Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Victória Brandão
1ª Edição
Capa: E.S. Design
Diagramação: Thainá Brandão - Casillas Editorial
Revisão: Bianca Bonoto
Modelos: Marco Farah e Pollyanna M. Costa
Fotográfo: Gabriel - @ga.oficial
Editora: M10 Marketing Digital.
Todos os direitos reservados à Jussara Leal. Nenhuma parte desta obra pode
ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo
similar, sem permissão dos detentores dos copyrights. Texto fixado
conforme as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto
Legislativo nº54, de 1995)
INSTAGRAM:
https://www.instagram.com/autorajussaraleal/
FACEBOOK:
https://www.facebook.com/AutoraJussaraLeal
• Matheus Albuquerque:
https://amzn.to/32OYo0r
• Sem Limites: https://amzn.to/2XvphYC
• Sem Medida: https://amzn.to/2IGZ5Co
• Jogada aos seus pés:
https://amzn.to/2ZJzZIA
• Exagerado 1: https://amzn.to/2SN5Ju8
• Exagerado 2: https://amzn.to/2SLH2yf
Esta obra contém algumas situações perturbadoras, conteúdo
maduro, linguagem forte. Pode conter gatilhos para vítimas de abuso. Não
recomendado para menores de 18 anos.
Há também um mocinho que contém excesso de fofura. Sim, ele é
considerado o mais fofo de todos os fofos e pode ser que você se apaixone
perdidamente.
E Victória? Ela é apenas quente e incontrolável!
Nosso jantar gira em torno de Isis. Toda nossa atenção está voltada para
nossa filha. E isso é apenas porque estamos fugindo um do outro neste momento. Eu
sei que teremos problemas assim que chegarmos em casa, sinto isso. Nosso primeiro
problema por ciúmes ou seria o terceiro? Tem a Jéssicat cara de vedete! Eca!
Estou pensando em qual luta Rhael vai tornar-se um combatente. Me
recordo perfeitamente de nossa última conversa e lembrar dessa conversa, me leva
direto a tempos sombrios...
"Eu reluto no primeiro instante e isso traz Rhael um pouco mais violento,
exatamente como eu gosto e preciso. Ele segura firmemente em meu pescoço e
rosna como um cão raivoso.
— Aceite, Victória. — Ordena e eu começo a sentir meus pulmões lutando
pelo ar..."
Aprender a lidar com situações adversas, extremas ou não, é algo tem sido bastante
necessário. Acho que pela primeira vez na vida estou tendo que usar todo
conhecimento que meus pais me passaram durante toda a vida e estou imensamente
grato a eles neste momento.
Minha mãe é um pouco explosiva e impulsiva. Já meu pai, foi o grande
responsável por me ensinar a ter calma e pensar em casos extremos. Isso chama-se
sabedoria. Diante de qualquer dificuldade, mantenha a calma. Essa é a frase que ele
sempre disse.
Minha garota quebrada... não, ela não é quebrada. Ela é inteira para caralho.
Prova disso é a forma como ela escolheu lutar contra seus demônios internos.
Vejamos: Ela entrou em uma crise bem diante de mim no restaurante. O que
ela fez? Ela pediu para vir embora. Sim. Tudo bem, vir embora parecia o certo.
Então nós viemos para a nossa casa, eu fui fazer Isis dormir e quando chego em
nosso quarto a pego no closet, sentada ao chão com um caderninho rosa em suas
mãos. Eu pergunto o que ela está fazendo, e o que ela responde? Que está tentando
lembrar quem ela é. E porra, eu a amo mais por isso! Essa garota deitada sob mim é
meu orgulho.
Ela poderia ter feito uma estupidez, poderia ter pedido para que eu fizesse
algo absurdo. Mas não, caralho! Ela enfrentou a porra do seu ataque e agora está
pedindo para que eu ame, como eu fiz na nossa primeira vez.
Olho para seus olhos e vejo os mais belos castanhos intensos imersos em
uma escuridão profunda. Eles estão fixados aos meus, penetrando em minha alma
como se pudesse ver além.
Quebrando contato, desço para seu rosto e é impossível não sorrir ao
contemplar suas sardinhas bonitinhas. O riso morre quando chego em sua boca.
Neste momento eu estou questionando mentalmente todas as forças celestiais. Como
pode alguém ser tão perfeita? Linda da cabeça aos pés.
Sim. Exatamente isso.
Seus cabelos são perfeitos, sua testa delicada, suas sobrancelhas bem
desenhadas assim como seus olhos, Cílios longos por natureza, nariz delicado,
bochechas sardentas lindas e sua boca? Sua boca... sua boca arranca minha chance
de raciocinar.
— Theus?
— Oi?
— Você não vai fazer nada? — Pergunta e eu a olho nos olhos.
— Fazer o que?
— Fazer amor comigo. — Ela diz e então suas bochechas estão rosadas. É
uma coisinha linda.
— Vou. Eu só estou fazendo algumas análises sobre minha futura esposa. —
Digo. — Você vai casar comigo, Vic.
— Não houve um pedido formal. — Explica com sua boquinha esperta e eu
pontuo mais uma vez para que ela perceba que não há chance de fuga.
— Você vai casar comigo, Vic.
— Você não...
— Ouça. — Digo calando sua boca. — Você vai casar comigo, nós teremos
gêmeos e então mais dois filhos depois. Serão cinco ao todo.
— É? Mais o que? — Pergunta preguiçosamente.
— Vamos nos casar em Belo Horizonte, onde meus pais se casaram. Eu amo
aquele lugar e quero me casar com a mulher da minha vida lá. — Ela sorri. — Será
lá que faremos os gêmeos, poucas horas após você dizer “sim” a mim diante do altar.
A levarei para um chalé e consumaremos o casamento de uma maneira romântica,
onde você ficará gravida dos meus bebês.
— É um roteiro? — Pergunta e então é minha vez de sorrir.
— Sim.
— Eu amo suas covinhas. — Diz beijando minha bochecha. — Eu amo
muito essas covinhas. Acho que seu sorriso é capaz de desarmar uma guerra, Theus.
É tão verdadeiro e puro. — Vou abaixando lentamente as alças de seu vestido e ela
então suspira.
Ela quer minha boca em cada parte do seu abençoado corpo. Eu quero seu
corpo nu sob o meu. Minha mulher é meu próprio sonho erótico e eu amo, com
todos os clichês que tenho direito.
Eu o desço pelos seus braços e então pelos seus seios. Um simples passar de
dedos pelo seu corpo enquanto retiro sua roupa e eu a tenho ofegante.
Me afasto para desvencilhar por completo da peça e então é a minha vez de
ficar nu.
Retiro meus tênis, minhas meias, minha camisa. Em seguida, concentro-me
em sua pequena calcinha preta. Engancho meus dedos pelas laterais e a retiro
deixando um beijo delicado em sua marquinha. A linda marquinha delicada de onde
saiu nossa pequena princesa. Sou louco por isso.
Minha Sadgirl agora está nua para mim. Por mais que eu tente, a atração
sexual vem à tona com uma violência à qual tenho que lutar. Ela quer meu amor e
isso que ela terá.
Fico alguns segundos contemplando a imagem e então começo a me igualar
a sua nudez.
Meu membro salta livre, pesado e necessitado. Eu o seguro em minha mão e
ouço minha garota suspirar alto, quase um gemido.
Pego seu pé direito e começo a distribuir beijos delicados. Subo pela sua
canela fina, sua panturrilha, seu joelho delicado e então suas coxas devidamente
torneadas. Beijo a parte interna e então, passando por sua pélvis, eu recomeço em
sua perna esquerda. De cima para baixo agora. Eu beijo sua coxa esquerda deixando
uma leve mordida próximo à sua intimidade e desço até alcançar seu pé. Não
deixando um único espaço sem atenção.
De joelhos sobre a cama, eu massageio seu pé ganhando gemidos de
satisfação. Quando termino sigo para sua marquinha delicada e a beijo por completo
indo até seus quadris e voltando. Beijo seu umbigo, o pontinho sensível em sua
barriga, suas costelas e vou subindo até estar entre seus seios. Eu seguro cada um
deles em minhas mãos e beijo o vão que os separa. Beijo seus ombros, seu pescoço,
beijo sua boca.
Deus do céu! Quando eu beijo sua boca, quase perco o controle. É preciso se
afastar...
— Theus...
— Cada parte do seu corpo. — Aviso e logo estou entre suas pernas. Eu
começo com beijos moderados, até estar pegando um ritmo mais urgente. Com
minha mão livre, toco meu membro que clama por alívio.
Vic segura em meus cabelos um pouco desesperada eu paro de chupá-la. Há
algumas outras partes...
— Volte! — Ela esbraveja. — Merda, eu amo vê-lo tocando punheta. —
Eita, porra! Essa mulher fala muitas besteiras. Sou um romântico agora e ela está
tentando me levar para o caminho da safadeza.
— Vire-se. — Ordeno. Gostando de ser ordenada, ela se vira mais que
rapidamente quase me dando um chute na cara. Vic não saber fazer amor.
Definitivamente!
Nem eu sabia.
Ela abre suas pernas achando que eu estou indo comê-la, pobrezinha.
Seguro suas pernas e então beijo cada uma delas. Beijo suas coxas e sua
bunda perfeita, devidamente arrebitada. A aperto em minhas mãos e beijo suas
costas, cada maldito pedacinho até chegar em sua nuca. Eu agarro seus cabelos em
uma mão, deito parte do meu corpo sobre ela e beijo sua nuca, indo até sua orelha.
— A primeira vez não foi assim, Vic. — Digo em seu ouvido enquanto ela
empurra sua bunda de encontro a mim.
— Não. Mas, ainda assim, foi amor.
— A primeira vez foi na escadaria do prédio. Você montou meu pau com
tanta vontade. Mas, eu te amei. Eu amei cada parte do seu corpo. Porque ali, naquele
momento, você já era minha. Mesmo que tenha fugido disso por longos anos. Onde
você está agora, Vic?
— Com você.
— Exatamente. E o que isso significa? — Pergunto e ela não diz nada. —
Significa que não adianta fugir. Estava escrito, Vic. Em algum lugar estava escrito
que no dia de hoje você estaria abaixo de mim, remoendo de prazer. Estava escrito
que juntos nós enfrentaríamos quaisquer obstáculos. Estava escrito que, naquela
última noite que transamos na Ilha há sete anos atrás, nós faríamos uma filha. Estava
escrito que agora eu vou virá-la de frente novamente e então beijarei sua boca
enquanto faço amor com você. Não adianta fugir Vic, você vai se casar comigo,
porque eu sei que isso está escrito. Eu sempre vou pegá-la, porque você é minha.
Compreende? Você fugiu todos esses anos de tudo, incluindo dos seus problemas.
Você apenas adiou o inevitável. Porém, agora que eu a tenho, nós vamos juntos lutar
contra toda a escuridão que habita em seu interior. Nós vamos encontrar a luz, eu e
você, juntos.
— Eu te amo.
— Eu te amo também, Victória, imensamente. Você nasceu para ser minha.
— Digo saindo de cima dela e a virando de frente.
Eu beijo sua testa, seu nariz, suas bochechas, seu queixo e então sua boca.
Seguro meu membro e então o guio em sua boceta apertada. Ela me recebe abrindo
bem suas pernas e formamos um só.
— Eu estou amando você, Vic. — Digo e então ela puxa meu cordão
grudando nossos lábios. — Eu sou louco por você.
O beijo se intensifica e as batidas de nossos corpos também. Suas mãos
deslizam pelas minhas costas e grudo nossas testas. Minhas mãos se encaixam
abaixo de sua bunda e então eu impulsiono de encontro a mim.
— Sim Theus. — Ela diz choramingando e então eu pressiono mais sobre
ela.
Minha garota está tão entregue, profundamente entregue a mim e a
intensidade do momento. Suas unhas fincam em minhas costas e eu beijo sua boca
enquanto ela goza.
— Você é tudo. Tudo. — Diz começando a chorar e porra... Eu me torno
fofo no sexo. Que merda! Eu sempre me torno fofo. Tudo me leva a ser fofo. A porra
do amor é fofo. O amor é um ataque de fofura.
— Pequeninha, meu amor, não chore. — Peço e ela as mãos até minha
bunda a apertando. Chorando e fodendo, parabéns, Victória, você destrói meu
psicológico!
— Você pode gozar agora? — Pede entre lágrimas e eu sorrio. Que fofa
cara! Que inferno!
— É o que você quer?
— Sim. — Responde e então eu começo a fodê-la forte. Ela se agarra em
meu pescoço e logo estou dando o que ela pediu. A preenchendo com... merda. Ela
vai ficar puta. Arruinamos tudo.
Ou talvez, vá que meus espermatozoides vencedores tenham emplacado um
gol certeiro!
— Vic, é o momento ideal para eu dizer que acabamos de fazer um
amorzinho gostoso, mas eu não lembrei da porra de um preservativo e você não está
com adesivo algum?
— Não diga nada! — Ela coloca um dedo em minha boca e me puxa por
completo para cima dela. Eu sinto que estou a esmagando, mas ela está bem com
isso.
Viro-me de lado a trazendo junto e ficamos juntinhos, enquanto ela traça
círculos pelo meu peitoral.
— Você tem sardinhas bonitinhas. — Diz baixinho.
— Eu tenho, pequeninha. Sabe por quê? Porque elas foram feitas para
combinar com as suas. Nós somos o casal sardinhas bonitinhas.
— Eu amo como você cuida de mim. Você me completa, Theus. Você é tão
louco. — Ela sorri limpando as lágrimas. — Theus, você realmente não desiste de
mim. Quando estou fugindo para a escuridão, sempre dá um jeito de me mostrar a
luz. Quando estou me perdendo, sempre me encontra e me mostra a direção. Você
me dá motivos para continuar tentando, para continuar sonhando. Seu coração é de
ouro e sou tão sortuda por ter sido a mulher que você escolheu. — Estou quase
chorando agora, merda! — Você é um homem fodão e imponente no escritório.
Quando está por trás daquele terno dá um certo medo. E então vem para casa e
transforma-se num garotão cheio de loucuras. Tem um coração tão grande que é
capaz de pegar a dor de todas as pessoas para si mesmo e lutar a batalha dos outros.
É generoso, paciente, sensato, divertido, um pai excepcional. Um amante voraz,
dedicado, cúmplice. Eu tento enxergar defeitos em você, mas eu apenas não consigo.
Porque até com ciúmes você é perfeito, até sua possessividade me atrai. É quente. Eu
amo o “Theus ciumento”. Você me faz rir até quando eu não quero. Parece um
bebezão grande e é tão fofo. — Eu sou fofo! Já aceitei isso. — E, entre quatro
paredes, transforma-se em uma fera, dominador, exigente, mandão. Você é tantos em
um só.
— Eu sou fofo, meu amor. — Brinco e ela ri enfiando sua cabeça em meu
pescoço.
— Você é um mega fofo.
— Mas, deixarei de ser assim que aquele babaca encostar um único dedo em
você.
— Meu malvado favorito.
— Chega de apelidos fofos, fiquei de mal humor agora. Vamos limpar essa
bagunça que eu fiz em você, meu amor. Estou orando a Deus que o anticoncepcional
ainda não esteja fazendo efeito. — Confesso. —– Desculpa, eu não quis dizer isso,
Vic. Seu tratamento e tal. Compreendo. O que? Você quer um filho? Não se importa
com o tratamento? Ótimo, Vic, eu farei um filho em você no chuveiro! — Minha
garota sorri ao mesmo tempo em que me dá um tapa no braço. Sorrio e mordo seu
ombro direito.
Ela puxa meus cabelos e eu aperto sua bunda.
Ela arranha minhas costas e eu mordo seu pescoço.
Ela geme e meu pau ganha vida dentro dela mais uma vez.
Ela me dá um tapa na cara e então eu puxo seus cabelos.
— Acabou o momento amor Matheus Albuquerque. — Avisa
diabolicamente e eu fico de pé a arrastando até o banheiro. Ligo a ducha e fodeu!
Nós não somos para o amor lento. Nós somos o caos!
É um mundo diferente.
Estou grande parte da manhã mergulhando virtualmente nesse
universo desconhecido, surpreso em como, em algumas partes da pesquisa,
tenho percebido que pode ser que esse universo não seja tão desconhecido
assim. Eu me encontrei em muitas características, em muitos trechos de
artigos diversos.
