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Lima, Náthali, 2020-
Escolhida Por Ele – Livro 1 / Náthali Lima / RJ ; Arte da capa
por Náthali Lima. – 1.ed. – Rio de janeiro.
1. História de Romance. 2. Literatura New Adult. 3. Erótico. I.
Lima, Náthali. II. Título
****
♥
Edward saiu do estranho e interessante Quarto da Luxúria –
como eu tinha resolvido chamar.
O cômodo é parecido com o que minha mãe e Joe usam em
seus dias de relação dominador e submissa, a diferença é que esse
parece ter muito mais apetrechos dolorosos.
Enquanto espero Edward voltar observo mais uma vez o lugar.
As varas são os objetos que mais me chamaram a atenção.
Elas são compridas e vão afinando conforme se aproxima da ponta.
O sofá de couro marrom chocolate no meio do quarto é intrigante e
eu, até o presente momento, não vejo utilidade para ele.
Colocar meus pés aqui foi uma experiência intrigante e
completamente fora do que eu realmente faria se tivesse uma
escolha verdadeira e possível na minha vida.
Mas, de certa maneira, foi interessantemente aterrorizante.
Imaginar quase tudo o que pode ser feito comigo aqui… evocou
lembranças ruins, entretanto, o olhar que eu notei nele a cada
olhada furtiva que eu lançava, fez com que eu quisesse me deitar na
cama grande e de lençóis topázio.
Isso me assustou.
Mas a pior parte foi pensar que eu não era a primeira mulher
que entrava ali e que era olhada desse jeito por ele. Eu senti ciúmes
dele apenas por imaginá-lo tocando outras mulheres e odiei isso.
Odiei a sensação fria que isso trouxe para o meu coração.
Ele disse que eu não tinha um prazo. Isso significava que havia
alguma coisa de diferente em mim?
Ou eu tinha custado tão caro que não valeria a devolução?
A porta se abre, tirando-me das minhas paranoias e
preocupações e pela visão periférica vejo os pés descalços de
Edward.
Ele se aproxima de mim em silêncio e então um sonoro flap me
faz pular de susto.
Ele se agacha até ficar quase da altura que me encontro,
apoiando-se em um joelho ele se inclina para frente e prende meu
queixo entre seus dedos compridos e ágeis – muito ágeis – para
logo depois erguer meu rosto de maneira que passo a fitar seu rosto
ao invés do chão de madeira.
Em sua mão esquerda há um objeto comprido e fino de couro.
Ele percebe que estou observando o objeto e um sorriso ferino
surge em seus lábios.
— Quer saber o que é isso, América? – sua língua desenha
meu nome enquanto ele o pronuncia.
Aceno de maneira positiva com a cabeça.
A ponta do objeto comprido de couro acerta minha coxa direita
fazendo-me pular no mesmo lugar pelo susto e deixando o local
ardido e provavelmente com uma marca vermelha com o formato da
ponta do objeto.
— Responda. – ordena com um olhar reprovador e ainda mais
ferino.
— Sim.
Mais um golpe em minha coxa direita, ao lado do local anterior.
— Não me provoque, América. Agora, responda da maneira
certa.
— Eu quero saber o que é isso, senhor – respondo, tentando
controlar toda a minha raiva e frustração com o momento.
Preparo-me para mais um golpe, mas ele não chega, em vez
disso, ele me beija levemente nos lábios ainda segurando meu
queixo.
— Isso, América, é um chicote de montaria de couro leve. E é
única e exclusivamente seu, ou melhor dizendo, para eu usar única
e exclusivamente com você, assim como todas essas coisas que
estão aqui. E é claro, eu. Que vou me usar em você – ele sorri
malicioso e me estende a mão, a qual eu não hesito em pegar.
Ele se levanta e me ajuda a levantar também.
Virando-me de costas ele prende meu cabelo em um rabo de
cavalo baixo e me guia até uma das paredes do muito devasso
Quarto da Luxúria, onde existem dois pares de algemas: um para as
mãos e outro para os pés.
Edward prende minhas mãos acima de minha cabeça, mas
deixa meus pés soltos.
Minhas mãos estão bem presas e mal consigo mexê-las. Isso
me deixa nervosa.
Logo depois ele prende meus pés.
— Palavras de segurança – ele crava suas írises cinza em mim
— Laranja e preto. Guarde-as bem. Se algo não te agradar e achar
que é demais diga laranja. Se não suportar algo e não aguentar
mais diga preto.
E então ele dá um passo para trás, torcendo o chicote nas
mãos.
Ele estende o chicote na minha direção fazendo a ponta de
couro deslizar pelos meus ombros subindo por meu braço direito até
meu cotovelo para depois descer e repetir o ato em meu braço
esquerdo. Ele desce a ponta do chicote, fazendo-a contornar meus
seios e mamilos, desce por minha barriga, passando por meu
umbigo e indo em direção ao meu sexo. Ele esfrega o chicote ali
uma, duas, três vezes e logo depois desfere um golpe seco e fraco,
fazendo meu corpo inteiro tremer, aceder e contorcer-se.
Minha cabeça não é aparada por nada quando a jogo para trás
e meu corpo inteiro se arrepia.
A ponta do chicote desliza para minha coxa esquerda e para
bem em cima de minha nádega, para logo depois desferir um golpe
mais forte. A ponta do chicote desliza para meu sexo mais uma vez
e o golpeia.
Sinto tudo em meu interior acender de acordo com os golpes.
Um estalo e logo depois as sensações.
Edward se aproxima minimamente de mim e o golpe chega a
minha cintura.
Ele me acerta mais uma vez e acaricia a região com o chicote,
para logo depois bater mais uma vez. Ele repete esse ato por mais
duas vezes e depois passa para o outro lado.
Minha pele arde e tudo dentro de mim parece ser feito de
convulsões e choques, sensações estranhas e fortes e então tudo
some e apenas a dor ardida continua ali.
Meu maxilar trava e aperto os olhos por longos instantes.
Sinto movimentos lentos e fracos dentro de mim, um vai e vem
gostoso que faz minha pele formigar e meu íntimo se contorcer
pedindo por mais; meu gemido é inevitável.
A dor é quase inexistente e as sensações que agora estão se
tornando familiares começam a se alastrar por todo o meu corpo,
cada vez mais rápidas. E então, de repente, ele para com tudo.
Escuto o baque surdo de algo caindo ao chão e isso me faz
olhar para Edward diretamente nos olhos. Aquela imensidão cinza
repleta de desejo ferino incontrolável se agarra ao tom azul dos
meus olhos de uma maneira indescritível e é absurdamente
impossível de me desconectar.
Edward fica tão próximo de mim que sinto o calor de seu corpo.
Sua respiração, até então controlada, bate quente e ao mesmo
tempo fresca em meu rosto, os lábios erguidos em um sorriso
maroto parecem chamar pelos meus.
Ele se abaixa, na altura de meus joelhos, desfazendo o contato
de nossos olhos, para soltar meus pés e ao fazer isso as mãos dele
não abandonam minha pele em momento algum. Ele se levanta
acarinhando e apalpando-me e, quando seus dedos encontram o
tecido de minha calcinha, ele praticamente a destrói ao retirá-la de
mim, o que machuca um pouco a minha pele.
As mãos dele massageiam minha carne apalpando-me sem
piedade alguma.
Ele abocanha um de meus seios enquanto suas mãos
habilidosas – uma no outro seio e a outra em meu sexo – continuam
me estimulando sem cessar.
Meu corpo entra em combustão.
Um frenesi descontrolado que arranca de mim gemidos
arrastados e estrangulados. Estou prestes a explodir, mas ele não
me permite isso.
Em vez disso ele para e se afasta para então me soltar.
Edward deitou-me na enorme cama de lençóis vermelhos,
prendeu minhas mãos nas algemas centrais da cabeceira e depois
se ajeitou entre minhas pernas, abrindo o botão de sua calça e se
livrando dela. Ele entra lentamente em mim e apoia os cotovelos um
de cada lado de minha cabeça.
Contorço-me sob ele a fim de recebê-lo melhor.
Meu corpo inteiro anseia e necessita dos movimentos dele, mas
Edward parece não estar se incomodando muito com isso.
Um gemido ecoa do fundo de minha garganta.
— Peça. – ele manda com a voz rouca repleta de desejo.
— Por favor… Ah! Por favor, senhor Cage!
— Fale o meu nome. – manda.
— Edward! Edward, por favor!
Ele sorri e junta seus lábios aos meus brevemente para logo
depois começar a se mexer.
E ele faz isso com vontade, isso me destrói e me reconstrói, me
leva ao topo para depois me empurrar de lá e enquanto ele se move
dentro de mim as sensações vão se amontoando chegando cada
vez mais e mais perto da borda e então eu despenco.
10- Presentes.
Abro meus olhos para a pouca claridade do quarto e de primeira
não reconheço onde estou, mas sei que estou sozinha.
Esfrego os olhos e me sento na cama para poder tentar me
situar.
Estou em meu quarto e – confirmando – sozinha. O único tecido
que toca meu corpo é o dos lençóis. O vestido que eu usava antes
de tudo está dobrado sobre o divã aos pés da cama e meus saltos
também estão ali.
Enrolo-me no lençol que me cobre e caminho trôpega até o
banheiro.
Jogo um pouco de água em meu rosto lavando-o e tirando
alguns resquícios de sono que podem existir ainda. As marcas de
minha primeira cena no Quarto da Luxúria são rosadas e ardem;
meus lábios estão inchados e vermelhos.
Ao voltar para o quarto, acendo a luz – não estou com vontade
de tropeçar em meus próprios pés – vou para o closet onde as
roupas que foram compradas para mim, para agradá-lo, estão.
Sinto falta de meus jeans e minhas blusas largas. Sinto falta da
minha época de faculdade…
Sinto falta de mim.
Os momentos vividos por mim durante a cena no quarto e os
pensamentos e sensações que tive lá causaram isso em mim mais
forte do que jamais tinha sentido desde que vim morar aqui.
Tenho tanta vontade de colocar meus tênis, minha calça jeans,
uma blusa solta…
Não que eu queira provocá-lo ou qualquer coisa do tipo, apenas
quero me sentir eu mesma.
Ver todos aqueles vestidos de marca, sapatos de salto ali faz
com que eu me sinta perdida e desconexa de tudo e de todo o
mundo. Estou aqui há quase um mês e tudo o que eu tinha dito a
mim mesma que atrasaria ao máximo a fazer com ele, eu já fiz e
não sei direito ainda como estou me sentindo sobre isso.
Entro ainda mais no closet e em uma parte, quase escondida,
encontro algo que me faz sorrir de orelha a orelha. Seria mesmo
possível?
[…]
De banho tomado e trajada com um vestido branco, simples e
soltinho, eu desço descalça para a sala.
O ambiente está claro e silencioso e eu não faço ideia de que
horas são.
Vou até a cozinha e tomo um copo de água, isso me deixa mais
calma.
Todo esse silêncio me incomoda, o silêncio sempre me
incomodou… eu gostaria de ter meu antigo telefone aqui comigo
hoje, ouvir minhas músicas me faria bem agora – mesmo com a
peça única que Edward tinha me dado, eu ainda não tinha me
familiarizado o suficiente com o aparelho.
E, para falar a verdade, ouvir qualquer coisa me faria bem
agora.
Esse silêncio todo me faz pensar que estou sozinha e trancada
em um lugar que parece se fechar a minha volta e isso me assusta.
Balanço a cabeça para afastar meus pensamentos
claustrofóbicos e bebo mais um pouco de água.
Decido por andar pelo apartamento de Edward.
Pensar nele me faz lembrar o Quarto da Luxúria e que depois
de tudo aquilo eu acordei mais uma vez sozinha no meu quarto e
sem roupas.
Encontro um relógio digital em um tipo moderno de aparelho de
som, que eu realmente nunca vi. São quatro e meia da tarde e isso
me surpreende.
Continuo andando e, eventualmente, acabo me deparando mais
uma vez com o piano negro de cauda, dessa vez ele está com a
tampa aberta. Eu lembro que no dia que fiz minha exploração pelo
apartamento, esse tinha sido o lugar mais interessante que eu tinha
encontrado – isso até eu chegar à belíssima biblioteca de Edward.
Sinto extrema vontade de me sentar no banquinho que há de
frente para o majestoso instrumento e tocar algumas notas, afastar
o silêncio de mim e dar um pouco de alegria ao ambiente; é quase
uma necessidade.
Posso imaginar como é o som do piano se alastrando por todo o
apartamento, expulsando o silêncio, fazendo imponente a sua
presença e isso me faz sorrir ampla e estupidamente.
— Um beijo por seus pensamentos – a voz de Edward soa
suave atrás de mim, fazendo-me pular de susto e me virar para ele
com meus olhos arregalados. — Desculpe – ele diz com um sorriso;
a voz mais parece ser soprada para fora dele.
— Tudo bem.
Sorrio.
Ele se aproxima de mim e enlaça minha cintura. Tenho vontade
de afastá-lo, mas não faço.
— O que foi? – ele pergunta ao perceber meu desconforto.
— Nada… nada demais, senhor Cage – ele franze o cenho
realmente confuso e curioso.
— Pensei que tivéssemos combinado que podia me tratar pelo
meu nome, meu primeiro nome – ele sopra para mim.
Agora é minha vez de ficar confusa com seu jeito.
— Combinamos?
Minha confusão parece diverti-lo, porque ele ri abertamente
para mim sem malícias ou qualquer outra coisa do tipo, apenas um
riso sincero e – aparentemente – feliz; acho que essa é a primeira
vez que isso acontece e isso me deixa realmente contente.
— É… quase isso – reponde ainda rindo.
— Tem uma risada bonita… – murmuro.
Ele sorri e logo depois beija meus lábios brevemente.
Minha vontade de afastá-lo estava subitamente diminuindo.
— Você ainda não me disse o que aconteceu.
— Nada. Falo sério… só estava pensando.
Ele arqueia sugestivamente uma sobrancelha e me encara
ansioso como se dissesse: “Em quê?”.
— Estava pensando em música… música ao piano – respondo-
o enquanto viro-me para o piano na saleta.
— Por isso estava sorrindo?
— Sim. Ahn… quer dizer… Sim, senhor.
Ele bufa uma leve rizada.
Edward está relativamente sorridente hoje, não quero estragar o
humor dele, então nem questiono o motivo de ter acordado sozinha
hoje. Eu sempre acordei sozinha, mas nunca depois de…
— Quer comer algo?
— Estou bem.
— Você não almoçou.
— Estou bem, Edward – testo o nome dele em minha boca; é
bom de falar e sem querer me faz lembrar, mais uma vez, do que
aconteceu no Quarto da Luxúria.
Ele dá de ombros relutante, com um suspiro resignado e
censurador, e se afasta, mas não me deixa solta.
Entrelaçando seus dedos aos meus ele me puxa até o sofá e
depois de se sentar me coloca em seu colo, com uma perna minha
de cada lado de suas coxas. Ele acaricia minhas costas por cima do
tecido de meu vestido.
— Gosto dessa posição com você. Posso ver seus olhos – ele
sopra para mim; um sorriso involuntário parte minha face em dois,
isso parece agradá-lo.
Inclino-me e o beijo.
Quero tocar seus cabelos, testar a maciez de seus fios, mas
tenho medo de fazer isso e tocar nas áreas proibidas novamente.
Quando me afasto para respirar, mordo meu lábio inferior, que
tem o sabor de Edward no momento. Estamos tão perto um do outro
que é como se o ar que respiro fosse feito de seu perfume e o calor
de meu corpo viesse dele.
Com meus olhos fechados deposito pequenos beijos de sua
boca até sua mandíbula e o lóbulo de sua orelha. O cheiro dele é
tão bom que apenas sinto vontade de ficar ali o aspirando, enterrar
meu rosto no vão de seu pescoço e ficar ali, mas não faço isso. Na
verdade, paro com tudo o que eu estava fazendo e afasto-me para
fitá-lo arrependida.
— Desculpe.
Ele me fita confuso por alguns mínimos instantes e, logo depois,
afaga minha bochecha.
Seu olhar sustenta o meu e o cinza parece sorrir.
— Eu gostei – ele sussurra para mim — Continue – ordena de
maneira suave.
Decido agir de uma maneira um pouco mais atrevida.
Pego sua mão que afaga minha bochecha e a coloco sobre
minha coxa direita, fazendo com que ele a infiltre pela saia de meu
vestido. Sei que ele gosta deste toque, pude perceber em todas as
vezes que fizemos isso.
Ele gosta de sentir a minha pele, de testá-la.
Faço o mesmo com sua mão que está em minhas costas e em
nenhum instante ele tira os olhos de mim.
Fixo minhas mãos nas costas do sofá, chego para frente em seu
colo e recomeço a beijá-lo.
Suas mãos criam vida em minhas coxas apertando com gosto
cada pedaço possível da carne, subindo para o topo de minhas
coxas. Ele infiltra um de seus dedos por minha calcinha e me
penetra com o mesmo, iniciando movimentos lentos e ritmados, isso
me faz gemer de uma maneira arrastada.
Sinto sua boca tocar a pele do meu pescoço, arrastando seus
dentes e dando leves mordidas desde o lóbulo de minha orelha até
meu ombro, esses atos em conjunto com as investidas incessantes
de seus dedos dentro de mim me levam à uma loucura muito recém-
descoberta por mim.
É inebriante.
Sua mão abandona minha coxa e, por cima do vestido, começa
a massagear meu seio.
É quase impossível continuar com o que ele me pediu!
Meus quadris criam vida própria e se movem na direção de sua
mão em busca de mais movimento.
— Oh, Deus! – ofego desesperada.
— Goza… goza pra mim, Amy – ele sopra em meu ouvido.
Seus dedos se movem com ainda mais vontade e sua mão em
meu seio o apalpa com ainda mais vontade.
É fascinante a forma como ele consegue me deixar deste jeito:
Completamente fora de mim…
— Edward – gemo de maneira arrastada ao me libertar sobre
ele.
Ele cola seus lábios aos meus, beijando-me, mas as investidas
de seus dedos ainda mão cessaram.
— Gostosa para cacete – ele murmura em meu ouvido ao parar
de me beijar.
Os movimentos dentro de mim me acendem novamente, mas
quando meu primeiro gemido sai, ele para.
Isso me frustra de uma maneira terrivelmente insana.
Estou ofegante, suada e sentada sobre ele, que me fita
imutável.
Os olhos cinza de tempestade cravam-se nos meus no instante
que consigo fôlego o suficiente para fitá-lo.
Seus dedos saem de mim e estremeço por isso.
— Quero espalmar minhas mãos bem aqui e quero ter você de
novo – ele sopra para mim com os olhos ainda cravados nos meus e
apertando minha bunda com vontade.
Nadando no mar cinzento de suas írises vejo a vontade dele, a
necessidade disso e a voz de minha mãe – em uma de minhas
inúmeras aulas de preparo para ele – soa em minha mente: “Faça o
que ele quiser e mandar, sem hesitar”.
— Faça isso – peço em um fio de voz.
O brilho que vejo surgir em seus olhos faz algo dentro de mim
se agitar e por dentro eu tento ignorar a parte que ele certamente
me dará algumas palmadas.
[…]
Edward me deita de barriga para baixo sobre o colchão da sua
cama.
Estou nua, estirada sobre a cama com Edward pairando sobre
mim alisando minha nádega com uma mão e com a outra as minhas
costas.
Ele faz movimentos circulares e ritmados em minha nádega,
descendo para um pedaço de minha coxa e então o primeiro golpe
me acerta. Escondo meu rosto entre meus braços em busca de
esconder minhas reações dele, não quero que ele as veja.
O afago recomeça e logo depois mais um golpe. E ele segue
com isso, o mesmo ritmo, afago e palmada, afago e palmada,
apenas acertando em locais diferentes. Isso se prossegue até o
momento em que me torno indiferente à dor, apenas me mantenho
ali. O afago de Edward em minhas costas não diminuiu um instante
sequer e isso me acalma.
Sinto um beijo ser depositado entre minhas omoplatas, fazendo
minha pele se arrepiar.
Ergo meu rosto e passo a fitar as janelas. No fim das contas,
não tinha sido a pior coisa que já me aconteceu e pensar nisso me
faz estremecer levemente por dentro.
Edward me coloca deitada apenas sobre a cama e vem para
perto de mim. Estou deitada de lado – de frente para ele – com
minha cabeça apoiada em meu braço.
Ele afaga minha bochecha e passa os polegares pouco abaixo
dos meus olhos, afagando as maçãs do meu rosto.
— Como se sente? – ele pergunta, aparentando verdadeira
preocupação.
— Com a bunda dolorida – consigo dar uma risadinha para
acalmá-lo.
— Falo sério, América.
Aproximo-me mais dele e jogo minha perna esquerda por sobre
o seu quadril.
Com um pouco de audácia, afago seu rosto – da mesma
maneira que ele afagou o meu – e o beijo.
— Eu estou bem – sopro para ele logo depois de me afastar.
Sua mão afaga ritmicamente minha coxa que está em contato
direto com seu quadril e logo depois ele a tira dali.
Ficando de pé ele se livra de suas roupas e sapatos e volta a se
deitar comigo mais uma vez, só que agora se aconchegando entre
minhas pernas e entrando em mim ao mesmo tempo em que sua
boca cobre a minha.
[…]
Edward e eu estamos deitados um de frente para o outro,
ambos sem roupas e suados.
Ele sustenta meu olhar e estamos assim há um bom tempo.
O silêncio com ele – às vezes – não me incomoda, é apenas
desconfortável e por isso eu decido arriscar uma pergunta:
— Por que não gosta de ser tocado?
— Esse não é um assunto que eu queira discutir agora e nem
tão cedo. Só entenda que não gosto. – diz sério.
— Está bem.
Mordo meu lábio inferior enquanto penso.
E ao olhar para ele noto que ele olha fixamente para minha
boca.
— O que sente quando eu faço isso? – questiono mordendo
meu lábio inferior mais uma vez.
Ele franze a boca, pensativo.
— Não sei explicar, mas mexe comigo… intensamente – ele me
lança uma piscadela safada.
Sorrio para ele.
— Quais eram suas expectativas antes de saber que era eu?
— Quer saber como eu pensava que você era? – ele acena de
maneira positiva — Velho, barrigudo, careca, horrível, um cara
podre de rico que não tinha nada de interessante para fazer na vida
e tinha que “comprar” – faço aspas com os dedos — uma mulher
para satisfazê-lo na hora que ele quisesse.
Noto que Edward me encara pasmo com as sobrancelhas
arqueadas.
— Mas eu errei feio, bom… pelo menos na maior parte.
— Como assim na maior parte?!
Rio de sua reação, mas me contenho para explicar a ele:
— Bom… você é jovem, bonito, com toda a certeza nem pouco
careca – fito os fios revoltos por alguns instantes ao falar a com
certo humor na voz — Nem um pouco barrigudo, muito pelo
contrário… É. Eu cometi alguns erros ao imaginá-lo.
Ele fita o próprio físico e dá leves tapinhas em sua barriga.
— Acho que estou começando a atingir suas expectativas,
América. – diz com humor.
— Uh, isso é ruim.
— Por quê?
— Porque aí estaríamos invertendo nossos papéis – coloco
suavemente para ele.
Ele me fita pensativo por um longo tempo, apenas me
encarando.
— Eu tenho um presente para você. – diz mudando de assunto,
de repente e completamente.
— Presente? – fito-o curiosa e desconfiada ao mesmo tempo —
Por quê?
— Primeiro porque eu posso e segundo porque eu quero.
Fantástica explicação! Até uma criança de dois anos entenderia!
– zomba meu inconsciente.
Ele se levanta e veste sua cueca.
— O que é? – pergunto.
Edward me olha de pálpebras estreitas, mas com a sombra de
um sorriso permeando seu rosto.
— Coloque uma roupa e me acompanhe.
Fito-o com o cenho franzido, mas faço o que ele diz.
♥
Entro em minha sala, mais uma vez, nesta fatídica manhã.
Só de pensar que ainda faltam dez horas de trabalho passando
de reunião em reunião, de compromisso em compromisso, meu
sangue ferve.
Eu só gostaria de ir para casa e tentar algum “contato” com
América. Estou muito além de preocupado com o comportamento
dela. Não a vejo desde a noite de sexta-feira em que eu banquei o
babaca do século, e isso está me deixando muito mais do que
furioso, além de preocupado.
Se eu tivesse a chance, implorar o perdão dela seria o mínimo
que eu faria em todos os dias do resto da minha vida.
Aretha tem me mantido informado sobre tudo o que ela tem
feito. Amy passa a maior parte do tempo trancada em seu quarto,
mal saindo para comer, beber água ou fazer qualquer outra coisa.
Se escondendo de mim.
Durante a madrugada, quando acordo por qualquer motivo,
ouço-a gritar, mas sempre que tento ir socorrê-la, a porta está
trancada. Tento de todas as maneiras convencer ela a abrir a porta,
mas tudo o que eu escuto em resposta são soluços assustados.
Eu realmente gostaria de saber o que tanto a assombra, ao
mesmo tempo em que peço aos céus para que não seja eu o
monstro de seus pesadelos.
Há tantas perguntas se formando em minha mente sobre isso
que chego a ficar desnorteado. E, também, há aquela cicatriz…
Dianna e Joe nunca me falaram sobre ela.
Talvez eles nem saibam que essa cicatriz existe.
[…]
Saio da minha sala no momento que Allegra me avisa que a
nova reunião está para começar.
Uma nova aquisição sendo feita, mil e um artifícios tem que ser
discutidos assim como os problemas e os contratos a serem feitos.
Estou sentado nesta cadeira há quase duas horas.
Estou exausto e faminto.
Até agora não tive nenhuma notícia de América e isso me
preocupa. Pergunto-me se ela já comeu. Se ela dormiu bem depois
de seu pesadelo. E se ela tomou tamanho medo e raiva de mim que
não consegue nem me olhar mais.
— E então, Edward, o que acha? – Gwen, meu braço direito na
empresa, pergunta profissionalmente ansiando por uma resposta
minha.
— Desculpe-me, mas… o que estava dizendo? – peço,
piscando atônito, praticamente perdido no assunto, o que não é de
meu feitio.
Gwen crispa os lábios e parece furiosa.
— Taiwan. Os gastos, custo-benefício, contratos, a tecnologia…
O que acha? Fechamos ou não? – ela faz um resumo rápido e
arqueia as sobrancelhas no final, esperando por uma resposta
minha.
Eu já havia discutido aquele tópico com ela milhões de vezes,
mas, pelo visto, os taiwaneses não querem ouvir a resposta dela e
sim de mim.
Não estou com o menor saco para tudo isso!
— Gwen… sabe minha resposta. Avaliamos isso milhares de
vezes e concordamos em fechar negócio sob a condição de bom
preço e juros baixos.
— Negócio fechado então – anuncia ela, olhando incisiva e
preocupada para mim e só desviando o olhar para anotar o que
precisava.
[…]
— O que há com você, Edward? – Gwen pergunta assim que
deixamos a sala de reuniões e entramos na minha — Está muito
distraído hoje!
— Eu estou bem, Gwen. Só alguns… problemas.
Ela arqueia uma sobrancelha e cruza os braços.
— Qual é o nome dela, Cage? – ela pergunta sentando-se de
frente para mim com os braços ainda cruzados na frente do peito.
— Dela quem, Gwen? – pergunto divertido.
— Da mulher que está te deixando assim, ora essa! Com a
cabeça nas nuvens – ela balança as mãos no ar para enfatizar.
— Não há mulher alguma. – Exceto uma petulante América
Lawson.
— Eu te conheço, Cage, então não minta para mim. Sabe que
eu posso ajudá-lo a conversar com mulheres, sou uma e tenho uma,
não se esqueça disso! – ela me fita impaciente — Ande, me diga o
nome dela!
— Não vou dizer.
— Se não quer falar o nome da mulher que está virando sua
cabeça, pelo menos me diga o que ela fez para conseguir isso! –
Gwen parece encantada e muito divertida com a parca possibilidade
de isso ter acontecido.
— Ela não está virando a minha cabeça. Não sou o tipo de
homem que se abala assim tão fácil por uma mulher.
— Sua boca pode dizer isso… – Gwen se levanta da cadeira —
Mas seus olhos… eles dizem outra coisa – e com isso ela deixa
minha sala.
[…]
Fico realmente feliz em sair de minha empresa para poder
almoçar.
Ford está me levando a um bistrô – a duas quadras da empresa
– onde pretendo encontrar com meu irmão Josh. O eufórico, infantil,
piadista Josh Cage, meu irmão mais velho.
Um grande crianção na verdade.
Ford para o carro na entrada do bistrô alguns minutos depois.
— Pretendo sair um pouco depois de meu horário normal, Ford.
Eu ligo para avisar.
— Sim, senhor – ele responde profissional e com um aceno
respeitoso de cabeça.
Ele dá a partida no carro logo depois de eu entrar no bistrô.
De longe vejo Josh sentado em uma das mesas do fundo, em
um lugar mais reservado.
Cumprimento os funcionários com um aceno rápido e vou ao
encontro de meu irmão.
— Fala aí, machão! – ele diz com humor, fazendo mais uma de
suas muitas piadas.
— Muito engraçado, Joss – digo sentando-me de frente para
ele.
Uma garçonete logo vem anotar nossos pedidos, trazendo-os
logo em seguida.
— A mamãe está ansiosa para conhecer a sua namorada. –
Josh põe com despretensão, fazendo-me engasgar com a minha
própria respiração.
— O que?! – indago atônito ao me recuperar do pequeno
engasgo.
— Não andou lendo os jornais, não, maninho?
— Que jornais, Josh?
— O Seattle Times, e todos aqueles outros que cobriram o
jantar da sua empresa no Garden. Suas fotos com a “mulher
misteriosa” são o assunto do momento, se você não sabe. Elas
estão até no Google! – ele diz com os olhos abertos e até um ar de
deboche.
Meus olhos quase saltam das órbitas.
Como eu não prestei à atenção nisso?! Como a minha
assessoria de imprensa não falou nada comigo?
— Está brincando. Só pode ser isso, né? – pergunto ainda
surpreso.
Será que estou tão aéreo assim?
— Edward, eu não brincaria com coisas tão sérias. A mamãe
está louca de curiosidade, só o que a segura são os plantões
cansativos no hospital.
— Eu não posso acreditar – murmuro ainda bastante
desacreditado — Mas, por falar na mamãe, como ela está? Ela está
bem? E o papai? A Laurie? – tento mudar o foco da conversa.
— A Laurie está furiosa com você, porque você nunca mais
apareceu desde o jantar pelo retorno dela há três meses. Ela está
chateada por você estar se mantendo sempre tão distante de nós, e
a mamãe? Nem se fala! Agora que ela descobriu sobre essa moça
não para de questionar quando vai apresentá-la a família. E o papai,
bom… ele está feliz pelo seu sucesso, mas, assim como todos nós,
está triste por você estar tão afastado por causa do trabalho. E ele
também quer conhecer a moça misteriosa – ele termina, fazendo um
tom engraçadinho no final.
— Não acho que ainda exista “moça misteriosa” na minha vida,
Josh.
— Por que diz isso?
— Pode-se dizer que eu e ela estamos brigados.
Josh ri fazendo-me fuzilá-lo com os olhos.
— Desculpe maninho, mas te ver lamentando por uma mulher é
bem engraçado! – diz ainda rindo.
— Eu não estou me lamentando por nenhuma mulher, Josh! E
mesmo que eu estivesse, o que não vai acontecer, não é
engraçado!
— Desculpe! – ele para de rir, ficando com apenas um
sorrisinho matreiro nos lábios — Mas e aí? Vou ter que arrancar o
nome dela de você à força? – ele apoia o queixo na mão e me fita
ansioso.
— América Lawson – eu concedo — Mas não saia espalhando
pelo mundo a fora, entendeu?
Ele sorri erguendo as mãos em sinal de rendição.
Franzindo o cenho ele se volta para seu almoço.
— O que foi? – pergunto.
— Eu não sei… mas acho que já ouvi esse nome antes. Ele não
me é estranho.
É minha vez de ficar confuso. Como ele pode ter conhecido a
Amy?
— Bom, deve ser só impressão minha – ele ri desconcertado —
Eu disse que tinha uma novidade, não foi?
Aceno de maneira positiva.
— Então… eu conheci uma garota.
— Novidade – digo sarcástico revirando os olhos; fazer isso me
faz lembrar América no mesmo instante e sinto-me
momentaneamente afetado pela falta dela.
E pelo o que eu fiz para ela…
Merda.
— Muito engraçado! – diz Josh; dou de ombros — Mas enfim, o
nome dela é Paige e eu queria que você a conhecesse nesse fim de
semana, no domingo para ser mais exato.
— Eu adoraria ir, Josh, acredite, mas é o aniversário da Amy no
domingo, então, eu não posso. Desculpe.
— Engraçado.
— O que é engraçado?
— A Paige. Ela tem uma amiga que faz aniversário neste
mesmo dia, ela iria me apresentar para ela e comemoraríamos o
aniversário dela. Seríamos eu, a Paige, a amiga dela e um tal de…
– ele faz uma pausa tentando se lembrar o nome da outra pessoa
franzindo a testa toda com o ato, parecendo forçar o pensamento.
— Mike! Eu, Paige, a amiga dela e o Mike. Ele também é amigo das
duas.
E eu não posso acreditar no tamanho das coincidências e no
quanto esse mundo é minúsculo.
[…]
Meu almoço com Josh foi bem mais produtivo do que eu pensei
que seria.
Depois que ele me falou sobre a nova namorada, contou-me
como se conheceram e tudo o que tinha direito – felizmente
poupando-me dos detalhes sórdidos – mas, na maioria do tempo, eu
não prestei muita atenção, pois a revelação que, sem querer, meu
irmão havia feito não saía da minha mente por mais que eu tentasse
me focar na conversa.
Faz quase três horas que estou de volta ao silêncio de meu
escritório.
Estou finalizando as últimas coisas urgentes e falta pouco mais
de duas horas para eu terminar com tudo e finalmente poder voltar
para minha casa.
Saber, também, que minha família deseja conhecer Amy me
deixa confuso e sem saber o que fazer. E eu odeio me sentir
impotente assim. Perder o controle das coisas à minha volta é tão
enervante quanto o fato de Amy não estar comendo e nem me
deixando vê-la.
Eu me sinto um culpado demais por esse comportamento dela,
não deveria ter gritado com ela daquela maneira. Não foi
exatamente certo fazer aquilo, ainda mais depois de vê-la com tanto
medo nos olhos… um medo que era direcionado a mim, assim como
toda a raiva que ela estava sentindo.
Mas, mesmo com toda a raiva que ela estava sentindo, ela não
tinha o direito de gritar comigo daquela maneira.
Ela não devia nem gritar comigo!
Não é?
Largo as coisas na mesa e passo as mãos freneticamente por
meu cabelo uma, duas, três e até quatro vezes seguidas, tentando
me acalmar e afastar todos os pensamentos relacionados à
América, à sexta-feira e o jeito como estamos para poder enfim me
concentrar em meu trabalho.
Eu precisava disso, mas falho miseravelmente.
Eu tinha escolhido América para ser a minha submissa, a minha
companheira. Mas eu realmente achei que saberia lidar com o fato
de ela ter sido criada para ser uma submissa.
O que tinha sido me passado, o que eu imaginava, o que eu
queria, quem América realmente é e o que está acontecendo de
verdade nesses últimos dias, nessas semanas… tudo isso está
entrando em um grande conflito dentro de mim, confundindo as
minhas convicções e todas as ideias que eu tinha formado sobre a
relação que eu iria estabelecer com ela.
O fim da solidão que parece preencher o meu peito.
“Por que você me escolheu?” – eu me lembro dela perguntar em
seu primeiro dia.
Os olhos azuis tristes das fotos tão diferentes se comparados
aos azuis vibrantes que eu tinha na minha memória.
Olhos que me passavam a sensação de certeza e sentimentos
profundos.
[…]
Sento-me no banco traseiro do Audi SUV.
Ford está ao volante, calado e sério como sempre, mas algo
parece o estar deixando preocupado. Prefiro não incomodá-lo.
Seja lá o que for se ele precisar ele irá me falar.
O carro arranca pelas ruas de Seattle em velocidade normal e
segura.
Aproveito o tempo a mais que tenho e perco-me em meus
próprios pensamentos que caminham diretamente para América. Eu
não soube dela durante todo o dia, e se ela estiver mal? Bom, se ela
estivesse Aretha teria me ligado. Tenho certeza disso.
Tudo em que consigo pensar é em como fazer Amy voltar a me
olhar, a falar comigo. Realmente não sei mais por quanto tempo sou
capaz de aturar isso… toda essa situação.
Ela é tão diferente do que eu imaginava… ela tem vontade de
ser ela mesma, parece ser algo com o que ela mais se importa,
assim como a vontade de uma vida… uma vida sem alguém como
eu…
Uma vida sem mim.
Isso me entristece de uma forma que não consigo explicar e dói.
Estou perdendo o controle do meu universo, e isso tudo
começou quando aqueles olhos azuis caíram sobre mim pela
primeira vez antes mesmo de ela saber o que eu significaria para
ela – e ela ainda perece não saber.
Talvez, nem eu mesmo saiba.
— Chegamos, senhor – anuncia Ford, tirando-me de meus
pensamentos.
Ele sai do carro e abre a porta para mim.
Aceno para ele agradecendo e, em silêncio, seguimos para o
elevador. Digito o código da minha cobertura e, enquanto o elevador
sobe, deixo-me perder em pensamentos mais uma vez.
Quando as portas se abrem no rol de entrada de minha
cobertura, saio do elevador com minhas coisas em minhas mãos e
sigo para a sala de estar. Deixo tudo sobre o sofá e, ao olhar sem
querer para o topo das escadas, meus olhos se cruzam com os de
América.
Como se um imã tivesse me puxado para ela.
Ela está na metade da escadaria e me fita assustada, mas o
contato de nossos olhos dura poucos segundos e a cena que
presencio quase faz meu coração parar.
14- Nem sempre são arco-íris e
borboletas.
Os olhos de Edward se arregalam na medida que, em câmera
lenta, ele observa América despencar em direção aos degraus da
escadaria e rolar por eles parando no fim delas.
A “sorte” dela é que não estava em um ponto mais alto da
escadaria.
O jovem de olhos cinza corre ao encontro de Amy, ajoelhando-
se ao lado dela e ao ver que ela está sem os sentidos, ele se
desespera.
— Aretha! – ele grita — Aretha! Tyler! Ajudem aqui!
Dos fundos do apartamento, Aretha surge com o olhar
preocupado e ao se deparar com a cena de Amy desmaiada e
Edward segurando-a nos braços, a governanta se desespera.
— Meu Deus, o que houve?! – ela questiona apavorada.
— Eu não sei. Mas chame o Tyler, preciso levá-la ao hospital
agora… ela caiu das escadas, Aretha.
— Oh, não! – ela lamenta e, logo depois, corre atrás do
segurança.
Ford pega a jovem nos braços, permitindo que Edward se
levante e a tome de volta para os seus próprios braços logo depois.
Com suas mãos no corpo de Amy, ele a sente muito mais
gelada e úmida pelo suor. Eles correm para o elevador e, assim que
saem no estacionamento subterrâneo, movem-se da maneira mais
rápida até o carro.
Edward se ajeita no banco traseiro com Amy ainda em seus
braços.
Ele faz uma pequena avaliação rápida de seu estado: ela está
fria, o suor escorre por sua testa, círculos escuros se formam ao
redor dos olhos dela, marcando a pele corada, agora extremamente
branca.
Edward nunca sentiu seu coração bater tão rápido como no
momento que ele a viu cair escada abaixo. Nem mesmo em suas
memórias mais dolorosas da infância, ele se lembrava de ter sentido
tal pavor. Ele mal percebeu que prendia a respiração e só notou isso
quando a viu sem sentidos em seus braços.
Os paramédicos colocaram Amy deitada em uma das macas
assim que Edward e Ford chegaram com a morena desmaiada na
ala de emergências do hospital, e seguem às pressas com ela para
a emergência. Edward é barrado na porta por um enfermeiro que,
depois de muito lutar, consegue convencê-lo a ir se sentar e esperar
enquanto os médicos fazem os exames.
~
Amy passou o dia inteiro se sentindo mal e a cada nova vez que
Aretha ia verificá-la ela parecia estar pior.
Sua febre não abaixava e sua cabeça parecia prestes a
explodir, seu corpo inteiro estava doendo, principalmente o lado
direito de seu corpo, na região das costelas.
Vez ou outra ela se levantava da cama e passeava lentamente
pelo quarto, mas cada passo mais parecia uma bomba explodindo e
comprimindo seu cérebro.
A dificuldade em respirar era o menor de seus problemas, ela se
sente gelada e cada vez mais fraca.
Seu estômago dói e parece se contorcer dentro dela.
Mas seu orgulho e raiva, aparentemente, são maiores do que
sua vontade de ficar bem, porque a cada vez que Aretha insistia em
avisar a Edward sobre o estado da jovem, ela fazia de tudo para se
mostrar melhor e capaz de se cuidar sem ele por perto.
Quando se cansou de bater os dentes debaixo das cobertas,
Amy se levantou da cama e seguiu para fora do quarto. Ela desceu
as escadas com o maior cuidado e assim que seus pés tocaram o
último degrau, ela se sentiu satisfeita por conseguir não cair delas.
Ela vai em direção à cozinha, onde encontra Aretha, mexendo
nas panelas, conseguindo surpreender a governanta por vê-la ali.
— Você está bem menina? – Aretha pergunta realmente
preocupada.
— Na medida do possível. – Amy responde com um pouco de
humor.
— A febre baixou?
— Acho que sim, Aretha.
Amy sorri doce para a governanta que se mostra realmente
preocupada com seu bem-estar.
— Quer comer alguma coisa? – Aretha pergunta, mostrando-se
prestativa e carinhosa, o que faz Amy se lembrar de sua antiga
babá.
— Eu gostaria sim, Aretha.
— E o que quer comer?
— Qualquer coisa leve. Um sanduíche estaria perfeito – ela
responde com um sorriso doce.
— É pra já! – a governanta diz com certa animação na voz;
parece satisfeita por Amy querer comer algo.
Minutos depois o sanduíche de peito de peru, tomates e pasta
de ervas finas e um belo copo de suco de laranja estão postos na
frente de Amy que se mostra maravilhada com a eficiência de
Aretha.
Ela degusta de seu lanche com vontade, mastigando e
engolindo devagar, não querendo atiçar a revolta de seus órgãos
internos mais uma vez.
Se sentindo satisfeita, Amy termina seu suco de laranja e, logo
depois, leva a louça para a pia, lavando-a também.
— A senhorita não precisava fazer isso – repreende Aretha.
— Está tudo bem, Aretha. É o mínimo que podia fazer.
Amy sorri para a governanta enquanto termina de lavar o prato.
Durante o passar do dia Amy se via melhorar e piorar de uma
hora para outra. Em um minuto ela estava bem, se sentindo capaz
até de sair dando pulos e piruetas pelo apartamento, mas no
instante seguinte ela se sentia tão cansada e tão pesada que mal
conseguia se mexer direito.
O que a adoece ela nem imagina o que possa ser, mas se sente
teoricamente feliz por não precisar estar se escondendo no seu
quarto no momento.
Ainda magoada e furiosa com Edward, Amy passa a maior parte
de seu tempo sem fazer nada, assim como em todos os outros dias
anteriores em que ele sai para trabalhar. É nessas horas que ela
sente falta de casa, apesar de todas as controvérsias existentes.
Quando o anoitecer se aproxima, Amy se levanta, zonza, do
sofá e segue em direção às escadas, pretendendo se esconder
antes que Edward chegue, a veja e tente conversar ou agarrá-la e
levá-la para o quarto.
Ela sente sua cabeça latejar a cada passo que dá, seu corpo
inteiro se tenciona e treme; aquele com certeza é um dos instantes
em que ela mal consegue se mover.
Amy se arrasta lentamente para fora da biblioteca – onde ela
estava deitada lendo o mesmo livro desde que terminara seu
lanche. Ela passa tão lentamente pelas portas que chega a pensar
que é capaz de Edward já ter chegado, ido até seu quarto, visto que
está vazio e já estar a procurando por toda a casa, imaginando uma
fuga.
