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ENZO

TERCEIRO LIVRO DA SÉRIE IRMÃOS LAZZARI










POR: LUYZI MAZZON

PRÓLOGO





Há uma mulher, bem no centro do jardim, berrando ordens para todos os lados.
Pessoas correm de um lado para o outro; Homens carregando grandes jarros com
flores brancas, enquanto algumas mulheres carregam utensílios de louças ou até
mesmo mais flores, só que menores, claro.

Estavam preparando um casamento.

Eu não fazia ideia de quem eram os noivos; A única coisa que sabia era que
mamãe havia me ligado ontem, avisando que um avião particular da empresa do
seu novo marido estava indo para Londres, me buscar, para que eu viesse.
Juntando isso e a forma apressada em que as pessoas estão circulando e gritando,
é um casamento de última hora.

O lado bom é que, eu não precisei enlouquecer atrás de um bom vestido, pois
assim que entrei no quarto reservado para mim, na mansão Lazzari, estendido
sobre a grande cama plus size, estava um vestido azul-celeste, de alças finas,
longo, de costas nua e uma única fenda do lado direito. Perto dele, havia os
acessórios para usar com ele, como uma pulseira e brincos de diamantes e, claro,
uma sandália de salto alto na cor prata; E eu também posso ver minha mãe, que
não vejo há um ano, e a comida. Ela está maravilhosa.

O lado ruim, é que estou sendo obrigada a ficar fora do hospital por dois dias
inteiros. Para quem está estagiando é como se fossem dois anos sem fazer aquilo
que você mais gosta de fazer na vida.

Quase sem perceber, começo a balançar minha perna cruzada, enquanto observo
a agitação lá fora no jardim, sentada em uma das banquetas da grande ilha da
cozinha. Eu enfio minha colher de sobremesa na delícia de abacaxi e a levo para
a boca, em seguida, coloco a colher virada para baixo para lamber o que restou.
Faço isso algumas vezes, distraída, rindo quando alguém tropeça em seus
próprios pés na correria. Eu até chego a desejar que alguém pelo menos se corte
para que eu possa fazer alguma coisa que envolver cuidados médicos.

Egoísta e muito horrível da minha parte, eu sei, mas estou sem pegar em um
bisturi por mais de doze horas. É como estar num inferno, pelo amor de Deus!

— Cara, eu não gosto de ternos, sabe disso.

Dois caras, um aparenta ter uns vinte e dois anos e o outro pouco mais de
dezessete, entram na cozinha. Eles são bonitos e lembram o marido da minha
mãe. Hetor tem três filhos, então, esses devem ser dois deles. Nenhum nota
minha presença e fico feliz.

Não sou sociável e fico confortável assim.

O que aparenta ser mais velho vai até a geladeira e retira uma garrafinha de
água. — Você vai usar um, Lucca. — ele diz e sua voz é tão boa de se ouvir;
baixa, rouca, com um toque de coisas sujas… Seus lábios repuxam levemente de
lado, num sorriso cínico. Com a boca da garrafa quase encostando seus lábios
avermelhados, ele completa: — Se você quer mesmo ser um arquiteto em breve,
terá que se acostumar com ternos e gravatas. — então começa a beber sua água.

Eu acompanho, hipnotizada, cada movimento que seu pomo de adão faz, para
cima e para baixo; seus olhos, incrivelmente e puta-que-pariu!, azuis estão
olhando de forma divertida para o mais novo, Lucca, eu acho.

Ele é lindo. Alto, cabelos desgrenhados, lábios avermelhados, olhos azuis,
sorriso de matar, voz de molhar minha calcinha… Ele parece ter saído de um
livro de romance erótico.

Lucca bufa, revirando os olhos, tão bonito quanto ele, só que mais novo. —
Acredite em mim, Enzo, eu nunca usarei isso de livre e espontânea vontade. —
ele garante.

Enzo.
O nome dele é Enzo.

Bonito nome. Não tão bonito como seu dono é, mas ainda sim, bonito. Um nome
fácil de gemer.

Enzo ri, tampando a garrafa e devolvendo para a geladeira. — Claro, se você diz.

Deus, que voz!

Remexo-me o mais silenciosamente que consigo, sentindo minha calcinha
ensopando cada vez mais que meus olhos continuam sobre ele.

Será que ele é bom na cama?

Bom, eu não sei, mas eu gostaria de saber. Quem sabe um dia, certo?

Para minha surpresa, ele se vira para mim. Quer dizer, não para mim, mas na
minha direção. E sorri, um sorriso aliviado.

— Aqui está ela! — ele diz, começando a se aproximar.

Meu coração dispara, engulo em seco e fico sufocada com sua beleza.

Ele sorri para mim. — Você pode pegar essa caixinha atrás de você? — ele me
pergunta.

Eu levo um tempo para entender as palavras que saíram de seus lábios bonitos.
Eu sacudo a cabeça. — Ah… É… Claro. — desajeitada, eu alcanço uma
pequena caixinha de veludo, na cor vermelha, atrás de mim, e lhe entrego.

— Obrigado. — ele acena com a cabeça para mim e se vira para Lucca. —
Raquel me mataria se perdesse.

— Então, guarde-a. — Lucca sorri, zombando. Ele olha para mim e sorri quando
Enzo sai da cozinha. — Você deve ser Juliet, não é?

Abro a boca para responder, mas ainda estou muito afetada pela beleza do seu
irmão, então, fecho-a e apenas faço que sim.

— Bom, sou Lucca e aquele idiota que estava aqui é o Enzo. — ele se apresenta,
com um sorriso bonito. — Também tem o Giovanni, que você logo vai conhecer.
Helena fala muito sobre você.

Eu sorrio abertamente, mas ainda não respondo.

— Então, Juliet — ele se inclina sobre a ilha, olhando-me seriamente. —
Alguma dica para escapar do terno e gravata?

Ergo uma sobrancelha, divertida. — Que tal você usá-la durante a cerimonia e,
assim que a festa começar, você retira a gravata, desensaca a camisa e desabotoa
alguns botões? É sexy.

Os olhos azuis, de um tom mais escuros que o do Enzo, se arregalam com minha
ideia. Ele ri, genuinamente, aprovando e aponta para mim quando diz: — Eu
gostei de você, garota! — então sai correndo para fora da cozinha, deixando-me
sozinha, com seu irmão na cabeça.



●●●



O vestido cai bem no meu corpo magro. Não que eu precisasse vesti-lo para
saber. Mamãe sempre foi boa em comprar roupas para mim, sem mesmo me
fazer experimentá-las. A fenda do vestido, do lado direito, mostrava bem minha
perna e eu me perguntei se Enzo iria notá-la. Apesar de não ter realmente um
seio, aos vinte anos, de tão pequenos que eles são, eu optei por usar adesivos,
pois imaginei que assim que pusesse meus olhos sobre o enteado da minha mãe,
os mamilos apareceriam sob o tecido fino.

Eu paro diante do espelho, no quarto de hóspedes, e me pergunto se alguma vez
eu já estive pensando em um cara, como eu estou pensando em Enzo. O que é
insano, uma vez que eu o vi apenas uma vez, em toda minha vida. Eu tive alguns
namorados em minha adolescência, fiquei com outros quando comecei a
faculdade e, mesmo ficando e vendo eles o tempo todo, eu nunca tive uma
reação a eles, como estou reagindo a esse cara.

Sorrio radiante para minha imagem no espelho.

Acho que me apaixonei à primeira vista por você, Enzo.




●●●




O jardim da mansão estava lindo, repleto de flores brancas e pessoas elegantes.
Aparentemente, a elite do país inteiro estava presente hoje, o que prova que
Hetor Lazzari é um grande homem, com um nome poderoso.

Mamãe me colocou na primeira fila assim que cheguei. Com os olhos castanhos,
da mesma cor dos meus, brilhando, ela suspirou: — Você está tão linda,
querida… — ela tocou meu rosto, levemente maquiado por uma maquiadora
profissional. — Estou feliz que esteja aqui hoje. Estava com saudades. É uma
pena que você já esteja de partida amanhã e não teremos um tempo juntas.

Pego sua mão e beijo a palma pálida com carinho. — Teremos outra chance,
mamãe. Por agora, eu também estou feliz por ver você.

Eu não sabia antes, mas estou feliz por conhecer o primeiro homem por quem
me apaixonei… Eu não falei essa parte em voz alta, mas eu tenho a consciência
de que ela não vai demorar para descobrir.

Ela sempre descobre.


— Bem, olhe, lá vem o noivo! — ela diz, com orgulho na voz.

Eu sigo seu olhar e eu posso sentir meu coração caindo todo o caminho até o
chão.

Não. Não, não, não! Eu não me apaixonei por um cara que vai se casar!

Enzo está tão perfeito em um smoking feito sob medida para ele. O cabelo está
arrumado, penteado para trás, de uma forma sexy. Ele sorri, seu sorriso perfeito,
enquanto anda entre amigos e parentes, agradecendo toda vez que alguém lhe
parabeniza. Até seu andar é confiante, apesar de que ele parece um pouco tenso.

Ninguém pode culpá-lo por isso, certo? É o seu casamento, afinal. Todo mundo
em seu lugar ficaria tenso.

Instintivamente, eu sinto vontade de chorar. Eu não me lembro de me sentir da
forma que sentir quando eu pus meus olhos sobre ele. Foi apenas uma vez, mas
eu já estava fantasiando quando ele me visse nesse vestido bonito. Eu até soltei o
cabelo e deixei que me maquiassem, e eu quase nunca faço isso.

Quando ele se aproxima, ele não me olha, mas sorri para minha mãe. — Então,
como eu me pareço agora? — ele pergunta, abrindo os braços para que ela o vejo
por completo.

Eu perco o fôlego quando olho para os olhos dele.

Mamãe toca seu rosto com carinho, da mesma forma que faz comigo. — Você
parece com um homem, querido. — ela diz para ele. — Um homem bom e
bonito.
Eu dou tudo de mim para não gemer na frente deles.

Bonito é uma palavra muito pequena para descrever a beleza dele, mamãe.

Ele sorri amplamente para minha mãe, devolvendo seu carinho, quando um de
seus amigos enrosca um braço em volta do seu pescoço, pedindo licença para
minha mãe e o arrasta para longe.

— Espera um pouco, cara. Você vai me desarrumar todo. — Enzo reclama, mas
ele está sorrindo, se divertindo. Toda sua tensão se foi nesse momento.

Mas não a minha. Sento-me em meu lugar e aperto uma mão na outra. Oh, Deus.
Eu estou atraída por um cara que está prestes a se casar. E todos parecem muito
felizes com isso.

Ele está muito feliz com isso. Ele deve amá-la de verdade para casar aos vinte e
dois anos, eu acho. Não sei ao certo sua idade. É isso, ou ele engravidou a garota
e os pais dela o obrigaram a se casar com ela. Mas ele não sorriria dessa forma,
nesse último caso.


A cerimônia segue, a noiva tem uma entrada triunfal, em um belo e
deslumbrante vestido branco, provavelmente mais caro que qualquer coisa nesse
lugar. E ela é linda. Tão linda quanto ele é. Ele tem longos cabelos castanhos,
olhos castanhos claros e grandes; tem um sorriso largo, e as maçãs de suas
bochechas saltam quando ela sorri; o decote do vestido mostra claramente que
seus seios são fartos, ao contrário dos meus que são tão minúsculos, que eu
duvido que alguém os chame de seios. Eles formam o casal perfeito: lindos,
educados e ricos.


Quando o juiz declarou que o noivo poderia beijar a noiva, eu perdi um
pedacinho do coração. Tentei desviar o olhar, mas estava tão hipnotizada com a
forma que ele olhava para ela: como se ela fosse a mulher mais linda no mundo
inteiro.

E ela, de fato, era.

No momento em que eles separaram os lábios, ela olhou em minha direção e
sorriu, tão largo, que suas maças saltaram coradas.

Eu sorri, fracamente, de volta, porque eu não sou capaz de esconder me coração
partido. É ridículo, porque acabei de conhecê-lo, mas não é assim que acontece o
tal “amor à primeira vista”? Você olha, seus olhos se encontram, e então, você
está apaixonada pelo resto da sua vida, mesmo se casando com outra pessoa e
tendo vários filhos?

Bom, eu me apaixonei à primeira vista pelo seu marido, Raquel.

E isso foi meu fim.

CAPÍTULO UM – JULIET



Concertar corações e salvar vidas. É o que eu costumo fazer. É o meu trabalho.

Eu conserto corações de pessoas que vêm até mim para que eu as conserte. E eu
faço com a maior facilidade. Para mim, pegar um coração nas mãos, costurá-lo,
trocá-lo ou até mesmo ressecar tumores dentro de caixas torácicas é como um
ato de pintar um desenho para uma criança.

Mas só apenas quando eu estou tratando com pessoas que não sejam eu mesma.
Comigo é diferente. Eu não consegui evitar que meu próprio coração fosse se
quebrando aos poucos, cada vez que eu lembrava dele ao longo dos oito anos.

Eu mergulhei nos estudos, me concentrei em ser uma das melhores cirurgiãs
cardiotorácica da Inglaterra, em seguida, subi ao ranking e fiquei em décimo
primeiro lugar entre as melhores e mais procuradas cirurgiãs cardíacas do
mundo, com apenas vite e nove anos, depois de realizar um estudo sobre
congelamento de corações. Eu namorei ou apenas transei com alguns caras,
também, e tudo isso tentando esquecer a imagem dele, que insistiu em ficar
grudada na minha mente desde o dia em que coloquei meus olhos nele.

No dia de seu casamento.

No dia em que meu coração se partiu pela primeira vez, quando descobri que ele
era o noivo.

Mas foram oito anos, e de alguma forma, eu cheguei a acreditar que essa
obsessão era coisa da minha cabeça; Que eu não sentiria mais nada quando eu o
visse outra vez.

Porém, eu estava errada.

Estou de frente para ele agora, vendo-o conversar com um dos convidados do
seu pai, com as mãos casualmente enfiadas nos bolsos de sua calça preta. E meu
coração perde mais um pedacinho quando meus olhos absorvem sua beleza
inquietante. Seus cabelos estão mais longos que da última vez, assim como a
barba que toma conta de seu queixo e mandíbulas. Ele parece mais velho,
também, e não é porque se passaram oito anos e ele tem trinta e um agora.
Embora sua postura esteja perfeitamente ereta, como de costume, ele parece
cansado.

E seu sorriso… Ele não apareceu em nenhum momento em que eu estive
olhando para ele. E eu lembro de ter amado seu sorriso, antes mesmo de começar
amar ele por inteiro.

— Se passaram tantos anos, mas você ainda é uma menina apaixonada. — a voz
suave da minha mãe soa calma, porém, com um toque de diversão.

Só ela, além da minha melhor amiga, sabiam sobre meu encantamento pelo filho
mais velho de seu marido.

Eu suspirei um sorriso, piscando para ela, e balancei minha cabeça, negando. —
Não, eu não sou. Estou apenas olhando todas essas pessoas desconhecidas.

Mamãe sorri divertida, quando se inclina e beija minha bochecha. — Oh, sim.
Sei… — Ela passa sua mão pelos meus cabelos, ajeitando-os por trás de minha
orelha. Seu sorriso é carinhoso, assim como seu olhar, quando ela segura
suavemente um lado do meu rosto. — Estou feliz que esteja aqui, querida.

— Eu também estou. — Eu digo, segurando sua mão, e inclinando meu rosto
contra ela.

Eu sentia falta do carinho dela, de seu cheiro, sua voz, seus conselhos. Sentia
falta de tudo, desde que ela resolveu vir morar com seu novo companheiro, e eu
tive que ficar na Inglaterra por causa da faculdade. Eu ainda vivia em nossa casa,
com todas suas coisas ainda lá, mas não era a mesma coisa que tê-la em casa
todos os dias; De vê-la quando chegasse em casa, depois de um dia cansativo no
hospital; De comer sua comida.

Eu tinha vinte anos quando ela veio para os Estados Unidos, mas eu me senti
como se tivesse apenas doze. Eu tinha que ligar quando tinha que colocar roupas
para lavar, ou quando eu inventava de cozinhar, mas não sabia como, ou quando
algum cara me chamava para sair, e eu não sabia se dizia sim ou não.

Mamãe se afasta um passo apenas para me olhar de corpo inteiro. Eu havia
chegado a apenas três horas, e tinha ido direto para o hotel, – contra sua vontade
– então, ela ainda não tinha me visto, até agora. — Você está tão magrinha… —
repreendeu ela, torcendo os lábios em desgosto.

Não pude evitar sorrir, e a puxei para um abraço forte, de verdade. Quando me
afastei, passei meus polegares abaixo de seus olhos, limpando as lágrimas que
resolveram aparecer por ali. — Mamãe, você não precisa chorar! — Eu disse,
sorrindo. — Eu sou uma cirurgiã. Eu passo mais tempo dentro de uma sala de
cirurgia, do que eu passo fazendo qualquer outra coisa. É normal que eu esteja
mais magra que antes, quando eu era apenas uma estudante.

Ela toca minha cintura em ambos os lados, como se tivesse me medindo. — Mas
você precisa se alimentar, Juliet!

— E eu tento, eu juro! — Eu digo e pego seu rosto entre as mãos, abaixando
minha cabeça para beijar sua bochecha. — Quando eu não consigo fazer algo
que preste na cozinha, eu peço em algum restaurante próximo. Mas isso é
quando eu consigo, pelo menos, seis horas de folga. No hospital eu preciso me
contentar com torradas e cafés. Muitos cafés.

Ela me olha com reprovação, mas acaba suavizando e sorri, quando eu ergo uma
sobrancelha brincalhona para ela.

Por instinto, meus olhos voltam a percorrer a grande sala dos Lazzari, até que se
chocam novamente nele.

Ainda está conversando com o mesmo homem de antes, mas o grupo aumentou,
com seus irmãos e mais alguns senhores de meia-idade. Quando seu irmão mais
novo, Lucca, segura em seu braço e se inclina para falar em seu ouvido, Enzo
abaixa o queixo e franze as sobrancelhas para ouvir, enquanto seu olhar está em
algum ponto no chão. Ele ouve atentamente o que seu irmão está dizendo, em
seguida, ele acena com a cabeça, confirmando alguma coisa e volta a ficar com a
postura ereta.

— Como ele está, mãe? — Eu me pego querendo saber. Eu não preciso
especificar quem, porque ela sabe muito bem.

Eu soube que há onze meses, ele perdeu sua mulher em um acidente de carro.
Um lado egoísta e muito ruim meu ficou animado e feliz, por saber que ele
estava livre, mas o outro lado – o bom e protetor – ficou arrasado por ele.
Mesmo querendo vir para o enterro, eu não pude, pois tinha várias cirurgias para
fazer. Mas eu estava sempre ligando e mandando mensagens para minha mãe,
querendo saber como ele e sua filha estavam.

A resposta era sempre a mesma: Destruídos. Arrasados.

E toda vez que eu fechava os olhos e imagina ele dessa forma, algo dentro de
mim enlouquecia, e eu só queria chorar por ele.

Houve um suspiro do meu lado, quando minha mãe seguiu meu olhar. — Ele
está na medida do possível. — diz ela, com uma voz triste. — Não há mais
aquela luz de antes. Ele mal sorrir agora, a não ser quando está diante de Mia.
Talvez porque não quer que ela fique triste, eu não sei… Apenas está sendo,
claramente, difícil de superar.

Eu aceno distraidamente, antes de desviar meus olhos dele e focar em meus pés.
Eu sei que deve estar sendo bastante difícil para ele, porque eu tenho que lidar
com a perda o tempo inteiro dentro do hospital, e muitas das vezes, eu que dou a
notícia aos parentes. Então sim, eu sei o quão difícil está sendo.

E lá se foi mais um pedacinho do meu coração.

Mas eu levanto a cabeça e forço um sorriso para minha mãe. — Certo. Mas você
precisa me apresentar as pessoas novas dessa família. — Eu digo, e estendo a
mão para pegar uma taça de vinho na bandeja de um garçom que está passando
por nós. — Eu soube que Lucca e Giovanni se casaram. E, meu deus, ambos têm
filhos agora?







●●●







Mais tarde, no quarto de hotel, eu tento relaxar meu corpo em um banho de
banheira, logo depois, falo ao telefone com meu pequeno Jax. Eu precisei deixá-
lo em Londres por causa das aulas, mas me certifiquei que alguém estivesse com
ele em casa, quando ele chegasse.

Ele odiou, claro. Insistiu várias e várias vezes que tinha idade o suficiente para
ficar sozinho, e que eu ficaria velha rápido se não parasse de me preocupar tanto.
Ele até teve a ousadia de dizer que estava vendo cabelos brancos em mim!

E ele só tem quatorze anos!

Após ter a certeza de que ele estava bem, eu me enrolei no roupão supermacio
do hotel e me deitei na espreguiçadeira do lado de fora do quarto. Eu gostava e
era acostumada com o frio e a chuva constante de Londres, mas eu também
gostava muito da brisa de verão da Califórnia. Eu poderia ir a noite tomar um
banho de praia, e não ficaria com o frio que eu fico em Londres só de tomar
alguns chuviscos leves de chuva.

Eu me ajeito na espreguiçadeira e fecho os olhos. Imagens de Enzo começam a
passar em frente aos meus olhos, como slides lentos, e preguiçosos. Sua barba
por fazer, seu maxilar duro, assim como sua expressão, seus olhos azuis
desbotados, o modo que seus cabelos agarram em sua nuca…

Deus, ele conseguia ficar perfeito até em seus piores dias!

Eu estou toda derretida sobre a cadeira, e ele nunca sequer olhou para mim por
mais de dez segundos; tampouco, nos vimos por mais de três vezes.

Uma vez quando eu o vi pela primeira vez, um dia antes de seu casamento.

Outra no dia de seu casamento.

E outra hoje.

Eu apenas o via às vezes em blogs e revistas, depois disso. Apenas quando ele
permitia que fotografassem ele ou quando saía alguma matéria sobre grandes
empresas pelo mundo.

E eu o mantive em minha cabeça por todos esses anos. Eu nem sei se ele sabe
realmente quem eu sou, uma vez, que a única vez em que nos falamos não foram
mais que sete palavrinhas de sua parte, e uma palavra da minha.

Mas aqui estou eu. Uma mulher de vinte e nove anos, com uma carreira que dá
inveja a muitas pessoas por aí, e suspirando apaixonadamente por um homem
que há onze meses não via outra mulher em sua frente, que não fosse sua esposa.

Resumindo: Eu sou um caso perdido.






●●●





No dia seguinte, eu acordei às sete horas e fui ao hospital UCLA Medical
Center para conhecer o paciente pelo qual eu precisei vir até aqui. Eu passei a
[1]

manhã inteira me inteirando sobre seu caso com seu antigo médico.

Na hora do almoço, eu mandei uma mensagem para que minha mãe me
encontrasse em um restaurante de comida local, a duas quadras do hotel em que
estou hospedada. Ela chega em um SUV preto, e um homem de terno, com
postura de um militar, abre a porta traseira e a ajuda sair.

Sorrindo, eu coloco minha água de lado enquanto assisto ela vir até mim, toda
“senhora Lazzari” em vestido amarelo e salto alto, porém, confortável.

— Olha só… — eu comecei, provocando-a quando ela se sentou em uma cadeira
do outro lado da mesa. — aquilo foi um motorista, mãe?

Ela olhou para trás, para onde seu motorista estava, profissionalmente, encostado
contra o grande carro, e então se voltou para mim com um sorriso um pouco
envergonhado. Ela bufa. — Sim. Hetor faz questão que eu tenha um.

— Bom. Porque eu estava tentada a carregar você de volta para Londres, mas
vejo que Hetor está lhe tratando como a rainha que é.

Eu pisco, sorrindo para ela, e aceno para um garçom. Peço uma salada, com
batatas fritas e um suco de laranja com pouca açúcar, ignorando o olhar feio que
minha mãe está me enviando.

— Venha jantar hoje conosco. Hetor quer vê-la melhor. — Mamãe diz, quando o
garçom se afasta com nosso pedido. — E assim poderá comer comida de
verdade, saudável.

Suspirando, eu puxo meu cabelo para cima do ombro e olho para ela, com um
sorriso. — Eu adoraria. Ontem não deu para falar com ninguém, com tantas
pessoas circulando por lá.

Ela me oferece um sorriso largo, radiante e animado. — Ótimo. Todos estarão
lá… todos.

Meus lábios se espremeram um no outro em uma linha fina quando peguei sua
sugestão. — Pode parar, mamãe. — Eu pedi, ignorando as borboletas em minha
barriga que começaram a sapatear, alegremente. — Se eu for para esse jantar,
com certeza, não será por causa do Enzo. Não faz nem um ano que ele perdeu a
mulher ainda.

Minha mãe acena com a cabeça, mas seu sorriso ainda está lá, com um toque
malicioso sobre ele. Ela não está desistindo assim tão fácil. Eu a conheço. Ela
tem a mesma expressão que tinha pouco antes da minha formatura, quando
botou na cabeça que eu deveria ir com Chad Michael, o garoto mais popular da
escola e minha paixão de adolescente. Eu pedi pra ela deixar para lá, porque,
provavelmente ele iria com Emma Reese, a garota mais popular, mas minha mãe
não ficou quieta, e eu acabei no baile ao lado de Chad.

Foi a noite mais feliz da minha adolescência, mesmo que no meio da noite,
Emma e suas amigas conseguiram derramar bebida em meu vestido.

O lado ruim? Eu precisei voltar para casa mais cedo.

O lado bom? Chad me ofereceu seu casaco e voltou para minha casa comigo.
Nós terminamos a noite lá, no telhado da minha casa, tomando chocolate quente
e olhando as formas que as estrelas faziam.




CAPÍTULO DOIS – JULIET




Eu precisava estar na casa da minha mãe dentro de uma hora, mas ainda não
tinha nem começado a me vestir. Eu não tinha roupa para um jantar. Não havia
trazido nada além de algumas roupas básicas para ir ao hospital, o vestido que
usei na noite passada, e um macacão de tecido, na cor preta. Eu olho para ele,
espalhado sobre a cama do hotel enquanto coço minha mandíbula. É minha
única opção, na verdade. É ele, ou o vestido que eu já havia usado lá, ou um par
de jeans. Eu realmente não tenho que pensar muito, então, eu retiro meu roupão
e visto o macacão.