É um estudo interessante, levando em conta o histórico sombrio de
Victória. Inclusive, descobri que nem tudo nesse universo tem a ver com a
dor, com a humilhação. Há práticas únicas e exclusivas para uma excitante
troca sexual. Há como tornar as coisas lúdicas, longe de causar dor,
ferimentos e abalar psicologicamente a parceira.
Eu era leigo nesse assunto, completamente. Mas, estou um pouco
chocado com as descobertas. Quando não se tem um entendimento sobre o
assunto, a mínima noção que seja, costumamos criar julgamentos infundados
e absurdos. Quando se lê a palavra BDSM você já pensa em espancamento e
humilhação automaticamente. Claro, eu descobri que há práticas voltadas a
esse tipo mais sombrio. Descobri que há centenas de simpatizantes do
sadismo. Essa sigla aborda tudo. Porém, eu gostei mesmo foi da parte BD
(boundage e dominação). A dominação foi onde consegui ver muito de mim,
já na boundage, há algumas ressalvas sobre coisas absurdas que eu nunca
faria com Victória, mas também, existem outras que são bastante
interessantes.
Eu e Vic somos uma dupla quente e selvagem sexualmente. Há
bastante práticas saudáveis que podem ser agregadas ao nosso
relacionamento sem que isso cause danos graves. Talvez nós possamos
começar a brincar de “subsadgirl” ...
Minha garota disse que eu possuo o perfil dominador. Ela é
visionária, eu descobri que ela pode estar muito certa sobre isso. Mas, assim
como eu possuo perfil dominador, Victória possui o perfil submisso. Ela
tenta às vezes dominar a situação, mas, nunca segue firme seu propósito. Ela
sempre termina sendo subjugada por mim na cama e isso a excita de uma
maneira louca e assustadora. Ainda assim, preciso pesquisar mais a fundo e
descobrir melhor, lembrando sempre que minha garota está em fase de
tratamento e eu prezo pelo seu bem-estar psicológico.
Eu sinto que posso mostrar ela o outro lado, um lado onde ela é
amada, respeitada e seu prazer está acima de todas as coisas...
— Interessante. — Uma voz surge ao meu lado fazendo com que eu
feche rapidamente a porra do meu notebook.
— Arrombada parideira! Não sabe bater na porta? Filhote de Deus
me livre!
— Christian Grey Albuquerque. Sou capaz de ouvir o som do
chicote estalando na raba de Victória. Pobrezinha...
— Saia! Intrometida! — Ordeno ficando de pé.
— Ui, ele é dominador mesmo gente! — Ela ri e então dá um soco
em minha mesa. A filha da puta chega o dedo na minha cara e diz: —
Comigo não, bonitão. Eu te quebro na porrada!
— Saia, Beatriz! Vá caçar uma ocupação.
— Enquanto você está aí brincando de Grey, há uma reunião
agendada para daqui vinte minutos.
— Vai ensinar minha mãe a fazer filha! Eu tenho responsabilidade.
Além do mais, a reunião é apenas com você e nosso pai. — Rebato.
— Você está estressado, está precisando transar, Matheus. Vic está
dormindo de calça jeans?
— Não, Vic está tendo seu período e isso não é da sua conta. —
Esbravejo.
— Credo, ela que está no período e você que fica estressado? Vocês
irão ao baile beneficente?
— Óbvio.
— Credo, Matheus! Tchau! Você está um merda. — Ela sai batendo
os pés e então eu a puxo para um abraço.
— Desculpa, maninha, é que você às vezes é invasiva demais. Eu te
amo do tamanho do mundo inteiro.
— Também amo você, bebezão. — Diz sorrindo. — Eu nem vi o
conteúdo, apenas vi que era um site de BDSM. — Ela ri. — Sério, vou te dar
alguns livros que podem ser interessantes.
— Mande a lista e eu os comprarei. — Pisco um olho e a maluca se
vai após apertar minha bunda.
Corro até o notebook e começo a pesquisar livros nessa temática.
Compro alguns pela internet e coloco o escritório como endereço de entrega.
Não quero que minha garota saiba do meu interesse repentino.
Minutos depois...
— Infelizmente as duas reuniões coincidem de ser no mesmo dia. É
a vez de vocês mostrarem que estão aqui como meus sucessores realmente.
São os dois maiores clientes do escritório, não existe uma maneira de
remarcarmos com qualquer um dos dois. Isso nos faria perder a
credibilidade. — Meu pai explica. — Tendo em vista que Enzo ainda é
bastante dependente, eu decidi que Beatriz ficará com a reunião aqui do Rio,
e você terá que fazer uma pequena viagem até Belo Horizonte, filho.
— Pai, eu vou comandar uma reunião sozinha? — Beatriz pergunta
um pouco chocada e eu seguro o impulso de rir.
— Você irá. É a sua vez de mostrar a que veio. Estudou para isso.
Confio em você o bastante para saber que tirará isso de letra.
— Mas...
— Sem “mas”. Você foi treinada, Bia. Você é como sua mãe. — Ele
sorri e eu penso que estou ficando igual a ele em relação a Victória. — Vai
reclamar também, Matheus?
— Não. Estou acostumado. Em Nova York participei de muitas
reuniões com clientes importantes. — Digo provocando Beatriz que me
mostra o dedo do meio.
— Eu reservarei minha passagem. Vou pegar o primeiro voo
amanhã. — Informo.
— Excelente. — Ele sorri e me entrega uma pasta. — Estude o caso.
Não é muito burocrático e nem tão extenso. Hoje não há mais clientes, então
vocês dois podem ir almoçar em casa e trabalhar home office.
— Eu prefiro ficar. Enzo vai me consumir em casa e não terei tanta
atenção. — Beatriz informa preocupada.
— Eu prefiro ir e pegar minha garota para almoçarmos fora.
— Estou com diabetes. — Alguém tem uma irmã tão fodida quanto
a minha?
— Não tenho culpa se seu marido não te surpreende. — Digo rindo.
— Você não sabe da missa a metade, Christian Grey. Cinquenta tons
de chibata.
— Que porra é essa? — Meu pai questiona.
— Oh papai, não queira saber. — A filha da puta diz rindo e se
levanta. — Aliás, ao invés de pedir Vic em casamento dando um anel,
mande ser confeccionado uma coleira de diamantes com as iniciais do seu
nome. Bem estilo submissa...
— Vou fazer uma para ela e outra para você. Cadela filha da puta!
— Puta que pariu em vocês dois! — Meu pai esbraveja se
levantando. — Estou indo para casa, vocês parecem ter cinco anos de idade.
Arthurzinho é mais maduro que os dois juntos.
Porra, não quis contrariar meu pai, mas não estava nos meus planos
uma viagem de última hora. A única coisa que me anima é poder estar de
volta à casa onde vivi os momentos mais incríveis em minha infância e
adolescência.
Eu queria voltar lá levando minha mulher e nossa filha.
Em três horas estou entrando na casa que amo. Deixo minha mala
no hall e respiro o cheiro incrível desse lugar.
Em minha mente, eu vejo crianças correndo pela sala, vejo uma
sardinhas bonitinhas muito linda sorrindo, vejo a minha vida neste local.
Uma vida feliz, longe de todas as pessoas ruins, longe de Túlio.
Gostaria mesmo de entender por que ela estava nos braços dele,
mas nenhuma explicação no mundo fará com que eu aceite.
Estou sofrendo, mais uma vez.
O apartamento sem Matheus é vazio e sufocante.
Já passam das onze da noite. Isis está dormindo e Pimpolho
também. Restaram apenas eu, minha insegurança, meu medo e o desespero
esmagador.
Tempos depois...
— Sabe uma das coisas que me deixam mais louco em você? — Ele
pergunta massageando meus ombros dentro da banheira de hidromassagem.
— Não.
— Você gosta de sexo, Vic. — Afirma. — Você não o faz por fazer,
para me agradar ou qualquer outra coisa. Você faz porque gosta de fazer
comigo, porque somos totalmente compatíveis até mesmo na vontade.
— Sim... — Gemo com seu toque.
— Você é entregue e despudorada. Sente um prazer absurdo com
qualquer coisa que eu faça em seu corpo. Você simplesmente se entrega e
gosta. Nunca houve um único episódio onde fez sexo comigo por se sentir
na obrigação ou porque apenas queria suprir minha necessidade sexual. Seu
apetite é tão grandioso quanto o meu. E, quando você quer sexo, não
importa o que eu esteja fazendo, você simplesmente vem até mim e
reivindica o que está querendo. Isso a torna ainda mais quente, Victória.
Eu realmente gosto de sexo. Meu apetite sexual nunca atingiu
grandes picos antes. Sempre fui bastante controlada, assim como minha
libido. Eu fazia sexo, mas, numa frequência baixa e na maioria das vezes
buscando apagar acontecimentos da minha mente. Com Matheus eu faço
única e exclusivamente pelo prazer de ambos. Eu faço porque ele me faz
sentir em chamas e atiça meu desejo apenas com sua presença. Eu faço
porque ele ama isso, se perde, se entrega, se doa... nos perdemos um no
outro e então nos reencontramos. Nossa troca sexual é inexplicável e
incomparável.
— A nossa relação sexual é insana, Victória. Sentimos fome, tesão
incontrolável, emanamos tensão sexual onde quer que estejamos. É a coisa
mais louca que já vivi, desde a primeira vez. Nada mudou, apenas
intensificou com os anos. Sinto que nós podemos ir além, Vic. Eu estou
interessado em ir além com você. Não há limite entre quatro paredes
quando se trata de nós.
— Não há. — Concordo sorrindo. O que seria esse “ir além”? Estou
curiosa.
— Você quer ir além? — Pergunta mordendo meu ombro direito.
— Sim. Eu vou onde quer que você queira nos levar. — Ele vira
meu pescoço e captura meus lábios.
Meu Deus!
Não, definitivamente acho que não é de Deus.
Ou talvez seja.
Uma maravilha dessas tem que ser algo celestial!
— Bom dia meu amor. — Diz sorrindo e respirando com
dificuldade.
— Muito bom! — Digo levemente embriagada pelo meu homem.
— Me sinto bêbada.
— E eu me sinto ainda mais louco por você. — Responde sorrindo.
— Estou feliz que esteja aqui, meu amor. Estávamos precisando de um
momento nosso, embora eu esteja sentindo falta da nossa filha.
— Sim. Eu também estou sentindo falta dela, mas, estou feliz por
estarmos apenas eu e você.
— Vamos nos casar e viajar por pelo menos quinze dias. Eu e você.
— Eu e você. — Sorrio o beijando delicadamente.
Ooh oh Turn the lights, turn the lights Down low Yeah
Ooh, apague lentamente, lentamente as luzes lá embaixo, sim
Now I'm feeling you, breathing slow
É, agora sinto você respirando devagar
Cause baby we're just reckless kids
Porque baby, somos só crianças imprudentes
Trying to find an island in the flood
Tentando encontrar uma ilha no dilúvio
Just turn the lights, turn the lights Down low oh
Ooh, apague lentamente, lentamente as luzes lá embaixo
Under heavy skies in the rain
Embaixo dos céus pesados de chuva
You're dancing In your bare feet
Você está dançando com seus pés descalços
Just like we're in a movie
Como se estivéssemos em um filme
Grab my hand and we're chasing the train
Pegue minha mão e perseguiremos a chuva
I catch you looking back at me
Eu pego você olhando de novo pra mim
Running through a cloud of steam
Correndo por uma nuvem de vapor
And I would give you everything baby
E eu gostaria de dar-lhe tudo, baby
Can you feel this energy take it
Você pode sentir essa energia levá-la
You can have the best me baby
Você pode ter o melhor de mim, baby
And I would give you anything
E eu daria qualquer coisa
Can you feel this energy take it
Você pode sentir essa energia? Pegue-a
You can have the best of me baby
Você pode ter o melhor de mim, baby
— Você o embebedou!
— Claro! Ele riu do meu desmaio emocional. Não se faz mais
homens como eu nesse mundo. — Justifico levando minha mão ao peito e
Victória ri.
— E então... Vamos? — Convida com uma carinha safada e eu a
puxo para mim.
— Hummm, essa sua carinha de sapeca e mal-intencionada...
— Vamos dançar. — Ela revisa os olhos. — Era esse o meu convite.
Tem certeza que sou eu quem estou mal-intencionada?
— Tenho. — Afirmo.
— Você errou, Sadboy! Estou muito mais que mal-intencionada.
Mas, por enquanto, vou ali dançar. — Avisa piscando um olho e se
desvencilha dos meus braços. Fodida Sadgirl!
Eu bebo mais um copo de uísque e volto a avaliar os convidados.
Já tem algumas situações que vão acontecer hoje, posso ver. Uma
delas será Ricardo com Giovanna e minha prima. As duas estão em seus
braços e ele parece bastante animado, assim como elas.
De outro lado, minha mãe e meu pai estão se beijando
apaixonadamente, enquanto meus avós estão sentados observando a cena.
Há outros convidados dançando, mas, tudo dentro da normalidade. Os
únicos anormais são meus familiares. Todas as festão são esse fiasco de
loucuras. Mas, pelo menos é engraçado.
Bernardo agora está deitado em cima de uma mesa e tio Luiz está
fotografando tudo em seu celular...
Outra situação bastante empolgante, está acontecendo entre Liz e
meu querido sogro. Eles parecem um casalzinho de quinze anos de idade. É
até bonito. Ao menos eles estão juntos, diferente da minha mãe, que estava
nos braços do meu pai e agora está jogando suas sandálias longe e subindo
em cima de um banco acompanhada de Beatriz e...
— Victória!!! — Grito colocando meu copo em qualquer lugar.
Está tocando uma música eletrônica e a maluca está sobre um banco
dançando, GRÁVIDA de um sadbebê!
— Desça! — Ordeno.
— Não!
— Desça!
— Nãooooo!!!
— Desça agora!!!
— Não!!!! — Ela ri dançando e então eu a pego a força.
— Ai! Você é muito mandão.
— Você está grávida. Um único passo em falso e você pode cair. —
Ela sorri me agarrando.
— Papai gostoso.
— Mamãe safada e desajuizada.
— Posso dançar para você? — Pede e eu a encaro desconfiado.
— Como seria isso?
— Vem!!! —Diz animada me puxando. Ela me posiciona num
canto escondido do salão e então pega uma cadeira me fazendo sentar. Ela
vai até o Dj, cochicha algo em seu ouvido e então a luz do salão diminui
consideravelmente. Ouço gritos de satisfação e percebo que todo mundo
está para o crime.
Dizer que meu pau está duro em antecipação seria... Porra!
— Você deveria fazer isso no quarto. — Suspiro pesado quando ela
abre minhas pernas e se posiciona entre elas. Uma música feita
exclusivamente para um strip-tease começa a tocar e ela me lança um
sorriso que me faz afrouxar o nó da gravata.
Maquiavélica sob medida, ela se vira de costas para mim, dando a
magnifica visão da sua traseira e começa a se mover no compasso da
música.
Ela rebola e desce até esbarrar em minha ereção. Então senta e
rebola lentamente em meu colo, se esfregando desavergonhadamente. Faz
isso mais uma vez e se afasta fazendo aquele tal de quadradinho, o que não
tem nada a ver com a música, mas, é quente da mesma maneira.
Minhas mãos estão depositadas em minhas pernas. Não a toco. Ela
quer judiar de mim, eu judiarei dela. É um jogo. Sou quase um soldado
ferido em missão quando ela se vira de frente e coloca seu pé sobre meu
pau. Seu vestido tem um rasgo indecente que nem eu mesmo sabia, ele vai
quase até o quadril e com esse movimento sua perna está nua, exceto pela
cinta linga preta que é uma mistura de renda com couro.
Ela traz suas mãos em meus cabelos e puxa meu rosto para seus
seios. Eu passo minha língua pelo vão entre eles e ela se afasta para
continuar sua tortura. Parece que a festa está prestes a acabar para nós
dois...
A vejo levantar parte do seu vestido, quase expondo demais e desce
até o chão lentamente. Sorrindo, começa a se levantar, traz seu rosto
próximo ao meu e me puxa pela gravata. Ela fecha minhas pernas e então
abre as suas e se senta em meu colo, bem próximo de onde eu a quero e
preciso. Porém, preciso dela nua...
— Victória, há pessoas aqui. — Digo em seu ouvido enquanto subo
minhas mãos pelas suas coxas.
