? Mais uma vez ele está tentando dar algo em troca de sexo?”.

— Não quero nada de você. Se pensa que farei sexo depois que
beber todas nesse evento, simplesmente por ter me dado um colar de
diamantes, está inteiramente enganado. — Minha raiva grita dentro de mim
enquanto puxo o colar e jogo contra o corpo dele.

— Jamais pensei isso, você é uma garota muito arrogante, eu não


quero comer você, posso ter outras mulheres, a que eu desejar, não tocarei
em você! — esbraveja, alterado e se afastando de mim.

Analiso o corpo dele e vejo o pau duro marcando a calça social,


como ele pode negar que quer me comer, se o corpo evidencia o oposto?

— Acha que não vejo o seu pau duro nas calças? Pode negar, mas
chega a ser ridículo achar que sou inocente ao ponto de não perceber que
você só está querendo se aproveitar de mim. — Ele leva rapidamente a mão
direita ao volume exuberante, tentando cobrir o inevitável assim que escuta
minha afirmação.

— Não me aproveito das pessoas, você não me conhece, entendeu?


Não crie suposições, nem sei porque fiquei de pau duro perto de você. —
Leon reclama, revoltado.

O poderoso vira lentamente o corpo tentando ficar de costas para


mim, faço o mesmo e volto minha atenção para a cidade lá fora. Hoje,
especificamente a luz pálida da lua clareia fortemente as ruas vazias e
enfeitadas. Meu primeiro evento chic e sinto que odiarei cada momento.
Quando o carro estaciona em frente a House Green ajeito a minha postura e
abro a porta do carro. Leon aproveita meu momento de distração e coloca o
colar no meu pescoço.

— Assim se sentirá menos inferior em relação às milhares de


mulheres fúteis dentro desse lugar. — Leon abre a porta do carro e sai antes
que eu possa reclamar.

Um enorme fascínio preenche esse instante, assim que vejo a House


Green na minha frente. A parte da frente é inteiramente de vidro, lembrando
uma grande estufa. Milhares de rosas-brancas e lírios enfeitam o caminho
central, que possui um tapete longo vermelho no chão. Vários fotógrafos
aguardam e assim que Leon faz uma pose todos imediatamente ativam seus
flashes captando várias fotos. Quando termina a pequena sessão,
acompanho Leon para entrarmos no salão. É uma enorme galeria com tudo
em mármore branco calacatta. Lustres de cristais gigantescos são
distribuídos adequadamente no teto todo em vidro. Vários pinheiros, plantas
ornamentais e flores decoram toda a lateral do salão.

Nenhuma vez idealizei estar em um lugar sublime como esse, Leon


passa o braço no meu e me conduz pelo ambiente, poderia me afastar, mas
estou tão impressionada que o vejo admirar os meus olhos presos aos
detalhes do ambiente. As pessoas nos cumprimentam e pela primeira vez
não tenho a sensação de estar deslocada, já que ele faz questão de sempre
me colocar na conversa. Após andarmos pelo salão todo, nos sentamos na
mesa impecável para bebermos um drink. O garçom nos serve duas taças de
champanhe e Leon ri quando me vê virá-la de uma vez.

— Está muito difícil ficar aqui, pequenina?

— Não, o lugar é magnífico, a música está agradável, temos bebida


gostosa e de graça, não posso reclamar. — confesso, levantando a mão e
pedindo outra taça ao garçom que prontamente me serve.

— Não sairei com você nos meus braços. Cuidado, bela moça, se
não podem dizer que estou te embebedando. — Leon me olha atento
enquanto viro novamente o champanhe na minha boca, ele sorri, limpando
o canto dos meus lábios com excesso de bebida.

Nos entreolhamos enquanto o polegar dele contorna


provocativamente os meus lábios. O toque é macio, lento e sensual. Fico
ansiosa e seguro sua mão no ar, afastando-a de mim. Meu corpo parece
entrar em ebulição e as pessoas passam ao nosso redor sem notarem que
estamos respectivamente presos por uma conexão sexual. Antes que a
tensão fique incontrolável, sobressalto da cadeira e ando perdida
procurando o toalete. Entro aflita e paraliso, o lugar é impressionante, o
ambiente remete ao mundo mágico, com milhares de espelhos espalhados
em cada pequeno centímetro das paredes. Um lustre prata com luzes frias
de led branca iluminam o lugar. A várias mulheres rindo e conversando e
escuto quando uma pessoa menciona um nome conhecido.

— Vocês viram o Leon Stanley? Ele está acompanhado da


secretária, a Ava nunca está com ele, está sempre indo em eventos opostos e
deixa aquele homem maravilhoso solto por aí. Seria uma pena para ela, se
ele acabasse na cama de uma de nós essa noite. — deseja a garota
desconhecida, ela é parda, possui os cabelos castanhos longos e sorri
retocando o batom.

Abruptamente fujo para um dos reservados e encosto a pequena


porta, deixando apenas uma fresta, para continuar ouvindo sem ser notada.

— A garota com ele é bonita, mas não é da alta sociedade, parece


uma hippie arrumada. — declara a outra moça, ela é ruiva e usa um vestido
verde elegante.

Todas possuem roupas de grifes, cabelos arrumados e joias caras


penduradas nos pescoços.

— Queria ser o jantar dele essa noite, dizem que ele é um animal
feroz na cama. Porém, não é fácil assim fisgá-lo. Dizem que só fica por
contrato, a garota precisa assinar dizendo que jamais contará que ficou com
ele — supõe a garota morena enquanto as outras levam as mãos aos lábios
em choque.

— Porém, deve compensar, o homem é o mais lindo que já vi.


Assinaria qualquer contrato só para ter o prazer de dormir uma noite com
ele. — finaliza a ruiva, seguindo as garotas porta afora.

Saio do pequeno reservado e passo uma água nas mãos e molho meu
pescoço. A porta se abre de uma vez e penso ser uma das garotas voltando,
mas é o Leon, atrevidamente invadindo o toalete feminino.

— Está tudo bem? Fiquei preocupado, por que está demorando


tanto? — interroga, me olhando com advertência.

— Você sempre faz isso? Essa área é privada, não pode invadir
assim, já estou saindo Leon Stanley. — Meu tom sai mais ríspido do que eu
gostaria. Perceber que todas as mulheres o desejam me incomoda.

Leon se aproxima parando atrás do meu corpo e suavemente encosta


o quadril roçando seu membro na minha bunda. As mãos maliciosas tocam
a minha cintura enquanto afunda o rosto nos meus cabelos, me fazendo
sentir a sua respiração quente em minha nuca. Leon inspira meu perfume e
encoxa o meu corpo com força. Minhas pernas fraquejam e fecho os meus
olhos sentindo esse desejo se apoderar de mim.

— Leon, foi um erro o que aconteceu, não pode se repetir —


enfatizo, enquanto seguro as mãos dele e conduzo pelo meu corpo até
chegar aos meus seios excitados.

O safado apalpa com força e com os dedos brinca com os meus


mamilos duros que apontam no tecido fino do vestido. Ele roça o nariz na
minha nuca enquanto esfrega o membro duro e exuberante na minha bunda.

— Podemos errar de novo pequenina! Estou louco para sentir o seu


corpo, para provar cada pedacinho de você lentamente e ansioso para te
pegar com força, enquanto você grita o meu nome.
CAPÍTULO 9
Leon encosta os lábios em meu ouvido, a voz é rouca e um arrepio
percorre a minha espinha ao ouvi-lo sussurrar safadezas. Claro que quero
senti-lo, o desejo que me corrói é devastador. Inclino meu quadril para trás
e movimento sensualmente, provocando-o. Com força me prensa contra a
pia e abraça o meu corpo. Leon esmaga com a mão os meus seios, louco de
vontade de me foder.

— Sabia que você tem um cheiro inesquecível — comenta,


depositando beijos no meu pescoço e chupando minha pele sensível.

Leon se afasta e sinto falta do seu calor e do seu toque ácido. Ele se
move até a porta e a tranca, nesse instante meu coração acelera e as minhas
mãos ficam frias.

— O que está fazendo? — minhas bochechas esquentam e minha


voz sai tímida.

— O que você acha pequenina, o que posso dizer, adoramos uma


aventura em um banheiro público! — brinca o indecente virando o meu
corpo com brutalidade para me sentar sobre a pia de mármore.

Ele coloca a mão direita por debaixo da barra do meu vestido e


começa a deslizar pela minha pele enquanto encaixa o quadril no meio das
minhas pernas. Seu membro duro se esfrega contra a minha calcinha de
renda e com afobação ele começa a abrir o cinto de couro. Leon arranca em
um movimento único o cinto da cintura e passa na minha boca, afivelando-o
atrás da minha cabeça.

— Você não vai falar nada, apenas vai gemer enquanto meu pau
entra em sua boceta com força. — assegura ele, me deixando excitada e
ansiosa para senti-lo.
Leon empurra meu tronco encostando no espelho e abre com força
as minhas pernas. Ele abaixa as calças e seu pau robusto, encorpado, grande
e grosso salta para fora, ficando livre. Com força agarra minha calcinha e
rasga de uma vez, lançando-a no chão. Fico desnorteada enquanto seu olhar
safado me admira com perversão minha entrada molhada. Coloco os meus
seios para fora do vestido e apressadamente ele começa a abocanhá-los e
chupá-los com exaltação.

O indecente segura na base do membro majestoso e esfrega contra a


minha entrada, espalhando a lubrificação. Nesse momento, com
brutalidade, penetra-o de uma vez, enfiando profundamente em minha
boceta. Inclino minha cabeça brevemente para trás, porém, a mão grande
dele captura os meus cabelos me puxando contra o seu rosto.

Ele arrasta o cinto para baixo e a língua ordinária desliza sobre a


minha em um beijo erótico, intenso e absurdamente gostoso. Leon tem uma
habilidade incrível e já imagino essa língua magnífica rastejando dentro da
minha área proibida.

“A droga, acabo de adquirir um novo arrependimento, mas nesse


momento foda-se, eu quero esse homem”.

Com os dedos ele explora meus mamilos enquanto se mantém


enterrado e parado dentro de mim. O homem apenas aproveita o meu beijo
e a sensação quente do meu corpo. Nosso beijo cessa e rapidamente ele
tampa a minha boca com o cinto novamente. Quando começa a movimentar
o quadril, meu corpo estremece por tamanha brutalidade e poder.

Com arrogância morde os meus lábios e apalpa o meu corpo e


poderia gozar só pelo toque selvagem. O pau sai e entra de mim apertado,
progressivamente enquanto ele difere estocadas violentas e desconcertantes.
Deslizo minhas mãos por debaixo da camisa social e passo com força as
minhas unhas em suas costas. Aproveito para sentir os músculos torneados
do abdômen através dos meus toques.
Os gemidos escapam dos meus lábios e mordo o couro, tentando
conter o desejo avassalador que predomina em meu peito. Nos admiramos
intensamente através do olhar, e a conexão se torna irresistível,
demonstrando as sensações do nosso corpo totalmente afloradas. Leon
Stanley é um selvagem e dominador, acabo de cair em suas garras e não
tenho pretensão de escapar delas. Tento gritar o seu nome e minha voz sai
abafada pelo cinto de couro.

— Leon… — repito inúmeras vezes dominada pelo tesão.

Acabo de cometer a minha segunda loucura em uma semana. Tento


racionalizar mais com Leon Stanley bem aqui, beijando o meu corpo e me
devorando com violência, fica impossível. Suas mãos seguram minha
cintura com firmeza e com força ele choca o meu quadril contra o dele,
penetrando profundamente em mim! Seus lábios quentes são arrebatadores
e a forma como conduz o meu corpo com brutalidade e fico totalmente
rendida. Com desespero e pronto para atingir o ápice do prazer, ele procura
meu núcleo com os dedos e me castiga freneticamente. Juntos, nos
entregamos à euforia dessa sensação picante e selvagem.

Ele tenta tirar o pau com aflição para que algo indesejado não
aconteça. Quando terminamos, ele me segura forte em seus braços, retira o
cinto de couro que tampava a minha boca e continua beijando os meus
lábios. Sua boca saboreia a minha com avidez e sinto as nossas línguas
macias circularem uma na outra com sensualidade. Leon faz carinho nas
minhas coxas e permanece apalpando o meu corpo, como se precisasse
aproveitar cada pequeno segundo. Ainda não consigo definir porque nos
entregamos a esse desejo insano, isso faz com que o arrependimento
comece a me castigar mentalmente.

O indecente acaba de conseguir o que queria, desde que pisou na


recepção e me viu de novo ele já queria me comer, ficou evidente quando
sussurrou palavras censuráveis no meu ouvido. Talvez agora ele me deixe
em paz e assim possamos manter uma postura profissional. Confesso que
até eu me sentia tentada a prová-lo de novo e agora que esses pensamentos
safados foram saciados seguiremos normalmente apenas como dois
conhecidos.

— Isso foi intenso, pequenina. Você é tão linda. — Leon passa


suavemente o dorso da mão no meu rosto, me admirando.

— Agora você já conseguiu o que queria, por favor, me deixe em


paz. — declaro, empurrando-o e pegando a minha calcinha.

Leon não menciona nenhuma palavra, vira o rosto e parece ignorar o


que eu disse. Ele puxa as calças abaixadas e ajeita o terno. Amarro a parte
rasgada da peça de renda para mantê-la em meu corpo e após colocá-la de
volta arrumo os meus cabelos. Destranco a porta e sigo em direção ao salão.
Caminho atordoada com a sensação de culpa pelo que acabei de fazer.
Estou errada em me sentir assim? Por que me deixei levar por esse
sentimento? Assusto ao ouvir uma voz conhecida falar comigo.

— Boa noite, Cassandra, certo? — O britânico sorri, esperando que


eu o cumprimente.

— Boa noite, Rick, certo?

— Certo, o que faz sozinha andando pelo salão? Está à procura de


uma bebida? Posso pegar para você.

Abro um sorriso simpático, é notável o quanto ele também chama


atenção das mulheres, mas antes que meus lábios emitam qualquer som,
Leon responde por mim.

— Ela está comigo Rick, não a incomode! — O poderoso pega uma


taça do garçom e me entrega. — Se ela quiser bebida, eu mesmo a sirvo! —
O timbre é brevemente alterado enquanto Rick o olha e bufa baixo.

— Relaxa, está nervoso por trabalhar essa noite? — interroga com


ironia.
O microfone anuncia os nomes dos poderosos da tecnologia e Leon
é chamado. Ele fecha o cenho, demonstrando insatisfação, porém segue em
direção ao palco. Já posicionado esperando começar as apresentações, ele
fixa o olhar no meu, como se me cuidasse de longe. Rick fala ao meu lado
sem parar e apenas concordo enquanto sento na mesa luxuosa e degusto o
champanhe! O loiro sedutor pergunta da minha vida no interior, sobre os
meus gostos, até mesmo minhas preferências musicais e, ao mesmo tempo,
tento focar nas falas confiantes do Stanley em seu discurso.

— Com responsabilidade e planejamento, com respeito à natureza


podemos progredir e crescer, não há limite para o sucesso, ao ser alcançado
com honra e sabedoria! — finaliza Leon, recebendo os aplausos de todos.

O indecente desce do palco sob o olhar admirado de suas fãs e as


cumprimenta com ar de soberania. Elas sorriem eufóricas e agarram o seu
corpo para abraçá-lo. Leon parece gostar de ser ovacionado, a feição que
ele exibe é de aprovação e poder. Ele sabe que tem as mulheres aos seus
pés, porém em meio aos elogios e sorrisos ele me fita intensamente e
abandona todos vindo em minha direção.

“Não se iluda Cassandra, ele apenas quer preservar o segredo dele,


já que não assinei nenhum contrato de que vou ficar com a boca fechada”.

Puno-me por desejar que ele tenha gostado verdadeiramente de estar


comigo sexualmente, mas neste momento preciso mostrar que não
significou nada para mim. Levanto-me antes que ele chegue à mesa e
ofereço minha mão para o Rick.

— Acho que ouvi você me chamando para dançar! — Jogo um


verde e Rick sorri radiante aceitando a minha mão.

Leon se aproxima de nós com uma feição de poucos amigos. O


britânico me conduz até a pequena pista de dança e automaticamente
lembro que não sei dançar. Rick envolve minha cintura enquanto passo os
braços ao redor do pescoço dele. Com passos lentos, ele me conduz em uma
dança suave pela pista. A presença dele é agradável e o perfume é
amadeirado. Desvio o olhar para o Leon que enfurecido vira um copo de
whisky nos lábios. Rick aperta a minha cintura e dançamos até que a
música termine. Quando giro para sair, esbarro no Leon parado atrás de
mim.

— Agora é minha vez de ganhar uma dança. — Um sorriso irônico


estampa os lábios dele ao segurar minha mão e me puxar para o seu corpo.
CAPÍTULO 10
Leon me puxa para o seu peitoral amplo e imponente. Internamente
meu senso crítico grita implorando para que uma foto desse momento não
seja tirada. Não estou preparada para lidar com a Ava, mas também não
posso ignorar o Leon no meio da pista, ficaria muito nítido que algo
estranho paira entre nós. Passo as mãos em seu pescoço e deixo que ele me
segure para a próxima dança.

Suas mãos sorrateiramente deslizam pela lateral do meu corpo


parando em meu quadril. Seu rosto se encosta no meu e sua respiração faz
cócegas na maçã do meu rosto. As mulheres olham surpresas e tento ignorar
a quase síncope que quer me derrubar. A música começa e poderia ser
qualquer música, porém no primeiro toque ela se transforma na trilha
sonora desta noite.

My life is brilliant
Minha vida é brilhante
My love is pure
Meu amor é puro
I saw an angel
Eu vi um anjo
(You’re Beautiful - James Blunt)

Nossos corpos se movimentam em sincronia enquanto a fricção me


deixa excitada. Todas as pessoas parecem desaparecer ao nosso redor
quando sou inesperadamente transportada para um mundo particular. Nesse
mundo só existem nós dois sendo embalados pela música que domina
nossos sentimentos.

A mão do Leon acaricia minha cintura estimulando todo o meu


corpo. O cheiro dele, o olhar e o sorriso influenciam no meu modo de agir,
porque apenas deixo que seus braços e seu corpo troncudo me conduza
suavemente. Mesmo que nossas bocas não emitam nenhum som, sinto que
não paramos de nos comunicar.

Provavelmente porque os toques perversos e esse apetite sexual que


sentimos um pelo outro estejam falando completamente por nós. Quando a
dança termina, afasto-me tímida e Leon segura a minha mão, entrelaça os
nossos dedos, e me leva até a mesa. O garçom nos serve champanhe e viro a
taça sem saber quantas tomei essa noite, mas seria praticamente impossível
passar por isso totalmente sóbria. Rick sorri e abre a boca para falar,
entretanto, Leon levanta e me chama.

— Vamos Cassandra, essa noite já está longa demais para mim,


estou cansado. — Leon já alinha o terno no corpo para sair.

— Claro, Boa noite, Rick, obrigada pela dança. — Rick segura


minha mão depositando um beijo no dorso com carinho.

— Boa noite, espero ter oportunidades de dançar mais vezes com


você. Adoraria lhe convidar para um jantar! — declara o britânico.

— Jantar? Que jantar, Rick, ela não sairá com você. — afirma o
Leon.

— Será um grande prazer sair com você Rick, marcamos em breve.


— beijo suavemente o rosto dele, enquanto o indecente rosna entredentes
furioso.

Aceno com carinho e o Leon irritado com a minha audácia segura o


meu braço até chegarmos na entrada da House Green. O manobrista
ligeiramente avisa o motorista que se aproxima e nos apanha na porta.
Aconchego-me no banco macio e um silêncio constrangedor domina o
ambiente. Depois de cinco minutos com o carro em movimento, inclino o
meu rosto para ver o Leon. Ele está sentado, com a coluna reta e o olhar
preso nos prédios, que passam rapidamente através do vidro fechado.
Coloco a mão no colar de diamantes e retiro do meu pescoço, depositando
no banco, no pequeno espaço que separa os nossos corpos. O indecente
finalmente me encara e olha para o colar sem falar nada.

“É óbvio que ele só queria me comer, agora fica que nem uma
estátua apenas existindo ao meu lado. Como consegui ser tão idiota?”.

Interrompendo todos os meus pensamentos, ele agarra o meu corpo


e me puxa para o seu colo.

— O que pensa que está fazendo Leon Stanley? — ele sorri ao ouvir
o meu tom agressivo.

Com a mão direita ele tampa minha boca e morde o lóbulo da minha
orelha me deixando excitada. A outra mão envolve os meus cabelos
castanhos e com força puxa-os inclinando minha cabeça para trás,
evidenciando o meu pescoço exposto. Os lábios safados e carnudos
depositam beijos e mordem minha pele com indiscrição. Admiramos um ao
outro assiduamente e vejo suas pupilas se dilatarem, o rosto ficar levemente
avermelhado, ao mesmo tempo, que um sorriso malicioso me castiga. Leon
solta minha boca e puxa o meu vestido para cima até vislumbrar a minha
calcinha. Ele arranca com força a pequena peça do meu corpo terminando
de destruí-la e leva ao nariz cheirando com safadeza.

— Não faz isso Leon… — minha voz sai trêmula e duvidosa.

— Não faz o quê pequenina? — questiona ele enquanto os dedos


grandes se apoderam do meu clitóris já molhado.

Leon me explora com os dedos e depois leva aos lábios sentindo o


meu sabor.
— Deliciosa… estou louco para te jogar sobre uma cama e abrir
suas pernas e te chupar todinha.

A satisfação que vejo em seu olhar causa aflição, porque percebo


que ele realmente me deseja loucamente. Abro minha boca para falar,
porém, me fita com censura e perco as palavras. Seus dedos me castigam e
os movimentos sincronizados e quentes estremecem as minhas pernas.
Grunhidos escapam de mim à medida que a euforia toma conta do meu
corpo. Sem controle abro as minhas pernas permitindo um toque preciso e
intenso. O semblante de desejo captura o rosto dele, enquanto me debato
em seu colo louca de prazer. Minha bunda se esfrega em seu membro duro e
os dedos grandes intensificam os movimentos até ver um gemido alto
escapar de mim, totalmente rendida ao toque poderoso de Leon Stanley.

O indecente se delicia com meu prazer e me dou conta de que mais


uma vez perdi a compostura. Deixo o meu corpo escorregar para o chão do
carro entre as pernas dele, que sorri abrindo o cinto de couro e depois o
zíper da calça.

— Me chupa gostoso, sua safada!

Seu pau grosso, grande, robusto e maciço salta para fora, enchendo
minha boca de saliva. O órgão é rosado, reto, longo, imenso e possui a
glande bem desenhada. Abocanho com apetite e exploro com a mão bem
apertada fazendo movimentos progressivos e rápidos. O corpo dele se
remexe no banco aflito enquanto com maestria engulo, eufórica pelo desejo.
Saboreio como se estivesse comendo um doce bem gostoso e chupo
intensamente até o limite da minha boca. A respiração do homem fica
ofegante e ele pressiona minha cabeça batendo o pau rosado no fundo da
minha garganta. Suas mãos apertam os fios dos meus cabelos, suas pernas
tensionam e ele ofega. Quando está louco de tesão, finalmente se entrega ao
estímulo sexual pulsando descontroladamente dentro dele.

— Gozarei nessa boca safada!


Suas mãos forçam minha cabeça e ele deposita seu bálsamo em
minha garganta, soltando um rugido alto. Leon Stanley é faminto, guloso e
inextinguível. Quando termina de gozar desliza a cabeça robusta nos meus
lábios satisfeito. Sento-me ao lado dele, que agarra meu pescoço e o prende
com força contra o banco. O rosto se aproxima do meu e com arrogância ele
morde os meus lábios. Sinto arder quando ele rasga levemente a pele
delicada da minha boca. Meu rosto esquenta pelo aperto de sua mão e com
selvageria ele morde novamente e assim sucessivamente. Sei que quer me
punir pelo desejo louco que sente, porém, mordo de volta os lábios dele,
deixando essa confusão se apoderar de mim.

— O que está fazendo? Vai destruir minha boca? — reclamo,


tentando virar o meu rosto e impedindo que ele capture meus lábios de
novo.

— Olha o que você está fazendo comigo! Por que está fazendo isso
comigo? — refuta, irritado e, ao mesmo tempo, ensandecido.

O poderoso solta o meu pescoço e me puxa novamente para o seu


colo abraçando o meu corpo. Aconchego o meu rosto em seu peito largo e
forte enquanto sigo o movimento da respiração ofegante dele. Com as mãos
o indecente acaricia os meus cabelos e fecho os olhos com a sensação de
carinho. Sem perceber, adormeço sentindo o seu cheiro atraente, enquanto
escuto o ruído do vento contra o carro.
Essa pequena criatura que acaba de dormir em meus braços está me
deixando perturbado. Perdi a sanidade e agarrei seu pescoço estreito com
força. Não sei o que está acontecendo comigo, porém, essa confusão está
me deixando à mercê da loucura. Comi sua boceta mais cedo, mas a
verdade é que quero muito mais. Seu sabor é genuíno, sua pele é tentadora,
seu cheiro é minha nova fragrância preferida, seu corpo meu vício e seu
olhar parece me tirar da solidão.

“Como pode uma mulher tão nova, arrogante, pequena, linda como
um anjo, ter dominado dessa maneira o meu corpo e a minha mente?”.

Aperto o seu corpo e a respiração dela é suave e calma. Ela fica


linda, toda serena e dormindo assim com esse jeito meigo, nos meus braços,
só me deixa mais perdido. Jonas estaciona o carro em frente ao apartamento
e não quero acordá-la. Ele olha pela divisória e ao vê-la dormindo vem
imediatamente abrir a porta para mim. A pego em meu colo e a levo para
dentro do prédio. A recepcionista rapidamente chama o elevador e segundos
depois Genevieve está abrindo a porta da sala.
— Ah, meu Deus, ela passou mal Leon? — indaga com voz baixa
para não acordá-la.

— Um pouco, acabou dormindo profundamente no carro.

— Quando ela bebe fica assim mesmo, desculpa chefe. Juro que não
queríamos causar problemas. — Genevieve se desculpa, preocupada com a
amiga.

Ela me conduz pelo apartamento minúsculo e abre a porta do quarto


da Cassandra para que a coloque na cama.

— Pode ir, Genevieve, ficarei até ver que ela está bem. Ofereci o
champanhe para ela e não imaginei que ficaria assim. É minha
responsabilidade, pode descansar, assim que ela acordar vou embora. —
Aviso, caminhando até a pequena varanda e admirando a cidade.

— Sim, Senhor, qualquer coisa, se ela passar mal, pode me chamar.

— Chamarei, pode ir.

Genevieve sai pela porta, ela realmente acreditou que a culpa é


minha. Volto para dentro do quarto e sento ao lado da Cassandra que dorme
pacificamente. Ela abre brevemente os olhos e se assusta ao notar que está
no seu próprio quarto.

— Desculpe Stanley, adormeci sem perceber, está tudo bem, pode ir.
— Sua voz é manhosa e mexe comigo.

— Sem problemas pequenina, esperarei um pouco. — aviso, sem


graça.

— Não precisa, volte para sua esposa, a aventura por hoje, acabou
— declara, com tristeza. — Já fez o que queria, agora, pode ir. — Ela vira
de costas para mim, esperando que eu saia pela porta.
Meu coração dói, uma dor que nunca senti antes, sei que essas
palavras têm um peso, ela se sente usada, mas não era essa a minha
intenção. Não consegui controlar o desejo que sinto e não agarrá-la essa
noite, porém, também não posso confessar isso a ela. Levanto-me, coloco o
colar de diamantes em cima da penteadeira e depois caminho para fora do
quarto.
CAPÍTULO 11
O trajeto até em casa foi silencioso e cinza. Não pensei em nada,
apenas relaxei no banco e fechei os meus olhos. Essa noite foi intrigante e
uma verdadeira surpresa para mim. Estava convicto de que mais uma vez
teria Genevieve ao meu lado. Normalmente nesses eventos ela fica me
servindo, auxiliando com os convidados e estou acostumado a nem olhar
para o seu rosto. Hoje, isso foi totalmente diferente.

Cassandra Werner a substituiu e foi impossível não olhá-la a todo


momento. O brilho que ela tinha nos olhos toda vez que admirava algo
novo. O jeito doce com a qual segurou as plantas raras daquele lugar,
sentindo o perfume ou até mesmo quando sorria feliz toda vez que a incluía
nos assuntos. Pela primeira vez não tinha uma secretária ao meu lado,
porém, ainda não sei como defini-la.

Jonas estaciona em casa e entro na mansão já arrancando a minha


camisa social. O aroma da pele da pequenina está preso nas minhas roupas
e a seguro na mão e levo ao nariz inalando profundamente o seu cheiro
sedutor. Entro no quarto e coloco a minha camisa dobrada na última gaveta
do meu closet, não quero perder o cheiro dela. Despojo-me das minhas
vestimentas e fico completamente nu para entrar embaixo do chuveiro
quente. As gotas de água escorrem pelo meu corpo e no mesmo instante a
imagem da Cassandra sorrindo invade os meus pensamentos.

Lembro-me da mão delicada segurando a taça de champanhe


enquanto as pequenas bolhas de gás explodiam na superfície do copo.
Lembro-me da satisfação ao vê-la engolir a bebida de uma vez, ficando com
o rosto inteiramente avermelhado. Aquela garota é fascinante, a sua
arrogância em me devolver o colar e em dizer que quero comprá-la, não
nego, se fosse uma garota fútil, meu completo entusiasmo em provocá-la
não teria o mesmo sabor.

“Adoro vê-la irritada, com aquela voz ríspida que não perde a
entoação doce e aguda. Os olhos azuis que ficam como um oceano em fúria
toda vez que se irrita com as minhas falas provocativas. A pequenina tem
uma beleza fora da compreensão humana, além de um temperamento
grosseiro e meigo, que me deixa confuso”.

Essa pedra bruta, precisa ser lapidada e transformada em uma


verdadeira relíquia. Quando a vejo, não sinto que tenha que mudá-la, pelo
contrário, ela só precisa definir um novo destino, aprender mais sobre o
mundo e estará pronta para brilhar sozinha. Lavo o meu corpo quando
escuto a porta do quarto se abrir e os saltos da Ava baterem no chão com
força. Ela se aproxima e me olha, verificando o que estou fazendo.

— Como foi o evento? — Ela joga os saltos contra a parede


enquanto me questiona.

— Foi ótimo, como foi seu evento beneficente?

— Uma merda! — Ava parece revoltada enquanto tenta abrir uma


garrafa de vinho e anda descalça pelo quarto.

Saio do banheiro enxugando o meu corpo com a toalha em minhas


mãos. Conheço a esposa que tenho e só pelo olhar fuzilante reclamará de
algo. Quando casei com a Ava há 10 anos a imaginei completamente
diferente, lembro-me do seu olhar curioso sobre mim. Foi um casamento
acordado, porém, naquela época parecia uma ótima escolha, afinal, a
mulher era bonita, tinha um fascínio pelos negócios da empresa e era uma
pessoa maleável.

Achei que estava entrando em um casamento por conveniência, que


seria suportável. Pensei que viveria os anos seguintes tranquilamente ao
lado dela e que seria gostoso tê-la na cama. Na verdade, a mulher é
insuportável, todos os dias reclamava da vida e do quanto queria estar
aproveitando as noites ao invés de ficar ao meu lado.

Declarou firmemente que não queria ser mãe e no mesmo instante,


fiquei tentado a pedir o divórcio! Me separar dela teria que ser em comum
acordo e levaria a perda de uma parcela na empresa, afinal, o Sr. Moore, pai
da Ava, era nosso sócio e fez questão dessa união. Uma fortuna tão
valorizada e altíssima como a que possuo, ficar sem um herdeiro me deixa
frustrado.

Meu pai me treinou desde jovem e fez com que eu a paixão pela
tecnologia crescesse em mim. Foi um exemplo em dizer como liderar e
como alcançar lucros exorbitantes. Adoro a minha vida, ela é brilhante,
porém, ao voltar para casa, sinto um vazio. Essa mulher que chamo de
esposa diz me amar, mas meu coração nunca a quis.

Ava inclina a garrafa na minha direção pedindo ajuda para abri-la.


Pego firme em minhas mãos e com um movimento único, arranco a rolha
de proteção.

— Não tinha bons drinks no evento que estava? — interrogo,


enquanto assisto ela tirar o vestido preto longo, repleto de enfeites
dourados.

— Não! Havia milhares de crianças insuportáveis correndo por


todos os cantos. Gritavam sem parar, estou com a minha cabeça explodindo.
Só tinha água naquele inferno de lugar e um monte de mulheres ridículas,
que não sabem nem combinar as roupas com os próprios sapatos. — Com a
mão direita ela vira a garrafa na boca, parando de esbravejar.

Ignoro suas reclamações, coloco a cueca e me deito na cama. No


meu criado lateral sempre fica um copo e uma garrafa de whisky
envelhecido. Todas as noites viro algumas doses para dormir tranquilo. Me
sirvo e degusto uma dose que desce queimando tudo dentro de mim. Ava
deita ao meu lado, e rasteja o corpo parando no meio das minhas pernas.

— Deve estar louco para transar, certo? Faz o quê? Acho que duas
semanas que não ficamos — recorda, apalpando as mãos na minha perna
enquanto esfrega os lábios no tecido fino da cueca, tentando provocar o
meu pau.
Não sinto nenhum desejo em tê-la e ele permanece inativo, fazendo-
a me olhar intrigada. Durante esses anos todos de casamento fomos
praticamente obrigados a ter relações sexuais. Como manter uma relação
sem ao menos tentar fazê-la funcionar? Tentamos e falhamos. Nossos
momentos se resumiam a “juntar peças que jamais se encaixariam”. O
tempo todo a Ava surta e reclama de tudo. Impossível desejar ou amar uma
pessoa que não consegue ver nada bom em sua vida, mesmo tendo tudo.

— O que houve? Por que não está subindo? — questiona,


esfregando a palma da mão com sensualidade.

— Estou cansado, só isso. Hoje foi uma noite difícil, com vários
discursos e bebi bastante. — Seguro em seu braço e a afasto de mim
enquanto me explico, evitando confusão.

Desde que me casei com a Ava fazemos sexo esporadicamente, não


é porque a relação não tem amor que não podemos saciar nossos desejos
carnais, porém, nem vontade de fodê-la tenho mais.

— Genevieve se comportou? Conduziu tudo corretamente? Espero


que tenha seguido as regras. — interroga, me olhando com atenção.

— Genevieve não foi, ela está doente e precisei levar a Cassandra.


Ela se comportou muito bem. Não houve intercorrências, o discurso foi
tranquilo. — Elogio a pequenina para que a Ava não pegue no pé dela na
segunda-feira.

O semblante da minha esposa se fecha e com raiva ela puxa minha


cueca expondo o meu pau.

— Não era para levar essa garota, ela é uma imprestável. Genevieve
não tinha nenhuma autoridade para permitir que ela fosse em seu lugar.

— Gostei dela, é muito determinada e bem profissional — afirmo,


servindo outra dose de whisky enquanto as mãos dela tentam me seduzir.
Ava segura o meu pau com firmeza e nada acontece. Todos os meus
desejos foram saciados essa noite pela chama exclusiva da pequenina. O
infortúnio de lembrar do momento em que segurei aquela cintura pequena e
deslizei o meu cacete com brutalidade para dentro dela imediatamente
desperta o meu corpo, me deixando frustrado, porque nesse momento Ava
sorri feliz e enfia a boca no meu pau, chupando desesperada. Ao notá-la
faminta e com um olhar louco, perco totalmente o jeito e meu amigo
desaba.

— São duas semanas Leon e nada, aposto que tem mulher envolvida
nisso. Lembre-se que uma das cláusulas do nosso contrato é: se você me
trair, eu levo não só os 10% da empresa, que já são meus, mas sim metade
do que é seu. Melhor tomar cuidado com as vagabundas que você anda
comendo por aí. — Ava se levanta e senta ao meu lado tomando vinho. —
Fodeu essa noite? — questiona ela, com a voz agressiva.

— Vá dormir Ava Moore Stanley, você tem horas que passa dos
limites! — Deito-me na cama e fecho os meus olhos, essa mulher é
perturbadora.

— Lembre-se que não hesitarei em destruir qualquer garotinha que


se envolver com você. Uma coisa é as putas que você usa para enfiar o seu
pau e gozar, outra bem diferente é arrumar uma “substituta” e manter um
relacionamento estando comigo. Acabo com a sua felicidade, esse tipo de
traição não aceito. Serei a sua única esposa, esse foi o combinado para
manter as aparências!

— Vá dormir, você já falou demais por hoje!

Ava apenas degusta a bebida em silêncio e liga a televisão para


assistir séries. Adormeço pouco tempo depois pensando na doce e atrevida
Cassandra.
CAPÍTULO 12
Após dormir por horas, levanto e vou até a cozinha. Recordo da
madrugada, de quando escutei os passos do Leon até sumirem pelo
apartamento. Quando revirei na cama, visualizei o colar brilhando em cima
da penteadeira. Meus pensamentos imediatamente me castigam!

“O pagamento pela noite! Por usar o meu corpo, não que eu não o
tenha usado também, isso é o pior, eu o usei e quero de novo, mas isso não
levará a nada, resultará apenas em dor e sofrimento. A partir de hoje Leon
Stanley, não tocará em mais nenhuma parte do meu corpo, não serei puta e
amante de um poderoso casado. O que ele fará agora? Continuará
tentando me comprar até que eu esteja rastejando atrás dele?”.

Quebro alguns ovos, corto bacon em fatias e lentamente faço o café


da manhã enquanto admiro a cidade pela janela que tem posicionada atrás
do cooktop. O início do inverno é lindo, a cidade fica em um tom
acinzentado e tudo se torna um pouco apático. Quando estou finalizando,
Genevieve surge me abraçando com carinho.

— Como foi ontem amiga? Sinto muito ter feito você ir em meu
lugar. — Genevieve me olha triste, como se ontem tivesse acontecido algo
horrível.

— Foi bom, a única coisa é que dormi no carro. — confesso rindo,


colocando os ovos e as xícaras na mesa.

— Sério? Quando vi o Leon com você nos braços, já imaginei que


tivesse dado trabalho na festa. — Ela gargalha alto e senta já pegando uma
fatia de bacon e comendo. — Estou bem melhor do estômago, agradeço por
ir. — finaliza, me mandando um beijinho no ar.

— As pessoas não estranham em encontrar a secretária com o Leon


ao invés da esposa?
— Não Cass, sabe, ontem a Ava estava em um evento beneficente, a
alta sociedade acha necessário ter alguém o tempo todo para cuidar dos
afazeres, esses poderosos são assim mesmo. — Gen prova o chocolate e
exclama satisfeita, soltando um gemido baixo.

— Entendi, bom, vou andar um pouco pela cidade. — suspiro


animada.

— Eu até te acompanharia, mas ainda estou pisando em ovos, por


conta da dor, não vou forçar, afinal, faltar no serviço está fora de cogitação.
— justifica Gen, triste.

— Descansa amiga, não vou demorar, é só uma voltinha aqui perto.

Degustamos o café da manhã conversando sobre a festa. Confesso


que dancei com o Rick e com Leon, ela me repreende por isso, mas logo
sorrimos ao lembrar dos bons momentos da nossa infância. Após terminar a
refeição, limpo a cozinha e depois me troco. Saio do prédio e a brisa gelada
do evento toca o meu rosto me fazendo estremecer. Arrumo meu cachecol e
caminho pelas ruas. A cidade é linda, cheia de prédios, luzes e as avenidas
lotadas.

Chego até a Rockefeller Center[10] admirada. Encontro uma cafeteria


em uma das ruas principais e entro para conhecer. O lugar é fofo, delicado e
possui na vitrine cupcakes apetitosos e esteticamente perfeitos. Faço o
pedido e me sento em uma das mesas para aguardar. Não posso perder a
oportunidade de experimentar mesmo tendo acabado de tomar café da
manhã. Assusto quando escuto uma voz grossa falando comigo.

— Olha, como é bom encontrar um rosto conhecido. — Rick sorri


para mim e se aproxima beijando suavemente o meu rosto.

— Oi, que bom vê-lo por aqui, vi a cafeteria e não resisti. — Abro
um sorriso simpático enquanto a garçonete me serve.
— Posso me sentar com você? — pergunta, com um semblante de
súplica.

— Claro, sente-se! Fique à vontade, vou adorar a sua companhia.

Rick senta e faz os pedidos dele, a garçonete poucos minutos depois


o serve e ele sorri enquanto me enche de perguntas.

— Espero que esteja gostando de morar aqui, a cidade é agitada,


tem muitas pessoas, mas os salários são altos e não faltam oportunidades.
— O britânico gesticula e só para de conversar quando aprecia um gole do
café com creme que pediu.

— Estou adorando, a cidade é perfeita, é a primeira vez que saio do


interior, está sendo muito especial.

— Gostou do seu primeiro evento executivo ontem? Notei que o


Leon gosta muito de você! — Rick pergunta me olhando com atenção,
parece esperar ansiosamente por essa resposta.

— Sim, achei exagerado a luxuosidade do lugar, mas é por conta da


minha inexperiência em eventos da alta sociedade, sou uma garota simples,
do interior. Nunca estive em lugares como aquele, porém, o evento foi
magnífico. O Leon é um ótimo chefe, está apostando suas fichas nos meus
serviços, tenho feito de tudo para mostrar que sou responsável. — Pego a
xícara quente em minhas mãos e dou um gole esperando que ele não me
pergunte mais sobre o Leon.

— Ele disse que você se saiu muito bem na primeira semana.


Parabéns. Leon é um homem influente e pode conseguir oportunidades
incríveis se você se dedicar. Mostre seu valor e poderá crescer muito na
empresa.

— Obrigada Rick, vou guardar esse conselho com carinho.


O homem sorri e trocamos mais algumas falas enquanto me delicio
com o cupcake e termino o meu cappuccino. Quando já estou satisfeita
despeço-me do britânico com um abraço carinhoso. Durante o nosso café
observei que o tempo todo Rick olhou-me com profundidade. Analisou os
meus traços e várias vezes desejou os meus lábios. Ele beija o meu rosto me
deixando tímida e aceno ao sair.

— Nos encontramos na empresa, bom resto de domingo, Cassandra.

— Para você também, Rick, até mais.

Retorno para o prédio residencial quando está começando a


escurecer. Aproveitei para ler um livro no Central Park[11] e depois caminhei
um pouco mais pelas ruas. Com a brisa da noite tornando-se mais gélida,
resolvo voltar rapidamente para tomar um banho quente. Chego na frente
do prédio e assusto-me ao avistar na recepção um homem sentado que
abruptamente levanta assim que me vê.

— Boa noite, Senhorita Cassandra Werner? — ele questiona,


segurando dois enormes buquês, um de rosas-vermelhas e outro de rosas
azuis.

— Boa noite, sim, sou a Cassandra, no que posso ajudá-lo?

— Bom, essas entregas são para você. O cartão está dentro daquela
caixa. — O homem aponta para o sofá da recepção e vejo duas caixas largas
e estreitas com um laço enorme dourado decorando cada uma delas.

— O que tem nessas caixas? — pergunto assustada, sem entender


quem me mandaria flores e presentes.

— São bombons senhorita, o cartão do remetente está na parte


interna da caixa. Uma ótima noite.

O homem dispõe os buquês em meus braços e seguro com firmeza,


ao mesmo tempo que tento equilibrar as caixas para subir. Entro no
apartamento atordoada com tudo isso e levo os presentes para o meu quarto.
Espio pela fresta e Genevieve dorme pacificamente na cama dela. Regresso
para o meu próprio quarto e me sento na cama. Seguro os buquês em
minhas mãos e as rosas são perfeitas.

As aproximo do meu nariz e inspiro o cheiro adocicado e único.


Sempre fui apaixonada pelas rosas-vermelhas, mas as azuis aceleram meu
coração. Abro as caixas decoradas e está repleta de bombons de todos os
sabores, alguns jamais imaginei que existissem. Pego o pequeno cartão
vermelho em minhas mãos e abro para ler a mensagem.

Um sorriso escapa dos meus lábios e tampo minha boca com a mão,
tentando impedi-los de sorrirem sem permissão, não quero demonstrar para
mim mesma que gostei dos presentes. Isso definitivamente vale mais que
diamantes para mim, demonstra um esforço absurdo do Leon Stanley em
realmente receber a minha aprovação.

Aquele homem reconhece que não me compra com presentes


materiais, fazendo questão de me conquistar com algo simbólico. Bombom
traz satisfação, sensação de felicidade, assim como o perfume das flores. O
indecente acaba de atingir em cheio o meu coração, mas ao me lembrar que
ele é casado, tudo se dissolve.
“Leon Stanley, você consegue me irritar e, ao mesmo tempo, me
dobrar e me conquistar com sua petulância. Odeio você com todas as
minhas forças!”.

Um novo dia começa e com ele uma forte chuva. Gen chama um
táxi e entramos na empresa apressadamente para não nos molharmos. Os
funcionários já nem me olham mais, afinal, estão acostumados agora com a
minha presença, deixei de ser a novidade da empresa e mentalmente
agradeço por isso. Quando saímos do elevador administrativo em direção à
recepção, assusto-me ao ver a Ava sentada atrás da minha mesa.
Imediatamente olho para o meu relógio de pulso e ainda faltam exatamente
30 minutos para começar o expediente. A loira está com a agenda aberta e
afronta-me com o olhar. Genevieve cutuca minhas costas e mantém uma
expressão impassível ao vê-la.

— Bom dia, senhorita Ava. — cumprimenta Gen, movendo-se até a


mesa dela.

— Bom dia, senhorita Stanley. — menciono sorrindo enquanto


guardo meus pertences no armário.

— Só é um bom dia para vocês, para mim está péssimo! Cassandra


entre agora mesmo na minha sala. — Ava salta da cadeira e pisa os saltos
com força perante o piso de mármore entrando em sua sala.
CAPÍTULO 13
Passo logo atrás da Ava e encosto a porta me posicionando em
frente a mesa de vidro. Fico nervosa e provavelmente ela está furiosa por
descobrir que acompanhei o Leon no evento. Seu semblante é de revolta, a
postura é confiante e apressadamente ela arruma a bagunça de papéis
espalhados ao lado do notebook.

— Quem autorizou você a acompanhar o Leon na festa? —


Questiona a loira, encostando o corpo na cadeira executiva.

— Genevieve estava passando mal e para que a senhora não se


chateasse decidi ir em seu lugar e auxiliar o senhor Leon no que ele
precisasse. — afirmo, com o tom sério e responsável. — O evento foi
tranquilo, as mulheres foram respeitosas e o discurso transcorreu
perfeitamente. — finalizo, ignorando que ela não está feliz comigo.

— Genevieve deveria ter me perguntado se haveria algum problema,


na próxima vez não tolerarei que passem por cima da minha autoridade. A
obrigação era dela e deveria ter ido doente mesmo, não me importo.

— Desculpe-me senhorita Ava, isso não acontecerá novamente.

— Acho bom mesmo ou as duas serão despedidas por justa causa!


— Avisa a loira com arrogância, enquanto gesticula com a mão no ar, me
indicando a sair.

Penso que essa mulher não deve ter dormido. Para chegar mais cedo
e a primeira pauta do dia ser o Leon, claramente, isso a perturbou. Saio da
sala e me sento na mesa, retiro um bombom de amêndoa com creme de
coco que estava na bolsa e degusto com satisfação. Nunca fiquei tão feliz
por ganhar flores e bombons, mesmo sabendo que é errado o Leon
conseguiu estremecer minhas barreiras.
Culpo-me diariamente e quase o tempo todo por me entregar a ele
naquele avião e agora também me martirizo por ser uma tremenda vadia e
cedido de novo na festa! Ainda por cima, estou aqui, sentada na mesa ao
lado da sala da esposa do indecente, comendo os doces magníficos que
ganhei de presente dele. O elevador se abre e o Leon sai todo presunçoso
tirando os óculos escuros do rosto. Ele abre um meio sorriso atraente e
estremeço.

“Meu Deus, o que está acontecendo comigo? Não posso doar meu
coração para esse homem. Aposto que Leon não deseja ter nenhuma
relação que não seja puramente só sexo. Para o poderoso da tecnologia,
somente seus caprichos importam, daqui a pouco irá se cansar de mim e
arrumará outra mulher que o satisfaça”.

Stanley se move até a sala dele e pisca atrevidamente quando passa


por mim.

— Bom dia, Cassandra e Genevieve!

— Bom dia, senhor. — cumprimenta Genevieve, guardando os


papéis no arquivo.

Não respondo nada e intrigado Leon olha para trás verificando o que
faço que ignorei a sua saudação matinal. Finjo estar olhando para a tela do
notebook, mas de canto de olho posso vê-lo intrigado antes de fechar a
porta. O insuportável espera cinco minutos e grita o meu nome.

— Cassandra!

Calmamente levanto, arrumo meu vestido e sigo até a sala do


bonitão.

— Como você está? — pergunta Leon, deixando-me confusa.

— Estou ótima! Precisa de algo senhor? O café ainda não chegou,


mas assim que a garçonete entregar coloco aqui na mesa. — Passo as mãos
no cabelo suavemente.

— Pode ir! — esbraveja, nervoso.

Seguro a maçaneta e Ava está parada na porta.

— Amor, ainda bem que já está aqui! — Ela invade a sala


empurrando o meu corpo.

Fecho a porta e me acomodo de novo na minha mesa para preencher


alguns contratos novos. Os funcionários fecham negócios menores e os
mais lucrativos são responsabilidades do Leon. Na agenda da Ava consta
que ela tem uma reunião com uma empresa de moda que deseja
implementar novos métodos tecnológicos na área dos cosméticos.
Concentro-me em fazer o meu serviço e pulo da cadeira assustada quando
algo de vidro bate com força na porta do Leon. Ava grita
descontroladamente, mesmo que não dê para entender o que ela fala, fica
evidente que é uma grande discussão. Genevieve corre até minha mesa e
sussurra em meu ouvido.

— Quando a porta se abrir, finja que não ouviu nada, entendeu?

— Entendi!

Retorno à atenção nos contratos enquanto tento não me incomodar


com os berros agudos da Ava. Após meia hora de discussão, a mulher sai
bufando e imediatamente se tranca no escritório dela. Leon grita o meu
nome em um timbre tenebroso que na mesma hora me deixa aflita. Quando
passo pela porta, o encontro de costas parado em pé na janela, admirando a
cidade.

— Cassandra, pegue seus pertences, você está demitida. — Paraliso


com o comando dele e não consigo acreditar no que acabei de ouvir.

Leon disse que está me demitindo e um aperto gigantesco pressiona


o meu peito para dentro, como se fosse quebrá-lo.
— O que você disse, senhor? — pergunto novamente, desejando que
não tenha sido real.

— Está demitida!

Leon faz menção de virar o corpo para me encarar, porém, saio


instantaneamente da sala e vou até à minha mesa. Recolho meus pertences
com tanta rapidez sem enxergar de fato nada em minha frente. Meus olhos
ficam marejados e engulo o choro que está preso na minha garganta, pronto
para sair.

— O que aconteceu? Não! — Genevieve segura o meu braço e me


questiona assustada.

— Ele me demitiu, está tudo bem amiga, vou para casa. — Deposito
um beijo suave no rosto dela e com rapidez vou para o elevador.

Leon Stanley é pior do que eu imaginava. O homem não tem


coração e quase me enganou com as rosas e os bombons! Fez o que queria
comigo e agora me descartou! Nem mesmo profissionalmente ele me quer
por perto e a atração que parecia arrebatadora acaba de se transformar em
um ódio inigualável. Quando o elevador chega no saguão principal caminho
sem olhar para os lados, tudo que quero é nunca mais entrar nessa empresa.
Já estou na porta, a um passo da calçada, quando sinto duas mãos grandes
segurar o meu corpo pela cintura.

— Não fique com raiva pequenina, é um mal necessário. — Leon


me olha inexpressivo e sem controlar minha raiva grito com ele.

— Solte-me agora mesmo, nunca mais trabalharei para você e não


ouse tocar em mim ou falar comigo de novo. — Os funcionários nos olham
assustados e sem me importar escapo de suas mãos e caminho pela calçada.

Movimento-me pelas ruas, atordoada, segurando uma pequena caixa


com as minhas coisas. As pessoas passam por mim e trombam contra o meu
corpo perdido e sem rumo. Deixo que as lágrimas caiam pelo meu rosto,
estava tão feliz com o novo emprego e iludida com a possibilidade do Leon
estar realmente interessado em mim.

Fui ingênua e boba por achar que em algum momento ele poderia
ter um sentimento real, além de só um desejo carnal incontrolável. Meus
olhos ardem cada vez que o choro me domina e a brisa gelada da manhã me
atinge em cheio. Ando inerte, tentando me desvencilhar das pessoas. Noto
que esqueci de me agasalhar e meus músculos tremem de frio.

Paro no Central Park, onde estive caminhando ontem. Sento-me em


um dos bancos de madeira e coloco a pequena caixa que carrego ao meu
lado. Enxugo os meus olhos embaçados pelas lágrimas para conseguir
visualizar melhor as pessoas.

Tento segurar, mas choro novamente percebendo a bagunça que está


minha vida. Deveria estar no interior, sorrindo, dividindo as noites com
meus pais e durante o dia ajudando na floricultura da Giovanna Fletcher,
amiga da minha falecida mãe. Adorava passar minhas tardes em meio às
flores, ajudando os clientes a escolhê-las e enviá-las para outras, os entes
queridos, como forma de carinho.

Agora estou aqui, sob a brisa fria, tremendo de frio e sentada em um


lugar que jamais imaginei estar. Vejo as pessoas sorrindo e nesse momento
só percebo que acabo de me tornar uma desempregada em uma cidade
gigantesca. Choro novamente e uma senhora me olha triste. Ela para
imediatamente o seu trajeto e senta ao meu lado.

— O que aconteceu, moça? Você é muito linda e fico triste em vê-la


chorando assim! — A mulher passa as mãos em meus cabelos tentando me
ajudar.

— Acabei de perder o meu emprego, estava tão feliz, imaginando


que a minha vida finalmente mudaria, que me sentiria melhor. Agora a
sensação é que fui abandonada pela vida. Perdi os meus pais a um mês e
hoje perdi o emprego. — Choro copiosamente, feliz por desabafar, mesmo
que seja com uma desconhecida.

A senhora de idade avançada, cabelos grisalhos, casaco pesado,


xadrez e sorriso doce me abraça fortemente, permito-me expulsar a tristeza
que parece triplicada e insuportável dentro de mim.

— Não fique triste, minha criança, não fique assim, a vida é cheia
de altos e baixos. Chore bastante, deixa a dor sair, mas entenda, você não
está sozinha. Seus pais morreram em vida, mas jamais morrerão dentro de
você, entendeu? — A voz da mulher é calma e seu abraço transmite paz.

Considero suas palavras e limpo o restante das lágrimas que param


de emergir. Minha ficha cai e percebo que ela tem razão, meus pais podem
ter morrido fisicamente, mas dentro de mim, permanecem vivos.

— Lembre-se do que eles te diriam, vocês os conhecia melhor do


qualquer pessoa no mundo. Não fique triste, linda garota, você tem uma
vida toda pela frente, não desista! — A senhora me dá forças e um sorriso
feliz se forma em meus lábios.

— Como é o seu nome? — pergunto, com a voz falha e embargada


pelo choro intenso.

— Me chamo Carmen. Está vendo essas pessoas todas sorrindo?

— Sim, estou!

— Todas elas passaram por algum momento de dor e superaram. Em


breve será você, sorrindo e se lembrando que os maus momentos são
passageiros. — Ela me abraça uma última vez levantando e acenando ao
sair.

— Espera… senhora Carmen!


Ela desaparece rápido na multidão e penso ter sido um anjo ou até
mesmo uma mensageira. Ela fez eu me sentir forte e decidida a passar por
esse momento difícil.

“Arrumarei um novo emprego, vou recomeçar quantas vezes forem


necessárias. Estar sozinha no mundo, sem família de sangue, não significa
que preciso sofrer, pelo contrário, encontrarei sozinha as minhas forças e
meu propósito”.
CAPÍTULO 14
Preciso recomeçar a minha vida. Não tenho mais família. Papai e
mamãe eram filhos únicos e meus avós morreram há alguns anos, restando
apenas a saudade de todos. Fico algumas horas apenas admirando as
pessoas felizes, ao me levantar do banco meu corpo todo dói e o pôr do sol
já começou. Estou machucada e revoltada com a atitude do Leon, no fundo,
achei que ele estava tentando melhorar. Talvez a Ava tenha descoberto algo
e com isso obviamente ele não perderia o casamento. Provavelmente a ame
e falou aquilo de contrato apenas para me ter novamente.

São tantas as possibilidades que jamais saberia exatamente o


motivo. Decido parar de me martirizar, embora, todos no meu lugar fariam
o mesmo. As pessoas lamentariam e provavelmente perderiam a noite de
sono, exatamente o que acontecerá comigo. Passo o hall de entrada do
prédio e Genevieve corre até mim. Minha melhor amiga me abraça forte e
repete continuamente que “tudo ficará bem”. Em poucos minutos estamos
no nosso apartamento esparramadas no sofá.

— Cass, todos estavam comentando que você gritou com o Leon na


recepção.

— Gritei mesmo, ele tocou em mim e fiquei furiosa. — respondo,


abraçando o corpo dela.

— Me desculpe amiga, você não merecia ser mandada embora


assim, provavelmente isso aconteceu porque você foi no meu lugar na festa.
— analisa com tristeza.

— Não se preocupe, arrumarei outro emprego e ficarei bem!

— Estava feliz por conseguirmos trabalhar juntas, verei o que


consigo fazer, falarei com a Ava.
— Não precisa, por favor, não se humilhe para aquelas pessoas.
Arrumarei algo temporário até aparecer um emprego que eu ganhe melhor.
Se falar de mim, ela pode querer demitir você também!

Genevieve concorda com a cabeça e ficamos abraçadas por um


longo tempo, sem precisarmos dizer nada. O restante da noite é tranquila e
diferente do que imaginei, quando me deito adormeço rapidamente pelo
cansaço emocional.

Quando amanhece Genevieve segue para o trabalho e me arrumo


para procurar um emprego. Não ficarei me lamentando e decidida pego
minha bolsa e saio nas ruas à procura de qualquer vaga. Um pequeno
letreiro chama minha atenção. É uma vaga de garçonete em uma pequena
lanchonete. Entro e rapidamente um homem grosseiro faz uma entrevista
superficial. Ele se chama Roger, é de idade avançada, as roupas estão
engorduradas e os cabelos desgrenhados.

— Se quiser a vaga é sua garota. Aparecerão outras pessoas


precisando e o salário que pagarei para ter a sua bundinha desfilando está
bom demais. O que me diz? Quer a vaga ou não? — Um sorriso irônico é
tudo que ele demonstra.

Quando vim para Nova York combinei com a Genevieve de ajudá-la


no aluguel e não posso decepcioná-la. Ela estava decidida a mudar para um
apartamento inferior e prometi dividir as despesas. Nesse instante, minha
única opção é aceitar esse emprego, mesmo tendo que lidar com esse velho
nojento.

— Eu aceito Sr. Roger.


— Ótimo, vou pegar o uniforme e você já pode começar.

— Agora?

— Agora garota ou acha que as mesas se servirão sozinhas? —


Ironiza o homem se levantando e pegando um uniforme em uma caixa.

Ele joga a peça em minha direção e analiso incrédula.

— Isso é curto demais! — declaro indignada, analisando o pequeno


vestido amarelo e o avental branco que não ficarão nem um dedo abaixo do
meu quadril.

— É o uniforme que temos, é pegar ou largar, se não precisa do


emprego cai fora daqui!

“Oh, Deus, o que eu faço? Não tenho escapatória, terei que


trabalhar para esse nojento”.

— Vou ficar, trocarei e já retorno.

Após trocar e prender os cabelos, começo a trabalhar. Puxo com as


mãos o vestido para baixo, impedindo que minha bunda fique exposta.
Basicamente sirvo as refeições, limpo as mesas, coloco café nas xícaras e
quando chega no fim do dia, limpo a área dos clientes. Quando escurece e
restam 20 minutos para fecharmos, lavo todos as xícaras e me sento
próxima ao balcão esperando dar o horário de partir. Para um primeiro dia
não parei um minuto se quer e não posso me atrever a dizer que foi tão
horrível assim. A porta se abre e Leon Stanley vem em minha direção. Meu
coração fica descompassado e não há mais ninguém aqui que possa atendê-
lo a não ser eu mesma.

— Cassandra, eu… — a fisionomia dele é cabisbaixa encarando


fixamente o meu rosto.
— Não ouse falar comigo, se está aqui para comer ou beber algo, eu
falarei com você, do contrário, pode se retirar, por favor.

Leon Stanley está diante de mim e provavelmente veio até aqui para
tentar me enganar mais uma vez. Não faz nem 24 horas que me mandou
embora, o que poderia querer comigo? Está sem opções de mulheres?
Impossível. Provavelmente está com medo que eu possa revelar para
alguém sobre os momentos quentes e proibidos que tivemos. Esse indecente
definitivamente vai me propor assinar algum contrato que me impeça de
falar sobre nossos dois momentos de aventura.

— Como me achou aqui? — questiono, indignada.

— Genevieve contou que você saiu para procurar emprego, apenas


pedi para o Jonas verificar todos os lugares que tinham vagas disponíveis na
região. Ele passou a tarde conferindo até encontrá-la e estou aqui para falar
com você! É sobre o que aconteceu entre… — Leon bate os dedos no
balcão enquanto fala e imediatamente interrompo ele.

— Eu disse que se não está aqui para comer ou beber algo, por favor
se retire. — garanto com firmeza, virando o meu corpo para arrumar os
pratos de sobremesa.

— Quero um café, e também uma torta de morango. — viro o meu


rosto para encará-lo sem acreditar muito na seriedade do seu pedido. —
Posso reclamar para o seu chefe, você me disse que só falará comigo se eu
fizer um pedido, pois bem, me vê um café e uma torta de morango. —
repete ele.

Bufando vou até o aparador, pego uma torta, sirvo o café na xícara e
deposito no balcão.

— Pronto senhor. Bom apetite.

— Agora você falará comigo? — questiona, levando a xícara de


café quente aos lábios.
— Estou falando! Assuntos particulares não rolarão, não tenho nada
para falar com você. — Leon sorri se sentindo trapaceado e degusta a torta
com calma.

— Uma hora pequenina, você falará comigo, não vou desistir. —


afirma ele, analisando o lugar.

Ele balança a cabeça em negação, parecendo não concordar que


agora esse seja o meu emprego. Roger sai da cozinha com uma caixa cheia
de utensílios sujos e coloca no balcão.

— Lave esses também, cada dólar que vou te pagar precisa ser
compensado. — declara enquanto olha para o Leon e retorna para a cozinha
da lanchonete.

A raiva fica estampada no rosto do Stanley que vira a xícara de café


de uma vez. Ele não fala nada, apenas corta pequenas migalhas da torta bem
devagar esperando de propósito o meu horário de sair. Lavo os utensílios e
quando retorno para o balcão, Leon gesticula para que eu sirva mais da
bebida.

— Que porra de roupa curta é essa? Quem trabalha com a bunda


aparecendo? Você é uma garçonete, não uma dançarina de boate! —
esbraveja ao observar o vestido minúsculo que deixa exposto a polpa da
minha bunda.

— Se tem alguma reclamação, senhor, deixe na caixinha de


melhorias ao lado do caixa. — Leon fecha o semblante com a minha
resposta, mas continua comendo que nem um passarinho e vigiando os
meus passos.

Quando finalmente o expediente termina, ele se comporta como


uma sombra ao meu lado. Piso o pé para fora da lanchonete e observo o
carro caríssimo dele estacionado.
— Entra no carro, vou levar você. — avisa o indecente enquanto
aperta o controle do alarme do veículo.

— Não quero nada de você, nem mesmo uma carona. Não pedi sua
ajuda, você me demitiu, não tenho mais nenhum vínculo com você. Deixe-
me em paz, Leon. — Fico triste por dizer essas palavras, mas é necessário.

Ele fica em silêncio e sigo andando para o prédio, afinal, fica a umas
12 quadras da lanchonete.

“Não entendo essas atitudes dele, por que me mandou embora e


agora veio atrás de mim? Leon é um mistério e suas atitudes são
confusas”.
CAPÍTULO 15
O indecente me segue com o carro o caminho todo e quando estou
em frente ao prédio, ele abre a porta, desce e segura o meu pulso. Afobado
começa a falar antes que eu atravesse a porta principal.

— Cassandra, por favor, não vai falar comigo?

Ignoro ele e sem olhar para trás subo para o meu apartamento.
Genevieve vem ao meu encontro e explico sobre o serviço novo. Ela ainda
está triste pela minha demissão e se sente muito culpada. Faço questão de
acalmá-la, já trabalhei em lugares simples antes e ficar na lanchonete é algo
temporário. O emprego é digno e mesmo pagando pouco me ajudará. Após
jantarmos vou até o quarto, pego o colar que Leon deixou sob a penteadeira
e me deito na cama admirando as pedras brilharem. São milhares de
pequenos diamantes que não significam nada para mim.

“Devolverei esse colar amanhã mesmo, não quero ficar com nada
que me lembre esse homem, quero apagá-lo da minha vida, como se nunca
houvesse conhecido esse ser inescrupuloso. Ele pode ser lindo, gostoso, ter
o maior pau do mundo, que não darei atenção a ele. Não contarei a
ninguém sobre a aventura que vivemos, afinal, não quero ser responsável
pelas consequências que isso possa trazer a ele. Se bem que essa história
de contrato de casamento, para mim, não parece mais ser verdadeira”.

Pouco tempo depois adormeço pensando naquele traste e durante a


noite meu cérebro traidor fez questão de sonhar com ele. Um sonho erótico
e romântico que perturbou a minha paz.
Assim que amanhece, os raios de sol atravessam o vidro e tocam o
meu corpo. Levanto ainda sonolenta e me arrumo para o trabalho. Fico
triste quando me despeço da Gen que vai para a empresa enquanto agora
sigo um caminho oposto. O período da manhã é repleto de clientes para
servir e Roger, particularmente hoje, está ainda mais grosseiro e nojento. Os
olhos dele desejam a minha bunda toda vez que fico de costas e quando
estou ao lado dele meu coração sempre acelera de medo. A forma com a
qual me analisa, me deixa preocupada. Hoje, especificamente, decidi
colocar um short por baixo do vestido e ao notar isso, ele esbravejou com
palavras ridículas.

— É proibido usar esses shorts por baixo do vestido. — grita Roger,


com raiva.

— Proibido por quê? — fico indignada e retruco com rapidez. — Se


quiser continuar tendo uma garçonete e não ser exposto como um
assediador, é melhor não reclamar. Não sou obrigada a trabalhar mostrando
a bunda, não estou aqui para desfilar o meu corpo para você, mas sim para
atender os clientes e receber no final do mês.

O homem não responde e sai em direção à cozinha gesticulando um


“tanto faz” com as mãos. Acho que agora esse cretino percebeu que não sou
uma garota boba. Quando falta novamente poucos minutos para
encerrarmos, Leon passa pela porta e senta no banco em frente ao balcão.
Quando meus olhos recaem sobre ele, minhas pernas ficam bambas. Meu
coração acelera drasticamente, meus olhos se estreitam para admirá-lo com
mais intensidade. Sinto a minha boca ficar seca e as minhas mãos trêmulas.
Sei que ter esses sentimentos, não é um bom sinal. Jurei não sentir nada por
esse homem, porém, na prática, cada dia torna-se mais difícil controlar. Está
enraizado dentro de mim e me castigando com pensamentos torturantes.

— Ainda não falará comigo Cassandrinha? — interroga Leon, com


curiosidade, enquanto permaneço em um silêncio ensurdecedor. — Tudo
bem, garçonete, por favor, me sirva um café com creme e um croissant de
chocolate.
— Sim, senhor, um minuto que já trago! — Leon sorri com a minha
resposta e não vou ceder a esses lábios pecaminosos.

Quando termino de fechar tudo, Roger reclama sobre as louças e me


lança um olhar nojento. Leon com raiva vira o café de uma vez e engole
rapidamente o alimento. O safado ainda faz questão de deixar uma gorjeta
de 300 dólares embaixo da xícara. Tudo para que eu possa finalmente falar
com ele. Coloco o dinheiro no meu bolso do avental e decido guardar para
devolver junto ao colar pelo correio, não cederei às provocações desse
homem. Assim que termina o expediente, vou para casa sob a supervisão do
Leon, que me acompanha em silêncio até chegarmos ao prédio.

Passando pelo saguão principal, escuto a recepcionista me chamar


mostrando vários buquês de rosas me esperando sob o balcão.

— Cassandra, chegou para você! — avisa sorrindo.

Instintivamente olho para a porta e Leon abre um sorriso tímido.


Leio o pequeno cartão vermelho e contém uma frase, escrita à mão por ele.
Leon assiste de longe a minha reação e os olhos verdes brilham
quando seguro um dos buquês e sinto o perfume incrível das rosas-brancas.
Assim que afasto do meu rosto, com muita dor no coração, jogo o arranjo
no lixo. Ele fica chocado com o que vê e apressadamente pego todos os
outros buquês e jogo na enorme lixeira. Amo flores e as rosas são as minhas
preferidas, mas não posso ceder a esse homem indecente e safado. Leon
deseja comprar o meu silêncio e não vou mais cair no joguinho dele. Ignoro
a feição de cachorro perdido e vou para o meu apartamento. Quando me
deito para dormir só consigo pensar nas flores que maltratei, como se elas
tivessem culpa. Quando são 3h da madrugada desço até a recepção, recolho
os arranjos e levo para o meu quarto, colocando em um vaso com água.
Leon jamais saberá que fui buscá-las, para ele joguei e rejeitei o seu gesto
de aproximação.
Particularmente hoje a pequenina foi má comigo e provocou uma
dor que nunca senti antes apertar o meu peito. Vê-la descartando aquelas
rosas que sei que ela ama, só para mostrar que não vai me perdoar, deixou
uma sensação horrível se apoderar do meu corpo. Hoje é o segundo dia que
tento falar com ela, mas continua me ignorando e isso tem gerado um
desconforto capaz de tirar o sono.

A demiti porque senti que a Ava tornaria a sua vida um verdadeiro


inferno, com direito a tortura física e psicológica. A impressão é que parece
que minha esposa criou um ódio mortal pela pequenina. Talvez tenha
percebido que gosto de admirar a Cassandrinha, principalmente por tê-la
defendido e por dançarmos no dia da festa na House Green. Fui um idiota
em elogiá-la porque depois notei que nunca elogiei nenhuma das minhas
secretárias.

A minha briga com a Ava, a loucura dela de quebrar os meus objetos


de vidros na porta do escritório, é por ficar raivosa ao ter recebido uma foto
da pista de dança. Na foto segurava a cintura daquela pequena criatura
enquanto nos olhávamos cheios de desejo. A mulher que chamo de esposa
parece ter aberto as portas do inferno e prometeu botar fogo na Cassandra
se não a mandasse embora, no passado eu não ligaria, mas sabendo do que
Ava é capaz, decidi fazer esse sacrifício e dispensá-la. Queria ter a chance
de explicar que não é porque estou enlouquecido para fodê-la, que só quero
usá-la.

Diferente disso, cada vez quero tê-la mais perto de mim, se me


perguntarem o porquê eu não vou saber responder, mas é algo que se tornou
crescente dentro do meu peito. Ver aquele velho filho da puta desejando seu
corpo hoje me deixou furioso. Paro o carro incomodado e decido que falarei
com aquele verme. Não é difícil encontrar alguém, ainda mais quando a
pessoa possui um ponto comercial. Pesquiso o registro da lanchonete e
encontro o seu nome completo. Após cinco minutos vasculhando encontro
um possível endereço. Sigo pelas ruas até estar em frente a casa. Aproximo-
me da porta e bato com arrogância. Demora apenas alguns minutos para o
homem abri-la.

— O que faz aqui? — questiona Roger, assustado.

Ele rapidamente me reconhece e dá um passo para trás receoso.


Com raiva seguro na gola de sua camisa e o lanço contra a parede
invadindo a casa.

— Se olhar para a Cassandra daquele jeito novamente, eu acabo


com você. A partir de hoje a lanchonete é minha, lhe pagarei um milhão de
dólares e você continuará trabalhando sem revelar nada a ela. Sabe quem
sou eu? — questiono furioso.

— Não..eu.. mas.. — gagueja, aflito e acerto um soco em seu rosto.

— Sou Leon Stanley, posso acabar com a sua vida. Fingirá ser um
bom patrão e se ousar tocar na minha garota, mato você! — O homem
engole seco e concorda com a cabeça. — Amanhã meu advogado falará
com você, se não assinar os papéis eu mesmo o denuncio por assédio. —
solto sua camisa e o homem concorda com a voz falha.
— Sim, senhor! Prometo nunca mais fazer nada.

— Não me faça visitá-lo de novo, da próxima vez não serei


bonzinho. — afirmo abandonando a casa.

Sigo até o carro e começo a dirigir ansioso. Não deixarei ninguém


fazer mal e muito menos se aproveitar da pequenina. Estaciono em casa e já
solto uma respiração pesada por chegar nesse ambiente que me deprime.
Passo pela porta da frente e a Ava me espera sentada em umas das poltronas
do hall principal.

— Onde estava Leon? Esse já é o segundo dia que você está saindo
meia-hora mais cedo da empresa! Onde foi? — Ava está com um semblante
carrancudo e cruza os braços.

— Você é minha chefe? Acho que não preciso me justificar. Sou o


dono daquele lugar, saio mais cedo todos os dias se for preciso.

— Ah, me poupe Leon, você me deve uma explicação por ser o meu
marido.

— Não seja dramática Ava Moore, você nem queria ter se casado,
sabe muito bem que isso está longe de ser um casamento de verdade. É
apenas uma convivência obrigatória. — pronuncio, irritado com a loucura
dessa mulher, Ava está sempre me tirando a paz.

— Não importa, você me deve explicações sobre tudo, até mesmo


onde enfia o seu pau! — descontrolada, Ava pega um vaso que estava em
cima do aparador e lança na parede ao meu lado.

Não me movo, apenas escuto os estilhaços da porcelana caríssima


caírem rente a lateral dos meus pés.

— Comeu a secretária desempregada Leon Stanley? — grita minha


amável esposa.
Ava sempre foi um pouco narcisista, fria e ultimamente isso tem se
tornado muito frequente. Quando ficamos muito tempo com o poder nas
mãos, se não controlarmos o próprio ego, ele nos domina e foi isso que
aconteceu. Ela sempre se achou insubstituível, principalmente por ter
dinheiro. Sempre gostou de ameaçar as pessoas e mostrar de todas as
formas que é uma mulher superior.

Há anos estou vivendo isso, tendo que lidar com essas constantes
crises de ciúmes. Com os surtos quebrando tudo e por último com a sua
loucura de me ter na cama, como se isso provasse que ela é minha esposa e
que vivemos um casamento feliz. Porém, a melhor hora do dia é quando
adormeço.

Quando conheci a Cassandra em Little Rock meus pensamentos


começaram a mudar e mesmo que eu adore uma boa foda com uma bela
mulher, foi completamente diferente o que senti quando estava dentro dela.
A boca perfeita me sugando era completamente alucinante, os olhos
penetrantes, o sorriso que vinha acompanhado de um gemido baixo e a sua
boceta que fez o meu pau alcançar a loucura como jamais atingi antes. Ava
começa a gritar na minha frente me fazendo a mesma pergunta de um
segundo atrás.

— Comeu a secretária desempregada Leon Stanley?

— Que secretária? Já tivemos tantas! — meu tom é provocador,


fazendo-a bufar enraivecida.

— Não finja que não sabe que estou falando da Cassandra, aquela
atrevida que dançou com você na festa!

— Nem me lembrava dessa garota, ela é tão insignificante que até


havia esquecido o nome dela. — Minhas palavras são mentirosas apenas
para evitar a ira dessa mulher perturbada.

Ela estreita o olhar em minha direção e pega outro vaso nas mãos,
dessa vez de vidro.
— Abaixa isso, Ava, por favor, pare de quebrar as coisas! Isso não
resolve nada. — reclamo enquanto ela morde os lábios, nervosa.

— A minha vontade é de quebrar sua cara, você pensa que me


engana? Não sou idiota, Leon, já comeu quantas mulheres desde que nos
casamos? O novo boato entre a alta sociedade de Nova York é que o meu
marido safado faz contrato em troca de sexo e silêncio. — Ava faz menção
de jogar o vaso em mim e isso me deixa furioso, já estou cansado dos seus
surtos.

— Quer jogar essa porra na minha cara, então joga essa merda!
Estou cansado desse casamento. Ter feito um contrato vitalício com você
foi a maior burrada da minha vida. Você é uma mulherzinha fútil, mimada e
estou cansado dos seus surtos. — grito descontrolado, hoje ela cessou toda
a minha paciência.

Contorno o meu corpo ficando de costas e efetuo o primeiro passo


em direção ao quarto. Sinto algo bater forte contra a minha cabeça. Aquela
infeliz joga o vaso de vidro em mim que se quebra no mesmo instante.
Posso sentir quando uma fileta corta minha pele e me desequilibro meio
tonto pelo impacto. A imagem da pequenina é tudo que vejo em minha
mente. Coloco a mão na cabeça, pressiono o ferimento e ao afastá-la está
repleta de sangue. Sento-me na poltrona atordoado enquanto a vaca da
minha esposa corre em minha direção assustada.

— Leon, olha para mim, por favor, me perdoa! — Ava chora


copiosamente como gosta de sempre fazer para me manipular. Essa mulher
é doente e viver com ela é um verdadeiro inferno na terra.
CAPÍTULO 16
Após uma noite sem dormir direito, pensando se deveria ou não
falar com o Leon, finalmente decidi dar um basta em tudo. Sei que cometi
uma loucura em ficar com ele naquele voo, e depois novamente na festa,
mas preciso encerrar isso dentro de mim. Hoje, quero saber se ele sente algo
além de um desejo carnal louco, insano, que tem nos devorado sem pedir
licença. Entro na lanchonete, Roger me cumprimenta, o que já me deixa
confusa, normalmente ele finge não me ver e só olha para o corpo.

— Bom dia, Cassandra! Hoje você fará só os serviços de


atendimento, decidi contratar uma faxineira, pode deixar que limpo. —
Roger mantém o rosto reto olhando para a porta.

Ele apresenta um hematoma em baixo do olho esquerdo e penso que


deve ter ficado devendo para alguém.

— Tudo bem, Roger.

Talvez eu o tenha encontrado em dois dias difíceis e a impressão que


tive em relação a ele estava errada. O homem não olha o meu corpo e
mantém uma postura profissional que me deixa surpresa. Quando a
lanchonete está cheia, vem apressadamente me ajudar a servir e até coloca
as tortas para assar quando observa que ofereci a última para uma senhora.
O dia é agradável e esse é o clima que deveria ter em uma lanchonete. As
pessoas sorriem enquanto degustam seus cafés e conversam enquanto
comem com os amigos ou familiares.

Os clientes hoje deixam boas gorjetas, talvez tenham notado um


clima diferente do lugar. Contrariando os dois primeiros dias, hoje o Roger
deixou até colocar uma música baixa nos alto-falantes. No final do
expediente estou cantarolando e arrumando as xícaras lavadas nos suportes.
A porta se abre e lá está Leon Stanley, em seu terno preto, com a gravata
desfeita, barba alinhada, porém, possui um curativo na cabeça. Não é
grande, mas o suficiente para me deixar aflita e preocupada. Roger o encara
brevemente, abaixa a cabeça e volta a arrumar as coisas. Leon se aproxima
e senta no banco à minha frente e diferente dos outros dias, ele realiza
diretamente o pedido.

— Por favor, uma xícara de café sem açúcar. — O indecente não


pedir a torta me deixa intrigada.

“Será que ele cansou de vir aqui e decidiu que vai falar de uma vez
que está querendo o meu silêncio?”.

Sirvo a xícara de café, ele apenas me olha e prova com calma. Meu
coração está abalado e sem pensar acabo puxando conversa.

— O que aconteceu? Por que está machucado? — Leon vira o rosto


e parece perplexo por ouvir a minha voz.

Ele disfarça o espanto e responde seriamente.

— Ava estava revoltada ontem e quis deixar um lembrete do quanto


é desequilibrada. — A mão direita dele passa pelo ferimento.

— Isso é insano! — Minha resposta é curta e mesmo querendo


enchê-lo de perguntas, fico em total silêncio.

Leon toma o café impassível e quando termino de arrumar tudo


pego minha bolsa para ir embora sob a supervisão dele. Sei que não deveria,
mas estou me acostumando a vê-lo todo dia e ter sua companhia até chegar
ao prédio. Essa noite especificamente tem uma tonalidade diferente das
outras, tudo parece meio nublado e o clima é pesado. Talvez meu coração e
minha mente já estivessem me alertando inconscientemente para que eu não
falasse nada. Paraliso na calçada do prédio e fico de frente para o Leon. Ele
lentamente levanta o braço tocando o meu rosto com carinho.

— Leon, eu quero te fazer uma pergunta, será somente uma e então


isso irá determinar o nosso futuro. — O homem tranca a respiração e vejo
seu peito estufar preocupado com a pergunta que ouvirá nesse momento.
— Pode perguntar pequenina. — assenti o magnata, com certo
receio.

— O que exatamente você sente por mim?

Stanley me encara fixamente e entreabre a boca e não quero ouvir


enrolações, quero uma resposta concreta e definitiva.

— Não me enrole, apenas responda o que eu perguntei! — Minha


voz sai firme e ele percebe que essa não é uma pergunta qualquer.

— Pequenina, eu não sei o que sinto, quando olho para você quero
jogar o seu corpo na porra dessa parede, erguer esse vestidinho minúsculo e
estapear sua bunda. Quero foder você com força enquanto enforco
lentamente seu pescocinho.

Leon gesticula com a mão como se sentisse meu pescoço agora


mesmo entre os seus dedos. Ele os movimenta como se estivesse apertando
minha pele.

— É isso que você sente por mim? Um desejo indecente de me


foder?

Leon inclina a cabeça em dúvida, como se torcesse para dar a


resposta que quero ouvir.

— O que você quer saber? Seja genérica! — indaga ele, segurando


os meus cabelos e levando ao nariz para sentir o perfume adocicado.

— Deixaria sua esposa por outra mulher? — Faço a pergunta que


tanto martelou na minha cabeça, a que definirá o que Leon pode ser para
mim.

Leon leva a mão aos próprios cabelos, alinhando os fios e me encara


com raiva. Pela mudança da fisionomia, fica evidente que não gostou da
minha pergunta.

— Não deixaria minha esposa por outra mulher! Não se iluda


Cassandra. Quando nos conhecemos deixei bem claro que seria algo sem
compromisso, totalmente casual. Não pode achar que em duas semanas
você seria capaz de me fazer mudar e pior ainda, alterar a minha vida.

As palavras dele me acertam como uma faca afiada entrando em


câmera lenta no meu coração frágil e agora despedaçado. A certeza de que
fui usada, que o indecente é além de tudo um verdadeiro cafajeste me
destrói. Viro para entrar no prédio e ele me encocha por trás abraçando o
meu corpo. As mãos safadas deslizam nas minhas pernas e sinto quando
seus dedos invadem minha calcinha e seu membro fica duro contra a minha
bunda.

— Você acha mesmo que vai fugir de mim? — esbraveja ele,


revoltado. — Essa boceta apertadinha que você tem bem aqui, está louca
para sentir o meu pau bem fundo dentro dela. Acha que não sinto o seu
corpo vibrando agora mesmo em meus braços? Porra pequenina para de
querer me domar, você não tem esse poder, pelo contrário, está em minhas
mãos. — Leon afirma com segurança e sinto seus dedos safados esmagarem
o meu núcleo, me fazendo gemer.

Do vidro consigo ver a recepcionista assustada pela cena safada que


ela vê e desvia o rosto fingindo não estar acontecendo. Leon pressiona o
membro na minha bunda e me desvencilho do seu corpo forte e corro para
dentro. Esse homem indecente acha que me tem para ele, doce ilusão, não
sou e nunca serei dele. Atravesso a porta de vidro e ele me segue até o
elevador me empurrando contra a porta de aço fechada. Busco minhas
forças internas e falo as palavras dolorosas que precisam ser ditas.

— Desapareça da minha vida, seu cafajeste, safado, aproveitador.


Não contarei sobre nossa aventura se é isso que te preocupa. Envie a porra
do contrato que assinarei até com a minha boceta ser for preciso. — A
respiração do indecente se torna afobada e ele parece ainda mais
enfurecido.
Empurro ele com todas as minhas forças e entro no elevador
decidida.

— Adeus Leon Stanley, o homem mais idiota do mundo. Que


achava que poderia ter tudo e no fim, não tem nada! — Aperto o botão, o
elevador se fecha e segue até o meu andar.

A respiração, que estava presa no meu peito, escapa de uma vez,


acompanhada pelo choro que arde os meus olhos.

“Como consegui ser tão inocente? Por que acreditei que ele deveria
sentir pelo menos algo diferente por mim? Um homem casado, rico, que
compra todos a sua volta, jamais teria concerto. Leon é um caso perdido, é
arrogante, merece sofrer só por me fazer chorar”.

As lágrimas caem insistentemente sem que possa controlá-las. Levo


a mão ao rosto e entro no apartamento indo direto ao meu quarto! No meu
íntimo compreendo que realmente fui boba, desde o começo, no momento
em que vi aquele homem me disse que seria algo casual, o que eu estava
esperando? Um príncipe encantado caindo dos céus? Isso não existe, nunca
existiu, foi apenas contos fantasiosos que enfiaram em nossas mentes desde
criança.

