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— Aaaaahhh!
Ele viria. Depois de dois anos sem vê-lo pessoalmente, ficaríamos
frente a frente novamente. Esperava que notasse as mudanças em meu
corpo. Eu já não era a menina gordinha de aparelho. Havia emagrecido,
idade. Os seios também eram maiores que o da maioria, fazendo com que
os meninos finalmente me notassem. Eu não me importava muito com
revistas e jorna que ele saía. Algumas com umas mulheres, era verdade. A
que Hassan era dez anos mais velho e, portanto, era normal ele buscar nelas
o que eu "ainda" não poderia dar. Eu não. Me guardaria inteira para ele, ele
seria meu primeiro em tudo. Não ligava se minhas amigas haviam perdido o
BV[1] e eu não. Elas não tinham um noivo como eu. Lindo, alto, forte. Oh,
radiante.
— 'Amira[3][4]
casar com ela. Era muito fofa a história deles, mas queria que essa ideia
— Ele já chegou?
Eu não precisava dizer quem era, ela já sabia. Seu sorriso vacilou
um pouco, me fazendo perder a empolgação.
— Ainda não, meu amor. Mas Caleb e Lâmia, sim. Logo, logo
Hassan estará aqui.
Respirei aliviada. Se os pais dele estavam aqui, ele viria. Ele não
seria capaz de fazer uma desfeita dessas aos nossos pais, e principalmente a
mim.
Três horas de festa haviam se passado. Eu estava ansiosa,
Era Ashley. Uma menina do terceiro ano, mais velha, que insistia
em me infernizar por seu ex-namorado viver atrás de mim. Ela era a queen
pra cá, ele estava sumido dos holofotes. Não havia mais notícias de brigas
Qual é o seu problema, Ashley? Está com medo de que Hassan não venha, e
eu aceite o convite do Cadu para ser meu príncipe?
— E eu acho que ele não veio por causa da nova namorada. Como é
— Ouvi dizer que esse ano ela será uma das Angels.
— Hassan virá. Só um motivo muito forte o impediria. Seus pais já
estão aqui. Eu não ligo que se divirta com outras por aí, sou madura o
suficiente para esperá-lo até meus dezoitos anos. Agora, se me dão
licença...
eu não quis demonstrar, era orgulhosa demais para isso. Caminhei entrando
Precisava ficar um pouco sozinha, respirar. Entrei por uma entrada lateral e
peguei o corredor que me levaria a escada para os quartos. Parei, quando ao
Hassan! Khalil é seu padrinho, demonstre ao menos respeito! Você deu sua
Era ele! Ele veio! Meu coração parecia que saltaria pela boca, eu
sabia que meu Hassan viria. Olhei pela fresta da porta e me assustei com o
que vi ali. Era Hassan, mas estava diferente. Estava magro, um pouco
pálido, os cabelos sem corte, longos, havia também olheiras. Estava longe
de ser um príncipe.
— Estou aqui, 'ab[7]. Para participar desse circo todo que o senhor
armou. Ter que agradar a garota gorducha, mimada, porque o senhor quer. É
bom para os negócios, não é? Vamos ao teatro, danço duas músicas com a
garota, e vou embora. Mas quero que fique claro que essa história de
garganta. Então era isso que eu era para ele? Uma gorducha, mimada. Ele
não queria mais se casar, na verdade, nunca quis. Tudo não passou de uma
fantasia criada por mim, alimentada por meus pais.
— É por causa dela, não é? Por causa daquela vagabunda com quem
você vive desfilando, pra lá e pra cá. Conseguiu transformá-la em uma
supermodelo, mas não enxerga que ela e seu amiguinho fotógrafo estão
apenas te usando. Foi ela quem te levou para esse caminho. Olhe para você!
— Caleb...
— Não se meta, Lâmia. Pensa que não sei que faz vistas grossas
para o que o seu filho faz? Uma das empregadas entregou ao chefe de
segurança um pacote com 500 gramas de cocaína. Você sabe o que acontece
se você é pego com essa quantidade? Ainda tem a desfaçatez de levar isso
para debaixo do meu teto.
quando Caleb olhou para fresta e me viu. Recuei andando a passos largos
para fora da casa, sequei as lágrimas que caíram e engoli o choro. Agradeci
— Safira!
— Eu ouvi tudo, Senhor Caleb. Não sou boba, não tente mentir para
mim.
— Não vou mentir, menina. Não a tratarei como uma tola, porque
sei que não é. Só peço que não conte nada do que ouviu a ninguém, nem
— Eu não vou contar. Eu não queria que Hassan fosse meu príncipe,
só não sabia como dizer aos meus pais. E agora depois de vê-lo, quero
menos ainda. Sabe, Senhor Caleb? Lamento pelo o senhor e a senhora
Lâmia, por terem que passar por isso. Não merecem o filho que tem.
— Vou confiar em sua palavra, Safira. Sei que é uma boa menina,
irá encher seus pais de orgulho.
— Me beije! Agora!
Falei baixo, mas direta. Ele sorriu e me beijou. Era meu primeiro
beijo, então só segui os movimentos. Fiquei com raiva, pois mesmo
tentando atacá-lo, era nele em quem pensava enquanto dava meu primeiro
beijo. Abri os olhos e o vi, me encarava, os olhos castanhos penetrantes.
Levantou a taça em sua mão em um brinde silencioso, e sorriu.
DIAS ATUAIS
Kadhafi.
Aproximei mais a tela dos olhos, foi impossível não admirar sua
beleza. Sorria na foto enquanto segurava um cachorro de porte médio. Não
deveria ser nenhum sacrifício para Júlio César seduzir aquela mulher.
parecia não conter uma mácula, formavam uma composição perfeita. Capaz
de mexer com a cabeça de qualquer homem, e eu não era completamente
imune. Apesar de todo drama que nos envolvia, era impossível não querer
mail. Até descobrir o que a união de nossas famílias traria, e quem era o
homem por quem se apaixonara, a ponto de enfrentar seu pai, rompendo de
vez o que nos ligava.
De: safirakadhafi95@outlook.com
Para: hassanyasinagropec@live.com
Marḥaba,[8]
como precisar a hora em que lerá esse e-mail para iniciar com um boa
noite ou bom dia.
cunho em sua caixa eletrônica profissional, mas foi o único modo que
encontrei de entrar em contato, sem fazer alardes. Você sabe o tipo de
expectativas criadas sobre nós por nossas famílias. (Espero que não se
chateie por tê-lo chamado de você, apesar dos nove anos que nos separam,
ainda não o enxergo como um senhor). Sem tomar mais de seu tempo,
Hassan, preciso de sua ajuda. Sei que não está em seus planos dar
continuidade com a promessa feita por nossos pais, e eu também
compartilho do mesmo desejo, acabar de uma vez com toda essa história.
Conheci alguém especial em uma de minhas viagens, pretendemos
fortalecer nossos laços, mas seria difícil apresentar um namorado, quando
se está quase noiva de um outro homem que mal conheço.
Sei que não te diz respeito nada disso, mas se meu pai ouvisse de
você, que também não tem interesse nesse arranjo, facilitaria muito as
coisas. Acho que já chegou a hora de seguirmos nossas vidas sem essa
falar com você. Não me sentiria bem em não lhe comunicar sobre minha
decisão. Deixando claro que mesmo que deseje, por algum motivo
desconhecido, manter esse compromisso, eu não estou disposta a fazer o
Wadaea[9], Safira.
Respirei fundo ao abrir a pasta com as fotos dos dois juntos. Olhar
para Júlio César novamente após oito anos me trouxe o gosto amargo e
ácido. Era impossível não lembrar de Pam, a única mulher por quem fui
apaixonado. Pensar em como destruiu a vida dela, e em como poderia fazer
o mesmo com Safira, apenas para provar que seria escolhido novamente.
— Sim, Cléo. E por favor, avise ao meu pai que após o almoço terei
um compromisso. Ele terá que me substituir na reunião das 15h, mera
formalidade, apenas
— Sim, senhor.
almoço chegar.
detalhes do contrato, por isso você irá comigo, já que é meu advogado.
— Hassan, você tem certeza de que é isso que quer? Falo isso como
amigo, não como advogado. Você sabe que qualquer notícia sobre supostas
traições abalará a imagem das famílias perante a comunidade. Hassan, isso
é um casamento, C-A-S-A-M-E-N-T-O.
título de Sultão da soja soava muito bem aos meus ouvidos, mas ser o sultão
de toda América Latina me soava muito melhor.
uma boa ideia casar com alguém que me odeie. Falo por ela, porque com
certeza não será sacrifício nenhum para você cumprir suas obrigações
matrimoniais. – Rei olha para tela de seu celular e dá um assobio. — Me
— Não vou. Safira não terá motivos para me odiar, ela sabia que era
prometida a mim. Tanto que achou necessário me comunicar que estava se
envolvendo com outra pessoa.
— Você é o cara mais cabeça dura que eu conheço.
mantendo nossos laços estreitos, apesar de suas mulheres não se darem tão
bem.
— Marḥaba, Hassan!
Pedi que Zoraide já preparasse nosso arak[12]. Sei que está em expediente,
temor o faria hesitar. E eu precisava usar o tempo que tinha a meu favor.
filha.
das Kadhafi S/A. Fui direto ao dizer que já havia passado da hora de meu
compromisso com Safira saíssem apenas dos planos. Vi como Khalil se
mostrou bastante feliz com a ideia. Quando me perguntou por que resolvi
achávamos melhor que tudo fosse feito em sigilo, para que nossas famílias
não interferissem, em nossa decisão de continuarmos nos vendo ou não.
Khalil pareceu entender, e a partir dali tive seu apoio para realizar nosso
jantar de noivado.
— Então vamos.
Não é questão de dinheiro, e sim de... ego foi o que meu inconsciente
soprou.
— A chegada da prosperidade.
legado do pai. Em famílias onde havia apenas filhas mulheres, o ideal seria
fazer um bom casamento, entre famílias próximas. Foi por isso que assim
que papai soube que minha mãe não poderia gerar novamente, me prometeu
a Hassan Yasin.
