PERIGOSAS

Um Amor de
Presente
MGAmaro

NACIONAIS - ACHERON
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a autorização por escrito do Autor.

Esta é uma obra de ficção. Nomes,

personagens, lugares e acontecimentos descritos
são produtos da imaginação da autora. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos
reais, é mera coincidência.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia

da Língua Portuguesa.

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É proibido o armazenamento e/ou a

reprodução de qualquer parte dessa obra, através de
quaisquer meios —tangível ou intangível —sem o
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consentimento escrito da autora.

Edição Digital | Criado no Brasil.

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Um – O Inesperado.
Desligo meu computador e olho para o tempo
através das janelas de vidro do meu escritório. O
tempo estava ficando cada vez mais escuro, então
eu teria que correr para chegar a tempo ao shopping
para comprar os presentes dos meus pequenos.
Faltava um dia para a véspera de Natal e eu estava
atrasada novamente com os meus afazeres.

Sou simplesmente inacreditável!

Eu teria que comprar os presentes das

crianças do orfanato, ajudar Antonella a organizar o
salão para o jantar do dia vinte e quatro e ainda
comprar os presentes para os meus parentes. E é
claro, escolher o vestido de gala para o jantar.
Como irei fazer isso?

Penso em ligar para Antonella e pedir sua

ajuda, mas a pobre coitada já deve estar ocupada
demais com os preparativos para amanhã. Sorrio ao
lembrar de como aquela adorável madre se
transforma quando chega a época festiva.
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Antonella cuidou de mim desde que fui

deixada na porta do seu orfanato e me acolheu
como uma filha. Mesmo depois de ser adotada, eu
continuei a visitando quase todos os dias, exceto
quando eu estava morrendo com os trabalhos da
faculdade e o estágio. Mas fora isso, eu amava ir ao
orfanato. As crianças eram tão fofas e lindas, e
mesmo sendo abandonadas pelos pais, nunca
perderam as esperanças. Eu adoraria poder adotá-
las. Contudo, eram muitas crianças, seria
impossível poder cuidar de cada uma.

Saio da minha sala vestindo meu sobretudo e

tentando equilibrar a minha bolsa ao mesmo tempo.
Minhas botas de salto agulha dificultavam ainda
mais o meu equilíbrio, ou a falta dele.

— Tchau Ruth — falo ao passarem pela

recepcionista — Tenha um Feliz Natal.

— Você também Lott!

Olho para o vento lá fora e fico me

perguntando o porquê de não ter vestido uma roupa
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um pouco mais quente. A neve estava um pouco

mais densa agora, deveria estar um frio de cortar. E
logo hoje eu peguei uma carona com Enzo. Estou
ferrada!

Ao sair do edifício quentinho noto que as

ruas de Seattle estão cobertas por neve. Geralmente
as nevascas na cidade são raras, mas ao que parece
este ano foi um bom momento para que tudo
ficasse branco.

Olho para os lados antes de atravessar a rua e

seguir em direção ao shopping mais próximo. Eu
estava com meus pensamentos longe, na verdade,
faz tempo que estou meio aérea.

Desde que Enzo retornou da Itália estou

assim. Ele voltou há pouco menos de dois anos, por
conta da sua residência aqui na cidade. Agora,
Enzo era pediatra no hospital central, e seu trabalho
exigia muito de seu tempo. Mas nem isso era capaz
de nos separar.

Éramos melhores amigos.

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Enzo é sobrinho de Antonella, filho do irmão

mais velho. Como ele adorava brincar, Nella o
convidava para ir ao orfanato todos os dias. Mas
muitas coisas aconteceram depois disso. Eu fui
adotada por um casal maravilhoso que me deu um
lar e amor, e assim a minha vida mudou
drasticamente.

Ficamos quatro anos separados, devido os

estudos, e é claro o trabalho. Mas quando nos
reencontramos, um sentimento antes guardado
parece ter florescido novamente. Eu apenas teria
que me controlar e não parecer uma boba.

Continuo com meus pensamentos felizes

enquanto caminho em direção ao shopping. Sempre
alheia ao mundo há minha volta. Ando olhando
sempre para o chão e tomando cuidado para não
escorregar no meio da avenida. Isso seria um mico!

Mas é numa dessas horas, que estou

contornando uma poça de água congelada que
escuto o chorinho doloroso. Meu coração dispara
no mesmo instante.

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Jogado a poucos metros de onde eu estava,

havia um manto rosa caído no meio fio. As pessoas
passavam e nem prestavam a atenção, sempre
muito preocupados com seus smartphones!

Me aproximo do pacotinho e o desenrolo.

Uma mulher passa por mim e me xinga por estar
parada no meio do fluxo de pessoas, mas não lhe
dou atenção. Desembrulho o pequeno manto e
quase o deixo cair novamente.

Um bebê!

Deus! Até aonde vai a crueldade humana? É

um recém nascido, eu sei disso pois muitos são
deixados na porta do orfanato da Antonella.

Seu rostinho está gelado e as bochechas estão

queimadas pelo frio e a respiração está lenta. Oh
Deus eu preciso ajudá-lo!

Viro para a rua e aceno para um táxi, que

imediatamente freia com tudo na rua congelada.
Entro no mesmo e peço para que o motorista siga
para o hospital local. O cara arranca com tudo, e ao
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meu pedido ele vai rápido.

Sentada com o pequeno bebê em meu colo,

aproveito e retiro meu sobretudo quentinho e
envolvo a criança nele.

Meu Deus! Ele estava apenas com a

mantinha fina rosa cobrindo seu corpinho frágil.

Respiro fundo e olho melhor para o seu

pequeno rosto. Ele parece dormir profundamente,
alheio ao mundo cruel a sua volta. Um ser tão
inocente e puro.

As lágrimas começam a formar em meus

olhos, mas seguro meu choro. Primeiro, preciso que
a criança seja examinada e depois, só depois, irei
investigar o que pode ter acontecido a ele.

O caminho até o hospital local parece ser

uma eternidade, eu estava quase pedindo para
descer e continuar a pé quando o motorista para o
táxi em frente ao hospital.

Graças a Deus!
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Saio do táxi e tento ao máximo passar

despercebida. Se alguém ver o bebê, com certeza
irá questionar, e então poderiam acionar uma
assistente social. E eu não queria um problema
desses a essa altura do campeonato.

— Charlotte, que surpresa você por aqui. —

Sou parada na recepção e dou graças a Deus por ser
apenas Lucélia.

— Boa noite Lu, o Enzo ainda está aí? Eu

preciso falar com ele.

Sim, Enzo! Ele poderia me ajudar e cuidar do

pacotinho em meus braços. O bebê nem se mexe e
eu já estou ficando preocupada.

— Deixe-me ver querida — Ela olha para o

seu computador, provavelmente checando a escala
de Enzo.

Foram segundos, mas para mim pareceu uma

eternidade! Eu já estava a ponto de entrar correndo
em busca de Enzo, quando Lu sorri e me diz que
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Enzo está saindo da sala cirúrgica, mas que eu

poderia esperá-lo na sala dele.

Caminho em direção ao corredor deserto,

sempre mantendo o pacotinho aquecido com meu
sobretudo. Meus braços estavam doloridos de tanto
segurá-lo forte. Pobrezinho! Tão Pequeno e já está
passando por tanta coisa!

Olho para as portas fechadas, até que paro

em frente a uma porta de madeira com adesivos de
ursinhos na porta. Isso era fofo, a cara do Enzo.

Abro a porta e entro no seu consultório. Tudo

cheira a álcool e desinfetante. O odor é horrível, e
faz com que eu me sinta doente, exceto pelos
móveis que decoram o ambiente. A cama encostada
na parede tem um plástico em cima estampado de
ursinhos. As paredes são pintadas de azul e com
diversos ursinhos espalhados por elas. É tão fofo!
Isso ajuda a distrair as crianças que entram ali e
morrem de medo de agulha, assim como eu.

Deito o pacotinho em cima da cama gelada e

retiro o sobretudo do seu rostinho gordinho. Ele
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está dormindo, mas quando seu pequeno nariz entra

em contato com o ar gelado, o pequeno solta um
espirro. Verifico se o bebê não está com febre e
quando minha mão toca sua pequena testa, ele abre
os olhos.

Seus olhos são de um azul escuro. Como uma

piscina a noite. Ele parece olhar para dentro de
minha alma, e ali, naquele segundo, eu soube que
não poderia ficar sem o pequeno. Não poderia
deixar uma criança como ele sozinha, ou nas mãos
de uma assistente social. Eu sabia como as coisas
funcionavam, e sei que não eram das melhores. Irei
conversar com Antonella! Ela poderá me ajudar.

Olho para o bebê e acaricio sua bochecha

gordinha. Tão lindo! Como alguém pode abandonar
um ser tão indefeso? Não entra na minha cabeça
como o ser humano pode ser tão cruel com as
crianças. Elas devem ser protegidas, cuidadas e
amadas.

— Você tem hora marcada? — Escuto a voz

grossa e rouca de Enzo atrás de mim e sorrio. Ele
não me reconheceu.
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— Olha, não tenho hora marcada. Mas tenho

certeza que um velho amigo pode quebrar um galho
para mim. — Sorrio e me viro para olhá-lo.

Enzo estava tão lindo em sua roupa de

médico! O traje lhe caia bem, e acredito que ele
tenha nascido para esta profissão.

— Lotte? O que faz aqui? — Enzo se

aproxima de mim e me surpreende com um abraço
apertado. — Está tudo bem? Você se machucou ou
está sentindo algo?

Ter amigo médico é chato! Qualquer

coisinha você está doente.

— Não sou eu que preciso de atendimento.

— Como um aviso, o pacotinho começa a chorar
alto, chamando a atenção de Enzo.

— O que aconteceu com esse pequeno? —

Enzo já está pegando o estetoscópio e colocando
sobre o peito do bebê.

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— Eu não sei. O encontrei na rua, jogado

sobre a neve fria usando só esse paninho rosa. —
Explico observando Enzo examinar o pequeno.

— Meu Deus Lotte! Ele é um recém nascido!

Vou precisar levá-lo para uma bateria de exames.

Não tenho tempo de dizer mais nada, pois

Enzo sai da sua sala carregando o bebê em seus
braços. Fico paralisada no mesmo lugar, rezando
para que tudo ocorra bem.

Oh merda! E se Enzo contatar uma assistente

social? Ou pior! E se o bebê fora roubado da
maternidade deste hospital?

Eu estava a ponto de entrar em desespero!

Não queria que nada acontecesse ao pacotinho. Ele
era tão pequeno e frágil!

Decido ligar para a minha mãe, as vezes ela

poderia me dar algum conselho ou me acalmar.
Teclo o número de seu telefone e no segundo toque
ela atende.

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— Charlotte? — Pergunta.