Meus pais não ajudaram muito. Sempre me diziam que encontraria o


homem dos meus sonhos. Alimentavam essa doce ilusão que eu tinha do
mundo, em que todos são bons e acolhedores. Pura besteira, pois agora que
estou na cidade grande passarei por muitas coisas que provavelmente não
entenderei. Acho que algumas coisas na vida jamais aceitarei, por exemplo,
perder os meus pais tão precocemente!

Engulo o choro e enxugo os meus olhos borrados pelo rímel. Nunca


amei ninguém, não sei como o amor tem que ser, mas no meu âmago desejo
que não seja assim, porque está doendo tanto o meu peito. Se ele não sentia
nada por mim, por que diabos me mandaria flores e bombons? Não me
conformo com tamanha enganação.
Decidida a afastar esses pensamentos esmagadores, vou até o
banheiro para tomar um banho quente. Fico uma hora sentindo a água
escorrer pelo meu corpo e quando ela passa pelo meu rosto se mistura com
as lágrimas salgadas e me banha constantemente. Sinto que estou perecendo
gradativamente porque minha pele começa a enrugar. Saio da água e após
trocar, tomo um chocolate quente olhando a cidade da varanda da sala.

Antes de dormir, pego uma pequena caixa de papelão e forro com


um papel delicado depositando o lindo colar de diamantes juntamente com
os dólares que ele deixou de gorjeta na lanchonete. Poderia usar esse
dinheiro, vender ou ficar com o colar, mas ficaria me sentindo comprada,
com a impressão que pagou pelos meus serviços sexuais e isso me afetaria.
Fecho a caixa e decido que amanhã deixarei no correio da casa dele.

Amanhece e me apronto mais cedo, passarei antes na casa do Leon e


planejo deixar os pertences dele. Chamo um táxi e poucos minutos depois
estamos nas avenidas da cidade seguindo em direção ao condomínio mais
caro de toda Nova York. Quando chego à recepção e um atendente proíbe a
minha entrada.

— Não pode entrar sem autorização moça! — avisa o homem,


arrogantemente.

— Poderia entregar essa mercadoria para o Sr. Stanley? — Pego a


pequena caixa embrulhada e coloco sobre o balcão luxuoso.

— Passarei ela no RX e se tudo estiver certo, entrego sim! — O


homem pega o pacote, passa por uma máquina e retorna confirmando com a
cabeça. — Quer escrever algo na caixa? — pergunta com a mercadoria nas
mãos.

— Não precisa, obrigada! Ele saberá de quem é! — Aceno para o


atendente e saio do prédio entrando no táxi para chegar na lanchonete no
horário certo.
CAPÍTULO 17
Ontem, quando segurei a pequenina em meus braços, não sei definir
o que sentia. Era uma mistura de perda e desejo. As palavras dela me
machucaram e passei a noite toda pensando sobre como sou um bosta. O
que ela disse fazia total sentido, porque durante minhas horas de vigília
analisei a minha vida.

A fala dela voltava o tempo todo na minha mente “o homem mais


idiota do mundo. Que achava que poderia ter tudo e no fim não tem
nada!”. O que seria “o tudo” que não tenho? Ela estaria falando de amor?
Dinheiro não me falta, sucesso também não.

Chego em casa frustrado diariamente. Faço sexo com a Ava porque


ela é minha esposa e preciso, afinal, sem sexo o casamento estaria
arruinado, a mulher é insuportável. No início do nosso casamento ela
chegou a me conquistar por pelo menos dois anos, após esse período
declinou.

Há seis meses decidimos esquentar as coisas, fixando o ato sexual


no mínimo duas vezes na semana, a fim de aplacar as brigas constantes,
achando que com isso evitaria o fim desse casamento fracassado. Faz
exatamente duas semanas que fugi dessa obrigação. Aliso o terno no meu
corpo, arrumo a gravata e pego a chave e o documento do carro para sair.
Passando com o veículo ao lado da recepção, o atendente Paul me chama.

— Sr. Stanley, deixaram uma caixa aqui para o senhor. Já passei no


RX, é 100% segura.

Saio do carro e entro rapidamente no local e pego a caixa que ele me


entrega sorrindo.

— Obrigado, Paul, um ótimo dia.


Voltando ao veículo, coloco no banco do carona ao meu lado e sigo
para o trabalho. Estaciono o carro na empresa e analiso a caixa embrulhada
em papel vermelho com um laço dourado. Não tem remetente e minha
curiosidade aguça, pego e abro imediatamente. Afasto o papel fino que
protege a mercadoria e vejo o colar de diamantes e os dólares que havia
dado para a Cassandra.

Deixo que uma respiração de cansaço escape de mim e passo a mão


no rosto sem saber o que fazer. Uma avalanche de fúria me faz socar o
volante com força, odiando o fato de não entender o que sinto. Estou com
raiva dela por ser tão teimosa, irritante e absurdamente viciante ao ponto de
fazer com que a pouca razão que ainda me restava vá embora.

A pequenina me desafia o tempo todo, ignorando a minha presença,


devolvendo meus presentes e descartando qualquer ato que eu faça para me
aproximar dela. Minha vontade é de dirigir agora mesmo para a porra
daquela lanchonete, jogá-la brutalmente em cima daquele balcão e fodê-la
até que ela entenda que não consigo ficar longe, até que perceba que é a
minha nova obsessão!

Nunca gostei de admitir quando sentia algo diferente, porém o


apetite sexual que desenvolvi está dominando os meus pensamentos e
minhas atitudes! Fecho a caixa e a coloco no porta-luvas seguindo para o
trabalho! Meu coração parece pulsar em agonia a cada hora que fico preso
dentro dessa empresa pensando naquela mulher!

Ava me estudou o dia todo e vi quando falou com Genevieve


escondida de mim! Minha esposa é perigosa e uma verdadeira cobra
ardilosa, sei que fará de tudo para demonstrar seu poder e pela primeira vez
vou impedi-la. Não sei o que Ava planeja, mas ela sabe que a Cassandra
Werner possui algo que me fascina.

Quando o meu relógio de pulso apita às 17 horas, desmancho o nó


da minha gravata, abro o meu terno e só considero estar daqui a alguns
minutos tomando café enquanto degusto uma torta doce admirando aquela
pequena joia preciosa!
Essa é minha parte favorita do dia, entretanto, também me tira a paz,
já que sou transbordado de desejos proibidos e maliciosos. Piso na recepção
e Ava me espera sentada na mesa que deveria ser da Cassandra.

— Pontual, onde quer que você vá te acompanharei, meu lindo


marido!

Ava está me esperando, tudo para saber aonde vou, afinal, essa
semana saí todos os dias mais cedo para ir à lanchonete. Essa mulher está
testando minha paciência e se ela quer surtar, darei um motivo a ela.

— Não acho que deva ir comigo, você não tem um encontro com
suas amigas? Normalmente vocês gostam de ficar bebendo champanhe caro
enquanto falam da vida dos outros! — Ava estreita os olhos em minha
direção enquanto se levanta e pega a bolsa.

— Não me encontrarei com elas hoje, faço questão de acompanhar


você, meu amor.

— Tudo bem! A escolha é sua!

Caminho em direção ao estacionamento e rapidamente estamos no


carro seguindo pela avenida movimentada de Nova York. Ava analisa cada
rua que entramos tentando adivinhar aonde vou. Paro o carro em frente a
lanchonete e minha esposa fica perplexa.

— Não vai dizer que está comendo nesse lugar nojento! Por que está
frequentando essa lanchonete, Leon? — Ela balança a cabeça em negação.

O lugar é simples e possui a tintura das paredes batidas pelo tempo.

— Estou vindo aqui porque gosto do lugar, o café é bom e o


importante, é sem açúcar. Um dos nossos clientes está considerando
comprar essa lanchonete e precisei visitá-la para conferir os tipos de
tecnologia que cabem no negócio que ele quer abrir. Acabei descobrindo
que a torta de morango é maravilhosa, adoro sentir o sabor doce, além
disso, as frutas que eles usam são frescas, têm um aspecto gostoso e desejo
comê-las diariamente. — Na minha cabeça falo da Cassandra e não da torta.

— Jamais comeria nesse lugar, é uma espelunca! Vamos embora,


possuímos ótimas cozinheiras que podem fazer a melhor torta do mundo
para você Leon. Café sem açúcar tem em qualquer lugar! Vai, anda, me leva
para casa, isso é um insulto. — Ava tampa os olhos, para não ver o lugar.

A trouxe na lanchonete comigo, sabendo que ela jamais entraria.


Conheço a esposa que tenho e em sua mente o risco de alguém vê-la aqui,
acarretaria definitivamente na sua ruína. Sua reputação estaria em jogo,
afinal, onde já se viu uma rica como ela nesse lugar humilde. Ava torce o
nariz e conduzo ela até em casa, onde a deixo na porta.

— Voltará naquele lugar Leon? — ignoro o questionamento dela e


acelero o carro retornando para a lanchonete.
Limpo uma das mesas, porque uma criança derrubou milk-shake,
deixando tudo uma verdadeira bagunça. Esfrego com cuidado para não
riscar a madeira e olho brevemente pela janela. Meu corpo fica estagnado e
uma dormência sob pelas minhas pernas ao ver o carro do Leon parado na
rua. O mais chocante é ver que ele está acompanhado da Ava, sua esposa
soberba que olha repulsivamente para a lanchonete.

“O que ela faz aqui? Por que Leon mostraria esse lugar, onde
justamente trabalho? Estaria Leon mostrando para a jararaca a minha
nova vida? Eles querem me humilhar juntos? Desejam evidenciar que são
seres superiores por serem providos de dinheiro?”.

A mulher chacoalha a cabeça em negação e o indecente acelera o


carro sumindo pela rua. Como pode esse homem destruir minha vida dessa
forma? Uma tristeza amarga, pesada e dolorida domina o meu peito e
termino de limpar tudo apressadamente. Aperto os meus olhos tentando
evitar que as lágrimas caiam e transforme tudo em algo insuportável
demais, tenho medo de acabar desabando.
“Tudo isso é um castigo de Deus? Por quê? O que fiz para merecer
isso?”.

São perguntas que não tenho as respostas, mas os próximos 30


minutos são os piores, porque instantes depois Leon atravessa a porta,
sozinho. Minha feição se fecha e quando ele faz o pedido a minha vontade é
de ignorá-lo.

— Boa tarde… pequenina, me sirva o de sempre, por favor.

Vou até o balcão em silêncio e trago o pedido dele, que fica


intrigado com o meu jeito mecânico. Roger aparece balançando a cabeça
para cumprimentar o Leon que não retribui. Não consigo mais lidar com
tudo isso e sem conseguir me controlar começo a chorar. Escuto quando o
garfo que o Leon segura cai sobre o prato de porcelana.

Ele desvia do balcão e invade a minha área de trabalho agarrando


com força o meu corpo. Apenas choro incontestavelmente, sentindo a dor e
a angústia borbulhar dentro de mim. Sinto-me usada, descartada e imaginar
sofrer qualquer humilhação por parte dos dois destrói o meu coração.

Às vezes tenho a impressão de segurar o meu coração em minhas


mãos, todo estilhaçado, sem qualquer chance de concerto. Afundo meu
nariz no peito torneado inalando o cheiro do Leon, que me traz uma
sensação de felicidade. Os braços dele me sustentam com firmeza e ele
beija com carinho o topo da minha cabeça. Os dedos grandes enxugam os
meus olhos e ele segura o meu queixo me fazendo olhá-lo.

— Por que está chorando pequenina? — A voz dele é suave, me


deixando ainda mais triste.

— Você é o próprio Diabo, Leon Stanley! Quero que pare de vir


aqui! Esqueceu o que te pedi ontem? Não apareça mais, só quero assinar o
contrato e pronto. — Ele arqueia a sobrancelha confuso.
— Não fale isso de novo, você realmente não quer me ver mais? —
Leon pega um lenço no bolso, para secar as lágrimas que saem dos meus
olhos compulsivamente.

Respiro fundo tentando controlar meus próprios sentimentos


misturados e confusos. O choro cessa e quando percebo Leon já está
beijando minha bochecha. Não sei o que fazer, apenas queria que esse
momento durasse para sempre, porém sei que em poucos segundos ele
apenas se tornará uma lembrança que quero esquecer. Afasto-me tomada
por uma aflição que parece contorcer o meu estômago. Ontem, fui muito
clara com ele, não posso retroceder.

— Não quero mais te ver, eu fui tão estúpida. Você faz parecer que
tudo é culpa minha, mas isso dói, você não entende, dói demais! Apenas
viva sua vida e me deixe viver a minha! Por favor! — imploro, negando
veemente enquanto balanço a cabeça atordoada.

Dentro de mim, posso ouvir os gritos torturantes que insistem em


me perturbar. Os últimos dias têm sido insanos, mas agora quero que tudo
seja diferente. Caminho pela lanchonete e fecho todo o lugar. O expediente
acaba e passo pela porta carregando minha bolsa enquanto Leon me estuda
contrariado. O indecente me acompanha em mais uma noite até o prédio e
quando estamos na calçada ele segura o meu pulso.

— Pequenina, vou te deixar em paz, não queria ser o motivo de te


ver assim, porém, preciso dizer que continuarei indo todos os dias na
lanchonete. Não precisa falar comigo, nem me olhar se não quiser, mas não
tem como me impedir de querer ficar perto de você. — declara, com os
olhos vidrados nos meus.

— Por que Leon? Por que quer ficar perto de mim?

Ele solta o meu pulso e coloca as mãos no bolso enquanto não sabe
o que responder. Talvez, ele não tenha coragem de dizer que é apenas uma
garantia de que manterei o nosso segredo!
— Leon, leve o contrato amanhã mesmo, afinal, não é assim que
você faz? Um contrato de silêncio? — questiono, provocando ele que
concorda com a cabeça.

— Sim, é assim que eu faço! — A voz é firme e só confirma que é


isso que o mantém preso a mim.
CAPÍTULO 18
Leon acaba de confirmar que trará o contrato, demonstrando que
realmente tudo que desejava comparecendo aqui todos os dias era a minha
assinatura.

— Ótimo! — Viro o meu corpo e entro no prédio sem olhar para


trás.

Quando entro no elevador e a porta se fecha lentamente, ele já


desapareceu. Meu peito ameaça explodir em dor e me encaro no enorme
espelho atrás de mim, vendo as lágrimas molharem o meu rosto.

“É o fim, definitivamente, é isso! Precisava ser assim, agora não


tenho mais nada para falar com ele”.

Entro no apartamento acabada, tenho a impressão de ter sido


atropelada por um trem-bala em alta velocidade. O emocional tem o poder
de mexer com todo o nosso corpo e hoje dar um fim a uma relação que
nunca existiu foi pesado demais. Passo algumas horas chorando, e as
lágrimas insistem em cair durante o banho, e também enquanto olho a
cidade da varanda, e, surgem novamente ao arrumar a bagunça no apê e até
mesmo quando decido parar de chorar. Meus sentimentos parecem um
enorme emaranhado de linha revirado. Penso ter algo muito errado comigo,
estou sentindo tão intensamente esses conflitos que pareço um bloco de
açúcar que derrete ao mínimo contato com uma gota de água. No jantar,
Genevieve conta o quanto a Ava anda descontrolada e desmarcando
reuniões importantes.

— Não sei o que acontece com aquela mulher, cada dia que passa
fica mais neurótica! — Ela fala, enquanto fatia ao meio os tomates cerejas
para o meu espaguete.

— Amiga, a culpa é minha! — comento, soltando uma respiração de


alívio por finalmente falar sobre isso.
— Para com isso, Cass, você ir naquela festa não foi o motivo dos
surtos dessa mulher, isso nem foi tão grave! Ela é dramática, nem acho um
motivo plausível para te demitir. Não me conformo.

— Preciso te contar algo Gen, o verdadeiro motivo por ela ter raiva
de mim. Sinto que desconfia de algo, nós mulheres temos um sexto sentido
aguçado e provavelmente foi isso que a fez ficar com tanta raiva de mim.

Genevieve deixa a faca cair na mesa, assustada e me interrompe


tentando adivinhar o que tenho para contar.

— Já sei, ele quis te comer no dia da festa, o Leon é um safado!

— Na verdade, sim, mas não começa aí! — Coloco o macarrão na


água e me aproximo dela para falar.

— O gostosão que fiquei no voo para Nova York era o Leon, tudo
virou uma completa bagunça.

— O quê? — Genevieve grita indignada, levando a mão aos lábios


chocada com a minha revelação.

— Sim, amiga, e o pior que ficamos de novo no dia do evento da


House Green. Mas depois que me demitiu, ficou claro que eu era apenas
mais uma garota a dormir com o poderoso Leon Stanley.

Genevieve abandona os tomates em cima da tábua de vidro e me


abraça forte. Agradeço, mentalmente, por já ter secado meu estoque de
lágrimas mais cedo. Não quero demonstrar para minha melhor amiga que
me apaixonei por aquele cafajeste, pareceria bobo demais da minha parte e,
além disso, só me faria lembrar que sou idiota e emocionada.

— Sinto muito Cass, mesmo que Leon pareça safado, ele não tem
tanta variedade de mulheres assim, o homem é seletivo. Não são todas que
se encaixam no padrão do magnata. Se você ficou com ele duas vezes, Deus
do céu, ele gostou e você também. Quando você pretendia me contar? —
Genevieve esbraveja, soltando o meu corpo e colocando as mãos na cintura
irritada.

— Fiquei com vergonha de confessar que sou uma vadia que fica
com um homem casado. Assim que descobri que ele era o deus grego do
avião, fiquei me martirizando, me puni, mas fui fraca, inconsequente e
fiquei com ele mais uma vez. — Minha melhor amiga ergue a mão
sinalizando para que eu pare de falar.

— Cass, pelo amor de Deus, você não sabia, não tem como se
culpar por isso. Sei que você foi lá e pecou de novo, mas amiga, você olhou
bem para aquele homem? Toda mulher no mundo deseja ele. O cara é forte,
grande, com 2,10 de altura, tem um sorriso branco sedutor, a voz é grossa
que só de ouvi-la já molha a calcinha. — Sorrindo, Genevieve volta para a
mesa e pega o maço de manjericão acertando no meu braço, com ar de
brincadeira.

— Hoje falei com ele, coloquei um basta nisso tudo, vou assinar o
tal documento que ele faz com as mulheres para silenciá-las e pronto. —
declaro calma, por finalmente chegar ao fim essa relação conturbada.

— Foi melhor você ter saído da empresa, olhando essas


circunstâncias, Ava não é uma mulher normal. Se ela desconfia é uma coisa,
mas se ela chegasse a pegar vocês juntos ou algo assim ela te mataria.
Amiga, estou falando sério! Sinto que aquela mulher seria capaz de jogar
alguém pela janela daquele prédio.

— Ela me assusta, é melhor assim, quero Leon longe de mim. —


Minha voz falha com essa afirmação fazendo a Gen gargalhar alto.

Preparo todo o jantar enquanto converso abertamente com a


Genevieve. Contar para ela tudo que aconteceu parece tirar um peso das
minhas costas. Não é fácil esconder algo que machuca tanto de alguém que
você confia. Porém, a insegurança e o medo de ser julgada, me fez travar e
adiar essa conversa que eu já queria ter tido desde o início. Abro uma
garrafa de vinho para degustarmos com o espaguete e jantamos
tranquilamente conversando. Não consigo imaginar uma vida na qual a
Genevieve não esteja presente.

Sempre estivemos juntas, até mesmo quando brigávamos por


bobeiras no passado. Amizade é assim mesmo, cheia de altos e baixos e
com o passar dos anos só descobrimos que realmente nos amávamos como
duas irmãs. Quando o jantar termina, vou para o quarto descansar e meus
pensamentos começam a voar longe. Puno-me internamente toda vez que
ele me leva a pensar no Leon e depois de muito lutar, adormeço.

O novo dia que começa passa rapidamente e quando já estou


olhando para o relógio esperando bater às 18h, o Leon entra com algumas
folhas de papel na mão. Meu corpo inteiro estremece, a sensação é que uma
forte tormenta de frio passou pela minha alma. Leon senta na minha frente,
coloca os papéis em cima do balcão e faz o pedido.

— Boa tarde, o de sempre, por favor! — O timbre de voz é seco e


preciso.

O indecente fica irresistível nesse terno cinza que realça os olhos


verdes apaixonantes. Com a mão ele empurra o contrato em minha direção
e olho para as folhas com curiosidade. Provavelmente não gostarei do que
encontrarei nesses papéis, então decido que é melhor ele simplificar,
explicando em palavras o que possui nas páginas escritas.

— O que diz neste contrato? Por que tantas folhas se somente


preciso não abrir a boca e revelar sobre nós? — pergunto, enquanto a
sensação de frustração de domina.
Leon fica sério e com um tom arrogante me responde brevemente.

— Você me pediu o contrato, ele está aqui! Leia ou simplesmente


assine de uma vez, a escolha é sua.

Ele pega a jarra do café que esqueci de servi-lo e despeja na xícara


de porcelana. Roger ao longe olha sem dizer nada. O relógio bate 18h e
enfio o contrato na bolsa e sigo em direção à porta.

— Onde pensa que vai? — reclama Leon, indignado.

— Vou para casa, lerei com atenção o contrato e entrego amanhã


para você.

— Quero que assine agora, amanhã não estarei aqui, não planejo
voltar nesse lugar! — declara ele com ar de soberania olhando ao redor com
desaprovação.

Uma fúria me domina e rapidamente retiro o contrato da bolsa e


jogo na mesa do Roger que me olha assustado. Meu patrão nojento parece
uma estátua, pega a carteira e a chave do carro para ir embora.

— Preciso ir, garota, feche tudo ao sair. — Roger desaparece


rapidamente.

Pego uma caneta, assino com raiva e jogo os papéis no rosto do


Leon.

— Pronto, agora suma da minha vida. — grito, enquanto ele me


olha com revolta.

Leon recolhe os papéis do chão e se aproxima de mim, debruçando-


me com força sobre o balcão. O safado estapeia minha bunda com raiva,
provocando uma ardência gostosa e puxa com força o meu short para baixo
me deixando nua. Adoro a brutalidade dele, essa forma grosseira de pegar o
meu corpo e penso que não sou um ser humano normal, afinal, já estou
completamente excitada.

— Neste contrato estava escrito que eu vou te foder de novo a noite


toda, uma última vez. Você me paga pequenina.

Leon é um safado, me fez assinar o contrato na força do ódio sem


ler! Ele esfrega o pau duro na minha bunda exposta e deposita beijos
picantes no centro das minhas costas até alcançar o meu pescoço. Com
safadeza, vira-me de frente para ele e agarra os meus cabelos com a mão
direita. Com força puxa-os encostando meu rosto no dele. Sua boca atrevida
morde os meus lábios e me beija com raiva. Um beijo ardente, sedutor e
que me deixa com as pernas fracas.

— Vamos, essa noite você é minha!


CAPÍTULO 19
Leon é um atrevido, ordinário e confessa que precisarei passar a
noite ao seu lado.

— Não acredito em você! — retruco e prontamente ele me mostra o


contrato.

— Está vendo aqui, a cláusula diz que você é minha no dia que
assinar o contrato! Você é obrigada a passar 24h ao meu lado. Se prepare
porque passaremos algumas horas intensas juntos, pequenina.

Olho para o papel incrédula e leio com atenção e sim, realmente o


infeliz colocou essa cláusula. Puxo o meu short tampando a minha parte
íntima que estava nua.

— O que mais tem nesse contrato? — Ele abre um sorriso


presunçoso e apenas me puxa pelo pulso.

— Vamos, tranque esse lugar.

Faço o que ele manda e assim que estou pronta nos direcionamos até
o carro. Leon começa a dirigir pelas ruas da cidade enquanto o encaro sem
parar, totalmente revoltada. Ele me ignora totalmente e coloca uma música
para tocar. Não tenho a menor ideia de onde Leon está me levando, mas
com toda certeza tudo isso me pegou desprevenida e nem ao certo sei como
agir com ele. Por que esse homem faz essas coisas? Não tenho dúvidas de
que fez isso apenas pelo prazer de me obrigar a ficar na presença dele.

— Para onde está me levando Leon Stanley?

— Para o meu apartamento secreto!

— Apartamento secreto? Como assim? — começo a ficar nervosa e


desligo o som. — Não sei se você sabe, mas amanhã eu preciso levantar
cedo para trabalhar e aposto que você também. Leon dê meia volta e me
leve para casa.

— Não seja dramática, amanhã não vamos trabalhar, não se


preocupe, aquele bosta do seu patrão não te mandará embora.

— Como você pode ter tanta certeza? — indago, curiosa pela


afirmação dele.

— Conheço caras como ele. Pare de falar pequenina. Apenas relaxe,


você queria o contrato, então cumpra as regras e pronto, poderá seguir sua
vida daqui a 24 horas.

Solto uma longa respiração frustrada e relaxo aliviando toda a


tensão que estou sentindo. Fixo meu rosto na cidade e os próximos minutos
são silenciosos. Após 20 minutos chegamos a um prédio luxuoso fora da
cidade e Leon estaciona. Desço batendo a porta do carro com força. Ele não
diz nada, apenas me conduz até o elevador.

— O que vou dizer para a Genevieve?

— Ela é sua amiga, aposto que sabe muito bem o que falar para ela.
— diz Leon, rispidamente.

O elevador se abre e descemos no último andar. O apartamento é


imenso, as paredes são de vidro me deixando encantada. A decoração é
minimalista e quase não possui móveis no ambiente. Leon passa em minha
frente e com passos lentos adentro a sala de estar. A maioria dos móveis são
de madeira nobre em tom natural e os estofados são pretos. O indecente
começa a tirar o terno se livrando das roupas sociais.

Afasto-me e vou até a área externa e encosto-me no parapeito do


prédio. Leon se aproxima de mim só de cueca, abraçando-me por trás com
carinho. Sei que deveria ser forte, mas começo a chorar. Estou me sentindo
frágil, boba e enganada. Leon beija os meus ombros e apenas deixo que ele
explore minha pele. Não tenho forças para brigar. O indecente me vira de
frente para o seu corpo e passa a mão nos meus olhos.

— Cassandra… — Essa é a primeira vez que diz o meu nome em


tom sério fora da empresa, sem usar diminutivo ou pequenina. — Me
desculpe, eu fui um idiota! Na verdade, sou mais que um idiota, eu sou um
maldito rico que tem tudo na vida e você estava certa, ao mesmo tempo, eu
não tenho nada.

Leon aproxima o rosto do meu depositando beijos suave nos meus


lábios.

— Pequenina, se você me perguntar de novo se eu deixaria tudo


isso, todo dinheiro e a minha vida, eu sempre vou te responder que não. Fui
criado assim, não posso mentir para você. Mas eu te quero, como nunca
quis ninguém em minha vida. Fiz, sim, você ficar com raiva, apenas para
que você assinasse aquela merda de papel e finalmente falasse comigo. —
Desvio o olhar dele, que rapidamente segura o meu rosto e novamente me
beija.

Quando afasta os lábios dos meus, o castigo com palavras ásperas e


grosseiras.

— Fez tudo isso por nada. Eu não quero nada de você, não quero
mais o seu tempo, o seu amor, nada! A única coisa é que espero
ansiosamente essas 24 horas acabar para que nunca mais precise te ver de
novo. — Meu tom é seco e Leon tenta disfarçar, mas acabo de bater nele
com as minhas palavras.

Desvencilho-me do corpo dele e entro na sala retirando minha


roupa. Leon fica parado onde o deixei, olhando a cidade ao longe. Fico
completamente nua e procuro o quarto. É o único ambiente onde as paredes
não são de vidro. A estrutura é magnífica e quando encontro o banheiro ligo
o chuveiro para tomar um banho. A água quente cai sobre a minha cabeça e
fecho os meus olhos tentando encontrar um pouco de calma. Sinto quando o
Leon entra no cômodo porque o cheiro que esse homem exala é
inconfundível.

Ele pega a esponja, deposita sabonete líquido e suavemente passa


pelo meu corpo. Fico em silêncio apenas sentindo ele encher a minha pele
de espuma. Leon me vira de costas e deposita shampoo nos meus cabelos e
massageia o meu couro cabeludo. Por que ele faz isso? Como ele consegue
parecer às vezes cuidadoso e de repente um crápula? Quando terminamos,
me ajuda a vestir um roupão de banho e beija o meu rosto.

— Farei uma lasanha para nós. — Apenas concordo e ele vai para a
cozinha.

Sento-me na cama e fico paralisada por um tempo. Pensando na


minha vida, em tudo que aconteceu até aqui e penso também no homem a
poucos metros de mim que possui atitudes que me deixam frustrada. Sinto o
cheiro das especiarias e decido ir ajudá-lo

“Já que estou aqui, irei abraçar o capeta”.

Aproximo-me do balcão e ele fatia a cebola ao passo que tenta abrir


a massa da lasanha para cortá-la.

— Você fez a massa da lasanha agora? — questiono, surpresa.

— Sim. — Leon não olha nos meus olhos, parece triste ao


responder.

Porque me sinto mal por vê-lo assim? Sou muito boba, fraca e
impulsiva. Aproximo de seu corpo e seguro em sua mão para ajudá-lo. Ele
solta a massa permitindo que o ajude. Fico animada com sua reação e com
rapidez abro e corto a massa para ser fervida. Leon fatia o restante das
especiarias e parece meio perdido ao preparar o molho.

— Já cozinhou antes? — pergunto, escorrendo a massa pronta.


— Não. — responde, brevemente.

— Pode deixar, eu termino. — Faço menção de me aproximar e ele


levanta a mão me impedindo.

— Não precisa, seu objetivo aqui não é cozinhar para mim, era só
para fazermos companhia um ao outro.

Leon larga os utensílios com tudo sobre o balcão e apaga o fogo dos
alimentos, abandonando a cozinha. Não entendo a sua reação até que ele
fale algo que me surpreende.

— Vou chamar um táxi, ele te levará em casa.

— O quê? Por quê? — questiono, sem entender, há poucos minutos


ele praticamente me obrigou a vir. — Por quê? O que mudou? — finalizo,
esperando que ele me responda.

— Você mesma disse que fiz isso por nada. Não precisa esperar as
24h, pode ir. — Leon vai até o terno, retira o contrato do bolso e escreve no
final e assina. — Pronto, escrevi que abro mão das horas. Está livre
Cassandra! — finaliza o arrogante, pegando uma garrafa de vinho.

Ele caminha até a parte externa para se deitar em um sofá grande na


varanda. Vou até o quarto dele, pego umas das suas camisas no armário e
visto no meu corpo. Meu uniforme estava todo sujo e não poderia usá-lo
após ter tomado banho. Pego minha bolsa na sala e sigo em direção ao
elevador. Quando já estou dentro, vejo o Leon deitado no mesmo lugar sem
nenhuma reação. Meu peito começa a doer pela angústia que parece formar
um nó em minha garganta. Sinto-me estranha, perdida, com dúvidas e a
porta do elevador se fecha seguindo até o térreo. O meu desejo é voltar,
segurar o rosto dele e beijá-lo.

Queria ter seu toque em minha pele, mas agora tudo que sinto é uma
aflição sem fim. O elevador se abre novamente e o carro me espera. Olho
para o homem desconhecido e no mesmo instante volto e aperto o último
andar novamente. Chegando na cobertura entro no apartamento e não o
vejo, vasculho os cômodos e o encontro no quarto jogando uma garrafa de
whisky contra a parede com ódio de si mesmo. A garrafa se estilhaça e ele
não percebe que estou aqui. Com passos suaves me aproximo e o abraço
por trás.

Leon solta uma respiração pesada ao sentir minhas mãos no


abdômen dele e instintivamente segura os meus braços com carinho. Ao
virar o corpo e me ver, imediatamente devora os meus lábios. Sobressalto
pulando em seu colo e suas mãos me sustentam com firmeza. Suavemente
ele desliza os toques pelo meu corpo desesperado. Sei que me quer, que me
deseja mais que tudo. Hoje foi a primeira vez que admitiu isso.

Nossas bocas se beijam intensamente e sinto seus dentes mordiscar


os meus lábios. As mãos grandes sustentam o meu corpo em seu colo.
Leon, sem sacrifício algum, esfrega a minha boceta no seu pau duro. Sinto-
me inflamar com a pegada poderosa desse homem. Sua língua suga a minha
e inclino minha cabeça para que ele beije o meu pescoço. Leon me joga
contra a cama me debruçando e rasgando a camisa que cobre o meu corpo.
Com ferocidade suas mãos seguram o meu quadril e abrem as bandas da
minha bunda admirando a minha região íntima.
CAPÍTULO 20
A pequenina voltou para os meus braços e ao senti-la com as mãos
macias envolvendo minha cintura com tamanha doçura despertou uma
felicidade e um desejo insano por todo o meu corpo. Com força a debrucei
na cama, arranquei a minha camisa que aparentava ser um vestido
protegendo o seu corpo.

Seguro com firmeza o seu quadril, abro as bandas da sua bunda


gostosa e com devoção anseio pelo seu pecado. Um pecado admirável e que
me deixa de pau duro e com um desejo insaciável pulsando em minhas
veias. Passo a minha língua por toda sua boceta pecaminosa provando seu
sabor único e devasso. Nunca desejei tanto uma boceta assim antes, parece
ser algo perturbador e, ao mesmo tempo, incontrolável.

Os gemidos baixos que escapam de seus lábios castigam o meu


juízo. Lambuzo-me com seu licor que possui um gosto agridoce e safado.
Apalpo com destreza suas pernas longas e estímulo com a palma da mão o
seu botão rosado úmido. A sem-vergonha movimenta o quadril contra os
meus dedos enlouquecida de prazer.

Adoro vê-la gemendo para mim e assistir os seus lábios carnudos


sem entreabrir com aflição. A sua feição se torna de agonia e intensifico os
meus toques até que esteja em completa lamentação pronta para se entregar
ao prazer. Sinto nos meus dedos quando seu núcleo se dilata, seu licor
esbanja fluidez e vejo que suas mãos pequenas apertam os lençóis da cama.
Ela é minha, neste momento ela é toda minha e está gritando o meu nome.

— Leon, isso, não para, ah, por favor!

Abro o meu roupão ficando livre de qualquer vestimenta e seguro


com firmeza o meu pau na mão. Ela ofega quando sente a cabeça parruda
deslizar pela sua área proibida e agora sensível! Estou louco para fodê-la
com força, mas me seguro e a provoco com carinho.
As pernas da pequenina estremecem aflitas de desejo e começo a
instigá-la adentrando gradualmente o meu pau maciço na sua abertura
apertada. Hoje, especificamente hoje, o meu desejo é de cortejá-la. Sempre
fui um homem bruto, que chega e faz o quê é preciso e vou-me embora!
Porém, com essa pedra preciosa não consigo ser assim. Quero apertá-la,
estapeá-la, beijá-la e também foder essa boceta carente!

Cruzo a barreira do seu corpo sendo esmagado enquanto acerto a


profundidade delicada da pequenina. Seguro firme em seu quadril batendo
com força a sua área proibida no meu membro ereto de tesão. Minhas mãos
deslizam pelo seu corpo delicado e tocá-la me deixa ainda mais excitado.
Afasto-me e ela grita manhosa em dúvida.

— O que houve? — Ela esfrega o rosto nos lençóis e empina a


bunda aflita.

— A mulher, você não sabe como estou louco por você! Você adora
foder o meu juízo! Hoje explorarei o seu corpo pedaço por pedaço e enfiar
o meu cacete incansavelmente na sua boceta.

Aproximo-me dela, que deixa o corpo cair na cama e seguro sua


mão. A puxo para me acompanhar e juntos vamos até uma pequena jacuzzi
na área externa. Enquanto ela enche, aproveito para apalpar o seu corpo e
sentir o seu cheiro doce. Quando está no ponto ajudo-a entrar com cuidado,
desejando tê-la em meus braços.

A água está morna e a vista que temos da cidade é adorável. Os


olhos da pequenina brilham ao contemplar o céu estrelado e são essas
pequenas coisas insignificantes que fazem o meu coração bater
desgovernado. Seu corpo é perfeito aos meus olhos, sua bunda é
convidativa e os seios são fartos. Seus mamilos e as aréolas são rosados, a
área proibida é pequena e o sorriso dessa safada é a minha perdição!

Cassandra tem o olhar de uma garota inocente e sempre que estamos


presos um ao outro é explícito que não tem muita experiência com homens.
O que, claro, me deixa eufórico! Não que eu goste de mulheres
inexperientes, pelo contrário, eu amo uma vadia pronta para me dar prazer,
entretanto, apenas ela desperta o meu lado selvagem, destruidor e também
ativa esse meu lado protetor totalmente desconhecido para mim.

A proporção do desejo que tenho em fodê-la é a mesma em querer


cuidar dela. A pequenina não imagina, mas há algumas coisas nesse
contrato que a deixaram protegida. Mesmo que ela vá embora daqui a 24
horas e que não queira mais me ver, não a deixarei desamparada.

Uma mulher nada fútil é a pessoa perfeita para ter o poder nas mãos.
Dizer a ela que em duas semanas ela jamais me dominaria foi a maior
mentira que já contei, a mulher pode me atropelar 10 vezes que vou de
muleta atrás dessa diaba. Cassandra pode ser simples, ter um coração doce e
amável, porém sabe muito bem ser convicta com as suas escolhas. Droga,
essa mulher é minha maior ambição.

Coloco a mão em sua cintura e me sento na água. Ela permanece de


pé para ver melhor a paisagem da cidade. Passo com carinho a mão em seu
abdômen acariciando sua barriga e lentamente escorrego os meus dedos até
a parte interna das suas coxas. A pequenina morde os lábios e me encara
com indecência.

— Leon, por que você não consegue me deixar em paz? Não vê que
estamos errando fazendo isso? — A voz dela é manhosa, e fico de joelhos
agarrando o seu corpo.

Abocanho seus mamilos e sugo com intensidade enquanto


lentamente ela cai ficando de joelhos em minha frente. Minhas mãos
exploram o seu corpo com rispidez e apanho com raiva o seu pescoço, ao
passo que mordo o seu queixo e suas bochechas ruborizadas.

— Está sentindo isso? Esse desejo louco? Ah pequenina… você tem


uma escolha difícil agora! Ficar aqui ou ir embora! — pausadamente desço
os meus dedos roçando em seu abdômen até chegar em sua boceta. — Não
me importo se é errado, sou um cara indecente e quero você! O seu corpo
demonstra que me quer? Quer cometer esse pecado comigo?
Leon acaba de me oferecer o pecado. Sim, esse homem safado me
quer como jamais imaginei ser desejada por alguém. Ele deposita mordidas
fortes no meu rosto enquanto uma mão comprime o meu pescoço e a outra
explora o meu corpo. O que ele quer? O que acontecerá no futuro? Leon
deixaria sua esposa? Estarei chorando amanhã? Me sentirei revoltada e com
o coração estraçalhado?

As dúvidas são tantas e nesse instante, quais são as certezas que eu


tenho? A única concreta é que ele está sendo sincero. Poderia só ter me
comido e pronto. No entanto, ofereceu um táxi e o fim dessa nossa relação
que nem de fato existe! Fiquei aqui, voltei, fui uma fraca, uma boba, iludida
e retornei para esses braços fortes que agora me seguram com arrogância.
Ele me puxa para o seu colo e pressiona a minha boceta no seu volume
exuberante.

Fecho os olhos enquanto Leon brinca com os meus mamilos


sensíveis. Os dentes dele roçam e apertam com força minhas auréolas e a
língua molhada ameniza a pequena ardência, deixando uma sensibilidade
irresistível. Respondo o Leon com a voz falha, quase sussurrando.
— Estou sentindo isso, eu quero você Leon, mesmo sabendo que é
errado. Daqui a 24 horas não ficaremos mais e não me castigue indo na
lanchonete me ver. Isso só atiça esse desejo proibido e indecente.

Leon rosna e me responde com chupões. As mãos safadas começam


a me auxiliar a rebolar em seu colo e com sensualidade esfrego minha
boceta no seu pau duro como uma rocha. Ele passa os dedos pela região não
explorada do meu corpo e arqueia a sobrancelha ao perguntar sobre o meu
passado sexual.

— O que ainda não fez?

— Como assim — rebato, no mesmo instante.

— Já deixou alguém explorar seu corpo todo? — Leon fica sem


graça e eu entendo o que ele quer dizer.

— Não Leon, não sou virgem, você bem sabe, mas essa região que
está atrevidamente com o seu dedo é uma zona de conflito. — Ele rosna
mais calmo e me abraça com carinho.

— Ótimo, era apenas curiosidade. — declara, segurando o pau e


posicionando na minha abertura.

Movimento progressivamente o meu quadril subindo e descendo.


Leon sorri e segura os meus seios com as mãos para apertá-los. Levanto-me
deixando o homem sedento e desesperado.

— Está me devendo uma lasanha! Quero que termine a comida!

— Termino, se me deixar te experimentar deliciosamente enquanto a


preparo. — Provoca, levantando e colocando o roupão de banho.

Assinto e cubro o meu corpo seguindo-o até a cozinha sofisticada.


Os armários são pretos, sob medida, a cozinha é ampla e possui vários
lustres de cristais. Leon me coloca sentada sobre a ilha e abre minhas
pernas e a roupa que me protege, me deixando exposta. Conforme ele faz o
molho e precisa prová-lo, ele despeja nos meus mamilos saboreando-os.

A língua molhada circula as minhas auréolas e sugam os meus


mamilos com avidez. O contato do líquido quente me faz gemer totalmente
excitada. Enquanto a lasanha está no forno, ele está dentro de mim me
pegando com força, cravando violentamente seu pau fabuloso na minha
abertura completamente dilatada pela sua insistência. Leon é quente,
devasso, louco pelo meu corpo. Quando a refeição fica pronta, ele fecha
minha roupa e sentamos à mesa de jantar.

O prato não está ruim e preciso dar crédito a tentativa de preparar


algo para mim. Leon segura minha mão com carinho e sua expressão é
totalmente diferente da que sempre vejo. Ele parece calmo, relaxado e
arriscaria dizer feliz. Como é na casa dele? Leon e Ava sentam para
jantarem juntos? Afasto meus pensamentos conflitantes e volto minha
atenção à mesa. Após finalizar a refeição, Leon vai até a cozinha e traz na
mão um pote de sorvete. O indecente profere uma ordem que me deixa
curiosa.

— Deite-se na mesa pequenina. Limpei ela para receber o seu corpo.


— pede, com um sorriso perverso.

Fico completamente nua e me deito na mesa de madeira que tem em


torno de 5 metros. Leon me acomoda na beirada com total acesso para se
encaixar no meio das minhas pernas e explorar o meu corpo. Com o auxílio
de uma colher ele deposita sorvete na minha boceta me fazendo gritar com
a sensação gelada. Leon Stanley é perversamente safado e vai chupar o
sorvete no meu corpo. Ele devora minha região íntima e estupidamente
movimenta a língua ao redor do meu clitóris, deixando meu corpo todo
trêmulo de prazer.

Após me chupar com tamanha perfeição e me levar a loucura com a


língua gelada, ele introduz seu pau e me toma com violência e necessidade.
As mãos dele apertam o meu quadril e brincam com os meus mamilos
fazendo o meu corpo flamejar. Meu coração acelera e Leon arqueia a
sobrancelha ao perceber que estou no meu limite do prazer. Suas estocadas
se intensificam me penetrando com brutalidade. Com os dedos ele estimula
o meu núcleo pulsante intensamente até atingirmos juntos o ápice da euforia
e nos entregarmos ao desejo.

Sinto quando seu bálsamo me preenche e minhas pernas fraquejam.


Levanto-me da mesa assim que terminamos nosso momento de safadeza e
Leon me conduz até a jacuzzi onde entramos na água e admiramos um ao
outro. O restante da noite passamos assistindo filme e tomando vinho.
Quando me preparo para dormir pego a minha bolsa a procura da minha
escova de dentes reserva. Há vários acessórios dentro, porém um chama
minha atenção, o meu absorvente. Estou há duas semanas em Nova York e
deveria estar menstruada hoje. Olho para a minha região íntima totalmente
inchada, enfim, Leon me castigou hoje e não tirou o membro de dentro de
mim, porém, não há sinal algum de sangue.

“Acho que por conta do ato sexual não desceu, mas já prevejo
muitas cólicas nos próximos dias, por conta do atraso”.

Quando saio do banheiro, Leon espera na cama. Quando me vê,


rapidamente agarra minha cintura e deitamos de conchinha. Estamos
exaustos pelo sexo intenso e rapidamente apagamos totalmente.

Amanhece e me remexo na cama abrindo os olhos lentamente


incomodada com a claridade que atravessa a janela de vidro. Olho para o
lado e Leon ainda dorme pacificamente. Involuntariamente noto o membro
dele atiçado pela ereção matinal! Sem pensar duas vezes abaixo a cueca e
calmamente envolvo o pau dele em minha mão.
CAPÍTULO 21
Sinto uma sensação gostosa me despertar. Abro os meus olhos e
vejo a pequenina segurando o meu pau. Sua mão macia começa a se
movimentar ao redor do meu volume maciço. Ela explora a região com a
boca e suavemente deposita beijos em toda extensão do meu cacete.

“Droga, além de ser doce, atrevida, é também gulosa e me deixa


sempre querendo mais”.

Poderia até pensar que ela me conquistou por me dar prazer de uma
forma que nunca experimentei antes, mas estaria mentindo a mim mesmo.
Ela me conquistou com seu jeito manhoso, a sutileza na voz, nos trejeitos e
principalmente pelo olhar profundo e o sorriso lindo. Sua mão atrevida
aperta o meu pau com força e progressivamente me castiga com um
movimento rápido e gostoso. A língua molhada circula a cabeça parruda e
ela me devora até o limite da sua garganta.

Após me castigar com suas sucções picantes, despejo o meu


bálsamo profundamente em sua garganta. Nossa manhã é quente e quando
terminamos nosso momento de safadeza a pequenina vai para o banho.
Pego o meu celular e precisarei ligar para a Ava, cubro o meu corpo com o
roupão e caminho até o parapeito do prédio. Após um único toque ela
atende gritando.

— Onde você está, Leon Stanley? Cadê você? Pelo amor de Deus,
você nunca dormiu fora de casa e agora não vem na empresa também? O
que está acontecendo?

— Não se preocupe, avisei a Genevieve, ela remarcará as minhas


reuniões para amanhã.

— Quero você em casa agora mesmo. — Escuto quando a Ava


quebra algo com raiva e respiro fundo tentando não surtar com essa mulher.
— Pare de loucura, estou descansando, estava ficando louco com os
seus surtos. Deixe-me em paz, em breve volto para casa. — desligo a
ligação, antes que ela retruque.

Sinto o perfume adocicado da pequenina e viro-me para admirá-la.


Ela possui um semblante abatido e vem em minha direção receosa.

— Isso vai acabar, certo? — Seus olhos azuis são tristes e estão
marejados.

— Sim, pequenina. Tenho uma vida e… — antes que eu consiga


terminar de falar, ela me interrompe.

— Você tem uma vida e eu não faço parte dela. Estou indo embora.
— Sua revelação me deixa aflito, não esperava que ela fosse me deixar
agora.

— Como assim? Ir para onde?

— Para o meu apartamento. O que tivemos ontem foi incrível, eu


nunca me senti assim antes, mas você não serve para mim. Não há nada em
você que me faça te querer mais. — Suas palavras duras me atingem em
cheio. — Não sou boba, amanhã você estará com uma garota nova,
usufruindo de todo o seu poder. Não queira me iludir mais. Já assinei o
contrato, isso acabou. — finaliza, se afastando de mim e voltando para a
sala onde pega a bolsa.

Decidida, ela caminha até o elevador e não olha para trás. Poderia ir
atrás dela, dizer que ficará comigo, mas o que eu poderia lhe oferecer? Uma
vida de amante? Casa, carro e joias? Nada disso ela aceitaria. A pequenina
quer algo que não posso dar e é o meu coração, o meu amor. Jurei nunca me
entregar a uma mulher e não cogito quebrar o meu juramento.
Durante o caminho de volta ao meu apartamento não consegui
pensar em nada. Tudo ficou branco, apático e sem cor. Ficar com o Leon foi
incrível, inesquecível, porém ele jamais será meu. Quando o ouvi ao
telefone dizendo “em breve volto para casa” fez os meus planos mudarem.
Queria almoçar com ele, passar o dia entre carícias e amor, mas aquilo me
abriu os olhos. Estava pronta para me lançar em um abismo achando que
poderia voar e no final a queda seria brusca e destruidora. O táxi para e
rapidamente desço do carro e volto a realidade da minha vida. Não tenho
mais nenhum assunto inacabado com o Leon e isso me deixa calma e pronta
para seguir o meu caminho.

Após o almoço vou direto para a lanchonete e encontro o Roger


atendendo os clientes tranquilamente. Quando ele me vê a sua reação me
surpreende, jurava que me trataria mal, que me xingaria, mas não, o homem
apenas me lança um “boa tarde” e retorna para o caixa. A tarde é tranquila e
quando o final do dia chega, Leon entra pela porta como um cliente
qualquer.

— Boa tarde moça, me sirva um café sem açúcar e uma torta de


morango, por favor.

— Claro, só um minuto. — respondo brevemente.

Sei que ele quer falar algo, mas simplesmente não fala, apenas
degusta o café e a torta. Nesse instante, já tinha uma previsão de como
seriam os próximos dias! Definitivamente Leon Stanley não deixará de vir
aqui!

Os próximos 30 dias foram assim, Leon aparecia todos os dias,


tomava seu café, admirava o meu corpo, algumas vezes me ignorava e
depois partia. Várias vezes observei ele abrir e fechar a boca querendo dizer
algo, porém, parecia censurar a si mesmo, porque logo depois me
acompanhava até o prédio e desaparecia em silêncio. Foram os dias mais
torturantes da minha vida. Como agir friamente quando se quer
desesperadamente queimar? Ontem, quando Leon me acompanhou até o
apartamento, ele me entregou uma caixa sem dizer nada. Coloquei em cima
da minha penteadeira e não tive coragem de abrir, porém, agora decidi que
estou pronta. Sento-me na cama e abro o enfeite vermelho visualizando o
conteúdo. Na caixa encontro uma cópia do contrato que ele ainda não tinha
me entregado, o colar de diamantes e os dólares das gorjetas que havia
deixado na lanchonete. Ao pegar o dinheiro calculo que há muito mais do
que o valor devolvido, provavelmente ele adicionou as gorjetas dos últimos
30 dias.
Leon irrita-me profundamente com essa mania de querer me
comprar. Meus olhos analisam o contrato e decido ver o que está escrito.
Leon reconheceu firma e registrou, me deixando intrigada. Os primeiros
parágrafos não têm nada importante, apenas expressa o meu silêncio, para
não usar a nossa relação ao meu favor. O restante, no entanto, tira a minha
completa paz. Acabo de descobrir que o indecente comprou a lanchonete e
é o meu patrão desde o meu terceiro dia de trabalho. Isso explica muito a
mudança do Roger, mas o pior é que continuo trabalhando para ele. Minha
surpresa vem a seguir, é uma cláusula perturbadora onde diz que depois de
30 dias de trabalho a lanchonete seria minha. Por que ele fez isso? Antes
que eu consiga terminar de ler tudo, uma forte ânsia se forma no meu peito
e largo tudo, correndo para o banheiro. Genevieve escuta o meu desespero e
corre para verificar.

— O que aconteceu? Comeu algo que te fez mal?

— Não me lembro, deve ser, há uns dias sinto minha gastrite


atacada. Acho que tomei muito café essa semana.

— Pode ser mesmo ou também pode ser outra coisa? Ontem no café
da manhã você estava reclamando de ânsia.

Paraliso e fico olhando para ela com certa relutância. Antes que
possa pensar direito, uma nova onda de desconforto me atinge e termino de
colocar tudo para fora. Limpo o banheiro, escovo os meus dentes e
Genevieve me ajuda a ir até o quarto. Deito-me na cama e fico pensativa.

— Amiga, por favor, traga a minha bolsa.

Ela vai até o meu armário e me entrega a bolsa. Começo a vasculhar


e tenho certeza de ter menstruado neste mês. Passei por tanta coisa, mas
ainda tomei meu anticoncepcional. Verifico a cartela e noto que fui
descuidada e que tomei tudo errado. Procuro o meu absorvente e vejo que
ele continua cheio.
“Não posso acreditar, isso não pode acontecer comigo! Por que fui
tão desatenta? Como consegui ficar tão presa a minha dor e me esquecer
de algo tão importante?”.

Começo a chorar desesperada e Genevieve me abraça forte.

— Calma, pode não ser isso. — ameniza, tentando me acalmar,


porém, nem ela mesma acredita em suas palavras.

— E se for? O que farei? Leon está com o casamento dele, já


conseguiu minha assinatura em troca de silêncio. Amiga, se eu estiver
grávida voltarei para o interior. Não posso ficar aqui, não posso continuar
olhando para esse homem sabendo que carrego um bebê dele, na minha
barriga.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto, refletindo toda confusão que


estou neste momento. Fui imprudente, não pensei nas consequências, só me
entreguei para aquele homem com toda a minha alma. Agora que penso
estar me livrando finalmente desses sentimentos, tudo volta, como um
verdadeiro tsunami. Não deveria haver a possibilidade de uma gravidez, no
entanto, só comecei o anticoncepcional quando me mudei para Nova York.
Não estava tendo relações sexuais e não tinha necessidade de tomá-lo, mas
com a mudança pensei que seria necessário, afinal, estava disposta a
conhecer alguém.

— Vou até a farmácia e comprarei um teste. — avisa Genevieve,


levantando da cama.

— Não, não farei esse teste, não posso estar… você sabe!

— Grávida! — completa, enquanto levanto minha mão em


reprovação.

— Não diga essa palavra! Não estou… você sabe! Não posso, não
quero e me recuso!
Genevieve cruza os braços e sai do quarto. Há uma farmácia a uma
quadra daqui e após 10 minutos ela retorna segurando na mão um teste de
gravidez. Meu coração acelera, meu peito parece se contorcer em agonia e
medo. Pego a caixa com a mão trêmula e vou rapidamente ao banheiro.
Olho para o teste por um longo tempo, me questionando se realmente
deveria realizar ou não. Respiro fundo e decido seguir e acabar logo com
isso.

Realizo o exame e assim que concluí a instrução espero pelo


resultado. Começo a suar nervosa e depois dos cinco minutos mais longos
da minha vida, o resultado que eu mais temia apareceu. Sim, o teste deu
positivo e juntamente com ele uma forte tontura me derruba. Uma escuridão
completa me domina e acordo um tempo depois no chão do banheiro com a
Gen me chacoalhando desesperada.

— Graças a Deus acordou! Vem, vou te ajudar.

— Nossa, tive um pesadelo horrível, sonhei que estava grávida,


acredita? — Genevieve me fita seriamente, apontando a mão para o teste
em cima da pia.

— Não foi pesadelo, você está grávida, Cass.

Minhas pernas ameaçam ceder e fixo o meu corpo com firmeza ao


chão. Pego o teste em cima da pia e vou para o quarto. Genevieve me segue
e ao passar pela porta vou direto para a varanda tomar um pouco de ar. A
verdade é que eu preciso assimilar a notícia por alguns minutos, certo,
talvez horas. Tornei-me adulta a pouco tempo e acabo de descobrir que
estou grávida do meu chefe que é casado há 10 anos com uma louca.
Assinei um maldito contrato que não posso falar nada para ninguém e sou
dona de uma lanchonete que o Leon comprou para mim. O que mais
poderia acontecer? Uma grande incerteza me castiga agora. Deveria contar
ou não sobre o bebê?
CAPÍTULO 22
Fico exatamente 2 horas olhando para a cidade em silêncio.
Genevieve ficou ao meu lado esse tempo todo sem dizer nada. Duas almas
pensantes sentadas sobre o piso frio olhando as estrelas. Nem mesmo minha
melhor amiga sabe o conselho certo para esse tipo de situação. Genevieve
quebra o silêncio e sorrindo tenta me deixar alegre.

— Que tal uma pizza para comemorar a nova mamãe?

— Pizza? Qual sabor? — Minha melhor amiga sorri, sabendo que


atingiu em cheio o meu ponto fraco.

— Pepperoni que você ama e Marguerita! O que acha? — Abro um


sorriso, concordando com a cabeça. — Já volto, nada de chorar, entendeu?

— Tudo bem, não vou chorar! Pode ir tranquila.

Ela sai para fazer os pedidos e meu celular vibra ao meu lado no
chão. Fico surpresa ao ver uma mensagem do Rick Muzy:

“Rick Muzy: Boa noite Cassandra, fiquei triste ao saber que não está
mais na empresa, se precisar de algo pode me mandar mensagem!”

Rick parece ser um cara legal, mas por ora, não quero falar com
ninguém. Ignoro a mensagem e abro as redes sociais indo diretamente à
página do Leon. A última foto foi postada a 3 dias quando estava em uma
reunião e mesmo sendo apenas uma imagem o meu coração bate acelerado.
Encontrá-lo na lanchonete todos os finais de dia, é o que me anima, mas
como ficará quando ele notar minha barriga? Será que pensará que
engravidei de propósito?

Levanto-me abruptamente e pego a cartela de anticoncepcional e


retiro todos os comprimidos que esqueci de tomar e engulo de uma vez.
Quando percebo o que fiz começo a chorar desesperada e meu estômago
demonstra saber que há algo errado, porque imediatamente parece torcer em
desaprovação e corro para o banheiro expulsando tudo de mim. Debruço-
me no vaso sanitário vomitando todos os remédios. Quando termino arrumo
tudo.

“Não seja ridícula Cassandra, você foi inconsequente, agora


assuma os seus erros”.

Limpo-me e jogo água fria em abundância no meu rosto tentando


apagar a tentativa absurda e desesperada ao achar que tomando o
anticoncepcional poderia mudar o resultado disso. Nada mais pode mudar o
que aconteceu. Deposito as minhas mãos com carinho sobre a barriga
enquanto observo a minha imagem refletida no espelho. Esse é o meu
primeiro contato com a pequena sementinha que cresce dentro de mim.

“Oi, meu bebezinho, sei que você não foi planejado, talvez, nem
tenha um pai, mas prometo cuidar de você e fazer o impossível para te dar
o melhor”.

Acaricio imaginando que o bebê já possa sentir. A tantas dúvidas e


incertezas rodando em minha mente que não consigo focar em um único
conflito. Após vinte minutos de aceitação definitiva, retorno ao meu quarto
e deito para tirar um cochilo. Quando as pizzas chegam me acomodo na
mesa e degusto o jantar com a Genevieve. Fingimos que nada aconteceu,
mas sinceramente, estou com medo do futuro. Não tocamos mais no assunto
da gravidez e isso me deixou menos apreensiva.

Quando um novo dia começa já acordo com enjoos horríveis e


rapidamente tomo um remédio para cortar a sensação desagradável. Sento-
me a mesa para o café da manhã e agora os ovos com bacon que eram o
meu desejo logo cedo passou a ser o motivo da minha quase ida ao
banheiro. Tudo que consigo é tomar uma xícara de chá de camomila.

Sigo até a lanchonete frustrada e hoje o dia parece diferente,


principalmente por saber que sou a dona desse lugar, isso definitivamente
me deixa assustada. Roger diz “bom dia” e antes que desapareça na cozinha
decido perguntar sobre a venda desse lugar para o Leon.

— Por que vendeu sua lanchonete para o Stanley? — Ele fica tenso
e tenta desconversar, porém, acaba confessando.

— Ele me ameaçou e disse que não queria que nada acontecesse


com você. Ofereceu-me um valor 10 vezes acima do normal, jamais
imaginei receber uma quantia tão alta e aceitei.

— Quanto ele lhe ofereceu? — questiono, perplexa.

— Um milhão de dólares. Jamais receberia de outro comprador uma


oferta dessas. Prometi me manter aqui para que você não desconfiasse de
nada. O advogado dele falou algo sobre esperar um contrato e aguardei. —
O homem abaixa a cabeça triste. — Agora que você sabe, me mandará
embora? Prometo que serei um bom funcionário, mesmo tendo o dinheiro
da venda, acumulei muitas dívidas e não posso parar de trabalhar!

Fico pensativa e apenas sinalizo com a mão para que ele saia. Minha
mente tenta racionalizar e me questiono internamente. Como o indecente
teve coragem de oferecer tanto dinheiro em um lugar como esse? Aquele
infeliz continua tendo o controle da minha vida assim? Levo a mão a minha
barriga me dando conta de que se ele souber desse bebê agirá como? Me
renegaria? Me prenderia a ele? Estou perdida. A lanchonete é simples,
precisa de melhorias drásticas e ter pago esse preço é um absurdo.

O restante do dia é tranquilo, exceto pelas vezes que sentei


frustrada, recordando que Leon continua sendo o meu chefe. Quando o
relógio bate às 17h coloco a torta de morango para assar. Leon passa pela
porta inspirando o cheiro doce predominante no ar e senta à minha frente no
balcão.

— Sirva-me o de sempre, por favor. — Ele sorri, e de soslaio o


admiro.

Hoje particularmente ele está lindo. O CEO veste um terno todo


preto, realçando os olhos verdes que parecem ainda mais brilhantes. Em
suas mãos tem uma caixa branca comprida que ele deposita sobre o balcão.
Poderia ficar muda como sempre permaneço, mas não consigo.

— Vai fingir que é apenas um cliente normal, sendo que é o dono


deste lugar? — Um olhar sarcástico é tudo que ele me dá.

O safado ainda pisca com sensualidade para me provocar.

— Gostou da novidade? Minha querida funcionária!

— Você não tem vergonha, como foi capaz de me enganar assim?

— Pequenina, a sua forma de me agradecer é sempre tão única que


me ganha por completo. Estou pensando no seu futuro, no benefício de
você ter uma renda estável. O ponto é ótimo e os clientes são fixos. —
Entrego a torta e ele rapidamente corta um pedaço degustando com
satisfação.

— Agradecer? Você quer que eu lhe agradeça por controlar a minha


vida? Quando perceberá que não quero mais nada de você? Sabe qual é o
meu maior desejo? Que você pare de me fiscalizar e que me deixe em paz!
Que não venha mais aqui! Desapareça. — Leon bate o garfo no prato com
raiva e engulo as palavras.

— Controlar? Fiz isso para evitar que aquele nojento continuasse a


admirar o seu corpo. Fiz isso para que você tenha a porra de algo concreto,
além de só flores e bombons. Por que você não consegue por um minuto
admitir que tenho cuidado de você? Faz 30 dias que venho aqui só para ter
o prazer de olhar nos seus olhos. Esperando que em algum momento você
me perguntasse se sinto sua falta. Essa caixa é para você, tudo era para
tentar lhe agradar. Jamais fiz isso para controlar, certo, talvez um pouco,
mas se pensar no seu futuro e ficar perto de você é sufocante, talvez eu seja
um idiota mesmo!

Com raiva ele lança o prato de torta na parede, me assustando


completamente. Se levanta frustrado, magoado e sai pela porta sem olhar
para trás. As lágrimas se formam de forma incontrolável e meu peito
comprimi com o choro contido. Corro até a porta para impedi-lo de partir,
entretanto, ele não está mais aqui. Fico triste, apreensiva e meu coração dói
de tristeza. Por que não fui menos agressiva? Por que não o abracei e
agradeci? Estou cansada de tentar ser orgulhosa. Isso está me machucando
cada dia mais.

Hoje especificamente volto para casa sem a companhia do Leon.


Sinto falta de sentir a respiração quente dele contra a minha nuca e da
forma como segurava minha mão quando chegávamos em frente ao prédio.
Nesta ocasião, nos adoraríamos, sua mão tocaria a superfície do meu rosto e
nos despedíamos sem dizer nenhuma palavra, apenas sentindo o desejo
mútuo nos corroer. Essa noite é triste, fria e uma brisa de medo parece
atravessar minha alma.

Quando estou no meu quarto abro a caixa que ele havia deixado na
lanchonete e possui uma rosa azul e junto vários donuts em infinitos
sabores. Deito-me na cama e envio uma mensagem de texto me
desculpando pela grosseria: “sinto muito”. Porém, não recebo resposta.

Experimento um dos donuts e uma lágrima escorre no meu rosto ao


me lembrar da feição dele. Reviro a noite toda na cama sentindo meu
coração acelerado e acaricio minha barriga pensando no bebê para tentar me
acalmar dessa sensação ruim latente.
Amanhece e a angústia ainda está presa em meu peito. Saio tão
atordoada de casa que ao chegar na lanchonete percebo que esqueci meu
celular. Coloco um som ambiente e assim que os primeiros clientes entram
abro um sorriso largo para atendê-los. Aprendi com os meus pais, que não
importa a circunstância, sempre devemos engolir nossas frustrações e
trabalharmos com excelência.

O dia passa lento, talvez porque eu esteja remoendo desde ontem a


briga que tive com o Leon. Quando o relógio bate às 17h, coloco a torta
dele para assar. Não sei como será, se o homem estará muito revoltado hoje,
mas quem sabe possamos conversar abertamente. Leon veio todos os dias
nos últimos 30 dias e o ignorei friamente. Ontem, mesmo com raiva, ele
deixou a rosa e os donuts e agora espero ansiosa para vê-lo.

Tudo que quero é pular em seus braços, beijá-lo e confessar que


estou grávida. Não sei como reagirá, se deixaria a jararaca para ficar
comigo, mas preciso tentar. Os minutos passam e não há sinal do Leon.
Encaro o relógio e seguidamente a entrada da lanchonete e o tempo parece
se arrastar pausadamente sem que ele apareça. Coloco a torta na estufa para
permanecer quente.

Leon não falhou nenhum dia, por que ainda não atravessou a porta?
Será que está com tanta raiva de mim, que não quer mais olhar no meu
rosto? Pior, talvez tenha decidido ficar definitivamente com a esposa.

Meu coração gela quando uma pessoa que jamais esperei adentra a
lanchonete. Ava analisa o lugar com cara de nojo, ela usa um casaco preto
de frio, cabelos presos e os olhos apresentam olheiras expressivas. Com
seus saltos finos batendo no chão, a mulher caminha em minha direção
perplexa. Pela fisionomia surpresa e raivosa, ela não sabia que me
encontraria trabalhando aqui.

— Então é aqui que o Leon vinha todos os dias, simplesmente para


ver você? — Fico confusa com a afirmação e, ao mesmo tempo, me
questiono pela fala dela.

— Como assim “Ele vinha”? — indago, desconcertada.

— Não ficou sabendo Cassandra Werner? Apesar que essa é a


desvantagem de ser a segunda opção! Quando as coisas acontecem, só a
família de verdade recebe a notícia oficial. — Meu coração aperta, minhas
mãos ficam geladas, trêmulas, com medo das palavras que vem a seguir e
que podem destruir o meu coração.

— Leon sofreu um acidente grave de carro ontem, não deixamos


que isso se tornasse público! Somente a família sabe e os médicos não
acreditam que ele irá sobreviver! — Ava tem uma expressão impassível. —
A amante dele não foi avisada? Que pena, bom, fui obrigada a vir até essa
espelunca para verificar pessoalmente o que poderia ter aqui para chamar a
atenção do meu marido. Agora sabendo, faço questão de avisar
pessoalmente. O Leon não pagará mais pelos seus serviços de puta. Não
terá mais nenhum dólar, sua vaca interesseira.

O chão parece sumir debaixo dos meus pés e perco totalmente as


minhas forças. Coloco as minhas mãos sobre o balcão tentando me segurar.
Ava expressa vitória em seu olhar parecendo que acabou de ganhar uma
grande batalha. Fico em silêncio tentando digerir essa informação dolorosa
demais! Como assim o Leon sofreu um acidente? Como isso aconteceu? Os
médicos duvidam da sua sobrevivência? O que isso significa? Nunca mais
terei a chance de vê-lo? Nunca mais conseguirei me desculpar pelas
palavras cruéis e agradecê-lo por tudo? Leon Stanley não conhecerá o filho?

Meu peito borbulha e as lágrimas escapam dos meus olhos.


Lágrimas de dor, de indignação, sinto que mais uma vez a vida está me
penalizando! Primeiro perdi os meus pais e agora não terei mais o Leon?
Que significado minha vida teria agora? Todos que conheço partem, tem
algo errado comigo? Sou amaldiçoada?

— Não adianta chorar lágrimas de crocodilo sua vadia! Acha que


não sei que está chorando simplesmente por perder os dólares que o meu
marido te dava! Achou o quê? Que ficaria com ele? Que ele te bancaria
para o resto da vida? — Ava pega a xícara de cima do balcão e lança em
minha direção, acertando a minha cabeça. — Deveria sentir vergonha de
ficar com um homem casado. No primeiro momento, na primeira vez que
olhei para essa sua cara de puta, eu soube que você não prestava. — A
mulher grita descontrolada e sua voz ecoa pelas paredes.

Levo a mão à região da minha cabeça, sentindo uma leve dor e saio
de trás do balcão para expulsá-la daqui.

— Vá embora, por favor, você não percebe que é uma pessoa


doente? Acabou de me dar uma notícia devastadora, acha mesmo que
brigarei com você?

— Foda-se, sua piranha. Aposto que possui dedo seu nesse acidente
inesperado do meu marido. — A louca me acusa com raiva e começa a
surtar.

Afasto-me e deixo que quebre todas as xícaras e os pratos da


lanchonete. Quando ela termina, segue em minha direção e Roger surge
assustado.

— O que está acontecendo aqui? Ficou louca mulher? Está


quebrando a minha lanchonete! — Roger agarra o braço dela que esperneia
indignada, e furioso a coloca para fora.

O homem tranca a porta e me olha confuso.

— Que porra aconteceu aqui?


Ignoro sua pergunta e corro para o armário e pego minha bolsa.
Preciso descobrir mais sobre o acidente do Leon. Abandono a lanchonete e
corro pelas ruas perdida sem saber o que fazer. Como falarei com ele se não
pode me responder? Meu peito esmaga e decido falar com a Genevieve.
Atravesso o hall de entrada do hotel e disparo para o meu apartamento.
Genevieve imediatamente me abraça com carinho.

Sua voz é falha, dolorosa e ela me conforta, identificando que


descobri sobre o acidente. Choro incontrolavelmente protegida pelos seus
braços. A dor que sinto é a mesma que experimentei e nunca mais me
abandonou há dois meses. Sinto que uma parte de mim ameaça se perder
para sempre e tento falar sem sucesso, impedida pelos soluços aflitos.

— Cass, eu estou aqui, calma, respira. A mãe do Leon me ligou bem


cedo para falar sobre o acidente. O estado dele é grave, mas não está morto,
entendeu?! — Minha melhor amiga alisa os meus cabelos tentando
desesperadamente me acalmar.

Porém, essa dor é insuportável demais e só imaginar nunca mais vê-


lo ou tocá-lo me faz perder o ar dos pulmões. Com a voz cortada e
embargada pelo choro, tento questioná-la.

— Com... Como isso aconteceu?

— Dona Cornélia, a mãe do Leon, me disse que o acidente foi em


torno das 19h. Ele seguia em direção à saída da cidade. Ela não sabe
explicar onde o Leon estava indo, o que iria fazer. O que sabem até o
momento é que perdeu o controle do carro e estava em alta velocidade. O
carro chocou-se frontalmente com um caminhão. Ele foi levado ao Hospital
Santa Luz. Não sei o estado exato de saúde dele, mas estava na UTI.

Escapo dos braços da minha melhor amiga e seguro minha barriga


aflita. Estou tomada pela angústia, pelo medo e pela sensação de
impotência. A única coisa que grita dentro de mim, é que preciso
desesperadamente estar perto dele.
— Gen, não posso perdê-lo, como farei? Não falo de dinheiro, nada
disso. Mas… eu o amo… eu o amo como nunca amei ninguém. Não posso
ficar sem ele. Ele não pode partir sem conhecer nosso bebê. Preciso falar
com o Leon, para pedir que volte para mim.

— Cass, a Ava jamais te deixará ver o Leon. — Genevieve declara,


triste e limpando os meus olhos marejados.

— Vou invadir aquele hospital se for preciso, mas não ficarei sem
vê-lo uma última vez!
CAPÍTULO 23
Casei-me com o Leon Stanley há exatamente 10 anos. Na época eu
tinha apenas 17 anos. Hoje acostumei com a vida de casada. Meu pai,
Gerard Moore me obrigou a aceitar quando ainda me sentia uma
adolescente. Um dia ele apareceu no alto da escadaria de casa gritando que
em 1 mês, eu formaria uma família com o Leon.

Quem era Leon? O filho do sócio do meu pai, um herdeiro cuja


fortuna estava na época avaliada em 100U$ Bilhões de dólares, hoje o Leon
dobrou esse valor administrando a empresa após a morte do Sergey Stanley,
ocasionada por um infarto.

Na época, com os meus 17 anos, tentei fugir, para não ser forçada a
fazer algo que eu não queria, porém, quando conferi o meu futuro marido,
mudei de ideia. O homem era lindo, alto, forte, possuía um sorriso safado e
um olhar escaldante. Ele me ganhou pelo físico e com o passar dos anos se
mostrou um bom marido. O que é um bom marido para mim? Tem que
pagar minhas contas, me encher de joias, me dar presentes caros, não me
questionar sobre o meu dia e me deixar livre para trabalhar se eu quiser.
Ainda me recordo do dia que me casei, cheguei na igreja e ele me esperava
no altar. Lembro-me que após me dar o beijo na testa, que selava a nossa
união, Leon me disse uma frase que nunca esqueci:

“Jamais te amarei, porém, você terá uma vida afortunada” —


declarou ainda no altar.

Leon cumpriu esse papel com maestria, nunca me faltou nada, até as
minhas tardes no SPA e o champanhe que bebo com minhas amigas são
pagas por ele. Nosso casamento foi declinando e com o passar dos anos
decidimos apenas manter o casamento por aparências, afinal assinamos um
contrato. Fiquei sabendo dos casos dele com outras mulheres, óbvio que
sempre tive os meus casos, afinal, tinha 17 anos e vivia como uma rainha.
O trai várias vezes, desde o nosso primeiro ano de casamento. Leon,
ao contrário de mim, pediu respeito em público e passamos a deixar as
coisas menos explícitas. Após 5 anos de muitas traições comecei a me
apaixonar de verdade pelo meu marido, afinal, não o tinha na cama e mal o
via em casa. Nesse instante, decidi entrar para os negócios, papai me
ensinou tudo e passei a conquistar o Leon gradualmente.

Um dia até cheguei a ouvir dos lábios dele que “gostava de mim”,
porém, gostar nunca me foi o suficiente. Mesmo que sejamos casados,
preciso garantir a minha vida ao lado dele. Odeio crianças e desde que nos
casamos não tivemos nenhum filho, acabo de me arrepender dessa decisão,
afinal, o homem está à beira da morte, um herdeiro ficaria com tudo.

Saio da lanchonete nojenta que Leon tem frequentado, tudo para ver
aquela puta, que desde que entrou na empresa quis conquistá-lo. Meu
digníssimo marido achou que eu não perceberia como ele admirava o corpo
dela ou até mesmo às vezes que vi os dois se admirando com desejo? Só
sendo muito estúpida para não perceber! A foto dos dois dançando na pista
foi a gota d’água para mim. Entro no meu carro morrendo de raiva, quando
estacionei e entrei nesse lugar não queria ter encontrado aquela mulher.
Leon nunca fez isso antes, manter um caso fora do casamento. Com a morte
do meu marido ficarei dona de tudo e preciso começar a cuidar dos
próximos passos. Meu celular toca e vejo que é a Cornélia.

“Agora essa mulher me ligará o tempo todo choramingando”.

— Ava, minha filha, onde você está? — A voz dela é chorosa e


trêmula.

— Estou saindo da empresa, precisei conferir alguns papéis, na


ausência do Leon assino no lugar dele. Aconteceu alguma coisa?

— O médico acabou de confirmar que ele está em um estado


minimamente consciente. A concussão cerebral foi grave e ele não sabe
precisar quanto tempo ele poderá ficar em coma. Disse também que não
consegue prever as sequelas, mas que normalmente o retorno é espontâneo.
Filha, eu estou a ponto de explodir, preciso de você aqui. — A mulher
começa a chorar desesperadamente e tento acalmá-la.

— Só preciso cancelar uma reunião que o Leon havia marcado e não


consegui falar por telefone com o cliente. Em uma hora estou aí, não chore,
lembre-se que ele vai sair dessa. Nosso Leon é forte, determinado e nunca
desiste de algo. — Cornélia soluça aflita, e concorda com a voz falha.

— Tudo… bem! — A ligação cai e soco o volante com raiva.

Não estou triste por ver o meu marido naquela situação, afinal, Leon
nunca foi minha prioridade. Passamos 10 anos juntos, estava na hora de
finalmente seguir minha vida sendo dona de tudo. O mais importante agora
é verificar o testamento, assim que ele partir não quero ter nenhum
problema. Ligo o carro e sigo em direção ao centro da cidade. O advogado
e amigo do Leon, Erik Valêncio, cuida dos documentos legais da empresa e
da vida pessoal dele. Erik é um moreno alto, pele parda, olhos cor de mel e
um sorriso sedutor que me conquistou depois de alguns passeios em grupo.
Leon nem desconfia, mas adoro os momentos picantes que passo com ele.
Estaciono em frente a casa e aperto a campainha. Pouco tempo depois ele
abre e o semblante é triste.

— Fiquei sabendo do Leon, sinto muito, meu amigo sairá dessa.


Entre Ava, por favor. — Entro no apartamento cabisbaixa.

O lugar é grande, os móveis são todos pretos e as paredes cinza,


dando um ar social. Passei algumas noites apimentadas aqui e só de lembrar
já me excita.

— Sim, mas estou aqui para tratar de assuntos sérios.

— O que aconteceu? — Erick me fita assustado.

— As chances do Leon são muito baixas e preciso estar preparada


para os conflitos da herança! — Começo a chorar fazendo ele me dar um
abraço forte.
— Calma Ava, o homem é uma rocha, não pense o pior. —
Argumenta, me consolando com carinho.

— Você sabe muito bem, como é o mundo dos ricos! Por favor, não
me deixe no escuro. Sei que o testamento é particular, porém, preciso estar
preparada. Erick você sabe a fortuna que o Leon possui, muita coisa estará
em jogo. — Desmancho-me em lágrimas para comovê-lo, afinal, preciso
saber qual o destino da fortuna do meu marido.

— Leon, parecia sentir que algo poderia acontecer. — Confessa,


alisando os meus cabelos.

— Por que diz isso? — limpo minhas lágrimas, curiosa.

— Leon esteve aqui atualizando o testamento há, aproximadamente,


30 dias. — A revelação dele me choca e choro demasiadamente,
principalmente porque preciso saber o porquê ele fez isso.

— Por favor, ninguém jamais saberá que você me contou nada. Se o


Leon acordar amanhã, vida que segue e pronto, voltamos a nossa vida feliz,
mas acabo de receber uma ligação da Cornélia devastada. Os médicos
perderam as esperanças.

Erick paralisa ao conferir o meu celular, onde mostro a ligação da


Cornélia há poucos minutos atrás. Ele passa a mão nos cabelos, mas
concorda com a cabeça.

— Tudo bem, veremos o que ele alterou e você já se prepara se algo


pior acontecer. — Concordo com a cabeça secando as lágrimas.

Erick vai até um dos cofres e retorna com uma pasta em mãos. Ele
senta na pequena mesa ao lado esquerdo da sala e abre os documentos. O
advogado lê com atenção e arqueia uma sobrancelha. Meu coração acelera,
pela fisionomia dele provavelmente a mudança foi grande.
— O que foi? — indago, aflita.

— Leon mudou tudo, ele deixou basicamente toda sua fortuna para
uma única pessoa. — Coloco minha mão suavemente sobre a dele, que fica
sem graça.

— Deixe-me ver! — Pego as folhas e desço os olhos no papel. —


Certo, aqui ele fala da minha parte na empresa, os 10% e inclui mais 10%
da herança. Deixa também 10% para a mãe se estiver viva, e o restante, os
70% ele deixa para a… — Minha voz trava e engasgo indignada. —
Cassandra Werner, ele deixou mais da metade de sua herança bilionária para
a vagabunda da amante! — levanto-me bruscamente.

— Amante? Como assim? — Ignoro o questionamento do Erick,


jogo os papéis na mesa e rapidamente saio da casa.

Não posso acreditar em tamanha humilhação. Leon não deixar quase


nada para mim, me faz desejar ir lá e eu mesma matá-lo. Como ele foi
capaz de fazer isso comigo? Quando esse testamento vier à tona, o que as
pessoas irão dizer? Não posso aceitar isso. Preciso gerar um herdeiro antes
de perdê-lo e reivindicar o direito da criança sobre a fortuna do Leon.
Pedirei segredo de justiça e ninguém saberá quem foi Cassandra Werner. A
puta maldita que enganou um homem como Leon Stanley.

Logo ele, um gênio, até os inteligentes podem ser enganados e foi


mais um a cair em um golpe. O meu maior desejo agora é acabar com
aquela mulher e vê-la morrendo de fome na rua. Se eu não conseguir a
herança com um filho, farei com que ela perca tudo. Entro no carro e dirijo
enfurecida, Leon sabe que venho de uma família rica, mas isso não quer
dizer que não tenha que me deixar nada. Após 10 minutos chego ao hospital
e Rick Muzy vem me encontrar assim que estaciono.

— Onde estava? Ficou louca ou o quê? Você é a esposa do Leon,


precisa estar 24 horas no hospital, sofrendo, chorando, clamando a Deus
pela vida dele. — Com raiva o empurro, para sair do meu caminho.
— Não estou afim, por ora, estou furiosa.

— O que aconteceu? — Rick segura meu pulso com força.

Abro a boca para falar, porém, travo, é absurdamente humilhante


falar sobre isso. Ignoro ele e entro no hospital até encontrar a Cornélia
sentada no refeitório chorando.
CAPÍTULO 24
Termino o banho e me troco rapidamente para ir até o hospital.
Ainda não sei como farei para visitar o Leon, porém não vou desistir até vê-
lo uma última vez. Genevieve me dá carona até o hospital e o caminho é
longo e silencioso. Minha melhor amiga parece extremamente preocupada
comigo.

— Como se sente? Você não comeu nada agora a noite. —


Questiona Gen e sei que ela apenas quer cuidar de mim.

— Não estava com fome!

— Almoçou hoje pelo menos? — Vasculho minha mente tentando


me recordar.

— Acho que não, estava sem fome também! — respondo triste e


minha ficha cai.

Estou com uma pequena sementinha dentro de mim que precisa


crescer e hoje fui descuidada.

— Você precisa comer algo! Assim que chegar no hospital finja que
está indo visitar outra pessoa, vá até o refeitório e aproveite para comer.
Talvez você possa encontrar alguém que te ajude a vê-lo.

— Tudo bem, eu vou fazer isso amiga!

— Me promete Cass, por favor! — Minha melhor amiga está aflita


por mim, para tentar amenizar a preocupação dela, aperto com carinho sua
mão enquanto respondo.

— Prometo!
Após longos minutos, finalmente Genevieve estaciona no hospital e
a abraço antes de descer do carro. Sigo até a recepção e o atendimento está
tranquilo, o que para mim é ruim, afinal, será difícil fazer algo sem ser
vista! Aproximo-me do balcão e uma das recepcionistas fala comigo.

— Boa noite, veio visitar um parente?

— Na verdade, acabei de sair, precisava muito tomar um café, pode


me dizer onde fica o refeitório? — A moça sorri simpatizando-se com o
meu cansaço.

— Claro, fica no final do corredor a sua direita.

— Obrigada, nossa, passei a noite aqui e ouvi rumores. — aproximo


bem da moça sussurrando. — É verdade que aquele homem super
conhecido, deixa eu me lembrar o nome… — A garota prontamente me
responde.

— Leon Stanley, sim, infelizmente ele está em estado grave, a


situação dele é bem complicada. — conta, me olhando triste.

— Espero que ele possa se recuperar rápido. — Minha voz ameaça


falhar e aceno para ir ao refeitório antes que as lágrimas escapem de mim.

— Vou tomar um café, até daqui a pouco.

— Até! — Ela sorri e se levanta para pegar alguns documentos.

Caminho até o refeitório que está lotado de rostos tristes. Lembro-


me de quando estava no hospital pelos meus pais. Das vezes que dormi na
cadeira de plástico a espera de qualquer notícia da saúde deles. Sou levada
ao dia exato da morte deles. Era uma noite como essa, fria e o céu não
apresentava nenhuma estrela, o tempo parecia sentir a dor que exalou de
dentro de mim, quase como uma explosão cósmica.
Como você se sentiria perdendo as duas pessoas que te deram a vida
ao mesmo tempo? Primeiro foi a mamãe e quatro horas depois o papai, um
maldito vírus os tirou de mim. Não sei quando vou me recuperar dessa dor,
porém quando estava ao lado do Leon conseguia sentir que ela se tornava
suportável. Em alguns momentos cheguei a quase não percebê-la, no
entanto, acabo de adquirir uma dor somada, capaz de me destruir por
completo!

“Todo dia essa dor me destrói um pouco mais, conseguirei um dia


aprender a viver com ela?”.

Aproximo-me do balcão e faço um pedido de café para a atendente.


Olho ao meu redor e ao longe uma mulher chama minha atenção. Ela chora
copiosamente e, ao mesmo tempo, tenta controlar as lágrimas que caem em
seu colo. Pela expressão de tristeza profunda concluo que a dor que ela
sente deve ser devastadora.

A moça me entrega o café e uma bolacha doce e me movo até uma


mesa próxima à mulher triste. A fisionomia dela me lembra a atriz famosa
Meryl Streep[12], ela possui cabelos loiros com luzes platinadas, aparenta ter
em torno de 70 anos, rosto fino, sobrancelhas definidas, as roupas são de
marca e as joias chamam atenção pela brilhosidade das peças. Mordo a
bolacha e degusto o café me lembrando do Leon.

Ficava admirando-o comer tranquilo na lanchonete e sinto falta do


olhar do indecente me encarando a cada passo que eu dava. A mulher
possui os olhos na mesma tonalidade que os do Leon, um verde-esmeralda
inesquecível. Uma breve sensação de vê-lo me domina.