Havia anos que não o via pessoalmente, e nem mesmo falava com
ele. Nove anos... Me lembro quando após a festa, subi até meu quarto e
rasguei todas as fotos recortadas que mantinha em uma caixa, junto com
meu diário. Dona Ísis estranhou meu comportamento, nunca mais tocara em
seu nome, e se alguém o fizesse, eu me retirava ou mudava de assunto. De
início como toda garota apaixonada, foi difícil deixar de pensar nele, mas
consegui, exorcizei o fantasma do Sultão da soja.
— E não há nada que eu possa fazer para que pose para mim? Uma
única foto, apenas uma.
— Vivo disso.
— Faz sentido... Seus olhos, você reluz... Como disse antes, Safira,
fotografo apenas o que é belo, e você é extraordinariamente bela.
Depois disso não conseguimos deixar de nos ver. Júlio César com
seu jeito sedutor e carismático, fez com que eu me sentisse cada vez mais
envolvida, e a amizade se tornou paixão. Só havia um empecilho, a
promessa de meu pai. Pensando nisso resolvi escrever um e-mail para meu
que nem mesmo tivesse lido. A dúvida foi retirada quando meu pai veio até
mim.
— Entre Ab.
— Eu estou, Ab.
Hoje finalmente apresentaria Júlio César aos meus pais. Pedi para
que viesse ao jantar, o que ele aceitou mais do que feliz. Júlio não gostava
da maneira como parecíamos viver nosso relacionamento, as escondidas.
Ele era meu namorado, já havia dito isso, mas sentia sua insegurança. Havia
relaxado após eu enfim ter perdido minha virgindade com ele, mas ainda
notava seu temor em me perder.
trabalhem com esse número. Meus cabelos que eram naturalmente lisos,
estavam com grandes ondas nas pontas, dando um ar sexy. A maquiagem
no rosto e olhos era leve, contrastando com a boca em um batom vermelho
mate.
Sorri das palavras usadas por minha mãe. Era fato de que em nossa
Eu não sabia que Júlio gostava tanto assim de mim, a ponto de ter se
adiantado e ido até meu pai. Meu Deus... Eu seria pedida em casamento!
Meu pai me fez falar com todos meus familiares e amigos, os quais
não eram poucos. Encontrei com Lâmia e Caleb, pensei no que achavam do
rompimento total entre Hassan e eu.
Será que a mulher mais linda da festa terá um minutinho para seu
namorado carente? Está linda, meu amor. Não vejo a hora de estarmos a
sós.
Sorri ao ler o texto, e procurei por sua pessoa. Meus olhos pararam a
busca assim que alguém me deu um cutucão.
— Eu vi isso, Zoé.
— Para Zoé! Você vive dizendo que sou perfeita, e eu digo o mesmo
sobre você.
suas imperfeições.
— Nisso eu concordo com você.
Estava lindo, agora os seus trinta e três anos davam a ele mais
virilidade. O cabelo negro fixo para trás, os olhos castanhos cor de whisky,
a pele morena, a boca carnuda parecia se destacar em meio a barba cerrada.
Estava mais musculoso também, havia me esquecido o quanto era alto, no
mínimo 1,90 de altura. Usava um terno escuro, com uma camisa branca sem
gravata. Os dois primeiros botões estavam abertos, deixando amostra a
medalha de ouro de São Marun no peito com pelos ralos. Hassan era sem
dúvida o homem mais sexy que já havia visto, seu olhar era pecaminoso e o
sorriso fazia promessas indecentes.
— Hassan...
Estendi a mão para cumprimentá-lo, ele retirou as duas do bolso de
sua calça e abrigou a minha entre elas. Eu senti o calor de seu toque, senti o
olhar descer por todo eu corpo. Acompanhei hipnotizada morder os
próprios lábios, deixando claro os pensamentos impuros.
drama.
— Hunrum.
— Ah, sim. Esta é Zoé, minha melhor amiga. Zoé este é Hassan, um
amigo da família, afilhado de meu pai.
— Até.
— Amiga, o que foi aquilo? Pensei que poderia rolar uma faísca,
— Zoé!
em uma taça de cristal. Me afastei de Júlio César para ver do que se tratava.
— Safira! – Meu pai gritou, ao seu lado estava minha mãe, Caleb,
Lâmia e Hassan. As pessoas abrindo espaço para que visse minha figura. —
quanto eu. Era raro ver um sorriso em Caleb, mas vi que abriu um ainda que
pequeno. — É isso mesmo, meu amigo. Hassan achou por bem fazer essa
surpresa. Nossos filhos irão se casar.
Eu estava furiosa com o que havia feito, ele deturpou toda situação
virando o jogo a seu favor. Eu só não entendia o porquê disso agora. Vi
— Sorria, Princesinha.
— Merda!
Estava arfante com a ira tomando conta de mim, mas isso pareceu
diverti-lo, pois sorriu sem mostrar os dentes.
— É bom saber que tem emoções, Safira. Às vezes poderia jurar que
me depararia com uma bonequinha de porcelana, um robô programado para
fazer apenas o que se espera.
— Você está blefando. Não faria isso, conhece meu pai desde que
nasceu. É seu padrinho.
Era cinismo demais, ele nunca havia dado indícios de que quisera
esse casamento, muito pelo contrário.
— E você acha que é assim? Passou anos distante, nossas famílias
tão próximas e nunca ficamos frente a frente. Eu estava lá, Hassan. Há nove
anos, quando deixou bem claro que não queria esse casamento. E agora
porque lhe aprouve concretizá-lo, eu tenho que aceitar? Meu Deus! Você
encarnou mesmo o personagem de sultão.
Você pôde aproveitar, se esbaldar, namorar com quem bem quis, e eu tenho
que me manter presa a você?
— Não deve ser um sacrifício tão grande, Safira. Você seguirá com
suas viagens, seu trabalho, o que mudará será apenas seu estado civil. – Se
Soltei para que entendesse que não o queria. Deu certo, ele se
afastou me olhando com raiva.
— Você é louco!
— Talvez eu seja, mas não tenho vocação para corno.
Deu de ombros, parecendo não se importar com meu juízo sobre ele.
E bateu a porta.
— Filho da puta!
— Desgraçado narcisista!
Hassan com seu sorriso cínico, me sentia mais afrontada. Ele conversava
com todos, dando leves toques em meu corpo. O dedo que ficava
resvalando em minha mão durante o jantar, o jeito como sua mão no fim das
minhas costas me guiava entre um ambiente e outro. Eu não sabia o que me
enervava mais, sua falsa intimidade, ou as reações que meu corpo produzia.
Enfim o meu martírio estava acabando, já havíamos nos despedido, Hassan
— Será que pode devolver meu celular? Ou vai levá-lo com você?
Desci as escadas sem fazer barulho, apesar de ter ciência que meus
pais já dormiam em sono profundo. Peguei as chaves do meu carro, e
— Boa noite.
Júlio era filho de italianos, porém nasceu no Rio Grande do Sul, aos
17 voltou para Itália com os pais e iniciou sua carreira de fotógrafo. Hoje
ele era bastante reconhecido no seu trabalho, havia feito diversos catálogos
importantes. Cosmopolitan e Vogue eram algumas das revistas que já
tiveram seu trabalho exposto, o tornando famoso no meio da moda.
— Hassan...
Completou a frase, enfim retribuindo o abraço. Aspirou meu cabelo,
e depositou um beijo ali. Me afastei para que lesse minhas emoções. Com o
dedo colocou uma mecha de cabelo atrás de minha orelha.
— Júlio eu...
— Shiuuu... Não precisa dizer nada agora. Apenas faça amor
comigo.
E eu fiz...
Me mantive alerta, sabendo que não gostaria do que estava por vir.
Júlio desfez o abraço e se sentou, dessa vez pondo os pés para fora da cama,
o que o fez ficar de costas para mim.
me convenceu que Hassan sabia que a história deles teria prazo de validade,
que ainda que me amasse, não sabia como terminar com ele, que temia
terminar com ele.
— Hassan a amava?
comum, que ele mesmo consumia, a assegurou que devia apenas manter o
controle. Não vou negar, usei algumas vezes, a maioria delas com eles. Nós
três passávamos a noite chapados. Na verdade, acredito que o vício foi uma
maneira que Hassan usou para ter mais controle sobre ela.
— Pâmela foi ficando cada vez mais dependente, usando até mesmo
durante o trabalho. Pam começou a ascender no meio da moda, e Hassan
cada vez mais controlador, o que comprometia nosso caso. Os dois ficavam
gradativamente mais dependentes da relação que mantinham, e das drogas.
Até que em uma briga com Hassan, Pam consumiu tanta droga que teve
uma overdose.
quis por conta própria me livrar do vício e consegui. Pâmela e eu mal nos
víamos, mas nos falávamos por telefone. Depois descobri que o motivo da
briga foi a descoberta de nosso caso. Pâmela foi enviada a um hospital
particular, de lá foi direto para uma clínica de reabilitação, tudo pago pela
família Yasin. Hassan nem se dignou a fazer uma visita, depois soube que
havia também se internado em uma clínica de reabilitação em San Diego.
— Não sei. Não tive mais contato com nenhum dos dois, até ontem.
Pâmela mora em Miami, seguiu na carreira como todos sabem, e se casou
com um figurão, um empresário.
— Eu não sei, Júlio. São coisas demais para assimilar em uma única
noite. Não é que eu duvide de você...
— Vou voltar para casa, Júlio. Cheguei aqui buscando alento para as
Me ative olhando seu rosto, era lindo, e os seus olhos diziam que
estava realmente sofrendo com aquilo. O que fez meu coração apertar. Bati
a porta da suíte, estava perdida sem saber em quem acreditar. Só me restava
voltar para casa e tentar colocar os pensamentos no lugar.
Mesmo indo dormir por volta das 04:30 da manhã, acordei as 09:00.
Tomei café no quarto mesmo, liguei para Zoé combinando de encontrá-la a
tarde. Nós ainda não havíamos discutido sobre o meu noivado.
ofegante.
que irá
morar em uma fazenda. Safira... Senti uma fisgada na virilha só em
lembrar em como estava linda e gostosa. As fotos comportadas em seu
— Merda!