Ele é longo, cintura alta e com alças fininhas. Ficava bom no meu corpo magro e
eu não precisava usar sutiã, uma vez que meus seios eram minúsculos e o
macacão fazia bem o trabalho de escondê-lo.

Eu também não tenho muitas opções de sapatos, então eu calço a mesma
sandália alta que usei ontem, assim como a esma pulseira grossa. Eu deixo meus
cabelos soltos e faço uma maquiagem para noite e um batom vermelho. Quando
termino, eu me olho no espelho e meu nariz se enruga. Eu só preciso de
maquiagens e saltos altos quando tem algum evento médico para ir. Até quando
eu tenho que ir na escola do Jax, eu apenas prendo meu cabelo em um rabo de
cavalo e visto um par de jeans.




Quando eu desço do táxi em frente a mansão Lazzari, eu sou um poço de
nervosismo. É necessário que eu conte até dez antes entrar na casa.

Já estão todos lá. E minha mãe não estava brincando quando disse “todos”,
porque realmente estavam.

Eu cumprimentei um por um com um beijo no rosto, menos Enzo. Ele estava
distante de todos, sentado em uma poltrona perto da parede de vidro com vista
para os jardins. Ele estava inclinado para frente, com os cotovelos em seus
joelhos, enquanto balançava sua mão para mexer o uísque em seu copo, e tudo
que fez foi olhar para mim por alguns instantes. E eu prendi a respiração nesses
mínimos segundos.

— Espero não ter me atrasado. — Eu digo, forçando um sorriso quando minha
garganta fica seca. Eu sento ao lado da minha mão, e carinhosamente, ela segura
minha mão. Olho para ela, agradecendo. Estava tão nervosa por estar tão perto
dele…

— Ora, non ti preoccupare. — Alessa, que era só uma menininha quando a
conheci, sorri para mim. — Ainda estamos esperando por alguém.

Lucca se levanta em um pulo quando um menininho rechonchudo vai
engatinhando para baixo do centro da sala. — Por aí não, filhão! — Ele pega o
menino em seus braços e olha para mim. — Na verdade, você chegou cedo. Do
jeito que o Ethan é, nós vamos jantar de meia-noite.

Sorrio um suspiro aliviado. Eu estava tão ciente de que Enzo estava bem atrás de
mim, que eu estava sentindo minhas mãos tremerem. Meu corpo, assim como
minha mente, estava em alerta. Eu tinha a noção de que bastava mover minha
cabeça para o lado, na direção de Alessa, e eu seria capaz de visualizá-lo com
minha visão periférica.








A conversa se manteve tranquila enquanto jantávamos. Eram conversas
aleatórias. Em sua maioria sobre as crianças. Enzo não falou sequer uma palavra;
Ele apenas estava sentado lá, comendo e, vez ou outra, ele ajudava Mia a cortar a
carne.
— Então, Juliet — Hetor chamou. — soube que você veio de tão longe apenas a
trabalho.

Eu acenei enquanto limpava minha boca com o guardanapo, em seguida, o
devolvi para meu colo. — Sim. É a verdade, infelizmente. — Eu digo. — Se
trata de um menininho que não tinha condições de viajar, então, a UCLA me
chamou aqui. O lado bom, é que eu pude ver minha mãe e vocês, claro.

— Mas o que exatamente você veio fazer nesse menininho? — Melissa, a esposa
do Lucca, perguntou.

— Um transplante de coração. — Eu respondo. Eu estou tentando olhar
diretamente para ela, e ignorar que Enzo está bem do seu lado esquerdo. — No
caso dele é um procedimento raro ainda, mas eu já o fiz três vezes em Londres.


Melissa acena, com curiosidade, mas antes que ela possa falar qualquer outra
coisa, a zoada do arrastar de uma cadeira contra o piso soa e Enzo se levanta. Eu
engulo em seco após o pequeno susto e olho para baixo, para meu prato, porque
eu, simplesmente, não posso olhar em sua direção agora.

— Desculpem. Eu preciso de um pouco de ar. — Ele diz, com sua voz tão bonita
e baixa.

E eu tremo.

Eu, literalmente, tremo.

E então eu estou batendo meus indicadores contra meus talheres, sentindo meu
rosto inteiro esquentar. Eu só conseguia pensar em como seria melhor para
minha sanidade eu ter ficado no hotel. Eu teria estado melhor lá. Eu pediria
alguma comida e estudaria mais os exames do meu paciente, até umas onze da
noite, quando eu poderia ligar para minha casa em Londres e pegar o Jax
acordado com uma videochamada, antes que ele saísse para a escola.

Mas não. Em vez disso, eu escolhi aceitar o convite da minha mãe e aqui estou
eu, sentada na mesa da nova família da minha mãe e, por algum motivo, me
sentindo culpada pelo silêncio que se estabeleceu sobre a mês agora.

Eu olho para minha mãe quando eu ouço os passos pesados – que eu presumi ser
do Enzo – começarem a sumir e ela me oferece um olhar carinhoso e
preocupado. Ela era o principal motivo de não estar arrependida cem por cento.
Eu queria passar mais tempo com ela e não seria uma paixãozinha absurda de
oito anos atrás que estragaria isso.

Após alguns instantes, eu retirei o guardanapo do meu colo. — Eu posso usar o
toalete? — Eu preciso me inclinar na direção da minha mãe, para que a pergunta
saia apenas para ela.

— Claro. Você ainda lembra onde fica?

Eu confirmo com um sorriso, tentando tranquilizar seu olhar preocupado e peço
licença a todos antes de sair.

No banheiro, eu passo uns instantes me olhando o grande espelho. Meu rosto
estava bastante corado, do jeito que imaginei. Era exatamente a forma que eu
fiquei as poucas vezes que estive perto dele. Eu não queria estragar a
maquiagem, então eu molhei minha mão e toquei meu pescoço. Ele estava um
pouco suado pelo nervosismo. Eu faço o mesmo com minha nuca, afagando um
pouco para aliviar a tensão. Quando termino, enxugo com lenço de papel e saio
para o corredor.

Eu estava fechando a porta quando uma figura alta em uma varanda chamou
minha atenção.

Era ele.

Ele estava lá, a uns sete ou oito passos de mim. Ele estava de costas, no entanto,
com as mãos enfiadas nos bolsos da calça, e sua cabeça levantada levemente
para cima, como se ele tivesse olhado para o céu. O vento sopra bagunçando
seus cabelos e traz o seu perfume para mim.

E, novamente, eu tremi.
Ele estava tão longe, mas cheirava tão bem. Eu queria poder chegar mais perto e
enfiar meu nariz em seu pescoço e sentir melhor. Ele se moveu um pouco para
frente, segurando na grade da cerca e abaixou a cabeça, deixando-a entre os
ombros largos.

— É o primeiro jantar em família sem a Raquel.

Eu tomo um pequeno susto quando a voz baixa de Alessa soa atrás de mim. Eu
me viro para vê-la de braços cruzados, olhando na direção da varanda, sua esta
franzida em preocupação.

Ela olha para mim e me oferece um pequeno sorriso, quase que se desculpando.
— As pessoas disseram que ele superaria com o tempo e ele estava indo bem,
mas então hoje a Mia lhe perguntou o por quê que a Pérola e o Ben estavam com
suas mamães e ela não.

Eu observo suas costas e vejo quando ela tensiona levemente quando ele balança
a cabeça, retirando o cabelo do rosto. Eu posso sentir meu peito se apertando. Eu
odeio tanto saber que ele está sofrendo.

Ele não merece isso. Ninguém merece.

— Ela era sua mulher e mãe de sua filha. — eu falo baixinho para Alessa. — O
tempo pode fazê-lo se acostumar com a dor, não superar. É óbvio que ele a
amava demais. Ninguém nunca supera uma perda assim.

Meu peito apertava mais a cada palavra que saía da minha boca. Eu tinha a
noção de que o homem do qual eu estou – de alguma forma desconhecida –
sentindo algo, nunca me veria, ou a qualquer outra mulher, da mesma forma que
via sua esposa. Eu nem sabia o motivo pelo qual eu me apaixonei por ele. Nós
moramos tão longe um do outro e, por mais que eu passei esses oito anos com
ele na minha cabeça, eu imaginava que era apenas uma paixãozinha idiota, um
tesão reprimido, já que o homem é um deus italiano, que grita “sexo” em cada
movimento seu.



CAPÍTULO TRÊS – JULIET



Quando voltei para o hotel, após o jantar, eu estava mentalmente exausta, e ainda
um pouco nervosa. Eu troquei minhas roupas por uma mais confortável e
procurei ocupar minha mente.

No caminho de volta, no banco de trás de um táxi – do qual eu precisei insistir
para pegar, meus pensamentos insistiam em voltar para Enzo. Eu via seu rosto
com a expressão perdida enquanto ele jantava, o olhar vazio que ele me dirigiu
quando cheguei, o modo em que seu corpo estava tenso naquela varanda…

É o tipo de coisa que eu jamais poderei mudar. Talvez, até nunca terei uma
chance de tentar.

Eu sou apenas a garota, filha da esposa de seu pai, que apareceu uma vez, justo
no dia de seu casamento, em seguida, no primeiro jantar em família sem sua
esposa.

Nada vai tirar da minha cabeça que, por algum motivo, foi minha culpa ele ter se
levantado daquela mesa.

Meu peito ainda está um pouco pesado quando eu me sento de frente para meu
computador e chamo por Jax. São onze horas aqui em Los Angeles, o que
significa que já está quase na hora dele sair para escola em Londres.

Ele aparece já tomado banho, mas seu cabelo ainda está uma bagunça molhada.
— Oi, J1. — Ele diz enquanto coloca alguns livros dentro de sua mochila.

— Ei, J2. — eu sorrio, o peso do meu peito diminuindo na medida em que meus
olhos permanecem nele através da tela do computador.

Eu tenho criado Jax desde que ele tinha apenas nove anos. Sua mãe era minha
melhor amiga de infância. Nós fazíamos tudo junto, até decidimos fazer a
mesma faculdade para não nos separarmos. Estava tudo ótimo. Tínhamos
empregos bons, no mesmo hospital e quando minha mãe veio para a América,
ela se mudou para minha casa. Até que há pouco mais de cinco anos, ela sofreu
um acidente – bem parecido com o da Raquel, e morreu de traumatismo
craniano. Como o pai de Jax nunca procurou por ele, eu era a pessoa mais
próxima, então eu o assumi e venho cuidando dele desde então. Apesar de que
nossa relação é parte mãe e filho e parte irmã e irmão, eu o amo como um filho.

J1 e J2 é uma coisa apenas nossa, já que nossos nomes começam com J.

Jax fecha a mochila e a coloca para baixo, então ele pega sua caneca de vitamina
e a leva para boca. — Eu achei que você não ligaria hoje. — Ele toma mais um
gole de sua vitamina e pisca os olhos negros para mim.

Eu ajeito minhas pernas sob meu corpo. — Não deixaria de ligar, sabe disso.
Não consigo dormir sem antes saber como você está.

Ele revira os olhos, divertido. — Tirando o fato de que tenho uma babá, eu estou
bem. — diz. — Eu tenho estudado para as provas na semana que vem, mas…

Arqueio minha sobrancelha quando vejo que ele hesita. — Mas…?

— Mas, convidei uma garota para sair na sexta a noite. Vamos ao cinema. — Ele
para me olha com expectativas. Muitas delas. — Se você deixar, claro.

Eu fui pega de surpresa. Eu abro a boca para falar, mas a fecho em seguida, e
então eu solto uma pequena e silenciosa exclamação, um pouco chocada. Eu
tinha noção de que ele estava crescendo, mas não imaginava que ele pediria para
sair com uma garota aos quatorze anos. — Eu acho que por mim… tudo bem!?
— Eu digo, ainda um pouco surpresa. — Apenas tome cuidado e volte para casa
antes das dez, por favor.

E o que acontece em seguida é um dos motivos pelo qual eu faço de tudo por ele.
Ele sorri. Ele sorri e seu sorriso é o mais lindo que eu já vi em um menino tão
jovem. A forma como sua covinha única na bochecha direita se afunda, e faz
imaginar quantas garotas irão se derreter por esse sorriso no futuro.
Jax se inclina pra pegar a mochila e a pendura sobre o ombro. — Certo, J1. Eu
mando mensagem para você saber que horas eu saí e que horas vou chegar. —
Ele pisca um olho para mim. — Você vai ligar amanhã?

— Pode apostar que sim. — Eu digo, sorrindo pra ele. — Tenha um bom
encontro e, por favor, Jax, penteia esse cabelo antes de sair para a escola.






●●●






— Dra. Harret?

Eu levanto os olhos do meu tablet e vejo um médico se aproximando. Eu mudei
meu peso de perna e observei enquanto ele caminhava. Ele aparenta ter uns
trinca e dois a trinta e três anos. Seus cabelos eram de um tom louro queimado e
os olhos eram pequenos e verdes. Quando para em minha frente, ele me oferece
uma mão.

— Sou Peter Anderson, chefe da plástica. — Ele está sorrindo para mim, e eu
não posso deixar de notar que é um sorriso bonito. Ele é um homem bonito. Ele
também é alto; Pelo menos uma cabeça mais alto que eu.

Eu pego sua mão e balanço. — Prazer em conhecê-lo, dr. Anderson.

Seu sorriso bonito amplia enquanto ele mantém seus olhos nos meus. — Peter,
por favor. — Ele pede. — Seremos colegas de trabalho por um tempo, certo?

— Um mês. — Eu esclareço. — E você pode me chamar pelo primeiro nome.

— E qual seria? — Ele ainda não largou minha mão, mas eu não estou fazendo
nenhum movimento também.

— Juliet.

Um brilho divertido toca seus olhos verdes. Ele alça uma sobrancelha e minha
boca se abre em um “O” quando percebo que ele está brincando comigo. Eu ri.
— Desculpe, não pude evitar. Você é Juliet Harret! Eu acho que todos aqui
conhecem bem você. Especialmente, eu.

Eu faço minha melhor expressão de surpresa. — Oh. Então você é um fã meu?

— Eu não disse isso. — Peter olha o relógio em seu pulso, em seguida, ele toca
meu braço, em um ato de despedida. — Tenho cirurgia agora, mas, se quiser,
podemos tomar um café mais tarde. Adoraria saber como você pensou no lance
de congelar corações.

Sorrio e confirmo com um aceno de cabeça. — Eu adorarei contar para você, em
detalhes, dr.




Duas horas mais tarde, eu tenho meu celular na mão enquanto espero a ligação
do hospital onde se encontra o meu doador. Eu estou andando pela emergência
do hospital, ansiando pelo telefonema, quando vejo uma menininha de cabelos
claros, muito familiar, sentada em uma das camas.

Preocupada, eu me aproximo. — Mia, o que houve? — Eu pergunto, mas não é
preciso ouvir sua resposta.

Quando ela se vira para mim, eu vejo o corte no topo de sua testa. Há sangue
escorrendo pela sua têmpora, bochechas e pescoço.

— Cristo! O que aconteceu? — Eu pego seu rosto pequeno em minhas mãos
para examinar a profundidade do corte.

Não é tão fundo, para meu alívio, mas vai precisar de pontos.

— Eu estava na piscina e escorreguei. — Ela responde. Ela está calma, sem
chorar, o que é uma coisa boa. Geralmente as crianças choram horrores quando
se machucam, mas pelo visto, não ela.

Eu pego o kit de suturação da enfermeira que veio atendê-la e digo que eu
mesma farei. Eu puxo um banquinho e sento-me de frente para ela. Enquanto eu
coloco as luvas, eu lhe ofereço um sorriso para logo depois desmanchá-lo. —
Quem te trouxe, Mia?

Ela aponta para o outro lado da sala, onde uma jovem está assinando os papéis,
de forma muito nervosa. — Treena. Papai a deixa cuidando de mim.

Tentando ignorar as borboletinhas em minha barriga, eu sorrio de forma mais
carinhosa possível. — Tudo bem. Você se lembra de mim, certo? Sabe quem eu
sou?

Ela assente. — Você é a filha da minha vovó. Eu vi você ontem.

— Isso. Meu nome é Juliet. — Eu pego o algodão e a água. — Olha, eu vou
limpar todo esse sangue e depois, nós vamos fechar esse corte, tudo bem?

Ela me olha desconfiada. — Vai doer?

Sacudo a cabeça. — Prometo que não. — Começo a limpar o sangue com
cuidado. Minha garganta está coçando para lhe fazer a pergunta, mas estou
procurando uma forma de fazer isso, sem demonstrar o quanto me afeta, mesmo
ela sendo apenas uma criança de sete anos. Eu jogo o algodão usado em uma
lixeira próxima. — Seu pai já está sabendo?

Ela encolhe levemente os ombros. — Treena disse que ligaria pra ele. Você acha
que ele vai ficar bravo?

— Não foi culpa sua ter escorregado, querida. As crianças costumam cair
bastante, em várias circunstâncias.

— Eu sei, — ela diz, mas sua voz abaixa alguns tons, como se ela quisesse que
apenas eu escutasse. — mas eu não quero que ele fique bravo comigo.

— Ele não vai ficar. — Eu olho em seus olhos, garantindo isso.

Eu estou prestes a terminar a sutura quando Enzo entra na emergência, como se
fosse o próprio furacão. Ele corre até nós, com uma expressão beirando o
apavoro. Ele segura o rosto pequeno de sua filha nas mãos, analisando os pontos,
mas só quando Treena se aproximou, ele se expressou: — Aonde você estava,
que não viu isso acontecer?

A mulher se encolheu, como qualquer pessoa em seu lugar faria, devido ao olhar
duro de Enzo neste momento. — E-eu sinto muito, senhor. Eu apenas fui pegar
um copo de suco para ela-
— Eu tenho quinze pessoas trabalhando na minha casa por um motivo! — Enzo
gritou, interrompendo-a e assustando a todos no local.
Inclusive eu.
Eu olhei chocada ao redor, vendo os pacientes e algumas enfermeiras e médicos
olhando para nós, até que vi sua filha com olhos arregalados. — Enzo, você
precisa se acalmar. — Eu digo pra ele enquanto retiro minhas luvas. — Está tudo
bem agora. Foi só um corte.
Ele se vira e olha para mim.
Sim. Ele olha para mim. De verdade. Seus perfeitos, incríveis e quase
insuportáveis olhos azuis estão fixados em mim agora. Nos meus olhos, no meu
rosto. Em mim.
O meu coração bobo pulou algumas batidas e meu interior esquentou, mas por
fora eu estava com minha expressão profissional.
— Juliet? — Ele parecia surpreso quando pronunciou meu nome, mas eu não me
importei porque eu adorei o modo como soou saindo de sua boca.
Soou quente. Ou pelo menos, foi o que eu achei.
Eu acenei e joguei as luvas fora. — Sim. Eu mesma cuidei dela, não precisa se
preocupar. Acidentes acontecem.
— Acidentes matam pessoas. — diz ele, ríspido.
Eu sei que ele está se referindo ao acidente que matou sua esposa, então eu me
arrependo de ter dito aquilo. Eu passei oito anos para falar com ele novamente, e
quando eu faço, não é uma coisa boa.
Puxei uma respiração e coloquei minhas mãos dentro dos bolsos do meu jaleco
quando forcei meus olhos a encontrarem os seus, e vi algo negro lá, se
misturando com a tempestade azul. — Escuta, eu entendo, tudo bem? Eu tenho
um menino de quatorze anos em casa, então eu sei o que é isso. Mas eles são
crianças e crianças se machucam o tempo todo. É da natureza deles. A sua filha
teve apenas um pequeno corte na testa, que eu já resolvi. Ela nem chorou. — Eu
olho brevemente para Mia e pisco um olho para ela. — Ela estava apenas com
medo de que você ficasse bravo. — Eu completo.
Seus olhos aliviam um pouco e ele continua me encarando.
Eu sou capaz de ouvir os batimentos do meu coração através da veia pulsando
em meu pescoço, mas eu não desvio meus olhos. Eu apenas luto para ele não
notar o quanto ele me afeta.
Após alguns instantes – que mais parecem um milênio – ele assente duramente e
retira os olhos dos meus e passa ambas as mãos pelo rosto e cabelos. Ele suspira
pesado e, em seguida, ele me faz prender minha respiração quando toca meu
braço e deixa sua mão lá por uns segundos quando diz: — Me desculpe, eu acho
que perdi a cabeça. Obrigado por ter cuidado da Mia.
Eu forço um sorriso amarelo, meus olhos um pouco arregalados, cientes do
formigamento em meu braço, no local onde sua mão estava. Eu fico parada em
meu lugar, com o ar preso na garganta enquanto vejo ele pegar Mia no braço.
Ele olha para mim uma última vez, olhando bem nos meus olhos, e acena em
despedida. Então eu vejo ele sair, carregando Mia e Treena logo atrás, ainda um
pouco assustada.
Só quando eles somem do meu campo de visão, eu deixo meus pulmões
trabalharem.





CAPÍTULO QUATRO – ENZO



Assustado não chega nem perto de descrever meu estado quando recebi a
ligação, informando que minha filha estava no hospital.
Eu estava desesperado, e por um momento enquanto eu ouvia Treena falando no
telefone, eu fiquei paralisado com o medo. Em seguida, eu abandonei a reunião
em que estava e me apressei até o hospital. As lembranças me invadiram no
momento em que eu pisei na ala da emergência, e ver minha única filha lá
sentada, enquanto uma médica cuidava dela, foi o suficiente para que eu
perdesse a cabeça.
E não foi apenas uma médica; foi Juliet, a filha da esposa do meu pai, que é uma
médica conhecida por cuidar de casos graves.
Quando eu a vi, logo os pensamentos negativos vieram com tudo. Por que ela
estaria ali, se não fosse grave, afinal? Treena mentiu pra mim quando disse que
foi apenas um corte na cabeça?
Então eu chamei seu nome porque eu não conseguia acreditar. Talvez eu
estivesse tão desesperado, que estava começando a ver coisas. Eu olhei bem para
ela enquanto ela falava sobre como sabia o que eu estava passando.
Ela não poderia saber. Ninguém que não passou por isso, poderia.
Só quando ela disse que Mia estava medo, eu consegui relaxar, minimamente. E
agradeci a ela, apesar de estar um pouco constrangido. Essa foi a segunda vez
que causei mal impressão. A primeira foi ontem, no jantar na casa do meu pai.
Juliet não tem nada a ver com meus problemas, mas minha cabeça encontrou um
jeito de fazê-la ter, e mesmo eu sabendo que é errado, eu não consigo fazer parar.
A primeira vez que a vi, era o dia do meu casamento com a Raquel; então
quando a vejo novamente, é no primeiro jantar de família sem minha esposa.
É uma coincidência de muito mal gosto. Eu mal consegui ficar sentado naquela
mesa sem pensar na Raquel entrando na igreja, vestida de noiva.
Eu parei no batente do quarto de Mia e a vi sendo colocada na cama. Eu ainda
não tinha conversado com ela desde que voltamos do hospital, então eu entro no
quarto e digo a Treena que ela pode ir dormir. Havia pedido desculpas por gritar
com ela, mas pedi que ficasse mais atenta.
Crianças se machucam, como Juliet falou, mas todo cuidado é pouco. E, por
isso, com minha filha, eu duplicaria o “todo”.
Deitei na cama e Mia se aconchegou no meu peito. Eu beijei sua cabeça. — Eu
sinto muito por ter gritado mais cedo. — Eu digo pra ela. — Fiquei com muito
medo de perder você.
— Tudo bem, papai. Eu estou com saudades da mamãe, mas não quero deixar
você.
Eu engulo a ardência em minha garganta e seguro ela mais perto. Eu também
sinto falta da Raquel. Ela provavelmente saberia lidar mais com esse pequeno
acidente. Ela teria segurado Mia em seus braços e procurado saber com Treena
como aquilo havia acontecido, e não gritado com a pobre moça como eu fiz. Eu
sinto sua falta todos os dias, e não importa que já tenha passado onze meses, a
dor a mesma de quando os médicos me disseram que ela havia partido.
— Papai? — Mia chama, sua voz já bem sonolenta.
— Sim?
— Convida a Juliet para meu aniversário. — ela pede, em seguida ela boceja,
esfregando os olhinhos. — Eu gostei dela. Ela me deu um band-aid da
Cinderela.