Ela demonstra o mesmo semblante que o Leon possuía quando me


olhou triste pela primeira vez. Levanto-me com incertezas, mas entendo a
dor pesada que essa mulher está sentindo. Um abraço pode ajudá-la e não
me importo se não for a pessoa que procuro. Sigo em sua direção e paro ao
lado dela que me olha surpresa.
— Posso lhe abraçar? — A mulher fica sem jeito e sento-me ao seu
lado envolvendo-a em meus braços. — Quando perdi os meus pais, me
senti sozinha, com uma dor que parecia irradiar por todo o meu corpo. —
Espero que esse gesto de carinho possa lhe trazer algum conforto. Sinto
muito se está passando por algo difícil! Apenas confie que tudo dará certo.

A mulher se permite chorar intensamente agarrada a mim. Acaricio


suas costas suavemente até que esteja mais calma. Quando consegue falar,
ela me agradece com ternura.

— Quem é você? Acabei de receber uma notícia nada animadora do


médico e estou sofrendo muito. Obrigada por me oferecer um ombro para
chorar. — A mulher abre um sorriso simples em meio a tanta tristeza.

Antes que eu possa respondê-la, vejo a Ava entrando no refeitório a


procura de alguém. Imediatamente me afasto da mulher e corro para o
banheiro. Ela me procura confusa, mas é interrompida pela Ava que a
segura pelo braço. Vigio pela fresta da porta enquanto as duas se abraçam
carinhosamente. Rick se aproxima, com uma fisionomia triste e conforta a
Cornélia também.

“Por que tenho a impressão de que esses dois juntos não é nada
agradável?”.

— Você precisa descansar, desde ontem não vai para casa, Cornélia,
você precisa ser forte pelo Leon, em breve ele estará de volta e vai querer
encontrá-la cheia de saúde. — A loira nem parece a mesma que quebrou as
louças na lanchonete mais cedo, até mesmo a expressão está mudada.

— Quero vê-lo, qual quarto está? — indaga Rick.

— No 502, fica no segundo andar! Converse bastante com o Leon,


vocês são como irmãos, ele vai te ouvir. — Cornélia suplica, devastada.

— Claro, conversarei bastante com ele e avisarei que ainda temos


muitos negócios a serem fechados!
— Quando meu filho retornar, quero que ele viva mais, que não
fique preso todo santo dia naquela empresa, sei que cumpre o horário, mas
leva muito serviço para casa. Ava, vocês precisam viajar, aproveitar o
casamento e terem muitos filhos. — Ava no mesmo instante a interrompe
irritada.

— Chega Cornélia, vamos, levarei você para casa, amanhã você


volta novinha em folha. Leon já estará mais recuperado e pensamos sobre o
futuro depois! — A mulher concorda com a cabeça e começa a segui-la.

“Coitada da Cornélia, só está triste e queria conforto”.

— Boa noite, descansem, irei vê-lo e depois estarei em casa,


qualquer coisa, podem me ligar. — Rick abraça as duas com carinho, elas
vão embora e ele segue pelos corredores.

Sem que perceba a minha presença, lentamente o sigo até que entre
no quarto. Escondo-me no corredor lateral enquanto minhas mãos já
começam a suar friamente pelo nervosismo que me castiga. Só de saber que
vou vê-lo em poucos minutos faz meu peito sufocar. Não nego que estou
com receio, mas, simultaneamente, uma voz grita dentro de mim louca para
ter a chance de estar de tocá-lo.

Rick fica em torno de meia hora lá dentro e quando sai o rosto está
apático e os olhos marejados. Talvez ele também precise de apoio e assim
que sair daqui responderei à mensagem que me mandou ontem e acabei
esquecendo de agradecer. Rick caminha até uma das enfermeiras e gesticula
conversando assiduamente. Tento ler os seus lábios, porém não consigo
identificar o que diz. Juntos, os dois seguem pelo corredor até
desaparecerem.

“Essa é a minha chance. O momento de olhá-lo de novo, mas dessa


vez tudo é diferente, a sensação, a culpa e o desejo em vê-lo abrindo os
olhos”.
Com passos cuidadosos sigo até a porta e entro sorrateiramente.
Meu coração parece falhar quando o vejo adormecido. Uma eletricidade
toma conta do meu corpo a cada passo que dou em direção à cama. Leon
está com uma fisionomia serena, como se dormisse docemente, porém, os
aparelhos e tubos presos a ele me mostram a realidade. Levanto minha mão
no ar trêmula e aproximo do seu rosto. Toco sua pele fria e as lágrimas
brotam deixando minha visão turva.

Encosto o meu rosto no seu, fechando os olhos e sentindo o cheiro


do seu perfume. Esse homem é dono de uma essência única e que agora me
entristece. Não quero mais voltar à realidade, porque estou presa nas
memórias que tivemos juntos. Ah, como preciso do Leon, do toque, do
beijo e do humor peculiar e oscilatório. Não sei se pode me ouvir, se pode
sentir que estou aqui, mas decido falar na esperança que escute cada
palavra.

— Leon, sou eu a pequenina, estou aqui, foram tantos dias


conturbados, tantas brigas, tantos olhares e muitos deles nem foram
pacíficos. Você entende que me deixou em uma posição complicada? Como
farei para viver os dias sem você para me instigar, sem a sua voz grossa e
grave. Nada disso aconteceu como queríamos. Duas almas se sentindo
estagnadas, que misteriosamente se encontram e decidem viver uma
loucura. Me diz, você está me ouvindo? — Com carinho seguro a mão dele
que continua de olhos fechados sem qualquer reação.

Escuto apenas o barulho do aparelho cardíaco que me avisa que ele


continua aqui, que seu corpo está aqui, mas e sua alma? Queria apenas ser
capaz de alcançá-la. Sento-me na cama ao seu lado e com carinho passo a
mão em seus cabelos castanhos. A pele macia reluz pelas luzes dos
aparelhos. Elevo os meus braços para o céu e peço apenas um milagre,
desejo que Deus me escute hoje e possa devolvê-lo bem para vivermos o
nosso amor.

Nunca acreditei em destino, até porque nos meus pensamentos ele


sempre pode mudar a cada escolha que fazemos, mas agora é diferente.
Durante os últimos dias escolhi me afastar e ao contrário de mim, Leon
escolheu estar perto. Pela primeira vez farei a mesma escolha e assim que
ele abrir os olhos vou agradecê-lo por cuidar de mim.

Levo as mãos, a minha barriga e acaricio com carinho. Essa será a


primeira vez que contarei sobre o nosso bebê. Pego a mão dele e com
cuidado junto a minha e me permito falar o que eu queria ter dito mais cedo
e não tive a oportunidade.

— Não bastasse a vida me surpreender em ter você como o meu


chefe, ela vem e me surpreende com uma surpresa mais incrível ainda, nós
teremos um bebezinho. É, eu sei, é precipitado, um tanto assustador, e tudo
bem você estar bravo comigo, mas nossa sementinha de indecência agora
está aqui, crescendo dentro de mim. Não me deixe sozinha, por favor, você
não vê que preciso de você. Olhar você assim só me deixa destruída, eu
preciso de esperança, preciso que você se levante agora. — As lágrimas
escorrem pelo meu rosto e começo a chorar desesperada levando a mão dele
aos meus lábios.

Com doçura beijo a sua mão fria, mas internamente orando para
ouvi-lo me chamar. Estou em pedaços e tenho medo de nunca mais me
recuperar. Antes que eu possa pedir que volte novamente, escuto uma
respiração atrás de mim e me inclino assustada para olhar. Rick me analisa
em choque.

— Não chore Cassandra. — Meu coração gela ao imaginar o que o


britânico possa ter ouvido.
CAPÍTULO 25
Estava abrindo meu coração e jamais imaginei que poderia ter
alguém ouvindo tudo. Deposito a mão do Leon novamente na cama e me
levanto rapidamente tentando disfarçar.

— Desculpe-me, eu só queria vê-lo, fiquei triste ao saber o que


aconteceu. — Tento desesperada desconversar, porém, sei que os meus
olhos inchados e vermelhos devem estar me entregando.

Rick se aproxima e segura minhas mãos enquanto me olha


profundamente.

— Não chore, cuidarei de você agora! — Meu corpo estremece e


dou um passo para trás.

A calma que tinha em seus olhos passa para perversão e com força
ele agarra os meus cabelos e me arrasta até a parede prensando o meu corpo
com força. Tento empurrá-lo e o homem acerta um tapa forte no meu rosto.
Meu corpo amolece de medo. Começo a tremer assustada e choro
desesperada pela atitude inesperada. Com raiva, Rick tampa a minha boca.

— Pare de chorar, eu mandei, porra, pare de chorar. — Engulo o


choro que desce rasgando minha garganta. — Está grávida dele? Eu sabia
que você era um dos brinquedinhos do Leon. Caso for dar o golpe do baú,
tem um novo aliado, se não era essa o seu plano, agora terá que entrar na
dança. Esse bebê bilionário que crescerá na sua barriga possui a maior
herança do mundo. Se você achava que ficaria com tudo, estava enganada.
Agora você não é mais a putinha do Leon, é a minha vadia e vai me garantir
uma bolada de dinheiro. — Com força acerto uma joelhada no saco dele e
corro em direção a porta, que está trancada e sem a chave.

Defiro golpes contra a madeira e antes que possa gritar o britânico


tampa novamente a minha boca e encoxa o corpo por trás do meu. Ele
envolvendo o braço esquerdo em minha cintura, aproveitando a
proximidade para me molestar.

— Não adianta, o que acha que acontecerá se descobrirem que está


grávida dele? — Rick esfrega as partes íntimas na minha bunda, me
deixando desesperada. — Sua gravidez só confirmaria que Leon traiu a
esposa e pelo contrato de casamento ele perderia metade da empresa. Quer
ser conhecida na mídia como a puta amante que engravidou do bilionário e
causou a morte dele? — meu peito aperta com suas palavras. — Quem mais
teria motivos para sabotar o carro do Leon se não a amante querendo toda a
herança? Cassandra Werner pense com cuidado no que realizará, você é
apenas uma vadia do interior e nós somos a Elite de Nova York, jamais
venceria uma guerra como essa.

O filho da puta bate com força minha cabeça contra a porta,


esfregando o meu rosto na madeira áspera. As lágrimas escapam de mim
incontrolavelmente enquanto o crápula permanece esfregando o quadril no
meu. Com força o homem me solta e estou enojada pelas mãos nojentas
dele terem tocado o meu corpo.

— Saia daqui sua puta, amanhã lhe farei uma visita. — Ele
destranca a porta e desesperadamente saio correndo pelos corredores até
encontrar a saída.

As pessoas me olham assustadas por me verem descabelada e


chorando compulsivamente. Quando estou do lado de fora, um segurança se
aproxima por me ver aflita.

— Moça, você está bem?

“O que farei agora? Ninguém poderia saber do meu bebê! Ficarei


presa a Rick Muzy aquele monstro disfarçado? Leon acordará? Quando?”.

— Moça, você está bem? — O segurança repete a pergunta


preocupado.
— Um homem me agrediu, um nojento, descarado. — balbucio
aflita, mas antes que eu possa terminar de contar, Rick para atrás de mim.

Minhas pernas fraquejam e decido que não serei usada e nem


agredida por esse verme. Sinto um medo latente diante de tudo isso, mas
não posso deixá-lo falar por mim. Não sei como escapar dessa confusão, é
verdade, mas ele não pode me tratar assim. Viro o meu corpo de uma vez e
com raiva acerto um soco no rosto do Rick que cambaleia para trás. O
segurança me olha assustado e fica sem reação.

— A próxima vez que relar em mim ou tentar usar o meu corpo,


acabo com você. Pode me chantagear, mas me bater e abusar do meu corpo,
jamais aceitarei. O que eu tinha com o Leon estava longe de ser somente
safadeza. — Muzy passa a mão no rosto e abaixa a cabeça.

— Proponho conversarmos, venha comigo! Por favor, Cassandra. —


Ele me conduz até o carro e o segurança se afasta, mas continua observando
de longe.

— Me desculpe, passei do ponto, achei que sei lá, fosse garota de


programa e o Leon te colocou na empresa de fachada. — justifica achando
que sou ingênua.

— Não sou idiota, não pense por um segundo que acreditarei em


qualquer bobeira que você fala. Posso não ter “força total” para derrubar
vocês da “elite”, mas sei causar um belo estrago. Inclusive, você sabia que
no quarto possui câmeras? — O homem paralisa com a minha informação.
— Diferente de você, verifiquei tudo antes de entrar lá. Você não utilizará a
minha gravidez para o seu benefício. Você descobriu um segredo e
comprarei o seu silêncio se for preciso! Leon está vivo, ele não morreu!

— Você não tem onde cair morta, como vai me pagar algo? Não se
iluda Cassandra! Hoje, deixarei você em paz, mas amanhã conversaremos
melhor. — avisa abrindo a porta do carro.
Por dentro estou sofrendo, não sei do que esse homem é capaz.
Menti totalmente ao falar sobre a câmera, mas precisava assustá-lo. A
atitude dele me pegou desprevenida, nunca fui agredida assim e muito
menos chantageada. Sou simples, medrosa, porém, não deixarei os ricos
fazerem o que quiserem comigo. Rick me estuda cuidadosamente e fará de
tudo para tentar apagar a impressão horrorosa que deixou. Fingirá estar
arrependido e provavelmente dirá que está sendo incompreendido.

— Apenas vá embora, os últimos acontecimentos foram demais para


mim. — declaro, passando a mão cansadamente pelo meu rosto.

— Deixo você no seu apartamento.

— Fique longe de mim, você é um nojento. — O homem balança a


cabeça em negação e sai nervoso.

Meu coração fica mais calmo quando o vejo ligar o carro e ir


embora. Essa noite foi completamente obscura. Ver o Leon naquela situação
e depois sentir as mãos do Rick me atacarem foi simplesmente perturbador.
Assim que tenho certeza que o nojento desapareceu retorno para o hospital.

Aproximo-me da porta do quarto e uma enfermeira está no local. Só


queria me despedir do indecente, porém jamais me deixariam entrar e
poderiam avisar a Ava, o que causaria uma tremenda confusão. O
importante é que consegui vê-lo, toquei em seu rosto e pedi que volte para
mim. Pego o meu celular na bolsa e chamo um táxi. Parte o meu coração
deixá-lo, mas não existe possibilidade de ficar ao seu lado.

Após esperar por alguns minutos, retorno para casa e entro no meu
quarto de coração partido. Quando acordei estava aflita, passei a noite em
completa inquietude e acabo de notar que senti que algo de ruim poderia
acontecer. Não sei como será agora, o Leon em coma faz todas as dúvidas
rodearem a minha mente. Pode ser um processo de recuperação curto, mas
também pode ser demorado. Ninguém pode saber que estou grávida e será
devastador permanecer nas mãos do Rick. Genevieve se aproxima da porta
preocupada.
— Como foi amiga? Conseguiu vê-lo?

— Sim, implorei que voltasse para mim e não sei mais o que posso
fazer para ajudá-lo! — declaro triste.

— Agora não pode fazer mais nada, mas fique tranquila, Leon está
sendo cuidado pelos melhores médicos e em breve estará bem!

Queria contar a ela sobre a ameaça do Rick, mas não posso envolvê-
la nos meus problemas, até porque eles trabalham juntos alguns dias da
semana, isso poderia afetá-la e jamais desejaria que algo ruim acontecesse
com a minha melhor amiga. Com o Leon afastado será importante ela
continuar na empresa. Ava é uma lunática e a Genevieve manterá todos os
projetos dele em ordem. Minha amiga vem em minha direção e me abraça
forte.

— Trate de comer algo, o bebê precisa de nutrientes. — Apenas


concordo e com carinho ela deposita um beijo em meu rosto antes de sair.
— Descanse! Lembre-se que o Leon é durão, não vai desistir! Boa noite!

— Boa noite!

Deito-me na cama com todos os conflitos do mundo, entretanto, a


exaustão rapidamente me alcança e adormeço.

Amanhece e reviro na cama sentindo meu corpo dolorido. Após me


preparar e colocar o uniforme sigo até a cozinha e decido comer algo. Fui
descuidada e hoje preciso recuperar as minhas forças. Terminando o café da
manhã, despeço-me da Genevieve, pego minha bolsa e vou caminhando
para a lanchonete.

Entro no local sem ânimo e cansada. Saber que o Leon luta pela
vida e que não posso fazer nada para ajudá-lo me destrói. Passo cada
minuto pensando o quanto queria beijá-lo e o quanto gostaria de sentir os
seus braços fortes me prensarem em seu corpo grande e musculoso. Roger
coloca o café para fazer enquanto coloco as tortas no forno.

Normalmente chegaria, colocaria uma música, cantaria feliz por


constatar que a minha vida começou a melhorar, no entanto, hoje, a
sensação é oposta, a um enorme buraco em meu peito que me deprimi. O
dia parece não passar e quando finalmente acaba o expediente vou para
casa. O retorno é difícil, o tempo todo viro o meu rosto a procura do Leon e
não o encontro.

O vento fresco, o cheiro que emana dos fast foods, as pessoas que
passam ao meu redor parecem não ter mais cor e nem provocar as mesma
sensações que sentia antes. Com a perda dos meus pais havia cessado a
minha vontade de viver, no entanto, estava começando a achar que poderia
ser feliz. O culpado desses sentimentos esperançosos era sem dúvida o
Leon e esse forte desejo indecente que sinto por ele.

Chego ao prédio e olho para trás, esse momento era exatamente


quando ele seguraria o meu pulso e imploraria para falar comigo. Meu
momento nostálgico vai para a lama quando vejo o Rick, me esperando na
recepção. Travo brevemente, mas recupero o equilíbrio e sigo até ele.

— Boa noite, Cassandra!

— O que faz aqui? Estou cansada, o meu dia foi difícil, deixe-me
em paz. — Irritado o homem segura minha nuca e disfarçadamente me leva
até a sala de televisão que fica ao lado da recepção.

Meu coração acelera de medo e minhas pernas quase vacilam, Rick


é agressivo e tenho receio de contrariá-lo.
— Trabalhará comigo! Estou precisando de uma secretária e ficarei
de olho em você e nesse bebê. Não se atreva a dizer que não, bastará apenas
um deslize seu e solto na mídia que você era amante do Leon e que
provavelmente planejou o acidente, bom, acho que não preciso repetir as
consequências.

— Você não pode me acusar de algo que não fiz! — retruco,


indignada, percebendo que esse homem é doente e está disposto a tudo pela
fortuna do Leon.

— Posso sim! — O homem retira o celular do bolso da calça,


desbloqueia e mostra um contato de telefone. — Esse é o maior jornalista
de Nova York e está esperando ansioso para contar ao mundo a putinha que
você é. Estou com zero paciência hoje! Não me aborreça. — avisa em tom
ameaçador.

— Tudo bem Rick, trabalho com você.

— Perfeito, te enviarei o endereço por mensagem, não cometa um


deslize, quando o Leon morrer ficará livre de mim, apenas precisará me dar
todo dinheiro que receber. — avisa com ironia.

— Não me importo com o dinheiro, só quero ter o meu filho e ir


embora desse lugar. — O homem me solta e imediatamente me afasto.

— Até amanhã, Cassandra! — Rick vai embora em silêncio


enquanto meu coração bate acelerado no peito.

Ele é pior do que imaginei e para ter direito a herança do Leon terei
que confessar que o filho é dele, o que não será nada fácil.

“Precisarei encontrar uma forma de me livrar das ameaças de Rick


Muzy”.
CAPÍTULO 26
Subo para o apartamento nervosa. Desde o avião, minha vida mudou
completamente, é claro, que eu queria um recomeço em Nova York, mas a
verdade é que tem sido aterrorizante. Antes de dormir aviso o Roger que ele
precisará continuar tocando a lanchonete, não quero que ninguém saiba que
aquele lugar me pertence. Após muito pensar e não encontrar saída,
adormeço com a certeza de que amanhã tudo novamente mudará.

Acordo com o som do celular e elevo o rosto ainda sonolenta para


conferir. É uma mensagem do Rick com endereço e o tipo de vestimenta
que devo usar no meu primeiro dia de trabalho. Contrariada, me levanto e
escolho uma roupa social. Quando termino sigo até a cozinha para o café da
manhã. Genevieve está sentada na mesa e sorri brevemente ao me ver.

— Bom dia Cass, por que está toda de social? Aconteceu algo?

— Bom dia, não, apenas recebi uma proposta de emprego do Rick


Muzy, como secretária. Ele acabou me vendo no hospital ontem.

— Amiga, isso é incrível! Acho ele um homem maravilhoso e lhe


oferecer um emprego foi totalmente empático. Poderia até rolar uma
química entre vocês, afinal, ele possui um coração tão generoso. —
Apressadamente ela coloca a mão na boca, percebendo que falou demais.
— Desculpa… — suplica, triste.

Meu estômago revira e queria confessar tudo a Genevieve e gritar


que ele é um nojento, abusador, mas não faço. Engulo as palavras e apenas
tento disfarçar meu descontentamento.
— Acho que ele ficou com pena, nada a ver com generosidade. —
rebato calmamente.

— Não diga isso, tenho certeza que ele reconhece o seu esforço.
Dizem que ele é um excelente patrão e que respeita os funcionários. Conte-
me tudo depois, aposto que vai adorar trabalhar com ele.

— Com certeza, você não faz ideia! — afirmo tentando não deixá-la
desconfiada.

Genevieve me conhece bem o suficiente para saber quando algo está


errado, mas dessa vez preciso me esforçar e não demonstrar nada. Após
tomar o café da manhã pego minha bolsa e me despeço dela seguindo até a
recepção do nosso prédio. Confiro o endereço e a empresa fica a poucas
quadras. Escolho ir caminhando enquanto aproveito para pensar um pouco,
mas só existe um único sentimento esmagando o meu coração, e é a
saudade. Recordo do Leon, da sua voz grave em meus ouvidos quando
estávamos dividindo a cama no apartamento secreto. Ainda é vivida a
sensação dos braços ao redor do meu corpo e da forma indecente que me
tomava para ele.

Sem perceber, meus olhos ficam marejados e engulo o choro pronto


para emergir. Preciso me controlar e mesmo que agora tenha perdido toda a
minha força vital, continuarei firme. Paro em frente a um enorme prédio
comercial que possui a Onix Accounting. Respiro lentamente tentando
dissipar o estresse e a tensão do meu corpo. Coloco a mão na maçaneta
prateada e entro no local. A recepção é ampla, as paredes são azuis, os
pendentes modernos e atrás do balcão está uma moça de cabelos ruivos e,
sorriso meigo que prontamente levanta-se para me atender.

— Bom dia, como posso ajudá-la senhorita?

— Bom dia! Estou procurando o Rick Muzy. — escuto os passos


pesados que param ao meu lado.
— Estou aqui, Cassandra! Bem-vinda ao seu novo emprego. Tenho
certeza que seremos uma dupla incrível.

Ignoro o comentário do Rick e o acompanho até a pequena recepção


em frente a sua sala.

— Onde está a mesa? Preciso de uma mesa para trabalhar! —


declaro, confusa.

— Você não ficará aqui nesse cômodo, sua mesa é dentro da minha
sala! Pode entrar! — contrariada adentro em seu escritório.

O ambiente é luxuoso, os móveis em madeira nobre, as paredes


azuis e um enorme quadro com a cidade de Nova York decora a parede
lateral direita. Do lado oposto fica uma enorme janela que me permiti ver a
imagem do Central Park. Com passos lentos me movo até o vidro e admiro
a vista.

— Você é uma garota inteligente, Cassandra, sabe… — o homem


senta na beirada da mesa e cruza os braços enquanto me lança um olhar
desafiador. — Quase me enganou ao dizer que no quarto do hospital havia
câmera! — Minhas pernas bambeiam com sua menção. — Obviamente, fui
atrás de verificar e para minha surpresa, você mentiu! Poderia até ficar
enfurecido, entretanto, você é uma garota esperta! Avisei a Ava que você
esteve no hospital. — finaliza.

Viro-me para encará-lo perplexa.

— Por que disse a ela?

— Para que você não possa vê-lo de novo. O homem está em coma,
não sabem quando acordará. Em um primeiro momento disseram que ele
voltaria, mas já faz mais de 48 horas que sofreu o acidente. Você não tem o
poder de trazê-lo de volta com suas súplicas, não seja ingênua. A única
forma que o encontrará de novo, será no momento do enterro, onde poderá
vê-lo uma última vez até ser coberto pela terra. — Suas palavras pesadas
me atingem e uma lágrima escapa dos meus olhos.

Minha imaginação forma uma cena e me vejo em frente ao caixão


do Leon. Estou no cemitério e a milhares de folhas secas espalhadas pelo
chão, o céu possui um tom azul obscuro. A brisa gelada que atravessa o
meu corpo parece congelar a minha alma. Ele está deitado, sereno,
enquanto dentro de mim o oxigênio parece se perder lentamente, sobrando
apenas uma pressão em meu peito e uma dor incessante que perfura o meu
coração. Imaginá-lo em um caixão, sem alma e com todo vazio que isso
traria a minha vida me desmonta por completo. Não quero pensar em uma
possibilidade tão devastadora e Rick como um verdadeiro destruidor fez
com que a angústia que já estava quente, borbulhasse ferozmente.

— Você é um monstro Rick Muzy. Leon irá acordar e quando esse


momento chegar, contarei tudo que fez comigo. — Ele ri maleficamente da
minha fala e levanta-se caminhando em minha direção.

Com o polegar enxuga a lágrima que desce pela maçã do meu rosto
e capturo apressadamente sua mão, o impedindo de continuar me tocando.

— Nunca mais toque em mim, entendeu? Não te dei tal liberdade!


— aviso, irritada.

Afasto-me da sua presença e sigo até a mesa menor e coloco minha


bolsa no último compartimento do pequeno gaveteiro. Rick ilustra em seu
rosto um sorriso diabólico e prontamente vai até o seu lugar e senta.

— Abra o seu notebook, mostrarei a minha agenda pessoal.

Faço o que me pedi enquanto luto internamente para não fugir desse
lugar. Não sei o que pensar, se fui descuidada ao contar sobre o bebê para o
Leon ou se foi apenas azar em ter o crápula descobrindo o meu segredo. O
britânico passa todas as informações que preciso e me ensina como agendar
seus horários, como organizar os contratos e redigi-los.
Quando o fim do dia se aproxima, faço uma pausa para o café da
tarde e sigo até a recepção principal para pegar um cappuccino. A ruiva que
me atendeu mais cedo sorri tímida.

— Olá, nem consegui me apresentar a você. Meu nome é Cassandra


Werner! — ofereço minha mão para cumprimentá-la.

— Sou a Jordana! É um prazer conhecê-la. Espero que esteja


gostando do seu primeiro dia. — A moça possui a pele clara, os olhos cor
de mel, os cabelos em tamanho médios ruivos e veste um terno social verde
acinturado.

— Estou adorando, só estou aqui para tomar algo e, claro, esticar


um pouco as pernas, afinal, é cansativo ficar sentada na mesma posição.

— Fique à vontade, temos cookies de chocolate no segundo pote! —


avisa mostrando um que ela escondeu atrás de uma pilha de livros.

Jordana parece ser uma ótima pessoa, fazendo a circunstâncias


parecerem menos trágicas agora. Preparo o café na máquina e assusto ao
ouvir uma voz conhecida. Os saltos pontiagudos batem no porcelanato e
noto quando param atrás de mim. O perfume é de riqueza e a voz aguda e
rouca da Cornélia me deixa imobilizada.

— Café ajuda em tudo, não é mesmo?! — inclino lateralmente o


meu corpo para olhá-la e assinto balançando a cabeça.

— Ah, meu Deus, não é você a garota que me confortou no


hospital? — A mulher está um pouco pálida e são nítidas as olheiras em sua
pele.

Evidentemente ela acaba de me reconhecer e poderia dizer que não,


mas confirmo.

— Sim, como se sente? Sinto muito que esteja passando por um


momento difícil. — Cornélia gesticula a mão no ar com um semblante
abatido.

— Ainda estou tentando encontrar forças para me manter confiante.


Meu filho está no hospital, desacordado e não sabemos o que acontecerá,
mas ele é um lutador invencível. — fala, tentando ser resoluta.

— Leon possui uma determinação de ouro, ele jamais desistirá! —


afirmo percebendo que acabei de dizer o seu nome sem pensar.

— Vocês se conheciam? — indaga, surpresa.

— Na verdade, o vi algumas vezes, mas conversamos pouco,


todavia, fiquei sabendo da notícia devastadora e pode ter certeza que seu
filho está em minhas orações.

— É uma admiradora secreta… — brinca, sorrindo. — Obrigada, o


seu abraço naquele momento me deixou mais calma. Não imaginei que
trabalhasse com o Rick.

— Sim, é o meu primeiro dia na empresa, estou aqui em Nova York


há quase dois meses e estou aprendendo a viver na cidade grande. Trabalhei
poucos dias com o Leon, mas o Muzy me contratou assim que ele sofreu o
acidente.

— Rick é um bom homem, fiquei feliz em revê-la. — Cornélia abre


um sorriso e estica a mão para finalmente se apresentar formalmente. —
Sou a Cornélia Stanley.
— Prazer, me chamo Cassandra Werner. — Aperto com carinho sua
mão e decido retornar para a sala, afinal, não quero que o britânico fique
irritado.

Aceno para a Cornélia e me despeço.

— Preciso voltar ao trabalho! Mantenha-se firme, tenho certeza que


em breve o Leon estará de volta.

— Com toda certeza! Obrigada Cassandra.

Retorno a sala me sentindo mais calma, mesmo que o indecente


esteja desacordado, se mantém vivo e batalhando para retornar. Chego até a
porta e antes de abri-la escuto o Rick gritando ao telefone.

— Por favor, Ava, não me venha com desculpas. A garota está


trabalhando comigo agora. Não entendi… que documento? — ele bufa
alterado e me mantenho parada, escutando. — Por que não me contou
antes? Isso está pior do que imaginei. Precisaremos agir rápido, ele pode
acordar a qualquer momento, o relógio está badalando. — Não sei do que se
trata, mas definitivamente os dois planejam fazer algo.

Com certeza Ava está falando sobre o dinheiro do Leon e concluo


que preciso vê-lo de novo para suplicar que abra os olhos e que se levante
daquela maldita cama. As pessoas só se importam em conseguir uma fatia
do seu império, essa é a verdade. Antes que eu possa ouvir mais, escuto
uma voz me chamar.

— Cassandra, desculpe interromper o seu serviço… — Jordana


estica a mão me entregando alguns papéis! — Está tudo bem? — pergunta,
preocupada.

— Sim, é que senti uma leve tontura, mas estou melhor! Entregarei
agora mesmo para o Rick.
— O expediente está acabando, se precisar chamo um táxi para te
levar para casa. — Rick abre a porta, provavelmente ouviu as nossas vozes.

— O que aconteceu? — questiona ele.

— Não é nada, Jordana estava me entregando os papéis!

— Ótimo, vamos terminar esse contrato para encerrarmos por hoje!

A secretária retorna para a recepção e entro na sala ansiosa para que


esse dia termine. Foi completamente exaustivo e preciso de um banho
quente. Abro o notebook enquanto me acomodo na cadeira para terminar o
último contrato de serviço administrativo. Rick para ao meu lado
encostando-se na beirada da mesa curioso.

— Vamos conversar senhorita Werner…

— Conversar? Não tenho nada para falar, prometo que vou terminar
o mais rápido possível. — Ele ri e com força fecha o notebook acertando os
meus dedos.

— Acho que não terá problema se precisar passar um pouco do


horário. — provoca com ironia. — Preciso saber como exatamente uma
pobre como você conseguiu enganar Leon Stanley ao ponto de o bilionário
manter uma relação secreta com você! O que fez para persuadi-lo?

Minha boca seca e fico receosa porque bastará uma resposta errada
para esse homem nunca mais me deixar em paz. Essa não é uma pergunta
simples, o que ele almeja é saber se existe amor entre nós!

— Aconteceu da mesma forma que foi com as outras mulheres que


ele dormiu. Assinei o contrato de silêncio, uma relação carnal de uma noite,
mas acabei descobrindo que trabalharia com ele e mantivemos uma relação
amigável, por isso disse que a nossa relação não foi somente safadeza. A
gravidez foi um acidente, totalmente inesperado!
— Por que sinto que está mentindo? Tente de novo, não me
convenceu.

“Droga, o que eu faço? Revelo a história intensa que vivemos ou


sustento a mentira? Rick Muzy planeja algo com essa pergunta, não tenho
dúvidas disso”.

Resolvo ignorar a pergunta do britânico.

— Não lhe devo nenhuma explicação sobre o que vivi com o Leon.
— Levanto inconformada. — O expediente acabou, preciso ir para casa.
Não pense que construirá uma “relação de amizade” comigo. Não vejo
sinceridade em você, é incoerente, abusador e se está me perguntando isso é
porque tem interesses próprios. — Pego minha bolsa e sigo em direção à
porta.

— Quer um conselho sincero sem qualquer tipo de interesse


financeiro? Eu te dou… espera! — O homem movimenta as mãos fazendo
aspas no ar enquanto fala. — Deveria ir embora, mudar de cidade, abortar
esse bebê e esquecer tudo que viveu com o Leon. Em breve ele estará morto
e você sairá sem dinheiro nenhum daqui! Não te deixarei em paz até receber
a herança, mas, no fundo, você o ama e jamais abriria mão do seu bebê
bilionário.

Com raiva saio pela porta sem olhar para trás.


CAPÍTULO 27
Desligo a ligação do Rick e confiro se a banheira está cheia.
Combinei de encontrá-lo e precisarei abdicar do meu descanso da beleza.
Despejo na água os sais de banhos e algumas pétalas de rosas. A minha
vontade era de matar aquela vagabunda agora mesmo afogada. Saber que o
Leon deixou mais da metade da fortuna para ela fez a fúria aflorar em meu
peito. Entro na banheira segurando a minha taça de champanhe. Passo os
próximos 30 minutos tentando controlar o meu estresse, totalmente sem
sucesso.

Escolho um vestido elegante preto, com a gola em renda francesa da


Dior . Não posso perder o luxo que o Leon me proporciona. Claro, que
[13]

também tenho a minha fortuna, mas nada se compara ao poder de ser uma
“Stanley”. Passo um blush e um batom rosa, coloco os meus saltos e sigo
até o prédio residencial que o Rick mora. Não podemos arriscar em sermos
vistos juntos enquanto meu marido está no hospital. Ao chegar atravesso a
recepção, entro no elevador e subo até a cobertura. Rick me espera sentado
em uma mesa preparada para o jantar. Ele veste uma camisa social azul,
com calça e sapatos de marca.

— Não perca o seu tempo, a nossa conversa será rápida — afirmo


sentando na cadeira.

— Por que queria saber se a Cassandra e o Leon se amam?

— Porque ele estava mantendo um relacionamento com ela, tenho


certeza. Provavelmente ela deveria até dizer que namoravam. — reclamo
tentando parecer indiferente.

Respiro fundo esforçando-me para dissipar a frustração por


confessar o maior medo que adquiri após me casar e ver que jamais viveria
um casamento de verdade. O medo de perder todo dinheiro que o Leon me
deixaria se morresse. Afinal, só o que vale em uma relação é o papel? A
confirmação por escrito de que vivemos uma união? Não, ao longo dos anos
percebi que o sentimento é o que determina tudo, e justamente é o que
nunca houve nessa nossa brincadeira de marido e mulher. Tudo foi
combinado entre nossas famílias e apenas seguimos o que eles pediram.

Meu pai sempre me disse que o dinheiro comprava tudo e sim, ele
estava certo, compra tudo quando não se tem sentimento. De fato, eu nunca
me importei e me sinto satisfeita com a vida que levo. Porém, com os
sentimentos que o meu marido desenvolveu por aquela mulher, fez tudo
mudar. Ele negava que um dia amaria, sei que é safado, mas quando optou
por deixar os bens para aquela vagabunda demonstrou que a ama, que
deseja vê-la feliz e que não lhe falte nada.

— O que descobriu sobre ela? — ignoro os meus devaneios


pertinentes e foco minha atenção no que preciso fazer.

— Nada de mais, a garota cresceu no interior, em uma cidade que


nunca ouvi falar, até esqueci o nome, os pais morreram pelo surto
epidêmico quando tudo parecia contido, isso foi há dois meses. Eles só
possuíam uma casa própria simples, resumindo, são pessoas pobres.

— Certo, entendi. Ela resolveu vir até Nova York enganar um rico
com seu jeitinho de coitadinha para aplicar um golpe. Com certeza diz ao
Leon que o ama, só me faltava engravidar. Ainda bem que isso não
aconteceu, seria o estopim para eu matar aquela maldita.

— Já pensou se houvesse uma gravidez? A criança teria direito a


tudo. — provoca Rick, puramente para me deixar mais irritada.

— O estrago já está feito, com ou sem gravidez! — comento


pegando a garrafa de vinho sobre a mesa e virando em meus lábios.

— Como assim? — Rick arregala os olhos.

Com força deposito a garrafa de volta e finalmente compartilho


minha revolta.
— Leon deixou tudo para a amante.

— Tecnicamente ela não é bem uma “amante”, nem podemos dizer


que vocês vivem um casamento! — ele ri com ar de zombaria e sem
paciência acerto o braço na garrafa a lançando ao chão. — Calma! Não
comece a quebrar tudo, estou apenas te instigando.

— Você ouviu o que eu falei? Não é o momento para piadinhas. Se


ele morrer, a garota ficará com tudo. — Rick fica pensativo enquanto olha
fixamente para os cacos quebrados e para o líquido bordô que pinta o chão.
— Preciso de você, a vantagem é que agora ela é sua funcionária. Prepare
um documento e a faça assinar entregando toda a fortuna para mim. Como
você fará isso? Eu não sei, mas dê um jeito, diga que é os papéis da
contratação, mas faça aquela puta assinar. Isso evitaria o meu infortúnio de
precisar engravidar e ter um maldito bebê.

Levanto-me com raiva, piso sobre o vinho espalhado pelo chão e


abandono a cobertura seguindo para o elevador. Rick corre atrás de mim, e
segura a porta impedindo-a de fechar.

— Não se preocupe, em alguns dias o documento estará pronto e


assinado. Cassandra Werner não terá direito a nada.
Após um banho quente e um jantar forçado, deito-me na cama e
fecho os meus olhos. Estou protelando esse momento, mas não posso fugir
mais do desespero que sinto em meu coração. Abraço o meu cobertor
buscando conforto no tecido quente enquanto sou inundada pela saudade.
Minha mente não desliga, vejo flashes de quando Leon esteve diante de
mim pela última vez e das palavras que disse: “Faz 30 dias que venho aqui
só para ter o prazer de olhar nos seus olhos. Esperando que em algum
momento você me perguntasse se sinto sua falta. Essa caixa é para você,
tudo era para tentar te agradar. Jamais fiz isso para te controlar, certo,
talvez um pouco, mas se pensar no seu futuro e ficar perto de você é
sufocante, talvez eu seja um idiota mesmo!”. Sim, ele sempre foi um
maldito idiota que faz o meu coração mais idiota ainda bater
descompassado. Até mesmo agora, só de ver o seu rosto como uma fumaça
me tira do eixo.

Tateio o ar querendo sentir a sua pele, porque exatamente neste


instante tenho a impressão de sentir o seu cheiro único e inesquecível. É
apenas a minha imaginação tentando compensar a dor que esmaga minhas
entranhas. O choro sai como pequenas gotas de ácido, carregadas de
padecimento. Quero vê-lo, ainda não sei como farei isso, mas invadirei
aquele hospital. Coloco uma música no celular no volume mínimo e depois
de muito lutar finalmente adormeço.

As semanas passam e cada vez fico mais agoniada com o não


despertar do Leon. Ninguém toca no assunto, mas nas mídias as notícias são
as piores. Não acredito em nada que o Rick diz, segundo ele, ainda não é
possível terem um prognóstico claro. O meu indecente poderá apresentar
sequelas se o tempo de coma persistir por mais de um mês e falta
exatamente dois dias para completar esse tempo.

Os médicos dizem que em casos extremos ele pode até entrar em um


estado vegetativo. Todos as noites me permito chorar e colocar para fora a
aflição que sinto na tentativa de renovar minhas forças. Durante o dia tenho
sido resoluta, na maior parte do tempo penso positivo e tenho conseguido
lidar com o Muzy firmemente. Caminho até a empresa e ao chegar
preencho toda a agenda do Rick. Ficar ao lado dele tem sido uma tortura. A
risada maldosa, os olhares infames e toda a postura de bom moço
disfarçado me anojam.

Pego o último contrato administrativo para digitar enquanto respiro


profundamente para controlar o enjoo que predomina em meu estômago.
Rick passa pela porta e apressadamente joga algumas folhas de papéis sobre
as teclas do notebook.

— Preciso que assine esse documento. — ordena ríspido — É o


contrato de trabalho. Redigi conforme o que combinamos essa semana basta
assinar. — Rick pega uma caneta e me entrega.
Analiso o documento e possui várias folhas e poderia facilmente
assinar, no entanto, lembro-me de quando assinei sem ler os papéis que o
Leon levou na lanchonete e se tem algo que aprendi com tudo aquilo, foi a
não cometer novamente esse erro.

— Lerei com atenção e amanhã entrego, se estiver tudo certo, eu


assino. — O homem cruza os braços querendo dizer algo, mas parece
engolir as palavras.

— Claro, caso não compreenda algo, pode me perguntar! — afirma


nervoso.

Assinto com um balançar de cabeça e coloco os documentos dentro


da minha bolsa e volto minha atenção em terminar o serviço. Rick senta-se
em sua mesa e de soslaio me analisa parecendo preocupado. Quando o
expediente termina, pego meus pertences e saio com pressa da sala,
evitando ter que aguentar as conversas que ele quer começar todo fim de
dia.

A impressão que tenho é que planeja algo e que gostaria de


conseguir a minha confiança, mas não sou idiota. Não é porque sou nova,
impulsiva, que serei enganada por ele. Após um jantar silencioso com a
Genevieve vou até o quarto e sento-me na cama para ler o contrato de
serviço. Minha melhor amiga todos os dias me consola, mas estou tão inerte
em solidão que não consigo me abrir e confessar que estou sofrendo muito.
Estudo cada cláusula com atenção até chegar nas últimas páginas e uma
delas despertar o meu juízo.

“Por que Rick Muzy colocou nesse contrato uma cláusula em que
passo uma fortuna que não tenho para ele?”.

Paraliso enquanto admiro a cidade através do vidro varanda


tentando desfazer o emaranhado de dúvidas que me cerca.

— Não tenho dinheiro. — afirmo sussurrando a mim mesma — A


menos que… — Salto bruscamente da cama e abro o meu guarda-roupa
pegando o contrato do Leon.

Folheio com desespero as páginas porque esqueci de terminar de ler.


Lembro-me que fui interrompida pelo enjoo e logo após a descoberta da
gravidez e desde então não verifiquei o restante. Minhas mãos ficam frias e
minha respiração trava quando encontro algo ainda mais surpreendente.
Leon Stanley me deu pleno poder para assumir suas empresas e me deixa
com 70% de toda a sua fortuna. Jamais imaginei que ele seria capaz de um
gesto dessa magnitude. Ele não sabe da gravidez e se fez isso é porque
deseja que o meu futuro esteja garantido. Quando assinei concordei e a
ficha acaba de cair. Não preciso dizer que estou grávida, afinal, já possuo
esse direito. Rick Muzy sabe disso e se eu assinar estou renunciando a tudo.

“O que eu faço? Entrego a ele a herança e vou embora daqui para


criar o meu filho longe de tudo isso? Ou confio que o Leon acordará e me
protegerá?”.
CAPÍTULO 28
Com passos lentos me movo até a varanda e sento no chão frio.
Fingiria que estou feliz por saber que o Leon se preocupa comigo, mas nada
disso importa se ele não estiver aqui. Do que me adiantaria tanto dinheiro se
nunca mais veria o seu rosto? Se não suspiraria e me intimidaria com seu
olhar carregado de desejos proibidos? O que as milhares de notas verdes me
proporcionariam? Provavelmente uma cama confortável, roupas melhores,
joias e isso não é relevantes, porque o Leon não viveria. O mundo e os dias
não teriam significados sem a sua presença física ao meu lado. Entregaria
todo esse dinheiro se isso o trouxesse de volta a realidade. Se isso o fizesse
abrir os olhos e me permitisse ouvir mais uma vez a sua voz. Nunca quis o
luxo, tudo que eu mais quero é que ele me ame e que fique comigo. Inclino
o meu rosto para olhar o relógio na parede do quarto que marca meia-noite.
Decidida, me levanto convicta de que irei agora mesmo ao hospital exigir
que o Leon volte para mim. Não aceito perder mais ninguém que amo para
a morte.

— Morte… — grito contra o vento. — Está me ouvindo? Você não


vai tirá-lo de mim, eu não aceito! — As lágrimas rolam pelo meu rosto e
com pressa troco de roupa.

Saio atordoada do quarto, segurando todas as sensações múltiplas


que afloram por cada centímetro do meu corpo. Genevieve aparece
assustada ao escutar os meus passos pelo corredor.

— Amiga, o que aconteceu? — exclama, tentando segurar o meu


braço.

— Estou indo ver o Leon, eu preciso. Tem um nó aqui, — gesticulo


apontando para minha garganta. — A minha cabeça dói, o meu peito parece
que vai se abrir e não consigo mais viver com isso. Preciso pedir que ele
volte, eu, não posso mais… — ela concorda triste e pega um casaco e as
chaves do carro se prontificando a me levar.
O caminho é silencioso e as lágrimas escapam compulsivamente.
Quando ela estaciona na frente do hospital segura minha mão e me
conforta.

— Isso que você está sentindo é porque você o ama e dói imaginar
perdê-lo. Diga a ele como se sente, ele voltará! Eu acredito! — A puxo para
um abraço carinhoso por longos minutos e quando me recupero desço do
carro e sigo em direção à recepção.

Aproximo-me do balcão pretendendo não demonstrar aflição.


Constato que é a mesma recepcionista que falou comigo quando estive aqui
na primeira noite. As luzes brancas de led traz uma sensação de náuseas e
levo a mão ao rosto cobrindo os meus olhos para diminuir a luminosidade.

— Boa noite, você está bem moça? — questiona a recepcionista.

— Não muito, preciso muito visitar uma pessoa, mas não sou da
família. — confesso incerta e ela nega com um balançar de cabeça.

— Os pacientes só podem receber a visita dos familiares! — afirma.

— Você já amou alguém na vida? Já sentiu medo de perder essa


pessoa? Como se sentiria se não conseguisse vê-la? E se ele morresse sem
que ao menos você dissesse que o ama? — meus olhos ficam marejados e o
semblante da mulher se torna triste.

— Quem é o paciente?

— Leon Stanley! — ela entreabre a boca para falar, mas muda de


ideia e apenas me chama com a mão.

Aproximo-me e ela sussurra:

— Você sabe o quarto?

— Sim! — confirmo, esperançosa.


— Não demore e se alguém questionar não confesse que lhe ajudei.
Pode ir, coloque essa identificação na sua roupa! Vai, rápido. — assinto
emocionada e com pressa me movo pelos corredores colando o pequeno
adesivo na minha jaqueta vermelha.

Em poucos minutos estou em frente a porta do quarto e coloco a


mão na maçaneta para abri-la. Há dias não o vejo e borboletas invadem o
meu estômago causando-me uma sensação de ansiedade. Assim que entro
visualizo o seu corpo sobre a cama e imediatamente meu coração acelera
desenfreado. Aproximo-me suavemente deixando que as lágrimas escapem
dos meus olhos. Foram tantas noites de dor, sofrimento e principalmente
saudades.

Vê-lo novamente ressignifica todo o sentimento que tenho por ele.


Leon é o tipo de homem que eu jamais ficaria, possui 39 anos, embora não
aparente, é casado, controlador e teimoso. Todas essas características
deveriam me causar repulsa, no entanto, desde o primeiro momento ele
despertou o meu coração fazendo-o bater e sentir de novo. Conhecê-lo
também me permitiu perceber que ele é protetor, sincero, determinado e que
vive uma confusão interna por nunca ter amado antes. Sento-me na poltrona
ao lado da cama e seguro sua mão grande entre as minhas. Sua pele está
quente, o corpo um pouco mais magro e o aparelho cardíaco avisa que Leon
está vivo.

— Leonzinho… — chamo-o sorrindo. — Finalmente posso tocá-lo.


Sabe quantas noites sonhei com esse momento? Todas. Eu queria ter o
poder de lhe curar e assim trazê-lo de volta. Faz quase trinta dias que você
decidiu dormir e não acordou mais, será que poderia voltar e dizer que não
preciso mais ter medo? Poderia abrir os olhos e me provar que está me
ouvindo? Sei que você está aí, por favor, acorda. — A angústia cresce como
uma explosão e choro copiosamente enquanto apalpo os seus braços até
tocar o seu peito largo e golpeá-lo com força. — Volta, você me ouviu?
Volta para mim, por favor! — Abraço-o devastada enquanto choro agarrada
a ele.
Deposito carinhosamente um beijo em seus lábios enquanto me
aconchego ao seu corpo.

— Rick está me ameaçando, ele tocou em mim, me bateu e agora


estou sendo obrigada a trabalhar com ele. O nosso bebê está aqui. —
Coloco a mão dele, na minha barriga. — É uma pequena sementinha de
indecência. Fiquei sabendo que você sempre quis ser pai e confesso que
nunca me imaginei sendo mãe. Você não percebe que precisamos de você?
Acorde por mim, pelo nosso filho, você não poder partir sem conhecê-lo. —
Levo a mão ao seu rosto e acaricio com afeto agradecida por estar ao seu
lado. — Faltam dois dias para determinarem o seu prognóstico. Essa é sua
última chance. Amo você Leon Stanley e mesmo que não se de conta
porque está inconsciente, você me ama também! — beijo seu rosto e
levanto-me sabendo que me estendi mais do que deveria.

Passo a mão em seus cabelos e não queria partir, mas não posso
ficar. Aproximo os meus lábios do seu ouvido e sussurro uma última vez:

— Acorde, meu amor, estou te esperando. — Sigo até a porta,


suspiro profundamente e saio consternada.

Essa não é uma despedida, mas meu coração está despedaçado.


Passo pela recepção e aceno disfarçadamente para a recepcionista que pisca
sorrindo. Passo pela porta principal e sento-me em um banco enquanto
admiro as estrelas brilharem no céu escuro.

“Mamãe, Papai… se estiverem me ouvindo, por favor, não deixem


que Deus leve o Leon também. Já basta a amargura e o vazio de viver sem
vocês, não posso perder o pai do meu filho, me ajudem!”.

Enquanto fecho os olhos para sentir o vento suave tocar o meu rosto,
escuto uma breve correria e olho para dentro do hospital. Os enfermeiros
correm na mesma direção do quarto do Leon e meu coração congela. Uma
forte sensação de euforia me domina e retorno para dentro passando
desesperadamente por todos. Uma enfermeira está na porta e com desalento
me aproximo dela.
— Está tudo bem? O que aconteceu? — Meu coração já bate
violentamente e levo a mão ao centro do meu peito, aflita.

— Senhorita, somente a família pode entrar. — Anuncia, impedindo


a minha passagem.

— Sou a secretária, estou aqui a serviço da família, sabe como é.


Qualquer novo acontecimento preciso informá-los, sabe o que acontecerá
comigo se eu falhar no meu serviço? — A mulher me olha intrigada e uma
voz ecoa por todo quarto.

Meu peito parece se abrir em emoção e um lampejo de esperança


agarra a minha alma. Reconheceria essa voz mesmo que eu não quisesse. É
a voz grave, grossa e potente do Leon e minhas pernas quase cedem me
levando ao chão. O timbre que ele tem é único e faz todos os meus ossos
vibrarem. Minha alma parece ser preenchida por uma satisfação infinita e
sem perceber me derramo em lágrimas de emoção.

— Pode deixá-la entrar. — Diz o indecente com dificuldade.


CAPÍTULO 29
A enfermeira me deixa passar e invado de uma vez o quarto. Os
olhos verdes do Leon encaram o meu rosto parecendo confuso.

— Leon, você acordou, não imagina como estou emocionada. —


Aproximo e seguro o seu rosto em minhas mãos sensibilizada. — Como
isso é possível? Estavam quase pensando que você não voltaria mais! — ele
se esquiva enquanto percebo através do seu olhar que não me reconhece.
Com um movimento afasta minhas mãos, impedindo que eu o toque.

— Escutei alguém falando comigo, era uma voz doce. Poderia, por
favor, chamar a minha família. — Uma dor aguda surge em meu peito com
a sua reação.

— Não se lembra de mim? — sussurro e ele desvia o olhar do meu.

— Você é a minha secretária, certo? — Dominada pela dor e com a


visão turva pelas lágrimas, apenas confirmo com a cabeça.

Não imaginei que me perturbaria tanto ouvir suas palavras. A


enfermeira que confere os monitores me explica o que pode estar
acontecendo.

— Provavelmente ele não se recorda de nada. Essa perda de


memória pode acontecer com os pacientes que retornam repentinamente do
coma. Precisaremos conduzir alguns exames, mas normalmente é
temporário. Os casos de inconsciência nunca são precisos, porém, o Sr.
Stanley não pode se movimentar muito até realizarmos os exames
obrigatórios.

Leon concorda evitando movimentos bruscos, mas só de ver seus


olhos de esmeralda me analisarem já preenche o meu coração de esperança.
— Você ficará bem Leon, eu sabia que você voltaria para nós. Como
se sente? — Ele aperta os olhos parecendo estar com dor e fala brevemente.

— Estou com dor na cabeça e o meu corpo também está dolorido.

— Não se preocupe Sr. Stanley, o fisioterapeuta esteve aqui todos os


dias, essas dores provavelmente são pelo acidente. O médico está a caminho
e vai orientá-lo. — avisa a enfermeira.

Aproximo os meus lábios do rosto dele e deposito um beijo. Leon


fica sem jeito, mas permiti. Não posso arriscar e nesse momento ele precisa
se recuperar. Há poucos minutos estava fadada a continuar sendo uma
marionete nas mãos de Rick Muzy e meu salvador despertou, porém, ele
está fraco e confuso. O médico entra sorrindo e o avalia com atenção.

— O coma é algo incerto, tratamos a concussão cerebral e a


recuperação da consciência viria a qualquer momento. O coma persistente
não é comum nesses casos, mas nunca é previsível, cada um desenvolve de
uma forma. Não poderá ultrapassar alguns limites por enquanto. Faremos
alguns testes para verificar se há alguma sequela. — Leon concorda e o
médico chama a equipe.

A madrugada é longa e eles realizam todos os testes necessários. As


enfermeiras o medicaram com morfina, o que fez melhorar muito o seu
semblante. Leon estava apático e até mesmo aceitou comer um pouco de
sopa que prontamente dei em sua boca. A equipe entrou em contato com a
dona Cornélia e com a Ava e sei que precisarei deixá-lo. Estarei ansiosa
esperando que se lembre de mim. Seguro sua mão e me despeço.

— Desejo uma recuperação rápida e que se recorde de tudo. — Ele


pisca algumas vezes sem saber o que dizer.

— Obrigado! Qual o seu nome? — questiona curioso.

— Cassandra Werner, estarei torcendo de longe. — Leon lança-me


um sorriso fraco e saio do quarto carregando o meu coração nas mãos.
Jamais pensei que ao acordar isso aconteceria. Não sei por quanto
tempo ele ficará assim, mas tudo que importa é que continua vivo e
aparentemente sem sequelas.

Minha cabeça está a ponto de explodir e quero forçar-me a lembrar


de algo, mas a dor ofusca meus pensamentos. Quando abri os olhos, a
certeza que tinha era que alguém chamava por mim. A voz era doce, aflita e
cada vez tornava-se mais clara e límpida. A garota que apareceu minutos
depois era a dona daquela voz e dentro de mim o meu inconsciente não
queria deixá-la partir. Pronuncio seu nome sussurrando em busca de
respostas, “Cassandra Werner”. Uma enfermeira de idade avançada, cabelos
castanhos presos, pele parda, traz a medicação sorrindo e as aceito ansioso
para me sentir melhor.
— Com licença, Sr. Stanley, farei as medicações intravenosas para o
efeito ser mais rápido. Descanse!

Concordo fechando os meus olhos repetindo o nome daquela


pequena criatura em minha mente, até que adormeço vencido pela sensação
de conforto.

FLASHBACK - 28 DIAS ANTES


Com raiva lanço o prato de torta na parede, assustando
completamente a pequenina. Como ela pode dizer que quero controlá-la,
que a estou sufocando se tudo que almejo é estar perto dela. Levanto-me
frustrado, magoado e saio pela porta sem olhar para trás. Entro no meu
carro e arranco pelas ruas em alta velocidade.

O que diabo essa mulher tem que controla tanto os meus


pensamentos? Por que todo dia sinto necessidade de vê-la? Como faço para
parar de pensar naquela boceta que não vejo há 30 dias e sonho em devorá-
la novamente toda noite? Porra, estou maluco por não tê-la mais em meus
braços. Sempre soube que a Cassandrinha era decidida, ela realmente me
recusou nos últimos dias, como se não se importasse.

Sento-me para comer todos os dias a torta e a calda líquida do


morango, imagino ser o seu bálsamo delicioso e contemplá-la me traz
felicidade. Sigo pelas ruas indo em direção ao apartamento secreto, lá
ficarei sozinho, estou irritado e poderei recordar os momentos que passei ao
lado dela sem a Ava para me perturbar com suas reclamações.

“Que inferno, essa pequena criatura me deixa maluco! Pareço um


cachorro querendo comer bifinho todo dia, porém, a minha tutora me
deixou de castigo”.
Acelero o carro e meu celular vibra. Imediatamente clico para ver a
mensagem pensando que possa ser da pequenina, mas é a minha esposa. Ela
começa a me ligar seguidas vezes, me deixando alterado pelo estresse. Olho
para a estrada vazia à minha frente e só queria esquecer esses últimos dias
fatigantes. Quero mudar minha vida, quero ter a Cassandra para mim,
porém, como farei isso sem afetar os meus negócios e principalmente, como
farei a Ava aceitar?

Sem perceber, ultrapasso o limite permitido de velocidade e piso


bruscamente no freio, porém ele não funciona. O carro começa a perder a
estabilidade, o que não faz sentido algum. Tento manter o controle do
volante, mas é tarde demais, quando olho para frente avisto a luz do
caminhão e noto que cruzei a pista contrária. Os cacos de vidro se
espalham no ar e as ferragens apertam o meu corpo. Tudo fica escuro,
silencioso e não sinto mais nada, nem desespero, nem dúvidas e nem meus
próprios pensamentos que cessam.

O que me preenche é a escuridão, ela parece tão palpável daqui,


porém é vazia e ensurdecedora. Não há cheiros, não há gostos e nem
mesmo um motivo. Continuo caminhando sem ver nada, sem sentir nada.
Sinto-me parte de algo, mas não me recordo do quê? A luz existe? O amor
existe? Eu existo? Uma doce voz me tira a paz… ativando novamente os
meus pensamentos.

— Leonzinho… finalmente posso tocá-lo. Sabe quantas noites


sonhei com esse momento? Todas. Eu queria ter o poder de lhe curar e
assim trazê-lo de volta. — A voz continua falando e imediatamente tudo
começa a voltar. — Poderia abrir os olhos e me provar que está me
ouvindo? Sei que você está aí, por favor, acorda. Volta, você me ouviu?
Volta para mim, por favor. — Sinto um toque suave em meus lábios, mas
não consigo falar, abrir os olhos ou me mover. — Rick está me ameaçando,
ele tocou em mim, me bateu e agora estou sendo obrigada a trabalhar
com ele. O nosso bebê está aqui. É uma pequena sementinha de
indecência. Fiquei sabendo que sempre quis ser pai… você não percebe
que precisamos de você? Acorde por mim, pelo nosso filho, você não pode
partir sem conhecê-lo. Amo você Leon Stanley…
Sinto quando meu corpo volta à realidade, mas ele está todo afetado
pela dor e meus olhos ainda permanecem fechados. Apenas escuto alguém
chorar. O medo de não estar protegendo essa pessoa e a raiva por vê-la
assustada faz meus olhos se abrirem, mas não há ninguém aqui. Poderia ter
sido fruto da minha imaginação? O que aconteceu? Onde está a mulher dos
meus pensamentos?

FIM DO FLASHBACK

Um lapso repentino de memória afeta-me como uma avalanche e


acordo. O quarto está claro e o sol atravessa a janela. Inclino o meu rosto e
minha mãe salta da poltrona ao meu lado e me abraça feliz.

— Meu filho, estou imensamente feliz, sabia que você não desistiria
de lutar. O médico informou que você não tem nenhuma sequela, que é um
verdadeiro milagre! Você dormiu a manhã toda e não quis acordá-lo. —
beijo com carinho seu rosto.

— Não morrerei facilmente. — Vasculho o quarto a procura de algo


e meu coração falha quando flashs da madrugada dominam minha
imaginação. — Qual o seu nome? — a garota fica tímida, as bochechas
ruborizam e a voz saí doce e calma ao me responder — Cassandra Werner,
estarei torcendo de longe”.

— Porra! Caralho! — grito inconformado e minha mãe se afasta


assustada.

— Pelo amor de Deus, Leon Stanley. O que aconteceu? Está


sentindo algo fora do comum? — ela toca o meu rosto preocupada.

— É a pequenina, mãe, não posso acreditar que fiquei horas sem me


lembrar da única mulher que foi capaz de mudar tudo que acredito!
CAPÍTULO 30
Lembro-me da pequenina, e não posso acreditar que não a beijei ou
segurei seu corpo em meus braços assim que despertei. Estava com a mente
confusa, mas agora sinto que tudo está se encaixando em minha cabeça.

— A não se preocupe, daqui a pouco a Ava está aqui. Ela tinha uma
reunião que já havia sido adiada, mas fique tranquilo, ela está morrendo de
saudades de você! — discordo com um balançar de cabeça.

— Cadê o meu celular? — Pergunto e minha mãe abre a bolsa para


pegá-lo

— Está aqui, filho, imaginei que iria querer quando acordasse, está
carregado.

Disco o número da pequenina e demora apenas alguns segundos


para ela atender.

“Cassandra Werner: Alô! Leon? Sua família chegou para te ver?”


Ouvir sua voz me deixa feliz, tudo que me disse enquanto estive
adormecido retorna e meu peito fica apertado em me lembrar que não a
protegi.
“Leon Stanley: Não estou muito bem, ainda não apareceu ninguém,
poderia vir ao hospital, por favor, encontrei o seu número no meu celular”.
“Cassandra Werner: Claro, estou indo agora mesmo! Chego em 15
minutos”.
“Leon Stanley: Obrigado!”.

Desligo a ligação sob o olhar perplexo da minha mãe.

— Não estou entendendo, por que fez isso? Para quem estava
ligando? — A puxo para um abraço acalorado fazendo-a esquecer disso.
— Realizaram perícia no veículo após o acidente? Lembro que os
freios não funcionaram, estava em alta velocidade.

— Sim, disseram que houve falha mecânica, mas você sabe, o laudo
saí daqui a alguns meses. O carro deu perca total. O importante é que está
vivo e acordou! — comemora feliz.

Minha mãe me conta sobre os últimos dias, sobre a empresa e o


quanto esteve triste e rezando para que eu me recuperasse. Após 30 minutos
ela decidi tomar um café e segue para o refeitório. Fico preocupado com a
demora da Cassandra, mas quando estou prestes a pegar o celular escuto a
porta abrir. Meu coração bate violentamente em meu peito e estou ansioso
para segurá-la em meus braços.
Passei a manhã toda imersa no trabalho. Perto do almoço recebi uma
ligação e assim que constatei o número do Leon na tela do telefone a
sensação era de que havia ganhado o maior presente do mundo. Poderia ele
ter recuperado as memórias perdidas? Quando confessou que não estava
bem, abandonei tudo no escritório e saí apressadamente sem dizer nada a
ninguém. Peguei um táxi até hospital e ao chegar na recepção fui barrada
pela enfermeira de plantão. Após explicar e mentir novamente que era sua
secretária e mostrar sua ligação, ela me deixou vê-lo. Com nervosismo
segui até o seu quarto e agora abro a porta receosa. Leon está deitado na
cama e um sorriso safado se forma no canto dos seus lábios, derretendo o
meu coração.

— Leon, você está bem? — questiono tímida.

— Sabe, ontem ouvi um sussurro tão longe e era uma voz doce,
suave, atrevida e que praticamente me obrigava a sair da paz e voltar para a
terra, para a minha pequenina. — Com desespero corro para os seus braços,
aproximando o meu rosto do dele para beijá-lo.
Nossos lábios se tocam suavemente e uma felicidade que nunca
senti domina o meu peito. Uma faísca poderosa de amor faz inflamar uma
grande chama que nos arrebata completamente. Leon beija seguidas vezes
os meus lábios, como se tentasse aplacar a falta que estávamos sentindo um
do outro. Ele sussurra contra a minha boca nervoso por tudo que está
acontecendo.

— Eu ouvi tudo, Deus, eu sinto tanta felicidade dentro de mim e, ao


mesmo tempo, ódio. — Meu coração acelera com sua confissão. — Ouvir
as suas palavras, mesmo ainda não acordado, foi como se você segurasse
minha mão e me guiasse da escuridão. Eu só voltei por você, pelo nosso
bebê. Por favor, me diz que não estou louco, vamos ter um bebê? — Os
olhos do indecente ficam marejados e apenas confirmo sentindo as lágrimas
molharem o meu rosto.

Leon com toda sua teimosia se levanta e coloca as mãos em minha


barriga. Com carinho e dificuldade ele se inclina depositando um beijo. Ele
roça o rosto em minha pele e com toda certeza, por menor que seja, não
duvido que o nosso bebê não tenha sentido o seu amor.

— Meu Deus, eu sou um maldito sortudo. Sempre sonhei em ser pai


e agora tenho a mulher mais linda do mundo grávida de mim. — Minhas
bochechas esquentam em timidez enquanto as lágrimas escapam dos meus
olhos.

O olhar do Leon que era de felicidade passa para fúria em segundos.


Parece lembrar de algo que lhe tira a paz.

— Deus, eu vou matar Rick Muzy por relar em você. Ainda não
estava totalmente acordado, mas eu ouvi e vou matá-lo. — Leon pisca
descontrolado e rapidamente acaricio o rosto dele para acalmá-lo.

— Leon, por favor, respira, você precisa se acalmar, eu estou aqui,


você se lembrou de tudo. — digo em completa euforia.

Passo a mão em seu rosto que me admira profundamente.


— Não posso ficar aqui com você, mas preciso admitir que… — As
palavras travam, estou em dúvidas se devo dizer isso ou não. O peso do “eu
te amo” pode ser demais e estou receosa.

— Dizer o que pequenina?

— Dizer… que agradeço por cuidar de mim, eu fui boba e


orgulhosa, mas eu precisava te agradecer por não desistir de estar perto de
mim.

Leon levanta lentamente o troco e agarra o meu corpo, envolvendo-


me em seus braços fortes enquanto toca os dedos no meu rosto.

— Você não sairá daqui. Entendeu? Ficará ao meu lado, te


protegerei e cuidarei de você. — Um sorriso bobo escapa da minha boca.

— Melhor não, você precisa poupar suas forças e não arrumar uma
confusão por minha causa, assim que você sair daqui estarei te esperando.
Você precisa resolver algumas questões e então, finalmente, quero ter você
totalmente para mim. — Os olhos do indecente ficam marejados e ele
concorda sabendo que estou certa.

Com rapidez ele me beija. Seus lábios quentes e carnudos saboreiam


os meus com intensidade e desejo. Sua língua desliza sobre a minha
enquanto nossos corpos se unem em completa saudade. Suas mãos tocam o
meu rosto, sua barba arranha minha pele e com sensualidade ele suga os
meus lábios provando o sabor único do nosso beijo. Quando nossos rostos
se afastam nos entreolhamos com paixão.

— Não consigo imaginar minha vida sem você, Cassandra. Você


surgiu como um anjo, mudando tudo, iluminando os meus dias. —
Aconchego-me em seu peito para ser abraçada e finalmente protegida por
ele. — O que o Rick fez com você? — respiro profundamente e confesso
tudo.
— Ele me chantageou, me agrediu e ontem entregou um contrato de
serviço, onde possuía uma cláusula passando toda a posse das suas fortunas
para ele, não se preocupe, não assinei.

— Filho da puta! Acabarei com ele.

— Você está aqui agora, Rick não fará mais nada.

— Protegerei você, pequenina. Você é o meu bem mais valioso, não


sairá do meu lado, entendeu?

Aconchego-me mais ao seu peito, matando a saudade devoradora


que castigava o meu coração. Ficamos agarrados um ao outro até que
percebemos a porta se abrir. Cornélia entra segurando um copo de café e
nos afastamos para evitar desentendimentos.

— Cassandra? Que surpresa. — Leon fica confuso e com carinho a


mulher me abraça.

— Leon é um amigo, queria visitá-lo e estou feliz por vê-lo bem!

Leon não diz nada, ele sabe que possuímos uma relação complicada
e querendo ou não, é um homem casado. Erramos em nos envolver, e
mesmo que o indecente não tenha um casamento feliz, isso não me dava o
direito de me entregar a ele. Culpo-me diariamente, mas é humanamente
impossível lutar contra o que sinto, tenho deixado a razão de lado e
escutado completamente o meu coração.

É um sentimento arrebatador, que parece controlar meus impulsos.


Os nossos toques, o apetite um pelo outro, o cheiro, os estímulos
inconscientes que nos induzem a realizar coisas que condenamos. Sempre
fui uma pessoa justa, principalmente com os sentimentos das pessoas, mas
como ser justo quando todos os nossos pensamentos e ações estão
bagunçados? É impossível. Cordélia sorri e agradece a Deus pela vida do
filho.
— Ava ficará tão feliz em ver você acordado, ela está muito
cansada, com medo, tentando ajeitar tudo na empresa. Você ficou 28 dias
adormecido e isso estremeceu Nova York. — Leon sorri e toma com
cuidado a água que Cordélia entrega a ele.

— Realizarei algumas mudanças agora na minha vida, estou


precisando. — declara Leon com convicção.

— Falei para a Ava que vocês precisam viajar, ter filhos e


aproveitarem esse amor de vocês. — Ele imediatamente me olha ao ouvir o
comentário da mãe.

Abaixo minha cabeça e fico mexida com tudo isso. Leon Stanley
tem a vida feita, é casado há 10 anos com uma mulher compatível
socialmente com ele. Possui uma empresa fixa em Nova York e milhares de
filiais pelo mundo, a vida dele é aqui. Possui também os sócios e olhando
de uma maneira grosseira e geral não encontro um lugar para mim. São
tantas dúvidas e incertezas. Se ele não tivesse ouvido minha confissão pelo
bebê, poderia ir embora, começar uma vida nova, mas como fazer isso
sendo a mãe de um bebê bilionário? Uma criança que herdará um grande
império. Não fiz o filho sozinha e Leon está disposto a me ajudar. Não sei
como será o amanhã, mas sinto que basta uma palavra errada e tudo pode
desabar.

Sento-me na poltrona ao lado da cama já imaginando que a qualquer


minuto a Ava me encontrará aqui e haverá uma grande confusão. Leon é
teimoso, mas estou com medo e por isso aceitei ficar. Não darei motivos
para que ela se irrite comigo, apenas acompanharei tudo em silêncio. A
porta do quarto se abre e meu corpo reage. Leon instintivamente olha para
verificar quem é. Ava entra ao lado do Rick e quando me vê o semblante se
fecha em ódio. A mulher parece a ponto de explodir porque
instantaneamente o rosto fica ruborizado.

— O que Cassandra Werner faz aqui? — questiona a loira,


rispidamente.
CAPÍTULO 31
Ava me fita das cabeças aos pés enquanto Rick vira o rosto fingindo
que não existo. Ela deseja saber o que faço aqui e Leon prontamente
responde.

— Está aqui porque a chamei!

A chance dessa mulher começar uma confusão é grande, entretanto,


ela atravessa o quarto e abraça o Leon. Talvez a presença da Cornélia a
tenha deixado sem alternativas. Leon não esboça nenhuma reação quando
os braços dela o agarram com força. Ava beija os lábios dele com afobação
e ver que ele não desvia me deixa entristecida e, ao mesmo tempo, furiosa.

— Graças a Deus, meu amor, estava rezando sem parar, ansiosa pelo
momento que você abriria os olhos. Precisamos aproveitar mais nosso
casamento, esse acidente me mostrou que amo você com todas as minhas
forças. Estou ansiosa para começarmos nossa família. Não posso imaginar
te perder mais. — declara depositando beijos por todo rosto do Leon.

Cornélia sorri e Rick lentamente se aproxima de mim. O homem


para ao meu lado e disfarçadamente fala comigo.

— O que faz aqui Cassandra? Leon mal acordou e você já veio


correndo atrás dele? O que você contou?

Meu corpo fica rígido ao sentir ele tocar a minhas costas. Sei que
está tentando me intimidar. Leon com sua voz grave grita assim que o vê
tão próximo.

— Não ouse se aproximar dela, Rick Muzy. — Ava e Cornélia


encaram-no assustadas, Rick afasta a mão de mim e caminha até a cama.

— O que houve meu amigo? Estávamos apenas falando de


negócios, eu sei que você não quer esse assunto aqui, ainda mais em um
momento delicado como esse. Sinto muito, prometo não trazer trabalho
para o hospital. Durante esse tempo, que esteve adormecido, contratei a
Cassandra, ela é minha secretária pessoal agora.

— Rick, sempre gentil e querendo ajudar a todos. — elogia


Cornélia.

Leon endurece sua expressão e fica tenso, provavelmente dirá algo


sobre tudo isso. O indecente não é o tipo de homem que finge aparências,
ele não precisa disso, afinal, é poderoso e normalmente sua palavra é
unânime.

— Você não é meu amigo Rick, eu achei que conhecia sua índole,
mas vi que estava errado. A Cassandra não é mais sua funcionária, arrume
outra! Pode levar minha mãe para tomar um café? Preciso falar um pouco
com a Ava. — Rick engole em seco enquanto chama a Cornélia.

— Vamos Cornélia, o café daqui é ótimo! — Cornélia segue ele,


mas reluta.

— Filho, não se estresse, por favor. Não sei o que aconteceu, mas
apenas espere, você está ótimo, mas não pode ficar nervoso assim, tenho
certeza que tudo se resolverá em breve. Não force seu corpo e
principalmente sua mente.

— Conversamos depois, mãe, espaireça um pouco, coma algo, eu


sou o dono da minha vida, estou resolvendo tudo! — A mulher o abraça e
segue o Rick saindo pela porta.

Ava se transforma completamente e acerta um tapa no rosto do Leon


que com rapidez segura o pulso dela. Novamente ela tenta acertá-lo em
vão. Leon enfurecido prende os dois braços da loira. A fisionomia do
poderoso é indecifrável e Ava começa a choramingar implorando para soltá-
la.

— Ficou louca mulher, me bater é inaceitável.


— Fiquei louca? Você é um cretino, solte-me. Não tem vergonha de
ter uma amante, de deixá-la aqui no hospital e ainda me humilhar a
exibindo como se fosse da família? Leon Stanley, eu exijo respeito. Sou a
sua esposa, estamos casados há 10 anos e quero essa mulher fora daqui
agora mesmo. — Leon a solta, massageia as têmporas enquanto a voz fina e
aguda da Ava ecoa pelo quarto.

— Porra, pare de gritar, a Cassandra é minha funcionária. — A


declaração do Leon me deixa totalmente triste.

Era, sim, sua funcionária, mas não esperava que ele dissesse isso
nesse momento. Com raiva, frustrada, pego minha bolsa e aceno antes de
sair.

— Pequenina, por favor, acalme-se! — A voz do Leon me faz


paralisar e em compensação, ao ouvir o apelido carinhoso pelo qual me
chamou, Ava surta de vez.

— O que você disse? Você chamou essa puta de pequenina? Isso é


demais, eu mesma vou arrastar essa vaca pelos cabelos e jogá-la na calçada.
A rua é o lugar dessa imunda. Na verdade, o lugar dessa vagabunda é no
lixo. — Irritada com suas ofensas, tento manter o controle para não discutir
com ela e me exceder.

— Ava Moore Stanley. — O tom do Leon é arrogante e agressivo e


ela se contém em completo ódio. — Cassandra está aqui porque estamos em
uma relação complicada, porém, estou disposto a mudar isso. Há 10 anos
estamos tentando fazer esse casamento funcionar, mas não adianta, não dá
para consertar algo que não se encaixa. — A mulher de imediato o
interrompe.

— Leon Stanley, é melhor tomar cuidado com o que está tentando


me dizer. Espero que não esteja pensando em pedir o divórcio. Você sabe
que eu jamais aceitarei me separar. Essa possibilidade não existe, nosso
casamento é vitalício e para que isso aconteça preciso concordar. Lembre-
se, esse foi um casamento arranjado, preparado e você aceitou os termos.
Nunca poderá se separar de mim!

— Quer viver o resto da vida assim? Estou cansado de você Ava


Moore. Estou farto das suas loucuras, do seu jeito mimado e egoísta. Estar
com você naquela casa é uma tortura. Quando perceberá que isso é
exaustivo? Quando aceitei o acordo do seu pai achei que fossemos ter um
casamento pelo menos suportável, mas agora, eu quero o divórcio. — Ava
começa a gargalhar assustadoramente.

— Nosso casamento é vitalício, ponto final. Não aceitarei me


divorciar e se eu fosse você tomaria muito cuidado ao ficar com essa
putinha. Como seria se a imprensa descobrisse que ela é sua amante? Como
seria para você perder metade das suas empresas? Leon, eu sou sua esposa e
estou sendo boazinha com você. Não ouse me envergonhar ou farei a vida
dessa garota um inferno. Ela será conhecida como a “Amante Puta de Leon
Stanley”, as manchetes dirão “Leon Stanley foi enganado por uma golpista,
a vagabunda queria toda sua fortuna”. — Meu sangue ferve e perco a
paciência com a jararaca.

— Golpista é você, que está ameaçando tirar partes da empresa dele,


você é a verdadeira interesseira aqui. Eu nem posso usar minha relação com
o Leon para nada, ele garantiu isso quando me fez assinar um contrato de
silêncio. — A mulher aproxima-se e com força segura o meu queixo
cravando as suas unhas afiadas. Tento tirar a mão dela de mim e Leon se
remexe na cama querendo se levantar.

— Se ele te amasse, não teria dado o contrato para você assinar.


Leon é um lobo solitário, que adora comer as lobinhas por aí e garantir o
silêncio de todas. Diga a ele… para assumir um relacionamento com você,
deixar metade das empresas em minhas mãos, se aquele homem fizer isso,
aí, sim, acreditarei que ele ama você. — Ela solta o meu rosto e provoca o
Leon. — Conte a ela Leon que você só ama verdadeiramente o seu império.

— Chega Ava, está ridículo, essa conversa já foi longe demais.


— Concordo, se quiser se separar de mim, terá que me matar. — Ela
ri, se sentindo vitoriosa e pega a bolsa saindo porta afora.

Fico parada, pensando e ainda tenho a sensação das unhas daquela


cobra na minha pele. Ava não está errada, ela é a verdadeira esposa do
Leon, nessa equação toda estou apenas para sofrer. O contrato entre eles é
vitalício, a mulher jamais abriria mão disso e Leon jamais a deixará com
metade de suas empresas. Chegamos ao impasse final e decisivo e preciso
ouvir da boca dele qual é o seu desejo.

— Leon, não me enrole mais, você ficará comigo? Está disposto a


perder parte das suas empresas para tentar dar fim a esse casamento?

O indecente revira na cama do hospital, nervoso, pensativo e sei que


ainda precisa se recuperar. Porém, essa situação se arrastará por meses? Ele
passa a mão pelo rosto e estica o braço, me chamando. Aproximo-me dele
que me abraça e afunda o nariz no meu pescoço. Leon fica em silêncio e
beija o meu rosto com carinho. A sensação que tenho é que iremos nos
despedir agora, e antes que isso aconteça meus olhos já começam a arder.

— Apenas, me diga Leon. Se você sente algo por mim, me diga


logo. — Ele reluta procrastinando o assunto.

Talvez esteja pensando em uma alternativa, mas concluo que talvez


não exista uma saída. Ao perceber minha irritação, ele decide finalmente
falar.

— Pequenina, eu não consigo te dizer isso, eu não consigo. Quando


voltei, conclui que você é a única pessoa capaz de me livrar das minhas
dores internas, das minhas cicatrizes profundas. Sua voz foi como uma luz
me indicando a direção. Lembrar do seu rosto foi como encontrar a mim
mesmo, eu me vejo em você pequenina. Sempre fui relutante em falar de
amor e expressar sentimentos. Sou um homem prático, controlador e vivo
para o trabalho. Conhecer você fez com que eu saísse da minha zona de
conforto. Nunca lidei com uma mulher intensa, doce e totalmente coração.
Preciso admitir que nunca liguei muito para o que as pessoas sentiam. —
Leon aproxima os dedos do meu rosto e toca os meus lábios admirando-os.
— Eu já disse que você é perfeita? Tudo em você é um convite para que eu
perca o controle. A mais de um mês eu saí da rota e entrei por um caminho
novo, mas preciso voltar. Preciso lidar com tudo isso. — O indecente acaba
de me dizer que não vai mudar de vida, que permanecerá com seu
casamento e isso deveria me fazer chorar, mas não é o choro que me sufoca
agora, e sim, decepção.

Afasto-me do corpo dele que desesperadamente tenta me capturar de


volta. Leon Stanley, não só machucou o meu coração, ele acabou de quebrá-
lo, pisá-lo e os pequenos estilhaços estão espalhados pelo chão e jamais se
uniram de novo. Olho para a porta e depois para a janela visualizando o céu
azul através do vidro. Pego minha bolsa e decido sanar uma última dúvida.
Não estou mais pensando em mim, apenas na pequena sementinha que se
desenvolve em meu ventre.

— Vai querer ter contato com essa criança? — Coloco suavemente a


mão na minha barriga.

— Pequenina, volte aqui, por favor. Sei que preciso te deixar, mas
porque não consigo fazer isso? Não é o que você está pensando, minha
cabeça está explodindo e preciso… — O interrompo magoada.

Não quero mais viver assim, de esperança, o que preciso é de


alguém que me ame de volta e que não esteja com a vida definida.

— Quando você acordou, disse que tudo mudaria e você estava


certo, tudo mudou. Isso que você faz é covardia, fique longe de mim.
Quando o bebê nascer envio um cartão avisando.

Passo pela porta sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto, mas
não olho para trás. Leon acaba de me perder para sempre e não ficarei mais
nem 1 hora nessa cidade maldita. Fugirei para bem longe dele, onde o meu
bebê venha ao mundo tranquilamente e não fique cercado de pessoas
maldosas. A voz estridente do Leon ecoa pelos corredores enquanto grita o
meu nome desesperadamente.
— Cassandra, Cassandra…

Ignoro seus apelos, sei que naquela cabeça teimosa ele acreditava
que jamais me perderia. Que o que sinto por ele me impediria de afastar, e
de fato era assim. No entanto, não sinto mais nenhuma culpa, eu tentei, fiz o
que meu coração mandou, agora, preciso ouvir a minha razão. Fui
dominada pelo amor que sinto por ele, um amor que age como uma droga
controlando todas a minhas ações. A decepção que senti hoje me fez
despertar, fez uma parte adormecida dentro de mim, acordar. Essa parte se
chama raciocínio. Mudarei minha mentalidade e recomeçarei minha vida.

O caminho de volta é de despedida, olho para as ruas da cidade e me


sinto uma pequena formiga. Essa é apenas a minha história entre milhares
diferentes que circulam por essas ruas todos os dias. Minha triste história de
amor, que abandono com a cidade de Nova York. Ligo no aeroporto e
reservo a minha passagem para Marfa. O voo saí em duas horas e volto
depois de dois meses e 15 dias completamente mudada. Aprendi da forma
mais dolorosa a nunca entregar o meu coração a alguém e levo comigo um
presente, minha sementinha indecente. Entro no meu apartamento e Gen
não chegou do trabalho ainda. Pego um pedaço de papel e deixo um bilhete
carinhoso para ela.

Combinei de pagar metade do aluguel, pedirei que ela retire esse


dinheiro da lanchonete, aposto que Leon passará novamente para o nome
dele, mas até lá, esse dinheiro ajudará minha melhor amiga. Vou até o meu
quarto e com rapidez faço a minha mala. O táxi ficou me esperando e não
demora muito para que eu desça de novo. Não quis olhar ao redor, não quis
me despedir, tudo isso é doloroso demais. O homem me deixa na entrada do
aeroporto e sigo até a recepção onde sou atendida. Os acontecimentos são
tem rápidos, tudo é embaçado e confuso. Quando me sento na poltrona, o
piloto avisa que decolaremos. Meu coração aperta, meu peito sufoca e agora
não tem mais volta. O avião invade as nuvens enquanto o pôr do sol
acontece. Estou voltando para casa, queria ser capaz de deixar minha dor
também, mas ela permanece aqui me depreciando.
CAPÍTULO 32
Grito desesperado o nome da pequenina, não sei se lhe peço perdão
ou se a deixo ir. Entrei em sua vida sendo o oposto de tudo que ela sonhava
e mesmo que negue ela merece um cara melhor que eu. Porém, estou
disposto a ser o homem que ela um dia sonhou. Imaginar outro em sua vida
faz uma dor sem precedentes invadir o meu coração.

— “Cassandra”...”Cassandra”... “Cassandra”.

Minha pedra preciosa não retorna e mesmo com dor e ainda


desajeitado caio da cama ao tentar pular para impedi-la de partir. Meu corpo
todo está dolorido, mas perdê-la não está nos meus planos. Nossas brigas
são sempre intensas, mas dessa vez foi diferente. Não queria dizer que
continuarei casado, mas preciso pensar em uma estratégia para obrigar a
Ava a assinar o divórcio. De fato, estamos ansiosos, loucos para viver o
nosso amor e aposto que os últimos dias foram sufocantes para a Cassandra.
Rick entra no quarto e ao me ver caído no chão rapidamente chama a
enfermeira para me avaliar.

