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© Copyrigth 2023 by Gervania Silva

Capa: LS Banner
Diagramação: Gervania Silva
Revisão: Monalisa

Todos os direitos reservados,

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos são produtos da imaginação da
autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais
é mera coincidência.

São proibidos o armazenamento e/ou a produção de qualquer parte


dessa obra, através de quaisquer meios – tangíveis ou intangíveis – sem
o consentimento escrito da autora. Criado no Brasil. A violação dos
direitos autorias é crime estabelecido na lei nº.9.610/98 e punido pelo
artigo 184 do Código Penal.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.


Fugindo à regra apenas nos diálogos e nas particularidades
apresentadas pelos personagens.

Edição Digital – Criado no Brasil


1°edição – 2023
Sinopse
Ilustração
Dedicatória
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Epílogo
Agradecimento
Outras Obras
James foi ensinado a usar as pessoas, especialmente as mulheres. O CEO
das indústrias Wayne não mede esforços para conseguir o que quer e não é
diferente quando conhece Aurora.

A brasileira doce e inocente, cresceu cercada de mulheres fortes e aprendeu


desde cedo a trabalhar duro.

Nunca pensou que se apaixonaria pelo CEO cafajeste, muitos menos que
ele fosse partir seu coração e abandoná-la no meio da noite, deixando para
trás uma grande quantia em dinheiro como pagamento por sua companhia.

Ele só não esperava que o arrependimento preencheria seus dias, até que
fosse atrás da garota que povoava seus pensamentos. Apenas para descobrir
que abandonou bem mais que uma mulher apenas.