CAPÍTULO CINCO – JULIET




— Pensei que você tinha alguém para fazer isso por você. — eu digo para minha
mãe enquanto empurro o carrinho de supermercado pelo corredor de frios.
Eu acordei com uma mensagem dela, pedindo para que eu a encontrasse aqui.
Estava um clima frio, então eu me enfiei em um moletom e fui ao seu encontro.
Ela estava me esperando em frente ao mercado quando eu desci do UBER. Seu
sorriso era o mesmo de sempre quando eu chegava perto dela, carinhoso e
familiar.
Já faz quinze minutos que estamos aqui e ela está terminando de encher o
segundo carrinho.
— Querida, você sabe o quanto eu amo fazer isso. — Ela faz sinal para que os
dois caras – que estão empurrando os carrinhos – a seguirem enquanto ela vai
para outro corredor. — Soube que cuidou de Mia no hospital ontem. Ela não
parou de falar sobre como você é legal, e que lhe deu um band-aid da Cinderela.
Eu abro um sorriso. — Ela é uma menininha linda e corajosa. Não chorou em
nenhum momento. — É tudo que eu digo e, para disfarçar, eu retiro meu celular
do bolso da calça e começo a rolar as mensagens, sem realmente precisar abri-
las.
Não preciso olhar para cima para saber que minha mãe está me observando. —
Enzo falou sobre você. — comentou ela.
Eu não queria, mas isso me fez olhar para ela, mordendo meu lábio inferior,
lutando contra a vontade de fazer a pergunta que está fazendo a curiosidade dar
apertos em meu estômago.
Mamãe sorri, seu sorriso que diz que ela vai me fazer falar. Ela adora me
torturar. Sempre adorou.
Exalo um suspiro, desistindo e faço a pergunta: — O que ele disse?
Ela encolhe os ombros, enquanto ler a validade de uma lata de ervilhas. — Ele
disse que estava muito agradecido por você ter cuidado da Mia, e que, em breve,
ele agradecerá pessoalmente. Ele me perguntou aonde você estava hospedada.
O ar é pesado nos meus pulmões agora.
Ele quer agradecer pessoalmente. De novo, porque ele já me agradeceu no
hospital, mas quem se importa com isso?
Ele quis saber qual era o meu hotel.
Eu estou um pouco ofegante agora, e eu agradeço por ter escolhido um moletom
grosso, porque ele esconde com perfeição o meu peito subindo e descendo. Eu
enfio minhas mãos no bolso frontal do moletom e aperto meus dedos direitos ao
redor do meu celular. — E você disso qual era?
— Claro. — ela diz prontamente. — Que mal tem?
Eu toco meu lábio superior na ponta do meu nariz e balanço a cabeça. —
Nenhum, mãe. Apenas o fato de que eu me torno uma geleia quando estou perto
dele e meu coração parece que está competindo como um corredor nas
Olimpíadas. — Eu forço um sorriso amarelo, irônico. — Nenhum mal.
Mamãe sorri levemente e toca meu braço, alisando-o devagar por alguns
instantes. — Então, não se torne uma geleia e controle seu coração.
— Ah, claro. Isso vai ser como tirar doce de uma criança. — eu ironizo.
— Juliet, você é uma mulher agora. Uma muito bonita e bem-sucedida. Uma
capaz de dar primeiros passos. Você nunca teve medo de enfrentar seus
problemas, e sempre fez isso sozinha. Dê o primeiro passo nesse jogo. — Ela
levanta a mão e coloca uma mecha solta do meu cabelo para trás da minha
orelha. Seu sorriso carinhoso estava lá, novamente. — Talvez, Enzo esteja
precisando que as pessoas parem de pisar em ovos ao seu redor e deem o
primeiro passo.



●●●




Eu passei o resto do dia no hospital, monitorando meu paciente. Ele só poderá
receber o coração daqui a uma semana, então ele precisa de monitoramento
constante. Eu também ajudei com outros pacientes que chegaram e precisaram
de uma cardiologista. No pequeno intervalo de vinte minutos, eu me juntei ao
Peter e tomamos o café, que eu estava lhe devendo, em seguida, voltei ao
trabalho.
Foi um bom dia, considerando que em um dia aqui eu trabalhei mais do que em
dois dias em Londres. Lá, as pessoas costumam dar entrada nos hospitais por
acidentes com seus veículos por conta da neve, então, uma cardiologista vive
muito em ação, como os neurocirurgiões e os cirurgiões ortopédicos. Mas não
aqui. Aqui as pessoas precisam mais de uma cardiologista, porque é um país
onde as frituras reinam, e frituras normalmente causas doenças cardiovasculares.
Eu trabalhei o dia inteiro tratando de pessoas que, aparentemente, não sabem
nem o que são legumes e, provavelmente, não ligam para própria saúde. E
mesmo isso sendo uma coisa ruim eu estou ansiosa para amanhã.

Quando entro no saguão do hotel, eu o vejo e meu coração capota, então pausa, e
acelera com tudo.
Enzo se está sentado em um dos sofás marrons de espera, seu corpo inclinado
para frente enquanto ele descansa os cotovelos em suas pernas grandes. Ele não
me vê, no entanto.
Eu exalo algumas vezes, antes de me aproximar.
Você é uma mulher adulta agora, Juliet, e não aquela mulher jovem e insegura
de oito anos atrás!
Respire, inspire.
Respire.
— Enzo. — Eu falo seu nome com tanta força, que sinto as covinhas ao redor da
minha boca afundarem.
Ele ergue os olhos e me vê, em seguida, ele se levanta e agora está me encarando
de cima.
Eu engulo em seco, mas eu não desvio os dos deles, porque afinal, eu sou uma
mulher adulta, não uma adolescente em pânico.
Ou talvez, eu realmente estava em pânico e paralisada, e por isso eu não posso
me mexer.
— Oi. — Ele diz. Ele não sorri, ele apenas olha para mim. — Desculpe vim sem
avisar, mas eu queria agradecer mais uma vez.
— Eu só fiz meu trabalho. — Eu consigo pronunciar.
— Eu agradeço mesmo assim. Mia é tudo que eu tenho agora. — Ele estende um
envelope azul-marinho em minha direção. — Ela quer você na festa dela.
Pego o envelope customizado de sua mão, minha testa levemente franzida
enquanto eu olho para ele e minhas mãos. Eu ergo meus olhos de volta para os
de Enzo. — Ela quer?
Eu não sei como minha pergunta soou, mas eu pude ver sua expressão se tornar
um pouco contrariada por alguns segundos. Ele enfiou as mãos nos bolsos e deu
um passo para longe, mas seus olhos ainda estavam nos meus quando ele disse:
— Eu realmente espero ver você lá.
CAPÍTULO 6 - JULIET


O resto da semana, eu me mantive ocupada. Eu me dividi entre ajudar no
hospital, com os pacientes da cardiologia e com algumas cirurgias, e encher os
ouvidos e e-mails da empresa de brinquedos da qual eu encomendei o presente
de aniversário de Mia.
Eu não fazia ideia do que dar a uma criança que já têm de tudo, mas eu sabia que
ela era louca pela Cinderela, então usei isso. Eu lembrei da nota de uma revista
que eu estava lendo uma vez, na sala de espera do colégio de Jax, enquanto
aguardava a reunião com os pais começar. Era uma empresa nova que estava
fazendo a cabeça das crianças na Alemanha. Ela criava bonecos inspirados em
qualquer coisa, de personagens de desenhos animados, até crianças reais.
Quando Enzo me entregou o convite, eu demorei um dia para me lembrar disso,
e logo procurei como entrar em contato e encomendei uma Cinderela idêntica à
da Disney. Ela não é muito grande, mas ela será quase do mesmo tamanho que a
própria Mia. Ela também falará frases que a Cinderela fala nos filmes e dará
acenos reais como o curvar de corpos que as pessoas costumam fazer com a
realeza.
Um pouco exagerado, talvez, mas eu estava desesperada.
Minha roupa eu deixei por conta da minha mãe, já que não tinha trazido
nenhuma roupa boa. Ela escolheu um macacão preto e curto, de mangas
compridas e um decote que chega um pouco acima do meu umbigo. Por algum
motivo, ela acha que esse tipo de roupa e tops ficam bons com meus seios
microscópicos.
Eu não sou uma pessoa muito social. Eu não chego e vou logo me enturmando;
eu levo um certo tempo para isso. Então quando Alessa me puxou pegou pela
mão e me levou ao local onde estavam suas duas cunhadas, eu não sabia o que
fazer ou falar. Eu apenas me sentei lá, agarrei meu copo de suco de laranja com
as duas mãos, e concordava com o que elas falavam Só depois de um tempo eu
consegui me entrosar e conversar.
Elas são pessoas legais, afinal.
Vez ou outra eu olhava ao redor para as crianças estavam brincando no parque de
diversões contratado pelo Enzo.
Sim, há um grande parque de diversões bem no meio de seu jardim.
Enzo… Eu também tenho procurado por ele, e ele está sempre por perto de Mia
enquanto ela brinca nos brinquedos e até vai com elas nos mais radicais.
Neste momento, ele está olhando ela ir em um trenzinho. Eu queria ter uma
câmera agora, porque eu tiraria uma foto sua. Ele está usando jeans azul e uma
camisa branca de botões, com as mangas enroladas em seus cotovelos. Ele está
sorrindo, todo bobo, enquanto ver sua filha se divertir.
E eu estou paralisada, encarando-o porque ele está sorrindo. Pela primeira vez
desde que eu cheguei, o estou vendo seu sorriso.
O que faz coisas muito ruins no meu coração e entre minhas pernas.
Quando está sério, ele é perfeito, mas quando ele sorri, ele fica irresistível.
Insano. Surreal.
E como se tivesse sentindo a atenção sobre ele, ele olha em minha direção, e
assim como um cometa muito rápido, seu sorriso vai embora. Ele enfia as mãos
nos bolsos e desvia os olhos para Mia outra vez. Mas ele não sorri novamente, e
eu quase gemo lamentando.
No final, quando a maioria das crianças e seus pais já tinham ido, eu me disperso
das meninas e vou a procura da minha mãe para dizer tchau.
Eu estou chamando um UBER quando eu o sinto perto. Levanto meus olhos para
vê-lo, meu coração acelerando de novo, uma coisa já bem corriqueira para mim
quando estou perto dele.
— Já está indo? — Ele pergunta e é como se algo o tivesse forçando a perguntar.
Eu confirmo. — Amanhã eu vou até Boston, cuidar para que dê tudo certo no
transporte do coração do meu paciente.
Ele acena e aponta em direção à sua garagem. — Vou levar você de volta para o
hotel.
As borboletas em meu estômago se agitam e meus olhos crescem em surpresa.
Eu não estava acreditando no que eu estava ouvindo, porque ele é…. ele.
O cara que tem agido com frieza comigo, por algum motivo. O cara que me
entregou o convite do aniversário da sua filha apenas porque ela pediu isso.
Eu olho para trás, em direção aos brinquedos onde Mia ainda brinca com
algumas poucas crianças que sobraram, e volto a olhar para ele. Não há nenhuma
expressão em seu rosto além de seu olhar gritando "Podemos ir?". — É muita
gentileza sua, mas não posso aceitar. É o aniversário da sua filha, fique com ela.
Acabei de chamar um UBER e falta apenas seis minutos para ele chegar. — Eu
mostro a tela do meu celular. — Mas obrigada mesmo assim.
— Essas coisas não são seguras. — diz ele, franzindo o nariz em reprovação. —
Principalmente para uma mulher sozinha.
Foi minha vez de franzir o nariz para ele, apesar de apreciar sua preocupação
repentina. — Não se preocupe, Enzo. — Sorrio suavemente. — Vou ficar bem.
Eu vejo que falta apenas três minutos agora e dou um passo para longe, mas ele
me segue.
— Então me deixe levá-la até a saída. — Ele vai comigo até o lado de fora de
sua casa e permanece calado enquanto esperamos a minha carona.
Eu tenho minhas mãos unidas em minha frente, espremendo meus dedos, uns
nos outros, enquanto meu pé batia levemente contra o chão, num ato nervoso.
Apenas quando o carro estacionou em nossa frente, ele falou, — Mais uma vez,
obrigado por cuidar de Mia. — e abriu a porta traseira para mim.
Eu pisei para perto da porta e olhei em seus olhos azuis perfeitos. Eu queria que
ele sorrisse para me ver de perto como eles ficariam.
“Talvez, Enzo esteja precisando que as pessoas parem de pisar em ovos ao seu
redor e deem o primeiro passo.”
Eu me sinto tão nervosa perto dele, que é quase vergonhoso. Mas eu decido ser a
mulher de vinte e nove anos agora, e dou um passo para perto dele. Ele está me
encarando de volta e eu posso ver agora o brilho confuso em suas profundezas
azuis. Mas eu não dou tempo dele ou eu recuar. Eu pego em seu rosto e
pressiono meus lábios nos deles.
Ele não se move ou move os lábios, ele só fica parado, como se estivesse em um
transe. Eu coloco minha outra mão em seu rosto, agora segurando ele entre as
duas mãos, sentindo sua barba por fazer e pressiono mais nele. Eu volto minha
cabeça para trás e olho dentro de seus olhos. — Mais uma vez, — eu digo
baixinho. — eu só estava fazendo meu trabalho.
Eu entro no carro e fecho a porta. Através da janela, eu posso ver sua expressão
contrariada enquanto ele observa o carro ir embora. Por todo o caminho, eu não
fui capaz de conter o sorriso na minha boca, e também de impedir meus dedos de
tocar meus lábios. Eu estava orgulhosa de mim mesma. Eu nem sei se
conseguirei dormir hoje.


CAPÍTULO 7 | JULIET

O dia inteiro eu estive em Nova Iorque, monitorando cada passo do
congelamento e transferência do coração do meu paciente. Amanhã seria um
longo dia na sala de cirurgia, por isso, tudo que eu precisava agora era de uma
boa e tranquila noite de sono.
Estava acenando para um táxi quando com minha visão periférica, eu vi uma
BMW X1 prata se aproximar e estacionar há alguns passos de onde estou.
Enzo saiu e bateu a porta, enquanto retirava os óculos escuro. Ele se aproximou
e eu me virei para olhar pra ele, meu cansaço não deixando eu me preocupar
com as reações que ele causa no meu corpo.
— Por que fez aquilo? — Ele foi logo perguntando, com um pequeno toque de
irritação na voz.
Alcei uma sobrancelha e perguntei com ironia, — Quer saber porque te beijei?
— encolhi os ombros. — Porque eu tinha essa vontade, Enzo. Porque eu passei
oito anos da minha vida pensando em como seria beijar você, como seria sentir
você, seu toque.
— Do que você está falando? Não tínhamos nos vistos mais de duas vezes até
você estar de volta. — ele diz, sua voz soando desacreditada. — E eu estava me
casando!
Eu pisco com força quando meus olhos começam a arder. Estava tão cansada,
que tinha perdido o resto do controle sobre minhas emoções. — Eu sinto muito
por você achar isso uma coisa muito ruim, Enzo, mas eu não sinto muito por ter
beijado você. — balanço a cabeça — Eu até faria de novo, porque se tem uma
coisa que eu aprendi nesses anos trabalhando em hospitais, é que a vida é muito
curta para deixar as oportunidades passarem.
Enzo sacode a cabeça, seus cabelos sendo agitados pelo vento frio de fim de
tarde de Los Angeles. Ele abaixa a cabeça e olha bem dentro dos meus olhos. —
Eu não quero um relacionamento. — diz ele em voz baixa, para que as pessoas,
que estão passando ao nosso redor, não escutem.
— Tampouco, eu quero um. — eu recrutei. — Em nenhum momento, eu disse
que queria isso. — Eu meio que menti. Eu queria Enzo, mas não sei se realmente
queria um relacionamento com ele, porque eu não sei se seria capaz de dividi-lo
com Raquel. — Eu tenho desejo por você. Eu quero saber como é estar na
mesma cama que você. Quero saber qual a sensação do seu toque. — Eu aceno
para outro táxi e ele para em nossa frente. Eu abro a porta de trás e volto a olhar
para os olhos confusos e irritados de Enzo. — Não é preciso um relacionamento
para isso, sabe disso.
Ele estreitou os olhos para mim. — O que diabos você quer?
— Você. — eu respondo, rapidamente, surpresa comigo mesma por conseguir
falar tudo isso. — Você sabe o hotel que estou. Vou deixar a recepção saber, caso
você queira dar uma passada por lá mais tarde… ou qualquer outro dia nesse
mês.
Ignorando a irritação brilhando em seus olhos e entro no táxi antes dele falar
qualquer coisa.
Naquela noite, eu não consegui dormir da forma que eu queria e devia ter
dormido. Eu não conseguia parar a ansiedade dançando em minha barriga,
sabendo que, talvez, a qualquer momento, Enzo poderia entrar em minha suíte.
Ele não fez, no entanto. E eu só consegui descansar por três horas.

•••

No dia seguinte, eu fui cedo para o hospital, me preparar para a cirurgia, que
durou pouco mais de quatro horas e foi um sucesso.
Eu estava exausta quando aceitei, de muito bom grado, o café que Peter me
comprou e a carona para o hotel. Não estava com cabeça para chamar um
UBER, nem acenar para um táxi. Eu não só estava cansada, mas também estava
frustrada de forma sexual e sentimental.
Peter estacionou seu Audi tt em frente ao hotel e eu soltei meu sinto.
— Obrigada, Peter. Eu realmente não estava com cabeça de ouvir os rádios dos
táxis.
Ele sorri e olha dentro dos meus olhos quando diz, — Me agradeça almoçando
comigo essa semana.
Eu posso ver e sentir seu interesse sobre mim. Ele tem estado perto desde que eu
cheguei aqui, e não faz movimento algum para negar esse interesse. Pelo
contrário, ele faz de tudo para ficar bem claro.
O lado bom é que ele é lindo. Ele é o tipo que faz as mulheres suspirarem
quando ele chega perto. Ele é alto e atraente e tem um sorriso de derreter
qualquer uma.
O lado ruim é que ele não é Enzo.
Com toda certeza, se estivéssemos em Londres e eu ainda não tivesse beijado
Enzo, eu o convidaria para dentro e transaria com por toda a noite. Mas, eu estou
em Los Angeles, muito perto de Enzo, o homem que tira meu fôlego, meu sono,
meu autocontrole…
— Eu aceito almoçar com você. — eu digo, com um sorriso sincero. — Eu só
não posso garantir que aconteça algo a mais.
— Eu posso fazer você mudar de ideia.
Eu sorrio, meneando a cabeça. Você pode tentar, Peter, mas não vai conseguir.
— Até amanhã, Peter. — É tudo que eu digo antes de sair do carro.

•••

Eu não tinha mais esperança nenhuma de que Enzo viria depois de mais dois
dias. Eu só ficaria por aqui por mais duas semanas, então eu estava prestes a
aceitar o pedido de Peter para sair e conhecer LA a fundo, que ele fez depois do
nosso almoço de ontem.
Eu era uma mulher e tinha minhas necessidades. O que eu poderia fazer se Enzo
não me queria? Sentar e chorar? Ou esperar um milagre acontecer para ele
aparecer aqui?
Eu nunca, em vinte e nove anos, implorei pela atenção de alguém, e não
começaria agora. Mesmo sentindo uma coisa bastante forte por ele.
Paciência se, mesmo depois que falei tudo aquilo, ele não veio.
Após falar com Jax pelo FaceTime, eu tomei um banho e vesti uma camisola
roxa com o decote de renda e fui me deitar. Não tinha nem fechado meus olhos
quando ouvi o bip que a trava do cartão-chave faz quando alguém abre a porta.
Me levantei em um pulo, meu coração acelerado e meus olhos arregalados.
Era um hotel com uma segurança impecável. E só havia uma pessoa que estava
livre para pegar o cartão dessa suíte na recepção…

CAPÍTULO 8 | ENZO

A porta se fechou atrás de mim quando eu entrei na suíte. Estava silêncio e as
luzes apagadas, com apenas as luzes da cidade lá fora, atravessando as janelas de
vidro, mas eu sabia que ela estava aqui, porque a recepcionista me disse.
Eu ainda não sei por qual motivo um gesto tão rápido, de seus lábios
pressionados nos meus, se tornou tão presente na minha cabeça, e tão intenso no
resto do meu corpo. Eu não sentia vontade por outra mulher há nove anos,
apenas pela minha mulher.
E com Juliet não havia sido diferente. Em nenhum momento antes, eu olhei para
ela como mulher, ela era apenas a filha da minha madrasta, que nunca fez
questão de se juntar a minha família. Ela era uma mulher igual as outras tantas
que existem por aí.
Mas, depois do que ela fez e do que ela disse, foi como se meu subconsciente
mudasse de conceito e eu comecei a enxergar mais além que apenas a "filha da
minha madrasta".
Eu enxerguei o quanto ela era bonita e decidida. O tipo de mulher que eu sempre
fui atraído.
Eu enfio o cartão-chave de volta para meu bolso quando a vejo parada na porta
do quarto. Ela parece surpresa sob as sombras da cidade, os braços abraçando
seu próprio corpo, os cabelos presos em um rabo de cavalo com mechas rebeldes
caindo pelo seu rosto pálido.
— Você veio. — ela diz, baixinho, mas eu posso notar o toque de insegurança
em seu tom.
— Eu quero deixar algumas coisas bem claras aqui. — eu começo dizendo
quando vejo ela dando pequenos passos em minha direção.
Nenhum de nós faz movimentos para ascender as luzes, e eu prefiro assim. —
Então, deixe. — ela pede.
Eu olho em seus olhos castanhos, que estão se destacando pelas sombras. — Eu
não quero machucar você, então, antes que qualquer coisa aconteça nesse quarto,
eu preciso que me prometa que quando isso acabar…
Ela chega perto e coloca o dedo indicador sobre meus lábios, balançando a
cabeça e fazendo as mechas rebeldes se agitarem no processo. — Sexo casual.
Será isso que teremos aqui, tudo bem? Estarei de partida dentro de duas
semanas, então, não se preocupe em me machucar, preocupe-se em me dá as
melhores duas semanas da minha vida, e em seguida, quando eu voltar para
Londres, eu prometo que não vou mais procurar por você.
Duas semanas de sexo casual. Talvez, eu consiga fazer isso.
Juliet desce a mão da minha boca e segura a minha mão e me guia até o quarto.
O cômodo está mais claro, porque as persianas estão abertas, então eu posso ver
melhor seu rosto corado. Ela solta a minha mão e começa a deslizar as alças da
camisola sobre seus ombros, até que ela está em um emaranhado ao redor de
seus tornozelos. Ela não está vestindo nada além que uma calcinha preta agora, e
eu estou começando a sentir o suor escorrendo pela minha nuca.
Eu passo um tempo olhando apenas para ela, enquanto ela está parada em minha
frente, esperando que eu me mova. Ela é definitivamente o meu tipo de mulher.
Ela não tem seios exagerados, eles são bem pequenos, na verdade, com mamilos
escuros e minúsculos. A barriga é reta, seguida por um quadril mais largo e
pernas grossas. A única mancha visível é um sinal cor de vinho, pouco acima do
seu quadril esquerdo.
Meus olhos vão para cima, em seu pescoço longo e mandíbula redonda. Eu levo
minha mão para trás de sua cabeça e desfaço seu rabo de cavalo. Ela balança a
cabeça para espalhar o cabelo, e o contraste de seus cabelos castanhos com sua
pele pálida é perfeito. Eu vejo quando os fios roçam seu seio, eriçando o
mamilo, e isso me deixa com água na boca.
— Eu não faço isso há muito tempo. — Eu aviso, minha voz rouca e baixa.
Ela se aproxima mais e, ficando na ponta dos pés, ela segura atrás da minha
cabeça e cola o corpo no meu. — Tenho certeza que não desaprendeu. — Ela
sussurra.
Eu seguro em suas laterais e, minha nossa, ela está quente. Eu abaixo um pouco
minha cabeça, apenas o suficiente para encontrar sua boca com a minha. Eu
deixo ela me beijar de novo, mas dessa vez, eu a beijo de volta. Eu passo minha
língua pelo seu lábio inferior, depois o superior, e em seguida, dentro da sua
boca.
Sua língua encontra com a minha e a maciez me faz gemer em sua boca. O beijo
não é rápido, mas é duro. Seus dedos agarram com força meus cabelos e ela os
puxa enquanto tenta se fundir a mim.
Me inclino para baixo, agarrando a parte de trás de suas pernas e levanto, logo, a
colocando deitada na cama King Size. Eu volto a ficar de pé e, enquanto eu me
livro da minha roupa, eu procuro bloquear todo sentimento e pensamento que
possam me levar a desistir e ir embora, e foco apenas no quão perfeito é sua pele
branca se destacando no lençol de seda azul-escuro. Eu assisto quando ela
encaixa os polegares em cada lado de sua calcinha pequena e começa a retirá-la.
Eu sempre adorei fazer isso, mas ver que ela decidiu tirar ela mesma, me fez
ficar ainda mais duro do que já estava.
— Eu tive oito anos de preliminares, — ela começa quando joga a calcinha de
lado. — portanto, vamos pular para os finalmente, tudo bem?
Se eu não tivesse tão louco de tesão nesse momento, eu teria rido de sua
ansiedade.
Eu peguei a camisinha que havia trazido no bolso da calça e fiquei de joelhos
entre suas pernas quando ela as abriu para mim. Me abaixei, pairando sobre ela,
apoiado em meu braço esquerdo enquanto o direito desceu e minha mão agarrou
sua cintura. Eu olhei para baixo, entre nós, vendo seus mamilos arrepiados
quando eu empurrei para dentro dela.
Seu corpo arqueou, seu peito tocando o meu e um lamento saiu de sua boca, mas
eu segurei meu gemido. Ela agarrou meu rosto com ambas as mãos quando
comecei a me movimentar, seus olhos fechados, e seu rosto coberto pela sombra
da lua.
Ela era gostosa demais.
Bem mais do que eu esperava que fosse.
Eu aumentei a velocidade dos meus quadris contra ela, porque eu não sei se seria
capaz de aguentar por muito tempo e eu precisava que ela viesse primeiro. Eu
subi minha mão de sua cintura e agarrei seu seio, abaixando a boca para sugar o
mamilo pontudo. Eu sugava com força e empurrava nela com precisão enquanto
ela se contorcia debaixo do meu corpo, gemendo sem parar, agarrando meus
cabelos, puxado-os, suas pernas em volta de mim, me segurando nessa posição.
Ela puxou meus cabelos com mais força e seu tronco saiu do colchão quando
senti ela se apertando em volta do meu pau e ela gozou.
Mas, eu não parei. Eu segurei seus quadris no lugar, minha testa pouco acima de
seus seios, indo mais fundo e mais rápido, até que eu gozei também. No instante
seguinte, eu estava deitado ao seu lado. O silêncio reinando de uma forma que
éramos capaz de ouvir as batidas frenéticas dos nossos corações. Eu fechei os
olhos e coloquei minhas mãos cobrindo meu rosto.
Eu não estava arrependido da forma que achei que ficariam, sentindo-me
culpado por causa da Raquel.
Eu só não esperava que transar com ela, uma mulher que não é a Raquel, poderia
ser assim… tão malditamente bom.

