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Copyright
1 - Skylar
2 - Skylar
3 - Skylar
4 - Skylar
5 - Skylar
6 - Troy
7 - Skylar
8 - Skylar
9 - Everett
10 - Skylar
11 - Skylar
12 - Forrest
13 - Skylar
14 - Skylar
15 - Skylar
16 - Skylar
17 - Skylar
18 - Skylar
19 - Everett
20 - Skylar
21 - Skylar
22 - Skylar
23 - Skylar
24 - Skylar
25 - Troy
26 - Skylar
27 - Skylar
28 - Skylar
29 - Forrest
30 - Skylar
31 - Skylar
32 - Skylar
33 - Skylar
34 - Skylar
35 - Everett
36 - Skylar
37 - Skylar
38 - Forrest
39 - Troy
40 - Skylar
41 - Skylar
42 - Skylar
43 - Forrest
44 - Skylar
45 - Skylar
46 - Skylar
47 - Skylar
48 - Skylar
Epilogo
Uma Amante Secreta para os Navy SEALs
Sobre a Autora
 
 
 
Esposa dos Fuzileiros
 
 
Un Romance Militar
de harém às avessas
 
 
 
Krista Wolf
Copyright © 2021 Krista Wolf
 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta
publicação pode ser reproduzida, distribuída ou
transmitida de nenhuma forma sem o consentimento
prévio da autora.
Imagem da capa: bancos de imagens - a história não
tem relação com os modelos.
 
 

~ Other Livros de Krista Wolf ~


Uma Noiva de Sorte
Uma Babás para os Comandos
O Acordo com meu Ex
Uma Amante Secreta para os Navy SEALs
Esposa dos Fuzileiros
 
(em inglês)
 
Quadruple Duty
Quadruple Duty II - All or Nothing
Snowed In
Unwrapping Holly
Protecting Dallas
The Arrangement
Three Alpha Romeo
What Happens in Vegas
Sharing Hannah
Unconventional
Saving Savannah
The Christmas Toy
The Wager
Theirs To Keep
Corrupting Chastity
Stealing Candy
The Boys Who Loved Me
Three Christmas Wishes
Trading with the Boys
Surrogate with Benefits
The Vacation Toy
The Switching Hour
Secret Wife to the Special Forces
Given to the Mercenaries
Sharing Second Chances
 
 
Capítulo 1
 
 
 
SKYLAR
 
Eu peguei o ritmo alongando meu passo e sacudindo meus braços.
Meus pés mal tocavam o pavimento macio e arredondado antes que eu os
levantasse novamente, me impulsionando para a frente e contornando a
próxima curva.
Seis e doze!
Eu não podia acreditar! Dormi até depois das seis horas pela primeira
vez em séculos! Quase até seis e quinze.
Era totalmente inédito. Completamente diferente de mim.
Especialmente desde...
Vamos, foco! Repreendi a mim mesma com raiva. Você pode ganhar
algum tempo aqui.
Correndo mais rápido, passei da metade do caminho e atravessei para
o outro lado da calçada. A essa hora, as árvores davam sombra mais do que
suficiente para me refrescar. Ficar longe do sol quente da manhã só
melhoraria meu tempo.
Era seu aniversário, a outra voz na minha cabeça argumentou. Não há
nada de errado em tirar um tempo para você mesma.
Isso era verdade, imaginei. Eu apenas tirei um tempo para mim.
Passei toda a noite passada festejando com meus amigos, que me levaram
para comemorar a ocasião bastante aleatória de vinte e seis anos de
existência neste planeta.
Eu me diverti na noite passada, com certeza. Jantar, dança – era muito
bom relaxar. Eu sempre preenchi tanto todos os meus dias, que às vezes
parecia que minha vida era uma grande panela de pressão. Se eu não
soltasse um pouco de vapor aqui e ali, acabaria explodindo.
Sim, mas seis e doze, Skylar?
Tudo bem, era quase duas horas depois que eu geralmente acordava.
O que significava que eu teria que cancelar alguma coisa, ou me atrasar
para outra, ou talvez até as duas opções. E eu odiava perder prazos com
todas as minhas forças.
Minhas pernas eram um turbilhão embaixo de mim, tentando
compensar algum tempo por conta própria. O Parque Town Point era
excepcionalmente bonito nesta época do ano. E com o toque de uma brisa
fresca que vinha do Rio Elizabeth, eu quase nem estava suando.
Terminei minha corrida matinal antes do previsto e economizei tempo
no elevador subindo os seis lances de escada. Chegando ao meu
apartamento, tirei minhas roupas no caminho para o banheiro, deixando
meu short e a regata no cesto antes de finalmente pisar sob as luzes azuis
frias do meu chuveiro programável.
AHHH...
A água estava fria no começo, mas eu não me importei. Deixei lavar o
suor enquanto me ensaboava, passava o xampu e me envolvia em uma
grande bagunça de espuma. Quando terminei de enxaguar tudo, a tela
digital mostrava 44 graus Celsius. Normalmente eu viraria meu rosto para
as luzes e aproveitaria para deixar o calor penetrar no meu corpo por alguns
minutos maravilhosos, mas definitivamente não hoje.
Não, hoje eu tinha um cliente às oito, outro às nove e uma chamada de
Zoom com um editor em potencial precisamente às dez e meia. Eu tinha
três horas de trabalho programadas para o início da tarde, metade das quais
seriam pesquisa e anotações, enquanto a outra metade seria escrita.
Além disso, eu iria de bicicleta até a academia e daria aula de
hidroginástica de sábado à tarde, o que me garantia a isenção de
mensalidade. Daria voltas na piscina olímpica até atingir a cota de hoje,
depois voltaria direto para casa a fim de começar a cumprir meus afazeres.
Apesar de tudo, um dia bem leve para um sábado.
Levou apenas um minuto para sacudir meu cabelo, prendê-lo em um
rabo de cavalo e me vestir para a academia. Chaves na mão, eu estava
sentando na minha cadeira do computador para verificar meu e-mail quando
meu telefone tocou.
Droga.
Meu compromisso das nove horas acabou de ser cancelado.
Suspirei, chateada com o quão descuidadamente algumas pessoas
descumprem seus compromissos no último minuto. Quero dizer, claro, às
vezes surgem imprevistos. Mas um pequeno aviso teria sido...
Meu processo de pensamento parou pela metade. E foi porque minha
caixa de entrada de e-mail estava cheia.
“Que p...”
Bem, não literalmente cheia. Mas cheia o suficiente de novas
mensagens para que elas não coubessem em uma só tela, me obrigando a
rolá-la; a fonte mais escura estava marcando-as como não lidas, e cada uma
era única e com uma linha de assunto diferente:
 
Ei, baby! Sou eu!
Parabéns – hoje é seu dia de sorte
Você é de verdade? Porque com certeza eu sou.
Ótimo perfil! Fiquei intrigado...
 
Minha testa franziu enquanto eu continuava rolando. Todas as
mensagens vinham do mesmo remetente, a partir um site de namoro
popular do qual eu havia visto um milhão de anúncios antes.
Ah MERDA.
Rapidamente, cliquei no meu histórico de navegação e lá estava: duas
dúzias de links da URL do mesmo site de namoro. Eu aparentemente criei
uma conta em algum momento na noite passada. Caramba, eu tinha até um
perfil...
Alyssa! Josie! Maria!
Meus lábios se curvaram em um grunhido controlado. Eu podia ver
minhas amigas rindo e brindando com suas taças de vinho, bêbadas e me
inscrevendo nessa merda enquanto eu dormia profundamente no quarto ao
lado. Elas se convidaram para uma bebida na noite passada e, dessa vez, eu
não disse não. Minha única ressalva era que elas precisavam manter a
música baixa depois que eu fosse para a cama, e precisavam deixar tudo
limpo antes de saírem.
Até onde eu sabia, elas cumpriram pelo menos uma dessas promessas,
porque eu acordei com a casa limpa. Mas isso...
Isso tinha sido um pouco longe demais.
“Idiotas,” suspirei alto, balançando minha cabeça. As meninas
estavam tentando me convencer a entrar em um site de namoro há meses, e
eu sempre ria delas. Estendendo a mão e selecionando todas as mensagens
com o mouse, apaguei a primeira página inteira de respostas sem lê-las. As
próximas respostas flutuaram para o topo da tela:
 
Você parece totalmente insaciável! Gosto disso.
Me mande mensagem me mande mensagem me mande mensagem me
mande mensagem
Você + eu + ? = diversão
Você é muuuuuuito bonita! Me responda
 
A última mensagem fez meu sangue ferver. Bonita? Como alguém
saberia como eu era, a menos que...
Apertando algumas teclas de atalho, abri o site e descobri que já
estava logado. Minha caixa de entrada de mensagens estava em vermelho
brilhante, com um ícone de bandeira piscando e 87 novas mensagens. Mas
não era na minha caixa de entrada de mensagens que eu estava interessada.
Em vez disso, cliquei no meu perfil...
E minhas duas mãos cobriram minha boca instantaneamente.
 
 
Capítulo 2
 
 
 
SKYLAR
 
Não foi a foto que me incomodou. Na verdade, a foto que elas
escolheram era muito boa. Foi o que minhas amigas escreveram na
biografia abaixo da minha foto que me fez suspirar alto:
 
SUPER GAROTA BUSCA
VÁRIOS NAMORADOS
PARA SATISFAZER SEU ESTILO DE VIDA INSANAMENTE
OCUPADO
 
Você é gostoso, inteligente, meigo e atlético? Legal e confiante, com
um apetite sexual voraz e uma vontade de realizar todos os objetivos mais
bonitos da vida?
 
Melhor ainda, você tem mais dois amigos como você? Ótimo! Vá
buscá-los!
 
Estou em forma demais para qualquer cara, sou ocupada demais para
qualquer agenda, inteligente demais para qualquer mente e bem-sucedida
demais para qualquer cara sozinho dar conta.
 
Então, por que desperdiçar meu tempo e o seu? A menos que haja três
de vocês, eu realmente não estou interessada. E é melhor cada um de vocês
estar à altura!
 
Desculpe pela honestidade brutal, mas ei, estou procurando fazer com
que isso dê certo. Então, se você chegou até aqui e ainda há qualquer
dúvida em sua mente, já está desqualificado por uma total falta de
confiança.
Apenas ofertas sérias!
~ Com amor, Skylar ~
 
Puta que pariu!
Elas usaram minha foto e meu nome? Essas meninas tiveram
coragem! E eu ainda podia vê-las fazendo isso também. Josie
provavelmente estava rindo muito, enquanto Alyssa e Maria pensavam na
maior parte dessa merda. E pobre de mim, roncando alegremente no quarto
ao lado. Totalmente alheia à diversão que elas estavam tendo às minhas
custas.
E havia outras fotos de perfil também. Percorri todas os cinco, cada
uma me retratando em várias atividades físicas, como escalar, esquiar e
surfar. Na última foto, eu estava me esticando uma pose de ioga na praia,
estendendo a mão atrás de mim para segurar uma perna acima da minha
cabeça.
“Vocês fizeram nisso,” praguejei, pressionando as teclas que iriam
apagar a próxima página de mensagens. “Não sei como vou retribuir o favor
ainda, mas vocês vão me pagar por...”
BZZZZT!
Meu telefone tocou novamente, e desta vez era minha outra cliente.
Ela não seria conseguiria chegar até as oito horas, e queria saber se eu
poderia atendê-la às onze horas.
Não... pensei comigo mesma com raiva. Não poderia.
Mandei uma mensagem de volta, dizendo que estaria ocupada mais
tarde e que remarcaríamos para a próxima semana. Ser ‘personal trainer’
em quatro academias diferentes era ótimo quando se tratava da flexibilidade
de fazer meu próprio horário. Mas também era uma porcaria às vezes,
exatamente por motivos como esse.
Levei um momento para me acalmar, agora que minha manhã não
estava tão cheia como há alguns minutos. Página por página, excluí as
respostas ao ‘meu’ anúncio de disponibilidade. Quando terminasse,
excluiria o perfil e pronto.
No final, porém, vi uma resposta que me fez parar:
 
Você pode deletar todas as outras mensagens, Skylar. Nós somos os
*únicos* que podem lidar com você.
 
Sim, tá certo, eu ri. Bela tentativa.
Meu dedo ainda pairava sobre o botão de deletar. Quem quer que
fosse, obviamente havia tirado a informação do próprio perfil, e eu tinha
que admitir que o uso do meu nome era uma distração inteligente.
Novamente fui deletar. Novamente fiz uma pausa. Por fim, apaguei
todo o resto – exatamente como havia sido instruído – até que esta
mensagem fosse a única que restava.
Foda-se.
Cliquei duas vezes, depois me recostei enquanto meu navegador me
levava ao perfil do remetente. Uma série de fotos excitantes, de corpos
esculturais, se espalharam na parte superior da minha tela. Homens tão
absurdamente esculpidos e musculosos que quase pareciam fisiculturistas,
mas pela forma esbelta e elegante como aqueles músculos descansavam
naturalmente em seus corpos, eu sabia que não eram.
Não havia rostos nas fotos, apenas corpos do pescoço para baixo.
Ombros largos e bonitos afunilados para peitos largos e peitorais
esculpidos. Os grandes braços que brotavam de ambos os lados eram fortes,
definidos e muito poderosos.
“Sim…” eu ri. “Certo.”
Meus olhos ficaram lá por um tempo, apreciando exatamente onde
estavam. Finalmente eu os forcei para baixo, para ler um perfil muito
semelhante ao meu:
 
TRÊS (3) FUZILEIROS AMERICANOS
PROCURANDO UMA ESPOSA
PARA SATISFAZER SEU ESTILO DE VIDA INSANAMENTE
OCUPADO
 
Você é bonita, inteligente, amável e mente aberta? Ousadamente bem-
sucedida e autoconfiante, com um apetite sexual insaciável e energia sem
limites?
 
Melhor ainda, você fica entediada saindo com apenas um cara?
Ótimo! Temos a solução perfeita!
 
Estamos em forma demais para uma garota comum, somos ocupados
demais para um relacionamento comum, inteligentes demais para pensar
dentro da caixa e ousados o suficiente para pedir exatamente o que
queremos.
 
Então, por que desperdiçar mais do nosso tempo? Acontece que
somos exatamente o que você está procurando, e você é exatamente o que
precisamos. No que nos diz respeito, já deveríamos estar juntos, nós quatro.
Detonando.
 
A não ser que seu anúncio não seja sério, é claro. Ou a menos que
você esteja apenas falando merda.
 
Pronto, todas as cartas estão na mesa agora.
A bola está com você, Skylar.
~ Fuzileiro Naval dos EUA(x3) ~
 
Ummm... uau.
Eu examinei as fotos novamente, então li o anúncio mais duas vezes.
Era divertido. Ridículo. Talvez fosse até gozação.
Foda-se.
De volta à minha caixa de entrada de e-mail, pressionei ‘delete’ e a
mensagem foi embora. Eu estava olhando para alguma outra mensagem
mais chata em seu lugar. Algo sobre mudanças de horário sazonais em um
dos centros de treinamento que eu usava.
Será que eles realmente estavam de gozação comigo?
De alguma forma, sem perceber o porquê, um dos meus dedos se
moveu para o botão CTRL. Segurei e apertei ‘Z’... e a mensagem voltou
para minha caixa de entrada.
Alguns momentos depois, meu telefone estava na minha mão. Eu
disquei o contato de Josie da minha lista de chamadas e escutei quando ele
tocou três vezes no lado dela.
“Alô?”
“Ei,” comecei. “Vocês, lunáticas, ainda estão tomando café da manhã
naquele lugar a quatro quarteirões do meu apartamento?”
Do outro lado do telefone, minha amiga parou. “Está mais para seis
quarteirões, mas sim”, ela respondeu. “Acabamos de chegar, na verdade.
Eles nem nos entregaram os cardápios ainda.”
“Bom,” eu disse, pegando meus tênis de corrida novamente. “Estarei
aí em cinco minutos.”
 