Um cafajeste arrependido.
Uma filha desconhecida.
Uma mulher que o odeia.
Dedico esse livro a todas as pessoas que já se deram
uma segunda chance na vida, uma chance para
melhorar, evoluir, se descobrir uma nova pessoa.
Nós merecemos uma segunda chance e um final
feliz!
Quatorze anos atrás
— Onde estamos indo? — questionei meu pai enquanto ele dirigia
pelas ruas de Chicago. — Eu tenho aula amanhã cedo.
Meu pai mantinha o silêncio desde que saímos de casa, ele não disse
nada nem mesmo para mamãe, apenas falou que ia me levar a um lugar.
Por sorte aquela hora da noite o trânsito infernal já tinha aliviado, mas
ainda sim, havia muitos carros à nossa volta, enquanto entrávamos ainda
mais na área movimentada da cidade.
— Não se preocupe com aula garoto, essa noite vai mudar a sua vida.
— meu pai finalmente abriu a boca. — Garanto que daqui a algumas horas
a última coisa que você vai pensar é na aula de amanhã.
Nada do que ele tinha acabado de falar tinha feito muito sentido,
assim como toda a aproximação repentina dele. Meu pai nunca foi muito
apegado a mim, mas desde que Travis e ele brigaram, alguns meses atrás,
ele tem ficado cada vez mais próximo de mim, querendo sair, me levando
para a empresa e tentando me ensinar coisas que ele dizia serem coisas de
homem.
— Mas eu não posso perder aula, estou no time e vou ficar no banco
no próximo jogo se faltar um dia de aula.
Ele não tinha que saber que isso era apenas porque eu tinha matado
mais aulas neste semestre do que ido às aulas. A única que se importava era
minha mãe, então nunca tive que me preocupar com ele, mas é claro que
assim que o filho prodígio deu o fora de casa e virou as costas para ele, seu
alvo tinha que mudar e eu agora ia pagar o pato.
— Esquece o time de futebol americano, você tem que pensar além,
no futuro de verdade não nessa merda de passatempo. — ele falou virando
o carro em uma rua, dando de frente com uma boate famosa da cidade. —
Logo você vai assumir a empresa em meu lugar e até lá eu vou te ensinar a
ser um homem de verdade, não um como o seu irmão.
— Você sabe que eu tenho só dezesseis anos, não é?
— Idade é só um detalhe, mas sim, quando completar seus vinte anos
a empresa vai passar para as suas mãos, como era para ser com Travis. —
ele parou o carro na entrada da boate e desceu com tranquilidade, jogando
as chaves para o vallet e sorrindo, mostrando serem bons conhecidos.
Eu olhei em volta, ainda não conseguia acreditar que ele me deixaria
entrar naquele lugar. Não era como as boates que já tinha passado em frente
com meus amigos, não havia cartazes do lado de fora anunciando as
atrações, essa tinha apenas uma fachada com o nome em letras douradas:
Nympha
— Ainda pode passar a empresa ao Travis, vocês só precisam que
fazer as pazes, pois ele continua falando com a mamãe.
Meu pai bufou parando na porta e se virando para me olhar. Não
havia uma nota de felicidade no olhar dele, nenhum sorriso ou euforia com
o lugar onde estávamos prestes a entrar, ele só continuava com o olhar duro.
— Não vai existir paz entre seu irmão e eu, ele escolheu virar as
costas para a família e desistir de tudo, só porque a história de amor dele
não deu certo. — ele agarrou meu pulso sem medir as forças e me puxou
para perto. — Eu errei deixando que sua mãe criasse vocês, ensinando essa
ideia tola de romance.
— Qual é o problema de estar apaixonado? Você ama minha mãe, e
eu...
— Você não ama ninguém e vai entender isso, romance e paixão é
para tolos! — ele afirmou voltando a andar me puxando junto. — As
mulheres são interesseiras, todas elas, não se iluda com essa ideia de amor.
Você viu o que aconteceu com seu irmão, bastou oferecer uma quantia em
dinheiro para ela não só se livrar do bebê como abandonou o idiota!
Eu sabia de toda essa merda, todos nós sabíamos, a garota era uma
vadia sem dúvidas, só estava atrás do nosso dinheiro. Papai salvou Travis
de cair em um belo golpe, por isso eu não entendia meu irmão ter saído de
casa.
Tudo bem que o velho usou artimanhas baixas e agiu pelas costas
dele, mas só estava tentando protegê-lo, de uma forma que meu irmão
nunca deixaria.
— Isso foi fodido, eu sei, mas não acho que todas as mulheres são
assim, especialmente Cindy. — falei pela primeira vez dela com meu pai,
mesmo que já estivesse gostando dela há meses.
Por um instante nossa conversa foi ofuscada pela música sedutora e
meus olhos foram automaticamente atraídos para o palco, onde uma loira de
lingerie vermelha dançava junto ao pole dance sobre uma luz azul neon.
Os homens se amontoavam na frente do palco, todos querendo uma
visão privilegiada e mais próxima dela, e a quem eu podia julgar? Mesmo a
distância eu já estava babando, totalmente vidrado quando ela levou as
mãos ao fecho do sutiã e arrancou a peça de vez.
— Essa noite você vai começar seu treinamento para ser um Wayne
de verdade! — ouvi meu pai falar perto demais do meu ouvido, mas meus
olhos não desviavam dos seios grandes pulando livremente. — E sua
primeira missão é se tornar um homem de verdade.
— Pai sabe que eu nunca fiz isso, nunca...
— Eu sei disso, por isso estamos aqui. — ele acenou para uma mulher
loira, usando saltos muito altos e um vestido preto transparente, que não
cobria quase nada em seu corpo. — Essa é Maya, ela vai te ensinar tudo o
que precisa saber e quando ela terminar com você com certeza não vai nem
se lembrar dessa garota da escola!
— Vem docinho, garanto que vai ser a melhor noite da sua vida!
E sem sombra de dúvidas aquela foi a noite que começou a mudar a
minha vida. O mundo se tornou um lugar mais simples e prazeroso de se
viver depois que aprendi a lição mais valiosa do meu pai: todos tem um
preço!
Capítulo 1
Meu celular tocou me arrancando do meu sono e me fazendo gemer
de frustração. Eu só queria poder dormir mais duas horas, mas infelizmente
eu não tive essa opção.
Hoje era meu primeiro dia de trabalho e eu não podia me atrasar, não
podia fazer feio já de cara, como sempre dizia minha mãe: a primeira
impressão é a que fica.
— Aurora! Não vai perder a hora menina! — minha avó gritou do
outro lado da porta.
As batidas dela quase me fizeram bater a cabeça na cama, mas eu
joguei as cobertas para o lado e pulei, me arrastando para abrir a porta antes
que ela derrubasse tudo.
— Já estou de pé, vozinha. Não esquenta a cabeça porque eu não vou
perder esse emprego por nada.
O sorriso contido se abriu, me dizendo que com certeza ela ainda
estava sem a dentadura. Minha avó morava com a gente desde que minha
mãe se separou do meu pai, após anos sofrendo nas mãos dele, Helena
decidiu o abandonar e já faz dez anos que somos só nós três.
A senhora rechonchuda, de cabelos grisalhos e rugas em volta dos
olhos verdes, tinha sido responsável por grande parte da minha criação, ela
e minha mãe me ensinaram tudo o que eu sei.
— Não vou esquentar a cabeça, vou esquentar seu café. — ela disse
me fazendo rir. — Sei que vai se sair muito bem e logo vai estar como
gerente naquele lugar, ganhando tão bem que vai poder estudar o que tanto
quer.
Minha avó saiu gritando e eu continuei parada na porta por um
instante, pensando no que ela tinha acabado de dizer. Sempre quis trabalhar
com moda, ter minha própria linha de roupa, mas isso era um sonho longe
de mais para uma garota da periferia de São Paulo.
Mas isso nem a realidade difícil me impedia de sonhar, eu tinha fé
que em algum momento iria conseguir dinheiro suficiente.
— E o primeiro passo você está dando hoje! — afirmei para mim
mesma antes de ir tomar um banho.
Não me demorei em sair de casa, o trânsito na cidade era certo, a
única coisa incerta era o tempo da demora, duas horas ou o dia inteiro para
ir de um lugar ao outro.
O hotel Empire ficava no centro da cidade e era bem conhecido pelo
pessoal que o frequentava, pessoas ricas e influentes sempre se hospedavam
ali. Conseguir o emprego de camareira foi uma sorte enorme, minha mãe
era amiga da gerente e é claro que fez questão de entregar meu currículo,
várias e várias vezes, até que eles não conseguissem me ignorar.
Conseguir falar em inglês já era um grande diferencial, uma
qualificação que eu só tinha graças a um curso que consegui bolsa anos
atrás e a muito interesse da minha parte, afinal se eu quisesse ser uma
estilista famosa precisava estar preparada para falar com pessoas do mundo
todo.
Sorri comigo mesma enquanto fantasiava isso sobre minha vida indo
direto para a entrada de funcionários, precisava encontrar a chefe das
camareiras para saber quais eram as ordens do dia antes de me trocar... meu
corpo se chocou contra uma parede e eu caí direto no chão.
— Shit! — uma voz grossa soou aos meus ouvidos enquanto eu
tentava lidar com a dor que se espalhava em minha bunda. — Você está
machucada?
Um homem perguntou, o sotaque arrastado e a dificuldade em
expressar as palavras chamaram minha atenção no mesmo instante, me
fazendo esquecer da dor por um instante.
Ergui meus olhos dando de cara com um homem alto e lindo, os
cabelos castanhos perfeitamente penteados em um topete, eram do mesmo
tom da barba e dos olhos penetrantes.
— Eu estou bem. — murmurei tentando assimilar o que tinha
acabado de acontecer. Ali era a entrada de funcionários, então aquele
homem na minha frente só poderia ser um dos chefes da minha chefe. —
Não vi o senhor chegando, mil perdões. Estava tão distraída que não olhei o
caminho, mas prometo que isso não vai se repetir, vou ser mais atenta. —
tagarelei com medo de que o pior pudesse acontecer, eu não queria acabar
sendo demitida no meu primeiro dia.
— Fuck. — ele se curvou agarrando minha cintura e meus braços
envolveram o pescoço dele antes que percebesse o que estava fazendo.
— Oh… — ele me puxou para cima, me colocando sobre meus pés
novamente e me mantendo muito próximo ao seu corpo. — Fale devagar,
não entendo tão bem o português.
Demorou alguns segundos antes que as palavras dele fizessem algum
sentido para mim, porque eu estava concentrada demais na beleza daquele
homem e na nossa proximidade, então minha ficha caiu.
— Você é gringo! Claro, claro. — falei mais para mim do que para
ele, que me lançou um olhar de confusão. — Eu não vi por onde estava
indo, entrei tão distraída que não olhei em volta. Perdão, isso não vai voltar
a acontecer.
Os olhos dele brilharam quando as palavras saíram da minha boca em
sua língua natal, e eu aproveitei o momento de surpresa dele para analisá-lo
ainda mais.
Ele parecia ter saído de alguma novela das nove, era o perfil completo
de um galã, o nariz perfeito, os lábios carnudos, a pele impecavelmente
bronzeada. Respirei fundo só para descobrir que até o perfume dele era
sedutor.
— Graças a Deus, você fala minha língua. Estava precisando
conversar com alguém que não fosse os investidores. — ele finalmente
olhou para as próprias mãos, lembrando que ainda me segurava e que meus
braços ainda estavam em volta do seu pescoço. — Desculpe, eu não quis ser
invasivo.
O homem deu um passo para trás me soltando, me obrigando a tirar
as mãos dele e recuar também.
— Não se preocupe, eu que estou sendo invasiva, mas já vou sair do
seu caminho e ir trabalhar. — apontei o corredor que se estendia a direita
dele e seus olhos seguiram o caminho.
— Me diga ao menos o seu nome, posso precisar de um tradutor.
Olhei em volta me perguntando se aquilo era uma pegadinha ou teste
de primeiro dia, eu tinha certeza de que o hotel tinha contato com
tradutores, então aquele homem só estava me testando.
— O hotel tem uma lista dos melhores tradutores disponíveis em São
Paulo, o pessoal na recepção pode te explicar melhor sobre tudo. — dei
meu melhor sorriso e me afastei dele, dando um passo para o lado. —
Agora se me der licença, preciso voltar para o meu trabalho.
Me apressei andando no corredor sabendo que evitar contato com os
hóspedes era uma das regras mais duras do hotel. Esse homem vestido
daquele jeito e andando naquela área, só podia significar um teste dos
chefes.
Entrei rápido na sala de funcionários, e por mais que quisesse dar uma
última olhada no homem do corredor, eu estava totalmente atenta a minha
volta para não esbarrar em ninguém.
— Menina você chegou cedo! — Teresa exclamou chamando minha
atenção e das outras pessoas que tomavam café no lugar. — Vem, senta aqui
comigo que já vou te deixando a par de tudo, você parece animada para
começar a trabalhar.
Ela e os outros riram e eu forcei minhas pernas a funcionarem para
me juntar a eles, mesmo que minha mente estivesse imaginando aquele
homem entrando aqui a qualquer momento.
Capítulo 2
Eu havia chegado no Brasil há dois dias e já estava a ponto de
enlouquecer, passar o dia trancado em um escritório discutindo por horas
enquanto tentávamos chegar a um acordo favorável para às duas empresas,
estava conseguindo me tirar do sério.
O acordo já deveria ter sido concluído, viemos até aqui para assinar
os papéis e apertar mãos, mas o que deveria ter sido uma abertura de uma
nova filial, estava se tornando uma negociação infindável.
A empresa deles estava falindo e esse sem dúvida era o melhor
negócio para eles, mas os homens decidiram brincar comigo, aparecendo
com mudanças e alterações no contrato a todo instante.
— Eu acho bom você resolver isso tudo hoje, mais um dia trancado
com aqueles homens e eu vou preferir voltar para casa com as mãos
abanando. — resmunguei com Michael, meu advogado e melhor amigo.
— Você voltando para casa sem o que veio buscar? Haha, nem se o
inferno congelasse, te conheço bem de mais para saber que isso é só da
boca para fora. — ele tinha razão, eu não desistia fácil, quando queria algo
eu ia até o fim. — Mas você está certo, ninguém aguenta mais toda essa
enrolação, eles têm que decidir o que querem.
— E é seu trabalho resolver isso, dê um jeito nessa merda toda, quero
sair desse país o mais rápido possível.
Falar tão mal o português era um dos motivos da minha irritação,
assim como o calor infernal que estava fazendo, junte tudo isso a demora
em resolver um acordo simples e tinham o pior de mim.
— Vou dar um jeito nisso, agora você deveria sorrir mais para a
advogada deles, não acha? — Michael abriu um sorriso cínico, sabendo que
eu tinha detestado aquela mulher.
— Você quer que eu transe com ela para adiantar nosso lado?
— Nós dois sabemos que não seria a primeira vez, e se ela estivesse
se atirando para mim como faz com você eu com certeza teria o maior
prazer em resolver isso. — revirei meus olhos no instante que descemos do
elevador. — Qual é cara, a mulher é uma tremenda gostosa.
Respirei fundo e o encarei por um longo segundo, ele não estava
mentindo, Helena era uma loira com um corpo de parar o trânsito, não seria
nenhum sacrifício, muito pelo contrário.
— Vou pensar nisso, agora vai chamar um carro antes que cheguemos
ao escritório no fim do dia.
Ele saiu sorrindo vitorioso enquanto eu já pensava em como a levaria
para sair depois da reunião, nada como um jantar caro e uma transa intensa
para que ela comesse na minha mão, fazendo com que seus chefes aceitem
o que oferecêssemos.
Meu celular tocou e eu enfiei a mão no terno, ainda me arrependendo
de estar usando aquilo nesse calor dos infernos.
Micha: dê a volta pelos fundos do hotel, o motorista tem um atalho
para evitar o trânsito.
Bufei irritado por ele não ter simplesmente voltado ao lobby e me
chamado, mas me obriguei a andar, qualquer coisa para evitar os
engarrafamentos eternos de São Paulo.
Mas quando virei no corredor, que daria para a porta dos fundos do
hotel, algo macio e pequeno me acertou e eu baixei meus olhos vendo o
corpo feminino caindo no chão.
Os cabelos castanhos se espalharam, formando um véu em volta dela
escondendo o rosto, mas pelo pouco que percebi era apenas uma
adolescente.
— Shit! — Era a última coisa que eu queria agora, mas tentei me
forçar a falar em português, lembrando que ela não entenderia o que eu
dizia. — Você está machucada?
Ouvi um gemido baixinho de dor e a julgar pela força com que nossos
corpos se chocaram eu podia afirmar que sua bunda estava doendo. Mas
quando ela ergueu a cabeça e os olhos enormes me encararam eu paralisei.
Os olhos esverdeados, se concentraram em meu rosto, me analisando
descaradamente e eu fiz o mesmo.
O rosto dela era quase angelical, contrastando com os olhos sedutores
e expressivos. As bochechas dela estavam coradas e aquilo fez pensamentos
totalmente errados passarem por minha mente.
Ela falou tão rápido, naquela língua que era tão difícil de entender,
ainda mais comigo concentrado nos lábios carnudos se movendo. Olhá-la
mais de perto era ainda mais perigoso, porque ela era linda demais, de uma
forma preocupante, mas ao menos me permitiu ver que ela não era uma
adolescente.
Meu celular vibrou no bolso, mas eu ignorei totalmente, estava ainda
mais concentrado naquele instante, Michael podia esperar.
— Graças a Deus, você fala minha língua. Estava precisando
conversar com alguém que não fosse os investidores. — desabafei aliviado
de poder falar com uma pessoa que não estivesse naquele escritório ou que
fosse Michael. Ela ainda me olhava atenta e foi só então que reparei que
ainda a segurava. — Desculpe, eu não quis ser invasivo.
— Não se preocupe, eu que estou sendo invasiva, mas já vou sair do
seu caminho e ir trabalhar. — ela falou parecendo tímida e finalmente
tirando os olhos de mim ela apontou para o corredor de onde eu tinha
acabado de sair.
Então ela trabalhava aqui, isso era bom, poderia voltar a vê-la mais
vezes. Mas ainda não queria que ela fosse embora, queria poder conversar
mais, algo naquela garota me fez relaxar e me sentir em casa depois desses
dois dias.
— Me diga ao menos o seu nome, posso precisar de um tradutor. —
pedi tentando mantê-la ali mais tempo e querendo saber o nome dela para
poder encontrá-la depois.
Mas ela olhou em volta e eu vi um leve sacudir de cabeça, de forma
negativa, antes que ela erguesse o rosto novamente, me olhando.
— O hotel tem uma lista dos melhores tradutores disponíveis em São
Paulo, o pessoal na recepção pode te explicar melhor sobre tudo. — ela
tinha razão, mas não eram tradutores que eu queria e o sorriso largo que ela
abriu só reforçou esse pensamento. — Agora se me der licença, preciso
voltar para o meu trabalho.
Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa ela se apressou
virando o corredor e o seguindo sem olhar para trás. Mas eu aproveitei para
encarar seu corpo, admirando o balanço do quadril e da bunda empinada.
— Que garota é essa? — ela finalmente sumiu após entrar na terceira
porta do corredor e eu sorri decidido com a minha nova meta. — Você vai
estar na minha cama, gemendo meu nome antes do fim da semana!
Capítulo 3
Ouvi todas as ordens de Teresa e comecei meu trabalho, para minha
sorte no primeiro quarto ela me supervisionou, garantindo que eu seguiria
todas as regras. A manhã foi tranquila, já depois do almoço foi uma tarde
corrida, sempre tinha um novo lugar para arrumar ou alguma coisa para
fazer, e ficar em pé o dia todo foi mais cansativo do que eu esperava.
Ainda sim, a cada momento de tranquilidade ou de distração, meus
pensamentos voavam para o homem misterioso.
Eu achei que como um dos chefes dos funcionários eu o veria no
decorrer do dia, mas meu horário de bater o ponto chegou e não houve
nenhum sinal dele, nada dos olhos castanhos penetrantes, do topete altivo
ou da voz que estremeceu minhas estruturas.
Já era de se esperar que alguém como ele não ficaria preso no hotel o
dia todo dando ordens, ele tinha funcionários como Teresa para isso.
— Então me conta, o que achou do seu primeiro dia? — Miriam, uma
das camareiras perguntou me tirando dos meus pensamentos.
Tinha acabado de trocar de roupa e estava ali na frente do espelho
divagando como uma lunática.
— Tirando os meus pés que estão me matando, tudo foi ótimo. —
respondi à verdade, porque a sola dos meus pés estava doendo mais do que
eu imaginei ser possível.
— Olha queria poder te dizer que vai ficar melhor, mas não fica,
especialmente em alta temporada. Andamos tanto de um lado para o outro
no hotel que no fim do turno nossos pés estão pedindo socorro. — ela bateu
o armário e se virou para mim. — Mas compensa poder ver alguns ricos de
tirar o fôlego, não é mesmo?
Eu dei risada concordando com ela, tinha visto ao menos meia dúzia
de homens lindos, dignos de serem protagonistas de filmes e novelas.
— É uma pena não podermos nem dizer olá, a menos que falem com
a gente.
Minha tia já tinha dito que essa era a principal regra deles, ainda sim,
Teresa fez questão de repetir mais um milhão de vezes.
— E você acha que alguém realmente segue isso? Não importunamos
os clientes, é claro, mas também não deixamos de dar mole sempre que
podemos. — Miriam sacudiu as sobrancelhas, com um olhar malicioso.
— Mas acho que é bom eu continuar me mantendo na linha por mais
um tempo, por pouco hoje não passei no primeiro teste e não sei quantos
mais vão ter por aí.
— Teste? Que teste menina?
— O teste dos chefes. — o olhar dela ficou ainda mais confuso e eu
comecei a me perguntar se tinha entendido errado. — Você sabe, o teste
para ver se os funcionários novos vão servir para o trabalho. Eu esbarrei em
um homem bem vestido logo que cheguei, ele falou comigo em inglês e me
pediu para ser sua tradutora, ficou tentando me prender no corredor para
conversar mais.
— Um homem gato esbarrou em você, ficou conversando em inglês e
te pediu para ser tradutora dele, mas você acha que ele era um dos chefes te
testando? — ela abriu um sorriso e mordeu os lábios tentando controlar a
risada.
— É, algo de rotina só para garantir que não iriam contratar uma
louca, atirada ou até coisa pior, então eles mandam uma pessoa que eu não
conheço me parar nos corredores do hotel para um primeiro teste. —
expliquei o que fazia sentido na minha mente, ao menos fazia até ela
começar a me questionar.
Miriam explodiu em uma gargalhada, rindo sem se controlar e
chamando a atenção das poucas pessoas restantes no vestiário.
— Me desculpa, mas... você é muito engraçada... — ela tentou falar
entre as gargalhadas, mas tomou fôlego antes de continuar. — E muito
inocente também para achar que eles iriam perder tempo testando todos os
novos funcionários enviando alguém.
— O que você queria que eu pensasse? O homem claramente era rico
pelas roupas que estava usando, falava inglês perfeitamente e ficou lá me
segurando pelos ombros, me olhando de cima a baixo, o que mais eu
poderia pensar?
Bati a porta do armário e encostei minhas costas nele, agora me
sentindo patética por ter realmente achado que ele seria um dos chefões.
— O óbvio, que você é linda e chamou a atenção do ricaço bonitão!
Se ele ficou lá conversando com você e te segurando, claramente viu algo
que o interessou e eu tenho certeza de que não foi sua habilidade de falar
inglês. — ela deu uma risadinha empurrando meu ombro e me fazendo
relembrar o breve momento.
— Talvez você esteja certa, nunca se sabe. — murmurei fingindo
desinteresse, mas sem conseguir impedir minha imaginação a criar outros
cenários caso eu tivesse ficado mais tempo naquele corredor.
Ele teria me falado seu nome? Insistiria para eu ficar? Ele tentaria me
beijar? Levei a mão à boca fingindo estar roendo as unhas, só para disfarçar
minha expressão que com certeza estava entregando o que eu pensava.
— Mas já vou avisando, não confie nesse tipo de homem! — a voz de
Miriam soou bem mais perto de mim agora e me trouxe de volta. — Eles
não costumam passar muito tempo aqui e estão apenas em busca de uma
aventura de uma noite ou um envolvimento de verão.
— Não pretendo me envolver com nenhum dos hóspedes, na verdade,
com nenhum homem por agora, tenho um plano e não inclui isso.
— Ótimo, então eu vou nessa. Até amanhã! — Ela se despediu e saiu
da área reservada para funcionários, eu peguei minha bolsa pronta para ir
também.
Não havia mentido na minha última resposta a ela, eu tinha um plano
para o meu futuro e definitivamente não incluía envolvimentos e distrações
agora. Por mais gato e tentador que fosse o homem, meu foco agora era
conseguir dinheiro para entrar na faculdade.
Eu tinha dezenove anos e as pessoas podiam me achar careta e boba,
eu não era inocente e puritana, mas sabia bem o que queria e via a luta da
minha mãe, da minha avó e de outras mulheres na família que acabaram
engravidando cedo ou se envolvendo com o homem errado e deixando de
lado suas vidas e sonhos.
Definitivamente eu não queria aquilo para mim, a carreira viria em
primeiro lugar, depois disso eu poderia pensar em homens.
Infelizmente nem mesmo meus planos ou determinação impediram
que meus sonhos fossem preenchidos pelos olhos castanhos, o rosto
impecável e os braços fortes me segurando.
Mas minha surpresa foi maior quando atravessei as portas do fundo
do hotel, dez minutos mais cedo que o primeiro dia, indo direto para a área
dos funcionários e dei de cara com o mesmo homem parado ali.
Ele estava encostado contra a parede, às pernas cruzadas uma a frente
da outra, as mãos no bolso do terno creme e uma expressão séria. Dessa vez
não havia uma gravata e os cabelos pareciam ter sido molhados
recentemente e jogados para trás, de forma bagunçada o deixando com um
ar casual e apressado, mas terrivelmente sensual.
— Bom dia, sweet. — ele me cumprimentou abrindo um sorriso
lateral quando seus olhos pousaram em mim. — Eu estava te esperando.
Eu engoli em seco e tentei me lembrar da conversa com Miriam
ontem, ele claramente estava ali de passagem, um turista, e eu tinha que me
manter longe. Mas ele desgrudou da parede e deu um passo largo, se
aproximando de mim, me embriagando com o seu perfume e invadindo
todo o meu espaço pessoal.
— Bom dia. — murmurei erguendo a cabeça para conseguir olhá-lo
melhor no rosto. — O senhor deseja algo?
Me manter profissional era a única forma de não ceder a todo o
charme que ele estava jogando, mas ficava até difícil de pensar ou respirar
fundo com ele tão perto e olhando no fundo dos meus olhos.
— Eu desejo muitas coisas. — ele ergueu a mão pegando uma mecha
do meu cabelo e enrolando nos dedos. — E a primeira delas é conversar
com você.
Capítulo 4
Eu tinha cedido à ideia estúpida de Michael, após passar a manhã e
metade da tarde no escritório ouvindo o mesmo vai e vem sem sairmos do
lugar, quando concordávamos de um lado, eles arrumavam outro problema
no contrato para ser discutido.
Por isso, assim que demos por encerradas as negociações do dia eu a
chamei para jantar, mas fiz questão de levar meu amigo comigo, não queria
ter que aturar a mulher insuportável sozinha e depois dele ter tido a ideia
nada mais justo que a aguentasse junto comigo.
A única coisa que me ajudou a passar por aquele dia foi a lembrança
dos olhos verdes, os lábios rosados e o balanço do quadril que me deixou
hipnotizado. Manter minha mente na garota que encontrei fez meu dia ser
mais leve, pois já estava traçando um plano para a tê-la em minha cama.
O jantar e o que eu precisaria fazer depois dele era um sacrifício pelo
bem-estar da empresa, foi isso que eu continuei a repetir a mim mesmo. Só
não esperava que Laura e Michael fossem se dar tão bem, enquanto eles
descobriam o quanto tinham em comum, uma ideia nada correta se formou
na minha mente e quando subimos para o quarto de hotel, os três, coloquei
em prática.
— Eu quero os dois! — Laura repetia, enquanto beijava Michael,
quase o engolindo.
Os dois já estavam tão altos que eu duvidava entenderem o que
estavam fazendo. Eu abri a porta e entrei no quarto que tinha reservado,
quando senti as mãos dela em mim, me empurrando contra a parede e me
beijando desajeitadamente.
— Vamos com calma doutora, você vai ter nós dois se é o que deseja.
— murmurei tentando acalmá-la e procurei Michael por cima do ombro, o
encontrando tirando as calças enquanto tentava se equilibrar.
— Vai fazer tudo o que eu quiser James? — A boca dela grudou em
meu pescoço e eu me voltei para ela.
A mulher me olhava com os olhos tomado de desejo e mesmo sendo
linda não fazia meu pau subir, hoje ele estava querendo uma certa morena
que não saia da minha mente e eu não estava disposto a fazer esforço para
transar com Helena
— Tudo! — sem que eu pudesse prever, ela se esticou e grudou
nossos lábios, me fazendo sentir o gosto de todos os drinks que os dois
idiotas misturaram durante o jantar. — Tanto eu quanto Michael, só
queremos te agradar.
Puxei meu amigo, que agora só usava uma cueca, para o meu lado e
os olhos dela rapidamente se desviaram para ele, descendo pelo corpo dele
um longo segundo antes de agarrá-lo o puxando até a cama no outro
cômodo.
— James, você não vem? — Michael colocou a cabeça no portal do
quarto, os olhos se dividindo entre mim e algo que Laura fazia no quarto.
— Vou em um segundo, podem começar sem mim. — ele não
esperou nem mesmo que eu terminasse a frase antes de sumir novamente.
Me joguei no sofá sabendo que agora só precisava esperar os dois
brincarem até cair no sono para poder ir para o meu quarto. E não demorou
muito para isso acontecer, depois de uma sessão de orgasmos
constrangedores, que eu com certeza usaria contra Michael depois, os dois
caíram em um sono profundo com direito a roncos.
Eu saí de lá e fui para o meu quarto, no mesmo andar, o que facilitou
meu fingimento da manhã, quando passei lá com uma roupa mais casual e
os cabelos molhados, apenas para dizer que estava indo embora e que a
noite tinha sido ótima, uma mentira que nenhum dos dois percebeu.
Então eu fui atrás do meu verdadeiro objetivo, a morena de olhos
sedutores. Uma forma de encontrá-la sem saber seu nome era indo até o
mesmo lugar que nos encontramos e esperar que o universo me ajudasse.
— Bom dia, sweet. — a cumprimentei quando a porta se abriu de
supetão. — Eu estava te esperando.
Não menti, fazia cerca de vinte minutos que eu estava ali imaginando
quando ela apareceria, tinha até pensado em desistir e voltar para procurá-la
uma outra hora, mas a verdade é que quanto antes eu a tivesse em minha
cama, mais rápido eu poderia tirá-la da minha mente.
Me aproximei sem pensar na distância aceitável, só queria ter a
certeza de que ela sentia a mesma atração que eu apenas com a pouca
aproximação.
— Bom dia. — A voz dela soou quase incerta, mesmo que ela
estivesse erguendo o pequeno queixo arredondado para parecer altiva. — O
senhor deseja algo?
— Eu desejo muitas coisas. — abri um sorriso vendo o espanto nos
olhos claros e ergui a mão pegando uma mecha do cabelo macio e o
enrolando em meus dedos. — E a primeira delas é conversar com você.
Não era realmente o que eu desejava fazer com ela, se fosse para ser
honesto eu diria que a queria gemendo meu nome o resto do dia, enquanto
eu a fodia de todas as maneiras possíveis. Mas eu não queria espantar
minha presa tão fácil, e pelo ar de inocência dela com toda certeza se
assustaria com uma abordagem mais dura.
— Humm... — levou um segundo, pelo que pareceu que ela estava
assimilando minhas palavras enquanto os olhos grandes e redondos
esquadrinharam meu rosto. — Os funcionários não podem ser vistos
conversando com os hóspedes.
— Então não vamos deixar que nos vejam, quando você for até o meu
quarto teremos tempo de conversar.
— O quê? — o tom mais alto da voz dela me deu a certeza que não
seria tão fácil assim entrar nas calças dela. — Não, eu não posso estar no
quarto quando os hóspedes estiverem lá e eu realmente preciso ir.
A garota deu um passo para o lado, como tinha feito da primeira vez
antes de fugir de mim, e meu impulso foi segurá-la pela cintura, impedindo
que fosse mais longe.
Um suspiro escapou pelos lábios rosados atraindo meu olhar
diretamente para lá, mas ela ergueu as mãos empurrando meu peito, me
mostrando que não ia ceder.
— Escuta, eu... me desculpa. — e forcei a dar um passo para trás,
deixando que minha mão deslizasse para seu pulso e dando mais espaço a
ela, mesmo contra minha vontade. — Eu não quis ser invasivo, é só que não
consigo parar de pensar em você desde que te vi ontem. Porque não me diz
ao menos seu nome?
Ela olhou em volta, como se estivesse se certificando de que ninguém
estava nos vendo antes de finalmente falar.
— Aurora, meu nome é Aurora Vieira. — então as lindas íris se
desviaram de mim enquanto ela focava em minha mão segurando seu pulso.
— E eu não parei de pensar em você também. — aquilo me deixou ainda
mais confiante que conseguiria o que eu queria. — Mas não posso perder
esse emprego, sinto muito.
Ela puxou o braço para longe do meu toque e se afastou, achando que
aquelas poucas palavras me fariam desistir, mas eu a segui ignorando tudo.
— Não tem que perder o emprego, ninguém vai saber se formo
discretos, ou podemos nos ver em outro lugar se quiser. — eu podia estar
parecendo um cachorrinho pidão atrás dela, mas eu sabia que não
conseguiria pensar em outra coisa enquanto não consumisse esse desejo.
— Porque quer tanto isso? — ela me questionou, se virando e me
pegando desprevenido. — O hotel está lotado, tenho certeza de que não
faltam mulheres para puxar conversa.
— Mas eu não quero nenhuma delas, quero você! — ela engoliu em
seco e piscou rapidamente, desviando os olhos dos meus, mas não
conseguindo esconder as bochechas rosadas. — Não costumo correr atrás
de mulheres, Aurora. Então acredite quando digo que não quero nenhuma
outra.
Falar o nome dela pela primeira vez pareceu tão certo que eu queria
dizer de novo, mas me contentei com a expressão surpresa dela, esperando
que finalmente ela cedesse.
— Eu acredito no destino então vamos fazer assim, se for para essa
conversa acontecer vou ser mandada para o seu quarto, do contrário vou
entender como uma negativa do universo. — ela voltou a andar me
deixando parado no corredor dessa vez, mas antes de entrar na mesma porta
do outro dia ela se virou me lançando um sorriso largo. — Tenha um bom
dia!
— Com toda certeza eu vou ter um bom dia quando te ver entrando
no meu quarto!
Nunca acreditei nessa baboseira de destino, mas estava indo fazer o
meu agora mesmo na recepção, garantindo que ela seria enviada até meu
quarto!
Capítulo 5
O homem era impossível! Por um instante eu achei que ele iria me
empurrar contra alguma parede e me beijar. Eu não podia negar que o
pensamento de que ele me beijasse ali me encheu de desejo e fez meu
coração disparar, ao mesmo tempo que me deixou com medo de que alguém
me visse e isso me custasse meu emprego.
Mas ele pareceu entender minha ideia sobre o destino, se fosse para
conversarmos íamos nos encontrar, era no que eu acreditava, afinal não foi
por acaso que nos conhecemos daquele jeito no primeiro dia.
Eu só tinha que manter em mente tudo o que Miriam tinha falado, ele
partiria em breve e com toda certeza só estava procurando uma diversão de
verão.
— Está distraída Aurora! — A voz de Teresa foi o que me trouxe de
volta. — Eu estava falando da sua escala de hoje, vai ficar aqui mesmo no
bloco A, seus andares aqui.
Ela me estendeu a mesma folha que Alice e Miriam já seguravam,
memorizei os andares mais altos do prédio principal, que era onde
estávamos.
— Porque elas iriam nos mudar? Nem lembro da última vez que teve
alguma alteração assim. — ouvi às duas meninas conversando enquanto
colocávamos os carrinhos no elevador.
— Alguém deve ter aprontado alguma coisa, uma das meninas com
certeza deu em cima de algum hóspede. — Alice falou plantando medo em
minha mente.
— Ou como no mês passado, que aquela mãe pegou o filho escondido
vendo a Janice limpar o quarto e surtou.
Às duas caíram na gargalhada, mas tudo o que eu conseguia pensar
naquele instante era que alguém tinha nos visto no corredor e estavam me
mudando para evitar problemas.
Eu deveria ter sido mais esperta, havia câmeras em todos os lugares
do prédio, com toda certeza iriam me ver em algum momento. Mas bastou
eu entrar no terceiro quarto do andar para que esses pensamentos fossem
por água abaixo.
— Acho que o destino está mesmo ao nosso favor. — a voz dele
chegou aos meus ouvidos me fazendo pular e derrubar o balde que
segurava.
— Ai meu Deus! — gritei levando as mãos ao peito. — Você quer me
matar do coração ou o quê? Não deveria ter ninguém nesse quarto, como...
como você está aqui?
— Devagar, se acalme e fale devagar, não consigo entender sua
língua assim tão depressa. — ele pediu se levantando e vindo para perto de
mim.
Mas eu não conseguia pensar devagar, não quando finalmente abri a
boca depois de passar a última meia hora remoendo sobre a mudança
inesperada e como eu estaria ferrada se perdesse esse emprego.
— Não consigo pensar devagar e muito menos falar. Eu posso perder
meu emprego por isso, você nem devia estar aqui. Mas como eu ia saber
que tinha alguém aqui? Já mudaram o meu bloco, coisa que aparentemente
não costuma acontecer e eu tenho quase certeza de que foi porque nos
viram no corredor, mas eu não posso perder...
Eu estava falando sem parar e no instante seguinte ele tinha me
calado, os lábios cobrindo os meus enquanto suas mãos seguravam meu
rosto.
Nem conseguia entender como ele tinha se aproximado tão rápido
sem que eu percebesse, mas ele estava ali de olhos me beijando no meio do
seu quarto de hotel.
Meu espanto durou apenas o segundo que levei para olhar melhor
para ele, observando toda a confiança e tranquilidade em sua expressão,
como se estivesse fazendo exatamente o que tinha planejado. No instante
seguinte eu estava relaxando em suas mãos, abrindo meus lábios e
deslizando minha língua para fora, ansiosa para aprofundar nosso beijo.
Ele pareceu surpreso com o toque repentino contra a boca fechada,
mas rapidamente a abriu me deixando invadir e sentir seu gosto. Nossas
línguas se enroscaram buscando desesperadamente por mais uma da outra e
eu gemi baixinho quando ele me puxou para perto.
Espalmei minhas mãos no peito largo, coberto com a camisa social,
sentindo o calor emanar dele, desenhava os músculos e abdômen com as
pontas dos dedos, enquanto ele devorava minha boca.
Aquele beijo era a coisa mais erótica que já experimentei na vida, o
encaixe certo, a sintonia perfeita. E tudo se tornou ainda mais intenso
quando ele desceu as mãos para o meu pescoço, tombando minha cabeça e
arrepiando minha pele com a força com que seus dedos me apertavam.
Não paramos nem mesmo para tomar fôlego, nem quando ele
começou a andar para trás.
Ele desceu as mãos por meus ombros, me puxando contra seu corpo,
antes de contornar as curvas do meu corpo, sem se demorar em nenhuma
delas, até chegar a cintura, onde me apertou com possessividade me
arrancando um arquejo, parecendo querer fundir nossos corpos, eu podia
sentir o peitoral duro contra meus seios, enquanto minhas mãos se
abrigavam em suas costas.
Mas bastou que eu sentisse as mãos grandes me puxando para o seu
colo, para que voltasse a realidade da vida, quebrando todo o encanto do
beijo.
— Ai meu Deus, o que estamos fazendo? — levei a mão à boca
questionando, mais a mim do que a ele.
— Estamos nos beijando e adorando isso. — ele agarrou minha mão
livre e tentou me puxar novamente para o seu colo, mas eu dei um passo
para trás, precisando colocar uma certa distância entre nós.
— Eu não posso fazer isso, não posso perder meu emprego, não posso
me envolver com ninguém! — repeti como um mantra e voltei para a
entrada do quarto.
Me curvei pegando o balde que deixei cair na entrada, precisava sair e
só voltar quando ele não estivesse ali. Tinha que focar no meu trabalho e
apenas nisso. Mas quando me levantei senti o calor dele atrás de mim, as
mãos rapidamente seguraram minha cintura e me puxaram, colando minhas
costas em seu peito.
— Você não vai perder o emprego. — A voz grossa e profunda contra
minha nuca me arrepiou por inteiro.
— Eu não posso ser vista com você ou... — ele deslizou o nariz por
meu pescoço, descendo e subindo em uma lentidão que me fez suspirar. —
Não posso...
— Detesto essa palavra. — ele me interrompeu com a boca sobre
minha orelha, antes de sugar o lóbulo da minha orelha, me arrancando um
gemido. — Chega de dizer não quando nós dois queremos isso!
Ele envolveu a minha barriga com as mãos, traçando um caminho até
meus seios enquanto espalhava beijos e chupões por meu pescoço.
Eu estava ridiculamente excitada, sentia minha calcinha ficar ainda
mais molhada a cada segundo e não conseguia nem ao menos me
desvencilhar dele porque era impossível resistir aquilo.
Minha cabeça estava tombada para o lado, dando a ele livre acesso e
mesmo assim ele não se dava por satisfeito. Sua mão cobriu meu seio,
apertando minha carne com força mesmo com o bojo.
— Eu tenho que ir, não podemos fazer isso... — os dedos dele
encontraram meu mamilo e eu não pude evitar o arquejo que tomou meu
corpo, empurrando meu seio ainda mais contra sua mão. — Ao menos não
aqui. Não posso correr o risco de ser demitida.
— Ok, então vamos nos ver fora do hotel. Onde você quiser! — a
oferta sussurrada ao pé do ouvido soou tentadora demais para que qualquer
mortal conseguisse resistir.
— E mais uma coisa, eu ainda não sei o seu nome, mas você sabe o
meu. Não acho que isso seja muito justo. — murmurei e ele me girou em
seus braços, ficando cara a cara comigo novamente antes de responder.
— James Perseu Wayne. — estávamos tão próximos que nossas
respirações se misturavam, ele não perdeu tempo e sugou meu lábio
inferior. — Para agradar.
Eu estava mesmo ferrada!
Capítulo 6
Eu precisava ter aquela garota para mim! Ainda conseguia sentir o
corpo dela contra o meu, o seio redondo que se encaixou perfeitamente em
minha mão. Porra, por um instante a senti vindo para o meu colo só para ter
essa sensação arrancada de mim no segundo seguinte.
Ao menos agora eu sabia que a teria essa noite, ia passar um longo
tempo apreciando ela cavalgar em meu colo.
Após combinar o lugar onde nos encontraríamos, longe dali já que ela
insistiu, eu saí do quarto para deixar que ela fizesse o seu trabalho. Por sorte
não teria nenhuma reunião no dia, Laura ainda estava indisposta e tudo foi
cancelado, assim eu poderia descansar sem me estressar e só pensar nela.
O beijo dela ficou rondando em minha mente, beijá-la foi quase como
fazer sexo e eu mal podia me conter pensando no fim do dia. Estava louco
para ouvir mais dos gemidos dela e não apenas os baixos e contidos, eu
queria ouvi-la gemer e gritar meu nome, pedindo por mais e mais.
— Cara, o que aconteceu ontem a noite? — a voz de Michael invadiu
meus pensamentos, atrapalhando toda a minha fantasia e me trazendo para
o presente.
Ele tinha insistido que deveríamos aproveitar que não teria reunião
hoje para sairmos com alguns dos sócios da empresa apenas para garantir
uma afinidade entre nós.
Eu com toda certeza estaria resmungando e falando do quanto isso era
uma perda de tempo, mas estava de muito bom humor após beijar Aurora e
ouvir os gemidos fáceis que saíam daquela boca doce.
— Do que está falando? — continuei observando os homens a nossa
frente conversarem entre si e comerem as minhas custas.
— Sabe exatamente o que estou falando, você não foi para cama com
a gente, me deixou sozinho com a maluca.
Um burburinho do outro lado do restaurante chamou minha atenção,
uma criança malcriada derramou um prato de comida inteiro no chão
fazendo uma bela de uma bagunça. Aquelas coisas serviam só para reforçar
minhas razões para nunca ter filhos.
— Achei que se entenderiam melhor, afinal os dois são advogados,
não quis atrapalhar sua aventura. Sem falar que você não pareceu nenhum
pouco incomodado com isso, os dois fizeram mais barulho do que eu estava
esperando. — falei baixo o suficiente para que só ele escutasse.
— Não estou reclamando de ter nos deixado sozinhos, mas porra,
você voltou pro quarto de manhã e fingiu para ela que tinha participado. —
ele alterou a voz, mesmo com meu olhar de censura. — Eu só... não achei
isso legal cara, e se ela descobrir pode ferrar com tudo.
— Para começar eu nem queria isso, só topei porque você veio com
essa ideia. E ela não vai descobrir, os dois estavam tão bêbados que não sei
como você percebeu que eu não estava lá.
Michael bufou e revirou os olhos, mas se tinha alguma reclamação a
fazer preferiu guardar para si mesmo. No mesmo instante meus olhos foram
atraídos para a mesa do pestinha, quase como se tivesse sentido os olhos
dela sobre mim.
Aurora tinha acabado de entrar para dar um jeito na bagunça do
garoto, ela rapidamente desviou o olhar com um sorriso no rosto para a
família, antes de se abaixar e começar a limpar. Não entendi porque ela
estava ali, quando aquele não era o serviço dela, mas adorei poder colocar
os olhos nela mais um pouco.
— Desde quando você recusa uma transa? É isso que não entra na
minha mente. — eu não estava nem aí para as perguntas dele, estava focado
em Aurora limpando o chão enquanto sorria e conversava com o menino
abusado. — A não ser é claro se já tiver pegando alguém. Não, não pode
ser! Você está transando com a camareira?
Ele me fez desviar o olhar dela para encará-lo depois de falar bem
mais alto. Mas isso só serviu para me fazer ver que eu não era o único de
olho em Aurora, vários babacas a nossa volta estavam babando em cima
dela e quem poderia culpá-los?
— Fala baixo, porra! — falei entre dentes, não certo se estava irritado
mais com ele ou com todos os urubus em volta dela.
— Foi mal. Não me leva a mal cara, ela é gostosa eu entendo. — ele
desviou o olhar de mim para Aurora. — Mas é uma faxineira, a camareira
do hotel, sério que você desceu tão baixo por uma boceta.
Eu não tenho ideia do que me tomou, porém, quando dei por mim já o