— Sr. Stanley, segundo os exames, não ficou nenhuma sequela, mas


precisa tomar cuidado.

— Preciso sair desse lugar para falar com a Cassandra. — A


enfermeira me olha confusa.

— Acalme-se Sr. Stanley, precisa descansar.

Necessito urgentemente me explicar, afinal o meu coração está


esmagado. Minha pequenina avisou que me mandaria um cartão postal
quando o nosso bebê nascesse e só de imaginá-la longe de mim começo a
suar frio. Meus músculos contraem em angústia e olhar para a cara do
Muzy me dá vontade de socá-lo. A enfermeira sai da sala e sem que ele
tenha tempo de raciocinar, puxo a sua camisa pelo colarinho e enforco-o
com as minhas mãos. Ele se debate aflito, sufocando e a minha vontade é de
matá-lo só por ameaçar a Cassandra e fazê-la de secretária.

— Queria fazer da minha mulher, sua puta? Que merda de filho da


puta você é? Quer o meu maldito dinheiro seu bosta? — O homem se
desespera em agonia e começa a ficar inconsciente.

Solto-o e seu corpo cai no chão enquanto tosse descontrolado


captando o ar.

— Leon, por favor, eu juro para você, achei que ela fosse apenas
mais uma das mulheres que você dormiu. Ofereci o emprego porque queria
ajudá-la. Seja lá o que ela lhe contou, juro que possui uma explicação.

Com raiva e receoso desço da cama e desconto minha frustração


acertando inúmeras vezes o seu rosto.

— É melhor você fechar a porra da sua boca e foda-se a merda de


descanso. Se chegar perto da Cassandra de novo mando matar você. Não
preciso sujar as minhas mãos com seu sangue imundo, seu doente. A partir
de hoje você não faz mais negócios com a minha empresa. — aviso
soltando seu rosto agora marcado pelas minhas agressões.

— O quê? — Rick grita com a voz trêmula, em desespero, ao passo


que se ajoelha para implorar. — Por favor, Leon, não faz isso comigo,
somos parceiros há anos. Não pode me deixar assim por causa disso. Não
falarei para ninguém sobre o bebê, eu juro.

— “Por causa disso?” é da minha garota que estamos falando, pode


implorar, lamber o chão que piso, mas jamais permitirei que a olhe ou fale
com ela novamente. — Ele se levanta com dificuldade — Não falará porra
nenhuma mesmo, se quiser continuar vivo. Sou Leon Stanley, se eu estralar
o dedo e pagar um matador de aluguel é o fim da linha para você. Espero
que fique na merda sem os meus contratos lucrativos. Sempre comeu a Ava
e acha que eu não sabia? Nunca me importei, estava me fazendo um favor.
Porém, a minha mulher você não toca, se olhar para ela, se respirar perto
dela, considere-se morto. Não descansarei até vê-lo acabado! Saia daqui!

Desconcertado, Rick Muzy se apruma e desaparece do quarto. Com


raiva arranco o soro do meu braço. Troco minha roupa e sigo em direção ao
corredor.

“Vou atrás da pequenina, estou esmagado por dentro. Não consigo


me imaginar sem ela, acho que surtaria”.

Quando estou chegando na saída, minha mãe me vê e corre em


minha direção, acompanhada da Ava.

— Filho, pelo amor de Deus, ficou louco? O que faz aqui? Onde
pensa que vai?

— Preciso sair daqui, tenho muitas coisas para resolver, não da para
ficar nesse lugar parado. — Ava me olha com deboche, essa infeliz sabe
que estou ficando fora do meu juízo normal.

— Não seja bobo Leon, já pensou se eles resolvem te dar um


sedativo? — frisa com ironia, aposto que ela adoraria fazer essa sugestão
aos médicos.

Resolvo voltar antes que eles realmente pensem nessa possibilidade.


Deito-me novamente na cama e a enfermeira fura novamente o me braço
para colocar o soro. Preciso falar com a pequenina, nem que seja por
mensagem. Ela está com raiva de mim, fui um covarde, deveria ter sido
capaz de dizer que faria de tudo por ela, mas ainda estou confuso e minha
cabeça dói.

Fui imprudente em minha resposta, mas agora vejo claramente.


Estou com uma fortuna imensa, perder metade das empresas não afetaria
em nada para mim, pela Cassandra, perderia tudo sem pestanejar, essa é a
verdade, preciso admitir a mim mesmo. Aquela pequena criatura me
ganhou no primeiro olhar, eu a amo, com todas as minhas forças, com todo
o meu coração. Fui egoísta, mesquinho e agora que não a vejo aqui começo
a remoer minha falta de atitude.

— Esqueci de mencionar Ava, mas o Rick Muzy não é mais um dos


nossos colaboradores. Dispensei ele mais cedo. — Ela arregala os olhos
com a notícia e se aproxima de mim.

— Por que fez isso? Leon, o Rick está conosco há muitos anos.
Sempre trabalhamos em conjunto, ele é um homem responsável, prepara
tudo com excelência, além disso, é seu amigo há tempos. O que mudou?
Aposto que você ainda não está bom da cabeça! — O tom dela é revoltado e
pelo menos sei que Rick não contou nada sobre a gravidez. — Me diz,
Leon. — Finaliza minha esposa, cruzando os braços e se sentando na
poltrona.

— Minha cabeça nunca esteve melhor. Tudo mudou, Rick fez algo
que não posso perdoar. Cruzou uma linha que não tem mais volta. Foi
obsceno, ameaçou uma pessoa e evidenciou um lado dele que eu não
conhecia. — Disco o número da Cassandra e levo o telefone ao ouvido
ansioso para ouvir sua voz.

O telefone avisa que está fora de área e fico apreensivo e cismado.

— Ava, poderia sair, quero conversar com a Cornélia. — Ela me


lança um olhar desconfiado, mas sei que na frente da minha mãe ela sempre
quer parecer um anjo.

— Claro, tomarei outro café. Já volto. — Assim que sai, minha mãe
se aproxima de mim angustiada.

— Filho, eu sei que está acontecendo algo com você. Conheço você
e cada expressão que faz me demonstra como se sente. O que está lhe
afligindo? Anda extremamente nervoso. Hoje destratou o Rick e tem
também aquela moça doce, a Cassandra, que estava aqui mais cedo e agora
desapareceu. — Solto uma respiração pesada, sempre soube o que precisava
fazer na minha vida e essa é a primeira vez que me sinto perdido e
desolado.

— Preciso de um conselho! — Minha mãe sorri e se encaixa ao meu


lado na cama.

— Não amo a Ava, nunca amei, eu odeio essa mulher com todas as
minhas forças. — Minha revelação a assusta. — Me casar por contrato foi a
maior burrada que cometi. Sei que você e meu pai incentivaram esse
absurdo, mas não posso mais viver assim. Estou devastado, preciso da
minha pequenina. Mãe, me apaixonei por outra mulher, pela Cassandra.
Teremos um bebê juntos e a Ava não quer me dar o divórcio. — Minha mãe
encara-me incrédula e não consegue falar nada, apenas deixo que ela
assimile as informações.

Nunca fui um filho muito presente, mas descobrir que serei pai
mexeu comigo o dia todo. Cornélia passa 10 minutos em silêncio até que
finalmente já sabe o que me dizer.

— Lembro-me dos termos do contrato, estava escrito que não


poderiam trair e se vocês vivem um casamento tão ruim assim, aposto que
Ava deu seus deslizes. Consiga provas, ameace a reputação dela. Como uma
mulher da sociedade, ela jamais irá querer que você manche a sua imagem.
Achei que vivesse um casamento bom, mas se você será pai e ama outra
mulher, meu filho, fique com ela. Do que tem tanto medo?

— Tenho medo do amor mãe, nos negócios trabalhamos com


precisão, mas existem as variáveis e normalmente elas são baixas. No
entanto, no amor somos instáveis, podemos perder tudo, até mesmo a
cabeça.

— Pela forma que você fala, meu filho, sinto muito, você já perdeu
a sua sanidade faz tempo. A Cassandra está grávida e notei como ela te
olhava, os olhos brilhavam emocionados. Conheci ela na segunda noite aqui
no hospital e a encontrei novamente no escritório do Rick. Senti afeto por
ela no primeiro contato, é amorosa e humilde. — A aceitação da minha mãe
faz meu coração acelerar e a saudades da minha pequenina apertar ainda
mais.

— Cassandra é uma moça simples, mas é extremamente inteligente,


convicta, doce e, ao mesmo tempo, parece o próprio Diabo, me castiga o
tempo todo. Ficou trinta dias sem falar comigo e agora que cedeu, fui um
covarde.

— Ah, meu filho, o amor é assim mesmo, mas precisa ser cauteloso,
a Ava é determinada e ama você.

— Ela ama o meu dinheiro, assim como Rick Muzy.

— É o seguinte, amanhã você fará todos os exames novamente, se


os resultados permanecerem positivo vamos embora, filho, chega de
hospital. Você não tem nenhuma sequela, é um verdadeiro lutador. Está na
hora de arrumar a porra da sua vida.
CAPÍTULO 33
Leon me pediu o divórcio, o homem teve essa ousadia, entretanto,
não permitirei que isso aconteça. Sei que não me obrigará a nada, mas
tentará de tudo para conseguir o que quer. Preciso pensar no meu futuro. Fui
obrigada a me casar e mesmo que tenha uma pequena fortuna de 50
milhões, esse dinheiro nem se compara aos valores que Leon possui.

Não aceito perder meu bilionário para aquela pobre fingida. Os anos
que passei nesse casamento me fizeram aprender muitas coisas que a “elite”
de Nova York faz para manter os padrões e as fortunas. Sou capaz de tudo
para manter o meu status e o meu nome perante a sociedade.

— Ava, poderia sair, quero conversar com a minha mãe. — Leon me


pergunta sério e me questiono em pensamento, o que ele quer conversar
com a Cornélia?

— Claro, tomarei outro café. Já volto. — Saio pela porta e decido


que vou atrás de uma garantia que me prenda ao Leon.

Durante as muitas noites que passamos um ao lado do outro,


fazíamos sexo por obrigação e sempre mandava ele se aliviar fora do meu
corpo. Nunca usei anticoncepcional, afinal, sei que tomá-lo poderia causar
mudanças no meu peso. Sou uma mulher que trabalho com a imagem e em
todas às vezes que traí o Leon recorri ao preservativo para me proteger. Ser
mãe nunca esteve nos meus planos e ele respeitou isso, porém, acabo de
perceber que é um mal necessário.

Quando o Leon despejava seu líquido em alguma parte do meu


corpo, separava escondido e deixava em uma clínica para congelamento.
Cada dia diminuía mais as relações sexuais e se o meu marido se negasse a
algo já estaria preparada. O médico e dono da clínica é um amigo próximo e
paguei um bom dinheiro a ele para me garantir o armazenamento adequado.
“Sou uma mulher precavida e entrei nesse casamento pelo dinheiro,
não aceito perder nada”.

Acomodo-me no banco do motorista e sigo em direção à clínica.


Preciso engravidar do Leon, farei esse sacrifício em nome do nosso
casamento. Quando ele descobrir que a esposa está grávida, jamais me
abandonará. Preciso me adiantar, antes que aquela vagabunda resolva dar o
golpe da barriga.

Estaciono e entro na clínica do Adrian Pérez, ele é de descendência


francesa, possui olhos negros, pele clara, as maçãs do rosto são bem
marcadas, é alto, forte e os cabelos são castanhos. O prédio é luxuoso e o
hall principal é todo em quartzo branco, deixando o ambiente extravagante.
As luminárias são todas douradas e o lugar é repleto de lustres da cor ouro
que torna a Clínica Saúde da Mulher a mais conhecida de toda a cidade.
Aproximo-me do balcão almofadado e a nova recepcionista questiona se
marquei horário com ele.

— Boa tarde, senhorita, qual horário foi agendado?

— Não marquei horário nenhum, não preciso disso, quero falar com
o Adrian Pérez agora mesmo. — A moça me fita com reprovação.

— Senhorita, me desculpe, mas o Dr. só atende com horário


marcado!

— Não sei porque o Adrian trocou de secretária, claramente, você é


uma burra. Avise agora mesmo sua incompetente que a Ava Stanley está
aqui ou invadirei aquela sala.

A moça concorda assim que escuta o meu nome e com agilidade


entra na sala do Adrian. Poucos minutos depois retorna para me chamar.

— Srta Stanley, o Dr. Adrian disse que pode entrar na sala dele.
— É claro que posso, sou uma Stanley. — Imediatamente me
aproximo adentrando a sala com impaciência.

Adrian me recebe com um abraço e parece curioso pela minha


visita. Ele veste um jaleco branco primoroso com o caimento perfeito em
seus ombros.

— O que aconteceu, Ava?

— Preciso que me engravide do Leon agora mesmo.

— O quê? Como assim? — indaga o médico, surpreso.

— Isso mesmo que você ouviu, preciso que descongele o sêmen do


Leon e me engravide. Há anos ele quer ter um filho e decidi que chegou o
momento! — Justifico, sucintamente.

— Ava somos amigos há muitos anos, mas preciso da assinatura do


Leon. Já estou armazenando sem a sua autorização por escrita. — Adrian
retrucar deixa-me furiosa.

— Adrian Pérez, está me questionando? Acha que estou mentindo?


Sou a sua cliente mais rica e basta uma publicação falando mal desse lugar
e tudo acaba para você! — Ele me olha assustado. — Leon é um homem
ocupado, estou casada há 10 anos com ele e nunca quis engravidar. Meu
marido sofreu um acidente gravíssimo, está se recuperando no hospital,
devastado por quase morrer sem um herdeiro. Esse futuro filho será o
sucessor dele na empresa. Quer mesmo que ele saia do hospital só para
confirmar com você e assinar a porra dos seus papéis insignificantes?
Sinceramente Adrian, você é ridículo! Vou embora desse lugar.
Procuraremos outra clínica competente para isso. — Levanto-me afoita e
ando em direção à porta.

— Espere, Ava, acalme-se, somos amigos há tantos anos.


Adrian me chamou apressadamente e sabia que isso aconteceria,
bastava dizer as palavras certas. Sem que o médico perceba, um sorriso
malicioso se forma em meus lábios. Sempre consigo o que quero e hoje não
seria diferente.

— Você está certa! Desculpe-me, por favor, não nos negative.


Providenciarei agora mesmo o descongelamento do sêmen. Fiquei triste
pelo acidente, estou sendo informado agora. Leon não precisa se preocupar,
cuidaremos disso. O ideal para o procedimento seria que você estivesse em
um período fértil, como havia explicado a você a fertilização in vitro[14] é
mais eficiente, esse procedimento de inseminação artificial[15] poderá não
dar certo, precisa manter isso em mente. Você é uma mulher saudável e seus
óvulos são perfeitos, tem chances também de ocorrer a gravidez. Aplicarei
um hormônio que estimulará os seus folículos para favorecer a fecundação.

— Leon ficará satisfeito com isso, finalmente ele terá um filho e em


breve agradecerá pessoalmente. — declaro, me sentindo vitoriosa.

— Claro, as enfermeiras começarão a preparar tudo, em breve


chamaremos para a aplicação do hormônio e depois para o procedimento.
Vou te levar até a sala de descanso. — Avisa Adrian, abrindo a porta e me
conduzindo pelos corredores.

Deito-me na maca no centro da sala e alguns minutos depois ele


aplica o hormônio. O local é totalmente branco, os móveis são claros e do
lado esquerdo há um aparador com cafés, chás e alguns aperitivos. A clínica
do Adrian é bem conceituada e por ser amiga dele possuo certa influência
sobre a suas decisões, afinal, sei como deixá-lo apavorado. Quando apareci
com o sêmen do Leon ele também me questionou, porém, consegui enganá-
lo. Hoje ativei meu lado destruidor, meu marido acha que vai se livrar de
mim, entretanto, arrumarei um bebê e jamais me deixará. Construí uma
imagem muito influente ao casar com o maior bilionário que existe e ficou
fácil ter todos cedendo aos meus caprichos. Em torno de uma hora depois, o
Adrian retorna e me chama para entrar na sala de consulta. Na sala de
exame sou levada a um trocador e coloco o avental próprio.
— Deite-se na maca de exame, efetuaremos a inseminação. Esse
método que usarei em você não é o mais comum, mas como Leon está no
hospital sei que é impossível nesse momento fazerem o bebê naturalmente.

— Sim, Leon viaja muito e às vezes ficamos alguns dias longe um


do outro, por isso que expliquei a você que ele queria congelar o sêmen,
estava esperando que uma hora eu mudasse de ideia. Bom, esse momento
chegou. — Gesticulo sorrindo enquanto ele começa o procedimento.

Imaginar ser mãe faz todos os meus pelos do corpo se arrepiarem.


Odeio bebês, odeio crianças e me imaginar trocando fraldas me dá ânsia. A
sorte que possuo dinheiro e poderei ter no mínimo três babás para lidarem
com o bebê quando nascer. Adrian faz o procedimento totalmente indolor
de maneira firme e rápida. Quando termina, me sinto normal, troco de roupa
rapidamente e ao finalizar a consulta retiro o meu cartão de crédito da
bolsa.

— Bom, pode passar 100 mil a mais, é um agradecimento nosso por


você, Adrian, sempre nos atender tão bem. — Adrian sorri e entrega o
cartão a secretária.

— Obrigado Ava, pode acompanhar a moça até a recepção, ela


passará o seu cartão. Lembre-se de manter uma alimentação saudável e
daqui há 30 dias faremos um exame para verificar se tem uma gravidez. —
Assenti, seguindo a moça até o caixa.

A minha carta de garantia acaba de ser escrita, afinal, daqui a um


mês o bebê do Leon começará a crescer dentro de mim. Aquela vaca
golpista nunca terá o meu marido e muito menos usufruirá da riqueza dele.
Investigarei a vida dela e tornarei os seus dias um inferno. Todos a
conhecerão como a vagabunda que fica com homens casados. Despeço-me
do Adrian e sigo até o estacionamento para retornar ao hospital. Passarei os
próximos dias enrolando para dar o tempo certo de agir, Cornélia sempre
me amou e me tratou como uma filha. Aposto que ela ficará ao meu lado e
Leon será obrigado a esquecer aquela mulher.
— É o seguinte, amanhã você fará todos os exames novamente, se
os resultados permanecerem positivo vamos embora, filho, chega de
hospital. Você não tem nenhuma sequela, é um verdadeiro lutador. Está na
hora de arrumar a porra da sua vida.

Minha mãe me aconselha e diz que devo mudar minha vida e


ameaçar a Ava, usando dos mesmos argumentos que ela.

— Está falando sério? Não encherá minha cabeça sobre me cuidar e


tudo mais? — Indago, surpreso.

— Meu filho, você quase morreu. Para uma mãe presenciar o seu
único filho a beira da morte é algo inexplicável. Uma dor sem tamanho,
tudo que eu mais amo no mundo é você. Casei-me com seu pai e quando
você nasceu foi meu motivo de felicidade. O que eu mais quero nessa vida é
ver você feliz e não só dependente de dinheiro, de trabalhar para manter um
império. Sei que os objetivos dos casamentos arranjados são para perpetuar
o poder, mas isso não significa que deixarei você ficar casado sendo que
terá um filho com aquela moça. Quando me casei com o seu pai, sofri
muito, foi difícil, não nos conhecíamos, mas foi diferente, com o tempo
aprendemos a nos amar. Mesmo que para você apenas nos suportamos não
era verdade, eu o amei muito. Se em 10 anos de casamento você e a Ava
não conseguiram encontrar motivos para se amarem, jamais encontrarão.

— Ava sempre se importou somente com luxo e a riqueza. O


casamento é apenas no papel. Às vezes que nos obrigamos a tentar uma
relação foi impossível, juro que tentei, mas aquela mulher é uma parasita.
Farei os exames hoje mesmo, amanhã quero falar com a Cassandra.

— Por que a Cassandra chamou sua atenção? Ela é o oposto das


moças da alta sociedade!

— Mãe, a Cassandra não é uma mulher fútil. Não liga para nada
disso. Porém, é trabalhadora e possui um grande potencial de crescimento.
Ela possui a incrível capacidade de ser doce, determinada e dá valor as
pequenas coisas da vida, ao sentimento. Já tentei agradá-la, mas para ela
tentei “comprá-la”. A presenteei com um colar de diamantes e alguns
dólares e a mulher devolveu. Quando entendeu que é a minha forma de
demonstração de afeto é assim, acho que finalmente aceitou o meu presente.
Só voltei do limbo por ouvi-la me chamar e agora me sinto mal por achar
que ela pode pensar que a rejeitei. Dentro de mim, faria de tudo por ela,
mas, na prática, diante das mudanças eu travei. — Confesso, me sentindo
machucado por não ter a minha pequenina aqui comigo.

— Pare de reclamar e ficar chorando Leon Stanley, não criei um


filho frouxo, indeciso, com medo de arriscar na vida. Comanda que nem um
Líder na empresa e está ficando a mercê dos caprichos da sua esposa
mimada. Eu a suportava, a tratava como filha porque entendi que a amava.
Respeitei sua escolha altruísta, em aceitar o pedido do seu pai e cumprir o
acordo e formar uma família com ela. Porém, quando você sofreu esse
acidente Ava quase não esteve aqui, ficou na empresa, preocupada com o
dinheiro. Como uma mulher que dizia amá-lo poderia estar preocupada com
negócios ao invés de passar os minutos restantes com o marido no hospital?
— Minha mãe reclama, nervosa e começando a analisar todas as atitudes da
Ava.
— Vou encontrar algo para ameaçá-la e obrigar ela a assinar o
divórcio.

— Não espero menos que isso de você. Chamarei os médicos para


fazer os exames e então você sairá desse hospital para resolver tudo.

Passo o restante do dia realizando exames, quando a noite chega as


enfermeiras fazem as medicações e a equipe confirma que pelos resultados
não ficou nenhuma sequela. Passo a noite no hospital em observação e
decido que não ficarei preso a cama. Amanhã mesmo exigirei minha alta.

Quando amanhece minha mãe caminha até o armário e começa a


montar a minha mala.

— Você está ótimo, ande, levante-se, coloque o seu terno e vá atrás


da sua futura mulher. Já vimos que está ótimo, novinho em folha. A
Cassandra estava certíssima em deixar você. A garota estava aqui, sendo
humilhada, mas permaneceu ao seu lado, grávida, cheia de dúvidas e você
diz a ela que manterá a vida de merda que você tem. Eu batia nessa sua cara
linda. Está merecendo uma surra minha. — Minha mãe balança a palma da
mão no ar, como se eu ainda fosse uma criança rebelde.

Cornélia sempre foi uma mulher de fibra, carinhosa, porém sabia ser
decisiva nas horas certas. Nunca compartilhei sobre a minha vida e minhas
frustrações no casamento porque estava cumprindo com a minha obrigação.
Ela e meu pai casaram por contrato e mantiveram por anos um casamento
feliz. Achei que faria o mesmo e dizer a ela que fracassei era vergonhoso
demais. Contrariando os meus medos e me mostrando que ela se importa
com a minha felicidade, só me dá forças para correr atrás do que eu quero.
Darei um jeito de me separar da Ava e levarei a pequenina para morar
comigo! Ava me traiu muitas vezes e com o Rick nas minhas mãos posso
usar disso e conseguir as provas que preciso para ameaçá-la. Levanto-me e
vou agora mesmo buscar minha pequenina no apartamento dela e dizer que
a amo, ela será minha esposa, minha única mulher e amante.
CAPÍTULO 34
O voo foi tranquilo e procurei não pensar no Leon e nas palavras
que ele disse, mas era quase impossível. A todo o momento que fechava os
meus olhos algumas falas retornavam a minha mente e me faziam borbulhar
de angústia por dentro “Há mais de um mês eu saí da rota e entrei por um
caminho novo, mas preciso voltar. Preciso lidar com tudo isso”.

Fui apenas um percurso errado? Um atalho que ele pegou no meio


do caminho? A verdade é que ele gostava do meu corpo e não dá Cassandra
Werner, a garota simples, sonhadora e totalmente sentimental. Os alto-
falantes cessam os meus pensamentos torturantes e retorno para encarar a
realidade.

Alto-falante: Senhores passageiros, preparem-se que vamos pousar


em instantes.

Após fazer a conexão em Little Rock, finalmente estou no aeroporto


mais perto de Marfa. Quando o avião pousa, desço e sigo até à entrada
principal para pegar um táxi. Em minutos o motorista dirige até a minha
pequena cidade natal. O Sol está começando a raiar, Marfa, é texana e fica
no Extremo Oeste do estado do Texas. A população não ultrapassa 2.000
habitantes e serei a garota que foi para a cidade grande e voltou com o rabo
entre as pernas. A cidade é tão simples que a maioria das lojas fecha nas
segundas e terças-feiras e às vezes também aos domingos.

Conhecer todo mundo é o grande ponto negativo de crescer em um


lugar minúsculo, sempre estaremos cercados de rostos conhecidos. Meus
pais moraram aqui a vida toda e nunca se arriscaram em conhecer lugares
novos, ficavam apenas com a esperança de viajarem o mundo, no entanto,
faleceram antes mesmo de terem essa oportunidade. Se eles fossem à Nova
York, com toda certeza surtariam com os enormes prédios e as milhares de
pessoas.
Minha casa permaneceu fechada, pretendia vender antes de ir, mas
não consegui. Fiquei presa às memórias dos infinitos momentos que passei
ao lado deles durante toda a minha vida. O motorista entra nas ruas e
poucos minutos depois estou em frente ao meu refúgio de dor. Quando abro
a porta do carro e coloco os meus pés na calçada, uma onda de nostalgia
ocupa a minha mente.

Lembro-me do sorriso do meu pai, do cheiro da comida de minha


mãe carregada de especiarias e afeto. Respiro profundamente e agradeço o
taxista que entrega a mala e depois se despede. Paraliso diante da porta
buscando todas as minhas forças internas para abri-la. Destranco-a e ao
entrar o cheiro de recordações faz uma lágrima rolar em meu rosto.

Ir para outra cidade foi a minha válvula de escape para fugir da


minha dor. Voltar, só parece aflorá-la e me deixar entristecida. Essa é minha
primeira noite aqui e pareço ser encapsulada por uma enorme bolha de
sofrimento. A imagens por toda sala e com passos lento chego a estante
antiga pegando um dos porta-retratos em minhas mãos. Minha casa é
simples, a sala possui um sofá grande, móveis rústicos, as paredes são
amarelas trazendo as lembranças mais doces.

Antes que possa começar a sofrer, alguém bate suavemente na porta


indicando que tenho visita. Aposto que quando o táxi entrou na cidade a
informação de que cheguei já foi espalhada em todos os quatro cantos. Fico
receosa de verificar quem é, porém, não tenho escapatória. Abro a porta e
encontro a Giovanna Fletcher, ela era amiga dos meus pais e muitos dias
trabalhei em sua floricultura. Cresci em meio as suas flores e adquiri a
minha grande paixão pelas rosas graças a ela.

Ela é uma ruiva que possui 60 anos, estatura baixa, pele clara, olhos
cor de mel e está trajada com um vestido longo floral na cor azul-marinho.

— Cassandra, minha princesa, não acredito que estou vendo você


aqui, bem diante dos meus olhos. O que aconteceu? — declara a florista,
surpresa e agarrando o meu corpo para um abraço forte.
Ela está acompanhada do filho Cristhian, ele possui 22 anos, cabelos
ruivos, olhos cor de mel como os da mãe e tem em torno de 1,80 de altura.
Durante um período da nossa adolescência ele foi apaixonado por mim,
porém, sempre o vi apenas como um amigo.

— Voltei Vanna, a cidade de Nova York é incrível, mas não


consegui me adaptar muito bem. — justifico, tentando disfarçar.

Não posso deixar que ninguém saiba o que aconteceu comigo, as


pessoas são maldosas e poderiam nunca entender como me senti ao viver
um romance proibido com o Leon. Aos olhos das pessoas tudo gira em
torno de dinheiro e enganação. Poderiam espalhar informações falsas e pela
quantidade de habitantes da cidade, em 10 minutos todos saberiam.

— Fico feliz Cassandra em vê-la, achei que só te encontraria de


novo daqui muitos anos. — Supõe Cristhian se aproximando e beijando o
meu rosto.

— Não pretendo voltar à Nova York, não há nada mais naquela


cidade que desperte o meu interesse.
Termino de arrumar as minhas coisas e o médico contrariado
fornece a alta hospitalar.

— Leon, não deveria sair ainda. Mesmo os exames estando bom,


você ficou dias em coma. Tratamos sua concussão, aparentemente não
ficaram sequelas. O ideal seria ficar no mínimo 15 dias em observação. —
declara o médico preocupado e seguindo o protocolo.

— Desculpe Doutor sei que está orientando conforme o protocolo,


mas estou abrindo mão dessa observação. Assino sem problemas que quis a
minha própria alta com antecedência. — O médico assenti e poucos
minutos depois a enfermeira entrega a documentação da alta.

Assino todos os papéis, pego as receitas prescritas e abraço minha


mãe com carinho. Quando saio do hospital, Jonas me espera, feliz ao
constatar que estou bem. Entro no carro com uma sensação de alívio, ele
passa na farmácia e compra todas as medicações que precisarei tomar.

— Senhor Stanley, em alguns minutos estaremos na mansão.


— Jonas, por favor, leve-me agora mesmo até o prédio da Cassandra
Werner.

— Sim, senhor. — Jonas liga o carro e partimos pelas ruas da


cidade.

Após 10 minutos estou em frente ao edifício residencial que ela


mora. Estou a alguns metros de distância e ensaio na minha mente as
palavras certas para falar com ela. A verdade é que eu não sei o que dizer e
não acho que ela será muito receptiva. Poderia começar dizendo o quanto
ela mudou a minha forma de ver os relacionamentos ou então que aprendi a
ver as coisas simples da vida. Esfrego uma mão na outra aflito e passo pelo
hall de entrada principal e sigo direto para o elevador. Quando estou em
frente ao apartamento, paraliso e penso antes de bater na porta.

“Certo, vou começar confessando que sou um idiota e que o meu


pensamento nunca foi de deixá-la, mas que sim, naquele momento agi como
um covarde. Preciso dizer que toda vez que a vejo, parece que um buraco
se abre no meu peito, deixando o meu coração exposto, pronto para sofrer
as consequências. Não me achava capaz de dar o amor que ela queria,
porém, agora, tudo que quero é fazê-la feliz”.

Bato na porta inquieto, nervoso por encará-la frente a frente. Meu


coração acelera e parece que estive longe por um mês, mas é apenas a
agitação da situação que está me deixando afobado. Aguardo um minuto e
ninguém aparece, torno a bater novamente e mais uma vez tudo é
silencioso. Encosto o meu ouvido na madeira fria querendo ouvir se quer
um passo, uma voz baixa, mas não escuto nada.

Estaria a pequenina me castigando? Deixando-me plantado aqui fora


apenas para que eu implore por sua atenção? Insisto em chamar e fico
frustrado por não ter resposta. Sento-me no chão frio rente a parede e
esperarei até que a pequenina resolva me atender. Aguardo em torno de
duas horas. O tempo parece passar bem lentamente, tornando essa espera
dolorosa e amargurada. Lembro das palavras da minha mãe e fico me
culpando.

A cada 10 minutos torno a bater na porta e estou decidido a não sair


daqui. Tomei minha decisão e não desistirei até que ela me perdoe. Abaixo
minha cabeça e apoio ela nas pernas fechando os meus olhos. Ainda sinto
dor e o remédio começou a perder o efeito. Passo horas aqui, sentado. Sinto
dor, fome, frustração, mas seguirei firme em minha missão de receber o seu
perdão. O elevador abre e Genevieve olha-me surpresa e percebo que fiquei
o dia todo esperando.

— Leon? O que faz aqui? Não deveria estar no hospital? — Minha


secretária se aproxima desconfiada.

— Sim, deveria, mas preciso falar urgentemente com a Cassandra.


Estou há horas esperando-a abrir a porta, mas está me ignorando. Por favor,
Genevieve, preciso que fale com ela, diga para me dar uma chance e me
ouvir. Avise que sinto muito por magoá-la mais cedo. — A garota levanta a
mão fazendo sinal para que eu respire. — Estou com dor e nervoso, preciso
vê-la. — finalizo, esperando que ela me ajude.

— Entrarei, falarei com ela e aposto que ela entenderá. — Concordo


com a cabeça e a Genevieve entra no apartamento fechando a porta.

Após passarem mais cinco minutos torturantes, ela finalmente


aparece de novo com uma expressão deprimida. Uma compressão
avassaladora preenche o meu peito e minhas pernas parecem tensionar pelo
pior. Definitivamente, minha pequenina não quer me ver.

— Diga a Cassandra que ela pode não querer me ver agora, porém
não sairei daqui até que ela olhe nos meus olhos e me expulse. — garanto,
nervoso e disposto a tudo.

— Leon, não é isso. Ela não abriu a porta porque ela não está aqui!
— Justifica, triste.
Minha secretária pega um pedaço de papel e me entrega para que eu
leia o conteúdo escrito:

Encaro o papel por um longo tempo, até sentir uma lágrima molhar
o meu rosto. Essa é a primeira vez que sinto que perdi tudo. A pequenina
estava tão machucada que optou por partir. Sou o pior homem do mundo e a
minha covardia acaba de me lançar no fundo de um abismo escuro e
solitário.

Invado o apartamento e corro até o quarto dela. Abro todas as


gavetas verificando se ela realmente partiu. Não há nada, nenhuma peça de
roupa, apenas a caixa que entreguei um dia antes do acidente. Dentro está o
contrato, o colar e os dólares. Com raiva e revoltado comigo mesmo, soco
com força o espelho da penteadeira que se quebra em pedaços. Não posso
acreditar que perdi a única pessoa que eu amo. Que me mostrou o quanto
estive errado a vida toda.

Seguro a caixa em minhas mãos e me sento na cama. Genevieve me


deixa sozinho ao perceber minha destruição. Deito-me e aconchego minha
cabeça no travesseiro macio que exala o perfume único dos fios de cabelo
da minha pedra preciosa. Uma mistura de rosas e bombons, o melhor cheiro
do mundo. Inspiro atormentado e uma depressão recai sobre o meu corpo.
Como farei agora? Para onde a pequenina iria? São perguntas vazias e me
levanto indo atrás da Genevieve para verificar se ela sabe me responder.

— Genevieve, preciso que me diga, onde ela pode estar? Não ficarei
aqui, amargurado. Vou buscá-la do outro lado do mundo se for preciso. —
Ela me observa confusa e, ao mesmo tempo, pensativa.

— Acredito que ela tenha voltado para casa. Morávamos em uma


cidade no Extremo Oeste do Texas, se chama Marfa. Leon, se você gosta
mesmo dela, deixe-a em paz. Você não percebe que está machucando a
Cass? Minha melhor amiga perdeu os pais há pouco tempo, já sente um
grande vazio dentro dela. Veio para Nova York querendo recomeçar. Ela se
apaixonou por você e como pensa que ela se sente? Você a magoou, o que
estava esperando que acontecesse? Cass é uma garota sonhadora, tem
apenas 18 anos, sempre acreditou no amor e mesmo ela tentando fingir para
mim que era forte, eu sei que gradualmente estava sendo quebrada. —
Argumenta a Genevieve, enquanto se senta no sofá.

— Genevieve, sei que ama sua amiga, mas você não sabe o que
sinto por ela. Não entende as minhas frustrações, a minha vida. É fácil
quando se está de fora questionar os medos de alguém, entretanto,
sacrifiquei minha liberdade de escolha pelos negócios há 10 anos. Sou um
homem responsável, de palavra e é óbvio que nunca imaginei que iria me
apaixonar por alguém. A Cassandra não foi uma escolha, ela é o meu
destino. Sei que a machuquei e tentarei todos os dias reparar esse erro. Nada
do que você me diga mudará ou me impedirá de ir atrás dela e tentar trazê-
la de volta.
— Leon, se quer ficar com ela, não permita que a Ava a machuque.
Cass é como uma irmã e não deixarei aquela víbora prejudicar a minha
amiga. Trabalho com vocês tempo suficiente para saber que aquela mulher
é louca e capaz de qualquer coisa. — Minha secretária está certa, Ava é
calculista.

Não duvido que exatamente nesse momento ela deva estar tramando
algo. Porém, nada do que ela tente vai me impedirá de lutar e ir atrás da
pequenina.

— Compre agora mesmo uma passagem para Marfa, quero o


primeiro voo disponível. Passarei em casa apenas para tomar um banho e
não esqueça de me mandar pelo celular o horário de embarque.

— Claro, chefe. Comprarei agora mesmo e te mando todas as


informações. A cidade é pequena e reservarei um hotel para você. —
menciona Genevieve, pegando o celular e discando o número do aeroporto.

— Tudo bem! Por favor, não avise a ela que estou indo até Marfa,
não posso perdê-la! Acredito que ela pense que eu não faria isso, mas não
volto para Nova York até que ela venha comigo. — Declaro, convicto.
CAPÍTULO 35
Abandono o prédio da Genevieve e Jonas me leva até em casa.
Passo pela entrada já irritado por saber que encontrarei a Ava. Subo a
enorme escadaria e escuto sua voz aguda e insuportável ao telefone.

— Leon acha que conseguirá o divórcio, mas está muito enganado.


Já estou preparada e sei como mantê-lo preso a mim. — Bufo baixo,
indignado com a fala dela. — Estou entrando em contato com o maior
jornal de Nova York e eles publicarão uma notícia falando sobre a vaca
golpista! — Ava menciona alegre, enquanto posso ouvir sua risada
perversa.

Invado o quarto e a mulher trava, completamente chocada por me


ver e rapidamente desliga o celular. Ela tenta disfarçar e se ajeita com
nervosismo na cama. Seus olhos descem pelo meu corpo, como se não
acreditasse que estou de fato em sua frente.

— Leon? O que faz aqui? — Ela segura uma taça de champanhe e


está sentada na cama usando somente um roupão de banho.

— Essa é a minha casa, o que eu faria aqui? A propósito, essa


matéria que você quer publicar será barrada antes mesmo de entrar no ar. Já
comuniquei o Erick e ele impedirá qualquer veiculação não autorizada com
o nome da Cassandra! — declaro, sabendo que precisarei agir.

Ava balança a cabeça em desaprovação e vira o rosto como uma


criança mimada. Essas atitudes sempre me deixam enfurecido.

— Leon, eu amo você, quando irá perceber que me ama? Quando


for tarde demais? — Uma risada abafada escapa de mim para provocá-la.

— Impossível, cada dia torna-se mais evidente que não poderia te


amar. Você é maldosa, fútil, trama as coisas pelas minhas costas, só pensa
em dinheiro e vem me falar de amor? Se me amasse, como diz, por que não
estava no hospital? Ava, você se sente ameaçada pela Cassandra ter o meu
amor ou por ser minha futura esposa e em breve dona da minha fortuna? —
a minha afirmação a enfurece.

Com raiva, Ava atira a taça contra a parede. O líquido espumoso


escorre pela superfície e os cacos se espalham pelo chão. Ela se levanta
exasperada gesticulando constantemente as mãos no ar.

— Amor? Futura esposa? Isso é uma piada? Leon Stanley, se você


trouxer essa mulher para a nossa casa, eu lançarei essa golpista escada
abaixo e quando chegar aqui, a encontrará morta. — Fico perplexo com sua
declaração e me movo até ela, agarrando bruscamente o seu pescoço com as
minhas mãos.

— Se tocar em um fio de cabelo da Cassandra, a socialite Ava


Moore Stanley não terá mais reputação. Acha que só você pode me
ameaçar? Lembra-se das milhares de traições? Do meu pedido de discrição?
Adorarei mostrar a verdadeira megera que você é para a sociedade. Nunca
mais será convidada para os eventos de moda, para os maiores lançamentos
das marcas luxuosas. — Ava arregala os olhos puxando as minhas mãos em
agonia.

Solto-a de uma vez e seu semblante é choroso.

— Isso é agressão! — exclama com a voz suave.

— O tapa que acertou em meu rosto e o vaso de vidro que quebrou


em minha cabeça também foi agressão. Inclusive tenho o laudo médico e
posso provar o quanto está desequilibrada e precisa ser internada.

— Não se atreva, seu maldito. Odeio você. — protesta Ava tomada


pelo ódio.

— Agora, sim, você foi verdadeira, dizer que me amava estava


sendo ridículo. — Abandono ela no quarto e entro no banheiro.
Alivio o meu estresse tomando um banho rápido e quando termino
coloco um terno preto e uma gravata cor vinho. Preparo uma pequena mala
simples enquanto minha esposa analisa intrigada.

— Por que saiu do hospital, Leon? Aonde pensa que vai? Não se
atreva a sair de casa, não seja ridículo!

— Farei uma viagem rápida, em breve voltarei e me mudarei para


um dos meus apartamentos. No contrato de casamento nunca houve uma
cláusula que nos obrigasse a morar juntos. Não passarei mais nenhum dia
embaixo do mesmo teto que você, acho que 10 anos foi suficiente. Antes eu
não tinha um motivo para sair, estava conformado com a minha vida de
merda. Agora tenho mais de um motivo para querer recomeçar minha vida.
— Ava me fita tentando entender a minha fala.

— Como assim? Leon, por favor, repense, meu amor. Estamos


juntos há tanto tempo. Não jogue nosso relacionamento fora. Um
casamento em que estaremos com os corpos separados é torturante demais
para mim. — Ava suplica segurando o meu braço enquanto puxa a mala das
minhas mãos.

Desvio-me dos seus toques e saio do quarto seguindo em direção a


saída. Ela corre atrás de mim desesperada e desmancha-se em lágrimas.

— Leon, não me deixe, por favor, não faça nada que se arrependerá
depois. Prometo ser uma esposa melhor, eu amo você.

— Você não me ama, na verdade, ama o meu dinheiro e o status que


isso te oferece.

Saio pela enorme porta de madeira principal e Jonas me ajuda a


colocar a mala no carro. Ava se joga nos meus braços e tenta beijar a minha
boca. Seguro com firmeza o seu corpo e a afasto de mim. Não sinto nada
por essa mulher, as atitudes dela, a meu ver, são todas calculadas e estou
desapontado por precisar me manter casado com ela.
— Não se iluda Ava, não me venha com seus choros e com as suas
declarações baratas. Aproveite que estou fora e vá passear e gastar dinheiro,
é o que você mais gosta, certo? — A loira me olha ensandecida e entro no
carro para ir ao aeroporto.

O caminho é rápido e visualizo a mensagem que Genevieve me


mandou. Aproveito para enviar mensagens ao Erick pedindo que cuide de
tudo em relação ao nome da Cassandra, jamais deixarei que a Ava a
prejudique. Após passar pelos procedimentos padrões no aeroporto embarco
no avião.

Quando faço conexão em Little Rock, imediatamente me lembro do


momento em que esbarrei na pequenina. Não contava que aquele dia
mudaria completamente tudo na minha vida. Lembro-me do sorriso doce,
das nossas mãos se tocarem quando entreguei seu celular e principalmente
do seu cheiro quando estava com o corpo preso ao meu dentro do avião.

O restante da viagem é tranquilo e quanto mais perto do meu


destino, mais nervoso fico. Após desembarcar, o taxista me leva em direção
à cidade e me conta sobre os costumes locais. O céu está estrelado e a brisa
gelada que entra pelos vidros do carro entreaberto, deixando-me menos
aflito. Aproveito para tomar os meus remédios enquanto o motorista fala
empolgado.

— Hoje é o dia do Festival das Flores, eles exibem uma infinita


variedade de plantas por toda avenida principal. — revela o homem.

— Ótimo, conhecerei definitivamente! — respondo com a certeza


que a Cassandrinha estará lá, afinal, ela é apaixonada por flores.

O taxista estaciona em frente a um hotel chamado El Paisano[16], o


lugar é encantador e possui uma arquitetura histórica. As paredes são bege e
os pinheiros verdes imensos decoram a pequena entrada. Passo na recepção
e sou direcionado a uma das melhores suítes. A moça sorri e decido saber
mais sobre esse festival de hoje a noite.
— Que horas começa esse festival das flores?

— Já começou a meia-hora, senhor. — Avisa a atendente que possui


os cabelos encaracolados pretos, a pele é parda, o corpo magro e veste um
uniforme simples cor vinho.

— Deixarei as minhas coisas e após um banho poderia apontar a


direção? Preciso achar uma pessoa!

— Claro, senhor. Estarei na recepção!


Após a visita da Giovanna e do Cristhian finalmente fiquei livre
para desfazer a minha mala. A cada roupa que dobrava sentia uma lágrima
deslizar pelo meu rosto. Retornar para casa desencadeia o meu sofrimento e
mais uma vez sou dominada pela solidão. Talvez, sejam os hormônios da
gravidez aflorados que me deixaram sensível. Paro diante do espelho e
acaricio minha barriga com as mãos enquanto me olho nua. Não há nenhum
sinal de saliência que indique uma gravidez e sei que conseguirei esconder
por no máximo uns dois meses.

— Oi, meu bebezinho, sei que está sentindo falta do seu pai, eu
também sinto. Às vezes quando sou tomada pelas memórias me lembro dos
olhos verdes vibrantes, dos lábios carnudos e tentadores e da voz que me
arrepiava toda. Não fique triste, você tem a mamãe e jamais te abandonarei,
você é a minha vida agora.

O meu bebê ainda é uma pequena sementinha de indecência, mas a


cada dia estou mais conectada com esse amor crescente dentro de mim.
Olho para as minhas roupas e estou em dúvidas em qual escolher. Hoje é o
Festival das Flores e todo ano esse era o meu evento favorito.
Seguro em minhas mãos um vestido curto, a cor é vermelha com
pequenas flores brancas e decido usá-lo. O tecido da peça é malha e o
caimento é perfeito no meu corpo, demonstrando bem as minhas curvas.
Solto meus cabelos longos e abro um sorriso tentando me convencer de que
estou feliz. Escuto um barulho na porta e rapidamente coloco minhas botas
brancas para atender. Ao abri-la encontro o Cristhian parado vestindo uma
jaqueta de couro marrom. Ele sorri sem jeito enquanto coloca as mãos nos
bolsos da calça jeans, nervoso.

— Boa noite! Cass! Não te convidei para o festival, mas resolvi


passar aqui e perguntar se gostaria de ter uma companhia.

— Claro, será ótimo. Pegarei minha bolsa, só um minuto. — Ele


concorda com a cabeça enquanto volto rapidamente ao meu quarto para
pegar os meus pertences.

Seguimos andando pelas ruas enquanto admiro as estrelas. O céu


hoje apresenta uma coloração azul egípcio, está repleto de estrelas que
cintilam intensamente enquanto a leve brisa toca o meu rosto trazendo uma
onda de saudade. Cristhian de soslaio me analisa e acerto um tapa carinhoso
no braço dele.

— O que foi Cristhian? — indago, captando que ele deseja me dizer


algo.

— Por que voltou Cass? A Genevieve está em Nova York e nunca


quis retornar, achei que vocês fossem morar juntas. O que aconteceu de
verdade? — Respiro profundamente desconcertada e sei que ele espera uma
resposta verdadeira, porém precisarei ocultar os fatos.

— Achei a cidade grande demais, sabe? Não estava conseguindo me


adaptar a agitação, tudo lá funciona 24 horas, me sentia em constante
movimento. — Articulo, envergonhada pela desculpa ridícula.
Todos na cidade irão me questionar em busca do real motivo para o
meu retorno e preciso pensar para qual cidade irei daqui dois meses.
Necessito de um lugar distante, com uma população considerável, afinal,
não quero virar o assunto principal das pessoas. Cristhian não diz nada
sobre a minha resposta, talvez ele tenha percebido que tocar nesse assunto
me incomoda.

Chegamos à avenida principal e meus olhos brilham ao ver a rua


repleta de barracas com infinitas opções de flores coloridas. Caminho entre
elas fascinada, com o coração aquecido pelo aroma único. O lugar, as
flores, as estrelas brilhantes no céu, a brisa noturna, tudo isso faz parte de
um cenário perfeito, porém, sinto-me triste, com uma dor insistente que
parece perfurar o meu peito.

— Olha essas rosas que lindas. — Cristhian sorri ao tirar uma do


cesto de palha e me oferecer.

Levo-a ao nariz, inspirando o cheiro suave e levemente doce. As


flores fornecem ao ambiente um cheiro único de natureza. Esse festival
sempre foi o meu favorito porque ao andar em meio a tantas plantas tenho a
sensação de estar adentrando o paraíso. Vários rostos conhecidos passam
por mim e me cumprimentam com um sorriso. Alguns adotam expressões
de surpresa e outros ficam impassíveis.

Meu coração acelera quando seguro as flores, e o cheiro que invade


o meu olfato é conhecido. Fico atordoada, porque posso jurar que é o
perfume do Leon. Aquele homem possui uma essência poderosa que
arrebatava todos os meus sentidos. Sempre que estava ao seu lado ficava
possuída pelos sentimentos proibidos. Não era só o perfume afrodisíaco,
mas os toques firmes também deixavam o meu corpo completamente
estremecido.

Vasculho perturbada as pessoas ao meu redor sendo consumida pela


dor e a saudades que me corrói inteira. Estaria minha mente alucinando?
Buscando de todas as formas trazer uma lembrança do indecente? Meus
olhos piscam sem parar e minha respiração parece travar com a imagem que
vejo. Leon Stanley está em um terno preto impecável, os olhos verdes estão
vibrantes e fixos aos meus. O poderoso se aproxima de mim lentamente até
estar a um centímetro do meu corpo. Minha boca se abre em surpresa e
perco minhas falas que saem totalmente desconexas.

— Não, eu… tem, espero, não, mas, Leon… é você mesmo?

Leon arqueia a sobrancelha e seus dedos insolentes tocam os meus


lábios suavemente enquanto lança um olhar desafiador. Sua voz grave e
sedutora profere apenas uma frase que me deixa com as pernas
absurdamente enfraquecidas.

— Minha pequenina, encontrei você, vim te buscar, você é minha e


nunca mais ficará longe de mim.
CAPÍTULO 36
Leon está aqui, diante de mim, com os dedos tocando os meus
lábios e com um olhar profundo e desafiador. Minhas pernas ameaçam
ceder com sua fala.

— Leon? É você mesmo? — pergunto em completo choque.

— Sim, sou eu mesmo, pequenina. Você me deixou completamente


desesperado ao partir de uma vez. Por que fez isso? Por que não me avisou?
— questiona segurando o meu queixo com carinho.

Desvio o meu olhar tímida, não esperava vê-lo aqui, deveria estar no
hospital. Analiso as pessoas ao meu redor e algumas estão paradas
esperando a minha reação. Cristhian nos encara em silêncio e me afasto
fugindo para longe. Os dois me seguem pelo caminho e quando estamos
longe do festival, Leon encara o Cristhian furioso.

— O que você quer, cara? Está perdido por acaso? — Cristhian se


fixa ao meu lado e passa o braço direito ao redor dos meus ombros,
abraçando o meu corpo.

— Não estou perdido, estou com a Cassandra, quem é você? Por


que tocou no rosto dela? — indaga o meu amigo, nervoso.

— Por acaso devo explicações a você? Poderia nos dar licença?


Quem é esse cara, Cassandra? Preciso falar com você.

— Ele é o meu namorado! — falo sem pensar. — Aliás, meu noivo!


— Leon abre os braços, gira 360 graus atordoado e coloca as mãos na
cintura perplexo.

— Que porra de noivo? O quê? — Meu amigo surpreende ao


confirmar minha fala.
— Sim, Cassandra, foi passar um tempo em Nova York, agora
voltou, precisava espairecer um pouco, perder os pais, não foi fácil.
Estávamos namorando, mas assim que nos vimos, a pedi em casamento!

Leon leva a mão a barba nervoso enquanto me encara sério.

— Isso é uma piada? Não estou achando graça. Por que não contou?
— enfatiza, com incerteza.

— Você não perguntou, Leonzinho! — Os olhos verdes esmeraldas


se escurecem enquanto bufa baixo e passa as duas mãos nos cabelos
jogando-os para trás. — Como se sente sabendo que menti? É ruim, não é?
O que aconteceu entre nós, não significou nada!

— Por que você faz isso comigo, pequenina? Por que me castiga
assim? Eu errei, fui um idiota, eu sei. — Cristhian pigarreia confuso e o
agradeço por se preocupar.

— Obrigada por ficar, está tudo bem, pode ir. — Ele fica em dúvida
entre nos dar privacidade ou permanecer ao meu lado, então passo a mão
com carinho em seu braço forte indicando que está tudo bem!

Leon rosna enciumado andando em círculos.

— Vou conversar com ele, pode aproveitar o festival!

— Tem certeza Cass?

— Sim, Leon é um idiota, mas não é abusivo. — Cristhian assenti e


me abraça com carinho antes de se afastar.

Leon fica com um semblante fechado e com raiva me envolve em


seus braços musculosos.

— Quem é esse cara? Não gostei dele! Fala que você é só minha!
Que está apenas me castigando… — menciona prensando o meu corpo ao
dele com força enquanto roça os lábios nos meus.

— Leon, ele é apenas um amigo, me solte, vá embora. Você fez sua


escolha e eu respeitei, agora me deixe em paz. Não estou noiva, era apenas
para que sentisse como é ser a segunda opção. — Furioso ele segura o meu
rosto e mordisca minha boca.

— Pequenina, você nunca foi a segunda opção. É simplesmente a


única que existe! Eu não escolheria outra mulher, outro rosto, outra boca,
outro coração. Amo você pequenina, como nunca imaginei ser capaz de
amar. — Leon ignora minhas reclamações e roça o nariz carinhosamente no
meu pescoço, causando um arrepio único por toda minha espinha. — Estou
aqui porque a minha escolha é você. — Inclino o meu rosto surpresa para
olhá-lo.

— O que você disse? — Sinto minhas bochechas queimarem.

— Eu disse que te amo e a minha escolha é você. Fui um covarde


em te dizer aquilo, eu confesso. Porém, assim que você saiu, constatei que
estava jogando meus próprios sentimentos no lixo. Não foi só você que se
apaixonou por mim, pequenina… eu… estou completamente apaixonado
por você desde quando a prensei contra a parede no meu escritório. — Sinto
as milhares de borboletas no meu estômago, juntamente com as batidas
descompassadas do meu coração.

Um sorriso se forma nos meus lábios e sou uma boba por me render
tão facilmente a esse homem. Desde o momento que o vi no meio da
multidão se aproximando de mim, o meu desejo era de pular em seus
braços. Como eu poderia renegá-lo? Racionalizo esses sentimentos
bagunçados e me lembro da Ava.

— Você está casado, Leon, não posso fazer mais isso. Ficaríamos
juntos durante o dia e como seria durante a noite? Você dormiria com a Ava
na mesma cama? Isso jamais funcionaria para mim. — concluo triste, me
afastando e caminhando pelas ruas.
— Não posso mentir para você! Ava não quer me dar o divórcio e
como assinamos um contrato de casamento vitalício, preciso encontrar uma
maneira de fazê-la aceitar! Pensarei em algo para pressioná-la, entretanto,
nunca houve uma cláusula que me obrigasse a morar com ela. Quando
retornar não dividiremos mais a mesma casa. — declara com convicção, e
não sei o que dizer, as palavras parecem se perder em minha mente.

O silêncio paira entre nós por longos minutos, enquanto apenas nos
movemos pelas ruas, sentindo a brisa gelada da noite. Leon espera
pacientemente até que eu esteja pronta, para falar.

— Onde morará agora? — pergunto, brevemente.

— No apartamento secreto. Ava não conhece o lugar e mesmo que


descubra onde fica não terá acesso ao prédio, sou o proprietário. — declara
me puxando. — Espere!
Quando entrei na avenida repleta de flores, eu só conseguia pensar
que a pequenina deveria estar se sentindo no paraíso. Antes de conhecê-la
nunca reparei muito nas infinitas variedades de plantas que existem.
Caminhei entre as pessoas que escolhiam seus arranjos distraídos. Quando o
meu olhar encontrou aquela pequena criatura, foi o suficiente para desejá-la
incondicionalmente.

Vê-la entre as flores sempre me passa a sensação de estar admirando


um anjo. Com doçura, ela levava uma rosa-vermelha ao rosto para sentir o
perfume. Quando seu olhar encontrou o meu fiquei nervoso e mesmo
sentindo medo me aproximei confiante. Não podia vacilar, ela precisava
que eu estivesse seguro das minhas escolhas e não tenho mais nenhuma
dúvida de que a amo. Após contar meus planos de mudar para o
apartamento novo, chamo sua atenção.

— Espere! — Ela imediatamente para e olha para a minha mão que


segura a dela com carinho.
Cassandra, sem jeito, se afasta e cruza os braços enquanto parece
evitar encarar o meu rosto. Como farei para tê-la de volta? Como dizer a ela
que quero formar uma família sendo que estou impedido de dar o primeiro
passo? Esfrego o meu rosto nervoso e com raiva sento no meio fio da
calçada. Não sei como chamá-la para morar comigo, sendo que ainda estou
casado! Isso não mudaria o fato dela se sentir uma amante e não é isso que
eu quero.

— Pequenina, queria te chamar para morar comigo, mas sei que


recusará. — Minha pedra preciosa balança a cabeça assentindo que estou
certo.

— Não vou me prestar mais a esse papel, não morarei com você e
nem ficaremos mais até que esteja livre Leon.

— Pequenina, não me deixe ficar longe do meu filho. Sempre quis


ter um herdeiro, sonhei a vida toda com isso. Não tire o meu direito de
acompanhar o crescimento e o nascimento do nosso bebê. — desabafo,
entristecido, só de imaginar essa possibilidade fico com mais raiva da
minha vida.

— Não quero que perca nenhum momento, sei que você será um pai
maravilhoso. — Cassandra senta ao meu lado passando a mão na lateral do
meu rosto.

A minha vontade é de agarrá-la, prendê-la a mim e devorar sua boca


carnuda. Respiro profundamente tentando conter esse desejo que começa a
me deixar ansioso. Ver essa mulher na minha frente me enche de tesão, de
paixão e queria puxar os seus cabelos, abrir suas pernas longas e explorá-la
com os meus dedos. Só de lembrar da textura da sua boceta meu pau
endurece.

— Volte comigo para Nova York, não sairei daqui sem você.

— O quê? Ficou louco?


— Sim, porra, estou louco de saudades. Quero cuidar de você. Não
faça isso comigo.

Seguro seu rosto entre as minhas mãos e uma ideia louca surge na
minha mente. Ela jamais me aceitará até que resolva minha situação com a
Ava, mas também não quero perder a primeira consulta e nem o primeiro
chute do bebê.

— Tenho uma proposta para você! — A pequenina estreita os olhos


me encarando seriamente.

— Que tipo de proposta? Não aceitarei safadezas! — Acaricio as


maçãs do seu rosto e minha vontade é de mordê-la.

— Não vou te pedir para ser minha amante e nem para manter um
relacionamento comigo enquanto ainda estou casado com a Ava, porém,
quero que esteja perto para que eu possa acompanhar você durante toda a
gravidez. Como morarei no apartamento secreto, quero que fique no
apartamento ao lado. Prometo não cruzar a linha, você não precisa nem me
ver se não quiser.

— Leon Stanley, está me propondo ser sua vizinha? — questiona a


pequenina sorrindo.

— Sim, não aceito não como resposta, me recuso a ver meu filho
uma vez por ano. Você sabe que tenho uma vida cheia de reuniões e com a
distância acabaria não aproveitando os momentos importantes.

Minha pedra preciosa vira o rosto admirando a avenida já vazia ao


nosso redor. Ela fecha os olhos sentindo a brisa passar pelo seu corpo. O
vento traz até mim o seu cheiro doce destruindo minha paz. Ela leva a mão
no rosto acoplando uma mecha dos cabelos atrás da orelha e depois
concorda com a cabeça.

— Tudo bem, não quero ser uma mãe que afasto o filho do pai. Se
você deseja estar presente, eu farei isso, porém, se eu for humilhada, se a
Ava aparecer na minha porta ou você simplesmente cruzar a linha que nos
separa, vou embora sem olhar para trás de novo.

Ouvir que ela concorda me deixa extasiado de emoção, agarro sua


cintura fina e a puxo para sentar em meu colo. Sei que já estou cruzando a
maldita linha, mas seguro o seu rosto e a beijo. Preciso sentir os seus lábios,
o seu gosto e essa chama ardente que nos envolve toda vez que estamos
juntos. A pequenina permite que a minha língua saboreia a dela lentamente
enquanto aperto os meus braços no seu corpo pequeno, louco de tesão.

Quando nossas bocas se afastam a seguro firme me permitindo


apenas senti-la perto de mim de novo. É como se uma grande dor tivesse
sido tirada do meu peito e mesmo que nossos termos ainda seja estarmos
separados, só de poder olhá-la já me sinto afortunado.

— Fiquei emocionado, me perdoe. — justifico e a pequenina


suavemente desliza seus dedos macios no meu rosto.

— Leon, eu amo e odeio você na mesma proporção. — Ela encosta


os lábios delicadamente nos meus e a essa altura meu corpo todo está louco
para tomá-la com força.

— Eu também amo você. — Minhas palavras a fazem chorar e a


seguro em meu colo protegendo seu corpo.

Não importa a nossa situação e nem o lugar, tudo que quero é cuidar
dessa pequena criatura que agora é a minha vida.

— Vamos embora, onde fica sua casa? Pegaremos suas malas e


voltaremos hoje mesmo.

— Tudo bem! — ela concorda, porém, ficamos mais meia-hora em


silêncio apenas sentindo nossos corpos um no outro.

Não sei como irei me segurar para não agarrá-la, mas preciso ser
forte para não perdê-la de novo. Seguimos até sua casa, o lugar é simples e
extremamente apertado. Minha rosa perfumada mostra a fotos dos pais, me
conta um pouco sobre a cidade e a cada palavra que ela fala admiro seus
lábios rosados. Quando ela começa a ficar entristecida, corta o assunto.

— Farei algo para comermos. — avisa sorrindo.

— Claro, terminarei de ver o álbum de família. — ela concorda


entrando no cômodo ao lado.

Passo as fotos e observo a semelhança da Cassandra com a mãe.


Rosana possuía os cabelos castanhos longos, os olhos esverdeados, rosto
fino, sorriso doce, corpo magro e estatura mediana. Foi do pai, Alonso que
a pequenina adquiriu os olhos azuis. Ele era um homem alto, cabelos
castanhos claros e o corpo forte. Perder quem amamos nunca será fácil de
superar.

Encontro uma foto em que eles estão em meio a um jardim repleto


de rosas-brancas e junto a um pequeno pedaço de papel. Desamasso e
encontro os dizeres: ”Lista de Desejo dos Werner’s — 1 (Um chalé com um
pomar de rosas), 2 (Viagem ao Egito), 3 (Casar Cassandra no Navio em
meio ao oceano), 4 (Construir o berço dos nossos netos)”. Abro um sorriso,
imaginando o momento em que escreveram isso, dobro o pequeno papel e
coloco em minha carteira junto a foto deles no jardim.

Escuto barulhos de panelas e decido ir até a cozinha ajudá-la. Sento-


me à mesa para assisti-la. A pequenina usa um vestido vermelho curto e a
cada vasilha que pega na parte alta do armário me deixa com a visão da
polpa de sua bunda. Aperto o meu pau duro nas calças tentando não deixá-
la ver o quanto a queria nesse momento. O próximo voo só sai às 7h da
manhã, então precisaremos pernoitar em Marfa. Levanto-me da mesa e ela
paralisa surpresa.

— O que houve?

— Voltarei para o hotel, deixarei você descansar. — imediatamente


a pequenina segura o meu pulso e me olha tímida.
— Preciso ir, não posso te tocar e estou louco de tesão. Não
conseguirei ficar tão perto de você. — Os seus olhos azuis amendoados
recaem no volume da minha calça e suas bochechas ficam inteiramente
ruborizadas de vergonha.

Inesperadamente suas mãos pequenas rastejam pelos meus braços. O


toque é sutil, provocativo e percorre os meus bíceps, o meu abdômen e
continua descendo por um caminho de fogo até o zíper da minha calça.
Poderia pará-la, lembrá-la sobre a maldita linha, mas apenas abro minha
boca soltando uma respiração pesada ao sentir seus dedos macios
adentrarem miga cueca e tocarem a pele sensível do meu pau duro.

A safada me provoca puxando-o para fora enquanto desliza o


polegar no meu pré-gozo brilhante, fazendo movimentos circulares na
cabecinha parruda. Ofego baixo, louco e aflito ao sentir sua mão pequena e
macia deslizar por todo o meu comprimento ereto.

— Pequenina, está ateando gasolina ao fogo, não vou me segurar.

— Leon, para conseguirmos ficar longe um do outro nos próximos


dias precisamos disso, eu preciso de você. — A confissão dela me faz
despertar e envolvo minha mão esquerda em seu pescoço, lançando-a com
força contra a parede mais próxima.

Ela geme com a minha brutalidade e morde os lábios me instigando.


Passo a mão direita em suas pernas, explorando sua pele delicada, subindo
lentamente até empurrar sua calcinha para o lado. Com sensualidade e
pausadamente deslizo os dedos ao redor do seu clitóris excitado. Sua boceta
está quentinha e molhada de desejo. Ela ofega de maneira sexy, ao passo
que sinto seu quadril se mover junto ao meu toque.

— Pequenina, hoje essa boceta será castigada a noite toda. Você


gritará o meu nome enquanto eu te fodo com força.
CAPÍTULO 37
A pequenina acaba de me fazer perder o pouco de controle que eu
tinha. A mão macia e minúscula segura o meu pau deslizando apertada ao
redor dele, ofego baixo completamente tenso. Meus dedos circulam a sua
entrada molhada e ela entreabre os lábios soltando um gemido sedutor que
me deixa louco. Comprimo seu pescoço com a minha outra mão enquanto
mordo seus lábios carnudos. Tomada pela excitação, ela abre um pouco
mais as pernas para sentir os meus dedos invadi-la. Circulo o seu botão
rosado bem devagar e vejo suas pernas estremecerem.

— Ah, Leon, isso, adoro quando você me toca assim. — declara


minha pequenina, com a voz mansa e convidativa.

Aumento progressivamente os movimentos safados e ela


instintivamente aperta o meu pau. Seus gemidos intensos me deixam com o
prazer aguçado e me afasto para envolver sua cintura e a sentar sobre a
mesa da cozinha. Arranco seu vestidinho vermelho e admiro o seu corpo
delineado e cheio de curvas. Olhar para ela faz todas as minhas células
vibrarem. Um sentimento inexplicável que derruba as minhas barreiras e
controla os meus sentidos.

Ela se deita na mesa remexendo o corpo e arreganhando bem as


pernas com libertinagem e provocação. Aproximo-me e deslizo minhas
mãos pela região do seu pescoço, descendo suavemente até os seus mamilos
rosados e enrijecidos. Admiro sua área proibida que reluz, deixando-me
salivando. Ajoelho-me e abocanho sua fruta proibida com exaltação. Estava
faminto de desejo e ansioso para sentir o seu sabor único e exclusivo de
novo.

Com a língua exploro e penetro a sua boceta e início os movimentos


intensos, a enchendo de prazer. A pequenina segura os meus cabelos e
pressiona para que eu aumente a estimulação e as sucções. Suas pernas
ficam trêmulas e seus gemidos constantes. Levo os dedos ao seu núcleo e
fricciono enquanto minha língua molhada a castiga. Sinto pelo toque
quando ele se dilata ficando sensível e avermelhado, pronto para se entregar
a sensação de euforia. Cassandra solta um grito sensual e suas pernas se
movimentam em agonia liberando o seu bálsamo em minha boca. Devoro
seu sabor e quando ela está enlouquecida mordo sua área proibida com
carinho. Após derreter-se para mim, bruscamente se levanta e tenta me
empurrar contra a parede.

— Minha vez de te fazer carinho. — sussurra minha pequenina


atrevida, com a voz maliciosa e o olhar perverso.

Lentamente ela fica de joelhos mordendo os próprios lábios


sensualmente enquanto segura o meu pau com força. Passo as mãos nos
seus cabelos castanhos formando um rabo no topo de sua cabeça, pronto
para assistir sua boquinha safada me engolir. Como resistiria a esses olhos
suplicantes e dilatados de desejo? Como frear esses lábios rosados que se
aproximam lentamente do meu cacete? Impossível. Sou completamente
dela e ela é completamente minha.

Com suavidade ela passa a língua por toda a cabecinha parruda


encaixando-a em sua boca molhada enquanto suga gradativamente. Seus
olhos se fixam aos meus, me deixando ainda mais duro e excitado. Sua boca
atrevida engole o meu pau até que ele atinja sua garganta e um grunhido
aflito escapa de mim. É absurdamente gostoso sentir seus lábios me
castigarem. Com gulodice, a pequenina começa a devorá-lo engolindo com
rapidez e força.

Estremeço com a sensação explosiva que corrói o meu peito. Aperto


os seus cabelos com força e pressiono sua cabeça para enfiar mais fundo. A
sem-vergonha abre mais a boca e me incentiva a estocar em sua garganta,
me deixando a ponto de explodir. Suas mãos pequenas e macias sobem
pelas minhas pernas e acariciam minhas bolas e meu corpo todo é tomado
pela tensão e o prazer. Minhas pernas ficam rígidas, minha respiração tranca
e com força exploro sua boca picante pronto para despejar meu líquido
quente em sua língua molhada.
— A pequenina, você me enlouquece! — ela pisca os olhos e geme
alto, me deixando ensandecido.

Acerto um tapa gostoso em seu rosto e tiro o meu cacete pulsante da


sua boca, batendo com força nas suas bochechas rosadas. A safada tenta
capturá-lo com os lábios enquanto me masturba com rapidez fazendo jorrar
meu bálsamo em seu rosto. Ela suga a cabecinha tomando o restante do
líquido enquanto meu corpo explode em prazer. Quando termino de gozar,
seguro seu pulso e a levanto do chão. Limpo o seu rosto com um pequeno
guardanapo de papel.

— Minha safadinha, me leve até o seu quarto, vamos foder gostoso.

A pequenina segura minha mão e me conduz até o seu quarto.


Passamos pela porta e a agarro por trás, esfregando meu quadril contra a
sua bunda. Seguro em seus seios deliciosos que cabem na palma da minha
mão. Apalpo com carinho sentindo os mamilos durinhos roçarem entre os
meus dedos. A pequenina roça em meu pau, louca pelos meus toques. Essa
mulher faz todos os meus poros arrepiarem em prazer. Com força a jogo na
cama de quatro e estapeio sua bunda arrebitada. Ela grita a cada tapa
ardente e inclina ainda mais o corpo, me deixando com a visão da sua
boceta apertada. Deslizo a mão pelas suas pernas longas e apalpo sua bunda
sentindo seus músculos avantajados. Posiciono meu pau na sua abertura e
sem dó estoco profundamente invadindo sua área proibida.

É insanamente perturbador o quanto o meu corpo atinge o nível


máximo de excitação quando estou preenchendo o seu corpo pequeno.
Nosso encaixe é perfeito e juntos nos movemos em sincronia. Ela desliza
suavemente a parte da frente do corpo enquanto abre um pouco mais as
pernas, me deixando com a visão do meu pau a castigando gostoso. A
minha pedra preciosa rebola a bunda ativando meu instinto animal e pego
com força seu quadril e a tomo com brutalidade. Puxo seus cabelos com
grosseria e ela grita com o meu jeito indelicado de tê-la. Suas mãos apertam
os lençóis e seus gemidos dominam o quarto. Ela se afasta de mim e com
sensualidade me chama para deitar na cama.
— Vem meu indecente…

Sigo sua voz carinhosa, enfeitiçado e me sento na cama já desejando


preenchê-la de novo. A atrevida pula sobre mim e encaixa seu quadril no
meu colo. Ela beija os meus lábios e eleva a bunda para que eu introduza
meu pau em sua entrada molhada. Minhas mãos sobem pelas suas costas e
seus lábios devoram os meus em um beijo intenso e gostoso. Sua língua
saboreia a minha enquanto começa a cavalgar loucamente. Abraço o seu
corpo e somos dominados pelo desejo indecente que nos une em sincronia.
Quando estamos loucos de desejo nos entregamos ao prazer e meu bálsamo
a preenche por dentro. Caímos na cama de lado e a mantenho presa no meu
corpo. Sua voz sai baixa e ela tenta captar o ar cansada.

— Isso não vai se repetir. — declara a pequenina sorrindo.

— É óbvio que não. Só me lembre, quantas vezes mentimos sobre


isso?

— Incontáveis vezes. — confessa aproximando os lábios dos meus


para um beijo apaixonado.

Nossas línguas se movimentam para cima e para baixo em uma


dança erótica suave, aumentando absurdamente a nossa paixão ardente.
Uma onda de calafrio sobe pelo meu corpo e estar ao lado dela só aumenta
a minha receptividade sexual, como se precisássemos um do outro. Ficamos
abraçados entre beijos e caricias até que sem perceber adormecemos com o
calor dos nossos corpos.
Amanhece e acordo presa nos braços do Leon. O corpo dele está
atrás do meu e seu pau duro dentro de mim. Seu peitoral largo cobre todo o
meu corpo e me sinto protegida. Suas mãos grandes e abrasadoras seguram
os meus seios enquanto seus dedos estimulam os meus mamilos já
enrijecidos pela tentação. Carinhosamente ele se movimenta para dentro de
mim enquanto beija o tempo todo a minha pele. Um sorriso bobo escapa
dos meus lábios e com carinho ele deposita beijos calorosos no meu
pescoço. Leon é vulcânico, fogoso, seus toques são repletos de paixão e
toma o meu corpo com carinho e sedução.

Antes de estar em sua presença estava decidida do que eu queria,


porém, ele chegou revirando tudo. Seus dedos passam nos meus lábios e os
chupo com safadeza. Quando estão bem úmidos, ele desce até o meu núcleo
e o esfrega ardentemente. Fazemos amor com carinho e antes que o relógio
apite às 06h30, tomamos um banho quente. Após nos trocarmos arrumo a
minha mala e a colocamos no carro do taxista. Passamos no hotel para
pegar os pertences e a bagagem do Leon e pouco tempo depois estamos
dentro do avião voltando para Nova York. Assim que nosso momento de
paixão terminou, voltamos a nos tratar como dois adultos sem um
relacionamento. Leon toma seus medicamentos, fala com sua funcionária e
pede para arrumarem o meu novo apartamento. A tal linha voltou a entrar
em vigor e conversamos sobre assuntos aleatórios até o avião pousar na big
apple.

Jonas nos espera na entrada do aeroporto e durante o caminho ligo


para Genevieve avisando que morarei em um prédio novo. Quando termino
a ligação, admiro a cidade até que a voz grossa do indecente fale comigo.

— Posso arrumar um apartamento para a Genevieve perto da


empresa. Ela não precisa mais ficar pagando aluguel.

— Está querendo ajudá-la porque ela é minha amiga? — indago,


curiosa.

Leon fica sem graça e assenti virando o rosto para olhar a cidade.
Não sei quantos prédios ele possui, mas demonstra ser dono de uma fortuna
muito estimada.

— Quero ajudar as pessoas que você ama. Dinheiro não me falta.


Faria qualquer coisa para te ver feliz. — confessa Leon desconcertado.

Coloco minha mão com carinho sobre a dele.

— Sim, falarei com ela! Muito obrigada Leon, esse gesto significa
muito para mim. — Ele sorri concordando e o motorista estaciona no
prédio.

— Jonas, por favor, mande uma empresa de mudanças trazer minhas


roupas e meus pertences da mansão! — Ordena o poderoso abrindo a porta
do carro.

— Sim, Senhor! Amanhã mesmo eles já deixarão tudo arrumado.

— Comunique a eles para comprarem roupas novas para a


Cassandra! — completa Leon.

— Para mim? — questiono, surpresa.

— Sim, você precisará de roupas confortáveis, afinal sua barriga


ficará enorme! Vejo você sempre com vestidos, mas em breve não servirão
mais e precisará de roupas novas.

— Não precisa se preocupar, ainda faltam alguns meses para


crescer. — menciono, abrindo a porta e saindo do carro.

Leon ordena assim mesmo que Jonas compre as roupas e decido


deixá-lo demonstrar esse gesto de carinho. Nunca fui uma garota que
recebia presentes. Meus pais eram tranquilos e sempre que queria algo fazia
alguns bicos na floricultura e comprava. Sempre fui uma garota reservada e
essa coisa de extravagância nunca foi minha praia. Ver o Leon tentando
cuidar de mim e sempre me oferecendo presentes caros não me parecia algo
aceitável. As pessoas normalmente não ficam dando colares de diamantes e
dólares de gorjeta. Hoje entendo, que é a forma do indecente demostrar que
se importa. Subimos até o último andar e ao descer do elevador Leon
aponta para uma porta que fica do lado aposto ao apartamento dele.

— Bom, estarei desse lado e você do outro. Poderemos nos ver da


área externa. Uma divisória de vidro separa nossas varandas. O
apartamento é seu, fique à vontade. Qualquer coisa pode me ligar ou entrar,
a porta estará sempre aberta. — Confirmo, com um balançar de cabeça, não
quero me exceder, precisamos fazer isso funcionar para que ele não perca
nenhum momento da gravidez.

Entro no meu apartamento novo. O lugar é imenso, a sala é ampla e


se parece muito com o apartamento dele, afinal, tudo é separado por vidro.
Mesmo sabendo que esse cantinho será meu, a sensação de vazio se apodera
de mim. Começo a retirar minhas roupas e fico somente com as peças
íntimas. Caminho pelo lugar conhecendo cada canto. O quarto é espaçoso,
possui as paredes claras e os móveis são no tom natural da madeira. A
cozinha é em conceito aberto e consigo avistar o céu lá fora através das
enormes janelas de vidro. As bancadas são de porcelanato branco e os
armários de cozinha em tom azul-turquesa. Saio na área externa e admiro o
Leon afrouxando sua gravata e abrindo o terno elegante. Ele abaixa o zíper
da calça e enfia a mão dentro da cueca, expondo seu órgão excitado.

“Droga, como ficarei vendo esse homem com aquele monumento


impressionante sabendo que somos loucos um pelo outro?”
CAPÍTULO 38
Passo a tarde toda me familiarizando com o local. Ao final do dia
tomo um banho longo e gostoso. Escolho um pijama confortável e me deito
na cama para falar com a Genevieve. Decido ligar para explicar tudo que
aconteceu. Fiquei abalada, triste e esqueci de respondê-la. No primeiro
toque ela atende possuída de raiva.

— Cassandra Werner, como você desaparece assim? Ficou de enviar


uma explicação e nada. A sorte que o seu algoz é meu chefe e me mantém
informada de cada passo dele.

— Amiga, me perdoe, fiquei devastada e sabe, quando me sinto


assim acabo me fechando completamente.

— Leon foi legal com você? Ou precisarei pedir demissão? Jamais


trabalharei para o homem que machucou minha amiga. — Minha amiga
funga sentida e acalmo o coração dela.

— Não precisa pedir demissão, ele finalmente deixou a teimosia de


lado e assumiu que me ama. Não se preocupe, não estamos juntos.
Esperaremos o divórcio, mas não consigo evitar beijá-lo algumas vezes.

— Cass, estarei aqui rezando por vocês. Leon realmente te ama, o


problema é que ele é casado com uma louca que não aceita perder o posto
de primeira dama. Ele resolverá tudo isso, tenho certeza!

— Leon pediu para avisar que não precisará mais pagar aluguel,
pode ficar no prédio mais próximo da empresa. Ele quer o melhor para as
pessoas que eu amo. Você sempre será a minha irmã mais velha.

— Sério? Isso é incrível! Meu Deus, o prédio mais próximo é muito


chic. Independente disso, eu amo você. Qualquer coisa me ligue
imediatamente, no final de semana visitarei você.
— Tudo bem, enviarei o endereço por mensagem. Descanse agora,
apenas queria avisar que estou bem!

— Agradecerei ao Leon quando vê-lo. Cuide-se amiga, não esqueça


de se alimentar e de descansar. Caso fique triste me ligue. Sempre
cuidaremos uma da outra! Boa noite!

— Boa noite, me cuidarei, fique tranquila. Amo você.

Desligo a ligação feliz por constatar que minha amiga entende meus
sentimentos e me apoia. Com o coração mais calmo vou até à cozinha para
preparar algo para o jantar. Em pensamento me questiono se o Leon
preparou sua própria refeição, afinal, ele não sabe cozinhar.

“Será que deveria ajudá-lo? Talvez ele até coloque fogo no


apartamento tentando preparar algo”.

Aproximo-me da porta que dá acesso à área externa e o vejo apenas


de roupão de banho esparramado no sofá tomando um vinho direto na
garrafa. Afasto-me da porta para que ele não me veja e encaro a cozinha
pensativa.

“Como vou morar ao lado dele, se o tempo todo, quero ver o que
ele está fazendo?”.

Leon parece saber que estou pensando nele porque nesse momento
meu celular toca com uma mensagem sua.

“Leon Stanley: Pequenina, se precisar que peça algo para você


comer, é só me avisar”.
“Cassandra Werner: Você já jantou?”.
“Leon Stanley: Sim, meu jantar é o vinho que estou degustando
nesse momento! Amanhã cedo você tem uma consulta. Genevieve agendou
de última hora e me avisou agora pouco. Precisamos ver como está o bebê”.
“Cassandra Werner: Claro, com os últimos acontecimentos não fui
ao médico ainda”.
“Leon Stanley: Ótimo, vamos ao Adrian Pérez. Ele é um amigo e
extremamente profissional. Não compartilhará sobre o bebê com ninguém.
Fique pronta às 9 horas, deixei o dia livre para te acompanhar”.
“Cassandra Werner: Tudo bem, ficarei pronta antes do horário para
não atrasarmos! Poderia jantar comigo? Não quero comer sozinha”.
“Leon Stanley: Claro que posso, em 5 minutos estarei aí”.
“Cassandra Werner: Combinado”.

Demora apenas alguns minutos até que uma batida suave ecoe
através da porta de madeira e me aproximo para abri-la. Leon sorri
descendo os olhos por todo o meu corpo. Ele está sem camisa, exibindo os
músculos torneados e um abdômen perfeito que ativa de imediato as minhas
fantasias proibidas. Ele usa uma bermuda curta que deixa à mostra as coxas
exuberantes.
A minha pedra preciosa abre a porta e é incontestavelmente
impossível não admirar o seu corpo. Ela usa uma camisola em ceda fina
transparente, na cor branca, marcando terrivelmente seu corpo adorável e
gostoso. Seus cabelos estão soltos, volumosos e vê-la assim, natural, faz-me
delirar em pensamentos impuros e indecentes. As maçãs do seu rosto
tornam-se ruborizadas e o timbre suave e meigo de sua voz desperta dentro
de mim um desejo efêmero de beijá-la.

— Entre Leonzinho… — arqueio minha sobrancelha surpresa pela


forma diminutiva que me chama.

— O que deseja comer pequenina? — pergunto enquanto passo pela


porta e paro em sua frente.

— Quero um steak com purê de batatas! Algo comum. Eu mesma


preparo, só não queria ficar sozinha! — confessa acanhada.

— Não entendo muito de comida, mas purê e carne faço tranquilo.


Cuido disso! — Beijo com carinho o topo de sua cabeça e sigo em direção à
cozinha. — Sente-se, pegue um suco e assista o seu homem preparando a
refeição. Deixarei o meu filho bem alimentado! — finalizo, abrindo a
geladeira para pegar os ingredientes.

Cassandra pega uma pequena taça de suco e senta para me assistir.


Analiso satisfeito todos os ingredientes, afinal, ordenei que não faltasse
nada no apartamento. Retiro a carne, separo os temperos e as batatas. Pego
uma tábua de madeira e com força lanço o filé em cima dela. Acerto um
tapa forte para amaciá-lo enquanto abro um sorriso safado para a
pequenina. Ela arqueia a sobrancelha e passa a mão direita nas mechas do
cabelo, compreendendo o meu olhar malicioso.

Queria era estar estapeando sua bunda gostosa e pelo sorriso sedutor
em seu rosto com certeza se lembrou disso. Espalho as especiarias na
superfície e depois coloco no forno para assar. Cozinho as batatas e quando
estão prontas preparo o purê com manteiga e creme de leite. A pequenina
inspira o cheiro e vejo seus olhos brilharem ansiosos para provar o jantar.

— Nossa, esse cheiro está incrível. É uma mistura de alho, orégano


e tomilho! Estou salivando.

— Espero que o sabor esteja tão bom quanto o cheiro! — confesso.

Nunca fui muito de cozinhar, em casa tínhamos cozinheiras. Retiro


um prato de porcelana do armário e deposito um pedaço do bife e uma
quantidade boa de purê. Levo até a mesa e ela apressadamente segura o
garfo e prova um pedaço. Admiro sua satisfação e um gemido baixo escapa
de seus lábios enquanto fecha os olhos degustando. Percebo que amo
incondicionalmente essa mulher. A sua delicadeza, o seu jeito doce de
segurar os talheres, a entrega total em sentir cada detalhe intensamente me
fazem querer viver os meus dias ao seu lado.

— Está perfeito, o sabor está divino. Parabéns, por favor, se sirva


também, não me deixe comer sozinha. — suplica fazendo um beicinho
choroso.
Como poderia negar qualquer coisa que ela me pedisse? Impossível.
Provavelmente se me mandasse pular de um avião sem paraquedas também
faria. Levanto, me sirvo e juntos jantamos tranquilamente. Esses momentos
simples como cozinhar, conversar durante as refeições são situações que
nunca vivenciei durante os anos em que estive casado com Ava.