 
 
Capítulo 3
 
 
 
SKYLAR
 
Embora meu café da manhã de aniversário tenha sido planejado meses
atrás, eu cancelei apenas na semana passada. Só que as meninas foram lá
tomá-lo de qualquer maneira, um tanto provocativamente, depois da nossa
noite na cidade. Elas precisavam dele para cuidar de suas ressacas, e
principalmente para fofocar sobre os eventos da noite anterior.
Você não tinha clientes esta manhã?” perguntou Naomi, enquanto eu
sentava ao lado dela.
“Eu tinha”.
Minha amiga mais tímida e reservada piscou seus lindos olhos verdes.
“Você já os atendeu?”
“Não. Eles cancelaram.”
“Ah.”
“Não dá para confiar em ninguém hoje em dia”, expliquei,
examinando um dos cardápios laminados do restaurante. “Todos são
imbecis, egoístas e irresponsáveis que pensam que o mundo inteiro gira...”
“Skylar?” Josie riu.
“O que é?”
“Desacelere um pouco.”
Minha melhor amiga tomou um gole de seu café, sorrindo para mim
do outro lado da enorme mesa. O cabelo loiro de Josie ainda estava
molhado do banho. Ontem à noite eu vi enquanto ela dançava em uma
grande multidão emaranhada, agitando-se pela pista de dança com um
punhado de parceiros interessados – e até mesmo não interessados.
“Então sou muito acelerada, é?” perguntei. “É isso?”
“Parece que sim, isso.”
O garçom finalmente veio e me serviu meu café, o que provavelmente
salvou algumas vidas. Uma por uma, pedimos o café da manhã. Como
sempre, Renée demorou três vezes mais do que qualquer outra pessoa.
Depois de sua segunda tentativa de incluir uma pilha pequena de panquecas
no seu pedido pelo preço da refeição infantil, peguei o cardápio de sua mão
e dei um tapa na cabeça dela com ele.
“Em todo caso, você não precisa de todos esses carboidratos.”
Ela franziu a testa, eu ri, e a conversa continuou. Naomi perguntou
sobre as partes da noite que ela perdeu depois de ter ido para casa mais
cedo. Renée, que caiu fora depois do clube, queria saber até que horas a
festa continuou no meu apartamento.
“Mais umas duas horas, eu acho,” Alyssa deu de ombros, olhando
para Naomi. “Tivemos outra rodada de coquetéis e conversamos por um
tempo. Skylar foi para a cama quase imediatamente, então…”
“Skylar tinha trabalho no dia seguinte,” eu disse, falando de mim
mesma na terceira pessoa.
“Nós ainda nos divertimos,” Maria concordou, abaixando a cabeça
ligeiramente. Eu assisti quando a morena do Arizona lançou um olhar
disfarçado, meio de lado, para Josie. “Muita diversão.”
“Se você quer dizer que tiveram muita diversão às minhas custas,” eu
zombei, “então claro. Concordo.”
Uma a uma, as meninas ficaram quietas, cada uma esperando que a
outra falasse. O silêncio se estendeu. Ficava mais constrangedor a cada
segundo que passava.
“Eu vi o perfil que você fizeram para mim,” finalmente suspirei.
“Vários namorados? Mesmo?”
“Skylar...”
“Quero dizer, merda, eu sei que irrita vocês o fato de eu não ter
namorado há um tempo”, continuei. “Mas me jogar aos lobos desse jeito? E
enquanto eu estava dormindo, ainda por cima...”
“Skylar, escute...” Alyssa interrompeu.
“O que faria minhas amigas fazerem algo assim?” continuei,
recostando-me com meu café. “Algo tão tosco. Tão mesquinho.”
“A intenção nunca foi sermos mesquinhas,” Renée interveio.
“Algo tão insultante e insensível e...”
“Certo, quer a verdade?” Josie perguntou.
“Sim. Claro que quero...”
“Skylar, odiamos você.”
As palavras pareceram parar tudo, incluindo o tempo. Eu fiquei lá
perplexa, totalmente imóvel. Até mesmo a conversa barulhenta de fundo do
restaurante se foi.
“Vocês... me odeiam,” resmunguei baixinho.
Pior de tudo, as palavras tinham vindo da minha melhor amiga.
“Bem, sim e não,” Josie confirmou. “Quero dizer, Skylar, nós amamos
você. Você é nossa melhor amiga! Você sempre esteve à disposição para
nós, e sempre teve nosso apoio.”
Franzi minha sobrancelha em confusão. Eu estava esperando,
preparada para o pior.
“Mas...?”
“Mas... bem... nós também odiamos você,” Alyssa confirmou. “Você
tem o melhor emprego, a melhor aparência, a melhor ética de trabalho.
Além disso, você tem mais motivação e ambição do que todas nós juntas.”
Ao redor da mesa, as outras acenavam com a cabeça, concordando
lentamente. Elas pareciam extremamente aliviadas por não terem sido as
únicas a abordar o assunto.
“Você acorda cedo todos os dias”, ressaltou Maria. “Você corre oito
malditos quilômetros antes mesmo de tomar café.”
“Dez,” corrigi.
“Viu?” disse Alyssa. “Você está sempre nos corrigindo em tudo,
também. Em todas as nossas mensagens de texto, você está sempre
corrigindo nossa ortografia e gramática.”
“E daí?” dei de ombros. “Você não quer saber quando está errada
sobr...”
“Não!” Josie riu. “Não queremos!”
“Você tem o melhor cabelo,” disse Alyssa. “O melhor apartamento...”
“Definitivamente o melhor apartamento,” Maria lamentou.
“Você de alguma forma consegue ficar bêbada sem ficar de ressaca,”
Naomi destacou. “Todas as vezes, também. Você é realmente como uma
Super Garota!”
“Mas...”
“E além de tudo isso, você namora todos os caras realmente gostosos,
Skylar! Todos esses caras muito fofos, muito legais, dispostos a dar o
mundo inteiro para você, e em vez de amá-los de volta, você acaba
descartando-os de qualquer maneira.”
Alyssa apontou ao redor da mesa em um círculo. “A maioria de nós
mataria para ter caras como aqueles que você joga fora”, ela exclamou. “É
completamente perturbador. Chega a ser criminoso!”
Elas estavam certas, é claro. Fazia tempo que eu não conseguia
manter um relacionamento. Ou eu ficava entediada muito rápido, ou
afastava os caras por outros motivos. Razões que eu não conseguia
identificar. Talvez até motivos como este.
“Sabe o que você é?” perguntou Renée.
Eu estava atordoada demais para responder. Apenas balancei minha
cabeça.
“Você é uma saltadora de cercas”, minha amiga continuou. “Para
você, a grama é sempre mais verde do outro lado. Então, você pula e dá
umas voltas por lá. Sem nem se importar de quem é o gramado! Enfim,
você faz isso, e assim que eles se acostumam a ter você na vida deles, você
olha por cima da próxima cerca e decide que prefere estar lá.
Porra. A observação era tão precisa que eu não podia nem
argumentar.
“Eu sou tão babaca assim?” resmunguei.
“Não, não propriamente uma babaca,” Alyssa respondeu. “Mais
como... bem...”
“Veja, você está aqui há cerca de dez minutos”, disse Josie. “Até
agora você vetou as panquecas de Renée, deu um tapa no cardápio dela e
fez o garçom trocar minha torrada branca por uma de trigo integral.”
“Puta merda,” xinguei dramaticamente. “Eu sou uma babaca!”
“Ah, pare com isso,” Maria interrompeu. “Você não é uma babaca. Só
é irritantemente inteligente e exageradamente bem-sucedida. E embora você
não seja arrogante sobre isso, também não é propriamente o que
poderíamos chamar de humilde. Você é apenas cegamente ambivalente em
relação ao que todos ao seu redor estão pensando e sentindo. Você é
apenas... apenas... SKYLAR.”
Olhei para a superfície espelhada do meu café preto. O reflexo
olhando para mim não tinha nada a dizer.
“Desculpem se faço essas coisas,” eu disse finalmente. “Realmente
sinto muito.”
“E pedimos desculpas por montar esse perfil ontem”, disse Josie. “Foi
mal.”
“Não,” eu sorri. “Foi até meio engraçado, na verdade.”
Alyssa olhou para Maria com cautela. “Nós pensamos assim também
na hora, mas...”
“Acreditem ou não, alguém respondeu.”
Josie bufou. “Claro. Aposto que muitas pessoas responderam.”
“Bem, responderam,” eu disse, “mas um deles estava falando sério.
Uma das respostas na verdade tinha três caras.”
“É mesmo?”
“Caras gostosos?” Maria perguntou, animadamente se inclinando.
“Caras atléticos?”
Assenti lentamente. “Melhor ainda.”
Fiz uma pausa, finalmente aproveitando o momento. Todas as cinco
prestaram atenção em cada palavra minha.
“Militares.”
 
 
Capítulo 4
 
 
 
SKYLAR
 
Se o fim de semana era longo – e com certeza era – a semana era dez
vezes mais difícil.
Por um lado, eu estava absolutamente abarrotada de clientes. Havia
novos clientes. Clientes antigos. Alguns que desistiram e de repente
voltaram à ativa, e outros que de alguma forma queriam reagendar os
treinos perdidos exatamente no mesmo horário.
Eu também atendia em domicílio, e esses pagavam melhor do que
todos. Para algumas pessoas, o dinheiro era uma questão menor,
especialmente quando se tratava de sua saúde. No começo, eu havia
aceitado pessoas satisfeitas em treinar nos quintais com nada além de bolas
medicinais e elásticos de resistência, mas agora havia academias domésticas
completas. Muitas delas eram decoradas com os melhores equipamentos
comerciais disponíveis, alguns deles até melhores do que as academias em
que eu normalmente trabalhava.
Mas por mais que eu adorasse treinar pessoas, minha paixão havia
mudado. Quanto mais me envolvia no aspecto nutricional de se manter
saudável, percebia que amava ainda mais outra coisa: cozinhar.
Agora eu tinha um guia nutricional no catálogo de diferentes editoras,
além de estar trabalhando em dois diferentes livros de receitas. Minha
cozinha em si era um trabalho em andamento. Eu estava no processo de
obter tudo o que precisava para tornar minhas fotos realmente populares,
enquanto pesquisava as câmeras certas que eu precisaria para começar a
lançar vídeos também.
Mas, em meio a tudo isso, meu treinamento vinha em primeiro lugar.
No final da semana, eu estava particularmente exausta, e não estava
levando isso a sério. Meu corpo exigia descanso, e eu normalmente ouvia o
que meu corpo me dizia.
Talvez fosse por isso que eu estava sentada na minha mesa,
vasculhando e-mails antigos enquanto tentava relaxar. Eu vi o e-mail dos
três fuzileiros navais – a única resposta do site de namoro que eu não havia
excluído – e cliquei no perfil deles novamente.
Certo, tudo bem. Talvez eu tenha clicado duas ou três outras vezes
durante a semana também.
“Você tem que sair com eles!” Josie e as outras me imploraram. “Pela
ciência!”
Ciência. Sim, tá bom.
Descansando o queixo em minha mão, deixei meus olhos dançarem
sobre aqueles corpos rígidos e bonitos. Com certeza eram três. Eu podia
distinguir os três tipos de corpos distintos, incluindo um peitoral maciço
que tinha uma tatuagem de letras no alto.
Como era alguém que treinava, pude admirar sua força! Seu poder
bruto e puro. Mas havia uma casualidade na maneira como eles se portavam
também. Uma confiança tranquila que me dizia que eles não estavam
posando ou apenas enaltecendo seus músculos.
Mas como mulher…
Deus.
Como mulher, eu estava perdida na fantasia de estar envolvida
naqueles braços. De ser esmagada com força contra um daqueles peitos
duros e bem esculpidos, enquanto traçava meus dedos lentamente ao longo
de cada subida e descida daqueles abdominais de tanquinho.
O perfil era novo em folha. Tinha a mesma data de criação que o meu,
o que significava que eles o criaram com o único propósito de entrarem em
contato comigo. Eles até deixaram a parte ‘Skylar’ em destaque no perfil
deles.
Parece que eles querem você.
Eu não tinha nada para fazer. Ninguém para ver. Havia deixado
intencionalmente minha agenda vazia nesse fim de semana, para o caso de
eu querer descansar e recarregar as baterias.
“Aposto que nada disso é real”, eu disse ao meu apartamento vazio.
“Podem ser fotos de banco de imagens, até onde eu saiba.”
Em um impulso, apertei o botão MESSAGE no topo do perfil dos
caras. Antes que eu pudesse pensar, meus dedos estavam digitando:
 
Tudo bem. Um de vocês, grandes e belos
fuzileiros
pode encontrar comigo neste sábado.
Não importa qual.
 
Em um movimento fluido, apertei o botão ENVIAR. Então eu ri de
mim mesmo por ser tão boba.
“Olhe para você”, ri alto. “Está assim tão desesperada?”
Imediatamente me perguntei por que tinha me incomodado. Talvez
fosse porque eu estava me desafiando a estar errada. Ou talvez esperasse
não estar certa.
Você não precisa ficar desesperada, sabe...
Na verdade não. Eu tinha uma enorme quantidade de ex-namorados
que eu podia chamar para certas coisas, muitos dos quais ainda estavam
ligados em mim. Eu poderia descartar aqueles que envolvessem términos
conturbados, e ainda me restaria um punhado de números para discar. Seria
necessário apenas um contato. Uma mensagem de texto com palavras
sugestivas, e em breve eu poderia estar cumprindo a única necessidade que
negligenciei por muito tempo...
BZZZZT! BZZZZT!
Meu telefone tocou, me tirando do meu quase devaneio. Não era uma
mensagem de texto, ele estava tocando de fato.
O que ...
Era um número que eu não reconhecia. Antigamente eu ignorava
esses números, mas às vezes os clientes ligavam dos telefones de seus
parceiros e tal.
“Alô?”
A voz do outro lado do telefone era profunda e ressonante, e
totalmente diferente de qualquer outra que eu já tinha ouvido.
“Desculpe, Skylar,” ele disse simplesmente. “Não funciona assim.”
Minha mente disparou, tentando relacionar a voz com um rosto. No
entanto, não consegui nem a pau.
“Quem é?”
“Um dos seus grandes e belos fuzileiros,” a voz disparou de volta.
 
 
Capítulo 5
 
 
 
SKYLAR
 
Puta MERDA! Minha respiração ficou presa na garganta.
“C... Como você conseguiu esse número?”
“É parte do seu perfil.”
Minhas sobrancelhas se uniram. Essa parte não fazia sentido.
“Se esse fosse o caso, eu estaria lidando com centenas de ligações
durante toda a semana.”
“Centenas, hein?” disse a voz, levemente divertida. “Só que a segunda
parte do seu perfil não é revelada até você enviar uma mensagem para
alguém de volta.”
Segunda parte do meu...
Revirei meus olhos. Eu podia apenas imaginar o que as meninas
haviam postado na segunda parte do meu perfil.
“Uau,” eu disse. “Acho que isso faz sentido, então. No entanto, você
poderia apenas ter me mandado uma mensagem de volta.
“Sim, bem...” a voz ronronou profundamente. “Nós não somos
exatamente o tipo que manda mensagem.”
Nós não somos. Tipo ‘nós’.
A pluralidade me trouxe de volta à realidade da situação.
“Então, eu acho que você está querendo sair com a gente amanhã à
noite?” o homem perguntou.
“Um de vocês, talvez,” eu dei de ombros.
“Como eu disse, não funciona assim. Nós somos um pacote
completo.”
“Vocês são fuzileiros,” provoquei. “Disputem entre vocês.”
Levantei-me e servi rapidamente uma taça de vinho. Então me
acomodei na cadeira do computador, deixando-a girar para a esquerda e
para a direita enquanto olhava para as fotos.
“Além disso, como eu sei que essas fotos são legítimas? Vocês nem
mostraram seus rostos.”
BZZZZT!
A tela do meu telefone mudou para uma imagem minha. Em letras
grandes e em negrito, a palavra FACETIME... apareceu.
“Uau.”
Havia um botão vermelho para recusar e um botão verde para aceitar.
De repente, eu fiquei dividida.
Você é quem jogou a isca, me lembrei bruscamente. Agora não vai
deixar que ele a fisgue?
Olhei de volta para a minha imagem, descansando casualmente na
minha cadeira. Eu parecia apresentável o suficiente. Voltando a afofar meu
rabo de cavalo sem nenhum motivo específico, pressionei ACEITAR.
A tela se encheu imediatamente com um lindo rosto barbudo.
“Ficou um pouco melhor para você?” o homem sorriu.
“Sim”, respondi, tomando meu vinho despreocupadamente. “Acho
que sim.”
O homem na minha tela tinha cabelo loiro escuro, corte relativamente
curto e um maxilar suave e masculino. Mesmo pelo telefone, eu podia dizer
que seus olhos eram de um tom incrível de azul claro.
“Bom. Eu sou o Troy.”
Inclinei meu copo em sua direção. “Skylar.”
“Prazer em conhecê-la, Skylar.”
Eu ri. “Isso é um pouco estranho, não é?”
“Apenas se quisermos que seja.”
Troy estava sentado em uma mesa em uma sala iluminada, com o que
parecia ser uma cozinha atrás dele. Usava uma camiseta branca simples e
um boné camuflado. Embora eu só pudesse vê-lo da cintura para cima, ele
definitivamente parecia um fuzileiro. No que me dizia respeito, isso era
uma coisa boa.
“Então as fotos eram todas verdadeiras, hein?” perguntei.
“Claro.”
“Prove. Tire sua camisa.”
Eu disse as palavras apenas meio esperando que ele concordasse.
Depois de um sorriso rápido, o homem se abaixou e enrolou sua camiseta
sobre seu corpo em forma de V. Centímetro por centímetro glorioso, ele
revelou seu lindo peito, braços, ombros. Rapidamente eu os comparei com
as fotos ainda espalhadas na tela do meu computador.
“Ah, então você é o tatuado.” Bati no mesmo ponto do meu próprio
peito. “O que é isso?”
“0331.”
Apertei meus lábios. “É uma data ou algo assim? 31 de março?”
“Não.”
“Então o que significa?”
Troy coçou divertidamente um pedaço da sua barba loira sexy.
“Talvez eu diga a você no nosso encontro.”
Ele se inclinou para a câmera, olhando para mim com aqueles olhos
azuis cristalinos. Senti uma onda de excitação. Quase como se ele pudesse
passar pela tela e me inspecionar pessoalmente.
“Certo,” eu disse, finalmente satisfeita. “Acho que você é mesmo
real.”
“Bom,” Troy sorriu. “Agora tire sua camisa.”
Eu ri. “Lamento. Não funciona assim.”
Ele deu de ombros inocentemente.
“Pelo menos eu tentei”.
“Você tem alguma tatuagem?” ele perguntou.
Eu hesitei, observando enquanto ele colocava o boné de volta. Ele
ainda estava distraidamente sem camisa, no entanto. Na verdade, acho que
intencionalmente.
“Vamos lá, Skylar,” ele sorriu. “Seu perfil falava tudo sobre confiança.
Ou era só conversa fiada?”
Engoli em seco, meio querendo dizer a ele que o perfil não era meu,
para começar. Ainda assim, o cara tinha um argumento.
Abaixando a mão, arregacei a manga do meu braço esquerdo. Minha
tatuagem no antebraço apareceu: os nomes da minha mãe e do meu pai
rabiscados em um lindo mostrador de relógio preto e cinza, junto com um
par de datas muito significativas.
“Hummm. Você perdeu seus pais, não foi?”
Por um momento eu não disse nada. Finalmente assenti.
“Sinto muito,” disse Troy. Sua voz estava sombria enquanto ele
olhava ainda mais para a tela do seu lado. “E o relógio é para lembrar de
que todos temos os dias contados?”
“É um lembrete de que eu preciso mexer meu traseiro”, respondi.
“Que não temos tanto tempo quanto pensamos que temos.”
“Amém a isso.”
Troy ergueu o antebraço. Havia uma tatuagem de adaga lá que eu não
havia notado antes, junto com uma faixa esvoaçante que envolvia o punho.
Havia um nome na faixa e uma data abaixo dela.
“Eu perdi Amos, meu irmão mais velho, há alguns anos,” ele disse.
“O maior fodão que você possa imaginar. Três missões de combate no
Iraque, duas no Afeganistão.”
“Sinto muito.”
“Sim, todos sentimos. Mas quer saber? Ele viveu. Cada momento,
cada dia, ele viveu a vida ao máximo.” Um sorriso passou pelo rosto de
Troy, sua expressão pacífica, mesmo lembrando disso. “Todo mundo morre.
Como você vive é o que importa.”
Nossos olhos se encontraram, e um clima rolou entre nós. Houve um
entendimento silencioso; uma afinidade compartilhada na perda. Embora eu
estivesse falando com ele por menos de cinco minutos, me senti
inexplicavelmente atraída por esse homem.
“Então você vai me levar para sair amanhã?” pressionei.
Ele balançou a cabeça. “Não apenas eu. Forrest e Everett também.”
“Forrest,”, repeti, saboreando o nome. “Everett.”
“Sim. É tudo ou nada.”
Um encontro triplo. Meu estômago deu uma reviravolta.
“Então, onde eles estão?” perguntei. “Deixe-me falar com eles.”
“Exatamente agora eles estão fora.”
“Hummm...”, fiz uma pausa, tomando outro gole do meu vinho.
“Parece que seria mais fácil se fôssemos apenas você e eu.”
“Não é o que dizia seu perfil.”
Não era meu perfil, eu quis dizer. Eu não pedi por nada disso.
“Skylar…”
Olhei para cima, e Troy estava vestindo sua camisa de volta. Seus
bíceps se curvaram em duas pedras perfeitas quando ele a puxou para baixo
sobre os ombros.
“Seu perfil diz que você mora perto do rio, junto aos pátios da
ferrovia.”
Assenti mecanicamente. “Avenida Westover. Sim.”
“Me mande seu endereço, e nós vamos buscá-la amanhã. Digamos às
sete.”
Minha mente procurou uma desculpa, uma razão para fugir. Qualquer
motivo.
Não surgiu nada.
“C... Certo.”
“Bom,” Troy sorriu, seu rosto bonito se projetando para frente. Ele
estava curvado agora, muito perto da câmera enquanto amarrava as botas.
“Os caras vão ficar pilhados.”
Os caras. Não importa quantas vezes eu repetisse a frase, por algum
motivo ainda não parecia estranho.
“Espero vocês então.”
 