CAPÍTULO 9 | JULIET


Nós transamos mais uma vez ontem, antes do cansaço que dia inteiro me
vencesse e eu caísse no sono.
Quando acordei hoje, ele já tinha ido. A única prova de que ele esteve ali estava
no leve e delicioso incomodo entre minhas pernas e a mancha vermelha que ele
deixou no meu seio direito.
Eu, literalmente, me arrestei para fora da cama para poder ir ao banheiro. Meus
cabelos estavam uma bagunça, minha cara amassada, mas eu estava me sentindo
a mulher mais linda do mundo, no momento em que me olhei no espelho.
Havia uma mensagem no meu telefone, da minha mãe pedindo para encontrar
com ela na Santa Monica Blvd. Eu tomei um banho rápido e deslizei para dentro
de uma jardineira jeans de calça comprida, uma blusinha branca, curtinha e meu
tênis. Eu começo a prender meu cabelo em um rabo de cavalo, mas me lembro
da forma que Enzo o desfez ontem a noite, então eu solto de volta e balanço a
cabeça para espalhar os fios pelas minhas costas e ombros. Eu pego um táxi para
Beverly Hills e encontro com minha mãe na loja da Victoria Secret.
— Você está ótima, querida. — mamãe disse quando me abraçou.
— Obrigada. — eu respondi. Eu posso ver em seus olhos que ela está querendo
que eu fale algo mais, mas eu não faço. Eu desvio os olhos para a sessão de
lingeries rosas e finjo estar interessada em uma peça.
Minha mãe tem essa coisa de sempre saber que há algo acontecendo. Eu não
preciso falar nada, ela apenas olha para mim e pow, ela fica sabendo. Eu nunca,
em toda minha vida, consegui esconder alguma coisa dela.
Mas, dessa vez, não se tratava só de mim; tinha o Enzo, também. Ele não queria
um relacionamento, portanto, eu deduzi que ele não gostaria que ninguém
soubesse desse nosso "arranjo de semanas".
Principalmente, minha mãe.
Eu olho para minha mãe, que está vendo as lingeries vermelhas. Parece que
acabou de sair da academia e veio direto para cá, vestida com uma calça e uma
bata de ginástica, com um top por baixo. Apesar dela já está perto de completar
cinquenta anos, ela é dona de um corpo de dar inveja para muitas novinhas. Ela
escolhe um par de lingerie e vira para mim. — Aqui. Vai ficar linda em você. —
ela empurra em minha direção.
Franzo o cenho. — Eu tenho muitas lingeries, mãe.
Ela me faz segurar as peças e sorri. — Juliet, eu conheço você. Eu soube, no
momento em que chegou em casa, que você tinha tido sua primeira vez, e sabe
por quê?
Eu nego com a cabeça.
Ela continua: — Porque você tinha um brilho nos olhos, porque foi com alguém
especial. E eu vi esse brilho outra vez quando começou a sair com Chad, e eu
estou vendo esse brilho agora. — Ela ergue a sobrancelha, como se dissesse para
que eu a desminta.
Mas, eu não posso e ela sabe disso. Eu balanço a cabeça, sentindo meu rosto
corar. — Mamãe…
— Eu não quero saber dos detalhes. — Ela me interrompe, sorrindo de forma
carinhosa. — Só leve essas peças. É um presente. Vão ficar ótimas em você.
Eu passei o resto do dia com minha mãe e, no final, eu não só estava levando
aquela lingerie comigo, eu também tinha na sacola mais três pares; um preto,
outro azul e outro rosa, e dois pijamas de shorts de seda e renda. Nós estávamos
saindo da loja que minha mãe comprou algum presente para seu marido, quando
a tela do meu celular acendeu e o nome de Enzo piscou nela, mostrando uma
nova mensagem. Franzi o nariz, confusa, porque eu não lembro de salvar seu
número, mas isso não impediu de fazer as borboletas se agitarem em meu
estômago, nem a parte no meio das minhas pernas de se contrair.
"Me fale o lugar que você está." Era o que a mensagem dizia.
Eu olhei de soslaio para minha mãe, que estava distraída com a vitrine de outra
loja, e voltei para o celular e respondi:
"Em Beverly Hills...?"
Ele mandou outra: "Que lugar em Beverly Hills?"
"Na Santa Monica Blvd. Por quê?"
A resposta veio de imediato: "Estou indo buscar você."
E eu prendi a respiração e arregalei meus olhos para tela do celular, me
certificando que realmente estava lendo certo.
Eu não estava entendendo nada. Eu comecei a digitar uma resposta, mas meus
dedos apenas ficaram pairando sobre a tela do celular, porque eu não fazia ideia
do que responderia. Poderia perguntar o motivo disso, ou avisar que eu estava
com minha mãe, mas eu queria que ele viesse me buscar, por qualquer que fosse
o motivo.
Eu fiquei aliviada quando minha mãe decidiu ir para casa. Ela me ofereceu uma
carona, mas eu neguei, dizendo que iria andar mais um pouco, e ela foi embora.
Cinco minutos depois, a BMW prateada de Enzo estacionou perto de mim.
Eu entrei no carro, nervosa por estar perto dele de novo. Seu cheiro estava por
toda parte, causando coisas ruins para mim. — Como eu tenho seu número salvo
no meu telefone, e o mais importante, como você tem o meu número? — Eu
perguntei depois dele puxar o carro de volta para o trânsito agitado de final de
tarde.
Ele olha para mim, depois de volta para frente. — Você estava dormindo quando
eu saí ontem, não tinha como pedir seu número, então, fiz uma chamada do seu
celular para o meu e salvei meu número nele. — Ele diz, calmamente.
Minha boca se abre em um "O" e eu aceno com a cabeça. Eu amasso uma mão
na outra e olho para minha sacola entre minhas pernas. — Fiquei surpresa por
ver você tão cedo. — Eu comentei.
Apesar de termos fechado um acordo por duas semanas, eu imaginei que ele
precisaria de um tempo depois de ontem. Ele estava tão fechado e frio com
todos, e achei que o que aconteceu ontem iria fazê-lo se recolher ainda mais.
Mas então, ele está aqui. Comigo.
Ele veio me buscar.
— Você disse que era pra focar em fazer essas duas semanas as melhores. — diz
ele, estreitando os olhos para frente, sua mão apertando em volta do volante. —
Estou tentando fazer isso. Eu tive o dia inteiro para pensar sobre isso, e eu só
consegui pensar no quanto foi bom. Eu não acho que duas semanas vão me
matar.
Talvez, elas me matem no final. Eu não disse essas palavras em voz alta, eu
apenas engoli em seco e fiquei em silêncio.
Enzo nos levou para uma rua perto da praia. Havia um conjunto de três prédios
ainda em reforma, mas que, aparentemente, eram altamente luxuosos.
Nós descemos do carro e eu segui Enzo para dentro de um dos prédios. Há
pessoas trabalhando na pintura do interior e um porteiro. Enzo nos faz entrar em
um elevador espaçoso.
Eu enfio as mãos nos bolsos da minha jardineira, porque elas estão tremendo de
ansiedade. Eu noto que enquanto o elevador sobe, Enzo está olhando fixamente
para os números vermelhos e contando silenciosamente. Eu continuo observando
a forma que ele leva seu TOC. É divertida, então, eu acabo sorrindo.
Ele quebra a conexão com os números e me olha. — O que foi? — pergunta,
como se não tivesse notado o que estava fazendo pouco antes.
Eu balanço a cabeça, sorrindo e olho pra frente. Fico surpresa ao ver o nome de
Mia pouco acima do painel de controle do elevador. — Por que tem o nome de
Mia aqui?
Ele desvia os olhos para o nome, depois para mim. — Isso se trata de um
conjunto de hotéis. São três no total e cada prédio tem um nome. — Ele aponta
para o painel. — Esse é o de Mia, obviamente, o da esquerda é Pérola e o da
direita é Benton. Compramos eles a pouco tempo e estamos fazendo as
reformas.
Minha. Nossa.
Eu exalei profundamente, mas não perguntei mais nada. Isso já era grande
demais para mim.
As portas se abriram em uma cobertura e eu pisei para dentro. Ela era muito
espaçosa, com as janelas de vidro, do chão ao teto, por todo lado, trazendo a
vista maravilhosa do pôr do sol na praia. Estava vazia, com nada além que uma
cama King Size bem no meio dela e um mini-bar improvisado em um canto.
Eu me voltei, surpresa pra Enzo. — O que você…
— As duas melhores semanas, lembra? — ele ergue uma sobrancelha, sua
expressão muito séria. — Se vamos mesmo fazer isso, vamos fazer direito. Eu
não sou homem de metades. — Ele aponta para o mini-bar. — Gosta de vinho,
certo?
Ainda muito surpresa, eu confirmo.
— Ótimo. — Ele pega a garrafa de vinho e começa a abri-la. Ele acena com o
queixo em minha direção, em seguida, em direção à cama. — Fique à vontade.
Tire as roupas. Vamos começar.



CAPÍTULO 10 - JULIET


"Tire as roupas. Vamos começar."
Essas foram as palavras de Enzo logo antes dele virar de costas e começar a
servir as taças com o vinho.
Eu solto um riso silencioso e desacreditado, meus olhos levemente estreitos para
suas costas. Eu começo a andar até que estou parada ao seu lado, e viro meu
corpo para ficar de frente para ele, minha mão apoiada no mini-bar e meus olhos
observando seu perfil sério.
Talvez, não tenha sido sua intenção me ofender, mas, a forma que ele se
expressou me ofendeu.
— Você deixou uma coisa clara ontem, e agora é a minha vez. — eu digo,
chamando sua atenção inteiramente para mim. — Vou falar duas coisas. A
primeira, — eu ergo meu dedo indicador. — eu não sei se foi sua intenção, mas a
forma como falou, me fez sentir como uma prostituta. Não faça de novo, por
favor. A segunda, — ergo o dedo do meio. — nunca me mande tirar as roupas;
tire-as você mesmo. Tenho certeza que vou adorar ver você me deixando nua.
Ele para o que está fazendo e se vira, bloqueando os olhos nos meus. Sua
expressão continua séria, mas eu sou capaz de ver a confusão dentro de seus
olhos quando ele diz, — Não foi minha intenção. — e me passa a taça com
vinho. Ele faz uma varredura por todo meu rosto enquanto me observa tomar um
gole, em seguida, ele leva um braço para trás do ombro e retira sua camisa. —
Eu só não quero perder tempo.
Eu prendo um pequeno pedaço do meu lábio inferior enquanto observo suas
mãos trabalharem em seu zíper, minha cabeça levemente inclinada para o lado.
Eu coloco a taça de lado quando ele vem e começa a desprender os atacadores da
minha jardineira. Suas mãos tocam na pele da minha cintura quando ele a leva
para baixo, e eu estremeço. Agora eu estou apenas com a minha blusinha e uma
calcinha.
Ele não continua a retirar minhas roupas; Seus olhos recaem sobre meu corpo,
queimando cada parte de pele exposta.
Sinto quando meus mamilos ficam arrepiados contra o tecido do meu sutiã, com
sua atenção. Atenção que eu desejei por tanto tempo…

Enzo traz a mão até meu pescoço, onde toca com uma suavidade dura. Ele
arrasta os dedos grandes ao longo do meu pescoço e garganta, em seguida, ele
desce ambas as mãos para parte de trás das minhas pernas e me suspende,
fazendo minhas pernas circularem sua cintura. Ele havia feito isso ontem, mas
dessa vez, ele agarra minha bunda e me pressiona contra sua dureza.
Eu estou tão molhada, que até esqueci de como ele me ofendeu. Olhando dentro
de seus olhos, eu posso ver que ele também esqueceu. Eu pego seu rosto entre as
mãos e desço minha boca na dele, então, nada mais é importante agora.
Não há ofensa, nem mulher, nem ninguém; apenas nossas línguas se acariciando,
nossos lábios se sugando e nossos sexos roçando um no outro.
Eu estou subindo e descendo em seus braços, sem me importar no quão molhada
eu estou no momento.
Ele nos leva até a cama, sem parar o beijo, e no minuto seguinte, ele está
pairando sobre mim, na cama, com sua boca em minha mandíbula. Ele morde,
suga, lambe, e ele faz isso em meu pescoço também. Ele fica em seus joelhos
apenas o tempo que ele leva para retirar minha blusa e meu sutiã. Sua cabeça
desce e ele lambe, lentamente, meu mamilo esquerdo, logo, começa a chupar de
forma dura.
Eu arqueio meu corpo para ele, necessitando de muito mais e enfio minhas mãos
em seus cabelos, puxando os fios entre os dedos. Eu enlaço sua cintura com
minhas pernas e o trago para baixo, apertando sua dureza bem no meu meio
sensível.
Ele se move, roçando contra mim e o atrito é delicioso. Eu passei tantos anos
sonhando com esses momentos com ele, que eu estou quase gozando, e ele ainda
nem entrou em mim ainda.
Enzo desce, seus lábios e dentes passando pelo meu estômago, barriga, e então
ele para no meu quadril esquerdo e sua língua vem para fora e ele a passa ao
longo da minha marca de nascença que forma o mapa da Itália.
É uma marca pequena, mas estou feliz por ele ter notado. Eu sempre achei que
ele gostaria disso, e eu estava certa.
Ele circulou o desenho com a ponta da língua e, para minha surpresa, ele mordeu
a pele pouco acima. Quando ele segurou minhas pernas e as espalhou, abrindo-
me o máximo para ele, eu exalei, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa,
ele havia colocado minha calcinha para o lado e sua língua estava sendo
arrastada pela minha carne molhada.
Gemi alto, de boca aberta, meus quadris se movendo enquanto Enzo trabalha
com sua boca. Eu já podia sentir o suor espalhado pelo meu corpo, e eu estava
prestes a gozar.
Seu dedo encontrou o caminho para dentro de mim e ele sugou o máximo que
conseguiu o meu clítoris. No instante seguinte, eu estou estremecendo sobre o
colchão, a sensação arrebatadora de prazer atravessando meu corpo quente.
Ele não para o movimento do seu dedo quando ele levanta para me olhar. —
Você é rápida. — Ele diz, e mesmo com a visão um pouco dublada, eu consigo
ver o divertimento enrolando seus lábios.
Eu quebro um riso e aceno embriagada. — Não faz ideia, você…
Ele retira o dedo e eu lamento. Enzo se livra rapidamente do resto de sua roupa,
veste uma camisinha e se abaixa na cama para pegar minha cintura, e com um
movimento rápido, eu estou deitada de bruços e ele está se empurrando através
da minha entrada molhada.
Eu agarro o lençol entre os dedos porque não sou capaz de dobrar os dedos dos
meus pés agora.
Ele está sobre mim, os lábios traçando beijos pelos meus ombros e costas, seu
cabelo roçando minha pele, causando um pouco de cócegas. Ele está a todo
vapor, abrindo seu próprio caminho, gemendo em meu ouvido, sua mão, vez ou
outra, agarrando meus cabelos. Ele puxa meu cabelo, fazendo meu rosto levantar
do colchão quando pressiona dentro, uma, duas, três vezes.
Eu já estou tão louca, novamente e quando ele desce a boca e suga meu pescoço
enquanto sua mão livre vem por debaixo do meu corpo e aperta meu seio, eu não
posso segurar o gemido. Eu nunca fui comida dessa forma, com fome de
verdade, duro, realmente suado.
Talvez, porque eu nunca desejei tanto alguém como desejo ele, mas, isso é muito
quente. É delicioso. Muito delicioso.
Eu rebolo contra ele e o ouço rosnar em meu ouvido, antes da sua língua sair e
lamber meu lóbulo. É aí que eu percebo que ele não faz muito barulho; ele
reprime qualquer som. E eu, no momento, não me importo muito com isso. Eu
estou colocando todo meu prazer pra fora.
Enzo se retira, em seguida, entra novamente. Ele faz isso várias vezes seguidas,
até que nós dois chegamos ao limite e ele goza enquanto morde meu ombro.
Se passa uns instantes antes que ele deite na cama ao meu lado. Eu não me
movo, estou cansada demais para isso, então eu fico apenas observando seu
perfil enquanto ele olha o teto e passa as mãos pelo rosto bonito.
Quando ele se levanta, eu consigo me virar e puxar o lençol para cobrir o meu
corpo nu. Não por vergonha, mas por mania. Ele termina de servir a outra taça e
traz as duas para cama, me entregando a minha.
— Obrigada. — eu agradeço após tomar um gole.
Ele toma seu próprio gole e olha para mim, seus cabelos úmidos caindo sobre
seus olhos azuis, me fazendo querer levar a mão e passar os dedos. — Sinto
muito se eu ofendi você. — ele diz, sinceramente. — Não era minha intenção.
— Está tudo bem. — digo — Só não fale daquela forma de novo. Você viu como
eu fico molhada com você tirando minha roupa. — Eu sorri e dei uma espiada
rápida por debaixo do lençol. — Apesar de não ter tirado a calcinha…
Enzo ergue um dedo indicador, pedindo um minuto e se estica para pegar sua
calça no chão. Do bolso traseiro, ele retira um pequeno rolo com mais três
camisinhas e joga na cama ao meu lado, seus lábios enrolados em um sorriso
safado quando ele diz, — Não se preocupe, que eu ainda terei essa
oportunidade.
•••



CAPÍTULO 11 - JULIET

No dia seguinte, eu fui cedo ao hospital. Eu havia acabado de passar pela porta
giratória, checando as mensagens do meu celular, quando Peter se aproximou.
— Bom dia, doutora. — ele sorri, e me passa um dos cafés que segurava.
Eu guardo o celular no bolso de trás da minha calça. — Bom dia, doutor. —
devolvo o cumprimento e sorrio, acenando o café em minha mão. — Muito
obrigada!
Ele pisca para mim. — Hoje à noite no Tony's, vai?
— Quem é Tony? — eu pergunto.
Peter ri. — É o bar na esquina da rua, Harred.
— Oh. — Eu prendo meus lábios entre os dentes, prendendo um sorriso
enquanto penso em uma resposta que não pareça um fora. — Peter, eu…
Quando eu hesito, ele ergue uma sobrancelha, curioso. — Não diga que está
saindo com alguém!
Deixo meus ombros cair. — Sim, eu estou. — Eu assumo. Eu ainda não sabia se
Enzo quer ou não manter segredo, então, eu não estou citando nomes aqui.
Os olhos de Peter caem para o café em minhas mãos, seu cenho franzido,
confuso e um pouco contrariado. — Pode me devolver o café? — Ele pede, sua
voz é baixa e com um toque de irritação.
Meu queixo cai quando eu fico sem reação, porque eu não esperava essa reação
tão…infantil dele. Eu pisco algumas vezes, tentando não ficar tão afetada por ele
ser um babaca, mas quando eu estou prestes a empurrar o café para ele, ele cai
na gargalhada, segurando sua própria barriga.
— Harred, qual é! Estou brincando. — Ele diz, ainda rindo. — Você é linda e era
óbvio que estava em outra. Eu me toquei na nossa primeira saída. — Ele toca
meu braço e aperta de leve, em seguida, enfia a mesma mão no bolso do jaleco.
— O pessoal quer conhecer a famosa Cirurgiã Cardiologista Harred, e como eu
sou o único que realmente falo com você, eles me pediram pra te convidar.
Vamos lá! É apenas alguns drinks e, se você se sente insegura em relação a mim,
não se preocupe, eu vou chamar alguém para ir comigo.
Ele vai embora e eu fico apenas com meus pensamentos e meu café. Por um
segundo, eu estava cogitando bofe o café quente na sua cara e chamá-lo de
idiota, mas, agora percebo que eu fui a única que fez papel de idiota aqui.
Eu não gosto de conhecer muitas pessoas, mas já que tiveram o trabalho de
pedirem para Peter me chamar, eu vou fazer esse esforço. Eu pego meu celular e
mando uma mensagem para Enzo,
"Que horas você vai para o hotel?"
Devolvo o celular para meu bolso e vou fazer a visita ao meu paciente.

•••


Eu peguei a unha do meu polegar entre os dentes enquanto eu digitava a senha
do meu celular para ler a mensagem inteira de Enzo.
"Estava em reunião, então desculpa a demora. Ainda não sei. Que horas você
quer que eu vá?"
Eu respondi com apenas uma mão,
"Depois das onze da noite? Tenho um compromisso hoje, mas vou sair cedo."
A resposta dele foi rápida e curta, "Tudo bem."
Eu coloquei o celular de lado e comecei a separar uma roupa para mim.
Havia duas horas que eu havia chegado no hotel e faltavam apenas uma hora
para a hora marcada de encontrar com o pessoal do hospital no bar. Eu passei
loja quando estava vindo para o hotel e comprei algo para vestir. Eu tenho noção
que as pessoas em Los Angeles costumam sair à noite vestidas como se
estivessem indo para o Oscar. De uma forma mais sexy e ousada, claro.
Depois que tomei um banho, eu vesti uma das lingeries que comprei com minha
mãe, em seguida, o vestido que comprei esta tarde. Ele era um tubinho preto, de
alças fininhas e que alcançava apenas até um pouco acima do meio das minhas
coxas. Eu coloquei uma jaqueta preta por cima, para esconder as marcas que
Enzo deixou em meus ombros e soltei o cabelo para esconder a do meu pescoço.
A sandália alta era preta também. Após fazer a maquiagem e, mais uma
olhadinha no espelho, e eu estava pronta.

O bar não era como eu esperava. Ele era grande, quase como uma boate, com
sofás grandes e ovais, com tons de preto e luzes roxas.
Eu encontrei Peter com mais cinco médicos, em um sofá de canto.
— Você veio. — Ele olhou para cima, para poder olhar para mim, de onde está
sentado. Ele se levantou e fez as apresentações necessárias, e então me indicou
um lugar para sentar.
Enquanto tomava gim com tônica, eu consegui conversar com eles. Eles eram
legais, afinal de contas. Em Londres, nenhum médico faz isso. É apenas trabalho
e casa. Ninguém lá arruma esses encontros com os colegas de trabalho.
Minha bebida acaba, então, eu peço licença e vou pedir outro no balcão. Eu me
inclino sobre ele e faço meu pedido.
— Então, Harred, — Peter chega ao meu lado. — por que não trouxe ele? — Ele
toma um gole da sua bebida e a deixa sobre o balcão, enquanto ele sorri para
mim.
Leva uns segundos para entender do que ele está falando. — É apenas um lance
casual, Peter. Eu não ter ele no meu pé sempre que saio para algum lugar. — Eu
estalo a língua contra o céu da boca. — E você, doutor Anderson, foi um babaca
mais cedo. Eu ia jogar o café quente na sua cara, sabia?
Ele joga a cabeça para trás e ri alto. — Meu Deus, Harred! Você é hilária.
Eu também acabei sorrindo e balancei a cabeça quando o barman e entregou
minha bebida.
— Boa noite. — essa voz. Enzo.
Virando a cabeça para meu outro lado, eu olho em seus olhos azuis. Ele está
olhando diretamente para mim. Eu abro minha boca para falar, mas a fecho, em
seguida.
Ele está lindo, todo de preto, da cabeça aos pés, seus olhos azuis brilhando sob
as luzes do lugar.
Um desejo de beijar seus lábios avermelhados faz meu estômago contrair, e
claro, faz minha calcinha molhar. Mas, isso também pode ser porque estou sob o
efeito de álcool...
— Boa noite. — Peter devolve o cumprimento e ergue uma mão para ele, pelo
lado do meu corpo. — Sou Peter Anderson, um colega de trabalho.
Eu não preciso me virar e olhar para Peter para saber que ele está sorrindo. Sua
voz já está dizendo isso para mim.
Enzo aperta sua mão e balança com firmeza quando diz, — Enzo Lazzari. —
mas, em nenhum momento, ele desviou seu olhar do meu. Ele olha para minha
bebida no balcão, e volta para meus olhos. — São onze e meia.
Sua voz estava com um toque rouco, irritado, apesar de seus olhos não estarem
transmitindo nada além de um pouco de gelo. E isso fez meu clítoris palpitar
dentro da calcinha.
Eu estava um pouco alta, certo? Não tenho culpa.
Peter limpa a garganta, atrás de mim. — Vou ver como a Gabe está. Ela bebeu
um pouco demais.
Eu aceno distraída, olhando rapidamente para ele. Quando volto meu olhar para
Enzo, ele está inclinado sobre o balcão, com os cotovelos posicionados na
madeira e o queixo na palma da mão, olhando para minhas pernas. — Veio me
buscar? — Eu perguntei.
Ele sobe os olhos para meu rosto. — Eu fui para o hotel e você não estava lá.
— E como sabia que estava aqui?
— Minha mãe também é médica, e ela passou um pequeno período no mesmo
hospital que você quando o Ben nasceu. — ele move o dedo, indicando ao redor.
— E esse bar é conhecido como o Bar dos Cirurgiões em Los Angeles. Não foi
difícil deduzir aonde você estava.
Okaaay...
Eu pego minha bebida e a viro de uma só vez, em seguida, bato minhas palmas
contra a madeira. — Me dá uma carona até o hotel, gostosão?
Ele acena na direção que Peter foi. — Seu colega de trabalho não vai fazer isso?
— Ele ergue uma sobrancelha, questionadora, os lábios levemente enrolados, em
um quase sorriso.
Os cantos da minha boca são puxados para baixo e eu encolho os ombros. — Eu
posso ir perguntar…
Eu faço menção de me afastar, mas ele segura meu antebraço. Ele não diz nada,
ele apenas olha bem no fundo dos meus olhos, seus olhos azuis estão escuros,
gritando várias promessas ruins, enquanto ele retira uma nota de cem dólares da
carteira e passa para o barman. — Isso deve pagar tudo que ela consumiu.
Movida, talvez, pelo álcool e pelo meu tesão descontrolado, eu piso para perto
dele e encosto minha boca em seu ouvido quando sussurro. — Estou com uma
lingerie novinha. Talvez, você queira tirá-la do meu corpo. — Eu sorrio,
capturando seu lóbulo entre os dentes. — A calcinha é tão pequena e ela está tão
molhada... Eu deixo você rasgá-la. Não fará falta.
Eu me afasto, ainda sorrindo e caminho para a saída, sentindo ele vem atrás de
mim.