— Mamãe, preciso de um conselho — falo

baixinho — Eu estou no hospital, pois encontrei um
bebê jogado na rua. Então decidi trazê-lo para Enzo
examinar o pequeno. Mas agora estou com medo. E
se alguém fizer mau a ele? Ou pior! E se ele foi
tirado dos braços da mãe? — Falo tudo de uma vez.
Sem dar tempo para minha mãe perguntar o que
ocorreu.

— Filha se acalme! — murmura. — Qual

hospital você está? Estou indo para aí.

Rapidamente digo o nome do hospital e

desligo. Eu estava nervosa, tremendo de medo e a
ponto de ir atrás de Enzo.

Os minutos se passaram e nada de notícias.

Minha mãe deveria estar na recepção do hospital,
mas eu não sairia desta sala sem notícias do
pacotinho!

Eu já estava a ponto de ir atrás de Enzo,

quando o mesmo entrou pela porta, mas sozinho.
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— O que aconteceu? Onde está o pequeno?

— Pergunto, não escondendo o meu tom de
desespero.

Enzo olha para mim e sorri. Um sorriso

iluminado, o que acaba me deixando mais calma.

— Lotte... — Ele se aproxima de mim e

novamente me envolve em seus braços. — Fique
tranquila, o bebê está bem. Ele é mais forte do que
imaginávamos. Uma enfermeira o pegou para dar
um banho. Você não imagina a mentira que contei
para que Luzia não chamasse uma assistente social!

— Enzo...

— Querida, sua mãe está na recepção. Então,

sugiro que você vá para casa. Assim que o pequeno
tiver alta eu o levo para você.

Eu não posso ir embora. Não até ver o

pequeno!

— Eu não... — Enzo me corta novamente.

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— Eu já disse, ele está bem. Vá ou irei

chamar forças maiores para tirá-la daqui.

Não precisou de mais palavras. Pego minha

bolsa e sobretudo e beijo a bochecha de Enzo. Que
sorri e me diz que irá em casa mais tarde.

Ao sair do seu consultório, dou de cara com

minha mãe e a força maior: Antonella.

Ele me traiu! Enzo chamou Nella! Agora não

tem como escapar. Terei que enfrentar a fera, ou
melhor, as duas feras.

— Onde está o bebê Charlotte? — Minha

mãe pergunta. — Você veio trazer o bebê que me
falou ou foi para ver o...

— Mãe! — Coro com a insinuação.

Deus! Por que minha mãe tinha que dizer

essas coisas?

— Mio bambina! Enzo me ligou explicando

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a situação. Como foi que você encontrou o

pequeno?

— Ah madre, eu fiquei tão assustada! Ele

estava jogado na rua, na neve fria e sem qualquer
roupa!

Conto as duas como o encontrei, nunca

esquecendo do quão preocupante foi a situação.
Mas agora, eu estava mais tranquila, pois sei que o
pacotinho está em boas mãos.

— Enzo irá levá-lo para mim quando o

pequeno tiver alta. Então vou direto para casa —
falo sentindo o cansaço se apoderar de meu corpo.

— Lotte, onde estão suas compras? — Minha

mãe pergunta, e é então que me lembro que não
comprei absolutamente nada!

Meu queixo vai parar no chão. Oh merda!

Como pude esquecer dos presentes das crianças do
orfanato?

— Querida, amanhã você levanta cedo e faz

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tudo o que não conseguiu hoje. — Mamãe e seu

tom tranquilizador.

E ela tinha razão. Eu teria que ir às compras

amanhã, pois precisava comprar roupas para o
pacotinho.

“Pacotinho.” Esse apelido vai pegar!

Por hora, eu teria que me organizar. Minha

casa não estava preparada para a chegada de um
bebê. Mas em meu interior, eu sabia que não
poderia ficar sem aquele pequeno. Um instinto
protetor nascera em meu coração ao vê-lo jogado
na rua. E prometi a mim mesma que não iria
abandoná-lo.

Eu iria lutar com unhas e dentes por aquele

pequeno!

***

Eu estava dormindo no sofá quando a

campainha tocou. Fazia quase três horas que havia
deixado o hospital e Enzo não havia dado sinal de
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vida. Acredito ter enchido sua caixa de mensagens,

pois já estava irritada com seu sumiço.

Me levanto correndo e abro a porta, dando de

cara com um Enzo sorridente.

— Te acordei? — pergunta ao olhar para o

meu cabelo desgrenhado. — Eu iria trazê-lo só
amanhã, mas pensei que talvez você não fosse
dormir.

Ao escutar sua voz animada, meu sono se

dissipou imediatamente. Olho em seus braços o
pequeno bebê gordinho que dorme tranquilamente
ali. Sorrio e estico os braços para pegá-lo.

— Obrigada Enzo, não sei como te agradecer

— murmuro olhando para o pacotinho.

Ele tem uma aparência melhor agora. Sua

pele está corada e seu sono é tranquilo. Ele está
usando um macacão azul, igualmente a manta que o
cobre.

— Sua mãe passou lá no hospital, ela disse

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que você estava preocupada já que ele não tinha

roupas — Enzo fala colocando uma bolsa de bebê
em cima do meu sofá. — Sua mãe e a Tia Nella são
mais rápidas do que imaginávamos!

Dou risada da sua piada. Realmente,

Antonella e mamãe eram expert's em crianças.

— O que deu nos resultados? Está tudo certo

com o pacotinho?

Enzo faz uma careta ao escutar o apelido do

pequeno, mas não tenho culpa se o bebê não tem
nome.

— Sim, ele está bem. Por incrível que pareça

aquela manta o protegeu do frio. Apenas fique de
olho se ele tiver febre. Qualquer coisa você pode
me ligar.

— Obrigada Enzo — falo, mas não presto

atenção ao homem que está ao meu lado. Estou
focada no bebê, e tentando decidir um nome para
ele.

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São várias opções. Diversos nomes bonitos.

Até que um surge em minha mente.

Ele é perfeito!

— O que acha de Matteo? — Pergunto ao

Enzo, que me lança um olhar curioso. — O nome
para o bebê. Matteo soa bem, não acha?

— É bonito. Uma homenagem ao seu pai?

Sim, uma homenagem ao homem que me

adotou e cuidou de mim como sua filha.

Matteo, meu pequeno.

— Sim. — Sorrio.

Matteo dorme tranquilamente em meus

braços. A respiração lenta e calma de um sono
profundo. Tão lindo e delicado. Estou apaixonada
por meu pequeno.

Fico o observando encantada, e acabo me

esquecendo da presença de Enzo. Olho para ele e
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então percebo que dormiu. Coitado!

Estico minha em sua direção e toco seu rosto.

A barba por fazer faz cócegas na minha mão. Enzo
deve estar cansado, já que estava de plantão no
hospital, e isso é algo que exige várias horas sem
dormir.

— Enzo? — chamo, mas ele está desmaiado.

— ENZO! — falo mais alto, o assustado.

— O que aconteceu? — pergunta passando a

mão no rosto.

— Você dormiu — falo entre risadas — Vá

deitar na minha cama, já está tarde e não tem
problema. Assim você pode me ajudar caso
aconteça algo com Matteo.

— Ah é assim? Você só quer minha presença

por conta do bebê? —fala colocando a mão sobre o
peito, fingindo estar indignado

— Oque? Não! Só disse que você pode

dormir aqui hoje. Apenas isso meu caro amigo.
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Enzo e eu éramos amigos de longa data.

Muitas vezes Antonella me levava para brincar na
casa dos pais de Enzo. E acabávamos dormindo no
sofá juntos. Então, dormir na mesma cama não era
algo estranho para nós.

— Eu vou, mas é porque estou morrendo de

sono e gosto muito da sua cama. — Ele aponta para
mim e então segue em direção ao meu quarto.

Dou risada dele e o escuto xingar algo em

italiano lá do meu quarto. Enzo não tem jeito!

Me levanto do sofá e sigo para os meus

aposentos. Enzo está estirado no lado direito da
cama, de olhos fechados e os braços cruzados atrás
da cabeça.

— Sua cama é mais confortável que a minha,

sabe, estou pensando em roubá-la de você —
murmura sonolento.

— Faça isso e nunca mais irá ver a luz do

sol.
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Deito Matteo ao lado de Enzo. Deixo seu

corpinho virado de lado e então me deito ao seu
lado. Desligo o abajur e enfim posso dormir
tranquila sabendo que meu pacotinho está bem.

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Dois – A Véspera de Natal

Na manhã do dia vinte e quatro eu já
tinha uma longa lista de presentes. Levantei-
me cedo e com uma disposição para dar e
vender. Matteo acordou apenas uma vez na
noite, que foi para ser alimentado. Graças a
Antonella e mamãe eu consegui preparar uma
mamadeira para o pequeno.

Enzo estava desmaiado na minha cama,

mas da última vez que chequei Matteo, ele
estava agarrado com o bebê, que dormia
tranquilamente em seu peito. A cena era tão
fofa que não resisti e acabei tirando uma foto
dos dois. Algo que merecia ser recordado.

As dez em ponto, os dois dorminhocos

resolveram despertar. Matteo acordou com as
energias renovadas e até me deu um sorriso
banguela. Tão fofo!

Deixei uma mamadeira pronta para

Matteo que a sugou em minutos. Enzo
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também, parecia faminto. Ele comeu por dois e

ainda reclamou que estava ficando gordo.

Eu estava concentrada no meu

pacotinho, que me olhava atento enquanto
terminava de sugar sua mamadeira. Mas
quando Enzo me chamou, os grandes olhinhos
azuis se voltaram para ele. Observando Enzo
atentamente.

— Enzo, você vai hoje a noite? —

pergunto o lembrando da festa de hoje no
orfanato.

— Mas é claro — fala enquanto brinca

com Matteo. — Antonella me mataria se não
fosse. E outra, as princesas de lá precisam de
um príncipe como eu, não é?

Enzo dizia para as meninas do orfanato

que ele era o príncipe encantado delas. As
garotinhas ficavam animadas e sempre que ele
chegava lá, era só abraços e beijos para todos
os lados.

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— Convencido! — murmuro baixinho.

— Eu? — pergunta fingindo estar

ofendido. — Vai negar que não sou uma
maravilha? Fala sério Charlotte!

— Acordou piadista hoje? — Provoco.

Enzo me ignora e continua a brincar com

Matteo. E é neste momento que percebo que
parecemos uma família.

A ideia era agradável, mas Enzo me via

apenas como uma amiga. Apenas isso.

— Eu preciso fazer umas compras hoje

— falo quebrando o silêncio. — Não comprei
os presentes de Natal e nem um vestido. Fora
que meu pacotinho não tem uma roupinha
bonita para a ceia de hoje.

A ideia fazer compras com Matteo me

deixou animada. Fiquei imaginando o pequeno
em vários roupas das quais eu sempre vi nas
vitrines. Oh Deus, ele ficaria tão lindo!
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— Eu vou acompanhar vocês — fala

sem rodeios. — Você não vai conseguir
segurar várias sacolas e Matt ao mesmo tempo,
e eu também preciso comprar um presente.

Enzo tinha razão. Não teria como eu

carregar todas as sacolas enquanto segurava
Matteo. Eu estaria ferrada.