 
Capítulo 6
 
 
 
TROY
 
Ela tinha olhos verde-esmeralda muito ardentes. Essa foi a segunda
coisa que notei nela. A primeira foi a maneira como ela se portava, que era
ainda mais confiante do que eu esperava. Foi uma coisa boa também,
porque eu comecei a me preocupar que o perfil dela pudesse ser um monte
de besteira, só enganação.
“Skylar!”
Eu pulei da caminhonete, que Everett manteve parada no meio-fio em
frente ao prédio dela. Enquanto eu a puxava em um abraço breve, mas
amigável, ela ainda estava boquiaberta de espanto por cima do meu ombro.
“O que diabos é isso?”
Tive que segurar uma risada. Isso acontece muito.
“É um M925a2 6x6”, respondi. “Peguei no ano passado em um leilão
de excedentes.”
Ela ainda estava atordoada com o tamanho do caminhão militar.
Tentei me lembrar da primeira vez que vi algo tão grande e das minhas
próprias reações a isso.
“Deve pesar uma tonelada,” Skylar respirou.
“Cinco toneladas, na verdade,” Forrest gritou. Ele estava sentado no
alto do lado do passageiro, quase um metro acima de nós. “Vocês vão
entrar? Estamos meio que atrapalhando o trânsito.”
Skylar ainda estava olhando a caminhonete de cima a baixo,
procurando um apoio de mão, uma barra de apoio ou algo semelhante.
“Vou precisar de uma escada para entrar nessa coisa!” ela exclamou.
“Não, não vai.”
Agarrei-a pela cintura e a levantei, enquanto Forrest estendia as duas
mãos. Senti seu peso ser transferido para os braços de meu amigo, que a
arrastou para dentro da enorme cabine do caminhão.
“Chega pra lá.”
Três segundos depois, estávamos todos sentados lado a lado no
enorme banco. Everett agarrou o câmbio e o colocou em marcha, mas não
antes de cumprimentar nossa convidada com um beijo rápido na bochecha.
“Bem-vindo ao Behemoth”, ele disse, girando o volante com as duas
mãos. “Sou o Everett. E esse é o Forrest.”
Skylar balançou a cabeça. “O cara sem cabeça à esquerda ou o cara
sem cabeça à direita?” ela sorriu, referindo-se às nossas fotos de perfil.
“Isso realmente importa?” Everett perguntou.
“Nem um pouco, não.”
“Certo então.”
Entramos no trânsito, o que foi mais fácil do que parecia. As pessoas
em Norfolk geralmente estavam acostumadas a ver grandes veículos
militares. Elas costumavam abrir caminho para eles.
“Isso é que é um caminhão, Everett”, disse Skylar com uma risada.
“Claro que é,” concordei. “Eu quase diria que ele está tentando
compensar alguma coisa”, acrescentei uma piscadela. “Mas eu já tomei
banho com ele, então sei que não é bem assim.”
Eu esperava que ela corasse, ou se esquivasse do comentário. Em vez
disso, ela entrou na onda, o que foi ainda melhor.
“Vocês sempre tomam banho juntos?” Skylar perguntou.
“Apenas quando estamos com pressa,” disse Forrest.
“Atualmente nós dividimos um lugar,” expliquei, “e o chuveiro só tem
tamanho suficiente para uma pessoa por vez. Forrest sente falta de olhar
para minha bunda às vezes, mas ele vai superar isso.”
“Eu não sei,” Forrest argumentou. “É uma bela de uma bunda.”
“Você não sabe disso”, eu sorri.
Era nossa brincadeira de sempre, só que agora estávamos fazendo isso
na frente de outra pessoa. E não qualquer outra pessoa, mas uma mulher. E
tampouco qualquer mulher.
“Então o que acontece exatamente em um encontro três em um?”
Skylar perguntou docemente.
“Não sei,” eu disse. “Nós nunca saímos com apenas uma garota.”
“Achei isso, já que seu perfil foi feito sob medida para se encaixar no
meu.”
Ela estava nos estudando um por um, através dos olhos estreitos e
cílios grossos e longos. Eu me perguntei distraidamente se ela tinha noção
de quão atraente realmente era.
“Sim, bem, você tem sorte de estarmos brincando naquele site”, disse
Everett.
“Sorte, é?”
“Hum-rum. Vimos seu perfil e precisávamos saber que tipo de garota
não pode ser satisfeita por nada menos que três homens.”
“Então isso tudo é apenas um LARP, hein?” Skylar desafiou. Seus
lindos olhos verdes brilharam ousadamente.
“Um o quê?”
“Um LARP,” ela repetiu. “Um jogo de interpretação de papeis ao
vivo. Vocês são apenas turistas, de sacanagem em um site de namoro,
zombando da garota saidinha. Vocês não têm realmente costume de
compartilhar uma mulher, não é?”
A pergunta fez nós três recuarmos um passo. Por alguns momentos de
silêncio constrangedor, tudo o que pudemos fazer foi olhar de um lado para
o outro.
“Everett e eu estamos totalmente comprometidos com isso”, eu disse
finalmente. “Conversamos sobre isso sem parar desde que vimos seu
perfil.”
Skylar virou para encarar Forrest. Aninhada entre nossos dois grandes
corpos, ela o cutucou nas costelas. “E você?”
“Acho que estou cinquenta por cento”, Forrest deu de ombros. “Quero
dizer, tenho certeza de que posso lidar com isso. Considerando o quão
ocupados estamos, pode até dar certo.” Ele parou por um momento para
olhar nossa convidada de cima a baixo. “Só tinha minhas dúvidas de que
encontraríamos uma garota que levaria a sério o assunto.”
“Além do mais,” eu disse. “Seu perfil também era novo em folha.”
“Com certeza era,” Skylar concordou.
“Então, talvez seja apenas uma coincidência. Sorte. Destino.”
Ela zombou. “Você não acredita nessa merda, acredita?”
Os caras riram juntos às minhas custas. “Ele é o romântico”, disse
Everett, apontando o polegar na minha direção. “Nós somos os realistas.”
Ele girou o volante para a esquerda, virando o caminhão grande por
uma avenida menos movimentada. Havia lojas alinhadas dos dois lados.
Restaurantes também.
“Então você está pronta para ser a esposa de três belos fuzileiros?”
Forrest perguntou. “Ou pelo menos dois bonitos”, ele apontou um dedo em
direção a seu próprio peito, “e um que é quase um modelo.”
Todos os olhos caíram sobre Skylar em seu jeans apertado e pré-
rasgado. Suas curvas eram incríveis. A musculatura sob o tecido fino
também.
“Talvez,” Skylar concordou astutamente. “Mas antes que vocês todos
se casem comigo, podemos pelo menos pegar algo para comer primeiro?”
Quando ela terminou, Everett nos guiou até o nosso destino, em uma
vaga dupla de estacionamento. A expressão de Skylar poderia ser melhor
descrita como adoravelmente confusa.
“Claro que podemos”, sorri, abrindo a porta.
 
 
Capítulo 7
 
 
 
SKYLAR
 
O ‘jantar’ era um prato grande e nada saudável de cheeseburgers e
batatas fritas, compartilhado em nossos colos enquanto esperávamos os
trailers começarem. Porque sim, estávamos comendo em um cinema.
“Novamente... o que exatamente nós vamos ver?”
“A Besta em Marte”, respondeu Forrest, passando-me dois daqueles
copinhos de papel branco cheios de ketchup.
“Besta?” repeti. “Em M...”
“Confie em nós. Você vai adorar.”
Estávamos em um daqueles cinemas novos e chiques, com assentos
eletrônicos reclináveis. Aqueles que serviam comida e bebida diretamente
no seu assento numerado.
“E se eu não gostar da Besta em Marte?” perguntei por acaso.
“Então você vai esperar até o nosso próximo encontro”, disse Everett.
Ele enfiou três batatas fritas na boca e simultaneamente piscou para mim.
“Filme de ação desta vez, comédia romântica na próxima.”
Eu tinha que admirar a bravata deles. Ri, principalmente por dentro,
quando me entregaram três canudos. Peguei um para mim e passei os outros
dois adiante.
“Então esse é o tipo de mimos que eu deveria esperar tendo três
namorados?”
Forrest olhou ao redor do cinema quase vazio e riu. “Baby, isso é só
uma amostra grátis.”
A comida era muito melhor do que eu esperava, e o filme não era tão
ruim. Não ganharia nenhum prêmio nem nada, mas era cheio de ação e
humor o suficiente para deixar para lá.
Nesse meio tempo, passei grande parte do filme fazendo um balanço
dos meus três ardentes pretendentes. Porque além de tão gostosos quanto
pareciam em suas fotos de perfil, os caras eram ainda mais impressionantes
e bonitos pessoalmente.
Caramba. Olhe só para eles!
Eu fiz exatamente isso, e às vezes minhas olhadas de rabo de olho
também não eram o que eu poderia chamar de secretas. Troy era tão alto e
maravilhosamente atraente quanto em nosso encontro no Face Time, mas
seus amigos eram ainda maiores. Everett tinha pelo menos 1,85m. Ele
ostentava o corpo esguio e robusto de um jogador de vôlei que sempre me
atraiu, junto com as costas em forma de V e uma bunda tão redondinha que
eu podia imaginá-la flexionando e penetrando, em algum lugar entre minhas
pernas...
Skylar!
Era um pensamento obsceno, mas eu não estava nem aí. Eu queria ver
tudo dele. Seu maxilar quadrado e a sombra da barba por fazer deram lugar
a um sorriso caloroso, quase infantil. Imaginei como seria beijar aqueles
lábios. Segurar seu rosto em minhas mãos enquanto eu montaria aquele
corpo longo e magro e aproximaria minha boca da dele...
Puta merda, eu realmente precisava transar.
Em contraste, Forrest era mais baixo e mais forte. Ele ainda tinha mais
de um metro e oitenta de altura, com ombros enormes e absurdamente
largos e braços fortes como cabos de sustentação de ponte. Eu podia ver
cada músculo extensor em seus antebraços maciçamente estriados, e seus
deltoides pareciam duas ombreiras de armadura de ferro.
No entanto, atrás do seu físico intimidador, havia muito mais. A barba
castanho-avermelhada de Forrest combinava com seus olhos castanhos,
dando ao seu rosto a impressão de um guerreiro viking. Mesmo assim, era
fácil dizer que ele tinha um lado mais suave e doce. Havia inteligência e
compaixão por trás de sua expressão de aço, junto com um sorriso que
poderia fazer uma garotinha corar.
Parecia um pouco louco, cobiçar esses homens enquanto a Besta em
Marte se enfurecia pela tela tremulante. E eu estava gostando de ver seus
rostos bonitos, iluminados pelo brilho espectral, enquanto mastigavam
pipoca e tomavam refrigerantes. Quem quer que fossem esses homens em
suas vidas diárias, não havia dúvida de que agora eles estavam se divertindo
completamente.
“Você está pronta para dar o próximo passo?” Troy perguntou,
enquanto os créditos passavam.
Enquanto os outros coletavam nossas bandejas e recipientes de
comida, eu olhei para ele. “Hummm... certeza?”
“Ah, vamos lá.”
Cinco minutos depois estávamos em um daqueles lugares de cerveja e
fliperama existentes em um dos muitos bares da região. Forrest serviu
quatro copos a partir de uma grande jarra espumosa, enquanto dezenas de
fliperamas e videogames piscavam e zumbiam ao nosso redor.
“Então, o que exatamente você faz, Skylar?” ele perguntou, colocando
minha cerveja na minha frente. “Além de trollar sites de namoro com
cenários de vários namorados.”
“A mesma coisa que vocês,” eu disse, avaliando-o.
“Você atira em caras maus?” Everett arriscou.
“Não,” sorri de volta para ele. “Mas eu praticamente moro na
academia.”
Os rapazes não pareceram surpresos. Eu os peguei me olhando tanto
quanto eu os estava cobiçando.
“Você é uma ‘personal trainer’?”
“Isso, e também nutricionista, treinadora e consultora de fitness. Dou
aulas seis dias por semana, desde zumba e spin até hidroginástica. Publiquei
algumas coisas por conta própria, que até fizeram sucesso. Agora estou
ampliando o alcance com um livro de receitas saudáveis.”
“Ah, então você cozinha!” Troy sorriu satisfeito.
“Se a ideia de uma mulher fazendo isso valer pontos para você, então
com certeza. Eu cozinho.”
Ele sacudiu a mão para a minha resposta com desdém. “Não estou
nem aí para pontos,” ele disse. “Eu apenas adoro cozinhar.”
Olhei para Troy como se o visse sob uma nova luz. Uma ideia me veio
à mente.
“Você sabe alguma coisa sobre câmeras? Go Pros? Esse tipo de coisa?
Ele balançou sua linda cabeça loira. “Nem um pouco.”
“E quanto a mídias sociais?”
“Não, por quê?”
“Porque todos os editores com quem falei dizem que preciso de mais
presença online”, respondi com um suspiro. “Facebook. Twitter. Instagram.
Eu só sei um pouco mais do que um usuário médio.”
“Então vai aprender, disse Forrest. “Afinal de contas, você é
‘inteligente demais para qualquer mente’. Lembra?”
Eu estava quase pensando em rosnar para ele por jogar meu perfil
inventado na minha cara. Mas eu estava muito ocupada olhando os três, da
cabeça aos pés.
“Hummm...” eu disse, tomando o próximo gole da minha cerveja.
“Hummm o quê?”
“Quando eu começar a filmar episódios do YouTube para acompanhar
minhas receitas... pode ser bom fazer um episódio de ‘cozinhando com os
fuzileiros’.”
Forrest sorriu. “Aposto que isso renderia ótimas avaliações.”
Eu dei de ombros. “Com as mulheres, sim. Provavelmente
conseguiria.”
“Nas trincheiras!” Everett falou de repente.
“O quê?”
“Isso é como que você chamaria seu episódio. ‘Nas trincheiras’, com
os fuzileiros.”
Minha mente começou a funcionar a mil por hora, como sempre
acontecia quando eu começava a fazer um brainstorming de ideias boas e
utilizáveis. Se eu não as anotasse imediatamente, acabaria esquecendo
algumas, o que sempre odiei. Se ao menos eu tivesse uma memória
fotográfica...
“Tudo bem, chega de conversa”, disse Troy. “Você é boa em pinball?”
Meu brainstorming foi interrompido por uma mão deslizando na
minha. Era grande e pesada e era surpreendentemente bom senti-la.
“Você leu meu perfil?” sorri. “Sou boa em tudo.”
“Sim, sim,” ele disse, me empurrando na direção de todos os novos
ruídos. “Vamos conferir isso.”
 