— Eu estou dançando para o meu marido.
— Repita. — Peço e ela sorri.
— Eu estou dançando para o meu marido. — Repete dando uma
rebolada lenta.
— Seu marido, sad esposa, gostei disso. — Ela tenta ficar de pé e
eu a prendo. — Não.
Após colocar nossas malas no carro, ele dirige até a casa principal
onde todos, exceto as crianças e nossos avós, estão reunidos na mesa
tomando café da manhã e com cara de ressaca. Meu olhar primeiro vai
diretamente para Sabrina, que está com a mesma roupa de ontem e uma
cara de acabada quase dormindo sobre a mesa
— Aeee casal!!! — Mariana grita e leva sua mão à cabeça em
seguida. — Merda! Ressaca do caralho!
— Bom dia família!!!! Vim trazer o lençol que comprova que
minha mulher era pura... pura safadeza. — Matheus anuncia com seu humor
renovado e eu estapeio seu braço. — Nosso casamento foi devidamente
consumado. Estou mentindo, Victória?
— Isso aqui não é caminho das índias não, querido. — Mariana
avisa ao desavisado.
— É caminho da consumação! — Meu marido brinca.
— Menos, filho. — Agora é meu sogro quem entra em minha
defesa.
— Bernardo, sua irmã é...
— Matheus, eu sinto muito, mas não quero saber o que se passou
entre você e minha filha em quatro paredes. — Meu pai informa dando um
olhar reprovativo para meu marido que continua rindo, levando todos a
rirem juntos.
— Calma, sogro. Eu juro que nunca encostei na sua filha. Isis é
fruto da cegonha safada e parideira, assim como os filhos de Beatriz... —
Minha mãe engasga com sua bebida e começa a rir descompensada.
—Esse garoto é excelente! — Ela diz limpando sua boca o
guardanapo enquanto meu pai a encara. — Que foi, bezinho?
— Você está cada dia mais...
— Obrigada, meu amor. — Ela responde dando um beijo na
bochecha do meu pai e eu os olhos fazendo uma careta em descrença. Esse
povo resolveu ficar louco.
— Cada dia mais insana! — Meu pai conclui.
— Frouxo! — Matheus taca um guardanapo em Bernardo me
levando a revirar os olhos.
— Cala a boca, babaca! Você me embebedou! — Meu irmão
protesta.
— Por falar nisso, tio Luiz fez algumas filmagens, talvez você
queira vê-las. Theus avisa pegando o celular e sei que vem merda pela
frente. O nível de maturidade me assusta.
Me acomodo em uma cadeira, começo a devorar tudo que vejo pela
frente. Todos os celulares apitam e Matheus dá uma gargalhada. Como
estou sem o meu, acompanho a treta pelo celular de Beatriz, que está
vermelha nesse momento.
— Você é um idiota, Matheus!!!! — Ela grita e eu vou vendo uma
seleção de fotos e vídeos de Bernardo passando vergonha. Há alguns vídeos
onde ele cai repetidas vezes, há vídeos dele deitado sobre a mesa e um onde
ele abraça Matheus e diz que o ama.
— Quem ri por último ri melhor, Bernardo Brandão! — Matheus
debocha dando gargalhadas.
— Vou te processar por difamação e uso ilegal da minha imagem.
— Vou resolver seu caso na vara, cunhadinho. Mas será em outra
vara, não a minha. Minha vara é dá sua irmã.
— Nossa, eu fico encantada a cada dia com o nível da maturidade
que rola entre vocês dois. — Beatriz diz.
— Concordo com você cunhadinha. Onde Pietro está? — Pergunto.
— Dormindo. — Jéssica responde corada.
— Hum, sim. — Sorrio.
— Puta merda, eu nunca passei tanto mal em toda minha vida. Me
deem licença. — Mariana diz ficando de pé e sai corre para o banheiro.
Arthur se levanta e vai atrás como um rompante de possessividade. Esses
homens são bem possessivos, credo! Eu já sei que Matheus será igual ou
pior nos próximos meses, ou talvez a vida toda. Será que Arthur implica
com as roupas de Mari?
— Sério, existe algo melhor que pão com mortadela defumada? —
Meu marido pergunta com a boca cheia e eu me sinto enjoada só de olhar o
pão em sua mão. Inferno, eu amo pão com mortadela, mas sei lá, hoje
apenas não estou conseguindo olhar. Tomo um copo de suco e como mais
alguns pães de queijo. Provo também uma deliciosa broa com goiabada que
me arranca suspiros. Vou virar uma leitoa morando em Minas Gerais. Essa
culinária é algo fantástico, indescritível, insuperável.
Olho para Matheus e ele está com os olhos fixados em mim. Sorrio
ganhando uma piscadela de olho. No mínimo ele deve estar admirado com
meu apetite. Meu Sadboy supremo se levanta e caminha até a geladeira.
Pega um enorme pote e o coloca à minha frente.
— Seu bolo, Sadgirl. — Pelo amor de Deus! Eu o puxo pela camisa
e beijo sua boca em agradecimento. Ele realmente lembrou do bolo do
casamento. Eu sou louca nesse homem!
— Nossa, que melação de cueca, puta que pariu. — Bernardo
protesta.
— Recém-casados é foda mesmo. — Alice explica rindo. — Viva o
amor!
— Pega na minha e balança! — Matheus diz fazendo um gesto
obsceno para meu irmão. — Por falar em recém-casados, hein tia... Olá
Sabrina! Como andam suas forças? — Eu deveria mat-lo.
—´Andam excelentes. Sua esposa tem um excelente psicólogo. Por
sinal, ele tem um preparo invejável para aplicar seu tratamento mega
eficaz... É incrível realmente.
— Sabrina! — Alice repreende.
— Ele quem começou!
— Ele aguentou dar duas viagens? — Matheus pergunta
provocando.
— Ele deu mais de duas viagens, querido. Vic está muito bem
amparada ao lado de um excelente profissional... do sexo. O cara manja
muito. Acho que vou propor um romance a três, Vic se quiser há vaga. Eu
te daria uma pegada responsa. Se três é bom, quatro é o paraíso.
— Seu rabo! — Matheus soca a mesa e eu seguro a vontade de rir.
— Vamos lá, Theus. Você é meu primo, porém, sou espírito livre.
Podemos dividir sua esposa. Eu iria delirar. Victória é quente e gata.
— Eu te afogo na piscina antes de permitir que encoste um dedo em
minha esposa.
— Theus, menos, amor. Ela está apenas te provocando. — Digo e
Beatriz se levanta.
— Sabrina, você gemendo me deixou até excitada! — Minha
cunhada também não perde a piada. — Sente do lado da sua esposa,
querido irmãozinho. — Matheus a puxa para um abraço.
— Te amo, parideira.
— Te amo, mela cueca. — Ela responde rindo e ele se acomoda ao
meu lado. Nós dois devoramos grande parte do bolo. Se antes eu tinha
receio de explodir, agora tenho certeza que isso irá acontecer. Bolo de
Ferrero Rocher é sacanagem!
— Esse bolo é o melhor. — Theus elogia.
— Muitooo! Podemos levar o resto para o avião? — Peço e todos
me encaram.
— O que deu nela? Está comendo como um trator desgovernado. —
Alice comenta e eu quase fico com vergonha. Quase.
— Fome, nunca ouviram falar? — Muito bom ter meu marido para
me defender. —Vamos embora Sadgirl, vamos acordar nossa princesa. Vou
pegar um potinho com doces e bolos e levar para você comer no avião,
cremosa, deliciosa, gostosa, amor da minha vida!
— Ownnn... — O coro se forma e eu começo a rir.
Limpo a boca em um guardanapo e seguimos em busca da nossa
filha. Entramos no quarto, onde ela e Maria Florzinha estão apagadas. São
tão lindas quanto é possível!
— Merda! Vic, estou com dó de acordá-la. — Theus cochicha.
— Eu prometi a ela. Se não fizermos, ela pode vir a ficar triste. —
Argumento morrendo de dó também.
— Ok. Vamos. — Ele se aproxima a passos lentos. É tão perfeito
quando o vejo mexer na cabeleira da nossa pequena de maneira carinhosa.
Eu sempre me emociono com essas cenas. É algo tão puro e verdadeiro,
destoa tanto da personalidade dele comigo entre quatro paredes. Matheus se
derrete pela filha. — Princesinha do papai, vamos acordar?
— Papai? — Ela diz esfregando seus olhinhos. Quando cai em si,
abre um sorriso perfeito que quase me faz chorar. Minha princesa é meu
coração.
— Olá, pequena princesa! — Cumprimento sentando-me em sua
cama e ela se senta também. — Viemos nos despedir.
Matheus a abraça com lágrimas nos olhos, isso parte meu coração
ao meio. Ser pai e mãe é a coisa mais louca da vida. Inexplicável e
impossível descrever todas as sensações.
— Papai vai sentir saudades. — Ownnn, ele é fofo chorando!
Limpo minhas lágrimas salientes e me junto ao abraço.
— Jajá vocês voltam, papai. Eu vou pra Ilha com a vovó. — Ok,
minha filha está com terceiras intenções porque vai para Ilha e está cagando
para mim e Matheus. Eu a compreendo, aquela Ilha é mágica em todos os
sentidos. Fico feliz por ela ter a possibilidade de curtir dias no paraíso da
família Albuquerque, pretendo curtir também em breve.
Sou acordado daquela maneira feliz que tanto amo. Sorrio antes
mesmo de abrir os olhos.
— Você funciona bem até dormindo. — Ouço minha esposa elogiar
e me sinto muito foda por fazer justiça até dormindo. Ok, foi péssimo,
mas...
— Vic, você está tarada pra caralho. — Suspiro abrindo meus
olhos, levantando a cabeça e retirando seus cabelos do rosto. — Você é uma
tentação, Victória.
Ela sorri e volta à tentativa de me desonrar. Quando ela está prestes
a atingir o propósito, dou um golpe delicado e a viro, invertendo a posição e
deixando-a sob meu corpo. Não falamos nada dessa vez, apenas nos
perdemos um no outro, mais uma vez.
Fico parado alguns segundos enquanto ela se move embaixo de
mim, completamente excitada. Minha garota roubou meu controle agora, e
eu, nem mesmo sou maluco de tirar isso dela. Se ela me quer assim, ela
terá.
Não sei quanto tempo nos perdemos um no outro, mas sei que em
algum momento dormimos, pois sou desperto com uma batida na porta que
quase me faz cair da cama. É a comissária, com toda certeza. Pelo jeito, um
aviso de que estamos chegando ao nosso destino.
— Merda! — Vic protesta.
— Calma, não precisa desesperar. Vamos tomar um banho rápido e
então sairemos. Estamos no ar ainda, amor. — Tranquilizo minha esposa.
— Merda, não temos uma toalha aqui. Vou pedir minha mãe.
— Mais um episódio constrangedor na minha vida! Está ficando
difícil, senhor! — Ela protesta pronta para passar vergonha. O que posso
fazer? Enrolar uma toalha na cintura e ir pedir por ajuda. Dona Mariana
sempre pode ajudar nesses casos.
A grito e logo ela surge.
—Oi. — Nem preciso dizer que só pelo seu sorriso, ela sabe
exatamente que eu e Victória estávamos tendo um momento íntimo.
— Precisamos de toalhas. Pode conseguir? —Peço.
— Estava transando, né? Descarado! Sabia que a casa está cheia de
visitas que estão esperando por vocês? Eu transei no banheiro, no seu chá
de bebê. A casa estava cheia e eu arrastei Arthur para... — Eu a corto antes
que possa terminar a frase.
— Pode pedir meu pai para buscar as malas da Vic lá embaixo e
então trazer as minhas para o quarto também? — Ela revira os olhos. —
Vamos lá, minha gata.
— Eu sei que estavam transando.
— Estávamos mesmo, mãe. — Afirmo rindo. — Vic parece uma
ninfomaníaca. É normal? —Pergunto ganhando uma gargalhada gostosa.
— Pergunte ao seu pai quando ele vier trazer as malas. Já trago as
toalhas. — Ela pisca um olho e sai andando.
Não sei se devo perguntar meu pai. É arriscado que eu fique
traumatizado após a resposta dele.
5 MINUTOS DEPOIS
— Pai, minha mãe disse que eu deveria perguntar a você. É normal
a mulher ficar com um apetite sexual extremo durante a gravidez? —
Pergunto na cara de pau. Eles sempre me deram a liberdade de falar
abertamente sobre sexo, nesse momento estou grato a isso. Preciso saber
mais do universo que estou habitando.
— Se Victória for como sua mãe, preciso dizer que suas
madrugadas nunca mais serão as mesmas. — Diz batendo em meu ombro.
— Sabe, teve um momento em que eu estava quase pedindo arrego e
sucumbindo ao uso de Viagra. — Puta merda! Viagra é caso sério, caralho!
— O lençol está molhado, favor colocá-lo na máquina de lavar assim que
tomar banho. — Ele dá uma risada e então sai do quarto.
Olho para baixo e há a marca do meu pau molhado no lençol.
Inferno.
Minhas madrugadas nunca mais serão as mesmas? Quando Sadbaby
nascer que ele quis dizer, não é?
Vamos falar sobre sexo, baby
Vamos falar sobre você e eu
Vamos falar sobre todas as coisas boas
E as coisas ruins que podem existir
Cheat Codes x Kris Kross Amsterdam - SEX
É incrível o que o simples fato de saber que está grávida faz com
uma mulher.
Sério, nem barriga tenho, mas, de alguma forma estou agindo como
se estivesse grávida de pelo menos seis meses. Estou com as mãos
posicionadas nos quadris me olhando no espelho como se eu estivesse
extremamente barriguda.
Me viro de lado e nada acontece. Claro que não aconteceria,
imbecil! Continuo sendo eu, como se nenhuma mudança estivesse
acontecendo em meu interior. Isso mexe com meu humor. Ok, estou
parecendo maluca, eu sei. São os malditos hormônios que estão varrendo
minha sanidade para fora de mim.
Matheus chega por trás e coloca sua cabeça no vão do meu pescoço.
Suas mãos escorregam até minha barriga, quentes e firmes. Eu sorrio, mas
ele está sério agora.
— Parte da minha vida está aqui, sardinhas bonitinhas. — Diz
fazendo carinho em meu ventre e eu me viro de frente para ele.
— Parte da minha vida está aqui. — Coloco a mão sobre seu peito,
onde seu coração bate ritmadamente.
— Eu acho que temos que ir contar a todos que minha esposa está
esperando um bebê. — Um bebê nosso. Que felicidade!
Visto um vestido e, tão logo estou pronta, seguimos para a sala,
onde todos estão conversando e rindo. As crianças estão no tapete jogando
um jogo, exceto Enzo que está dormindo no carrinho e Maria Flor que está
emburrada no colo de Bernardo, que explica algo pacientemente a ela. Eu
acho a coisa mais linda ver meu irmão no modo pai. Nunca imaginei isso.
Imaginava Pietro, mas Bernardo, por ser muito fechado, nunca me ocorreu.
Ele é um pai paciente, engraçado, amoroso do tipo que transborda. É
engraçado ver como ele se tornou uma pessoa divertida quando passou
grande parte da vida sendo um jovem completamente sério. Agora, meu
irmãozinho, fala palavrões, brinca o tempo inteiro e não tem freio na língua.
Acho que é especialidade dos Albuquerques transformarem pessoas. Uma
transformação para melhor. Não há espaço para tristeza quando se está no
meio deles. É apenas alegria, leveza, sinceridade, diversão, loucuras.
Acho que todas as pessoas que se aproximam de Mari e Arthur são
devidamente contagiadas pelo amor e pela felicidade que eles possuem.
Sem contar que, mesmo em meio a toda loucura, Mariana e Arthur são pais
incríveis. Eles deram à luz a três seres humanos fantásticos e os educaram, e
educam, os transformando em pessoas do bem, que exalam bondade,
educação e inúmeras qualidades que poucos seres humanos possuem.
Arthurzinho por exemplo, é uma criança modelo. Parece um príncipe de tão
educado. Beatriz, louca como a mãe, tem um coração incrível, é uma pessoa
do bem, educada, centrada, trabalhadora, uma supermãe. Matheus? Eu sinto
que esgotei minha quota de elogios para ele. Um rompante de loucura,
cavalheirismo, possessividade, adrenalina, generosidade, genuinidade, um
pai magnífico que se preocupa a todo instante com a filha, um marido
magnificamente incrível, um amante singular. Um homem bom,
extremamente bom.