— Tudo bem, eu vou arrumar o pequeno

e também me arrumar — falo enquanto faço
Matteo arrotar.

— Ok, vou para casa tomar um banho e

trocar de roupa. Te vejo em vinte minutos? —
Pergunta se levantando.

— Claro!

Enzo vem a até e deixa um caloroso

beijo em minha bochecha. Depois deixa um
beijinho na cabeça de Matteo e se vai.

Tudo bem. Eu tenho apenas vinte

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minutos. Enzo não gosta de atrasos, e como

moramos no mesmo prédio, não haveria
desculpas para um.

Caminho em direção ao meu quarto e

vou até o banheiro. Deixo a banheira encher e
retorno para tirar a roupinha de Matteo.

Primeiro banho que irei dar nele, e estou

nervosa.

Procuro pela bolsa que Enzo trouxe e lá

encontro produtos para o banho do pequeno. É,
eu preciso dar um presente especial para
mamãe, Antonella e Enzo, pois os três estão de
parabéns.

Deito o pacotinho na cama e começo a

retirar a sua roupa. Tudo sob seu olhar atento.
Na hora de colocá-lo na banheira, tive medo de
escorregar e acabar o derrubando dentro da
água. A solução foi tomar banho junto com ele.

Acabou que nos dois fizemos uma

bagunça no banheiro, e ele me dava cada
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sorriso sonolento banguela tão lindo que acabei

ficando toda babona.

Quando eu estava terminando de colocar

o macacão em Matteo, Enzo entrou dentro do
quarto chamando por nós dois. A cena foi
vergonhosa, pois eu estava vestida apenas com
um roupão felpudo.

— Não posso acreditar que você ainda

está assim! — exclama ao me ver — Charlotte,
eu disse vinte minutos!

— Eu... — falo pegando Matteo em

meus braços. —... Você não pode falar assim
comigo! Até porque, a culpa do meu arraso é
desse pequeno aqui. Olhe só para esses
olhinhos azuis!

Enzo olha para Matteo, que o observa

atentamente fazendo um biquinho.
Imediatamente Enzo muda sua postura e fica
todo dengoso para o lado do bebê.

— Eu cuido dele, você se arruma. Não

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queremos nos atrasar mais, não é Matteo? —

Em resposta, meu pacotinho ri para ele.

É, parece que esses dois serão um perigo

na minha vida!

***

Eu já estava com meus pés doendo de

tanto andar. Praticamente comprei metade de
uma loja de brinquedos para as crianças do
orfanato e ainda faltavam as coisas para
Matteo.

Neste exato momento eu estava dentro

de um provador. Tentando escolher um vestido
para usar na ceia de hoje a noite.

Enzo ficou cuidando dele para mim, pois

ele insistiu que queria ficar com o pequeno. Os
dois estavam em um grude que nada poderia
separa-los.

Olho para os dois vestidos expostos na

minha frente e fico em dúvida. O vermelho me
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caiu bem, mas a cor era muito vibrante. Já o

vestido nude... Oh esse sim era perfeito!

Saio do provador para perguntar a

opinião de Enzo, quando olho para a cadeira de
espera. Ele simplesmente sumiu!

Merda!

Chamo uma vendedora e digo que irei

ficar com o vestido nude. Ela tenta insistir para
que eu compre mais coisas, como acessórios e
afins, mas consigo ser neutra.

Em cinco minutos eu consigo sair da loja

e de suas tentações, e estou em busca de Enzo
e Matt.

Ando praticamente pelo shopping inteiro

e não os acho. Estava quase ligando no celular
de Enzo (a escolha mais sensata) quando eu o
avisto.

Saindo de uma loja infantil, está Enzo

com um carrinho de bebê e várias sacolas com
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estampa da marca da loja. Matteo está em seus

braços, segurando um ursinho pequeno em
suas mãozinhas gordas.

Me aproximo dos dois boquiaberta.

O que diabos ele fez?

— Você tinha razão. — Enzo me olha

assustado. — O poder desses olhinhos são
inimagináveis! Eu não consegui resistir.

Fico em silêncio observando um homem

de quase dois metros de altura assustado com
um bebê de menos um mês de idade. Enzo era
inacreditável!

Não consigo segurar e começo a

gargalhar de seu assombro. Deus! Matteo
conquistava qualquer um com seu olhar de
bebê. Como pode?

— Não ria Charlotte! Ele dava risada

para tudo o que tinha na loja. Eu gastei metade
do meu cartão ali! — reclama.
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O ignoro e caminho para mais perto dele.

Pego Matteo em meus braços, tentando não rir
mais ainda de Enzo.

— Enzo, ele é apenas um bebê — falo na

maior cara de pau — Não tinha necessidade de
tudo isso.

Aponto para o carrinho lotado ao seu

lado. Realmente, Enzo deve ter comprado a
loja para Matteo.

— Não tinha necessidade? Lotte, nosso

pequeno merece o melhor!

“Nosso pequeno?”

Paro de rir na hora em que as palavras

saem de sua boca.

Eu sei que Matteo tomou conta do meu

coração em menos de vinte e quatro horas, mas
não imaginava que ele iria conquistar Enzo
também, não a este ponto.
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— Enzo...

Eu estava a ponto de dar um choque de

realidade nele, quando seus braços me pegaram
de surpresa em um abraço apertado.

— Sem essa Charlotte. Matteo surgiu na

sua vida como um presente, e
consequentemente na minha também. Você me
procurou quando ele precisou, e eu me sinto
tão responsável por ele quanto você. Então,
sem choque de realidade em mim gatinha. Eu o
quero tanto quanto você.

Não tenho resposta para este pequeno

discurso. Eu não queria que ninguém tomasse
responsabilidade em cima do pequeno.
Confesso que senti uma pontada de ciúmes,
mas antes disso, senti orgulho. Orgulho de
alguém como Enzo, que mesmo sendo apenas
um amigo de longa data, embarcou comigo
nessa nova aventura.

— Obrigada — sussurro com a voz

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embargada.

O restante do dia não tocamos mais neste

assunto. Aproveitei ao máximo do bom humor
de Enzo e o fiz de meu empregado. Era
divertido andar com ele pelo shopping
segurando várias sacolas.

Quando paramos para comer, Matteo já

tinha dormido novamente. Seu pequeno
corpinho se encaixava perfeitamente nos meus
braços, e eu estava amando esses momentos
com ele.

Eu estava sentada na praça de

alimentação esperando Enzo retornar com
nossos pedidos, quando sou surpreendida por
uma pessoa.

— Eu não posso acreditar! — murmura

alegre. — Eu vou para a Itália e minha prima
está solteira. E quando retorno, ela já está
casada e com filhos?

Oh não!
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— Cião Francesca! — a cumprimento

em italiano. — Sabe prima, é bom vê-la
novamente. Como está Leandro?

— Não seja sarcástica comigo Lotte, Eu

vi tudinho!

O lado ruim de ter uma prima que você

não vê há muito tempo, é que ela sempre irá
criar suposições malucas sobre a sua vida.

— Você não viu nada de mais — falo

sentindo minhas bochechas queimarem.

Francesca revira os olhos e então olha

para Matt.

— Mas me diga: quem é essa fofura em

seus braços? — pergunta.

Parece que mesmo dormindo, Matteo

não deixa de encantar as pessoas.

— Este é Matteo, eu meio que o adotei.

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Não sei porque, mas me senti uma mãe

orgulhosa de seu bebê. Exibo Matteo para
Francesca e fico emocionada ao ouvir os
elogios dela.

Sim, meu bebê é a coisa mais fofa do

mundo!

— Ele é a criaturinha mais fofa que já vi

em minha vida! E o pai dele? È quel bellissimo
esemplare dell'uomo?

— Francesca! — exclamo nervosa. Só

minha prima para fazer esse tipo de
comentário. — Aquele é o Enzo, meu amigo,
lembra?

Minha prima me lança um olhar

reprovador, como se eu estivesse deixando
algo passar. Ela sempre fazia isso quando eu
não notava o óbvio.

— Lotte, pelo pouco que vi, vocês

pareciam uma família. E sinceramente? Eu
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adoraria que vocês realmente fossem uma. Os

três juntos são tão lindos, assim como eu e meu
Leandro.

Francesca era casada com um rapaz

italiano chamado Leandro. E há quase dois
anos ela retornou para as raízes de nossa
família, a belíssima Itália! Posso dizer que eles
realmente formavam um belo casal.

— E como vocês estão? E como vai a

velha Itália? — pergunto mudando de assunto.

Eu estava morrendo de saudades da

Sicília.

Quando tinha quinze anos, meus pais

haviam permitido que eu viajasse com Enzo e
sua família para a Sicília. Posso dizer que foi
amor a primeira vista por aquele lugar.

— Ah, Lotte! — fala com um ar

apaixonado. — Aquele lugar é maravilhoso.
Você deveria vir me visitar, poderia te mostrar
os vinhedos, as praias e outros pontos
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turísticos. Seria maravilhoso!

A ideia de visitar a Itália agora era

agradável, mas uma coisa me fez repensar a
proposta de Francesca, ou melhor dizendo:
alguém.

Eu precisava resolver as questões do

pequenino. Eu queria adotá-lo. Disso eu tinha
certeza. Mas antes, o processo seria longo e eu
adoraria ver meu pacotinho correndo nas belas
praias da Itália.

— Irei pensar em sua proposta — falo e

me surpreendo quando Francesca me envolve
em um abraço apertado.

— Ah prima, por favor você vai sim, ok?

Leve este pequenino para conhecer Lulu.

Solto uma gargalhada alta ao lembrar

quem é Lulu. O pequeno buldogue de
Francesca. Acredito que quando eu fosse
visitá-la, Matteo já estaria grandinho. Ou seja,
ele esmagaria o pobre cachorro.
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— Pode deixar. — Prometo.

Engatamos em uma conversa

descontraída e cheia de risadas. Fran não
mudara em nada nos últimos dois anos, e ainda
continuava a ser a mulher extrovertida e
carinhosa de sempre.

Continuamos a conversar até que seu

telefone tocou, e com um enorme sorriso, Fran
se despediu de mim e de Matt, dizendo que o
marido precisava dela

Poucos segundos depois Enzo retornou

com nosso lanche, e rapidamente eu comi tudo
o que estava na bandeja. Estava faminta!

Voltamos para a minha casa pouco

tempo depois, pois eu precisava me arrumar e
desempacotar todas as coisas de Matt.

— Você vai ficar aqui? — pergunto para

Enzo, que em resposta deita-se na minha cama,
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ao lado de Matteo.

— Eu fico com o pequenino enquanto

você se arruma. Sei que o processo será longo
e demorado — fala abraçando o pequeno corpo
do meu bebê, fechando os olhos pronto para
dormir.

— Mentiroso! — grito entrando no meu

banheiro. — Você só quer ficar por causa da
minha cama e de Matteo.