tinha agarrado pelo colarinho e o puxado até estar cara a cara comigo.
— Acho bom você nunca mais falar algo assim dela se quiser
continuar com todos os dentes! — avisei quase rosnando.
Minha vontade mesmo era de socar a cara do babaca, mas não queria
chamar atenção de todos a nossa volta, que ainda estavam vidrados em
Aurora.
— Ei, ei, calma aí James. Por mim você pode transar com quem
quiser, não me importo. — ele disse apressado erguendo as mãos em sinal
de rendição e eu finalmente o soltei. — Só se certifique de que não vai sair
nenhum escândalo, precisamos fechar essa fusão e sair daqui sem nenhum
problema.
— Eu não te ensino a droga do seu trabalho e você não tenta me
ensinar o meu! — O assunto morreu ali, Michael não ousou dizer mais nada
sobre ela ou coisa parecida.
No horário marcado eu estava em frente ao restaurante que Aurora
tinha escolhido, esperando por ela e assim que avistei ela dentro de um
carro me aproximei quando ela já pagava o motorista, antes de se virar para
mim.
Eu não estava preparado para vê-la naquele vestido preto que só
cobria até o meio das coxas torneadas, o tecido de cetim que se agarrava as
curvas conforme ela andava até mim, chamando ainda mais atenção para o
quadril e me deixando louco para vê-la sem nada.
— Uau. Você está linda! — exclamei estendendo a mão agarrando a
cintura fina e a puxando para mim.
Me aproveitei totalmente do momento para me curvar e plantar um
beijo na bochecha macia, mas o perfume adocicado invadiu meus sentidos,
me levando a descer o nariz pela curva do pescoço dela até o ombro coberto
com a fina alça do vestido.
— Humm... obrigada. — ela suspirou e colocou as mãos em meus
braços, me lembrando que estávamos em um lugar público.
— Acho melhor entrarmos antes que eu cometa uma loucura!
O lugar não era nem de longe algo que eu esperava, quando ela
propôs escolher o lugar eu acreditei que escolheria algo chique e caro, mas
era algo simples e acolhedor.
De certa forma eu deveria estar agradecido, aquele era o local que
jornalistas não iriam atrás de uma história, não era o tipo de lugar
frequentado por pessoas importantes e influentes.
Mas Aurora pareceu adorar, desde o instante que entramos ela não
parava de repetir como sempre quis conhecer aquele lugar, ou em como
suas amigas falavam bem do restaurante.
Não tinha sombra de dúvida que viemos de mundos diferentes,
completamente opostos, mas bastava eu deslizar meus dedos pelo braço
dela ou sentir o perfume para que o desejo me invadisse, mostrando que não
importava mais nada. E eu sabia que o mesmo acontecia com ela, os olhos
brilhando com desejo, o aperto de uma perna contra a outra, as mordidas
nos lábios quando me olhava achando que eu não tinha percebido.
— Porque está me olhando desse jeito? — a pergunta dela me pegou
desprevenido.
— Estou tentando entender essa química insana que existe entre a
gente, mesmo que nós sejamos completamente diferentes. — me aproximei
deslizando meus dedos em seu rosto, contornando a maça do rosto dela
simplesmente porque não conseguia deixar minhas mãos longe.
— Me perguntei a mesma coisa depois que você saiu do quarto. —
sem eu esperar Aurora se curvou um pouco mais ao meu lado, ficando
perigosamente perto. — Nenhum homem me beijou daquele jeito!
Então eu mandei todo o meu juízo para o inferno e tomei aquela
boquinha deliciosa na minha. Aurora sugou meu lábio inferior e soltou um
suspiro de prazer quando deslizei a língua para dentro de sua boca, fazendo
todo o tesão acumulado durante o dia explodir entre nós.
Senti quando a mão dela agarrou a lapela do meu terno e deslizei
minha mão por sua perna, subindo e sentindo a pele macia se arrepiar com
meu toque, enquanto ela me beijava com ainda mais fome.
— Droga! — desviei os lábios dos dela quando a voz de outra pessoa
me atingiu, mas não consegui tirar minhas mãos dela. — Vamos embora
daqui?
Aurora acenou com a cabeça de forma veemente e tomou o resto da
taça de vinho enquanto eu pagava a conta.
— Para aonde vamos? — ela perguntou já no carro que eu tinha
alugado essa tarde, parecendo um tanto insegura agora, bem diferente da
garota no restaurante.
— Você escolhe, qualquer lugar desde que eu possa te chupar inteira!
— exclamei a verdade, sem nenhum pingo de vergonha e vi as bochechas
dela ficarem ainda mais vermelhas.
— Ok. — assisti ela engolir em seco, mas rapidamente digitou algo
no celular e me guiou até um motel. Novamente ela tinha me surpreendido,
aquele lugar era o último que eu esperava que ela fosse escolher, mas só me
importava de estar sozinho com ela e poder fazer tudo o que tinha planejado
no dia.
Aurora desceu do carro antes de mim e entrou na suíte de luxo
rapidamente, fugindo do meu campo de visão por um instante. Levei o
tempo de pegar os preservativos no carro para encontrá-la na área externa
do quarto, de frente a hidromassagem.
A água já corria enchendo a hidro e ela olhava com uma expressão
nervosa no rosto, lembrando bem mais a garota no primeiro dia que nos
esbarramos.
Arranquei minha camisa e tirei os sapatos antes de me aproximar
dela, esperando que ela relaxasse e me olhasse, mas Aurora parecia bem
mais interessada no movimento da água do que em mim.
— Está tudo bem? — a questionei parando contra suas costas, ainda
não entendendo o motivo de todo o silêncio.
— Tudo. Só estou um pouco... nervosa, acho que a água vai ajudar.
— por um instante ela se perdeu nas palavras e algo me dizia que ela não
estava sendo totalmente honesta, mas eu podia arrancar a verdade dela de
outro jeito.
— Acho que tenho outras formas de te ajudar a relaxar.
Joguei o cabelo dela para o lado e desci minha boca até a nuca
enquanto meu braço envolvia seu corpo o trazendo mais para perto de mim.
Ouvi um arquejo escapar de seus lábios quando mordisquei o lóbulo da
orelha e soube que era exatamente isso que ela precisava para relaxar.
A cabeça de aurora tombou contra minha mão e eu desci meus lábios
por sua pele, sugando, beijando e mordiscando, sentindo ela se remexer em
meus braços e começar a soltar pequenos sons eróticos.
Subi minha mão livre até seu seio e o apertei contra minha palma
como tinha feito mais cedo, dessa vez sentindo apenas o tecido do vestido
separando nossas peles. Os dedos dela invadiram meus cabelos e a bunda
perfeitamente redonda se aconchegou bem em cima do meu pau, o fazendo
criar vida e me deixando ainda mais louco para estar dentro dela.
Mas naquele instante eu estava mais focado em arrancar sua roupa,
por isso fui rápido em descer a alça do vestido com a boca e puxei o
restante do tecido com a mão, querendo sentir os seios dela sem nada me
atrapalhando. Aurora gemeu e jogou a cabeça contra meu ombro quando
torci o mamilo entre o polegar e o indicador, ela rebolou contra minha
ereção no mesmo ritmo que meus dedos massageavam sua carne.
Ainda não era suficiente, eu queria mais! Precisava de muito mais! A
virei rapidamente e sem aviso abocanhei o seio pequeno, sugando e
esfregando minha língua no mamilo entumecido.
— Oh! Meu Deus, isso é... — ela deixou a frase incompleta no ar, as
palavras sendo substituídas por gemidos enquanto eu segurava os seios com
firmeza dando atenção a cada um por vez.
Os dedos dela estavam enrolados em meus cabelos e ela empurrava os
seios contra meu rosto quando me demorava a observando e esquecia o que
estava fazendo.
Aurora estava adorando, não havia mais nenhum resquício da
insegurança de segundos atrás, agora ela transbordava apenas desejo e
excitação. E eu tratei de subir minha mão por suas coxas erguendo o vestido
embolado em sua cintura, encontrando o que eu tanto querida.
— Caralho. Você está ensopada! — exclamei segurando um mamilo
entre os dentes e deslizando os dedos no tecido molhado da calcinha.
— Ahhh isso... assim... — eu nem tinha começado a masturbá-la e ela
já estava gemendo mais alto e balançando o quadril na direção da minha
mão.
Eu me afastei apenas o suficiente para puxar o vestido para baixo
junto com a calcinha, a deixando totalmente nua para mim, usando apenas o
salto e porra ela era perfeita! Eu passaria um longo tempo apreciando
aquele corpo, mas nós dois estávamos com pressa e ela me provou isso
quando me puxou, agarrando meu rosto e tomando minha boca.
Nossas línguas se enroscavam em uma dança sensual, uma se
esfregando na outra deixando claro todo o nosso desejo, eu puxei sua perna
contra o meu quadril abrindo ainda mais espaço antes de deslizar meus
dedos nas dobras quentes e molhadas da boceta dela.
Meu pau pulsou apertado na cueca, louco para sair e poder estar no
lugar dos meus dedos. Dedilhei lambuzando e espalhando a excitação dela
em cada pedacinho de sua carne pulsante antes de esfregar o clitóris,
arrancando um gemido ainda mais alto dela.
Aurora desviou a boca da minha e fincou as unhas em meus braços
enquanto eu girava o polegar em seu ponto inchado, mas foi quando
escorreguei meu dedo médio para dentro dela que os olhos se fecharam e
ela tombou a cabeça para trás.
— Caralho! — rosnei surpreso e ainda mais excitado por sentir as
paredes apertadas em volta do meu dedo, me sugando a cada pulsação.
— Isso... ai meu Deus continua... — ela gritou em meio aos gemidos.
Eu só podia obedecer observando cada mudança na expressão dela e no
corpo enquanto eu aumentava meus movimentos. — Eu vou... eu vou
gozar...
— Goza! — mordisquei o lábio dela e os olhos claros encontraram os
meus, atordoados e tomados por prazer. — Goza no meu dedo antes de
receber meu pau.
O corpo dela se retesou antes de ser atingido pelo primeiro espasmo,
as paredes pulsaram me apertando ainda mais, então ela explodiu marcando
minha pele com as unhas enquanto gozava. As pálpebras vibrando tentando
se manterem abertas, o corpo todo dela estremecia e seus gemidos eram
uma bagunça enquanto meus dedos continuavam a trabalhar.
Eu senti o gozo dela escorrendo em meus dedos, molhando a minha
mão e aquilo só me dava mais vontade de chupá-la, para ter certeza se
aquela boceta seria tão deliciosa quanto todo o resto.
— Preciso disso... Preciso de você! — por um instante eu achei que
ela estava delirando de prazer por falar em português, mas Aurora agarrou a
ereção dura marcada contra minhas calças, me fazendo entender o que ela
estava dizendo.
— Não tanto quanto eu de você! — deslizei meu dedo para fora dela
e tratei de me livrar das calças e cueca.
Dessa vez eu podia sentir o olhar dela queimar sobre mim, de pé ali
me encarando ela parecia a porra de uma deusa, usando só a sandália de
salto alto preta com pedrinhas brilhantes e coberta apenas de luxúria.
— Minha nossa senhora. — ela exclamou me deixando confuso com
o português. — Isso não vai caber em mim! — explicou melhor olhando
espantada para o meu pau totalmente livre a saudando duro como pedra.
— Com jeitinho vai sim. — Aurora era muito apertada, mas com
certeza conseguiria abrigar meu cacete todo naquela bocetinha.
— Acho que você não entendeu ainda, mas eu nunca fiz isso. — ela
apontou entre nossos corpos, os olhos finalmente saindo do meu pau e
focando no meu rosto. — Eu sou virgem!
Capítulo 7
James tinha acabado de me dar o orgasmo mais intenso que já tive na
vida, nem se comparava aos que eu mesma me dava e eu estava ansiosa por
mais.
Eu tinha saído de casa decidida a ir até o fim com ele e mesmo
ficando insegura quando chegamos, ele fez questão de sumir com cada
resquício de timidez e insegurança.
Mas bastou ver a ereção enorme dele para que eu me lembrasse de
que nunca tinha feito aquilo e com certeza um pau daquele tamanho não iria
caber em mim. Não era apenas grande, era grosso e imponente com as veias
saltadas e a cabeça rosada.
Eu não ia negar que me deu tanta vontade de pular nele quanto de
correr.
— Eu sou virgem! — falei por fim e o queixo dele foi praticamente
ao chão.
As sobrancelhas grossas se franziram ainda mais em confusão, e eu
podia imaginar os pensamentos que estavam correndo em sua mente
enquanto ele me encarava daquele jeito estranho.
James demorou tanto para falar qualquer coisa que por um instante eu
achei que ele iria desistir de tudo ali mesmo, mas ele se aproximou a
passadas lentas, fazendo meu corpo voltar a se aquecer e a pulsação entre
minhas pernas voltar.
— Porque não me falou antes? — as mãos dele agarraram minha
cintura e ele me puxou contra seu corpo, seus dedos contornaram minhas
curvas descendo até minha bunda, que ele apertou me arrancando um
arquejo. — Eu só preciso te preparar melhor antes.
James me segurou firme minha bunda impulsionando meu corpo para
cima e eu envolvi minhas pernas em volta da cintura dele só não esperava
sentir o pau contra minha boceta.
— E como pretende fazer isso? — foi tudo o que eu consegui
perguntar com a voz quase como um sussurro pelo toque de nossas partes a
cada passada dele até o quarto, mesmo sendo superficial seu membro
deslizando entre minhas dobras só me fazia ansiar por tê-lo dentro de mim.
— Você vai ver, sentir e adorar cada segundo, eu garanto! — James
me beijou enfiando a língua em minha boca e se esfregando contra mim de
forma sensual.
O senti se abaixando e quando dei por mim ele estava sentado na
cama comigo montada em seu colo. Agarrei os cabelos dele, puxando os
fios mais longos e mordisquei o lábio inferior sentindo como se ele
estivesse tocando em todos os pontos do meu corpo.
As mãos dele apertaram minha bunda e eu rebolei involuntariamente
contra sua ereção, arrancando gemidos de nós dois. Sem conseguir me
conter rebolei de novo e de novo, esfregando minha boceta contra ele e
enlouquecendo de prazer a cada toque em meu clitóris.
— Caramba! — James rosnou desviando os lábios dos meus e
descendo para meu pescoço, lambendo minha pele até meu ombro. — Você
está lambuzando o meu pau com essa boceta encharcada.
A palma da mão dele acertou minha bunda me fazendo pular e gritar
em surpresa, e vendo minha reação o safado bateu do outro lado enquanto
sua boca descia até meus seios.
— James... — gemi o nome dele quando seus lábios abocanharam
meu seio, sugando com tanta força que com certeza estaria marcado no dia
seguinte.
Mas antes que pudesse me acostumar com isso ele girou nossos
corpos, colocando minhas costas sobre a cama e se mantendo encaixado
entre minhas pernas.
— Eu preciso te chupar. — senti a vibração de sua voz contra meu
seio e sua língua contornou meu mamilo antes de mudar para o outro
fazendo a mesma coisa, apenas prolongando minha ansiedade em sentir sua
boca em minha boceta.
Ao menos eu podia me aproveitar do momento e tocar aquele corpo
esculpido para o prazer, deslizei meus dedos pelas costas torneadas, até a
bunda dele onde apertei com as unhas sentindo ele impulsionar o quadril
contra o meu.
Sentir aquele pau enorme se esfregando em minhas dobras me fez
querer tocá-lo e eu enfiei as mãos entre nossos corpos agarrando a ereção
dele, por um instante vaguei meus dedos para baixo e para cima de forma
insegura, antes de fechar minha mão envolvendo toda a sua grossura.
Mas antes que começasse a me divertir James recuou me encarando
com um sorriso lateral sacana. Ele segurou minhas coxas as mantendo
abertas e escorregou para baixo até seu rosto estar pairando em minha
vagina. Eu mantive os olhos focados nele, incapaz de desviar o olhar,
especialmente ao ver aquela expressão faminta enquanto ele encarava
minha boceta aberta para o seu bel-prazer.
Mas eu não era a única com pressa ali, James finalmente se curvou
colocando a boca sobre minha carne pulsante e que pegava fogo. A língua
dele subiu de minha entrada até meu clitóris me arrancando um gemido, ele
sabia exatamente o que fazer para dar prazer a uma mulher e eu apenas me
entreguei.
Minha cabeça tombou contra o colchão e ele aumentou a velocidade,
esfregando cada pedacinho com sua língua, antes de colocar um dedo para
dentro de mim. Meus olhos se fecharam e eu só conseguia gemer e rebolar,
querendo muito mais.
— Que delícia de boceta! — o rosnado contra minha carne me fez
agarrar os lençóis e no mesmo instante ele adicionou mais um dedo, me
alargando e me fazendo gemer mais alto.
Os dedos bombearam dentro de mim, meu desejo crescendo e se
acumulando no meu ventre. Eu me contorcia sentindo minha excitação
escorrer, até que sua boca encontrou meu clitóris e seus dedos se curvaram
dentro de mim, me fazendo ver estrelas.
— Ahhh... James...
Dessa vez ele não me pediu para gozar e nem precisou, eu já estava a
beira de explodir e não demorou para eu gritar o nome dele deixando que
aquela sensação tomasse meu corpo, aproveitando cada espasmo enquanto
ele tentava prolongar meu prazer.
Ele se ergueu com os lábios brilhando com meu gozo e mesmo ainda
estando sob o efeito do orgasmo eu vi quando ele se esticou e pegou um
pacote prata na mesa de cabeceira.
Meus olhos focaram nele de joelhos na cama deslizando o
preservativo em seu pau. Ele sorriu para mim de forma sacana e esfregou a
cabeça larga em minha entrada, me provocando e se lambuzando. Meus
olhos focaram no único lugar onde nos tocávamos naquele instante e não
consegui conter o gemido quando ele forçou um pouco, como se quisesse
mostrar como ficaria bem com ele dentro de mim.
— Relaxa para mim Aurora. Me deixa preencher essa boceta por
completo! — eu me agarrei aos lençóis e ele forçou um pouco mais
deslizando a cabeça larga para dentro de mim. — Você quer isso, não é?
Quer meu pau até o fundo dentro de você?
Os dedos dele começaram a massagear meu clitóris, que já estava
sensível de mais, eu deixei que minha cabeça caísse de volta na cama e
choraminguei me contorcendo em baixo dele.
— Oh sim... por favor, acaba com isso...
James se curvou apoiando o braço na cama para sustentar seu peso
enquanto a outra mão continuava a massagear meu ponto inchada e
pulsante. Senti quando mais alguns centímetros dele me invadiram e
precisei morder meu lábio para não gritar com a sensação de estar sendo
rasgada ao meio.
— Caralho! Porque tão apertada? — ouvi o rosnado dele, mas estava
com os olhos fechados com força tentando não choramingar enquanto seu
pau me alargava.
Os lábios dele encontraram os meus e a sua língua invadiu minha
boca com sensualidade e desespero, combinando perfeitamente com o que
eu estava sentido.
Deixei que minhas mãos vagassem por seus braços fortes, sentindo a
pele quente já começando a suar quando ele voltou a se mexer. Os dedos
tentavam afastar a dor, mas apenas a deixavam em segundo plano, porque a
cada bombeada do quadril dele eu sentia como se tivesse uma brasa dentro
de mim.
Algo na minha expressão me entregou, pois ele recuou saindo
totalmente de mim e voltou com os dedos ágeis me masturbando. Não sei
ao certo quantos dedos James colocou dessa vez, mas me ajudou a relaxar e
voltar a gemer puramente de prazer enquanto ele fodia minhas paredes.
Ele estava me fazendo querer mais, pois quando chegava perto de
gozar ele diminuía os movimentos até quase não estar me tocando, só para
voltar no segundo seguinte com mais intensidade.
Não demorou para eu estar gemendo, rebolando, buscando seu pau
com a mão e quando o encontrei eu mesma guiei o membro duro para
dentro de mim.
— Ahhh! — gritei sentindo ele ir mais fundo dessa vez, mas ainda
aproveitando a onda de prazer que ele tinha me deixando ansiando. —
Isso...
— Eu sabia que você ia me engolir todinho! — James se ergueu me
fazendo abrir os olhos e vê-lo encarando seu pau se enterrando em mim. —
Poderia morrer aqui e agora.
A mão esquerda dele subiu por minha barriga até alcançar meus seios
e ele os apertou com firmeza, não poupando os mamilos sensíveis, o que fez
minha boceta pulsar arrancando um gemido mais alto de nós dois.
Curvei meu tronco deixando claro que era aquilo que eu queria e ele
soltou minha coxa para dar atenção aos dois em simultâneo. Os polegares
contornaram os mamilos até que estivessem duros de mais antes dele os
torcer me arrancando um grito de prazer e me fazendo impulsionar o
quadril contra o dele, engolindo seu pau no mesmo ritmo das suas
investidas.
— James! — gritei o nome dele quando atingiu o ponto certo dentro
de mim.
— Eu sei... porra e como sei, também não vou aguentar muito mais
tempo. — ele avisou se curvando e intensificando as estocadas, quase a
ponto de fazer meu corpo pular na cama.
Finquei minhas unhas em suas costas e envolvi a cintura dele com as
pernas, as entrelaçando em sua bunda. Meus gemidos eram quase gritos
envolvendo o quarto, combinando com o som dos gemidos dele e dos
nossos corpos se encontrando.
— Ohh Deus... James... aahhhh...
Eu tentei prolongar e não gozar tão rápido, mas bastou uma rebolada
completa para que meu mundo explodisse em um milhão de pedacinhos.
Ouvi os grunhidos de James e senti as mãos agarrando minhas coxas com
brutalidade enquanto eu via estrelas atrás das pálpebras e meu corpo todo
tremia com o orgasmo.
— Essa boceta me pertence agora. — escutei ao longe os murmúrios
dele, mas minha mente estava fora de órbita. — É a minha propriedade!
Capítulo 8
Aurora tinha os olhos fechados, quase como se estivesse dormindo,
mas eu duvidava que tivesse pegado no sono tão rápido, a respiração dela
ainda estava descompassada fazendo os seios se sacudirem e eu não
conseguia tirar meus olhos dela, nem mesmo enquanto me livrava do
preservativo.
Quando ouvi a palavra virgem me travei por um instante, eu não
queria que aquilo significasse mais do que realmente era, mas já tinha ido
longe de mais, nada me faria tirá-la da cabeça enquanto não me enterrasse
em sua boceta.
Então mandei tudo se foder e fiz o que tinha ido fazer ali. A boceta
mais doce e apertada que já provei, quando deslizei poucos centímetros
para dentro dela quase perdi o controle e me afundei de uma vez, foi apenas
o incomodo no rosto delicado e o desconforto aparente que me fizeram ir
devagar e ter um cuidado absurdo com ela.
Nunca tinha sido cuidadoso e tão interessado no prazer da outra
pessoa, não que fosse um escroto que só me importava com meu próprio
prazer, mas nunca estive com uma virgem, onde eu tinha que ser atencioso e
ir devagar para garantir que não a machucaria.
Meu instinto possessivo estava gritando ao vê-la ali, em êxtase após o
terceiro orgasmo que lhe dei e eu ainda não estava satisfeito, precisava estar
dentro dela novamente.
Deslizei a ponta dos dedos pelo vão dos seios dela, descendo por sua
barriga e recebendo um sorriso preguiçoso, ela se remexeu afastando mais
as pernas atraindo minha atenção. Um rastro vermelho me fez chegar mais
perto para conseguir ver melhor, levei meus dedos até ali ouvindo um
murmúrio de prazer quando separei as dobras dela vendo haver um pouco
de sangue.
— Porra! — aquilo devia ser normal, mas eu não estava preparado
para ver aquela confirmação de que eu tinha sido o único a estar dentro
dela. — Vem cá, sweet. Vamos entrar na água.
Me levantei e a peguei em meu colo. Aurora enrolou os braços em
volta do meu pescoço finalmente abrindo os olhos e os focando em mim.
— Você me deixou fora de órbita. — ela murmurou com a voz um
tanto rouca, provavelmente por tantos gemidos altos. — E nem mesmo
parece afetado.
Ela tocou minha nuca com as pontas dos dedos enquanto eu descia os
degraus da hidromassagem. Era estranho estar assim ali com ela, a essa
altura com qualquer outra eu já teria ido embora, mas eu só conseguia
pensar nos meus próximos passos.
A água morna nos envolveu e ela soltou um pequeno gemido
voltando a fechar os olhos relaxando ainda mais em meus braços.
— Pode ter certeza que eu estou afetado e muito! Porém, tenho outras
coisas que ainda quero fazer com você essa noite.
Desci meu braço que segurava as pernas dela, mas a mantive junto a
mim, nossos corpos deslizando um contra o outro dentro da água, os seios
dela se esfregavam em meu peito, o quadril contra o meu, quase me
deixando sentir a quentura de sua boceta.
— E você vai me contar o que quer fazer comigo? — ela perguntou
descendo as mãos por meus ombros, contornando os músculos dos meus
braços antes de ir para minhas costas, me arranhando levemente sem
desviar os olhos dos meus em nenhum segundo.
— Sou do tipo de homem que gosta de mostrar ao invés de falar!
— Então me mostra! — ela ergueu o queixo como se me desafiasse.
Aquela diabinha estava querendo jogar, nem parecia que alguns segundos
atrás ela estava quase desmaiada de tanto prazer.
— Não me tente, você ainda está dolorida. — as mãos dela agarraram
minha bunda, apertando e me puxando ainda mais contra ela, fazendo meu
pau crescer entre nossos corpos. — Tão apressada para ser fodida! Tão
gulosa!
Aurora sorriu e rodopiou na água fugindo de mim e me deixando com
uma ereção enorme. Ela apoiou as costas e os braços na borda oposta,
ficando de frente para mim com um sorriso inocente, quase como se não
fodesse com minha cabeça com aquele olhar.
— Quanto tempo mais vai continuar na cidade? — aquela pergunta
fez meu corpo todo se retesar, eu não queria que ela começasse a ter ideias
de que aquilo iria continuar acontecendo pelo tempo que eu ficasse na
cidade. — Tudo bem se não quiser responder.
— Já estou aqui mais tempo do que esperava, os negócios estão sendo
mais demorados do que eu esperava.
— Posso saber que tipo de negócios são esses? — ela relaxou
deixando o corpo boiar um pouco e os seios apareceram por cima da água.
— Nossa noite se transformou em uma entrevista? Para qual jornal
trabalha mocinha? — eu mantive meu tom divertido, mesmo que não
estivesse gostando nenhum pouco das perguntas dela, não gostava daquele
tipo de perda de tempo.
— Não me leva a mal, eu só queria saber mais sobre você. — o
sorriso sincero e doce dela trabalhava para me dobrar, mas eu tinha me
blindado contra esses truques femininos há muito tempo. — Não sei sua
idade, nem o que faz da vida ou de onde você veio.
— Essas coisas não são relevantes para um envolvimento de uma
noite, não é como se fossemos continuar com isso. — eu fui direto ao ponto
com as minhas palavras duras.
Eu só queria garantir que ela tinha entendido corretamente o que
estava acontecendo ali, as mulheres gostavam da franqueza, às vezes até se
jogavam em meus braços querendo continuar a sessão de sexo logo.
Mas o que eu consegui foi algo bem diferente. Aurora fechou a
expressão no mesmo instante e eu vi seu corpo se enrijecer.
— Então é melhor eu ir embora. — a voz dela estava sombria, bem
diferente de segundos atrás, e ela soltou a borda da hidro se virando pronta
para sair dali.
— Ei ei! — me apressei a agarrando pela cintura e impedindo que ela
se fosse. — Não quis ser um babaca, só não quero que entenda errado o que
está acontecendo essa noite e acabe saindo machucada.
— E eu só queria saber mais sobre o homem que estava enfiado entre
minhas pernas segundos atrás, mas acho que foi uma besteira, como disse
nada disso é relevante porque assim que sairmos daqui tudo acabou.
Era isso, ela tinha resumido bem o que eu queria dizer com as minhas
palavras, mas sentir o corpo duro e as palavras frias vindo dela causaram
uma sensação nada boa.
— Trabalho em uma multinacional, vim ao Brasil fechar um acordo
com uma fábrica e assim expandir os negócios, mas eles estão nos
enrolando com negociações atrás de negociações. — respondi à pergunta
dela sentindo ela relaxar sob minhas mãos, aproveitei aquela brecha para
afastar o cabelo do ombro dela e plantar um beijo ali. — Eu tenho trinta
anos e sou de Chicago. Agora é a sua vez.
Ela se virou para mim com os olhos semicerrados e eu quase pensei
que soltaria uma torrente de palavrões, mas ao invés disso ela voltou a abrir
o sorriso e segurou minhas mãos.
— Eu tenho dezenove anos e sou brasileira, nunca sai daqui. E claro,
você já sabe com o que eu trabalho.
— Dezenove? É muito mais nova do que eu esperava que fosse, são
onze anos de diferença.
Porra mais um pouco e ela poderia ser menor de idade! Eu deveria ter
perguntado isso antes, bem antes de tudo isso. Acho que no fim das contas
ia usar as perguntas dela daqui para frente para não me envolver em
nenhum problema que me levasse a um tribunal.
— Isso é um problema para você? Porque não pareceu ser minutos
atrás. — ela nem ao menos piscou quando agarrou meu pau me pegando de
surpresa enquanto subia e descia a mão de forma apertada, o deixando duro
como uma rocha. — Afinal eu já sou de maior, somos dois adultos aqui.
Envolvi a cintura dela com um braço e a ergui colando ainda mais
nossos corpos, no instante em que nossas bocas se encontraram Aurora
enrolou as pernas em meu quadril, abrindo a boceta de forma deliciosa
contra o meu pau.
— Também acho, você já é bem grandinha para escolher o que quer.
— com a mão deslizando sobre a bunda dela eu alcancei a boceta quente.
Eu me peguei procurando qualquer resquício de dor enquanto
esfregava suas dobras, mas o que ela fez foi abrir a boca em um gemido
baixinho. Usei os dedos para abri-la e lambuzar a lubrificação em cada
centímetro daquela boceta.
— Com certeza eu posso escolher e eu quero você
O resto da noite foi regada a gemidos, orgasmos, beijos ensandecidos
e toques constantes. Era como se fosse impossível pararmos de tocar um ao
outro.
E na manhã seguinte Aurora me surpreendeu mais uma vez, o celular
dela tocou nos despertando cedo, ela apenas se levantou colocando a roupa
da noite passada de forma apressada.
— Aonde vai a essa hora? — questionei ainda sonolento depois de
passarmos a noite toda quase sem dormir.
— Trabalhar, é a minha hora de voltar a realidade. — ela me olhou já
pronta e se curvou plantando um beijo na minha bochecha. — Adeus James
e obrigada pela noite!
Então ela se virou e saiu do quarto me deixando para trás, ainda muito
atordoado com o que tinha acabado de acontecer.
Eu deveria estar agradecido que ela não tinha feito uma cena, ou que
tentou ficar ali comigo. Talvez fosse o sono, eu não sei ao certo, mas fiquei
com uma sensação esquisita quando ela se foi.
— Chega de frescura James, como ela mesma disse: é hora de voltar a
realidade!
Capítulo 9
Eu acordei quando o meu despertador tocou e sai de lá o mais rápido
possível antes que corresse o risco de ser tentada por aquele corpo gostoso.
Mas eu tinha que ser forte, depois dele ter deixado bem claro que aquilo
entre nós não se repetiria eu quis ir embora, porém lembrei-me que não ia
acontecer de novo, então eu ia aproveitar aquela noite e criar uma boa
lembrança da minha primeira vez.
Foi por isso que eu resolvi ficar quando ele se aproximou de mim na
banheira, me impedindo de sair e posso afirmar com toda certeza de que
não me arrependi nenhum pouco, o homem parecia insaciável e me fez
adorar cada segundo.
Mas quando o dia amanheceu eu me despedi dele e sai de cabeça
erguida, mesmo que quisesse continuar ali a minha realidade era outra, e
não o incluía.
Cheguei mais cedo no trabalho, já que o motel era perto e eu tinha
que agradecer por isso, só assim tive tempo de tomar um banho e colocar o
uniforme sem que ninguém me visse no vestido da noite passada e
cheirando a sexo.
— Você madrugou aqui, garota? — Teresa me questionou quando
entrou na área de funcionários e me encontrou tomando café. — Nunca vi
ninguém chegar tão cedo.
— Foi bom chegar antes, tive um tempinho sozinha. Sabe me dizer se
vai haver mais alguma mudança na escala hoje? — aproveitei para
perguntar, já temendo o pior, aquele lugar tinha mais câmeras e fofoqueiros
que qualquer outro e eu não queria correr o risco de ter sido vista.
— Não, dificilmente fazemos esse tipo de coisa. — ela respondeu de
forma rápida e eu sorri voltando para o meu café. — Quer saber, que se
dane. — as palavras dela me deixaram confusa e no mesmo instante ela
sentou-se ao meu lado, se aproximando como se tivesse um segredo a
contar. — Eu não deveria contar isso a ninguém, especialmente a você já
que foi o real motivo da mudança...
— Eu? — praticamente gritei a pergunta a interrompendo, fiquei
chocada de mais para me importar.
— Sim! Um dos figurões que está hospedado aqui pediu para que
você fosse a responsável pela limpeza do quarto dele, praticamente exigiu
isso, afirmando que você tinha sido educada e falado com ele em inglês
quando ele se perdeu no hotel.
James! Eu não podia acreditar que ele tinha feito isso. O homem era
muito cara de pau, tinha feito tudo isso apenas para nos encontrarmos no
seu quarto, me deixando acreditar que tinha sido destino.
— Eu estou surpresa. — foi tudo o que consegui dizer enquanto a
minha mente viajava até ele.
— Pois é, seja lá o que fez chamou a atenção do homem, porque ele
disse ter instruções específicas que passaria direto a você e que se não
fizessem a troca ele deixaria o hotel.
— Ai meu Deus! Eu... não acredito que ele disse isso.
O homem fez tudo isso só para ter um momento a sós comigo no
quarto e conseguir o que tanto queria, me levar para a cama. Eu tinha que
admitir ser muito esforço para alguém que fez questão de não ter maiores
envolvimentos, não queria nem que eu soubesse a sua idade.
As outras pessoas começaram a chegar e logo a rotina do dia se
seguiu, mas dessa vez eu tinha a certeza de que veria James e que foi ele
quem planejou para isso acontecer, só não tinha ideia de como iria reagir
depois da nossa noite.
Eu não queria me apaixonar, criar nenhum vínculo maior ou a ideia
errada. Quando eu contei a minha mãe ela me incentivou a ir ao encontro e
me divertir se era o que eu queria, mas assim como Miriam ela me lembrou
de que ele logo iria embora, então seria inteligente guardar meu coração.
Distrações eram algo que eu não precisava agora, estudando e
trabalhando, e agora eu tinha a certeza de que James era uma deliciosa e
perigosa distração.
Mas eu estava enganada, não o vi o dia todo. Quando entrei em seu
quarto estava tudo impecavelmente arrumado, não havia nenhum sinal de
que ele tinha estado ali depois que eu limpei, mesmo assim fiz meu trabalho
e sai de lá. E pelo resto do meu dia não houve nenhum sinal dele, apenas as
imagens da nossa noite se repetindo em minha mente e meu corpo dolorido
como lembrete de onde ele esteve.
Talvez isso fosse para o melhor.
— Vovó cheguei! — gritei entrando em casa, mas quando cheguei na
cozinha tive uma surpresa. — Mãe? O que faz em casa tão cedo?
Ela estava curvada com os cotovelos apoiados no tampo da mesa e a
cabeça entre as mãos, seu olhar parecia mais cansado do que o normal.
— A empresa está com problemas, avisaram hoje na hora do almoço
e mandaram para casa a maioria das pessoas, só vamos trabalhar meio
período agora.
— O quê? — perguntei atordoada largando a bolsa no chão e indo até
ela. — Mas como assim? Eles podem fazer isso?
— Claro que podem, estão quase a beira da falência, os clientes que
ainda tem são pequenos e não entra tantos pedidos de peças como antes. —
ela suspirou e eu agarrei a mão dela. — Já estão fazendo isso para nos
ajudar e não demitirem todos de uma vez, afinal meio período é melhor que
nada.
— Sinto muito mãe.
— Não se preocupem meninas, nós vamos dar um jeito, sempre
damos! — vovó entrou na cozinha afirmando.
— Sim, nós vamos dar um jeito. Eu vou procurar trabalho nos
horários livre e pegar todas as diárias que aparecerem. — ela disse
erguendo a cabeça, mostrando estar decidida.
Eu fingi ter a mesma certeza que ela e sorri, quando na verdade meu
coração se apertava no peito em imaginar no quanto minha mãe ia trabalhar
agora. Ela não tinha mais idade e nem saúde para ficar trabalhando e
pegando faxinas por aí.
— Por sorte você está trabalhando agora, Aurora. Isso vai nos ajudar
e muito, a manter as contas em dia. — vovó falou dando um tapinha no meu
ombro. — Deus sabe exatamente tudo o que faz e quando faz, vejam só?
Tive que concordar com ela, mas no fundo fiquei triste por saber que
meus planos de guardar dinheiro para a faculdade teria que esperar mais um
pouco, as prioridades tinham acabado de mudar.
Quando eu deitei na cama aquela noite e a imagem de James veio
povoar a minha mente, não consegui evitar pensar nas nossas conversas da
noite passada e as palavras dele sobre o motivo de estar no Brasil ficaram
indo e voltando.
James não estava conseguindo fechar o negócio com a tal fábrica e
isso estava gastando mais tempo do que ele esperava. Só que se ele
conseguisse uma empresa disposta a aceitar tudo para não fechar as portas
as coisas seriam diferentes.
Eu não entendia nada de negócios, mas podia ao menos falar sobre o
assunto, jogar essa possibilidade no colo dele e deixar que os homens de
negócios decidirem. Agora eu só precisava encontrá-lo!
Mas isso estava parecendo ainda mais difícil de acontecer, outro dia
se passou sem que eu chegasse a vê-lo. Se não fosse os pertences no quarto
eu acreditaria que ele tinha saído do hotel, mas ele ainda estava lá.
— Aurora, sei que não é seu trabalho e já está na sua hora de bater o
ponto, mas pode ir até à área da piscina dar uma ajuda a Raquel? — encarei
meu celular dando uma última olhada na hora. — Tem uns jovens
bagunceiros bebendo lá o dia todo e ela está sozinha, não está dando conta
de limpar a bagunça e olhar as outras mesas.
— Claro. — sorri colocando minha mochila de volta no armário. Eu
não podia reclamar nem dizer não a nada ali, além de ser novata precisava
desse emprego mais do que nunca.
— Só precisa limpar a bagunça da área VIP onde eles estão e pode ir
embora, já está no horário de fechar o bar da piscina e eles vão ter que sair.
— Tudo bem. — corri até lá querendo fazer tudo o mais rápido
possível para poder ir embora. Mas quando cheguei meu choque foi maior
ao ver a verdadeira zona que estava em baixo da tenda da área VIP. — Deus
me ajude.
— Com certeza você vai precisar de ajuda divina, mas é para não dar
um soco em babaca desses. — Raquel murmurou surgindo ao meu lado. —
Eu os aguentei a tarde toda e estou por um fio de quebrar uma dessas
garrafas na cabeça de um deles.
Ela saiu apressada indo atender a família em uma das mesas e eu
respirei fundo antes de entrar na tenda cheia de homens bêbados. Eu ainda
não conseguia acreditar que chegaria tarde em casa graças a um bando de
ricos mimados e irresponsáveis, só conseguia pensar nisso enquanto varia o
chão e limpava a mesa.
— Ei gatinha, não tinha te visto aqui antes. — ouvi um deles gritar,
mas continuei focada no meu trabalho. — Olha só gente, mandaram uma
garota bem mais gata para ajudar a gente!
Todos os outros gritaram em comemoração, provavelmente não tendo
nem ideia pelo que estavam gritando, já que a música ali dentro estava alta
e eles mais bêbados que o recomendado.
— Fala seu nome pra gente linda? — outro perguntou se juntando a
mim e eu tive que desviar o caminho. — Ei, não foge não, vamos
conversar!
Agora eu estava entendendo o que Raquel tinha dito sobre se
controlar para não bater em um deles com uma garrafa, eu definitivamente
queria fazer isso.
— Fala seu nome pra gente vai, não é nada de mais. — o amigo dele
insistiu se colocando a minha frente e eu suspirei irritada, vendo que eles
não iriam parar.
— Meu nome é Aurora e eu tenho ordens de limpar tudo aqui, então
se me derem licença. — eu me virei para sair do caminho dele, mas uma
mão agarrou meu braço.
Meu sangue ferveu e eu amassei a sacola de lixo em minhas mãos,
unindo todas as minhas forças para não surtar e gritar. Se Raquel aguentou
isso o dia todo eu aguentava mais alguns minutinhos.
— Senta aqui com a gente e toma uma cerveja. Anda não vai te matar
só alguns minutos. — toda a insistência e aquela situação me irritaram além
do limite.
Puxei meu braço do aperto dele com brutalidade, não me importando
nenhum pouco com o que eles iriam pensar, eu não deveria insultar os
hóspedes, mas não era paga para aturar certos abusos.
— Já disse que meu trabalho aqui é apenas limpar e ir embora, então
me dê licença!
— Qual é gata, está achando que é boa de mais para sentar com o
meu amigo? Então senta no meu colo. — respirei fundo ignorando aquilo e
me abaixei para pegar uma última garrafa no chão, quando a mão de um
deles acertou minha bunda.
Meu corpo todo travou e eu me ergui devagar, medindo o que podia
fazer com eles sem perder o emprego. Mas meu sangue gelou no instante
que percebi que estava encurralada no meio dos três idiotas, os mesmos que
estavam mexendo comigo desde que cheguei ali.
— Aurora! — a voz grossa e assustadoramente baixa soou atrás de
mim, atraindo o olhar de todos eles. — Venha!
— Qual é cara, deixa a garota se divertir. — a mão voltou a agarrar
meu braço e mesmo com os meus puxões ele não me soltou.
O homem olhava para James com um sorriso presunçoso, como se eu
fosse um brinquedo que os dois quisessem e ele o desafiasse a vir buscar.
— Filho da puta! — James rosnou marchando na direção dos três e eu
só senti o solavanco quando ele acertou um soco no homem o jogando no
chão.
Por muito pouco eu não caí junto com o babaca, isso só não
aconteceu porque James agarrou minha cintura, me puxando ao encontro do
seu corpo. Eu nem ao menos tive tempo de assimilar tudo o que tinha
acabado de acontecer, antes que ele me tirasse de lá, deixando o outro para
trás gritando com o nariz sangrando.
— O que você... ai meu Deus, o que você fez? — perguntei
retoricamente, ainda segurando o saco com o lixo em uma mão e encarando
a tenda com todo o alvoroço.
— Não vou deixar nenhum desgraçado tocá-la! — ele bradou em
inglês, me deixando ainda mais confusa e chocada.
— Você me colocou em problemas, posso perder o emprego por isso.
— resmunguei jogando o lixo fora, eu sabia que deveria ficar agradecida,
aqueles bêbados de merda poderiam ter feito algo comigo antes que alguém
escutasse meus gritos por ajuda, mas isso não me impedia de ficar
apreensiva.
— Aurora! Você está bem? Aconteceu alguma coisa? — Raquel
chegou apressada ao meu lado e eu tive a certeza de que estava ferrada.
— Eu...
— Aqueles animais estavam segurando, puxando, e passando a mão
nela, então eu entrei lá e dei um soco na cara de um deles! — James tomou
a frente antes que eu pudesse responder. — Agora vá pegar suas coisas,
Aurora. Eu vou cuidar de tudo aqui, já disse que você não vai perder o
emprego! — ele afirmou o final em inglês, deixando Raquel confusa
enquanto me encarava tentando passar toda a certeza.
Eu não deveria confiar na palavra dele, James iria embora e eu ficaria
para trás para lidar com tudo o que ele causasse na minha vida, sem falar no
quão cafajeste ele era. Mas algo no olhar dele me passou a certeza que eu
precisava para sair dali e ir buscar minhas coisas.
Só não esperava que quando saísse da sala de funcionários fosse dar
de cara com ele.
— O que... o que faz aqui? — gaguejei a pergunta, esperando
encontrar qualquer outra pessoa ali menos ele, ainda mais com aquela
expressão tranquila, como se nada tivesse acontecido.
— Eu vou levar você para casa!
Capítulo 10
Quando sai do motel Michael me arrastou para outra reunião infernal,
eu já estava tendo que aturar os problemas na sede da empresa em Chicago,
precisavam de mim lá e meu pai estava começando a enlouquecer, ele não
ficava à frente dos negócios há quase dez anos, eu podia imaginar como
estavam as coisas por lá.
E esse foi o único motivo para que eu continuasse naquela reunião de
merda ao invés de voltar para o hotel e tentar ter uma visão de Aurora
novamente.
Ela havia acabado com meus planos para aquela manhã quando saiu
correndo porta afora, eu tinha planejado acordá-la de uma forma sensual.
Mas eu não consegui vê-la nem mesmo de relance, fiquei o dia todo preso e
finalmente parecíamos estar chegando a um entendimento.
Por isso na quinta eu saí mais cedo, movido não sei por qual porra de
motivo, mas eu não conseguia evitar pensar nela, queria olhá-la uma última
vez, saber se ela estava bem, ao menos foi o que eu disse a mim mesmo.
Eu estava voltando da área de funcionários, após esperar por um
tempo e ver que a tinha perdido, até que a gritaria na tenda chamou minha
atenção. Não sei que droga aconteceu, mas meus olhos foram atraídos
diretamente para ela.
Aurora ainda estava vestida com o uniforme cercada por homens
bêbados a cercando e um deles segurava o braço dela. Senti todo meu corpo
enrijecer e tive que fechar as mãos em punhos ao lado do corpo, para me
segurar e não entrar lá, afinal eu não tinha ideia do que estava acontecendo.
Ela gritou algo com garoto, puxando o braço do agarre dele e
mostrando toda a irritação na voz assim como na postura. Eu não conseguia
compreender as palavras deles com todo aquele barulho e a distância entre
nós, mas no momento que um deles levantou a mão e acertou a bunda dela
eu vi vermelho.
Entrei na tenda disposto a arrancá-la dali, mas sabia que ela não era
nada minha, ainda sim, algo gritava dentro de mim, querendo quebrar a mão
do desgraçado por ousar tocá-la.
— Aurora! — todos eles olharam para mim no mesmo instante, mas
ela não se virou. — Venha!
— Qual é cara, deixa a garota se divertir. — O mesmo desgraçado
que bateu na bunda dela falou e voltou a agarrar seu braço, me fazendo dar
o foda-se para a sanidade.
— Filho da puta! — dei passadas largas até alcançá-lo e sem pensar
acertei meu punho no rosto sentindo algo se quebrar, antes que ele fosse ao
chão.
Precisei ser rápido em agarrar a cintura de Aurora, tomado pelo
impulso de não deixá-la cair e sem pensar em mais nada a arrastei para fora
dali, a querendo longe daqueles merdas.
— O que você... ai meu Deus, o que você fez?
Que tipo de pergunta era aquela? Eu tinha acabado de defendê-la,
tinha a ajudado, mas ela parecia revoltada com minha atitude.
— Não vou deixar nenhum desgraçado tocá-la! — afirmei torcendo
para que minhas palavras entrassem naquela cabecinha dela.