Se ele pudesse imaginar como é tentador para ela fazer isso,
ele daria um jeito de manter todas as portas trancadas vinte e quatro
horas por dia. Mas nas condições em que se encontra Amy não se
vê muito capaz de ir a lugar algum ou tão longe assim.
O único lugar que ela almeja neste instante é sua cama.
Finalmente ela consegue chegar à sala de estar e, ainda lenta,
ela segue para as escadas.
Aretha não está em lugar nenhum e a disposição de Amy é
escassa até para chamar pela governanta.
Ela agarra com firmeza o corrimão da escadaria, subindo um
degrau por vez, sentindo sua cabeça pulsar com cada vez mais
intensidade a cada novo passo. Ela se sente tonta e para na metade
das escadas para respirar e tentar retomar parte dos seus sentidos.
Amy ouve passos na sala e seu coração dispara completamente
descompassado e imediatamente ela se vira para a direção do som,
dando de cara com um Edward fitando-a. Eles sustentam o olhar um
do outro por poucos instantes, porque logo depois toda a visão de
Amy se embaça.
Ela sente seu corpo ficar mole e pesar mais que o normal, tudo
gira na sua frente deixando-a ainda mais tonta. Ela sente seus
membros perderem toda a força e, de repente, tudo fica escuro.
Como se estivesse longe de toda a cena, ela é capaz de escutar
falas aflitas de pessoas ainda mais aflitas, e, dentre todas as vozes
que falam, a que se sobressai é a de Edward. Ele chama por ajuda,
fala coisas tão rápido que ela é incapaz de processar.
Ela sente uma movimentação diferente.
Tudo parece mais agitado, mas, ainda assim, silencioso demais.
Retornado a si por míseros segundos ela vê luzes fluorescentes
passarem rapidamente acima de sua cabeça, para logo depois
perder os sentidos novamente. O calor que há algum tempo ela não
estava sentindo agora a deixa presa em um sono agradável e fácil,
onde nada parece poder abalá-la.
Enquanto América está desacordada, os médicos trabalham
rapidamente para tentar descobrir as causas de seu estado. Medem
sua temperatura, aferem sua pressão arterial, checam seus sentidos
dormentes, e avaliam seu coração. Fazem uma bateria de exames
variados e dentre eles o Raio-X.
Eles se preocupam com a pressão da jovem que está
extremamente baixa, assim como os batimentos dela, o que dificulta
a oxigenação do cérebro. Eles fazem uma breve acareação dos
ferimentos dela, a maior parte são apenas hematomas, mas o que
realmente chama a atenção deles são as costelas de seu lado
direito.
Do lado de fora, sentado em uma das vastas cadeiras do
corredor, Edward espera ansioso e desesperado por notícias. Faz
quase uma hora que aqueles médicos haviam passado com
América por duas portas, completamente às pressas. Ele já havia
explicado ao médico o que havia acontecido com ela e, agora, tudo
o que ele podia fazer era esperar.
E ele estava odiando apenas esperar.
Edward passa as mãos nervosamente pelo cabelo e perde a
conta de quantas vezes faz isso na tentativa de se acalmar, ele
esfrega o rosto com as mãos e, mais uma vez, passa-as no cabelo.
Ele está cansado pelo dia fatigante de trabalho, mas o susto
que recebeu ao chegar à sua casa foi ainda maior que o cansaço,
sendo capaz de expulsá-lo para longe.
— Edward?! – a voz conhecida de uma mulher realmente
surpresa chama a atenção dele, e ao erguer o rosto para fitar a
pessoa que o tirara de seus pensamentos ele se surpreende ainda
mais.
— Mãe?! – ele se levanta desconcertado.
Sem perceber – ou assim ele acredita ser – Ford os levou para
o hospital em que a mãe de Edward trabalha.
— Edward, filho! O que está fazendo aqui? Aconteceu alguma
coisa com você? Com o Tyler ou a Aretha? – Marie o enche de
perguntas enquanto avança contra ele e toma seu filho em um
abraço surpresa.
— Eu… Eu estou bem, mãe. Pode ficar tranquila – ele força um
sorriso para ela assim que se afasta do abraço. — Tyler e Aretha
também estão.
— Eu te conheço muito bem, meu filho – ela se senta em uma
das cadeiras e puxa seu filho para que ele possa se sentar ao seu
lado — Conta para mim o que está acontecendo… diz para sua
mãe?
Marie tenta esconder a curiosidade e a vontade de questionar
mais, por ver o estado em que seu filho se encontra.
— É ela mãe.
— Ela? Ela quem? – ela pergunta realmente confusa.
Edward enterra o rosto nas mãos e respira fundo.
Ele não quer dar falsas esperanças para a mãe – e nem para si
mesmo ou para América – mas ele precisava dizer a verdade para a
mãe.
— O nome dela é América Lawson. É a moça que saiu naquelas
fotos comigo nos jornais.
— Oh, Edward! – a mãe se emociona, pegando as mãos de seu
menininho ferido e as apertando — O que houve?
— Eu não sei. Nós estávamos brigados desde sexta-feira e ela
estava lá em casa. E hoje quando eu cheguei, a vi… ela caiu das
escadas.
— Ah, Edward… – Marie lamenta, apertando as mãos de seu
filho ainda mais entre as dela — Há quanto tempo você está aqui?
— Eu não sei direito, acho que há quase uma hora e meia.
Talvez mais… talvez menos…
— Já falou com a família dela?
Ele nega e passa as mãos nervosamente pelo cabelo, mais uma
vez.
A frustração é evidente nele.
-*-
Amy está estável, mas ainda desacordada.
Sua pressão e a febre foram controladas.
Ela é transferida para um quarto, particular – devido às
exigências feitas por Edward ao registrarem o atendimento dela.
Os enfermeiros administraram uma medicação – receitada pelo
médico que a socorreu – para manter a febre e a pressão arterial de
América estáveis.
América nunca se sentiu tão serena e quente quanto neste
momento.
A dor de cabeça desapareceu, mas estranhamente suas
costelas incomodam e muito a ela.
-*-
Do lado de fora, Edward aguarda por notícias, mas agora ele
não está sozinho. Ao seu lado está sua mãe, que segura sua mão e
tenta mantê-lo calmo, afagando calmamente as costas do filho na
busca disso.
— Senhor Cage? – um homem alto, de jaleco branco, pele
morena de cabelos e olhos negros está de pé na frente de Edward
de sua mãe — Doutora Cage – ele cumprimenta, mesmo que
confuso, estranhando o fato de a médica estar sentada e
consolando o homem ao lado dela.
— Este é meu filho: Edward.
O médico faz um aceno profissional com a cabeça,
cumprimentando-o.
— Foi você que atendeu a Amy? – Edward pula as
formalidades, indo direto ao que lhe interessa.
— Exatamente. Sou o doutor Clarck. Podemos conversar?
— Ela está bem? – Marie se pronuncia.
— Sim, ela está bem. Mas há algumas coisas que preciso
conversar com o seu filho antes que ele possa vê-la.
— Entendo – balbucia Marie, compreendendo a seriedade na
voz de seu colega de trabalho.
— Venham comigo.
[…]
O doutor Clarck leva Marie e Edward pelo corredor do hospital.
Marie conhece bem aquela área, é a ala dos quartos privados.
Isso significa que não aconteceu nada muito grave com a jovem
– ela pensa.
— Então, senhor Cage, como eu ia dizendo, a senhorita Lawson
teve uma queda muito brusca da pressão arterial, e foi por isso que
ela desmaiou. O desmaio não foi causado pela queda, pode ficar
tranquilo quanto a isso – o médico assegura — Ela estava com uma
febre muito alta. Quando ela chegou aqui estava beirando os
quarenta graus. A febre e a maior parte dos outros sintomas da
senhorita Lawson, foram causados por uma infecção.
Edward mais uma vez passa a mão pelo cabelo.
— A queda dela ocasionou fissuras em três costelas do lado
direito, mas pelo o que eu pude ver nos Raios-X que fizemos nela,
estas costelas já haviam se quebrado antes, de uma forma três
vezes pior e as fissuras se abriram ao lado da calcificação – o
médico explica — O senhor já havia notado uma pequena cicatriz
neste mesmo lado?
Edward olha de sua mãe para o médico, como se ela fosse sua
única salvação naquele momento, antes de responder.
Seu cérebro está a ponto de dar um nó.
— Já – ele responde monossilábico, quase sussurrando.
— Bom… aquilo é o mínimo do que realmente era a cicatriz. –
Edward sente o sangue gelar ao ouvir e processar as palavras do
médico.
— Como assim? – ele pergunta confuso e tentando controlar a
raiva e o medo que brotam dentro dele.
— Pelo o que eu pude ver nos exames que fizemos, a senhorita
Lawson sofreu algumas avarias, umas mais graves que as outras,
durante o período da adolescência. A área da cicatriz era um pouco
maior, um ou dois centímetros maior do que é hoje.
— Pelo o que foi causada? – Edward pode sentir sua garganta
fechar antes mesmo de receber a resposta.
— Uma faca pequena – o médico responde cauteloso.
Edward sente o ar desaparecer de seus pulmões.
É necessário que ele pare e se escore na parede para não cair
ao chão. Sua mãe corre até ele e, ao ver o estado de Edward, o
médico decide parar de falar sobre os ferimentos de América.
Depois de se recuperar do abalo causado pela notícia, Edward
e sua mãe acompanham o doutor Clarck até o quarto onde Amy
repousa.
Edward entra acompanhado de sua mãe, sendo deixados à
vontade pelo médico logo depois.
— Filho, ela é ainda mais bonita pessoalmente. – Marie diz
comovida.
— Ela é, não é? – ele sorri.
Os efeitos da revelação sobre o ferimento de Amy ainda estão
circulando nele.
Os gritos dos pesadelos dela ecoando em sua mente
permeados por sussurros assustadores que fazem o coração dele
se comprimir e doer, culpado e amargurado.
Edward se senta na poltrona que há ao lado da cama em que
América se encontra deitada. Ele apoia os cotovelos no joelho e o
queixo nas mãos enquanto observa a respiração suave dela.
— Eu tenho que ir agora, filho. – Marie diz assim que olha em
seu relógio de pulso — Qualquer coisa me procure, sim? Eu preciso
conversar com você, querido.
— Tudo bem, mãe – ele balbucia para ela que deposita um beijo
suave no topo da cabeça do filho e deixa o quarto — Eu vou ficar
aqui, vai saber onde me encontrar.
A noite se arrasta e Edward está adormecido na mesma
poltrona de antes.
Amy ainda está desacordada, mas isso é apenas por causa dos
analgésicos que foram aplicados por causa das costelas feridas,
para que ela não sentisse tanta dor.
O sono de Edward é conturbado.
Como se não bastasse ele reviver todos os momentos ruins de
sua infância durante a noite, agora ele também estava revivendo o
momento em que Amy rolara pelas escadas.
Ele acorda sobressaltado olhando em volta, perdido, querendo
descobrir onde se encontra, e ao colocar seu olhar sobre a cama
onde América está deitada, ele imediatamente se lembra.
Ele esfrega os olhos e se levanta da poltrona, sentindo todas as
suas juntas doloridas e rígidas. Ele caminha para fora do quarto, à
procura de um pouco de água. Apesar de detestar as águas
servidas pelos hospitais é tudo o que ele tem.
Como ele havia entrado com a Amy no hospital – e por ter se
declarado como namorado dela e única família próxima – ele foi
autorizado pelo doutor Clarck a passar a noite com ela, para, caso
ela acordasse durante a madrugada, não ficasse tão assustada ou
desnorteada.
Mas, mal Edward se afastou do quarto, os gritos ecoaram.
Ele voltou todo o percurso até o quarto às pressas, irrompendo
pela porta instantes depois e se deparando com América se
debatendo entre os lençóis e correndo o risco de se machucar muito
mais.
Ele corre até ela e a chacoalha pelos ombros da melhor forma
que pode.
— Amy! Amy, acorde! – ele a chama assustado.
Ele sabe como é essa sensação de confinamento, de pavor e
escuridão, enquanto revive as piores coisas.
— Baby, por favor! – ele continua a sacudi-la e a chamar por
ela.
América abre os olhos apavorada, afastando as mãos que a
tocam.
Ela olha em volta assustada, as lágrimas quentes escorrem por
suas bochechas e ela sente frio e uma dor alucinante em suas
costelas que parecem queimar.
Seu olhar cai sobre Edward e ela se apavora ainda mais
temendo que ele esteja prestes a fazer algo com ela.
— Está tudo bem… foi só um pesadelo. – Edward se senta na
ponta da cama e olha para América com cautela.
— Onde eu estou? – ela pergunta com a voz chorosa.
— Você está no hospital – ele responde com calma — Como
está se sentindo?
Amy olha de um ponto ao outro piscando com rapidez.
Ela tenta assimilar tudo o que está acontecendo e a dor em
suas costelas não facilita muito a sua concentração.
— Está doendo – ela diz chorosa ao olhar para Edward
novamente.
— Onde está doendo? – Edward se aproxima um pouco mais
de América, colocando suas mãos na lateral direita do corpo dela —
É aqui? – ele luta contra o nó que se forma em sua garganta ao
colocar sua mão sobre as costelas de América.
— É – ela responde se contraindo e sentindo ainda mais dor —
O que aconteceu?
— Você caiu das escadas e machucou as costelas – ele tenta
manter o tom calmo e controlado.
A vontade que ele tem é de gritar com ela.
Dar-lhe uma bela bronca por ter omitido dele que estava doente.
Amy franze o cenho como se estivesse se forçando a lembrar
do que aconteceu.
Ela se lembra da febre, da cabeça prestes a explodir, das dores
em seu estômago e membros, lembra-se de ter visto Edward
quando estava na metade das escadarias e depois disso, apenas o
sono quente e sem dores.
— Você me viu caindo – ela diz em tom melancólico e de dor.
Edward anui para ela, encarando constantemente para a área
onde sua mão se encontra localizada.
Ele faz pequenos círculos com o polegar na área ferida, o cenho
franzido denuncia sua preocupação. Por mais que ele esteja furioso
com América por ela não ter contado a ele sobre seu mal-estar, ele
está ainda mais furioso consigo mesmo e mais ainda com o ser que
causou a ela tanto mal no passado.
Ele podia ver claramente o tanto que aquilo a assusta e deixa
abalada.
Ele sente um toque tímido em seu rosto e, ao erguer o olhar, ele
vê que Amy o encara ansiosa e – até mesmo – com um pouco de
carinho e agradecimento. Ela pisca para ele e sorri, afagando sua
face.
Segurando a mão dela, ele deposita um pequeno beijo na
palma.
— Eu vou ficar bem – ela garante.
— Eu sei que vai – ele sorri — Eu estou com raiva e tive tanto
medo quando te vi rolar por aquelas escadas… – ele confessa
pesaroso e sofrido.
Ela morde o lábio para conter um sorriso.
— Engraçado… e eu que estava com medo de que você me
visse.
— Por quê? – ele pergunta realmente confuso.
— Eu não queria apanhar até suas mãos doerem e nem ter que
implorar para você parar – ela diz acanhada sentindo seu rosto
aquecer.
— Eu não ia fazer aquilo com você, América. E, por Deus… eu
não machucaria você desse jeito nem se você fosse a pior pessoa
da face da terra. Eu me mataria se fizesse isso com você – ele fala
enérgico; o arrependimento escorrendo de cada palavra,
definitivamente, se odiando mais a cada instante por ter dito aquelas
palavras tão monstruosas porque ele não era assim…
Ela acena de maneira positiva.
Ela ainda sente raiva e mágoa pelo fato de ele não ter deixado
que ela saísse com sua amiga, que conhecesse o novo namorado
dela, que visse Mike. Por mais idiota que fosse o ciúme dele, ela
sabia exatamente por que ele estava assim.
Edward havia visto como Mike havia tentado beijá-la naquela
noite. O estado em que ele ficou ao falar disso denunciou a ela todo
o seu ciúme, fazendo-a pensar que ela é realmente importante para
ele, que existiu um motivo maior que o sexo para ele tê-la escolhido,
e pensar assim faz com que um sorriso estúpido se abra em seu
rosto.
— Qual é a graça? – Edward pergunta com um quê de humor
finalmente despontando de sua voz.
— Nada demais – ela dá de ombros tentando se esquivar do
assunto.
Edward estreita os olhos para América, mas decide deixar de
lado.
Pressioná-la agora não é a melhor das opções.
Em sua mente, o fato de que alguém foi capaz de feri-la de
maneira tão brutal quando ela era apenas – praticamente – uma
criança, o faz pensar que não era apenas sua mãe biológica que era
negligente e cruel.
Ele balança fracamente a cabeça na tentativa de afastar os
pensamentos ruins.
— Ah, você acordou! – uma voz feminina, suave e doce, ecoa
pelo quarto trazendo Amy e Edward de volta a realidade.
Uma jovem de cabelos negros incrivelmente lisos, pele morena
e olhos cor de uísque se aproxima de Amy e Edward.
E ela não parece ter mais de trinta.
— Eu sou Emma Evans, sua médica da noite. Como está se
sentindo? – ela pergunta fazendo breves e experientes avaliações
em Amy.
— Bem – ela responde contida.
— Como estão suas costelas? – Emma contorna a cama, indo
para o lado direito de Amy, fazendo uma inspeção minuciosa na
região danificada das costelas.
Ela pressiona levemente e Amy se contrai sentindo todo o seu
corpo tremer e a área pressionada queimar.
Ela não se lembrava que essa era uma dor tão forte.
— Dói. – Amy responde com um fio de voz.
Edward sente o nó se formar em sua garganta mais uma vez.
Vê-la daquele jeito não o estava fazendo bem, nem um pouco.
Ele nunca imaginou que pudesse se sentir daquela maneira ao
vê-la sentindo dor.
Aquilo não estava dando prazer algum, não o estava excitando.
Muito pelo contrário, aquela dor que ele estava presenciando Amy
sentir – a dor de verdade, que machuca e arde – o massacra por
dentro e o faz se sentir cada vez mais impotente, cada vez mais
sem controle de qualquer coisa.
Em um movimento súbito, ele se levanta e sai do quarto,
deixando uma América preocupada e uma médica confusa para
trás.
Edward passa as mãos nervosamente por seu cabelo e sente
como se tudo dentro de si estivesse em convulsão. A raiva pela
omissão de Amy, a raiva pelos ferimentos que ela carrega, raiva
pela dor que ela sente, raiva por se sentir mal vendo aquilo, raiva de
si próprio por ter gritado com ela.
Raiva de muitas coisas.
Ele caminha apressado pelo corredor, seguindo para qualquer
lugar onde ele possa se sentar e respirar sozinho.
Chegando próximo ao final do corredor, ele encontra algumas
cadeiras e, sentando-se em uma delas, ele enterra seu rosto nas
mãos.
Sua cabeça no mesmo instante se enche de pensamentos e
imagens que fazem seu estômago embrulhar e seu coração perder
o compasso, desesperado.
Ele se lembra de cada um de seus terríveis momentos na
infância, aquelas cenas ficaram tão enraizadas em sua memória que
mesmo que ele quisesse, mesmo que ele não parasse de tentar,
elas não desapareciam. E agora, mais mil e uma coisas se passam
pela sua mente, como o fato de América ter sido esfaqueada, ter
fraturado as costelas de uma maneira três vezes pior do que agora.
Que tipo de ser humano teria profanado o corpo de Amy
daquela forma?
Edward não sabia quem tinha feito aquilo, mas o ódio que ele
agora nutre por esta pessoa já é mortal.
América podia ter sido espancada, praticamente violentada e,
mesmo assim, ela permitia que ele a levasse para aquele quarto e
fizesse o que bem entendesse com ela.
Edward sente a culpa queimar seus ossos.
Ela foi treinada para isso, Cage – uma voz no fundo de sua
mente sussurra para ele, mas não torna as coisas melhores dentro
dele.
A maneira como ela havia fugido dele na noite de sexta-feira o
assombra agora.
O medo nos olhos dela embaçado pelas lágrimas que se
formavam no canto de seus olhos, a forma como ela tremia e ficara
pálida. Agora ele quase podia ter certeza de que as palavras frias e
enraivecidas usadas por ele naquela noite a fizeram lembrar-se de
seus pesadelos e medos.
Talvez, aumentando-os e transformando ele – Edward – no
monstro de seus pesadelos.
Edward esfrega o rosto com as mãos, respirando
profundamente em sua tentativa de se acalmar e se recompor para,
logo depois, se levantar e seguir de volta para o quarto de América.
Próximo a porta do quarto, Edward é capaz de ouvir risadas e
uma conversa animada entre duas pessoas, que, pela voz ele
reconhece serem sua mãe e América. Seu coração perde uma ou
duas batidas ao perceber que a maior parte do foco da conversa é
ele.
América ri contida – devido às costelas feridas – de coisas que
Marie fala.
Ele entra no quarto, surpreendendo as duas mulheres e fazendo
com que elas parassem de conversar no mesmo instante.
Amy olha confusa e curiosa para Edward, que intercala seu
olhar entre ela e a mãe.
Marie apenas sabe sorrir.
Edward fecha a porta atrás de si e caminha até América
parando ao lado dela e depositando um beijo suave e casto nos
lábios dela.
Amy o olha ainda mais confusa do que antes quando ele se
afasta.
— Vejo que já conheceu a minha garota, não é, mãe? – Edward
diz com certo humor, não parecendo ter acabado de sair de um
turbilhão de pensamentos há menos de poucos minutos que quase
configurou uma crise de pânico.
Ele teria que visitar seu psicólogo em breve.
América arqueia a sobrancelha que Marie não pode ver – por
ela ainda estar olhando para Edward – em repleta confusão.
— Juro que foi sem querer, querido. – Marie diz com um sorriso
travesso — Vim ver como você estava e me deparei com esta bela
jovem acordada.
Amy se vira para Marie e sorri ao mesmo tempo em que sente
seu rosto esquentar.
Por mais que Marie quisesse, naquele momento, questionar a
Edward sobre tudo o que ele havia escondido dela nos últimos
meses, principalmente na última semana, ela tinha que se conter.
Nos olhos dele ela é capaz de ver praticamente quase tudo em que
ele esteve pensando.
Edward podia conseguir enganar qualquer pessoa com um
sorriso cheio de dentes e uma risada mais animada, menos à sua
mãe.
Marie conhece, e muito bem, o seu menino.
— Está aqui há muito tempo? – Edward pergunta sentando-se
ao lado de Amy no pequeno espaço que há.
— Há uns quinze minutos. Marie entrou logo depois que a
doutora Evans saiu. – Amy responde.
A mãe de Edward sorri para ela ao ver que a jovem a tratara
pelo primeiro nome.
— Sobre o que vocês estavam falando?
— Coisas. – Marie responde, lançando uma piscadela
conspiratória para Amy que sorri.
Depois de mais alguns minutos, Marie saiu do quarto, deixando
Amy e Edward a sós.
Edward senta-se de frente para América e a olha com humor e
preocupação ao mesmo tempo.
— Sua mãe… ela é legal. – Amy diz com um sorriso, tentando
descontrair o clima que se instalou no quarto logo após a saída de
Marie — Ela me disse que eu deveria ser uma boa namorada para
você ter ficado tão preocupado comigo – ela morde o lábio inferior e
sente uma breve onda de tristeza sem nem mesmo saber qual o
motivo de tal sentimento — Eu não sabia que era sua namorada.
Edward bufa um riso.
— Para dizer a verdade… nem eu sabia. – Edward fixa seus
olhos nos de América — Ela gostou de você.
Amy sorri.
Edward coloca sua mão sobre a lateral direita de Amy sentindo-
a retesar sobre o seu toque e imediatamente ele retira a mão. Uma
tristeza estranha atravessando o peito dele.
Notando o olhar de Edward, Amy se apressa em resolver a
confusão.
— Eu não estou com medo de você. Com raiva sim, mas com
medo não… – ela sopra para ele que em resposta lhe lança um
sorriso fraco.
Edward sabe como América conseguiu aquela cicatriz, mas ele
não sabe quando ou quem a fez.
Ele quer saber não apenas sobre isso, mas também como ela
quebrou as costelas da primeira vez, só que pressioná-la com isso,
vai deixá-la apenas assustada e provavelmente irritada.
— Por que você me chamou de “sua garota” na frente da sua
mãe? – Amy pergunta corajosamente.
— Porque você é a minha garota – ele responde com um sorriso
torto.
— Não. Eu sou sua submissa. – Amy contrapõe em tom de
obviedade.
— Não deixa de ser minha, deixa?
Amy ri pelo nariz, mas logo se contém, pois, suas costelas
doem.
— Eu queria tanto saber quem fez isso com você. – Edward
murmura mais para ele do que para Amy.
— Eu caí das escadas. Eu fiz isso comigo.
Ela consegue tirar um sorriso de Edward.
— Isso não teria acontecido se tivesse me avisado.
— Não teria a mesma graça. Agir assim… de maneira tão fácil
para o senhor, senhor Cage.
Edward se inclina para frente fazendo com que seus lábios
cubram os de América em um beijo lento e sedutor, que o permite
que desfrutar do mesmo e matar a saudade que ele sentiu dos
lábios quentes e úmidos dela.
Com as mãos de Amy embrenhadas na revolta que é seu
cabelo, Edward a beija com ainda mais intensidade provando do
sabor que a boca dela tem.
Na porta do quarto estava Marie, que desistiu de entrar ao ver o
casal se beijando.
— É bom te sentir quente de novo, senhorita Lawson.
[…]
A tarde de sábado surgiu em um piscar de olhos.
Depois de quase dois dias inteiros no hospital, Amy está prestes
a receber alta, mas desde que ela siga todas as condições dadas a
ela pelo médico.
Edward garante ao doutor Clarck que manterá olhos de gavião
sobre a jovem não deixando ela sozinha por nada.
— Caso a febre volte tome este antitérmico e caso sinta alguma
dor maior do que possa suportar aqui tem alguns analgésicos que
podem ajudá-la com isso e nada de bebidas alcoólicas – o médico
enfatiza — A senhorita está tomando antibióticos e anti-
inflamatórios, a junção dessas duas coisas não lhe faria nada bem.
Obedecendo a todas essas coisas e tomando os remédios, ficará
nova em folha em menos de quatro semanas.
Amy sorri eufórica.
Assim que o médico a libera, Edward segura em sua mão e a
leva para fora do hospital.
Já dentro do carro, Edward dá as instruções a Tyler para que
ele siga diretamente para o Diamond.
Tudo o que Amy deseja no momento é tomar um bom banho –
tirar todo e qualquer resquício de hospital que possa ter nela – e
dormir, dormir até o dia seguinte e um pouco mais.
Ao seu lado, Edward está absorto em seus próprios
pensamentos, e notando isso, América se pergunta se, dentre todos
os pensamentos que ele possa ter, algum deles é direcionado a ela.
Apesar de ainda sentir raiva dele – agora a menor de todas as
raivas – ela está feliz por ele estar ao lado dela.
[…]
O carro para na entrada principal do Diamond.
Ford salta do carro, contornando-o, para logo depois abrir a
porta para Edward, que desce do carro e auxilia América a fazer o
mesmo. Eles seguem para dentro do edifício enquanto Tyler retorna
ao carro e o leva para o estacionamento subterrâneo.
Edward em nenhum momento soltou a mão de Amy – com
exceção dos momentos em que ele teve que soltá-la para entrar e
sair do carro – e esse contato agrada a ela.
Os únicos momentos em que Amy pode tocá-lo sem medo são
quando ele segura sua mão e quando eles se beijam, nestas duas
ações de contato físico ela se sente bem e chega a acreditar que ele
realmente a quer por perto.
Eles entram no elevador e assim que as portas se fecham a
atmosfera se transforma ficando mais pesada, mais elétrica,
completamente carregada de desejo… e o contato da mão de Amy
na de Edward parece se intensificar.
América pode sentir os olhos de Edward sobre ela, tentando
desvendá-la, provocá-la e despi-la por completo.
Ela o olha por sob os cílios e pisca para ele com ar de
inocência.
Os olhos de Edward escurecem e no mesmo instante ele a
empurra contra a parede fria e metálica do elevador com seu próprio
corpo – ainda assim, com cuidado para não pressionar as costelas
dela – empurrando sua pélvis na direção da de América que morde
o lábio inferior.
Seus olhos estão fixos um no do outro e ele a beija, colando sua
boca na dela com vontade e ansiedade, desejando poder fazê-la
sua ali mesmo naquele lugar.
Os dedos dela se prendem ao seu cabelo e a forma como as
pontas deles se arrastam pelo seu couro cabeludo quando ela o
puxa cada vez mais para si o deixam louco.
E, então, as portas do elevador se abrem fazendo com que a
atmosfera que ocasionou o beijo se dissipe lentamente, perdendo-
se pelo apartamento.
Eles se afastam ofegantes, e Edward, tomando a mão de Amy
mais uma vez, a puxa para fora do elevador conduzindo-a com
calma pelo rol de entrada e, então, para a sala de estar.
Edward sente um calafrio percorrer sua espinha assim que entra
na sala, como se todos os seus sentidos gritassem para ele olhar
para as escadas e correr antes que Amy caia novamente.
Ele respira fundo e olha para Amy, lançando para ela um olhar
caloroso e surpreendendo-a com o ato.
— Quer comer alguma coisa? – ele pergunta prestativo.
— Na verdade, eu quero tomar um banho – ela responde com
suavidade.
— Que seja banho, então.
Edward sorri malicioso.
Ele a conduz pela mão até a escadaria e, ao se aproximar do
primeiro degrau, Edward pega Amy no colo, tomando cuidado com
as costelas, fazendo-a soltar um gritinho surpreso e infantil e
envolver seu pescoço com os braços, agarrando-se como uma
trepadeira a ele.
— O que está fazendo? – ela pergunta com diversão e um
pouco de surpresa na voz.
— Evitando que você caia novamente – responde e ela quase é
capaz de ouvi-lo sorrir.
Edward a leva no colo até seu quarto, onde ele entra com ela
para, logo depois, colocá-la suavemente no chão e fechar a porta.
América mantém um olhar cauteloso sobre ele, como se ele
fosse capaz de atacá-la a qualquer instante.
— Por que estamos no seu quarto? – ela pergunta.
— Porque aqui eu posso ter um pouco mais de controle sobre
você e posso ficar mais tranquilo sabendo que, se algo acontecer,
eu estou mais perto – ele diz calmamente enquanto caminha na
direção dela — Venha. Vamos tirar essas roupas. Vou tomar banho
com você – ele diz completamente malicioso.
Edward a leva para o banheiro e coloca a banheira para encher.
Parando de frente para América, ele retira as roupas que lhe
cobrem o corpo, de forma lenta e sensual, não tirando seus olhos
dos dela nem por um único instante.
Quando ela está definitivamente sem nenhuma peça se roupas
à sua frente, seus olhos criam vida própria e passeiam por toda a
extensão do corpo de Amy tomando cada pedaço para si, desta vez,
atendo-se – e muito bem – aos mínimos detalhes.
Cada curva do corpo, cada volume, cada alteração… até que
seus olhos caem sobre a cicatriz próxima às costelas do lado direito.
Um sentimento de raiva o atinge enquanto ele percorre suavemente
a área com as pontas dos dedos.
Ele vê a pele de América se arrepiar e, parando, o toque ele
ergue os olhos para ela.
— Está doendo? – ele pergunta em um sopro de voz.
Ela nega com a cabeça e sorri para ele.
— Estou bem – ela assegura.
Edward fixa seu olhar no de Amy e, afastando as mãos do corpo
dela, ele começa a tirar as próprias roupas, uma peça de cada vez,
da forma mais lenta que consegue.
Amy sente seus sentidos se entorpecerem com a figura a sua
frente: os músculos fortes e definidos, a pele levemente bronzeada,
os ombros largos… um triângulo invertido perfeito.
Sua vontade de colocar suas mãos nele parece aumentar a
cada vez que ela o vê sem camisa ou se despindo.
Ela esfrega o polegar nas pontas dos outros dedos na tentativa
de conter sua vontade.
Edward estende sua mão para ela assim que termina de se
despir.
Amy não hesita, e pega a mão que lhe é ofertada, sentindo o
calor da pele dele mais uma vez.
Eles entram na banheira e Edward acomoda Amy entre suas
pernas – como sempre faz em todas as vezes que tomam banho
juntos ali – e cola as costas dela em seu peito.
Mesmo que ser tocado, de verdade por uma mulher, o assuste
mais do que qualquer outra coisa, Edward se sente bem ao ter sua
pele em contato com a de América, depois de tê-la em seus braços,
tão gelada e inerte, sentir a pele, agora quente, dela em contato
com a sua, o acalma.
Suas mãos passeiam calculadas pelo corpo de Amy, tocando-a
exatamente em seus seios por um tempo longo e prazeroso para os
dois. As mãos de Amy caem sobre as coxas de Edward e as
apertam conforme ele a massageia em seus seios.
Ela geme de forma arrastada e carregada de desejo,
pressionando ainda mais as coxas firmes e torneadas de Edward ao
fazer isso.
Ele arrasta o nariz pelo pescoço dela, aspirando o perfume que
ela carrega em si.
— Acha que devo fazer você gozar assim, Amy?
— Ah! Sim – ela geme.
Ele continua com os toques abusados e maliciosos nos seios
dela que, lentamente, começa a sentir os efeitos do orgasmo, sendo
levada pelas carícias sensuais dele e logo depois desfazendo-se
para ele.
Amy respira ofegante, com sutis fisgadas em suas costelas, mas
isso não a está incomodando nem um pouco e ela consegue força o
suficiente para sorrir com o pensamento que lhe ocorre.
— Devíamos brigar mais vezes. Não daquele jeito, mas com
certeza deveríamos brigar algumas vezes – ela diz com sutileza,
sentindo Edward tencionar atrás dela.
— Por que diz isso? – ele pergunta realmente curioso.
— Esse é um bom jeito de se fazer as pazes.
— Você ficar doente e ir parar em um hospital? – ele questiona
com sarcasmo.
Amy nega com a cabeça levemente, evitando se mover muito
por ainda estar em contato com o peitoral de Edward.
— As sensações ficam ainda melhores – ela diz com malícia;
malícia essa que ela nem imaginava ter — Dá para sentir saudade
quando se briga.
— Então, você sentiu saudade? – ele pergunta relaxando
visivelmente.
— Mesmo magoada e com raiva de você? Sim, eu senti. E
você?
— Mais do que pode pensar – ele sussurra para ela no mais
baixo tom de confissão, fazendo Amy sorrir — As coisas entre nós,
Amy, nem sempre serão arco-íris e borboletas. Tem que entender
isso. Nós temos. Mas eu prometo dar o meu máximo para que
sejam e para que você nunca mais olhe daquele jeito para mim.
América sorri, gostando da promessa feita por ele.
Se isso realmente se tornasse real, poderia haver alguma
esperança.
— O.k. – ela sussurra, entregando-se mais uma vez para as
carícias dele.
[…]
Assim que terminam o banho, Edward e Amy vão para o quarto
enrolados em suas toalhas, praticamente secos.
Amy segue cautelosa para a porta, medindo seus passos com
cautela para evitar um impacto maior em suas costelas, e, ao ver
para onde Amy se direciona, imediatamente Edward se pronuncia.
— Onde você pensa que vai? – ele pergunta autoritário e quase
apavorado.
— Para o meu quarto – ela responde como se não fosse
suficientemente óbvio.
— Eu já te disse que vai ficar aqui.
— Eu preciso de roupas. Estou sentindo frio.
— Não seja por isso.
Edward pega uma de suas cuecas box e uma calça de moletom
cinza, vestindo-as rapidamente e, então, ele sai do quarto deixando
Amy de pé ali, completamente confusa.
Ele vai até o quarto da jovem e entra no closet dela, pegando de
suas mudas de roupas antigas uma calça e um casaco de moletom
também cinza, uma camiseta e, ao se virar para as lingeries dela,
ele se perde nos pensamentos de qual ele gostaria de vê-la usando
primeiro.
Afastando os pensamentos maliciosos de sua mente por alguns
segundos, ele pega apenas uma calcinha para ela e depois volta
para onde Amy está.
Edward a encontra exatamente onde a deixou quando retorna
para seu quarto.
Ele entrega as roupas para ela assim que fecha a porta atrás de
si.
Amy possui um sorriso incógnito em seu rosto quando pega as
roupas das mãos de Edward.
Ela coloca as roupas sobre a cama e se prepara para vesti-las,
e assim que termina, sente-se mais do que preparada para se deitar
e dormir. Ela se senta na beirada da cama e passa a fitar Edward,
que caminha até ela com sua calça de moletom pendendo em seus
quadris de uma maneira que faz o coração dela trepidar.
Edward se senta ao seu lado e toma a sua mão com a dele.
— Eu tenho duas condições para você amanhã. – Edward
coloca completamente sério.
Este é um assunto que ele está querendo falar com América
desde que ele sabia que eles estavam relativamente bem.
América sente seu coração gelar e perder o compasso.
— Eu deixo você sair com sua amiga para comemorar seu
aniversário – Amy sorri amplamente no mesmo instante e olha para
Edward esperançosa — Se… Primeiro: eu puder ir junto; e segundo:
se for em um dos meus clubes ou em uma das boates em que eu
seja sócio, apenas por segurança.
15- Isso é onde seu coração
assume.
A felicidade que toma conta de mim é maior do que eu mesma.
Meu sorriso se amplia e tudo dentro de mim se agita.
Ele está mesmo me deixando sair!
Meu coração trepida acelerado dentro de meu peito e parece
cantar em meus ouvidos. A vontade que tenho é de lançar-me sobre
ele e agradecê-lo da maneira que ele gosta, mas resisto a isso por
vários motivos, um deles sendo as minhas costelas e outro o fato de
que eu não queria assustá-lo.
— Obrigada – digo a ele tentando controlar minhas emoções e
me contendo em mim mesma.
— Então, aceita minhas condições?
— Com toda a certeza! – eu sorrio ainda mais para ele — Fico
feliz que queira passar meu aniversário comigo, mesmo que seja só
para me vigiar.
Ele aperta minha mão na dele e faz pequenos círculos com o
polegar em minha pele.
Seus olhos cravam-se nos meus e ele sorri para mim, mas
parece triste.
— Não vou para vigiar você, Amy. Quero realmente estar com
você no dia do seu aniversário – ele afaga meu rosto logo depois de
colocar uma mecha rebelde de meu cabelo para trás de minha
orelha — É o primeiro que você vai passar comigo.
— Primeiro de muitos – sussurro para ele que sorri amplamente
e me beija.
— Eu tomaria você neste exato instante – ele ofega.
— Mas…? – sussurro a palavrinha que peso no ar.
— Mas você está machucada, tomando antibióticos e eu não
estou nem um pouco a fim de machucar você ainda mais e nem de
usar aquelas porcarias de camisinhas.
Ele arranca de mim um riso, mas ele dura pouco, pois o
incomodo em minhas costelas aumenta, passo o braço ao redor de
meu corpo, suavemente comprimindo a área dolorida.
Essa dor não se compara nem um milésimo com a da primeira
vez que minhas costelas se quebraram e me lembrar daquela época
faz meu corpo gelar e minha pele se arrepiar por completo.
Doía tanto…
Eu balanço minha cabeça para afastar os pensamentos
desagradáveis e parece funcionar.
Edward pressiona seus lábios nos meus mais uma vez, com
ambas as mãos em meu rosto.
Imediatamente me esqueço do que eu estava pensando.
Um sorriso travesso está estampado em seu rosto quanto nos
afastamos; ele está aprontando alguma, tenho certeza disso.
— O que os antibióticos têm a ver com o nosso sexo? –
pergunto realmente intrigada com este fato.
O sorriso no rosto de Edward aumenta e ele fixa seus olhos nos
meus mais uma vez.
O mar cinzento está carregado de malícia e humor.
— Eles cortam o efeito dos contraceptivos, Amy – ele explica
bem-humorado.
— Ahn… entendi – franzo o cenho mordendo meu lábio inferior.
Eu realmente não sabia disso.
— Sem sexo por quase três semanas? Tem certeza que
aguenta, senhor Cage? – pergunto com humor.
— Está muito assanhadinha para o meu gosto, senhorita
Lawson – ele adverte-me, mas seus olhos parecem rir.
Mordo meu lábio inferior para conter um sorriso.
Gosto deste lado bem-humorado, carinhoso e protetor, um lado
mil vezes melhor que o lado assustador e o lado dominador… e faz
com que eu me sinta bem por estar perto dele. Gosto dos toques
dele em minha pele, da forma como ele me beija, como me olha…
seja com carinho, desejo ou preocupação.
Gosto do calor que emana forte do corpo dele, do perfume
delicioso que fica impregnado em minha pele com facilidade quando
ele me abraça ou me toma em um beijo, gosto quando ele me
agarra com força e me domina com tamanha facilidade – mesmo
que sempre me deixe surpresa quando faz isso.
Não imaginava que em tão pouco tempo eu teria me apegado
tanto a ele e a cada um de seus detalhes expostos. Não imaginava
que, mesmo depois de tê-lo gritando comigo daquela forma, eu
ainda sentiria meu coração batendo por ele dessa forma estranha.
O que isso faz de mim?
— Por favor, pare de morder o lábio – ele pede prendendo meu
queixo entre seu indicador e polegar e soltando meu lábio de meus
dentes — Com você fazendo isso será impossível eu me controlar.
— Desculpe.
Ele beija-me rapidamente e arrasta o polegar pelo meu lábio
inferior.
— Está com fome, baby? – ele pergunta.
Aceno de maneira positiva para ele com um pequeno sorriso.
— Vou esquentar algo para comermos – ele diz se levantando.
— Posso ir junto?
Ele sorri e me toma pela mão dando-me o apoio necessário
para eu me levantar.
Sinto-me brevemente zonza e internamente agradeço por ele
estar me segurando.
Saímos do quarto e seguimos para as escadas.
Edward aperta minha mão na dele e posso ver claramente que
ele está tenso. Foi a mesma coisa quando chegamos.
Ele me olha e, cautelosamente, me toma nos braços e desce as
escadas, carregando-me, e, ao me colocar no chão, ele beija minha
têmpora e segura minha mão mais uma vez.
Na cozinha, Edward me coloca sentada em uma das cadeiras
de frente para a bancada de mármore. Depois de me ajeitar ali, ele
contorna a bancada e segue para a geladeira abrindo o frízer e
tirando dele uma vasilha de plástico.
Ele abre a tampa para ver o que há ali dentro e pela careta que
ele faz, pegou a vasilha errada.
— O que é? – pergunto curiosa.
— Um frango pré-cozido.
Dou uma pequena risada.
Ele abre o frízer de novo guardando a vasilha errada e pegando
outra, desta vez ele parece ter acertado.
— Macarrão com queijo, senhorita Lawson? – ele pergunta
olhando para mim.
— Por favor.
Ele separa duas porções e as coloca uma de cada vez no
micro-ondas para aquecer.
Ele prepara a bancada colocando apoios de prato e copos,
colocou a jarra de suco sobre a bancada, dois copos e os talheres e
assim que a comida estava devidamente quente ele nos serviu.
Edward sentou-se de frente para mim e assim fazemos a nossa
refeição.
— Está uma delícia! – digo realmente deliciada.
Quando surrupiei uma porção deste macarrão com queijo não
tive com que comentar o sabor, mas agora…
— Aretha cozinha divinamente bem!
— Muito bem! – ele me olha travesso e sorri — Você também
cozinha muito bem, Amy.
Sinto minhas bochechas arderem.
— Obrigada.
— Você fica ainda mais linda quando cora, sabia? – meu rosto
esquenta ainda mais e eu sorrio tímida para ele.
— E você não joga limpo.
Ele ri.
— Nunca disse que jogaria.
Eu sorrio para isso, voltando minha atenção para a comida em
seguida.
[…]
Terminei de escovar meus dentes pouco depois de Edward.
Foi estranho ter que – mais uma vez – escovar os dentes com a
mão esquerda.
Quando voltei para o quarto, topei com Edward colocando seu
pijama e estranhei isso.
— Você já não estava pronto para dormir? – pergunto.
— Não gosto daquela calça para dormir.
— E por que não? – sento-me na cama com um pouco de
desconforto, mas achando um pouco de graça na resposta dele.
— Geralmente a uso para malhar ou para correr e elas não são
muito confortáveis para dormir – ele explica.
Emito um som de compreensão.