Dou risada, mas Enzo provavelmente

nem deve estar mais acordado. Sua respiração
está lenta, assim como a do meu pacotinho.

Hora de colocar a mão na massa!

***

— Eu não acredito que você comprou

um bebê conforto também, Enzo.

Estávamos no estacionamento do prédio.

Enzo insistiu para que fossemos juntos e eu
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não vi mal algum nisso. No entanto, ele já

havia me surpreendido três vezes hoje, e essa
última foi a que me fez rir até chorar.

— O que? — pergunta saindo de dentro

do carro. — Não queremos que ele fique
desconfortável, né?

— Enzo! Você comprou uma roupa para

ele igual a sua — constato ao apontar para a
roupa dele, e depois para a de Matt. — Você
está ficando maluco!

— Hey gatinha, se acalme! — Ele vem

até mim e pega Matteo para colocá-lo no carro.
— A vendedora disse que é uma nova moda
entre pai e filho. Resolvi testar também, oras.

Não posso acreditar no que estou

escutando. Ele disse isso mesmo? Deus!

— Enzo...

Enzo se aproxima de mim, envolvendo

minha cintura em um abraço. Seu rosto a
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centímetro do meu. Deixando-me paralisada

com a súbita aproximação.

— Não vamos conversar sobre isso

agora — sussurra apenas para que eu escute.
— Por hora, iremos esquecer que Matteo foi
abandonado. Vamos aproveitar as festas de fim
de ano como uma família: juntos. Não negue
isso a mim Lotte.

Enzo tinha a mania de dizer as coisas e

me deixar sem reação. E eu como uma boba
apaixonada ficava hipnotizada quando isso
acontecia.

— Melhor irmos logo — falo me

esquivando de seus braços e entrando no carro.
— Minha mãe deve estar quase parindo um
filho com a nossa demora.

A culpa do atraso não foi minha. Graças

a Deus! Mas já Enzo... Nunca vi um homem
demorar tanto para se arrumar!

Durante o trajeto para o orfanato, eu e

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Enzo iniciamos uma conversa descontraída e

recheada de risadas. Sempre foi assim. Erámos
dois palhaços juntos. Mas agora algo mudou,
havia outro integrante em nosso meio.

— Depois da ceia, eu vou querer ter uma

conversa séria com você — fala seriamente. —
Podemos ir direto para a sua casa?

— Minha casa? — pergunto fingindo

estar brava. — Você só está usando desculpas
para dormir na minha cama!

Acho que Enzo finalmente resolveu

declarar seu amor pela minha cama. Ele é
inacreditável!

— Lotte, não é desculpa! Eu realmente

quero te dizer algo importante. Há anos guardo
isso para mim, e agora quero compartilhar com
você, gatinha.

Abro minha boca para perguntar o que é,

mas como Enzo quer me matar de curiosidade,
terei que aguentar até mais tarde, pois
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chegamos ao orfanato e não iriamos ter um

minuto a sós para que eu possa enchê-lo de
perguntas.

Mas que maravilha!

Chegamos ao orfanato e Enzo estaciona

no lado de fora dos grandes portões de ferro. A
fachada estava toda decorada com pisca-pisca
e outras demais decorações natalinas.

Faço menção de descer do carro, mas

Enzo já está do lado de fora, segurando a porta
aberta para que eu possa sair.

— Virou o Edward Cullen agora? —

questiono divertida.

— Gatinha, eu sou melhor do que aquele

vampiro brilhante. — Sorri. — Acredite!

Enzo se acha, mas não posso negar, ele

realmente é melhor do que aquele vampiro. Só
o cavalheirismo do meu amigo que prevalece.

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Abro a porta traseira do carro para pegar

meu pequenino, mas um par de mãos grandes e
ágeis puxam a minha cintura para longe.

— Nada disso Sra. você está usando um

vestido e salto alto. Acha que vou confiar a
segurança do nosso filho nessa coisa?

— Nosso filho? Enzo!

Meu coração estava disparado em meu

peito. Eu tremia de ansiedade e as borboletas
em meu estômago estavam a toda.

Para piorar a minha situação, Enzo cola

seu corpo ao meu, evitando que eu me afaste.
Seu sorriso radiante me deixa hipnotizada, e
seu perfume? Oh Deus! Ele está usando o
perfume que escolhi!

— Eu disse que precisamos conversar.

Apenas mantenha a calma e tente pelo amor de
Deus não cair com essa coisa que você chama
de sapato. — E assim ele deu por encerrado o
assunto, por hora.
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Ao entrar no salão de festas do orfanato,

percebo que minha cara Antonella se superou
este ano!

As crianças estão correndo para todos os

lados, rindo e se divertindo em seus trajes de
gala. É emocionante ver o sorriso feliz deles.

— Tia Nella mandou ver este ano! Olha

só o tamanho daquela árvore! — Enzo fala
impressionado.

De fato, as freiras se superaram este ano!

No meio do salão estava uma árvore de quase
nove metros de altura. Decorada com enfeites
que variavam do dourado até o vermelho.

O salão não ficava para trás! Havia

várias mesas e cadeiras espalhadas pelo local,
todas decoradas com toalhas vermelhas e
verdes. No centro de cada uma, havia uma
pequena árvore de natal criada através de
garrafas pet. E eu apostava um braço que isso
era obra da minha mãe!
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— Charlotte! Enzo! Finalmente

chegaram!

Falando nela...

— Mãe! A decoração ficou maravilhosa!

— falo a abraçando. — Simplesmente linda!

Todos os anos fazíamos um jantar

beneficente para arrecadar fundos para vários
orfanatos na cidade. Muitas pessoas abraçavam
a causa, e meus pais foram uma dessas.

Eles me conheceram em uma noite como

esta, quando eu tinha apenas cinco anos. O
amor entre nós três foi reciproco e na mesma
semana meus pais contataram um advogado.

Foi assim que ganhei o melhor presente

de natal que uma órfã poderia ter: uma família.

— Ah querida! Você precisa ver o teatro

que as crianças irão apresentar. Será
emocionante! — fala alegre.
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Sorrio e começo a perguntar se as

crianças gostaram dos meus presentes. E como
já era de se imaginar, todos amaram.

Foi a melhor coisa que pude ouvir

naquele dia.

Fico conversando com mamãe por um

bom tempo. Ela ficou encantada com Matteo e
chorou ao descobrir o nome que eu havia dado
ao pequeno. Mas nada superou a sua reação
quando eu disse que iria adotá-lo. Minha mãe
gritou em italiano e disse que seria a melhor
escolha que eu faria em minha vida.

— Ser mãe é algo incrível, minha filha.

Tenho certeza que você será uma excelente
mãe para Matteo.

Meu pequeno pacotinho havia

conquistado a vovó.

— Mas ela não vai cuidar dele sozinho,

dona Ester! Sabia que sou o pai deste garotão?
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— Enzo se intromete e eu não acredito que ele

disse isso em voz alta, ainda mais na frente da
minha mãe!

— Vocês dois... — Ela aponta para mim

e em seguida para Enzo — Finalmente se
assumiram?

Acho que vou ter um treco! Minha mãe

não perguntou isso! Não, não e não!

— Mãe, iremos dividir a guarde de

Matteo, apenas isso — falo e em troca recebo
um olhar reprovador de Enzo. Mas o que mais
eu poderia dizer? Mentir estava fora de
cogitação.

— Depois iremos conversar sobre isso

Charlotte —sussurra em meu ouvido. Seu tom
sério me deixa temerosa e eu me pergunto: o
que foi que eu fiz agora?

— Venham crianças — mamãe chama.

— Vamos comer e aproveitar o show!

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***
A noite transcorreu tranquilamente. Eu
chorei ao ver meus pequeninos apresentarem
uma versão do nascimento de Jesus junto com
as freiras. Foi maravilhoso e emocionante.
Chorei orgulhosa de vê-los tão crescidos e
inteligentes.

Tive a oportunidade de conversar com

vários colegas e o melhor de tudo:
conseguimos bater recorde na arrecadação para
fundos de investimentos para vários orfanatos
de Seattle e cidades próximas.

Isso foi a terceira melhor parte da minha

noite.

A segunda foi a apresentação das

crianças, e a primeira...

Ah a primeira!

Essa foi uma cena que amei presenciar.

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Eu estava sentada com Matteo em meu

colo. O pequeno havia acabado de acordar e eu
estava brincando com sua pequena mãozinha.
Finalmente eu tive a oportunidade de pegá-lo
no colo, pois Enzo não desgrudava do menino
em momento algum! Eu já estava com ciúmes
dos dois. Onde já se viu! Eu queria mimar meu
pacotinho um pouco!

E foi aí que meu coração transbordou de

alegria. Enzo foi preparar a mamadeira para
Matteo, e ao retornar, tivemos uma discussão
de quem iria alimentar o bebê. Óbvio que eu
venci, pois ele já havia ficado com o pequeno o
dia todo.

— Está vendo meu filho? Sua mãe é uma

chata! Nem deixa o papai aprender a cuidar do
bebê dele. — Ele conversa com Matt, que o
observa atentamente — Mas sabe meu filho?
Temos que cuidar muito bem dela. Ela é a
mulher das nossas vidas!

Enzo sussurra a última parte olhando

para mim, e foi assim que eu quase tive uma
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parada cardíaca.

Corei vergonhosamente e olhei para o

outro lado, tentando evitar olhar nos olhos de
Enzo. Ali eu vi algo que há muito tempo não
via. E aquele sentimento me deixava temerosa.

Suas palavras só fizeram com que minha

curiosidade aumentasse a um nível absurdo. Eu
queria perguntar logo o que de importante ele
precisava falar comigo, mas com tantas
pessoas a nossa volta ficava difícil ter um
segundo de privacidade. Até porque, minha
mãe estava atenta a qualquer movimento meu e
de Enzo, e isso já estava me irritando.

Um pouco antes da uma meia, eu decidi

que já era a hora de encerrar a noite. Amanhã
seria um longo dia e Matteo precisava dormir,
assim como meus pequeninos. Dei um beijo
em cada um e os observei partirem para seus
respectivos quartos. Todos com pijamas de frio
combinando. Pura fofura!

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O trajeto para casa foi feito em silêncio.

Enzo estava concentrado na estrada a sua
frente, e eu estava ocupada demais com um
certo bebê em meus braços. Matteo olhava
atentamente para mim enquanto cantava uma
música de ninar para ele. Aos poucos, seus
olhos foram se fechando, e sua respiração
ficando cada vez mais lenta. Observei seus
traços delicados e fiquei pensando em como
Deus era perfeito! Eu nunca imaginei que
poderia ter um filho, e ele logo me presenteia
com um pequeno ser que precisava de amor.

Eu havia ganhado um amor de presente!

Um amor de mãe. O sentimento mais puro e
precioso que alguém poderia sentir. E agora, eu
seria capaz de ter tal sentimento por alguém.

— Se continuar o olhando assim, vai

criar uma cratera nas bochechas dele. — Enzo
ri enquanto manobra o carro.