De alguma forma, a convivência com ele e com sua família, faz
com que eu me sinta uma pessoa melhor também. Hoje consigo ver valores
em mim que eu não via antes. Sou mais leve, mais feliz, mais
inconsequente. Sou tantas coisas desde que ele entrou em minha vida. Sou
até mesmo mãe...
Ali no tapete está minha primogênita. Ela é uma Albuquerque com
todas as suas qualidades. Mas, também é Brandão. Meus pais não poderiam
ficar de fora da minha observação.
Vejamos meu pai; eu me pergunto se existe algum ser humano mais
incrível que ele na vida. O histórico dele é o mais absurdo que já vi. A vida
dele daria um filme. Foi morador de rua por muitos anos, teve tudo para
entrar para um mundo negro, mas escolheu continuar seguindo a educação
que meus falecidos avós o deram. Ele lutou para chegar onde chegou.
Passou por cima dos preconceitos impostos pela sociedade, passou por cima
da timidez e da vergonha, passou por cima de cada um dos obstáculos e
atingiu minha mãe de um jeito implacável.
Minha mãe, aos vinte anos de idade comandava uma megaempresa
sozinha! Perdeu os pais e assumiu um império deixado pelo meu avô. Uma
garota que poderia se rebelar com a vida, escolheu lutar pelos ideais e
continuar seguindo os ensinamentos dos pais. Aos vinte cinco anos de
idade, ela e meu pai já possuíam o primeiro abrigo da família, aos quarenta
e poucos anos de idade possuem mais de cinco, fora uma faculdade e os
demais projetos sociais que ajudam centenas de jovens. Criaram três filhos
incríveis e ainda deram conta de criar centenas de crianças ao longo dos
anos. Os dois nasceram para ficar juntos, se conectam de uma maneira
surpreendente e possuem os mesmos propósitos na vida: ajudar o próximo.
Pietro, meu irmão gêmeo, é outra pessoa incrível. Eu o observo tirar
uma selfie com Jéssica. Os olhos brilhando e um sorriso incrivelmente
lindo, assim como ela. Às vezes eu a odeio por ser tão bonita,
principalmente grávida. A desgraçada é bonita pra caralho! A odeio nesse
momento, mas a amo também. Ela, de uma forma ou de outra, faz bem ao
meu irmão. Mesmo que já tenha cometido centenas de erros e agido como
uma cadela. Pietro não a amaria se ela não valesse a pena. Acho que eu
gostaria de conhecer a Jéssica que meu irmão tanto ama.
O histórico de vida dela também não é algo bonito e nem dos
melhores. Aos nove perdeu os pais, aos onze perdeu a avó e então teve que
se conformar em ser cuidada por Arthur e Mari. Na verdade, foi
privilegiada, mas eu sei que não é a mesma coisa. Mari e Arthur
infelizmente não possuem a capacidade de suprirem a perda dos pais dela.
Deve ser algo muito difícil você saber que não tem um único parente de
sangue vivo, mais difícil ainda carregar a dor de ter a mãe morta em seus
braços. Acho que nem todos conseguem lidar com isso com facilidade.
Outra pessoa linda é Giovanna. Meu grande anjo da guarda que me
acompanhou desde que cheguei à Milão. Ela esteve comigo durante toda a
gestação, esteve comigo no parto, cuidou da minha filha para eu estudar e
trabalhar. Gi também não possuía ninguém quando a conheci e de alguma
forma nos tornamos irmãs, cúmplices, amigas. Não consigo descrever
minha felicidade por tê-la aqui e por vê-la feliz nos braços de Ricardo (meu
outro anjo da guarda). O meu casal de anjos. Ricardo é foda. Um ser
humano fora de série, dedicado, preocupado, batalhador, insistente. Ele
cuida de mim com um carinho e com uma paciência absurda. Serei grata
aos dois pelo resto da vida.
Agora sim estou nervoso pra caralho. Algo me diz que, a partir de
agora, todos meus pensamentos estarão voltados ao possível acontecimento
e serei infernizado por essa maldição. Eu torço para que os planos deem
certo e que eu consiga evitar a tragédia. Se Victória morrer, eu morrerei
também. Eu mesmo tirarei minha vida.
Após ligar para minha tia, arrumo uma única mala com roupas
suficiente para mim e para Sadesposa.
Tomo um banho, visto uma roupa e então desço. Vic já acabou de
comer e conversa animadamente com Ruth falando sobre Pietro.
— Amor, vou lanchar. Vá tomar um banho, você sabe... — Digo a
fazendo corar.
— Ok.
— Tem um voo em duas horas. Ainda quero passar na escola para
despedir de Isis. — Explico ganhando um beijo na bochecha.
Não há, papai. Túlio matou Ítalo. Túlio impediu que Ítalo matasse a
mim e a Matheus. Se ele não tivesse chego... o pior teria acontecido. Eu,
Matheus e mamãe não estaríamos aqui.
— Por incrível que pareça, era um fetiche da Gi. Nós fizemos, foi
legal, mas acabou ali. Meu foco exclusivo está sobre ela e apenas ela. Ela já
matou a curiosidade, se divertiu, vida que segue.
— Eu mataria, Matheus! Não nasci para dividir, sou egoísta e
possessiva. — Confesso. Eu sei que o rei da piroca de ouro já fez isso
inúmeras vezes, mas eu prefiro não pensar ou imaginar sobre isso.
— Você e Matheus são o casal mais possessivo que já conheci. —
Dou uma gargalhada, porque é verdade.
— Extremamente, por falar nisso, Matheus quer te bater porque diz
ele que você aproveitou de mim no momento em que ele tinha morrido. —
Conto o fazendo dar uma gargalhada.
— Ele se superou nessa hein? Talvez seja eu a bater nele por ao
menos cogitar essa possibilidade.
— Culpa do meu irmão linguarudo.
— Eles parecem ter cinco anos de idade quando se juntam. — Isso
me faz sorrir.
Eu acho que amo isso nos dois. Bê e Theus parecem mais como
irmãos do que cunhados. Pietro já é mais na dele, quieto. Também não
posso exigir que Pi vire best friend forever de Matheus quando o mesmo
sabe que a esposa já teve noites de sexo incansável com o cidadão. Assim
como eu não consigo ser melhor amiga intima da Jéssica.
Nos tratamos com educação, cordialidade e isso é tudo o que
importa. Jéssica é mãe das minhas sobrinhas, esposa do meu irmão. A
convivência pacífica é necessária, mas o extremismo não.
Conversamos um pouco mais e então subimos para o quarto
escondidos, já que Theus não pode receber mais de duas visitas no mesmo
momento.
Quando entramos, meu homem possessivo está de pé, em toda sua
glória e masculinidade. Ele parece ter saído do banho, já que seus cabelos
estão molhados. Fico satisfeita por vê-lo usando uma camisa. Amém
senhor! Estou cansada de ver todas as mulheres perguntando sobre suas
tatuagens.
— Você... — Ele diz apontando para Ricardo. — Esperou eu morrer
para querer dar um cato na minha gata selvagem.
— Gata selvagem é o cúmulo da breguice, Matheus. — Ricardo diz
rindo. — Como você está, companheiro?
— Não foi dessa vez que você se viu livre de mim.
— O bom humor permanece.
— Não é bom humor, se eu tivesse morrido e você desse em cima
da minha mulher, eu iria te assombrar, filho da puta! Você se arrependeria
amargamente por isso... — Eu não estou ouvindo isso!
— Depois dessa é melhor irmos embora, Mari. — Arthur diz e
então abraça Ricardo, Matheus e eu.
— Princeso da minha vida, amanhã mamãe volta. —Mari se
despede e Theus a abraça tomando cuidado com o local da cirurgia.
— Te amo, minha gata. — Eu acho tão lindo a forma como ele trata
Mari. Beatriz é carinhosa com os pais, mas Matheus chega a dar diabetes de
tão doce. Dizem que isso diz muito sobre como um homem vai tratar uma
mulher. Isso explica muitas coisas. Matheus é um "princeso" real. Ele me
trata como uma rainha, assim como trata Isis como uma princesa. O homem
é perfeito em todas as maneiras, isso ainda me desconcerta.
Após se despedir de todos, eles se vão deixando apenas eu, Theus e
Ricardo.
— Como você está, Matheus? Só soube notícias pelo telefone.
Parece bem. — Ricardo pergunta sério.
— Estou bem. Só os três primeiros dias que foram um pouco
chatos, mas a recuperação está a todo vapor, felizmente. Eu gostaria de
agradecê-lo pelo suporte que deu à Victória. — Viu? Meu Theus é apenas
brincalhão. Ele sabe ser maduro quando é necessário. É isso que me atrai
nele, a capacidade de brincar com tudo e então transforma-se no homão
maduro que é.
— Estamos aqui para isso. E, não se preocupe, não quis dar “uns
pegas” na sua mulher, apenas tirei algumas casquinhas.
— Meu pau que tirou! — Meu homem esbraveja me puxando para
si. — Ela é minha!
— Oh, vamos lá, temos que dividir.
— Você aprendeu com Bernardo isso, Ricardo? — Questiono
sorrindo.
— Vic não quer fazer a “surubinha de leve” com você não, amigão.
Se contente com seu ménage organizado. — O filtro as vezes falta nele...
— Foi só uma experiência nova para minha namorada. Não sou
adepto à bigamia. Sou homem de uma mulher só. — Ricardo argumenta.
— Acho excelente, porque a minha está fora dessa brincadeira.
Mas, me conta... foi da hora? — Ele questiona e eu quase dou uma
cotovelada em sua costela. Sorte dele que está operado.
— Sempre é. Mas prefiro apenas Gi. Sabrina é muito... digamos que
afoita. Ela não sabe brincar de ménage. Ela não sabe se quer pau, se quer...
compreende? — Ele fica sem graça de falar diante de mim. — Enfim. Fica
perdidinha. Mas ela é maneira, divertida. Somos bons amigos.
— Tem que ser muito mente aberta para isso. — Digo chocada.
— Bom, vim apenas dar uma olhada pessoalmente. O horário de
visita está chegando ao fim. Estimo melhoras, Matheus. Qualquer coisa que
precisar, sabe onde me encontrar. Talvez seja interessante algumas sessões
de terapia pós-traumática... como já virei psicólogo da família mesmo, me
procure. Atendo de graça. — Oferece rindo.
— Pode deixar. Obrigado por vir. E, mais uma vez, obrigado pelo
suporte dado à minha esposa. Foi muito importante ela ter alguém como
você por perto. Só não fique tão perto se houver uma próxima vez. —
Alerta brincando.
— Não terá próxima vez, não diga isso nem de brincadeira. —
Acabo o abraçando forte e ele não reclama. Apenas retribui o abraço com
toda força que consegue. Deus me livre perder esse homem. Não quero
pensar nisso!
Ricardo se vai e eu continuo grudada em Matheus como se ele
pudesse desparecer a qualquer momento.
— Ei, pequeninha.
— Ei, Theus.
— Não vou a lugar algum, ok? — Balanço minha cabeça em
concordância e ele puxa meus cabelos fazendo com que eu levante minha
cabeça.
Seus lábios tocam os meus e ele me beija possessivamente, como
não beijava em dias. Durante os últimos cinco dias foram apenas beijinhos
estalinhos. Agora é beijo desentupidor de pia total.
Estou quase escalando sobre ele quando a porta se abre avisando a
chegada de Maria. Fico abraçada a ele incapaz de olhá-la.
— Como está sentindo, Matheus?
— De bolas roxas. — Ele solta a granada e eu belisco sua bunda. —
É um saco ficar aqui de castigo como uma criança de sete anos. — Protesta.
— Se tivesse ficado quieto, já teria tido alta, bem feito. — Ela diz.
— Maria, você é um pé no meu saco! Uma empata foda do caralho.
— Eu ouvir a palavra foda? — Ela pergunta.
— Não, Maria. Ele está apenas fazendo gracinha como sempre. Ele
já estava indo se deitar. Acabou de sair do banho. — Explico observando
Matheus sorrir.
— É isso mesmo que minha mulher falou, aliás, você deveria ser
dispensada, Maria. Victória é a melhor enfermeira que eu respeito.
— Nossa, feriu meus sentimentos, Matheus. — Ela finge dramatizar
e dá uma risada.
— Vic, vá ao sex shop comprar uma fantasia de enfermeira e vem
cuidar de mim. — O engraçadinho brinca e eu o arrasto para a cama. Hora
de sossegar!
Maria o entrega dois comprimidos e ele os engole fazendo uma
careta.
— Sério, Maria, que dia vou sair daqui?
— Dentro de dois dias. Bom, estou indo. Se precisar de alguma
coisa liguem. — Informa. Enfim sós novamente. Assim que ela fecha a
porta, Matheus ameaça saltar da cama.
— Vou foder você, Vic. — Avisa.
Sabe aquele arrepio que vem da cabeça aos pés e mistura com um
frio na barriga? É assim que me sinto ao ouvir as palavras proferidas.
— Não vai não senhor! Principalmente nesse horário que as
enfermeiras estão fiscalizando os pacientes, nada disso, senhor princeso.
Não mesmo. — Preciso soar convincente, na verdade estou tentando
convencer a ele e a mim mesma disso.
Eu transaria com ele agora e não seria nada bonito, muito menos
silencioso. Os hormônios estão bagunçados em meu interior, tanto que
nesse momento eu só consigo pensar em sexo. É uma necessidade louca e
beira ao incontrolável. É a tortura que tenho que passar por ser casada com
um homem lindo, gostoso e altamente sexual.
Passo pela provação de ficar deitada ao lado dele lendo livro erótico
e respiro aliviada quando o remédio forte o derruba.
Deposito um beijo em sua testa, o cubro e decido dormir um pouco.
Só não estava nos meus planos acordar com sua cabeça entre
minhas pernas e sua língua deslizando em minha entrada tortuosamente....
“Meu namorado está de volta
E ele está mais interessante do que nunca (cale-se, cale-se)
Não há mais noite
Céus azuis para sempre
Tire, tire
Tire todas as suas roupas”
Lana Del Rey — Lust For Life (feat. The Weekend)
Nós paramos diante de uma sala onde Túlio está sentado de cabeça
baixa. O policial abre a porta e eu respiro fundo antes de entrar. Me sento
diante dele e nem sei explicar o que sinto.
— É a primeira visita, além do meu advogado, que recebo. — Ele
diz antes que eu possa começar. A primeira visita? Isso é um pouco fodido.
— Eu sinto muito por isso. Poderia ter sido diferente para você.
— Meu pai era um monstro. Eu nasci de um monstro, então não,
não poderia ter sido diferente para mim. Minha mãe morreu, matei meu
pai. Não há qualquer pessoa que tenha a obrigação de vir aqui. No fundo
eu sempre soube que acabaria neste lugar. — Diz com frieza.
— Você não vai acabar aqui. Em breve estará solto e poderá
recomeçar sua vida. Sei que seu advogado é bom e está trabalhando.
— Em breve... Isso significa alguns anos. — Ele sorri. — Eu não
estou revoltado por estar aqui agora. Estou revoltado por não ter estado
antes. Eu deveria tê-lo matado na primeira oportunidade, quando eu tinha
dezesseis anos e Victória quatorze. Eu te peço perdão por ter demorado,
mas estou feliz em saber que você sobreviveu. Meu advogado me deu essa
notícia poucos dias após o ocorrido.
— Eu não sei como era seu relacionamento com seu pai, não sei o
que existia entre vocês dois. Mas, o fato de tê-lo matado para salvar
Victória... não consegui assimilar ainda. Apenas...
— Eu mataria qualquer pessoa que tentasse fazer mal a ela. —
Pelo seu olhar eu sei que ele realmente faria isso. Ele a ama.
Provavelmente tanto quanto eu a amo.
—Eu também mataria, porém, naquele momento, fui pego de
surpresa. Eu não tinha como protegê-la e você fez isso em meu lugar. — É a
verdade.
— Eu nunca o deixaria tocar nela novamente. E ela está grávida...
— Como você sabia da gravidez? — Questiono.
— Eu sabia tudo sobre ela, Matheus. Tudo. Não me julgue. Era a
forma de mantê-la um pouco em segurança. Meu pai tinha capangas
espalhados, Vic sempre foi um alvo, assim como Eliza e Bernardo. A ideia
do meu pai era matar toda a família de Liz, incluindo os três filhos e os
avós de Victória. Eu mantinha uma equipe a acompanhando por fora
apenas para controlá-la de longe. Rhael, aquele desgraçado foi designado
a cuidar dela por mim, e então ele se apaixonou.
