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Copyright © Anny Shwan, 2021

Diagramação: (Vivart - Criação e Design)


Revisão: Patrícia Suellen
Capa: T.v Designer

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.

DESTINADA AO MAFIOSO
ANNY SHWAN
1ª Edição – 2021

Todos os direitos reservados. É proibido o armazenamento, e/ou reprodução de qualquer parte dessa
obra – física ou eletrônica – através de quaisquer meios (tangível ou intangível) sem o consentimento
escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal 2018.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. Todos os direitos reservados.

Sumário
Dedicatória
Sinopse
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capitulo 04
Capitulo 05
Capitulo 06
Capitulo 07
Capitulo 08
Capitulo 09
Capitulo 10
Capitulo 11
Capitulo 12
Capitulo 13
Capitulo 14
Capitulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capitulo 20
Capitulo 21
Capitulo 22
Capítulo 23
Capitulo 24
Capitulo 25
Capitulo 26
Capitulo 27
Capítulo 28
Capitulo 29
Capitulo 30
Capitulo 31
Capitulo 32
Capitulo 33
Capitulo 34
Capitulo 35
Capitulo 36
Capitulo 37
Capítulo 38
Capitulo 39
Capitulo 40
Epílogo
Leia também...
Em breve!
Dedicatória
Para você que não desiste dos seus sonhos, que acredita que o raiar de um
novo dia trará novos sonhos e novas oportunidades.

Para aqueles que acreditam na força do amor e da superação.

Este livro é para vocês.


Sinopse

Nicolas Atebaly, é o chefe da máfia jamaicana também conhecida como a


Yardie Britânica, um homem sanguinário, impiedoso e implacável.
Conhecido no mundo da máfia como camaleão devido à sua capacidade de se
infiltrar.
Um acordo colocará a bela Celena em seu caminho, uma jovem de dezoito
anos, que foi enviada para Inglaterra para ser sacrificada como símbolo de
paz através da máfia mexicana.
Será possível o demônio se render aos encantos de um anjo?
ATENÇÃO
Este livro contém cenas de sexo explícito, violência física e verbal, tortura e
assassinatos que podem deixar alguns leitores desconfortáveis. Se este for o
seu caso: Não leia!
Esta é uma história de ficção, a autora não concorda com os abusos relatados
aqui. Tenha a mente aberta. Boa leitura.
Proibido para menores de 18 anos.
Prólogo

México – Doze anos atrás...


Celena Martins
— P apai! Mamãe! Acordem, por favor, não me deixem.
— Vamos, Cel, a tia vai cuidar de você.
— Não, tia, eu quero ficar com eles, quando meus pais acordarem vão
ficar zangados se eu não estiver aqui.
— Oh! Meu amor, você precisar ser forte, lembra quando Deus
precisou da vovó?
— Sim, tia, a mamãe disse que ela virou uma estrelinha para iluminar a
noite.
— Então, minha princesa, a mamãe e o papai agora são estrelinhas e
sempre que você sentir saudades basta olhar para o céu e eles estarão lá
brilhando em sua direção.
— Tia, por que eles me deixaram sozinha?
— A tia vai cuidar de você, como a sua mãe faria, agora vamos que o
tio William está nos esperando.
Os dias foram passando e minha tia sempre passava a maior parte do
tempo comigo, mas a saudade, a dor dentro do meu peito continuava, tenho
tanta saudade deles, sei que minha tia me ama, no entanto, eu queria estar
com os meus pais, não gosto do jeito que tio William me coloca em seu colo.
Minha tia contou uma historinha, depois apagou a luz do meu quarto, eu
estava tão feliz novamente a luz surgiu em minha frente eles vieram me
buscar, minha mãe estava tão linda com uma coroa de flores em sua cabeça e
meu pai esticou os braços me chamando, levantei-me e comecei a correr na
direção deles, mas a luz começou a ficar cada vez mais distante e logo uma
escuridão apareceu, senti uma mão enorme deslizando pelo meu corpinho e
parou próximo a minha calcinha, quando abri meus olhos era o homem mau,
comecei a me debater e tio William segurou em minha boca, mordi sua mão e
comecei a gritar, em seguida sua voz ecoou no quarto.
— Se você falar alguma coisa para sua tia, eu vou atirar no meio da
testa dela e você passará o resto da sua vida ao meu lado.
Ele rapidamente saiu do quarto, um tempo depois minha tia entrou
correndo, acendeu a luz perguntando o que tinha acontecido, lembrei-me das
palavras do daquele homem e não deixaria que ela virasse uma estrelinha.
— E... Eu sonhei com os meus pais, as lágrimas deslizaram pelo meu
rosto minha tia passou sua mão enxugando, em seguida me abraçou bem
apertado, passei bastante tempo em seu colo até que adormeci.

Dias atuais...
A guerra entre Jacob Morales Filho e Nicolas Atebaly, foi iniciada, os
maiores e mais sanguinários criminosos começaram um combate que parecia
não ter fim. Jacob perdeu muitos dos seus homens, pois Nicolas Atebaly é um
homem frio e cruel, pois matar seus adversários acalma seus demônios. Para
não perder o poder Morales decidiu que uma virgem seria enviada como
sacrifício para Inglaterra como uma promessa de paz.

Mansão de William Santiago


— Você não pode ter feito uma coisa dessa, isso é monstruoso.
— Jacob já decidiu e Celena será enviada para Inglaterra.
— Ela é somente uma menina.
— Sua sobrinha não tem serventia para nada, vive pelos cantos, não
fala nada há mais de onze anos, quem casaria com uma retardada.
— Celena, era uma menina como todas as outras, mas desde o dia que
acordou gritando e me contou que sonhou com os pais, no dia seguinte não
falou mais nada. É como se tivesse acontecido algo tão ruim que a fez ter
medo de falar.
— Não se engane ela sempre foi uma imprestável, e você querendo ou
não esse será o destino da sua queridinha.
A palavra de Jacob é a lei perante todos da máfia mexicana, após a
morte do seu antigo conselheiro Antônio Martins. Nomeou William Santiago
para ocupar o cargo de conselheiro da máfia, o qual se tornou seu braço
direito. Juntos decidiram enviar a jovem órfã Celena para Inglaterra, como
promessa de paz à máfia jamaicana.
Tudo já estava pronto e o avião particular de Jacob logo seguiria rumo
à Inglaterra, levando a virgem para os monstros da Yardie.
Horas depois...
Mariana Santiago estava descontrolada, seu rosto banhando pelas
lágrimas e seu coração sangrando com a dor de perder a única lembrança que
restou da sua eterna irmã Cecília Martins.
No ambiente além dos soldados de Jacob, também estava William, seu
filho Lucas e a jovem órfã que tinha uma expressão indecifrável, porém,
algumas lágrimas começaram a surgir em seus olhos.
Mariana se aproximou e logo suas mãos envolveram o corpo de Celena
em um abraço forte, ela a apertava com tanta força, como se sua vida
dependesse daquele abraço, e com a voz embargada pelas lágrimas, ela diz:
— Perdoe-me, princesa, por ter falhado na promessa de sempre estar ao
seu lado. A tia te ama tanto, você assim como sua mãe sempre terá um lugar,
que nada e ninguém poderá ocupar em meu coração. Eu te amo, minha doce
Cel.
William impaciente como sempre faz o sinal e dois soldados se
aproximam tirando Celena dos braços da tia. A porta da mansão é aberta e a
jovem órfã encaminhada para o carro da máfia que está esperando, a cada
passo que Cel dá se aproximando do veículo, é como se tivessem cravado
uma faca no peito da sua tia, os gritos logo surgem e com ele o desespero. O
medo, agudo e cru, arranha o peito de Mariana, que corre e começa a gritar
para que os soldados deixem sua sobrinha em paz, e quando já está a alguns
passos de Celena, sente mãos fortes a puxando e logo um soco é desferido em
seu rosto, fazendo-a cair no chão.
A jovem que até então não demostrava nada além de algumas lágrimas
em sua face, lança um olhar frio, repleto de ódio sobre William, seus lábios
se mexem, mas nenhum som sai entre eles. Os soldados a colocam no
automóvel, que logo entra em movimento.
Capítulo 01

Celena Martins
D oze anos se passaram, mas as lembranças ainda me acordam
durante a noite. Desde aquele dia o medo de estar perto de um homem, de
qualquer homem, especialmente do homem mau, me levaram para um mundo
onde só existia eu e meus pais. Lucas sempre me tratou bem, assim como
minha tia que durante anos dedicou sua vida a cuidar de mim.
Depois do que aconteceu naquela noite, dormir se tornou impossível,
as palavras dele não saem da minha cabeça, cada vez o som da sua voz fica
mais forte e intenso, passei o resto da noite ouvindo o som da sua voz, pensei
em minha tia, no Lucas que a ama tanto e não poderia permitir que aquele
monstro fizesse o que prometeu diante do meu leito.
Repeti por várias vezes e pedi a Deus que não me deixasse falar nunca
mais, com isso acabei perdendo a noção do tempo transcorrido, mas não
parava de repetir a mesma frase, os múrmuros que saíam entre meus lábios
com o tempo desapareceram e desde então por mais que tentasse falar, não
consigo emitir nenhum som. Os anos se passaram e aquele homem, quando
minha tia não estava por perto me olhava com desejo, comecei a passar o
tempo todo no quarto.
Quando chegava à noite uma forte luz aparecia e sempre meus pais
estavam lá com os braços estendidos em minha direção, e com os anos já não
conseguia mais distinguir se era ilusão ou realidade, tudo que desejava era
que de alguma forma aquele monstro acabasse com a minha vida. Quando
minha tia entrou chorando e, em seguida começou a falar que me enviariam
para Inglaterra, mesmo ela achando que eu não estava entendo nada, naquele
momento minhas esperanças foram renovadas, logo estaria ao lado dos meus
pais, pois meu único consolo é que nada poderia me quebrar mais do que
aquele monstro fez anos atrás.

Oito horas depois... Londres - Inglaterra


Preparação para o Ritual.
Com a imigração para Inglaterra os membros da máfia jamaicana
trouxeram consigo os rituais praticados pelos antepassados que antes
moravam na África.
A sede da Yardie está iluminada com várias tochas de fogo, um grande
altar que contém uma enorme área plana de pedra, onde as pessoas são
mortas durante o sacrifício.
O ritual será acompanhado por todos os membros da máfia, que já
estão no ambiente dando vários gritos e com danças hipnóticas, estimuladas
por músicas e uma bebida feita à base de cipó. Todos estão se divertindo e
esperando o chefe, que está em outro cômodo, chamado sala do tormento.
Capítulo 02

Nicolas Atebaly
C om os olhos fixos no infeliz, através da porta de vidro, sinto um nó
se formando em minha garganta, a raiva inflama em minhas veias quando
Bruno novamente volta a perguntar ao maldito quem o ajudou a se infiltrar
em nosso território, em meio à tortura o homem permanece com um sorriso
sarcástico entre os lábios, após dar a última tragada no meu charuto cubano,
resolvo participar da festa.
Assim que adentro o ambiente, Bruno logo se pronuncia:
— Tentei fazer do modo fácil, agora você está nas mãos do camaleão.
O homem que está com os membros presos por correntes, deitado
sobre uma maca, inclina a cabeça e seus olhos permanecem fixos em minha
direção. Ao me aproximar vejo que o desgraçado ainda continua com o
mesmo sorriso cínico em sua face.
Um dos meus homens se aproxima, colocando um pequeno móvel com
alguns utensílios que usarei para tornar a brincadeira mais divertida. Levo
minhas mãos até à seringa, e sinto todos os olhares direcionados a mim, o
homem logo arregala seus enormes olhos ao ouvir minhas palavras.
— Você terá dois caminhos a seguir, me revelar quem são os malditos
que te ajudaram e em troca te envio rapidamente ao inferno ou se continuar
de boca fechada faremos do meu jeito.
Quando meus lábios se juntaram a voz do infeliz ecoa no espaço:
— Vá à merda.
Ao ouvir sua sentença de morte, pego o bisturi e caminho ao encontro
da sua barriga.
— Vamos ver, por quanto tempo você mantém esse sorriso em sua face
— coloco a seringa diante de seus olhos, em seguida introduzo o líquido em
seu corpo, o homem se contorce, e continuo falando:
— Você vai lamentar o dia que cruzou o meu caminho, agora eu
decido o momento que deixarei você morrer e mesmo que se entregue a
morte, eu vou te ressuscitar de volta, o objetivo em ter me tornado médico foi
justamente esse, proporcionar a desgraçados como você, momentos
inesquecíveis antes de partir dessa para pior, o líquido que introduzi no seu
corpo fará com que você fique lúcido o tempo todo.
Assim que termino de falar, passo o bisturi por toda extensão do corpo
do infeliz, seus gritos reverberam como músicas para os meus ouvidos,
quando sua barriga está totalmente aberta, insiro minhas mãos pelas vísceras
até ter a visão dos seus pulmões pulsando e seu coração batendo, o maldito
começa a se debater soltando um grito estrangulador, minha vontade é
arrancar seu coração, mas o sofrimento dele só está começando. Pego a
seringa com morfina e aplico nele, a sorte do infeliz que hoje tenho algo
melhor para apreciar.
Limpo minhas mãos em seguida, deixamos o lugar, caminhamos para o
salão onde todos nos esperam. Assim que entramos todos ficam em silêncio,
a garganta da infeliz será cortada de forma a jorrar a maior quantidade
possível de sangue sobre o solo. Três soldados entram segurando a garota
pelo braço que mantém a cabeça coberta por um saco preto, permaneço
entretido conversando com Bruno, enquanto eles a colocam sobre a pedra, os
gritos começam a ecoar no ambiente, onde todos gritam em uma só voz.
— Queremos sangue.
Quando Bruno faz o sinal para que um dos meus homens que já está
em sua posição com o objeto cortante em sua mão, sinto uma pontada em
meu peito e ao olhar para o homem movendo a sua mão ao encontro da
garota.

Nicolas Atebaly
Com os olhos fixos nos movimentos do homem à minha frente, sem
que eu consiga entender, minha mandíbula se contrai, meus lábios se mexem
e minha voz ecoa no ambiente.
— Pare! — Assim que meus lábios se juntam, todos os olhares que até
então estavam direcionados para o altar, caem sob mim. Bruno está
petrificado e com os olhos carregados em minha direção, o soldado ainda
continua com sua mão estendida na mesma posição que antes, ele parece
perdido com tudo que está acontecendo.
Nunca um ritual foi interrompido, mesmo sendo o chefe, o conselho da
Yardie sempre manteve as tradições do nosso povo há gerações. É uma forma
de nunca esquecer nossa origem, mesmo estando na Inglaterra a Jamaica
sempre será o nosso lar. Saio dos meus devaneios e ao me levantar ordeno
que tirem o saco da cabeça da infeliz, não sei explicar, é como o fogo
queimando em minhas veias, uma chama que está sugando a minha razão, a
energia vindo daquela direção afeta todos os meus sentidos.
Com os olhos fixos na mão do soldado, acompanho atentamente cada
movimento seu até alcançar o tecido que envolve a cabeça da mulher, assim
que ele puxar o saco, sinto meus pulmões se contraindo, e novamente uma
pontada em meu peito. Olho para garota que não esboça nenhuma reação, é
como se ela não estivesse nesse mundo e desconectada da realidade, caminho
até o altar e assim que fico frente a frente com a desconhecida, ela gira a
cabeça, fixo meus olhos nela, porém, a moça continua com a mesma
expressão.
Mesmo sendo treinado durante anos, e capaz de decifrar as reações das
pessoas em minha frente, essa infeliz se torna uma incógnita, a qual não
consigo desvendar. Analisando com cuidado, observo cada traço do seu belo
rosto, uma beleza que nunca tinha visto antes, seria um desperdício não
possui-la antes de enviá-la ao inferno. Fecho as portas dos meus pensamentos
ao ouvir os sussurros no ambiente. Sei que todos estão eufóricos esperando o
momento em que o ritual será concretizado, mas minha decisão já foi tomada,
viro-me de frente para todos e vestindo minha armadura de homem frio, e
implacável, comunico a todos.
— Dentro da Sala do Tormento, temos um prisioneiro que se infiltrou
em nosso território, até descobrimos para qual dos nossos inimigos o infeliz
passou informações, não aceitaremos o acordo com a máfia mexicana, todos
conhecem o Jacob e sabemos que além de calculista e frio, é um traiçoeiro
capaz de tudo para conseguir seus ideais. — Assim que termino de proferir
minhas palavras o barulho no lugar aumenta ainda mais, alguns membros do
conselho logo se aproximam e antes que se manifestem, resolvo contornar a
situação.
— Bruno, mande que tragam a filha do maldito Tobias que está no
calabouço, irei usá-la para o próximo ritual, ela terá o privilégio de ser a
oferenda, para acalmar os nossos antepassados.
Volto a ficar frente a frente com garota.
— Qual é o seu nome? — a infeliz continua do mesmo jeito que
minutos atrás, sinto a raiva inflamar em minhas veias, um nó se forma em
minha garganta, os murmúrios voltam a ecoar no ambiente, o que só aumenta
ainda mais a minha raiva pelo atrevimento da maldita em não me responder,
seguro em sua mandíbula, apertando com toda a força enviada através do
meu ódio.
— Você é surda ou retardada? — vai aprender que nunca deve ficar
calada, quando eu te fizer uma pergunta.
Antes que ela tenha qualquer reação intensifico o aperto em seu rosto,
enquanto utilizo minha outra mão para desferir um soco em seu estômago, a
garota leva as mãos até à barriga, mas não ouço qualquer som sair entre seus
lábios, preparo-me para dar o próximo soco, escuto as vozes novamente
ecoando no cômodo.
— QUEREMOS SANGUE! QUEREMOS SANGUE!
Olho para o lado e Bruno se aproxima com alguns soldados e a virgem que
será sacrificada, por ora deixarei essa atrevida de lado, mas logo vai aprender
da pior forma quem é Nicolas Atebaly. Ordeno que um dos meus homens
coloque a maldita dentro do meu carro, e dou o sinal para iniciar o ritual.
Ao contrário da atrevida que permaneceu quieta durante o tempo que
foi colocada no altar, a filha do traidor começa a se debater, e gritar para que
a soltem, os gritos surgem no ambiente cada vez mais fortes, em seguida o
sangue começa a jorrar em jatos contínuos pelo solo, os sons dos tambores
invadem o ambiente, enquanto o corpo da garota começa a ser esquartejado.

Horas depois...
Ainda possuído pelo ódio do atrevimento daquela garota, resolvo que
ela será meu novo passatempo, assim que enjoar da infeliz mandarei seu
corpo esquartejado de volta para o México, mas antes preciso terminar com
aquele maldito para acalmar os meus demônios, que não ficaram satisfeitos
com a morte da oferenda. Ao lado de Bruno seguimos para Sala do
Tormento, assim que entro no cômodo o homem está com os olhos
arregalados, enquanto seus órgãos estão expostos, com a injeção que apliquei
ele permanecerá lúcido até o momento que eu acabar com sua miserável vida.
Aproximo-me e novamente volto a perguntar.
— Te darei uma nova chance, antes que eu comece a levar a sério tudo
isso. Quem te ajudou a entrar em nosso território?
— Vá à merda, maldito.
— Até agora você só conheceu o meu lado bom, já que sua lealdade é
mais importante que sua vida te enviarei hoje mesmo ao inferno
Aproximo-me do móvel que contém os utensílios e pego a seringa que
está à minha frente, o homem que permanecia calmo ao ouvir minhas
palavras começa a se debater.
— Alguma vez em sua vida já teve câimbras? Já imaginou ter câimbras
por todo o seu corpo ao mesmo tempo. — Caminho até parar na direção da
cabeça do infeliz que continua a se contorcer.
— Seu eu fosse você ficaria imóvel, se eu atingir outra parte que não
for o meu alvo te garanto que a dor será mil vezes pior. — Introduzo a
injeção próximo ao seu ouvido, e assim que o líquido começa a fazer efeito o
homem começa a tremer por todo o corpo, levanto o olhar me deliciando ao
ver seus pulmões se contraindo e seu coração pulsando descontroladamente, a
imagem da garota logo vem à minha mente o que me faz antecipar logo o fim
do infeliz, pego a garrafa que contém ácido sulfúrico e despejo dentro da sua
barriga, os gritos do homem ecoam por todo o ambiente, o fedor dos seus
órgãos queimando ficam impregnados no ambiente, ele continua se
debatendo até que vejo seus olhos se fecharem, proporcionando-me um
prazer indescritível
Ordeno que limpem toda a bagunça, em seguida deixo o local. Chegou
a hora de mostrar àquela garota atrevida para que ela foi feita.
Capítulo 03
Celena Martins
Q uando sinto as mãos daqueles homens me tocando, todo o meu
corpo estremece, antes teria tido uma crise por estar tão próxima à pessoas do
sexo masculino, mas a certeza que eles só estão me levando para enfim
encontrar os meus pais faz com que eu tenha forças para sair do mundo que
vivo e manter a minha sanidade por algumas horas. Durante o percurso para
Inglaterra as lembranças daquele homem mau, agredindo a minha tia não
saem da minha mente, porém, sei que ao deixar sua casa estarei a protegendo,
de tudo que passou todo esse tempo por minha culpa.
Quando entro no avião, fico olhando pela janela e não sei em que
momento acabo adormecendo, perdi a noção do tempo e quando acordo ouço
vozes, mas não consigo entender o que eles estão falando, até um homem
negro, de olhos castanhos começar a falar em inglês, ele orienta que
coloquem um saco em minha cabeça que chegou o momento de iniciar o
ritual. Depois que colocam o saco, sinto alguém pegar em meu braço e sair
me puxando, não sei onde estou, mas sinto todo o meu corpo estremecer
quando ouço vários gritos à minha volta.
Quando sou colocada em uma posição a qual sei que ali será a solução
para acabar com toda a tristeza, dor e angústia, que se tornou a minha vida,
mesmo com a cabeça coberta consigo ver a luz e não demora muito meus
pais apareceram, com os braços estendidos em minha direção começaram a
me chamar, há muito tempo não me sentia tão feliz, finalmente encontrarei a
paz estando ao lado daqueles que são tudo para mim, quando eles começaram
a caminhar em minha direção, uma sombra de um homem surge, levando-os
assim que uma voz horripilante que chama a minha atenção.
Ainda atordoada, sinto o saco sendo retirado da minha cabeça, em
seguida um homem bonito, surge em meu campo de visão, o medo paira
sobre mim, ele é o demônio que veio para impedir que eu encontre a paz.
Sem desviar os meus olhos dos seus, ao ouvi-lo perguntando o meu nome,
desejo do fundo da minha alma que nesse momento eu pudesse falar e
perguntar a ele o porquê de me privar do meu destino, mas nada sai entre
meus lábios, e antes de pensar em qualquer coisa, sinto uma dor forte em
minha barriga, seguro as lágrimas, pois a dor maior não é somente a física e
sim a dor por saber que vou continuar vivendo nesse mundo, onde só conheci
a dor.
Quando ele se prepara para me bater novamente, e no fundo eu desejo
isso, quem sabe se ele continuar a me bater, acabo morrendo, novamente os
gritos, cada vez mais altos reverberam no ambiente, o homem à minha frente
pede que me tirem do lugar.
Depois de caminhar por um enorme corredor o homem que segura
meus braços me joga dentro de um carro e fecha a porta. Até quando Senhor,
eu ainda terei que suportar tanto sofrimento.

Nicolas Atebaly
Meu plano era torturar aquele maldito por vários dias, mas as imagens
daquela atrevida não saem da minha cabeça, que diabo aquela garota tem a
ponto de ganhar um espaço em minha mente. Possuído pelo ódio, envio o
infeliz à minha frente ao inferno, sobre os olhares do meu fiel companheiro,
Bruno, sei que ele está a um ponto de me questionar sobre o motivo em ter
acabado logo com a vida do desgraçado e mais ainda por não deixar que a
garota fosse morta durante o sacrifício.
Embora Bruno seja a única pessoa em quem confio não darei nenhuma
explicação das minhas atitudes, sou o chefe e a lei, perante todos da Yardie,
quem se atrever a não cumprir as minhas ordens terá o mesmo destino do
homem à minha frente. Saio do ambiente e ao chegar ao estacionamento,
encontro todos os seguranças já em seus postos. Bruno foi despachar o novo
carregamento de armas que vamos enviar à Jamaica.
Caminho até o meu automóvel, a cada passo dado, não consigo
entender o porquê estou tão ansioso para rever a garota, talvez sua ousadia
em me desafiar despertou um lado que não conhecia, afinal, todos que
chegaram a me contrariar até hoje partiram dessa para pior, porém, tenho que
reconhecer que a maldita mesmo com a aparência desleixada tem uma beleza
natural, assim como ela tem um corpo perfeito, só de imaginar já sinto o meu
pau se contrair entre minhas calças. Nunca fui de ter ereção de imediato ao
ver uma mulher, contudo, essa mexeu comigo de uma forma que não sei
explicar, despertando todos os meus pensamentos mais impuros. Saio dos
meus devaneios ao ficar em frente ao meu carro, abro a porta e a vejo
encolhida no banco de trás, adentro o veículo e travo todas as portas, a
atrevida continua com a mesma expressão indecifrável em sua face,
sacudindo o corpo para frente e para trás, decerto com medo em saber que
após saciar todas as minhas vontades deixará esse mundo. Coloco o carro em
movimento e após horas que parecem uma eternidade, enfim chegamos à
minha mansão, destravo as portas do veículo, saio do carro e caminho em
direção à porta em que a garota está, mando que ela saia do automóvel, por
incrível que pareça ela ainda está com a cabeça abaixada, a raiva inflama em
minhas veias, meus pulmões estão em chamas, pego-a pelos cabelos e saio
puxando em direção à porta, a infeliz não emite nem um som, o que só me
deixa mais irritado, assim que entro na sala a levo para um dos quartos que
ficar no andar inferior da mansão, abro a porta e com um movimento brusco a
jogo dentro do cômodo, ela permanece do mesmo jeito como caiu.
— Vá até o banheiro e tome um banho, pois seu estado está deplorável.
Dentro de alguns minutos voltarei, e para o seu bem espero que esteja limpa.
Fecho a porta, sigo para o meu quarto, assim que terminar o meu banho
vou mostrar para aquela infeliz, para que ela foi feita, vou fodê-la até que ela
não sinta mais suas pernas. E depois darei a ela o destino que foi adiado há
algumas horas.
Capitulo 04

Cidade do México - México.


William Santiago
D epois do soco que dei em Marta, a infeliz, passou algumas horas
desmaiada, minha única lamentação é não ter possuído aquela garota, quando
tive todas as oportunidades. Cada traço dela me faz lembrar da sua mãe e se
não fosse pelo desgraçado do Antônio que cruzou meu caminho, a Cecília
teria sido minha esposa, mas além do cargo de conselheiro da máfia, ele
também colocou os olhos na única mulher que amei na vida, restando-me
casar com Marta para me manter próximo de Cecília, e assim arrumar um
jeito de acabar com o maldito.
Agora com a única herdeira dos Martins morta, a sua fortuna passará
por direito a Marta e eu como seu esposo serei o administrador de todo o
patrimônio que a maldita retardada tinha e nem imaginava que após Jacob,
ela era a segunda mais rica de todo México.

Nicolas Atebaly
Após terminar o meu banho, coloco somente uma calça moletom,
recebo a ligação de Bruno me informando sobre o carregamento enviado à
Jamaica. Bruno fica alguns minutos em silêncio ao saber que trouxe a garota
para minha casa, já que nenhuma outra mulher além das minhas funcionárias
da mansão e Estela, secretária do meu consultório médico e filha de um dos
capos da Yardie, colocaram os pés em minha casa.
Sempre me importei em satisfazer somente o meu desejo carnal, sem
ter algum envolvimento a mais, sei que terei que dar um herdeiro a Yardie,
mas isso por agora ainda não faz parte dos meus planos. Assim que dou por
encerrada a ligação, resolvo que é o momento de ir ao quarto onde a atrevida
está. Em passos largos, deixo o meu quarto, ao descer os degraus da escada,
não vejo o momento em ter aquele corpo frágil embaixo do meu,
contorcendo-se enquanto estiver estocando meu pau com força nela, sigo pelo
corredor que dá até o cômodo, levo a mão até à maçaneta e assim que adentro
no ambiente, sinto o ódio percorrer por todo o meu corpo, ao olhar para ela.
A maldita está encolhida no canto, com as mãos envolvidas em torno
dos joelhos, a cabeça repousada sobre eles, seus olhos parecem sem vida. Ao
caminhar em sua direção, com os olhos fixos nela o pensamento surge em
minha mente, dando ênfase a dúvida que havia surgido quando o infeliz do
Jacob falou sobre o envio da virgem, agora tudo faz sentido, se o ritual
tivesse sido concretizado decerto não saberíamos que tudo não passou de um
plano do desgraçado para ganhar tempo, o medo nessa atrevida só me dá a
certeza que ela não é virgem e agora que não foi sacrificada está morrendo de
medo de ser descoberta.
Ao ficar frente a frente com a garota mando que ela se levante,
novamente a infeliz teve a ousadia em me desafiar, continuando imóvel.
Antes de enviar essa vadia ao inferno, ela vai pagar caro por fazer parte dos
planos de Jacob em querer nos enganar, mas antes de matá-la a farei conhecer
o inferno em vida, pego-a em seus cabelos e saio arrastando-a em direção ao
banheiro, ao adentrar o cômodo a jogo dentro do box e ligo o chuveiro, ao
levantar a cabeça a garota que até então se mantinha imóvel, está com os
olhos arregalados e fixos em minha direção.

Celena Martins
Depois de passar um bom tempo dentro daquele carro, tento me manter
lúcida, mas novamente o som de várias vozes ecoam em minha mente, por
mais que eu tente voltar a realidade elas sempre surgem em minha cabeça, e
logo a imagem dos meus pais sempre aparece. Quando sinto minhas
pálpebras pesarem ouço um barulho e aquele homem que veio para impedir a
minha felicidade surge à minha frente, ele é tão ruim quanto o homem mau,
pois as vozes não param de me falar isso, que não devo confiar nele ou nunca
estarei com os meus pais.
Algum tempo depois, sinto uma dor forte em minha cabeça, quando
suas mãos começam a puxar os meus cabelos, fico na esperança que ele me
matará, mas nada acontece, à medida que ele me puxa sinto algo doendo em
minhas costas, assim que para em frente a uma porta e me joga dentro do
cômodo sua voz potente ecoa no ambiente, tento pensar em meus pais e não
compreendo nada do que ele fala, um tempo depois o homem sai, deixando-
me sozinha naquele lugar desconhecido, levo minhas mãos até minhas costas
que está doendo, passo as minhas mãos pelas costas e ao olhá-las, vejo que
estão envolvidas por um líquido avermelhado.
Arrasto-me e fico encolhida no canto, não sei que horas são, tudo que
ouço são sussurros para me manter naquele lugar, mantenho-me imóvel até
ouvir novamente a voz do homem, que logo sai me puxando.
Novamente sinto o meu corpo sendo arremessado e indo ao encontro do chão,
encolho-me, enquanto jatos fortes de água caem sobre o meu corpo me
causando um forte incômodo, quando atinge a minha pele minhas costas
ardem, mas a mantenho firme ao pensar que ele me trouxe para esse lugar a
fim de acabar com a minha vida.
Quando percebo que ele está se afastando, levanto a cabeça e tenho a
imagem do homem nu à minha frente, não consigo desviar os meus olhos
daquilo enorme entre suas pernas, eu já tinha visto um pênis nos livros que
minha tia levava, quando mesmo achando que eu não compreendia começou
a me dar aulas em casa. As vozes me mandam ficar quieta, mas ao vê-lo se
aproximando de mim, não sei explicar, mas é como se algo estivesse me
puxando de voltar para realidade que sempre fiz de tudo para me afastar, e no
impulso me levanto.
Quando o homem fica a centímetros de distância, levando suas mãos
ao encontro do meu corpo, puxando-me para perto dele, tudo que vejo é a
imagem do William, não só tocando em meu corpo, mas também do dia que
o vi abusando da minha tia na cozinha, começo a me debater, sentir aquelas
mãos fortes deslizando cada vez mais pelo meu corpo, desesperada levo
minha boca ao encontro do seu braço e trinco meus dentes, mantendo-os
fixos em sua pele, enquanto cravo minhas unhas, que percorrem por toda
extensão das suas costas, ouço um gemido sair entre seus lábios, em seguida
uma dor forte em minha face, fazendo-me cair novamente.
Antes que eu tenha qualquer reação, o homem em um movimento
brusco rasga o meu vestido e puxa minha calcinha, e ao ouvir sua voz todo o
meu corpo estremece.
— Se você gosta de sexo selvagem, vadia, vou adorar te comer como
um animal.
Assim que seus lábios se unem, ele sobe em cima de mim e abre as
minhas pernas, começo a espernear, ele segura meus braços firmes me
imobilizando e com suas pernas começo a forçar para que eu abra as minhas,
sinto aquilo duro e grande dele tocando a minha intimidade e sem que eu
estivesse esperando, ele entra em mim a dor é insuportável, em uma reação
desesperada começo a me contorcer, tentando afastá-lo, ele movido pela raiva
segura em meu pescoço, sufocando-me.
— Fique quieta, porra!
As lágrimas surgem em minha face, sem que eu possa controlar, aquilo
está me rasgando por dentro, como se fosse me partir ao meio, ele ficou
parado e tira suas mãos do meu pescoço, então acho que tudo tinha acabado,
mas não demora muito ele começa a se mexer, sinto aquilo duro e potente
entrar fundo em minha carne de forma violenta, ele continua se
movimentando cada vez mais rápido, a dor não passa, fica se mexendo mais e
mais até ouvi seus gemidos, sua respiração alterada, e ele grita, quando sinto
algo quente me invadindo por dentro.
Eu não consigo mover minhas pernas, o homem à minha frente tira
aquilo ainda duro de dentro de mim, levantando-se e assim como eu, ele
mantém seus olhos fixos naquela parte dele que está coberta de sangue, ele
começa a sacudir a cabeça, em seguida se afasta e ouço um forte estrondo
vindo da porta quando ele deixa o ambiente.
Forço minhas pernas a se moverem e me encolho. A dor que estou
sentindo é tanto física como emocional, eu tola pensei que nada poderia me
quebrar ainda mais, no entanto, me enganei, a única certeza que tenho é que
hoje acabarei com todo esse sofrimento.
Capitulo 05

Celena Martins
F echo os meus olhos e apenas sinto dor, minha cabeça, minhas
costas... meu corpo inteiro está dolorido, ouço palavras sussurradas na
escuridão, tudo pesado e dolorido, aquele homem parecia um animal
encarando sua presa e no momento certo deu o bote, abro meus olhos e levo
as mãos ao encontro do meio das minhas pernas e elas saem sujas de sangue,
um medo agudo e cru atravessa todo o meu corpo, as lágrimas rolam pelo
meu rosto sem que eu possa evitar.
O que vai ser de mim agora?
E se ele voltar novamente?
Os sons se tornam vozes que não param de ecoar em minha mente e
agora sei o que preciso fazer para acabar com tudo isso, levanto-me com
dificuldade, ando quase me arrastando para fora do box, minha vagina está
latejando, um desconforto imenso entre minhas pernas, olho para os lados e
avisto uma banheira, aproximo-me e ligo a torneira, deixo que ela fique
completamente cheia, viro-me e fico encarando o meu reflexo, estou em um
estado deplorável, meus cabelos bagunçados, ao girar olho a imagem das
minhas costas que está com vários arranhões, caminho até o espelho e pego
um objeto de metal que está sobre a pia.
As imagens daquele homem tocando em meu corpo, começam a surgir
como flashes a minha frente, meu estômago se embrulha, sinto um nó preso
em minha garganta meu coração bater mais forte, quando me lembro do jeito
como ele enfiava aquilo duro e grande dentro de mim, rasgando-me e me
causando uma dor insuportável, no impulso pego o objeto e quebro o espelho,
pego um caco de vidro e volto para perto da banheira, entro na água que
cobre todo o meu corpo, posiciono o objeto sobre o meu pulso direito e
começo a deslizar o vidro em minha carne até atingir os tendões, mesmo com
dificuldade faço o mesmo processo no outro braço, mas antes de atingir os
tendões, já não tenho mais forças, levanto o olhar e uma forte luz surge à
minha frente, um sentimento de alegria preenche o meu coração, finalmente
encontrarei a paz, novamente a luz some e tudo que vejo é uma forte
escuridão me envolvendo.
Agora sim não haverá mais dor.
Nicolas Atebaly
No momento que adentro aquele quarto e olho aquela garota atrevida
encolhida no canto que novamente teve a ousadia em me contrariar, o único
pensamento que surge em minha mente é matar a infeliz naquele momento,
mas ao caminhar em sua direção me vem as lembranças da conversa que tive
com Bruno assim que recebemos a informação que aquele desgraçado queria
um acordo de paz, ele como sempre um lobo em pele de cordeiro, pois já
sabia que os anciões se agradariam com o envio da virgem para ser
sacrificada, mas a dúvida paira em minha mente, se aquele infeliz realmente
estava disposto a levar esse acordo adiante, e vendo a reação da garota, só me
faz ter a certeza que tudo não passou de um plano do maldito para nos
enganar.
A raiva inflama em minhas veias, o ódio ao ver a vadia aqui, contribui
com o plano do desgraçado que por pouco não deu certo, está me
consumindo por dentro, saio a arrastando pelos cabelos e antes de dar um fim
em sua vida, vou satisfazer todos os pensamentos impuros que tive com ela
desde o momento que meus olhos fixaram nos seus.
Decerto que não esperava ver a reação que a maldita teve, assim que
me aproximo dela, mais uma vez ela me mostra o quanto é uma puta atrevida,
ela chega a cravar seus dentes em minha pele e suas unhas em minhas costas.
Seu gesto só aumenta a minha vontade em ter meu pau enfiado no meio de
suas pernas, confesso que me surpreendo com a atitude dela, a garota é
bastante corajosa, ao se atrever em me tocar daquela forma, e para completar
ela ainda tenta reagir, mas de nada adianta.
A pressa em ter meu membro dentro da sua boceta exposta à minha
frente, praticamente me cega a ponto de não perceber que a garota realmente
era virgem, ter meu membro em contato com aquela boceta apertada me
desperta sensações que nunca tinha sentindo antes, um prazer que me deixa
alucinado, ver as lágrimas em sua face enquanto ela se contorce embaixo de
mim, só me faz penetrá-la mais fundo e forte, intensificando a cada instante
os meus movimentos, aquela coisa frágil embaixo do meu corpo é deliciosa e
ao encontrar o meu próprio prazer a minha intenção era possui-la de todas as
formas possíveis, até vê-la desfalecendo, mas assim que meus olhos vão ao
encontro do meu cacete, que está coberto de sangue, não consigo entender
que diabos está acontecendo comigo, olho para garota que está com o rosto
coberto pelas lágrimas, totalmente imóvel no chão e pela primeira vez na
minha vida ver o sofrimento no olhar de alguém não me traz a sensação de
êxtase que sempre tenho, ainda atordoado deixo o lugar completamente nu e
caminho para minha suíte, antes de tomar um banho resolvo ligar para o
interfone da cozinha e pedir para Nany, que além de governanta da mansão é
a pessoa que cuidou de mim assim que meus pais faleceram, ir até o quarto e
levar um roupão para atrevida, não estou preocupado com as condições em
que ela ficou naquele chão, a única coisa que me interessa, é em foder aquela
boceta apertada, que só de imaginar já sinto minha libido se manifestar,
nunca senti nada igual por uma mulher, aquela coisinha deliciosa ficará à
minha disposição até o momento que eu enjoar dela.
Resolvo ir até o banheiro e tomar um banho, a maldita não sai dos
meus pensamentos.
— Que diabos essa garota tem?
Meu lema sempre foi nunca transar com uma mulher mais de uma vez,
no entanto, a única coisa que vem a minha mente é a imagem daquela
atrevida, algo está me intrigando nela, pela forma com que a penetrei e sendo
virgem era para ela ter uma reação diferente, a não ser pelas lágrimas, nem
um outro gesto como gritos ou sussurros saiu entre seus lábios, o que não é
normal diante do ocorrido. Fecho as portas do meu pensamento, e entro
debaixo do chuveiro, assim que terminar meu banho vou ensinar umas coisas
para aquela garota para o meu puro prazer.
Acabo passando um bom tempo debaixo do chuveiro, perdido em meus
pensamentos, ao sair do box ouço gritos em direção ao meu quarto, pego uma
toalha e deixo o ambiente, ao entrar no cômodo encontro Nany que está com
algumas lágrimas nos olhos, o corpo trêmulo, vejo o medo em seu olhar,
caminho em sua direção e pergunto o que aconteceu, com a voz entrecortada
ela começa a falar:
— Você precisar ajudar a garota, ela está morrendo. Eu tentei reanimá-
la, porém, não adiantou.
Ainda confuso pelas palavras ditas por ela, sobre o que aconteceu. Um
sentimento que nunca senti em relação a ninguém se manifesta em mim como
um soco, ela não pode morrer sem a minha permissão, ela está nas minhas
garras e ninguém poderá mudar isso.
Deixe o quarto com Nany me seguindo, em passos rápidos começo a
descer os degraus da escada, assim que chego perto do quarto que ela está,
sinto meus batimentos acelerarem, tomo uma respiração profunda para
diminuir meus batimentos cardíacos, abro a porta do ambiente e não a vejo,
vou até o banheiro e a encontro no chão enrolada com uma toalha e, alguns
cacos de vidro ao seu lado, olho para banheira à minha frente, que está cheia
com um líquido avermelhado, agacho-me e pego a garota em meus braços,
assim que adentro o quarto, coloco-a em cima da cama, enquanto vejo o
estrago que ela vez em seus pulsos, peço a Nany que pegue a minha maleta,
seus batimentos estão fracos, ela está quase sem pulso, seu rosto pálido e
quase sem vida.
— Você não vai morrer, não até o momento que eu decidir.
Capitulo 06