Só então percebo que chegamos em casa.

Ele estaciona na vaga do seu apartamento, e
logo em seguida me ajuda a descer.
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Eu estava morta. Meus pés doíam devido

aos sapatos de salto, mas posso dizer que valeu
a pena.

Entro no elevador e aperto o botão do

meu andar. Enzo entra logo em seguida e então
sorri pra mim.

— Agora gatinha — fala quando as

portas do elevador se fecham — Precisamos ter
uma conversa séria.

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Três – A Declaração
Assim que as portas do elevador
abriram, eu saí praticamente correndo. De
repente, eu não estava pronta para ouvir o que
Enzo tinha para me dizer. O medo estava
tomando o lugar da curiosidade, me deixando
temerosa pelo que estava por vir. É claro que
não havia como fugir, mas eu tentei ao máximo
adiar a conversa.

Ao entrar em casa, segui direto para o

meu quarto. Deitei Matteo na cama e troquei
sua roupinha por algo mais confortável para o
seu sono. O pequeno nem se quer se moveu.
Ele tinha um sono profundo, e aparentemente
era uma criança tranquila.

Assim eu espero!

Enquanto estava concentrada em Matteo,

pude escutar Enzo ao longe. Ele deveria estar
na sala, me esperando. Mas como sou uma
covarde, não consegui fazer com que meu
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corpo se movesse. No entanto, não precisei ir

até ele, pois assim que me virei em direção a
porta, Enzo estava encostado no batente da
porta, me observando.

Seus olhos estavam com um brilho

diferente, não pude identificar o que era, pois
estava concentrada demais em cada passo que
ele dava em minha direção.

As borboletas em meu estômago

começaram a se mover novamente. Meu corpo
estava arrepiado e a antecipação pelo o que
estava por vir me deixava ainda mais ansiosa.

Por que esse homem não começa a falar

logo?

— Antes de mais nada, você precisa

saber que não irei fazer nada por Matteo —
começa. — Eu desejava fazer isso muito antes
de ele surgir em nossas vidas. Então, não tente
fugir de mim.

Enzo agora está parado a minha frente,

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segurando meu rosto em suas mãos. Ele ainda

está com aquele brilho especial no olhar.

— Será que você pode dizer logo? Estou

morrendo de curiosidade! — resmungo.

Mas na verdade eu gostaria de me enfiar

em um buraco.

— Lembra nas nossas férias na Itália?

Quando fizemos aquela festa surpresa para
você e a noite sentamos na areia para jogar
conversa fora? — Enzo sorri, lembrando do
que aconteceu naquela noite.

Eu me lembro bem do que aconteceu.

Eu e Enzo nos sentamos na praia, depois

de um dia cheio de comilança e conversa.
Estávamos com alguns primos dele, brincando
de verdade ou desafio, quando a garrafa parou
em Enzo. Ele escolheu um desafio, pensando
que a brincadeira iria ser leve, como estava
sendo. Até que seu primo o desafiou a me
beijar.
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De início, eu fiquei extremamente

envergonhada, e é claro que inventei uma
desculpa para fugir dali.

Ouvi as risadas atrás de mim, mas a

verdade era que eu guardava uma paixão
secreta por Enzo. Sempre o achei lindo e
atencioso, um verdadeiro cavalheiro. E por
mais que fosse uma brincadeira, o beijo iria
significar o mundo para mim. Mas para Enzo
não iria ser nada demais.

Não demorou muito e pude escutar seus

passos atrás de mim. Ele me alcançou quando
estávamos há uma distância segura do grupo de
adolescentes curiosos.

Eu me lembro bem de como tudo

aconteceu!

***

"Me levantei correndo e segui em

direção a um lugar escondido. Não queria que
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ninguém visse o quanto aquela brincadeira

mexeu comigo. As coisas entre mim e Enzo não
seriam as mesmas se ele cumprisse o desafio, e
eu não queria perder a amizade que
construímos.

Eu já estava a uma distância segura,

quando senti um puxão em meu braço. Sem
que eu esperasse, a pessoa me virou de frente
para ela, me deixando atordoada.

— Por que saiu daquele jeito? —

sussurra. — Por que Lotte?

— Eu não queria que você cumprisse

com o desafio — falo de uma vez só — Seria
constrangedor, fora que as coisas entre nós...

Enzo me pega de surpresa, calando a

minha boca com um beijo.

Meu primeiro beijo!

Seus lábios tocam o meu de forma

apaixonada. Retribuo da forma que posso,
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mesmo sendo inexperiente.

O Beijo é calmo, lento, repleto de amor e

carinho. Mas quando seus braços rodeiam a
minha cintura e Enzo cola o seu corpo no meu,
é então que a ficha cai.

Eu estou beijando o meu melhor amigo!

Me solto de seus braços rapidamente,

como se sua pele queimasse a minha.

— Lotte?

— Enzo, isso não pode acontecer

novamente!

Me viro em direção a casa e saio

correndo. Deixando Enzo sozinho na praia."

***

— Como eu poderia esquecer? —

pergunto já sentindo minhas bochechas
esquentarem. — Foi a noite que tive o meu
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primeiro beijo.

Eu podia sentir minhas bochechas

queimando de vergonha. Mas eu tinha certeza
de que Enzo sabia deste pequeno detalhe.

— Foi a noite do nosso primeiro beijo.

— Ele aproxima seu rosto do meu, como
naquela noite. — Foi meu primeiro beijo
também, Charlotte. E não poderia ter sido com
alguém melhor.

— Enzo — sussurro sentido minha voz

sumir a cada centímetro que seu rosto
aproximava-se do meu. — Juramos esquecer
daquele dia. Você prometeu isso para mim.

— E você acha que eu iria esquecer

daquele dia? A noite em que tive a mulher que
amo em meus braços? — Arfo ao escutar suas
palavras, sentindo meu coração bater feito
louco em meu peito. — A noite em que pude
desfrutar dos seus lábios, mesmo que por
segundos? Por Deus Charlote!

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E como naquela noite, Enzo me puxa

para os seus braços e me beija
apaixonadamente. Mas desta vez, havia
saudade misturada com outros sentimentos. Ele
me tocava de faminto, esmagando meus lábios
nos seus, mas eu não estava reclamado. Eu
estava amando as novas sensações que surgiam
em meu corpo.

— Prometa que não irá me pedir para

esquecer daquele dia? — implora. — Não me
faça esquecer de algo tão importante da minha
vida.

— Enzo...

Eu iria dizer algo para quebrar o clima

romântico entre nós, mas ele me calou com
outro beijo.

Eu amava a nossa amizade, mesmo que

guardasse o amor que sinto por ele só para
mim. Seu carinho e atenção bastavam. E eu
estava feliz com isso.

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Mas então, suas palavras sobre Matteo

me despertaram do transe, e o arrependimento
veio a tona.

Merda!

— O que aconteceu?

Me afasto de Enzo, sentindo minha pele

formigar e meu coração faltar pular do meu
peito.

— Enzo, eu não posso fazer isso — falo

tentando esconder a decepção em minha voz.
— Não quero que minta para mim, ou que
fique comigo apenas para dar uma família a
Matteo. O pequeno sempre terá nós dois.
Mesmo estando juntos ou não.

Doí dizer isso a uma pessoa que amo

tanto, e me doí mais ainda não poder dar um
pai ao Matteo. Mas eu não poderia fazer isso
com Enzo.

Sinto as lagrimas queimarem em meus

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olhos, e eu me odiaria chorar na frente dele.

Mas ao olhar para seu corpo parado atrás de
mim, eu não tive dúvidas de que toquei em
uma parte sua, uma parte que provavelmente
pertencia a mim.

Viro em direção ao banheiro e ao entrar,

tranco a porta. Respiro fundo e encosto minha
cabeça na madeira fria, mas ainda assim escuto
quando a porta do meu quarto se fecha.

Ele se foi!

Permito que as lagrimas caiam, deixando

levar o pequeno buraco que se formou em meu
coração. Olhar nos olhos de Enzo e ver a
decepção estampada ali me tirou o chão. Eu
não tinha como pedir desculpas depois de
proferir tais palavras.

Deus, como eu pude ser tão rude?

Meus pensamentos estavam uma

confusão, até que escuto o gemido baixinho de
um certo bebê.
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Matteo!

Abro a porta e saio correndo. E ao me

aproximar da cama, noto que meu pequeno está
acordado.

— Oi, meu amor — chamo e ele

imediatamente direciona seus grandes olhos
azuis para mim.

Me sento na cama e o pego em meu colo.

O aperto em meu peito parece aumentar ainda
mais, e a culpa me assola. As coisas serão
diferentes agora, e depois de hoje eu duvido
que Enzo voltará aqui. Talvez eu deva esperar
as coisas esfriarem, e quem sabe, tentar me
aproximar dele novamente.

Olho para o meu pequeno gordinho e

sorrio. Ele será o motivo das minhas alegrias.
Sei que ser mãe não é uma tarefa fácil. Sei que
exige tempo e paciência, mas eu estou disposta
a fazer qualquer coisa por Matteo. Ele pode
não ser meu filho de sangue, mas em minha
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alma e coração, ele nasceu para ser meu. Para

carregar meu sobrenome e principalmente:
Deixar a minha vida mais colorida.

Solto todo o ar que estava preso e então

me deito com Matteo em cima do meu peito.
Amanhã será um novo dia, e rezo para que eu
consiga concertar as coisas, ou eu nuca iria me
perdoar por isso.

Fecho meus olhos sentindo a respiração

do meu pequeno em meu pescoço ficando cada
vez mais lenta.

Quando tenho certeza que o pequeno

capotou, mergulho em um sono profundo, onde
meus últimos problemas eram retirar a areia do
pezinho gordinho de Matteo.

***

Acordo no outro dia e noto que esqueci a

persiana aberta, deixando a luz do sol invadir o
quarto assim que amanhece.

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Me sento na cama e estico minha coluna,

sentindo todos os ossos fazerem um crack
gostoso. A primeira coisa que vi naquela
manhã foi que dormi com o vestido de festa.
Só os sapatos que eu havia retirado quando
passei pela porta do meu apartamento.

Bem, eles devem estar jogados em

algum cantinho da minha sala de estar.

Dou uma olhada em Matteo e noto que o

pequeno ainda dorme tranquilamente, o que me
deixa com alguns minutos para tomar um
banho e retirar essa roupa desconfortável.

Faço minha higiene matinal, e ao entrar

no meu closet, noto que havia uma camisa de
Enzo. Ela ainda estava com seu perfume
masculino amadeirado. Tenho vontade de bater
em mim mesma pelo o ocorrido de ontem.

Faço uma promessa silenciosa, jurando

concertar as coisas ainda hoje. Isso se meu
velho amigo quiser ter uma conversa comigo.

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Visto sua camisa e saio do armário para

dar uma espionada no meu bebê.

Quando me aproximo da cama, um par

de olhos azuis me olham atentamente, e um
pequeno sorriso banguela surge nos pequenos
lábios gordinhos do meu bebê.