CAPÍTULO 12 - ENZO

Eu sou um homem ciumento.
Eu sou do tipo que costuma ter ciúmes até do que não me pertence realmente. Eu
tenho ciúmes da minha mãe, da minha irmã, da minha filha, tinha ciúmes da
minha mulher... Eu tinha ciúmes até das garotas que eu ficava na época do
colegial.
Não está sendo diferente com Juliet.
Ver ela inclinada naquele balcão, com a barra do vestido quase alcançando sua
bunda, enquanto o outro cara conversava com ela, sem parar de olhar para ela e
sorrir, me causou ciúmes.
Temos apenas um acordo de sexo casual, mas ela é minha por duas semanas.
E como um ciumento de verdade, eu não divido. Eu odeio dividir as coisas,
principalmente as que são minhas, por um período curto ou longo de tempo.
Eu me certifico que ela colocou direito o cinto e retiro o carro do acostamento.
Eu tenho minha atenção na pista em minha frente, mas, com minha visão
periférica, eu posso ver ela sorrindo.
— Você está bêbada. — eu acuso.
— Eu não estou bêbada. — Ela discorda e ergue três dedos. — Aquele foi meu
terceiro drink.
Eu alço as sobrancelhas, sabendo que ela está olhando para mim.
Ela está bêbada.
Ela solta o cinto e vira o corpo para mim. — Você é um bom motorista, Enzo?
Olho pra ela, bem rápido agora, e volto a olhar pra frente. — Acredito que sim.
— De zero a dez, qual nota você se daria?
— Dez. — eu respondo, sem pensar duas vezes.
A mão de Juliet vem para minha perna e eu engulo em seco. Eu posso sentir o
seu sorriso malicioso fazendo cócegas no meu pescoço quando ela se aproxima
mais e sua mão sobe para o botão da minha calça.
— Uma bêbeda faria isso? — Ela puxa meu lóbulo entre os dentes, abre o botão
e enfia sua mão dentro da calça, e imediatamente, eu estou duro.
Limpo a garganta, tentando não perder o controle do carro quando todo meu
sangue desce e se instala no meu pau. — Uma bêbada, com toda certeza, faria
isso. — Eu digo, com dificuldade porque ela começou a apertar de leve.
Ela ri, baixinho, gostando do que está me causando, e desliza o zíper aberta.
Quando meu pau salta para fora, sua mão envolve entorno dele.
Eu largo uma mão do volante e agarro seu pulso, direcionando um olhar duro a
ela. — Eu estou tentando chegar em segurança no hotel. — eu tento advertir,
mas ela ignora, completamente.
Juliet abaixa a cabeça e seus lábios envolvem a minha cabeça, e eu deixo um
ruído, parte exclamação, parte gemido, sair. Sua boca é quente e pequena. Ela é
toda quente. E mesmo com o ar-condicionado ligado dentro do carro, eu posso
sentir minha nuca começar a suar.
— Merda! — eu sibilo, agarrando bem o volante com as duas mãos, levando
tudo de mim para não perder o controle, da mesma forma que estou perdendo a
cabeça nesse momento.
Ela leva meu pau mais para dentro de sua boca, sua língua lambendo ao redor,
enquanto sua mão esquerda envolve o meu comprimento, masturbando para
cima e para baixo, e sua mão direita massageia minhas bolas. Ela está soltando
gemidos baixinhos enquanto trabalha a boca e as mãos sobre mim.
Estou respirando com dificuldade, meu coração acelerado, meu corpo ficando
quente e suado. Suas mãos são perfeitas, sua boca de outro mundo, e eu estou tão
duro por ela, que está doendo.
Juliet me retira de dentro de sua boca, e ela tira a língua para fora e lambe ao
longo do meu comprimento, voltando a me enfiar na boca, em seguida.
Retiro uma mão do volante e junto seus cabelos, enrolando eles envolta do meu
punho, para tentar ver sua boca trabalhando, ao mesmo tempo que mantenho o
foco na estrada. Por incrível que pareça, eu ainda não fiz, sequer, um zig-zag.
Estou mantendo o carro em uma linha reta, virando apenas nas curvas
necessárias.
Ela aumenta a velocidade de suas mãos e de sua boca, e eu estou na borda
quando avisto o nome do hotel. Eu puxo seus cabelos, mas, em vez de parar, ela
me leva mais fundo.
Eu consigo colocar o carro para dentro da garagem do hotel e estaciono em sua
vaga. Desligo o carro e minha cabeça cai para trás, no encosto do banco, meus
olhos fechados fortemente, enquanto eu controlo os ruídos que querem escapar
pela minha garganta.
Ela me retira de novo e circula a língua envolta da cabeça molhada uma vez,
antes de começar a bombear sua mão rápido e com uma força calculada. Ela
pressiona os lábios na minha mandíbula, sem parar de sua mão. — Vem, baby.
Você precisa vir antes que alguém apareça por aqui. — Ela sussurra, em seguida,
ela desce e me lambe novamente. Então, ela bombeia uma última vez, de forma
lenta, porém dura, e eu gozo com um gemido reprimido, melando toda sua mão.
Eu ainda estou de olhos fechados, respirando com dificuldade, mas eu posso
sentir ela se movendo em seu banco.
— Você ainda acha que estou bêbada? — ela pergunta.
Eu abro os olhos para vê-la com um sorrisinho safado e, sim, bêbado. — Você
está. — Eu afirmo, quando começa a sentir minha respiração voltando ao
normal.
Ainda sorrindo, ela retira a jaqueta que está vestindo e começa a limpar a mão,
seus cabelos jogados para o lado, por cima de seu ombro direito, e seus lábios
avermelhados e inchados pelo trabalho de poucos instantes atrás.
Meus olhos descem para seu pescoço, em seguida, para seu ombro, ambos
marcados por mim. Isso me torna ainda mais possessivo do que eu já sou.
Ela olha para meu pau, quando ela começa a endurecer de novo, e seus olhos
brilham com malícia.
Eu mexo no banco, deslizando ele mais para trás. — Venha aqui. — Eu chamo,
batendo na minha perna. — Vamos fazer algo diferente hoje.
— Pensei que eu estava bêbada. — Ela brinca, prendendo um riso, mas já
atravessando o painel e montando em mim.
Eu seguro sua cintura fina e levo minha mão para baixo, sentindo o tecido
molhado de sua calcinha. Eu deslizo o dedo para baixo e meus olhos endurecem.
— Você está usando fio dental.
Ela está com o lábio inferior entre os dentes quando acena, confirmando. —
Estou.
Meus olhos estreitam e eu afasto o tecido de renda e enfio um dedo dentro dela,
lutando para não gemer ao sentir o quanto ela está quente para mim. — Você foi
encontrar aquele homem com essa calcinha.
Juliet agarra a barra de seu vestido com as duas mãos e puxa para cima, retirando
pela cabeça, e revelando seu sutiã tomara-que-caia, cor-de-rosa e de renda, que
puta merda, é muito sexy nela. — Eu fui com a lingerie completa. — Ela diz, e
começa a se mover de encontro ao meu dedo. — Mas, na verdade, — ela segura
em meus ombros para se mover melhor. — eu fui já preparada pra você.
— Hum. — Eu retiro o dedo, e ela lamenta. Eu passo meu polegar pelo seu
clitóris sob a renda rosa da calcinha. — Você disse que eu posso rasgá-la,
então… — Então eu puxo, e ela grita quando o tecido se parte contra sua carne.
Eu me inclino para pegar uma camisinha dentro do porta-luvas e visto ela, um
instante depois, estou deslizando pela entrada apertada de Juliet.
Ela pega meu rosto entre as mãos, e desce seus lábios para os meus, e começa a
me beijar devagar, enquanto ela sobe e desce, lentamente, se acostumando com
meu tamanho e espessura.
Seguro a parte de trás de sua cabeça e enfio minha língua em sua boca,
lambendo sua língua.
Ela parte o beijo e desce sua boca pela minha mandíbula e pescoço, quando eu
começo a entrar nela mais rápido. Eu pego sua cintura com as duas mãos e guio
ela sobre mim. Não demora muito para ela apertar envolta de mim e estremecer.

Depois que eu dou um tempo para ela se recompor e vestir, eu subo com ela até
o quarto.
— Eu acho que estou com um pouco de sono. — Ela diz, já retirando seu vestido
outra vez.
Eu olho para sua bunda nua quando ela se joga na cama, de bruços, e balanço a
cabeça, engolindo em seco.
— Será que você vai passar a noite? — Ela murmura contra o travesseiro.
Eu tento esconder o riso porque, geralmente, depois de uma adrenalina igual a
que tivemos no carro, qualquer pessoa bêbada ficaria alerta, mas não ela. Parece
que juntou todo o cansaço e se misturou com a bebida, e isso acabou com ela.
Eu chego perto da cama e vejo que ela já havia pego no sono, então eu puxo o
edredom por cima dela, e vou embora.
Eu não poderia passar uma noite aqui.

CAPÍTULO 13 – JULIET

Meu celular despertou na mesma hora que ele fazia todas as manhãs. Eu tateei
por ele, mas ele não estava por perto. Eu abri os olhos, mas os fechei
rapidamente. A luz do sol estava bem na minha cara, e minha cabeça parece que
vai explodir a qualquer momento.
Eu aperto os olhos fechados e gemo em agonia. Eu bebi mais do que devia
ontem. Eu pressiono o rosto contra travesseiro, então percebo que meu
despertador parou de tocar sozinho. Quando eu abro os olhos de novo, eu olho
ao redor, curiosa e para minha surpresa, Enzo está sentado do sofá branco, no
canto da parede.
Ele está olhando para mim, com seus olhos sérios e perfeitos, seus cabelos
rebeldes e perfeitos, e seu rosto lindo e perfeito. Era a visão que eu desejei ver
quando acordasse, durante oito anos. Perfeita.
Eu me viro na cama e me sento, segurando o lençol no meu peito. Eu estou
sentindo um vento a mais nas minhas partes íntimas, mas eu não quero olhar
debaixo do lençol agora.
Eu dormir nua?
Eu olhei para Enzo, sem me importar que me pareço um desastre ao acordar. —
Você dormiu aqui?
— Não. Eu fui embora quando você dormiu, mas voltei quando Mia foi para a
escola.
— Ah. — Eu olho para baixo e vejo que ele não está com a mesma roupa. Eu
lembro bem a sua roupa, eu acho.
Ele estava todo de preto, e agora ele está de calça preta, mas com uma camisa de
botões brancas. Ele parece que está pronto para um dia de trabalho.
Uma pontada de dor atinge minhas têmporas e eu faço uma massagem com os
dedos para aliviar
— Você precisa de um comprimido? — ele me pergunta, parecendo preocupado.
Enrolando o lençol envolta do meu corpo, eu me levanto. — Eu vou tomar
algum depois de tomar um banho. — Eu entro no banheiro, ligo a torneira da
pia, e pego água na concha feita pelas minhas mãos unidas para lavar o rosto. Eu
não me lembrava de muita coisa de ontem.
Eu lembro que estava no Tony's, com o Peter e alguns colegas do hospital, em
seguida, Enzo chegou, e eu adormeci na cama. Mas, eu sei que aconteceu
alguma coisa nesse meio tempo entre Enzo chegar no bar e eu adormecer.
— Enzo?
— Huh?
— Eu fiz alguma besteira ontem? — Eu pergunto, e seguro meu estômago,
quando o medo de ter dito algo que não devia, surge.
Enzo aparece na porta do banheiro, e ele empurra seu ombro contra o batente,
me observando com seus olhos azuis. — Você não lembra, realmente?
Balanço a cabeça. — Eu bebi mais de seis doses.
Ele ri, seus ombros sacudindo de leve. — Você disse que foram três.
Eu lamento com outro gemido agoniado. — Eu estava bêbada, e provavelmente
não queria que você soubesse.
Abro o vidro do box e ligo o chuveiro para esquentar a água, sentindo o olhar
atento de Enzo sobre cada movimento meu.
Eu olho pra ele. — Vai me contar o que eu fiz?
Ele está sério novamente quando se aproxima, me fazendo encostar no vidro
atrás de mim e levantar o queixo para poder olhar em seus olhos. Ele agarra meu
queixo entre o polegar e o indicador. — As únicas coisas que eu vou dizer agora
são: A, eu não sou de dividir as minhas coisas, Juliet. Eu não estou dividindo
você com aquele médico ou qualquer outro, durante essas duas semanas. — Ele
olha bem no fundo dos meus olhos, como se pedisse para saber se eu estou
concordando, e eu aceno de imediato. — B, sob nenhuma circunstância, vá
encontrar com seus amigos em um bar, usando uma coisa tão minúscula como a
calcinha que você estava.
Eu mordo o lábio inferior, prendendo um sorriso de satisfação. — Você gostou
da calcinha?
Seus olhos brilharam. — Não brinque comigo.
Eu me afasto do seu toque, ainda sorrindo e deixo meu lençol cair, ficando
apenas com meu sutiã. — Você apareceu no bar, me trouxe de lá, e agora está
dizendo que está com ciúmes do Peter? — eu pergunto, parte brincando, parte
satisfeita. — Cuidado. — sussurro, divertida. — As pessoas podem achar que
isso é um relacionamento.
Eu retiro meu sutiã e entro no box, e logo, debaixo do chuveiro.
— Eu não ligo para o que elas acham. — Ele diz, sua voz um pouco rouca,
enquanto seus olhos descem e sobem, absorvendo cada parte do meu corpo
molhado. — Eu sou muito ciumento, e não seria diferente com você. Você é
linda.
Ah, as borboletas no meu estômago… Elas estão tão agitadas agora.
Eu encaro seus olhos através da água corrente caindo pela minha cabeça, e
apenas dou um sorriso amarelo e um aceno como resposta.
Eu não posso me apegar demais.
Não posso.
Não posso.
Sem ilusões.
Você não precisa de mais ilusões, Juliet.
Oito anos foram o suficiente.
Eu pego o shampoo e começo a lavar meus cabelos. — Se não foi pra me dizer o
que eu fiz ontem, então, por que está aqui tão cedo?
Enzo cruza os braços, sua expressão mudando um pouco, como se ele tivesse
lembrado de algo ruim. — Ethan quer falar com você. Ele pediu para chamar
você lá na empresa.
— Ethan, o advogado, que agora é presidente de uma empresa de aeronaves?
Ele confirma.
Eu franzo o cenho. — O que ele quer comigo?
Ele dá de ombros. — Você já vai saber.


•••

— Obrigado por ter vindo! — Ethan me cumprimenta, assim que entro no
escritório de Enzo.
Eu ainda estou confusa. Eu o conheço apenas por alto, e não vejo nenhum
motivo para ele querer falar comigo aqui. Mas, eu devolvo o cumprimento com
um sorriso.
— Não tem de quê. — eu digo. — Em que posso ajudar?
Ele parece ansioso quando me passa um tablet.
Eu olho para a tela e vejo uma série de imagens de exames médicos. São
tomografias, que mostram tumores espalhados por vários lugares, entre eles, na
cavidade torácica. Eu já tinha visto algo parecido, mas não tão grande. Olho para
Ethan, confusa quando eu pergunto, — Quem é?
— Minha namorada. — ele reponde, nervoso.
Eu abro a boca chocada. Sou acostumada a ver coisas assim e a lidar com elas,
mas, ainda assim, o impacto é sempre ruim. — Uau… — eu pisco algumas
vezes para a tela, repassando as imagens. — Eu sinto muito, Ethan…
Ele engole com dificuldade. — Ela tem só mais um mês de vida, mas o médico
responsável disse que, se conseguisse tirar parte dele, ela não morreria. Mas, ele
e todos os outros que eu entrei em contato, não aceitam fazer a cirurgia. Dizem
que é muito arriscado. — Ele olho de forma ansiosa para Enzo, depois para mim.
— Eu sei que é pedir muito, quando nós mal nos conhecemos, mas, eu ouvi falar
que você é a melhor, e que você adora um desafio, então…
Eu balanço a cabeça. — Ethan, — eu olho bem para parte aonde o tumor está
espalhado pela caixa torácica. — eu, de fato, amo desafios. E, particularmente,
eu sou boa com eles, mas eu não estou por dentro do caso dela…
— Eu faço o que for preciso. Eu te coloco dentro.— ele me interrompe. — Por
favor?
Eu olho em seus olhos perdidos, implorando para mim, e eu acabo cedendo.
Endireito meus ombros. — Olha só, eu posso fazer, mas eu tenho que ser sincera
com você.
— Por favor. — ele incentiva.
— Eu tenho amigos que, se eu chamar, eles aceitam tentar retirar das outras
partes, isso não é o problema. O problema é: eu posso retirar apenas uma parte,
porque o tumor em si já está muito espalhado e chegou em lugares que é
inoperáveis. — aponto para tela do tablet. — A única coisa que eu posso fazer, é
dar mais alguns meses de vida para ela, antes que o tumor se espelhe novamente.
É tudo que eu posso fazer.
Ele sorri, com tanto alívio, que o sentimento que eu costumo sentir quando eu
dou uma notícia boa no hospital, me invade agora. Ele vem e me abraça forte,
pegando-me de surpresa. — Muito obrigado! Mais alguns meses é melhor que
nada, certo?
Ergo um dedo em riste. — Mas, primeiro, você precisa falar com a direção do
hospital em que ela está e ela precisa pedir para que eu assuma seu caso. E eu
preciso de uma semana para estudar o caso, para poder me preparar.
Ele assente, confirmando. — Sim, tudo bem. Obrigado, Juliet! — ele me abraça
de novo. — Eu vou falar com ela agora mesmo!
Quando ele sai pela porta, eu olho para Enzo, que está encostado na sua mesa,
com os braços cruzados. Ele sorri de lado, e fala de forma silenciosa um:
"Obrigado."


CAPÍTULO 14 - JULIET

— Você conhece ela? — eu pergunto, quando deslizo de volta para cama.
Enzo me trouxe para o prédio do hotel de Mia, novamente, no dia seguinte. Nós
já estamos por aqui há mais de uma hora, e já tivemos o nosso primeiro round de
sexo quente. Muito quente.
Eu pedi um tempo porque, após passar quase a noite toda ajudando no hospital,
eu estava um pouco acabada, e ainda por cima, Enzo me fez ficar em algumas
posições que eu nunca tinha visto na minha vida.
Ele me deu uma taça de vinho e colocou uma bandeja com uvas e morangos
perto de nós.
— Ela quem? — ele procura saber, com uma sobrancelha arqueada, após engolir
um morango.
— Lisa.
Ele assente. — Ela está com Ethan o mais tempo que Mel está com meu irmão.
Já é da família.
— Hum. — eu arranco, distraída, as folhinhas do morango.
Eu não conheço muito bem nem o Ethan, tampouco, a Lisa, mas saber que ela é
tão próxima à família da minha mãe, é como se eu estive prestes a operar alguém
da minha família. Eu recebi todos seus exames e, imediatamente, pedi a
transferência dela para o hospital em que eu já estava trabalhando. Eu poderia
fazer a cirurgia hoje mesmo, mas eu quero me sentar e estudar, para quando eu
entrar naquela sala de cirurgia, dar o meu máximo pra ela.
Enzo se remexe, esticando as pernas fortes para frente. — Você não pode salvá-
la? — ele pergunta, baixo.
Eu engulo em seco, encontrando os seus olhos. — Se eu pegasse esse caso há
um ano atrás? Sim. Agora? Não. Ela está muito ruim. Eu não sou Deus, Enzo.
Tudo que eu posso fazer é dar três ou quatro meses para ela.
— Você acredita em Deus?
Eu sou pega de surpresa com sua pergunta. Ele está me olhando, com
curiosidade brilhando em seus olhos.
Eu aceno. — Você não?
Ele não responde de imediato; Ele me olha dentro dos olhos por um tempo,
então ele balança a cabeça. — Você é médica. — ele desconversa.
— Sim. Médica, não Deus. — eu digo. — Eu uso apenas meu dom com as mãos
para abrir uma pessoa e retirar um tumor, ou um coração, mas não sou eu que
decido quem vive ou morre. Eu já vi pessoas que dão entrada quase morta e no
dia seguinte, sai andando pela porta, como se nada tivesse acontecido. Mas eu
também já vi pessoas que chegam pra fazer um curativo no joelho e sai no outro
dia direto para o necrotério.
Ele se inclina, sustentando seu corpo grande com um braço apoiado contra o
colchão. Ele me olha, realmente interessado no que eu estava dizendo, mas ainda
posso ver um pouco de rancor lá. Talvez rancor por Deus? Ou pelos médicos? —
Então, você acredita em Deus?
— Eu acredito em propósitos. — eu coloco dessa forma, querendo mudar de
assunto. — Exemplo: eu estou aqui, e por quê? — eu coloco minha taça na
mesinha ao lado da cama e monto em suas pernas, fazendo-o sentar no colchão e
segurar minha cintura. — Se aquele menininho não tivesse um problema de
coração e não precisasse de um transplante, provavelmente, eu não teria vindo
para cá, e eu não estaria aqui, prestes a transar com você de novo. Isso foi um
propósito.
Ele morde meu queixo, e eu gemo, lamentando. — Eu gostei desse propósito. —
ele murmura contra meu pescoço. — Eu estou pronto pra entrar em você, Juliet.
Eu jogo minha cabeça para trás, lhe dando acesso à minha garganta, e sussurro
de volta: — Já devia ter entrado…
•••

Eu observo Jax colocar suas coisas na mochila através da tela do computador.
Ele parece maior que da última vez que nos falamos por chamada de vídeo. Ele
para no meio de seu quarto e coloca as mãos na cintura, enquanto olha ao redor,
sua expressão pensativa, como se quisesse lembrar de alguma coisa.
— Algum problema? — eu procuro saber. Quando estou lá, eu sempre acho suas
coisas. Ele sempre faz questão de esquecer onde coloca elas.
Ele sacode a cabeça. — É o meu livro de biologia. Eu não sei… Achei! — ele
abaixa e quando levanta, ele tem o livro de biologia nas mãos.
— Você precisa organizar suas coisas, Jax. — repreendo.
Ele vem se sentar na cadeira de escritório e fixa seus olhos negros em mim. —
Você vai demorar mais aí?
Deixo um suspiro sair e meus ombros caem. Eu estou com tanta saudade dele…
— Sim. Recebi outra cirurgia de urgência e devo demorar mais umas duas
semanas a mais que o combinado.
Ele aperta os lábios em uma linha fina, e mesmo sem dizer nada, eu posso ver a
tristeza em seus olhos.
Eu me inclino sobre a mesinha que havia colocado meu MacBook. — J2, ei,
prometo que vou chegar a tempo do seu aniversário, tudo bem?
— Mesmo? — Ele pede, com esperança.
— Mesmo. — eu garanto.
Jax perdeu a mãe no dia do seu aniversário, então, ele não gosta de comemorar.
Todos os anos, nós subimos no telhado da nossa casa, e passamos um tempo lá
de noite, comendo várias besteiras. E, se eu não tiver em casa, ele provavelmente
ficará bastante triste, sozinho.
Jax pega a mochila. — Certo. Estou indo pra escola, J1.
— Eu ligo pra você amanhã, tudo bem?
Ele assente, ainda um pouco desanimado, e se vai.
Eu deito na cama do hotel e tento o meu melhor para pegar no sono, porém, há
um pequeno incomodo delicioso no meio das minhas pernas, que não está
ajudando muito.

•••

Se não tiver ocupada hoje, quero que almoce comigo.
Foi a mensagem que recebi de Enzo, assim que acordei. Eu não pude deixar de
sorrir enquanto respondia,
Um almoço casual? Isso parece interessante.
Ele respondeu de volta, rapidamente.
Você gosta de brincar comigo. Não brinque.
Eu: Você adora quando eu brinco com você, baby. Só me mandar o local e
eu estarei lá.
E eu mando uma piscadela pra ele. Eu nunca mandei uma piscadela para
ninguém. Eu estou me sentindo estranha, porém, orgulhosa.
Quando sua resposta chega, eu preciso me segurar para não gritar no banheiro.
Esteja em frente ao seu hotel às meio-dia. E não use uma calcinha. Você não
precisará dela hoje.