Nicolas Atebaly
A ssim que Nany chega com minha maleta, começo a examinar a
garota, enquanto ela me relata tudo que aconteceu quando a encontrou.
Depois que pedi para ela trazer o roupão para a atrevida, Nany não a
encontrou no quarto, portanto, seguiu até o banheiro, ao entrar no ambiente
ficou estarrecida ao ver a garota de olhos fechados, em seguida a única parte
exposta do corpo da mesma foi coberto pela água, desesperada ela se
aproximou, puxando-a para fora da banheira, mesmo confusa pelo fato da
água estar numa coloração avermelhada, Nany agiu rapidamente, olhou seus
pulsos cortados e entendeu o motivo do líquido estar naquela cor, ela a
colocou no chão e tentou reanimá-la, virando sua cabeça e o corpo para o
lado para retirar a água do pulmão, tentou restabelecer a respiração da garota,
vendo que não conseguiria, envolveu-a com uma toalha para a proteger do
frio e seguiu para o meu quarto para pedir ajuda.
Enquanto ela relata, faço os procedimentos necessários, começo a
massagem cardíaca até sua respiração se normalizar, em seguida estanco o
sangue para conter a hemorragia, trato de me certificar que não haverá
sequelas visíveis, sua pele ainda está pálida devido à perda de consciência e
queda de temperatura. Saio dos meus devaneios, ao ouvir os batimentos
cardíacos da atrevida, com todos os processos já feitos, vou aplicar um soro
com gotejamento preciso para ajudá-la, Nany providenciou alguns cobertores
que solicitei, deixando-a na temperatura ideal.
Terei que a observá-la nas próximas 72 horas, pois não sei ainda a
quantidade de água que ela ingeriu e se no processo que Nany fez ela expeliu
de fato todo o líquido para fora, então teremos que ter muito cuidado, pois
pode acontecer ainda um afogamento seco.
Olho para garota, que está com uma expressão calma em sua face, é
como se em meio a tudo que fez, ela estivesse muito feliz, respiro fundo,
meus olhos percorreram seu rosto a curva das sobrancelhas, as pequenas
sardas, seus cabelos mais parecem um raio de sol, ainda perdido em meus
pensamentos vejo Nany adentrar o ambiente com alguns medicamentos,
devido à maioria dos meus funcionários residirem na mansão tenho um
pequeno consultório dentro da minha própria casa, assim caso aconteça algo
com algum deles poderei fazer aqui mesmo os procedimentos cabíveis.
Deixo ela com a Raio de Sol, embora ainda não saiba nada sobre essa infeliz,
a chamarei assim até que ela me revele seu verdadeiro nome. Caminho até
meu quarto, visto uma calça de moletom e uma camiseta antes de ir para o
meu escritório e resolver alguns assuntos que tenho pendentes, não só com a
Yardie como tenho que checar com Estela os pacientes da semana, além de
ser o chefe da maior e mais temida máfia do mundo, tive que manter as
aparências perante a sociedade, embora o intuito em me tornar médico foi
para utilizar meus conhecimentos nos interesses da máfia, acabei me
tornando um dos médicos mais renomados de todo país. Por ser um médico
especialista em dor, um profissional que realiza o tratamento principalmente
nos casos de dor crônica, isso me tornou um dos homens mais ricos de
Londres, por ser o melhor nessa especialização.
Ainda não são nem cinco da tarde, pego o celular e ligo para Estela,
que atende com rapidez e prontidão, após receber as informações detalhadas
sobre minha rotina da semana, sigo para o meu escritório, entre um
documento e outro, acabo perdendo a noção do tempo e quando já estou me
levantando para deixar o cômodo, de repente as portas se abrem e novamente
Nany aparece em meu campo de visão com a mesma expressão de horas
atrás, com a voz entrecortada pelo nervosismo começa a falar:
— A garota está ardendo em frente, tentei controlar sua temperatura
dando o antitérmico, mas ela já está com mais de 40 graus e tendo convulsões
febris.
Levanto-me de imediato e vou ao encontro dela. Atordoado, atravesso o
corredor de acesso ao quarto da garota, ao me aproximar dela, dou uma
olhada longa e severa, seu rosto pálido está banhando pelo suor, sua
temperatura corporal está muito alta, alterações nos sinais vitais, peço a Nany
para trazer as compressas para fazer aplicações na testa, axilas e peito, para
controlar a febre.
Olho para o relógio em meu pulso já são quase meia-noite, Nany logo
se pronuncia que ficaria com a garota, mas não posso deixá-la nesse estado,
passarei a noite toda acordado vigiando a Raio de Sol, então após ter falado
para ela ir dormir, resolvo ficar no quarto para manter a temperatura do
corporal dela estável. As horas vão passando, troco o soro, colocando alguns
medicamentos dentro dele, entorpecido pelo cansaço, recosto-me na poltrona,
não sei ao certo a hora, mas acabo adormecendo.
Acordo sobressaltado ao ouvir uma voz que desperta uma sensação tão
boa dentro de mim, como nunca tinha sentido antes, ainda atordoado me
levanto e ao me aproximar da cama onde a Raio de Sol está, vejo-a se
contorcendo como se tivesse sentindo dor, pego em suas mãos e vejo que está
novamente com uma alta temperatura, ao me virar para pegar a compressa,
novamente a voz que mais parece ser de um anjo ecoar no ambiente.
— Não! Não! Por favor, se afaste de mim. Mamãe! Papai! Por que
vocês me deixaram, o homem mau vai matar a tia, me ajude por favor. Vocês
não podem me deixar aqui, estou tão sozinha, por favor não me deixe, está
quente muito quente eu não consigo respirar, me ajuda eu-eu- estou tão frac...
Vejo-a se contorcer ainda mais, como se algo realmente a estivesse
torturando, o medo em sua expressão é visível, algumas lágrimas descem pela
sua face. Saio do meu momento de devaneios quando um grito estrangulador
sai entre seus lábios, ela começa estremecer, seus batimentos estão
acelerados, vejo seus olhos se abrirem e ficarem fixos em minha direção, em
seguida ao se fecharem fico petrificado ao vê-la, desfalecendo à minha frente.
Capitulo 07

Alguns dias depois...


Celena Martins
T udo está pesado e dolorido, cabeça, pálpebras, nada se move. Meus
olhos e boca estão fechados com determinação, deixando-me cega e dolorida,
está tão quente, sinto o meu corpo queimando. As palavras sussurradas estão
cada vez mais distantes, a névoa me envolve mais uma vez, ela está me
puxando. Sim!
Embora eu tente, não posso ficar com os meus olhos fechados, uma luz
na escuridão está me chamando de volta, uma voz sussurrou dentro da minha
mente, eu não quero voltar.
Sinto uma paz tão grande em meu coração, tudo está calmo, as vozes se
foram e eu finalmente encontrei a paz que tanto desejava, meu corpo não está
mais em chamas, toda a dor ficou para trás, levanto-me e caminho em direção
à porta, sei que somente naquele lugar encontrarei os meus pais, a ansiedade
toma conta de todo o meu ser, a cada passo dado ela ficava cada vez mais
distante, desesperada começo a correr, mas novamente a névoa me envolve.
Tudo está em silêncio, estou muito cômoda e aquecida, sinto algo bem
macio debaixo de mim. Que bom! Abro lentamente meus olhos, estou
tranquila e serena, está muito claro, penso que estou no céu, estou feliz, todo
o meu sofrimento finalmente acabou. Tento mexer meus membros, sinto algo
pontiagudo perfurando minha pele. Fecho os olhos rapidamente.
— Será que no céu também sentimos dor? — Abro meus olhos de novo
e o ambiente parece-me estranhamente familiar, meu coração dispara, meu
ofuscado cérebro procura entre suas lembranças recentes, pouco a pouco, as
imagens fragmentadas começam a me torturar, minha garganta se fecha
instantaneamente assim que a maçaneta da porta chacoalha, em seguida a
porta é aberta revelando uma poderosa figura masculina, altivo e arrogante,
sinto todo o meu corpo estremecer assim que ele começa a caminhar em
minha direção, toda a alegria de minutos atrás murcha em meus olhos, tento
respirar devagar, mas sou inundada pelo aroma do seu perfume, ele para à
minha frente, encarando-me, seu rosto impassível, ele se afunda em uma
poltrona próxima, jogando o braço sobre o encosto, no mesmo instante sua
voz ecoa no ambiente.
— Vejo que está melhor.
Com os olhos fixos no homem à minha frente, todo o meu corpo estremece,
quando as lembranças de tudo que ele me fez passar surge como flashes em
minha mente, apavorada tento me levantar, mas sinto uma forte tontura. Ele
se levanta e novamente começa a falar.
— Você ainda está muito fraca, esteve doente por alguns dias.
Ainda atordoada ao ouvir suas palavras, meus olhos vão ao encontro dos
meus braços, que estão envolvidos por um tecido branco, só então, percebo
que estou com uma medicação intravenosa em meu membro superior.
Sinto ele pegar em minha mandíbula me fazendo virar em sua direção,
com a voz calma ele pergunta
— Qual é o seu nome?
Eu queria poder falar e dizer o quanto tenho raiva dele por toda a maldade
que me fez, mas nada sai dos meus lábios, somente fico o encarando. Sua
expressão que antes era calma, logo se altera e sinto sua mão deslizando até à
minha garganta, ele começa apertar o meu pescoço com tanta forca, a ponto
de começar a me debater, ele está me sufocando, quando acho que tudo
estava acabado ele retira sua mão, e caminha até um móvel que está ao lado,
começo a tossir tentando recuperar o meu fôlego, mas logo meu coração
começa a bate mais forte quando olho o objeto em suas mãos, ele pega em
minhas pernas e as prende, com corrente grossa que é semelhante às algemas
no início e a outra parte fixa em uma grade de metal contida próxima à janela,
o ódio é visível através do seu olhar.
— Você ficará presa, assim não tentará mais dar fim a sua própria vida,
e a sua sorte que ainda não está totalmente recuperada, da próxima vez que
permanecer calada quando fizer uma pergunta a farei conhecer o inferno em
vida.
Assim que ele termina de falar, caminha até à porta e deixa o cômodo.
Viro a cabeça para o lado, as lembranças dos momentos que passei ao
lado dos meus pais invadem a minha mente, será que algum dia tudo isso terá
fim?

Algum tempo depois...


Acordo sobressaltada, momentaneamente desorientada, minha bexiga
está estourando, preciso fazer xixi. Tento mexer minhas pernas, meus olhos
fixam na corrente em volta delas, antes que eu tenha qualquer outra reação,
uma senhora corre para dentro do quarto, em seguida sua voz preenche no
ambiente:
— Estou feliz que você acordou, Raio de Sol. — Embora confusa pela
forma que ela me chama, sua voz é mansa e suave, me traz uma sensação tão
boa. Ela se aproxima, pega uma de minhas pernas e retira a corrente em volta
dela, percebo que não estou mais com o soro, ela me ajuda ir até uma porta,
ao entrar no banheiro a mulher permanece na porta, mesmo envergonhada eu
já não consigo aguentar a dor, então resolvo fazer minhas necessidades com
ela me observando, assim que termino dou a descarga, aproximei-me da pia e
noto que já tem outro espelho no lugar do que eu havia destruído, fico
encarando meu reflexo no espelho, olho para os meus pulsos e ao levantar
minhas mãos, a senhora logo caminha até onde estou e começa a falar.
— Filha, sei que não está sendo fácil, sei que o meu menino lhe causou
muita dor, mas não deixe de lutar pela sua vida, mesmo que tudo pareça
difícil, existe um motivo pelo qual Deus permitiu que você continuasse nesse
mundo.
A cada palavra dita por ela, as vozes sussurram para que eu não
acredite, que ela é amiga do homem ruim, mas algo dentro do meu coração
me força a manter a minha sanidade, ao olhar nos olhos da mulher tudo que
conseguia ver é a imagem da minha vovozinha que virou uma estrela, ela tem
o sorriso em sua face semelhante ao da minha avó. Volto a realidade ao ouvir
sua voz novamente.
— Vamos, vou ajudar você a tomar um banho, vai se sentir melhor.
Depois que tomo o banho, ela me dá uma camisola, deito-me após me
trocar, pois estou tonta. A senhora por nome Nany se afasta e deixa o quarto,
minutos depois, ela volta trazendo uma bandeja com comida, a minha barriga
está doendo, sento-me e pego uma colher, ela me olha fixamente, termino de
comer e estendo a bandeja para ela, queria agradecer pelo cuidado que ela
está tendo para comigo, então esboço um sorriso. Ela coloca a bandeja em
cima da poltrona, em seguida coloca a corrente em volta da minha outra
perna.
Pega a bandeja e sai do quarto. Aproveito meu momento de lucidez e
fico pensando nas palavras que ela falou minutos atrás, será o certo desistir
de viver? Será que devo acreditar nas vozes, que não deixam de me
atormentar?
Capitulo 08

Nicolas Atebaly
O s dias vão passando e minha rotina se resume, entre o meu
consultório, resolver os assuntos da Yardie e a recuperação da Raio de Sol.
Antes dela adoecer, estava intrigado por ela se manter calada em meio a tudo
que aconteceu, cheguei a cogitar que poderia ter algo de errado com ela, mas
ao ouvir a sua voz no dia que estava em delírio pela febre alta e durante esses
dias não dizer nenhuma palavra, tive a constatação que a atrevida se mantém
calada simplesmente por querer me afrontar.
Três dias atrás, perdi a paciência e esqueci que ela ainda está se
recuperando, sem piedade a estapeei. Nany adentrou o quarto e começou a
dizer que a Raio de Sol só estava assustada por tudo que passou, pelo visto
ela se afeiçoou a garota, pois ao olhar o estado da face da atrevida, algumas
lágrimas se formaram em seus olhos. Por ora deixei passar, não dando a ela o
tratamento que ela merecia.
Mesmo Nany insistindo para liberar a garota das correntes, ela vai
permanecer presa enquanto achar necessário. Fecho meus olhos e meus
pensamentos me levam para o dia anterior.
Assim que deixei o quarto dela, meu celular começou a tocar, ao
atender a ligação, Bruno me informou que o conselho da Yardie convocou
uma reunião de emergência, depois que Miquéias nosso infiltrado no solo
mexicano entrou em contato dizendo que tem informações sobre Jacob. Em
passos largos sigo para a garagem. Depois de enfrentar um fluxo enorme de
veículos, chego ao meu destino, ao entrar na sede da máfia, caminho até à
sala de reunião, adentro o ambiente e todos já estão a minha espera, não
demora muito e a videoconferência se inicia, Miquéias nos informa que
Jacob está enfurecido, minhas suspeitas estão certas, tudo que os malditos
queriam era ganhar tempo, porém, o que eu não esperava era a reação dos
membros mais antigos do conselho, em querer a morte da Raio de Sol,
segundo eles devemos esquartejá-la e mandar os pedaços do seu corpo para
o desgraçado do Jacob, em sinal que os monstros da Yardie jamais vão
aceitar um acordo de paz.
Ao ouvir essas palavras, sinto todo o meu corpo estremecer, a raiva
inflama em minhas veias e um grande nó se forma em minha garganta. Eu,
Nicolas Atebaly, temido por todos, que nunca se importou em infligir a dor a
ninguém e que adora ver as pessoas sucumbindo à minha frente, pela
primeira vez o medo paira sobre mim, sempre fui ensinado que por mais que
fosse o chefe, a vontade do conselho é soberana, desde a morte do meu pai
fui treinado pelos anciãos, ainda garoto para ocupar o posto de líder, sempre
mantive todas as tradições e leis que meu pai impôs durante o seu legado,
tornando-me o líder mais temido e respeitado que Yardie Britânica já teve.
Os sussurros preenchem o ambiente, levanto o olhar e todos esperam
pela minha decisão, as imagens do rosto da garota passam como flashes a
minha frente, o som da sua voz ecoa em minha cabeça, minhas decisões
sempre foram baseadas no que é melhor para os interesses da Yardie, mas
algo dentro de mim, está me queimando por dentro.
— Não! Ninguém tocará na garota. — Inclino minha cabeça, arqueio
minhas sobrancelhas e observo vários pares de olhos aguçados e fixos em
minha direção, obviamente pensando que eu seria a voz da razão como de
costume. Quando percebo que Amadeu um dos conselheiros vai se
pronunciar, volto a falar:
— Nós não precisamos matá-la — afirmo —, acabaremos com Jacob e
todos daquela máfia de merda, a garota está sob a minha proteção e ninguém
tocará nela. — Todos permanecem calados, mas percebo que Amadeu assim
como outros estão descontentes pelo estreitamento de seus olhos, sempre
consultava a todos antes de tomar qualquer decisão que fosse do interesse da
máfia, mas ela ficará à minha disposição, no momento em que me cansar
dela, eu mesmo acabarei com sua miserável vida.
Mesmo com a maioria não concordando, não permito que ninguém se
pronuncie, sou o chefe e já está decidido.
Saio dos meus devaneios, assim que termino o meu banho, após me
vestir, deixo o meu quarto é hora de ir ao encontro da atrevida, já dei tempo
demais para ela se recuperar.
Celena Martins
Não sei ao certo se é dia ou noite as luzes sempre ficam acesas e a
janela com um forte blecaute que não dá para ver nada pelo outro lado,
aquele homem todos os dias vem onde estou, tudo nele me transmite uma
sensação ruim, sua voz, seu cheiro e as lembranças de tudo que ele me fez
não deixam de me atormentar. Mesmo tentando lutar para me manter lúcida a
cada dia os sussurros das vozes se tornam mais altos, imagens de pessoas que
eu nunca tinha visto antes surgem em minha mente, sempre falam que não
devo confiar no homem que a Nany chama de Nico, o jeito como ele olha
para o meu corpo sempre faz meu estômago embrulhar, é o mesmo jeito com
que o homem mau sempre me olhava, como se eu fosse um prato de comida e
logo seria devorada, mas em meio ao medo, tristeza e incertezas do que devo
fazer, sinto uma paz tão grande quando a Nany está perto de mim, todos os
dias quando aquele homem sai ela tira as correntes das minhas pernas, pois
alguns dias atrás, em meio a um pesadelo acordei apavorada comecei a puxar
as correntes que acabaram machucando a minha pele.
A Nany perguntou porque eu nunca falava nada, agia como se de fato o
meu corpo estivesse presente, mas sem alma, que eu poderia confiar nela que
só queria me ajudar, tudo está tão confuso não sei o que pensar, não sei o que
fazer, tudo que eu queria era estar com os meus pais. Sinto muita saudade da
minha tia, tenho muito medo que aquele homem faça algo a ela, pois suas
palavras sempre ecoam em minha mente.
O Nico sempre faz perguntas esperando que eu as responda, como não
obtém respostas, possuído pela raiva começa a bater no meu rosto, minha
face está queimando, até o momento que a Nany aparece e ele para eu queria
poder falar, gritar e dizer para ele não se aproximar de mim. Se algum dia ele
voltar a fazer aquilo, que fez no banheiro comigo não sei se poderei suportar,
sinto o meu corpo diferente e não entendo como algo tão doloroso que não só
me fez sentir uma dor física mais uma dor que até hoje martela a minha alma,
pode proporcionar tanto prazer a ele, isso só me mostrou o quanto ele é um
homem ruim e sem coração. Saio dos meus pensamentos quando vejo a
maçaneta sendo girada, olho fixamente para porta assim que o dono da minha
agonia entra no ambiente, ele me olha com seu olhar penetrante por alguns
segundos, então ele fecha a porta com um estrondo.
Fico acompanhando seus movimentos, em passos lentos ele começa a
caminhar em minha direção. Sinto meu coração bater mais forte e todo o meu
corpo estremecer, assim que ele para e começa a se despir.
Capitulo 09
William Santiago
T udo estava saindo como planejei, com toda a fortuna da retardada
em minhas mãos me tornei o segundo homem mais rico do México. Com
Jacob se mostrando cada vez mais incompetente logo darei um jeito de acabar
com o desgraçado e o seu primogênito e assim serei o chefe da máfia
mexicana, acabarei de vez com os malditos monstros da Yardie Britânica,
tendo assim o domínio do seu território. Passei alguns dias em casa
abrandando a idiota da minha esposa, para que ela não desconfiasse que a
minha intensão em mandar a garota para o sacrifício era somente um pretexto
para colocar as minhas mãos finalmente em sua fortuna.
O maldito do Antônio Martins deixou uma cláusula em seu testamento
que se algo viesse acontecer a ele e sua esposa, a sua única filha só poderia
receber toda sua herança ao completa a maior idade, como sempre foi astuto
o infeliz deixou todo o seu dinheiro em um banco em Nova Iorque, onde nem
Jacob teria influência já que a Ndrangheta e a Cosa Nostra dominam o
território americano. O que eu não esperava era receber o chamado de Jacob
que marcou uma reunião com todos os membros do conselho, ao chegar ao
ambiente o maldito está transtornado, o ódio é visível em seu olhar, assim
que ele começa a falar, sinto como se o fogo estivesse incendiando meus
pulmões, meu coração começa a bater em um ritmo frenético.
— Atebaly como sempre a um passo de nós, não só deixou a virgem
viva, a qual agora está sob o jugo do mafioso, como o maldito não aceitou o
falso acordo que tínhamos proposto.
— A Celena está viva?
— Sim, pelo visto o infeliz não se importou do fato da sua sobrinha ser
uma retardada.
As palavras de Jacob ecoam em minha cabeça, a maldita ainda está viva, tudo
que eu fiz para acabar com a garota e não levantar suspeitas está indo pelo
ralo. Eu poderia ter a matado, mas alguns membros da máfia tinham grande
admiração pelo homem que seu pai foi e isso me traria grandes problemas
futuros, embora tenha convencido o chefe a enviá-la para Inglaterra nem
todos foram de acordo, porém, jamais iriam desobedecer às ordens de Jacob.
Assim que a reunião acaba, deixo o lugar com um único pensamento
em minha mente, terei que dar um jeito de acabar com a infeliz mesmo
estando sob a proteção de Nicolas Atebaly.
Nicolas Atebaly
Olho para a imagem à minha frente, seus olhos estão arregalados, o
medo está visível através deles, vê-la naquela situação me faz vibrar por
dentro, isso me deixa com muito tesão, nunca fui de ter ereção de imediato ao
ver uma mulher, contudo, ela mexe comigo de uma forma que não sei
explicar, essa garota, despertou algo que está me consumindo por dentro, ela
é minha, cada centímetro do seu corpo é meu, um sentimento de posse paira
sobre mim, algo que nunca senti em relação a ninguém, se alguém encostar
nela eu vou matar.
Vejo-a ficar encolhida, lágrimas descem pelo seu rosto, seus olhos
estão fixos no meu pau que está mais duro que uma rocha, assim que tiro toda
a minha roupa, caminho em sua direção, ela tenta sair da cama mais as
correntes não permitem que ela se locomova, seu corpo trêmulo indica o
quanto ela está em pânico, ao ficar centímetros de distância dela, sento-me na
cama e antes que eu tenha qualquer outra reação, ela avança sobre mim como
um animal selvagem, cravando suas garras em minha pele.

Celena Martins
Não conseguir desviar meus olhos da imagem à minha frente. Quando
ele está completamente nu, com os olhos arregalados fico olhando para seu
pênis grosso e grande, engulo em seco, quando ele começa a vir em minha
direção, tento sair da cama, mas as correntes estão machucando a minha pele,
eu não vou deixar que ele faça novamente aquilo que só me trouxe dor, assim
que ele fica próximo avanço em cima dele, deslizando minhas unhas em seu
peito, mas antes que eu continue, ele dá uma bofetada em minha face e eu
caio na cama, ele libera as minhas pernas em seguida segura meus braços
firmes ao encontro da cama, imobilizando-me, levanto o olhar e seus olhos
mortais estão fixos no meu, meu coração está acelerado e com raiva ele
começa a falar:
— Você é minha, seu corpo é meu, por mais que tente resistir te
mostrarei que você me pertence.
Sinto todo o meu corpo estremecer assim que suas mãos deslizam pela minha
camisola, ele levanta o tecido, os dedos dele acariciam a minha pele e tocam
os pelos entre minhas pernas, deslizando lentamente os dedos pela minha
calcinha e começa a fazer movimentos circulares em torno da minha
intimidade. Isso está fazendo com que sinta algo que eu não quero, faz com
que me sinta quente, me faz vibrar por dentro, sinto um alvoroço dentro da
minha vagina, mas não é algo doloroso, é bom muito bom, quando ele
começa a retirar minha calcinha as imagens do que ele fez comigo no
banheiro surgem como um soco em meu estômago, nada do que esse monstro
fizer pode ser bom, ele é igual àquele homem, só me causará dor,
desesperada tento fechar minhas pernas, mas ele as abre mais ainda, retirando
a peça do meu corpo, em seguida rasga minha camisola. Não de novo não,
começo a me debater, mas novamente a sensação boa volta assim ele começa
a passar sua língua no meu sexo, algo está me queimando por dentro, por
mais que eu tente não gostar disso, eu não consigo, nunca senti algo tão bom,
ele desliza sua língua em torno da minha intimidade.
— Abra as pernas. — Sem me dar conta, abro mais as pernas.
Ele afasta sua cabeça da minha vagina e se junta a mim em seguida me
beija intensamente, começo a tremer assim que sua língua me invade
profundamente, enquanto seus dedos estão acariciando o ponto que lateja em
minha intimidade numa habilidade avassaladora, isso está me deixando louca,
os dedos dele friccionam o meu sexo úmido, no mesmo ritmo dos mergulhos
rítmicos da sua língua em minha boca.
Inundada por seus toques, mas ainda lutando contra a tensão crescente que
comprime o meu corpo, começo a me contorcer, então o dedo dele mergulha
fundo e gira em torno da abertura estreita da minha vagina, enquanto ele
começa a distribuir beijos até chega aos meus seios, dando lambidas suaves
sobre o mamilo. Eu não sei o que está acontecendo comigo, meu corpo pega
fogo, eu não consigo pensar em mais nada, será que ele está fazendo isso para
depois me matar.
— Que lindos seios — Nico elogia, beijando o vale entre eles, segurou
a carne turgida com a mão, massageando-a com delicadeza.
— Você é tão doce e suave. Posso me perder em você por dias...
semanas. Você é só minha, toda minha.
Suas palavras só aumentam o meu ardor, deixando-me mais quente, ele
escorrega para baixo, separa as minhas coxas com as mãos e enterra o rosto
no paraíso escorregadio e úmido do meu sexo resplandecente. A minha
vagina começa a pulsar, um ardor percorre por todo o meu corpo, minhas
pernas começam a tremer, meu coração bate descontroladamente, tem algo
preso em minha garganta, tudo começa a girar a minha volta, e a única coisa
que vejo antes da escuridão me envolver, são os olhos arregalados de Nico
fixos em minha direção.
Capitulo 10

Nicolas Atebaly
C onfesso que muito me agrada ver que por trás de um rosto de anjo
existe uma fera capaz de tudo para se defender, embora a minha vontade
sempre vai prevalecer.
Vê-la se contorcendo, assim que meus dedos entram em contato com a
sua boceta é algo indescritível, embora seja tão nova a garota tem curvas que
nunca vi em mulher nenhuma, tudo nela é perfeito, cada parte do seu corpo
foi feito sob medida, sem precisar tirar ou colocar mais nada. Porém, algo
martela em minha mente, a sua reação não é normal, por mais que ela se
negue a aceitar o quanto está entregue aos meus toques, o seu corpo me
mostra o contrário, quando levanto a cabeça e olho a cena à minha frente
tenho a constatação que tem algo de errado com a garota, antes dela
desfalecer é como se quisesse gritar, porém, nenhum som sai entre seus
lábios.
Assim que seus olhos se fecham, mesmo desnorteado pelo ocorrido,
levanto-me rapidamente, aproveito que a minha maleta ainda está em seu
quarto e começo a examiná-la, seus batimentos estão acelerados e uma leve
queda de pressão, após fazer todos os procedimentos necessários, fico
contemplando a imagem da mulher, sempre tive as mais experientes e belas
mulheres à minha disposição, por nenhuma demonstrei qualquer interesse
que não fosse vê-las se contorcendo embaixo do meu pau, mas a atrevida,
uma simples garota que de nada tem a ver com o meu mundo é capaz de
despertar emoções que nunca poderia me permitir sentir.
Assim que Nany entra no ambiente e ao me dizer sobre suas dúvidas
em relação à garota, saio do cômodo em passos longos, atravessando o
corredor de acesso ao meu escritório, assim que adentro o ambiente me
acomodo em minha poltrona, pego o telefone e ligo para Miquéias nosso
infiltrado no México.
— À sua disposição, chefe.
— Quero o mais rápido possível, um dossiê com todas as informações
sobre a vida da virgem que Jacob nos enviou, não deixe passar nenhuma
informação sobre ela.
— Assim que tiver todas as informações, enviarei o relatório.
— Ok.
Assim que dou por encerrada a ligação uma dúvida paira sobre mim,
como deixei passar o fato de Jacob ter enviado uma garota tão bonita e
virgem para ser sacrificada. Qual o mistério por trás da Raio de Sol? Seja
qual for a resposta eu irei descobrir.

Celena Martins
Paz, essa é a palavra que define tudo que estou sentindo, uma sensação
tão boa de que finalmente o meu grande sonho se realizou, agora não haverá
mais dor e nem tristeza. Tento abrir meus olhos, mas a forte claridade não
deixa, espero alguns segundos e lentamente vou abrindo para me acostumar
com a luz, assim que os abro por completo fico encantada com tudo à minha
volta, todo o ambiente ao meu redor é branco, ao levantar o olhar já não
posso conter as lágrimas que surgem ao ver a imagem à minha frente.
Ainda com a visão embaçada, pisco algumas vezes para ter a certeza
que não é mais uma das minhas alucinações, assim que os vejo se moverem
meu coração bate no ritmo frenético, finalmente reencontro meus pais, eles
caminham em minha direção, assim que estão centímetros de distância de
mim, minha mãe me envolve em um forte abraço, em seguida suas mãos
começam a acariciar o meu rosto. Ainda com o coração acelerado, sinto todo
o meu corpo estremecer ao ouvir as palavras proferidas pelo meu pai, à
medida que ele fala não consigo assimilar direito o porquê ele me pede para
confiar no Nico, que mesmo que tudo pareça ruim, eu nunca devo escutar o
que as vozes ficam sussurrando, sinto-me totalmente perdida quando minha
mãe se afasta e caminha para perto do meu pai, sinto um nó preso em minha
garganta assim que eles me dizem que meu lugar não é junto deles que eu
devo voltar, sem que eu me desse conta as palavras saem entre meus lábios,
mesmo estarrecida ao ouvir minha voz eu não posso permitir que mais uma
vez eles me deixem sozinha, assim que me aproximo deles tudo começa a
ficar escuro e já não consigo ver mais.
Acordo sobressaltada, assim que giro a cabeça, Nany está sentada na
poltrona ao lado, com seus olhos cravados em mim. Ainda atordoada e sem
saber se tudo foi fruto da minha imaginação, as lembranças recentes invadem
a minha mente, os toques dele sobre a minha pele, o fogo que estava me
incendiando por dentro, queria saber como ele fez para despertar aquilo
dentro de mim, ao contrário do que senti no banheiro o meu sexo latejava,
mas não era de dor, mas sim uma sensação tão boa que fez todo o meu corpo
convulsionar. Volto a minha lucidez assim que Nany segura em minha mão e
começa a falar.
— Filha, eu sei que você me conhece há pouco tempo, mas assim como
já falei antes você pode confiar em mim. Raio de Sol, eu sei que algo além do
que meu menino fez aconteceu com você, enquanto a observava dormindo
pude ver em sua face várias expressões que iam de felicidade a tristeza, você
sempre se mantém quieta, nunca falou uma única palavra e por mais que
queira te ajudar ficará difícil se você mesma não tiver vontade em querer sair
dessa situação que tanto esta te atormentando.
Ouço as palavras dela atentamente, como dizer a Nany que eu confio
nela? Como posso apagar todas as lembranças que sempre fazem questão de
estar presente em minha mente? Como explicar algo que eu mesma já nem
sei quando é fruto da minha imaginação ou realidade? — Seguro sua mão
com bastante força para que ela entenda que confio nela.
Nany parece entender o meu gesto e um sorriso se faz presente em sua
face, logo em seguida ela volta a falar:
— Vou providenciar algo para você comer, enquanto isso você
aproveita e toma um banho.
Vendo que não entendi suas últimas palavras, ela acrescenta:
— O Nico retirou as correntes, então, filha, não faça nada que o leve a
prender você novamente, embora não querendo aceitar eu sei o quanto você
mexeu com o meu menino, nunca tinha o visto se preocupar com ninguém
antes e o brilho que vejo nos olhos dele ao olhar para você, me dão a
confirmação que você, Raio de Sol, pode ser a pessoa capaz de trazer a luz ao
coração sombrio dele.
Após proferir suas últimas palavras, ela dá um beijo em minha testa e
se afasta, levanto-me e caminho em direção à porta, ao entrar no ambiente
meus olhos se fixam na banheira, os sussurros das vozes logo ecoam no
cômodo, dizendo que esse é o momento certo para acabar com tudo, os sons
se tornam cada vez mais alto, as imagens do que ele fez comigo nesse lugar
surgem como flashes, minha cabeça começa a latejar, viro-me e fecho a
porta, em passos largos caminho até à banheira, ligo a torneira e assim que
está cheia tiro a minha camisola rasgada, ao ficar centímetros de distância da
banheira ouço as vozes dizendo se mate, se mate repetindo várias e várias
vezes, minha cabeça dói ao ponto de levar as mãos ao meu ouvido para não
ouvir as vozes, no momento que ia entrar na água as palavras do meu pai me
traz de volta a minha lucidez, sinto um forte formigamento em minha
garganta me deixando petrificada, ao ouvir o som estridente saindo dos meus
lábios.
— Me deixem em paz, me deixem em paz, começo a repetir sem parar,
tudo fica em silêncio, as vozes cessam e tenho uma paz que há muito tempo
não sinto.
Capitulo 11

William Santiago
P asso todo o percurso da sede da máfia até à minha casa com os
pensamentos voltados para aquela infeliz, não posso permitir que a filha
daquele desgraçado seja novamente uma pedra no meu caminho. Por anos
essa semente do mal foi o único obstáculo que me privou de ter meus
objetivos concretizados e agora que tudo está a um passo de se realizar,
o maldito do Atebaly a colocou sob sua proteção.
Deixo os meus pensamentos de lado assim que chego ao meu destino,
em passos rápidos caminho até o meu escritório, ao entrar no cômodo, sento-
me em minha poltrona, pego o telefone, chegou o momento do Amadeu
retribuir a tudo que fiz por ele há alguns anos.
— Alô!
— Preciso da sua ajuda. Quero saber aonde o teu chefe colocou a
virgem que enviamos para o sacrifício.
— O maldito mesmo contra a vontade da maioria dos membros do
conselho, acabou por mantê-la viva. Não sei o que a garota fez ou deixou de
fazer a ponto de ele levá-la para sua própria casa.
— Maldito! Preciso acabar o quanto antes com aquela desgraçada e se
você não quiser que tudo que fez venha à tona é melhor dar um jeito de me
ajudar a acabar com a vida da infeliz ou nós nunca teremos o que sempre
almejamos.
— Pelo que conheço de você a garota deve ser uma ameaça para os
seus planos, assim como também se tornou para os meus no momento que o
maldito do Atebaly demonstrou seu interesse por ela. Farei até o impossível,
os dias dessa garota estão contados.
Após encerrar a ligação e com a certeza que logo a retardada
partirá dessa para pior, meus pensamentos se voltam para Jacob.
Terei que tirar o infeliz o quanto antes do meu caminho.