Quando sentávamos à mesa para comer, ela sempre falava sobre


outras pessoas da sociedade, sobre dinheiro, enquanto a pequenina apenas
fala sobre os sabores do prato e compartilha algumas memórias da infância.
Sei que não convém comparar relacionamentos, entretanto, estar perto de
alguém que realmente gosto me mostrou que até os pequenos instantes
podem ser inesquecíveis e aproveitados ao máximo. Assim que terminamos
caminho até a porta e ela me acompanha.

— Bom descanso, amanhã nos encontramos para ir à consulta. —


lembro envolvendo seu corpo pequeno enquanto aproveito para sentir seu
cheiro doce.

Roço meu nariz em seu pescoço e fecho os meus olhos aproveitando


a sensação de felicidade que o seu perfume estimula em meu peito.

— Obrigada por preparar o jantar, por permanecer aqui e conversar


comigo. Desde que meus pais faleceram é difícil ficar sozinha, porque
minha dor parece irradiar e se tornar insuportável. — confessa com uma
fisionomia tristonha.

Beijo sua bochecha e acaricio os seus cabelos castanhos com ternura


tentando tirar sua tristeza. Odeio não estar livre para permanecer ao seu
lado, em seus lençóis, apenas gozando de sua companhia.

— Formaremos nossa família muito em breve! Prometo que tudo


vai se resolver e não precisaremos ficar separados. — Ela assenti,
afundando o rosto em meu peito adoravelmente.

Retorno ao meu apartamento triste por não tê-la comigo. Preciso de


qualquer informação comprometedora da Ava para conseguir chantageá-la
e, com isso ter o meu divórcio assinado.
CAPÍTULO 39
Leon voltou para o apartamento dele e me deito na cama triste e
pensativa. Como faço para mudar o que sinto? Leon conseguirá se separar
daquela mulher? E se ele não conseguir? Uma hora desistiremos de esperar?
Por que o amor precisa ser tão complicado e acontecer quando menos
imaginamos? Meu coração começa a perder a fé enquanto nossa paixão
cada dia aumenta explosivamente. Luto contra o medo que me domina e
tento adormecer para não estar cansada na consulta de amanhã. Pela
primeira vez verei o meu bebê e preciso estar bem. Após passar horas
revirando e orando para que algo bom aconteça e nos ajude, finalmente
adormeço.

Amanhece e me arrumo para ir ao tal médico que o Leon falou.


Escolho um vestido rosa curto. Ele possui alguns detalhes em brilho o deixa
a peça elegante. Quando estou pronta encontro o Leon no corredor. Ele
veste um terno preto, camisa social branca e uma gravata azul-marinho que
deixa o homem provocante e sexy. Ele apoia a mão em minhas costas
enquanto me conduz ao elevador, deixando meu corpo todo excitado com
seu toque. Jonas nos espera e em poucos minutos estamos seguindo para o
consultório do médico que fica no centro da cidade. O prédio é luxuoso e o
hall principal é todo em quartzo branco, deixando o ambiente deslumbrante.
As luminárias são todas douradas e o lugar é repleto de lustres da cor ouro
que torna a Clínica Saúde da Mulher referência em luxo e competência. O
lugar é considerado perfeito para as mulheres ricas de Nova York. Nunca
estive antes em um lugar de alta referência. Aproximamos do balcão
almofadado e a recepcionista sorri perguntando o meu horário.

— Bom dia, qual foi o horário marcado? — A moça é simpática e


sorri o tempo todo, Leon responde sua pergunta enquanto sua mão acaricia
minha cintura.

— Minha secretária marcou às 9 horas, é no nome de Cassandra


Werner.

— Ah, sim, encontrei, realizarei o cadastro e preciso dos seus


dados! — Prontamente faço a ficha de consulta, ao finalizar aguardamos na
sala de espera.

O ambiente é agradável e quando nos sentamos Leon segura minha


mão parecendo nervoso por esse momento. Pouco tempo depois a moça
chama o meu nome e seguimos até a sala do médico. O homem aparenta ter
50 anos, é alto e muito bonito fisicamente. Ele olha surpreso para o Leon e
depois segue o olhar até o meu rosto confuso.

— Leon, bom dia! O que faz aqui? — indaga o médico nervoso,


passando a mão nos cabelos.

— Estou acompanhando a Cassandra, só confio em você como


médico na cidade que possa manter sigilo sobre isso. — O homem encara o
Leon parecendo perdido.

— Claro, o que aconteceu?

— Bom, a Cassandra é minha… — Leon trava na fala e muda o


assunto, sem saber bem o que dizer. — Estamos esperando um bebê e a
trouxe para que você verifique como está sua saúde e também para
acompanharmos o desenvolvimento da gestação. — O médico concorda,
mas pelo conflito que vejo em seu olhar está receoso.

O médico atordoado estuda o meu rosto e decido explicar nossa


relação.

— Bom Dr. Adrian, acabamos nos descuidando e fiquei grávida do


Leon. Não estamos juntos, estamos aguardando que ele se divorcie da Ava.
— aviso, para amenizar o semblante incompreensível que ele demonstra.
— O que você disse? Divórcio? O que está acontecendo, Leon? Não
estou entendendo! — Questiona o médico se sentando atrás da mesa e nos
indicando para sentar nas poltronas.

Leon encara o doutor apreensivo. O médico bate os dedos na mesa


esperando nossa explicação e a impressão que tenho é que está preocupado
por outra situação que talvez eu desconheça.

— Adrian, eu e a Ava estamos passando por um momento difícil no


nosso casamento. Infelizmente é insustentável manter uma relação que não
tem mais futuro. Você sabe muito bem que ela não é uma pessoa fácil de
lidar, além disso, é extremamente calculista e desequilibrada. Não agi certo
me envolvendo com outra mulher estando casado, porém, você é um dos
únicos que sabe que temos um casamento por contrato e infelizmente isso
me impede de nos divorciamos, afinal, Ava se recusa a assinar os papéis.

Dr. Adrian presta atenção em cada palavra. Ele leva as mãos à


cabeça como se estivesse se punindo por algo, porém fica em silêncio
pensativo.

— Certo, proponho começarmos a consulta e ao final gostaria muito


de conversar com você Leon. — O indecente concorda com o pedido com
um balançar de cabeça.

Ele pega as fichas de consulta e começa as perguntas sobre a


gestação.

— Cassandra, há quanto tempo a sua menstruação está atrasada? —


questiona o médico.

— Doutor, acredito que esteja com dois meses de atraso.


Provavelmente engravidei assim que cheguei à cidade, mas estava triste e
aconteceram tantas coisas que descuidei. Realizei o teste de farmácia há um
mês e deu positivo.
— Está sentindo enjoo?

— Um pouco, no primeiro mês senti mais.

— Além dos enjoos, está sentindo mais alguma coisa?

— Fora isso, estou me sentindo muito bem.

— Precisaremos fazer uma ultrassonografia para determinarmos o


tamanho do feto, o desenvolvimento e os batimentos cardíacos.

— Tudo bem, Dr. Adrian.

— Cassandra, por favor, sente-se na maca de exame para


começarmos. — concordo, seguindo até o equipamento que fica no lado
esquerdo da sala.

Deito o meu corpo cuidadosamente e Leon me acompanha ficando


ao meu lado. Ele segura minha mão com carinho e o médico se aproxima,
estendendo um pequeno lençol fino por cima das minhas pernas para
levantar o meu vestido. Exponho a minha barriga e começo a sentir o
nervosismo por imaginar ver o meu pequeno bebezinho na tela da televisão.
Dr. Adrian pega em suas mãos um gel e o transdutor para começar o
exame.

Meu coração acelera quando cuidadosamente ele desliza o aparelho


na minha pele. A imagem começa a se formar e minhas mãos ficam geladas
pela emoção. É impossível explicar em palavras como me sinto ao constatar
a sementinha de indecência começando a se desenvolver dentro de mim.
Engravidar do Leon nunca esteve nos meus pensamentos, não que eu não
desejasse ser mãe, só não esperava esse acontecimento tão cedo em minha
vida. Imaginar-me cuidando de outra vida me assustava. O Dr. Adrian sorri
quando vê o pequeno feto aparecer na tela.

— Muito bem, estou visualizando o bebê. Vou medi-lo para verificar


o desenvolvimento.
Leon se aproxima do meu rosto e deposita um beijo suave nas
minhas bochechas coradas. Com a voz rouca e grave, ele sussurra em meu
ouvido.

— Veremos agora o nosso pequeno momento de amor. Amo você,


estou nervoso e ansioso para ouvir o coração do nosso primeiro filho.

Suas palavras me enchem de emoção e imediatamente seguro o


rosto dele entre as minhas mãos depositando um selinho em seus lábios. O
médico fica em completo silêncio apenas nos observando enquanto mede o
feto com atenção.

— Muito bem, o desenvolvimento está perfeito, ele está no tamanho


adequado para o tempo de gestação, em breve começará a crescer mais
rápido e você notará que a sua barriga ficará cada vez maior. Ouviremos os
batimentos agora.

O som do pequeno coração começa a ecoar por toda a sala de


maneira forte e descompassada. Meu peito vibra em euforia ao ouvir
batidas tão intensas. Meus olhos ficam marejados e Leon beija minha mão
com carinho. Qual seria o som do amor? Definitivamente, o coração do
nosso bebê ecoando em nossos ouvidos acaba de se tornar essa resposta! O
Dr. Adrian termina o exame e nos chama para sentar novamente à mesa.

Enxugo as lágrimas de felicidade que insistem em cair dos meus


olhos e me sento novamente na poltrona para conversarmos. Desde que os
meus pais morreram a minha vida tomou um rumo completamente
diferente, de uma garota simples do interior vim parar na cidade de Nova
York e conheci durante o caminho o Leon Stanley. Nunca entendi por que
as pessoas diziam que fariam qualquer por amor, hoje compreendo que o
amor é capaz de dominar todos os nossos pensamentos, todos os nossos
sentidos, controlar os nossos desejos e nos tirar a paz e, ao mesmo tempo,
devolvê-la.
O Leon senta na poltrona ao meu lado ainda um pouco atordoado e
perdido após o exame. Nunca imaginei que esse momento fosse mexer
tanto com ele, porém o homem permanece em silêncio encarando um ponto
específico na parede branca. O médico anota nas fichas as marcações das
semanas e o resultado do exame e escreve no receituário as vitaminas que
precisarei tomar. Ao final da consulta ele me tranquiliza quanto a saúde do
bebê.

— Cassandra, você é uma garota nova, seu corpo está perfeitamente


saudável, a sua gestação será muito tranquila. Aproveite os momentos para
conversar com o bebê, esse período passa muito rápido e quando você
menos esperar, ele estará em seus braços.

— Obrigada Doutor, aproveitarei, sim, os pequenos momentos e


demonstrei ao bebê que mesmo ele não sendo planejado, será muito amado
por nós dois.

— Espero vocês daqui a um mês para realizarem uma nova consulta


e um novo exame de ultrassom. — orienta, sorrindo.

— Tudo bem, muito obrigada, um ótimo dia. — agradeço feliz.

Levanto-me da poltrona e Leon com carinho beija o meu rosto e


sussurra em meu ouvido.

— Vou conversar com o Adrian, te encontro daqui a pouco.

— Tudo bem! Estarei esperando na recepção! — Saio pela porta e


sigo até a sala da recepção.

“O que o Dr. Adrian deseja contar ao Leon? Por que sinto que isso
pode ter algo a ver com a Ava Morre?”.
CAPÍTULO 40
A pequenina sai da sala me deixando a sós com o Adrian. O
conheço há exatamente sete anos, sempre foi um grande amigo da Ava e
acabou se tornando um confidente. Com a correria dos dias não
conseguimos manter tanto contato, entretanto, nossa amizade sempre se
manteve estável. Sei que a Ava é paciente dele, mas o Adrian sempre
manteve o sigilo médico. Sento-me na poltrona e ele me encara parecendo
nervoso.

— O que houve, Adrian? — questiono, preocupado.

— Leon, o que tenho para falar com você é algo um tanto alarmante,
é um ponto totalmente crítico que me fez questionar a minha conduta. —
Adrian me fita sério, me deixando receoso.

— Porra, diga de uma vez. — esbravejo perdendo a minha


paciência. — Desde que cheguei aqui estou notando que você quer me dizer
algo, então fala porra. — Finalizo enfurecido, sabendo que não gostarei do
que ele tem a dizer.

— Ava esteve aqui há alguns meses com um pequeno tubete de


vidro contendo o seu esperma. Ela me disse que você queria fazer uma
vitrificação[17]. No início eu disse precisar da sua assinatura, porém, foi
persuasiva.

— Que porra é essa que você está me falando. Como você congela o
meu sêmen sem a minha autorização?

— Leon, vocês estão casados há tantos anos, trabalham juntos, não


imaginei que Ava seria capaz de mentir com algo tão sério.

— Aquela mulher é fria, calculista, capaz de tudo por dinheiro.


Ordeno que destrua todas as amostras que ela deixou congelada. — ordeno
nervoso e me levantando da poltrona.
— Leon, ela esteve aqui essa semana me pedindo para inseminá-la.
Ava disse que você estava internado no hospital em estado grave e que
havia ficado devastado por não ter um herdeiro para assumir a empresa. Eu
acreditei, eu sempre soube o quanto você ansiava por um filho, para manter
o nome da família. Acreditei na Ava e fiz a inseminação nela. Porém, você
aparecer aqui hoje com uma mulher grávida me deixou perturbado.

— Preciso que você me dê as filmagens da Ava aqui no consultório,


tanto no dia que ela veio trazer o sêmen, quanto no dia da inseminação. —
Adrian concorda, se aproxima do notebook e abrindo as câmeras de
segurança.

— O que fará com essas filmagens Leon?

— Ava, não quer me dar o divórcio. Ela sabe que o nosso


casamento acabou, porém, se recusa a se separar. Não posso mais
permanecer casado com essa mulher, eu não a amo. Em breve o meu filho
irá nascer e será o meu futuro herdeiro, amo a Cassandra e farei dela minha
esposa.

— Leon, a chance da Ava ficar grávida não é muito grande, mas


pode acontecer. Ela é uma mulher saudável e seus óvulos estão perfeitos.

Imaginar essa possibilidade faz os meus músculos tencionarem.


Como falarei para a pequenina que a Ava pode estar grávida de mim? O
que farei nesse momento e como lidarei com essa gravidez? Neste instante,
tudo parece desmoronar. Adrian separa as filmagens e coloca em um
pendrive me entregando.

— Aqui está Leon, vou pedir apenas que você tome cuidado para
não perdê-las. O que a Ava fez é um crime, ela pode ser presa por isso.

Guardo o dispositivo no bolso do meu terno e vou até à recepção


encontrar a pequenina. Ela se levanta assim que me vê e juntos seguimos
até o estacionamento. Quando entramos no carro, ela segura minha mão
percebendo que estou inquieto.

— Está tudo bem, Leon? Você parece um pouco apreensivo! O que


o Adrian queria com você?

A minha pedra preciosa quer saber como estou, é difícil esconder o


que sinto estando tão furioso. O que a Ava fez está longe de ser algo
normal. Provavelmente ela sofra de algum transtorno psicológico para ser
capaz de praticar um ato inaceitável como esse. Não sei como contar para
pequenina um absurdo desse nível, sem deixá-la atordoada. Ava engravidar
de mim pelas minhas costas denota uma grande frieza e capacidade de
ultrapassar qualquer barreira do bom senso.

— Adrian me confessou que fez algo imprudente. — declaro,


sucintamente.

— Isso tem algo a ver com a Ava? — questiona, aflita.

— Sim, infelizmente, mas não se preocupe pequenininha, resolverei


isso.

— Leon, se precisar da minha ajuda para alguma coisa, estarei aqui.


Você sabe que pode sempre contar comigo, o meu maior desejo é que
possamos ter uma relação aberta, para conversarmos sem medo. Seja qual
for o problema pode dizer. — Concordo querendo dizer tudo para ela,
porém, não estragarei o nosso momento emocionante de minutos atrás com
essa revelação revoltante, ignoro isso e com carinho abraço o seu corpo e
beijo os seus lábios.

— Precisarei passar na empresa, tenho uma reunião às 14h, surgiu


de última hora e tenho que resolver um pequeno imprevisto, mas não se
preocupe, logo estarei de volta e se desejar poderemos jantar juntos hoje.
Aceita jantar comigo, minha rosa delicada?
— Claro, adorarei jantar com você de novo. — menciona a
pequenina, com um sorriso meigo.

— Ótimo, combinado, jantaremos às 19 horas. Irei até o seu


apartamento. — Ela me abraça e a sensação de tê-la aqui diminui os meus
medos.

Ordeno ao Jonas que nos leve ao apartamento para deixarmos a


Cassandra. Quando estamos em frente ao prédio me despeço dela com um
beijo carinhoso. Após deixá-la seguimos para a empresa e em poucos
minutos estou atravessando o hall principal. Sigo até o andar administrativo
e Genevieve sorri ao me ver.

— Achei que estaria de folga hoje!

— Preciso fazer uma ligação, achei melhor vir até a empresa.


Estarei no meu escritório. Qualquer coisa pode interfonar.

— Claro, chefe!

Fecho a porta e me desmancho na poltrona. Passo as mãos no meu


rosto pensando em como lidar com a Ava nesse momento. Se ela ficar
grávida terei que dividir a guarda da criança e tenho medo de como se
comportaria. Nunca exige que ela fosse mãe porque notava que não tinha o
mínimo desejo e nem paciência para cuidar de uma criança. Por mais que
tenhamos dinheiro para contratar babás, isso particularmente nunca me
agradou. Achei que com o passar dos anos ela amadureceria essa ideia. Ava
ainda é nova e não teríamos problemas para gerar um filho.

Precisarei esperar antes de agir, não posso atacá-la sem ter certeza se
o procedimento dará certo. O tempo necessário é trinta dias e com raiva
serei obrigado a adiar a possibilidade de finalmente ficar com a Cassandra.
Enquanto os dias passam reunirei as provas que preciso, afinal, de nada me
adiantaria enviá-la para a cadeia se não assinasse os benditos papéis ou se
estiver realmente esperando um filho. Se isso acontecesse, provavelmente
ela diria a todos que apenas queria ser mãe e como ainda somos casados,
muitos acreditariam em suas mentiras.

“Preciso de informações comprometedoras, que firam a sua


reputação ao ponto de sanar toda a credibilidade que ela possui. Dessa
maneira, ninguém mais acreditaria em nenhuma palavra sua”.

Pego o meu celular e ligo para o Rick Muzy, mesmo odiando esse
cara com todas as minhas forças ele está envolvido com ela e pode me
fornecer informações suficientes para derrubá-la.

— Boa tarde Leon, se está me ligando é porque algo aconteceu!

— Quero falar com você urgentemente na empresa. Essa pode ser a


oportunidade de continuar sendo o meu parceiro de negócios. Não faça eu
me arrepender dessa decisão. Esteja aqui em dez minutos.

— Claro, você sabe que nossas empresas foram parceiras por anos e
que dependo das suas negociações para continuar lucrando. Farei o que for
preciso para continuar nossa parceria.

— Ótimo, seja rápido e não se atrase.

Desligo a ligação sabendo que o Rick nesse momento é um mal


necessário. Jamais o aceitarei como parceiro de novo depois do que ele fez,
porém, preciso que me dê as informações necessárias para intimidar a Ava
Moore. Após muito pensar e não encontrar outra saída sou interrompido
pela Genevieve.

— Leon, Rick Muzy está aguardando você para uma reunião.

— Obrigado Genevieve, vou atendê-lo.

Ava aparece na porta nos interrompendo e invade a sala. Genevieve


imediatamente nos deixa sozinhos. Minha esposa senta elegantemente na
poltrona, com as pernas cruzadas e está usando um vestido preto minúsculo.
O semblante é carrancudo e ela estreita os olhos na minha direção. Odeio o
fato de encontrá-la aqui e ter que lidar com ela justamente agora.

— O que Rick Muzy faz aqui? Achei que você tinha dito que ele
não fazia mais parte dos negócios. — questiona curiosa.

— Ele está aqui porque ainda temos negócios a tratar. Você sabe
muito bem que existem os contratos que já foram assinados e precisamos
dar um destino digno para eles. Simplesmente veio para responder aos
clientes e garantir o cumprimento dos contratos.

— Gostaria de saber onde está morando. Não deveria ter vindo a


empresa trabalhar! Não pode se esforçar tanto! — Ava se levanta e caminha
em minha direção.

— Estou ótimo e morando em um apartamento no centro da cidade,


afinal, eu precisarei estar aqui na empresa quase o dia todo. — Ela analisa
minha resposta e com as mãos toca minha perna e em seguida começa a
levantar o vestido mostrando sua calcinha de renda vermelha.

— Engraçado Leon, andei pesquisando e não encontrei você nos


prédios residenciais que possui. — reclama enquanto tenta me provocar
com o seu corpo.

— Ava, eu saí de casa, não quero ser encontrado, você sabe que o
nosso casamento acabou e, além disso, não quero você batendo na minha
porta. Por favor, abaixe esse vestido, não tenho nenhum desejo pelo seu
corpo. — Furiosa, ela se afasta de mim e arruma sua roupa.

— Ainda sou sua esposa Leon Stanley, não se esqueça disso. Não
desistirei do nosso casamento, fique ciente. Não fiquei dez anos casada para
me separar agora. Você sabe que eu te amo e não desistirei de nós dois. —
Ava bate os saltos com força no chão, voltando para a sala dela.

Não revelei que sei tudo sobre a possível gravidez porque preciso
agir na hora certa. Ela ainda baterá de frente comigo e preciso de
argumentos para contê-la. Respiro aliviado e interfono para Genevieve
mandar o Rick entrar na sala.

— Genevieve, peça para o Rick entrar na minha sala, por favor. —


Ela concorda e depois de alguns segundos ele aparece.

O idiota passa pela porta e se senta na poltrona a minha frente


preocupado. A minha vontade é de quebrar a cara dele, porém me contenho.

— Leon, por favor, não me deixe fora da empresa. Você sabe que os
negócios que faço com você são os mais lucrativos e importantes para a
minha carreira. Se os meus clientes souberem que não estamos mais
trabalhando juntos, provavelmente perderei uma grande leva de contratos.

— Rick, para sua sorte, estou disposto a te dar uma nova chance,
porém, você precisará ser honesto comigo. — declaro com convicção.

— O que você quer de mim, Leon? — indaga o filho da puta.

— É o seguinte, estou tentando conseguir o divórcio com a Ava,


porém, ela está relutante e ameaçando não assinar os papéis. Preciso de
informações cruciais que a façam ser obrigada a aceitar o acordo que quero
propor.

— Você está falando sério?

— Sim, se me ajudar e entregar o que preciso, você voltará a fazer


parte dos meus negócios e não perderá automaticamente seus lucros altos.
Você sabe o quanto a aprovação da minha empresa melhorou as suas
avaliações nos últimos anos. Você pode perder toda fortuna que já
conseguiu ou mantê-la se fizer o que estou mandando. — Justifico,
deixando ele sem alternativas a não ser aceitar a minha proposta.

— Ava não é uma mulher que esquece as coisas Leon, saiba que
assim que você chantageá-la, em um primeiro momento ela pode até
concordar, no entanto, atacará. Ela sempre foi uma mulher calculista e que
não gosta de perder. Chantageei a Cassandra porque ela me pediu. —
declara Rick, receoso.

Ele está tentando jogar toda a culpa na Ava, achando que sou um
idiota. Jamais esquecerei que ele tocou no corpo da pequenina, que a fez
trabalhar para ele e que planejava obrigá-la assinar o contrato perdendo
tudo. O homem tem sorte de não ter uma arma aqui ou provavelmente
acabaria com sua vida sem pestanejar.

— Eu também não gosto de perder Rick, se você precisar fazer uma


escolha, é melhor ter consciência de que o único que realmente poderia te
fornecer algum tipo de benefício sou eu. Não teste a minha paciência, acha
que eu não sei que vocês dormem juntos? Dos encontros à noite às
escondidas? Você não foi o único com quem ela se envolveu. Sei que a Ava
é uma mulher perigosa, afinal, estou casado com ela há anos. Não há
ninguém que a conheça melhor do que eu. — declaro, finalizando o
assunto.

— Providenciarei o que você precisa e em alguns dias entregarei a


documentação para você. — confirma Rick.

— Excelente, estarei esperando os documentos o mais rápido


possível e assim conferi-los você terá novamente os contratos com a minha
empresa. Tem apenas mais uma coisa… — Levanto indo em sua direção e
com força acerto um soco em seu rosto.

Rick grita e tenta se proteger.

— Não ouse chegar perto da Cassandra, o meu aviso continua


valendo. — Ele concorda e sai da sala com pressa.

Fazer essa proposta para ele era tudo o que eu menos queria. Jamais
voltarei a fazer negócios com um filho da puta assediador e quando os
documentos estiverem em minhas mãos, estarei preparado para derrubá-lo.
CAPÍTULO 41
Leon me trouxe até o apartamento e partiu para a empresa. Sei que
algo aconteceu na consulta porque ele mudou completamente de atitude. A
impressão que tive foi que algo o perturbava muito. Não acredito que ele
vá me contar o que o médico disse, no entanto, foi nítido que isso o deixou
apreensivo. Esta noite farei um jantar especial para nós dois.

Sei que temos a maldita linha que não podemos cruzar, mas não
consigo não tê-lo perto de mim. Quanto mais tento afastá-lo, mais sinto o
meu coração machucado. Estar apaixonada e saber que é recíproco, é
genuíno, entretanto, não ficarmos juntos é esmagador. Após tomar um
banho quente e longo vou até à cozinha.

“O que eu poderia fazer para o jantar? Acho que prepararei um


bolo de carne”.

Arrumo todos os ingredientes sobre a bancada e com calma começo


a preparar. O bolo de carne é um prato muito comum no Dia de Ação de
Graças[18], porém hoje o farei recheado. Distraio-me preparando e começa a
escurecer quando escuto a porta do apartamento do Leon se abrindo.
Aproximo-me da porta da varanda para olhá-lo e percebo que ele parece
tenso e cansado.

Leon retira o terno e solta uma respiração pesada. Volto a minha


atenção na preparação da refeição e coloco no forno para assar. Decoro a
mesa de jantar ansiosa para recebê-lo. Tomo um banho rápido de novo e
passo o meu perfume adocicado. Sento-me à mesa e olho para o relógio que
marca 19 horas. Com o passar dos minutos fico preocupada, mas também
impaciente.

Espero por mais ou menos uma hora e Leon não aparece. Fico
tentada a vigiá-lo pela varanda, porém censuro a mim mesma e desisto.
Poderia comer sozinha, mas sinto que perdi completamente a fome.
Levanto-me da mesa e deito no sofá triste sem conseguir compreender
porque ele faria isso comigo. Adormeço sem perceber e acordo sentindo
uma respiração contra meu rosto. Abro lentamente os meus olhos e vejo o
Leon tocando e acariciando os meus cabelos.

— Me desculpe pequenina, deixei você esperando, sinto muito.

Desvio o meu rosto e fico de costas para ele, evitando sua presença.
Escuto seus passos indo até a mesa de jantar em silêncio. Leon retorna até
mim e se encaixa ao meu lado abraçando-me por trás. Ele está usando
apenas uma bermuda e sinto sua pele quente contra a minha. Permaneço em
silêncio, não tenho nada a dizer.

Ele parece magoado, mas não quer compartilhar comigo os seus


medos. Sei que deveria respeitar o seu espaço, mas meu coração parece se
contrair em tristeza. Ele coloca a mão em minha barriga acariciando com
carinho enquanto roça o nariz em meu pescoço.

— Pequenina, fale comigo por favor, sempre que você fica em


silêncio sinto meu coração doer. Sei que te deixei esperando, não deveria ter
feito isso, estava balançado, estou cansado de querer estar com você e não
conseguir. — Viro o meu corpo ficando de frente para ele que
imediatamente toca o meu queixo com carinho.

Ao sentir seu toque suave fecho os meus olhos com a sensação de


amor que emana dos nossos corpos.

— Estava ansiosa para jantarmos juntos. Também estou cansada de


ficar longe de você, de me enganar totalmente e continuar contendo esse
sentimento louco. Eu só queria que as coisas fossem diferentes. Toda vez
que decido esquecer tudo e me entregar a você, algo acontece para me
trazer de volta a realidade. Não percebe que estamos nos magoando? Você
está escondendo algo de mim e é sufocante, porque cada vez ficamos mais
distantes. — confesso triste.

Leon segura o meu rosto e encosta os lábios contra os meus.


Imediatamente me levanto, impedindo que ele continue.
— Pequenina, me perdoe. Esquentarei o jantar e confessarei tudo.
— Ele se levanta, segura a minha mão e me conduz até a cozinha.

Coloco novamente o bolo de carne para esquentar e finalmente ele


me conta o que tanto o incomoda.

— Pequenina preciso falar com você e não sei como dizer algo que
causará transtorno e indignação.

Leon quer me contar algo e minhas pernas já parecem sentir que


algo ruim sairá dos seus lábios. Seu semblante é triste e suas mãos se
esfregam uma na outra, demonstrando nervosismo. Respiro fundo tentando
me concentrar em suas palavras.

— Infelizmente o Adrian me contou algo perturbador. — Ele faz


uma pausa longa, coça a barba e continua. — Ava é paciente dele e
apareceu algum tempo atrás na clínica pedindo algo. Adrian deveria ter
questionado, me ligado, entretanto, estava no hospital e por sermos casados,
pensou que não traria problemas. Ele acabou saindo da sua conduta de
médico e cedeu aos caprichos da Ava Moore.

— Como assim? O que ele fez? — questiono, sentindo um calafrio


pelo meu corpo.

— Ava pediu ao Adrian que congelasse o meu sêmen. Ele acreditou


ser um pedido meu, no entanto, só descobriu hoje que eu não sabia de nada.
— declara Leon.

Fico mais tranquila, afinal, pelo menos o médico assumiu o seu erro.

— Ainda bem que você descobriu antes que aquela louca


conseguisse fazer algo. — exclamo, menos aflita.

Leon inclina a cabeça lateralmente procurando o melhor jeito de


falar. Aproximo-me do forno e olho para o alimento tentando evitar encará-
lo neste momento. Pego um pano de prato e começo a retirar a forma de
vidro quente.

— Pequenina, infelizmente ele fez um procedimento na Ava e talvez


ela possa ficar grávida de mim.

Suas palavras atingem com tanta força o meu peito me deixando


completamente sem oxigênio. Como pode aquela mulher ficar grávida?
Isso não pode ser verdade, me recuso a acreditar em tamanha enganação.
Por que Ava é assim? O que mais ela poderia fazer? A mulher já havia me
confessado que colocou fogo no cabelo da antiga secretária do Leon por
ciúmes, agora, demonstrou ser capaz de engravidar sem o consentimento
dele.

Minhas mãos ficam geladas e ao tentar continuar segurando a


assadeira elas cedem deixando o alimento cair. Os cacos de vidro e a carne
se espalham pelo chão enquanto fecho os punhos tentando conter a
tremedeira. Leon corre em minha direção, segura minhas mãos preocupado
e analisa se estou machucada.

— Perdoe-me, não deveria ter te contado assim, me desculpe, não


queria que se machucasse. — justifica abalado.

Leon me abraça e apenas encosto o meu rosto em seu peito. Sinto-


me inebriada pelo seu perfume enquanto quero apagar essas últimas
palavras que tiraram a minha paz. Tudo parece se tornar cada dia pior, é
como se estivéssemos presos em um grande emaranhado de dor, sofrimento
e tortura.

Minhas mãos tremem fora de controle e rapidamente Leon me pega


em seus braços e me leva para o quarto deitando cuidadosamente o meu
corpo na cama. Os olhos dele estão vermelhos e suavemente ele toca o meu
rosto. Meu corpo entra em conflito e a insegurança bate em meu coração.
Meu estômago parece torcer em agonia, mas faço a pergunta que tanto
incomoda o meu peito.
— Leon se ela estiver grávida ainda vai se divorciar? — Minhas
palavras o paralisam parecendo confuso com a minha dúvida.

— Não permanecerei casado com ela, pequenina, não me importo se


ela estiver grávida, assumirei o meu filho, mas não ficarei ao lado dela
nunca mais. Amo você. Você é minha mulher agora. É com você que vou
me casar, independente se a Ava tiver um filho ou não.

Sento-me na cama e começo a chorar. Estou sofrendo demais com


tudo isso, a cada dia uma nova e perturbante revelação destrói minha
esperança. Desde o primeiro momento que descobri que o homem
misterioso do avião era o Leon, todo tipo de infortúnio tem surgido. Por que
tantas pedras em nosso caminho? Por que sempre queremos quem não
podemos ter? Por que meu coração burro se apaixonou perdidamente por
um homem casado? Leon fixa-se ao meu lado apoiando meu corpo.

— Não vou te deixar, apenas me confirme que ficaremos juntos.


Que vai me esperar… — suplica Leon.

— Preciso confessar algo a você. Hoje mais cedo, quando fiz o


jantar, estava decidida a me entregar ao nosso amor. Em esquecer todo esse
sofrimento e ficar ao seu lado até sair o divórcio. Você me deixou sozinha,
repleta de dúvidas e agora estou com medo. Leon, não posso mais esperar
você, não podemos mais ficar juntos.

Confesso ao Leon que pretendia me entregar a ele, porém fiquei


triste pelo seu abandono repentino essa noite e acabo de encerrar nossa
relação.

— Pequenina, não apareci antes porque estava receoso em falar


sobre a revelação do Adrian. Não queria omitir os acontecimentos, nem que
justamente pensasse que poderia te abandonar essa noite ou em qualquer
outro dia. Precisava te contar sobre a Ava, só estava refletindo a maneira
certa para não te machucar, mas a verdade é que essa descoberta seria
inevitavelmente um baque. Nem nos meus piores pesadelos eu poderia te
deixar. Passamos por muita coisa, você foi embora, demorei para entender o
que estava sentindo e que eu precisava lutar pelo nosso amor. Não abdicarei
disso, eu amo você. — Confessa o indecente, com os olhos marejados.

— Também amo você, mas não posso mais fazer isso. — Levanto-
me afastando os nossos corpos. — O que você achava? Que chegaria aqui e
diria que talvez será pai duas vezes e continuaríamos nessa fantasia de
amor?

— Não diga isso, não é uma fantasia, é real. O que sinto por você
não pode ser calculado, faria qualquer coisa por você.

— Esse é ponto. Do que adiantaria fazermos tudo um pelo outro se


no final não somos nós quem escolheremos o nosso futuro. Se a Ava não
assinar o divórcio, viveremos assim? Escondidos? — gesticulo no ar e
depois enxugo as lágrimas que começam a cair. — E se ela ficar grávida?
Acha que desistirá? E o que fará depois? Sairá escondido com o nosso filho
enquanto com o dela andaria em público?

— Cassandra, pare agora mesmo. — Leon fica de pé, cobre o rosto


com as mãos e o conheço o suficiente para saber que está furioso.

— Não diga isso. — Sua voz sai alterada, o tom elevado demonstra
sua irritação. — Não vou desistir! É isso mesmo o que está dizendo? Acha
que eu faria isso com você? Que te esconderia, que levaria o nosso filho
onde ninguém pudesse nos ver? Pensa que não estou cansado? Se você
disser de novo que não devemos ficar juntos, não tocarei mais em você
porque seria doloroso demais querer te amar, sendo que não acredita mais
no que sentimos. — Leon fica de costas e anda até a enorme varanda para
encarar a cidade ao longe.

— Saber que a Ava, a sua esposa de papel, legítima, provavelmente


terá um filho destruiu o meu coração. Vá embora Leon, me deixe em paz.
Não quero mais nada de você, não quero acreditar mais no amor que
achamos que sentimos. Não quero mais amar você. — Leon abaixa a
cabeça e sem me olhar sai do quarto.
Escuto quando a porta bate e me corpo cede ao chão completamente
danificado pela tristeza. Meu peito sufoca em desespero e quero correr atrás
dele e pedir para ficar. Dizer que não importa nada disso, mas a verdade é
que apenas adiaríamos a dor. Ele fez a escolha dele há dez anos e mesmo
que o destino seja implacável, ainda precisamos lidar com as
consequências.
CAPÍTULO 42
Cassandra destruiu o meu psicológico me expulsando de sua vida.
Saio pela porta devastado e perdido. Queria voltar e segurá-la com força e
dizer que ficaremos sim juntos, que não me importo com o tempo, com a
Ava, mas poderia parecer autoritário, egoísta e a deixaria mais machucada.
Não preciso estar em seus pensamentos para notar que está com medo.
Perder os pais, achar que não tem mais família e imaginar construir uma e
levar um baque desse é doloroso demais para a minha pedra preciosa. Esse
era o meu maior medo em contar, fazê-la sentir que o amor não é suficiente.

Queria dizer o que ela tanto precisa ouvir, mas estaria mentindo ao
dizer que me separaria amanhã da Ava. A verdade é que provavelmente
terei que ser um carrasco para conseguir o acordo. Quando meu pai falou
sobre o casamento, estava convicto de que seria a escolha certa, mas
principalmente porque queria deixá-lo orgulhoso. Um filho que faria de
tudo para manter o legado do pai vivo e próspero. Parecia a escolha de
honra. Estava com 29 anos, não havia conhecido nenhuma mulher que
despertasse o meu coração e naquele instante jurei que não amaria mais,
que assumiria o meu papel de herdeiro.

Hoje, olhar para as empresas, para a minha vida e não ter a


pequenina ao meu lado não faz o menor sentido. Ela pode me xingar, dizer
que me odeia, que não quer mais me amar e ainda assim, farei tudo por ela
e pelo nosso pequeno bebê. Meu coração doeu ao ouvir suas palavras e
mesmo que ela tente negar ou ser indiferente, sempre seremos um do outro.

Caminho até a varanda ansiando vê-la, mas ela não está. Inclusive as
luzes estão apagadas e as cortinas fechadas. Frustrado, vou até a adega
pegar uma garrafa de vinho. Fiquei horas me remoendo, ensaiando e
quando percebi esperava por mim fazia mais de uma. Deveria tomar os
remédios porque minha cabeça está a ponto de explodir, mas ao contrário
disso, abro a garrafa de vinho e viro de uma vez em meus lábios degustando
metade em um único gole.
Pela primeira vez na vida estou derrotado, talvez essa sensação antes
seria parecida com “perder o negócio da minha vida”, mas estou diante de
um grande sentimento de “morrer vivo”. Acredito que a minha pequenina
experimente essa angustia diariamente porque pelas fotos, ela era o maior
motivo de felicidades dos pais. Hoje entendo o porquê. Cassandra é doce,
ingênua, consegue admirar e viver cada momento intensamente, é
determinada e por mais que esteja triste se mantém firme.

O sorriso fascinante misturado ao azul oceânico e infinito dos seus


olhos. A pele aveludada, os lábios carnudos rosados, o rosto fino e a
capacidade de transmitir paixão através dos gestos. É absurdamente
impossível não amá-la. A partir de hoje, mesmo não estando agarrado ao
seu corpo ou sobre o mesmo teto, tornarei sua vida menos dolorosa,
esperando que um dia ela volte para mim. Deito-me no sofá e após estar
embebido em álcool, adormeço.

Acordo com o celular despertando e coloco um café preto para fazer


na cafeteira. Visto o meu terno e após tomar uma xícara acompanhada dos
remédios sigo até a empresa. Não posso estar ao lado da Cassandra, então
focarei em arrumar toda essa bagunça que minha vida se tornou.

Enquanto dirijo pelas ruas da cidade visualizado uma floricultura


chamada Love Florist. O verde musgo do lugar chamou minha atenção,
assim como os arranjos que sei que ela iria adorar receber. Estaciono e entro
no local, um pequeno gato de pelagem branca e olhos amarelados me
recebe e em seguida uma senhora sorrindo.
— Bom dia, no que posso ajudá-lo? — A mulher possui os cabelos
grisalhos, sorriso simpático e veste um avental bordado com todos os tipos
de flores.

— Gostaria de comprar uma dúzia de arranjos diferentes. Vocês


realizam entrega?

— Sim, claro. Quais flores gostaria?

— Todos os tipos de rosas, de todas as cores e também lírios e


tulipas brancas.

— Ficarão lindo, gostaria de escrever um bilhete?

— Sim, por favor. — A mulher me entrega uma caneta e um cartão


vermelho e escrevo um recado carinhoso para a pequenina.

Quando termino, despeço-me gentilmente da mulher e sigo para a


empresa.

“Mandarei entregar bombons e doces para que a pequenina se sinta


bem, quem sabe os seus nervos aflorados se acalmem e possa falar
comigo”.
Acordo com o peito comprimido e o estômago sensível e vazio.
Analiso o pequeno relógio de parede no quarto e constato que são onze
horas da manhã. Estava exausta ainda da viagem e de todos os
acontecimentos recentes. Levanto-me desanimada e após colocar uma roupa
digna sigo até a cozinha para comer algo. O lugar está impecavelmente
limpo e imagino que a pessoa que cuida da limpeza do apartamento do
Leon esteve aqui. Preparo um chá, pego algumas bolachas e sento no sofá
pensativa.

“Fui má com o Leon ao dizer que não queria mais amá-lo. Todos os
dias meu coração teimoso é preenchido pelo nosso amor proibido. Em
breve teremos um filho, não quero feri-lo. Estou chateada, desacreditada de
que um dia ficaremos juntos e com a possibilidade de perdê-lo, agi sem
pensar. Pedirei desculpas, não conseguirei conviver com essa sensação
ruim de magoá-lo”.

O interfone toca e apressadamente me movo para atender.


Imaginando ser o Leon e abro a porta afobada.
— Bom dia, Srta. Werner. Chegaram algumas encomendas! — avisa
o atendente da recepção.

— Ah, para mim?

— Isso. — Martin, veste o uniforme preto social, possui em torno de


60 anos, os cabelos suavemente grisalhos, olhos castanhos e a pele parda.
Com habilidade ele segura o elevador para que dois entregadores
saiam carregando vários buquês de flores e um número incontáveis de
caixas.

— Deve ser algum engano, não comprei nada. — comento,


surpresa.

— O Sr. Stanley pediu para entregar todos. — Um sorriso bobo


escapa dos meus lábios e deixo que coloquem tudo em cima da mesa de
jantar.

Quando terminam me despeço com carinho e após fechar a porta me


aproximo curiosa para olhar as caixas decoradas. Algumas são douradas,
enfeitadas com laços vermelhos e outras embrulhadas com papel prata
brilhante.

Ao abrir encontro infinitas opções de doces, bombons, tortas e pães


recheados. Minha boca saliva de desejo e retiro um alfajor e me delicio
eufórica. Leon sabe exatamente os momentos certos de me agradar. Admiro
um buquê imenso de rosas-vermelhas e dentro possui um cartão que abro
imediatamente para ler.
Minha visão torna-se embaçada pelas lágrimas que brotam dos meus
olhos. Sinto um vendaval de sensações e sentimentos bagunçados e sei que
são os hormônios me deixando confusa.

“Será uma tortura não correr para os braços do Leon e nem


receber os seus beijos, mas manterei minha fé de que em breve tudo estará
resolvido”.
CAPÍTULO 43
Passo o dia verificando papéis e quando o sol está se pondo me
desmancho em minha poltrona de couro degustando um café. Coloco a
xícara no porta-copos e retiro minha carteira de dentro da gaveta. Pego a
foto dos pais da pequenina e o pequeno papel com a lista de desejos dos
Werner’s.

“Darei início a realização dessa lista. Amanhã mesmo falarei com


um arquiteto e comprarei uma área verde particular para a construção do
chalé! Mesmo que a Cassandra resolva nunca mais ficar ao meu lado,
estarei tranquilo por saber que meu futuro bebê crescerá em um ambiente
sonhado pelos pais dela. Ela poderá sentir o coração confortado e
reconstruir sua própria vida”.

Volto à realidade e pego os papéis do meu último negócio fechado


antes do acidente e guardo na pasta. Minha secretária manteve tudo em dia
e mesmo que os lucros tenham caído um pouco, ainda mantiveram ótimos
contratos. Sigo até a recepção e Genevieve digita distraída no notebook.

— Genevieve preciso que envie um e-mail para o nosso


administrador financeiro e peça que todos os contratos feitos pelo Rick
Muzy sejam revisados. Preciso saber se ele teve algum benefício extra já
que só considerava ficar com o meu dinheiro.

— O Rick? O que aconteceu? — questiona surpresa.

Minha secretária obviamente nem imagina o que esse crápula fez e


constato que a pequenina sofreu calada com as ameaças desse filho da puta.
Genevieve observa minha hesitação e decide contornar o assunto. Poderia
revelar a ela, mas acredito que a Cassandra fará isso quando se sentir
pronta.

— Chefe, enviarei agora mesmo, assim que os relatórios estiverem


prontos marcarei a reunião.
— Muzy só pensa em dinheiro e nunca foi um amigo de verdade.
Quando se está à beira da morte, descobrimos o pior das pessoas. — Ela
concorda enquanto entrego a pasta de documentos.

— Chefinho, queria agradecer mais uma vez pelo apartamento.


Mudarei esse final de semana!

— Ótimo, qualquer problema pode falar com o administrador que


ele resolve tudo. — Antes de sair decido pedir algo a minha secretária. —
Genevieve, gostaria de te fazer um pedido.

— Claro, o que precisa, senhor?

— Não é exatamente para mim, é para a Cassandra. Poderia visitá-


la? Vocês são amigas há anos, ela precisa de alguém, além de mim, que diga
a ela o quanto é especial e amada. Como você sabe, infelizmente estamos
esperando toda essa situação se resolver. Ava está sempre aprontando algo e
será bom ter você para conversar.

— Leon, somos como irmãs e a Cass sempre se fecha quando algo


acontece. Obrigada por se preocupar com ela ao ponto de reconhecer que
precisa de amor e cuidado familiar. Mesmo não compartilhando o mesmo
sangue, a considero da família. Combinei com ela de ir no final de semana,
mas amanhã mesmo passarei por lá.

— Ótimo, ela ficará feliz. Estou indo embora, amanhã volto a rotina
normal. Boa noite! — despeço-me e Genevieve acena.

— Boa noite! Sua mãe disse para não se esforçar muito!

— Pode deixar!

O caminho até o apartamento é torturante. Mais um dia precisarei


lutar contra esse desejo. Me conforta, por ora, estar ao lado da pequenina na
gravidez. Estaciono e ao passar pela recepção Martin, o atendente fala
comigo.

— Boa noite, Sr. Stanley.

— Boa Noite! Como foi Martin?

— Melhor impossível, gostaria de avisar que a dona Cassandra


sorriu quando recebeu os presentes. — Arqueio a sobrancelha e ilustro um
meio sorriso de lado presunçoso.

— Perfeito, obrigado por observar o que pedi! — O homem


concorda e aceno entrando no elevador.

Quando chego ao último andar vislumbro a porta do apartamento da


pequenina fechada. Queria dizer tantas coisas, abraçar o seu corpo e sentir o
perfume doce de sua pele, mas bufo baixo e entro no meu apartamento
frustrado. Ao passar pela porta sinto um cheiro açucarado e sigo até a
cozinha.

Encontro em cima da bancada de mármore uma torta de morango


protegida por um suporte de vidro.

A um pequeno envelope preto do lado esquerdo e o seguro em


minhas mãos curioso. Dentro a um bilhete da Cassandra e leio as palavras
carinhosas:
Meus olhos piscam em emoção e finalmente sinto paz. Ter a certeza
de que ela nunca desistirá do que sentimos me fortalece e aumenta a
necessidade de tirar a Ava o quanto antes da minha vida.

Quinze dias se passam e quando chega o final de semana coloco


uma roupa confortável para conhecer o lugar que o arquiteto escolheu para
a construção do chalé. Todas as noites troco mensagens com a Cassandra e
adormeço mais tranquilo. Estamos evitando o assunto, mas o nosso olhar
entrega o quanto queríamos estar nos agarrando.

Sei que não adianta forçar, ela já me rejeitou antes e não quero
correr o risco de não ter mais a sua presença em minha vida. A maldita
linha continua valendo e meu coração dói enquanto sofro em silêncio.
Genevieve está fazendo companhia para a Cassandra hoje e isso me deixa
aliviado.

Pego as chaves do carro e sigo até o estacionamento no térreo. Meu


destino é ver as áreas à venda nos Hamptons[19]. Segundo Belmont, o
arquiteto, o lugar é ideal por ser de curta distância. Fica em torno de três
horas de Nova York de carro e apenas 30 minutos de helicóptero. Cassandra
amará o local, afinal, o chalé ficará próximo ao mar e o ambiente terá um ar
rural e exclusivo.

O trajeto é tranquilo e o trânsito rápido me permiti chegar após duas


horas. Desço do carro e Belmont acena ao longe. Os Hamptons possuem
várias vilas bonitas que se agrupam no entorno da antiga Southampton. Há
mansões para todos os lados e a vista litorânea é incrível, assim como, os
restaurantes.

Nunca comprei uma propriedade aqui por não ter a menor vontade
de fugir da agitação e da empresa, mas depois da Cassandra tudo mudou.
Vez ou outra me vejo inconscientemente admirando uma flor, ou
observando os detalhes que antes passavam despercebidos. Admirá-los
agora me faz lembrar do sorriso meio, do olhar penetrante, malicioso e, ao
mesmo tempo, doce da Cassandra. Agora mesmo ao descer do carro, a leve
brisa e a imagem deslumbrante do oceano me fez desejar vê-la correndo
nua pelas areias.

— Bom dia, Sr. Stanley, é um prazer recebê-lo aqui. — O homem


aperta minha mão com firmeza.
Frances Belmont é um arquiteto renomado que projetou várias das
mansões mais luxuosas e elegantes dos famosos. Ele é um homem negro,
alto, porte refinado, sorriso simpático, veste-se com requinte e hoje é
considerado o melhor quando se trata de garbo e elegância arquitetônica.

— Sr. Stanley, o lugar é incrível como havia mencionado em nossa


reunião. A um grande campo verde, poucas casas ao redor fornecendo uma
privacidade exclusiva. É de frente para a praia, mas ao fundo você
encontrará os pinheiros ideais para deixar o chalé com o ambiente rústico.
Um visual fresco, moderno e atemporal. — O sigo por todo local e o
homem me apresenta a área do chalé, a do pomar de rosas e estufa.

Não imaginaria um lugar melhor e queria muito compartilhar com a


pequenina, mas é uma surpresa. Após uma longa conversa para acertar
todos os detalhes, entrego a ele a foto da família Werner.

— Faça uma mansão no lado oposto, para passarmos o verão.


Porém, no hall de entrada do chalé, coloque um quadro pintado a mão dos
pais da Cassandra, acima da lareira principal. Confio no seu trabalho.

— Não se preocupe Sr. Stanley, sua futura esposa amará o presente.

— Não é apenas um presente, é a minha segunda chance. —


confesso com entusiasmo.
CAPÍTULO 44
Quinze dias passam lentamente e daqui da janela do quarto admiro a
chuva fina que cai do céu. As nuvens negras, as rajadas de vento forte que
batem contra o vidro frio me deixam pensativa. Aperto a xícara rosa de
porcelana em minhas mãos e a levo aos lábios provando o chocolate quente
com chantilly. Paro e encosto na parede rente ao vidro admirando a cidade
ao longe.

Desde que reneguei ao Leon, os dias se tornaram frios, cinzas,


densos e angustiantes. O nó que se forma em meu peito e o choro
incontrolável que lava o meu rosto todos os dias me fazem questionar o que
é certo e o que é errado!

A dor que sinto é real, forte e possui uma magnitude tão elevada que
às vezes se torna palpável. A tristeza e a solidão me abraçaram naquele
fatídico dia e nunca mais partiu. Ainda lembro de quando esbarrei com o
Leon no aeroporto. Foi naquele exato momento que me apaixonei
perdidamente. Vi através dos seus olhos e do sorriso uma carga instantânea
de conexão e desejo.

Mesmo pensando nele a cada segundo nunca consegui imaginá-lo de


verdade comigo. Parecia um sonho e o alimentei dentro de mim durante o
final de semana que se sucedeu até encontrá-lo de novo. A esperança de um
dia conhecê-lo de verdade dominou o meu coração. A cada lembrança eu
me perdia em seus olhos verdes esmeraldas, nos cabelos bagunçados, nos
trejeitos marcantes e no sorriso safado.

Agora sofro por estar longe. Toda manhã abro o chat e escrevo “Oi”,
mas perco a coragem e apenas espero a hora que ele me deseja “boa noite”
para responder de forma básica e extremamente contida. Sinto vontade de
chorar, minha mente está confusa, muitas vezes perdida, criando
expectativas e as quebrando. Todos os dias passo por uma mutação, mas ela
tem sido dolorosa demais.
É errado querer ficar com o Leon mesmo sabendo que ele é casado?
É errado querer lutar contra um sentimento, mas internamente agradecer por
ele? Sou uma má pessoa por querer correr para os seus braços? Por amá-lo
o tanto que amo? É errado querer esquecer essas regras malditas do que é
certo ou errado e apenas viver? Questiono-me quase o tempo todo, mas a
resposta nunca vem.

Um mês se passa e com ele todas as dificuldades diárias de viver


uma montanha-russa de sentimentos aflorados. A gravidez tem feito meus
hormônios se agitarem e os desejos começarem a surgir. Genevieve passou
todos os últimos finais de semana ao meu lado, mas mesmo estando segura
dos meus medos não consegui compartilhar a informação da possível
gravidez da Ava.

Leon estava aflito por me ver triste e para que eu não ficasse parada
me pediu para trabalhar em um projeto para a lanchonete, a sugestão dele
foi que a transformasse em uma floricultura com cafeteria. Obviamente
adorei a ideia e aceitei a sua ajuda de investimento financeiro com a
condição de pagá-lo gradualmente. Todo processo foi interceptado pela
Genevieve para não termos contato.

Leon se mantém afastado, respeitando o meu pedido. Trocamos


mensagens todas as noites sobre o bebê. Poderíamos sucumbir ao desejo
indecente que sentimos, no entanto, permanecemos com a linha em vigor.
Cada dia rasga uma fibra e tenho medo em como agiremos quando ela se
romper totalmente.

Todos os dias rezo para um milagre acontecer. Anseio que o Leon


entre pela porta e me diga que estamos livres para amar e construir a nossa
família. Quem diria que mesmo sendo tão nova, me sentiria pronta para
começar a escrever a história da minha família ao lado dele.

Sinto falta dos seus beijos, de ouvir sua voz grossa no meu ouvido
falando obscenidades. Recordar nossos momentos sempre faz o meu corpo
reagir e a saudade bater. Algumas madrugadas acordo angustiada e me toco
imaginando ser o indecente explorando o meu corpo. Sinto-me boba por
isso, mas é a forma que encontrei para não invadir seu apartamento e
posteriormente sua cama.

Na empresa, segundo o Leon, os dias tem sido tranquilos. Ava vem


se mantendo afastada, mas sempre pedindo que ele volte para casa. Aposto
que espera ansiosa para o dia do exame de confirmação da gravidez.
Sempre que imagino uma criança tendo uma mãe como aquela mulher, fico
deprimida. Todo semana recebo novas flores do Leon e sentir o perfume
delas me fez recordar o meu sonho de ser perfumista.

Criar cheiros novos, vibrantes, com as particularidades de cada flor


sempre foi uma paixão. Na adolescência, durante as tardes com a Giovanna
na floricultura, macerava as flores em óleo de amêndoa para extrair as
minhas próprias essências. Por um momento sou inundada com o desejo de
recomeçar e de reviver esse sonho. Passo a mão na minha barriga com
carinho.

Oi, meu bebê, talvez você esteja provocando em meu coração uma
grande vontade de viver, de acreditar que posso ser feliz, mesmo com a dor
que agora mora aqui dentro. Minha sementinha de indecência, amo
você…”.

Sou interrompida por uma batida suave na porta e me levanto do


sofá para atender. Ao abri-la encontro o Martin.

— Bom dia, Srta. Werner desculpa incomodá-la tão cedo, mas a


Genevieve ligou na recepção confirmando o seu endereço, porém, quando
fui transferir a ligação para o apartamento do Sr. Stanley infelizmente caiu.
— Estranho, ela já possui o meu endereço. — afirmo confusa.

— Queria avisá-la, já providenciamos uma linha fixa, em breve será


instalada.

— Tudo bem, Martin, obrigada. Falarei com ela pelo celular. Um


ótimo dia.

— Para a srta. também. — O homem entra no elevador e envio uma


mensagem para a minha melhor amiga.

Retorno para a sala e poucos minutos depois ela me responde:

“Genevieve Flin: Bom dia, amiga. Não liguei na recepção do seu


prédio. Leon tem enviado alguns mimos, hoje é sexta-feira pode ser alguma
empresa confirmando o endereço para entrega. Não conte, mas vi que ele
encomendou o bolo red velvet que você estava pedindo. Um ótimo dia.
Amo você.”.

Respondo carinhosamente e não posso ignorar o fato de como o


Leon tem feito de tudo para me agradar. Afinal, poderia o Sr. Stanley ser o
homem que sempre sonhei? Ele não é nada perfeito, possui algumas
configurações conflitantes, além de termos começado de maneira errada
nosso romance, todavia, Leon já provou ser capaz de fazer tudo por mim,
até mesmo mudar todo o planejamento de sua vida. Como pai será o melhor
de todos.

Após sonhar acordada passo a tarde definindo o projeto da


floricultura. Já fiz a escolha de engenharia, agora entra a parte de
acabamento e decoração. Escuto o elevador se abrir e ainda falta meia hora
para o horário de saída do Leon da empresa. Todos os dias acompanho a sua
chegada, ele só não sabe disso. O interfone toca e apressadamente atendo
imaginando ser mais uma das suas encomendas, mas ao abrir a porta
paraliso.
— Ava? O que faz aqui? — a mulher está furiosa e invade o
apartamento empurrando o meu corpo.

Poderia impedi-la de atravessar a porta, entretanto, fui pega pela


surpresa e fico sem reação.

— Então é aqui que está se escondendo sua rata nojenta? Sendo


bancada pelo meu marido, com direito a apartamento e um bebê na barriga?
— travo completamente perplexa por descobrir que ela sabe da minha
gravidez.

Minha garganta seca, minha voz falha miseravelmente e luto


internamente para reagir.

— Eu… vá embora! — retruco atordoada.

— O que você quer garota? Dinheiro? É isso? — Ava gesticula as


mãos no ar, nervosa ao falar. — Aplicou o golpe da barriga para receber a
herança? É essa porcaria que você quer? — ela abre a bolsa e retira vários
dólares e os amassa enquanto joga contra o meu rosto. — Olha o que faço
com o que você tanto quer! — lentamente ela rasga algumas notas
espalhando os pedaços pelo chão. — Anda vadia, recolhe o seu dinheiro, o
pagamento pelos serviços de putinha que tem prestado ao meu marido.

A raiva borbulha dentro de mim, minhas mãos se tornam geladas e


me seguro para não acertá-la com força. Ela anda ao meu redor amassando
as notas e as lançando ao chão enquanto pisa sobre elas.

— Ava vá embora, por favor. Não sei como descobriu que estou
morando aqui ou como fez para entrar no prédio. Quem disse a você que
estou grávida?

— Ganhou esse apartamento do meu marido para ele vir todas as


noites atrás de sexo? Acha que ele assumirá você? — Ela enfia o dedo
indicador no meu rosto com violência. — Acha que deixarei o caminho
livre para roubar o meu lugar? Tenho pena de você… — sem paciência a
empurro tentando levá-la para fora em vão.

— Não quero dinheiro e posso ser bem sincera? — retruco e ela


cruza os braços esperando que eu prossiga com a minha fala. — Você
jamais foi uma esposa de verdade, se ele realmente fosse o seu marido, não
estaria todas as noites desejando ficar ao meu lado. Acha que não sei que o
Leon deixou grande parte da fortuna para mim? Amo ele, algo que você
nunca entenderá porque é egoísta e só ama a si mesma. Ficou 10 anos ao
lado dele e nunca o enxergou de verdade, nunca lhe deu amor. Fiz o que
você nunca fez! Dei amor, um sexo gostoso e um filho que ele está louco
para pegar nos braços. Leon Stanley era o seu homem, mas agora é meu! —
provoco com superioridade.

— Vagabunda… — Dominada pela fúria, Ava acerta um tapa em


meu rosto e revido puxando seus cabelos loiros.

Estapeamo-nos incansavelmente e perco completamente a minha


postura e a calma que sempre tive. Todas às vezes que ela me ofendeu
apenas relevei e guardei, mas com os hormônios bagunçados a ataco
simplesmente atordoada.

Sinto suas mãos puxarem os meus cabelos com força e revoltada


acerto seu rosto com inúmeros tapas enquanto grito. Com força e de
propósito ela acerta uma joelhada em minha barriga me fazendo recuar.
Caiu no chão sentindo uma dor aguda e estremeço aflita pelo bebê.

— Você é desequilibrada, narcisista. Uma hora o Leon vai conseguir


se divorciar de você! — exclamo buscando forças para me levantar

A empurro porta afora. Ava ri maleficamente se afastando à medida


que encara o meu rosto avermelhado pelos seus golpes. Ela arruma os
cabelos e em seguida as roupas amassadas. Ela usa um conjunto de marca
bege com estampas cor de rosa.
— Tenho realmente pena de você, é muito nova, boba, caiu na lábia
do Leon e está sonhando acordada. Também estou grávida! — afirma
fazendo o meu peito comprimir sufocado em tristeza com a notícia. —
Descobri do seu golpe da barriga através da Genevieve. Sua amiga comprou
um presente para o bastardo e não imaginava que eu estava escondida
escutando sua ligação. Não sou idiota, desconfiei na hora. Descobri que
estava aqui, sendo a amante exclusiva do meu marido. Quanto tempo
conseguirá viver assim? de migalhas? Bastou ele acordar e correu atrás dele
que nem um cachorrinha vira-lata no cio! — provoca ironicamente.

Ava inesperadamente captura o meu rosto, cravando as unhas em


minha mandíbula. Ela pega uma nota de dinheiro do bolso, amassa e enfia
em minha boca. Meu corpo está enfraquecido pelo baque do golpe e tento
me desvencilhar sem sucesso.

— Engole seu dinheirinho! Prepare-se, tornarei sua vida um inferno


e não descansarei até ver você e o seu bebê horroroso na sarjeta, passando
fome. — cuspo o dinheiro e acerto um tapa em suas mãos. — Em uma
briga, eu não entro para perder, golpista!
CAPÍTULO 45
A manhã foi tranquila e quando o final do dia chegou, precisei
trocar mensagens informativas com algumas empresas, porém a visita do
contador Gilbert me tirou a paz. O homem que tem em torno de 70 anos e
está na nossa empresa desde a época do meu pai sentou na poltrona e bufou
ao me entregar os documentos.

— Leon, infelizmente encontramos irregularidades nos contratos


conduzidos pelo Rick Muzy.

— Apenas me diga… ele me roubou?

— Sim, de forma mínima e gradativa para que ninguém


desconfiasse, quase imperceptível.

— Quero todas as provas, Rick será surpreendido quando menos


esperar e começará a se entender com a justiça.

Tornei-me um CEO implacável nos instantes seguintes e determinei


o fim de todos os contratos realizados pelo Rick. Agora, olho pelas enormes
janelas de vidro com a vista de Nova York e o sol já se põe. O céu
alaranjado, as nuvens densas enegrecidas e os prédios sombreados me
acalmam. Constatar que possuo tudo que preciso para acabar com aquele
verme faz o estresse ter valido a pena. Guardo os últimos documentos e
passo na recepção para entregá-los a Genevieve.

— Estou partindo, segunda-feira cedo coloque os contratos novos na


minha mesa que assinarei todos. — Ela sorri concordando. — Onde está a
Ava? Esse horário ela sempre aparece para me tirar a paz.

— Saiu mais cedo hoje, faz mais ou menos uns 20 minutos. Disse
que precisava resolver um problema. — Fico pensativo sobre isso, afinal, o
que ela teria para resolver? — Leon… — retorno minha atenção a
Genevieve que me entrega uma caixa de presente vermelha com um lindo
laço de cetim prata. — Entregue para a Cass, diz que é um presente.

— Estamos evitando contato físico, é muito tentador pecar. — Ela


gargalha e arqueia a sobrancelha.

— O pecado já existe entre nós, está apenas muito pequeno, mas em


breve nascerá para lembrá-los para sempre. — Uma risada escapa de mim e
aceno saindo pela porta.

— Bem observado Genevieve! Até amanhã!

Sigo até o carro e o caminho é lento. Particularmente hoje estou


exausto e encontrar com a pequenina nem que seja para lhe dar o presente
rápido renovara minhas forças. É absurdamente inexplicável o aperto ao
redor do meu coração toda vez que evitamos nos olhar. Faz dias que não
toco em seu corpo e hoje será difícil não imaginá-la em meus braços.
Estaciono e ao passar pela recepção noto que está vazia. Entro no elevador
e em poucos segundos as portas de ferro se abrem na cobertura. Martin está
entre a Ava e a Cassandra impedindo-as de brigarem. Saio enfurecido, sem
pensar abandono no chão tudo que está em minhas mãos e agarro a Ava
pelo braço.

— Porra, o que faz aqui? — ferozmente ela se debate e a arrasto até


o elevador.

Martin entra e rapidamente aperta o botão do térreo para descermos


até a recepção. Ela grita descontrolada e esperneia em meus braços.

— Deveria ter vergonha Leon Stanley de levar a amante nojenta


para morar do seu lado. Jamais ficará livre de mim. Estou grávida e nunca
deixarei você ver o seu filho se não voltar imediatamente para casa. —
travo com sua afirmação e a fixo diante de mim e chacoalho seu corpo
furioso.
— Nunca mais voltarei para você. Nosso casamento nunca existiu
de verdade, é questão de tempo até nos divorciarmos. Se está mesmo
grávida, deixará a criança ter sim contato comigo ou acabo com você. —
Martin abre a porta principal e a empurro para a calçada. — Está proibida
de entrar no meu prédio de novo. — Viro de costas e retorno rapidamente
para o meu apartamento.

Ao sair do elevador encontro a pequenina sentada no chão rente a


porta aos prantos. A capturo em meus braços desnorteado, vê-la nessa
situação provoca uma angústia persistente e insuportável. Entro na sala
levando-a até o sofá. Seu corpo está trêmulo e ela aconchega o rosto em
meu peito, permitindo expulsar suas angústias em lágrimas. Apenas a
abraço forte e a protejo com carinho.

— Estou aqui, meu amor, me perdoe por não ter chegado antes e
impedido aquela louca de falar com você. — Analiso a bagunça de dinheiro
no chão.

Há várias notas amassadas, outras rasgadas e imediatamente afasto a


Cassandra dos meus braços verificando se está machucada.

— Ela machucou você? — esbravejo enquanto admiro o rosto da


pequenina avermelhado pelo choro intenso. — Prometo que ela jamais
pisará aqui de novo. — afirmo nervoso por vê-la sensível e devastada. —
Fala comigo, pequenina… — suplico desesperado.

Seus olhos percorrem o apartamento perdida e lentamente ela


deposita a mão sobre a barriga. Meus nervos palpitam e meu coração gela.
Sua voz sai embargada, falha e toco o seu rosto com carinho.

— Ela me agrediu, nos estapeamos e ela acertou minha barriga com


uma joelhada. — revela e chora aos prantos.

Uma fúria incontrolável me domina e faço menção de me levantar.


Estou fora de mim e jamais deixarei Ava tocá-la e machucá-la dessa forma.
— Resolverei isso agora mesmo. — esbravejo alterado. —
Cassandra se fixa no meu colo e agarra o meu corpo me impedindo de sair.

— Não, por favor, não faça nada de cabeça quente, meu amor… —
A forma carinhosa da pequenina falar comigo me desarma por completo. —
Não me deixe… — sussurra com um semblante amável. Cassandra
aproxima o rosto do meu e nossas bocas ficam a centímetros de distância.
Queria afagar sua dor provando os seus lábios e demonstrando o quanto a
amo.
Os dedos do Leon tocam os meus lábios e inesperadamente ele me
beija. Um beijo calmo, amoroso, apaixonado e repleto de significados. Não
consigo mais fugir do que sinto, não consigo mais ficar longe dele. Permito
que sua língua encontre a minha e juntos nos entregamos um beijo intenso e
caloroso. Inclino minha cabeça provando deliciosamente os seus lábios
macios e só afasto para sussurrar contra sua boca:

— Não vou mais fugir de você Stanley e nem me afastar, eu preciso


te tocar, eu preciso do amor que sentimos um pelo outro. Meu coração
sangra toda vez que estamos longe. Confio em você e sei que fará de tudo
para ficarmos juntos oficialmente. Você é o homem da minha vida, chegou
aplacando tudo dentro de mim, devorando os meus pensamentos, os meus
sentimentos como se estivesse faminto, uma fome insaciável de amor. —
Leon fecha os olhos com a minha confissão e apenas permiti que uma
respiração quente saia dos seus lábios entreabertos, aliviando os seus
medos.

— Pequenina, sou completamente seu. — confessa calmo e feliz


com as minhas palavras.
Com desespero o agarro envolvendo os meus braços ao redor do seu
pescoço. Puxo o seu rosto contra o meu e beijo incansáveis vezes. Minha
pele e os meus ossos parecem queima pela chama do desejo. Prendo o meu
corpo ao dele sentando de frente em seu colo. Lentamente movimento o
meu quadril esfregando a minha área proibida no seu membro excitado. As
mãos do Leon passeiam pelas minhas costas subindo e descendo
suavemente. Os dedos dedilham sobre a minha pele, até passear em minha
bunda com safadeza.

— Eu quero você, mas não quero te machucar, está com dor? —


questiona preocupado.

— Sim, dor de amor e saudade, estou bem, prometo… Leon me


possua, eu sou toda sua.

Mesmo que de forma impensada e inconsequente, Ava acabou de


romper a linha que nos separava. A sua visita foi uma ameaça, no entanto, o
instinto de proteção do Leon me prendeu a ele. Nossos corpos em contato, o
jeito que me olha com devoção desperta em mim o meu lado apaixonado e
irracional.

Com desespero Leon retira minha blusa expondo os meus seios que
ele prontamente abocanha.

— Sou fascinado por você… — suavemente suga os meus mamilos


causando um infinito arrepio pelo meu corpo.

Seus lábios depositam beijos em minhas aréolas rosadas enquanto


meus mamilos enrijecem de excitação. Lentamente ele levanta a minha saia
e toca o tecido fino da minha lingerie com provocação. Seus dedos grandes
empurram minha calcinha para explorar o meu clitóris molhadinho.

— Estou louco para sentir o seu gosto e para cravar o meu pau bem
fundo na sua boceta. — Com brutalidade e arrogância ele se levanta, me
prende em seu colo e segue até o meu quarto.
Leon me joga na cama e arranca de uma vez a minha calcinha. O
indecente esfrega a palma da mão quente por toda a minha extensão, me
deixando louca de tesão. Acaricio com as minhas mãos o seu peitoral largo
e forte, sentindo seus músculos firmes e torneados. Movimento meu quadril
contra os seus dedos grandes estimulando o meu núcleo já dilatado. É
insanamente gostoso sentir a pele dele contra a minha.
CAPÍTULO 46
A pequena está louca de desejo e o seu corpo e a sua mente estão
entregues a mim. Arreganho as suas pernas admirando sua boceta pequena
e molhada. Deslizo os meus dedos no seu clitóris, sentindo a região macia e
irresistível, enquanto ela geme gostoso.

— Pequenina, precisamos decidir nossa relação! Ficamos juntos de


uma vez por todas ou se tornará cada dia mais difícil controlar os nossos
sentimentos. — Ela apenas murmura manhosa enquanto sente os meus
toques incandescentes.

— Pare de falar Leon, quero você agora… — sussurra.

Aproximo os meus lábios dos seus mamilos durinhos e começo a


sugá-los e mordiscá-los. Penetro os meus dedos ardentemente em sua
boceta completamente encharcada de tesão. Suas mãos macias rastejam
pelas minhas pernas e abrem o zíper da calça social. Cassandra morde os
lábios, admirando-me com safadeza enquanto abaixa a minha cueca e
captura o meu pau para me proporcionar prazer.

Com sensualidade ela se levanta ficando de joelhos na cama e


aproxima os lábios da minha ereção. A pequenina expõe a língua e circula
toda a glande assistindo a minha expressão de prazer e desejo. Arfo baixo
em completo desejo ao sentir a textura molhada, ao mesmo tempo, que os
lábios aveludados começam a sugar o meu pau. Com fome de amor ela
engole com maestria e o sinto bater em sua garganta progressivamente.

Seguro sua cabeça com firmeza e estoca deliciosamente em sua


boca enlouquecido para gozar. Luto contra os meus instintos e diminuo a
velocidade saboreando seus lábios gostosos que deslizam com velocidade
por todo meu comprimento.

— Porra, pequenina. Essa boquinha safada, você me deixa maluco


de tesão. Você é minha gatinha manhosa. — Ela geme em resposta
destruindo o meu juízo.

Retiro a minha ereção me contendo e a puxo para beijá-la com


carinho. É humanamente impossível continuar com essa linha maldita que
nos separa. Agarro seus cabelos com força puxando sua cabeça para trás e
ela solta um gritinho de excitação. Ansioso a viro de costas deixando sua
bunda livre para mim. Encaixo-me atrás do seu corpo deitando suavemente
sobre ela.

A pequenina geme quando o meu pau roça na sua entrada molhada


se encaixando em sua abertura, pronto para explorá-la. Com um movimento
único e firme, cravo o meu membro parrudo dentro da sua rachadura
pequena. Abro as bandas de sua bunda e assisto o meu cacete estocá-la
com força. Seus gemidos sedutores, as curvas do seu corpo e os toques
macios são a minha perdição para o pecado.

— Leon, isso, eu sou toda sua, me possua mais forte. — grita com
sensualidade.

Agarro seu quadril para colidir com os nossos corpos suados,


penetrando profundamente em sua boceta. É insanamente gostoso manter o
meu pau dentro dela. Apalpo suas pernas até chegar em seu clitóris
inchadinho. Com movimentos circulares o estimulo enquanto mantenho o
ritmo estocando sem piedade. Cassandra se contorce em prazer empinando
a bunda. Minhas pernas ficam rígidas e estou dominado pelo desejo
exacerbado e com força devoro a sua boceta ansioso para despejar o meu
líquido quente.

Intensifico os movimentos em seu clitóris e nossas respirações se


tornam ofegantes. Seus gemidos preenchem o ambiente e sinto em meus
dedos quando o seu clitóris se dilata atingindo o ápice do prazer. A
pequenina grita eufórica e cravo a minha ereção fundo em sua boceta,
soltando um rugido baixo ao gozar. Seu corpo amolece e caímos juntos na
cama ainda conectados sexualmente.
Quando recuperamos o fôlego nos abraçamos em silêncio. Adoro
envolvê-la em meus braços protegendo o seu corpo enquanto sinto a sua
respiração contra o meu peito. Sou completamente louco por ela, pelo
sorriso doce, louco pelo seu corpo, dependente da sua voz, dos seus toques
e não consigo mais viver sem o seu amor. Hoje sei como é amar outra
pessoa, amar significa arriscar tudo para se ter a chance de viver essa
sensação.

Durante esse tempo que estou entre idas e vindas com a Cassandra
aprendi muitas coisas diferentes. Sempre fui um homem ligado aos bens
materiais, esquecendo até mesmo do bem-estar físico. Passei muitas noites
trabalhando exaustivamente sem qualquer tipo de relação com a Ava, seja
de conversar, de sair para um evento ou passeio. Simplesmente existia e
apenas mantinha o meu controle social nos negócios.

Confesso que quando fiquei com a pequenina no avião não achei


que poderia me apaixonar por ela. Vê-la de novo, tentar me aproximar
oferecendo presentes e sentir ela me rejeitando alegando que estava
querendo comprá-la me fez repensar a minha forma de agir e de querer
conquistá-la. Passei a olhar a sua essência, o que a deixaria emocionada e
como mostrar com pequenas atitudes o sentimento tão grande que tinha
dentro de mim.

— Pequenina, não se afaste de mim! Não me maltrate evitando


olhar nos meus olhos ou lutando contra o que sentimos. — ela concorda
tímida com um balançar de cabeça suave e deposita um beijo doce em meu
peitoral.

Cassandra Werner mudou a minha forma de pensar, mudou a minha


vida, me deu um novo propósito, uma nova família e o mais importante me
ensinou a amar de verdade. Após ficarmos um tempo abraçados optamos
por tomar um banho juntos e ao terminarmos vamos até à cozinha e peço
pizzas para o jantar. Ava foi imprudente ao vir aqui e ameaçá-la. A sua
confissão de que está grávida martela em minha mente, mas disfarço o
incomodo para a Cassandra não se sentir ainda mais insegura.
— Tem certeza que quer pedir algo agora? — questiona receosa.

— Sim, não pode ficar sem se alimentar, está com uma nova vida
dentro de você, nosso bebê precisa se desenvolver adequadamente. Você
não ficará nenhum dia sem enviar nutrientes para a nossa sementinha,
entendeu? — declaro, depositando um beijo carinhoso em seus lábios.

— Entendi, Leon Stanley! — sorri tímida envolvendo as mãos ao


redor do meu corpo para me abraçar.

Nossos corpos não se desgrudam e após realizar o pedido demora


em torno de meia hora para as pizzas chegarem. Sentamos à mesa de jantar
para nos alimentarmos. Não tocamos no assunto, mas temos palavras
entaladas que precisam ser ditas, porém, ainda não parece ser o momento
certo.

— Leon, queria pedir que dormisse aqui esta noite, não quero mais
ficar longe de você. Viveremos o nosso amor, e quando tudo estiver
resolvido oficializamos o nosso relacionamento. — justifica, parando de
falar apenas para comer afobadamente.

— Claro, meu amor. Adorarei passar a noite com você.

Cassandra degusta as pizzas com tanta euforia que me enche de


ternura, afinal, sinal que o bebê está faminto. A verdade é que eu estava
desapontado, lutando contra os meus medos. Ponderando a dor da distância
que me dilacerava. Amanhã farei uma surpresa e a levarei para passear de
iate. Possuo um que adquiri a 1 ano de um cliente e raramente tive a
oportunidade de viajar, afinal, estava sempre enfurnado na empresa
ganhando dinheiro. Ao tê-la encontrado em minha vida, sinto a necessidade
de aproveitar os momentos. Parece uma voz repetitiva que continuamente
me indica a viver com intensidade. Talvez seja uma desculpa para fugir da
empresa e encontrar a Ava me faz repensar a minha ida nesses próximos
dias. Não conseguirei fingir que não sei o que ela fez, a minha vontade é de
ser maldoso com ela, dizer que vou entregá-la à polícia.
A atitude de engravidar sem o meu consentimento é inaceitável, no
entanto, preciso que ela assine os papéis do divórcio e entrar em conflito, só
vai fazê-la ficar com mais raiva. O que preciso é de uma estratégia capaz de
amedrontá-la e fazê-la reconsiderar a sua escolha. A pequenina termina sua
refeição e após guardarmos tudo, seguro em sua mão e a levo até o meu
apartamento. A partir de agora passaremos a viver juntos e pensar nisso já
me deixa completamente duro de desejo. Estou me contendo há dias, esse
tesão, essa paixão louca, que me faz querê-la o tempo todo. Entramos na
sala e imediatamente arranco sua blusa, ela sorri tímida, o que me faz
querer apertá-la e mordê-la. Cada peça que tiro me permito admirar o seu
corpo. Cassandra imediatamente retira o meu terno e me ajuda a ficar nu. A
conduzo até a jacuzzi ansiando passar essa noite entre carícias e momentos
quentes de amor.

Ligo a torneira e nos beijamos intensamente até que esteja completa.


Seguro o seu corpo memorável a pegando pela cintura e juntos entramos na
água morna. O vento que sopra essa noite é relaxante e a pequenina senta
no meio das minhas pernas. Abraço seu corpo com doçura, passando a mão
pelas suas curvas. Internamente queria que esse momento ao seu lado
durasse para sempre.

— Leon, não quero mais ficar longe do seu corpo, nosso pequeno
bebezinho está crescendo cada dia mais e não podemos perder nenhum
momento estando separados. — Sua voz é suave e acaricio sua barriga
amorosamente.

— Não vamos mais nos separar, estou decidido. Quando você


entenderá que não fugirá mais de mim? Ficaremos juntos até que o nosso
bebê nasça e teremos nossa própria casa sem a Ava para nos atrapalhar.

— Como você planeja convencê-la?

— Ameaçarei expor os seus casos extraconjugais e também


mostrarei o vídeo da clínica. Ela saberá que se eu for até à polícia essa
atitude terá consequências. — comenta, apertando os meus braços ao redor
da sua cintura.
Deposito beijo suaves no seu pescoço descendo lentamente até os
seus ombros. Sua pele é macia e tem um cheiro adocicado remetendo a
baunilha e chantilly. Sou completamente fascinado em tocá-la, em sentir a
sua pele aveludada entre os meus dedos. Subo lentamente as minhas mãos
acariciando os seus mamilos durinhos até alcançar os seus lábios carnudos.
Automaticamente o meu pau fica excitado e cutuca suas costas.

— Leon, por que você me castiga assim? — A voz doce e meiga me


deixa completamente ouriçado.

— Amanhã realizaremos um passeio. — falo, ansioso para termos


um momento só nosso de paz e tranquilidade. — Precisamos aliviar um
pouco a tensão, temos passado por muitas provações. — A pequenina
concorda e segura minhas mãos direcionando até a sua área proibida.

— Sim, estou ansiosa para estar apenas eu e você em um lugar


totalmente isolado, onde ouviríamos o som da natureza, o cantar dos
pássaros e a sua respiração quente no meu ouvido. — Minha Pedra preciosa
fala sensualmente e deslizo os meus dedos em sua boceta sentindo a sua
textura delicada.

A região está quente e é insanamente gostoso tocá-la. Penetro os


meus dedos na sua abertura justinha, dominado por pensamentos de
indecência e impurezas. Se ela não estivesse grávida, provavelmente já
teríamos feito uns 10 filhos. Nosso desejo é incontrolável e se pudesse
ficaria com o meu pau 24 horas enterrado dentro dela.
CAPÍTULO 47
Leon adora manter as suas mãos no meu corpo. Ele apalpa com
tanta necessidade a minha pele, como se me sentir fosse essencial e
absoluto para saciar os seus desejos. Esse apetite sexual que sentimos
intensamente é extremamente audacioso, autêntico e uma extensão dessa
paixão e desse amor que tomou conta do nosso coração. O amor é como
uma droga, ela é capaz de nos deixar viciados e completamente atraídos
pela outra pessoa. Definitivamente, o Leon tem todos os meus sentidos,
desejos e pensamentos totalmente voltados para ele.

Daqui da jacuzzi conseguimos ter uma vista privilegiada da cidade e


do céu azul-escuro profundo. As estrelas cintilam como pequenos
diamantes. Seus toques são meticulosos e nosso apetite incontrolável.
Afasto-me do seu corpo e ficamos frente a frente. O reflexo da lua em seus
olhos verdes faz milhões de borboletas baterem as asas em meu estômago.
Como consegui permanecer longe do seu olhar apaixonado? das suas mãos
devassas? do cheiro inexplicável e viciante? Foi devastador cada minuto
que queria abraçá-lo e não podia.

— Por que se afastou? — sussurra baixo com um sorriso sarcástico


nos lábios.

— Queria admirar você… — confesso me aproximando lentamente


enquanto me sento de frente em seu colo.

A mão direita do Leon toca o meu queixo e com o polegar ele


acaricia a maçã do meu rosto. Seus olhos atentos percorrem todos os
detalhes da minha face e com safadeza ele encosta a boca na minha roçando
nossos lábios com movimentos suaves.

— Cassandra Werner, você é minha para sempre… a minha


pequenina manhosa. — Ele sorri e inicia um beijo de tirar o fôlego.
Passamos o restante da noite entre momentos quentes entrelaçado
aos sentimentos indomáveis repletos de censura e sensualidade. Leon
enviou mensagem ao Jonas para preparar tudo da viagem. Após ficarmos
por pelo menos duas horas entre amassos e beijos, nos dirigimos até o
quarto e deitamos na cama macia. Dormir abraçada com ele me traz uma
sensação de conforto e segurança.

Quando amanhece, rapidamente o Leon envia uma mensagem para


minha amiga Genevieve mudando a agenda do final de semana. Como
estava sozinho no apartamento, passou a trabalhar continuamente até aos
sábados e domingos. Sentamos na mesa para o café da manhã e o indecente
me puxa para sentar em seu colo.

— Pequenina, não precisa se preocupar com a lanchonete, contratei


um gerente que está cuidando de tudo, foque apenas em criar os detalhes da
floricultura. Genevieve irá passar as minhas reuniões de hoje para a
próxima terça, assim ficaremos com o final de semana livre. — avisa Leon
e dou um salto no seu colo sorrindo feliz.

— Teremos um momento só nosso? Dois dias para aproveitarmos?


— indago, completamente surpresa.

— Sim, aproveitaremos esse pequeno momento juntos até voltarmos


à realidade na próxima semana, que será crucial para definir o divórcio com
a Ava. Poderemos, então, dar um passo a mais no nosso relacionamento. —
Menciona o Leon, se levantando enquanto segura minha cintura e me
coloca no chão.

Assim que terminamos o café da manhã seguimos até o quarto e


preparamos uma pequena mala para levarmos no iate. Estou empolgada,
afinal nunca passeei em mar aberto antes. Leon me confessou que iremos
até Coney Island[20]. O meu único desejo é que tudo realmente dê certo e
que possamos aproveitar com tranquilidade e muito amor. Coloco tudo na
mala e rapidamente descemos até o térreo para encontrar o Jonas. Ele é um
motorista prestativo, mas não só dirige para o Leon, também cuida dos seus
pedidos pessoais.

O homem tem em torno de 60 anos, os cabelos são grisalhos, possui


um sorriso simpático, os olhos negros e está sempre bem-vestido com um
terno social. Jonas coloca as malas no carro e se aproxima do Leon um
pouco incomodado.