— Rhael foi mandado por você? — Pergunto um pouco chocado.
— Ele é Italiano, frequentador de um clube BDSM ao qual eu tinha
acesso. Eu o contratei para cuidar dela de longe, mas então, ele resolveu
que cuidaria de perto. Eu acabei permitindo porque ele compreendia
Victória, ele sabia lidar com toda a merda dela e ele era bom com a filha
dela.
— Aquele desgraçado! — Soco a mesa. Eu sabia que aquele filho
da puta não prestava. Sabia!
— Ele se apaixonou pra caralho, meu caro. Ele a ama como eu e
você a amamos. Ele ama a garotinha também. Achei que seria interessante
você saber disso. Ele não vai fazer e nem mesmo seria capaz de fazer mal a
ela, mas ele pode tentar se aproximar para tentar pegá-la de volta, como
tentou meses atrás. Ele sabe lidar com a mente dela.
— Ele não sabe mais. Eu sou o único que sei. — Afirmo com toda
segurança que possuo.
— Fico feliz por Victória ter encontrando um bom homem.
— Eu não gosto de você, Túlio. Vou ser bastante sincero, você para
mim é um fodido doente. Mas, estou satisfeito em saber que você está tendo
acompanhamento psicológico e está sendo bem amparado juridicamente. O
propósito dessa visita é agradecê-lo por mim e por Victória. Você quis
salvar a vida dela, mas acabou salvando a minha também. Estou aqui como
homem, me senti na obrigação de vir agradecê-lo pessoalmente. É difícil
para mim estar cara a cara com você mais uma vez. Mas aqui vai, muito
obrigado por ter poupado nossas vidas. Por ter poupado a vida do meu
filho. É com todo meu coração que eu agradeço você. Minha gratidão
eterna. Eu espero que um dia você saia daqui bem, de cabeça erguida.
Espero que tudo que tenha passado sirva de lição para você enfrentar o
futuro e se tornar um ser humano melhor.
— Eu faria de novo para garantir a felicidade dela, portanto não
agradeça. E, se eu sair daqui e souber que mais alguém quer fazer a mal à
Vic, farei a mesma coisa. Quantas vezes forem necessárias. — Ok, isso foi
psicótico.
— Eu mesmo irei garantir a segurança da minha mulher. — Digo
ficando de pé. — Muito obrigado. — Estendo minha mão e ele a pega. O
cara tem tatuagens até nos dedos, puta merda. Deve ter até no cu. Vic é
exótica, preciso dizer isso a ela. — Obrigada mesmo, do fundo do meu
coração. Espero que você consiga dar a volta por cima e seja feliz.
— Não faço questão, nem mesmo precisa agradecer. Mas, fico feliz
por ter vindo. É bom conversar com pessoas diferentes.
Eu estou um pouco abalado quando ando pelo corredor, de volta ao
meu pai. O abraço dele me reconforta e eu me pego mais uma vez chorando
em seu ombro como um garotinho.
— Você é meu orgulho, filho!
— Obrigado, pai.
Pense nas coisas mais fofas do universo? Victor é uma delas, mas
Matheus também é. Eu já tinha visto ele, aos dezessete anos, com
Arthurzinho nos braços muitas vezes. Mas nada se compara ao que estou
vendo agora. O amor dele está transbordando e ele não tem nem mesmo
consciência disso. Seus olhos estão brilhando em alegria e ele está
conversando com Victor há pelo menos dez minutos enquanto anda pelo
nosso quarto.
Tive alta essa manhã, dois dias após o nascimento do meu pequeno
príncipe. Ele é tão bonzinho. Só chora quando quer mamar, dorme bem e
gosta de ficar longos minutos olhando para o nada. Ele só é voraz na hora
de mamar, por isso estou tendo que usar quilos de pomadas especiais nos
seios. Acontece que, nesse exato momento, o mesmo momento em que
Matheus está fazendo fofice, eu estou sentindo que vou morrer de dor, pois
meu leite está empedrando. Eu passei por isso com Isis e não me lembrei
que deveria ter comprado a merda da bombinha, até a médica disse isso e eu
ignorei.
— Theus, ele dormiu? — Questiono interrompendo seu assunto
com Victor.
— Sim.
— Você pode colocá-lo no berço? Eu preciso que ligue para uma
farmácia. — Peço e ele prontamente coloca Victor no bercinho pequeno que
colocamos no nosso quarto para esse início.
— Está sentindo algo?
— Meu leite está empedrando, isso dói como o inferno, pode vir a
me dar febre. Preciso de uma bombinha de tirar leite manual.
— Ok, é só pedir isso como você está falando mesmo ou tem um
nome especial? — Pergunta atencioso.
— Só isso, bombinha de tirar leite manual, eu prefiro da Avent,
pergunte se tem, se não tiver pode ser outra.
— Vou pessoalmente comprar na farmácia do condomínio. Já volto
princesa. — Informa me dando um beijo na testa e se vai. É então que posso
demonstrar meu desespero. Merda! Mando um SMS para minha mãe que
está no andar de baixo e peço que ela prepare um pouco de água morna e
algumas compressas.
Ela e meu pai resolveram ficar uns dias e estou mais do que
agradecida por isso.
Não demora muito para que ela suba e eu fico de pé. É uma merda
que eu não consiga ficar com a postura totalmente ereta, a verdade é que
tenho pavor de cirurgias e tenho um nervoso absurdo de ficar de qualquer
outra forma que não seja curvada. Inclusive para tomar banho tem sido uma
merda, as enfermeiras estavam me auxiliando porque tenho pânico de tocar
na minha barriga. É tão esquisito, até ela voltar ao normal sinto que não
conseguirei tomar banho sozinha.
— Leite empedrando?
— Dói muito. Eu tentei não demonstrar, para Matheus não ficar
desesperado. Mas está doendo muito, mãe. — Digo limpando uma lágrima.
— A maternidade nua e crua. — Ela sorri. — Vamos lá, retire o
sutiã. Na verdade, Vic, seria bom você tomar um banho de água morna e
massagear os seios, iria jorrar leite.
— Mas, não consigo tomar banho sozinha.
— Vamos tentar a compressa. Se não der certo, vamos para o
banho. — Ela diz calmamente tentando me tranquilizar e então coloca duas
compressas sobre meus seios. Tento apertá-los, mas dói absurdamente,
então começo a chorar de desespero. Eu sofri quando Isis nasceu e isso está
se repetindo.
Embora esteja vivendo a melhor fase da vida, nem tudo são flores.
Victor hoje está completando o primeiro mês de vida.
Victória está completando vinte e cinco dias que não sai do quarto
para absolutamente nada. A última vez que ela saiu, foi cinco dias após dar
à luz, para uma consulta médica e para levarmos Victor para fazer o teste do
pezinho. Esse teste é um episódio que não quero lembrar! Eu quis matar o
enfermeiro que quase torceu o pé do meu bebê e o fez chorar
desesperadamente como nunca tinha chorado antes.
Tenho feito tudo o que está me alcance para mudar isso, porém, não
estou obtendo muito sucesso. Tenho feito pesquisas sobre depressão pós-
parto, já li centenas de artigos e Vic não se encaixa na maioria deles. Ela
continua amorosa comigo, com Victor e com Isis. Ela sorri, demonstra afeto
constante, mas apenas se fechou de todo o restante. Ela não desce nem para
fazer as refeições e sou eu quem tenho levado Victor para tomar sol da
manhã no jardim.
Ela também não se cuida mais. Não que isso seja uma reclamação.
Ela continua linda de tirar o fôlego. Mas, apenas se abandonou. Coisas
simples que mulheres fazem no dia a dia, ela não está fazendo. Como por
exemplo: suas sobrancelhas estão um pouco grandes, suas unhas estão
naturais e eu não sei como andam os demais fatores porque ela não me
deixa avançar o sinal, de forma alguma. Eu sei como agir com ela na
maioria das vezes, mas agora me encontro perdido. Não sei se devo investir
mais firme sobre ela ou se devo apenas respeitar esse momento. A questão
do respeito é que isso pode levá-la a uma depressão. Ela não atende
ninguém ao telefone e não fala com Ricardo, mesmo ele insistindo em
seguir com as consultas. É por isso que, nesse momento, eu estou saindo do
quarto e caminhando em direção ao escritório para conversar com ele. Ele
deve entender que merda está acontecendo.
— Fala sócio. — O imbecil atende a vídeo chamada.
— Sócio é o olho do seu cu! — Rebato enquanto ele ri. — Eu estou
puto pra caralho por ter que te pedir ajuda, seu filho da puta. Mas, não tem
outra pessoa que vá entender. — Digo e ele fica sério.
— Victória?
— Ela se fechou para o mundo. Antes eu achava que era só o
momento maternidade, mas então, de uns cinco dias para cá passei a
desconfiar sobre depressão pós-parto. Porém, ela não evita as crianças. Ela
continua amorosa, ela sorri, ela brinca com Isis e esmaga o Victor nos
braços sempre que ele está acordado. Me ajude a entender.
— Ela tem cuidado de si mesma? — Questiona.
— Não. Ela tem se alimentado direito porque estou praticamente
dando de aviãozinho, mas está emagrecendo do nada. Sei que a
amamentação ajuda no emagrecimento, mas sinto que já está passando dos
limites, entende? E ela só fica no quarto, faz refeições no quarto, toma
banhos relativamente rápidos, está pálida. Não tem apetite sexual de forma
alguma e quando as crianças não estão por perto ela está sempre dormindo.
— Você sabe que um dos grandes problemas de Victória que
estamos tratando é o transtorno de personalidade masoquista. As palavras
chave desse transtorno são: culpa, vergonha e dor. Vic já avançou
significativamente, principalmente no quesito "tenho que sentir dor". Mas,
provavelmente, pelo fato do nascimento de Victor ter sido completamente
diferente do que ela viveu no parto de Isis, ela deve estar sendo consumida
pela culpa e não fala sobre isso. Pessoas que sofrem desse transtorno
acabam construindo situações que inevitavelmente trarão sofrimento a si
mesmas. Eu posso te garantir que Victória está sofrendo e está sendo forte
para resguardar a todos da sua dor.
— Mas, eu não a culpo por Isis e nossa filha está irradiando alegria.
Não há motivos para culpa. — Argumento.
— A questão não é que você a culpa. Você nem mesmo tem culpa
por ela estar dessa maneira, Matheus. A questão é uma batalha dela com ela
mesma. Uma briga interna. Esse transtorno anda lado a lado com a
insegurança também. Então é normal que Victória deixe de cuidar de si
mesma. — Ele suspira. — Envolve muitas coisas, Matheus. Você nem
mesmo é capaz de imaginar. Acredito que Victória esteja rejeitando a si
mesma e a privando de prazer, de se sentir bonita... Como está o
comportamento dela com Isis?
— Excelente. Elas estão mais próximas que antes. Desenham,
brincam de Barbie na cama, Vic faz penteados engraçados. — Sorrio. —
Elas estão lindas e muito bem.
— E Isis, como está conduzindo o nascimento do irmão?
— Muito bem. Ela está muito feliz e vestindo o papel de irmã mais
velha. Na cabecinha dela Victor é seu novo bichinho de estimação. Ela
inclusive já me pediu mais irmãos, na verdade ela quer irmã agora. Mas,
Vic parece que não vai me deixar trabalhar tão cedo nisso.
— Caralho. Quantos dias Victor tem para você já estar pensando em
trabalhar em outro filho? — Ele pergunta.
— Um mês. — Sorrio.
— Porra, você precisa de tratamento psiquiátrico.
— Foi minha filha que pediu, não tenho culpa. Estou aqui para
atender os desejos das mulheres da minha vida. — Brinco e então fico sério.
— Eu sinto que estou perdendo Victória, Ricardo. E isso não tem nada a ver
com drama. Estou falando realmente sério.
— Você não está a perdendo. Victória quer suprir tudo que Isis não
teve no passado. Isso é legal, mas é perigoso também, principalmente por
Isis estar em formação de caráter. É preciso que você controle as rédeas,
porquê Victória pode tentar suprir o que Isis não teve no passado com
coisas materiais... Sei que isso ainda não está acontecendo, principalmente
pelo fato de Victória não sair do quarto, mas já adianto que pode acontecer
e você precisa ficar atento a todos os sinais.
— Eu não pensei nisso.
— Matheus, sei que deve estar perdido e deve estar sendo um
pouco difícil lidar com isso. Mas você precisa continuar sendo o mesmo,
não mude porque ela está passando por uma recaída. Não a mime muito
mais do que você já faz, continue sendo como você era antes de Victor
nascer. O seu jeito de ser e de conduzir as coisas com ela foi o que mais a
ajudou no tratamento. Seja apenas mais analisador. Fique atento aos
mínimos detalhes relacionados a ela...
— Você não pode vir? Eu ficaria imensamente grato se você e
Giovanna pudessem vir. Hoje é sexta-feira, não sei como estão os planos de
vocês. Vic abandonou o tratamento, Ricardo, talvez isso também esteja
ajudando a agravar mais a situação. Acho que ela precisa de uma amiga
também, de pessoas diferentes.
— Falarei com Gi e pegaremos o próximo voo. — Eu quase solto
um suspiro em agradecimento.
— Muito obrigado por isso, cara. Reservarei as passagens, te envio
por e-mail.
— Não, estou indo como amigo e padrinho de casamento. Não se
preocupe com passagem, preocupe-se em preparar um grande estoque de
pães de queijo. — Ele pede rindo.
— Irei mandar buscarem vocês no aeroporto. Me mande uma
mensagem assim que souber do horário. É o mínimo que posso fazer. Me
alivia muito saber que está vindo, cara. Sei o quão importante você é pra
Vic e toda a melhoria que tem conseguido trazer a vida dela, mesmo que em
algum momento você tenha tido a brilhante ideia de tirá-la de mim.
— Você não estava com ela, idiota e foi bom para você enxergar a
mulher que estava perdendo. Na verdade, eu me interessei muito por
Victória sim, a mulher é linda porra, mas estava interessado em te mostrar
que estava sendo um babaca medroso. Consegui?
— Conseguiu, filho da puta! Traga seu filho.
— Sabe, naquela noite quando fui informado que Victória não
voltaria à festa eu fiquei feliz pra caralho. Com a sensação de dever
cumprido! — Ele confessa.
— Ainda te darei um soco no olho.
— Vou lá cara, nos falamos a noite. — Desligo o laptop e volto ao
quarto. Victória está no banho, então invado o banheiro e ela puxa uma
toalha para se cobrir. Merda fodida.
— Sou eu, Vic.
— Eu estou tomando banho.
— Eu sei. Posso te acompanhar no banho? — Peço sondando seu
estado...
— Por favor, não. Eu quero tomar banho sozinha, não fique triste.
— Eu tento não demonstrar tristeza.
— Eu sinto sua falta, Vic. Tanto que você não faz ideia.
— Mas eu estou com você em todos os momentos, só estou pedindo
para tomar banho sozinha. — Justifica. Não é uma discussão, mas é
doloroso da mesma forma.
— Você não está comigo Victória, mas eu vou respeitar sua
vontade. Eu a deixarei tomar seu banho sozinha.
— Não fique chateado comigo. — Ela pede como se estivesse
sentindo dor, mas ao mesmo tempo parece fria pra caramba.
— Está tudo bem. Vou levar Victor para passear aqui na lagoa.
— Theus, não fique chateado comigo, por favor.
— Tudo bem. — Sorrio e a deixo. Pego Victor no berço e decido
que seu primeiro mês de vida precisa ser comemorado.
O coloco no carrinho e passeio pelo condomínio indo até a
Delicatessen, onde encomendo tudo para uma pequena festa. Salgados,
bolos, doces e bebidas.
Em seguida, volto e fico sentado na beirada da lagoa com meu
pequeno. Ele é muito meu amor! Muito calminho. Meus pensamentos
voltam para a mãe dele.
Eu a amo, mas estou apenas um pouco destruído e impotente hoje.
Só queria minha esposa de volta e não sei como conquistar isso. Eu tenho
tentado ser o melhor, mas estou sendo apenas falho.