Celena Martins
Ainda atordoada pelos últimos acontecimentos e sem entender como
depois de tanto tempo eu conseguir falar, resolvo tomar o meu banho, passo
um bom tempo falando baixinho os nomes dos meus pais, sinto uma sensação
tão boa, é como se algo estivesse sido renovado dentro de mim, algo que por
muito tempo por culpa daquele homem eu mesma pedi a Deus que me fosse
privado, ouvir a minha própria voz me lembra o som da voz da minha
mãe que sempre me dava uma sensação de paz.
Depois de tomar o meu banho, deixo o cômodo e adentro no quarto,
assim que chego próximo à cama há roupas limpas em cima dela, acho que a
Nany trouxe quando ainda estava no banho. Olho para o vestido que além de
ser muito bonito é vermelho a minha cor favorita, quando termino de me
arrumar ela entra com uma enorme bandeja em suas mãos, pede para que eu
me sente na poltrona e me entrega a bandeja, enquanto saboreio ela se
aproxima da janela e a abre deixando a claridade entrar no quarto, assim que
termino Nany pega a bandeja das minhas mãos e caminha em direção à porta,
quero muito agradecer por tudo que ela tem feito por mim, e assim que a vejo
a um passo de deixar o ambiente a minha voz se faz presente.
— Muito obrigada.
Nany vira em minha direção e um sorriso enorme preenche seu rosto,
em seguida ela começa a falar.
— Eu sabia que cedo ou tarde algo muito bom aconteceria com você,
Raio de Sol, saiba que tudo que estiver ao meu alcance farei para ajudar você,
filha.
Após proferir suas últimas palavras, ela deixa o quarto, levanto-me e
começo a caminhar em direção a janela, ao me aproximar sinto o vento bater
em meus cabelos, a sensação de liberdade paira sobre mim, meus olhos ficam
fixos na maravilhosa paisagem, o lugar é tão lindo, o jardim cheio de flores
coloridas, ouvir os cantos dos pássaros, sem conseguir me conter as lágrimas
rolam pela minha face, assim como as imagens da minha casa passaram como
flashes em minha mente, sempre brincava no jardim, não foram só os meus
pais que morreram naquele acidente, mas a melhor parte de mim, sei que tudo
poderia ter sido diferente se aquela fatalidade não tirasse as pessoas que eram
tudo para mim, levando minha alegria, minha vontade de viver e a
esperança de um dia ser feliz, perco a noção do tempo transcorrido, só fico
aqui petrificada no meu lugar contemplando a beleza de tudo à minha volta.
Quando começa a escurecer e ao me afastar da janela vários
pensamentos se fazem presentes em minha mente.
O que será da minha vida?
Por que o meu pai me pediu para confiar no homem que me fez sentir
uma dor que não só machucou o meu corpo como a minha alma?
Será que terei forças e motivos para querer seguir em frente?
Como posso pensar em um futuro se as vozes e as pessoas que sempre vejo
me dizem que só terei paz quando acabar com a minha própria vida.
Capitulo 12

Nicolas Atebaly
D epois que ligo para o Miquéias, peço a Nany para cuidar da garota,
enquanto resolvo alguns assuntos pendentes da Yardie.
Enquanto aguardo por Amadeu, que me avisou que precisa muito falar
comigo, aproveito para despachar alguns documentos e fazer algumas
ligações que tenho adiado há dias, após tudo estar resolvido, sou informado
pelo meu chefe de segurança que o Amadeu acabou de adentrar a mansão.
Eu sei que seu maior desejo sempre foi uma possível união entre mim e
sua filha, Estela, talvez esse seja o maior motivo pelo qual a garota se
dedicou para se tornar a minha secretária, não nego que Estela além de bonita
é uma mulher muito inteligente e sei que entre os membros da máfia, a
maioria cogitou que ela seria a dama da Yardie, algo que jamais acontecerá.
Por mais qualidade que ela tenha, embora sempre tenho colocando a máfia
em primeiro lugar, uma coisa que jamais concordarei, é que alguém venha a
escolher a mulher que será a mãe do meu herdeiro. Saio dos meus devaneios,
assim que o vejo passar pela porta, em passos largos, ele começa a caminhar
em minha direção, após se acomodar na poltrona à minha frente, sua voz
ecoou no espaço.
— Sei que deve estar muito ocupado, mas não poderia deixar de vir
pessoalmente falar com você.
— Prossiga.
— Sei que sua decisão em manter a virgem viva já foi tomada, porém,
me pergunto se essa garota realmente é confiável? Você mais do que
ninguém sabe do que Jacob e todos da máfia mexicana são capazes de
fazer, qual o verdadeiro interesse em um inimigo enviar uma mulher tão
bonita, se sua verdadeira intenção nunca foi fazer um acordo de paz, quem de
fato é essa garota que você colocou dentro da sua própria casa? Sei que você
é o chefe e jamais cogitei em ir contra uma ordem sua, mas vim até aqui por
você ser a única lembrança viva que restou do seu pai a quem sempre terei
uma enorme admiração por tudo que fez durante o seu legado.
Depois de ouvir as palavras do homem à minha frente o que em parte
também me chamou atenção, o fato de Jacob ter enviado uma mulher tão
bonita, visto minha armadura de homem frio e não deixo transparecer nada
em relação às minhas suspeitas, embora ele seja um dos membros mais
antigos do conselho, alguém que sempre mostrou sua lealdade aos interesses
da máfia, mesmo sendo o braço direito do meu pai, algo nele me intriga.
Deixamos o assunto sobre a garota de lado e aproveito para checar com ele
algumas informações sobre o novo carregamento de armas.
Após Amadeu se retirar, com nenhum assunto pendente para resolver,
decido desligar o meu notebook e ir ao encontro da Raio de Sol, no momento
que movo meus dedos para concretizar o que está em meus pensamentos
meus olhos ficam fixos na notificação que acabou de chegar.
Vamos ver agora quem é a garota.

Nicolas Atebaly
Com os olhos fixos na tela, analiso minuciosamente as primeiras
palavras do documento, ao olhar para o verdadeiro nome da Raio de Sol,
sinto o ódio percorrer em minhas veias, meus pulmões funcionando a todo
vapor e um nó se formando em minha garganta.
— Celena Cristina Martins — isso me leva a crer que ela não é
realmente o que aparenta ser, que o desgraçado a enviou com um propósito
muito maior, a minha raiva é tão grande a ponto de querer matar a infeliz com
as minhas próprias mãos, no entanto, se ela veio a Inglaterra com o objetivo
em ajudar aquele infeliz, vou fazê-la comer o pão que o diabo amassou antes
de enviá-la ao inferno.
Tomo uma respiração profunda para diminuir meus batimentos
cardíacos, indo contra a minha própria vontade que era ir até àquele quarto e
acabar com a desgraçada, resolvo continuar lendo o dossiê até o final.
Nome: Celena Cristina Martins (Cel).
Idade: 18 anos.
Pais: Cecília e Antônio Martins (falecidos).
Observação: Os pais faleceram quando ela tinha seis anos de idade, desde
então passou a ficar sob os cuidados da tia, Mariana Santiago, e o seu
esposo, Willian Santiago, conselheiro da máfia mexicana. Depois do
acidente com os pais a garota simplesmente acordou e não falou mais uma
única palavra, viveu por doze anos somente dentro de casa, sem contato
algum com outras pessoas, considerada por todos como uma retardada, a
qual já não viam futuro algum para ela, Jacob e Willian resolveram enviá-la
para ser sacrificada.
Assim que término de ler as últimas palavras, toda a raiva que senti há
alguns minutos dão lugar a um sentimento muito maior dentro de mim, não
só pela maneira como aqueles dois malditos utilizaram para se desfazer dela,
como o choque da realidade cai sobre mim, como um soco em meu
estômago, tudo agora começa a fazer sentido, as reações da garota, o jeito
como parece estar sempre fora da realidade, o som que nunca sai entre os
seus lábios, porém, algo me deixa intrigado.
Como parte do meu treinamento tive que aprender ainda garoto quem
eram os membros mais importantes de todas as máfias e principalmente da
máfia mexicana que sempre foi a nossa principal rival. Tenho conhecimento
da importância de quem foi Antônio Martins para o mundo em que vivemos,
porém, uma coisa em tudo isso não está fazendo sentido, do rato miserável
querer se desfazer da garota isso não me surpreendeu, mas sua família
concordar com tal ato, sendo William Santiago membro do conselho poderia
muito bem ter sido contra essa atitude, a não ser que por trás de tudo isso o
maldito teria algumas vantagens com a morte dela.
Deixo meus pensamentos de lado e ligo imediatamente para Miquéias.
— Mais alguma informação, chefe?
— Preciso que você descubra tudo relacionado a Antônio Martins, se
deixou algum patrimônio, dívidas, quero o quanto antes um relatório
completo da vida dele e da esposa.
— Começarei ainda hoje.
— Aproveite e faça um levantamento sobre os últimos passos de
Willian Santiago e sua família.
— Ok, senhor.
Assim que encerro a ligação meus pensamentos se voltam em Celena
Martins, não importa de que jeito você chegou no meu território, ninguém
chegará perto do que é meu. Afasto os meus pensamentos assim que vejo
Nany adentrar o ambiente com um enorme sorriso em sua face, logo resolvo
a questionar.
— O que aconteceu para você estar nesse estado, Nany?
— Ela, enfim disse alguma coisa.
Assusto-me ao ouvir suas palavras. Volto a realidade quando ouço Nany me
chamando.
— Você ouviu o que eu disse, Nico? A Raio de Sol falou.
— O nome dela é Celena Martins.
Ao ouvir minhas palavras vejo o sorriso de Nany desaparecer da sua
face, ela parece perdida em seus devaneios.
— Algo no nome dela te chamou atenção?
— Não, só fiquei pensando que não vamos mais chamá-la de Raio de
Sol.
— Cel é como todos a chamam.
Depois que termino de conversar com Nany, em passos largos deixo o
meu escritório indo ao encontro de Celena Martins. Ao chegar ao meu
destino, adentro o ambiente e com os olhos fixos na garota a minha frente,
minha voz chama a atenção dela.
— Celena Martins ou devo te chamar de Cel.

Celena Martins
Depois que Nany trouxe o meu jantar, assim que termino tomo um
banho e visto uma das camisolas que ela trouxe, desde o momento do
banheiro não ouço mais as vozes e não tenho mais nenhuma alucinação, estou
tão feliz que não paro de sussurrar o nome dos meus pais, ainda perdida em
meus devaneios, começo a pensar no que vou fazer da minha vida, sei que
não posso voltar para o México, se aquele homem se aproximar novamente
de mim, não sei se poderei suportar, sem contar que não quero trazer mais
sofrimento para vida da minha tia, então só me resta dizer para o Nico que
não quero mais ficar em sua casa, se não tive nenhuma reação quando me
enviaram para ser sacrificada foi por pensar que logo estaria com os meus
pais e antes que eu volte a perder a minha lucidez tenho que sair desde lugar.
Fico com meus olhos fixos em direção à porta quem sabe ele venha até o meu
quarto, assim poderei dizer que vou embora.
Não faço ideia do tempo, mas assim que olho a maçaneta da porta
sendo girada e ele adentrando o ambiente, instantaneamente sinto um calafrio
percorrer por todo o meu corpo, no momento que ele chama o meu nome fico
atordoada, não consigo desviar os meus olhos dos dele, meu coração começa
a bater no ritmo acelerado, assim que ele caminha em minha direção, como
um animal prestes a atacar a sua presa, as imagens da sua mão indo ao
encontro do meu rosto surgem como flashes, mesmo confusa por não saber
como ele descobriu o meu nome não irei deixar que mais uma vez ele venha a
me bater como fez das outras vezes, no impulso, levanto-me da cama sem
desviar os meus olhos dos dele, quando ele já está a centímetros de distância
de mim, sua voz me chama a atenção.
— O gato comeu sua língua? — Olho para o homem à minha frente
que tem algo diferente em seu olhar e principalmente o jeito como está
falando comigo.
Tento falar, porém, mais nenhum som é emitido, respiro fundo e repito
como um mantra em meus pensamentos por várias vezes a mesma frase, você
precisa falar! Você precisa falar! Você precisa falar, assim que meus lábios se
mexem minha voz reverbera.
— Para você, Celena Martins.
Levanto o olhar, ele tem uma expressão em sua face totalmente desconhecida
por mim, não sei se é pela surpresa em ouvir a minha voz.
— Para quem passou um bom tempo sem falar, vejo que sua língua é
bem afiada.
Após proferir suas últimas palavras e não me dando tempo para assimilar
direito o que está acontecendo, suas enormes mãos vão ao encontro da minha
cintura, o seu cheiro inebriante invade minhas narinas, sinto um forte calor
percorrer por todo o meu corpo. Será que ele vai fazer aquilo novamente?
Volto a realidade assim que ouço a sua voz.
— Sente-se na cama, teremos uma longa conversa e espero que você
me conte somente a verdade.
Assim que ele retira suas mãos da minha cintura se acomoda na
poltrona ao lado, enquanto eu me sento na cama. As horas seguintes ele
começa a fazer um monte de perguntas, sobre a minha vida, os meus pais, a
tia Marta e daquele homem, mas no momento que ouço as últimas palavras
que saem entre seus lábios, sinto o ar me faltar, o meu coração começa a
bater no ritmo frenético e algo está me queimando por dentro.
— Aconteceu alguma coisa, além da morte dos seus pais que a fez
deixar de falar.
Capitulo 13

Celena Martins
F ico em choque com as suas últimas palavras, levanto o olhar para o
homem à minha frente e lembro das palavras do meu pai, que eu precisava
confiar no Nico, meus lábios se mexem e quando me preparo para começar a
falar, sinto uma forte pontada em minha cabeça, em seguida as palavras
daquele homem começam a ecoar em minha mente, o medo agudo e cru
atravessa o meu peito ao lembrar do que aconteceria com minha tia se eu
contasse algo a alguém. Sem que eu possa controlar as lágrimas começam a
descer pelo meu rosto, trazendo de volta o meu tormento, as vozes que antes
eram somente sussurros voltaram com tudo, cada vez mais altas dizendo que
o aquele homem vai matar a minha tia se eu falar.
Atordoada começo gritar desesperadamente
— Não vou falar! Não vou falar! Não vou falar! Me deixem em paz.
Após as palavras terem saído entre meus lábios, a única imagem que
vejo à minha frente é a de William Santiago se aproximando de mim, em
seguida sinto sua mão em meu queixo apertando as minhas bochechas me
causando uma dor insuportável sei que o meu pai estava enganado em dizer
que eu deveria confiar no Nico, assim como William Santiago ele também é
um homem maldoso, por que ele trouxe esse homem aqui? Quando suas
mãos começam a deslizar pelo meu corpo, as lembranças de doze anos atrás
surgem como um filme em minha mente, o toque dele em minha pele, sua
mão áspera descendo até alcançar a minha calcinha, um tremor toma conta de
todo o meu corpo, começo a me debater, mas ele não me solta, olho para sua
face que tem um sorriso cínico estampado nela, não vou deixar que ele faça
aquilo que tentou, há doze anos, com a voz entrecortada começo a dizer sem
parar:
— Tire suas mãos imundas de mim, eu não vou deixar que me toque
como fez quando eu era somente uma criança, por sua culpa, seu desgraçado,
vivi durante muitos anos em um mundo paralelo onde o medo, a angústia,
após ouvir suas palavras que mataria a minha tia, se eu contasse que você
entrou no meu quarto para abusar de mim, acabou por prender a minha mente
e consequentemente a minha voz, mas não vou deixar que você toque
novamente no meu corpo eu te odeio, William Santiago, eu te odeio, William
Santiago, eu te odeioooooooooooo.
Sinto uma mão deslizando pelos meus cabelos, o som das vozes
desapareceram, a mão que antes apertava o meu queixo foi se afastando
na medida que uma voz começou a me chamar de Raio de Sol, levo minhas
mãos até à minha cabeça devido à forte dor que estou sentindo, sinto-me um
pouco tonta, então pisco algumas vezes e quando levanto o olhar é o Nico
que está em minha frente com seus olhos negros como a escuridão cravados
em mim, o jeito com que ele me olha eu nunca tinha visto antes, parece
atordoado, como se estivesse perdido em seus pensamentos.
Fico sem entender o que aconteceu, tudo que me lembro foi dele me
perguntando se tinha acontecido algo além da morte dos meus pais que me
fez não falar mais, depois lembrei das palavras do meu pai dizendo que
deveria confiar nele e quando eu ia falar senti uma pontada forte em minha
cabeça, não lembro de ter visto ele se levantando da poltrona ao lado e muito
menos consigo entender o porquê diabos ele está me olhando dessa forma
como se tivesse ouvido algo que o deixou desnorteado.
Nicolas Atebaly
Assim que adentrei o quarto em que Celena Martins estava, era como
se de fato aquela garota frágil de dias atrás tivesse dado lugar a outra pessoa,
ao ouvir novamente a sua voz senti a mesma sensação de paz como da
primeira vez, mas para uma garota que ficou muito tempo sem falar e
considerada por aqueles que a chamam de retardada me pareceu uma pessoa
completamente normal, já que a cada pergunta que fazia ela respondia com
precisão.
Estávamos conversando normalmente até o momento que lhe perguntei
se aconteceu algum fato em seu passado além da morte dos seus pais que a
impediu de falar, fiquei analisando minuciosamente cada movimento em sua
expressão até o instante que do nada ela começou a gritar desesperadamente
dizendo que não iria falar, o medo estava estampado em sua face, era como se
a mulher de minutos atrás forte e decidida, novamente foi substituída pela
garota frágil de antes, levantei-me para tentar ajudá-la e quando fiquei a
centímetros de distância, ela começou a se debater uma expressão de dor
estava estampada em cada gesto seu e ao tocar em seu corpo tentando
acalmá-la as palavras que saíram entre seus lábios me deixaram petrificado,
despertando todos os meus demônios adormecidos e com eles veio o choque
da realidade que pela primeira vez pairou sobre mim como se uma faca
estivesse sido cravada em meu peito, a cada palavra dita por ela, o ódio
inflamava em minhas veias, meu maxilar trincou e algo dentro de mim
parecia um vulcão a ponto de entrar em erupção.
Aquele desgraçado persistido como pode ter feito algo assim a uma
criança, isso tudo justifica não só ela ter ficado nesse estado como o interesse
do infeliz em querer se livrar dela. Fecho as portas dos meus pensamentos e
começo a chamá-la de Raio de Sol, enquanto minhas mãos deslizam pelos
seus cabelos, aos poucos ela fica mais calma e para minha total surpresa era
como se nada tivesse acontecido. Fico olhando para ela, uma garota que
agora já é uma mulher, as imagens dela em pânico no banheiro passam como
flashes em minha mente, assim como o infeliz do William Santiago que a
colocou nesse abismo ainda criança, e eu por outro lado contribuí para seu
tormento aumentar ainda mais. Saio dos meus devaneios quando ouço as
palavras proferidas por ela, um nó se forma em minha garganta e o meu
coração começa a bater descontroladamente.
— Eu vou embora da sua casa.
Respiro fundo tentando controlar a minha raiva ao ouvir suas palavras,
ela ainda não entendeu que agora mais do que nunca não a deixarei sair de
perto de mim, buscando uma calma que até então desconhecia, aviso que ela
jamais sairá desta casa a não ser comigo, levanto o olhar e a atrevida me
encara com um ar de desafio e logo em seguida ela protesta, furiosa:
— Você não manda em mim, não sou um objeto.
Olho para imagem da mulher à minha frente, que desde o momento que
a conheci tem o dom em me tirar do sério, Celena Martins dona de um corpo
tão frágil que com apenas alguns movimentos o partiria ao meio, porém, em
meio ao seu momento de lucidez não nega que tem o sangue de uma mulher
nascida na máfia em suas veias. Resolvo ignorar suas palavras e não deixo
transparecer o que em meio aos seus devaneios ela acabou por me confessar,
olho para a atrevida que não desvia seus olhos de mim, após deixar bem claro
que ela não deixará essa casa, saio do seu quarto com um pensamento em
minha mente, William Santiago ainda é uma ameaça para a vida de Celena
Martins, mas minha preocupação maior é com o conselho da Yardie, mesmo
não gostando acabou por deixá-la viva, mas ao saberem de quem ela é filha
sei qual será o destino da atrevida e não vejo outra alternativa a não ser torná-
la minha esposa o quanto antes.
Capitulo 14

Celena Martins
A cordo sobressaltada, quando escuto alguém me chamando, abro os
meus olhos ainda desorientada, a luz invade minhas pupilas, tento me
acostumar a claridade do ambiente, ao girar a cabeça para o lado vejo Nany
próxima à janela, esboçando um sorriso em sua face, a sua alegria está visível
através da sua expressão, resolvo questionar o porquê dela estar tão feliz.
— Bom dia, Nany, pela sua expressão acredito que recebeu uma ótima
notícia.
— Bom dia, Cel. Digamos que há muito tempo não recebia uma notícia
tão boa, que não só alegrou o meu dia como o meu coração, mas em breve
você saberá o motivo da minha felicidade.
— Fico muito feliz por você estar feliz.
— Agora vamos levantar que o meu menino deu permissão para que a
partir de hoje você saia desse quarto e possa andar por toda a casa e o jardim
também. — Alegro-me ao ouvir suas palavras, desde o momento que
coloquei meus olhos no jardim, através da janela do meu quarto que almejo
poder ir até o mesmo. Em um impulso me levanto e sigo para o banheiro, a
vontade de poder ir até àquele lugar maravilhoso e ter contato com a natureza
não sai da minha mente, trato de ser bem rápida no banho, escovo os meus
dentes e em questão de minutos já estou pronta. Visto o roupão e adentro o
quarto, uso o mesmo vestido de ontem, pois além dele só tenho uma camisola
e algumas calcinhas que Nany trouxe, já arrumada, fecho as portas dos meus
devaneios ao ouvir a voz dela.
— Vamos, Celena, mais tarde o sol vai estar escaldante e não fará bem
a você.
Deixamos o cômodo e a cada passo dado não consigo esconder a
minha admiração com tudo à minha volta, sei que já passei por esse lugar,
porém, é algo que quero deletar das minhas lembranças, pois Nico saiu me
arrastando da entrada da sua casa até me jogar naquele quarto, embora já
tenha passado algum tempo, as minhas costas ainda têm algumas marcas
daquele dia, deixo as lembranças ruins de lado e ao adentrar a sala tudo que
vejo a minha frente me deixam fascinada, não só pelo luxo, mas pela
sensação de paz que este lugar desperta em mim, ainda entretida e analisando
minuciosamente os detalhes ao redor, vejo Nany caminhando em direção à
porta, em seguida ela me pede para acompanhá-la, em passos meios
vacilantes começo a caminhar em direção ao jardim.
Acabo por ficar sozinha no ambiente, pois ela precisa passar o cardápio
do almoço, olho ao redor e vejo vários homens vestidos de pretos, bem
armados e todos com uma expressão séria em sua face. Começo a explorar
tudo à minha volta, a variedade de flores, cores em todo ambiente, é
semelhante ao jardim da casa dos meus pais, estou tão feliz por sentir
novamente o vento batendo em meu rosto, inalar o perfume das flores.
Não sei ao certo por quanto tempo que permaneço no jardim, só deixo
o lugar quando Nany me chama para tomar o meu café da manhã. Acho um
tanto estranho não ter visto o Nico, pois ele todos os dias assim que
amanhece vai ao meu quarto. Quando acabo de comer fico na sala sentada no
sofá ao lado de Nany, ela está me contado o quanto é apaixonada pelo jardim,
também me relata que foi ela quem plantou todas essas maravilhas, estar ao
lado dela sempre me traz boas sensações, mas logo a expressão dela muda,
assim que uma mulher alta, muito bonita por sinal adentra o ambiente, a
expressão da Nany dá a entender que ela não simpatiza com essa mulher, não
demora muito a voz da desconhecida chama a nossa atenção.
— Bom dia, Nany, você pode avisar ao Nicolas que eu trouxe alguns
documentos que precisam da assinatura dele. — Ela esboça um largo sorriso
em sua face.
— Bom dia, Estela, aguarde aqui na sala que irei ao quarto dele avisar.
Nany se levanta indo em direção à escada, segundos após ela ter sumido do
meu campo de visão, a mulher que segundo ela se chama Estela caminha em
minha direção, o sorriso que tem em sua face logo desaparece, em seguida
começa a falar.
— Então você é a pobre coitada que o Nicolas não deixou que fosse
sacrificada.
O jeito como ela diz não me agrada, ela fala aquilo de forma sarcástica, como
não sou mal-educada, resolvo responder:
— Sim, mas o meu nome não é pobre coitada e sim Celena.
Ela olha em direção a escada, como se tivesse procurando algo ou
alguém e dá alguns passos até ficar à minha frente, e ao ouvir as palavras que
saem entre seus lábios, sinto minha garganta se fechar, como se um grande nó
estivesse preso nela.
— Além de pobre coitada você tem a língua bem afiada, só ainda não
entendi como o Nicolas ainda não percebeu que esse teu jeitinho de quem é
frágil e inocente, não passa de uma fachada, mas eu vou te dar um recado,
sua infeliz, é melhor você não ficar no meu caminho, uma morta de fome
como você que foi enviada pelo nosso inimigo jamais poderia estar dentro
dessa casa, contaminado o ambiente e pelo visto não deve ser alguém que
preste para terem te enviado para ser morta. É melhor você não crescer seus
olhos para o Nicolas.
Tento me manter calma, controlando a minha respiração, mas logo ela
volta a espalhar o seu veneno.
— Afinal de contas acho que os teus pais devem estar agradecidos por
terem se livrado de alguém tão sem sal e insignificante como você.
Suas últimas palavras começam a se repetir em minha mente como um
looping, sinto o ar me faltar, é como se algo estivesse me queimando por
dentro, ao levantar o olhar, vejo o esboço de um sorriso cínico em sua face,
isso só aumenta a raiva que está presa dentro de mim, no impulso me levanto
e antes que ela tenha qualquer reação, levo minha mão ao encontro da sua
face, assim que o som do tapa repercute no cômodo a tal Estela desliza uma
das mãos até o lugar do tapa, enquanto estou distraída não me dou conta
quando sua mão atinge em cheio a minha face, sinto o meu rosto queimar,
depois de tudo que eu passei não vou deixar que ninguém me bata
novamente, movida por uma força que desconhecia, empurro-a no chão e
subo em cima dela, enquanto ela grita pedindo socorro, sinto como se um
animal habitasse dentro de mim eu não consigo controlar as minhas mãos,
quando me preparo para acertar a sua face novamente uma voz potente se faz
presente, fazendo todo o meu corpo estremecer.
— Levante-se agora, Celena.
Giro a cabeça em direção a escada, deparando-me com aquela figura
vestida de preto e com os olhos mortais direcionados para mim. Ele começa a
caminhar em minha direção, o ódio está visível através daquelas órbitas
negras, que estão frias como o gelo.
Meu coração acelera, o medo se potencializa, o que será que ele vai
fazer comigo?
Capitulo 15

Celena Martins
S em conseguir desviar os meus olhos dos dele, sinto todo o meu
corpo começar a tremer com sua aproximação, por mais que eu queira sair de
cima dela, as minhas pernas estão pesadas, ao pensar no que o homem à
minha frente fará comigo e ao escutar a sua voz novamente, em seguida vê-lo
com a mão estendida em minha direção, me faz sair do estado catatônico que
estava.
— Pegue na minha mão e saia de cima da Estela.
Com a mão trêmula seguro a dele sem pestanejar, assim que fico em pé
e tão próxima a ele, seu cheiro inebriante logo invade minhas narinas, o
perfume dele sempre provoca um misto de sensações dentro de mim. Volto a
realidade quando ele solta a minha mão e ajuda a mulher que está ainda no
chão a se levantar. Ao ficar em pé, ela dá início a um grande teatro a minha
frente, é como se fosse duas pessoas em uma só, começa a choramingar,
dizendo ao Nicolas que assim que a Nany saiu da sala ela se aproximou de
mim e sem que ela tivesse qualquer reação eu avancei em cima dela como um
animal selvagem, as órbitas negras que brilham intensamente, logo ficam
fixas em minha direção e sem deixar que eu fale nada para me defender, ele
diz:
— Quero que você vá para o seu quarto com a Nany e me espere lá.
Olho para ele que tem uma expressão indecifrável em sua face, o medo cru e
agudo arranha o meu peito ao pensar que novamente ele poderá abusar de
mim, minha garganta se fecha no mesmo instante e antes que o confronte,
sinto alguém segurando a minha mão.
— Vamos, filha, ficarei com você.
O jeito carinhoso com que a Nany sempre falava comigo me transmite
uma grande sensação de paz, em passos lentos deixamos o ambiente,
atravessando o corredor de acesso ao meu quarto. Assim que entramos no
cômodo, ela pede que eu conte tudo que aconteceu em sua ausência. Depois
de alguns minutos, relato tudo que aconteceu e aproveitando o momento
pergunto a ela qual é o relacionamento que Estela tem com o Nicolas, pois
ficou bem claro que aquela mulher é apaixonada por ele.
Ao ouvir as palavras de Nany, tenho a confirmação das minhas
suspeitas, ela também me conta que além de chefe da Yardie Britânica, ele é
médico e dono do maior hospital do país.
Com algumas coisas pendentes para fazer Nany acaba me deixando
sozinha, aproximo-me da janela e fico olhando para o jardim, a única coisa
que tenho certeza é que não vou deixar Nicolas Atebaly ou qualquer outro
homem tocar novamente em meu corpo sem minha permissão. Antes que isso
aconteça, ele terá que acabar com a minha vida.

Nicolas Atebaly
Assim que acordo, tomo um banho e ao sair do banheiro caminho até o
meu closet a procura da roupa adequada, já arrumando, deixo o quarto indo
em direção a academia, como chefe da máfia jamaicana não posso me
descuidar, sempre devo estar com um bom preparo físico. Ao descer os
degraus da escada, vejo Nany adentrando o ambiente, após cumprimentá-la,
peço que acorde a Celena, ela logo questiona que ainda estava muito cedo,
mas ao explicar que ela precisa tomar um pouco de sol em seguida conto a
ela os meus planos em relação à garota, um sorriso de satisfação se faz
presente em sua face, já não era segredo para mim que ela tinha se afeiçoado
a Celena Martins, mas há muito tempo não a via tão feliz como hoje.
Depois de explicar tudo a Nany, deixo a sala seguindo para o meu
próximo destino, ao entrar no ambiente caminho em direção a esteira e
começo a correr, olho para o relógio em meu pulso, em seguida aperto o
botão que liga o telão a minha frente que logo exibe as imagens dos jardins,
ela está descontraída em meio as flores, explorando o lugar, tem um brilho
em seu olhar totalmente desconhecido por mim, fico admirando a bela vista a
minha frente, jamais cogitei que me casaria tão cedo, porém, algo dentro de
mim, diz que essa é a melhor coisa a se fazer, Celena Martins em meio a
tanto sofrimento não entrou em minha vida por acaso. Fecho as portas do
meu pensamento e continuo a me exercitar, assim que me dou por satisfeito
deixo o cômodo e vou para o meu quarto, além de precisar urgente de um
banho, tenho algumas ligações que precisam ser feitas.
Como resolvi não ir hoje ao hospital, pedi a Estela que mandasse um
dos seguranças trazer os documentos que precisam da minha assinatura.
Assim que termino o banho, faço as ligações que tinha em mente, entre uma e
outra acabo perdendo a noção do tempo, só me dou conta do horário quando
batem na porta e assim que mando entrar Nany me informa que Estela veio
pessoalmente trazer os documentos que tinha solicitado, na companhia dela
seguimos em direção à sala, ao chegar próximo do cômodo ouço alguns
gritos vindo daquela direção, em passos largos caminho até chegar no topo da
escada e a imagem que vejo só fez a raiva inflamar em minhas veias, após
descer alguns degraus a minha voz chama a atenção dela.
— Levante-se agora, Celena.
Ao ouvir minhas palavras ela vira em minha direção, Estela continua
gritando, assim que meus olhos cruzam com os da Cel e ao andar em sua
direção sei que ela está em pânico ao pensar no que farei diante da situação,
antes eu teria a tirado de cima de Estela sem ao menos ter a intimado a se
levantar, mas ao saber da sua real situação tenho consciência que ela não teria
uma reação dessa natureza se não fosse provocada. Saio dos meus devaneios
ao ficar em sua frente, estendo minha mão para que ela levante, ao tocar em
sua mão percebo o quanto ela está trêmula, assim que ela fica em pé me
afasto para levantar a Estela, que logo começa a choramingar relatando a sua
versão do que aconteceu, respiro fundo e tentando não deixar transparecer a
minha indignação, peço a Celena que vá para o quarto com a Nany, sei que
ao ouvir as minhas palavras ela vai querer me confrontar, mas Nany logo se
antecipa a levando para o quarto.
No momento que as duas somem do meu campo de visão, Estela
começa novamente com as suas lamentações.
— Como você mantém essa garota selvagem em sua casa? Se você não
tivesse chegado a tempo essa selvagem teria me matad...
Nem deixo que ela termine de concluir sua frase, trato de colocá-la no seu
devido lugar.
— A partir de hoje, não só você como todos da Yardie terão que medir
suas palavras ao se referir a ela, Celena Martins, essa mulher a quem você
chamou de selvagem é a futura dama da máfia, em poucos dias, portanto, ela
será sua chefe.
Ao ouvir minhas palavras a vejo ficar tão branca quanto papel, é como
se o sangue do seu corpo tivesse se evaporado, ela já me conhecendo se
mantém calada sem tocar no assunto que não lhe diz respeito. Pelas horas
seguintes, assino os documentos enquanto ela me repassa a minha agenda do
dia seguinte, também mando que ela comunique a secretária da Dra.
Jaqueline Meirelles, a psiquiatra do hospital que deixe livre a sua agenda para
amanhã, com atendimento exclusivo para uma única paciente, Celena
Martins.
Depois de tudo resolvido e Estela já ter se retirado, levanto-me e
começo a caminhar em direção à porta. Chegou o momento de comunicar à
minha noiva a notícia, que dentro de uma semana será o nosso casamento.
Capítulo 16

Amadeu Torris
M eu nome é Amadeu Torris, assim que chegamos à Inglaterra
resolvemos criar uma das organizações criminosa mais temida dos últimos
tempos, o tráfico de drogas e humano sempre foi o forte da Yardie Britânica.
Com a formação do conselho, foi decidido que entre os membros fundadores
seria eleito aquele que se tornaria o nosso líder, o chefe, dois nomes foram
apresentados para votação, Amadeu Torris e Joseph Atebaly, sempre dei o
meu melhor em prol da organização e sem dúvida eu merecia ser aquele que
teria o seu nome reconhecido por todos os membros da máfia, mas assim
como ele desde a Jamaica conquistou o coração daquela garota que muitos
desejavam possuir, o idiota do Joseph acabou sendo escolhido para ser o
chefe da Yardie, por anos tive que manter uma farsa fazendo o idiota
acreditar que era seu amigo, esperando o momento certo de dar o golpe final
e tirá-lo do meu caminho, mas assim que o desgraçado partiu dessa para pior,
jamais cogitei que o conselho escolheria um simples garoto para ser o novo
líder.
Nicolas Atebaly, desde criança demostrou ter um gênio semelhante ao
do pai, porém, o infeliz é mil vezes mais esperto que o velho Joseph, ele vem
comando a organização com mãos de ferro, tenho que reconhecer que o
maldito superou as minhas expectativas, tentei me aproximar sem obter êxito,
pois Bruno se tornou seu braço direito, a única solução que me restou foi
colocar a minha doce princesa, Estela, para trabalhar ao lado dele, como não
esperava outra coisa vinda de alguém que tem o meu sangue a minha filha
logo tratou de ganhar o carisma de noventa por cento dos membros do
conselho, os quais já cogitam uma união entre ela e o maldito. Assim que
William entrou em contato comigo, uni o útil ao agradável, mesmo que
aquele rato não seja confiável, no entanto, não sei por qual motivo essa garota
é tão perigosa a ponto de ele a querer longe do seu caminho, mas a infeliz ao
cruzar o meu caminho também se tornou um alvo a quem vou eliminar o
mais rápido possível.
Com alguns documentos que precisam ser assinados pelos conselheiros
tenho que ir cedo para sede da máfia, segundo o que Bruno repassa a todos é
que Nicolas não estará presente. Aproveitamos que todos estamos reunidos, é
colocado em pauta a data para a reunião anual do conselho, com uma data já
estipulada e nada mais para ser resolvido, já estamos preparados para deixar a
sala de reunião, quando Estela adentra o ambiente e ao olhar para seu rosto
que além de ter alguns hematomas, está inchado indicando que ela chorou,
sinto o ódio percorrer em minhas veias. Todos estão estarrecidos a maneira
que Estela está, levanto-me indo ao encontro da minha princesa que parece
desnorteada, após acomodá-la na cadeira ao lado pedir que ela se acalme e
conte o que aconteceu, cada palavra que sai entre seus lábios a raiva cresce
dentro de mim, sinto minha garganta fechar e meus pulmões parecem
chamas, levanto o olhar e a maioria dos homens que até então estavam
surpresos ao ouvir os relatos de Estela, logo mudam suas expressões quando
ela comenta que aquela que foi sua agressora segundo Atebaly em poucos
dias será a nova dama da máfia e todos deverão respeitá-la.
Os homens estão petrificados, diante dos últimos acontecimentos e
antes que alguém se manifeste, decido expor minha decisão.
— Espero que diante dos fatos e da humilhação que minha filha passou
o conselho leve em consideração o estatuto da Yardie, Nicolas Atebaly pode
ter sido escolhido para dar continuidade ao legado do seu pai, mas lembre-se
que sua permanência como chefe, depende dele colocar a nossa organização
acima de tudo e todos.
Assim que meus lábios se juntam a voz de Tadeu, um dos conselheiros
mais velhos da máfia, o qual foi o treinador de Nicolas Atebaly se faz
presente.
— Quero uma reunião de imediato com Atebaly.
Mesmo sem saber o idiota do Nicolas me deu a carta que por anos estava
aguardando, esse será o teu fim, maldito.

