Você está na página 1de 307

Direitos autorais do texto original copyright © 2022, AUTORAS

LIS, SEDUZIDA POR ELES, DUOLOGIA NATAL INESQUECÍVEL


LIVRO 1

Capa: Magnifique Designer Design


Diagramação: Skarlat Stéfany
Ilustração do trisal: Maria Emanuelle
Preparação de texto/Revisão: Daiany de Oliveira.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos são produtos da imaginação das autoras.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desse
livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes
— tangíveis ou intangíveis — sem autorização por escrito das autoras.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98,
punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Playlist
Carta ao leitor
Ilustração
Dedicatória
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Epílogo
Sobre as autoras
Outras obras
Redes sociais
Para ouvir a playlist de SEDUZIDA POR ELES no Spotify, abra o
app no seu celular, selecione buscar, clique na câmera e posicione
sobre o QR code.
Querida Leitora, queremos agradecer por terem embarcado nesse
projeto lindo que tiramos do papel com muito amor e carinho para
vocês. A duologia Natal inesquecível surgiu da ideia de termos histórias
que se passam nessa época tão mágica, linda e especial que é a noite
de Natal.
Duas histórias diferentes, casais improváveis, mas que se tornam
inesquecíveis e mostram o amor sem amarras, sem medo, sem se
prenderem à tabus impostos pela sociedade.
Esperamos que eles tenham ganhado um espaço no seu coração
assim como ganhou o nosso desde quando eram apenas ideias. Eles
são um pedacinho nosso, dos nossos corações e das nossas
esperanças, passíveis de erros e acertos só correndo atrás daquilo que
realmente importa: o amor verdadeiro.

LIS
Para aqueles que conhecem o verdadeiro amor e
não tem medo, que amam sem restrições e sem
amarras. Se você ainda não conhece, sua vez vai chegar!
Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o
essencial é que saiba amar.

Machado de Assis
22 ANOS
― Eu estou me sentindo uma grande gostosa! ―Emmy, grita no
meu ouvido se fazendo ouvir acima do volume altíssimo da música.
Olho para a minha amiga com a sobrancelha arqueada conforme um
sorriso malicioso se abre em meus lábios, viro minha dose de tequila
junto dela e quando bato o copo na mesa em que estamos, sorrimos
cúmplices.
― Isso é porque você é uma grande gostosa, mas hoje em especial
atingiu um nível altíssimo. ― Grito de volta e ela joga os cabelos para
trás piscando um olho para mim.
Ela está usando um vestido tomara que caia que o tecido é um tipo
de camurça ou algo parecido, de um amarelo que destaca ainda mais
sua pele morena. A parte de cima é um corselete que destaca sua
cintura fina e os enormes seios e a saia em formato sereia tem uma
fenda enorme em sua coxa direita e a morena usa uma maquiagem
simples que se destaca pelos cabelos castanhos.
É, uma grande de uma gostosa.
Demoramos muitos meses para encontrar os vestidos perfeitos para
usarmos na nossa formatura, mas olhando para nós hoje sei que valeu
a pena cada tarde maluca que passamos indo de loja em loja.
Já eu acabei optando por um vestido verde escuro com alças finas e
justo na cintura, apertando meus seios, os destacando também e a
saia cai se ajustando perfeitamente no meu corpo, abrindo uma fenda
no topo da minha coxa e se não fosse o meu salto altíssimo que abraça
meus tornozelos o vestido arrastaria mais do que o necessário no
chão. Provavelmente se não fosse todo o brilho que ele tem, seria
simples, mas é magnífico. Deixei meus cabelos preso em um rabo de
cavalo para destacar ainda mais o meu colo e optei por uma
maquiagem básica também.
― Você também não está nada mal. ― Ela chama a minha atenção
e eu gargalho, batendo meu ombro no dela.
― Ei, eu estou uma grande gostosa também.
Nós rimos e em seguida viramos outra dose de tequila que ainda
estava sob a mesa.
A batida de Only Girl da Rihanna chama a minha atenção e me faz
pular rapidamente da cadeira, puxando Claire comigo até a pista de
dança e a morena vem me acompanhando na dança até que
estejamos no meio de muitos corpos já suados e bêbados que dançam
sem parar.
Meu corpo se mexe sensualmente aumentando o ritmo junto com a
música, sem me importar com as pessoas que nos observam. Ergo
meus braços, com os olhos fechados deixando que a batida animada
me envolva por completo.
Se tem algo que eu amo tanto quanto amo pintar é a música. A
forma como meu corpo é completamente envolvido ao ponto de se
esquecer do mundo ao meu redor e como sempre foi o meu refúgio. É
quase como se as letras tivessem o poder de falar por mim quando as
coisas se tornam demais. E mais uma vez eu simplesmente me
esqueço do restante das pessoas ao nosso redor, apenas me deixo
levar pelas batidas agitadas e animadas e minha amiga me
acompanha.
Desde que me entendo por gente eu sei o que quero ser. Uma
pintora famosa e reconhecida, quero que as pessoas olhem para os
meus desenhos e sintam tudo o que sinto, queria que se sentissem
representadas quando não soubessem o que dizer e foi assim que vim
parar em Berkeley e conheci Emmy, que se tornou minha melhor amiga
desde o primeiro dia em que chegamos.
Lembro-me até hoje do dia em que cheguei e fiquei completamente
perdida, quando entrei para a minha primeira aula e conheci a única
aluna que já estava lá antes mesmo de mim, que diga-se de passagem
já estava meia hora adiantada. Nos demos bem logo de cara e desde
então criamos uma amizade muito forte e como tínhamos os mesmos
objetivos foi tudo mais fácil. Passamos os quatros anos sem querer
chamar muita atenção, estudando tanto quanto podíamos, mas
também aproveitando uma festa ou outra e tivemos êxito em tudo o
que nos propomos.
Mas hoje eu realmente não me importava com nada. Eu quero que
as pessoas me olhem, quero que gravem bem o meu rosto para
futuramente quando me encontrarem em alguma galeria de arte
famosa se lembrem do quão duro eu dei para chegar ali.
Ouço o grito de Emmy quando Obsessed da Mariah Carey começa a
tocar e então logo estamos as duas cantando a plenos pulmões
acompanhando a letra da música, enquanto me movo lentamente,
aproveitando, passando minhas próprias pelo meu corpo.
Sinto quando braços fortes rodeiam minha cintura e me puxa para
trás, colando minhas costas em um peito muito duro. Nossos corpos
estão tão colados que posso jurar que sinto cada musculo forte dele. O
cheiro amadeirado que vem, me deixa inebriada ao ponto de me perder
na dança e ele soltar uma risada baixa.
Abro meus olhos e encontro minha amiga dançando com um sorriso
satisfeito no rosto enquanto olha para nós dois, e eu fico ainda mais
curiosa para saber quem é, porque mesmo quando vamos a festa eu
não saio beijando todas as bocas possíveis, mas não quer dizer que eu
deixe de aproveitar algumas bocas e corpos.
Viro para trás e quase caio para trás durinha no chão, chocada com
o homem que me agarrou.
― Prazer, Liam. ― O homem abre um sorriso tão largo que tenho
quase certeza que nunca vi alguém sorrir desse jeito para mim. Seus
olhos castanhos claros são tão calorosos quanto o sorriso. ― Seu
futuro marido. ― Sua voz soa um pouco arrastada e risonha,
provavelmente pela bebida, enquanto ele pisca repetidamente os cílios
para mim.
Ai, merda.
Adeus calcinha!
É óbvio que eu sei quem é Liam Sanders, o cara é praticamente um
deus grego e não teria como qualquer pessoa normal não o conhecer.
Quando entrei em Berkeley ele já estava no segundo ano da
faculdade de direito e junto com seu melhor amigo, Noah, os dois
eram, sem dúvidas, os caras mais cobiçados da faculdade toda. Por
onde passavam só faltavam as meninas jogarem suas calcinhas nos
dois e é óbvio que eles aproveitavam essa fama, mas nunca, em meus
quatro anos aqui, eles me deram um segundo olhar. Nem um primeiro,
para falar a verdade.
Preciso erguer o pescoço para conseguir olhar para ele, porque
mesmo com meu salto altíssimo, Liam ainda é muito mais alto que eu.
Talvez 1,80 ou algo assim.
Ele tem um rosto anguloso, com o maxilar perfeitamente delineado
coberto por uma fina barba bem-feita, seus olhos são pequenos e
reluzentes, sedutores, que me aquecem com toda a sua atenção
concentrada no meu rosto, se destacam com os cílios claros e cheios e
pelas sobrancelhas loiras e espessas. Seus cabelos lisos são bem
ordenados, talvez pelo uso de gel, mas são de um loiro escuro que
combinam tanto com ele.
Mas ele não é só um rostinho bonito, não.
Ele também é um corpo gostoso, ombros largos cobertos pelo terno
que cobre uma camisa branca com os três primeiros botões abertos,
mostrando um pouco do peito onde tem uma fina camada de pelos
discretos e sem dúvidas é bem forte, testado e aprovado pelas minhas
próprias costas e enquanto desço meu olhar, confirmo que ele todo é
forte e torneado, provavelmente devido a muito tempo perdido em
academias.
Mas bom, isso eu já sabia, já perdi a conta de quantas vezes me
toquei pensando nele.
Sim, uma grande safada, que nunca trocou uma palavra com o cara,
contudo o dedicou muitos orgasmos dados por mim mesma.
Quem poderá me julgar?
Eu disse que eles não me olharam e não que eu não os olhei.
― Aprovado? ― A voz grossa chama a minha atenção e quando
ergo o olhar para ele, percebo que sorri descaradamente. Seu corpo se
inclina para alcançar meu ouvido e falar baixo. ― Qual o seu nome?
― Ariela, mas meu futuro marido deveria saber disso. Já começou
me decepcionando. ― Finjo um bico exagerado e ele gargalha,
jogando a cabeça para trás.
― Desculpe-me, futura esposa, estive muito distraído durante esse
tempo.
― Ah, claro. Pegando a mulherada e todas essas coisas que
gostosos fazem na faculdade. ― Mexo as mãos desdenhando e ele ri
ainda mais.
― Eu fico mais do que lisonjeado por você me achar gostoso. ―
Pisca um olho para mim, me obrigando a morder o lábio inferior para
conter que meu sorriso se expanda mais.
É só então que percebo que Liam está segurando a minha mão
enquanto me puxa para fora da pista de dança. Minha mão pequena é
praticamente engolida pela imensa do homem e é impossível deixar de
notar o quão certo parece isso, mesmo o mínimo contato.
― Liam, eu estava te procurando... ― Um homem tão alto e tão forte
quanto Liam surge ao lado dele e quando seus olhos recaem sobre
mim, eles passeiam pelo meu corpo e eu sinto como se um rastro de
fogo fosse acompanhando seu olhar.
― Eu estava conhecendo o amor da minha vida. ― Liam diz
divertido e nem olha para o amigo que continua me devorando com os
olhos.
Não preciso pensar muito para saber quem é, porque se algumas
horas de orgasmos foram destinados ao Liam, outras tantas foram para
o moreno delicioso que está a minha frente. Noah Evans.
Ah, não me julgue!
Que culpa eu tenho se os dois amigos são gostosos?
O homem tem os cabelos tem um corte um pouco mais longos do
que o do amigo, porém mais escuros e estão sempre desgrenhados,
em uma bagunça perfeita, sobrancelhas grossas e escuras, assim
como os cílios que destacam seus olhos que são tão escuros que se
aproximam do preto, ele tem um olhar intenso, como se pudesse ver
através da minha alma e isso me deixa ainda mais ligada. A boca
perfeitamente desenhada é rosada e o maxilar é coberto pela barba
escura.
O corpo é tão largo e alto quanto de Liam, os braços são enormes e
estão cobertos pela camisa preta que está com a manga dobrada até o
cotovelo, deixando á vista as veias um pouco saltadas, a calça agarra
suas coxas e o volume entre elas...
― Noah, essa é a Ariela. ― Liam me apresenta e quando o olho
sinto meu rosto esquentar.
Será que eu fiquei muito tempo secado o gostoso? Digo, o Noah.
O moreno tira minha mão do loiro e beija o torso, um beijo longo
demais que envia uma onda de eletricidade por todo o meu corpo e eu
quase pulo quando sinto sua língua se arrastar no local onde beijou.
― Prazer, Ari. ― Cumprimenta, abrindo um sorriso de lado que o
deixa com a cara ainda mais safada.
Se Liam tem cara de playboy, Noah, sem dúvidas, é o bad boy da
dupla.
A música é quase inexistente para mim agora, porque meu corpo
está consciente demais dos dois homens que estão na minha frente e é
estranho, porque eu já tive uma cota de sexo o suficiente para garantir
que eu nunca me senti nem mesmo perto disso com outros. Só que o
que realmente me assusta é que não é só um que causa esse reboliço
todo em mim.
São os dois.
Já ouvi histórias sobre eles dividirem algumas mulheres, mas não
passava de boatos.
Mas se eles quiserem me dividir, eu quero também!
― Oi, Noah! ― Abro meu sorriso mais inocente para ele, piscando
meus cílios, ignorando completamente minha mente safada.
― Está acompanhando alguém?
― Agora, só o seu amigo. ― Aponto o queixo para o Liam, soltando
uma risada baixa. ― Mas, antes disso estava apenas curtindo a
formatura com minha amiga.
― Está se formando em que? ― É o loiro quem pergunta agora,
interessado.
― Arte. Vocês como advogados são muito desatentos viu? ― Brinco
e os dois me olham com os olhos estreitos.
― Como você...
― Ah, por favor, me diga a mulher nessa faculdade que não conhece
vocês dois?! ― Dou de ombros, rindo.
― Ainda bem que sempre me comportei muito bem. Deus me livre
minha futura esposa achar que sou um galinha. ― Liam brinca, arqueio
a sobrancelha para ele, que dá risada. ― Em minha defesa, eu
prometo que a partir de agora é só você que brincará nesse corpinho.
― Você está levando muito a sério esse negócio de casamento. ―
Acerto um tapa leve no seu rosto quando me aproximo, ficando na
ponta dos pés para chegar perto de sua boca, percebo quando ele olha
de soslaio para o amigo com um pequeno sorriso de lado em sua boca
bonita. ― Nem me perguntou se eu quero brincar só no seu corpinho.
Sinto quando uma mão agarra meu rabo de cavalo e meus olhos
quase saltam para fora do meu rosto quando percebo que é Noah
quem segura. Mantendo meu rosto próximo do amigo, mas se
aproximando para alcançar meu pescoço, onde sinto sua respiração
quente arrepiar todo meu corpo, me obrigando a segurar na lapela do
blazer do loiro para não perder o equilíbrio. Minha própria respiração
encurtada agora conforme meu coração bate fora do ritmo.
― Pode brincar no meu também, se quiser.
Os dois riem, mas logo o loiro fica sério, deixando seu olhar percorrer
todo o meu rosto, parando por um tempo em minha boca entreaberta,
por onde forço o ar ir para os meus pulmões, antes de segurar meu
pescoço e me puxar para um beijo.
Um beijo calmo, explorador, como se estivéssemos conhecendo um
ao outro. Sua boca suave se move tranquilamente contra a minha com
a língua pedindo passagem para me invadir e eu dou, aproveitando
para explorar com a mesma calma que ele. Envolvendo nossas línguas
em um impasse onde as duas estão ávidas para ter mais do outro.
Mesmo durante o beijo a boca no meu pescoço não me deixa quieta,
trabalha em mim com afinco, me arrancando baixos gemidos que o
loiro engole.
Liam morde meu lábio inferior e demoro alguns segundos antes de
finalmente abrir os olhos para o encontrar me encarando com uma
intensidade assustadora, seus cílios sombreando a profundidade dos
olhos que agora eu mal enxergo.
―Se você não quiser... ― Ele murmura rouco.
Nem dou tempo para que ele termine, apenas viro o meu rosto o
suficiente para que Noah perceba minha intenção e eu consigo ver
uma sombra de um sorriso antes de ele tomar a minha boca em um
beijo faminto.
Tão diferente do Liam, Noah toma tudo de mim no beijo. Me devora
com a boca e a língua ávida que não dá tempo para a minha, apenas
me invade e deixa que eu sinta seu gosto delicioso dentro da minha
boca, sua saliva se misturando com a minha, enquanto sua mão
segura firmemente meu rabo de cavalo.
UMA GRANDE GOSTOSA SAFADA!
Deus que me perdoe por isso, mas eu não iria perder a oportunidade
de ter esses dois. E se alguém me achar uma vagabunda por isso, eu
pouco me importo, duvido a mulher, ou até mesmo o homem, que não
fosse querer ter um pouco disso também.
Quando finalmente o moreno me libera do seu beijo, olho para frente
e encontro Liam com um sorriso satisfeito no rosto.
Passamos um tempo ainda nessa pegação desenfreada, com beijos
esfomeados e calmos, mãos em todos os lugares, corpos se
esfregando um no outro e provavelmente algumas pessoas chocadas
vendo isso, porque nem nos escondemos. Mas em algum momento
Noah precisou ir embora porque iria viajar em poucas horas e mais
tarde eu fui embora com Liam.
Foi assustador a ligação que tive com os dois e mesmo quando
continuei saindo com Liam, nunca escondi dele meu desejo por seu
amigo e ele nunca se incomodou com isso.
Eu não sabia ainda, mas o loiro iria cumprir sua promessa e se
tornaria meu melhor amigo, confidente e marido.
É engraçado você ver sua vida tomando os rumos que sempre quis.
Na verdade, o engraçado é o sentimento de estar vivendo tudo o que
sempre sonhou e mesmo assim não parecer real.
Óbvio que eu batalhei para caralho para chegar até onde estou, nada
foi dado de mão beijada, apesar de que poderia ter sido, já que meus
pais têm muito dinheiro e me ofereceram inúmeras vezes para abrirem
um escritório de advocacia só meu, contudo, eu precisava sentir que
tudo o que eu tinha foi mérito meu, das minhas lutas e eles entenderam
e me apoiaram mais do que achei que fossem fazer.
Foi árduo o meu caminho até aqui, os cincos anos de faculdade
foram a parte mais difícil. Várias vezes durante esse tempo eu me
perguntei se era realmente o que eu queria para a minha vida, se eu
realmente seria capaz de passar por tudo aquilo, mas sempre que
visualizava o meu futuro e me via advogando eu tinha a completa
certeza de que era sim. O resto eu corri atrás, conquistei meus
primeiros clientes e dei o meu melhor para que o meu nome fosse
reconhecido e depois que conheci, Mike Carter e tivemos a ideia de
abrir nosso próprio escritório foi quando minha carreira realmente
alavancou. Tanto por termos juntado nossos sobrenomes que por si já
eram reconhecidos, quanto por nos mostrarmos ainda mais
competentes.
Nossa primeira cede fica em Santa Mônica e suamos muito para
alcançarmos o nível onde nossos nomes fossem referências, cada um
em sua área. Eu sou muito grato por tudo o que aquilo me
proporcionou, mas quando decidimos expandir, não pensei duas vezes
antes de me oferecer a ser quem cuidaria da outra cede, tanto pelo
meu amigo, que agora tem uma família para cuidar, quanto por mim
mesmo.
Odeio me sentir parado no tempo.
Gosto do novo. Gosto de estar em constante mudanças e explorar
meus limites.
Depois de alguns meses pesquisando bons lugares, buscando
clientes, espaço e principalmente funcionários, optamos por Aspen e
assim que foi decidido, eu não pude deixar de pensar em Liam
Sanders, um amigo de faculdade e um dos melhores advogados do
estado do Colorado e desde a faculdade é um dos meus melhores
amigos e confio plenamente nele para o colocar para trabalhar
conosco, tanto que o deixei responsável por tudo o que envolvia a
Evans&Carter na cidade até que eu finalmente me mudasse. O
escritório já estava aberto, funcionando e atendendo normalmente, mas
deixamos para fazer agora a inauguração porque eu precisava estar
presente e tinha algumas coisas para resolver antes.
Claro que Mike no início ficou receoso, pois apesar de conhecer
Liam, os dois se viram poucas vezes para que o homem confiasse
nele, mas depois de eu garantir que poderíamos acreditar, ele acabou
cedendo.
Liam me acompanhou nas mais loucas aventuras da faculdade,
fizemos tudo e muito mais que queríamos, ao fim dos cinco anos
tivemos a certeza de que vivemos nossos melhores anos juntos e foi
por isso que mantivemos contato todo esse tempo. Hoje ele é casado,
quero dizer, tem uma união estável com Ariela e mesmo assim não
perdeu seu espírito aventureiro e apesar de ter se tornado
praticamente o cachorrinho da loira ele, com certeza, leva a vida que
qualquer homem invejaria.
Ah, Ariela... Porra, aquele demônio loiro da mulher dele e nem é no
sentido ruim da palavra. É porque a mulher é o pecado encarnado.
Tá bom, porra! eu sei que é mulher do meu amigo e que para mim
deveria ser homem, mas é difícil olhar para a loira e a imaginar como
tal. Todas as vezes em que nos encontramos preciso me obrigar a não
ficar babando nela, por isso agradeço muito por ter encontrado mais
vezes ele sozinho, do que com a mulher.
Mesmo depois de tanto tempo nunca me esqueci de quando a beijei.
Ah, sim!
Eu beijei aquela boca carnuda e gostosa, tão boa que até hoje não
fui capaz de esquecer aqueles beijos. A única coisa que me deixa um
pouco sem jeito é que até Liam as vezes traz à tona aquela noite
durante nossas conversas, lembrando de como nos revezamos para
beija-la. Claro que depois daquilo Liam se amarrou à mulher e nunca
mais largou. Cara esperto. O maldito adora se gabar do quão sortudo
ele é.
Os dois fazem um casal excepcional e por isso não pensaram duas
vezes antes de me oferecer a casa deles para passar um tempo até
que eu conseguisse um apartamento para mim. Estávamos tão
envolvidos com as coisas da Evans&Carter que acabei deixando para
última hora isso e até agora não encontrei nada que me agradasse.
É por isso que agora estou em um dos quartos de hóspedes da casa
gigante deles, terminando de me vestir para correr para a inauguração
que acontecera daqui há quarenta minutos.
Enquanto visto o meu terno preto a porta do quarto é aberta e Liam
surge com um sorriso pequeno, vestindo também um terno, mas
diferente do meu que é todo preto, o dele é cinza claro, combinando
com seus cabelos loiros perfeitamente penteados. Um playboyzinho
metido.
― Ari vai demorar um pouco ainda, por isso vou passar no salão
para pegá-la e iremos direto.
― Tudo bem, vou indo para garantir que estará tudo em ordem.
Ele me olha de cima a baixo, arqueando a sobrancelha.
― Se eu não te conhecesse diria que está nervoso com o evento.
―Na verdade eu achei que estaria mesmo, mas estou bem tranquilo.
― Dou de ombros e ele ri baixo.
― Claro que está, sua autoconfiança não se abala facilmente.
Abro um sorriso convencido para ele, passando minha mão entre
meus fios escuros, ajeitando-os como consigo. Sei que um advogado
tem uma imagem a zelar, tem que ter cara de sério e estar sempre
arrumado, mas fiz meu nome sendo quem eu sou, com meus cabelos
bagunçados e meus ternos escuros, por isso nem me preocupo mais
com os cabelos.
― Não posso fazer nada se sou bom demais para ficar nervoso com
qualquer coisa.
Liam gargalha alto, se encostando na porta.
― Ariela está tão ansiosa com essa inauguração quanto a gente. ―
Conta, sorrindo feito um bobo como sempre acontece quando fala da
mulher.
― Pelo que me lembro, Ari sempre gostou de qualquer tipo de
comemoração.
― Isso é verdade.
Trocamos olhares cúmplices enquanto ele sorri.
Sobre a inveja que qualquer um sentiria dele, preciso dizer que a
beleza está incluída nisso. Sou hétero para caralho, gosto de mulher,
todo os tipos de mulheres, mas sei assumir quando um homem é
bonito, mesmo que não fale isso em voz alta. Liam é um cara boa pinta
com seu jeito de playboy, cabelos loiros, olhos castanhos e o rosto de
mocinho de filme.
Já vi o cara pelado vezes o suficiente para saber que ele tem um
corpo legal e as mulheres que dividimos na faculdade não se
cansavam de endeusa-lo.
― Bom, vou indo. Não demore porque logo os convidados chegarão.
― Pode deixar, vou só pegar Ari e chegaremos logo.
Pego meu sobretudo, que não posso esquecer de forma alguma
devido à baixa temperatura e passo por ele, mas paro ao seu lado
sorrindo.
― Obrigado por me deixar passar uns dias aqui. Estou atrás de um
apartamento e assim que conseguir...
― Não se preocupe com isso! Ariela está eufórica por você passar
alguns dias aqui e doida para te ver e eu também fico feliz de te
receber. Nossa casa é grande demais para nós dois, as vezes. ― Dá
de ombros como se não fosse nada.
Apenas assinto antes de sair para a garagem, passando pela imensa
sala de estar que é tão organizada que mal parece que mora gente
nessa casa. O sofá branco é gigante e fica em frente a uma televisão
que está numa parede preta acima de uma lareira, o tapete felpudo
deixa o cômodo aconchegante apesar do tamanho. Nem perco muito
tempo olhando, apenas saio pela porta sentindo o ar frio tocar meu
corpo e me fazer estremecer levemente, sigo para o meu BMW X6.
Meu xodó esse carro!
Entro e imediatamente ligo o aquecedor, depois coloco uma música
baixa, antes de finalmente o ligar e me deliciar com o ronco do motor,
um lento sorriso orgulhoso se arrasta em meus lábios quando coloco o
veículo em movimento nas ruas que já estão cobertas pela neve e
enfeitada com muito pisca e outras coisas, deixando tudo em clima de
Natal.
Com certeza essa é a minha data favorita no ano e por isso estar
aqui nessa época é ainda mais empolgante. Claro que minha mãe não
gostou nem um pouco quando precisei vir para cá logo agora que é
quando ela adora reunir toda a família, mas depois de eu a subornar
prometendo passar alguns dias com ela depois que tudo estivesse
certo por aqui, ela acabou aceitando melhor.
Depois de dez minutos finalmente chego na Evans&Carter, o muro é
todo branco, com a nossa logo em dourado sendo iluminada por
pequenas lâmpadas que ficam no pequeno quadrado abaixo cobertas
por pedras brancas também, e a única entrada que tem está com
alguns enfeites natalinos discretos que combinam com o resto da
decoração. Após a entrada já consigo notar o pátio imenso que leva
finalmente a porta de vidro, vejo também algumas plantas enfeitando
cantos do pátio e não consigo conter meu sorriso que se alarga ainda
mais.
Desço do carro e percebo que até mesmo um fotografo já está
ocupando o espaço a frente, cumprimento com um aceno e vou para
dentro, entro no pátio onde tem algumas pessoas andando de um lado
para o outro com taças, bebidas e comidas. Uma loira sorridente se
aproxima de mim antes que eu perceba.
― Boa noite, senhor Evans. ― Sua voz é baixa e suave enquanto
ela estica a mão para que eu a pegue. ― Sou Callie Norton, serei sua
secretária e do senhor Sanders.
― Mas não era Nora? ― Pergunto confuso, vendo um rubor subir
pelas bochechas da loira que abaixa a mão colocando-a em suas
costas.
― Ah, não sei muito bem o que houve, mas Nora teve que um
imprevisto e acabou precisando viajar e a Ari me disse que não
poderiam ficar sem uma secretária, por isso conversou com o Liam e
acabei ficando no lugar dela. ― A loira despeja palavras ansiosas e me
sinto um idiota pôr a deixar nervosa assim.
― Liam não me informou. Mas tudo bem, se os dois te contrataram
sei que podemos confiar em você. ― Abro um sorriso amigável, e
dessa vez sou eu quem estendo a mão para ela que a pega
imediatamente. ― Quando não estivermos com clientes podem me
chamar de Noah.
― Darei o meu melhor!
Callie solta minha mão e se coloca ao meu lado, me deixando voltar
a olhar para a decoração simples que fizeram e mesmo que não fosse
nada extremamente extravagante, um orgulho infla meu peito e um
sorriso ainda maior rasga meus lábios.
― Ari foi quem cuidou dessa parte de decoração, tanto do evento de
hoje quanto do próprio escritório. ― A loira chama minha atenção me
fazendo voltar a olhar para ela, notando nossa diferença de tamanho
mesmo que ela esteja de salto. Seus cabelos estão presos em um
coque baixo, deixando seu rosto ainda mais visível e preciso dizer, a
mulher é linda demais. ― Já está tudo organizado por aqui, cheguei
mais cedo para me certificar de que nada sairia do controle. O buffet já
chegou e já estão organizando os aperitivos e as bebidas, os garçons
já chegaram também. Separei alguns nomes de clientes que são os
que Liam me disse que precisariam uma maior atenção nessa noite.
Ela me entrega o tablete que até então eu não havia notado e
realmente tem uma lista com cinco nomes, sobrenomes e mais dois
separados com nomes de empresas.
― Porque esses estão separados? ― Pergunto apontando para os
nomes.
― Peter Shawm é dono da Pride Tech, uma empresa de tecnologia
que vem crescendo muito no estado do Colorado e que provavelmente
não ficará só por aqui. Peter é um homem muito ganancioso para se
manter em apenas um lugar e tem uma fama... ― A mulher aperta os
lábios um contra o outro procurando uma palavra para usar, o que já
me faz pensar que não deve ser coisa boa. ― De ser um pouco
complicado.
― Complicado como? ― Pergunto arqueando uma sobrancelha.
― Ele já tem alguns processos de ex-funcionários alegando que a
empresa não pagou todos os benefícios e nem cumpriu com tudo o que
estava no contrato.
― Mas se a empresa dele é tão grande, cadê o advogado desse
cara? ― Olho para a loira que arqueia a sobrancelha segurando um
sorriso. ― Ah, claro. Um pouco complicado.
― Isso, Noah. E se conseguirmos fazer com que ele contrate a
Evans&Carter seria ótimo para nós. ― Assinto, mas logo ela aponta
para o outro nome separado. ― Alexander Dawson, da Dawson’s
International Realty. Está expandindo cada vez mais o negócio da
família e há uma semana atrás abriu a primeira aqui do Colorado,
aproveitei que ele estaria por aqui e deixei um convite pessoalmente
com o homem. Ele não tem nada que precise de uma imediata
contratação, mas acho que seria muito importante conquista-lo,
principalmente porque há pouco menos de um mês o homem descobriu
o caso da mulher dele com o advogado.
― Porra! ― Murmuro e ela ri baixo.
― Como você é especializado na área da família achei que fosse se
interessar por esse. ― Dá de ombros e se eu já tinha gostado dela,
agora então eu daria um beijo nela. ― Até onde eu sei, ele ainda não
havia conseguido outro advogado, por isso separei o nome dele para
você dar uma atenção maior a ele. Liam irá focar mais em Shawn. Os
outros são um pouco mais maleáveis, apesar de tão importante quanto
os dois.
― Fez o dever de casa direitinho.
Seu sorriso se alarga ainda mais como se eu tivesse dado um
diamante gigantesco para ela e os olhos castanhos brilham como os
pisca da rua.
Ela é fofa.
― Fiz o meu trabalho. ― Ergue um ombro e olha no relógio do
tablete. ― As pessoas já estão começando a chegar. Vou dar uma
última conferida em alguns detalhes.
Assinto e saio em direção à entrada onde já vejo algumas pessoas
tirando fotos e conversando entre si. Um casal está parado em frente a
logotipo dourada tirando fotos sorridentes, quando o homem olha para
o lado e me vê, abre um sorriso largo, me fazendo assentir apenas por
educação. Não faço ideia de quem seja, porém logo se aproxima
segurando a loira pela cintura que me olha de cima a baixo. Abro um
sorriso de lado para a mulher, deixando claro que notei sua inspeção,
ela nem se abala, continua com sua postura ereta e os olhos brilhando
de luxuria enquanto me seca.
― Boa noite, você deve ser Noah Evans. ― O homem diz
estendendo a mão para mim. ― Sou Peter Shawn e essa é Tiffany
Barker.
Ok, isso foi rápido. Olhando para a cara dele nem parece o homem
complicado que Callie retratou, seus óculos grandes demais para o
rosto quadrado e fino em conjunto com seu cabelo penteados para trás
e a postura desajeitada, dão a impressão de um cara completamente
inofensivo, contudo, aprendi a nunca julgar alguém pela sua aparência.
― Boa noite, Shawn. ― Aperto sua mão e em seguida da mulher ao
seu lado. ― Fico feliz em ter o CEO da Pride Tech em pessoa na nossa
inauguração.
O sorriso do homem se alarga com a minha fala e ele infla o peito,
como se estivesse orgulhoso por eu saber de sua empresa.
O fotografo se aproxima pedindo para tirar uma foto nossa e me
coloco ao lado da loira que não se faz de rogada ao segurar meu braço
e o do seu acompanhante.
Depois de tirar mais algumas fotos com outros convidados e com
alguns advogados que trabalhariam junto com a gente, começo a ficar
incomodado com a demora de Liam. Ele sempre foi muito pontual, e
até irritante, quer controlar tudo ao seu redor.
Me afasto das pessoas e vou para um canto escuro onde terei
privacidade e pego meu celular para discar o número dele, mas antes
que eu aperte para chamar um Porsche branco chama a minha
atenção e prendo a respiração quando longas pernas surgem saindo
de dentro dele e ao se levantar o tecido brilhante do vestido cai no
chão formando um tipo de calda ao redor dos seus pés que estão
calçando sandálias altíssimas que agarram seu tornozelo.
Meus olhos sobem pela abertura do vestido destacando sua perna
direita, alcançando a parte mais alta da sua coxa, o suficiente para me
deixar salivando e continuo minha inspeção pelo corpo da mulher sem
pressa, sentindo meu pau pulsar dentro da calça enquanto vejo como o
vestido se aperta em sua cintura e tem um decote em V nos seios
grandes, mas por ela estar com um casaco por cima não consigo ver
mais que isso, quando alcanço seu rosto sinto o ar ser puxado para
fora dos meus pulmões.
O próprio demônio loiro.
Eu disse!
Porra, Ariela está ainda mais linda. Seu rosto delicado parece que
ficou congelado no tempo continuando com aquele ar de menina sem
vergonha e ao mesmo tempo angelical, os lábios grossos estão
pintados de vermelho, chamando ainda mais atenção. O nariz fino com
um pequeno brilho do piercing nele, tão discreto que mal se nota. Os
olhos, que eu sei que são castanhos estão com uma leve maquiagem
apenas um brilho e os cabelos loiros estão presos em um rabo de
cavalo alto.
Inferno! Eu nunca tive problema nenhum em desejar uma mulher,
tive em minha cama todas aquelas que eu quis e até mesmo as que
nem imaginava que teria, contudo, nunca olhei com segundas
intenções para mulher de amigo meu, mas a ver assim, depois de tanto
tempo é difícil de controlar meu próprio corpo.
― Noah. ― Ela sussurra, mas estou com o olhar fixo na boca dela o
suficiente para ser capaz de conseguir distinguir o que diz e mais uma
vez, meu pau pulsa ao notar ela sorrindo lindamente para mim.
Saio de onde estou no momento em que Liam se coloca ao lado dela
e sorri para mim. A mulher nem me esperar chegar onde estão, vem
até mim o mais rápido que consegue devido aos saltos e se joga em
meus braços, me abraçando com força, retribuo imediatamente sem
tirar os olhos do meu amigo que não parece se incomodar nem um
pouco com o rompante da sua mulher.
Vi poucas vezes Ariela depois da faculdade, apesar de estarmos
sempre nos falando quando Liam me ligava ou eu ligava para ele, mas
todas as vezes ela me recebia sempre com esse carinho, por isso não
é estranho. Mas graças a maldita ereção que ela mesmo me causou
agora estou desconfortável
― Olá Ariela. ― Murmuro, agradecendo por minha voz ter saído
normal. Estranhamente seu corpo tão pequeno comparado ao meu
parece se encaixar.
Só consigo pedir a Deus para que ela não perceba que meu pau esta
duro feito pedra agora.
― Olá? Me cumprimente direito, Noah. ― A baixinha se afasta, já
brigando comigo e ouço meu amigo rir atrás dela. ― Você já entrou?
Gostou de tudo? Já conheceu Callie? Espero que esteja em ordem, ela
disse que cuidaria de tudo. Contratamos um fotografo porque achei que
seria muito legal guardamos e faria os convidados se sentirem
importantes.
― Ari, respira. ― Peço, segurando uma risada e o sorriso que ela
abre para mim me faz solta-la imediatamente. ― Eu gostei de tudo.
Não consegui passar do pátio, mas aposto que você deixou tudo
perfeito.
― Callie me ajudou em quase tudo e óbvio que Liam autorizou antes
que fizéssemos.
Ari me olha de cima a baixo antes de segurar minha gravata e a
arrumar, sem desfazer o sorriso. Percebo um flash ao nosso lado e
sinto meu sangue gelar imediatamente arregalando os olhos para Liam
que parece imperturbável, não se importando com o que isso pareça
aos olhos dos outros convidados e talvez ele não se importe mesmo,
ele a ama o suficiente para saber que ela nunca faria nada que
pudesse o magoar e ela o ama com a mesma intensidade. É foda ver
isso, mesmo sem querer me relacionar, acho isso a coisa mais
fascinante do mundo. Esse amor singelo e puro.
― Amor, deixa o Noah respirar. ― Liam chama a atenção da mulher
que se afasta sorrindo sem graça e se encosta no namorado. ― Vamos
lá para dentro?
― Desculpa. ― A loira murmura, abro um sorriso para ela...
― Vamos.
Caminhamos até a entrada com Ariela andando entre nós dois e
paramos para fazer uma foto quando ela nos puxa. A loira se coloca
um pouco a nossa frente ainda no nosso meio, Liam e eu sorrimos
enquanto um flash quase nos cega.
Antes de eu me afastar vejo quando meu amigo se curva um pouco
para a frente e puxa a mulher pela cintura, fazendo-a soltar uma risada
baixa quando deixa um beijo no pescoço dela. Saio de perto o mais
rápido que posso, deixando os dois aproveitarem um pouco para
tirarem fotos só deles.
As mãos de Liam me puxam de volta para si quando dou um passo
longo, quando ele se curva sobre mim e meu corpo se inclina para trás,
automaticamente minha perna se enrosca na dele e um sorriso rasga
meu rosto. Nossos olhos conectados enquanto o flash da câmera
dispara várias vezes e o fotografo incentiva a cena carinhosa com
palavras, apenas o faz sorrir ainda mais antes de deixar um beijo casto
nos meus lábios.
― Já te falei quão linda você está hoje? ― Sua voz soa rouca com o
sussurro, me obrigando a segurar na lapela do seu blazer.
― Algumas vezes durante o caminho. ― Respondo sorrindo.
Nos afastamos para finalmente entrarmos no pátio onde está
acontecendo o evento de inauguração, com Liam segurando
firmemente minha mão. Assim que entramos perco alguns segundos
passando meus olhos pelo local que eu fiz questão de cuidar de toda a
decoração e o silêncio do meu homem me faz olhar para ele, temendo
que ele não tenha gostado, mas encontro seus olhos brilhando
lindamente e o sorriso tão grande em seu rosto que quase me faz ter
ciúmes.
Depois da nossa formatura, onde ele disse que seria meu marido,
nunca mais nos desgrudamos. Passamos alguns anos apenas
namorando, indo com calma e construindo nossas carreiras. Liam
nunca apressou nossos passos mesmo quando dizia que não via a
hora de dividirmos uma casa, ele teve paciência e sabia o quanto era
importante para mim focar em minhas pinturas. Decidimos nos mudar
para Aspen depois que ele já tinha uma boa cartela de clientes por aqui
e até mesmo em outros estados, e assim fizemos depois de comprar
nossa casa, que ele fez questão de me deixar escolher e participar de
tudo, desde a escolha do nosso sofá à escolha do que colocaríamos no
nosso quarto e a cada passo dado em direção ao nosso futuro juntos,
só me fazia o amar ainda mais.
Nosso relacionamento começou de um jeito nada convencional, até
um pouco estranho para algumas pessoas, contudo, fomos construindo
a base de uma confiança sólida, uma parceria onde compartilhávamos
todo e qualquer pensamento ou sentimento. Nós construímos um amor
tão puro onde a felicidade do outro estava sempre diante de todas as
decisões que tomamos, a base de muita sinceridade e apoio em tudo.
O respeito que temos um pelo outro é uma coisa que até mesmo
estranha para quem vê de fora, porque não havia espaço para ciúmes,
não havia espaço para deixar o outro inseguro e eu amo isso em nós,
como podemos falar qualquer coisa sem o medo do julgamento ou de
uma catástrofe que abale o relacionamento.
Eu me apaixonei perdidamente pelo homem mais doce e gentil que
já conheci na minha vida e a cada dia que passo ao lado dele, me
apaixono ainda mais.
Óbvio que nem tudo são flores, ainda temos discussões e
discordamos de várias coisas, mas somos maduros o suficiente para
saber o momento em que devemos dar o braço a torcer ou quando
temos que parar.
―Está feliz? ― Pergunto, quando apoio minha mão em seu peito,
colando minha frente em seu braço, erguendo a cabeça para conseguir
olhar em seus olhos.
Ele vira para mim e inclina a cabeça, seu sorriso não desliza nem por
um segundo.
― Estou. Eu sei que ainda não tenho nome naquela placa na
entrada, mas sinto como se isso fosse um pedaço meu.
― E é, amor. É um pedaço do seu sonho e não demora até ter seu
nome ali, se for isso o que quer. ― Digo, o alisando, sentindo seus
músculos duros.
Eu sei bem, quão duro esse homem é por baixo desse terno cinza.
Mordo meu lábio com a imagem que se forma em minha mente e
seus olhos se apertam como se ele soubesse o que estou imaginando,
o sorriso se tornando lascivo imediatamente quando sua mão desliza
da minha coluna direto para a minha bunda.
― Não faça uma cena aqui. Se comporte. ― Repreendo, segurando
um sorriso.
― Eu sempre me comporto, amor.
Meu homem pisca um olho para mim, ficando ainda mais lindo com o
sorriso iluminando seu rosto. Sua mão volta a subir para a minha
coluna assim que ele deixa um beijo nos meus lábios.
― Vou falar com a Callie, ver se está tudo certo por aqui.
― Tudo bem, também vou falar com Noah. Não tinha avisado ele
que trocamos a secretaria. ― Ele coça a nuca parecendo
desconfortável, me fazendo sorrir mais uma vez.
Nos afastamos e passo por algumas pessoas, sorrindo
cumprimentando-as.
Sei quão importante é para Liam e Noah estarem aqui hoje, por isso
não deixei meu namorado colocar outra pessoa para cuidar das coisas
referente a decoração, eu mesma escolhi uma decoradora e falei tudo
o que queria, como achei que os dois gostariam e não deixei que ela
fizesse nada diferente do que mandado, apenas quando ela me
mostrava que outra coisa poderia ser melhor e mesmo assim, tudo
passou por mim e Liam antes.
Não posso deixar de sentir o orgulho inflar meu peito. Poucas vezes
eu vi Noah nesse tempo em que ele esteve em Santa Monica, mas
nunca deixamos de ter contato e eu o adorava. Na verdade, adorava
até demais.
É obvio que saber como é beija-lo não facilita para mim, porque o
homem é lindo, com toda sua prepotência e arrogância, ele sabe disso,
que é impossível olha-lo e não o desejar.
Liam sabe o que acho do nosso amigo, nunca precisei esconder isso
dele, até porque eles praticamente me compartilharam uma noite e
meu namorado não se preocupa ou se incomoda com isso. Nada seria
feito em relação a isso, é claro.
De repente uma loira enroscada no braço de um homem
desengonçado está a minha frente, ela sorria para mim com desdém
conforme descia os olhos pelo meu corpo e isso só me fez empinar o
nariz e dar o mesmo olhar para ela.
― Ariela, que prazer te ver por aqui. ― Tiffany cumprimenta com
aquela voz fina irritante e tenho que me segurar para não fazer uma
careta.
― Olá Tiffany. ― Abro meu melhor sorriso para ela e estendo a mão
para o homem ao seu lado. ― Peter, espero que esteja se divertindo.
― Acabamos de chegar, mas está tudo ótimo até agora. Conheci o
famoso Noah Evans e isso já fez valer a pena perder meu tempo vindo
aqui. ― O arrogante diz e uma súbita raiva esquenta meu sangue
imediatamente com a forma que fala, como se fosse mais importante
para a Evans&Carter tê-lo aqui, do que para ele estar aqui.
Mordo minha língua, me segurando para não falar algo errado e puxo
minha mão da dele tão rápido que percebo as sobrancelhas dele
franzirem.
― Fico feliz que estejam gostando.
― Cadê o Liam? Eu não o vi até agora.
Olho para a loira assim que ela solta a pergunta e seguro minhas
mãos uma na outra antes que eu aperte o pescoço dessa ordinária que
nunca fez nada para disfarçar os olhares que dá para o meu homem.
Tiffany é uma influenciadora muito famosa e por isso acaba sempre
comparecendo em vários eventos importantes, sua fama não se atém
apenas a internet, também é conhecida na cidade por estar sempre
com homens famosos e que podem proporcionar o melhor a ela. Não a
julgo por isso, se é como ela gosta de levar a vida, eu não tinha nada a
ver com isso. O meu problema com ela é como me olha com desdém
apenas por viver de arte e principalmente por ela olhar para Liam como
se pudesse o devorar se ele desse a mínima abertura, mesmo quando
ele não lhe dá nem mesmo um segundo olhar.
― Liam está com Noah, os dois não tiveram muito tempo para
conversar porque Noah chegou na cidade e já teve que vir para cá.
― Claro. Eles são muito amigos? ― Pergunta interessada, enquanto
Shawn está mais preocupado em esvaziar seu segundo copo de
whisky desde que eles me pararam.
― São sim, fizeram faculdade juntos e eram muito unidos.
― Devem ter feito muito sucesso na faculdade. Os dois são lindos.
Ai meu Deus! Quão desastroso seria um assassinato na inauguração
de um escritório de advocacia?
― Sim, eles são! ― Praticamente rosno, mas Tiffany nem se abala
com meu tom, continua com o sorriso irritante na cara. ― Preciso ir
encontrar Callie. Aproveitem a festa.
Viro as costas, me afastando dos dois, sentindo como se ela
houvesse estragado toda a minha festa.
Não é uma pessoa que me abalava com facilidade, mas sempre sou
muito intensa, sempre fui de deixar que o meu sentimento tome conta
de mim e me levasse com facilidade, seja bom ou ruim. E Tiffany tem o
dom de tirar o pior de mim.
Sorte a dela que hoje era o dia de Liam e Noah e eu não estragaria
isso de jeito nenhum.
Encontro Callie parada ao lado da porta, olhando em seu tablet
concentrada.
― Ei, você. ― Digo, parando ao seu lado.
Seus olhos castanhos se erguem e encontram os meus, abrindo um
sorriso para mim antes de me dar um beijo na bochecha.
― Oi Ari, não te vi chegar.
― Cheguei agora há pouco. Como estão as coisas por aqui?
― Está tudo perfeito. Os poucos convidados já chegaram todos e
Noah já está por dentro de todos os que ele não conhecia. ― Ela volta
o olhar para o tablet.
― Então, a senhorita já conheceu Noah Evans? ― Questiono em
tom de brincadeira.
Callie é uma loira linda, com curvas acentuadas e um sorriso
angelical. Os olhos castanhos tem um brilho de inocência. A conheci
quando nos mudamos para cá, em uma das minhas exposições e
desde então nos tornamos muito amigas.
― Ah! Conheci sim, ele parece ser uma boa pessoa. ― Suas
bochechas tem um tom avermelhado e seguro uma risada ao perceber
que ele já a afetou.
― Ele é e é um gato né? ― Cutuco suas costelas fazendo-a se
esquivar rindo baixo.
― Sim, ele é gato. ― Me olha mais uma vez com os olhos
apertados. ― Deixa Liam te ouvir falando que acha o amigo dele um
gato.
Dou de ombros, sorrindo abertamente agora, sentindo a raiva que
Tiffany me fez se esvair.
― Vai por mim, ele sabe.
― Ariela! ― Quase grita, me fazendo gargalhar.
― O que? Meu relacionamento é sólido o suficiente para não se
abalar por eu achar o amigo dele um gato. ― Me abaixo um pouco
para contar um segredo. ― E beija deliciosamente bem.
― Ai meu Deus! Como você sabe disso? ― Seus olhos arregalados
quando ela pergunta em um sussurro.
― Lembra o amigo que eu disse que estava com Liam no primeiro
dia em que nos beijamos?
Ela assente e leva alguns segundos para entender o que estou
falando, quando finalmente entende seus olhos saltam ainda, mais
deixando-a muito engraçada.
― Eu não sei se estou te achando muito sortuda ou muito sem
vergonha. ― Diz rindo agora que o choque parece ter passado. ―
Liam não liga para isso? Não tem ciúmes?
― Não. Na verdade, ele lida muito melhor com isso do que eu. Ele
sabe o que eu penso sobre o Noah e não se importa, porque ele
também sabe que nada muda. Ainda sou dele, ainda o amo com tudo
de mim e o respeito acima de qualquer pensamento ou desejo que
possa ter por seu amigo.
E era uma verdade indiscutível.
Eu poderia olhar para Noah e o achar lindo, lembrar dos beijos que
trocamos naquela noite a tantos anos atrás, pensar em como teria sido
se ele não tivesse ido embora e mesmo assim, no final, eu ainda
pertenceria a Liam. Meu coração ainda seria dele. Meu maior desejo
ainda seria ele. Minha felicidade estaria ao lado dele. Meu último
pensamento ainda seria quão sortuda eu era por ter Liam dormindo ao
meu lado todas as noites.

― A Callie tinha me alertado sobre Peter Shawn, mas não achei que
quando ela disse que ele era complicado, na verdade queria dizer um
arrogante pé no saco. ― Noah reclama enquanto desfaz o nó da
gravata.
A inauguração foi um sucesso, assim como imaginei que seria.
Acabamos de chegar em casa e estamos os três sentados na sala,
conversando e bebendo vinho.
Os dois por serem os principais advogados da Evans&Carter tiveram
que ficar até o final e era nítido para mim quão cansado eles estavam
quando os últimos convidados foram embora. Como esperado não
foram muitas pessoas, porém, as poucas que foram tiveram toda a
atenção que sabíamos ser necessárias.
― Ainda bem que Callie foi ao meu socorro quando eu estava
prestes a enfiar meu punho na cara do idiota. ― Noah resmunga e
Liam ri, balançando a cabeça.
― Se ele contratar a Evans&Carter será um negócio excelente, mas
ter que lidar com ele vai ser o mais difícil. ― Meu namorado termina de
beber a segunda taça de vinho assim que fala.
― Eu vou precisar transar muito depois de cada reunião com ele.
Assim que termina de falar, Noah desvia o olhar para mim como se
pedindo desculpa pela sua fala, me obrigando a dar de ombros como
se estivesse realmente prestando atenção em sua conversa.
Isso é uma coisa impossível quando se tem dois exemplares de
gostosura na sala e ainda por cima, vestidos em ternos que parecem
deixá-los ainda mais tentadores.
Olho para Liam que está rindo, mas não incomodado. A risada dele
volta a reacender meu corpo, e juro que estou a ponto de pular em seu
colo e pedir para me tomar aqui mesmo, como estive durante a noite
toda.
Em vários momentos me peguei babando por Liam, em sua pose
imponente de advogado, o semblante fechado, os ombros largos
sempre eretos sem abaixar a guarda por um segundo. Seus cabelos
loiros no final da noite já estavam uma bagunça de tanto que ele
passava a mão enquanto conversava.
Noah não estava muito diferente, parecia tão exausto quanto ele.
Muita testosterona para eu lidar agora que me sinto queimar de
vontade de ter um momento a sós com meu namorado.
O moreno ri de algo que Liam falou, chamando minha atenção
novamente para a conversa deles.
Viro o restante do meu vinho, tentando aplacar o fogo dentro de mim
e afogar a imagem de um possível sanduíche de Ariela entre eles dois.
Pulo assustada quando a mão quente de Liam toca minha coxa
exposta acariciando para cima e para baixo, completamente alheio ao
que está me causando. Uma corrente elétrica passa da pele direto para
a minha, que corre diretamente para o meu centro que contraí. Mordo
meu lábio para conter o gemido, mas talvez não tenha funcionado
porquê de repente dois pares de olhos castanhos me encaram, cada
um demonstrando um sentimento diferente.
Liam abre um sorriso safado, se recostando sofá e sua mão sobe
para a minha nuca, me puxando direto para a sua boca. Antes de
iniciar o beijo ainda consigo olhar para o moreno sentado na poltrona
de frente para nós dois e o vejo se remexer desconfortavelmente, seus
olhos encontrando os meus e posso jurar que vejo desejo neles.
― Quer ir para o quarto, amor? ― Questiona contra a minha boca,
com a voz rouca.
Movida pelas taças de vinho e as outras de champagne e minha fiel
amiga ousadia, puxo meu vestido para cima e monto o colo do meu
namorado que dá uma risada baixa. Sua mão segurando minha nuca
apenas para não me deixar desviar os olhos dos dele e como sempre,
seus olhos castanhos tem um efeito calmante em mim.
Coloco minha língua para fora alcançando seu lábio inferior onde
sinto o gosto do vinho, arrancando outro gemido baixo de mim. Sinto
seu membro já rígido entre nós dois.
― Eu... Hum... Vou para o quarto. ―Ouço a voz de Noah.
Viro meu rosto para o encarar e abro um sorriso lascivo, deixando
meus olhos percorrerem todo seu corpo grande, que agora parece
tenso. Minhas mãos coçam com a vontade de tocar seus ombros e
massagear até ele finalmente relaxar.
― Você já foi mais divertido, Noah. ― Franzo o nariz e um bico se
forma nos meus lábios.
Ele arqueia a sobrancelha em minha direção, quando se curva para
a frente por um segundo acho que vai tentar me tocar, mas ele apenas
deixa a taça na mesa de centro e se levanta, parando ao nosso lado.
― Você não era mulher do meu amigo.
E com isso ele sobe as escadas como se fugisse do próprio Lúcifer.
Olho para Liam que tem um sorriso no rosto e faço um carinho em
sua barba, recebendo um beijo no meu queixo.
― Você queria o assustar? ― Pergunta risonho.
Conheço-o suficiente para saber que ele não está bêbado, que seus
olhos pesados e vidrados são de puro tesão.
― Descul...
― Não, amor. Você sabe que não precisa se desculpar comigo por
querer algo. ― Murmura, colocando com delicadeza uma mecha do
meu cabelo, agora solto, atrás da orelha. ― Se você deseja algo, é só
me pedir. Sabe disso.
Sim, eu sei.
Quando tive vontade de conhecer um clube de sexo, ele me levou
sem questionar nada, apenas fomos. Quando li sobre cenas BDSM e
fiquei com vontade de assistir uma, ele não poupou esforços para
arrumar um lugar para me levar. Eu acho que esses são os mais loucos
até agora e os que mais me mostraram o quanto esse homem confia
em mim e me ama. Ao ponto de colocar minha felicidade como sua
própria prioridade.
― Você... Você... ― Mordo meu lábio, tentando recuperar a voz e
parar de gaguejar, ele ri baixo.
― Eu?
― Você deixaria que Noah me tocasse?
― Você quer que ele te toque? ― Sua voz suave encontra meu
ombro, onde ele deixa um beijo.
― Eu... Não sei... ― Porque diabos estou gaguejando assim?
Sua mão que segurava minha cintura escorrega pela abertura do
meu vestido até alcançar minha calcinha encharcada. Um gemido
escapa dos meus lábios e preciso fechar os olhos, quando seu polegar
faz pressão contra o meu clitóris. Minha cabeça caída em seu ombro,
sentindo minha respiração cada vez mais pesada.
― Você está molhada por pensar nele te tocando? ― Balanço a
cabeça negando, mas quando ele força mais, afirmo rapidamente,
fazendo-o rir. ― Vamos lá amor, me fala o que você quer. ― Sinto seu
dedo médio esfregar até minha entrada, deixando o tecido fino da
minha calcinha ainda mais melada. ― Você quer que ele te toque
assim?
― Liam... ― Ronrono seu nome, quando ele beija meu pescoço.
Sinto quando o tecido da calcinha é afastado e ele brincar na minha
entrada, colocando apenas a ponta do dedo. Meu cérebro mal está
funcionando à essa altura, apenas ligado nas sensações que seus
dedos e sua boca me causam.
― Você quer que ele te foda?
Seus dentes fisgam meu lábio inferior e puxa, me obrigando a colar
ainda mais nossos corpos, porém sua boca continua a explorar meu
pescoço e meu rosto, como se fosse uma novidade para ele. Sua mão
livre amassa meu peito ainda coberto pelo vestido. Sua respiração está
tão densa quanto a minha e os sons que ele solta são baixos, mas
sensuais o suficiente para aumentar meu tesão.
Meu corpo toma vida própria enquanto me movimento para frente e
para trás, correndo atrás do meu orgasmo. E quando estou na beirada
sou invadida por dois dedos ao mesmo tempo que seu polegar coloca
uma pressão maior nos movimentos circulares no meu clitóris, me
fazendo estilhaçar em um orgasmo intenso. Gozando em seus dedos
tão forte que preciso me segurar em seus ombros para não tombar
para o lado.
Quando finalmente consigo abrir os olhos, encontro Liam me
encarando com um sorriso satisfeito no rosto. Ele volta a acariciar meu
rosto, sem desviar os olhos dos meus.
― Você vai me deixar por ele?
― O que? ― Quase grito, me empertigando imediatamente. ― De
onde tirou isso, Liam? Eu não te deixaria, nunca!
― Eu sei amor. ― Me puxa novamente para mais perto.
― Você sempre soube que eu o acho bonito, mas eu nunca faria
nada a respeito disso. Eu amo você e nunca colocaria ninguém entre
nós que pudesse nos afastar. ― Afirmo, fitando-o com firmeza.
― Eu posso conversar com ele e...
― Liam! ― Tampo sua boca imediatamente, franzindo meu nariz.
Ele ri e me pega no colo, me obrigando a abraçar sua cintura com as
pernas. Com certa dificuldade ele nos leva direto para o nosso quarto e
entramos no banheiro, tiro meu vestido e ele seu terno. Minhas pernas
doem por ter passado a noite toda com o salto alto, por isso deixo que
ele vá tomar banho sozinho antes de mim.
Enquanto estou na frente do espelho tirando minha maquiagem,
suas palavras rondam minha mente. A imagem de Noah sentado na
poltrona, nos olhando, enquanto nos beijávamos...
Viro meu rosto para o box embaçado por causa da água quente e
vejo apenas a forma do corpo largo de Liam que me faz suspirar.
― Amor?
― Oi? ― Ele abre o box, colocando a cabeça para fora e agora
parece muito pateta com os cabelos cheios de espuma que escorre
pelas laterais do rosto e apenas um olho aberto.
― Você sabe que eu... ― Pigarreio. ― Eu não estava pensando nele
quando gozei.
Seu sorriso de menino travesso se alarga.
― Eu sei que não.
Os músculos das minhas pernas doem, o suor escorre pelo meu
rosto e preciso erguer minha camiseta para o secar.
Mesmo com o frio de Austin decidi manter minha rotina de corrida
matinal e é por isso que já faz mais de quarenta minutos que estou
correndo no Paepcke Park. A neve dificulta minha corrida, mas não me
importo. Gosto da sensação que isso me traz, de ter um momento onde
minha mente fica focada apenas no vento que acerta meu corpo e na
música que explode nos meus fones de ouvido.
Já faz duas semanas que estou morando aqui e ainda não achei um
apartamento decente e por isso estou ficando na casa de Liam. E
mesmo que ele ou Ari não demonstrem estar incomodados com minha
estadia sem tempo determinado, eu sei que eles precisam de
privacidade. Eu preciso da minha privacidade.
A falta de pudor dos meus amigos também não me ajuda muito.
A primeira vez que vi os dois se beijando, quando chegamos da
festa, tive que obrigar meu corpo a se levantar e sair da sala. Fiquei tão
hipnotizado na cena que eu simplesmente não conseguia, até que se
tornou demais, meu pau já estava dolorido dentro da minha calça e
antes de fazer alguma merda que afetasse nossa amizade me obriguei
a subir as escadas e bater uma punheta como um adolescente.
Depois disso por várias vezes os peguei em cenas tão ou mais
comprometedoras. Não que me incomode assistir, o que me incomoda
é não poder participar.
Tudo bem, um grande filho da puta mesmo!
Mas é hipnotizante para caralho, ver Ari se derreter contra Liam, é
uma cena foda.
Um toque no meu braço me faz virar a cabeça para o lado,
encontrando uma loira ao meu lado. Meus olhos são imediatamente
atraídos para os seios que quase saltam para fora do top de corrida
cobertos por uma blusa de zíper.
Tiro os fones, retribuindo seu sorriso.
― Bom dia. ― Cumprimento-a.
― Bom dia, Noah. ― Seu sorriso se alarga, mas devo estar com
uma cara de confuso, porque ela ri baixo. ― Sou Tiffany. Estive na
inauguração do seu escritório.
Puxo na memória e me lembro que ela estava acompanhada do
insuportável Peter Shawn.
― Claro. Desculpe. Não sou bom fisionomista. ― Me desculpo.
Desacelero os passos para a acompanhar.
― Te vi correndo e parecia tão solitário. ― Diz manhosa, jogando os
cabelos loiros para trás.
― Gosto de correr sozinho.
― Aquele dia queria poder ter conversado melhor com você, mas
parecia muito ocupado.
― É, foi uma loucura. Você estava com Peter Shawn, não estava? ―
Pergunto apenas para confirmar.
Mas pelo jeito desejoso que me olha e os pequenos sinais, como a
mordida no lábio, a jogada de cabelo, sei que mesmo que estivesse
com ele, ela também está bem a fim de uma aventura.
― Ele me pediu para o acompanhar. ― Fala forçando uma falsa
vergonha, que eu realmente não me importo.
― Achei que fosse namorada dele. ― Comento, apenas testando-a.
Ela dá uma risada alta, chamando a atenção de algumas pessoas.
Seus dedos agarram meu bíceps para se equilibrar e suas unhas
vermelhas se afundam na minha pele levemente.
― Não! Como eu disse, estava apenas o acompanhando. ―Seus
olhos encontram os meus e meu corpo que precisa de alivio em outro
corpo, já esquenta com a visão dos peitos apertados no top. ―Está
gostando da cidade?
― Na verdade, estou passando mais tempo trabalhando do que
conhecendo a cidade. Mas o pouco que vi até agora parece muito... ―
Deixo meus olhos vagarem mais uma vez para o volume do top e
passo a língua nos lábios, sem vergonha alguma de demonstrar
interesse. ―Agradável.
De alguma forma ela mexe o braço, praticamente espremendo ainda
mais os seios.
― Fico feliz que esteja do seu agrado. ― Sua palma acaricia meu
bíceps suavemente, apertando com leveza. ― Se quiser posso te levar
para conhecer alguns lugares bem interessante.
― Um deles seria o seu quarto?
Arqueio a sobrancelha, abrindo um sorriso lascivo. Suas unhas me
apertam até que eu pare e seus peitos encostem onde ela segura. Sua
pele parece macia e quente mesmo com o pouco contato.
Seus dentes brancos e retos fisgam o lábio inferior quando ela ergue
a cabeça para me olhar.
― Hoje à noite? ― Pergunta baixo.
Penso por um minuto, tentando me lembrar se tenho algum
compromisso, mas nada me vem na mente.
Ela é linda e muito gostosa, só recusaria se estivesse muito louco.
― Claro. Me passa o seu número e nos falamos para combinar
melhor.
Entrego meu celular para ela que anota rapidamente o número e vejo
que ela faz uma ligação para ele, me devolvendo o aparelho.
― Meu celular está em casa, mas agora tenho o seu número
também. Te mando mensagem mais tarde.
A mulher se estica e me dá um beijo no canto da boca antes de sair
correndo na minha frente, exibindo uma bunda de respeito apertada
dentro da calça legging.
Abro a porta da entrada, encontrando a sala vazia. Devido ao frio o
aquecedor está sempre ligado, por isso tiro minha camiseta e limpo
meu rosto, caminhando até a cozinha para pegar um copo de água,
mas antes que eu chegue no cômodo um gemido me alcança. Paro um
momento, tentando me concentrar no som e percebo que além dos
gemidos tem de algo que conheço bem. Muito bem.
Meu cérebro me manda recuar imediatamente, porque é óbvio o que
está acontecendo ali, mas meus pés não me obedecem e me levam
até lá.
Se tem algo nessa vida que eu não sou é tímido. Principalmente
quando o assunto é sexo. Eu gosto de sexo sem pudor, ser livre para
se entregar ao prazer cru e delicioso. Já fiz de tudo o que poderia fazer
nesse quesito de orgias até apenas assistir pessoas transando.
Mas assistir meus amigos fazendo isso me parece tão errado.
Só que a cena me hipnotiza, enquanto Ari esta curvada em cima da
mesa e Liam atrás dela. Ele veste um terno e ela está usando um
vestido que está todo enrolado em sua cintura. As mãos dele seguram
firmemente a cabeça dela contra a madeira grosa e escura por isso
não consigo ver sua feição, mas pelos gemidos altos e satisfeitos ela
está tão excitada quanto ele.
Liam está com a cabeça para trás, murmurando algo que não
consigo ouvir, mas seus movimentos se intensificam, aperto a camiseta
em minha mão com mais força e Liam parece ir ainda mais forte contra
ela e então seus olhos encontram os meus.
Aprumo os ombros, pronto para que ele me xingue e me mande
embora, mas o idiota apenas sorri de lado e olha para onde os dois
corpos se conectam e meus olhos o acompanham, vendo a forma de
coração que a bunda de Ariela tem e como ela rebola contra ele. Meu
pau baba dentro da calça, dolorido.
Meu amigo urra no momento em que ergue a cabeça dela pelos
cabelos e os olhos castanhos da loira encontram os meus. Minha
mandíbula tão apertada que posso jurar que vou quebrar os dentes.
Vejo um lampejo de choque passar por eles, mas então sua boca se
abre em um grito mudo e seu corpo tremendo, gozando com o
namorado, enquanto me encara.
Viro as costas indo diretamente para o meu quarto.
Apesar da cara de menino bonzinho, Liam nunca tem vergonha
quando se trata de sexo. Pelo contrário, ele é tão permissivo nessa
parte quanto eu. A prova disso são nossas aventuras da faculdade, que
variaram de todas as formas e o filho da puta nunca fez questão de
esconder.
Mas porra, é a mulher dele!
Na noite da formatura, achei que seria mais uma para a nossa lista
infinita de mulheres que dividimos e se soubesse que os dois ficariam
juntos nunca teria me metido entre eles. Eu não sei se eles costumam
procurar aventuras a mais, se eles vão para a cama com uma terceira
pessoa, mas eu sou amigo dos dois, tenho muito apreço por ambos e
por isso essa pegação desenfreada e sem vergonha dos dois tem me
deixado confuso.
Tomo um banho gelado, me negando a bater punheta pensando na
cena que presenciei. Não farei essa merda com Liam. O respeito pra
caralho e mesmo que ele não se intimide com a minha presença
nesses momentos com a sua mulher, não me sinto à vontade para me
entregar a essa merda de tesão que sinto.