Algo deve ter acontecido. Jamil era o chefe de minha segurança, seu
pai trabalhou para meu pai sob a mesma função, e após sua morte, o filho
assumiu sua posição. Crescemos brincando juntos, apesar da implicância de
minha mãe. Lâmia Yasin sempre foi bastante seletiva em suas amizades, e
desejava que eu fizesse o mesmo, mas Jamil tinha meu apreço e confiança.
Ontem após o comportamento de Safira, o incumbi de ficar de olho em
todos seus movimentos, não queria uma nova aproximação entre ela e Júlio.
— Diga, Jamil.
— Safira não foi a uma boate, Hassan. Ela foi para “O” hotel.
— Ok.
Não foi difícil conseguir subir até seu quarto, o poder abria portas.
Bati a sua porta, mas sai do campo de visão do olho mágico. Pouco tempo
depois Júlio abriu a porta, a decepção desfez o sorriso em seu rosto.
Andei até ele com passadas largas, odiando o modo como se referia
a tudo com desdém. Sabia o que queria me dizer com aquelas palavras, e a
possibilidade de ter sido traído novamente com aquele desgraçado me
enfureceu. Júlio se pôs de pé, pronto para brigar, era mais baixo que eu e
mais magro também, mas não se intimidava.
— Você realmente acha que o mundo gira ao seu redor. Quer dizer
que enquanto você trepava com várias mulheres, Safira deveria ter se
mantido intocada, a espera de sua boa vontade em assumir o compromisso?
– Se afastou gargalhando, abri e fechei as mãos três vezes, um gesto
repetitivo que fazia sempre que estava próximo ao descontrole. – Lamento
Hassan, dessa vez deverá se contentar com o segundo lugar, Safira confiou
a mim sua primeira vez. Eu nunca tinha dormido com uma virgem antes, e
confesso, foi delicioso. Toda frieza escondida nos atos mecânicos de uma
bonequinha de luxo, ficam para trás na cama, Safira me surpreendeu
parecia prestes a explodir, a mão se fechou uma última vez, dessa vez só
abriu novamente após ter acertado o maxilar de Júlio. Ele não revidou,
apenas cuspiu um pouco de sangue, feliz em ter me atingido. Nem eu sabia
por que aquilo havia mexido tanto comigo, era hipocrisia de minha parte,
sim era. Mas imaginar os dois ali, trepando, na cama bagunçada a minha
frente, após o jantar de ontem, era no mínimo ultrajante.
— Eu quero que suma da vida de Safira. Você não sabe do que sou
capaz, Júlio César.
— Eu sei sim, e Pâmela também sabe. Não imaginei que seria capaz
de ir tão longe, forçar uma mulher a se casar com você, apenas por poder. É
você quem deveria sumir da vida dela, deixá-la livre para ficar com quem
quisesse.
— Não
— Hassan, as fotos.
— Você está noivo? Você noivou ontem com outra, e teve a cara de
pau de dormir comigo?
— Até onde eu sei, não lhe pedi nada. Foi você que se insinuou
durante todo maldito tempo em que acontecia o almoço. Foi você que
tentou me bajular se infiltrando na negociação, visando um namoro,
noivado, ou algo do tipo. Eu não lhe pedi nada, Deborah. E ontem, foi você
quem bateu na minha porta.
— Seu sultão de merda! Espero que ela seja estéreo, e você corno.
— Cristóvão!
Estava sentada em uma das duas poltronas, entre elas ficava uma
mesa que continha minha atual leitura, meu par de óculos, e o arranjo com
flores frescas.
— Estou bem de pé. Vim aqui apenas para lhe mostrar isso.
— Não me olhe assim. Fui apenas cauteloso com você, queria saber
com quem estava se envolvendo.
— Você não tem limites, não tem senso, se acha um Deus. Júlio me
alertou sobre você, mas eu não sou a Pâmela.
— Está me tomando por você, Hassan. Não fui eu quem agiu como
um louco quando se viu obcecado por uma mulher. – O vi abrir e fechar a
mão esquerda, parecendo uma espécie de tique. – Júlio pode não ser um
santo, mas foi você quem até agora demonstrou quase todas as falhas de
caráter que um ser humano pode ter. Me seguiu, mentiu para meu pai,
manipulou minha vida a seu favor, me obrigou a entrar em um casamento
que eu não quero, e agora ameaça desmoralizar a mim e minha família
porque contrariei sua vontade.
tanto faz quanto tempo levará para que se cumpra, se haverá ou não a
cerimônia e recepção. Estou dando um mês de prazo, para que não fique tão
explícito que se trata de um acordo comercial.
— Você tem razão. Tirou isso de mim também, Hassan. Eu não vou
negar que como qualquer outra mulher, sonhei com esse momento, da
cerimônia a recepção. Me vi entrando na igreja, vestida de branco com meu
ab, que me entregaria ao homem que eu amasse, e ali iniciaria minha
família, sob as bênçãos de São Marun e Nossa Senhora.
— Mas quer saber, se no fim for para acabar casada com um homem
— O cheiro está maravilhoso, mãe. Não sabia que estava com tanta
fome.
— Venha, meu amor. Venha, Hassan. Seu pai acordou muito bem-
disposto, pediu para Zoraide fazer aquele peixe grelhado à Taratur, de
entrada um Tabule. E adivinhe só, de sobremesa Malabie, sua sobremesa
favorita. Khalil está radiante com o casamento.
— Estou aqui, Sid Khalil. – Disse atrás de meu pai que tomou um
susto. Olhei para minha mãe com um sorriso cúmplice, esses dois viviam se
engalfinhando.
Hassan virou o rosto para mim, segurando minha mão sobre a mesa
de maneira terna. Era realmente um excelente ator.
— Um mês?! Safira não se faz isso com uma mãe que sempre
sonhou com o casamento de sua única filha. — Olhei para Hassan que
permanecia firme em sua decisão. — O seu vestido, o meu vestido, a
cerimônia, a recepção!
— K-Khalil?
— S-Sim.
que o noivo. Pediu para dar uma palavrinha com você, faltam apenas cinco
minutos para sua entrada. Não demorem! Onde está o buquê? – Torce a
boca quando o encontra. — Rosas negras, Safira? Estou começando a temer
por essa festa. Fez tanto mistério sobre a decoração. Bom, não há mais nada
que se fazer, não é verdade? – Minha mãe estava nervosa, a prova disso era
como não parava de falar. — Que Nossa Senhora a abençoe, meu amor.
— Amém, Mamãe.
— šukran.[25]
— Quando fiz a promessa a Caleb sobre sua mão a Hassan, não foi
pelos motivos que imagina. Eu queria estar seguro que quando já não
estivesse mais aqui, você teria ao seu lado um homem justo, bom, que lhe
apoiasse. Que fosse digno de você. Porque você está aquém de qualquer
sultão, Safira.
amada do mundo.
— Não sabe como estou feliz que tudo tenha se concretizado. Que
hoje vá se casar com um homem bom e de quem está apaixonada. Não sabe
o alívio que dá ao meu coração. Tantos homens por aí que se julgam dono
de suas mulheres, simplesmente por uma aliança no dedo. Seu pai não
poderia estar mais feliz.
que nos conduzia até o altar era negro, junto às madrinhas e padrinhos. Zoé
havia adorado a ideia de usar preto como seu vestido de madrinha, além
claro, de seu par, Jamil.
Caminhei ao lado de meu pai até o altar. Foi quando o vi, estava
lindo em seu smoking negro. Mesmo vestido com um traje formal, sem as
duas pequenas argolas que usava nas orelhas, e o medalhão de São Marun.
Hassan ainda mantinha toda áurea indomável, subversiva. Talvez pelas
tatuagens, algo tão incomum para o futuro presidente de um Império.
Quando seu olhar encontrou o meu, vi estampado o ar de triunfo.
Sabia o que nossa união significava para ele. Mantive o olhar, altiva, jamais
me curvaria a sua prepotência.
— Está levando meu bem mais precioso, Hassan. Espero que cuide
muito de minha Safira.
— Khalil!
— Não fez por mal? Ela sabia muito bem o que fazia, Caleb. Tanto
que não me deixou chegar perto de nada que se referisse ao casamento de
meu único filho.
— É como meu pai disse, mãe. É apenas uma cor, nada demais.
— Está lindo minha, filha. Você teve muito bom gosto. – Minha
mãe sai em minha defesa.
— Mashallah![32]
por mais que tivesse feito, ainda me sentia sufocada com a sensação de
estar sendo coagida àquela situação.
era destinatária da joia. E você se pergunta, “Mas por que ele faria isso?”
Para que influenciasse meu pai na assinatura de um contrato milionário.
mesma casa com você até poder contornar essa situação. – Notei quando
perdeu parte da convicção. — Porque eu vou, Hassan. Vou dar um jeito de
anular aquelas cláusulas absurdas, e me livrar de você.
Soltou meus braços, as mãos foram ao bolso, trazendo o cigarro e
isqueiro. Se refazendo do impacto de minhas palavras, seu olhar agora
assumindo um brilho perigoso.
ser que minha mãe... Não quis pensar naquilo, o melhor era não entrar em
seu jogo.
— Diga a todos que fui me trocar, nosso voo sai daqui há uma hora.
— Sim, senhor.
meu corpo.
quando senti sua língua, lambeu do meu pescoço até chegar minha orelha,
chupando o lóbulo.
— Que gostosa, Safira. Gosto que tenha onde eu pegar. Essa sua
bunda me deixa louco, a ponto de meu pau babar.
O linguajar obsceno me desnorteava, imaginando as loucuras que
me diria em uma cama. Estava gostoso demais, os meus braços que antes
mantinham o robe fechado pendiam inertes, mesmo não parecendo, meu
corpo inteiro respondia. Os mamilos estavam duros, sentindo sua pele que
emitia calor transpassando o tecido de minha camisola, minha calcinha
molhada, a respiração alterada conforme deslizava a barba pelo meu rosto à
procura de minha boca. Sabia que se me beijasse do jeito que estava, me
perderia, e eu não queria perder.
— Me solte!
— Eu, nada! Não sou sua mulher por minha opção, Hassan. – Abri a
porta trêmula. — Por favor, saia.