Celena Martins
Passo um bom tempo em frente à janela aguardando pelo momento em
que Nicolas venha até o meu quarto, mas pela sua demora ele deve estar
consolando aquela atriz chamada Estela, já estou cansada de esperar, meu
estômago começa a se manifestar com um forte barulho pela fome, pensei em
sair do quarto e ir até à cozinha, porém, ao lembrar de suas palavras que eu
devia permanecer no quarto, acabo sentando na poltrona do meu quarto, estou
tão perdida em meus pensamentos que nem percebo o momento que ele entra
no quarto até que um estrondo chama minha atenção e a porta é fechada.
No impulso me levanto, olho para ele que tem uma expressão
indecifrável em sua face, e ao vê-lo vindo em minha direção, tenho certeza
que suas intenções não são boas, dou alguns passos para trás, meus
batimentos estão mais intensos, o pânico paira sobre mim no momento que
ele fica a centímetros de mim.
— Afaste-se de mim. — Assim que termino de falar, com os olhos
arregalados e fixos no movimento da sua mão, acreditando que ele iria me
bater de novo, para minha total surpresa ele aponta o dedo em direção a
poltrona e sua voz se faz presente
— Sente-se precisamos conversar.
Sem entender a reação dele, acabo voltando para o lugar onde estava,
segundos atrás.
— Não quero que volte a se repetir novamente o comportamento que
você teve lá na sala, eu sei que Estela deve ter falado algo que te deixou
naquele estado, mas não é agindo como uma selvagem que você vai resolver
as coisas.
Assim que meus lábios se mexem, ele continua a falar:
— Agora vamos ao que interessa, dentro de uma semana naquele
jardim onde você passou boa parte da manhã acontecerá o nosso casamento e
como dama da Yardie não vou admitir que tenha uma atitude semelhante à
que aconteceu hoje.
As palavras dele começam a martelar em minha cabeça, a única coisa
que vem a minha mente é "casamento". Será que eu ouvi direito? Será que
esse homem à minha frente acredita mesmo que serei um brinquedo em suas
mãos? Por qual motivo o chefe da máfia jamaicana, um homem rico e
poderoso casaria com uma pobre coitada que foi enviada pelos seus inimigos
para ser sacrificada? Nicolas Atebaly só deve querer me torturar com esse
casamento, no entanto, ele está equivocado em pensar que pode decidir algo
por mim.
— Dentro de uma semana, acontecerá um casamento naquele jardim,
mas te aconselho a procurar outra noiva, eu, Celena Martins, nunca me
casarei com você, além de não ser da minha vontade jamais casaria com um
homem pelo qual o único sentimento que tenho é raiva por tudo que você me
fez.
Assim que levanto o olhar o que vejo em seus olhos me faz engolir em
seco. Ele me olha com os olhos mortais, começo a tremer, meus batimentos
estão acelerados, fico totalmente perdida, quando ele começa a caminhar em
direção à porta, fixo meu olhar em seus movimentos, não acreditando que ele
vai aceitar a minha negativa sem me bater ou dizer alguma coisa.
Assim que ele fica próximo à porta se vira em minha direção, seu olhar
continua mortal e as palavras proferidas por ele antes de deixar o ambiente
me deixa petrificada.
— Terá até ao anoitecer, para pensar novamente em sua resposta, mas
te adianto que se ouvir mais um não saindo entre esses lábios deliciosos eu
não terei outra alternativa a não ser te enviar para o seu querido tio, William
Santiago.
Capítulo 17

Nicolas Atebaly
N o momento que Celena Martins deixou a sala com a Nany, sei que
vários pensamentos nublavam sua mente e um deles era a minha reação
diante do que ela fez a Estela, assim que entro no seu quarto e a vejo se
levantar, o medo está visível através do seu olhar, resolvo me divertir um
pouco mantendo uma expressão que a faz acreditar o quanto estou furioso
pela sua atitude de horas atrás, ao me aproximar ela logo se levanta e sua voz
se faz presente no ambiente. Dona de um corpo tão frágil, porém, com um
gênio bem forte, tenho que admitir que o seu jeito me fascina, no entanto, o
único motivo pelo qual irei me casar com ela é simplesmente para protegê-la,
embora sinta algo que não sei explicar quando estou perto dessa coisinha
deliciosa, sentimentos como paixão e amor, não fazem parte da minha vida.
Assim como o maldito William Santiago, eu contribuí para aumentar
um trauma que ela vem carregando por tanto tempo e após saber tudo que
aconteceu em seu passado algo dentro de mim, começou a crescer de tal
forma que tudo que vem em minha mente é protegê-la. Após dar a ela a
notícia do nosso casamento e embora já esperando que não aceitaria com
facilidade, eu já tinha uma carta na manga, claro que nunca deixaria que
aquele verme volte a se aproximar dela novamente, mas essa é a única
solução para que a Celena aceite esse casamento. Deixo o cômodo após dar a
ela o prazo para que ao anoitecer ela já tenha uma resposta definitiva sobre o
nosso casamento, assim que chego próximo à sala meu celular começa a
tocar, acho estranho quando olho para tela do objeto e vejo o nome do Bruno,
pois algumas horas atrás já tinha falado com ele.
— Você precisar vir rapidamente para sede da Yardie.
Espanto-me ao ouvir suas palavras, mas antes que eu o questione ele
continua.
— O conselho já sabe que a sua protegida agrediu Estela Torris.
Amadeu ficou transtornado pelo ocorrido com a filha, porém, eu não
esperava que Tadeu exigisse uma reunião às presas ao saber que você
pretende tornar a garota a nova dama da máfia.
— Me aguarde que dentro de alguns minutos já estou chegando, a
notícia que dei a Estela foi justamente por saber que ela seria a portadora
ideal para levar o conhecimento de todos os meus planos.
— Ok.
Em passos largos deixo o cômodo indo em direção a garagem, assim que o
carro entra em movimento, meus pensamentos se voltam para uma única
pessoa Celena Martins. Minutos depois, chego ao meu destino, assim que
adentro a sede da máfia sigo para sala de reunião, ao entrar no cômodo todos
os olhares se voltam em minha direção, caminho até à minha cadeira e ao
sentar na mesma, a voz de Tadeu ecoa:
— Você sabe que assim como o seu pai, o conselho da Yardie o
escolheu pelo motivo não só de acharmos que daria continuidade ao legado
de Joseph, mas pelo fato de que ainda criança demostrou interesse com tudo
relacionado à máfia, durante todo o seu treinamento nos mostrou que um
simples menino seria capaz de se tornar o chefe, que comandaria a nossa
organização com mãos de ferro, no entanto, desde o momento que aquela
garota chegou em nosso território que sua conduta não condiz com o líder
que escolhemos, você desde o ritual passou por cima de um regra que há anos
foi imposta na máfia, foi contra a decisão da maioria em querer se livrar
daquela infeliz e hoje além dela ter agredido alguém que faz parte da nossa
família, chegou aos ouvidos desta casa que você, Nicolas Atebaly, pretende
tornar aquela garota a nova esposa da máfia.
Ouço as palavras do homem à minha frente, sem deixar transparecer as
minhas emoções, vamos ver qual será o próximo passo. Volto a realidade
quando novamente o homem continua a falar:
— Em nome do conselho da Yardie Britânica e pela votação da
maioria que chegou a um consenso, caso você leve adiante esse casamento,
voltará para o cargo que tinha antes, de soldado dessa organização, jamais
iremos aceitar o seu casamento com aquela que já deveria estar morta desde o
ritual.
A cada palavra proferida por ele, um imenso nó se forma em minha
garganta, sinto minha mandíbula se contrair e algo dentro de mim, está me
incendiando, e antes que qualquer outro membro presente se manifeste,
decido tomar à frente.
— Eu, Nicolas Atebaly, filho de Joseph Atebaly jamais irei aceitar que
alguém escolha com quem eu deva ou não me casar, se o preço pelos meus
atos é o meu rebaixamento para ser um simples soldado, eu aconselho a todos
a que estão aqui a procurar um novo chefe para Yardie.
Assim que meus lábios se unem, elevo meu olhar e todos estão pasmos
ao ouvir as minhas palavras, pelas suas expressões acharam mesmo que eu
me tornaria um fantoche em suas mãos, em seguida me levanto e após pedir
licença a todos, ao lado de Bruno deixo o cômodo.

Celena Martins
— Não! Não! Não!
Ele não pode me enviar para aquele homem, embora esteja com saudades da
minha tia não suportaria ter que conviver novamente com aquele monstro.
Meu pai me disse para confiar no Nicolas, certamente que foi só uma ilusão
da minha cabeça, alguém que me ama jamais me pediria para confiar nesse
demônio, que mesmo não me agredindo mais, está me fazendo escolher algo
que não é da minha vontade.
Começo a andar em círculos em volta do ambiente, as palavras dele
estão ecoando cada vez mais alto em minha cabeça, o nome daquele demônio
não sai da minha mente, voltar para o México é o mesmo que trazer de volta
todo o meu tormento, ver William com seu sorriso cínico e seus olhos de
desejo sobre o meu corpo, sem contar que só levaria sofrimento para vida da
minha tia, por outro lado casar com esse homem que me fez conhecer não só
uma dor física, mas marcou para sempre a minha alma jamais fez parte dos
meus pensamentos. Fico tão perdida em meios as dúvidas, aproximo-me da
janela e com os olhos fixos no lugar o qual me traz uma sensação de paz tão
grande, um pensamento se faz presente em minha mente.
— Darei a Nicolas Atebaly a resposta que tanto deseja ouvir, no
entanto, eu, Celena Martins, farei ele se arrepender em me forçar a aceitar
esse casamento, tenho certeza que se meus pais estivessem vivos jamais me
deixariam aceitar tamanha asneira.
Capítulo 18

No dia seguinte...
Celena Martins
A cordo sobressaltada, ao lembrar que a Nany me pediu para eu
levantar bem cedo, ainda sonolenta me levanto indo em direção ao banheiro,
assim que adentro o cômodo ao olhar para o meu reflexo as lembranças da
noite anterior invadem a minha mente, achei que ele ficaria satisfeito ao ouvir
a minha resposta, no entanto, por mais que tentasse esconder tinha uma
tristeza em seu olhar, depois de ouvir tudo o que eu tinha a dizer ele
simplesmente disse que eu poderia sair do quarto e jantar com a Nany.
Assim que ele deixou o cômodo, fui até à cozinha para fazer a minha
refeição, antes de chegar ao meu destino Nany me chamou e me conduziu até
um ambiente que tinha uma enorme mesa já posta com vários tipos de
comidas, ela informa que a partir daquele momento minhas refeições seriam
feitas ali, há muito tempo não comia tão bem, tenho que reconhecer que a
dona Júlia, a cozinheira, tem mãos de fada, a sua comida é simplesmente
magnífica. Quando me dei por satisfeita, ela me disse que eu precisava
acordar cedo, pois sairia com ela e o Nicolas, pergunto para aonde iremos,
mas não obtenho resposta do lugar, ela só me pede para confiar no menino
dela que tudo dará certo, que eu ainda seria muito feliz. A Nany é uma pessoa
maravilhosa, porém, acredito que o amor e carinho que senti pelo Nico a
deixou cega, como ela pode chamar aquele demônio de menino a ponto de
não enxergar que ele não tem sentimentos, como serei um dia feliz tendo que
me casar com o homem que só tem a intenção de me usar para seu bel-prazer,
para satisfazer um capricho seu sem se importar com a minha opinião, eu
jamais terei algum sentimento por ele que não seja o desprezo. Saio dos
meus devaneios, e resolvo tomar o meu banho, minutos depois de banho
tomado e vestida com um vestido que a Nany pediu emprestado para uma das
funcionárias, deixo o cômodo e adentro o quarto, não demora muito e Nany
vem me chamar para tomar o café da manhã, e informar que assim que Nico
terminar de resolver alguns assuntos em seu escritório iremos sair. Depois de
degustar tudo, já satisfeita, na verdade, não consigo comer mais nada de tanto
que a Nany insistiu dizendo que estou muito magra, levanto-me e seguimos
para sala, ao entrar no cômodo Nicolas está saindo do seu escritório e assim
que seus olhos ficam fixos em mim, ele me olhou de cima a baixo e sua
expressão logo muda.
— Ela precisa de roupas novas, tive que pedir esse vestido emprestado
a uma das funcionárias para que a Cel pudesse sair de casa — Nany informa.
Escuto as palavras dela sem desviar os meus olhos dele, Nicolas está
impecável, seu terno perfeitamente alinhado e seu cheiro logo impregna o
ambiente. Sou tirada do meu momento de devaneio assim que ouço a voz de
Nany me chamando.
— Vamos.
Caminhamos em direção à garagem, assim que entramos no veículo, não
demora muito e o carro entra em movimento, passo todo o percurso perdida
em meus pensamentos e só me dou conta que chegamos ao lugar que nem sei
ao certo o nome, quando as portas se abrem, mesmo não entendo por qual
motivo estamos em um hospital eu não conseguia desviar os olhos do prédio,
um local totalmente luxuoso, todo espelhado e com enorme letreiro "Hospital
Sarah Atebaly", acredito que esse seja o hospital dele já que tem seu
sobrenome no letreiro, assim que adentramos, a cada passo que dou fico mais
encantada com a toda organização do lugar, ao entrar no elevador segundos
depois ele para no sexto andar, saímos da caixa metálica, volto a seguir o
Nicolas e a Nany, mas no momento que meus olhos vão ao encontro da
mulher à minha frente, que ao ver Nicolas conversando com alguns homens
que estão acomodados no sofá ao lado, começa a me analisar de cima a baixo
com uma expressão de nojo em sua face a minha vontade é avançar em cima
dela, porém, Nany logo segura em minha mão, não demora muito e Nicolas
se volta à nossa direção e pede a Nany que espere em sua sala que me levará
até o consultório da Dra. Jaqueline Meirelles, ainda atordoada em ouvir as
palavras dele e sem entender o motivo pelo qual ele está me levando ao
consultório da mulher que ele mencionou, só percebo que ela é uma
Psiquiatra e Psicóloga, quando olho o letreiro com o nome dela, em vez de
segui-lo, dou alguns passos para trás, antes que meu cérebro comece a
funcionar perfeitamente, Nicolas vendo a minha reação logo se aproxima e
sem que eu espere, ele segura em minhas mãos e começa a falar.
— Embora você não acredite tudo que estou fazendo é para o seu bem,
nós vamos entrar por aquela porta e ficarei com você o tempo todo, te garanto
que não há ninguém mais indicado que a Dra. Jaqueline para te ajudar a se
livrar de todas as suas assombrações que há anos vem te martirizando, eu não
sei explicar, no entanto, suas palavras me transmitem uma grande sensação
de paz e confiança, mesmo com medo do que vai acontecer, respiro fundo e
sigo em frente.
Depois de conversar com a Dra. Jaqueline, sinto-me mais leve, embora
não tenha conseguido responder certas coisas que ela me perguntou, pois não
pude esclarecer mais detalhadamente por ele estar ao meu lado, a fim de me
ajudar ela irá à mansão duas vezes por semana para continuar me
acompanhando e mesmo contra vontade do Nicolas ela pediu que por
enquanto é melhor ele não estar presente. Saímos do consultório dela e vamos
ao encontro de Nany, fico ao lado dela, enquanto ele conversa com Estela,
assim que ele se afasta a expressão no rosto dela é de quem ouviu algo que
não esperava, pois seus olhos estão esbugalhados. Desvio minha atenção dela
quando ouço a voz dele dizemos que iremos fazer algumas compras.
Assim que adentramos o veículo ele entra em movimento, não demora
muito e o carro para próximo a uma boutique, quando Nicolas faz menção de
sair do automóvel seu celular começa a tocar e antes de atender ele diz a
Nany que podemos ir escolher tudo que estou precisando que em seguida se
juntará a nós. Ao adentrar o ambiente que além de luxuoso é enorme, vejo
algumas mulheres muito bem-vestidas e elegantes, duas delas que ao virar em
nossa direção tem uma expressão nada boa em sua face, fico um tanto
constrangida com o jeito que elas estão nos encarando, como se não fôssemos
dignas de estar naquele lugar, assim que dão alguns passos e ficam à nossa
frente, uma delas diz:
— Se estão procurando alguma coisa que combine com o estilo de
vocês, recomendamos que vá até à próxima esquina, lá com certeza terá o que
estão procurando.
A outra vendedora que está ao seu lado tem um esboço de um sorriso em sua
face, peço a Nany para sairmos do lugar, mas no momento que penso me
mover ela segura em minha mão.
— Acredito que vocês estão aqui para atender os clientes e não para
dar sugestões as quais não foram solicitadas — Nany brada em um tom
irritadiço.
Quando a mesma vendedora que fechou a cara ao ouvir as palavras de Nany,
abre a boca para rebater, escutamos a voz do Nicolas.
— Algum problema, Nany?
As duas mulheres à nossa frente ao olharem quem é o dono da voz,
logo colocam um largo sorriso em seu rosto, mas quando Nany conta ao
Nicolas o que aconteceu, o homem que antes tinha até uma expressão suave
em sua face muda da água para o vinho, suas órbitas negras estão fixas na
direção das duas mulheres, o ódio é visível através delas e novamente sua voz
chama a atenção.
— Então o estilo da minha noiva não combina com esse lugar? —
Assim que ele faz a pergunta pega o celular do bolso e coloca a chamada no
viva voz em questão de segundos alguém se pronuncia do outro lado da linha.
— Dr. Nicolas Atebaly em que posso ser útil?
— Cristina, não sabia que em vez de vendedoras sua loja está cheia de
consultoras de modas e que o objetivo delas era enviar seus clientes para
outros estabelecimentos.
As mulheres que antes pareciam pasmas, sem conseguir desviar os
olhos dele logo saem do seu estado de torpor e uma expressão de medo está
estampada em suas faces.
Uma outra funcionária logo aparece e pede que as duas mulheres se
dirijam até o escritório da Sr. Scott. Depois do ocorrido, mesmo atordoada ao
ver como as pessoas podem tratar as outras simplesmente pelo que estão
vestindo, Nany sai me puxando em direção ao provador, não sei que horas
entramos nessa loja, mas quando a deixamos ainda seguimos para uma ao
lado onde compramos algumas peças íntimas, mesmo dizendo que não
preciso de tudo que a Nany está escolhendo ao ouvir suas palavras o choque
da realidade paira sobre mim.
— Você em poucos dias será Celena Martins Atebaly.
Capítulo 19

Seis dias depois...


Celena Martins
D epois de tomar o meu banho e já ter lavado o meu cabelo resolvo
sair do box, assim que me enxugo coloco somente a peça íntima em seguida o
roupão, aproximo-me do espelho e ao olhar para o meu reflexo as lembranças
dos últimos dias invadem a minha mente. Durante a semana a Dra. Jaqueline
veio até à mansão e estando sozinha com ela me senti à vontade para
responder as suas perguntas, pois como uma boa profissional ela deixou claro
que nada que fosse falado naquele quarto sairia dali, a não ser que eu desse
permissão para ela relatar ao Nicolas, no primeiro dia ela pediu que eu
contasse um pouco do que lembrava dos meus pais, foi difícil conter as
lágrimas ao lembrar dos melhores dias da minha vida, ao pensar que hoje
estaria junto as pessoas que tanto amo se não fosse aquele maldito acidente.
No segundo dia assim como Nico ela me perguntou se algo tinha
acontecido comigo após a morte dos meus pais, meu coração gelou no
mesmo instante, um imenso nó se formou em minha garganta e ao lembrar
novamente daquele homem comecei a tremer, minha respiração ficou pesada,
entretanto, a médica segurou firme em minhas mãos me transmitindo uma
sensação tão boa, não sei se fiz a coisa certa, no entanto, me senti leve ao
contar tudo que aconteceu. Como se dividir o peso do segredo que tanto vem
me atormentando com mais alguém fosse capaz de diminui-lo um pouco. Sei
que levarei as lembranças de tudo que aconteceu pelo resto da vida. Mas
segundo a doutora, eu precisava colocar para fora esses sentimentos
conturbados que estavam em minha mente, deixando-me cada vez mais presa
a eles.
Deixo o cômodo seguindo em direção ao meu quarto, ao adentrar o
ambiente caminho em direção à janela, ao abri-la para o jardim, onde em
poucas horas acontecerá algo que mudará minha vida para sempre. Seis dias
se passaram. Sim! O tempo passou rápido e hoje é o dia o qual deveria me
deixar feliz, se tudo tivesse acontecido de uma forma diferente, se o
homem que será o meu marido dentro de algumas horas, não tivesse roubado
a minha inocência, se não tivesse abusado de mim da pior forma possível,
trazendo de volta todos os demônios que me assombravam. Nicolas Atebaly
pode estar fazendo de tudo para me ajudar como ele e a Nany falaram, mas
como perdoar se não consigo esquecer, como lidar com uma ferida que ainda
não cicatrizou.
Pensei em desafiá-lo e no momento certo fazer ele se arrepender
quando ouvisse sair entre meus lábios um não, porém, quando soube do peso
da decisão da sua escolha em querer seguir com esse casamento, as
lembranças das palavras do meu pai pairam sobre mim. Segundo a Nany o
conselho queria a todo custo a minha morte, assim como não aceitou que o
chefe da máfia jamaicana se unisse em matrimônio com aquela que deveria
ter sido sacrificada, me surpreendeu ouvir dela os últimos acontecimentos,
então entendi o porquê do Nicolas há dias mesmo disfarçando tem uma
tristeza em seu olhar, porém, acredito que só está se casando comigo para
aliviar o peso de toda dor que me causou. Por ora resolvo seguir o conselho
da Nany, de me permitir viver, de deixar o tempo mostrar que coisas ruins
acontecem para dar lugar as melhores coisas que a vida tem a nos oferecer.
Balanço a cabeça, na tentativa de afastar meus pensamentos assim que vejo
algumas mulheres adentrando o quarto, em seguida a voz da Nany chama a
minha atenção.
— Vamos, filha.
Afasto-me da janela, mesmo tendo dito que não precisava, Nicolas
Atebaly contratou toda uma equipe para me preparar para o casamento. Em
passos precisos caminho em direção a poltrona ao lado, ao sentar um único
pensamento se faz presente em minha mente.
Não será só a minha aparência que vai mudar e sim a minha vida.

Nicolas Atebaly
Após a morte dos meus pais as únicas coisas que me importavam na
vida era a Yardie e aquela que desde o meu nascimento cuidou de mim como
um filho, aquela que quando perdi as pessoas mais importante da minha vida
não viu o menino que todos admiravam por ser manter forte diante da
tragédia que aconteceu, foi somente ela a minha doce Nany que presenciou
todas as noites maldormidas, todos os pesadelos que por dias me
atormentaram. Confesso que não foi fácil abrir mão de tudo por uma
trajetória que há anos venho percorrendo à frente da Yardie Britânica, saber
que todo o legado da família Atebaly, logo será esquecido com a nova eleição
do novo chefe, durante esses seis dias que passaram, Bruno e alguns
membros próximos ainda tentaram me persuadir a voltar atrás na minha
decisão, porém, não seria o filho de Joseph Atebaly se desistisse da minha
decisão, sei que é um preço bem alto a se pagar e talvez qualquer outro
mafioso em meu lugar nem cogitaria algo dessa natureza, mas algo dentro de
mim me diz que esse é o caminho certo a seguir.
Há dois dias após receber o dossiê sobre os pais de Celena Martins, sua
tia e William Santiago, tive a certeza que aquele verme só enviou a Celena
com um único propósito, se livrar da única pessoa que o impedia de colocar
as mãos no patrimônio deixado por Antônio Martins. Justamente hoje no dia
em que darei o passo que me afastará de vez do comando da Yardie, porém,
me unirá a uma pessoa, que por mais que não aceite, ela desperta em mim um
misto de sensações que nunca senti, sua tia e o desgraçado a essa altura já
devem estar em Nova Iorque, no entanto, por enquanto achei melhor não
revelar a Celena sobre a fortuna deixada pelos seus pais, sei que a atrevida só
aceitou se casar comigo pelo medo que sentiu de voltar para mansão Santiago
e também para proteger sua tia e saber que ela não é uma pobre coitada como
acredita, Celena é uma das mulheres mais ricas do mundo, a essa altura
estaria dando um passo que a colocaria novamente nas garras daquele infeliz.
Com os olhos fixos na imagem refletida pelo espelho e com a certeza
que chegou a hora de esperar a minha futura esposa no altar, em passos largos
deixo o ambiente, um sorriso se faz presente em minha face ao imaginar a
surpresa que William Santiago terá.
Enquanto isso em Nova Iorque.
William Santiago.
Chegamos ontem ao entardecer em Nova Iorque. Desde a partida
daquela retardada para Inglaterra que Marta ficou desolada, durante esse
período tive que me mostrar um marido carinhoso e atencioso, a idiota desde
sua adolescência sempre foi apaixonada por mim a ponto de não perceber que
a minha única intenção era ficar próximo à Cecília, mas com o casamento
daquela que por anos foi a minha maior obsessão tive que me casar com
Marta, assim estaria próximo à família Martins. Como eu já esperava Marta
se negou de imediato vir a Nova Iorque para darmos início aos trâmites para
reaver a herança da retardada, porém, aos poucos a idiota acabou caindo na
minha conversa e aceitou vir ao banco. Desvio esses pensamentos ao
chegarmos ao JP Morgan Chase, não demora muito e seguimos para uma sala
privativa onde o próprio gerente nos atenderá, assim que adentramos a sala e
nos acomodamos o homem está com uma expressão indecifrável em sua face,
ele nos cumprimenta e antes que eu me manifeste ele pega um envelope,
puxando um papel de dentro e ao colocá-lo em cima da mesa, ele se
manifesta.
— Antes de prosseguimos tenho uma única pergunta a fazer, senhora
Marta Santiago, essa é sua sobrinha Celena Cristina Martins?
Os olhos da minha esposa ficam fixos na fotografia daquela infeliz e logo as
lágrimas começam a descer por sua face, antes que eu tenha qualquer reação
a voz da maldita se faz presente.
— Sim! É a minha Cel, como o senhor conseguiu essa foto.
— Tendo a sua confirmação que realmente é ela, ninguém além da sua
sobrinha tem qualquer autorização para saber informações sobre a
movimentação da conta dela junto ao nosso banco. E respondendo à sua
pergunta essa foto assim como um vídeo da sua sobrinha nos foi enviada pelo
seu futuro esposo, Dr. Nicolas Atebaly, pela informação que nos foi
repassada é que em breve teremos que alterar os dados dela já que hoje será o
seu casamento.
A cada palavra proferida pelo homem à minha frente, sinto minha
mandíbula se contrair, meu coração bate no ritmo frenético e o ódio inflama
em minhas veias. Casamento, aquela maldita não pode se casar com aquele
infeliz ou tudo estará perdido.
Capitulo 20

Amadeu Torris
D epois de todos os anos sonhando com esse momento, não consigo
acreditar que dentro de três dias Nicolas Atebaly se casará com aquela infeliz,
será a eleição para escolher o novo líder da Yardie Britânica.
Tenho certeza que de todos os nomes que foram colocados para votação, o
meu será o escolhido, depois do atrevimento daquele bastardo em desafiar o
conselho, e seguir com essa união, a maioria dos membros ficaram perplexos
com sua decisão. Saio dos meus devaneios ao ouvir o toque do meu celular,
assim que meus olhos vão ao encontro da tela e vejo o nome do desgraçado
do William Santiago, tenho certeza que o infeliz já sabe sobre o casamento da
garota, se ele cogitar que fará alguma coisa para impedir aquela união está
completamente enganado, o meu único interesse em me livrar da maldita era
somente para deixar o caminho livre para Estela, mas agora que serei o chefe
da Yardie pouco me importa com quem Nicolas se casará, novamente o
aparelho volta a tocar, resolvo atender.
— Alô.
— Como você teve a coragem de não me avisar que a retardada e o
maldito vão se casar?
— Graças a essa união o conselho resolveu afastar o idiota da nossa
organização, então você querendo ou não esse casamento que a essa hora já
deve estar se concretizando chegará até o fim.
— Idiota! Com a realização desse casamento, Nicolas Atebaly que já é
um dos homens mais ricos do mundo, terá dinheiro suficiente para criar a sua
própria organização, tendo não só aliados da máfia jamaicana como da
própria máfia mexicana ao saberem da união dele com Celena Martins.
Ao ouvir as últimas palavras proferidas, sinto todo o meu corpo
estremecer meu coração bate tão forte que penso que ele sairá pela minha
boca. Não! Não! Não! Ela está morta há mais de doze anos, forço-me a sair
do meu estado catatônico e resolvo indagá-lo:
— Você disse que assim como os pais a garota tinha morrido naquele
acidente.
— Não tenho culpa se vocês acreditaram na notícia falsa que toda
família Martins tinha falecido naquele acidente, por mim a retardada já
estaria morta há muito tempo, mas precisava esperar o momento certo para
colocar as mãos em toda a fortuna deixada pelo maldito Martins, mas tudo
que venho cogitando durante anos será jogado no lixo graças a você, por não
ter me informado a tempo do que estava acontecendo.
— Darei um jeito de terminar o serviço que você com sua
incompetência não foi capaz de concluir.
Após alguns minutos, encerro a ligação, mesmo estando atordoado com
as últimas informações terei que agir o quanto antes, Celena Martins e
Nicolas Atebaly jamais poderão saber a verdade ou tudo estará perdido.

Celena Martins
É muito assustador saber que daqui a poucas horas, estarei unida em
matrimônio ao meu algoz como sua esposa. Estremeço com a ideia daquele
homem voltar a tocar em meu corpo novamente e sentir aquela dor infernal.
Meus medos são interrompidos com a chegada de Nany e a voz de uma das
mulheres dizendo que já estou pronta. Olho para Nany que está muito
elegante, ela se aproxima de mim, claramente emocionada, nos seus olhos há
algumas lágrimas se formando.
— Você está tão bonita, filha, tenho certeza que seus pais estariam
muito felizes em ver a mulher linda que você se tornou — Nany me elogia,
muito emocionada.
Aproximo-me do espelho e ao olhar para a imagem refletida no
espelho, eu mesma não acredito no que vejo, estou belíssima, desde a
maquiagem muito bem-feita, o penteado bem elaborado e o vestido que o
próprio Nicolas escolheu, é digno de uma princesa. Como eu queria que tudo
tivesse sido diferente, que esse momento pudesse ser algo em especial em
minha vida, um vestido de princesa para alguém que se casará com o próprio
demônio, chega a ser cômico. Deixo os pensamentos de lado ao ouvir Nany
me chamar.
— Vamos.
Depois que ela me dá um forte abraço, em passos vacilantes deixo o
ambiente, ao chegar à sala, tem um senhor muito elegante parado próximo à
porta, Nany nos apresenta e diz que ele me conduziria até o altar, além de ser
um dos maiores cardiologistas do país, Conrado Floriano, é um grande amigo
dos pais de Nicolas. Volto a realidade quando o senhor que tem um esboço de
um sorriso começa a falar:
— Está pronta?
— Sim.
Nesse exato momento a porta é aberta e a marcha nupcial começa a
tocar. A cada passo dado as lembranças de tudo que aconteceu em minha
vida, desde o momento que conheci Nicolas Atebaly se faz presente em
minha mente. Meu coração só falta parar de tanto que bate, tremo de medo
em pensar como será a minha vida depois que falar o tal "Sim", tudo em
mim, está dormente e eu prendo minha respiração, quando
chegamos próximo ao Nicolas, meus olhos ficam fixos na figura dele,
elegantíssimo em um smoking preto e pela primeira vez ele esboça um largo
sorriso em sua face, o Dr. Conrado me entrega para ele. Nico pega em minhas
mãos, sinto todo o meu corpo se arrepiar, caminhamos em direção ao
celebrante que logo dá início à cerimônia.
O padre inicia fazendo um pequeno sermão sobre a importância do
amor e fidelidade no casamento. Ele fala coisas lindas que tocam o meu
coração, pena que não estou casando por amor, e sim por não ter opção. Não
demora muito e o celebrante anuncia a troca das alianças.
— Celena Cristina Martins, aceita Nicolas Atebaly como seu legítimo
esposo para amá-lo e respeitá-lo até os últimos dias de sua vida?
Um nó se forma em minha garganta, sinto a minha boca seca, olho para o
homem ao meu lado e o silêncio se faz presente no ambiente, desvio o olhar
de Nicolas e fico olhando para Nany que parece nervosa na expectativa da
minha resposta, sem mais delongas faço o que acho ser o certo e respondo:
— Sim… aceito
Logo após é a vez do Nicolas que responde de imediato um sim.
Depois das trocas de alianças a cerimônia chega ao fim e o padre nos dá a
bênção final, dizendo:
— Pode beijar a noiva.
Ele me toma nos braços e se apodera da minha boca, em um beijo que
rouba o meu fôlego, sem saber o que fazer, sinto um fogo me queimando por
dentro. Somos interrompidos, quando todos aplaudem os recém-casados.
Nicolas e eu recebemos os cumprimentos dos convidados. O Dr. Conrado
Floriano logo se aproxima com uma linda mulher ao seu lado, a mulher que
se chama Isabel Floriano, além de ser sua esposa, também é cardiologista do
hospital do Nicolas. Troco algumas palavras com ela, que além de elegante é
muito educada, sinto-me muito bem no pouco tempo que fico em sua
companhia.
Fiquei ao lado de Nany, enquanto Nico conversa com Bruno, mesmo
não sendo o casamento e o noivo que escolhi, tenho que admitir que tudo está
muito bonito e embora esteja com medo do que me espera, também sinto uma
sensação boa dentro de mim. Nas horas seguintes tudo ocorre em perfeita
harmonia, mas ao sentir as mãos de Nicolas em minha cintura e logo após
ouvir suas palavras, meu coração se aperta e o medo se apodera de mim.
— Já está na hora de irmos.
— Para aonde vamos?
— Te levarei a um lugar inesquecível.
Capitulo 21

Amadeu Torris
D epois da ligação de William Santiago, começo a cogitar o que farei
para acabar com aquela garota antes que a verdade chegue ao conhecimento
de Nicolas Atebaly ou do próprio conselho da Yardie Britânica, não podendo
mais evitar a união dos dois, só preciso acabar com a maldita antes da eleição
do novo chefe da máfia jamaicana, depois de ser escolhido nada do que
venha a ser dito mudará essa decisão. Como os idiotas jamais
desconfiaram dos meus reais sentimentos em relação aos Atebaly e graças a
Estela, descobri quais eram os planos do desgraçado para depois do
casamento, com a informação da sua viagem para o Caribe foi fácil reunir
alguns homens na Jamaica para ficarem de olho em cada passo do casal, e no
momento certo acabarei com a Celena Martins.
Não importa quantos terei que enviar ao inferno, ninguém me impedirá
de ter o controle da Yardie.

Enquanto isso na mansão Atebaly…


Celena Martins
Depois que nos despedimos de algumas pessoas, adentramos a mansão
e Nany me ajuda a retirar o vestido, estou tão nervosa que começo a
perguntar a ela onde é o lugar que Nicolas Atebaly me levará, mas ela diz que
é para eu me acalmar que meu marido cuidará de mim, ao ouvir isso, fecho
meus olhos por uma fração de segundos, quando o choque da realidade me
domina, agora sou esposa do homem que em pouco tempo mudou a minha
vida. Deixo os meus pensamentos de lado quando ela me avisa que já está na
hora.
Em passos lentos sigo em direção ao corredor de acesso à sala, ao
chegar, vejo a imagem que faz meu coração bater mais forte, não consigo
desviar os meus olhos dele que está vestido com uma camisa branca e uma
calça jeans, e novamente tem um esboço de um sorriso em sua face, fico
encantada ao vê-lo sorrir, nem de longe parece o homem de expressão fria e o
demônio que me causou tanto mal. Ainda atordoada volto a realidade quando
Nicolas abraça Nany e me chama para irmos.
Depois de me despedir de Nany que não consegue conter as lágrimas
de emoção seguimos até à garagem onde um carro já está pronto nos
aguardando, assim que adentramos o veículo é impregnado pelo aroma
intoxicante dele, o motorista logo o coloca em movimento e o silêncio que
dura há alguns minutos logo é quebrado.
— Ficaremos somente três dias fora, terei que voltar para eleição do
novo chefe da Yardie.
Depois de ouvir suas palavras, mesmo o homem ao meu lado se
mostrando indiferente com essa situação me sinto culpada, pois sei que sua
decisão em relação ao nosso casamento o afastou do cargo que há muito
tempo fez parte da sua vida. Enquanto Nico está entretido no seu notebook,
encosto minha cabeça no banco do carro e fico perdida em meus
pensamentos, depois do que parece ser horas, com apenas o barulho da nossa
respiração, fico aliviada ao ouvir o estrondo sutil da porta do carro sendo
aberta, o motorista logo abre a minha porta e ao sair do automóvel um vento
frio percorre todo o meu corpo me fazendo estremecer, antes que tenha
qualquer reação sinto a aproximação do Nicolas, em seguida ele me entrega
um casaco, com os olhos arregalados no avião à nossa frente ele segura em
minha mão e seguimos até o jatinho particular que tem o nome de Sarah
Atebaly escrito, assim que adentramos fico encantada com todo o ambiente,
mas logo sou tirada dos meus devaneios quando ouço a voz dele:
— Sei que está cansada, assim que quiser descansar tem um quarto na
porta ao lado.
Sento-me em uma poltrona e não demora muito uma voz informa que o avião
vai decolar. Depois de algumas horas me levanto e caminho até à porta que
ele mencionou, meus pés estão doendo pelo tempo que passei com aqueles
saltos, ao entrar no cômodo, meus olhos percorrem por todo ambiente, há
uma enorme cama e alguns móveis em volta do cômodo, deito-me e não sei
ao certo em que momento acabo adormecendo. Acordo sobressaltada ao
ouvir a voz do Nico dizendo que o avião vai pousar, ainda atordoada me
levanto e caminho até uma poltrona, depois de alguns minutos ele me avisa
que chegamos, assim que dou alguns passos e ao me aproximar da porta a
voz dele novamente se faz presente.
— Bem-vinda à Jamaica.
Seguimos até um veículo que já está nos esperando, por mais que eu
tente controlar a minha euforia é muito difícil ao olhar através da janela toda
beleza do lugar, o verde, a paisagem, tudo é surreal. Depois de alguns
minutos o carro para, ao sair do automóvel tiro os sapatos e começo a
explorar o lugar, a sensação da areia tocando os meus pés, os cantos dos
pássaros, todo o cenário me traz uma sensação de paz tão grande que palavras
não são suficientes para explicar como estou feliz. Nicolas se senta em uma
cadeira na varanda da casa enquanto eu não consigo parar de contemplar tudo
à minha volta.
O pôr do sol me presenteia com sua beleza. Estou maravilhada com
que vejo, que acabo perdendo a noção do tempo, quando dou por mim, já está
escurecendo, alguns minutos atrás Nico entrou na casa, em passos vacilantes
caminho em direção à porta, todo o momento de descontração de horas atrás
dá lugar a uma grande angústia ao pensar no que acontecerá, minhas mãos
estão suando de tanto nervosismo, respiro fundo e entro no ambiente, assim
como a casa dele em Londres o luxo está presente em cada detalhe, sinto um
calafrio percorrer o meu corpo quando olho para o lado e ele já está de banho
tomado em frente ao bar com uma garrafa de uísque em sua mão, fico
paralisada sem saber o que fazer, a pequena bolha de alegria que senti
estourou. Como sempre, ele que parece ter uma bola de cristal me informa
que o quarto fica no corredor ao lado.
Minha preocupação se transforma em pânico generalizado à medida
que ando pelo corredor, minha cabeça está a mil, tento não entrar em pânico,
mas ao adentrar o quarto e olhar para cama a minha frente que está
impecavelmente arrumada, sinto uma forte pontada em minha cabeça em
seguida as imagens dele me puxando pelos cabelos e me jogando como se eu
fosse um saco de batata dentro do banheiro começam a passar como flashes
em minha mente, e sem que eu possa controlar as vozes voltam e ficam cada
vez mais altas, sussurrando que Nicolas Atebaly me fará sentir uma dor pior
que daquela vez, levo as mãos ao encontro da minha cabeça, queria que tudo
aquilo acabasse, porém, a minha cabeça lateja ainda mais, levanto o olhar e
me deparo com uma janela à minha frente, por mais que eu tente resistir é
como se tivesse algo me puxando em direção àquele lugar, movida pelo
pânico que me domina, ao pensar na dor infernal que senti quando ele roubou
a minha virgindade e a minha inocência, abro a janela tentando não fazer
barulho. Assim que meus pés tocam novamente a areia começo a correr em
disparada, sem olhar para atrás, está fazendo muito frio e não dá para ver em
que direção estou indo, pois só a claridade das estrelas e a lua iluminam o
caminho, já nem sei há quantos minutos estou correndo, ouço o barulho de
um carro se aproximando, em seguida o estrondo de vários tiros sendo
disparados, quando dou por mim uma forte claridade surge e antes que eu
tenha qualquer reação sinto o meu corpo indo ao encontro do chão e a
escuridão me envolve.
Capitulo 22

Jamaica - Caribe
Nicolas Atebaly
D esde o momento que chegamos à Jamaica, os brilhos nos olhos dela
me deixa fascinado, Celena Martins está semelhante a uma criança que
acabou de ganhar o seu brinquedo favorito, a sua felicidade é visível através
de cada gesto seu, fico um bom tempo contemplando a bela imagem à minha
frente, porém, no momento que ia me levantar uma sensação ruim se apossa
de mim, olho minuciosamente para cada parte à nossa volta e ao me certificar
que tudo está bem, caminho em direção à porta principal e adentro o
ambiente, sigo até o banheiro e após retirar a minha roupa pego meu celular
deslizando o dedo até o aplicativo de monitoramento das câmeras que ficam
na área externa, coloco o aparelho a uma distância que possa ver cada passo
que ela dá enquanto tomo o meu banho, minutos depois de banho já tomado,
deixo o banheiro e visto somente uma calça moletom, em passos largos vou
até o bar e assim que pego a garrafa de uísque ela entra no cômodo, fico
analisando cada movimento seu até o exato momento que seus olhos ficam
fixos em mim, além do seu nervosismo que é visível através dos movimentos
de suas mãos ela está paralisada, vendo que ela não tem nenhuma reação para
se mover resolvo quebrar o silêncio no ambiente indicando a direção do
quarto, enquanto ela some do meu campo de visão começo a apreciar o meu
uísque favorito, depois de alguns segundos o meu celular começa a tocar e
acabo tendo que sair do aplicativo onde estava a monitorando. Passo alguns
minutos conversando com Bruno, e mesmo tendo dito a ele que queria total
privacidade enquanto estivesse nesse lugar o qual marcou a minha infância ao
lado dos meus pais, solicito que entre em contato com o meus homens e
mande uma pequena equipe, após encerrar a ligação ao olhar para tela do
objeto em minhas mãos sinto minha mandíbula se contrair, minha garganta
está em chamas, o ódio toma conta do meu corpo, ao olhar para câmera
externa e ver aquela atrevida que se tornou minha esposa sumindo do meu
campo de visão, mesmo com raiva tenho que reconhecer que Celena Atebaly
faz jus ao sobrenome que recebeu. Em passos precisos, vou até o quarto e
pego minha arma, mesmo com a pouca claridade ainda consigo vê-la de
longe, começo a correr o mais rápido que posso e quando já estou me
aproximando ouço o som de pneus ecoando, a sensação de horas atrás
novamente toma conta de mim, com minha arma em punho, começo a atirar
em direção ao veículo, assim que vejo o veículo se aproximando dela um
sentimento que desde a morte dos meus pais era desconhecido por mim, se
faz presente, o medo, ao prever qual é a verdadeira intenção dos malditos
dentro do veículo no impulso me jogo ao encontro do corpo dela.
Depois do ocorrido os desgraçados somem na mesma velocidade que
apareceram, ao me mover sinto uma forte dor em minhas costelas, mas ao vê-
la desacordada deixo o incômodo de lado e a pego em meus braços.
Agradecendo mentalmente por sempre me manter em forma caminho em
direção à minha casa, minutos depois ao chegar, coloco-a e examino todo o
seu corpo, depois de me certificar que só tem algumas escoriações, e que ela
só está desacordada devido ao impacto do meu corpo sobre o seu, deixo-a e
sigo em direção ao banheiro a fim de preparar um banho, após encher a
banheira volto a sala retiro sua roupa e sigo com ela nos meus braços até o
banheiro, depois de dar um banho nela, pego o roupão e envolvo o seu corpo,
em seguida deixo o banheiro, depositando-a em cima da cama, enquanto ela
ainda está desacordada aproveito e tomo um banho, assim que termino vou
até à cozinha preparar algo que ela possa comer assim que acordar. Uma das
coisas que aprendi durante o meu treinamento foi estar preparado para
qualquer situação, mesmo tendo vários funcionários à minha disposição, no
mundo que vivemos estamos sujeitos a passar por diversas situações e saber
se virar sozinho sem depender que outra pessoa faça algo por você é crucial.
Desde criança que vivia enfiado na cozinha ao sentir o cheiro da comida
deliciosa da Nany, então acabei adquirindo uma boa habilidade nessa área.
Depois de tudo já pronto, coloquei em uma bandeja e sigo em direção
ao quarto, quando entro ela já está despertando, parece perdida em seus
pensamentos analisando tudo à sua volta, seus olhos logo ficam fixos no
roupão em seguida em minha direção, aproximo-me e ao ficar à sua frente,
decido explicar o que aconteceu.
— Tive que dar um banho em você. Espero que dá próxima vez que
pensar em fugir pelo menos pense nas consequências que terá ao sair
correndo por um lugar totalmente desconhecido por você.
— Por que você se jogou em cima de mim? Por que a pessoa que
estava naquele carro queria me matar?
— Não estava em meus planos ficar viúvo tão cedo, e sobre quem era
os malditos que estavam naquele carro, em algum momento teremos as
respostas. Agora você precisa se alimentar.
Após lhe entregar a bandeja me acomodo na poltrona ao lado, fico
observando a mulher à minha frente. Celena Martins Atebaly, mesmo não
sabendo, somente ela foi capaz de trazer de volta um sentimento que há
muito tempo não fazia parte da minha vida, a necessidade de tê-la ao meu
lado é mais forte do que pensei e cogitar que algo de ruim pudesse acontecer
com ela me deixou totalmente perdido, algo que não consigo controlar está
crescendo, consumindo-me por dentro e a única certeza que tenho é que não
deixarei nada e ninguém encostar nela, eu vou matar seja quem for.