A manhã passou rápido demais, entre estudar um processo de


adoção e cuidar de outras papeladas que vieram do escritório de Santa
Mônica.
Ainda estou me adaptando ao novo escritório, mas por incrível que
pareça me sinto muito mais em casa do me sentia lá.
Mike também disse ainda estar se adaptando a ter Andrew Colleman
como sócio e isso não tem nada a ver com a sua competência, porque
quando o escolhemos, nos garantimos que ele era o melhor para isso.
Andrew tem praticamente a nossa idade e fez seu nome batalhando
tanto quanto nós dois e quando decidimos que queríamos alguém de
renome para ajudar Mike, ele foi o primeiro que pensamos. Só eu sei
quanto aquele filho da mãe arrancou da minha carteira, me fazendo
levar ele para beber em boates e como ele me fez gastar muito da
minha habilidade de persuasão até que finalmente aceitasse o cargo. O
que me impressionou muito foi o fato de que ele poderia ter pedido
para colocar seu nome junto dos nossos, mas ele não demonstrou o
mínimo interesse nisso.
O babaca do meu sócio me liga todos os dias para reclamar que
Andrew não tem o melhor humor, que vive calado e mesmo quando
eles saem para beber, o outro não faz questão de ficar por muito
tempo.
Meu telefone toca e o nome do Mike brilha na tela, atendo-o já
sabendo que não é nada importante por estar me ligando no celular.
― Com saudades? ― Pergunto, sorrindo.
― Vai sonhando! ― Retruca mal-humorado e me arrancando uma
risada. ― Como estão as coisas aí?
Enquanto eu brinco com a caneta, batendo-a repetidas vezes na
mesa, a cena de mais cedo volta à minha memória com força total.
Me forço a voltar a realidade.
― A única coisa ruim até agora é o frio.
Ele gargalha do outro lado da linha, faço uma careta mesmo que ele
não consiga ver.
― Sentindo falta de ir à praia?
― Deixa eu falar com ele, pai. ― Ouço a vozinha ao fundo e não
consigo segurar o sorriso.
Outra coisa que sinto saudades de estar em Santa Mônica, é essa
pestinha.
Ela foi motivo de muitos pensamentos mortais que eu tive com Mike,
principalmente quando ela queria brincar de maquiadora e sobrava
para mim. Mas ela também ganhou meu coração assim que chegou na
vida do idiota do meu amigo e consequentemente, na minha.
― Me deixa falar com ela, babaca.
Ouço-o bufar e então um barulho como se ela estivesse ajeitando o
celular.
― Oi, tio Noah. ― Grita animada, me fazendo rir.
― Oi, pequena. Como você está?
― Eu tô bem. Quando você vai vir pra gente ir ao parque comer
algodão doce?
Mike fala alguma coisa para ela, mas é ignorado com sucesso.
― Estou um pouco ocupado aqui, meu anjo. Mas assim que der, eu
prometo que vou e vamos passar o dia comendo algodão doce.
― Você está querendo arrumar briga com a Cecília né, Noah? ―
Mike grita.
Gargalho e ouço a risada de Lauren também.
― Será nosso segredo, não é pequena?
― Sim! ― Grita animada. ― Você sabia que o papai estava de
castigo, tio?
― De castigo? Por quê?
― Ele e o tio Miguel brigaram mais uma vez, aí a mamãe e a tia Nat
brigaram com os dois e ele ficou uma semana de castigo. ― Conta,
mas então ela fica em silêncio antes de voltar a falar pensativa. ― Mas
eu não sei qual foi o castigo dele, porque ele ainda ficou com o celular
e podia assistir televisão.
― NOAH! ― Mike grita mais uma vez, em alerta.
Minha barriga dói de tanto que estou rindo, lágrimas escorrem pelos
meus olhos.
Ah, a inocência infantil.
― Princesa, já te falei que castigo de adulto é diferente. E que você
não deveria ficar falando essas coisas para as pessoas.
Quando finalmente me acalmo, volto a falar com a pequena
faladeira.
― Continue me mantendo informado, pequena. ― Comento,
sorrindo.
― Tá bom. Vou passar para o papai. Tchau, tio Noah.
― Tchau, pequena.
A porta da minha sala é aberta e a cabeleira loira de Callie surge e
então seu rosto sorridente.
― Ah! Desculpa, não sabia que estava no telefone. ― Fala baixo,
ainda se segurando na porta.
― Tudo bem. Precisa de algo?
― Não. Só vim ver se você quer que eu peça algo para você
almoçar.
― Não se preocupe com isso, depois saio para comer. Obrigado
Callie.
Ela acena antes de fechar a porta e sair de vista.
O pigarrear do outro lado do telefone chama a minha atenção
novamente.
― Callie, hein. ― Quase posso ouvir sua risada do outro lado do
telefone, me fazendo bufar.
― Não seja idiota Mike ou vou ligar para a Cecília e prolongar seu
castigo.
― Vai se... ― Para de repente, provavelmente por Lauren estar a
sua frente.
― Você nunca vai parar de implicar com o cara?
Mike e Miguel tem um longo histórico de discussões das mais idiotas
até agressão física. O que é engraçado, porque eles não fazem
questão de esconder que não se gostam e não suportam estar no
mesmo ambiente, mas devido as mulheres que arrumaram para suas
vidas, não tem como fugir um do outro.
―Ele é insuportável. Sorte dele que Cecília e Natasha não me
deixam quebrar aquela cara feia dele. ― Resmunga, me fazendo rir,
mas logo muda de assunto. ― Conseguiu arrumar um apartamento?
― Ainda não. ― Mais uma vez a porta da sala é aberta e agora
quem entra é Liam, sem se importar por eu estar no telefone, se senta
na cadeira a minha frente, sorrindo feito um idiota. ― Mas estou
procurando. Mike, vou precisar desligar agora, nos falamos depois.
― Tudo bem. Tchau, babaca.
Desligo o telefone, colocando-o em cima da mesa. Evitando o olhar
do loiro a minha frente, volto minha atenção para o computador.
Ouço ele estralar os dedos e pela visão periférica vejo-o se remexer.
Sim, sou babaca o suficiente para o ignorar por algo que claramente
é minha culpa.
Eu sabia o que estava acontecendo na cozinha e mesmo assim fui
lá. Mesmo assim fiquei parado, os encarando como um maldito tarado.
― Vai ficar me ignorando?
― Não estou te ignorando, estou trabalhando. Aliás, você não
deveria estar fazendo isso também?
― Horário de almoço. Vim ver se você quer ir almoçar comigo.
Abro um sorriso sarcástico e finalmente o encaro, encontrando seus
olhos castanhos me olhando divertidos.
― Fico lisonjeado com o convite, mas gosto de mulher. ― Minha voz
pinga ironia e ele ri, balançando a cabeça.
― Eu também e você sabe bem disso. ― Pisca um olho para mim.
― Idiota. ― Resmungo e volto para o computador, olhando nada em
específico.
― Cara, sobre hoje...
― Vocês estavam na casa de vocês e eu não deveria ter ficado lá,
assistindo como um maldito tarado. Eu respeito você, Ariela e o
relacionamento de vocês e por isso vou pegar um quarto de hotel aqui
perto até achar um apartamento que possa me mudar o quanto antes.
― Noah! ― Chama minha atenção, me fazendo olhar novamente em
sua direção. ― Eu sei que você nunca faria nada que Ari e eu não
deixasse e se você viu o que viu, foi porque continuamos mesmo com
você lá.
Passo a mão em meus cabelos, bagunçando-os. Me sentindo
nervoso por estar falando sobre isso com ele.
― Ari ficou chateada?
Ele ri baixo, apoiando os braços na mesa e entrelaçando os dedos,
me fitando com firmeza.
― Não, Ariela não ficou chateada e muito menos brava com você. ―
Ele para e olha além de mim, parecendo ponderar algo, então seus
olhos encontram os meus novamente. ― Você lembra da noite da
formatura? ― Grulho com o assunto desnecessário, mas ele continua a
falar. ― Você sabe que Ari e eu temos um relacionamento que tem
como base a sinceridade e a confiança. Tudo o que se passa com ela,
todos os desejos dela, eu sei e vice e versa. Nunca a dividi com
homem nenhum, mesmo que ela tenha falado várias vezes que era um
desejo dela, mas ninguém era da nossa confiança para isso.
Informação demais!
Me ajeito na cadeira, sentindo o desconforto se instalar.
Não sei porque desse assunto agora, mas ele não parece se
incomodar.
― Porque está me falando isso, Liam? Não preciso saber da sua
relação com ela. ― Minha voz sai mais dura do que eu pretendia e ele
ri baixo.
― Não precisa mesmo. Mas eu confio em você, Ari confia em você.
― Liam para alguns segundos, como se quisesse me deixar digerir
suas palavras. ― Eu faço o que for preciso para fazer minha mulher
feliz e, convenhamos, qualquer aventura sexual também me deixaria
muito feliz.
― Liam...
― Você já percebeu como ela te olha? Como ela não se esconde de
você? Que ela faz questão de me beijar e me tocar quando está por
perto? ― Joga as perguntas, arqueando a sobrancelha loira. ― Você
não a deseja? Não se lembra de como é bom beijar ela?
― Eu não...
Não tenho certeza sobre o que ele quer ouvir agora e menos ainda
do que pensar.
Pela primeira vez quando o assunto é sexo, me sinto desconcertado.
O ar parece não chegar aos meus pulmões tamanho meu desconforto.
Liam tem uma tendência a voyeur, eu já sabia disso, mas isso... Isso é
surreal!
― Na próxima vez que algo como aquilo acontecer e você se sentir à
vontade e quiser participar, saiba que nenhum de nós dois vai se opor.
― Liam se levanta, sorrindo como se não tivesse falado nada demais e
dá de ombros. ― Não pense que não amo Ariela ou que estou te
oferecendo ela como um pedaço de carne qualquer. Pelo contrário. Eu
a amo tanto que a felicidade dela é a minha prioridade e os desejos
dela são os meus e eu não hesitaria em cumpri-los. E você é um deles.
― Não sei nem o que te falar Liam. Ela é sua mulher, cara. ― Digo,
passando a mão nos cabelos.
― Sim ela é, e se algo acontecer, continuará sendo. Ninguém vai
tirar ela de mim. Confio nela e no que construímos.
― Em mim também? ― Pergunto ainda atordoado.
― Claro, idiota. ― Solta outra risada baixa. ― Estou te convidando
para um ménage à trois com a minha mulher, isso não é confiança o
suficiente? ― Pergunta irônico.
Fico o encarando por um tempo, com aquele sorriso pomposo na
cara. Tentando entender tudo o que ele acabou de falar, mas meu
cérebro parece ter dado pane ou então devo estar em um sonho muito
maluco. O que não seria estranho.
Em que mundo meu amigo me chamaria para comer a mulher dele
como se fosse a coisa mais normal do mundo?!
― Não gaste seus poucos neurônios pensando nisso, Noah. ―
Chama a minha atenção, me fazendo mostrar o dedo para ele. ― Nós
já fizemos isso. A diferença é que no final de tudo, Ariela estará na
minha cama e nos meus braços. Você pode não fazer, cara, se não
quiser. Mas se sentir vontade, saiba que será bem-vindo.
O idiota pisca um olho para mim.
Vejo-o caminhar até a porta e abri-la, sem conseguir me mover,
ainda digerindo tudo.
Minha consciência gritando que isso vai dar merda.
Meu corpo praticamente implorando para que eu o arraste até sua
casa para fazermos tudo o que ele está me propondo.
― Ah, e não precisa sair da casa agora. Não deixaríamos e isso sim
deixaria Ariela chateada. ― E agora fecha a cara, em uma expressão
nervosa que quase me faz rir. O babaca me chamou para comer a
mulher dele e sorria enquanto isso, mas quando fala sobre me mudar,
ele quer ficar bravo. Vai entender. ― E como você pode ver, eu não
gosto da minha mulher chateada. Agora vamos almoçar.
No automático me levanto, apenas pegando meu celular e indo atrás
dele.
No almoço conversamos assuntos aleatórios e durante o resto do dia
ele não toca mais no assunto. Contudo, meu cérebro fica girando em
torno das palavras do meu amigo. Ainda na mesma briga entre a
consciência e o desejo.
Quando a noite chega e Tiffany me manda mensagem, dou uma
desculpa qualquer e nego o convite.
Finalmente entro no restaurante que combinei de encontrar
Alexander Dawson e o procuro por entre as poucas mesas ocupadas.
Apesar de tê-lo visto apenas uma vez, encontro-o rapidamente sentado
em uma das mesas do canto, ao lado de uma janela imensa que tem
vista direto para um parque em frente ao restaurante.
Ando até ele que se levanta ao me ver, seu sorriso é tenso e a
postura ereta me diz que ele não está muito confortável, só não sei se
é pela reunião ou pelo local. Mas foi ele quem me procurou e quem
escolheu esse lugar, então não paro para pensar muito nisso.
― Boa noite, Dawson. ― Cumprimento, apertando sua mão.
― Boa noite, Evans.
Assim que nos sentamos uma garçonete se aproxima para fazermos
nossos pedidos, peço apenas a entrada por enquanto e Dawson pede
um whisky.
Minha vontade é de pedir um também, mas por ser uma reunião
importantíssima, acabo optando por não fazer isso agora.
Alexander é um dos clientes que Callie me falou várias vezes que
era mais do que importante para conseguirmos, seu caso contra a
mulher seria fácil, pelo menos pelo pouco que consegui estudar antes
de chegar até aqui, mas preciso estar em completo alerta para o que
ele vai me contar.
― Não bebi, Noah? Posso te chamar de Noah?
― Claro, pode sim. ― Respondo, colocando as mãos na mesa e me
ajustando na cadeira para olhar para ele. ― Eu bebo sim, mas prefiro
fazer isso quando não estou em trabalho.
― Claro, claro. ― Diz, fazendo um gesto com a mão. ― Não gosto
de enrolações, por isso vou direto ao ponto. Você já deve saber que
recentemente descobri a traição da minha esposa com meu antigo
advogado...
Aceno com a cabeça.
― Sim, li algumas notícias, mas sinceramente, não costumo levar
muito a sério esse tipo de notícia rolando na internet. Nem sempre
todas as informações são verdadeiras.
A garçonete volta trazendo o copo com o whisky que ele pediu e uma
água para mim. Assim que ela se afasta o homem toma em um gole
rápido toda sua bebida e bate o copo na mesa.
Olhando para ele agora percebo a bolsa arroxeada ao redor dos
olhos, como se não dormisse há muito tempo. Seus cabelos estão
muito maiores do que nas fotos que encontrei na internet e sua barba
parece que faz muito tempo que não vê o barbeador.
O homem parece miserável.
― É, as notícias que estão rolando realmente não contam tudo. ―
Sua voz fica ressentida e ele evita meus olhos, o que me deixa em
alerta completamente. ― Descobri a primeira traição há dois anos
atrás, ela estava saindo com seu personal e quando os peguei ela
jurou que havia sido só uma vez e que não voltaria a acontecer.
Porra!
Esse cara é idiota ou o quê?
Seus olhos se erguem e encontram os meus, um pequeno sorriso de
lado de ergue em seus lábios.
― Já se apaixonou, Noah? ― Nego com a cabeça rapidamente e ele
ri, amargo. ― É uma merda. Eu não queria acreditar que a mulher que
escolhi passar o resto da minha vida estava me traindo, não queria ver
as coisas que estavam bem diante dos meus olhos.
― Vocês assinaram qual tipo de regime no seu contrato pré-
nupcial? ― Pergunto, ainda o encarando e ele desvia o olhar, me
dando a resposta sem nem falar.
É, será difícil.
Se a mulher for uma louca que vai querer arrancar até as calças
dele, vai dificultar e muito nossas vidas.
― Divisão parcial de bens. ― Murmura.
― O seu advogado não te instruiu sobre isso?
― Na época, ele até tentou me convencer de que o ideal seria o de
separação total de bens, só que eu nunca imaginaria que isso
aconteceria. Eu estava cego por aquela mulher e tudo o que eu queria
era dar uma vida confortável a ela e principalmente, a deixar saber que
eu a amava e confiava nela, ela me disse que isso seria um tipo de
prova.
Prova de que você é um idiota.
Penso em dizer, mas guardo para mim.
Em que mundo um cara como esse seria idiota a esse ponto?
Pelo que li sobre ele, Alexander assumiu o negócio da família aos
vinte e três anos de idade, logo depois de terminar sua faculdade de
administração e logo em seu primeiro ano ele já havia feito quase um
milagre na empresa, fazendo-a expandir de forma assustadoramente
rápida. Aos vinte e cinco ele já era considerado um dos homens mais
ricos de Washington, sendo destaque não só pela fortuna, mas também
pela mente excepcional que não parava de expandir e deixar a sua
marca espalhada pelo mundo.
Foi aos vinte e nove anos que ele conheceu sua mulher, Abigail
Zumach, uma repórter famosa que o perseguia constantemente, eles
acabaram se envolvendo e se casando menos de um ano. O
casamento durou cinco anos e eles eram vistos como exemplo de
casal, que muitos invejavam e a mídia os retratavam como
apaixonados e perfeitos um para o outro.
Não tão perfeitos, pelo visto.
― Eu sei que você deve estar me achando um idiota agora, eu
também me vejo assim. Mas na época, eu só queria deixá-la feliz e
confortável caso algo acontecesse.
― Não te acho um idiota. ― Na verdade, eu acho, mas meu futuro
cliente não precisa saber disso. ― Eu entendo que muitas pessoas se
esquecem de muitas coisas importantes quando se apaixonam e
acabam metendo os pés pelas mãos, mas agora o importante é
sabermos como podemos fazer o menor estrago possível.
― Abigail não facilitará. Ela está mais do que disposta a ter tudo e o
advogado que está com ela é um dos melhores que já conheci.
― Eu sou o melhor. Então, vou precisar saber de tudo para
podermos ver como proceder daqui em diante. ― Ele assente, sua
expressão derrotada melhora um pouco com minha fala. ― Me diga
uma coisa, você já havia entrado em contato com algum advogado?
― Na verdade não. Abigail ainda me liga e pede para voltar, acho
que ela ainda tem esperança, principalmente agora... ― Ele engasga e
não termina a frase.
― O que aconteceu? ― Questiono com cautela, finalmente abrindo
minha água e jogando no copo, para tomar um longo gole.
― Ela descobriu que está grávida.
Examino seu rosto, procurando algum vestígio de piada, mas merda,
ele não está brincando.
― Tudo bem. Eu preciso perguntar...
― Ela disse que é meu. Mas a gravidez é muito recente para fazer o
teste de DNA.
― Você sabe que existe um teste de DNA que pode ser feito a partir
de doze semanas de gravidez e que não há riscos para o bebê ou a
mãe, não sabe?
― Claro que eu sei, mas o médico disse ser uma gravidez de risco
então deveríamos esperar mais tempo para fazer.
― Você a acompanhou em alguma consulta?
― Ela não deixou, disse que todas as vezes que nos vemos
acabamos brigando e isso só faria mal ao bebê.
Essa mulher parece bem mais esperta do que esse cara que
construiu praticamente um império.
Homens são tão manipuláveis e idiotas, que às vezes me surpreendo
com isso.
― Vamos começar assim então, você me contará tudo o que sabe
sobre esse caso dela com o advogado e todos os outros que
descobriu, precisamos achar uma forma de provar todas as traições,
então marcaremos uma reunião com o advogado dela e tentaremos um
acordo rápido e que vá ser benéfico para os dois.
― Eu não quero nada benéfico para ela. Não deixarei nada do que é
meu para que ela aproveite com a vida de luxúria que ela quer.
― Bom, mesmo que provemos as traições, isso não anula o regime
de comunhão, então, o que podemos fazer é realmente conversarmos
e tentarmos o melhor para que isso não vá para o litigioso, porque isso
seria muito mais complicado e pode afetar a sua imagem ainda mais.
Ele assente e então passa a me contar sobre as outras traições que
descobriu, me conta que tem gravações em que a mulher se descuidou
e levou seu amante para a casa, ele mesmo juntou algumas
testemunhas.
Passamos um bom tempo conversando, parando apenas para
pedirmos nosso jantar e mesmo quando nossos pratos chegam e
começamos a comer, continuamos conversando. Faço algumas
anotações no bloco de notas do meu celular para que quando eu
chegar no escritório amanhã não perca nada.
Depois de um tempo, um burburinho alto chama a nossa atenção e
quando olho para o lado vejo uma mesa com algumas mulheres,
conversando e rindo alto enquanto bebem. Reconheço uma das loiras
como Tiffany.
Meus olhos descem pelo corpo da loira vejo como a calça jeans
agarra suas longas pernas, delineando-a lindamente e a blusa que ela
veste de gola alta é tão colada quanto a calça. Seus seios enormes se
destacando ainda mais com o tecido se esticando parecendo no limite.
Pigarreio quando volto a olhar para Dawson que parece não ter nem
prestado atenção na mesa cheia de mulher barulhentas.
A lembrança de Tiffany em suas roupas de corridas faz meu pau
ganhar vida.
A mulher é gostosa demais para o meu próprio bem e na noite de
ontem ignorei seu chamado, mas agora, consigo me imaginar fodendo-
a com força em uma das cabines do banheiro e expurgando a energia
caótica que minha conversa com Liam criou em mim.
Pego meu celular e mando uma mensagem para ela.
Noah:
Banheiro masculino. Cinco minutos.
Assim que coloco o celular na mesa de volta, olho para a loira e a
encontro com o celular em mãos e quando ela olha em volta,
procurando por mim, assim que seus olhos encontram os meus um
sorriso sedutor curva seus lábios.
Ergue a taça de champanhe que toma em um cumprimento.
Sei que ela não vai negar meu convite, sendo tão direto assim. Ela
demonstrou muito interesse para falar que não quer agora.
De repente a imagem de Ariela surge na minha mente, seus lábios
avermelhados de tanto que ela os morde enquanto pinta algo,
concentrada. Suas curvas escondidas pelo moletom largo que ela
adora usar em casa, apenas a polpa de sua bunda em exibição e as
coxas grossas roçando uma na outra...
Merda! Não posso ir por esse caminho.
Olho para o meu cliente que está concentrado em algo no seu
celular.
― Me desculpe, Noah, mas preciso ir agora. ― Ele se levanta e faço
o mesmo. ― Obrigado por enquanto e aguardo seu retorno sobre como
vamos proceder daqui em diante.
― Amanhã mesmo já te ligo. Me passe o telefone de Abigail, a partir
de agora, eu aconselho que não a contate, deixe que qualquer assunto
seja tratado entre o advogado dela e eu. Pedirei o exame de gravidez e
ultrassonografia feitas até agora também.
Ele assente e aperta minha mão, antes de sair rapidamente do
restaurante.
Guardo meu celular no bolso e sem pensar muito, sigo para o
banheiro, passando pela mesa de Tiffany. Assim que passo por trás de
sua cadeira deixo meus dedos tocarem seu pescoço e seguir para o
cabelo, afastando-os conforme continuo andando.
Ouço a risada baixa das mulheres e sons do salto alto batendo no
piso quando ela me segue.
Assim que entro no banheiro vejo que o lugar está vazio e seguro a
porta para ela, que passa por mim, roçando seu corpo
desnecessariamente no meu.
Seu sorriso sedutor expande enquanto ela enrola um fio loiro no
dedo, encostando-se na pia.
― Fugiu de mim ontem. ― Reclama com a voz manhosa.
― Tive um imprevisto, não pude ir.
― Entendo. ― Diz fazendo um bico.
Seus olhos caem pelo meu corpo e meu pau que já estava duro,
contrai dentro da cueca, sendo chamado por aqueles lábios pintados
de vermelho.
― Não tenho muito tempo. ― Falo, me aproximando com passos
largos.
Assim que meu corpo encosta no dela, praticamente se derrete em
mim, mole apenas com o leve toque dos meus dedos em sua cintura,
aperto-a contra mim, encaixando-a entre minhas pernas.
Como seria poder tocar Ariela?
Será que ela se derreteria contra mim dessa forma?
Sem deixar que diga algo ataco sua boca, beijando-a furiosamente,
desejando que por algum milagre fosse a loira endemoniada da mulher
do meu amigo e não essa que troquei poucas palavras.
Nossas línguas entram em um duelo pelo controle, sensual e
enervante. Sentindo o sabor do champanhe em sua boca enquanto ela
segura meus ombros, se apoiando quando a puxo para cima, fazendo-
a enrolar as pernas na minha cintura.
Caminho para uma das cabines e bato suas costas na porta, fazendo
o barulho ecoar pelo local, mas perdido demais no beijo para me deixar
incomodar.
O desejo de me perder no corpo pequeno e frágil dela arde em
minhas veias, esquentando-me de dentro para fora. Minhas bolas
pesam com o desejo de me aliviar e é só isso que preciso agora, foder
toda essa luxúria fora de mim.
― Oh... Eu... Eu não posso, Noah...
Paro de a beijar, afastando um pouco meu rosto do dela quando
murmura. Encontro os olhos pesados de desejo, os dentes brancos
castigam os lábios vermelhos e ela sobe os dedos para o meu
pescoço, acariciando-o, arrepiando todos os pelos do meu corpo com o
toque.
― Porque? ― Pergunto com a voz rouca.
Desço minha boca pela sua mandíbula, deixando beijos molhados
até seu pescoço, mordendo-a e lambendo todo o local que meus
dentes cravam.
― Tem que ser rápido, estou com minhas amigas.
― Então não vamos enrolar.
Ela solta uma risadinha baixa quando solto sua perna e a viro de
costas para mim, seu rosto ficando pressionado contra a porta
conforme meus dedos deslizam até sua calça, abro o botão e a abaixo,
junto com a calcinha de renda minúscula.
Mordo meu lábio quando outra cena invade minha mente. Uma Ariela
segurando seu moletom erguido, me dando a visão da bunda redonda
que engole um fio de renda vermelha, deliciosamente.
Abro a minha própria calça e pego uma camisinha, vestindo meu pau
e sem precisar de muito estimulo, invado o corpo da mulher a minha
frente.
Ela está tão molhada que não encontro dificuldade nenhuma.
Os gemidos da mulher são estridentes, por isso cubro sua boca com
a mão, abafando-os enquanto a fodo com força, buscando nossos
orgasmos.
― Ah... Issooo... ― Geme abafado contra minha mão.
O fato de estar aqui, dentro de uma mulher gostosa para caralho,
que me deseja e que não é casada com um amigo meu deveria ser
motivo o suficiente para me fazer aproveitar, mas meu corpo
simplesmente não consegue se entregar.
Encosto minha testa em suas costas, sentindo o suor escorrer pela
lateral do meu rosto com o esforço que faço. Nossas respirações tão
alteradas que se misturam com os sons dos nossos corpos se
chocando e os gemidos abafados da loira, mas por razões diferentes. A
minha é por estar me esforçando para terminar o que comecei, mesmo
me sentindo um pouco arrependido disso.
Cada vez que Ariela surge na minha cabeça eu bato ainda mais forte
dentro de Tiffany, seu corpo pequeno tremendo a cada invasão, minha
mão alcança sua boceta, em busca do seu clitóris. Meu polegar
pressiona o botão inchado, faço movimentos circulares, sentindo suas
paredes apertarem meu pau dentro dela.
Logo ela está convulsionando contra mim, suas pernas tremem e
então estou gozando na camisinha também.
Assim que meu corpo se recupera do orgasmo rápido, saio de dentro
dela, fazendo-a estremecer mais uma vez.
Pego um pouco de papel higiênico em um canto da cabine e a limpo
com cuidado, sentindo-a estremecer com o contato. Quando termino
ela sobe sua calcinha e sua calça e eu me ajeito também.
Sua mão alcança meu pescoço e ela deixa em um beijo no canto do
meu lábio.
― Podemos ir para a minha casa, o que acha? ― Sussurra a
pergunta.
Abro um sorriso forçado, tentando manter minha expressão
satisfeita.
― Hoje não dá. Mas podemos combinar algo outro dia.
― Te mando mensagem amanhã então.
― Ok.
Concordo e saímos do banheiro, ela me puxa para me dar um
selinho uma última vez antes de voltar para a mesa com suas amigas e
eu saio do restaurante. Vou direto para o meu carro, sentindo a
irritação me corroer.
Que merda eu tinha na cabeça?
Nunca precisei usar ninguém para qualquer coisa que fosse, menos
ainda para tirar alguém da cabeça. Agi por impulso quando mandei a
mensagem para Tiffany, mas depois tive tempo para contornar a
situação, mas por alguns minutos parecia que poderia me ajudar.
Mas não ajudou.
Pego meu celular no bolso e abro o contato de Liam.

Noah:
Você é um idiota.
Liam:
Posso saber o motivo dessa mensagem
carinhosa à essa hora da noite?
Noah:
Não. Só saiba que eu você é um idiota.

Largo o celular no banco ao lado.


Realmente, Liam é um filho da puta idiota. A culpa é dele de eu estar
sentindo isso.
Se ele não tivesse falado nada eu nunca teria imaginado Ariela como
algo além de mulher do meu amigo, mas agora que esse babaca falou
sobre transarmos com ela, a porra da imagem da loira conosco tem me
atormentado.
Então, tudo bem, a culpa da merda de hoje não é minha. É de Liam e
eu vou socar a cara dele por isso assim que possível.
Passei o dia todo ansioso para finalmente chegar em casa e ver
minha mulher.
Odeio passar um dia todo longe dela, mesmo conversando por
mensagem. As vezes sei que sufoco Ari com meu jeito carente e
meloso, ela já teve que brigar várias vezes comigo por não querer
largar dela.
É até meio doentio essa necessidade que sinto de estar sempre ao
seu lado, tocando-a de preferência, e antes de começar na
Evans&Carter eu trabalhava home office, por isso estava acostumado a
sempre que sentisse saudades poder ir atrás dela e ter uma pequena
dose da minha mulher.
Entro em casa sendo recebido pelo silêncio e caminho direto para o
meu quarto, já me desfazendo da gravata que me sufocou o dia todo.
Vejo que Ariela também não está aqui e como não ouço o barulho do
chuveiro, já sei onde a encontrarei.
Vou para o banheiro, tirando minha roupa e tomo um banho quente e
rápido. O dia foi estressante e sei que apesar de ajudar, o banho não
irá me relaxar completamente. Depois de me secar e vestir uma cueca
e calça de moletom cinza, saio do quarto e vou direto para o quarto
onde fizemos o estúdio de pintura.
Sei que quando Ariela está lá, ela perde completamente a noção do
tempo, se entregando ao que tanto ama e deixando até mesmo de
fazer coisas básicas, como comer ou beber água.
Abro a porta e como esperado, a encontro sentada em um banco no
meio quarto, em frente à uma tela que tem sua total concentração. Um
pano branco está forrando o chão de mármore escuro e outros quadros
finalizados estão encostados na parede e até na mesa onde fica o
notebook que ela usa.
Me perco na visão perfeita que ela é. Usando apenas um moletom
branco maior que ela, seus cabelos em um coque bagunçado. Seus
dentes mordem com força o lábio inferior e as sobrancelhas bem-feitas
estão vincadas, o corpo ereto deixando a bunda empinada que está
praticamente coberta pelo moletom, deixando apenas uma parte a
mostra.
Minha boca chega a encher d’agua com a imagem.
Pigarreio chamando sua atenção e ela imediatamente virar a cabeça
para me olhar, por um momento ela parece assustada, mas logo um
sorriso largo se abre em seus lábios bonitos. Meu corpo rapidamente
responde ao calor que seus olhos castanhos refletem.
― Não te ouvi chegar. Está aí há muito tempo? ― Ela pergunta, se
levantando, soltando o pincel no chão.
― Não, fui tomar um banho e imaginei que estivesse aqui, vim te dar
um beijo. ― Falo, dando alguns passos para encontrar com ela, que
espalma as mãos no meu peito e ergue o rosto para me olhar. Deixo
um beijo casto no bico fofo que ela faz. ― Como está o quadro novo?
― Não está. ― Faz um muxoxo, olhando por cima do ombro. Olho
na mesma direção vendo que ela fez pouca coisa até agora. ―Emmy
me ligou hoje, finalmente temos a data da próxima exposição e me
animei tanto com a ideia que achei que conseguiria um quadro novo,
mas não está rolando.
Acaricio os fios loiros, sentindo o cheiro de morango que eles têm.
Ari adora o que faz, se entrega de corpo e alma a tudo o que se
propõe a fazer e quando acontece de ela não conseguir, acaba se
frustrando.
―Está muito próximo?
― Será no início de janeiro. ― Olho para ela com sua fala,
arqueando a sobrancelha. ― Vai dar tempo de fazermos nossa
pequena viagem para o chalé, só precisarei correr um pouco com as
coisas burocráticas quando voltarmos. Os quadros já prontos serão
expostos, junto com os de Emmy e outros artistas.
― Então não se cobre, amor. Você já tem vários que estão perfeitos
e se não rolar mais um até lá, não precisa se frustrar. ― Digo, ainda
afagando seus cabelos quando ela volta a me olhar. Os olhos um
pouco triste, mas um pequeno sorriso nos lábios. ― O que acha de
pedirmos algo para comer e assistir alguns episódios de Friends?
E rápido assim a tristeza vai embora.
Se tem algo que melhora drasticamente seu humor além de pintar, é
assistir a série dos seus amigos mais improváveis e engraçados.
― Eu acho que será ótimo. Vou tomar um banho enquanto você
pede, pode ser? ― Questiona já se afastando.
― O que você quer?
Saio atrás dela, entrando no nosso quarto no momento em que
Ariela já está tirando o moletom. O vislumbre do seu corpo esguio dá
uma guinada no meu pau, me deixando imediatamente duro.
― Pode ser comida árabe, daquele restaurante que a gente gosta.
― Grita do banheiro e de repente sua cabeça aparece na porta,
quando já estou com o celular em mãos. ― Será que Noah gosta?
Quando ela pergunta sobre ele, lembro que tenho que contar sobre a
nossa conversa. Não sei o que Noah achou do que disse para ele, se
me achou um idiota por falar em transarmos os dois com a minha
namorada, mas conheço-o suficiente para saber que ele está digerindo
a conversa e que não tomara nenhuma atitude se não se sentir
confortável.
Ariela sempre me disse que o achava bonito e em algumas
conversas, confidenciou que queria saber o que aconteceria na nossa
formatura se ele não tivesse ido embora. E depois que ele chegou
percebi os olhares nele e em como ela estava gostando tê-lo assistindo
algumas vezes ou apenas nos ouvindo. Perguntei várias vezes se ela
queria que ele participasse e enquanto ela se desfazia em orgasmos
intenso só gritava que sim.
― Sobre ele... ― Coço a nuca, tentando achar as palavras e solto
uma risada nervosa. Seus olhos se estreitam quando ela sai do
banheiro, cruzando os braços.
― O que foi, Liam? Ele está bravo? Achou ruim o que aconteceu
hoje cedo? Eu não queria...
― Amor! ― Chamo sua atenção, vejo-a soltar um suspiro. ― Tive
uma conversa com ele hoje.
― Conversa? ― Pergunta confusa, me encarando com as
sobrancelhas franzidas.
― É. Sobre...
― Ah, não! Não, Liam! O que ele vai pensar de mim? Como vou
encarar ele agora? E se ele me achar uma vadia louca que não se
contenta com um homem? E se ele achar que eu estou...
Me aproximo dela a passos longos e solto uma risada baixa, seguro
seu rosto entre as mãos e dou um selinho, calando-a.
― Me escuta ok? ― Ela assente, me olhando nos olhos com cautela.
― Eu falei para ele que era algo que nós dois queríamos, que
confiamos nele para isso. Deixei claro para ele que confio em você e
você em mim, que todas as decisões são tomadas por nós dois e que
se algo acontecer não afetara nosso relacionamento.
― E o que ele disse? ― Pergunta, ainda incerta.
― Acho que ele ficou em choque. ― Dou risada e ela morde o lábio,
segurando o sorriso. ― Sei que ele vai pensar muito no que eu falei.
Noah gosta muito de você, na verdade, ele te adora, sei disso e por
isso ele vai querer ter certeza de que você estará confortável. E eu
também, não vou deixar nada acontecer se...
― Eu quero! ― Me corta rapidamente e seus olhos se acendem com
um fogo surpreendente.
Me abaixo um pouco, apenas para segurar em suas coxas, puxando-
a para o meu colo e suas pernas se enrolam no meu quadril
imediatamente e os braços em meu pescoço. Mordo seu queixo com
cuidado e ela solta uma risadinha ansiosa. Ando até o banheiro, a
coloco sentada no balcão da pia e ela solta um resmungo pela pedra
fria. Minhas mãos apertam sua cintura fina com força, deixando-a ainda
colada em mim.
― Você tem certeza? Posso falar para ele que mudamos de ideia.
― Como você se sente com isso?
Minha boca desliza pela mandíbula delicada, deixando beijos
molhadas. Seu gemido baixo ecoa pelo banheiro e meu pau pulsa
dentro da calça.
― Vou gostar de te ver gozando com nós dois. ― Mordo sua
bochecha pontuando minha fala e levo minha mão para o seu peito nu,
acariciando-o. ― Vou gostar de te ver sendo tomada e levada ao seu
limite. ― Brinco com o bico já rígido. ― Vou adorar assistir você
completamente entregue a tudo o que poderemos fazer com você.
― Oh... Liam... ― Geme quando giro seu mamilo entre meus dedos.
― Você vai dar conta amor? Vai dar conta de ter dois paus dentro de
você?
― Eu não... Não... sei...
Deslizo minha língua pelo seu pescoço, sentindo o sabor leve de
suor misturado ao natural dela. Meus dedos puxam o mamilo e o
apertam ainda mais para em seguida acariciar com a palma da minha
mão quente.
― Vai! Você vai! Eu sei que vai! Sabe porquê? ―Sua cabeça
balança negando, os olhos quase fechados pelo tesão e a boca aberta,
soltando sons indecifráveis junto dos gemidos. ― Porque você é uma
boa menina e quando estivermos te comendo vai pedir por mais até
estar completamente esgotada.
Ariela se esfrega em mim desavergonhadamente, seu corpo
implorando por libertação.
Abaixo minha cabeça apenas para alcançar seu mamilo, arranhando
meus dentes nele para em seguida sugar para dentro da minha boca.
Sentindo a textura deliciosa contra a minha língua conforme faço
pressão, mamando-a com força.
Os orgasmos de Ariela sempre vieram com facilidade, seja por
estímulos apenas nos seios ou o contato direto com sua boceta, isso
só me fazia querer arrancar tudo dela, por isso quando ela grita e seu
corpo estremece, não me impressiono com a rapidez. Aperto o peito
com a mão enquanto continuo chupando o outro, fazendo com que seu
orgasmo dure mais.
Aproveitando sua distração, tiro meu pau de dentro da calça e puxo
sua calcinha para o lado, foi a única peça que ela deixou
anteriormente, e a invado rapidamente. Batendo contra ela tão fundo
que um gemido rasga minha garganta e preciso me segurar nela
quando minha visão escurece por alguns segundos.
É sempre uma sensação nova estar dentro dela, mesmo depois de
tanto tempo.
― Ohhh... Liam...
― Sim, amor... sim, porra... Isso é uma delícia... ― Rosno entre os
gemidos.
A cada investida para dentro dela sinto minhas bolas batendo contra
sua bunda, e o prazer vai me consumindo cada vez mais, me deixando
em completo êxtase. Suas unhas fincam em meus ombros em apoio e
a picada de dor eleva ainda mais o tesão desenfreado.
Me concentro apenas em seus gemidos e no aperto em torno do
meu pau. E quando uma formigação na minha espinha me alerta de
que estou perto, enfio minha mão entre nós dois para alcançar seu
clitóris, apertando-o e fazendo movimentos circulares.
Sua boceta se contra como se estivesse mamando em meu pau,
querendo tudo que posso dar a ela e logo estamos os dois gemendo
alto e gozando. Nossos corpos suados tremem um contra o outro.
Ela encosta a cabeça no meu ombro, respirando pesadamente.
Mesmo sem vê-la consigo sentir o sorriso satisfeito em seu rosto.
Acaricio os cabelos macios que agora grudam em suas costas, ainda
dentro dela, enquanto nossos corpos se acalmam.
― Amor. ― Chamo-a recebendo apenas um resmungo em resposta.
― Eu não sei se fiz certo em falar com Noah ― Sua cabeça levanta
rapidamente, me encarando com o cenho franzido. ― Calma! Não
quero dizer que estou arrependido. É que apesar de termos falado
sobre isso algumas vezes, agora que está para acontecer, preciso ter a
certeza de que você quer e desde que Noah veio para cá e eu falei
sobre isso, você parece... incerta.
― Não estou incerta. Eu só...
― Só?
― Acho que quando era uma fantasia, era tudo simples, eu gostava
de imaginar. Mas e se isso afetar nós dois? Quer dizer, eu confio no
que temos só que... ele é seu amigo. Quero que seja sincero, você está
bem com isso?
― Ari...
― Não diga que sim, apenas por mim ok? Quero saber de você.
Seguro seu rosto forçando-a me encarar.
― Eu confio no que construímos até aqui. Confio em Noah e
principalmente, confio em você. Esse desejo de termos outra pessoa
com a gente não é só seu. Eu quero também. ― Digo firme para que
me entenda finalmente. ― Eu não sei como será depois, mas sei que
eu não deixaria nada ficar entre nós dois e que destrua minha amizade
com Noah. E sei que ele também não faria nada para nos deixar
desconfortável ou para te magoar.
Ela assente, seus olhos castanhos piscando lentamente como se
entendesse minhas palavras. Então lentamente um sorriso travesso se
abre em seus lábios, conforme suas palmas alisam meu peito nu.
― Então eu posso brincar um pouco com o nosso amigo? ―
Pergunta em um tom de voz manhoso.
Não consigo segurar a risada.
Ah, meu amigo, agora estou com dó de você.
― Vai me usar para isso?
― Sem dúvidas! ― Responde rápido, me fazendo rir de novo. ― E
sem você também.
Seus dentes brancos mordem o lábio inferior e a cara de safada que
ela faz me deixa com a certeza de que sim, meu amigo vai ceder a isso
tão rápido que nem ele entenderá como.
― Você não vai facilitar para ele não é mesmo?
Seus cabelos balançam quando ela nega sorrindo.
Tiro de vez minha calça e cueca. Pego-a no colo novamente e levo
direto para a ducha.
― Prometo que vou deixá-lo maluco, amor. ― Ela diz rindo sem
vergonha.

Depois do banho visto outra calça e uma camiseta e Ari veste um


moletom enorme dos que ela adora usar em casa. Pedimos a comida
árabe que ela queria e optamos por ficar na sala, por isso agora
estamos esparramados no sofá assistindo ao episódio de Friends em
que Monica e Rachel perdem o apartamento para seus outros dois
amigos, Chandler e Joey.
Já assistimos tantas vezes essa série que eu já sei tudo o que vai
acontecer, mas Ari assisti como se fosse sempre a primeira vez. Suas
risadas são altas e incontroláveis, seu corpo chacoalha acompanhando
o som e eu fico hipnotizado na cena.
― Ninguém está ouvindo a campainha tocar? ― A voz de Noah
troveja atrás de nós e só então me dou cota do barulho da campainha.
Sinto o corpo da minha mulher retesar e relaxar em seguida, como
se apenas a voz dele tivesse algum controle sob seu corpo.
― Na verdade, não ouvimos. Estávamos distraídos. ― Ari responde
já se levantando, mas Noah faz um sinal com a mão e vai para a porta.
Vejo-o receber a comida e trocar algumas palavras com o
entregador.
Quando retorna coloca as sacolas na mesa de centro, seu olhar se
ergue e para em Ariela que está com um largo sorriso no rosto que é
retribuído.
― Estão com muita fome, hein. ― Provoca, rindo.
Seus ombros parecem tensos, mas sua voz é branda, como se não
quisesse demonstrar. O que não me surpreende, Noah nunca gostou
de demonstrar muito do que sente, a não ser que seja sua alegria e
seu tesão. Esses dois ele nunca fez questão de esconder.
― Pedimos bastante porque íamos chamar você. Gosta de comida
árabe? ― É Ari quem pergunta.
― Gosto, mas não quero atrapalhar...
― Você não atrapalha. Senta aqui.
Minha mulher bate no sofá ao lado vazia dela, fazendo Noah me
olhar rapidamente, mas pensando rápido ele opta pela opção mais
segura que é se sentar na poltrona a nossa frente, isso só faz a loira rir.
Ela se levanta e o moletom não é grande o suficiente para cobrir
suas coxas, acaba abaixo da sua bunda e sabendo disso, ela passa na
frente dele rebolando mais do que necessário e quando ela some na
cozinha, não consigo mais segurar a risada, recebendo um olhar feio
do meu amigo.
― Seu filho da puta, que porra...
― Eu não estava mentindo quando disse que ela estava querendo...
― Paro, fingindo pensar e abro um sorriso irônico. ― Apimentar as
coisas.
― Liam, ela é sua mulher. Vocês estão praticamente casados. Eu
não posso, cara.
― Tudo bem, então lide com ela. ― Dou de ombros.
Ele suspira e se encosta na poltrona, jogando a cabeça para trás.
―Como você consegue pensar nisso como se fosse normal?
― Porque é, cara. Minha mulher quer transar comigo e um outro
cara, eu quero isso também e estamos os dois em acordo que seja
você. ― Esclareço, dando de ombros. ― Você está fazendo isso ser
muito mais do que é.
― Muito mais do que é? Cara, isso não está...
Sua fala é cortada quando Ari entra na sala segurando pratos e
talheres, ela para em frente a poltrona de Noah e se curva um pouco
para colocar as coisas na pequena mesa de madeira escura, pego o
olhar do meu amigo para a bunda que deve estar a mostra.
Espero sentir algo ruim com a cena, mas a única coisa que consigo é
sorrir. Meu amigo olha para mim e vejo o desespero em seus olhos, o
que faz meu sorriso se alargar.
― Não consegui trazer tudo, vou pegar os copos e vocês dois, façam
o favor de desembalar tudo.
E como dois bons homens que não querem perder o pau para uma
loira que pode ser muito maldosa, começamos a desembalar toda a
comida quando ela volta para a cozinha.
― Eu não sei, tá legal? Eu ainda não estou certo sobre isso, por isso
vou pensar e deixo você saber quando decidir algo.
― Tudo bem. ― Assinto. ― Mas você já viu que ela não vai te deixar
pensar muito né?
Ouço-o suspirar e trocamos olhares rápidos, antes de sermos
interrompidos por Ariela que surge e volta a se sentar do meu lado,
colocando três taças e uma garrafa de vinho na mesa.
Em silêncio nos servimos e começamos a comer, voltando nossa
concentração para a série. Noah se diverte tanto quanto Ari com a
série. E parece estranhamente certo esse momento.
Considerava meu relacionamento completo, nunca senti falta de
nada e ainda não sinto, mas estarmos os três aqui, agora, bebendo e
rindo de cenas bobas de uma série antiga, é como se estivéssemos
vivendo para chegarmos a esse momento. Claro que eu não ache que,
se acontecer o sexo entre nós três, será de longa duração, mas tenho
a certeza de que enquanto durar valerá a pena.
Pego meu celular e vejo que são quase meia noite, o cansaço do dia
já está tomando conta do meu corpo, então puxo a cabeça de Ari para
perto e deixo um beijo casto em seus lábios.
― Estou indo deitar, você vem? ― Sussurro.
― Vou terminar de assistir aqui e vou daqui a pouco.
Assinto e me levanto, dou um boa noite para Noah que me responde,
mas os olhos concentrados na série nem piscam. Subo para o meu
quarto e me deito.
O sono vem rápido demais.
Não sei quanto tempo eu durmo, mas ouço a porta do quarto se abrir
e olho na direção, encontrando Noah trazendo Ariela completamente
apagada no colo.
Assim que percebe que estou acordado ele estaca no meio do
quarto, me encarando incerto.
― Ela dormiu e parecia desconfortável no sofá.
Puxo o edredom branco ao meu lado para que ele a coloque ali e ele
vem, com passos lentos, quase com medo da minha reação. É
engraçado ver Noah agir assim, mesmo depois das nossas conversas.
Apoia um joelho no colchão e com cuidado coloca o corpo pequeno
ao meu lado, Ari resmunga algo e então se vira para mim, jogando
perna e braço em meu colo, me abraçando como um bicho preguiça.
Os olhos de Noah não perdem o movimento dela e pela posição sua
bunda está a vista e vejo a luta nos olhos dele para não encarar a pele
nua.
― Boa noite, amor. ― Ouço-a ronronar e se esfrega em mim,
procurando uma posição melhor.
― Boa noite, amor. ― Respondo ainda olhando meu amigo.
Percebendo que passou algum tempo parado nos olhando, ele
pigarreia e se afasta.
Noah para na porta do quarto quando eu falo.
― Obrigado por trazer ela. Boa noite, Noah.
― Boa noite, idiota.
Dou uma risada baixa para não acordar Ari. Então ele sai e eu
abraço o corpo da minha mulher, me entregando ao sono rapidamente.
Acordo sentindo falta do calor corporal de Liam e passo a mão pelo
colchão confirmando que ele não está.
Solto um suspiro e me espreguiço na cama, lembrando da noite
anterior. Nossa conversa sobre Noah e depois nós dois assistindo a
série sem Liam, não trocamos muitas palavras, apenas sobre os
episódios que assistimos e acabei dormindo. Não me lembro de como
vim parar na cama, mas o pensamento de que o moreno me trouxe me
deixa quente.
Agora que tenho carta branca para brincar com Noah, vou fazer o
que puder para o provocar. Sei que preciso ir com calma, que se eu o
atacar de uma vez, ele provavelmente correrá para os chalés das
montanhas, por isso preciso pensar com calma no que fazer, mas sei
que não vou parar até ter os dois homens na minha cama. Nem que
seja apenas por uma noite.
Me levanto e vou para o banheiro, tiro meu moletom e vou para a
ducha, tomar um banho quente. Sinto a água escorrer pelo meu corpo
me despertando e relaxando meus músculos. Perco um tempo lavando
meus cabelos e me esfregando com calma.
Sei que Liam deve estar no escritório agora e enquanto escovo meus
dentes decido fazer uma visita para ele, antes de ir até a galeria ver
como estão as coisas. Seco os cabelos e os deixo soltos.
Emmy e eu, nos juntamos com Samanta, uma amiga que
conhecemos aqui e abrimos a galeria faz pouco tempo, mas nos
envolvemos o menos possível nas questões mais burocráticas,
deixamos para Samanta essa parte e Liam cuida da parte judicial. Eu
amo a nossa galeria, a deixamos como nós três gostamos, mas prefiro
estar ao redor dos meus pinceis, suja de tinta do que quebrar a minha
cabeça com contratos e papeladas que eu mal entenderia o primeiro
parágrafo.
Escolho vestir uma calça térmica por baixo da calça jeans, uma blusa
branca de lã de gola alta, um casaco sobretudo que vai abaixo dos
meus joelhos e calço uma bota branca de salto alto. Antes de sair do
quarto pego minha bolsa e guardo meu celular nela.
Saio do quarto e assim que encosto a porta do meu quarto, outra se
abre e Noah sai vestido em seu terno preto costumeiro.
Por alguns segundos me permito o observar em silêncio, reparando
no quão lindo ele fica com os cabelos penteados para trás, mas que eu
sei que não ficarão assim por muito tempo, as feições bem marcadas
pelas sobrancelhas grossas e os olhos escuros e profundos. Seus
lábios cheios e o nariz afilado fazem o conjunto perfeito e meu ventre
se contrai apenas com a cena.
Desço meus olhos vendo os ombros largos e o peito firme marcado
suavemente pela camisa preta, e eu sei que ele é bem definido ali...
― Bom dia. ― A voz rouca chama a minha atenção e preciso piscar
algumas vezes ao voltar o olhar para o rosto dele.
― Bom dia, Noah. ― Abro um sorriso para ele. ― Achei que já
estivesse no escritório.
―Fui correr e acabei perdendo a noção do tempo. Estou indo para lá
agora.
Pela primeira vez, desde que o conheci, ele parece estar
desconfortável o que só faz meu sorriso ampliar.
Uma ideia brilha no fundo da minha mente.
― Estava indo para lá também e depois iria para a galeria. O que
acha de tomar um café em uma cafeteria que tem aqui perto?
Vejo-o esconder as mãos nos bolsos da calça enquanto parece
ponderar se aceita ou não, mas não o deixo pensar muito, com passos
decididos me aproximo e enrosco meu braço no dele, puxando-o para
a saída de casa.
― Ah, vamos lá. É só um café da manhã e não sexo matinal... ―
Argumento e sinto seu corpo retesar quando finalizo a frase em voz
baixa. ― Por enquanto.
Não seguro a risada ao notar que ele para no meio das escadas e
me olha com aqueles olhos quase negros.
― Ariela! ― Adverte.
― O que? ― Pergunto em tom de inocência, piscando os cílios
repetidas vezes para enfatizar.
Noah apenas balança a cabeça e esconde um sorriso quando abaixa
a cabeça.
Saímos de casa e vamos para a garagem na lateral da casa, quando
ele para ao lado do seu carro e abre a porta, me olhando.
― Você vem comigo ou vai no seu carro?
Penso por alguns segundos, mas não muito também. Vou para a
porta do carona sorrindo para ele.
― Vou com você e depois peço um carro no aplicativo para ir para a
galeria ou pego o do Liam.
Dou de ombros e me sento no banco, passando o cinto e Noah faz o
mesmo. Logo o ronco do motor ecoa pelo ambiente fechado e então
estamos nas ruas cobertas pela neve fina que cai.
Eu amo esse clima natalino, das ruas enfeitas com luzes pisca e
outros enfeites e a neve só deixa ainda mais lindo. Esse foi um dos
motivos pelo qual escolhemos Aspen para morarmos.
― Onde fica a cafeteria? Ainda não estou muito familiarizado com
tudo.
Olho para ele, encontrando-o concentrado na rua, suas mãos
apertando o volante com mais força do que o necessário. Franzo o
cenho sem entender o motivo, mas me obrigo a responder.
― A cafeteria fica na mesma rua da Evans&Carter. É a única por ali
e tem o melhor donuts de chocolate.
― Sei qual é, Callie é meio viciada nesses donuts, mas não sou
muito chegado. ― Dá de ombros.
Arfo e levo minha mão ao peito, fingindo choque, com a boca aberta.
― Meu Deus! Você é um E.T ou coisa assim?
― O que? ― Pergunta rindo, me olhando de soslaio.
― É, isso mesmo. Porque só isso explicaria alguém não gostar de
donuts. ― Balanço a cabeça enfatizando.
Noah joga a cabeça para trás rindo alto e o som rouco ecoa pelo
carro e parece vibrar pelo meu corpo também, aquecendo-me de
dentro para fora.
Estranho minha reação. Até hoje o único que teve algo tão forte
assim vindo de mim, mesmo que apenas com uma risada, foi Liam.
Mas não me deixo pensar muito sobre isso.
― Quer dizer que eu não sou uma pessoa normal se não gostar de
donuts?
― Isso aí! ― Quase grito, batendo palmas e ele continua rindo,
balançando a cabeça.
Só percebo que chegamos quando ele desliga o carro, nem mesmo
reparei que ele havia estacionado. A fachada da cafeteria é simples,
mas muito bonita. Toda branca, com duas árvores pequenas de flores
muito bonitas, que eu não faço ideia do nome. As portas duplas são
brancas também e tem detalhes em vidro que nos dá a visão do
ambiente tão clean quanto a parte de fora.
Desço do carro um pouco depois de Noah e quando chego na
calçada onde ele está parado, sinto sua mão grande recostar na minha
lombar, um choque começa no local e corre por toda a minha espinha.
Ergo a cabeça para olhar para ele e o encontro me olhando, com o
cenho franzido e a boca em uma linha fina, parecendo tentar entender
sua própria atitude.
Sinto-o me empurra levemente, me obrigando a andar e entrar no
local, que tem poucas pessoas sentadas nas mesas. O ambiente é
todo iluminado pelas janelas laterais e das luzes de led do teto, as
mesas espalhadas estrategicamente afastadas umas das outras dando
privacidade aos clientes e um balcão de mármore branco e dourado
onde muitas coisas gostosas estão expostas.
Me viro de lado, encostando-me na lateral do corpo de Noah,
olhando para a mandíbula endurecida.
― Ei, quer se sentar em uma mesa ou no balcão?
― Ari ― Pigarreia, e então seus olhos escurecidos encontram os
meus quando ele murmura. ― Você não pode ficar tão perto assim de
mim. Muito menos em público.
Só então percebo o que fiz e olho ao nosso redor, reparando que
ninguém está prestando atenção na gente, mesmo assim me afasto.
― Desculpa. ― Digo, prendendo uma mecha do meu cabelo atrás
da orelha.
Sua mão volta a me tocar e ele me leva para uma das mesas ao lado
de uma janela. Assim que nos acomodamos, um dos homens que
estava atrás do balcão vem até nós.
― Bom dia, querem já fazer os pedidos? ― Pergunta, solicito.
Nem preciso olhar o cardápio para saber o que vou pedir, já que
sempre que venho peço a mesma coisa.
― Eu quero donuts de chocolate e um café mocha. E mais dois
donuts, um mocha e um duplo para a viagem.
― Eu quero um expresso. ― Noah fala, enquanto seus olhos
passeiam pelo cardápio.
― E um donuts de chocolate para ele também. ― Digo rapidamente,
recebendo um olhar de Noah, sorrio para ele tomando o cardápio da
sua mão.
― Ok, já trago os pedidos. Os dois cafés para a viagem você prefere
que eu traga agora ou quando estiver saindo? Para os levar quente.
― Quando estivermos indo embora, obrigada.
Ele assente, retribuindo meu sorriso.
Volto a olhar para o moreno a minha frente e sua pele bronzeada
parece brilhar sob os poucos raios solares que chegam até ele, o
homem é simplesmente lindo. De uma forma mais bruta do que Liam,
mas ele é, sem dúvidas, uma bela visão aqui.
― Não acha que é muito chocolate para consumir logo de manhã?
Dou de ombros, rindo baixo. Meu lábio inferior sendo mastigado
pelos meus dentes conforme sinto uma leve tensão ao me dar conta de
que eu não me lembro da última vez em que estive sozinha com ele
assim, por tanto tempo e sem termos outra coisa para nos distrair.
― Você está me julgando, Noah Evans? ― Semicerro os olhos em
sua direção.
― Longe de mim. ― Diz rindo, suas mãos se levantam em rendição.
Nossos pedidos chegam e o cheiro delicioso do meu amado Mocha
faz meu estomago roncar. Assim que o garçom se afasta depois de
agradecermos, tomo um gole, sentindo o sabor delicioso do café e do
chocolate queimando minha língua, mas então coloco a xícara na mesa
e volto meu olhar para o homem que está me olhando fixamente.
― Vamos lá, E.T, morda um pedaço desse donuts e me diga se não
é a oitava maravilha do mundo. ― Incentivo-o e ele ri, negando.
Ele pega o donuts de chocolate cheio de granulado por cima e tão
recheado que é até difícil de morder. A primeira mordida é lenta e ele
mastiga, demorando tempo demais e quando fecha os olhos, quase
posso jurar que está fazendo isso apenas para me deixar ansiosa.
Bato minhas unhas na mesa, esperando a paciência do
engraçadinho que ainda está mastigando. Bufo.
― Noah. ― Resmungo.
Quando ele me olha um sorriso curva seus lábios e ele engole,
acompanho o movimento da sua garganta e até isso é sexy nesse
homem.
― Tudo bem, não é horrível.
― Não é horrível? Pelo amor de Deus, me faça o favor de achar um
apartamento e sair da minha casa. ― Bato minha unha na mesa
enquanto ele finge espanto. ― Eu não posso abrigar uma pessoa que
diz “não é horrível” para esse donut maravilhoso. Isso é quase um
crime.
Mordo o meu próprio doce, quase com raiva, enfatizando minha fala
e ele gargalha.
― E o que você dirá para o Liam? Que me mandou embora por
causa de um doce?
― Com certeza e ele vai concordar comigo. ― Dou de ombro e
continuo comendo meu doce.
Noah faz o mesmo, comendo e tomando seu café.
― Está gostando da cidade?
― Não tenho tido muito tempo para conhecer tudo, só que o que eu
pude ver gostei.
Então ele me conta o que conseguiu ver até agora que se resume
apenas aos parques em que corre e algumas lojas e restaurantes. A
conversa flui com tanta facilidade que quase parece que nunca nos
afastamos e sempre fomos melhores amigos.
Noah é uma pessoa fácil, que conta até mesmo as coisas ruins como
se fosse uma piada. A cada duas frases ditas sinto meu estômago doer
de tanto rir, principalmente quando ele me conta que uma menina
chamada Lauren o pintava com suas maquiagens durante seu horário
de trabalho e o melhor de tudo é ver as fotos desses momentos, mas
ele parece ter tanto carinho por ela, que é fofo pensar em um homem
desse tamanho todo com uma criança.
Ele também me conta sobre como foi para chegar onde chegou e eu
conto sobre a decisão de abrir a galeria, conto sobre algumas das
exposições que participei e fico feliz ao perceber que ele parece tão
interessado que faz muitas perguntas e seus olhos brilham com
entusiasmo.
Quando o celular dele toca interrompendo o assunto, ele pede
licença e se afasta para atender. Pego meu próprio aparelho e fico
chocada ao notar que já se passaram duas horas desde que chegamos
aqui.
Me levanto e vou para o balcão, pegando as coisas que pedi para a
viagem e pagando nossa conta. Assim que pego tudo, saio pelas
portas duplas e encontro Noah no telefone, encostado no carro e pelas
suas feições ele parece bem nervoso.
― Tudo bem, eu já estou chegando no escritório e vou pegar o
acordo que foi enviado para você para ver qual foi o problema. ― Fala
e fica um pouco em silêncio. ― Ok, te ligo assim que possível. Tchau.
Assim que desliga o telefone, respira fundo. Me aproximo, apoiando
minha mão em seu braço, acariciando-o.
― Problemas?
Ele passa a mão no cabelo, nervoso e então como se se desse conta
do meu contato, seus olhos caem para onde estou tocando e ele pega
minha mão, segurando-a fazendo movimentos circulares com o
polegar. O arrepio corre por todo o meu corpo, mas tento não
demonstrar para não o afastar.
― Um estagiário fez uma merda, mas isso não é novidade. Só
preciso ir para o escritório para ajustar.
Assinto e ergo a embalagem com as coisas.
― Então vamos antes que isso esfrie e Callie e Liam irão tomar café
gelado.
Rindo baixo, ele se afasta e entra no carro. Faço o mesmo e em
poucos minutos chegamos no escritório, descemos rapidamente e
entramos juntos. E enquanto caminhamos ainda estou tentando fazer
ele dizer que o donuts é a melhor coisa do mundo, mas ele se mantem
firme em me irritar.
Assim que entramos vejo Callie tão empacotada com roupas quanto
eu, ela está em pé ao lado de Liam entregando alguma pasta para ele.
Quando me vê, meu namorado sorri e abre os braços para me
receber, assim que me aconchego em seu corpo, um beijo é deixado
na minha têmpora. Coloco a embalagem no balcão alto de mármore
escuro e os olhos de Callie brilham ao olhar.
― É o que eu acho? ― Diz, aspirando o ar e eu dou risada do jeito
dela.
― O melhor donuts do mundo? É sim! ― Confirmo ainda rindo e
ouço Noah bufar.
Callie e eu olhamos feio para ele, que ergue as mãos em rendição.
― Estou indo para o meu escritório.
Ele some pela porta da sua sala e quando olho para a loira abrindo a
embalagem do donuts e o mordendo volto a rir.
― Trouxe um para você também e um café duplo. ― Falo para Liam,
coloco minha mão em seu peito.
― Eu já disse que te amo? ― Pergunta, beijando minha bochecha.
Dou risada da sua empolgação quando ele abre quase em
desespero a embalagem do donuts e o morde, mastigando lentamente.
É impossível ver a cena e não comparar com quando foi Noah
mordendo o mesmo doce.
Os dois são extremamente sexys, até mesmo o simples ato de
comer os deixa insanamente deliciosos.
― Na verdade, você não me disse nada sobre isso hoje. ― Forço
meu lábio inferior para frente.
Ele ri e depois de tomar um longo gole do seu café volta para perto
de mim e me dá um selinho.
― Eu te amo, amor.
― Sei disso. ― Sorrio para ele que se vira e vai para sua sala
fazendo um sinal para que eu o acompanhe. Assopro um beijo para
Callie e vou atrás dele. ― Final de semana é a nossa viagem para o
chalé, você pensa em chamar Noah?
Fecho a porta da sua sala, observando ao redor onde tem a mesa de
madeira grossa e marrom cheia de papéis e com seu notebook em
cima, sua cadeira preta é imponente e ele fica ainda mais lindo,
sentado nela, com sua postura ereta de advogado malvado.
Um pequeno bar está no canto bem embaixo de um dos meus
quadros que ele me pediu para pintar inspirado em uma das nossas
fotos, onde estamos em frente ao mar, abraçados e sorrindo um para o
outro. Ao redor da sala tem mais dois quadros e em um canto um vaso
de uma planta que eu não sei o nome, mas é linda e combinou com
toda a decoração que fizemos.
Eu queria colocar um pequeno sofá branco na parede vazia, mas
Liam disse que não queria.
Me sento em uma das cadeiras à frente da sua mesa e sem
conseguir me conter começo a mexer nos papéis.
― Amor, você vai bagunçar. ― Reclama.
Bufo em resposta.
― Já está bagunçado. ― Retruco e ele ri, tirando minha mão
delicadamente.
― Eu tinha pensado em chamar ele hoje, mas queria perguntar para
você se estaria tudo bem ele ir.
Assinto e olho para ele, vendo-o terminar de beber seu café.
Liam tem uma beleza que para muitos é comum. Loiro, dos olhos
castanhos claros, feições gentis e um corpo de dar água na boca,
porém não me canso de olhar para ele.
É excitante vê-lo e saber que ele é todo meu.
― Por mim, tudo bem. Vou adorar ficar trancada no chalé com vocês
dois. ― Digo inocentemente.
Sua risada deixa claro que ele não acredita nem por um segundo na
minha falsa inocência. Meu namorado conhece a mulher que tem.
― Aposto que vai. Vocês estavam juntos?
― Sim, estava saindo de casa para vir para cá e o encontrei,
paramos para tomar um café. ― Conto sendo observada por seus
olhos espertos. ― Nada aconteceu, eu juro.
―Ei, relaxa ok? Só perguntei porque vocês chegaram juntos. Vou
falar com ele depois sobre a viagem, mas aposto que ele vai querer ir
sim.
― Tudo bem então, vou dar uma passada na galeria e depois irei
para a casa. Quero tentar finalizar aquele quadro.
Me levanto, curvando meu corpo sob a mesa puxo-o pela gravata e
deixo um selinho em sua boca. Aproveito quando ele tenta aprofundar
o beijo e pego a chave do carro em cima da mesa, me afasto rápido
deixando-o confuso.
― Te amo. ― Balanço as chaves e sopro um beijo saindo.
Ainda ouço ele reclamar sobre o deixar sem o carro, me fazendo rir.
― Callie, diga para o seu patrão que ele pode ir embora com o Noah
hoje.
A loira me olha confusa.
― Mas você estava com ele agora. ― Argumenta, mas quando vê a
chave na minha mão da risada. ― Darei o recado, sua maluca.
Entro na galeria encontrando-a vazia e vou direto para o escritório,
onde Samanta deve estar enfiada se afogando no meio de um monte
de papelada chata.
― Bom dia, princesa. ― Digo animada.
Quando me vê a morena sorri para mim e larga os papéis.
― Ei, a que devo a honra?
― Vim te ver, não posso? ― Pergunto, fingindo me sentir ofendida,
arrancando uma risada dela.
― Sei.
― Então, como estão as coisas?
― Ah, sabe como é, algumas coisas para resolver sobre a
exposição, alguns quadros para enviar e contratos de venda para
finalizar. ― Começa a falar e me jogo deitada em seu sofá enorme que
ela fez questão de colocar aqui.
― Chatooooo.
Ela ri e coloca os braços na mesa, me olhando com aqueles olhos
verdes espertos.
― Você como sócia deveria querer saber mais sobre isso.
― Ainda bem que você é a sócia que gosta disso. Eu morreria de
tédio. ― Bufo. ― O que acha de chamarmos Emmy para um almoço?
Estou precisando de um momento de meninas, muita testosterona na
minha casa.
― Ah, que vida triste a sua. Morando com dois homens gostosos e
sendo comida por um deles todos os dias. ― Ironiza.
Levanto o tronco, me apoiando em um braço e erguendo um dedo
para pontuar minha fala.
― Futuramente pelos dois. ― Conto animada.
Acho que matei minha amiga.
Sério, ela nem parece estar respirando agora enquanto seus olhos
quase saem do seu rosto e seu queixo bate na mesa.
― Ariela
― Samanta.
― Quer me explicar ou vai me obrigar a perguntar?
― Vamos almoçar? Ai conto tudinho para você e Emmy.
― Isso é jogo baixo. ― Aponta para mim e abro um largo sorriso,
voltando a me deitar no sofá. ― Ligue para Emmy e fala para ela que
se ela se atrasar eu vou cortar aqueles dedos dela e ela nunca mais vai
pintar na vida.
― Deus, você é cruel. ― Arfo.
Pego meu celular, mandou uma mensagem para a minha amiga que
logo responde que chegara antes de nós, porque Deus a livre de correr
o risco de nunca mais poder pintar algo em sua vida.
Passo o dia com as minhas amigas, almoçamos enquanto eu conto
todas as novidades e elas me bombardeiam com perguntas e Samanta
me faz jurar que contarei todos os detalhes a elas. Emmy quase chorou
quando disse que essas coisas não aconteceriam com ela.
Quando volto para a casa, decido voltar para o meu quadro e perco
completamente a noção ao iniciar outra pintura sem nem me dar conta
do que estou realmente pintando, apenas as duas costas largas de
dois homens que mesmo em meu quadro, se percebe a diferença da
intensidade deles.
― Entra. ― Grito assim que ouço leves batidas na porta da minha
sala.
Logo a cabeça de Callie surge e ao notar que estou aguardando por
ela, ela finalmente entra na sala, segurando um bloco de notas e uma
pasta que é colocada em minha mesa assim que se aproxima.
― Andrey acabou de me entregar essa pasta para que eu passasse
para você. É para você ler e conferir se está tudo correto. ― Conta,
apontando para a pasta abarrotada de folhas.
Assinto para ela, já abrindo-a para verificar. Andrey é um dos nossos
estagiários, o melhor deles, é um dos mais novo dentre todos.
― Ok, vou verificar e envio para o cliente.
Seu olhar recai para o bloco de notas e volta para mim, com um
sorriso desdenhoso.
― Ari, falou para você ir embora com Noah hoje. ― Fala, segurando
uma risada e eu bufo.
A espertinha da minha mulher pegou a chave do meu carro quando
me distraiu com um beijo e saiu saltitante daqui, contudo achei que ela
fosse passar aqui no final do dia para irmos embora juntos, mas pelo
visto seus planos são outros.
― Como se eu tivesse muita escolha. ― Resmungo.
― E Peter Shawn ligou, pediu para falar com você, mas Ari estava
aqui então disse que estava em reunião e que você retornaria assim
que possível.
Eu sei que Peter Shawn está doido para fechar com a gente vendo
que agora a Evans&Carter arrecadando cada vez cliente mais
importantes e apesar do cara ser insuportável, ele é um empresário
muito importante.
― Vamos ao deixar esperando mais um pouco ― Dou de ombros e
ela ri, assentindo. ― Sabe se Noah está ocupado?
― Ele me disse que estava revisando um contrato que foi errado
para o cliente, mas acho que já deve ter finalizado.
― Você pode pedir para que ele venha aqui?
― Claro.
E assim ela sai da sala, fechando a porta atrás de si.
Ari e eu alugamos um chalé em uma das montanhas que rodeiam a
pequena cidade de Aspen, não queremos sair daqui, já que minha
mulher adora a neve e o clima de Natal, mas ainda sim queríamos um
pouco mais de paz e um tempo longe das coisas que nos levam direto
para o trabalho e sabendo que ficar em casa um de nós acabaríamos
trancado em seus respectivos escritórios, optamos por alugar, mais
uma vez, o chalé que já sabemos ser confortável e que adoramos
passar alguns dias lá.
Agora que Noah está com a gente já havia pensado em o chamar
para ir, porém acabei me esquecendo completamente de falar com Ari,
me sinto aliviado por ela ter tocado no assunto por conta própria. Sei
que meu amigo pode não aceitar, já que faz pouco tempo que se
mudou para cá e ele está entalado de tanto trabalho, dando conta de
finalizar coisas que deixou em Santa Mônica e o que já pegou aqui,
porém, o Natal é no próximo fim de semana e eu não o deixaria passar
sozinho de jeito nenhum.
Por falar em Natal, preciso me lembrar de comprar o presente da Ari
urgentemente.
A porta se abre e Noah entra na minha sala, como se fosse a dele.
Arqueio a sobrancelha em sua direção e ele apenas sorri, sentando-se
na cadeira a minha frente.
― Esqueceu como se bate na porta?
― Para que bater se você me chamou? ― Questiona, dando de
ombros. ― O que você precisa?
―Ariela e eu alugamos um chalé para passar a semana do Natal e
vamos viajar no fim de semana. Você tem planos?
Vejo-o se remexer desconfortável na cadeira, antes de pigarrear.
― Na verdade havia dito para minha mãe que iria tentar ir para lá,
mas acho que vou ficar por aqui mesmo. Esses dias nessa loucura da
mudança esgotaram minhas energias.
― Vamos com a gente.
Seus olhos encontram os meus, parecendo confusos, mas logo ele
os estreita.
― Isso é por causa do...
― Não. ― O corto rapidamente. ― Mesmo se nada acontecer, ainda
queremos que você vá com a gente. Não é fora da cidade, então caso
precisem da gente por aqui, podemos voltar rapidamente, mas também
é um lugar mais distante onde vamos poder espairecer e descansar.
Noah pensa por um tempo, encarando a janela atrás de mim. Deixo-
o com seus pensamentos, voltando minha atenção para o documento
que Callie me entregou a pouco.
Ouço-o pigarrear, chamando minha atenção.
― Posso alugar um chalé para mim e chamar alguém para ir
comigo?
Sua pergunta me deixa curioso. Sei que mal tivemos tempo para
mostrar a cidade direito para ele e que tem andado tão ocupado que
todo o trajeto que faz é casa e trabalho, desviando apenas nas manhãs
que usa para correr.
― Claro que pode. Mas posso perguntar quem?
― Eu a conheci na inauguração e depois disso nos encontramos
algumas vezes enquanto eu corro. ― Dá de ombros como se não fosse
de muita importância. ― Não é alguém que eu goste ou coisa assim,
não se iluda.
Ele dá seu melhor sorriso cafajeste, me fazendo rir balançando a
cabeça.
Claro, Noah não tem a mínima vontade de se comprometer com
alguém tão cedo e não faz questão de esconder isso.
Não sei qual será a reação de Ariela ao saber que ele quer levar
alguém, já que a mulher pode ser bem ciumenta e sei que Noah é
importante para ela e talvez outra mulher junto dele nessa pequena
viagem a deixaria desconfortável.
― Bom, por mim, tudo bem. Vou te passar o contato que tenho do
pessoal que faz as reservas e você pode dizer que é meu amigo, como
já me conhecem talvez facilite mais para achar algo. O lugar é muito
bonito e recebe muitos turistas nessa época do ano.
― Combinado então, vou esperar você mandar. ― Então se levanta,
arrastando a cadeira que faz um barulho chato no chão. ― Ah, sobre
hoje... Eu e Ari só tomamos café porque a encontrei saindo para vir
aqui e ela me chamou, conversamos bastante, mas nada demais.
― Noah, relaxa, cara. Eu realmente fico feliz que estejam passando
um tempo juntos e que estão confortáveis por isso.
Percebo que ele fica por um tempo parado, me encarando com as
sobrancelhas franzidas e a boca em uma linha reta.
― Eu não entendo.
― O que?
― Nunca namorei na minha vida, mas sei que se acontecesse, eu
iria ter ciúmes de qualquer cara que olhasse mais do que cinco
segundos para a minha mulher e você... ― Bufa, revirando os olhos. ―
Parece tão tranquilo por saber que eu não só olho para sua mulher,
como penso constantemente em levar para a minha cama.
Sorrio com a sua confissão.
É a primeira vez que meu amigo confessa abertamente que deseja
Ariela e apesar de sentir um frio na barriga e uma pontada no meu
coração, não sinto que faria algo sobre isso, pelo contrário, iria gostar
de vê-lo com ela.
Quão doentio isso é?
Ele tem razão, sei que essa merda não é normal, mas o normal não
é algo que me agrada e os dias que ele tem estado na nossa casa,
percebi que estabelecemos uma rotina boa e Ari está radiante. Minha
mulher sempre se mostrou muito feliz com nosso relacionamento, nada
nos faltava, temos algo tão bom e leve que nos sentimos completos.
Mas a questão não é estarmos completos, é que Noah parece somar
cada dia mais em tudo.
Apoio os braços na madeira e o olho firme, para que ele entenda o
que vou dizer.
― Pareço tranquilo, porque estou. Noah, já te disse e vou repetir,
confio em Ariela e confio em você, sei que o quer que aconteça, será
sempre em comum acordo entre nós três. Meu namoro com ela é a
coisa mais linda e verdadeira que já vivi e por isso se ela está feliz, eu
estou feliz. Se ela está certa que quer isso entre nós três, eu estou
ainda mais.
Noah passa os dedos entre os cabelos, bagunçando-os ainda mais.
― É difícil de entender, mas cara, eu preciso dizer uma coisa.
Se joga na cadeira, deitando a cabeça para trás olhando o teto.
Provavelmente evitando meus olhos, o que me deixa repentinamente
ansioso para saber o que ele vai falar.
― Diga.
― Estou realmente cogitando aceitar. ― Murmura e só o ouço
porque a sala está no mais completo silêncio e estou concentrado nele.
― Merda! Desde que você falou sobre isso, tudo que eu consigo fazer
é pensar nela. Penso nela de todos os jeitos, a qualquer momento do
meu dia, aquela demônia aparece em minha mente e fica me tentando,
quase como um chamado.
Dou risada da forma que ele fala e isso chama sua atenção, que me
olha e seu semblante parece cansado.
― Sei bem como é. Ariela tem algo nela que tenta a gente até o
limite.
― E sabe o que é pior? ― Resmungo um “hum” e ele solta um
suspiro. ― Na maioria das vezes você está com a gente.
Seguro a risada que ameaça explodir mais uma vez, mas opto
apenas por o provocar.
― Cara, fico feliz por isso, mas ainda gosto de mulher.
― Rá! Idiotia. Você sabe que eu também. Deus me livre de tocar em
você. ― Finge um estremecimento, trocamos olhares e sorrimos
juntos. ― Você entendeu o que eu quis dizer.
Assinto, ainda sorrindo.
Noah e eu sempre tivemos uma cumplicidade surreal, nos
entendendo com apenas olhares e sabendo sempre respeitar os
momentos um do outro. E por isso nossa amizade sempre foi fácil, foi
natural e a confiança é mutua.
―Preciso saber como será depois. O que isso muda.
― Não muda nada, a não ser que os três estejam de acordo com
alguma mudança. É só sexo. Se for para ser algo a mais do que isso...
― Tipo, poli amor?
Minha risada pela sua pergunta é inevitável.
― Noah, se for para ser algo a mais do que sexo, se algo mudar,
vamos nos sentar, conversar e resolver o que tiver que ser resolvido,
ok?
― Esse seu jeito passivo as vezes me irrita. ― Resmunga.
Dou de ombros em resposta.
Sempre fui muito racional, principalmente quando tenho que resolver
algo importante. Minha mente sempre toma a frente, mesmo em
situações extremas, prefiro pensar em como posso resolver as coisas
da melhor maneira possível. Diferente de Noah, que sempre deixou
seus sentimentos o domarem, isso já o meteu em tantas brigas que
nem consigo contar.
Enquanto muita gente se preocupa em agradar aos outros, eu
simplesmente prefiro não deixar que essas opiniões atrapalhem minha
vida. Nem mesmo meus pais, que adora palpitar sobre minhas
escolhas, tem alguma influência sob mim. Não tiveram nem mesmo
quando eu era mais novo, agora eles entenderam que o que tem que
fazer, é apenas aceitar minhas escolhas e viverem com isso.
― Alguém tem que ser racional nessa amizade. ― Retruco e ele ri.
― O que vai fazer hoje? Podemos pedir algo para comer e assistir
mais um pouco de Friends.
― Não sei que horas vou sair daqui, tenho uma reunião com um
cliente no final da tarde. Mas vocês podem pedir e tento sair o quanto
antes.
― Ia te pedir uma carona, mas posso pedir um carro pelo aplicativo.
― Cadê seu carro?
― Ariela. ― Resmungo, fazendo-o rir.