Baddak Khara![34]
Voltei para cama, senti vontade de ligar para Júlio, talvez movida
pela raiva, mas seria infantil envolver outra pessoa naquela loucura toda,
principalmente uma que não merecia.
Minha pele era muito clara, então abusei do protetor solar, ficaria
mais na água, mas ainda assim todo cuidado era pouco.
— Louis!
— Mas e você, Safira? Soube que se casou, mas não vejo nenhuma
aliança em seu dedo.
está sendo bastante comentada. Está feliz, Safira? Não parece alguém
recém-casada, jantando aqui sozinha, sem aliança.
Namorei Louis por quase um ano, e eu não notei que me lia tão
bem. Tomei mais um gole de meu champagne, digerindo suas palavras.
— Au revoir, ma belle[40].
— Gostou do showzinho?
— Nunca mais insinue nada do que fez com Júlio, ou qualquer outro
homem. Entendeu, Safira?
A raiva brilhava em seus olhos, eu sabia que tocar nesse assunto era
o mesmo que mexer com seu brio.
O aperto foi ficando mais firme, o encarei de igual para igual. Se ele
encostasse um dedo em mim, eu sairia dessa droga de casamento. Meu pai
jamais permitiria que passasse por algo assim.
Engoli a seco, mas não demonstrei abalo, sabia que estava certo. Eu
ainda não tinha munição para bater de frente com ele, mas não agiria como
um animal adestrado. Hassan era um predador, e predadores avançam
quando sentem o cheiro do medo. Sacudi a cabeça, libertando minha nuca e
cabelos de seu aperto.
Era um blefe, mas era tudo que eu tinha. Entrei no quarto, mas antes
que pudesse fechar a porta, Hassan impediu, usando o pé como obstáculo.
— Eu não as beijei.
Disse, soando como uma explicação. E fez a pior coisa que poderia
me fazer, me beijou.
Me senti uma idiota por ceder tão fácil assim. Hassan continuava a
beijar meu pescoço e dizer coisas sacanas. Não permitiria que achasse que
independente do que fizesse, cederia a ele. Como um tiro de misericórdia
para interromper aquela loucura, fiz algo que o deixasse como me
encontrava agora. Soltei um gemido.
— Júlio...
— O que houve?
Não disse nada, apenas saiu, batendo a porta, causando tremor com
o estrondo do impacto. Sabia que havia sido infame, mas na guerra e no
amor vale tudo, não é mesmo?
— Haiie![43]
— Baddak Khara![44]
O boquete estava bom, a loira dançando nua pra mim era deliciosa,
mas o prazer só ascendeu quando meu olhar cruzou com o dela. Estava
chocada, mas quando passou a língua nos lábios polpudos foi impossível
não a imaginar ali. Senti raiva pela maneira como me perturbava e excitava.
Por isso aumentei a pressão nos cabelos da morena, a obrigando a aumentar
o ritmo da chupada. Queria atingi-la, por isso a diminui quando a comparei
com as outras. O olhar de repulsa que me lançou, como se fosse melhor do
que eu, quase (quase) me fez broxar. Quando me deu as costas, fechei os
olhos, sendo mais bruto fazendo a mulher se engasgar, mas tudo que vi foi
Safira. O gozo veio brando, mecânico, não serviu para aplacar meu tesão,
longe disso. Dispensei as duas logo em seguida, ficaram contrariadas por
não terminarmos a brincadeira. Não era todo programa em que tinham um
homem do meu porte, não era cego, sabia que a imagem refletida no
espelho agradava as mulheres, mas ficaram satisfeitas com as gorjetas.
Pedi para que Jamil ficasse de olho nela, queria saber se algo atípico
acontecesse como forma de retaliação. Depois da festa de casamento, eu
esperava qualquer coisa. Além da decoração de mau gosto, havia a resposta
a provocação de Deborah, que atingiu mais a mim do que a sua oponente.
— Não
Aquela foi a última vez que pisara ali, agora voltava no lugar que
aquela menina sempre quis estar, o de dona da maior fazenda de soja do
Brasil, e esposa de Hassan Yasin, o Sultão da soja.
nervosa com aquilo. Virei de bruços para tentar me levantar, o que foi um
erro, porque descobri da pior maneira que usava fio dental.
idiota.
— Nossa! Está...
— Perfeita!
— Por isso sou tão possessivo com elas. O que faz aqui, Rei?
— Sukran.
— Sim senhor.
— Sim, senhor.
— Por favor, acomode a Sra. Yasin em nossa suíte. Faça tudo como
ela desejar.
— Tudo bem.
— Qual?
— Safira.
— Humm... – Murmurei fingindo sonolência, mas Hassan se
aproximou.
— Mashallah...
Pensei que a noite seria o pior, mas acordar com a garota aninhada
em meu corpo, a coxa grossa jogada sobre meu abdômen, e a boceta tão
próxima ao meu pau, me deixou na lona. Safira tinha a pele macia, alva,
que contrastava com a minha. Os cabelos pareciam seda, o cheiro que vinha
dela era delicioso. Dormindo parecia um anjo, os cílios longos, o nariz
arrebitado, a boca era carnuda naturalmente e gostosa. Falava aquilo com
propriedade, pois sabia o gosto, e queria descobrir os demais sabores.
Nunca me vi tão ligado aos detalhes de uma mulher, nem mesmo com
Pâmela.
“Hassan...”
Não posso deixar de creditar grande parte desse feito a meu pai, Sid
Caleb Yasin, que fez de tudo para se casar com Lâmia Kassab, a única
herdeira de sua família. Caleb amava outra mulher, mas fez de tudo para se
casar com Lâmia, inclusive o afastando de seu prometido, somente para
conseguir a ascensão dos Yasin. Sabia que o fato de não ser fruto da mulher
que amava era motivo de sua frieza comigo. O julguei e recriminei tanto
pelo que fez com minha mãe, para no fim fazer o mesmo com Safira. Um
fruto não cai muito longe do pé, não é verdade? Caleb e eu éramos mais
parecidos do que eu gostaria.
— Senhor, Marta pediu para que avisasse que seus sogros chegaram.
— Obrigada.
— Habibi! Marta me disse que saiu para cavalgar. – Veio até mim
enroscando os braços em meu pescoço, embrenhando os dedos em meus
cabelos em uma massagem gostosa, me pegando de surpresa com o beijo
casto. Um simples roçar de lábios, mas me peguei lambendo os próprios,
gostando do ato. — Poderia ter me avisado, evitaria o trabalho de te caçar
como louca.
Pelo menos enquanto eles estiverem aqui, nós daremos uma trégua.
Combinado?
É claro que não era nenhum esforço ser um pouco mais carinhosa
com Hassan, tirar uma casquinha. Quando liguei para Zoe contando
algumas das coisas que aconteceram, ela foi enfática ao dizer.
Nem preciso dizer que morri de rir com o conselho daquela maluca.
Mas era inegável, apesar de ser um completo idiota narcisista, Hassan era
muito atraente. Depois de ter visto todos os seus atributos, não consegui
parar de me imaginar sendo possuída por ele.
Eu não era muito boa em física, mas foi difícil imaginar como
aquilo tudo caberia em mim. Bismillah! Eu cheguei a sonhar com Hassan
me mostrando como aquilo era possível durante toda a noite. Estava mesmo
perdida. Por que os cafajestes tinham que ser os mais sedutores? De acordo
com a teoria de Zoé, eles tinham que ter algo para compensar a falta de
caráter, caso ao contrário ninguém se interessaria.
Para a minha sorte, quando acordei Hassan não estava mais lá,
porém seu cheiro estava bem presente, tanto nos lençóis, quanto no cheiro
de seu shampoo e loção pós-barba que vinha do banheiro. Apesar de ter
nascido em berço de ouro, eu não sabia se alguém poderia cheirar a poder e
dinheiro, mas descobri que era possível. Hassan reunia em seu corpo
fragrâncias que mesclavam entre domínio, riqueza, sexo e selvageria. Era
um cheiro único e eu mentiria se dissesse que não me atraía, porque
chegava a ser assustador como tudo nele me fazia queimar.
Zoraide faltou beijar meus pés agradecida por tê-la tirado do meio
das duas mulheres.
Falou baixo, o que era tão incomum nele com a voz que se
assemelhava a de um barítono.
— Então não se comporte.
Eu nem sabia de onde havia vindo aquilo, mas a verdade era que eu
desejava demais aquele homem. Havia uma atração que estalava, queimava,
me consumia. Talvez se fossemos para cama, as coisas se normalizariam,
sanaríamos essa extravagância, expurgaríamos toda tensão entre nós.
Hassan apertou os olhos, como quem duvidasse do que ouvia.
— Em pleno sábado?
Foi o que de imediato Caleb perguntou.
— Devo me preocupar?
— Hassan...
— Não, mas quase. Hassan teve que fazer uma viagem de urgência
para São Paulo, então não rolou nada, ainda...
— Filho da puta!
Sabia que tinha algo errado, minha intuição quase nunca falhava, e
eu conhecia bem demais minha amiga.
— Tudo bem, Zoé. Eu não estou mal. Hassan levou duas prostitutas
para nossa lua de mel. O fato de topar fazer sexo com ele não muda em
nada como o vejo. Eu apenas revogarei minha decisão. Não faz sentindo
transar com um babaca que faz tanta questão de consumarmos o casamento,
que deixa claro que se eu optasse por ceder ele se manteria fiel a mim.
Enquanto na verdade ele segue mantendo suas amantes por aí.
Zoe era tão figura que era amicíssima de minha mãe, as duas
passavam horas conversando, minha mãe parecia ter mais em comum com
Zoe do que comigo.
— Zoe, não quero nenhuma retaliação, eu estou cansada disso,
desses joguinhos.
— Você que está linda! Olha só, enfim usou o vestido que te dei.
— Não tem nada curto aí. Vem, vamos nos sentar. E o brutamontes,
teve que vir junto?
Rolei os olhos, porque era uma ordem de Hassan, mas de fato seria
bom, eu pretendia beber um pouco e não seria prudente pegar a estrada para
São Marun alcoolizada. Sabia que esperava encontrar Jamil comigo, mas
acho que o chefe de segurança deixou algum furo com minha amiga.