Celena Martins
Ter agido de maneira impulsiva sem dúvidas foi a pior coisa que fiz,
por mais que quisesse me manter calma a dor em minha cabeça e as vozes
estavam me enlouquecendo, mas quando olhei aquele carro vindo em minha
direção, em seguida o peso do corpo do Nicolas sobre o meu a última coisa
que senti antes da escuridão me envolver foi o seu cheiro. Acordo atordoada,
lentamente abro os meus olhos tentando me acostumar com a forte claridade
no ambiente, as lembranças recentes invadem a minha mente e antes que eu
tenha qualquer reação meus olhos vão ao encontro do homem parado
próximo à porta segurando uma bandeja em suas mãos, algo que jamais
cogitei em ver, mas no momento que meus olhos se fixam no corpo dele,
sinto o ar me faltar, no entanto, logo ele esclarece que somente me deu um
banho, mesmo com o medo que vive me rodeando, fico um tanto feliz pela
atitude dele, pois o homem que conheci pouco se importaria se eu tivesse
acordada ou dormindo só se preocuparia com o seu próprio prazer, porém, ele
me mostrou outro lado totalmente desconhecido por mim.
Depois que termino de comer, levanto-me e vou até o banheiro fazer
minhas necessidades, ao adentrar no cômodo o aroma de sempre, ar puro e
sândalo paira no ambiente, e um cheiro agradável, naturalmente masculino.
Faço uma pausa para inspirar fundo e saboreá-lo, aproximo-me do espelho e
ao olhar para o meu braço vejo que estou com alguns arranhões, deixo meus
pensamentos de lado, escovo meus dentes em seguida volto para o quarto, ao
entrar no cômodo meu coração começa a bater mais forte quando o vejo
deitado na cama distraído com o celular em sua mão, sem saber o que fazer
sou tirada do meu estado de torpor assim que ouço a voz dele.
— Só temos uma cama, mas pode ficar sossegada que não farei nada
que não seja da sua vontade — ele diz, irônico.
Engulo em seco ao ouvir suas palavras, até parece que desejaria que ele
fizesse algo comigo, entretanto, em vez de ficar aliviada com sua atitude algo
dentro de mim, parece insatisfeito ao ouvir que ele não faz questão de me
tocar. Fico imóvel pelo que parece uma eternidade, caminho até o meu lado
da cama, acabo ficando com o roupão mesmo, viro-me ficando de costas para
ele e me aconchego no edredom, respiro fundo tentando controlar o aroma
sombriamente sedutor que emana dele despertando uma fusão de sensações
no meu corpo.
Depois de alguns minutos, inquieta e nervosa começo a me remexer,
por mais que eu tente dormir o sono não vem. Um desejo ardente em minhas
veias me impede de cochilar, viro-me e fico admirando a imagem do homem
que está deitado comigo, dormindo, seu peito sobe e desce no ritmo da
respiração, seu físico perfeito à mostra, ele tem peitos e braços musculosos,
um abdômen definido uma bela visão a ser apreciada, por mais que eu queira
desviar os meus olhos dele eu não consigo, é como se estivesse bloqueada
por algum feitiço lançado por ele, nunca me senti tão completamente à mercê
de alguém.
Estreito os olhos enquanto a irritação substitui o desejo. O que há de
errado comigo? Como ele tem esse efeito em mim? É irritante saber que
estou sendo traída pelo meu próprio corpo. Sua expressão é tão calma que
não parece o homem que conheci, sem poder me controlar, pois a vontade é
mais forte que eu, levo minha mão ao encontro do seu peitoral, deslizo
lentamente os meus dedos pelo seu abdômen, algo dentro de mim, está
queimando por dentro, no meio das minhas pernas brota uma excitação
sofrida fazendo o meu corpo se contorcer e antes que eu retire minha mão,
sinto meu coração bater mais forte quando seus olhos vão ao encontro dos
meus.
Capítulo 23

Celena Atebaly
O único som que se ouve no ambiente é da nossa própria respiração.
Seus olhos insondáveis encaram os meus, era como se ele estivesse
examinando minha alma. Isso me deixa séria, sinto-me mais confusa do que
já estou, no impulso tento puxar a minha mão, mas ele é mais rápido e a
segura, um calafrio percorre todo o meu corpo quando ele leva minha mão
até à sua boca e seus lábios entram em contato com a minha pele.
Meu corpo todo se arrepia, sinto algo que nunca senti, quero me afastar
e, ao mesmo tempo, o seu magnetismo me envolve, sem que eu espere ele me
beija, o beijo é tão intenso que me faz perder o fôlego, o raciocínio e as
forças. Sinto o desejo me queimar como um incêndio. Ele segura o meu
queixo e aprofunda o beijo, sua língua me explora, provocando, desejando a
minha, por instinto começo a corresponder, seguindo o ritmo dos seus
movimentos, sentindo seu gosto, sua língua que me possui.
Sinto todo o meu corpo estremecer quando suas mãos vão até o meu
roupão, desfazendo o nó em seguida revelando o meu corpo completamente
despido, sinto o meu rosto queimar por ter esquecido de colocar uma
calcinha, ele começa a explorar meu corpo com as mãos, depositando
pequenos beijos, por todo o meu corpo, minha pele se arrepia, em contato
com aquelas mãos ásperas em sua tez macia, seus beijos trilham um caminho
até meus seios, contornando meus mamilos com a língua, sinto sua respiração
contra minha pele, ele continua até chegar a minha barriga, pequenos
gemidos saem da minha garganta, é algo que não consigo controlar, sua trilha
de beijos chega até meu ventre, ele abre minhas pernas, quando a ponta da
sua língua desliza em minha umidade, tento fechá-las, no entanto, ele as abre
novamente, em seguida mergulha em meu núcleo encharcado.
Como isso é bom. Sua língua deslizando entre as dobras até encontrar o
broto de nervos supersensíveis, quando sua boca se fecha em torno da minha
carne, ele começa a lamber com traços rápidos e firmes, minhas coxas estão
trêmulas, perco o controle do quadril e começo a rebolar em seu rosto, a
língua dele, na minha vagina está me deixando louca, ele desliza entre a
entrada da minha intimidade até o clitóris, seu polegar circunda o meu clitóris
várias vezes e gradualmente ele introduz dois dedos para dentro de mim, ele
tira os dedos e os desliza para dentro mais uma vez.
— Ah! — Com o corpo tenso, agarro os lençóis.
Ele persiste, enfiando e tirando os dedos, estabelecendo um ritmo
enquanto sua língua roça e circula repetidamente o meu clitóris. Arqueio meu
quadril para senti-lo melhor, mexendo naquele ritmo milenar, meus músculos
lá de dentro se tencionam, sinto minha vagina se contrair e minha libertação
inundando a sua boca gulosa, o meu corpo todo está tremendo devido aos
furiosos espasmos. Quando penso que tudo terminou, tento fechar as pernas,
tomada por espasmos incontroláveis, mas ele me impede, pressionando meu
clitóris com seu polegar aumentando as vibrações, com um grito desesperado,
tento me levantar, mas segundos depois caio de volta, meu corpo todo está
fraco.
Ainda com a respiração ofegante, a boca seca, o coração palpitando
como se quisesse sair pela boca, olho quando ele se afasta e assim que tira as
calças, meus olhos se arregalam, seu membro duro, grosso e bem grande
diante de mim, não consigo desviar o olhar dele esplendidamente nu e
impressionantemente excitado, novamente Nicolas se deita sobre mim,
beijando minha boca e explorando meus seios com uma de suas mãos, suas
coxas me forçam a abrir minhas pernas e com uma das mãos pega seu
membro ereto e o aproxima da minha abertura, sinto todo o meu corpo
estremecer com o contato da cabeça do seu membro, por um instante de
pânico fecho minhas pernas, mas ele novamente as abre em seguida, com
uma calma cadenciada.
— Ei — ele sussurra, beijando meus olhos, uma pálpebra de cada vez.
Os lábios dele encontram os meus, e ele me beija avidamente. Febrilmente.
Desesperadamente.
— Confia em mim, baby, não farei nada que possa machucá-la. — Fico
mais calma com as suas palavras.
A medida que ele se apossa dos meus lábios, intensifica o seu membro
na entrada da minha vagina, uma sensação excitante percorre o meu corpo, o
pênis dele desliza com facilidade, ele começa a mover o quadril para frente e
para trás em um ritmo lento e contínuo, sinto cada veia latejante, cada
centímetro pulsante do seu membro dentro de mim, tudo isso é muito
diferente não sinto dor, o meu corpo está se comportando de uma maneira
que nunca senti antes, suas investidas começam a se intensificar, a sensação
de estar completamente preenchida me faz levantar o quadril em torno dele e
acolher o seu membro mais fundo dentro de mim.
O barulho do sexo ecoa por todo o quarto, os tremores do meu corpo
voltam com intensidade, enquanto ele começa a me estocar com vigor, nunca
senti nada igual, sigo seu ritmo, a cabeça do seu imponente membro acaricia
terminações nervosas que jamais soube que tinha, nossos corpos
completamente em sintonia se encaixam como fossem feitos sob medida um
para o outro, seu pênis me penetrando cada vez mais fundo e mais rápido.
Sinto minha vagina se contrair em um prazer que nunca senti na vida saindo
das minhas entranhas, grito, o som saindo estrangulado pelo prazer, isso é
assustador, em nenhum momento da minha vida senti isso. Quando minhas
pernas se abrem ao máximo, ele estoca contra minha boceta latejante com
golpes violentos do seu pênis e então um gemido agonizante sai da sua boca,
despejando seu sêmen no meu ventre.
Os ritmos dos meus batimentos cardíacos estão a mil, Nicolas me
abraça ainda se mantendo dentro de mim, nossos corpos suados se recuperam
do prazer, ele me dá um beijo vigoroso, roubando-me a alma, um beijo cheio
desejo, abraço-o voluntariamente, queria senti-lo por completo.
Quando paramos o beijo, ele se afasta, me puxando ao encontro do seu
corpo. Fecho meus olhos e ficamos naquela posição, não sei se fiz a escolha
certa, porém, me entreguei a esse homem sem reservas, sem medo.
Só quero aproveitar cada segundo desse momento, pois há muito tempo
não me sinto tão feliz, depois penso no amanhã.
Capitulo 24

Nicolas Atebaly
C om os olhos fixos na imagem à minha frente, fico contemplando
sua beleza. Eu, Nicolas Atebaly, que sempre achei que as mulheres só
serviam para me dar prazer e mesmo sabendo que um dia teria que me casar,
nunca cogitei que uma ninfeta como ela poderia me deixar tão fascinado, não
sei o que ela tem ou o que fez comigo, mas desde o momento que a vi,
mesmo com o rosto coberto senti algo diferente dentro de mim, um
sentimento que me queima por dentro.
Celena Martins Atebaly, a mulher que está dormindo como um anjo ao
meu lado, me fez sentir tanto prazer como nenhuma outra mulher foi capaz,
me deixando louco com cada gesto seu, além de ter um corpo perfeito, a sua
inocência e a forma como sempre tenta me desafiar mesmo sabendo que as
consequências sempre virão, a faz diferente de todas que já conheci.
Durante a noite a possuí por incontáveis vezes, aquela boceta apertada
me deixou completamente alucinado. Luxúria, prazer, algo muito maior que
tudo que já senti, ela me pertence, seu corpo e sua alma. Vou protegê-la,
ninguém nunca chegará perto dela novamente.
Ontem quando ela me perguntou sobre quem atentou contra sua vida,
não quis deixar transparecer minhas suspeitas, então tratei de imediatamente
desviar do assunto, mas durante a madrugada quando já exausta adormeceu
em meus braços um turbilhão de pensamentos passou por minha cabeça.
Depois de tudo que descobri sobre William Santiago sei que o desgraçado vai
fazer de tudo para conseguir o que sempre cogitou, tirá-la do seu caminho,
porém, os últimos acontecimentos me fizeram ter a certeza que dentro da
Yardie Britânica temos um traidor aliado ao maldito, somente Nany, Estela e
os próprios membros do conselho sabiam sobre a minha vinda à Jamaica.
William Santiago poderia até cogitar que viemos para esse país, porém,
entre todas as propriedades que minha família possui nesse lugar foi muita
coincidência saberem o lugar exato onde nos encontrar, e mais ainda por
saberem que tinha dispensados todos os funcionários de suas funções
enquanto estivermos aqui. Daqui a dois dias acontecerá a eleição do
conselho, embora insistindo Bruno não aceitou ter seu nome indicado, pois
segundo ele ninguém comandaria aquela organização melhor que um
Atebaly, tudo indica que Amadeu será o novo chefe, sei que aquela raposa
sempre desejou ter esse posto e ao contrário do meu pai nunca acreditei que
alguém que teve a chance de se tornar o homem mais importante dentro da
máfia jamaicana aceitaria com tanta facilidade uma derrota, há anos eu e
Bruno estamos na cola do infeliz, porém, Amadeu Torris, além de ser um dos
membros mais antigos da nossa organização, ele conquistou o prestígio e
confiança perante todos os membros do conselho, e por mais que algo nele
me intrigue até esse exato momento ainda não encontramos nenhuma prova
concreta que comprove nossas suspeitas. Deixo os meus pensamentos de lado
ao ver a minha mulher acordando, me levanto indo em sua direção.

Celena Atebaly
Acordo, lentamente abro os meus olhos, embora sinta um pequeno
desconforto no meu corpo e principalmente em minha intimidade, as
lembranças de tudo que fizemos durante a noite invadem a minha mente,
nunca cogitei que poderia sentir tanto prazer em minha vida e muito menos
que tudo que ele fez comigo nesse quarto pudesse me deixar em puro êxtase,
despertando uma mistura de sensações que nunca pensei que existia. Deixo
minhas lembranças de lado, ao virar o rosto e vê-lo caminhando em minha
direção, meus olhos focam diretamente para seu corpo completamente
despido a minha frente, sinto meu rosto ruborizar ao pensar como o seu pênis
tão grosso e grande se encaixou perfeitamente em minha vagina, antes que
mais algum outro pensamento passe pela minha cabeça sua voz grave chama
minha atenção não só despertando o meu cérebro, como também todas as
minhas terminações nervosas.
— Bom dia, Bela Adormecida. Dormiu bem? — ele sussurra dando um
sorriso largo que me faz ficar envergonhada, tudo que não fizemos durante a
noite foi dormir.
— Bom dia.
Ele se senta na beirada da cama e com um sorriso travesso, anuncia:
— Um banho a espera, logo depois te levarei a um lugar que tenho
certeza que você vai gostar muito.
— Que horas são?
— Quase oito da manhã.
Imediatamente me levanto e me sento na cama, solto um gemido
quando suas mãos seguram meus seios e os aperta.
— De novo? Você é insaciável.
— Não sou homem de perder uma oportunidade.
Então, ele se pôs de pé e estende a mão. Assim que pego na mão dele.
Nicolas me puxa, trazendo-me para junto de si e agarra minhas nádegas com
força, fazendo-me ofegar de surpresa. Ele beija a ponta do nariz e me
suspende, com isso encaixo minhas pernas em volta da sua cintura em
seguida ele caminha em direção ao banheiro, tudo isso é tão assustador, é
como se ele fosse outra pessoa bem diferente do arrogante, do ogro, do
demônio que me fez tanto mal. Ao entrar no ambiente há uma banheira já
cheia me convidando a mergulhar na água fumegante, assim que nos
acomodamos dentro dela um suspiro prazeroso sai entre meus lábios.
Sinto dores em lugares que nunca imaginei poder sentir desconforto, no
entanto, estou melhor do que jamais estive em toda a minha vida. Nicolas me
puxa para junto do seu corpo e começa a me dar banho, passando o sabonete
perfumado em meu corpo, suas mãos deslizam entre minhas pernas, com isso
elas estremecem. Com dedos firmes, mas hesitantes, ele toca os lábios
inchados da minha vagina, afasto as pernas ao máximo e seus toques se
tornam mais provocantes, sinto as pontas dos seus dedos separando os lábios
da minha intimidade e deslizando sobre o pequeno nó de nervos que me
trouxe tanto prazer na noite anterior, cravo minhas unhas em sua pele quando
ele toca no ponto exato, com uma carícia leve e sedutora.
A água começa a se mover em ondas cadenciadas, estimuladas pelos
movimentos da mão dele em minha vagina, ele empurra um dedo para dentro
de mim, sinto o meu corpo enrijecer.
— Quero você dentro de mim — digo, ofegante, sentindo o meu sexo
ansioso por ele.
Sinto suas mãos indo ao encontro da minha cintura e com um
movimento do quadril, ele se acomoda com mais firmeza entre minhas pernas
abertas, aproximando o seu pênis da minha boceta. Seguro em seus ombros,
marcando ainda mais sua pele com minhas unhas, quando ele posiciona a
cabeça volumosa do seu membro na minha pequena fenda em seguida
mergulha o seu pênis bem devagar nas profundezas aveludadas da minha
vagina, puxando-me para me manter na posição perfeita, tocando no meu
ponto mais profundo, penetrando-me lentamente.
— Por favor — imploro. Ele atendendo ao meu pedido, começa a me
golpear fundo, enquanto seus dedos dão ao meu clitóris o estímulo final.
Meu corpo enrijece, entre soluços começo a chamar o seu nome.
— Nicolas! Nicolas! Nicolas.
Com minha vagina agarrada ao seu membro, pulsando numa massagem
poderosa, ele aumenta ainda mais os seus movimentos em seguida urra,
rangendo os dentes e agarrando minhas nádegas, enquanto tremo, nutrindo a
excitação dele em minha carne extremamente saciada.
Assim que meus tremores diminuem, sinto o líquido quente e cremoso
dele em minha intimidade.

Minutos depois…
De banho já tomado, coloco o biquíni e visto um short jeans e uma
regata, tomamos o café da manhã em seguida saímos para o lugar que
Nicolas mencionou. Passo todo o trajeto pensando nos últimos
acontecimentos, embora ele tenha feito algo que só o tempo nos dirá se serei
capaz de perdoá-lo, ao lembrar das palavras do meu pai e da Nany resolvo me
permitir viver um dia de cada vez. Tento não pensar nisso, quando ele avisa
que chegamos, ao sair do automóvel não consigo desviar os meus olhos da
imagem à minha frente, o cenário é magnífico. Passamos parte do dia
explorando o lugar, apreciando aquela paisagem maravilhosa.
Depois de muitos anos acreditando que só a morte faria com que me
sentisse feliz novamente, hoje estando nesse lugar que me trouxe uma
sensação de paz tão grande eu estava imensamente errada.
Capitulo 25

Amadeu Torris
N ão acredito que hoje será o grande dia, após almejar por todos esses
anos finalmente serei o chefe da Yardie britânica, a nomeação acontecerá na
sede da máfia.
A minha felicidade só não está completa por aqueles incompetentes
não terem acabado com a maldita. Como sempre os Atebaly vêm
atrapalhando os meus planos, se não fosse pelo desgraçado do Nicolas a
essa altura todos os meus problemas já estariam resolvidos, no entanto, cedo
ou tarde acabarei com os dois, não posso permitir que alguém tão
insignificante me tire o foco desse momento tão grandioso. Eu, Amadeu
Torris, daqui a algumas horas serei temido por todos, conquistarei territórios
jamais sonhados pelo imbecil do Nicolas Atebaly e serei o homem mais
respeitado entre as máfias. Paro de pensar nisso quando ouço o meu celular
vibrando.
— Alô.
— Espero que depois de hoje você não esqueça de tudo que
planejamos, você pode se tornar o chefe da Yardie, mas não tente me passar a
perna. Você sabe muito bem que tudo isso pode mudar se chegar aos ouvidos
do conselho e Nicolas Atebaly que você é o traidor que há anos vem
passando informações sobre tudo que acontece na máfia jamaicana.
— Isso é uma ameaça? Estamos no mesmo barco, pois não se esqueça
que foi com minha ajuda que você conseguiu se livrar da família Martins, e
se a fedelha está viva até agora foi por sua irresponsabilidade.
— Essa desgraçada por ora não é a minha maior preocupação, dentro
de dois dias será a comemoração do aniversário do infeliz do Jacob, espero
que você já tenha a substância que ficou de me enviar, essa ocasião será a
ideal para acabar com o maldito, embora ainda terá o bastardo herdeiro,
porém, como sou segundo no comando me tornarei o chefe até aquele infeliz
atingir a maior idade, coisa que nunca acontecerá. Deixarei passar algum
tempo após a morte de Jacob, pois despertaria suspeita entre os membros do
conselho se os dois morressem ao mesmo tempo, mas no momento certo me
livrarei do pirralho.
— Ainda hoje você receberá a encomenda. E não se preocupe que
ninguém tem mais interesse que eu na morte de Celena Martins.
— Ok, espero que logo essa retardada se junte aos pais.
Idiota! Assim que tirar aquela infeliz e o Nicolas do meu caminho o
próximo será você, mas por enquanto, me convém deixá-lo vivo, o
desgraçado nem sabe que ao se livrar de Jacob só estará facilitando o meu
serviço em realizar o meu próximo objetivo a unificação das duas máfias, me
tornando não só o chefe da máfia jamaicana como da mexicana. Ninguém
cruzará meu caminho e viverá para contar história.

Nany
Chamo-me Savany Mical, porém, desde criança meus pais sempre me
chamaram de Nany e todos acabaram aderindo a esse apelido. A minha
família sempre trabalhou para os Atebaly. Desde a Jamaica, quando a Dra.
Sarah Atebaly me fez o convite para morar na Inglaterra e cuidar do pequeno
Nicolas aceitei de imediato, desde que olhei o meu menino através de uma
fotografia que um sentimento muito maior que tudo que já tinha sentindo se
fez presente dentro de mim.
Casei-me ainda adolescente, depois de dois anos de casada tudo que
meu esposo desejava era um filho, mas o tempo passou e com o desejo veio a
cobrança até o momento que descobrimos que eu nunca poderia realizar o
meu sonho de ser mãe e para aumentar a minha dor, assim que ele soube
acabou me deixando, pois segundo suas palavras não passaria o resto da sua
vida ao lado de uma mulher seca. Receber o convite para cuidar do meu
menino foi o que me tirou do mar de tristeza que por anos fez parte da minha
vida, Nicolas se tornou um filho alguém por quem sou capaz de fazer
qualquer coisa para vê-lo feliz.
No momento que olhei para Celena, sabia que ela seria a pessoa que
traria ao coração sombrio dele a luz que se apagou com a morte dos seus pais,
porém, desde o momento que ele falou o verdadeiro nome dela, era como se
já tivesse ouvido antes, por mais que tente me lembrar é como se houvesse
um bloqueio em minha mente. Deixo os pensamentos de lado, e continuo
com o meu trabalho, desde a morte dos pais do meu menino resolvemos
manter o quarto do casal fechado, mas diante dos últimos acontecimentos
resolvi arrumar tudo para receber os recém-casados, por mais que a suíte do
Nicolas seja grande teremos que fazer uma reforma para o melhor conforto
do casal, e neste lugar que seus pais foram tão felizes será o ideal para eles
iniciarem essa nova etapa. Daqui a algumas horas eles estarão de volta, sei
que não está sendo fácil para Nicolas abrir mão do cargo que por anos foi
seu, não pelo posto que ocupava, mas sim pelo significado que a Yardie
sempre representou em sua vida, sei que ele em meio a tudo que passou com
a morte dos pais, se empenhou para dar continuidade ao legado de Joseph.

Celena Atebaly
Com os olhos fixos na imagem à minha frente, não consigo segurar as
lágrimas. Durante esses três dias nesse lugar vivi momentos que serão
inesquecíveis em minha vida, conheci a outra face do homem a quem via
como um demônio e ao pensar que voltaremos para Londres, o medo provoca
um imenso nó em minha garganta, sinto medo de que tudo que vivemos aqui
tenha sido somente um sonho, que o homem que se mostrou tão carinhoso
volte novamente a ser o monstro o qual conheci desde aquele ritual. Saio do
meu tormento ao sentir mãos fortes segurando a minha cintura, em seguida
ele segura o meu rosto com uma das mãos e me fez olhar para ele.
— Eu sei que está com medo por tudo que fiz, mas prometo que você
não vai mais sofrer, eu vou cuidar de você. Ele aproxima seus lábios do meu
e me beija, um beijo apaixonado e cheio de desejo. Depois que paramos de
nos beijar, Nicolas pega em minha mão e seguimos para o veículo, espero
que essa nova etapa em minha vida possa ser tão boa quanto os dias que vivi
nesse lugar.
Passei toda a viagem de volta para casa dormindo, durante esses três
dias quase não tive tempo de dormir, Nicolas é insaciável, não sei como esse
homem pode se recuperar tão rápido, quando cogitava que descansaríamos o
seu membro já estava duro como uma rocha e pronto para me atacar. Deixo
os devaneios de lado assim que chegamos à mansão, acabo entrando sozinha,
pois ele só veio me trazer porque vai seguir até à sede da máfia onde daqui a
uma hora acontecerá a eleição para escolher o novo chefe da Yardie. Em
passos largos caminho até à entrada principal, assim que adentro o ambiente
fico surpresa por não ver a Nany, antes que eu tenha qualquer reação uma das
funcionárias aparece e me diz onde ela está, subo os degraus da escada e sigo
em direção ao lugar que me foi indicado, fico um tanto nervosa é a primeira
vez que estou nessa parte da mansão, assim que fico em frente à porta respiro
fundo e a abro, ao adentrar o cômodo fiquei encantada com tudo, o luxo é
visível em cada detalhe. Saio do meu estado de surpresa quando ouço a voz
da Nany.
— Pela sua expressão acredito que gostou. Bem-vinda ao seu novo
quarto.
Aproximo-me dela a envolvo com um forte abraço.
— Eu estava com muitas saudades de você.
— Também senti falta de vocês, a propósito cadê o meu menino?
— Ele foi para a eleição do novo chefe.
— Ainda não consigo acreditar que depois de tanta dedicação eles
simplesmente vão afastá-lo. Deixe-me levar esses documentos que eram dos
pais do Nico e aguardá-los no seu antigo quarto, assim você pode descansar.
Ela caminha em direção a cama que tem uma pilha de papéis me
ofereço para ajudá-la, porém, Nany não aceita, assim que ela pega tudo que
estava sobre a cama e vem em minha direção, ela acaba se desequilibrando e
alguns papéis caem no chão, vou em sua direção e me agacho para pegá-los,
quando minhas mãos vão ao encontro de um envelope e estendo em direção a
ela, uma fotografia cai no chão, fico paralisada olhando para a imagem, ela
vendo minha reação dá alguns passos e coloca os papéis que tem em suas
mãos novamente no lugar que estava antes se a aproxima de mim, em seguida
me pergunta o que aconteceu. Volto a realidade ao ouvir sua voz.
— Filha, me diz o que você tem.
Levo minhas mãos até o objeto à minha frente em seguida olho para
Nany em um questionamento.
— Por que uma foto minha estava naquele envelope?
Nany fica em silêncio por alguns minutos, enquanto estou com os
olhos fixos na foto de quando eu tinha aproximadamente um ano e que por
sinal é a mesma que tem no álbum que minha tia sempre me mostrava.
Levanto-me e ao olhar para mulher à minha frente que está com o mesmo
envelope da onde a foto caiu, sinto todo o meu corpo estremecer ao ouvir
suas palavras.
— Precisamos ir agora mesmo para sede da Yardie.
Capitulo 26
Celena Atebaly
A inda sem entender direito o que está acontecendo e o porquê Nany
está com algumas lágrimas nos olhos, ao olhar para o papel em suas mãos,
sou despertada dos meus pensamentos quando ela segura minha mão e
começa me puxar em direção à porta, então resolvo questionar:
— Nany, você precisar me dizer o que está acontecendo.
Ela para, respira fundo e diz:
— Filha, você precisa confiar em mim, logo você vai saber tudo que
está acontecendo, mas precisamos entregar esse envelope ao Nicolas antes
que seja tarde demais. Com a informação que tem nesse envelope poderemos
evitar que uma injustiça seja feita.
Sua voz soa desesperada, seja o que for que está acontecendo pela
preocupação na expressão dela é algo que Nicolas deve saber de imediato,
então em passos largos deixamos o ambiente indo em direção à sala, ao
chegar ao cômodo, Nany pega seu celular e após mexer nele, fica ainda mais
nervosa quando ouve que o telefone do Nico está desligado, caminhamos
para fora da mansão indo em direção à garagem, ela conversa com
alguns seguranças e em seguida adentramos o veículo, assim que o carro
entra em movimento ela tenta ligar para ele, tendo novamente a confirmação
que seu aparelho está desligado.
Mil pensamentos se passam em minha cabeça, o que de tão importante
pode ter nesse envelope a ponto de mudar a decisão do conselho?
Por que uma foto minha estava no meio das coisas dos pais no Nicolas?
O que Nany leu naquele papel que a deixou tão atordoada e
emocionada ao mesmo tempo?
É tanta coisa que minha cabeça já está latejando. Durante o trajeto
Nany se mostra inquieta pedindo para o motorista ir mais rápido, tento
acalmá-la, mas após ver seu estado entendo que a situação é mais seria do
que imagino, porém, toda agonia que ela demonstra minutos atrás só aumenta
quando um estrondo chama nossa atenção, sinto minha cabeça bater na porta
do carro, o veículo começa a ir de um lado para o outro e por pouco o
motorista não perde a direção completa do automóvel. Assim que o veículo
para o motorista nos avisa que o pneu furou, Nany fica petrificada.

Nicolas Atebaly
Há muito tempo não sentia uma sensação tão boa. Durante esses três
dias ao lado dela eu já não podia ir mais contra os meus próprios sentimentos,
toda a sua pureza, inocência, cada traço e gesto dela só me deu a confirmação
que aquela mulher, que é totalmente o oposto de mim, é indispensável em
minha vida. Quando aquele carro foi em sua direção o medo cru e agudo não
só atravessou todo o meu corpo como atingiu em cheio o meu coração. Amor
ou qualquer sentimento semelhante a esse, sempre foi algo que achei que só
sentiria por aqueles que me deram a vida e por Nany que sempre fez de tudo
por mim, mas o sentimento que vem crescendo dentro do meu peito, que me
queima por dentro, como fogo líquido nas veias, só mostra que Celena
Atebaly foi feita para mim.
No momento que a vi com os olhos cheios de lágrimas sabia que ela
estava com medo e insegura de voltar a Inglaterra, o que antes me causava
uma sensação de puro êxtase ao ver o medo estampado em seus olhos hoje
tudo que senti foi vontade de protegê-la de mostrar que nada de ruim voltará
a acontecer na sua vida. Durante todo o percurso de volta a Londres,
enquanto minha mulher dormia um sono profundo, aproveitei para entrar em
contato com Bruno, que já me informou que uma equipe dos nossos melhores
homens da Jamaica estão investigando sobre os desgraçados que atentaram
contra a vida da Cel, indo contra a minha própria vontade de querer ficar ao
lado dela, tive que vir para sede da máfia que daqui a alguns minutos será
iniciada a cerimônia de nomeação do novo chefe da Yardie Britânica, sinto
um nó preso em minha garganta ao pensar que acabei falhando com o
juramento que fiz ao meu pai de dar continuidade ao seu legado e fazer tudo
para o bem desta organização. Após uma breve conversa com Bruno e pelos
nomes que foram apresentados perante o conselho, Amadeu Torris enfim
realizará o seu grande desejo, pois o sorriso estampado na cara do infeliz só
mostra que sempre almejou por esse momento. Embora não seja mais o chefe
da máfia jamaicana ficarei de olhos bem atentos a cada movimento desse
infeliz, se minhas suspeitas se confirmarem ele conhecerá em vida o próprio
inferno. Meus pensamentos são interrompidos assim que Tadeu pede o
silêncio de todos os presentes, no momento que o silêncio se faz presente e
todos já estão em seus lugares, o ritual de nomeação é iniciado. Romero
pronuncia algumas palavras sobre a criação da Yardie, menciona sobre tudo o
que meu pai fez durante o seu legado e me agradece por tudo que fiz pelo
desenvolvimento da organização, assim que ele encerra sua fala, Tadeu
Amaral toma a palavra.
— Estamos reunidos hoje para anunciar a nomeação do novo chefe da
máfia jamaicana, alguém que sempre deu o seu melhor pela nossa
organização, um dos fundadores e membro deste conselho, que sempre
demostrou lealdade, sabedoria e acima de tudo seus deveres com essa
organização, colocando-a sempre em primeiro lugar em suas escolhas, e não
teria pessoa melhor para assumir esse posto. Por vontade da maioria, eu,
Tadeu Amaral, peço a todos que aplaudam o novo chefe da Yardie Britânica,
Amad..
Antes que ele concretize sua frase ouvimos um estrondo, quando a
porta é aberta com brutalidade, fazendo todos olharem para trás e ficarem
perplexos e incrédulos ao verem Nany e Celena, antes que alguém se
manifeste a voz de Nany chama a nossa atenção.
— Vocês não podem levar essa cerimônia adiante.
Capitulo 27

Celena Atebaly
A ssim que o motorista nos avisa sobre o ocorrido com os pneus, ao
destravar a porta do veículo Nany que até então estava imóvel, sai do seu
estado de choque, em seguida me chama para deixar o automóvel. O carro
que está fazendo nossa escolta logo se aproxima e adentramos o veículo,
assim que o automóvel entra em movimento ela não desvia os olhos do
relógio. Quando falta somente dez minutos para o horário que o segurança
nos informou que acontecerá a nomeação, novamente a expressão de Nany
muda e com ela vem o seu desespero, o motorista resolve ir contra a
velocidade estabelecida para o trecho que estamos e faltando exatamente três
minutos chegamos à sede da Yardie, para aumentar ainda mais a agonia de
Nany os soldados que estão fazendo a escolta do lugar não permite nossa
entrada, pois a cerimônia de nomeação não pode ser interrompida e somente
os membros do conselho estão autorizados a entrar no lugar, fico surpresa ao
ver a reação dela, pois Nany sempre me pareceu ser uma pessoa muito calma,
mas ao ver que os homens a nossa frente não vão autorizar a nossa entrada
ela começa a falar:
— Vocês vão querer mesmo impedir a nossa entrada? Terão coragem
de deixar que Celena Atebaly esposa de Nicolas Atebaly fique aqui fora?
Qual será a punição que o conselho e o Nicolas darão, ao saberem que por
culpa e negligência de vocês a informação que pode impedir que uma
injustiça seja feita dentro daquela sala não chegou ao conhecimento deles?
A cada palavra que ela diz, até eu já estou com medo do seu tom de
voz. Nany parece uma leoa pronta para defender sua cria, sua expressão é
assustadora, os homens à nossa frente que antes tinham uma expressão
indecifrável logo mudam, há medo em seus olhos e antes que ela continue a
falar, os portões são abertos e ela começa a me puxar em direção aos
corredores. Estou sem fôlego meu coração parece que vai saltar pela minha
boca, assim que chegamos próximo a uma enorme porta, ela nem me dá
tempo de recuperar o fôlego e antes que eu tenha qualquer reação Nany
empurra a porta com força fazendo um barulho estridente.
Quando levanto a cabeça, vários pares de olhos estão fixos em nossa
direção, Nico está com uma expressão indecifrável, certamente por não
entender o porquê entramos feito loucas aqui, mas assim que a voz dela se faz
presente os homens voltam as suas atenções para uma única pessoa "Nany".
— Vocês não podem levar essa cerimônia adiante.
Um senhor que é o único que está em pé e com uma expressão de raiva em
sua face, diz:
— Com que direito você ousa a interromper uma reunião do conselho?
O fato de ser alguém próxima de Atebaly não vai impedir que você pague
pelo atrevimento que teve com essa casa.
Ela segura em meu braço me fazendo seguir os seus movimentos e dar
alguns passos à frente, novamente começa a falar:
— O nome Celena Martins diz algo a vocês? — Os homens mais
velhos olham uns para os outros. Ela solta o meu braço e puxa a minha foto
do envelope, Nany caminha em direção ao homem e entrega a minha foto.
Nicolas que até o momento estava só observando tudo à sua volta se levanta.
— Nany, o que está acontecendo? — ela responde, séria.
— Ela é Celena Martins, a prometida.
Todos olharam para trás e ficam com os olhos fixos em minha direção, as
últimas palavras ditas por ela se repetem em minha cabeça. Por que ela falou
aquilo? Prometida de quem?