Quando o motorista que pedi pelo aplicativo chega, peço para que
pare em um restaurante e pego comida o suficiente para três pessoas.
Quando sai do escritório há quarenta minutos atrás Noah ainda
estava em reunião, mas ainda assim pego comida para nós três,
porque mesmo que ele não nos faça companhia, pode comer depois.
Depois da nossa conversa, não nos falamos mais durante o dia,
cada um enfiado em sua sala e em seus próprios documentos.
Também não falei com Ari durante o dia, apenas recebi sua mensagem
dizendo que iria almoçar com suas amigas e depois iria para a casa.
O cara estaciona em frente a minha casa e desço, me despedindo.
Ao entrar em casa o calor vindo do aquecedor abraça meu corpo
imediatamente de uma forma muito bem-vinda, encontro Ari saindo da
cozinha com um copo de água na mão, vestindo uma calça de moletom
e uma blusa enorme preta, seu corpo pequeno sendo engolido para as
roupas imensas e mesmo assim ela é linda.
― Oi, amor.
― Oi, amor. O que trouxe de bom aí nessas sacolas? ― Pergunta
vindo até mim.
Se coloca na minha frente, ficando na ponta dos pés para alcançar
minha boca. Seus lábios suaves tocam os meus, apenas roçando um
no outro. Solto um suspiro. O cheiro do seu shampoo pinica meu nariz
de um jeito gostoso.
― Comida italiana. ― Respondo quando se afasta e pega as
embalagens da minha mão, já se afastando.
― É por isso que você é o melhor.
― Sua interesseira. ― Reclamo, fazendo-a rir. Grito quando ela
entra na cozinha. ― Vou tomar um banho antes de comermos.
Subo para o meu quarto e tiro a blusa e o terno assim que entro no
banheiro. Tomo um longo banho quente, deixando a água relaxar meus
músculos.
Eu amo o que faço, sempre quis ser advogado e me preparei muito
para isso, batalhei muito por isso e fiz todos que duvidaram de mim,
engolir cada palavra de desmotivação que foram ditas. Porém isso não
faz ser o trabalho ser mais fácil, não deixa os dias mais calmos e os
clientes menos descomplicados.
Meus pais foram os primeiros a me dizer isso, a me falarem todos os
contras de seguir essa profissão. Óbvio, o sonho do meu pai era que
eu seguisse seus passos e tomasse conta da construtora da nossa
família, mas não era o que eu queria, nunca quis e eles demoraram a
entender isso, mas compreenderam quando eu passei em Berkeley e
Harvard, duas faculdades que são destaques para quem quer fazer
direito. Apesar de não ser o que queriam, eles fizeram questão de
mostrar seu orgulho pelas minhas conquistas sempre que podiam.
Saio do banho e visto uma cueca, uma calça de moletom e uma
camiseta. Graças ao aquecedor não preciso me empacotar para ficar
dentro de casa.
Encontro Ari sentada na cama, mexendo em seu celular, rindo de
algo.
― O que é tão engraçado? ― Pergunto, ao me aproximar e apoiar
as mãos em sua perna e me inclinar para alcançar seu pescoço,
aspirando seu cheiro gostoso.
Ouço seu gemido baixo quando passo meu nariz em sua pele e abro
um sorriso com sua reação. Ari é muito receptiva e sensível, qualquer
toque leve em sua pele já a deixa em combustão.
― Você fica tão gostoso quando sai do banho. ― Ronrona, me
dando mais acesso ao pescoço que trilho um caminho de beijos até
sua mandíbula.
― Você é gostosa sempre.
Ela dá uma risada, me obrigo a me afastar dela, mas mantenho
minhas mãos em suas coxas.
― Estou faminto. Noah chegou?
― Chegou, disse que ia tomar banho e descia para jantar com a
gente.
― Então vamos descer.
Me afasto, puxando-a comigo enquanto descemos. Nós dois vamos
para a cozinha, arrumando a mesa com a comida e pratos e talheres,
Ari pega um vinho e serve uma taça, dando um gole. Solta um gemido
baixo, me fazendo rir.
― Você e sua tara por vinho.
― Meu amor, a delícia que é beber isso aqui, só perde para os
orgasmos que você me dá. ― Pisca um olho para mim, sorrindo sem
vergonha.
Ouvimos um pigarro e olho na direção encontrando Noah vestindo
apenas uma calça de moletom cinza.
― Sério, quando não estão transando, estão falando sobre sexo.
Qual o problema de vocês comigo?
― Ah, desculpa, menino puritano. Estamos te incomodando com
nossa vida sexual ativa e gostosa? ― Ari pergunta debochada.
Seguro a risada quando vejo Noah estreitar os olhos na direção dela.
Vejo-o me olhar por alguns segundos e dar um passo à frente. Sua
mandíbula endurecida e os olhos ainda mais escurecidos, indicam que
ele está se segurando por algo, por isso aceno para ele, como se o
desse permissão para agir se quiser.
Minha mulher parece alheia ao conflito do meu amigo quando se
virar de costas e se estica para alcançar outra taça no armário. Noah
se aproxima dela a passos largos, segurando-a pela cintura, fazendo-a
arfar assustada. Vejo-o aproximar a boca de sua orelha e falar alto para
que eu ouça.
― Puritano? Consigo pensar em outros adjetivos para você se referir
a mim.
Me encosto no balcão, apenas os observando, vendo Ariela derreter
contra o corpo dele e só isso já me deixa muito duro.
― Com você reclamando e nos evitando assim, só consigo pensar
nisso. Ou talvez você só tenha se tornado um daqueles chatos que não
gostam de ouvir uma mulher ser sexualmente satisfeita. ― Ari retruca,
soltando a taça no balcão a sua frente. ― E te garanto, eu tenho uma
vida sexual tão gostosa. Você iria querer participar se soubesse. ―
Ronrona a última frase.
Noah segura seus cabelos loiros, fazendo um rabo de cavalo, com
força o suficiente para inclinar a cabeça dela para trás.
― Não me teste Ariela, não sou tão bom quanto Liam.
― Ei! ― Reclamo, fazendo meu amigo me olhar sorrindo.
Mostro o dedo para ele, quando gira os corpos, deixando Ari de
frente para mim. Vejo seus olhos cor de mel sendo engolidos pelas
pupilas dilatadas, a boca entreaberta com a respiração rasa. Seu peito
coberto pela blusa sobe e desce pesadamente e percebo-a apertando
as coxas uma na outra.
― Ele é bom mesmo, você nem imagina o quanto. ― Percebo que
ela o está provocando, enquanto seus olhos continuam presos nos
meus. ― Liam é maravilhoso com a língua, enquanto lambe minha
boceta e me fode com os dedos. E com o pau? Deus...
Noah dá um tranco leve em seus cabelos, obrigando-a se calar. Meu
sorriso para a cena é enorme, meu pau latejando dentro da calça, mais
do que pronto para começarmos a brincadeira.
― Você é uma demônia, Ariela. ― Noah resmunga e então vira o
rosto dela, tomando a boca da minha mulher em um beijo bruto.
Minha mão alcança meu pau, esfregando-o sob a calça, preciso
aperta-lo para tentar acalmar a vontade de gozar.
Porra, havia me esquecido como eu gosto dessa merda.
Vejo Ari erguer um braço e me chamar, para me juntar a eles. Nem
penso, em poucos passos estou apertando-a entre nós dois. Seu corpo
pequeno quase sumindo entre os nossos corpos grandes.
Agarro a barra da blusa dela, puxando-a para cima, obrigando-os a
pararem o beijo apenas para tirar a peça que logo está no chão quando
voltam a se beijar. Seus peitos estão livres agora, nem mesmo usava
um sutiã, um gemido rouco escapa da minha garganta.
Passo minha língua no mamilo rígido, sugando-o para dentro da
minha boca. Ari geme entre o beijo e sinto seu corpo ser mais
pressionado contra o meu.
― Porra, Liam, ela é muito gostosa.
Ergo meus olhos, apenas para encontrar Noah lambendo o lábio da
minha mulher, se deliciando com o sabor dela.
Puxo-a, girando entre nós, deixando as costas dela contra o meu
peito. Passo meus braços pelo seu tronco, segurando seus peitos,
oferecendo-os ao meu amigo.
― Ela é! ― Confirmo, sorrindo quando ele se curva um pouco,
apenas para dar beijos em seu colo até alcançar o peito.
Ari virar a cabeça para mim, alcançando minha boca. O beijo é
calmo, mas faminto. Sua língua invade minha boca, brincando. Nossas
salivas se misturando conforme aprofundamos o beijo. Quando
escorrego minha mão para sua cintura, aperto-a contra mim. Sinto
quando ela remexe a bunda pressionada no meu pau, ela deve estar
na ponta dos pés agora.
Ela geme em minha boca e não sei mais se é por meu corpo
pressionado no dela ou por algo que Noah fez.
― Oh... Deus... ― Murmura em minha boca.
Meu amigo se levanta novamente, abandonando os seios da minha
mulher. Olho para frente e ele me olha de volta, um pequeno sorriso
em seus lábios, me fazendo sorrir de volta.
― Estou com fome. ― O idiota fala, dando um passo para trás.
Sinto Ariela retesar o corpo contra o meu e olha feio para ele.
― Eu estou seminua aqui e você vem dizer que está com fome?
Qual o seu problema? ― Reclama, colocando as mãos na cintura.
Noah se inclina, alcançando a boca dela.
― Vamos comer, linda. Você vai precisar de muita energia para
aguentar dois paus hoje.
Nada aconteceu.
Depois do que aconteceu na cozinha, jantamos e fomos para a sala
assistir a bendita série que Ari gosta e a senti ansiosa durante todo o
tempo, me olhando sempre e se remexendo no sofá. Liam apenas ria e
se concentrou em assistir também.
Quando me despedi deles para ir para o meu quarto, não resisti e
acabei beijando-a deixando Ariela ainda mais ansiosa. Ouvi a mulher
reclamar quando subi as escadas e fui direto para o banheiro bater
uma maldita punheta, pensando que poderia muito bem-estar
comendo-a naquele momento.
Gosto da antecipação, de jogar e testar limites, até os meus. Por isso
não fiz nada, mesmo que fosse a porra de uma tortura.
Meu amigo sabe que me decidi, sabe que vou transar com a mulher
dele.
Caralho, pensar assim parece errado até mesmo para mim.
Hoje quando fui correr ainda podia sentir a sensação do peito dela
em minha boca, o gosto dela se misturando com o meu. Ainda ouvia
seus gemidos baixos e a respiração pesada, conforme a apertava
contra nós dois. Eu nem me lembrava mais que era tão bom beijar ela,
mas agora que a beijei de novo, tenho medo de me viciar nela e isso
sim, seria uma merda ainda maior.
Assim que entro em casa, vejo-a descendo as escadas, vestindo um
de seus enormes moletons.
O sorriso que se abre em meus lábios é inevitável, quando ela cerra
os olhos para mim.
― Babaca. ― Resmunga, indo para a cozinha.
Dou alguns passos, alcançando-a rapidamente, seguro seu moletom,
puxando seu corpo contra o meu.
― Linda, não precisa guardar rancor. ― Falo, rindo quando ela tenta
me acertar uma cotovelada.
― Eu estou brava, Noah! Você não quer lidar comigo agora.
Deixo um beijo em seu pescoço, vendo sua pele arrepiar com o
contato. Um pequeno sorriso curva meus lábios quando me afasto.
― Você fica ainda mais linda quando esta brava. ― Provoco quando
ela vira apenas a cabeça, me olhando por cima do ombro.
― Eu vivo falando isso para ela. ― A voz de Liam chama a minha
atenção, me obrigando a olhar para ele que para ao meu lado. ― Bom
dia.
― Bom dia. ― Respondo.
Trocamos um sorriso cúmplices.
Por um momento pensei que tivesse feito merda por me aproximar,
mas me surpreendendo mais uma vez, Liam parece não se importar
com isso. Menos ainda quando se aproxima dela e enlaça a cintura
fina, deixando um beijo em sua boca.
― Você já viu com sua convidada sobre ir para o chalé?
Assim que ele faz a pergunta, a loira se vira abruptamente para mim,
me encarando com os olhos levemente arregalados.
― Você vai levar alguém? ― Pergunta e dou de ombros.
― Ainda não sei se realmente irei chamar. Hoje resolvo isso, ainda
temos alguns dias, não?
― Claro, temos sim. ― Liam responde, observando a reação de sua
mulher.
Sem falar nada, Ari se vira e finalmente vai para a cozinha.
― Acho que ela não gostou muito. ― Comento, passando a mão
pelo cabelo.
― Ela ainda está brava com você por não ter feito nada ontem e a
notícia pegou ela de surpresa. Eu não havia falado nada ainda.
Assinto para ele e me viro para ir tomar meu banho, mas assim que
piso no primeiro degrau da escada um sentimento estranho toma conta
de mim ao lembrar que Ariela está realmente brava comigo.
Só preciso de alguns segundos para decidir que não deixarei isso
acontecer.
Me viro e encontro Liam ainda parado, concentrado em algo no seu
celular.
― Liam. ― Chamo e ele ergue a cabeça para me olhar. ― Tem que
ir agora para a Evans&Carter?
― Tem algumas coisas para resolver lá, mas posso ver isso mais
tarde. Porque? ― Pergunta confuso. Me mantenho parado ainda no
mesmo lugar, apertando o corrimão e tentando entender se realmente
estou indo fazer isso. Talvez entendendo o que quero, o idiota sorri
para mim e dá um passo para o lado, como se me desse passagem. ―
Não pense muito, Noah. Se realmente quer isso...
Passo por ele a passos rápidos, invadindo a cozinha e indo
diretamente até Ariela que está em frente ao balcão, olhando
firmemente para a cafeteira. Colo meu corpo ao dela e seguro seus
cabelos, levando a mão livre diretamente para os seios cobertos pelo
moletom. Ela arfa assustada.
― O que... Noah...
O canto do meu lábio se curva, puxando um sorriso.
― Como sabe?
Puxo sua cabeça para trás, deixando seu pescoço livre para que
minha boca o alcance. Coloco a língua para fora e lambendo sua pele,
sentindo o sabor doce que ela tem.
― O seu cheiro. ― Murmura em um fio de voz, conforme vou
distribuindo beijos e mordidas. ― Não faça isso...
― Porque?
― Porque você vai começar e não vai terminar.
Ainda segurando seus cabelos, empurro com delicadeza sua cabeça
para a frente, até a ter curvada sob o balcão e seu moletom subindo
um pouco, deixando sua bunda completamente a vista. Reparo que
entre as bandas de sua bunda tem um fio de renda preta, sendo
engolida pela bunda grande e redonda. Um gemido rouco escapa dos
meus lábios.
Sem pensar, acerto um tapa forte na pele branca e imediatamente
vejo a marca perfeita da minha palma.
― Você é muito bocuda, para o seu próprio bem. ― Resmungo.
Olho para o lado e vejo Liam encostado na mesa, já sem o blazer do
seu terno e o botão de sua calça aberto, suas mãos escondidas no
bolso, mas não disfarça o volume já crescendo. Ele pisca para mim, me
incentivando a continuar.
Meu pau lateja quando volto a olhar par a mulher curvada a minha
frente que rebola quase em desespero, pedindo por mais contato. Abro
suas pernas com a minha, acerto mais um tapa, mas dessa vez
acertando diretamente em sua boceta e o rápido contato me faz sentir
que ela já está molhada.
Curvo meu corpo sob o dela, alcançando seu ouvido para sussurrar.
― Fique assim! Não se mexa, ou eu realmente irei parar.
Ela resmunga, mas quando solto seus cabelos, fica parada do jeito
que a deixei. Com o rosto pressionado contra o mármore escuro do
balcão.
Me ajoelho, descansando minhas mãos em sua panturrilha, subindo-
a em uma caricia leve até alcançar as laterais de sua calcinha. Antes
que eu a tire do seu corpo, ergo meu olhar, passando por ela e por
Liam, com a sobrancelha arqueada. Minha mandíbula chega a doer
com a força que faço para pronunciar as próximas palavras.
― Eu juro que se um de vocês me mandar parar agora, vou virar as
costas e fingir que isso nunca...
― Não se atreva, Noah. ― Ariela quase grita e fica ereta.
Mordo meu lábio, segurando um sorriso e olho para Liam que
continua parado encarando a cena e mesmo de longe, seus olhos
brilham de pura luxúria.
― Ouviu minha mulher, Noah. Não se atreva a parar. ― Diz
tranquilo.
A antecipação me queimando de dentro para fora, me deixando em
completo estado de êxtase. Meu pau tão duro dentro da minha calça de
corrida, que chega a doer.
Já me senti alto de tesão muitas vezes, mas isso... Meu coração
palpitando enlouquecido dentro do peito, meu sangue correndo feito
larva dentro das veias queimando-me de uma forma completamente
nova, a sensação de estar pronto para saltar de um precipício e que
vou fodidamente adorar essa queda... Isso é completamente novo.
Minha visão turva e me sentindo como louco para finalmente provar
dela, puxo com brutalidade as laterais da sua calcinha, rasgando a
renda em seu corpo. Ariela geme pelo ato, mas antes que reclame
desço mais um tapa em sua bunda branca já marcada da minha mão.
― Eu lembro de ter mandado você ficar curvada na porra do balcão.
― Você é muito mandão. ― Reclama e mesmo assim, volta a
posição que mandei.
Ouço a risada de Liam, mas não o olho, estou concentrado demais
em acariciar a pele macia das pernas longas de Ari e em ouvir seus
gemidos baixos apenas com o contato leve. Seguro suas coxas,
apertando meus dedos com força o suficiente para marca-la e afasta-
las ainda mais e logo a tenho completamente exposta para mim.
Ela é linda pra caralho!
Minha boca enche d’agua enquanto olho sua boceta babando sua
excitação. Ergo minha mão, passando meu dedo indicador do seu ânus
até a entrada de sua boceta encharcada. Ari geme e se remexe,
rebolando contra o meu dedo e reclamando quando o afasto e levo
para minha boca, chupando-o para sentir o sabor dela.
Ai merda, ela é deliciosa também.
― Porra, esse seu gosto é bom pra caralho.
Cansado de torturar a nós dois coloco minha língua para fora e
lambo sua boceta, tomando seu sulco diretamente da fonte. E é a porra
da melhor coisa que já senti na vida.
Meu corpo inteira vibra com o gosto agridoce que ela tem.
― Oh... Noah... ― Ari geme meu nome e isso só me incentiva ainda
mais, beijando sua boceta como se beijasse sua boca, lambendo e
chupando-a por inteiro.
Me enfiando ainda mais entre suas pernas para alcançar seu clitóris,
sugo o pontinho duro e latejante e seu corpo se remexe, esfregando-se
em todo o meu rosto, me lambuzando com sua própria excitação.
Sinto o corpo de Ariela tremer acima de mim quando mordo o
pontinho e então brinco em sua entrada com meu dedo indicador,
apenas ameaçando entrar e isso a faz resmungar em protesto.
―Por favor... Ah... Meu Deus...
De soslaio vejo Liam parar ao lado de Ari e esticar o braço para a
tocar, o corpo esguio da loira tampa minha visão do que ele está
fazendo, mas pelos sons de saliva e arquejos ele deve estar beijando-
a.
Alcanço os lábios maiores de sua boceta, chupando e raspando
meus dentes em cada um deles, arrancando gemidos abafados dela e
então a mulher está gritando, suas coxas ao meu redor vibram junto do
resto do seu corpo enquanto seu gozo jorra diretamente na minha
língua. Minhas bolas doem pra caralho a essa altura, a vontade de
gozar me faz tirar meu pau ereto para fora e me tocar, para cima e para
baixo, correndo atrás da minha própria liberação que não demora a vir.
Minha coluna formiga e minhas bolas encolhem enquanto eu gozo na
minha própria mão, minha respiração pesada tocando a boceta
sensível dela.
Não gosto de comparar nenhuma das minhas aventuras sexuais,
mas porra, isso aqui foi muito melhor do que qualquer outra coisa que
eu tenha feito até hoje.
Minha língua continua lambendo cada gota que ela me oferece
enquanto seu corpo não para de tremer e seus gemidos ecoam pela
cozinha.
Quando ela se acalma, saio de baixo dela e me levanto, encontrando
Liam parado ao lado dela e seu pau em suas mãos, a lateral do corpo
de Ariela marcado com o gozo dele e o corpo pequeno da loira
completamente relaxado, ainda deitada no balcão.
Um sorriso curva meus lábios e Liam não está diferente de mim, com
um sorriso fácil nos lábios.
― Isso aqui foi ― Passo minha mão na bunda exposta e marcada
pelos meus tapas enquanto falo. ― Delicioso pra caralho.
― Ah... foi mesmo... ― Ari ronrona com a voz mole, me fazendo
sorrir ainda mais.
Liam se mantem calado ainda, mas está com uma cara tão satisfeita
quanto a minha deve estar, por isso estou tranquilo. Mesmo sentindo
que algo mudou dentro de mim a partir de agora e que resistir a Ariela
será um inferno.
Me inclino o suficiente para alcançar o rosto dela e tiro os fios loiros
grudados ali pelo suor, deixo um beijo abaixo do lóbulo de sua orelha e
ela solta um muxoxo. Liam toca o rosto dela também, descendo os
dedos até seu lábio que está curvado em um pequeno sorriso.
― Precisamos ir para o escritório agora, mas vamos voltar assim que
possível. ― Ele fala para ela, mas seus olhos estão em mim, aceno
concordando com ele. ― O que acha de um banho rápido agora?
Sim, porra, sim!
Meu pau já volta a dar sinal de vida só de pensar em um banho com
ela agora.
― Eu preciso de uma hora inteira na banheira para acalmar meu
corpo. ― Ela fala baixo.
Eu olho para o meu amigo mais uma vez e nós dois rimos baixo,
então a loira se levanta rapidamente e olha feio para nós dois.
― Só pelas risadas, estou indo sozinha.
E assim ela se vira e sai andando rebolando aquela bunda gostosa e
nua para fora da cozinha. As marcas da minha mão em sua bunda
ficariam lindas em uma de suas pinturas, se ela quiser eu faria
novamente e fotografaria para que ela pudesse pintar.
― Ei, foi ele quem riu, amor. ― Liam grita e pisca para mim antes de
sair correndo atrás dela como um maldito cachorrinho.
― Seu filho da puta. ― Reclamo e vou atrás também.
Porque ter só um cachorrinho quando se pode ter dois?
Subimos as escadas pulando os degraus e assim que passo pela
porta do meu quarto, freio meu impulso de seguir Liam e ele olha para
trás, me olhando com os olhos cerrados.
― Vou tomar banho no meu quarto. É melhor vocês terem um
momento para vocês agora.
Meu amigo não fala nada, apenas assente e entra em seu quarto.
Entro no meu e tão rápido quanto a porta se batendo atrás de mim o
arrependimento me inunda. Sei que fiz certo em deixar os dois ter um
momento só deles, depois do que acabou de acontecer, realmente
acho que eles precisam. Mas também iria adorar assistir Liam dar
prazer para ela ou apenas assisti-la tomar seu banho relaxante.
Tiro minha calça e ligo o chuveiro, entrando debaixo d’agua, sentindo
a água quente escorrer pelo meu corpo e apesar de ter gozado há
poucos minutos atrás ainda sinto meus músculos tensos, nem mesmo
os longos minutos que passo na água quente me fazem relaxar.
Termino meu banho e me seco, indo para o meu guarda-roupas,
escolhendo um terno preto. Me visto rapidamente e pego mais um
casaco grosso da mesma cor. Essa porra desse frio está acabando
comigo.
O tempo todo que estou me arrumando as imagens do corpo de
Ariela sob meu toque não sai da minha cabeça, ainda consigo sentir
seu gosto na minha língua e a textura deliciosa que ela tem. Muito
provavelmente seus gemidos vão me atormentar por muito tempo
ainda.
Apesar do que Liam deixou implícito nas nossas conversas, sei que
nada além de sexo pode acontecer entre nós três. Até porque, como
funcionaria? Como seria um relacionamento com três pessoas? Seria
horrível ter que lidar com os julgamentos das pessoas, mas o pior
ainda seria ver Ari ser julgada e rechaçada por um relacionamento não
convencional, ver as pessoas olhando-a com menos do que respeito
me deixaria insano.
E mesmo sabendo de tudo isso, me conheço o suficiente para saber
que algo dentro de mim mudou. O que me faz pensar que se com um
oral eu já me sinto fora de órbita e entregue a ela, quando realmente
formos para os finalmente como eu ficaria...

As horas se passarão tão arrastadas quanto achei que seriam,


enquanto tudo o que eu pensava era na loira que estava em casa me
esperando para um sexo a três, gostoso e suado. Assim como pensei,
seus gemidos e gosto me fizeram companhia durante o dia.
Cada vez que eu me lembrava dela meu coração batia tão forte
dentro do meu peito que achei que poderia saltar para fora a qualquer
momento, minha mente doentia por várias vezes me levava a uma
história inexistente onde nós três poderíamos entrar em um
relacionamento e viveríamos tranquilamente, mas essa porra não
passava de uma fantasia, porque isso não tem a menor chance de
acontecer.
Então porque não paro de pensar nisso?
Meu celular se acende com uma mensagem e vejo que é de Tiffany,
me lembrando que fiquei de pensar se a chamaria para ir comigo para
o chalé. Talvez seja uma boa ideia, talvez ela funcione como um freio
para os meus impulsos e não me deixe fazer nenhuma merda maior.
Tiffany:
Ei, você, quando vai vir conhecer
meu quarto finalmente?
Noah: Estou um pouco ocupado com as coisas
aqui e vamos fechar na semana do Natal e na próxima.
Aliás, estou indo passar alguns dias em um chalé
de uma pousada aqui por perto. Você tem planos?
Ela demora a responder por isso volto minha atenção para os
documentos que estava lendo antes dela mandar mensagem, mas
minha mente mais uma vez não quer me deixar concentrar, me leva
diretamente para a loira. E não é a loira que está me mandando
mensagem.
O que será que Ariela vai achar por eu estar levando outra mulher
com a gente?
Nem deveria me preocupar com isso, mas porra, hoje está difícil
pensar em qualquer coisa que não seja ela. Aquela demônia está
fazendo morada na minha mente e isso me deixa irritado.
Já passei da fase de ficar repetindo que ela é mulher do meu amigo,
o desgraçado está tranquilo com isso, mas o meu maior problema é o
sentimento de querer mais. Eu não posso querer mais, não posso me
enfiar em um relacionamento de anos e achar que tudo estaria bem,
não posso ser o responsável por talvez o estragar e fazer as pessoas
nos julgar.
Eu nem saberia lidar com isso. Liam teria que viver para me tirar da
delegacia, porque, tenho total certeza, que sairia socando qualquer
filho da puta que olhasse torto para qualquer um de nós. Minha
amizade com Liam é outra coisa que estaria em risco, porque até onde
isso poderia dar certo? Até onde ele aguentaria ter outro homem
vivendo entre eles?
Não estou pronto para lidar com as respostas de todas as perguntas
que rondam minha mente agora.
Olho para o meu celular, encontrando outra resposta.
Tiffany:
Ainda nada certo. Alguma indicação?
Noah: Pensei que talvez você pudesse ir comigo.
Vai um casal de amigos meu também
e podemos nos divertir bastante.
Tiffany: Super topo! Só me fala o dia
para que eu possa arrumar as coisas.
Noah: Vamos nesse final de semana.
Passo para te pegar.
Abandono o celular com a sensação de estar fazendo algo muito
errado. Talvez eu esteja sendo um maldito covarde envolvendo outra
pessoa nessa história, mas Tiffany tem demonstrado muito interesse
em mim e agora eu sei que vou precisar de um escudo contra aquela
demônia loira da Ariela.
Passo mais alguns minutos lendo e enviando alguns e-mails, mas
quando percebo que não conseguirei ser mais produtivo, me levanto,
bufando e puxando meu casaco da cadeira. Saio da minha sala, indo
direto para a sala de Liam, encontrando-o em pé virado para a janela
parecendo pensativo.
― Liam. ― Chamo e ele se vira para mim, seu semblante sério
revira meu estômago. ― Está tudo bem?
― Claro. Não estou sendo muito produtivo hoje, só isso.
Assinto, entendendo o que ele diz. Enfio as mãos no bolso da calça,
parado na porta ainda o encarando.
― O que acha de irmos para a casa? ― Pergunto com cuidado.
Seus olhos brilham com algo que não consigo decifrar e ele apenas
pega seu próprio casaco, antes de andar até onde estou e saímos
juntos, em total silêncio, mas sabendo que estamos indo para a casa
tomar a mesma mulher e dessa vez não será a porra de uma
brincadeira, a coisa será para valer.
Pintei hoje como há muitos dias não pintava.
Finalmente consegui finalizar o quadro que não estava conseguindo
e estou simplesmente apaixonada pelo resultado. A cada quadro
terminado, penso que tenho um novo favorito e com esse não é
diferente.
Os traços da silhueta feminina ganharam forma, com um lençol que
remete seda caindo abaixo do cóccix dela deixando o desenho ainda
mais delicado. Em cores claras destoando da pele escura da mulher.
Enquanto olho para ele sinto a sensação de paz me invadir que a
imagem passa, os traços suaves passam toda a leveza que eu queria e
enquanto a olho, quase posso sentir o olhar da pessoa ― que nem
mesmo aparece ― olhando para outra pessoa em sua frente, com
desejo e carinho. Provavelmente isso deve ser pela minha própria
experiência de desejo mais cedo, enquanto eu tinha dois homens na
cozinha, um me dando um prazer completamente novo e o outro ao
meu lado, me deixando sentir seu toque suave e o prazer que ele
sentia ao me ver ali, entregue.
Estava tão perdida em pensamentos durante meu processo de
pintura que eu mal notei quando finalizei, só conseguia pensar em
como foi maravilhoso ter a boca de Noah em mim, me tocando,
beijando e tomando tudo de mim. Há todo momento eu sentia o olhar
de Liam em nós e por poucos segundos me perguntei se ele havia se
arrependido da decisão e quase pedi para Noah parar, mas então
aquela boca gulosa praticamente engoliu minha boceta e eu não tinha
forças para isso, não sabia como parar.
A música baixa continua tocando quando eu olho ao meu redor e
vejo a bagunça de tinta espalhada pelo meu estúdio, todo o tecido
branco que forra o chão está pintado. Olho meus braços que também
tem muitos respingos de tinta, um sorriso curva meus lábios me
sentindo no meu lugar como sempre acontece.
Beyonce canta em um volume baixo, até ser atrapalhada por uma
chamada no meu celular. Vou até o aparelho e vejo o nome da minha
mãe piscando, atendo rapidamente.
― Oi mãe.
― Oi filha, como você está? ― Sua voz animada faz meu coração se
apertar de saudade.
Já faz um tempo desde a última vez que a vi.
― Estou bem, mãe e por aí, como estão as coisas?
― Tudo normal. Seu pai atazanando a minha vida quando não está
enfiado naquele escritório.
Meu pai é, definitivamente, um workaholic. Quando não está na
empresa, está trabalhando em seu escritório de casa.
Lembro que quando era criança mamãe precisava o tirar de lá quase
a força todos os dias para pelo menos jantar com a gente, ele ia
reclamando, mas depois disso não voltava mais e passava o resto da
noite comigo e com ela.
― Mamãe, depois de todo esse tempo, você já deveria estar
acostumada com seu marido.
Ela bufa do outro lado da linha, me obrigando a segurar a risada.
Aos cinquenta anos minha mãe é uma mulher com uma aparência
jovem demais, para o bem do meu pai e seu comportamento insano
também é um teste cardíaco diário para seu Albert. A senhora adora
uma festa e se aventurar em coisas que eu mesma não teria coragem.
O pior dia para o meu pai foi quando a bonita decidiu que era uma boa
ideia pular de paraquedas e só avisou o velho quando os dois estavam
em frente ao pequeno avião e ele já estava em completo desespero. E
eu sei disso porque ela fez questão de filmar tudo.
― Você só diz isso porque Liam viveria vinte e quatro horas grudado
em você se pudesse. ― Resmunga.
― Fazer o que se eu acertei. ― Brinco rindo e ela me acompanha.
― Ari, liguei para confirmar o jantar da noite da virada. Seu pai está
ansioso para ir para ai e eu quero esquiar. ― Fala animada.
― Claro, mãe, está tudo certo. Liam e eu voltaremos do chalé um dia
antes para preparar tudo para a chegada de vocês.
― Perfeito, meu amor. ― Ouço barulho de panelas ao fundo, mas
ela continua falando. ― Aquele amigo de vocês ainda está aí?
― O Noah. Esta sim, mãe. Ainda não arrumou apartamento e
sinceramente, gosto de ter mais alguém nessa casa grande além de
Liam e eu.
― Não é muito bom ter outro homem em casa, Ari. O que as
pessoas devem pensar? ― Ela alerta mais uma vez, mas me
mantenho em silêncio. Já discuti com ela sobre isso o suficiente para
ela saber que não ligo para isso. ― Eu estou vivendo pelo momento
em que essa casa vai estar cheio de pirralhos loiros, gritando e
enlouquecendo vocês dois. ― Cantarola.
Eu também, mãe. Eu também.
Não sei em que momento da minha vida isso mudou dentro de mim,
mas ultimamente venho pensando muito em como seria um menino
loiro, com olhos castanhos escuros como os de Liam e um topete
perfeitamente penteado, tagarela e arteiro como eu. Sei que Liam
também quer, ele sempre deixou bem claro isso para mim, contudo ele
disse que esperaria até que chegasse o meu momento.
Mais que a obrigação dele, eu sei disso.
Mas convenhamos, foi fofo demais um homem de um metro e
noventa, todo grande e nu, esparramado na minha cama, me dizendo
que esperaria o meu momento para finalmente embarcarmos na
aventura de sermos pais.
― Mãe... ― Repreendo-a, apenas porque não quero entrar nesse
assunto com ela.
Minha mãe é como um tubarão quando sente cheiro de sangue. No
menor sinal do meu desejo de ser mãe ela não vai parar até ter me
feito povoar Aspen.
― Tudo bem. Vou desligar porque estou fazendo sopa de cebola
para aquele velho do seu pai.
― Ok, te amo.
― Te amo muito além, filha.
Desligo o telefone e imediatamente a voz de Beyonce volta a ecoar
no ambiente, me sentindo animada meu corpo começa a balançar ao
ritmo de Crazy In Love, nem saio do lugar, fico apenas chacoalhando
de um lado para o outro. Com os olhos fechados enquanto a melodia e
a voz da cantora me embalam.
O frio de Aspen está ameno por enquanto, mas para alguém
acostumada com o calor, vivo constantemente com o aquecedor ligado
para poder usar minhas roupas leves dentro de casa, pelo menos. Por
isso estou usando uma legging cinza e uma camiseta larga branca, que
agora já estão todas manchadas de tinta.
Pulo assustada quando sinto um par de mãos segurar minha cintura,
mas então o perfume almiscarado de Liam invade meus sentidos me
fazendo encostar em seu peito firme e um sorriso se abrir em meus
lábios quando ele alcança meu pescoço dando em beijo suave, me
arrepiando por completo.
― Oi amor. ― Murmura com a voz rouca.
― Chegou mais cedo ou perdi a noção do tempo de novo?
― Viemos mais cedo. ― Outra voz responde e então Noah surge na
minha frente, me olhando com aqueles olhos negros, com os lábios
curvados em um sorriso. ― Nem um dos dois estava sendo muito útil
no escritório hoje.
Fico olhando para ele, completamente perdida na beleza brutal do
homem.
Sua barba por fazer cobre sua mandíbula endurecida, mesmo com o
pequeno sorriso ali, ele parece um tipo de anjo caído, feito
propriamente para o pecado. Seus olhos são tão profundos que quase
posso jurar que me afogarei neles se continuar o olhando por tanto
tempo.
― Pensamos em pedir algo para comermos, mas quando te vimos
aqui... ― Liam sussurra.
O dedo de Noah desliza pelo meu rosto, um toque tão leve que tenho
medo de piscar e ele desaparecer.
― É difícil resistir quando você está no meio dessas tintas, tão linda
e irresistível.
Uma risada estrangulada escapa dos meus lábios, mas a boca de
Liam continua trabalhando no meu pescoço, beijando e mordendo.
Estico o braço para alcançar Noah e começo a desabotoar sua
camisa preta, começo a fazer isso devagar, mas ele não está muito
paciente, por isso só puxa de uma vez fazendo alguns botões voarem.
― Alguém está com pressa. ― Brinco, mas ele não sorri.
Suas mãos seguram meu rosto e então sua boca gruda na minha,
sua língua abrindo-me, pedindo passagem que dou sem pestanejar.
Retribuo o beijo com a mesma gana que ele, nos devorando e
misturando nossas salivas e gostos. Nossas línguas em uma dança
sensual, desesperadas por mais.
Meus dedos tocam seu peito nu, tateando, conhecendo todos os
músculos duros do homem. Descendo até alcançar o botão da sua
calça que abro com pressa e enfio minha mão para dentro da sua
calça, sentindo seu pau já completamente duro.
Liam sobe minha camiseta, tocando minha pele por debaixo dela.
Um gemido escapa da minha boca para de Noah, quando meu
namorado toca meus seios pesados. Ele brinca com o bico rijo e seu
corpo se encaixa completamente no meu, me deixando sentir sua
ereção cutucar minhas costas.
Porém ele logo se afasta, apenas ouço o farfalhar de roupas e
quando Noah larga minha boca para atacar meu pescoço, Liam se
coloca atrás de mim e tira minha camiseta, jogando-a para lado.
― De joelhos, Ariela. ― Noah comanda.
Olho de um para o outro, o desejo estampado em seus rostos tão
distintos e sem pensar, caio de joelhos entre eles. Minha boca
salivando com a perspectiva de tê-los, minha boceta palpitando,
molhando através da minha calcinha até minha legging.
Dois toques alcançam meu rosto, cada um deles em um lado
diferente, acariciando até alcançarem minha boca que
automaticamente se abre em O. Noah é o primeiro a introduzir seu
dedo o mais fundo que consegue e então quando Liam faz o mesmo,
sinto o reflexo de vômito, mas logo passa quando eles tiram.
― Acho que nunca vi nada tão lindo. ― É Noah quem fala de novo.
Percebi que ele é bem falante durante o sexo e isso não é algo que
me incomoda, pelo contrário, suas palavras chulas são tão
degradantes, quanto excitante.
Liam, que só agora percebi que está apenas de cueca, tira a peça e
seu pau salta livre.
Passo a língua no meu lábio, sentindo-me pegajosa. A excitação
correndo quente em minhas veias, me deixando com um fogo que arde
todo meu corpo.
Olho para Noah que me encara com os olhos turvos, quase acredito
que ele não me enxerga de tão fixado que está, mas então pisco os
cílios algumas vezes e ele sorri.
― Quase parece um anjo. ― Diz malicioso.
― Um anjo feito do pecado. ― Liam responde e posso ouvir o
sorriso em sua voz.
Corto a conversa dos dois quando me viro para Liam e abocanho
seu pau, engolindo o máximo que consigo, fazendo-o gemer baixo e
segurar meus cabelos com força. Rodeio minha língua em seu
comprimento, até alcançar a glande que pinga pré gozo.
Meus olhos presos no rosto do meu homem, que está com os olhos
tão apertados como se estivesse concentrado, suas mandíbulas
endurecidas e os lábios em uma linha fina.
De repente sinto algo bater contra minha bochecha e olho de soslaio
encontrando Noah segurando seu membro, acertando-me. Seu sorriso
lascivo aumenta quando largo Liam e passo a língua em seu pau,
sentindo as veias salientes. Impaciente ele estoca para dentro da
minha boca, me engasgando a cada investida profunda.
O aperto de Liam em meus cabelos se intensifica e ele me puxa,
fazendo o mesmo que o amigo, enfiando seu pau dentro da minha
boca até o meu limite.
Meus seios doem com o peso quase insuportável, minha boceta
pingando e posso me sentir chegando ao limite enquanto eles revezam
em foder minha boca sem piedade. Estou babando por eles,
literalmente, seus membros brilham com minha saliva que escorre até
o queixo. Lagrimas escorrem pelas minhas bochechas, mas parece
apenas incentiva-los quando me levam a chupar um e outro.
― Caralho... Que boca deliciosa.
― Uhummm... ― Liam concorda, perdido demais em suas
sensações para falar algo mais que isso.
Meus gemidos misturados aos deles preenchendo todo o pequeno
estúdio.
Então sou puxada para cima e Liam me beija, com urgência, sua
língua na minha boca parece tão desesperada quanto a minha. Duas
mãos abaixam minha calça e minha calcinha junto, me deixando nua.
Meu namorado me puxa, me obrigando a enrolar as pernas em sua
cintura, deixando seu membro entre nós dois. Meus braços segurando
com firmeza seu pescoço enquanto uma das mãos dele seguram
minha cintura, apenas para me ajeitar para finalmente se enterrar
dentro de mim. Nós dois gememos um na boca do outro.
― Ahhh...
Meu corpo sobe e desce, esfregando meus seios em seu peito com o
movimento e só então percebo que ele está andando. Liam para em
frente ao quadro finalizado e se senta no meio da minha bagunça de
tintas e pincéis, seu corpo firme e bem definido completamente exposto
para mim.
Giro a cabeça para trás e encontro Noah com seu membro em mãos,
fazendo movimentos rápidos e precisos, seu aperto parece até
doloroso. Passo a língua pelo meu lábio e abro um sorriso em sua
direção, quando me viro e ajeito minhas pernas para deixar as de Liam
no meio e desço em meus joelhos quando ele segura o membro,
deslizo-o para dentro de mim lentamente, sentindo-o me preencher
completamente.
Abro a boca em um gemido mudo quando o tenho todo dentro de
mim, preciso inclinar meu corpo para a frente e apoiar as mãos em
seus joelhos, quando ele aperta minha cintura e guia meus movimentos
de subir e descer em seu pau.
― Ohhh... Isso, amor... Isso é tão... ― Ronrono.
Abro os olhos e encontro Noah em minha frente, ajoelhado, seus
movimentos não cessam por nem um segundo. Me curvo mais para
frente, alcançando-o sem deixar de sentir Liam ainda dentro de mim.
Minha língua alcança a glande, babando nele e o engolindo até onde
consigo, fazendo-o gemer comigo.
― Isso, porra! Você gosta de ter dois paus para você, linda? ―
Assinto como consigo por estar com seu pau em minha boca e ele
sorri. ― Claro que gosta. Ela é uma gulosa do caralho, Liam.
― A boceta dela está esmagando meu pau. ― Ouço Liam murmurar
e de repente seus movimentos se tornam mais intensos.
Seu aperto em minha cintura se intensifica enquanto ele faz descer e
subir mais rápido nele e minhas vistas ficam turvas, pontos de luzes
pretas piscam em meus olhos e minha boceta aperta ao redor do pau
do meu namorado. Logo estou caindo do precipício, indo para um
orgasmo tão forte que perco totalmente o controle do meu corpo.
― Amor... ― Liam geme e então me puxa contra ele.
Pressionando-me em seu pau, que lateja dentro de mim, gozando
junto comigo.
Os tremores do meu corpo vão diminuindo e minha respiração se
acalmando, meus olhos encontram Noah e ele me encara, já não
fazendo movimentos de vai e vem apenas segurando seu membro,
como se tentasse segurar.
Sinto quando Liam deixa um beijo no meio da minha coluna e me
levanta com calma. Assim que ele sai de dentro de mim, me apoio em
meus joelhos e mãos, ficando de quatro, virando-me para Noah. Algo
quente escorre de dentro de mim, me fazendo morder o lábio para
conter o sorriso ao encontrar o olhar de Liam em mim. Suas pupilas
dilatas que os olhos marrons agora estão negros.
Noah se coloca atrás de mim e suas mãos descansam em minha
bunda, me abrindo completamente, me expondo e o ouço rosnar.
Empino ainda mais minha bunda e gemo alto quando ele esfrega o
polegar em meu clitóris sensível.
― Noah...
― Eu, linda. ― Responde meu lamento.
― Me fode.
Ele usa o dedo indicador e o do meio para brincar em minha entrada
e ele dá estocadas rasas, apenas testando, ou seja, lá o que esteja
fazendo.
― Caralho, você está pingando a porra de Liam. ― Diz com a voz
rouca.
Ergo os olhos para encontrar Liam apenas esfregando seu membro
que já volta a dar sinal de vida e ele sorri, orgulhoso.
―Está com nojinho, Noah? Com medo de não me preencher tanto
quanto ele?
Rebolo minha bunda no ar e grito quando um tapa acerta minha
bunda, ao mesmo tempo que seu membro me invade. Ele agarra meus
cabelos, puxando minha cabeça, deixando meus olhos na altura dos de
Liam que encara a cena com um brilho de puro tesão em seus olhos
castanhos.
Noah lambe a concha da minha orelha e eu estremeço com quão
fundo ele está dentro de mim agora.
― Oh, linda, você acha que eu tenho nojo de gozo? ― Pergunta
irônico. ― Isso só te deixa mais molhada para eu foder sua boceta!
E ele faz isso.
Me fode brutalmente, batendo com tanta força dentro de mim que
sinto suas bolas baterem em mim também. Sua mão livre acerta mais
um tapa em minha bunda e meu corpo se movimenta para frente e
para trás com as arremetidas dele.
Sinto-me tão preenchida agora que tudo o que eu consigo fazer é
gritar e torcer para ter forças em meus braços e não cair de cara. Liam
se arrasta até mim, tocando meu rosto com carinho, tão diferente do
toque mais bruto do amigo e então ele me beija, com calma, me
deixando gemer em sua boca, enquanto o pau de Noah faz um
trabalho delicioso dentro de mim.
― Isso, amor, goza para o Noah... ― Liam murmura na minha boca.
― Porra... Isso, linda...
Tão rápido quanto o primeiro orgasmo chega, como um tornado,
devastando-me por completo. Meu corpo treme e minha boceta contrai
algumas vezes, sugando tudo que Noah tem para me dar e ele da.
Gozando dentro de mim, me enchendo por completo. O som que ele
faz é tão excitante que o meu próprio orgasmo parece durar mais
apenas por isso.
Solto minha cabeça mole no ombro de Liam, que acaricia meus
cabelos, deixando beijos molhados em minhas bochechas manchadas
pelas lágrimas de prazer. Sinto os braços de Noah rodearem minha
cintura e sou puxada do chão, ficando aconchegada em seu peito
firme.
― Vamos te dar um banho, linda. ― Ouço a voz de Noah distante.
Nego com a cabeça, me aconchegando mais em seu colo, sentindo
seu cheiro gostoso misturado ao suor. Um carinho é feito em meus
cabelos e sinto o cansaço levando a melhor sob mim.
Vamos para o meu quarto e os dois me ajudam em um banho rápido,
até tento provocar para mais uma rodada, mas os dois se mantem
firme em apenas me dar banho. Assim que terminamos, Noah me seca
enquanto Liam some no nosso closet e volta com um dos meus
moletons, me ajudando a me vestir. Deixo um beijo casto em seus
lábios.
Liam me ajuda a me deitar na cama e se deita ao meu lado, quando
Noah se abaixa para deixar um beijo no meu rosto, puxo-o pelas mãos,
o fazendo cair na cama ao meu lado vazio.
― Você pode ficar aqui até eu pegar no sono? Quero dormir sentindo
o corpo de vocês dois. ― Peço baixo.
O corpo dele endurece, mas ele se ajeita, alcançando meu rosto
para fazer carinho.
― Tudo bem, linda. Durma.
― Boa noite, Noah. ― Beijo seu peito. Giro meu corpo para o meu
namorado e beijo sua mandíbula. ― Boa noite, amor.
― Boa noite. ― Respondem em uníssono.
Meu corpo entregue e mole, o sono levando a melhor contra mim
quando me ajeito entre eles. Encosto minhas costas no peito de Noah
que abraça minha cintura e minhas pernas e braços se enroscam no
corpo de Liam, que acaricia meu braço.
Me sinto satisfeita de uma forma completamente diferente do que já
havia sentido.
A cama é grande o suficiente para nós três e mesmo assim não
consigo relaxar e me entregar ao sono. Principalmente porque Ariela
está com sua bunda colada contra minha ereção.
O cheiro dela tomando conta do meu olfato, seus cabelos pinicando
meu nariz, mas não quero me afastar agora, sinto como se quando eu
sair daqui a merda finalmente vai explodir bem na minha cara no
momento em que eu me afastar e aqui ao lado deles estou seguro.
O quarto está escuro, mas ainda consigo ver algumas coisas ao
redor do quarto, a televisão na parede assim como tem no quarto em
que estou hospedado, a porta para o closet deles é de vidro, mas só o
que minha visão capta são algumas formas espalhadas pelo cômodo,
de sapato no chão, em cima um tipo de balcão e algo que deve ser o
espelho.
Viro meu corpo com cuidado para não despertar nem Ariela e nem
Liam, jogo minhas pernas para fora da cama. Uma respiração pesada
escapa de mim quando apoio meus braços nas minhas pernas e apoio
a cabeça, esfregando meu cabelo.
Eu até queria me arrepender do que aconteceu hoje, porque a merda
da minha mente não para de gritar o quão errado isso foi, mas quando
me lembro da sensação de ter os meus dedos em Ariela, de a ter
tocado e me tocando, os sons dos seus gemidos baixos e suspiros, só
consigo pensar que quero mais disso. Preciso de mais.
Me assusto quando sinto alguém tocar minhas costas e então
percebo que são as pontas dos dedos de Ari, porque o toque tão
carinhoso não poderia ser de Liam.
― Não pense tanto. ― Ela diz com a voz rouca devido ao sono.
Viro a cabeça para ela e a encontro com a cabeça no travesseiro,
seus cabelos loiros uma bagunça que ela nem se incomoda em
arrumar. Seus olhos estão pesados, piscando várias vezes
provavelmente tentando segurar o sono, o que me faz sorrir.
― Volte a dormir, Ari. ― Murmuro e a minha própria voz também
saindo mais rouca que o normal.
A loira empurra seu próprio corpo mais para trás, encontrando o de
Liam que dorme profundamente, completamente alheio a nós dois. Ela
dá duas batidinhas no colchão ao seu lado.
― Venha aqui.
Nego com a cabeça, mesmo sabendo que ela não pode me ver.
Faço menção de me levantar mas seus dedos se enrolam no meu
braço, a sensação eletrizante corre pelo local até minha coluna
imediatamente e rápido demais ela está se sentando ao meu lado,
tomando cuidado para não acordar Liam também.
― Você está com fome?
Viro minha cabeça em sua direção tão rápido que sinto uma pontada
de dor no pescoço, ela está tão próxima que mesmo no breu consigo
ver seus traços finos, o nariz arrebitado e o contorno dos lábios de
coração. Solto uma risada irônica com sua fala.
― A fome que estou sentindo é justo a que não deveria sentir. ―
Murmuro mal humorado.
Ariela ri baixinho e então deita a cabeça no meu ombro, soltando um
suspiro baixo.
― Era eu quem deveria estar com medo aqui.
― Medo do quê? ― Pergunto confuso.
― Eu crio vínculos muito rápido, me entrego demais e eu já senti
algo diferente naquela formatura quando estávamos nós três juntos,
agora tenho medo do que isso vai fazer com meu coração.
Suas palavras entram diretamente no meu coração, se agarrando ao
órgão que bate furioso só com o pensamento de ela sentir algo por
mim.
Mesmo de longe eu sabia da capacidade de Ariela de ser intensa em
tudo, eu percebia o quão ela se entregava de corpo e alma a qualquer
coisa que se propõe a fazer e é lindo pra caralho isso, porque para
quem vê de fora não percebe o quanto isso também pode ser
assustador, vemos apenas a beleza disso.
Porém o que ela não sabe é que depois de hoje, eu sei que o meu
coração está em risco também. Na primeira vez que a beijei eu senti
que algo diferente, mas estava muito extasiado com a minha formatura,
com as mulheres se jogando aos meus pés e era novo demais para me
importar com o que quer que fosse, depois disso parecia errado demais
sequer pensar nela por ser praticamente casada com Liam. Só que
agora as coisas mudaram, agora eu tenho total certeza de que as
coisas serão mais complicadas, que se da outra vez eu consegui
abafar esse sentimento diferente, agora vai ser difícil e eu não posso
fugir.
Nem sei se quero fugir.
― O que acha de um episódio de Friends? ― Ela pergunta baixo me
tirando dos devaneios.
Dou risada, mas então ela se levanta e me puxa pela mão, o simples
toque da sua pele acende meu corpo imediatamente, me tirando do
quarto, mas antes de passar pela porta do quarto sua mão sai da
minha e volta correndo até a cama, inclina o corpo para frente em cima
de Liam e beija sua boca rapidamente antes de sussurrar algo em seu
ouvido. Ele murmura algo e ergue a mão para segurar seu rosto e dá
mais um selinho.
Fico observando a cena esperando que em algum momento a raiva
ou os ciúmes vá aparecer, mas não acontece. Pelo contrário, percebo
que estou com um pequeno sorriso nos lábios e minha mente não está
mais rodando com os questionamentos anteriores.
Em alguns passos ela volta para mim e abraça minha cintura de
lado, passo meu braço pelos seus ombros e caminhamos para a sala.
O corredor é iluminado apenas pela luz da lua que invade pela
janela. Descemos as escadas e a cada passo dado sinto o cheiro de
Ariela ainda mais forte.
Seu corpo pequeno perfeitamente encaixado na minha lateral
conforme andamos. Paro atrás do sofá e enquanto ela contorna o sofá
para se sentar, eu pulo por cima, recebendo um olhar feio da loira.
― Desculpa. ― Ergo as mãos em rendição segurando um sorriso.
Ariela belisca minha barriga, se aproveitando do fato de que estou
sem camisa, puxo o ar contraindo o abdômen fugindo dos seus
beliscões, rindo da carinha de brava que ela faz.
― Parece que eu tenho que te educar também. ― Desdenha,
arregalo os olhos para ela exageradamente, aumentando meu sorriso.
― Então foi isso que fez com Liam? O educou para andar na
coleira?
A loira aproveita o momento e sobe no meu colo, com um sorriso
sapeca no rosto, seus dedos seguram meus cabelos, puxando minha
cabeça para trás. Solto um suspiro, sentindo sua bunda encaixada
perfeitamente no meu pau que já dá sinal de vida. A safada coloca a
língua para fora e lambe meu pescoço até minha orelha, onde ela
morde o lóbulo, arrepiando todos os meus pelos dos braços. Minhas
mãos ganham vida própria indo para sua cintura, não sei se para a
segurar no lugar ou para tirar ela de cima de mim, mas não faço
nenhum movimento a mais que a apertar
― Quer uma coleira também, Noah? ― Pergunta com a voz suave e
sexy.
Inferno!
― Eu não sou adestrável.
Ela solta uma risada rouca no meu ouvido, fazendo meu coração
acelerar absurdamente com o som. O desejo voltando com força total,
como se eu não tivesse estado dentro há algumas horas atrás.
Ela rebola lentamente no meu pau, gemendo baixo com o contato do
short fino que Liam vestiu nela depois que ela apagou e a minha calça.
Meu pau pulsando a cada movimento que ela faz.
Ouço passos atrás de nós, só que estou concentrado demais em
Ariela para sequer prestar atenção. Sinto quando o rosto da loira é
afastado do meu pescoço e quando olho para cima encontro um Liam
sorridente, seus olhos pesados enquanto ele abaixa e beija Ariela com
rudeza.
Do ângulo em que estou consigo ver suas línguas se enroscando
uma na outra, as mãos de Liam segurando com força os fios loiros e
longos quando ela chupa a língua dele e um gemido rouco escapa da
sua boca.
― Vai chupar meu pau assim, amor? ― Ele pergunta com a voz
grave.
Ela geme em resposta e rebola no meu pau, me tirando do transe
que entrei enquanto os assistia se beijarem. Inclino minha cabeça para
o seu pescoço esguio sentindo a pele quente em contato com a minha
boca, o cheiro que entra no meu nariz me deixa ainda mais preparado.
Faço um caminho de beijos e lambidas por toda pele até sua clavícula,
deixando uma mordida ali fazendo-a resmungar abafado na boca do
namorado.
― Me mostra esses peitos, Ariela. ― Murmuro em sua pele,
enquanto desço minha boca para o seu colo.
Conforme ela abaixa a blusinha expondo mais pele para mim, sem
soltar a boca de Liam, sua bunda pressiona mais ainda meu pau que
está tão duro que dói.
Minhas mãos deslizam da sua cintura em direção aos peitos pesados
e redondos, a aréola rosada se destaca ainda mais na pele translúcida
e aveludada. Minha boca enche d’agua com a perspectiva de ter o bico
duro na minha língua e por isso não me demoro muito, abaixo minha
cabeça e sugo-o, fazendo pressão, arrancando um gemido alto dela.
― Você gosta da boca dele em você, amor? ― Liam questiona.
Olho para cima encontrando meu amigo inclinado ao meu lado para
alcançar a boca da loira, mas ele apenas segura os cabelos dela,
mantendo-a afasta de sua boca.
Preciso me encolher um pouco, mas continuo com minha boca em
seu peito. Intercalando entre chupar um e em seguida o outro, me
certificando de raspar meus dentes com cuidado neles, arrancando
gemidos roucos dela.
― Oh... Sim... ― Ariela geme, se contorcendo no meu colo.
Encho minha mão direito com seu seio, sentindo-os pesados,
massageio-o sem forçar mas quando ela solta um resmungo, forço o
aperto, largando seu outro seio para poder ver a marca dos meus
dedos cobrirem a pele dela. Um sentimento de possessão tomando
conta de mim, correndo nas minhas veias quentes.
O fato dela ter uma marca minha em seu corpo faz meu pau pulsar
dentro da calça.
Consigo ver quando Liam se afasta e dá a volta no sofá. Solto o peito
de Ariela escorregando minhas mãos para a cintura dela, empurrando
seu quadril para que ela se empine para o namorado que ajoelha atrás
dela.
A loira percebendo a nossa intenção se levanta, ficando em pé na
minha frente em cima do sofá, é incrível a facilidade e rapidez que ela
tem para tirar o short, dando um show ao exibir seu corpo exuberante
para nós dois. Suas mãos deslizam por as pernas até que ela se apoio
no meu ombro e ergue uma das pernas, me dando a perfeita visão da
sua boceta depilada que brilha com sua excitação, dois rosnados
enchem a sala e é assim que percebo que Liam e eu devemos estar
parecendo dois cães famintos aos seus pés. Então ela levanta a outra,
se livrando finalmente do tecido.
Meus olhos presos o tempo em seus movimentos, observando-a tão
de perto. Antes que ela se sente minhas mãos voam para o seu
quadril, segurando-a na posição que está. Devido ao seu tamanho
preciso me esticar apenas um pouco mais para alcançar sua boceta,
eu assopro sua intimidade, fazendo-a estremecer.
― Noah... ― Resmunga quando me afasto e beijo o alto da sua
coxa.
― Paciência, linda.
Por entre as pernas dela vejo o movimento de Liam se levantando e
se curvando o suficiente para alcançar a bunda, acho que ele morde
porque ela reclama baixinho.
Só para a testar, deixo uma mordida em sua coxa também,
recebendo um tapa na cabeça que me faz soltar uma risada baixa.
― Se eu ficar com marca, vou deixar em vocês também.
― Isso era para ser uma ameaça, amor? ― Liam pergunta rindo.
De pirraça dou outra mordida, chupando a pele sedosa e quando
solto, passo minha língua no local, subindo até poder lamber toda sua
boceta, sentindo seu sabor delicioso, respirando seu cheiro de mulher.
Todos os sentidos completamente entregues a ela, queimando meu
corpo e deixando o tesão escorrer dentro de mim.
Sinto-a se inclinar um pouco acima de mim e sigo sua boceta quando
ela vai um pouco para trás, mesmo com meus olhos fechados consigo
sentir Liam se ocupando em beijar seu ânus. E ela grita quando sugo
seu clitóris com força, raspando meus dentes nele.
― Ah... Meu Deus...
― Vamos lá, linda, se esfrega na gente. ― Murmuro abafado na sua
boceta.
Beijo-a como se beijasse sua boca, como um homem faminto,
tomando tudo o que ela me oferece. Abro seus lábios com meus
dedos, me dando um melhor acesso, suas unhas cravam em meu
ombro procurando equilíbrio.
Ouço os sons da saliva de Liam molhando-a ainda mais.
Meu pau vazando pré gozo dentro da calça, esfrego-o com a mão
livre, apertando-o com força tentando conter um pouco a vontade de
gozar.
Obedecendo o meu comando, Ariela começa movimentos de vai e
vem melando meu rosto com sua lubrificação e se esfregando na
língua de Liam. Seus gemidos são cada vez mais altos e nós dois nos
tornamos ainda mais implacáveis na nossa missão e quando meu dedo
procura por sua entrada sinto outro dedo procurando o mesmo
caminho. Soltamos uma risada grave com a sincronia e sem pensar
invado seu canal junto com ele, sentindo como Ari é macia por dentro e
apertada. Muito apertada.
Sua boceta pressiona nossos dedos e logo estamos os dois a
fodendo com nossas línguas e dedos. O primeiro sinal do orgasmo de
Ari é sua coxa tremendo e então todo seu corpo estremece e ela grita
alto. Suas paredes internas piscando, sugando-nos para dentro dela
ainda mais, como se fosse capaz.
― Liam... Noahh... Oh... Não... Não parem...
Seus gritos provavelmente são capazes de serem ouvidos lá de fora,
mas não me importo com isso agora, porque seu gozo escorre nos
nossos dedos e no meu rosto, aproveito o ângulo para tomar seu
gosto.
Nem damos tempo para ela se recuperar, Liam sai de dentro dela
junto comigo e então segura sua cintura, puxando-a para baixo,
aproveito o momento para abaixar minha calça o suficiente para expor
meu pau e então ele a senta em mim, seu quadril remexe procurando
pelo meu membro e logo ela está me engolindo lentamente,
estrangulando meu pau com seu aperto.
― Oh, vamos amor, sua boceta gulosa está pingando por Noah, não
está? ― O loiro pergunta, sua voz pingando luxúria.
Ele a empurra para baixo, empalando-a no meu pau. Grunho com o
movimento e ela geme, cravando suas unhas no meu peito. Sua boceta
contrai, apertando mais meu pau dentro dela.
Os primeiros movimentos são controlados por Liam, que a faz descer
e subir no meu membro, gememos juntos a cada vez que ela me
engole. Meus olhos presos nos olhos castanhos claros de Ariela, que
me encara como se não quisesse perder nada de mim nesse momento.
Sua boca inchada de tanto morder me dá uma vontade absurda de a
beijar, mas quando me mexo para isso, um sorriso se abre e ela se
afasta um pouco, brincando comigo.
― Caralho, que boceta apertada, linda. ― Grunho.
A porra do meu coração parece que vai explodir com o sentimento
de posse que me toma, uma sensação completamente diferente de
tudo que já vivi, porque enquanto a olho assim, linda e descabelada,
com a respiração pesada e gemendo alto, cavalgando no meu pau e se
preparando para receber Liam, sei que quero isso para o resto da
minha vida.
― Eu quero vocês dois. ― Fala arfando. ― Por favor, quero os dois
me fodendo. Preciso sentir vocês dois dentro de mim...
― Porra, linda. ― Murmuro.
― Abre essa bunda gostosa para mim, amor.
Descanso minhas mãos em suas costas, puxando seu corpo para se
deitar em mim e facilitar o acesso de Liam. Assim que seu peito
encosta no meu tenho quase certeza de que ela pode sentir meu
coração galopar.
Seus braços se contorcem o suficiente para abrirem as bandas de
sua bunda e ela geme quando meu amigo se aproxima e esfrega a
cabeça do seu pau em seu cu, ergo os meus olhos para encontrar Liam
concentrado na junção de seus corpos, enquanto ele empurra cada vez
mais para dentro dela.
Cada centímetro dele que a invade sinto-a ainda mais apertada,
contraindo a boceta para me sugar. Nós três gememos juntos quando
Liam está todo dentro dela.
― Ah... Deus... Eu estou tão esticada... ― Ela murmura contra o
meu ombro, antes de me morder com força.
Aperto sua cintura, mantendo-a parada e Liam segura seus braços
em suas costas e assim Ari está a nossa mercê, para fazermos o que
quisermos dela e isso só me deixa ainda mais insano. Seus seios
pressionados no meu peito roçam em mim.
― Você gosta de ser arregaçada por dois paus, linda? Hum? Gosta
de sentir dois homens dentro de você? ― pergunto com a voz rouca.
Liam e eu vamos entrando e saindo de dentro dela até tomarmos um
ritmo e logo estamos a fodendo, com força, sem dó, fazendo-a gritar o
quanto ela gosta.
Subo minha mão para os seus cabelos, agarrando-os para que ela
volte a olhar nos meus olhos. Seus olhos pesados, anuviados de tesão,
deixando-os tão escuros quanto os meus.
― Fala, porra... Grita que você gosta pra caralho de ser fodida por
nós dois.
― Noah... Meu Deus...
Ouço um tapa ser desferido em sua bunda e sorrio com isso.
Ariela fecha os olhos e geme alto.
― Vai amor, fala para nós, você gosta de ser fodida por nós dois. ―
Liam fala alto.
Me arrisco a olhar para ele mais uma vez e por um segundo sinto um
frio na barriga, um medo de que tudo isso esteja sendo demais, mesmo
com sua fala, mas ele está entregue. Suas feições devem ser quase
um reflexo da minha, pura luxúria, desejo deixando suas bochechas
vermelhas e os olhos quase fechados, sua boca entreaberta puxando
com força a respiração.
― Eu amo... Deus... Eu amo ser fodida por vocês... ― Ela grita.
Liam ergue o olhar e me encontra o encarando, nós dois sorrimos
cúmplices.
Minhas bolas doem com o desejo de se esvaziar, por isso aumento o
ritmo e meu amigo me acompanha. Cada um prendendo-a de alguma
forma entre nós dois. O suor escorre pelo meu pescoço, criando uma
fina camada até o peito.
Trago seu rosto para o meu, mordendo sua boca com força, sugo-o e
passo minha língua no local quando ela resmunga algo ininteligível.
― Você é muito gulosa, linda. ― Consigo dizer entre minhas
respirações pesadas. ― Sua boceta está estrangulando meu pau,
porra.
Ela se remexe, tentando se soltar do nosso aperto contudo nenhum
de nós dois a libera, pelo contrário, a apertamos ainda mais e não
paramos nem mesmo quando ela choraminga e abre a boca em um
grito mudo, sua boceta pulsando com mais intensidade e o corpo
tremendo entre nós, completamente entregue ao orgasmo.
Minha coluna formiga e minhas bolas encolhem, a sensação do
orgasmo vindo com tanta força que pressiono minha testa na sua,
apertando mais seus cabelos.
― Eu vou gozar... ― Aviso para o caso de ela não querer que eu
goze dentro dela.
Porém a safada começa a se esfregar em nós sentindo que eu
diminuo o ritmo, seus peitos se esfregando em mim, sua boceta tão
apertada por estar recebendo nós dois, me leva rápido demais ao
orgasmo. Pontos escuros explodem nos meus olhos e o corpo vibra
conforme jorro toda a minha porra dentro dela.
Sons guturais escapam de mim e se misturam a mais sons que
devem ser de Liam.
Levamos um tempo para nos acalmar, sinto o aperto diminuir quando
meu amigo se retira e se afasta. Aproveito o momento para tirar Ari de
cima de mim com cuidando, mas ela só me deixa sair de dentro dela,
mas continua deitada em cima de mim, completamente amolecida e
quase adormecida.
Meus olhos pesam, ficando difícil os manter aberto, mas consigo
virar o rosto e encontrar Liam jogado no sofá ao nosso lado, tão mole
quanto Ari e eu.
― É melhor levar ela para a cama. ― Comento com a voz grave.
Ariela se aconchega melhor em mim, pressionando seus seios contra
o meu peito. Sua pele quente sendo muito bem-vinda.
― Dorme com a gente, por favor, lindo. ― Sussurra.
E porra, eu daria qualquer coisa que ela me pedisse com essa voz.
Quando acordei e senti o corpo pequeno de Ariela colado no meu, se
aconchegando em mim, imediatamente percebi que estávamos apenas
nós dois na cama.
Nem me surpreendi com isso, sabia que meu amigo não ficaria ali,
mesmo que Ari tivesse pedido.
Depois de tomar banho e me vestir para mais um dia, deixo um beijo
no rosto pacífico da minha mulher, ela parece tão serena em seu sono.
Os cabelos espalhados pelo travesseiro, a boca entreaberta enquanto
ela ressona baixinho e ela fica ainda mais linda assim.
Me obrigo a sair do quarto e ir direto para o de Noah, preciso
conversar com ele para ver como está com o que aconteceu ontem.
Depois conversarei com Ari também, não quero acordar ela agora e sei
que Noah já vai estar de pé.
Bato na porta e entro assim que o ouço gritar.
Encontro-o sentado na cama com um controle de vídeo game na
mão, olhando para a televisão concentrado.
― Sério? Quantos anos você tem?
Ele dá de ombros, sorrindo de lado.
― Precisava me distrair. ― Retruca.
― Que tal se distrair trabalhando?
― Isso não é distração, Liam! ― Reclama e pausa o jogo para me
olhar. ― Liguei para Callie e pedi para me mandar tudo o que fosse
preciso para resolver hoje no email e como não marcamos nenhuma
reunião para esses dias antes das férias, fica mais fácil trabalhar daqui.
Sento no colchão ao seu lado, tirando meu sapato e esticando as
pernas, pego o controle de sua mão e dou play no jogo de futebol.
Volto a falar enquanto jogo.
― Os prazeres de ser chefe. ― Brinco, rindo.
― Se não for para ter privilégios qual o sentido?
Ele ri, se levanta e vai até a prateleira abaixo da televisão pegando
outro controle.
Quando estávamos na faculdade sempre procurávamos algo para
escapar um pouco dos estudos e toda a carga pesada que tínhamos e
jogar era uma delas. Nossa atividade preferida, diga-se de passagem.
Passamos um tempo jogando, trocando apenas farpas pelo jogo,
provocando um ao outro sempre que podíamos e rindo.
Fazia muito tempo desde que tive um tempo para algo assim. Eu
estava sempre ocupado com o trabalho ou com Ari. Tudo o que eu
fazia para me distrair envolvia minha mulher e geralmente era ela nua
ou assistindo uma das séries dela.
Desde que nos mudamos para cá não fiz muita amizade, não sou um
cara muito sociável apesar de parecer. Minhas interações com outras
pessoas geralmente eram por motivos profissionais e o quanto menos
eu conseguisse isso, para mim era melhor.
As pessoas olham para mim e já de cara imaginam que eu seja um
cara de fácil acesso, que conversa com mais facilidade, mas não é
assim, não funciono desse jeito. Para mim é muito complicado ter que
fingir simpatia para as pessoas terem que me aceitar ou ser como
Noah, que ri e faz piada com tudo. Quando estava na faculdade era
fácil para mim pois meu amigo estava sempre rodeado de outros
amigos e me incluía em tudo, só que depois disso já era mais difícil.
E talvez por isso passar um tempo com Noah, fazendo algo que
gostávamos me deixa um pouco nostálgico demais e muito empolgado.
― Para quem estava me julgando por estar jogando vídeo game há
uma hora atrás você está muito feliz fazendo a mesma coisa. ― O
idiota reclama mais uma vez.
Gargalho alto jogando a cabeça para trás.
― Não seja um mal perdedor, babaca. ― Consigo dizer entre as
risadas.
― Você é um idiota. Só está ganhando porque eu estou deixando
para você não ficar chateado.
― Noah, você nunca foi bom nisso.
Dou de ombros ainda rindo e sinto quando uma cotovelada acerta
minhas costelas com forças me obrigando a me apoiar na mesa de
cabeceira, com meu corpo ainda chacoalhando com as risadas.
― Eu sou bom em tudo o que faço, porra. Pergunta para Ari. ―
Resmunga mal humorado.
― Ah, aposto que ela vai dizer que sou muito melhor até no sexo. ―
Dou de ombros.
Voltamos ao jogo, parando com as provocações por poucos minutos,
mas logo estamos gritando e nos movimentando na cama como se
estivéssemos realmente na arena de futebol.
Provavelmente quem olhasse de fora a cena acharia que voltamos
aos nossos doze anos onde o jogo era algo muito importante e vencer
era tudo o que precisávamos, usando todas as armas que podíamos,
xingando, empurrando um ao outro e provocando. Dois marmanjos de
trinta e dois anos, advogados renomados, não seria muito bem visto
termos deixado nosso trabalho para ficar enfiado no quarto jogando
vídeo game.
Eu não poderia me importar menos.
A porta do quarto que está entreaberta é arrastada, nos mostrando
uma Ariela segurando duas xícaras com algo que eu espero muito que
seja café, me distrai tanto com o jogo que esqueci até mesmo de tomar
o meu precioso líquido.
Ela sorri ao olhar para a televisão e se aproxima de mim, me
estendendo uma xícara e outra para o Noah, que pega, abrindo um
sorriso para ela.
― Bom dia, meninos. Que gritaria é essa? ― Ela pergunta rindo.
Dou um gole no café quente, sentindo-o queimar minha garganta. Ari
sobe na cama, se arrasta por cima de mim e se ajeita entre nós dois,
deitando-se no pequeno espaço, concentrando-se na televisão que
agora tem apenas o jogo pausado, já que estamos mais concentrados
em tomar nosso café.
― Bom dia, linda. Essa gritaria é o seu namorado perdedor
enchendo o meu saco. ― Noah reclama, olhando para a loira em sua
cama.
―Está vendo o placar, amor? Aquele com quatro gols é o meu time e
o com dois gols é do Noah. Agora me diz, qual dos dois é o namorado
perdedor? ― Aponto para a televisão rindo junto da minha mulher.
As mãos pequenas de Ari alcançam o braço de Noah, fazendo um
carinho suave.
― Ah, querido, não seja um mal perdedor. ― Fala com a voz suave
para ele, que estreita os olhos em sua direção.
Quase derramo o café em mim de tanto que estou rindo da cara dele
agora.
Noah é realmente um péssimo perdedor. Sempre foi.
― Ainda posso virar o jogo e ganhar dele.
Bufo antes de virar o resto do liquido e colocar minha xícara na mesa
de cabeceira.
― Vamos lá então, garotos. A próxima sou eu, contra quem ganhar.
Nós dois viramos a cabeça para ela imediatamente, reparo no sorriso
orgulhoso que estampa seu rosto e semicerro os olhos, mordendo o
lábio para segurar a risada.
Nunca vi Ari jogar vídeo game, então é uma novidade e tanto vê-la
falar algo assim.
― Você jogando vídeo game? ― Pergunto.
― Sim, qual o problema? ― Arqueia a sobrancelha loira, me
interrogando.
― Problema nenhum. Só é... novidade.
― Não me subestime só porque não tenho um pau no meio das
pernas. ― Reclama, acertando um tapa no meu braço.
― Ei! Ele recebe carinho e eu apanho? ― Reclamo.
Ouço a risada de Noah, olho para ele imediatamente que alarga o
sorriso, deixando os ombros retos em uma pose orgulhosa.
― Ela sabe que eu sou o melhor. ― O idiota pisca para mim.
Ari ergue os olhos para ele e vejo que ela dá um beliscão em seu
braço quando ouço o resmungo de Noah. Dou risada da cara de
choque ele faz ao olhar para ela.
― Você é o melhor, amor. ― Ela diz, se levantando para me dar um
selinho.
― Você me magoa assim, linda. ― Noah murmura, fazendo um bico,
que logo se desfaz quando Ari deixa um beijo casto também.
Os olhos negros do meu amigo me encaram, parecendo um pouco
desconfortável. Reviro os olhos.
Parece que ele ainda não entendeu que estou bem com o que
acontecer entre nós três, ou ele está sendo apenas teimoso.
Não sei se o que ocorreu ontem poderá evoluir para algo como uma
relação mais séria e eu realmente não pensei sobre isso ainda, porém
acho que tudo pode ser conversado como foi desde o início. Se Ari me
disser que sentiu algo a mais por Noah depois de ontem, eu não sei
como me sentiria, talvez precisasse pensar por um tempo para saber o
que aconteceria, só que eu também sei que estou aberto para o que
quer que o destino tenha para nós três.
A única coisa que eu jamais aceitaria é que Ari fosse magoada de
alguma forma.
― Vocês não tinham que estar trabalhando? ― Ela pergunta, se
sentando para se ajeitar melhor entre nós.
Seu corpo pequeno quase sumindo no meio de nós dois e ela parece
muito confortável.
― Pedi para Callie mandar tudo o que tiver que ser resolvido pelo
email que veria daqui. Ela vai fazer o mesmo com o Liam.
Voltamos a jogar mais uma vez, só que agora minha namorada está
entre nós brincando e provocando, rindo das nossas idiotices.
Noah perdeu a partida, reclamando o tempo todo.
Mas quando passo o controle para Ari e ela se mostrou uma boa
jogadora, me pegando de surpresa, o idiota vibrava a cada gol que ela
fazia ou cada manobra mais ousada, rindo da minha cara.
Assim passamos a nossa manhã, entre muitas risadas, brincadeiras,
trocando para outros jogos e nos divertindo. Ariela só saiu da cama
uma vez para pegar um lanche para nós e voltou, ficando entre nós
dois.
Depois de tantos anos juntos eu já havia visto muito de Ariela,
poderia dizer que a conhecia como a palma da minha mão, mas hoje...
Hoje foi diferente.
Enquanto ela reveza entre jogar, nos provocar, aproveita qualquer
momento para acariciar um de nós, nos beijar. Não importa quem
ganha, ela grita e pula na cama, como se fosse a vitória do jogo mais
importante de nossas vidas.
Ela está leve, está tranquila, sorrindo e tão feliz que eu sentia-a
irradiar sua alegria pelo quarto. Vê-la daquela forma é mais do que
gratificante, a melhor coisa que eu já vi e eu amei cada segundo.
Sentado ao lado da minha mulher, com meu melhor amigo ali com a
gente, compartilhamos um momento que parece muito mais íntimo do
que aquele que vivemos na noite passada.
Ali, eu senti que estávamos criando laços mais fortes do que o que já
existia. Estávamos nos permitindo apenas ser o que queríamos, o que
podíamos, sem ter que nos preocupar com nada do mundo lá fora,
apenas em ganhar mais uma partida de um jogo qualquer e nos deliciar
com as risadas e a felicidade que nos envolviam. Estamos em uma
bolha. Nossa própria bolha.
E eu não queria perder isso.
Ariela nos obrigou a ajudar com o almoço, nenhum de nós dois
reclamou, apenas fomos e enquanto fizemos um escondidinho de
camarão, que minha mulher adora, não pude deixar de notar que até
mesmo fazendo isso parecíamos trabalhar muito bem em equipe.
Almoçamos enquanto conversamos, Ari conta animada para Noah
como foi abrir sua galeria, conta sobre suas amigas e ele também
conta para nós sobre seus amigos de Santa Mônica, já eu conto para
ele sobre alguns clientes e coisas que eu e Ari vivemos.