 
Capítulo 8
 
 
 
SKYLAR
 
O pinball deu lugar ao air-hockey, que levou ao pebolim, que levou a
outra rodada de cervejas. Derrotei Troy com folga e consegui algumas
vitórias sobre Everett, mas quando se tratava de Forrest – que,
surpreendentemente, era ainda mais competitivo do que eu – recebi uma
surra adequada e completa.
Antes que eu percebesse, estávamos de volta ao caminhão, dirigindo
para outro lugar. Na verdade, eu estava começando a gostar de ser
espremida entre esses caras gigantescos, que pareciam constantemente em
um estado de alegria e competição. De muitas maneiras, eles eram
exatamente como eu: firmes, orgulhosos, excessivamente confiantes a ponto
de serem fanfarrões. Mas enquanto eu era a eterna solitária que sempre
fazia tudo por conta própria, eles tinham uma camaradagem especial que
era mais profunda do que qualquer coisa que eu pudesse ver ou imaginar.
Uma conexão invisível, a ponto de eles começarem a terminar os
pensamentos, frases um do outro... até mesmo seus movimentos pareciam
fluir em sincronia um com o outro, enquanto me conduziam por outra
entrada no estilo fliperama e para a próxima parte do nosso encontro.
Embora eu admirasse o vínculo deles, sempre vi o compartilhamento
de responsabilidades como uma fraqueza. Desistir de um pingo que fosse de
controle definitivamente não era minha praia, o que tornou a próxima
pergunta fácil de responder:
“Você quer arrasar em dupla”, perguntou Everett, olhando para a
tabela de preços, “ou cada um de nós vai ter o seu próprio kart?”
“Karts individuais,” Forrest e eu dissemos quase ao mesmo tempo.
Ele estendeu uma mão gigante para uma batida, e eu, rindo, bati minha mão
em seus dedos calejados.
Eu estive em algumas pistas diferentes de kart quando era criança e
adolescente, mas esta seria minha primeira incursão no mundo das corridas
como adulta. Me perguntava se seria tão rápido e divertido quanto me
lembrava. Me perguntava se eu poderia ser competitiva...
Acontece que eu não deveria estar preocupada.
Eu não só era competitiva, mas correr na pista coberta era cem vezes
melhor do que eu me lembrava! Eu adorava a euforia de sentir do vento no
meu rosto. A sensação de ser empurrada de um lado para o outro no meu
assento, enquanto girava o volante com força em qualquer curva que viesse
a seguir. Após uma ou duas voltas, a adrenalina entrou em ação, e eu
consegui ultrapassar a maioria dos outros carros que estavam na pista
conosco. Tudo bem que muitos deles eram apenas crianças. Mas alguns
desses garotos guiavam com a mesma intensidade e ainda mais destemor do
que eu.
No final, era difícil dizer quem “ganhou”, mas até então isso não
importava. Eu estava me divertindo muito. Fazendo coisas que eu não fazia
há anos, não sozinha, não com minhas amigas, mas com esses três garotos
grandes demais que pareciam que podiam esmagar cocos em seus punhos.
Só que eram as mesmas mãos calejadas que seguravam suavemente as
minhas. As mesmas mãos que vi se moverem suave e lentamente, para
ajustar a fivela do cinto de segurança de uma garotinha.
Corremos mais duas vezes, até o lugar ficar praticamente vazio. Eu
estava com calor. Suada. O cabelo saindo do meu capacete, definitivamente
uma bagunça, mas eu não estava nem aí. Eu estava feliz, satisfeita e
entusiasmada. E quando se tratava dos rapazes, isso não importava nem um
pouco.
Finalmente, estávamos sentados ao redor de uma mesa na lanchonete,
separando dois pretzels macios com os dedos. Percebi que Troy havia
comprado um com sal, outro sem. Era meigo ele estar me dando escolhas.
“Então o que vem agora?” fiz uma gracinha. “Milkshakes e
minigolfe?”
Forrest encolheu um ombro enorme. “Se é isso que vocês querem,
claro. Embora esteja ficando um pouco tarde. A maioria dos lugares está
fechando.
Everett, no entanto, parecia pensativo. “Nós poderíamos tentar aquele
novo lugar vinte e quatro horas em...”
“Vocês realmente querem uma namorada?” interrompi abruptamente.
“Quer dizer, fala sério. Eu tenho que saber.”
A mesa ficou quieta por um momento, enquanto eles contemplavam a
pergunta. Troy e Everett trocaram um olhar. Forrest olhou para mim com
aqueles olhos castanhos penetrantes, casualmente sacudindo o sal da
superfície de seu pretzel.
“Sabe quantas namoradas nós tivemos?” perguntou Troy. “Muitas.
Encontrar mulheres que se sentem atraídas por nós é fácil, para ser honesto.
Mas encontrar aquelas que realmente se importam conosco e que vão
continuar junto…”
“Essa é a parte difícil,”, admitiu Forrest.
Eu vi Everett se inclinar para trás, esticando seus longos e lindos
braços. Ele tinha a pele lisa e bronzeada de alguém que passava muito
tempo no sol. Vamos lembrar, falou com todos.
“Eu tive uma noiva uma vez,” disse Troy. “Jenna desapareceu
enquanto eu apoiava as missões das Forças Armadas na Síria. Ela acabou
partindo para a Itália, mudou-se com outra pessoa. A única coisa que ela
deixou para trás foi uma mensagem que dizia ‘desculpe’.”
“Sim, bem, ela obviamente é uma merda”, concordei.
“Eu nunca percebi que isso iria acontecer,” Troy deu de ombros. “E
isso é porque eu não estava por perto. Nós três perdemos relacionamentos
exatamente pelas mesmas razões. Você é enviado em missão, sua garota
fica solitária, depois frustrada, depois ressentida… e é isso.”
“Nós até tentamos ficar com outras garotas do batalhão algumas
vezes”, disse Everett, “mas isso é sempre difícil. Há sempre aquela linha
que você não pode cruzar, e você nunca sabe onde ela está.”
Troy suspirou pesadamente. “E aí teve a Stephanie...”
“Stephanie?”
Everett grunhiu. “Quando Forrest atuou em uma longa operação de
vigilância no ano passado, sua garota praticamente morava conosco. Nós
ainda dizíamos a ela para sair, dar umas voltas. Troy e eu até nos
revezávamos para sair com ela, para evitar que ela ficasse muito solitária
até que ele voltasse.
“E o que aconteceu?”
“Ela efetivamente deu em cima de nós”, disse Troy. “Primeiro Everett,
depois eu. Nos disse que poderíamos ficar com ela se quiséssemos, e ela
nunca diria a Forrest. Que seria nosso segredinho.”
“Uau,” eu disse. “Ela teve que ter coragem para isso.”
“Sim.”
“O que vocês fizeram?”
Do outro lado da mesa, Forrest riu. “Falei para eles que poderiam ir
em frente”, ele disse. “Que eu terminaria com ela no momento em que
voltasse de qualquer maneira, para que eles pudessem se divertir com
Stephanie o quanto quisessem.”
Ah droga. Senti meu estômago dar um nó. “E… vocês fizeram isso?”
“Caramba, não,” disse Troy. “Não é nosso estilo. Nós demos um pé na
bunda dela, junto com todo o resto de suas coisas.”
“Espere um minuto”, apertei os olhos. “Eu pensei que vocês queriam
compartilhar uma garota?”
“Há uma grande diferença entre compartilhar uma garota e
compartilhar uma namorada”, disse Everett. “A única coisa que nenhum de
nós jamais fará é agir pelas costas um do outro. Mas então vimos seu
anúncio e nos perguntamos: e se tudo fosse às claras? E se fôssemos diretos
sobre isso desde o início e concordássemos em compartilhar tudo, desde o
começo?”
Um calor inexplicável tomou conta do meu corpo, especialmente pela
maneira como ele disse a palavra ‘tudo’.
“Seu perfil parecia maluco na primeira vez que o vimos”, disse Troy.
“Mas então lemos de novo e de novo, e percebemos que era provavelmente
a coisa mais honesta ali.”
“Melhor ainda, resolveria muitos dos problemas que tivemos”, disse
Everett. “Três de nós, compartilhando a responsabilidade de uma namorada.
Saindo juntos sempre que pudéssemos, e sozinhos sempre que
precisássemos.”
“Missões?” disse Troy. “Sem problemas. Sempre haveria alguém por
perto. Alguém para manter nossa mulher feliz, comprometida, satisfeita…”
Satisfeita. Engoli em seco.
“Mas...”
“A garota teria que ser insaciável, é claro,” Troy continuou. “Muita
energia. Pouco drama. Alguém com uma vida tão cheia de ambições que
complementaria as nossas. Mas também alguém forte o suficiente e em
forma o suficiente e sim, louca o suficiente para querer ser amada por três
homens ao mesmo tempo.”
Suas últimas palavras me deixaram ainda mais louca. Três homens ao
mesmo tempo. Como isso poderia dar certo? Qual seria mesmo a logística
de...
“Seu anúncio e nossa situação são como duas peças de um mesmo
quebra-cabeça”, disse Everett. “Em todos os outros lugares, eles parecem
totalmente fora de lugar, mas quando você os coloca lado a lado, é um
ajuste perfeito.”
Fiquei ali sentada por um momento, tentando absorver tudo. Eles
estavam falando sério. Era inacreditável.
E mesmo assim...
“Nós simplesmente não achávamos que você fosse real”, disse Troy.
“Forrest não, pelo menos.”
Olhei para o fuzileiro grande e barbudo. Ele balançou sua cabeça
lentamente.
“Eu estava cauteloso”, admitiu Forrest. “Ainda estou. E você é
inteligente Skylar, e linda demais. Você é forte, competitiva e motivada da
mesma forma que nós.” Ele deu de ombros. “Então, se você tem metade da
confiança que seu perfil faz você parecer…”
Deixei meu queixo cair, enquanto meu olhar desviava para meu
próprio colo. De repente eu me senti terrível. Como se eu tivesse
aproveitado a hospitalidade deles a noite toda, sob pretextos totalmente
falsos.
Caramba, era exatamente isso que eu estava fazendo.
 
 
Capítulo 9
 
 
 
EVERETT
 
Já era tarde quando a trouxemos de volta para seu apartamento. Tanto
é que até havia espaço para estacionar o Behemoth.
“Então... chegamos.”
Ela parou em frente ao seu prédio que, pela fachada, parecia ter cento
e cinquenta anos. No entanto, tinha muita personalidade. Um tipo de
arquitetura quase gótica, com colunas e anteparos altos e um arco
pontiagudo que guardava a entrada do saguão principal.
Os olhos de Skylar haviam sido duas esmeraldas cintilantes a noite
toda, refletindo nossa própria animação. Mas agora a luz havia
desaparecido deles. Estavam opacos e desbotados, e obviamente havia algo
errado.
“E se eu disser a vocês que não era isso o que eu queria?”
As palavras pareciam quase arrancadas de seus lábios carnudos e
lindos. Como se ela fosse uma prisioneira de guerra, sendo forçada a dizê-
las.
“Nós fizemos algo errado?” perguntou Troy.
“Não!” Skylar exclamou, arregalando seus olhos. Então, com uma voz
baixa: “Não, nada disso. Exatamente o oposto, na verdade.”
Dei dois passos mais perto, até que pude sentir o cheiro de seu
perfume de baunilha ou sabonete líquido ou o que diabos as garotas faziam
para deixar sua pele tão macia e perfumada nos dias de hoje. O cheiro dela
estava me deixando louco a noite toda.
“Ei,” murmurei, estendendo a mão para tocar sua bochecha.
Gentilmente inclinei seu rosto para cima, para que nosso olhar se
encontrasse. “Diga-nos o que está errado.”
“Não há nada de errado”, ela murmurou, ainda olhando para longe.
“É só... é só que...”
“Você não se divertiu?” perguntou Forrest.
Curiosamente, ela riu. “Mais do que em muito tempo, na verdade.”
“E você hããã... nos achou atraentes?” Troy perguntou com ceticismo.
Com isso Skylar riu ainda mais. “Porra, você está de sacanagem, não
é mesmo?”
Seu forte sotaque de Nova York aparecia em momentos como esse,
especialmente quando ela era enfática sobre alguma coisa. Eu me perguntei
quanto tempo ela viveu em Nova York, e como acabou aqui. Descobrimos
muito ao longo da noite, mas havia muitas coisas sobre essa mulher que
ainda não sabíamos.
“Então o que...”
“Eu não fiz o perfil.”
Ela cuspiu a frase rapidamente, como se odiasse o gosto dela. Com
base na sensação de aperto no meu estômago e nas expressões sombrias dos
meus amigos, nós também odiamos.
“Mas você nos procurou,” disse Troy.
“E daí?”
“Então era você que queria sair!” exclamei. “Você até escolheu sábado
à noite.”
“Eu queria sair do meu apartamento por um tempo, e isso é tudo,”
Skylar admitiu com culpa. “Eu precisava de um encontro. Uma noite fora.”
“Mas...”
“E pedi a um de vocês para me levar,” ela disse desanimada. “Dessa
forma, eu só teria que decepcionar um de vocês. Não todos os três.”
Forrest resmungou. Era um grunhido que eu conhecia muito bem.
“Vá em frente”, Skylar o incitou. “Você pode dizer com todas as
palavras: ‘eu avisei’. Parece mesmo que esperou a noite inteira para dizer
isso.”
Meu amigo não disse nada. Ele apenas cruzou os grandes braços sobre
o peito.
“Vá em frente,” disse Skylar. “Faça isso. Você vai se sentir melhor
se...”
“Não tenho certeza se realmente acredito em você”, disse Forrest.
Skylar meio que riu, meio que zombou. Ela parecia desconfiada e
magoada ao mesmo tempo.
“O quê?”
“Eu acho que você quer isso mais do que está deixando transparecer.
Mais do que você imagina.”
Foi uma abordagem ousada, eu tinha que admitir. Por um momento ou
dois, pareceu quebrar a fachada impenetrável dela.
“Olha, eu não posso namorar três pessoas”, disse ela, de repente
irritada. “A vida simplesmente não funciona assim.”
“Por que não?” perguntou Troy.
“Bem, primeiro, simplesmente não é assim! Não é como a sociedade
funciona...”
“Além disso,” eu rebati.
O olhar de Skylar voou de um lado para outro entre nós. Era como se
ela não pudesse – ou não quisesse – focar em nenhum de nós em particular.
“Estou muito ocupada”, ela disse. “Eu fico para lá e para cá o dia
todo. Fico na academia seis, oito, às vezes dez horas por dia.”
“Nós também”, disse Troy.
“Meu tempo ocioso é extremamente limitado”, ela continuou.
“Caralho, estou treinando para um triatlo agora...”
“O Solomon Hill,” expliquei, balançando o polegar para frente e para
trás entre Troy e eu. “Isso é engraçado. Nós também.”
Com essa notícia, os olhos de Skylar se arregalaram ainda mais. O
brilho das esmeraldas também voltou.
“Nós até fizemos o Ironman enquanto estávamos na Áustria”, Forrest
desdenhou. “Por diversão.”
Ela não tinha uma resposta para isso. Apenas olhou para nós e piscou.
“O que mais?”
“Eu... eu não sei!” Skylar disse, quase torcendo as mãos de frustração.
“Eu já disse que não posso fazer isso, mas vocês estão apenas... não...
ouvindo.”
Meus olhos se estreitaram enquanto eu a examinava de perto. Skylar
estava protestando muito forte, muito veemente para acreditar no que ela
estava dizendo. Por uma bela fração de segundo eu vi um flash da mesma
coisa que Forrest viu. Eu podia ver além de sua armadura, onde o conflito
interno sobre o que fazer era realmente nenhum conflito.
“Você poderia apenas sair com a gente de novo”, eu disse
simplesmente. “Ver o que acontece.”
Minhas palavras eram calmas, lentas, até equilibradas. Ela parecia se
agarrar a elas, como uma vítima de afogamento tentando se manter à tona.
“Ou?”
“Ou você pode correr de volta para seu apartamento supostamente
vazio para fazer mil abdominais, enquanto escreve guias nutricionais
debruçada sobre seu computador,” eu disse a ela. “Mas um dia em breve, de
um jeito ou de outro...” olhando para baixo sobre sua barriga lisa e apertada,
eu permiti que meus olhos mergulhassem ainda mais.
“Essa barreira vai quebrar.”
E lá estava ele: aquele sorriso torto e sexy. Aquele pequeno sorriso no
lado esquerdo de sua boca que ela simplesmente não conseguia controlar,
não importava o quanto tentasse.
“Olha,” Skylar disse, desta vez mais suavemente. “Vocês são legais.
Engraçados. Até mesmo doces. E se eu estivesse procurando por esse tipo
de coisa, acredite em mim, eu daria em cima de vocês.”
Cheguei um passo mais perto, até que nossos corpos estavam quase se
tocando. Estávamos olho no olho agora. Nariz a nariz.
“Mas como se vê...” ela respirou.
Ela estava tremendo agora. Seu lábio inferior estremeceu um pouco, e
ela o mordeu vagamente com os dentes superiores.
Mas ela ainda não havia recuado.
“M...Minhas amigas pensaram que estavam fazendo uma brincadeira
quando...”
Minhas mãos foram para seus quadris enquanto eu a beijava longa e
fortemente, esmagando-a contra meu peito enquanto ela choramingava o
resto de sua frase adoravelmente em minha boca. Os olhos de Skylar
brilharam. Sua respiração ficou presa na garganta...
E então de repente ela estava me beijando de volta. Deslizando uma
mão delicada para cima, para enrolar em volta do meu pescoço enquanto eu
bebia tão completa e profundamente daqueles lábios carnudos e lindos.
ISSO...
Senti seu corpo ficar mole em meus braços. Seus dedos vasculharam
preguiçosamente meu cabelo cortado rente enquanto ela arrulhava e
suspirava e rolava aqueles lábios contra os meus, enviando-me para um
mundo quente e sensual de suavidade e baunilha e a sensação distinta de
sua língua dançando gostosamente com a minha.
PORRA isso.
Aquele foi o beijo de língua mais quente do universo, enquanto
continuamos abraçados, beijando e devorando um ao outro avidamente. As
emoções eram avassaladoras, o sentimento totalmente arrebatador. Como se
estivéssemos destinados a fazer isso. Como se fôssemos as únicas pessoas
restantes no mundo, e...
“Vamos dar mais disso a ela.”
Três simples palavras depois, eu estava recuando, atordoado demais
para perceber o que aconteceu. Enquanto eu descia da minha nuvem, vi
Forrest, segurando-a em seus dois grandes braços. Ele beijou essa linda
mulher da mesma forma que eu acabei de beijar, e ela parecia perdida na
mesma paixão e êxtase que ele.
Puta MERDA.
É assim que seria? Eu não tinha imaginado que algo poderia ser tão
ardente. Beijar uma garota era uma coisa, mas vê-la ser agarrada assim! Ver
a intensidade do prazer de outra pessoa, tão cru e descontrolado, bem diante
dos meus olhos…
“Aqui.”
Silenciosamente, Forrest a passou para Troy, que gentilmente virou
seu lindo rosto na direção oposta. E então ele a beijou também. Seus lábios
rolaram e suas línguas duelaram e a suavidade de seus gemidos era ainda
mais excitante, se tal coisa fosse humanamente possível. No momento em
que eles consumiram o suficiente um do outro, Skylar era uma casca de seu
antigo eu confiante. Seus olhos estavam desfocados e suas pernas tremiam
como as de uma corça recém-nascida. A pele de suas bochechas estava toda
corada, rosada e cheia de calor.
“Você estava dizendo?”
Forrest cruzou os braços novamente. Troy e eu estávamos com nossas
mãos nos quadris dela.
“Eu-eu...” nossa adorável companheira gaguejou. “Eu nem me lembro
o que...”
“Boa noite Skylar,” sorri, tocando sua mão antes de me virar. Os
outros me seguiram, caminhando lentamente de volta para o Behemoth.
“Ligue para nós quando você admitir que mudou de ideia.”
 