CAPÍTULO 15 | ENZO


Até hoje, só haviam três sorrisos que eu costumava gostar de ver.
O da minha filha, o da Raquel e o da Alessa.
Apenas esses três sorrisos eram capaz de me deixar em meus joelhos. Apenas
esses três sorrisos eram capaz de me fazer sorrir em seguida.
Hoje, eu não tenho mais o da Raquel, a não ser pelo porta-retratos ainda posto
sobre minha mesinha de cabeceira e minha memória. O sorriso do seu primeiro
amor, é o tipo de sorriso que você nunca esquece.
Mas, eu posso dizer que estou um pouco obcecado pelo sorriso de Juliet.
Ela costuma sorrir enquanto segura seu lábio inferior entre os dentes. É sexy,
tímido ej lindo. Ela também costuma ficar com as maçãs do rosto rosadas e seus
olhos se estreitam, quase se fechando, e isso faz seu sorriso ficar ainda melhor.
Ela está sorrindo quando descemos do carro no Pier de Santa Mônica.
Eu olho para baixo, para o vestido de verão que ela está usando. Está ventando
muito hoje, então ela está segurando o tecido em suas pernas, e eu começo a
imaginar se ela realmente veio sem calcinha.
Eu levei ela para o North Italia e nos sentamos na parte de fora, bem de frente
para praia. Quando o garçom veio pegar nossos pedidos, eu sugeri Parmigiana de
Frango e Juliet apenas concordou.
— Comida Italiana? — Ela diz, olhando-me com um toque de divertimento, mas
eu continuo sério.
— Eu preferiria você, mas estamos em público.
Ela ofega, e meus olhos divagam para baixo em sua boca, quando ela tira a
língua lambe os lábios de forma lenta.
— Se quando eu me levantar dessa cadeira e ela estiver molhada, — ela diz,
malditamente, sedutora. — a culpa será sua, porque não me quis de calcinha.
— Vamos fazer assim… — Eu pego meu celular quando eu o sinto vibrar e vejo
que é uma mensagem da minha secretária, avisando sobre minha reunião em
uma hora. Devolvo o celular para meu bolso e olho para Juliet. — Nós
almoçamos e depois, eu mostro a você o motivo de não te querer de calcinha.
Ela sorri, novamente, seu lábio preso entre os dentes e sua bochecha cor-de-rosa.
E mais uma vez, eu estou olhando para sua boca.
É incrível a forma como apenas seu sorriso consegue me deixar excitado. Eu
gosto da forma que sua pele pálida aquece quando estou por perto, quando eu a
toco, quando eu a penetro…

Nosso almoço chega e nós comemos normalmente, conversando apenas de
coisas aleatórias, como Jax, o garotinho, filho de sua amiga, que ela pegou para
criar. Ela fala dele de uma forma tão dose, que eu chego a imaginar como é seu
lado mãe. Ela deve ser maravilhosa exercendo esse papel. E também falamos
sobre como Mia adorou seu presente de aniversário.
— É um pouco assustador para mim. — eu confesso, quando engulo. — Mas,
ela é apaixonada pela boneca. Como você achou? Eu nunca ouvi falar sobre elas.
Ela limpa a boca com o guardanapo. — Porque é uma empresa alemã ainda em
desenvolvimento. Eles não são muito conhecidos. Eu só descobrir por uma
revista, que estava na sala de espera da escola do Jax.
Jax.
Eu acabo de perceber que eu gosto da forma que seu sotaque inglês soa quando
ela fala o nome Jax. Eu já tinha notado seu sotaque forte, óbvio, mas por
conviver tanto com sua mãe, eu já estava acostumado com ele. Mas, ouvi-la falar
o nome Jax, é muito bom.
Eu olho para sua boca. — Fale Jax de novo. — eu peço.
Ela me olha, confusa, e para de mastigar por um momento.
— Apenas fale. Por favor. — insisto.
— Jax… — ela fala, meio arrastado.
Balanço a cabeça. — Fale normal. Jax.
Ela sorri. — Jax. Tudo bem?
Eu apenas acabo de descobrir ouvir ela falando o nome do filho postiço é um dos
meus sons favoritos dela. Eu também gosto quando ela fala meu nome, mas tem
algo em quando ela diz “Jax”. Talvez, puxar bastante o “a” e colocar um pouco
de força no “x” seja uma coisa dos ingleses, mas eu não tenho contado com
muitos inglese; eu tenho contato com ela. É na voz dela, doce, macia e ao
mesmo tempo firme, que eu escuto, e é perfeita.
— Gostei da forma que você fala esse nome. — admito.
Os olhos de Juliet crescem um pouco, com surpresa, então ela captura o lábio de
volta com os dentes e olha, brevemente, para seu prato, antes de voltar para mim.
Seu celular está sobre a mesa, um pouco afastada do seu prato, quando começa a
tocar. Ela atende, depois de ver quem é.
— Sim? — ela ouve atenta por uns instantes, até quem quer que seja do outro
lado da linha, fala alguma coisa que a deixa alerta. Ela endireita os ombros e
descarta o guardanapo ao lado do prato. — Tudo bem. Prepare uma roupa
adequada para mim, por favor. Estarei aí em vinte minutos. — Ela desliga e me
olha como se estivesse me enviando um pedido de desculpas.
— Aconteceu alguma coisa? — Eu pergunto, sentindo sua preocupação, e ela
acena.
— O menininho que recebeu um coração novo, acaba de ser levado para o ala
cirúrgica, com complicações. Ele precisa de uma cirurgia de urgência.
Eu sinto um aperto o coração, porque eu não posso parar de imaginar minha
filha dentro de um hospital. Rapidamente, eu pego minha carteira e deixo em
cima da mesa dinheiro suficiente para pagar nosso almoço e ainda sobrar a
gorjeta do garçom.

Ela para antes de entrar no carro, segurando a porta aberta, enquanto me olha por
sobre o capô do meu carro. — Você não vai ficar chateado, vai?
— É o seu trabalho, Juliet. Ele é uma criança e precisa de você. — eu digo,
firme, de forma que eu consiga ver que não estou mentindo. — Depois, podemos
voltar aqui e eu vou te levar pra conhecer aquele lugar, pelo qual você veio sem
calcinha.
— Ah, Deus! — Ela lamenta e cobre a boca com a mão, enquanto seus olhos
sorriem. — Enzo, tenho que passar no hotel e vestir uma calcinha.
Eu lhe ofereço um olhar, dizendo silenciosamente um “Pode ter certeza que nós
vamos passar por lá.” e nós entramos no carro.
Com certeza ela não ficaria sem calcinha perto do seu colega de trabalho.


CAPÍTULO 16 – JULIET

Eu permaneci dentro da sala de cirurgia durante a maior parte da tarde, e mesmo
depois de ter terminado, eu não poderia voltar para o hotel tão cedo. Meu
paciente quase morreu na minha ausência, e eu não vou sair desse hospital até
que ele esteja completamente fora de risco.
O quarto de descanso dos médicos está vazio, então eu retiro meus sapatos e
deito em uma das camas, deixando meu corpo relaxar um pouco, meus olhos
pesando com o cansaço.
Depois de alguns instantes, a porta é aberta e Peter entra, carregando um café nas
mãos. —Tome isso. — ele estende em minha direção e se senta na beirada da
cama. — Soube que você salvou o menininho de novo.
Eu forço um sorriso e me sento contra a parede, puxando meus joelhos para meu
peito, e bebo um gole do café. — Fiz apenas meu trabalho, sabe como é. —
aceno o copo em minha mão quando digo, — Obrigada pelo café. — então
sorrio, divertida. — Costuma sair por aí dando cafés para todas ou é só comigo?
Ele faz uma falsa expressão pensativa. — Você realmente achou que eu era
apenas um simples cirurgião plástico? — ele diz, igualmente divertido. —
Mulher, eu também sou o cara do café.
Minha cabeça cai para trás com uma gargalhada.
Peter ri também, e quando nossos risos sessão, eu volto a tomar meu café e ele
diz, — Há um mês, eu me inscrevi no programa de pesquisa do Kendric
Memorial e hoje chegou um e-mail, informando que eu fui aceito. Estou indo em
uma semana.
Eu sou pega de surpresa com isso e eu não sei o que falar de imediato. Engulo,
em seguida, consigo sorrir, realmente animada por ele. — Peter, isso é muito
bom! Eu tenho trabalhado lá durante toda minha carreira e posso garantir que é
maravilhoso. Principalmente, para quem quer investimento para pesquisas.
Ele acena, apreciando meu entusiasmo. — Então, vamos trabalhar juntos?
— Vamos trabalhar juntos. — eu confirmo, com um sorriso.
Peter sorri e se levanta. — Bom, estou indo para o Tony’s comemorar com o
pessoal. Você quer ir?
Meus ombros caem um pouco. — Eu preciso confirmar que meu paciente não
terá mais nenhuma complicação, sinto muito. Mas, estou feliz por você, Peter.
Realmente, parabéns! — Eu me levanto e abraço ele, seu corpo grande fazendo o
meu ficar ainda menor.
Quando eu quebro o abraço, ele segura meu rosto e beija minha cabeça,
oferecendo-me um sorriso amigável, em seguida. — Até amanhã, Harred!
Eu aceno em despedida e ele sai do quarto. Eu termino o café e volto para cama,
pronta para dormir pelo menos uma horinha.
E eu ainda consigo sonhar com Enzo, antes de uma enfermeira me chamar para
ajudar em um caso que acabou de chegar.


●●●

ENZO


— Você está gostando dela. — Lucca diz.
— Eu não estou gostando dela. — eu rebato, lançando-lhe uma rápida olhada
atrás dos meus óculos de leitura.
Ele revira os olhos, enquanto brinca com seu mais novo projeto, um em que ele
está arquitetando um condomínio de luxo em Miami, em seu Ipad.
Eu acabo de me arrepender de ter dito a ele sobre isso.
— Nós estivemos juntos apenas três vezes, Lucca. — eu digo pra ele — Eu não
posso gostar dela em tão pouco tempo.
Lucca para de mexer no Ipad e olha para mim, com um olhar de “sério?”. —
Você pediu Raquel em casamento apenas um mês depois de conhecê-la.
— Porque eu sabia que ela era a mulher da minha vida.
— É disso que estou falando. — ele coloca o Ipad de lado. — Eu demorei um
tempo para perceber que estava apaixonado pela Mel. No começo eu pensava
que era apenas alguma coisa da minha cabeça. Giovanni e Aurora? Nosso irmão
só começou a transar com Aurora depois que ele percebeu que ela era a novata e
que ele ainda não tinha ficado. Mas não você, Enzo. Você sabe quando vai ficar
com alguém na primeira vez que ver a pessoa. Você nunca foi de perder tempo
com mulheres que você via que não tinham um futuro, mesmo suas ficadas no
colegial sempre acabavam com um namoro, de longo prazo ou não.
Recostando-me na minha poltrona, eu solto um suspiro. — As pessoas mudam.
Eu tive oito anos para isso. Não estou a procura de um relacionamento.
Lucca reprime um sorriso e recupera seu Ipad. — Eu também não estava,
Giovanni tampouco. E olha onde estamos, certo?
Eu aperto o músculo da minha mandíbula, mas eu não lhe dou uma resposta. Eu
não posso e eu não estou gostando de Juliet. Pelo menos, não da forma que ele
acha que eu estou.
Ela é bonita, atraente, gostosa, divertida, mas é só.
Eu morro de ciúmes, porque é o meu jeito, não significa nada. Não para mim.
Em alguns dias, ela voltará para Londres e eu tenho que seguir minha vida,
cuidando da minha filha e dando tudo de mim para ela não sofrer tanto com falta
da mãe.

Mas, há noite, quando eu voltei para casa e coloquei Mia na cama, eu peguei
meu celular e mandei uma mensagem para Juliet, depois eu peguei algo para
beber e me sentei no sofá da minha sala.
Eu não recebi uma resposta de Juliet e eu não dormi durante toda a noite,
dividido entre ir ou não no hospital para ver se aconteceu algo com ela. Mas
acabei não saindo de casa. Desde a morte de Raquel, às vezes, durante a noite,
Mia acorda chamando por ela, então eu preciso estar aqui todas as noites, para
quando isso acontecer, eu poder lhe abraçar e dizer que está tudo bem.

●●●

CAPÍTULO 17 | ENZO


Eu chego no hotel, logo pela manhã, no dia seguinte. Ainda não tive uma
resposta da mensagem de ontem, e a preocupação não me deixou pregar os olhos
nem por um minuto, durante toda a noite.
Quando entro na suíte de Juliet, ela está saindo no banheiro. Ela para de enxugar
os cabelos com uma toalha e seus olhos demonstram surpresa quando me vê. Ela
está vestida com uma camisola e eu posso ver as manchas escuras e fundas
abaixo de seus olhos.
Ela não dormiu.
— Eu mandei uma mensagem ontem. — eu digo.
— Ainda não tive tempo de pegar o celular, desculpa. — Ela segue para o quarto
e recupera o celular de cima da cama, e começa a olhar as mensagens. — Merda.
— ela pragueja baixinho, em seguida, ela lamenta. — Não liguei para Jax ontem.
— São quinze horas lá. Ligue para ele agora.
Ela assente e começa a digitar o número em seu celular, mas antes de levar para
o ouvido, ela procura pelos meus olhos. — Você me espera um minuto?
Eu aperto um sorriso e aceno com a cabeça. — Leve o tempo que precisar. — eu
falo, e quando ela se afasta para varanda da suíte, eu me sento em um dos sofás
para esperar.
Eu observo ela com o celular na orelha, falando com seu filho adotivo.
Ela anda de um lado para o outro, enquanto, pela sua expressão, se desculpa pelo
atraso. Ela parece tão cansada, mas ao mesmo tempo, tão preocupada com Jax.
As pernas grossas estão todas de fora, porque o vento está fazendo um bom
trabalho em soprar sua camisola para cima, me deixando ver até a polpa de sua
bunda, de vez em quando.
Eu entorto um pouco o nariz, em uma careta. Só transamos três vezes e eu já
estou tão obcecado com o seu corpo, seu cheiro, seu gosto. Eu poderia tê-la sob
meu corpo o dia inteiro e ainda não seria o suficiente. Estou feliz que teremos
uma semana a mais do combinado, porque eu não sei se meu tesão sobre ele
aguentaria só por duas semanas.
Ela termina a ligação e volta para dentro, seus olhos encontrando os meus, com
um toque de cansaço, e eu me levanto e enfio uma mão no bolso.
— Enzo, eu só preciso de algumas horas de sono e então, serei toda sua. — ela
diz, apontando para a cama.
Eu sinto meu cenho franzir, de imediato. — Eu não vim aqui por isso. — eu
digo, sem me importar de demonstrar que isso me ofendeu. — Estou aqui porque
estava preocupado com você, e queria saber se você estava bem.
— Ah. — ela troca seu peso de perna, seu rosto adquirindo um tom rosado.
Eu vou até ela e, sem que ela esperasse, eu me abaixo e passo um braço atrás de
suas pernas e o outro em sua cintura, e a levanto em meus braços. Ela me olha,
surpresa brilhando em seus olhos, seus lábios abertos, como se ela estivesse
prestes a falar alguma coisa, mas eu não espero para ouvir; eu a levo até a cama
e a coloco sobre o colchão.
— Você está com fome? — eu procuro saber.
Ela ainda está me olhando com surpresa quando balança a cabeça. — Eu comi
alguma coisa no hospital.
Arqueio uma sobrancelha. — Não foi isso que perguntei.
Ela morde o interior de suas bochechas. — Não, eu não estou. — ela diz, por
fim.
Começo a retirar meus sapatos, em seguida, minha camisa e então eu me deito
ao seu lado, enquanto ela me olha, agora espantada, porém, um pouco divertida.
— O que está fazendo?
Eu puxo o lençol sobre nós. — Vou dormir com você. Não consegui dormir
durante toda noite, porque estava preocupado com você.
— Oh. — ela pisca, realmente surpresa, agora. — Isso faz parte do casual?
Pegando sua cintura fina, eu a faço virar de costas para mim e trago seu corpo
para meu peito. — Faz parte do nosso casual. — eu digo. Eu estou dando o meu
melhor para ignorar sua bunda roçando em meu pau, já sedento para estar dentro
dela. — Agora, podemos dormir?
Ela não responde, mas fica imóvel por um momento. Quando se mexe, é para
agarra minha mão e levar para se próprio peito, onde sou capaz de sentir as
batidas frenéticas do seu coração.
No começo, eu encaro seus cabelos negros, sentindo-me um pouco estranho por
estar prestes a dormir de conchinha com uma mulher que não é a minha. Eu
posso sentir a relutância empurrando contra minha consciência quando eu sinto o
coração de Juliet começando a desacelerar e sua respiração pesar.
Ela caiu no sono.
Enfiando meu nariz em seus cabelos, me permito relaxar por um momento e
sentir seu corpo quente contra o meu. Então, aos poucos, eu também caio no
sono.

•••

JULIET

Torno a acordar às treze e meia da tarde, segundo o despertador do hotel na mesa
de cabeceira. Eu ainda estou um pouco grogue de sono quando noto um braço
circulando minha cintura e uma mão entre meus seios. A consciência estala em
meu cérebro após alguns segundos.
Enzo. Ele ainda está aqui?
Eu toco sua mão e esfrego meu polegar sobre sua palma e subo até a marca
gritante de um anel ao redor de seu dedo. Sua aliança. Ele não está usando, e ele
não usou em nenhum momento em que esteve comigo; Mas ele estava com ela
nos dois jantares na casa de seu pai, na festa de Mia e no hospital.
Lábios úmidos são pressionados na curva do meu ombro, e eu pisco com
surpresa e viro meu rosto para ver o rosto bonito de Enzo ao acordar. E ele
também tem um meio sorriso formado em sua boca.
Não é um sorriso largo, de verdade; é apenas um inclinar de seus lábios,
puxando-os um pouco para o lado e para cima, mas ainda sim, faz minhas
borboletas se agitarem.
— Eu pensei que você não estaria aqui quando eu acordasse. — eu sussurrei,
porque minha voz ainda não estava boa o suficiente.
— Eu pensei que não aguentaria ficar. — ele confessa e sua voz era de uma
rouquidão ainda mais profundo que o normal.
Eu aperto meus lábios em um sorriso pequeno. — Conseguiu. — murmuro,
meus dedos trilhando um caminho pelo seu antebraço, levemente subindo e
descendo, subindo e descendo.
Enzo se move, e então ele está sobre meu corpo, seus braços apoiados em cada
lado meu, enquanto seus olhos, desconcertantemente, azuis estão olhando
através de mim.
Meus dedos coçam para tocá-lo, então eu faço. Eu toco cada lado do seu rosto
com meus dedos, tão suavemente, que eu temo dele não sentir meu toque. Corro
os dedos pelas suas mandíbulas, queixo, entorno dos olhos, pelo seu cenho
sempre franzido, e por fim, eu toco sua boca. Eu corro um dedo indicador entre
seus lábios avermelhados e, pegando-se de surpresa, ele sopra um gemido no
meu dedo, em seguida, ele beija a ponta, colando a língua para fora e lambendo.
Ele abre a boca e suga meu dedo, sem desviar os olhos dos meus, e eu posso
sentir a sensação alucinante entre minhas pernas.
— Enzo… — lamento, os dedos dos meus pés se curvando para baixo, no lençol
da cama, por conta do prazer espalhado por todo meu corpo.
— Ainda está muito cansada? — ele sussurra contra minha boca.
Eu nego com a cabeça, incapaz de dizer qualquer palavra enquanto assisto ele se
livrar da minha calcinha, então da sua calça.
Ele desce a boca e beija meu queijo, de uma forma carinhosa. — Sem
preliminares hoje. — ele sopra contra meu pescoço.
Enzo começa a deslizar para dentro do meu canal, e pela primeira vez, ele libera
seus gemidos. Isso me deixa à beira da loucura, porque são os gemidos mais
lindos, mais sexy, e mais esperados da minha vida. Eu agarro seu rosto e levanto
sua cabeça sobre a minha.
Eu estou olhando bem de perto em seus olhos agora e algo dentro do meu peito
está se apertando, a ponto de quase me deixar sem ar. Eu cheguei em Los
Angeles com algum sentimento forte por ele, e hoje, tendo-o dentro de mim, de
formas inexplicáveis, eu posso dizer que, para meu azar, eu estou completamente
apaixonada por esse homem.


•••

Na segunda seguinte, com meu tablet em mãos, eu entrei no quarto em que Lisa
estava, no hospital.
Ethan estava ao seu lado quando eu expliquei, detalhadamente, sobre sua
cirurgia, junto com os outros cirurgiões que eu convidei para seu caso.
Durante a conversa, eu procurei saber se era realmente isso que ela queria. Nós
lhe daríamos de três a quatro meses de vida, mas com isso, viria mais três ou
quatro meses de dor.
"Você não estaria disposta a sentir a dor, se fosse para ter a oportunidade de
olhar para o amor de sua vida por mais três meses? Talvez, quatro?" Foi a
resposta dela, e foi o suficiente para mim.
Meus olhos se encheram de lágrimas e meu coração apertou por ela. Eu não
respondi com palavras, mas acenei levemente com a cabeça e sai do quarto para
não chorar em sua frente.
Na quarta-feira, eu estaria pronta para realizar sua cirurgia.


CAPÍTULO 18 – JULIET


A cirurgia foi um sucesso.
Nós retiramos tudo que pudemos retirar, e por isso, Lisa terá mais alguns meses
de vida.
Eu tentei ir mais fundo, alcançar as outras partes, mas eram totalmente
inalcançáveis. Pela primeira vez em minha carreira, eu saí da sala de cirurgia me
sentindo inútil. Agora eu precisava ir até a sala de espera e informar a família
que a cirurgia foi boa, mas que seu ente querido morrerá dentro de poucos
meses. E eu nunca precisei dar uma notícia assim.
Eu já dei notícias ruins, e notícias boas, mas não uma assim.
Com calma, eu explico como foi a cirurgia, dando-lhes cada detalhe do que
aconteceu lá dentro, em seguida, eu explico o que ocorrerá daqui pra frente,
dando meu melhor para manter minha expressão profissional na frente de todas
as pessoas presentes.
Enzo também está na sala, ao lado de Ethan, enquanto eles me ouvem
atentamente, acenando com a cabeça, vez ou outra.
Eu posso ver um certo alívio nos olhos azuis-claros de Ethan, mas eu também
posso ver o medo. Medo do que estar por vir, provavelmente, porque não será
tão fácil. Eu apenas acabei de prolongar uma despedida lenta, e com certeza,
dolorosa. Mas eu entendo o lado deles, pois eu seria egoísta o bastante para fazer
o mesmo se eu estivesse em seus lugares. Se Enzo tivesse apenas um mês de
vida. Eu moveria a droga do mundo para lhe conseguir, nem que fosse apenas
alguns meses a mais.
Quando eu peço para uma enfermeira os levarem para ver Lisa, ainda
desacordada, eu fico sozinha com Enzo na sala.
Ele vem para perto e me olha de cima, com seus azuis e tempestuosos olhos. —
Obrigado, outra vez. — ele diz, baixinho. — Isso significa muito para o Ethan.
— Não consegui salvá-la por completo. — eu engulo o nó em minha garganta,
quando percebo que ele está perto demais para que eu possa conseguir respirar.
— Será o suficiente para eles. — seu dedo indicador captura o meu e seu polegar
se arrasta ao longo do meu dedo, em uma carícia boa e suave. — Você esteve lá
por doze horas inteiras, sem nenhum intervalo. Deve estar cansada.
Eu assinto, realmente sentindo o cansaço pesar em meus ombros.
— Pegue suas coisas e vamos embora. — ele murmura, com sua mão livre
acariciando meu braço, devagar, para cima e para baixo. — Não sou muito fã de
hospitais e já estou aqui por muito tempo.

●●●

Ao chegar no hotel, Enzo pede o jantar enquanto eu sigo para o banheiro,
retirando minha roupa pelo caminho. Quando alcanço o espelho, não tenho nada
no corpo além da minha calcinha. Eu paro por um momento, e observo minha
figura no grande espelho. Eu tenho algumas marcas ainda ao redor dos meus
seios e ombros e barriga e, provavelmente, algumas nas costas e na bunda, que
foram de ontem, que passamos o dia inteiro na cobertura do hotel de Mia, em
cima daquela cama e, algumas vezes, no hão, próximo às paredes de vidro.
As olheiras em meus olhos estão profundas e meus olhos estão um pouco
vermelhos pelas doze horas acordadas.
Livro-me de minha calcinha e vou até a porta do banheiro, de onde vejo Enzo
concentrado em seu celular. — Você pode tomar um banho comigo? — eu
pergunto, chamando sua atenção. Eu pareço que vou cair dormindo a qualquer
momento, mas agora só temos nove dias antes que eu volte para Londres. Tenho
que aproveitar cada segundo desses dias.
Ele me olha com algo escuro, safado e ao mesmo tempo carinhoso, brilhando em
seus olhos, então ele coloca o celular ao lado, no sofá e se levanta, retirando sua
camisa. Ele entra no banheiro, completamente, nu, e eu bebo cada lugarzinho do
seu corpo grande, másculo e gostoso enquanto eu ligo o chuveiro e vou para
baixo dele. Enzo entra no box também, chegando bem perto para ficar debaixo
do chuveiro espaçoso o suficiente para duas pessoas.
Eu estou com a cabeça debaixo d’água, mas eu preciso lamber os lábios porque
eu apenas consigo senti-los secos.
Enzo levanta uma mão e afasta uma mecha de cabelo molhado para trás da
minha cabeça, e eu levo minha mão para fazer o mesmo com o seu cabelo, que
está grudado por toda sua testa. Seus olhos são ainda mais intensos debaixo
d’água.
— Eu não consigo parar de pensar se realmente fiz a coisa certa. — eu admito
em um sussurro. — Eu nunca entrei em uma sala de cirurgia para sair com uma
incerteza, para dar apenas alguns poucos meses a um paciente. Ou eu saía de lá
com meu paciente, completamente salvo, ou com ele completamente morto. Mas
isso? — eu balanço a cabeça quando dou ênfase na última palavra. — Foi um ato
lindo deles dois, mas… Não sei, eles prolongaram uma dor.
— O amor. — ele corrigiu, segurando em meus olhos. — Eles se amam, Juliet, e
eles precisam de mais tempos juntos. Eles tiveram essa chance e eles agarraram
ela. Não acontece com todo mundo, eu sei disso e você também.
Eu viro a cabeça para encará-lo e eu vejo a dor lá. A dor de quem não teve essa
oportunidade. Meu peito dói com o egoísmo, o ciúme e a raiva por sentir isso
agora, por causa de sua falecida mulher. Eu me esquivo de suas mãos, olhando
para todo lugar, menos para ele, mas Enzo me pega de novo, dessa vez
colocando suas mãos em cada da do meu pescoço, fazendo-me encará-lo de
novo.
— Você é a porra de uma médica muito foda, e você fez a coisa certa. Fez uma
coisa linda. — diz ele, firmemente. — Deixe o resto com eles, tudo bem?
Mesmo com uma ardência na garganta, eu aceno.
— Ótimo. — ele diz, e em seguida, ele está me levantando pela bunda, fazendo-
me prender minhas pernas envolta de sua cintura, e me imprensando entre seu
peito poderoso e o azulejo gelado da parede. Ele pega a parte de trás da minha
cabeça e desce minha boca na sua, e me beija de forma dura e cheia de fome.
Sua língua desliza pela minha boca, seus lábios chupando os meus, enquanto sua
outra mão aperta minha bunda com força, sua ereção pressionando contra minha
boceta sedenta. Ele solta minha boca e a sua desce pela minha mandíbula e
pescoço, até que ele alcança meu seio esquerdo e puxa o bico pontudo e pequeno
entre os dentes. Depois, ele faz a mesma coisa com o outro bico, e então, ele
começa a chupar com força, estalando a língua contra eles.
Tudo que se ouvia além da água caindo do chuveiro era meus gemidos
necessitados e os rosnados famintos que saiam de sua boca enquanto ela
trabalhava em meus seios.
Instantes depois, Enzo coloca a parte de baixo das minhas coxas sobre seus
antebraços e se empurra para dentro de mim. Ele investia intensamente, sem se
importar com a zoada causada pelas batidas de seu quadril contra mim, seu rosto
enterrado na curva do meu pescoço, até que nós gozamos juntos. E eu fiz isso,
com meus dedos agarrando seus cabelos e gemendo seu nome.