No final do dia estamos deitados na minha cama dessa vez, com Ari
entre nós mais uma vez, assistindo novamente à Friends. Ela está
deitada de lado, sua bunda colada em mim, enquanto descansa a
cabeça no peito de Noah. Quando ela deitou assim, percebi meu amigo
ficar tenso, mas ele não fez nenhum movimento para ela se afastar.
Noah e eu tiramos um tempo só para ver se Callie mandou algo para
nós e resolvemos o que tínhamos que resolver antes de voltarmos para
Ari.
Um telefone toca no quarto e pelo canto do olho vejo Noah se esticar
e alcançar o aparelho ao seu lado.
― Alô. ― Ele fala baixo. Um pouco de silêncio e então ele volta a
falar. ― Sim, nós viajamos amanhã à noite. Passo ai para te pegar. ―
Sinto o corpo de Ari tensionar e ela levanta a cabeça do peito dele,
olhando dele para mim. ― Isso, vamos ficar uma semana. Até amanhã.
Com isso ele desliga o telefone e só então olha para Ari que está
completamente encostada em mim a essa altura.
― Você ainda vai levar alguém? Eu pensei... ― Ari se perde no que
ia dizer e percebo que seu corpo teme de leve.
― Eu já havia falado que iria levar alguém. É uma viagem de casal e
eu não vou ficar atrapalhando vocês dois. ― Noah se defende.
Minha mulher senta na cama tão rápido que seguro seu braço
apenas por reflexo. Também me sento e acaricio onde segurei.
― Amor... ― Tento falar, mas ela me corta.
― Não seja babaca, Noah! Por favor, só não seja um babaca. ― Ela
fala, se alterando. ― Já deixamos mais do que claro que queremos
você com a gente. Eu achei que depois de ontem...
― Depois de ontem o que, Ariela? Viraríamos um tipo de trisal? ―
Pergunta com escárnio, me fazendo olhar feio para ele.
― Cuidado, Noah! ― Alerto e ele me encara.
― O que foi, Liam? Eu só quero entender o que ela achou que
mudaria. ― Grita, já se levantando.
― Fale direito...
― Não, Liam! Ele está certo! ― Ari fala com a voz embargada, suas
mãos tremem quando alcançam meu peito. ― Eu não sei o que eu
achei que mudaria. Talvez eu tenha pensado demais e visto demais,
sendo que não é nada.
― O que aconteceu foi só por um desejo que vocês tinham, não dá
para ser mais do que isso, Ariela. Não tem como funcionar, entende?
Não posso ir em uma viagem com vocês e fingirmos que é a coisa mais
normal do mundo.
Enquanto assisto aos dois discutirem, sinto meu sangue ferver,
sentindo uma vontade quase insana de estrangular Noah por estar
sendo um idiota. Claro que eu entendo o que ele quer dizer, mas isso
não dá o direito de ele falar assim com minha mulher.
― Noah, acho melhor você ir para o seu quarto. ― Ordeno.
Meus dentes doem com a força que os aperto um contra o outro,
minhas mãos em punho, segurando o corpo pequeno no meu.
Ele apenas assente e se vira, parando por alguns segundos na porta
antes de se virar.
― Ari...
― Não! Está tudo bem. Você pode levar quem quiser, pode fazer o
que quiser. Você é solteiro e o que aconteceu entre nós ontem e hoje
foi só um desejo. Eu que pensei demais e devo ter criado expectativa
onde não cabia. ― A loira fala, se encolhendo contra o meu corpo.
Noah abre a boca para responder, mas seus olhos caem em mim
mais uma vez e o que vê parece o calar.
Odeio brigas, sempre odiei. Me envolvendo ou não.
Mas não me importo de gritar com ele ou até mesmo dar uns socos
no babaca agora. Meu desejo só aumenta quando sinto Ari tremer um
pouco antes de voltar a se deitar, dando a conversa por encerrada.
Noah ainda olha para ela por um segundo antes de sair batendo a
porta.
Deito-me atrás dela, tocando seu braço com meus dedos, fazendo
um carinho de leve.
― Amor, olha para mim. ― Peço baixo e ela se vira.
Os olhos cor de mel estão cheios de lágrimas não derramadas, seu
lábio rosado treme levemente em mais um sinal de choro e só não
levanto para ir dar um soco na cara do filho da puta do meu amigo,
porque minha mulher precisa muito mais de mim agora.
― Me desculpa, eu não queria...
― Porque está se desculpando? ― Pergunto.
― Porque eu estou chorando por outro homem, porque sou uma
idiota e achei que talvez... Eu não sei, Liam... ― Ela reclama baixinho,
segurando o choro. ― Eu senti que algo mudou, eu senti uma ligação
com ele e achei que ele também tivesse sentido. Não estou falando
que viveríamos um romance, sei que as coisas não são assim, mas...,
mas... Eu não sei, não sei o que pensar agora. Eu estou me sentindo
decepcionada quando não deveria, nada foi prometido não é mesmo?
― Não, não foi. Mas você pode ficar triste e não tem que se
desculpar por isso. Ele está assustado, eu acho e Noah não lida muito
bem com sentimentos.
Ela assente para mim, seus olhos caem para o meu peito coberto
pela camiseta. Seus dedos brincam desenhando círculos sob o tecido.
Deixo-a ter um tempo para pensar, enquanto tento acalmar meus
próprios pensamentos.
Ari é uma pessoa que sente demais, seja qual for o sentimento ela é
intensa em tudo, e por isso não me assusta ouvir dela que sentiu uma
ligação com Noah depois de ontem.
Na segunda vez em que ficamos juntos nós dois já nos sentíamos
tão apegados um no outro que não conseguimos nos desgrudar. O
coração dela funciona assim, se apega rápido demais em qualquer
mínima demonstração de carinho e isso pode ser tanto uma benção
quanto uma maldição.
No meu caso com ela, uma benção.
No de Noah com ela, uma maldição.
― Você sabe quem ele vai levar? ― Pergunta depois de um tempo
em silêncio.
Pigarreio, querendo ganhar tempo.
Inferno, esse filho da mãe quem deveria contar e não eu.
Ariela e Tiffany não tem um bom histórico, por isso já espero um
pequeno surto.
― Tiffany. ― Respondo sucinto.
Olho para o rosto delicado dela, suas bochechas salientes estão
rosadas e ela morde o lábio com força, enquanto seus dedos alcançam
a orelha, mexendo nela como sempre faz quando fica nervosa.
― Não acredito. ― Resmunga.
― Ari, amor... Ele só precisa de um tempo ok? Deixe-o pensar e se
ele quiser levar ela, vamos aproveitar nossa viagem do mesmo jeito.
― Aquela loira falsa. É bom ela evitar cruzar comigo para eu não
afogar ela.
Dou risada do jeito dela.
― Você não pode. É escolha do Noah a levar e precisa aceitar isso.
― Eu saber que preciso fazer algo, não quer dizer que eu vou. ― Dá
de ombros, fazendo birra. Olho com os olhos apertados para ela. – Não
adianta me olhar assim. Se ela olhar para você por um segundo mais
que o necessário vou arrancar os olhos dela.
Gargalho ainda mais alto dessa vez antes de deixar um beijo em sua
testa, sentindo seu corpo tremer com a risada também.
― Eu te amo, Ari.
E eu amava.
Não me importava de ela estar triste com outro homem, chorando
por ele ou se sentindo apegada de alguma forma a ele.
Eu a amaria acima de tudo isso!
Eu odiava Noah!
Nesse instante, enquanto olho para o teto branco do meu quarto,
tudo o que eu conseguia pensar era no quanto eu o odiava.
Depois do sexo de duas noites atrás eu senti algo mudar dentro de
mim, enquanto ele tocava a minha pele como se fosse algo precioso e
me fodia com urgência ao mesmo tempo, um sentimento forte se
enraizou no meu coração, fazendo-o bater tão descontrolado quanto
era possível. Eu já havia sentido aquilo, eu sabia o que era.
Eu me sentia da mesma forma com Liam.
Meu namorado se infiltrou no meu coração, apertou-o e preencheu,
me fez sentir como se ele estivesse por debaixo da minha pele. Invadiu
minha mente de uma forma absurdamente possessiva, fazendo
morada ali, enchendo-me de tanta esperança e amor que eu nem sabia
poder sentir. Era quase como se eu pudesse explodir a qualquer
momento com tantos sentimentos embaralhados e intensos mesmo
que calmos.
Com Noah não foi diferente, à não ser pela parte pacífica. Apenas
uma noite foi necessária para sentir que ele era como um furacão que
começou na minha mente calma e saiu arrastando tudo e qualquer
coisa dentro de mim, lançando-me em um espiral confuso de
sentimentos, destruindo tudo que eu tinha total controle e que me
mantinha em pé.
Eu sabia que não deveria me permitir sentir isso, era para ser
apenas sexo em uma noite ou duas, mas foi difícil me desligar desse
sentimento quando ele se deitou ao meu lado e me fez carinho até que
eu adormecesse, foi difícil me manter sã quando passamos um dia
quase inteiro nos divertindo, nos conhecendo e nos construindo.
O rosto bonito de Liam surge em minha visão, me fazendo piscar
algumas vezes para focar em seus olhos castanhos com arcos ao seu
redor dourados, fazendo-os ainda mais brilhantes.
― Não fique pensando muito, amor. ― Fala com a voz rouca.
Ergo minha mão, alcançando seu rosto marcado pela barba rala,
acaricio lentamente, dedilhando como se estivesse conhecendo-o.
Liam tem uma beleza suave.
Ele é lindo de uma forma absurda, mas seus traços de menino
serviriam para um modelo perfeito. O nariz anguloso, os olhos claros
com sombras feitas pelos cílios curvados e claros junto de suas
sobrancelhas do mesmo tom de loiro escuro dos cabelos.
Olhar para ele é como olhar para o meu ponto de paz. Acalma toda e
qualquer confusão dentro de mim.
― Eu posso te contar uma coisa?
― Claro. Sempre. ― Responde rápido.
Liam se joga ao meu lado, me puxando para o seu peito. Minha mão
voa direto para o seu peito, passando minha unha para cima e para
baixo, com suavidade, ao mesmo tempo em que ele infiltra os dedos
entre meus cabelos e acaricia meu couro cabeludo.
Não vou me sentir bem enquanto não falar para Liam como me senti,
mesmo que isso nos leve a um caminho pelo qual eu não queria
passar, preciso conversar com ele como sempre que fizemos com tudo
o que é importante e sendo sobre o que é, sinto que se fizer isso
aninhada ao seu peito será muito mais fácil.
― Ontem quando falei para ele que senti que algo havia mudado
entre nós, eu não falei da boca para fora. ― Falo baixo, respirando
fundo, deixando seu cheiro entrar no meu nariz e diminuir as batidas do
meu coração. ― Acho que naquele momento as coisas se misturaram
muito mais do que deveria e agora estou me sentindo uma bagunça
completa, todos os sentimentos emaranhados em uma teia tão
aprofundada que eu simplesmente não vejo uma forma de desfazer.
Sinto uma lágrima deslizar pelo canto do meu olho, caindo em seu
peito que sobe e desce com calma, sem perder seu ritmo. As batidas
calmas do seu coração enchem meus ouvidos, tão diferente do meu
que bate enlouquecido, o medo como uma nuvem negra pairando sob
minha cabeça como uma ameaça a tudo o que construí até agora,
como se eu estivesse pestes a arruinar a melhor coisa da minha vida.
― Olhe para mim, amor...
Nego com a cabeça.
― Eu não quero estar nem minimamente perto de te perder, eu não
posso e talvez tenhamos errado em envolvermos Noah entre nós dois,
porque agora parece tudo embaralhado, tudo confuso demais. Eu te
amo tanto, você está em minha pele, minha mente, tão cravado ali que
nada te arranca de mim. ― Minha voz embarga e sinto minha
respiração se tornar pesada, quase difícil. ― Mas naquela noite eu o
senti se rastejar para dentro de mim também, se infiltrar junto de você,
quase colado de onde você está. Eu odeio...
― Ari, olhe para mim. ― Ele pede, mas dessa vez sua mão alcança
meu queixo e ergue meu rosto, para olhar diretamente em seus olhos
calmos. Preciso morder o lábio tentando conter a explosão dentro de
mim. ― Quando decidimos o envolver, sabíamos que tudo poderia
acontecer. Eu sabia disso e amor, se você falar para mim que não
pensou por um segundo que algo mudaria, você estaria sendo inocente
demais.
― Mas...
― Nós não mandamos em nossos sentimentos, não temos controle
sobre como vamos nos sentir. O que podemos controlar é como
lidaremos com isso. ― Seu indicador desliza pelo meu rosto com
carinho. ― Eu não vou a lugar nenhum a não ser que você me mande
sair.
― Eu nunca te mandaria sair.
― Então me diga, como você quer lidar com esse sentimento?
― Sinceramente? ― Pergunto baixo, encarando seu queixo apenas
para evitar seus olhos. ― Eu não sei. Na verdade, não faremos nada.
Noah deixou claro que não foi além de sexo e ele não precisa saber o
que foi para mim.
― Vou usar o meu privilégio de participante ativo dessa relação e te
falar o que eu acho. ― Assinto e só então olho em seus olhos. ― Noah
é um idiota na maioria das vezes porque ele simplesmente não sabe
lidar com sentimentos, já te falei isso e muitas das vezes isso o leva a
falar coisas das quais ele se arrepende depois. Mas mesmo que para
ele tenha sido só sexo, acho que ele merece saber o que se passa aqui
― Ele bate o indicador duas vezes na altura do meu coração. ― Não
garanto que ele vai lidar bem com isso, eu realmente não sei como ele
vai reagir a isso, mas tenho certeza que se fosse eu, iria querer saber
para ter uma escolha e se você escolher não falar, estará tirando a
escolha dele.
Enquanto observo seu rosto, procurando por qualquer indicio de
desconforto, seu lábio sobe em apenas um lado, um pequeno sorriso
se mostrando. Seus olhos não piscando mais do que o necessário, me
encarando com firmeza. Sinto meu corpo derreter contra o dele,
respirando aliviada como se ele estivesse assoprando o ar diretamente
nos meus pulmões.
― Qual escolha amor? ― Pergunto, encostando a ponta dos meus
dedos em queixo, brincando com sua barba. ― Não te incomoda?
Você não está bravo? Com ciúmes?
― Para ser sincero? Não estou bravo e nem com ciúmes, se fosse
para me sentir assim, deveria ter me sentido quando propomos o sexo.
― Ele puxa uma mecha do meu cabelo para enrolar em seu dedo. ―
Não me incomoda porque, como eu falei, entramos nessa sabendo que
as coisas poderiam mudar e para falar a verdade, estou em paz por
saber que se você gosta de outro homem é alguém que te respeita e
que vai cuidar de você.
Suas palavras rodam dentro da minha mente, girando e se
assentando lentamente em mim.
Eu seria uma namorada horrível poro amar ainda mais, por ele ser
tão compreensivo e me entender sempre?
― Vou pensar sobre o que fazer. Acho que preciso de um tempinho
para lidar com isso tudo, antes de conseguir falar com ele.
― Leve o tempo que precisar, amor. Mas não deixe que isso
estrague nossa viagem.
― Eu já falei, se aquela vaca olhar para você eu vou arrancar os
olhos dela e dar para o Noah comer só por ter levado ela com a gente.
― Dou de ombros e ele ri baixo.
― Essa sua carinha de anjo, esconde uma sanguinária, hein. ―
Brinca ainda rindo.
Faço careta para ele e dou um selinho em sua boca, deixando-o
aprofundar o beijo ao tocar sua língua na minha e as envolver em uma
dança, provocando e se envolvendo. Meu corpo ganhando vida própria
ao me esfregar contra ele, meus seios em sua lateral firme. Seus
longos braços se enrolam em minha cintura, apertando-me ainda mais.

― Eu acho bom você tirar a cabeça do seu rabo e ir se desculpar


com a minha mulher, ainda hoje! ― Liam brada assim que invade me
escritório.
Depois da minha discussão com Ari ontem não consegui dormir,
fiquei a noite inteira remoendo cada palavra que joguei em sua direção,
cada mentira que deslizou pela minha língua com muita facilidade. Seu
semblante magoado me atormentou a noite toda, aqueles olhos cor de
mel me condenando por ser um idiota.
Hoje nem fiz minha corrida, levantei no horário de sempre, tomei
meu banho e me troquei para vir direto para a Evans&Carter. Não
podia correr o risco de encontrar ela e ter que ver mais uma vez o
quanto a decepcionei.
― Qual a dificuldade em bater na porra da porta?
Liam rosna e apoia as mãos na mesa, se inclinando um pouco,
alinhando nossos olhos.
Nossas diferenças notáveis, só me deixa ainda mais insano.
Que merda eu tinha na cabeça ontem quando pensei por um
segundo que nós três faríamos dar certo?
Liam é quem Ari ama, com seu jeito passivo e racional, sua cara de
modelo e coração enorme.
Eu não vou me encolher para entrar onde não me cabe!
― Qual a dificuldade em não ser um idiota, uma vez na vida? ―
Pergunta retórico. Seus olhos estreitam e posso jurar que consigo ver
uma veia saltar no seu pescoço. ― Vou te falar uma coisa, Noah. Eu te
envolvi no meu relacionamento porque confio em você, porque Ariela
confia em você e sabíamos que qualquer coisa que acontecesse seria
conversado. Eu ter te chamado para um sexo à três, ter deixado você
olhar e desejar minha mulher, não te dá a porra do direito de falar
merda para ela.
― Liam... ― Tento, mas ele me corta.
― Você não querer repetir, tudo bem. Não querer sentir, tudo bem.
Mas em momento algum ache que tem o direito de despejar suas
merdas em cima dela. ― Pontua sua fala, batendo o dedo na madeira
escura. ― Eu não vou aceitar nada além de respeito por ela. Leve
quem você quiser, coma quem você quiser, mas a partir do momento
que isso machucar Ariela eu vou me envolver.
― Não deveria ter acontecido. ― Resmungo, passando a mão nos
cabelos, sentindo-me com os nervos à flor da pele.
― Mas aconteceu, porra! ― Encaro os olhos de Liam, semicerrando
os olhos para ele. ― Aceite. Engula a merda e pense no que tiver que
pensar e simplesmente aceite que você transou com a minha
namorada, eu estava junto. Somos todos maiores de idade e
responsáveis por nossas decisões.
Se afasta da mesa, me deixando para lidar com o soco na cara que
ele me deu sem nem ao menos me tocar.
Eu sabia desde o sexo oral que Ariela de alguma forma estava no
meu coração, ali, fazendo-o bater muito mais rápido que o normal e
quando decidi ir até o final, sabia que isso pioraria e mesmo assim eu
fiz.
Responsável pela minha decisão.
Ser adulto é uma merda!
― Eu ainda irei levar Tiffany, caso eu vá. ― Afirmo.
― Faça o que bem entender, mas tira a cabeça da bunda e vá se
desculpar com Ari. Não me importo como, só faça.
E com isso o idiota se vira, indo para a porta.
― Agora? Sozinho? ― Pergunto, porque eu também sou um idiota.
Liam se vira para mim, sua sobrancelha loira arqueada.
― Quer que eu segure sua mão?
― Liam... ― Merda, como vou falar para ele que não posso garantir
que irei conter o desejo de tocar Ari se estiver sozinho com ela? ― Eu
não sei se posso.
― O que te impede? Está com a bunda colada na cadeira?
― E se eu quiser a beijar? Tocar? E se eu quiser dar a ela um sexo
de reconciliação?
Ele ri baixo, dando de ombros.
― Então dê, porra. ― Voltando para perto da mesa, seus olhos
encontram os meus mais uma vez. Me remexo na cadeira, me sentindo
desconfortável. ― Conversei com ela hoje sobre nós e não são meus
sentimentos para te contar, mas Ariela gosta de você, mais do que ela
mesmo achou que aconteceria e estou bem com isso. Não sei como
vai ser, se vai funcionar nós três ou coisa assim, mas se for do desejo
de vocês dois ir em frente com isso, precisam de um tempo só de
vocês.
― E mais uma vez, você está bem com isso?
― Estou, Noah! Porque tudo que é decidido, é entre os três, em
conjunto e espero que continue assim.
― Você sabe que... ― Minha língua parece inchar dentro da minha
boca enquanto procuro uma forma de dizer, mas forço as palavras a
saírem de qualquer jeito. ― Se algo acontecer, as pessoas irão falar.
Vão olhar para ela diferente, a julgar.
― E então terá dois advogados foda para proteger ela. ― Diz como
se fosse simples assim. ― Olha nos meus olhos e me diga que nada
mudou para você? Que você não adorou cada segundo daquela noite?
Fico em silêncio, evitando responder suas perguntas
deliberadamente.
Porque sim, mudou. Mudou tanta coisa dentro de mim que nessas
poucas horas me sinto consumido, quase exausto de lutar contra esse
órgão idiota que bate loucamente só de pensar nela.
Não é normal isso, eu sei que não. Mas e se...
E se fizéssemos funcionar?
E se fosse para ser assim?
E se Ariela for a mulher que veio para me domar?
― Foi o que eu pensei. Então, não seja um babaca e vá até ela.
Estarei por aqui o dia todo, te darei tempo o suficiente para conversar
com ela e se resolverem. Só me deixe saber o que vocês decidiram.
Nunca me deixe de fora e eu farei o mesmo.

Meia hora depois da minha conversa com Liam estou parado na


porta do quarto do casal, olhando a loira espalhada pela cama kingsize.
Ela ressona baixinho, abraçada a um travesseiro como se fosse seu
bote salva vidas. Seus fios dourados uma bagunça esparramada pelo
lençol branco enquanto feixes de luz invadem a janela, iluminando-a
como um anjo.
E eu tenho certeza que nunca vi nada tão lindo em minha vida.
Me aproximo da cama com passos lentos, gravando sua imagem
assim em minha memória só para o caso de não haver outra chance
dessa.
Sento na beirada da cama, levando minha mão para os cabelos,
acariciando-os com toda a delicadeza que consigo. Vejo-a abrir os
olhos cor de mel para mim, piscando algumas vezes como se quisesse
garantir que eu não sou uma miragem.
― Oi.
― Oi. ― Responde com a voz rouca pelo sono.
Ariela se senta na cama, me dando a visão dos seus seios cobertos
por um tecido fino branco quase transparente de seda, o decote em V
deixando-os quase saltar para fora. Até mesmo o pescoço dela agora
parece tentador demais.
Minha boca enche d’agua só com a visão dela.
― O que está fazendo aqui me olhando dormir como um maníaco?
― Pergunta baixo, enquanto tenta domar os fios loiros.
― Vim me desculpar. ― Murmuro e vejo quase lentamente ela travar,
virar a cabeça em minha direção e me olhar com os olhos pesados, um
brilho de tristeza neles deixa meu coração apertado. ― Eu fui um
idiota. Quer dizer, eu sou um idiota na maioria das vezes, mas quando
falei aquelas coisas para você eu superei as idiotices.
― Tudo bem. Está desculpado.
Seus olhos caem para o seu colo, onde ela torce os dedos, evitando
me olhar mais uma vez.
Levo minha mão para as suas, contendo seus movimentos para que
não se machuque.
É tolice não querer isso, quando eu mesmo a machuquei com
palavras.
― Eu não sou bom com sentimentos, nunca fui. Eu sei lidar com
raiva, com a alegria, sei lidar com o ódio e a ganância. Sei lidar com
muitas coisas, mas não com isso que você me fez sentir em tão pouco
tempo e por isso eu fiz o que sabia, eu fui um babaca porque sentir
isso está sendo demais para mim!
Finalmente seus olhos encontram os meus novamente, e posso jurar
que em um momento rápido um brilho fugaz de esperança passou por
eles, mas ela pisca os cílios, o afastando tão rápido que penso que vi
demais.
― Vou na viagem com vocês e manterei o plano inicial de levar
Tiffany, preciso disso entende? Preciso de um tempo para pensar e
entender.
― Vai pensar enquanto estiver dentro dela? ― Pergunta já se
alterando.
Ela levanta da cama, me deixando ver sua fina camisola que delineia
perfeitamente todas as curvas deliciosas do seu corpo e merda, meu
pau já dá sinal de vida.
― Eu não disse que vou transar com ela, é você quem está falando
isso. Eu vou a levar porque já convidei e acho que ela pode ser um tipo
de freio para o meu desejo de estar dentro de você.
― Porque precisa disso? Não tem ninguém te impedindo. ― Se vira
para mim, com as mãos na cintura. Seu rosto está avermelhado pela
raiva e preciso morder o lábio para segurar a risada, olhando bem
agora, ela fica muito fofa brava. ― Eu estou bem com isso. Liam está
bem com isso. Então qual o problema?
Meu coração bate descompassado dentro do peito, suas palavras se
assentando dentro de mim.
Exatamente, qual o meu problema, porra?
Me levanto e com dois passos estou em sua frente, inclino um pouco
meu corpo, deixando nossos lábios tão perto um do outro que sinto seu
hálito quente.
― O problema sou eu, linda. Já disse que preciso pensar e entender,
preciso ter a certeza do que farei, porque se formos entrar em um algo
mais sério, quero ser capaz de me permitir sentir tudo o que tiver que
sentir, quero ser capaz de te tocar, sem sentir que estou fazendo algo
errado...
― Não é errado. ― Sussurra com a voz afetada.
― Para nós pode até não ser, mas e as outras pessoas?
― Eu não me importo. Se eu tiver vocês dois... eu não me importo,
Noah.
Um pequeno sorriso contorce meu lábio. Pego uma mecha do cabelo
macio, enrolando em meu dedo, sem desviar meus olhos do seu lábio
rosado. O calor do corpo dela parece tocar minha pele mesmo com
todas as camadas de roupa que estou vestindo e por incrível que
pareça, eu amo isso.
― Só estou te pedindo paciência, linda. Tenha paciência comigo e
me deixe pensar, me deixe saber o que eu quero e quando eu souber o
que fazer, irei até você. Seja para te ter ou para ser seu amigo. Eu vou
voltar para você.
Quando ela roça seu lábio no meu, minhas mãos coçam com a
vontade de a tocar e a vontade avassaladora de manda-la esquecer
essa merda, que eu não preciso pensar, eu a quero em qualquer
circunstância.
― Promete?
― Prometo, linda!
Deixando um selinho casto, da dois passos para trás se afastando e
sinto imediatamente falta do seu corpo perto do meu.
― Você não pode me culpar se por algum deslize eu acabar jogando
aquela loira falsa na lareira ou a deixar careca, enquanto você pensa.
Uma gargalhada explode em minha garganta, me fazendo jogar a
cabeça para trás.
Essa mulher...
Porra, essa mulher tem que ser minha.
― Vou me arrumar, tenho que terminar minha mala e a de Liam.
Precisa de ajuda?
― Não, linda. Eu até diria que você não precisa de muita roupa, mas
para o bem da minha sanidade, você pode levar umas burcas para
usar?
E dessa vez quem ri é ela, o som é tão fascinante que não quero
nem piscar, para não perder a visão que é ela assim.
Depois de mandar um beijo para mim, se vira e vai para o banheiro,
rebolando a bunda quase a mostra. Grunho, passando a mão pelos
cabelos, frustrado por não saber lidar com essa merda.
O problema não é querer entrar nisso e ver como será, o problema é
o que virá depois, como vou reagir sempre que alguém ver nós três
juntos e apontar para nós, ou murmurar xingamentos direcionados a
ela.
Passo o dia todo pensando nisso e no final do dia, quando saímos
para finalmente ir aos chalés, passo para pegar Tiffany que entra no
carro animada, me dando um beijo no canto da boca.
― Finalmente conseguimos nos encontrar novamente. Estou tão
animada para passar esses dias com você.
Ela tagarela o caminho todo, tento acompanhar, contar piadas e rir
junto dela nos poucos minutos que passamos no carro, mas minha
mente só me leva até outra loira. A que eu deveria estar junto agora e
não nessa.
Sinto-me um merda.
Talvez tenha sido a pior decisão trazer Tiffany.
Quando finalmente chegamos nos chalés não é tão tarde, porém eu
me sentia emocionalmente esgotada, por isso só tive tempo de deixar
nossas malas no canto do quarto antes de me deitar para dormir um
pouco.
Liam se deitou comigo e não sei se dormiu ou quanto tempo ficamos
ali, eu só sei que quando acordei o céu estava escuro, flocos de neves
caiam ao redor do pequeno chalé deixando a paisagem da parte de
trás do quarto ainda mais linda. Enormes arvores sombrias faziam um
conjunto com a grama que tinha uma fina camada de neve.
Aproveito que meu namorado esta quieto ao meu lado e observo o
quarto.
Já estivemos aqui outras vezes, mas nunca deixo de me surpreender
com quão lindo é e como estar aqui me traz uma sensação de paz,
como se meu espírito adorasse o silêncio e a beleza do local.
O chalé era feito de madeira triangular, o quarto ficava na parte de
cima, o único cômodo nessa parte. E continha poucos móveis, apenas
uma cama que era constituída só por um colchão kingsize em cima de
um tipo de tablado de madeira clara, um pequeno guarda-roupa e uma
prateleira na outra lateral com alguns enfeites e algumas plantas caiam
do teto até a metade da janela de vidro imensa logo atrás da cama.
― Ei preguiçosa. ― Liam murmura, puxando-me para colar meu
corpo ao seu.
Me estico completamente, relaxando meus músculos.
― Acho que dormi demais.
― Acordou em tempo, acabei de pedir o jantar.
Como se entendesse a frase que meu namorado acabou de soltar,
meu estômago ronca alto, anunciando minha fome.
― Vou tomar um banho primeiro, vem junto? ― Ronrono, me
esfregando em sua ereção.
Ele ri baixo, dando um beijo no meu pescoço. Meu corpo se arrepia
completamente com o contato de sua boca quente e um gemido
escapa dos meus lábios.
― Já tomei banho enquanto você dormia. Então, vou esperar o
jantar lá embaixo. Pensei em ver com Noah e Tiffa...
―Não! Podemos jantar só nós dois hoje? Amanhã chamamos eles.
Não estou com raiva de Noah, não teria como estar depois da nossa
conversa. Contudo, não estou ansiosa para vê-lo com Tiffany
enroscada nele.
Esses dias prometem ser uma grande tortura para mim.
Tive tempo para pensar em tudo e sei que eu quero Noah, tanto
quanto quero Liam. Parece absurdo comparar eles, e mesmo não
entendendo como, sei que o que mudou dentro de mim, foi minha
vontade enlouquecedora de ter Noah para mim e só para mim.
Talvez os anos que eu passei apenas o assistindo de longe, vendo-o
viver sua vida, conquistando suas coisas, eu fui me apaixonando por
ele a distância. Abafei esse sentimento durante dez anos, guardando-o
apenas para mim como um segredo horrendo.
Afinal, que tipo de mulher eu seria se amasse outro homem além do
meu namorado?
Mas agora, depois de tê-lo da forma que tive, agora que convivemos
diariamente, é difícil não deixar isso florescer em mim. Crescer como
uma erva daninha que envolve meu coração.
Meu primeiro medo era como Liam lidaria com isso, se ele poderia
entender que mesmo que eu me apaixonasse por Noah, ainda assim o
amaria com todo o meu coração, mas eu deveria saber que ele melhor
do que ninguém me entenderia, não me julgaria e agora, a única coisa
que me assusta é que posso perder Noah definitivamente, que ele
pode simplesmente não querer viver conosco.
Porque eu definitivamente não deixaria Liam, mesmo que ele me
pedisse.
― Claro, amor. ― Liam responde complacente.
Me levanto, deixando um beijo casto em seu lábio.
― Obrigada.
Vou para o banheiro, encontrando o cômodo pequeno, mas o
suficiente para caber uma banheira com vista para a floresta, um
chuveiro em um espaço de box apertado. A pia fica em cima de um
balcão de madeira clara, como todo o resto. Algumas velas espalhadas
pelo lugar estão apagadas, mas o deixam tão aconchegantes mesmo
assim.
Por Liam estar me esperando opto pelo chuveiro, depois o chamaria
para aproveitarmos a banheira.
Ligo a água quente e depois de tirar a roupa entro nos jatos de água,
deixando a água relaxar meus músculos e lavar todos os meus
pensamentos sobre o que Noah e Tiffany estariam fazendo agora.
Ele me prometeu que pensaria sobre nós, mas não me prometeu que
não a tocaria, mesmo falando que não pensava em transar com ela e o
bicho verde e malvado dos ciúmes corrói meu estômago agora,
trazendo a bile para a minha garganta.
Não. Não posso me torturar com isso.
Só preciso esperar que ele pense, porque eu sei que se ele falar que
me quer, que vai entrar nessa de cabeça, eu não pensaria duas vezes
antes de me jogar com ele. Mas se ele não quiser, vou ter que
aprender a conviver com isso e esquecer esse sentimento gostoso que
deixa meu coração batendo enlouquecidamente.
Termino meu banho e pego uma toalha branca felpuda que estava
pendurada ao lado do box, me seco e me enrolo, indo para o quarto
onde abro minha mala que não foi desfeita ainda e escolho um vestido
de lã grossa rosa e uma meia três quarto quente e calça uma bota de
cano curto, amarro meus cabelos em um rabo de cabelo, deixando
alguns fios soltos.
Me olho no espelho, sorrindo com o resultado.
Desço as escadas de madeira da mesma cor escura do restante do
chalé e encontro Liam ajeitando o jantar na pequena mesa de vidro que
fica no canto contrário do pequeno balcão da cozinha conjugada da
sala.
O outro como tem um sofá que ocupa o centro e fica em frente a
uma lareira elétrica, uma televisão logo em cima está desligada e não
me lembro de já termos ligado o aparelho nas outra vezes em que
estivemos aqui.
O cheiro gostoso da comida alcança meu nariz, fazendo meu
estômago roncar mais uma vez.
― Hum, esse cheiro está delicioso. ― Digo me aproximando dele, o
abraçando por trás.
Liam ri baixinho, sem parar seu trabalho de arrumar a mesa.
Só então percebo que agora ele veste um casaco mais grosso por
cima da outra blusa de lã.
Apesar do aquecimento geral estar ligado, o frio do alto da montanha
é cruel e invade o chalé, por isso ainda temos que usar mais roupa do
que usaríamos em nossa casa.
― É Laksa, com camarão. Quando vi no cardápio, já sabia que se
não escolhesse essa provavelmente você chutaria a minha bunda e me
faria dormir na piscina lá fora.
― Eu amo como você me conhece tão bem.
Nós dois rimos.
Quando ele termina, se vira para mim e passa um braço pelo meu
pescoço, beijando minha testa.
Laksa é sem dúvidas minha sopa preferida no mundo, principalmente
quando acompanhada com camarão. Descobri isso em uma das
nossas viagens, para a Malásia. Ela foi marcada por muitos momentos
maravilhosos e lembrar disso deixa meu coração apertado.
Ergo os olhos para encontrar os dele.
―Deveríamos viajar depois da exposição.
― Hum, não sei. Acabamos de começar com a Evans&Carter,
paramos apenas por causa do Natal e quando voltarmos terei bastante
trabalho. ― Fala com calma, como se estivesse explicando para uma
criança.
Faço um bico, piscando os cílios para ele algumas vezes. Me
obrigando a não sorrir.
― Tudo bem. Você pode me recompensar depois com uma viagem
bem longa pela minha querida Itália. ― Mexo as sobrancelhas,
finalmente sorrindo.
Ele ri baixo, me dando um selinho.
― Prometo que assim que possível passaremos duas semanas
completas viajando por onde você quiser. Agora vamos jantar.
Assinto, sentando-me em uma das cadeiras, de frente para ele.
Assim que me sirvo e coloco a primeira colher da sopa apimentada
na boca o sabor delicioso explode na minha boca, um gemido baixo
escapa dos meus lábios e Liam ri mais uma vez.
― Estou quase com ciúmes dessa sopa. Você parece maravilhada
agora.
― Oh, amor, é porque eu estou. Juro, isso está maravilhoso. ― Digo
já enfiando outra colherada na boca.
Ele também come sua sopa, com calma, apreciando tanto quanto eu.
― E Emmy, não quis vir?
― Ela ia passar o Natal com a família e Samanta disse que tinha
algumas papeladas para resolver ainda sobre a exposição.
― Sam me enviou um contrato de um cliente novo essa semana,
mas ainda não pude ler com calma e devolver para ela. Mas ela estava
super empolgada.
Sim, Sam tinha me falado sobre uma outra galeria que queria
comprar alguns quadros nossos, o único problema que ela tinha visto
até agora era que o dono queria que sempre que algo novo entrasse
deveríamos informar a ele para que escolha se quer ou não.
Na verdade, para mim, não seria um problema, mas Sam disse que
teria que estudar o contrato com Liam porque já tínhamos outros
clientes mais assíduos que deveriam ter preferência. Então, ela não
achava muito proveitoso.
― Ela me falou sobre isso. O dono quer algum tipo de preferência e
ela não sabe se isso seria algo bom, já que há outros clientes fixos.
― Eu penso da mesma forma. Vou ler as exigências do cara e
faremos uma contraproposta que seja proveitosa para os dois lados. ―
Ele fala com calma, entre uma colherada e outra. ― Não podemos
perder esse cliente, mas também não podemos correr o risco de perder
outros.
― E é por isso que eu prefiro mil vezes estar entre meus pinceis e
tintas. Se fosse por mim e o cara já chegasse jogando exigências
dessa forma eu o teria enxotado da galeria com os dois pés na bunda
dele. ― Dou de ombros, segurando a risada.
Liam gargalha, o som gutural atingindo rapidamente meu coração,
como se fosse a primeira vez que o ouço assim.
Eu sou completamente apaixonado até pela risada dele.
Será que é normal me sentir tão arrebatada por um homem assim?
Mas tudo bem para mim, olhando para ele, tão lindo quanto um
modelo da Forbes, tenho certeza de que não existe uma mulher nessa
vida que não se apaixonaria.
― Você realmente fica muito mais linda vestida em minhas camisas
toda pintada de tinta e concentrada em seus desenhos. ― Afirma,
piscando um olho.
Acompanho sua boca se movendo, carnuda e avermelhada,
perfeitamente desenhada. Sua barba rala enfeitando o rosto quadrado,
o queixo proeminente me deixa com vontade de morder ali.
Seus olhos castanhos claros têm aquele brilho fácil e bonito que
hipnotiza qualquer um que o olha diretamente.
― Quero que nossos filhos tenham seus olhos. ― Solto com
naturalidade.
Mordo meu lábio segurando uma risada quando ele para com a
colher no meio do caminho de sua boca entreaberta, os olhos em
questão tão esbugalhados que nunca o vi assim.
― O que? Filhos? Desde quando, Ariela? ― Dispara as perguntas e
solta a colher no bowl com sua sopa, esfregando teatralmente seu
peito. ― Você não pode jogar isso em mim assim, amor. ― Reclama.
― Não posso falar de filhos então? ― Arqueio a sobrancelha.
Realmente depois de me dizer que esperaria o meu momento para
termos nossos filhos, nunca mais tocamos no assunto, nem mesmo
para comentários leves como esse que acabei de fazer. Quando era
pergunta sobre isso dávamos um jeito de disfarçar e não responder.
Talvez fosse um assunto delicado para ele por querer e para mim só
era difícil falar que eu ainda não queria, mesmo que meu namorado
quisesse. Odiava ser quem negava algo à ele.
― Não se faça de desentendida, amor. ― Grunhe, mostrando os
dentes.
Me inclino sob a mesa, apoiando meu peito e olhando em seus
olhos, piscando para ele com um sorriso angelical.
― Já pensou em um bebezinho loiro, com os olhos castanhos e
apertadinhos como os seus?
― Você pensou? ― Devolve a pergunta, fazendo o mesmo
movimento que eu.
Nossas sopas esquecidas, enquanto nos olhamos com carinho, seus
olhos cheios de esperança e o sorriso pequeno em seus lábios.
― Tenho pensado nisso ultimamente. ― Mordo meu lábio, antes de
voltar a falar. ― Um loirinho correndo pela nossa casa, dando ordens
como você e te fazendo perder o juízo enquanto sobe em alguma
árvore, como eu.
Liam se levanta da cadeira com rapidez, vindo até mim. Ele se
ajoelha ao meu lado, puxando meu rosto para perto do seu, tão perto
que sinto sua respiração quente soprar em mim.
― Isso quer dizer...
― Que eu quero um filho nosso. Não com tanta urgência, mas
podemos praticar e ir nos preparando.
Sua boca ataca a minha, com carinho e delicadeza. Sua língua
invadindo minha boca quando dou passagem, o beijo se aprofundando,
se tornando faminto.
Saio da cadeira e vou para cima dele, obrigando-o a se sentar,
sentando em seu colo com as pernas ao seu redor. Meus dedos
brincando com seus cabelos, enquanto nossas línguas se envolvem
em uma dança sensual. Seus dentes raspam em meu lábio inferior
antes dele se afastar e colocar uma mecha do meu cabelo atrás da
orelha.
― Amor, eu quero tanto isso. Mas agora, tem Noah...
― Ele não sabe o que quer, Liam. Me pediu um tempo para pensar e
entender o que está sentindo e se ele decidir ficar com a gente, nosso
bebê vem no pacote. ― Dou de ombros.
― Isso vai complicar ainda mais as coisas com ele. Pode assustar.
Seus fios loiros são curtos, mas ainda consigo ver meus dedos se
perderem entre eles. Enrolado os fios lisos na ponta.
― Isso é sobre nós dois. Já estamos juntos há muito tempo, já temos
conquistamos muitas coisas e agora vamos dar um passo a mais na
nossa relação. Se ele for participar, vamos conversar e o deixar se
decidir.
― Então podemos esperar passar a sua exposição e ir ao seu
ginecologista para começar a trabalhar nisso. ― Exclama sorridente.
Aceno para ele, beijando todo seu rosto, com minhas mãos o
segurando firmemente agora.
Os dedos dele apertam minha cintura, com mais força, me
esfregando contra sua ereção já completamente desperta.
Seus olhos brilham tanto que eu me pergunto porque demorei tanto a
tomar essa decisão. Desde que Liam entrou na minha vida ele foi meu
porto seguro, nunca me dando qualquer motivo para achar que ele me
deixaria e por isso não deveria ter sido uma decisão difícil.
Contudo, ainda sim, ser mãe é algo que vai mudar a minha vida,
minha rotina e eu quero poder me doar por completo à essa fase, para
não perder nada do meu filho, quero vê-lo dar os primeiros passos em
minha direção, acompanhar seus primeiros dentinhos, sua primeira
palavra, quero passar as noites em claro ao lado dele apenas velando
seu sono e eu sei que eu não podia fazer isso antes, estava focada
demais na galeria e Liam estava ocupado em alavancar sua carreira e
isso não nos deixaria nos doar completamente como queremos.
― O que acha de sairmos um pouco? O pessoal comentou algo
sobre uma fogueira hoje à noite.
― Acho ótimo. ― Me animo, pulando do seu colo.
Ele se levanta em seguida, fica parado me observando subir para
pegar um casaco para colocar por cima do vestido. Apesar da fogueira,
sei que não vai aquecer o suficiente. Visto um sobretudo preto e desço,
encontrando Liam terminando de retirar tudo da mesa.
Saímos do chalé de mãos dadas, sentindo o frio tocar nossas peles e
mesmo coberta com roupas grossas e quente sinto meu corpo
estremecer e mesmo assim sorrio com isso.
O céu preto tem muitos pontos de brilho. Eu amo como as estrelas
parecem tão perto de nós aqui, quase como se pudesse tocar elas se
esticassem um pouco a mão.
Ao total são dez chalés formando um tipo de círculo ao redor de uma
enorme piscina que agora a água parece congelada de tão calma.
Todos os chalés são do mesmo modelo triangular com as laterais feitas
em madeira marrom escura e janelas na frente e atrás com vidros que
nos permitem ver tudo por dentro, menos os quartos já que são mais
altos e foram projetados mais afundo exatamente para ter privacidade.
Um caminho de grama coberta por uma camada fina de neve nos
leva direto à um círculo com pessoas cantando e conversando
animadamente, como se nem o frio asassustasse agora.
Andamos de mãos dadas até lá, Liam tão encantado como eu, como
se estivéssemos vendo isso pela primeira vez. Cada passo que nos
aproximamos mais meus olhos procuram ansiosos por Noah, o
encontrando rapidamente.
O moreno está vestindo uma jaqueta de couro por cima de um
moletom preto, sua calça jeans delineando suas pernas bem
torneadas. Um sorriso torce meus lábios quando percebo seus cabelos
uma bagunça bem típica de Noah, o garoto rebelde. Ele estampa uma
carranca no rosto, levando um copo de plástico vermelho aos lábios
cheios. Os olhos negros agora refletem o fogo à sua frente.
Meu sorriso morre imediatamente assim que percebo a loira ao lado
dele, com o corpo colado no dele, encolhida, como se quisesse entrar
dentro dele para se aquecer já que veste apenas uma legging preta e
uma blusa de lã vermelha.
A vaca está querendo é que ele entre nela.
O ciúmes mais uma vez corrói meu estômago, me encolhendo contra
o corpo de Liam que me abraça pelos ombros. Me segurando com
força, como se soubesse que preciso disso agora.
― Podemos voltar...
― Não! Vamos nos sentar com eles.
Endireito minhas costas, andando com Liam diretamente para Noah.
Quando nos vê ele estica a coluna, afastando Tiffany do seu corpo
sem delicadeza alguma.
Agora percebo que ele tem um brinco de argola prata em sua orelha,
o que me faz sorrir. É a cara de Noah usar um brinco.
― Boa noite. ― Comprimento assim que nos sentamos ao lado dos
pombinhos.
― Boa noite. ― A voz rouca de Noah faz meu corpo tremer em
reconhecimento.
― Oi Liam. Oi Ariela. ― Tiffany fala também, deitando o tronco nas
pernas de Noah que olha feio para ela.
Me regozijo internamente ao perceber que ele não está muito
contente com a aproximação forçada da loira.
Por estar sentada entre os dois homens que tem meu coração, me
sinto exultante, começando a queimar de dentro para fora. Imagens de
nós três nos amando invade minha mente, minha respiração puxando
os perfumes dos dois misturados dentro de mim. Tenho certeza que
meu coração vai saltar para fora do meu peito agora.
― Desde quando você usa brinco? ― Liam pergunta rindo.
― Desde uns cinco anos atrás, depois de uma noite de bebedeira e
uma aposta idiota com Mike. ― Resmunga, mas está sorrindo.
― Pelo menos não foi uma tatuagem. ― Comento.
Noah me encara, arqueando uma sobrancelha. O canto dos lábios
levantados em um sorriso.
― Não em mim. ― Dá de ombros.
E assim eu o obrigo a contar como ele conseguiu um furo na orelha e
Mike uma tatuagem do Bart Simpson mostrando sua bunda amarela e
sorrindo. Ele me distrai completamente com a conversa, me fazendo
esquecer da loira ao lado dele.
Seguimos a noite assim, conversando nós três com Tiffany
participando ora ou outra. Enquanto minha barriga dói rindo dos dois
palhaços que ou estão falando bobagens ou estão se provocando,
sinto um pouco de esperança encher meu coração de que isso será o
meu futuro.
Estar entre os dois homens por quem sou loucamente apaixonada,
rindo e me sentindo amada. Só espero não estar errada quanto a isso
e que Noah aceite entrar nessa comigo e com Liam, fazendo parte
dessa nova fase que estamos planejando.
Ariela está bêbada.
Tudo bem, também não estou no meu momento mais lúcido, mas
enquanto minha mulher dança junto de outras mulheres ao redor da
pequena fogueira, ao som da música que o pessoal está cantando,
nem conheço a música, mas Ari está empolgada demais em seus
movimentos amolecidos.
Olho de esguelha para Noah ao meu lado, enquanto tomo um gole
do meu whisky, apesar da loira ao seu lado estar quase empoleirada
em seu colo, querendo sua atenção, ele está completamente
concentrado em Ari, assim como eu não gostaria de perder um único
movimento dela.
Não entendo como ele ainda pode se dizer em dúvida, quando
qualquer um que o vê de longe consegue perceber que seus
sentimentos por Ariela estão o consumindo lentamente.
Sobre isso, eu consigo realmente entender, sei como é ter Ari se
enraizando dentro de você tomando tudo e qualquer coisa que ela
pode e sei que quando me entreguei à isso foi a melhor coisa que fiz
na vida, porque Ariela tem o dom de tirar o melhor de tudo o que toca,
de me fazer sentir como se tivesse o mundo em minhas mãos. E, sem
dúvidas, quando ele decidir fazer isso, se sentirá tão bem quanto eu.
Estou distraído por isso só percebo que minha namorada se
aproximou de mim, quando ela se joga em meu colo, desajeitada, com
um sorriso fácil nos lábios. Seus braços envolvendo meu pescoço em
um aperto firme, os lábios rosados roçando no meu queixo, passando a
língua lentamente.
― Estou me sentindo tão leve. ― Sussurra contra minha pele.
Minhas mãos a seguram pela cintura, apertando-a com força contra
o meu corpo. Apesar de toda a roupa que estamos usando consigo
sentir o calor passar dela diretamente para mim e começar a me
aquecer de um jeito muito bem-vindo.
―Eu estou vendo. ― Respondo, rindo baixo.
― Acho que você deveria a levar para o chalé de você. Ela está
bêbada. ― Ouço a voz ao meu lado falar, rabugento.
Imediatamente Ari pula do meu colo, ficando em pé de frente para
ele e com a bunda quase em minha cara quando ela curva o tronco
apenas para nivelar seus olhos com os dele.
― Eu acho que você está cuidando da loira errada. A que está te
seguindo como um cachorro que caiu da mudança é outra, não eu. ―
Diz sarcástica. Meus olhos presos em sua bunda, concentrado demais
para evitar o confronto dos dois. Lambo meus lábios, sentindo-os
secos. ― Você não está fazendo seu trabalho direito, querida. Achei
que estava aqui para o distrair, mas ele continua com a atenção em
mim desde que chegamos. Se esforce além de ficar esfregando seus
peitos no braço dele.
Com isso ela se vira para mim, gemo insatisfeito de não poder mais
olhar sua bunda, mas ela nem me deixa pensar, puxa meus cabelos e
ataca minha boca. Mesmo com o barulho ao nosso redor ainda posso
ouvir meu amigo rosnar ao meu lado, mas é ignorado.
O beijo é calmo, sua língua envolvendo a minha em uma dança
sensual, explorando toda a minha boca e eu a deixo, fazer como
quiser, apenas segurando seu pescoço, mantendo a tão cativa quanto
eu.
Os dentes dela forçam meu lábio, sugando-o para sua boca, me
fazendo gemer mais uma vez, apertando meus dedos em sua pele
clara.
― Vamos entrar? ― Ela pergunta em minha boca.
― Claro.
Me levanto e passo o braço ao redor de sua cintura, ainda pego um
vislumbre de Noah nos observando antes de começarmos a andar.
Passos pesados e um resmungo atrás de nós, nos acompanha. Olho
por cima do ombro vendo os outros dois nos seguindo, Tiffany não
parece muito satisfeita, mas quando me vê os observando agarra os
braços de Noah e empina o nariz. Arqueio a sobrancelha.
Assim que chegamos em frente ao chalé que estamos, Ari para e se
vira para os dois com um sorriso sarcástico no rosto.
― Tenham uma boa noite, porque a minha será maravilhosa. ―
Despeja, se colando mais em mim.
Um sorriso se abre em meu rosto ao notar os olhos de Noah em fogo
e agora não tem nada a ver com a fogueira. Ele olha de mim para ela,
descendo pelo corpo coberto da minha mulher. Meu coração de
repente bate mais rápido e pela primeira vez, sinto-me enciumado com
o jeito que ele a olha.
Fico confuso com o sentimento, mas então ao olhar para Tiffany
enroscada nele, sei que não é sobre ele querer Ariela, é sobre o que
ele está fazendo ela sentir e ainda sim se manter receoso. Eu odeio
isso e agora quero dar um soco na cara e mandar ele ficar longe.
Deixei claro para ele que a única coisa que eu não aceitaria é que
ele a fizesse sofrer. Apesar de parecer uma coisa completamente fora
do normal, tê-lo tocando-a não me machuca, tanto quanto ver o que ele
está fazendo com ela agora, esfregando outra mulher em sua cara.
Ariela se vira e entra, me deixando para trás, enquanto o encaro com
raiva pela primeira vez em muito tempo.
― Liam... ― Ele começa, mas eu o corto.
― Foda-se Noah, se for para fazer essa merda, se afaste de uma
vez.
Tiffany olha entre nós dois, confusa, mas então abre um sorriso de
escárnio.
― Ah querido, vamos para o nosso chalé para que eu possa te
distrair. ― Fala manso, acariciando seu peito sobre o moletom.
― É Noah, vá lá e termine a merda que começou.
― Vai me dizer que vocês estão tendo um caso? ― Tiffany pergunta
usando o sarcasmo mais uma vez.
Bufo, dirigindo minha raiva para ela agora.
― Eu acho que você deveria cuidar da sua vida e como a minha
mulher falou, ir distrair Noah, porque parece não estar fazendo isso
direito mesmo.
Dou ênfase na palavra “minha” porque apesar de estar falando com
a loira, não posso perder a oportunidade de alfinetar Noah.
Ele precisa entender que mesmo que Ariela esteja apaixonada por
ele também, ela ainda é minha e eu ainda estou nesse relacionamento,
que irei a proteger de tudo. Até mesmo dele.
― Não seja idiota, Liam! Achei que tinha deixado claro minha
posição aqui. ― Noah reclama.
― Não. A única coisa que você deixou claro foi que é um idiota que
ainda foge de tudo, até mesmo das coisas boas.
Tiffany parece se cansar de ser telespectadora da cena e sai em
direção ao chalé que eles estão, logo ao lado do nosso.
― Você está parecendo uma mulherzinha falando assim.
― E você ainda parece um babaca. Aliás, parece estar piorando.
― Vou falar com Ari amanhã.
― Não, não vai. Você vai a deixar em paz, ela não precisa de mais
confusão agora. ― Digo firme. ― Eu inventei de aceitar tudo isso, mas
nunca pensei que a afetaria dessa forma.
Noah passa a mão nos cabelos, exasperado, soltando o ar com
força.
― Porra, Liam. Me desculpa se eu não sou tão bom quanto você
assim, de saber amar e toda essa merda, mas é muito para mim. É
muito, porra. Porque eu não imaginei que me apaixonaria por alguém
em tão pouco tempo e menos ainda que seria pela sua mulher. ― Me
alfineta de volta, me fazendo revirar os olhos.
― Então, senta e assiste enquanto eu faço a minha mulher feliz pra
caralho, enquanto eu coloco um filho meu na barriga dela e a amo
incondicionalmente.
Me viro, deixando-o parado como uma estátua em seu lugar. Paro na
porta, falando alto.
― Eu fui homem pra caralho para te envolver entre nós dois, pra te
chamar e te deixar entrar na vida de Ariela que antes de você estava
mais do que feliz. Agora estou sendo homem pra caralho pra te dizer:
some da nossa vida! Se você não vai somar com a gente, é melhor
sumir!
E com isso, eu entro, indo direto para o quarto.
Encontro Ari completamente apagada na cama. Ela tirou o casaco e
a meia, está usando apenas o vestido. Seus braços apertam o
travesseiro como se sua vida dependesse disso.
Tiro minhas roupas, ajeito-a debaixo do edredom e me junto a ela.
Puxando seu corpo para mais perto de mim e a abraço forte.
O sentimento de culpa é realmente uma merda.
Se eu não tivesse deixado que as coisas com Noah fossem tão
longe, ela não teria sentido algo por ele e não estaria sofrendo por isso
agora.
Se eu não tivesse nos levado a isso, ela não se culparia por amar os
dois ao mesmo tempo.
Mas apesar de tudo, é a única coisa que consigo sentir. Culpa.
Não estou com raiva de Noah, não por ter transado com Ari.
Não estou com ciúmes ou raiva e Ari por ter deixado Noah entrar em
seu coração.
Se alguém nos levou a isso foi eu. Eu aceitei quando ela disse que
queria tentar transar com dois homens. Eu chamei Noah. Eu fui passivo
com toda essa situação e deixei chegar a isso.
E o pior de tudo é não me arrepender, apesar da culpa. Porque eu
sei que faria tudo de novo se ela me pedisse, eu aceitaria o idiota
nesse relacionamento em um piscar de olhos. Eu enfrentaria tudo o
que fosse preciso, nossos pais, nossos amigos, a porra da sociedade
que me julgaria como fraco ou que julgasse um dos dois, porque eu
sempre aceitei o que quer que a vida me desse, sempre dei o meu
melhor para ter até mais do que me era oferecido e não abaixaria a
cabeça para ninguém.