 
Capítulo 10
 
 
 
SKYLAR
 
“É macio, aerado e o melhor de tudo: é zero açúcar!”
Puxei a tampa cobre-bolo teatralmente para cima, revelando a linda
sobremesa que passei as últimas três horas aperfeiçoando. Levei quatro
tentativas para acertar. Acontece que preparar a forma para o bolo não
grudar não é algo que acontece naturalmente comigo.
Vai entender.
“Agora... você pode usar Splenda ou Stevia ou até mesmo Sweet
N’Low”, eu disse alegremente para a câmera, “mas descobri que se você
usar Swerve, não vai dar aquele sabor químico”.
A embalagem de Swerve estava no balcão oposto, bem nos limites do
meu alcance. Eu o peguei de qualquer maneira. Estendendo meus dedos, eu
me inclinei o máximo que pude, ainda permanecendo no campo de visão da
câmera.
“Ele vem em forma granulada e de confeiteiro,” eu mal conseguia
respirar, “em... pacotes... ou também em...”
Como de costume, todo o desastre aconteceu de uma vez. Eu caí de
lado, dando um passo para me segurar enquanto ainda tentava ficar no
campo de visão da filmagem. Em vez de pisar, meu pé ficou preso no cabo
de alimentação enrolado no tripé que estava carregando a GoPro, me
fazendo tropeçar espetacularmente.
Puta que pariu!
Meus braços giraram loucamente, derrubando a forma de ‘bolo de
anjo’ do balcão com um barulho estrondoso. Tentei salvar o saco de farinha,
mas já estava a meio caminho do chão, e quando bloqueei esse movimento
e me virei, o tripé já estava girando, muito além do meu alcance.
PUTA QUE PARIU!
Tudo caiu no chão simultaneamente, inclusive eu. A última coisa que
notei foi a GoPro apoiada de lado, de alguma forma me mantendo
perfeitamente no campo de visão da filmagem. O que foi uma sorte, porque
foi capaz de registrar quando toda a caixa de ovos caiu sobre minha cabeça
e ombros.
“Eca!”
O som que saiu da minha garganta não era nada atraente. Mas
provavelmente era ainda mais atraente do que a minha imagem coberta de
ovos, açúcar, farinha e uma decepção terrível.
“E é por isso que você precisa de um cinegrafista para algo assim”, eu
disse com um sorriso. “Aqui é Skylar Langston, assinando a frase ‘a
gravidade é uma merda’.”
Estendi a mão e finalmente desliguei a GoPro, suspirando pela
enorme bagunça que fiz.
“Olhe por este lado,” eu me consolei. “Se você se tornar uma famosa
chef de dietas, uma filmagem de erros de gravação tão boa como essa não
terá preço.”
Levei um momento para apreciar o absurdo da situação, então fui
rapidamente para o processo de limpeza. Pelo menos eu não tinha deixado
cair o produto acabado. Eu poderia tomar banho, trocar de roupa e talvez
me filmar preparando outro bolo antes dos meus compromissos noturnos.
Mas só se eu me apressasse.
História da minha vida.
Certamente parecia que era assim. Eu estava constantemente
correndo, não importa o que estivesse fazendo. Entrei em um mundo de
tentar preencher todos os dias com o maior número possível de realizações,
mas isso às vezes também produzia resultados como... bem, esse.
Até agora, minha incursão na cozinha de baixas calorias estava indo
bem. Minha experiência com a mídia social, no entanto, não era tão boa.
Minhas postagens no Facebook pareciam durar uma eternidade, e eu tinha
habilidades de edição limitadas quando se tratava de enfeitar minhas fotos
do Instagram com filtros, efeitos, legendas e qualquer outra coisa que eu
deveria estar fazendo. E o Twitter? Eu realmente não entendia nada disso.
Li que uma boa conta de mídia social deveria twittar de 4 a 5 vezes por dia,
mas quem diabos tem todo esse tempo? E as pessoas realmente querem
saber de mim tanto assim?
Quase na hora, meu telefone tocou. Ei, pelo menos alguém queria
saber de mim.
“Alô?”
Apertei o botão do alto-falante com meu dedo anelar – a única parte
das minhas mãos que não estava coberta de ovo.
“Tem pão aí?” uma voz disparou de volta.
Pisquei. Eu conhecia a voz.
“Everett?”
“Sim.”
Meu coração disparou. Ouvir aquela voz intensa de barítono era a
última coisa que eu esperava.
“Hummm... sim. Claro.” Esfreguei as mãos no meu avental. “É
multigrãos, mas...”
“Bom. Você conhece o lago Stock?
Puta merda, o que ele queria? Hoje era quinta-feira, e além de Troy
me mandar uma mensagem rápida no domingo para me dizer o quanto eles
haviam gostado do nosso encontro, eu não tinha mais ouvido falar deles.
Pensando bem, eu não tinha respondido de volta. Então...
“É aquele com os patos, certo?”
“Sim. Você pode me encontrar? Estou indo para lá agora.”
Não ter notícias dos rapazes durante toda a semana me aliviou quase
tanto quanto me aborreceu. Mas pelo menos tinha resolvido um problema.
Pelo menos eu não precisava...
“Eu não vou prender você por muito tempo”, disse Everett. “Apenas
alguns minutos. Posso até pegar alguns cafés, se você...”
“Sim”, eu disse imediatamente, mais para o café do que para ele. “Por
favor.”
“Certo. Estarei na pedra grande, perto da grande árvore.”
Pedra grande. Grande árvore...
Comecei a tirar a roupa, já calculando se tinha ou não tempo para
tomar banho ou simplesmente lavar os ovos do cabelo. O parque não ficava
a mais de um quilômetro e meio de distância. Uma corrida rápida.
“Ah, e Skylar?”
“Sim?”
“Não esqueça do pão.”
 
 
Capítulo 11
 
 
 
SKYLAR
 
Durante a semana, passei muito tempo pensando no meu encontro
com os rapazes. Pensei nas risadas, na camaradagem, nas brincadeiras. Toda
a diversão competitiva que tivemos juntos, e como esses três homens
grandes e intimidadores de alguma forma me deixaram tão confortável tão
rapidamente.
Mas é claro que as memórias que mais me marcaram tinham a ver
com o beijo.
Mmmm...
Deus, beijar os três assim me deixou louca! Foi tudo tão repentino, tão
inesperado. Mas, por outro lado, também foi natural. Bonito...
Ao mesmo tempo, era imprudente, devasso e totalmente errado. Beijar
três caras ao mesmo tempo era tão tabu quanto estúpido. Tive sorte de
ninguém do meu prédio ter me visto! E isso foi só porque era tarde e
ninguém estava lá fora.
Por essas razões, eu tinha deixado tudo de lado, mesmo depois que os
rapazes me mandaram uma mensagem de texto novamente. Com certeza
não foi fácil. Por diversas vezes eu queria ligar para eles, geralmente no
final do dia ou enquanto estava deitada sozinha na cama. Era quando eu
estava mais fragilizada e com necessidade de atenção.
Mas agora eles me ligaram.
Dobrei a última curva em uma corrida rápida, minhas pernas me
levando para o pequeno parque verde que rodeava o lago Stock. Patos
nadavam alegremente ao longo das bordas. Alguns deles estavam reunidos
em um dos barrancos, perto de uma colina coberta de cascalho.
Eu vi uma grande árvore, e abaixo dela uma grande pedra. Embora
cerca de uma dúzia de pessoas circulasse pelo parque, não havia ninguém
alto o suficiente para ser Everett. Avançando, coloquei minhas mãos nos
quadris e dei um intervalo.
Isso não é inteligente, Skylar.
Inteligente ou não, eu estava apenas fazendo o que Everett havia
pedido. E era apenas um encontro. Eu nem iria ficar muito tempo.
Mesmo assim...
Suspirei, sabendo que minha consciência estava certa. Eu havia
pensado nos rapazes mais do que estava disposta a admitir. Os sensuais
olhos azuis de Troy. O corpo alto e magro de Everett. Pensei nos ombros
fortes de Forrest e em suas mãos ainda maiores, durante todo o exame de
consciência que fiz nas minhas corridas matinais. Mas, verdade seja dita, eu
também pensei neles no trabalho. Em algum lugar entre as séries e
repetições dos clientes que treinei a semana toda, minha mente voltava para
a sensação distinta dos lábios de cada homem contra os meus.
Vá embora.
A vozinha na minha cabeça me advertiu novamente, ordenando que
eu saísse. Eu já vim aqui como solicitado. De qualquer maneira eu poderia
dizer que havia esperado, e simplesmente não tinha mais tempo para ficar
por aqui.
O único problema era que minhas pernas não ouviam.
“Ei...”
Eu me virei e lá estava Everett, absolutamente incrível em uma
camiseta regata vermelha e um short de corrida preto apertado. Seus olhos
cor de avelã eram brilhantes e lindos, cravados como duas joias acima do
sorriso mais sexy e matador.
Claro. Definitivamente eram minhas pernas.
“Café.”
Ele estendeu um dos dois copos, e eu aceitei com gratidão.
“Puro, sem açúcar”, ele disse, com um encolher de ombros. “Esse foi
o meu palpite.”
Assenti, impressionada. “Você acertou.”
Qualquer que tenha sido a cafeteria que ele passou tinha que estar a
pelo menos alguns quarteirões de distância, o que me fez pensar há quanto
tempo ele estava correndo. Agora mesmo, cada centímetro da pele exposta
de Everett estava coberta por uma fina camada de suor. Isso o tornava ainda
mais atraente, mais bonito.
“Você trouxe o pão?”
Estendi a mão atrás de mim para abrir minha bolsa de corrida.
Puxando um pão quase inteiro que eu havia separado, o entreguei a ele.
“Bom.”
Os patos vieram instantaneamente ao som do saco plástico sendo
aberto, como se tivessem treinado a vida inteira para este momento. Eles se
reuniram ao nosso redor quando Everett começou a rasgar os primeiros
pedaços e a dar aos que estavam na água.
“Sempre gostei deste lugar”, disse Everett. “É tranquilo.”
Ele olhou para a água, onde os patos mergulhavam e brigavam pelos
pedaços encharcados de pão exageradamente saudável. Provavelmente
pensando ‘o que diabos é essa merda?’
“Nem todo mundo conhece,” ele continuou. “E não há playground
aqui, então não tem muitos pais com crianças.”
“Então... e aí, Everett?”
A frase saiu mais ríspida do que eu pretendia. Por outro lado, eu
estava com pressa, como sempre. O resto do meu dia estava lotado.
Ele me entregou um pouco de pão e apontou para os patos no chão
atrás de nós. Comecei a alimentá-los também.
“Vamos levar você para jantar”, disse ele sem cerimônia, como se a
coisa toda já tivesse sido decidida por algum conselho de elite de anciões
poderosos. “Sábado à noite.”
“Estou ocupada sábado à noite.”
Ele riu, e até sua risada era atraente. “Troy pensou que você poderia
dizer isso. Amanhã à noite, então. Acho que por volta das seis horas.”
“Estou ocupada aman...”
“Não, não está.”
Ele se afastou dos patos, até ficarmos cara a cara. “Ei. Olhe para
mim.”
Eu fiz isso, e seus olhos prenderam os meus. Suas íris eram
espetaculares. Havia manchas de marrom, azul e dourado nelas, mas por
baixo disso, um fogo emocional ainda mais intenso.
“Olhe nos meus olhos e diga que você está muito ocupada para nos
ver,” o grande fuzileiro disse calmamente. “Diga-me que essa é a única
razão pela qual você não pode sair neste fim de semana.”
Tentei inventar uma mentira rapidamente, mas meu cérebro estava
totalmente em branco.
“Eu... eu...”
“Eu sei que você está com medo”, disse Everett. “Sei que está
tentando inventar mil desculpas para não podermos sair com você.” Ele
tocou minha mão, e sua expressão suavizou. “Mas é só um jantar. E somos
apenas nós.”
A respiração que eu estava segurando escapou lentamente pelos meus
lábios apertados. A maneira como ele disse ‘nós’ foi quase tão elétrica
quanto o toque de sua mão na minha.
Ahh... droga.
Nesse momento eu travei. Minha resolução foi por água abaixo.
“Tudo bem,” eu suspirei. “Sábado, então.”
Minha decepção por ter cedido foi rapidamente ofuscada por uma
crescente animação e euforia. Senti-me entorpecida, mas também
estranhamente rejuvenescida. Como se o peso invisível que eu carregava
durante toda a semana tivesse sido tirado dos meus ombros.
“COM LICENÇA!”
Eu tinha notado a mulher de cabelos escuros e de meia-idade antes,
nos observando da trilha. Agora ela se aproximou de nós rapidamente, sua
longa saia esvoaçando atrás dela enquanto cruzava a grama balançando um
dedo.
“Vocês não conseguem ler as placas?” ela exclamou esnobe. “Diz
para não alimentar os patos!”
Everett tomou um gole de seu café, sua expressão era de leve
diversão. Não eu, no entanto.
“Você não pode alimentar os patos com pão!” a mulher me
repreendeu, como se eu fosse a única aqui com pão na mão. “É totalmente
insalubre para eles e estraga o ecossistema! Além do mais...”
“Ei, quer saber?” rosnei. “Eu tenho dado pão a esses patos desde que
meus pais me traziam aqui quando era uma garotinha.” Dei dois passos na
direção dela. “Olhe em volta. Eles ainda estão aqui. Os patos estão todos
bem.”
Surpresa, a mulher olhou ao redor incerta. “Mas...”
“Na verdade, acabei de falar com eles,” eu a interrompi. “Disseram
que você é uma idiota. ‘Vamos comer o pão’, eles disseram. ‘Deixe essas
pessoas em paz.’ Que tal isso?”
O olhar perplexo em seu rosto era absolutamente impagável. Ela
recuou lentamente, sua boca abrindo e fechando algumas vezes antes de
finalmente desistir e virar na direção da trilha.
“Esse povo imbecil”, eu xinguei.
Everett estava olhando para mim com espanto e admiração. O sorriso
em seu rosto parecia permanente.
“Aquilo foi brutal”, disse ele.
“Sim, bem, isso é o que você ganha por meter o nariz onde não é
chamada.”
Ele balançou a cabeça incrédulo, suas mãos voltando a triturar o
restante do pão. “Você realmente cresceu em Nova York, não é?”
A pergunta me fez rir alto.
“Você ainda tinha alguma dúvida?”
 