— Coisas do Sultão.
— Huuum... Mas agora me conte tudo, desde de sua lua de mel, até
aqui. Preciso refazer a história para montar esse quebra-cabeças e dar minha
opinião.
Pela próxima hora contei tudo à Zoe, que pareceu mais empolgada
com a parte em que vi as joias do sultão. Zoe riu horrores quando contei
novamente sobre como troquei propositalmente o nome de Hassan por
Júlio.
sinceramente creio que você no fundo nunca deixou de nutrir essa paixonite
por Hassan, o que acaba por foder com tudo.
falta de contato reúne vários pontos negativos contra o Sultão, não cairia a
porra da mão se ele mandasse uma mensagem.
— Nunca mais o vi, estava impedida. E ele pelo visto entendeu que
eu era um caso perdido.
— Safira?!
Virei o rosto e confirmei que era mesmo verdade, Júlio César estava
ali diante de mim.
— J-Júlio? O que faz aqui?
encontro com a tal Pâmela, e o Júlio bem aqui na minha frente. Júlio olhava
em meus olhos, parecia magoado e até mesmo irritado.
— Senhora Yasin...
Foi Zoé quem disse soltando uma risadinha, fazendo Júlio torcer o
lábio em desgosto.
— Tudo sim.
Não havia sido uma pergunta, foi uma afirmação, na verdade quase
uma acusação. O olhando melhor, Júlio parecia abatido.
— Depois de tanto tempo, é isso que tem para me dizer? Não está
preocupado se eu vou conseguir ou não sair do casamento? Se eu senti sua
falta? – Minhas indagações o fez perder parte de sua convicção. — Para um
homem que dizia me amar, você parece mais preocupado com a maldita
disputa entre você e Hassan.
— Por que eu faria perguntas que estão tão óbvias, Safira? Olhe pra
você! – Júlio passou as mãos pelo cabelo, abalado. — Está aqui se
divertindo com sua amiga que me detesta, nem de longe parece alguém que
está sofrendo com a falta de outra pessoa. Nós fizemos amor da última vez
que nos vimos, há dois meses, e você ainda me diz que não acha que é uma
boa ideia falar comigo.
— Júlio, nós dois sabemos que eu sou uma mulher casada agora, e
enquanto esse for o meu estado civil, não será uma boa ideia nossa
aproximação.
— Adeus, Safira.
— E para piorar, tem essa droga de desejo que sinto por Hassan.
— Se? Você ainda tem alguma dúvida que vai querer repetir? Meu
amor, eu sinto cheiro de homem que tem pegada de longe, e o seu sultão
fede a testosterona. E quando vocês finalmente forem para cama, vai ser
como fogo e gasolina.
A casa estava silenciosa e vazia, não havia sinal de que uma alma
habitava ali. Segui pelas escadas em direção à suíte principal. Eu estava
exausta, a saída com intuito de desanuviar a cabeça não teve o efeito
desejado. Encontrar com Júlio César só serviu para conturbar o meu humor.
Pelo menos não teria que lidar com Hassan por hoje, eu só queria me deitar
e dormir.
— Cacete! Que susto você me deu. Não era para estar viajando?
Disse apontando para lingerie. Ele? Claro! Júlio César... É claro que
o segurança já o havia posto a par do que aconteceu. Pensei em cobrir meu
corpo, mas não queria que me visse como uma menina assustada. Por isso
apenas dei as costas, entrando no closet novamente na tentativa de trocar a
camisola por um conjunto de blusa e short para dormir. Quase ri por saber
que um short não deteria Hassan se eu cedesse a sua sedução.
— Eu não...
corpo alto atrás de mim parecia me engolir, mesmo não sendo tão baixa em
meus 1,70.
— Então pare de agir como uma, porra! Como quer que eu chame
uma mulher casada que vai atrás de outro? Que geme o nome de outro
enquanto está com o marido?
— Não.
O tiro foi seco, à queima roupa, fazendo a decepção dar lugar ao
tesão que havia sentido. Sorri desgostosamente.
— Pois ponha uma coisa nessa sua cabeça, eu não vou usar uma
coleira invisível! Se alivie com suas prostitutas, amantes, dane-se! Você
repetia.
— Aaahhh!
aquela?
— Me beije.
— Pensei que não pudesse ficar mais linda, Safira. Mas quando te
vejo assim tão entregue, você parece uma aparição.
— Agora, Hassan!
— Você tem noção do que a visão dessa sua bunda grande nesse fio
dental vermelho fez comigo? Do quanto é gostosa, Safira?
— Ai!
— Ooohh...
— Me chupa, sultão!
Hassan o rodeou, depois desceu até minha entrada, onde senti a língua girar
ali, revirei os olhos, pois a língua era tão extravagante quanto o pau. O
desgraçado tinha motivos para ser tão convencido.
— Aaaahhhh...
pau grosso e grande saltou livre. Lambi os lábios com a visão daquele
homem, alto, de corpo perfeito, se masturbando, olhando para mim.
— Gosto do som que faz quando goza, Safira, de como sua pele se
arrepia. Eu estava certo, sua delicadeza e boas maneiras são só à mesa,
porque na cama...
— A camisinha...
— AAaaahhh...
Foi tudo que consegui dizer, logo outro orgasmo me tomou. Foi tão
forte que cheguei a ouvir uma espécie de zumbido.
— Oooohhhh.
uma multa milionária, não pensei duas vezes em pegar o jatinho e ir até a
sede da empresa detentora do valor da multa. Exigiu muito de mim reler
aquele contrato e encontrar algo que nos favorecesse, eu mal comi. Sabia
que deveria enviar ao menos uma mensagem para Safira, mas fui tragado
pelo trabalho.
— O que queria que eu dissesse? Que senti sua falta? Que te amo?
— Sou.
— Claro que é. A prova disso foi como manipulou sua esposa. Sabia
que estava, e ainda está apaixonada por outro e...
— Diga Jamil.
— Safira saiu da Fazenda, foi se encontrar com Zoé.
Apertei os olhos, puto. Tudo que queria era chegar em casa e levá-la
para cama. Retirar toda a tensão desses dias em um sexo bem feito e
gostoso.
Ouvi um rosnado do outro lado da linha, sabia que chamar a tal Zoé
de gostosa o irritaria. Jamil era bastante reservado quanto a seus casos, mas
sentia que ele havia comido a garota, senão comeu estava bem próximo
disso.
— Avise ao homem que está com ela para retirar Júlio da presença
de Safira.
— Ele já o fez, Hassan. Mas Safira disse que a única pessoa que é
capaz de escolher com quem ela interage, é a própria.
— Cretina!
— O que eu faço?
— S-Sim senhor, está em sua mesa. Ela está conversando com ele, a
amiga está ao meu lado, em outra mesa.
— M- Mas senhor...
— Não há mas. Ganham muito bem para fazer o que fazem. Eu não
admito erros e nem dou chances para que se repitam. Rei, você ficará
responsável pela contratação da nova equipe, e qualquer falha ficará a
encargo seu. Boa noite.
ao lado da poltrona com vista privilegiada para mulher nua em minha cama.
Liguei para cozinha pedindo um café completo para às onze em ponto.
Safira sorriu e deu a porra de uma rebolada que me fez ver estrelas.
Quem era essa mulher? E o que fazia comigo? Como não pude notá-la
antes? Quis provocar sobre ela as mesmas sensações que sentia, foi
pensando nisso que segurei seus tornozelos e passei a levantar meus
quadris, golpeando implacavelmente seu canal. O encontro era tão perfeito
que sem perceber me vi gozando, ondulado, sentindo a porra da sensação
mais foda que havia sentido na vida, e o melhor, levando a mulher
maravilhosa a minha frente junto comigo.
" Vai me dar essa boceta todos os dias, a hora que eu quiser, Safira.
Está me ouvindo? Não ouse me privar disso."
— Não sabia que gostava tanto assim de sexo, Safira. É bom saber
que me aguenta, ou é isso, ou está tentando me dar um chá de boceta.
— Ah, Hassan, vai me dizer que não aconteceu nada entre vocês?
— Eu a beijei.
— E não te causa nada, saber que a beijei? É tão fria assim, Safira?
Essa sua frieza não condiz com a mulher que estava a poucos minutos
gozando em cima de mim.
Que até pouco tempo atrás você disse que se eu aceitasse ser sua mulher na
totalidade que a palavra exige, você não "se encontraria" com outras? Antes
de partir para sua viagem eu aceitei ir para cama com você, e o que fez?
Você é um homem, se sabe manter ou não sua palavra, é um problema
exclusivamente seu. Vamos deixar tudo em pratos limpos?
— Não estou em uma luta, Hassan. Tão pouco quero o ver abatido.
Sempre deixei clara minhas condições. Não desisti de sair desse casamento,
uma vez que ele vai contra tudo que eu acredito para uma mulher. O sexo é
um bônus, delicioso por sinal, e como eu disse, não tenho objeção quanto a
mantê-lo, desde que o jogo seja limpo. Se sentir tesão ou desejo de estar
com outra pessoa, me diga, e paramos por aqui. É isso que farei caso o
mesmo aconteça comigo. Seja honesto comigo, Hassan. Pelo menos uma
vez.
— Parece ter tudo sobre controle, Safira. Mas há um, porém. – Dizia
enquanto massageava a parte de trás de meu joelho. Meu Deus, precisava
ser tão bom? — Se de fato conseguir o divórcio, como fará se isso não
acabar? – Disse ao se referir ao seu toque, e ao que me causava. —E se
nesse meio tempo se apaixonar por mim?
Vi o sorriso se esvair.
Soltou um muxoxo.
— Quem? O Jamil?
— Safira...
— Vamos?
— Mãe!
Era por volta das vinte e duas e todos permaneciam ali. Coube a
mim o papel de fazê-los ir para casa.
— Caleb, Lâmia, Jamil, por favor, vão para suas casas, vão
descansar. Meu pai não deve acordar ainda hoje. Você também, Zoé. Vá
com minha mãe e Zoraide para casa, eu fico aqui.