Nicolas Atebaly
Ainda atordoado com a repentina chegada das duas mulheres à minha
frente, fico observando cada movimento delas, sem entender a pergunta da
Nany ao conselho sobre o nome da Cel, vejo que a expressão dos membros
mais antigos da Yardie muda de imediato ao ouvirem o nome Celena
Martins, porém, no momento que Nany entrega uma foto para Tadeu resolvo
perguntar o que está acontecendo, no entanto, ao ouvir as palavras que saem
entre seus lábios, sinto minha garganta se fechar e um calafrio percorre por
todo o meu corpo, meus pensamentos são interrompidos quando ela pega um
papel de dentro do envelope e assim que começa a ler todos presentes se
voltam para sua direção, enquanto minha esposa está parada e com os olhos
arregalados na direção dela. Volto minha atenção para Nany ao ouvir o nome
do meu pai.
Se essa carta chegou ao conhecimento do meu filho amado, isso quer
dizer que já não me encontro próximo a ele. Eu, Joseph Atebaly, espero que
na minha ausência o conselho da Yardie cumpra o acordo que fiz com
Antônio Martins. Um acordo que trará paz entre as duas máfias, embora
Jacob seja o chefe da máfia mexicana, uma união entre o meu herdeiro e a
doce Celena que hoje completa seu primeiro ano de idade, mudará o rumo
desta guerra que há anos vem fazendo parte da história das duas máfias.
Graças ao Antônio Martins o homem que salvou a minha vida, consegui sair
ileso da emboscada feita por Jacob. Com o prestígio que ele tem entre os
membros da máfia mexicana sei que a união entre nossos filhos trará
esperança de um novo recomeço. Diante de todos os membros fundadores
desta organização que aprovaram em unanimidade esse acordo, deixando
suas assinaturas para ninguém ter dúvidas da veracidade desde documento,
no momento que Celena Martins completar oito anos de idade será
apresentada a todos da Yardie e ao seu prometido Nicolas Atebaly. Filho, sei
que você dará o seu melhor por essa organização, sei que o acordo que
fizemos será o melhor para vocês dois. Espero que assim como eu e Sarah,
Antônio e Cecília, vocês dois em meio ao mundo que vivemos nunca deixem
qualquer outro sentimento ser mais forte que o amor, pois a união de vocês é
algo abençoado por todos nós, sei que Nicolas se tornará um protetor para
Celena.
Lamento não poder estar ao lado de vocês para compartilhar de cada
momento da longa jornada que terão, mais aonde eu estiver, estarei olhando
e abençoando essa união.
Atenciosamente, Joseph Atebaly.

A única reação que tenho é em mover a cabeça em direção a Celena


que, ao mesmo tempo que está incrédula com tudo que ouviu, tem os olhos
cheios de lágrimas, abaixo o olhar em direção a Amadeu que está em choque,
o nó que antes estava preso em minha garganta em fim se liberta, tudo que
senti desde o momento que a olhei pela primeira vez, agora está explicado,
ela já fazia parte da minha vida e se não fosse pelo fato do conselho ter
omitido a sua existência tudo seria diferente. Assim como aquele desgraçado
que a fez passar por tanto sofrimento ainda criança, eu não teria contribuído
para aumentar ainda mais o seu tormento, os nossos pais acreditavam que eu
seria um protetor para ela, no entanto, fui cruel, machuquei-a não só
fisicamente como deixei uma ferida que tão cedo não será cicatrizada,
sentindo um ódio imenso, volto minha atenção para Tadeu, que após pegar o
documento da mão de Nany sua voz se faz presente.
— Há doze anos foi nos repassado que você tinha falecido no acidente
que matou os seus pais, por esse motivo não achamos necessário levar ao
conhecimento de Nicolas Atebaly o acordo feito entre as duas
famílias. Segundo Joseph somente quando chegasse o seu aniversário de oito
anos você seria apresentada, porém, quando tudo aconteceu você só tinha seis
anos. O conselho jamais iria contra a um acordo que sabemos que era o
melhor para todos, se fosse do nosso conhecimento que a herdeira dos
Martins estava viva teríamos feito o impossível para protegê-la.
— Eu, Tadeu Amaral, peço em nome dessa casa desculpa a Nicolas
Atebaly e Celena Atebaly, por cada palavra que foram ditas e diante dos
fatos, tendo o acordo concretizado com a união de vocês ninguém nem
mesmo o conselho será capaz de tirar Nicolas do cargo de chefe da Yardie,
vocês dois são a esperança de dias melhores para o nosso povo. Você, Celena
Martins Atebaly, seja bem-vinda ao lar que mesmo sem saber sempre foi por
direito seu.
Capítulo 28

Celena Atebaly
P or mais que eu queira me mover, minhas pernas estão pesadas.
Cada palavra que foi dita segundos atrás martela em minha cabeça. Saber que
a minha vida desde o meu nascimento estava interligada com ele, que meus
pais assim como no meu sonho acreditavam que ele iria me proteger, no
entanto, Nicolas o homem que hoje é meu marido, que me causou um enorme
sofrimento, porém, também salvou a minha vida no momento que me
conheceu, que me mostrou durante os três dias que estivemos na Jamaica ter
um lado protetor, carinhoso, que mesmo aparentando ter uma pedra no meio
do peito me mostrou a outra face do demônio, me faz pensar no desejo que
nossos pais tinham em nos ver juntos, não deixar que o ódio, que a raiva,
qualquer sentimento seja maior que o amor, levará sim dias, meses, anos para
que um dia eu possa perdoá-lo pela maneira como agiu comigo. Suspiro
quase silenciosamente, abro meu coração tentando me libertar de tudo de
ruim que já vivi, eu não vou deixar que sentimentos ruins possam se apossar
do meu coração, por muito tempo vivi em um mundo paralelo, onde a
angústia e o medo eram os meus piores inimigos, mas em meio a dor, Nicolas
fez com que me sentisse feliz, viva, como só fui ao lado do meus pais, nunca
havia sentido tal profundidade de emoções, eu não vou deixar que novamente
a dúvida, a incerteza e o medo me levem para escuridão. Meus pensamentos
são interrompidos no momento que sinto o cheiro inebriante dele, suas mãos
segurando a minha cintura.
— Você está bem? — Há preocupação em sua voz.
— Não! Mas irei ficar.
O homem por nome Tadeu caminha em minha direção e me
cumprimenta, em seguida todos dão boas-vindas à dama da máfia, sinto-me
um pouco receosa por saber da responsabilidade que esse título traz consigo e
mais ainda por não poder decepcionar não só os nossos pais, mas todos que
acreditam que nossa união poderá trazer a paz entre as duas máfias ou pelo
menos amenizar uma guerra que Jacob e aquele homem vem comandando
sem se importar que pessoas inocentes sejam sacrificadas. Acho um tanto
estranho como um senhor me olha, embora tenha um sorriso enorme
estampado em sua face algo no seu olhar faz todo o meu corpo estremecer.
Depois que tudo fica esclarecido, Nicolas pede que eu e Nany o espere para
juntos retornarmos para casa. Minutos depois, quando chegamos próximo ao
portão que dá acesso à saída da sede da Yardie Britânica uma rajada de fogos
de artifícios é feita em seguida vários soldados começaram a gritar em um só
coro.
— Vida longa ao Nicolas Atebaly, vida longa à Celena Atebaly. Ele
segura a minha mão e juntos deixamos o lugar indo em direção à nossa casa.
Cheia de expectativas em relação ao futuro.

Nicolas Atebaly
Assim que adentramos o veículo, Nany relata como achou o envelope
deixado pelo meu pai, e as suspeitas que tinha desde o momento que me
ouviu dizer o nome de Celena Martins, porém, era como se tivesse tido um
bloqueio e não conseguiu associar o nome com a informação que meus pais
há anos atrás comentaram. Os minutos seguintes, enquanto as duas mulheres
estão entretidas, Celena não para de comentar o quanto ficou apaixonada pela
Jamaica, vários pensamentos se fazem presentes em minha mente, desvio
meu olhar das duas, procurando organizar os meus pensamentos. De todo o
mal que causei a mulher, que desde o seu nascimento foi prometida para ser
minha esposa, a única coisa que me traz um alívio maior ao meu coração é ter
ido contra tudo que sempre cogitei nos últimos anos, ter deixado a razão que
acreditava ser o certo e segui a intuição que desde o momento que a vi,
pairou sobre mim. As palavras escritas pelo meu pai só me trouxeram a
confirmação que fiz a escolha certa, sei que tanto os meus pais quanto os dela
devem ter ficado desapontados pelo jeito que agi com ela, por ter deixado que
ela durante anos ficasse à mercê daquele desgraçado. Mas se antes já estava
determinado a fazer o maldito pagar por tudo que fez a ela, agora mais do que
nunca serei implacável e não vou descansar até o momento de vê-lo
sucumbindo à minha frente. William Santiago vai se arrepender de tudo que
fez a minha esposa.
Deixo os meus pensamentos de lado assim que o carro chega ao nosso
destino. Ao adentrar o ambiente Nany segue para cozinha, pois segundo ela
vai cuidar dos últimos detalhes do jantar. Digo a Celena para ir descansar,
que logo me juntarei a ela, uso o pretexto que preciso com urgência fazer
algumas ligações sobre um imprevisto que aconteceu no hospital, quando a
vejo afastar, puxo-a para mais perto de mim, com meu peito pressionado
contra o dela, sinto sua respiração alterada e sem delongas a beijo, meus
lábios esmagam os seus em um beijo molhado e ardente, cheio de desejo,
vendo-a totalmente entregue, intensifico o beijo, um gemido escapa entre
seus lábios quando minha língua escorrega para dentro da boca dela,
devorando-a, sinto suas mãos deslizando pelo meu rosto, em seguida envolve
o meu pescoço, enquanto a minha língua acaricia a dela, saboreando o seu
gosto com imensa satisfação. Minutos depois quando ela some do meu
campo de visão caminho até o meu escritório e ao me acomodar em minha
poltrona, ligo para o Miquéias.
Depois do que ouvi na sede da Yardie sobre todos acharem que Celena
estava morta, um pensamento se fez presente em minha mente, se o William
desejava tanto colocar as mãos na fortuna deixada por Antônio Martins tudo
me leva a acreditar que a morte dos pais da Cel não foi um acidente.

Enquanto isso na Mansão Torris…


Malditos! Mil vezes malditos! Além daqueles dois infelizes aquela
velha desgraçada tinha que atrapalhar os meus planos. Tudo que sempre
almejei estava a minutos de se concretizado, mas aquelas duas tinham que
aparecer justamente no momento que o maldito do Tadeu estava a um ponto
de oficializar a minha nomeação ao cargo de chefe da máfia jamaicana.
Quando a velha maldita adentrou o ambiente senti minha garganta fechar, a
raiva estava me queimando por dentro, e assim que sua voz se fez presente
dizendo que a retardada ao seu lado era a prometida, sabia que mais uma vez
os meus planos tinham sido interrompidos, a cada palavra que foi dita através
da carta deixada por Joseph a minha vontade era matar todos, percebi os
olhos atentos de Atebaly sobre mim, e como sempre deixei transparecer que
assim como os demais estava surpreso com os últimos acontecimentos.
Depois que foi decidido por todos que o desgraçado continuaria no cargo, os
membros do conselho começaram a cumprimentar o casal, sou obrigado a
que reconhecer que a infeliz da Martins tem uma beleza capaz de deixar até
mesmo um demônio como Nicolas rendido aos seus pés, quem sabe eu não
mude de ideia e ao enviar o desgraçado direto para o inferno não a deixe viva
para satisfazer todos os meus desejos com seu belo corpo.
Terei que ter muito cuidado com os próximos passos que darei, mas a
vida de Nicolas Atebaly está com os dias contados.
Capitulo 29
Celena Atebaly
D ois dias se passaram, desde o ocorrido na eleição do conselho.
Embora estivesse com muito medo de quando chegássemos a Londres a
minha vida voltasse a ser como antes, que Nicolas se mostrasse ser o homem
que tanto me magoou, agradeço a Deus por tudo estar sendo diferente, tanto
ele quanto a Nany estão cada dia mais atenciosos comigo. Assim que acordo
ele já não estava mais no quarto. Depois de tomar o meu banho e já
arrumada, vou ao encontro de Nany e ela me informa que assim que
amanheceu meu esposo foi para o hospital.
Daqui a uma semana o Sarah Atebaly completará quarenta anos de
fundação e em comemoração acontecerá aqui na mansão um grande jantar.
Depois que tomo o meu café da manhã, sou informada que o motorista já está
me aguardando. Pedi ao Nicolas que minhas sessões com a Dra. Jaqueline
fossem feitas no hospital, assim poderia sair de casa e aproveitar para
conhecer melhor o ambiente.
Com o carro já em movimento meus pensamentos são direcionados
para minha tia. Embora, sei que ficar longe dela é a única solução para que
nada de ruim lhe aconteça eu sinto muita saudade, ao pensar em tudo que
passamos juntas, por ela sempre ter dedicado o seu tempo e muitas das vezes
ser agredida pelo demônio do William Santiago por deixar suas obrigações de
lado e passar o dia todo ao meu lado. Meus pensamentos são interrompidos
assim que ouço a voz do motorista dizendo que chegamos.
Ao sair do veículo, olho para os três carros que vieram fazendo a
minha escolta. Mesmo não gostando de chamar atenção Nicolas foi bem claro
em relação às condições para que eu saísse da mansão, pois segundo ele
como sua esposa e dama da máfia eu devo ficar em total segurança. Em
passos largos, começo a caminhar em direção ao elevador, depois de chegar
ao andar da sala da Dra. Jaqueline sigo até sua secretária que me informa que
ela já está me esperando.
Os momentos que tenho passado ao lado dela tem me feito muito bem,
tanto que acabamos perdendo a noção do tempo e assim que me despeço
resolvo ir até à sala do meu esposo já que ele deixou um recado com Nany
que almoçaremos juntos.
Ao chegar próximo à sua sala, encontro um par de olhos fixos em
minha direção a cada passo que dou, Estela não esconde seu
descontentamento com a minha presença, ao parar em sua frente ela me
observa de cima a baixo até ficar com os olhos fixos no meu, sinto minha
garganta fechar de imediato ao ver o jeito como ela me encara. Sua voz
enjoativa logo se faz presente.
— Se você veio falar com o Nicolas, já te aviso que ele está muito
ocupado — o nó que antes está preso em minha garganta logo se desfaz.
— Em primeiro lugar, bom dia. Agora respondendo a sua informação
eu não vim falar com o Dr. Nicolas Atebaly que seria a forma certa de você
se referir a ele e sim vim falar com o meu marido que já está me aguardando.
Da próxima vez antes de dar qualquer informação procure melhorar essa cara
de limão azedo, pois se alguém vem a um hospital certamente não vem com
intuito de ter um mau atendimento ou ter um embrulho no estômago ao ter
que olhar para sua cara.
O ódio nos olhos dela é visível, mas deixo a cobra sucumbir no próprio
veneno e sigo para sala que já conheço o caminho. Dou uma batida na porta e
ao ouvir a voz dele autorizando minha entrada, levo a mão à maçaneta e
adentro o ambiente, em seguida fecho a porta. Minha atenção se fixa no
homem alto que está a minha espera, ele está virado de costas para mim,
enquanto está retirando o seu jaleco, fico parada observando a bela vista, ele
é grande em todos os sentidos. Saio dos meus devaneios assim que ele se vira
e com um sorriso travesso em sua face, diz:
— Está gostando do que vê, senhora Atebaly?
Tento disfarçar e manter meu rosto neutro, mas não consigo, sinto cada
centímetro de pele do meu corpo esquentar, e antes que eu tenha qualquer
outra reação sinto suas mãos fortes ao encontro da minha cintura, em seguida
ele toma minha boca em um beijo quente, cheio de luxúria e ganância, sua
língua sendo empurrada profundamente à medida que o beijo cresce, não o
suficiente para me tirar o ar, mas forte o bastante para aumentar ainda mais a
minha necessidade insaciável por ele. Dou um passo para traz, Nicolas me
encurrala na porta, sinto a frieza da madeira em contato com a parte desnuda
da minha pele, uma de suas mãos logo desliza pelo meu corpo levantando a
barra do meu vestido indo ao encontro da minha calcinha, puxando a peça
que logo desliza entre minhas pernas, movo-me para deixar a peça cair no
chão. Seus lábios se separam dos meus e ele leva sua boca até à minha orelha.
— Sentiu a minha falta?
— Eu- eu- senti — digo, segurando-me nele, quando dois dedos
deslizam para dentro da minha vagina, mergulhando profunda e lentamente
me fazendo abrir mais as pernas em um convite despudorado, minha
respiração se acelera e todo o meu corpo estremece quando ele aumenta os
movimentos, começo a mexer o meu quadril no ritmo dos seus movimentos,
sinto minhas pernas ficarem cada vez mais moles, mas em seguida ele retira
seus dedos de dentro de mim e se afasta. Nicolas retira sua calça junto a
cueca, me dando a bela visão do seu membro ereto, novamente se junta a
mim, fazendo o meu coração bater mais forte quando a ampla e quente
cabeça do seu pau é empurrada contra o meu clitóris, esfregando lentamente.
— Abra mais suas pernas, baby.
Ele continua os movimentos deslizando a cabeça robusta do seu pênis
entre o meu clitóris até a entrada da minha vagina em uma silenciosa
sedução. Estou encharcada e quente, mais do que pronta, abro ainda mais as
minhas pernas e imediatamente ele entra em meu interior, indo fundo e
aumentando o ritmo dos seus movimentos, cada parte minha está focada no
pau pulsante e grosso que me preenche completamente. Com um único
movimento ele me suspende, entrelaço minhas pernas em volta da sua cintura
sem retirar o seu membro de dentro de mim. Nicolas começa a me penetrar
com estocadas longas e profundas, seu quadril bombeando em um ritmo
cronometrado, potente, me invadindo cada vez mais fundo, sinto minha
vagina se contrair, ele prossegue, aumentando a força e a velocidade da
penetração, seu membro enterrado em mim, até o meu ponto mais profundo.
Eu voo além. Meu orgasmo é tão forte, que nenhum som sai entre meus
lábios, inundada por prazer, pelo êxtase tão intenso que é quase agonizante.
Meu corpo estremece e após algumas estocadas sinto o líquido quente dele
me inundando.
Enquanto isso no México.
William Santiago.
Assim que a encomenda enviada por Amadeu chega em minhas mãos,
e com tudo minuciosamente planejado, só falta esperar o momento certo para
meu plano ser concretizado. Com a ajuda de uma das cozinheiras da mansão
do desgraçado do Jacob, é somente questão de algumas horas para tirar o
maldito de vez do meu caminho. Embora a substância que Amadeu me
enviou não deixe nenhum rastro para ser identificada, só posso usá-la em um
momento que dê a entender que a morte do grande e temido chefe da máfia
mexicana se deu por causas naturais.
Como já é de se esperar, quando chego a mansão todos os membros e
associados mais importantes estão presentes. As horas seguintes se resumem
entre assuntos relacionados a máfia, dos novos carregamentos de armas e
alguns puxa-sacos que não param de bajular o infeliz. Não demora e um dos
conselheiros mais antigos pede a palavra e começa a fazer um breve discurso,
assim que finaliza ele pede para todos aplaudirem o chefe. Assim que o som
dos aplausos ecoa no ambiente e o maldito caminha em direção ao palco,
todos estão com os olhos fixos em seus movimentos e assim que ele diminui
os seus passos, enquanto estou em puro êxtase os demais ficam pasmos ao
ver Jacob levar as mãos ao encontro do seu coração em seguida começa a
pedir entre sussurros socorro por não conseguir respirar direito, e antes que
alguém tente o ajudar o desgraçado, ele cai no chão.
Capitulo 30

Uma semana depois...


Nicolas Atebaly
M inha rotina tem se resumido entre o hospital, a Yardie e minha
mulher. Tenho que admitir que a cada dia ao lado dela tem sido os melhores
que já vivi. Além da preocupação para tudo ocorrer bem no evento de hoje
em comemoração aos quarenta anos do Sarah Atebaly que sempre foi a maior
dedicação da minha mãe e se tornou parte da minha vida, tivemos alguns
contratempos com o desvio do carregamento de armas para a Jamaica, o que
antes fez meus demônios ficarem enlouquecidos me deixando em paz só no
momento que enviei alguns infelizes ao inferno, ao estar ao lado da mulher
que em pouco tempo mesmo sendo o oposto de mim se tornou a única capaz
de acalmar os meus demônios só por ficar comigo. Celena Martins Atebaly é
a luz que ilumina a escuridão dentro de mim, o anjo que traz ao coração
sombrio do demônio um pouco de paz. Somos como a água e o óleo que ao
entrar em contato ainda se pode distinguir uma da outra, porém, é como se
surgisse uma substância gerada no momento que estamos juntos as tornando
uma só.
Depois da informação que recebi do Miquéias tive a confirmação que o
desgraçado do Santiago realmente foi o grande responsável pela morte dos
pais dela, no entanto, ao conversar com a psiquiatra/psicóloga que está
acompanhando Cel, ela acha que ainda não devo contar a ela sobre minhas
confirmações, com medo que isso volte a prejudicar seu processo de melhora.
Em pouco tempo Celena teve um grande avanço depois que começou a fazer
o tratamento, embora Nany diga que é melhor não ter segredos entre nós e
contar a ela que sei tudo o que William fez, acho que não é o momento certo.
Há dois dias, Jacob morreu, todos acreditam que foi por causa de um
ataque do coração, porém, tenho certeza que aquela raposa articulou tudo, o
maldito William Santiago como segundo no comando vai liderar a máfia
mexicana até que o futuro herdeiro de Jacob tenha idade suficiente para dar
continuidade ao legado do pai, diante dos últimos acontecimentos tudo me
leva a crer que o garoto será o próximo alvo a ser eliminado por Santiago,
algo que se depender de mim não acontecerá, pois além do poder que o
desgraçado terá ao se tornar definitivamente o chefe ele terá mais munição
para chegar até a minha mulher. Deixo os meus pensamentos de lado ao ver
uma bela imagem, em passos largos caminho em sua direção e antes que ela
tenha qualquer reação minhas mãos vão ao encontro da sua cintura, puxando-
a para perto de mim, em seguida beijo sua boca voluptuosa demoradamente,
a minha língua a invade entrelaçando a dela, fazendo-a gemer. Mesmo com o
membro inchado e pulsando de desejo, tenho que me conter ao lembrar que
como anfitriões teremos que receber os convidados, levo minhas mãos ao
bolso e estendo o objeto em minhas mãos em sua direção, ao ver a sua
expressão e o brilho nos seus olhos, um sorriso de satisfação surge em minha
face.

Celena Atebaly
Passaram-se horas, dias e hoje após uma semana será o grande jantar
em comemoração ao aniversário do hospital que tem o nome da mãe do
Nicolas. Ao saber através da Nany um pouco mais da história de vida da
minha sogra fiquei ainda mais admirada por aquele lugar, alimentando
um sonho que sempre tive desde criança. Ainda não toquei no assunto com o
meu marido, mas espero poder realizar o meu grande sonho, sei que terei uma
longa jornada pela frente, no entanto, só em poder ajudar o próximo já será
uma grande satisfação. Passei o dia todo nervosa, sei que ao contrário do meu
casamento neste evento estará além dos empresários e funcionários
importantes ligados ao Sarah Atebaly os membros do conselho da Yardie
Britânica, depois de me olhar no espelho e satisfeita com o resultado que
vejo, em passos largos deixo o closet e caminho em direção ao nosso quarto,
assim que ele nota minha presença vem em minha direção, puxando-me para
perto de si, me dando um beijo que deixa minhas pernas bambas.
Quando abro a caixa que ele estendeu em minha direção, fico
encantada com o colar dentro dela, não pelo fato de ser uma peça de grande
valor e sim por saber que seu gesto mostra que ele sente muito mais
que desejo, luxúria e prazer por mim, o colar que ele me deu é o mesmo que
vi no porta-retrato no pescoço da sua mãe e sei que a peça tem um grande
valor sentimental. Deixo os meus pensamentos de lado quando ouço ele me
perguntar se estou pronta ao dizer que sim ele segura em minha mão e juntos
deixamos o ambiente.
Mesmo em volta de tantos rostos desconhecidos por mim, estou muito
feliz, além de ser cumprimentada por todos os membros do conselho, Nicolas
me apresenta para alguns médicos que há anos fazem parte do quadro de
funcionários do hospital. Quando ele se afasta, fico ao lado de Nany meus
olhos ficam fixos na entrada principal, assim que o homem que estava entre
os conselheiros na sede da máfia chega e por alguma razão algo nele me
deixa inquieta, desde o momento que o vi, senti uma sensação muito ruim,
desvio meu olhar quando atrás dele surge Estela e um homem totalmente
desconhecido por mim, alto e muito bonito. Os três caminham em nossa
direção e depois de me cumprimentar descubro que o senhor se chama
Amadeu e ao lado de Estela está Gustavo filho do Tadeu. Fico um tanto
constrangida com o jeito que Gustavo me olha e mais ainda quando começa a
dizer que a dama da Yardie é dona de uma beleza estonteante, mas logo um
cheiro inebriante me envolve, sinto mãos fortes em volta da minha cintura me
puxando ao encontro de uma parede humana fazendo todo o meu corpo
se arrepiar.
— Concordo com você, a minha esposa além de ser a deusa da beleza
em forma humana é perfeita, porém, toda minha e somente minha.
O jeito como cada palavra foi dita por ele não me agradou em nada, a
forma possessiva como se eu fosse sua propriedade, nas horas seguintes tudo
ocorre em perfeita harmonia. Nicolas faz um breve discurso em seguida
várias imagens surgem no telão relembrando vários acontecimentos que
marcaram esses quarenta anos de fundação do hospital. Depois dos aplausos
o jantar é servido e após todos se deliciam com o banquete ofertado, meu
marido se junta ao Bruno, enquanto estou na companhia de algumas mulheres
e a tal Estela que não para um minuto de falar.
Fico perdida em meus pensamentos até o momento que uma música
que marcou a minha vida começa a ecoar no ambiente, as mulheres que estão
à minha frente logo vão dançar com seus parceiros. Essa é a música que meus
pais sempre dançavam e mesmo durante os anos que vive presa naquele
quarto na mansão Santiago, ela foi o meu único refúgio, pois ao ouvi-la eu
começava a dançar e era como se de alguma forma os meus pais estivessem
ali comigo, sem que eu possa controlar os meus pés começam a se mexer
quando levanto o olhar Gustavo está à minha frente com a mão estendida em
minha direção perguntando se eu posso conceder a ele o prazer de dançar
comigo, parece que estou no piloto automático, pois meus pés traiçoeiros
logo começam a se mexer novamente me fazendo levantar, no momento que
ia segurar a mão dele, sinto um aperto no meu outro braço e ao girar a cabeça
meu corpo todo estremece quando meus olhos ficam fixos naquelas órbitas
negras que tem novamente uma expressão de puro ódio em sua face.
Capitulo 31

Celena Atebaly
D iante da situação, onde algumas pessoas presentes não sabem que
Nicolas é o chefe da máfia jamaicana, ele em um tom baixo, porém, de forma
rude e ameaçadora, diz:
— Te aconselho a se manter bem longe da minha mulher, o fato de
você ser filho de um dos membros da Yardie não me impedirá de estourar os
seus miolos.
Além de ficar atordoada com as palavras de Nicolas, a reação do
homem que ao se afastar tem um esboço de um sorriso cínico em sua face
não me agrada. Saio dos meus devaneios quando Nicolas me estende a mão e
seguimos para pista de dança, mesmo com o ocorrido eu queria muito
aproveitar o momento, assim que começamos dançar é como se só existissem
nós dois, mas toda alegria que há em mim de repente se esvai quando olho
em direção a Estela que dança com o Augusto e ele sorri em minha direção.
Nicolas encosta sua boca próxima a minha orelha, e sussurra:
— Da próxima vez que você ficar encarando, falar ou deixar outro
homem tocar em qualquer parte do seu corpo sem minha permissão, terá que
aguentar as consequências pelos seus atos.
Fico olhando para ele com os olhos arregalados sem acreditar nas
palavras ditas por ele, tudo que eu sinto por ele naquele momento é raiva.
Quando penso em responder a música para e acabamos saindo da pista.
Após alguns minutos intermináveis e sentido minha face anestesiada de
tanto exibir um sorriso para disfarçar a raiva que está percorrendo o meu
corpo. Meus olhos passeiam por todo o salão onde só restou entre os
convidados o Bruno, que está conversando com Nicolas, resolvo ir para o
meu quarto. As palavras dele ainda se repetem em minha cabeça como um
mantra, depois de alguns minutos ele adentra o cômodo e ao se aproximar de
mim, viro-me irritada em sua direção.
— Você pode ser o temido chefe da Yardie, mas não sou sua
propriedade ou algum brinquedo a quem você se acha o dono. Eu vou falar
com quem eu quiser sem ter que pedir a sua permissão e se as consequências
que você falou se resumem em agressão pode começar, não será a primeira
vez que você fará isso.
Minha garganta fecha quando ele dá alguns passos ficando a centímetros de
distância, fico olhando para ele, o medo agudo e cru arranha o meu peito me
fazendo fechar os olhos assim que ele levanta a mão para me bater. Espero
por um tapa que não vem, abro meus olhos quando ele segura o meu rosto,
obrigando-me a encará-lo. Nicolas alisa a minha face com ternura.
— O que eu faço com você, sua atrevida? — Sua voz é calma e há um
brilho que nunca tinha visto antes naqueles olhos negros implacáveis.
Mesmo não tento certeza dos meus sentimentos em relação a ele, já não me
vejo vivendo longe dele, porém, tenho que me manter firme ou serei sua
submissa em vez de esposa.
— Você só precisa entender que eu sou esposa, e não um dos seus
soldados ou funcionários. Não pode me tratar como se fosse uma propriedade
ou uma boneca inflável que pode ter seus movimentos controlados.
Suas mãos que antes estavam no meu rosto logo pousam em minha cintura,
puxando-me para mais perto dele, com os olhos fixos nos meus, ele diz:
— Por mais que as trevas tentem me possuir, você é a luz que surgiu
iniciando um duelo dentro de mim. Eu prometi que nunca mais a faria sofrer,
no entanto, não deixarei que nenhum outro homem toque no que é meu.
A energia que ele irradia é bruta, possessiva, e nesse momento tenho a
amostra perfeita que terei um longo caminho pela frente, porém, não deixarei
de lutar pelo meu espaço mais por ora vou me concentrar em viver o
presente. Envolvo seu pescoço com as mãos e o beijo com fervor, seu gosto
está misturado ao de uísque. Ele afasta suas mãos da minha cintura
alcançando o zíper do meu vestido, sinto todo o meu corpo em chamas,
quando ele desliza pela minha pele chegando ao chão. Nicolas começa uma
exploração profunda em meus lábios me fazendo soltar um gemido de prazer,
ao sentir seu membro duro contra mim. Ansiosamente, desfaço o nó da sua
gravata e a jogo longe. Enquanto ele abre os botões de sua camisa. Com os
dedos trêmulos desafivelo o cinto, jogo-o próximo à gravata e sua camisa que
se encontram no chão, em seguida ele se livra da calça ficando somente com
uma cueca boxer. Seus dedos tocam os meus seios, acariciando-os, ele leva
os lábios até eles e começa a fazer movimentos circulares com a língua em
meus mamilos, logo a minha vagina começa a ficar molhada e cada vez mais
quente. Escorrego as mãos até a cueca dele deixando seu membro saltar livre.
Nicolas geme ao meu toque, mordiscando meu mamilo suavemente, ele me
suspende, entrelaço minhas pernas em sua cintura e caminha em direção à
cama. Assim que ele coloca o meu corpo sobre a colcha macia, ele se agacha
entre minhas pernas levando suas mãos ao encontro da minha calcinha, com
um único puxão retira a peça do meu corpo. Perco os sentidos quando sua
língua começa a pincelar a entrada da minha vagina e ele começa a provar a
minha boceta com sua língua, explorando cada curva e fenda do meu sexo
latejante. Seus dedos circundam o meu clitóris enquanto ele me golpeia cada
vez mais forte, o meu sexo se contrai em seguida sinto minha boceta pulsar e
gotejar abundantemente. Meu líquido escorre em sua boca, realizados pelas
contrações do meu orgasmo. Não demora muito para Nicolas se livrar da
única peça de roupa que lhe restava. Levanto a cabeça tendo uma bela visão
dele, esplendidamente nu, com o membro duro, grosso e empinado em minha
direção, ele se deita sobre mim, suas coxas me forçam a abrir mais as pernas.
Com uma das mãos, ele pega seu pênis ereto e alinha na pequena abertura da
minha boceta. Ele abaixa a cabeça e toma a minha boca, beijando-me com
paixão possessiva, seus lábios firmes selados sobre os meus, sua língua
desliza profundamente para golpear contra a minha. Seus dedos deslizam
pelas mechas do meu cabelo, começo a gemer quando a cabeça enorme do
seu membro entra em contato com o meu corpo, meu esposo começa a se
mover dentro de mim, ergo os quadris para acolher o seu pênis mais fundo.
Nicolas segura minhas nádegas apertando minha carne me fazendo seguir seu
ritmo, bombeando seu pênis cada vez mais fundo. O pau dele é tão grande
que sinto que ele bate no meu útero, sinto um certo incômodo, mas, ao
mesmo tempo, uma onda de prazer que eu nunca senti. Cada célula do meu
corpo está sintonizada intensamente com cada faceta dele, um balbucio sai
entre meus lábios, quando ele começa a empurrar o seu pênis cada vez mais
fundo, ele dá pequenas mordidas em meus mamilos, isso só aumenta ainda
mais o meu desejo, seu pau vai fundo me preenchendo completamente, o
movimento de vai e vem se intensificando a cada investida, ouço seus
gemidos, sua respiração sopra em minha pele quando ele sussurra
sombriamente:
— Você é tão gostosa. Tão apertada. Sua boceta está me espremendo
como um punho.
Sons eróticos preenchem o quarto. Ele me beija, passa a língua no
lóbulo da minha orelha, minha boceta começa a pulsar quando a cabeça
dilatada do seu imponente membro começa a acariciar minhas terminações
nervosas, em uma investida mais intensa, sinto minha intimidade latejar e seu
líquido quente me invadir. Gozamos juntos, segurando um ao outro
desesperadamente, nossos corpos grudados com suor.
Enquanto isso em outro lugar...
— Alô!
— O plano que eu tinha em mente não deu certo, com a ajuda de
Gustavo tinha certeza que Atebaly perderia o controle ao ver o interesse dele
pela vadia, porém, ele soube se controlar perante todos.
— Eu não sei como você fará, mas terá que dar um jeito para que eu
possa me infiltrar no território da Yardie. Eu mesmo darei um fim naquela
retardada, no entanto, antes preciso que aquela infeliz me dê algo que foi a
única razão por mantê-la viva por doze anos.
— Darei um jeito de fazer Nicolas se afastar do país e será o momento
certo para tirar aquela maldita do nosso caminho. Dessa vez, nem o temido
chefe da Yardie Britânica livrará Celena da morte.
Capitulo 32

Uma semana depois...


William Santiago
D epois de articular todo o plano de como entraria no território do
maldito. Com a ajuda de Amadeu Torris tudo saiu como planejamos e há
duas horas acabei de chegar a Londres, onde tudo já está encaminhado para
nossa hospedagem em um casebre localizado nas proximidades de um dos
bairros mais pobres do país.
Será fácil matar de vez aquela retardada, porém, antes de enviá-la para
junto dos pais, tenho alguns planos a serem concretizados. Além de terminar
aquilo que há doze anos não concretizei, preciso que antes ela transfira toda
sua fortuna para uma conta que tenho na Suíça. Durante esses sete dias com o
auxílio de Amadeu, alguns dos meus homens adentraram o país em pequenas
quantidades para não levantar suspeitas dos membros do conselho e os
homens de Atebaly.
O combinado é que o desgraçado do Torris dê um jeito para Nicolas se
afastar de Celena, e tudo está conspirando a nosso favor, pois segundo ele o
maldito informou que hoje deixará o país, pois tem um congresso na
Austrália onde o hospital que é de sua propriedade será homenageado. Com o
relatório em mãos de toda a rotina da retardada e sabendo que todos os dias
no mesmo horário ela vai e volta do hospital, só nos resta esperar o momento
certo para pegar a infeliz.