Acordo com a claridade invadindo o quarto, passo a mão ao meu


lado, procurando o corpo quente de Ari, mas não a encontro.
Um barulho na cozinha chama a minha atenção. Ela deve estar
aprontando algo, por isso me levanto e vou para o banheiro escovar
meus dentes. Levo dez minutos fazendo minha rotina matinal, antes de
ir para o quarto e vestir uma calça de jeans e um moletom branco.
Desço as escadas ouvindo uma conversa baixa, franzo o cenho
estranhando.
Se Ariela começou a falar sozinha agora, preciso realmente pensar
em fazer ela procurar um psicólogo.
Paro na divisa da cozinha com a sala, encontrando Ari sentada na
mesa, suas pernas cobertas por uma calça jeans clara estão abertas,
envolvendo a cintura de Noah, que segura seu pescoço enquanto fala
algo baixo para ela que o encara firme, sem piscar de tão concentrada.
De repente, eu sinto uma raiva correr pelas minhas veias quentes
como lava. Me fazendo dar um passo para frente, fazendo-os me notar.
Ari apenas pisca e seus olhos parecem nadar em lagrimas. Noah pula
para trás, se afastando.
Abro a boca para falar algo, mas então alguém pigarreia atrás de
mim. Viro a cabeça imediatamente, olhando Tiffany com um sorriso no
rosto, parada no meio da sala com os braços cruzados.
― Ah, eu estava ansiosa para você se juntar a festa. ― Diz
parecendo animada.
― Tiffany. ― Noah alerta.
Coloco as mãos nos bolsos da calça, esperando que ela fale o que
quer falar.
Estou com tanta raiva agora que tenho medo do que farei se ela
ofender Ariela de alguma forma.
― O que querido? Não quer contar para o seu amigo que você
estava beijando a mulher dele? ― Pergunta, colocando a mão no peito
teatralmente.
Luto para manter meu rosto impassivo.
Não me surpreende o que ela diz, o que me irrita é que Noah ainda
ontem não sabia o que queria e agora está aqui, beijando Ariela. Se ele
a fizer chorar mais uma vez, juro que eu mesmo acendo a fogueira hoje
e o jogo no fogo.
Tiffany volta a olhar para mim, dando passos até me alcançar. Ergue
a mão para me tocar, mas seguro seus pulsos antes que isso aconteça.
― Acho que estamos sobrando aqui. ― Murmura para mim, mas alto
para os outros dois a ouçam.
― Diga por você. ― Retruco rápido.
Ela leva alguns segundos, mas então seus olhos dobram de
tamanho, entendimento enchendo seu rosto.
― Vocês... Vocês três... ― Gagueja, tropeçando para trás. Seus
olhos encontram alguém atrás de mim e agora eles brilham com mágoa
e raiva. ― Você é realmente uma vadia, não é? Uma vadia hipócrita,
que me olha feio sempre que me vê com um homem diferente, mas
pegou logo o amigo do seu marido.
― Cala a boca. ― Mando ao mesmo tempo que Noah.
Tão rápido que eu me assusto ele está na cara da mulher,
segurando-a pelo braço.
― Eu acho bom você se desculpar por isso e pegar suas coisas e ir
embora. ― Fala duro.
― Você me trouxe aqui.
― E me arrependi disso no momento em que te peguei na sua casa.
― Me trouxe só para me humilhar? ― Pergunta, e mais uma vez me
encara. ― E você. É tão carente que aceita que ela tenha um caso
com ele bem na sua cara?
― Eu mandei você calar a boca. ― Noah ruge, sem me dar a
oportunidade de responder. ― Não os ataques só porque eu não quis
te comer, mesmo com você se jogando para cima de mim em todas as
oportunidades. Eu errei em te trazer aqui e não é pelo que está
pensando, eu só não deveria ter te envolvido, você não merecia. Mas
isso não te dá o direito de falar assim com Ariela ou Liam.
― Eu não vou embora. ― A loira cruza os braços, empinando o
nariz.
― Então fique. Eu darei um jeito de arrumar outro chalé para mim e
faça o favor de não olhar na direção de Ariela, porque se eu ver, eu juro
que acabo com você.
Giro, deixando-os em sua conversa e vou para Ariela, que está
sentada na mesa ainda, com as costas tão dura que me assusta. Os
olhos concentrados na cena a nossa frente enquanto lágrimas
mancham suas bochechas.
Me enfio entre suas pernas, toco seu rosto com carinho.
― Ari. ― Chamo e ela nem pisca, forço meus dedos, fazendo-a me
olhar. ― Amor...
― Ele me beijou. ― Sussurra. Assinto para ela. ― Eu correspondi.
― Assinto mais uma vez. ― Acho que estou com saudades dele.
― Você queria que ele te beijasse?
― Sim.
― Ele vai te magoar?
― Não sei... Eu só... ― Exaspera, soltando o ar com força. ― Sabe
quando a gente briga e eu fico em volta de você, falando que não
quero ficar longe?
― Sei.
― Não quero ficar longe dele também.
Sua cabeça cai no meu ombro, suspirando, ela parece segurar o
choro. Minhas mãos sobem e descem por suas costas, tentando
passar conforto, mesmo com meu coração apertado de vê-la assim.
― Você está assim por causa dele ou pelo que Tiffany falou? ―
Pergunto baixo em seu ouvido.
― Eu não ligo para o que aquela loira aguada pensa. ― Resmunga,
me fazendo rir baixo.
Pela minha visão periférica vejo Noah se aproximar com passos
rápidos e parar ao meu lado. Seus olhos encontram os meus, me
pedindo permissão para tocar. Quase rosno para ele, mostrando meus
dentes em uma clara ameaça de que se ele a magoar, rasgarei sua
garganta.
Não se intimidando ele toca os cabelos dela.
― Linda. ― Chama e Ari levanta o rosto, apoiando o queixo em meu
ombro. ― Me perdoe por isso. Ela não vai te incomodar, eu juro.
Ela bufa e mesmo sem vê-la imagino-a revirando os olhos.
― Ela me pegou em um momento vulnerável, senão eu mesma teria
a colocado para fora daqui a ponta pés.
― Eu não duvido disso. ― O idiota ri.
Me obrigo a segurar a risada, afundando meu rosto na curva do
pescoço cheiroso da minha mulher. Aspiro seu cheiro, deixando-o
acalmar meu coração.
Sua pele morna e o cheiro doce, faz seu bom trabalho de me fazer
esquecer de tudo, enquanto estou respirando Ariela.
Não me incomodo por Noah a ter beijado ou de estar por perto
agora, enquanto sinto o coração dela bater aceleradamente no peito,
eu sei que isso é certo e realmente quero que qualquer um que pense
diferente se foda.
― Estou faminta. ― Ela reclama, acariciando meus cabelos.
― Eu também. ― Murmuro contra o seu pescoço que se arrepia.
― Vocês querem...
― Que você vá atrás do nosso café da manhã. ― Ari responde
rápido, fazendo nós dois rir.
E como um cãozinho obediente, ouço o estalo de um beijo sendo
deixado nela antes dele se afastar.
Quando ele volta, tomamos nosso café da manhã juntos, rindo e
comentando coisas aleatórias. Enquanto todos parecem envolvidos na
diversão, meu coração ainda pesa, só de pensar que isso pode ser
passageiro. Essa calmaria pode acabar se ele decidir ficar, mas o pior,
se ele se decidir pular fora, Ari irá demorar a se recuperar e talvez eu
também demore algum tempo para me perdoar e isso é uma merda.
Deixei Ariela e Liam no chalé deles porque tive que vir para o meu
ter uma reunião online com Mike, sobre um caso que era meu que
assumiu quando vim para cá e ele precisava tirar algumas dúvidas.
Durante a reunião eu só conseguia pensar no quanto queria estar
aproveitando com eles o dia de hoje, fazendo qualquer coisa que seja,
só queria estar lá. Tentei focar apenas na reunião, como sempre fiz,
nunca deixei que outra coisa ocupasse minha mente e me distraísse do
trabalho, mas hoje foi realmente difícil.
Almoçamos juntos e passamos metade da tarde conversando e
bebendo vinho, estávamos combinando de ir andar na trilha da floresta
que tem atrás dos chalés, antes do anoitecer, mas já estou há tanto
tempo aqui que provavelmente não dará tempo de ir muito longe.
Minha mente já estava trabalhando a mil por hora sobre muitas coisas
que poderíamos fazer em meio aquelas árvores com ela.
Aproveitei o momento também para ver se Tiffany ainda estava aqui
e desde que cheguei não a vi, o único sinal de que ainda está aqui são
suas malas no canto do quarto.
Não que eu realmente tenha pensado que ela iria embora, depois de
toda a palhaçada que fez mais cedo com Ari, vi nos olhos dela quão
ressentida estava e não posso a julgar. Eu a convidei, a trouxe para cá
e a deixei pensar que poderíamos ter algum envolvimento, mesmo
sabendo que não conseguiria me envolver com ninguém além de
Ariela.
Mas quando a vi falando aquelas coisas para Ari eu perdi o controle,
me vi tão cego que tudo o que eu queria era que ela sumisse, que de
alguma forma eu conseguisse voltar no tempo e não tivesse a
convidado para essa viagem.
― Noah, caralho, você está me ouvindo? ― Mike chama a minha
atenção.
Olho para o notebook a minha frente e a cara feia do idiota do meu
sócio preenche a tela. Ele está sentado em sua cadeira preta,
parecendo completamente relaxado enquanto a gira de um lado para o
outro.
― Estou. ― Respondo amargo.
― Não parece. Faz cinco minutos que estou te chamando e você
estava em transe.
― Estava pensando que eu deveria estar curtindo a minha folga e
não ouvindo meu sócio babaca reclamar.
― Eu tenho culpa se os seus clientes são uns pés no saco? ― Mike
revira os olhos. ― Sério, esse cara é um insuportável. Traiu a mulher,
ainda quer ter razão e jura que vai arrancar tudo dela.
Realmente Julius Clark era um dos meus clientes mais insuportáveis
e arrogantes. A mulher descobriu que ele a traia com a babá do filho
deles, quando os pegou em uma situação comprometedora, enquanto
o neném dormia, a babá aproveitava para cuidar das necessidades do
marido também e mesmo depois disso o idiota ainda quis jogar a culpa
na mulher e garantiu a ela que não a deixaria com nada. Mesmo
comigo dizendo a ele que isso realmente não aconteceria, gritou e
esbravejou que pagava meus honorários para que eu fizesse meu
trabalho direito, invoquei toda a minha paciência nesse dia e disse a
ele que faria o meu melhor e mesmo sabendo a merda, eu realmente
fiz, mas a mulher tem provas da infidelidade do imbecil e está
empenhada em infernizar a vida do homem. Eu não a culpo.
Fiquei mais do que feliz em passar o caso dele para Mike.
― Você vai saber lidar com ele, vocês se parecem. Dois babacas.
―Digo apenas para o irritar.
Mike, com certeza, não é um babaca como Julius, mas tirar ele do
sério é o meu passatempo preferido então, tudo bem.
― Vai se foder, Noah! ― Mostra o dedo, me fazendo rir. ― Ah,
Andrew teve um problema com um dos estagiários que estava
passando informações confidenciais de casos importantes para os
outros advogados, ele o mandou embora e agora precisa de alguém.
Pensei em ver se alguém daí poderia passar para o escritório daqui,
seria muito mais fácil e ajudaria.
― Por mim, tudo bem. Assim que voltarmos já vejo sobre realocar
um deles para aí. ― Concordo, louco para me livrar dele logo e ir para
Ari.
Meu celular toca com uma mensagem, pego e vejo que é Liam, abro
a mensagem e encontro uma imagem de Ariela dentro de uma jacuzzi
que fica do lado de fora do chalé. Aparentemente ela está usando um
biquíni branco, e pela foto consigo ver apenas a parte de cima que é
pequena e deixa seus seios empinados. Ela está com a cabeça jogada
para trás, os fios loiros caindo feito cascata para fora da pequena
jacuzzi.
Linda para caralho.
Meu pau ganha vida imediatamente com a imagem. Preciso lamber
os lábios por sentir secos.
― Quer me contar o que está te distraindo? ― Me assusto mais
uma vez com a voz de Mike.
Droga, preciso mesmo desligar e ir até eles.
― Não seja enxerido. Vá cuidar da sua mulher e suas filhas.
― Eu vou mesmo, antes que aquela maluca da minha esposa venha
me buscar pela orelha.
Dou risada dele que me acompanha.
― É engraçado demais ver Mike Carter em uma coleira.
― Haha, quero ver quando for com você. Eu vou adorar. ―
Responde, sorrindo feito idiota.
Se quem for controlar a coleira for Ariela, eu realmente não me
importaria.
Porém, Mike não precisa saber disso.
Ele provavelmente me xingaria muito por me intrometer no
relacionamento de um amigo meu, mesmo que esse amigo esteja mais
do que ciente disso e quisesse tanto quanto eu.
Pensar nisso me faz passar pela cabeça que em algum momento, as
pessoas saberão e mais do que eu serei julgado por isso, para Ariela
será ainda pior. Só que se depender de mim, qualquer um que ousar
apontar o dedo para ela e falar algo, perderá a língua.
― Ah, porra, você já está amarrado né? ― O babaca quase grita,
dando um tapa na mesa que faz a imagem tremer. Faço uma careta
para ele. ― Isso foi rápido pra caralho hein.
― Cala a boca.
― Sério, mal chegou ai e já se enroscou em um rabo de saia. ― Ele
estala a língua, ainda rindo. ― Quem é ela? É bonita? Eu conheço?
― Quem é bonita, Mike? ―Ouço a voz de Cecília antes que eu
possa responder, o que me faz respirar aliviado.
Mike arregala os olhos e então os ergue para trás do computador, o
sorriso que ele abre é enorme e carinhoso, como só vi depois de
Lauren e Cecília entrar na vida dele.
Quão errado é invejar a vida do meu amigo?
Não é bem uma inveja, pelo menos não uma inveja ruim. É só que
hoje em dia, depois de tudo que eles passaram, a vida deles parece
tão completa e fácil. Com suas filhas e tanto amor envolvido que agora
que conheci um sentimento um pouco parecido com isso, eu desejo
isso para mim também. Desejo ter uma mulher para quem voltar todos
os dias, criar uma família e me sentir completo.
Será que Ariela e Liam também querem uma família?
Será que é muita loucura imaginar ela carregando um bebê nosso?
Será que é loucura me ver criando um filho junto com meu amigo?
― Princesinha, estava indo te ajudar com Lauren agora, só estava
resolvendo umas coisas com Noah. ― O cara de pau diz, ainda
sorrindo com os olhos brilhando apaixonadamente.
― E isso envolve alguma mulher bonita? ― A voz suave pergunta e
eu preciso segurar a risada.
― Eu só estava perguntando porque ele já se envolveu com alguém
lá que está o distraindo e pelo jeito já perdeu o pau. ― Dá de ombros
rindo.
A loira então aparece na tela, sorrindo para mim e se senta no colo
do marido.
Ela é realmente muito bonita, seus traços delicados escondem a
personalidade forte e um pouco louca. É engraçado ver como duas
pessoas tão distintas podem se parecer tanto e se amarem
loucamente.
― Olá Noah.
― Oi, Cecília. Não ligue para o idiota do seu marido, ele só está me
infernizando.
― Ele adora fazer isso com todo mundo. ― A loira ri enquanto
acaricia os cabelos do marido. ― Como estão as coisas aí? Mike falou
que você está se acertando muito bem.
― Sim, está tudo correndo muito bem. Ainda não achei um
apartamento para mim, mas estou ficando na casa de um casal de
amigos meu.
― Fico feliz que esteja tudo indo bem. Lauren sente falta do tio que
deixava ela o maquiar.
Dou risada da sua fala.
― Também sinto falta da princesa. Disse a ela que assim que
possível vou ai dar uma passeada com ela.
― Me avise, comprarei maquiagens novas. ― Ela diz sorrindo
largamente.
― Não inventa, Cecília. ― Resmungo, fazendo-a rir.
―Mamãe, papai, tia Beca chegou. ― Ouço a voz infantil gritar e
Cecília pula, se despedindo de mim mandando um beijo.
― Se cuide Noah e ligue para falar com Lauren. ― Fala antes de
sumir de vez.
Aguardo alguns segundos e quando Mike volta a olhar para a tela,
faz uma carranca.
― Vou desligar e deixar que Cecília corte o seu pau em paz. ― Digo
e ele mostra o dedo, antes que eu desligue sem o deixar responder.
Fecho o notebook e subo para o quarto, deixando o computador na
mesa de cabeceira.
Abro minha mala e pego um calção e uma blusa, para o caso de
decidirmos ficar na jacuzzi ou seguirmos o plano inicial da caminhada.
Assim que desço as escadas a porta se abre e Tiffany entra,
parecendo tranquila enquanto olha o celular. Não posso negar que a
loira é muito bonita, mas diferente das primeiras vezes que a vi, não
sinto nem mesmo tesão ao olhar para ela. Só a pontada de culpa
alfineta meu coração.
Talvez, notando minha presença finalmente, ela ergue os olhos para
mim e pisca algumas vezes, como se eu fosse sumir de repente.
― Ah, você está aqui. ― Fala baixo, tão diferente da mulher
afrontosa que se mostrou mais cedo.
― Sim. Estava em uma reunião online, mas já estou saindo.
Vejo a decepção ir tomando seu rosto lentamente, mas então ela se
recompõe, estica os ombros e empina o nariz.
― Vai encontrar a...
― Cuidado. ― Alerto-a rapidamente.
Um sorriso sarcástico curva seus lábios e a culpa que senti some
mais uma vez, dando lugar à raiva por lembrar como ela falou com Ari.
― Porque me trouxe, Noah? Porque me chamou se não estava
interessado? Eu achei que poderíamos ter algo. ― Fala magoada.
― Eu sei que o que eu fiz foi errado. Peço desculpas por isso. Eu
não deveria ter te trazido, te envolvido nisso, mas eu estava confuso.
Ainda estou. Mas isso não é desculpa. Eu fiz merda e te deixei
imaginar que algo poderia acontecer quando não tinha a menor
possibilidade e não é por você...
― Ah, não venha com essa merda de “o problema sou eu e não
você”, isso é o clichê mais horrível que existe.
― Mas é exatamente isso. Você é linda, engraçada, simpática, mas
o problema é que eu estava me martirizando por algo que está
acontecendo comigo e agi por impulso.
― Você sabe que ela não vai deixar Liam para ficar com você, não
sabe? Não seja estúpido. Está se metendo em um relacionamento
onde não te cabe.
Se ela queria me desestabilizar, com uma pequena frase ela
conseguiu.
Contudo não vou deixar ver que me atingiu. Ela só iria usar isso
ainda mais e enraizar ainda mais dúvidas em minha mente.
― Eu nunca disse que queria que ela o deixasse. E você não pode
palpitar em algo que não sabe o que há de verdade. ― Falo firme, sem
deixar transparecer minha irritação. ― Se quiser, posso te levar
embora.
― Não quero ir embora. Vou ficar e assistir de perto enquanto ela
esmaga seu coração e você vai se rastejar atrás de mim.
Com alguns passos estou em sua frente, com as mãos nos bolsos,
enquanto meus olhos encontram os dela, que brilham de raiva mesmo
que seus lábios formem um bico. Ela cheira bem, mas não me atinge
da mesma forma que o cheiro de Ariela.
― Eu não me importo se você vai ou fica, mas não se aproxime de
Ariela ou de Liam, porque eu não vou reagir bem a isso.
― Eu deveria estar assustada ou excitada? ― Murmura manhosa,
apoiando as mãos no meu peito.
Seguro seu pulso, afastando-a com delicadeza.
― Deveria me levar a sério. Eu posso brincar com muitas, mas não
quando se trata deles dois.
Seu rosto se contorce em uma careta, e seus ombros se espicham
ainda mais, em uma pose defensiva.
Sei que ela vai falar algo para me irritar antes mesmo que abra a
boca.
― Me tire uma dúvida... Quando você está com ela, é o seu nome
que ela grita ou o dele?
Dos dois e é a porra mais excitante que já ouvi.
Quero responder, mas só aperto os lábios engolindo a resposta.
― Você não precisa se preocupar com isso.
Ela está tão vermelha agora que juro que ela pode explodir a
qualquer momento.
Saio do chalé a passos rápidos, deixando-a para trás.
Suas palavras rondam minha mente, enquanto percorro o pequeno
caminho até o chalé de Liam e Ariela. Vão me corroendo lentamente,
de uma forma que eu realmente não queria.
Não que eu já estivesse completamente convencido de que estou
pronto para enfrentar o que um relacionamento entre nós três vai
envolver, porém estava pronto para deixar as coisas acontecerem sem
medo e sem amarras.
É um inferno sentir que quero algo, mas me sentir preso à porra de
um tabu que a sociedade impõe. Eu sinto que seria feliz se pudesse
entregar meu coração à Ariela, sinto que se a tivesse comigo e com
Liam, estaríamos os três completos e felizes, porém a merda é não
saber como realmente seria.
Quão cruel o mundo seria conosco?
Entro no chalé dos dois, encontrando a sala vazia.
― Ari. Liam. ― Chamo-os parando no meio da sala.
Olhando ao redor vejo uma pequena bagunça de roupas espalhadas,
a maioria da Ariela e apesar disso, não imagino que cheguei em uma
hora ruim, porque se tem algo que aprendi com a loira nesses dias em
que estamos sob o mesmo teto, é que ela é uma pessoa
desorganizada que adora uma bagunça.
Enquanto os dois não aparecem, me sento no sofá, respirando fundo
para aliviar a raiva que ainda flui em minhas veias. Olhando a minha
frente não percebo quando Liam aparece, só quando ele se joga no
sofá ao meu lado, suspirando.
― Estava me trocando. Ari está no banho. ― Fala, se explicando.
Olho para ele, assentindo.
― Isso aqui está uma bagunça.
― Está mesmo, mas Ari exigiu toda a minha atenção depois que
você saiu e acabamos passando todo esse tempo na jacuzzi.
Fico esperando o ciúme surgir quando ele diz que estava com ela,
mas só consigo me sentir grato por ele ter ficado ao lado dela.
É quase como se agora eu não pudesse lidar com Ariela ficando
sozinha por muito tempo, o que é estranho. Nunca fui dado à carinho e
grude, nem mesmo quando era adolescente e tive minhas namoradas,
odiava que ficassem pegando no meu pé, me ligando e querendo que
eu estivesse sempre ao lado delas.
Só que como tudo em relação à loira, é óbvio que isso também seria
diferente.
― Ela sempre foi bagunceira assim? ― Pergunto, rindo baixo.
― Você precisava ter visto o quarto dela no dormitório da faculdade.
― Liam responde rindo também.
E então ele começa a me contar sobre os últimos dias deles na
faculdade, sobre a bagunça que Ari fazia tanto no quarto dela quanto
no dele.
Ele aproveita para comentar sobre Emmy, a melhor amiga de Ariela.
Lembro-me de ela dizer naquela noite que ela estava com a amiga,
mas não a vi, apenas por fotos durante esses anos todos que eram
postadas nas redes sociais.
― Parem de falar mal de mim, seus fofoqueiros. ― A voz baixa e
sexy preenche a sala, sobressaindo a de Liam.
Nós dois viramos a cabeça imediatamente para ela. Vendo-a parada
no pé da escada, com as mãos na cintura e uma carranca fofinha no
rosto.
Apesar da minha boca se encher de água só com a visão dela
usando uma calça jeans e uma blusa de lã que fica um pouco larga
nela, mas ainda assim, ela está linda. Os cabelos já secos, caem ao
redor do rosto fino destacando seus olhos castanhos brilhantes e os
lábios avermelhados.
Linda demais!
― Não estamos falando mal, amor, apenas contando fatos.
― Rá! Sei. ― Semicerra os olhos em nossa direção e vem para
perto, se sentando ao meu lado. ― Ao invés de irmos andar, podíamos
ligar a lareira e assistirmos a um filme, pedir um jantar e ficarmos por
aqui hoje. Estou me sentindo relaxada demais para ir gastar energia
andando.
― Por mim, ótimo.
― Por mim também. ― Liam concorda rapidamente.
Assim que me levanto para ir até a lareira elétrica ligar ela, a luz
pisca algumas vezes e tudo se desliga. O chalé ainda é iluminado
suavemente pela claridade de final de dia.
Ouço Liam resmungar algo, antes de ser puxado para trás e cair
sentado no sofá. Ari tem um sorriso apertado nos lábios me deixando
confuso.
― Noah, vou até a recepção ver o que houve, fique aqui com Ari. ―
Liam diz já se levantando.
Vejo-o se afastar, mas Ari está tão colada em mim que consigo sentir
o calor do seu corpo emanando diretamente para o meu, me distraindo
completamente.
― Tem medo do escuro, linda? ― Pergunto risonho.
― Tenho. ― Confirma com a voz chorosa.
Preciso segurar a risada, mas meus olhos lacrimejam com a força
que faço.
― Você tem dois homens aqui para te proteger, linda. ― Digo,
deixando um beijo em sua testa.
Ela abre um pequeno sorriso e se estica, sua boca roça na minha
mandíbula, deixando um beijo molhado. Meu pau inchando lentamente
dentro da cueca.
― Me distraia.
Enrolo meus dedos em seus cabelos e puxo sua boca para a minha.
Fazendo exatamente o que ela me pediu.
Já faz mais de duas horas desde que a energia acabou.
Liam foi na recepção para tentar descobrir o que aconteceu, mas não
souberam informar, apenas falaram que já estavam tentando resolver o
problema. Desde que ele voltou estamos na sala, cada um ao meu lado
enrolados em uma coberta, pois o frio já está incomodando, contudo,
os dois corpos enormes ao meu redor ajudam a me manter aquecida.
Apenas a lanterna dos nossos celulares nos iluminando, por não saber
quanto tempo ficaremos assim, optamos por deixar um celular por vez
na função.
Já bebemos uma garrafa de vinho e estamos na metade da segunda,
conversando animadamente, trocando caricias, sem nenhum avanço
sexual de nenhum dos três, mesmo que meu corpo esteja formigando
com o desejo de ser tocada pelos dois mais uma vez.
Parece que já faz dias desde a noite que tivemos juntos e isso está
me deixando ainda mais insana nesse momento.
Um silencio gostoso se instala entre nós e enquanto viro mais um
gole do meu vinho aproveito o momento, absorvendo o calor e a
sensação de paz que eles me causam.
― O que acha de brincarmos de verdade ou desafio? ― Noah fala
alto, saltando do sofá, parando na nossa frente.
― Você acha que tem o que, dezoito anos? Já passamos dessa
fase, idiota. ― Liam tira sarro.
Cutuco suas costelas com meu cotovelo e ele reclama, fazendo
Noah segurar uma risada.
― Acho que seria legal. Não temos mais nada para fazer mesmo. ―
Comento, dando de ombros.
― Só temos nós três, qual a graça nisso?
― Então, vamos só fazer um jogo de perguntas. Quem não quiser
responder a pergunta terá que cumprir um desafio. ― Me animo
pulando no lugar, ajeitando minhas pernas para sentar mais ereta no
sofá.
Liam me olha rindo e Noah também, mas então os dois trocam
olhares estranhos entre eles.
― Ela esta bêbada ou é impressão minha?
― Ela esta bêbada.
― Isso é um perigo para nós?
― Ela é um perigo para nós sã, imagina bêbada.
Os dois idiotas conversam como se eu não os estivesse ouvindo.
Faço minha melhor cara de indignada, mas realmente, minha mente
está ficando mais anuviada que o normal, contudo, não darei o braço a
torcer.
― Querem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui?
Obrigada. ― Reclamo.
Os dois riem, mas então Noah se senta no chão. Faço uma careta
para ele e rapidamente o homem enorme se levanta e pela primeira
desde que ele se ergueu, meus olhos deslizam pelo seu corpo coberto
por um conjunto de moletom cinza, os ombros largos que o deixam tão
imponente, o peitoral que eu sei que é definido e duro e me leva direto
a uma barriga com cinco deliciosos gomos marcados. Mesmo sem ver
consigo me lembrar perfeitamente da tatuagem que ele tem na costela
e da pena que ele tem no peito.
O sofá afunda ao meu lado quando ele se levanta e só para irritar,
dou alguns tapinhas em sua cabeça, como se faz com um cachorro
obediente.
Noah me olha com o cenho franzido e a risada de Liam preenche o
ambiente, fazendo o moreno ao meu lado mostrar o dedo para o meu
namorado.
― Ei, doguinhos, se comportem ou dormirão para fora hoje. ―
Gargalho jogando a cabeça para trás com tanta força que chacoalho a
minha taça de vinho e derramo um pouco do liquido no meu peito.
Os dois se olham, fechando a cara imediatamente e mesmo entre as
risadas não posso deixar de notar o quão fofo é isso deles se
entenderem tão facilmente apenas com um olhar.
― Se me botar para dormir para fora, ainda tenho o outro chalé. ―
Noah retruca, levando sua taça para a boca.
Esse... Esse...
Ora!
O bicho do ciúme já se mostra imediatamente, só de pensar nele
voltando a dormir no mesmo chalé que Tiffany, que até onde eu sei,
não havia ido embora.
― Ah, que fofo, vai dormir com aquela ariranha? Se quiser, sinta-se
á vontade.
Viro-me de lado, empurrando minhas costas contra a lateral do corpo
de Liam e colocando os pés no sofá, aumentando o espaço entre Noah
e eu.
O idiota pega o meu pé e antes que eu possa reagir ele morde a
ponta do meu dedo, rindo da minha cara.
― Para uma criatura tão pequena, você é muito raivosa. ― Ele
comenta e tento o acertar com o outro pé, mas ele o segura
rapidamente, gargalhando.
O corpo atrás de mim chacoalha com a risada de Liam, me deixando
com vergonha do meu ataque territorialista.
É claro que eu tenho ciúmes de Liam, muito mais do que ele tem de
mim, contudo, já passamos coisas o suficiente para eu aprender a
controlar isso. Liam é como um sopro de ar fresco na minha vida,
minha calmaria e enquanto eu sou emoção, ele é a razão.
Mas Noah...
Noah também é emoção.
Noah é caos, é bagunça, um furacão levando tudo que levei anos
para organizar. Ele é a parte caótica dos meus sentimentos.
Ele despertou em mim primeiro a luxúria, o desejo e então, o ciúme
maluco, insano quase, porque só de pensar no homem tocando
qualquer outra mulher eu sinto vontade de trancar ele dentro de casa, o
deixar apenas ao meu alcance.
O pior dessa situação é o sorriso sacana que ele abre para mim,
achando graça da situação.
― Você... ― A pergunta fica entalada na minha garganta, mas me
ajeito no colo de Liam e Noah continua segurando meus pés em seu
colo, esfregando-os para aquecer. ― Você passou a noite com ela?
Ele me olha de soslaio, com no cenho franzido.
― Já começamos o jogo?
― Sim! ― Afirmo.
― Não! Não passei a noite com ela.
Arqueio a sobrancelha em sua direção.
Por mais que eu saiba que Noah não tem motivo para mentir para
mim, também sei que Tiffany é muito bonita e o quer, e uma mulher
com um propósito não tem limites, além dele não ser conhecido por ser
um homem de muito controle quando se trata de mulheres.
Sinto Liam acariciar meu cabelo em silêncio, apenas ouvindo nossa
conversa.
― Quer que eu acredite que você dormiu ao lado de Tiffany e não
transou com ela?
A risada que ele solta é sarcástica, o que me faz olhar para ele com
os olhos apertados.
― Quero que acredite que quando eu digo que não dormi com ela,
quero dizer, literalmente não dormi com ela. ― Fico confusa com sua
fala, o homem suspira e seus ombros caem, como se estivesse
cansado. ― Dormi no sofá, linda, e ela dormiu na cama. Não a toquei
de forma alguma desde que chegamos aqui.
― Quer dizer que a tocou antes disso?
Ele assente, mas não fala nada por um tempo.
― Minha vez. Porque eu? ― Ele solta a pergunta, olhando de mim
para o meu namorado.
― Sua pergunta é para quem? ― Liam pergunta, rindo baixo.
― Já sei o que você vai me dizer, quero saber dela. Porque eu,
Ariela?
Penso um pouco em sua pergunta, mas não preciso ir muito afundo
para saber a resposta.
― Depois da formatura fiquei com uma fagulha acesa, um
sentimento diferente sobre você. Mesmo quando comecei namorar com
Liam, deixei claro para ele que não esqueceria aquela noite, que
gostava de você, mas com o passar do tempo me obriguei a esquecer
isso.
― E o que mudou?
― Liam confia em você. Eu confio em você e sempre tive vontade de
saber como seria se aquela noite tivesse ido adiante e não só a parte
do sexo. Queria saber se o que sentia era só fogo ou era algo a mais,
porque, por Liam eu sempre soube que o amava desde que coloquei
meus olhos nele e com você... foi confuso.
Liam deixa um beijo na minha cabeça e deita a cabeça como
consegue no meu ombro, estralando um beijo no meu pescoço.
Não é exagero. Assim que coloquei meus olhos em Liam eu soube
que ele era o que me completaria, soube que era ele quem eu amaria
todos os dias da minha vida.
Olhando agora para dentro de mim, prestando atenção nos dias em
que vivemos juntos, nós três, sei que estive certa sobre isso e percebo
algo novo.
Liam é realmente o que completa a minha vida e talvez Noah
complete também.
Mas Noah e eu nos transbordamos.
É tudo o que precisamos para as nossas vidas.
― Como era ser um dos caras mais populares da faculdade? ―
Pergunto sorrindo, tentando escapar desse assunto porque agora não
sei se Noah está pronto para ouvir sobre os meus sentimentos por ele.
― Só vamos brincar nós dois? ― O moreno pergunta, abrindo
aquele sorriso cafajeste que o deixa ainda mais lindo.
― Ela já conhece a minha vida de trás para frente, cara. ― Liam
retruca, seu peito vibrando com a risada baixa.
― Mas você estava envolvido na maioria das minhas histórias da
faculdade, então nada será novidade.
Rio da careta que ele faz.
Só então percebo quão confortável estamos nessa posição.
Meu corpo encostado em Liam, que tem a cabeça deitada no meu
ombro e sua mão acariciando meus cabelos, Noah com meus pés em
seu colo, fazendo uma massagem lenta e suave.
Nenhum dos dois parece se importar ou se tocar disso, por isso
apenas sorrio e me aconchego mais no meu namorado, aguardando a
resposta do homem a minha frente.
― Estou esperando... ― Cantarolo, sorrindo para ele quando revira
os olhos.
― Não era nada demais. A única diferença que fazia em minha vida
era na parte das mulheres, facilitava muito quando eu queria sexo.
― Deve ter partido muitos corações. ― Comento.
Mais uma vez seu rosto retorce em uma careta.
― Sempre fui muito sincero, deixava claro que nunca passaria de
sexo, então tudo o que elas criassem em suas cabeças era por pura
ilusão e eu não poderia arcar com consequências de algo que eu não
tinha controle. ― Dá de ombros como se fosse natural. ― A minha
parte eu fazia.
― Deus, você soa horrível.
Ergo meu pé, cutucando suas costelas fazendo-o se torcer e rir
baixo.
― Ele era horrível. ― Liam murmura.
― Você não pode falar muita coisa não, viu seu safado. ― Falo,
rindo, passando a mão pelo seu cabelo, puxando seu rosto para olhar
em seus olhos de mel. ― Essa sua carinha de inocente fez muitas
vítimas.
Suas sobrancelhas loiras se franzem em uma cara de indignação
fingida e um bico se forma em sua boca rosada linda, sou obrigada a
deixar um selinho ali.
Eu sou tão sortuda que as vezes é difícil de acreditar.
Passamos mais um bom tempo fazendo perguntas aleatórias,
contando experiências e falando sobre nossas vidas e famílias e é tão
natural que chega a ser gostoso. Nossas risadas altas se misturam em
vários momentos e até esses sons parecem se encaixar.
Terminamos nossa segunda garrafa de vinho durante a conversa e
eu já me sinto muito mais tonta do que quando começamos a
brincadeira, mas ainda não estou bêbada o suficiente para apagar.
De repente Noah fica em silêncio olhando para a sua taça vazia,
rodando-a entre os dedos. A claridade da lanterna do aparelho
continua o iluminando e consigo ver perfeitamente sua mandíbula
endurecer, como se ele estivesse pensando em algo ruim e me sinto
apreensiva, com medo de ele fugir mais uma vez.
Só que agora sei que se ele fizer isso, não ficarei atrás, fiz a minha
parte, Liam fez a dele e o deixamos confortável para tomar suas
decisões, se ele decidir não fazer parte do nosso relacionamento, tudo
bem.
Contudo, se ele decidir ficar, terá que me provar que será mais do
que sexo.
Ele terá que conquistar minha confiança.
― Vocês pensam em ter filhos? ― Solta a pergunta de uma vez.
Depois da minha conversa com Liam, sabia que chegaria a vez de
conversar com Noah, de explicar a nossa decisão e que se ele quiser
estar com a gente teria que entender que já temos um tempo de
relacionamento, que é algo que queremos e virá como bagagem com a
gente.
Sinto Liam endurecer atrás de mim e soltar uma lufada de ar no meu
pescoço me arrepiando.
― Noah... ― Meu namorado murmura o nome do amigo.
― Você não quer? ― Corto-o antes de falar algo.
Noah me olha com a sobrancelha arqueada e um dos cantos dos
lábios erguidos.
― Perguntei primeiro, linda.
Liam se endireita, afastando o rosto, por estar de costas para ele não
posso ver sua expressão, mas imagino que esteja com suas feições
em branco, como ele faz quando esta advogando.
― Você sabe que eu sempre quis ser pai. ― Noah acena para o que
ele fala. ― Ariela queria colocar a galeria em ordem, queria focar em
seus projetos antes de pensar em aumentar a família. Então agora...
― Agora, vocês estão prontos para isso. ― O moreno completa.
Surpreendendo a nós dois ele abre um sorriso pequeno e seus olhos
voltam a cair na taça vazia, que ele continua girando como se tivesse
algo lá dentro.
Alguns segundos de silêncio se seguem e sei que ele está pronto
para sair correndo daqui, já que ele nunca quis um relacionamento,
quem dirá um que envolverá três pessoas e uma criança.
― Sabe o que é engraçado? ― Pergunta, ainda sorrindo apertado.
Continua falando mesmo que ninguém o responda. ― Esses dias atrás
liguei para Mike e falei com Lauren, vi a adoração dos dois mesmo que
ele não seja seu pai biológico, vi os olhos dele brilhar quando falou das
gêmeas e pela primeira vez na vida quis aquilo. Mas o engraçado é
que percebi que não é que eu não queria aquilo, eu só não tinha com
quem idealizar uma vida daquela para mim.
― E agora... ― Liam deixa a frase no ar para que ele complete.
― Agora eu acho que tenho. ― Dá de ombros.
Meu coração parece que vai rasgar meu peito nesse momento, meu
sangue correndo com urgência em minhas veias me deixando quente.
Um sorriso se abre em meus lábios.
― Vocês sabem que eu não sou paciente ou racional como Liam e
que o primeiro filho da puta que ousar falar qualquer merda para um de
nós eu vou arrebentar e enlouquecer, não serei sempre um bom
exemplo de... namorado ou pai, mas acho que tudo acontece em seu
tempo e se estou aqui agora, me metendo no relacionamento de vocês
dois, com consentimento de todos, é porque realmente deveria
acontecer assim.
Preciso me segurar para não pular em seu colo tamanha felicidade
que sinto. Minha cabeça girando com cenas fofíssimas de dois homens
enormes segurando um pequeno bebezinho em seus colos, babando
nele e me paparicando o tempo todo. Me amando e fodendo meu corpo
e juízo a todo momento.
Mas como eu já disse, ele terá que conquistar minha confiança
agora, porque já me magoou e não vou entregar a outra metade do
meu coração para que ele possa pisar nele mais uma vez.
― Noah, eu não preciso que você seja o que Liam é, preciso que
seja você. Nós já somos completos, mas você... Você nos transborda e
isso é a melhor coisa que poderia acontecer e sei Liam concorda
comigo. ― Digo com calma, para que entenda o que vou dizer. ― Só
que eu não quero ser só sexo para você.
― Você não é só sexo, Ariela. ― Fala ofendido.
― Então me prove, me prove que você vai nos levar a sério. Porque
eu e Liam estamos em uma vida completamente estável e futuramente
envolverá uma criança, você não poderá fugir no menor indicio de
problema.
Seu tronco se inclina para a frente, esticando o braço para segurar
meu pescoço e me puxar. No exato momento em seu nariz encosta no
meu a energia volta e luz da sala o ilumina por completo, me deixando
ver seus olhos negros brilharem com determinação, paixão e merda,
estou pronta para dizer a ele que não precisa provar nada, que pode
pegar meu coração e fazer o que bem quiser com ele.
― Como? ― Pergunta baixo, seus dedos massageando meu
pescoço.
― Eu não sei, lindo. ― Abro meu melhor sorriso, sem tirar os olhos
dos seus, sentindo sua respiração quente no meu rosto. ― Você tem
até o Natal para isso.
Ele solta uma risada e ouço Liam rir baixo atrás de nós.
― Desafio aceito, linda. Você vai ser tão minha quanto é de Liam e
eu prometo que vou te provar todos os dias, até depois disso que eu
não vou te deixar por nada e te defenderei de qualquer coisa. ― Sua
voz rouca arrepia minha pele, me fazendo estremecer levemente.
Noah deixa um selinho nos meus lábios e então se afasta, me
deixando quente. Bufo com isso, voltando para Liam, que também me
dá um beijo casto.
A ansiedade para ver o que ele fará nesses dias me consome, me
deixando em estado de euforia.
Que venha a noite de Natal.
Se tudo der certo, será a noite mais importante das nossas vidas.
Desperto com um som de conversa abafado, passo minha mão ao
meu lado e o encontro vazio, fazendo o mesmo do outro lado também
não encontrando ninguém ali.
Solto um suspiro, esticando meu corpo para me espreguiçar,
sentindo dois perfumes deliciosos impregnados nos travesseiros ao
meu redor. Coloco a minha cabeça no travesseiro de Liam, sentindo
seu cheiro e puxo o travesseiro que Noah usou para dormir junto com a
gente.
Meus lábios se torcem em um sorriso ao lembrar como a noite
anterior foi boa, que conseguimos conversar amenidades e coisas
sérias com naturalidade, as risadas altas se misturando, a sensação de
estar em casa só por estar entre eles.
Lembro-me de que nem mesmo precisei pedir para Noah dormir aqui
com a gente, mas por um segundo, me passou pela cabeça se ele nos
deixaria aqui e voltaria para dividir o chalé com Tiffany e o que ela seria
capaz de fazer para tê-lo, porém, foi ele quem me jogou por sob seu
ombro e me carregou diretamente para a cama, onde aconchegamos
nós três e conversamos mais um pouco, antes de finalmente dormir.
Nada parece mais certo do que estar entre eles.
O futuro é um pouco assustador porque tenho a total consciência de
que nem todos aceitarão com facilidade uma união entre três pessoas
e seremos duramente julgados, contudo, sei que Liam e Noah serão
minha fortaleza contra pessoas maldosas e eu serei a deles.
― Bom dia, dorminhoca. ― Ouço a voz grave de Noah, sentando
imediatamente na cama.
Estava tão perdida em meus pensamentos que não os ouvi subindo
as escadas, mesmo que a delicadeza dos dois possa ser comparada
com uma manada de elefantes.
Liam se senta ao meu lado no meio da bagunça de edredom e
travesseiros enquanto Noah coloca uma enorme bandeja com muita
comida na minha frente. O moreno se senta a minha frente com um
largo sorriso, orgulhoso do feito dos dois.
― Hum, o que eu fiz para merecer café na cama? ― Pergunto antes
de pegar um pote de iogurte com pedaços de morango.
― Você não precisa fazer nada para merecer algo assim, princesa.
― Noah responde, estufando o peito.
Oh Deus, isso foi fofo e brega na mesma proporção.
Olho para o lado de esguelha e encontro Liam fazendo o mesmo
antes de cairmos na risada, fazendo Noah nos olhar com os olhos
apertados.
― Porra, isso foi ridículo. ― Liam diz entre as risadas.
Acerto um tapa em seu braço, mesmo que eu não consiga para de
rir. Estico meu braço alcançando a gola da blusa do moreno que agora
parece mais envergonhado do que bravo, puxo-o ao mesmo tempo que
estico meu tronco para alcançar sua boca, deixando um selinho.
― Isso foi fofo, lindo. ― Falo com carinho e ele sorri, mais uma vez
orgulhoso.
― Eu posso ser fofo, viu? ― Dá de ombros.
― Claro que pode. ― Liam murmura sarcástico, ainda tentando
parar de rir.
― Ah, vai se foder, babaca. ― Noah mostra o dedo para ele.
Continuo comendo meu iogurte, olhando-os, segurando um sorriso.
A amizade dos dois não mudou mesmo com o passar dos anos. Não
os conheci durante a faculdade, quando cheguei na vida de Liam os
dois se separaram, porém vi o quanto eles eram parceiros e não
deixaram nem a distância e o tempo mudar o que havia entre eles.
Mesmo trocando farpas e insultos em vários momentos, eles se
respeitam e se defendem de tudo e qualquer coisa, acho que isso em
amizade de homem é um pouco mais difícil de se encontrar, algum
amigo que vá confiar e te respeitar, cuidar de você sem ter medo de
que alguém vá pensar em qualquer outra coisa.
Liam pega um pedaço de pão para ele e Noah uma das xícaras e
derrama café quente.
― Sabe o que ficaria perfeito aqui? ― Pergunto entre uma colherada
de iogurte e outra.
― O que? ― Meu namorado pergunta.
Ergo meus olhos e encontro Noah me olhando com uma intensidade
que me desconcerta um pouco, por incrível que pareça sinto minhas
bochechas esquentarem apenas com isso. Mas me forço a sorrir para
ele, piscando várias vezes os cílios com a cabeça inclinada, esperando
que ele entenda e quando ele revira os olhos sei que ele sabe a minha
resposta.
―Donuts de chocolate. ― Digo com a boca cheia e os dois riem.
― Claro.
― Nem me surpreende.
Os dois me respondem quase ao mesmo tempo. Os raios solares
invadem o quarto pela imensa janela, iluminando-os e Noah com sua
pose imponente, ombros largos e sorriso de cafajeste, inclina a cabeça
para o lado, inspecionando-me com algo brilhando em seus olhos
escuros.
Ele é tão lindo que eu acho que nunca vou me acostumar de o olhar.
Assim como é com Liam, parece que a cada vez que o vejo, encontro
algo novo e encantador e amo essa sensação.
― Ah, calem a boca, aquele donuts é a coisa mais deliciosa que
existe.
― É porque você não pode provar o teu próprio gosto. ― Noah
provoca, abrindo um sorriso sacana.
Liam aponta um dedo para ele e balança a cabeça concordando
antes de estender a palma da mão para o amigo tocar, e ele o faz.
Mais uma vez minhas bochechas esquentam com o comentário, sou
obrigada a cerrar os olhos e trocar olhares com os dois que nem
mesmo disfarçam os sorrisos em seus lábios.
― Parem com isso, seus engraçadinhos. ― Faço uma careta.
― Mas você fica tão bonitinha quando fica com as bochechas
vermelhas assim. ― Liam diz, beijando minha bochecha.
― Isso quer dizer que estou constrangida. ― Reclamo apenas para
testar, fazendo minha melhor cara de indignada.
― Continua sendo bonitinha. ― Noah retruca, dando de ombros.
Ignoro-o, para não esganar os dois abusados. Quando se juntam
eles são ainda mais terríveis do que quando estão brigando entre si.
Continuamos tomando nosso café da manhã com calma,
conversando sobre o que podemos fazer durante o dia. Os dois
começam a conversar sobre algo do escritório enquanto como uma
torrada e por incrível que pareça, minha mente não se desliga do
assunto, porque os dois parecem realmente muito empolgados na
conversa, mesmo que eu não entenda nem um terço do que estão
falando.
Viro a cabeça para olhar para Liam que agora toma seu café,
encostado na cabeceira da cama, com as longas pernas esticadas a
sua frente. Seus ombros largos cobertos pela blusa de lã preta que se
ajusta ao seu corpo. Seu queixo quadrado coberto pela barba bem feita
até sua mandíbula quadrada, o nariz perfeito e os lábios grossos e
rosados, o deixam com uma cara de modelo que provavelmente muitas
agências brigariam para tê-lo.
De repente ele se vira para mim, me pega o encarando. Suas
sobrancelhas franzem e eu apenas sorrio, dando de ombros e voltando
a comer.
― Porque estava me olhando com essa cara? ― Questiona
desconfiado.
― Que cara? Eu estava apenas te olhando, não posso?
― Você pode tudo, meu amor. ― Diz levando a mão aos meus
cabelos, acariciando-os.
Fecho meus olhos, inclinando-me para o seu carinho, me deliciando
com a sensação deliciosa que é ter seus dedos tocando-me com tanta
delicadeza.
―Vocês vão me acostumar muito mal assim. ― Resmungo e ouço
as risadas baixa.
Os dois voltam a conversar e quando me sinto satisfeita me levanto e
vou para o banheiro, deixando-os para trás.
Não me preocupo em fechar a porta, só tiro minha roupa, prendo
meus cabelos em um coque e entro debaixo do chuveiro, deixando a
água quente correr meu corpo e aquecer minha pele. Me esfrego com
calma, levando meu tempo para isso e secretamente ansiando que
Liam e Noah invadam o banheiro e me tomem aqui mesmo nesse
pequeno banheiro.
Meu corpo ferve e meu coração salta no peito só com o simples
pensamento.
Mas isso não acontece, termino meu banho, me seco e me enrolo na
toalha, escovando meus dentes. Saio do banheiro e encontro apenas
Liam na cama, mexendo em seu notebook, concentrado.
Vou até o pequeno guarda-roupa e me visto rapidamente, mesmo de
costas consigo sentir minha pele esquentar, sentindo o olhar do meu
namorado em cada movimento que eu faço e por isso me visto com
muita lentidão.
― Cadê o Noah? ― Pergunto quando termino, me virando para ele e
indo em sua direção.
Subo na cama, engatinhando até ele enquanto ele tira o computador
do colo e o coloca no chão com cuidado, me encaixo entre suas
pernas, descansando minha cabeça em sua barriga dura.
― Disse que precisava ir ao chalé dele tomar banho e se trocar.
Meu coração murcha com a resposta rápido demais. O pensamento
de que ele está perto de Tiffany me tira um pouco do eixo. Ergo a
cabeça rapidamente, olhando nos olhos de Liam que parece mais
claros do que o comum pelos raios solares, mas o bichinho do ciúme
correndo na minha pele não me deixa reparar por muito tempo nele.
― Ele poderia ter tomado banho aqui. ― Faço uma careta.