— Bom dia meu amor — converso com

ele, e então dou risada de mim mesma. —
Vamos preparar uma mamadeira para você?

Pego Matteo em meus braços e vou para

a cozinha, em busca das suas coisas que Enzo
comprou ontem que ainda estão lá.

Paro no meio do corredor me lembrando

de um detalhe importante.

Hoje é natal!

Acho que a conversa de ontem e os

cuidados com Matteo me fizeram esquecer dos
meus compromissos de hoje. Por sorte, eu
acordei cedo, então teria tempo para me
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organizar.

— Merda! — Ouço a voz baixa e rouca

de Enzo ecoar pelo corredor da minha casa.

Ando rapidamente em direção ao som de

sua voz, e ao chegar na cozinha, vejo que Enzo
está segurando a mamadeira de Matteo em uma
mão, enquanto a outra vira uma panqueca na
frigideira.

— Enzo? — chamo e ele se vira para

mim.

Ele usa as mesmas roupas de ontem,

exceto pela camisa que não está em seu corpo,
e o sapato também está em falta.

— Bom dia — resmunga em um tom

nada amigável.

Mas sua postura muda quando ele me

olha de cima abaixo, se demorando em minhas
pernas desnudas devido a sua camisa que estou
usando.
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Seus olhos tomam o mesmo brilho da

noite anterior, de antes de eu quebrar o clima
entre nós.

— Deixei o leite de Matteo preparado.

— Enzo está paralisado, ainda me olhando. —
Fiz o café também.

— Obrigada — Agradeço.

Procuro pela bolsa de Matt, ainda com

ele em meus braços e sentindo o olhar de Enzo
sobre mim. O que me deixa desconcertada.

— Enzo, sobre ontem...

— Depois conversamos, Lotte. — Me

corta. — Primeiro cuide do nosso pequeno.

Uma onda de alivio surgiu em meu peito

ao escutar suas palavras.

Tudo iria se encaixar em seu devido

lugar.
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Só espero que Enzo possa me perdoar

por pensar tal atrocidade sobre ele.

O deixo na cozinha terminando de

preparar as coisas e retorno para meu quarto.

Quando estava terminando de abotoar o

macacão de ursinho de Matteo, Enzo entrou no
meu quarto segurando uma bandeja com o café
da manhã.

— Pensei que café na cama seria uma

boa ideia — fala rindo. — Ou devo voltar
correndo para cozinha?

— Acho que café na cama é uma boa

maneira de começar o dia.

Sorrio.

Me acomodo na cama com Matteo em

meus braços, e Enzo me entrega a mamadeira
do pequeno. E assim que coloco o bico em sua
boca, o rapazinho começa sugar o leite
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vorazmente.

Meu pequeno estava com fome!

— Sobre ontem — começo — Me

desculpa? Agi de forma impulsiva, seguindo
uma ideia boba sem me importar com seus
sentimentos e...

— Shhh... — Enzo se senta ao meu lado,

pegando meu rosto em suas mãos. — Eu estou
aqui, não é? Fiquei chateado sim, mas. — Ele
hesita, deixando-me ansiosa. — Eu amo você
Charlotte. Sempre amei a pequena garotinha
que me importunava quando ia no orfanato.
Amei quando te beijei pela primeira vez e vou
amá-la até meu último suspiro.

— Eu também amo você. — As palavras

escapam da minha boca. — Sempre te amei,
mas nunca disse nada por medo de estragar
nossa amizade.

—Então não temos mais o que temer,

né? — sussurra distribuindo vários beijos pelo
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meu rosto. — Vamos ficar juntos, como

sempre estivemos. Com exceção de que agora
temos um pequeno no nosso meio.

Sorrio de suas palavra.

Realmente, Matteo ficaria em nosso

meio, mas nunca iria reclamar disso.

Enzo se aproveita do meu momento de

distração e me puxa para mais um beijo.

Nossas bocas se tocam suavemente,

enquanto nossas línguas se entrelaçam.

Sua mãos está em minha nuca,

aprofundando ainda mais o beijo, me fazendo
esquecer do mundo a minha volta. Mas um
pequeno grunhido nos faz voltar a órbita.

— Eu não posso acreditar! — Enzo

exclama rindo. — Matt você estragou meu
momento!

Matteo olha para Enzo e então coloca

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sua pequena mãozinha em meu peito,

declarando sua propriedade.

— Eu acho que você terá que me dividir.

Dou de ombros, e então Enzo grunhe

nervoso.

E nosso dia foi assim, recheado de amor,

carinho e muitas risadas.

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Quatro – Happy New Year!

— Você não acha que Matteo irá se

assustar com o barulho dos fogos? — falo
olhando para o céu.

— O que? Não! Ele vai ficar bem.

Enzo estava convicto que nosso pequeno

não iria se assustar com os fogos de artifício à
meia noite.

Seis dias se passaram desde o natal, e

posso dizer que as coisas estão maravilhosas.
Eu e Enzo estamos nos conhecendo melhor,
como namorados e não apenas amigos. O que
de início nos causou um grande
constrangimento.

Como hoje era a virada do ano, meus

pais decidiram comemorar com uma festa em
sua casa. Era algo reservado, e apenas para a
família. Mas assim que fizeram as contas,
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notamos que família italiana era gigante!

Os pais de Enzo também estavam no

meio, assim como os primos e etc. O que me
deixou ansiosa, pois qualquer um poderia notar
a diferença entre mim e Enzo.

— Preparada? — pergunta ao estacionar

na frente da casa dos meus pais.

— Não.

Eu estava tremendo. Meu corpo todo

parecia estar congelado, e eu corria o risco de
derrubar Matteo.

Dios mio! Como minha família irá

reagir?

Não tenho muito tempo para pensar, pois

Enzo abre a porta do carro para mim e me
ajuda a sair. Ele pega Matteo dos meus braços,
o segurando com o braço direito, enquanto o
esquerdo envolve a minha cintura. Me puxando
para perto de si.
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— Fique tranquila. — Para ele é fácil

falar. — Estaremos juntos! Independente do
que nossa família disser.

— Tudo bem — sussurro.

Mas a verdade era que não estava tudo

bem! Enzo não tinha notado o quão feliz minha
mãe ficou com um possível relacionamento
entre nós?

Mas é claro que não! Ele não notou. Ou

fingiu que não viu.

Enzo toca a campainha e em segundos a

porta se abre, revelando minha mãe toda
sorridente e vestida de branco.

— Finalmente! Pensei que estavam

fazendo outro Matteo — fala rindo.

Olho para Enzo, que está me observando

também, e damos um sorriso amarelo um para
o outro.
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Primeira fase: ok.

Ao entrar em casa, noto que a sala está

cheia. Há pessoas para todos os lados e
rapidamente sinto minha garganta se fechar.

A claustrofobia.

— Se acalma Lotte — Enzo sussurra

próximo ao meu ouvido. — Ou você vai
estragar a surpresa.

Tento fazer o que ele pede, mas ao sentir

todos os olhares dos nossos familiares em nós,
uma queimação sobe pelas minhas bochechas,
e tenho a certeza de que estou corando
vergonhosamente.

O pior de tudo foi ter que cumprimentar

todos ali presentes. Havia os meus primos,
Francesca e Pedro com seus respectivos
companheiros, e também estavam presentes os
primos de Enzo.

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Antonella estava sentada ao lado de uma

tia minha, e ao nos ver, abriu um sorriso
radiante.

— Ma che bella famiglia sei! — Tia

Zulia comenta ao me abraçar.

— Grazie.

Devo estar parecendo um tomate de tão

vermelho, mas o que posso fazer?

Quando minha mãe se aproxima de mim

com um olhar brilhante, eu sei que ela irá
começar com o circo.

— Lotte, querida — fala ao me abraçar.

— Pode vir com a mamãe um minutinho?

Olho para Enzo que em resposta pisca

para mim.

“Tudo bem Charlotte, se acalme e não

minta para a sua mãe. Ela sempre sabe da
verdade, você omitindo ou não. Mamãe sempre
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sabe mais!”

Sigo minha mãe até a cozinha, onde ela

olha para todos os lados antes de começar a
falar.

— Então é verdade? — pergunta

juntando as mãos rente peito. — Você e Enzo
finalmente estão juntos?

Não minta para a mamãe Lotte, ela

sempre sabe mais!

— Sim — sussurro baixinho.

Aguardo ansiosamente pela reação da

minha mãe, que me lança um sorriso igual ao
do coringa.

Oh merda!

— Stanno insieme! — grita.

Neste exato momento, quase todas as

mulheres que estão presentes na minha casa
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invadem a cozinha rindo. Minha mãe pega um

Champagnat e estoura, e em seguida minha
sogra aparece segurando duas taças.

— Mas para que tudo isso? — pergunto

horrorizada com toda aquela bagunça.

— Estamos comemorando oras! Fizemos

até promessa para Santo Antônio!

Eu não posso acreditar no que estou

ouvindo. Elas não fizeram isso!

Oh mio dio.

— Mãe, pelo amor de Deus! Não era

necessário tudo isso... — falo apontando para o
brinde que minhas tias estão fazendo. — Eu e
Enzo estamos apenas nos conhecendo melhor,
apenas isso.

— Querida, não precisa mentir para nós!

— Grazi fala. — Já existia algo entre vocês, e
acha que não percebemos no Natal o quão
grudados vocês estavam? Ah sem falar que no
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decorrer da semana Enzo estava aéreo ao falar

comigo.

Grazi então se vira para mamãe e

engatam em uma conversa sobre mim e Enzo.

Vejo isso como uma oportunidade e

então fujo dali silenciosamente.

Ao retornar para sala de jantar, noto que

não fui a única a ser abordada pelas malucas
casamenteiras. Os homens estão todos com
uma taça de vinho na mão, comemorando ao
estilo italiano.

Parece que meu pai abriu a adega

especial de vinhos dele.

Eu estava distraída, observando a cena a

minha frente, quando alguém me dá um abraço
por trás, me pegando de surpresa.

— Como foi com sua mãe? — Enzo

sussurra em meu ouvido.

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— Bem — respondo tentando não

demonstrar o alívio em meu tom. — Pensei
que seria pior. Onde está Matteo?

Não o vejo nos braços de Enzo, o que me

deixa preocupada.

— Está com Antonella. Ela quis pegar o

pequeno um pouco — murmura indignado. —
Da para acreditar que ela falou que eu não
desgrudo de Matt?

Começo a rir de sua carranca.

Realmente, Enzo emburrado por causa

de Matteo é hilário. Pobrezinho do meu
pacotinho, daqui a pouco ele irá ficar sufocado
por causa de Enzo.

— Deixe o pequeno respirar um pouco

— falo me aconchegado em seus braços. —
Ele está em boas mãos. Mas agora me diga,
como foi com meu pai?

— Não foi tão ruim quanto imaginei que

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fosse. — Enzo desvia seu olhar para o grupo de

homens alegres na sala. — Ele me fez
prometer que não iria machucar a boneca dele.
E eu fico me perguntando o por quê eu faria
isso?