— Chefe, Ava fez muitos questionamentos quando foram retirar os


últimos pertences da mansão. Ela não tem me deixado mais levá-la em
lugar nenhum e nos impediu de limpar o seu escritório. — conta, o
motorista receoso.

— Não tem problema, Jonas, imaginei mesmo que ela fosse querer
questionar e atrapalhar, principalmente porque ela sabe que você trabalha
em período integral para mim. Em breve precisarei retirar os meus
documentos do cofre, com certeza ela fez isso para conseguir um momento
a sós para me perturbar! — Leon tranquiliza o homem que relaxa os ombros
mais tranquilo.

— Não compartilhei nada com ela, senhor, fique tranquilo. — Jonas


segue até o banco do motorista e fecha a porta nos esperando.

Entro no carro ansiosa para estar em alto mar, longe da loucura que
tem sido Nova York. Ele sorri ao ver a minha empolgação e com carinho
roça os lábios nas minhas bochechas.

— Está empolgada para a nossa viagem? — indaga Leon,


depositando beijos suaves e mordendo o lóbulo da minha orelha com
carinho.
— Leon Stanley, eu já disse que você é muito provocador? — Ele
sorri com o meu questionamento. — Nunca passeei pelo oceano, estou
muito ansiosa por esse momento. — Finalizo virando o meu rosto e
mordendo os lábios dele.

O indecente devora a minha boca estupidamente enquanto amassa


os meus cabelos em sua mão inclinando minha cabeça para trás com um
puxão sensual. Ele morde a minha pele descendo lentamente pelo meu
pescoço até alcançar os meus seios parcialmente a mostra no vestido
decotado que coloquei.

— Esse vestidinho vermelho, repleto de brilho, é a combinação


perfeita para o seu corpo. Não vejo a hora de te comer no meio do oceano
com todas as estrelas e os animais marinhos como testemunha do nosso
momento indecente. — imagina Leon, provocando os meus sentidos.

Ele coloca a mão por baixo do meu vestido, subindo lentamente o


toque pelas minhas coxas até alcançar a minha calcinha de renda a procura
do meu núcleo que queima de desejo.

— Você é insaciável, Leon Stanley. — confesso arrepiada da cabeça


aos pés.

Ficamos abraçados nos provocando até chegarmos em Coney Island.


Ao descer do carro seguimos em direção à praia e meu coração acelera de
emoção. Leon possui um iate extravagante, me deixando completamente
surpresa e encantada. Jonas coloca as malas no quarto e depois se despede
partindo novamente para a cidade.

Admiro a enorme proa no convés principal, o iate é totalmente


branco, o chão é em madeira nobre náutica escuras, sendo absurdamente
luxuoso e confortável. Leon segue até a sala de comandos e começa a
navegar. Fico impressionada, nunca imaginei que tivesse licença para
navegação.
Ele se atenta a todos os detalhes e se localiza nas coordenadas e no
radar, indo em direção ao destino que planejou. Apenas fico ao seu lado
observando enquanto sinto sua mão safada apalpar minha bunda. A
navegação é tranquila e com o tráfego marítimo baixo pela região nos
permiti admirar a paisagem.

Quando estamos em uma área tranquila ele desliga o motor. Leon


me leva até a parte da proa e admiramos o céu azul. As nuvens brancas
como algodão e a brisa suave do mar são deslumbrantes. A água é cristalina
e os raios de sol penetram em seu interior a deixando translúcida e
brilhante.

Leon me abraça por trás acariciando minha barriga. Sua musculatura


imponente me cobre completamente e me sinto uma anãzinha em seus
braços. Nosso momento de paz se esvai quando uma voz aguda e
insuportável ecoa, acabando com o silêncio e o som da natureza.

— Então quer dizer que o meu marido resolveu passear de navio


com a amante?

Viramos em completo choque por vê-la em nossa frente. O que Ava


Moore Stanley faz nesse navio? Meu peito borbulha em raiva ao observá-la
apenas de biquíni com as mãos na cintura. Leon indignado aproxima-se
dela segurando com força os seus pulsos.

— O que faz aqui, mulher? Como entrou no iate? — questiona


nervoso.

— Como assim? Sou sua esposa, achei estranho não me convidar


para o passeio. — provoca a loira com deboche.

Ava aponta em minha direção enquanto tenta soltar os pulsos presos


pelas mãos do Leon.

— Você deveria sentir vergonha, Leon, sabia que vocês podem ser
filmados juntos? — indaga perversamente a mulher.
Leon solta uma respiração pesada tentando manter a calma,
entretanto, consigo perceber a fúria e a consternação através do seu olhar.
Não sei como Ava ficou sabendo do passeio, porém, teremos que lidar com
ela agora. A mulher foi calculista ao esperar entrarmos no oceano para
então dar o ar da graça. A minha vontade é de voar sobre ela, agarrar os
seus cabelos loiros e jogá-la no mar.

“Cassandra, controle-se, não posso lançá-la no mar, no entanto, o


que faremos com ela? Como pode ela não perceber que não conseguirá o
amor do Leon assim? Essa mulher tem uma maneira estranha de ver a
vida, de achar que entende do amor e principalmente por deixar claro que
o Leon a deve só por serem casados”.
CAPÍTULO 48
Leon está inconformado e arrasta a loira pelo corredor lateral até a
entrada principal.

— Solte-me Leon, por que está tão nervoso? — questiona a mulher


sorrindo. — Sabia que iria aproveitar os dias com a sua amante. Quando
avistei a agenda online com as reuniões remarcadas entendi que estava
planejando algo.

— Não provoque Ava, estou tentando lidar com você sem grandes
consequências, mas as suas atitudes estão me deixando revoltado.

— Lidar comigo sem grandes consequências, como assim? —


esbraveja, a loira com um olhar matador.

A expressão facial do Leon modifica, o cenho se fecha, os olhos se


estreitam e os lábios comprimem em irritação, demonstrando estar
extremamente irado. Ava ri de sua exaltação, satisfeita por deixá-lo fora de
si.

— Você achou mesmo Leon, que iria passear de iate com a sua
amante e eu não ficaria sabendo?

— Você está nessa situação porque não quer me dar o divórcio, se


tivesse aceitado os meus termos, não precisaria se humilhar entrando aqui e
nos seguindo. — declara Leon, em advertência e repreensão.

Com violência a mulher o empurra e se solta das mãos dele.

— Que termos, Leon? — grita a loira revoltada.

— Podemos entrar em um acordo, você assina o divórcio, eu faço


um pagamento de uma quantia generosa de dinheiro para você e poderá
seguir com a sua vida sem me importunar mais. Você é uma mulher rica, na
teoria não precisaria, porém você quer mais. — menciona o indecente,
tentando contornar a situação.

— Eu não aceito ser trocada por outra mulher, não é só a questão do


divórcio, embora tenhamos um contrato vitalício, não aceito que me preste
a esse papel. Pegar uma pobre qualquer, arrastá-la para o seu apartamento e
fazê-la sua esposa? Não vê que ela quer o seu dinheiro? Não consegue
perceber que ela está apenas te enganando, está fingindo que se importa,
que te ama. Como pode você com 39 anos de idade cair em um golpe como
esse? — refuta Ava, gesticulando no ar.

Com raiva, Leon segura minha mão caminhando até a sala de


comando e faz a rota para retornar até a costa. Ele anda de um lado a outro
com arrogância até parar ao meu lado e me abraçar.

— Me desculpe pequenina, estou nervoso, indignado e a raiva que


sinto nesse momento está me deixando amargurado. Escolhi esse passeio
para termos um pouco de paz! Encontrar a Ava aqui parece destruir a minha
paciência. — Envolvo os meus braços em sua cintura tentando acalmá-lo.

— Está tudo bem, não perca a sanidade, é o que ela mais deseja que
aconteça. — Ele bufa frustrado e balança a cabeça em concordância.

Ava surge novamente com uma garrafa de champanhe na mão,


sorrindo vitoriosa. A mulher é ardilosa e com malícia rebola a bunda,
puxando o biquíni para enfiar em sua parte íntima. Ela se abaixa inclinando
o tronco para frente enquanto empina a bunda para instigar o Leon.
Ignoramos a sua cena infantil, seguimos até o convés para nos
aproximarmos do píer. Encosto-me na proa do navio e admiro o mar azul e
agitado.

— Pequenina, fique aqui, não chegue perto daquela mulher. Preciso


me aproximar do píer e estarei na sala de comando, Ava irá me atormentar e
não quero que dirija a palavra a você. Já basta o que ela fez no apartamento!
— concordo tranquilizando-o.
Enquanto ele caminha em direção à sala, escuto a Ava o perturbar
com falas irônicas.

— Não vai me deixar passar o final de semana com você? Vai me


jogar como uma bagagem barata? Jamais imaginei que faria isso comigo,
tenho um marido de merda que abandona a sua esposa para ficar com outra
mulher qualquer. A boceta dela vale tudo isso? — reclama seguindo ele
pelo iate.

Encosto na grade protetora sentindo o vento tocar o meu corpo


enquanto fecho os meus olhos. Tudo parecia tão perfeito, um passeio
apenas para aproveitarmos um ao outro de maneira intensa e amorosa.
Enquanto olho para o oceano em busca de respostas, duas mãos seguram os
meus cabelos com raiva e me empurram contra o ferro tentando me lançar
ao mar.

— Eu deveria te jogar daqui de cima, sua piranha. — Esbraveja a


mulher enquanto tento me desvencilhar das suas mãos que puxam os fios
dos meus cabelos com força.

Revido o seu ataque acertando o seu rosto com um tampa e


posteriormente agarro os seus cabelos loiros e começo uma briga ridícula.
A mulher crava as unhas no meu pescoço perfurando a minha pele. Leon
para rente ao píer e corre em minha direção separando a nossa briga.
Aproveito a interrupção dele para diferir outro tapa no rosto da jararaca.
Leon entra em minha frente impedindo-a de revidar.

— Ava, saia daqui agora mesmo ou chamarei a polícia. — Ordena


Leon já sem nenhuma gota de paciência.

— A polícia? — questiona surpresa.

— Sim, a polícia, estou cansado das suas loucuras, sabia que o


Adrian confessou algo perturbador? Acha que eu não sei que você fez um
procedimento ilegal para engravidar? Acha que isso me fará ficar com
você? Entrarei na justiça e ficarei com a guarda dessa criança. — A mulher
se desequilibra e quase cai de susto.

— O que você disse Leon Stanley? — Ela leva a mão aos lábios
surpresa.

Leon avisa a Ava que se ela não nos deixar em paz ele irá à polícia e
conseguirá na justiça a guarda do filho que ela espera.

— Isso mesmo que você ouviu. O que você fez a um mês atrás sem
o meu consentimento é crime, você pode ser presa e responder por falsidade
ideológica, afinal, mesmo que sejamos casados, você precisava da minha
autorização para usar o meu sêmen. — finaliza Leon empurrando-a para
fora do iate

A mulher fica enfurecida e é possível ver através dos seus olhos o


ódio incontrolável que ela sente por mim. Nesse momento meu corpo todo
estremece, sentindo o olhar frio e gélido daquela mulher. Ava é doente,
perversa, maliciosa e meus ossos parecem sentir que ela é capaz de me
destruir para conseguir o que quer. Disfarço o medo que sinto ao ver que o
Leon se aproxima de mim. Não quero demonstrar para ele que estou
entristecida, assustada e principalmente receosa com o que ela
eventualmente pode planejar no futuro. A mulher segue pelo píer atrás de
um táxi, Leon vai até à sala de comandos e direciona o iate para entrarmos
novamente no oceano. Quando já estamos distantes, ele finalmente segura a
minha mão e aparenta estar um pouco mais calmo. Meu coração está
acelerado e não é de emoção ou de felicidade, é um puro medo de que algo
possa acontecer. Levanto o meu rosto e encaro fixamente o Leon que segura
o meu queixo preocupado.

— Essa mulher é louca, e se ela fizer algo contra mim? Contra o


nosso bebê? — suponho, abalada.

— Estou me segurando desde ontem. Minha vontade é de destruí-la


só por ter agredido você. Se ela tentar algo contra a sua vida, perderia
completamente a minha razão. — Leon me segura em seus braços tentando
me acalmar. — Daria a minha vida por você, pelo nosso bebê e vou destruir
qualquer pessoa que te machucar. Rick Muzy já está com os dias contados.
— esbraveja irado. — Contratarei um segurança assim que retornarmos, ele
irá te acompanhar 24 horas, impedindo qualquer tentativa de aproximação
daquela louca. — Ele segura o meu rosto firmemente.

— Obrigada Leon, não posso mentir para você. Estou assustada,


jamais imaginei que essa mulher fosse nos surpreender assim. Ela não tem
limites e isso me preocupa. — Afundo o meu rosto no peitoral largo do
Leon e deixo que o seu corpo me passe tranquilidade e segurança.

— Não sairei do seu lado e quando eu não estiver deixarei alguém


sempre cuidando de você. — afirma depositando um beijo carinhoso em
meu rosto.

A sensação de pavor passa quando estamos em alto mar de novo,


ficando somente nós dois no meio do oceano. Sem qualquer necessidade de
provar nada a ninguém. Enquanto Leon para a navegação, sigo até o convés
e me aproximo de uma cadeira de descanso e me deito. Meu corpo ainda
está trêmulo, mas não quero preocupá-lo. Minutos depois Leon deita-se ao
meu lado e toca minha barriga fazendo carícias para o nosso bebê senti-lo.
Ele fica assustado ao percebe que estou aflita e imediatamente me prende
com carinho em seu corpo, permitindo que uma onda de segurança me
preencha e alivie minhas preocupações. Permanecemos em silêncio apenas
recuperando a paz que perdemos. Passamos o resto da manhã entre carícias
e descanso. No almoço nos sentamos na pequena mesa na área externa. Ele
traz uma refeição caprichada.

— Massa ao molho italiano e um suco de morango? Uau… parece


estar delicioso. — contemplo com desejo e minha barriga ronca
evidenciando que estou morrendo de fome.

— Nosso frigobar está repleto de sucos. São todos seus, beberei um


vinho. Você precisa se hidratar.
— Leon Stanley, como conseguiu preparar tudo isso em tão poucas
horas? — inquiro admirando o espaguete ao molho natural de tomate com
pequenas folhas de manjericão e orégano.

— Possuo funcionários eficientes, que cuidam de tudo com muita


atenção. Jonas Atkinson é excelente e também tem a Sandra Atinkson, sua
esposa. Ela é cozinheira na mansão e fez curso de gastronomia. Preparou
tudo durante a noite. A contratei para trabalhar comigo no apartamento! São
de confiança. — afirma sorrindo.

Ele me serve e degustamos tranquilamente a refeição. O ambiente, a


maresia que toca a nossa pele, o som do mar e dos pássaros torna o almoço
inesquecível. Pego a taça de suco e ao prová-lo sinto um gosto amargo.

— Arg… está amargo! — afirmo afastando ligeiramente a taça dos


meus lábios.

— Conferi o frigobar está funcionando adequadamente. Pegarei


outro. — avisa levantando-se para buscar.

Leon retorna com uma nova garrafa de vidro em mãos e me serve.


Experimento e sinto o mesmo amargor. Talvez seja o meu paladar, afinal,
podemos sentir certa repulsa na gravidez com sabores que antes eram
atrativos.

— Acho que é o meu paladar. — Leon experimenta e sorri.

— Está um pouco amargo e, ao mesmo tempo, doce. — conclui


beijando o meu rosto. — Não precisa tomar, tem o suco de laranja também,
pegarei, só um segundo.

— Não precisa, esse está ótimo, é a gravidez, tenho certeza. O que


mais poderia ser?! — concluo sorrindo e seguro em sua mão para impedi-lo
de sair.
CAPÍTULO 49
O restante do almoço é repleto de carinho e passamos a tarde no
deck deitados em um enorme colchão macio. No fim do dia Leon nos leva
até uma pequena ilha deserta. O lugar é lindo, extremamente verde e o sol
começa a se pôr nos dando uma visão privilegiada do céu. As nuvens estão
pintadas de alaranjado e algumas estrelas começam a brilhar. Descemos do
iate e corro pela areia branca e fina. Leon me segue tentando capturar
minha cintura, esse é o primeiro momento em que não penso em nada,
apenas corro sentindo o vento me abraçar e a água do mar tocar os meus
pés. O indecente me alcança e caímos junto na areia fofa. Um sorriso
escapa dos meus lábios de maneira incontrolável, o fazendo morder minha
boca com ternura.

Subo por cima do seu corpo me encaixando deitada enquanto ele


coloca a mão com carinho na minha cintura. Ficamos nos entreolhando
continuamente e lhe dou um beijo ardente, me sentindo livre pela primeira
vez. Somos só nós dois nessa ilha no meio do oceano. Movimento o meu
quadril rebolando maliciosamente e de imediato esfrego minha área
proibida no seu pau exuberante completamente duro pela minha
provocação. O sol se esconde e a Lua surge radiante formando um rastro de
brilho por toda beira da praia. De 10 momentos que passamos juntos,
provavelmente em nove deles estaremos conectados sexualmente um ao
outro.

— Pequenina, adoro quando você esfrega sua boceta em mim, você


é a minha perdição. — Confessa Leon, subindo a mão direita pela minha
coxa.

— Eu adoro quando você me toma em seus braços e me prova o


quanto sou sua. — Leon vira os nossos corpos invertendo os papéis, ele
passa a ficar por cima de mim e lentamente levanta o meu vestido passando
a mão na lateral da minha calcinha fio dental.
Nossos corpos estão repletos da areia fina branca que brilha com a
luz da lua. O rosto dele reluz com o reflexo da água iluminando os seus
olhos verdes, ativando instantaneamente essa paixão vulcânica é
incandescente que sentimos. Leon rasga minha calcinha com brutalidade, a
lançando ao mar e ferozmente abre minhas pernas expondo seu membro
duro para me invadir com arrogância. Sua mão grande e quente captura o
meu seio enquanto a outra está por baixo de mim, segurando a minha
cabeça.

Leon penetra o seu pau robusto que desliza facilmente em minha


boceta excitada. É insanamente delicioso sentir a brutalidade e, ao mesmo
tempo, o carinho com o qual ele me fode. Enquanto estoca
progressivamente, Leon retira suas roupas, ficando completamente nu.
Minhas mãos passeiam em suas costas seguindo em direção ao seu quadril
pressionando-o para enterrar o seu membro profundamente na minha
abertura apertada. Uma onda se aproxima de nós molhando completamente
os nossos corpos, deixando esse momento ainda mais picante e ácido.

— Ah, Leon, isso, mais forte, mais rápido… — declaro, gemendo


sem parar.

— Essa boceta exclusiva é totalmente minha e vou devorá-la a noite


toda. Quero vê-la inchada de tanto me engolir. — provoca o indecente.

As palavras safadas do Leon ativam toda a minha sensualidade.


Suas mãos me exploram, nossos corpos se esfregam com desejo, seu quadril
movimenta-se em sincronia e em minutos estamos gozando loucamente.
Após o momento picante levantamos da areia e voltamos para o iate.

Tomamos um banho longo juntos. Quando terminamos, Leon me


presenteia com um roupão de veludo cor-de-rosa e o visto para o jantar.
— Estou completamente nua por baixo, após o jantar é só abri-lo e
me pegar para você. — Leon solta uma risada longa e gostosa.

— Exatamente por isso escolhi te dar esse roupão de banho. Minha


pequenina safada. — Ele captura minha cintura e beija a maçã do meu
rosto. — Vamos jantar! — Leon me conduz até uma mesa de jantar que ele
fez questão de preparar.

Sentamos na cadeira confortável e a decoração é com velas


vermelhas perfumadas e ao fundo toca uma música sexy deixando o
ambiente romântico. Leon senta-se em minha frente e serve uma taça de
suco de morango e um copo de whisky Bourbon. A impressão que tenho é
de que estou em uma pequena lua-de-mel, Leon sorri o tempo todo
parecendo extremamente feliz e no restante do nosso final de semana, não
iremos pensar em nada que possa nos deixa triste.

Leon busca o jantar preparado pela mulher do Jonas, ele apenas


precisou esquentá-lo, mas o que importa é que se preocupou em arrumar
cada detalhe. Ele deposita sobre a mesa uma assadeira que contém uma
peça única de carne assada e defumada acompanhada de batatas rústicas,
molho mostarda, arroz com amêndoa e uma deliciosa salada verão. Com
cavalheirismo, Leon me serve e nosso jantar é excepcionalmente luxuoso e
adorável.

— Está gostando pequenina? — interroga, segurando minha mão


com carinho.

— Estou adorando, podemos ficar aqui para sempre? — Leon sorri


com safadeza e se levanta da mesa parando ao meu lado.
— Um segundo, tenho algo para você. — Ele segue até a cozinha e
minutos depois retorna segurando um bolo red velvet nas mãos.

Havia confessado há Genevieve uns dias atrás que sentia o desejo de


comer esse bolo. Ele possui uma coloração avermelhada na massa, é
montado em camadas, coberto com buttercream[21]. É muito popular e
poderia comê-lo em qualquer lugar, mas a minha melhor amiga adora ver o
indecente fazendo de tudo por mim.

— Sr. Stanley, você está me mimando demais… — afirmo pegando


rapidamente uma fatia para provar.

— Faço qualquer coisa para ver um sorriso no seu rosto. Era para ter
sido entregue hoje no apartamento, mas o Jonas pegou antes e deixou no
frigobar. — Leon puxa a cadeira e senta-se ao meu lado.

Ele me admira a cada garfada e corto um pedaço levando aos lábios


dele que aceita sorrindo. Com o polegar ele limpa o canto da minha boca
enquanto suspira encantado. Quando terminamos, ele se levanta e estende a
mão.

— Vamos lá fora admirar as estrelas, deitaremos na espreguiçadeira


e ficaremos sentindo apenas os nossos corpos um no outro enquanto somos
contemplados com o som do mar. — Leon nunca me pareceu um cara muito
romântico, no entanto, tem demonstrado ser totalmente amoroso.
Ele é safado, indecente, tem um jeito bruto e bárbaro de me tomar
em seus braços, uma combinação perfeita que me deixa completamente
rendida a ele. Caminhamos até a espreguiçadeira na parte externa e juntos
deitamos. Essa noite o céu apresenta um tom azul royal, as estrelas cintilam
demasiadamente e algumas nuvens encobrem parcialmente a claridade da
lua pálida.

Encosto a minha cabeça no peitoral dele, escutando as batidas do


seu coração que ecoa como uma música para os meus ouvidos. Amo esse
homem. Amo como ele faz eu me sentir, afinal, ao mesmo tempo que me
sinto amada, me sinto desejada. Compartilhar esses instantes de puro prazer
só me faz ter certeza que o nosso amor é urgente, absoluto, arrebatador,
amistoso e simultaneamente cáustico e alucinante.

Estou vivendo um sentimento único e tenho plena consciência de


que poucas pessoas possuem a chance de experimentar um amor na vida
como o que sinto por Leon Stanley. Ele é a minha alma gêmea, o homem
que um dia sonhei ter na minha vida. É errado acreditar em contos de
fadas? Talvez, não existe um Príncipe Encantado, o que existe é um
homem disposto a mudar completamente sua vida para te ter ao lado dele.

Nosso final de semana é completamente intenso e cheio de


momentos quentes capazes de derreter até o coração mais frio que existe.
Vivi cada hora de forma colossal e primorosa. Explorei o corpo do Leon
muitas vezes e nos rendemos à paixão, ao fogo ardente que sobe pelas
nossas pernas e domina todos os nossos sentidos quase o tempo todo. O
indecente me tomou em seus braços por muitas horas, me deixando
completamente judiada com tamanha fome e urgência. O poderoso tem uma
maneira diferente de ver a vida, porém, estou conseguindo fazê-lo olhar o
mundo através dos meus olhos. Pela primeira vez compartilhamos juntos a
natureza, mas principalmente nossos segredos mais íntimos.

Quando voltamos ao píer na segunda-feira bem cedo o meu


estômago revira a cada passo que dou para fora do iate. Voltar para a
realidade e ter que encarar novamente as nossas frustrações me faz ficar
apreensiva. Jonas nos espera e abre um sorriso simpático assim que nos vê,
ele nos ajuda a colocar a bagagem no carro e em poucos minutos estamos
retornando para o centro de Nova York. Minha barriga começa a doer e
penso ser emocional e decido não compartilhar minhas angústias com o
Leon agora. Ele analisa o celular e sorri ao ver alguma mensagem.

— Pequenina, preciso passar na empresa. Rick Muzy quer me


entregar alguns documentos. A primeira reunião é só às 10h, prometo que te
deixarei no apartamento para descansar o mais rápido possível.

— Claro, meu amor, sem problemas.

O caminho é tranquilo e quando chegamos em frente a empresa


Leon beija o meu rosto com carinho e rapidamente entra para encontrar
com o crápula do Muzy. Poderia acompanhá-lo, mas espero no carro para
evitar encontrar com a Ava. Jonas abre a pequena janelinha que nos separa e
avisa que esqueceu de entregar um envelope importante para o Leon.

— Senhorita Werner, um segundo já volto. — avisa o motorista.

— Claro, Jonas, não tem problema. — Ele rapidamente desce e


corre atrás do Leon.

Assusto-me quando a porta traseira se abre e o Rick senta ao meu


lado.

— O que pensa que está fazendo? O que você quer aqui? — indago
surpresa.
— Preciso falar com você, é urgente. — afirma, com um semblante
sombrio.
CAPÍTULO 50
Leon me ameaçou e teve a ousadia de passar o final de semana todo
com a sua amante. Esparramo o meu corpo sobre a cama macia e gargalho
sozinha de felicidade. A golpista perderá o bebê. A minha invasão ao iate
não foi apenas para dar um show, tinha objetivos claros. Avisei que não
estou nessa para perder. Mesmo que o Leon já tenha colocado aquela pobre
fingida no testamento, desenvolvi um ódio inexplicável por ela.

Odeio o jeito delicado e o ar de garota ingênua que de inocente não


tem nada. Coloquei em todos os sucos uma medicação muito utilizada para
abortos. Os dois dias que ela vem tomando resultará na morte daquele
bastardo. Leon poderá até continuar comendo a putinha, mas não terá um
filho com ela, só comigo, sua esposa de verdade.

Passo as mãos pela minha barriga e nesse momento preciso que o


procedimento que o Adrian fez em mim dê certo. Não posso me dar ao luxo
de perder a oportunidade de ficar com a fortuna dele. Penso que
conseguindo metade de suas empresas será possível tornar-me quase dona
de tudo, afinal, com os direitos do herdeiro legítimo somado a metade dos
seus bens pela traição é praticamente sua fortuna bilionária.

Leon pode sofrer um acidente de novo ou de repente morrer


subitamente. Quero estar preparada para o futuro, após o acidente ficou
nítido que a qualquer momento a vida pode dar uma verdadeira reviravolta
nem que seja novamente uma reviravolta planejada. Cassandra Werner tem
um único objetivo em sua vida que é: enganá-lo e se apossar de tudo que ele
construiu. Soltei nas mídias a foto que tirei dos dois no iate e causei a maior
comoção na internet.

Quase todas as esposas dos poderosos de Nova York ficaram ao meu


lado e me apoiaram diante de uma traição. Não quero que o Leon perca a
sua clientela e nem que essa notícia afete os negócios, mas precisa pelo
menos deixar a elite americana ao meu lado. Ninguém sabe que o nosso
casamento foi por contrato, então na cabeça deles o Leon realmente foi sem
caráter e quebrou a confiança da esposa.

Meu próximo objetivo é que as pessoas nunca se esqueçam do rosto


daquela golpista. Ela jamais terá paz na vida. Quero que ela seja lembrada
como a destruidora de lares e amante de homens poderosos, vou inclusive
soltar um boato de traição com outro nome famoso, assim as pessoas
passarão a odiá-la definitivamente.

Olho para o relógio e estou atrasada para ir à empresa. Meu marido


retorna hoje e segundo a agenda possui uma reunião agora de manhã. Ele
será bombardeado com a grande surpresa que preparei. Além da golpista
perder o bebê, eles precisarão se afastar um do outro. Minha super jogada
de mestre, uma notícia fresquinha sobre o maior CEO de Tecnologia traindo
a bondosa esposa grávida. Instintivamente levo a mão à barriga e fico
confusa com os sentimentos. Leon me conquistou, mas não o suficiente
para ser mais importante que o meu amor pelo luxo.

Hoje sinto ódio por ele amar outra mulher e pensar que pode usá-la
para me substituir como esposa. Sempre tive o que quis na vida, não serei
rejeitada e nem perderei a minha fonte de ouro. Mamãe sempre me disse
que sou uma rainha e que jamais deveria perder a coroa. Eles me garantiram
uma vida de luxo ao propor ao Sergey o casamento e não deixarei que o
esforço deles se perca. Uma forte cólica cessa meus pensamentos e levanto
bruscamente da cama.

— Ai… — grito aflita, sentindo uma pontada aguda e intensa na


região da pelve. — Não, não, não. Inferno! Recuso-me a menstruar! —
corro até o banheiro e retiro meu pijama rosa de seda e me sento no vaso
sanitário afastando minha calcinha para verificar.

Uma marca de sangue indica que o procedimento fracassou e uma


fúria me faz levantar de uma vez e começar a quebrar tudo no banheiro.

“Aquele filho da puta do Adrian não fez o trabalho direito!”.


Com raiva lanços os meus frascos de perfumes e acessórios contra o
espelho que se estilhaça sob a bancada de mármore. Um grito agudo escapa
dos meus lábios. Acabo de perder a chance da minha vida. O único motivo
que faria o Leon voltar para casa. Meu coração bate acelerado e
descontroladamente puxo meus cabelos enquanto me debato irritada. As
lágrimas escapam de mim carregadas de desespero. Tanto esforço em
guardar por meses o sêmen esperando que quando precisasse tudo seria
resolvido facilmente. Não consigo aceitar que não exista um bebê em minha
barriga. Possessa e consternada acerto vários socos contra o meu próprio
ventre para aplacar a dor que sinto.

“Leon não saberá que não estou grávida, nem que eu precise
falsificar os exames. Não vou perdê-lo”.

Recobro a sanidade enxugando os meus olhos cheios de lágrimas


com a toalha de rosto. Estava convicta de que nada afetaria os meus planos,
porém, tudo mudou. Arrumo meu pijama, ajeito a minha postura, e, com
passos confiantes, retorno ao quarto. Capturo o meu celular de cima da
cama para falar com o Rick. Faz dias que ele está me evitando, mas hoje
não fugirá dos meus questionamentos. A ligação chama algumas vezes,
porém, ele não atende a chamada. Infelizmente estou sem o Adrian para
convencer a realizar os meus caprichos.

“Precisarei encontrar um novo médico disposto a receber uma boa


grana para mentir e fornecer documentos falsos de gravidez. Depois posso
fingir que estou perdendo o bebê para comover o Leon. Aposto que ele
desejará um novo herdeiro legítimo”.

Sempre fui uma mulher moldável, que prepara o terreno estudando


cuidadosamente as possibilidades. Sigo até o guarda-roupa e escolho um
dos meus conjuntos elegantes da Chanel[22].
Encaro friamente o Rick sentado ao meu lado. Analiso
meticulosamente sua expressão à procura de qualquer mentira em seu olhar.

— Diga-me Rick o que você quer comigo? Após ter me assediado e


me obrigado a trabalhar com você, não queria ter que olhar novamente para
o seu rosto. — Mesmo que sua fisionomia seja de preocupação ao olhá-lo
eu só consigo sentir nojo e repulsa.

Levanto minha mão pronta para acertá-lo caso tente qualquer coisa.
Ao notar minha reação, ele levanta os dois braços em rendição.

— Calma Cassandra, não farei nada com você, apenas quero


conversar antes que o Leon volte. — Rick demonstrar estar receoso e olha
para fora visualizando se o Leon está retornando ao carro. — É o seguinte
Cassandra, o Leon me pediu ajuda para conseguir informações que
comprometesse a reputação da Ava. Separei alguns vídeos, algumas
mensagens e gostaria que você entregasse a ele. — Rick entrega-me um
envelope amarelo e com receio pego de suas mãos. — Infelizmente,
enquanto estavam o final de semana fora, a Ava vazou para um site de
fofocas que Leon a estava traindo, então, se preparem. Ava cogita retirar
metade das empresas do Leon, e para atingi-la, ele precisará revidar
publicamente.

— Não entendo Rick, por que não falou com Leon sobre isso? Por
que esperou que ele saísse do carro para dar essa informação a mim? Há
algo acontecendo?

— Cassandra, conheço Leon há uns bons anos, sei muito bem que
por mais que ele desejasse conseguir qualquer informação, não acredito que
vá me colocar nos negócios de novo. Não sou idiota. — Rick esfrega as
mãos uma na outra completamente nervoso. — Precisarei sumir por uns
dias já que dentre essas informações algumas têm relação comigo.

— Por que está entregando essas informações então? Está com


medo do quê? — Ele fecha o semblante ignorando minha pergunta.

“Por que ele me entregaria informações que o comprometem? Isso


que está nesse envelope é menos pior do que algo que ele fez e por isso
achando que entregando algo estará livre? Precisarei enrolá-lo até que o
Leon apareça”.

— Não é justo que o Leon perca metade de suas empresas para essa
mulher. — reclamo, revoltada.

— Acorda Cassandra, já viu algo ser justo na vida? Foi justo para
você perder os seus pais? — Questiona, e afasto-me rapidamente
encostando na porta.

— Como você sabe dos meus pais? Esteve me investigando por


quê? — retruco aflita.

— Não investiguei, a Genevieve havia comentado que uma amiga


viria trabalhar em Nova York após ter perdido os pais. Obviamente,
imaginei que fosse você. Preste atenção no que importa, o Leon precisará
fazer com que a Ava saia da empresa. Deixar metade dos negócios sob o
comando dela é um tiro no pé. Por mais que entenda de tecnologia, o
trabalho dela é todo voltado para o marketing.

— Tenho certeza que o Leon saberá o que fazer. — Afirmo, mas não
posso fingir que não estou preocupada com isso.

— Preciso ir, avise ao Leon que estarei nos próximos dias fora do
país, não quero estar aqui quando esta bomba de traições cair na mídia. —
O britânico rapidamente se levanta abrindo a porta para sair do carro.

Em um impulso seguro-o pela camisa impedindo que fuja.

— Ficou maluca? — O homem inclina o corpo tentando se soltar


das minhas mãos.

— Está fugindo porque Rick Muzy? Está com medo do Leon? —


Bruscamente ele acerta um tapa em meu rosto e solto-o com o ardor do
golpe.

Impedir ele de sair fez com que o homem deixasse a raiva falar mais
alto. Rick vem para cima de mim com tapas mais fortes e prensa o meu
pescoço contra o banco de couro.

— Covarde, seu monstro! — possesso difere um novo tapa e


aproxima os lábios dos meus.

— Deveria ter te comido aquele dia no hospital e em todos os outros


que esteve trabalhando para mim. Está querendo me foder, sua puta. — Um
novo ardor percorre o meu rosto e sinto-o esquentar pela força excessiva.

— Ahhh! — tento gritar e sua mão livre cobre a minha boca.

O medo começa a se dissipar pelo meu corpo e levo a mão à barriga


para proteger o bebê. Antes que o Rick me agrida novamente escuto a voz
grossa do Leon ecoar pelas ruas em um berro feroz.
— Solte-a! O que você pensa que está fazendo? Filho da puta!
Matarei você. — Leon luta bravamente com o Rick aplicando um
movimento perfeito que o permiti segurá-lo pelo pescoço.

Levo a mão ao meu rosto sentindo a sensação dos dedos desse


crápula em minha pele. Rick novamente tenta se libertar sem sucesso. Leon
o puxa para fora do carro, jogando-o no chão.

Completamente descontrolado, difere inúmeros socos e chutes no


Rick que se encolhe enquanto grita. Os policiais tentam impedi-lo de
continuar a agressão, no entanto Leon permanece o golpeando sem parar.

— Sr. Stanley, pode responder por agressão. — avisa um dos


policiais.

Jonas retorna e apressadamente corre para me ajudar. Faço menção


de descer do carro, porém ele me indica a permanecer onde estou
gesticulando com calma. Meu coração acelera ao ver os flashs dos milhares
de celulares de curiosos filmando tudo. Nunca vi o Leon furioso dessa
forma. A cada segundo ele capta mais o ar pegando impulso para acertar o
rosto do Rick. Seus punhos firmes fechados começam a se tornar vermelho
vibrante pelo sangue que escapa dos ferimentos. O crápula perde as forças,
mas o indecente não, afinal, é forte como um touro e está descontrolado. Os
policias seguram firme por trás de seu corpo tentando impedi-lo de matar o
Muzy.

— Por que os policiais estavam com o Leon? — Jonas prontamente


responde enquanto pega uma garrafa de água no suporte para me entregar.

— Não olhe senhorita Cassandra, O senhor Stanley está fora de si.


Os policias estavam esperando o Rick chegar para entregar o envelope. O
homem seria preso, parece que estava roubando por debaixo dos panos. —
Lembro-me que Leon disse já ter o que precisava para acabar com ele.

Pego a água e com as mãos trêmulas levo aos lábios. Escuto os


incansáveis socos acertarem o rosto desfigurado do Muzy. Solto a garrafa e
tampo os meus ouvidos tentando não ficar angustiada pelo Leon. O que ele
sente é raiva, revolta e imagino que realmente seja capaz de matá-lo, porém
não quero que isso aconteça. Poderia ser denunciado, preso e não quero
perdê-lo. Finalmente eles afastam o Leon do Rick que é algemado e
arrastado até o carro da polícia. Leon paralisa, bufando baixo. Jonas
devolve a garrafa ao suporte e pega apressadamente uma toalha, entregando
ao Leon para limpar o sangue em suas mãos.

— Senhor, vá lavar as mãos, aguardamos aqui. — Ele inclina a


cabeça concordando e segue até a empresa novamente.

Meus pensamentos começam a voar longe, pensando em todo o caos


que irá acontecer a partir de agora. Pego o meu celular e abro os sites de
fofoca em busca de qualquer notícia relacionada ao Leon. Minhas mãos
ficam frias quando encontro um dos maiores sites de notícias com uma foto
na primeira capa do Leon abraçado a mim. Ava foi inconsequente em
liberar essa imagem na internet.

Esse momento registrado foi antes que ela nos surpreendesse com a
sua presença. Estávamos na proa nos admirando, a imagem é nítida e pelos
comentários as pessoas estão indignadas. “Um dos maiores e mais
poderosos homem da tecnologia trai sua esposa grávida, após 10 anos de
casamento”, realmente essa notícia é perturbadora.

“Isso é um desastre! Leon deve estar furioso! Ava não percebe que
está tornando a vida de todos um verdadeiro martírio?”.
CAPÍTULO 51
As pessoas me xingam sem saber a história verdadeira por trás do
nosso romance. Nos comentários desejam coisas ruins e que ele perca a sua
fortuna pela traição, e o mais chocante é que as pessoas deixam mensagens
de apoio para a esposa.

Paro de olhar as notícias e os comentários, sendo tomada por uma


onda de ansiedade. Leon acaba de ser exposto, isso pode gerar
consequências drásticas, principalmente por conta dos contratos e as
empresas com quem ele trabalha. Ava não pensou que as empresas
poderiam ser afetadas e com isso o lucro e a fortuna do Leon poderia sofrer
uma grande queda no mercado. Após alguns minutos ele retorna e senta ao
meu lado.

Seu semblante é indecifrável e fica em total silêncio apenas


encarando os punhos fechados. Jonas o ajuda fechando a porta e cubro o
meu rosto com as mãos, evitando que tirem qualquer foto de mim. Acabo
de perceber que ele já sabe da fofoca e está provavelmente enfurecido com
isso. Jonas segue até o banco do motorista, liga o carro e, rapidamente,
entramos nas ruas da cidade. Permaneço no meu lugar e pego o envelope
entregando para o Leon.

— O Rick te entregou isso? — questiona nervoso.

— Sim, há poucos minutos, antes de me agredir. — Leon recobre os


sentidos com as minhas palavras e toca o meu rosto com carinho.

— Como aquele filho da puta teve a capacidade de relar em você?


Queria matá-lo! — Com raiva, Leon dá um soco no banco.

Salto de susto e levo a mão ao coração sentindo-o bater


descontroladamente. Uma cólica forte atinge o meu ventre e me encolho
abalada. A adrenalina de minutos atrás, de ver os dois brigando, os policiais
segurando o Leon e toda a confusão desencadeou o meu nervosismo. A
expressão de raiva estampada no rosto do indecente se esvai e rapidamente
ele se arrepende ao perceber o meu apavoro. Ele coloca a mão na minha
barriga como se tentasse acalmar o bebê.

— Me perdoa pequenina, não queria te assustar, sou um idiota. —


declara punindo-se pela própria atitude. — Ele machucou você? —
Desesperado segura o meu rosto a procura de ferimentos.

— Está tudo bem, foram tapas, a ardência, passou. O que ele fez foi
um ato covarde. Apenas não esperava essa confusão. Rick foi preso em
definitivo?

— Sim, nunca mais fará mal a você! Garanti que ele perca tudo,
agora aprenderá com o sofrimento.

Fico aliviada ao saber que nunca mais precisarei ter medo daquele
mostro. Permanecemos em silêncio, não ouso abrir minha boca e dizer nada
ao Leon durante todo o trajeto. Ele está pensativo e provavelmente busca
uma solução para o grande problema que se formou agora. Pego o meu
celular e envio uma mensagem para a Genevieve.

“Cassandra Werner: Amiga, acabei de descobrir as notícias. Isso


está afetando algo na empresa?”
“Genevieve Flin: Infelizmente, sim, mesmo que seja a vida pessoal
do Leon, as pessoas tendem a levar em consideração”.
“Cassandra Werner: Isso é um desastre, Ava não deveria ter revelado
nada, Leon está abalado mesmo que não me diga”.
“Genevieve Flin: Sim, o Leon sempre foi muito conectado com a
empresa e isso afetará o mercado financeiro, mas tenho certeza que ele
conseguirá se recuperar. Como você está? Estou com saudades, como está o
bebê?”.
“Cassandra Werner: Eu estou bem, a consulta mostrou que o bebê
também está ótimo, e se desenvolvendo adequadamente. Em breve nos
encontraremos para conversar. Estou com saudades também”.
Apago a tela do meu celular ao ouvir a respiração pesada do Leon.
Aproximo-me lentamente do seu corpo em silêncio e com carinho deslizo a
mão pelos seus ombros até alcançar o seu rosto. Mesmo que ele não diga,
sei que está triste. Ele fecha os olhos com a sensação dos meus dedos
acariciando sua pele. Aproximo os meus lábios e deposito um beijo
carinhoso em sua face enquanto com ternura roço o meu rosto contra o seu.
Ele captura minha cintura e me encaixa em seu colo. Os braços musculosos
envolvem minha cintura e nos beijamos com ternura. A conexão dos nossos
lábios, a maciez do envolvimento de nossas línguas o acalma
instantaneamente. Suas mãos passeiam pela lateral do meu corpo e nos
afastamos lentamente, ao passo que nos admiramos com devoção.

— Obrigada pequenina, só você para trazer um pouco de paz aos


meus pensamentos. Só de sentir o seu toque na minha pele eu já me sinto
menos tenso. — confessa Leon com carinho.

— Como você se sente?

— Quase mato aquele filho da puta. Vê-lo por cima de você te


batendo foi insuportável para mim. Quanto a Ava achei muito baixo da
parte da Ava fazer isso, porém terei que jogar sujo, e sinceramente, odeio
jogar sujo.

— Rick falou que você precisa soltar uma notícia na mídia para
então afetá-la.

— Chegando no apartamento verifico os arquivos do envelope.


Preciso de uma notícia que afete diretamente a sua reputação. Minha mãe
me ligou na empresa, ela já assistiu às notícias, estava me dizendo para
parar de ser idiota, me aconselhou a bater de frente com a Ava.

— Que tipo de notícia você vai soltar sobre ela?

— Precisará ser algo referente ao contrato de casamento, pensei em


colocar as traições e o contrato, mostrando que nunca houve amor e sim
uma convivência obrigatória. Talvez assim as pessoas cairão menos em
cima de você. — Apenas concordo com a cabeça e abraço seu corpo até que
estejamos em frente ao nosso apartamento.

Descemos do carro e entramos no prédio. Quando saímos do


elevador, Leon rapidamente vai até o escritório dele e começa a verificar os
arquivos. Sento-me ao seu lado e acompanha o processo em silêncio,
apenas dando minha opinião sempre que me pergunta algo.

— O que você acha dessa notícia?

— Acho que é ideal, afinal precisamos que as pessoas olhem e


pensem que por mais que vocês sejam casados, nunca houve de fato uma
relação amorosa.

Leon pega o celular e começa a verificar as notícias, ficando furioso


ao ver as pessoas me xingando sem ao menos conhecer a nossa história.

— Não consigo ver essas mensagens. O que estão dizendo é cruel,


maldoso e, o oposto da realidade. Como podem desejar tantas coisas ruins a
você? Dói em meu peito imaginar você lendo qualquer uma dessas falas
horríveis. — Leon lança o celular na parede e captura o meu rosto, olhando
profundamente em meus olhos. — Prometa-me que não olhará as notícias?
Por favor, pequenina… prometa-me! — Confirmo com um balançar de
cabeça, tentando amenizar o que ele está sentindo. — Não consigo aceitar
ver todas essas pessoas te xingando. Espalhando o seu rosto como a amante
de Leon Stanley, não a quero como amante, você será a minha esposa, a
minha escolha, o meu amor. Não uma obrigação! — confessa arrasado.

— Está tudo bem meu amor, isso acontece porque eles não
conhecem o nosso sentimento e como foi a construção da nossa relação.
Para eles sou a mulher que destruiu um casamento, porém não sabem que
nunca existiu uma relação amorosa de verdade. As pessoas falam demais,
são tendenciosas e ninguém sabe de fato o que acontece na nossa vida. Está
tudo bem! — amenizo enquanto acaricio os cabelos castanhos dele.
— Vê-los te ofendendo só me deixa com raiva e mais determinado a
derrubar a Ava.

— Não fique pensando nisso. Apenas envie a notícia para ser


publicada e torceremos para que tudo dê certo. Precisamos apenas que a
Ava aceite os seus termos, não quero que você perca parte da sua empresa.
Sei o quanto você batalhou para conquistar e manter os lucros altos,
observar a sua fortuna cair e a empresa perder contratos importantes, não é
nada aceitável, nós daremos um jeito nisso! Deveria ter te alertado sobre os
riscos ao sairmos no passeio, mas fiquei tão feliz que falhei! — afirmo
triste.

— Pequenina você não fez nada de errado, eu que deveria ter


percebido que ela planejaria algo. Ava ter vazado o seu nome me deixou
furioso, não ligo de virem para cima de mim, de acabarem com a minha
reputação, mas se mexerem com você, com o nosso bebê, não conseguirei
responder por mim.

Leon me abraça e me aperta forte como se tivesse com medo que eu


possa fugir para qualquer lugar. Com desespero ele beija os meus lábios e
sussurra em meus ouvidos.

— Eu amo você pequenina, e não ligo de ter que enfrentar o mundo


e a Ava para ficarmos juntos, você é a minha razão de viver, a minha
mulher, a mãe do meu filho.

As palavras dele me emocionam e uma lágrima escapa pelo meu


rosto. Leon rapidamente a enxuga e com carinho beija o topo da minha
cabeça. Ficamos abraçados por mais alguns minutos. Não imaginava que
fôssemos ter que lidar com algo destruidor, sendo que havíamos acabado de
desembarcar do iate. Lembrar do nosso final de semana, em como ficamos
isolados sob o oceano, apenas aproveitando o nosso amor me faz sentir
saudade. Passamos por tanta coisa e ainda passaremos por algumas
provações até que possamos finalmente nos casar.
— Falarei com um jornalista agora, e pedirei que publique o
contrato de casamento e um vídeo comprometedor. — Leon olha para o
relógio de pulso e beija o meu rosto. — Preciso ir para a empresa! Tenho
uma reunião às 10 horas, precisarei falar com ele no caminho! Logo estarei
de volta, descanse, por favor! — Envolvo minhas mãos em sua cintura e
fico nas pontas dos pés para aproximar os nossos rostos.

— Pode ir tranquilo, prometo que vou descansar. — Ele sorri e me


prende em seus braços com força.

Seus lábios devoram os meus em um beijo quente e intenso. Após


nos despedirmos, ele segue para a empresa enquanto caminho até o quarto
ansiosa por um banho quente. Prometi ao Leon que não olharia mais as
notícias e até menti dizendo que estava tudo bem, mas por dentro estou
gritando. Sinto um aperto em meu peito e as lágrimas brotam
incontroláveis. Constatar o meu nome na internet, e milhares de pessoas me
rebaixando é doloroso demais.

“Como sairei nas ruas? Como olharei para as pessoas sabendo que
ninguém gosta de mim, e nem ao menos me conhecem de verdade! O que
mais teremos que suportar até que a Ava perceba que nos amamos de
verdade?”.
CAPÍTULO 52
Retorno para a empresa frustrado. Durante o trajeto enviei a cópia
do contrato e o vídeo da Ava para ser divulgado. Odeio ser um crápula, mas
estou cansado das suas loucuras. O jornalista me prometeu sigilo total.
Passo pelo hall principal sob o olhar julgador dos meus próprios
funcionários. As vozes sussurrando e os risos abafados me acompanham até
chegar ao elevador administrativo. As notícias foram atualizadas e todos
sabem que Cassandra era minha funcionária e “amante”. As fotos da nossa
dança na House Green vieram à tona sob uma nova ótica.

Genevieve sorri sem jeito ao me ver chegar. Analiso a recepção e o


meu advogado Erick me aguarda. Provavelmente dirá algo sobre as
empresas e toda essa questão da exposição. Durante toda a minha vida vivi
para o trabalho, a empresa era a minha casa e me dediquei com louvor. O
reflexo disso é a enorme fortuna que adquiri, porém, hoje, sei que teve um
preço e foi alto demais.

— Bom dia, Chefe, o Erick aguarda para conversar. Disse que é


urgente!

— Tudo bem, eu mesmo o chamarei para a minha sala. Avise aos


associados que a reunião precisará ser remarcada, por favor! Estou a ponto
de explodir.

— Sinto muito! — alerta minha secretária entristecida.

Aceno brevemente para o Erick, que se levanta, e me acompanha até


o escritório.

— Bom dia, Leon, estou aqui porque preciso falar com você. —
fecho a porta e seguimos até a minha mesa. — Observei as notícias sobre a
traição na internet e não demorou muito para o novo advogado da Ava
entrar em contato. Ela entrará com o pedido para se apropriar de metade das
empresas. — Expilo o ar dos meus pulmões irritados enquanto me sento na
cadeira de couro.

Ele senta em minha frente e pigarreia oscilante.

— Quando você estava no hospital, a Ava foi me visitar. Sempre


soube que ela nunca foi uma esposa fiel e as mulheres com quem você se
envolveu jamais falariam sobre as relações secreta, já que assinaram um
documento de silêncio. Caso falassem, com certeza causaria um grande
transtorno judicial para elas. Precisamos concordar que foram poucas
durante esses anos, diferente da Ava que vem colecionando um amante por
ano.

— Sim, a mídia está dando muito ibope para essa notícia, eu


realmente não achei que fosse alcançar tantas proporções, preciso pensar
numa estratégia, afinal, liberei também nas mídias sociais um vídeo
comprometedor da Ava, não posso deixar que destrua a minha carreira
sendo que vivíamos um casamento de aparências. — Pego o meu copo de
café e degusto calmamente tentando controlar a minha inquietação. —
Quanto às empresas, confirme o pedido de apropriação. Não tenho o que
fazer, as fotos estão claras, não há argumentação válida. O que pretendo é
pedir uma anulação do nosso casamento. Quando cair nas mídias suas
traições terei esse direito, afinal, isso demonstra que ela também não
cumpriu o contrato. Não me importo de perder metade das empresas. O
amor que sinto pela Cassandra está acima de qualquer dinheiro ou bem
material. Ficar com ela é o meu maior propósito. Em breve teremos nosso
primeiro filho e não quero estar lidando com essas merdas! — constato com
confiança.

— Leon, acho melhor você pedir para a Cassandra não sair em


público, podem atacá-la. Já viralizou a imagem dela e qualquer novo
acontecimento pode causar um grande estrago, e não falo das empresas,
mas emocional, ela está grávida e possui sonhos, pode influenciar no futuro
dela. Infelizmente, não a conheço, mas sei que a ama. — Levo os dedos até
minha barba, coçando-a pensativo. — As pessoas vivem fazendo coisas
erradas, mas são mestre em apontar os erros dos outros. A deixe em um
lugar seguro até que tudo esteja resolvido. Precisará lidar com os sócios,
com os contratantes e a sua reputação profissional neste momento está em
jogo.

— Sim, mesmo perdendo partes da empresa precisarei trabalhar e


comandar. Muitas famílias dependem de nós, possuo muitos funcionários.
Não posso falhar com eles. A levarei para um lugar seguro e quando tudo
estiver resolvido viveremos finalmente juntos. Não posso permitir que a
machuquem com as notícias falsas. Cassandra ainda se recupera de um luto,
está grávida e não quero vê-la sofrer mais do que vem sofrendo com tudo
isso.

— Essa é uma escolha de proteção, Leon.

— Sim. Faço qualquer coisa pela Cassandra. Ava fez isso porque
desejava que o rosto dela fosse conhecido para gerar transtorno, mas
principalmente revolta nas pessoas. Ela é uma socialite conhecida, desde o
nosso casamento se empenhou muito em permanecer na alta sociedade e
com isso ganhou o respeito dos poderosos. Mesmo eu sendo o cara mais
poderoso da tecnologia e extremamente profissional, a minha vida pessoal
acaba sendo um atrativo a mais. — Faço aspas no ar evidenciando o
“mais”. — Minha esposa é vista como uma pessoa sociável, doce e
maleável, o que obviamente comove as pessoas.

— Sim, vamos nos preocupar em manter a segurança da Cassandra


e os negócios da empresa ativo. As pessoas precisam ver o lado sombrio da
Ava. Sei que não gosta dessa exposição toda, nunca gostou de ser exposto,
mas nestas circunstâncias não temos opções. Quando você sofreu o
acidente, ela esteve em minha casa pedindo para ver o seu testamento. — O
homem solta uma respiração frustrada.

— Imaginei que ela faria isso! O que mais importa é o dinheiro.

— Ava sabe que você deixou grande parte da sua fortuna para a
Cassandra, acredito que ela fará de tudo para fazê-la perder o direito de
receber esse dinheiro. Inclusive, fique em alerta, a sua esposa não está no
juízo normal, provavelmente está com algum distúrbio psicológico e possa
ser capaz de tentar algo mais grave. Mantenha a Cassandra o mais longe
possível das pessoas e das ruas.

— Obrigado Erick, levarei em conta suas considerações e


contratarei agora mesmo um guarda-costas que irá garantir a segurança da
Cassandra. Além de deixá-la em uma casa segura, onde ficará longe das
mídias e de um possível ataque surpresa.

— De nada, você é o meu melhor cliente e um grande amigo, não


posso dizer que não errei em relação a algumas coisas do passado,
principalmente com a Ava, mas prometo garantir que nada de ruim aconteça
e nem que você perca a sua razão e os seus bens.

— Aquela mulher enganou muitas pessoas com seu jeito doce e a


voz mansa, entretanto, acredito que todos podemos errar, mas também
corrigir os nossos erros, sei que se envolveu com ela, espero que consiga
enxergar o que ela é desequilibrada.

— Hoje, eu consigo enxergar, ela deixou muito evidente ao conferir


o seu testamento. Cuidarei de tudo, qualquer novidade, entrarei em contato.
Um site de fofoca avisou-me que serão distribuídas as notícias somente que
não firam a sua integridade profissional. — Finaliza ele estendendo a mão
para se despedir.

— Perfeito! Em breve tudo estará resolvido. — afirmo e o


cumprimento com firmeza.

Erick sai da sala enquanto fico pensativo. Pego o meu celular e ligo
para a Cassandra. Não queria ser o portador de uma notícia como essa.
Acabamos de deixar o medo de lado para ficarmos juntos. É um mal
necessário que machuca e fere profundamente a alma. Após alguns toques
ela atende.

— Meu amor, já está com saudades? — brinca enquanto escuto o


som da sua risada.
— Sim, estou morrendo de saudades… — confirmo
carinhosamente.

— Aconteceu algo? — Sua respiração é ruidosa e o timbre de sua


voz fica abalado.

— Infelizmente sim. Pequenina, Erick acredita que a Ava pode


tentar atacar você para manchar ainda mais a sua imagem. — Ela bufa
baixo e permanece em silêncio. — Meu amor, eu preciso te proteger. Você é
a mulher que amo e a mãe do meu filho. Faço o que for preciso para
garantir sua segurança. Você confia em mim?

— Sim, de todo o meu coração, eu confio totalmente em você! — A


voz saí tremida, chorosa e ter que dizer que precisaremos ficar afastados
aperta o meu peito.

— Como precaução, você não poderá sair muito nos próximos dias.
Preocupo-me e sei que tem vivido emoções fortes, não quero vê-la triste.
Toda vez que lembro da agressão da Ava fico furioso, se ela não fosse uma
mulher teria provavelmente perdido o controle. O que quero te dizer é que
precisaremos nos afastar, mas será por poucos dias, eu prometo. Conheço
um lugar bom afastado de Nova York, é extremamente tranquilo. Nunca me
perdoaria se algo acontecesse com você e com o nosso bebê!

— Não, Leon, não, por favor, não se afaste de mim… — Cassandra


começa a chorar e meus olhos ficam marejados ao ouvir suas súplicas. —
Não me mande para longe.

— Minha pequenina manhosa, não chore! Não está sendo fácil, mas
estou apavorado. Ficar longe será o meu pior castigo, prometo fazer os seus
dias lá serem especiais e revigorantes. — Ela começa a soluçar e tenta falar,
mas a voz falha. — Eu amo você, hoje e para sempre! — reafirmo tentando
acalmá-la.

Cassandra funga enquanto tenta conter os soluços e o choro.


— Eu entendo, a Ava fará de tudo para nos prejudicar, mas não
quero ficar sozinha.

— Jamais deixarei você sozinha! Contratarei um segurança que


ficará 24 horas com você e também pedirei para a Sandra, esposa do Jonas,
lhe fazer companhia. — Cassandra está com medo, assustada e ficarmos
separados só irá piorar a angústia.

Posso prepará-la para o futuro. Ela sonha em produzir perfumes,


então comprarei tudo que ela precisa para começar a criá-los durante esses
dias de descanso. Será o melhor momento para descobrir que ela ainda
possui desejos e após o nosso bebê nascer poderá abrir sua própria
perfumaria.

— Juro que serão apenas 15 dias, nenhum a mais! — mesmo não


vendo o seu rosto, imagino que deva estar com um semblante devastado e
com o olhar preso a cidade.

Sempre que se sente triste com algo, a pequenina admira o céu em


busca de conforto espiritual.

— Tudo bem, eu confio em você, meu amor. Eu estou bem, não vou
mentir e dizer que toda essa exposição não me afetou. Ficar uns dias longe
será bom para amenizar essa vontade que as pessoas estão de saberem mais
de mim e da minha vida. — concorda, deixando meu peito menos sufocado
por tamanha tristeza. — Preciso, sim, de um tempo longe das loucuras
daquela mulher, mas meu coração sangra em imaginar a saudade que
sentirei.

— Prometo que tudo ficará bem! Pegue apenas o básico, será por
poucos dias.

Ultimamente matamos um leão por dia e o sofrimento, a dor de ficar


distante é cada vez mais insuportável.
— Chame a Genevieve e passem algumas horas juntas. Sou um
homem de poucos amigos, mas percebi que ela te ama verdadeiramente e a
considera como uma irmã. Preciso passar na mansão para pegar alguns
documentos que deixei no meu cofre pessoal.

— Tudo bem, adorarei passar algumas horas com ela antes de me


afastar da cidade, porém, tenho uma reclamação! — Diz, manhosa e pelo
sussurro quase inaudível percebo que encosta os lábios no aparelho para
falar.
— Que tipo de reclamação? — questiono, sabendo que é safadeza.

— Está me devendo um momento picante… ficaremos dias sem nos


ver pessoalmente, e preciso de você! — suplica docemente.

— Pagarei com juros e correção monetária hoje mesmo! —


descontraio, e a escuto sorrir.
CAPÍTULO 53
Meu celular começa a tocar e atendo imediatamente. A ligação é da
minha amiga do clube, a Penélope.

— Ava Moore Stanley, está sentada? — fico intrigada com sua


pergunta. — Amiga, pegue uma garrafa de álcool puro, sente-se, respire
fundo e se prepare para a bomba que vou te contar. Não entre nas suas redes
sociais porque as pessoas estão aniquilando a sua página com mensagens
revoltadas. — Meu coração acelera e minhas mãos começam a tremer só de
pensar no que possa estar acontecendo.

— O que aconteceu? Do que você está falando? Como assim estão


comentando nas minhas redes sociais palavras ríspidas? Sou da alta
sociedade, respeitada, todas as mulheres em Nova York queriam estar no
meu lugar.

— Amiga, vazou um vídeo seu na boate Fantasy, as imagens são da


vez que você agarrou aquele dançarino completamente nu na área particular
do bar. Lembra se disso? Foi no dia do seu aniversário há dois anos.

— Claro que eu me lembro, no vídeo estava segurando um


champanhe na mão, gritando enlouquecida enquanto o dançarino rebolava,
esfregando o corpo dele, no meu. Beijamo-nos ardentemente, aquele
homem era maravilhoso. Como assim esse vídeo foi vazado? Ninguém
tinha esse vídeo, se eu não me engano era somente eu, você e o Rick. Foi
aquele merda do Muzy, acho é pouco que ele esteja preso e que perca tudo.

— Fiquei chocada com a notícia. Com certeza foi através dele que
tiveram acesso a esse vídeo, porém, está em todas as páginas de fofocas
juntamente com algo ainda pior. — Meu coração acelera e fico nervosa de
estar perdendo o controle da situação.

Estava com tudo planejado e um vídeo meu circular na internet


extremamente comprometedor levará a minha credibilidade ao chão. Fico
com medo de questionar a Penélope, entretanto, eu preciso saber o que está
acontecendo.

— Diga-me, pelo amor de Deus, o que mais vazaram?

— Infelizmente o contrato de casamento seu e do Leon.

— Preciso desligar, mais tarde conversamos, preciso resolver esses


problemas. — Desligo a ligação sentindo meu corpo todo ser tomado pela
raiva, abro as minhas redes sociais e encontro milhares de mensagens
negativas sobre o contrato e o vídeo com o dançarino.

Respiro nervosa tentando buscar na minha mente algo que possa


contornar rapidamente esse caos. Leon é um homem, e todo homem é
safado. Eu tinha uma imagem a zelar, trabalho com ela e o que as pessoas
vão fazer ao perceber que eu traía o meu marido e fui à internet me
lamentar pela traição? Agora eles saberão que eu fazia isso também. Todos
já estão sabendo da prisão do Rick. Sempre tivemos nossos momentos
quentes, principalmente quando estava nervosa. Gostava de aliviar minha
tensão ficando com ele, infelizmente hoje isso não será possível. A nossa
relação começou a muitos anos, logo após a minha entrada na empresa.
Leon pareceu nunca desconfiar de nada e jamais saberá. Caso o Rick ouse
revelar algo comprometedor sobre mim, acabo com ele.
Descanso o resto da tarde e quando a noite chega recebo Genevieve
com carinho. Minha melhor amiga me abraça apertado e passa a mão
suavemente pelos meus cabelos, demonstrando toda a sua preocupação.
Genevieve inesperadamente começa a chorar e com carinho beija as minhas
bochechas.

— Amiga sentirei sua falta, mas o Leon está fazendo esse sacrífico
porque você é tudo que importa para ele. Ava é maldosa e pode tentar atacar
você. — concordo presa em seu abraço carinhoso. — Como está o pequeno
bebê? — Declara aos prantos me prendendo mais forte em seus braços.

— O bebê está bem, eu também estou bem, o final de semana ao


lado do Leon foi incrível, tivemos ótimos momentos juntos, porém ao voltar
e encontrar essa bagunça fez o meu corpo todo entrar em conflito. Sinto dor,
não contei ao Leon, mas noto uma pequena cólica no pé da minha barriga.
Achei que era pelos conflitos e o nervosismo, mas confesso que estou
começando a ficar preocupada porque está aumentando gradativamente a
dor. — Genevieve segura desesperadamente a minha mão e pega
rapidamente a minha bolsa.
— Vamos imediatamente ao hospital, não é normal você sentir dor.
Isso pode ser um sinal de que o bebê está com algum tipo de dificuldade. —
Meu coração acelera descompassado ao pensar que possa acontecer algo
com a minha pequena sementinha em desenvolvimento. Minhas mãos
começam a tremer e minhas pernas bambear. Lembro que após a Ava sair
do navio meu corpo ficou bastante abalado, principalmente por ela ter me
agredido.

— Leon, foi até a mansão para buscar alguns documentos pessoais


no cofre. Preciso avisá-lo imediatamente. Pedirei para nos encontrar no
hospital.

Pego o meu celular com as mãos trêmulas e ligo para o Leon. A


ligação chama até cair na caixa postal, imagino que deva estar muito
ocupado lidando com a Ava. Sigo até o quarto, retiro as minhas roupas de
dormir e coloco uma calça de tecido preta confortável e um casaco rosa de
camurça repleto de strass e glitter. Quando termino Genevieve me conduz
até o carro dela.

A dor que era pequena começa a se tornar maior, talvez tenha


aumentado pelo meu nervosismo que começou a atingir picos altos. As
lágrimas escorrem pelo meu rosto ao pensar na possibilidade de perder o
meu filho. Foi difícil aceitar que seria mãe tão cedo, entretanto, não consigo
mais olhar para a minha vida sem ter o meu bebê em meus braços. Meu
peito sufoca em angústia e as lágrimas parecem formar um grande nó em
minha garganta.

Quando paramos em frente ao hospital, um misto de medo, pavor e


tristeza começam a tomar conta dos meus sentidos. Genevieve segue até a
recepção enquanto espero no carro. Uma enfermeira vem ao meu encontro
trazendo uma cadeira de rodas e rapidamente me conduz para a sala de
consulta. Durante todo passeio me senti viva, feliz e sentir que algo dessa
magnitude aconteça acabará destruindo todas as esperanças que plantei em
meu coração.
Estava convicta de que agora tudo se resolveria. Ava já afirmou
estar grávida e o que acontecerá se eu perder o meu bebê? Meus
pensamentos são interrompidos pela enfermeira. Ela possui cabelos longos
loiros, pele parda, olhos castanhos, rosto arredondado e aparenta ter em
torno de 45 anos. No crachá de identificação confiro o seu nome, Alice.

— Boa noite Cassandra, farei o pré-atendimento e uma médica


chamada Lorena em alguns minutos chegará para te atender. Fique calma,
vai ficar tudo bem. — aceito soluçando sem parar, ao mesmo tempo, que
seco minhas lágrimas.

A mulher faz as principais perguntas, confere meus batimentos,


temperatura e pressão. Inspiro profundamente a cada cinco minutos
tentando manter a calma. A dor se estende por todo meu abdômen e
contraio os meus pés tentando controlá-la. Após alguns minutos a médica
entra no quarto e começa o meu atendimento.

— Boa noite, Cassandra, sou a Dra. Lorena. Como está se sentindo?


Como é essa dor?

— É uma dor irregular, como se fosse cólicas e gradativamente elas


aumentam a intensidade.

— Certo, o feto ainda é muito pequeno e te passarei um soro


contendo uma medicação específica para protegê-lo. Você precisará ficar
em observação. Faremos uma ultrassonografia e determinaremos como está
o bebê. Você é uma jovem saudável, possui apenas 18 anos, por acaso fez
uso de alguma substância abortiva? ou medicações proibidos para gestante?
— As palavras da médica parecem atingir o meu corpo com tanta força que
não consigo me segurar e instantaneamente começo a chorar em desespero.

— Não doutora, jamais faria isso. A gravidez não foi planejada, mas
amo o meu bebê incondicionalmente, mesmo sendo tão pequeno. Fiz o
acompanhamento médico e estava tudo bem, não entendo o que possa estar
acontecendo! — balbuciou confusa.
A médica pensa por alguns minutos e volta a me questionar em
busca de respostas.

— Comeu algo diferente? Esteve exposta em algum lugar? Lembra-


se de algo que achou estranho? Às vezes pode ocorrer ingestão acidental.
— Vasculho a minha mente em busca de lembranças estranhas e durante o
final de semana com o Leon a única coisa que estranhei foi o gosto amargo
do suco.

— Fiz um passeio de iate esse final de semana e me lembro de


provar os sucos e senti-los muito amargo. Pode ter algo de errado com o
meu estômago?

— Ótimo, isso é um começo. Aconteceu mais alguma coisa?

— Sim, passei por momentos de estresse hoje, uma mulher também


me agrediu há dois dias, golpeou minha barriga, mas aparentemente estava
tudo bem. Essa cólica pode ser por estresse? — A médica confere o
resultado do pré-atendimento e nega com a cabeça.

— Talvez, mas a pressão está normal, batimentos um pouco


acelerado, provavelmente porque está assustada. Certo, pedirei um
toxicológico, é melhor termos certeza. Se houve alguma substância suspeita
que pegue no exame, saberemos se você pode ter ingerido algo. Trataremos
como um estresse, até que o resultado saia. Cassandra, o que está
acontecendo no seu corpo é um início de aborto! Faremos de tudo para
impedir que você perca o bebê.

As palavras da médica fazem o meu mundo desabar. Perco o ar dos


meus pulmões e instantaneamente uma avalanche de dor e consternação
domina o meu peito que comprimi fazendo as lágrimas voltarem a molhar o
meu rosto. Tudo que eu queria era ter o Leon ao meu lado, segurando a
minha mão.
CAPÍTULO 54
Deixo meus pertences no carro com o Jonas e rapidamente passo
pelo hall principal da mansão seguindo até o meu escritório. Preciso pegar
os documentos que utilizarei em uma reunião amanhã. Após os escândalos
das últimas horas preciso estabelecer alguns contratos e garanti-los para não
termos grandes perdas econômicas. Atravesso a porta e sigo até o meu cofre
localizado atrás de um quadro antigo. Meu escritório é todo em carvalho
envelhecido, as paredes são pretas, os móveis são escuros envernizados e
próximo à janela encontra-se a minha mesa grande. Daqui consigo observar
o Jonas me esperando no carro e vejo quando a Ava estaciona ao lado dele.
A mulher conversa gesticulando sem parar e rapidamente abro o cofre e
retiro as minhas pastas para sair o mais brevemente possível. Quero evitar
um conflito maior, porém, antes que consiga sair a tempo, Ava entra no
escritório com as mãos na cintura adotando uma feição de indignação.

— Leon Stanley, como você foi capaz de entregar aos jornalistas


fofoqueiros uma cópia do nosso contrato de casamento? Como você teve
coragem de jogar a minha reputação na lama? — declara enquanto pega um
vaso de porcelana da mesa e lança no chão com raiva.

— Fiz o mesmo que você. Achou que eu ficaria quieto enquanto


você tenta destruir a minha reputação? Fez-me parecer um marido
desonesto, traidor e um maldito enganador. Acha que isso não afetará a
minha fortuna? Engraçado, achei que quisesse o meu dinheiro.

— Leon, não fiz isso para afetar a empresa, apenas queria que as
pessoas vissem o seu lado sombrio, esse lado safado que não liga para a
família e que trai a esposa. Queria principalmente abrir os seus olhos,
afinal, você está alimentando uma golpista. — Com raiva e tentando evitar
o estresse, desvio do corpo dela e continuo caminhando pelos corredores da
mansão em direção à saída.

O jeito que ela diz faz parecer que um dia tivemos um


relacionamento. O que de fato nunca houve. Imediatamente ela corre atrás
de mim e segura o meu braço com força. Ava começa a chorar
compulsivamente, deixando o seu corpo despencar em meus braços e a
seguro impedindo que caia no chão.

— Estou grávida, Leon. O que você sente sabendo que terá um


filho? Sempre foi o seu sonho ser pai, você tem certeza que quer perder o
crescimento dele? Vai renegá-lo apenas porque terá um bastardo com
aquela golpista?

Não me imagino renegando um filho, mesmo não sendo planejado e


tendo a Ava como mãe, a criança não tem culpa e claramente cuidarei desse
bebê com amor, da mesma forma que cuidarei do meu filho com a
Cassandra.

— Ava nunca deixarei um filho meu sem um pai, mesmo que você
tenha feito isso sem o menor intuito ou desejo de ser mãe. Você foi maldosa
e apenas queria me prender. Jamais deixaria de ter contato com a criança ou
me afastaria pelas nossas desavenças. No entanto, só a deixarei com você se
me entregar o divórcio. — Ava paralisa e o choro cessa fazendo-a se
levantar e com força aceitar um soco em meu peito.

— Se você tirar o meu filho de mim, eu mato você. É óbvio que


nunca quis ser mãe, isso não é segredo, porém, não significa que a criança
irá sofrer em minhas mãos. Ela apenas será criada sabendo que o pai foi
enganado por uma vagabunda que o fez perder a sua família de verdade. O
nosso filho saberá que me trocou por aquela mulher, que você não tem
caráter. — Fico enfurecido por ela xingar e ofender a Cassandra.

— Se você conhecesse a Cassandra, saberia que ela não é uma


golpista, pelo contrário, jamais aceitou o meu dinheiro, somente o meu
amor, diferente de você que só pensa em luxo, joias, champanhe e roupas
caras.

— Não quero conhecer essa nojenta, a única coisa que me importa é


que eu era casada, tinha um marido e estava disposta a construir uma
família. Essa mulher apareceu na empresa mudando completamente a
minha vida. Você viu como estou agora? O que aconteceu conosco? Como
você consegue ficar longe de mim?

Cansado de ouvir suas frustrações, viro o meu corpo e sigo até o


carro. Desesperada Ava corre atrás de mim tentando chamar minha atenção
com sua voz insuportável, mas a ignoro. Fecho a porta do veículo e peço ao
Jonas para seguir de volta até apartamento.

— Vamos embora, Jonas, por favor, deixe essa louca batendo à


vontade no vidro. — Ava com raiva golpeia com socos o vidro, e só para
quando estamos fora da mansão. Pego o meu celular que havia deixado em
cima do banco e percebo que tem ligações perdidas da pequenina. Retorno
imediatamente preocupado e no segundo toque Genevieve atende.

— Genevieve, onde está a Cassandra? — Minha secretária fica em


silêncio e posso ouvir ao fundo barulhos e pessoas conversando. Depois de
1 minuto ela finalmente fala me deixando extremamente angustiado.

— Leon, estamos no hospital. A Cassandra estava sentindo algumas


cólicas. — avisa, causando uma enorme dor no meu peito.

— Como assim? Como está a Cassandra e o bebê? Eles estão bem?


— Meu peito parece querer se abrir por tamanho desespero e tento
calmamente respirar e racionalizar a situação.

— Ela está tomando uma medicação e precisará ficar internada nas


próximas 24 horas em observação. A médica disse que é um início de
aborto, entretanto, farão agora uma ultrassonografia para verificar o bebê.

— Já estou chegando, preciso desligar. — Imediatamente Jonas


segue até o hospital enquanto sinto que quero lutar contra o mundo e
quebrar tudo que está em minha frente.

Sinto-me revoltado, desapontado e com raiva de imaginar minha


pequenina sofrendo ou perdendo o nosso filho. Um descuido, um deslize, e
não a protegi. Culpa minha que a deixei nervosa mais cedo. Fico sem
reação com uma dor aguda intensa que nunca senti antes. Os últimos dias
foram carregados de estresse e assim que retornamos do passeio fomos
inundados com essa bomba produzida pela Ava. Minha vida só tem sentido
porque a tenho comigo. Ela chegou com o seu jeito doce, as roupas de
adolescente e um olhar de inocência, me provando que o amor é a maior
riqueza do mundo. Não quero vê-la sofrendo mais, a deixarei em um lugar
protegida de todo mundo, onde nenhuma notícia maldita ou a louca da Ava
possa atingi-la e estressá-la.

Quando Jonas estaciona, desço desesperadamente do carro e entro


no hospital. Não enxergo nada em minha frente, somente a alucinante
preocupação e angustia que me castiga. A várias pessoas esperando para
serem atendidas e ando de um lado a outro sem notícias, perdido. Minha
pequenina está bem? Essa é única pergunta que martela insistentemente em
minha cabeça. Minhas pernas estão regidas, minha respiração desalinhada
de pavor e tento buscar informação com o segurança. Minha voz trava ao
falar e gaguejo nervoso.

— Estou aqui p… para ver a Cassandra Werner.

O homem me ignora e revoltado entro no corredor de atendimento a


procura do quarto que ela está. Com arrogância ele tenta me impedir.

— Não pode entrar assim. Se não é da família. Aguarde na


recepção. — Sem pensar acerto um soco no rosto dele.

— É a minha mulher e o meu filho, não vai me impedir de vê-los.

Abro várias portas até encontrar a Cassandra deitada com um soro


no braço. Aflito, vou até ela e seguro o seu rosto em minhas mãos.

— Como você está meu amor, como está o nosso bebê? —


Cassandra toca suavemente minhas mãos e seus olhos me dizem tantas
coisas e no mesmo instante a envolvo em meus braços com força.
Dois seguranças invadem a porta atrás de mim e a Genevieve tenta
controlar a situação. A médica entra trazendo um aparelho de
ultrassonografia portátil e o segurança compreendi a minha situação.

— Desculpem, estou nervoso, assustado que algo possa acontecer


com a minha mulher. Quando o segurança tentou me impedir de vê-la perdi
o controle. — O homem suaviza o semblante e assenti balançando a
cabeça.

Após me desculpar, eles me deixam acompanhar o restante da


consulta. A médica lentamente deposita o gel na barriga da Cassandra e
passa o transdutor analisando a nossa sementinha indecente. Demora alguns
segundos até que o meu coração seja transbordado por uma sensação de
alívio e felicidade como eu jamais senti antes. O meu bebê está aqui, o
coração do meu filho bate forte e acelerado me dizendo “papai, continuo
aqui”.

Cassandra começa a chorar em meus braços e seguro as lágrimas


que querem sair de mim, afinal, preciso demonstrar força para ela. Seguro a
emoção que sinto e apenas a tranquilizo sabendo que nosso bebê está bem.
Deslizo a mão em seus braços acariciando-a enquanto ela afunda o rosto em
meu peitoral.

“Minha pequenina passou por tanta coisa que não posso me dar ao
luxo de deixá-la perceber que estou abalado”.

— Cassandra, o estresse é muito preocupante na gravidez, pode


desenvolver desde problema de pressão alta até mesmo levar a perda do
bebê, você precisará ficar em repouso absoluto, descansando. — ordena a
médica. — Você é uma moça nova, possui uma saúde boa, entretanto o
emocional pode causar perdas irreparáveis. Nunca subestime o estresse, a
dor que sentimos no coração pode enfraquecer o nosso corpo e causar
reações inesperadas. O bebê está vivo, o coração batendo forte. Precisará
ficar em observação até que tenhamos certeza que está fora de risco.
— Eu prometo que ficarei mais calma e farei o repouso absoluto.
Nesses últimos meses perdi os meus pais e alguns acontecimentos mexeram
um pouco comigo. Minha alimentação e a minha integridade física está um
pouco afetada. Vou me atentar e cuidar do bebê para que ele cresça saudável
e que logo posso estar nos meus braços.

— Ótimo, ainda aguardarei o exame toxicológico, mas por ora, o


estresse levou a uma reação, mas o bebê está bem e foi apenas um alarme
do seu próprio corpo avisando que você precisa descansar. Passarei algumas
vitaminas e uma dieta, siga o cronograma e não fique sem nenhum nutriente
importante para o bebê. Sei que as coisas acontecem na nossa vida e que
muitas vezes é difícil lidar com todas elas, mas você é forte. Tem a sua
amiga que estava mais desesperada que você e o seu esposo que entrou aqui
no hospital quebrando tudo. Lembre-se, o seu filho está em primeiro lugar.
— A pequenina concorda com a doutora e acaricio a sua barriga.

— Foi culpa minha. Deveria tê-la protegido e a levado para outro


lugar onde não passaria por estresse. — confesso destruído.

Cassandra encosta a cabeça no travesseiro e deposito com carinho


um beijo na maçã do seu rosto. Ela segura minhas camisa com força me
prendendo a ela.

— Não é culpa sua, nunca mais diga isso. Estar com você é o que
me deixa feliz. — A pequenina desliza a mão pelo meu peitoral e manhosa
se aconchega ao meu corpo.

Encaixo-me ao seu lado na cama enquanto analiso o soro que


lentamente entra em sua pele. Seu rosto está apático, os lábios
esbranquiçados e as olheiras profundas. Acaricio seus cabelos enquanto a
admiro preocupado.

— Desculpe-me, doutora por ter invadido a sala, por agredir o


segurança, estava nervoso, pensando o pior.
— Tudo bem, senhor Stanley, cada um de nós reagimos de uma
forma diferente quando recebemos alguma notícia impactante. Porém, isso
não poderá se repetir. Cassandra está bem, o bebê está sendo cuidado e
acredito que tudo ficará bem.

— Cuidarei dela e não deixarei que nada mais a afete.

— Relaxem, daqui a pouco retorno para uma nova ultrassom. — A


médica sai da sala, seguindo para outro atendimento e Genevieve se
aproxima.

Ela abre um sorriso fraco e beija com carinho a Cassandra que a


tranquiliza.

— Amiga estou bem, a dor diminuiu, vá para casa descansar, daqui


a pouco você precisará acordar. — ela concorda e pega a bolsa.

— Não se preocupe chefe, mudo as reuniões para o período da


tarde.

— Agradeço! Estou sem condições de gerir uma reunião importante


agora.

Cassandra abraça a amiga que se despede e vai embora. Permaneço


deitado ao seu lado segurando sua mão e acariciando sua barriga até que ela
adormeça tranquilamente. Ela passar por tudo isso me faz ter certeza de que
cheguei ao meu limite e que garantirei sua segurança e acabarei de vez com
a Ava.

O medo que experimentei foi paralisante, sufocante e me deixou


devastado. A única mulher que despertou o meu amor como homem. Que
me fez incondicionalmente e sem pensar duas vezes mudar tudo para ter a
chance de tê-la em meus braços. Nosso bebê nem nasceu ainda, mas já
controla tudo em nossas vidas. Faremos de tudo para protegê-lo.
Após horas tomando soro o dia começa a amanhecer. Permaneço ao
lado da Cassandra até que ela receba sua alta quase no meio do dia. A
médica visualizou novamente o bebê e constatou que está bem. Seguimos
para casa em um trajeto silencioso. Fico o caminho todo com o corpo da
Cassandra preso em meus braços.

Quando chegamos no prédio encontramos vários fotógrafos.


Ignorando a presença deles a pego em meu colo e levo até o nosso
apartamento. Entro na sala e sigo até o nosso quarto. Ajudo-a no banho e
depois deitamos juntos na cama. Faço carinho em seus cabelos, me sentindo
completamente sortudo por tê-la encontrado e por tê-la de novo comigo.
CAPÍTULO 55
Após algumas horas de sono, Leon se aproxima de mim e me acorda
depositando beijos em meu rosto.

— Bom dia, pequenina. Como se sente? Ainda está com dor? — Ele
carinhosamente afaga os meus cabelos enquanto abro os meus olhos com
calma.

— Estou bem, não sinto dor. — Leon lentamente levanta o meu


pijama e beija a minha barriga.

— Oi meu bebê! Papai queria dizer que você foi muito forte ontem e
venceu sua primeira batalha, estamos orgulhosos e amamos muito você. —
Admiro seu momento de ternura e pulo em seus braços para abraçá-lo.

— Dormi muito, que horas são?

— Quase o horário do café da tarde! Coloque uma roupa, você


precisa se alimentar. Não esqueça do que a médica disse. Assim que
terminar a refeição tudo estará pronto para a sua mudança. — Meu coração
palpita ao me lembrar que ficarei distante dele.

— Não quero ir mais! — aviso apreensiva.

Leon com calma me ajuda a levantar e posiciona o meu corpo de


frente para ele.

— Cassandrinha! Por mais que me parta o coração e me machuque


profundamente afastá-la, eu farei de tudo para te proteger. O que passamos
ontem foi doloroso demais! Não consigo definir em palavras como me senti
ao pensar que perderia o nosso filho. Prometo que estaremos juntos o mais
rápido possível, mas por favor, meu amor. Nosso filho é o bem mais
precioso. Eu amo vocês. Não podemos correr riscos, por favor, não torne
esse momento mais difícil, eu não quero te afastar. — Uma lágrima escorre
dos olhos do Leon e enxugo com o coração apertado.

— Leon Stanley, você é o homem da minha vida e o melhor pai do


mundo! Nosso bebê nem nasceu e você quer protegê-lo com tanto amor.

— Minha vida é vocês! Nunca se esqueça disso, minha pequenina.


— Abraço-o com paixão e concordo.

Será um tremendo sacrifício toda essa mudança, mas ficar longe de


tudo diminuirá o estresse. Caminho até o guarda-roupa e escolho algo para
vestir. Uma blusa de lã rosa repleta de margaridas em tricô chama minha
atenção. Troco rapidamente e assim que estou pronta Leon sorri
sarcasticamente.

— O que houve? — pergunto sorridente.

— Meu Deus, se você não tivesse 18 anos, estaria provavelmente


encrencado. — Com um movimento rápido ele agarra o meu corpo
sustentando em seu colo e beijo seu pescoço com carinho.

Leon me leva até a mesa para comermos algo. Sentamos


tranquilamente, mas assusto ao ver uma senhora cozinhando.

— Bom dia, quem é você? — interrogo assustada.

A mulher possui em torna de 50 anos, pele madura de tonalidade


clara, olhos castanhos reluzentes, sorriso simpático e usa um lindo vestido
longo azul coberto por um avental de cozinha.