Respeito o tempo dela, afinal, ela teve um bebê recentemente. A
questão é apenas pelos transtornos que sei que ela possui. Estou com medo,
porque eu consigo vislumbrar um pouco deles na maneira como ela se
portando de um tempo para cá. Não quero que ela seja consumida por nada
disso.
Tenho a compreensão de que ela está sofrendo internamente, mas a
questão é que eu também estou. Nós dois, mais uma vez, estamos sofrendo
pelos traumas que a fazem fraquejar as vezes. Eu comparo com a dor que eu
sentia a cada vez que ela se esquivava de mim na adolescência. Obviamente
agora os extremos são outros, mas a inconstância é quase da mesma forma.
O fato engraçado é que Vic, é a única mulher que tem o poder de
me ferir, mesmo involuntariamente. Por mais que eu seja dominador,
possessivo, imponente, é ela quem conduz a relação. A mulher tem meu
coração nas mãos e o poder de me manipular da forma como quiser. O
poder é todo dela, embora eu demonstre estar por cima.
Como agora, ela me mandou sair e eu apenas fiz. Se ela me mandar
voltar, eu voltarei. É questão de amor mesmo. Um amor que nunca imaginei
sentir na vida por qualquer mulher. Um amor que me faz feliz e tem o
mesmo poder de fazer o inverso.
Eu, que sou um gigante por fora, me sinto uma formiga por dentro.
É aí que a frase "as aparências enganam" faz sentido. Elas enganam mesmo.
Minha mulher é amorosa, sorri, mas por dentro está enfrentando uma
devastação. É tão fodido.
Um som atrai minha atenção e sorrio, esquecendo todo o restante.
— Ei Sadbebê, você acordou moleque! — Sorrio e o retiro do
carrinho. — Você é tão pequeninho, não é mesmo? Parece um ursinho de
pelúcia. — Ele dá seu sorriso banguelo e meu coração quase salta do peito.
Então ele leva sua mãozinha na boca e começa a chupá-la e eu já sei que
isso é com Victória. — Vamos lá, esfomeado, você é muito mamador!
Fico de pé com ele e me preparo para ir embora quando duas
mulheres surgem:
— É seu filho? — Uma delas pergunta.
— Sim. Diga “olá”, Victor. — Brinco e sorrio.
— Que sorriso! Você tem covinhas.
São sete horas da noite. Não falei mais com Victória após a
discussão da tarde. Nesse momento, eu e Isis estamos enchendo alguns
balões. Para não a deixar desfocada, eu inventei um mêsversário duplo. É o
primeiro mês de vida do Victor e primeiro mês de Isis como irmã mais
velha. O bolo é metade azul e metade rosa, assim como todos os doces.
O interfone toca avisando a chegada de Ricardo e Giovanna. Isso
faz com que Isis fique louca e saia correndo, me abandonando na missão
decorador.
— Olá! — Giovanna surge na sala.
— Olá, como você está? — Pergunto a abraçando.
— Bem.
— Fala decorador.
— Ei cara, que bom vocês chegaram. — Digo abraçando Ricardo e
Isis sobe com Giovanna.
— Cadê Victória? — Ele pergunta.
— Nós tivemos uma discussão acalorada agora a tarde. Está no
quarto como sempre. — Explico.
— Discutiram por quê? — Pergunta me ajudando a encher balões.
— Ciúmes. Ela provavelmente viu da janela do quarto duas
mulheres conversando comigo e brincando com Victor, isso a fez sair do
quarto milagrosamente. Ela me arrastou até a casa sem olhar para a cara das
mulheres. Talvez eu deva sair mais e conversar com mulheres aleatórias,
será que resolveria? — Pergunto brincando.
— Resolveria o divórcio. — Ele ri. — Vic está com uma
instabilidade emocional e mesmo que não pareça, ela tem uma autoestima
baixa, isso foi algo que trabalhei com ela no início do tratamento e deu
certo, porém, como todo ser humano, Vic pode ter recaídas. — Explica. —
O ponto de gatilho da Victória é a confiança no próximo e a aceitação. Se
você reparar, ela confia em pouquíssimas pessoas. No fundo ela acha que
não é boa o suficiente para possuir você, para possuir felicidade. Ela se
culpa. Então, se ela te viu conversando com duas mulheres, é mais que
normal que isso ative algo nela, porque Vic, por mais que você demonstre
seu amor diariamente que é bastante visível, possui a mania de se sentir
inferior e carrega consigo um medo absurdo. Ela provavelmente viu aquilo
como ameaça e sentiu necessidade de agir, mesmo que tenha sido de um
modo errado. Foi a maneira que ela quis usar para marcar território.
— Ela gritou que me odiava. Claro, não acreditei, mas ela está
muito instável e eu não sei se devo deixá-la cagar na minha boca ou se devo
impor como fiz. Certamente, se ela não tivesse esses problemas, eu apenas
daria espaço para ver se a distância a faria se tocar e sentir vontade de voltar
à normalidade. Mas não é o caso.
— Vou conversar com ela e descobrir o que está acontecendo.
— Vamos ver se ela vai descer para participar da festa de Isis e
Victor.
— É bonito ver sua preocupação com Isis. — Ele diz me dando um
tapa nas costas.
“Sombras formam um sorriso largo
Se eu perder o controle
Eu alimento a fera interior
Inspire, expire
Deixe o humano entrar
Inspire, expire
E deixe-o entrar
As plantas despertaram, e elas crescem lentamente
Sob a pele
Portanto inspire, expire
Deixe o humano entrar”
Of monsters and Men – Human
Eu sei que estou em crise.
A questão é que não estou sabendo lidar e já estou assistindo à
desolação estampada no rosto do meu marido. E ainda dizem que sou forte.
Me sinto como um grande NADA nesse momento.
Eu me encontro diante do espelho vendo o que fiz comigo mesma.
Minhas sobrancelhas não são feitas há mais de um mês, minhas
unhas também, a depilação está em falta por todos os lados e isso é horrível.
Meu cabelo não é lavado decentemente há alguns bons dias, meu rosto está
pálido e me sinto emagrecendo a cada dia.
Ao menos a depilação eu preciso cuidar, é o mínimo.
Pego todos os itens necessários e me tranco no banheiro. Eu
começo meu serviço pelas pernas, em seguida sigo para virilha, axilas,
sobrancelhas. Demora muito mais do que de costume, mas, no final, eu
consigo ao menos me sentir um pouco menos fodida com isso.
Pego alguns cremes e decido lavar meus cabelos tomando um
cuidado especial, demoro tempo o bastante no banho. Quando saio me sinto
mais limpa e um pouco mais disposta.
Visto meu roupão, enrolo uma toalha na cabeça e ligo para a
farmácia encomendando alguns itens para que eu mesma possa fazer
minhas unhas. Não quero sair.
Enquanto espero chegar, há uma batida na porta. Eu abro e
Giovanna entra.
— Olá, mamãe mais linda! — Ela diz sorridente.
— Gi! Como você está? — Pergunto a abraçando.
— Eu estou muito bem, tenho um psicogato quentíssimo como
noivo. — Ela sorri mostrando o enorme anel em seu dedo.
— Estou muito feliz por você! Imensamente! Eu gostava de Tobi,
mas, gosto mais de Ricardo. — Sorrio.
— Tobi era legal, eu gostava dele de verdade, mas ele sempre foi
anti-compromisso. O que sinto por Ricardo é diferente. Não é apenas a
vontade de estar junto, é carnal.
— Eu imagino. Essa coisa carnal é crucial num relacionamento. —
Divago sentando na minha cama e ela me acompanha.
— Você não parece mais nessa “coisa carnal”. — Diz. — Vamos lá,
Vic, eu já vi você assim algumas vezes. Antes eu compreendia mais
facilmente. Você tinha Isis escondida de todos, sofria por amor, era sozinha.
Agora me explique por que está assim? O que falta, mi amore? Conte para
mim. — Ela pede me puxando e eu descanso minha cabeça em suas pernas.
Continue remando...
Continue remando...
Por ela vale a pena... por nós vale a pena.
Eu continuarei remando enquanto meu coração bater.
Segunda-feira. Nada, além do fato de Vic ter se tornado um pouco mais
próxima de mim, mudou.
Ricardo e Giovanna foram embora ontem à noite, após Ricardo passar pelo
menos quatro horas conversando com Victória no escritório. A única coisa que ele
me disse ao sair de lá é "continue a remar", nada além disso.
Já almoçamos e agora, enquanto Isis termina de escovar os dentes, estou
arrumando a mochila dela para ela ir para a escolinha.
— Pronto, papai.
— Vamos prender esse cabelão?
— Vamos. — Ela sorri e então vem até mim. Pego uma escova, uma
gominha de cabelo e faço um enorme "rabo" o prendendo em seguida.
— Papai, não conta para mamãe, mas você prende melhor que ela. — Minha
princesa cochicha me arrancando uma risada.
— Você está uma princesa. A mais linda do colégio inteirinho e protegida
dos piolhos.
— Eca! Eu não quero ter piolhos.
— Por isso é importante ir com essa cabeleira presa. Papai vai levá-la ao
salão para darmos um corte, o que acha? Está igual a Rapunzel. — Brinco e ela ri.
— Mas salão é de meninas.
— Mas papai pode levar você do mesmo jeito, princesa. O que acha? Salões
são para meninos e meninas, a cor azul é de meninos e meninas, a rosa também. —
Explico tentando passar um ensinamento.
— Eu acho muito legal sua ideia. — Responde rindo. — Então meu irmão
vai poder ir no salão comigo quando crescer?
— Com toda certeza sim.
— Papai, por que minha mãe está triste? — Como explicar isso a uma
criança de 8 anos?
— Ela não está triste, princesa, é apenas cansaço. Bebês mamadores dão
muito trabalho. — Explico omitindo.
— Papai, você pode me dar mais irmãos?
— Vamos com calma, garota. A dona cegonha acabou de nos dar um bebê.
Temos que esperar mamãe se recuperar, não é mesmo?
— Sim. Quando ela se recuperar, nós podemos ter dois bebês?
— Se a dona cegonha decidir dois, é claro que podemos. Aí você será a irmã
mais velha de três bebês. — Ouvimos a buzina e Isis corre para despedir de Victória.
A entrego para o transporte e me sinto entediado.
— E aí, Ruthinha, boca de veludo! — Digo abraçando dona Ruth que agora
está lavando a louça. — Deixa que eu termino de lavar.
— Sou paga para isso! — Eita Ruthinha afrontosa!
— Afrontosa! Eu lavo, me dê aí. O tédio está me consumindo, Ruthinha,
vamos lá! Não fode!
— Menino chato!
— Vai comer uns doces que estão na geladeira. Vamos beber uma cerva,
Ruth? Eu e tu, tu e eu? Vamos trocar umas ideias. — A convido e ela ri. Faltam só
três copos para serem lavados, isso me dá uma tristeza do caralho.
— Tá carente, né? — Ela pergunta.
— Sim. Sou um pobre homem carente em busca de uma companhia para
tomar uma cerveja e comer uns brigadeiros. — Coloco os copos no escorredor e
enxugo as mãos.
— Ela vai ficar bem Theus, mulher tende a ficar estranha pós nascimento do
filho. — Eu sorrio, pego duas long neck's e um pote de doces. Coloco no balcão e
me acomodo ao lado dela. Ela não sabe a complexidade da situação.
— Então, Ruthinha, o que tem a me contar? Me diga algo divertido. Como
foi o seu final de semana?
Nós ficamos uns quarenta minutos conversando e eu descubro que ela foi em
três velórios no final de semana.
Ela me expulsa da cozinha e eu decido ligar para minha mãe, que atende na
chamada de vídeo.
— Oi, neném.
— Ei, mãe. Você está numa massagista? — Pergunto a observando sendo
massageada e com um troço verde no rosto.
— Sim, filho. Como você está?
— Bem. — Sorrio. — Ligando para gente conversar atoa.
— A mamãe te liga mais tarde então, ok? Agora está meio foda!
— Tudo bem, mãe. Beijos.
— Beijos. Te amo, meu pimpolho. — Reviro os olhos.
— Mãe? — A chamo antes que ela desligue.
— Oi?
— Eu te amo também. — Ela começa a chorar e encerra a ligação.
Victor começa a chorar e eu quase dou um salto de felicidade. Corro até o
quarto para pegá-lo, mas Vic já está com ele nos braços, começando a amamentá-lo.
Me aproximo dos dois e sento no chão o observando mamar.
Ele fica oscilando entre mamar e dormir. É tão bonitinho que até mesmo Vic
ri.
— Ele desmaia legal e então acorda assustado para mamar. — Minha mulher
comenta.
— Ele é mais fofo que eu.
— Ele realmente é. — Ela sorri. E ele pega no sono profundo.
— Posso fazê-lo arrotar?
— Claro. — Diz concordando e eu me levanto para pegá-lo.
Fico andando com meu Sadbebê até ouvi-lo soltar um mega arroto. É tão
bonitinho, cara! Até fazendo força para cagar ele é fofo. Ele acaba adormecendo e eu
o coloco no berço.
De volta ao tédio, ligo para Beatriz.
— O que foi, diabo? Estou entrando numa reunião agora.
— Sinto sua falta. — Confesso e ela fica calada alguns segundos.
— Eu também sinto, Theus. Vamos fazer um programa de irmãos? Só eu,
você e Arthurzinho? Mas, tem que ser daqui algumas semanas, estou um pouco
enrolada.
— Nós nunca fizemos um programa de irmãos com ele. — Sorrio. — Vamos
sim.
— Você vem para o Rio ou nós iremos para BH?
— Eu vou pensar nisso, rompida. Vá para sua reunião. Te amo.
— Também te amo, Theus. Muito. — Ela desliga o telefone e então eu
decido ligar para Bernardo.
— Que foi viadinho?
— Saudades! — Digo e ele começa a rir.
— Ah, vai tomar no meu estreito! Sério isso?
— Poh cara, estou te ligando e você me trata mal, vai tomar no seu cu então,
arrombado!
— Calma aí, parceiro. Como você está? Sabe, eu sinto sua falta, não tem
ninguém mais para eu perturbar. Como minha irmã e as crianças estão? — Pergunta.
— Vic está... melhorando. As crianças estão bem. E meus sobrinhos? Minha
Florzinha?
— Ela está do caralho. Heitor e Enzo estão bem.
— Manda um beijo para eles.
Minha Sadgirl desce as escadas e meu pau fica duro igual concreto. Ela está
de trança novamente. Um top que mostra sua cintura e uma calça de academia
coladinha.
— Você vai vestida assim? Nem uma camiseta? — Pergunto e ela sai
andando rumo à garagem.
— Você podia trazer sua moto do Rio! — Comenta se acomodando no lado
do motorista.
— Vai dirigindo?
— Sim senhor! — Ela sorri e eu me acomodo no banco de passageiro.
Arrumo o gps para ela e, pouco tempo depois, ela sai dirigindo como uma insana.
Minha mulher fica quente como pilota de fuga. — Eu amo esse carro! — Exclama
empolgada.
— Se batê-lo eu não vou te bater porque sei que você gosta, mas eu pensarei
numa morte lenta e dolorosa. — Ameaço brincando.
— Garotos e seus brinquedinhos. — Ela revira os olhos e sorri.
— Eu estou puto que você não trouxe a merda de uma camiseta, Victória.
Você vai correr com a minha camisa. — Esbravejo socando o vidro.
— E você fica sem camisa? Não mesmo! — Rebate.
— Se alguém mexer com você eu vou bater e você terá que pagar fiança na
delegacia!
— Ninguém vai mexer comigo quando estou acompanhada de um homão
com braços gigantes. — Argumenta.
— Você está sugerindo que homens te cantam quando está sozinha? Só te
dei um aviso: olhou, tomou!
— Oh senhor ciumento possessivo e insano! — Ela debocha, rindo de
verdade. Graças a Deus, ao menos sirvo para fazê-la rir, mas estou falando sério
porra!
Nós chegamos na Pampulha e ela estaciona levantando poeira no
estacionamento. Fé nas malucas!
— Você é maluca, não tem amor à vida. — Repreendo e então ela sai
correndo na minha frente após jogar a chave do carro. Eu gosto disso! Consigo ver
minha mulher renascendo das cinzas.
Gostosa!
Eu saio correndo na frente dela e ela vem gritando Matheus Albuquerque
atrás. Isso me faz rir. A má sorte dela é que só tem mulheres correndo, então eu
atraio uma certa atenção.