●●●

Após o jantar, Treena ligou e disse que Mia não estava conseguindo dormir,
então Enzo foi para casa. Ele se despediu com um beijo na minha boca, tão
intenso quanto o do banheiro, pouco tempo antes, em seguida, ele me cheirou,
como se quisesse guardar meu cheiro.
Depois que ele saiu, eu esperei um pouco até dar uma hora boa para ligar para
Jax, e como sempre, eu o peguei na saída para o colégio. Ele me contou por alto
como está indo seus encontros com a garota do colégio, e mesmo estando com
um pouco de ciúme de ter que dividi-lo com uma adolescente que eu nem
conheço, eu estou orgulhosa por ele crescer e se tornar uma pessoa linda e boa.
Quando desligamos, eu me deitei a cama, e logo, peguei no sono.

●●●

Na sexta, eu desci do táxi em frente ao hospital, na mesma hora que Enzo
estacionou uma Ferrari 458, vermelha. Ele desceu, batendo a porta atrás de si,
vestido com um jeans escuro, uma camisa branca e uma jaqueta preta. Os óculos
de avidor que estava usando o fazia parecer ainda mais delicioso do que ele já é.
— Veio ver a Lisa? — eu pergunto, curiosa, sem conseguir parar de salivar pela
sua aparência. E, graças a Deus, ele está de óculos, porque estaria pior se
estivesse encarando seus olhos azuis.
— Vim ver você. — ele coloca pra fora, e é como um estalo em meu estômago.
Eu prendo meu lábio inferior entre os dentes, reprimindo o riso de satisfação. Eu
estou prestes a abrir a boca para falar, quando a voz grossa do Peter me
interrompe.
— Ei, Harred, você vai?… — ele, claramente, estava quase falando outra coisa
quando ele viu Enzo. Ele parou e então estendeu a mão na direção do homem ao
meu lado. — Olá. — ele cumprimentou rapidamente e se voltou para mim, com
uma sobrancelha arqueada, esperando por uma resposta.
Eu assinto, ciente que Enzo está me observando por trás de seus óculos escuros.
— Hoje à noite, no Tony’s. — eu confirmo, e Peter sorri animado, e se despede.
— O que tem hoje no Tony’s? — Enzo parece curioso, quando ele retira os
óculos e que eu possa ver seus olhos.
— Bebidas? Músicas? — ironizo.
Ele estreita os olhos, dando-me um aviso claro de que não está brincando.
Eu suspiro, revirando os olhos para sua falta de humor. — A despedida do Peter.
— Ele foi demitido?
— Será transferido.
— Para que lugar?
Eu puxo meus cabelos para trás e para cima e começo a prendê-los em um rabo
de cavalo. — Para o Kedrick Memorial. — eu respondo.
Quando ele não diz nada de imediato, eu ergo meus olhos e o vejo com a cara
fechada. — Esse é o hospital onde você trabalha.
Eu não sei como ele sabe disso, mas eu assinto, sem entender o motivo de suas
mandíbulas estarem tão apertadas. — Sim, esse mesmo.
Enzo se mexe e cruza os braços sobre o peito, me olhando, seriamente, de cima.
— Então, — ele começa de forma calma, porém, um pouco intimidadora. — está
dizendo que seu colega trabalhará com você?
Oh.
Eu corro pra colocar uma mão sobre minha boca, porque eu não sou capaz de
prender o sorriso quando eu percebo que ele, Enzo Lazzari, está tendo uma
pequena crise de ciúme. Ciúmes de mim.


CAPÍTULO 19 – JULIET

Eu estou reprimindo meu sorriso, segurando meus dois lábios entre os dentes,
enquanto olho Enzo de braços cruzados, esperando por uma resposta.
— Sim!? — eu digo de forma arrastada.
Ele aperta a mandíbula.
— O quê? — Eu envio minha expressão mais inocente para ele.
Não é o suficiente, porque ele aperta ainda mais sua mandíbula e seus olhos
estão prestes a me enviar pregos. — Me responda uma coisa, certo?
Eu concordo.
— Você tem algo com ele?
É minha vez de apertar a mandíbula. Eu não acredito que ele me fez essa
pergunta. — Que tipo de mulher você acha que eu sou? — Eu pergunto,
duramente, olhado direto em seus olhos, e eu não espero ele responder; eu pego
meu caminho para dentro do hospital. Mas eu sinto uma mão segurar meu
antebraço, e Enzo me segura antes que eu possa passar pela porta.
— Desculpe, tudo bem? — ele pede, sua voz mais suave que há um momento
atrás. — Eu estou vendo esse cara no seu pé o tempo todo, e eu vejo a forma que
ele olha para você. Não quero insinuar que você é esse tipo de mulher; Eu só…
— Ele franze a testa, em seguida, passa a mão pelo rosto. — Eu sou ciumento,
eu já disse isso a você.
Juro, eu tento manter minha expressão chateada, mas eu não sou capaz disso por
muito tempo, porque eu estou olhando direto para seus olhos azuis da cor do céu,
e então, toda minha firmeza começa a esvanecer. Eu puxo uma longa respiração,
antes de liberar meus ombros.
— Eu saí com ele uma vez, antes de começarmos o nosso “caso”. — eu
confesso, e eu vejo ele lutando para não demonstrar seu incomodo. — Mas foi
apenas isso. Sair. Uma saída. E nem rolou nada. Depois, eu falei que eu estava
saindo com alguém e ele acabou deduzindo que era você, naquele dia no Tony’s.
Ele me encarou por um momento, ainda o ciúme brilhando em seus olhos. —
Você realmente precisa ir para a despedida? — ele quer saber após uns instantes.
— Ele terá a chance de ver você o tempo inteiro e eu só tenho uma semana.
Isso tocou bem no fundo da minha alma e, de repente, eu não tinha a mínima
vontade de ir ao Tony’s.
Ele está certo. Eu estaria com Peter todos os dias a partir da próxima semana,
mas tenho apenas 7 dias com ele.
Eu mordo meu lábio inferior quando olho para meus pés, coberto por meu tênis,
e olho para ele de novo, acenando. — Me dê quinze minutos para liberar a Lisa,
depois me leve para onde você quiser.

●●●

ENZO

Eu chego em casa, logo depois de deixar Mia na casa do meu pai, e eu vou direto
para meu minibar.
A casa está silenciosa, porque eu dispensei todos que trabalham aqui, então,
agora sou apenas eu, meu The Macallan e a lembrança de que hoje, dia 29 de
1

Agosto, faz um ano que eu perdi minha mulher.


Eu subo para o meu quarto e sento na minha cama; a mesma cama que também
pertencia a minha mulher; a que ela dormia todos os dias; a que eu fazia amor
com ela todos os dias. Derramo um pouco de uísque no copo de cristal
temperado e defino a garrafa no chão, ao lado do meu pé. Enquanto eu viro a
bebida quente na minha garganta, eu olho para o porta-retratos com uma foto da
Raquel sobre a mesa de cabeceira. Eu corro meus olhos pelos seus cabelos
castanhos, seus olhos brilhantes e seu sorriso perfeito. Eu vejo a expressão de
leveza e felicidade que ela está transmitindo para a fotografia, e eu fecho os
olhos, lembrando de quando eu podia correr as mãos pelos seus cabelos, olhar
dentro de seus olhos quando estávamos fazendo amor, e quando eu causava esse
sorriso em seus lábios.
Ela era perfeita em tudo que fazia, dizia, ou até mesmo pensava. Ela era
inteligente, divertida, delicada e quente, e foi isso me fez cair de quatro por ela,
no momento em que meus olhos encontraram os dela. Seu toque me fazia sentir
como se quisesse flutuar, seu beijo me deixava de joelhos.
Eu soube que ela era minha desde sempre.
O amor da minha vida. E a razão dela por quase dez anos.
Inclinando-me um pouco para frente, eu abro a gaveta da móvel e retiro o anel
de ouro puro. Eu giro ele em meus dedos, enquanto eu tomo minha bebida. Eu o
retirei do meu dedo quando comecei a ver Juliet. Assim, eu não me sentiria
errando com ela ou com Raquel, mas mesmo pensando dessa forma, a sensação
ainda pesa dentro do peito. Eu a coloco novamente no dedo que ela pertence, em
seguida, pego o porta-retratos e me remexo, ficando com as costas contra a
cabeceira da cama, onde descanso minha cabeça, pendendo-a para trás.
O dia está começando a ir embora quando eu noto que minha garrafa de uísque
secou. Minha cabeça está dando algumas voltas quando eu tento levantar para
pegar outra, e o porta-retratos acaba caindo do meu colo e o som de vidro
estraçalhando enche meus ouvidos e faz doer meu coração. Eu tento me abaixar
para pegar, mas eu não posso, porque minhas pernas não permitem, então, eu
sinto as lágrimas escorrendo dos meus olhos, a sensação pesada de perda – a
mesma que senti há exatos um ano – afundando em meu peito.
Meus ombros estão tremendo e eu estou soluçando, mas eu insisto e acabo
trazendo a parte que sobrou do porta-retratos. Eu sinto minha mão arder quando
eu agarro o vidro quebrado, mas eu não estou me importando com isso agora. Eu
trago Raquel para meu peito quando escuto alguém chamando pelo meu nome.
Está longe, então eu não sei de quem se trata, e eu não tenho forças para ver
quem é. Duas mãos pequenas me pegam pelo ombro e me fazem deitar no
travesseiro. Uma voz – a mesma que chamou meu nome – soa preocupada
quando toca minha mão, — O que aconteceu com você, Enzo? — é o que a voz
me pergunta.
Eu não respondo; eu apenas agarro mais Raquel contra meu peito e me encolho a
cama, e murmuro um, — Um ano. Faz um ano. — antes de voltar a soluçar.
Pouco depois, tudo fica silêncio e escuro quando eu caiu no sono. E, eu sonho
que estou chegando em casa e vejo a Raquel, na beira da escada, sorrindo para
mim, como ela fazia todos os dias, mas, em seguida, não era mais a Raquel ali.
Era Juliet.

CAPÍTULO 20 | JULIET


Durante todo o dia de ontem, eu tentei chamar Enzo pelo telefone. Eu liguei,
mas ele não atendeu. Eu mandei mensagens, mas ele não respondeu. Então eu
liguei para minha mãe, já preocupada, e foi quando ela me lembrou a data de
ontem.
29 de Agosto. O dia em que Raquel sofreu o acidente.
Minha mãe também havia me dito que ele deixou Mia na casa do seu pai e
voltou para casa sozinho. Eu fiquei durante meia hora, andando de um lado para
o outro na minha suíte, tentando decidir se eu deveria ou não ir até sua casa. E eu
optei por vir, porque a preocupação falou mais alto.
Em todo o caminho, dentro do táxi, eu imaginei o que eu falaria para ele. "Eu
sinto muito."? "Você é forte e vai superar esse dia."? Porém, eu não sabia que
poderia ser tão difícil, até que entrei em seu quarto e o vi chorando.
Ele parecia destruído, bêbado e com um corte em uma de suas mãos.
Foi como se alguém tivesse dado um soco na boca do meu estômago quando eu
vi a foto de Raquel em suas mãos. Um balde de água gelado foi jogado em meu
rosto e meu peito doeu como o filho da mãe que ele é. Eu engoli a minha dor e o
meu ciúme e o coloquei deitado na cama.
Ele dormiu quase que imediatamente, agarrado com o quadro quebrado e
murmurando algo sobre "um ano".
Mantenho minhas lágrimas sob controle, eu peguei um pano molhado no
banheiro e limpei com cuidado o corte e atravessava a palma de sua mão.
Depois, eu desci até a cozinha e procurei pelos armários um kit de primeiro
socorros. A casa estava vazia, então, como não podia pedir orientação sobre
onde estava, eu levei uns dez minutos procurando, até que o encontrei em um
armário debaixo da pia. Por sorte, o corte não precisava de pontos, mas eu fiz um
curativo e enrolei sua mão com gazes para proteger o corte. Em seguida, eu
recolhi os vidros, que estavam espalhados pelo chão, a garrafa de uísque vazia e
o copo. Eu voltei para sua cama, após terminar, e sentei na beira ao seu lado,
observando-o com o retrato em seu peito, seus cabelos rebeldes quase cobrindo
seus olhos.
Ele parecia um pouco perturbado em seu sono, então eu levei uma mão e passei
pelo seu cabelo, retirando os fios de cima de seus olhos.
Naquele momento, eu aceitei algo que eu não estava conseguindo aceitar; Eu
nunca vou conseguir tê-lo de verdade. Eu estive me enganando durante todos
esses dias, dizendo a mim mesma e a ele que eu não queria nada além de sexo
casual, enfiando na minha cabeça que eu poderia fazer isso e, em seguida, voltar
para Londres e seguir com minha vida. Mas, no fundo, bem lá no fundo, eu sabia
que isso não era possível; Que eu já era apaixonada por ele e que, talvez, eu
conseguisse fazer com que ele sentisse o mesmo por mim.
Mas, ele é apaixonado por outra mulher, e está tão óbvio que, pelo menos agora,
eu não tenho a menor chance.
E eu não posso simplesmente me sentar e esperar a minha chance chegar.
Eu me afastei dele e fui para o sofá que fica na parede direita do seu quarto e eu
me mantenho lá durante toda noite.


●●●


São oito e trinta e dois da manhã quando Enzo começa a acordar, e eu não dormi
a noite inteira; Eu apenas bebi sua aparência adormecida por toda noite.
Ele se senta na cama, fazendo uma careta enquanto pressiona ambas as mãos em
suas têmporas, mas logo ele geme de dor quando percebe sua mão cortada. — O
que diabos… — Ele me olha com surpresa nos olhos, e eu não posso me mover
agora.
— Você se cortou com o porta-retratos. — Eu digo pra ele, tentando manter
minha voz monótoma.
Ele olha o porta-retratos do seu lado na cama, seu cenho franzido se desfazendo
quando a ficha começa cair. Ele está olhando com tanto dor para Raquel, que a
picada no meu peito se torna insuportável. Ele olha para mim, confuso. — Como
você entrou?
— Seu pai ligou para seus seguranças e eles me liberaram. — respondi, em
seguida, eu respirei fundo antes de falar: — Enzo, eu estou indo embora.
— O quê? Por que? — Ele parece atordoado, com seus olhos azuis se abrindo ao
máximo em surpresa, quando ele joga as pernas para fora da cama e vem sentar
na beira da cama, de frente para mim. — Do que está falando? Seu voo é na
sexta, pelo que me lembro.
— Eu liguei esta madrugada e adiantei minha passagem.
Enzo procura pelos meus olhos quando eu pisco para o outro lado do seu quarto,
tentando fugir do seu olhar confuso.
— Juliet, — ele chama o meu nome e eu tremo, fechando os olhos
dolorosamente.
— Eu não posso. — Eu choro. Eu inclino para frente, apoiando os cotovelos em
meus joelhos e seguro minha boca com uma mão enquanto eu olho para ele, sem
me importar mais em segurar as lágrimas. — Eu juro que eu tentei, mas eu não
posso.
— Não pode o quê? — Ele procura saber, totalmente, atordoado, agora.
Engulo o nó em minha garganta e balanço a cabeça, acenando entre nós dois. —
Isso. Nós. — choro mais. — Nunca foi casual para mim, Enzo. Eu achei que
fosse, mas não era, e ver você do jeito que eu vi ontem, só me fez enxergar isso.
Eu sou, completamente, apaixonada por você. — eu confesso, dando o maior
ênfase que eu pude dar. — E o pior de tudo, sabe o que é? — eu faço a pergunta,
mas eu não faço esperando por uma resposta sua. — O pior é que eu mesma
procurei por isso. Eu mesma destruí meu coração. E ver você chorando, daquela
forma, pela sua mulher, acabou comigo.
— Juliet…
— Eu não sou uma pessoa egoísta, eu sou boa. — eu passo as mãos pelo rosto,
para enxugar as lágrimas e fungo antes de voltar a falar. — Eu mereço que
alguém me ame da mesma forma que Ethan ama a Lisa, da forma que você amou
e ama a Raquel… — eu olho diretamente em seus olhos. — Da forma que eu
amo você.
Silêncio.
Eu me levanto, enxugando meu rosto com as mãos, em seguida, enxugo as mãos
na parte de trás da minha calça. — Eu não posso ficar, mesmo sabendo que para
você não passa de uma lance casual. — digo baixinho. — Eu amei cada segundo
desses últimos dias, porque eu venho sonhado com isso há oito anos, mas eu me
sinto agora como se estivesse competindo com um fantasma, e por isso, eu me
sinto mal.
Enzo continua sentado, mas ele ergue os olhos para mim, e eu vejo o brilho
contrariado, confuso e cheio de dúvidas. — Você não precisa ir agora…
— É exatamente o que eu preciso. — eu descordo. — Você ainda não entendeu?
Eu sou completamente, desesperadamente e loucamente apaixonada por você há
fodidos oito anos. — eu me altero quando meu peito afunda mais e eu volto a
chorar. — E eu me sinto como uma merda por ficar com ciúmes da sua mulher
falecida. Eu não sou assim. Eu preciso me sentir amada pelo menos uma vez, e
no momento, você é a última pessoa que pode me dar isso. Ela ainda está muito
presente, Enzo, só faz um ano!
Quando ele não fala nada, eu me aproximo, ficando entre suas pernas, seguro seu
rosto e coloco um beijo em sua bochecha. Ele segura em minha cintura com a
mão boa, fechando seus olhos trêmulos com o meu toque, e eu tenho que lutar
para não lamentar.
— Adeus, Enzo. — eu sussurro em seu ouvido, sentindo no peito o peso dessas
palavras, e me afasto dele, do seu toque, do seu olhar, do seu cheiro.
Quando estou no aconchego de um banco traseiro de táxi, eu choro de novo.
Desta vez, sabendo que meu coração acabou de perder seu último pedaço.



CAPÍTULO 21 | ENZO


Mia penteou seus cabelos para fora dos ombros, aprumou o corpo e então, ela
mergulhou da piscina, dando um banho nas pessoas que estavam por perto.
Eu enfiei as mãos nos bolsos da minha bermuda cargo e ri da careta que Lucca
fez ao ficar todo molhado.
— Ela adora estar na água.
Eu virei ao som da voz suave de Helena. Ela estava parada ao meu lado,
observando a forma que Mia brincava dentro da piscina.
Algo dentro do meu peito pesou.
Eu absorvi seu perfil, doendo por dentro, por ver a igualdade gritante com sua
filha. Eu sentia tanta falta de Juliet, de estar com ela, ver seu sorriso bonito, seu
olhar que tirava meu fôlego. Acabou comigo vê-la daquela forma, destruída, por
minha causa.
Hoje faz um mês desde que ela se foi e cada dia, o vazio dentro de mim fica
maior.
— Ela tem talento para a natação. — Helena diz e me olha, sorrindo.
Eu volto minha atenção para a piscina quando não posso mais encarar seus
olhos. Engulo em seco e meus dedos se apertam dentro dos bolsos. — Ela tem.
— eu concordo. — Mas, ela diz que quer ser modelo um dia.
— Ela é linda, terá muitas chances de se tornar uma, então.
Eu balanço a cabeça, confirmando, mas não falo nada.
Depois de alguns instantes de silêncio, Helena toca meu braço, carinhosamente.
— Ela sente sua falta, Enzo. Ela não diz, mas eu sei que sente. — diz ao meu
lado, e eu sei, pelo seu tom de voz, que ela não está mais se referindo à Mia.
Engulo devagar e meu peito infla com isso.
Ela sente minha falta.
E eu sinto a falta dela de uma forma ainda mais intensa do que sinto falta da
Raquel.
Eu sinto uma falta horrível da Raquel, mas eu sei que ela não pode voltar para
mim. Então, a falta que eu sinto de Juliet consegue ser pior, porque eu sei que ela
está logo ali, a qualquer momento eu posso ir pegá-la de volta. Mas, eu também
sei que ela não quer que eu vá, porque ela acha que eu não posso lhe dar o amor
que ela merece, e isso dói feito uma cadela.
— Ela merece coisa melhor. — murmuro, sentindo meu coração se contorcendo
com essas palavras.
— Não há ninguém melhor que você. — ela devolve. — Ela merece você, e ela
sabe disso; você sabe disso. Basta você deixar o passado em seu devido lugar e
querer ser o melhor para ela.
Helena não me esperar responder, ela afaga meu braço e depois, ela vai para
perto da piscina, brincar com as crianças.
Eu queria ser o melhor para ela. Era a minha resposta para ela. Mas eu não
posso vê-la chorar outra vez, sabendo que eu causei aquilo.


JULIET

A loja de guloseimas M&M's World é a melhor em toda Londres, e é o lugar
onde eu e Jax fazemos nossas comprinhas no dia do seu aniversário.
Hoje era o seu aniversário, então, nós compramos todos os doces que queríamos
– e precisaríamos – comer hoje e saímos de lá com cinco bolsas cheias.
Quando a noite caiu, nós pegamos todas as sacolas e subimos por nossa escada
de embutida no teto do corredor que dá para nossa cozinha, e fomos para o
telhado. Era uma noite bastante fria, mas não importava. Era o dia do Jax, e não
seria uma nevasca de nada que iria nos atrapalhar.
O telhado estava um pouco escorregadio por conta da neve que caía lentamente e
coloria tudo de branco, então, nos sentamos no nosso lugar de todos os anos;
próximo a chaminé. Nós espalhamos os doces por perto e eu peguei um dos
cupcakes, da sua cor favorita; azul e coloquei uma velinha em cima.
— Ok. — Eu me virei para ele, erguendo o cupcake em minhas mãos, bem
próximo a sua boca. — Faça um pedido e depois, assopre.
Jax revira os olhos, prendendo um sorriso na boca. — Eu sei como funciona, J1.
— ele debocha.
— Oh, não diga! — eu brinco, sem conseguir conter o riso. — Ande! Faça logo
isso!
Ele fecha os olhos, seus cílios negros e longos, descansando abaixo dos olhos,
em seguida, ele abre e assopra a vela. Ele pisca para mim e arranca uma mordida
do caupcake, ainda em minhas mãos, depois ele sorri, enquanto limpa chantilly
ao redor de sua boca, com as costas da mão.
Eu continuo olhando para ela, com expectativa, então ele balança a cabeça. —
Todos os anos eu digo a mesma coisa para você: eu não vou dizer o que eu pedi.
É trapaça, sabe disso.
Foi minha vez de revirar os olhos, mas eu suspiro, rendendo-me, e nós rimos
juntos. Eu peguei um cupcake para mim e dei uma mordida, mas em seguida, eu
senti meu estômago embrulhar.
Em um segundo, eu estava rindo com Jax, pronta pra colocar para dentro todas
aquelas coisas deliciosas; no segundo seguinte, eu estava correndo escada abaixo
e indo direto para o banheiro. Só depois que coloquei tudo para fora na bacia do
banheiro, eu notei Jax parado na porta do banheiro, me olhando preocupado.
— Você não está bem. — ele diz.
Eu balanço a cabeça. — Eu estou, sim. Não se preocupe. — eu vou até a pia e
lavo minha boca por dentro e depois, todo o meu rosto. Eu ainda sentia meu
estômago se revirando, mas não queria voltar para a bacia com Jax me olhando.
— Tenho quinze anos agora, J1, não sou mais criança. — Ele soa um pouco
ofendido agora. Ele estende meu celular em minha direção. — Aquele seu
amigo, Peter, mandou uma mensagem. Você vai aceitar sair com ele?
Eu ergo uma sobrancelha para ele, quando recupero o meu telefone de suas
mãos. — Você leu a mensagem?
— Ela está aparecendo na sua tela, para quem quiser vê-la. Há uma opção de
retirar isso, é só querer. — ele responde, sua postura ereta, seus olhos tão pretos,
me encarando com certo carinho e agora um toque travessura. Ele aponta o
celular. — Que tal uma aposta?
Minha sobrancelha voa para cima de novo. — Que tipo de aposta?
— Você faz aquele negócio para ver se está grávida…
— Eu não estou grávida. Eu sempre tomei remédios. — eu faço uma careta.
— … e se der negativo, você vai lá e sai com o médico americano. Eu não vou
dizer uma palavra sobre isso, prometo…
— E desde quando você tem que dizer algo sobre isso?
— … mas, — ele ergue um dedo. — se der positivo, aí, você vai ligar para o
cara que te fez voltar para casa mais cedo e dizer a ele.
Eu fecho a boca, meu peito afunda com a dor da lembrança de Enzo. Eu havia
contado a Jax sobre esse "cara", sem dizer quem ele era, realmente, e até hoje,
ele tem respeitado minha dor e meu espaço sobre isso.
Jax ver que está doendo agora e seu olhar suaviza. — Está claro que você ama
ele, J1. Você é como uma mãe para mim e sempre me ensinou a correr atrás
daquilo que eu amo. Corra atrás dele, da sua felicidade. E não estou falando
porque eu não fui muito com a cara do seu amigo; ele é um cara legal, apenas
não é o homem que você ama.
Eu empurrei a bunda contra a pia, cruzando os braços no peito, olhando para
meus pés, chocada que um garoto de quinze anos está me dando um dos
melhores conselhos que eu já recebi na minha vida.
— J1. — ele me chamou e eu olhei pra ele. — Faz o teste, está bem?
Eu assinto, incapaz de falar qualquer coisa.
Ele solta uma respiração, parecendo aliviado. — Ótimo. Vou recolher nossos
doces lá de cima, então.
Eu cubro o rosto com as mãos quando ele sai e gemo baixinho.
Eu não posso estar grávida, certo?
Eu sou médica, eu saberia disso. Eu sempre tomei meu remédio.
Mas então, eu estive com a cabeça preocupara durantes as semanas em Los
Angeles, e eu não me lembro de me lembrar deles.
Oh merda!
Eu pego meu celular e respondo a mensagem de Peter:
Eu não posso amanhã. Preciso ir ao hospital. É urgente. Desculpe. Eu
realmente sinto muito!