— Você é cavalheiro demais para

magoar alguém. — Provoco.

— Não querida, eu demorei muitos anos

para conquistá-la. Então, você não irá se livrar
de mim tão facilmente.

Sorrio e logo Antonella aparece com

nosso pequeno no colo.

E não é que o pacotinho dormiu?

***

Matteo estava inquieto. Seu corpinho

tremia a cada barulho de um rojão solto. Eu já
havia feito de tudo, até que Antonella me
aconselhou a colocar um pedaço de algodão
em seu ouvido, e então ele voltou a dormir.
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Mas mesmo assim, quando deu meia

noite, a gritaria começou. Os fogos de artifícios
foram liberados e todos comemoravam a
entrada do novo ano.

Observo o show de cores explodirem no

céu enquanto Enzo me envolvia em seus
braços.

— Feliz ano novo! — sussurra em meu

ouvido.

— Feliz ano novo, meu amor.

Ficamos grudados a noite toda, minha

família não poderia estar mais feliz. Francesca
me abraçou apertado e nos felicitou pelo
namoro. Ela nos fez prometer que iríamos
visitá-la na Itália assim que a questão da
adoção de Matteo estivesse finalizada.

Ao chegar em casa, eu fiz o meu ritual.

Troquei Matteo e o coloquei em um

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berço portátil que Enzo comprou no decorrer

da semana.

Verifiquei se o ar estava aquecido e

então peguei a babá eletrônica, para ouvir caso
ele acorde.

Quando retornei para a sala, Enzo estava

me esperando com uma garrafa de vinho tinto
suave aberta, duas taças já estavam servidas, e
ele estava esticado em meu sofá.

— Está querendo me embebedar? —

pergunto me sentando ao seu lado, enquanto
ele me passa a outra taça de vinho.

— Segundo a medicina, beber uma taça

de vinho todo dia faz bem para a saúde. —
Este é o lado médico de Enzo falando.

— Ou seja, use essa desculpa e deixa sua

namorada bêbada.

Começo a rir da carranca de Enzo, mas

paro ao sentir seus lábios tocarem os meus.
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O beijo é lento, carinhoso e apaixonado.

Enzo nunca ultrapassa os limites, e acredito
que ele esteja se segurando para isso.

Enzo me puxa para o seu colo, me

sentando ali como se eu fosse um bebê para ser
ninado.

— Amor... — começo a falar, mas sou

interrompida por sua boca.

— Eu sei o que você está pensando, mas

antes de fazer isso, preciso ter certeza de que é
isso que você quer.

Ah tem como não amar uma coisinha

dessas? Enzo sempre muito carinhoso e
preocupado.

— Uma coisa de cada vez, certo?

— Sim querida, agora... — Enzo toma a

taça da minha mão. — Podemos planejar a tal
viagem para a Itália? Estou doido para ver
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nosso pequeno correndo na areia.

Começo a rir de seu entusiasmo, mas eu

não poderia negar, eu estava ansiosa também.

Passamos quase a noite inteira

conversando, e naquele momento eu tive
certeza de que tudo iria dar certo. Eu estava
com a pessoa que tanto amei ao meu lado, e
agora, eu teria mais um desafio pela frente: Ser
mãe.

Eu sabia que não seria uma tarefa fácil,

mas eu estava disposta a enfrentar os
obstáculos no caminho, e tinha certeza de que
Enzo iria estar ao meu lado, em tudo o que eu
precisasse.

Meu maior presente veio em forma de

um sentimento; o Amor. E agradeço a Deus a
oportunidade de poder sentir esse amor e por
ter me presentado com uma pequena pessoa
que iria crescer sob os meus cuidados.

Isso era apenas o começo de uma longa

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jornada.

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Cinco – Família Unida

Alguns meses depois...

Acordo sentindo vários beijos serem

distribuídos pelo meu pescoço, que vão
subindo para o meu rosto a medida que me
mexo. Sorrio ao sentir Enzo me abraçar.

— Bom dia, amor — sussurra em meu

ouvido. — Dormiu bem?

— Oh nossa, muito bem! — murmuro

baixinho.

Enzo me lança um sorriso safado e eu

faço um grande esforço de não chutá-lo para
fora da cama.

— Sem conversas sobre isso! — falo me

sentando na cama.

É neste momento que Matteo se mexe ao

meu lado. Seu pequeno corpinho estava
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aconchegado ao meu, o que me deixava toda

babona.

— Eu vou preparar a mamadeira — fala

se levantando. — Só tente não babar pelo meu
corpo, ok?

Não consigo segurar e começo a

gargalhar bem alto, o que faz Matteo abrir seus
grandes olhos azuis assustado.

— Shhh... amor, mamãe está aqui com

você.

O pego em meus braços e aninho seu

corpinho no meu peito. Ele para de gemer na
hora e fica me observando, até que escuta os
passos de Enzo pelo quarto. Seu olhar se volta
para o homem em pé ao lado da cama e um
pequeno sorriso banguela surge em seus lábios.

Matteo já está com três meses e a cada

dia que passa, meu pequeno está cada vez mais
inteligente. Assim que o recesso dos feriados
de fim de ano passaram, eu imediatamente
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entrei em contato com amigo que era advogado

da vara da família. Demos início a papelada da
adoção, o que foi até fácil e agora, estamos
apenas aguardando o veredicto.

Eu e Enzo ficamos tão alegres com a

notícia de que seria fácil o processo de adoção,
que demos até uma festa. É claro que havia
aquele um por cento de chance dar errado, mas
continuamos confiante. Contudo, como
queríamos a guarda compartilhada do pequeno,
o advogado nos aconselhou a apresentar um
papel que comprovava uma união estável entre
nós, o que deixou Enzo mais alegre do que eu
imaginava. Quando percebi, estávamos
morando juntos, me deixando confusa com
todo o processo.

Sinto Matteo se mexer em meus braços e

então saio do mundo da lua. Meu pacotinho
estava tão grandinho e fofo!

Ah, eu amo tanto ele!

— Parece que tem alguém que já me

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roubou a mamãe — Enzo fala chamando toda a

atenção de Matteo para ele. — Vamos ter que
arrumar uma mulher para você, filho.

— O que? — pergunto sentindo um

aperto surgir em meu coração. — Enzo nem
pensar! Matteo só irá namorar depois dos trinta
e nove!

Enzo me olha como se eu não tivesse

entendido a referência, quer dizer, meu filho
não iria namorar! Ele era muito novo para isso.
Mamãe só iria permitir isso depois dos
quarenta.

É, estava decidido!

— Não meu amor, não estou falando de

uma namorada — fala se deitando ao meu
lado. — Quis dizer que, Matteo precisa de
outra garota na vida dele. Uma que ele cuide e
zele por ela. Uma irmãzinha talvez?

Tiro minha atenção de Matteo e olho

para Enzo. Deus! Que ele não esteja falando
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sério!

— Enzo... Não somos casados, Matteo é

muito pequeno ainda... — Minha insegurança
estava a mil. — Não acha que é meio cedo
ainda?

Eu estava com medo acabar com as

esperanças de Enzo, mas a verdade é que nosso
pequeno era muito jovem para ter uma
irmãzinha. Nós dois ainda estávamos nos
acostumando a uma rotina à três, e ter outro
bebê seria ainda mais difícil.

Acredito que a espera sempre traz bons

frutos. Ter paciência é essencial. Começamos
um relacionamento agora, não adianta tentar
pular várias etapas.

— Não precisa ser agora — responde me

pegando de surpresa. — Quem sabe daqui há
dois anos? Ate lá você será para sempre minha,
e Matteo estará em um tamanho bom para ter
uma irmãzinha.

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Não havia palavras para descrever o que

eu estava sentindo. Enzo fazia planos todos os
dias, e todas as noites quando ele não estava de
plantão, nós dois ficávamos conversando sobre
o futuro. Enzo sempre dava sinais de que
queria se casar o mais breve possível, mas eu
tentava me esquivar.

Nos precipitar neste quesito poderia ser o

fim de logos anos de amizade. Tínhamos que ir
devagar, aproveitar essa fase do nosso
relacionamento e tentar não pirar com as
cobranças de nossas famílias.

— Quais são os planos para hoje? —

pergunto olhando para Matteo.

— Infelizmente, nada de passeios.

Conversei com Antonella e a assistente social
que está acompanhando o caso de Matt, e eu
disse que ele precisava por as vacinas em dia.

Ao ouvir suas palavras, meus olhos se

encheram d'água.

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— Ah Enzo, ele vai sofrer!

A primeira dose de vacinas de Matteo foi

terrível! Ele ficou com febre, vomitava o
remédio que Enzo dava e estava até um pouco
pálido. Eu fiquei desesperada, mas Enzo tomou
a frente como pediatria e cuidou do nosso
pequeno.

Vê-lo agir no modo médico/pai me

deixou emocionada. É claro que eu não era boa
nessas coisas, mas Enzo cuidou para que
Matteo não piorasse.

Na manhã seguinte, nosso pequeno já

estava bem e muito risonho. O que me deixou
aliviada.

— Ele irá sofrer mais ainda se não tomar

a vacina. Quer pior uma doença? E outra, sou
pediatra. Vou cuidar muito bem do nosso filho.
— fala todo orgulhoso.

Eu mereço!

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— Tudo bem.

E lá fomos nós, levar nosso pequeno

para as doses de vacina. Eu chorei? Óbvio!
Mas meu coração estava tranquilo sabendo que
ele estaria seguro tomando as vacinas
necessárias para a sua saúde. E outra, Enzo
sabia o que era bom ou nos para o bebê.

Tudo iria ficar bem, eram apenas

vacinas.

***

Oito meses depois...

Não posso acreditar no que estou

ouvindo!

Meu Deus! Não pode ser!

Olho para Enzo, quem está com os olhos

cheios d'água. Ele vem até mim e me abraça
apertado.

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— Conseguimos amor! — sussurra para

mim. Sua voz está embargada e eu não poderia
estar diferente.

— Sim meu bem, conseguimos!

O motivo de tanto chororo? Bem,

acabamos de receber a melhor notícia das
nossas vidas!

A guarda de Matteo foi cedida a nós, e

vamos poder adotá-lo e viver para sempre com
nosso pequeno.

Estávamos felizes, chorando é claro, mas

era pura alegria! Matteo poderá carregar nossos
sobrenomes e viver todos os dias conosco, o
que antes era proibido, já que o pequeno
deveria ficar no orfanato, mas nos era cedido
dois dias ao mês para ficarmos com o pequeno.

Durante esses meses que se passaram,

Matteo cresceu muito. A cada dia que se
passava nosso pequeno ficava cada vez mais
inteligente, e grudado em nós. Há alguns dias
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atrás, ele começou a balbuciar papai, o que

levou Enzo a loucura. Meu namorado não
parava de sorrir e ficou várias horas tentando
gravar o pequeno falando papa.