— Pequenina, essa é a Sandra, ela será a nova cozinheira e


preparará todas as suas refeições. Ela será sua companhia na casa nova. Não
quero que você se esforce. Sandra trabalhava comigo na mansão, sempre
tivemos uma ótima relação. Ela fez questão de estar ao meu lado agora que
estou em um novo apartamento. Como avisei no iate, ela é uma mulher de
confiança e esposa do Jonas.
— Bom dia, senhorita, eu sou a Sandra e prometo não comentar
nada do que acontece aqui para qualquer pessoa de fora. Leon sabe da
minha discrição e farei todas as suas refeições para que o bebê se
desenvolva sem qualquer estresse.

— Obrigada Sandra, meu nome é Cassandra e é um prazer conhecê-


la. Sou uma pessoa simples e não precisa de muitas formalidades e nem
grandes pratos sofisticados para a minha alimentação.

O interfone toca, Leon se levanta para atender. E, em poucos


minutos retorna acompanhado por um homem desconhecido.

— Pode entrar Arnold, fique à vontade.

Um homem desconhecido passa pela porta, vestido em um terno e


gravata preta, sapatos sociais, cabelo totalmente raspado, rosto quadrado e
utiliza um ponto eletrônico no ouvido.

— Esse é o Arnold Conway, ex-militar e seu novo guarda-costas.


Ele ficará com você 24 horas. Mesmo quando estiver na casa, ele estará nas
redondezas verificando e garantindo a sua segurança. Não precisa ficar
preocupada, já dei instruções sobre a Ava e as mídias sociais.

— Bom dia, Arnold, espero que o nosso tempo, juntos, seja curto e
tudo se resolva brevemente. — Declaro, e imediatamente o homem
concorda, assentindo com a cabeça e alisando o terno impecável.

Sandra prepara uma refeição saudável. A mulher faz uma omelete


com queijo branco fresco, além de pão integral na chama e uma xícara de
chocolate quente. Assim que terminamos, Leon beija o meu rosto com
carinho e se dirige até o quarto para ir arrumando a minha mala. Fico
angustiada por saber que precisarei ficar dentro de uma casa, presa,
acompanhada de um homem desconhecido que garantirá a minha
segurança. Anseio por liberdade e também poder nos locomovermos
livremente sem que possamos nos preocupar com a Ava ou com qualquer
outra ameaça.

Entendo o Leon não querer que eu seja exposta, afinal, não consigo
precisar exatamente as consequências que isso traria para a minha vida,
entretanto, passei por tantas coisas que realmente não preciso desse
problema agora. Quero concentrar todas as minhas energias em ficar ao
lado do bebê e ver a minha barriga crescer gradativamente. Passo o garfo no
prato vazio me sentindo frustrada e a Sandra se aproxima de mim.

— Não fique triste, Cassandra! Dona Ava é uma mulher mesquinha,


maldosa, mas tenho certeza que o Leon vai conseguir resolver tudo isso. Na
mansão ela sempre nos maltratava, dizia coisas horríveis. Aquela mulher
precisa ser internada, as pessoas não veem que ela é doente? O que ela fez
com o Sr. Leon expondo ele foi horrível. Sei que não devemos falar dos
patrões, Leon não é um santo, mas vejo nos olhos dele o quanto te ama. —
Declara a mulher, sorrindo.

— Sim, ele sempre demonstra que realmente me ama. Sei que ele já
teve outros casos e que é um homem poderosos, muitas vezes arrogante,
mas ele tem me mostrado que realmente faria de tudo para me proteger e
para formar uma família.

— O brilho que vi nos olhos dele é amor. Não duvide disso, ele
jamais nem ao menos se despedia da Ava ao sair. Com você é carinhoso e
está realmente apaixonado.

Ouvir essas palavras de alguém que trabalha com o Leon a quase 10


anos me deixa feliz. Sei que o indecente nunca se importou com nada antes,
mas percebo pela forma que me trata que está disposto a mudar tudo para
ficar comigo. Ele é safado, às vezes imaturo nas atitudes, por muitas vezes
indeciso, mas acredito que agora saiba o que quer do futuro.

— Obrigada Sandra, suas palavras significam muito para mim! Amo


o Leon e estou ansiosa para começarmos a nossa família.
— Não se engane a sua família já começou. — ela sorri com carinho
olhando para minha barriga.

— Verdade! Realmente já começou! — Levanto-me para agradecer


a Sandra e ajudar o Leon com a mala. — Obrigada Sandra pelo carinho,
vou ajudá-lo a arrumar tudo. Será incrível ter a sua companhia. —
Inesperadamente ela me abraça e retribuo.

— O prazer é meu! — sigo até o quarto mais calma, afinal, a Sandra


parece ser uma mulher calma e com toda certeza será uma grande amiga.

Entro no quarto e o Leon está sentado na cama com os braços


apoiados nas pernas e as mãos cobrindo o rosto.

— Aconteceu algo? — Com passos lentos me aproximo parando ao


seu lado.

Leon abraça o meu quadril e roça a barba no tecido da minha roupa


acariciando a minha barriga. Seus olhos estão fechados, sua fisionomia
triste e com delicadeza me sento em seu colo. Seus braços musculosos me
abraçam facilmente e os acaricio sentindo a musculatura imponente que me
excita.

— Posso dizer que sinto sua falta já? — confessa encostando os


lábios no lóbulo da minha orelha.

— Sim, porque eu também estou sofrendo por antecipação.

Seguro as mãos grandes do Leon que estão depositadas em minha


barriga e conduzo pelo meu corpo subindo lentamente até os meus seios. De
imediato, meus mamilos enrijecem. Movimento suavemente o meu quadril
em seu colo atiçando o desejo indecente que nos domina sempre que
estamos juntos. Leon prensa o meu corpo ao dele enquanto com o polegar
circula o bico dos meus seios evidente no tecido.
— Quero você Leon… ficaremos 15 dias distantes. — Ele paralisa
os toques em minha pele e beija a lateral do meu rosto roçando a barba em
meus ombros.

— Pequenina, não posso te machucar!

— Não é porque eu estava no hospital que nós não podemos brincar.


— Mordo os meus lábios, inclino o corpo e me sento de frente em seu colo.

Com sensualidade envolvo minhas pernas ao redor de sua cintura,


ao mesmo tempo que movimento o meu quadril provocando o indecente.
Leon ilustra os dentes brancos e sorri, evidenciando as covinhas em suas
bochechas, e louca de paixão o beijo. Inclino o meu rosto experimentando
lentamente a maciez dos nossos lábios e a dança erótica e suave de nossas
línguas. Uma onda de arrepio percorre o meu corpo e retiro minha blusa
aflita. Leon me lança na cama com delicadeza, invertendo os nossos corpos.

— Cassandra Werner, quando estou com você me falta o ar para


respirar. Sinto-me como um jovem, louco, apaixonado e feliz. — Levo
minha mão direita a sua barba e aliso-a com ternura.

— Não me importo se você tem 39 anos, quando se ama com tanta


intensidade isso se torna insignificante, Leon, eu amo o seu coração, o seu
jeito teimoso, o sorriso safado que derrete o meu coração. A forma
carinhosa que sente o cheiro do meu corpo. — Leon sorri e imediatamente
afunda o nariz em meu pescoço inspirando profundamente o meu perfume.

— Assim? — provoca enquanto sua respiração quente instiga os


meus sentidos.

— Assim, mesmo… isso é perturbador e se soubesse o quanto te


desejo, jamais sentiria insegurança. Leon cafajeste agora é meu, somente
meu! — confesso sentindo seus braços musculosos me capturarem e seu
quadril invadir o meio das minhas pernas.
— Sou seu cafajeste particular e exclusivo, nunca mais nenhum
outro homem tocará o seu corpo, você é a minha garota!
CAPÍTULO 56
A Cassandra passará alguns dias distantes e preciso provar o seu
gosto, mas estou com receio, pelo bebê.

— Meu amor, está com dor? Estou louco de tesão, mas não quero te
machucar. — Ignorando a minha incerteza ela tira a roupa ficando apenas
de lingerie.

— Podemos nos tocar com carinho Leon Stanley. Em nenhum


momento a médica nos proibiu de ter relação sexual, pelo contrário tenho
certeza que isso é muito saudável porque fico completamente relaxada. —
argumenta sorrindo maliciosamente e com ternura desço a minha mão pelas
suas pernas.

Sua pele possui uma textura aveludada e sempre que a toco perco
completamente o controle. Não consigo resistir, e aproximo o meu rosto do
dela roçando nossas bocas. Com afeto mordisco a pele fina do seu lábio
inferior fazendo-a gemer docemente. Minha mão direita sobe pelas suas
coxas e explora lentamente a borda da sua calcinha fio dental. Com
afobação ela retira a peça de renda e abre as pernas para me instigar. Passo
os meus dedos em sua virilha direcionando até a sua boceta que está
quentinha e úmida. Meus dedos rastejam lentamente para dentro da sua
abertura apertada enquanto ela murmura excitada. Com euforia, abro suas
pernas para chupá-la. Sua boceta rosada está deliciosa e com safadeza
deslizo minha língua penetrando suavemente.

Cassandra movimenta o quadril contra a minha boca e levo meus


lábios até o seu clitóris sugando violentamente. As suas pernas ficam
trêmulas e a lubrificação aumenta excessivamente me indicando que está
louca de prazer. Ela possui um sabor único agridoce e um perfume natural
delicioso que estimula minhas fantasias. Faço movimentos circulares no seu
botão rosado sensível enquanto meus dedos estocam sem piedade em sua
abertura molhada. Desesperada, Cassandra aperta os meus cabelos e
entreabre os lábios gemendo alto.
Adoro ouvir os seus gemidos, são doces, sensuais e me excitam
instantaneamente. Faço movimentos contínuos com a língua, envolvendo-a
em seu clitóris para mordiscá-lo. Suas mãos pequenas afofam o meu cabelo
e pressiona minha cabeça para devorá-la. Penetro em sua boceta
progressivamente e com pequenas pausas. Com as mãos acaricio sua virilha
e exploro a extensão da sua área proibida. As suas pernas tensionam, os
gemidos aumentam e percebo que está chegando em seu limite. Retorno a
chupar seu núcleo pulsante, realizando movimentos sutis, lentos, fazendo-a
chamar o meu nome de tesão.

— Isso, droga, Leon, você sempre sabe como mover a língua


intensamente. — Sinto suas pernas se contraem em espasmos, a
lubrificação explode em minha boca e seu clitóris se dilata adotando uma
coloração avermelhada de excitação.

Com um gemido gostoso ela goza em minha boca e me deleito com


seu sabor. Seu corpo amolece, mas rapidamente ela se levanta e me empurra
contra a cama.

— Minha vez de chupar esse pau gostoso… — Provoca, arrancando


minhas roupas e abaixando minha cueca para expor o meu pau duro.

Ela captura com a mão pequena e macia e violentamente já começa


a me masturbar. Solto um gemido alto de surpresa e euforia.

— Porra, você me mata! — Seu toque é vulcânico e intenso.

Os olhos azuis vívidos assistem cada expressão do meu rosto. É


nítido a satisfação que a pequenina senti ao me ver entregue aos seus
toques. Sua mão progressivamente desce e sobre estreitando o aperto ao
redor do meu pau. Seguro imediatamente sua mão, louco para gozar. Ela
para na cabeça parruda e movimenta freneticamente. Meu corpo tensiona de
desejo e me contorço em agonia.
Sua boquinha safada abocanha o meu pau e começa a chupá-lo com
gulodice. Suas mãos pequenas acariciam as minhas coxas descendo
suavemente até as minhas bolas latejantes de excitação. Meu membro duro
bate em sua garganta enquanto sinto os movimentos picantes em meus
testículos.

— Isso, chupa o seu homem, não para, minha safadinha.

É gostoso sentir os lábios macios dela percorrendo centímetro por


centímetro do meu pau. Seus dedos me estimulam com movimentos
progressivos e aflito gozo em sua boca despejando o meu bálsamo no fundo
de sua garganta.

— Ah! Que delícia…

Sua boca rosada continua me chupando e engole o meu líquido com


apetite. Assim que termino, agarro o seu corpo e a prendo em meus braços.
Queria fazer amor freneticamente a noite toda, porém me seguro, a
pequenina acabou de retornar do hospital, teve um início de aborto e precisa
descansar. Por mim faríamos amor o tempo todo, mas hoje, não posso
correr o risco de machucá-la, jamais me perdoaria. Aconchego o seu corpo
ao meu e permanecemos em silêncio, sentindo apenas a troca de calor e
paixão entre os nossos corpos grudados.

Quase uma hora depois a Sandra bate suavemente na porta.


Levanto-me triste, sei que está tudo preparado e o Jonas espera a Cassandra
para levá-la até a casa que aluguei. É um local afastado de Nova York, aos
arredores, em New Paltz[23]. O lugar é tranquilo, bonito e será perfeito para
ela ficar sem passar por qualquer estresse. A pequenina corre para o banho
e minutos depois retorna enquanto estou terminando de separar as últimas
peças de roupas na mala. Ela usa um conjunto delicado pink, com vários
desenhos de flores e o sorriso meigo que aquece o meu coração. Aproximo-
me e a abraço com carinho. Afundo o meu nariz em seu pescoço sentindo
uma última vez o seu cheiro inesquecível. Suas mãos pequenas passeiam
pelo meu peitoral e com os olhos cheios d’água afasta para se despedir.

— Leon, a cada segundo do meu dia estarei pensando em você.


Continuaremos lutando, sei que a vida continua mesmo estando separados,
mas sem você o meu sorriso não é mais o mesmo! Amamos você! — Com
carinho ela deposita a mão na barriga e ajoelho em sua frente capturando
sua cintura fina em meus braços.

— Sonharei todas as noites com seu beijo doce, com seu jeito
provocante, e principalmente serei um cara carente e triste sem você, mas
meu amor, eu juro, você é minha vida e quando voltar teremos uma vida só
nossa, sem medos ou dúvidas! — Beijo com carinho sua pele macia,
sentindo a curvatura ainda pouco perceptível de sua barriga linda.

— Amo você demais, exijo ouvir sua voz todas as noites. —


Levanto-me e seguro seu queixo elevando o seu rosto para nos olharmos.

— Cassandra Werner, minha garota, minha mulher, a mãe mais linda


desse mundo, todos os dias quando o sol se esconder estarei esperando para
ouvir sua voz de algodão-doce. O que me manterá firme é a esperança de
em breve poder ter amar de novo! — Capturo seus lábios para um beijo
calmo.

Nossas bocas se entrelaçam suavemente enquanto nossas línguas se


saboreiam em sincronia. O meu coração mesmo perto grita de saudades.
Quando nos afastamos admiro o seu rosto delicado e deposito um selinho
em sua testa com carinho. Pego a mala cor-de-rosa e juntos seguimos até a
sala onde Jonas nos espera ao lado da Sandra.
— Está tudo preparado, senhor! — avisa pegando os pertences da
Cassandra para levar ao carro.

Sandra prontamente segura na mão dela, puxando-a com atenção.


— Vamos senhorita Werner, prometo ser uma ótima companhia. —
Cassandra sorri e retorna aos meus braços desesperada, para um abraço
forte.

Admiro sua feição de tristeza e sinto meu peito comprimido, quase


sem ar.

— Esses lábios são meus, o seu sorriso, o seu corpo, o seu coração,
pequenina, sinto ciúmes até do vento que toca o seu rosto. Somos um do
outro e nem mesmo a distância mudará isso! Amo vocês! — ela sorri com
as bochechas ruborizadas e o corpo divino preso ao meu.

— Sentiremos sua falta, amamos você. — Abaixo-me e beijo sua


barriga novamente atordoado.

Ela deposita em meus lábios um último beijo. Permaneço firme, sem


demonstrar o quanto estou aflito por vê-la partir. Sandra a conduz para o
elevador e juntas partem, deixando meu coração apertado em angústia. As
horas seguintes são difíceis e estou decidido a mudar tudo de vez.

Após uma noite conturbada levanto confiante. Mostrarei minha


força e serei implacável com a Ava, assim como sou nos negócios. Coloco o
meu terno preto e antes de sair lembro da pequenina. Vê-la distante só me
faz ter certeza que derrubarei quem estiver no meu caminho para finalmente
casar com ela.

Após um caminho curto até a empresa passo pelo hall de entrada


resoluto. Sinto todos os olhares recair sobre mim. Com o vazamento da
minha foto com outra mulher, o contrato de casamento e a traição da Ava,
todos parecem curiosos para a próxima grande fofoca do ano. Essa coisa de
ser conhecido, muitas vezes é frustrante e desanimador. As pessoas insistem
em acompanhar a minha vida e qualquer deslize é motivo para julgamentos
e ataques.

Assim que passo pela Genevieve na recepção, ela faz um sinal com
o dedo me avisando mimicamente que a Ava me espera na minha sala. Solto
uma respiração forte, ruidosa, que evidencia o meu desgosto em vê-la.
Quando entro ela está sentada na poltrona com uma fisionomia mal-
humorada. Ela usa um vestido social preto combinando com um lenço no
pescoço e se levanta gesticulando com as mãos no ar. A mulher começa a
gritar descontroladamente cessando a minha paz logo cedo.

— Leon, você não fugirá dessa conversa igual ontem. Fiquei me


sentindo humilhada por correr atrás do seu carro. Responda-me, como você
foi capaz de soltar aquele vídeo e o nosso contrato de casamento? — Seu
tom é agressivo e os olhos refletem suas olheiras arroxeadas, ainda visíveis
por baixo da maquiagem.

— Se você está disposta a dificultar a minha vida, transformarei a


sua em um inferno também! Esse foi apenas o primeiro vídeo que soltei,
tenho outros guardados. Deixe-me ver… — argumento com ironia enquanto
me sento na cadeira de couro. — Lembra-se do apresentador daquele
evento de gala, o Centro de Ouro, no ano passado? Tenho um vídeo da
festa, gravado por um dos convidados, onde mostra vocês entrando
escondidos em um camarim privado. As pessoas podem fazer muitas
insinuações sobre isso. Possuo também algumas mensagens de texto suas,
trocada com o Rick e até mesmo com o meu advogado, o Erick! Acha
mesmo Ava Moore que só você pode fazer uma revolução? Assine o
divórcio e mantenho sua reputação em paz, do contrário terei o maior prazer
em acabar com todo o luxo que você tem na sua vida. — Ava abre a boca
em surpresa e leva a mão ao rosto furiosa.

— Está vendo o que essa garota fez com você. Uma verdadeira
lavagem cerebral. Quero ver se continuará colocando-a em um pedestal
quando perder aquele bastardo nojento. — No mesmo instante ela tampa a
boca pela declaração raivosa.

Minha ficha cai porque ninguém soube que Cassandra esteve no


hospital, mas principalmente que passamos por uma verdadeira tensão
emocional com a quase perda do nosso bebê. Lembro-me instantaneamente
do aviso da doutora ao sairmos, sobre o exame toxicológico. Acabo de ter
certeza que foi a Ava, ela fez algo para matar o meu filho. Mesmo furioso
fecho os meus olhos com cautela e enfio disfarçadamente a mão no bolso da
calça. Coloco o meu celular para gravar sua confissão, sem que ela perceba.
Estou farto de seus crimes justificados e tenho medo de perder o controle.
Essa mulher tornou minha vida um inferno e estou com os nervos à flor-da-
pele.

— Deveria ter imaginado Ava que você estava por trás do quase
aborto da Cassandra. — Levanto, e ela dá um passo para trás.

— E-Eu, não sei do quê você está falando! — retruca, disfarçando


sua culpa. — Não me importo com o filho dessa golpista, afinal, só o meu
será o seu herdeiro legítimo! — Paro em sua frente e vejo-a estremecer.

Essa é a primeira vez que a vejo com medo de mim e da minha


reação. Capturo ferozmente o seu braço e chacoalho o seu corpo.

— Confesse sua puta, tentou matar o meu filho? — Firmo o meu


olhar em seu rosto e sei que ela consegue ver a fúria queimando dentro de
mim. — A minha vontade é de te agredir, mas não farei isso, pelo contrário,
se não falar a verdade, hoje mesmo será uma puta destruída socialmente. —
Afirmo com autoridade.

Ela leva as mãos até as minhas, desesperada, tentando escapar das


minhas garras, sem sucesso. Seu rosto fica levemente ruborizado de raiva
enquanto se debate aflita. Solto-a de uma vez e com deboche ela se afasta
passando a mão nos cabelos.
— Não falará, porra? — Sigo enfurecido até a mesa e pego meu
telefone executivo discando o número do jornalista que vazou o contrato.

Ela estreita o olhar me encarando, repleta de ódio por me ouvir falar


com o homem.

— Aqui é Leon Stanley, tenho uma notícia para você divulgar ainda
hoje! — Ava se aproxima e de uma vez desliga a ligação indignada.

— S-sim, eu tentei matar aquele bastardo nojento! Fui ao iate,


estava perplexa por você ir viver uma lua de mel com sua amante. Coloquei
em todos os sucos um abortivo potente, é uma pena Leon que aquele bebê
maldito tenha sobrevivido, farei de tudo para matar a prostituta da sua
amante e seu filhote.

Fecho os punhos tomado pelo descontrole e inspiro profundamente


recuperando a minha sanidade que está abalada. Ava acerta um soco no meu
maxilar, e permaneço parado enquanto ela reproduz infinitos golpes em
meu peitoral. Sinto-me a ponto de explodir, mas preciso me segurar e
garantir sua confissão.

— Prostituta é você, nunca mais ouse xingar a minha mulher e o


meu filho! Você é doente, internar você seria pouco!

— Você é o próprio demônio, está acabando com a minha vida. Eu


odeio você, odeio aquela vagabunda e o capetinha que vocês vão ter juntos.
Faço qualquer coisa para não perder a minha fortuna. — Seus gritos
reverberam por toda sala e Genevieve entra imediatamente assustada.

— Está tudo bem, chefe? — Ava se vira bruscamente e a seguro por


trás impedindo seus braços de continuarem me agredindo.

— Tudo ótimo, ela já está de saída! — afirmo levando-a até a porta.

Com arrogância Ava recupera a postura assim que a solto e arruma o


vestido amassado.
— Essa guerra eu já venci! Metade das suas empresas agora são
minhas. Acabarei com tudo que você construir ao lado daquela golpista e
jamais te deixarei em paz! — Ela sai batendo os saltos e entra em sua sala.

Minhas mãos tremem sem controle e meus braços estão tensos e


rígidos pelo nervoso. O elevador se abre e fico intrigado ao ver um homem
com o distintivo da polícia. Genevieve corre até ele para atendê-lo.

— Bom dia, senhor, no que posso ajudá-lo?

— Bom dia, gostaria de falar com o Sr. Stanley, sou o Detetive


Adams. Estou aqui para conversar sobre o acidente que ele sofreu!
CAPÍTULO 57
Um detetive está na recepção e deseja falar comigo sobre o acidente.
Faz mais de dois meses e acredito que eles tenham finalizado a perícia. O
Erick com certeza pressionou a polícia em busca de respostas.

— O que você disse? — Questiono, surpreso!

— A perícia foi concluída! — avisa o detetive.

— Siga-me, por favor!

Entramos juntos em minha sala e nos acomodamos na cadeira.


Ainda estou tenso pela discussão e por saber que a Ava tentou matar meu
filho e não sei como lidarei se ela realmente estiver grávida. Foco minha
atenção no homem. Ele possui uma estatura mediana, pele clara, cabelos
castanhos com alguns fios grisalhos e veste um sobretudo preto.

— Finalmente concluíram a perícia e qual foi o resultado?

— Sim, senhor Stanley, refizemos os laudos, seu advogado não nos


deu descanso. Estou aqui porque foi confirmado que houve alterações nos
freios do carro. Trataremos o caso como uma tentativa de homicídio.
Começamos nossas investigações e descobrimos que o senhor está nas
mídias por um caso extra-conjugal.

— E o que isso tem a ver? — questiono, nervoso.

— Precisaremos investigar todos, inclusive sua amante!


Provavelmente será chamada até a delegacia. — Com raiva acerto um tapa
em minha mesa e o homem assusta.

— Não use nunca mais o termo “amante” para se referir a minha


mulher. E, outra coisa, tenho provas que seja a minha esposa, com quem
vivo um casamento por contrato! — Retiro da minha carteira o pendrive
que o Adrian me entregou, os laudos médicos das agressões que sofri e a
gravação da confissão da Ava de minutos atrás sobre a tentativa de fazer a
Cassandra abortar o nosso filho. — Aqui! Avalie tudo! — O homem parece
ter chegado no momento certo e retira da maleta um notebook para analisar
cuidadosamente cada prova que entrego.

Após vinte minutos analisando tudo o detetive finalmente diz algo.

— Isso é o suficiente para torná-la a principal suspeita! Acredito que


rapidamente concluiremos o caso.

— Vocês têm 15 dias! Estou farto dessa mulher. Não quero que ela
seja colocada em uma clínica psiquiátrica. Quero a prisão comum. Ava
precisa aprender a ser uma pessoa melhor. Vive pelo dinheiro e como ela
mesmo disse está disposta a tudo por ele. Meu advogado entrará hoje com
um pedido de anulação de casamento. Hoje consegui a prova que faltava
para mostrar que ela é uma golpista.

— Ela irá para a prisão comum. O crime tanto de fazer o


procedimento médico, quanto o acidente, se for realmente confirmado sua
relação com a sabotagem, foram premeditados. Não posso afirmar que as
investigações serão concluídas em 15 dias., senhor Stanley! — Inspiro
profundamente, tranco a minha respiração e concluo que cheguei ao meu
limite já que sou tomado por uma fúria sem precedentes.

— Caso não resolvam nesse tempo soltarei nas mídias e eles


concluirão primeiro que vocês. Ficará nítido a falta de competência da
polícia de Nova York! Sou o homem mais poderoso do país, não queiram
me ter como inimigo! — O detetive Adams engole em seco e apenas
concorda com um balançar de cabeça.

— Sim, senhor Stanley, começarei agora mesmo as investigações!

— Ótimo! — O homem estica a mão e aperto firmemente.


Ele sai apressadamente da sala carregando todas as provas com ele.
Fico aliviado em imaginar que ela finalmente possa ser presa e que me
deixará em paz. Porém, não estou satisfeito, o que ela fez não tem
justificativa. Acabarei com a Ava Moore e a deixarei pobre. Pego meu
celular e ligo para o Gerard. Demora apenas alguns minutos para que ele
atenda a ligação.

— Leon, finalmente um de vocês dois resolveram falar comigo!

— É o seguinte Gerard, estou farto das loucuras da sua filha! — O


homem bufa baixo em reprovação. — Ela se recusa a me dar o divórcio e só
tenho um aviso a vocês. Em breve a Ava terá que pagar pelos crimes que
andou cometendo por dinheiro. Você me enganou com o contrato de
casamento há 10 anos atrás. Estou entrando com o pedido de anulação.
Você e sua esposa, a Jhenna, possuem duas opções: deserdam a Ava Moore
e se livram de uma destruição pública ou permanecem protegendo a filha
doente de vocês e perdem tudo! Farei questão de garantir o fim do legado
dos Moore’s. — afirmo e Gerard balbucia aflito.

— N-não… não p-pode fazer isso, Leon! A mais de um ano nossa


filha não responde nossas mensagens. Estamos horrorizados com tudo que
está sendo colocado na mídia. Ligamos para ela, mas se recusa a nos
atender! Minha filha sempre teve tudo na vida, mas nunca a ensinamos a
passar por cima das pessoas e muito menos dos princípios morais.

— Espero que façam a escolha, certa! Ava errou, é maldosa, e


precisa pagar pelos seus crimes!

— Sergey, seu pai foi um grande amigo e a opção do casamento foi


porque queríamos que vocês prosperassem juntos, mas saber que minha
filha tem transformado tudo em um grande show me deixa arrasado. Como
pode querer que eu a abandone, que a deixe sem nada? Eu sou pai… —
suplica triste.

Penso por alguns minutos, mas não posso recuar, sei que deve ser
difícil para ele, mas o que mais essa mulher fará por dinheiro? E se tentar
algo contra a Cassandra? Não posso permitir!

— Prepare os advogados, pedirei a anulação do casamento e


comprarei sua parte na empresa. Não quero mais nenhum vínculo com a
família Moore!

— Não, Leon, espere… — Escuto sua esposa chorar ao fundo, ao


mesmo tempo que ele pigarreia derrotado. — Ava Moore não terá direito a
nenhum dinheiro e será deserdada! Não posso deixar que suas atitudes
deploráveis acabem com a nossa vida também. O que mais ela fez? —
Respiro calmamente e revelo tudo.

— Ava engravidou sem o meu consentimento e está sendo


investigada pelo acidente que sofri. O problema é que ela poderia fazer
qualquer coisa comigo, mas encontrei a mulher da minha vida e serei pai.
Ela tentou matar o meu filho e vou destruí-la por isso. Ofereci fazer um
acordo de divórcio, mas ela não aceitou, preferiu ser maldosa.

— Tentaremos falar com ela uma última vez… — justifica, com a


voz falha. — Porém, está decidido, ela não receberá nada da herança da
nossa família! — conclui Gerard baqueado.

— Meu pai sempre o elogiou por ser justo! Espero que entenda que
sua filha precisa pagar pelos erros!

— Espero vê-la se redimindo e se tornando uma pessoa melhor, a


amo muito e dói o meu coração ver minha filha destruir sua própria vida.
Agradeço por nos ligar! Nos vemos em breve na empresa.

— Não faça eu me arrepender! Até… — desligo a ligação


atordoado.

Prometi a Cassandra que estaremos juntos em quinze dias e


pretendo cumprir a minha promessa, nem que eu precise cobrar favores e eu
mesmo tenha que levar a Ava até a delegacia para ser presa.
Quando sai do apartamento do Leon senti como se estivesse
segurando meu coração nas mãos e o apertasse com toda força causando
uma dor insuportável. Quando vim para Nova York me sentia como uma
página em branco, sem novos sonhos, sem novos desejos e sem um
propósito. Com o passar dos dias, com as trocas que tivemos
gradativamente senti meu coração bater mais forte, de forma massiva,
potente, e a cada nova decepção buscava dentro de mim a minha força
interior e o conforto necessário para continuar seguindo em frente.

Sempre fui dramática, sentimental e completamente entregue a


emoção. Quando descobri a gravidez, aos poucos fui mudando a minha
essência e amadurecendo por perceber que a vida é feita de recomeços. A
minha pequena sementinha de indecência brotou despertando infinitas
sensações apostas e recuperando sonhos que havia enterrado fundo em
minha alma. Hoje, eu vivo para protegê-lo, vivo para construir uma família
e dar a esse bebê todo amor que recebi dos meus pais. Quero ter um futuro,
fazer o que sempre sonhei e ser feliz.
Leon com o seu jeito indecente, safado e que parecia não se
importar com sentimentos mudou completamente ao descobrir o amor.
Admiro a casa que ele alugou e só consigo olhar para o céu e agradecer aos
meus pais por realizarem os meus dois pedidos. O de trazer o Leon de volta
e de me permitir criar o meu filho e sentir essa esperança que nunca provei
antes, mas que é viciante e infinita.

Meus olhos percorrem a arquitetura da casa que é feita de tijolos,


com janelas enormes em madeira nobre azuis e ao redor a um imenso
jardim com lavandas, rosas, lírios que deixam no ar um delicioso perfume
de natureza. Caminho pelo local tocando as flores e Jonas apresenta cada
canto com entusiasmo.

— Senhorita Werner, aqui fica um lugar especial. O senhor Stanley


pediu que lhe apresentasse assim que acordasse! — Analiso o pequeno
cômodo afastado da casa, nos jardins dos fundos.

O lugar parece pequeno, possui uma porta de madeira maciça e uma


janela na lateral. Jonas destranca e entra para me apresentar. Passo pela
porta completamente surpresa. A vários produtos, como frascos, caldeirões,
ramos de flores, essências e todo material necessário para o início de uma
produção caseira de perfumes. Encontro uma mesa de madeira com um
caderno de anotações aberto em branco, com um recado na primeira página.
Admiro os infinitos óleos essenciais engarrafados em um armário
escuro em vidro âmbar, os frascos de perfumes transparentes desenhados
em variados modelos, o caderno de fórmulas e imediatamente fico com os
olhos marejados de emoção. Ficarei os dias aqui longe dele a ainda ele
conseguiu torná-los especiais.

“Sou apenas uma amadora, mas me tornarei uma grande


especialista! Leon acreditar em mim faz os meus sonhos se tornarem ainda
mais palpáveis e genuínos”.
CAPÍTULO 58
Uma semana se passa e tenho falado todas as noites com a
Cassandra. Ouvir sua voz me enche de saudade e o desejo de tê-la
novamente em meus braços aumenta progressivamente a cada hora. Adrian
fez a consulta de rotina assim que ela chegou e ao constatar que o bebê
permanece forte foi o motivo da minha alegria! Meu celular toca e vejo que
é uma ligação do Erick.

— Leon, tenho uma excelente notícia! — afirma, me deixando


esperançoso.

— O que aconteceu?

— O juiz aceitou o pedido de anulação. O áudio da Ava confessando


fazer tudo por dinheiro, e querer provocar o aborto de uma criança e
também o seu acidente foi considerado tentativa de homicídio. Os policiais
estão preparando tudo, ela será presa! As suas provas foram essenciais.
Leon, prepare-se eles estarão aí a qualquer momento.

— Quero que todos vejam ela sendo arrastada para a prisão. Que
descubram o verdadeiro monstro que aquela mulher é. Estarei atento!
Agradeço por avisar. Com a anulação recupero a metade das minhas
empresas automaticamente?

— Sim! Será automático! Farei com que tudo seja assinado e


registrado o mais rápido possível! Pode preparar o pedido de casamento,
você será um homem livre para escolher a mulher que quiser.

— Cassandra Werner é a minha única escolha, a mulher da minha


vida!

— O poderoso Leon Stanley casará por amor! — Uma risada escapa


de mim, nem eu mesmo imaginava viver esse sentimento um dia. —
Precisava apenas te passar o recado! Semana que vem finalizo as
documentações, até em breve!

— Obrigado Erick, estarei no aguardo! — Desligo a ligação


soltando pela primeira vez uma respiração de alívio e de satisfação pessoal.

A porta da minha sala se abre bruscamente batendo contra a parede


e a Ava entra com alguns papéis em mãos.

— Leon, preciso que assine esse documento. — afirma com


arrogância.

Analiso seu rosto e pela feição que estampa está preocupada com
algo. Lentamente ela se aproxima da mesa e coloca os papéis em minha
frente. Ava usa um terno acinturado social preto, os cabelos loiros estão
soltos e o rosto maquiado.

— Não assinarei nada, do que se trata? — Empurro os papéis em


sua direção com rejeição.

— É um acordo!

— Que acordo Ava Moore?

— A porra do nosso divórcio. Aquele vídeo dificultou as coisas para


mim. Meu pai ligou hoje cedo furioso pelo contrato ter sido revelado. Os
negócios dele estão sendo afetados pela minha reputação que está decadente
nesse momento. Ele ainda teve a ousadia de dizer que estou deserdada. —
Revela minha esposa demonstrando raiva e tristeza no olhar enquanto
apenas ilustro um sorriso deixando-a indignada. — Jamais imaginei que
você seria capaz de fazer isso comigo. Estou decepcionada Leon, saiba que
jamais deixarei você chegar perto do meu filho. Preciso que assine, o
acordo será que você precisará me dar 200 milhões da sua fortuna e então
terá o seu divórcio e ficará com a vagabunda que você sustenta.
— Poderia assinar é claro, mas não quero mais um acordo. — Os
olhos dela instantaneamente parecem brilhar feliz.

— Como assim? Finalmente enxergou que aquela mulher apenas


estava te enganando? Quer voltar para casa? — Suas perguntas saem
afobadas achando que venceu a tal guerra que ela declarou com a
Cassandra.

— Nunca houve um casamento de verdade, Ava Moore. — afirmo


com satisfação.

— Besteria, estamos casados, por contrato e ele é vitalício. —


esbraveja alterada.

— Não mais… — Minhas palavras a atingem com força porque


imediatamente a mulher pula em cima de mim para me agredir e com
rapidez seguro seus pulsos. — Nosso casamento foi anulado. O juiz aceitou
hoje o meu pedido! — comemoro sorrindo enquanto seus olhos me encaram
incrédula.

— Impossível! — grita contra o meu rosto e me levanto da cadeira


afastando-a de mim.

— Espere! Serei bondoso com você! — provoco seguindo até o meu


cofre e abrindo para retirar algumas notas de dólares! — Aqui! Pegue, quer
dinheiro não é? Não foi por isso que tentou matar o meu filho? — Abro a
enorme janela de vidro com vista panorâmica da cidade e lanço as notas
para caírem na calçada.

Sua boca se abre em surpresa enquanto as notas se perdem no ar e


despencam lentamente em direção ao chão. As pessoas tentam capturá-las
enquanto um grito agudo de desespero escapa dos seus lábios.

— Você ficou louco? Está querendo me humilhar?


— Pegue o seu dinheiro na rua, o que sobrar, na verdade. Agora
você é uma mulher sem herança, pode até se tornar uma prostituta e
conseguir uma grana para pagar seus luxos.

Revoltada segue em minha direção, mas é interrompida pela


chegada de dois policiais com a Genevieve. São os mesmo que estiveram
aqui para prender Rick Muzy.

— Ava Moore Stanley, você está presa por tentativa de homicídio


qualificado por motivo fútil contra Leon Stanley. — Com rapidez os
policiais se aproximam e a algemam com os braços para trás.

— Não, isso é um absurdo, jamais faria isso, ele é o meu marido,


somos casados há 10 anos. — suplica Ava enquanto se debate aflita. —
Leon, diga a eles que eu nunca faria isso! — implora começando a chorar.

Seus olhos demonstram pavor, suas pernas tremem e com força os


homens a seguram com firmeza.

— Espero que apodreça na cadeia! Não se preocupe, confirmarão


sua gravidez nos exames e assim que essa criança nascer cuidarei dela.
Sumam com essa puta daqui! — finalizo tirando um peso das minhas
costas.

Escuto os gritos agudos da Ava reverberarem por toda empresa ao


ser pega e arrastada.

— Matarei você Leon e aquela prostituta golpista! Queimarei o bebê


de vocês vivos enquanto assistem… — Sua voz começa a ficar irritante e
acompanho pelos corredores até entramos no elevador. Em poucos
segundos estamos saindo na recepção. Sinto alívio pelas pessoas ter
conhecimento do quanto ela sempre foi perversa.

Quando pisamos no hall principal todos os funcionários ficam


perplexos. Ava já está completamente descabelada e suas pernas se
arrastadas pelo piso de mármore causando um ruído alto pelos saltos finos.
— Voltarei e explodirei essa empresa! Matarei todos vocês, bando
de inúteis. — Os fotógrafos registram cada movimento e os celulares dos
curiosos filmam toda a movimentação.

Ava é carregada até o carro e assim que a colocam no banco de trás


me aproximo e capturo seu rosto segurando com firmeza o seu queixo para
enfiar sem remorsos uma nota de 100 dólares amassada em sua boca.

— Engula, não é isso que sempre quis? Dinheiro? Não foi isso que
fez com a Cassandra? — Ava tenta cuspir, mas a impeço. — Espero que
sofra muito e se algum dia se aproximar de mim, do meu filho ou da minha
mulher eu mesmo mato você! — Solto de uma vez sua mandíbula e ela
balança a cabeça em negação cuspindo a nota no banco do carro.

— Leon, me tira daqui, por favor… não, não, não! — Fecho a porta
com força e apressadamente os policiais a levam para o presídio sob os
flashs do público.

Meu corpo que estava tenso, acelerado e uma onda de relaxamento


me domina. Minha vontade é de chorar, por finalmente estar livre de um
erro que cometi há 10 anos quando casei sem conhecê-la. Quando achei que
minha vida era boa, mas, na verdade, era um completo idiota que estava
convicto que só o dinheiro me importava. Hoje ver o dinheiro sendo usado
para construir uma família, com a presença do amor e da realização de
sonhos possui um significado completamente diferente.

Amadureci e não existe nada mais gratificante que ver minha


família começar a se forma e principalmente protegê-los e garantir um
futuro sem dificuldades. Minhas prioridades de vida mudaram e sinto falta
até mesmo de ter passado mais tempo com a minha mãe. Preciso tê-la mais
perto também, e a Cassandra me possibilitou aprender sobre os sentimentos.
A idade sempre foi só um número, ainda tinha muito o que aprender, só não
sabia disso. Sou um CEO bem-sucedido e construí um império, mas estava
longe de saber como é ser um homem de verdade para as pessoas que amo.
“Queria pegar um helicóptero e ir buscar a pequenina agora
mesmo, mas ainda tenho uma semana e irei preparar tudo para levá-la a
casa nova nos Hamptons!”.
CAPÍTULO 59
Quando fui arrastada pelos policiais senti a humilhação percorrer o
meu corpo. Jamais imaginei passar por isso, logo eu, uma mulher de
renome, conhecida por toda elite nova-iorquina. Na hora fiquei tão furiosa
que perdi completamente a minha sanidade. Falei tudo que estava entalado
em minha garganta. Odeio todos aqueles funcionários pobres com roupas
baratas, odeio também o fato de ter que fingir que sou uma mulher doce,
quando quero matar qualquer pessoa que me contraria. Continuei
participando de tudo porque estava de olho no Leon, o homem sempre teve
as mulheres aos seus pés e precisava marcar território.

Ele me trocar por aquela pobre fingida extrapolou todos os limites


aceitáveis. O acidente era para tê-lo matado, afinal, não imaginava que ele
já tinha passado tudo para a mosca-morta. Foi algo que fiz no calor da
emoção, sem calcular os riscos. Meu marido estava começando a ficar
irredutível e precisava me livrar dele. O objetivo era comandar a empresa e
usufruir da sua fortuna bilionária. O mecânico era altamente experiente e
garantiu que jamais descobririam a sabotagem. Agora estou aqui, sentindo o
metal frio das algemas apertando os meus pulsos. Não aceito ficar presa e
muito menos sem dinheiro.

O carro para na delegacia e em poucos minutos estou dentro de uma


cela com mais duas mulheres. Uma possui os cabelos pretos curtos, pele
clara, corpo malhado e os braços repletos de tatuagem. A outra é de estatura
baixa, cabelos avermelhados, pele parda e possui um olhar venenoso. Elas
me analisam com atenção e me acomodo em uma das camas simples. Meu
estômago embrulha ao ver uma privada exposta e os lençóis baratos com
cheiro de mofo. Lanço-os para longe de mim e me levanto segurando nas
grades frias.

— Policial, ei, eu preciso de um lugar melhor para ficar. Sou uma


mulher rica, famosa, me recuso a ficar nessa cela nojenta. Preciso de um
quarto decente! — As mulheres começam a rir de mim, e o policial se
aproxima parando em minha frente.
— O que mais a senhorita deseja? Uma massagem? Um jantar
exclusivo? — Seu tom é irônico e sarcástico. — Aqui você não é rica, não é
famosa, é apenas uma pessoa comum pagando pelos crimes que cometeu, e
outra coisa, se está achando ruim essa cela, achará o próprio inferno a
penitenciária!

— Não me misturo com pessoas pobres. — retruco enquanto o


homem me ignora e se afasta.

— O que você disse garota? — Viro-me e encontro a mulher tatuada


parada atrás de mim.

— Disse que não me misturo com pessoas pobres, entendeu agora?


— grito irritada. — Afaste-se de mim! — ordeno empurrando a presa com
grosseria.

Sou surpreendida quando a mão da mulher agarra os meus cabelos e


empurra o meu rosto contra a grade de ferro. Ela esfrega com estupidez e
uma dor aguda atinge o meu nariz. Faço menção de gritar, mas com a outra
mão ela tampa a minha boca. Com raiva a presa arrasta o meu corpo até a
privada nojenta e aproxima o meu rosto da borda suja de urina.

— Aprenda Donzela, aqui todas somos iguais e você é só mais uma


presa que apanhará todos os dias e virará putinha durante a noite! — A
mulher enfia a minha cabeça na privada e me debato aflita engolindo a água
suja, ao mesmo tempo que sufoco.

Com as mãos agarro as laterais do vaso sanitário e tento me erguer,


porém ela é mais forte. Minhas vias aéreas ficam repletas de água, minha
boca se abre em desespero tentando captar o ar e meus olhos lentamente se
fecham ao sentir a dor intensa no meu peito. Quando estou quase
inconsciente a mulher retira a minha cabeça me permitindo respirar
novamente. Meu corpo amolece e minhas mãos tremem de pavor. Ela
aproxima a boca do meu ouvido para sussurrar.
— Essa é a primeira lição, espero ser mandada para a mesma
penitenciária que você. Vou adorar tê-la como minha meretriz particular. —
A presa solta os meus cabelos e me encolho no chão com medo.

“Não posso acreditar que essa nojenta me fez engolir urina, como
sobreviverei ao lado dessas assassinas? Quero minha vida de volta, minhas
roupas de marca, minha cama de luxo e meus pais”.

Arrasto-me até o canto da parede descascada e fico distante, apenas


evitando encará-las.

— Isso mesmo, se me olhar levará na cara. A pobre aqui acaba com


você em dois minutos. — avisa, me deixando trêmula de desespero.

Estou diante de uma realidade que sempre abominei em minha vida.


Passo as mãos nos meus cabelos molhados morrendo de nojo enquanto
esfrego os lençóis sujos no meu rosto para tentar retirar o cheiro
insuportável de urina. Fico perplexa ao ver que quebrei minha unha e
começo a chorar inconformada.

Estou repleta de ódio e queria matar o Leon por ter permitido a


minha prisão. A satisfação que ele tinha no olhar e a audácia de enfiar o
dinheiro em minha boca, da mesma forma que fiz com aquela vagabunda
despertou um rancor potente. Ele a ama ao ponto de ficar feliz por me ver
apodrecer na cadeia. Saber que serei levada a um lugar pior me faz sentir
remorso, e ao mesmo tempo, o desejo de vingança. Os meus dias serão um
verdadeiro inferno e pela primeira vez estou com medo do futuro.
Levanto-me ainda sonolenta, sem coragem para realizar qualquer
tarefa, hoje o cansaço bateu mais forte. Faz alguns dias que estou distante
do Leon, desejando novamente que um milagre aconteça para ficarmos
juntos. Tudo que a Ava faz para nos separar provoca o crescimento
avassalador do nosso amor e a certeza de que nunca desistiremos. Caminho
pelos corredores da casa ainda vestida com a camisa do Leon que faço de
pijama.

Sigo até o jardim e admiro as rosas-brancas. Ele fez questão de me


deixar em um ambiente aconchegante, que remetesse ao passado e a paixão
que sinto pelas flores. O que mais sinto falta é de sentir o seu cheiro. Desde
a primeira vez que o Leon me capturou em seus braços a sua essência
passou a ser a minha favorita e agora com a gestação passou a ser o motivo
da minha calma.

“Leon está imerso em problemas e tem evitado me preocupar. Não


sei quais foram os últimos acontecimentos, mas sei que perdeu parte das
empresas e está esperando as últimas evidências para anular o casamento
com a Ava. Enquanto precisamos nos manter afastados tenho a necessidade
de senti-lo de alguma forma. Farei um perfume exclusivo do Leon, o seu
cheiro ainda está gravado em detalhes na minha mente e sei exatamente
cada componente que precisarei para produzir a sua fragrância. O perfume
se chamará “Indecent Obsession”, como o nosso amor”.

Meu coração acelera em emoção e sigo em direção ao pequeno


cômodo que foi montado exclusivamente para produzir minhas primeiras
águas de colônia. Quero que o perfume transmita força, sensualidade,
coragem e muita emoção. Exatamente o que sinto quando estou ao lado
dele. As notas perfeitas serão de cedro sensual, almíscar, tabaco verde,
folhas de violeta com uma assinatura de couro floral, que deixará o perfume
rico e luxuoso. Quando for uma especialista em fragrâncias e após os
estudos, a produzirei também profissionalmente.

A minha conexão com o nosso bebê tem gerado infinitos


sentimentos bons que me despertam para a vida e me fazem sonhar com um
futuro. Levanto da cadeira confortável e caminho até a pequena janela de
vidro. Encosto o meu rosto na superfície fria e admiro uma parte da cidade
ao longe. Estamos no início do inverno, época que amo, tudo começa a ficar
mais cinza e nebuloso, as folhas secas despencam das árvores formando um
manto extraordinário e com tantos acontecimentos nem dei conta disso.
Percebo que faltam ingredientes e decido suplicar para a Sandra ir até a
cidade comigo. Ansiosa entro na cozinha e a encontro arrumando tudo.

— Sandra, vamos, arrume-se, você irá me acompanhar nas compras.

— Compras? — Indaga surpresa.

— Sim, estou preparando uma surpresa para o Leon, ele é o maior


incentivador dos meus sonhos. Preciso que me ajude a escolher alguns
ingredientes na cidade. Por favor, por favor… por favor! — Falo em tom de
súplica e ela se rende.

— Tudo bem, apenas estou emocionada, uma patroa nunca me


convidou para fazer compras, será incrível. — Confessa sorrindo enquanto
me aproximo para abraçá-la.
— Vá se arrumar, será uma tarde maravilhosa.

Empolgada, aviso o Arnold e após colocar um agasalho, uma roupa


confortável e um óculos de sol. Quando estamos prontas seguimos até a
cidade com ele. Estar sem o Leon não causará problemas nenhum, afinal, o
maior atrito aconteceria se fosse vista ao lado dele, mas como estamos
afastados de Nova York não haverá conflitos. Chegamos a um shopping
simples e fico animada ao andar pelos longos corredores largos e cheios de
vitrines chamativas. As pessoas sorriem felizes e entro em uma loja que
possui artigos para perfumaria. Arnold e Sandra ficam o tempo todo ao meu
lado e disfarçadamente pego minha carteira para verificar quanto eu tenho
de dinheiro para comprar os produtos.

— Senhorita Werner, o Senhor Leon deixou um cartão de crédito


ilimitado para que a senhorita use para comprar o que quiser. Ele disse as
seguintes palavras quando me entregou o cartão: “ela não aceitaria se eu
entregasse diretamente para ela”. — Declara Arnold com simpatia.

— Obrigada Arnold, será um presente e quero comprar com o meu


próprio dinheiro, o que eu não conseguir pagar passo no cartão. — Ele
concorda e começo a analisar os produtos.

Procuro por cada essência que precisarei para conseguir o cheiro do


Leon. Sempre estudei sobre fragrâncias e trabalhar na floricultura da
Giovanna possibilitou a realização de vários experimentos. Ainda preciso
aprender sobre química e fórmulas, mas com a pequena experiência que
possuo conseguirei preparar algo incrível. Meus pais se orgulhavam muito
desse meu lado sensitivo e sensível, e sei que estarão felizes por continuar
em busca do meu sonho. Sandra conversa muito comigo e com calma me
ajuda a escolher tudo.

— Está vendo essas essências? — Mostro os fracos de vidros âmbar.


— Criarei um perfume exclusivo do Leon, será a minha primeira fragrância
para vendas, quando finalmente abrir minha perfumaria! — Confesso e vejo
a Sandra surpresa.
— O destino te conectou ao Leon e acabei de ter certeza. A forma
como se olham, o cuidado que ele tem com você. Isso que vocês sentem é
amor de alma! — A declaração dela, me deixa emotiva. — Vamos, aposto
que esse perfume ficará perfeito!

Após comprarmos tudo caminhamos até o caixa. Gasto todas as


minhas economias com as compras, mas estou satisfeita e empolgada.
Seguimos até o carro e em poucos minutos estamos de volta a residência.
Levo tudo para o cômodo de produção e começo a preparar o perfume com
carinho. Coloco as gotas de essências, separo o álcool e cada mistura deixa
um cheiro marcante no ar. É o cheiro inesquecível do meu homem. Quando
finalizado coloco em um frasco de vidro para maturação! Meu peito se
enche de emoção e inspiro profundamente o perfume que arrebata todos os
meus sentidos.

“Leon nem imagina, mas tenho certeza que quando chegar o


momento ficará muito emocionado com a surpresa!”.

Uma semana se passa e hoje faz exatamente quinze dias que estou
distante do Leon. Ouvir sua voz ao telefone ameniza o sofrimento, porém
conto as horas para que essa lacuna de solidão se desfaça. Analiso os
perfumes que tenho produzido nesses últimos dias e não posso negar que
foram a minha distração nesses dias sombrios de saudades. Os pequenos
frascos de vidro, as pétalas de rosas espalhadas ao lado do meu caderno de
anotações de fragrâncias foram minha companhia diária.

Sandra tem me ajudado em tudo para que não me esforce, mas agora
com cinco meses de gestação estou mais confiante e recuperada do trauma
que sofri por imaginar que perderia o meu filho. Recebi a revelação do
Leon de que a Ava colocou um abortivo nos sucos. O que aquela mulher fez
demonstrou o quanto é maldosa e capaz de matar uma vida inocente por
dinheiro.

Volto minha atenção a minha pequena mesa de madeira e encho


minhas mãos com pequenos ramos de lavanda. Coloco-os no caldeirão de
ferro e levo ao fogo para extrair a essência. O cheiro que emana deixa o
ambiente reconfortante e alegre. Passo mais uma manhã fazendo
experimentos e novas águas de colônia.

Quando a tarde chega me sento no sofá e admiro as folhas das


árvores dançarem com o vento através das janelas de vidro. Sandra se
aproxima e senta-se ao meu lado.

— Como se sente Cass? — Minha expressão entristece e balanço a


cabeça em negação.

— Hoje está sendo pior… a saudade está apertando. — confesso


devastada.

Sandra inesperadamente coloca um envelope vermelho em minha


frente. Paraliso ao ver a letra do Leon e sinto meu coração acelerar dentro
do peito. Sandra sorri ao me ver abraçar o envelope feliz. Desesperada abro
e retiro o papel que possui um recado carinhoso.
— AH, Sandra… — um grito escapa dos meus lábios e pulo em
seus braços a abraçando com carinho. — O que ele está aprontando? —
interrogo ansiosa para que ela me revele algo.

— Minha boca está lacrada, não posso dizer nada. Vá tomar um


longo banho, use o vestido e em breve estará voando em direção ao seu
bilionário. — abro um sorriso amplo mostrando todos meus dentes e beijo
seu rosto com carinho.

— Sim, senhora! — afirmo correndo para o quarto.

Passando pela porta, encontro sobre a cama uma caixa rosa com um
lindo laço dourado.

Imediatamente desfaço o embrulho e admiro o conteúdo. Encontro


um lindo vestido vermelho, tomara que caia, curto. A textura do tecido é
aveludada e admiro a peça encantada. Apressada sigo até o banheiro
retirando a roupa durante o caminho e entro embaixo do chuveiro para um
banho quente. Após toda higiene sigo até o quarto nua e passo creme
hidratante no meu corpo.

“Quero estar cheirosa e linda para encontrar o Leon”.

Foram quinze dias distantes, nos comunicando apenas por


mensagens. Visto o vestido que fica perfeito no meu corpo e aliso o tecido
enquanto me admiro no espelho. Levo minhas mãos ao coração, em seguida
passo em meus cabelos arrumando as pontas e deslizo até a minha barriga.
Foram tantos acontecimentos simultâneos que o crescimento passou rápido.
Realizo carícias acompanhando a curvatura da barriga que está evidente e
enorme. Adrian esteve aqui assim que cheguei e minha sementinha já é um
broto ganhando ainda mais volume. Em breve ouviremos novamente o seu
coração batendo fortemente e nos enchendo de orgulho.

“Daqui a pouco estaremos todos juntos. Também estava sentindo


falta do seu papai. Aguenta mais um pouquinho para que ele possa sentir
você chutar pela primeira vez ao lado da mamãe. Amo você, o meu maior
presente e motivo para recomeçar”.

Inspiro o ar feliz, tomada pelas infinitas sensações no meu corpo.


Estou nervosa, com um leve frio na barriga e os batimentos cardíacos
acelerados. Não sei o que estão dizendo nas mídias, resolvi me isolar do
mundo e não posso negar que isso me deixou mais calma e serena. Voltar
para a cidade faz minhas pernas bambearem, mas sei que ele não faria isso
se não houvesse um bom motivo. Abro meu nécessaire que está em cima da
penteadeira e retiro um gloss avermelhado para passar em meus lábios.

Escolho um sapato scarpin preto e aplico a água de colônia de flores


que eu mesma produzi. Escuto o barulho do helicóptero se aproximando e
corro até a janela do quarto para ver. A aeronave é espetacular, toda branca
e lentamente inicia o pouso em um campo aberto próximo à residência.
Sandra surge na porta e me chama empolgada.
— Cass, rápido, o piloto te espera. — avisa aproximando-se e
arrumando os meus cabelos. — Você está linda! — elogia sorrindo ao
mesmo tempo que me puxa para sairmos.
CAPÍTULO 60
Sigo a Sandra até chegarmos ao helicóptero a alguns metros de
distância. Minhas mãos ficam gélidas por constatar que em minutos estarei
diante do Leon. O piloto acena, me ajuda a sentar, coloca o cinto de
segurança e o capacete de proteção em minha cabeça. Quando estou pronta
ele se comunica comigo.

— Boa tarde, senhorita Werner, sou o Davis. Hoje está um lindo dia
para um voo por Nova York. — Ilustro um sorriso feliz.

— Boa tarde, estou ansiosa para começar o passeio.

Sandra acena de longe enquanto iniciamos a decolagem. As hélices


começam a girar e um forte arrepio percorre minha pele. Suavemente o
helicóptero se eleva do chão e após alguns minutos de preparação
decolamos. A imagem que vejo inicialmente é repleta de verde. A várias
casas na região que estava lembrando as cidades do interior. Olho para o
pequeno relógio no meu pulso que marca 17h05.

O sol ainda radiante no céu e sinto os raios solares tocarem o meu


rosto com uma temperatura agradável. O vento que sopra e o céu azul
repletos de nuvens desperta minha felicidade. Poucos minutos depois
vislumbro a incrível vista de Nova York e os infinitos prédios do Financial
District[24]. Lentamente nos aproximamos e começo a perder o nervosismo e
passo a ficar eufórica e emocionada. Sinto uma infinita liberdade me
abraçar. A imagem é marcante, os arranhas céus transmitem imponência e
poder.

Pensar que o Leon é o CEO mais renomado em uma cidade como


essa me deixa orgulhosa. Passamos por pontos importantes, como o One
World Trade Center[25], a Estátua da Liberdade[26], Hudson River[27] e
seguimos em direção a Long Island[28]. Meu coração palpita, sinto o ar
quente, vislumbro as cercas brancas, as lojas de butique e ao leste os
vinhedos, fazendas e faróis. E, em ambos os lados, praias, litoral e alguns
campos de golfe. Esse é o momento perfeito para fazer o pedido. Fecho os
meus olhos e apenas deixo que meu coração diga o que tanto deseja: “O
que eu mais quero é que eu e o Leon possamos ser livres para amar a
vontade”. Abro novamente os meus olhos sendo contemplada com a vista
perfeita.

— Uau, a vista daqui é incrível!

— Vamos pousar… — avisa começando a se preparar.

— Aqui? Ah! meu Deus…

Davis se aproxima de uma enorme propriedade, que possui um


campo amplo, uma pista de pouso e aparentemente uma gigantesca mansão
de luxo. Admiro o ambiente encantada.

“O que Leon faz nesse lugar? Passaremos uma noite aqui? É


simplesmente perfeito”.

O vento dança ao redor de nós e com cuidado o piloto pousa na


grama fofa. Retiro apressadamente todos os equipamentos e agradeço ao
Davis pelo passeio incrível!

— Muito obrigada! Foi inesquecível!

— Aproveitem, foi um prazer fazer parte desse momento


importante. — afirma acenando enquanto pulo do helicóptero eufórica.

Meus olhos vislumbram a propriedade verde, com infinitos jardins e


ao centro um lindo gazebo clássico branco. Ao lado dele encontro o meu
indecente. Meu coração palpita, meus lábios ilustram um imenso sorriso. O
céu parece ser abrir, o vento parece sentir a magia desse momento por que
inesperadamente faz um ruído suave em meus ouvidos. As palavras que
poderia dizer desaparecem assim que vejo o rosto reluzente dele me
admirando.
Leon Stanley veste um lindo terno cinza realçando seus olhos verdes
esmeraldas que brilham demasiadamente. Em suas mãos está um lindo
buquê de rosas amarrado com um laço de cetim rosa. Todos os poros da
minha pele vibram, o meu corpo é tomado por uma emoção que jamais
senti antes e corro em sua direção ansiosa para sentir seus braços me
envolverem. Ele lança um olhar intimamente, daqueles capazes de abalar as
minhas estruturas.

As borboletas em meu estômago parecem voar por todo o meu


corpo. Com sensualidade ele envolve a minha cintura para um abraço
avassalador e intenso. O conforto dos seus braços torneados, o perfume que
tanta acalma faz uma grande explosão de sensações surgir no meu coração.
Passamos longos minutos sentindo um ao outro, sendo aquecidos pela
chama da paixão que nos domina sempre que estamos agarrados. Afasto-me
do seu corpo para olhá-lo e passo a mão pelo seu terno, percorrendo
lentamente até a sua gravata.

Aproximo os meus lábios dos seus para depositar um beijo doce.


Nossas línguas se entrelaçam suavemente em um beijo lento e apaixonado.
Leon afasta os nossos rostos e se movimenta dando dois passos para trás.
Fico confusa com sua reação e o chão parece sumir em baixo dos meus pés
quando o vejo se ajoelhar. Minhas mãos ficam gélidas, as batidas do meu
coração parecem subir lentamente pela minha garganta e levo a mão direita
ao meu rosto surpresa.

— Leon! — exclamo emocionada enquanto ele coloca a mão no


bolso da calça e retira uma pequena caixa de veludo vermelha.

Estudo o seu rosto com carinho e seus olhos estão cheios d’água.
Com os dedos rígidos ele abre o porta-joias revelando um anel magnífico de
diamante que brilha demasiadamente com os raios fracos do sol. Leon nem
abriu a boca, mas a felicidade de imaginar o que acontecerá nos próximos
segundos me emociona. Vê-lo de joelhos, segurando um buquê de rosas e o
anel acaba de se tornar a minha imagem favorita.
— Cassandra Werner, sou um homem livre para te amar hoje e todos
os dias de nossas vidas. Estava ansioso e imaginei que te diria tantas coisas
quando esse momento chegasse, no entanto, só admirar você, sentir seu
perfume, a textura dos seus lábios e ver o seu sorriso já me deixa
anestesiado. Gostaria de se casar comigo e me fazer o idiota mais feliz
desse mundo? Quer ser para sempre minha? — As bochechas dele queimam
em timidez e respondo eufórica.

— Sim, Leon Stanley, eu aceito ser sua esposa, única amante e para
sempre sua.

Leon agarra o meu corpo e beija os meus lábios ensandecidos. Ele já


sabia minha resposta, eu já sabia que isso aconteceria muito em breve,
entretanto, o que sentimos é algo parecido com: lutar uma grande guerra,
sendo golpeado por todo corpo e ainda sairmos vivo. Leon me puxa para o
seu peitoral amplo e aconchego o meu rosto inebriado pelo seu perfume. A
fragrância que tanto amo e eternizarei em um lindo frasco de vidro. Estar
em seus braços me passa segurança, amor, paixão e a certeza de que
viveremos um casamento feliz.

— O que achou do lugar? — questiona sorrindo e puxando minha


mão com carinho.

Analiso o ambiente fascinada. A grama fofa se estende por todo


terreno. Uma casa enorme e extremamente luxuosa fica ao lado direito e ao
redor vislumbro uma fileira de pinheiros ornamentais que lembram as
mansões italianas. A casa possui dois andares, a entrada tem pé direito alto
em torno de oito metros, a várias colunas de concreto, o tom é bege, repleta
de adornos e em todas as janelas de vidro possui molduras. No lado
esquerdo possui o que parece ser uma reserva repleta de árvores.

Leon me conduz pelo caminho e o cheiro de musgo começa a se


dissipar no ar. Passamos as árvores de pinus imensas e travo quando
encontro um chalé extraordinário no meio de quatro cerejeiras enormes.
— Leon… isso é incrível! Amarei passar a noite nesse lugar. —
Leon sorri com a minha resposta, e apenas caminha até a porta.

O chalé é todo em madeira nobre, com aspecto rústico que lembra o


interior. Basta apenas um minuto para que me lembre dos meus pais e do
sonho deles de terem um ambiente como esse. Passo pela porta e minha
respiração trava. O ar que deveria sair dos meus pulmões permanece
causando uma afobação momentânea. As lágrimas brotam em meus olhos
quando encontro um quadro enorme acima da lareira.

Leon acaba de me dar um lindo quadro com a imagem dos meus


pais. É de uma das fotos que mostrei a ele, os dois estão abraçados e ao
fundo a milhares de rosas formando um jardim que se assemelha ao paraíso.
Vê-los sorrindo deixa uma sensação de estar na presença deles agora
mesmo. Corro até o Leon para abraçá-lo e me permito chorar em seus
braços.

— Esse chalé é seu, é o meu presente para você. Um cantinho


próprio para estar perto dos seus pais. Você nunca mais estará sozinha e
nem sentirá que não existe mais um novo propósito. Eu estou aqui, nosso
filho em breve estará nos seus braços e juntos seremos uma família, a sua
nova família. Essa propriedade é onde viveremos.

Suas palavras ficam gravadas em minha mente e no meu coração e


neste momento não tenho mais dúvidas de que mesmo não existindo uma
vida perfeita, a minha chegará muito próxima disso. Começo a soluçar pelo
choro intenso enquanto ele tenta secar o meu rosto.

— É o melhor presente do mundo. Morar aqui será um sonho! —


afirmo com a voz embargada.

— Tenho mais uma surpresa para você. — anuncia enquanto me


conduz para os fundos.

O lugar foi todo construído em madeira. Os lustres são rústicos, a


decoração moderna e minimalista. Os móveis são pretos e a vários vasos de
flores espalhados. O ambiente transmiti conforto, tranquilidade e paz.
Quando chegamos aos fundos encontro uma varanda e vislumbro uma
estufa extraordinária toda transparente de vidro. Imediatamente olho para o
Leon com um sorriso cravado em minha boca.

— Esse é o lugar onde poderá plantar e colher suas próprias flores


para a produção dos perfumes. — comenta todo orgulhoso.

Tomada pela emoção invado o local. A estufa é gigante é as


pequenas gotículas de vapor de água dispersas no ar caem suavemente em
meu rosto. Cada espaço é preenchido com plantas diferentes e
encantadoras. A corredores para circulação e as cores são vividas e
vibrantes. Não consigo explicar em palavras como me sinto. Paraliso no
centro e entrelaço minha mão na do Leon impedindo que ele continue
caminhando.

— Leon… eu! — Minha voz falha e com desespero ele agarra o


meu corpo.

Entrelaço minhas pernas ao redor de sua cintura enquanto nossas


bocas se procuram. O roçar dos nossos lábios, a face levemente umedecida,
as mãos grandes sustentando o meu quadril, deixam o meu corpo em
chamas. Há dias quero senti-lo, e esse momento parece certo e inexplicável.
Leon me senta em cima de uma das bancadas de rosas-vermelhas e se
encaixa no meio das minhas pernas. Passarmos dias longe causou o
crescimento de uma saudade que jamais imaginei sentir por alguém.

Meu coração e meu corpo pertencem a ele e em cada abraço e


carícia faz meus músculos tensionarem e minha pele esquentar. Nossas
respirações se tornam profundas enquanto as borboletas em meu estômago
lembram o poder que esse homem tem de mexer com os meus sentimentos.

— Leonzinho… quando cheguei na empresa e descobri que você era


o meu novo chefe e um homem casado fiquei furiosa. Um cafajeste
confesso, que parecia inconsertável e que jamais se entregaria ao amor. —
Ele toca o meu rosto e calmamente passa o polegar nos meus lábios
enquanto os admira faminto.

— Eu só era um cafajeste porque ainda não tinha te conhecido!


Agora, sou o seu homem e você é a minha mulher, minha pequenina!
CAPÍTULO 61
Quando vi a pequenina descendo do helicóptero correndo em minha
direção parecia que tinha levado um soco no meu peito porque
instantaneamente me faltou o ar. Senti na pele algo que nunca senti antes.
Aquela pequena criatura correndo sobre a grama verde fofa, carregando o
meu filho em seu ventre enquanto o vento batia em seus cabelos é a pessoa
mais importante da minha vida.

O sorriso estampado no rosto, e o salto que deu em meus braços fez


o fogo da paixão consumidor o meu corpo. O cheiro que exalava do seu
corpo era de flores frescas com notas adocicadas que ativou todo desejo
insano que sinto por ela. Depois de tantas idas e vindas, finalmente está
aqui, para nunca mais fugir da minha vida.

Dois seres completamente livres para amar à vontade. Adoro sentir


o seu cheiro adocicado, a maciez da sua pele delicada e os lábios levemente
úmidos e aveludados. Agora, neste instante com o meu quadril entre suas
pernas, seguro o seu rosto e deposito um beijo suave em sua boca. Afasto-
me e admiro seu vestido curto vermelho que escolhi com carinho. Ele
evidencia as curvas do seu corpo e a barriga que agora está evidente. Seus
cabelos longos volumosos estão extremamente cheirosos. Acaricio sua
barriga e depois me ajoelho para dar um beijo em nossa pequena
sementinha de indecência.

Hoje excepcionalmente seu perfume está matador e anseio pelo seu


corpo e para fazermos amor a noite toda. Suas pernas abertas são minha
perdição, a barriga grande que cresceu ainda mais nesses últimos dias que
estávamos distantes me enche de amor.

— Oi, meu bebezinho, papai estava morrendo de saudades. Esperei


a vida toda para ter um filho e te amo incondicionalmente. Prometo cuidar
de você com a minha vida e te dar muitos irmãos e irmãs. — A pequenina
sorri e passa a mão com ternura em meus cabelos.
Cassandra admira a estufa novamente e o sol começa a se por
tornando o ambiente escuro. Queria amá-la, mas primeiro teremos um
jantar romântico, quero vê-la sorrir, feliz, sabendo o quanto a amo e estava
ansioso para tê-la em meus braços.

— Vamos, temos um jantar nos esperando no chalé!

Ela balança a cabeça concordando e a capturo em meus braços


carregando no colo até estarmos na cozinha. O som da sua risada causa uma
felicidade sem precedentes, estou completamente acorrentado por essa
mulher. Belmont fez uma construção perfeita. Os olhos da Cassandra
brilham admirando cada detalhe. As paredes são todas de tronco de madeira
envernizado. Os armários pretos e as louças todas brancas refletem um
contraste de modernidade. A coloco no chão e sigo até o forno para pegar o
jantar.

— Deixei uma mesa na varanda dos fundos preparada para o nosso


jantar. Fiz espaguete, sei que adora massa! — Ela passa a língua
pausadamente ao redor dos lábios e tento me segurar para não agarrá-la
com força.

— O cheiro está magnífico, você mesmo que preparou? — pergunta


surpresa.

— Sim, o seu homem vai te alimentar hoje. — afirmo sorrindo e


apressadamente ela me ajuda a levar tudo para a mesa.

Quando nos sentamos ficamos em silêncio por alguns minutos


apenas nos admirando.

— O que aconteceu com a Ava? — pergunta receosa ficando com


um semblante preocupado. — Ela realmente nos deixará em paz? —
questiona com os olhos marejados, ao mesmo tempo que leva a mão a nossa
sementinha.
Fico feliz de ver que ela realmente não quis acompanhar as notícias
e permaneceu afastada das redes sociais. A vida do nosso filho é mais
importante que tudo e foi necessário esse momento distante para que ele
cresça forte e venha ao mundo com saúde.

Seguro seu rosto em minhas mãos e a olho fixamente enquanto seus


lábios apenas sorriem. A conexão que temos é maior que tudo e sei que
apenas o meu olhar a tranquiliza.

— Ava está presa há uma semana e pobre, perdeu todo luxo que
tinha e vivera seu pior pesadelo por muitos dias. Acredito que isso a fará
repensar suas atitudes ao longo da vida.

Suavemente ela passa as mãos delicadas em minha barba.

— Espero que ela aprenda a ser uma pessoa melhor. — Beijo


amavelmente o topo de sua cabeça e começo a servir o jantar.

— Também espero que evolua! Agora experimente a massa e me


diga o que achou! Passei horas assistindo vídeos de como fazer e acho que
ficou bom! — Ela leva o garfo a boca e fecha os olhos ao provar.

— Está delicioso o molho de tomates frescos levemente defumado.


Esse aroma de especiarias misturado com a natureza remete a paz e
felicidade. Leon, você preparar tudo isso só me mostra o quanto nos ama e
nos protegerá.

— Você é o amor da minha vida e nosso bebê o fruto desse amor


louco que só aumenta. — A puxo para o meu peito e ela se aconchega com
ternura.

Vivo um momento caloroso, afinal, seguro a pequenina em meus


braços com o corpo grudado ao meu. Poderemos finalmente planejar o
nosso futuro e preparar tudo para a chegada do nosso bebê daqui a 4 meses.
Após os pratos principais, nos deliciamos com um naked cake de
frutas frescas e castanhas. A cada cinco minutos admiro o anel em meu
dedo, sendo transbordada por uma felicidade genuína que nunca
experimentei antes. Leon me ganhou no primeiro momento, no primeiro
olhar durante aquele voo inesquecível.

Apaixonei-me pela sua sinceridade e mesmo com tanta indecência


sempre foi honesto em expressar seus pensamentos. Ele possui seus
defeitos, como a teimosia, mas nada que apague o amor que cresceu pelo
seu jeito determinado, decisivo e completamente safado. Quando
terminamos nosso jantar romântico, ele entrelaça sua mão à minha e
seguimos até a sala.

— Preciso de um momento sozinha. Quero colocar uma roupa mais


confortável! — afirmo com os pensamentos cheios de malícia.

— Fique à vontade! O quarto possui roupas novas tanto aqui quando


na nossa nova casa do outro lado do terreno. Aproveitarei e dispensarei o
Jonas, retorno daqui a pouco! — concordo e o vejo sair pela porta tímido.
Leon parece perdido, afinal, a realidade que ele tinha era
completamente diferente. Vivia um casamento de aparências e agora está
confuso em como deve agir. Corro até o quarto que é amplo, rústico e
confortável. Tomo um banho rápido e decido colocar uma lingerie vermelha
sexy que encontro em uma das gavetas da cômoda. Quando estou pronta
retorno rapidamente até a sala.

Sento-me sobre a mesa de jantar que é integrada a sala e espero ele


retornar. Quando escuto as chaves do carro tintilar em sua mão adoto uma
pose sensual com as pernas abertas. Leon passa pela porta e seus olhos
recaem instintivamente no meu corpo. Um sorriso safado se forma em seus
lábios e lentamente ele se aproxima agarrando a minha cintura e apalpando
o meu seio direito com sua mão grande. Ele morde meu mamilo ouriçado,
puxando com brutalidade meu corpo contra o seu. Leon aproxima o rosto
do meu e suga os meus lábios vorazmente, chupando-os com apetite e em
seguida desliza a língua eroticamente sobre a minha.

— Cassandra, você destrói completamente o meu juízo, minha


pequenina. Entrar e te encontrar com as pernas abertas, mostrando essa
boceta irresistível é o paraíso. — Confessa enquanto sinto seus lábios
descerem pelo meu corpo depositando beijos e mordidas.

Ele puxa a lingerie para o lado expondo os meus seios e os abocanha


com tesão. Meu corpo se inflama com os seus toques urgentes e quentes.
Sua mão safada desce até a calcinha de renda vermelha. Os dedos grandes
puxam o tecido delicado e começam a estimular o meu clitóris. Começo a
gemer baixo enquanto uma onda de desejo sobe pelo meu corpo.

— Vou foder você bem devagar, sentindo centímetro por centímetro


da sua boceta gostosa. — Deslizo minhas mãos pelo seu peitoral amplo
abrindo sua camisa social. — Gosto quando sua mão passeia assim pelo
meu corpo, quando me atiça, me arranha. — sussurra e cravo minhas unhas
em suas costas torneadas sentindo sua musculatura exuberante. — Esse seu
olhar manhoso pedindo para fodê-la gostoso me deixa duro. — Os olhos
verdes do Leon se estreitam em meu corpo e vejo suas pupilas dilatarem de
desejo. — Pequenina, você faz amor de um jeito que ninguém jamais fez.
Igual a você não há ninguém. — Elogia apalpando o meu corpo com
sedução e safadeza.

Leon fecha os olhos sentindo meus dedos abrirem o zíper de sua


calça e adentrarem sua cueca. — Pequenina… — Ele trava a fala ofegante,
sentindo os movimentos circulares que realizo na cabecinha parruda do seu
pau.

Puxo-o para fora da cueca passando pela abertura do zíper e começo


a masturbá-lo. Leon contrai o quadril completamente atordoado. Aperto
minha mão ao redor da sua ereção e acelero os movimentos
progressivamente. Leon afunda os dedos em minha boceta de forma
confusa, entregando-se ao prazer que estou lhe dando. Antes que possa
gozar, paro os movimentos e ele me encara aflito.

— Porra pequenina, você adora me castigar. — Ele sorri, brincando


com o meu clitóris molhado.

Não posso negar que tenho apenas 18 anos e estou no auge dos
meus desejos que pulsam aflorados e Leon é um homem indecente que
adora momentos picantes. Ele retira a roupa desesperado e puxa-me em um
jogo corpo a corpo.

— Temos a noite toda para fazermos o que quisermos. — provoco


enquanto um gemido sensual escapa de mim.

Com malícia Leon desliza a mão pela minha pele sentindo cada
parte do meu corpo. Seus dedos grandes circulam minhas aréolas rosadas e
os meus mamilos que ficam arrepiados. Leon captura minha cintura me
lançando por cima de seu ombro.

— O que está fazendo? — indago, surpresa.

— Somos só nós dois aqui, vamos fazer amor no jardim. — justifica


passando pela porta de entrada.
A cada passo do Leon sobre grama a fofa me excita. Sua mão está
na minha bunda me sustentando em seus ombros. Duas pessoas peladas no
jardim todo iluminado com luzes decorativas. Ele para embaixo de uma das
cerejeiras, as milhares de flores cor-de-rosa espalhadas pelo chão formando
um tapete perfumado.

Leon se deita acoplando o meu corpo por cima do seu. Esfrego


nossas peles e me sento em seu colo ansiosa para sentir o seu pau me
preenchendo.

Suas mãos passeiam em minha barriga e elevo o meu quadril


posicionando sua ereção na minha entrada. Leon entreabre os lábios e ofega
quando deslizo o seu pau gradativamente para dentro de mim. Ele segura
nas laterais da minha cintura me auxiliando a subir de descer suavemente
penetrando cada vez mais fundo. Inclino minha cabeça para trás e fecho os
meus olhos quando sinto meu clitóris roçar na base do seu membro duro.

Seus olhos verdes assistem minhas expressões de prazer enquanto


puxo suas mãos para apalparem os meus seios. Movimento sensualmente
minha cintura rebolando em seu colo. Leon levanta o tronco ficando
sentado para abraçar o meu corpo. Cavalgo aumentando a velocidade
enquanto seus lábios me beijam com desejo. Ele leva os dedos até o meu
clitóris realizando movimentos circulares intensos.

— Pequenina, você está tão molhadinha! Você é muito gostosa, sou


maluco por você! — enaltece excitado.

Mordo seus lábios sugando com carinho e estremeço de prazer


quando ele aumenta o estímulo dos dedos safados. Pressiono meu quadril
em sua ereção cravando fundo em minha boceta. Leon puxa os meus
cabelos e captura meu quadril movimentando freneticamente o meu corpo
contra o seu. Dominada pelo tesão gozo em seu pau que permanece
enterrado em mim. Os gemidos saem agudos e doces e excitado Leon se
levanta sustentando meu corpo e me coloca de quatro.

Minhas mãos passeiam pela grama fofa capturando as flores e


amassando as em minhas mãos com o prazer devorador que sinto. Ele se
posiciona atrás de mim, segura com firmeza o meu quadril e com uma
pegada feroz enfia o pau em minha boceta carente. As estocadas se tornam
intensas e com emoção ele puxa meus cabelos enquanto me castiga
freneticamente.

Leon fica ofegante, e um pequeno rugido escapa de seus lábios


enquanto penetra fundo e loucamente. Nossos corpos ficam suados e inclino
o meu troco para frente encostando o meu rosto nas milhares de flores,
empinando minha bunda.

— Ah porra, que delícia! Essa é boceta mais gostosa do mundo.


Completamente minha e vou devorá-la todos os dias. — afirma cravando o
pau o mais fundo possível.

As pernas dele tensionam, as mãos apertam minha pele com força


enquanto meu coração acelera sentindo o prazer começar a me invadir.
Leon com os dedos aperta o meu clitóris, ao mesmo tempo que goza
eufórico dentro de mim. Desmancho-me com seu toque chegando ao ápice
do desejo. A forte sensação de satisfação nos castiga e juntos caímos na
grama sem fôlego. Os instantes que compartilhados de puro prazer só me
faz ter certeza que o nosso amor é fátuo e, ao mesmo tempo, arrebatador,
cáustico e alucinante. Como sobreviveremos a isso? Provavelmente
morreremos de amor.
CAPÍTULO 62
Uma semana se passou e Leon fez surpresa quanto ao nosso
casamento. Os únicos detalhes que compartilhou comigo é que será
romântico. Marcamos para daqui um mês, não queremos esperar mais,
passamos por tantos conflitos e agora que temos a oportunidade de ficarmos
juntos, aproveitaremos. Estamos nos adaptando a mansão. Sandra veio
trabalhar conosco e Arnold agora faz a segurança da casa.

Começarei os meus estudos de perfumaria após o casamento e a


inauguração da floricultura será no final de semana. Sandra entra no
escritório que o Leon fez questão de montar para mim. Todos os móveis são
brancos delicados, a decoração cor de rosa e prata. Ela segura nas mãos
uma xícara de porcelana branca com chocolate quente e me entrega com um
semblante sério.

— Cass, o Leon chegou e está nervoso. — avisa preocupada.

— O que houve? — Levanto-me aflita.

— Ele está acompanhado do Dr. Adrian, acho que ouvi eles falarem
o nome da Ava. — Meu coração acelera e talvez o médico tenha
confirmado a gravidez dela.

Caminho de um lado a outro, nervosa. Saber que provavelmente


cuidarei de duas crianças e uma será o filho daquela mulher tenebrosa causa
um misto de sensações opostas. O amarei como meu filho, mas o que
acontecerá quando ela sair da cadeia? Poderia conseguir a guarda de volta?
Jamais conseguiria deixar um bebê indefeso nas mãos dela.

— Agradeço por avisar Sandra, terminarei o chocolate e irei até lá.


— Ela sorri e sai do escritório deixando-me sozinha com meus pensamentos
perturbados.
Engulo o líquido apressadamente e sigo até o escritório do Leon. A
porta está entreaberta e a voz do Adrian é audível nos corredores.

— Ava foi transferida hoje para a penitenciária estadual. As provas


que faltavam da sabotagem aos freios do carro finalmente chegaram e
adivinhe? — questiona com ironia.

— O quê? — Rebate o Leon em tom seco e ríspido.

A mulher causou tanto mal a ele que a cada dia que descobre algo
novo fica mais satisfeito por vê-la presa.

— O pagamento para o tal mecânico foi com o seu dinheiro. Ela


mascarou fingindo ser uma compra de roupas de luxo. — revela e fico
perplexa.

Além de ter tentado matá-lo fez isso tudo com o dinheiro do próprio
Leon. Ava não tem coração e desconfio que nunca terá uma redenção. É
errado desejar que ela morra? Respiro fundo e tento evitar os pensamentos
de raiva.

— Posso afirmar que jamais imaginei vê-la naquela situação! —


confessa Adrian.

— Que situação? — pergunta Leon e aproximo-me da porta e entro


calmamente enquanto os dois me analisam.

— Bom dia, podem continuar… — aviso enquanto Leon se


aproxima de mim e me abraça com carinho.

— Meu amor, comeu algo? Não fique sem tomar o café da manhã,
por favor! — Concordo depositando um selinho em seus lábios.

Leon é sempre cuidadoso, e me sinto amada e protegida.


— Continue Dr. Adrian, que situação a Ava está? — questiono,
curiosa.

— Parece que ela arrumou confusão logo no primeiro dia. Seus


cabelos foram picotados, está praticamente raspado. Cortaram todas as
unhas dela e quase não a reconheci. Segundo me falaram ela ofendeu as
outras mulheres da cela, mas continua soberba. Acredito que ainda passará
por muita coisa.

— Ela merece, por ter tentado matar o Leon. — respondo irritada e


Leon captura o meu braço passando a outra mão em meu rosto.

— Pequenina, não quero que se estresse.

— Já passou… — justifico para não preocupá-lo e ele encara o


Adrian ansioso pela resposta que tanto queremos ouvir.

— Estou nervoso, não consigo imaginar aquela louca com um filho


na barriga, e me preocupo com a criança passando todo esse processo junto.
— Leon caminha até o pequeno bar, pega um copo e despeja um pouco do
whisky e vira de uma vez.

Adrian se levanta da poltrona, pega a maleta sobre a mesa e depois


retira o casaco pesado que protege o corpo. O homem fica em silêncio e
pelo olhar que o Leon lança sobre ele parece que vai xingá-lo a qualquer
momento, já que está quase cuspindo fogo. Adrian retira os papéis da
maleta e Leon pega apressadamente.

— Eles fizeram o teste de gravidez e o resultado foi negativo. Ava


nunca esteve grávida, apenas estava mentindo para te manipular. — Uma
respiração longa escapa dos lábios do Leon que leva a mão ao peito
aliviado.

— Não terei um filho com ela? — Confirma surpreso.