— Você me colocou em problemas, posso perder o emprego por isso.
Droga, então era isso! Ela estava com medo de levar a culpa e acabar
sendo demitida pela confusão.
— Aurora! Você está bem? Aconteceu alguma coisa? — uma outra
mulher chegou afobada questionando e Aurora parecia até mesmo incapaz
de falar.
— Eu...
— Aqueles animais estavam segurando, puxando e passando a mão
nela, então eu entrei lá e dei um soco na cara de um deles! — esclareci
antes de me virar para ela e falar em inglês, querendo me expressar melhor
e de forma que não a colocasse em ainda mais problemas. — Agora vá
pegar suas coisas, Aurora. Eu vou cuidar de tudo aqui, já disse que você não
vai perder o emprego!
Ela hesitou por um segundo apenas antes de correr para longe dali e
eu fui direto até a recepção, precisava livrar a cara de Aurora.
— Senhor Wayne, em que podemos ajudar? — o único gerente que
falava em inglês apareceu com um sorriso largo e se mostrando todo
prestativo.
— Sim, na verdade, sim. Poderia começar colocando uma segurança
em volta da piscina, impediria que suas funcionárias fossem assediadas!
— Me desculpe senhor, mas assediadas? — o homem quase
gaguejou, parecendo surpreso com o assunto.
— Isso mesmo que eu falei, agora mesmo na área da piscina uns
bêbados passaram a mão e encurralaram uma moça. Então eu o acertei
quebrando o nariz do desgraçado, se eles tiverem um problema com isso
agora já sabem que fui eu, pode dar a eles o número do meu advogado. —
falei empurrando o cartão de Michael no balcão.
— Sim senhor. Mas garanto que não terá problemas com isso, outros
hóspedes já estavam reclamando dos festeiros.
— Ótimo! Mas acho bom que a moça não seja culpada ou castigada
pela confusão, sabem que estou abrindo uma filial no Brasil, vir aqui vai ser
algo ainda mais frequente e ter um quarto reservado permanentemente seria
o ideal, eu odiaria ter que fazer isso em outro hotel.
— Com toda certeza o senhor vai ter um lugar sempre reservado aqui
conosco. — o sorriso do gerente cresceu ainda mais, quase a ponto de
rachar o rosto já esticado com cirurgias. — Pode ficar tranquilo que
nenhum de nossos funcionários vão ser punidos, vamos garantir que coisas
assim não se repitam mais. E obrigado por nos avisar sobre o ocorrido.
— Que bom que nós entendemos, agora se me der licença tenho
outros assuntos para resolver.
Saí de lá sem esperar por uma resposta e fui direto a área de
funcionários. Eu sabia que Aurora ainda estaria ali se arrumando e eu
acertei, não demorou para que ela saísse e se chocasse com minha presença.
— O que... o que faz aqui?
— Eu vou levar você para casa! — afirmei achando que era óbvio,
acreditando que ela ficaria feliz, aparentemente as palavras ditas aos
tropeços não foram apenas pelo choque de me ver aqui, mas sim porque a
raiva dela ainda não havia passado.
— Não quero você aqui, a última coisa que quero é estar perto de
você nesse momento. — ela praticamente sussurrou enquanto andava para
longe de mim. — E, por favor, pare de me seguir!
Nem mesmo quando alcançamos a parte dos fundos do prédio ela
parou ou se virou para mim, apenas continuou a andar apressada olhando
para os lados.
— Porque continua agindo assim? — a puxei pelo braço, querendo
que ela parasse tentar fugir de mim, quando não era o que queria. — Seu
trabalho não está em risco aqui, eles não vão colocar a culpa daquilo em
você, até porque você foi a vítima daqueles bastardos de merda.
— Só... pare! — ela suspirou deixando os ombros caírem, mas se
manteve de costas para mim. — Eu não posso lidar com você agora e ainda
mais aqui.
Não me dei por vencido com aquelas palavras e a virei, forçando
Aurora a me encarar. Os olhos dela se desviaram dos meus, procurando por
alguém à nossa volta e eu me aproveitei daquele instante para me aproximar
descendo minha mão até sua cintura e a puxando para perto.
Ela arfou espalmando as mãos em meu peito tentando manter uma
certa distância entre nós, mas os olhos dela foram direto para os meus
lábios, deixando claro que não pensávamos diferente.
— Meu carro está ali em frente, me deixe te levar para outro lugar e
então você vai poder lidar comigo do seu jeito. — soltei as palavras
colocando a mão livre em seu rosto e deslizando o polegar no lábio inferior.
Os olhos de Aurora se fecharam por um segundo e a boca se abriu um
pouco, como um convite, que eu aceitei deixando que meu polegar entrasse
naquela boquinha. Os lábios dela se fecharam em volta do meu dedo
fazendo meu pau saltar completamente duro, apertando as calças, querendo
rasgar a cueca e se enterrar naquela boca.
Mas estávamos na porra de um lugar público! Juntei todas as minhas
forças para tirar minha mão do seu rosto e marchar para o carro a puxando
pelo pulso. Aquela chupada tinha sido resposta suficiente para meu pedido.
— Trouxe o carro até aqui porque já havia deduzido que eu iria com
você? É muita prepotência sua, não acha? Mas não deveria ser surpresa,
vocês ricos acham que o mundo gira em torno de vocês!
— Não, não acho! Isso não é sobre o dinheiro, mas sim sobre saber
do que se é capaz e eu sei! — ela bufou ao meu lado, revirando os olhos e
pegando o celular no bolso do jeans. — E quanto a você eu não deixaria
que fosse embora sozinha depois daquilo na piscina.
— Ah sim, claro. Meu salvador, o príncipe em uma armadura que
chegou para me salvar, você ter ido falar com a gerência para garantir que
eu não seria culpada não tem mesmo haver com a droga do seu dinheiro!
— Eu não podia deixar que fosse advertida ou punida por uma coisa
que você não fez, seus chefes que deveriam ser punidos por deixá-las sem
segurança, então eu só disse a realidade a eles. — meu sangue ferveu só de
lembrar a cena dela rodeada por aqueles nojentos. — Fui eu quem soquei o
desgraçado e teria socado todos os outros por compactuar com aqueles
animais, se não estivesse focado em tirá-la do meio deles!
Levou um longo minuto em que o único som que nos embalava vinha
do lado de fora, Aurora ficou calada por tanto tempo que por um instante eu
achei que ela não diria mais nada, que eu tinha conseguido dobrá-la.
— O que você quer de mim James? Você fez trocarem meu lugar de
trabalho só para conseguir falar comigo, depois disse que não precisávamos
saber nada um do outro porque era só uma noite e esqueceríamos tudo. Eu
já tinha entendido que foi apenas uma aventura, mas agora você vem com
isso? — meus olhos voaram para os dela por um instante e eu vi refletido
nos olhos claros toda uma tempestade de sentimentos. — Que droga quer
comigo?
Porra, ela estava certa eu estava indo contra tudo o que falei, deveria
ter me mantido longe, mas desde aquela manhã eu não conseguia parar de
pensar em vê-la novamente, em estar dentro dela. Precisava manter meus
olhos nela e nem conseguia imaginar o que teria acontecido se não tivesse a
encontrado na piscina, raiva escorria em minhas veias bombeando até meu
coração por lembrar daquelas mãos nojentas a tocando.
Por isso decidi ir pelo caminho da verdade.
— Não sei o que acontece, eu só não consigo tirar você da cabeça,
achei que quando a tivesse em minha cama isso sumiria como com todas as
outras. — olhei para ela no instante que paramos em um farol. — Mas
porra, não paro de pensar em nós dois juntos.
Aurora mordeu o lábio antes de colocar a mão sobre o meu braço e se
esticar o suficiente para que sua boca pairasse sobre a minha. A língua dela
foi a primeira a me tocar, passando de forma erótica sobre meus lábios para
que eu os abrisse e tomasse a boca dela com verdadeira fome.
Parecia que eu não a beijava há uma eternidade e não a merda de
alguns dias apenas. Nossas línguas se enroscaram e ela gemeu contra minha
boca segurando meu queixo com as unhas, que rasparam em minha barba
trazendo meu pau a vida.
E droga, precisávamos chegar logo no hotel onde eu queria levá-la ou
acabaria fodendo-a no carro. Mas aparentemente eu não era o único com
esses pensamentos, pois as mãos dela desceram por meu peito e abdômen
até agarrar meu pau.
— Acho que posso lidar com você do meu jeito aqui. — ela disse
desviando a boca da minha e descendo por meu pescoço enquanto abria o
zíper.
— Estamos no carro Aurora. — deveria ser um protesto, mas ela
lambeu meu pescoço no mesmo instante que seus dedos tocaram meu
membro sem nenhum tecido entre nossas peles, fazendo minha fala ser
apenas uma constatação.
A garota parecia estar em uma missão me ignorando, ela puxou
minhas calças e cueca para baixo apenas o suficiente para libertar meu pau.
— Você só precisa focar na rua. — ela murmurou me olhando no
mesmo instante que o sinal ficou verde e os carros voltaram a andar.
O toque dela era hesitante, mas nenhum pouco menos sexy, na
verdade me fazia parecer um maldito homem das cavernas com o
pensamento de que ela também nunca tinha feito um boquete antes em
nenhum desgraçado, eu seria o primeiro dela em todos os quesitos.
Tirei meus olhos por um segundo do caminho, tendo o vislumbre da
língua umedecendo os lábios antes de se aproximar da cabeça do meu pau.
Por sorte já estávamos perto do hotel onde tinha reservado um quarto para
nós dois, mesmo antes de ter a certeza que conseguiria levá-la até lá.
Mas todos os meus pensamentos evaporaram no instante em que os
lábios dela se fecharam em volta da minha glande. A boca quente e
molhada me recebeu, engolindo meu comprimento aos poucos, descendo de
forma insegura e subindo mais rápido.
— Caralho, vai me fazer bater o carro assim. — avisei com os dentes
trincados, mas isso pareceu funcionar como um combustível, pois ela o
tirou da boca circulando a língua em volta de toda minha grossura, babando
até que estivesse completamente molhado, deslizando em suas mãos.
Aurora voltou a engolir meu pau, dessa vez descendo com mais
facilidade e me levando fundo em sua boca, até eu sentir minha glande
bater em sua garganta.
Ela protestou com um gemido baixo que reverberou por meu pau,
antes de tirá-lo de sua boca e lamber minha extensão, me deixando molhado
com movimentos lentos, em uma tortura deliciosa.
— Porra! — exclamei apertando o volante com mais força quando ela
voltou a abocanhar meu pau, fechando os lábios ao meu redor, me
engolindo mais rápido dessa vez.
Seus lábios deslizaram com mais rapidez com toda a saliva banhando
meu pau e eu já não estava conseguindo segurar os gemidos, me forçava
para manter meus olhos focados na rua e não ceder à tentação de olhá-la me
chupando.
Sua boca deixou meu pau e suas mãos trabalharam juntas, descendo e
subindo com rapidez, me masturbando com rapidez que atraiu meu olhar
para baixo.
— Você é muito grande. — Aurora murmurou erguendo o olhar
brilhando com desejo e me encarando.
O queixo dela estava molhado com saliva e aquilo só aumentou meu
tesão e desejo de fodê-la. A diaba abriu a boca sorrindo de forma sacana e
me encarou enquanto lambia a cabeça do meu pau, esfregando a língua de
forma descarada, se divertindo com minha boca aberta e minha expressão
de prazer.
Ela estava no controle naquele momento, chupando meu pau
enquanto me olhava e ela sabia disso. Como se provasse seu ponto ela o
apertou pela base e aumentou a velocidade dos lábios subindo e descendo.
— Aurora! — o nome dela soou como uma prece, e nesse momento
ela era a deusa para quem eu queria rezar.
Por sorte avistei o hotel e entrei direto pela garagem, ela não percebeu
nada a sua volta, totalmente concentrada em me levar a loucura, mas agora
era a minha vez.
Agarrei um punhado dos cabelos dela e ergui sua cabeça, sua boca
perdendo meu pau com um som erótico que só me fez pensar no barulho
que sua boceta molhada faria ao me receber.
— Eu não acabei. — ela protestou, mas eu já estava mordendo seu
lábio inferior e puxando suas calças com a mão livre.
— É a minha vez de lidar com você, sweet!
Capítulo 11
Eu acordei com o sol entrando pelas portas da varanda que tínhamos
esquecido aberta novamente, não que eu pudesse culpá-lo, quando ele me
arrastou para a cama não esperávamos que fossemos estar cansados demais
para levantar e fechar as portas.
Encarei o homem ao meu lado dormindo ainda pacificamente, a luz
do sol batendo nas costas bronzeadas dele enquanto seu rosto permanecia
protegido e virado para mim.
Fazia dois meses que James e eu estávamos juntos, ele não tinha
falado sobre voltar para Chicago nem eu tinha lhe perguntado, queria adiar
aquela despedida o máximo que pudesse, mesmo que minha mente me
lembrasse todos os dias que aquilo iria acontecer em algum momento, meu
coração se negava a pensar nisso.
E como um acordo silencioso entre nós dois tornamos aquele fim de
tarde algo da nossa rotina. Ele me esperava no estacionamento no fim do
turno e me levava para o mesmo hotel, onde passávamos a noite toda. Nos
fins de semana começamos a sair juntos como um casal de verdade, eu o
levei para conhecer os melhores lugares da cidade, onde eu gostava de ir, o
homem era quase um brasileiro nato a essa altura.
James tinha até visto minha mãe e minha vó algumas vezes e falado
rapidamente com elas, principalmente depois dele ter fechado negócio com
a fábrica onde minha mãe trabalhava, salvando o trabalho de muitos
funcionários, inclusive o da minha mãe.
Eu dei a ideia para ele e o tal de Michael foi o responsável por ir atrás
de tudo, as coisas se resolveram mais rápido do que imaginávamos e eu
cheguei a acreditar que ele iria embora na mesma semana, mas os dias
passaram e ele continuou ali.
— Está me olhando por tempo demais para ser normal. — a voz
grossa dele me pegou desprevenida, achei que ele ainda estava dormindo
profundamente. — Espero que agora não seja o momento que você me
mata.
— É uma pena que acordou, agora vou ter que adiar meus planos. —
murmurei agarrando o rosto dele e deslizando meus dedos por sua barba.
Aquilo tinha se tornado meu verdadeiro vício, sempre que estávamos
sem fazer nada eu era atraída para sua barba macia.
Ele agarrou minha cintura me puxando contra seu peito e eu fui de
bom grado, enterrando o rosto no peitoral quente. Uma mão permaneceu em
minhas costas acariciando levemente minha pele nua enquanto a outra ele
levou até meu cabelo, enroscando os dedos nos fios e os puxando até que eu
o olhasse.
— Como está se sentindo? — ele questionou focando os olhos
castanhos em meu rosto e isso acabava comigo, porque ter aquele homem
me encarando com tanto interesse abalou minhas estruturas.
— Estou bem. Seu remédio me ajudou a melhorar. — Abri um sorriso
sacana, querendo levar aquela conversa para outro nível, pois com a
safadeza dele eu sabia lidar, mas sua atenção e preocupação só faziam
aqueles sentimentos crescerem.
— Não comece. — ele apertou minha cintura me fazendo pular na
cama com as cócegas. — Você me deixou preocupado de verdade ontem a
noite, nunca te vi passar mal assim.
James passou os dedos em meu couro cabeludo em uma carícia que
me fez fechar os olhos e soltar um longo suspiro. Era errado me iludir que
aquilo duraria, mas quando ele me tocava daquele jeito eu não conseguia
evitar.
— Humm... foi apenas um mal-estar, depois que coloquei tudo para
fora fiquei melhor. — me encostei mais contra sua mão, querendo mais de
suas carícias e ele fez exatamente isso, aproximando ainda mais nossos
rostos e esfregando o nariz contra o meu. — Eu te disse que não foi nada de
mais.
— Assim espero, tenho planos para nós dois essa noite. — ele beijou
meus lábios rapidamente antes de se levantar se afastando, nenhum pouco
envergonhado da sua nudez.
— Que planos? — pulei me sentando na cama, curiosa com o que
viria a seguir e já pensando no look que poderia usar. — Não trouxe roupas
para nada muito chique
— Não posso te dizer, é uma surpresa. Mas roupa não vai ser um
problema, vamos tomar café e sair para fazer compras. — minha animação
murchou um pouco, porque eu sabia que nunca conseguiria me vestir ou
agir como ele nos restaurantes chiques.
Eu sempre destoava de todas as mulheres do recinto mesmo que fosse
o mais educada possível, mas não ia negar de ir em um lugar que ele
escolhesse, eu já o tinha arrastado para meus lugares favoritos nas últimas
semanas.
Por isso me levantei indo na direção do banheiro, precisava de um
banho rápido e poderia ir para casa, teria tempo suficiente de arrumar uma
roupa e fazer os cabelos.
— Vou em casa buscar algo para usar, eu já disse que não posso
gastar...
— E quem falou que é você quem vai gastar? — ele questionou me
interrompendo. — Eu estou te convidando então sou eu quem vai pagar.
Nem tente negar mocinha, deixe de ser orgulhosa e aceite!
— Você já paga tudo quando saímos juntos, isso não é nenhum pouco
justo e eu já disse que não estou interessada no que você tem. E sou sim,
orgulhosa demais para aceitar dinheiro de um homem sem nenhuma
necessidade.
— Sei bem que você não está interessada no meu dinheiro, poderia ter
pedido qualquer coisa e não pediu. Mas isso não anula o fato de eu querer
enchê-la de presentes. — ele me enquadrou por trás, apoiando às duas mãos
no mármore da pia me prendendo ali com seu corpo e me encarou pelo
espelho. — Pare de me negar esse prazer e me deixe te mimar um pouco,
sweet.
Como eu podia negar alguma coisa quando ele me chamava daquele
jeito? Eu era apenas uma poça de paixão naquele instante, dizendo sim para
o que James quisesse.
E foi assim que eu passei o dia andando de loja em loja, nos lugares
mais chiques, provando roupas que custavam mais do que o meu salário e
tive que fazer tudo com um sorriso no rosto, porque ver aquele homem
babando em mim a cada nova roupa que eu provava era meu novo
pedacinho do céu.
Depois de todas as roupas e sapatos ele me levou até um salão antes
de ter que sair, prometendo que me encontraria no hotel às sete da noite. Eu
me arrumei e escolhi o único vestido que James não tinha me visto usando,
um longo verde de veludo, a cor realçava meus olhos e o tecido se moldava
as minhas curvas mesmo que a parte de baixo fosse mais solta, mas subindo
pelo meu quadril ele se apertava desenhando minha bunda e meus seios,
sendo segurado nas costas por duas cordas de pérolas deixando minha pele
toda a mostra.
Eu estava terminando de passar o gloss quando meu celular apitou
com a mensagem dele avisando que tinha chegado. A ideia dele não subir
para me pegar no quarto só ajudou a agitar as borboletas em meu estômago.
Enquanto eu descia no elevador só conseguia imaginar que aquilo era um
encontro de verdade.
Ele tinha feito questão em deixar tudo perfeito e eu tive a certeza
quando cheguei no lobby do hotel dando de cara com ele usando um terno
completo de três peças, os cabelos penteados perfeitamente para trás, nada
casual como das outras vezes.
— Não achei que conseguiria me surpreender com a sua beleza, mas
eu estava errado. — ele confessou quando estávamos perto de mais e eu
senti minhas bochechas queimarem. — Você sempre consegue me
surpreender.
— Você também não está de se jogar fora. — murmurei sorrindo
desviando o olhar dele para não me entregar totalmente, ainda tinha que
tentar manter intacta a dignidade que me restava.
— Vamos. — ele estendeu o braço na minha direção. — Eu tenho
pressa para realizar meus planos com esse vestido.
Ele dirigiu sem dizer para onde estávamos indo, tudo era um grande
mistério e eu não podia estar mais ansiosa, minha mente criando um milhão
de cenários diferentes. Mas quando ele parou o carro me dando o vislumbre
da fachada eu travei. Aquele lugar era frequentado por gente da alta
sociedade, era apenas a elite que tinha acesso a uma reserva naquele
restaurante.
— Você tem certeza que me trouxe ao lugar certo? — sussurrei
quando a mão na base das minhas costas me forçou a voltar a andar.
— Mas é claro que sim. Por quê? Não gostou do lugar?
— É claro que gostei, mas... Eu não me encaixo aqui James, vou
acabar fazendo alguma besteira na mesa e te envergonhando. — eu fui
sincera, ele sabia que eu não gostava muito de frequentar o lado que ele
costumava frequentar da cidade.
— Não pense bobagens, acha mesmo que se eu me importo com essas
coisas de etiqueta? — as palavras dele me pegaram desprevenida, causando
um turbilhão de emoções dentro de mim e como se não bastasse ele segurou
meu queixo, erguendo meu rosto. — Hoje é sua noite de princesa, esqueça o
mundo a sua volta.
Como eu iria dizer não, ou falar sobre ir embora depois daquilo? Eu
deixei que ele me guiasse para dentro do restaurante, o maître nos levou
rapidamente até a nossa mesa e eu fiz exatamente o que James falou, relaxei
e tentei curtir a noite, aproveitar cada segundo daquele encontro que ele
tinha preparado, não me importando com as pessoas a nossa volta, ficamos
apenas focados em nosso mundinho.
Eu estava voltando do toalete quando uma mulher passou ao lado da
nossa mesa com o filho pequeno no colo, o garotinho acenou para James de
forma espontânea e o mais velho sorriu de volta dando tchauzinho para o
menino, me derretendo ainda mais.
Porque ele tinha que agir desse jeito? Seria tão mais fácil se James
fosse frio e distante, com certeza as coisas não teriam durado tanto entre
nós. Seus olhos voaram em minha direção quando eu me aproximei da mesa
me fazendo suspirar ao ver as íris castanhas brilhando.
— Estava cogitando ir atrás de você. — ele disse se levantando e
estendendo a mão para mim. — Uma mulher vestida desse jeito não pode
ser deixada longe por muito tempo.
— Já estou de volta, mas não teria me importado se fosse atrás de
mim no banheiro.
Ele abriu um sorriso sacana e se curvou deixando a boca pairar sobre
meu ouvido, a mão ainda segurando a minha com cuidado, me mantendo
perto.
— Não me tente garota, ficar o dia longe de você me deixou em um
estado de necessidade e tê-la ao meu lado vestida assim não está me
ajudando nenhum pouco. — eu mordi o lábio inferior e cravei minhas unhas
na pele da mão dele tentando me segurar para não agarrá-lo ali mesmo. —
Vamos comer essa sobremesa para que eu possa te comer pelo resto da
noite!
Eu engoli em seco me sentando enquanto o descarado nem parecia
afetado pelo que disse, apenas sorria de forma galante quando ocupou a
cadeira à minha frente.
O garçom escolheu a hora certa para chegar com as sobremesas ou eu
continuaria vermelha e totalmente sem palavras. Enquanto comíamos o
grito animado do menininho chegou até mim e a imagem de um bebê
parecido com James passou por minha mente.
— Você já pensou em ter filhos? — as palavras saíram da minha boca
antes que eu conseguisse pensar melhor e ele parou com a colher no ar. —
Às vezes me imagino com um barrigão, uma menininha com meus traços
ou até mesmo um menino.
— Ser pai é o sonho de muitos homens, mas não meu!
— Eu entendo, também penso em engravidar agora, antes disso tenho
muitos sonhos a realizar...
— Não penso em ter filhos nem agora e nem nunca! — James
exclamou me interrompendo. — Não tenho vocação para ser pai e ter uma
criança no meu pé.
Depois daquelas palavras dele eu não consegui dizer absolutamente
nada, todo o ar romântico e leve tinha ido embora. Eu não fazia ideia do
porque ele reagiu assim, em todo esse tempo que estávamos juntos eu nunca
o vi falar daquela forma ou agir estranho com as crianças que passavam por
perto.
O que podia ter acontecido com ele para ter tanta aversão à ideia de
ser pai? Ele não gostava muito de falar da família e sempre que falava algo
era sobre o pai, o que me deixava ainda mais confusa com a reação dele, já
que parecia se dar tão bem com o próprio pai.
Por um momento eu achei que ele me levaria direto para casa, mas
James me surpreendeu novamente quando me levou para dançar,
conseguindo recuperar o clima da noite e me deixando ainda mais rendida
por ele.
Capítulo 12
Eu não consegui dormir naquela noite, as palavras dela ficaram
rondando minha mente, “Às vezes me imagino com um barrigão” aquilo
gritou dentro de mim como um aviso, eu precisava ir embora.
Já tinha me demorado demais no Brasil, meu pai estava furioso e eu
vinha o evitando há muito tempo, inventando motivos para adiar minha
volta para Chicago só para poder passar mais tempo com Aurora. Mas a
pergunta dela sobre meu desejo de ser pai me trouxe de volta a realidade,
me mostrando que só estive me iludindo por dois meses com ela.
Não sei se foi o fato de ter sido o único homem dela, ou era
simplicidade que eu nunca vi antes, mas havia algo nela que tinha me
enganado por todo esse tempo, porém no momento em que ela perguntou
aquilo meus olhos se abriram e eu soube que tinha que ir.
Me desvencilhei dos braços e perna dela, me levantei da cama com
todo cuidado para não acordá-la, era a última coisa que eu precisava agora,
e fui direto para o banheiro.
Havia enviado uma mensagem para Michael, ele já deveria estar
chegando na entrada do hotel com nossas malas. Aquela noite foi a
despedida perfeita, mesmo que eu quisesse dar tudo por encerrado no jantar
não o fiz, segui com meus planos de levá-la para dançar e depois voltamos
para o quarto e transamos até ela cair de exaustão.
Não me dei o trabalho de tomar banho ou qualquer coisa, apenas
peguei as poucas peças de roupa que tinha naquele quarto e enfiei na
pequena mala antes de ouvir meu celular apitando.
Micha: Já estou aqui.
Peguei o envelope com a quantia em dinheiro que havia sacado antes
de virmos para o quarto e coloquei sobre a mesa de cabeceira. Antes que eu
desse um passo para longe Aurora se mexeu na cama atraindo meu olhar.
Ela parecia até mesmo um anjo pequeno e delicado ali deitada nos
lençóis bagunçados, mas os cabelos castanhos apontando para todos os
lados e o corpo parcialmente coberto eram a lembrança de que ela não era
um anjo inocente.
Na verdade, Aurora era terrivelmente perigosa para a sanidade de um
homem, a garota com os olhos hipnotizantes e o sorriso doce tinha
conseguido o que nenhuma outra mulher conseguiu em todos os meus trinta
anos, ela me fez parar e ficar ao seu lado.
Soltei um suspiro e abri a maldita gaveta da mesinha pegando uma
caneta e rabiscando algumas palavras rápidas no envelope do dinheiro antes
de colocar tudo no mesmo lugar, me virar pegando a mala pronto para sair
dali, a deixando sozinha no meio da madrugada.
O corredor assim como todo o hotel estava vazio, com exceção da
recepção e da entrada, onde os dois únicos funcionários se mantinham para
servir os hóspedes, me seguindo com os olhos, quase como se me julgassem
pelo que eu tinha acabado de fazer.
— Tem certeza do que está fazendo? — Michael perguntou assim que
eu bati a porta do carro, a expressão em seu rosto deixando claro que não
aprovava o que eu estava fazendo.
— Mas é claro que sim! Desde quando eu tomo decisões sem ter
certeza? — meu tom não foi nem um pouco amigável.
Ele ergueu as mãos em rendição e colocou o carro em movimento,
nos levando direto para o aeroporto aproveitando o milagre de ter as ruas de
São Paulo praticamente vazias.
Eu nunca tinha me arrependido de uma decisão que tomei, sempre me
orgulhei de ser frio e calculista como meu pai, nunca deixando as emoções
tomarem o lugar da minha racionalidade. Tinha pensado muito bem no que
estava fazendo antes de tirar nossas passagens, eu não ia me arrepender de
estar indo, só tinha a ganhar com isso!
Não demorou para que tudo do voo estivesse resolvido e que nós dois
estivéssemos voando de volta para casa.
— Ainda falando com essa maluca? — perguntei quando vi que
Michael estava rindo com os olhos focados na tela do celular, sabendo que
só podia ser Laura.
— Estou revendo um vídeo que ela me mandou alguns dias atrás.
Revirei meus olhos voltando a tentar ignorá-lo, mas me vi pegando o
meu próprio celular e começando a vasculhar as fotos da galeria. Aurora
estava por toda parte, fotos comigo, outras sozinha e até fotos que ela tinha
tirado de mim quando estava distraído.
Não sei o que teria acontecido se ela quisesse colocar as garras em
mim como todas as outras, eu provavelmente continuaria morando no Brasil
e empurrando com a barriga todo o resto da minha vida.
Droga, até já estava falando como ela!
Isso foi o melhor a se fazer, a última coisa que eu precisaria era
aguentar um golpe da barriga seguido de uma intimação para casar.
Quando isso aconteceu com Travis meu pai o livrou, ele era jovem
demais para entender tudo, mas eu não sou mais um garoto para esperar que
meu pai venha me tirar dos problemas, tenho idade suficiente para escapar
das armadilhas de mulheres, além de toda droga de lição de vida que meu
pai me empurrou.
— Isso é um adeus Aurora e olá novamente James Perseu! —
sussurrei enquanto selecionava todas aquelas fotos e apagava de uma só
vez, arrancando ela dos meus pensamentos para sempre.
Capítulo 13
Me espreguicei já tateando o colchão em busca do corpo forte e
quente que sempre estava ao meu lado quando eu acordava, mas a única
coisa que minhas mãos encontraram foram os lençóis gelados.
Ergui meu tronco olhando em volta e procurando por James, mas ele
não parecia estar por ali, a porta do banheiro estava aberta e não tinha
nenhum barulho de água correndo, mesmo assim eu me levantei e corri para
lá, mas como já esperava ele não estava.
A varanda estava fechada e tudo silencioso, onde o homem podia ter
se enfiado? Me sentei na cama pegando meu celular e já apertando o nome
dele.
— Se você saiu para correr sem mim de novo está ferrado! — afirmei
contra o celular, mas apenas recebi a mensagem de número fora de área. —
Onde você se enfiou em pleno domingo de manhã que não tem sinal?
Joguei o aparelho de lado e me sentei na cama pensando no que ia
fazer, mas vislumbrei um papel na mesa de cabeceira do lado onde ele
dormia. Ao menos ele tinha deixado um bilhete dessa vez!
— O que... — minha voz falhou quando vi que, na verdade, se tratava
de um envelope com uma quantidade absurda de notas.
Aquilo era muito dinheiro, James nunca teria deixado isso assim. Mas
quando virei o envelope foi que eu tive a minha resposta do motivo.
"Obrigado por todos os momentos que passamos juntos. Você merece
cada centavo."
Joguei o envelope no chão sentindo a bile subir queimando minha
garganta enquanto as lágrimas tomavam os meus olhos embaçando a minha
visão. Ele não podia ter feito isso, não pode ser verdade! Tinha que ser uma
brincadeira, uma de muito mal gosto, mas só podia ser brincadeira!
Peguei meu celular novamente e liguei apenas para receber a mesma
mensagem. As lágrimas desceram por meu rosto sem que eu conseguisse
segurar, porém não me dei por vencida, procurei o número de Michael nos
contatos e liguei para ele, mas a mesma voz eletrônica soou do outro lado
da linha.
Uma ânsia de vômito me tomou e chorando eu me arrastei até o
banheiro e vomitei o que tínhamos comido na noite passada. Meu estômago
se revirou até que não tivesse mais nada para colocar para fora, como se já
não fosse o bastante estar chorando como uma idiota.
O telefone do hotel tocou fazendo meu coração disparar achando que
era ele, e eu corri cambaleando com a visão embaçada pelas lágrimas e
mole depois de todo o vômito. Tinha que ser ele, James com certeza estava
ligando para se explicar.
— Bom dia. Estou ligando para informar que a sua estadia acaba em
meia hora. A senhorita gostaria de estender a diária? — A voz da
recepcionista fez minha cabeça girar, eu precisei respirar fundo e me apoiar
no móvel para não cair.
— Acho que... Acho que houve um engano. O quarto que eu estou é
alugado pelo senhor Wayne.
— Sim, isso mesmo! O senhor Wayne fez o check-out do hotel ontem
pela madrugada e nos informou ter uma convidada no quarto. Por isso
estamos ligando para informar sobre o fim da diária, se a senhorita preferir
continuar nós teremos o prazer de fazer um novo check-in.
Convidada? Check-out? Não podia, ele não tinha feito isso comigo!
As lágrimas voltaram a escorrer por meu rosto e mesmo que a verdade
gritasse na minha cara eu não conseguia acreditar, não conseguia crer que
ele tinha sido capaz disso.
Deixei o telefone fora do gancho e me arrastei meus pés até o closet
só para confirmar que não havia nenhuma roupa dele, nada no banheiro
também, como não percebi antes!
Me virei olhando em volta e me sentindo encurralada, pela primeira
vez aquele quarto me deixava com a sensação de sufocamento enquanto o
envelope recheado de dinheiro ria da minha cara.
"Você merece cada centavo." Meu corpo convulsionou para frente
enquanto eu deixava meu coração se partir um pedaço a cada soluço que
rasgava minha garganta.
Foi a batida na porta que me trouxe de volta, me lembrando que eu
não deveria estar ali, nunca deveria ter entrado ali! Me levantei correndo e
vesti a primeira roupa que vi, juntei todas as minhas coisas na bolsa,
inclusive o maldito dinheiro que eu jamais usaria um centavo, e sai de lá.
A recepcionista estava acompanhada de um segurança e os dois me
olharam com uma expressão de pena, provavelmente por verem o estado
deplorável que eu estava depois de todo o choro e enjoos. Mas eu levantei
meu queixo e sai de lá de cabeça erguida, não ia ser esse idiota que acabaria
comigo.
Porém bastou entrar em casa e ouvir a voz da minha mãe para que eu
desabasse chorando novamente, como uma criança dessa vez, uma criança
inconsolada. Sem me perguntar nada minha mãe me abraçou me puxando
para o sofá e vovó sentou ao nosso lado.
— Ele fugiu no meio da madrugada... me deixou sozinha no hotel
com o dinheiro, ele... disse que era minha noite de princesa, que queria me
mimar, só para... fazer isso no final?
Não sabia ao certo quanto tempo tinha se passado, mas elas tinham
me deixado chorar até eu estar pronta para falar.
— Se ele fez isso é um babaca! Um merda que não te merece minha
filha! — vovó foi a primeira a abrir a boca me respondendo.
— Nós já sabíamos que ele iria embora um dia minha menina e que
você ficaria de coração partido. — minha mãe disse me surpreendendo. —
Todo mundo já tinha percebido que você está apaixonada por ele, mesmo
jurando que vocês só estavam ficando.
— Eu nunca quis me apaixonar por ele, nunca quis perder meu tempo
como perdi com um idiota. — resmunguei passando meus dedos pelos
entalhes do tecido do sofá.
— A gente não manda no coração meu amor, infelizmente.
— Mas você pode tirar uma lição disso, aprender a não se envolver
com homens passageiros, que só querem entrar na sua vida por um
momento! — vovó deu tapinhas na minha mão e sorriu de forma terna.
Eu sabia que ela estava certa, às duas estavam, mas isso não me fazia
sentir melhor eu só me sentia mais e mais enjoada a cada momento que me
dava conta de que tudo tinha acabado.
— Você está pálida. — a voz da minha mãe me tirou do transe por
alguns segundos. — Vá tomar um banho que vamos comer, você está
precisando!
Me levantei fazendo o que ela disse, mas me lembrei de algo que eu
não queria ver novamente, então abri a mochila e tirei o envelope com o
dinheiro entregando nas mãos delas.
Nunca fui tão humilhada, James me fez sentir tão suja e barata, que
me dava nojo dele e ainda mais raiva de mim mesma por ser idiota em
gostar dele.
— Não tínhamos ideia que ele seria escroto assim com você. —
minha mãe falou encarando o bilhete dele mesmo sem entender o que
estava escrito em inglês, como se o dinheiro fosse resposta suficiente.
— "Obrigada por todos os momentos que passamos juntos. Você
merece cada centavo." É isso o que está escrito, é o que ela pensava de mim
todo esse tempo enquanto eu me iludia. — colocar aquelas palavras para
fora só fizeram ter uma nova onda de choro me tomar.
— Eu sinto muito filha. — ouvi uma delas falar, mas eu já estava
correndo para o banheiro.
Depois de um longo banho na água quente eu já estava mais calma,
talvez anestesiada fosse a palavra certa. Às duas cochichavam na cozinha
quando eu entrei, mas rapidamente pararam.
— Não precisam parar de falar só porque eu cheguei, podem dizer
qualquer coisa, nunca tivemos segredos.
— Sua vó e eu decidimos que não queremos nada com esse dinheiro.
— Nem eu quero! Não vou usar isso para nada, assim como as roupas
que ele comprou para mim, não quero nada dele, nada que me lembre
James!
— Você deveria guardar esse dinheiro. — vovó falou chamando
minha atenção. — Algo me diz que você vai ter a oportunidade de jogar na
cara dele cada nota dessa e ele ainda vai se arrastar aos seus pés.
Eu engoli em seco chocada com a determinação que ela colocou nas
palavras, quase como se já soubesse o que ia acontecer. E mesmo que eu
não tivesse a fé que ela tinha, eu decidi que faria isso, guardaria aquele
envelope do mesmo jeitinho que estava.
Minha mãe colocou o Strogonoff na mesa e o cheiro me invadiu, eu
sempre amei o Strogonoff dela, era o meu favorito. Mas no mesmo instante
que o cheiro inundou meu nariz meu estômago se embrulhou me fazendo
trincar os dentes em uma tentativa inútil de conter o enjoo.
Só tive tempo de correr até o banheiro antes que a ânsia começasse
mesmo que não tivesse mais nada para colocar para fora.
— Você não está grávida, está menina?
— Não vó, por Deus claro que não! — afirmei com toda convicção.
— Foi algo que eu comi que deixou meu estômago sensível e eu estou
assim há três dias já.
Mas eu não poderia estar mais enganada, algumas semanas depois eu
descobri que não poderia esquecer James, ele nunca ia ser apenas um
primeiro amor que partiu meu coração e me ensinou uma lição, porque ele
tinha deixado bem mais dele para trás.
Uma filha, tudo o que eu não esperava, tudo o que eu não planejava
para aquele momento da minha vida.
Capítulo 14 (UM ANO E QUATRO MESES)
Eu encarei a tela do notebook tentando lembrar qual era a pauta da
reunião, após ter perdido metade da discussão porque meus pensamentos se
recusavam a se manterem focados.
Hoje em especial estava pior, meus olhos rolaram para baixo na tela,
procurando o relógio só para saber a hora que aquela tortura iria acabar.
De um lado estava o relógio marcando o horário de Chicago e do
outro estava mostrando o horário do Brasil. O relógio marcava onze horas
lá, três horas a minha frente. Estava perto do horário de almoço em São
Paulo e Aurora com certeza faria sua refeição na sala dos funcionários,
passaria naquele mesmo corredor onde nos conhecemos.
Às vezes me perguntava se ela estava bem, me pegava pensando no
que ela estaria fazendo da vida, se já tinha começado a faculdade, se estava
namorando.
Um pigarro na sala chamou minha atenção, me fazendo erguer os
olhos da tela. Michael apontou com a cabeça para minhas mãos e só então
me dei conta de que estava amassando um dos relatórios. O olhar de
censura estava estampado em seu rosto e ele melhor do que ninguém sabia
onde meus pensamentos estavam, pois tinha escutado o diálogo repetitivo
dos últimos tempos, eu simplesmente não conseguia evitar.
— Senhores, acho que já chega por hoje. — falei me levantando da
cadeira e apoiando as mãos no tampo de vidro da mesa. — Não estamos
chegando a lugar nenhum com essa discussão, não tem sido uma manhã
produtiva.
— Mas ainda temos a apresentação do novo projeto. — um dos
velhos ergueu a voz e eu me senti obrigado a semicerrar os olhos o
encarando. — Senhor Wayne.
Porra achei que aquela merda já tinha sido apresentada, mas agora
não voltaria atrás, precisava sair da sala antes que enlouquecesse.
— Podemos deixar isso para outro dia. — Michael tomou a frente se
erguendo e falando de forma mansa. — Foi uma semana longa, tenho
certeza que na segunda todos vamos estar com as ideias mais frescas e mais
bem dispostos.
Eu sabia que essa última parte era para mim, era o único que parecia
não estar com cabeça para toda aquela merda hoje.
Um por um, os homens foram se levantando e saindo da sala,
resmungando entre si, com certeza desapontados por não conseguirem
resolver esse problema hoje. Ainda eram dez horas, teria tempo o suficiente
de falarmos sobre o balanço do fim do mês e de acertarmos todos os
detalhes do novo projeto, mas eu não conseguia me concentrar mais do que
alguns minutos, nem mesmo para responder uma simples pergunta.
— Cara o que te deu hoje? Está pior que na semana passada. — eu
bufei fechando o notebook e pegando os papéis amassados.
Eles pareciam rir para mim, me lembrando do motivo do meu estado
disperso e da minha raiva ao amassá-los.
— Está pior que semana passada, que mês passado. Está pior que
ontem porra! — rosnei apertando as mãos em punhos enquanto saía da sala
de conferências. — Não sei mais o que posso fazer para resolver isso, talvez
terapia ou talvez uma orgia dê jeito.
Quando eu deixei o Brasil jurei que iria tirá-la da minha cabeça, que
esqueceria em um estalar de dedos, mas conforme as semanas passavam eu
me pegava pensando mais e mais nela.
Não importava o que eu fazia meus pensamentos sempre acabavam
voltando para ela, parecia até magia. Nem todas as mulheres com quem
dormi ou o tempo que passou, não foram capazes de me fazer parar de
pensar em Aurora. Nem mesmo o trabalho, que costumava ser a coisa mais
importante da minha vida, estava ajudando.
— Uma orgia, claro porque não pensamos nisso antes. Até porque
dormir com aquelas duas de uma vez no mês passado te ajudou em alguma
coisa. — Michael tagarelou ao meu lado me fazendo revirar os olhos.
Porque a verdade é que ele tinha razão, quando eu me enterrava em
qualquer mulher era nela que eu pensava, na boceta dela, nos gemidos e no
corpo dela. Eu imaginava aqueles olhos me chamando, me seduzindo, e
quando abria os meus, era sempre tomado por decepção.
— Não sei o que quer que eu faça! Aquela diaba me enfeitiçou, se
tiver alguma ideia nova de como tirá-la da minha cabeça é só dizer.
— Já disse, você vai parar de pensar nela quando a encontrar
novamente. — era no mínimo a centésima vez que ele propunha aquilo. —
Porque isso é amor ou é culpa.
Eu estava prestes a mandá-lo se foder dizendo que amor não existia,
era apenas a química do nosso corpo, quando a palavra “culpa” saiu de sua
boca.
Talvez seja isso afinal, eu deixei a garota sozinha na cama do hotel
pela madrugada, com algumas palavras e um punhado de dinheiro. Claro
que aquilo nunca me importou antes, e eu não fiz nenhuma promessa a
Aurora assim como não fiz a nenhuma outra, mas deixei que ela ficasse na
minha vida por tempo de mais para que sua mente criasse fantasias.
— Deveria ter previsto que ela ia se apegar, afinal ela tinha apenas
dezenove anos e era virgem, lembro bem de Chloe e como ela ficou
perdidamente apaixonada por aquele médico idiota depois de ir para cama
com ele. — falei pensando em minha irmã e como a primeira vez dela tinha
sido importante. — Quem sabe viajar não seja uma má ideia, posso
fiscalizar a filial no Brasil e me livrar dessa culpa ao ver que ela está bem.
Abri a porta do meu escritório balançando a cabeça em negação por
ver o sorriso vitorioso estampado no rosto de Michael, me lembrando do
quanto ele iria ficar feliz em ver a advogada maluca bem mais que duas
vezes no ano.
— Você não vai a lugar nenhum! — a voz dura do meu pai soou no
escritório antes mesmo que eu o visse sentado na minha cadeira.
— Pai? O que está fazendo aqui? — não o via na empresa há mais de
um ano, desde que voltei de viagem o senhor Hefesto Wayne havia jurado
que nunca mais colocaria os pés ali porque esse era meu dever, mas ali
estava ele, sentado na minha cadeira me encarando como se eu o tivesse
desapontado.
— Eu não quis acreditar no começo, achei que era mentira do pessoal
da diretoria, mas eu estava aqui assistindo às imagens da sala de reunião e
vendo você agindo como um adolescente sem cérebro.
Trinquei os dentes caminhando para dentro do escritório, mas me
recusei a sentar na frente dele, aquela cadeira onde ele estava era minha e
eu não iria me rebaixar. Fui direto me servir de uma dose de whisky, ou não
responderia por mim.
— Não tenho ideia do que você está falando, só estou cansado da
semana infernal que tive, você sabe bem como é trabalhar todos os dias
nessa empresa.
— Você não está trabalhando, estava apenas perdendo o seu tempo e
de todos, não disse duas frases que fizesse sentido naquela reunião! — ele
gritou se levantando e batendo os punhos na mesa, como se aquilo fosse
surtir algum efeito sobre mim. — E no fim você chega aqui falando de
mulher?
— Não é o que está pensando, isso é algo bobo entre mim e Micha...
— Eu acho bom que seja mesmo, ou vai perder o cargo de CEO dessa
empresa. — as palavras dele fizeram o líquido âmbar descer por minha
garganta de forma dura, quase como uma pedra.
— Você não faria isso! A minha vida toda eu dediquei a esse lugar,
você não tiraria de mim por uma besteira. — soltei demonstrando toda a
convicção que não tinha de verdade, meu pai era prático eu sabia bem e se
ele desconfiasse que eu estava tendo sentimentos por alguém não hesitaria
em me tirar, mesmo que aquele não fosse o caso.
— Não quero ter que fazer isso, você já é o único filho em quem eu
confio, mas para ter certeza que ainda é confiável você vai ter que me
provar.
Semicerrei meus olhos desconfiando do viria da cabeça daquele
velho, mas não discuti e deixei que ele me arrastasse para onde queria. A
ideia de ter que provar meu valor apenas por estar tendo alguns dias ruins
me irritava, mas eu não podia fazer muito já que a empresa ainda estava no
nome dele. Já tinha de agradecer por não ter que concorrer com Travis, que
saiu de casa e nunca mais olhou para trás, renegando tudo o que viesse de
meu pai.
Quando o carro parou em frente a um clube famoso pelo
entretenimento adulto que oferecia, além das garotas de luxo, minha
desconfiança cresceu. Mas era frequentado por homens da alta sociedade
então eu torci para que fosse uma reunião com possíveis sócios e não algo