— Precisamos dar uma festa! Contar a

toda a nossa família e...

— Hey, se acalme homem! — falo

segurando seu rosto em minhas mãos. —
Primeiro vamos buscar nosso pequeno no
orfanato, e com calma para não assustá-lo.

— É, você tem razão. — Enzo respira

fundo, e então me olha sorridente. — Agora,
podemos fazer aquela viagem com Matteo.

Oh Deus, A viagem!

Poderei matar as lombrigas dos últimos

meses. Olho para Enzo e sorrio.

É, teremos que iniciar os preparativos

para a nossa primeira viagem em família!

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Mas havia um problema. Ver Enzo e

Matteo na praia, com aquela coisa toda de
roupas combinando de pai e filho com certeza
me deixaria enciumada!

Oh Deus! O que fazer com esses dois

homens da minha vida?

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Epílogo
— Momõe! — Escuto a vozinha de
Matteo ao me gritar. — uda eu!

Olho em direção de onde ele vem e

começo a rir. Ele está correndo de Enzo, os
dois estavam brincando na beira da praia.

— Ei meu amor, cuidado! — falo indo

de encontro ao meu pequeno.

Matteo pula em meu colo, encolhendo os

pezinhos gordinhos para que Enzo não o
pegue. Começo a rir do desespero do meu
pequeno.

Tadinho!

— Momõe!

— Sua mãe não vai salvá-lo, meu pirata

fugitivo! — Enzo fala, tentando pegar Matteo

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em meu colo.

Neste momento, já estamos os três sujos

de areia.

Enzo me puxa para um abraço,

prendendo Matt no meio de nossos corpos. O
pequeno não para de rir, e sua risada de bebê
enche meu coração de alegria.

Eu estava tão feliz. Minha família unida,

e acredito que agora seria o momento perfeito
para falar sobre o pequeno segredo que venho
guardando.

Enzo se afasta, mas não antes de me dar

um selinho em meus lábios, em seguida, se vira
para Matteo e sussurra algo em seu ouvido.

— O que meus dois homens estão

escondendo de mim? — pergunto curiosa.

— Agora, filho.

Enzo solta Matteo, que caminha até mim

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e puxa minha mão. Ele vai até Enzo e se

ajoelha no chão, ou pelo menos tenta.

Olho para a cena encantada, me

perguntando como essa pequena criança de
quase dois anos era tão inteligente e fofo.

— Meu amor, eu já contei nossa história

para você, quando lhe pedi em namoro, certo?
— pergunta dando um sorriso de lado. — Mas
agora, eu quero começar uma outra história.
Uma que iremos contar para Matteo, e para
nossos futuros filhos.

Enzo se ajoelha na minha frente, e eu o

observo sem entender nada. Do que diabos este
homem estava falando?

— Enzo, o que você quer dizer com

nova história?

Ele solta uma risada baixa e então

continua com seu pequeno discurso.

— Estamos juntos há um ano e sete

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meses e nesse tempo construímos uma família

linda. Conseguimos a guarda de Matteo, e
começamos a morar juntos.

— Na verdade você praticamente já

morava na minha casa. Comia e dormia quase
todos os dia lá. Então, éramos colegas de
quarto antes mesmo de começar um
relacionamento. — Começo a rir da cara de
Enzo, que me observa boquiaberto.

— Ok engraçadinha — fala olhando para

Matteo. — Filho, dê aquilo para a sua mãe.

De repente, Matteo se levanta, e pega

uma pequena caixinha que estava em baixo da
sua camisa polo de bebê. Ele vem até mim e se
senta no meu colo, brincando com o objeto
aveludado azul. Carinhosamente pego a
pequena caixa de suas mãos, e com uma última
olhada em direção a Enzo a abro. Ficando
boquiaberta logo em seguida.

— Charlotte Vendetto Gluzi, aceita

casar comigo? — fala, mas não estou
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prestando atenção no homem à minha frente.

Fico olhando para a caixinha, onde

contém o anel mais lindo que vi na vida. Ele
delicado, com vários brilhantes envolta de uma
pedra maior, que é de um tom azul claro,
lembrando os olhos de Matteo. Não consigo
falar nada, pois não há palavras a serem ditas.
Eu estava em choque com o pedido.

O pedido mais fofo que já vi em toda a

minha vida.

Sinto as lágrimas pularem dos meus

olhos como uma cascata, e com a voz
embargada, soltei de uma vez a notícia que
pretendia dar a Enzo.

— Eu estou grávida.

Ao escutar minhas palavras, Enzo fica

pálido, gagueja algo e depois olha para o céu
azul de um lindo dia de verão. Mas quando
seus olhos voltam a cruzar com o meu, as
lágrimas começam a encharcar seu belo rosto.
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— Então isso é um sim? E já veio

acompanhado de um presente de casamento?
— pergunta se levantando e vindo de encontro
até mim.

— Por Deus Charlotte! — exclama

pegando meu rosto em suas mãos. — Quando
vai parar de me surpreender assim? Ah meu
amor... Eu te amo tanto!

Enzo desce sua boca até a minha, e puxa

meu corpo de encontro ao seu, mesmo sob os
protestos de bebê de Matt, Enzo me beija
apaixonadamente. Seus braços me envolvem
como uma fortaleza, e meu único pensamento é
de que agora, finalmente, estamos com nossa
família completa. Ou quase.

Ainda tinha um novo membro a

caminho.

— Filhão, você vai ter uma irmãzinha!

— fala me soltando e puxando Matt para os
seus braços. — Você vai ter uma irmãzinha
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linda, pequena e fofa. Igual a sua mãe! Ah meu

Deus! Obrigada!

Enzo começa a correr pela praia,

brincando com Matt em seus braços, e eu volto
a me sentar na areia. Pego a pequena caixa que
havia caído no chão, e ainda encontro o anel
ali.

Ufa!

Pego o pequeno objeto e deslizo pelo

meu anelar esquerdo, me surpreendendo de
como ele coube perfeitamente.

Ah é claro! Enzo e seu senso de

perfeição. Ele não sossegaria até encontrar o
anel perfeito.

Balanço a cabeça ao constatar o quanto

meu futuro marido era maluco. Mas eu o
amava. Amava Matt e o nosso futuro bebê. Sei
que a jornada será longa, que vamos entrar em
outro processo, com nossa filha ou filho. Mas
vai valer a pena.
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Volto meu olhar para o ponto em que

Enzo e Matteo estão. Enquanto Enzo fala sobre
os pequenos caranguejos, e meu pacotinho
tenta pegar um na mão. Matt era esperto, e isso
me surpreendia cada dia que passava.

Respiro fundo e fecho meus olhos.

Agradeço a Deus por minha família, e a minha
nova vida, que estava apenas no seu início.

Não demorou muito e Matt se cansou de

ficar correndo na praia. Resolvemos voltar para
casa, para levar o pequeno para descansar.

Dei um banho quentinho nele, coloquei

seu pijama dos Vingadores e quando cheguei
no seu quarto, Enzo já estava lá esperando,
com a mamadeira de leite do pequeno já
pronto.

Sorri para a nossa sintonia.

Deitei Matteo em meu colo e lhe

entreguei a mamadeira, da qual ele sugou em
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alguns minutos. Depois disso, ele capotou no

meu colo sem nem me dar um beijinho da
soneca.

Nem cantar para ele dormir eu pude!

Olhei para Enzo e fiz biquinho, e ele começou
a rir.

— Venha amor, precisamos discutir

sobre o pré-natal do nosso bebê.

Olho para ele e tento segurar o impulso

de destruir sua felicidade em um segundo.
Como posso dizer a este homem e médico
maravilhoso que já cuidei de tudo em um mês?

Mudo meu peso de uma perna para a

outra e cruzo meus braços. Enzo nota meu
desconforto, sabendo que há algo de errado.

— Quem é o médico? — pergunta

desconfiado.

— Doutor Carlos, aquele seu amigo de

residência. Ele trabalha no mesmo hospital que
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você, então não vi mau algum.

Em passos largos, Enzo caminha até

mim e me pega no colo. Seu olhar estava
brilhando de raiva, e eu podia sentir sua fúria a
quilômetros de distância.

— Nem pensar que ele irá supervisionar

sua gravidez, se é para cuidar do bem estar da
minha esposa e da minha filha, será um médico
que eu confie — exclama caminhando
rapidamente em direção ao nosso quarto. —
Ele leva suas pacientes para a cama, e eu não
quero correr o risco. Já imaginou o que posso
fazer com ele se tocar um dedo em você?

Enzo me deita em cima da cama,

subindo em cima de mim em seguida. Seus
olhos não desgrudam dos meus em momento
algum, e posso ver a raiva borbulhar em seu
sangue.

— Enzo pelo amor! É só um médico, e

outra — falo acariciando seu rosto. — Só
existe um médico naquele hospital que eu
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desejo, e ele é o Dr. Enzo Lazzari.

Enzo fecha os olhos por um instante, sua

respiração descompassada tocando em meu
rosto, fazendo alguns fios do meu cabelo
voarem.

Aproveito este momento e começo a

fazer um cafuné nele, enquanto meus lábios
beija cada canto do seu belo rosto.

Quando dou por mim, um par de olhos

na cor chocolate me observam carinhosamente,
e eu sei que seu momento de ciúmes passou.

— Eu vou acompanhar as consultas, e

nem adianta dizer que não. — ele puxa minha
mão esquerda e beija o anel. — Se ele relar um
dedo em você, eu injeto morfina no pênis dele.
E aí quero ver aquele safado querer as
mulheres alheias.

Começo a gargalhar alto ao ouvir suas

palavras. Realmente, Enzo não tem papas na
língua, e quando está com ciúmes seu filtro
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entre a boca e o cérebro somem. Paro de rir ao

sentir suas mãos subirem minha blusa, e ele
começa a beijar minha barriga carinhosamente.

— Oi meu amor, aí é o papai. Mal soube

da sua chegada e já a quero em meus braços.
Há alguém muito especial que quer te
conhecer, Matt. Seu irmão. Então por favor
vem logo, ou papai vai enlouquecer tendo que
ir nas consultas com a mamãe enquanto o
médico safado tenta tirar vocês de mim! —
sussurra contra a minha barriga.

Um enorme sorriso surge em meus

lábios, e eu nunca me senti tão feliz e amada
em toda a minha vida.

Agora, eu só precisava ligar para a

minha mãe e dar a notícia da gravidez, e a
aguentar a parte difícil: a comemoração alá
italiana.

Fim.

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Agradecimentos

Primeiro gostaria de agradecer as minhas

leitoras, que sempre me apoiam em projetos
como este.

Agradeço a minha mãe, que está sempre

ao meu lado e me dando dicas de como ser
uma pessoa melhor a cada dia.

E não poderia faltar meus amigos do

grupo Cantinho do Wattpad. Onde tive a
oportunidade de conhecer autores
maravilhosos, e que estão sempre dispostos a
ajudar os colegas.

Obrigada e até mais!

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E-mail: autoramgamaro@gmail.com.

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