― Não seja boba, amor. ― Digo rindo, ergo a mão para acariciar seu
rosto, sorrindo para tentar a acalmar um pouco. ― Ele será rápido e
você o ouviu ontem, ele está nessa com a gente e nunca faria nada
para te magoar.
Ela parece ponderar o que digo por alguns segundos, antes de
assentir e suas feições relaxarem, voltando a deitar a cabeça em minha
barriga.
Ontem Noah me surpreendeu muito quando disse que queria ser pai.
Nunca imaginei Noah sendo namorado ou marido, quem dirá sendo
pai. Mas sei que ele jamais diria algo apenas para agradar Ariela, se
ele falou que quer isso, que quer estar nessa com a gente, então é
porque é isso que ele realmente sente.
Meu amigo pode ter muitos defeitos, mas mentiroso nunca foi um
deles. Já nos metemos em muita confusão por sua sinceridade
exagerada.
E pude ver em seus olhos quão determinado ele estava, vi a paixão
que ele olhou para Ariela e isso tranquilizou meu coração.
― O que foi aquilo de pedir para ele te conquistar? ― Pergunto rindo
ao me lembrar da sua condição.
Ari ri junto comigo, mexo meu corpo, me deitando confortavelmente e
ela se deita em cima de mim, com as mãos no meu peito e o queixo
encostado nelas.
― Eu sou genial, não sou? ― Se gaba.
Meu corpo chacoalha com a gargalhada alta que escapa de mim ao
notar sua expressão de orgulho do seu feito.
― Ah, você é má, isso sim! ― Retruco ainda rindo.
― Ele que se esforce para me convencer nesses próximos dias. ―
Dá de ombros, mordendo o lábio. ― E você nem pense em ficar de
complô com ele. Deixe-o sofrer um pouquinho.
Ergo minhas mãos em rendição, sorrindo de lado.
― Nem passou pela minha cabeça isso, amor. ― Minto.
Noah entende de como flertar, entende de como fazer para levar
uma mulher para a sua cama e depois dispensar, contudo ele nunca
realmente namorou, acho que ele terá um pouco de dificuldade em
entender como funciona o romantismo.
Hoje eu o acordei e dei a ideia do café da manhã, mas deixei que ele
entregasse como se a ideia genial fosse dele.
― Como se eu não te conhecesse. ― Retruca batendo a ponta do
dedo no meu peito em repreensão.
Pego seu pulso, trazendo seu dedo para a minha boca, deixo uma
mordida na pele quente e ela reclama, puxando o dedo.
― Deixe de ser mandona, amor.
Antes que ela responda, entrelaço meus dedos em seus cabelos e a
puxo para cima, trazendo sua boca para a minha. Assim que nossos
lábios se encostam um no outro ela já da passagem para a minha
língua, mas contorno seu lábio inferior lentamente, sentindo quão
macio seu lábio é e só então invado sua boca, enroscando-a com sua
própria língua.
Seu corpo pequeno pressionado contra o meu, seus seios grandes
apertados no meu peito sobem e descem com força pela respiração
que vai ficando cada vez mais pesada.
Minha mão livre desliza pela lateral do seu corpo descansando em
sua cintura. Aperto-a, fazendo ela gemer baixo em minha boca entre o
beijo que começou calmo, se tornando faminto, como se há muito
tempo não nos beijássemos.
Seu quadril encaixado no meu, sua boceta encostada na minha
ereção. Enquanto suas mãos brincam com meus fios de cabelo.
Ari suga minha língua, me arrancando um grunhido rouco.
A cama afunda ao nosso lado e um bufo alto chama a nossa
atenção, Ari apenas sorri contra a minha boca e eu reviro os olhos.
― Cara, não podia esperar um pouco? ― Reclamo, virando a
cabeça para olhar para ele.
― Se eu não vou transar, você também não vai. ― Diz
simplesmente, dando de ombro.
― Vai sonhando com isso.
― Liam, cadê a parceria, porra? Estamos nisso junto e se essa
demônia loira vai me deixar de castigo sem sexo, você tem que me
fazer companhia.
Ariela esconde o rosto no meu pescoço, abafando sua risada. Sua
respiração quente na minha pele envia um arrepio por todo o meu
corpo até o meu pau que pulsa, seu quadril se remexendo como se
procurasse mais contato, mas então Noah ergue a mão e acerta um
tapa em sua bunda, fazendo-a resmungar e erguer a cabeça para olhar
para ele.
― Porque fez isso? ― Ela pergunta, brava.
― Você está provocando-o porque sabe que a carne é fraca. Mas ele
é meu amigo e vai me acompanhar nesses dias de sofrimento.
― Não vou. ― Retruco, deslizando minhas mãos até a bunda de
Ariela, apertando-a. ― Não vou mesmo.
― Vai sim, Liam! Eu vou estar grudado em vocês o dia todo para o
obrigar a me acompanhar. ― Dá de ombros e coloca os braços atrás
de sua cabeça, parecendo bem confortável em sua posição.
― Cara...
Um telefone toca e antes que eu me mova Ari se estica até a mesa
de cabeceira e alcança o meu telefone, o nome do meu pai piscando
na tela.
Atendo e então sua voz rouca pelos seus anos de fumantes
preenche a linha.
― Oi, filho.
― Oi pai, tudo bem? ― Pergunto um pouco curioso com sua ligação.
― Tudo sim. E vocês, como estão?
― Tudo certo, estamos nos chalés, passando uns dias.
Meu pai nunca foi de jogar conversa fora, por isso também não tento
estender muito o assunto. O homem é meio estúpido muitas das vezes,
sem paciência para enrolação, mas tem um dos corações mais puros.
― Sua mãe pediu para te avisar que não vamos a casa da sua tia
mais, por isso iremos para a sua casa na noite de réveillon. ― Ele fala
rapidamente.
Ari e eu sempre fazemos um jantar em nossa casa na noite de
réveillon com nossos pais e amigos e esse seria o primeiro ano que
meus pais não viriam porque a irmã da minha mãe queria que ela fosse
para lá por algum motivo que eu não sei. Mamãe realmente cogitou ir,
tanto que eu já tinha me conformado que não os veria, por isso
estranho a novidade.
― Aconteceu algo, pai? ― Pergunto e Ari me olha, seus olhos
castanhos mel levemente arregalados e mesmo sem olhar para o lado
sei que Noah está prestando atenção em mim também.
― Sua mãe e sua tia brigaram, depois que sua tia disse algo sobre o
padre Jordan. ― Ele conta como se não fosse nada demais e não
consigo segurar a risada alta que me escapa. ― Eu juro, se o cara não
fosse um padre e eu não soubesse que sua mãe me ama, ficaria com
ciúmes de como ela defende o velho.
Continuo rindo, com a atenção de Ari e Noah em mim ainda. A loira
leva sua mão para a minha barba e acaricia com cuidado. Levo sua
mão até minha boca, depositando um beijo.
― Que ela não te ouça falar assim dele. ― Ele concorda com um
murmuro. ― Então fica certo, pai, nos vemos daqui há alguns dias.
Nos despedimos e desligo o telefone, colocando-o de volta na mesa
de cabeceira, antes de voltar a olhar para Ari que continua deitada no
meu corpo e conto para os dois o que meu pai falou, vejo que Noah se
remexe um pouco desconfortável, mas não fala nada, apenas ri baixo.
Depois de mais alguns minutos conversando, Ariela pula para fora da
cama, com as mãos na cintura e olhando para nós dois com um sorriso
enorme e brilhante. E assim, com a claridade iluminando-a por trás,
seus fios loiros quase brilhando, suas bochechas altas pelo tamanho
do seu sorriso e os olhos quase fechados, ela parece genuinamente
feliz e tenho certeza de que nunca a vi tão linda assim.
Um suspiro ao meu lado chama a minha atenção e viro para o lado,
vendo Noah soltar a cabeça com força no travesseiro, seus olhos
fechados conforme ele suspira alto.
― Porra, ela é linda pra caralho. ― Ele diz em tom de reclamação.
Olho para Ari que está nos olhando com a cabeça inclinada, meu
coração batendo tão forte no peito que ouço suas batidas em meus
ouvidos e posso jurar que eles também ouvem.
― Ela é. ― Concordo.
― Ok, ok. Vocês também são lindos, mas agora levantem e vamos
aproveitar o resto do dia. Quero caminhar na floresta. ― Fala animada
e antes que possamos responder ela sai quase pulando do quarto.
― E mandona pra caralho também. ― Noah bufa, mas se levanta.
Faço o mesmo, gargalhando dele, passando ao seu lado e batendo
meu ombro no seu.
― Acostume-se com a coleira.
― Hoje o frio esta pior, não acha que seria melhor ficarmos aqui
dentro? Podemos fazer um chocolate quente e ligar a lareira. ― A voz
de Noah me alcança assim que termino de descer as escadas.
Me viro vendo os dois descendo logo atrás de mim.
Acho que nunca vou me acostumar com quão lindos eles são. Cada
um com a sua beleza particular.
Liam tem uma beleza mais suave, feições de um menino e um
sorriso quase inocente.
Noah já tem uma beleza mais bruta, seu rosto com traços mais
marcantes, olhos mais profundos e um sorriso canalha que desfaz
minha calcinha.
Coloco as mãos na cintura, mordendo o lábio enquanto os encaro.
― Vocês tinham que ser tão lindos assim? ― Pergunto, soltando um
gemido baixo.
O sorriso dos dois aumentam quase em sincronia e pronto, posso
jogar fora minha calcinha.
Meu corpo se acende, minha boceta pulsa já completamente
encharcada. É impossível olhar para eles e não sentir borboletas no
estômago.
Os dois juntos são uma mistura perfeita para acabar com a minha
sanidade. E o meu estoque de calcinhas.
― Você dificulta a minha vida, me olhando dessa forma, linda. ―
Noah reclama.
Liam da risada do amigo e vem para o meu lado, dando a volta no
meu corpo e me abraçando por trás, deixa um beijo no meu pescoço
que faz todos os pelos do meu corpo se arrepiarem imediatamente.
― Amor, eu apoio a ideia do Noah. ― Sussurra.
― Nós vamos ficar trancados todos os dias dentro desse chalé? ―
Externo minha indignação e os dois rapidamente assentem, quase
como se fosse combinado.
― Eu apoio a idéia.
― Eu também.
Acerto um tapa no braço de Liam que apenas ri.
Apesar disso, também não me oporia a ficar presa com esses dois o
dia todo.
Sei que pedi para Noah me provar que ele quer mais do que sexo de
mim, porém, não disse que isso não aconteceria durante esses dias,
ele tirou sua própria conclusão e eu não discordei, porque quero
realmente ver até onde ele agüenta. E isso me deixa brecha para
provoca-lo bastante.
― Tudo bem, mas vocês que vão fazer o chocolate quente. ― Aviso,
já me virando para ir para o sofá.
Me sento no sofá enorme, tirando minha blusa mais grossa, jogando
no chão ao meu lado. Reviro as almofadas procurando pelo controle da
lareira enquanto ouço os dois bonitinhos discutindo sobre quem fará o
chocolate quente.
Apesar de ter um restaurante incluso na pousada, podemos trazer
nossa própria comida então temos tudo o que precisamos aqui mesmo
no chalé.
― Cara, você que me ensinou fazer. ― Liam fala exasperado.
― Então! Preciso saber se você aprendeu. ― Noah debocha e
mesmo sem vê-lo posso imaginar perfeitamente o sorriso em seus
lábios.
― Nem vem com isso, Noah. Você vai fazer bem melhor.
― Eu sou realmente melhor em tudo o que eu faço...
― Não comecem com isso de novo. ― Grito. Acho o controle no vão
do sofá e me viro para os dois, apontando para eles. ― Será que eu
vou ter que dar uma de mãe com vocês dois e coloca-los de castigo?
― Você pode ir treinando, amor. ― Liam fala, piscando um olho.
Jogo uma almofada nele que pega antes que acerte seu rosto. Noah
gargalha, jogando a cabeça para trás.
Assim que se recompõe vem até mim e me da um selinho, antes de
ir para a cozinha.
Meu namorado aproveita e corre para o sofá, se jogando no mesmo
e colocando a cabeça no meu colo quando me sento. O sorriso que ele
abre para mim faz meu coração pular dentro do meu peito. Meus dedos
se enroscam em seus cabelos macios, acariciando-os enquanto
observo seus olhos castanhos claros.
Seu rosto relaxado coberto por uma barba que parece estar bem
maior do que o normal, deslizo meus dedos tocando seus olhos
fechados, por seu nariz e então seus lábios, sentindo como eles são
macios. Minha própria boca parece formigar com a vontade de toca-los
então faço isso, me inclino um pouco e roço nossos lábios.
Um suspiro escapa dos seus lábios quando ele sente o toque e
quando menos espero sua mão está em meus cabelos e ele me segura
firme, aprofundando o beijo. Sua língua invade minha boca, envolvendo
a minha, me fazendo sentir seu gosto maravilhoso.
Sugo sua língua, raspando meus dentes nela e dessa vez é ele
quem geme. Beijar Liam nunca perderia a graça, é sempre algo
maravilhoso, quase como estar chegando ao paraíso e me deixava em
chamas. O beijo é calmo, apenas exploratório.
Uma dança sensual e quente, que atinge diretamente o ponto no
meio das minhas pernas que pulsa com o toque quente de sua língua
no meu lábio inferior. Gemo baixo e sinto quando ele sorri contra a
minha boca.
― Amor... ― Murmuro.
Desço meu lábio para o seu queixo, dando uma leve mordida por sob
a barba. Faço um rastro pela mandíbula até alcançar sua orelha,
deixando uma mordida no lóbulo que o faz estremecer levemente.
Solto uma risada junto com ele.
Eu amo saber o que posso causar nele. É uma das melhores coisas
do mundo ter poder sob um homem tão controlado como Liam.
― Você gosta de me torturar. ― Ele reclama, me arrancando outra
risada.
― Eu amo te torturar.
Liam bufa.
Dou um selinho nele e volto a me sentar confortavelmente no sofá,
antes de finalmente ligar a lareira e procurar pelo controle da televisão.
Assim que encontro, ligo e enquanto procuramos por um filme ouço
alguém bater na porta e como é de vidro consigo ver Tiffany parada,
vestido em uma legging preta e uma jaqueta Pink grossa com uma
touca de pelos.
Suspiro alto e então Liam ergue a cabeça apenas para ver quem é,
voltando a se deitar.
― Deixa que Noah lide com ela. ― Comanda.
Cerro os olhos para ele, contudo ele apenas me ignora, fechando os
olhos e puxando minha mão para voltar a fazer carinho em seus
cabelos.
― Noah, tem visita para você. ― Liam grita.
Olho para o lado vendo Noah surgir na sala e quando olha para a
porta, seus olhos se arregalam levemente e logo caem em mim, ele
pisca algumas vezes antes de finalmente ir até a porta, abrindo-a e
saindo, fechando a porta logo atrás.
Minha frustração aumenta por não saber o que ela quer, me remexo
no meu lugar e Liam resmunga algo ininteligível, mas não se move,
continua deitado no meu colo.
― Preciso de bebida. ― Murmuro e os olhos claros de Liam
encontram os meus.
Sua boca em uma linha reta de desgosto, sabendo que estou ficando
nervosa por não saber o que está acontecendo lá fora, mas ele não
fala nada apenas se levanta e vai para a cozinha, voltando com três
taças na mão e uma garrafa de vinho.
Cerro meus olhos para ele, encarando a garrafa de vinho cara.
― Essa é a garrafa que estamos guardando para a ceia de natal?
Trouxemos duas garrafas de vinho com a gente para bebermos na
ceia, porque sabíamos que poderíamos comprar mais vinho pelo
serviço do chalé.
― Na verdade é sim, mas depois podemos comprar outra. ― Ele da
de ombros e se senta ao meu lado, abrindo a garrafa com facilidade
antes de servir nossas taças e me entregar uma. ― Um brinde às
coisas novas.
Brindamos nossas taças e então viro a minha em um gole só,
fazendo meu namorado me olhar feio.
Meu coração pesando a cada segundo que passo olhando para a
porta, encarando apenas as costas de Noah. Ele parece tenso
enquanto fala baixo com a loira em sua frente, devido ao seu tamanho
não consigo ver Tiffany, mas consigo imagina-la com aquele sorriso
cheio de dentes para o meu homem.
Quando estou na terceira taça um toque de celular no quarto chama
a minha atenção, encaro Liam que olha para mim e abre um sorriso de
lado.
― Deve ser o seu, o meu está aqui. ― Aponta para o aparelho na
mesa de centro.
― Vou atender.
Me levanto e encho minha taça, antes de correr escadas acima,
segurando para não derrubar nem uma gota de vinho. Ao chegar na
cama, me sento antes de achar meu celular embaixo do travesseiro e
vejo que é uma ligação de video de Emmy.
Um sorriso involuntário se abre em meus lábios.
― Ei, você.
― Ei, você.
Sorrimos com a troca de cumprimentos.
Emmy é uma morena estonteante que mesmo com o passar do
tempo parece nunca envelhecer. Talvez tenha algo a ver com a sua
alegria inabalável, porque ela está sempre sorrindo, sempre
espalhando felicidade e amor por onde passa e seus olhos castanhos
nunca perderam o brilho de inocência.
Seus cabelos encaracolados caem em cascata pelos ombros magros
cobrindo parcialmente seu pescoço. Seus lábios cheios brilham pelo
gloss, e o nariz fino é harmonioso com o restante do rosto, até mesmo
com suas sobrancelhas escuras e bem delineadas.
― Como estão as coisas aí? ― Pergunto, me ajeitando no meio da
cama.
― Tudo certo. Acabei de finalizar um quadro e estou enviando para
Sam. ― Conta animada, a imagem fica borrada como se ela estivesse
se mexendo e então percebo que ela estava apoiando o aparelho em
algum lugar enquanto come algo que parece sopa. ― Ela esta muito
animada para a próxima exposição, disse que já tem alguns
compradores que estarão presentes e nomes importantíssimos apenas
para ver nossos quadros.
Meu coração pula com a informação, sentindo uma pontada grossa
de ansiedade.
Não será minha primeira exposição, óbvio, mas é sempre a mesma
coisa. Sempre me sinto ansiosa, nervosa e até mesmo um pouco
insegura, mesmos sabendo que darei conta como todas as vezes.
Essa será a terceira exposição que faremos na nossa própria galeria
e talvez por isso parece que a pressão para sair tudo perfeito é ainda
maior.
― Precisamos resolver o que falta da decoração, para podermos
organizar todos os quadros.
― Ah, sim. O buffet, Sam disse que pensou em contratar o mesmo
das outras vezes. Gostamos deles.
― Claro, por mim, perfeito. ― Sorrio de lado.
― Na verdade só o que falta mesmo é resolvermos as disposições
das peças, mas quando você chegar podemos ir na galeria e
resolvemos isso. ― Assinto para ela, concordando. ― Mas, e como
está a viagem?
E aí esta.
Eu sabia que ela não me ligou apenas para falar sobre a exposição.
Emmy é muito curiosa e desde o nosso almoço em que contei a ela e a
Sam sobre a proposta que Liam fez à Noah, não tivemos
oportunidades de conversar melhor sobre esse assunto e talvez na
cabeça dela poderia acontecer algo agora. O que não deixa de ser
verdade, porque realmente, depois desse natal algo, definitivamente,
irá mudar.
Solto uma risada baixa observando sua expressão ansiosa.
― Está tudo bem. Tirando o fato de Tiffany estar aqui.
― Tiffany Barker? ― Pergunta curiosa e assinto. ― O que essa vaca
loira está fazendo aí? Meu Deus, essa mulher é insuportável. Parece
estar em todos os lugares.
― Noah trouxe ela.
― Ah.
E assim seus ombros caem, quase decepcionados.
― Pergunte, Emmy.
― Perguntar o que? ― Coloca a mão no peito, se fazendo de sonsa.
Arqueio a sobrancelha e ela ri, dando de ombros. ― Então, nada
aconteceu?
Solto um suspiro alto, de repente me sentindo cansada demais de
pensar em tudo. Precisando realmente conversar com alguém que não
seja um dos homens envolvidos na história acabo contando tudo para
ela, desde as coisas que sentia quando via Noah de longe, até o dia de
hoje.
Em alguns momentos não consigo segurar a risada com as caretas
que minha amiga faz, mas ela me ouve o tempo todo, sem me
interromper nenhuma vez. As lembranças dos momentos que tive com
os dois causa um reboliço no meu estômago, mesmo com o medo de
como seria, eu sabia que éramos para ser nós três e agora que eu tive
o gosto disso, simplesmente sei que não posso deixar ir, contudo, não
estou disposta a machucar meu coração durante esse caminho.
― Meu Deus, Ari! ― Emmy parece atordoada quando finalmente
paro de falar, dando um gole no meu vinho que há essa altura já está
no final. ― Eu não sei nem por onde começar. Não, esquece isso. Na
verdade, eu sei sim. PORQUE ELE LEVOU ESSA VACA LOIRA?
― Eu não entendi muito bem, acho que estou envolvida demais para
conseguir dar razão à ele. Mas ele me disse que seria como um tipo de
escudo, porque ele ainda estava receoso com tudo.
― E o que mudou em tão pouco tempo?
Dou de ombros.
Olhando para a minha amiga que tem os olhos arregalados,
curiosos, sei que ela esta perdendo tempo tentando entender algo que
até agora eu mesma não consegui entender. Passei horas pensando
em como Noah passou de “não sei o que eu quero” para “eu quero
você” em tão poucas horas e não cheguei a nenhuma conclusão. O
homem é uma incógnita.
Uma linda incógnita.
Gemo só de lembrar do rosto bonito do sem vergonha e minha amiga
ri.
― E Liam?
― Liam esta ciente de tudo o que estou sentindo, você sabe que eu
nunca escondi nada dele. E por ele está tudo bem. Acho que ele está
tão afim quanto eu de entrarmos nessa relação entre nós três.
― Os dois...
― Não! ― Respondo rindo. A imagem dos dois homens se beijando
se forma em minha mente por um momento, mas some imediatamente.
― Os dois são apenas amigos e mesmo durante o sexo nada acontece
entre eles. Mas é que acho que até mesmo a amizade dos dois mudou
sabe? É estranho de explicar algo por eles, mas sinto como se eles
tivessem passado a se gostar mais e confiar um no outro ainda mais
também.
Não é exagero. É nítido para mim como a amizade dos dois mudou e
mesmo que eu tenha ficado com medo de que os dois acabassem se
afastando, aconteceu completamente o contrário, eles parecem mais
unidos, mais parceiros e enche os meus olhos e meu coração ver como
a diferença entre os meus dois homens os une ainda mais.
― Eu só não sei como vai ser para o meu coração, sabe? ―
Murmuro e minha amiga assente, como se entendesse o que digo. Dou
um ultimo gole no meu vinho, colocando a taça no chão ao meu lado e
me deito na cama.
Emmy já se apaixonou uma vez, por um cara que conheceu em um
bar. Os dois se envolveram e depois de três meses se conhecendo ele
foi morar com ela e antes de completarem um ano juntos, ela foi visitar
a empresa dele e pegou o cretino comendo sua secretaria na sua sala.
Depois disso minha amiga fechou seu coração para todas as outras
oportunidades da vida e ninguém pode julga-la, porque só quem viu o
quanto ela sofreu sabe como foi um período difícil em sua vida.
Contudo, ela tem um coração puro e inocente, que é capaz de sentir
tudo o que pessoas próximas à ela sentem e isso é sua maior
qualidade e seu pior defeito. Por isso ela entende o meu medo, ela
sabe do que estou falando.
O único que teve acesso ao meu coração até agora foi Liam. Noah
estava cravado de alguma forma junto dele ali, mas eu simplesmente
decidi ignorar isso por todos esses anos e agora é assustador
finalmente me permitir e pensar que talvez ele não queira isso.
― Pelo que você me disse ele está com medo porque também sentiu
que algo mudou, então, acho que agora você só precisa deixar ele usar
esses dois dias até o natal para te provar que vai além de sexo.
― Não acha que isso foi bobagem? ― Pergunto, roendo a unha.
― Claro que não. Você só quer ter certeza de que seu coração
estará seguro e tudo bem, se você pensa que isso vai te ajudar e te dar
segurança, não é bobagem! ― Afirma.
Passamos mais um tempo conversando, entre o assunto Liam e
Noah e o carinha que ela está saindo agora nem vejo o tempo passar e
nem estranho o fato de que nenhum dos dois veio aqui conferir o que
estou fazendo. Liam deve ter ouvido que era Emmy e não deve ter
deixado Noah subir.
Mesmo tendo tomado pouco vinho sinto meu corpo leve e minhas
risadas são altas e frouxas, me divertindo com tudo o que minha amiga
fala. Eu também não me incomodo em me apressar para desligar,
preciso distrair minha mente com algo que não envolva estar entre
esses dois que vão acabar com a pouca sanidade que eu tenho.
É só quando meu estômago ronca que eu olho a hora e percebo que
já são três horas da tarde e eu nem almocei ainda.
― Vou almoçar, amiga.
Pulo da cama, levando o celular comigo e quando chego na sala vejo
Liam e Noah sentados no sofá, assistindo um jogo de futebol, em
completo silencio.
Mesmo estando de costas para mim consigo imaginar perfeitamente
seus rostos concentrados, os olhos cerrados e as sobrancelhas
franzidas. Noah esfregando o polegar no queixo como faz quando está
ansiosa e Liam estralando seus dedos.
Sons suaves de estralos me faz sorrir.
Viro a câmera para os dois mostrando as costas largas para Emmy e
ela escancara a boca, como se eu tivesse mostrado os dois
completamente nus.
― GOSTOSOS. ― Ela mexe a boca sem emitir som.
Sem me segurar dou risada alta, fazendo os dois virarem
imediatamente para mim.
― Emmy, pare de roubar minha mulher. ― Liam fala alto, olhando
diretamente para a câmera como se soubesse que esta virada para ele
e minha amiga gargalha alto.
― Nunca! ― Ela retruca, fazendo-o fazer uma careta para ela.
Noah cerra os olhos para a voz, mas eu apenas o ignoro. Vou para a
cozinha e quando penso em fazer apenas um sanduíche encontro um
prato com macarrão com queijo, apenas esquento antes de me sentar
na mesa e começar a comer, enquanto ainda converso com a minha
amiga.
Ela parece querer perguntar algo, mas como sei que, provavelmente,
será porque estou aqui falando com ela ao invés de estar com eles,
apenas ignoro e continuo jogando conversa fora. Quando ela
finalmente precisa desligar, nos despedimos e ela me faz prometer que
iremos almoçar juntas assim que eu voltar.
Lavo meu prato e vou para o quarto, quando estou subindo as
escadas pego Noah me encarando com as sobrancelhas franzidas.
― Vou deitar um pouco. Estou sentindo um pouco de dor de cabeça.
― Precisa de remédio? Deite-se vou levar para você.
O homem se levanta antes que eu possa recusar e então quando
deito na cama, ouço passos na escada e Liam surge no quarto,
deitando ao meu lado. Uma de suas mãos descansa na minha cabeça,
me fazendo um leve carinho.
Noah chega logo depois e me faz tomar o remédio, antes de se
deitar do meu outro lado.
O sono embala meu corpo, o cheiro dos dois entorpecendo meus
sentidos me fazendo flutuar diretamente para o mundo dos sonhos.
― O que ela queria? ― Pergunto meio sonolenta.
Sinto dedos tocarem minha bochecha, quando ele sussurra.
― Durma, linda. Conversamos depois.
Noah beija minha testa e Liam meu pescoço e finalmente me entrego
ao cansaço.
Uma caricia leve é feita no meu peito. Quase como se alguém
tivesse passando uma pena para cima e para baixo, arrepiando minha
pele.
Mesmo tão suave minha pele sente perfeitamente a quentura do
toque, esquentando todos os lugares em que toca. Uma corrente
elétrica passando por debaixo da minha pele, indo diretamente para o
meu pau que pulsa, quase que pedindo por atenção também.
Sinto quando uma boca quente e úmida encosta no meu ouvido, me
deixando arrepiado imediatamente com a sensação da respiração dela
em mim.
― Acorde, preguiçoso. ― A voz baixa é rouca e suave,
provavelmente devido ao sono.
Mesmo no limbo entre o sono e finalmente acordar, as sensações do
toque de Ariela são completamente vividas e posso jurar que sinto as
ondas de calor saindo do corpo pequeno colado ao meu.
Em algum momento enquanto velava o sono da minha mulher devo
ter apagado e ela se virado para mim, porque agora estou com meu
braço formigando por estar de baixo da sua cabeça e ela está
praticamente em cima de mim, completamente colada em mim. Suas
curvas se moldando perfeitamente na minha lateral, consigo sentir os
bicos dos seus seios cutucando-me suavemente e sua coxa
pressionando minha barriga ao mesmo tempo em que o calor do meio
das suas pernas parecem passar nossas roupas e me alcançar.
Gemo baixo com a percepção de que ela está muito excitada e em
um movimento rápido e inesperado por Ariela a puxo para cima de mim
fazendo-a soltar um gritinho e uma risada baixa, colocando-a sentada
diretamente no meu pau já completamente duro.
Seguro seus cabelos puxando seu rosto para o meu, tomando sua
boca em um beijo faminto e sensual, envolvendo sua língua com a
minha, sentindo seu sabor doce. Ela solta um gemido abafado,
rebolando lentamente no meu pau.
Ariela apoia as duas mãos no meu peito antes de ficar ereta no meu
colo e se esticar para tirar sua blusa, me dando a visão perfeita dos
seus seios redondos. Passo minha língua em meus lábios, sentindo-os
secos só com a visão perfeita que é minha mulher.
Desde a primeira vez em que estive com ela soube que nunca me
cansaria de vê-la assim, nua e entregue para mim. Ariela é perfeita em
tantos níveis que é muito difícil de explicar.
Seus seios são redondos e durinhos, os bicos rijos apontando
diretamente para mim, como se implorasse para que eu coloque minha
boca neles. Sua cintura fina e a barriga plana com a pele pálida, se
abre em um quadril um pouco largo.
―Você é deliciosa demais. ― Murmuro, erguendo minha mão para
segurar seu peito.
Ela geme quando torço o bico, jogando a cabeça para trás, se
oferecendo ainda mais para mim.
De repente um movimento no colchão chama a minha atenção e
quando olho para o lado, encontro Noah dormindo, completamente
apagado, com sua boca entreaberta e o rosto amassado no
travesseiro.
Tinha me esquecido completamente que ele estava aqui com a
gente. O tempo que passei acordado olhando Ariela dormir não
trocamos nenhuma palavra, ficamos calados, apenas observando a
loira.
Volto a olhar para Ariela que sorri abertamente e morde o lábio, sua
cara deixando claro que ela não está nem um pouco incomodada por
ele estar ali dormindo ao nosso lado.
E se a minha mulher não está incomodada, quem sou eu, não é
mesmo?
― Você é realmente uma demônia, como ele diz, não é? ― Brinco,
beliscando mais uma vez o bico rosado dos seus seios.
― Shiu, você quer acordar ele? ― Sussurra, sorrindo como uma
criança fazendo arte.
Acerto um tapa em sua bunda, fazendo-a pular no meu colo,
mordendo o lábio. Me levanto com ela em meu colo e coloco-a no
chão, antes que eu possa vira-la para deita-la sob a cama, ela cai de
joelhos na minha frente, seus peitos pulando levemente com o
movimento bruto.
Seus cabelos loiros estão soltos, uma bagunça linda devido ao seu
sono e eles caem por seus ombros, cobrindo seus seios. O rosto
delicado está corado e seus olhos cor de mel encontram os meus,
conforme sua língua passa pelos seus lábios meu pau pulsa dentro da
calça, chamando sua atenção.
Enquanto ela desabotoa minha calça sem tirar os olhos de mim,
piscando os cílios algumas vezes, a claridade do por do sol iluminando-
a suavemente conforme entra pelo quarto, deixando seus cabelos
ainda mais claro, dourados como o ouro. Tenho absoluta certeza de
que nunca vi nada tão lindo quanto ela assim.
Finalmente ela abaixa minha calça e minha cueca, alargando seu
sorriso quando meu pau pula para fora e mesmo de onde estou,
consigo ver seus olhos brilharem de luxuria e mais uma vez a língua
dela sai para fora, molhando seus lábios carnudos.
Uma gota de pré gozo brilha na cabeça rosada do meu pau e sem
perder tempo Ariela a lambe lentamente, fazendo uma cena
extremamente sexy ao lambuzar-me com sua língua.
― Caralho, amor... ― Gemo, jogando minha cabeça para trás
quando ela cobre a cabeça do meu pau com sua boca quente.
Meu corpo estremece sentindo-a me engolir cada vez mais, me
levando até o seu próprio limite. Babando todo o meu cumprimento em
seus movimentos de ir e vir.
Sinto quando ela toca meu saco, acariciando-o com cuidado
enquanto sua boca continua me engolindo.
― Merda... Ari... ― Grunho.
Meu corpo tensionando a cada vez que a cabeça do meu pau toca
sua garganta e um som de ânsia vibra em mim. Ariela me tira
completamente da sua boca, quando olho para baixo a encontro
encarando meu pau em admiração, seus lábios inchados e mais
vermelhos que o normal. Seguro-me pela base sentindo sua saliva no
meu membro, acerto o mesmo em seu lábio pedindo passagem mais
uma vez e ela ri baixinho antes de abrir completamente a boca e
colocar a língua para fora, um sorriso se abre em meu rosto mesmo
que minha mandíbula esteja dura, me controlando.
― Você é uma boa menina, não é? ― Murmuro sorrindo.
Ela assente, mas não a deixo falar nada, empurro meu membro em
sua boca mais uma vez vendo-a segurar o ar quando chego no limite e
me seguro ali por alguns segundos, me retiro quando vejo que é
demais para ela, deixando-a respirar um pouco, voltando a fazer o
mesmo mais algumas vezes.
Minhas bolas doem para gozar e meu corpo estremece quando
minha coluna formiga, travo meus dentes um no outro, controlando-me.
Levanto-a pelo braço e ela nem protesta, seu corpo parece mole
mesmo que ainda nem tenha tocado nela ainda. Tiro sua calça e sua
calcinha com pressa e viro-a de costas para mim, empurrando seu
tronco para a cama.
Assim que ela se ajeita olho para Noah e vejo-o se remexer, me
fazendo sorrir.
― Alguém tem o sono pesado. ― Ari sussurra me fazendo rir baixo.
Me abaixo atrás dela, deixando uma mordida em uma das bandas da
sua bunda, arrancando uma reclamação dela. Seu quadril se remexe
de um lado para o outro como se quisesse levar sua boceta para o meu
rosto.
Meus olhos passam por suas pernas onde meus dedos tocam
suavemente, apenas as pontas dos dedos subindo até alcançar sua
bunda. Sua boceta brilha completamente encharcada, coloco a língua
para fora lambendo do seu clitóris até o seu ânus e ela estremece,
soltando um gemido baixo.
Se Noah não havia acordado, agora ele vai, porque Ariela pode ser
um pouco barulhenta quando quer e tenho quase certeza de que ela o
quer acordado.
Beijo sua boceta como se estivesse beijando sua boca, abrindo os
lábios para melhor acesso enquanto lambo e chupo, sugando sua
lubrificação, sentindo seu gosto delicioso encher minha boca.
Com minhas mãos em seu quadril, ergo-a um pouco fazendo-a ficar
na ponta dos pés para conseguir alcançar seu clitóris e assim que
minha língua toca o pontinho duro latejante ela geme alto e se contorce
em minha de mim.
― Monta minha cara, amor. ― Murmuro abafado.
Ela me obedece imediatamente, se ajeitando melhor em meu rosto e
esfregando sua boceta em meu rosto todo, melando-me com sua
lubrificação e cavalgando em mim em busca do seu orgasmo.
Meu pau pulsando louco para tomar o lugar da minha boca. Com
uma das minhas mãos seguro-o, apertando-o com força, tentando
controlar a vontade insana de gozar.
― Ahh... meu Deus... Liam...
― Brincando sem mim? ― Ouço a voz rouca de Noah e sorrio contra
a boceta da minha mulher.
Sugo seu clitóris, raspando meus dentes em uma mordida leve e
então ela força seu quadril mais para baixo, gritando enquanto seu
corpo treme em cima de mim, se desfazendo por completo, gozando na
minha boca. Tomo tudo o que me da, molhando todo o meu rosto com
seu gozo e me deliciando com o sabor.
Quando me levanto olho para Noah que ainda esta deitado, mas
suas calças estão em seus joelhos, seu pau para fora enquanto ele se
toca, olhando para o rosto corado de Ariela. Ela tem um sorriso
satisfeito no rosto, uma camada fina de suor brilha em seu pescoço
exposto por ela estar com a cabeça deitada no colchão. Seu corpo todo
mole e entregue aos resquícios do orgasmo.
― Achei que não fosse acordar. ― Brinco com meu amigo que ri
baixo.
Ele está concentrado demais para falar algo, tocando seu próprio
membro com uma mão enquanto leva a outra para o pescoço da minha
mulher, tocando-a com carinho e possessividade, puxando-a para cima
e se curvando para alcançar sua boca. Os dois se beijam com fome,
como se estivessem necessitados desse contato.
Me ajeito atrás dela roçando a cabeça do meu pau em sua boceta
molhada, brincando com ela que resmunga abafado na boca do meu
amigo e rebola contra mim, implorando-me para entrar nela e não
continuo nossa tortura, apenas a invado de uma vez, sentindo o aperto
de sua boceta me esmagar.
Um gemido escapa dos meus lábios, me apoio em sua cintura,
segurando-a com força.
Fico parado por alguns momentos, apenas olhando os dois ainda se
beijando enquanto Ari desce a mão para o membro do meu amigo e
assim que ela o toca Noah solta sua boca, jogando a cabeça para trás
com um grunhido quase como se estivesse ferido.
Ariela se ajeita, apoiando-se em um de seus braços e empinando a
bunda ainda mais para mim. O movimento faz com que meu pau se
afunde ainda mais nela, melhorando o ângulo em que estava e nós
dois gememos com o movimento, a safada ainda rebola pedindo por
mais.
― Aí porra, essa boca sua é muito gostosa. ― Noah geme quando
Ari aumenta a sucção em seu pau.
Tiro todo meu pau e volto de uma vez, empurrando-a levemente para
frente, sua boceta contrai, apertando-me ainda mais. Gemo com o
aperto e passo a me movimentar mais rápido, fodendo-a com força.
Me inclino sob ela, deslizando uma de minhas mãos até o seu
cabelo, segurando-o para forçar seu rosto contra o pau de Noah. Sem
parar de meter, mas agora com movimentos mais curtos e mais
profundos, atingindo um ponto que ela geme abafado e eu sinto toda
sua boceta me esmagando.
― Oh... Isso... Isso... ― Ela geme quando puxo sua cabeça,
desafogando-a do membro do meu amigo.
Meus movimentos se tornando ainda mais frenéticos, buscando meu
prazer dentro dela e quando ela rebola em mim, apertando meu pau
dentro dela praticamente urro, sentindo-me chegando no limite.
― Porra... ― Noah reclama.
Ele também segura os cabelos loiros dela e seu membro, levando a
cabeça dela diretamente para ele e geme alto mais uma vez quando
ela o engole todo. Por algum motivo ele acaba soltando os braços para
o lado, parecendo entregue ao prazer que ela esta dando à ele e por
isso passo a comandar os movimentos não só das minhas metidas
furiosas mas também do boquete que ela faz no meu amigo.
Estamos os três gemendo, suando e apreciando um ao outro,
entregues às sensações causadas e os sons que torna tudo ainda mais
intenso.
― Caralho, eu vou gozar. ― Meu amigo murmura e seu corpo se
inclina para frente.
Seguro a cabeça de Ariela, fazendo-a engolir os jatos de sêmen que
meu amigo despeja em sua boca e quando sua boceta pulsa e seu
corpo vibra, sei que ela vai gozar e aumento meus movimentos me
tornando ainda mais implacável. Me abaixo um pouco, mordendo suas
costas e acertando um ponto dentro dela que a leva ao limite, fazendo-
a gozar. Sua boceta piscando e sugando meu pau, como se quisesse
chupar a minha vida por ele.
Puxo sua cabeça para cima e quando ela se vira de lado visualizo o
liquido branco e espesso escorrer pelo seu queixo e ela passar a língua
pelos lábios, alcançando os resquícios do gozo de Noah ali e então me
gozo dentro dela, sem conseguir me conter. Todos os ossos do meu
corpo parecem tremer dentro de mim quando minha visão embaça com
a força que o orgasmo me atinge.
Minhas pernas instáveis me obrigam a me jogar para o lado, caindo
no colchão para não jogar meu peso sob ela. Fecho meus olhos,
esperando minha respiração voltar ao normal. Sinto quando Ari deixa
um beijo no meu peito, sorrio para ela.
― Isso foi...
― Foi. ― Noah e eu dizemos em uníssono.
Ari solta uma risada baixa e quando abro meus olhos, encontro-a
deitada com a cabeça na barriga de Noah, um sorriso satisfeito nos
lábios, suas bochechas coradas e os olhos turvos pelo prazer.
Meu amigo faz carinho nos cabelos dela, com um sorriso leve nos
lábios também, seus olhos concentrados na mulher a sua frente quase
hipnotizados.
― Na próxima me acordem antes. ― O idiota reclama fazendo Ari rir.
― O que foi? Não gostou de ser acordado com um gemido? ―
Pergunta para provoca-lo e deixa um beijo em sua barriga.
Me levanto e vou para o banheiro colocar a banheira para encher.
Não é muito grande, mas o suficiente para nós três.
Volto para o quarto e vejo os dois rindo de algo, Ari está olhando
para ele relaxada, suas pernas dobradas em cima da cama, me
impedindo de ver sua boceta. Contudo ela está completamente linda,
irradiando uma plenitude e felicidade que parece ilumina-la por
completo.
Caminho até a cama, puxando-a pela perna e ela grita assustando-
se e então gargalha quando a puxo para o meu colo.
― Vamos tomar banho, delicia. ― Digo rindo dela quando abraça
meu corpo com suas pernas e braços. ― Vem você também, babaca.
Olho por cima do ombro encontrando Noah sentado na cama,
assistindo nossa interação. Ele abre um sorriso sarcástico e sei que ele
vai falar merda antes mesmo de abrir a boca.
― Ah, só se você encheu a banheiro com sais de banho e deixo tudo
bem romântico. ― Diz, fingindo jogar os cabelos por cima do ombro.
Ari gargalha jogando a cabeça para trás.
― Cala a boca, Noah Evans e venha logo. ― Ela fala entre as
risadas.
Ando com ela até a banheira, sentindo seu corpo roçando no meu
suavemente, despertando-o mais uma vez. Coloco-a no chão e a ajudo
entrar na banheira, um sorriso enorme se espalha em seus lábios e
seus olhos se fecham, deixando-a com uma cara de menina inocente
que me faz sorrir junto com ela.
Me junto a ela, sentando atrás do seu corpo e dobrando minhas
pernas para dar espaço para Noah sentar na nossa frente e dobrar as
pernas como eu.
Ari encosta suas costas no meu peito e estica as pernas, apoiando
os pés no peito de Noah que não perde tempo em pegar um deles e
começar a massagear, arrancando um gemido dela, que atinge direto
no meu pau.
Beijo seu ombro com carinho, jogando seus cabelos para o outro
lado.
― Não faça isso, amor. ― Murmuro e ela ri, mexendo seu quadril
contra mim. ― Torturadora.
Sua cabeça vira para o lado, me olhando por cima do ombro. Estou
tão perto dela que consigo ver perfeitamente as sardas que pingam por
cima do seu nariz e se espalham até suas bochechas salientes. Os
olhos castanhos claros têm um brilho lindo de ternura agora, sem nem
um pingo de luxuria, mesmo que estejamos os três pelados agora. É
possível notar algumas partículas quase amarelas perdidas no
castanho dos olhos e com a longa camada de cílios que os cobre toda
vez que ela pisca.
Eu sou loucamente apaixonado nessa mulher!
Dou um selinho rápido nela, pegando-a de surpresa e ela alarga o
sorriso voltando a se recostar em mim e descansar a cabeça no meu
ombro.
― O que Tiffany queria aquela hora? ― Pergunta para Noah e vejo o
momento em que ele tensiona o corpo só com a menção da outra
mulher.
Ele me olha como se procurasse por ajuda e apenas dou de ombros.
Sei o que ela queria, enquanto Ari conversava com Emmy, Noah me
contou o que conversou com a loira e mesmo que seja uma coisa boa,
ele está se sentindo culpado demais por tê-la trazido e isso o deixa
desconfortável para falar sobre qualquer assunto que a envolva.
― Ela foi embora. ― Ele solta de uma vez e sinto quando Ari solta
uma longa respiração, aliviada.
― Porque?
― Isso importa? ― Pergunto baixo e ela assente.
― Claro que importa.
― Ela só disse que precisava ir e que não queria mais ficar aqui. ―
Noah conta dando de ombros.
― Vocês ficaram muito tempo conversando.
― Eu tinha que me desculpar. Não deveria ter trazido ela aqui e a
envolvido na minha própria confusão. Ela passou seus dias aqui
sozinha simplesmente porque eu estava com medo de estar
justamente aqui, onde estou agora.
Ari assente e então muda de assunto, dando por encerrado a
conversa.
Passamos um bom tempo imersos na banheiro conversando e rindo,
até a água começar a esfriar e então vamos para a ducha e Noah e eu
nos revezamos em esfregar o corpo de Ari, lavando-a com carinho e
cuidado e depois tomamos nossos banhos. Jantamos e passamos o
resto da noite assistindo Friends, enrolados em uma coberta grossa
com a lareira ligada nos aquecendo.
E a cada risada de Ariela sei que tudo o que eu quero para minha
vida está exatamente aqui, nessa sala.
Os dias passaram voando e finalmente chegamos à noite de natal.
Ocupamos nossos dias fazendo a caminhada que Ari tanto queria na
floresta, fizemos fogueira com o pessoal que estava por aqui e fizemos
até amizade com muitos deles descobrindo que eram de várias partes
do mundo e mesmo que eu não tenha tocado em Ariela como queria
senti que nos conectávamos cada dia mais, principalmente quando
assisti os dois transando na noite passada e gozei em minha própria
mão, me sentindo ansioso.
Liam e ela me chamaram para participar, mas preferi esperar, como
ela havia dito, queria provar para ambos que para mim essa relação é
muito mais do que sexo.
Não voltei para o chalé que eu tinha alugado, trouxe minhas coisas
para cá e passei a dormir com eles, mesmo que apertados, a minha
mulher fazia questão de ter nós dois com ela há todo momento.
Hoje passamos o dia presos no chalé porque segundo Ariela
deveríamos fazer nossa própria ceia e como ela trouxe tudo o que
queria fazer imaginei que esse tinha sido seu plano desde o inicio, só
Liam e eu que não sabíamos.
Tomei meu banho e em seguida Liam, deixando Ari por ultimo porque
ela queria se preparar sozinha e agora estamos nós dois sentados no
sofá bebendo nossas cervejas enquanto assistimos um jogo de futebol
que passa na televisão.
― Alexander me enviou um email pedindo uma reunião após o natal.
― Ele confirmou se iria mesmo te contratar para cuidar do divórcio?
― Ele pergunta, sem tirar os olhos da televisão.
― Na verdade não. Quando almocei com ele falei que iria estudar o
caso e ver a melhor forma para o divórcio não chegar ao litigioso. Pode
ser prejudicial à imagem dele.
Realmente, depois da conversa que tive com Alexander Dawson
reuni tudo o que eu consegui sobre o casamento dele e a separação e
estudei a melhor forma de resolver antes que chegue ao litigioso e na
correria para fechar o escritório acabei deixando para conversar com
ele quando voltasse da viagem, mas algo deve ter acontecido porque
ele seu email deixou claro que ele precisava urgentemente me
encontrar.
― Você já leu sobre o caso dele? Pelo que eu soube a mulher o traiu
mais de uma vez e agora está com seu último amante tentando
arrancar o que pode do cara. ― Diz dando um gole em sua cerveja.
― Ele me contou que descobriu mais de um mesmo e que tem
provas de todas e testemunhas, isso o ajudara muito caso o acordo
não dê certo. Mas eu queria mesmo era dar o mínimo possível a ela. O
cara parece muito gente boa.
Ele ri balançando a cabeça quando me olha.
― Qual regime do acordo pré nupcial deles?
Dou uma risada amarga antes de virar o resto da minha cerveja.
― Divisão parcial de bens.
― O advogado que o instruiu é o mesmo que ela teve um caso? ―
Aceno concordando e quando ele me olha com a sobrancelha
arqueada, percebo algo que nem havia passado pela minha cabeça
antes. Ele da um gole em sua cerveja antes de voltar a falar. ― Será
que esse caso dos dois é mais antigo?
― Não havia pensado nisso antes, mas sinceramente, não acho que
seja impossível. Pelo que me falou ele era muito apaixonado por ela e
pode não ter percebido os sinais antes.
― Acho que podemos dar um jeito de investigar isso e confirmar,
mas é uma hipótese que não pode ser descartada. Isso pode ajudar
ainda mais no caso dele se for verdade.
― Conversarei com ele. Amanhã vamos embora, então marco um
almoço com ele no dia seguinte, vou falar sobre isso com ele e ver
como reage.
Liam assente e então voltamos a prestar atenção no jogo.
Mas minha cabeça não está nem um pouco afim de se concentrar na
televisão, apenas em tentar entender como alguém que tinha um
casamento aparentemente perfeito joga tudo para o alto apenas por um
caso. Dawson parecia realmente apaixonado pela mulher, mesmo
agora que ela chifrou ele diversas vezes ainda era possível perceber o
brilho nos olhos do homem quando falava dela e eu nem posso julga-
lo.
Agora que sinto que alguém entrou no meu coração, não consigo
imaginar como será meu futuro sem te-la comigo. É complicado
explicar o sentimento doloroso que aperta o meu coração, mas ao
mesmo tempo me faz sentir livre, mais complicado ainda é explicar
para o próprio coração que não se deve amar aquela pessoa.
Sei disso porque tentei, por muitos dias eu tentei explicar para o
órgão idiota que amar Ariela era algo impossível, fora do nosso
alcance. Não podíamos amar alguém que já tinha alguém à quem
amar, quem protege-la e cuidar dela, ama-la como se deve. Contudo,
Ariela me mostrou que ela pode ter espaço em seu coração para mim.
Me mostrou que para o amor não existe limites ou uma forma certa de
amar, contanto que fosse puro e real, podemos sim nos amar e passar
por cima dos tabus e julgamentos impostos pelas pessoas.
Liam também me ensinou muito nesse pouco tempo. Enquanto olho
para o meu amigo concentrado na televisão percebo que da nossa
forma também podemos respeitar e amar um ao outro, não de forma
romântica, mas sim como parceiros, como dois homens que amam e
que estão dispostos a tudo pela mulher que ama.
Hoje, olhando para a nossa curta história até aqui, entendo todas as
vezes que ele me disse que seu relacionamento era construído a base
de respeito e de amor e que ele não se sentia ameaçado por mim,
porque eu me sinto da mesma forma. Sinto que estamos construindo
uma relação baseada em confiança e no amor em sua forma mais pura
e crua e me sentir assim é surreal demais para encontrar uma palavra
que possa descrever com perfeita exatidão.
― Porque você e Ari nunca se casaram? ― Pergunto de repente,
chamando sua atenção.
Ele me olha com as sobrancelhas franzidas, estranhando minha
curiosidade, mas então um sorriso pequeno se abre em seus lábios.
― Ela não quer casar. ― Da de ombros.
― Toda mulher quer casar, cara. Com vestido de noiva e toda aquela
merda.
É verdade, não me lembro de conhecer nenhuma mulher que não
queira casar com tudo o que tem direito. Mas pensando bem, é
realmente a cara de Ariela ser diferente até nisso.
― Ariela sempre teve outras prioridades em sua vida e se casar
nunca esteve entre elas. Tentei convence-la a nos casarmos uma vez e
ela foi irredutível. Fizemos um contrato de união estável, apenas
porque eu disse a ela que seria uma garantia para qualquer coisa que
pudesse nos acontecer futuramente.
Assinto, digerindo sua fala e de repente a imagem de Ariela vestida
de noiva surge em minha mente, com um vestido enorme de princesa,
andando lentamente direto para Liam e eu enquanto uma melodia toca
ao fundo, o sol invadindo a igreja beija seus cabelos dourados soltos e
é uma das visões mais lindas da minha vida.
― E quando conversaram sobre filhos?
― Na verdade, eu sempre quis e ela sabia disso. Só queria deixar as
coisas irem no tempo dela.
― Ela te controla em tudo. ― Comento rindo e ele ri junto,
balançando a cabeça.
― Com você não é diferente, idiota. Você vai ver que daqui em
diante tudo o que fizer será pensando nela e com ela. ― O idiota bate
seu ombro no meu, rindo. ― Mas respondendo a sua pergunta, ela me
falou no dia em que chegamos aqui que tinha pensado nisso e que
estava pronta.
Fico em silencio por alguns segundo, digerindo a informação e aos
poucos outra imagem se forma em minha mente.
Ariela carregando um bebê, seus olhos brilhando de amor enquanto
sua barriga parece que vai explodir de tão grande e eu e Liam
conversamos com o bebê em seu ventre, brigando por quem será o
preferido mesmo que saibamos que nosso amor por ele seria algo que
não tem espaço para algo assim.
Liam deve entender errado o meu silêncio porque ele suspira.
― Cara, você não precisa se envolver na gravidez, se não quiser.
Podemos dar um jeito de fazer as coisas funcionarem...
― Cala a boca, Liam! ― Bato em sua cabeça, fazendo-o ficar quieto.
― Eu não sabia que queria isso, até realmente querer, sabe? Vi meus
amigos se tornarem pais e apaixonarem e nunca olhei com inveja ou
com desejo para a vida que eles levavam, mas agora que tenho Ariela,
sinto como se tivesse nascido para isso.
Ele ri mais uma vez e ergue a garrafa da cerveja, como se fosse um
brinde e apenas bato a minha na dele, rindo junto.
Eu nunca tinha pensado em me amarrar ou ter uma família, mas
agora eu só consigo pensar em ter isso com Ariela e Liam, por mais
louco que isso possa parecer, para mim parece bem simples na
verdade. E eu tenho certeza que carregando o meu sangue ou o
sangue de Liam, nós dois o amaríamos da mesma forma.
Antes que possamos continuar nossa conversa barulhos de passos
chamam a nossa atenção e viramos em total sincronia em direção às
escadas, vendo Ariela descer como uma deusa perfeita usando um
vestido vermelho soltinho que alcança até o meio de suas coxas
grossas e macias, a parte da frente é completamente coberto, apenas
o desenho dos seios redondos, deixando o decote todo para as costas
nuas. Seus cabelos metade soltos em ondas e a outra metade preso
em uma trança. A maquiagem simples, apenas o batom da mesma cor
do vestido.
― Porra.
― Caralho.
Percebo que ela está andando um pouco estranho, mas pode ser por
estar usando salto alto, por isso prefiro não comentar.
Ela sorri quando finalmente para atrás do sofá, nos olhando com
carinho e tenho certeza que estamos os dois com cara de idiotas
olhando para ela agora. Tenho certeza também que estou babando na
minha camisa vermelho escuro, porque a mulher está tão perfeita que
eu simplesmente não consigo piscar enquanto olho para ela.
É quase doloroso perceber a beleza dela e como ela tem a porra do
meu coração em suas mãos bem feitas.
― Eu... Eu... ― Gaguejo procurando uma palavra para descrever ela
agora.
― Você está deslumbrante, amor. ― Liam elogia.
― Obrigada, amor. ― Ela fala, se curvando para dar um beijo em
sua boca.
Seu rosto se vira para mim o sorriso que ela me da é caloroso e sem
resistir por muito mais tempo seguro em seu pescoço e a puxo para um
beijo faminto, bruto, chupando e lambendo sua língua, devorando-a
com a minha boca e tomando tudo que ela me da.
Um gemido baixo escapa da sua boca diretamente para a minha
quando chupo seu lábio inferior e meus dedos pressionam mais seu
pescoço, mantendo-a cativa em nosso beijo.
Só nos largamos quando precisamos de ar e ela se afasto, limpando
os cantos dos lábios onde o batom borrou e meu sorriso aumenta
quando percebo que ela não consegue limpar tudo.
― Acho que posso entender isso como um elogio também? ―
Pergunta rindo.
― Ah, com certeza, linda. ― Me remexo, arqueando meu quadril
para mostrar minha ereção cutucando minha calça.
Sua língua sai para fora, lambendo os lábios lentamente,
provocativamente e meu pau pulsa, antecipando o momento em que
terei sua língua nele.
― Nem pensar garotão, nós vamos comer toda aquela comida que
fizemos e só depois você poderá apontar essa ereção para mim. ― Diz
sorrindo e então sai andando rebolando a bunda em direção à cozinha.
Liam e eu trocamos olhares rápidos antes de levantar e segui-la,
encontrando-a arrumando as coisas na mesa em perfeita ordem e logo
ela está mandando-nos ajudar com tudo.
O cheiro da comida esta delicioso, fazendo meu estômago roncar e
Ari rir do barulho alto. Apesar de sermos apenas nós três Ari fez
questão de deixar a mesa perfeita, com o arroz a grega, o cordeiro ao
molho que optamos para o lugar do peru com batatas duchesse.
Quatro velas decoram a mesa junto com pequenos vasos de flores
vermelhas e brancas que eu não faço idéia de onde ela arrumou isso.
Assim que nos sentamos com Ari na ponta da mesa e Liam e eu
sentados um de frente para o outro.
Percebo que ela se remexe parecendo desconfortável na cadeira,
mas então começamos a comer e acabo mais uma vez não falando
nada. A conversa é leve, com risadas e brincadeiras como se sempre
estivéssemos feitos isso e a sensação disso enche meu coração de
uma forma inexplicável.
O frio da madrugada castiga nossos corpos, mas há essa altura
nenhum de nós três está realmente incomodado com isso, apenas
continuamos sentados no deck do fundo do chalé, conversando e
bebendo.
Ariela esta deitada no chão, sua cabeça no colo de Liam e seu
vestido apenas cobrindo sua intimidade enquanto ela gargalha
livremente, parecendo tão feliz quanto jamais a vi antes. Meu amigo
também ri e há essa altura eu já não sei mais do que estamos rindo de
tanta besteira que já falamos, apenas continuamos a nos divertir e ter
conversas aleatórias.
Ao fundo da nossa própria conversa é possível ouvir as conversas
das outras pessoas do outro lado.
Quando Ari ergue a perna para apoia-la na hidromassagem minhas
mãos coçam com a vontade de toca-la e não me faço de rogado, estico
meu braço e toco sua panturrilha, dedilhando sua pele macia e pálida
que se arrepia imediatamente com o meu toque.
Meus olhos descem pelo comprimento de sua perna até chegar em
sua cintura onde seu vestido esta todo embolado agora e por estar ao
seu lado não tenho uma visão melhor dela, mas me contento em ver a
pele arrepiada.
― Você é linda pra caralho. ― Murmuro.
― Vocês me falaram isso muitas vezes essa noite. ― Ela diz rindo,
encostando a ponta dos dedos do pé no meu peito.
Liam toca o braço dela e seu sorriso provavelmente reflete o meu,
como dois idiota bobões que babam em sua mulher.
― É porque você é linda, mas hoje você está acima de todas as
expectativas.
Ela olha para cima, encarando o namorado em silencio por alguns
segundos e mesmo sem me olhar seus pés me tocam, cutucando meu
peito como se precisasse me sentir.
― Quando voltarmos isso aqui...
― Nada mudará, amor. ― Liam a corta e olha para mim, como se eu
tivesse que confirmar.
Me ajoelho e me deito na barriga plana de Ari, seus olhos encontram
os meus e eu abro um sorriso apaziguador, tentando acalmar seu
coração.
― Nada mudará, linda. Seremos nós três contra qualquer um que
tiver alguma opinião para dar sobre isso. ― Afirmo e beijo sua barriga.
― Eu não estou indo a lugar nenhum sem vocês dois.
― Quando voltarmos quero ir na minha ginecologista ver sobre a
gravidez, fazer os exames e o que precisar para podermos começar a
tentar. ― Ela fala com cuidado sem deixar de me olhar. ― Você sabe
que não precisa...
― Ari, linda, eu quero, ok? Eu quero você, quero essa relação, quero
o bebê que vier seja ele de Liam ou meu. Quero qualquer coisa que
você me oferecer.
― E Tiffany?
― Não existe Tiffany, linda. Somos apenas nós três. Acho que já é o
suficiente para uma relação né?
Liam da risada, concordando comigo. Mas então seus olhos ficam
sérios novamente quando me encara e antes que ele fale eu já sei que
lá vem sermão.
― Eu não preciso te falar que sempre escolherei ela, não é? ― Olho
para ele, balançando a cabeça. ― Espero não precisar, Noah, espero
muito não precisar fazer essa escolha. Mas se você fizer qualquer
coisa para magoa-la eu vou te dar a surra que eu nunca dei.
― Gostaria de ver você tentar, babaca. ― Retruco, revirando os
olhos, mas sorrio para ele. ― Mas não vai precisar, eu não farei nada
voluntariamente para magoa-la e se fizer prometo que deixo você me
bater.
― Ai, Deus, eu mesma posso te bater caso isso aconteça.
E ela acerta um soco em meu braço apenas para mostrar seu ponto
e Liam segura uma risada, olhando nós dois.
Então Ari ergue os olhos para ele e toca seu rosto com carinho,
acariciando sua barba bem feita.
― E você, sabe que as coisas vão ficar difíceis não sabe?
― Sei, amor e não estou me importando com isso. Tudo o que me
importa é que estaremos felizes e Noah e eu não deixaremos que nada
te afete ou que as pessoas te insultem.
Ela apenas assente e então ficamos em silencio por um tempo,
apenas curtindo o momento de uma decisão mais do que importante
em nossas vidas.
Hoje estamos dando um passo importantíssimo para as nossas
vidas, estamos dando o primeiro passo para o nosso futuro juntos e
mais do que nunca estou sentindo meu coração bater desenfreado,
sentindo que tomei a melhor decisão da minha vida.
Estar com Ariela é tudo o que eu mais quero e mesmo sabendo que
as coisas serão difíceis pela forma como decidimos levar nossas vidas,
estou mais do que pronto para qualquer coisa que vier daqui em diante.
Enquanto eu tiver Ariela e Liam comigo sei que seremos capazes de
qualquer coisa juntos.
E esse natal marca o começo de nossas vidas.
A noite de hoje foi mais do que especial para nós três.
Era o começo da nossa relação, o primeiro passo para um futuro em
que a única certeza que tínhamos era que nós três lutaríamos contra o
mundo se fosse preciso, o primeiro passo para uma relação que aos
olhos do mundo poderia ser promiscua, mas para nós era o amor na
sua mais pura forma.
Minha relação com Ariela sempre foi maravilhosa e agora com Noah
para somar com a gente eu sabia que tudo seria ainda melhor.
Não que eu fosse cego para os julgamentos que viriam, para o
apedrejamento moral que sofreríamos e até nossas carreiras estão em
risco, mas sei que faríamos tudo o que podemos para que isso nos
afetasse o mínimo possível.
Sinto que agora as coisas parecem mais encaixadas, mais certas e é
estranho, porque eu sei que também não deveria deixar isso acontecer
com o meu relacionamento, éramos só eu e ela e agora temos uma
outra pessoa junto com a gente e agora tudo mudaria e daqui há pouco
tempo teríamos uma pequena pessoinha para cuidarmos também e
mesmo sabendo que esse bebê que vamos planejar poderá ser de
Noah, mas pensar nisso não me deixa nada menos do que em êxtase,
porque eu o amarei da mesma forma.
Ariela ainda esta deitada na minha barriga, olhando para o céu em
silencio e Noah olhando para ela, os olhos do meu amigo brilham como
se ele tivesse vendo a jóia mais linda e rara do mundo e isso só me da
mais certeza de que tomamos a decisão certa.
Nosso destino foi interligado na nossa noite de formatura e hoje eles
finalmente se juntaram e é como se tudo o que passamos até aqui nos
levou diretamente à esse momento.
A maluca da nossa mulher se levanta, colocando a cabeça de Noah
no chão com cuidado e vai para dentro em silencio, deixando nós dois
olhando embasbacados para ela. Ouvimos seus saltos batendo nas
escadas e demoramos alguns segundos para nos levantar em pulo,
seguindo atrás dela como dois cachorrinhos bem treinados. Pulo os
degraus de dois em dois alcançando o quarto rapidamente,
encontrando-o vazio e a porta do banheiro fechada.
― Amor, tudo bem aí?
― Tudo ótimo. Fiquem sentadinhos aí na cama. ― Ela grita e mais
uma vez a obedecemos sem pensar duas vezes.
Cada um sentando de um lado da cama, estico minhas pernas no
colchão depois de tirar meus sapatos e abro os primeiros botões da
minha camisa, ficando confortável enquanto espero para ver o que Ari
está aprontando.
― O que ela está fazendo? ― Noah pergunta baixo enquanto fica
confortável também.
― Não faço ideia. ― Digo rindo baixo.
De repente a porta se abre e Ariela sai do banheiro usando uma
lingerie de renda vermelha, o sutiã transparente com desenhos de
flores delicados nos da a visão perfeita dos mamilos eriçados, a
calcinha pequena sendo praticamente engolida pelos grandes lábios de
soa boceta e uma cinta liga fina enroscada em uma fita em suas coxas.
― Porra. ― Noah murmura ao meu lado.
Estou tão absorto na imagem dela que não consigo esboçar
nenhuma reação agora que não seja babar por ela. Meu pau pula
imediatamente dentro da calça apertada e preciso aperta-lo tentando
conter a reação.
Ariela caminha com passos leves até o seu celular colocando uma
musica baixa que eu não consigo entender de imediato, mas então as
batidas sexys de Crazy in Love da Beyoncé alcançam meus ouvidos e
meu cérebro entorpecido processa finalmente sua intenção.
Ela está de costas para nós dois e seu quadril se remexe de um lado
para o outro entrando em acordo com as batidas da musica, seus
braços se erguem e ela se toca, descendo seus dedos pela pele
sedosa com suavidade, uma caricia quase inexistente conforme seu
corpo balança, jogando a bunda redonda de um lado para o outro.
Por estar de costas para nós só conseguimos ver seus braços
descendo, tocando seus seios e então sua barriga plana até que ela vai
descendo e empina a bunda para nós, grunho quando vejo uma pedra
vermelha brilhar entre suas nádegas que ela faz questão de abrir para
nos dar uma melhor visão. O fio da calcinha atrapalha um pouco a
visão, mas ainda sim é delicioso ver aquele plug enfiado no rabo da
minha mulher. Meus dentes rangem com a força que aperto minha
mandíbula.
Meu pau baba com a visão. E enquanto ela dança tenho certeza que
ela está fazendo isso apenas para nos torturar, porque ela se mantem
afastada da cama e a cada movimento nosso ela lança um olhar feio
em nossa direção.
Estamos os dois sentados na beirada da cama agora, minha calça
aberta enquanto aperto meu pau sob a cueca e quando a musica
chega ao fim sinto que estou a ponto de explodir e pelos sons que
Noah faz ele se sente da mesma forma.
― Foda-se ― Digo, pulando para fora.
Jogo o corpo de Ariela contra a parede e ela geme quando me sente
colado atrás dela, seu cheiro entorpecendo meus sentidos que já estão
fracos pelo tesão que está me consumindo.
― Gosta de torturar a gente, amor? ― Pergunto baixo em seu
ouvido, sentindo sua pele se arrepiar.
Minha mão segurando firmemente sua cabeça contra a parede fria,
puxo-a um pouco para o lado me dando melhor acesso ao pescoço
onde passo minha língua, deixando um rastro úmido até sua orelha.
― Aham... ― A safada murmura, esfregando a bunda no meu pau.
― Está ouvindo, Noah? Ela disse que gosta de brincar com a gente.
― Falo alto para o meu amigo.
Não ouço sua resposta, apenas sua respiração tão alta e acelerada
quando a minha e de Ari, meu coração bate desenfreado dentro do
peito bombeando meu sangue quente feito lava nas veias, aquecendo-
me com a mais pura luxuria.
Viro nossos corpos, me encostando na parede e suas costas no meu
peito, dando uma visão para Noah de todo o corpo da nossa mulher.
― Acho que deveríamos brincar com ela também. ― Ele finalmente
responde com um sorriso de lobo mal em seu rosto.
Sorrio contra a pele macia de Ariela e ela se contorce, tentando mais
contato com o meu pau.
― O que acha, amor? Quer brincar?
Ela geme em resposta, pressionando-se contra mim. Minhas mãos
deslizam pela sua barriga subindo até alcançar seus seios que, pode
ser o tesão falando, mas parecem estar maiores agora olhando de
perto. Aperto, rodando o mamilo por cima do sutiã e ela arfa com a
força que aplico.
― Oh... Deus...
Vejo Noah se levantar e vir para a nossa frente, caindo de joelhos
aos seus pés. Por ser bem mais alto que Ariela consigo ver meu amigo
olhando para ela, seus olhos famintos fazendo promessas muito sujas.

Deixo um beijo em seu joelho esquerdo e depois no direito, meus


olhos nunca se desprendendo do rosto corado e cheio de tesão de
Ariela.
― Eu viverei assim para você de hoje em diante. De joelhos aos
seus pés. ― Murmuro, esperando que ela entenda que a dimensão do
que sinto por ela.
Porque essa é a completa verdade, desde a nossa primeira noite
juntos Ariela me colocou de joelhos aos seus pés e assim continuarei,
todos os dias, para o resto de nossas vidas.
Minha boca fazendo um caminho por sua perna, beijando e
lambendo-a inteira, uma e depois a outra, antes de finalmente chegar
ao meu destino final.
Olhando de perto consigo ver a marca úmida na calcinha da sua
lubrificação que escorre de sua boceta, minha língua sai para fora,
molhando meus lábios secos. Passo meu nariz por ela, cheirando-a,
farejando-a como um cão faminto cheirando sua refeição mais
deliciosa.
Ouço-a gemer e quando ergo meus olhos vejo as mãos de Liam
brincando com os seios dela que já estão livres do sutiã, mesmo com o
contato apenas nos peitos seu corpo já amolece contra nós e isso me
faz sorrir.
É impressionante como ela é completamente receptiva. Como o seu
corpo reconhece nossos contatos e já se entrega a qualquer mínimo
toque.
Coloco a língua para fora e lambo sua boceta por cima da calcinha,
beijando-a em seguida um lábio e depois o outro, mordendo na mesma
ordem.
Subo minha mão pela sua panturrilha até alcançar a parte de cima
da sua calcinha, puxando-a, enterrando-a completamente entre os
lábios inchados e melados, ela geme, se esfregando contra o corpo do
meu amigo.
― Sua boceta está babando, linda. ― Conto, olhando hipnotizado
para a calcinha que quase some.
― Noah... Isso... Isso...
Enfio meu rosto ainda mais entre suas pernas, abrindo sua
intimidade para me dar mais aceso e vejo o pontinho rosa pulsante ali,
rapidamente o toco com meu polegar e pressiono. Ariela grita e se
contorce, mas Liam força ainda mais seu aperto nela, mantendo-a em
pé e parada.
Com um movimento rápido e brusco rasgo sua calcinha e finalmente
passo minha língua por toda ela, sentindo-a sem nenhuma barreira.
― Eu estava com saudades disso. ― Digo antes de voltar a lamber
sua boceta.
Seu sabor atingindo meu paladar e seu cheiro impregnado no meu
nariz enquanto esfrego meu rosto nela, melando todo o meu rosto
propositalmente com sua lubrificação. Chupo seu clitóris e seu corpo
treme anunciando que ela está perto de gozar, por isso me afasto com
um sorriso largo.
Mordo sua barriga enquanto me levanto e quando encontro seus
olhos eles são fogo puro, suas bochechas coradas e levemente
suadas, provavelmente pelo esforço de querer se mexer no aperto de
Liam.
Olho para o meu amigo e ele sorri para mim.
― Eu quero gozar. ― A loira protesta, fazendo bico.
― Você está de castigo, por ser uma torturadora. ― Liam responde,
dando uma mordida em seu pescoço.
Dou risada da cara que ela faz, olhos arregalados e o bico fofo.
― Vamos lá, linda. Ajoelha e chupa o pau do Liam. ― Falo, tirando-a
do domínio do meu amigo.
Ela coloca a língua para fora e a passa no meu lábio lentamente,
apenas provando seu sabor em mim, um sorriso lento se abre em seus
lábios antes de ela se virar e cair de joelhos na frente de Liam e ele
sorri ao olhar para ela, esticando sua mão para contornar os lábios
vermelhos dela.
― Realmente, deslumbrante. ― Murmura sem tirar os olhos dela.
Ariela ergue as mãos e tira a cueca dele, aumentando o sorriso
quando o membro dele praticamente pula na cara dela.
Me afasto e me sento na cama assistindo a cena à minha frente
completamente hipnotizado, a cabeça de Ariela se move lentamente
enquanto ela começa a chupar ele devagar e logo as mãos do meu
amigo estão nos cabelos dela, apertando-a e ditando um ritmo mais
rápido.
Meu pau doendo com a necessidade dela, tiro-o para fora da cueca
começando a me masturbar, me sentindo cada vez mais no limite.
A bunda de Ari se arrebita ainda mais para trás me dando a visão do
plug anal que ela está usando, meus olhos presos na imagem daquela
pedra vermelha no lugar onde meu pau deveria estar, o sangue
correndo quente nas minhas veias, me aquecendo com a pura luxuria.
― Merda, essa sua boca... ― Liam murmura jogando a cabeça para
trás.
Alcanço meu saco brincando com minhas bolas, minha espinha
formigando com o principio do orgasmo. Vejo o momento que ela
coloca seu braço na frente do seu corpo, alcançando sua boceta e se
movimentando lentamente.
Meus movimentos se tornam mais frenéticos com os sons de sucção
e os gemidos que os dois soltam, sentindo meu coração bater tão
rápido dentro do meu peito com a adrenalina pura.
O rosto de Liam se contorce quando ela o engole todo e força seu
pau em sua garganta. Ele da um passo para trás se afastando e a puxa
para cima pelo braço. Ele a pega no colo e imediatamente me levanto
indo para trás dela, seus braços pequenos enrolam o pescoço dele
quando ele passa seus braços embaixo das pernas delas, deixando-a
completamente aberta.
Ariela rebola procurando pelo pau dele e então ele a invade de uma
vez, arrancando um grito dela.
Olho a mala dela ao lado dela e caminho até lá pegando um vidro de
lubrificante, voltando ao meu lugar.
― Oh... Deus... Liam...
Me ajusto atrás dela, deslizando minha mão em sua bunda adorando
o contraste da minha pele bronzeada na pálida bunda dela. Enfio meus
dedos entre as bandas e toco o plug, tirando e colocando nela no
mesmo ritmo das estocadas de Liam. Com a outra mão aperto o tubo
de lubrificante em sua lombar deixando escorrer para sua bunda, me
deliciando com a imagem. Os gemidos dela aumentam, incentivando-
nos ainda mais, giro o plug algumas vezes antes de finalmente tirar de
uma vez e ela gritar. Esfrego meus dedos nela, deixando-a bem
lubrificada e sinto a quentura de sua boceta preenchida e encharcada.
― Você está tão quente, linda. ― Digo, beijando seu ombro.
Seguro meu pau e esfrego a cabeça gorda em sua entrada, sentindo
seu corpo tremer em antecipação, meu pau pulsando pelo mesmo
motivo.
― Merda, Noah... Eu preciso de vocês dois... Por favor... ― Ela
geme, rebolando da forma que consegue.
As mãos de Liam espalmadas em sua bunda, segurando-a
firmemente deixam seus movimentos mais controlados, mas facilitam o
meu trabalho, deixando-a aberta e então centímetro por centímetro vou
entrando nela, sentindo seu aperto esmagador.
Uma gota de suor escorre pelas minhas costas com o esforço
descomunal que preciso fazer para me controlar para não a machucar,
mas então ela se remexe, abaixando um pouco seu corpo empalando
tanto o meu pau quanto o de Liam de uma vez, nós dois grunhimos,
como dois animais feridos.
Mesmo com os movimentos privados minha mão e a de Liam
ajudam-na a subir e descer, esmagando nossos paus.
― Inferno! Você é tão apertada, linda. ― Murmuro.
Eu e meu amigo nos olhamos rapidamente, ele parece estar fazendo
tanto esforço quanto eu agora para não gozar, mas não paramos,
continuamos a força-la cada vez mais contra a gente. Ari se inclina
para trás, colocando a cabeça no meu ombro, gemendo alto enquanto
aperta suas unhas nos braços de Noah.
― Isso, amor! Você é uma boa menina, não é? Adora foder com
seus homens.
― Sim... Sim... Adoro... ― Ela grita e eu sorrio.
Viro meu rosto, mordendo seu pescoço.
― Vamos encher seus buracos com a nossa porra. Cada buraco seu
cheirando à um dos seus homens. Quer isso? ― Pergunto, lambendo o
rasto de suor em seu rosto.
― Por favor... Por favor... Eu quero gozar...
Saio de dentro dela e olho para Liam, sorrindo.
― Quero comer a boceta dela. ― Minha voz pesada até mesmo para
os meus ouvidos.
Ele assente e a carrega até a cama, jogando-a sem cuidado e ela ri
alto, erguendo as pernas e se abrindo para nós dois. Sua mão alcança
sua boceta e ela manipula seu clitóris em movimentos circulares.
― Se eu tenho dois homens e nenhum vai me fazer gozar, eu
mesmo faço. ― Diz atrevida.
Vejo-a beliscar o clitóris e jogar a cabeça para trás, gemendo cada
vez mais alto conforme seus dedos brincam com seu sexo.
Meu amigo deita na cama antes de tira-la do colchão e deita-la em
seu corpo, segurando as pernas dela bem abertas e erguidas, me
dando a visão perfeita de seus buracos. Ele esfrega a cabeça do seu
pau em sua boceta até alcançar seu cu, espalhando sua lubrificação.
Pego no chão o vidro de lubrificante e caminho até eles, aperto-o em
cima de sua boceta, e vejo o liquido transparente escorrer até o pau de
Liam. Ele aproveita o momento para se esfregar mais e lambuza-la
completamente.
― Liam, por favor, me fode logo. ― Implora gemendo.
Paro em frente a ela, apoiando meus joelhos na cama entre as
pernas de Liam e dou batidas em seu clitóris com a cabeça do me pau,
fazendo-a gemer alto. Em sincronia vamos entrando nela com cuidado,
lentamente, aproveitando o prazer delicioso que é ser engolido pelo
calor aveludado de estar dentro dela.
E então sem me dar conta estamos fodendo com ela, feito três
animais famintos, loucos pela ultima refeição e a cada vez que me sinto
completamente dentro dela meu corpo treme com a necessidade de
gozar. Estico minha mão, alcançando o peito que Liam não está
segurando e então passamos a brincar com o bico rijo em sincronia
também.
Os sons dos nossos gemidos e os corpos se batendo preenchem o
quarto. Nem eu reconheço os barulhos que saem da minha boca, mas
me sinto em completo êxtase, como se estivesse no meu próprio
paraíso particular. As mãos de Ariela apoiadas no meu peito, apertando
suas unhas em mim.
― Porra. Porra. ― Grito entre os gemidos dela.
A boceta de Ariela se aperta, estrangulado meu pau e então fica
difícil me controlar.
Chupo meu próprio polegar levando-o diretamente para o seu clitóris
e assim que o toco ela grita e seu corpo convulsiona, gozando,
lambuzando meu pau com seu gozo, me levando junto dela. Meu
próprio orgasmo tão forte que preciso me apoiar em sua cintura,
esmagando-a entre o meu corpo e o de Liam. Minha visão turva e
minha respiração tão pesada que dói meu peito.
― Merda. ― Liam resmunga, tão ofegante quanto eu.
Dou risada dele e então saio de dentro dela, me jogando ao lado e
quando olho para os dois Ariela está completamente mole.
― Deus, acho que vou desmaiar.
Puxo-a para perto de mim e ela rola, rindo quando se encaixa no
meu corpo e estica a mão para trás, puxando Liam para abraçar ela por
trás.
― Se você ainda acha que vai desmaiar então estamos fazendo algo
errado. ― Falo dando de ombros.
Ela gargalha, mas então sua risada perde a força com um suspiro
pesado. Seu corpo suado se ajusta ainda mais entre nós dois e quando
olho para o lado, Liam já está com a boca entreaberta dormindo. Não
consigo não rir com isso, mas então percebo que Ari apagou também e
não consigo controlar a risada.
Tiro os fios de cabelo do rosto suado, prendendo-os atrás da orelha.
Melhor natal da minha vida, sem dúvidas.
― Pegaram tudo?
Paro na porta do carro olhando para Liam e Noah vindo com as
malas que trouxemos.
Apesar de ser natal, decidimos partir logo após o almoço para
podermos descansar quando chegarmos em casa e Noah tinha algo
para resolver para um almoço com um cliente amanhã, por isso agora
estamos partindo.
O dia está com um sol fraquinho, mas ainda sim bem frio, então
assim que eles me olham feio, eu bufo e me enfio dentro do carro
rápido demais.
Hoje Noah me contou que Tiffany foi embora com o seu carro e por
isso ele voltaria com a gente. Ele estava se sentindo muito mal por
traze-la, então eu não pude nem o julgar por deixa-la ir com seu carro
mesmo sabendo que a mulher é maluca. Pelo que eu entendi vamos
passar pela casa dela para que ele possa pegar seu carro.
Por incrível que pareça quando ele me disse que queria conversar
com ela não senti o ciúme que estava sentindo quando ela estava aqui.
Não sei se é porque ainda me sinto exausta demais da noite de ontem
ou porque ele conseguiu realmente me convencer de que está nesse
relacionamento de verdade e agora, talvez, finalmente eu tenha
entendido que preciso confiar nele assim como confio em Liam.
Os dois entram no carro depois de guardar as malas no porta malas,
Noah senta no banco de trás e do nada vejo um braço se enfiando ao
meu lado tentando alcançar o som. Olho para ele que está com as
sobrancelhas franzidas, concentrado em sua arte.
― O que está fazendo, lindo? ― Pergunto segurando uma risada.
― Estou tentando ligar o som, o que parece? ― Pergunta
emburrado.
Bato em sua mão e Liam ri enquanto liga o carro. Ligo o som e
coloco uma musica para tocar, ouvindo o suspiro alto de Noah, me viro
mais uma vez para olhar para ele, puxo-o pela barra da camisa e me
estico para alcança-lo e dar um beijo em sua boca.
― Você está rabugento hoje, porque?
― Não estou rabugento.
― Esta sim. ― Liam concorda.
Noah acordou hoje parecendo mal humorado, mas até aí tudo bem,
acordamos cedo demais e sei que ele não é um cara matutino. Mas
mesmo com o passar das horas seu humor não melhorou, parecia
apenas piorar, mesmo quando Liam e eu tentamos puxar conversa com
ele.
― Cala a boca, Liam. ― Resmunga.
― Noah, em um relacionamento não pode haver segredos. Então
conta pra gente o que está te incomodando?
Ele me olha com os olhos negros esbugalhados e as sobrancelhas
franzidas, seus dentes brancos cravados nos lábios gordinhos.
― Nenhum segredo? ― Nego com a cabeça sentindo o carro
balançar quando Liam passa por um buraco. ― Nenhunzinho?
― Nenhum, Noah! ― Quase grito começando a perder a paciência.
Então o idiota abre um sorriso largo e se inclina, seu rosto perto do
meu, consigo sentir seu hálito quente e gostoso soprando minha boca
quando ele volta a falar.
― Então eu preciso te contar sobre a suruba que participei em Santa
Monica?
Meu sangue ferve com a raiva repentina, meus dedos formigando
com a vontade de apertar seu pescoço até que ele perca
completamente o ar, só para que ele deixe de ser idiota.
Ouço Liam bufar ao meu lado e de repente sua mão quente toca
minha coxa, fazendo um carinho.
― Por isso que você nunca namorou, idiota. ― Ele comenta olhando
Noah pelo retrovisor. Me viro finalmente, sentando certo no banco com
os braços cruzados abaixo do meu peito. ― Amor, ele está só
brincando com você. Não está, Noah?
Forço meu bico ainda mais para frente, me irritando ainda mais por
Liam estar bancando o bom moço, porque eu sei bem que ele já fez
isso também antes de mim. Até mesmo junto com o outro idiota e de
repente quero bater nos dois.
Sinto um beijo ser deixado no meu pescoço e uma risada baixa e
profunda atinge meus ouvidos, fazendo meu corpo se arrepiar com o
som e meu coração trovejar no meu peito.
― Estou brincando, linda. ― Ele diz rindo ainda. ― Só estou
rabugento hoje porque não sei se quero estourar nossa bolha. Te dividir
com Liam é uma coisa, agora ter que dividir nosso mundo com outras
pessoas...
― As coisas serão diferentes. ― Liam termina para ele, apertando
minha coxa.
Viro para o lado e encontro o rosto de Noah encostado no banco de
Liam, um me encara com os olhos escuros brilhando com paixão e o
outro concentrado na estrada sem piscar e mesmo sem me olhar, sei
que eu veria o mesmo brilho nos olhos castanhos claros.
― Estamos prontos para qualquer coisa que vier. Estaremos juntos.
― Afirmo.
Toco o rosto de Noah com uma mão e com a outra descanso na mão
de Liam.
Sei do que eles estão falando, sei que quando as pessoas
descobrirem sobre a gente será realmente feio, porque as pessoas não
estão prontas para lidar com o tipo de amor que vivemos, as pessoas
são cegas para qualquer coisa que nos os convenham e isso aqui, nós
três, seriamos vistos como algum tipo de aberração, promiscuidade e é
tão triste pensar no quanto algo tão puro será desvalorizado apenas
porque as pessoas tem a mente tão fechada que não conseguem lidar
com a liberdade de se amar de verdade.
Noah beija minha mão e então sorri, o primeiro sorriso de verdade
que ele me da hoje.
― Sempre juntos, linda.
Liam tira sua mão da minha perna apenas para empurrar a cabeça
de Noah para trás, fazendo-o sentar mais uma vez atrás, o moreno ri
do amigo e Liam me olha, piscando um olho em minha direção.
Meu coração salta mais uma vez, sentindo-se tão cheio e aquecido
com esse amor que quase tenho a certeza de que nada realmente
acontecerá com a gente.
Enquanto estivermos juntos, mesmo entre as dificuldades
superaremos qualquer coisa.