estúpido vindo do meu pai.
— O que estamos fazendo aqui? — o questionei assim que entramos
no ambiente de baixa luz rodeado por cabines para danças particulares e
mesas de jogos, recheado de homens bem vestidos, bebendo e fumando
charutos, esbanjando dinheiro acompanhado por mulheres belíssimas, que
eram pagas para estar ali, seduzindo e levando os clientes a gastarem mais
com elas ou com a casa.
— Ouvi a conversa que teve com Michael, essa coisa de romance ou
culpa, tudo isso é besteira. Você não fez nada de errado e saiu de lá na hora
certa.
Trinquei meus dentes sabendo que não iria gostar do final daquela
conversa, principalmente quando duas mulheres se aproximaram de nós e
meu pai abraçou uma pela cintura empurrando a outra para perto de mim.
— Não estamos interessados essa noite meninas...
— Sim, você está! Vai provar que essa história de estar com os
pensamentos nas nuvens por culpa daquela fedelha é mentira. — não
satisfeito ele forçou a mulher que estava com ele em minha direção. — Faz
mais de um ano que você voltou do Brasil e ainda pensa nela? Parece que
não aprendeu nada do que te ensinei todos esses anos, mas isso acaba essa
noite, segunda-feira quero meu filho de volta na empresa, não um molenga!
— Não venha com essa merda para cima de mim só porque decidiu
dar ouvidos as fofocas de velhos que não tem o que fazer, nem ache que ver
imagens de algumas horas do meu dia vão te dizer algo sobre mim! —
rosnei parado na frente dele, com os punhos fechados já sentindo minha
raiva crescer.
— Você estava cogitando ir para atrás dela, acha que não ouvi a ideia
daquele seu amigo idiota? Não vou permitir isso! Você era o único sensato
que tinha sobrado na família e agora descubro isso? — ele ergueu o dedo
como costumava fazer quando eu era mais novo e queria que eu o
obedecesse. — Vai transar com quantas garotas for preciso essa noite até
parar de pensar nela!
— Eu não teria problema algum em ir para cama com todas as
mulheres desse clube, mas não vou transar só porque você quer que eu
prove algo! Não tenho mais dezesseis anos para ser manipulado assim!
— Quer arriscar tudo e por quê? — ele enfiou a mão no bolso e tirou
uma foto de Aurora que eu nunca tinha visto antes a sacudindo na minha
frente. — É isso? Por essa garota? Ela é gostosa eu admito, mas esse lugar
tem mulheres bem mais deliciosas que ela.
Meu sangue ferveu e eu avancei contra ele, agarrando seu punho e
arrancando a foto da mão dele.
— A empresa está de pé por minha causa e só expandimos tanto
graças a mim. Então se quiser tirar isso de mim ótimo, faça! Quero ver
quanto tempo vão se manter de pé sem mim.
— Não vale a pena perder a empresa por causa de uma boceta, não
importa o quão nova ou apertada ela seja! Você não está apaixonado e nem
tem que sentir culpa. — ele gritou atraindo o olhar de algumas pessoas e
não pareceu se importar nenhum pouco.
Mas eu já tinha escutado tudo o que precisava ouvir ali, não ia perder
mais nenhum minuto ouvindo aquela palhaçada.
— Já está avisado, quer me tirar da empresa ok, vou adorar ver todos
da diretoria inclusive você se arrastando atrás de mim e me pedindo para
voltar antes que a falência bata a porta! — rosnei não querendo aumentar a
cena ridícula que ele estava fazendo e me virei pronto para sair dali.
Para alguém que sempre se disse racional e contido meu pai tinha
perdido todo o controle e o bom senso. Não me surpreenderia se ele
resolvesse agir como fez com Travis, indo atrás da garota e oferecendo
dinheiro para sumir, ele já tinha até mesmo descoberto quem ela era e
conseguido essa foto, quem sabe do que mais o velho seria capaz.
— Quem se importa que a garota fosse virgem e que se apaixonou por
você! — ele gritou me fazendo paralisar. — Se ela abriu as pernas foi
porque quis, você não tem que se culpar por ir embora, basta mandar algum
dinheiro pelo serviço e pronto! A essa altura ela já deve ter dado para
cidade inteira e você aqui pensando nela!
Marchei até ele com os punhos fechados, pronto para acertar um soco
no desgraçado, mas quando cheguei bem perto não fiz, não consegui acertar
a cara dele mesmo que o infeliz merecesse por tudo o que disse dela.
— Quem não vale a pena é você e eu já perdi tempo de mais te dando
ouvido todos esses anos! Travis estava certo quando saiu de casa e te deu as
costas. — ele não disse nada, apenas me encarou com o queixo erguido e a
expressão altiva. — E não ouse ir atrás dela, porque se tem algo que aprendi
com você foi a ser prático, não vou relevar as coisas como meu irmão!
Sai de lá pisando duro apertando a foto de Aurora em minhas mãos,
agora mais consciente de que deveria ir atrás dela e me desculpar pelo que
fiz. Meu pai tinha acabado de deixar claro que eu fui um escroto e era por
isso que estava me defendendo, porque eu agi exatamente como ele me
ensinou.
Capítulo 15
— Da da da. — é a primeira coisa que eu escuto e tudo que eu quero
é voltar a dormir, mas eu sei que o pequeno raio de sol não vai me deixar
dormir se eu não a pegar no colo. — Da da! — Maria Clara grita ainda mais
alto, mostrando que não vai desistir de ter sua barriguinha cheia, mesmo
que seja apenas quatro da manhã.
— Eu sei, eu sei. — resmunguei jogando o lençol para o lado e
acendendo o abajur antes de me levantar da cama. — Mamãe já ouviu você.
O meu pacotinho de amor já estava sentada no berço com um sorriso
banguela só de ouvir minha voz. Me curvei pegando a pequena no berço e
dando uma rápida conferida na fralda antes de ir para cama com ela já
agarrada a minha blusa, querendo uma única coisa no meio da madrugada.
— Tetê, tetê! — ela protestou pela demora puxando ainda mais a
blusa.
— É claro que é isso o que você quer minha bochechuda. — me
sentei na cama e a coloquei no peito antes que o choro começasse e
acordasse a casa inteira.
Maria Clara era um tesouro de criança, desde que não a deixassem
com fome e que ela pudesse dormir sem nenhum barulho. Ela tinha se
tornado a luz da minha vida desde que chegou.
Quando descobri que estava grávida foi um completo choque, eu não
sabia o que fazer e já tinha algumas semanas que aquele desgraçado, que eu
nunca falaria o nome novamente, tinha ido embora.
Eu surtei e chorei me sentindo completamente perdida, mas com o
tempo as coisas foram se encaixando. Tive que sair do emprego, adiar meus
planos da faculdade novamente, então decidi vender doces em casa e minha
vó teve a ideia de que eu começasse a fazer roupas por encomenda, era uma
renda pouca, mas conseguíamos nos manter junto com o salário da minha
mãe e assim fomos levando nesse um ano e alguns meses.
Clarinha já ia fazer seis meses e eu tinha orgulho de dizer que nunca
faltou nada a minha filha, e que jamais toquei naquele envelope com
dinheiro novamente, depois da conversa que tive com minha mãe e minha
avó o dinheiro ficou no fundo do meu guarda-roupa até hoje esperando pela
oportunidade de jogar na cara do babaca.
— Nós nunca vamos precisar daquele homem, não é mesmo meu
amorzinho? — acariciei a bochecha rosada sentindo ela se aconchegar
ainda mais contra meu peito.
Às vezes eu me sentia mal por saber que minha filha cresceria sem
um pai, mas bastava eu me lembrar do que ele disse naquela noite, a última
que passamos juntos.
"Não penso em ter filhos nem agora e nem nunca! Não tenho vocação
para ser pai e ter uma criança no meu pé." Relembrar a voz dele dizendo
aquilo, a expressão e tudo o que aconteceu depois, me fazia ficar tranquila
quanto a Clarinha crescendo sem o pai. Preferia mil vezes que ela nunca o
conhecesse do que vê-la crescendo ao seu lado sendo mal tratada.
Ele fez um favor sumindo da minha vida naquela noite, porque não
quero nem imaginar o que teria acontecido se tivesse descoberto que eu
estava carregando a sua filha, a bebê que ele nunca vai conhecer.
Dois meses atrás nós achamos que ele tinha ficado sabendo sobre
Maria Clara, depois que um homem seguiu minha mãe do trabalho até em
casa, só para dizer na minha cara que eu deveria ficar longe dos Wayne ou
perderia minha filha.
Foi por isso que nos mudamos o mais rápido possível, com medo de
que não fosse o suficiente para despistá-los e que James tivesse coragem de
tentar tirar a filha de mim. Mas seja lá o que tenha sido aquela loucura de
enviar homens a minha casa ficou por isso mesmo, pois dois meses se
passaram e nunca mais ouvimos falar deles.
Depois que a pequena arrotou eu a enrolei ao meu lado, me sentindo
cansada de mais para levantar e colocá-la de volta no berço, meus olhos já
estavam pesados e minha cabeça já começava a reclamar, mesmo que
aquela fosse minha rotina.
Eu ouvi a conversa pela casa enquanto tentava voltar para o meu
sonho onde os meus modelos estavam sendo desfilados em uma passarela.
Não queria acordar ainda, não quando meu grande desejo estava se
realizando em meus sonhos, mas as vozes das outras mulheres dessa casa
me diziam que já era hora de levantar.
Me virei para o lado e não encontrei nenhum sinal da minha
bochechuda, como sempre pegaram a espertinha sem que eu sequer ouvisse.
Elas sempre faziam isso, Clarinha acordava e uma das duas a levava de
forma sorrateira.
Mas não podia reclamar, já que aquilo me dava mais alguns minutos
de sono, mesmo sabendo que elas atrasavam as próprias tarefas babando em
cima da nossa menina.
— Bom dia vó, bom dia mãe. — murmurei ainda me espreguiçando
enquanto entrava na cozinha. — Bom dia meu amorzinho! — minha voz
engraçadinha arrancou um sorriso ainda maior da minha pequena.
O sorriso de Clarinha definitivamente era meu, assim como os olhos
verdes, mas infelizmente isso era tudo o que ela tinha de parecido comigo,
porque todo o resto era a cópia perfeita do pai.
Me doía pensar isso, que ela tinha puxado mais ao pai do que de mim,
era até difícil olhar para ela e não pensar no infeliz. Mas ao menos ele era
um homem bonito, o que queria dizer que minha filha era incrivelmente
linda.
Os olhos verdes emoldurados por cílios cheios e castanhos, assim
como os cabelos. E tinha aquelas bochechas cheias e rosadas, que só davam
vontade de apertar.
— A dona Irene disse que vai vir às duas para a última prova do
vestido. — minha vó me avisou quando eu beijava a bochecha da minha
filha, antes de começar a preparar meu café.
— Ótimo, vou ter tempo para finalizar a encomenda da Paty.
— E eu vou correr, antes que perca o ônibus. — minha mãe passou
por nós já apressada, mas parou para estalar meia dúzia de beijos na barriga
de Clarinha até ela estar gargalhando. — Ótimo dia para vocês.
Estava terminando meu pão e Clarinha estava mastigando o bico da
chupeta na cadeirinha a minha frente, quando uma batida na porta nos
chamou atenção, eu estava prestes a levantar, mas vovó passou na minha
frente.
— Sua mãe deve ter esquecido o guarda-chuva de novo, eu aposto. —
ela gritou já na sala e eu dei risada concordando, mamãe só não esquecia a
cabeça porque estava grudada ao corpo.
Levou um grande tempo e eu não ouvi a voz de nenhuma das duas,
nem vi minha mãe correndo para pegar algo, então com certeza era outra
pessoa.
— Da, da! — minha menina atirou a chupeta no chão, gargalhando e
batendo as mãos no batente da cadeirinha.
— Você é espertinha de mais! — me abaixei recolhendo a chupeta
favorita dela, quando os passos finalmente ressoaram na casa. — O que
aconteceu vovó? Quem era?
O silêncio reinou na cozinha me obrigando a virar, mas nada nesse
mundo teria me preparado para aquilo. Por um instante tudo a minha volta
parou eu só conseguia ouvir o som das batidas do meu coração acelerando e
me ensurdecendo.
James estava parado na minha frente na porta da cozinha como se
fosse uma miragem. Perfeitamente vestido como sempre, a barba ainda era
a mesma, os cabelos estavam um pouco mais longos, e o olhar parecia um
tanto atento.
— Da, da, da! — o grito de Maria Clara foi o que me fez voltar a
realidade.
Me levantei rapidamente ficando na frente dela e tampando a visão
dele, enquanto a tirava da cadeirinha o mais rápido que conseguia. Eu não
queria que ele a visse, não queria nem mesmo que soubesse da existência
dela.
— Vovó, coloca esse homem para fora agora! — exclamei andando
apressada para dentro do quarto com minha filha.
— Aurora espera! Vamos conversar, por favor? — ouvi a voz dele me
seguindo e aumentando a minha confusão interna, eu não sabia o que era
maior naquele momento, se o choque, a raiva, ou o medo.
— Você não tem o direito de estar aqui! — gritei e me arrependi logo
em seguia quando senti o corpo de Carlinha se endurecer e ela se agarrar
aos meus braços. — Desculpa amor, desculpa. — beijei os cabelos dela a
sacudindo tentando acalmá-la.
Não tínhamos o costume de gritar nem de brigar na frente dela, mas
ali estava James bagunçando tudo em apenas alguns segundos.
— Eu não quero brigar, só preciso conversar com você e prometo que
vou embora. — ele tagarelou parando no batente da porta, me
surpreendendo por estar falando português muito bem, tão diferente de
quando nos conhecemos.
Mas eu apenas o ignorei e fui até o guarda-roupa indo buscar a única
coisa dele que ainda estava ali. Afastei alguns lençóis achando o envelope
recheado de dinheiro e me voltei para ele.
— Aqui, o seu dinheiro! — atirei na cara dele sem pestanejar. —
Pegue o seu dinheiro e suma daqui, não quero ver seu rosto nunca mais!
James suspirou encarando o envelope no chão com as últimas
palavras dele para mim viradas para cima. Ele apertou os lábios em uma
linha fina e sacudiu a cabeça antes de passar por cima do envelope vindo na
minha direção.
Eu não esperava por isso, e quando dei por mim, estava recuando para
manter a distância entre nós dois.
— É sobre isso que quero conversar, eu fui um babaca com você,
saindo no meio da noite e deixando o dinheiro com aquelas palavras. — eu
recuei até sentir o guarda-roupa contra minhas costas, me impedindo de
fugir dele. — Me deixa tentar explicar, é só o que eu te peço.
— Da, da, da. — a tagarela entre nós, escolheu esse momento para
falar atraindo a atenção dele.
James franziu o cenho se curvando para olhá-la mais de perto quando
Maria Clara pulou no meu colo sorrindo para ele e estendendo os bracinhos.
Segurei o rosto dela tentando virá-la para mim, mas isso não pareceu ser o
suficiente para ele.
— Ela é... minha? Tem seus olhos, mas o resto todo é meu, não tem
como negar. — ele falou com convicção depois de olhá-la por segundos. Eu
sabia que a semelhança era inegável, mas ia dizer que não até a morte.
— Você nunca quis uma filha, uma família ou um compromisso! —
afirmei erguendo o queixo, pronta para enfrenta-lo se fosse preciso. — No
dia que te perguntei o que achava disso foi o dia que você foi embora. Ela
não é nada sua!
— Aurora ela é a minha cópia. Porque vai negar algo que está na
cara? — ele estendeu uma mão na intensão de tocá-la e eu a virei em meus
braços de forma instintiva a tirando de perto dele. — Você sabia que estava
grávida quando me perguntou aquilo? Porque não tentou me contar que
tínhamos tido uma filha? Pare de tentar se esquivar e escondê-la de mim
quando eu já a vi! — ele protestou quando sai do lugar onde tinha me
encurralado e consegui sair do quarto.
Andei até a sala sem me importar com ele falando atrás de mim, só
queria que ele fosse embora, que sumisse da minha vida como fez naquela
noite.
— Escuta aqui, a única coisa sua nessa casa é aquele dinheiro que
você deixou cair no chão e que eu só guardei para poder jogá-lo na sua cara
quando tivesse a chance! — exclamei vendo minha avó aparecer atrás dele,
me lançando um olhar triste. — Você nem deveria estar aqui, já não basta
nos fazer mudar por sua causa? Nos disseram para ficar longe e ficamos, o
que mais vocês querem?
Um vinco profundo se formou entre as sobrancelhas dele e James
olhou para minha avó, como se tentasse entender as minhas palavras,
mesmo que eu soubesse ser mentira dele.
— Nos disseram para ficar longe? Do que está falando? Eu não soube
de você desde o dia em que saí do Brasil, não tive nenhuma notícia sua,
como poderia ter feito você se mudar por minha causa.
Capítulo 16
Eu saí da boate aquela noite direto para meu apartamento, decidido
mais do que nunca a ir para o Brasil atrás de Aurora, se meu pai tinha uma
foto dela ele com certeza sabia mais dela.
Michael cuidou das nossas passagens e de colocar seus contatos no
rastro dela, eu precisava de todas as informações sobre ela agora e no dia
seguinte às oito da noite saímos de Chicago direto para o aeroporto
internacional.
Foi estranho estar fazendo tudo aquilo por uma mulher que eu
conheci por tão pouco tempo, mas algo dentro de mim não me deixava tirá-
la da cabeça, imagens dela, as lembranças de nós dois juntos, tudo ficava
preenchendo meus pensamentos a todo minuto. Então o melhor era
esclarecer isso de uma vez.
Eu só não esperava que o ar fosse ser arrancado dos meus pulmões
quando eu coloquei meus olhos nela. De alguma forma ela estava ainda
mais linda, mesmo com um cansaço refletido no rosto, ela ainda era
maravilhosa como no primeiro dia que eu a vi.
Aurora tinha mudado nesse último ano, isso estava claro, ela parecia
mais velha e não só no semblante, o corpo dela também tinha mudado. Mas
eu não tive tempo de reparar muito nela enquanto corria em seu encalço
pela casa e tentava ver a criança em seus braços.
Mereci o dinheiro sendo jogado na minha cara e todo a raiva que ela
demonstrava, era algo que eu já esperava. Mas meu choque foi maior
quando fiquei cara a cara coma bebê e consegui ver as semelhanças entre
nós.
Um turbilhão de pensamentos correram em minha mente enquanto eu
tentava entender. Claro que era possível que ela estivesse grávida,
transamos sem camisinha tantas vezes, na hora nem chegamos a cogitar
isso, nem mesmo quando ela me perguntou se eu queria ser pai a ideia de
que ela estivesse grávida passou por minha cabeça.
Mas tudo o que estava passando na minha mente naquele momento
deixou de importar quando a ouvi dizer que tinha sido ameaçada para ficar
longe de mim.
— Não se faça de desentendido. Os homens que você mandou atrás
da minha mãe dois meses atrás, que a seguiram até em casa e ameaçaram
tirar minha filha se eu não me mantivesse longe de você!
Minha confusão só aumentou com a confirmação dela, assim como a
preocupação que se instalou em meu peito.
— De que diabos está falando? Quem ameaçou vocês?
Aurora começou a rir de forma debochada e forçada. Riu tanto que
jogou a cabeça para trás, contagiando a bebê em seu colo. Enquanto
mostrava que tudo o que eu dissesse seria apenas isso, uma piada para ela
rir.
— Acha mesmo que eu acredito em alguma palavra que sai da sua
boca? — ela questionou de maneira retórica quando parou de rir, então se
virou para a porta da frente a abrindo. — Pode voltar para o inferno de onde
saiu e ficar lá para sempre!
Não ia adiantar discutir com ela enquanto estivesse nesse estado,
Aurora estava claramente transtornada com a surpresa e eu nem podia
culpá-la.
Quando entrei ali dona Maria me deu a dica de que eu deveria ir com
calma, ouvir, respeitar o que ela dissesse e voltar no outro dia.
Das poucas vezes que nos vimos dona Maria sempre demonstrou
gostar muito de mim, então o melhor era seguir o que ela disse, afinal a
senhorinha tinha me deixado entrar para conversar com sua neta mesmo
sabendo de tudo o que tinha acontecido, dona Maria me incentivou a insistir
com Aurora avisando que não seria fácil, palavras dela.
E agora teríamos muito que conversar já que aquela bebê era minha
cara e eu nem ao menos tinha sido avisado que ela estava grávida.
— Eu vou, mas só para descobrir quem te ameaçou! — caminhei até
a porta aberta, quando já estava quase do lado de fora parei olhando para ela
e peguei o dedinho da menina em seu colo. — E vou voltar logo, temos
muito o que conversar!
Sai de lá ouvindo Aurora gritar que eu não precisava voltar, mas nem
se o inferno congelasse eu ficaria longe agora. Acho que finalmente
começava a entender o motivo dos meus pensamentos continuarem indo
para ela, tínhamos mais assuntos inacabados do que eu imaginei.
Liguei para Michael assim que entrei no carro, agora mais do que
nunca precisava dos seus amigos investigadores, queria saber de tudo o que
tinha acontecido com ela nesse último ano que passamos longe.
— Já? Achei que demoraria mais tempo conversando com ela, mas
pela sua voz vejo que as coisas não foram nada boas.
— Isso não chega nem perto. — resmunguei lembrando do que tinha
planejado para nossa conversa, tinha imaginado alguns gritos, mas nada
como realmente foi. — Descobri que eu tenho uma filha! Tem ideia do que
isso significa?
O bastardo explodiu em uma gargalhada me deixando ainda mais
irritado, o som da risada dele explodia no alto-falante do carro enquanto eu
dirigia apressado pela cidade.
— Você como pai? Não imagino desastre maior do que esse! — ele
falou entre o riso e por mais que tivesse detestado ouvir isso eu sabia ser
pura verdade.
— Como se não bastasse isso e o ódio aparente de Aurora, descobri
que o desgraçado do meu pai sabia sobre ela e a criança, ele mandou algum
desgraçado ameaçá-la e essa foi a razão para elas se mudaram. — coloquei
para fora todas as peças do quebra cabeça que eu tinha encaixado.
Afinal o velho babaca tinha uma foto dela e parecia saber exatamente
como Aurora é para dizer o que disse na boate. Eu sabia bem que meu pai
era capaz de tudo para que as coisas saíssem do seu jeito.
— Seu pai o quê? Mas como essa merda foi acontecer? — a voz de
Michael já não tinha mais nenhum resquício de diversão, ele sabia bem de
quem estávamos falando.
— Quero que descubra isso também, precisamos saber se ele tem
alguém de olho nela. Elas podem até pensar que não tem nenhum risco, mas
se meu pai ameaçou tirar a menina dela eu não duvido que ele vá tentar de
verdade.
A última coisa que eu permitiria agora era que meu pai se metesse
ainda mais na minha vida e tentasse me afastar dela e da filha que eu nem
conhecia. Não podia deixar que ele fizesse o mesmo que fez com Travis!
— Vou fazer isso agora, vou entrar em contato com meu amigo. Mais
alguma coisa?
— Encontre um corretor de imóveis, quero tirá-las de lá o mais rápido
possível e vou precisar de uma casa para mantê-las perto de mim. — por
um instante tudo ficou em silêncio, eu sabia que era uma surpresa para ele.
— Poderia protegê-las de outras formas. Tem certeza disso? — ele
perguntou com cautela. — Só não quero que se deixe levar pela emoção e
acabe percebendo depois que não é isso o que quer, essa garota já sofreu de
mais por você e tem se saído bem sem sua ajuda.
— O que está insinuando? — rosnei sentindo minha indignação
crescer.
— Não quero que a machuque ainda mais quando decidir ir embora
da noite para o dia.
— Só faça o que eu pedi porra, do resto cuido eu! — gritei colocando
um fim na ligação.
Apertei meus dedos em torno do volante enquanto as lembranças dos
gritos de Aurora e da atitude dela se misturavam com a fala de Michael. Eu
tinha sido um babaca com ela e aparentemente totalmente equivocado, ela
não usou meu dinheiro, nem mesmo com nossa filha ela usou o dinheiro, ao
invés disso o guardou e jogou na minha cara.
Eu precisava encontrar um jeito de ser perdoado, ou ao menos
encontrar uma forma de dobrá-la e colocá-la em uma casa mais segura,
afinal eu tinha vindo até aqui para saber sobre o bem-estar dela e era a
ligação comigo que estava pondo sua vida em risco.
Uma filha, uma garotinha. Meu estômago se embrulhou com a ideia e
eu sacudi minha cabeça em negação. Que merda eu sabia sobre filhos? Mas
só tinha uma pessoa que podia me ajudar nesse quesito.
Capítulo 17
Ainda não conseguia acreditar que ele tinha estado ali depois de todo
aquele tempo. James só podia estar brincando, aquilo tinha que ser algum
jogo doentio, me seduzir e abandonar depois aparecer com ameaças e então
por fim tentar surgir como uma espécie de coitado arrependido.
Mas eu não ia cair mais nessa, nada do que saía da boca daquele
homem era verdadeiro, ele era a personificação de canalha e eu só queria
distância.
— Sabe que ele tem direito de conhecer a filha. — ouvi a voz da
minha vó enquanto eu espetava mais alguns alfinetes em um vestido.
Maria Clara estava sentada dentro do cercadinho brincando de alguma
coisa que eu não conseguia entender o que era. Minha menina era linda e
especial, a luz em meio a toda a tristeza que se abateu depois que o pai dela
partiu meu coração.
Esse era mais um dos motivos pelo qual eu não podia aceitar que ele
entrasse na vida dela, James era podre, um manipulador mentiroso, tudo o
que ele faria com Clarinha seria trazer a mesma frieza que ele carregava, o
vazio que tinha dentro dele. Eu não podia permitir que ele partisse o
coração dela assim como fez comigo!
— Não, ele não tem direito nenhum! Até onde ele sabe Maria Clara
pode ser filha de qualquer um.
— Está tentando enganar a quem? A pequena é a cara dele e não
levou mais que vinte segundos para que ele percebesse isso!
— Ele não tem como ter certeza, as semelhanças não provam nada.
— E se ele decidir pedir um teste de paternidade? — eu engoli em
seco com a pergunta dela.
Minha vó quase sempre estava certa e nesse momento ela estava
totalmente certa. Eu sabia que o desgraçado podia tentar isso se eu
continuasse a negar que ela era filha dele, mas eu iria até o fim para manter
ele longe dela!
— Nós mentimos, pagamos para trocarem as amostras, eu saio da
cidade, não sei. Faço qualquer coisa, para garantir que ele não entre na vida
da minha filha!
— Está mesmo disposta a isso? Vai chegar assim tão longe para
mantê-la longe do pai?
Meus olhos se focaram mais uma vez na minha menina, tão inocente
e alheia a conversa que poderia decidir seu futuro.
Mas a verdade é que se dependesse do pai dela Maria Clara não
existiria, ele nunca quis um filho e certamente não teria escolhido fazer um
comigo. Eu não precisava pensar muito para saber que se tivesse contado a
James quando descobri a gravidez e lhe desse a chance de escolher o que
fazer com o bebê, ele teria me pagado para interromper a gravidez, porque
ele era assim, seu mundo girava em torno de dinheiro e eu tinha aprendido
da pior forma.
— Crescer sem um pai é melhor que crescer com um péssimo pai. Eu
sei disso desde pequena e vocês me tiraram de perto do meu quando
encontraram a chance, não vou deixar que o pior aconteça com ela!
— Era diferente Aurora. — Minha vó protestou com a voz mais
contida. — Seu pai bebia e batia na sua mãe, não compare as situações.
— James bebe, transa com metade da cidade, paga para fazerem tudo
o que ele quer e descarta as pessoas com a mesma facilidade que se descarta
um papel higiênico usado! — exclamei finalmente tirando os olhos da
minha filha e a encarando. — Acha que quero minha filha andando com
esse tipo de gente? Se é que ele pode ser chamado assim e não apenas de
animal.
Minha avó jogou as mãos para o alto e bateu contra as pernas,
mostrando que estava jogando a toalha antes de sair resmungando. Mas eu
sabia que era passageiro, dona Maria gostava do drama e gostava mais
ainda de mostrar que estava certa.
Ela podia voltar a tentar me convencer, mas eu não iria deixar que
defendessem aquele babaca na minha frente!
Depois que ele partiu meu coração eu jurei que seguiria em frente,
que tinha sido apenas experiência, mas como uma burra apaixonada eu não
resisti em caçar as redes sociais e as notícias dele.
Eu me vi em um looping eterno de dinheiro, festas, mulheres, jantares
e mais mulheres, era só o que ele fazia e eu acompanhei tudo alimentando
meu ódio e ressentimento. Mesmo grávida eu fazia isso, procurava coisas
sobre ele, alguma parte dentro de mim, torcendo para ver alguma mudança
no único homem com quem estive e que seria o pai da minha filha.
Até que essa parte estúpida morreu e eu entendi que ele nunca
mudaria e que jamais seria digno de nós duas. Eu estava na rua quando ela
decidiu vir ao mundo, minha mãe estava no trabalho e minha avó presa no
trânsito tentando chegar ao hospital a tempo. Mas Maria Clara não esperou
ninguém, eu estava sozinha na sala de parto, ninguém para segurar minha
mão ou me dizer palavras de incentivo e conforto.
E quando a colocaram em meus braços e os dedinhos pequenos e
gorduchos apertaram o meu dedo, como se sua vida dependesse disso, eu
fiz uma promessa que nunca deixaria que ninguém a machucasse, jamais
permitiria que tirassem sua luz. E eu cumpriria essa promessa até o último
dia da minha vida!
— Ele não vai chegar até você filha. — prometi para ela como se a
pequena entendesse alguma coisa. — Mamãe não vai deixar.
O resto do dia passou tranquilo, nenhuma notícia dele, visitas
indesejadas ou telefonemas. Eu fiquei mais tranquila, começando a
acreditar que ele tinha desistido da volta insana, com sorte a ideia de ser pai
o teria assustado e o mandado para ainda mais longe.
Quando minha mãe chegou foi uma discussão sem fim entre ela e
minha vó, a minha mãe estava do meu lado, dona Helena concordava que
James havia perdido todo o direito de pai e o direito de me dirigir a palavra
quando sumiu me deixando naquele quarto de hotel com um pagamento,
como se tivesse sido sua prostituta nos dois meses em que estivemos juntos.
Enquanto minha avó continuava a concordar que deveria dar uma segunda
chance a ele.
— Ele não vai entrar nessa casa, não vai dar um passo para dentro
dessa porta, com ou sem advogado! — minha mãe ainda gritava quando
uma batida chamou nossa atenção pela hora.
Olhei na direção da porta do meu quarto, Clarinha tinha acabado de
dormir e eu não queria que nada a acordasse especialmente algum vizinho
pentelho, precisava dela dormindo tranquilamente ao menos até eu ter
acabado os esboços que estava fazendo.
— Vem menino, entra logo! — A voz da minha vó na porta me fez
acreditar mesmo que fosse algum vizinho indesejado.
— Você tem muita audácia de aparecer aqui depois de tudo! — foi o
grito da minha mãe que me fez erguer a cabeça dos papéis e encarar a figura
parada ao lado da porta.
Não era um vizinho e sim a figura mais indesejada daquela casa. Duas
vezes em um só dia, James estava mesmo querendo me enlouquecer.
— Senhora Helena, me perdoe por tudo! — ele uniu as mãos em um
pedido tão bonito, que só não o conhecendo mesmo para acreditar. — Eu
sei o que causei, mas o que me trouxe aqui é sério, só peço que me...
— Você sabe o que causou? Sabe quantas noites minha filha passou
em claro por sua causa? Ou as incontáveis vezes que nós a escutamos
chorando no banheiro, no quarto, se escondendo em todos os cantos para
chorar? — meu sangue se esvaiu do meu rosto.
O olhar de James encontrou o meu no mesmo instante, fazendo meu
coração disparar no peito aumentando o meu desespero. A última coisa que
eu precisava era desse babaca com toda essa informação que só seria
munição nas mãos dele.
— Mãe! — eu tentei censurá-la, mas foi inútil.
— Não, ele tem que saber o que realmente causou a você! Minha
filha sofreu por quase um ano por sua culpa e agora acha que pode chegar
aqui pedindo perdão, se fazendo de arrependido ou querendo reivindicar
seus direitos de pai e acha que vai conseguir? — ela gritou apontando o
dedo para ele sem se importar com nada.
Mas por um momento foi bom ver o olhar dele assustado com a
mulher raivosa a sua frente.
— Chega disso Helena, deixa ele falar o que veio fazer aqui no meio
da noite! — Minha avó tomou a frente dando um basta na minha diversão,
mas até mesmo minha mãe pareceu intrigada com o que ele queria.
James pareceu se recompor, lembrando o que tinha ido fazer ali e seus
olhos focaram em mim, me deixando apreensiva com a preocupação
estampada ali. Coisa que só vi parecido uma vez em todo o tempo que
ficamos juntos, no dia em que ele entrou na tenda me arrancando do meio
daqueles homens.
— Eu vim tirar vocês daqui, precisamos sair daqui agora mesmo!
Capítulo 18
Não foi difícil para os contatos de Michael descobrir que meu pai
tinha enviado dois seguranças para fazer as ameaças a Aurora,
aparentemente ele sabia da existência não só dela, mas também da minha
filha há muito tempo.
O bastardo esconderia isso de mim pelo resto da vida, foi o que meu
pai disse quando liguei para ele.
— Uma mulher e filho já seriam distrações demais para você, uma
desse tipo é ainda pior ou não aprendeu nada com seu irmão? Uma
pobretona assim só vai sugar você, ele já fez esse filho com intensão de tirar
o seu dinheiro.
— Você não sabe do que está falando! — rosnei apertando o aparelho
ainda mais em minha mão. — Acha que todas as mulheres são iguais, mas
se Aurora fosse assim já teria ido atrás de mim, pedir dinheiro, não teria me
enxotado para fora de sua casa.
A gargalhada dele reverberou fazendo minha raiva crescer ainda mais,
raiva de mim por ser tão idiota todos esses anos e ter deixado que ele
controlasse minha vida. E ainda mais raiva por tê-la abandonado.
— E como um cachorrinho você já começou a correr atrás dela! —
ele usou todo o tom de deboche. — Vá para cama com ela, dê o dinheiro
que quiser a essa garota, faça a graça que tanto deseja para te fazer sentir
melhor e volte logo para Chicago. Seu cargo está aqui na empresa
esperando por você e não vou guardá-lo por muito tempo!
— Você pode enfiar esse cargo no seu rabo! — bradei cansado de
toda aquela conversa onde ele me colocava ainda mais como um cafajeste.
— E fique longe de Aurora a partir de hoje, fique longe de todas elas!
— Está me ameaçando fedelho? Você acha que criou culhões agora
que descobriu que tem uma filha? Eu posso quebrá-lo se me testar, posso
arrancar tudo que acha que tem e vai ver que não é ninguém!
— Tente! Tente o seu melhor, vamos ver se eu não sou ninguém como
você diz!
Desliguei a ligação depois daquilo e eu soube que tinha que garantir a
proteção delas, em especial Aurora e a filha, pois aquela conversa tinha se
transformado em uma declaração de guerra.
Eu tinha acabado de desafiar o senhor Wayne e ele não deixava passar
batido.
Passei o resto dia resolvendo tudo com Michael, encontramos a casa
perfeita em um condomínio com uma boa segurança. Fechar o aluguel do
lugar e mobiliar com o essencial não foi difícil, o resto era melhor que elas
escolhessem o que queriam, a casa caberia todas às três mulheres e a bebê e
eu torcia para que isso servisse para convencer Aurora mais facilmente.
Mas quando cheguei à casa dela a recepção que tive foi o total oposto.
Dona Helena estava enfurecida e não perdeu tempo em jogar toda a verdade
na minha cara, eu só não esperava que fosse mexer tanto comigo saber o
quanto Aurora sofreu por minha causa.
Eu tinha uma vaga noção de que ela teria ficado irritada depois de ter
acordado sozinha na cama, mas eu não estava preparado para ouvir a mãe
dela falando que ela tinha sofrido por meses, que tinha chorado por tanto
tempo.
Um incômodo se instalou em meu peito por saber que a fiz chorar e
sofrer tanto assim, logo ela que foi a única mulher que me fez ficar por
tanto tempo, a única que não tentou tirar nada de mim. E esse incômodo se
tornou ainda maior quando encontrei os olhos de Aurora e a sua expressão
de horror me deu a certeza que a mãe dela estava falando a verdade.
Mas logo fui lembrado do motivo que tinha me levado até ali, do
perigo que elas estavam correndo ali.
— Eu vim tirar vocês daqui, precisamos sair daqui agora mesmo! —
os olhares mudaram rapidamente para confusão, menos de Aurora que me
encarava com o mesmo ódio que vi mais cedo. — Descobri quem ameaçou
vocês e ele não vai desistir, por isso preciso que vocês venham comigo.
— Ele quem? Nunca fizemos mal a ninguém, achávamos que você
tinha vindo ameaçar para ficarmos longe e agora que está aqui não temos
mais ninguém em mente que seria capaz disso.
— Eu jamais ameaçaria ninguém para ficar longe de mim, isso não
combina comigo. — suspirei sabendo que não tinha como fugir e teria que
dizer a verdade. — Foi um dos seguranças do meu pai quem veio fazer a
ameaça, ele tinha descoberto sobre Aurora e a bebê e estava tentando
garantir que ficariam longe de mim para que eu nunca descobrisse. Ele só
não contava que eu mesmo viria atrás.
A mãe de Aurora por um momento me encarou parecendo não saber o
que dizer, o olhar dela oscilava entre mim e a própria mãe. Talvez cogitando
que dona Maria estivesse certa afinal e que eu não queria o pior para elas,
não estava ali para machucar a filha dela novamente.
— Se é só isso então é fácil de resolver, basta você ir embora das
nossas vidas e fingir que nada disso aconteceu como fez no último um ano.
— foi Aurora quem falou, chamando a atenção de todos enquanto se
levantava me encarando de forma dura. — Ficamos muito bem esse tempo
todo sem você ou suas merdas interferindo em nossa vida, foi só seu pai
saber da nossa existência para os problemas começarem.
— Eu sei que fui um idiota te tratando daquele jeito, mas as coisas
são diferentes agora...
— Não, não são! — ela exclamou me interrompendo. — Não tem
nada de diferente aqui, apenas na sua cabeça. Não precisamos de você e não
te queremos nesse lugar, então volte para o buraco de onde saiu e nos deixe
em paz!
Aurora deu passos firmes enquanto a ira tomava suas feições, uma
raiva que eu nunca vi antes naquele rosto lindo, mas era isso o que refletia
nos olhos focados em mim, raiva, ódio, rancor, magoa. Mas eu não me
abatia, sabia que tinha sido o causador daquilo, eu coloquei aqueles
sentimentos ali e eu podia tirá-los.
— Eu vim até aqui esperando te pedir perdão porque não conseguia te
tirar da cabeça, não esperava encontrar uma filha que eu desconhecia, uma
bebê que é minha cópia. — cheguei ainda mais perto dela, não me
importando com o risco de ser acertado por ela, só precisava estar ainda
mais perto dela. — Acha mesmo que posso virar as costas e voltar para casa
como se nada disso tivesse acontecido? Como se ela não fosse real?
— Não me interessa o que você queira, ou a merda que passe na sua
cabeça, mas você não vai se aproximar da minha filha. — ela bateu o dedo
em meu peito e trincou os dentes, erguendo o rosto para conseguir me olhar
mesmo com nossa proximidade. — Faça o que quiser da sua vida, mas
fique longe da minha menina.
— Maria Clara é minha menina também. — sussurrei e vi seu queixo
cair, por um instante consegui deixá-la sem fala como fazia com tanta
facilidade antes.
— Acha que só porque sabe o nome dela virou pai? Ou talvez porque
ela é parecida com você? E dai que seu sangue corre nas veias dela, você
não conhece nada sobre Clarinha, não sabe de suas alergias, não a viu
nascer nem estava presente todas às vezes que ela passou mal ou que fez
algo fofo que arrancou risadas de todo mundo. Você não a conhece, então
não venha dizer que ela é sua menina também.
Os olhos dela pareciam soltar dardos contra mim e eu tenho certeza
que se ela pudesse fazer eu já estaria morto no chão. A raiva dela era quase
palpável, um muro de contensão entre nós dois. Onde antes havia desejo e
sensualidade agora só existia ressentimento e ódio.
— Você está certa eu não a conheço, mas é só porque não sabia da
existência dela!
— Acha mesmo que sou idiota? Que vou cair nesse seu papo furado
de pedido de perdão? — ela abriu um sorriso carregado de deboche. — Eu
me lembro muito bem do que você disse para mim naquela noite no
restaurante, quando você me falou que ser pai não era seu sonho e que não
tinha vocação para isso!
— Eu sei que vai ser difícil acreditar na minha palavra novamente,
também estou surpreso com tudo isso que estou fazendo, mas a verdade é
que eu não quero voltar, quero ficar e fazer parte da vida de vocês, quero ter
a chance de conhecer minha filha.
— Isso não vai acontecer! Nem hoje, nem nunca.
Ela não ia ceder tão facilmente, as outras duas mulheres que faziam
parte da vida dela encaravam nossa discussão sem se meter, mas nesse
momento eu torcia para que a avó dela intervisse e tentasse tornar aquilo
mais fácil para mim.
— Ao menos me deixe provar Aurora que não sou apenas um
cafajeste, me deixe ajudar vocês a ficarem seguras. — pedi vendo a
expressão dela se suavizar apenas um pouco, mas já era um começo diante
da armadura que ela ergueu.
— Nós não...
— Deixe ele falar menina! — dona Maria exclamou interrompendo a
neta e eu suspirei aliviado.
— Eu aluguei uma casa para vocês em um condômino onde tem
segurança, além de ficar mais perto do trabalho de Helena. — todas
estavam atentas as minhas palavras e eu imaginei o medo que sentiam
desde que meu pai as ameaçou. — É algo temporário até que encontremos
uma casa a venda em um lugar seguro para todas vocês.
— A última coisa no mundo que eu faria agora seria morar com você!
— Aurora protestou me arrancando um sorriso sacana, era interessante
saber que ela pensou que eu a estava convidando para morar comigo.
— Quem falou em morar comigo? A casa é para vocês, mas prometo
que vou estar sempre por perto, quero provar que posso ser um bom pai. —
ela semicerrou os olhos desconfiando das minhas palavras, mas as outras
duas não conseguiram negar a oferta da casa.
Não demorou quase nada para elas conseguirem arrumar o essencial
para sair de lá. Eu as levei até a nova casa e ver o deslumbramento e
felicidade delas com o lugar mexeu de uma forma comigo que nunca havia
acontecido.
Era lindo de ver o amor, alegria e união que elas tinham, mesmo com
todas as dificuldades e a humildade que tinham eram uma família de
verdade, coisa que eu não sabia o que era há muito tempo.
Mas ver Aurora com Clarinha no colo causa uma confusão ainda
maior, me fazia pensar em coisas que eu nunca imaginei na vida, brotando
dentro de mim o desejo de ter aquilo também.
Só que havia um grande empecilho entre querer e ter, nesse momento
o empecilho era o ódio que Aurora sentia por mim. Ela não era mais minha
sweet, ela não confiava mais em mim e nem queria me ver.
— Planejando o que fazer para reconquistar a minha neta? — a voz
de dona Maria me pegou desprevenido enquanto eu assistia de longe Aurora
arrumando a nossa menina na cama.
— Tentando encontrar um jeito de derrubar essa armadura dela, sua
neta me odeia demais, vai ter que ser algo grande para trazê-la de volta.
— Ai é que você se engana, vai começar errado se for com esse
pensamento porque ninguém vai trazer a garota inocente e doce de volta. —
ela me deu um olhar duro e eu engoli em seco esperando por outro discurso
de raiva. — Ela agora é uma mulher, que teve que aprender a ser mãe
enquanto lidava com um coração partido.
— Eu me arrependo por meus ensinamentos e julgamentos terem
falado mais alto e eu me deixei levar agindo daquela forma.
— Vocês ainda tem chance, só tem que mostrar a ela que não é mais o
mesmo assim como ela também não é. — ela sorriu e virou meu rosto de
volta para o quarto, me fazendo ver às duas sorrindo enquanto Aurora
aninhava a filha nos braços. — Deixe que ela veja a versão melhorada, a
pessoa que você quer ser para elas!
Tinha perdido tanto na vida por causa dos ensinamentos do meu pai, e
continuaria perdendo se não fosse ela aparecendo em minha mente todos os
dias. Demorei muito para ver que meu irmão estava certo em se distanciar
daquele velho babaca e só me dei conta disso agora, por querer algo que ele
é contra.
Mas nada e nem ninguém ia me impedir de consegui-la de volta, eu ia
fazer o que fosse preciso para tê-las comigo
Capítulo 19
Por mais difícil que fosse para acreditar eu tinha aceitado ir para a
casa que James alugou, por dentro a raiva me corroía porque depois de jurar
que não o deixaria entrar na minha vida, lá estava eu aceitando a ajuda dele,
ainda mais quando tentava nos proteger de algo que ele era o culpado, pois
se não estivesse aqui nada daquilo estaria acontecendo.
Mas não tive escolha, precisava pensar no bem-estar da minha filha,
não colocaria a vida dela em risco mesmo com todo o ódio que sentisse.
O lugar era enorme, bem maior do que realmente precisávamos e
aquilo me irritava ainda mais porque era James mais uma vez usando seu
dinheiro para moldar a vida dos outros, a minha em especial.
Três quartos, uma sala e cozinha enormes, banheiros por todos os
lados e o quintal nos fundos, talvez essa tenha sido a parte que mais gostei
da casa, Maria Clara poderia brincar na grama quando quisesse e não só
quando fossemos ao parque.
Mas o fato de ter ele por perto a todo instante estava me dando nos
nervos, quando tudo o que eu queria era distância e eu ganhava ainda mais
proximidade dele.
— Vamos dormir meu amor. Aquele homem feio e chato atrapalhou o
sono da minha princesinha, não foi? — falei com Clarinha enquanto a
trocava e ela sorriu. — Foi sim, meu amor, mas agora vai dormir com a
mamãe.
— Tê, tê, tê! — ela gritou sacudindo os bracinhos e as perninhas,
deixando claro o que queria, como se eu já não soubesse.
Me recostei na cabeceira da cama e a peguei nos braços, as mãozinhas
ávidas agarrando meu peito antes mesmo que eu a arrumasse em meu colo.
— Sua gulosa. Você não pode espera não é mesmo minha linda? —
afastei alguns fios da testa dela aproveitando para acariciar seu rostinho
enquanto os olhos grandes e verdes me encaravam. — Ao menos seus olhos
são meus, ou mamãe iria ficar muito brava.
Mas minha filha estava totalmente alheia as minhas reclamações, só
estava interessada em encher a barriguinha.
— Ela tem o seu sorriso também. — a voz de James atraiu o olhar de
nós duas direto para a porta, mas Clarinha não se demorou olhando para ele,
já foi logo agarrando o peito.
Ele estava parado ali não sei a quanto tempo nos observando e isso
me irritou, pelo visto eu não teria privacidade naquela casa, mas mesmo que