Em seguida, ele sobe na cama e se deita.
Com um pouco de dificuldade deito-me ao lado dele, fitando-o, e
Edward me puxa com cuidado para seus braços, abraçando-me e
beijando meus cabelos.
Sua mão sobe e desce por minhas costas em um carinho
gostoso, uma de suas pernas está entrelaçada às minhas e ele
brinca com meus pés.
— Posso abraçar você? – pergunto em voz baixa.
Sinto-o tremer brevemente.
— Só não mova muito as mãos em minhas costas, por favor –
ele pede com a voz carregada de medo.
— Está com medo de mim? – pergunto erguendo meu rosto
para fitá-lo.
Ele possui uma expressão amargurada e assustada, seus olhos
estão um pouco arregalados e ele me fita surpreso, por causa de
minha pergunta.
— Não é de você, especificamente. Eu não gosto muito de ser
tocado de surpresa ou durante o sono – ele tira a mão de minhas
costas e a coloca em meu rosto afagando-o — E, sinceramente, eu
ainda não sei o que seu toque em mim pode significar… o que pode
me causar – ele diz e seus olhos ardem de sinceridade.
Sorrio para ele, tentando tranquilizá-lo.
— Eu sei exatamente o que o seu toque significa em mim e o
que ele me causa, Edward – sussurro em tom brando para ele.
Ele me aperta contra si, meu rosto está colado ao seu peito e
sou tomada pelo seu perfume, o som do seu coração preenchendo
meus ouvidos e me sinto cada vez mais calma.
— Você é tão cheiroso – murmuro, tentando me controlar para
não roçar meu nariz ali.
— Você também é muito cheirosa, senhorita Lawson. – mais
uma vez ele beija meus cabelos e a tensão dele parece ter
diminuído.
Com cuidado, ele se estica por cima de mim e pega o cobertor
cobrindo-nos com ele logo em seguida e me aninhando a ele.
— Por favor, me abrace – ele pede cauteloso — Mas não toque
muito em minhas costas.
— Tem certeza? – eu peço.
— Sim – ele diz convicto, mas sinto um pouco de hesitação em
sua voz — Eu preciso.
Passo meu braço ao redor de sua cintura, com o máximo de
cuidado para não o tocar em suas áreas ainda proibidas, e o puxo
para mim apertando-o da maneira mais desajeitada, mas da
maneira que consigo.
Edward afaga minhas costas de forma ritmada.
Acho que o fato de eu estar de casaco e ele de camisa facilitou
na decisão dele, porque teoricamente, eu não estava
definitivamente o tocando.
— Obrigada – balbucio sonolenta para ele, apertando-o um
pouco mais a mim, assim como ele também faz.
Pela primeira vez sinto-me realmente segura com ele desde que
brigamos e desde que ele me ajudou com meu pesadelo da primeira
vez.
O afago dele em minhas costas não para, e isso me traz calma
e serenidade, e aos poucos vou me entregando a inconsciência.
[…]
Acordo sobressaltada.
Olhando ao redor está escuro e eu sinto frio, frio demais, o que
eu acho estranho.
Minhas costelas ardem e, ao olhar mais uma vez a minha volta,
percebo que estou sozinha no quarto.
Com dificuldade e um pouco de dor e tonteira, levanto-me da
cama e sigo para fora do quarto.
Aproximando-me das escadas, ouço a melodia suave de uma
bela música ao piano.
Agarro o corrimão com firmeza e, com cautela, desço as
escadas.
Edward está sentado ao piano, emergido na música e em seus
próprios pensamentos. A melodia é suave e tranquila, mas um
pouco triste.
Aproximo-me dele com cuidado e em silêncio, não quero
interromper a música que ele toca, e que é tão bonita. É como se
ele estivesse em uma bolha, submerso em seu próprio mundo, na
sua própria dor, amargura e tristeza e isso comprime meu coração.
O que havia acontecido?
— Você deveria estar dormindo – ele diz assim que nota minha
presença.
— Perdi o sono.
Caminho até ele e sento-me ao seu lado no banquinho de frente
para o piano.
— Pesadelo?
— Não, não foi aquele pesadelo. Eu só me assustei com
alguma coisa… acho que sonhei e não me lembro. Talvez um
daqueles sonhos em que a gente sente que está caindo, mas nunca
se vê realmente fazendo isso – verbalizo – E eu também posso ter
sentido a sua falta, por não estar lá comigo.
Ele sorri, me olhando, enquanto toca mais algumas notas,
finalizando a música logo em seguida.
— É uma bela melodia – sussurro para ele — Você toca muito
bem.
— Obrigado – ele sorri para mim.
Edward passa o braço por sobre meus ombros e beija minha
têmpora, cheirando meu cabelo.
— Feliz aniversário, baby.
Olho para ele com um sorriso estampado em meu rosto.
Ele me beija, segurando meu rosto entre suas mãos, é um
toque lento e abusado.
Sua língua explora minha boca e o contato dela com a minha
envia inúmeros choques por meu corpo.
— Obrigada – digo ao nos afastarmos.
Ele toca meus lábios mais uma vez e sorri.
— Agora você é exatamente seis anos mais nova do que eu.
— Sabe… eu nunca daria para você a idade que diz ter.
— Por quê? Eu pareço ter mais? – ele se faz de ofendido.
— Menos, muito menos.
— Quantos anos você achava que eu tinha, então?
— A mesma idade que eu, dois anos a mais, mas não mais do
que isso.
Ele ri.
— Fico lisonjeado – diz e me beija mais uma vez.
— Vamos para cama? – peço.
— Dormir – ele decreta.
— Dormir – confirmo — Eu estou com frio.
— Você está um pouco febril. Vou te dar o seu remédio e
voltamos a dormir.
[…]
Edward está deitado ao meu lado na cama mais uma vez e eu
consigo sentir seu olhar atento sobre mim.
Ainda não consigo acreditar que ele deixou mesmo que eu
saísse com Paige amanhã, quer dizer, hoje, e que ele quer ir junto.
Por mais que eu não consiga acreditar que vamos sair para algo
relativamente “normal”, no que eu realmente não consigo acreditar é
no que ele me deixou fazer. Ele me permitiu um tipo de contato
diferente deixou que eu o abraçasse.
Foi quase como um presente.
Deito-me de frente para ele.
Minhas costelas ainda me incomodam um pouco, para falar a
verdade, elas parecem queimar. Acho que este meu estado febril
pode estar causando isso e eu ainda estou com frio, e tremer não
ajuda muito.
— Está com dor, baby? – ele pergunta pondo a mão em meu
quadril e cuidadosamente subindo-a até minhas costelas e fazendo
um pequeno afago.
— Vai passar – asseguro-o — Acho que me deitei sobre elas
quando você não estava aqui.
Edward se aproxima mais de mim, aninhando-me a ele.
O calor toma conta de meu corpo, aquecendo-me de fora para
dentro; ele é melhor que um cobertor.
O som de seus batimentos cardíacos parece ter sido feito para
mim – como uma canção de ninar.
É tão bom.
Eu enterro meu rosto no vão de seu pescoço, aspirando seu
perfume e aproveitando-me ainda mais de seu calor. Ele entrelaça
suas pernas as minhas e brinca novamente com meus pés que, em
comparação aos dele, parecem pedras de gelo.
Um riso abafado e contido escapa dele enquanto ele se estica
e, mais uma vez, apanha as cobertas, cobrindo-nos com elas.
Edward afaga meu cabelo e eu me aninho ainda mais a ele,
rendendo-me ao afago e a inconsciência mais uma vez.
[…]
O que me acorda não é um sonho desconhecido, nem um
pesadelo, muito menos o frio ou calor excessivo. O que realmente
me acorda é um cochichar baixinho, ao pé do meu ouvido, em uma
voz melodiosa.
Eu murmuro alguma coisa semelhante a “me deixe dormir mais
um pouco” ou “por que tão cedo?” um pouco antes de sentir um
beijo ser depositado em meus lábios.
— Acorde, América – a voz de Edward agora se mostra mais
clara aos meus sentidos sonolentos — Vamos, baby, acorde.
Ele me beija mais uma vez e agora sou capaz de responder.
Ouço sua risada e me obrigo a abrir os olhos.
A claridade está baixa, mas me incomoda e eu pisco algumas
vezes para me fazer enxergar de verdade.
Edward está sentado ao meu lado, com ambas as mãos
apoiadas uma de cada lado de meu tronco; seu rosto paira sobre o
meu.
Sorrio para ele.
Esta sim é uma ótima maneira de acordar!
— Feliz aniversário – ele diz e me beija mais uma vez — De
novo.
Sorrio para ele.
É como ganhar um presente.
— Obrigada – mordo meu lábio inferior — De novo.
Edward parece uma criança em dia de natal, com seus olhos
brilhantes e animados.
Ele sorri para mim de uma maneira travessa e a sensação de
que ele pode estar aprontando, ou me escondendo algo me
atravessa.
— Como se sente? – ele pergunta preocupado.
— Bem. Muito bem, na verdade.
— Alguma dor? – sua mão se aloja em minha lateral direita,
exatamente sobre minhas costelas.
— Nenhuma. Como já disse antes: eu estou bem. – Você é um
ótimo remédio, senhor Cage.
Edward me beija mais uma vez antes de se levantar, ficando
apenas sentado ao meu lado.
Com um pouco mais de dificuldade e muita deselegância, sento-
me também e apoio minhas costas na cabeceira de dosséis da
cama.
Tento criar coragem para sair dali.
Com cuidado, espreguiço-me, sentindo meus músculos se
aliviarem no mesmo instante.
Edward se levanta de vez da cama e somente quando ele faz
isso que eu percebo que ele já tomou banho e já está
completamente vestido.
Ele usa uma camisa de algodão preta com mangas compridas –
a camisa mais se assemelha a um casaco que nada esquenta – e
quatro botões que aumentam a gola, sendo que três deles estão
abertos, uma calça jeans preta com riscos grafite que pende em
seus quadris de uma forma que me faz querer ficar olhando
somente para ali, e tênis.
É então que noto em suas mãos uma jaqueta de couro também
preta. Um visual completamente informal e de alguém que tem a
idade dele. Ele tem um sorriso estampado no rosto e nem parece
que sou eu a aniversariante, mas, sinceramente? Não estou nem aí
para isso.
Jogo meus pés para fora da cama e me levanto dela, ficando de
pé na frente dele, meu moletom completamente desalinhado em
mim e eu me sinto completamente infantil e deselegante na
presença dele por estar assim, tanto que sinto meu rosto aquecer.
— Por que não toma um banho e me encontra lá embaixo? –
ele diz com um sorriso torto traçado nos lábios.
— Está bem.
Ele sorri e enlaçando minha cintura ele me beija mais uma vez.
Sua língua acaricia a minha e isso me enlouquece e quando
meus dedos se embrenham em seu cabelo e o beijo se intensifica
ainda mais ele se afasta.
Ambos estamos ofegantes.
Edward deixa alguns beijos estalados em meus lábios antes de
me soltar de vez.
— Para o banho – ele manda com um sorriso nos lábios, agora
vermelhos ao extremo — Sua roupa já está no meu banheiro – ele
informa antes que eu possa cogitar sair de seu quarto e ir para o
meu.
Sorrio para ele e vou para o banheiro enquanto ele sai do quarto
e fecha a porta atrás de si.
[…]
Eu não faço ideia de quem escolheu minhas roupas, mas tenho
certeza de que sabe exatamente o que eu gosto de vestir.
Tênis, calça jeans e blusa de mangas – aparentemente minha
blusa foi escolhida para se assemelhar com o modelo da de
Edward: blusa no estilo casaco. Poderia ficar com essa roupa o dia
inteiro e não reclamaria nem uma única vez.
Completamente de banho tomado, vestida, maquiada e
perfumada, saio do quarto de Edward e vou de encontro a ele na
sala de estar.
Desço as escadas com o máximo de cuidado – não quaro mais
nenhum acidente como aquele.
Edward está sentado no sofá menor, que fica de costas para a
escadaria. Ele lê um jornal e ao me aproximar melhor vejo uma foto.
Uma foto nossa… no jornal?!
A foto é do dia em que ele me levou para o jantar de sua
empresa no Garden. Lembro-me imediatamente da conversa que
tive com Marie, a mãe de Edward, ela havia comentado algo do tipo
sobre uma foto como essa e de ter descoberto a minha existência
na vida de Edward através dela.
Naquele momento eu não entendi o que ela queria dizer, mas
agora?
Está tão claro quanto água potável.
Eu só não entendia por que ela estava novamente no jornal. É
tão interessante assim o fato de eu estar ao lado dele em um
evento?
— Adorei nossa primeira foto – digo para chamar a atenção de
Edward.
Ele fecha o jornal e se vira para mim com um sorriso estampado
no rosto.
— Você está linda. Mais do que eu pensei que ficaria – ele diz
se levantando e caminhando em minha direção — Perfeita.
Sinto meu rosto esquentar.
— Obrigada – sussurro.
Ele sorri e, pegando sua jaqueta, que estava sobre as costas do
sofá, ele a veste e estende a mão para mim com um sorriso torto e
lindo estampado no rosto.
— Vamos? – ele pergunta.
Pego a mão que ele me estendeu e o acompanho para o
elevador, que já nos aguarda de portas abertas.
Seguimos em silêncio, apenas desfrutando da atmosfera
elétrica completamente carregada de desejo – já estou me
acostumando com ela, é boa e Edward enlouquece ainda mais
quando ela se instala entre nós – com nossas mãos entrelaçadas o
tempo inteiro.
As portas do elevador se abrem para a portaria do edifício e
Edward me leva para fora, onde seu carro está estacionado.
Ford está de pé ao lado do veículo e, assim que nos
aproximamos dele, ele entrega as chaves para Edward, que acena
com a cabeça cumprimentando-o e agradecendo.
Sorrio para ele em uma breve saudação e ele acena com a
cabeça para mim com um pequeno sorriso no rosto.
Edward abre a porta do carona para mim e depois de eu entrar
e fechar a porta ele contorna o carro e entra no mesmo dando a
partida nele logo em seguida.
— Para onde vai me levar? – pergunto realmente curiosa.
— Tem que aprender a ser paciente e a confiar mais em mim,
Amy – ele diz com um sorriso, logo depois produzindo um som com
a língua ao estalar ela contra o céu da boca.
— Eu confio em você – É esse sorriso maroto que me preocupa.
Ele sorri e arranca pelas ruas de Seattle.
Está um dia bem agradável, sem muitas nuvens no céu. O sol
atrás de nós se eleva aquecendo o dia e opto por olhar pela janela e
apreciar a paisagem que passa apressada por mim, os prédios,
edifícios empresariais enormes, pessoas andando de um lado para
o outro em um ritmo atarefado.
Sinto a mão de Edward se apoderar do meu joelho, fazendo
certa pressão e correndo-a por minha coxa de uma forma lenta e
provocante. Minha pele inteira se arrepia e eu fico imensamente feliz
por estar usando uma calça jeans e ele não ser capaz de sentir isso
sob seu toque.
Quando olho para ele noto um sorriso pequeno desenhado em
seus lábios, isso me deixa contente.
Edward retira sua mão de meu joelho por alguns instantes para
ligar a música que eu só notei sair de um iPod porque o vi acender
brevemente. Uma melodia suave preenche o ambiente e Edward
volta sua mão para minha perna, continuando com o carinho
possessivo e indecente.
A paisagem muito civilizada começou a desaparecer
começando a dar lugar a algumas casas coloridas e a menos
prédios e mais árvores. Havíamos pegado a autoestrada em
direção, ao que me parece, ser o Lake Union. Mal consigo conter
minha euforia ao pensar que pode ser realmente isso, mas… por
que ele está me levando para lá?
Atenho-me ainda mais a paisagem, observando as águas sendo
cortadas por alguns veleiros.
Parece um sonho com gosto de liberdade.
O carro segue em direção a orla e depois para o norte, ao longo
do viaduto.
Edward diminui um pouco a velocidade do carro e o faz virar
para a esquerda, seguindo pela orla e entrando logo depois em um
estacionamento, de frente para uma ampla marina.
— Espero que goste de barcos – ele diz ao desligar o motor do
carro e parece ansioso — Vou abrir a porta para você.
Saindo do carro, Edward o contorna e abre a porta, estendendo
sua mão para mim, a qual eu não rejeito.
Ele me ajuda a sair do carro e, logo depois de fechar a porta,
ele tranca o carro ativando o alarme.
No estuário de Puget, no Lake Union, alguns veleiros deslizam
pelas águas.
Eu sinto uma animação diferente se agitar dentro de mim com
cada passo que damos e com cada coisa que meus olhos banhados
pela luz do sol conseguem enxergar.
— O que estamos fazendo aqui? – pergunto mal contendo
minha animação e ansiedade.
— É parte do que planejei para o seu primeiro aniversário
comigo. Quero que seja memorável.
— Memorável?
— Com toda a certeza. Quero que se sinta feliz e quero saber
que eu fiz isso por você.
O ar me falta quando o sorriso corta meu rosto.
Edward entrelaça nossos dedos, e, de mãos dadas, nós
caminhamos pelo calçadão da marina.
O vento sopra mais forte e mais a frente os veleiros são
carregados por esse mesmo vento, cortando sempre as águas de
um lado para o outro.
Não me canso de admirar essa vista.
O sol está alto e aquece todo o meu corpo.
Edward tirou sua jaqueta e arregaçou as mangas da blusa, a
jaqueta está em sua mão.
À nossa frente, um belo e enorme veleiro, na verdade, um
belíssimo catamarã, ancorado no cais. Pelo olhar que Edward
intercala entre mim e o veleiro, dá para ter uma ideia de que este é
um barco muito especial para ele.
— Velejar. O que acha? – ele pergunta ansioso, acariciando o
dorso de minha mão com o polegar.
— Eu nunca entrei em um barco antes!
— Outra primeira vez, então – ele diz com um sorriso enorme e
satisfeito estampado no rosto. — Vamos.
— Tem certeza? – pergunto procurando mirar os olhos
cinzentos em busca de alguma hesitação.
— De que eu quero você no meu barco comigo? – ele arqueia a
sobrancelha — É lógico que eu tenho.
Sinto meu coração descompassar dentro de meu peito.
O ar fica ligeiramente rarefeito enquanto ele me conduz para
dentro do barco.
Na lateral dele há desenhado em preto o nome Angel – que
deve ter algum significado para ele, mas que eu não consigo
imaginar qual seja. Talvez não signifique nada e eu só esteja
querendo esmiuçar qualquer coisa que possa me dar um pouco
mais de quem ele é.
— Senhor Cage! – um homem alto e de cachos loiros
cumprimenta Edward no momento que subimos a bordo do Angel —
Bem-vindo de volta!
Ele é bronzeado e tem olhos castanhos, vestido como um
navegante esportista: camisa polo de mangas curtas, bermuda e
mocassins, e não parece ter muito mais que trinta anos.
— Dony. – Edward o cumprimenta com um aperto de mãos e
um sorriso — Amy, este é Gabe Donnelly. Gabe, esta é a Amy. –
Edward sorri amplamente.
— É um grande prazer finalmente conhecê-la, senhorita
Lawson.
— O prazer é meu – sorrio, apertando a mão que Dony me
estende.
Finalmente me conhecer? Hã? – me pergunto em confusão.
— Ela está pronta? – Edward pergunta a Dony.
— Pronta para navegar, senhor.
— Perfeito – exclama satisfeito — Hoje você pilota, Dony.
— Sim, senhor. – Dony faz uma breve mensura e segue para
outra direção, indo realizar suas tarefas antes de colocar o barco
para navegar.
Enquanto isso, Edward me conduz para dentro da cabine.
Bem em frente a nós um sofá de couro na cor do chocolate em
formato de “L”, acima dele uma enorme janela curvada que oferece
uma vista esplêndida para a marina, à esquerda fica a cozinha toda
em madeira clara e muito bem equipada.
O mesmo tipo de madeira que reveste a cozinha é o que forra o
chão. É tudo tão charmoso e leve, mas ao mesmo tempo
funcional…
— Banheiros, dos dois lados – ele aponta para as duas portas
antes de continuarmos o caminho pelo curto corredor.
Paramos diante de uma porta, que, a meu ver, possui um
formato estranho.
Ele a abre, logo em seguida, revelando um quarto de luxo
simplesmente enorme para algo que está dentro de um barco. Uma
cama king size forrada com lençóis de linho azul-claro, o chão da
mesma madeira clara.
É bem semelhante ao quarto dele no Diamond, na verdade.
— Esta é a cabine principal – ele diz assim que adentramos no
cômodo, soltando minha mão pela primeira vez desde que
chegamos.
Fito-o pela primeira vez desde que entramos na cabine.
Os olhos dele brilham e o cinza parece prata líquida quando os
reflexos da água entram pela janela do quarto – o mesmo tipo que
há na primeira área que ele me apresentou – e iluminam seu rosto.
— É magnífico – elogio o barco e as cabines como se eu
estivesse o elogiando.
Ele está mesmo fazendo isso?
Parece tudo demais, tudo um sonho muito bom. Tenho medo de
acordar e descobrir que ainda estou naquele hospital, que Edward
não está sendo essa pessoa comigo e que o castigo que me foi
“prometido” me aguarda.
— Quase não consigo acreditar… – murmuro para ele.
— Por que não? – ele questiona realmente confuso — Estamos
aqui, não estamos? – anuo positivamente — Então, por que não
acredita?
— Porque é bom demais para ser verdade – decido não mentir,
com toda a certeza será pior depois se ele descobrir que menti para
ele — Eu… eu sou apenas a sua submissa, e, sinceramente? Eu
nem sei o porquê de ter me escolhido!
Edward segura meu rosto entre suas mãos, fixando meus olhos
nos dele.
Ele põe uma mecha rebelde de meu cabelo para trás de minha
orelha com carinho e suavidade.
— Eu busco te responder isso desde a primeira vez que me
perguntou. Eu sei por que eu te escolhi, sempre soube, mas não sei
como dizer a você – os olhos dele brilham sinceros, completamente
verdadeiros e isso me faz tremer por dentro.
— Teremos tempo – consigo dizer com o pouco de ar que ainda
existe em meus pulmões.
Ele sorri assentindo.
— É o que eu espero – e então me beija, deixando que eu
passe meus braços ao redor de seu pescoço e embrenhe meus
dedos em seu cabelo.
Eu o puxo para mais perto e, no mesmo momento que faço isso,
Edward me ergue pelas coxas, fazendo com que eu o abrace com
minhas pernas.
Meu coração bate acelerado em expectativa, fazendo todas as
sensações prazerosas circularem pesadas pelo meu sangue.
— Se soubesse o quanto eu a desejo… – ele sussurra em meu
ouvido.
Meu corpo inteiro fica arrepiado e treme por antecipação, e ele
me beija novamente.
Sua língua acaricia a minha com gosto e eu sinto tudo dentro de
mim se contorcer e ferver. Isso não é justo! Como ele pode ter esse
feitiço poderoso sobre mim? Tem que ser essa a resposta para tudo
isso. Tem que ser…
Edward está pressionado contra meu íntimo coberto e ele
insinua investidas em mim enquanto estamos desse jeito. Ele me
põe com as costas no que parece ser a parede do barco, sem parar
com os beijos e começando com os toques abusados,
principalmente em meus seios.
Edward continua friccionando nossos sexos cobertos pelas
roupas.
Sinto que vou enlouquecer.
Ele continua massageando meus seios e roçando nossas
intimidades por cima de todas as minhas roupas, e tudo isso
misturado ao beijo carregado de desejo simplesmente só deixa as
coisas terrivelmente melhores.
— Você é irresistível! – ele exclama pouco depois de se afastar
de mim.
Estamos completamente ofegantes.
Pela primeira vez sinto minhas costelas incomodarem no dia.
— É uma pena não poder aproveitá-la agora, senhorita Lawson
– ele diz, mas ainda retém os braços a minha volta — Vamos, Dony
já deve estar pronto para zarpar e nós temos um café da manhã
para tomar.
[…]
Edward colocou um colete salva-vidas em mim, mas não muito
apertado, apenas o suficiente.
O Angel já está pronto para zarpar e Dony apenas aguarda as
ordens de Edward, que logo depois de se certificar que não tenho
como me machucar, vai ao encontro dele dando as ordens certas.
Fico ali apenas observando-o e me perco em pensamentos.
Edward é bem diferente do que eu pensei que fosse. Apenas
pelo fato de em tão pouco tempo – pouquíssimo tempo na verdade
– ele se preocupar tanto comigo, me mostra isso.
Penso até que fui tola demais em pensar em uma fuga, partir e
deixá-lo pelo resto de toda a minha vida… ele, até hoje, não me deu
motivos para isso. Lembro-me então, da noite em que o olhar
raivoso e mais perigoso que eu já o vi dar foi direcionado a mim
apenas por um revirar de olhos.
Fui tão tola e estava tão cega de raiva que me esqueci de uma
das regras principais. Mamãe vivia me repetindo elas, mas esse é
um hábito terrível que muitos possuem, e eu, em meus piores
momentos, uso dele. Definitivamente, eu não havia nascido para
viver assim cercada de regras rigorosas e não-me-toques.
Com mais uma olhada no barco, eu desvio dos meus
pensamentos e percebo o quão esplêndido esse veleiro é.
É realmente fantástico!
O vento sopra no meu rosto, bagunçando ainda mais meu
cabelo, o sol me aquece e esse calor me faz lembrar a primeira vez
que Edward dormiu abraçado a mim, acordamos exatamente na
mesma posição.
Lembro-me também da primeira vez que fizemos sexo… os
beijos que ele me dava, a forma abusada e experiente como me
tocava. Roço a ponta de meus dedos em meus lábios, lembrando-
me dos minutos que passamos na cabine principal e não consigo
evitar o sorriso que se forma no meu rosto.
— Um beijo por seus pensamentos. – Edward sussurra em meu
ouvido logo depois de colar-se às minhas costas e envolver minha
cintura em um abraço possessivo, o que me tira das minhas
contemplações.
— Têm coisas muito bonitas, senhor Cage – digo fugindo da
“moeda de troca” dele.
Ele tira o meu cabelo da frente de meu pescoço e, quando ele
deposita um beijo ali, posso sentir também o seu sorriso contra
minha pele.
— Sim, eu tenho – ele responde — E você é a mais bela delas.
Sinto meu rosto esquentar e meu coração perder algumas
batidas.
Ele me gira em seus braços colocando-me de frente para ele,
passo os braços ao redor de seu pescoço e Edward sorri maroto
para mim beijando-me antes de desfazer o abraço possessivo.
— Venha.
Pegando em minha mão Edward me conduz em direção à parte
de trás do barco – creio que se chame popa – e, descendo por uma
pequena escada de quatro ou cinco degraus, chegamos a uma
parte coberta que eu penso ser a parte de fora do deque inferior.
Há uma grade de proteção onde duas boias salva-vidas estão
presas, penduradas para o lado de fora.
O som do motor soa mais alto por breves instantes e o Angel
começa a navegar suavemente pelas águas do estuário saindo do
ancoradouro e entrando nas águas mais pesadas da marina.
No porto, algumas pessoas se reuniram para nos ver zarpar,
elas acenavam eufóricas, e eu, com um sorriso acenei timidamente
de volta para elas.
Edward se posicionou atrás de mim, suas mãos sobre as
minhas na barra mais alta da grade de segurança.
— O que está achando, baby? – ele pergunta ao pé de meu
ouvido, fazendo minha pele se arrepiar e mais uma vez eu sinto o
seu sorriso.
— É a melhor coisa que alguém já fez por mim em toda a minha
vida – digo ainda mais maravilhada com a vista que me é
proporcionada.
O que acabei de dizer a Edward é a minha mais pura e, uma
dolorosa, verdade.
— Se depender de mim, será sempre assim – ele diz e seu tom
me parece sincero; um beijo é depositado em meu ombro — Já
decidiu onde vai querer ir esta noite?
— Quero ir à boate em que você é sócio.
— Tem certeza?
— Absoluta – respondo com um sorriso mesmo que ele não
possa ver — Sabe… a maior parte da manhã eu passei com a
sensação de que está me escondendo algo que eu deveria saber.
— Por quê?
— Não sei… é só… uma sensação – dou de ombros.
Ele me abraça pela cintura colando meu corpo ainda mais ao
dele.
Cuidadosamente, coloco meus braços por sobre os dele.
Parece fazer muito mais tempo que estamos juntos – na falta de
palavra melhor.
Sinto-me tão bem quando estou assim, abraçada a ele que é
quase estranho até. Ele é tão quente… em muitos sentidos da
palavra.
— O que as pessoas devem pensar quando nos veem assim? –
pergunto.
— A mesma coisa que minha família pensou quando viu as
fotos do jantar no Garden nos jornais – ele me vira para que eu fique
de frente para ele — Que você é a minha garota.
— Sou sua, mas não sua garota e sim sua submissa – respondo
em tom baixo.
— Uma submissa com muita vontade – ele diz com os olhos
cravados nos meus, algo parece dançar no brilho cinza de suas
írises — Você é minha garota e minha submissa… Você é mais do
que tudo isso, Amy.
Envolvo seu pescoço em meus braços e me estico para ele que
me beija com gosto e vontade.
“Você é mais do que tudo isso, Amy”.
♥
Ver a forma pacífica com que Amy repousa em meus braços é
algo inestimável para mim.
Já tinha perdido a conta de quantas vezes ela se remexera no
sono até ficar de frente para mim. Ela carrega um semblante sereno
e um pequeno sorriso brota em seus lábios quando ela se aperta ao
travesseiro murmurando.
— Edward…
Ouvir meu nome sair de sua boca faz um sorriso involuntário se
abrir em meu rosto.
Ela está sonhando comigo e ter consciência disso me deixa
bem, me faz saber que mesmo tendo-a deixado um pouco vermelha
hoje ela não sente raiva de mim.
Gosto de observar e memorizar cada uma de suas reações
estando ela acordada, dormindo, ou se entregando a mim. Ela
morde o lábio fincando a testa e isto me preocupa, aproximando-se
de mim ela se encolhe e relaxa visivelmente, isto me perturba.
Será que ela ainda está sonhando comigo?
Prendo ainda mais minha atenção nela e acaricio suas
bochechas com cuidado para não acordá-la. Seus pés esbarram
nos meus e eles estão gelados.
Puxo-a para meus braços mais uma vez e, fazendo
malabarismo, coloco as cobertas sobre nós. Sinto suas mãos
pequenas e quentes envolverem timidamente meu quadril e no
mesmo instante congelo, sinto cada extremidade minha ficando tão
gelada quanto os pés dela.
É a segunda vez que ela me abraça só que agora ela está
inconsciente.
— Quente… – ela balbucia erraticamente atendo-se ainda mais
a mim.
Coloco minhas mãos em seus braços e calmamente as subo por
ele a sentindo retesar sob meu toque e gemer de forma assustada e
sofrida.
Imediatamente eu paro.
— Edward – ela me chama apertando-me em seu abraço
estranho — Não deixe ele me tocar… por favor! Só o Edward!
Ela pede sofrida e meu peito se comprime em angústia.
Ela está tendo um pesadelo!
Toco em seu ombro e a balanço minimamente, ela entrelaça
suas pernas nas minhas e se agarra ainda mais a mim, deixando-
me sem reação alguma.
Retornando a mim, abraço-a também, envolvendo-a ainda mais
em meus braços, e decidido a protegê-la seja do que for, deixo-me
levar pela inconsciência também.
17- Espelhos da alma.
Acordo sobressaltado.
Meu quarto está escuro, muito mais que o normal.
Não há aquela pequena luminosidade concedida pela lua como
em todas as noites.
De acordo com meu despertador, já passa das oito da noite e eu
me surpreendo com o quanto dormi.
Esfrego meus olhos afastando um pouco minha sonolência e
depois me estico para o abajur, ligando-o. A luz preenche todo o
quarto, fazendo-me piscar acelerado até me acostumar.
Olho em volta e quando meus olhos passam sobre o espaço ao
meu lado na cama, encontro-o vazio e no mesmo instante o resto do
sono desaparece.
Jogo meus pés para fora da cama, levantando-me dela e indo
em direção ao banheiro constatando que Amy não está ali.
Saio de meu quarto e praticamente corro até o quarto que dei
para ela, encontrando-o vazio também e o desespero toma meu
peito.
Desço as escadas apressado e, pouco antes de chegar à sala,
ouço a voz abafada dela, enchendo meu peito de alívio.
Amy está falando ao celular, mas com quem a esta hora da
noite?
Aproximo-me da sala em silêncio e, encostando-me na pilastra
da cozinha, eu a observo. Ela está sentada no sofá de costas para
mim, inclinada na direção da pequena mesa de centro.
— Não – ela dá uma risadinha — Eu estou bem. Pode ficar
tranquilo – ela diz em tom doce e no mesmo instante sinto meu
sangue ferver, fechando meu rosto em uma carranca azeda e
desfazendo o sorriso que eu nem sabia estar presente ali.
Ela está falando docemente com um homem?! Ela só pode falar
assim comigo, droga!
Atenho-me ainda mais a conversa que ela tem, tentando
entender tudo o que ela fala:
— Ah, ele é bom para mim – ela diz ainda mais doce e tenho
certeza de que está sorrindo. Quem é bom para ela?! — Eu tenho
certeza que ele é diferente daquele monstro que vivia com a mamãe
– ela faz mais uma pausa ouvindo atentamente; Estão falando de
mim! Mas que monstro? — Acho que sim, mas também acho que
não – mais uma pausa — Eu sei e é exatamente por isso que eu
não tenho a menor vontade de contar para ele – ela diz com
convicção, mas noto um pouco de tristeza em sua voz.
O que ela não quer me contar? Tem algo a ver com a cicatriz?
Sinto-me tenso no mesmo instante.
— Não quero que ele me mande embora nem que tenha nojo de
mim.
Franzo o cenho logo depois do que ela diz. Por que eu teria nojo
dela?
— Sempre tenho medo disso, carrego as marcas no meu corpo
e na minha memória. Sei exatamente do que aquele homem é
capaz – ela diz com a voz trêmula e imediatamente sei que ela vai
chorar.
Ouço-a respirar de uma forma pesada, como se ponderasse
contar ou não algo para a pessoa que conversa com ela.
— Eu não te contei muita coisa, mas saiba que eu estou bem e
que sinto sua falta – ela faz outra pausa ouvindo e tenho quase
certeza de que ela está sorrindo — Eu também te amo. E pai? – ela
chama. Pai?! — Feliz aniversário, sim?
O silêncio se instala na sala e eu a ouço suspirar, com uma
pequena risada e o som me fascina.
Ela se recosta nas costas do sofá, remexendo-se.
— Sabia que é muita falta de educação ficar ouvindo a conversa
dos outros, assim, escondido? – ela diz com diversão, virando-se
para mim logo depois com um sorriso enorme e muito bonito.
— Me notou há muito tempo?
— Desde que você chegou – ela responde com um sorriso
ainda mais bonito, este que diminui depois numa fração de segundo
e suas faces coram violentamente — Ouviu muita coisa, não é?
Aproximo-me dela e sento-me ao seu lado, vendo-a retesar no
mesmo instante.
Isto me faz lembrar de pouco tempo atrás quando acarinhei seu
braço enquanto ela dormia e o quanto ela ficou assustada, mesmo
no sono. Isso comprime meu peito dolorosamente.
— Importa muito o que eu ouvi ou deixei de ouvir? – pergunto
em tom brando, mas ainda assim sério.
— Um pouco – ela responde em tom baixo.
Respiro profundamente, fechando meus olhos por breves
instantes antes de fitá-la.
— Amy? – chamo sua atenção para que ela me olhe, e assim
que ela o faz começo: — Sim, eu ouvi o que você falou. Desde o
“não, eu estou bem” até o “feliz aniversário, sim?”. Fiquei, no
começo, com raiva por estar falando toda doce com outro homem –
um sorriso pequeno se abre em seu rosto, mas ela o contém. —
Ouvi você falar de mim, que sou diferente de alguém, que não quer
me contar algo porque tem medo de que eu te mande embora, que
eu te deixe por ter nojo de você, que carrega as marcas na sua
memória e no seu corpo, que sabe do que o homem desprezível
que te machucou é capaz. Disse amar seu pai e que não havia
contado muitas coisas a ele, e depois o feliz aniversário.
Amy sorri abertamente fixando seus olhos nos meus.
Neles eu vejo muitas coisas, principalmente medo de algo, mas
ainda assim vejo felicidade e eu me pergunto se sou eu o motivo
desta felicidade.
Afago sua bochecha levemente corada, sentindo-a tremer
minimamente sob meu toque.
Não sei o que ela está fazendo comigo, nem sei como ela está
conseguindo fazer. Talvez ela nem perceba que faz.
Eu apenas sei que a cada vez que ela sorri, pronuncia meu
nome, me olha – de qualquer maneira – quando fala qualquer coisa,
quando ri e até mesmo quando me abraça daquela forma estranha e
engraçada apenas para evitar me tocar, faz com que eu me sinta
bem, como nunca me senti.
É como se cada gesto dela, cada coisa pequena e simples – até
mesmo empinar seu nariz arrebitado, franzir os lábios e discutir
comigo quando furiosa e quando algo não a agrada – curasse aos
poucos cada pedacinho de mim, tirando a dor e colocando algo que
quase nunca ousei ter: Esperança.
O sorriso que se abre em meu rosto quase chega a ser doloroso
de tão grande que é. Mas por mais que eu me sentisse feliz com o
fato de ela me querer realmente por perto, eu ainda preciso saber o
que tanto a assusta.
— Conta para mim? – peço observando seus olhos azuis se
encherem de confusão — Conta para mim o que tanto te assusta
em seus sonhos, baby?
Seus olhos se arregalam gradativamente e posso jurar que ela
está ainda mais branca.
Na baixa luz da sala vejo lágrimas cintilarem nos cantos de seus
olhos e ela respirar entrecortada.
— Por favor… – ela implora, provavelmente se lembrando de
seu pesadelo, e tudo em mim diz ter a ver com sua cicatriz e suas
costelas fraturadas — Por favor, não queira saber… não insista –
ela respira com dificuldade e seu lábio treme; quando as primeiras
lágrimas escorrem de seus olhos, apreço-me em secá-las.
Vendo-a desta forma não consigo me controlar e a puxo para
meus braços, sentando-a em meu colo.
Afago seus cabelos e suas costas.
— Shhh… Por favor, não chore. Não vou insistir, mas, por favor,
pare de chorar – peço angustiado, sentindo seu corpo se agitar
contra o meu em meio aos soluços.
Ela se aperta a mim, envolvendo meu pescoço com seus braços
e escondendo o rosto no vão que se forma.
— Não quero que tenha nojo ou raiva de mim – a voz dela soa
abafada e embargada pelo choro. — Já basta o que eu sinto toda
vez que me lembro… – sua voz desaparece.
Aperto-a ainda mais em meus braços, ainda afagando suas
costas, e isso parece acalmá-la lentamente.
— Só quero saber como posso te ajudar, baby – sopro para ela.
— Você já ajuda, e muito! – ela responde ainda com o rosto
escondido, mas posso sentir o calor no timbre de sua voz. — Você é
tão quente – ela suspira.
Um sorriso involuntário se abre em meu rosto quando me
atenho ao seu comentário.
— Gosto do seu calor.
Ela se move minimamente em meu colo, ficando ainda mais
perto de mim, embrenhando seus dedos em meu cabelo.
Sinto seu nariz contra meu pescoço e a respiração quente bater
contra minha pele, e não consigo evitar que meu sorriso aumente.
— Gosto do seu calor também – sopro para ela, vendo-a erguer
o rosto e me fitar — Principalmente quando ele está em suas
bochechas – acaricio a face tingida de rubro dotada de forte calor —
Você fica ainda mais bela assim.
Ela sorri baixando os olhos, envergonhada.
Prendo seu queixo entre meus dedos e ergo seu rosto,
forçando-a a olhar para mim.
— Não tenha vergonha de si mesma – peço cravando meus
olhos no mar azul de seus olhos. — Você é preciosa demais para se
envergonhar de qualquer coisa.
Mais uma vez ela sorri e sua face aquece. Ela deita novamente
o rosto no vão formado por seus braços e meu pescoço, e mais uma
vez sinto a respiração quente bater contra minha pele.
Suas mãos se movem em meu cabelo levemente, e
suavemente sinto suas unhas se arrastarem em meu couro
cabeludo.
Ouço-a sorrir pouco antes de levantar o rosto novamente e me
fitar.
Seus olhos estão focados em meu rosto, como se cada detalhe
fosse muito mais que importante; o azul bonito parece dançar e ele
brilha, tornando-se ainda mais belo.
— Está me fazendo cafuné, senhorita Lawson? – soo mais
manhoso do que esperava.
— Estou sim, senhor Cage – ela dá uma risadinha — Gosta?
— Bastante.
****
Vejo o dia amanhecer cinza e chuvoso enquanto velo o sono de
Amy.
Ela está abraçada ao travesseiro em que antes repousava sua
cabeça. Sua respiração é tranquila e quase não se dá para ouvir,
apenas se prestar-se bastante atenção.
Mesmo tendo dormido pouco não consigo mais pregar os olhos.
Minha mente não para de trabalhar e a toda a hora
pensamentos enlouquecedores, sobre como o passado dela deve
ter sido antes de mim, vêm a minha mente e isso é perturbador
demais e quase sempre estes pensamentos se chocam com as
lembranças do dia anterior e da ligação da minha mãe.
Não dá para ter certeza de se o que estou prestes a fazer com
Amy e minha família é o certo, mas apesar de não ver nada que não
me permita apresentar América à toda a minha família, como eu
faria isso? Eu a apresentaria mais uma vez como uma
acompanhante, como fiz quando a levei ao jantar no Garden e a
apresentei à Vivian?
Não. Com toda a certeza não!
Amy não é e nunca foi uma mera acompanhante minha.
Não consigo deixar de pensar em tudo o que se passa e se
passou.
Saber que Amy pode ter sofrido tanto ou até mais que eu
quando tão jovem é o que mais me dói e preocupa. O que ela pode
estar escondendo de mim? Foi uma coisa tão grotesca que eu
realmente chegaria a ter nojo dela?
As perguntas sem respostas não abandonam minha mente por
mais que eu tente fazê-las se calar, sempre estão gritando em
minha cabeça. Estou cansado de reviver sempre o mesmo período
merda de meu passado que muitas vezes teima em querer se fazer
presente e se misturar no que eu tenho hoje.
É doloroso demais.
Amy se remexe ao meu lado e sua respiração fica mais pesada
para, logo depois, seus olhos se abrirem e ela me fitar com um
sorriso pequeno e cheio de sono. Ela se espreguiça, esticando os
braços para cima e revelando as mangas de minha camisa que nela
mais ficou parecendo uma camisola.
“É como se eu estivesse tocando você” – as palavras dela
voltam para minha mente.
Com um sorriso agora mais amplo ela se vira para mim,
abraçando novamente o travesseiro e arrumando a cabeça sobre
ele também, mordendo o lábio inferior.
— Você não dormiu de novo – ela murmura ainda sonolenta e
coçando os olhos.
A cena chega a ser engraçada e eu não consigo evitar um riso.
— Qual é a graça? – pergunta um pouco mal-humorada.
— Você – respondo contendo meu riso.
Ela faz uma careta e se revira na cama para ficar de barriga
para cima e fitar o teto.
Ela envolve a cintura com o braço esquerdo e deita a cabeça
sobre o direito.
— Está doendo? – pergunto preocupado, lembrando-me de
nossa cena no quarto ontem e temo ter machucado as costelas já
tão avariadas.
— O que? Não! – ela sorri torto virando-se para mim — É
costume já – ela ri nervosa e faz a parte de cima do corpo se mexer,
como se estivesse testando para ter certeza de que está tudo certo;
isso me deixa curioso.
“Eu tenho certeza que ele é diferente daquele monstro que vivia
com a mamãe.”
A conversa dela com o pai que eu ouvi, volta a minha memória
e eu a vejo apanhando indefesa com lágrimas escorrendo pelo
rosto, a pele caramelada, ficando roxa sob os golpes grotescos de
um homem que vivia sob o mesmo teto que ela e a mãe.
O pânico de repente toma conta de mim e eu não consigo me
manter ali.
Levanto-me no mesmo instante da cama afastando-me dela e
de América, fazendo com que ela me encare confusa e com o cenho
franzido.