Apaguei durante a viagem e só acordo quando o balanço do carro


para e quando olho para fora vejo que estamos na frente de um edifício
com uma fachada moderna, e com certeza, para se morar aqui tem que
ter muito dinheiro.
Olho para frente e encontro Liam me olhando pelo retrovisor, ele sorri
para mim, mas parece tenso.
― Tiffany mora aqui. Por motivos óbvios eu não sei qual o número
do apartamento dela, mas sei que se você perguntar por ela o porteiro
vai te falar. ― Assinto e assim que abro a porta ele volta a falar. ― Não
faça nada que vá se arrepender depois, Noah!
Minhas sobrancelhas formam um vinco, e preciso respirar fundo, me
lembrando que eu dei muitos motivos para que esperassem o pior de
mim e quase nenhum para que esperassem o melhor.
― Liam...
― Eu sei, ok? Eu sei. Só estou dizendo que você é novo nessa coisa
de relacionamento, mas sabe que qualquer coisa que aconteça pode
magoa-la.
Ele olha para Ariela ao seu lado e mesmo sem vê-la ouço sua
respiração fraca, ressonando baixinho.
Dou um tapa em seu ombro, sorrindo e saio. O frio hoje não está
terrível como estava há alguns dias atrás, mas ainda sim é impossível
conter o tremor que passa pelo meu corpo assim que estou do lado de
fora do carro.
Vou até o portão e pressiono o botão para que o porteiro o abra e
logo o clique alto soa e empurro o portão pesado, entro praticamente
correndo e encontro um senhor sentado praticamente escondido atrás
de um balcão alto, ele esta ouvindo algum jogo por um radio antigo e
quando me vê seu sorriso aumenta.
― Boa tarde, posso ajuda-lo?
― Boa tarde. Gostaria de falar com Tiffany Backer, o senhor pode
avisa-la para descer?
Encosto no balcão, retribuindo seu sorriso e ele assente. Mas seus
olhos me examinam de uma forma estranha quando falo o nome de
Tiffany, mas não dou muita atenção à isso. Batuco os dedos no balcão,
esperando enquanto ele avisa a mulher que estou aqui.
Depois de alguns segundos ele desliga o interfone e volta a me olhar.
― Ela pediu para o senhor subir. O apartamento é o dezenove no
sétimo andar.
Bufo.
Claro que ela iria querer que eu subisse. Quando conversamos antes
de ela vir embora, me desculpei mais uma vez e ela pareceu estar bem
mais tranqüila com o que aconteceu, mas disse que iria esperar que
caísse a minha ficha de que a minha relação com Ariela e Liam nunca
daria certo e que ela estaria me esperando.
O que não faz o menor sentido para mim é porque essa fixação dela
por mim. Pelo que eu fiquei sabendo ela tinha uma fama de não se
firmar com homem nenhum e que adorava uma boa farra. Não a julgo
de forma alguma, ela pode levar sua vida da forma que bem entender e
se ela se sente bem em viver assim, quem sou eu para falar algo?
Principalmente quando a minha própria vida não era muito diferente.
Eu só não deixava minhas conquistas saírem na mídia.
Então, porque ela cismou logo comigo?
Será que é alguma merda daquela de almas que se conhecem?
Enquanto o elevador sobe muito lentamente o pensamento me faz
estremecer e rir baixo de mim mesmo.
Se isso realmente acontece, eu tenho uma péssima noticia para
ela... Minha alma já reconheceu outra!
O elevador para e assim que as portas se abrem encontro Tiffany
parada na porta, usando apenas um robe longo de cetim preto de
mangas longas, seus cabelos loiros presos em um rabo de cavalo alto
sem nenhum fio solto fora do lugar.
― Noah.
― Oi Tiffany. Tudo bem?
Ela assente e entra, me dando espaço para entrar logo em seguida.
Cauteloso entro em seu apartamento e olho ao redor, vendo que assim
como todo o prédio, seu apartamento tem uma decoração moderna e
minimalista e parece tão frio e sem vida que quase estremeço com
isso.
― Na verdade, agora que pude pensar melhor sobre tudo, estou
bem sim e você?
Me viro para ela, encontrando-a encostada na porta, me olhando
com um sorriso. Coloco as mãos nos bolsos da calça, incomodado com
a forma que me olha, mas apenas assinto e dou um passo para trás.
― Estou ótimo, na verdade. Eu só vim pegar o carro e te pedir
desculpas...
―Não precisa. Está tudo bem. ― Franzo as sobrancelhas confuso
com sua fala e ela só aumenta o sorriso, dando alguns passos até me
alcançar e tocar meu braço com carinho. ― Está tudo bem mesmo. Eu
entendi o que aconteceu e sei que você não queria me usar, achou que
seria algo bom e agiu por impulso. Não estou magoada.
Abro um sorriso sem graça, olhando para o chão, evitando seus
olhos deliberadamente.
Já estava com vergonha para caralho do que fiz, levando-a mesmo
sabendo que não iria acontecer nada entre nós, agora que ela está
sendo tão compreensiva a culpa se torna algo ainda mais pesado no
meu coração.
― Espero que possamos ser amigos e que Ariela não veja maldade
nisso. Torço pela sua felicidade e se ela está ao lado dos dois, está
tudo bem. ― Fala com a voz mansa, ainda me acariciando com
cuidado. ― Espero que as coisas sejam mais fáceis na prática para
vocês do que são na nossa imaginação.
Solto um suspiro, sentindo meus ombros pesarem com o
pensamento.
― Eu também. Porque eu disse que estava pronto para isso, mas e
se Ariela não tiver? E se as coisas se tornarem muito mais intensas do
que realmente esperamos? Tenho medo dessa ligação ser algo fraco
demais para suportar o peso do julgamento... ― Me dando conta de
que estou falando coisas que não precisam ser ditas, ainda mais para
ela, fecho a boca.
Tiffany inclina a cabeça levemente para o lado, seu sorriso se
tornando conhecedor. Os olhos piscando algumas vezes como se ela
procurasse as palavras certas para me dizer.
― A sociedade pode ser extremamente maldosa com uma mulher.
Vocês homens tem uma liberdade muito maior de poder fazer o que
bem entendem e ainda sim saírem como os melhores, enquanto para
as mulheres os julgamentos são brutais.
Balanço a cabeça, pensando no que ela disse.
― Aquele dia em que eu falei aquelas coisas horríveis... Eu só queria
que ela sentisse um pouco do que eu senti, eu estava machucada,
porque realmente achei que nós dois daríamos em algo. Peço
desculpas por aquilo e quando eu puder, obviamente falarei com Ariela
e Liam também.
― Obrigada por isso e mais uma vez...
― Noah, não! É sério, está tudo bem! ― Diz sorrindo e se vira, indo
até a mesa de centro da sala e pega a chave do meu carro, volta e me
entrega. Deixa um beijo na minha bochecha. ― Mas o que eu disse
sobre estar aqui caso algo aconteça, também é muito sério.
Ela pisca para mim, mordendo o lábio e eu rio. Balanço as chaves na
minha mão antes de me virar e sair, me despedindo dela.
― Nos vemos por aí.
― Sim, nos vemos. Seja feliz, Tiffany. ― Pisco sorrindo para ela.

Abro a porta de casa e o aquecedor já está ligado, trazendo um calor


muito bem vindo para o meu corpo. Caminho até chegar à sala e
encontro Ariela deitada no sofá, vestida em um dos moletons enormes
que ela adora usar dentro de casa.
Um sorriso lento se abre em meus lábios ao olhar para a televisão e
ver que ela está assistindo Friends. Ela é realmente apaixonada nessa
série.
Me aproximo dela com passos leves, tentando não chamar sua
atenção, só quando me inclino sob ela e beijo sua boca que ela se
assusta com a minha presença.
― Que susto, Noah. ― Quase grita me fazendo rir.
― Não nem dizer que essa não era a intenção. ― Dou de ombros.
Dou a volta no sofá e ergo sua cabeça, me sentando e a
acomodando no meu colo. Toco seus fios macios, enrolando uma
mecha nos meus dedos.
― Como foi? ― Pergunta.
Olho para ela procurando algum indicio de desconfiança, mas ela
está concentrada na televisão, quando sente meu olhar se vira para
mim, abrindo um sorriso caloroso e é aí que percebo duas coisas.
Pela primeira vez estando na casa deles não me sinto como um
estranho querendo roubar o lugar do meu amigo. Sinto como se
estivesse no meu lugar. Exatamente onde deveria estar.
E segundo, ela não está desconfiada e nem com ciúmes. Sei que é
cedo para dizer que ela confia em mim como confia em Liam, isso é
algo que temos que construir ainda, mas só de saber que ela se sente
a vontade comigo indo na casa de uma mulher, sinto como se
finalmente tivesse vencido na vida.
Alguns dias atrás eu estava contente com a minha vida, achando que
aquilo era o máximo para mim, como se fosse tudo que eu quisesse e
tivesse vencido. Mas na verdade, é aqui que eu venci. Olhando para os
olhos claros de Ariela vendo seu amor estampado e sua confiança em
mim, eu sei que é aqui onde eu realmente queria chegar, mesmo
quando achava que não, todas as minhas escolhas me trouxeram a
esse exato momento, porque nosso destinado estava entrelaçado há
muito tempo e agora podemos finalmente trilhar nossos caminhos
juntos.
― Foi bem melhor do que eu esperava, na verdade. Peguei a chave
e conversamos um pouco, ela entendeu o que eu quis dizer quando
disse que não foi minha intenção magoa-la, ela só falou aquelas coisas
aquele dia porque queria nos machucar.
― Eu tinha muito mais coisa para me preocupar, mas tudo o que ela
disse me deixou ainda pior. ― Continuo brincando com seu cabelo sem
tirar meus olhos dos dela. ― Mas não quero que ela se desculpe. Ela
me disse tudo o que queria e agora eu tenho direito de escolher não a
desculpar por isso.
― Ari...
― Não. Se você a desculpou, tudo bem. Mesmo. Eu não me importo.
― Da de ombros, mas então desvia os olhos para baixo. ― Contudo,
ela e eu já não tínhamos uma boa história e aquilo só me deu mais
certeza ainda de que ela não é uma pessoa com que eu queira
compartilhar mais do que alguns minutos.
Passos atrás de nós chamam a minha atenção e antes que eu olhe
para trás Liam surge na nossa frente, sentando-se no chão e
encostando a cabeça no sofá onde Ariela consegue alcançar para fazer
carinho.
― Eu entendo, linda.
― Estou mais do que feliz agora e não quero que nada nos
atrapalhe.
― E não vai, amor. ― Liam fala antes de mim e me olha por cima do
ombro.
Sorrimos um para o outro, nossos olhares confirmando que faremos
o que for preciso para cumprir essa promessa.
Nada, nunca, ficará entre nós.
Combinei com Dawson de encontra-lo no mesmo restaurante da
ultima vez e cheguei meia hora adiantado, garantindo uma mesa em
um canto discreto para termos privacidade para conversar.
Com meu notebook na minha frente, termino de conferir um dos
contratos que Andrew havia me enviado lá do escritório de Santa
Monica. Estou tão distraído que mal percebo o homem se aproximar,
até ele estar sentado na minha frente, seu rosto parecendo muito
melhor do que da ultima vez que o vi, ele sorri para mim.
― Olá Noah.
― Oi, Alexander. Como vão as coisas? ― Pergunto, fechando o
notebook.
― Tudo certo. Já pediu algo?
Ele pega o cardápio e antes que eu responda a garçonete se
aproxima. Fazemos nossos pedidos e então a mulher com um ultimo
sorriso para nós se vira e sai andando, tenho quase certeza que ela
coloca mais força em seu quadril para rebolar do que é realmente
necessário. Uma careta se forma no meu rosto e ouço uma risada
chamando minha atenção.
― A gente sente quando algo é forçado não é mesmo? ― Ele diz
ainda rindo e da de ombros.
Na verdade, antes de Ariela eu nunca tinha realmente dado muita
atenção para esse tipo de coisa. Ficava mais do que feliz com qualquer
tipo de flerte e não perdia uma oportunidade, por isso balanço a cabeça
para ele negando.
― Acho que passamos a perceber só quando vemos a coisa natural.
Ele pensa por um momento e então assente para mim.
― Isso é verdade.
― Então, você leu o email que te enviei?
Ontem a noite deixei Liam e Ariela preparando o jantar enquanto fui
para o meu quarto enviar o email com uma proposta para ele, de como
poderíamos seguir com o processo do divórcio.
― Eu li. Mas tenho uma duvida, caso ela não aceite, nós podemos
enviar outra proposta ou podemos ir direto para o litigioso?
― Eu, particularmente, pretendo fazer o que estiver ao meu alcance
para que não cheguemos ao litigioso. Além de ser muito estressante
para ambos os lados, pode não pegar muito bem para a sua imagem.
― O advogado que ela esta é o que ela tem um caso, os dois ainda
estão juntos, pelo que eu fiquei sabendo.
― Isso não faz diferença. A única coisa que não pode acontecer
seria se ela tivesse um caso com o juiz.
Ele solta uma risada amarga, me olhando com a sobrancelha
arqueada.
― Eu acho que esse não é o caso. Mas não duvido de nada. Ela não
tem escrúpulos quando é para conseguir algo que ela quer.
― Como eu disse, isso não poderia acontecer. Se fosse o caso, o
juiz seria retirado e outro ficaria em seu lugar. ― Afirmo e ele concorda,
entendendo o que digo.
― Tudo bem. Acho que podemos tentar negociar com o advogado
dela. Eu preciso estar presente?
― Não. Assim que ambas as partes concordarem eu pego a sua
assinatura, levo até ela e então ela assina.
Nossos pedidos chegam e começamos a comer, enquanto
conversamos sobre como foi seu casamento, ele fala sobre a gravidez
da mulher e que pediu para ela estar enviando todos os exames que
ela fez e receitas que ela precisa, me garantiu que está prestando todo
o apoio que ela precisa, mesmo sem ter certeza se o filho é realmente
dele. Em alguns momentos tento me imaginar em seu lugar, passando
por algo parecido com Ariela e até mesmo pensar nisso é difícil.
Quando terminamos de comer abro o notebook e anoto tudo o que
ele fala que está disposto a abrir mão e o que ele não dará.
Assim que finalizamos a reunião, pedimos uma bebida e tomo um
gole do meu whisky.
― Aquele dia eu perguntei se você já se apaixonou e você não
respondeu. ― Ele pergunta com um sorriso de lado.
Um sorriso se estende em meu lábio também com a imagem de
Ariela se formando em minha mente e ouço a risada do homem a
minha frente.
― Na verdade, aquele dia eu te responderia que não.
― E agora?
― Agora eu digo que... ― Lambo meus lábios. ― Sim. Já me
apaixonei.
Ele ri mais uma vez, tomando um gole do seu whisky.
― Está apaixonado, você quer dizer.
― Sim, estou! Muito, na verdade.
― Você é sortudo. Espero que sejam muito felizes.
Brindamos com nossos copos, trocando sorrisos cúmplices e
percebo que além de cliente ele pode se tornar um bom amigo.
O único amigo que tenho aqui até agora é Liam, e não estou
reclamando, mas ter mais pessoas comigo não seria nada mal e sei
que Alexander também não reclamaria.
Conversas e barulhos de salto alto batendo no piso chamam a nossa
atenção e olhamos na direção em que vem. Um sorriso enorme se abre
em meus lábios e tenho certeza que meus olhos brilham com o mais
puro amor quando eles encontram a loira mais linda caminhando até
nós com um sorriso largo e brilhante, olhando para sua amiga ela nem
percebe minha presença, mas o meu corpo sente o impacto mesmo de
longe, meu pau ganhando vida imediatamente.
Ariela esta usando um vestido de lã grossa e um casaco preto por
cima, botas que alcançam suas coxas grosas e os cabelos soltos,
caindo em uma linda cascata.
Sua amiga é uma morena tão pequena quanto minha mulher, ela usa
uma calça justa que abraça suas pernas e uma blusa de lã branca.
As duas riem de algo que estão conversando enquanto caminham e
eu simplesmente não consigo parar de olhar.
― É ela? ― A voz grave de Alexander chama a minha atenção.
Olho para ele sem desfazer meu sorriso e assinto.
― Sim. É ela.
Me levanto e é só então que os olhos dourados de Ariela me
encontram, seu sorriso se alarga e seus passos parecem se apressar
até que ela consegue me alcançar, se jogando nos meus braços.
Abraço-a apertando contra o meu corpo, sentindo o cheiro do seu
perfume doce entorpecer meus sentidos.
― Oi, linda.
― Oi, lindo.
Ela me da um selinho e se afasta um passo para trás. Olha para a
amiga e só então que olhando melhor para a morena, percebo que já vi
ela em algum lugar.
― Essa é a Emmy. Lembra dela? Da faculdade.
Claro. Devo tê-la visto naquela época, mas nunca fomos realmente
apresentados e já a vi em algumas fotos de Ariela também. Contudo a
mulher não está nem me olhando, seus olhos encaram algo atrás de
mim e quando me viro percebo Alexander olhar de forma intensa para
ela também, sua boca franzida assim como suas sobrancelhas. Seus
olhos vidrados, como se fosse a jóia mais rara do mundo.
― Emmy. Oi. ― Digo, segurando uma risada.
Como se saísse do transe, ela me olha sem graça e força um sorriso,
esticando a mão para que eu aperte.
― Oi, Noah.
Bom. Ela sabe meu nome e Ariela me beijo na sua frente, então deve
saber sobre tudo já.
Pensar nisso me faz sorrir ainda mais e devo estar parecendo um
adolescente idiota na frente da garota que gosta, porque se ela está
falando é porque se sente segura quanto a nossa relação e isso
preenche meu coração, fazendo o pular dentro do peito.
― Tudo bem? Esse é Alexander Dawson. ― Aponto para o homem
atrás de mim e finalmente ele se levanta, apertando a mão dela e em
seguida de Ariela, com um sorriso galanteador no rosto. ― Essa é
Ariela.
― Sua garota.
― Sim, minha garota. ― Afirmo, puxando-a pela cintura para se
colar em mim.
As mãos pequenas da minha mulher se apóiam no meu peito e ela
sorri abertamente, beijando meu maxilar.
― Estava falando de mim, lindo? ― Ela pergunta, rindo baixo.
― E você, falando de mim também?
Ela de da ombros fazendo pouco caso da minha pergunta.
― Na verdade, fofocando sobre você.
Dou risada e beijo seus cabelos.
― Vieram almoçar? ― Ela assente. Olho para Alexander e ele
continua olhando para Emmy que está olhando para qualquer lugar
menos para o homem, com as bochechas coradas. ― Se importa se
elas se juntarem a nós?
Os olhos do homem se desviam da morena rapidamente, coçando a
cabeça ele nega veementemente.
― Claro que não. Já discutimos o que tínhamos para discutir. ― Da
de ombros. ― Se quiser, posso ir embora e deixar vocês a vontade.
Ariela arregala os olhos e estica o braço, tocando o braço do homem
e sem perceber o que estou fazendo puxo sua mão, colocando-a de
volta no meu peito. Alexander apenas da uma risada e Ariela bufa alto.
― Não. Faça-nos companhia. Vamos adorar.
Ele assente sorrindo e logo voltamos aos nossos lugares, as
meninas tomam seus lugares também. Chamo a garçonete e elas
fazem seus pedidos, Alexander e eu pedimos mais uma bebida.
As conversas fluem facilmente entre nós quatro, rindo e bebendo.
Passamos um bom tempo conversando e a cada minuto que passo ali
e conheço melhor meu cliente sei que preciso dar o meu melhor para
ganhar o caso dele, porque o cara parece muito gente boa e
aparentemente tem um bom coração.
Em vários momentos peguei-o olhando para Emmy embasbacado
com a morena que ria de tudo o que ele falava, mas evitava olhar
diretamente em seus olhos. É engraçado ver a interação deles, porque
ele parece querer avançar enquanto ela parece querer fugir e ao
mesmo tempo aceitar seus avanços.
Sinto uma mão deslizar pela minha coxa e giro a cabeça para olhar
Ari ao meu lado, ela sorri de lado e se estica, alcançando minha boca.
― Eca! Parem com isso.
Um pedaço de guardanapo acerta nossos rostos e gargalhamos com
a voz de Emmy nos repreendendo.
― Não seja invejosa, Em. ― Ari brinca, piscando.
A mulher fica tão vermelha que tenho certeza que ela vai explodir a
qualquer momento. Só não sei se é por vergonha ou de raiva da frase
da amiga.
E como se não tivesse praticamente nos agredido, Alexander
finalmente consegue envolve-la em uma conversa quando fala sobre
alguma galeria de arte que ele visitou no Brasil. Até tento prestar
atenção, mas o aperto em minha coxa me distrai e o hálito quente
sopra minha orelha.
― Acho que ele está afim dela. ― Ari murmura.
Quase cuspo minha bebida, mas coloco a mão na boca, cobrindo a
risada. Emmy nos olha com os olhos cerrados e Ari sorri
inocentemente para a amiga.
― Você acha? ― Sussurro de volta com ironia.
― Podíamos juntar os dois... ― Ela pisca os cílios, ainda
sussurrando em meu ouvido.
― Ari...
― O que o casal está fofocando aí? ― Alexander pergunta
sorridente.
Notei que ele não bebeu mais depois do nosso terceiro copo e isso
me tranquiliza, percebendo que sabe se controlar quanto a isso.
Se for o caso de ele e Emmy terem algo, garantirei que ele será bom
para a melhor amiga da minha mulher. Porque eu sei que qualquer
coisa que a afete, afetará também Ariela.
― Nada. ― Ari quase grita.
Gargalho jogando a cabeça para trás. Ariela é uma péssima
mentirosa e a amiga sabe disso, porque aperta os olhos na direção
dela, jogando adagas afiadas com os olhos na minha mulher.

As letras na minha frente estão ficando embasadas, já não agüento


mais ler tantas coisas.
Desde a hora em que acordei e Ari saiu com Emmy, me enfiei no
meu escritório para estudar sobre um caso e agora já é quase noite e
meu corpo já mostra sinais de cansaço há essa altura.
Levanto, esticando meus braços para cima, sentindo minha coluna
toda estralar com um som alto.
Saio do meu escritório e vou direto para a cozinha, o aquecedor de
casa ligado deixando minha pele aquecida, mas quando olho pela
janela vejo a camada fina de neve já tomando conta do gramado de
casa e sorrio com isso.
Amo frio, amo a neve, principalmente nessa época do ano.
Enquanto passo pela sala a porta é aberta e Ari e Noah passam por
ela, minha mulher gargalha de algo que ele falou e ele apenas a aperta
mais contra ele.
A cena deveria ser algo horrível aos meus olhos, só que mais uma
vez... Eu amo o que estamos vivendo e vê-los assim, enche o meu
coração de uma forma surreal.
― Qual a graça? ― Pergunto, sorrindo.
Ari arregala os olhos ao me olhar e corre até mim, pulando no meu
colo de um jeito que preciso ser rápido ao me abaixar um pouco e
segurar sua bunda quando ela enrola as pernas ao meu redor.
Sua boca procura a minha desesperadamente, e quando a encontra
ela enfia a língua na minha boca e brinca dentro de mim, lambendo e
sugando minha língua para dentro da sua boca. Ela geme quando faço
o mesmo, chupando sua língua.
Aperto sua bunda, fazendo-a rebolar com a boceta na minha barriga.
― Estava com saudades. ― Ela murmura enquanto espalha beijos
no meu rosto.
Dou uma risada baixa do desespero dela.
― Deu para perceber.
Seu rosto se afasta apenas um pouco, olhando em meus olhos. Os
olhos cor de mel mais lindos que eu já vi brilham para mim com amor e
desejo e meu corpo queima para senti-la.
― Está reclamando, Liam Sanders? ― Pergunta debochada.
― Nunca, meu amor. ― Digo.
Mordo seu lábio e puxo-o com meus dentes.
Noah se aproxima de nós e beija o ombro de Ari, me
cumprimentando com um sorriso e um aceno, então ele sobe para o
quarto.
― Vou tomar banho.
― Vou fazer lasanha para o jantar. ― Ari grita para ele ouvir.
― Lasanha é? ― Pergunto sorrindo.
― Sua comida preferida.
Seus dedos brincando com os cabelos da minha nuca, me
arrepiando. Aperto mais sua bunda em resposta e ela geme.
― Depois de você, claro.
Ela ri e beija minha boca com cuidado.
― Claro.
Sem muito esforço caminho com ela até a cozinha, colocando-a
sentada no balcão da cozinha porém suas pernas continuam ao meu
redor, como se ela não tivesse a intenção de me largar tão cedo.
Ela olha para os meus cabelos que são enrolados em seus dedos
finos, um sorriso sapeca brincando em seus lábios.
― Noah estava com um cliente no restaurante em que fui almoçar
com Emmy. ― Conta.
― Sério? Que coincidência.
Seus olhos baixam para os meus e então ela pisca, me fitando como
se procurasse algum indicio de desconforto. Ela não vai achar.
Estou realmente muito confortável e bem com isso e espero que logo
eles se acostumem com isso, porque da minha parte nunca haverá
objeção nenhum em suas interações, mesmo as que eu não estiver por
perto e se queremos que isso funcione de verdade, eles têm que
entender que isso vai acontecer. Nem sempre estaremos os três juntos.
― O cliente dele ficou o tempo todo babando em você tinha que ver,
amor. Foi fofo demais. ― Solta uma risada. ― Quero dar um jeito de
juntar os dois. Noah contou que ele está em processo de divórcio, mas
acho que seria bom para ajuda-lo.
Dou risada, enfiando meu rosto em seu pescoço cheiroso, dou um
beijo logo abaixo da sua orelha e ela estremece, sorrindo.
― Ari, o cliente é Alexander Dawson.
Seus dedos puxam meus cabelos com força, afastando meu rosto do
meu lugar aconchegante e eu reclamo, seus olhos arregalados e a
boca aberta em choque com a informação.
― Dawson? Da Dawson’s International Realty?
― O próprio.
― Meu Deus! Porque Noah não me contou? Agora mesmo que a
minha amiga precisa dar um chá no cara. ― Afirma batendo no meu
ombro.
Arqueio uma sobrancelha em sua direção e ela apenas da de
ombros, saltando para fora do balcão. Caminho até a geladeira e pego
um copo na pia, enchendo com água.
― Só porque o cara é rico? ― Pergunto bebendo minha água.
Ari começa a pegar tudo o que precisa para a lasanha e colocar na
mesa. Ela me olha com os olhos apertados e a mão estendida a sua
frente, enumerando cada coisa dita.
― Rico, lindo, simpático, educado, solteiro ou quase solteiro. Ficou
babando nela o almoço todo. Pagou a conta.
Um bufo na porta da cozinha chama a nossa atenção e olho para
Noah só de toalha com os braços cruzados e uma careta no rosto.
― Tem mais qualidades aí para o cara?
― Claro, lindo, só me deixe pensar.
Sem me conter gargalho alto, cuspindo água no chão com o ato.
Pulo para trás para não molhar minha roupa, mas a cara de Noah é
impagável. Impossível não rir com o ciúme brilhando em seus olhos.
Noah sempre foi ciumento, territorialista com todas as suas coisas e
agora com Ariela tenho certeza de que isso será muito pior e ela que
está acostumada comigo sendo tranquilo nessa parte sofrerá com ele
ou ele quem vai passar mal com ela.
― Ariela, preciso repetir uma coisa para você... ― Com poucos
passos ele a alcança segurando-a pelo pescoço e deixando sua boca
perto da dela. ― Eu não sou tão bom quanto Liam, não me teste.
Ela ri dele, lambendo sua boca antes de dar um selinho e se afastar,
voltando a sua tarefa de fazer a lasanha. Noah se vira para mim,
bufando.
― O chuveiro do meu quarto queimou, posso usar o de vocês? ―
Pergunta e sai da cozinha assim que assinto para ele.
Ari me olha rindo e se aproxima, me dando um selinho. Quando ela
volta para a mesa, me estico apenas para dar um tapa em sua bunda.
― Você vai matar o cara.
Da de ombros, rindo.
Já se passou uma semana desde a noite de natal e as coisas
parecem estar cada vez mais melhores na minha vida. Tenho pintado
esses dias como há muito tempo não vinha pintando, usando meus
dias em meu estúdio que agora esta uma bagunça com duas telas
prontas e uma pela metade.
Mas meus dias tem sido uma loucura de divisão entre pintar e dar
atenção à Liam e Noah. Os dois não estão indo para o escritório já que
Noah e Mike deu esses dias para todos ficarem em casa, porém eles
ainda trabalham no escritório aqui de casa e quando não estão
trancados lá dentro, eles querem toda a minha atenção para eles e eu
não reclamo nem um pouco disso. Batizamos todos os lugares
possíveis da casa já, não que eu já não tivesse feito com Liam, mas
precisávamos fazer com Noah junto agora.
É uma aventura e tanto me dividir entre os dois e o trabalho, mas
eles sempre dão um jeito de tornar tudo mais fácil e nossa intimidade
durante esses dias parece ter chegado a um nível muito acima do
sexual. Nos sentimos confortáveis para conversar sobre tudo, rir e
brincar com todas as situações.
Ainda não tivemos que sair os três juntos e sinto que eles estão
evitando isso por medo da minha reação aos olhares julgadores e isso
torna tudo mais difícil. Não quero que eles me vejam como o elo fraco,
quero que olhem para mim e vejam que posso segurar a barra de
qualquer coisa que vier até nós, estou pronta para isso.
A sociedade é uma brutal em julgar uma mulher. Qualquer decisão
que uma mulher toma pode ser visto com maus olhos e é horrível
pensar nisso. É horrível ter medo de viver a sua vida como você deseja
simplesmente por ser mulher.
O homem pegar quantas mulheres ele conseguir, tudo bem.
O homem abandonar um filho, tudo bem.
O homem decidir viver com duas mulheres, ele é foda pra caralho.
O homem decidir não casar e não ter filhos, tudo bem, é escolha
dele.
Mas a mulher sempre vai ter o peso para carregar de coisas
impostas a nós como se fossemos obrigadas a suprir todas as
demandas da sociedade.
Uma mulher não querer ter filho, ela é uma mulher horrível.
Uma mulher pegar quantos homens quiser, uma vagabunda.
Uma mulher decidir viver com dois homens, promiscua, vai queimar
no inferno.
Pensar nisso só me faz perceber que mesmo com as nossas lutas
diárias contra esse sistema machista auto imposto a todos nada
mudará tão cedo. As pessoas sempre vão colocar uma carga maior de
responsabilidade na gente, sempre esperando algo e se as decisões
não forem conforme o que elas esperam somos massacradas.
Eu odeio viver com esse medo, com essa sensação de que qualquer
coisa que eu decidir pode ser visto como algo ruim e por isso nunca
deixei que a sociedade me moldasse da forma que bem entendem.
Quando disse para a minha mãe que não queria me casar na igreja
ela quase teve um infarto, porque não poderia ser possível uma mulher
ir morar com o namorado sem se casar. E para alguém com a mente
“aberta” como a minha mãe esse pensamento era algo que eu não
esperava, mas me fez perceber que as pessoas se escondem atrás de
mascaras de entendimento.
O diferente é assustador para eles.
Enquanto dirijo para minha casa com minha mão no banco do carona
e meu pai no banco de trás, depois de pega-los no aeroporto começo a
finalmente temer a reação dos dois à novidade.
Decidimos contar à minha família e a de Liam hoje, durante o jantar
de ano novo e viajaríamos depois da minha exposição para contar para
a família de Noah.
Não sei como eles receberão essa noticia, mas, pelo menos os meus
pais, ficarão felizes quando perceberem que os dois me fazem felizes e
só me sinto completa de verdade quando os tenho comigo.
― Liam está em casa? ― Mamãe pergunta.
― Esta sim, os pais dele chegam daqui a pouco, mas não
precisaremos busca-los, eles vêm de taxi.
Minha mãe vira a cabeça para mim, me assustando com a força que
ela aplica no movimento.
― Porque não disse, Ariela? Poderíamos esperar.
Dou uma risada baixa. É claro que poderiam, mamãe odeia dar
trabalho mais do que precisa para alguém.
― Não queria deixar vocês lá, mãe.
Ela assente e não fala mais nada.
Estaciono na frente de casa e descemos, ajudo meu pai com as
malas, mas mamãe toma da minha mão rapidamente.
Abraço meu pai de lado, meio sem jeito pelas malas e ele sorri,
beijando meus cabelos. Entramos em casa assim e Liam está sentado
no sofá assistindo algum jogo que esta passando, quando ouve o
barulho da porta meu namorado gira a cabeça para nós e abre um
largo sorriso.
― Liam, quanto tempo.
Mamãe larga as malas no chão e caminha até ele que se levanta e a
encontra no caminho, os dois se abraçam, sorrindo.
― Nancy, você está deslumbrante.
Minha mãe sorri corando com seu elogio. Meu pai bufa e eu rio.
Nem minha mãe resiste aos encantos dos olhos claros piscando
docemente para ela.
Estou pagando para ver quando ela conhecer Noah e aquele sorriso
cafajeste naquele lindo rosto. Mamãe vai adorar e meu pai odiar.
Rio sozinha com o pensamento.
― São seus olhos, querido. ― Ela diz dando tapinhas em suas
bochechas. ― Minha filha está cuidando bem de você?
― Mamãe, você tem que perguntar se ele está cuidando de mim! ―
Reclamo.
Meu pai beija meus cabelos mais uma vez, bufando.
― Eu me preocupo com você, pequena. Esse garoto abusado está
cuidando bem de você? ― Pergunta e eu seguro a risada.
― Maravilhosamente bem, papai.
Beijo a bochecha dele e ele amolece os olhos claros como os meus.
Mamãe diz que odeia o fato de ter apenas me carregado, já que nasci
a cópia do meu pai, minha primeira palavra foi papai e meus primeiros
passos foram em direção a ele.
― Ela está cuidando muito bem de mim, Nancy. ― Liam diz,
piscando um olho para mim.
― E os meus netinhos, quando vem?
Liam me olha com os olhos arregalados e nego com a cabeça,
pedindo para que não fale nada ainda.
Pretendo usar a noticia que vamos começar a tentar para diminuir os
danos da outra noticia mais tarde.
― Mamãe... ― Repreendo.
Passos pesados soam na escada com Noah correndo pulando os
degraus.
― Liam, que horas Ariela vai... ― Para abruptamente quando nos vê
parados olhando em sua direção. ― Ah, chegaram.
Ele parece nervoso, esfregando as mãos nos cabelos enquanto se
aproxima. Primeiro ele vem até o papai, mas beija meus cabelos com
carinho, fazendo mamãe e papai me olharem estranho, mas ninguém
fala nada. Acho que ele fez isso tão automaticamente que nem
percebeu o ato.
― Prazer, sou Noah, amigo de Liam. ― Estica a mão para o meu
pai.
Seu Albert estuda meu namorado por alguns segundos e prendo a
respiração, prevendo o momento que ele falará algo que insultara Noah
e eu precisarei me intrometer e defende-lo. Mas então meu pai pega
sua mão em um aperto que deve ser mais forte que o normal porque o
rosto de Noah se contorce levemente. Mordo meu lábio segurando o
sorriso.
― Albert, pai da Ariela. ― Fala com a voz mais grossa que o normal.
― Ari me contou que você estava passando uns dias aqui até
encontrar um apartamento. Esta difícil de encontrar?
Meu corpo tensiona imediatamente com a fala do meu pai. Esse é
um dos poucos assuntos que evitamos conversar até agora. Não sei se
Noah ainda pretende se mudar, mas sei que quero que ele fique, não
quero ter que passar minhas noites longe dele, seria tortura.
Sei disso porque passei noites demais longe de Liam e sofria com a
saudade do corpo quente e dos beijos dele. Odeio lembrar do tempo
em que namorávamos por causa disso, porque desde que passamos a
passar todas as noites juntos, a mera lembrança das noites separados
me da calafrios.
― Na verdade, estive muito ocupado esses dias para procurar. Mas
assim que passarem as festividades, vou voltar a minha procura.
― Não deve ser difícil, a cidade é pequena, logo você vai encontrar
algo.
Noah assente e se vira para a minha mãe, não consigo ver, mas
imagino que esteja sorrindo para ela porque a senhora de idade cora
quando ele se aproxima e pega a mão dela, deixando um beijo casto.
Meu pai bufa ao meu lado mais uma vez e Liam revira os olhos,
mesmo sorrindo.
― A senhora deve ser a dona Nancy. Ariela me fala muito sobre a
senhora.
― Senhora esta no céu, filho. ― Minha mãe diz rindo e o puxa para
um abraço que é retribuído de bom grado. ― Espero que minha filha
tenha dito que sou a melhor mãe.
― Ah, ela falou. Me garantiu que você é especialista nessa arte. ―
Ele se vira e pisca para mim, sorrindo abertamente. ― Ela só se
esqueceu de dizer quão linda você é.
Mais uma vez as bochechas da minha ficam vermelhas e seguro a
risada com isso.
É mãe, eu entendo. Noah tem esse efeito.
Liam me olha rapidamente antes de bater no ombro de Noah.
― Ei, pare de cantar nos... Minha sogra. ― Ele se corrige
imediatamente, desviando o olhar do meu pai que olha para nós com a
pergunta brilhando nos olhos.
― Bom, vamos guardas as malas de vocês e daqui a pouco vou
começar a preparar as coisas para o jantar.
― Vamos, quero ajudar.
― Não, mãe, você vai descansar com papai.
Pego uma mala e começo a puxar para cima, mas Liam corre até
mim, tomando da minha mão e Noah pega a outra, os dois sobem as
escadas, conversando baixo enquanto eu e meus pais seguimos logo
atrás. Mamãe passa seu braço pelo meu e se inclina para sussurrar
apenas para mim.
― Ele é lindo, filha. Porque está solteiro?
A pergunta me pega de surpresa, olho de soslaio para ela,
murmurando no mesmo tom que ela.
― Como assim?
― Ah, vamos lá filha, ele é lindo, charmoso, pelo que eu sei, rico.
Algum defeito ele deve ter para ser solteiro ainda.
Ele não é solteiro, mãe.
Quero responder, mas mordo a língua com força, segurando a
resposta.
Entramos no quarto que arrumei para eles e os dois deixam as malas
em um canto, saindo e nos deixando a sós.
Fitando meus pais percebo como estava com saudades deles e nem
havia me dado conta disso. Sair de casa não foi fácil, sempre fui muito
grudada com os dois, principalmente com meu pai, mas eu sentia que
precisava da minha liberdade e da minha independência e acima de
tudo, precisava estar com Liam.
Todos os dias conversamos e mesmo assim não parece ser o
suficiente. É tão diferente não poder abraça-los, beija-los e lidar com as
maluquices dos dois.

Olho no espelho ao finalizar minha maquiagem e me contento com o


resultado.
Como vamos ficar em casa protegidos do frio, escolhi usar um
vestido brilhoso que se cola ao meu corpo perfeitamente, uma faixa
grande nos seios que vai até o meu braço esquerdo como a única
manga, alcança o meio das minhas coxas. Nos pés coloquei uma
sandália prata que se enrola nos meus tornozelos e me deixa muito
mais alta.
Meus cabelos soltos com ondas perfeitas caem sob meus ombros
nus e a maquiagem leve.
Saio do meu quarto e caminho sem pressa até a cozinha onde a
conversa já está animada e alta.
Os pais de Liam chegaram um pouco depois que meus pais e
tivemos que obriga-los e ficarem em seus quartos, quietinhos.
Principalmente as mães, que queria ajudar de qualquer forma, mas
depois de uma chantagem emocional optaram por nos obedecer.
Assim que entro na cozinha o olhar de todos se vira para mim e sinto
minhas bochechas esquentarem com a atenção que recebo.
Liam e Noah me devoram os olhos, promessas muito sujas brilhando
em seus rostos e eu espero que eles as cumpram. Caminho até Liam e
beijo seu rosto, sorrindo.
Meu corpo comichando com a vontade de fazer o mesmo com Noah,
contudo me contenho. Olho para ele e vejo o desapontamento em seu
olhar enquanto nos encara, mas ele faz questão de cobrir isso
rapidamente, voltando a dar atenção à mãe de Liam.
Afundo meu rosto no peito de Liam, soltando um suspiro baixo. Sua
mão encontra meus cabelos e ele os acaricia, antes de se abaixar para
alcançar meu ouvido e sussurrar.
― Você esta linda e tenho certeza que Noah quer dizer a mesma
coisa.
Ergo os olhos e encontram os seus, me encarando com carinho. Seu
polegar acaricia meu rosto e inclino minha cabeça para o contato.
― Não gosto disso.
― Eu também não. Mas é só hoje ok? Daqui a pouco vamos
conversar com todos e independente de suas reações, estaremos
juntos.
Meu coração ficando um pouco mais leve com sua afirmação, por
isso me estico um pouco alcançando sua boca, deixando um selinho.
Minha mãe e dona Janet terminam de arrumar a mesa enquanto os
homens conversam sobre algo que nem presto atenção. Mesmo com
Liam afirmando que tudo ficara bem, me sinto ansiosa e o medo que
não estava sentindo antes me assola com força agora.
Não será bonito, será uma briga e sei que eles falarão coisas que me
machucará e os machucarão. Contudo tento não pensar muito nisso,
sempre odiei isso de sofrer antecipadamente e isso não mudara agora.
Já são quase dez horas da noite quando nos sentamos ao redor da
mesa, cada um em seu lugar. Opto por um lugar que fico entre meus
dois namorados, ninguém fala nada e nem parecem perceber isso, o
que me alivia um pouco.
Duas mãos seguram minha coxa, cada uma de um lado e só então
percebo que estava balançando as pernas sem parar. Olho para Noah
e ele sorri, tentando me acalmar e quando olho para Liam ele está com
o mesmo sorriso nos lábios, mas infelizmente não tem o efeito
desejado.
Mesmo que não queira estou surtando internamente e minha mente
me joga as piores cenas do que pode acontecer quando começarmos a
falar e de repente a idéia de contar sobre tentarmos ter um filho não me
parece tão boa.
Percebo que os dois trocam olhares entre si e nossos pais estão tão
entretidos em suas conversas que não notam, mas então Noah pede
licença e se levanta, indo em direção aos quartos.
Liam beija minha cabeça antes de sussurrar.
― Vai lá para cima.
Demoro alguns segundos para processar a informação, mas então
meu coração bate enlouquecido dentro do peito.
Deus, sinto como se estivesse fazendo algo horrível. E é exatamente
o que não queria sentir.
Não quero sentir que algo tão bom e puro como nosso
relacionamento fosse algo ruim, porque não é.
Me levanto tentando chamar menos atenção possível e saio a
passos mansos, quando chego na sala praticamente corro escada
acima, tentando me equilibrar, assim que viro o corredor para ir para o
meu quarto braços me seguram e me puxam para um corpo grande e
quente, quase grito, mas então sua boca engole a minha.
O beijo é brutal, sedento, enquanto nossas línguas brincam uma com
a outra. Seguro-o pela nuca, mantendo-o cativo no beijo. Chupo sua
língua e ele geme baixo contra minha boca, esfregando sua ereção na
minha barriga.
― Oh... Noah...
Ele se afasta um pouco, deixando muitos selinhos na minha boca.
― Linda, eu estava louco para fazer isso desde a hora em que você
pisou naquela cozinha.
Sorrio para ele, finalmente conseguindo olhar direito para ele. Sua
camisa preta com as mangas dobradas e os primeiros botões abertos,
dando um ar extremamente sexy para ele, um conjunto perfeito com o
sorriso cafajeste em seu rosto. Os cabelos uma bagunça que ele
parece ter levado horas para deixar assim.
Seus olhos pretos demonstram toda a ansiedade que ele não fala, as
sobrancelhas vincadas também.
― Eu estava louca para te beijar também. ― Murmuro. E então me
lembro o porque de estarmos nervosos assim. ― Acho que estou com
medo.
― Linda, não precisamos fazer isso hoje. Posso dormir na...
― Não. ― Cubro sua boca e tento sorrir para acalma-lo. ―
Precisamos fazer isso hoje.
Ele assente e beija a palma da minha mão antes de tira-las de sua
boca.
― Vai dar tudo certo, linda. Estou lá do seu lado e Liam do outro.
― Eles vão todos enlouquecer.
― O que é a vida sem um pouco de loucura? ― Pergunta com um
sorriso de lado, suas covinhas aparecendo levemente em suas
bochechas.
Dou risada dele até ele me calar com outro beijo.
O desejo de me esfregar nele me toma e meu corpo esquenta
rapidamente, sentindo seu gosto acalmar meu coração e meus
pensamentos.
Mas então um grito irrompe nossa bolha e me assusta, me fazendo
pular para trás, quase caindo de bunda no chão, apenas as mãos de
Noah me mantem em pé.
― Oh, meu Deus. O que é isso?
Corro atrás da minha mãe assim que ela se levanta falando que
precisa ir ao banheiro, mas antes que eu chegue nas escadas seu grito
gela meu corpo inteiro.
Merda, eles devem ter deixado a porta do quarto aberta.
Pulo os degraus de dois em dois alcançando o corredor rapidamente
e nem dou um passo antes de parar atrás da minha mãe. Ela está
pálida, seus olhos arregalados e a boca aberta em choque.
― Deus... O que vocês estavam fazendo? ― Ela pergunta.
― Dona Janet... ― Ari começa, mas então minha mãe se vira para
mim, ignorando-a.
― Liam, essa mulher estava aos beijos com seu amigo. Dentro da
sua própria casa, Liam. Por Deus. ― As lagrimas escorrem pelo rosto
delicado da minha mãe.
Dona Janet é uma senhora muito bem cuidada. Seus cabelos loiros
agora tem mais fios brancos do que amarelos e estão sempre
perfeitamente amarrados em um rabo de cavalo, seus brincos de
pérolas e as roupas contidas, sempre saias longas ou vestidos longos,
nunca calça. Seu rosto é delicado com algumas marcas de expressões,
porque minha mãe é completamente contra qualquer tipo de
procedimento de beleza e eu amo isso nela, que ela não tenta
esconder a idade que tem e se ama desse jeitinho. Minha mãe é linda.
Mas sua cabeça nem tanto.
Ela ainda acha que as pessoas que se desviam de alguma forma
daquilo que a sociedade julga ser normal queimarão no inferno.
Me sinto horrível de pensar assim sobre ela, mas esse pensamento
retrogrado de minha mãe é horrível. Ela se esquece muitas das vezes
que pior do que aqueles que ela adora julgar, é ela quem aponta os
dedos.
― Mãe...
Antes que eu termine de falar as vozes da minha sogra e do meu
sogro e do meu pai me alcançam e então eles estão junto da gente no
meio do corredor. Solto um suspiro, já me sentindo exausto de ter que
explicar o que está acontecendo.
― A sua filha está traindo o meu filho. ― Ela grita apontando para
dona Nancy. ― Com o amigo dele. Dentro da casa dele. Ela é uma...
― Mãe! ―Grito, repreendendo-a.
― Liam, pelo amor de Deus! Ela estava aos beijos com esse...
Esse... Eu não tenho nem palavras para ele.
Meu sogro da um passo a frente, olhando Noah e Ariela que
continuam parados tão estáticos quanto eu.
Já íamos contar hoje de qualquer forma, mas não queríamos esse
conflito. Era para ser o mais fácil que conseguíssemos, mesmo
sabendo que não seria. Noah e eu combinamos de minimizarmos os
danos o máximo que conseguíssemos.
― É verdade, Ariela? Você e esse homem estavam se beijando? ―
Albert pergunta.
Assim que as lagrimas começam a escorrer pelo rosto da minha
mulher, meu coração aperta, pesando dentro do peito e os ofegos são
altos. Todos chocados com a confirmação silenciosa.
― Pai... Pai... Por favor, me deixa...
― Não! Cala a boca! ― Ele grita dando dois passos para alcançar
ela, mas estico meu braço, impedindo-o de se aproximar ao mesmo
tempo que Noah coloca Ariela atrás dele. Albert me olha confuso, mas
volta a olhar para a filha. ― Não foi para isso que eu te criei. Eu não te
ensinei a ser assim. Isso é coisa de...
― Cuidado. ― Rosno, aproximando meu rosto do dele. ― Eu
respeito o senhor. Mas vocês estão na minha casa e Ariela é minha
mulher... Nossa mulher! Não vamos aceitar que nenhum de vocês
faltem com respeito com ela.
Seus olhos se expandem quando ele processa o que eu disse e meu
coração bate tão forte no peito e meu cérebro mal funcionando, não
escuto minha mãe chorar ou o que as outras pessoas falam. Fico
focado em olhar meu sogro nos olhos iguais aos da minha mulher para
que ele entenda que estou falando muito sério.
― Nossa mulher? Que merda é essa? ― Meu pai pergunta, me
olhando com asco.
― Sim! Nossa mulher! ― Noah fala, dando um passo para frente e
da um tapa no meu ombro, me puxando para trás com ele e Ari. ―
Estamos juntos. Nós três.
― Deus... ― Minha mãe ofega entre os soluços.
― Isso é horrível! ― Nancy praticamente grita olhando a filha de
cima abaixo. ― Você não pode estar com dois homens.
― Porque não? ― Ari pergunta, fungando. ― Porque, mamãe? Eu
os amo. Eu os amo tanto.
Sinto quando ela se apoia nas minhas costas, encostando sua testa
em mim. Seus soluços chacoalhando seu corpo e cada tremor dela é
como uma faca sendo enfiada repetidamente em minha pele, me
rasgando profundamente.
― Isso é promiscuidade, pecado. Não existe isso de amar duas
pessoas ao mesmo tempo... ― Minha mãe fala.
― Olha, não queríamos contar assim, tudo bem? ― Falo alto,
fazendo-os se calarem. ― Queríamos contar hoje, mas de uma forma
que não causasse esse alvoroço todo. Estamos juntos e ficaríamos
muito felizes se vocês simplesmente aceitassem isso. Não precisamos
da aceitação de vocês, porque não vai mudar em nada, contudo
ficaríamos felizes em saber que vocês nos aceitam.
Minha mãe é amparada pelo meu pai e Albert continua me
encarando, como se quisesse arrancar a minha pele fora, Nancy
encara Noah com o olhar matador.
Sei que não deve ser fácil para eles, principalmente para os meus
sogros. Mas eles precisam entender que nós três somos um só e isso
não vai mudar, independente do que eles tenham a nos dizer.
― Eu não criei a minha filha para viver assim. Criei minha menininha
para ser amada, adorada...
― E ela é! ― Noah fala com calma. ― Liam e eu beijamos o chão
que essa mulher pisa. Nós a adoramos cada segundo dos nossos dias,
porque é impossível não fazer isso. Você criou uma mulher fantástica e
com um coração tão puro que não vê a maldade que vocês estão
enxergando. Ela só ama, sem amarras e sem julgamentos.
― Cale a boca. Cale a boca. ― Nancy grita se descontrolando.
Aponta o dedo para mim, desviando sua raiva. ― Eu não sei quem é o
pior de vocês três.
Com isso ela se vira, entrando no quarto em que está com o marido
que vai logo atrás sem uma palavra.
Olho para o meu amigo e toco o braço dele, abrindo um sorriso
tenso.
― Leve Ari para o quarto.
― Tem certeza? ― Ele pergunta olhando para o meu pai que está
completamente vermelho de raiva.
― Eu sei lidar com eles. Ari está muito nervosa.
Ele assente e então se vira para minha mãe antes de sair.
― As poucas vezes em que nos vimos eu vi quão bom é o coração
da senhora, em como a senhora era bom em acolher e dar conselhos,
em arrancar sorrisos das pessoas e o quanto ama o seu filho. Ele ama
a senhora pra caralho, então, aqui vai o meu conselho... ― Suspira e
me olha de soslaio antes de voltar o olhar. ― Seu filho é um bom
homem e tem o coração gigante, como eu disse, ele a senhora pra
caralho, então não diga que possa se arrepender amanhã.
Meu pai rosna e se aproxima de Noah, puxando-o pela gola da
camisa.
― Você está ameaçando a minha mulher? Vai fazer Liam se afastar
dela do mesmo jeito que o fez aceitar essa insanidade?
Noah tira as mãos do meu pai da sua camisa com cuidado e abre um
sorriso tenso para ele.
― Não estou ameaçando ninguém. Como eu disse foi um conselho.
Conheço seu filho, sei tudo o que ele é capaz de fazer por aquela
mulher ali ― Aponta para Ari. ― E garanto que qualquer um que a
magoar ou insulta-la perderá o respeito dele.
E com isso ele se afasta, levando Ariela junto dele. Só agora percebo
minha camisa molhada e provavelmente deve estar toda manchada de
maquiagem, mas isso nem é minha preocupação agora.
Minha mãe esta encostada na parede, chorando completamente
desolada e quem a vê assim poderia achar que ela acabou de perder o
filho. Meu pai está com seus olhos queimando de raiva, principalmente
depois do que Noah disse.
Preciso me lembrar de agradecer meu amigo depois. Sei que não foi
fácil para ele se controlar agora e menos ainda ele ir para o quarto,
mas mais uma vez ele me provou o quanto está nessa relação para
valer, colocando as necessidades da nossa mulher acima dos seus
sentimentos.
― Você é idiota? ― Meu pai pergunta.
― Pai. ― Suspiro, apertando a ponte do nariz.
― Desde quando isso acontece?
― Estamos juntos desde o natal.
― Como ela fez para te convencer a fazer isso?
Uma pontada de dor atinge minha cabeça, indicando uma dor de
cabeça.
― Ela não fez nada. Aconteceu, pai. Foi inevitável e eu estou feliz.
Vocês podem focar nisso? Na parte em que eu estou feliz com o meu
relacionamento.
Ele se aproxima de mim, segurando meu rosto com as duas mãos,
olhando diretamente nos meus olhos.
― Você é fraco! Isso não é amor. É luxuria, como sua mãe disse,
promiscuidade e não vai dar em nada e no final você vai se arrepender.
Dou um passo para trás, me afastando do homem e ele nem se
abala com a minha reação, o que só me irrita ainda mais.
― No final eu estarei feliz com a família que estou construindo e
vocês se arrependerão de cada palavra sem sentido que estão
cuspindo. ― Olho para a minha mãe e ela me olha com o olhar pesado
das lágrimas. ― Eu estarei sempre aqui para quando isso acontecer.
Mas nada do que disserem vai mudar a minha... a nossa decisão. Noah
é meu amigo, eu o amo como tal e Ari é minha mulher e eu sou louco
por ela, os dois se amam também e me amam. Nos respeitamos e
confiamos um no outro, assim como vocês sempre me disseram que
um relacionamento deveria ser. Eu esperava isso da mamãe, esperava
um show dela...
Olho para o meu pai e ele retesa os ombros, ajeitando a postura.
― Liam...
― Mas não de você, pai! O amor não me deixa fraco. Os dois me
fortalecem, me fazem um homem melhor e me ensinam coisas novas
diariamente. ― Dou outro passo para trás. ― Espero que amanhã
cedo possamos conversar civilizadamente. Mas caso vocês ainda
queiram gritar, chorar e continuar todo esse show, sintam-se a vontade
para ir embora.
Viro as costas e os deixo para trás. Entro no quarto, batendo a porta
com força. Respiro fundo algumas vezes antes de ir para o banheiro
onde a luz está acesa. Encontro Ari deitada na banheira, sua cabeça
deitada na beirada branca e Noah sentado no chão, sem camisa,
fazendo carinho nos cabelos dela.
Seus olhos negros se erguem para me encarar, me questionando
silenciosamente e nego com a cabeça.
― Parem com isso. ― Ari murmura.
― Parar com o que, linda?
― Com esse negocio de se comunicarem com o olhar.
Solto uma risada baixa.
― Não estávamos...
Ela me olha feio, me fazendo erguer as mãos em rendição.
Noah se levante e beija o rosto de Ari, antes de sair do banheiro me
deixando a sós com ela.
Sei que ele quer tanto quanto eu acalma-la, por isso não entendo por
ele sentiu que precisava sair. Mesmo assim me sento onde ele estava,
tocando os fios sedosos loiros. O cheiro do sabonete tomando conta
dos meus sentidos e faz meu coração pular dentro do peito.
― Amor...
― Como sua mãe esta?
― Ela vai sobreviver.
― Não queria que eles descobrissem assim, mas na hora não pensei
que alguém apareceria ali.
― Você não tem que se culpar. Eles saberiam de uma forma ou
outra. São eles quem tem que se sentir culpado pelas coisas que
falaram. ― Bufo ao me lembrar das palavras da minha mão e beijo sua
cabeça. ― Me perdoa por aquilo.
Ari levanta a cabeça e pela primeira vez desde o acontecimento
finalmente reparo em seu rosto. Seus olhos borrados com a
maquiagem que escorre pelas bochechas, sua boca inchada pelas
mordidas que ela deve ter dado. Completamente abatida e diferente da
mulher radiante e feliz que entrou na cozinha mais cedo.
Minha vontade é de ir até os quartos onde nossos pais estão e
manda-los embora, engolirem cada palavra que eles falaram para
ofender minha mulher.
Seus dedos molhados tocam meu rosto, fazendo um carinho.
― Estamos bem? ― Murmura com a voz fraca.
― Estamos bem. ― Afirmo.
― Estamos bem. ― A voz de Noah ressoa no banheiro e Ari e eu
olhamos para ele.
Um pequeno sorriso surge em seus lábios vermelhos e com a mão
livre ela o chama.
Ele vem e senta na beirada da banheira, passando a mão na água
lentamente.
― Eu não queria...
― Não ouse. ― Ari fala, brava.
― Eu só queria te acalmar. Liam podia te tocar e conversar com
você na frente deles e eu quis que subisse para que eu te acalmasse.
Noah se abaixa um pouco para alcançar a boca dela, dando um
selinho, mas antes que ele possa voltar é puxado para dentro da
banheira, espirrando água para todos os lados, me molhando
completamente no processo.
Ele se atrapalha tentando se sentar e Ari gargalha do seu mal jeito,
me fazendo rir junto. Assim que ele se senta finalmente o idiota bate a
mão na água jogando diretamente em mim, me assustando.
― Merda! ― Reclamo e os dois gargalham.
Suas risadas preenchendo todo o banheiro quando me levanto
quase escorregando na água do chão e me inclino, forçando minha
mão na cabeça de Noah tentando afoga-lo. O corpo grande dele
empurra o de Ari que precisa se segurar com mais força na borda
enquanto seu corpo treme com as risadas altas.
É tão bom sentir que mesmo em meio ao caos encontramos um
pouco de felicidade e paz um no outro.
A noite de ontem fugiu do controle. Virou tudo o que não queríamos
que virasse.
Eu passei a noite em claro, velando o sono de Ariela que mesmo em
meio ao sono ainda fungava por causa do choro e a cada vez que seu
corpo se mexia eu me virava para ela pronto para continuar
consolando-a, mas ela apenas se aconchegava em Liam ou em mim,
nos abraçando como se pudéssemos salva-la do que quer que
estivesse atormentando seu sono.
Não foi assim que queríamos que fosse nossa primeira noite de
réveillon, mas perdemos o controle de tudo.
Talvez se a minha ansiedade não tivesse me feito subir para tentar
acalmar Ari um pouco, as coisas teriam sido diferentes. Poderíamos ter
conversado com mais calma com os pais deles e explicar melhor toda
a situação. O pior de tudo foi o choque que a mãe do Liam teve ao me
encontrar aos beijos com a nossa mulher, se não fosse por isso, talvez
teríamos tido uma chance de minimizar esses danos.
Assim que o dia amanheceu, levantei e fiz minha higiene matinal
corri para o escritório e estou aqui desde então, olhando para o
notebook como se o segredo para resolver o problema fosse surgir de
repente na tela.
A porta se abre e Liam entra, se sentando na poltrona que tem no
canto. Seus olhos estão pesados e duas bolsas roxas ao redor
demonstram que ele também não dormiu muito bem, mas pelo que eu
vi durante a madrugada ele pelo menos conseguiu cochilar. O que já é
muito visto que eu não preguei os olhos nem por um segundo.
― Cara, eu estou até com medo de descer. ― Ele murmura,
suspirando.
― Nem me fala. ― Resmungo, rodando uma caneta entre os dedos
apenas para me distrair. ― Foi muito pior do que imaginamos que
seria.
― Foi. Mas sabíamos que tudo poderia acontecer, então não
deveríamos estar tão chocados.
Realmente, conversamos muito sobre essa noite e cogitamos todas
as reações possíveis, de uma calmaria e aceitação fácil até o surto que
foi ontem. Contudo uma coisa é imaginar que pode acontecer e outra é
realmente viver aquele momento.
O que me deixou mais instável foi ver Ariela se fechando dentro de si
mesma com tudo o que foi falado para ela, principalmente quando as
palavras ofensivas vinham de sua própria mãe. Dona Nancy passou
parte do dia com a gente e eu pude ver que ela é uma boa pessoa,
mas naquele momento, eu só queria joga-la para fora de casa e faze-la
calar a boca.
― Ari acordou?
― Ainda não. Sai de fininho do quarto para deixa-la descansar. Ela
se mexeu a noite toda e não descansou.
― É, eu sei. ― Grunho sentindo a raiva mais uma vez se acender
dentro de mim. Liam me olha com a pergunta nos olhos e dou de
ombros. ― Não consegui dormir a noite toda. Acho que fiquei
esperando que Ariela fosse acordar e não queria que ela ficasse
sozinha.
Um lento sorriso vai se abrindo em seus lábios e ele assente, me
olhando agradecido.
― Espero que eles tenham esfriado a cabeça e pensado melhor em
tudo o que falaram, que hoje as coisas sejam mais calmas e possamos
conversar com eles.
Assinto, concordando, mesmo que uma parte minha saiba que os
pais de Liam podem até aceitar, mas os de Ariela dificilmente darão o
braço a torcer em uma situação assim. Eu pude ver o ódio brilhando
nos olhos dos dois, a decepção dilacerante enquanto olhavam para a
filha como se ela fosse uma criminosa.
Alguém bate na porta e nós dois trocamos um olhar rápido antes de
Liam mandar a pessoa entrar. Seu pai coloca a cabeça para dentro e
olha para o filho antes de olhar para mim e seu rosto se torcer com
algo que eu acho que pode ser desgosto.
― Podemos conversar? ― Pergunta para o meu amigo que assente.
― Bom, vou descer e preparar algo para podermos tomar café da
manhã.
Faço menção de me levantar, mas Liam vira o rosto para mim,
negando e faz sinal com a mão para eu ficar sentado.
― Você fica. O que quer meu pai tenha para falar, você pode ouvir.
O senhor entra no escritório e puxa uma das cadeiras da frente da
mesa e senta, virado para o filho.
Não sei se é porque está irritado com o fato de eu permanecer ou
apenas porque prefere conversar olhando diretamente para o filho, mas
posso apostar que é a primeira hipótese.
Ele abaixa a cabeça, soltando o ar e pensando por alguns segundos,
antes de voltar a olhar o filho e inclinar a cabeça.
― Eu quero me desculpar por ontem. ― Liam assente, mas não fala
nada. ― Foram faladas coisas horríveis que nenhum de vocês ― Ele
me olha rapidamente. ― Mereciam ouvir.
― É, vocês pegaram pesado.
― Você tem que entender que todos foram pegos de surpresa e isso
não é uma coisa... normal. Além de não ser uma noticia de se receber,
ainda tem o fato de como tudo se desenrolou... ― O homem suspira
parecendo cansado. ― Sua mãe está na cozinha, fazendo o café da
manhã porque ela quer conversar com vocês e que vocês expliquem
para ela como isso irá funcionar.
― Pai...
― Não! Não é para julga-los, ela só quer entender a dinâmica e tudo
bem se vocês não quiserem falar ou quiserem que a gente vá embora,
mas quero que saiba que estamos realmente arrependidos. Toda
aquela comoção foi pelo susto e, você conhece sua mãe, para ela é
difícil entender esse tipo de modernidade.
― Não estamos juntos pela modernidade. ― Rosno, inclinando-me
sob a mesa. ― Estamos juntos por ambos amamos a mesma mulher...
― Vocês... ― Ele deixa a pergunta no ar quando me corta.
Olho para Liam e ele me olha de volta, fazemos careta e finjo um
estremecimento.
― Não, pai. ― Liam diz rindo baixo. ― Somos hétero, gostamos de
mulher.
― A mesma mulher. ― Concordo sorrindo.
― Entendi. Eu espero que estejam certos do que estão fazendo e
que sejam felizes com suas escolhas. Sua mãe e eu aceitaremos
qualquer coisa que o deixe feliz. ― Meu amigo assente para o pai,
sorrindo agradecido. ― Posso conversar com Ariela? Quero me
desculpar.
― Ela ainda estava dormindo quando sai do quarto. Mas quando ela
acordar vamos descer para tomar café e aí conversamos.
― Tudo bem. ― Carl se levanta e se vira para mim, sorrindo
apertado antes de esticar a mão para um aperto que não hesito em
retribuir. ― Acho que... Bem vindo à família.
Liam ri alto do outro lado do escritório e eu assinto, sorrindo.
― Obrigado.
Ele caminha até o filho e aperta seu ombro com carinho, os dois
trocam olhares e sorrisos e finalmente sinto como se meu coração
estivesse muito mais leve agora.
Parte do problema resolvido, a parte que pensamos que seria mais
difícil na verdade, já alivia a pressão que estávamos sentindo.
Espero que os pais de Ariela estejam prontos para uma conversa e
que seja fácil como essa foi. Não sei se conseguirei me controlar como
ontem se começarem a gritar os absurdos que foram ditos ontem. A
única coisa que me impediu de tirar todas aquelas pessoas histéricas
de casa foi que Ari e Liam precisavam muito mais de mim.
A porta é aberta de repente e Carl surge com os olhos arregalados,
falando baixo, mas um tom de voz alarmado.
― Os pais de Ariela estão indo embora.
Liam e eu pulamos dos nossos lugares e descemos as escadas
correndo, encontrando o casal já parado na porta com suas malas.
Mesmo sem conhece-los direitos me sinto decepcionado com o fato
deles estarem indo embora e nem mesmo dando a chance de sua filha
poder conversar com eles.
Desde a primeira vez em que falamos sobre conversamos com os
pais dos dois nesses dias que eles estariam aqui, os dois sempre
falaram que o mais difícil de convencer seria a mãe de Liam. Eles
garantiram que os pais de Ari teriam uma reação muito melhor do que
a mãe de Liam.
Ledo engano.
Ari ficará arrasada.