 
Capítulo 12
 
 
 
FORREST
 
“Sério?” zombei. “Isso é o melhor que você pôde fazer?”
Troy levantou as mãos, em um gesto que indicava que não era culpa
dele. Claro que na verdade não era culpa dele, mas não havia razão para
dizer isso a ele.
“Parece o bar de Star Wars,” eu disse. “Só que sem todas as
aberrações nele.”
“É só deixar Troy bêbado o suficiente,” Everett disparou de volta, do
outro lado da sala. “Ele vai preenchê-lo com todas as aberrações que você
quiser.”
Eu circulei o grande espaço vazio, rindo interiormente da verdade da
afirmação. Troy era notório por organizar festas fora de controle e por trazer
de volta “amigos” de qualquer bar por onde ele esbarrasse na hora do
fechamento. O problema não era ele beber, mas o fato de ele ser amigável
pra caralho. Ele trazia para casa bandos inteiros de pessoas às duas da
manhã, todos querendo prolongar a festa um pouco mais. Mesmo estando
totalmente sóbrio.
“Parece a masmorra de alguém,” disse Troy, ignorando a cutucada de
Everett. “Mas sem os dispositivos de tortura.”
Eu levantei um pedaço de corrente enferrujada que estava espalhada
aleatoriamente pelo chão de cimento. Ele chacoalhou ruidosamente quando
o sacudi. “Tem certeza disso?”
Everett balançou a cabeça e suspirou. Troy jogou as mãos para cima
novamente.
“Olha, quem precisa não pode ficar escolhendo.”
Ele estava certo, é claro. Desde que o pequeno recanto no complexo
de apartamentos que dividíamos pegou fogo seis semanas atrás, nós três
estávamos presos no quartel do Comando de Operações das Forças
Especiais da Marinha (MARSOC). Ou as camas tinham molas demais ou
nenhuma mola, e os colchões eram mais finos do que nossas chances de
recuperar o valor de nossos pertences. No final das contas, você nunca
realmente percebe o quão ruim é a sua apólice de seguro até que realmente
precise dela.
“Eu sei que não parece muito,” disse Troy defensivamente, “mas é
melhor do que onde estamos agora. E ei, pelo menos é nosso. Não temos
que compartilhá-lo com uma dúzia de milicos virgens empenhados em
limpar seus rifles a cada vinte minutos.
“Um rifle limpo é um rifle feliz”, Everett entrou na conversa.
Lancei a corrente em direção a ele. “Cala a porra dessa boca.”
O lugar que conseguimos era um antigo armazém ou uma oficina
mecânica, pelo cheiro. Talvez até um local de manutenção de motores, pelo
jeito que os pisos de concreto estavam manchados de graxa e óleo. Situado
um pouco além dos limites da base militar, foi desocupado e designado para
uso residencial. Recentemente também, pelo que parece.
“Vocês querem que eu recupere nosso depósito?” Troy perguntou com
toda a seriedade. “Porque acho que devo conseguir.”
Everett e eu nos entreolhamos do outro lado da grande sala
escancarada. Ele estava com o olhar tão distante que nem parecia estar ali.
“Não,” dissemos ao mesmo tempo.
“Bom,” Troy assentiu, obviamente aliviado. “Acho que essa é a
decisão certa. Poderíamos procurar por mais seis semanas e mesmo assim
não encontrar outro lugar com uma área tão grande. E a localização ideal.”
“Estou com você,” concordou Everett. “É o que é.”
Eu fiz uma careta para ele. “Claro que ‘é o que é’”, eu disse. “Tudo é
o que é. Esse é um ditado tão estúpido.”
“Forrest?” Troy perguntou.
Eu grunhi quando meu pé acidentalmente chutou outro pedaço de
entulho espalhado pelo chão vazio. “O que é?”
“Você está sendo um babaca.”
Deixei a carranca desaparecer lentamente do meu rosto, finalmente
curvando minha boca em um sorriso. Ele estava certo. Às vezes eu era um
pouco babaca.
“Não,” disse Everett. “Ele está sendo um babaca de novo.”
Certo, muito babaca.
“De qualquer forma”, eu disse, “temos muito trabalho a fazer antes de
podermos nos mudar. Precisamos tirar o resto dessa porcaria daqui
primeiro, depois limpar e pintar este lugar.”
“Limpar?” Everett cuspiu. “Isso precisa ser esfregado e
desengordurado.”
“Talvez até por uma equipe de risco biológico”, acrescentei.
Troy pegou uma pilha suja de gravetos e galhos, envolvidos por teias
de aranha ou fios de algodão. Ou a coisa era um ninho de ratos ou algo
saído do Projeto Bruxa de Blair.
“Caramba, isso provavelmente deveria ser exorcizado.” ele torceu o
nariz. “Conhece algum padre?”
Todos nós rimos disso, e o riso foi bom. Não houve muitas risadas
desde o incêndio. Perdemos tudo, mas, como sempre, tudo pode ser
substituído.
Tudo, exceto as coisas deixadas por Amos, irmão de Troy.
“Vai ser bom ter tudo novo, para variar”, eu disse abruptamente,
esperando que meu amigo não estivesse pensando a mesma coisa que eu.
“Pode até ser divertido.”
“Bem, bem, Everett riu. “Olha quem está de repente olhando o copo
meio cheio?”
“O quê?” eu o desafiei. “Vocês não acham que eu sou otimista?”
 
 
Capítulo 13
 
 
 
SKYLAR
 
O restaurante era lindo, todo minimalista e moderno, mas, mesmo
assim, estranhamente aconchegante. O teto estava forrado com fios de
luzes, bem no alto. Alguém os havia cuidadosamente diminuído para a
quantidade perfeita de iluminação.
“Bebidas?”
Agradeci a Troy por ele pegar meu casaco, enquanto os outros me
levavam para longe da sala de jantar em direção a um enorme bar de vidro.
As prateleiras de vidro iluminadas por trás permitiam que a luz passasse por
uma centena de garrafas de tamanhos diferentes, criando salpicos de cores
suaves, mas aleatórias, em contraste com a pedra ardósia cinza.
“Você está... realmente fantástica”, disse Everett pela terceira vez. As
palavras foram provavelmente outra desculpa para seus olhos rastejarem
sobre meu corpo novamente, não que eu me importasse. O vestido preto
que eu usava era novinho em folha. Eu tirei a etiqueta dele uma hora atrás,
enquanto admirava o quão bem ele delineava minhas curvas.
“Obrigada,” sorri. “Vocês, rapazes, se arrumaram muito bem.”
“Sim, bem, nós somos homens”, admitiu Everett. “Camisa. Blazer.
Gravata. É fácil para nós.”
“Vocês não estão usando gravatas”, eu os lembrei de brincadeira.
“Bah,” Forrest desdenhou. “Gravatas são para casamentos e funerais.”
Troy voltou e uma rodada de bebidas foi pedida. Fui conduzida a um
dos únicos assentos vazios no bar lotado enquanto os rapazes se reuniam ao
meu redor, me ladeando de três direções.
“Saúde”, disse um deles, enquanto eu estava agradavelmente
distraída. Eu levantei minha vodca com cranberry e toquei em três copos de
uísque, ou scotch, ou bourbon – eu realmente não estava prestando atenção.
Com gravatas ou não, cada um dos rapazes parecia bem-vestido o
suficiente para comer. Eles usavam calças pretas e três sapatos de couro
diferentes, com camisas brancas de botão e paletós casualmente
desabotoados. Everett usava um par de abotoaduras de obsidiana. Forrest
ostentava seis anéis de prata em ambas as mãos. Eles pareciam enormes em
seus dedos porque eram enormes, mas ficavam muito sexy do mesmo jeito.
“Sabe, vocês são bem ecléticos,” eu disse.
Everett olhou para mim com curiosidade. “Como assim?”
“Bem, passamos do primeiro encontro padrão Karatê Kid – fliperama,
karts, etc. – para jantar e beber em um dos restaurantes mais bonitos da
cidade. Não que eu esteja reclamando, veja bem. São apenas duas
extremidades de um espectro muito amplo.”
Eu pensei muito sobre porque os rapazes me levaram para um
encontro tão divertido, tipo colegial, para começar. E concluí que era
porque eles ainda estavam fazendo todas as coisas que amavam quando
adolescentes. Tendo se juntado às forças armadas logo após o ensino médio,
eles foram forçados a crescer de uma vez. Provavelmente ficaram no
exterior por anos, enviados para missões em lugares estranhos e diferentes.
Mas todas as coisas que eles amavam fazer quando crianças eram as
mesmas que eles ainda amavam agora.
“Então, onde está o encontro ideal para você?” perguntou Troy. Com
movimentos lentos e deliberados, ele girou o líquido âmbar em seu copo.
“Em algum lugar no meio desse espectro?”
“Como se eu soubesse”, dei de ombros. “Acho que é menos sobre os
encontros em si e mais sobre o homem que me leva.”
“Ou homens,” Everett destacou.
Um flash de calor que não tinha nada a ver com o álcool se espalhou a
partir da minha barriga. “Ou homens,” concordei.
Eu estava agoniada nos últimos dois dias, só de pensar nesta noite.
Eles me beijariam de novo? Claro que sim. E era tudo o que eu queria — e
Deus, como queria! — mas eu também sabia que isso levaria a mais
problemas ainda.
Eu estava mergulhando cada vez mais fundo em um oceano perigoso,
no qual seria impossível nadar. Se eu fosse longe o suficiente, a correnteza
me levaria. Provavelmente para alguns lugares muito escuros e proibidos.
Lugares maravilhosos?
Porra. Eu tinha que ter cuidado.
“Então, eu vou descobrir o que vocês fazem?” perguntei de maneira
indiferente. “Além de serem fuzileiros navais?”
No caminho para a nossa mesa fiquei sabendo que os rapazes se
conheceram no TCM, ou Treinamento de Combate da Marinha. Troy e
Everett ficaram servindo na mesma base, enquanto Forrest passou a fazer
todo tipo de missões de contrainteligência e viagens distantes. Eles se
reencontraram mais tarde e fizeram várias viagens ao exterior juntos.
Presumi que era aí que eles haviam estreitado seu vínculo.
Não parecia real que eu tivesse três guerreiros bonitos e corpulentos
reunidos ao meu redor, me contando sobre todos os trabalhos exóticos que
eles realizaram. Juntos prestaram apoio às equipes especiais das Forças
Armadas na Síria e no Iraque. Voaram atrás das linhas inimigas, para liderar
pequenas unidades de operações de resgate e cumprir outros objetivos de
missão ainda mais incríveis.
Eles me disseram isso tão casualmente como se fossem os advogados
ou banqueiros de investimento que pareciam, da maneira que estavam
vestidos agora. Eu não conseguia tirar os olhos de seus braços gigantes,
seus ombros enormes. Seus peitos e costas largos e lindos que recheavam
suas camisas até o ponto em que os botões pareciam impossivelmente
apertados.
Pena que são três...
O pensamento me ocorreu várias vezes, e não apenas esta noite. Eu
ficaria com qualquer um deles em um ‘minuto de Nova York’, e sabia o
suficiente sobre essa expressão para fazer tal afirmação. Eles eram
combinações perfeitas para mim em todos os sentidos: fisicamente,
mentalmente e até emocionalmente. Cada um deles tinha um coração de
guerreiro. Cada um deles era apaixonadamente forte, ferozmente ambicioso
e guiado para alcançar resultados.
Mas eles eram os melhores amigos – podia-se dizer até mesmo irmãos
de armas – e isso era uma vergonha. Era a única coisa que impedia meu
corpo carente de sexo de pular em um daqueles corpos duros e bonitos.
Descaradamente, me vi desejando-os como nunca desejei ninguém antes. Se
a situação fosse mais simples, eu estaria pronta para entrar de cabeça aqui e
agora.
“Ah, já era hora.”
Os rapazes tomaram a liberdade de fazer o pedido, e nossa comida
chegou em meia dúzia de pratos espalhados por toda a mesa. Eu vi um bife
de tira maravilhosamente cozido, cortado em fatias médias. Montanhas de
carne de caranguejo deliciosas. Havia caudas de lagosta e espetos de frango
e tudo mais irresistível e delicioso, e também havia travessas de legumes
grelhados e outras menores com os demais acompanhamentos da refeição.
Eles dividiram tudo como eu sabia que fariam, passando os pratos de
um lado para o outro enquanto pegavam o que queriam. Fazia sentido que
mesmo aqui esses homens compartilhassem tudo. Assim como eu sabia que
eles me compartilhariam, se eu deixasse.
“Cada um de vocês me diga algo interessante sobre o outro”, eu disse,
servindo-me de um cogumelo Portobello.
“Certo,” Troy deu um salto. “Forrest toca piano.”
Fiquei de queixo caído. “Não brinca!”
“Não só toca, como é bom nisso”, confirmou Everett. “Ele não vai
tocar a menos que tenha bebido alguns drinques, é claro. E quanto mais
bêbado você deixá-lo...”
“Everett joga ‘Dungeons and Dragons’.”
Eu ainda não havia fechado a minha boca. Meu queixo caiu ainda
mais.
“É verdade”, disse Everett. “Ou jogava, pelo menos. Não jogo desde
aquele grupo que tivemos em Ar Raqqah. Travis era nosso Dungeon
Master, então, assim que ele retornou da missão, todo o grupo
praticamente...”
“Era uma vez Troy, que só tinha sete dedos,” Forrest murmurou, com
a boca cheia de batatas com alho. “Pelo menos em grande parte de um dia.”
“Sete e meio,” Troy o corrigiu.
“Que seja.”
Eu girei, e Troy já estava segurando sua mão esquerda. Eu não tinha
notado isso antes, mas lá estava: uma fina cicatriz branca que dividia seu
dedo médio, depois continuava irregular até a base do anelar e do dedo
mindinho.
“O que aconteceu?”
“Bomba caseira no Iraque”, disse Troy, “nos arredores de Tikrit. Perdi
os últimos dedos na explosão inicial. Acabou com eles.”
“Ah meu Deus!”
“Sim, então os insurgentes desceram a colina e nossa coluna recebeu
ordens para recuar”, disse Everett. “Apenas esse idiota não fez isso. Ele
começou um tiroteio de 45 minutos praticamente sem cobertura, para poder
procurar seus dedos.”
Forrest riu alto. Olhei para ele, horrorizada.
“Ei, eram meus dedos,” explicou Troy. “Eu não iria embora sem eles.”
“Então ele atirava cegamente com seu M27, e o tempo todo procurava
pelos dedos”, disse Everett. “Sabe, vasculhando a terra atrás eles. Ele
jogava uma granada de vez em quando e então procurava, enquanto o
inimigo estava encoberto pela explosão.”
Eu não podia imaginar, apenas tentar. A fumaça. O barulho. O caos.
“Então todos nós ficamos ao redor e de alguma forma acabamos
destruindo metade do maldito califado,” Forrest resmungou. “Ganhamos
Estrelas de Prata, toda a equipe. Além do Coração Púrpura dele. Tudo por
alguns dedos.”
“Eram só alguns dedos,” Everett franziu a testa. “Ele poderia se virar
sem eles.”
“Você não me ouviu?” Troy gritou. “Eram MEUS DEDOS!”
Forrest revirou os olhos dramaticamente. “Tão delicado.”
“Mas você os encontrou!” suspirei. “Você... você ainda os tem.”
Troy assentiu. “Nós os colocamos em uma garrafa de água, depois
guardamos a garrafa no que restava do refrigerador. Quando voltamos ao
acampamento, o cirurgião riu de mim. Me disse que era tarde demais. Mas
então havia um médico de campo chamado Jeremy, que pelo menos
resolveu fazer a cirurgia. O garoto era um gênio do caralho.”
“Não, o garoto era um bruxo do caralho,” Forrest fungou. “Você teve
sorte.”
“Sorte mesmo,” Troy concordou. “Jeremy adorava doces, então isso
me custou minha sobremesa pelo resto de nossa missão. Outros oito
meses.” Ele sorriu e flexionou a mão. “E eu ainda tenho meus dedos.”
“Sim, e o garoto ganhou cinco quilos”, riu Everett.
“Ele continua ganhando,” Troy riu. “Onde quer que ele esteja, eu lhe
envio uma lata de biscoitos todo Natal.”
 