Lembro-me no mesmo instante de quando ela rolou pelas
escadas e eu a vi, horas depois, sendo examinada pela médica e
sentindo tanta dor, lembro-me também de não ter aguentado ficar
presente vendo-a sentir tanta dor e de ter me afastado da mesma
forma que estou fazendo agora.
Esfrego o rosto e passo as mãos freneticamente por meu cabelo
balançando a cabeça na tentativa de fazer as imagens saírem da
minha frente. Sinto que vou desabar a qualquer instante por causa
disso, e, de repente, me sinto fraco, podre por dentro: Eu sou igual
àquele monstro…
— Edward! – o chamado desesperado de Amy me traz para a
realidade, mas as imagens não abandonam minha mente, apenas
vejo-a ali, parada na minha frente sem saber o que fazer com as
mãos agarradas com força à minha camisa que cobre seu corpo —
O que está acontecendo? – ela pergunta assustada.
Caio de joelhos no chão sentindo meu corpo tremer.
— Meu Deus, Edward! – ela se ajoelha na minha frente e sem
hesitação ou medo de qualquer reação minha segura meu rosto
entre suas mãos e foca seus olhos nos meus.
Sinto meu peito se comprimir e respirar é quase impossível.
— Por favor, o que está havendo com você?! – ela pede
assustada.
Quero tirar as mãos dela de mim e me afastar, mas eu não
consigo, não sou forte o suficiente para isso.
— Eu sou igual a ele – minha voz sai mais baixa que um
sussurro.
— Igual a quem, Edward? – Ela está confusa.
— A ele – a raiva que destila de minha voz a faz entender e o
horror toma conta de seu rosto.
Vejo-a empalidecer e seus olhos se arregalarem
gradativamente.
Sua boca se abre e um ofego assombrado sai por entre seus
lábios agora não tão rosados.
Seus olhos fitam os meus e neles eu não consigo decifrar nada
e ao contrário do que eu pensei que ela fosse fazer, Amy me
surpreende envolvendo meu pescoço em seus braços e enterrando
o rosto ali.
— Você não é – ela diz com a voz abafada e chorosa — Não
repita isso nunca! Nunca, ouviu bem?! – sua voz tem tom
imperativo.
Sem pensar muito eu a abraço de volta, apertando-a forte
contra mim e aspirando o cheiro bom que seus cabelos e sua pele
exalam.
— Você não sabe como ele era, então, por favor, nunca mais
repita uma besteira destas!
— Me dê uma razão para não acreditar que eu seja como ele,
América – peço sentindo minha voz falhar miseravelmente,
praticamente implorando.
Ela se afasta e fita meus olhos com determinação e um pouco
de dor.
— Eu sei como ele era e acredite em mim – ela diz com
veemência — Você não tem nada a ver com aquele monstro. Tudo o
que faz e já fez por mim é prova disso!
Ela afaga meu rosto e cola seus lábios nos meus iniciando um
beijo lento e carregado de mil e uma coisas que desconheço e
mesmo se conhecesse eu não saberia explicar, só sei que elas
fazem bem.
Amy sobe em meu colo, passando as pernas ao redor de meu
corpo e eu sinto-a sorrir durante o beijo ao me sentir pressionado
contra ela.
Minhas mãos trabalham rápidas em tirar a pouca roupa que lhe
cobre o corpo e eu a vejo sorrir ainda mais para mim.
Deito-a de costas no chão um pouco frio e fico sobre ela.
Seus olhos estão nos meus e neles eu vejo confiança
direcionada a mim e ver isso enche meu peito dolorido com um calor
bom.
Passeio meu nariz e minha boca por toda sua pele, sentindo
seu sabor, textura e perfume inebriantes.
Ela se contorce ansiosa sob meu peso controlado e é extasiante
vê-la assim por minha causa, para mim.
Em movimentos rápidos e precisos tiro minhas roupas e estou
dentro dela.
Provando mais uma vez de seu calor úmido e muito mais que
inebriante e envolvente, começo a me movimentar com vontade
dentro dela, vendo, ouvindo e sentindo-a corresponder às minhas
investidas, a cada uma delas.
— Edward – ela geme baixo e arrastado, agarrando meus
braços e arqueando o corpo na minha direção, absorvendo e
querendo o prazer que eu posso dar a ela quando e onde ela quiser.
Suas unhas fincam-se na pele de meus braços e sentir isso é
enlouquecedor, faz-me retesar e estremecer ao mesmo tempo e
quando ela as arrasta por toda a extensão deles desde onde os
agarrou até quase em meus pulsos, mil e uma coisas se passam
dentro de mim.
Acelero o ritmo sentindo-a cada vez mais próxima e quando
chegamos ao ápice, terminamos praticamente juntos.
[…]
Amy se serviu das panquecas frescas feita por Aretha, assim
como eu.
Ela está calada desde que descemos depois que meu estúpido
surto nos levou a outra coisa – devo dizer que muito mais agradável
que pensar ou conversar – e eu tenho certeza de que ela está
pensando no que aconteceu, mas me foi inevitável parar de pensar
naquilo.
Como eu posso não pensar que sou igual àquele monstro ao
qual ela se refere, quando eu também faço dela um saco de
pancadas particular para depois foder com ela como um louco? É
impossível não pensar que ela só esteja aqui, que faça o que faz
comigo, que me trate – relativamente – bem por obrigação, porque
foi instruída a fazer isso.
Porque ela não tem outra opção.
— Edward? – ela me chama em um sussurro.
— O que foi, baby? – pergunto virando-me para ela.
— Pare de pensar que é igual àquele ser, por favor! – ela
implora nervosa.
Como ela sabe…?
— Eu já disse que não é, então, por favor, pare de se maltratar
achando que é igual a ele! – a voz dela se eleva conforme ela fica
alterada.
— Tudo bem – murmuro — Eu vou parar.
Ela assente positivamente e abandona o garfo ao lado do prato
vazio.
— Coma mais – digo a ela.
— Estou satisfeita.
— Sei que quer mais, baby.
Ela bufa um riso e pega mais uma panqueca, comendo-a com
gosto.
— Minha mãe nos convidou para jantar – solto de uma única
vez para ela, sem saber exatamente como convidá-la, a melhor
forma é esta: soltando na lata, como diz Josh.
Amy me olha com um sorriso e seu rosto se ilumina.
Piscando algumas vezes ela se apruma no assento mexendo-se
nervosa.
— Jantar, tipo… eu, você e ela? – ela tem os olhos arregalados
e nervosamente morde o lábio inferior.
— Ahn… não. Vou apresentar você ao resto de minha família.
Seus olhos se arregalam ainda mais e seu rosto adquire a
tonalidade rubra e quente, e então um riso nervoso escapa dela e
vejo-a tremer minimamente.
Ela esfrega o rosto e joga os cabelos ainda bagunçados para
trás, apertando-os junto à cabeça.
— Quer ir? – pergunto com real curiosidade.
Mais uma vez ela morde o lábio inferior e agora, balança
nervosamente as pernas numa sequência inexistente.
— Acha que eles vão gostar de mim? – ela pergunta e em cada
uma de suas palavras sinto seu medo.
— Você já conheceu minha mãe e meu irmão. Pode ter a
certeza de que minha família inteira sabe sobre você.
Amy me lança um sorriso nervoso.
— Por que nunca fala deles? – ela pergunta com o cenho
franzido e torcendo os dedos no próprio colo.
— Não tenho o que falar – soo evasivo.
— Nada? Por quê?
— Eu não os vejo há muito tempo, Amy. É por isso.
— Se afastou deles? – aceno positivamente — Então é por
isso… – ela murmura fechando os olhos, como se sentisse raiva,
mas do que?!
— Amy? – chamo-a.
— Sabe como ela estava naquele dia? – ela enfatiza a
penúltima palavra e apenas por esta entonação posso imaginar a
que dia ela se refere.
— Amy…
— Ela estava morrendo de saudades de você! – ela me
interrompe e por mais que eu queira sentir raiva por ela ter feito
isso, eu não consigo — Se você tivesse visto como ela falava de
você, o quanto ela te ama… – ela foca seus olhos nos meus e eu
vejo que lágrimas se formam em seus cantos — Se soubesse o
quanto ela sente a sua falta! – ela fecha os olhos e por seu rosto
uma sombra de dor passa — Se a minha mãe sentisse um décimo
do que a sua sente por você eu seria feliz, agradecida ao extremo!
Mas nem isso ela sente por mim! – sinto a raiva presente em sua
voz.
— Minha mãe não me amava – não consigo evitar falar sobre a
mulher que me trouxe ao mundo.
— Por Deus, Edward! Não diga besteiras! – ela empalidece — É
lógico que a Marie te ama!
— Amy – repreendo-a em tom calmo — Marie é minha mãe
adotiva.
Vejo sua face ir do branco ao vermelho em questão de
segundos.
— Mesmo assim eu a amo incondicionalmente – continuo a falar
— E entendo que o que eu fiz foi muito errado, mas foi necessário.
— Necessário para quem? Para Marie? Para você? Para a sua
família? – a vergonha já a abandonou, e lá está ela com seu nariz
empinado e os lábios franzidos — Edward… se acha que sua mãe
biológica não te ama, eu entendo. Entendo mesmo do que está
falando, mas isso o que está fazendo com a Marie e toda a sua
família não é nem um pouco justo!
Ela se levanta e segue para fora da cozinha, ouço seus passos
pesados e furiosos ao subir as escadas em direção ao segundo
andar.
Minha vontade é de ir atrás dela e arrancá-la à força de seu
quarto para fazê-la me ouvir, mas eu não consigo me mover e,
sinceramente nem sei o que diria a ela.
As coisas que Amy me disse, a pequena revelação de grande
peso sobre ela, sua indignação pelo fato de eu ter me afastado de
minha família – que segundo ela, que nem os conhece, me ama –
fizeram com que algo diferente dentro de mim se agitasse de forma
estranha e agora… nada.
Eu não consigo pensar ou fazer nada!
“Se a minha mãe sentisse um décimo do que a sua sente por
você eu seria feliz, agradecida ao extremo!”
Passo as mãos com raiva por meu cabelo, tornando-o ainda
mais revolto.
Coloco os pratos vazios na pia e a passos largos vou para meu
quarto, escovo meus dentes e assim que termino fito meu reflexo no
espelho. Eu sou apenas isso: um reflexo do que eu realmente
deveria ser… um reflexo de um homem forte, de um CEO dono de
si, amado pela família que o escolheu. Mas por dentro não passo de
nada.
Troco meu pijama por uma roupa qualquer de frio. A chuva
parece ter aumentado e tenho plena certeza de que em meu quarto
e na sala deve estar quase um musical com os pingos que batem
contra o vidro da enorme janela.
Pensar nisso faz com que eu sinta falta de tocar meu piano.
♥
O carro avança pelas ruas de Seattle em uma direção cada vez
mais distante da civilização de prédios e arranha-céus.
Amy sente seu coração pular cada vez mais acelerado dentro
de seu peito e teme que suas mãos estejam tão suadas que
denunciem seu nervosismo a Edward.
Sentada ao lado dele no banco traseiro do carro, sua mão está
entrelaçada a dele, e como ela gosta disso! Fora os beijos dele e o
sexo – lógico – aquele era o toque predileto dela. Estar com as
mãos, a boca, com todo o corpo entrelaçado ao daquele homem era
o paraíso particular dela, mesmo que muitas vezes não queira
admitir isso.
Edward, por sua vez, mantém os olhos fixos em qualquer ponto
da paisagem um tanto difusa com a mente trabalhando a mil. Ele se
lembra perfeitamente do dia que Amy e sua mãe se conheceram.
Um arrepio gelado percorre a sua espinha quando ele se lembra
dos motivos de Amy ter ido parar naquele hospital.
Secretamente, Edward ainda se sente culpado pelo fato de ela
ter ficado doente, pela forma como ele havia agido com ela.
Céus! Como ele se sentiu mal ao vê-la sentir tanta dor enquanto
aquela médica examinava suas costelas. Ele se sentiu mal não
apenas por isso, mas também porque a pergunta de que se tivesse
sido ele a machucá-la daquela forma e ela não o quisesse mais por
perto ficava martelando em sua cabeça.
Edward se lembra perfeitamente de que quando estava com
Marie, esperando por notícias, ele não queria dar falsas esperanças
para ninguém, muito menos à si próprio, mas desde que Amy
surgira em sua vida, o que mais existia em Edward era exatamente
a esperança. E isso o faz temer que apenas ele nutra essa
esperança de um futuro bom, a esperança de um mais.
Não era a primeira vez que ele pensava assim.
Esse pensamento não abandonava sua mente desde que Marie
telefonara para ele pedindo – ou melhor, mandando – que ele
levasse América para jantar e conhecer o resto de sua família. Essa
pequena palavrinha ficava indo e vindo dentro de sua mente e isso o
assustava, e muito.
Como ele poderia dar mais a alguém se nem mesmo ele
conseguia dar isso a si mesmo?
Ela queria tocá-lo e Edward sabia disso.
Ele podia sentir isso também pela forma como Amy une seus
dedos aos dele quando ambos dão as mãos.
Ela se segura com força e, ainda assim com delicadeza a ele, e
de uma forma estranha Edward gosta, e muito, disso.
Ele não precisa olhar Amy para saber que ela está nervosa. Ele
sente isso praticamente fluir para ele em meio ao único contato do
corpo deles.
“É um passo para o mais.” Ele pensa sentindo-se um pouco
mais ansioso e esperançoso.
— Edward? – a voz sussurrada de Amy chega aos seus ouvidos
e isso aquece seu coração.
— O que foi, baby? – ele pergunta, virando-se para ela e fitando
os olhos bonitos.
— Acha que seu pai e sua irmã vão gostar de mim? – sua voz
sai trêmula e rouca.
— E por que não gostariam de você? – Edward questiona com
um sorriso, apertando um pouco mais a mão de Amy entre a sua,
tentando lhe transmitir confiança.
— Eu não sei… existem tantos motivos para os pais não
gostarem das pessoas que seus filhos apresentam – ela responde
num sopro depois de alguns segundos em silêncio.
— Vai dar tudo certo, baby. – Edward lhe assegura — Eles já
devem saber mais de você do que imagina.
Ele sorri para ela que acena de forma positiva e sorri fraco em
resposta.
— Fala um pouco deles, por favor? – Amy pede com a
curiosidade e nervosismo explícitos na voz.
— Papai e Laurie? – Edward franze o cenho enquanto pensa
sobre o que falar.
Amy não conseguiu evitar o sorriso que se abriu em sua face
quando ela ouviu Edward se referir a George daquela forma:
“papai”. Naquela pequena palavra ela pôde ver que mesmo
parecendo não querer admitir Edward ama sua família.
— Sim. Sobre eles.
— Bom… Papai é advogado e tem sua própria firma, é bem
calmo e… Eu realmente não sei como descrevê-lo a você, baby…
ele é o meu pai.
Amy morde o lábio inferior, pensando por alguns instantes e
mentalmente agradece pelo carro estar escuro o suficiente para
Edward não vê-la fazendo isso.
— De Laurie, então? – ela pede mais uma vez.
— Ah, a Laurie é uma raridade! – Edward sente seu peito se
encher de carinho — Ela é espontânea e louca por moda e culinária!
– uma risada escapa de seus lábios e Amy sorri ao vê-lo tão
contente ao falar da irmã — Ela chegou quando eu tinha quase oito
anos, era tão pequena e cor de rosa!
— Então… Laurie também é adotada? – Amy questiona.
— Não. Apenas Josh e eu somos adotados. Nossa mãe a teve
pouco tempo depois de me adotar. Foi o meu primeiro contato com
bebês. – Edward explica — Os pais de Josh haviam falecido em um
acidente de carro, e como eles não tinham parentes vivos e como
Marie e George eram os padrinhos dele, ele acabou sendo adotado
por eles. E, depois que eu cheguei, Laurie nasceu – Amy sente seu
coração se aquecer ainda mais, de uma forma estranha, saber das
histórias a fazia se sentir como se fosse da família de Edward, como
se mais do que nunca pertencesse a ele e a qualquer lugar que ele
pertença.
— Eu estou louca para conhecê-los e para rever Josh e Marie –
confessa baixinho e o sorriso cresce no rosto de Edward.
[…]
O carro para em frente aos portões da mansão dos Cage.
Mais uma vez Amy sente seu coração pular acelerado dentro de
seu peito quando ela vê os portões se abrindo e Tyler começando a
guiar o carro para dentro do fabuloso quintal da família de Edward.
Ela morde nervosamente seu lábio inferior e respira lentamente
tentando acalmar seus batimentos e parecer menos nervosa.
Edward aperta sua mão na dele e no mesmo instante ela sente, pelo
menos, parte da calma e da confiança que ele tenta lhe passar.
Mais uma vez o carro para, agora de frente para a pequena
escadaria que leva até a porta da casa.
Com as mãos trêmulas, ela se liberta do cinto de segurança e
Edward faz o mesmo. Foi a primeira vez que suas mãos se soltaram
desde que entraram no carro.
Tyler abre a porta de Edward e ele salta do carro para, logo
depois, estender a mão para Amy e a ajudar a descer.
Edward acena em agradecimento para o seu segurança, que
faz uma breve mensura com a cabeça e, logo depois de fechar a
porta do carro, ele se direciona para o outro lado e se senta atrás do
volante, dando a partida no carro e seguindo para fora dos portões.
— Ele voltará mais tarde para nos buscar. – Edward explica a
Amy que olha confusa para o carro se afastando.
— Ah – ela emite um som de anuência.
Eles se viram para a entrada da mansão Cage e sentindo suas
pernas bambas, Amy une sua mão a de Edward mais uma vez, mas
ele se desvia brevemente para abraçar a cintura dela e puxá-la para
perto.
Com calma, Edward a conduz até a porta da casa onde cresceu
e teve momentos bons ao lado de sua família.
Momentaneamente ele se pergunta quais foram os reais
motivos que o fizeram se afastar de sua família, e agora, ele não
conseguia pensar em nada que fosse bom – ou ruim – o bastante
para fazê-lo desejar se afastar.
Antes que ele pudesse tocar a campainha a porta se abre,
revelando ao casal uma jovem efusiva de cabelos castanhos e olhos
esverdeados. O sorriso e a surpresa presente no rosto dela, que
praticamente se escora na porta, podem ser classificados como
gigantes.
— Edward! – ela diz com animação e pula sobre o homem de
íris cinza que a abraça fortemente.
Amy vê o enorme sorriso estampado na face de Edward e não
consegue evitar sorrir para isso.
Quando a jovem se afasta, dá um belo tapa no braço de
Edward, deixando Amy com os olhos arregalados ao presenciar a
cena. Ela se vira para Edward com os olhos arregalados à espera
do pior, mas, ao olhar bem para o homem, percebe que ele está
sorrindo para a jovem.
— Nunca mais suma desse jeito, Edward Cage, ou eu juro que
mato você! – ela diz em tom de bronca.
Amy ainda olha surpresa para os dois, mas seus olhos não
estão mais tão arregalados como antes.
— Não vou mais sumir, Laurie, eu prometo.
Oh, é a irmã dele! – Amy pensa assim que a sua ficha cai.
Laurie vira-se para América pela primeira vez e, assim que seu
olhar se encontra com o dela, a jovem entra em combustão de
tamanha que é sua surpresa e felicidade – quase tão grande quanto
a que a dominava quando pulou em cima do irmão.
— Amy! – Laurie exclama eufórica e se joga nos braços de Amy,
da mesma forma que fez com Edward, mas como Amy não tem o
mesmo tamanho nem o mesmo equilíbrio de Edward, elas
cambaleiam um pouco para trás. — Fico tão feliz em finalmente
poder te conhecer! – Laurie diz ainda mais sorridente ao se soltar de
Amy e a encarar numa distância de um braço. — Você é linda!
Amy sente seu rosto esquentar ao mesmo tempo em que sorri
para Laurie.
— Obrigada. – Amy murmura — Também estou muito feliz em te
conhecer, Laurie. – Amy sorri ampla e simpaticamente para a irmã
de Edward — Você também é linda!
Laurie faz uma careta engraçada ao dar de ombros, mas logo
depois sorri amplamente para Amy, que lhe retribui da mesma
forma.
— Venham logo! Entrem! – Laurie diz os puxando pelas mãos
para dentro da casa com ainda mais animação — Mamãe e papai
estão loucos lá dentro! – ela direciona o comentário ao irmão —
Mamãe já estava querendo ir buscar vocês!
O comentário faz Amy rir de forma abafada.
Quando chegaram à sala de estar o coração de Amy quase
parou.
À sua frente estava o pai de Edward.
George acabava de passar por uma porta, vindo da cozinha,
seu olhar focou-se na agitação vinda da porta e quando ele
descobriu o porquê de tanta euforia na entrada da casa seu coração
aqueceu e seu peito encheu-se de calor.
Seu filho estava de volta.
Edward libertou sua mão da de Laurie e foi para o lado de Amy
que se mostrava sem saber o que fazer. Suas faces estão coradas e
ela tem os olhos fixos em um único lugar, ou melhor, em um único
alguém.
Edward segue o olhar de Amy e encontra seu pai o observando
com os olhos marejados, transbordando carinho em sua direção e
ele está estagnado assim como Amy. E sem saber direito o que
fazer, Edward envolve a cintura de Amy com seu braço e a puxa
para perto de si, fazendo com que ela tenha alguma reação.
Ele a conduz na direção de seu pai, que em instante algum
parou de olhá-lo.
Amy sente suas pernas trêmulas e suas mãos suadas. Se não
fosse por Edward estar com o braço em torno de sua cintura, ela já
teria ido ao chão de tamanho que é o seu nervosismo.
George nem parece tê-la notado ainda – assim como Laurie
quando chegaram – seu olhar repleto de carinho, amor, saudade e
real surpresa está completamente focado no homem ao seu lado.
Ver George olhar tão emocionado para Edward, faz com que
Amy sinta ainda mais saudades de seu pai. Faz tanto tempo que
eles não se veem…
— Filho – a voz de George sai baixa e carregada de emoções.
Ele não consegue realmente acreditar no que vê, há quatro
meses que os dois não se viam.
— Tive tantas saudades! – George fala enquanto finalmente
consegue se mexer e ir até o filho.
— Olá pai. – Edward diz com extremo carinho na voz —
Também senti saudades – com um sorriso culpado Edward se
aproxima um pouco do pai e beija as faces dele e o abraça
fortemente, deixando Amy ainda mais surpresa e intrigada com o
fato.
Ela jurava que o toque, que um abraço de verdade, era
impossível para ele, mas Laurie e George provaram que isso era
uma questão diferente.
— Quero te apresentar uma pessoa. – Edward diz, voltando
com seu olhar para Amy e, pela primeira vez na noite, George a
nota.
Amy possui as bochechas vermelhas – como um tomate maduro
– e seu nervosismo está ainda maior do que antes.
— Esta é América Lawson. Minha namorada. – Edward diz ao
pai que sorri amplamente para ela. — Amy, este é o meu pai:
George.
— É um grande prazer finalmente conhecê-la, América. –
George sorri ainda mais para Amy que lhe responde com um sorriso
tímido, mas, ainda assim, simpático enquanto sente suas bochechas
arderem ainda mais.
— Marie falou muito de você – os olhos azuis de George
brilham felizes e animados.
— O prazer é todo meu, senhor Cage. – Amy diz um pouco mais
alto que um sussurro.
— Oh, por favor, me chame de George – ele pede aproximando-
se da jovem e estendendo os braços para ela — Vamos, me dê um
abraço! – ele pede com efusão.
Amy morde o lábio nervosamente e com cautela vai até o pai de
Edward, que a abraça fortemente – da forma como um pai abraça
uma filha – e, ao sentir isso, Amy não hesita em corresponder o
abraço como se realmente ele fosse seu pai.
Era como se Nick estivesse ali a abraçando, e ela se emociona.
— Obrigado por trazer meu filho de volta. – George sussurra no
ouvido de Amy para que apenas ela possa ouvir — Muito obrigado
mesmo.
— Não me agradeça. – Amy pede em mesmo tom e com a voz
um pouco embargada pelo choro que tenta conter.
Eles se afastam e pela primeira vez George observa como Amy
é e seu sorriso aumenta.
— Você é realmente muito bonita. Meu filho tem bom gosto. –
George comenta com uma piscadela marota para o filho que, com
respeito, repreende o pai com o olhar.
Amy cora fortemente, muito mais do que quando Laurie a
elogiou.
— Com toda a certeza me darão lindos netos.
Amy sente o ar lhe faltar assim que assimila o que George lhes
disse e, mais uma vez, agradece por ter alguém a segurando –
mesmo que esse alguém seja culpado por sua quase e possível
queda.
— George, não assuste a garota! – Marie surge ao lado do
marido com um enorme sorriso no rosto.
Antes de amparar Amy, Edward beija as faces da mãe e ela faz
o mesmo com ele derramando todo seu amor e carinho no gesto.
Marie abraça Amy assim que se afasta do filho.
Em Marie, Amy sente o calor materno que quase nunca sentiu
nos abraços ou em qualquer gesto de sua própria mãe e isso a
deixa ainda mais emocionada. O nervosismo some dando lugar à
felicidade de estar perto da família do homem a quem – sem
perceber – está entregando o coração.
— Obrigada por vir, querida. – Marie diz com a voz carregada
de carinho e afeto — Obrigada por trazê-lo de volta para nós – ela
sussurra para Amy, assim como seu marido fez.
Com uma risadinha Marie a solta e a avalia com um belo sorriso
no rosto:
— Desculpe-me, mas tenho que concordar com meu marido. –
diz Marie ampliando seu sorriso na direção de Amy — Se um dia se
casarem e os tiverem… seus filhos serão lindos.
Amy mais uma vez sente o ar lhe faltar só que agora, além
disso, sente seu rosto queimar ainda mais pela vergonha.
Ela sabe que isso nunca vai acontecer…
Além do fato de ela ser submissa de Edward e de não querer
que um filho seu nasça no mundo que ela nasceu, ela sabe que
Edward não quer filhos. Não. Isso não aconteceria.
O Cage não se casaria com a Lawson.
— Mamãe, papai, por favor. – Edward pede, aproximando-se
mais de Amy e envolvendo a cintura da mesma com o braço e a
puxando para mais junto de si — Não a façam querer correr de mim.
Foi difícil demais trazê-la para perto. – Edward lança um olhar
caloroso para Amy, que lhe retribui com um sorriso tímido e
abobalhado.
— Fiquei sabendo que minha cunhadinha e meu irmão
desnaturado chegaram! – Josh entra na sala carregando um sorriso
enorme no rosto e a felicidade transbordando dos olhos verdes.
— Filho, não diga isso do seu irmão! – Marie o repreende.
— Desculpe, mãe – ele diz um pouco acuado, mas sem perder
o bom humor — Como vai, Amy?
— Muito bem, Josh! – Amy sorri para ele que a surpreende
depositando dois beijos em seu rosto ainda mais corado.
— Paige mandou um abraço – ele diz sorridente e com um ar
apaixonado.
— Como ela está?
— Está bem! Lutando para conseguir um emprego melhor em
algum jornal.
— Ah! Tenho certeza de que ela vai conseguir! – Amy sorri
lembrando-se de como a amiga pode ser determinada.
— Interagindo sem mim? – Laurie aparece saltitante ao lado de
Josh com um beicinho fofo, fazendo todos rirem.
Ela dá de ombros com um sorriso.
— O jantar está pronto. Vamos comer? – ela anuncia.
[…]
Todos se encontram sentados à mesa de jantar.
Edward está ao lado de Amy e sua mão direita está sobre a
coxa dela, em um gesto possessivo de carinho.
Ela não se importa.
Haviam acabado de comer o prato principal e Amy está
fascinada com tudo. Desde a decoração do lugar ao paladar
magnífico da comida. A torta de maçã preparada por Marie derrete
na boca de Amy antes mesmo que ela possa mastigá-la e ela
simplesmente delira com o sabor.
Edward já havia terminado o seu, mas Amy gostou tanto da
sobremesa que pediu para repetir o prato.
Estão todos conversando amenidades e rindo.
Edward se sente bem como nunca pensou que pudesse se
sentir na vida. Ver Amy e sua família interagindo tão bem e
facilmente o agrada e muito, deixando-o cada vez mais à vontade
com a situação.
— E sua mãe, Amy? – Laurie pergunta, trazendo a atenção de
Edward de volta para a realidade.
Ao seu lado, ele sente Amy se retesar.
— Ahn… – ela morde o lábio nervosamente — Ela está bem –
responde evasiva, mas somente Edward parece notar, pois Laurie
logo sorri em resposta.
— Tem irmãos? – mais uma vez ela questiona.
— Não – ela responde feliz por partir para um assunto mais
agradável — Sou filha única.
E assim o clima volta ao normal.
Amy está contente por ver que Edward está voltando a se
conectar com a família mais uma vez. Ela gosta do que vê e se
sente bem por ter dado um puxão de orelha no mesmo.
Talvez, em Marie, ela pudesse ser capaz de encontrar a mãe
que nunca encontrou em sua própria, em Josh e Laurie os irmãos
que nunca teve e em George encontrar um segundo pai, que poderá
ajudá-la e confortá-la quando Nick não puder.
— Eles gostaram de você. – Edward sussurra para ela ao pé de
seu ouvido fazendo a pele de Amy se arrepiar.
— E eu deles – ela responde com a voz carregada de carinho e
plenitude, seus olhos fixos nos de Edward.
Sem se importar se os outros estão ou não observando, Edward
lhe rouba um beijo, longo e delicioso com sabor de Amy e torta de
maçã.
— Deus, que coisa fofa! – Laurie exclama animada e
emocionada.
Ela está mais do que feliz por saber que seu irmão está de volta
e que, pela primeira vez, está amando.
Laurie podia ver o quanto esses dois nutrem sentimentos fortes
um pelo outro, mas nem devem ter percebido isso ainda, e céus
como ela acha isso romântico!
Edward e Amy se afastam.
Ambos estão ligeiramente corados pelo inusitado momento.
O jantar seguiu bem.
Eles conversaram mais do que imaginaram que pudessem
conversar. Mataram as saudades e se conheceram bem.
Amy não conseguia parar de sorrir ao ver o quanto Edward e
George estavam interagindo bem. E como ela gostava de vê-lo se
reaproximar novamente da família. Estavam tão entretidos nas
conversas, piadas de Josh e brincadeiras que mal viram o tempo
passar, e só perceberam que era a hora de voltar para o Diamond
quando Tyler apareceu.
Com emoção e um novo sentimento de carinho e afeição
crescendo dentro de si, Amy se despediu da família Cage,
juntamente de Edward, que de sua maneira demonstrou o quanto
estava feliz por poder voltar à família.
19- O que acha?
Uma semana se passou desde que apresentei América à minha
família definitivamente e nestes dias eu nunca estive tão feliz. Ver a
felicidade presente nos olhos de Amy é o que mais me deixa assim.
Ela ficou tão contente em me ver com minha família de novo
que é impossível para mim não me sentir feliz com a felicidade que
emana dela. Ela simplesmente parecia estar feliz por me ver assim.
É madrugada de sábado, e com certeza não deve passar muito
das quatro e alguma coisa da manhã. Amy está deitada de bruços
ao meu lado, coberta apenas da cintura para baixo, deixando suas
costas nuas expostas. Ela ressona baixinho e um pequeno sorriso
parece brincar em seus lábios.
Saber que ela não está tendo pesadelos é um calmante para
mim.
Fito seu tronco subir e descer lentamente conforme ela respira
em meio seu sono tranquilo.
Ela se remexe ficando meio de lado e meio de bruços, e eu me
controlo para não rir de como ela fica deitada. Sua perna está
encolhida até a altura de seu peito e seu braço direito cobre a parte
exposta de seu corpo enquanto o esquerdo está dobrado sob sua
cabeça, como se fosse o travesseiro. Inconscientemente ela morde
o lábio inferior por breves instantes antes de soltá-lo e sorrir.
Com o que ela está sonhando?
Aproximo-me um pouco mais dela e ao fazer isso é como se ela
soubesse que estou mais perto. Seu sorriso se amplia e remexendo-
se ela se aproxima de mim até estar completamente enroscada em
meu corpo, como se fosse uma trepadeira, e é incrível como eu me
sinto bem quando ela faz isso.
Suas pernas se enroscam nas minhas e seu braço se prende à
minha cintura enquanto seu tronco se cola ao meu.
Ela geme baixinho quando seu rosto se encontra com a
curvatura de meu pescoço.
Sua respiração bate quente contra minha pele, fazendo-me
arrepiar e – aparentemente – em um ato de reflexo passo meus
braços em torno de sua cintura e a puxo para ainda mais perto de
mim e sinto seu sorriso contra minha pele. Brevemente me pergunto
se ela não está acordada, mas a resposta está em sua respiração
ritmada e leve.
Beijo seus cabelos e assim rendo-me ao calor que emana dela
para mim e deixo-me levar pela inconsciência.
[…]
Acordo com a sensação de estar caindo.
Ao meu lado, Amy ressona tranquila e de costas para mim. Olho
no relógio digital que fica na cabeceira da cama e me surpreendo
com as horas.
Nunca dormi tanto…
Sento-me na cama, ainda sonolento, e esfrego meus olhos para
que os mesmos se abram de verdade e eu possa caminhar pelo
quarto sem bater nas paredes e nem tropeçar nas coisas.
Apoio meus cotovelos em minhas pernas um pouco encolhidas
na direção de meu troco e passo as mãos por meus cabelos.
São sete horas da manhã de um sábado e estou me sentindo
brevemente fatigado apenas pelo simples fato de que hoje terei que
passar o dia no trabalho, resolvendo pendências, avaliando projetos
e enfrentando mais reuniões para novas aquisições.
Mais uma vez olho para a pessoa ao meu lado na cama e, pela
forma serena que ela dorme, sinto pena de acordá-la. Ela está
encolhida e parece abraçar os próprios joelhos, sua respiração está
leve, idêntica à quando despertei na madrugada e fiquei
observando-a em seu sono.
Inclino-me sobre seu corpo e puxo o lençol para que ele cubra
seu corpo completamente nu. A nudez mais bela que já presenciei.
Ela se remexe na cama e se vira para mim, a respiração ficando
mais pesada e desperta.
Sorrio para a cena.
— Mmm… – ela balbucia algo incoerente antes de se
espreguiçar e forçar seus olhos a se abrirem minimamente.
Ela estica os membros e ao fazer isso o lençol escorrega para
baixo, expondo seus seios intumescidos e empinados para minha
visão maliciosa.
Sinto o sorriso se alastrar torto para o canto direito de meu rosto
ao presenciar os movimentos lentos e sonolentos que o corpo dela
faz.
Ainda com o sorriso em meus lábios, inclino-me sobre ela e a
beijo levemente, sentindo seu sorriso contra minha boca.
— Bom dia, senhorita Lawson – sussurro um pouco rouco e vejo
o sorriso se ampliar ainda mais em seu rosto.
— Bom dia, senhor Cage – ela balbucia com a voz também um
pouco rouca de sono, tornando-se ainda mais sexy.
Ainda sorrindo, ela arrasta os dentes levemente por seu lábio
inferior.
— Dormiu bem? – pergunto, tentando ignorar a dor pulsante no
meio de minhas pernas.
— Divinamente. E o senhor? – ela pergunta batendo os cílios
para mim pouco antes de acariciar meu rosto e embrenhar seus
dedos finos e perigosos por meu cabelo bagunçado e cheio de nós,
correndo as unhas por meu couro cabeludo.
— Sempre durmo bem ao seu lado, senhorita Lawson. – O que
não é nenhuma mentira.
Ela sorri para mim e continua a correr os dedos por meu cabelo.
Seus olhos analisando todo o meu rosto com fascínio e algo
mais que não consigo identificar. Ela morde fortemente o lábio
quando seu olhar recai em minha boca.
Um sorriso lento se abre em meu rosto quando suas intenções
são reveladas por seus pequenos gestos, mentalmente eu agradeço
por não ter que me aliviar no banho, como tenho feito nos últimos
dias por ter sempre que sair cedo demais para a empresa – tenho
faltado demais nestes últimos dias.
— Tome um banho comigo – peço com meus olhos focados
nela e em cada uma de suas reações.
— De banheira? – ela pergunta erguendo os olhos para mim, as
sobrancelhas franzidas.
— Uma chuveirada.
Ela morde o lábio inferior e acena de forma positiva.
[…]
— Laurie me ligou ontem. – Amy diz assim que termina de se
servir de panquecas e suco de laranja.
— E o que ela queria? – arqueio minha sobrancelha em sua
direção.
— Ela me convidou para passear com ela e Paige no shopping
– ela não me olha efetivamente, mantém sua atenção na comida
que parece estar bem mais interessante do que eu.
— E você quer ir?
— Quero – ela responde sem hesitar olhando em meus olhos;
sinceridade ardendo neles.
— Tudo bem – digo simplesmente.
— Mesmo? Sem discussões ou surtos?
Sou obrigado a rir.
— Desde que aquele idiota do seu amiguinho não esteja lá, por
mim… tudo bem.
O sorriso que Amy me dá pode ser taxado como gigante e belo.
— Obrigada! – ela diz com o sorriso extremamente ainda mais
amplo e bonito.
— Não agradeça. Sei que não gosta de ficar sozinha e hoje é
sábado também. Vai ser bom você sair.
Pude ver que para ela só faltou pular de tamanha que era sua
alegria e o quanto ela cintilava em torno de mim.
Ela parecia realmente muito contente com tudo isso e com a
minha “sutil” permissão.
Às vezes, Amy simplesmente parece uma adolescente de
quinze anos em todas as suas formas, desde o modo de falar até a
forma de andar.
Ela se vira para mim, girando o acento da cadeira, as mãos
entrelaçadas sobre as coxas em um gesto expressivo de
nervosismo, mas por quê? Seu pé descalço está dançando de forma
rápida e trêmula no aço que circula os pés da cadeira.
— O que foi, baby? – pergunto um tanto confuso. — Parece
nervosa.
— É a primeira vez que vou sair com alguém da sua família –
ela diz em tom baixo — Fora o meu aniversário, é claro – diz irônica
— E se eu cometer algum erro? E se Laurie não gostar da forma
como eu sou?
— Amy… – suspiro virando-me para ela — Laurie não teria nem
ligado se não tivesse gostado de você.
— Mesmo?
— Mesmo, mesmo.
Ela abre um pequeno sorriso agradecido e reconfortado,
mostrando que o que eu disse a ela havia a acalmado de alguma
forma.
[…]
Assim que Tyler se sentou atrás do volante e fechou a porta do
carro, dando a partida e afastando-se mais e mais do Diamond, algo
estranho dentro de meu peito se agitou e me fez gelar de uma forma
que nunca tinha sentido antes em toda a minha vida.
Senti-me tremer e pelo espelho retrovisor encontrei os olhos de
Tyler.
— Assim que me deixar na empresa tome conta da América.
Obtive como resposta um breve aceno de cabeça de sua parte,
mas, mesmo assim, os tremores e o gelo dentro de mim não
diminuíram quase nada.
♥
Mal Edward passa pelas portas do elevador, meu celular toca e
na identificação está o nome de Laurie. Atendo rapidamente.
— Como vai a minha cunhada preferida? – a voz dela soa
animada e feliz como sempre parece ser.
Eu sou a cunhada favorita?!
— Estou muito bem. E você?
— Ótima! Você vai sair comigo e Paige hoje, não é?
— Vou sim, Laurie – sinto o sorriso se abrir em meu rosto —
Que horas devo te encontrar no shopping?
— Nem pensar! Eu vou aí te buscar. Está pensando que sou
louca o suficiente para Edward querer me matar por deixar a
namorada dele sair sozinha por aí para me encontrar em qualquer
lugar? As paranoias de segurança dele são muitas, mas fazem
algum sentido quando se é ele – ela diz com efusão na voz e tenho
quase certeza de que está sorrindo. — Esteja pronta em meia hora!
Até mais, doçura!
— Até, Laurie – digo com alegria.
Laurie consegue ser tão contagiante quanto Josh, e eu
simplesmente gosto demais disso!
Subo para meu quarto pulando os degraus de dois em dois,
sentindo cada vez mais sorrisos irromperem pela minha face. Assim
que passo pela porta e entro no quarto – branco e frio – uma
sensação de deslocamento me atinge por breves instantes, mas
logo a ignoro. Estou dormindo há muito tempo no quarto de
Edward… é por isso.
Entro no closet à procura de uma roupa apropriada para um
passeio ao shopping.
Mas… como se escolhe algo para ir a um lugar que nunca se foi
dessa maneira?
Olhando as inúmeras opções à minha frente, desde as simples
até as mais sofisticadas, mordo meu lábio nervosamente enquanto
passo as mãos por meus cabelos deixando-os bagunçados – uma
mania que acabei adquirindo de Edward sem querer – percorro
meus olhos por todas as roupas mais uma vez e acabo decidindo
pelo meu básico: calça jeans, uma blusa e um casaco simples
acompanhados de um tênis ou sapatilha com uma maquiagem bem
básica.
[…]
O abraço que Laurie me deu assim que me encontrou na
calçada pode ser classificado como quase esmagador, mas o
abraço que quase me matou foi de Paige. Quase senti minhas
costelas se partirem novamente!
— Paige… minhas costelas! – resmunguei quando as senti
arderem e a falta de ar em meus pulmões incomodar.
— Oh, perdão! – ela disse assim que me soltou rapidamente.
— Tudo bem – suspirei puxando o ar alegre por conseguir trazer
o ar para meus pulmões — Vamos? – pergunto com um sorriso
dando meus braços para ambas e ficando no meio delas.
♥
O dia maçante no trabalho parece não estar nem perto de
terminar.
Os minutos passam em passos de tartaruga e as horas mais
lerdas ainda. Os papéis na minha frente parecem não querer
desaparecer e sim aumentar.
Olho mais uma vez para o relógio e os ponteiros estalam de um
lado para o outro, arrastando os segundos e forçando-os a se
tornarem minutos, e forçando os minutos a se tornarem horas – que
para mim era a parte que mais demora a se tornar real. Os ponteiros
pesados mostram passar das oito da noite.
Uma batida leve na porta chama minha atenção.
— Entre – ordeno a quem quer que seja.
— Senhor? – a voz de Allegra enche minha sala.
— O que foi? – pergunto um tanto impaciente e cansado.
— Esse envelope acabou de chegar, não tem nenhum
remetente, mas está destinado explicitamente ao senhor.
— Dê-me aqui – estendo a mão para o pacote que ela
apressadamente me entrega para, logo depois, deixar minha sala,
fechando a porta atrás de si.
Abro o envelope e de entro dele tiro uma folha de ofício um
pouco enrugada de cola e junto desta folha há uma fotografia que
me intriga.
Pego a foto entre meus dedos e a imagem que surge nela
perturba até o meu eu mais profundo. Sinto meus joelhos tremerem
e se eu não estivesse sentado teria ido ao chão com extrema
facilidade.
É a Amy…
Meu corpo treme mais uma vez e sinto o gelo que tinha se
amenizado aumentar gradativamente assim como a sensação
estranha de quando saí hoje mais cedo para trabalhar.
Ela pode estar mais jovem, mas os traços de seu corpo tão
conhecido por mim, mesmo tão jovial, não me enganam.
Ela está amarrada, amarrada com cordas apertadas demais – a
pele está visivelmente machucada – ela está vendada e vejo um
filete de sangue escorrer pelo canto de sua boca, as marcas roxas
estão espalhadas por todo o seu corpo e arranhões carregam traços
de sangue.
Largo a foto sobre a mesa, sentindo-me tremer mais do que é
possível e saudável para alguém.
Pego a folha para poder ver o conteúdo e as palavras feitas de
recortes de jornal aparecem para mim. A cola ainda parece estar
fresca e eu sinto o chão sumir de meus pés ao ler as palavras.
“Você a tirou de mim Cage, usando o seu dinheiro… O que
acha se eu a tirar de você usando algo mais saboroso e
perigoso? Aproveite-a bem, Cage, pode não durar.”
20- Eu não posso perder você.
Já passava da meia noite quando finalmente tive condições e
cabeça suficiente para poder voltar para casa.
Assim que atravessei as portas em direção a sala, o que eu vi
fez meu peito doer.