ele fosse o dono eu não ia me intimidar e evitar reclamar, por mim tudo o
que deixasse James longe de nós, era válido.
— O que quer aqui? Veio dar uma de tarado e ficar me olhando
enquanto dou de mamar?
— Eu jamais olharia um momento tão puro e teria pensamentos
errados. — engoli em seco me surpreendendo com as palavras dele e algo
na minha postura o incentivou a entrar no quarto. — Nem mesmo sendo
totalmente atraído por você, agora mais do que antes.
— Você não tem direito de me dizer essas coisas, perdeu esse direito
há muito tempo! — resmunguei apoiando melhor o corpinho de Clarinha
em meus braços, enquanto encarava o homem que partiu meu coração
parado bem no meio do quarto. — Disse que tinha voltado para nos ajudar e
já fez isso, já pode ir embora agora.
James andou lentamente até a cama e sentou na beirada, sem tirar os
olhos de nós duas. Dessa vez eu nem ao menos podia correr, não tinha para
onde fugir dele e isso me deixou sem saber como reagir, o incômodo
crescendo em meu peito só por ter aqueles olhos castanhos em cima de
mim, me encarando de uma forma que nunca tinha feito antes, parecendo
algo como admiração e orgulho.
— Eu disse que não podia esquecer que sou pai, vou ficar ao lado da
minha filha. — ele estendeu a mão para tocar na minha perna e eu a encolhi
no mesmo instante. — Só te peço uma chance para mostrar que posso ser
bom para vocês.
— Uma chance? Que tipo de chance você me deu indo embora
daquele jeito e me deixando sozinha naquele hotel depois de ter me dado
uma noite de "princesa"? — questionei a ele usando as suas próprias
palavras e dando tudo de mim para não me alterar e assustar minha filha,
que já começava a fechar os olhinhos.
— Sei que fui um babaca, demorei tempo de mais para perceber isso,
mas esse era o jeito que eu agia, era meu modus operandi e quando você me
perguntou sobre ser pai minha mente automaticamente deduziu que já
estivesse pensando em um golpe da barriga. — ele contou de uma vez como
se não quisesse mais guardar aquilo. — Essa foi a forma que fui criado, a
sempre pensar o pior das pessoas, ver a todos como interesseiros.
— Eu estava conformada de que tinha sido apenas uma noite, seria
uma boa história e uma bela memória da minha primeira vez. Mas não,
você quis bagunçar tudo indo atrás de mim e ficando por mais dois meses!
— joguei a verdade para fora. — Porque você foi atrás de mim? Porque não
me deixou em paz antes quando eu já estava conformada? Entendo que
tenha mentido e usado seu dinheiro apenas para me ter por perto até irmos
para cama, mas continuar depois da primeira noite? Não faz sentido.
— Simplesmente não consegui, precisava de mais, não tinha tido o
suficiente de você. — as palavras dele pareceram despertar meu corpo,
lançando uma onda de arrepio e excitação que eu não sentia há muito
tempo.
A mão dele estava a centímetros do meu joelho e eu quase podia
sentir a eletricidade no espaço entre as nossas peles. Parte de mim queria
que ele me tocasse, ansiava por sentir aqueles dedos envolvendo minha pele
e me puxando para ele, só para ter a certeza de que eu me sentia do mesmo
jeito de um ano atrás.
Mas o peso em meus braços me lembrou do porque eu não podia
ceder, não podia ser fraca e me deixar levar por palavras bonitas e uma boa
sensação.
— Então é isso, você simplesmente não sentiu que teve o suficiente
com uma noite e decidiu ficar comigo por todo aquele tempo, até que ficou
satisfeito, fez as malas e sumiu no meio da noite? — ergui o queixo
puxando forças para encará-lo sem gritar ou chorar, mesmo que quisesse
fazer dois depois daquela conversa. — Advinha o que vai acontecer quando
a novidade sobre ser pai passar e você achar que teve o suficiente?
— Não vai ser assim Aurora. — ele se moveu para frente tocando
meu joelho, com uma expressão atordoada. — Essa era a forma que eu agia
um ano atrás, as pessoas mudam.
— Sim, as pessoas mudam e eu mudei também, abri mão dos meus
planos, adiei meus sonhos, me desdobrei em mil por ela, faria que qualquer
coisa para garantir a felicidade e bem-estar da minha filha. Não vou
permitir que entre na vida dela para bagunçar tudo e sair quando bem
entender, Maria Clara está bem melhor sem um pai como você na vida dela.
Assisti o rosto dele se contorcer em uma careta de dor, como se eu
tivesse acabado de golpeá-lo e não só dito a verdade.
Aproveitei o silêncio dele e o sono em que Clarinha entrou para
colocá-la na cama com todo o cuidado do mundo, mantendo seu corpo no
cercado de almofadas para que ela não caísse, então me levantei tomando
ainda mais distância de James.
Eu ainda podia sentir o olhar dele me seguindo para onde eu ia, mas
ele não fez nenhuma tentativa de me tocar novamente ou tentar me parar e
internamente eu agradeci por isso.
Entrei no banheiro precisando respirar fundo e acalmar o turbilhão
desenfreado dentro de mim, precisava manter a distância entre nós dois para
minha própria sanidade e meu reflexo no espelho confirmava isso.
Minhas bochechas já estavam vermelhas, a respiração
descompassada, pupilas dilatadas. James era como uma droga para mim, e
qualquer proximidade poderia me trazer novamente ao vício. E foi só eu
sair do banheiro para que minha resistência fosse testada ainda mais.
James estava parado na porta do banheiro com uma das mãos
apoiadas no batente, me deixando apenas um pequeno espaço para passar,
que me obrigava a encostar em seu corpo.
— Me diz o que eu preciso fazer para ter uma segunda chance? — ele
pediu fazendo com que meus nervos estremecessem com o tom de sua voz.
Mas se era o que ele queria então ia ter, ele queria provar que iria
aguentar a vida de pai, pois era a hora de mostrar para ele como um pai de
verdade age.
— Para começar eu quero que você suma dessa casa, sua filha está
dormindo e não tem mais espaço aqui para você. Pode voltar amanhã cedo
quando ela estiver acordada. — cruzei os braços na frente do corpo e
segurei seu olhar, mas James pareceu entender rápido de mais que eu o
estava testando e o fantasma de um sorriso cruzou seu rosto.
— Pode deixar, volto amanhã. — ele se virou indo até a cama e
plantando um beijo nos cabelos dela, me desestabilizando por completo
antes de caminhar lentamente até a porta. — E vamos sair para fazer
compras.
— Não vou a lugar nenhum com você, nem se o inferno congelar. —
marchei na direção dele vendo o sorriso crescer em seu rosto só fazendo
meu sangue ferver.
Agarrei a madeira da porta pronta para batê-la na cara dele, mas o
descarado foi mais rápido e a segurou, me agarrando pela cintura com a
outra mão e me puxando para perto, grudando meu corpo em seu peito.
— Ele vai começar a congelar hoje, sweet. — ouvir ele me chamar
daquele jeito me deixou sem ação por tempo suficiente para que ele beijasse
minha testa antes de se afastar com o sorriso presunçoso nos lábios.
Suspirei fechando a porta e apoiando minha testa contra a madeira.
Meu corpo ainda respondia a ele, assim como meu coração disparado me
dizia que ele ainda o comandava. O pior era saber que James só queria tirar
minha sanidade mental e brincar com meu coração, esse era o jogo dele.
— Mas dois podem jogar esse jogo seu desgraçado!
Capítulo 20
Acordei com um chorinho manhoso dando de cara com Maria Clara
choramingando e segurando as barras do berço. Eu não sabia ao certo que
horas eram, mas com toda certeza era cedo de mais já que o dia mal tinha
clareado.
— Já acordada mocinha? — levantei ainda sonolenta e a peguei no
colo. — Essa barriguinha nunca está cheia, não é?
Me sentei na beirada da cama e a coloquei para mamar, sentindo os
efeitos da noite em claro concluindo alguns desenhos que eu não tinha ideia
de quando sairiam do papel.
Talvez eu devesse parar de perder tempo com meus croquis, deixar
esses sonhos de lado e focar no que eu tinha, mas a verdade é que quando
eu começava um risco na folha eu não conseguia parar, perdia a noção da
realidade e me deixava levar até que estivesse pronto.
— Preciso de um café. — murmurei depois de dar o quinto bocejo
seguido. — Sua avó com certeza já deve estar comendo, vamos sentir o
cheirinho assim que sairmos do quarto.
Bastou eu abrir a porta para que o cheiro do café invadisse meu nariz,
Clarinha resmungou enquanto eu descia as escadas atrapalhando a mamada
matinal dela, mas hoje eu precisava de cafeína para me manter se pé.
Eu só não esperava que fosse entrar na cozinha e dar de cara com
James comendo junto com minha avó.
— O que está fazendo aqui tão cedo? Não se cansa de toda essa farsa?
— o questionei dando a volta no balcão da cozinha indo em busca de uma
xícara.
— Não é tão cedo assim, o dia só está nublado, mas já passa das
nove. — ele disse me obrigando a olhar para fora, procurando a
confirmação. — E eu não tenho nada do que me cansar, até porque isso não
é uma farsa. Repito quantas vezes for preciso, não vou fugir de ser pai
Aurora!
Ouvir meu nome nos lábios dele costumava mexer com minha mente
e mesmo que eu dissesse que não me sentia afetada, não era a verdade. E eu
não era a única, porque Maria Clara largou o peito erguendo a cabeça para
ele.
Aquela história de ser pai e ficar presente estava me irritando. Porque
eu sabia dos direitos dele de estar com a criança e tecnicamente James
nunca abandonou Clarinha, já que nenhum dos dois sabia da existência dela
quando ele foi embora. Mas isso não tornava mais fácil vê-lo todos os dias
naquela casa, brincando com ela, a segurando no colo, demonstrando que
seria um bom pai.
Tudo seria tão mais simples se ele nunca tivesse voltado para o Brasil,
que jamais viesse me procurar novamente. Mas não importava o que eu
desejasse, nada se concretizava.
— Só me avise da próxima vez que for embora e me faça o favor de
não deixar seu dinheiro para trás. — falei com o rosto sereno enquanto
minha avó enchia a xícara.
— O que eu preciso fazer para você acreditar? O que vai mudar essa
imagem que tem de mim?
— Só voltando no tempo! — semicerrei os olhos querendo, na
verdade, poder soltar dardos com eles e acertar o cretino.
— Chega vocês dois! Aqui me dá essa menina e toma seu café
direito. — vovó continuava do lado dele e não importava o que eu dissesse
ela o apoiava. — Humm tem alguém aqui precisando trocar a fralda.
Ouvir aquilo fez uma ideia brotar em minha mente no mesmo
instante, James vinha estando com a gente há alguns dias, mas até agora não
tinha feito coisas que um pai faz na rotina. Parte da culpa era nossa de não
termos colocado o idiota para fazer nada, mas quem sabe assim ele não
fugiria de uma vez?
— Quer saber vó, o James pode fazer isso. — os olhos dela saltaram e
ele virou a cabeça rapidamente me encarando. — Você quer ser um pai
presente, não é? Pais trocam fraudas.
Ele me olhou por um longe segundo, como se soubesse que eu o
estava desafiando. Então se levantou estendendo os braços para a pequena a
pegando no colo.
— Vai ser um prazer. Mas o papai vai precisar da ajuda da mamãe, já
que nunca fiz isso. — ele tocou a ponta do nariz dela arrancando um
sorrisinho que me deixava boba.
— Eu não perderia isso por nada. — tomei um longo gole de café e
me levantei seguindo ele até o segundo andar.
O trocador ficava no canto do quarto e ele já tinha me visto fazer
aquilo um milhão de vezes, ainda sim, parecia atrapalhado quando a
colocou no lugar procurando já pela frauda e os lenços.
— Ok lindinha, papai vai trocar sua frauda agora. — ele tirou os
shorts que ela estava usando e o cheiro de coco invadiu o quarto ainda mais.
— Uhuu, como um neném tão lindo consegue fazer algo tão fedido?
— Tire logo antes que faça uma lambança, porque pelo cheiro ela
deve estar com diarreia.
James fez uma careta de nojo e eu senti satisfação ao saber que ia
poder tripudiar em cima dele.
Quando ele puxou as abas da frauda mostrando a mistura de cor entre
um verde e marrom. Ele torceu o nariz e apertou os lábios a cobrindo
novamente e tentando respirar fundo sem inalar ainda mais o cheiro.
— Isso é pior do que eu pensava. — James baixou a frauda
novamente e eu não podia estar mais feliz por ser um coco daqueles. —
Não sei nem por onde começar.
Eu dei de ombros e apontei para os lenços umedecidos, pronta para
vê-lo começar a limpar aquela bagunça.
Com a expressão de ouro nojo ele deu a primeira passada, levando a
sujeira para baixo, mas sujou ainda mais quando tentou passar novamente a
mesma parte e ao empurrar o lenço contra a frauda sujou um dos dedos.
Eu achei que ele iria vomitar ali mesmo, já estava com a gargalhada
presa na garganta pronta para me curvar de rir. Mas ele apenas limpou o
dedo pegou um novo lençol e voltou a limpar Clarinha, fazendo exatamente
como me via fazer.
Depois de juntar tudo e jogar no lixo ele conferiu se estava tudo
limpo, antes de colocar a nova frauda com uma facilidade de dar inveja.
— E agora o que mamãe? — ele a pegou nos braços e minha filha
grudou as mãozinhas na barba.
— Agora você vai lavar as mãos sujas e me devolve minha filha! —
tirei a menina dele e sai do quarto o mais rápido possível, querendo me ver
longe dele por um tempo, mesmo que não fosse ser o suficiente.
Quando eu cheguei na cozinha vovó já tinha preparado a frutinha do
dia para Clarinha, estávamos começando a introdução alimentar dela e com
certeza era uma das causas da diarreia.
— E então como ele se saiu? — ela me perguntou quando coloquei
Maria Clara na cadeira alta.
— Nada de mais, se sujou mais do que limpou. — resmunguei
sabendo que para uma primeira vez tinha sido ótimo, mas eu não assumiria
isso nem no meu túmulo.
Ouvi o suspiro da minha avó sabendo que logo ela se achegaria a
mesa para falar em favor dele. Eu sabia que ela queria meu bem, tinha
esperança em ver nós três como uma família de comercial, mas depois de
conhecer James de verdade eu não tinha essas fantasias.
— Quando vai dar uma chance para o pobre homem, Aurora? Ele está
tentando filha, está insistindo em ficar com vocês.
— Ele está aqui há alguns dias, não fez nem sequer uma semana,
depois de um ano e quatro meses, vovó! — eu falei tentando lembrá-la. —
Eu chorei por meses, passei toda a gravidez sem ele ao meu lado, tive que
sair do trabalho.
— Eu sei...
— Não vó, não sabe! Onde ele estava nas primeiras semanas que ela
chorava sem parar com cólica e eu achava que ia enlouquecer? Que minha
mente eu só pedia para conseguir dormir enquanto chorava junto com ela?
Onde ele estava quando eu sofria entre os pontos e os bicos do seio
machucados? — senti meu coração se apertar em lembrar de tudo aquilo,
mas era a verdade.
— James! — ouvi minha avó exclamar surpresa por pegá-lo na porta
nos encarando e ouvido a conversa, mas não me intimidou a parar, esse era
o motivo para não perdoá-lo no primeiro ato de bondade ou no piscar
daqueles olhos castanhos.
— Ele estava curtindo, se divertindo, indo de festa em festa, pulando
de mulher para mulher! Postando na internet e saindo em sites de fofocas
para qualquer um ver! — joguei na cara dele sem me importar de estar
entregando que o segui por meses. — É muito fácil chegar agora e querer
ser pai, Maria Clara já tem seis meses! Então não me peça para esquecer e
seguir em frente, alguns dias não valem mais que um ano!
Sai da cozinha precisando me enfiar no banheiro e chorar escondida,
porque aquilo me doía como um soco, ainda mais por saber que mesmo me
causando toda aquela dor eu ainda tinha sentimentos por ele.
Capítulo 21
Era estranho estar tão envolvido por elas em tão pouco tempo, não era
surpresa que Aurora ocupasse meus pensamentos, eu tinha me acostumado
com isso no último ano mesmo que não soubesse nomear o que isso queria
dizer, mas Maria Clara era novidade para mim.
Às duas semanas que estava com elas eu ficava o dia pensando no
sorriso da minha bebê, nas tentativas de falar, as bochechas e mãozinhas
gorduchas. E como se não bastasse não podia ver algo na rua que me
lembrasse ela e não querer comprar, mesmo que fossem coisas que ela
obviamente não usaria naquela idade.
Passei toda a minha vida me tornando uma versão mais nova do meu
pai, mas só agora estava começando a ver que eu não era como ele. Não
tenho uma única lembrança do meu pai brincando comigo ou com algum
dos meus irmãos, comprando presentes ou nos levando para passear, todas
as minhas lembranças eram cercadas pela mim mãe ou alguma babá.
E isso só me deixou ainda pior por saber o quão mal eu tratei minha
mãe todos esses anos, apenas para fazer as vontades do meu pai.
— No que está pensando? — a voz de dona Maria me tirou dos meus
pensamentos.
— Na minha mãe, finalmente estou descobrindo quem era o vilão da
minha vida todos esses anos. — murmurei estendendo os braços para minha
pequena, que não hesitou em pular do colo da bisavó para o meu. — Bom
dia meu amor.
— Nada como viver um pouco da realidade de uma mãe para
entender tudo, não é garoto? — o tom era sempre de repreensão, mas
diferente de Helena que adorava criticar tudo o que eu fazia, dona Maria
estava sempre me apoiando.
As mãos pequenas agarraram minha barba sorrindo e se sacudindo em
meus braços, mostrando que tinha acordado animada, como sempre. Maria
Clara amava tanto segurar minha barba quanto a mãe dela, quando
estávamos juntos Aurora amava acariciar a barba.
Olhei em volta procurando por ela, mas não a vi em lugar nenhum por
ali e ela geralmente descia junto com a filha, apenas para me provocar.
Nossa rotina tinha se transformado em discutir e trocar farpas, ao
menos da parte dela, que não perdia a oportunidade de me provocar e me
julgar sobre ser um péssimo pai.
Mas eu não podia reclamar, toda a irritação dela e raiva me
mostravam que ela ainda se importava e ainda sentia algo por mim, podia
lidar com o ódio, mas não com o desprezo dela.
— Cadê sua mamãe? Está se escondendo do papai? — perguntei com
a voz engraçada que eu só conseguia fazer com ela e seu gritinho invadiu a
cozinha enquanto pulava.
— Talvez ela queira que você vá atrás dela, já parou para pensar
nisso?
— Eu estou tentando ser um bom moço aqui dona Maria, respeitando
e dando espaço a ela, me mantendo por perto, mas sem irritar a onça que é
sua neta. — vinha mantendo minha promessa de provar que podia ser bom
para às duas, mesmo que fosse difícil não poder tocá-la, beijar os lábios
carnudos ou sentir aquele corpo contra o meu.
— Você é lerdo meu filho, só isso. — mas antes que eu pudesse
respondê-la, Maria Clara golfou molhando toda minha camisa com o leite.
— Ótimo, agora você pode ir se limpar no banheiro e quem sabe achar o
que tanto quer.
Eu ergui meu olhar encarando a senhora que já arrancava a menina
dos meus braços.
— A senhora não me disse que ela tinha acabado de mamar. — a
acusei mesmo que a expressão serena que carregava não a colocasse como
culpada.
— Eu não disse? Me desculpa menino, acho que esqueci, sabe como é
cabeça de velho. — ela deu a volta na cozinha colocando minha filha na
cadeirinha alta. — Agora vai se limpar que você está fedendo.
Não consegui conter o sorriso vendo às duas brincando
inocentemente, mas segui o conselho de dona Maria e sai da cozinha indo
direto para o quarto de Aurora, já estranhando a porta fechada, ela sempre a
deixava aberta para poder escutar a filha.
Entrei hesitante, mas logo ouvi o chuveiro ligado e avistei a porta
aberta, me dizendo exatamente onde ela estava. Com toda a certeza a avó
sabia que eu a encontraria ali e fez tudo para isso.
Andei devagar, não querendo fazer nenhum barulho para denunciar
minha presença, mas eu não estava preparado para o que vi. Aurora estava
recostava contra a parede deixando a água do chuveiro escorrer apenas em
suas pernas, um dos seios preenchia sua mão esquerda enquanto a direita
segurava um vibrador roxo entre suas pernas.
Porra, meu pau ficou duro como pedra no mesmo instante,
empurrando contra as calças querendo sair para saudá-la. Ela estava com os
olhos fechados e a cabeça jogada para trás, com o lábio inferior preso entre
os dentes tentando controlar os gemidos enquanto o vibrar do aparelho
enchia o banheiro.
Eu estava hipnotizado pela imagem dela ali se dando prazer, mesmo
que parecesse se conter de todas as formas. Dei tudo de mim para não abrir
aquele box e cair de joelhos na sua frente levando minha boca até sua
boceta, mas eu precisava me manter firme e esperar o tempo dela, mesmo
que ficasse com as bolas roxas.
O corpo de Aurora se tencionou e ela apertou as pernas uma contra a
outra soltando um gemido baixo, eu soube naquele instante que ela estava
gozando e, caralho, como eu precisava daquela mulher.
No primeiro espasmo de seu corpo ela retirou o vibrador pingando
com seu gozo e respirou fundo antes de abrir os olhos. Levou apenas um
segundo para que ela percebesse que eu estava ali, praticamente grudado no
vidro a assistindo.
— Sabe que eu podia te satisfazer bem mais que esse brinquedinho.
Porque não me deixa entrar aí e te lembrar? — minha voz saiu mais rouca
que o normal enquanto o desejo se alastrava por meu corpo me fazendo
arder por ela.
— O que está fazendo aqui? — ela perguntou entrando de baixo da
água, atiçando ainda mais meus pensamentos enquanto começava a se
ensaboar na minha frente.
— Eu estou todo sujo, preciso de um banho também. — não quis
dizer nada que fosse cortar o clima naquele momento.
— Porque ainda não tirou essa camisa? — eu não perdi nenhum
segundo antes de arrancá-la por cima da cabeça a atirando no chão,
arranquei meus sapatos na mesma velocidade vendo os olhos dela descerem
por meu corpo se concentrando na minha ereção marcada sob o jeans.
Ela abriu a porta quando minhas mãos tocaram o botão da calça e me
puxou para dentro, me empurrando contra a parede. Eu não podia me
importar menos com a roupa molhada quando a mão dela agarrou meu pau.
— Aurora! — gemi o nome dela, olhando o corpo nu tão perto do
meu antes de erguer minhas mãos em sua direção.
— Não, você não poderia me satisfazer mais do que meu
brinquedinho nem se quisesse! — ela afirmou e me soltou saindo do box
antes que eu pudesse assimilar tudo o que tinha acontecido.
— Você vai me deixar aqui assim?
— Toma um banho gelado que passa, ou paga alguma das suas
amiguinhas para resolver seu problema. — a voz dela transbordava deboche
enquanto ela se enrolava na toalha.
Aurora tinha mesmo me arrastado até ali apenas para encharcar
minhas roupas e deixar meu pau ainda mais dolorido. Bufei jogando a
cabeça para trás e deixando que a água me ajudasse a esfriar a cabeça e
levasse embora os pensamentos pecaminosos.
Nem tinha me dado conta que não pensei em sair e procurar alguma
mulher para transar nessas duas semanas, era o maior tempo que eu já tinha
passado sem sexo na vida, mas por incrível que pareça minha cabeça só ia
para esse lado quando Aurora fazia algo sensual.
— Droga garota, o que você está fazendo comigo?
Capítulo 22
Coloquei Maria Clara no berço e liguei a babá eletrônica saindo de
fininho do quarto. Desde que o pai entrou na vida dela minha filha tinha se
tornado mais mimada, mas quem podia culpá-la, James comprava tudo o
que via pela frente, ela precisando ou não ele queria que minha filha tivesse.
O meu lado mãe adorava isso, porque tudo o que eu sempre quis foi
poder dar do melhor a minha menina, que ela tivesse acesso a tudo o que eu
não tive.
Mas o meu lado mulher, a parte cujo coração tinha sido partido e
ainda sim, era abalada por ele, detestava tudo aquilo, esse meu lado só
queria colocar um fim e mandá-lo para bem longe.
Só que para minha falta de sorte nada do que eu fazia o afastava, nem
as fraudas com cocô gigantesco, os vômitos, eu o empurrando para fora de
casa no meio da chuva ou minha mãe jogando todos os dias na cara dele
que ele não servia para ser pai, James simplesmente se recusava a ir.
Quando eu passei na sala, indo em direção ao ateliê que tinha
improvisado para mim na despensa, o som de chamada vindo da varanda
me atraiu. Minha vó e minha mãe tinham saído, então só podia ser ele e a
ideia de ouvir uma ligação privada dele me encheu de curiosidade.
Andei devagar até me deparar com ele ainda sem camisa e com uma
toalha amarrada na cintura. Era difícil acreditar que tinha feito aquilo com
James mais cedo, o puxando para o chuveiro. Meu corpo o queria
terrivelmente naquele momento, ainda mais sabendo que eu estava
pensando nele enquanto me masturbava. Tive que tirar forças de onde não
tinha para não ceder e deixar que ele realizasse todas as minhas fantasias
naquele banheiro.
— Oi James, tudo bem? — escutei a voz de uma mulher quando a
chamada de vídeo foi finalmente atendida. — Seu pai não está aqui...
— Não mãe, é com você mesmo que eu quero conversar.
Mãe? Aquela era novidade para mim, em todo o tempo que fiquei
com ele só o ouvia falar no desgraçado do pai.
— Comigo? O que aconteceu filho? — a surpresa e preocupação na
voz dela me fizeram perceber que aquilo não era nada corriqueiro.
— Eu só... queria te ver um pouco, faz muito tempo que não nos
vemos nem conversamos... — ele levou a mão na nuca coçando a cabeça,
coisa que só fazia quando estava envergonhado, o que acontecia
pouquíssimas vezes. — Mãe me perdoa. Me perdoa pela forma que te tratei
todos esses anos, como venho agindo, o meu pai... eu fui um babaca e não
dei o devido valor e respeito a você.
As palavras dele me chocaram, a última coisa que eu esperava era ver
ele assumindo que tinha tratado alguém de forma errada. Na minha mente
tudo o que dizia a mim era apenas para conseguir me dobrar, mas vê-lo ali
pedindo o perdão da mãe realmente me pegou de jeito e eu me aproximei
ainda mais das portas querendo ouvir melhor.
— Filho o que aconteceu? James Perseu onde você está e porque está
me dizendo essas coisas?
— Estou falando isso porque é a verdade, guiei a minha vida com os
parâmetros do meu pai, mas nem posso culpá-lo porque no fim as escolhas
foram minhas, eu magoei pessoas, menti, enganei. — ele suspirou e apoiou
os cotovelos no parapeito aproximando o celular mais do rosto. — Fui eu
quem me afastei de você mãe, acreditando ser o melhor, que você e todas as
mulheres eram interesseiras.
— Meu menino, não sabe o quanto eu esperei que você voltasse a me
chamar de mãe. — ela começou a chorar do outro lado da linha e não
consegui evitar que meus olhos se enchessem de lágrimas com o
pensamento de um dia ter Clarinha contra mim. — Eu te perdoou, é claro
que eu te perdoo. Mas se me perdoar por deixar que seu pai destruísse tanto
assim vocês. Porque não vem aqui para conversarmos melhor? Eu posso ir
onde você está também, não tem problema. Quero te ver e poder te abraçar.
Meu coração acelerou não de uma forma boa enquanto eu esperava a
resposta dele, a simples ideia de que ele iria embora deveria me deixar feliz,
mas ao invés disso fez um frio se alojar na boca do meu estômago enquanto
minhas batidas descompassadas explodiam em meu peito.
— Isso vai ter que demorar um pouco. — então ele ia mesmo voltar
para Chicago. — Eu descobri que sou pai.
— O quê? James Perseu, como assim você é pai e eu não sei de nada?
— ela gritou o obrigando a afastar o celular enquanto ria. — Você e seu
irmão estão querendo me matar do coração, só pode ser isso!
— Eu descobri quando cheguei ao Brasil duas semanas atrás, Maria
Clara tem seis meses e é a criança mais linda que você já viu na vida, nem
mesmo os trigêmeos da Chloe são tão fofos quanto ela. — um sorriso
brotou em meus lábios pela forma como ele falava da nossa menina. — Vou
te enviar fotos e vídeos dela, vai ver que não estou sendo um pai babão.
— Seis meses? Ai meu Deus filho! Você não sabe o quanto fico feliz
em te ouvir falando assim, não tem ideia do quanto, mas quero poder
segurar minha neta!
— Em breve mãe, muito em breve! — ele afirmou e eu precisei
segurar na porta para não gritar que ele não levaria minha filha a lugar
nenhum. — Só preciso reconquistar Aurora e mostrar que mudei, não tem
sido fácil lidar com a raiva que eu causei a ela a abandonando, mas poderia
ser bem pior, então não vou reclamar.
Vê-lo assim tão aberto e honesto alimentou uma parte de mim que eu
desejava que já tivesse morrido, porque sonhar com finais felizes e amores
para a vida toda era um erro, um grande erro que me levaria a acreditar
naquele homem novamente.
— Se tem uma coisa que você sempre foi é determinado, quando
coloca uma coisa na cabeça ninguém tira, então tenho certeza que vai
reconquistar sua garota quando provar para ela que mudou, afinal olha só
para você aqui falando comigo.
— Estou confiante mãe e tenho certeza que vai adorá-la quando a
conhecer. — a cada palavra dele eu sentia como se fosse me derreter, era
melhor que saísse de lá rápido, mas a curiosidade dentro de mim falava
mais alto.
— Seu pai sabe dela? É por isso que ele tem estado mais irritado do
que o normal?
— Ele não queria que eu viesse para o Brasil, ameaçou me tirar da
presidência e mesmo assim eu vim, depois congelou a minha conta da
empresa, achando que me levaria de volta, mas se enganou se achou que eu
ainda dependia dele. — senti como se meu queixo tivesse ido ao chão. —
Agora deve estar desesperado procurando um CEO para colocar no lugar,
não me surpreenderia se ele fosse atrás do meu irmão.
Porque James não tinha dito nada disso a ninguém aqui em casa?
— Eu não acredito, não consigo acreditar que ele fez isso com você
só para impedi-lo de ser feliz. O que tem de errado com aquele homem?
— Não quero falar sobre isso agora. — James soltou um suspiro
deixando os ombros caírem. — Porque não me fala o que quis dizer comigo
e meu irmão querendo te matar do coração? O que Travis fez?
— Seu irmão descobriu que vai ser papai, na verdade já é papai, pois
Deb está com sete meses de gravidez. — a mulher falou entusiasmada
enquanto James soltava um arquejo surpreso. — E tenho que te dizer que
você está perdendo na corrida para me dar netos, Chloe já teve trigêmeos e
agora seu irmão está esperando trigêmeos!
— Aquele safado! Claro que Travis ia querer se igualar a Chloe,
agora eu vou ter que reconquistar Aurora e fazer trigêmeos com ela. — eu
tossi engasgando com a fala dele e James rapidamente se virou me fitando.
— Mãe eu vou ter que desligar agora, mas ligo novamente em breve te
contando mais.
— Claro meu filho, não esqueça de mandar as fotos de Mary para
mim. — ela disse de forma doce usando a versão americana do nome da
minha filha e eu realmente gostei disso, parecia que Maria seria realmente
querida pela avó. — E quanto a seu pai não se preocupe, em breve vai ter
novidades que nunca imaginou, deixei Hefestos por tempo de mais no
comando! Te amo meu filho.
Antes que ele pudesse responder ela já tinha desligado a ligação,
fazendo com que seu foco fosse apenas eu. Engoli em seco por ter sido pega
no pulo o espionando, mas eu tinha escutado tantas coisas interessantes e
meigas, feito descobertas surpreendentes sobre ele, que nem poderia me
sentir culpada por parar ali e escutado.
— Ficou me ouvindo escondida. — ele balançou a cabeça em
negação. — Que feio Aurora.
— Ao menos não estava olhando você se tocar no banheiro. — o
desafiei erguendo o queixo, mas ao invés de se sentir envergonhado e pedir
desculpas pelo que fez mais cedo, James andou a passos largos em minha
direção.
— Pode me assistir quando quiser, se quiser um show posso fazer
agora mesmo para você. — ele falou com tanta naturalidade levando as
mãos a toalha e atraindo minha atenção para seu corpo.
O abdômen definido e bronzeado como eu me lembrava e aquelas
linhas em formato V, que levavam direto ao seu pau, que aparentemente já
começava a criar vida, ou eu não me lembrava direito o seu tamanho.
— Só nos seus sonhos. — resmunguei me obrigando a olhar para
cima e encarar o rosto presunçoso dele.
— Você ouviu a minha mãe, estamos atrasados em dar netos a ela.
Como sou competitivo podemos dar três na próxima vez. — James colocou
o braço sobre minha cabeça, se curvando e ficando perigosamente perto.
— Boa sorte com isso, porque eu não pretendo ter mais nenhum filho
com você!
Deslizei por baixo de seu braço me afastando dele, mas antes que
fosse longe o suficiente sua mão agarrou meu braço me parando no lugar e
ele se aproximou, descendo a boca por meus cabelos até pairar sobre minha
orelha.
— Deve estar louca se acha que vou deixar outro homem te tocar! —
ele exclamou contra minha pele e a voz rouca me arrepiou por inteiro, me
fazendo morder o lábio para não soltar um gemido. — Você é só minha,
ninguém mais vai colocar um filho em você!
Capítulo 23
Eu estava com o corpo dela contra o meu, as costas e a bunda de
Aurora estavam grudadas contra meu peito e tudo o que separava meu pau
daquela boceta perfeita era minha toalha e o shorts dela.
Tinha acabado de jurar que ela era minha e que nenhum desgraçado
jamais a tocaria, eu estava de volta a vida dela e não pretendia ir a lugar
nenhum.
Ela não tentou se afastar ou me empurrou, apenas suspirou e mordeu
os lábios com a minha fala, mostrando o quanto a agradava à ideia de ser
apenas minha. Desci minha boca para o seu pescoço, sentindo a pele se
arrepiar com meu toque, mas antes que pudesse ir mais longe vozes nos
alcançaram.
— Aurora! Cadê você menina? — a mãe dela gritou fazendo a filha
arregalar os olhos.
— Deixa a garota, deve estar aproveitando o homão que ela tem.
— Ela não tem nada mamãe, pare de ter essas ideias erradas sobre
esse homem, só porque ele te enganou não significa que seja sincero, que
mereça a nossa menina. — a voz de dona Helena deixava claro toda a raiva
que ela sentia de mim.
— Eles se amam, só você não quer ver isso...
— Que amor mamãe? Que amor por Deus? A única coisa que eles
tem em comum é a Clarinha. — Helena foi logo interrompendo a mãe. —
Se tem uma pessoa aqui apaixonada é a minha filha, que não consegue tirar
esse infeliz da cabeça.
Eu senti o corpo de Aurora estremecer em baixo das minhas mãos,
com toda certeza ouvir a mãe dela dizer aquelas coisas não eram fáceis,
dona Helena conseguia até mesmo me abalar em alguns dias.
— Agora está falando besteira, Aurora sempre foi centrada, nunca
teve a cabeça avoada como essas garotas por aí. — dona Maria falou
enquanto seguiam para a cozinha, ainda sim podíamos ouvi-las.
— Isso até conhecer esse homem, ficou tão boba com ele que até
esqueceu de se prevenir e pegou barriga de um homem que nunca nem tinha
firmado compromisso com ela.
— Helena! — a mais velha a repreendeu, mas nem isso foi capaz de
calar a filha.
— Minha filha é inteligente, eu sei disso mãe e eu amo a minha neta,
mas ela vai baixar a guarda e ele vai partir o coração das duas dessa vez.
Aurora se desvencilhou do meu toque e entrou correndo, não me
dando nem mesmo a chance de segurá-la, pois eu ainda estava paralisado
ouvindo as mulheres conversando na cozinha, alheias a nossa presença.
— Você não sabe disso, as pessoas mudam.
— Acredite no que quiser, mas acho bom ir pensando no que vai dizer
quando ele for embora quando Maria Clara for grande o suficiente para
entender e começar a perguntar por ele!
Minha irritação cresceu com a falta de confiança de todos em mim, eu
não ia abandoná-las, não ia deixar minhas meninas, mas ainda não entendia
o que precisava fazer para provar isso a todos de uma vez por todas.
Fui até a lavandeira, peguei minha roupa já limpa e a vesti o mais
rápido que consegui. Precisava pensar em algo para convencer a todos, em
especial a mãe de Aurora que me odiava e não incentivava a filha a me dar
sequer uma chance.
Conversar com a minha mãe tinha aberto meus olhos para certas
coisas, as pessoas não esperavam um pedido de perdão nem achavam que
eu realmente mudaria, minha mãe esperava o melhor para mim então não
lhe custou nada acreditar na minha mudança, mas dona Helena queria o
melhor para a filha por isso seria duro para ela confiar que eu mudei e não
iria machucar Aurora novamente.
Estava na hora de mostrar que me importava com o bem-estar de
Aurora tanto quanto ela.
— Michael, eu preciso que... — me virei no mesmo instante que o
avistei nu no sofá se enroscando com alguma mulher.
— Ei! Porra, não bate mais? — ele gritou enquanto eu só ouvia a
movimentação atrás de mim enquanto se vestiam.
— Estou com pressa, só preciso que me ajude a encontrar aquela
estilista que você ajudou no processo de plágio. — falei apressadamente
querendo deixá-lo fazendo seu trabalho enquanto eu voltava para as minhas
meninas.
— Então é isso, você invade o meu quarto, interrompe minha transa e
ainda quer falar de um caso que perdi?
A risada conhecida soou pelo quarto e eu me virei dando de cara com
a advogada maluca que ele não desgrudava, não deveria ser surpresa para
mim, afinal Michael só sabia falar dela.
— Digamos que estou tentando conquistar a minha sogra e
reconquistar a mãe da minha filha, então estou com pressa! — meu amigo
cruzou os braços esperando por mais que a breve explicação. — Preciso
desse contato para ajudar às duas, a estilista vai ajudar Aurora no que ela
quer fazer da vida.
Os dois ficaram em silêncio me encarando, como se estivessem
processando a informação, mesmo que eu tivesse acabado de dizer estar
com pressa.
— Você está disposto a tudo mesmo, não é? — Michael jogou as
mãos para o alto e voltou a vasculhar o celular.
— Se eu conseguir fazer a mãe dela acreditar que não vou sumir
como fiz da última vez e parar de tentar nos separar colocando defeito em
tudo o que eu faço, eu já vou estar feliz.
— Já pensou em firmar compromisso com Aurora? — franzi a testa
encarando Laura. — Se ela acredita que você vai embora é porque sua
palavra não tem mais confiança para eles, mas um compromisso mostrando
o quanto ela e sua filha são importantes, talvez faça a mulher ver que você
não vai fugir no meio da noite novamente.
Michael encarou a mulher de um jeito engraçado, provavelmente
pensando em algo para fazer com ela depois que eu saísse daqui. Mas logo
explodiu em uma gargalhada.
— James firmando compromisso com alguém? Tirando os negócios,
nunca vi meu amigo firmar nada com ninguém, muito menos algo
romântico. — ele agarrou meus ombros e me sacudiu enquanto continuava
a falar. — O homem aqui tem aversão a sentimentos e nunca esteve em um
relacionamento.
Eu quis socar a cara dele, mas como meu único amigo próximo de
verdade ele me conhecia melhor do que minha própria mãe, Micha sabia de
cada buraco onde me enfiei, em todos os sentidos da palavra. Não podia
culpá-lo por dizer a verdade.
— Pensei que você estivesse apaixonado pela garota, mas acho que
vou ter que concordar com a mãe dela. — Laura franziu a testa e me olhou
de cima a baixo com certo desprezo. — Afinal porque está fazendo tudo
isso se não sente nada por ela?
Eu não soube responder aquela pergunta, apenas peguei o número
com Michael e sai do quarto com aquela pergunta rondando minha mente.
Porque eu estava fazendo tudo isso? Porque essa necessidade de provar que
não ira embora? Mas a mais importante delas era: o que eu sentia de
verdade por Aurora?
Vaguei pela cidade pelo resto da tarde resolvendo as coisas que
tornariam a parceria possível com a estilista, queria que Aurora tivesse
reconhecimento quando fosse lançada no mercado, por isso precisava de
alguém ao lado dela que conhecesse desse mundo.
Cheguei na casa dela ansioso para contar a novidade, mal conseguia
conter a droga do sorriso. Já passava das nove e eu sabia que ela estaria
trabalhando no ateliê enquanto nossa menina dormia, por isso fui direto
para lá segurando o buquê e ignorando às duas senhoras na sala. Com sorte
ela ficaria feliz a ponto de aceitar sair em um jantar de comemoração só nós
dois.
— Aurora... — minha voz morreu no instante que alcancei a mesa de
trabalho dela e não tinha ninguém lá, todas as luzes já estavam apagadas.
— Estava esperando encontrar alguém ai? — foi Helena quem gritou.
— Aurora saiu com algumas amigas, James. — dona Maria interveio,
provavelmente com pena da cena ridícula que eu tinha acabado de
protagonizar. — Não sei onde ela foi ou te diria.
— Para que mamãe? Minha filha finalmente decidiu voltar a viver e
saiu para se divertir essa noite. — Helena continuou comendo sua pipoca
focada na televisão. — Com sorte vai encontrar alguém que a trate como
merece.
Meus dedos se apertaram em volta do buque, com tanta força que
com certeza havia quebrado alguns caules. Mas eu não ia deixar que aquilo
me intimidasse, precisava lembrar que Aurora estava em algum lugar
cercada por homens em uma sexta a noite e eu tinha que encontrá-la.
Coloquei o buque na mesa e sai a passos largos, já retirando o celular
do bolso para verificar o rastreador que tinha colocado no número dela.
Aquilo podia ser errado, mas quando pedi que fizessem isso foi pensando
na segurança dela, agora seria muito útil.
Não levou mais do que uma hora para que eu a localizasse e chegasse
até o lugar, a boate estava lotada, pessoas bebendo por todo lugar, se
apertando na pista de dança. Eu me arrastei entre a multidão até a área vip,
meus olhos procurando por ela com afinco ignorando todas as pessoas a
minha volta.
— Oi lindo. Está procurando companhia? — uma mulher se
aproximou de mim, deslizando as unhas por meu braço.
— Eu acabei de achar! — foi tudo o que respondi já marchando para
longe dela.
Empurrei as pessoas no meu caminho, pouco me importando com os
xingamentos e berros atrás de mim, eu tinha acabado de encontrar Aurora
na pista de dança se esfregando em um desgraçado que eu ia acabar
matando alguém.
Abri caminho no mar de pessoas indo direto para o centro da pista de
dança. Aurora estava de costas dançando de forma quente, a bunda larga
perfeitamente desenhada no vestido apertado brilhoso, chamando ainda
mais atenção a cada rebolada dela.
No mesmo instante que a mão do bastardo tocou sua bunda a minha
se fechou no braço dela, apenas a tirei de perto dele antes de descer o punho
direito no olho do infeliz.
Capítulo 24
Escutar minha mãe dizer aquelas coisas doeu, mas ela estava certa, se
tivessem chegado alguns minutos depois eu teria me entregado a James
novamente. Ela estava certa e eu não podia deixar isso acontecer, precisava
tirá-lo da minha cabeça de uma vez por todas!
Por isso eu decidi os inúmeros convites de Miriam para sair. Desde
que tinha descoberto da gravidez eu não tinha saído para lugar nenhum, o
fato de não conhecer e nem ter ficado com outro homem só tornava ainda
mais difícil deixar para trás tudo o que vivi com ele, mas essa noite isso ia
mudar.
Eu estava na pista de dança, distraída quando mãos grandes agarraram
minha cintura me obrigando a abrir os olhos. Na minha frente estava um
homem loiro, alto e bonito, dançando em um claro convite. Apoiei minhas
mãos sobre os ombros largos cobertos por uma camisa polo branca e por
um instante eu quis que aqueles olhos me encarando fossem castanhos.
Mas sacudi minha cabeça em negação e fechei os olhos, tentando
apreciar o embalo da música. Senti quando o homem se curvou chegando
ainda mais perto, me embriagando com o cheiro de bebida misturado ao
perfume.
Quase me arrependi de ter deixado ele se aproximar naquele instante,
mas quando os lábios tocaram o meu pescoço eu relaxei um pouco mais
soltando um suspiro baixo e me apoiando ainda mais contra ele.
— Você é linda de mais, além de muito gostosa. — ele apertou minha
cintura, descendo para minha bunda e arrancando um suspiro baixo de mim.
Mas antes que pudesse ir em frente uma outra mão me puxou de perto
dele, tudo aconteceu tão rápido, enquanto eu tentava encontrar quem tinha
me puxado um vulto passou por mim, acertando um soco no rosto do
homem que a um segundo estava comigo.
Choque me tomou quando forcei meus olhos tentando enxergar
melhor e o reconheci. Mas eu não quis acreditar, não podia ser ele ali
socando aquele homem.
— James? — questionei querendo ter a certeza de que era ele ali.
— Acha que pode tocar na mulher dos outros que nada vai acontecer?
— foi o grito dele quem confirmou o pior.
Ele acertou outro gancho de direita no loiro, não dando sequer a
chance de resposta. O homem foi ao chão e no mesmo instante três
seguranças nos cercaram.
— O que pensa que está fazendo? Perdeu o juízo? — gritei com
James batendo em seu peito, mas querendo mesmo era puxá-lo pelo topete,
arrastá-lo até o meio da rua.
Um dos seguranças agarrou meu braço e James surtou novamente,
gritando e tentando avançar no homem, mas foi segurado pelos outros dois
seguranças que nos escoltaram para fora.
— Tira essas mãos sujas da minha mulher! — o ouvi gritando atrás de
mim assim que o som alto da música ficou para trás.
— Cala essa boca, antes que eu corte sua língua! — os seguranças
nos soltaram e me olharam tentando conter o sorriso enquanto entravam,
mas eu só queria partir a cara de James ao meio. — Que mulher você pensa
que tem? Eu não sou nada sua e olha o escândalo que acabou de fazer!
Perdeu o juízo James?
— Eu disse que não ia deixar nenhum outro homem te tocar e falei
sério! — ele afirmou como se fosse a coisa mais normal do mundo e o rosto
enfurecido dele me dizia que não desistiria.
— ARGH! — flexionei os dedos me contendo para não estapeá-lo ali
mesmo e me afastei.
Enfiei a mão na bolsinha pegando meu celular rapidamente para pedir
um carro, precisava colocar a maior distância entre nós dois ou acabaria
indo parar na delegacia.
— O que está fazendo? Meu carro está no estacionamento bem ali
Aurora, não tem que pedir um carro. — eu o ignorei e continuei focada no
aplicativo. — Vamos?
James chegou mais perto de mim e eu dei um passo para trás fugindo
de seu alcance, a última coisa que precisava agora era ele me tocando.