 
Capítulo 14
 
 
 
SKYLAR
 
Não sei exatamente como acabamos de volta ao meu apartamento, só
sei que chegamos. Houve alguma menção sobre uma bebida, e alguma outra
sobre um filme. E então, antes que eu percebesse...
“Aqui estamos.”
O jantar foi mágico, a sobremesa ainda mais. Tomamos café com bolo
e um Riesling depois do jantar, e vinte minutos depois eu estava
conduzindo os rapazes pela grande porta de metal e entrando no meu
apartamento-estúdio.
“Caramba,” Troy suspirou, olhando ao redor. “Tudo isso é seu?”
“Enquanto eu continuar pagando o aluguel exorbitante, sim.”
Forrest e Everett permaneceram em silêncio, e senti um pouco de
orgulho ao vê-los absorver tudo. Meu cantinho era reconhecidamente
agradável. Eu o decorei meticulosamente nos últimos anos, mantendo-o
funcional, organizado e utilitário... assim como eu.
“Vamos ver…” eu disse, abrindo a geladeira escondida. “Temos 3
cervejas, uma Smirnoff Ice e uma garrafa de vinho branco que um cliente
me deu de presente de Natal há dois anos.”
“Dois anos atrás?” Everett riu. “Você o está envelhecendo?”
“Não. Eu apenas não gosto de vinho branco.”
“Você não deve receber muitos visitantes aqui”, acrescentou Forrest,
entrando na sala de estar.
Franzi as sobrancelhas. “Por que você diz isso?”
Ele afundou no sofá e pegou o controle remoto com um sorriso. “Você
já teria servido para alguém.”
A TV piscou e os rapazes começaram a passar pelos canais. Ele estava
certo, é claro. Eu mal trazia minhas amigas aqui, quanto mais convidados
românticos. Eu simplesmente gostava muito do meu espaço. Eu era uma
daquelas raras pessoas que gostava de ficar sozinha.
Isso é o que você diz a si mesma, pelo menos.
Certo, mas honestamente? Eu tinha muito medo de desistir de
qualquer controle. Tudo estava em seu lugar perfeito e adequado, e eu
gostava que as coisas ficassem exatamente onde eu precisava que elas
estivessem. Ter alguém interferiria nisso.
E ter três alguéns...
Ninguém parecia interessado em bebidas, então eu percorri o caminho
em direção ao sofá. Os rapazes haviam tirado os sapatos na porta e estavam
esticando os pés compridos em suas sensuais meias pretas. Os blazers deles
também tinham sumido, pendurados nas cadeiras da minha cozinha, e Troy
havia desabotoado os dois primeiros botões de sua camisa. Pela extensão
lisa da pele aberta no peito de Everett, parecia que ele tinha ido ainda mais
longe.
“O que está acontecendo aqui?” eu disse, olhando para eles. “Vocês
disseram que queriam ver minha casa, talvez pegar uma bebida ou...”
“Você não se lembra do nosso acordo?” perguntou Troy.
Balancei a cabeça. Everett e Forrest estavam em lados opostos do meu
sofá de couro, esticando seus grandes braços casualmente. Troy, em toda a
sua glória de peito seminu, afundou-se na poltrona.
“A última vez foi um filme de ação. Desta vez é uma comédia
romântica.”
Eu não tinha ideia de que horas eram, mas sabia que era tarde. Meu
despertador iria tocar amanhã às 5 da manhã. Eu tinha coisas para fazer,
lugares para ir.
Mas eu também sabia outra coisa: eu estava me divertindo muito esta
noite. Tanto que não queria que acabasse.
“Vamos lá,” disse Everett. Ele deu um tapinha na almofada entre ele e
Forrest. “Sente-se. Vamos deixar você escolher o filme.”
Meus pés cansados me imploraram para obedecer. Olhei desamparada
para o conforto do meu sofá, depois de volta para o meu vestido justo.
“Você pode vestir algo mais confortável, sabe,” disse Troy, lendo
minha expressão. “Você está em casa. Nós não.”
Forrest balançou a cabeça, obviamente irritado. “Você está realmente
falando para ela tirar a roupa?” ele perguntou.
“Ah... eu não sei,” Troy deu de ombros. “Talvez ela tenha algo
guardado que seja ainda melhor...”
Olhei na direção do meu quarto, enquanto os canais iam e vinham.
“Claro que sim”, sorri maliciosamente. “Esperem aqui. Eu realmente
tenho algo.”
Intencionalmente caminhei até o quarto, dando aos rapazes um último
olhar de despedida para o que eles estavam cobiçando a noite toda. Com
toda a justiça, eu também os estava examinando. Aparentemente, ficamos
todos mutuamente frustrados. A última coisa que ouvi ao fechar a porta foi
Everett discutindo com Forrest. Algo sobre os méritos de Ryan Gosling
versus Matthew McConaughey, e qual deles tinha mais cara de “galã”
quando se tratava de assistir a um romance de duas horas.
Tirar o vestido foi um alívio, mas desabotoar meu sutiã sem alças foi
ainda mais libertador. De repente passou pela minha cabeça que eu estava
ali quase nua, do outro lado da porta de três rapazes que queriam ficar
comigo.
Não, eles não só queriam. Três rapazes que estavam ficando com
você.
Eu ri no quarto vazio, mas o riso saiu nervoso. Droga. Se eu não podia
convencer a mim mesma, a quem eu poderia convencer?
Quando voltei para a sala, fui recebida com um coro de gemidos.
Quaisquer que fossem as expectativas deles, tenho certeza de que destruí
algumas fantasias quando saí com minha calça de moletom mais
confortável e uma camiseta.
“Vocês estavam esperando uma lingerie?” ri.
“Não, não exatamente,” disse Everett. “Mas...”
“Então chega para lá,” eu acenei, ficando entre ele e Forrest. “E me
passa o controle remoto.”
 
 
Capítulo 15
 
 
 
SKYLAR
 
Eu não conseguia me lembrar quando os beijos começaram, mas sabia
exatamente quando iniciou o toque. Eu estava deitada no colo de um
homem e beijando outro. Os dedos grossos de Forrest roçavam minhas
bochechas suavemente, colocando meu cabelo para trás enquanto Troy se
ajoelhava no chão, sua língua duelando com a minha.
Puta merda...
Eu me resignei a ser beijada, o que certamente estava acontecendo
maravilhosamente. Mas não esperava uma segunda boca no meu pescoço.
Não contava com a língua quente de Everett traçando círculos enquanto seu
nariz roçava o ponto sensível atrás da minha orelha, enviando arrepios
instantâneos até os dedos dos pés.
E então... uma mão, segurando meu seio. A mão se juntou a outra,
levantando minha camisa, expondo-me a duas bocas quentes e famintas que
cobriram meus mamilos expostos. Forrest e Everett me sugavam
gentilmente, sensualmente, enquanto eu gemia impotente na boca de Troy.
Todos os sinais de alarme piscaram. Sirenes soaram na minha cabeça, me
dizendo que eu estava entrando em um território novo e perigoso.
Mas meu Deus... Era um tesão do caralho!
Antes que eu percebesse, estava me contorcendo no sofá, puxando
suas cabeças ansiosamente em minha direção enquanto meus dedos
vasculhavam seus cabelos. Eu queria isso. Ainda mais, precisava muito
disso, e a enxurrada de umidade que veio com a atenção orais dos rapazes
era mais uma evidência de que eu estava perdendo o controle rapidamente.
Será mesmo?
O filme que ainda estava passando era um pretexto, a televisão foi
esquecida. Eu estava em uma encruzilhada importante. Até aquele
momento, tudo era diversão, jogos e passeios de kart, mas agora havia uma
decisão incrivelmente difícil que eu estava sendo forçada a tomar.
Ahhhh...
Senti um puxão em algum lugar abaixo do meu umbigo, quando o nó
que amarrava meu moletom foi desfeito. Uma mão quente agarrou minha
cintura, deslizando sobre minha barriga. Eu arqueei minhas costas quando
ela deslizou ainda mais para baixo, na bagunça quente e pegajosa que
estava entre minhas pernas.
Se você for fazer alguma coisa... agora é a hora.
Cada respiração era mais rápida que a última. Meus lábios se
separaram enquanto eu ofegava e gemia de prazer, meu corpo inteiro
estremecendo.
Skylar!
Eu era César, atravessando o Rubicão. Washington, atravessando o
Delaware. Hannibal, ultrapassando o...
Foda-se.
Sentei-me abruptamente, meu cabelo caindo no meu rosto. Coloquei-o
de volta sobre as orelhas com as duas mãos, enquanto os três olhavam para
mim com apreensão.
“Certo,” eu disse. “Estamos realmente fazendo isso?”
Meu estômago embrulhou mais e mais, amarrando-se em um nó. O
calor entre minhas pernas era um forno.
“Acho que a resposta do nosso lado é óbvia”, respondeu Forrest.
Tentei engolir, falhei terrivelmente, então tentei de novo. Na segunda
vez, consegui falar novamente.
“Tudo bem,” eu disse a eles. “Se todos vocês querem potencialmente
namorar comigo, precisamos ter certeza de que somos todos compatíveis. E
sim, isso significa que vou ter que dormir com vocês três.”
A expressão de Forrest, já cheia de luxúria, permaneceu inalterada.
Troy e Everett, no entanto, pareciam ter acabado de ganhar na loteria.
“Mas eu não quero que isso seja sufocante”, acrescentei rapidamente.
“Então... vocês vão ter que se revezar.”
Antes que pudessem dizer mais alguma coisa, apontei na direção do
meu quarto.
“Alguém provavelmente deveria me levar até lá”, eu disse com uma
risadinha cantada, “antes que eu perca a coragem.”
Todos os três dispararam de uma vez. Aconteceu tão rápido que me
senti lisonjeada.
“Quem é o primeiro?” Troy perguntou com ceticismo.
Eu olhei para eles um por um, deixando meus olhos rastejarem por
seus corpos totalmente sem remorso pela primeira vez. Forrest e Troy
estavam com suas camisas levantadas até a metade, seus cintos de alguma
forma já haviam sido desafivelados durante nossa diversão no sofá. Mas
Everett...
“Parece que ele é o que está mais pronto”, sorri, estendendo a mão
para acariciar a protuberância significativa entre suas pernas.
Uma faísca invisível saltou entre meus dedos e a masculinidade
crescente de Everett, porque nós dois enrijecemos ao meu toque. Levantei-
me, peguei-o pela mão e o levei para longe dos outros.
“Aproveitem o filme”, pisquei de volta para eles. Apertando a mão de
Everett, mandei um beijo de despedida para seus dois amigos.
“Vou chamar vocês quando terminar com ele.”
 
 
Capítulo 16
 
 
 
SKYLAR
 
Deslizei de costas e fui direto para o céu, enquanto Everett me deitou
na cama e abriu caminho entre minhas pernas. Suas mãos enormes eram
perfeitas para separar minhas coxas. Seu nariz roçou meu clitóris no
caminho, logo antes de seus lábios cheios e perfeitos se aproximarem da
minha entrada gotejante...
Pooooorra!
Agarrei os lençóis com as duas mãos enquanto sua língua quente
deslizou pelos meus lábios, surgindo dentro de mim. Um gemido muito
satisfeito depois, ele foi recompensado com um gole do meu néctar quente.
“Ahhhhhh...”
Fodam-se os lençóis. Eu os soltei imediatamente para segurar ambos
os lados de seu rosto lindo. Um minuto depois, meus dedos estavam presos
na parte de trás de sua cabeça, cravando-o em mim enquanto eu me
apertava contra sua boca indagadora e exploradora.
Era surreal, como tudo era bom! Suas mãos grandes... sua língua
quente e sinuosa. Olhei para baixo do meu corpo e vi aqueles olhos
castanhos salpicados de azul – mesmo na semiescuridão eles eram
brilhantes e bonitos. Everett piscou para mim de brincadeira antes de voltar
ao trabalho, me devorando tão completa e habilmente que me peguei
dizendo palavrões ininteligivelmente e ofegando para o teto.
Não demorou muito para eu gozar, jorrando em sua boca quente.
Minha cabeça pendeu para trás, meus olhos se cruzaram e soltei aquele
gritinho de felicidade que costumo dar pouco antes das comportas se
abrirem. Eu só podia esperar que Everett não fosse avesso a se molhar.
Quando eu me soltava assim – especialmente após um período de seca – eu
tendia a esguichar de maneiras que a maioria dos caras não estava
acostumada, e alguns não gostavam.
Acontece que eu não deveria estar preocupada. O fuzileiro alto
abraçou o momento e me bebeu de cima a baixo. Ele continuou me
devorando durante todo o meu orgasmo, até mesmo enfiando um dedo
longo e fino bem fundo enquanto mordiscava suavemente meu botão
excessivamente sensível.
“Ahh... Ah meu Deus…”
Quando terminei de ter espasmos ao redor de sua mão e boca, puxei-o
pelas orelhas, trazendo seu corpo alto e magro sobre o meu. Everett levou
seus lábios para baixo para me beijar, enfiando sua língua direto na minha
boca. Beijando-me ferozmente, ele me alimentou com meus próprios sucos
em um turbilhão de calor, umidade e doce, doce mel. Nossas bocas se
agitaram e nossas línguas brincaram e nos revezamos respirando a
respiração um do outro, até que eu pude senti-lo separando minhas coxas
pegajosas com um grande joelho.
Meus olhos se abriram, mirando diretamente os dele. Eu precisava ver
essa parte. Precisava senti-la.
“Eu quero você,” Everett rosnou, como um animal que mal domava
seu próprio instinto básico.
Eu podia sentir algo mais agora. Algo quente, macio e grosso,
pesando no topo da minha fenda latejante.
“Então me coma,” eu suspirei, me espalhando mais. “Faça o que você
precis...”
A estocada veio rapidamente, separando minhas pétalas cor-de-rosa
enquanto ele me penetrava. Meu suspiro suave se transformou em um
suspiro de espanto... e alegria... e doce, abençoado alívio.
Ah.
Meu.
DEUS.
Caramba, realmente fazia muito tempo! Eu soube disso no momento
em que ele me penetrou. E ainda melhor, ele parecia tão grande, grosso e
perfeito dentro de mim. Tão maravilhosamente confortável e incrivelmente
profundo, tocando lugares tão perto do meu útero que me fizeram cerrar os
dentes e agarrar suas costas.
Segurei firme quando Everett começou a me foder, primeiro com
movimentos lentos e hesitantes e depois progressivamente mais longos.
Logo ele estava indo mais rápido, me fodendo forte e profundamente
enquanto eu mordia seu ombro com força. Minhas pernas envolveram sua
cintura, meus calcanhares lutando para ficar em sua bunda agitada para
mantê-lo o mais profundo possível. Mas, como homem, ele era grande
demais. Seus quadris eram fisicamente muito largos para eu fazer qualquer
coisa, a não ser deitar para trás e deixá-lo me dar as estocadas ferozes de
que eu precisava tão desesperadamente. O que, no que me dizia respeito,
era totalmente vantajoso para as duas partes.
Ainda tem mais dois!
Até agora eu tinha esquecido completamente dos outros! Na esteira de
como era bom finalmente transar de novo, esqueci de me lembrar dos
outros dois homens igualmente gostosos esperando nos bastidores.
Esperando pela sua vez.
Tentei engolir novamente. Difícil.
Com você.
Novamente, não deu certo.
Em você. Dentro de você. Em cima de você...
Murmurei feliz quando a boca de Everett se aproximou do meu
pescoço nu e exposto. Ele beijou e mordiscou, traçando seu caminho até
meus lábios para que pudesse me beijar enquanto mergulhava dentro e fora
do meu corpo. Eu não conseguia parar de gemer. Não conseguia parar de
rebolar meus quadris para encontrar suas estocadas, ou espremer meus
olhos fechados sempre que ele apertava as nádegas para ter certeza de que
estava o mais fundo possível.
A mudança em sua rigidez geral me disse que ele estava chegando
perto. Antes que eu pudesse instigá-lo a gozar dentro de mim, Everett saiu
abruptamente. Seu rosto se contorceu em uma careta de prazer intenso, e
então de repente ele gozou em cima de mim. Jato após jato de calor branco
jorrou por toda a extensão dos meus seios e barriga e até meu pescoço,
enquanto ele segurava logo abaixo da glande como se estivesse sustentando
a ponta de uma mangueira de incêndio.
A imagem era tão excitante que a gravei imediatamente no canto mais
devasso e pecaminoso da minha mente. Este homem gigantesco, todo
sarado, ajoelhado diante do meu corpo nu. Cobrindo meu estômago quente
com piscinas quentes e translúcidas de seu sêmen vivificante.
Quando ele terminou, eu o vi enxugar a testa com um grande
antebraço. Everett começou a procurar por suas roupas, que havia tirado ao
entrar. Apontei para sua cueca, quando ele não conseguiu localizá-la.
“Melhor me mandar mais alguém”, eu disse, quando ele a vestiu.
“Tenho certeza de que os nativos estão ficando inquietos agora.”
Ele me deu um sorriso secreto. Era o tipo de olhar que apenas um
amante pode dar a outro.
“Então quem você quer que seja o próximo?”
Próximo. Puta merda.
Pensei sobre isso por um segundo, passando minhas mãos
sensualmente pela minha barriga cheia de gozo. “Mande-me Troy,” eu
disse, num impulso. “Afinal de contas, ele foi o primeiro a me procurar.
Não seria justo que fosse o último.”
 