América está deitada no maior sofá abraçada a um travesseiro
qualquer, o celular preso entre seus dedos denuncia que ela dormiu
esperando por mim e por notícias também minhas.
A imagem de Amy tão jovem, marcada daquela forma brutal, e
as palavras utilizadas pelo ser repugnante que mandou essas
coisas para mim não saem de minha mente, fazendo eu me sentir
completamente enojado de mim mesmo e carregado de uma fúria
descomunal repleta de asco direcionada ao monstro que fez tais
atrocidades com ela.
Momentaneamente me pergunto como Amy é capaz de dizer
que eu não sou um monstro como o que causou a ela tanta dor e
sofrimento. Como ela consegue permitir que eu a toque e faça com
ela o que eu faço?
Aproximo-me com cautela e de forma silenciosa de Amy.
Sento-me no chão, próximo a ela, e a observo ressonar baixinho
com a respiração leve e ritmada.
Ela inspira mais profundamente pouco antes de seus olhos
tremularem e se abrirem.
Vejo um sorriso preguiçoso se abrir em seu rosto quando ela me
focaliza em seu campo de visão, seus olhos ainda sonolentos
buscam os meus e neles eu vejo um brilho de satisfação carregado
de vários sentimentos, e dentre todos eles eu – aparentemente –
reconheço o mesmo que eu sempre sinto pulsar e crescer dentro de
mim quando a vejo sorrir ou simplesmente quando penso nela ou a
tenho perto de mim.
— Oi – ela diz em um sussurro e ainda sorrindo para mim —
Chegou faz muito tempo?
— Pouco mais de cinco minutos, talvez – respondo,
aproximando-me um pouco mais dela, motivado pelo brilho que vejo
em seus olhos que momentaneamente me fazem esquecer o quanto
aquilo me deixou desesperadamente desnorteado e assustado —
Por que está deitada aí, em vez de estar na cama?
— Eu queria esperar você chegar, jantar com você… essas
coisas – ela dá um sorriso como se estivesse se desculpando.
— Você não jantou?
— Chegou uma hora que minha fome foi maior e mais forte do
que minha vontade de sua presença durante o jantar – ela
respondeu enquanto se sentava um tanto rígida e desconfortável —
Por que demorou tanto? Eu fiquei preocupada, pensei que tivesse
acontecido algo com você.
Levanto-me do chão e me sento ao seu lado no sofá.
Pegando sua mão entre a minha, eu entrelaço nossos dedos
porque eu preciso sentir o calor dela perto de mim de alguma forma.
Pude ouvi-la respirar profundamente assim que fiz isso.
— Não quis te deixar preocupada – nem explodir na sua frente
depois de vê-la tão machucada, não queria te magoar…
— Aconteceu alguma coisa, não é? – ela fixa seus olhos azuis
em mim.
Não consigo deixar de imaginar que ela pode enxergar além de
mim, que sabe o que está se passando por minha cabeça, e ter
essa sensação me faz pensar que talvez ela esteja descobrindo o
verdadeiro motivo de minha demora.
— Não, baby – respondo assim que fixo meu olhar em nossas
mãos unidas, não conseguindo evitar o sorriso que brinca em meus
lábios e logo depois se abre em meu rosto. — Como foi seu passeio
com Laurie e Paige, hm? – mudo o foco da conversa para algo mais
agradável.
Amy abre um sorriso e vejo, na pouca claridade presente na
sala, que ela está corada.
— Foi maravilhoso! – sua mão aperta minimamente a minha e
eu sinto ainda mais seu calor — Trouxe uma coisa para você.
— Mesmo? E o que é? – arqueio uma sobrancelha na direção
dela, sentindo o interesse e a curiosidade despontar em mim de
forma acelerada.
— Bom… na verdade, quem vai usar sou eu, mas quem vai
gostar de ver e de tirar de mim é você… – ela faz uma pausa
mordendo o lábio inferior nervosamente, atingindo todas as minhas
terminações nervosas mais intimas e até mesmo as mais ferozes
com esse gesto.
A vontade de tomá-la em meus braços neste mesmo instante é
quase dolorosa.
— O que você comprou, América?
Soltando minha mão, ela se levanta do sofá e fica de pé na
minha frente.
Ela agarra a barra da blusa que está usando e a puxa para
cima, tirando-a pela cabeça e revelando a peça rendada, quase
transparente, azul – como seus olhos – que envolve seus seios.
Sinto minha boca ficar seca e uma ligeira dor surge no meio de
minhas pernas enquanto acompanho seus movimentos um pouco
trêmulos.
Ela direciona suas mãos para o cós da calça de moletom que
está usando e a faz deslizar por suas pernas, revelando mais uma
peça rendada quase transparente. Ela chuta a peça de roupa
acumulada em seus pés para outro lado assim que se endireita e
deixa os braços caírem com certa graça ao lado do corpo.
— Céus! – ofego sentindo o sangue pulsar forte em meus
ouvidos e em todo o resto do meu corpo e minha boca secar ainda
mais.
— Gostou? – ela pergunta com a respiração acelerada.
Passo meus olhos por todo o seu corpo à mostra, vejo seu peito
subir e descer acelerado no ritmo de sua respiração, seus lábios
entreabertos com o ar sibilando ao passar entre seus dentes, seus
olhos azuis brilhantes focados em mim e em cada uma de minhas
reações.
Sem pensar muito, inclino-me um pouco para frente e coloco
minhas mãos em sua cintura, para logo depois puxá-la para o meu
colo.
Amy cai sentada sobre mim com uma perna de cada lado de
meu corpo e suas mãos vão diretamente para meus cabelos. Ela é a
única capaz de me fazer esquecer tudo e todos… A única capaz de
me fazer esquecer até mesmo o que me deixou tão perturbado.
Seu rosto está a milímetros do meu e seu hálito quente bate
contra meus lábios, seus olhos estão focados nos meus e há um
pedido bem explicito neles. Um pedido que não sou capaz de negar.
Junto minha boca a dela, beijando-a com vontade, sentindo seu
calor emanar para mim e seu perfume me inebriar gradativamente
conforme ela junta ainda mais seu corpo ao meu, desejando-me.
Seus dedos puxam meu cabelo com certa força quando ela
morde meu lábio inferior e arrasta os dentes por ele, fazendo meu
corpo inteiro tremer. Seus lábios úmidos descem por meu maxilar e
chegam ao meu pescoço onde ela deixa pequenas mordidas e suga
minha pele.
Movo minhas mãos por suas costas, sentindo sua pele sob a
minha palma. Um gemido escapa de seus lábios quando minhas
mãos alcançam seus seios e eu passo a massageá-los.
Passo minha boca por seu pescoço, maxilar e mordo a pele
molinha de sua orelha.
Sigo por sua bochecha até chegar aos seus lábios que eu tomo
para mim em um beijo ávido, sentindo-a retribuir da mesma forma.
Ela move os quadris sobre mim, provocando uma fricção entre
nossas intimidades cobertas e fazendo com que um sorriso se abra
entre nosso beijo sedento.
— Gosto disso – ela ofega quando nossos lábios se afastam e
nós buscamos por ar — Gosto muito – ela volta a me beijar,
agarrando com vontade meus cabelos.
Ela solta uma das mãos de meu cabelo e, logo depois, eu a
sinto apertar o ponto dolorido e pulsante no meio de minhas pernas,
massageando-me de forma lenta e quase em compasso certo com
os movimentos de minhas mãos em seus seios.
Sinto seus movimentos apressados enquanto ela tenta abrir a
braguilha de minha calça.
Agarro suas coxas e me levanto quase sem esforço algum,
fazendo com que Amy enlace minha cintura com suas pernas e
suas mãos agarrem firmemente meu cabelo e pescoço.
Sigo com ela em meus braços para meu quarto – talvez até
mesmo nosso quarto – praticamente abro e fecho a porta às cegas
com meu pé, para, logo depois, caminhar até minha cama, onde eu
deposito o corpo quente e desejoso da mulher em meus braços.
Estamos ofegantes quando nossos lábios famintos se afastam.
Fico de joelhos entre suas pernas e passo a tirar minhas
próprias roupas, para logo depois me dedicar especialmente ao que
ainda cobre o corpo dela.
As peças rendadas e azuis deixam o corpo de Amy pelas
minhas mãos e, assim que faço isso, a vejo agarrar a cabeceira da
cama.
Acomodo-me melhor entre suas pernas e passo a acariciar todo
o seu corpo.
Sinto a textura macia e o sabor de sua pele em meus lábios,
seu perfume inebria meus sentidos.
Ela gosta.
Amy geme alto quando minha boca chega ao seu sexo quente e
úmido, ela arqueia o corpo em minha direção quando começo a
estimular ela em seu ponto mais sensível, e em nenhum instante,
desde que a deitei em minha cama, ela se soltou da cabeceira.
— Quer mexer em meu cabelo, baby? – questiono-a em tom
baixo, deixando lufadas de ar baterem contra a pele úmida.
— Quero… – ela ofega em meio aos meus toques.
— Então por que não faz, baby? – enfio a língua nela, ouvindo-a
praticamente rugir, arqueando ainda mais o corpo.
— Não confio em mim mesma – ela responde ofegante assim
que suas costas batem contra o colchão — Não me peça para
magoar você, por favor – ergo a cabeça bem a tempo de vê-la
fechar os olhos e se agarrar ainda mais à cabeceira da cama
enquanto seu corpo se contorce mais uma vez.
Observando suas reações, volto para minha posição inicial e
encaixo nossos quadris, mantendo certa distância entre nossas
intimidades.
Fixo meus olhos em seu rosto contorcido de prazer e desejo.
— Olha pra mim, baby – uso de meu melhor tom imperativo com
ela, vendo-a abrir lentamente os olhos e cravar seu olhar no meu —
Pode soltar as mãos.
— Não… Eu não confio…
— Eu confio em você, Amy – interrompo-a fixando meu olhar
ainda mais no dela.
Eu preciso senti-la o mais perto de mim possível e impossível.
Toco seus lábios levemente com os meus, ainda olhando dento
de seus olhos, deixando bem claro em meu olhar o quanto confio
nela.
— Solte suas mãos, por favor, Amy, solte as mãos.
Beijo-a mais uma vez, sentindo-a retribuir a mim de forma lenta,
para, logo depois, sentir suas mãos se prendendo ao meu cabelo e
me puxando para ainda mais perto, enquanto seu corpo ondula para
o meu.
Penetro-a lentamente, abrindo sua carne e me acomodando
nela, vendo-a reagir sob meu corpo. Ela me beija passando os
dedos por todo o meu cabelo, arrastando as unhas pelo meu couro
cabeludo, indo com os movimentos até minha nuca e voltando.
Ela arfa em meus lábios quando faço meu primeiro movimento e
jogando a cabeça para trás ela agarra meus braços, sinto suas
unhas se arrastarem por minha pele a cada nova investida minha.
Um som rouco reverbera pelo meu peito e ecoa em minha
garganta cada vez mais alto conforme sinto suas unhas na pele de
meu braço.
Amy tira as mãos de mim e as coloca mais uma vez na
cabeceira da cama.
Intercalando meu peso em um braço de cada vez, agarro as
mãos de Amy e assim que ela solta a cabeceira, entrelaço seus
dedos aos meus e, assim que faço isso, os olhos dela se cravam
mais uma vez nos meus e ela morde o lábio inferior com força.
Ela me abraça com as pernas e desta forma eu vou fundo,
sentindo-a me abrigar dentro dela a cada nova estocada.
Coloco meu rosto no vão de seu pescoço, passo os lábios por
sua pele salgada pelo suor de nossos corpos.
Sinto-a me apertar e nossos corpos tremem ao mesmo tempo
em que chegamos ao ápice.
Ela sussurra meu nome de forma arrastada e um tanto
embolada, mas o simples fato de ela chamar por mim ao se libertar
é o que me acalenta.
— Ah, Amy…
[…]
Amy está deitada com o rosto apoiado, praticamente, em meu
peito.
Minha pele se arrepia, quase que imperceptivelmente, quando
sua respiração quente e lenta bate em mim.
Seu braço está rodeando minha cintura, e eu sei que ela se
esforça para não se mover mais do que seu corpo já se move
automaticamente enquanto ela respira.
Estou com meus olhos fechados, controlando minha respiração
e me esforçando para minha mente não me trair e eu não voltar a
pensar em toda a merda que quase me levou à loucura todos esses
anos e que, agora, se une às imagens de Amy naquela foto horrível
e às palavras do ser repugnante que as mandou para mim.
Mantenho-me quieto e em silêncio, apenas com meu braço em
torno da cintura de Amy, mantendo-a bem perto de mim.
Ela está em silêncio também e as imagens de poucos instantes
atrás vêm à minha mente, nossos corpos unidos e cada um dos
gestos feitos por nós.
— Edward? – a voz sussurrada, quase inaudível, de Amy ecoa
no quase silêncio total do quarto; sinto que ela quer falar algo, e
motivado por essa sensação, eu fico em silêncio, apenas esperando
que ela diga mais alguma coisa — Desculpe, mas… – a voz dela
parece embargada e sinto minha pulsação se acelerar quando a
ansiedade começa a tomar conta de mim; sinto sua respiração
quente bater contra meu peito de forma pesada e longa — Eu acho
que te amo…
Sinto algo quente e molhado em minha pele, escorrendo por
meu peito.
Ouço-a fungar levemente e tentar se afastar.
Um gemido frustrado escapa de mim quando eu a aperto em
meus braços e a puxo para ainda mais perto, sentindo seu cheiro e
seu calor ainda mais próximo de mim.
Ela entrelaça suas pernas nas minhas e me aperta nela,
deixando-se pender para a inconsciência.
“Eu acho que te amo…” – as palavras dela se repetem em
minha mente, causando uma sensação quente em meu peito e em
todo o meu corpo.
Eu também acho, baby… eu também acho.
♥
Meu sono um tanto agitado foi interrompido por um grito visceral
e um corpo se debatendo ao meu lado.
Edward!
Chuto o lençol que me cobre para longe e acendo a luz do
abajur bem a tempo de ver Edward se debater mais uma vez, seu
corpo se contorcendo como se estivesse apanhando e sentindo
muita dor.
Ele abraça o próprio corpo e urra um quase palavrão enquanto
se encolhe em meio aos lençóis.
— Edward! Acorda, Edward! – uso de meu tom mais alto
enquanto tento não tocar nele onde não posso.
Pego em seus braços e o chacoalho, chamando pelo seu nome
na tentativa quase vã de acordá-lo.
— Edward, pelo amor de Deus… Acorda! – imploro, sentindo
meus olhos arderem.
Desde que eu passara a dormir com ele após o meu acidente
nas escadas que ele não tem pesadelos… Por que agora? O que
fez com que ele tivesse pesadelos de novo?
— Edward… baby, abre os olhos!
Sacudo-o ainda mais e, de repente, ele abre os olhos de forma
abrupta, puxando o ar para seus pulmões com toda a força possível,
os olhos arregalados carregados de pânico e com todos os
músculos do corpo tencionados.
— Amy…? – ele ofega assim que seu corpo relaxa e ele me
focaliza em seu campo de visão.
— Estou aqui – tento controlar minha voz que até segundos
antes estava muito mais do que alterada.
— Oh, Deus… – ele murmura quase inaudível, fechando os
olhos e com o corpo começando a tremer quando seus músculos,
antes tencionados, relaxam.
Ele respira de maneira entrecortada e trêmula com os olhos
ainda fechados.
Sento-me na cama de forma que posso observá-lo enquanto
normaliza sua respiração e seu corpo trêmulo.
Meu coração parece estar batendo na garganta e sinto um
pouco de dificuldade em respirar, minha cabeça lateja ligeiramente e
minha boca está seca.
Odeio tomar sustos.
— Edward? – chamo de forma baixa, obtendo como resposta
apenas o som de sua respiração, agora, baixa e lenta.
Ele tinha voltado a dormir.
Com um suspiro de quase alívio, jogo meus pés para fora da
cama e alcanço o robe de seda rosa pálido caído no chão, para logo
depois vesti-lo.
Com passos lentos e calculados, caminho para fora do quarto
de Edward, tentando fazer o máximo de silêncio que sou capaz e
até um pouco mais.
Desço as escadas em direção à cozinha, onde pego um copo
de água gelada e, logo depois, me sento em uma das cadeiras
metálicas e confortáveis de frente para o balcão de mármore.
Minha mente, ainda anuviada pelo sono, começa a divagar por
mil e uma coisas diferentes e sem nenhuma conexão, a coisa mais
inusitada que surge em minha mente é o quanto seria bom comer
jujubas agora.
A luz pálida que preenche o ambiente é o único tipo de
claridade presente em todo o apartamento. Poucas estrelas povoam
o céu desta madrugada fazendo companhia para a lua.
Olho para o relógio presente na cozinha e vejo que faltam
poucos minutos para as quatro da manhã. Mesmo com sono e
mesmo que eu tentasse, não conseguiria mais dormir, não depois
do susto que Edward me dera.
Assim que encho meu copo de água, mais uma vez, sigo um
pouco às cegas para a sala de estar, acendendo as luzes de todo o
lugar por onde eu passo, tendo o cuidado de não as deixar muito
claras.
Sobre a mesinha de centro, vejo meu telefone celular, a tela do
aparelho pisca freneticamente e o zumbido de sua vibração contra o
vidro soa baixinho.
Sentando-me no sofá – onde há poucas horas eu estava com
Edward – pego o aparelho com a mão livre e, depois de me
acomodar no sofá, olho para o que o está fazendo se agitar sobre a
mesa.
É uma mensagem de um número desconhecido por mim e não
registrado no aparelho.
Minha curiosidade um pouco sonolenta me faz abrir a
mensagem enquanto levava o copo com água aos lábios:
*ESPERO QUE TENHA SENTIDO SAUDADES. S.M.*
Nem a água presente em minha boca foi capaz de impedir que
ela ficasse seca no mesmo instante que minha mente assimilou a
sigla ao nome.
Não…
Não pode ser verdade!
Com dificuldade, engoli o líquido presente em minha boca.
Minha respiração descompassada parecia queimar ao entrar e
sair de meus pulmões.
A sensação de frio percorreu todo o meu corpo e senti-me ficar
tão gelada quanto a água presente no copo entre meus dedos.
Pude sentir meu corpo tremer e o pânico tomar conta de mim ao
mesmo tempo em que as lágrimas enchiam meus olhos.
Sinto meu estômago embrulhar junto da raiva que passa a
fervilhar em minhas veias de mãos dadas com o pânico.
Só tenho tempo de largar tudo de qualquer jeito em cima da
mesa de centro antes de correr para a cozinha e colocar todo o
conteúdo de meu estômago para fora, apoiando-me de maneira
trêmula no mármore da pia.
— Meu Deus, Amy! – a voz masculina, assustada e carregada
de preocupação, encheu meus ouvidos no esmo instante que outra
contração enjoada de meu estômago se fez presente, forçando
ainda mais o pouco do que tinha nele para fora.
Em menos de um segundo ele já estava do meu lado,
segurando-me pela cintura com um braço, enquanto sua mão livre
mantinha meus cabelos presos.
Quando já não restava mais nada dentro de mim, com minhas
mãos ainda sem muito controle, abro a torneira empurrando o
conteúdo asqueroso ralo abaixo.
Lavo minha boca umas três vezes antes de fechar a torneira e
me apoiar mais uma vez na bancada da pia.
— Está melhor, baby? O que aconteceu? – a voz preocupada e
masculina chega mais uma vez em meus ouvidos e, em um ato
impensado e completamente automático de defesa, começo a me
debater em seus braços até que ele me solta.
Minha cabeça lateja e tudo o que há na frente de meus olhos
são retratos do meu passado que eu fazia de tudo para que não
aparecessem.
— Não toque em mim… Não toque em mim! – minha voz se
eleva e vejo tudo borrado e misturado enquanto cambaleio para
trás, sentindo uma nova onda de enjoo e pânico tomar conta de
mim.
— Amy, baby… O que está acontecendo? – desta vez a voz
masculina que enche meus ouvidos é a de Edward e eu luto para
enxergá-lo no meio de tudo o que está acontecendo na frente de
meus olhos e do pânico, nojo e raiva que tomam conta de mim.
— Me ajuda – imploro em um murmúrio com a voz embargada
de choro e medo, no mesmo instante que sinto minhas pernas
fraquejarem e meus joelhos vão de encontro ao chão.
Sinto seus braços me envolverem e transmitirem seu calor e seu
perfume para mim, envolvendo-me nele de pouco em pouco.
Meu corpo inteiro treme e sacoleja com meu choro.
As lembranças não saem de minha mente e a dor delas é tão
palpável que chego a senti-las em minha própria carne.
Agarro-me ainda mais a Edward, na tentativa vã e tola de me
trazer de volta para o presente, me trazer de volta para o homem
que me abraça apertado. Sinto seus lábios pressionados em meu
cabelo e sua voz sussurrada chegando quente em meus ouvidos
mais uma vez.
— Já passou, está tudo bem… está tudo bem.
Balanço a cabeça em negação, discordando de suas palavras
de consolo.
— Não… não está – minha voz não passa de um sussurro —
Não está… nada está bem… nada.
— Do que você está falando? – ele pergunta confuso afastando-
me dele para poder olhar em meus olhos; o medo e a preocupação
estão mais do que presentes no cinza bonito de suas írises.
Diante dele sinto meu coração se comprimir e meu peito doer.
Ele precisa saber, Lawson – minha consciência, pela primeira
vez em toda a minha vida, me disse algo que tenho certeza de que
tenho que fazer.
— Steve Monroe.
— Quem é esse? – sob mim sinto o leve tremor do corpo de
Edward.
— O monstro que me destruiu quando eu tinha doze anos.
O tremor de Edward desta vez foi mais forte e me
desestabilizou.
Seus músculos ficaram rígidos e pude ouvir seus dentes
rangendo quando ele trincou o maxilar.
— O que você quer dizer com isso? – sua voz sai como um
rosnado baixo e feroz, seus olhos estão fechados e seus lábios
pressionados em uma linha fina e rígida.
Ele está com raiva…
— Que o protagonista de meus pesadelos, o ser repugnante
que fez a cicatriz em mim, que quebrou as minhas costelas, que
quase matou a mim e ao Nick…
Eu já não me sinto mais; estou dormente.
— Ele voltou…
Nem os braços de Edward em torno de mim e nem o calor que
ele emana foram capazes de espantar o frio que se apossa de meu
corpo e me faz tremer por dentro e por fora.
O medo mais uma vez corre em mim, gelando cada parte de
meu corpo e coração, fazendo com que eu me sinta distante de tudo
o que me é bom, fazendo-me sentir distante de Edward.
— Por que diz isso? – Edward, depois de muito tempo em
silêncio, se manifesta com a voz baixa e apesar de ele se esforçar
para controlá-la, eu sinto o medo presente nela e algo mais que não
consigo identificar.
— Porque ele… Ele mandou uma mensagem no meu telefone.
Com o frio instalado em mim e a certeza de que o que ele quer
sou eu longe e o melhor a fazer é ir embora, eu me afasto dos
braços de Edward que, no mesmo instante que sente meu
movimento de saída, me puxa de volta para ele, apertando-me com
força em seus braços.
Os olhos agora arregalados e assustados em minha direção.
— O que você está fazendo? – ele dispara de forma rápida a
pergunta para mim, deixando claro o quanto ficou assustado com
minha tentativa.
— Eu… você não vai mais me querer aqui. Não depois que eu
te contar… – sinto meus olhos arderem e minha garganta secar ao
dizer isso e ter a certeza de que ele vai me mandar embora cravada
em mim dita em voz alta.
— O que?! – a respiração dele se acelera e, de forma brusca,
ele me vira em seu colo para que eu fique de frente para ele e seus
olhos cravam-se nos meus — Por que eu não iria te querer aqui,
América?
— Porque você vai ter nojo de mim, vai ter raiva, vai me odiar…
Eu não vou aguentar isso… não vou aguentar ver você se afastar de
mim. Isso vai me matar.
— Eu não tenho nojo de você, não tenho raiva, não te odeio,
baby… sinto isso pelo monstro que fez essas coisas com você, sinto
isso por mim, por ter feito com você o mesmo que ele fez…
— Para! – minha voz esganiçada pelo choro soa alta e as
lágrimas caem de meus olhos — Você não é como ele, eu já te
disse isso. Você nunca vai ser como ele!
— Mas Amy, o que eu faço…
— Eu gosto do que você faz comigo, da forma como você me
toca, de como você me olha aqui, na cama ou em qualquer lugar…
eu gosto – engulo o nó que se forma em minha garganta — Eu
gosto porque você não me machuca, porque você me dá prazer,
cuida de mim… Você nunca vai ser igual à ele porque você não é
um assassino nem um louco que me espancava para tentar me
matar.
Ele puxa o ar com dificuldade e me aparta ainda mais em seus
braços enterrando o rosto no vão de meu pescoço.
Sinto sua respiração quente bater acelerada contra minha pele,
fazendo-me ficar arrepiada.
— Eu vi – ele balbucia com a dor cravada na voz rouca — Eu vi
o que ele fez com você, baby… Você estava tão machucada… tinha
sangue.
Ele me aperta ainda mais nele e sinto seu corpo todo tremer.
— O que você quer dizer com isso? – meu coração trepida
loucamente em meu peito provocando minha respiração acelerada e
entrecortada por causa de meu choro.
— Você a tirou de mim Cage, usando o seu dinheiro… O que
acha se eu a tirar de você usando algo mais saboroso e perigoso? –
Edward sussurra contra minha pele — Estas foram as palavras dele
para mim, junto de uma foto sua – ouço-o puxar o ar com certa
dificuldade — Foi por isso que eu cheguei tarde… Ele disse para eu
te aproveitar bem… Ele quer te tirar de mim, Amy. Eu fiquei
assustado e com raiva pelo o que ele te fez e quer fazer de novo…
– ele ergue o rosto e foca seus olhos nos meus — Eu não posso
perder você – erguendo a mão ele afaga meu rosto, passando o
polegar debaixo de meus olhos e secando minhas lágrimas com
seus olhos ainda os meus — Eu te amo e não posso te perder de
forma alguma… Não posso.
Eu te amo.
O ar some de meus pulmões no mesmo instante que eu
processo o que ele acabou de me dizer. Ele me ama… Ele disse
que…
— Me ama? – o pouco ar que consigo colocar em meus
pulmões se esvai quando a pergunta sai rouca e assustada de meus
lábios.
— Não ouviu que sim? – ele questiona e noto um pouco de
divertimento em sua voz, coisa quase rasa.
Não sou capaz de evitar o sorriso que se abre em meu rosto e
fica brincando em meus lábios toda a vez que as palavras dele se
repetem em minha mente.
Fecho meus olhos quando sinto seus lábios passeando por todo
o meu rosto, movimentando-se com calma e colocando o frio para
fora de mim.
Agarrando seu cabelo afasto meu rosto do dele e forço meu
olhar a se focar no dele.
— Amo você – sussurro.
— Eu sei – ele diz pouco antes de me abraçar apertado,
enterrando seu rosto em meu pescoço.
[…]
Edward está deitado de frente para mim na cama.
Seus olhos estão fechados e seu braço repousa possessivo em
minha cintura, como se a qualquer momento eu pudesse
desaparecer.
Ele sabia.
Ele sabia e mesmo assim… Céus! Ele viu uma foto… uma foto
de quando aquele monstro me espancava até cansar e, ainda
assim, disse que me ama…
Fecho meus olhos com força quando sinto minha cabeça latejar
e as imagens começam a surgir de novo em minha mente, tremo
involuntariamente quando vem à minha mente a lembrança do olhar
que Steve mantinha sobre mim toda vez que me carregava à força
para o lugar onde ele fazia coisas com a minha mãe.
Ele me odiava, me desprezava, tinha raiva de mim pelo simples
fato de eu conseguir tirar a atenção de minha mãe dele quando ele
a queria somente para ele.
Remexo-me na cama quando mais lembranças voltam e a
sensação de enjoo me toma mais uma vez.
Sinto falta de ar ao lembrar a noite em que ele entrou em meu
quarto… suas mãos grandes e ásperas apertavam meu pescoço e
impediam o ar de entrar em meus pulmões.
Se não fosse pelo Nolan…
Com um tipo estranho de murmúrio e gemido embolado,
Edward estreita o aperto de seu braço em torno de minha cintura
puxando-me de encontro a ele e aninhando-se em mim.
Ele dormiu assim que me trouxe de volta para o quarto e para
perto dele.
— Você devia estar dormindo – ele diz de forma rouca com a
boca colada na pele de meu pescoço.
— Não consigo dormir de novo depois que saio da cama.
Estico minha mão até seu cabelo que começo a acariciar
lentamente, arrastando de maneira leve minhas unhas por seu
couro cabeludo.
— Você está agitada demais. Percebeu que ficou o tempo
inteiro se remexendo? – ele pergunta tirando o rosto de meu
pescoço e passando a me fitar.
— Achei que estivesse dormindo.
Ele sorri torto e esfrega seu nariz no meu.
Aproveito do carinho, sentindo-me mais no mundo real e menos
no mundo das lembranças de meu passado.
— Estava apenas com os olhos fechados. Você estava se
afastando… O que ia fazer? – ele pergunta.
Seus dedos encontram o caminho para o meu rosto e ele
começa a afagar minhas bochechas e brincar com meu cabelo.
Passa o polegar por minhas sobrancelhas analisando meu rosto
com os olhos atentos.
Ele pressiona os lábios em minha testa e os mantém ali por um
longo tempo antes de voltar a olhar para mim.
— Eu não devia ter contado – ele murmura.
— Não devia ter contado que ele me usou para te deixar assim?
Edward… ele entrou em contato comigo. De qualquer maneira eu ia
acabar descobrindo que ele tinha voltado. Não esconda essas
coisas de mim – acaricio seu rosto com cuidado como se ele fosse
feito de fumaça. — Você ficou mal… teve pesadelos… parecia que
estavam espancando você – meus olhos ardem.
— Não me lembro de ter tido pesadelos – ele murmura e, logo
depois, roça seus lábios nos meus — Lembro de ter acordado, não
ver você na cama e de te encontrar debruçada sobre a pia da
cozinha passando muito mal.
— Eu entrei em pânico…
Ele me beija com carinho e eu sinto o imenso prazer de ter seus
lábios quentes e macios dançando sobre os meus, eles afastam
ainda mais o frio que havia dentro de mim.
Meus dedos se prendem mais uma vez ao cabelo dele e o
mantenho junto a mim.
— Eu não sei como você pode me corresponder – ele murmura
em minha boca pouco antes de afastar um pouco seus lábios dos
meus. — Eu sou uma pessoa fodida em cinquenta formas
diferentes, Amy…
Eu o beijo rapidamente nos lábios, sentindo o calor deles
próximos de mim mais uma vez antes de respondê-lo.
— Então somos dois.
21- Lágrimas em punho.
Eu não conseguia mais ficar na cama.
Meu corpo parece pesado demais para ficar inerte e a
dormência de meus membros me enerva.
Minha mente parece não querer ficar quieta e a cada nova
respiração é um pensamento diferente, repetido ou modificado que
surge nela.
Sinto-me como uma bomba prestes a explodir.
Sentada na cama, com os cotovelos apoiados em minhas
pernas e meu rosto enterrado nas mãos, tento me focar em
qualquer coisa que não sejam as lembranças ruins de meu passado
e nem de poucas horas antes.
Simplesmente não quero pensar em mais nada!
— Amy? – a voz de Edward enche meus ouvidos, rouca e baixa,
fazendo com que minha pele se arrepie e meu corpo trema de uma
forma boa e, até mesmo com que um sorriso se abra em meu rosto.
— Você está bem?
Tirando as mãos do rosto, viro-me na direção de onde sua voz
vem e me deparo com suas belas írises cinza-metálicas, brilhando
como estrelas no céu negro.
Tenho plena ciência de que o sorriso, provavelmente idiota,
ainda está estampado em meu rosto e particularmente não me
incomodo com isso.
O rosto de Edward está próximo do meu e eu não consigo
impedir meus olhos de percorrerem todas as suas formas, desde
seu queixo quadrado até os fios desgrenhados que caem quase em
seus olhos.
— Melhor agora – sussurro para ele, esticando minha mão e
afagando seu rosto, sentindo a aspereza de sua barba por fazer sob
minha palma e não conseguindo evitar um sorriso maior em meu
rosto.
Ele cobre minha mão com a sua e, movendo o rosto, beija a
minha palma.
O calor de seus lábios em minha pele se espalha por todo o
meu corpo.
Já não consigo mais pensar e internamente agradeço por isso.
Entrelaçando seus dedos aos meus, ele beija também o dorso
de minha mão, fazendo meu coração trepidar com força dentro de
meu peito.
— E quanto ao que aconteceu? – ele pergunta assim que seus
olhos se fixam nos meus.
O ar entra com dificuldade em meu corpo trêmulo e, agora por
causa dele, quente.
— Não quero pensar nisso agora… não quero pensar –
sussurro para ele e tenho quase certeza de que minha voz saiu
rouca.
Colo minha testa na dele, sentindo ainda mais o calor dele
próximo de mim.
Com minha mão livre, volto a acariciar seu rosto, lentamente
escorregando meus dedos para dentro de seu cabelo, para depois,
motivada pelo calor e necessidade que sinto crescer dentro de mim,
colar minha boca a dele.
A posição não é confortável, mas apenas pelo fato de conseguir
tê-lo próximo a mim me sinto satisfeita.
Sua boca dança na minha com suavidade e ele suga meus
lábios devagar, vez ou outra os mordiscando de leve, arrancando
gemidos profundos de mim.
Timidamente adentro com minha língua em sua boca e sou
surpreendida pela forma quente com a que ele a recebe, sugando-a
e brincando com a sua língua na minha.
Interrompendo o beijo, Edward me agarra pela cintura e me faz
girar até ficar de frente para ele e me puxa para seu colo, fazendo-
me ficar sentada sobre ele com minhas pernas uma de cada lado de
seu corpo.
Ele abre meu roupão e o tira de meu corpo, lançando-o longe.
— Vou te ajudar a não pensar, baby… – ele sussurra, soprando
as palavras contra minha pele.
Com seus braços em torno de minha cintura e as mãos
espalmadas, uma em minhas costas e a outra em meu traseiro, ele
desce com seus lábios por meu pescoço, clavícula e ombros até
chegar a meus seios.
Sua boca cobre meu mamilo direito dando uma forte sugada
nele, fazendo meu corpo inteiro tremer e aquecer ainda mais, em
minha mente existe apenas ele e cada coisa boa que ele causa em
mim.
Seus dentes se arrastam pela pele sensível de meu mamilo
antes de voltar a abocanhá-lo com gosto.
Minhas mãos agarram-se com ainda mais força ao cabelo dele
e eu sinto meu corpo inteiro tremer com os primeiros indícios de
meu futuro orgasmo.
Uma brisa gelada se faz presente em meu mamilo direito
quando Edward o abandona para dar atenção ao outro, sugando e
mordendo com vontade, fazendo-me gemer e aquecer ainda mais.
Sinto um de seus dedos entrar em minha intimidade e começar
a se mover lentamente.
Minhas costas se arqueiam quando o sinto introduzir mais um
dedo e quando seus movimentos aumentam a velocidade dentro de
mim.
Minha boca está escancarada em um completo “Ah”, carregado
de prazer proporcionado pelo homem que se encontra sob mim.
Movo meus quadris em busca de mais atrito e de mais contato
com sua palma, que ele passa a esfregar em mim. Seus dedos se
movem com mais rapidez e precisão dentro de mim, deixando-me
cada vez mais quente, úmida e, até mesmo descontrolada.
— Vem, baby… dê para mim – ele sussurra com a boca próxima
de meu mamilo, lançando lufadas de ar quente contra a pele
sensível e molhada, fazendo-me gemer alto.
Meus quadris se movem sozinhos em direção aos seus dedos e
sua mão em busca de cada vez mais contato, sentindo meu corpo
tremer e se contorcer em volta dos dedos dele.
Eu preciso de mais…
Ele move os dedos com ainda mais vontade dentro de mim,
esfregando sua palma em meu clitóris inchado e carente de mais
atenção.
Agarro seus fios com força quando sinto meu ventre se
contorcer e seus dedos se moverem ainda mais dentro de mim e as
sugadas em meu mamilo se intensificando também.
O gemido sai alto e arrastado de meus lábios quando o
orgasmo me atinge em cheio, levando-me ao céu e fazendo meu
corpo inteiro tremer e sacolejar de forma intensa e descontrolada.
— Edward… – o nome dele sai de minha boca de forma lenta e
arrastada, completamente sussurrada, apenas para ele.
Edward me segura firme contra seu corpo, sentindo meus
tremores e minha respiração entrecortada.
Ele me beija e desta forma sinto-me acender mais uma vez.
Tirando-me de cima dele por breves instantes ele se livra da
única peça de roupa que o contém, para logo depois colocar-me
sobre ele mais uma vez.
Com meus olhos presos aos dele, faço-o entrar em mim.
Suas mãos se prendem a minha cintura e eu busco um lugar
onde me segurar, encontrando a cabeceira da cama bem próxima.
Sinto os tremores de meu corpo aumentarem conforme ele
entra em mim.
Ataco seus lábios, beijando-o com uma volúpia que
desconhecia em mim, arrastando meus dentes por seu lábio inferior
e ouvindo o gemido arrastado sair rouco de sua garganta, fazendo-
me sorrir em meio ao ato.
Com suas mãos ainda em minha cintura ele me faz sentar nele
até ir bem fundo em mim, e eu o sinto crescer e alargar minha
carne.
Movo meus quadris minimamente em busca de um pouco de
movimento e vejo Edward sorrir maliciosamente para mim.
Mordo meu lábio inferior quando ele me faz subir para logo
depois descer com força e precisão em seu membro grosso e ereto
dentro de mim, arrancando de mim um grito de surpresa e prazer.
— Gostou? – ele pergunta entre dentes com a voz rouca,
enviando tremores por todo o meu corpo.
— Muito – respondo-o com o pouco de ar e coerência que
encontro em mim.
— Quer de novo? – ele pergunta já erguendo meu corpo.
— Quero! Ah! – grito quando ele me faz descer e desta vez se
empurra também para dentro de mim — Oh, céus! – gemo.
— Mova-se, baby – ele ordena com a voz rouca, afrouxando o
aperto em minha cintura e eu o obedeço elevando meu corpo como
ele estava fazendo e descendo para encontrar com a investida dele.
Subo e desço nele com vontade, sentindo, a cada vez que
desço, a investida de seus quadris, sentindo-o ir fundo em mim e
atingir um ponto especial dentro de meu corpo.
Aumento um pouco mais o ritmo de meus movimentos, o
sentindo crescer ainda mais dentro de mim.
Rodo os quadris e rebolo nele, sentindo-o atingir ainda mais
vezes o ponto especial dentro de mim, lançando tremores e mais
tremores para meu corpo.
Suas mãos deslizam até meus seios, os quais ele aperta com
vontade fazendo-me gemer alto e perder o compasso de meus
movimentos.
Edward me beija e tira suas mãos de meus seios, movendo-as
para minhas costas, me fazendo parar, para logo depois seus lábios
se afastarem dos meus e assim ele me faz encará-lo.
— Eu amo você – ele sussurra com os olhos cravados nos
meus; o cinza no azul.
Suas palavras são minha perdição.
Meus olhos ardem quando o orgasmo me atinge como um golpe
e eu desmorono em torno do homem que me ama e que eu também
amo, chamando pelo nome dele.
Sinto as lágrimas quentes escorrerem dos cantos de meus
olhos em filetes rasos e eu não consigo evitar o sorriso em minha
face, quando depois de mais uma investida ele se derrama em mim
e me aperta em seus braços, colando meu corpo ao seu.
[…]
— Eu estive pensando… – Edward diz em tom baixo com os
olhos focados nos movimentos de seus dedos em minhas costas
nuas.
— Em que? – pergunto curiosa, curtindo a sensação de suas
mãos em mim.
— Em muitas coisas… e todas elas envolvem você – ele sorri
minimamente — Mas, em particular, que quero te dar o que você
não teve por minha causa.
Franzo o cenho e me levanto num rompante, sentindo uma
breve tontura por causa da rapidez.
Seguro o lençol na frente de meu corpo e fito Edward como se
ele tivesse acabado de me xingar.
— O que quer dizer com “sua causa”? – questiono ainda com o
cenho franzido dizendo as últimas palavras como se elas fossem um
xingamento — Nada do que aconteceu comigo foi por culpa sua! Eu
nasci nesse mundo, Edward, você não podia fazer nada!
— Eu sei, Amy, mas eu me sinto culpado por ter te privado de
tantas coisas quando era nova e…
— Você me salvou! – exclamo com emoção transbordando de
minha voz — Não interessa quanto tempo eu fui treinada para você,
Edward, a partir do momento que você me tirou daquela casa você
me salvou e se tornou importante demais em minha vida, mesmo
que na maior parte do tempo eu não quisesse aceitar e muito menos
admitir isso nem para mim mesma. Eu consegui entender isso.
Entenda também, caramba!
Ele sorri abertamente para mim e, se levantando, me toma nos
braços mais uma vez e me beija com paixão.
— Vou entender.
Sorrio de volta para ele, assentindo de maneira enfática,
completamente sem fôlego.
****
Os olhos dele eram escuros, pertos como carvão. Carregavam
um brilho assustador, que me causava calafrios na espinha toda a
vez que eu ousava olhar para ele.
Brilhavam de ódio. Ódio por mim.
As cordas estavam machucando meus pulsos enquanto ele me
mantinha içada sobre o chão, eu podia sentir minha pele cortar e o
sangue a fazer arder.
Ele me golpeava nas costas com um chicote pontiagudo,
profanava minha pele e fazia meu sangue escorrer.
As mãos dele eram pesadas e quando atingiam meu rosto fazia
meu corpo inteiro arder em alarde e o gosto metálico enchia minha
boca. Eu não podia gritar, não podia reagir. Ele me mantinha
amarrada e a mordaça presa entre meus dentes dificultava minha
respiração quando o sangue invadia minha boca…
— Amy… América!
O ar entrou queimando em meus pulmões no momento que
meus olhos se abriram para a penumbra do quarto, que era
quebrada em um único ponto pela luz do abajur.
Já era a terceira noite seguida que esse pesadelo estava me
atormentando.
Minha garganta estava seca e parecia arranhar, eu ainda podia
sentir o gosto do sangue em minha boca.
Meu corpo inteiro estava tremendo e o suor gela minha pele
arrepiada.
Sinto o nó na boca de meu estômago e a adrenalina correndo
em minhas veias.
Pisco algumas vezes e focalizo, em meio aos borrões na frente
de meus olhos, o rosto tenso e fincado em preocupação de Edward.
Ele está sentado de frente para mim, a pele de seu peito nu parece
reluzir nas baixas luzes do quarto.
Com um pouco de esforço, sento-me também e esfrego as
mãos no rosto, para logo depois acender o abajur ao meu lado e
clarear todo o quarto. O escuro não me faria bem, não agora, não
enquanto as imagens ainda estivessem na frente de meus olhos.
— Era com ele que estava sonhando de novo, não era? – a voz
de Edward está baixa e rouca de sono, mas completamente ativa.
Olho para ele focando meus olhos nos dele.
O cinza tempestuoso está repleto de emoções e quase
nenhuma delas eu consigo identificar.
Tremo mais uma vez quando sinto um vento gelado tocar minha
pele e instintivamente rodeio os braços ao redor de mim mesma em
busca de algum tipo de calor.
— Era – eu quase não escuto minha voz quando finalmente o
respondo, minha garganta parece estar queimando e o nó ainda se
faz presente na boca de meu estômago.
— Você estava gritando – ele sopra para mim, passando as
mãos nervosamente pelos cabelos — Doía tanto assim? – ele
pergunta depois de tomar uma lufada de ar.
— Bastante… Foi a primeira vez que ele me bateu – de forma
inconsciente, levo minha mão à boca — Ainda sou capaz de sentir o
gosto do sangue.
Edward se aproxima de mim e me toma em seus braços,
apertando-me com força.
— Não vou deixar que ele se aproxime e nem que machuque
você de novo. Eu prometo – ele diz com veemência e beijando o
topo de minha cabeça.
— Toda a vez que eu treino com o Tristan e estou batendo
naquele saco como uma doida, eu imagino ele ali, e eu me sinto tão
bem quando eu termino. É como atingir a plenitude.