Nicolas Atebaly
Depois do ocorrido no jantar de comemoração dos quarenta anos do
Sarah Atebaly. Tento me controlar para manter os meus demônios
adormecidos, ver o medo nos olhos de Celena e, ao mesmo tempo, a sua
coragem em me confrontar, mesmo sabendo que teria consequência me fez
pensar nas palavras escritas pelo meu pai. O quanto desejava que o amor
prevalecesse na nossa união, que eu seria para ela aquele que a protegeria, no
entanto, eu estava machucando-a novamente, não com agressões físicas, mas
sim verbais, fazendo o medo se apossar dela, tratando-a como uma boneca
inflável e não a minha esposa. Ela foi a única pessoa capaz de trazer não
somente luz a minha vida como a cada dia está ocupando um grande espaço
em meu coração.
Depois que tive certeza que há um traidor entre nós e ao contrário do
que fiz quando íamos viajar para a Jamaica, resolvi manter meus próximos
passos em sigilo. Com a ajuda de Bruno fizemos todos os nossos prováveis
suspeitos, saberem da notícia que daqui algumas horas embarcaria para a
Austrália, de fato o congresso acontecerá, porém, aproveitando que o casal
Floriano saiu em viagem consegui que eles me representassem no congresso,
enquanto eu vou ao encontro dos infelizes que supostamente foram os
responsáveis pelo atentado contra minha mulher na Jamaica. Não voltarei
sem ter a confirmação do nome do maldito traidor.
De banho já tomado e arrumando, ao adentrar o quarto meus olhos vão
ao encontro da minha bela esposa que dorme feito um anjo. Caminho em sua
direção e após dar um beijo em sua testa deixo o quarto, indo em direção ao
corredor que dá acesso à escada. Ao descer os degraus, Nany logo aparece
com um longo sorriso em sua face, ao ficar frente a frente com ela sou
envolvido com um forte abraço. Por mais que os anos passem, para ela
sempre serei aquele garoto que desde o momento que seus olhos ficaram
fixos nos meus passei a ser como um filho para ela a quem ela sempre deu o
seu melhor sorriso, o seu amor e dedicação. Depois de se afastar alguns
centímetros ela me pede para ter cuidado, pois se o traidor é alguém da
Yardie e tão próximo a todos nós, essa pessoa não se deixará ser pego com
tanta facilidade, e novamente ela fez a mesma pergunta que por dias vem me
questionando.
— Filho, você não acha que Cel precisa saber a verdade? Nicolas, entre
um casal não deve existir segredos, por mais dolorosos que sejam. Você já
omitiu a ela que mesmo em devaneios ela lhe contou tudo que o tio fez
quando ela era somente uma criança e agora o homem que trouxe tanto
sofrimento a vida dela, também foi o responsável pelo acidente que matou os
Martins.
Respiro fundo.
— Nany, no momento certo eu contarei a verdade. Celena está tendo
grandes avanços com as consultas com a Dra. Jaqueline e não estou disposto
a colocar tudo a perder.
Depois de fazer a ela algumas recomendações, despeço-me e em passos
largos deixo o ambiente, com uma única certeza em minha mente seja quem
for o maldito traidor ele vai se arrepender até seu último suspiro por ter
cruzado o meu caminho.
Celena Atebaly
Tenho vivido dias maravilhosos, mesmo com algumas mudanças de
temperamento do meu marido. Eu sei que ele a cada dia está travando um
duelo entre as trevas e a luz. Nicolas tem se mostrado atencioso e dedicado e
por mais que tenha uma rotina bem corrida, nos momentos que não estou ao
seu lado ele sempre está ligando para saber como eu estou. Desde que
voltamos da Jamaica. Nicolas me fez conhecer o mundo da luxúria, do prazer
e sempre que estamos sozinhos meu marido logo começa a retirar minhas
roupas e quando dou por mim já estou me contorcendo em meio ao prazer.
Nunca pensei que algum dia conseguiria deixar um homem me tocar tão
intimamente. Que o homem que me possuiu de uma forma tão bruta, fazendo
a minha primeira experiência ser a pior noite da minha vida fosse capaz de
me proporcionar momentos tão bons. Há dois dias quando estávamos
voltando do hospital, eu quase não me reconheci, após Nicolas levantar o
vidro da limusine nos dando total privacidade eu mesma tomei a iniciativa,
retirei minha calcinha e subi em cima dele. Além de andar ultimamente
bastante sonolenta a minha libido está em alta, mesmo que tenhamos transado
todos os dias não consigo ficar satisfeita.
Conhecer a Dra. Jaqueline sem dúvidas foi uma das melhores coisas
que aconteceu em minha vida, sei que vai demorar muito ou talvez eu nem
consiga esquecer tudo que passei quando estava no México, mas dividir com
ela tudo que me queimava por dentro e aos poucos estava me consumindo me
trouxe um grande alívio. Sei que entre um casal a confiança e a sinceridade
sempre devem prevalecer, no entanto, sinto o meu coração gelar ao pensar
que terei que contar ao Nicolas o meu passado, em dizer ao meu marido que
além dele um outro homem me tocou e por pouco ele não conseguiu ir muito
mais que um simples toque, ter que reviver novamente toda aquela cena dos
dedos do maldito em contato com a minha pele, das suas palavras em querer
machucar a única pessoa que eu ainda tinha na vida, do seu olhar de desejo
sob o meu corpo, eu não sei se estou pronta para isso.
Confesso que ontem ao saber que ele vai viajar, e que eu passarei um
dia longe dele senti uma sensação tão ruim. Mesmo passando quase a noite
toda nos amando e só indo dormir quando os primeiros raios de sol sugiram
fico com o pensamento fixo em minha mente que acordarei antes dele ir
viajar. Mesmo lutando com uma vontade enorme de manter os meus olhos
fechados um cheiro másculo invade minhas narinas, fazendo todos os meus
sentidos saírem do estado de sonolência que me encontrava e reagir de
imediato, abro os olhos, quando dou por mim Nicolas já está fechando a
porta, penso em chamá-lo, porém, a vontade enorme de fazer xixi já não me
deixa respirar direito, corro rapidamente para o banheiro e após fazer minhas
necessidades, em passos precisos deixo o ambiente, ao atravessar o corredor
que dá acesso à escada ouço as vozes de duas pessoas que conheço muito
bem. Caminho lentamente com o intuito de fazer uma surpresa e não deixá-lo
viajar antes de se despedir de mim, ao chegar próximo à escada sinto os meus
batimentos acelerados, a minha garganta fecha, meus pulmões parecem estar
como um vulcão em erupção fazendo o ar me faltar, ao ouvir as palavras do
homem que se encontra a alguns metros de distância de mim. Tento controlar
a minha respiração, mas novamente aquela pontada em minha cabeça vem
com tudo e a única coisa que minha cabeça insiste é em acabar com o
William Santiago.
Ele não só me deixou no mundo da escuridão como matou as pessoas
mais importantes da minha vida
Capitulo 33

Jamaica
Nicolas Atebaly
A ssim que chego à Jamaica, meus homens já estão me aguardando.
Não foi fácil encontrar a localização dos infelizes, mas nada que minha
equipe que foi treinada por mim e Bruno não fosse capaz de dar conta.
Quando fui avisado que já tinham as informações que eu tanto esperava
resolvi vir pessoalmente dar aos infelizes o que eles merecem.
No momento que o carro para em frente ao esconderijo dos malditos,
que é um galpão de dois andares com minha arma em punho saio do veículo e
adentramos o ambiente. Meus homens tinham ordens para matar qualquer um
que cruzasse o seu caminho, porém, o desgraçado que chamavam de Rato,
que era o chefe deles teria que ficar vivo para me fornecer a informação que
eu tanto desejava. O silêncio logo dá lugar a vários estrondos ecoando por
todos os lados, a cada passo que dou meus pensamentos estão voltados para o
desgraçado que logo enviarei ao inferno e no maldito traidor.
Assim que avisto o infeliz que estava a um passo de atirar em um dos
meus homens, puxo o gatilho atingindo a sua maldita mão que segurava a
arma, aproximo-me e antes que ele tenha qualquer outra reação além dos seus
gritos mais dois disparos são feitos deixando o homem totalmente
imobilizado. Agacho-me e com um único movimento arranco a camisa do
seu corpo, seguro em uma das pernas que atirei e saio puxando até chegar ao
topo da escada, ignorando qualquer som que sai entre seus lábios começo a
descer os degraus, fico em puro êxtase ao ouvir os gritos dele cada vez que
sua cabeça bate nos degraus e suas costas são arranhadas pelo concreto,
quando falta pouco para chegamos ao fim da escada puxo o infeliz e solto sua
perna, fazendo-o descer escada abaixo.
— Podemos passar o restante do dia descendo e subindo aquela escada
ou você me diz o nome do desgraçado que te contratou e acabamos agora
mesmo com tudo isso.
O homem à minha frente que mal consegue se mexer, diz entre
sussurros:
— Vá à merda! Eu não irei dizer nada.
Ao ouvir suas palavras novamente seguro em sua perna e começo a
subir os degraus, gritos e mais gritos é a única coisa que ouço, quando chego
novamente ao topo da escada, digo:
— Eu não tenho problema algum em subir quantas vezes for necessário
com você nessa escada e sei exatamente como mantê-lo acordado.
Assim que termino de falar levo minhas mãos até o bolso da minha
roupa retirando a seringa que trouxe exatamente para esse momento, os olhos
dele ao ver que estou aproximando a seringa do seu corpo logo ficam
arregalados e antes de introduzir o objeto em sua pele, ele chama a minha
atenção.
— Não! Não! Foi o Amadeu, só fiz o que ele ordenou ou ele mesmo
me mataria.
Ao ouvir as palavras proferidas por ele, sinto minha garganta fechar, o
ódio corre em minhas veias, a luz que tanto está duelando com as trevas
dentro de mim, desaparece e tudo que vejo é a escuridão, movido por uma
força que até eu desconhecia pego o homem com as duas mãos e lanço
escada abaixo. Com os olhos fixos na poça de sangue que está em volta da
cabeça do infeliz meus pensamentos se voltam para o meu próximo alvo
Amadeu Torris.
Celena Atebaly
Desde o momento que ouvi a conversa de Nicolas com a Nany suas
palavras ficaram se repetindo em minha mente. Durante os últimos dias que
comecei o tratamento com a doutora Jacqueline não tive nenhuma alucinação
e tão pouco voltei a ouvir as vozes até o momento que descobri que o homem
que achei que estava nutrindo algum sentimento por mim, só demostrou que
se casou comigo por piedade, talvez por descobrir tudo que me aconteceu e
se deu conta que ele ao contrário daquele homem maldito concretizou o que
William tentou, há doze anos. Me esconder que sabia tudo sobre o meu
passado me magoou e muito, no entanto, saber que ele me omitiu o fato que
meus pais não estão hoje ao meu lado por culpa daquele desgraçado que só
me causou dor isso, eu jamais vou perdoar.
Depois de ouvir suas palavras, saio so meu estado de choque e saio
silenciosamente, afasto-me até chegar ao meu quarto, por mais que eu queira
pensar em outra coisa as vozes ficam repetindo por várias e várias vezes que
todo o meu sofrimento foi por causar de William Santiago que não posso
deixar a morte dos meus pais em vão.
Após ficar andando de um lado para o outro, tentando achar um jeito
de me livrar dos seguranças de Nicolas um pensamento se fixa em minha
mente, vou rapidamente para o banheiro e depois de alguns minutos de banho
já tomado e arrumada, vou até o cofre que ele me forneceu a senha, pois lá
estão algumas joias que ele me deu, pego uma quantia que dá para eu sair do
país e voltar para o México, coloco na bolsa e saio do cômodo.
Ao chegar à sala Nany logo me dá um abraço e me chama para tomar o
café antes de ir para a consulta com a Dra. Jaqueline. Tento agir normalmente
sem deixar transparecer que algo está me incomodando, depois que termino,
despeço-me dela e caminho em direção à garagem. Assim que o carro entra
em movimento é como se eu estivesse no piloto automático e as vozes que
estão me guiando, ao chegar ao hospital em vez de ir para minha consulta
sigo para o andar que conheci há alguns dias, agindo com o maior cuidado
possível faço de conta que só estou passeando pelo lugar, assim que fico
próxima à sala onde ficam os uniformes padronizados do Sarah Atebaly pego
rapidamente um jaleco, uma touca e uma máscara. Com tudo já dentro da
minha bolsa saio à procura do banheiro mais próximo, segundos depois já
vestida e com a certeza que ninguém me descobrirá, saio do cômodo e
caminho rumo à escada indo em direção ao local de entrada e saída dos
funcionários, a cada passo que eu dou sinto um calafrio em minha espinha, ao
ver a porta que será a minha salvação para sair desse lugar respiro fundo e
dou alguns passos até à porta, assim que passo pela porta, avisto alguns
seguranças em volta do lugar, um deles fica com os olhos fixos no nome em
meu uniforme, meu coração começa a bater em um ritmo frenético, ao ver o
homem se afastando sinto um alívio percorrer todo o meu corpo. Os
seguranças que vieram fazendo a minha escolta estão na entrada principal do
hospital e não imaginam que não estou na sala de Jaqueline, em passos largos
começo a me afastar do hospital, assim que fico alguns metros de distância
retiro a máscara do meu rosto e a touca da minha cabeça acaba caindo, assim
que me abaixo para pegá-la sinto mãos fortes segurando o meu braço ao me
virar o meu coração gela, minha garganta fecha em seguida tudo começa a
girar e uma imensa escuridão me envolve.

Estela Torris
Meu nome é Estela Torris. Como todos dizem sou dona de uma beleza
incomparável o tipo de mulher que jamais passa despercebida. Desde a minha
adolescência que sempre cogitei que um dia seria a dama da Yardie. Sabendo
o quanto os membros do conselho têm grande influência, tratei de fazer que
todos me olhassem como a candidata perfeita para ocupar esse cargo e nada
melhor que trabalhar com o grande e temido chefe para conseguir os meus
objetivos. Mas o desgraçado do Atebaly sempre me viu com outros olhos, por
mais que eu fizesse de tudo para estar sozinha com ele o maldito me olhava
somente como sua secretária.
Amor! Paixão! Não! Meu único interesse por ele era somente por ser o
passaporte para eu me tornar a mulher mais importante da Yardie Britânica,
porém, nunca esqueci que se não fosse por essa família maldita o meu pai
desde o início teria sido escolhido para comandar a máfia. No momento que
soube do que aconteceu durante o ritual de sacrifício na sede da máfia que
um ódio mortal tomou conta de mim, e ao conhecer aquela vagabunda que
teve a ousadia em tocar no meu rosto eu jurei que no momento certo acabaria
com ela. Ontem quando o meu pai me contou tudo sobre Celena Martins e
que o novo chefe da máfia mexicana também quer a morte dela, resolvi
ajudá-los no plano de sequestrar a desgraçada, com ela fora do meu alcance
não vou perder tempo e conquistarei de vez aquele idiota e assim que
conseguir ser a dama da máfia eu mesma acabarei com Nicolas Atebaly.
Já sabendo de toda a rotina dela e aproveitando que Nicolas está
viajando fico encarregada de vigiar todos os passos dela quando chegasse ao
hospital, para informar a William Santiago o momento exato que ela deixará
o lugar. Tudo está conspirando ao nosso favor, pois quando estava indo para
o andar da sala da Dra. Jaqueline acabo olhando quando a retardada segue
para o corredor que dava acesso à área restrita aos funcionários. Ela parece
mais retardada do que sempre achei, atordoada como se tivesse fugindo. No
início pensei que ela fosse falar com algum funcionário, mas o jeito como ela
está agindo é como se estivesse se escondendo de alguém. Cuidadosamente,
aproximo-me e fico intrigada quando a vejo com o uniforme do Sarah
Atebaly, não sei o que essa desgraçada está aprontando, mas assim que ela
começa a caminhar para a saída que é utilizada pelos funcionários, ligo para o
Willian que já está com uma equipe dos seus homens a algumas quadras ao
hospital. Continuo seguindo-a no mesmo instante que falo com o Santiago
dando as informações de tudo que está acontecendo, como já estão próximos
só relato o lugar exato que ele deve ficar e assim dará de cara com a maldita.
Faz alguns minutos que a vagabunda deixou o hospital, meu telefone
toca, é meu pai me confirmando que ela já está com Santiago, sendo assim só
terei que seguir tudo que planejei e o próximo que terá o mesmo final da
infeliz será Nicolas Atebaly. Espero que antes de William Santiago mandar
aquela infeliz para o inferno, não somente ele como todos os seus homens
mostrem a ela o que realmente uma vadia merece.
Em breve a minha família terá tudo que por direito nos pertence. E nada me
deixará mais satisfeita do que ver o fim dos Atebaly.
Capitulo 34

Nicolas Atebaly
C om o ódio inflamando em minhas veias, deixo o local dando ordens
para que os meus homens coloquem fogo no lugar. Alguns minutos depois
quando já estou me aproximando da pista onde meu avião está, meu celular
começa a vibrar, meu coração começa a bater descontroladamente no mesmo
instante que um calafrio percorre todo o meu corpo. Ao olhar para tela do
aparelho e ver o nome do Bruno trato de atender imediatamente, mas jamais
cogitei que receberia a notícia que me deixaria sem chão. Meu coração gela
no mesmo instante e novamente o medo agudo e cru perpassa o meu corpo,
não pelo fato de William ou Amadeu estarem unidos e sim por saber que a
minha mulher está nas garras daquele infeliz.
Ao comando de Bruno todos os soldados já estão cercando todo o
território para encurralar os malditos, assim como uma equipe com os
próprios membros do conselho liderada pelo próprio Tadeu, que sempre teve
grande admiração pelo desgraçado do Amadeu Torris, foi formada para pegar
o maldito traidor e todos os seus homens. Passo todo o trajeto de volta para a
Inglaterra com os pensamentos na minha mulher e como mostrarei para o
desgraçado do Amadeu que seu maior erro não foi trair a máfia e todos que
sempre acreditaram em sua lealdade, mas sim em permitir que William
colocasse suas mãos imundas naquela que trouxe não só a luz ao meu coração
como se tornou a dona dele, por quem darei a minha própria vida para salvá-
la.
Quando chegamos em Londres, com meu notebook em mãos analiso
minuciosamente as imagens que recebi das câmeras de acesso do hospital.
Ela desde o momento que entrou no elevador pelos movimentos que fazia
com suas mãos indicava que estava nervosa, assim como tinha a mesma
expressão de quando a vi pela primeira vez de alguém desligada de tudo à sua
volta, continuo com os olhos fixos em cada passo que ela deu desde o
elevador até o momento que deixou o local, porém, a dúvida paira sobre
mim, pois ao contrário do que cogitei ela deixou o lugar com as próprias
pernas como se tivesse já planejado tudo para fugir, algo deve ter acontecido
muito antes dela chegar ao hospital. Quando ia desligar meu notebook algo
me chama atenção ao ver no fundo da imagem uma sombra, acesso às
imagens das outras câmeras onde mostrava a vadia Torris falando ao telefone
e seguindo todos os passos da Cel, assim como o traidor do seu pai ela
acabou de entrar para o topo da minha lista.
Mil pensamentos se passam em minha cabeça, a ponto de parecer que
um vulcão em erupção está dentro dela, antes de chegar na sede da máfia ligo
para Nany que me passa todo o relatório de tudo que Celena fez antes de sair
de casa, pelo que ela me relatou ela estava perfeitamente normal então
resolvo acessar as câmeras da mansão desde o momento que a deixei no
quarto. Sabendo do histórico dela que já atentou contra a própria vida achei
melhor colocar uma câmera no quarto assim quando estivesse longe poderia
monitorá-la. Surpreendo-me ao ver que ela se levantou assim que deixei o
cômodo e mais ainda quando saiu do ambiente e começou a caminhar pelo
corredor de acesso à escada, sinto uma pontada em meu peito ao ver sua
expressão, tudo que eu temia aconteceu e diante de tudo que vejo, só consigo
chegar a uma conclusão que devo fazer o impossível para encontrá-la antes
que o desgraçado consiga fazer com que a minha Raio de Sol novamente se
deixe levar pelo mundo imaginário que só existe em sua cabeça.
Em passos apressados deixo o veículo e adentro a sede da máfia, o
cheiro de sangue fresco invade minhas narinas. Assim como Amadeu todos
os seus possíveis aliados também estão nesse lugar. Esse desgraçado vai se
arrepender profundamente do dia que cruzou o meu caminho, embora os
meus pensamentos estejam voltados para minha mulher, a luz e as trevas
novamente começam um duelo dentro de mim, acordando todos os demônios
que estão em puro êxtase ao saber que logo esse maldito traidor será enviado
para o lugar que ele pertence. Ao me aproximar da sala do tormento tudo que
se ouve são gritos e mais gritos ecoando por todo o ambiente, meu coração
pulsa em um ritmo frenético, quando abro a porta a cena que vejo me deixa
satisfeito. Amadeu está sentado totalmente despido sobre a cadeira de facas,
onde as lâminas estão posicionadas de uma certa forma que quando o infeliz
fizer qualquer movimento brusco elas vão penetrar em seu corpo. Levanto o
olhar me deliciando da imagem de Estela presa nas correntes que estão
fixadas na parede.
Tadeu e os demais membros já fizeram um bom estrago no rosto de
Amadeu que tinha um dos olhos fechado e inchado. Assim que o maldito
percebe minha presença um esboço de um sorriso se faz presente em sua
face. Em passos largos me aproximo já com os olhos fixos nos utensílios que
estão próximos a ele, giro a cabeça olhando para o pequeno fogão notando
que uma panela já está sobre ele que certamente o que vou utilizar está
pronto, ao ficar frente a frente com o maldito e ver que ele ainda tem o
sorriso cínico em seu rosto não perco tempo e pego o bastão elétrico que
estava em cima do pequeno móvel.
— Cogitou mesmo que poderia nos enganar para sempre? Ao contrário
do meu pai e os conselheiros nunca acreditei em tua lealdade, porém, você
pisou em ovos ao ajudar aquele pedófilo desgraçado a se infiltrar em nosso
território e colocar as garras na minha mulher, pois pelas últimas imagens da
rua próximo ao hospital foi possível ver o momento exato que aquele verme a
pegou.
— Por mim aquela vadia já deveria ter morrido há muito tem... — nem
espero que o desgraçado termine de falar, levo o bastão ao encontro do seu
peito, assim que ele começa a se mexer as lâminas que estão fixadas na
cadeira começam a penetrar em sua carne, os gritos dele e da vadia começam
a preencher o cômodo não satisfeito faço um sinal para um dos soldados que
se aproximam do pequeno fogão, enquanto coloco a luva em minha mão,
caminho até ficar centímetros de distância de Estela que ao olhar para o
objeto que o soldado traz dentro de um recipiente começa a gritar
desesperadamente.
— Se afaste da minha filha, desgraçado — o traidor grita,
enlouquecido.
— Ao contrário da minha esposa a única vadia que conheço está aqui,
eu poderia dar um fim a vida dessa infeliz, no entanto, ela terá mais utilidade
viva, passará o resto dos seus dias servindo aos homens da Yardie que vão
adorar dar a filha de um traidor o que ela merece. Vamos ver se a tua doce
filhinha não vai colaborar e dizer onde o verme do Santiago está escondido.
Levo minhas mãos ao encontro do recipiente, pego o ovo cozido que
ainda está em contato com a água quente parando próximo ao rosto de Estela,
a infeliz não para de se debater tentando se livrar das correntes. Assim que
levo o ovo escaldante próximo à sua boca o maldito que antes se mostrava
inabalável, começa a pedir para não machucar sua princesinha. Para um
demônio como esse traste eu sabia que só ela poderia ser capaz de despertar
algo nele. Amadeu sempre demostrou adoração pela filha que ele sempre
tratou como uma verdadeira princesa. Meus pensamentos são interrompidos
ao ouvir o nome do William Santiago.
— Pare, seu maldito! Santiago está em um casebre próximo à antiga
fábrica de chocolates do velho Marquel. Você acha que vai adiantar saber o
paradeiro do William, a essa altura ele já deve ter feito tudo que sempre
desejou com aquela retardada, porém, o temido Nicolas Atebaly não foi
capaz de proteger nem a própria esposa. Você é um fraco igual ao seu pai a
quem eu deveria ter matado com fiz com Joseph e Sarah.
As palavras dele me atingem como um soco no estômago, meus
pulmões começam a se contrair e meu coração bate tão forte que parece que
vai sair pela minha boca, pego o objeto que está em minhas mãos e introduzo
na boca da Estela, fechando-a para que ovo quente permaneça dentro dela.
Ela começa a se debater, enquanto intensifico o aperto da minha mão, não só
fechando sua boca, mas machucando a sua mandíbula. Assim que ela
desmaia, dou ordem para tirá-la do local e levar direto para o prostíbulo,
enquanto o infeliz grita pedindo para soltar sua filha vou em sua direção,
assim que seus olhos ficam fixos nos meus, tiro a luva e aproveito os cortes
que as lâminas fizeram em seu corpo e começo a puxar sua pele sem parar,
tudo que se passa em minha cabeça é as últimas palavras dele, o quanto
Amadeu por pura ambição acabou com a vida das pessoas mais importante
para mim, quando ele já está em carne viva dou ordem para que o botão que
abre o poço das seringas seja acionado e logo o chão começa a se abrir nos
dando a visão que deixa meus demônios alucinados, solto os membros do
infeliz e sem pensar duas vezes o jogo dentro do poço, se antes o desgraçado
já estava gritando a plenos pulmões agora seus gritos aumentam à medida
que as agulhas das seringas penetram em sua pele, não satisfeito pego o vidro
com ácido e aos poucos jogo em direção ao desgraçado, já nem sabia por qual
razão ele grita se é pelo ácido ou pelas agulhas. Quanto mais ele tenta se
esquivar do líquido que queima sua pele mais agulhas são introduzidas nele,
já sem paciência e correndo contra o tempo mando que as portas sejam
fechadas.
Quando fica uma pequena brecha e o verme está com os olhos fixos em
minha direção, decido falar com ele uma última vez.
— Te vejo no inferno desgraçado. — Jogo o restante do líquido que
está no vidro na direção do rosto do infeliz e tomado por uma sensação de
puro êxtase ao ouvir seus últimos gritos deixo o ambiente.
Um já foi agora chegou o momento de acertar as contas com William
Santiago.
Capitulo 35

Nicolas Atebaly
A ssim que adentro a sala da mansão Bruno e os membros do
conselho já estão me aguardando. Ao levantar o olhar vejo que a minha sala
que antes era um ambiente normal, agora está semelhante à sala de
monitoramento da máfia. Uma equipe com os nossos melhores técnicos estão
em frente aos monitores analisando todas as formas possíveis para fazemos
um ataque surpresa não dando tempo para qualquer reação dos homens do
Santiago.
Além de iniciar uma corrida contra o tempo e a certeza que o
desgraçado não pensará duas vezes antes de acabar com a vida da minha
mulher me faz ter a única coisa que nunca tive na vida "paciência". Os
soldados da Yardie como eu já esperava estão em puro êxtase após terem
eliminado os homens de Amadeu e mais ainda por saberem que logo vão
exterminar os nossos adversários. A máfia jamaicana sempre foi temida, pois
temos os melhores armamentos e por sermos sanguinários. Com os rituais
que são praticados desde sua criação nada nos deixa mais satisfeitos que
sentir o cheiro de sangue fresco sendo derramando em nosso território. Meus
pensamentos são interrompidos quando Tadeu começa a falar.
— Temos que agir o mais rápido possível. Depois que colocamos o
modificador de voz no celular do maldito traidor. Santiago ligou nos dando a
confirmação que dentro de duas horas deixará o país, temos que usar a
vantagem que temos pelo infeliz ainda não saber que seu aliado foi enviado
ao inferno e que ele não sabe que todas as saídas já foram bloqueadas, porém,
com a ajuda de Amadeu ele infiltrou um grande número de soldados
mexicanos em nosso território, onde o desgraçado trouxe seus melhores
homens caso houvesse algum contratempo, por essa razão temos que partir o
quanto antes para antiga fábrica de chocolates. O conselho da Yardie já
falhou uma vez em proteger Celena Martins, mas, dessa vez, não deixaremos
aquele infeliz fazer nada com a dama da máfia, daremos a nossa vida se for
possível, mas vamos cumprir com a palavra que demos perante a Joseph
Atebaly. Iremos ao inferno se for possível, mas ela estará de volta ao lugar
que pertence.
Após ouvir as palavras dele, sinto como se tivesse levado um soco no
meu estômago me fazendo lembrar das palavras do meu pai e o quanto eu fui
o maior causador do sofrimento dela. Respiro fundo e ao levantar o olhar
vários pares de olhos estão fixos em minha direção, sem que eles cogitem ter
qualquer outra reação, me pronuncio:
— A guerra foi iniciada. Daremos aos mexicanos o final que eles
merecem. Pela honra e glória aos nossos antepassados o lugar que
escolhemos como nosso segundo lar será encharcado de sangue. Para que
todos que cogitarem desafiar a Yardie Britânica saibam o final que damos aos
nossos inimigos. Hoje faremos da Inglaterra o próprio mar vermelho.

Celena Atebaly
Minha cabeça dói, ouço vozes sussurradas na escuridão. Tento buscar
em minha mente as últimas lembranças de tudo que aconteceu. Sinto meu
coração bater freneticamente ao mesmo tempo que meus pulmões começam a
se contrair como eu nunca tinha sentindo antes, eu sei que ele está aqui, posso
sentir o cheiro intoxicante da sua colônia, o cheiro que por anos estava
impregnado em minhas narinas o mesmo que sempre causou o medo cru e
agudo em meu peito ao saber que ele estava tão próximo. Tento abrir meus
olhos, no entanto, sinto uma forte pontada em minha cabeça e novamente me
entrego à escuridão.
Sinto algo áspero em contato com a minha pele, uma dor em meus
seios ao serem apertados com força. Nicolas! Tudo está tão escuro por mais
que eu tente abrir meus olhos é como se a escuridão me puxasse cada vez
mais para dentro dela, uma escuridão sem-fim, a qual eu já não tenho mais
forças para resistir e a única coisa que ouço são as malditas vozes ecoando
em minha cabeça me incentivando a permanecer quieta, preciso abrir os meus
olhos e levantar. Acordo sobressaltada, meu corpo envolvido pelo suor,
minha respiração alterada ao sentir um peso enorme sobre o meu. Sou
arrancada das profundezas da escuridão, do meu desespero ao sentir o mesmo
cheiro intoxicante invadindo minhas narinas e mãos ásperas se revezam
apalpando o meu seio e outra a minha intimidade, ao abrir os meus olhos
sinto o ar me faltar ao olhar para imagem à minha frente.
— Não! Não! Não! De novo não.
Movida pelo desespero e por uma força que é totalmente desconhecida
por mim no impulso empurro o corpo do homem que está sobre o meu,
levanto-me rapidamente e ao sentir o vento frio atravessar por todo meu
corpo o choque da realidade paira sobre mim ao me deparar somente vestida
por uma única peça "calcinha". Movida pelo pânico e ao ver que o infeliz está
prestes a se levantar do chão, pego a colcha que está em cima da cama e saio
em disparada em direção a porta, mas antes que eu chegue ao lugar que
cogito ser minha salvação sinto uma dor forte em minha cabeça assim que o
desgraçado começa a puxar os meus cabelos, maldição eu deveria ter os
cortados há muito tempo, meu coração gela assim que sua voz ecoa.
— Você será minha de qualquer jeito, sua maldita. Para uma retardada
você se mostrou ser uma vadia ao dar o que era meu para o desgraçado do
Atebaly. Farei com você tudo que sempre tive vontade, cada pensamento
impuro que tive que reprimir, no entanto, agora farei com você tudo que não
pude fazer com a vagabunda da Cecília.
Fico confusa ao ouvir suas palavras, por que esse demônio tocou no
nome da minha mãe? Antes que eu tenha tempo de assimilar os últimos
acontecimentos sinto o meu corpo sendo arremessado direto ao chão,
sentindo uma forte dor em minha barriga com o impacto do meu corpo com o
concreto. Ele caminha em direção a um pequeno móvel que só agora percebo,
pega um envelope e começa a vir em minha direção e ao ficar centímetros de
distância de mim, estende um papel com uma caneta.
— Assine o documento ou pode dizer adeus a sua tia.
Com as mãos trêmulas, seguro o papel e os olhos fixos nas palavras
contidas no documento, tudo começa a fazer sentido, o motivo pelo qual esse
demônio matou os meus pais e me manteve viva mesmo sabendo que eu
poderia contar a todos os que ele tentou fazer comigo. Ao lembrar de tudo
que passei durante doze anos que estive na mansão Santiago, de ter que
conviver todos os dias cercada pelo medo que ele cumprisse o que falou em
matar minha tia, e saber que por culpa desse desgraçado meus pais tiveram
suas vidas interrompidas tão cedo, mesmo sentindo um forte incômodo na
minha barriga, sem pensar duas vezes me levantei.
— Foi por causa desse dinheiro que você destruiu a minha vida? Foi
por maldito pedaço de papel que você matou os meus pais? Você acha
mesmo que depois de tudo que você fez eu te deixarei ficar com o motivo
pelo qual tornou doze anos da minha vida um inferno, me deixando em uma
escuridão sem-fim. Não! William Santiago você me colocou no fundo do
poço, tirou os meus pais, me fez viver com medo de perder a única pessoa
que ainda me amava, mas em meio a tudo isso você fez sua pior escolha ao
ter me enviado para aquele sacrifício, graças a você aquela menina morreu
assim que conheci Nicolas Atebaly, que mesmo sendo o próprio demônio foi
capaz de trazer a luz e esperança a minha vida me tirando das profundezas de
um pesadelo que não parecia ter fim. — Olho para ele, que está com os olhos
mortais fixos em minha direção e no impulso começo a rasgar os papéis que
ele me entregou.
— Maldita desgraçada.
Antes que eu tenha qualquer reação, sinto o meu rosto queimar e mãos fortes
segurando o meu pescoço.
— Vamos ver se tua língua continuará tão afiada depois de tudo que
farei com você. Antes de enviá-la para juntos dos seus pais vamos continuar
de onde paramos há doze anos.
Eu já nem conseguia respirar direito, senti meu corpo sendo jogado em
cima da cama e em seguida a minha calcinha é arrancada bruscamente do
meu corpo. Tento me levantar, porém, novamente o tapa vem com mais
intensidade. Eu não vou suportar que esse maldito consiga concretizar o que
tanto almejou.
Capitulo 36

Nicolas Atebaly
C om o ódio inflamando em minhas veias sigo ao lado de Bruno e dos
demais membros do conselho para o confronto final. Sei que o meu pai
desejava acabar com essa guerra que Jacob iniciou, uma guerra onde pessoas
inocentes foram sacrificadas por pura ambição do maldito em querer invadir
o nosso território.
Embora o desgraçado tenha partido dessa para pior, ele deixou uma
erva-daninha que precisa ser eliminada ou ganhará grandes proporções.
Sempre fui conhecido por todos como o próprio demônio em forma humana.
Um homem sanguinário de coração sombrio. Além dos meus pais e
Nany nunca tinha sentido nada tão forte por alguém. Um sentimento tão
intenso que eu não pensaria duas vezes em dar a minha própria vida em prol
da dela. Não posso mudar o passado, no entanto, farei de tudo para merecer a
cada dia o seu perdão. Desvio meus pensamentos ao ouvir a voz de Bruno me
chamando.
— Chegamos.
Pela primeira vez na história da Yardie Britânica colocamos todos os
soldados em campo de guerra, assim como os próprios membros do conselho
resolveram estar à frente das equipes que organizamos para cercar todos os
pontos pelos quais os desgraçados possam cogitar fugir. Em passos longos
saio do veículo e assim que os malditos soldados mexicanos percebem a
nossa chegada o silêncio deixa de reinar dando lugar aos estrondos dos tiros
por toda parte. Os soldados da Yardie tem ordens para cortar a garganta de
todos os infelizes que ousaram invadir o nosso território, pois o sangue de
cada um deve ser derramando no chão dando início ao maior ritual que já
fizemos.
Ao contrário do que fazemos na sede da máfia não será oferecido
sangue puro, entretanto, os nossos antepassados com certeza vão estar
satisfeitos ao saberem que todos os ratos foram eliminados. Enquanto a
batalha está sendo travada, sigo em direção a porta principal. Cada
desgraçado que cruza meu caminho em trocar recebe uma bala no meio do
peito. Bruno por estar ao meu lado, começa a usar sua adaga para corta a
garganta dos malditos que estão no chão. Meu coração começa a bater
descontroladamente quando subo os primeiros degraus da escada e ouço os
gritos da minha mulher. Se antes eu já sabia que vários demônios habitam
dentro de mim agora ao sentir uma força muito maior que tudo que conhecia
tomando conta do meu corpo tenho a certeza que naquele momento toda luz
que Celena trouxe a minha vida foi usurpada pelas trevas e só consigo pensar
em fazer uma coisa, arrancar todos os órgãos daquele verme com as minhas
próprias mãos.
Agradecendo mentalmente pela minha boa forma, subo os degraus
numa velocidade que até fico impressionado. Ao correr pelo corredor os
gritos ficam cada vez mais altos ao parar em frente a porta e a abrir
bruscamente meu coração gela, minha mandíbula se contrai, só tenho tempo
de retirar minha camisa e jogar na direção dela e avanço para cima do infeliz.