— Você nunca mais vai sair de casa, merda! — Ela grita bufando e eu paro
de correr para vê-la com as mãos apoiadas nos joelhos.
— Eu não tenho culpa, amor. Eu realmente preciso sair de casa. No Rio você
não tinha esse ciúme todo não. — Argumento e ela se joga em meus braços, me
beijando de um jeito completamente impróprio para lugares públicos. Eu perco um
pouco a noção retribuindo da mesma maneira insana. A maluca agarra minha camisa
e eu agarro sua bunda. Ela solta um gemido que me faz quase gozar. Porra, Victoria!
Escolheu voltar com seu apetite na lagoa da Pampulha?
— Vic... — Tento argumentar.
— Eu sei. Desculpa.
— Desculpa? — Pergunto incrédulo.
— Você pode dirigir? — Pede.
— Claro. Estamos indo embora? Acabamos de chegar. Não estamos aqui há
20 minutos, Vic. É realmente sério?
— Sim. — Suspiro um pouco frustrado e seguro sua mão, entrelaçando
nossos dedos. Calmamente caminhamos até o carro. Infelizmente minha barraca está
armada de um jeito bastante óbvio e eu nem tenho como esconder. Quando passo
diante da igreja faço sinal da cruz e peço perdão a Deus.
Me acomodo no carro e respiro fundo antes de ligá-lo. Vic está inquieta.
— Eu quero dirigir, por favor. — Pede ansiosa.
— Victória, o que está acontecendo? — Pergunto e observando olhar para
todos os lados.
— Espera! — Diz abrindo a porta do carro e sai. Eu assusto ao ver seu rosto
do meu lado. Ela faz um biquinho de decepção e volta ao carro. — Eu preciso ser
fodida por você! — Anuncia.
— Por Deus, Victória... Como você fala uma coisa dessas no meio da rua,
diabo? Ou pior, como você fala isso no meio da rua para o seu marido que está quase
a dois meses de recesso sexual?
— Nos tire daqui! — Implora e então está sobre mim, me beijando
desesperadamente. Quando ela se afasta eu começo a dirigir como se eu estivesse
vendo apenas minha mulher nua diante de mim. Ela enfia sua mão por dentro da
minha bermuda e eu quase perco o controle.
— Não faça isso, Victória! Eu vou bater... Nós temos dois filhos para criar.
— Estou quase chorando e parando no meio da avenida para transar, mas me
mantenho firme. Vou seguindo pela estrada que nos leva até nossa casa e entro na
porra do primeiro motel que surge na minha frente.
— Pois não, senhor, em que posso ajudá-lo?
— Nós precisamos de um quarto! — Vic diz e eu seguro a vontade de rir.
— Alguma exigência? — A funcionária pergunta.
— Uma cama! — Vic grita.
— Não, calma aí, Victória! — Interfiro. — Nós precisamos de um quarto
onde tenha o mínimo de comodidade. Eu quero a melhor suíte, por gentileza.
— Senhor, temos a presidencial master.
— Que seja. — Digo.
— Ela custa mil e duzentos reais por 6 horas de uso.
— Foda-se. — Vic diz.
— Que bom, não é mesmo? Porque se você achasse outro homem gostoso eu
iria te dar umas palmadas.
— Me bate Theus? — Ela pede. — Me bate do jeito que você faz. Me pega
do jeito que você faz.
— Fodida Sadgirl do meu caralho. — A giro na cama a colocando em minha
completa submissão. A faço virar de barriga para baixo, agarro seus cabelos com
força e faço exatamente o que ela pediu: meu modo de pegá-la é realmente bom.
Estapeio sua bunda e ela agarra os lençóis bravamente.
Oh Deus! Eu senti tanta falta disso. Como meu corpo foi capaz de rejeitar a
todas essas sensações maravilhosas? Como rejeitei meu próprio marido, um homem
que tem um apetite sexual insano? Eu coloquei em risco tantas coisas e nem sequer
conseguia enxergar isso. Estava tomada pela escuridão, completamente. Me
esforçando para conseguir tratar bem ao menos meus filhos, perdi algumas longas
semanas inerte nisso e simplesmente quero mais estar entre as sombras! Nunca mais!
Eu quero a luz que meu marido me oferece diariamente. Apenas isso.
— Você sentiu minha falta, pequeninha? — Pergunta com sua voz rouca
enquanto arremete contra mim.
— Sim.
— Você nasceu para estar assim comigo, meu amor. Eu enlouqueço com a
forma como seu corpo reage a meu toque. Tão entregue. Eu senti falta disso, Vic. Eu
senti falta de conversar, senti falta de carinho, senti falta de tudo relacionado a você.
Uma falta que ninguém é capaz de suprir, apenas você.
— Me desculpe. — Peço ressentida. A luta foi difícil, e foi algo que precisei
enfrentar sozinha. Quando você está em meio a uma crise, é muito difícil alguém
conseguir te salvar de si mesma. Isso tem que partir de nós, precisamos encontrar o
mínimo de força dentro de nós para começar a caminhar. Foi isso. Theus tentou,
Ricardo, mas, enquanto eu não me esforcei, nada adiantou. Às vezes demoro a
ganhar consciência, como foi agora. Mas, felizmente consegui a tempo.
— Enfrentarei cada uma das suas crises se no final eu conseguir tê-la assim,
completamente de volta. Completamente entregue. Completamente minha.
— Eu te amo. Eu te amo muito, mesmo que talvez algumas dúvidas tenham
surgido na sua cabeça. Eu te amo insanamente. — Ele agarra meus cabelos com mais
força e eu solto um grunhido.
— Eu amo fazê-la gozar. Para mim isso é 99% da diversão sexual.
— Você está conseguindo...
— Sei que sim, eu sinto você me apertando mais forte Vic... — Meu corpo,
tão fantoche das vontades de Matheus, embarca novamente na loucura que ele está
fazendo comigo. Um segundo orgasmo dos muitos que terei no dia de hoje. — Diga
que é minha?
— Eu sou sua. Você é meu!
— Eu sou seu, Vic.
— Mostra que me deseja? Eu preciso ver o quanto você me deseja, o quanto
sentiu minha falta, Theus. Me mostre o quão louco eu consigo deixá-lo. — O
estímulo e com algumas estocadas eu estou cheia novamente. Dessa vez ele cai
sobre minhas costas e me abraça apertado. E então eu me lembro... — Que merda!!!
— Foi tão ruim?
— Não usamos preservativo, mais uma vez! Nós não sabemos brincar de
sexo, Matheus Albuquerque. — Digo me afastando e ficando de pé.
— Agora não há mais o que ser feito, já foi. É difícil quebrar alguns
costumes, Vic. Meio que nos acostumamos ao “pele na pele” e, você precisa
concordar que, é bem mais gostoso e faz uma diferença considerável. — Argumenta.
— Victor tem apenas 1 mês e meio! — Relembro. — Eu acabarei
engravidando novamente.
— Eu cuido de todos os Sadbebês! Vamos transar?
— Você cuida? Disso eu sei! Mas sou eu quem fico nove meses grávida!
— Vem transar.
— Eu não posso engravidar agora. — Informo o observando levantar e vir
em minha direção como um predador. Eu acho que deixei meu mega macho alfa
muito tempo sem sexo realmente. O homem está além de tarado e parece estar ligado
na potência máxima, porque ele gozou duas vezes e está simplesmente pronto para
outra rodada, empinado para o alto em toda sua glória.
Eu saio correndo pelo quarto e ele vem atrás.
— Vamos transar, sardinhas bonitinhas. Deixa eu tentar fazer os gêmeos...
— Você é maluco! — Digo rindo e corro para área externa.
Quando ele está prestes a ter suas mãos sobre mim, me jogo na piscina.
— Isso não vai me impedir de pegá-la. — Ele dá seu sorriso de covinhas e
está dentro da piscina me pegando como o homem das cavernas que é.
Eu arrumo seus cabelos molhados enquanto ele me abraça fortemente. Tão
lindo com esses olhinhos cor de mel, essa barba por fazer e essas covinhas fofas.
— Essa merda de piscina de motel é meio nojenta. — Reclama um pouco
enojado quando paramos de beijar. — Mas, mil e duzentos reais... não é possível que
eles não higienizam isso.
— Eu prefiro acreditar que higienizam. — Digo rindo enquanto ele me olha
de um jeito estranho.
— Vic...
— Oi?
— Você tem meu coração em suas mãos, sabia disso? — Pergunta.
— Você tem o meu.
— Você tem meu pau em sua boca e meu coração em suas mãos. — Eu
sorrio dessa piadinha corriqueira.
— Você tem minhas partes íntimas e meu coração.
— Não vá embora nunca mais, Vic. Sempre que estiver ficando difícil
apenas me diga e eu te ajudarei a lidar com toda a situação. Não deixe as coisas
ficarem de um jeito onde torna-se impossível até mesmo para você lidar. — Pede. —
Doeu ficar sem você, Vic. Eu me senti sozinho por todos esses longos dias, sofri
muito.
— Eu prometo, Theus. Sinto muito.
— Nós seremos muito felizes, acredito nisso. Teremos nossos filhos e
seremos felizes. Você merece ser feliz, sardinhas bonitinhas, eu quero fazer isso por
você a cada dia.
— Você já faz, amor. Perdoe-me por toda dor. Eu nunca quis fazê-lo sofrer...
você sabe disso.
— Eu senti falta de conversar... — Diz com lágrimas nos olhos e a voz
trêmula. — De conversar com você... Eu senti falta de te abraçar, de poder te beijar,
te tocar. De te dar tapas na bunda de brincadeira. Senti falta de te acordar com sexo
oral e de derramar iogurte no seu corpo de propósito. Senti falta de acordar com a
bunda descoberta porque você monopoliza o edredom. Senti falta de dormir
abraçado, de ter sua perna entre as minhas igual você fazia grávida... senti falta do
seu bolo de cenoura e do seu macarrão gosmento. Senti falta de você gritando
"Matheus Albuquerque". Eu senti falta de vê-la tomar banho ou fazendo xixi. Sinto
falta da sua gargalhada e da sua sede de viver. Você pode rir para mim? Rir com
vontade? Eu senti falta de tudo, Vic. — Eu sorrio.
— Me faça rir.
— Vamos ter mais bebês? — Diz e eu então eu começo a rir de verdade. Eu
espero que tenha dito só para me fazer rir mesmo. Ele ri junto e morde meu pescoço.
Segura minha bunda e roça sua ereção contra minha intimidade. Eu passo a gemer
no lugar do riso. — Vic...
— Oi?
— Vamos transar?
— Sim, por favor.
TEMPOS DEPOIS....
— Olá família! — Cumprimento meus pais assim que entro no apartamento
deles.
— Theus? Não avisou que vinha! — Minha mãe diz sorrindo. — Meus
amorinhos! Ela agacha e cumprimenta Isis e Victor. — Cadê Vic e minhas netinhas?
— Pergunta enquanto meu pai os abraça.
— Que cabelo é esse garoto? — Meu pai pergunta à Victor.
— Papai fez moicano nele vovô. — Isis explica rindo.
— Crianças, por que não vão em busca de Arthurzinho? — Sugiro
precisando de um momento a sós com meus pais. Isis sai puxando Victor e eu acabo
sorrindo. São lindos pra caralho.
— O que houve?
— Eu e Vic separamos. — Informo suspirando.
— Vocês o que? — Meu pai pergunta quase gritando.
— Nós nos separamos, pai.
— Como você diz isso assim, do nada? — Minha mãe questiona sentando-se
no sofá e eu a acompanho.
— Vic está grávida e surtou.
— Victória está o que??? — Meu pai grita mais uma vez.
— GRÁVIDA! — Anúncio em alto e bom tom.
— Puta que pariu, vocês são o que? Coelhos reprodutores? — Ele pergunta e
acaba sentando-se também. Pois é, sei o que é precisar sentar-se para digerir certas
notícias.
— O organismo da Vic não se dá muito bem com anticoncepcionais, e eu
não me dou muito bem com preservativos. Exageramos no sexo a ponto de
esquecermos que gera consequências tipo bebês, e aconteceu. Nós discutimos feio.
— Explico com calma.
— Como você transava antes de Victória? Sem preservativos? — Dona Mari
indaga com seu jeito explosivo de ser, prestes a me matar.
— Não, com preservativos, sempre com preservativos. Mas eu não me dou
bem com preservativos quando se trata da minha esposa, porque ela é gostosa e
aper...
— Chega! Não quero detalhes íntimos de Vic. — Minha mãe anuncia.
— Vic ficou com Luma e Ava? — Meu pai pergunta e eu me dou conta do
que está por vir. Porra! Mais uma gestação! Isso me leva ao passado, mais
especificamente quando minha mulher estava grávida de gêmeos. O nascimento foi
surreal, foi lindo ver minha Vic com dois bebês em seus braços. Compensou toda a
loucura da gestação. A mulher virou a personificação do satanás. Ela me estuprava
dia e noite, eu broxei pela primeira vez na vida durante a gestação das gêmeas. Não
tinha mais como manter o soldado erguido e Vic parecia a própria garota do
sadismo. Foi assustador, porém, quente. Dou até um sorriso lembrando disso..., mas
estou com medo de passar por outra broxada.
— Sim, ela ficou com as pequenas.
— E você ficou com Victor e Isis? — Questiona de um jeito engraçado.
— Não é bem assim. Não dividimos as crianças. — Explico. — Mas, ela
está tão louca, que eu resolvi trazê-los comigo. Não trouxe Luma e Ava porque elas
ainda estão mamando nos seios incríveis da minha esposa. — Meus pais reviram os
olhos e eu sorrio. — Domingo voltamos para Belo Horizonte.
— Tudo bem, Matheus, mas me diga algo. Por que você está com um
semblante bom? Esse não é o rosto de um cara que acabou de separar. — Minha mãe
pergunta e eu sorrio.
— Porque não será bem uma separação. Eu disse a ela que não sairei da
casa, não compartilharei as crianças e que se ela quiser separação terá que ser
litigiosa, porque não darei fácil. Só saio de casa quando o litigioso for resolvido e
nós sabemos que isso demora, a guarda das crianças é devidamente compartilhada.
E, exijo também acompanhar todo o processo da gestação. Debaixo do mesmo teto
Vic não vai conseguir se controlar. — A verdade é que vou jogar sujo vinte e quatro
horas por dia.
— Eu acho que nunca ouvi uma história tão absurda em toda minha vida. —
Eu choquei dona Mariana, então deve ser algo escandaloso realmente.
— Você errou, Matheus. Você deveria ter se precavido. Estamos falando de
cinco filhos. — Meu pai repreende. O que há demais? Quem tem 4 pode ter 5. Não é
como se não déssemos conta. Além do mais, temos dinheiro para criar as cinco
crianças bem, investirmos no futuro deles e investir em ajuda também.
— Eu farei vasectomia por ela. — Informo. — Quando ela tiver de
resguardo, obviamente. — Comento.
— Gente, preciso beber três doses de pinga depois disso. Vocês não
separaram, porra! Você e Vic são apenas insanos, completamente loucos. Superaram
a loucura da família toda! — Dona Mari argumenta chocada.
— Separamos sim, mãe. Ela tirou a aliança.
— Que bom, porque eu jamais permitiria que você cuidasse dos meus filhos
sozinha! Eu assumo minhas responsabilidades. — Aviso.
— Nós estamos divorciando.
— Pode procurar um bom advogado então, pequeninha, porque não vou
facilitar pra você. Na verdade, moverei o inferno para dificultar sua vida. — Aviso
entregando minha aliança a ela.
— Você vai viajar sem aliança? — Questiona.
— Divórcio, esqueceu? Você que propôs. — Digo segurando a vontade de
rir.
— Eu realmente odeio você, Matheus. Enfie essa aliança no...
— Olha a boca!”
— Como vocês separaram? — Liz pergunta chorando.
— Calma sogrinha, não é definitivo. Vic só está nervosa.
— Claro, são muitas crianças de uma só vez. — Diz o óbvio.
— Mas nós temos ajuda, ela tem a mim. Não é como se ela fosse educar e
criar todos sozinha. Nós dividimos todas as funções igualmente, Liz. É justamente
por isso que eu trabalho de casa, para estar com ela o tempo todo e auxiliar em tudo.