— Você quer fazer isso agora? – ele pergunta.
— O que? Treinar com o Tristan? – bufo um riso.
— Não. Bater no saco de pancadas como uma doida. Colocar
para fora.
— Quero.
[…]
Ele estava ali. Bem na minha frente e eu podia me defender.
Os golpes de meus punhos fechados no saco de areia envolto
por couro preto e macio são seguidos e fortes. Minhas mãos
protegidas apenas por tiras brancas – que Edward praticamente me
obrigou a usar – atingem o objeto com fúria cega.
Meus movimentos seguem exatamente as instruções que a voz
sussurrada de Tristan ordena no fundo de minha mente “Use a
raiva, Amy… assuma o controle”.
Soco. Soco. Cotovelada. Soco. Chute. Derrube-o. Coloque-o no
chão.
“Vamos, Amy! Força… use-o contra ele mesmo. Faça da
covardia dele a sua força”
Um último chute, rodado no ar.
O saco de areia escapa das mãos de Edward e fica balançando
em nossa frente, a corrente que o segura canta rangidos e tilintes
por causa do peso.
Edward está me olhando através do balanço do objeto que
serviu para que eu descontasse minhas frustrações. Seus olhos
parecem não ter foco devido ao brilho perdido que se encontra nele,
mas, apesar disso, eu sei que eles estão em mim, absorvendo cada
um de meus movimentos, captando cada uma de minhas reações.
Viro-me para ele, completamente ofegante, sentindo o suor
escorrer por todo o meu corpo, fazendo toda a minha pele ficar
melecada e escorregadia.
Edward caminha até mim, exatamente onde me encontro
parada apenas estabilizando minha respiração e sentindo a
dormência de meus membros se dissipar.
Ele para na minha frente, quase colando seu corpo ao meu, e
ergue uma mão, passando-a levemente pelo meu rosto e afastando
as mechas soltas de meu cabelo, que se prenderam a minha face
suada.
Seus olhos cinzentos – que se assemelham ao céu em um dia
de tempestade – estão focados nos meus e sinto que com apenas
esse olhar ele pode varrer a minha alma e meus sentimentos,
descobrindo tudo o que habita em mim.
— Como está se sentindo? – ele pergunta ainda com a mão em
meu rosto, afagando-o lentamente.
— Melhor do que antes. Muito melhor… obrigada – respondo,
pegando sua mão livre e apertando-a entre a minha.
— Não me agradeça, baby – ele pede em tom baixo — Eu só
quero te ver bem – ele abre um pequeno sorriso, fazendo com que
eu sorria também — E se espancar um saco de areia é o que te
deixa assim, não vejo porque te impedir de fazer isso. – diz com
humor na voz.
Sorrio abertamente para ele, achando graça em sua piada.
— Mas, às vezes, desabafar também ajuda – ele sopra para
mim ainda com o pequeno sorriso nos lábios. — Pode me usar para
fazer isso se quiser.
— Você desabafa? – questiono, ignorando brevemente o pedido
implícito em sua frase.
— Às vezes… Quando suportar fica difícil demais – ele diz, e
em sua voz noto um traço de dor.
Soltando sua mão, rodeio sua cintura com meus braços,
evitando ao máximo me encostar em seu peito e costas.
Fixo meu olhar ainda mais no dele quando sinto sua respiração
dar uma leve vacilada.
— Pode me usar sempre que quiser desabafar também.
— Não quero te encher com meus problemas – ele diz,
colocando agora as duas mãos em meu rosto.
— Se você quer se encher com os meus, eu também quero me
encher com os seus – ele cola sua testa na minha e esfrega nossos
narizes — Eu amo você e quero te ajudar, da mesma forma que
você me ajuda.
Ele não responde, em vez disso, sela seus lábios nos meus
beijando-me com avidez e necessidade.
Controlo-me para não correr minhas mãos por suas costas,
cravando minhas unhas em minha própria pele para evitar que elas
se soltem.
— Você já me ajuda, baby – ele sopra para mim ao se afastar,
colando mais uma vez nossas testas — Só por estar aqui você já
faz isso.
Meus olhos ardem no mesmo instante que processo o que ele
acabou de me falar e, soltando sua cintura, rodeio seu pescoço com
meus braços e o aperto em meu corpo ao selar nossas bocas mais
uma vez, sentindo minhas lágrimas molharem meu rosto no mesmo
instante que ele rodeia minha cintura com seus braços e me puxa
para inda mais perto de si.
[…]
— Bom dia, Aretha! – digo, sorrindo para ela assim que chego à
cozinha.
— Bom dia, senhorita! – ela sorri para mim enquanto coloca o
café da manhã sobre a bancada — Está animada hoje?
— Um pouco. É bom sentir isso, não é?
— É ótimo, querida.
Sorrio mais uma vez e começo a me servir do maravilhoso café
da manhã preparado por ela.
— Aretha, parece que você leu meus pensamentos.
Ela ri um pouco contida.
— Isso está uma delícia!
— É porque você está com fome, querida – ela diz com um
sorriso que chega a fazer seus olhos brilharem — Tudo com fome
fica mais gostoso.
— Isso também ajuda, mas o real motivo é que você é uma
cozinheira de mão cheia!
— Ah, isso é verdade – a voz de Edward soa pela cozinha —
Aretha cozinha muito bem.
Ele se senta ao meu lado logo depois de depositar um beijo em
minha testa.
Pelo canto dos olhos, vejo Aretha deixando a cozinha e tenho a
ligeira impressão de que suas bochechas estão coradas.
— Está melhor? – ele pergunta.
Aceno de maneira positiva para ele enquanto mastigo
avidamente os waffles com mel.
Sinto-me como uma criança por estar fazendo isso.
— Estou me sentindo muito melhor depois daquilo – respondo
assim que esvazio a boca — Mais relaxada.
— Socar coisas ajudou mesmo – ele sorri torto.
— Uhn-hun – balbucio com a boca cheia mais uma vez,
fazendo-o rir.
Ele se serve de waffles com mel, assim como eu, e junta com
algumas frutas.
Eu observo, com fascínio, pelo canto do olho, os movimentos
feitos por ele e a forma com que o terno escuro se adere e se
movimenta pelo seu corpo a cada gesto que ele faz.
Sirvo-me de mais um pouco de waffles e continuo a comer.
Comendo o que não tinha comido nos últimos três dias, desde que
ele resolveu voltar e atormentar não só a mim como também a
Edward.
Respiro fundo e balanço minimamente a cabeça para afastar os
pensamentos que não são bem-vindos, focando-me apenas em
comer e tentar matar o que no momento está me matando: minha
fome.
— Baby, talvez eu chegue um pouco mais tarde hoje – Edward
comenta — Você vai ficar bem?
— Vou sim. Pode ficar tranquilo.
Uma tosse discreta chama minha atenção, e ao me virar
deparo-me com Tyler logo atrás de nós.
— Bom dia, Tyler – digo com um sorriso para ele.
— Bom dia, senhorita Lawson – ele responde com um breve
aceno de cabeça para depois se voltar para Edward, que o observa
atento — Senhor, eles já estão o esperando no escritório.
— Muito obrigado, Tyler. Já estou indo.
— Sim, senhor. Com licença – ele meneia a cabeça levemente
para mim ao deixar o ambiente.
Viro-me de volta para o meu prato já vazio enquanto observo
Edward terminar com o que restava no dele.
Remexo-me desconfortável com a curiosidade do que ele irá
fazer.
Ele se levanta e eu o acompanho no movimento.
— Não suma, baby, antes de sair vou precisar falar com você,
está bem?
Aceno de maneira positiva para ele com um pequeno sorriso em
meus lábios.
— Vou estar na sala.
Ele sorri – um sorriso torto que mexe comigo – antes de beijar
levemente meus lábios e se virar para ir em direção ao seu
escritório.
[…]
Edward entra sério na sala, acompanhado por Tyler e mais dois
homens, com semblantes tão sérios quanto.
Seus lábios estão fechados em linhas finas e rígidas.
O primeiro tem cabelos loiros escuros e olhos cor de conhaque,
pele branca e aparenta não ter mais de trinta e dois anos. O outro é
um homem de pele morena olhos amendoados e cabeça raspada,
também não aparenta ter muito mais de trinta anos. Mas ambos são
sérios e carregam olhares perigosos para qualquer estranho que
ouse se aproximar do que ou quem quer que seja que eles estejam
protegendo.
— América, estes são seus novos seguranças: Kyle e Ward.
Eles vão te acompanhar sempre que quiser sair. – Edward diz ao
parar do meu lado, apontando para os dois respectivamente ao
dizer seus nomes.
— Oi – digo um tanto surpresa pela notícia.
Eles meneiam a cabeça levemente em um breve aceno e
cumprimento para mim.
— Seguranças… legal.
Edward faz um breve sinal com a cabeça para Tyler e os outros,
e, logo depois, eles deixam a sala.
— Eles… são mesmo os meus seguranças? – pergunto ao me
virar para o homem ao meu lado — Tipo… vão me seguir para
qualquer lugar que eu for fora daqui?
— Sim. Eles vão te proteger e a quem quer que esteja com você
na rua ou aqui.
— Assim como o Tyler faz com você?
— Exatamente.
Ele se aproxima de mim e rodeia minha cintura com seus
braços, colando sua testa na minha.
Nossas respirações se misturam.
— Promete pra mim que você vai obedecer e fazer o que for
melhor para a sua segurança? – ele pede com os olhos focados nos
meus.
— Prometo – e isso é verdade.
Ele me beija com paixão, fazendo-me ofegar e minhas pernas
ficarem bambas.
Minha sorte é que ele está me segurando, caso contrário tenho
certeza de que eu iria ao chão.
— Obrigado, baby – ele esfrega o nariz no meu e sorri — Eu
tenho que ir agora.
— Eu sei, mas não queria que tivesse.
— Não quer ficar sozinha?
Nego com certa relutância, balançando a cabeça para os lados.
— Por que não liga para minha irmã e aquela sua amiga?
— Paige está no trabalho e Laurie deve ter coisas melhores
para fazer do que me aturar.
Ele ri.
— Que eu saiba minha irmã fica o dia inteiro sem fazer nada,
apenas pesquisando coisas para a nova loja dela. Posso apostar
meus carros que ela não vai pensar duas vezes antes de aceitar um
convite seu.
Isso me faz sorrir um pouco.
— Deixa pra lá, se eu me sentir sozinha demais eu ligo para ela.
— Está bem, baby – ele me beija mais uma vez antes de me
soltar — Mas agora eu tenho que ir.
— Toma cuidado.
— Eu sempre tomo.
[…]
A televisão está ligada, mas não presto a menor atenção no que
se está passando nela.
O som em meus ouvidos parece mais um zumbido em meio ao
turbilhão de coisas que se passam pela minha cabeça.
Passo as mãos no rosto com a intenção de afastar o cansaço
de mim e principalmente da frente de meus olhos.
Eu já não sei mais o que fazer para passar o tempo.
Penso que talvez eu devesse mesmo ter ligado para Laurie,
pelo menos agora eu estaria fazendo alguma coisa, nem que fosse
bater pernas no shopping com dois seguranças carrancudos nas
minhas costas… Com certeza seria melhor do que ficar aqui sem
poder fazer nada.
— Amy? – a voz um tanto hesitante de Aretha chama minha
atenção, fazendo-me levantar quase que em um pulo.
— Aconteceu alguma coisa? – questiono com o cenho franzido.
Ela sorri e balança a cabeça em negação, adentrando ainda
mais na sala.
— Telefone para a senhorita – ela diz, estendendo-me o
aparelho.
— Ah, obrigada – sorrio para ela, que me deixa mais uma vez
sozinha logo depois — Alô?
— O que minha cunhada acha de me fazer companhia em uma
ida ao shopping e em um almoço com direito à muitas calorias? – a
voz de Laurie soa do outro lado da linha com sua animação de
sempre me fazendo sorrir.
— Ela adoraria – digo ainda com um sorriso.
— Isso é maravilhoso! Passo aí em meia hora. Esteja pronta!
— Está bem!
Ela desliga logo depois de minha resposta, deixando-me com
um sorriso animado nos lábios por causa de sua proposta e de sua
animação incontrolável.
Ainda encarando o telefone, lembro-me de que ela não
comentou nada sobre já ter contatado Edward e, em visão disso,
tomo a simples decisão de telefonar para ele e interromper seu dia.
Coisa que eu não havia feito até hoje.
— Cage – ele atente ríspido e eu praticamente quase me
arrependo de ter ligado.
— Ahn… oi. Sou eu – digo hesitante e com a voz contida.
— Oi, baby – seu tom se torna afável no instante seguinte e eu
tenho quase certeza de que ele sorriu — Aconteceu alguma coisa?
— Ahn… Laurie me ligou ainda a pouco e me chamou para sair
com ela.
— Me ligou para pedir permissão ou para me avisar que vai?
— Um pouco dos dois, eu acho.
Ouço sua risada suave e sinto um sorriso se abrir em meu rosto.
— Ela já havia falado comigo – ele revela — Vou mandar Tyler
avisar Ward e Kyle.
— Tudo bem. Ahn… ela está vindo me buscar aqui.
— O.k., baby. Divirta-se, sim?
— Está bem. Quer que eu compre algo para você?
— Não – quase posso ouvi-lo sorrir — Volte bem, apenas isso.
— Vou voltar.
[…]
Os braços de Laurie rodearam meu corpo em um quase
sufocante abraço no mesmo instante que ela me encontrou
esperando-a no rol de entrada do apartamento.
— Amy, você está linda! – ela exclama assim que se afasta, me
encarando a uma distância de um braço — Azul realmente é a sua
cor, e combina tanto com seus olhos.
— Ah, Laurie – reviro os olhos levemente — Você também está
maravilhosa! Tem certeza de que vamos almoçar e ir ao shopping
apenas?
— Existe coisa melhor do que arrasar em um shopping e em um
restaurante? – ela sorri empolgada segurando em minhas mãos
com animação — E então, vamos?
— Claro! – sorrio para ela.
Ela sorri e cruza seu braço no meu.
— Eu adoro companhia!
[…]
— E então… conte-me as novidades – ela pede assim que
coloca o cardápio de lado, olhando-me com verdadeiro interesse; o
brilho em seus olhos dava ainda mais beleza ao tom esverdeado de
suas írises.
— Ahn… Novidades? – mordo meu lábio inferior por alguns
instantes antes de responder — Ele disse que me ama, pela
primeira vez – sussurro, sentindo meu coração trepidar dentro de
meu peito e sendo incapaz de evitar o sorriso bobo em meu rosto.
— O que?! Não brinca! – ela sorri abertamente, saltitando
discretamente na cadeira — Olha… Nossa! Isso sim é novidade!
Sorrio envergonhada, sentindo meu rosto esquentar.
— Mas e você? Você o ama? – ela pergunta com o olhar ainda
brilhante, mas o semblante sério de alguém que realmente se
preocupa.
— Sim. Mais do que a mim mesma.
O ar me falta, quando as lembranças do dia que ele disse me
amar tomam minha mente e tenho que fazer um sério esforço para
não chorar na frente de Laurie.
Ele poderia ter dito não, poderia ter me afastado e me mandado
embora e para longe, mas não… ele simplesmente disse que me
ama.
Dentro de mim meu coração se agita e bate acelerado apenas
por pensar nele.
— Céus… agora eu entendo o porquê de ele ter escolhido você
– os olhos dela brilham ainda mais e ela abre um enorme e sincero
sorriso — Vocês são perfeitos um para o outro!
Sinto meu rosto esquentar.
— Eu vi isso nos olhos de vocês, naquele dia, lá em casa –
sinto meu rosto esquentar ainda mais — Ah, Amy! Está com
vergonha por causa disso? – ela dá risada.
— Não, mas é mais forte do que eu – rio sem graça.
Ela ri.
— Deus! – ela ri mais uma vez — Você é impagável.
Rio com ela de minha própria situação, embarcando em mais
uma conversa com outro tipo de assunto enquanto esperamos
nosso almoço ser servido.
[…]
— Paige está uma pilha nesses últimos dias! – Laurie revela.
— Nossa… só assim para eu ter notícias dela! – arqueio as
sobrancelhas, levando minha mão livre ao peito — Acho que ela se
esqueceu de mim!
Laurie ri, tombando minimamente a cabeça para trás.
— Ela se esqueceu de todo mundo, até mesmo do Josh.
— O que aconteceu? – pergunto com o cenho franzido.
— Ela está tão enfiada na nova matéria em que está
trabalhando que parece até ter se esquecido que tem uma vida fora
daquele lugar e Josh está morrendo de preocupação!
— Que matéria é essa? – a preocupação é evidente em minha
voz.
— Tráfico. A primeira matéria que ela conseguiu no novo
emprego – sinto-me estremecer com a informação — Mas ela não
disse que tipo, sabe? E Josh está quase colocando o mundo abaixo
por causa dessa fissura dela em investigar cada coisinha que surge
de nova pra ela nessa investigação.
— Paige sempre foi assim, cabeça dura e focada demais. Não
adianta tentar convencê-la de que é perigoso, porque é aí mesmo
que ela bate o pé.
Bufo resignada e completamente incrédula com Paige,
enquanto entro em mais uma loja com Laurie.
As bolsas quase já não cabiam mais em meus braços e a
maioria delas nem é minha.
— Laurie, o que você faz com todas estas roupas, hein? –
pergunto assim que saímos da loja com ainda mais bolsas; a maior
parte delas sendo de Laurie.
— Eu uso, ué! – ela sorri ajeitando as bolas nos braços.
Próximos de nós, em silêncio e observando a tudo e a todos,
estão Kyle e Ward com seus semblantes sérios e rígidos, os olhos,
mesmo por debaixo de óculos escuros exalam perigo, da mesma
forma que a postura impecável.
— O que acha de darmos uma paradinha? – ela pede —
Podemos tomar um suco ou uma água.
— Apoio a sua ideia.
Seguimos quase que às pressas para a praça de alimentação,
em frente à várias lanchonetes e restaurantes, self-services
diversificados coloridos e quase cheios.
Sentamo-nos em uma mesa, enquanto os seguranças sentam
em outra mesa, próxima a nossa sempre de olhos em tudo.
— América?
Uma voz masculina que não me parece estranha preenche
meus ouvidos, com seu tom surpreso e de praticamente completo
estranhamento.
22- Seu amor é o rei.
Olho intrigada para quem me chama, deparando-me com os
olhos esverdeados do primo da minha melhor amiga, e logo um
sorriso enorme se abre em meu rosto.
— Liam! – exclamo com alegria.
Levanto-me da cadeira e o abraço de maneira apertada,
lembrando-me da última vez que nos vimos e que eu não tive nem
chance de me despedir dele.
— Meu Deus! Quanto tempo, garota! Você está maravilhosa! –
ele exclama segurando-me a distância de um braço.
— Você também não está nada mal – sorrio para ele.
Por cima de seu ombro, vejo os seguranças ajeitando-se em
suas cadeiras, adotando uma postura ainda mais rígida e perigosa,
apesar de suas expressões não revelarem praticamente nada.
Ouço uma tosse discreta e rapidamente me viro para Laurie,
vendo-a com as sobrancelhas arqueadas, questionando-me em
silêncio.
— Ah, desculpe! – sorrio sem graça para ela — Laurie, este é
Liam irmão de Paige – o entendimento carregado de surpresa chega
ao seu rosto e seus lábios se abrem minimamente — Liam, esta é
Laurie, minha cunhada – sorrio para os dois, sentindo um enorme
prazer em pronunciar a palavra cunhada.
As bochechas de Laurie estão coradas em um adorável tom de
cor de rosa.
O sorriso em meu rosto aumenta ao vê-la envergonhada.
— Paige já deve ter falado de vocês um para o outro pelo
menos alguma vez. É impossível que ela não o tenha feito – me
pronuncio quando nenhum dos dois diz nada.
— Claro que já falou! – Liam diz sorrindo — Só não sabia que
ela seria tão bonita – diz em seu melhor tom de galã e o olhar do
meu amigo está diretamente focado em Laurie, que cora
absurdamente.
Sinto o clima de flerte tímido que se abre entre os dois e um
sorriso maroto se abre em meu rosto quando me sento novamente
na cadeira.
— Senta aqui com a gente, Liam – convido — Você não se
importa, né, Laurie?
Arqueio uma sobrancelha para ela, de forma maliciosa, vendo-a
corar ainda mais e me lançar um olhar ao mesmo tempo furioso e
engraçado como se dissesse “vou chutar sua bunda daqui à Nova
York”.
Tive que sorrir para minha mais nova e já tão querida amiga.
Liam se senta entre nós, alguns centímetros mais perto de
Laurie – que não parava de corar, sorrir e conversar conosco
completamente animada.
Meu telefone toca e eu, entre algumas risadas – que me forram
provocadas por Laurie e Liam – me levanto e me afasto um pouco
deles, atendendo a ligação logo em seguida.
Um sorriso se abre em meu rosto quando vejo quem está me
ligando.
— América, que porra de história é essa de que tem um homem
está sentado com você e a minha irmã?! – a voz de Edward sai
alterada e carregada de raiva pelo fone; ele fala tão alto que sou
obrigada a afastar o aparelho de meu ouvido.
Faço uma careta para o zumbido que ficou em meu ouvido.
— Me explique por que tem a porra de um cara sentado na
mesma mesa que a minha mulher e a minha irmã! – ele exige —
Fale alguma coisa, porra!
— Pare de gritar comigo! – rosno para ele, virando-me de
costas para a mesa, para que Laurie e Liam não percebam o que
está acontecendo — Ele é meu amigo, o primo da Paige – respondo
com a voz controlada e em tom normal — A namorada do seu
irmão, minha amiga! Você lembra?
— Amy? – a voz de Laurie soa atrás de mim.
Viro-me para ela fazendo um sinal com a mão e me volto para o
homem furioso do outro lado da linha:
— Laurie está me chamando, vou desligar. Acabe comigo
quando estivermos em casa. Aqui não – solto um suspiro pesado,
fechando os olhos por míseros segundos — Amo você.
Desligo sem esperar pela resposta dele e retorno para a mesa,
onde Laurie se encontra ainda mais animada na conversa com
Liam.
Eles já parecem até velhos amigos.
Laurie me olha de esguelha, perguntando silenciosamente o
que tinha acontecido. Eu apenas sorrio em resposta para ela; um
sorriso que não chega aos meus olhos.
Ele só havia gritado comigo uma vez, uma única vez e não foi
nada bom, para nenhum de nós.
[…]
Liam se despediu de nós no estacionamento com abraços
apertados e beijos em nossas bochechas, sempre – e
aparentemente – sem perceber, sob os olhares meticulosos e
espertos dos seguranças.
No carro, Laurie dirige calada em direção ao Diamond.
Eu acompanho o seu silêncio com minha mente distante,
pensando em como vou encontrar Edward depois do que aconteceu
durante a ligação que ele me fez. Tenho certeza de que foi um dos
dois seguranças que contou para ele, mas não posso culpá-los…
estão apenas pensando no que Edward havia dito para eles
fazerem: me proteger.
— O que meu irmão falou com você para te deixar assim? – ela
pergunta quebrando o silêncio e se virando para mim ao pararmos
em um sinal.
— Não foi nada de mais… ele só ficou preocupado quando
soube de Liam.
— E ele tem motivos para ficar preocupado em relação ao
Liam? – ela arqueia uma sobrancelha e volta sua atenção para a
pista assim que o sinal se abre.
— Claro que não, Laurie! – sinto-me irritada e chateada de
repente quando o sentido de “preocupação” que ela entendeu se
clareia em minha mente — Eu nunca trairia seu irmão.
— Eu não disse que você faria isso. Eu quero saber se você o
deixaria por causa de Liam.
— Nunca. Nunca mesmo, Laurie! Por ninguém! Eu não trocaria
Edward por ninguém! – respondo olhando diretamente para ela, que
presta a atenção na pista.
Ela sorri e olha para mim pelo canto do olho rapidamente, para
logo depois voltar sua atenção para a pista.
Não consigo evitar sorrir para ela.
— Acha que eu tenho chance com ele? – ela pergunta,
remexendo-se um tanto inquieta no acento do carro, com um sorriso
malicioso em seus lábios.
— Posso tentar descobrir – sorrio para ela.
— Faria isso por mim?! – ela pergunta, e não consigo deixar de
notar a surpresa e incredulidade em suas palavras.
— Claro que sim! – sorrio mais uma vez para ela — Você é
minha cunhada e, acima de tudo, é minha amiga.
Ela sorri abertamente e posso notar as emoções em seu rosto,
mesmo que eu não o veja por completo.
O carro para em frente à entrada do enorme edifício luxuoso.
Sinto meu coração querendo começar a afundar dentro de meu
peito antecedendo o que poderá acontecer.
Laurie se vira para mim e me abraça apertado, e, naquele gesto
dela, eu sinto seu apreço por mim, tão forte quanto o meu por ela.
— Obrigada – ela diz, e sei que não é apenas pelo dia que ela
agradece.
— Não precisa agradecer, sabe disso! Eu é que tenho… –
aperto-a um pouco mais em meus braços.
— De nada, então! – ela ri e se afasta — Você está entregue.
Sorrio para ela e me virando para o banco de trás pego as
sacolas – as únicas que realmente são minhas – beijo as bochechas
de Laurie para logo depois saltar do carro e me encontrar com Ward
e Kyle me esperando, aparentemente, pacientes nas portas do
Diamond.
— Senhorita? – o segurança de cabelos loiros me chama —
Precisa de ajuda com as bolsas?
— Ah, não… não precisa, Ward. Não tem nada pesado aqui –
sorrio para ele em agradecimento, vendo-o apenas menear a
cabeça de forma positiva.
[…]
As portas do elevador se abriram apenas no rol de entrada.
Kyle e Ward só saíram de minhas costas quando eu já me
encontrava na sala silenciosa e iluminada do enorme apartamento.
Odeio o silêncio, mas pelo menos não há escuridão.
Passo direto pelo cômodo, meus sapatos fazendo sons ao se
movimentarem pelo piso a cada passo dado por mim. Subo as
escadas e vou direto para meu quarto onde deixo minhas novas
coisas – compradas por insistência de Laurie.
Esse quarto… há um bom tempo que eu já não o uso, que não
durmo por aqui. Quase não sinto falta deste quarto branco e frio.
Dentro de meu closet abro a caixinha de joias que mantenho
guardada ali e, de dentro dela, retiro o colar que Edward me deu no
dia de meu aniversário. É impossível evitar o sorriso que se abre em
meu rosto quando começo a brincar com o pingente em meus
dedos.
Meu coração se agita ainda mais forte em meu peito ao me
lembrar de tudo o que aconteceu naquele dia.
Sinto minha pele se arrepiar e um frisson atravessa todo o meu
corpo.
Guardo novamente o colar na caixinha e a deixo no mesmo
lugar de sempre.
Pego roupas simples e frescas – um short jeans e uma blusa
regata – e saio do closet.
O silêncio é tanto em todo o apartamento que me sinto
sufocada.
Sento-me em minha cama e retiro os sapatos que já começam a
me incomodar ficando descalça. Sigo para o banheiro e tomo um
banho rápido e agradável, colocando a roupa que peguei assim que
termino e permaneço descalça.
Saio do quarto com meu celular em minhas mãos e desço as
escadas em direção à sala, que mais uma vez encontro em seu
completo e – não tão – perfeito silêncio. Pelo menos não está
escuro – repito para mim mesma.
Olho por todo o recinto e meus olhos recaem sobre o pequeno e
moderno aparelho de som.
Sinto um sorriso se abrir lentamente em meu rosto com a ideia
que toma conta de minha mente.
Sigo até o aparelho e quase sem dificuldade nenhuma o ligo,
ouvindo apenas um leve zumbido tomar conta da sala. Noto um
iPod conectado ao aparelho e não me contenho em ligá-lo – e para
minha total surpresa não tem senha.
Arrasto a ponta de meu indicador sobre a tela em busca das
músicas que eu sei que tem ali. Sinto-me travessa por estar fazendo
isso, mas, mesmo assim, continuo a passar o dedo pela suave e
delicada tela até que meus olhos encontram a lista de música.
Mordo meu lábio inferior e sorrio para as seleções musicais que
existem ali.
Um gosto bem eclético, eu noto.
Opto pelas mais animadas que encontro ali, formando uma
playlist longa com inúmeras músicas – o suficiente para afastar de
mim a ideia de solidão que todo o silêncio da casa impõe a mim.
Coloco as músicas para tocar e aumento o volume até ele ficar
bem próximo do máximo.
A primeira música que preenche o ambiente é Crazy In Love e
sentindo a batida e a letra tomar conta de todo o meu corpo, eu
fecho meus olhos por breves instantes deixando meu corpo se
mexer no ritmo delicioso que essa música tem.
Não consigo evitar meus risos quando boas lembranças de meu
tempo de adolescência, quando Paige e Mike me sequestravam no
meio da noite e me carregavam para festas sempre que
conseguiam.
Lembro-me da noite de meu aniversário, quando dancei com
Edward, da forma como seu corpo se mexia junto do meu, o jeito
que suas mãos e todo o seu corpo me tocava.
Mordo meu lábio inferior com certa força quando a sensação
dos lábios dele sobre os meus naquela noite toma conta de mim.
Mexo-me com ainda mais vontade e um sorriso toma conta de
meu rosto quando me lembro do que fizemos assim que chegamos.
“Os lábios dele cobriam os meus quando atravessamos a porta
de seu quarto.
Suas mãos me apertavam com vontade onde conseguissem, e
ele me despia apenas com seu beijo.
Ele me ergueu pelas coxas e fez com que eu o abraçasse com
minhas pernas, colocando nossas intimidades completamente
cobertas pelas roupas em contato.
— Eu estou louco para que você se recupere logo… estou doido
para estar dentro de você de novo, baby.
Eu gemi de forma arrastada, com minhas mãos agarradas ao
seu cabelo e voltando a beijá-lo. Não estava me importando em ter
que me segurar para não o enlouquecer, naquele momento, eu
queria que ele fizesse exatamente aquilo, que enlouquecesse e me
fizesse gritar.
Eu não estava me reconhecendo.
A parede ao lado da porta foi o que nos amparou e segurou.
Ele investia na minha direção, roçando sua ereção –
definitivamente gloriosa – presa pela cueca e pelo jeans em meu
sexo completamente molhado e ansioso por ele. Eu sentia todo o
meu corpo ferver e o sangue circular com dificuldade por minhas
veias de tamanho que era o meu desejo por sentir aquele homem
em mim… dentro de mim.”
Ainda dançando, mas agora de olhos abertos, passo as pontas
de meus dedos sobre meus lábios maltratados por meus dentes,
ainda com as sensações dos beijos dele não só em minha boca
como em todo o meu corpo.
A voz de Britney Spears enche meus ouvidos quando Toxic
começa a tocar.
Diminuindo um pouco meus próprios movimentos sigo ainda
dançante, para a cozinha e me farto com um gelado copo de água,
quando meus olhos reconhecem a garrafa do vinho favorito de
Edward.
Prendo a ponta de minha língua entre os dentes, quando minha
vontade de verter o líquido se torna quase insuportável.
Balanço a cabeça afastando os pensamentos de minha mente e
desvio os olhos da garrafa de vinho e começo a procurar por algo
que eu possa comer, com meus olhos gulosos percorrendo cada
prateleira da geladeira em busca de algo que até eu mesma possa
fazer.
Sinto vontade de doce e meus olhos chegam a aumentar de
tamanho quando encontro o pote de sorvete dentro do congelador.
Minha boca saliva quando vejo que o delicioso creme gelado é de
chocolate.
Coloco o pote sobre a bancada e busco com certa pressa uma
colher, e assim que encontro o objeto desejado praticamente corro
para me sentar de frente para o pote, começando a comê-lo e
soltando um gemido lento de apreciação quando o sorvete entra em
contato com minha língua.
Com o pote em minhas mãos, volto ainda mais dançante para a
sala, comendo mais e mais colheradas do sorvete delicioso que
parece dançar em minha língua.
Balanço meu corpo no ritmo da música que toca – uma que não
reconheço – e continuo a comer sorvete diretamente do pote,
sentindo-me uma adolescente por estar agindo assim.
Praticamente me jogo no sofá, sentando-me com as pernas
para cima, apreciando a música e o sorvete. Em cima da mesinha
de centro, vejo meu celular piscando e praticamente dançando
também durante as constantes vibrações.
Estico-me até ele e vejo o sinal de mensagem piscando como
louco.
É Edward.
A música que está saindo do iPod, faz meu coração palpitar,
apenas por ser a verdade que pulsa em mim: o amor dele é o rei.
*ESTÁ EM CASA?*
Sinto meu peito se comprimir ao me lembrar da forma como ele
estava ao ligar para mim mais cedo, quando eu estava com Laurie
no shopping e ele descobriu – por meio dos seguranças, com
certeza – que Liam estava conosco.
*SENTADA NO SOFÁ. COM UM POTE DE SORVETE.
SENTINDO SUA FALTA*
Envio a resposta assim que termino de digitá-la, mas não
espero resposta.
Deixo o aparelho sobre minha barriga e volto a comer o sorvete
que já começou a derreter.
[…]
O cheiro bom toma conta de meus sentidos e um calor bom
envolve todo o meu corpo.
Abro minimamente meus olhos que nem me lembrava de ter
fechado e encontro o rosto de Edward, fechado em seriedade e os
olhos focados provavelmente no caminho.
Aninho-me um pouco mais nele, sentindo seu cheiro delicioso e
movo minha mão até encontrar os cabelos macios.
Ele desce seu olhar para mim, e nadando no mar cinza de seus
olhos eu vejo tantas emoções que chego a me espantar com a
intensidade de sentimentos que vejo naquela imensidão cinza e
perfeita.
Sinto uma superfície macia sob mim e inconscientemente sei
que ele está me colocando na cama.
Alguns minutos depois, seu corpo se cola ao meu, seu peito
colado às minhas costas e seu braço possessivo e protetor ao redor
de minha cintura. Sinto sua respiração quente contra meu pescoço e
minha pele inteira se arrepia.
Viro-me para ele e o encontro de olhos fechados – ele havia
tomado banho e trocado de roupa, e está perigosamente sem
camisa.
Passo minha perna por sua cintura e ergo o rosto beijando
suavemente o maxilar quadrado e imponente.
Sua mão que estava comportada em minhas costas, desce até
meu traseiro, o apertando com vontade para, logo depois, deslizar
por minha coxa e se infiltrar em nosso meio e consequentemente no
meio de minhas pernas.
Ele alcança meu sexo e o acaricia por sobre o tecido de minhas
roupas, enviando ondas quentes por todo o meu corpo, fazendo-me
arfar.
Ergo melhor o meu olhar para ele e me deparo com suas
fantásticas írises cinza, em um escuro tom de tempestade tropical.
— Isso aqui é meu – ele diz, movendo a mão e a colocando
dentro de meu short e minha calcinha, enfiando diretamente dois
dedos em mim.
Mordo meu lábio inferior e mexo os quadris para sentir melhor
seu toque.
— Não me interessa se era seu amigo ou não. Você é minha,
América.
Movida pelo desejo que ele despertou em mim, coloco minha
mão em nosso meio também já a infiltrando nas vestimentas dele e
alcançando seu membro ereto e completamente duro, envolvo-o em
minha mão aplicando pouca força e deslizando-a lentamente por
todo o seu comprimento, e brincando vez ou outra com suas bolas.
— E isso é meu – digo com a voz rouca, ainda pelo sono e mais
ainda pelo desejo — Você é meu. Ou pensa que me esqueci
daquela sua amiga ruiva toda bonitona te tocando e se insinuando
feito uma vadia de luxo para você?
Ele aperta meu clitóris fazendo-me gritar, no mesmo instante
que coloco minha mão mais uma vez no membro inchado dele.
Edward me beija com volúpia e sofreguidão, enfiando sua língua
em minha boca e me fazendo arfar durante o beijo.
Ele aumenta os movimentos de seus dedos em meu sexo
causando espasmos em mim e me fazendo rebolar em sua palma
com certo desespero. Seus quadris se movem com ímpeto na minha
direção, fazendo seu membro deslizar rápido em minha mão.
Nossos gemidos se misturam durante o beijo, me
enlouquecendo e rápido como começou ele para com tudo, se
afastando ofegante.
Ele tira minha mão de dentro de suas calças e se afasta,
levantando da cama e me deixando completamente confusa e
tomada pelas sensações.
— Edward? – chamo quando o vejo passar as mãos
nervosamente pelo cabelo e começar a andar como um louco de um
lado para o outro — Edward?! – elevo minha voz a um tom mais alto
que o anterior.
Ele se vira para mim e parece desolado, o cenho franzido e o
rosto contorcido em dor.
Meu peito dói com o que eu vejo nos olhos dele.
Abro a boca para falar alguma coisa, mas ele me impede,
falando antes de mim.
— Eu estive com ela hoje… com a Vivian.
Sento-me na cama lentamente, meu semblante fechado e o
sangue pulsando em meus ouvidos tamanha é a raiva que sinto
crescer dentro de mim gradativamente.
Arqueio uma sobrancelha inquisitiva esperando que ele
continue.
— Foi logo depois de ligar para você – respiro fundo, fechando
os olhos; doeu tanto quanto uma bofetada — Nós íamos almoçar
juntos e… – ele hesita, fazendo com que eu abra os olhos e neste
instante eu o vejo engolir a seco — Ela me passou uma cantada e
tentou me beijar.
Mordo meu lábio inferior com fúria e força, tentando conter as
lágrimas que vêm aos meus olhos.
Sinto meu corpo inteiro tremer e convulsionar de raiva, ódio e
nojo.
Faço uma careta quando a imagem deles dois em um
restaurante, rindo e se divertindo, e dela jogando seu charme ruivo
para cima dele povoa minha mente.
Sinto-me revoltada.
Levanto-me da cama, meu corpo inteiro ainda tremendo e o
bolo se forma em minha garganta, ficando cada vez maior na
medida em que mantenho minhas lágrimas presas.
— E o que fez quanto a isso? – pergunto em tom baixo,
controlando a mim e às minhas emoções.
— Eu juro, Amy… não aconteceu nada! – ele tenta se aproximar
de mim, mas o impeço com um único gesto de minhas mãos,
erguendo-as na altura de meus ombros e virando o rosto para o lado
— Era um almoço de negócios e ela se aproveitou disso para…
— Cala a boca – murmuro quando volto a olhá-lo, balançando a
cabeça em negação — Cala a porcaria dessa sua boca!
Ele enrijece e empertiga o corpo.
— Olhe como fala comigo.
— Ou o que?! – explodo sentindo meus olhos arderem e minha
garganta doer com as lágrimas e o choro preso — Vai me bater?
Pode ter certeza de que não vai doer tanto quanto isso já dói.
— Amy, por favor…
Ele se aproxima de mim rápido demais e me segura pelos
braços.
— Eu juro, Amy, não aconteceu nada! – ele diz enfático — Eu…
Você sabe o que eu sinto por você!
— E você o que eu sinto — digo afastando as mãos dele de
mim e dando dois passos para trás — Você ficou com raiva e com
ciúmes porque meu amigo se juntou à mim e à sua irmã em um
lanche no shopping, mas diferente dessa sua amiga, Liam não deu
em cima de mim.
Passo as mãos debaixo dos olhos quando sinto que lágrimas
começam a escorrer, e com minha visão nublada tento passar por
Edward, mas ele segura meu braço me impedindo.
— Aonde você vai? – ele pergunta desesperado.
Viro-me com toda a minha fúria na direção dele e o acerto
quase que com abuso de minha força em sua face, fazendo com
que o rosto dele vire para o lado.
As lágrimas escorrem de meus olhos com liberdade e eu o vejo
virar lentamente o rosto para mim com a mão cobrindo o lugar
atingido.
Uma lágrima solitária cai de seu olho.
— Não deixe que…
Não consigo terminar de falar o que gostaria, pois no instante
em que tento meu estômago parece querer dançar e eu
praticamente sou obrigada a correr para o banheiro, mal tendo
tempo de me ajoelhar na frente do vaso antes de todo o conteúdo
de meu estômago me abandonar.
Sinto a presença de Edward mais do que o vejo ao meu lado.
Ele segura meu cabelo e afaga minhas costas enquanto eu
coloco quase todo o meu intestino para fora. Quando tudo
aparentemente acaba, as contrações de meu estômago me colocam
quase agarrada às laterais do vaso.
Mantenho meus olhos fechados, apenas ouvindo a descarga
sendo acionada, os movimentos de Edward e tudo o que ele faz.
Ele me tira do chão e me faz lavar a boca e escovar os dentes.
Ele lava meu rosto e molha minha nuca, e eu me sinto melhor
depois que ele faz isso, mas o fato de que ele praticamente me traiu
não me abandona e eu sinto as lágrimas brotarem em meus olhos
mais uma vez quando a dor atravessa meu peito.
Sinto vontade de socá-lo, de arrancar a pele daquela mulher
nojenta que ousou dar em cima dele.
Edward me coloca deitada em sua cama e, logo depois, ele se
acomoda ao meu lado enterrando o rosto em meu pescoço, sinto
sua pele gelada e úmida quando entra em contato com a minha.
Não tenho forças para afastá-lo…
O corpo dele dá pequenos solavancos e a respiração
entrecortada dele bate rápida e descontrolada contra a pele de meu
pescoço.
Ele está chorando…
— Por favor, acredite em mim… não aconteceu nada – ele
funga de maneira quase discreta e sua mão encontra a minha.
Reteso um pouco me sentindo tremer com a eletricidade que
percorre todo o meu corpo a partir do toque de nossas mãos.
Edward movimenta minha mão, erguendo-a até certo ponto,
para depois depositá-la sobre sua pele quente onde, logo abaixo de
minha palma, sinto um pulsar forte e acelerado, em um ritmo
próprio.
O ar foge de meus pulmões quando tomo consciência de onde
minha mão está.
Tento tirá-la, mas ele a prende ali com a dele sobre a minha.
A pele quente que protege o órgão pulsante e forte está sob
minha palma deixando-me completamente em pânico.
— Você consegue senti-lo? – ele pergunta em tom sofrido,
carregado de dor; mais uma vez tento tirar minha mão, mas, mais
uma vez, ele me impede — Ele só bate por você… Meu coração só
bate deste jeito por você, Amy.
Edward tira o rosto de meu pescoço e me encara.
O cinza no azul, ambos cheios de emoções e lágrimas.
— Acredite em mim, amor… Eu disse não a ela… eu disse não.
Os soluços escapam de meus lábios sem que eu seja capaz de
impedi-los.
Edward estava me permitindo tocá-lo, em uma área
completamente proibida para mim e em seus olhos há todo o
desespero e sinceridade de suas palavras.
Meu coração parece pronto para romper minha caixa torácica,
fazendo um reboliço com todos os meus sentimentos no momento e
eu acredito no que ele diz.
Sinto raiva por isso e por aquela vadia ter se aproveitado de
uma situação como aquela para tentar se dar bem com o meu
homem.
Aproximo meu rosto do dele e lentamente o beijo, ouvindo seu
gemido forte misturado com o meu quando nossas bocas se
encontram e ele me puxa com força para perto de seu corpo – com
minha mão ainda espalmada em seu peito.
— Eu te amo – ele diz com a voz embargada e a boca colada a
minha pele.
— E eu a você – sopro para ele, tendo o prazer de ver sua pele
se arrepiar, junto com a minha quando sua mão entra em contato
com a pele de minhas costas — E se aquela mulher sequer respirar
o mesmo ar que você de novo… eu acabo com ela.
— E eu quero assistir, mas, primeiro, deixe-me sentir você,
baby… Tira esse medo que está em mim… Me toque, amor.
Não contive o soluço ou gemido – eu não saberia dizer – que
saiu de meus lábios ao ouvi-lo me pedir para tocá-lo e ainda por
cima me chamando de amor.
Eu iria explodir…
— Deixe eu sentir suas mãos em mim, por favor…
Seu corpo sobrepõe o meu e eu o abraço com meus braços e
pernas, sentindo a pele quente e já úmida de suor sob minhas
mãos.
Tenho o prazer de vê-lo se arrepiar mais uma vez, sentindo
seus beijos em meu pescoço, maxilar, bochechas e finalmente
minha boca.