Celena Atebaly
Meu rosto ainda está ardendo pelo tapa que o demônio desferiu em
minha face. Seguro as lágrimas que tentam cair sem minha permissão de nada
me adianta chorar, tenho que pensar rápido e não deixar que esse homem faça
o que tem em mente, pois será minha única chance. Ele retira o cinto da calça
e ainda se mantém vestido pela peça, sem que tenha qualquer reação ele sobe
em cima de mim e afasta as minhas pernas, sinto um forte embrulho no meu
estômago com o contato dele sobre a minha pele e ao pensar o quanto a
minha intimidade está exposta. Respiro fundo tentando manter a calma e
esperando o momento certo de agir. Suas mãos começam a percorrer o meu
corpo até chegar aos meus seios, assim que ele aproxima sua cabeça a uma
distância que acho razoável não perco tempo e levo minhas mãos ao encontro
da sua face, parece que eu estou no piloto automático, pois não consigo parar
de gritar e arranhar o rosto do dele, mas a dor que começo a sentir logo me
traz de volta a realidade o desgraçado consegue imobilizar minhas mãos em
seguida sinto novamente o peso da sua mão na minha face, as lágrimas caem
sem minha permissão e assim que ele levanta novamente uma das mãos para
me bater, a porta é aberta bruscamente, meu coração bate freneticamente ao
olhar em direção à porta. Suas órbitas negras brilham refletindo uma cor
avermelhada do lado me dando a confirmação que o homem diante de mim,
nesse momento não é o mesmo que me mostrou que dentro do seu peito tem
um coração e sim o chefão, o implacável líder da máfia jamaicana que tem o
ódio visível através do seu olhar. Ele nem dá tempo para que William tenha
qualquer outra reação, só joga sua camisa em minha direção e avança para
cima do homem desferindo vários socos em várias partes do seu corpo. Visto-
me de imediato enquanto Santiago também começa a reagir dando alguns
socos em Nicolas, mas meu esposo não demonstra nenhuma reação de dor
com os golpes. Logo o quarto começa a se torna um verdadeiro caos, tudo
está sendo quebrado. Nico parece que está possuído, pois assim que William
acerta sua boca e um pouco de sangue sai entre seus lábios, ele começa uma
sequência de golpes no rosto do desgraçado em um determinado momento o
rosto dele está banhado de sangue. Assim que ele joga Santiago no chão, ele
fica totalmente imobilizado, sinto meus batimentos acelerarem quando
Nicolas puxa um bisturi e começa a cortar as mãos do Santiago, em seguida
desliza um objeto pelo corpo do infeliz, gritos e mais gritos preenchem o
ambiente. Santiago começa a se debater mais Atebaly que até então estava só
fazendo um pequeno corte sobre a sua pele e penetra fundo o objeto cortante
em sua barriga. Mas nada me prepara para os momentos que como um flash
acontecem, assim que Nicolas está fazendo um grande corte no peito dele,
uma voz totalmente desconhecida por mim, chama a minha atenção, ao
levantar os olhos em direção a porta um soldado mexicano com a arma em
punho grita o nome de Santiago e ao ver Nicolas se levantando aponta a arma
em sua direção, desesperada me levanto.
— Mate a vadia — William manda com a voz fraca.
O homem que até então apontava a arma para Nicolas vira em minha
direção, antes de cair, ouço a voz do Nicolas chamando o meu nome e o som
de dois disparos. Segundos depois, levanto minhas mãos no mesmo instante
que abro os meus olhos, meu coração gela ao ver o líquido avermelhado que
as envolve, fico totalmente perdida, pois não estou sentindo dor, olho em
direção a porta e Bruno está cortando a garganta do soldado mexicano, assim
que ouço um sussurro a realidade se faz presente, esse foi o motivo pelo qual
meu corpo foi arremessado no chão ele se jogou na frente da bala por mim,
tomada pelo desespero me movo até o pequeno espaço que nos separa e
coloco sua cabeça que está sangrado sobre as minhas pernas, a princípio
pensei que o tiro tinha me acertado, mas logo vi um objeto metálico que deve
ter caído durante a briga dele com Santiago e de certo ele bateu com a cabeça
no objeto, olho sua camisa coberta por sangue e só então tenho a certeza onde
o tiro pegou. Meus pensamentos são interrompidos quando entre sussurros
ele começa a falar:
— Me desculpe por não ter contado a verdade sobre os seus pa..
Assim que o vejo revirando os olhos minha respiração começa acelerar.
Alguns soldados entram e Bruno pede que levem o demônio do Santiago para
a calabouço. Mesmo pedindo para Nicolas ficar quieto ele diz que precisa
falar antes que seja tarde demais
— Eu sei que te causei uma grande ferida que talvez nunca seja
cicatrizada. Sei que não sou digno do seu perdão, mas você, meu Raio de Sol,
iluminou a minha vida, me mostrou qual o significado desse sentimento
chamado amor que eu jamais cogitei que sentiria por nenhuma mulher. Foi
você, somente você a mulher que fez meu coração bater mais forte, que me
mostrou que quando amamos somos capazes de tudo para proteger a pessoa
amada.
Eu te amo e sempre vou te amar. Minha vida, meu grande amor.
Eu já não consigo parar de chorar e quando meus lábios se mexem para
dizer que o amo, ele começa a tremer e seus olhos se fecham, nesse momento
um pavor se apodera de mim.
— Nicolas! Nãooooooooooooooooo...
Capitulo 37

Celena Atebaly
D urante todo o percurso até o hospital eu não consigo me controlar.
Novamente o medo toma conta de mim, a mesma sensação de vazio que
sentir quando perdi os meus pais. Desde o momento que Nicolas fechou os
olhos ele não os abriu mais.
Eu não posso perdê-lo, não depois de tudo que passamos.
Assim que chegamos ao Sarah Atebaly uma equipe médica já está de
prontidão, eles se aproximam e verificam os sinais vitais dele, logo depois o
colocam em uma maca e o conduzem para dentro do hospital. Eu nem me
dou conta do que estou vestindo a camisa do Nicolas que é tão grande que
parece um vestido. Assim que me viro para entrar no hospital, ouço a voz da
Nany me chamando a minha única reação é correr em sua direção, ela logo
me envolve em um forte abraço, enquanto as lágrimas saem em gotas grossas
fazendo uma trilha salgada em minhas bochechas. Ao adentramos, o
movimento está intenso, certamente todos estão curiosos para saber o que
aconteceu com Nicolas Atebaly. Bruno se aproxima e informa que ele foi
encaminhado para sala de cirurgia. Seguimos para uma sala privativa, onde
ficamos aguardando por notícias.
Mesmo Nany insistindo para que eu coma alguma coisa, não consigo,
pois estou com um nó tão grande em minha garganta. Passaram-se horas, vou
até o consultório do meu esposo e entro o banheiro, coloco a sacola que Nany
trouxe com roupas limpas em cima da pia em seguida retiro a camisa que
cobre o meu corpo e entro no box, perco a noção do tempo, pois ao lembrar
dos toques daquele infeliz em meu corpo eu não consigo parar de esfregar a
pequena esponja em minha pele. Após tomar banho me seco e me visto, volto
para o consultório e uma forte claridade já invade o local, os primeiros raios
do sol já estão surgindo, em passos largos deixo o consultório indo em
direção ao lugar onde todos aguardam por notícias do meu esposo.
Depois de quase fazer um buraco no chão do ambiente de tanto andar
em círculos, minha atenção é voltada para porta ao ver o médico adentrando o
cômodo. Além de Nany e Bruno, alguns membros do conselho estão
presentes. Fico na expectativa esperando para saber o que o médico falará.
— Apesar de várias complicações a cirurgia foi um grande sucesso.
Pela expressão de todos, eles estão aliviados com a notícia, mas toda a alegria
que só dura alguns segundos, rapidamente uma imensa tristeza me deixa
atordoada.
— Conseguimos retirar a bala que por pouco não atingiu o coração,
mas tivemos alguns órgãos afetados, mas conseguimos controlar a situação.
Ele faz uma pequena pausa. Meu coração gela, meus batimentos estão
acelerados ao ver a expressão do homem que demostra tristeza em sua face e
busca uma melhor forma de explicar tudo que está acontecendo.
— Nicolas além do tiro, teve um grave ferimento em sua cabeça, pela
ressonância magnética que fizemos ele está com um edema cerebral. Embora
o inchaço seja somente de uma região delimitada do cérebro, ele acabou
entrando em um coma profundo.
As palavras dele se repetem como um looping, sinto uma forte tontura e a
única coisa que ouço antes da escuridão me envolver é a voz da Nany me
chamando.
Algumas horas depois...
Bruno
Gratidão, essa é a palavra que representa tudo que devo a Nicolas
Atebaly. Depois da morte dos meus pais, fiquei completamente sozinho na
Inglaterra, mas graças a Sarah Atebaly consegui superar todos os obstáculos.
Nicolas e eu acabamos nos tornando grandes amigos e assim que ele assumiu
o comando da Yardie, jamais cogitei que entre tantos nomes importantes que
foram sugeridos para ocupar o cargo de consigliere, um simples soldado
como eu me tomaria seu braço direito dentro da máfia.
São anos de amizade. Alguém que se tornou a minha família, o irmão
que nunca tive e por quem eu daria a minha vida para protegê-lo, porém, por
um descuido eu quase o perdi. Se não tivesse perdido tanto tempo cortando a
garganta dos malditos mexicanos eu teria evitado que aquele soldado tivesse
atirado nele. Mesmo matando o infeliz isso de nada trouxe alívio ao meu
coração, e saber que após quase ter morrido durante a cirurgia ele agora se
encontra em coma só me deixa mais angustiado.
Para aumentar ainda mais meu desespero Celena passou mal. Estou tão
possuído que preciso descarregar tudo que estou sentindo em alguém, peço a
Nany para me ligar assim que o médico falar o que a Celena teve, em passos
largos deixo o hospital. Assim que entro no meu carro, coloco-o em
movimento uma única coisa se passa em minha mente, chegar ao calabouço
da Yardie, após alguns minutos que mais parecem uma eternidade, acabo
chegando ao lugar onde posso me acalmar.
Quando entro na cela que o desgraçado está seus olhos ficam fixos em
minha direção. Embora o maldito esteja com um grande corte em sua barriga,
ele está bem lúcido e com um sorriso cínico em sua face. Pela estrutura do
ambiente em que ele se encontra logo terá uma infecção, isso se antes os ratos
e insetos que habitam no cômodo não o devorar. Ver aquele sorriso em sua
face, só me mostra que ele acha que Nicolas morreu, é a gota d'água que eu
preciso para entrar em ação. Tiro minha arma e coloco em cima do móvel e
pego alguns utensílios para iniciar a tortura.
Perco a noção do tempo a cada grito do infeliz dá, isso só me deixa
mais alucinado para continuar. Mesmo não sendo médico ao ver Nicolas em
ação eu já sei exatamente até onde ir para não deixar o desgraçado morrer,
porém, minha atenção é direcionada para porta quando ouço um dos soldados
da Yardie me chamando. Ao ouvir suas palavras, não consigo acreditar que
realmente é ela que está na Inglaterra e muito menos na sede da máfia, deixo
o maldito agonizando em meio a dor e vou ao encontro de Marta Santiago.

Marta Santiago
Quando ouvi uma conversa de William com alguém ao telefone que
dentro de alguns dias iria para Inglaterra, meu coração começou a bater
freneticamente. Desde o dia que soube no banco em Nova Iorque que minha
a Cel está viva que minhas esperanças se renovaram. Eu fui uma fraca que
por puro medo acabei falhando com a pessoa mais doce que conheci na vida,
não fui capaz de impedir que a minha própria sobrinha fosse enviada para um
sacrifício como se fosse um animal. Pelo amor que sempre senti pela minha
irmã e por Celena que sempre amei como uma filha eu deveria ter enfrentado
tudo e todos para não permitir que ela fosse tirada do seu lar. Quando soube
do fracasso dos membros da máfia Mexicana que estava sendo liderada pelo
meu marido e que Celena passou horas em cativeiro à mercê de William vim
imediatamente para Inglaterra.
Já sabendo que ela casou com Nicolas Atebaly, vim direto para o
hospital. Quando pedi por informações soube que minha sobrinha está sendo
atendida após desmaiar quando soube do estado que seu marido se encontra.
Acabo por conhecer Nany que me relata o pouco que sabe sobre o
acontecido, ao ouvir suas palavras meu coração gela, um nó imenso se forma
em minha garganta, com sua ajuda um soldado da Yardie Britânica chego ao
lugar que o demônio com que me casei está. Fico esperando pelo conselheiro
de Nicolas Atebaly e após alguns minutos conversando com ele, recebo
autorização para ver Santiago. A cada passo que eu dou pelos corredores
desse lugar um calafrio se faz presente por todo o meu corpo, o cheiro
impregnado no ambiente faz meu estômago embrulhar, assim que entro na
cela meus olhos de fixam no homem, que eu chamava de marido. Mesmo
contra a vontade de Bruno, insisto para ficar sozinha com ele, pois, dessa vez,
enfrentarei todos os meus medos.
Santiago está em um estado deplorável. Seus membros estão presos por
correntes, mas ao ouvir minha voz, sua atenção se fixa em mim.
— Tudo que você fez a minha sobrinha foi pela herança que estava no
nome dela? Foi por esse motivo que convenceu Jacob a enviá-la para ser
sacrificada com pretexto que ela era uma retardada. — Ele me olha com
olhos mortais.
— Sua idiota, eu deveria tê-la matado assim como fiz com sua irmã e o
infeliz do seu cunhado.
Minha respiração começa ficar errática ao ouvir o que ele disse. Ao escutar
isso minha cabeça lateja.
— Você acha mesmo que eu, William Santiago, algum dia gostei de
você? Uma mulher fraca e tola que se rendeu a meia dúzias de palavras.
Casar com você foi o único jeito para continuar perto da única mulher que eu
amei na vida. A mulher que se não fosse por Antônio Martins teria sido
minha, mas aquela vadia acabou escolhendo o desgraçado.
— Que diabo de monstro é você?
— O monstro que deveria ter provado daquela coisa deliciosa que você
chama de sobrinha. Meu maior arrependimento foi não ter feito Celena
Martins minha durante a noite que invadi o seu quarto. Nada se compara a
sensação que senti ao tocar em sua pele, ao ter minhas mãos em contato com
aquela bocetinha intocável. Mas a desgraçada acabou estragando tudo e
começou a gritar. Você é tão burra que nunca se perguntou como sua
sobrinha ficou naquele estado da noite para o dia. Eu deveria ter te enviado
ao inferno assim como disse a ela que faria se contasse algo a você.
Não consigo controlar as lágrimas, o nó que antes estava preso em
minha garganta só aumenta, como eu pude não perceber o que estava
acontecendo debaixo dos meus próprios olhos? Doze anos a minha menina
sofrendo sem poder dizer nada, tudo por culpa desse demônio.
Mesmo debilitado a risada diabólica do maldito ecoa. Um sentimento
que nunca senti com tamanha intensidade, sinto tudo dentro de mim se
retorcer, ao levantar meus olhos, eles se fixam no objeto que está em cima de
um móvel atrás de Santiago. Enquanto ele não para de me chamar de burra,
caminho em direção ao objeto e o pego, dou alguns passos, paro na frente de
William e aponto a arma em sua direção.
— Sua tola! Você acha mesmo que terá coragem para atirar em mim?
Você deveria agradecer por eu ter te suportado por tantos anos, até mesmo as
prostitutas da máfia eram capazes de me proporcionar mais prazer que você.
Uma infeliz que tive que suportar somente pela herança daquela retarda...
Não permito que ele termine de falar, puxo o gatilho.
— Você irá para lugar de onde nunca deveria ter saído seu demônio. —
Sem pensar duas vezes continuo puxando o gatilho até que sinto mãos fortes
segurando a minha.
Bruno retira a arma das minhas mãos que não param de tremer,
enquanto alguns soldados se certificam se William ainda está vivo. Ao ouvir
que ele está morto o choque da realidade me bate. Eu nunca pensei que seria
capaz de matar alguém, muito menos o homem o qual dediquei toda a minha
juventude.
Em passos largos ao lado de Bruno deixo esse lugar. Era o mínimo que
eu poderia fazer pela memória da minha irmã e por toda desgraça que ele
causou na vida da minha doce Cel. Nada vai apagar todo o mal que esse
desgraçado causou na vida dela, mas agora minha menina poderá seguir em
frente sem ter medo de novamente cruzar o caminho desse demônio.
Capítulo 38
Celena Atebaly
N ão encontro palavras que sejam suficientes para explicar tudo que
estou sentindo. Um misto de sensações toma conta de mim e apesar da
tristeza que se apodera de todo o meu ser, saber que dentro de mim, cresce a
semente do nosso amor renovou minhas esperanças. A minha felicidade só
não está completa pelo fato de que o homem que conquistou meu coração não
pode compartilhar comigo esse momento. Levo minhas mãos ao encontro do
meu ventre, não consigo acreditar que tem um bebê dentro de mim. Meus
pensamentos são interrompidos ao ver Nany entrando, mesmo colocando um
sorriso no rosto a tristeza está visível no fundo dos seus olhos. Meu coração
começa a bater em um ritmo frenético, um turbilhão de pensamentos invadem
a minha mente. Movida pelo desespero me levanto, ela vendo minha reação
começa a falar:
— Acalme-se, Celena, você precisar pensar no filho de vocês! O meu
menino continua em coma, mas a equipe médica já nos garantiu que ele está
fora de perigo.
Mesmo ouvindo suas palavras, só vou ficar tranquila quando vê-lo com os
meus próprios olhos.
— Eu quero vê-lo, Nany.
— Você logo o verá, porém, tem uma pessoa lá fora que gostaria de
falar com você.
Pergunto quem é, mas ela não quer me dizer só caminha em direção à
porta e assim que ela é aberta, não consigo segurar as lágrimas. Com os olhos
fixos na imagem à minha frente, não consigo desviar os meus olhos dela, que
em passos largos começa a andar em minha direção. Assim que minha tia
acaba com a distância entre nós, vejo seu rosto banhado em lágrimas, em
seguida ela me envolve em um forte abraço, posso sentir todo o amor que ela
sempre demostrou comigo, como senti falta do seu cheiro, do seu abraço que
sempre me trouxe uma sensação de paz tão grande. Passamos um bom tempo
abraçadas.
— Eu preciso te pedir perdão por ter falhado com você. Por não ter
enxergado todo o mal que aquele demônio te fez. Eu falhei com a promessa
que fiz aos seus pais que a protegeria como uma filha, no entanto, foi dentro
da minha própria casa que você mais sofreu. Me perdoe, minha menina, por
ter deixado você passar por tudo sozinha.
Ao ouvir essas palavras e ver o quanto ela está abalada, destruída e se
sentindo culpada por algo que o único culpado foi aquele desgraçado, seguro
em suas mãos.
— Se hoje eu estou aqui eu devo a você. Foi por toda dedicação e pelo
amor que você me deu que eu consegui sobreviver todos esses anos. Mesmo
vivendo no mundo imaginário onde acreditava que só a morte me traria a paz,
foi graças aos seus cuidados e as palavras que sempre me dizia mesmo
achando que eu não estava entendendo que consegui não me entregar de vez
ao mundo das trevas. Sou eu que tenho que pedir perdão por todas as vezes
que foi agredida por minha culpa, por ter se mantido forte mesmo sabendo
que William Santiago não a queria perto de mim. Obrigada por ter sido como
uma mãe, pois o seu amor era tudo que me manteve viva.
Passo minha mão por seu rosto, secando suas lágrimas, novamente nos
abraçamos e ficamos em silêncio. Nada mais precisava ser dito, pois palavra
alguma será capaz de explicar o quanto estamos felizes por estarmos juntas
novamente.
Duas semanas depois...
Nicolas Atebaly
Tudo está em um silêncio completo. Eu preciso abrir os meus olhos,
mas eles estão tão pesados, tudo está tão confuso. Com dificuldade consigo
me levantar, tento novamente abrir meus olhos e dessa vez consigo, uma luz
tão forte invade minhas pupilas, me acostumo com a claridade. Em passos
lentos caminho em direção à porta ao saio do ambiente tudo que vejo é uma
escuridão sem-fim, tento voltar para o cômodo onde estava, mas ao abrir
novamente a porta, chamas surgem a minha frente, está tão quente sinto o
suor tomar conta de todo o meu corpo a única claridade no ambiente e do
fogo que se espalha em grande proporção em minha volta, sinto meus
batimentos acelerados, meu corpo está incendiando, já não consigo respirar e
novamente a escuridão volta a me envolver.
Tudo está tão calmo já não sinto tanto calor. Ouço vozes sussurradas na
escuridão, quero acordar, preciso sair desse lugar. Novamente as vozes
ecoam na minha mente e o meu ofuscado cérebro começa a procurar entre
suas lembranças recentes, pouco a pouco as imagens fragmentadas
começam a me torturar – Celena. Sinto meu coração bater em um ritmo
frenético, minha respiração altera, porém, ao ouvir a voz que traz ao meu
coração a melhor sensação que já senti na minha vida e ouvir as palavras
ditas pelo amor da minha vinda, tenho mais certeza que preciso sair dessa
escuridão.

Celena Atebaly
Desde o dia que entrei no quarto onde meu marido está que novamente
o medo invadiu em meu coração, vê-lo em cima daquela cama
completamente imóvel me deixou atordoada. Mesmo os médicos dizendo que
Nicolas está fora de perigo e ver todo o desempenho da equipe médica que
está responsável por ele uma sensação de vazio me acomete.
Minha tia continua na Inglaterra mais precisamente em minha casa, ela
e Nany se juntaram e contra a minha vontade não me deixaram permanecer
no hospital ao lado de Nicolas. Usando o argumento que eu precisava ter os
devidos cuidados com minha gravidez, que meu esposo não vai gostar de
saber que eu nesse estado fiquei no hospital, acabei acatando as palavras
delas e minha rotina hoje se resume em passar parte do meu dia no hospital e
depois retornar para casa.
Voltei a ter as sessões com a Dr. Jaqueline e graças a Deus depois de
saber que aquele homem não cruzará mais o meu caminho, não voltei mais a
ouvir as vozes. Confesso que não está sendo fácil, há três dias Nicolas teve
uma parada cardíaca e mesmo a equipe o trazendo de volta, comecei a ver
uma expressão diferente no rosto do médico responsável pela equipe que está
cuidando dele e após saber que ele pode permanecer assim por meses, anos
ou até mesmo nunca sair desse estado vegetativo que se encontra só consegui
sentir mais tristeza. Deixo os meus pensamentos de lado e caminho em
direção ao banheiro. Minutos depois de banho já tomado e vestida deixo o
meu quarto e ao chegar à sala encontro Nany e minha tia, após me despedir
delas caminho em direção à garagem, assim que o carro entra em movimento,
faço uma retrospectiva de tudo que aconteceu nesses últimos meses em
minha vida, fiquei tão perdida em meus pensamentos que não me dei conta
que já chegamos ao hospital. Saio do veículo indo em direção ao quarto em
que meu marido está.
Ao adentrar o ambiente me aproximo do seu leito e após me sentar na
poltrona próximo à sua cama, meus olhos o analisam minuciosamente. Seu
rosto está tão pálido, com uma expressão indecifrável por mim. Por quinze
dias tentei me manter firme para não demostrar a ninguém o quanto tudo isso
estava acabando comigo, eu não vou conseguir seguir em frente sem tê-lo do
meu lado, pego em suas mãos segurando firme e após beijá-las as solto.
Abaixo minha cabeça e deixo as lágrimas que tanto venho reprimindo serem
derramadas.
— Durante doze anos eu jamais cogitei que algum dia fosse capaz de
sentir algo tão forte, um sentimento que mesmo não podendo ver é como um
fogo que arde, uma ferida que dói e não se sente. Eu não entendia esse
paradoxo triunfante, pensei que era algo que só vinha das bocas dos mais
românticos que marca gerações com versos de Camões, mas você, Nicolas
Atebaly, mesmo após tudo que me fez foi capaz de me fazer sentir o quão
grandioso é esse sentimento. Você disse que talvez eu jamais te perdoaria eu
cheguei a pensar que essa ferida nunca fosse cicatrizar, no entanto, descobri
que a minha felicidade só estará completa ao seu lado e do nosso filho. Nós
precisamos de você. Eu preciso te dizer o quanto eu te amo que não importa o
que aconteceu no passado, é com você somente com você que desejo
compartilhar o resto dos meus dias.
Por mais que eu tente controlar as lágrimas, elas caem em gotas
grossas, mas ao sentir uma mão forte acariciando meus cabelos, no impulso
levanto minha cabeça e meus olhos ficam fixos na imagem à minha frente.
Capitulo 39
Celena Atebaly
C om os olhos fixos no Nicolas, meu coração dá pulos de alegria ao
ver que ele despertou do pesadelo que se encontrava. Por uma fração de
segundos meus olhos estão voltados para os equipamentos que não param de
apitar, e então eles se concentram no homem à minha frente. Olhar
novamente o brilho nas suas órbitas negras alegra o meu coração, um misto
de sensações inexplicáveis me acomete, o vazio de antes, agora foi
preenchido.
— Eu estava sonhando ou você disse mesmo que me ama?
Um esboço de um sorriso se faz presente em minha face, me levanto em
seguida pego sua mão levando ao encontro do meu ventre.
— Nós dois te amamos. Agora a nossa família está completa. — Nesse
momento ao ver os olhos do homem da minha vida repletos de paixão,
enquanto sua mão desliza pela minha barriga. Tenho a certeza que apesar de
tudo que passei já estava escrito que meu destino, assim como foi planejado
pelos nossos pais, é estar ao lado de Nicolas Atebaly. Fecho as portas do meu
pensamento ao ouvir sua voz.
— Nada me impediria de voltar para mulher que se tornou dona do
meu coração. Eu amo vocês
Nos momentos seguintes o quarto é invadido pela equipe médica, que
faz todos os procedimentos necessários, ao ficar novamente sozinha com ele,
meu marido pede que deite do seu lado e ficamos em nossa bolha, onde em
breve teremos em nossos braços o fruto do nosso amor.

Dois dias depois...


"Prostíbulo da máfia"
Com a notícia que Nicolas saiu do coma em que se encontrava, uma
das casas de luxo da Yardie Britânica recebe hoje uma enorme quantidade de
soldados. Todos estão eufóricos, várias bebidas circulam pelo ambiente,
assim como a música alta ecoa. Madame Marie logo adentra o salão e começa
a ordenar que suas meninas comecem a trabalhar, porém, uma delas
permanece parada no mesmo lugar.
Depois do ocorrido na sede da máfia, Estela Torris ainda não tinha sido
apresentada aos clientes, pois com sua boca gravemente ferida, após Atebaly
ter colocado um ovo quente. Madame Marie resolveu esperar alguns dias.

Estela Torris
Mais de duas semanas nesse lugar imundo, se Nicolas ou qualquer
outro membro do conselho da Yardie pensa que eu serei tratada como uma
dessas vadias que habitam esse lugar estão completamente enganados.
Aquele desgraçado deveria ter morrido, mas o inferno seria pequeno para um
demônio como ele. Contra a minha vontade, a velha maldita me obriga a
vestir esses trapos e ficar com as putas que ela chama de "meninas".
Assim que adentro o ambiente que está completamente lotado pelos
soldados da máfia jamaicana, a voz da infeliz chama a minha atenção:
— Circulando ou você cogitou que é melhor que alguém aqui?
— Eu sou Estela Torris, quem você pensa que é para falar assim
comigo?
— Aqui eu mando você obedece, exatamente por ser uma Torris a filha
de um traidor que você será tratada como merece.
Quando meus lábios se mexem a maldita faz um sinal e dois
brutamontes se aproximam e sem que eu tenha qualquer reação, saio
tropeçando nas minhas próprias pernas, enquanto os dois homens me
arrastam em direção aos corredores, começo a gritar, mas eles continuam
caminhando, e ao abrir uma das portas à nossa frente, sou jogada
bruscamente para dentro do cômodo, sinto uma forte dor com o impacto do
meu corpo ao bater no concreto.
— Cale a boca, vadia — um deles diz, furioso, e caminha em minha
direção.
— Não se aproxime de mim.
— Você merecia o mesmo fim que o maldito do seu pai, mas já que o
chefe deixou você viva faremos da sua vida um verdadeiro inferno.
Tento correr em direção a porta, no entanto, um deles me pega pelos
cabelos. Engulo em seco. Quando olho o outro homem se despindo. Saio do
estado choque que me encontro quando o homem ao meu lado de solta os
meus cabelos e começa a rasgar minhas roupas. Os momentos que vieram
depois são os piores da minha vida.
Um dos homens começa a acariciar meus seios e o outro coloca seu
pênis imundo na minha boca.
— Chupe, cadela, e aí de você se tentar alguma coisa, eu arranco os
dentes da sua boca.
Após dizer isso, seus movimentos brutos e ritmados começam, a cada
estocada na minha cavidade bucal ele puxa meus cabelos me causando muita
dor, minha garganta está doendo de tanto que ele força seu enorme membro e
cada vez mais fundo em minha boca, mas nada que senti se compara com a
dor infernal que percorre todo meu corpo quando sou jogada na cama e sem
preliminares o segundo homem me penetra, sinto a barreira da minha
virgindade sendo rompida, ele começa a meter com tanta força, fazendo todo
o meu corpo tremer, me colocam de lado e enquanto um penetra a minha
vagina, o outro introduz a cabeça volumosa do seu pênis na entrada intocável
do meu ânus. Durante horas, esses dois demônios que mais parecem animais
no cio me possuem de todas as formas possíveis. Assim que eles saem do
quarto tento me levantar, mas todo o meu corpo está dolorido, passo minha
mão na minha vagina, que sai suja de sangue, a minha bunda está tão
dolorida, o desgraçado antes de introduzir seu membro no meu
orifício começou a desferir vários tapas nas minhas nádegas. Mesmo com
dificuldade fico em pé ao abaixar a cabeça meus olhos vão ao encontro do
objeto a minha frente, no impulso pego a arma que está no chão, depois de
ver que só tem duas balas e que de nada me adiantará tentar sair desse
lugar cercado por seguranças de Nicolas. Com as mãos trêmulas, levo a arma
em direção a minha cabeça.
— Eu prefiro a morte a ter que continuar vivendo nesse lugar imundo
sendo tratada como um pedaço de carne, sem pensar duas vezes puxo o
gatilho.
Capitulo 40

Celena Atebaly
T rês dias se passaram desde que Nicolas acordou e hoje estamos
voltando para nossa casa. Meu esposo a princípio não gostou da ideia da tia
Marta ter assassinado aquele demônio, pois segundo suas palavras ele mesmo
queria enviá-lo ao inferno, porém, ele acabou entendendo que ela também foi
uma grande vítima nas mãos de Santiago.
Com o carro em movimento, fico surpresa com a ligação que ele
recebeu. Estela foi encontrada morta em dos quartos do prostíbulo para onde
foi enviada, mesmo sabendo que ela ajudou no plano de William a notícia da
sua morte me faz refletir o quanto algumas pessoas têm a oportunidade de
serem diferentes e acabam optando para o lado da maldade, querendo destruir
o seu próximo em prol dos seus interesses e por pura ambição. Meus
pensamentos são interrompidos quando ouço a voz do meu marido me
chamando.
Assim que entramos a mansão todos os funcionários começam a aplaudir.
Minutos depois seguimos para o nosso quarto, pois Nicolas precisa de
repouso.

Alguns dias depois...


Depois de tomar um longo banho, passo um creme em minha pele e
coloco o roupão, ao entrar no quarto meus olhos ficam fixos na direção da
porta que é aberta pelo meu esposo. Há uma sensualidade no jeito de andar
dele e um brilho predatório em seus olhos escuros que me causam calafrios.
Nicolas transpira sexo em cada poro. Assim que ele para a centímetros de
mim, suas mãos enormes me puxam para perto de si, em seguida me dá um
beijo como se quisesse roubar a minha alma. Com as mãos ele começa a
explorar o meu corpo, sinto o roupão deslizando entre minha pele e indo ao
encontro do chão. Ele começa a se despir me dando a bela visão do seu
enorme membro. Mordo o lábio para não deixar escapar um gemido de prazer
ao ver aquela preciosidade de cabeça robusta, duro como uma rocha. Ele me
pega em seus braços fortes, musculosos e caminha em direção a cama, sinto o
contato da colcha macia com minha pele, ele se deita em cima de mim e se
acomoda entre minhas coxas.
Minhas mãos percorrem os ombros dele.
— Você é tão gostoso, tão grande e forte em todos os lugares.
Ele percebe a ansiedade na minha voz e diz:
perfeita, foi feita apenas para mim. Tudo em você é perfeito, cada
curva do seu corpo me deixa alucinado.
Empunhando seu pênis ereto, Nico posiciona a grossa cabeça na
minúscula fenda da minha boceta. Com um movimento enérgico do quadril,
ele desliza seu membro para dentro de mim. Uma de suas mãos começa a
explorar os meus seios e com a outra ele introduz dois dedos na minha vagina
para testar a minha sensibilidade. Um gemido de boas-vindas sai em resposta
entre meus lábios.
— Não se reprima seus gemidos me deixam loucos.
A boca sensual dele se torce de satisfação com a visão do meu desalinho. Ele
volta a me beijar e quando sua língua se encontra com a minha, Nicolas
começa os movimentos de vai e vem. O ritmo é lento, mas inexorável. A
minha vagina reage da maneira como sempre acontece apertando e agarrando
seu pau com grande entusiasmo. A cada sugada Nicolas me penetra mais
fundo, gemendo de êxtase, respirando desesperadamente o ar repletos do
cheiro de sexo. Os longos golpes me levam a quase perder a sanidade, e
depois me traz de volta. Começo a me contorcer e a choramingar em uma
demonstração de desejo tão ardente que só o homem que amo é capaz de me
proporcionar.
Movimento meus quadris, esfregando-me contra a base do membro
dele. Com uma força que dispensa esforço Nicolas me ergue e me coloca
sobre seus joelhos, penetrando profundamente com toda a extensão do seu
membro. As sensações provocadas pela cabeça volumosa do seu pênis
acariciando aquele ponto vibrante dentro de mim, faz minha vagina latejar.
Ele continua com suas investidas estonteantes me enlouquecendo.
Finalmente com uma estocada desesperada, ele me penetra fundo.
Solto um grito, sentindo seu pau quente e volumoso totalmente dentro de
mim.
A tensão acumulada no meu ventre cresce, criando um nó insuportável,
que me faz agitar diante do prazer animalesco. Em seguida, o nó se desfaz
num tumulto de sensações, queimando a minha pele, apoderando-se de meus
pulmões e provocando espasmos dentro de mim, em ondas rápidas e
continuas. Com um urro gutural ele aumenta a força e a velocidade das
estocadas com o pênis enterrado no ponto mais profundo, sua ejaculação
quente e densa jorra dentro da minha vagina, inundando-me.
Com a respiração alterada e o corpo grudado pelo suor, ele diz:
— Eu amo você.
— Eu também amo você, Nicolas Atebaly.

Três meses depois...


Três meses se passaram e hoje finalmente saberemos o sexo do nosso
bebê. Tenho vivido dias maravilhosos como nunca cogitei na vida. Nicolas
mesmo vestindo sua armadura de homem frio e implacável perante todos os
membros da Yardie, em casa meu esposo tem se mostrado o marido perfeito
e tenho certeza que ele será um ótimo pai. Meus pensamentos são
interrompidos ao ouvir a voz da médica perguntando se já estamos
preparados. Meu esposo está ao meu lado segurando a minha mão, assim que
a médica termina de passar o gel em minha barriga, meus olhos ficam fixos
no monitor, em seguida ela começa a deslizar o pequeno aparelho pelo meu
abdômen, fico hipnotizada ao olhar a imagem na tela e ao ouvir suas
palavras, meu coração começa a bater no ritmo frenético, não consigo
explicar o tamanho da felicidade que se apossa de todo o meu ser.
— Parabéns vocês serão pais de um menino.
Levanto o olhar e meu esposo está com os olhos fixos no aparelho. A
voz da Dra. Ângela chama a nossa atenção, dizendo que podemos ouvir o
coraçãozinho do meu filho. Se eu não tinha palavras para definir o quanto
estava feliz, quando o som mais lindo que já ouvi na vida preenche o
ambiente as lágrimas grossas de alegria descem sem minha permissão.
Nicolas que até então está em silêncio e com os olhos fixos na tela, desvia
seu olhar o fixando em minha direção.
— Você, Celena Martins Atebaly, não só mudou a minha vida, mas me
deu o bem mais precioso que um homem pode ter. Por você e o meu filho, eu
sou capaz de tudo, darei sempre o meu melhor para vê-los felizes. Palavras
jamais serão suficientes para descrever tudo que sinto por você. Vocês dois
deram um novo sentido a minha vida, um amor tão grande e forte capaz de
trazer a luz a meu coração que por muito tempo esteve na escuridão.
— Eu amo vocês, minha esposa, meu Raio de Sol.
Epílogo

Alguns meses depois...


Nicolas Atebaly
C elena Martins Atebaly...Esse é o nome que mudou a minha vida.
Quando ela estava prestes a ser sacrificada um turbilhão de pensamentos me
tomaram, mesmo não conhecendo o seu rosto algo muito mais forte e capaz
de mover montanhas no fundo já estava agindo “amor".
A mulher da minha vida, meu amor real. Neste momento em que
vivemos algo tão mágico em nossas vidas eu sinto uma alegria enorme em
meu peito. O nosso amor foi abençoado com um filho lindo que vem trazer
mais felicidade para nossa vida. Se eu já amava muito, agora eu amo ainda
mais, por ela carregar em seu ventre aquilo de mais importante pode
acontecer nas nossas vidas e não tenho palavras para descrever o misto de
sensações nesse momento que após tantos meses aguardando, enfim chegou o
grande dia. Deixo meus pensamentos de lado ao ouvir a voz da minha esposa.
— Eu estou nervosa. — Seguro firme em sua mão.
— E o nosso filho, baby, e eu estarei com você o tempo todo.
Os momentos seguintes mais parecem uma eternidade, estou aflito,
mas toda sensação ruim de minutos atrás dá lugar a algo inexplicável ao ouvir
um ser tão pequeno gritando a todo vapor anunciando sua chegada. Sou
tirado do meu estado de imensa felicidade, quando os monitores começaram
apitar, em seguida sinto a mão fria dela deixando a minha, quando a vejo
perdendo os sentidos, levanto o olhar, a expressão de todos no ambiente
mudou. Entro em total desespero assim que toda equipe médica começa a se
movimentar.
— Cel! Cel! Acorde, meu amor.
Os médicos começam os procedimentos de reanimação
cardiorrespiratória. Assim que a Dra. Ângela pega o desfibrilador, a cada
descarga elétrica que dão em seu peito, minha atenção é diretamente para o
monitor cardíaco que não para de apitar e seus sinais vitais sumindo, na tela o
mesmo traço de uma única linha reta persiste, começo a entrar em pânico,
meus olhos arregalados, ela não pode morrer. Minha Celena permanece
imóvel de olhos fechados com uma expressão tranquila, após várias tentativas
o silêncio toma conta do centro cirúrgico, os médicos começam a se afastar
do seu corpo. Ângela levanta o olhar e fez um sinal com a cabeça, no impulso
caminho em sua direção e sem pensar duas vezes pego o aparelho da sua
mão. Os enfermeiros tentam me segurar, mas de nada adianta, pois, meus
pensamentos voam e como em um filme as imagens do sorriso dela passam
como flashes. Saio empurrando quem está à minha frente, preparo o
desfibrilador de choque levando ao encontro do seu peito,
— Nem mesmo a morte vai tirar você de mim.
Na segunda descarga elétrica um som ecoa, olho para tela do monitor seus
batimentos estão baixos, ela voltou. A equipe médica logo entra em ação e
depois de alguns minutos ver aquelas órbitas brilhantes fixas em minha
direção faz meu coração dar pulos de alegria
Seguro sua mão com força e as únicas palavras que consigo dizer são:
— Desde o seu nascimento você foi escolhida para ser a mulher da
minha vida, agora é também a mãe do meu filho. Eu te amo por você me
tornar o homem mais feliz do mundo. Vocês dois representam o melhor do
mundo para mim, o meu sopro de vida.
Seis meses depois...
Celena Atebaly
Eu acredito que cada um de nós nasce com um objetivo a cumprir, e
hoje eu sei que o meu principal propósito de vida é dar vida ao meu filho e
ajudar mulheres que assim como eu foram vítimas de pessoas tão próximas e
por medo acabam ficando em silêncio. Depois que soube do dinheiro que
meus pais deixaram, avisei ao Nicolas sobre meu projeto. Daqui a alguns
meses o centro de abrigo para mulheres Cecília Martins estará de portas
abertas, além de um lar, também terão à sua disposição cursos de qualificação
e após a conclusão serão encaminhadas para setores de acordo com sua área.
Tia Marta se mudou para Inglaterra e como eu já havia percebido a
química entre ela e Bruno não poderia ser mais fatal. Os dois daqui a alguns
meses se casarão e isso alegrou o meu coração por saber que ela após tanto
sofrimento encontrou a felicidade. Minha doce Nany, um anjo que surgiu em
minha vida, a avó dedicada que o nosso filho mesmo tão pequeno ao ouvir
sua voz já demonstra que assim como seus pais têm um amor grande por esse
ser iluminado. Afasto as lembranças ao olhar para os dois homens da minha
vida dormindo com uma expressão tranquila.
Nicolas Atebaly, um mafioso cruel e sanguinário alguém que me
causou tanta dor, porém, me deu o maior presente da minha vida. Ao longo
desses quase dois anos de casados, além de esposo dedicado ele se tornou um
pai exemplar. Num piscar de olhos a vida passa. Hoje o meu bem mais
precioso, o meu sopro de vida já está com seis meses. Uma parte de mim, um
complemento do meu ser sem o qual eu nada seria. Fui abençoada com uma
família maravilhosa e toda a mágoa, tristeza que vivi por doze anos é uma
parte da minha vida que me trouxe para onde eu estou hoje.
Caminho em direção à nossa cama e me deito ao lado dos meus dois
amores.
A vida nos dá o direito de recomeçar, de vencer, de fazer e ser diferente
a cada dia. Não se acomode dentro de seus medos e de suas frustrações... Se
existe realmente um limite, acredite: o seu corre lá na frente, experimente
alcançá-lo.
Lembre-se somos apaixonáveis, somos sempre capazes de amar muitas
e muitas vezes.
Afinal de contas, nós somos o amor.

Fim!
Leia também...
Disponível na Amazon em e-book e em breve em físico.
Em breve!
Segundo livro da duologia “Império Mafioso”. Aguardem!

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