CAPÍTULO 22 | JULIET


O primeiro teste de farmácia deu positivo, assim como os outros três que eu fiz,
por precação.
Mas, eu ainda não estava satisfeita, mesmo sabendo que é um método bastante
seguro. Eu dirigi até o hospital em que trabalho e fiz um exame de sangue. Eu
estava nervosa com a espera, então, eu fui até a praça de alimentação do hospital
e peguei um café duplo e me sentei em uma das mesas, enquanto várias
paranoias passava pela minha cabeça.
Oh, meu bom senhor!
Eu não posso simplesmente estar grávida do único homem que não posso ser
meu.
Eu nem sequer sei o que falar para ele.
"Ei, Enzo, eu preciso te contar uma coisa. Bem, eu estou grávida e você é o pai,
porque eu não transei com ninguém além de você nos últimos meses. Então,
você poderia esquecer aquela coisa toda que eu falei para você e ficar de boa
comigo? Pelo bem do nosso bebê?"
Eu, definitivamente, sou um caso perdido de quase trinta anos, porque eu estou
surtando com o fato de que estou grávida do amor da minha vida, que está a um
oceano de distância, e ainda é apaixonado pela sua falecida esposa. E eu me
odeio tanto por ser tão egoísta agora.
Sou pega de surpresa quando Peter senta em minha frente, com uma expressão
intrigada enquanto me observa. — Você está bem?
— Estou ótima. — responde imediatamente e forço um sorriso amarelo.
Peter ergue uma sobrancelha em questão, sem acreditar na minha palavra
apressada.
— Tudo bem. — eu me rendo, com um suspiro e aperto meu copo de café com
as duas mãos, impedindo-as de tremer ainda mais. — Estou em pânico.
Peter me analisa de perto, com seus olhos verdes. — Sim, você parece mais
pálida que o normal. — ele dá um meio sorriso intrigado. — O que está
acontecendo?
Eu encolho os olhos e olho para meu café.
Confesso que estou com angustia de contar isso para o Peter. Ele é um cara legal
e esteve comigo durante esse mês, me apoiou, me fez rir, e me mostrou que
queria algo a mais comigo. Ele poderia ser o cara certo para mim, o que me
amaria do jeito que eu preciso e mereço, mas então, tem isso, e não é algo que eu
posso simplesmente engavetar.
— Eu estou grávida. — eu soo tão baixo, que eu preciso olhar para ele para
saber se ele realmente me ouviu.
Ele fica em silêncio por um minuto. E dois. Três. Quatro.
Eu começo a me sentir incomodada sob seu olhar, sem nenhuma expressão. O
odeio por não demonstrar nada agora; Logo ele, que está sempre tão aberto a
demonstração de sentimentos.
— Uau! — ele finalmente tem sua reação. Ele pisca algumas vezes, balançando
a cabeça enquanto define seus punhos sobre a mesa. — Eu não… uau!
— Isso é algum tipo de parabéns, que eu ainda não saiba? — eu tento brincar
para aliviar minha própria tensão, mas não funciona muito.
— Não… Quer dizer, — ele me olha nos olhos. — eu apenas não esperava por
isso.
— É. — eu olho para baixo novamente.
— Ele sabe?
Balanço minha cabeça devagar. — Não.
— Mas você vai contar, certo? — ele soa preocupado, agora.
Quando voltei para Londres, eu parecia muito acabada, mas além do Jax, Peter
foi o único que percebeu e conversou comigo. Eu não contei a história inteira,
mas eu contei a parte que eu amo o Enzo, mas acabei desistindo de competir
com sua falecida mulher. Ele ficou do meu lado, segurou minha mão, e me
deixou chorar.
— Sim, mas não faço ideia de como. — eu confesso, em um lamento. — Quer
dizer, como eu vou chegar no cara que me via apenas como um sexo casual e
dizer que esqueci de tomar minha pílula na hora certo e que agora eu estou
grávida dele? Ele provavelmente vai fazer aquela cara séria dele e depois, me
mandar embora…
Peter atravessa o braço sobre a mesa e alcança uma das minhas mãos. — Ei,
respire. — ele pede, com um sorriso carinhoso. Quando eu faço, ele aperta de
leve minha mão na sua. — Harred, ele não vai te mandar embora. Se aquelas
revistas e sites estão certos, Enzo Lazzari é um homem sério e honesto. Ele vai
ficar surpreso, claro, mas coloque uma coisa na sua cabecinha, certo? Não foi só
você que se descuidou; ele fez também.
Eu aceno, concordando com ele, na medida que ele vai falando, mas eu ainda
estou puxando o ar com dificuldade.
— E outra: ele não é burro. Qualquer um daria tudo para ter você como mãe de
seus filhos; eu sou um deles. — Peter sorri, apertando minha mão, tão cheio de
carinho nos olhos verdes, que eu lamento por não ser ele o pai do meu bebê.


●●●


O resultado do exame sai e mais uma vez, – sem mais surpresas – ele deu
positivo.
E dessa vez, eu apenas aceito isso.
Eu mando uma mensagem para minha mãe, pedindo para que ela me ligue assim
que possível e checo a hora para ver se não está muito tarde para uma ligação
para Enzo, mas em Los Angeles já é madrugada, então, eu também lhe deixo
uma mensagem.
Eu vou em direção ao estacionamento enquanto respondo um e-mail da escola de
Jax quando vejo um par de sapatos caros por baixo do celular. Eu subo meus
olhos lentamente, absorvendo o jeans escuro e o sobretudo negro que alcança os
joelhos da pessoa em minha frente. E não preciso levantar mais os olhos para o
rosto, porque apenas o perfume que está adentrando em minhas narinas, fazendo
minhas borboletas se agitarem e meu estômago afundar, já me diz quem é.
Engulo em seco antes de levantar e olhar para o rosto do homem mais lindo que
já coloquei os olhos. Eu encaro os olhos azuis perfeitos e brilhantes e eu sinto
que vou desmaiar a qualquer momento.
Os cabelos de Enzo não estão mais alcançando sua testa e nuca; ele está rente
dos lados e alto em cima, deixando-o, incrivelmente, mais quente do que o
habitual.
E eu estou salivando, como uma adolescente diante do seu primeiro amor.
— Enzo? O que…
Ele pressiona seu dedo indicador contra meus lábios, impedindo-me de
continuar. — Você falou da última vez, então, hoje é a minha vez. Você pode
apenas me escutar? — ele pede, e sua voz… Santo Deus, ela faz uma coisa bem
no meio das minhas pernas.
Eu assinto, dando tudo de mim para não colocar a língua para fora e lamber seu
dedo.
Ele tira o dedo e enfia de volta no bolso do sobretudo; Eu lamento, mas espero
ele começar.
— Eu magoei você. — ele respira com dor. — Eu não devia ter aceitado o sexo
casual, porque eu sabia que, no final, eu ia magoar você. E ver você magoada
daquele quarto, e por algo que eu fiz involuntariamente, acabou comigo.
— Enzo, eu…
— Meu irmão me disse uma coisa, durante a semana que estávamos passando
juntos, e eu pensei nisso nesses últimos meses. Ele disse que, ao contrário dele e
do Giovanni, eu só preciso colocar meus olhos sobre a pessoa uma vez para
decidir saber qual será o papel dela na minha vida. Eu soube na hora que pus os
olhos em Raquel, que ela seria o amor da minha vida.
Isso foi como um soco no estômago. Eu mudei meu peso de perna e fechei os
olhos por um instante, impedindo as lágrimas de caírem, mas eu continuei firme,
escutando ele.
— Mas, se tem uma coisa que meu pai me ensinou quado casou com sua mãe,
foi que não estamos condenados a amar apenas uma vez na vida. — ele procurou
pelos meus olhos, os seus brilhando da forma que nunca brilhou para mim antes.
— Eu ainda amo e sempre vou amar a Raquel. Eu passei quase dez anos com ela
e eu tenho uma filha para me fazer lembrar dela todos os dias, mas, desde do dia
em que coloquei meus olhos sobre você, um dia antes do meu casamento, eu
sabia que você teria um papel muito importante na minha vida.
Eu estou embasbacada agora. Eu não fazia ideia de que ele tinha me notado
nesse dia.
— Naquele dia, eu não sabia que papel seria esse. — ele continua. — Mas aí,
você apareceu naquele jantar de negócios na casa do meu pai, depois no jantar
em família… Confesso que eu fiquei chateado porque você é uma cirurgiã e foi
um colega seu que não conseguia salvar minha mulher, então, eu não suportava
olhar para você por muito tempo, mas isso mudou quando eu vi você cuidando
da minha filha naquele hospital. Ali, de algum modo, mesmo não querendo
assumir, eu sabia que era você o segundo amor da minha vida.
Certo. Agora eu realmente estava chorando. — Enzo…
Mas ele, mais uma vez, não me deixou falar: — Não me pede para ir embora. —
ele implora. — Não me diz que eu não posso te dar o mesmo amor que Ethan dar
para Lisa ou que eu dei para Raquel. Me dá uma chance de mostrar que eu posso
ser esse homem para você. Me dá a chance de amar você da forma que você
merece ser amada. — ele curva um pouco seus joelhos para poder olhar dentro
dos meus olhos. — Eu perdi meu primeiro amor, então, por favor, não me faz
perder o segundo. Fica comigo, por favor.
Eu cubro minha boca com uma mão quando um soluço escapa. As lágrimas
estão escorrendo feito loucas por todo meu rosto. — Enzo, — eu chamo em um
gemido, quando eu seguro seu rosto entre as mãos e olho bem em seus olhos
azuis. — ficar com você é tudo o que eu sempre quis em oito anos. — eu digo,
baixinho, e acrescento: — Eu amo você e eu acho bom você não está brincando
comigo, porque eu estou grávida de quatro semanas.



CAPÍTULO 23 – JULIET

— O que você disse?
Eu vejo os olhos de Enzo arregalarem e sorrio.
Ele parece que está prestes a ter um infarto.
— Eu estou grávida de quatro semanas. — eu repito. Eu gesticulo em sua
direção, batendo em seu ombro de forma brincalhona, mas meus pés estavam
suando com o nervosismo. — Você sabe, nós nos descuidamos naqueles dias e
acabou acontecendo. Não que eu não queira isso, mas eu só não esta…
— Cale a boca, por Deus! — ele pega meu rosto entre as mãos geladas, e um
sorriso divertido e bonito enrola seus lábios rosados pelo frio. Enzo olha dentro
dos meus olhos, da forma que só ele consegue fazer, seus polegares traçando um
caminho para cima e para baixo em minha bochecha. — Foi o melhor descuido
que eu já cometi na minha vida. — ele sussurra, então, ele me beija.
Nós estamos no estacionamento do hospital, com milhares de pessoas andando
ao redor, e ele está, simplesmente, me beijando. Ele me beija com carinho,
apenas beijando meus lábios suavemente, sua respiração gelada contra minha
boca.
Eu senti tanta falta do seu beijo, do seu gosto e eu estou perto de implorar para
que ele me beije pra valer, porque eu estou gemendo em lamento enquanto ele
chupa meu lábio inferior, em seguida, o superior. Eu seguro em seus braços,
sentindo seus bíceps trabalhando enquanto ele faz o possível para apenas me
segurar no lugar. Me levanto na ponta dos pés e deixo sua boca pairando sobre a
minha quando eu digo, — Minha casa não é muito longe e Jax não está por lá.
Ele ri contra minha boca e beija a ponta do meu nariz. — Estou louco para
conhecer sua casa.

●●●

Ao atravessar a porta da minha casa, Enzo fez um rápido trabalho em nos livrar
de nossas roupas. Ele segurou em minhas coxas e me ergueu do chão, fazendo-
me enrolar em sua cintura.
— Diga de novo. — ele pede quando eu indico a direção do meu quarto.
Eu pego seu rosto e beijo o peito da sua bochecha esquerda. — Dizer o que? —
eu sussurro contra sua pele.
— Que está grávida e que é meu.
Sorrio e inclino para trás para olhar em seus olhos. — Eu estou grávida. — eu
digo. — E, com toda certeza, esse bebê é seu.
Enzo sorri, os olhos brilhando como nunca brilharam antes. Ele não entra
diretamente no meu quarto; ele me coloca contra a parede do lado da minha
porta e mordisca meu queixo. — Então, — ele começa. Uma de suas mãos vai
entre nós e ele se ajeita na minha entrada. — quer dizer, que nós teremos um
bebê juntos?
Eu começo a acena, mas sou interrompida quando ele faz seu caminho para
dentro de mim. Minha boca se abre num grito mudo e eu seguro em seus
ombros, procurando uma posição mais firme.
— Eu tenho você de todas as formas agora? — ele pede em um rosnado baixo,
enquanto empurra duro em mim.
Eu abraço seus ombros, meu corpo subindo e descendo, com seu ritmo, deixando
minha boca próxima ao seu ouvido, quando respondo entre gemidos, — Eu
sempre fui sua, de todas as formas.
Nós gozamos juntos, contra a parede, em seguida, mais uma vez, na minha
cama, e então, ele caiu ao meu lado e me puxou para seu peito. Agora estávamos
abraçados, enquanto eu lhe contava como descobrir que estava grávida e
explicava que estava pensando em um jeito de lhe contar isso.
Ele parece feliz e diz que está ansioso para contar a Mia sobre seu novo
irmãozinho ou irmãzinha. Ele beija minha cabeça, depois minha têmpora, depois
minha bochecha, e por último, minha boca. — Eu quero que você e Jax venham
morar comigo. — diz ele, pegando-me de surpresa.
Rapidamente, levanto a cabeça para vê-lo. — Está falando sério?
— Muito. Eu amo você e você está esperando meu filho. Não precisa ser um
Giovanni na matemática pra resolver essa conta.
Eu ri porque ele usou o nome do seu irmão como metáfora e porque eu não
podia esconder minha felicidade.
— Então? — ele observa enquanto eu tento parar de rir, sua mão acariciando
meu braço, delicadamente. — Você vem? Case comigo, me faça mais feliz do
que eu estou nesse momento. E eu prometo que vou te fazer a mulher mais feliz
do planeta.
Provavelmente, por conta da gravidez, que está me deixando muito emocionada,
eu estou chorando de novo. Eu não consigo evitar quando as lágrimas começam
a escorrer pelo meu rosto. Eu me movo e estou montada sobre ele, inclinada para
frente, de modo que meu rosto paira sobre o dele. — Eu vou e eu aceito. — eu
sorrio pra ele. — E eu também prometo te fazer feliz.
— Me dê um minuto, por favor. — ele está sério quando ele começa a procurar
por algo sobre a cama.
— O que você está fazendo?
Ele ri. — Procurando por um celular para gravar essa promessa. Tenho que ter
algo para provar depois, você sabe…
— Oh, não! — Eu gargalho e ele vem junto.
Em seguida, ele pega meu rosto e desce minha boca até a dele. — Eu te amo. —
então, ele me beija.
E, após oito anos, meu coração está inteiro, novamente.



EPÍLOGO – JULIET

O suor escorria em um fio pelas minhas costas enquanto eu terminava de
pendurar o último quadro da coleção fofa que comprei para completar a
decoração do quarto do bebê.
Minha barriga estava tão grande e meus pés tão inchados e doloridos. Eu sentei
na poltrona confortável que Aurora pôs ao lado do berço e suspirei de alívio
quando meus pés foram automaticamente foram para cima com o suspensor de
pés da poltrona. Com um paninho em mãos, eu enxugo minha nuca suada e olha
ao redor do quarto do meu bebê.
É um cômodo grande, decorado com cores claras; paredes brancas e chão cinza
claro. Os móveis – berço, cômoda e poltrona, são de um branco gelo, postas em
lugares ordenados, perfeitos. O guarda-roupa é aberta na frente, deixando
amostra as roupinhas bem dobradas e organizadas. Segundo Aurora, é última
moda e, nas palavras dela, seu sobrinho não terá menos que isso.
Eu apenas aceitei, uma vez que foi ela quem decorou a nossa nova casa inteira.
Quando voltamos para Los Angeles, eu e Jax ficamos na casa da minha mãe,
enquanto Enzo concluía a compra de uma casa nova. Nós chegamos juntos à
conclusão de que não seria justo morar na casa em que ele viveu com Raquel,
então ele comprou uma casa ao lado da dos seus irmãos. Eu achei um pouco
exagerado, mas depois que ele me lembrou de que já temos duas crianças, com
uma por vir, eu não reclamei.
Eu estava completando oito meses hoje e há três meses, nós descobrimos que
nosso bebê é menino. Era meu primeiro filho, mas eu já tinha um pequeno
gostinho do que seria, por já ter cuidado do Jax, mas não chega perto da emoção
que foi ver os olhos perfeitamente azuis de Enzo ao receber a notícia do médico.
Ele se manteve vidrado no monitor, onde nosso filho estava todo encolhidinho,
os olhos brilhando como se ele estivesse prestes a chorar e um sorriso bobo nos
lábios avermelhados.
Com as crianças foi um pouco diferente. Jax permaneceu pensativo durante
nossa conversa, e só depois que acabou, ele levantou e me deu um abraço e
murmurou um "Parabéns, J1." e subiu para seu quarto. Ele esteve assim, todo
calado, durante alguns dias, até que Enzo começou a passar um tempo com ele,
levando-o para assistir jogos de lacrosse, ou apenas para algumas reuniões que
ele e seus irmãos costumam fazer para assistir jogos e conversar conversas de
homens. Já Mia, começou a pular e alternar beijos entre minha bochecha, minha
barriga e a bochecha de seu pai. Ela tem conversado com o pequeno Nico todos
os dias, ao acordar e antes de dormir.
— J1, — Jax aparece na porta do quarto, com Mia agarrada em seu pescoço e
pendurada em suas costas. — eu realmente amo brincar com ela, mas eu ainda
preciso muito das minhas costas.
Eu sorrio e me forço a levantar, e vou até a porta. — Querida, dê apenas um
momento ao Jax, tudo bem? — Eu seguro na cintura de Mia e a trago para trás,
tendo um pouco de dificuldade, porque ela está fazendo força ao redor do
pescoço de Jax. Mas, ela acaba cedendo quando Jax cambaleia para trás e eu a
coloco no chão.
Ela faz um beicinho. — Eu só queria brincar com ele, mas ele só quer saber de
estudar, e estudar, e estudar… — Ela olha feio para Jax, batendo as mãozinhas
contra as pernas, como uma pequena adulta.
Jax se agachou em sua frente e tocou seus cabelos claros. Ele curva os lábios
carnudos em seu sorriso bonito e sua covinha se aprofunda ao máximo. — Eu
brinco com você, mas só se você prometer que não vai ficar pulando nas minhas
costas o tempo todo.
— Mas, você deixa a P ficar nas suas costas, na piscina. — ela lamenta.
Eu seguro o riso, mas é uma tarefa difícil vê-la com ciúmes. Ela ficou tão
próxima ele desde que chegamos e ela tem sido assim desde então.
Jax sorri.
Qualquer uma se derreteria com o maldito sorriso de Jax, quando ele faz, e com
Mia não é diferente. Ela ergue uma mão e, com seu dedinho indicador, ela toca a
covinha profunda e pisco com os olhinhos brilhando.
— Bom, na piscina tudo fica mais leve, M&M. — Jax diz o apelido que ele pôs
nela, e ela abaixa o dedo e olha em seus olhos, com uma expressão de confusão.
— Por que?
Jax encolhe os ombros. — Não faço ideia. — ele diz e puxa novamente uma
mecha de seu cabelo. — Que tal, nós dois irmos tomar banho de piscina? Então,
você pode ficar o tempo que quiser nas minhas costas.
Instantaneamente, Mia abre um sorriso e acena, eufórica, confirmando. Ela vira
para mim, com os olhos grandes, tão iguais ao do seu pai. — Eu posso pedir a
Treena pra me trocar, J?
— Eu acho que posso fazer isso pela Trenna, o que você acha? — eu seguro sua
mão e ela me guia na frente até seu quarto.

●●●

Mia e Jax brincam na água de alguma brincadeira esquisita, na qual Mia não
solta o pescoço de Jax, e ele mergulha com ela agarrada em suas costas. Mas eles
estão sorrindo e se divertindo, é o que importa.
Eu estou observando os dois, do sofá da minha sala. Há uma enorme parede de
vidro, que divide a sala da área da piscina, uma arte criada pelo Lucca, enquanto
eu estudo os exames de um paciente. Eu posso estar com oito meses de gravidez,
mas eu continuo bem ativa no hospital.
Foi minha única exigência: eu aceitei me casar com Enzo, e eu vou fazer, assim
que o bebê nascer, mas eu nunca vou deixar meu trabalho. É minha paixão, meu
dom, e essas coisas são valiosas demais.
A porta principal se abriu, Enzo entrou, e meu coração saltou. Ele estava com
seu terno de trabalho, na cor cinza, em mãos enquanto sua camisa branca tinha
as mangas puxadas até o cotovelo. Seu cabelo estava uma bagunça, como se ele
estivesse passado as mãos várias vezes sobre ele, e seus olhos ainda estavam
protegidos por seus óculos de leitura, estilo rayban e de aro preto. Ele abriu seu
sorriso maldoso quando seus olhos pousaram em mim e eu derreti no meu lugar.
Eu não o vi com esses óculos nas semanas que estivemos fazendo o casual,
então, quando o vi pela primeira vez, enquanto ele lia alguma tabela sobre os
ganhos da empresa, eu me apaixonei ainda mais. Eu transei com ele na cadeira
de seu escritório, porque o vê com esses óculos despertou algo quente dentro de
mim e no meio das minhas pernas. Eles me deixaram com mais tesão que eu
tenho por ele, e até hoje, Enzo tem usado isso a seu favor. Ele tem ficado
constantemente os usando, mesmo nas horas que ele não precisa.
— Como estão as crianças? — Ele me pergunta, quando se senta ao meu lado no
sofá. Ele primeiro beija minha bochecha, em seguida minha boca, e por último,
minha barriga.
Eu aceno com o queixo para a área da piscina. — Jax e Mia estão na piscina. —
sorrio, guiando sua mão pela minha barriga. — Nico deve estar dormindo. Ele
fica acordado durante toda noite.
Enzo sorri, etão abaixa a cabeça e beija minha barriga outra vez. — Ele vai ser
bem agitado.
— Você jura? — eu ironizo.
Ele estala outro beijo na minha bocheche, e joga o braço por trás de mim, no
encosto do sofá, me puxando para seu peito. — O que você está fazendo,
paixão?
Eu sinto-me ruborizar com o apelido carinhoso. — Estudando alguns exames. —
aceno com meu tablet.
— Hum. — ele parece um pouco vago agora. Enzo coloca as costas de seus
dedos livres em meu rosto e, delicadamente, ele começa a arrastar para baixo,
pela minha mandíbula, pescoço, braço, até que ele atinge minha perna. Sua mão
invade a barra do meu vestido de verão e ele aperta minha coxa nua.
Eu estou com meu lábio inferior entre os dentes, mas eu não posso evitar o
gemido que escapa da minha garganta.
— Você parece mais deliciosa que hoje mais cedo. — Enzo tem seus lábios
encostados à minha orelha, e sua voz rouca e respiração quente causa um arrepio
por todo meu corpo, que vai como uma corrente, da minha nuca a ponta dos
meus pés.
Eu olho pra ele sob meus cílios. — Meus hormônios estão tão agitados. — eu
lamento contra sua boca. — Não me faça tirar a roupa e ficar de quatro pra você
quando as crianças estão logo do outro lado daquele vidro.
Enzo sobre mais a mão e ele pressiona o polegar contra meu clítoris inchado e
sedento, mas é tudo que ele faz antes de retirar a mão e beijar minha mandíbula.
— Certo. — ele respira pesado. — Vamos deixar isso pra mais tarde.
Eu rio, o observando ajeitar sua calça. — Mais tarde, paixão. — eu confirmo,
deixando claro minhas intenções pelo tom da minha voz.
Eu deitei em seu peito quando ele se ajeitou perto do meu corpo e começou a
alisar minha barriga. Eu voltei a observar as crianças lá fora, que agora estavam
prestes a descer pelo tobogã, com Mia ainda agarrada no pescoço de Jax. Eu
nunca tinha realmente parado para imaginar como seria ter uma família, quem
dirá uma com três crianças.
Apesar de ter cuidado de Jax todos esses anos, eu tinha um pouco de medo e
hesitação com toda a responsabilidade que caiu sobre mim. Não era apenas eu e
um menino que desde criança sonha em ser neurocirurgião, porque sua mãe
morreu de traumatismo craniano; Agora era eu, ele, o amor da minha vida, uma
menininha linda e amorosa e um bebê que está pra nascer. Era uma família
grande; Uma que eu nunca planejei, mas que estou ansiosa para descobrir como
será nos próximos anos.
— Nós precisamos mesmo nos casar, assim que Nico nascer? — eu pergunto
baixinho.
Por mim, nós esperaríamos mais alguns meses, mas ele está apressado para
assinar os papéis.
— Sim, precisamos.
— Essa pressa toda tem alguma coisa a ver com seu ciúme altamente elevado?
— eu procuro saber, enquanto reprimo um sorriso.
Enzo segura minha mão e entrelaça os dedos nos meus. — Uma parte sim,
porque eu preciso que as pessoas saibam que você é minha, e isso vai acontecer
quando esse dedinho aqui — ele ergue apenas meu dedo da aliança — estiver
usando um anel. Mas, a parte maior é que — ele aperta a ponta do meu dedo, em
seguida, ele olha para mim, com suas profundezas azuis, demonstrando todo
amor do mundo. — uma vez, uma pessoa me disse que a vida é muito curta para
deixar as oportunidades passarem.

FIM.


Nos vemos em Alessa!
[1]

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