A única coisa que não posso fazer é amamentar, de resto eu ajudo em tudo. Muitas
coisas mudaram, mas tenho tentado ao máximo ajudá-la. Tanto que ela se sente bem
para ir ao shopping sozinha, salão se cuidar, ela trabalha de casa... Eu faço tudo para
que os filhos não atrapalharem cem por cento a nossa rotina. Nós saímos sozinho
todos os sábados. Não é o fim do mundo, Liz. É só mais um bebê.
— Ou dois.
— Eu sinto que dessa vez vem um. Um outro garoto. — Digo feliz.
— Theus, você é muito fofo, mas eu imagino que Victória está desorientada
agora. Ela nunca proporia separação se tivesse em sã consciência. Ela ama você.
— Eu sei disso. Dei um tempo a ela por isso. — Afirmo com convicção.
— Eu só não vou desesperar mais porque você parece seguro de que não é
fim. Theus, você significa muito para mim e para Bernardo, por tudo que fez e faz
pela minha filha, e agora por todos os meus netos.
— Eu farei por eles até meu último suspiro, Liz. — Afirmo a abraçando.
— O que você fez com minha irmã? Biba galopante! — Bernardo entra no
apartamento de Liz parecendo um galo de briga. Eu já fico logo de pé e mostro o
tamanho dos meus braços. Ele ri.
— Fiz sexo.
— Oh merda! Pare de falar que transa com a minha filha. — Meu sogro
pede.
— Mas, sogro, como você acha que Victória engravidou? — Argumento
muito seriamente.
— Ela está grávida??? Bia só disse que vocês tinham separado. Puta merda,
cara! Vou ter que engravidar Beatriz pra entrarmos num a disputa justa.
— Isso não é um jogo, seus imbecis! — Liz esbraveja nos fazendo rir.
— Eu tenho responsabilidade, Liz. Sei que filho não é brincadeira. —
Informo sério. Eu nasci para ser pai, porra! Cada pessoa nasce com um propósito, eu
nasci com esse. Me respeitem, eu sou o melhor marido e o melhor pai!
A notícia da separação caiu como uma bomba sobre nossa família, uma
bomba de risos. Ricardo foi até para BH com Giovanna, dessa vez para tratar da
crise conjugal, já que o transtorno de Vic está devidamente controlado a um bom
tempo.
Eu não estou sofrendo. E isso é simplesmente pelo fato de confiar no que eu
e ela possuímos. É inabalável, simples assim.
Agora acabei de sair do avião e estou dentro de um táxi junto com meus
filhos indo para casa. Estou ansioso para chegar, mas apreensivo também. Não sei o
que me espera, mas sei o que espera Victória. Tortura sexual.
Quando o táxi estaciona diante de nossa casa Isis desce correndo e eu pego
Victor no colo.
— Mamãeeeee! — Ouço minha garota gritar e então coloco Victor no chão,
como esperado ele segue direto para o lago que tem abaixo da escada.
— Não senhor, garoto! O que papai te falou sobre isso?
— Que não. — Ele diz.
— Exatamente. Não pode. Vai machucar nossos amigos peixinhos. — Ele ri
e sai andando com sua bundinha cheia de fralda. Meu pimpolho tem menos de dois
anos e já é tão esperto que fico espantado.
— Oh meu bebê! — Vic surge usando um roupão levemente aberto. Filha da
mãe! Provocadora!
— Oi amor. — A cumprimento apenas para testar se ela já está mais calma.
Mas, me fodo nesse teste.
— Nós estamos divorciados.
— Então você insiste nisso? — Pergunto rindo.
— Não tem graça.
— São os hormônios da gravidez mexendo com você, Vic. Sério, você vai
esquecer disso em breve e vai implorar por coisas que apenas eu posso te dar. Está
tudo bem com o nosso filho Sadbebê em sua barriga?
— Ele não é um Sadbebê.
— É sim. — Afirmo e ela levanta o dedo do meio para mim.
Aproveito o momento para ver minhas garotinhas.
— Olá vocês, cabelinhos castanhos! — Sorrio e elas começam a se mexer
feito loucas.
— Vocês são muito iguais a mamãe, menos os olhos.
— Elas realmente se parecem com dona Vic. — Ana, a babá, diz.
— Muito, olha o narizinho. Igual. — Sorrio.
— Senhor Matheus...
— Matheus... — Digo a cortando.
— É que o... você pediu que eu te avisasse sobre dona Vic.
— Aconteceu algo?
— Ela andou chorando pelos cantos. Ela me contou que está grávida e que
pediu o divórcio.
— Eu não posso me arrepender do que foi feito, Ana. Estou feliz acima de
todas as coisas. Sei que daremos conta. Vic já enfrentou coisas terríveis no passado,
ela não confia muito no próprio potencial. Não vejo motivo para tanto sofrimento,
mas falarei com ela. Tudo se resolverá.
— Eu torço para que fiquem bem. Vocês deveriam sair, um jantar romântico
talvez. — Sugere pegando Luma.
— Pensarei nisso, Ana. Muito obrigado pelo carinho e pela preocupação. —
Dou um beijo em sua testa e decido ir tomar um banho. Vic está no quarto, sozinha e
sem a receptividade que sempre encontro.
— Vic, é só um bebê.
— Você passou dos limites. Não é só um bebê Matheus, é todo o conjunto da
obra. Eu virei a própria rompida parideira da família. Não percebe? Beatriz e Bê
resolveram parar em Enzo, Pietro e Jé pararam logo nas gêmeas, e nós? Nós... você
apenas decidiu que quer ter todos os filhos que possível for.
— Não foi tão proposital, Vic. Você está colocando a culpa toda em mim. —
Argumento.
— Querendo ou não acabou sendo, Matheus.
— Tudo bem, Victória. Eu sinto muito, ok? Acaba aqui esse lance de mais
filhos. Esse bebê será o último e estou muito feliz pela existência dele. Não vou
mentir e muito menos fingir tristeza. Se você quer ficar dessa maneira, beleza. Eu
não vou ficar te mimando dessa vez, Vic. Sinto muito, de verdade. Não vou correr
atrás ou rastejar.
— Você dorme no quarto de hóspedes! — Anuncia. Eu mal posso acreditar
nessa merda. Isso é infantil!
— Então é sério? Você quer divórcio? Então vamos continuar morando
debaixo do mesmo teto divorciados? Quais as regras? Já estipulou?
Jantamos com nossos filhos, todos organizados à mesa. Somos seis agora e
em breve talvez sete ou oito. Eu gosto de pensar na casa cheia de crianças
bagunçando a porra toda. Ficarei muito feliz quando todos estiverem maiorzinhos,
correndo por todos os lados.
Eu e a megera dividimo-nos para fazer as crianças dormirem e então eu faço
a cena triste de ir até o quarto pegar meu travesseiro e uma coberta. Na verdade, eu
enceno todo um sofrimento para que ela se sinta extremamente culpada. Não durmo
no quarto de hóspedes, durmo na sala e acordo com ela diante de mim.
— Puta merda, Vic! parece assombração! — Digo levando a mão ao peito.
— Não precisava fazer drama e dormir na sala.
— Não é drama, eu apenas quis dormir na sala. Vai se incomodar com isso?
Tipo, somos semi-divorciados. — Relembro e ela taca uma almofada na minha cara
antes de sumir. É então que uma coisa pequena surge.
— Papai!
— Sadbaby boy! — Sorrio o pegando. — E essa boca cheia de dentes?
— Dentes.
— Dentes, garoto! — Eu mordo suas bochechas gordinhas a ele ri. — Você
mimiu bem?
— Sim. — Ele é muito monossilábico ainda. Acho bonitinho.
Ruth entrega para ele uma mamadeira de iogurte e ele salta do sofá.
— E aí, Ruthinha...
— Que bonito dormindo no sofá! — Ela diz.
— Ah, para! Vem dormir comigo, Ruthinha, cabe nós dois! — Dou uma
gargalhada e ela me bate. Me levanto e ela tapa os olhos. Coitada. É foda de manhã,
porra!
— Não sou obrigada a presenciar isso! — Avisa antes de sair apressada.
Pego e travesseiro, a coberta e me tampo. Verifico o quarto de Luma e Ava e
elas ainda dormem como anjos, assim como Isis. Em meu quarto, encontro mais uma
vez Victória. De propósito, retiro a coberta e o travesseiro, para que ela veja o que
está perdendo. Seus olhos caem para minha ereção e presencio o momento exato em
que ela engole seco.
— Bom, você já tem algum advogado em mente, Victória?
— O da empresa da minha mãe. — Anuncia decidida.
— No caso é Beatriz? — Pergunto rindo.
— Vou arrumar um.
— Ok, eu decidi te dar o divórcio. Vou resolver tudo na vara. Você precisa
saber que, como temos 4 filhos menores, 5 em breve, o divórcio tem que ser judicial.
Por isso, é realmente importante um advogado, para não deixarmos lacunas em
aberto.
— Você parece feliz em divorciar! — Alega.
— Não vou rastejar Vic, se é isso que espera. Você significa muito para mim,
mas eu me amo também. — Aviso com firmeza. — Cuidar de divórcios costumava
ter um outro tipo de perspectiva para mim. — Divago. — Cuidar do próprio divórcio
não é tão tentador quanto do divórcio dos outros.
— Você cuidava de divórcios?
— Sim. Em Nova York cuidei de muitos.
— Por que tinha outra perspectiva? — Pergunta curiosa.
— Você não vai querer saber. — Sorrio e ela avança sobre mim como um
animal selvagem. Ela distribui tapas em meus braços e quando vai tentar me dar um
na cara eu a seguro. — Caralho, isso é agressão. Vou te processar ou usar isso de
alegação para me dar bem no divórcio.
— Nós podemos fazer sexo? Só como amigos? Tipo sem compromisso?
— Sou homem direito, não faço sexo casual. Não mais. Sou um princeso,
pai de cinco crianças e um cachorro. Não sou um objeto sexual, prostituto ou algo do
tipo. — Aviso enquanto ela pega no meu pau por cima da cueca.
— Por favor.
— Não, Victória. Me convide para um jantar romântico com um bom vinho,
me envie algumas dúzias de rosas e use toda sua lábia para conseguir me levar para a
cama. Agora sou um homem a ser seduzido e não um homem a seduzir.
— Eu preciso foder com você! — Implora tentando me beijar.
— Eu costumava ser casual antes de você surgir, Victória. Mas aí você veio
e eu ganhei filhos e a ideia de sexo casual não me atrai mais. Em breve irei arrumar
uma namorada séria, alguém que possa conviver com meus filhos e que eu possa
transar livremente sem essa coisa casual. Vou dar um tiro certeiro e mirar na mulher
certa...
— Eu odeio você, Matheus!!! Arrume uma namorada e eu irei matar vocês
dois! — Ela grita.
— Sou quase divorciado, quer que eu fique sozinho? — Indago curioso.
Minha Sadgirl do caralho!
— Arrume uma namorada e você sofrerá consequências.
— Só de raiva vou arrumar uma hoje, dúvida do meu potencial? — Provoco
e ela joga um tubo de creme em cima de mim.
Não me atrevo a chegar na janela, mas devo dizer que estou bastante
curioso e ligeiramente ansioso. Já coloquei todas as crianças para dormir e agora
estou terminando de ler uma história para Isis, que já está quase se rendendo ao
cansaço.
Quando percebo que ela fechou os olhos, deposito um beijo em sua testa e
saio sorrateiramente do quarto.
O jantar é em casa, mas Vic, provavelmente está caprichando na
megaprodução, já que me enviou uma mensagem dizendo que devo estar vestindo
traje passeio completo.
Em nosso quarto tomo um banho, aparo um pouco da barba e me visto. Em
seguida, desço para sala, onde bebo um pouco de uísque ouvindo música e
aguardando o chamado.
É então que ela surge por trás de mim e venda meus olhos. Isso me deixa
arrepiado de uma maneira que não consigo compreender.
— Vic...
— Oi amor. — Ela sussurra e eu me viro para pegá-la. — Vamos?
— Você vai me guiar? — Pergunto sorrindo. Sou puxado pela gravata
enquanto a seguro pela cintura. Sou o próprio cachorro sendo conduzido, mas
pouco me importo. Estou ansioso e feliz por ela estar se esforçando. Sinto falta de
ser um pouco mimado às vezes e sei que Vic pode fazer isso, só precisava de um
empurrãozinho.
Caminhamos pelo jardim, onde ela me posiciona em algum lugar e se
afasta. Eu fico longos segundos esperando até que ela surge e retira a venda de
meus olhos.
Eu me sinto em outro lugar. Um lugar completamente diferente do jardim
da nossa casa. Está tudo iluminado com lamparinas, algumas luzes de pisca-pisca.
Há velas aromáticas, flores, puffs espalhados, tudo de extremo bom gosto.
A maior surpresa é quando me viro e encontro Victória vestida num
uniforme de empregada sexy. Eu não esperava isso. Esperava um vestido longo,
luxuoso e sexy. Mas, ela está usando esse uniforme e provavelmente tem uma cinta
liga por baixo dele, há também um generoso decote. Seus longos cabelos castanhos
estão soltos e levemente ondulados, minha garota está usando uma maquiagem
mais forte em seus olhos. Não é uma dessas fantasias de sex shop vulgar. É apenas
sensual de uma maneira que me faz querer descobrir o que há por trás dessas
vestes. Isso está me matando agora.
— Sente-se, senhor. — Convida séria caminhando até a mesa e puxando a
cadeira para eu me sentar.
— Obrigado. — Agradeço me acomodando. Estou sem palavras. Estou
explodindo de excitação e desejo, e ela apenas resolveu caminhar por todos os
lados para me provocar. É muito difícil manter o autocontrole em situações como
essa, mas, talvez eu consiga.
Ela surge com uma garrafa de vinho e a apoia sobre a mesa.
— Quer que eu abra? — Ofereço e ela sorri mostrando uma excelente
desenvoltura com o abridor. Surpreendente!
Vic coloca um pouco de vinho em duas taças e um pouco de água em
outras duas, em seguida pega sua própria taça e propõe um brinde.
— Um brinde, querido esposo. — Sorrindo, fico de pé para me juntar a ela.
— Um brinde à minha linda e provocante esposa. Um brinde ao nosso
mais novo filho e a família que construímos.
— Um brinde ao sexo que teremos hoje. — Ela diz sorrindo de um jeito
que me deixa em chamas.
— Você está safada.
— Completamente. — Pisca um olho. — Sente-se, irei servir nosso jantar.
— Estou com fome de você. Basta se deitar nessa mesa e eu irei comê-la
com voracidade. Refeição completa e sobremesa, tudo em uma só mulher.
— Eu passei a tarde toda cozinhando, então você irá comer comida
primeiramente. Iremos degustar de uma boa conversa também. — Mandona!
— Então me sirva, Sadesposa. — Sorrio e respiro fundo assim que ela se
vira. Puta merda, porque Deus me deu uma mulher dessas? Coisa mais linda e
gostosa.
Ela surge então com dois pratos, coloca um diante de mim e se acomoda
em seu respectivo lugar colocando seu próprio prato diante de si. O cheiro está
incrível, realmente incrível.
— Fiz uma quiche de alho poró, filé com champignon e arroz branco. Eu
espero que goste, dei o meu melhor. — Anuncia demonstrando um certo receio.
Seguro sua mão por cima da mesa e tento acalmá-la:
— Você fez com amor, não há qualquer chance de não gostar, princesa. —
A conforto. — Eu amo você, Victória.
— Eu amo você também, com a minha alma. — Sorrio. Ainda parece um
sonho ouvir essas palavras, parece um sonho possuir a vida que possuo hoje. Essa
filha da mãe me fez sofrer tanto no passado e olhe onde estamos?! Sentados no
jardim da nossa casa, tendo um jantar romântico
Degusto um pouco de cada alimento que há no prato. Realmente Victória
deu tudo de si para fazer esse jantar, está delicioso, tanto que nem consigo elogiar e
acabo apenas comendo.
— Hum. — Ela geme. — Meu Deus! Não fui eu quem fiz isso!
— Está além de incrível, amor. Já está pronta para assumir a cozinha. —
Brinco. — A partir de agora a cozinha é toda sua. Estou de férias. — Anuncio. —
Está maravilhoso Vic, tudo.
— Eu amo você, Theus. — Mais uma vez sorrio.
— Eu amo você. — Digo sentindo que ela está bem diferente, por algum
motivo que ainda não consegui identificar.
— Serei uma esposa melhor. — Aí está minha resposta.