— Não, eles colheram o sangue e farei amanhã outro exame por
garantia. — Meu indecente olha para mim ansioso para me agarrar como
ele sempre faz e eu adoro. — Bom, vou indo, assim que sair o segundo
resultado do exame te envio por e-mail.

— Tudo bem Adrian, muito obrigado.

— Eu que agradeço por você não ter tornado público toda a minha
incompetência. O que a Ava fez foi doentio, mas meu dever era ter seguido
o protocolo e não ter me deixado levar pelas chantagens dela. Boa tarde,
nos vemos em breve, na consulta, realmente não querem saber o sexo do
bebê até o nascimento?

— Não, queremos ser surpreendidos! — Afirma o Leon ainda com


a mão no coração.

— Tudo bem! Um ótimo dia, aguardo vocês semana que vem na


consulta.

Adrian fecha a maleta, acopla o casaco no braço e sai pela porta.


Leon se aproxima de mim e ergue o meu corpo beijando desesperado os
meus lábios enquanto sorri feliz.

— Não posso acreditar, estou em êxtase. Imaginar dividir uma


criança com a Ava estava me tirando a paz.

— Leon Stanley, pode respirar aliviado, o seu herdeiro está aqui na


minha barriga e terá muito amor ao redor dele. Ava jamais será capaz de
destruir a vida de um pequeno anjo. Ela nunca sonhou em ser mãe, não
gosta de crianças, acredito que Deus foi justo e não permitiu que isso
acontecesse.

— Estou agradecido, mas principalmente por ter conhecido você e


por ter mudado completamente a minha vida. Pequenina, sem você ainda
estaria preso a minha vida, a um casamento fracassado, a solidão e a tristeza
de nunca saber o que é ser feliz. — Puxo o rosto do Leon e devoro seus
lábios com paixão.

— Amamos você, agora vamos preparar tudo para a chegada do


nosso filho! Você é o meu indecente, pai do meu filho, meu noivo e agora
futuro marido. — Leon me abraça e sei que os próximos dias serão de
felicidade, afinal, o universo nos permitiu ficar juntos agora!

O restante da semana passa voando e quando percebo estou diante


do imenso espelho do nosso quarto escolhendo a roupa para a inauguração
da floricultura. O arquiteto fez uma casa magnífica e pareço viver em um
castelo dos contos de fadas. O quarto de casal é espaçoso, possui closet com
armários embutidos e as paredes são brancas repletas de molduras.

Nas últimas horas fiquei extremamente ansiosa e perdi


completamente o sono. Leon termina de colocar seu terno verde kentucky
para combinar com os seus olhos verde-esmeralda. Escolho um vestido
bordado rosa, com infinitas pedrarias que remetem aos trajes de princesa. O
encaixe fica perfeito na barriga e o meu indecente se aproxima tocando as
minhas costas com carinho. Seus dedos passeiam até chegar ao zíper e
fechá-lo. Com amor ele me abraça por trás beijando suavemente o meu
pescoço.

— Eu amo esse cheiro único que você possui. Estou ansioso para
sentir o cheiro do nosso bebê. — confessa acariciando minha barriga. —
Sabe o que eu imagino?

— O que você imagina, Leon Stanley? — A respiração quente dele


toca os meus ombros causando um arrepio por todo meu corpo.

— Imagino uma menina, uma mini pequenina, com o rosto angelical


como o seu. Usando roupas rosas e sinceramente, dormirá agarrada a nós
dois todas as noites! — revela sorrindo.

Coloco minhas mãos por cima das dele, para acariciar nosso bebê.

— Pode ser um menino… — argumento e sinto seus ombros largos


me cobrirem em seu peito.

— Nosso filho não precisará se preocupar, jamais o deixaria casar


por contrato para assumir os negócios. — Sorrimos juntos e paralisamos
quando sentimos pela primeira vez nossa pequena sementinha de indecência
chutar!

— Ah meu Deus, Cassandra! Eu senti, é incrível, inexplicável. —


As lágrimas escapam dos meus olhos de emoção e Leon ajoelha em minha
frente abraçando minha cintura.

E mais uma vez, acontece um novo chute que nos deixa extasiados.
A sensação é que alguém levou minha alma e a trouxe de volta muito
rápido. Nosso bebê lutador chutou para nos lembrar o quanto esse amor faz
tudo ao nosso redor desaparecer restando apenas a felicidade que sentimos
ao estarmos juntos. Leon chora emocionado enquanto deposita infinitos
beijos em minha barriga. Ele me pega no colo e nos deitamos na cama para
aproveitar esse momento único.

Ficamos entre carícias, beijos, abraços e declarações.

— Precisamos escolher os possíveis nomes. — Afirmo enxugando


as lágrimas de emoção que ainda deslizam pelo meu rosto.

— Estava pesquisando, se for uma menina poderá se chamar Arya,


que significa “ela é essencial”, “melodiosa” ou a “leoa de Deus”. — Leon
está empolgado e saber que ele pesquisou e nos ama com tanta intensidade
faz ter valido a pena todo sofrimento que passamos para ficar juntos.

— E se for um menino? O que pensou?


— Leonard, que significa “bravo ou forte como um leão”.

— Já disse hoje que você é o melhor pai do mundo? — Ele me


aperta forte em seus braços enquanto beija a maçã do meu rosto.

— E marido? também sou o melhor? — questiona com provocação.

— Veremos depois do casamento! — retruco em tom irônico,


agarrando o pescoço dele e me aconchegando em seu peitoral perfumado.
— Amo você, não poderia escolher outro homem, ou outro marido, você é
o meu príncipe encantado indecente, cafajeste e, ao mesmo tempo, o mais
romântico do universo.

— Repetirei as mesmas palavras de quando nos vimos novamente


após nossa aventura no avião! Sou o que você quiser minha pequenina. Sou
completamente seu! — Devoro seus lábios carnudos com paixão.

Nossas línguas se saboreiam loucamente por longos minutos. Adoro


sentir esse desejo cada dia mais forte e já enraizado em nosso coração. Meia
hora depois Sandra bate suavemente na porta avisando que o helicóptero
nos espera. Morar nos Hamptons é magnífico, porém quase todos os dias o
Leon precisa vir com o Davis de helicóptero para chegar mais rápido. Ele é
bilionário e não se importa com o gasto, segundo ele, cada minuto mais
perto vale a pena. Terminamos de nos arrumar e pouco tempo depois
estamos sobrevoando Nova York até a pista de pouso mais próxima à
empresa do Leon. Seguimos de carro até a antiga lanchonete e que agora é a
minha floricultura. É a realização de um sonho e estou completamente
assustada.

— Será que aparecerá clientes? E se as pessoas me atacarem? —


Stanley segura minha mão com carinho.

— Todos amarão o lugar. Ficou sofisticado, clássico e extremamente


doce, como você. Estarei ao seu lado, orgulhoso da minha nova empresária,
e futura perfumista muito em breve!
Aninho o meu corpo nos braços do Leon, sentindo-me segura. Ele
sempre sabe como acalmar o meu coração e que palavras usar. Hoje me
considero uma mulher forte e ele um maldito idiota sortudo, por ter me
encontrado. Juntos somos como ouro e a prata, nos complementamos
mesmo com as diferenças. O carro para em frente a Floricultura Werner e
meu coração acelera de felicidade.
CAPÍTULO 63
Hoje é a realização de um dos sonhos da Cassandra. O sol brilha
forte e seguro suas mãos geladas sentindo seu rosto roçar em meu peito com
carinho. Escuto quando inspira profundamente e imagino que deva estar
feliz e apavorada.

— Abrirei a porta para você, um minuto, espere aqui! —


Apressadamente saio do carro e os flashs das câmeras dos fotógrafos
borram a minha visão.

Sigo até o outro lado e abro a porta para a pequenina descer. Ela está
deslumbrante no vestido rosa longo e parece uma princesa saída dos filmes.
Algumas notícias novas são sobre a nossa idade, e se eu não fosse um
homem que aparenta ser bem mais novo estaria sofrendo com as fofocas
por ser 21 anos mais velho que ela.

Cassandra desce sorrindo e entrelaça a mão na minha para


entrarmos. O seu medo era não ter clientes, algumas notícias hostis ainda
perduram na internet, no entanto garanti a venda de 1.000 arranjos de rosas
para mim mesmo. Não quero que ela pense que ninguém comprará os seus
buquês, por ora ela não precisa saber desse detalhe.

Genevieve contratou as funcionárias, uma se chama Luana, e a outra


Vera. Ambas possuem em torno de 30 anos e são simpáticas e prestativas.
Elas sorriem ao nos ver caminhar em direção à porta. A fachada ficou em
tom verde musgo e está repleta de flores nas jardineiras de concreto.
Entramos e o lugar está todo florido, as paredes são vermelhas, os lustres de
cristal deixam o lugar elegante enquanto um pequeno jardim de inverno no
canto esquerdo traz uma sensação de paz.

Cassandra escolheu cada objeto de decoração e seu gosto é deliciado


e traz aconchego. A várias mulheres da sociedade degustando do coquetel
de inauguração, o que me deixa feliz. Luana e Vera uniformizadas se
aproximam sorrindo para conhecê-la.
— Bom senhorita, Werner! É um grande prazer. Genevieve fez
infinitos elogios durante a entrevista. Será um prazer trabalhar aqui. Sou a
Luana. — Apresenta-se Luana.

— Bom dia, senhora! Estamos muito felizes por fazer parte da sua
empresa! — Completa Vera.

— Podem me chamar de Cass, aqui seremos uma grande família!

— Uma pessoa já fez uma super encomenda. — avisam eufóricas.

— Sério? — A pequenina leva a mão ao coração feliz.

— Sim, pediram 1.000 arranjos de rosas variadas! — Comemora


Luana mostrando que já começaram a montar.

— Perfeito! Deixaremos essa cidade florida! — Anuncia Cassandra


me puxando para conversar com os clientes.

A manhã é tranquila e várias pessoas fazem pedidos e os lucros são


exorbitantes. Talvez a visibilidade que a pequenina teve há semanas atrás
trouxe ao menos algo bom! Após a prisão da Ava e os desdobramentos as
pessoas passaram a perceber que nos amamos. Alguns ainda são maldosos,
mas em sua maioria tem demonstrado achá-la uma boa pessoa. Genevieve
entra pela porta toda feliz com uma caixa de presentes em mãos. As duas se
abraçam e após conversarem por alguns minutos me aproximo.

— Pequenina, preciso ir para a reunião. Genevieve fará companhia a


você! — Cassandra balança a cabeça concordando e envolve os braços ao
redor da minha cintura.

— Leon Stanley, conheço você o suficiente para saber que comprou


os 1.000 arranjos em uma tentativa de enaltecer o meu trabalho. — Um
sorriso escapa de mim e a aperto com força em meus braços.
— Serei o seu maior cliente, o que mais acredita em você,
incondicionalmente! Fiz isso por amor, não me julgue! Faria mais infinitas
compras só para conferir o seu semblante de felicidade.

— Leon, você foi a minha maior conquista!

— Você pequenina, é a minha vida! Em breve estaremos


inaugurando sua perfumaria!

— Sim e o primeiro perfume a ser produzido será o seu!

— O meu? — questiono surpreso.

— Sim, o melhor cheiro do mundo e somente eu tenho você todo


para mim! — confesso beijando os meus lábios.

Desfruto dos seus lábios carnudos completamente feliz e realizado.


Uma realização que transcende qualquer compreensão humana, aquela de
alma. Faltam quinze dias para o casamento que nos fará marido e mulher.
Estou ansioso para conhecer o meu filho ou filha e poder segurá-lo em
meus braços. O fruto do nosso amor gigantesco e imensurável.
UM MÊS DEPOIS

Chegou o grande dia do meu casamento com o Leon. Não sei o que
esperar desse momento, mas o conhecendo tão bem sei que prepara algo
surpreendente. Desde o dia que comprou a lanchonete ele passou a ser
capaz de fazer qualquer coisa. O indecente se tornou um romântico e tudo
que ele faz é para me ver sorrir. Adoro quando seu olhar está preso a mim
apenas admirando o meu jeito de agir e de falar.

O combinado é que colocarei o vestido de noiva e partirei até o local


de olhos vendados. Meu coração palpita só em imaginar que hoje me
tornarei Cassandra Werner Stanley. Se eu precisasse explicar em palavras
como me sinto diria que me lembrarei desse dia até o meu último suspiro.
Minha sementinha tem chutado e adoro acalmá-lo com uma canção.
Admiro minha imagem no espelho, escolhi um vestido branco de
cetim com fios de seda indiano, a saia é longa em voal conferindo um toque
de transparência e brilho. Ele reluz com a iluminação dos lustres de cristal
do quarto. A cabeleireira arruma o meu véu de organza e confere a coroa de
diamantes que enfeita os meus cabelos soltos e ondulados.

Cornélia entra no cômodo usando um lindo vestido de festa salmão


e fica emocionada ao me ver. Ela tem sido como uma segunda mãe e cada
dia tem estado mais perto.

— Você está perfeita Cass… uma verdadeira princesa! — Com


delicadeza essa segura minha mão com os olhos marejados. — Além de
trazer a felicidade para o meu filho fez ele se aproximar mais de mim.
Ganhei uma nova filha e em breve um neto ou neta que encherá minha vida
solitária de amor! — Com carinho a abraço e depois com cuidado seco as
lágrimas dos seus olhos.

— Cornélia, você é nossa família e jamais ficará distante ou se


sentirá sozinha! Sinto muito se antes era obrigada a ficar afastada, mas
agora não precisa mais ter medo de nos visitar sempre que quiser!

— Eu sei, no momento que te conheci, com aquele abraço eu soube


que você era como um anjo na terra! Vocês serão tão felizes, que me deixa
com o coração aquecido. Nunca vi o Leon tão dedicado e realizado como o
vejo agora. Quando ele te olha a uma luz especial, como se ele pudesse
brilhar! — Confessa me apertando em seu corpo e apenas retribuo
emocionada. — Chega, vamos, antes que ele mesmo venha te buscar! —
avisa sorrindo.

— Nosso bebê amará cada momento ao lado da vovó! — Ela


arruma meus cabelos e retoca o meu batom rosado.

— Pronto! Seremos uma grande família! Está pronta, hora de


encontrar o seu noivo! — Cornélia abre a bolsa e retira uma venda de tecido
de camurça. — Entrando no carro colocaremos!
— Combinado! — Minhas mãos ficam trêmulas em nervosismo e
saímos do quarto seguindo pelos corredores da mansão.

Jonas com um terno impecável nos espera em uma linda limusine e


sorri quando me vê.

— Está linda Cassandra, pode entrar!

Nervosa apenas concordo e me acomodo no banco macio. Cornélia


fecha a porta e quando se acomoda ao meu lado passa a venda com cuidado
nos meus olhos. Tudo fica escuro e apenas escuto o som do carro que
começa a andar. Uma falta de ar aperta o meu peito e coloco as mãos em
minha barriga para sentir meu bebê começar a chutar.

O som do vento batendo contra o carro, a respiração da Cornélia ao


meu lado, as pequenas sombras que dançam diante dos meus olhos por
conta da claridade que reluz sobre a venda fina, causa uma grande explosão
de paixão e euforia.

“O que o Leon preparou? Ele já me surpreendeu de todas as formas


possíveis! Queria que os meus pais estivessem aqui para ver o quanto eu
consegui ser forte, no entanto, sei que onde quer que estejam, estão felizes
pela família que estou construindo.”.
CAPÍTULO 64
Percebo quando o carro para. Consigo ouvir as batidas do meu
próprio coração em meus ouvidos. Um cheiro inconfundível de natureza e
do mar invade os meus sentidos e minhas pernas fraquejam. Cornélia
segura minha mão e me ajuda a descer. A cada passo os barulhos do meu
salto reverberam pelo ambiente enquanto sinto a brisa fresca e o som dos
pássaros cantando ao fundo.

Acabo de desvendar a grande surpresa do Leon. Lembro-me de


quando estávamos em Marfa e mostrei a lista de desejo dos Werner’s. Penso
nos meus pais e ao mesmo tento focar no presente, na emoção que devora
cada centímetro do meu corpo. Desse momento para o todo sempre, eu
sempre serei agradecida. E todas às vezes que fechar os meus olhos
lembrarei que após uma grande tempestade o sol brilhou de novo.

Queria ter o meu pai segurando em minha mão e me conduzindo ao


altar, mas está em outro lugar mais especial, em meu coração. Achei que
nunca mais voltaria a sorrir, mas agora eu só não consigo parar. Um cheiro
familiar penetra em meus sentidos e com o auxílio subo algumas escadas.
Após alguns minutos de pura tensão duas mãos tocam atrás da minha
cabeça para retirar a venda. Abro os meus olhos e estou em um navio
imenso entrando no oceano. O céu azul está repleto de nuvens e a maresia
toca suavemente o meu rosto.

A cerimonialista me entrega o Buquê de quinze rosas-vermelhas e


quinze rosas-brancas decorado com Gypsophila. A entrada no altar está
decorada com rosas espalhadas pelo chão. Equilibro-me nos saltos finos e
fixo os meus pés no chão me preparando para entrar no deck principal.
Visualizo o Leon sorrindo. Ele veste um incrível terno branco com uma
gravata prateada que combina com seus olhos verdes intensos. Uma emoção
inexplicável pulsa por todo o meu corpo e inspiro lentamente o ar buscando
manter a calma. Minhas mãos estão geladas e não consigo controlar a
expressão feliz que estampa o meu rosto.
Leon Stanley, o CEO da maior Empresa de Tecnologia das
Américas, cruzou o meu caminho me propondo safadezas e um amor
genuíno e avassalador. Com seu olhar preso ao meu dou o primeiro passo
com as pernas estremecidas. O caminho está repleto de pétalas de rosas-
brancas e os arranjos que enfeitam o arco atrás do padre são preenchidos
por milhares de rosas-vermelhas que simboliza a paixão e o amor. É uma
cerimônia privada, para no máximo 10 pessoas, entretanto, a luxuosidade
me encanta.

Mesmo que não seja uma festa para inúmeros convidados, Leon fez
questão que tudo fosse perfeito. Com a marcha nupcial como trilha sonora
caminho a passos lentos admirando cada rosto. Nossos convidados são a
Genevieve, que sorri radiante, a Cornélia que me acompanhou o trajeto
todo, o Adrian, a Sandra, o Jonas, o Arnold, também vejo o Erick e as
minhas funcionárias Luana e Vera. Chego no altar e seguro a mão estendida
do Leon. O sentimento desse dia é de cumplicidade, amor e um misto de
indecência. Nos olhamos com admiração, com o mesmo fogo que sentimos
desde o primeiro momento que estivemos juntos.

— Pequenina, você parece um anjo saindo do céu! — elogia o meu


indecente depositando um beijo no dorso da minha mão com ternura.

— Leon, você não imagina como fez eu me sentir hoje! Tudo está
perfeito! — Com carinho ele se ajoelha e beija minha barriga.

— Amarei vocês até o fim dos tempos! — Vivo um grande sonho e


nos posicionamos em frente ao padre.

O padre conduz a cerimônia graciosamente e ao final todos


aplaudem felizes.

― Eu vos declaro, marido e mulher. ― Finaliza o padre sorrindo.

Leon me agarra em seus braços e beija-me intensamente. Sua língua


molhada e sedutora dança ao redor da minha enquanto sua barba roça de
maneira gostosa em minha pele delicada. Nossos convidados sorriem
felizes.

― Hora do nosso almoço em família. ― Avisa a cerimonialista.

Leon entrelaça a mão na minha e caminhamos até uma área gourmet


no navio, toda preparada para a nossa pequena festa. As mesas possuem
toalhas de linho bordadas a mão em ponto cruz com bicos de renda inglesa.
As taças de cristal e os doces decoram a mesa juntamente com um bolo
exageradamente composto de 6 andares. Leon sempre foi exagerado em
tudo e no nosso casamento isso não seria diferente. Passamos um almoço
entre sorrisos e conversas leves e divertida. Genevieve que veste um vestido
azul repleto de brilhos me abraça fortemente emocionada.

― Você merece ser feliz, merece essa família linda que está
construindo após uma perda tão dolorosa. Lembre-se que te amo, sempre
estarei com você. Estou aqui como seus pais sempre desejaram, cuidando
de você, até o fim das nossas vidas. ― Beijo o rosto da Genevieve
emocionada.

― Amo você maninha, obrigada por cuidar de mim. Tenho certeza


que meus pais estão felizes lá do céu.

― Não tenho dúvidas, o amor transcende qualquer barreira física.


Nunca duvide disso. ― Fico agarrada a minha melhor amiga e após muita
diversão, Leon me chama para uma dança.

Seguro em sua mão que me guia até a proa. Paramos próximo à


grade de proteção e o Leon captura minha cintura. Antes, os nossos corpos
se encaixariam perfeitamente, porém agora a minha barriga grande impedi
uma total aproximação. Sorrimos juntos ao nos darmos conta de que em
breve o nosso bebê chegará ao mundo. Com carinho Leon segura nas
laterais do meu quadril e dançamos lentamente ao som do mar e das
gaivotas. A liberdade que nos domina é incomparável, e pela primeira vez
não temos mais medo do futuro.
Após um casamento inesquecível me sento na poltrona do jatinho
particular do Leon. O céu está escuro e ao decolar admiro as nuvens
noturnas, as estrelas cintilantes e a cidade que cada vez se torna menor.
Seguro com carinho nas mãos dele que faz carícias suaves em minha
barriga. O penúltimo item da listinha de desejos dos Werner’s era uma
viagem para o Egito.

Sentada aqui, ao lado do homem que eu amo agradeço em silêncio a


Deus por conseguir realizar os desejos dos meus pais. No fim, eles sempre
estiveram certos quando disseram que encontraria o homem dos meus
sonhos, porque neste instante ele tem feito de tudo para honrar os sonhos
deles. Leon está dedicado a me fazer feliz, como jamais imaginei conseguir
ser novamente um dia.

O Egito possui um clima desértico, há pouca vegetação e na maior


parte do ano o clima é quente. Em casa éramos fascinados pelos costumes e
queríamos conhecer as pirâmides. A melhor época para visitar o país é no
inverno e estamos na época perfeita. Minhas mãos suam em ansiedade.
Leon sorri ao constatar minha leve afobação.

― Falta pouco, logo estaremos andando nas areias quentes e


deslumbrando a imagem perfeita daquele lugar. ― O indecente realizar
todos os planos da lista demonstra o quanto se importa com meus
sentimentos e quando almeja me ver feliz.

― Falta apenas um último desejo… planeja construir o berço do


nosso bebê? ― Questiono sorridente e com carinho ele toca os meus lábios.

― Sim, já peguei um projeto e construirei!


― Leon Stanley, quando foi que você se tornou tão meu?

― Desde o primeiro momento, você que não enxergou! ― confessa


sorrindo.

Encosto nossos lábios com carinho e nos beijamos intensamente.


Aconchego-me em seu peito e após algumas horas de viagem pousamos no
Aeroporto Internacional do Cairo[29]. O país dos Faraós, das Pirâmides, dos
Templos, dos Deuses e das enormes esculturas egípcias em pedras se
tornará uma realidade e estou ansiosa para desbravar cada ponto turístico.
Pegamos um táxi e em poucos minutos estamos nos hospedando no Four
Seasons Hotel Cairo at Nile Plaza[30].

O quarto é amplo, sofisticado e possui uma arquitetura histórica


incrível. Assim que entramos, Leon imediatamente acende a lareira e
tiramos nossas roupas para nos esquentar no fogo. Não faz um inverno
rigoroso, mas a verdade é que queremos saciar o desejo que sentimos.
Sento-me no chão e ele se encaixa atrás de mim acoplando o meu quadril
no meio das suas pernas. Seus braços protegem o meu corpo e isso permite
uma troca calorosa e extremamente sensual.

Leon passa a mão suavemente pelo meu corpo sentindo a minha


pele entre os seus dedos. Com sensualidade ele contorna os meus seios e
brinca com os meus mamilos enrijecidos e duros de excitação. Estar presa
em seus braços, em frente ao fogo me traz uma sensação de conforto e
amor. Admiro a chamas queimarem e as pequenas brasas avermelhadas que
sobem acima da madeira. Leon deposita as mãos nas minhas coxas e
começa a subi-las lentamente.

― Minha safadinha, tenho uma proposta para você! ― Leon


articula com safadeza, ao mesmo tempo que toca em minha boceta.

― Que tipo de proposta? ― questiono sentindo seus dedos


intensificarem os movimentos circulares em meu clitóris.
― O que acha de termos dez filhos? ― brinca mordendo o lóbulo
da minha orelha.

― Leon, meu indecente, eu aceito ter até trinta, mas nesse momento
quero você, quero sentir o seu corpo no meu a noite toda.

Leon sorri com minha declaração e sinto quando seus dedos grandes
penetram dentro de mim. Abro minhas pernas e sinto sua ereção cutucar as
minhas costas acima do meu quadril. Com afobação ele gruda o meu corpo
ao seu corpo enquanto com a mão esquerda apalpa o meu seio. Seus dedos
movimentam continuamente causando um frenesi em meu corpo. Meu
coração acelera e entreabro os meus lábios soltando gemidos baixos.

Meu homem morde minha pele subindo do meu ombro até o


pescoço. Inclino minha cabeça para trás sendo transbordada por um prazer
que só ele sabe oferecer. Com os dedos ele espalha minha lubrificação por
toda minha boceta continuando a penetração gostosa. Derreto-me em seus
braços e me entrego ao prazer soltando um gemido alto contido.

― Isso, minha safada, adoro ouvir você gemer enquanto goza nos
meus dedos. ― Gozo aflita enquanto ele esfrega o meu clitóris sensível e
dilatado.

Quando termino, ele me empurra contra o tapete e me coloca de


quatro. Sua boca ordinária morde minha bunda e abocanha por trás minha
boceta. Com a língua ele me chupa enlouquecido.

― Seu sabor pequenina, é único e o meu vício. Comerei essa boceta


safada todos os dias, e teremos muitos filhos. ― Um sorriso provocador
escapa dos meus lábios e ele estapeia minha bunda com tesão. ― Vou te dar
carinho com o meu pau, minha sem vergonha. ― Rebolo minha bunda para
instigá-lo e de uma vez ele penetra seu pau imenso na minha abertura
molhada.

Meu corpo estremece com a sua brutalidade e seu pau bate


profundamente dentro de mim. Suas mãos indecentes passeiam
excessivamente pelo meu corpo sentindo as minhas curvas.
CAPÍTULO 65
A pequenina geme enquanto meu pau come sua boceta pequena com
força. Seguro as laterais do seu quadril e bato sua área proibida contra
minha ereção enquanto seus gritos safados me deixam ainda mais
ensandecido. Seu corpo pequeno, seus seios que evidenciam seus mamilos
durinhos de excitação me deixam a ponto de gozar. Passo os meus dedos ao
redor das suas aréolas rosadas enquanto meu pau explora sua abertura
macia e quente. Deslizo a mão até os seus cabelos e entrelaço os fios nos
meus dedos puxando-os com força.

Seu corpo arqueia e me dá total acesso a entrar mais fundo nessa


boceta maldita. O poder que a pequenina tem sobre mim é inevitável, todo o
meu corpo vibra em contato com o seu, meu pau imediatamente quer
devorá-la e minha língua saliva pelo seu gosto sedutor. Cravo meu pau com
velocidade sentindo sua abertura se ajustar ao meu tamanho. A fricção se
torna vulcânica e sinto quando minhas pernas enrijecem, meu peito
comprime em euforia e tranco minha respiração pronta para gozar
deliciosamente. Um rugido sai de mim enquanto meu líquido se deposita na
sua entrada molhadinha.

Não ligo de ter realmente dez filhos com a pequenina, com ela sinto
que quero tudo da vida. Após gozar agarro seu corpo e a beijo com carinho.
Sua língua gostosa saboreia a minha e seu corpo pequeno fica grudadinho
ao meu. Ficamos em frente ao fogo entre carícias e declarações de amor.
Nossa lua de mel será intensa e inesquecível!

Quando amanhece rolamos na cama e ela rapidamente se levanta


escolhendo uma roupa.
― Vamos Leon, rápido, conheceremos as Pirâmides de Gizé, a
Esfinge. ― Abro um sorriso largo ao ver sua animação, ter o prazer de lhe
dar o mundo e realizar todos os seus sonhos me deixa com uma sensação de
poder.

Uma criatura pequena, que é minha vida, e saber que faria de tudo
por ela não tem explicação, provavelmente se me pedisse para pular de
paraquedas eu também pularia, mesmo tendo pavor de pensar sobre isso.
Com satisfação assisto seu desespero. Cassandra pega na mala uma roupa
colorida e cheia de brilho. O vestido é multicolor, possui laços nos ombros
e ficará justo em seu corpo. Após tomar um banho ela retorna com um
frasco de creme nas mãos e passa suavemente pelo corpo.

O cheiro de morango invade o quarto e admiro apaixonado suas


mãos percorrerem cada curva do seu corpo. A pequenina aplica uma
quantidade generosa na barriga e ver seu corpo nu é o meu programa
favorito. A milhares de frascos de perfumes que ela vem produzindo e
escolhe um para aplicar em seus pulsos e atrás da orelha. Com calma ela
coloca uma calcinha de cetim preta depois o vestido e por último uma meia
calça tom da pele e uma bota rosa.

Cassandra tem o gosto peculiar que a transforma em um lindo anjo.


Sou o homem mais sortudo desse mundo e me levanto para finalmente me
arrumar. Antes agarro o seu corpo provando o seu cheiro único e os lábios
deliciosos que adoro beijar. Com ternura afasto seus cabelos liberando a
lateral do seu pescoço para cheirá-la.

― Meu amor por você só aumenta, não sei como vivi tantos anos
sem você. ― confesso tocando meus lábios em sua pele aveludada.

― Você estava me esperando, assim como esperei por você! ―


responde minha pedra preciosa com a voz delicada. ― Rápido, se arrume,
temos um país para explorar! O guia deve estar nos esperando na recepção!
Contrariado solto seu corpo e após um banho me arrumo para
sairmos. O café da manhã é farto e quando terminamos entramos no carro
de turismo para conhecer os pontos turísticos. O céu azul está impecável, o
vento é forte e a Cassandra abre a janela do carro colocando metade do
corpo para fora enquanto sorri e fecha os olhos sentindo a brisa que
bagunça completamente seus cabelos castanhos. Capturo sua cintura
preocupado, essa mulher é intensa e sou maluco por ela, pela sua maneira
de viver tudo com tanta euforia. A puxo para dentro ouvindo o som da sua
risada.

― Cassandra Werner, tenho 39 anos, a qualquer momento me


matará de infarto! ― Ela captura meu pescoço e devora meus lábios com
paixão.

― Amo você, Leonzinho, se você partir não tem mais nenhum


motivo para permanecer na terra! ― A sento em meu colo e agarro seu
corpo a prendendo a mim.

Essa liberdade que sentimos nos permiti ser quem somos. O


caminho é tranquilo e após minutos chegamos às pirâmides de Gizé[31]. O
lugar é magnífico, foi construído com cerca de 2,3 milhões de blocos de
pedra e cada um pesa cerca de 2,5 toneladas. A maior das pirâmides é a de
Queópis sendo a maior do Egito. Fico fascinado por cada lugar que
visitamos e jamais imaginei que a viagem se tornaria inesquecível para
mim.

Os dias passam de forma rápida, porém aproveitamos cada parte do


dia entre passeios e diversão. Cassandra conheceu todos os lugares que
sempre sonhou: O Templo de Karnak[32], O Templo de Abu Simbel[33], o
Museo do Egito[34], o Templo de Hatshepsut[35], as Pirâmides de Saqqara[36],
o Rio Nilo[37], o Templo de Luxor[38], a Grande Esfinge de Gizé[39] e o Vale
dos Reis[40] e a Tumba de Tutancamôn[41]. Quando nossa viagem chega ao
fim retornamos ansiosos para começar nossa vida e prontos para montar o
quarto do nosso bebê que estará em pouco tempo em nossos braços.
4 MESES DEPOIS

Os meses se passaram e com eles as dúvidas e os medos foram


diminuindo gradativamente. A minha barriga cresceu e passamos várias
noites entre confissões, amor e jantaremos para matar os desejos da
gestação. Leon se tornou um verdadeiro protetor, sempre ao meu lado e
disposto a me fazer feliz. Optamos definitivamente por não descobrir o sexo
do bebê, somente na hora do nascimento. Nossa pequena sementinha de
indecência está pronta para desabrochar. Deito-me com dificuldade na cama
e aconchego minha cabeça em uma pilha de travesseiros. Daqui do quarto
admiro o pôr do sol. Sandra aparece na porta com uma enorme xícara de
chocolate quente com chantilly.

— Uma xícara de paz para você, do jeito que gosta. — Abro um


sorriso feliz e estico a mão para pegar a porcelana. Uma dor aguda e
instantânea me faz fraquejar e deixo a xícara cair no chão. — Cass, o que
houve? — Sandra arregala os olhos e corre para me dar apoio.

— Sandra, precisamos ir ao hospital, o bebê vai nascer.


— Ah meu Deus, vamos, no caminho aviso o Sr. Leon.

Sandra segura o meu braço e Arnold nos leva ao hospital. Ela avisa
o Leon que imediatamente sai do escritório e corre para nos encontrar.
Passo a recepção e em poucos minutos já estou no consultório médico.
Adrian foi notificado e não demora para chegar.

— Certo, respira com calma, sei que vai começar as contrações,


apenas tente manter a calma, o centro cirúrgico já está sendo preparado. —
Avisa Adrian.

Tento manter minha respiração enquanto sinto a onda de dor invadir


meu corpo e sumir logo depois. Leon chega ao quarto pálido,
completamente nervoso e abalado. Ele veste um terno cinza, que toda vez
deixa evidente os seus olhos verdes e neste momento tudo que eu quero é
focar neles, no amor que ele me transmite.

— A cesária vai começar. — Avisa o Adrian e Leon segura minha


mão e beija docemente minha testa.

— Estarei com você pequenina, estou nervoso, ansioso, mas


completamente pronto para conhecer o nosso filho.

— Eu também, meu amor.

Trocamos e colocamos as roupas estéreis e em poucos minutos


estamos no centro cirúrgico prontos para viver uma nova experiência. Leon
se posiciona ao meu lado e estuda com carinho o meu rosto. Lentamente ele
aproxima os lábios do meu ouvido direito e sussurra com sua voz grave e
sedutora.

— A partir do momento que te encontrei na empresa ficou evidente


que você me tiraria do inferno que era minha vida. Hoje nosso bebê nasce,
porém, nossa família começou a ser formada a partir do momento que nos
amamos a primeira vez. — Levo a mão ao seu rosto emocionada. — Estarei
aqui e juntos veremos o rostinho angelical do nosso amor.

Os próximos minutos são preenchidos com uma emoção que nunca


senti antes. Meu peito parece a ponto de explodir e meu coração é
dominado por um amor que jamais pensei existir. O choro do meu bebê
ecoa pelas paredes brancas da sala e recaem sobre o meu corpo gelado,
causando uma infinita onda de arrepio.

— Parabéns, vocês tiveram uma linda menina, como será o nome


dela?

Minha mente parece se perder em meio a tantos sentimentos, mas o


maior deles é o amor genuíno e único. Acaba de nascer uma parte de mim
que protegerei com a minha vida.

— Ela se chamará Arya Werner Stanley… — Declara Leon


enquanto vejo lágrimas escorrer dos seus olhos.

A enfermeira se aproxima e com carinho aconchega a Arya ao meu


corpo.
O amor que começou enquanto ainda era uma pequena sementinha
de indecência agora explode em uma enorme flor-de-amor. Leon aproxima
o nariz do rosto da nossa filha e a cheira com carinho.

— O cheiro do amor! — Afirma enquanto nossos lábios se


encostam em um selinho carinhoso. — Tudo será rosa e repleto de flores!
— Admiramos nossa linda bebê que possui os traços delicados se
assemelhando a um verdadeiro anjo.

A primeira flor que desabrocha para mudar completamente a nossa


vida!
CAPÍTULO 66
Meu peito transborda com um sentimento que nunca senti antes, é
algo puro, profundo e que me faz querer protegê-las com a minha vida! A
nossa sementinha é linda, perfeita e veio ao mundo despertando o melhor de
mim. Admiro seus olhos pequenos, seu nariz desenhado e o semblante que
lembra a Cassandra e mesmo que seja tão minúscula consigo definir que é
uma cópia perfeita do anjo da minha vida.

Não consigo imaginar um mundo onde a Ava possa fazer algo


contra o meu raio de luz, não disse a Cassandra, mas ainda me lembro de
suas palavras horríveis quando foi presa! Farei o necessário para proteger
minha família. Foco minha atenção nesse momento incrível, mesmo tomado
por um medo latente. Queria ter matado Rick Muzy, mas perderia minha
liberdade e não conseguiria ficar com a minha pequenina. Admiro as mãos
minúsculas da nossa filha e os pezinhos delicados. A enfermeira pega a
roupa rosa e se aproxima para trocá-la.

— Senhor Stanley, o levarei até o quarto para aguardar, faremos os


exames na Cassandra, como foi pedido, por conta do histórico do abortivo e
em minutos ela estará lá. A bebê será examinada também e chegará em
breve também. — Concordo depositando um beijo na testa da Cassandra e
depois um longo cheiro na nossa sementinha.

— Meu amor, em minutos estaremos todos juntos! Não se preocupe.


— A pequenina concorda agarrando nossa filha com força em seus braços,
se negando a entregá-la. — Eles só vão examiná-la, já teremos ela de volta.

— Não queria deixá-la… — confessa triste. — Eu sei que faz parte


do protocolo, mas quase a perdemos antes! — Ela beija a Arya afobada.

— Nossa sementinha está saudável, está tudo bem! — Preocupada


ela entrega a Arya para mim.
A cheiro com ternura e entrego minha filha a enfermeira que a leva
para os procedimentos padrões. Viro-me novamente para a Cassandra e
beijo seu rosto.

— Os exames serão rápido! O Adrian está finalizando tudo!

— Tudo bem, amo você!

— Te amo Pequenina, estarei te esperando, não se preocupe! —


Toco seu rosto com carinho, ela sorri e saio pela porta ansioso para
encontrá-la de novo em minutos.

Caminho pelos corredores pensativo, e o Arnold se aproxima.

— Como foi Senhor Stanley? Dona Cassandra está bem?

— Ela está bem sim, nosso bebê é uma menina, linda, parece um
pequeno anjo, como a Cassandra. — Ele sorri e estica a mão para me
parabenizar.

— Parabéns senhor.

— Obrigado Arnold, mas confesso que estou receoso.

— O que houve Senhor? Está preocupado com o Rick e a Ava?

— Sim, quase matei aquele verme de tanto socar a cara dele, mas os
policiais me impediram, na hora estava cego de ódio, mas não sei o que
teria feito se tivesse ficado longe da Cassandra. — confesso angustiado.

— Senhor Stanley, sei que me contratou pelo meu histórico porque


sabe que eu faria o necessário para proteger sua esposa e sua filha. Tenho
uma pergunta, mas dependendo da sua resposta posso te ajudar com isso.
Até onde iria para proteger quem ama? — questiona e mesmo que esteja
confuso com sua pergunta, a resposta é fácil.

— Até o inferno! — afirmo sem hesitar.

— Conheço um homem, servimos juntos no exército há muitos


anos, se chama Blake Barbieri Lodge. Hoje, é o maior negociante de armas
das Américas. Posso lhe pedir um favor, o ajudei meses atrás a encontrar
um advogado para tirar a mulher dele da prisão.

— A mulher dele é mafiosa também?

— Não Senhor, ela é que nem a senhorita Cassandra, apenas uma


garota inocente que entrou em um mundo totalmente diferente, ela se
chama Antonella e foi presa em uma emboscada realizada pelos inimigos.
Posso intermediar uma conversa, porém ele não cobra em dinheiro, ele
exige lealdade.

Analiso o Arnold friamente e em minha mente só consigo ver a


imagem da pequenina sorrindo e agora da minha filha que chegou mudando
tudo. Posso até ser julgado pela minha escolha, mas lembrar de quando
peguei o Rick agredindo a Cassandra no carro e da Ava dizendo que
queimaria meu bebê vivo, não me restam dúvidas e nem incertezas de que
faria de tudo para protegê-las, até mesmo oferecer lealdade a um mafioso.

— Eu aceito, como funciona essa troca de lealdade? — questiono.

— Ele é um mafioso com honra, diferente da maioria, e ao contrário


de todos que lutam contra tudo, ele tem o sistema e os poderosos em sua
mão. Não pedirá nada além de apoio caso algo aconteça.
— Quero falar com ele hoje mesmo! Ele conseguirá efetuar o
serviço mesmo que os dois estejam presos?

— Blake consegue o que quiser! Marcarei uma ligação! Basta


apenas aguardar Senhor, ele entrará em contato! — afirma.

Meu peito solta uma respiração de alívio com a possibilidade de não


ter medo de um dia a Ava ou o Rick fazerem mal a nós. Meus filhos
crescerão felizes e a Cassandra não terá medo do futuro.
1 SEMANA DEPOIS
Entro no quarto da Arya. O local ficou totalmente branco com
vários detalhes prateados por todas as paredes, possui no canto uma
poltrona branca com várias almofadas, o berço que construí com tanto
carinho fica ao centro e ao lado esquerdo está uma pequena cômoda. Fiz um
entalhe no berço de uma rosa-vermelha. Recordo-me que quando o mostrei
para a Cassandra os seus olhos transbordaram em lágrimas e fiquei
emocionado por ter sido capaz de construir o lugar que minha bebê
descansará todas as noites.

Vislumbro ela segurando nossa sementinha em seus braços e me


aproximo depositando um beijo carinhoso no pequeno rostinho angelical
que adormece pacificamente. Arya usa uma roupa repleta de pelinhos
coloridos e possui uma aparência igual a da mãe, uma beleza única e rara.
Todos os dias agradeço a Deus por tê-las em minha vida.

― Ela dormiu, vamos. ― Sussurra a pequenina, colocando a Arya


calmamente no berço.

A seguro pela cintura e pressiono o seu corpo contra o meu com


saudade.

― Já podemos colocar o próximo no forno? ― questiono apalpando


sua bunda gostosa.

A pequenina sorri contra os meus lábios e passa os braços ao redor


do meu pescoço. Afundo meu nariz em seu pescoço e inspiro seu perfume.
Essa semana foi de adaptação, mas temos tido a ajuda da minha mãe e da
Sandra, o que nos deixou mais calmos, porém estou morrendo de saudades.
Beijo sua pele com carinho e me afasto para admirar o seu rosto.
― Está tudo bem meu amor? ― investigo, preocupado, afinal, ela
precisa comer.

― Sim, meu protetor, tomei um chá antes de dar o leite para ela, o
que acha de fazermos um lanche? ― A pego no colo e sigo pelos
corredores enquanto o som da sua risada percorre todo caminho.

Quando chegamos na cozinha a coloco sentada na cadeira e vou até


o armário pegar algumas bolachas. Meu celular começa a vibrar sobre o
balcão e a Cassandra atende.

― Alô! Isso, é o celular dele mesmo. ― Ela faz uma longa pausa e
olho intrigado por ser quase dez horas da noite. ― Isso, eu sou a Cassandra,
ele está sim, só um minuto. ― A pequenina estica o braço me entregando o
aparelho. ― É um homem, diz que se chama Blake! Pode atendê-lo, eu
pego algo. ― Levo o aparelho ao ouvido e sigo até o meu escritório.

Quando passo pela porta sento na poltrona, respiro fundo e


respondo.

― Blake, estou agradecido por entrar em contato. ― A voz do


homem é potente, seca e firme.

― Leon Stanley, deixe-me ver, possui 39 anos, formado em


Tecnologia, Inovação e especialista em Negócios Internacionais. Casou aos
29 por obrigação, vivia entre encontros as escondidas com outras mulheres,
confira os nomes: Angelina Sullivan, Hilary Jones, Jenny Mcbride, Leonara
Boyd e a última Cassandra Werner. Foi a única que conquistou seu coração,
certo? Compreendo como é isso. ― Paraliso e apenas o escuto. ― Último
negócio realizado foi há 15 horas com Afonso Denner, um grande
importador de vinhos que deseja expandir os seus negócios para o mundo
todo com uma tecnologia inovadora! Bom Senhor, Stanley, o ponto
principal que me fez aceitar o negócio foi a sua resposta referente até onde
iria para proteger sua família e disse “Até o inferno”. Particularmente eu
adoro queimar pessoas e estou com minha alma presa a do capeta. Homens
que fazem de tudo para proteger sua família sempre chamam minha
atenção. Tem algo a dizer?

― Ah, bom! Eu…

― Ótimo, passe os dados dos filhos da puta que morrerão amanhã


por mensagem para esse número. Não mato mulheres, mas uma das minhas
associadas, a Cupido, realizará o serviço. Quanto ao pagamento, não aceito
dinheiro, eu sou o mafioso que mais lucra no mundo, afinal, eu financio a
guerra. Eu aceito lealdade e uma boa garrafa de whisky.

― Claro, eu ofereço minha lealdade! Farei de tudo para proteger a


minha mulher e a minha filha que acabou de nascer! Quando precisar da
minha influência estarei aqui!

― Enviarei um dos meus homens para buscar o whisky, foi ótimo


fazer negócios com você, e caso não cumpra o seu acordo terei o imenso
prazer de liberar todos os seus segredos, embora eu nunca falhe em meu
julgamento.

― Sou um homem de palavra, foi assim que me tornei quem sou


hoje.

― Aparentemente temos mais em comum do que imaginava.


Amanhã receberá o aviso da realização do serviço. O prazo de tolerância é
de 24 horas. Algum recado especial para os condenados?

― Diga que no inferno eles não precisarão de dinheiro. ― Blake


solta uma risada abafada antes de concluir. ― Arnold é um bom soldado,
ele protegerá sua família contra qualquer ameaça, tenha uma ótima vida ao
lado da sua garota senhor Stanley, um dia nos encontraremos. Não se
arrependa no futuro, posso lhe garantir que proteger nossa família contra
pessoas doentes estará sempre acima do bem e do mal. ― Antes que possa
responder o homem desliga.
Poderia sentir remorso, dúvidas, mas nesse momento só abro um
sorriso de canto. Conheço a minha ex-esposa e sei que sairá uma pessoa
pior do que entrou, afinal, ela nunca possuiu uma alma. Quanto ao Rick, o
queria morto desde que relou na Cassandra e tentou molestá-la. Relembrar
o ocorrido faz os meus nervos palpitarem. A porta do escritório se abre e
minha pedra preciosa se aproxima sentando em meu colo.

― Está tudo bem meu amor? ― interroga acariciando o meu rosto.

― Está sim, era apenas o homem que cuidará do nosso futuro! ―


Ela me olha confusa, mas depois de alguns segundos compreende minha
fala.

― Como se sente sobre isso?

― Bem, por incrível que pareça, bem!

― Lembre-se que eles usaram o seu próprio dinheiro para


encomendar a sua morte, meu amor, a Ava nunca esteve sozinha, Rick fez
parte dos seus planos sórdidos. Você fez a escolha que qualquer homem
faria para proteger sua família, e eu amo você por isso!

Com carinho toco em sua cintura sentindo o corpo quente junto ao


meu. Saber que ela compreende a minha atitude me deixa aliviado. Passo a
mão em seu rosto delicado descendo suavemente até o seu pescoço. Com os
meus dedos sinto sua pele macia e comprimo-o suavemente puxando o seu
rosto para mim. Roço os meus lábios nos seus e os mordo com força
excessiva. Com doçura ela geme baixo e agarra o meu corpo eufórica.

― Leon… eu… ― Sua voz é um sussurro sensual que me excita. ―


Amo você hoje e para sempre. ― confessa deslizando a língua ao redor da
minha boca.

Com tesão em um jogo corpo a corpo ela se encaixa em meu colo


elevando o quadril e desesperado abaixo o meu short expondo o meu pau
duro. Cassandra levanta a camisola e arranco sua calcinha sentindo sua
entrada quente e úmida rebolar na minha ereção.

― Foda-se a porra do jejum. ― afirmo pressionando seu quadril e


invadindo sua boceta de uma vez.

Seus lábios se abrem contra os meus, seus braços ao redor do meu


pescoço me apertam e lentamente seu corpo se move para cima e para baixo
nos deixando ofegantes. Desesperado acaricio suas costas e apalpo sua
bunda gostosa, ao mesmo tempo que fecho os meus olhos loucos pela
pressão da sua região apertada. Nossas bocas se procuram e subo as minhas
mãos invadindo sua roupa até chegar nos seus seios excitados. A saudade
aperta e com intensidade a pequenina começa a cavalgar mais rápido e
forte.

― Porra pequenina, que delícia, estou louco para gozar gostoso. ―


aviso e sua boca se esfrega contra a minha.

― Esse pau gostoso, é todo meu, você é todo meu! ― afirma


rebolando freneticamente e levo os meus dedos ao seu clitóris avermelhado
pela fricção.

O circulo pausadamente e ela gemi docemente me deixando a ponto


de pegar fogo.

― A droga, meu amor, essa boceta é minha perdição, vou gozar.

― Goza comigo meu amor. ― suplica manhosa e sinto meu corpo


tensionar com sua rebolada profunda.

Movimento freneticamente os meus dedos sentindo o seu clitóris


dilatar e sua lubrificação aumentar excessivamente pronta para gozar. Ela
pressiona o meu pau bem fundo e desesperado gozo em sua boceta
totalmente alucinado. Nos beijamos loucamente dominados pelo desejo
insano que corroí os nossos corpos. Mantenho meu pau enterrado dentro
dela sentindo o meu gozo deslizar lentamente ao redor dele.
― Isso foi intenso, estávamos com saudade. ― conclui sorrindo.

― Foram sete dias sem nos tocarmos. Nunca vou me cansar de ter o
seu corpo, seu toque é único, sua boceta é meu vício e estar dentro de você
me faz o homem mais poderoso desse mundo. ― Com doçura Cassandra
beija infinitamente o meu rosto até chegar nos meus lábios.

― Sou sua Leon Stanley, amo quando você me possui. ― Aperto


sua cintura e ficamos abraçados um longo tempo sem nos movermos.

O seu abraço é o meu porto seguro e o amor que nos une é a razão
do meu viver.
CAPÍTULO 67
Faz meses que estou presa nesse lugar horrível. Quando fui
transferida para a penitenciária minha vida mudou drasticamente. No
presídio estava vivendo um inferno apanhando das presas, mas ao chegar
em um lugar totalmente novo repleto de mulheres que vivem todos os dias
travando uma luta entre si é assustador. Quando entrei na minha cela nova
me deparei com várias presidiárias e naquele momento não queria
demonstrar fraqueza, se tem algo que nunca fui na minha vida é medrosa e
por mais que eu tenha ficado receosa decidi me manter firme.

Lembro-me que sentei no chão, ainda era dia e apenas fiquei em


silêncio sem encarar nenhum rosto. Quando a noite chegou uma das presas
amarrou o lençol na grade impedindo que outras pessoas de fora olhassem o
que aconteceria. A mulher é alta, tem os cabelos curtos na cor castanha, é
forte e tem uma tatuagem de espada no pescoço. Ela se aproximou de mim
e me encarou dos pés a cabeça. Inesperadamente abaixou as calças
mostrando suas partes íntimas para mim. Fiquei sem reação e a olhei
incrédula, até que finalmente me deu uma escolha complicada.

― Novata, você tem uma escolha. Poderá ser minha putinha e me


chupar agora mesmo ou apanhará todos os dias. ― Perplexa inclinei o rosto
para olhar as outras mulheres que apenas assistiam indiferente.

Enchi o meu peito e em minha mente era melhor apanhar do que ter
que colocar a boca nas partes baixas daquela nojenta.

― Jamais colocarei minha boca em você. Sou Ava Moore Stanley,


nunca me sujeitaria a isso. ― Irritada a presa sorriu maleficamente e
percebi que apanharia.

Hoje, três meses depois estou adaptada a essa realidade, mas


naquele dia elas me quebraram duas costelas e fiquei 30 dias na enfermaria.
Encolho-me no canto do alambrado no pátio externo e minutos depois uma
movimentação entre as condenadas chama minha atenção. Uma nova presa
transferida atravessa as grades de ferro e toda conversa cessa. Posso ouvir
sussurros em todos os cantos, quase inaudíveis e elas parecem assustadas.
Aproximo-me da Lena, uma das garotas que também serve de saco de
pancadas e decido questioná-la.

― Quem é essa mulher? Porque todas parecem assustadas ao vê-la?

― Aquela é a Cupido, a ceifadora de vidas do Blake Lodge, o maior


mafioso das Américas. Vê-la aqui só nos resta uma única certeza, ela
matará alguém, espero não ser a sua vítima. ― Analiso a mulher que veste
o uniforme da prisão alaranjado.

Ela é extremamente alta, magra, os cabelos são penteados com duas


tranças em cada lado do rosto, o semblante é agressivo, os olhos pintados de
preto e usa um batom vermelho chamativo. Seu olhar recai sobre mim e
vejo um sorriso sarcástico se formar em sua boca. Desvio o meu rosto
evitando problemas. Por mais que tenha me segurado para não responder
essas nojentas por dentro estou morrendo de ódio.

Estar é aqui é culpa do Leon. Desde o dia que aceitou contratar a tal
amiga da Genevieve minha vida foi destruída. Nunca esquecerei o que ele
fez comigo, toda a humilhação e cada dia amargo que passo nesse lugar fico
mais determinada e matar aquela vagabunda e a botar fogo naquele
bebezinho bastardo que provavelmente já pariu.

“Não ficarei a vida toda presa nesse lugar e fingirei ser uma ótima
pessoa até estar livre para acabar com a vida feliz do Leon. Porém da
próxima vez, fugirei e mudarei de país. Ele ficará sozinho, sofrendo, sem a
putinha e o projeto de filhote”.
Passo a tarde nos meus afazeres, tenho ajudado na parte da escola,
uma boa parte das condenadas são analfabetas, não me surpreende estarem
nesse lugar. Um bando de moscas-mortas delinquentes e reviro os meus
olhos toda vez que tenho que repetir a mesma explicação até que
entendam. Quando o final do dia chega arrumo os livros nas prateleiras e
me assusto ao ver a tal Cupido sentada em uma das carteiras.

― Ava Moore… ― O meu nome sai de sua boca e paraliso. ―


Realmente queimaria um bebê? ― questiona se levantando e se
aproximando de mim.

Permaneço em silêncio com a sua presença, receosa em respondê-la.

― Está com medo? Aprendeu rápido o seu lugar na prisão.


Provavelmente fingiria que é uma mulher arrependida e voltaria anos
depois querendo matar a todos. Deixe-me pensar, talvez uma bomba… isso,
uma bomba acabaria com tudo de maneira rápida e precisa. ― Encaro o seu
rosto e concluo que está aqui para me matar.

― Leon é realmente um medroso. Não quis arriscar e esperar eu sair


daqui? ― Gargalho alto e a mulher apenas acompanha rindo comigo. ―
Como ele conseguiu você? Leon é tão fraco, jamais pediria para matar
alguém! ― A mulher fica séria e leva os dedos ao queixo pensativa.

― É aí que você se engana… ― Com calma ela coloca a mão no


bolso e retira algo. ― Ele era um fraco porque nunca te amou. Nunca quis
te proteger. Homens como o Leon, poderosos, indiferentes ao sentimentos
das mulheres só queimarão o mundo e ultrapassarão a linha do bem quando
algo for capaz de ameaçar quem eles realmente amam. Tornam-se o próprio
demônio e não se importam em matar alguém como você, que são pequenas
formigas insignificantes. Por que sofrer no futuro? É tão fácil não dar asa a
cobra. ― Meu corpo estremece e tento me afastar, porém topo com a parede
atrás de mim.

Ela abre a palma da mão e vejo uma nota de 100 dólares.


― Pegue é sua! ― Quando pego sinto uma pressão em meu ventre e
uma forte dor aguda atinge o meu abdômen.

― Leon pediu para ficar com esse dinheiro, para descobrir por si
mesma se precisará dele no inferno e se ele pode te salvar da morte! ― A
mulher se afasta e o sangue escorre pelas minhas pernas que fraquejam e
sou levada ao chão.

Minhas mãos ficam trêmulas enquanto uma onda de calafrio erradia


pelo meu corpo.

― Diga ao Leon que o meu maior objetivo era matar a vagabunda e


o bebê, nem que demorasse 10 anos. ― Deito-me completamente no piso
frio, sentindo uma forte tontura e um enjoo latente. ― Ah!... ― grito aflita.

― Ele sabe disso, ex-senhora Stanley! Nos encontraremos no


inferno garota. ― A Cupido abandona a sala e uma presa desconhecida ao
longe me vê agonizando, porém ignora o meu sofrimento.

Minhas pernas começam a formigar, meu abdômen começa a tremer


e uma forte dor sobe pelo meu peito. O sangue vermelho intenso é a última
imagem nítida que meus olhos veem. Tudo se torna embaçado e os sons
distantes. Quero gritar, mas não tenho voz, quero chorar, mas não tenho
forças, queria ter me vingado, mas não tenho mais uma vida. A luz começa
a sumir e a dor diminui até escurecer por completo.
O dia amanhece e visto o meu terno para ir à empresa. Cassandra
dormi pacificamente, afinal essa noite nossa sementinha chorou algumas
vezes até que a colocamos entre os nossos corpos e adormeceu como um
anjo. Tem sido difícil mantê-la naquele quarto sozinha e todas as noites a
busco e durmo tranquilo por saber que está protegida ao nosso lado. Sempre
tive um sono leve e cada movimento dos pequenos braços curiosos da Arya
me fazem acordar para verificá-la.

Aproximo-me e deposito um beijo carinhoso no rosto das minhas


mulheres sem acordá-las. Paraliso admirando-as com amor e após relutar
saio do quarto para ir trabalhar. Faz uma semana que me ausentei de tudo
para ficar ao lado da Pequenina, mas o dever me chama. O meu celular
vibra e abro a mensagem de texto para verificar se pode ser algum cliente.
O texto apenas diz: “Traga a garrafa de whisky até a porta!”. Faz 24 horas
do contato com o mafioso, provavelmente o homem do Blake concluiu o
serviço e veio buscar o pagamento.

Sigo até a sala de bebidas e pego em meu bar uma caixa. Adquiri
um Whisky Dalmore 50 anos[42] e permanece lacrado. Com toda certeza
essa bebida rara que só existe mais 59 novos exemplares é o pagamento
perfeito, afinal, o homem salvou minha família e me garantiu uma vida
segura sem que eu precisasse sujar minhas mãos no futuro. Meu coração
sempre soube que não haveria descanso se não fosse assim. Seguro a caixa
de madeira e sigo até a porta.

Abro e encontro um homem parado. Ele veste roupas pretas com


uma jaqueta de couro. Usa óculos de sol, as tatuagens ascendem até o
pescoço, os cabelos são loiros caído nas laterais e rapidamente estica a mão
para pegar a garrafa.

― Se eu soubesse que ganharia um whisky desse nível teria


concluído a morte do Muzy antes. ― O homem diante de mim é o próprio
Blake e aparenta ser novo, mas pela forma como descobriu tudo da minha
vida é extremamente inteligente e estrategista. ― O trabalho foi concluído.
A Cúpido matou a Ava e retirei o Muzy da cadeia e o queimei vivo, claro
que antes cortei as bolas, o pau e os dedos por terem tocado na sua mulher.
Se desejar vê-lo morto envio um vídeo, mas amanhã mesmo estarão
noticiando que fugiu da cadeia e desapareceu no mundo, porém não se
preocupe, ele está no inferno.

― Não precisa do vídeo, agradeço. Quando precisar da minha


influência estarei aqui.

― Eu sei, não gostaria de me ter como inimigo. ― Ele vira de


costas e sai pisando forte.

Por mais que pareça seco e sério o homem possui palavra. Segundo
a minha breve pesquisa descobri que serviu muitos anos como militar,
porém revolucionou tudo ao se tornar o maior negociante de armas e ser
denominado “O Intocado”. Segundo o que Arnold também me informou,
nunca foi traído por estar sempre a frente de seus inimigos, mas que por
uma mulher se tornou vulnerável e queimou pessoas. Com toda certeza
entendo o amor que ele sente, é o mesmo que domina a minha mente e me
escraviza. Cassandra Werner é a única mulher que fez o meu coração bater
mais forte e que me roubou completamente para ela desde o primeiro olhar.
4 MESES DEPOIS
Após aquela fatídica noite em que a pequenina deu uma sentada
deliciosa durante o período de jejum, descobrimos que está grávida de
novo. A alegria foi grande e ver minha família crescendo novamente me
enche de orgulho. Porém, optamos por saber o sexo do bebê antes do
nascimento. Cassandra quis fazer uma revelação diferente, algo particular e
romântico. O nascimento da Arya mudou totalmente a nossa vida.

Recordo-me de como me senti, fiquei extremamente emocionado e


passava noites afins olhando apenas o seu rostinho angelical no berço
enquanto dormia. Lembro-me de dizer palavras como “não é possível que
ela seja tão pequena e tão doce ao mesmo tempo”. Ela é um reflexo da
Cassandra em miniatura e nossas noites juntos foram de tantos carinhos. A
conexão que temos, o amor que só aumenta, não restam dúvidas que o
futuro será incrível.

Aproximo-me do nosso quarto, hoje é sábado e estou ansioso, afinal,


saiu o resultado do exame de sangue com o sexo do nosso próximo filho.
Entro a procura da minha mulher e encontro apenas um bilhete sobre a
cama.
Meu coração acelera e corro desesperado até lá. O banheiro fica ao
lado esquerdo do quarto e com afobação giro a maçaneta abrindo a porta.
Sou surpreendido por infinitos balões azuis que preencherem todo o
cômodo.

Eles se dispersam voando porta afora enquanto no meio deles


encontro a pequenina sorrindo com nossa sementinha no colo. Meus olhos
ficam marejados e serei pai de um menino. Atropelo os balões atordoado e
as capturo em meus braços. Prenso-as em meu peito sentindo toda emoção
percorrer o meu corpo.
― Nosso Leonard vem aí, será nosso leãozinho feroz, como você
meu amor. ― Comemora a pequenina enquanto pega uma pequena caixa
que estava em cima da bancada e me entrega. ― Para você, abra! ―
ordena carinhosamente e desfaço o laço de cetim azul e abro ansioso.

Dentro encontro dois pares de sapatos azuis e uma roupinha com os


dizeres “O melhor pai do mundo”. Inclino o meu rosto sentindo meu peito
latejar em comoção e sem controle uma lágrima escapa dos meus olhos.
Cassandra a enxuga e beija meus lábios com ternura.

― Pequenina, não existe um mundo sem vocês, sem o seu amor ou


sem a família que estamos construindo. A verdade é que o homem que sou
hoje, não existiria sem você. ― confesso segurando o seu rosto e
admirando seus olhos azuis cheios d’água. ― Amo vocês!

― Sempre serei a sua garota, aquela boba, apaixonada que deixou o


coração idiota escolher o que queria. Você Leon Stanley, é o meu bilionário
indecente encantado.
2 ANOS DEPOIS
Os dias se passaram, as horas correram e vimos juntos as 4 estações
do ano completaram o seu ciclo. Nosso segundo filho, o Leonard veio ao
mundo e hoje com um ano e meio nos prova ainda mais que nossa família
aumentará muito. Paramos a fábrica por 12 meses para me dedicar aos
estudos e a perfumaria. Acordo sentindo dois pezinhos pisarem por cima do
meu corpo e ainda sonolenta abro os meus olhos para encontrar a Arya
sorrindo. Nossa filha é extremamente carinhosa e adora ficar agarrada em
nossos corpos. Seus cabelos estão na altura dos ombros, são castanhos, os
olhos verdes como os do Leon e a sua feição é doce e meiga. Vislumbro um
par de pernas torneadas ao me lado e encontro o meu indecente, somente de
bermuda, sorrindo com o Leonard nos braços.

O nosso leãozinho segura um ramo de rosas-vermelhas nas mãos


embrulhada em um lindo papel prata brilhante. Nosso bebê cresceu rápido,
os cabelos são lisos caídos na lateral do rosto, os olhos azuis como os meus
e o rosto é de um anjo que será muito bagunceiro. O motivo do bom dia
carinhoso é que hoje é a inauguração da minha perfumaria e após ficar
ansiosa por horas adormeci sem perceber. Acordar com a minha família
sorrindo em meio as flores me faz lembrar o quanto sou feliz. Arya me
abraça e beija o meu rosto me enchendo de amor.

― Bom dia mamãe… ― A voz é delicada e doce.

Capturo ela em meus braços e encho seu rostinho de beijos enquanto


gargalha sem parar. Aquela risada que dá sentido para a vida. Leon se
aproxima e beija os meus lábios e Leonard estica os bracinhos entregando
as rosas.

― Obrigada meu amor, papai está te ensinando direitinho a como


ser um príncipe. ― O pego no colo e imediatamente se aconchega em meu
peito procurando os meus seios para mamar.
Arya não teve a mesma sorte, afinal, engravidei novamente no jejum
e precisei parar de amamentá-la antes do previsto. Leon senta-se ao meu
lado me encaixando em seu peitoral e Arya fica em seu colo. Nossa
sementinha desde bebê é muito conectada com ele e se sente protegida nos
braços do pai.

― Meu amor, a Sandra dará banho nas crianças e minha mãe


arrumará os dois. ― Concordo e passo a mão em sua barba com carinho. ―
Retorno em minutos, pode entrar no banho que já chego. ― Ilustro um
sorriso de canto e sei que ele quer me agarrar embaixo da água quente. ―
Esperamos até que o Leonard termine de mamar e então Leon o captura em
seus braços com a Arya e os leva para se arrumarem.

Cornélia e Sandra cuidam das crianças durante a semana, afinal,


Leon fica na empresa e divido o meu tempo na floricultura e na preparação
da perfumaria. Todo final de dia, no entanto sou completamente dos meus
filhos e adoro ensiná-los sobre as flores, o amor, o respeito e também
passamos muitos momentos inesquecíveis na estufa.

Há dois anos estou guardando a surpresa e hoje surpreenderei o


Leon com o lançamento do meu primeiro perfume. O que criei quando
ficamos separados, o Indecent Obssession. Foi uma fase difícil onde o seu
cheiro único e exclusivo me acalmava. Pensei em todos os detalhes, e após
os estudos aprimorei a fragrância com os profissionais que contratei.
Criamos um frasco e um designer perfeito, que representasse toda a nossa
história. Leon foi o meu maior incentivador e em muitas noites permaneceu
ao meu lado colhendo as flores para produzir os perfumes testes. A
dedicação que ele tem comigo e com o nosso amor é incondicional. Retorno
a atenção em me preparar para esse grande dia.

Quando ele chega novamente ao quarto entramos na banheira e


desfrutamos de um banho longo e gostoso. As mãos dele passeiam pelo
meu corpo com o mesmo desejo indecente que nos dominou na primeira
vez. Nosso amor só aumentou, temos as responsabilidades, mas todas as
noites mantemos a nossa chama da paixão acesa, para que ela jamais se
apague. Casamento é entrega, recomeços e sobre lutar todos os dias para
manter a nossa felicidade. Uma construção que ele nunca teve com a Ava,
porque nunca houve sentimentos. Porém, ao meu lado eu vi o Leon Stanley
cafajeste se tornar um homem, capaz de tudo pela família e pronto para nos
entregar o mundo, um mundo precioso, o qual é o seu coração.

Após as nossas trocas de carinho coloco o meu look para a


inauguração. Escolhi um lindo vestido curto, branco, com rosas bordadas
em pedraria, junto a um casaco de pelos sintéticos que lembra a pelagem de
um felino. Para completar soltei os meus cabelos, arrumei minhas franjas
longas nas laterais e escolhi um salto preto com um lindo laço em renda na
parte de trás. Às vezes penso que as pessoas devem me achar cafona por
gostar tanto de flores e firulas, mas nunca tive medo de assumir os meus
gostos e de ser quem eu sou de verdade. Quando estou pronta paro ao lado
do Leon que veste um terno preto impecável. Ele desliza o olhar por todo o
meu corpo fascinado. A fisionomia de desejo que estampava o seu rosto
muda em segundos demonstrando preocupação. Aproximo-me e o ajudo a
arrumar a gravata enquanto sinto suas mãos tocaram nas laterais da minha
cintura.

― O que aconteceu? Parece preocupado com algo! ― Ele solta uma


respiração longa e acaricia os meus cabelos, acoplando minha franja atrás
de minha orelha.

― Você está cada dia mais linda! Estou ficando preocupado mesmo,
não quero nenhum homem admirando você. ― confessa com ciúmes.

Uma risada escapa de mim, adoro quando ele sente ciúmes e quando
demonstra que tem medo de me perder, entretanto, é um medo bobo.

― Leon Stanley, houve um milhão de motivos e infinitas razões


para que eu desistisse de você, no entanto, o meu coração idiota fez o que
queria e estou aqui. Sou sua mulher e sempre serei até o fim dos nossos
dias. ― Com euforia ele agarra o meu corpo e beija os meus lábios
intensamente.
O seu gosto é de menta, o perfume que eu tanto amo me envolve por
completo e a textura gostosa dos seus lábios carnudos faz uma deliciosa
chama queimar em meu corpo.

― Amo você, pequenina… para sempre. ― Sorrimos com as bocas


conectadas e somos interrompidos pela Arya que agarra a perna dele
pedindo colo.

― Papai… colo, Papai!

Leon rapidamente abraça nossa filha que veste um lindo vestido


rosa rodado repleto de brilho e pelinhos. O cheiro que ela tem de morangos
é o meu próximo perfume. Poderei senti-lo em qualquer horário do meu dia,
quando a saudade bater.

― Pequenina, vamos até o jardim, tenho um presente para você.

― Para mim? ― interrogo admirada.

Leon segura minha mão e me conduz até o jardim dos fundos na


mansão. Fico atônita ao encontrar no centro do gramado um carro cor de
rosa. Levo a mão direita aos lábios espantada e meus olhos brilham. O carro
é excepcional e tem tudo a ver comigo.

― Esse é um Porsche Frozen Berry Taycan. Amo carros e não


poderia deixar de te presentear com um, afinal, terá sua própria rotina de
trabalho agora. O importante é voltar segura para os nossos filhos. Dentro
dele também contém uma surpresa, mas essa é ainda mais surreal,
pequenina, respire bem fundo. ― Sobressalto pulando em seus braços com
uma sensação súbita de emoção e Leon sorri ao ver minha reação.

― Eu amei, meu amor, é perfeito, a cor não poderia ser outra! ―


finalizo beijando seus lábios e pegando a Arya de seu colo. ― Filha,
seremos duas princesas nesse carro rosa. ― Brinco feliz e empolgada,
aproximando-me do veículo eufórica.
Meu coração palpita, meus olhos piscam descontrolados e uma
sensação nova domina o meu peito. No banco do motorista vejo o meu
terceiro filho, um lindo cachorrinho bebê da raça pug[43]. Leon acaba de
atingir todas as minhas barreiras da emoção. Arya abre um sorriso largo e
em um movimento rápido abro a porta do carro.

O pequeno animalzinho balança o rabo e o capturo em meu colo


sentindo sua língua fofa tocar a minha bochecha. Um cheiro de leite e de
filhote domina o meu olfato e o aperto amavelmente. Os olhos grandes
suplicando por carinho me fazem beijá-lo infinitas vezes.

― Olá, você é o novo membro da família Stanley, deixa eu pensar


em um nome… ― Arya toca a pelagem do animalzinho e aperta o nariz
gelado com ternura.

― Mamãe ele é o Dean, meu novo irmãozinho… ― afirma com


convicção, ao mesmo tempo que o abraça.

― Dean Stanley, bem-vindo a nossa casa, prometemos te amar e


cuidar de você como o nosso filho. ― O filhote solta um ronco afobado e se
remexe feliz derretendo os nossos corações.

Leon entra novamente na casa e depois de 5 minutos retorna com o


Leonard nos braços. Assim que ele vê o Dean abre um sorriso feliz e dá as
mãozinhas querendo abraçá-lo. As crianças recebem muitos lambeijos e se
aconchegam na grama fofa para brincarem. Esse pequeno animalzinho
ganhou uma família que vai amá-lo incondicionalmente e sem sombras de
dúvidas será tratado como um filho.

Leon está sempre me presenteando e sei que é sua forma de


demonstrar afeto. Todos os dias ele prova o seu amor em ações, sendo
presente em nossa vida e nos amando incondicionalmente. Hoje sei que me
presenteia para ver o meu sorriso e, porque tem condições de oferecer
sempre o melhor. Aprendi a apreciar o seu gesto e amo ter esses momentos
de alegria. Ganhar um cachorrinho trará ainda mais sentido para a nossa
vida e mesmo ainda querendo ter mais cinco filhos, pela primeira vez sinto
que a nossa família está completa de verdade.

Após admirar o Dean por um longo tempo terminamos de preparar


tudo para partirmos. A saída de casa é conturbada pela euforia das crianças
seguimos de carro até chegarmos à perfumaria que fica localizada a leste na
Quinta Avenida[44]. Leon é dono do prédio comercial e fez questão de
desocupá-lo para mim. Aprendi a usufruir de tudo que ele faz para me
ajudar. Hoje entendo que possui o coração de ouro e deseja apenas que meu
potencial seja descoberto. Cornélia sorri radiante pegando o Leonard e
Sandra segura na mão da Arya ajudando-a a seguir até a entrada.
Hoje é o grande dia da Cassandra. Recordo-me do seu primeiro dia
na empresa quando a levei até a Ponte do Brooklyn e nos sentamos para
comer um lanche. Foi naquele momento que questionei se ela possuía
alguma ambição na vida e revelou que sonhava em ser perfumista e também
almejava ter sua própria floricultura. Naquela noite admirei os seus traços, a
forma como seus lábios se movia ao falar e a desejei intensamente como
jamais havia desejado alguém antes em minha vida. É óbvio que ela me
conquistou ainda no aeroporto em Little Rock, mas foi naquele momento
que se mostrou vulnerável ao ponto de se abrir comigo.

Uma pequena criatura em busca de recomeço e que no final de tudo


me permitiu recomeçar também, que me fez enxergar o quanto estive errado
a vida toda e que nunca existiu idade para amar intensamente e
principalmente para construir uma família. Cassandra pediu carinhosamente
que deixasse para conhecer a perfumaria hoje, na inauguração e respeitei
seu pedido. Admiro a linda fachada pintada de branco e as vitrines de vidro
com vasos de mármore preenchidos com arranjos florais. Ela entrelaça a
mão na minha e juntos entramos na perfumaria.
Paraliso admirando o lugar. O piso é todo em mármore travertino, as
paredes rosa bebê, assim como os móveis. No lado esquerdo possui um
enorme balcão para atendimento e pequenas mesas para escolher
fragrâncias. Os lustres pendentes são todos rose gold e, no fundo da loja
possui quatro portas em coloração verde musgo que dão acesso aos
laboratórios e armazenamentos. A decoração me surpreende totalmente.
Ela fez a réplica de três árvores de cerejeiras em pontos estratégicos. A
flores cor-de-rosa imediatamente me levam ao passado, quando a levei ao
chalé e fizemos amor em cima do manto de flores. Cassandra sorri ao ver
minha reação de surpresa.

― O lugar ficou incrível, pequenina. Em cada detalhe percebo um


traço seu! ― afirmo orgulhoso e seus braços envolvem meu pescoço.

― Quero que conheça a minha primeira fragrância exclusiva. ― Ela


me puxa com carinho e nos aproximamos do balcão que possui uma caixa
de vidro e dentro um frasco de perfume.

Fico perplexo ao conferir o nome: Indecent Obssession. O frasco é


quadrado, a coloração do perfume é champanhe e a tampa é no formato de
uma rosa-vermelha. Entreabro os lábios para falar, porém travo e apenas
admiro o seu rosto. Com o jeitinho meigo e tímido ela desvia o olhar e
levemente abaixa o rosto. Com sensualidade ela morde os lábios e meu
coração acelera apaixonado. Uma paixão que ainda vive, misturada a um
amor que só falta arrebentar o meu peito.

― Apresento a você o seu cheiro, aquele que esteve por dias comigo
enquanto estive distante. Toda às vezes que fecho os meus olhos relembro
de quando desci do helicóptero e você estava lá, me esperando com um
buquê de rosas. Quando se ajoelhou diante de mim e pediu docemente para
ser sua para sempre. Leon, te abraçar, sentir o seu cheiro e beijar os seus
lábios é sempre um lembrete de que o amor é incontrolável e pode
acontecer quando menos imaginamos, não importa idade, circunstâncias e
nem os medos. O desejo que nos devorou naquela época e nunca parou de
correr em nossas veias é um desejo obsessivo indecente. Como esse
perfume que carrega com ele, as suas notas olfativas, as batidas do seu
coração e a sensação do nosso amor.

Levo a mão ao meu rosto emocionado, completamente sem


palavras. A minha pequenina me ama tanto, que decidiu transformar o meu
cheiro em um perfume, não vejo um gesto de amor mais genuíno e eterno
do que ser o motivo da sua inspiração. Hoje sou um maldito homem de
sorte, por ter a criatura mais linda desse mundo ao meu lado.

― Cassandra Werner, minha pequenina, minha garota, minha


mulher e minha amante para sempre! Eu era um bilionário solitário, um
cafajeste safado que no primeiro beijo foi arrebatado. Pode até soltar a
coleira, mas farejarei o seu cheiro e nunca te abandonarei.

― Leon Stanley, meu cafajeste indecente! Jamais soltarei a coleira,


você é o meu homem para todo sempre!

FIM
AGRADECIMENTOS
Não tenho palavras que consigam definir o que senti ao terminar
esse livro. Iniciei a escrita dele o ano passado e ter a chance de deixá-lo
como sempre planejei, me encheu de orgulho e realização pessoal. Por
muitas vezes queremos desistir e duvidamos de nossos sonhos, mas todos
os dias olhar a evolução dos personagens e o quando consegui transmitir
meus sentimentos em cada página, me fez acreditar que jamais devemos
desistir de algo que tanto amamos. Quero deixar um agradecimento especial
para as minhas leitoras, muitas me seguem de outras plataformas e
permaneceram ao meu lado agora na Amazon. Sem vocês nada disso faria
sentido, sigo enaltecendo fielmente o quanto vocês são importantes. Para a
minha amiga maravilhosa Pamela Furjala queria deixar uma frase que
muito representa a força que essa mulher tem em se transformar em um
grande anjo: “Ser luz na vida de alguém, não é sobre brilhar, mas sim sobre
deixar uma parte de si em outro coração e iluminar caminhos”, obrigada por
me presentear com os seus conselhos e principalmente com a sua confiança.
Queria também agradecer a minha amiga Elisa Bianchi por todo apoio e
força durante essa mudança de trajetória e por sempre me ajudar com tanto
carinho. Um agradecimento especial a minha família, e a todos os
profissionais que participaram da construção desse livro, desde capa,
revisão, ilustração, betagem e divulgação, sem vocês não seria possível esse
lançamento. Para quem deseja me seguir nas redes sociais é só clicar aqui!
Este livro está disponível completo somente na Amazon. Proibida
a copia total! Cópia parcial somente para resenhas. Todos os direitos
reservados.
Com amor, Diana Novak.
[1]
Brandy é uma bebida destilada elaborada, principalmente, de uvas. Para ser considerado Cognac
as uvas são cultivadas, fermentadas e destiladas na França, na região de Charente, ao norte de
Bordeaux.
[2]
Hotel de alto padrão de luxo em Nova York, instalado no Crown Building, na esquina da Quinta
Avenida com a 57th Street.
[3]
O Texas é um dos 50 estados dos Estados Unidos e fica localizado ao sul do país. Possui
aproximadamente 29 milhões de habitantes. O clima é propício para à agricultura, em algumas
regiões o clima é árido e desértico.
[4]
Marfa é uma pequena cidade localizada no estado norte-americano do Texas, no Condado de
Presídio.
[5]
Nova York é a cidade mais populosa dos Estados Unidos. É composta por 5 distritos: Bronx,
Brooklyn, Manhattan, Queens e State Island.
[6]
El Paso é uma cidade localizada no estado norte-americano do Texas, no condado de El Paso, do
qual é sede.
[7]
O Aeroporto Nacional Bill e Hillary Clinton, inaugurado em junho de 1931, é o mais importante
do estado de Arkansas e opera principalmente voos domésticos.
Maybach Exelero é um coupé superluxuoso da Maybach, atualmente está
[8]

entre os carros mais caros do mundo, com um preço de US$ 8 Milhões.


[9]
A Ponte do Brooklyn é uma ponte na cidade de Nova York considerada uma das mais antigas
pontes de suspensão nos Estados Unidos, com extensão de 1.834m. Situa-se sobre o rio East, ligando
os distritos de Manhattan e Brooklyn.
[10]
Rockefeller Center está localizado no centro de Nova York, é um
complexo de 19 edifícios que ocupam uma área de 89.000 m², entre a
Quinta e Sexta Avenida.
[11]
O Central Park é um grande parque dentro da cidade de Nova York,
localizado no meio de Manhattan. Possui uma área de 3,41 km², dividindo a
cidade em leste e oeste.
[12]
Meryl Louise Streep, mais conhecida como Meryl Streep é uma atriz famosa norte-americana,
aclamada por suas atuações e ganhadora de todos os maiores prêmios do cinema.
[13]
A Dior é uma marca renomada de grife francesa que foi fundada por Christian Dior em 1946.
[14]
A Fertilização In Vitro (FIV) é um tratamento de reprodução assistida que consiste em fecundar
um óvulo com o espermatozoide em ambiente laboratorial, formando embriões que serão cultivados,
selecionados e transferidos ao útero da mulher.
[15]
A Inseminação Artificial, também conhecida com Inseminação Intrauterina (IIU) é uma técnica
de reprodução assistida em que o sêmen é depositado diretamente na cavidade uterina da mulher
durante o período fértil, aumentando assim as chances de conceber uma gravidez.
[16]
El Paisano Hotel está localizado na cidade de Marfa, Texas, Estados Unidos. O hotel foi
projetado por Trost & Trost e inaugurado em 1.930.
[17]
A Vitrificação é um método de congelamento ultrarrápido que faz parte da criopreservação,
proporcionando a preservação do material biológico e da fertilidade.
[18]
O Dia de Ação de Graças é um feriado celebrado nos Estados Unidos, no Canadá e nas Ilhas do
Caribe. O objetivo principal é a celebração das bênçãos recebidas ao longo do ano.
[19]
Os Hampston são um conjunto de vilas de luxo, localizadas no estado de Nova York.
[20]
Coney Island é uma península localizada no distrito de Brooklyn em Nova York.
[21]
O Buttercream é um creme de manteiga usado para rechear, cobrir ou decorar bolos.
[22]
A Chanel é uma marca de luxo francesa fundada por Gabrielle Bonheur Chanel e hoje é
propriedade privada de Alain Wertheimer e Gérard Wertheimer. A empresa é especializada em
vestuário feminino, produtos de luxo e acessórios. Tornando-se sinônimo de elegância, sofisticação e
modernidade.
[23]
New Paltz é uma vila do Estado de Nova York.
O Financial District é um bairro e também distrito financeiro da cidade
[24]

de Nova York. Está localizado no sul de Manhattan.


[25]
One World Trade Center é o edifício principal do novo World Trade Center, criado para substituir
o que foi destruído nos atentados terroristas de setembro de 2011.
[26]
A Estátua da Liberdade é uma escultura localizada na Ilha da Liberdade, no porto de Nova York,
nos Estados Unidos.
[27]
O rio Hudson é um rio com extensão de 315 milhas (510 km), e que flui de norte a sul,
principalmente através do leste de Nova York, nos Estados Unidos.
[28]
Long Sland é uma ilha localizada no sudeste do estado de Nova York, Estados Unidos, a leste da
ilha de Manhattan.
[29]
O Aeroporto Internacional do Cairo está localizado no bairro de Heliópolis a Nordeste da cidade
do Cairo, capital do Egito.
[30]
O Four Seasons Hotel Cairo at Nile Plaza é um hotel cinco estrelas com vista para o Nilo.
[31]
Necrópole de Gizé, também conhecida como Pirâmide de Gizé, é um circo arqueológico
localizado no planalto de Gizé, aos arredores do Cairo.
[32]
O Templo de Karnak é um templo dedicado ao deus Amom-Rá.
[33]
Abu Simbel é composto por dois templos construídos pelo faraó Ramsés II e se situa próximo ao
lago Nasser.
[34]
O Museo Nacional da Civilização Egípcia (NMEC) é situado em Fustat no Cairo.
[35]
O Templo da Rainha Hatshepsut é um templo mortuário do antigo Egito situado na cidade de
Luxor.
[36]
Saqquara foi a necrópole mais importante de Mênfis desde a primeira dinastia até a época cristã.
[37]
O rio Nilo é o maior em extensão do mundo, localizado na África e alcança cerca de 10 países,
incluindo o Egito.
[38]
O Templo de Luxor foi construído entre os anos 1400 e 1000 a. C. pelos faraós Amenhotep III e
Ramsés II.
[39]
Grande Esfinge de Gizé é uma estátua de pedra calcária que representa uma esfinge (uma criatura
mística com corpo de leão e cabeça humana) localizada no planalto de Gizé.
[40]
O Vale dos Reis é um vale no Egito onde, por um período entre os séculos XVI-XI a. C., as
tumbas foram construídas para os faraós e nobres do Reino Novo.
[41]
Foi uma tumba usada pelo faraó Tutancamôn e se tornou famosa por causa da riqueza e
conservação dos tesouros encontrados em seu interior.
[42]
Trata-se de um dos melhores whiskys já produzidos com 50 anos. A bebida foi destilada a
primeira vez em 1920 e engarrafada em 1978, sendo totais 60 garrafas. O material da garrafa é cristal
em tom âmbar.
[43]
O Pug é um cachorro chinês e está entre as raças mais antigas do mundo, são de pequeno porte,
braquicefálicos, ou seja, tem o focinho “achatado”.
[44]
É uma avenida extremamente movimentada de Manhattan, em Nova York, nos Estados Unidos.

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