Suas mãos alcançam meus seios e sexo, infiltrando-se em
minha camisa, sentindo minha pele, como eu estava fazendo com
ele.
Sem muito controle sobre mim mesma, arrasto timidamente
minhas unhas na pele quente e macia de suas costas sentindo cada
um de seus músculos se contraindo e relaxando e ouvindo seu
gemido arrastado e alto, fazendo-me arquear o corpo na direção de
suas mãos e, consequentemente, na direção do corpo dele.
Com movimentos rápidos, que eu muito mal percebo, Edward
remove as minhas roupas e o restante das dele, e, logo depois, ele
está me preenchendo completamente como ele nunca havia feito
antes.
Minhas mãos não encontram lugar certo, percorrem todo o
tronco forte e musculoso na medida certa, dando-me o prazer de
sentir cada um deles se contraindo e relaxando conforme os
movimentos feitos por ele. Arrasto minhas unhas com vontade na
pele de seu abdome e em suas costas, ouvindo-o urrar de prazer e
dor e sentindo seus dentes cravando-se na pele de meu pescoço.
Seus movimentos dentro de mim são lentos e quase
agonizantes – se comparados ao nosso normal – mas em nenhum
momento deixa de ser bom… maravilhoso até.
A boca dele percorre todo o pedaço de pele que consegue,
dando atenção aos meus seios que chegam a doer clamando pela
boca ou mão dele.
Meu corpo aquece mais e mais a cada nova investida dele.
Seus movimentos enviando ondas de calor para todo o meu
corpo a partir do ponto de nossa conexão. Ele me beija, começando
a investir com um pouco mais de força e rapidez, fazendo-me
contorcer e ansiar por mais, fazendo com que eu comece a me
mexer em contraponto aos seus movimentos, minhas unhas se
cravando com cada vez mais força na pele dele, arrastando-se
desde os ombros até o traseiro durinho, marcando-o ali também.
— Deus… Amy! – ele geme alto movendo os quadris com
vontade, fazendo o som do choque de nossos sexos ser o único no
ambiente quando nossos gemidos ficam presos em nossas
gargantas.
Ele me beija mais uma vez, colocando sua língua dentro de
minha boca, sugando meus lábios e insinuando os mesmos
movimentos de seus quadris com a língua dentro de minha boca,
provocando espasmos e mais espasmos em mim.
Isso faz meu corpo inteiro aquecer e logo depois derreter,
fazendo-me desmanchar ao redor dele, gritando seu nome numa
versão embolada e carregada de paixão e prazer.
Sinto-o me preencher com seu líquido quente e a jatos fortes
poucos instantes depois de eu ter me desfeito para ele.
Edward geme meu nome sussurrando que me ama e pedindo
para que eu acredite nele.
****
— Eu quero levar você ao médico. – Edward diz assim que se
senta ao meu lado no sofá e me puxa para seus braços.
— Por quê? – questiono fazendo manha e me aconchegando
nos braços dele.
— Faz três dias que você está passando mal direto, Amy – ele
diz com preocupação e pesar na voz — Desde… desde quarta-feira.
Sinto meu corpo tremer levemente quando a lembrança de
Edward me falando sobre a tentativa de Vivian e a lembrança da
bofetada que dei no rosto dele tomam conta da minha mente.
— Desculpe por ter te batido.
— Eu mereci – ele me aperta em seus braços, beijando o topo
de minha cabeça.
— Ela merecia… você não.
Ele se remexe inquieto.
— O médico, Amy – retoma o assunto que nos levou de volta a
isso.
— Não. Se eu piorar aí sim, mas não vejo motivos para isso.
Pode ter sido alguma coisa que eu comi ou apenas aquele monte de
sorvete que ainda deve estar me fazendo mal.
— Amy… – ele me repreende de maneira sutil.
— Eu prometo que vou ao médico se eu me sentir mal de novo.
Ele suspira de maneira pesada e eu sei que ele aceitou minha
condição.
— Você já soube da nova de sua amiga? A Paige? – ele
pergunta, mudando drasticamente de assunto.
— Que ela está deixando todos doidos com essa ideia de
reportar o tráfico? Já.
— Não era isso, mas… também.
— Então, o que era? – pergunto curiosa.
— Ela está noiva de meu irmão.
Praticamente pulo do sofá quando processo o que Edward
acabou de me dizer.
— O que?! Que filha da mãe! – digo completamente
embasbacada — Ela não me disse nada!
Rosno baixinho me levantando do sofá, indo para a cozinha e
pegando um copo de água.
— Vou ligar para ela – anuncio quando volto para a sala e pego
meu celular sobre a mesinha de centro, discando o número dela no
mesmo instante.
Mal dou tempo de ela falar quando os bips de chamada
desaparecem e o burburinho do jornal enche a ligação:
— Que história é essa de estar noiva e não me contar,
Bennett?! – questiono furiosa e chateada com minha amiga. Como
ela foi capaz de me esconder uma coisa dessas?
— Como descobriu antes de eu te contar?! – ela questiona
surpresa com o fato — Ah, deixa pra lá! Foi o idiota do Cage, não
foi? Porra, eu pedi para não falarem, porque eu ia te dizer quando
nos encontrássemos para o almoço hoje, que eu ia te chamar…
mas, pelo visto, já era, né?
— Paige, não me interessa quem me contou… o que me
importa no momento é que você não me falou nada! E todos já
estavam sabendo, menos eu!
— Somente o babaca do seu namorado sabia, Lawson! – ela
esbraveja — Olha, será que tem como a gente se ver mais tarde?
Eu posso passar aí e a gente conversa com calma, sem a presença
do meu cunhadinho intrometido.
— Tudo bem… te espero aqui para o almoço.
— O.k., Amy. E, baby? – ela chama.
— O que?
— Vou precisar da sua ajuda para uma coisa.
— Sabe que pode contar comigo, Paige. Sempre…
— Está bem. Estarei aí para o almoço. Mantenha o seu
namorado longe de mim, ou eu castro ele!
— O.k. Até mais, Paige.
— Até.
Encerro a ligação e fico alguns instantes encarando o aparelho,
tentando entender por que Paige precisaria de minha ajuda, até que
Edward me tira de meus devaneios ao passar os braços ao meu
redor.
— Ela se convidou para o almoço e me ameaçou, estou certo?
– ele pergunta divertido.
— É melhor se esconder no escritório. Não vai querer enfrentar
a fúria Bennett quando ela está prometendo castração – falo
enquanto me viro em seus braços para olhá-lo.
— Uh! – ele ofega se afastando de mim e cobrindo a região no
meio de suas pernas — Peça desculpas a ela, mas eu quero ter
filhos um dia, o.k.?
Rio para ele, sentindo algo diferente se agitar dentro de mim ao
ouvi-lo mencionar que deseja filhos quando uma vez ele já me disse
– ou deixou implícito – que não queria.
— Quer mesmo? – a pergunta salta de minha boca antes que
eu seja sequer capaz de impedi-la.
Ele beija o espaço abaixo de minha orelha e morde a pele
molinha de leve.
— Por que não?
23- Pés fumegantes.
Muita coisa tinha acontecido em pouco tempo e a maioria
dessas coisas eu ainda não havia digerido.
Não poderia dizer que não estava feliz, nem que não estava
com medo porque, a verdade é que, eu estou sim feliz, mas com
medo. Medo de que tudo isso desmorone ou simplesmente deixe de
existir, medo de que ele retorne de verdade e faça as mesmas
coisas que fazia antes ou que faça pior.
Medo de que de uma hora para outra ela conseguisse o que
estava querendo e Edward me deixe.
Não queria pensar nas coisas depreciativas que tinham
acontecido e que provavelmente só iriam piorar, mas é quase
inevitável. Aqueles momentos que estão ali apenas para dar certo
são aqueles que mais fazem com que se pense negativo, por mais
que você se esforce para pensar positivo e acreditar que tudo vai
melhorar e ficar bem.
Eu estava me sentindo exatamente em um destes momentos.
Não queria ter parado para pensar, mas isso eu estava fazendo
desde que Edward me deixara no sofá e teve que ir para seu
escritório resolver algumas coisas que a empresa estava
necessitando.
Desde que ele tinha me falado que ela havia passado uma
cantada para ele – há três dias – que eu não conseguia dormir
direito, ou melhor, não conseguia dormir, porque tudo se mistura
com as lembranças dele, tornando meu sono difícil ainda mais
conturbado e quase impossível.
Às vezes, me pego pensando que as coisas – relativamente –
boas que me aconteceram, vieram depois de algo realmente
insuportável de tão dilacerante e doloroso, como a primeira vez que
Edward disse que me amava e na primeira vez que ele me deixou
tocá-lo.
Só de pensar que aquela mulher quer colocar as mãos nele eu
sinto meu sangue ferver e minhas mãos coçarem de vontade de
estragar aquele rostinho e arrancar no mínimo boa parte de sua pele
cheia de tratamento. Se ela aparece na minha frente… não sei o
que sou capaz de fazer!
Fecho os olhos com força, tentando encontrar algum som no
meio de todo esse silêncio irritante que tome conta de minha
atenção e tire meus pensamentos dessa linha pessimista e
assassina que eles estão seguindo.
É nesse momento de total concentração que me lembro que
Paige está vindo para cá almoçar comigo. Céus! Minha amiga está
noiva…
Realmente noiva!
O sorriso que surge em meu rosto é inevitável.
Sinto-me realmente feliz por ela e Josh. Apesar de não ter tido
muito contato com o irmão de Edward, o carinho que sinto por ele já
é grande o suficiente para preencher e abater esse fato.
Levanto-me do sofá um pouco desajeitada e tonta, mas assim
que me recupero, saio à procura de Aretha pelo apartamento. Onde
fica mesmo a área de serviço desse lugar? E os quartos dos
funcionários?
Deus… como eu moro em um lugar e não sei onde encontrar as
pessoas quando eu mais preciso delas?
Subo as escadas de dois em dois degraus, olhando para os
movimentos acelerados de meus pés, visando não tropeçar nos
próprios e não cair – mais uma vez.
— Menina, para que essa pressa? – a voz de Aretha soa logo
atrás de mim, assim que eu chego ao topo da escadaria e me viro
para o lado do quarto de Edward.
— Aretha! Eu estava mesmo atrás de você! – exclamo ao me
voltar para ela e caminhar até onde se encontra.
Ela está com uma pilha de toalhas brancas e negras, felpudas,
nos braços, e eu teimosamente a ajudo com as coisas, recebendo
olhares repreensivos dela por fazer isso.
Apenas sorrio em resposta.
— Para que lado? – questiono, me posicionando junto dela, que
revira os olhos com um sorriso nos lábios.
— Para o quarto da senhorita e do senhor Cage – ela responde
com um sorriso ainda maior no rosto e eu sinto meu rosto queimar
— Ora, menina, acha mesmo que eu não sei que estão vivendo
como um casal?
Meu rosto arde ainda mais e eu sorrio envergonhada com meus
olhos focados nas toalhas em minhas mãos.
Às vezes, me esquecia que não estamos apenas eu e Edward
neste apartamento gigante.
— Então… por que me procurava, senhorita? – ela pergunta,
mudando de assunto e eu agradeço internamente por ela ter feito
isso, tentando conter a careta pelo “senhorita”.
— Minha amiga, Paige, vai vir aqui almoçar comigo – começo —
E eu gostaria de sua ajuda para preparar algo.
— Alguma coisa em especial? – Aretha pergunta, abrindo a
porta do quarto, tirando as toalhas de minha mão e se direcionando
para o banheiro logo depois.
— Eu não sei… – mordisco a unha de meu polegar direito de
maneira nervosa enquanto penso — O que se prepara para alguém
que acabou de ficar noiva e se esqueceu de contar a novidade?
Ouço a risada de Aretha pouco antes de ela se projetar ao meu
lado novamente.
— Eu não sei, querida. Sua amiga ficou noiva e se esqueceu de
te contar? – ela pergunta com um sorriso divertido nos lábios.
— É. Quase isso… – respondo mordendo meu lábio inferior,
nervosa.
— Pra que tanto nervosismo, menina?
Sorrio para ela e coço a testa com a ponta dos dedos.
— Ela está furiosa porque era para ser segredo e ela iria me
contar, mas Edward estragou a ideia dela – não consigo evitar uma
risada.
— Mas não é só isso, é? – ela pergunta com uma sobrancelha
arqueada pegando minhas mãos entre as dela.
— Não – dou uma leve risada envergonhada e nervosa —
Ultimamente tudo o que eu como me enjoa.
Aretha franze os lábios, pensativa por um tempo, e, logo depois,
sorri para mim.
— O que acha de uma coisa mais leve, então? Uma salada de
legumes e verduras, arroz e filé de… peixe ou de frango?
— Peixe! – respondo com empolgação, já sentindo o sabor em
minha boca.
[…]
O cheiro maravilhoso da comida e a música preenchem todo o
ambiente da sala e cozinha.
Aretha – depois de muita insistência da parte dela – fez a maior
parte de toda a comida e eu apenas ajudei em algumas coisas, mas
a sobremesa fui eu quem fiz, e, no momento, estou colocando o
bolo/torta de chocolate com chantilly e morangos na geladeira.
— Prontinho! – digo com um sorriso orgulhoso em meu rosto —
Já estou com fome só de ter olhado tudo isso – comento com
Aretha.
Viro-me para ela e a vejo com um enorme sorriso no rosto, este
gesto feito por ela faz com que eu me lembre de Suzanne e meu
peito se comprime em saudade.
Na sala, meu celular começa a tocar, tirando-me de meu
mundinho particular das saudades, e eu praticamente corro para
atendê-lo, vendo o nome e a foto de Paige piscando na tela.
— Fala, Bennett! – exclamo ao atender, sentando-me no sofá.
— Estou chegando, Lawson. O idiota do seu namorado está aí
com você?
— Paige – a repreendo de forma sutil, achando até graça da
situação — Ele não é idiota, não o chame assim.
— Tudo bem – quase posso vê-la revirando os olhos — Já
avisou na portaria que eu estou chegando?
— Edward avisou.
Ouço-a bufar.
— Tudo bem… estou aí em quinze minutos.
— Estarei te esperando.
Desligo logo depois, depositando o celular sobre a mesinha de
centro mais uma vez.
Levanto-me do sofá e me direciono para a cozinha, encontrando
Edward ali, de frente para a pia. O corpo inclinado levemente para
trás, assim como a cabeça está levemente levantada, para facilitar
enquanto ele bebe a água.
Escoro-me com os quadris na bancada e cruzo os braços na
frente do peito, observando os movimentos dele, vendo seus
músculos das costas cobertos pelo tecido fino da camiseta branca.
Ele estava vestido para malhar – coisa que ele vinha fazendo muito
nos últimos dias – principalmente depois de quinta.
Muitas vezes eu o vi quase dilacerando o saco de areia, ou se
exercitando com impetuosidade nos equipamentos, malhando cada
parte de seu corpo e ficando encharcado de suor da cabeça aos
pés.
Eu simplesmente adoro vê-lo malhar.
— Gostando da vista, baby? – a voz dele enche meus ouvidos
no momento que ele se vira para mim com um sorriso torto,
carregado de malícia e amor.
— Muito. É uma vista realmente maravilhosa – sorrio para ele.
— Fico feliz de que goste – ele diz, sorrindo ainda mais
enquanto caminha até mim, envolvendo-me em seus braços.
Seu perfume e seu calor tomam conta de meus sentidos,
deixando-me inebriada e fazendo meu sorriso se abrir ainda mais.
Ele arrasta seu nariz no meu, os olhos fechados e o sorriso
ainda estampado no rosto. Seus lábios se encostam aos meus em
um beijo rápido e estalado, no mesmo instante em que envolvo seu
pescoço com meus braços.
— Você está brilhando, sabia? – ele sopra para mim com um
sorriso ainda maior, a felicidade presente em sua voz é contagiante.
— O que? – pergunto com meu cenho franzido, mas não
conseguindo deixar de sorrir.
— Eu não sei explicar – ele começa — Mas eu vejo brilho
saindo de você.
Toco seus lábios com os meus da mesma forma que ele fizera
comigo e sorrio ainda mais para ele.
— Vou levar isso como um elogio.
Ele ri e beija a ponta de meu nariz.
— Todos eles para você, amor.
Senti-me derreter por dentro e sorrir ainda mais ao ouvi-lo me
chamar de amor.
Para mim isso ainda é a mais pura e completa novidade, é
extasiante ouvi-lo dizer esta palavrinha desde a primeira vez que ele
a pronunciou para mim.
Sua boca se junta a minha, desta vez, em um beijo de verdade,
tirando o sorriso do meu rosto, mas não de dentro de mim.
Suas mãos se movem por minhas costas, me pressionando
cada vez mais contra si. Uma mão se prende em meus cabelos, me
mantendo ali fortemente junto dele, enquanto a outra me apalpa
com gosto em todas as partes que ele consegue alcançar.
Minhas mãos se embolam com força em seus cabelos quando
ele arrasta seus dentes levemente por meu lábio inferior, pouco
antes de chupá-lo e arrancar de mim um gemido arrastado.
— Amo você – ele sussurra em meus lábios, para logo depois
colar sua testa na minha.
— Amo você.
Um pigarro vindo da porta da cozinha estoura nossa bolha,
trazendo-me de volta para a realidade.
Olho para o lugar de onde o som veio e encontro Tyler de pé ali,
com as mãos atrás das costas; ele parece desconfortável por ter
que atrapalhar.
— O que houve, Tyler? – Edward pergunta, virando-me em seus
braços e me colocando com minhas costas em seu peito; sinto sua
ereção cutucar minha bunda e meu rosto se aquece de vergonha.
— A senhorita Bennett acaba de chegar – ele avisa em tom
profissional — Ela já está subindo.
— Obrigada, Tyler – digo com um sorriso tímido, apertando-me
um pouco mais nos braços de Edward.
Ele acena brevemente com a cabeça em um sinal positivo e se
retira.
Sinto meu corpo relaxar no mesmo instante.
O corpo de Edward chacoalha com o riso dele e eu por rir junto.
— Ande… vamos receber minha futura cunhada – ele diz ainda
rindo e entrelaça seus dedos nos meus.
Chegamos à sala no mesmo instante em que Tyler entra para
anunciar a chegada de Paige, que entra quase idêntica a um
furacão e se atira em meus braços, e por pouco eu não caio no chão
com o peso extra que é colocado sobre mim.
— Olá, doida! – digo entre risos, apertando-a em um abraço
assim que recupero meu equilíbrio, sentindo seus braços me
apertarem também — Senti saudades.
— Eu também! – ela diz e posso sentir o sorriso dela em sua
voz.
Ela me afasta e me encara a distância de um braço, avaliando-
me com um enorme sorriso em seu rosto.
— Você está radiante! – ela constata com seu sorriso ainda
maior no rosto, fazendo-me sorrir para ela também.
Era a segunda vez que eu estava ouvindo este elogio hoje.
— Você também está linda, Paige!
Ouço uma tosse completamente fingida ao meu lado e sorrio ao
me virar para Edward que carrega um sorriso travesso nos lábios.
— Olá, Paige – ele diz ainda sorrindo.
— Oi.
Sinto vontade de revirar os olhos diante de tamanha
infantilidade e implicância entre ele e minha melhor amiga, mas
limito-me a apenas sorrir para eles.
— Que tal irmos almoçar? – digo antes que o clima agradável
se transforme em algo insuportável.
Entrelaço meu braço ao de Paige e minha mão a de Edward, e
assim, seguimos em direção a sala de jantar.
A mesa já está toda posta com o almoço que Aretha e eu
preparamos.
Os pratos estão quentes e o perfume que sai deles é magnífico.
Sinto minha boca se encher d’água só de me imaginar comendo
cada uma das coisas preparadas.
O peixe parecia estar me chamando…
Edward se sentou na cabeceira da mesa e eu me sentei na
cadeira seguinte com Paige logo ao meu lado.
— Que tal começar a me atualizar das coisas, hein, Paige? –
digo assim que termino de me servir.
Pelo canto do olho vejo um sorriso torto nos lábios de Edward.
Ao meu lado Paige resmunga algo que eu não compreendo e
prefiro deixar assim – tenho certeza de que foi apenas mais um de
seus insultos para Edward.
— Que tal ficarmos a sós primeiro? – ela pede, olhando incisiva
para Edward que sorri ainda mais.
Sinto vontade de revirar os olhos para a situação; tamanha
infantilidade me deixa irritada.
— Tudo bem, Paige.
[…]
Paige se sentou, ou melhor, praticamente se jogou na cama.
Estamos no quarto que era meu no começo de meu convívio
com Edward.
Eu não dormia aqui desde o dia que caí das escadas, e é
estranho pensar que foi somente a partir daquele dia que realmente
me aproximei de Edward, mesmo com o sentimento que já estava
crescendo em mim.
— Ainda bem que não me levou para onde você e o Cage
dormem – Paige diz assim que se ajeita na cama, sentando-se com
as costas apoiadas na cabeceira da cama — Eu que não iria chegar
perto daquele ninho de esperma e óvulos de vocês.
Sou praticamente obrigada a rir do que ela fala.
Sento-me na cama também, de frente para ela, que entrelaça os
dedos sobre as pernas e se empertiga toda e me encara com os
olhos sérios.
— Antes de te contar sobre o pedido de Josh, eu preciso da sua
ajuda para uma coisa – ela diz com a voz nervosa e baixa, torcendo
os dedos sobre o colo.
— E o que é? – pergunto, sentindo meus níveis de curiosidade
aumentarem cada vez mais.
— Eu acho que estou grávida – ela lança de uma única vez, tão
rápido que eu quase não entendo.
— Grávida?! – digo com verdadeira surpresa.
— É. – ela responde acenando freneticamente com a cabeça —
Mas eu não tive coragem para fazer o teste, pelo menos não
sozinha.
— E quer que eu faça com você, é isso?
— É.
— E por que você acha que está grávida?
— Eu tenho ficado enjoada com praticamente tudo, minhas
roupas não estão mais servindo como antes e o principal.
— O que?
— Minha menstruação está atrasada há duas semanas… e isso
nunca aconteceu! – ela exclama — E, então, você vai fazer o teste
comigo? Acho que eu não consigo sozinha.
Eu estava surpresa.
Paige Bennett estava realmente me pedindo ajuda para fazer
algo e, aparentemente, estava com medo de qual poderia ser o
resultado.
— Claro que sim, Paige – sorrio para ela que suspira aliviada,
para logo depois se esticar até sua bolsa e tirar de dentro dela uma
sacola com o emblema de uma farmácia dois testes de gravidez.
— Você ou eu primeiro? – ela pergunta, e tenho quase certeza
de que estou vendo uma adolescente no lugar de Paige Bennett.
— Eu vou primeiro se isso te deixar mais tranquila. Estou
mesmo com vontade de fazer xixi – dou de ombros.
Ela acena de maneira frenética com a cabeça, sorrindo.
— Mas vamos ter que ver os resultados juntas – ela diz, me
entregando a caixinha do teste ao mesmo tempo.
— Tudo bem – respondo sorrindo, sentindo vontade de revirar
os olhos para toda esta situação, me levanto e sigo para o banheiro.
O que há de mais em fazer xixi em um palitinho?
[…]
Sentei-me na cama com o teste em minhas mãos e fiquei
esperando Paige terminar de fazer seu teste e sair do banheiro para
finalmente poder tirar as dúvidas dela quanto a sua possível
gravidez.
Não queria encarar o teste em minhas mãos, mas minha
curiosidade é tamanha que se torna quase impossível não levar
meus olhos para o objeto. A ansiedade de Paige tinha conseguido
me deixar ansiosa e nervosa também.
Eu não conseguia parar de balançar minhas pernas e nem de
ficar mexendo as mãos o tempo todo.
O teste estava com o lado do resultado virado para baixo, e eu
estava a ponto de virá-lo quando Paige saiu do banheiro com seu
teste em mãos, junto da caixinha, onde havia as instruções para
saber qual era o resultado.
Paige se senta ao meu lado e coloca o teste sobre a cama,
virado para baixo, escondendo o resultado.
Coloco o teste que fiz em cima da cama também.
Ela começa a ler as instruções de maneira nervosa e chega a
gaguejar algumas vezes.
— Então, positivo… duas barrinhas? – pergunto apenas para ter
minha confirmação.
— Isso aí – ela responde respirando fundo e engolindo em seco.
— Está pronta? – pergunto.
— Estou… E você?
— Eu não acho que estou grávida, mas… Vamos lá.
— No “já” então – ela diz — Um. Dois. Três… Já! – e então,
assim que ela diz a palavrinha mágica pegamos nossos testes e
viramos, para podermos ver o resultado.
Sinto meu corpo inteiro tremer e meus olhos arderem.
Minha respiração desaparece, minha boca fica seca e eu não
consigo me mexer.
Tenho certeza de que Paige diz alguma coisa e sinto seus
braços me envolverem.
Ela está chorando e sua voz está distante demais de mim para
que eu consiga entender o que ela fala e para que eu possa dizer
algo para ela.
Abraço-a de volta, apertando-a contra mim procurando conforto
ou algum tipo de luz que possa me ajudar com o que eu acabei de
descobrir sem que ela saiba.
— Eu estou grávida, Amy! – a voz de Paige enche meus
ouvidos e ela me aperta ainda mais forte.
Sinto felicidade por ela e pânico por mim.
— Parabéns, Paige – digo com verdadeira felicidade a ela,
sorrindo e sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
— Josh vai pirar! – ela diz ao se afastar de mim, rindo e
secando suas lágrimas — Então… eu acho que tenho que te contar
sobre um pedido de casamento, não é?
Sorrio para ela em resposta e eu juro que tento prestar a
atenção em tudo o que ela me conta, mas infelizmente, não escuto
nem a metade do que ela fala.
Meu corpo inteiro ainda está tremendo e meu coração parece
estar querendo saltar pela boca.
Eu iria precisar de ajuda, mas não poderia pedir isso a Paige,
pelo menos não agora.
Por hora, eu só conseguia pensar em uma única pessoa.
[…]
Edward se deitou ao meu lado na cama, passando seus braços
ao redor de meu corpo e colando seu peito às minhas costas.
Ele beija meus cabelos e entrelaça suas pernas nas minhas.
Não consegui me acalmar nem quando o senti assim tão
próximo a mim, muito pelo contrário, me senti ainda mais nervosa e
inquieta. Minhas mãos estão suadas e meu coração parece bater
ainda mais acelerado do que mais cedo.
Viro-me nos braços de Edward e ficando de frente para ele
coloco minhas mãos em seu peito, sentindo seu coração bater forte
e no ritmo certo.
Levanto os olhos para ele e o descubro me fitando
intensamente.
Não consigo encarar seus olhos, tenho medo de que ele
descubra através dos meus o que tanto está me deixando nervosa.
Aninho-me em seu peito, sentindo seu calor ainda mais próximo
do meu.
— Gosto de ter você assim perto de mim – ele sussurra com
seus cabelos — Gosto quando você me toca.
Sinto meu coração perder algumas batidas e depois acelerar
ainda mais.
Passo meus braços ao redor dele e me colo ainda mais a ele,
sentindo seu perfume dominar meus sentidos e tento me entregar à
inconsciência.
— Eu te amo – sussurro para ele, antes de enterrar meu rosto
em seu pescoço e fechar meus olhos.
— Amo você também – ele diz e beija meus cabelos.
****
Eu não havia dormido nada e já estava pronta para sair.
Eu já havia deixado minha bolsa arrumada para sair na noite
anterior, com o teste dentro dela, e estava quase a ponto de ligar
para Laurie e quase implorar para sair com ela, apenas para ter uma
desculpa para conseguir sair deste prédio sem levantar suspeitas do
que eu iria fazer.
Edward havia saído para trabalhar. Uma reunião de emergência
havia surgido e ele não poderia faltar, por se tratar de um negócio
extremamente importante. Era o que eu precisava para poder
resolver o que está me tirando dos eixos.
— A senhorita vai sair? – a voz tempestuosa e profissional de
Tyler Ford encheu a sala.
Senti meu sangue gelar na mesma hora.
Eu tinha me esquecido dele, e como eu iria sair sem Edward
saber se os seguranças estavam aqui?
Burra, burra, burra!
Viro-me para ele de forma lenta, já podia sentir meus olhos
ardendo pelas lágrimas de pavor que já começavam a se formar em
meus olhos.
Tyler está de pé no meio da sala com o rosto impassível, as
mãos atrás das costas e a boca tencionada em uma linha rígida e
reta.
Eu não sabia mentir e nem conseguiria mesmo se eu quisesse.
— Não conte para ele… por favor – imploro com minha voz
embargada e dolorida.
Eu não queria me sentir assim com o que eu havia descoberto,
mas esse sentimento de pavor se torna mais forte do que eu.
Eu gostaria de estar me sentindo mais feliz do que apavorada
com isso, mas está sendo mais forte do que eu, porque eu sei que a
partir do momento que minha mãe souber disso ela vai fazer de tudo
para que o legado de nossa família continue e que o dinheiro
sempre exista. E eu não quero isso.
— A senhorita está indo embora? – ele pergunta, e pela
primeira vez um traço de emoção surge em seu rosto.
— Não! – minha voz se eleva — Por Deus, não! – viro-me
completamente para ele e passo a fitar seus olhos em fendas
desconfiadas — Eu preciso ir ao médico, mas Edward não pode
saber. Ele pode achar que estou doente e vai surtar, por favor, não
conte a ele.
— Não posso deixar a senhorita sair daqui sozinha nem sem a
autorização do senhor Cage. São ordens dele.
— Por favor, Tyler! Eu preciso da ajuda da Marie… por favor! –
imploro, sentindo meu corpo inteiro tremer e mais uma das ondas de
enjoo me dominar.
Sinto-me zonza e tenho que me escorar no sofá para não cair.
Sinto braços ao redor de minha cintura e quando olho para cima
encontro o olhar de Tyler sobre mim. Ele me mantém segura até eu
conseguir me manter de pé sozinha, e quando ele se afasta, ouço
sua breve respiração um pouco mais elevada.
— Eu a levo até a doutora Cage, a senhorita não está em
condições de sair daqui sozinha, e muito menos escondida do
senhor Cage – o tom de repreensão está evidente em sua voz e eu
estranhamente sinto vontade de sorrir para isso; lembra-me tanto
meu pai.
— Obrigada, Tyler, obrigada mesmo.
[…]
Marie estava concentrada nos papeis sobre a mesa de seu
consultório quando eu praticamente irrompi pela porta.
Pela rasa cortina de lágrimas na frente de meus olhos pude vê-
la pular de susto com meu ato.
O teste está em minhas mãos trêmulas e eu mais uma vez me
vejo imóvel, só que desta vez, de frente para Marie.
— América?! – ela diz espantada, se levantando e praticamente
correndo até mim e me envolvendo em seus braços — O que
houve, querida? Você está pálida!
Ela me senta em uma das cadeiras da sala e, logo depois, se
senta na minha frente.
Sem conseguir falar, ergo a minha mão e mostro para ela o
teste de gravidez, sentindo os soluços ricochetearem em meu peito.
Os olhos dela recaem sobre o objeto em minha mão erguida e
sua boca se abre em surpresa, e posso jurar que vi os cantos de
seus lábios se repuxarem várias vezes em tentativas de sorrisos,
mas sua surpresa ainda era maior.
— Eu estou grávida, Marie – minha voz não passa de um sopro
assustado e carregado de pavor.
Foi uma questão de fração de segundos para eu sentir os
braços de Marie me rodearem e ela me apertar contra ela em um
abraço carregado de carinho, amor e agradecimento – mas, mesmo
com ela me apertando, eu pude sentir todo o cuidado que ela teve
ao fazer isso.
Aquele era um abraço carregado de carinho e amor de mãe.
Depois de me recuperar da surpresa que foi tê-la me abraçando
desta forma, eu finalmente consigo retribuir a ela o abraço.
— Eu vou mesmo ser avó? – ela pergunta ao se afastar a
distância de um braço, seus olhos estão marejados e lágrimas rasas
escorrem por seu rosto — Você está mesmo grávida, querida?
— Estou – eu consigo dar uma risada em meio as lágrimas —
Ou pelo menos é o que este teste está dizendo, não é?
Ela sorri para mim, também em meio a lágrimas.
E, me surpreendendo mais uma vez, ela beija minha testa e
afaga meus cabelos. Seu olhar é carinhoso e carregado de afeto e
faz com que eu me pergunte como ela havia se afeiçoado por mim
assim em tão pouco tempo.
— Quer tirar as dúvidas? – ela pergunta sorrindo, e no mesmo
instante sinto meu corpo retesar.
— Exame de sangue? – pergunto engolindo a seco.
— Não… isso demoraria muito. Uma ultra… o que acha?
Pela primeira vez coloco minha mão sobre meu ventre, ao
imaginar como deve ser esse pequenino que está crescendo dentro
de mim.
— Adoraria.
Marie sorri ainda mais e dando outro beijo em minha testa ela
se levanta.
— Espere aqui, eu já volto para te buscar.
[…]
Marie se sentou ao lado da cama em que eu me deitei.
Ela havia me apresentado à doutora Daisy Lo.
Seria ela quem faria a minha primeira ultrassonografia e eu faria
isso apenas para confirmar o que eu já tinha certeza.
Passei a noite inteira pensando e verificando se eu tive mesmo
todos os sintomas que Paige havia me relatado e acabei
percebendo que eu estava grávida a mais tempo do que eu
imaginava, só não havia ligado os pontos, foi necessário que minha
amiga precisasse de ajuda para fazer um teste para eu descobrir
que estou grávida.
Seria engraçado se eu não estivesse tão apavorada.
— Então, está pronta, Amy? – a voz da doutora Daisy enche
meus ouvidos tirando-me de meus devaneios.
Sorrio para ela acenando positivamente com a cabeça.
Ela sorri e liga os aparelhos e prepara a sonda.
Um processo extremamente desconfortável, mas para mim era
melhor do que ter agulhas sendo enfiadas em mi para tirar o meu
sangue.
Marie segura minha mão, sorrindo para mim, e eu prendo minha
respiração quando sinto a doutora inserir a sonda em mim. Levo
meu olhar para a tela, onde eu apenas enxergo algumas manchas
azuis e pretas.
Assim como eu, Marie encara a tela fixamente sem querer
desviar o olhar para nada.
— Olhem aqui! – a doutora Daisy exclama, apertando algumas
teclas em um teclado que eu não havia notado, e, logo depois,
apontando uma região da tela com a ponta do dedo — Conseguem
ver essas duas manchinhas aqui?
— Duas?! – Marie e eu exclamamos ao mesmo tempo; sinto o
pânico me dominar mais uma vez, mas a felicidade está aqui e ela
me preenche e transborda em meus olhos.
— Sim, duas manchinhas bem aqui, semelhantes a grãos de
feijão. Conseguem ver?
Estreito os olhos forçando minha vista embaçada pelas lágrimas
a enxergar o que a doutora mostra, e, com alguma dificuldade, eu
os vejo e um sorriso quase rasga o meu rosto, apesar do medo que
estou sentindo.
— Sim – eu sussurro para ela que sorri para mim e aperta mais
algumas teclas no teclado.
— Meus parabéns, Amy, você está grávida de gêmeos fortes e
saudáveis. Agora, o que eu lhe recomendo é que procure a sua
médica e que comece a fazer seu pré-natal o quanto antes, está
bem? – ela sorri e me entrega uma folha — Sua primeira foto dos
bebês.
— Obrigada! – agradeço a ela, pegando a imagem com um
sorriso enorme em meu rosto.
— Você tem alguma médica que sempre lhe acompanhou? –
Marie pergunta com preocupação, mas não deixando de sorrir.
— Tenho sim, e ela trabalha aqui também. Vai poder me
acompanhar se quiser – sorrio para Marie.
♥
Entrei esbaforido no quarto e, assim que coloquei meus pés no
ambiente, eu os vi.
Eles são pequeninos.
Lindos.
Os seres mais fofos e adoráveis que eu já havia posto os meus
olhos sobre.
E eles estavam parecendo duas bolas vermelhas e
desesperadas de tanto que choravam.
Ambos tinham suas mãozinhas apertadas em punhos cerrados
e choravam com tanto desespero e sentimento, que eles pareciam
estar sofrendo a pior das dores, e isso estava partindo o meu
coração e me deixando desesperadamente preocupado.
Aproximo-me deles e, com cuidado, pego um de cada vez em
meus braços, acomodando-os um em cada braço meu, segurando-
os próximos a mim e ninando-os lentamente.
O choro foi diminuindo aos poucos e eles lentamente foram se
aconchegando em mim, fazendo seus pequenos balbucios e foi
nesse momento que eu entendi o que Amy havia falado sobre eles
estarem “chamando por mim”.
Foi impossível não sorrir.
— Papai também sentiu saudades – sussurro para eles,
inclinando-me e respirando o delicioso cheirinho de bebê que eles
exalam.
Louis foi o primeiro a parar completamente com seus
resmungos e a abrir seus olhos, presenteando-me com a visão de
seus olhinhos brilhantes e sonolentos, tão cinzentos quanto os
meus.
Ele me encarou por um longo tempo, antes de fechar os olhos e
se agitar em meu colo, emitindo um gritinho animado – uma coisa
rara de vê-lo fazer – para, logo depois, abrir novamente os olhos e
abrir para mim um de seus projetos de sorriso completamente
banguelas.
Meu coração perdeu algumas batidas e aumentou de tamanho
apenas com isso, e em resposta, eu sorri de volta para o meu filho.
Minha pequena Marie – por sua vez – tinha sua própria maneira
de chamar a minha atenção para ela, e ela fez isso quando suas
mãozinhas conseguiram agarrar o tecido solto de minha camisa e
ela passou a puxar minha roupa, dando alguns de seus muitos
gritinhos animados.
Diferente de Louis, minha pequenina é completamente
extrovertida e expansiva.
Ela ama a todos e a tudo.
Não que Louis não ame, longe disso, meu pequenino parecia ter
puxado isso de mim e demonstrações expansivas, como as de
Marie, não eram com ele. Eu acho que se Laurie fosse minha irmã
de sangue, Grace seria quase uma cópia perfeita dela e isso é
assustador.
Eu havia sentido tantas saudades desses dois.
Só Deus sabe o quanto foi difícil para eu sair, duas semanas
atrás, para essa viagem de negócios.
Eu não queria ter vindo, mas a situação aqui estava tão
problemática que se não fosse eu, não haveria mais ninguém que
conseguisse resolver a situação e eu estava detestando cada
segundo longe dos meus filhos e de Amy.
Foram as duas piores semanas da minha vida.
Eu os tive para mim por um bom tempo, sentindo-os tão
próximos quanto me era possível. Era a melhor sensação do mundo
ter meus filhos assim comigo depois de tanto tempo.
Foram quatorze dias de muita saudade e solidão enquanto eu
estava longe da minha família.
Eu nunca tinha pensado muito bem sobre a parte solitária da
minha vida, até ficar sozinho do novo. A presença de Amy e dos
meus filhos – assim como a dos meus pais e irmãos – se tornou
uma constante em minha vida, e foi tão fácil me acostumar e amar
isso que eu me esqueci de como era ficar sozinho, mesmo que por
alguns momentos.
Ficar duas semanas sem eles comigo já estava começando a
me irritar e a me enlouquecer.
Ter eles comigo para o meu aniversário era o melhor presente
que eu poderia ter.
Eu precisava dar um bom agradecimento à Tyler por ter ajudado
minha Amy a chegar aqui e alguma bronca também, apenas por ter
me enganado tão bem.
****
No dia vinte e três de outubro – meu aniversário – Amy me
preparou um bolo.
Um bolo de chocolate com direito à calda, velas e “parabéns
para você” na companhia da minha Amy, dos meus filhos, com
meus pais e meus irmãos presentes – em outra forma de surpresa.
Uma surpresa toda orquestrada pela minha noiva.
Foi o melhor aniversário da minha vida. De toda ela.
Eu nunca havia me sentido tão feliz no dia do meu aniversário
antes, como estava me sentindo desta vez. Toda a minha família
estava comigo e isso estava sendo um novo grande presente.
Eu me senti completamente amado, como nunca.
No fim da comemoração, quando a noite já cantava, meus pais
e meus irmãos tiveram que ir embora, mas prometeram vir para o
café da manhã, antes de voltarem para Seattle.
Já tinha algum tempo que nossa família havia deixado o
apartamento. Os bebês estavam dormindo nos berços que
havíamos comprado – para que eles pudessem ficar mais
confortáveis e não terem que dormir em seus carrinhos enquanto
estivéssemos aqui.
Estamos na sala, sentados no sofá tão próximos quanto é
possível.
— Feliz aniversário – Amy desejou, sorrindo lindamente para
mim, enquanto me abraçava de lado, passando seus braços por
meu tronco e se esticava para juntar seus lábios aos meus.
— Meu melhor aniversário – respondo, sentindo um inevitável
sorriso se abrindo em meu rosto, enquanto ainda tenho meus lábios
próximos aos de minha noiva.
— O primeiro de muitos – ela sorri também, antes de me beijar
novamente.
— O primeiro de muitos – repito — Se vocês estiverem comigo,
sei que serão.
Amy sorri e, com um suspiro, recosta sua cabeça contra meu
peito mantendo seus braços ao meu redor.
Uma sensação maravilhosa.
— Nós estaremos – ela prometeu e, apenas a segurança que
suas palavras foram capazes de me transmitir, foi suficiente.
****
Grace emitiu um de seus muitos gritinhos animados, agitando
suas mãos e tentando se empurrar para cima quando, mais uma
vez, o vento fez algumas folhas e flores se soltarem da árvore sob a
qual estávamos sentados, aproveitando a sombra naquele
maravilhoso dia de sol no Central Park.
Eles estavam começando a tentar começar a se erguer e a
rolarem sozinhos.
Vê-los tentar fazer isso era a coisa mais fofa, mas, mesmo isso
sendo lindo, eu não conseguia deixar de me apavorar com o fato de
que eles estavam crescendo e muito rápido.
Mesmo eu tendo o máximo que eu podia deles, ao vê-los tentar
essas coisas, eu sentia que tudo o que eu tinha deles não era
suficiente.
Amy riu, observando a forma agitada que nossa filha se remexia
sobre o espaço acolchoado – que havíamos arrumado para ela e
Louis sobre a manta em que estávamos.
Diferente de Grace, Louis estava muito mais entretido com o
alimento que estava sendo concedido para ele naquele momento.
Ele tinha seus olhos atentos muito focados em Amy e em todos
os movimentos dela, enquanto segurava com toda a sua força de
bebê o dedo indicador dela.
Era uma cena linda e eu nunca me cansava de assistir a isso.
Eu havia tirado umas boas horas, daquela manhã de segunda-
feira, para aproveitar algumas paisagens de Nova York com minha
noiva e nossos filhos, antes de eu ter que deixá-los para me enfiar
em algumas desgastantes horas de trabalho.
Amy riu mais uma vez, atraindo minha atenção para longe do
que eu teria que fazer e de todas as preocupações que teimavam
em se infiltrar em nosso momento de lazer.
Olhei para ela e descobri o que tanto a estava divertindo: Marie
tentava engolir suas próprias mãos, tentando enfiá-las em sua boca
com elas estando fechadas em punhos bem apertados, e, por
consequência, se babando toda.
Eu ri quando ela mexeu seus pezinhos e gritou, como se
estivesse brigando com suas mãos, antes de tentar enfiá-las na
boca novamente.
— Essa menina não vai ser fácil – Amy comentou, rindo,
enquanto ajeitava Louis que tinha terminado de mamar e o colocava
para arrotar.
— Eu não duvido – concordei esticando meus braços para Amy
para que ela me passasse o meu garotão — Você vai me ajudar
com ela, não é, amigão? – falo para ele, que dá um gritinho animado
e faz suas mãos virem diretamente para meu rosto tentando me
agarrar.
— Eu acho que ele vai é ajudá-la – Amy ri, pegando uma
garrafinha de água e sorvendo bastante dela.
— Espero que eles sejam amigos – digo ao colocar Louis
deitado sobre minhas pernas para observá-lo brincar consigo
mesmo, assim como Grace faz.
— Eles já são.
Sorrio para ela e lhe lanço um beijo, antes de tirar Louis de
minhas pernas e colocá-lo ao lado da irmã na manta, para poder me
deitar também.