— Você não comeu nada desde que saímos da fazenda, Safira. Até
sua mãe aceitou se alimentar um pouco. Vamos para casa também, não vai
ajudar ficar aqui.
— Eu vou ficar, Hassan. Você pode voltar para a fazenda, não estou
pedindo que fique. Essa noite eu durmo aqui, onde meu pai está.
— Já estou saindo.
— Eu não...
— Shiiuu, Princesinha... Eu não sou um boçal, ainda que a deseje
intensamente, sei respeitar seus limites. Eu só vou cuidar de você.
— Levante os braços.
— Não precisa...
Não acorde...
A fala poderia ser de minha mãe, mas ela estava atônita, apenas os
olhos sem foco e com brilho das lágrimas. A mulher com olhar feroz
querendo mover céus e terras para que meu pai estivesse de pé era Lâmia.
— Cala a droga da boca! Deixe minha filha em paz! Será que nem
ao menos em um momento como esse pode deixar de ser uma mulherzinha
egoísta? MEU MARIDO FICA!
— CALEB! Tire sua mulher daqui antes que eu perca o último fio
de paciência que me resta.
até uma massagem fez para que meu corpo relaxasse quando reclamei do
sofá hospitalar.
Por volta das vinte e duas horas meu telefone tocou, tremi ao ver o
nome de minha mãe na tela. Era ela quem dormia na cama ao lado de meu
pai no quarto.
— Mãe?
— Amira! Seu pai! Seu pai acordou.
Nos dois dias seguintes fui visitar meu pai, ainda era recomendável
o descanso, estávamos atentos a possíveis sequelas, mas ao que tudo
indicava Sid Khalil era mais forte do que imaginávamos.
— Amira...
— Safira está certa, Sid Khalil. O senhor deixou sua filha e sua
esposa sem comer ou dormir direito. Safira teve pesadelos constantes, além
de ter perdido peso.
Após a alta de meu pai, Hassan fez uma viagem até Curitiba onde
ainda existia a sede da Kadhafi S/A, Hassan queria estar a par de toda
mudança, uma vez que com a criação da Holding a maior parte
administrativa havia sido transferida para Porto Alegre.
Agora eu estava aqui, usando um fio dental com tecido que imitava
couro preto, nos seios um adesivo do mesmo material em forma de x cobria
meus mamilos. Pedi para que Marta enviasse uma mensagem logo que
Hassan chegasse. Ainda escurecia lá fora, mas as cortinas grossas deixavam
o quarto em um completo breu, exceto pelas poucas velas no ambiente.
Logo recebi a mensagem e me deitei sobre a poltrona erótica que comprei
sob indicação de Zoé. A mobília se assemelhava a um divã sem braços em
forma de S, era conhecido como divã tantra. Esperei ali, deitada com a
pulsação acelerada, quando entrou no quarto minha pele arrepiou mediante
a sua presença. Não era só ele o afetado pelo tempo sem toques mais
íntimos, a volta da libido agora me cobrava pela abstinência. Eu queria e
estava disposta a ser possuída por Hassan sem reservas.
Ela estava frágil, dormia pouco e quando o fazia sonhava com o pai.
A alimentação também seguia ruim, estava pálida, a pele parecia ter perdido
o viço, ela era a mesma, mas sem o brilho e a força que me fascinavam. E
isso abriu uma fissura na porra do meu psicológico, até mesmo no
emocional. Fui instruído para criar grandes lacunas, entre os negócios e os
sentimentos, a razão deveria dominar qualquer emoção, SEMPRE! Quando
a emoção se apossou do meu racional, houve consequências, das quais não
desejava que se repetissem. Tentei passar conforto, ao mesmo tempo que
me podava.
Demandou muito controle e bom senso para que não houvesse uma
investida sexual da minha parte. Se antes eu desejava Safira, após ter tido
seu corpo o tesão triplicou. Qualquer pedaço de pele mais exposta, um
toque furtivo durante a noite quando me abraçava à procura de acalanto, eu
me via como um animal irracional, louco para abrandar seu sofrimento com
sexo, afinal era tudo que eu poderia oferecer, paixão, tesão. E como se a
vida quisesse me foder, logo que Sid Khalil teve alta, apareceu essa
demanda em Curitiba.
— Senhor Yasin, sua esposa pediu que lhe entregasse esse bilhete.
Ah, Princesinha...
— Não quero ninguém circulando na casa Marta, NINGUÉM.
— Não, senhor.
apenas pelas luzes de algumas velas, a vi. A imagem sensual, lúbrica, que
jamais sairia da minha mente. Os cabelos castanhos mais esclarecidos ao
longo do comprimento desciam pelas costas nuas. A silhueta perfeita ficava
em evidência com a forma curva do estofado, de bruços, a bunda
voluptuosa que tanto gostava ganhava destaque. A calcinha pequena com
tiras, de algum material semelhante ao couro, fazia um contraste bonito a
sua pele alva. Quando meu olhar colidiu com o seu, foi que me perdi, as
duas safiras verdes me pediam para tomá-la. De todo o seu corpo, foram
seus olhos o que mais me excitou, neles havia entrega, paixão, eram únicos,
eram dela.
— Sabe o que faz comigo ver sua boceta tão molhada, escorrendo,
a ponto de marcar o estofado? – O dedo que antes apenas brincava na
superfície se afundou e eu gemi. — Não sabe como é malditamente bom
saber que também sentiu falta esse ponto.
— Oooohhhh!
— Aaaahhhh!
Outro som gutural saiu de sua boca e Hassan inundou o meu canal.
Tremendo sobre mim, me apertando. Estava tão abalado quanto eu, pois
sentia a sua respiração arfante, o coração acelerado. Se remexeu dentro de
mim ainda duro, o que me surpreendeu. Bismillah! Ele havia acabado de
gozar!
Sem que fosse preciso guiá-lo, seu pau novamente encontrou o meu
canal. Naquela posição tudo era mais intenso, ver os olhos ambarinos
cobertos por cílios grossos, passava a sensação de que enquanto seu corpo
possuía o meu, seus olhos possuíam minha alma. Temendo por minhas
barreiras se romperem, o trouxe para mim, a fim de beijá-lo, rompendo
assim o contato visual. Hassan parecia ter notado minha fraca estratégia e
findou o beijo se afastando, a mão veio até minha garganta me obrigando a
vê-lo me possuir. Como provocação rebolou esfregando a pélvis em meu
clitóris, gemi com o contato bem-vindo.
— Ai! Ai!
— Hassan!
— Eu sei...
Disse se jogando na cama após ter gozado pela... Não sei precisar
quantas vezes.
Me remexi na cama.
— Não achei que fosse possível. Quero dizer, pensei que fosse um
mito.
— Saia daqui!
— Desculpa cara...
— Saia porra!
— Não ria, Safira. Aquele filho da puta deveria ter batido na porta.
Ele quase viu seus peitos!
A forma como disse a última frase deixou evidente que a ideia de ter
meu corpo exposto a outro homem era algo que repudiava.
— Não fale como se ele fosse o único errado aqui Hassan. – Disse
enquanto me afastava.
— Vai seguir com essa cara amarrada? São só quinze dias, Hassan!
Com os dedos apertou a junção dos olhos.
— Onde vamos?
— Não é isso, Hassan. É que acho que não irá gostar. O lugar onde
eu vou não é o tipo de lugar que está habituado a frequentar. É algo
totalmente fora da nossa realidade. – Bufei com a insistência. — Vou à
África.
— África?
— Exato.
É claro que ele sabia! Desde meu encontro com Júlio após nosso
jantar de noivado, Hassan vigiava cada passo meu.
— Sabia das Missões?
— Não. Mas como não ficará conosco durante o voo, se quiser pode
aguardar lá. Eles marcaram às 08:00 somente para que os que
habitualmente se atrasam, não conseguirem o feito.
— Vou ficar. Vou de primeira classe, com 1,97 não tem a mínima
condição de viajar na econômica, mas salvo isso, ficarei do seu lado. Além
do mais, não tenho vergonha do meu dinheiro, trabalho muito para que se
multiplique.
— Kanuni!
— Simba...
— Senhora Yasin.
— Sim.
sua presença.
— Safira...
Caleb pode ser um pai e marido negligente, mas pelo menos sempre domou
seus sentimentos.
— Eu te criei para ser forte, Hassan. Para ser maior que seu pai, para
vencê-lo em seu próprio jogo. E acha que vai conseguir isso caindo de
amores por Safira? Seu pai falta erguer um altar em homenagem a garota.
Ponha em sua cabeça, você será maior que Caleb. O filho que negligenciou
alcançará tudo que ele almejou. Tudo está encaminhado, a holding é só o
início dessa concretização.
Daí vinha minha ligação com Jamil, o filho da empregada dois anos
mais velho que eu, o garoto pobre que por várias vezes me peguei
invejando. Jamil era quem tornava meus castigos na dispensa mais
suportáveis. No início rejeitei sua aproximação, não queria ninguém com
pena de mim, odiava ver os olhares dos empregados sobre mim. Eu seria o
novo sultão, o homem mais poderoso da família Kassab Yasin, enfim daria
orgulho a minha mãe. Pobre garoto com a cabeça fodida!
— Você parece tanto com ele, essa altivez mesmo quando está nesse
estado... nunca perca isso, meu pequeno sultão. Eu estou apenas o
moldando, Hassan. Para ser forte, não se quebrar facilmente, agora vá tomar
um banho.
Minha mãe sempre me ensinou que ninguém fazia ou dava algo sem
esperar nada em troca. Aquilo podia ser alguma armadilha.
— Mas não estou te ajudando! É que minha mãe fez muito tabule,
eu não quero comer tudo sozinho, mas se não comer ela vai brigar comigo.
Não tem ninguém aqui, você poderia me ajudar?
Quando conheci Pam, não foi diferente, ela passava com o pai o
mesmo que eu havia passado com minha mãe. O filho da puta batia nela e
nas irmãs. Tinha apenas dezessete anos, e eu vinte e um, me encantei com
sua beleza virginal. E o fato de ter vivido algo semelhante ao que vivi, me
fez criar um instinto de proteção. Fui o seu primeiro homem, e quando vi
estava obcecado por Pâmela, ao ponto de enfrentar Lâmia.