A claridade incomoda os meus olhos, me forçando a cobrir a cabeça


com o travesseiro, mas quando puxo o travesseiro do meu lado e ele
vem com facilidade percebo finalmente que estou sozinha na cama, me
sento rapidamente olhando ao redor do quarto, procurando por Liam e
Noah, mas nem sinal dos dois.
De repente todas as lembranças do que aconteceu ontem voltam
com força, tirando o meu ar.
A decepção e a raiva nos olhos do meu pai e da minha mãe, as
palavras horríveis que foram dirigidas a nós três, os gritos e choros
como se estivéssemos fazendo a coisa mais horrível do mundo,
quando na verdade, só estamos nos amando sem prejudicar ninguém,
sem interferir na vida de ninguém.
Eu sabia que poderia ser difícil, mas nunca imaginei que seria tão
horrível.
As lagrimas pinicam meus olhos, mas me forço a engolir o choro e
me levantar, vou para o banheiro e tomo um banho demorado, escovo
meus dentes e arrumo meus cabelos, tudo com toda paciência que
posso, porque não estou nem um pouco ansiosa para descer e
encontrar o caos que estará lá embaixo.
Visto uma calça jeans e uma blusa de lã de gola alta antes de
finalmente sair do quarto, coloco o pé no corredor e olho para a frente
esperando o momento em que ouvirei os gritos, mas o silencio
profundo que escuto é muito mais assustador.
Caminho pelo corredor e passo pelo quarto onde os pais de Liam
estão ficando, a porta fechada deve ser porque eles estão lá dentro,
por isso passo pisando levemente, tentando não fazer barulho, mas
então passo pela porta do quarto dos meus pais e essa está aberta.
Prendo a respiração quando olho para dentro e o encontro vazio, nem
mesmo as malas dos dois estão mais aqui e há essa altura eu já não
consigo mais controlar as lágrimas que rolam pelo meu rosto, em um
choro silencioso e doloroso.
Limpo meu rosto rapidamente antes de volta a caminhar. Eu sabia
que não seria fácil, tentei demonstrar para os meninos que estava
tranqüila, mas a verdade é que eu estava sentindo que as coisas
seriam muito piores do que imaginávamos. Assim que termino de
descer as escadas encontro os pais de Liam parados no linear entre a
cozinha e a sala, parados olhando algo na porta e viro na mesma
direção, vendo Liam e Noah lado a lado, conversando com meus pais
que estão parados na porta.
Uma pontada de esperança se ergue e preciso me segurar na
parede para conter a vontade de correr até eles e pedir perdão por
decepciona-los tanto.
Sempre me orgulhei muito da mulher que me tornei, que não
precisava se provar para ninguém, que estava acima de qualquer
julgamento, mas quando se trata dos meus pais nada disso vale. E eu
odeio saber que os decepcionei.
Contudo, enquanto olho os dois homens de costas para mim e me
lembro de como eles fizeram o que puderam ontem para me proteger
do ataque dos meus próprios pais eu sei que não mudaria nada.
Eu os amo com tudo que tenho em mim e nem mesmo meus pais
serão capazes de nos afastar.
Mesmo de costas percebo que a conversa não está boa, pois é
possível notar a tensão nas costas dos dois, eles conversam em
sussurros por isso não consigo ouvir nada, mas quando Noah se vira
seu rosto está frustrado e ele passa a mãos nos cabelos antes dos
seus olhos pretos encontrarem os meus. Ele pisca algumas vezes
como se quisesse confirmar que estou realmente aqui.
― Ari, linda... ― Murmura e caminha até mim, me puxando para um
abraço.
Passo meus braços ao redor da cintura dele, afundando meu rosto
em seu peito.
― Eles estão indo embora? ― Murmuro contra a camisa dele e seu
silencio responde a minha pergunta.
Mesmo que eu já soubesse, o ar parece sumir e eu não consigo
respirar. Meu coração tão pesado que tenho certeza que vai abrir um
buraco dentro de mim.
Sou puxada e enterrada em outro peito, o cheiro de Liam flutua ao
meu redor enquanto ele acaricia meus cabelos e beija minha cabeça,
se abaixando para sussurrar.
― Dê um tempo para eles, ok? Hoje pelo menos conseguimos
conversar com eles sem gritos e seu pai me disse que só precisa de
alguns dias para digerir e entender tudo.
Suas palavras deveriam me acalmar, mas não faz nada, diferença
nenhuma, mas assinto apenas para que ele saiba que ouvi suas
palavras.
Ficamos por um tempo assim, abraçados, com Liam acariciando
meus cabelos enquanto deixo as batidas do seu coração acalmarem o
meu.
A risada de Noah chama a minha atenção e olho ao redor
procurando por ele, Liam aponta para a cozinha com o queixo, um
sorriso pequeno nos lábios.
― Ele está na cozinha com os meus pais.
― Eles estão...
― Estão bem. Conversei com meu pai e eles querem te pedir
desculpas pelas coisas que falaram e querem só conversar com a
gente. Acho que eles também precisam de um tempinho para poderem
entender como isso funciona, mas estão tranqüilos agora.
Assinto, seguro sua mão e puxo-o para irmos para a cozinha. Assim
que entramos o cheiro gostoso chega no meu nariz, pinicando e
quando olho para dona Janet ela sorri para mim e se aproxima com
passos incertos.
Abro um sorriso caloroso para que ela saiba que está tudo bem.
Seus braços envolvem meus ombros em um abraço forte.
― Me desculpe, menina. ― Ela beija minha bochecha antes de
segurar meu rosto e me olhar nos olhos. ― Ontem me assustei com
tudo o que aconteceu e não soube reagir. Carl me fez ver como eu fui
horrível nas minhas palavras.
― Tudo bem, dona Janet. ― Sorrio, cobrindo suas mãos com as
minhas.
― Não está tudo bem, estou envergonhada por tudo aquilo. Foi
horrível e vocês não precisavam ouvir tudo aquilo. Carl também se deu
conta de como foi horrível e já conversou com os meninos e quer se
desculpar com você.
Assinto erguendo os olhos para encontrar meu sogro me encarando
enquanto meus namorados já estão comendo.
Carl se aproxima de mim e minha sogra sai, indo brigar com os
meninos por não terem esperado, seguro uma risada com a cara dos
dois. Parecem duas crianças recebendo bronca da mãe depois de
fazerem arte.
― Eu não tenho nem como expressar como estou arrependido de
tudo o que eu falei ontem. Foi uma reação horrível, mas preciso que
entenda que vocês nos pegaram desprevenidos...
Solto uma risada baixa, tocando seu braço com carinho.
― Acredito, eu entendo. Tudo isso pegou todo mundo desprevenido.
Não estava nem nos meus planos e nem nos dos meninos nos
envolvermos tão profundamente, mas tem coisas que é inevitável.
― É. Eu sei. ― Ele confirma e então me puxa para um abraço de
lado. ― Nos dê um tempo para podermos entender melhor como será
a dinâmica de vocês e vamos nos acostumando com tudo isso.
Beijo seu rosto, agradecida por suas palavras.
Não é uma aceitação completa, mas já me sinto muito mais aliviada
por eles estarem dispostos a fazer parte da nossa vida e ver nosso
amor como ele realmente é, algo lindo e puro.
Me sento entre os meninos e os dois beijam minha bochecha ao
mesmo tempo, arrancando-me uma risada e quando abro os olhos
encontro meus sogros nos olha. Minha sogra não sorri, mas também
não está com cara de nojo como estava ontem. Meu sogro tem um
pequeno sorriso no rosto.
Tomamos café enquanto conversamos sobre tudo, os dois
aproveitam para fazerem perguntas aleatórias sobre nós três e
fazemos questão de sermos sinceros em tudo, omitindo as partes que
achamos que eles não precisam saber, como a nossa dinâmica na
cama.
Para fazer o almoço dona Janet puxa Liam e Noah pela orelha antes
que eles fujam para a sala e os obriga a ajudar com a comida e de
repente a cozinha vira uma zona de combate, uma bagunça de comida
que nem mesmo minha sogra é capaz de conter.
Enquanto olho meus dois namorados discutindo sobre um placar de
jogo enquanto cortam a salada que mais cai no chão do que fica na
tábua, sei que a vida será boa daqui em diante.
Meus pais podem não ter gostado do meu novo status, mas mesmo
que eles nunca aceitem, eu ainda terei os melhores homens ao meu
lado, me amparando e cuidando de mim. Paro no balcão entre eles e
me coloco na ponta dos pés para alcançar a bochecha de um e depois
do outro.
― Eu amo vocês.
Até hoje não havia falado isso diretamente para o Noah, por isso ele
arregala os olhos e então seu rosto se ilumina completamente com um
sorriso enorme.
― Eu também amo você, linda. ― Me da um selinho e eu me viro
para o meu outro namorado.
Liam tem um sorriso enorme nos lábios e ele pisca um olho para
mim.
― Amo você, amor. ― Outro selinho.
E mesmo com o coração parecendo que falta um pedaço, sei que
enquanto tiver os dois, tudo ficará bem.
Dois meses depois.
― Se aquietem, pelo amor de Deus. ― Murmuro, beliscando os
braços de Liam e Noah.
Estamos no consultório para fazer meu segundo ultrassom. No
primeiro apenas Liam pôde vir, já que Noah estava em Santa Monica.
Mês passado comecei a passar muito mal, meus seios estavam
extremamente sensíveis, não conseguia comer mais nada sem vomitar
e Liam percebeu imediatamente, me levando para fazer um teste de
gravidez que para a nossa alegria deu positivo.
Acho que nunca vi os dois tão felizes. Sorrindo abertamente e
conversando com a minha barriga, brigando por sua vez.
Foi um pouco assustador, porque eu estava pronta para começar a
tentar e não para engravidar tão rápido assim, até minha médica se
chocou com a rapidez que aconteceu e brincou dizendo que os dois
tinha boa mira.
Ela sabia sobre nós três e sempre fazia questão de falar com os dois
como pai, chamando-os de papai e deixando-os a par de tudo. Liam e
Noah adoravam isso, eles estavam tão radiantes quanto eu.
Depois do susto a alegria que senti foi absurda. Grande demais para
conseguir colocar em palavras e eu já sentia meu coração preenchido
com o amor que eu sentia pelo meu bebe que crescia dentro de mim.
Depois disso eu já não sei mais o que é ficar sozinha.
Liam e Noah se revezam para me fazer companhia, não me
deixando fazer nada. Muitas das vezes é fofo, principalmente quando
eles tentam me acalmar com presentes para o bebê.
― Pelo amor de Deus, será que ainda demora? ― Liam reclama se
levantando.
Antes que eu brigue com ele mais uma vez uma enfermeira aparece
e chama meu nome. Olho para os dois que me ajudam a levantar,
fazendo a mãe ao meu lado sorrir da preocupação deles.
― Isso que ainda nem tenho barriga. ― Resmungo e a mulher ri de
novo.
― Logo você vai agradecer esses cuidados. ― Diz acariciando seu
barrigão.
Sorrio para ela e então caminho na direção da enfermeira que me
leva ao consultório da minha médica, ela esta sentada na frente do
computador, sorrindo para nós três quando entramos.
― Boa tarde, família. ― Dra. Ingrid fala.
― Boa tarde, doutora. ― Os dois respondem juntos.
― Boa tarde, Ingrid. Pelo amor de Deus, você pode dizer para esses
dois que eu estou grávida e não doente?
Me sento na cadeira que Liam puxa para mim e então os dois se
sentam cada um de lado.
Minha médica ri de mim e olha para os dois.
― Meninos, vocês não podem estressar a grávida. Os hormônios de
Ariela estão a mil e vocês precisam entender que ela também precisa
de um tempinho para ela. ― Ela diz com um cuidado que eu mesma
não teria para falar isso para os dois que se fazem de surdos.
― Estamos tentando ajuda-la. ― Noah reclama, parecendo
ofendido.
Liam da risada e estica o braço por trás da minha cabeça acertando
a cabeça do amigo.
― Certo, Dra. Ingrid, vamos tentar não ser tão controladores.
Ouço Noah resmungar algo, mas não dou atenção, começo a
conversar com a médica sobre os sintomas que venho tendo e ela me
garante que aparentemente tudo está bem. Ele me pede para ir para a
maca e eu me levanto indo até lá.
Deito-me e ela ergue minha blusa de frio e abre os botões da minha
calça, espalhando o gel frio pela minha barriga. Me contorço com o frio
do liquido até me acostumar.
Olho para Liam e Noah que estão em pé ao meu lado, olhando para
a tela como se fosse surgir algo mágico dali. E realmente vai.
A primeira vez que fiz o ultrassom foi uma experiência surreal,
perfeita em tantos níveis que foi assustador perceber a dimensão do
amor que eu já sentia por aquele grãozinho que crescia dentro de mim.
Sinto quando a doutora passa o transdutor na minha barriga e aos
poucos um som muito alto preenche a sala, um tum tum tum forte e
sinfônico, enchendo-me de paz. Quando olho novamente para os dois
eles estão fixados na tela, onde mal consigo ver algo já meus olhos
estão turvados com lágrimas, como se fosse a primeira vez que a
estivesse vendo.
De repente outro som se mistura ao primeiro me deixando confusa,
olho para Ingrid e ela está com as sobrancelhas franzidas para a tela,
sua boca em uma linha fina e seu rosto confuso me deixa em pânico.
― O que aconteceu? O que houve? ― Pergunto, deixando meu
pânico transparecer na voz.
Sinto uma mão forte segurar a minha e apertar, segurando com
carinho e outra tocar minha cabeça. Sabendo que preciso dos dois
agora, eles dão um jeito de me confortar e mostrar que estão aqui por
mim.
― Não aconteceu nada. Quer dizer...
― Quer dizer o que? Fala logo, doutora. ― Noah fala impaciente e
se eu não estivesse desesperada iria rir dele.
Dra. Ingrid aponta para a tela e tentando mostrar algo que a minha
mente está em um estado muito bagunçado para conseguir distinguir,
mas assinto como se tivesse vendo.
― Você esta grávida de gêmeos. ― Solta a bomba e por alguns
segundos ouço apenas o sangue bombeando em meus ouvidos, tão
alto e o ar parece não encontrar o caminho para o meu pulmão.
― Gêmeos? ― Murmuro?
― Gêmeos, tipo, dois bebês? ― Ouço a voz de Noah distante.
― Deus! ― Liam murmura.
A médica ri de nós três e então começa a falar.
― Sim, gêmeos tipo dois bebes. No primeiro ultrassom um deles não
apareceu. ― Conta. E então volta a mostrar a tela. ― Eles estão sendo
gerados em placentas diferentes, ou seja, são gêmeos bivitelinos. Tem
uma pequena diferença de tamanho entre os dois bebês, contudo não
é nada alarmante.
Ela começa a falar sobre os cuidados que terei que ter agora que
serão redobrados e presto atenção em tudo, assim como os meninos
que fazem questão de tirarem todas as nossas duvidas.
E quando finalmente me acalmo depois de ela me garantir que
apesar de ser uma gravidez de gêmeos não tem nenhum risco a mais
do que o normal, já que a gravidez gemelar geralmente já é
considerada de risco. Olho para a tela e um sorriso se abre em meu
rosto, enquanto vejo os formatos dos meus bebes, tão pequeninos e já
tão amados.
Liam e Noah me acariciam e viro o rosto para eles, vendo-os sorrir
enquanto observam a mesma coisa que eu.
― Vamos ter dois bebês. ― Sussurro.
― Vamos. ― Dizem em uníssono.

Depois da minha consulta meus dois namorados foram para o


escritório e eu vim me encontrar com Emmy na galeria, queria dar a
noticia para ela e Sam logo.
Assim que entro e vejo a galeria quase vazia com tão poucos
quadros já que vendemos a maioria na exposição mês passado que,
graças a Deus, foi um sucesso completo. Ainda estamos contabilizando
tudo o que foi vendido para repor com peças novas.
Entro no escritório e encontro Sam na frente do seu computador, ela
ergue os olhos e sorri para mim, se levantando para me abraçar.
― Oi, mamãezinha do ano. ― Diz animada e acaricia minha barriga.
― Oi, amiga.
― Como você e o bebê estão?
Aumento meu sorriso e esfrego minha barriga, ela me olha um pouco
confusa e eu dou uma risada baixa.
― Estamos ótimos. ― Digo dando de ombros. ― Nós três.
Samanta pula para trás, arregalando os olhos me fazendo rir.
― Está brincando com a minha cara? ― Pergunta colocando as
mãos na cintura. ― Puta merda, você não brinca em serviço hein. Dois
homens. Dois bebês.
Dou risada e me sento na cadeira em frente a sua mesa e ela volta
para o seu lugar, começamos a conversar enquanto conto para ela
sobre a consulta de hoje, ela parece tão feliz com a novidade e não
para de fazer planos para comprar roupas iguais para os bebês.
Emmy aparece um tempo depois, toda sorridente. No dia da
exposição Noah levou Alexander com ele e lá dei um jeito de deixa-lo
com a minha amiga, os dois conversaram a maior parte da noite e ele a
levou embora, desde então os dois tem se encontrado, trocando alguns
beijos e até onde eu sei ainda não chegaram aos finalmente, mas fazia
muito tempo que não via Emmy animada com um cara como ela está
com ele e pelo que ela conta pra gente ele a trata muito bem.
― Apareceu a margarida. ― Zombo e ela revira os olhos.
Se abaixa na minha frente e beija minha barriga. Desde que contei
que estava grávida isso se tornou seu ritual. Todas as vezes em que
nos encontramos ela se abaixa e beija minha barriga cumprimentando
meu bebê. Meus bebês.
― Estava pensando como vamos contar para Sam que eu serei a
madrinha do seu filho. ― Ela brinca e então se vira para a nossa
amiga, com a mão no peito fingindo um susto. ― Oh, desculpa amiga,
não era para você descobrir assim.
Samanta em toda a sua delicadeza mostra o dedo para mim me
fazendo gargalhar. As duas são tão diferentes em alguns aspectos e
tão iguais em outros que é engraçado ver suas interações. Elas
costumam dizer que sou a cola da nossa amizade, que se não fosse
por mim elas nunca seriam amigas.
― Vai sonhando, bebê. ― Sam retruca, voltando sua atenção para o
computador.
― Ariela, se eu não for madrinha desse bebê vou cortar sua
garganta logo depois que você parir e fugir com essa criança.
Olho para Emmy, abrindo a boca em choque.
― E Samanta ainda diz que eu que sou cruel. ― Reclamo e ela ri,
olhando suas unhas, fingindo desinteresse. ― Ainda bem que tem dois
bebês. Um para cada uma de vocês.
Emmy balança a cabeça concordando, seus olhos em Sam que
segura a risada e então a morena solta um grito alto, pulando da
cadeira.
― DOIS BEBÊS? TIPO, DOIS?
Sam e eu caímos na risada com a sua reação exagerada e então ela
cai no chão na minha frente segurando minha barriga.
― Sim, Em dois bebezinhos. ― Respondo rindo.
― Oi bebezinhos da dinda. ― Murmura para a minha barriga.
― Ei, um é meu! ― Sam protesta e Em faz sinal de desdém.
Gargalho mais uma vez, jogando a cabeça para trás e o meu dia
passa assim, com minhas duas amigas me arranca risadas altas que
fazem minha barriga doer, fazemos planos para os meus filhos e as
duas juram que vão mima-los muito.

Já faz mais de meia hora que cheguei em casa e estou sentada no


sofá, olhando meu celular, em uma luta interna entre ligar ou não ligar
para os meus pais.
Desde a noite do réveillon trocamos poucas mensagens, como se
fossemos completos estranhos. Eles sabem da gravidez e mamãe
pareceu ficar animada quando liguei para contar, mas então como se
uma chave virasse em sua cabeça perguntou quem seria o pai e como
explicaríamos para uma criança que ela tem dois pais e uma mãe e
desligou antes mesmo que eu pudesse argumentar. Passei a noite
chorando nos braços dos meus namorados, eles me confortaram como
puderam, mas ainda sentia como se meu coração estivesse
incompleto.
Odeio pensar que minha mãe não estará nessa fase comigo, não
verá minha barriga crescer e seus netos se desenvolverem dentro de
mim, apenas porque ela é orgulhosa demais para dar o braço a torcer e
tentar entender algo que ela não vê nada como além de pecado.
Esfrego minha barriga por cima da blusa, olhando o pequeno relevo
já se mostrando e um pequeno sorriso se forma em meus lábios.
― Vocês são frutos de muito amor e respeito, ok? Nunca deixem que
ninguém diga nada ao contrário disso. ― Murmuro para os meus
bebês.
Alguém senta ao meu lado no sofá e me viro encontrando Liam
sorrindo para mim, seus cabelos úmidos demonstram que ele acabou
de sair do banho.
― Falando sozinha, amor?
― Falando com nossos filhos.
Seu sorriso aumenta e então ele toca minha barriga com carinho,
acariciando-a enquanto olha para ela como se pudesse ver nossos
bebês.
― Eles sabem que foram feitos com amor e que quando saírem daí
só vai ter isso aqui fora para eles. Amor. ― Afirma e beija minha
barriga. Olho para o meu celular mais uma vez e ele percebe, soltando
um suspiro. ― Liga.
― E se eles não quiserem conversar comigo?
― Então você vai desligar, eu vou pegar um pote de sorvete e nós
vamos assistir friends e tomar sorvete até você esquecer.
Aceno, não me sentindo muito segura com essa decisão, mas
mesmo assim pego o celular e disco o numero da minha mãe. Demora
alguns toques antes de ela finalmente atender.
― Oi, Ari. ― Fala com carinho.
― Oi, mãe. Como estão as coisas aí?
― Tudo ótimo e por aí? Como esta o bebê? ― Sua pergunta é
apenas curiosidade e não sei se é minha mente me pregando peça,
mas sinto uma nota de ansiedade em sua voz.
― Fiz um ultrassom hoje. Descobrimos que são gêmeos bivitelinos.
Um segundo de silencio passa entre nós e então ouço um soluço
baixo e minha mãe começa a chorar do outro lado da linha e meus
olhos se enchem de lágrimas. Meu coração afunda no peito, a vontade
de abraçar e tocar minha mãe doendo em todos os ossos do meu
corpo. B
― Ah... Ari... Gêmeos... ― Ela diz entre os soluços.
― Sim, mãe... ― Concordo.
Nós duas choramos em silencio, apenas ouvindo nossas respirações
pesadas e os soluços, deixando nossos corações conversarem no
silencio. Em todo esse tempo eu senti tanta falta dela, passei muitas
noites chorando de saudades dos meus pais e me sentindo horrível
pelo medo da rejeição que me impedia de ir até eles.
― Como... Como os meninos reagiram? ― Ela sussurra.
― Eles estão em êxtase, assim como eu.
― Estou mais do que feliz por você, filha. ― Suspiro, finalmente
sentindo o ar encher meus pulmões. ― Espero que... Que possamos
fazer parte da vida de vocês.
― Vocês querem, mãe? ― Pergunto com cuidado.
― Claro, filha. Não é fácil para nós vermos nossa filha viver em um
relacionamento com dois homens, isso é... Enfim, mas nesse tempo
percebemos que eles cuidam de vocês e que você está tão feliz quanto
jamais esteve antes e é isso que importa.
Assinto, mesmo que ela não possa ver. Conversamos mais um
pouco, conto para ela sobre as consultas, tudo que eu não tinha tido a
oportunidade de contar antes. Nos despedimos depois de ela me fazer
jurar que mandaria fotos para ela do ultrassom.
Assim que desligo percebo que Noah chegou também e se sentou
na poltrona, todo esparramado enquanto come pipoca e me olha com
olhos amorosos. Sorrio para ele e me encosto no ombro de Liam.
― Tudo bem? ― Pergunta, me puxando para mais perto.
― Tudo ótimo. Ela quer fotos do ultrassom.
― Minha mãe me fez mandar também e me ligou chorando quando
enviei. ― Noah conta, jogando uma pipoca para dentro da boca.
Contamos para os pais de Noah assim que descobrimos a gravidez e
o pai dele ficou em choque por alguns dias, dando um tratamento de
silencio no filho. Já a mãe, gritou e comemorou o fato do filho ter se
amarrado à alguém finalmente. Ela me acolheu e acolheu Liam como
se fossemos seus filhos e desde então ela me manda mensagem todos
os dias, quando ela não liga para ver como seu netinho esta.
Eu a adoro tanto.
O pai dele voltou a conversar com ele alguns dias depois e também
não resistiu aos meus encantos e menos ainda à foto do primeiro
ultrassom que ele viu.
― Minha mãe disse que pelo menos um deles tem que ser menina,
porque ela já comprou muitos vestidos. ― Liam gargalha e eu e Noah
seguimos.
Posso imaginar a mãe dele brigando com ele para que ele dê um
jeito de ter uma menina e talvez eu devesse ficar chateada, mas só
consigo rir mais. Entendo que ela não vê maldade nisso e aprendeu a
olhar minha relação com o filho dela e o amigo dele como algo natural.
― Estão ouvindo, bebês? A vó de vocês já está me enlouquecendo.
― Meu namorado fala em direção a minha barriga.
― E a mãe também. ― O outro grita.
Jogo uma almofada nele que tenta se desviar, derrubando a bacia de
pipoca antes de cair no chão. Liam se torce dando risada do amigo e
minha barriga dói enquanto lágrimas escorrem pelo canto dos meus
olhos.
Ser pai é a realização de um sonho. Uma realização em dobro já que
agora sabemos que serão dois bebês.
Noah está enlouquecendo Ariela ainda mais do que antes, não quer
deixar a mulher nem pintar porque jura que o cheiro da tinta fará mal
aos bebês. Ela está a ponto de bater nele e coloca-lo de volta no
quarto de hospedes.
A descoberta da gravidez foi engraçada, porque estávamos os três
em pleno sexo, enquanto Noah e eu a tomávamos juntos, fazendo a
gritar e de repente quando apertes seus lindos seios ela gritou e foi
diferente, foi de dor, fazendo nós dois pararmos dentro dela
assustados. Então ela contou que estava sensível e se sentindo
enjoada, no outro dia a levei para fazer um exame de sangue e no final
do dia nos tornamos pais.
De uma hora para a outras as responsabilidades pareciam já ter
aumentado, as prioridades mudando e eu sabia que viveria para Ariela
e nosso filho e foi a melhor sensação que já senti na vida.
Ela tem se tornado ainda mais insaciável também. O sexo tem sido
louco e mesmo que Noah e eu tentamos ir com calma, Ari sempre da
um jeito de nos tornarmos insanos e quando percebo já estamos a
comendo feito loucos. Os dois juntos ou as vezes só um de nós,
descobrimos também que Ariela adora ser fodida por um de nós
enquanto o outro assiste e isso me deixa louco a cada vez que
acontece.
Callie entra na minha sala que está com a porta aberta e me entrega
uma pasta.
― Os documentos que você tinha pedido.
― Obrigado.
― De nada. ― Ela se vira, mas então volta com o sorriso
aumentando. ― Noah me contou que serão gêmeos. Parabéns. Ari
deve estar radiante.
― Na verdade ela esta pronta para enlouquecer. Noah está
ultrapassando todos os limites do protecionismo e estou vendo a hora
que ele vai ser colocado para fora de casa.
Me encosto completamente na cadeira, brincando com a caneta em
minha mão. Callie da risada.
Ela foi uma das primeiras pessoas depois da nossa família que
contamos sobre nós. Pela consideração de Ariela com ela e por ela
trabalhar diretamente com nós dois, achamos que seria melhor se
contássemos antes que ela descobrisse de outra forma.
― Eu imagino. ― Ela ri.
Alguém bate na porta mesmo estando aberta e Noah entra, olhando
para Callie antes de abraça-la de lado, seu sorriso se alargando
quando ela resmunga algo que eu não entendo.
― Callie, meu amigo está te mantendo aqui só para ele hoje?
― Ele está me contando que você logo logo se tornará um morador
de rua, porque sua mulher vai te botar para fora.
Ele bufa, revirando os olhos antes de me olhar com os olhos
apertados.
― Em minha defesa, Liam não fica muito atrás de mim. Ele é tão
protetor quanto eu. ― Aponta o dedo para mim. ― Ele te contou que
esses dias os dois brigaram porque ela queria comer salmão e ele
jurou de pé junto que faria mal ao bebê e Ari gritou com ele?
Callie ri e dessa vez sou eu quem revira os olhos.
― Ela queria comer salmão cru. ― Me defendo.
― Parem de encher o saco da mulher de vocês e a deixem
aproveitar a gravidez. Desse jeito vão traumatiza-la.
Arqueio a sobrancelha em sua direção e ela abre o sorriso ainda
maior.
― Estamos cuidando dos nossos filhos e da nossa mulher. ― É
Noah quem nos defende.
Nossa secretária acerta um tapa em seu braço, se afastando dele e
saindo da sala enquanto grita.
― Se Ariela colocar um de vocês para correr eu vou apoia-la.
― Traidora. ― Noah grita de volta, antes de se voltar para mim e rir.
Ele se senta em minha frente e se acomoda espalhado na cadeira. ―
Acabei de falar com Dawson.
Alexander se tornou um amigo querido para nós e Noah tem
trabalhado incansavelmente em seu divórcio já que a mulher e o
advogado não querem facilitar em nada. Pelo que eu sei mais de um
acordo foi enviado para eles e todos foram negados. A mulher quer
muito mais do que ele está disposto a oferecer e tem usado o bebê que
ela carrega como desculpa para o inferno que tem causado na vida do
cara.
― Fizeram o teste de DNA?
― Ela não queria fazer, mas de alguma forma ele conseguiu a
convencer, o resultado chegou agora no meu email e liguei
imediatamente para ele. ― Os ombros do meu amigo caem e ele
parece triste. ― Deu negativo. Não sei quem é o pai, mas não é
Alexander.
― Como ele recebeu a noticia?
― Acho que ele ficou mal. Ele já tinha se acostumado com a idéia de
ser pai e me contou que já estava até montando um quarto para o
bebê.
― Que merda.
― Sim. Mas para o processo do divórcio isso será bom. O advogado
dela já deve ter recebido uma cópia também e Dawson me pediu para
reenviar a primeira proposta e que se eles não aceitarem ele quer ir
para o litigioso.
― Isso não será bonito para ela.
― Não será, portanto se o advogado dela for inteligente vai
convence-la a aceitar.
Passamos um tempo conversando sobre outros casos e alguns
estagiários que estamos pensando em trocar.
Mesmo que eu não seja dono como meu amigo, ele faz questão de
conversar comigo antes de tomar qualquer decisão sobre o escritório e
que eu participe de todas as reuniões com ele e Mike Carter.
A primeira vez que conversamos percebi porque os dois se dão tão
bem. São tão parecidos que nem se fossem irmãos se pareceriam
tanto. É engraçado ver os dois tentar levar uma conversa séria, mas
não se controlam, fazendo piadinhas ou zoando o outro a cada frase
dita.
Quando Noah contou para o seu sócio sobre a nossa relação,
primeiro o loiro ficou em choque e depois caiu na risada, zoando o
amigo que finalmente tinha sido adestrado. Foi uma aceitação rápida e
ele só pediu para que isso não interferisse em nada no escritório.
Não pretendemos que isso prejudique nossas imagens profissionais,
mas o caos foi inevitável, até que a mídia esqueceu e já não éramos
mais novidade.
O telefone toca nos assustando e quando olho o identificador vejo
que é o ramal do telefone da sala de Noah, franzo a sobrancelha o
olhando e ele como um bom curioso se estica para enxergar o numero,
seu rosto tão confuso quanto o meu.
Ele aperta o botão do viva voz e então um gemido baixo preenche a
sala. Arregalo os meus olhos, porque eu reconheceria essa porra de
gemido mesmo se estivesse no meio de uma rave.
― Ariela?
E então outro gemido, mais alto que o anterior.
― Oi meninos. ― Sussurra com a voz melodiosamente sexy. Meu
pau ganhando vida dentro da minha calça e Noah já está de pé,
segurando a beirada da mesa com tanta força que os dedos ficam
brancos. ― Oh... Deus...
― O que está fazendo no meu escritório, linda? ― Meu amigo
pergunta com a voz pesada.
― O celular de Liam tem um aplicativo novo, abra-o.
Pego o aparelho imediatamente, procurando pelo aplicativo e acho
um rosa que não havia notado antes, abro-o e percebo que se trata de
um tipo de controle.
Noah me olha confuso.
― O que é?
― Um controle...
― Ah... Sim... sim... ― A maluca geme baixo e quase posso
imagina-la se contorcendo na cadeira de Noah. ― Para controlar meu
novo brinquedinho. Esse que está dentro de mim...
― Porra. ― Noah rosna.
Só para testar aperto para aumentar e Ari geme alto.
― Eu estava tãaaaao entediada em casa. Aí pensei em vir aqui, ser
fodida pelos meus dois homens em cima dessa mesa que parece tão
resistente e tentadora...
― Estamos indo...
Antes que ela possa falar algo estamos os dois saindo da minha
sala, indo direto para a de Noah sem nem olhar se Callie está na sua
mesa. Assim que entramos, fecho a porta atrás de mim.
Assim como imaginei Ariela esta esparramada na mesa de Noah
com um vestido enrolado em sua cintura e de onde estou consigo ver
algo rosa entre os lábios da sua boceta que brilha com sua lubrificação.
― Eu estava certo quando disse que você era uma demônia, não
estava? ― Noa pergunta, sem tirar os olhos dela.
Desabotoo minha camisa, tirando-a com pressa e quando dou um
passo para frente lembro do aplicativo e um sorriso lento se espalha
em meu rosto. Pego meu celular novamente e aperto para aumentar a
velocidade.
Ari grita e se torce na cadeira, suas mãos apertando seus seios e os
olhos pesados quase não conseguindo ficar abertos.
Noah da um passo a frente e eu o bloqueio.
― Se ela quer brincar, vamos brincar. ― Pisco para a minha mulher
que sorri entre os gemidos. ― Isso, amor, vamos lá, goza para seus
homens verem. Precisamos de você bem molhada, porque vamos te
foder tanto...
― Sim... Por favor, façam isso... Quero vocês dois em mim... Tão
fundos... Tão enterrados em mim.
Abro o botão da minha calça e começo a me masturbar,
completamente encantado com a cena perfeita na minha frente.
Meu pau latejando na minha mão, meus movimentos se tornando
frenéticos e minha respiração rasa, difícil de puxar o ar.
Sinto como se estivesse entrando em combustão, meu corpo
extasiado com o tesão desenfreado que torce meus músculos.
E então Ari goza, estremecendo na cadeira e em um grito que ela
abafa com a própria mão.
Há essa altura eu nem me preocupo se alguém pode nos ouvir, só
quero poder me enfiar logo dentro dela e cumprir minha promessa, por
isso largo meu pau e com passos rápidos chego até ela.
Puxo Ari da cadeira pela mão que ela estica para mim e assim que
ela se coloca em pé eu a beijo, um beijo calmo, conhecedor, apenas
provando-a, me deliciando com seu gosto doce enquanto sua língua se
envolve na minha e ela sorri entre o beijo, antes de puxar meu lábio
inferior entre os dentes.
― Oi, amor. ― Murmura entre o beijo. ― Oi, lindo.
Então seu corpo pressiona contra o meu e quando abro meus olhos
encontro Noah atrás dela, suas mãos calejadas passam por cima da
minha que estão descansando na cintura fina, ele continua sua
exploração pelo corpo dela enquanto beija seu ombro.
― Oi, amor.
― Oi, linda.
Sorrimos e então finalmente cedendo ao desejo do meu corpo me
sento na cadeira e puxo Ariela para o meu colo, suas pernas se apoiam
cada uma de lado e meu pau cutuca sua entrada, ela sorri um segundo
antes de descer e engolir meu pau completamente de uma vez,
arrancando gemidos de nós dois.
― Deus... ― Ela geme.
Seu calor úmido é macio, apertado, esganando meu pau enquanto
ela rebola lentamente, pressionando sua bunda grande em minhas
bolas que latejam com a necessidade de gozar.
Olho para cima e encontro Noah parado, tocando seu membro ereto,
olhando com os olhos ardentes para a bunda de Ari. Sorrio com isso,
acerto um tapa de leve na sua bunda e ela geme, jogando a cabeça
para trás.
― Gostosa. ― Murmuro contra a pele do ombro dela.
― Noah... Noah, vem me comer também... Eu quero vocês dois.
E ele vem, como um bom cãozinho adestrado.
Se coloca atrás dela e depois de cuspir em sua mão e esfregar em
seu pau, ele se coloca atrás dela. Seguro a cintura de Ari para que ela
fique parada, facilitando a entrada apertada de Noah. Cada centímetro
dele que a invade sinto que o aperto da sua boceta no meu pau
aumenta e quando ele esta todo dentro nós três estamos gemendo
alto.
O tesão queima minhas veias, ardendo em mim com a necessidade
de me mover, de foder com Ari como um louco e quando Noah e eu
pegamos ritmo é isso que fazemos.
Fodemos Ariela. Nossas metidas sincronizadas e fundas, me
fazendo ter que plantar os pés no chão com mais força para a cadeira
não andar mais para trás.
Noah segura os cabelos loiros e ergue o rosto dela que estava
escondido no meu pescoço.
― Foi para isso que você veio? Ser fodida? ― Ela assente de forma
contida e seu sorriso safado entre os gemidos baixo, seus dentes
fisgam os lábios como uma tentativa de conter os gemidos. ― Agora
grita, grita para todo mundo ouvir o que está acontecendo. Para todos
saberem como você adora ter dois paus dentro de você.
― Oh, Noah... ― Geme seu nome.
Seu quadril subindo e descendo contra os nossos movimentos de se
enterrar dentro dela.
― Caralho... ― Gemo, apertando meus dedos em sua cintura.
Passo meus olhos pelo seu rosto torcido de tesão, os olhos
desfocados tem um brilho malicioso e sua boca entreaberta,
derramando seus gemidos que são como uma melodia perfeita para os
meus ouvidos.
Ela se inclina ainda mais para trás me dando a visão perfeita dos
seios inchados e redondos, lambo meus lábios antes de me inclinar um
pouco para alcançar o bico rijo e sugo-o, passo meus dentes nele e ela
aperta suas unhas em minha pele.
― Isso, amor... Faz de no...
Eu faço e ela se desfaz em nós. Seu corpo convulsiona fortemente e
Noah precisa cobrir a boca dela para conter os gritos dela. Seu
orgasmo me levando ao meu, minhas bolas se encolhem e minha
coluna formiga antes de eu jorrar meu gozo todo dentro dela. Aperto
sua cintura, mantendo-a parada enquanto Noah e eu urramos como
dois animais.
Quando o orgasmo se acalma no meu corpo, nossas respirações
altas ecoam pela sala pequena e Ari esta amolecida caída em cima de
mim e Noah se afasta, encostando-se em sua mesa enquanto tenta
controlar a própria respiração.
Beijo o ombro da minha mulher e sinto seu sorriso em minha pele.
― Você está bem?
― Agora estou ótima. ― Diz, com um sorriso safado.
― Essa mulher... Ela... Porra... ― Noah começa a falar e então
começa a rir baixo, balançando a cabeça. ― É claro que eu me
apaixonaria por uma maluca.
― Eu também te amo, lindo. ― Ari responde baixo, mas ele ouve por
seu sorriso aumenta.
Passamos alguns minutos ainda tentando nos recuperar para então
vestir nossas roupas. Ari nos convence a ir embora e como já estamos
quase no fim do dia decidimos ir.
Noah veio comigo de carro, então na volta estamos os três juntos
também e metade do caminho os dois estão mais uma vez brigando
por causa das tintas de Ariela e toda vez que um deles se dirige a mim
tenho que desviar o foco.
Se eu falar que concordo com Noah, posso perder o meu pau.
Se eu falar que concordo com a nossa mulher, estaria mentindo.
Preciso me lembrar de ir procurar sobre tintas que não farão mal aos
bebês e a Ari, para que ela possa pintar sem ter que arrumar uma briga
toda vez e assim meu amigo e eu ficaremos em paz
Sempre soube que queria ser pai, mas nunca imaginei que o
sentimento fosse ser tão avassalador e diferente. Quero proteger meus
filhos de tudo e todos e farei.
Enquanto Ariela grita com um Noah risonho, ela gesticula com os
braços, brava com ele de verdade e meu amigo está largado no banco,
apenas rindo dela enquanto continua falando seus argumentos. Ele me
vê o olhando e pisca um olho para mim, me obrigando a rir e recebo
um tapa por isso.
A vida é boa e eu só tenho a agradecer por tudo o que tenho.
Não é fácil, os dias são difíceis, lidar com os julgamentos é difícil,
mas enquanto tivermos um ao outro sei que nada nos alcançara.
Juntos somos fortes.
Quando Noah veio para a minha casa eu nunca imaginei que ele
seria uma peça tão importante no meu relacionamento. Ele chegou e
completou minha vida e de Ari e hoje o sentimento é de completa
plenitude.
Algum tempo depois...
Olho para os meus filhos sentados um ao lado do outro em seu
cobertor que estendi no chão, cada um mordendo um brinquedo de
borracha enquanto me olham fixamente e então Ronan abre um sorriso
sem dentes para mim com a baba escorrendo no brinquedo e
molhando suas mãos rechonchudas e sem me conter me estico e
alcanço sua barriga, mordendo levemente, apenas para que ele sinta
meus dentes e então ele gargalha o som gostoso de sua risada
enviando um calor diretamente para o meu coração e não posso nem
curtir muito o momento porque o pestinha agarra meus cabelos e
aproveita minha posição para se inclinar e tentar levar os fios para a
boca.
― Não! Filho, solta o cabelo da mamãe... ― Falo com ele
desenrolando como consigo seus dedos do meu cabelo.
Assim que consigo me sentar novamente ereta ele faz um beicinho
fofo e seus olhos piscam algumas vezes antes de se encherem de
lágrimas, Aurora encara o irmão ainda mastigando seu brinquedo.
― Ei, porque o garotão do papai está chorando? ― Noah sai do
banheiro e vem para nós pegando Ronan no colo. ― A mamãe má
brigou com você, filho?
Bato em sua perna e ele ri. Ronan olha para o pai com adoração,
sua cabeça inclinada levemente para o lado enquanto passa os dedos
babados pelo rosto dele.
― Para com isso! Se o moleque crescer me achando uma mãe chata
a culpa será sua e eu vou matar você.
Pego Aurora em meu colo e logo ela desvia a atenção do seu
brinquedo para o meu rosto e ela está passando sua gengiva na minha
pele, coçando-a enquanto se esfrega e baba todo meu rosto. Dou
risada com o seu desespero, porque segura meu rosto com as mãos
pequenas tentando me manter parada.
Liam surge na porta e sorri para nós, vindo em minha direção e
pegando Aurora do meu colo. A sem vergonha nem mesmo reclama,
se joga no colo do pai e passa a babar no rosto dele. Meus dois
namorados passaram a tirar completamente a barba todos os dias para
deixar a pele do rosto deles completamente lisa porque agora Aurora
estava adorando morde-los.
― Vamos nos atrasar se não sairmos logo.
Pego a bolsa das crianças que deixei na minha cama e empurro
levemente Noah com Ronan e eles vão saindo do quarto.
É uma cena que acho que nunca me acostumarei.
Dois homens enormes, com nomes que são temidos por qualquer
um que entende o mínimo sobre advogados, carregando dois bebês
fofinhos que fazem o que bem querem dos pais.
Quando descobrimos que seria um casal Liam e Noah fizeram uma
festa. Eles fizeram questão de ligar para todo mundo e contar a
novidade. O quarto foi preparado com todo o cuidado usando cores
neutras, todos os detalhes bem pensados para que os dois adorassem
o cantinho deles mesmo que não pudessem entender ainda o que
aquilo significava, eu queria dar à eles isso.
O susto quando os dois nasceram e alguns dias se passaram e
começamos a notar a diferença entre eles. Ingrid havia nos explicado
que por serem gerados em placentas diferentes, eles não seriam
gêmeos idênticos, mas nada nos preparou para eles se parecerem
cada um com um dos meus namorados.
Deus, Aurora é a cópia perfeita de Noah. Os cabelos e olhos pretos
curiosos e brilhantes, as sobrancelhas grossas e bagunçadas, os
sorrisos fáceis, o queijo arrebitadinho para frente. Olhar para ela é
como olhar para o meu namorado e vê-lo ali, um neném gordinho e
sorridente, com dedos compridos e que adora brigar e dar seus
gritinhos com todo mundo.
Agora Ronan... Meu filho é a cara de Liam. cabelos loiros cor de
areia, assim como suas sobrancelhas claras e os cílios que cobrem os
olhos castanhos dourado, um pouco mais claro que o do pai, mas
ainda sim bem parecido. Os lábios em formato de coração vermelhos e
inchados que sorriem abertamente com sua gengiva rosada, mas para
conseguir um sorriso do garoto é mais difícil do que os de Aurora.
Dra. Ingrid ficou tão chocada quando os viu pela primeira vez quando
os levei para conhece-la. Ela me falou sobre uma condição rara
chamada superfundação heteroparental, tentou me explicar, mas
Ronan estava enjoadinho e eu acabei não prestando muita atenção.
Desde então ela tem tentado me convencer a fazer um teste de DNA
nos dois e nos meus namorados, contudo eu não queria e Liam e Noah
também não estavam afim de expor nossos filhos dessa forma. Mas
depois de dar uma pesquisada rápida pelo assunto e conversar com
meus namorados, acabamos optando por fazer.
Os dois fizeram questão de deixar claro que não fariam porque
queriam ter a certeza da paternidade, para eles os dois eram seus
filhos e o resultado não mudaria isso. No dia em que fizemos os
exames eles reclamaram mais do que as próprias crianças e quando
chegamos em casa não se desgrudaram. Os dois ficavam revezando
entre brincar com os dois bebês que adoraram toda a atenção.
Noah estaciona o carro em frente ao consultório da Dra. Ingrid e por
mais que ela não fosse pediatra eu quis que ela recebesse o resultado
dos exames e conversasse com a gente. Foi meu único pedido e a
mulher pareceu uma criança que ganhou sua boneca preferida de
natal.
Descemos do carro e Liam pega Ronan e Noah pega Aurora. Eu
pego a bolsa. Quando saímos todos juntos é sempre assim, eu preciso
brigar com os dois para poder carregar um dos meus filhos, óbvio que
adoro jogar a cartada da vagina para isso: “saiu da minha vagina, eu
faço o que bem quiser”.
Entramos no consultório e a recepcionista, Andrea, sorri abertamente
para nós quando nos vê.
― Boa tarde, Ari. ― Cumprimenta e olha para os meninos. ― Boa
tarde, Liam e Noah.
― Boa tarde. ― Respondemos os três e sorrimos.
Ela se levanta e toca a cabecinha de Aurora que já está sorrindo
para ela. Ronan reclama no colo do pai, não gostando da atenção que
a irmã recebe. Andrea se estica para tocar nele também, mas então ele
esconde o rosto no pescoço de Liam, fazendo-o sorrir sem graça.
Escondo minha risada no ombro de Noah, que não faz questão de
disfarçar sua risada.
― Ingrid está esperando por vocês, podem entrar.
― Obrigada, Andrea.
Caminhamos até o consultório e só quando seguro o trinco da porta
é que percebo que meus namorados não estão mais ao meu lado e sim
parados um pouco atrás de mim, me viro e eles estão trocando olhares
entre eles e nossos filhos.
Deus, como é difícil essa vida de mulher que tem dois homens que
parecem ficarem ainda mais gostosos com os filhos no colo.
― O que estão fazendo? ― Pergunto colocando as mãos na cintura.
― Nada.
― Vocês não querem saber? Podíamos não ter feito isso ou
podemos só voltar...
― Não! ― Liam balança a cabeça. ― Queremos saber, mas será
que eles acham que algo vai mudar?
Dou risada e me aproximo dos quatro, parando em sua frente. Beijo
e boca de Liam e o rosto de Ronan, fazendo o mesmo com Noah e
Aurora.
― A única coisa que eles entendem agora é que eles têm dois pais
que os amam loucamente e os protegem de, literalmente, tudo e uma
mãe amorosa, gostosa, linda, muito mais legal...
― Rá rá rá! Muito engraçadinha. ― Noah resmunga revirando os
olhos.
Liam e eu rimos e os dois bebês fazem o mesmo, como se
entendesse o que está acontecendo. Finalmente entramos na sala e
Ingrid já se levanta, com um sorriso enorme no rosto quando vem até
nós, ela me abraça com carinho e então se vira para os meninos.
― Eu adoro ter você como minha paciente ainda porque você traz
esses dois bebês gorduchos e fofos com você. ― Fala sorrindo,
tocando as bochechas dos meus filhos.
― Merda, achei que era porque você gostava de ver os dois
namorados gostosos dela. ― O idiota do meu namorado fala e Ingrid
revira os olhos para ele.
Depois de nove meses cuidando da minha gestação e mais dez
cuidando de mim ela já se acostumou com o fato de ter dois
namorados e com as gracinhas de Noah e Liam, que me enchiam o
saco as vezes querendo vir apenas para atormentar a pobre da
médica.
Algumas vezes nos encontramos fora do consultório também e isso
só fortaleceu esse laço de amizade que foi se criando entre nós. Eu a
adoro e confio demais nela.
Ingrid volta para a sua mesa, sentando-se com um sorriso. B
― Sentem-se. ― Fala e nós três sentamos, nos acomodando. ―
Como estão todos?
― Tudo em ordem.
― Se eu falar que tem dia que quero matar um dos meus dois
namorados você é obrigada a reportar isso?
― Sigilo profissional. Nada sai dessa sala. ― Balança a cabeça
rindo.
Liam faz uma careta e Noah bufa. Os bebês distraídos demais
procurando alguma coisa para destruir na mesa de Ingrid.
Ingrid volta a mexer no computador e vira a tela para nós, clicando
em um email do laboratório que fizemos os exames.
― Bom, então vamos lá. Posso abrir? ― Assinto e então ela clica no
primeiro e sinto quando Liam e Noah apertam minha perna, cada um
de um lado. ― Esse aqui é o exame de paternidade do Liam...
Ela passa os olhos lentamente pelas letras e estou muito nervosa
para conseguir ler algo. Olho para o lado e Liam está mordendo o lábio
ansioso.
Os dedos finos de Ingrid apontam para a tela e ela abre um sorriso
pequeno.
― Aurora deu incompatível. ― Fala com cuidado.
Meu namorado apenas assente. Nenhuma outra reação.
Ele nem mesmo suspira com isso, é como se a informação fosse
indiferente para ele e eu sei que é. Ele é completamente apaixonado
por Aurora, não é o fator genético dela que vai mudar isso.
― Ronan é compatível.
Ao ouvir a médica falar seu nome Ronan grita ao meu lado, fazendo-
nos rir.
― Agora vamos abrir o de Noah, mas pelos resultados de Liam já
sabemos né. ― Olho para o moreno ao meu lado, que está quase
esmagando Aurora em seu abraço, minha filha resmunga e se contorce
nos braços do pai. ― Aurora compatível e Ronan incompatível.
Assentimos e então Liam e Noah trocam olhares rápidos, daqueles
que só eles entendem o que se passa, me fazendo revirar os olhos.
― Como isso é possível? ― Pergunto e Ingrid sorri, se inclinando na
mesa.
― Como eu havia falado para você antes, é uma condição rara
chamada superfecundação heteroparental. Ela ocorre quando você tem
a fecundação de dois óvulos da mesma mulher pelo sêmen de homens
diferentes. ― Assinto, processando lentamente a informação. ― Até
hoje só foram registrados vinte registros sobre isso.
― Mas isso pode trazer algum risco para algum deles? ― Noah
pergunta interessado.
― Não! Não! Usar a palavra assusta um pouco, contudo isso não
traz nenhum risco para nenhum deles.
Tiramos mais algumas duvidas com ela, ocupando-a por um bom
tempo. Antes de finalmente sairmos e irmos embora.

Saio do banheiro penteando meus cabelos molhados e encontro


meus namorados deitados na cama e nossos filhos entre eles.
― Ei, será que tem espaço para mim aí? ― Pergunto chamando a
atenção deles.
Aurora escala o corpo de Liam que esta deitado de lado cobrindo sua
visão, ela me procura pelo quarto e quando me vê abre seu sorriso
banguela, esticando um braço e batendo os dedos na palma da mão,
me chamando para ir com eles.
Caminho até a cama e me ajoelho atrás de Liam, pegando a mão da
minha filha e beijando seus dedos fofos. Ela toca meu rosto com
carinho e então sem que eu espere agarra meus cabelos, puxando-os.
Noah e Liam dão risada, Ronan vendo os pais riem segue o exemplo.
― Esses homens dessa casa são uns traidores. ― Resmungo,
tirando os dedos de Aurora dos meus cabelos e ela reclama. ― E você,
somos minoria aqui, filha. Você tem que estar no meu time.
Minha filha murmura palavras ininteligíveis, babando no pai enquanto
pula no colchão, se apoiando nele. Ela ri dando gritinhos ardidos.
― Isso, Aurora, puxa os cabelos da mamãe que ela gosta. ― Noah
fala.
Abro a boca em choque com a audácia dele e me inclino sob Liam
acertando tapa em seu braço. Ronan reclama e tenta agarrar meu
braço quando vê que estou agredindo seu pai.
― Eu que fiquei comendo igual uma louca, engordando o que podia
e o que não podia e depois entrei na faca por eles e agora esses dois
pequenos traidores defendem os pais.
― Aceita que somos os preferidos. ― Liam provoca.
― Tudo bem, vocês podem dar um jeito de começarem a produzir
bastante leite. ― Brinco, dando de ombros.
Como se entendesse o que eu digo Aurora estica os braços para
mim, fazendo um bico fofo, piscando os cílios negros para mim
inocentemente.
Minha filha é tão perfeita!
Pego-a no colo e ela já começa a procurar meu peito, puxando
minha blusinha de pijama.
Liam vai mais para o lado e ajeita os travesseiros nas minhas costas
para que eu me aconchegue melhor. Faço uma careta quando Aurora
morde o bico do meu peito e mesmo sem os dentes dói um pouco, mas
então ela começa a sugar e eu sorrio, olhando seu rostinho de perto.
Enquanto Aurora e eu aproveitamos nosso momento, Liam fica com
o rosto encostado no meu braço e Ronan apoiado na barriga de Noah,
tentando se manter em pé para pular. Seus gritos e risadas enchem o
quarto e Aurora resmunga como se pedisse para silencio para o irmão,
mas volta a mamar.
Liam beija meu rosto e sorri quando sussurra.
― Obrigado.
― Pelo que? ― Pergunto confusa.
― Por ser nossa e nos dar uma família.
― Uma família linda.
― Sim, uma família perfeita.
Eu amo esses momentos em que estamos todos juntos.
Acordo com alguém babando no meu rosto enquanto me da beijos
barulhentos. Abro um sorriso antes mesmo de abrir os olhos.
Ouço os sons de resmungo que Ronan faz e então sua mão acerta
meu rosto em um estalo alto, me fazendo abrir os olhos imediatamente
e fazer uma careta para ele.
― Cara, isso não se faz. ― Reclamo e ele abre um sorriso banguela
e pronto, esqueci porque ia brigar com ele. ― Bom dia, campeão.
Como chegou aqui?
Olho para o lado e encontro Liam dormindo na outra beirada da
cama e nenhum sinal das mulheres da casa. Volto a fitar meu filho e
seus olhos dourados piscam para mim inocentemente.
Ontem quando fomos ao consultório de Ingrid ver os resultados,
confesso que estava com medo de que algo pudesse mudar dentro de
mim, mesmo que eu jurasse a mim mesmo que isso não aconteceria.
Eu nunca poderia amar Ronan ou Aurora menos do que eu amo agora,
eu sou absurdamente apaixonado e louco pelos meus filhos. Então
quando a Dra. leu os resultados dos exames apertei Aurora em meu
abraço e esperei, esperei que algo se quebrasse dentro de mim, mas
não aconteceu.
Nada mudou!
Ronan e Aurora tem meu coração em suas pequenas mãos e aquele
resultado não mudou isso.
― A mamãe está dando banho na sua irmã? ― Ele murmura algo
em sua linguagem de bebe o que me faz rir. Liam se remexe na cama e
abre os olhos, olhando para mim e então Ronan. ― Olha aí campeão,
seu pai preguiçoso acordou.
Liam ergue o dedo do meio e resmunga algo, chamando a atenção
do bebê que se vira e se joga em cima dele, caindo com sua barriga no
rosto dele, me fazendo ter que segurar em suas pernas com medo de
que ele caia para frente. Liam gargalha da arte do garoto e quando o
susto passa não consigo não rir também e Ronan nos acompanha
babando tudo no pai.
Quando decidimos que eu não iria mais procurar apartamento pois
iria ficar aqui trocamos a cama por uma maior e já pensando nos dois
bebês que já estavam para chegar, para podermos ter a liberdade de
não só transarmos à vontade, mas também podermos dormir com os
dois quando quisermos ou brincarmos com eles.
Por isso meu amigo tem a total liberdade de rolar mais para o lado e
erguer Ronan para cima, imitando sons de avião, fazendo-o dar risadas
agudas e gostosas, até que ele começa a babar diretamente na cara
do pai que reclama e fecha os olhos, voltando o bebê para o chão.
― Poxa, filho, para que isso? ― Pergunta limpando o rosto.
― Sorte sua que ele não golfou em você. Acabei de dar mama para
ele antes de vir tomar banho com Aurora. ― Ari sai do banheiro
enrolada em uma toalha com a nossa filha no colo.
Se no natal em que tudo começou eu já achava que a amava, já
achava que não poderia ser mais feliz, eu não poderia estar mais
errado. Hoje em dia, com meus dois filhos perfeitos, saudáveis e
felizes, uma mulher maravilhosa, fogosa, com um coração gigante e
que me ama de volta com a mesma intensidade e um amigo foda para
caralho que é meu parceiro em tudo... Hoje em dia sim, eu sou feliz!
Apoio o cotovelo no colchão e seguro minha cabeça erguida,
deslizando meu olhar pelo corpo esguio de Ariela, que mesmo coberto
pela toalha, conheço cada curva, ela semicerra os olhos para mim e
Aurora brinca com o nó da toalha que a segura presa firmemente.
― Se ele fizesse isso comigo...
― Você não ia fazer nada. Ia pedir mais, do jeito que é. ― Ari brinca
e Liam olha feio para ela que só ergue uma sobrancelha para ele.
Ronan vem para perto de mim e me escala, se apoiando na lateral
do meu corpo para dar passinhos de lado até alcançar meu rosto.
Sorrio para ele que sorri de volta e então sem que eu espere ele morde
meu nariz.
― Alguém acordou para aprontar hoje. ― Reclamo e ele ri da minha
cara.

Depois de passar a manhã toda em casa precisei vir almoçar com


Alexander. Estava louco para arrumar uma desculpa qualquer e não vir,
contudo precisava aproveitar que o homem estava na cidade.
A ex mulher dele acabou assinando finalmente o divórcio depois do
resultado negativo de DNA e desde então ele não teve mais problemas
com ela, tudo o que tem que ser resolvido sobre qualquer assunto que
diz respeito aos dois é resolvido diretamente comigo e o advogado
dela. A primeira vez que a vi precisei me segurar muitas vezes para
não gritar com a mulher histérica.
Ela estava puta por Dawson não querer dar tudo o que ela queria e
gritava enlouquecida comigo, como se assim eu fosse ceder. Ela só
não sabia com quem estava lidando e eu deixaria Dawson cortar o meu
pau antes de convence-lo a fazer tudo o que ela queria.
Entro no restaurante que sempre nos encontramos e procuro por
uma mesa, mas encontro Alexander já sentado em uma mesa próximo
da janela.
Outra coisa sobre ele é que nos tornamos muito amigos,
principalmente agora que ele finalmente conseguiu fazer Emmy aceitar
seu pedido de namoro. O homem passou meses penando para mostrar
que gostava dela e que queria um relacionamento sério, pelo que Ari
me disse ela não teve uma boa experiência em seu relacionamento
anterior e por isso ela batia tanto o pé de que não queria nada sério,
mas os dois praticamente viviam juntos, só revezavam entre suas
casas e não se largavam de jeito nenhum.
Alexander a levava sempre que precisava viajar e ela adorava.
Emmy o obrigava a ir em todas as exposições possíveis e ele fingia
que não gostava, mas o brilho de felicidade e orgulho em seus o
denunciava.
― Oi, Noah!
― Oi, Dawson.
Ele revira os olhos porque sempre falou que odeia quando o chamo
assim porque não parece que somos amigos. Dou uma risada antes de
me sentar e logo a garçonete chega e anota nossos pedidos. Meu
estômago ronca com a fome.
Meu amigo me encara e então solta uma risada, balançando a
cabeça.
― O que?
― Você parece destruído. ― Diz rindo.
― Tenha dois filhos e aí você pode me julgar. ― Mostro o dedo para
ele.
Ari passa a maior parte do dia sozinha com os dois e por isso a noite,
Liam e eu revezamos para acordar e cuidar de Ronan e Aurora. Eu
amo ter nossos momentos a sós, sempre que posso aproveito para
ficar agarrado a eles e Liam também.
― Falando em filhos, como eles estão?
Um sorriso se abre em meus lábios e meu coração acelera, só de
lembrar quão grandes eles já estão.
― Estão enormes! Lindos e gordinhos. ― Dou de ombros rindo.
Pesco meu celular no meu bolso e mostro a foto do meu papel de
parede que os dois estão sentados na nossa cama e Aurora sorrindo
abertamente para a câmera, seus olhos pequenos devido ao sorriso e
Ronan distraído com seu mordedor de dinossauro verde que minha
mãe deu para ele.
― Cara... ― Alexander arregala os olhos e eu dou risada.
É um choque para todo mundo ver como cada um se parece com um
de nós. Até para nós era.
― Eu sei.
E então passo um tempo explicando para ele que fizemos o teste e
tudo o que Ingrid nos contou sobre a superfecundação heteroparental e
tudo o que eu li sobre isso também, ele faz perguntas e parece
realmente interessado no assunto, o que me faz sorrir.
Almoçamos e conversamos sobre tudo, resolvemos algumas
questões sobre a pensão que ele paga para a ex mulher e ele me
contou como estava indo com Emmy.
Estamos tão entretidos na conversa que nenhum de nós percebe a
loira se aproximar da mesa, só quando ela para ao lado é que a vejo e
ela sorri de lado para mim.
― Olá, Noah. Quanto tempo. ― Tiffany fala e olha para Alexander
que sorri para ela. ― Oi...
― Dawson. Alexander Dawson. ― Ele se apresenta e consigo ver o
brilho nos olhos da loira quando ouve o sobrenome.
― Tiffany Baker. ― Então ela volta sua atenção para mim. ― Como
você esta?
― Estou ótimo e você?
Percebo Dawson me encarando talvez estranhando que eu não
levantei para cumprimenta-la, mas eu que não sou doido. Ariela confia
em mim e diz que não tem ciúmes de Tiffany, mas eu que não sou
doido de testar essa teoria, por isso continuo sentado, com os braços
cruzados em cima da mesa.
― Que bom. Fiquei sabendo dos seus filhos, são lindos.
Sorrio abertamente para ela pela primeira vez. É fácil me arrancar
sorrisos e me amolecer hoje em dia, com uma simples palavra: FILHO.
― Eles são mesmo!
― Um deles é a cara de Liam... ― Ela pensa um pouco talvez
tentando puxar na memória qual dos dois. ― Acho que é o menino.
― Ronan. O nome dele é Ronan. ― Falo e ela assente. ― Ele é
mesmo, uma versão linda de Liam. ― Brinco e Alexander ri.
― E eu achei que um dia teria minha chance. ― Diz, mas não
consigo identificar nenhuma emoção na sua voz.
Ergo meus olhos e a encontro com um sorriso pequeno enquanto me
olha.
― Tiffany...
― Tudo bem. Só vim dar os parabéns pelos bebês e dizer que são
lindos.
― Obrigado.
E do mesmo jeito que apareceu ela vai embora. Do nada.
Olho para o meu amigo que me olha com a sobrancelha arqueada e
faço um sinal de desdém.
― Longa história.
― Temos tempo, amigo. ― Da de ombros rindo.
Chego em casa e assim que abro a porta ouço o grito de Ariela e a
vejo passar correndo em direção à escada onde um Ronan muito
risonho está se apoiando no primeiro degrau tentando erguer a perna
gorda para subir.
― Pelo amor de Deus garoto, você vai me fazer infartar antes dos
trinta e cinco anos. ― Ela reclama com ele assim que o pega no colo.
― Sua mãe é muito nova e gostosa para morrer tão nova.
O garoto ri da cara como se entendesse e segura seus cabelos
puxando seu rosto para perto dele até que consigo mordiscar seu nariz
que ela enruga, tentando tirar da boca dele, mas ele grita colocando
mais força no aperto.
Meu coração batendo tão rápido no meu peito que penso que ela vai
ouvir de onde esta. O sentimento de estar em casa me preenche de
uma vez e preciso segurar a porta antes de fecha-la e me aproximar
deles.
Pego Ronan assustando-o, mas quando me vê ele grita. Ergo seu
corpinho acima da minha cabeça e beijo sua barriga com ele
segurando meus cabelos e curvado tentando comer meus cabelos.
― Campeão, sua mãe tem razão, ela é muito gostosa para morrer
tão jovem. ― Falo, olhando para Ari.
Pisco um olho para ela que faz uma careta e se aproxima, me dando
um selinho.
Sento no chão com meu filho e começo a brincar com ele e seus
carrinhos e ele se diverte, gargalhando com tudo e jogando seus
brinquedos para todos os lados. Logo Ari volta a se juntar com a gente
e depois de alguns minutos Liam aparece com uma Ariela recém
tomada banho e ele coloca-a para brincar junto.
As crianças se divertem pulando em cima da minha barriga ou
tentando morder Liam, ou tentando colocar os peitos de Ariela para
fora.
Ouvindo as risadas altas, as conversas com bebês enquanto o caos
parece ter se instaurado na sala que antes era meticulosamente
organizada, eu tenho a completa certeza de que isso aqui é tudo o que
eu sempre quis. Eu só não sabia.

Um choro baixo vindo da baba eletrônica me desperta e rapidamente


me levanto da cama, tentando não fazer barulho e vou até o quarto dos
bebês, encontrando Aurora choramingando.
― O que houve, princesa? ― Murmuro a pergunta e ela resmunga
antes de voltar a choramingar.
Pego-a no colo e começo a nos balançar levemente de um lado para
o outro, sem tirar meus olhos do rosto pequeno e delicado, com as
bochechas salientes e os olhos piscando pesado, tentando se manter
aberto, mas parece difícil. Um sorriso se abre em meus lábios e a ergo
o suficiente para beijar sua testa.
Ainda parece difícil acreditar que conseguimos um milagre como
nossos filhos são. No inicio eu fui muito contra o exame de DNA e não
porque eu tinha medo de algo mudar, porque eu sempre soube que
nunca amaria menos caso Noah fosse o pai e exatamente por isso eu
não achava que meus filhos precisavam passar pelo transtorno de
serem furados e terem seus sangues recolhidos, mas Ari conversou
comigo e me convenceu.
Alias, o que aquela mulher não consegue me convencer a fazer?
Ouvir o resultado me assustou porque era algo que eu nem sabia
que era possível e coisas novas assustam mesmo, mas então Ingrid
conversou muito com a gente e nos explicou tudo sobre a condição que
ocorreu a gravidez.
Se eu já amava ser pai, saber que fizemos um milagre como esse,
me faz amar ainda mais.
Nossas famílias adoravam paparicar e mimar os dois, mesmo de
longe, as três avós babonas ligavam todos os dias para saber dos
netos e os avôs também babavam o tempo todo neles. Depois da
gravidez as coisas foram se acertando entre Ari e seus pais e hoje em
dias ele vem em casa e tanto eu quanto Noah ainda ficamos com medo
de alguma hora um deles falar algo que a gente tenha que intervir, mas
até hoje isso não aconteceu.
Percebo que minha filha dormiu e a coloco de volta no berço, dando
um beijo em sua cabeça antes. Me viro e caminho até o berço de
Ronan e o encontro deitado todo esparramado no colchão, parecendo
uma estrela.
Até nisso o garoto parece Noah. Espaçosos.
Beijo a cabeço do meu menino e saio do quarto, voltando para o
meu.
Deito-me na cama e puxo Ari para o meu corpo, ela vem
imediatamente se aconchegando e colocando o rosto no meu pescoço,
soprando sua respiração quente na minha pele. Logo Noah se
aproxima dela, a abraçando por trás e ela relaxa visivelmente, soltando
um suspiro aliviado.
―Te amo. ― Sussurra contra a minha pele.
― Sou louco por você, amor.
E realmente sou!
Absurdamente, loucamente, completamente apaixonado, louco por
essa mulher e pela vida que estamos construindo juntos.
6 anos depois
Tampo minha boca abafando meu grito quando Liam morde meu
clitóris ao mesmo tempo em que Noah morde o bico do meu peito.
Arqueio meu corpo, sentindo todos os ossos tremerem.
― Deus... ― Gemo.
― Amor, você não pode gritar, logo as crianças vão acordar. ― Noah
provoca rindo.
Ele suga meu mamilo, brincando com a língua e então desliza a
língua pela minha pele até alcançar minha garganta.
Liam beija minha boceta como estivesse beijando minha boca, me
sugando e lambendo toda. Meu corpo queimando mais do que pronto
para recebe-los.
― Por favor, eu não quero preliminares. Eu quero que me fodam.
Eles soltam uma risada e logo Noah se afasta, indo para a beirada
da cama, segurando seu membro completamente duro em minha
direção me estico um pouco para alcança-lo e o engulo de uma vez,
girando minha língua em seu entorno, sentindo que pela posição ele
consegue alcançar com mais facilidade a minha garganta.
Minhas mãos que estão segurando o cabelo puxam-o para cima e
ele vem, beijando meu peito enquanto seu pau entra em mim
lentamente, me deixando sentir cada centímetro me invadindo.
Quando meu gemido vibra em Noah ele rosna.
A porta do quarto passou a ficar trancada desde que Ronan e Aurora
aprenderam a abrir, por isso não me preocupo tanto, mas mesmo
assim, hora que eles acordarem viram bater na porta e não darão paz
enquanto não sairmos para dar atenção a eles, por isso agora não
quero que sejam lentos e carinhosos, quero rápido, bruto, quero gozar
e ficar com as pernas mole.
Giro um pouco mais minha cabeça facilitando o trabalho de engolir
Noah o máximo que eu consigo, enquanto toco meus seios,
massageando-os.
Liam começa a se movimentar cada vez mais rápido, empurrando
meu corpo pelo colchão, me fazendo engasgar algumas vezes com o
comprimento de Noah, mas tudo que eu posso fazer é arquear meu
corpo, implorando por mais.
― Você fica linda para caralho assim... ― Liam elogia.
Gemo abafado e então Liam me puxa, me colocando de quatro na
cama virada com o rosto para a sua virilha e a minha bunda empinada
para Noah.
Recebo um tapa estralado na bunda, e eu gemo alto com o contato,
rebolando em sua direção.
― Gostosa!
― Me fode e cala a boca, Noah!
Sinto quando um liquido cai na minha bunda e Noah esfrega a
cabeça do seu pau, me lambuzando o máximo que consegue com o
lubrificante e então seu pau começa a me rasgar lentamente, a picada
de dor me faz morder o lábio e ele segura meu quadril quando ameaço
me afastar, mas ele me mantem no lugar e então empurra de uma vez,
me alargando e me fazendo gritar e Liam aproveita o momento para
bater a cabeça do seu pau no meu lábio.
Coloco a língua para fora e esfrego na cabeça rosada, rodeando-a e
babando nela. Ele força o quadril para frente, me fazendo o engolir
cada vez mais.
― Essa sua boca parece que fica cada vez melhor. ― Ele murmura.
Noah começa a foder meu cu com força, segurando minha cintura
com força. Sua mão acerta minha bunda mais uma vez e eu tiro o pau
de Liam da boca para gemer alto. Ele segura meus cabelos em um
rabo de cavalo antes de me dar um selinho e voltar a foder minha boca.
Os nossos sons enchem o quarto junto com os barulhos de sucção e
o do quadril de Noah batendo na minha bunda, parece elevar o tesão a
um nível que eu já não consigo mais raciocinar, só sentir todas as
sensações que me proporcionam.
Meu namorado que está fodendo meu rabo sem piedade estica o
braço para alcançar meu clitóris e então ele começa a manipular,
pressionando com um pouco de força e então quando ele belisca eu
me desfaço, gozando e tremendo.
― Isso, porra... ― Noah fala e seu aperto na minha cintura anuncia
que ele está perto.
Pressiono minha língua no comprimento de Liam e giro em sua
cabeça e então o levo até a minha garganta sentindo o primeiro jato
quente me engasgar e ele mantem minha cabeça parada enquanto
goza na minha boca. Noah urra atrás de mim e se aperta mais contra
mim, entrando o máximo que pode em mim e ele goza, sinto suas
pernas se mexerem atrás de mim.
Nós três caímos de volta na cama, Liam e Noah virado para a
cabeceira e eu entre eles com a cabeça em seus pés.
― Deus, isso foi delicioso.
― Foi. ― Liam murmura e Noah ri baixo.
Batidas altas e fortes soam na porta e então os gritos.
― MAMÃE, PAPAIS. MAMÃE, PAPAIS...
Me apoio em meus braços e sorrio para os dois que suspiram alto,
mas estão com um sorriso imenso no rosto.
― Vocês dão o café da manhã enquanto eu tomo banho.
Pulo da cama antes que eles tenham a chance de reclamar e me
tranco no banheiro. Tomo um banho demorado e escovo meus dentes.
Saio para o quarto e vou me vestir colocando um dos meus moletons
preferidos, amarro meus cabelos antes de ir para a cozinha.
Durante esses anos nossa vida tem ido cada vez melhor.
Nossos filhos são crianças espertas, saudáveis que adoram uma boa
bagunça.
Aurora tem se mostrado tão simpática quando Noah, sorridente e se
torna amiga de todo mundo que se aproxima e a cada dia que passa
ela lembra ainda mais o seu pai.
Ronan é um pouco mais recluso, demora a pegar confiança e
enquanto não pega não sorri ou conversa com pessoas estranhas e ele
está cada dia mais parecido fisicamente com Liam.
Ficamos com medo de as famílias de Liam e Noah acabassem
tratando-os diferente quando descobrissem sobre a condição de
paternidade, mas isso não aconteceu. Dona Janet e dona Brittany são
duas avós babonas assumidas, junto com a minha mãe e os pais dele
também adora os netos de uma forma absurda. As vezes preciso até
brigar com eles para controla-los, junto com os pais que as vezes
perdem os limites também.
Agora nossas vidas profissionais só tem melhorado. Desde a
gravidez eu tenho pintado menos, mas todos os quadros que eu pintei
foi facilmente vendido, ainda tenho a galeria com Sam e Emmy e
compramos quadros de outros artistas para expor também o que tem
melhorado o movimento.
Por falar em Emmy, ela se casou com Alexander e os dois são um
dos casais mais lindos que eu já vi e são completamente apaixonados
um no outro. Os dois merecem demais todos esses dias de felicidades
que eles têm tido.
Entro na cozinha e vejo os dois homens sem camisa sentados
enquanto as crianças comem e conversam sobre algum desenho que
eles assistem e os pais parecem realmente interessados, fazendo
comentários aleatórios.
Meu coração em completa paz, sentindo-me sortuda demais para
acreditar que a minha vida é tão boa.
― Mamãe, você esta linda. ― Ronan fala chamando minha atenção
e eu sorrio.
Era para ser apenas uma noite, mas mudou as nossas vidas.
E não exista palavras para descreverem o quão grata sou por essa
mudança.
Uma vez Liam me disse que achava que o nosso destino foi traçado
na noite de formatura, mas Noah deu um jeito de fugir por um tempo
até que finalmente acabou aqui, onde nunca deveria ter saído, onde
era o seu lugar desde o inicio. E isso é uma das maiores verdades que
eu já ouvi.
Nossos destinos foram selados e eles se encontram sempre ao final
do caminho.
FIM!
LIS é um pseudônimo de Lorena e Skarlat. Se conheceram através
da internet e a conexão foi algo impactante. Uma paranaense e uma
mineira que são completamente opostas, mas que se completam na
escrita dos seus livros. Lorena tem 25 anos. É casada e vive o seu
próprio clichê ao ter se casado com seu melhor amigo. Skarlat tem 26
anos. É a aventureira da dupla. É mãe solteira da pequena Isadora de
6 anos. Juntas tem projetos a serem desenvolvido e cultivam uma
amizade verdadeira, onde acabaram unindo até mesmo suas famílias.
Instagram
https://instagram.com/lis_autoras?igshid=YmMyMTA2M2Y=
Facebook
https://www.facebook.com/lis.autoras
Tiktok
https://vm.tiktok.com/ZMNH4u5hf/

Você também pode gostar