— Fique longe de mim, se não quiser terminar a noite como o homem
na boate! — rosnei cruzando os braços encarando a rua. — Não vou a lugar
nenhum com você, nem carregada.
Ele fez um longo minuto de silêncio, que me levou a acreditar que
teria desistido, mas antes que eu pudesse respirar aliviada ele avançou de
forma rápida na minha direção.
— Foi você que pediu, sweet! — nem mesmo meus passos para trás o
impediram de agarrar minhas coxas e me jogar por cima do ombro, me
levando para longe dali.
— James Wayne! Me coloque agora mesmo no chão seu desgraçado!
— gritei enquanto me debatia tentando acertar os chutes em seu abdômen.
— Você está ferrado James, está muito ferrado nas minhas mãos! Socorro!
— Pare de se debater, vai acabar caindo assim. — ele disse com uma
tranquilidade na voz, que só fez meu sangue ferver ainda mais e sem pensar
duas vezes eu mordi as costas musculosas dele, torcendo para conseguir
desestabilizá-lo.
Mas ele apenas apertou o braço em torno das minhas pernas antes de
acertar um tapa em minha bunda assim que entramos em um
estacionamento. Eu arquejei surpresa com o ataque dele e um tanto excitada
com aquilo. Eu só podia estar ficando maluca!
— Vai se arrepender quando me colocar no chão! — tentei me apegar
a raiva que estava sentindo e não a tempestade de hormônios que estava se
formando em meu corpo.
James adentrou mais no estacionamento, deixando para trás as poucas
luzes do lugar. Senti no momento em que ele parou de andar e já estava
comemorando por dentro para me ver livre dele.
— Não tem nada que aconteça entre nós dois que me faça sentir
arrependimento. — James murmurou deslizando a mão por minha coxa e
subindo para dentro do vestido, até estar sobre o lugar onde tinha batido,
fazendo uma leve carícia antes de me colocar no chão lentamente.
Encarar aqueles olhos depois do tapa e da carícia erótica, só ajudou a
aumentar a confusão dentro de mim e eu não me segurei, minha mão voou
no rosto dele o acertando em cheio com um tapa estralado.
James me observou em choque, mas com um brilho selvagem em
seus olhos. Minha respiração acelerou e meus mamilos endurecerem por
baixo do tecido do vestido, senti uma pontada entre minhas pernas quando
ele sustentou meu olhar, causando uma erupção no vulcão dentro de mim.
Estiquei meus braços ficando na ponta dos pés o agarrando em uma
velocidade assustadora, nossos lábios se chocaram com brutalidade e seu
braço envolveu minha cintura me dando ainda mais apoio ao mesmo passo
que me apertava contra seu corpo.
Soltei um gemido quando separei meus lábios e a língua dele deslizou
contra a minha. Enfiei minhas unhas entre os cabelos dele, sentindo os fios
sedosos contra meus dedos, enquanto o perfume de James invadia minhas
narinas fazendo meu corpo se aquecer ainda mais.
— Bom Deus... — suspirei em seus lábios quando ele me ergueu com
facilidade me empurrando contra a lataria do carro.
Minhas pernas se enroscaram em torno da cintura dele e James se
encaixou perfeitamente entre elas, me fazendo sentir sua ereção crescer
entre nós, me arrancando um gemido baixo.
— Como senti falta disso. — ele murmurou desviando dos meus
lábios e descendo por meu pescoço, deslizando o nariz contra a minha pele.
A respiração dele fazia o trabalho de me arrepiar ainda mais e quando
a língua dele me tocou eu precisei me agarrar nos ombros largos para não
derreter ali mesmo.
— Puta merda... — minhas palavras saíram descompassadas, por
culpa dos dentes dele mordiscando o mesmo lugar que tinha acabado de
lamber. — Estamos em um estacionamento James e eu preciso que me faça
gozar.
— Acho que posso lidar com você do meu jeito aqui mesmo. — as
palavras dele ecoaram em minha mente, me lembrando de quando o chupei
pela primeira vez no carro.
Minha boceta pulsou com ideia dele me levando para dentro do carro
e me fodendo ali até que estivéssemos suados e exaustos. Ele agarrou minha
bunda e voltou a andar, me enchendo de esperanças que meus pensamentos
se realizariam, mas ao invés disso James parou na traseira do carro e me
colocou sentada sobre o porta mala.
— O que você... — minha voz morreu quando ele segurou meus
joelhos os afastando com rispidez. — Não está pensando em fazer isso aqui,
está?
Ele deslizou os dedos por minhas coxas até alcançar o tecido da
minha calcinha e os esfregou ali. Minhas pálpebras tremeram e eu mordi
meu lábio inferior tentando conter o gemido enquanto ele massageavam
meu clitóris em círculos preguiçosos.
— Pensei que precisasse disso, que quisesse gozar agora. Mas se
preferir posso parar. — agarrei o braço dele o impedindo de tirar a mão dali.
Um sorriso lateral cresceu no rosto dele, me tirando ainda mais a sanidade.
— Você está tão molhada, sua calcinha está encharcada. Preciso sentir seu
gosto! — ele exclamou enganchando os dedos na lateral da minha calcinha
antes de puxá-la para baixo.
Os olhos de James se concentraram no meio das minhas pernas e ele
agarrou meu calcanhar esquerdo o erguendo até meu salto estar sobre o
capô do carro, deixando minhas pernas afastadas e minha boceta totalmente
exposta.
Ele afastou minha coxa direita e envolveu a outra com o braço
pousando a mão sobre meu clitóris, esfregando de forma leve, abrindo
minhas dobras e lambuzando os dedos, parecendo não ter nenhuma pressa.
— James... me chupa logo! — chiei precisando de mais contato e meu
pedido foi atendido quando ele se curvou abocanhando minha boceta. —
Ahhh!
Droga, eu não estava preparada para aquela sensação, parecia ainda
mais intensa do que das outras vezes. Meu corpo todo estremeceu com a
onda de prazer quando ele esfregou a língua de cima para baixo, até minha
entrada apenas para se banhar em minha excitação e espalhar por cada
pedacinho.
Fechei meus olhos incapaz de continuar vendo aquela imagem
enquanto ele me fodia com a boca punitiva. Mordi meu lábio me forçando a
lembrar a todo instante que estávamos em um estacionamento, porque
mesmo que estivesse escuro ainda poderiam me ouvir.
— Sweet como sempre! — ele afirmou erguendo os olhos e me
encarando enquanto sua língua traçava um caminho perigoso de volta a
minha entrada.
James enfiou a ponta da língua dentro de mim, em um vai e vem
erótico, sem tirar os olhos de mim nenhum segundo. Levei uma mão a boca
tentando conter o gemido e como quem quer testar meu auto controle, ele
deslizou dois dedos para dentro de mim.
— James... — minha cabeça tombou para trás enquanto os dedos dele
começavam a bombear dentro de mim, me deixando ainda mais molhada e
perto do orgasmo.
Enrolei a camisa dele em meu punho sentindo os movimentos de sua
língua se intensificarem, os dedos indo e vindo com mais rapidez,
mostrando que James estava determinado a me fazer gozar e eu não ia
aguentar muito mais tempo com ele me tocando daquele jeito, levando meu
corpo a combustão.
Seus lábios se fecharam em volta do meu clitóris e meu gemido ecoou
pelo estacionamento com a nova onda de prazer me tomando. James
rapidamente soltou minha coxa e tampou minha boca querendo garantir que
eu não iria gritar, pelo que estava refletido em seus olhos eu podia imaginar
o que viria a seguir.
Quando os movimentos se tornaram ainda mais rápidos eu agarrei um
punhado de cabelos dele, dando tudo de mim enquanto o orgasmo me
tomava.
— James! Oh droga, eu...
— Isso delícia, goza para mim! — fechei meus olhos me entregando e
me derramando contra a boca dele. — Goza na minha boca!
Mas nem isso pareceu ser o suficiente, pois James enfiou a língua
dentro de mim mais uma vez, bebendo até a última gota. Eu estremeci
contra ele, sentindo tudo sensível de mais e sabendo que não demoraria a
gozar novamente se ele continuasse com aquilo.
Precisei empurrar o homem para longe do meu corpo antes de
conseguir respirar fundo. Encarei os olhos castanhos brilhando com desejo
e ele sem dúvida era a imagem da luxúria, os lábios e a barba brilhando
com meu gozo, a respiração descompassada e a ereção enorme marcada
contra a calça.
Mais perfeito que isso seria se ele estivesse pelado, pensei mordendo
meus lábios antes de puxá-lo contra mim, unindo nossos corpos e
afundando minha língua em sua boca, sem me importar em sentir meu
gosto.
— Vai terminar o que começou aqui? — questionei tomada pelo
desejo e desci minha mão por seu corpo, até alcançar seu pau.
Capítulo 25
Ainda conseguia sentir o pulsar da boceta dela contra minha língua
quando sua mão agarrou meu pau com força. Mas eu não podia culpá-la,
tudo o que queria era me enterrar dentro dela, sentir suas paredes me
sugando e recebendo tudo de mim.
Abri meu botão e zíper rapidamente, tendo a ajuda dela para puxar
tudo para baixo. A agarrei pela nuca puxando seus cabelos e unindo nossas
bocas em um beijo selvagem, faminto. Estávamos totalmente levados pelo
desejo, colocando para fora toda a nossa sede um do outro.
Envolvi minha mão livre na cintura dela, a erguendo o suficiente para
puxar o vestido um pouco mais para cima e seu corpo mais para a ponta do
porta mala.
— Ohh... — Aurora suspirou desviando os lábios dos meus quando
seu corpo em chamas tocou a lateria fria, e não pude evitar que um sorriso
cafajeste se abrisse em meu rosto com o pensamento que ela não tinha
esperado que eu fosse tomá-la aqui mesmo.
Desci minha boca por seu pescoço, beijando e lambendo a pele
perfumada mesmo estando suada, meus lábios alcançaram sua clavícula e
eu mordisquei a marcando antes de continuar meu caminho até os seios
cheios.
O seu corpo tinha mudado desde a gravidez, e mesmo que eu tenha
escutado ela reclamar da barriga e das estrias, eu não conseguia concordar
com ela, tudo o que eu via era o corpo de uma mulher de verdade.
Puxei a parte da frente do vestido o prendendo abaixo dos seus seios
os deixando totalmente expostos para mim. Os bicos estavam inchados,
vermelhos e com certeza sensíveis de amamentar, o peso deles não me
deixava esquecer.
Plantei um beijo no topo de cada um, sentindo ela se sacudir em baixo
de mim antes que eu esfregasse minha língua até alcançar o mamilo,
contornei de forma lenta, arrancando um arquejo surpreso dela, enquanto o
deixava ainda mais duro tentando ser o mais delicado possível para não lhe
causar dor.
— Ahh siiim... — a cabeça dela tombou para trás e a boca se abriu
em um gemido silencioso, mostrando o quanto ela estava apreciando o
toque. — James...
— É só dizer querida, diga o que quer de mim?
Segurei um seio contra o outro, massageando e desejando abocanhar
aquela carne macia, sugá-los até ela estar gritando e gemendo por mais, mas
não podia fazer isso ali. Eu estava concentrado em seus seios quando ouvi
algo se rasgando, mas não dei a mínima atenção até que Aurora envolveu as
pernas em volta do meu quadril, me puxando de encontro a sua boceta nua.
Ela segurou meu pau e deslizou algo sobre ele, me surpreendo, pois
quando olhei para baixo vi suas mãos deslizando o preservativo contra meu
comprimento.
Voltei meu olhar para ela e envolvi meus lábios em volta de um dos
mamilos arrancando um gemido baixo, quando o suguei levemente o gosto
de leite invadiu minha boca e Aurora me esfregou em suas dobras, me
lambuzando com sua excitação.
— Preciso de você dentro de mim agora! — a afirmação dela era tudo
o que faltava para que eu me enterrasse em sua boceta.
Impulsionei meu quadril para frente a invadindo de uma só vez e o
grito dela ecoou no estacionamento, senti as unhas se cravando em meus
braços enquanto dor tomava as feições dela.
— Porra, desculpa sweet. — pedi segurando seu rosto e plantando
beijos em cada pedacinho querendo aliviar seu incomodo, mas as paredes
me apertando como um punho me diziam que ela com certeza estava
sentindo dor nesse momento.
Suguei seu lábio inferior levando minha até onde nossos corpos se
uniam e massageei o clitóris inchado. Minha língua deslizou para dentro de
sua boca e eu aumentei meus movimentos, querendo fazê-la voltar a sentir
apenas prazer.
Ela enfiou a mão por dentro de minha camisa, sentindo meu
abdômen, tocando meu corpo enquanto nosso beijo ficava cada vez mais
rápido, sedento, nossas línguas duelavam buscando pela rendição da outra e
com certeza eu perderia aquela luta.
Um gutural escapou de minha garganta quando a boceta dela pulsou
em volta do meu pau, quase me levando a gozar ali mesmo. Aurora prendeu
meu lábio inferior com os dentes, o puxando sem dó de rasgá-lo, os olhos
claros brilharam para mim com uma ousadia somada ao desejo e eu
intensifiquei o toque de meus dedos ao encontro do seu clitóris.
— Ahhh... me fode! Só vai com calma porque... não estive com
ninguém desde a nossa última noite. — ela disse entre gemidos, as
pálpebras tremendo até se fecharem e o quadril balançando contra o meu,
mostrando que o prazer tinha voltado a falar mais alto.
Mas em meus pensamentos só se repetia as palavras dela, saber que
ela não esteve com mais ninguém fez o homem das cavernas bater no peito
gritando.
Minha! Aurora era só minha e continuaria sendo! Deitei o corpo dela
contra a lataria do carro antes de recuar o quadril e voltar a investir contra
ela, dessa vez tomando cuidado para não machucá-la.
Os gemidos voltaram a soar invadindo meus ouvidos e a essa altura
eu não estava me importando se iriam ouvi-la ou não, tudo o que me
importava era a mulher de olhos fechados deitada na minha frente, com as
pernas em volta da minha cintura, me recebendo em sua boceta quente e
apertada.
Lambi meus polegares e os levei aos mamilos, segurando os seios
fartos e fazendo meus dedos deslizarem nos montinhos entumecidos. Ela
jogou as mãos para trás, buscando algo para se agarrar e se segurar, mas as
mãos dela apenas deslizaram no vidro.
Aurora gemeu mais alto cruzando os pés sobre minha bunda me
puxando como um pedido silencioso por mais e eu dei exatamente o que ela
queria, intensifiquei meus movimentos, nossas peles se chocavam a cada
nova bombeada do meu quadril e as paredes dela se abriam para me
acomodar melhor, antes de pulsar me apertando com o seu prazer.
— Eu não vou aguentar muito mais. — ela disse em forma de aviso,
mordiscando os lábios tentando conter seus sons.
— Não se segure! Deixa vim, gostosa. — olhei para baixo assistindo
meu pau se perder entre as dobras dela, a porra da cena mais erótica, me
deixando ainda mais excitado e me levando a ir bem mais rápido.
— James! — Aurora gritou apertando as coxas a minha volta antes de
perder o fôlego e arquear as costas.
A imagem da perfeição vê-la gozar, eu não me cansaria nunca. Seu
corpo estremeceu e com mais uma sugada eu explodi junto.
— Minha! — rosnei enquanto enchia a camisinha com minha porra,
querendo mesmo era encher a boceta dela.
Me curvei sobre ela beijando sua barriga, seus seios e puxando sua
roupa para o lugar novamente. A peguei no colo levando-a para dentro do
carro antes que começássemos a perder o controle novamente. Segurei seu
rosto assim que a coloquei no banco do passageiro, beijando de forma lenta,
mostrando como eu tomaria seu corpo assim que chegássemos em casa.
Mas assim que fechei a porta Aurora me surpreendeu.
— Isso entre nós dois não significou nada, só quero deixar claro. —
as palavras dela me fizeram virar a cabeça em confusão. — Somos só duas
pessoas com tesão e se não fosse com você teria sido com outro.
— Como assim não significou nada? O que está querendo dizer com
isso?
— Estou dizendo que não existe nada romântico entre nós dois e nem
vai existir. Mas eu estou assumindo que tenho necessidades como mulher,
necessidades que negligenciei por muito tempo e agora não vou mais fazer
isso. — ela deu de ombros como se fosse a coisa mais banal que estava
falando.
E talvez fosse, eu só não estava preparado para ouvir minha Aurora
falando algo assim, de forma fria e desinteressada.
— Já disse que não vou deixar nenhum desgraçado te tocar, nem que
para isso eu tenha que segui-la a cada minuto do meu dia! — rosnei
sentindo a frustração tomar o lugar de todo o tesão de segundos atrás.
— Você pode escolher ser esse meu contato para as noites de
necessidade. — ela propôs finalmente colocando os olhos sobre mim
novamente. — Ou não, mas independente da sua escolha nós continuamos
na mesma página.
Capítulo 26
Ainda estava chocada com a minha ousadia em propor aquilo para
James, mas depois de tudo o que fizemos naquele estacionamento eu tinha
que dizer alguma coisa para ter de volta o controle.
“Ela vai baixar a guarda e ele vai partir o coração das duas” As
palavras da minha mãe ainda estavam frescas na minha mente, me fazendo
pensar exatamente no que fazer, eu não podia baixar minha guarda e muito
menos deixar meu coração tão vulnerável perto dele, mas ainda podia usá-
lo como ele fez comigo, saciando meus desejos e necessidades sexuais.
James me encarou com a boca aberta, completamente em incrédulo,
antes de ligar o carro e colocá-lo em movimento sem dizer mais nenhuma
palavra. Minha confiança cresceu mais ainda ao ver que ele tinha aceitado,
mesmo que não tivesse dito em palavras, dirigiu na direção oposta a nossa
casa, mostrando que a noite não tinha acabado.
Eu me curvei um pouco ligando o som e os olhos dele foram direto
para o decote do vestido, descendo para minhas pernas quase totalmente
descobertas.
— Não acredito que está com essa roupa e aquele maldito estava te
tocando. — a voz dele saiu quase como um rosnado e por dentro eu dancei
feliz com toda aquela demonstração de ciúmes.
Vê-lo batendo naquele homem na boate me deixou enfurecida, mas
ouvi-lo me chamar de sua com toda a possessividade me deixava excitada.
— Tem sorte que eu coloquei uma calcinha, porque meus planos eram
de sair sem nada por baixo. — e com um estalo eu lembrei que ele não tinha
colocado minha peça de volta no lugar. — Falando nisso, onde está minha
calcinha?
— No lugar onde ela pertence. — ele murmurou com um olhar
descarado e um sorriso de lado que acabava com as minhas estruturas. Mas
dois podiam jogar esse jogo de sedução
— Pensei que ela pertencesse entre minhas pernas.
— Nem de longe querida, eu sou o único que pertence ao meio de
suas pernas! — ele afirmou com tanta convicção que me fez perder o
fôlego.
Mas antes que eu pudesse soltar uma resposta espertinha, meu celular
tocou me tirando daquela bolha e me jogando direto a realidade da minha
vida.
— Oi mãe...
— Filha, você tem que vim para casa agora Aurora. — o choro que eu
conhecia de longe encheu a linha. — Clarinha está ardendo em febre.
— Estamos indo mãe! — ouvi um resmungo dela, provavelmente por
deduzir com quem eu estava, mas ao invés de protestar ela desligou a
ligação sabendo que aquela não era hora para sermão.
— O que aconteceu? — James perguntou me olhando de lado, com o
carro agora já na direção para nossa casa.
— Clarinha está com febre, vai rápido! — torci minhas mãos,
angustiada tentando pensar no que poderia ter causado a febre dela.
Nada de diferente tinha acontecido hoje, tudo estava normal desde
que nos mudamos, mas nada vinha a minha mente, nenhuma resposta ou
misera ideia do que podia tê-la deixado doente.
James correu na estrada, aproveitando os sinais laranjas da
madrugada para ir ainda mais rápido. Em um tempo recorde ele estava
estacionando na frente de casa, eu corri para fora do carro subindo as
escadas da frente já gritando por minha mãe, pouco me importando se
acordaria os vizinhos.
O choro da minha filha podia ser ouvido do andar de baixo e eu subi
as escadas apressada para por meus olhos nela.
— Como ela está? O que aconteceu? — questionei já indo direto a ela
e a pegando no colo. — A mamãe está aqui amor, a mamãe chegou.
— Ela acordou chorando e quando viemos ver ela estava ardendo em
febre. — minha mãe foi logo falando enquanto minha avó chegava com
uma compressa de água fria, que só fez o choro dela aumentar.
— Vamos ao hospital, não podemos deixar ela assim! — James
entrou marchando no quarto já com uma bolsa de Clarinha nas mãos, com
certeza tinha pegado tudo no andar de baixo. — Onde estão os documentos
dela?
Minha mãe olhou dele para mim, a expressão de preocupação dando
lugar a dureza da reprovação, porem mais uma vez ela escolheu ficar calada
e foi até a cômoda pegar os papéis de Clarinha.
Em questão de minutos estávamos de volta ao carro já saindo de lá,
minha filha ia no meu colo grudada no peito, que era a única forma do
choro parar, enquanto minha avó e mãe iam atrás.
James olhava a todo instante para nós duas, enquanto seguia o GPS, a
preocupação era nítida e eu não podia culpá-lo, sempre que a via nesse
estado meu coração se apertava e a paz ia embora.
— Está no hospital errado! — minha mãe exclamou do banco de trás
chamando minha atenção para o lado de fora. — Isso é um hospital
particular James, nos trouxe ainda mais longe.
— Não estamos no hospital errado, o plano de saúde de todas vocês é
daqui, assim como o da minha filha! — ele rebateu descendo rapidamente e
dando a volta para me ajudar a descer enquanto um manobrista se
aproximava do carro.
— Não temos plano de saúde. — eu falei baixinho, sentindo a
vergonha queimar minhas bochechas enquanto ele tirava meu cinto e me
ajudava a descer.
— É claro que tem, eu coloquei isso com a papelada da casa. Você
não viu? Depois falamos disso, agora a prioridade é Clarinha! — ele jogou
a chave para o homem e me acompanhou para dentro do hospital.
Eu podia ouvir minha mãe e minha avó discutindo atrás de nós, mas
ainda estava embasbacada com o fato dele ter feito um plano de saúde tão
caro, e não só para a filha, mas para todas nós.
A mulher da recepção nos atendeu com um sorriso largo no rosto e
não demorou mais do que alguns segundos para que fossemos levados até a
pediatra.
— Ok, vamos ver o que temos aqui. — foi só tirá-la do peito para que
o berreiro recomeçasse, mas dessa vez eu tive que aguentar ao lado da
médica enquanto examinava cada pedacinho da minha filha. — Bem
mãezinha, é apenas uma amigdalite, ou seja, uma inflamação ali nas
amígdalas.
— Tem certeza doutora que é só isso? A febre estava tão alta e ela
não para de chorar.
— Podemos fazer mais exames para que vocês fiquem mais
sossegados, não tem nenhum problema. — a mulher disse já digitando
rapidamente no computador. — Mas algo me diz que essa mocinha está
dengosinha porque sabe que é mimada.
Olhei para minha filha, que já se agarrava ao peito novamente, mas
dessa vez seus dedinhos estavam enroscados no dedo do pai, segurando a
mão dele perto.
Não podia negar que Maria Clara estava tendo mais atenção desde
que nos mudamos, James estava a todo tempo em casa esperando pela
oportunidade de brincar com ela, além de mim e da bisavó que ficávamos
com ela, minha mãe também mesmo que fosse mais a noite.
Ela estava cercada de olhos e mãos o tempo todo, mas ainda sim, não
tirava da cabeça que podia ser mais.
Tive que aguentar minha filha sendo furada e gritando enquanto
faziam mais exames. James a tirou do meu colo quando ela finalmente
dormiu, ele parecia tão necessitado de ter um contato com ela naquele
momento quanto eu, querendo garantir que ela estava bem.
— A culpa é minha. — murmurei olhando as bochechas ainda
avermelhadas da febre, os olhos fechados contra o peito do pai, a mão
segurando o dedo dele e a respiração pesada. — Não devia ter saído de
casa, tinha que ter prestado mais atenção nela e notado antes.
— De onde tirou isso? Clarinha teria ficado com febre você estando
em casa ou não, e se for falar sobre prestar atenção todos nós temos culpa,
estamos junto com ela o mesmo tempo que você e não percebemos a
garganta ficando ruim. — ele agarrou minha mão, impedindo que eu
continuasse torcendo meus dedos e plantou um beijou ali. — Você ouviu a
médica, isso é normal e logo ela vai estar bem. Não fique assim!
Suspirei e ergui o olhar procurando minha mãe, ela e minha avó
estavam do outro lado da sala de espera, encarando cada movimento nosso
e não era novidade que minha avó aprovasse nossa aproximação, mas por
algum milagre minha mãe não estava de cara feia naquele momento.
Depois que pegamos os resultados e comprovamos que ela não tinha
mais nada fomos para casa, com uma sacola de remédios e uma neném
cansada.
Coloquei clarinha no berço e James me empurrou para o banheiro,
garantindo que não sairia do lado dela enquanto eu me livrava de todo o
suor da noite. Eu não sabia que precisava tanto daquela ducha até a água
quente bater em meu corpo me ajudando a relaxar, mas nada me prepararia
para a imagem que tive ao sair do banho.
James estava sentado no chão encarando nossa filha pelas frestas do
berço e cantarolando alguma coisa que eu nunca tinha escutado na vida.
Meus olhos se encheram de lágrimas e eu fiz de tudo para passar o mais
despercebida possível, querendo ver mais dele junto com ela.
— O papai não vai a lugar nenhum, ursinha. A mamãe... — o ouvi
murmurar e quando estava prestes a dizer algo mais ele se virou me
pegando em pé na porta, seus olhos se arregalaram levemente, como uma
criança que é pega aprontando. — A mamãe já saiu do banheiro, agora é
minha vez!
Ele se levantou em uma velocidade assustadora e passou por mim
praticamente correndo, para se trancar no banheiro.
— James, James. O que você quer da gente?
Capítulo 27
Acordei sentindo um corpo pequeno e macio aconchegado contra meu
peito, envolvi meu braço na cintura fina a puxando ainda mais contra mim e
enfiei meu nariz entre os cabelos, sendo presenteado com o perfume dela.
Ter Aurora tão relaxada dormindo comigo me fez sentir de uma forma
que eu não sabia explicar, não tinha me dado conta do quanto senti falta
disso até o momento que sai do banheiro e a encontrei dormindo.
Antes que pudesse processar o que estava fazendo eu plantei um beijo
na testa da nossa filha e me enfiei ao lado dela na cama. E em algum
momento Aurora tinha se virado, ficando de costas para mim em uma
conchinha perfeita, com aquela bunda contra minha ereção matinal.
Estava prestes a deslizar minha mão pelo corpo dela e despertá-la
com minha boca, quando um farfalhar ao lado chamou minha atenção me
fazendo virar e dar de cara com a garotinha mais linda da terra.
— Bom dia, ursinha. — falei baixo não querendo despertar a mãe
ursa, pois meu objetivo da manhã tinha acabado de mudar. — Então quer
dizer que quando o papai está aqui você acorda e fica quietinha?
Me levantei sorrateiramente e a peguei no colo, já conferindo com a
mão a temperatura dela. Vê-la chorando e com febre ontem a noite me
desestabilizou completamente, o medo de que pudesse ser algo mais grave
preencheu minha mente, especialmente com Aurora repetindo que ela
nunca tinha ficado assim, mas eu precisava ser forte e ser o apoio dela.
Se tivessem me dito que hoje eu estaria assim diria que essa pessoa
estava louca. Eu amando um bebê e querendo ser o centro do mundo para
aquela criança, enquanto tentava me tornar uma pessoa melhor a cada dia
por ela e pela mãe? James Wayne fazendo isso? Impossível!
Mas aqui estava eu, babando até na minúscula coisa que aquela
menininha fazia.
— Não vai responder o papai? — ela sorriu mais largo esticando as
mãos para minha barba. — Você ama o papai também, não é? A mamãe
ama, mas não está pronta para assumir ainda.
Como se soubesse do que eu estava falando e sendo uma boa
cúmplice ela gargalhou pulando várias vezes no meu colo, como se
concordasse comigo.
— Como ela está? — a voz sonolenta de Aurora soou atrás de mim e
logo o queixo dela estava apoiado em meu ombro nu para ver nossa filha.
— Você não chorou hoje amor.
— Não, ela estava olhando para o papai bem quietinha.
— Pa pa pa! — ela gritou batendo as mãozinhas nos meus braços e
arrancando meu fôlego.
Fiquei paralisado tentando encarando ela, que apenas sorria
totalmente alheia ao que tinha acabado de causar em mim, enquanto a
minha volta mudava de sentido com aquelas pequenas palavras.
— Ela... ela me chamou de...
— Não! Você não pode chamar papai primeiro! — Aurora gritou se
movendo rapidamente até sentar ao meu lado e pegar nossa filha nos
braços. — Fala mamãe, ma ma ma, mamãe Clarinha! Ele chegou agora e
você acha certo falar o nome dele primeiro?
Ela estava inconformada e eu quis rir do desespero em seus olhos,
mas nossa filha só sorriu pulando antes de agarrar a regata da mãe, puxando
e mostrando o que realmente a interessava.
— Tê tê tê.
— Claro, é só isso que eu sou para você, não é? Um peito ambulante?
Deveria pedir tê tê ao seu pai!
— Não fala isso, sweet. — murmurei com o sorriso largo estampado
no rosto. — Ela te ama também, a próxima palavra dela vai ser mamãe.
Aurora me empurrou com o ombro antes de colocar nossa filha para
mamar. Depois que tomamos café eu precisei voltar ao hotel para trocar de
roupa e fazer algo que tinha planejado naquela manhã.
Liguei para Michael avisando que precisaria de Laura na joalheria e
isso pareceu animá-lo, com toda certeza planejando algo para ela. Michael
estava radicalmente apaixonado, já tinha até mesmo desistido de voltar para
Chicago. Mas depois da decisão que tomei hoje ele não seria o único a
mudar de país por muito tempo.
— Então o que quer nos trazendo até uma joalheria?
— O que você acha que ele quer, Micha? Às vezes me pergunto como
você pode ser advogado, está na cara que James finalmente descobriu o que
sente e tomou uma decisão. — Laura me encarou dizendo exatamente o que
estava acontecendo, mesmo que ainda não soubesse denominar o nome do
que sentia.
— Preciso mais da opinião de Laura do que de você Michael. —
estufei o peito a olhando. — Quero um anel perfeito para pedir Aurora em
casamento!
Um sorrisinho estranho surgiu nos lábios dela, quase como se já
esperasse por minhas palavras e estivesse pronta para ajudar.
— Ótimo, agora me diga mais sobre a sua amada, preciso saber de
tudo o que você sabe sobre ela para escolhermos o anel perfeito! — ela
disse batendo palmas, entusiasmada com a missão muito diferente da
mulher de negócios.
Enquanto eu falava tudo o que vinha a cabeça sobre Aurora ela
apontava para uma infinidade de alianças, mas sempre parecia que não era a
certa, faltava algo que combinasse com minha garota, algo que fosse
realmente a cara dela.
Até que ela pegou o anel perfeito, o ouro ao redor do dedo era
enfeitado com pequenos diamantes e quando chegava ao topo a aliança se
tornava mais fina, o diamante central parecia até uma flor visto de cima,
acompanhado de um diamante menor em cada lado. Era a perfeição entre a
riqueza, delicadeza e beleza, exatamente como Aurora.
— É essa! — afirmei com toda a certeza no meu ser, já conseguindo
visualizar no dedo dela.
— Devo confessar que ver um dos maiores cafajestes de Chicago se
rendendo ao amor e decidindo ser unicamente de uma só mulher me
surpreende. — ela falou enquanto eu finalizava a compra e Michael se
perdia do outro lado da loja.
— Nunca acreditei nessa coisa de amor, mas cada dia que passo ao
lado dela começo a ver que nunca tive chance de escapar, ela me fez perder
o interesse em qualquer outra já na primeira vez que a vi. — Laura franziu
o cenho e olhou em volta antes de se aproximar para sussurrar.
— Mas nós ficamos quando você estava no Brasil há um ano, sem
falar na sua maratona insana quando voltou para Chicago.
Um sorriso brotou nos meus lábios me lembrando daquele dia, onde a
história dela e Michael começou.
— Eu passei o último ano tentando tirá-la da minha cabeça indo para
cama com todas as mulheres que apareciam na minha frente. — assumi no
mesmo tom baixo que ela. — Mas tenho que te confessar que nós dois
nunca fomos para cama, naquela noite você ficou apenas com Micha, eu saí
logo depois porque só conseguia pensar em Aurora.
— O quê? E de manhã quando apareceu estar saindo do banheiro?
— Eu tinha acabado de chegar do meu quarto e sai de lá direto para
vê-la chegando para trabalhar. — o queixo dela caiu em choque e eu me
senti culpado por ter mentido daquela forma, tudo por um negócio que
nunca deu certo. — E te devo um pedido de desculpas por isso, na época eu
não pensei em nada muito bem, mas vendo agora me arrependo de ter te
enganado desse jeito. Me desculpa de verdade, Laura.
Ela me olhou ainda parecendo um tanto confusa, mas acenou
concordando com a cabeça, me perdoando por mais aquela merda do meu
passado.
Eu finalmente estava começando a aprender que a forma como levei a
vida todos esses anos me faziam o pior tipo de ser humano. Aurora e sua
família estavam me ajudando a ver isso a cada dia e me ensinando a me
redimir.
— Podemos ir? — Michael perguntou jogando o braço em volta dos
nossos ombros.
— Sim! Agora eu só tenho que encontrar a oportunidade perfeita para
fazer o pedido.
Capítulo 28
James vinha agindo de forma estranha ao meu redor nos últimos dias,
às vezes o pegava me olhando quando eu estava distraída, ou o encontrava
cochichando com Clarinha pelos cantos e se calando quando me via.
Não sabia dizer se era pelo sexo sem compromisso que eu impus, ou
se ele estava ficando maluco de vez. Mas a verdade é que eu não estava
reclamando, vinha adorando esse lado paizão dele e às vezes me pegava
fantasiando com a família perfeita.
Encarei a folha do croqui, tentando entender o que tinha acabado de
desenhar enquanto minha mente divagava sobre James mais uma vez
naquele dia.
Já estava ficando insuportável pensar tanto assim nele e continuar
fingindo não sentir nada, especialmente quando ele se esgueirava para
minha cama no meio da noite e dormíamos como um casal.
— Acho que devemos sair hoje à noite. — bastou falar nele para que
o homem aparecesse no meu espaço.
— Você não estava colocando Clarinha para dormir?
— E ela já está roncando profundamente. — ele me estendeu a babá
eletrônica mostrando nossa menina. — Nós dois formamos um bom time,
você da o te te mágico, eu a faço arrotar e dormir como um anjinho.
— Não fala nada, nem me lembra que ela preferiu você ao invés de
mim! — ainda não tinha superado o fato dela ter aprendido a falar papa
antes de mamãe, com toda certeza era de tanto me ouvir reclamando dele.
— Não pensa nisso. — ele colocou as mãos largas sobre meus
ombros e os massageou me ajudando a relaxar. — Vamos sair para jantar
fora, acho que nós merecemos uma noite só nossa, sem falar que sua mãe
está me odiando por quase não ter mais tempo com a neta.
Ele tinha razão, minha mãe ainda não confiava cem por cento nele,
mas desde aquela noite no hospital ela tem tentado se manter longe e dar
mais espaço para nós dois, mesmo que fosse difícil para ela.
— Acho que posso pensar no seu... caso. — gemi quando ele apertou
o ponto certo em meu corpo, me fazendo quase derreter na cadeira. — Vai
embora agora e me pega às sete!
— Sete? Perfeito. Mas tem certeza, quer mesmo que eu vá embora
agora? Podemos continuar essa massagem e ver em que outro lugar você
está tensa. — James me olhou descendo uma das mãos entre meus seios.
Mas antes que me deixasse levar por aquela sedução barata eu o
empurrei para longe de mim com toda a força que tinha.
— Às sete! Chegue antes e fique sem diversão essa noite. — avisei
com um sorriso bobo no rosto, que tratei de tirar.
— Mandona!
Onde eu estava com a cabeça sorrindo assim pelos cantos? Isso não ia
terminar bem e eu sabia, precisava manter minha cabeça no lugar. Eu só
precisava continuar no controle da situação, eu tinha dito que só ia usá-lo
para suprir minhas necessidades, mas esses últimos dias bagunçaram nossas
cabeça e eu precisava lembrar a ele e a mim mesma disso!
E foi olhando para o desenho que tinha acabado de fazer que tive uma
ideia perfeita para essa noite. Sai para comprar o que ia precisar e me
preparei para a noite, nem preciso dizer que minha avó estava radiante em
saber que estávamos indo jantar, na cabeça dela como um casal.
Mas quando James chegou eu desejei que fosse um encontro de
verdade. Ele chegando vestido naquele terno claro que realçava seus olhos
castanhos, vindo em minha direção e pegando minha mão como um perfeito
cavalheiro, só para me acompanhar até o carro e abrir a porta enquanto
ainda segurava minha mão.
— Você está maravilhosa. — ele falou assim que assumiu o lugar
atrás do volante.
— É porque você não viu o que está por baixo do vestido. — os olhos
dele brilharam conforme desciam por meu corpo, esquadrinhando cada
pedacinho do vestido longo que me cobria por completo. — Que tal se
comermos a sobremesa antes do jantar?
— Aurora! — ele disse em tom de aviso, seus dedos se enroscando
ainda mais firmes no volante. — Eu estou aqui tentando ser um cavalheiro,
provavelmente pela primeira vez na minha vida, e você ai me provocando.
Me estiquei chegando mais perto dele, me sentindo poderosa e
confiante com a roupa que estava e apoiei a mão direita em seu joelho.
— Eu só preciso que você seja um submisso bonzinho entre quatro
paredes. — falei enquanto subia minha mão por sua coxa até alcançar seu
pau, ganhando total atenção. — E me deixe te usar a noite toda!
— Oh porra! — ele gemeu jogando a cabeça para trás quando
movimentei minha mão para cima e para baixo. — O jantar pode esperar!
Sorri satisfeita e me afastei dele voltando a sentar ereta contra o
banco colocando o cinto de forma inocente, como se não tivesse acabado de
deixá-lo com uma ereção enorme.
James dirigiu rápido pela cidade até o hotel, e eu tinha quase certeza
de que teria passado por vários sinais vermelhos se não estivesse tão
sensato nos últimos meses.
Ele agarrou minha mão quando descemos do carro e marchou comigo
pelo lobby, parecendo um homem com uma missão. Assim que as portas do
elevador se fecharam eu me joguei contra ele o agarrando pelas lapelas do
terno e o empurrando contra a parede metálica.
— Vamos ver o quanto obediente você vai ser. — agarrei o queixo
dele e tomei sua boca em um beijo faminto, sugando sua língua como
queria fazer com seu pau.
As mãos dele foram avidas a minha bunda, apertando e me puxando
para junto do seu corpo, quase nos fundindo. O meu gemido baixo pareceu
atiçar ainda mais ele, mas quando ele ousou tentar erguer meu vestido eu
estapeei sua mão para longe.
— O que eu fiz? — ele questionou ofegante me vendo se afastar para
as portas.
A expressão de confusão estampada no rosto dele era impagável e eu
só queria ver como seria amanhã. Mas meu foco por hora era essa noite e eu
o queria rendido, se arrastando aos meus pés, completamente entregue!
— Não me ouvi te dando nenhuma ordem para subir meu vestido. —
um lado dos lábios dele se ergueu, em um sorriso safado que fez meu
núcleo pegar fogo. — Você vai fazer tudo o que eu mandar ou a brincadeira
vai acabar.
— Sim, senhora. — ele acenou com a cabeça contento o sorriso e me
lançando um olhar faminto.
Senti meus mamilos endurecerem com o desejo estampado no rosto
dele e por um instante quis entregar o controle e deixar que ele me fodesse
de todas as formas possíveis. Mas bastou o som das portas se abrindo para
que eu retomasse minha personagem.
— Acho bom, odiaria sair daqui e ter que encontrar outro. — sai do
elevador o olhando por cima do ombro. — Vamos!
— Sim, senhora. — James me seguiu como um cachorrinho
obediente até o quarto, ficando ao lado da cama quando eu parei meus
passos também.
Podia ver a expectativa brilhando nos olhos dele, enquanto me
observava atentamente e eu me enchi de mais coragem.
— Tire suas roupas e se deite no meio da cama. — ele não retrucou,
apenas levou as mãos ao terno se livrando com rapidez assim como com as
outras roupas.
Quando ele se deitou no meio do colchão eu me abri minha bolsa e
tirei a algemas, seus olhos saltaram e sua cabeça se ergueu com interesse,
mas bastou eu semicerrar os olhos para que ele voltasse a posição de antes.
Subi na cama tomando todo o cuidado para não tocá-lo e nem deixar
mostrar nenhum pedaço da minha lingerie. Prendi o pulso esquerdo com as
algemas e a passei na cabeceira antes de prender o outro lado das algemas
no pulso direito, o deixando preso ali.
Enquanto eu descia da cama ouvi o tilintar das algemas, ele
provavelmente se certificando serem duras de mais para se livrar com
facilidade. Mas bastou ver meus dedos abrindo o zíper nas costas para que
sua atenção se voltasse para mim.
O tecido verde do vestido escorreu por meu corpo dando a ele a
primeira visão da minha lingerie nova, não tinha sido fácil encontrar do
jeito que eu queria em tão pouco tempo, mas era perfeita.
— Caralho mulher, quer me matar do coração? — ele perguntou
erguendo um pouco o tronco, mas foi contido pelo metal.
O conjunto era todo na renda preta, o sutiã tinha algumas tiras na
parte de cima dos meus seios, emoldurando perfeitamente enquanto a renda
cobria parcialmente meus mamilos. A cinta liga se prendia a minha cintura
descendo até se prender as coxas e a calcinha minúscula completava a obra,
me deixando mais exposta que coberta.
Caminhei devagar em volta da cama antes de subir em uma das
pernas dele posicionando meus joelhos contra o colchão e deixando minha
boceta contra sua pele.
— O que achou? Ainda quer ser um cavalheiro comigo? — os olhos
dele correriam para todas as direções, queimando sobre meu corpo. — E
que tal assim? — perguntei levando minhas mãos a renda que cobria meus
seios, para puxá-la para baixo, deixando meus seios expostos, mas
emoldurados pelas tiras e o aro.
— Eu quero te devorar inteira! — ele rosnou enquanto eu começava a
me balançar contra a perna dele, estimulando meu clitóris e massageando
meus mamilos com os olhos focados nele. — Por favor Aurora, me deixa te
tocar, posso te fazer gozar como gosta!
James praticamente implorou, mas eu estava gostando daquilo de
mais para parar tão rápido, mas sabia de uma forma que iria conseguir
gozar e deixa-lo ainda mais louco.
— Que me devorar? — questionei levando minhas mãos as laterais da
calcinha e pulando os laços que a mantinham no lugar. Quando me ergui o
tecido caiu e eu voltei a engatinhar até estar parada na frente do rosto dele.
— Me prova então!
Joguei uma perna de cada lado da cabeça dele, a língua dele surgiu
em meu campo de visão, como se ele estivesse desesperado para provar que
queria me devorar, então desci um pouco o quadril sentindo ele lamber
minhas dobras com rapidez.
Ele parecia estar em todos os lugares, no meu clitóris e um segundo
depois em minha entrada se lambuzando e espalhando ainda mais minha
excitação. Não aguentei mais manter meus olhos presos ao dele e deixei que
o prazer me levasse.
Minha cabeça tombou para trás conforme meu orgasmo se construía,
meus dedos estimulando os mamilos duros e ele lambendo cada pedacinho
da minha boceta, estava me levando ao limite.
— Ohh isso! — agarrei a cabeceira da cama e comecei a rebolar em
cima dele, girando meu quadril e esfregando minha boceta em seu rosto. —
Me chupa James! Mostra que eu sou sua dona e me faz gozar!
Os lábios dele se fechar em volta do meu nervo e eu deixei que meu
quadril descesse, literalmente sentando na cara dele. James gemeu fazendo
a vibração se espalhar em meu clitóris.
Meu corpo todo se retesou e minhas pernas se apertaram em volta do
rosto dele, enquanto eu perdia o controle. Então eu explodi, gritando e
gemendo e ele não parava de me chupar.
Demorei alguns segundos para voltar a mim e me lembrar que ele
precisava voltar a respirar, e mesmo que eu quisesse fotografar o seu nariz
apertado contra meu clitóris e o resto de seu rosto em baixo de mim, me
afastei descendo, fazendo questão de esfregar meu corpo contra o dele.
James tinha o rosto vermelho, os lábios e o queixo brilhado com meu
gozo. Aquilo me deixou ainda mais excitada, mesmo que eu achasse
impossível.
— Eu quero tanto me enterrar em você agora! Porra sweet, me
desamarra daqui e me deixa te foder de todas as formas?
Era uma proposta tentadora, mas eu não ia ceder, especialmente agora
que tinha tido um gostinho de controlá-lo.
Me curvei sorrindo inocentemente e segurei seu pau bem perto dos
meus seios, sentindo-o duro como pedra eu esfreguei a cabeça já molhada
em meu mamilo, ouvindo James sibilar algo indecifrável, antes de dar uma
rápida lambida em sua glande e o posicionar em minha entrada.
— Te disse no carro que queria te usar. — esfreguei a cabeça dele em
minha entrada assistindo os lábios dele se abrirem enquanto ele lutava com
as algemas, então o encaixei e deixei que meu quadril pesasse descendo
sobre ele e o engolindo. — Ahhh James!
Subi e desci devagar com as mãos apoiadas no peitoral dele, sentindo
seu pau largo ser sugado para dentro, me preenchendo por completo. Meus
gemidos ficaram mais altos quando me apoiei no joelho começando a
cavalgar sobre ele, elevando o prazer de nós dois.
— Solta essas algemas, Aurora! Me deixa te tocar e te ajudar...
— Eu preciso de ajuda? — parei com ele completamente enterrado
dentro de mim e rebolei, fazendo um círculo completo só para assistir os
olhos dele se revirarem de prazer e ele gemer em resposta. — Tem certeza
que preciso de ajuda?
Contra paredes e ele se sacudiu nas correntes, desesperado para sair
de lá e conseguir colocar as mãos em mim.
— Porra, assim não. Vai me fazer gozar! — ele avisou sem saber que
era exatamente o que eu queria.
Apoiei as mãos no abdômen dele e firmei meus joelhos no colchão
começando a rebolar contraindo. Meu clitóris se esfregava em sua pélvis o
estimulando e me deixando ainda mais próxima de outro orgasmo assim
como ele.
Mas tudo explodiu quando me curvei ficando cara a cara com ele,
sem parar os movimentos, nós dois perdidos no prazer e no desejo, prontos
para se perder um com o outro.
— Você vai ser meu submisso bonzinho e vai gozar dentro de mim?
— James só conseguiu balançar com a cabeça concordando enquanto eu me
segurava ao máximo. — Ohhh... então goza comigo!