Foi ele quem corrompera Lúcifer, e foi ele quem corrompeu Pam.
Aos poucos fui notando como Pâmela se deslumbrava com os lugares que a
levava, com as pessoas as quem a apresentava. Após ler algumas matérias
de ex namoradas minhas, colocou em sua cabeça que tinha de ser modelo.
Pâmela possuía pré-requisitos para isso, a começar pela altura, beleza, e
findar em sua fotogenia. Pâmela seguiu à risca uma dieta pouco
recomendável e conseguiu chegar aos 55 quilos com quase 1,80 de altura.
Não foi difícil alcançar o sucesso, logo participava dos círculos mais
fechados, não mais por minha influência. Até que conheceu Júlio, o
fotografo que alavancou sua carreira, seu amigo... Sorrio ao lembrar o
quanto fui idiota. Júlio foi quem nos incitou a consumirmos drogas pesadas.
Não mentirei dizendo que nunca havia feito uso de drogas ilícitas, mas até
então nenhuma me causara tamanha dependência quanto as que ele vendia.
Júlio tinha ligação direta com um traficante colombiano, que trazia uma
mercadoria mais refinada. Havia fila de espera por seu material.
Pâmela chorava, me pedia para ficar, até que alegou não se sentir
bem, não era a primeira vez que fingia estar pior do que realmente estava. A
ignorei, a deixando em meu apartamento. Ela não mentiu, não daquela vez.
Safira... Analisando minha vida até aqui, pude ver como éramos
distintos. Havia um abismo entre nós dois, a começar por essa viagem.
Safira mediante as câmeras, entrevistas ou em ambientes que exigiam sua
exposição, mostrava apenas um lado, aquele lado raso de sorrisos ensaiados
e palavras calculadas. Mas eu estava saindo do raso, mergulhando e me
perdendo em sua profundidade.
— Safira...
— Não fale assim de Zion, ele é uma boa pessoa. Assim vou
acreditar que está com ciúmes, Sultão.
Nos dias que se seguiram em Goma, cidade do país que nos recebia,
tudo aconteceu de forma natural e tranquila. Ficávamos em acampamentos,
o dia era longo, e no final dele tudo que queríamos fazer era dormir. A
situação em que aquelas crianças e mulheres se encontravam eram
péssimas.
Safira era muito querida por aqui, e ficava cada vez mais evidente o
encantamento de Zion por ela. Agora mesmo estava retirando fotos de
Safira, que trançava os cabelos de uma das meninas, enquanto outra
criança, um pouco mais velha, trançava os seus.
— Vim ver por que meu ajudante demorava tanto. Está admirando a
beleza da sua esposa.
Sorri com a informação, então era por isso que desconversava toda
vez que perguntava o significado da palavra. Voltei os olhos para o homem
que ainda fotografava minha mulher, eu parecia alheia a tudo.
— Não precisa ficar com essa ruga. Eles são bons amigos,
ensaiaram um romance, mas os dois vivem nessa correria. Não deu certo.
— Njemba!
— Estou.
Safira não sabia que já senti fome a ponto de meu estômago doer,
que muitas vezes fiquei preso em um cubículo, sentindo o odor, pisando em
minha própria urina. Contrariando todas minhas conjecturas, de alguma
forma estava me sentindo bem em estar ali.
— Bismillah!
— Presidencial, Sultão?
— Estou...
— Não pense. Sabe que mesmo se déssemos toda nossa fortuna, não
resolveria o problema.
— Sei...
“Garotos bons vão para o céu, mas os maus trazem o céu até você.”
— Mashallah...
Não havia nenhuma sugestão de lingerie, então optei por não usar.
Havia lavado meus cabelos no banho que tomei antes de dormir, os
deixando secar naturalmente, estavam bem volumosos já que dormi com
eles soltos e ainda úmidos. Optei por usar apenas uma tiara fina para deixar
meu rosto livre, assim ganhei tempo para produzir mais a maquiagem.
— É perfeita.
— Por quê? Não dói tanto assim, o único problema é que vicia.
— Naaão!
— Fechado.
Nós fomos tatuados ao mesmo tempo, mas não nos vimos, ambos
em boxes diferentes separados pela cortina preta. Minha tatuagem acabara
primeiro, era pequena, mas com um significado importante para mim.
Quando enfim terminou, apareceu diante de mim com o tronco nu. -
Ofeguei dando um passo para trás, digerindo a importância que aquilo
poderia ter. - No peito esquerdo com a grafia que se assemelhava ao
alfabeto árabe, a palavra Kanuni.
— Você me traz paz, habibti. É a melhor escolha que fiz para minha
vida.
Ele não iria fazer o que eu estava pensando... Não comigo aqui
exposta, para que todos vissem em meu rosto o resultado de suas
habilidades. Tentei me esquivar, mas segurou minhas pernas.
Jogando minha perna direita sobre seu ombro, abocanhou meu sexo,
me fazendo gemer em plena Las Vegas Boulevard. Hassan beijava minha
boceta com uma calma e destreza delirantes, me levando à borda, mas sem
me dar o alívio que meu corpo pedia. A língua percorria toda extensão do
meu sexo, somente para repousar sobre meu clitóris e bater nele. Mente e
corpo duelando entre sentir o prazer, e escondê-lo. Quando enfim achei que
terminaria com a tortura, Hassan interrompeu o ato. Ainda estava aturdida
ao notar seu corpo se erguendo. Chiei quando senti o pau duro, nu, atrás de
mim. Ele havia retirado as calças.
Hassan desceu uma das mãos, apenas para guiar o mastro grosso até
minha entrada.
— Eu quero você inteiro, nós dois nus, lá dentro, nos tocando, nos
beijando.
— Ooohhh...
— Eu te amo, Sultão...
— Aaahh...
— Caralho...
Depois da loucura na limusine, nós dois fizemos amor no hotel,
desfrutando cada detalhe um do outro. Não houve as palavras obscenas de
costume seu, apenas nossos gemidos, bocas, olhos nos olhos, o encontro de
nossos sexos, reverência e paixão, carinho e pegada, um querendo fazer
morada no outro. Hassan ressonava enquanto eu acarinhava seu cabelo, mas
pude ouvir perfeitamente.
— Eu te amo, Princesa.
Diga-me como é estar aí em cima
— Júlio, eu não...
— Bismillah!
— Um milhão, em dólares.
— Cabe a mim ter que acreditar em você, ou viver com medo de ser
exposta.
Sai batendo a porta, perdida, sem saber como lidar com aquela
chantagem.
Sai com tremores percorrendo meu corpo. Assim que entrei no carro
liguei para Zoé, explicando toda situação.
— Como pôde?
— Não, não preciso. – Se levantou vindo até mim. – Acho que não
há muito o que dizer, Safira.
Sem pensar duas vezes avancei sobre ele lançando socos. A fúria me
varrendo, a mágoa, o rancor. Arranhei seu rosto e seu peito.
Como sabia que vinha vendo Júlio? Eu estava sendo tão cautelosa.
— Não!
— Porque senti vergonha. Sei que era uma mulher livre na época, e
não fiz nada de errado. Mas quem visse as fotos com certeza julgaria a filha
de Sid Khalil como uma mulher de caráter pobre. Porque é assim que uma
mulher se sente quando tem sua intimidade exposta contra sua vontade, ela
sente medo. Mesmo sendo ela a vítima, ela se sente mal, se sente usada, até
mesmo culpada.
— Habibti...
Dei um passo para trás impondo distância. Ele poderia se
equivocado quanto a mim. Mas eu sei muito bem o que vi.
— Não foi assim, porra! Não foi! Hoje seria a primeira vez que...
Como se algo lhe viesse à mente, Hassan andou até Pam segurando
seu braço, erguendo seu corpo com facilidade.
Havia algo fora do lugar, uma peça faltando para encaixar o quebra-
cabeças.
— Minha mãe.
Passei as mãos pelos cabelos, nervosa, ela era amiga de meu pai e se
contasse a ele...
— Meu ab... Ele não pode sofrer uma decepção. Se ele achar que fiz
isso...
— Ela não vai dizer nada. Lâmia não faria isso a Sid Khalil. Você
está gelada. Vamos, habibti. Vamos para casa, lá nós...
— Como descobriu?
— Filho da puta!
— Olhe para mim, habibti. Não vai ter divórcio, muito menos
anulação. Estamos casados, e vamos permanecer assim. Eu te ...
— É verdade. Você não pode alegar coação, você aceitou casar com
ele, em Las Vegas. Lembra?
As palavras jogadas me acertaram como uma bofetada no rosto.
Olhei para Hassan, as vistas já nubladas pelas lágrimas que vinham, junto
com a realidade.
— Não, não! Não foi desse modo. Não foi pela holding, acredite em
mim. Foi por você, eu tive medo, medo de não poder dar o que desejava. De
não ser o suficiente ao arranjo que tínhamos, quando eu já estava...
— Zoé...
— Não estou!
— Então foi...
— Eu acredito em você.
— Ele ou ela estaria com oito anos. Consegue imaginar um filho
nosso?
— Você a ama?
— Amo.
— Que proposta?
ultrapassado.
Embaixo da fachada de dama distinta e frágil, Lâmia possuía um
alto nível de corrupção. Tinha seus informantes, seus contatos, e algumas
pessoas no bolso.
— Habibti...
— Eu vou foder sua boceta, Safira. Vai gozar até seu líquido
escorrer deixando seu cu molhado. Hoje Princesinha, eu vou comer seu cu.
— Só seja cuidadoso.
Ah essa entrega... Beijei seu ombro, em seguida guiei a piroca até a
bocetinha molhada que me abraçou. Ergui uma de suas pernas, deixando
seu sexo no ângulo perfeito, e enterrei bem fundo em seu canal.
— Aaah...
— Hassan!
Murmurou languida.
Aos poucos seu rabo foi engolindo todo meu comprimento, levando
nós dois a loucura. Safira estava relaxada, e vez ou outra rebolava buscando
seu prazer. O que entendi como carta branca para ser mais exigente em
meus movimentos.
— Ai, ai!