— O que acha de nos casarmos no ano que vem? – Amy
pergunta depois de um agradável momento em silêncio, apenas
observando nossos filhos em suas próprias descobertas.
— Eu acho perfeito. – sorrio para ela — Tem alguma data em
mente?
— Algum dia de junho ou julho. – ela ri dando de ombros sem
saber muito bem que data pensar, deitando-se na manta ao lado de
nossa menina.
— Acho que julho é melhor.
— Perfeito, então. Agora, só precisamos decidir o dia e o lugar.
— A parte mais fácil – rimos.
38- As verdades escondidas.
Alguns dias depois do aniversário de Edward todos nós
conseguimos voltar para Seattle e para a nossa casa.
Edward havia conseguido resolver a situação de sua filial e,
depois disso, nós tivemos que sair de Nova York quase às pressas.
Uma foto de Edward saindo do carro com Louis, em frente ao prédio
em que ele tinha seu apartamento, saiu nos jornais e em todas as
revistas e canais de fofoca.
A estadia em Nova York foi totalmente comprometida depois
disso e, mesmo com toda a equipe de Edward trabalhando para tirar
as imagens de circulação, o estrago que havia sido feito fora grande
demais.
No dia seguinte à publicação da foto, todos os repórteres e
fotógrafos possíveis estavam na saída do prédio, atrapalhando a
saída de todos os moradores.
Eu fiquei apavorada.
Ao voltarmos para Seattle, as coisas não melhoraram, pelo
contrário: as coisas pareciam bem piores aqui e toda a ênfase que
não havia sido dada ao assunto em Nova York, estava sendo dada
aqui.
De alguma forma, eles conseguiram descobrir o endereço de
nossa casa e montaram acampamento nos portões, por vários dias.
E a coisa apenas piorou quando eles descobriram que eu era a
mulher misteriosa dos eventos e que eu havia tido gêmeos e não
apenas um bebê.
Eu tinha medo até de sair para o quintal com meus filhos, para
dar a eles o banho de sol da manhã, e acabar sendo fotografada ou
perseguida por algum paparazzi louco que havia conseguido burlar
a segurança do condomínio e chegar ao espaço da minha casa.
As coisas não tinham ficado fáceis e, pela primeira vez, eu
detestei muito o fato de Edward ser tão conhecido.
É sábado à noite e não passa muito das sete quando nossos
bebês são colocados em seus berços, estando devidamente
trocados e banhados, depois de uma difícil ida à casa dos avós.
Edward e eu estamos exaustos, física e mentalmente, de toda
pressão que viemos sofrendo da mídia durante estes últimos dias.
A semana havia sido dolorosamente difícil e, infelizmente, não
estava dando muitos sinais de que a situação com a mídia iria
melhorar.
Estávamos em nossa sala, deitados no nosso sofá assistindo
um filme bobo, aproveitando a estranha paz que estávamos tendo
naquele momento para conseguirmos descansar e, mais tarde,
termos algum sono. Não que fosse ser fácil dormir tendo dois bebês
em casa, mas, ainda assim, era algum sono.
O cheiro da maravilhosa comida de Aretha estava enchendo a
casa e me enchendo de fome. Eu havia sentido saudades do
tempero maravilhoso dela.
Que Suzanne – minha antiga babá – me perdoasse, mas Aretha
havia roubado o meu paladar e me conquistado pelo estômago.
— Deus, o cheiro está maravilhoso! – exclamo — Se ela não
nos avisar que podemos comer… acho que sou capaz de atacar a
panela e comer do jeito que estiver – falo olhando quase com
desespero para Edward.
Ele ri abertamente, puxando-me para seus braços e me
apertando ali, antes de beijar o topo de minha cabeça.
— Eu também estou com fome, querida, mas não vamos por
esse caminho, o.k.? – ele falou ainda rindo e, em consequência, eu
ri também.
Infelizmente, nosso momento foi interrompido com a entrada de
Tyler na sala e seu pigarreio ao chamar nossa atenção para ele.
— O que houve? – Edward perguntou, assumindo uma posição
mais séria e franzindo o cenho.
— Uma senhora chamada Dianna Bazanova, que diz ser a mãe
da senhorita Amy, está no portão, pedindo para entrar.
Eu senti meu sangue gelar e todo o ar sair de meus pulmões no
momento que Tyler mencionou o nome de minha mãe.
Minha boca ficou seca de repente e, então, eu não sabia mais o
que era respirar ou me mexer.
— Amy? Respira, América! – Edward brada para mim, mas eu
não consigo fazer o que ele me pede.
O pânico está fechando minha garganta.
Ela tinha descoberto e, agora, ela veio atrás dos meus bebês.
Ela veio para tirá-los de mim.
E, com esta constatação, meu coração começa a bater mais
rápido e o frio do medo passa a ser substituído pelo fogo da raiva,
os tremores que agora dominam meu corpo têm um novo motivo.
— Deixe-a entrar – Edward fala quando, aparentemente,
percebe que tentar me acalmar, ou falar comigo não vai adiantar —
Eu tenho coisas para conversar com ela.
Eu sabia que não iria demorar muito para minha mãe aparecer e
vir atrás de mim, com todo esse foco da mídia sobre nós nos últimos
dias, mas, mesmo sabendo que em algum momento ela iria
aparecer, eu estava torcendo fervorosamente para ela não aparecer
nunca.
Eu tinha essa vã esperança sendo cultivada em mim e, agora,
ela estava soterrada.
— Amy, vá ficar com as crianças, sim? Tenha certeza de que
elas estão dormindo enquanto temos sua mãe aqui. – Edward pede,
tirando-me de meu torpor.
— Você vai cuidar disso? – pergunto em tom baixo, quase não
sentindo emoções em minha voz.
— Vou sim. Definitivamente.
Anuo de forma positiva e sigo em direção ao corredor para ir ao
quarto de meus filhos.
Meu coração estava gelado e minha mente parecia dormente,
enquanto o pavor e o desespero corriam desenfreados pelas minhas
veias e terminações nervosas.
O legado, menos criminoso e cruel, dos Bazanov tinha
finalmente chegado para me atormentar e destruir a minha vida.
♥
Dianna Bazanova atravessou as portas e o hall de entrada da
casa de Edward e América, como se ela fosse a dona de tudo e não
uma reles visita indesejada.
Edward a esperava na sala, mostrando em sua postura toda a
sua imponência e desgosto com a presença da mulher que trouxe
ao mundo a sua Amy. Naquele instante, ele estava tentando
arduamente não demonstrar toda a aversão e desgosto que tinha
por essa mulher que agora entra em sua casa, sendo escoltada por
Tyler.
— Boa noite, senhor Cage. – Dianna diz, abrindo um pequeno
sorriso em forma de saudação.
— Boa noite. – Edward responde, dispensando seu segurança
com um olhar — À que devo a sua visita?
— Vim conhecer os meus netos. Não posso? – ela arqueia uma
sobrancelha de forma duvidosa.
— Não. E se veio apenas para isso já pode voltar para a sua
casa. – Edward a corta, dando à mulher a deixa de partir sem
qualquer tipo de dano.
— Na verdade… vim também para discutir algumas partes
importantes e bem interessantes do seu contrato como o dominador
da minha filha. – ela declarou, sentando-se em um dos sofás,
mesmo sem a autorização de Edward.
— Mesmo? – ele se faz de desentendido, sentando-se também
— E que partes são essas?
— O treinamento dos seus filhos. Principalmente da menina, por
mim é claro, já que a minha querida filha não fará o que é…
necessário.
— E quem diz que minha filha irá ser treinada para qualquer
coisa, e ainda mais por você? – Edward pergunta, sem se importar
em disfarçar o seu escárnio.
— Eu digo. Nossas regras dizem. – ela pontua — Veja bem…
se essa criança, essa menina, for criada pela mãe e pelo pai, tendo
uma mãe tola como América é… essa menina nunca vai poder ser o
que ela precisa ser em nossa família. Uma submissa perfeita, para
continuar a tradição. Eu entendi isso muito cedo, mas a América
sempre foi tola e sonhadora demais para colocar a família antes das
crenças estúpidas dela.
Ela faz uma pausa e se ajeita contra o sofá, mantendo uma
expressão serena e quase de pedra em seu rosto ao falar.
Uma expressão imperiosa.
— Esses sentimentos não são de muita serventia na nossa
posição e devem ser demonstrados da maneira mais discreta e
minimalista possível, e nunca devem ser demonstrados, se possível.
O amor e a afeição não são muito bons para os negócios, o senhor
deve entender.
— Entendo. E, pelo o que me parece, esses sentimentos já lhe
abandonaram faz tempo.
— Eu amo a minha filha. – ela declara sem muita emoção — E é
porque eu a amo que a deixei ter um “pai” – ela faz aspas no ar ao
falar a palavra — que ela acredita ter morrido enquanto ela era um
bebê e outro pai durante os primeiros anos de sua vida. Esse outro
pai não fez muito bem a ela. Colocou ideias em sua cabeça que não
deveriam ser colocadas.
— E por isso você fez com que ele desaparecesse da vida
dela?
— Exatamente. Uma coisa dessas não é perigosa apenas para
as futuras submissas, mas para as mães delas também. É por isso
que eu estou aqui, dando a opção para vocês escolherem.
— Escolher? – Edward pergunta incrédulo, erguendo uma
sobrancelha quase sarcástica.
— Você pode ficar com a América, mas sem os bebês, ou você
pode apenas partir e seguir sua vida, enquanto eu levarei a minha
filha e os meus netos comigo. Sem impedimentos.
— Fácil assim? – Edward debocha, mantendo sua sobrancelha
arqueada, agora, de forma completamente sarcástica.
— Sim.
— Você acha mesmo que pode me afastar da minha mulher e
dos meus filhos? Acha que tem algum poder para isso? – ele a
desafia.
— Sim. Eu fiz isso com o pai biológico dela, por que acha que
não vou fazer o mesmo com você? Eu a fiz acreditar que o pai dela
estava morto, quando ela passou quase toda a infância e aquele
período ridículo de sua “fuga” com ele… – Dianna mais uma vez faz
aspas, com um ar de enfado e quase revirando os olhos — Faça-me
o favor.
— Você é inacreditável. – Edward balbucia, olhando para
Dianna como se ela fosse um alienígena.
Naquele momento, Edward estava achando improvável o fato
de que América havia realmente saído daquela mulher que estava à
sua frente e que – sem saber – confirmava a história que Nicolas
havia lhe contado no dia do nascimento de Grace Marie e Louis
Alexander.
— Se você não fizer isso por bem, vai ser por mal.
— Diga-me: como você me forçará a isso? – ele exige,
mudando de posição no sofá e adquirindo uma pose quase relaxada
diante de Dianna, mas, ainda assim, deixando sua presença se
tornar opressora a cada minuto da conversa.
— Está no contrato. Ou faz isso, ou a tiramos à força e você
nunca mais vai ser o mesmo.
— Contrato? – Edward questiona, cruzando os braços sobre o
peito e tendo toda a sua atenção sobre a mãe de Amy — O contrato
que eu assinei na presença do meu advogado, do Joe e do
advogado da sua família? O mesmo contrato que diz que, se houver
o envolvimento afetivo, ou o nascimento de uma criança, ou uma
proposta de casamento, ele se torna inválido e as responsabilidades
e direitos passam todos para mim? O mesmo contrato que diz que
eu posso libertar a Amy destas exigências e dar para ela uma vida
normal? É desse contrato que você fala?
— O que? – Dianna estala em tom baixo, boquiaberta, ficando
branca como papel e sem palavras.
— Exatamente isso que você ouviu. E agradeça ao Joe, seu
dominador, por isso. Na hora que ele me sugeriu essas cláusulas eu
nem dei muita importância e tinha até mesmo me esquecido delas,
até poucos dias atrás, quando nossa privacidade foi exposta pela
mídia. – Edward sorri sem mostrar os dentes, exalando
superioridade ao olhar diretamente para Dianna — Nunca uma
exigência de um acordante me caiu tão bem como essa.
Ele sorriu mais uma vez, ajeitando-se novamente no sofá, antes
de ficar sério mais uma vez e, então, continuar:
— Ela é dona de si mesma agora. Nem você e nem a sua
família têm direitos sobre ela. Nunca mais vão ter.
— Isso é impossível! – Dianna bradou furiosa, perdendo a
compostura e deixando cair toda a sua empáfia, enquanto cuspia
cobras e lagartos.
Enquanto ela fazia isso, próxima à soleira da porta do corredor,
estava América, com sua mão cobrindo a boca para evitar que seus
soluços fossem ouvidos por quem estava na sala e, então, sua
presença fosse notada.
As lágrimas quentes estavam varrendo sua face e seu peito
doía.
Ela estava se sentindo dilacerada diante das coisas que havia
ouvido sua mãe confessar. Havia parado de ouvir direito no instante
que Dianna revelara que seu pai ainda estava vivo e que Nicolas era
o seu pai biológico.
Amy sequer havia escutado Edward dizer que seus bebês
estavam à salvo.
Olhando na direção da sala, ela percebeu que não podia ser
vista de onde estava, mas podia ver e escutar tudo o que falavam.
Mesmo que ela não estivesse entendendo as palavras que eram
ditas por causa dos zumbidos que ecoavam em seus ouvidos.
Limpando, com fúria, as lágrimas de seu rosto, Amy saiu de
onde estava e se mostrou presente com passadas furiosas e uma
dor nova instalada em seu peito.
Ela parou diante de sua mãe – entre Edward e ela – e, enquanto
respirava furiosamente, ela se sentiu crescer diante da mulher à sua
frente, mulher essa que um dia ela achou ser sua mãe, mulher essa
que América pensou ter nutrido – em algum momento – um
sentimento maternal verdadeiro por ela – sua própria filha – mesmo
que fosse mínimo.
América encarou sua mãe com raiva e autoridade, uma coisa
que ela nunca havia experimentado em sua vida para com esta
mulher à sua frente.
— Você vai sair da minha casa, vai sair da minha vida e vai
esquecer que eu existo, que sou descendente dos Bazanov e que
você me colocou no mundo. Vai esquecer que esteve aqui e que
tentou tirar de mim os meus filhos. Você. Vai. Sumir! – Amy bradou
furiosa, pontuando as três últimas palavras com toda a sua força,
autoridade e mágoa.
Ela definitivamente não queria mais ter que viver com a
possibilidade de sua mãe voltar respirando atrás dela.
— Você vai fazer isso por bem ou por mal. – ela finalizou.
Durante toda a sua explosão, Edward ficou quieto, apenas
assistindo sua Amy colocar para fora tudo o que a havia perturbado
durante os meses de sua gravidez até aquele instante.
Que a havia perturbado durante toda a sua vida.
Ele estava orgulhoso de sua mulher.
Um orgulhoso com letras grandes, garrafais e brilhantes neon.
— Você não pode fazer isso, América. – Dianna diz, empinando
seu nariz e tentando passar a autoridade que sempre teve sobre
sua filha após causar a partida de Nicolas.
— Não só posso como faço. – Amy rosna entre os dentes
cerrados, avançando um passo na direção de Dianna, que, por sua
vez, murcha quase que imperceptivelmente — Esta é a minha casa.
São os meus filhos. É a minha vida. Você não tem poder algum
aqui. Você não tem direito algum aqui. O seu único direito é ir e não
voltar nunca mais. Nem que para isso eu precise usar a força ou a
justiça e expor toda a sujeira que existe por trás de vocês.
Dianna solta um riso amargo, antes de direcionar seus olhos
para Edward e, então, catar suas coisas, para depois voltar seu
olhar para América, ainda demonstrando a frieza que havia
adquirido com o passar dos anos.
— Eu deveria ter deixado você ir quando tive a chance.
Amy ergue o queixo, mostrando-se inabalada pelas palavras de
sua mãe, mesmo que a maioria delas tenha lhe cortado o coração.
— Vá embora. Agora. – América finaliza.
Atrás dela, Edward faz um sinal para Tyler – que esteve próximo
durante toda a discussão desde a explosão de Dianna – para que
ele levasse a mulher para fora de sua casa e, em seguida, para fora
dos portões.
Ele se certificaria pessoalmente para que ela não voltasse mais.
Dianna Bazanova saiu da mesma maneira que entrou: exalando
um poder que não tinha e um controle que havia sido perdido por
completo, mas que ela exigia – de si mesma – a continuar
mostrando.
Assim que a mulher que lhe deu à luz passou pelas portas, Amy
desabou sobre o sofá, sentindo-se fatigada e muito mais do que
quebrada. Seus olhos estavam ardendo em lágrimas que brotavam
e caiam descontroladamente.
Ela sentiu os braços de Edward virem ao seu redor e a puxarem
contra o corpo dele, amparando-a e a consolando. Dando a ela a
força que ela necessitava naquele momento.
Amy chorou por minutos à fio, mantendo-se presa à Edward
enquanto fazia isso, sentindo-se fraca e vulnerável de uma forma
que ela nunca havia se sentido em sua vida antes.
Nem mesmo na presença do Monroe.
Tudo antes havia sido uma grande mentira e tudo o que ela se
perguntava era “por quê?”.
♥
Eu estava me sentindo um caco.
Não.
Eu estava me sentindo mais quebrada que um caco.
A sensação de descobrir que toda a sua vida foi uma mentira é
horrível. Minha mãe havia me feito de idiota por vinte e um anos, e,
por consequência, o meu pai também me fez.
Eu ainda não estava sabendo lidar com este fato muito bem.
Não mesmo. Nem um pouco.
Estava doendo.
Edward havia escondido de mim essa parte importante da
minha vida, mas eu não consegui me manter chateada com ele por
muito tempo. Como ele mesmo havia me dito: essa não era uma
coisa dele para ele me contar.
Era uma coisa minha que deveria ter me sido dita há muito
tempo.
E, para melhorar a situação, a mídia não nos deixava em paz.
Nossos telefones não paravam de tocar e a cada vez era uma
emissora, um jornal ou uma revista diferente, tentando obter alguma
coisa de nós.
A luta da equipe de Edward contra a mídia ainda continuava e
com ainda mais força, já que, por não conseguirem ter nada de nós
– além da confirmação de que estávamos juntos – alguns jornais e
revistas resolveram partir para as ofensas e calúnias para cima de
mim.
A gota d’água para Edward foi quando colocaram nossos filhos
na berlinda, incitando as dúvidas quanto à paternidade verdadeira
deles. Paige havia ficado para matar e toda a família Cage se
envolveu na luta contra os ataques da mídia contra nós,
principalmente contra mim.
Em meio a tudo isso, eles descobriram também sobre o noivado
de Paige com Josh. Ela ficara possessa e, com isso, ameaçou
publicamente processar e acabar com todos os bastardos que
estavam difamando não apenas ela, mas também a mim daquela
maneira.
— Sabe… você não tem sido muito silenciosa na sua insônia –
Edward falou suavemente, assim que se sentou ao meu lado no
sofá, passando seus braços por meus ombros e me puxando para
ele.
— Desculpa. – peço enquanto me aconchego contra ele,
aspirando seu perfume misturado ao cheiro de nossos filhos e
tentando me acalmar.
— Não está sendo fácil, não é?
— Não…
Mordo meu lábio inferior, sentindo Edward me apertar um pouco
mais contra si.
— Você não está bem – ele afirma, beijando o topo de minha
cabeça em seguida — Além de todo o assédio da mídia com o qual
você não está acostumada, há tudo o que aconteceu… – Edward
faz uma pausa, suspirando antes de me afastar de seu peito para
me fazer encará-lo, para, em seguida, continuar enquanto olha nos
meus olhos: — Se você não está bem, nós não estamos bem…
— Eu sei – digo enquanto sinto um bolo de lágrimas se formar
em minha garganta.
Eu estava cansada de chorar.
— Não acha que já passou da hora de conversar com ele? –
Edward pergunta e eu sinto meus olhos arderem — Você deve isso
a si mesma, Amy.
— É hora de ouvir a minha história, não é?
— É.
[…]
Nicolas se sentou à minha frente na sala de estar.
Eu estava sentada na poltrona que geralmente Edward usava
para sentar e ler o seu jornal, ou para ficar com os bebês no colo.
Mesmo depois de quase seis meses, ele ainda tinha medo de
acabar deixando-os cair. Eu adorava isso nele e, pensando nisso,
eu me perguntei se o homem à minha frente também já teve um
medo parecido com esse quando eu era bebê.
Eu não havia tido coragem o suficiente para ligar para ele e
pedir que ele viesse. Cheguei até a pegar o telefone, mas não
consegui fazer a ligação e, desta forma, quem acabou fazendo isso
por mim foi Edward.
Ele estava comigo até poucos minutos atrás, mas, assim que
Nicolas chegou e o cumprimentou, Edward saiu para nos dar
privacidade.
Desde que meu noivo fizera isso, nós estávamos em silêncio.
— Por quê? – eu finalmente falei quando a pressão em meu
peito e em minha cabeça, e o silêncio se tornaram insuportáveis. —
Por que você nunca me disse?
— Eu fiquei com medo de perder você. – Nicolas respondeu em
voz baixa e seus olhos brilhavam com lágrimas — Eu fiz tudo.
Literalmente tudo para ficar com você e com a sua mãe. Eu fingi ser
um dominador, primeiro, para ficar com a sua mãe e depois eu fingi
não ser o seu pai para poder ficar com você…
— Você sempre soube?! – eu o interrompo; minha voz saindo
sufocada pelo novo bolo de lágrimas que se forma em minha
garganta.
Meu coração estava doendo novamente.
— Eu vi você nascer… te segurei nos meus braços todos os
dias até você não querer mais…
— Por que você foi embora? – a mágoa estava pingando de
minhas palavras.
— Por causa da sua mãe. Ela mudou. Alguma coisa nela mudou
e ela me denunciou para os líderes da família dela e, então, eu fui
obrigado a partir. Eu lutei contra isso, Amie… eu realmente lutei,
mas eu não era tão poderoso como seu noivo é.
— Ela fez isso por que você me deixava ser normal?
— Sim. Mas também porque eu não queria permitir que você
vivesse aquela vida. Desde o começo, eu sempre quis tirar você e a
sua mãe daquele estilo de vida.
— E ela não… ela não quis isso. – afirmo mais do que pergunto.
— Não, não quis. Por um tempo, ela pareceu querer, mas
depois ela mudou e, então, não quis mais.
Senti meu queixo tremer, minha garganta doer e as lágrimas
pesarem em meus olhos em sinal do choro iminente.
Passo minhas mãos sob meus olhos, tentando afastar as
primeiras lágrimas que caem e, antes que eu perceba, Nicolas está
ajoelhado na minha frente, puxando-me para seus braços e me
apertando forte contra ele, enquanto as lágrimas caem com fúria
dos meus olhos e os soluços irrompem por meu peito.
— Me desculpa, Amie… me desculpa por ter mentido sobre isso
durante todo esse tempo. – a voz dele é carregada de emoção e
isso entra em meu peito de forma dolorosa.
— Você realmente só estava com medo de me perder? –
pergunto baixinho, afastando-me de seu peito para poder olhar para
ele.
— É o meu maior medo, querida. – ele afaga meu cabelo e
tenta secar minhas lágrimas que não param de cair, antes de se
esticar para beijar minha testa e puxar-me de volta para o seu
abraço, me apertando forte ali.
Eu vou para o chão também e, desta forma, estamos os dois
ajoelhados ali, abraçados, enquanto eu coloco para fora todas as
lágrimas que ainda existem em mim.
No fim das contas, toda a minha vida até esse momento não
havia passado de segredos e omissões, e enquanto eu estou ali,
abraçada ao meu pai, eu decido que não quero mais saber de nada
que veio antes de Edward.
As mentiras e omissões da minha mãe fizeram mal não apenas
a mim, mas muito mais ao meu pai que teve que fingir não ter
nenhum laço sanguíneo comigo.
Era bom finalmente poder dizer isso sendo relacionado ao
Nicolas e saber que ele realmente é o meu pai.
— Eu te amo, querida. Nunca pense diferente disso, por mais
segredos que tenham existido. Eu sempre te amei.
— Eu sei… eu também te amo, papai.
[…]
Louis e Marie estavam entre Edward e eu em nossa cama.
Com seus cinco meses, duas semanas e quatro dias, eles
estavam aprendendo a rolarem sozinhos e a se apoiarem em seus
bracinhos. Muitas vezes, suas tentativas eram quase frustradas,
mas, quando eles conseguiam, faziam a festa, agitando suas
perninhas e bracinhos, soltando seus adoráveis gritinhos em
animação.
Era uma visão fantástica.
— Você está bem? – Edward pergunta de repente, tirando
minha atenção de nossos filhos e a atraindo para ele.
Ele me olha enquanto mexe com Marie, que está deitada com a
barriga no colchão e tenta se mexer e ir até onde seu pai está, ou
até onde os cabelos dele estão. Minha pequenina tinha verdadeira
adoração por cabelos, principalmente os cabelos do pai.
— Eu estou bem. – sorrio para ele, sentindo Louis agarrar
minha mão e tentar levá-la para sua boca emitindo alguns
resmungos por eu não o deixar fazer isso e por ele ter que se
esforçar enquanto mantém a boquinha aberta.
Edward sorri para mim e, esticando o braço por cima dos bebês,
ele toca o meu rosto, acariciando-o e ouvindo um protesto de Louis
logo em seguida.
— Temos um rapazinho possessivo aqui, veja só! – ele brinca,
me fazendo rir e me distraindo das mãozinhas nervosas de Louis.
— Puxou você.
— É claro – Edward revira os olhos de forma sarcástica e tira
sua mão, que estava em meu rosto para se ajeitar e pegar Marie,
que havia voltado a ficar de costas, esticando-se ainda em sua
tentativa de chagar ao pai — Ele puxou somente a mim quanto a
isso, né?
— Ainda bem que você concorda, amor.
Ele ri, balançando a cabeça em negação, antes de voltar seu
olhar para mim.
Um pouco da diversão perdida para dar lugar à sua
preocupação.
— Realmente bem?
— Realmente bem – confirmo, suspirando em seguida — Vai
demorar um pouco para eu aceitar, de verdade, o que minha mãe
fez, mas eu estou bem. Saber que o Nick foi arrancado de mim
daquela forma… ajudou um pouco. E eu sempre quis que ele fosse
meu pai de verdade, mesmo que não tivesse coragem para dizer.
— Não é possível entender a mente da sua mãe – Edward diz
com certo pesar e até um pouco de raiva — Ela realmente parecia
achar que estava fazendo o certo ao afastar o Nick de você e agora
ao tentar tirar os nossos filhos.
— Por falar nisso… eu fiquei tão atordoada… – olho para meus
bebês, pedindo perdão a eles por isso com meu olhar — Obrigada.
Obrigada por isso. – lanço para Edward, olhando-o com toda a
minha gratidão e adoração.
— Eu bem que gostaria de levar todo o crédito, mas é graças ao
Joe que eu tinha isso. Acho que desde o começo ele sabia… desde
o começo ele queria ter a certeza de que você teria o que queria.
Sorrio e estico minha mão para alcançar a dele entre nossos
filhos.
— Ele me disse que eu iria saber como viver uma vida normal
ao seu lado… Acho que alguém nunca esteve tão certo sobre algo
como ele estava.
Edward sorri abertamente e leva minha mão – que está na sua
– aos seus lábios beijando-a em seguida por alguns segundos,
enquanto seus olhos gritam seus sentimentos para mim.
Eu te amo – eles dizem.
E eu tenho certeza disso. A maior certeza do mundo de que isso
é a verdade.
— Eu te amo – sussurro para ele, sentindo-o sorrir contra a pele
de minha mão antes de ele beijá-la novamente em resposta.
Eu não poderia estar mais feliz.
Epílogo.
19 de Julho de 2015 – Bellevue, Seattle.
Era uma belíssima manhã de verão.
O sol estava nascendo tranquilamente no horizonte, tingindo o
céu com tons de rosa, azul e roxo, e América observava a tudo –
sem conseguir piscar – da janela do quarto da casa de sua sogra,
onde estava ficando desde a noite anterior. – Não que isso tenha
sido escolha dela, é claro.
Seu coração estava aos pulos e sua boca estava
estranhamente seca. Ela estava nervosa, ansiosa e com saudades
de Edward e de seus filhos – que a esta hora deveriam estar
colocando, tanto ele quanto Aretha loucos, ela tinha certeza disso.
Apesar de não ter dormido quase nada durante a noite, ela
estava mais desperta do que toda a casa. A maior parte das unhas
que ela havia deixado crescer – durante quase um mês – estavam
agora praticamente destruídas.
Ela tinha certeza de que Laurie e Paige iriam enlouquecer com
ela por causa disso, mas ela estava pouco se importando. Ela iria se
casar! Tinha o direito de surtar um pouco. Além do que: Estava com
saudade de Edward e de seus filhos.
Os dois pequenos espoletas, que estavam agora com um ano e
um mês, soltavam seus projetos de palavras emboladas e suas
palavras de verdade, junto com os princípios de corridas e pulos.
Eram dois espoletas que nem andar direito sabiam ainda e já
queriam correr e pular.
Havia sido um parto difícil e complicado, do qual ela não se
lembrava de muito, mas – segundo Edward e os médicos – tinham
sido horas tensas e, para Edward, horas traumáticas. Ele revelara a
ela que, mais uma vez, pensara que iria perdê-la.
Amy apenas se lembrava de ter ouvido algo sobre um cordão
umbilical e sobre hemorragia, lembrava-se de ter ficado bastante
confusa e estupidamente dopada após a anestesia ter sido aplicada
e, então, muitas informações ficaram confusas em sua mente, as
anteriores e as posteriores à anestesia.
Mas ela se lembrava, tão perfeitamente quanto podia, de
Edward ao seu lado… tão emocionado quanto um homem, um pai,
podia estar durante o nascimento de seus filhos.
Mordendo o lábio inferior com nervosismo, ela se virou e
encarou o relógio que estava em cima do criado mudo ao lado da
cama, e suspirou, constatando que não passava muito das seis e
meia da manhã.
Estupidamente, ela se perguntou o que estava fazendo
acordada àquela hora, sendo que todos na casa estavam dormindo.
Novamente ela olhou para fora pela janela, vendo o céu sendo
tingido lentamente pelas cores do amanhecer preguiçoso. Tudo
indicava que aquele seria um dia lindo e perfeito para se realizar um
casamento, mas, mesmo assim, com toda a perfeição que o dia
estava aparentando ter, ela não conseguia se sentir menos nervosa.
Tinham sido meses tentando decidir onde seria a cerimônia,
apenas para acabarem optando pelo primeiro lugar no qual haviam
pensado.
O casamento aconteceria exatamente ali, na casa de sua sogra.
Todas as coisas haviam chegado no dia anterior e Amy tinha
certeza de que em pouco tempo – isso se já não estivesse
acontecendo – tudo começaria a ser arrumado nos devidos lugares.
Ela engoliu a seco, olhando para sua mão esquerda, onde o
delicado anel de noivado estava depositado em seu dedo anelar,
não conseguindo deixar de imaginar que, em poucas horas, teria ali
uma aliança e, então, ela estaria definitiva e devidamente casada
com o homem que amava e que era o pai dos seus filhos.
Em poucas horas ela seria a Senhora Edward Cage.
América não conseguiu deixar de sorrir com a ideia. Tanto
quanto estava nervosa, ela também estava feliz e completamente
emocionada.
Um arrepio percorreu sua espinha no instante em que se
lembrou de quando a notícia do “suposto” relacionamento deles
vazou na mídia, junto com a foto de Edward saindo do carro com um
dos bebês no colo em frente ao prédio em que ele tinha um
apartamento em Nova York, no qual América e seus filhos tinham
ido passar um tempo juntos de Edward por causa de uma viagem de
negócios que o mesmo havia feito, fazendo todos os fofoqueiros de
plantão – como docemente eram chamados por Laurie –
perguntarem e perseguirem Edward e toda a família Cage, por dias
seguidos, tentando descobrir o que estava acontecendo e de quem
era aquele bebê, por que tudo sobre ele e sua possível amante
havia sido escondido, o que seria feito…
Ela sabia que uma hora ou outra a mídia e o mundo iriam saber
sobre ela, mas não havia imaginado que seria da forma que havia
acontecido. América nunca tinha sentido tanto o assédio da mídia
na pele como sentira nas semanas que se seguiram após a
divulgação das imagens e do relacionamento dela com Edward.
Não tinham se passado nem seis meses por completo do
nascimento de seus bebês e eles já eram alvos disputados pela
mídia. Todos queriam tirar fotos deles de todas as maneiras
possíveis – e quiseram ainda mais quando souberam que eram
gêmeos e não apenas um único bebê. Eles perseguiram e vigiaram
vários dos passos de Edward e até os dela para tentarem extrair
alguma coisa, e mesmo que todo o staff de segurança e os
moderadores de imagem e advogados de Edward tentassem ao
máximo amenizar as coisas e proteger Edward e sua família de uma
exposição ofensiva e invasiva da mídia, parecia que tudo o que era
feito não funcionava.
As ofensas da mídia para com América começaram menos de
duas semanas depois da notícia sobre ela, A Mulher Misteriosa,
terem saído na mídia acusando-a de coisas horríveis, difamando-a e
fazendo até questionamentos sobre os bebês chamando-os de
possíveis bastardos.
Tudo isso deixou Edward e toda a família Cage furiosos. Paige
havia ficado para morrer – ou matar – depois que descobrira as
abominações que falaram de Amy e de seus afilhados. E, quando
descobriram que a jornalista investigativa e criminal, Paige Bennett,
era – como chamaram – o novo affair de tempo indeterminado de
Josh Cage, ela praticamente surtou e ameaçou publicamente – nas
palavras dela – acabar com os bastardos que estavam difamando
sua melhor amiga e a ela própria daquela forma.
Mas o pior para América e Edward, realmente nem eram os
ataques e as ofensas da mídia em busca de chamar a atenção e ter
suas respostas. Não. Definitivamente a mídia não era o pior. Para
eles o pior foi quando, uma semana depois da notícia, a mãe de
América apareceu no apartamento de Edward durante a noite,
tentando convencê-lo a deixar Amy ou a ficar com Amy, mas sem os
bebês.
Havia sido um momento tenso, doloroso e carregado de
revelações que América jamais imaginou serem possíveis durante
toda sua vida…
O toque do seu celular, em algum canto do quarto, foi o que
chamou a atenção de Amy e a tirou do meio de seus devaneios e
lembranças – que naquele momento em que estava, eram dolorosas
e ainda quase impossíveis de acreditar.
Ela olhou ao redor tentando encontrar onde seu celular estava e
o viu acendendo e vibrando sobre o colchão da cama em que
dormira. Foi até ele e o sorriso em seu rosto foi inevitável quando a
imagem de Edward, junto dos bebês, brilhou na tela junto do nome
dele.
— Digam: “bom dia, mamãe” – ela escutou Edward dizer do
outro lado da linha e foi impossível para ela não sorrir ainda mais e,
logo depois, rir quando seus dois pequenos milagres disseram, de
forma embolada e atrapalhada, o que o pai havia pedido para eles
dizerem.
A risada dela fez com que os dois gritassem e rissem do outro
lado, fazendo Edward rir também, antes de desistir de fazê-los falar
e se voltar para o telefone e suspirar, ouvindo também a risada de
Amy.
— O melhor ‘bom dia’ de todos – ela disse sorridente, ouvindo o
riso suave de Edward do outro lado da linha — Mas faltou um para
deixar ele perfeito, sabia?
— Bom dia, amor – ele disse e Amy pôde ouvir o sorriso na voz
dele.
— Bom dia – ela respondeu com um enorme sorriso no rosto,
sentindo-se derreter por dentro
— Como você está? Não te acordamos não, né?
— Eu já estava acordada há um bom tempo. A ansiedade e a
saudade me mantiveram acordada por muito tempo ontem.
Ele riu do outro lado e, em conjunto, ela ouviu os gritinhos e
resmungos animados de seus bebês.
— Espero mesmo que tenha sido por causa disso e não por
causa de nenhuma invenção absurda da minha irmã e da minha
cunhada, envolvendo homens e bebida.
Ela riu, balançando a cabeça em negação e, mesmo que não
pudesse ver, ela sabia que Edward estava com o início de carranca
e um biquinho adorável de ciúmes.
— Pode ter certeza que não teve nada disso. Acredite. – ela riu
mais uma vez, soltando um breve suspiro depois — Eles deram
muito trabalho para a Aretha?
— Dormiram feito pedra, pelo o que ela me disse quando
cheguei.
— E a sua noite, hm? Alguma mulher nua ou seminua que eu
deva saber? – perguntou, se sentando na cama e começando a
brincar com as ondas formadas no lençol pelo o seu peso.
— Bem que Josh queria, mas o papai e o Nick me deram um
apoio não sendo tão favoráveis com isso – ele riu e, logo depois,
suspirou — Ansiosa para ser oficialmente a senhora Cage?
— Eu estaria fazendo um grande eufemismo se dissesse que
estou apenas ansiosa.
— Não vai desistir, né? – a insegurança e o medo na voz de
Edward foram palpáveis, e ela tinha certeza de que ele estava com
seus olhos cinzentos e lindos arregalados como os de um menino
perdido, brincando com qualquer objeto que estivesse ao alcance de
sua mão livre.
— O que… Não! Não diga besteiras, Edward. – Amy suspirou e
um pequeno sorriso doce brincou em seus lábios — Eu te amo. Não
desistiria de você e da nossa família nunca. Vocês são o que eu
tenho de mais precioso. Vocês e meu pai, e você sabe disso. Então,
não pense que eu vou desistir.
— Então, por que o… eufemismo?
— Deus! É um casamento, Edward! O meu casamento. Eu
nunca imaginei que eu fosse ter isso algum dia, e olha onde
estamos! Eu acho que só não estou sabendo lidar com isso direito.
Parece que a ficha ainda não caiu, entende?
— Eu entendo. Entendo de verdade. É surreal algo que você
nunca imaginou acontecer, estar acontecendo e bem diante dos
seus olhos, com você sendo um participante ativo de tudo. Eu me
senti assim muitas vezes durante o nosso relacionamento,
principalmente quando… aconteceu de verdade. Quando você disse
que me amava pela primeira vez… Eu não achei que fosse possível,
entende?
Amy já sentia os olhos arderem com as lágrimas que teimavam
em querer sair, mas, apesar de estar querendo chorar, o sentimento
que a dominava naquele momento era bom. Um bom sentimento.
— Quer dizer, eu sou um cara fodido. Cinquenta diferentes
vezes fodido e você… você me aceitou, me amou, me deu dois
filhos maravilhosos e, agora, vai casar comigo!
— Eu não sou tão diferente de você, Edward. Sabe que não
sou… E, sinceramente? Eu acho que eu sou uma mulher de muita
sorte por ter você. Por você ter me escolhido e por ainda me amar,
mesmo depois de todos os problemas que eu trouxe pra sua vida
entrei nela. A Marie e o Louis são presentes que demos um ao
outro. E eu te amei, te amo e vou te amar por muito tempo. E acho
que o para sempre é um bom começo para isso.
— Então, eu acho que sou um fodido cara de sorte, não é? – ele
questionou, e Amy pôde sentir na voz dele o sorriso que ele tinha no
rosto, assim como também pôde sentir toda a emoção que ele
sentia naquele momento, e em todos os outros, afinal, ela sentia o
mesmo.
— Somos duas fodidas pessoas de sorte – ela disse, e o sorriso
que cobria seu rosto era banhado pelas poucas e rasas lágrimas
que caiam por seus olhos, deixando um gosto salgado na boca dela,
mas ela pouco se importava com isso.
Estava feliz. Completamente feliz.
— Eu te amo. Não se esqueça disso.
— Eu te amo. E não vou me esquecer disso nunca, e espero
que você também nunca esqueça.
— Não vou. Eu v… – Amy respondeu, não conseguindo deixar
de sorrir, nem mesmo quando foi interrompida no meio de sua frase
no momento em que o quarto em que estava foi invadido por Paige
e Laurie, já aparentemente vestidas e prontas para o que elas,
principalmente Laurie, chamavam de “Dia da noiva e das mulheres
especiais do casamento”.
— Olha, já está acordada… e ainda de pijamas?! – Paige ralhou
implicante, mas com um enorme sorriso estampado no rosto.
— É com o Edward que está falando? – Laurie emendou
quando Paige mal havia terminado de falar — Desligue agora! Ande,
ande! Temos muita coisa pra fazer hoje, Amyzinha, e você ainda
está de pijamas!
Amy pôde ouvir Edward rindo do outro lado da linha e, assim
como ela fazia, ela tinha certeza de que ele também revirava os
olhos para Laurie.
— Você ouviu sua irmã – ela começou — Vou ter que desligar.
Um suspiro longo e ansioso veio dele.
Tinha certeza de que ele estava agora com a mão livre no bolso
da calça ou apoiada na cintura, olhando para frente, mas sem
enxergar algo de verdade.
— Tudo bem – mais um suspiro — Eu te vejo no altar.
— Eu serei a de branco.
— Te amo.
— Também te amo. Dê um beijo nos bebês, por mim?
— Dou sim. Não se esqueça de onde vou estar.
— Não se esqueça da cor que eu vou usar.
E, então, com mais um suspiro, desta vez vindo de ambas as
partes, eles desligaram.
E, no momento que as duas mulheres viram isso, foram direto
para cima de América, pegando-a pelas mãos e falando as mil e
vinte coisas que teriam que fazer durante aquele dia, e o quanto
tinham que estar perfeitas até as sete horas da noite daquele dia,
com Laurie reclamando que Amy ainda estava de pijamas.
— Ande. Tome um banho e desça rápido para tomar o café da
manhã. Temos que buscar o seu vestido e ir direto para o SPA.
Temos hora, mulher. Ande, ande!
— Bom dia para vocês também, minhas adoráveis amigas. –
Amy disse irônica, revirando os olhos com exagero.
— Você quer um bom dia? – Paige perguntou, olhando para sua
melhor amiga com olhos arregalados e injetados; pareciam os olhos
de alguém que havia tomado cafeína em excesso — Se apresse!
Estamos te esperando lá embaixo.
E com isso, as duas mulheres – que pareciam ter colocado café
na veia – saíram do quarto, deixando Amy lá para que tomasse um
banho rápido e se vestisse. E ela o fez, sem conseguir deixar de rir
do estado em que as duas estavam, se perguntando se, quando
acordara, ela também se parecia com alguém que havia tomado
litros e litros de café.
[…]
O Amour & Care Day SPA havia sido o local selecionado,
indicado e aprovado por Marie, Paige e Laurie à Amy – ela, que por
sua vez, apenas conhecia o local que sua família usava para os
cuidados de suas mulheres, e a última coisa que ela gostaria era
colocar os pés onde qualquer pessoa dos Bazanov usava para as
submissas.
E seria ali, neste mesmo local – indicado pelas melhores
pessoas que Amy já tinha conhecido – no condado de Ballard, que
as três mulheres iriam ser cuidadas, massageadas, depiladas e
paparicadas durante várias horas, até que chegasse o momento de
se arrumarem para o casamento.
O vestido de Amy – assim como os vestidos de Laurie, Paige e
Marie – estava guardado em um armário especial, nos fundos do
estabelecimento – a pedido de Marie e da organizadora de eventos,
que estava tomando conta de tudo – e, naquele instante, estava
sendo dado o início ao dia delas.
A conversa que havia tido com Edward, pelo telefone antes de
sair, a havia acalmado um pouco, mas não a tirava de todo o
nervosismo e ansiedade. Afinal, era o seu casamento!
Como ela havia dito a Edward: era uma coisa que ela nunca
havia sonhado que seria possível para ela, ainda mais com o
homem que havia entrado em sua vida para subjugá-la e fazer dela
a submissa que ele desejava, mas Edward se mostrara alguém
completamente diferente do que ela imaginara e ela não podia
agradecer mais por isso.
Ela estava se sentindo estranhamente nostálgica ao estar ali.
A última vez que havia ido a um SPA fazer um “serviço
completo” – como este que estava sendo feito – fora exatamente no
mesmo dia que estava sendo preparada fisicamente para conhecer
o homem que seria seu dono daquele dia em diante.
A última vez que havia ido a um SPA fazer um “serviço
completo” fora exatamente no mesmo dia que sua vida mudara
completamente. Exatamente como aconteceria em poucas horas, a
diferença de antes para o acontecimento de agora era que ela
queria esta mudança na sua vida com todas as suas vontades.
Coração Ferido