Meu corpo todo estremeceu em cima dele enquanto gritava de olhos


fechados e caída contra o peitoral dele e sentia os jatos de porra dentro de
mim.
Aquilo tinha sido mais perfeito do que planejei e mesmo sentindo
minhas pernas como gelatina nós não pararíamos por ali, o jantar com toda
certeza teria que ser adiado.
Capítulo 29
Eu acordei sentindo um vazio ao meu lado, não tinha um corpo
aconchegado ao meu ou um braço me agarrando. Passei a mão pela cama
procurando por Aurora, mas tudo o que encontrei foi os lençóis gelados.
Sentei na cama procurando ela com o olhar, o quarto estava com a
bagunça da noite passada, as algemas estava jogada no chão, minhas roupas
estavam espalhadas pelo quarto, os pratos na mesa no canto do quarto como
um lembrete de que acabamos comendo no quarto, deixando o jantar para
outro dia e adiando mais uma vez meu pedido.
— Aurora? — chamei não a encontrando com os olhos, ela só podia
estar no banheiro. — Aurora?
Olhei meu celular vendo que ainda era sete da manhã, ela não
costumava acordar a essa hora do dia, especialmente sem Clarinha para
despertá-la. Me levantei indo direto ao banheiro, mas foi só para minha
confusão aumentar.
O banheiro estava como minha cama, vazio e frio, sem nenhum sinal
dela em lugar nenhum. O medo preencheu meu peito quando o pensamento
de que alguém poderia ter entrado aqui e a levado sem que eu percebesse,
ou ela podia ter saído e um homem enviado por meu pai a tivesse pego.
Peguei o celular no mesmo instante tocando no contato dela, meu
coração já estava apertado e ouvir a voz da atendente eletrônica na linha
aumentou meu desespero.
— Onde você está Aurora? Onde se meteu? — falei sozinho enquanto
ligava para dona Maria e me debatia colocando a roupa amassada da noite
passada.
Mas mesmo chamando ela não atendeu, alguém tinha que saber onde
ela estava, Aurora não iria sumir assim do hotel e me deixar sem notícias.
Eu tinha que encontrar minha mulher!
Me virei para pegar o sapato e meus olhos deram de cara com a
mesinha de cabeceira. Meus ombros caíram e eu abri as mãos deixando que
o terno e a camisa voltassem para o chão antes de me sentar na cama de
qualquer jeito.
O envelope amarelado ria da minha cara, parado ali e recheado com o
mesmo maldito dinheiro de mais de um ano atrás. Ela tinha feito isso, tinha
se vingado de mim e eu sabia merecer por tudo o que a fiz passar.
— Inferno. — resmunguei me forçando a pegá-lo só para ler o bilhete
que ela havia deixado.
"Obrigado pelos últimos meses, mas não preciso mais de você. Faça
bom proveito de cada centavo."
Droga! Agora eu estava começando a entender o motivo por trás de
todo o show da noite passada. Aurora estava me usando não só ontem, mas
todas às vezes que estivemos juntos desde que voltei, ela insistiu que seria
apenas para saciar os desejos assim como eu fiz com ela anos atrás.
Era a minha vez de ser o apaixonado abandonado no quarto de um
hotel com um envelope e de coração partido.
— Isso não pode ficar assim, não vou admitir que... — interrompi
minha tagarelice quando me dei conta do que tinha acabado de assumir para
mim mesmo. — Porra eu estou apaixonado. Eu... estou completamente
apaixonado por essa mulher maluca!
Minha mente explodiu com as palavras de reconhecimento e eu não
perdi mais tempo ali. Descobrir finalmente o que eu sentia, e não porque
alguém me disse, mas sim porque meu corpo, mente e coração gritaram
isso, me deu um alívio e certo desespero.
Eu não podia perdê-la, precisava gritar para ela ouvir até que
entendesse a verdade do que eu sentia e a minha permanência na vida dela.
Enfiei o envelope no bolso peguei as roupas e os sapatos, saindo com
tudo nos braços, apressado de mais para me importar em ser visto por
outras pessoas. Só queria chegar logo em casa e poder dizer tudo a ela.
Dona Maria me olhou de forma engraçada, sendo acompanhada pela
filha, pelo visto elas não sabiam que Aurora tinha chegado ou não
perceberam que eu não estava com minha mulher.
— Bom dia senhoras! — exclamei já subindo os degraus de dois em
dois, apressado de mais. Quando entrei no quarto me deparei com ela
dormindo assim como Clarinha e eu deslizei meus dedos por seus cabelos,
até que ela se mexesse na cama. — Bom dia fujona.
— James? O que... — ela se sentou, rapidamente afastando minha
mão. — O que está fazendo aqui?
Levei minha mão ao bolso tirando o envelope e colocando na cama,
antes de me levantar e ir até o banheiro pegar a lata de lixo.
— Eu acordei essa manhã e descobri que estava sozinho, tenho que
admitir que foi horrível, a pior sensação enquanto eu não me dei conta do
que tinha realmente acontecido. — coloquei a lata no chão pegando o
envelope novamente. — E pior ainda quando tudo fez sentido.
— Acho que foi justo, não acha?
— Não, não acho nem de perto. Isso que você fez seria uma migalha
perto de tudo o que te fiz passar indo embora, o que teve de enfrentar
depois. — eu encarei os olhos atentos dela, ficando cheios de lágrimas e
como queria poder tocá-la nesse momento. — Me arrependo
profundamente por tudo de ruim que te causei Aurora, mesmo sabendo que
nada do que eu fizer vai ser suficiente para consertar meu erro.
Joguei o envelope no lixo junto com todo o dinheiro e aqueles
recados que só trouxeram dor.
— O que você está fazendo? — ela questionou assustada quando me
viu pegar o isqueiro no bolso.
— Estou colocando um fim nisso, nesse dinheiro maldito e torcendo
para que assim que o deixarmos para trás nós possamos começar uma nova
página. — levei a lixeira com fogo para a varanda pensando em Clarinha e
quando voltei Aurora estava de pé, com os braços cruzados a frente do
peito, totalmente na defensiva.
— Gostei do que fez, também acho que temos que deixar para trás
tudo isso, especialmente agora que tive minha vingança. — ela sorriu
desviando o olhar, fingindo estar envergonhada. — Temos que seguir em
frente pelo bem da nossa filha. Mas não posso continuar com isso, essa
coisa entre nós tem que acabar.
— Não precisa acabar...
— Sim, precisa! — ela afirmou me interrompendo quando tentei me
tocá-la. — Não posso continuar fazendo sexo casual com você porque...
— Porque o que, sweet? — me aproximei precisando colocar um fim
naquela distância entre nós. Ela deu alguns passos para trás, mas o berço em
seu caminho de fuga a impediu.
— Eu e apaixonei de novo. — a voz não era mais que um sussurro, eu
sorri vitorioso, sentindo meu coração disparar no peito e o homem das
cavernas dentro do meu peito gritar de alegria ao ouvir aquilo. — Ou nunca
deixei de te amar.
— Isso é bom, na verdade, isso é ótimo, já que eu pretendia te pedir
em casamento no jantar. — levei a mão no bolso de trás das calças e puxei a
caixinha branca da joalheria indo ao chão logo em seguida, ficando de
joelhos na frente dela.
Aurora arquejou levando as mãos a boca e nossa filha escolheu o
momento perfeito para acordar, abrindo a boquinha já falando sem parar
mesmo que não entendêssemos, só sossegou quando a mãe a pegou no colo.
— O que está fazendo James? Porque está fazendo isso?
— Eu descobri que te amo e isso é uma coisa que eu nunca imaginei
que aconteceria. Você me mostrou que eu tinha um coração, especialmente
nos momentos em que foi dura comigo me fazendo ver a realidade. — eu
sorri ainda mais e estendi minha mão em sua direção. — E eu quero isso
para sempre, eu quero vocês ao meu lado pelo resto da vida!
— James... — ela mordeu o lábio tentando conter o choro, mas a
expressão dela não escondia mais a emoção que estava sentindo.
— Minha camisa foi abotoada de qualquer jeito no elevador, meu
cinto está aberto e eu não tenho ideia onde minhas meias foram parar.
Queria que o pedido fosse perfeito, no restaurante onde eu tinha tudo
planejado, após te dar os papéis da sua empresa e falar sobre sua primeira
parceria eu pediria a sobremesa e eles iriam trazer o que você quisesse com
esse anel bem no meio. — finalmente abri a caixinha revelando o anel. —
Então eu ia me ajoelhar e perguntar: Aurora Vieira, aceita se casar comigo?
Ser a minha esposa e a mãe de todos os meus filhos? A minha dominadora e
tudo mais que você quiser?
— Pa pa pa pa! — Clarinha gritou batendo palmas, arrancando uma
risada de todos, inclusive das duas mulheres paradas na porta que nós nem
tínhamos visto.
Voltei a encarar a mulher na minha frente, ansioso com a resposta que
viria. Eu queria agarrá-la e beijar até que nossas bocas estivessem
dormentes, queria deslizar aquela aliança no dedo dela e gritar para todo
mundo que éramos uma família.
— Eu aceito! — depois do que pareceu uma eternidade ela
respondeu, arrancando gritos de comemoração de mim tanto quanto das
duas mulheres na porta. — Mas eu juro que se fizer alguma gracinha de
novo eu corto suas bolas!
Segurei a mão tremula dela e deslizei a aliança, em um encaixe
perfeito o anel repousou no dedo dela e eu plantei um beijo sobre ele,
jurando que nunca mais a magoaria.
Aurora era minha e dessa vez eu dizia isso não só com o sentimento
de posse, mas sim de reconhecimento que ela tinha entrado no meu
caminho e se tornado a peça mais importante da minha vida, ela e nossa
filha!
Capítulo 30
Para a tristeza de James os preparativos do casamento estavam
adiados, o motivo é que eu estava finalmente produzindo minha primeira
linha de roupas! E apesar do dinheiro dele ter grande parte nisso, as minhas
peças eram perfeitas e já estavam causando burburinho antes mesmo de
serem oficialmente lançadas.
Ter uma parceira que já conhecia e entendia tão bem do mercado
estava me ajudando e muito, todas as dicas dela vinham dando ainda mais
ibope a coleção.
E isso era outra coisa que eu tinha que agradecer a ele, James tinha
planejado tudo muito bem, resolvido a maior parte da burocracia, para me
deixar com o que eu amava: criar!
— Boa tarde mamãe! — a voz de James invadiu o ateliê me tirando
do meu mundinho.
Eu estava terminando os ajustes em uma peça antes de mandar para
aprovação quando ele apareceu com Clarinha no colo. Às vezes eu me
perguntava se eu ainda estava sonhando, fantasiando de estarmos juntos
criando a nossa filha, com tudo indo às mil maravilhas. Mas bastava me
aconchegar naquele peitoral e beijá-lo para eu lembrar que era tudo real.
— Boa tarde, vocês dois. O que estão fazendo aqui já?
— A mamãe esqueceu o seu tetezinho. — James sussurrou a ela, me
fazendo lembrar da hora.
— Mamãe, mamãe! — Clarinha gritou estendendo os bracinhos na
minha direção e eu a agarrei no mesmo instante.
Ouvi-la falando mamãe pela primeira vez tinha sido mágico, mesmo
que às vezes minha menina só me queria por causa do peito. Mas claro,
quem poderia julgá-la quando se tem um pai babão vinte e quatro horas a
disposição dela, uma avó e uma bisa dedicadas a ela?
— A mamãe não esqueceu não, só estava entretida. — sentei com ela
no meu colo já buscando o peito.
Maria Clara tinha completado oito meses na semana passada e
fizemos uma festa como todos os outros meses, só que dessa vez foi com
um tanto de extravagância.
A mãe de James veio pessoalmente de Chicago até aqui para contar
os babados da família rica, quando eu soube que o irmão de James
desmascarou o pai contando que ele tinha um caso com a ex de Travis e não
o suficiente tinha um filho adolescente, eu descobri que meu noivo talvez
seja o mais tranquilo dessa família maluca.
Fiquei com inveja de não termos sido convidados para o almoço de
escandaloso, especialmente após saber que a mãe deles acertou uma garrafa
na cabeça do velhote. Parecia até mesmo uma novela mexicana, que íamos
conhecer em breve.
O fato é que Jane não tinha vindo ao Brasil apenas para contar fofocas
e conhecer a neta, ela veio convidar James a voltar a cadeira da presidência
das indústrias Wayne. Como dona de tudo ela conseguiu se livrar do verme
e preservar o patrimônio, agora queria os filhos no comando e aí entrava a
segunda parte do pedido dela era que James fizesse as pazes com o irmão.
Eles nunca tinham brigado realmente, mas não tinham contado há
mais de quinze anos.
— Onde estão todos? — James perguntou enquanto cutucava minha
peça no manequim.
— Horário de almoço, eu que me perdi, disse que sairia em dez
minutos...
— E os dez minutos se transformaram em uma hora. Sei bem como é
amor, mas já que estou aqui vou buscar sua comida e te olhar comer. — ele
chegou mais perto e sacudiu as sobrancelhas em uma clara provocação.
— Se for um bom menino prometo algemar você. — o safado mordeu
o lábio e sorriu de forma descarada antes de plantar um beijo apressado em
minha testa. — Volto logo.
Assisti ele sumir pela porta e demorando alguns segundos para ouvir
o portão batendo. Então me levantei começando a ninar Clarinha, já estava
quase na hora da soneca dela e todos os dias que eu estava trabalhando no
ateliê ele a trazia até aqui só para mamar antes de dormir.
Em alguns momentos eu me sentia culpada de sair e deixá-la em casa
para trabalhar, mas ter esse espaço foi muito importante, especialmente com
os funcionários que tivemos que contratar.
O som do portão batendo novamente chamou minha atenção, não
fazia nem dez minutos que James tinha saído.
— O que você esqueceu dessa vez? — questionei quando ouvi os
passos dele atrás de mim, mas assim que me virei meu mundo desabou. —
O que quer aqui?
Ergui minha filha a tirando do peito e me agarrei a ela, as palavras de
ameaçava voltando a reverberar em minha mente, ele estava ali para levar
minha filha, só podia ser isso.
— Eu vim buscar o filho ingrato que me abandonou por você! — o
pai de James gritou avançando pela sala com uma arma em punho. —
Perseu me deve!
Por um instante fiquei confusa com a troca de nomes, mas
rapidamente lembrei ser uma tradição da família deles colocar nomes de
deuses nos filhos, mas eu nunca tinha usado o seu segundo nome, ele
sempre tinha sido James para mim.
— Seu filho acabou de sair, se for rápido ainda pode encontrá-lo. —
falei andando para trás até alcançar minha mesa.
— Acha que eu sou burro, garota? Estou vendo aqui a causa de todos
os males. — ele disse apontando para nós duas e eu suspirei quando meus
dedos atrás das costas tocaram a tela fria do celular. — Antigamente o
trabalho era a vida dele, Perseu morreria por aquela empresa, mas bastou
você aparecer para que tudo desandasse! Eu tirei tudo dele, a presidência, as
contas, cartões, tudo o que era privilegio do CEO da empresa foi tirado dele
quando chegou no Brasil e nem assim ele voltou.
Coloque Clarinha na mesa, fingindo precisar que ela ficasse ali
enquanto apertava a tecla rápida que ligaria direto para James.
— Seu filho é uma ótima pessoa agora, ele evoluiu apenas isso. —
falei o mais calma possível e assim que ele atendeu eu voltei a agarrar
minha filha, sabendo que ele ouviria e entenderia que algo estava errado.
— Você chama de evolução? Se ver preso a uma boceta capaz de
fazer de tudo por ela? — eu tentei dar mais um passo para trás para fugir
dele, mas Hefestos ergueu a arma. — Não faça isso bonitinha, eu tenho
duas e só preciso de uma de vocês para conseguir com que meu filho faça o
que eu quiser.
Ele agarrou meu braço me puxando para perto até que nossos rostos
quase se tocassem. O cheiro de álcool invadiu minhas narinas quase a ponto
de queimar e olhando os olhos dele de perto eu percebi que não era
alteração apenas do álcool, o infeliz tinha usado alguma droga, além claro
de ter um coração podre.
— O que vai fazer com nós duas? — perguntei tentando ver o celular
ou ter uma confirmação que James estava vindo.
— Nós vamos dar um passeio e se achar ruim eu te mato, envio você
como um aviso a ele do que farei com a bebê se ele não me obedecer. —
apertei Clarinha ainda mais contra mim, mesmo ouvindo os resmungos dela
eu não a larguei, não podia correr o risco de ele tomá-la dos meus braços,
poderia aguentar tudo menos isso. — Você é bonita mesmo, olhando assim
de perto eu consigo perceber o que meu filho viu em você!
Ele passou o cano gelado da arma em meu rosto, descendo por meu
pescoço, clavícula e indo em direção aos meus seios. O dedo o tempo todo
no gatilho só me deixava ainda mais nervosa, qualquer movimento que eu
fizesse ele poderia atirar e machucar não só a mim.
— Nós vamos com você, não precisa fazer nenhuma besteira.
— Cale a boca! — os dedos dele que apertavam meu braço, voaram
para os meus cabelos, puxando os fios fazendo minha cabeça tombar para
trás e fazendo meus olhos transbordarem com a dor. — Não ache que vai
mandar em mim como manda nele, nenhum de vocês tem escolha aqui.
— Pai! — a voz de James fez minha respiração se descompassar
enquanto eu virava uma confusão de emoções, alivio por vê-lo ali e medo
de que o pior pudesse acontecer com ele também.
— Até que enfim apareceu seu ingrato de merda! Como vai à vida no
Brasil? Gastando muito com sua puta e essa bastarda?
— Olha como fala da minha mulher, velho. O único que adora gastar
dinheiro com putas é você! — o tom de ódio na voz de James me
surpreendeu, pois, eu nunca o tinha visto tão transtornado assim, os olhos
saltados, os punhos fechados ao lado do corpo e a boa era apenas uma linha
dura. — E não satisfeito ainda pegou a ex do seu filho!
Ouvir aquilo desestabilizou Hefestos, que pela primeira vez afastou a
arma do meu corpo, os olhos totalmente focados no filho, mas a manteve
apontada para mim.
— Quem disse isso a você? A vadia da sua mãe já veio inventar
histórias para te ganhar ou foi o seu irmão corno? — o velho falou
parecendo incomodado por não ter mais a validação do filho, se ele já não
tinha a lealdade de James depois que ele descobriu as ameaças, agora ele
estava vendo que perdeu também o respeito.
Clarinha começou a chorar em meu colo e eu segurei sua cabeça
contra meu corpo, tentando acalmá-la, mas até eu estava com os nervos
desestabilizados naquele instante.
— Já sei de tudo, sei inclusive que a empresa nunca foi sua! Nem
mesmo o sobrenome Wayne te pertence e com o divórcio você não vai levar
nada depois da prova da sua traição! — James gritou tentando fazer o velho
olhá-lo e esquecer a nossa filha, mas ela só chorou ainda mais ao ouvir os
gritos do pai. — Um garoto de quatorze anos é bem difícil de esconder, não
acha?
— Cala a boca! Cala a boca! — o homem gritou surtando
completamente. — Cala a boca dessa pirralha ou eu vou calar para sempre!
Ele colocou o cano da arma na cabeça dela e eu a cobri com meu
corpo da melhor maneira possível, tentando tirá-la do alcance dele mesmo
que sua mão ainda estivesse enroscada em meu cabelo, me prendendo ali.
— Me diz pai, o bebê que você pagou ela para tirar era do Travis ou
seu? Ou foi após dar dinheiro a ela que você se interessou?
— Desgraçado! Seu bostinha, veja como fala comigo! — ele apontou
a arma na direção de James, fazendo exatamente o que ele queria.
Um tiro ecoou na sala e meu grito ficou preso na garganta, apenas me
encolhi apertando Clarinha contra mim enquanto o segundo e o terceiro
eram disparados.
— Te mandei ficar longe delas! — James exclamou me fazendo abrir
os olhos para ver o pai dele com às três balas cravadas no peito.
A mão que segurava meu cabelo se afrouxou antes que ele desabasse
no chão morto, eu me afastei dele com rapidez indo para o sofá mais
próximo, não confiando nenhum pouco nas minhas pernas.
Clarinha ainda chorava em meus braços, desesperada com todo o
barulho e eu totalmente desnorteada. A mão de James envolveu meu rosto
procurando por algum machucado e logo todos os funcionários estavam nos
cercando ligando para emergência e polícia.
Eu me sentia fora de órbita, meu corpo parecia ter entendido que o
perigo tinha sido neutralizado e desligou totalmente, eu não parecia estar
em meu corpo. Apenas quando chegamos ao hospital foi que eu voltei a
mim, conseguindo focar e racionalizar tudo o que tinha acontecido.
— Você matou seu pai. — murmurei deitada na cama do hospital ao
lado de James, com a cabeça contra seu peito assistindo Clarinha dormir
tranquilamente nos braços do pai.
— Avisei a ele para ficar longe de vocês, o bastardo só estava aqui
atrás de dinheiro, iria usar minhas garotas, machucá-las para conseguir me
arrancar dinheiro que era a única coisa que o importava na vida. — ele
afastou alguns fios do meu cabelo os prendendo atrás da orelha e
aproveitando para massagear minha raiz machucada. — Eu daria tudo, cada
centavo só para vê-las sãs e salvas. Mas não ia arriscar que ele as
machucasse.
— E o que fazemos agora? — os lábios dele grudaram em minha
testa, me passando todo o aconchego que eu precisava naquele momento.
— Nós construímos nosso futuro!
Epílogo
Eu nem acreditava que tinha finalmente chegado o dia, as cortinas se
abriram e eu caminhei pelo caminho de pétalas vermelhas no chão,
encarando James segurando nossa filha no fim do caminho.
Micha estava ali ao lado dele, mesmo que os dois estivessem
brigando ultimamente. Do meu lado estava dona Maria, a maior agitadora
para que esse dia acontecesse.
— Você está linda! — ele exclamou beijando testa quando o alcancei
— Você também não está de se jogar fora. — murmurei brincando,
não conseguindo conseguir conter o sorriso.
De mãos dadas com nossa filha nós assistimos o juiz de paz celebrar a
cerimônia.
Tínhamos escolhido algo pequeno e simples, apenas amigos próximos
e família, e como a família de James não pode vir para o casamento a
cerimônia foi ainda menor e mais rápida.
— Pronta esposa? — James sussurrou com a boca colada em meu
pescoço, me arrepiando por inteiro.
— Prontíssima! — afirmei segurando na mão dele e apertando a
bochecha de Clarinha, antes das cortinas se abrirem.
Nós entramos no salão de festas como uma família perfeita. Maria
Clara no colo do pai, batendo palmas junto com os convidados da festa e
James segurando firme em minha mão enquanto caminhávamos.
Quem nos via sorrindo daquele jeito nem imaginava o que tínhamos
passado semanas atrás. Mas aquele susto me fez lembrar que o que
tínhamos hoje era mais importante do que o amanhã.
Tirar alguns dias para o meu casamento não iria impedir o
lançamento, por isso eu parei e fui desenhar os vestidos, desde o meu
vestido de noiva, até o das madrinhas e claro da nossa filha.
Eu não conseguia acreditar que em tão pouco tempo James tinha
conseguido mudar de verdade, se reconciliar com a família e que em breve
viajaríamos para Chicago.
Ele tinha concordado com a mãe em retomar o cargo de CEO da
empresa, já que Travis continuava a se negar qualquer envolvimento. Mas
esse não era o único motivo da nossa mudança, James queria acompanhar
de perto o irmão adolescente que eles não conheciam.
Com a morte do pai Zeus ficou ainda mais perdido e eu sabia que no
fundo James se culpava por isso.
— Acho bom você cuidar bem da minha filha! — minha mãe
apareceu sendo a primeira a nos cumprimentar. — Eu ainda posso te caçar
garoto.
Vovó a empurrou tomando a frente na mesa dos noivos, com um
sorriso largo e todo o entusiasmo que sua saúde lhe permitia.
— Eu sabia que isso ia acontecer, sonhei com esse dia antes mesmo
que vocês se separassem! — ela exclamou me lembrando das palavras de
que eu iria ter a chance de jogar o dinheiro nele. — Muita luz e saúde. Só
não vou desejar fertilidade porque tenho certeza que a cegonha já passou
por aqui de novo.
Olhei para minha barriga assustada com a ideia de ter gêmeos ou
trigêmeos, já que tinha descoberto ser algo comum na família de James.
— Vovó, volta aqui! — gritei enquanto meu mais novo marido
comemorava com clarinha. — Está maluco se acha que vou ter outro filho
agora.
— Acho que a culpa é toda sua, senhora. Quem mandou ficar me
seduzindo em qualquer lugar, especialmente onde não devemos. — ele
sussurrou ao pé do ouvido, me arrepiando por completo.
— Felicidade aos noivos! — a voz me Michael me fez empurrá-lo no
mesmo instante. — Na verdade, felicidade a você Aurora, seu marido não
merece não.
— Afinal o que diabos aconteceu com vocês dois? Porque toda essa
briga?
Michael olhou para o amigo ao meu lado e pela troca de olhares vi
que James estava me escondendo algo.
— Não posso contar ou ele vai estar encrencado.
— James já está encrencado por estar me escondendo coisas, andem
logo! — mas quando descobri o que estava acontecendo entre os dois eu
quis socar meu marido. — Acho bom você passar a lua de mel dando um
jeito de fazer Laura perdoá-lo.
— Aurora eu não tenho culpa se ele não contou a ela e eu acabei
soltando quando pedia perdão. — James tentou me fazer acreditar, mas eu
conhecia bem aquela expressão dele.
— Banque o cupido ou se contente com sua mão!
Eu não conhecia a tal de Laura, mas sabia que Michael tinha um
coração enorme e imaginá-lo longe da mulher que ama por uma mentira
que os dois mantiveram por mais de um ano não era o certo.
— Tudo bem, ao menos venha dançar comigo. — James entregou
Clarinha no colo da avó e estendeu a mão para mim. — Acho que isso eu
tenho direito, não?
Deslizei meus dedos na mão dele deixando que ele me conduzisse até
a pista de dança.
Olhando para ele ali rodopiando comigo enquanto celebrávamos
nossa união me fazia pensar no dia que nos conhecemos. Duas pessoas
opostas e um esbarrão ao acaso. Quem imaginaria que nos levaria até ali?
— Eu te amo, Aurora Vieira Wayne. — ele sussurrou escovando os
lábios em minha orelha e me lembrando de que aquele era apenas um
começo e não o fim.
— Eu te amo, James Perseu Wayne!
Fim !
Quero agradecer primeiramente a Deus, porque sem ele eu nem teria
chegado até aqui. E em segundo lugar a Lisa, que está comigo surtando, não
me deixando desistir desse livro. A Mag que me ajudou muito, me
incentivando sempre.
E claro a todos os meus leitores que mesmo adiando o livro não
desistiram dele e vieram aqui conhecer a história do James e da Aurora.
Muito obrigada a você que leu até aqui! Não esquece de deixar sua
avaliação e se quiser me chamar no instagram, vou adorar saber o que você
achou da história!
Ele estava conformado com a própria vida.
Ela ainda se permitia sonhar com o futuro.
Mas uma noite é o bastante para unir os dois mundos.

Travis Apolo Wayne, foi traído pelo pai e a enganado pela garota que ele
amava, a ganancia arrancou de sua vida o filho que estava a caminho, o
fazendo se afastar da família e se afundar no trabalho. Não estava em busca
de relacionamentos nem envolvimentos.
Até ser surpreendido por uma mulher na festa da empresa e não resistir em
provar que ele fazia o tipo dela, tanto quanto ela fazia o seu.

Debra Cole, cresceu ouvindo que a tristeza não fazia parte de seu
vocabulário, não existia problema que não pudesse ser resolvido com uma
boa conversa.
Ao menos era o que ela pensava até descobrir que estava grávida do homem
mais arrogante, babaca e que ela mais detestava na empresa.

Uma noite foi o bastante para tirar a vida deles dos trilhos. Deb só quer
viver em paz e não se apaixonar, enquanto Travis está decidido a aproveitar
essa segunda chance de se tornar pai, ele só precisa garantir que seu pai não
se aproximaria dela ou de seu bebê dessa vez.

Uma viúva amargurada e que não se dobra facilmente.


Um italiano que não tem medo de se apaixonar.
Ela não o suporta, mas vai ter que fingir ser uma noiva apaixonada.

Depois de um longo período de luto, Isabella Evans, está finalmente


se reerguendo. Aos vinte e cinco anos ela já é uma viúva que evita qualquer
tipo de dor de cabeça. Mas quando seu amigo lhe pede ajuda, para guiar o
filho, Isabella não tem outra saída a não ser aceitar ajudar o novo CEO.
Lorenzo Bianchi passou anos trabalhando para as concorrentes do pai,
esperando pelo dia que assumiria a cadeira de CEO. Agora com seus trinta
e cinco anos finalmente tem a chance, mas circunstâncias não são
favoráveis, seu pai está doente e todo o conselho da empresa o odeia, assim
como sua secretária sexy.

Até que após uma confusão Lorenzo se vê obrigado a mentir,


declarando a todos que Isabella é sua noiva. Agora os dois tem um mês para
se casar e fingir ser o casal mais apaixonado. O que poderia dar errado?

Jenny só queria fazer uma surpresa para o namorado na noite de natal


e quem sabe assim acender alguma chama naquele namoro. Mas a
surpreendida foi ela, quando descobriu que ele tinha uma noiva.
Como se não fosse o suficiente seu carro resolve quebrar bem ali,
agora ela estava presa em uma cidadezinha, sozinha, na noite de natal.

Xerife Brian só queria cumprir seu turno e voltar para casa e se afogar
em lembranças felizes da sua família. Não estava em seus planos encontrar
uma mulher maluca, bêbada e em um carro no meio da rua.
Agora ele teria que passar a noite na delegacia com a garota, que
parecia determinada a tirá-lo do sério e lhe arrancar quantos sorrisos
pudesse.
Duas pessoas que não procuravam o amor, mas o encontraram na
noite mais mágica do ano.

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