— Fique de quatro.
Abri sua bunda tendo a vista da dilatação de seu canal que há pouco
me abrigara. Abaixo os lábios vermelhos e inchados de seu sexo, coberto
com o brilho de sua excitação. Olhei para o frasco de lubrificante notando
que seria desnecessário.
— Que visão...
— D- Devagar...
— Não consigo, não com você gemendo assim, piscando assim. Seu
corpo gosta da sodomização, Princesinha...
— Me beije, Safira
— Oooohhh...
— Hassan...
Exigia! Estar ali significava que minha história com Safira não
havia dado certo. Que Lâmia tinha razão, as pessoas se aproximavam
apenas em troca de algo. Safira foi obrigada a estar comigo, de início o sexo
a contagiou, mas agora... Agora voltava para os braços do homem que
amava.
Caminhei até o quarto. Pâmela retirou toda minha roupa, beijando
meu corpo, esfregando o corpo no meu. Quando colocou a mão dentro de
minha cueca, notou meu pau flácido.
Depois de tudo que foi dito e feito, sabia que Safira não me
perdoaria tão facilmente. Ela achava mesmo que nosso casamento em Las
Vegas havia sido feito apenas para legitimar o anterior, na tentativa de
blindar a Holding. Não foi... Quando passamos aqueles dias na África, eu
tive o prazer de conhecer Safira por inteiro. Vi o quanto Zion possuía um
interesse genuíno nela. Ele era um homem bom, ambos tinham muito em
comum, e pela primeira vez na vida me senti inseguro. Quando Rei me
parabenizou pela tacada de mestre quando voltei ao Brasil, deixei que
pensasse que aquele era o real motivo, mas não era. Eu só queria cercar
Safira para que nunca me abandonasse.
Minha entrada não foi barrada, com certeza Safira não falaria nada
para os pais tentando manter Khalil alheio à situação. Quando atravessei o
portão da mansão, vi meu pai, Lâmia e Khalil sentados, conversando. Me
dirigi até eles.
— Mahabra!
— Safira está?
— Safira está com Zoe, acabei de falar com ela pelo telefone, está
bem. – Ísis saiu da casa, alarmada com a gritaria. – Mas por que a
comoção?
— Seria sim! Foi capaz de torturar seu próprio filho por anos,
dizendo que assim me faria forte. Eu tinha quatro anos, quatro anos!
Quando me trancou naquela dispensa, me deixando horas sem me
alimentar, ou ir ao banheiro. Tinha que ficar trancado sobre meus próprios
dejetos, de pé. Isso se estendeu por anos, até ter tamanho o suficiente para
enfrentá-la.
— Lâmia... Por que fazia isso? Hassan era seu filho. – Khalil a
questionou, os olhos exalando repúdio.
— Mas não era seu, Khalil. – Estava abalada, sabia que nutria uma
imensa devoção por Sid Khalil. — Por culpa de Caleb e dessa vagabunda,
você desistiu de nosso casamento. Eu o amava, ainda o amo.
— Está me dizendo que maltratava Hassan por que era meu filho? A
sua metade na participação da criação você simplesmente excluiu, por se
tratar de um filho meu. Que espécie de mulher é você?
— Não se julgue melhor do que eu. Era um pai tão atento que não
notava o que acontecia a seu filho embaixo do seu nariz. Você vivia para
sua empresa, Hassan nunca foi prioridade em sua vida.
— Nunca tive esse desejo. – Fui sincero, tinha medo de por uma
criança no mundo e ser um pai tão ruim quanto meus pais foram. Mas
queria criar todos os laços possíveis com Safira.
— Por quê?
— Isso é um sim?
— Lâmia...
Que porra era aquela? Olhei para meu pai, que em momento
nenhum negou a informação.
— Ísis se apaixonou por mim, assim como eu por ela. Sumiu após o
desaparecimento de Caio e quando a reencontrei, ela me contou tudo. De
início fiquei com raiva de Caleb, mas depois vi que tinha me presenteado.
Eu não amava Lâmia, nunca a amei. E descobrir o que descobri hoje, só me
deixa aliviado pela interferência de meu amigo.
— Oitenta e quatro.
— Aaahh! Desgraçada!
— Para mim não mudará em nada, Jamil. Você sempre foi um irmão
para mim.
— Marta!
A QUEDA DO SULTÃO
— Diga a sua cliente que eu não achava que covardia fazia parte de
seu caráter. Diga que só aceito qualquer coisa relacionado a ela, vindo da
própria.
A porta do quarto foi aberta, e somente uma pessoa faria isso sem
ter ordens minhas, na verdade duas, mas a outra não estava aqui. Caleb
olhou para a mesa com total desgosto.
— É assim que pretende recuperar sua mulher? Se acabando em
álcool e drogas?
— Porque ela estava feliz. Então fiz a primeira coisa descente por
ela. A deixei livre. O que nos leva a outra questão. Escute, Hassan. Eu sei
onde Safira está.
— Safira!
— Olá, Dario.
— Você engordou?
Revirei os olhos.
— Desembucha, Pâmela.
— Olha, eu vou dizer tudo de uma vez, porque acho que devo. Ele
não queria estar ali, me disse que a amava. Ele não me deixou beijá-lo, e
brochou. Hassan brochou! E olha pra mim. Que homem brocharia comigo?
— Ei! Você acha mesmo que Hassan, com aquele ego maior que o
próprio pau. Porque linda, vamos combinar. – Gargalhou, mas se recompôs
quando notou minha ausência de humor. – Enfim, você acha que Hassan me
mandaria aqui só para dizer que brochou? Nunca! – Interrompeu sua fala
me analisando. — Falando sério, Safira. Eu errei com ele uma vez, quando
me envolvi com Júlio. Eu me deslumbrei. Júlio me disse que me
apresentaria aos contatos certos, prometeu tudo que eu queria ouvir. Enfim,
o traí. E depois passei a odiar Hassan por algo que só depois descobri não
ser culpado. Hassan estava feliz com você e eu quis provar para mim
mesma que você era só mais uma. Que eu ainda seria a única que havia
dominado seus pensamentos. Que ele não mudaria por ninguém, já que não
o fez por mim.
— Filha, há algo que preciso te contar, que só não disse antes por
que sabia que precisava oxigenar.
— Por que ainda não assinou os papéis, Safira? Já faz cinco dias.
Entrei em contato com seu advogado e soube que ainda não havia assinado.
— Eu esperei por quase cinco meses, Sultão. Cinco dias parece bem
razoável para mim.
— Senti sua falta, Safira. Bismillah! Senti falta do seu cheiro, da sua
risada, do som de sua voz. Senti falta de você toda. Não sabe a miséria que
me deixou. Como eu estou nesse exato momento tremendo, com as mãos
suadas, na maior crise de abstinência que já tive na vida. – Fez uma pausa
puxando o ar. — Eu descobri que te amo, Princesinha. E quando assinei os
papéis, foi pensando em te dar a mesma sensação de liberdade que sentiu
quando nos casamos pela segunda vez.
— Hassan... Solucei.
— É uma menina.
— Mas sou eu quem vou ser a nova CEO das empresas. Meu ab' já
deixou.
Sorri com a certeza passada na última frase. Aos seus noves anos
Hanna, era determinada, e não tinha dúvidas do que queria. Ser a nova CEO
da Holding Yadhafi.
— É mesmo? E se Àsafe ou Iasmin, desejarem ser executivos.
Abracei minha mulher por trás, beijando seu pescoço. Safira aos
seus trinta e quatro anos, estava ainda mais linda.
— Escutando atrás da porta Sultão?
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O BEBÊ DO GROSSEIRÃO
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Paulo.
LUXÚRIA
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Luxúria é o segundo livro da Série Pecados Capitais, e por tratar do
pecado da lascívia é altamente erótico.
cólera
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[1]
sigla para boca virgem, gíria comum entre adolescentes para que nunca beijou.
[2]
Oh meu Deus
[3]
Princesa
[4]
[5]
Nunca
[6]
Abelha rainha
[7]
Papai
[8]
Olá, Oi
[9]
Adeus
[10]
Senhor (pronome de tratamento)
[11]
Sim, sim.
[12]
Bebida típica árabe, usada para comemorações e reconciliações.
[13]
Não
[14]
Sim de modo formal. Equipara-se a um Sim senhor.
[15]
Merda!
[16]
Vamos! Ande logo!
[17]
Obrigada
[18]
São Marun, foi um monge sírico-cristão do século V, o qual ficou mais conhecido após
a sua morte por um movimento cristão que viria a ser conhecido como Maronitas. Por esta razão, é
considerado o fundador de uma Igreja católica oriental sui iuris, a Igreja Maronita. Marun, um amigo
de São João Crisóstomo, foi também conhecido por seus trabalhos como missionário e suas técnicas
de devoção a Deus.
[19]
Te amo papai
[20]
Obrigada
[21]
amor, querida
[22]
Querida
[23]
segundo a psicologia, é uma atitude de autoritarismo por parte de um indivíduo que, ao
receber um poder, usa de forma absoluta e imperativa sem se preocupar com as consequências e
problemas periféricos que possa vir a ocasionar.
[24]
Você está linda.
[25]
Obrigada
[26]
Te amo, minha princesa.
amo Papai
[27]
[28]
Bismillah Que Deus me ajude!
[29]
Mafi Mushkila Sem problemas; Relaxe
[30]
Que merda
[31]
Não
[32]
Benza Deus
[33]
medo de germes
[34]
Que bosta!
[35]
minha querida
[36]
mulher fatal
[37]
Não, minha querida.
[38]
Como posso dizer?
[39]
Sim
[40]
Adeus, minha bela.
[41]
Adeus, meu amor.
[42]
Comédia romântica estrelada por Cameron Diaz e Ashton Kutcher
[43]
Cobra
[44]
Que merda
[45]
a menina boa ficou má
[46]
Bem-vinda
[47]
cavalo
[48]
Sim
[49]
Principal avenida de Las Vegas
[50]
Modus operandi é uma expressão em latim que significa "modo de operação". Utilizada
para designar uma maneira de agir, operar ou executar uma atividade seguindo geralmente os
mesmos procedimentos