 
Capítulo 17
 
 
 
SKYLAR
 
Troy ficaria comigo em seguida, e entrou no quarto apenas alguns
segundos depois que seu amigo saiu. Eu levei aqueles poucos segundos
para virar de bruços e mostrar a ele minha bunda lisa e seca. Dando-lhe uma
ficha limpa, por assim dizer.
“Ah caramba, isso”, ele suspirou quando me viu.
Eu ri, e por algum motivo isso cortou muita tensão. Olhando
sensualmente por cima do meu ombro, eu curvei um dedo para ele.
“Sua vez,” eu disse, empinando minha bunda no ar. “Mostre-me o que
você pode fazer.”
Ele se despiu ainda mais rápido que Everett, e seu corpo era tão
incrível quanto. Ele já estava quase totalmente duro quando chegou perto de
mim, e era tão impressionante quanto seu amigo.
Isso vai ser magnífico.
Estremeci quando suas mãos calejadas se prenderam em meus
quadris. Elas se acomodaram sem esforço na curva da minha cintura, como
se já tivessem estado lá mil vezes em vez de apenas uma.
Mordi meu lábio quando Troy se abaixou e agarrou seu pau,
arrastando a cabeça bulbosa para cima e para baixo através da minha fenda
pingando. Ele suspirou – ou talvez até tenha assobiado – com os dentes
cerrados.
“Deus, você está encharcada.”
Eu me contorci para trás na direção dele, incentivando-o. “Talvez seu
amigo tenha me preparado,” provoquei.
“Não,” Troy sorriu de volta. “Você está molhada assim desde que sua
bunda bateu naquele sofá.”
Ele estava bastante seguro de si mesmo, verdade seja dita. Mas
também estava certo. Eu estava muito animada a noite toda, antecipando o
que aconteceria mais tarde. No mínimo, eu receberia outro beijo triplo de
boa noite. No máximo, porém…
“Ahhhhhh...”
Soltei um gemido longo e satisfeito quando ele finalmente afundou
em mim. Ao contrário de seu amigo, que me penetrou de uma só vez, Troy
fez isso lentamente, centímetro por centímetro glorioso. Seus dedos me
apertaram quando nossos corpos quase se tornaram um, ficando
inevitavelmente mais próximos. A sensação de estar tão completamente
preenchida era maravilhosa. Fantástica. Transformadora. Eu segurei minha
respiração até que suas bolas estivessem pressionadas firmemente contra
minha boceta, e ele estava completamente enterrado dentro de mim.
“Você está quente pra caralho”, ele suspirou sonhadoramente, perdido
no momento. “Assim... tão quente por dentro...”
“Você está disposto a dar crédito ao seu amigo por isso?” eu ri.
“Talvez um pouco.”
“Puta merda, Troy,” resmunguei, rebolando minha bunda com tanta
força que eu podia sentir seu abdômen contra minhas nádegas. “Por favor.
Apenas me foda.”
Ele fez exatamente isso, penetrando-me lentamente nas primeiras
estocadas e, em seguida, realmente ganhando velocidade. Fechei os olhos
por um momento, deleitando-me com a sensação de ser fodida tão
dominantemente por trás. A maneira como ele agarrou meus quadris e me
fodeu no estilo cachorrinho era exatamente o que eu estava desejando.
Entre isso e o período de seca de meses que eu estava superando agora,
gritei alto e deixei a pura euforia de outro orgasmo monstruoso lavar meu
cérebro encharcado de endorfina.
Mmmmm...
Mais e mais forte eu batia de volta nele, até que as mãos de Troy se
transformaram em garras. Ele me fodeu sem piedade, sem diminuir a
velocidade. Sem se preocupar nem por um segundo em mudar de posição
ou tentar outra coisa, porque nós dois sabíamos no fundo de nossas mentes
que haveria outros momentos, outras oportunidades para explorar coisas
assim.
Quando ele pegou o ritmo novamente, eu sabia que ele estava perto.
Sua respiração mudou radicalmente. Seus dedos cavaram tão
profundamente na carne flexível logo acima da minha bunda que eu sabia
que estaria contando os hematomas pela manhã.
“Vá em frente”, eu insisti, olhando para trás novamente. “Deixa vir.”
O rosto de Troy era uma máscara vermelha de esforço dominada pela
luxúria. Ele saiu no último segundo e disparou em cima de mim, atirando
grossas cordas de seu sêmen quente contra o vale liso e bronzeado das
minhas costas esbeltas.
Puta MERDA, Skylar!
Pela segunda vez esta noite fiquei encharcada e trêmula, desta vez
coberta pelo gozo de um homem diferente. A expressão de Troy era de
saciedade e êxtase, cortada com uma decepção subjacente por tudo ter
acabado tão rápido.
“Vá buscar Forrest,” ordenei, virando de lado. Eu estava ficando sem
maneiras de me tornar apresentável. “Antes que ele exploda.”
Eu assisti enquanto Troy se apressava para se vestir, ou pelo menos
pegava o suficiente de suas roupas para ficar apresentável. Ele saiu da sala e
Forrest entrou – tudo dentro do tempo que levei para piscar.
Ah meu Deus, olhe para você...
A voz na minha cabeça registrou pura perplexidade. Não que eu
pudesse culpá-lo.
TRÊS caras, Skylar!
Logo seriam, sim. Deveria haver choque, culpa, talvez até um pouco
de arrependimento. Mas quanto mais eu procurava, mais percebia que não
sentia nenhuma dessas coisas.
Em outras palavras, a voz na minha cabeça poderia se foder.
“Ei...”
Olhei e Forrest estava de peito nu na beirada da cama. Ele já não
estava usando nada além de uma cueca boxer. Cueca com um conteúdo
impressionante, também.
“Estão dizendo por aí que alguém aqui está querendo transar.”
“Eu já transei,” ri de volta para ele. “Duas vezes já.”
“Estou vendo.”
Levantei uma sobrancelha quando meu olhar se fixou em sua boxer.
“O melhor por último?”
O grande fuzileiro despiu a cueca. Meus lábios se abriram um pouco,
enquanto meus olhos se arregalaram.
“Me diga você.”
Santo...
Fiz uma oração silenciosa de agradecimento a quem estivesse
ouvindo. Primeiro, para que esta noite lendária vivesse na minha memória
para sempre. Mas, segundo e mais importante, que o homem superdotado
que subiu na minha cama tenha sido escolhido para ir por último, em vez de
primeiro.
Sem dizer uma palavra, levantei uma perna em direção ao teto e
agarrei meu tornozelo. Forrest soube imediatamente o que eu queria. Ele
colocou minha coxa estendida na cama entre suas duas pernas grandes e me
penetrou de lado.
Isssssssssssso!
O ângulo não poderia ter sido melhor. O fuzileiro barbudo me
penetrou até o meu âmago, enterrando sua grandeza tão profundamente, tão
ferozmente, que eu queria gritar e chorar ao mesmo tempo.
Um momento depois, ele estava deslizando para dentro e para fora,
me ‘cortando’ perfeitamente. Ele assumiu segurando minha perna com uma
de suas mãos enormes e carnudas, e usou a outra para esfregar o topo da
minha boceta muito molhada com três dedos surpreendentemente suaves.
Caramba.
Que Forrest tinha todo o equipamento, isso era certo. Mas, acima de
tudo, ele fodia bem! Seus golpes eram confiantes e poderosos, e me
levaram a um prazer tão profundo que eu mal conseguia respirar entre suas
estocadas incrivelmente sensuais.
Meus seios se deleitaram sob a investida, as pontas rosadas
endurecendo de excitação enquanto ele me cavava tão completamente. Meu
mais novo amante estava focado na tarefa que estava executando. Ele me
penetrava com intensidade e propósito, fazendo com que eu me perguntasse
se ele abordava todas as tarefas dessa maneira, todas as missões que haviam
sido colocadas à sua frente para serem concluídas.
E então, assim que eu pensei que tinha atingido os limites de sua
resistência... ele veio ainda mais forte.
Puta MERDA.
Meu corpo se contorcia suado na cama embaixo dele,
irremediavelmente e completamente rendido a esse homem com quem eu só
tinha saído duas vezes. Eu estava mais molhada do que nunca na minha
vida, sendo fodida mais intensamente do que nunca. E então nossos olhares
se encontraram, e eu vi a mesma excitação nos olhos dele também. Vi a
excitação brotando, a paixão crescente. Suas estocadas crescendo para um
ponto quase impossível de manter, enquanto eu agarrava os lençóis e me
segurava para o que viria a seguir.
Ele vai gozar dentro de você.
Eu soube em um instante; estava bem ali nos olhos dele. Eles se
dilataram perigosamente, com a sombra de uma pergunta atrás deles.
Nenhuma palavra foi trocada entre nós, apenas o leve levantar de uma
de suas sobrancelhas escuras. Eu respondi olhando para ele, antes de dar-lhe
um mínimo aceno de cabeça.
O gesto foi pequeno, quase imperceptível. Mas era tudo o que ele
precisava. Forrest rosnou como um urso enquanto se drenava dentro de
mim, inundando meu útero já encharcado com tudo o que ele tinha.
E acredite, ele tinha muito.
Ahhhhhh...
Jato após jato, ele gozou em mim, enchendo-me até transbordar. Ei, eu
tinha pedido isso. O jeito como mexi meus quadris tornou inevitável, até.
Ele me segurou por um tempo antes de finalmente soltar minha perna.
Eu a abaixei com cuidado, percebendo que estava apontada para o teto por
tanto tempo que estava até dormente.
“Caramba, Skylar.”
Nossas testas se tocaram. Sua boca se abriu em um quase sorriso, e
então ele me beijou profundamente, com alma, de uma maneira que eu
nunca, jamais esqueceria.
Meu peito ainda arfava com o esforço de recuperar o fôlego, e eu
estava toda dormente. Especialmente entre as pernas. Meu amante me
segurou por um momento em seus braços de granito, então saltou agilmente
da cama e começou a se vestir.
O quarto estava escuro e quente, e envolto em silêncio. Ah sim, e
cheirava a sexo.
Isso com certeza.
Quando Forrest vestiu sua cueca e saiu do quarto, não pude deixar de
fazer o que sempre fazia: olhar para o teto acima da minha cama.
Como de costume, houve muito pouco em termos de respostas.
 
 
Capítulo 18
 
 
 
SKYLAR
 
“Espere um minuto, eles são todos fuzileiros navais?” Renée
perguntou. “Todos os três?”
“Sim.”
“E eles eram exatamente como as fotos que você nos mostrou?”
Sentei-me em uma das cadeiras de jantar descombinadas da minha
amiga e sorri. Sua cozinha inteira era descombinada, na verdade. Mas o
caos total tinha um certo charme.
“Cem por cento,” eu disse. “Eu não teria saído com eles se houvessem
mentido sobre as fotos.”
Ocorreu-me que, ao confirmar isso, eu teria visto os três homens sem
camisa. Mas Renée não pareceu entender essa parte.
“Agora”, eu disse, estendendo meu telefone para ela. “Falando em
fotos...”
Procurei a foto que havia tirado mais cedo e mostrei a ela no meu
telefone. Era uma foto minha, parada na varanda do meu apartamento.
Tentando parecer refinada sem fazer parecer que era proposital, o que é
claro que era.
Renée olhou casualmente para a foto com a qual ela deveria estar me
ajudando. Como ela era uma autoproclamada profissional do Instagram, e
eu uma mera novata, eu a procurei primeiro.
“Então este é o filtro que você estava falando por telefone?” eu
perguntei, me inclinando. Apertei uma série de botões, então parei para
prestar atenção em outro. “Esse aqui?”
Infelizmente para mim, minha amiga não estava interessada. Pelo
menos não ainda.
“E você saiu com todos eles?” ela perguntou. “Juntos?”
Eu suspirei, fazendo uma bagunça nos botões que eu estava
pressionando. A foto na tela do meu telefone ficou pálida, depois se
inverteu em uma imagem negativa. Balancei minha cabeça e apertei o botão
CANCELAR.
“Não com um de cada vez,” Renée reiterou. “Mas todos de uma vez?
Como eles apareceram, no mesmo carro...
“Não um carro,” eu a corrigi. “Um Behemoth.”
Renée falou a palavra de volta para mim, repetindo-a sem jeito. Ela
estragou a pronúncia, tornando-a horrível.
“É um grande caminhão militar”, expliquei, afastando meu café.
Renée fez um café horrível. Eu não podia dizer isso na cara dela, no
entanto. Especialmente porque eu precisava da ajuda dela.
“Olha, você vai me mostrar como fazer isso ou...”
Minha amiga pegou meu telefone de volta e começou a pressionar os
botões novamente. O que me incomodou, porque eu queria que ela me
mostrasse quais botões apertar.
“Olha, está vendo isso?” ela disse, apontando. “É o filtro da lente.
Muito refinado.”
“Mas ele fez com que minha foto ficasse menor,” apertei os olhos.
“Sim, mas faz uma grande réplica da foto original e a usa como plano
de fundo, então essa parte é muito legal.”
Eu fiz uma careta. “Novamente, como isso é legal?”
Renée abaixou a borda molhada de sua caneca de café – sem um
porta-copos, veja bem – e suspirou. “Porque simplesmente é, é por isso.”
Ela sacudiu seu lindo cabelo ruivo, ainda molhado do banho. “Agora,
quando você quer parecer encantadora? Você pode experimentar o filtro
Branca de Neve. Desse jeito.”
Ela apertou outro botão. Desta vez, a minha foto parecia de repente
caricatural, com um nariz minúsculo e uma boca arrebitada. Era
absolutamente ridícula.
Não posso usar isso!” exclamei. “Ninguém me levaria a sério!”
“Mas você parece uma princesa da Disney!”
“Não!”
Ela suspirou, irritada. “Tudo bem, então que tal este?” Tocando outro
botão, minha foto mudou novamente. “Tudo o que esse faz é tornar seus
olhos mais brilhantes e mais bonitos.”
O verde em minhas íris se tornou dez vezes mais dramático agora.
Merda, eles pareciam muito com os fluorescentes dos anos 90.
“Estou parecendo um demônio!”
Minha amiga revirou os olhos para mim. “Tudo bem, então aqui:
‘Glitter’.”
Não consegui ver o apelo. Balancei minha cabeça.
“Paris?” ela digitou algo mais. “Vintage? Sepia?”
Um por um, eu a observei aplicar diferentes filtros do Instagram à foto
que escolhi para minha imagem de perfil. Repetidamente, os resultados
foram os mesmos: eu parecia absolutamente ridícula.
“Por que não posso usar a foto normal que tirei?” implorei. “Sem
nenhum filtro?”
“Ninguém faz isso!” ela exclamou, horrorizada. “Você está tentando
ser básica?”
“Básica?”
“Vamos lá, Skylar,” minha amiga lamentou. “Você queria minha
ajuda, mas é como se nem estivesse ouvindo!” Ela reorganizou seus
pensamentos por um momento, forçando-se a se acalmar. “Vamos tentar
esse. Tudo o que ele faz é colocar margaridas em seu cabelo.”
Nós fomos e voltamos por um tempo, até que finalmente decidi por
algo chamado Juno. Renée reclamou que quase não fez diferença, mas o
contraste e a vivacidade da minha foto original com esse novo filtro
aplicado realmente fizeram a foto parecer mais profissional.
“Obrigada por isso”, finalmente sorri. “Eu sou boa em muitas coisas,
mas quando se trata dessa porcaria de mídia social...”
“Não é uma porcaria,” Renée interrompeu. “Alguns desses
influenciadores ganham seis dígitos ou mais.”
“Postando fotos deles mesmos?” suspirei.
“Quando você considera postagens patrocinadas, sim.”
Balancei minha cabeça em descrença. Eu sempre me considerei
experiente e atualizada sobre as coisas, mas esse era um novo território
selvagem.
“Você deveria apenas me enviar algumas fotos diárias e deixar seu
Insta comigo”, Renée me assegurou. “Vou mantê-lo constantemente
atualizado com boas legendas e garantir que você obtenha o maior número
possível de curtidas.”
Eu assenti sem realmente concordar com nada. Tendo finalmente
conseguido o que queria, minha amiga sorriu.
“Então, como são esses pretendentes?” ela perguntou ansiosamente.
“Eles são legais.”
“Legais?” Renée riu. “Você saiu em dois encontros com três fuzileiros
gostosos e foi apenas legal?”
Memórias voltaram rapidamente – flashes quentes e ardentes do que
eu estava chamando de minha ‘noite de devassidão’. Tentei me convencer
de que não era tão ruim assim. Dormi com outros caras no segundo
encontro antes, e essa parte não era grande coisa. Mas eu tinha acabado de
fazer isso com três deles. Testei esses homens como se eles estivessem
querendo entrar para um time ou algo assim, o que de certa forma, percebi
que era o que queriam.
“Skylar?”
Aparentemente, minha amiga esperava uma resposta. Minha boca se
contorceu, do jeito que eu sempre fazia quando escondia alguma coisa.
“Certo”, suspirei, adicionando um pequeno sorriso. “Na verdade, foi
muito bom. Eu me diverti muito, além de todos os três rapazes serem
ótimos juntos. Ao contrário da maioria das pessoas com quem namorei
ultimamente.”
“Mas você não namorou ninguém ultimamente,” Renée salientou.
“Exatamente.”
Ela riu. “Talvez você devesse nos agradecer. Josie, Alyssa e
especialmente Maria.”
Pensei nas minhas outras amigas, que estavam bisbilhotando,
querendo ainda mais informações do que Renée agora. Embora estivesse
ocupada nos últimos dias, também as evitei intencionalmente. Eu ainda não
havia decidido o que diria.
“Então me diga... como fica um encontro com três caras diferentes no
final?”
Mordi meu lábio inferior. Eu podia ver os olhos turquesa de Renée se
arregalarem, estudando meu rosto enquanto ela esperava minha resposta.
“Com alguns beijos bem ardentes, é claro.”
Não era toda a verdade, mas tinha validade suficiente para passar pelo
detector de mentiras afinado de Renée. Ela ficou de boca aberta em choque.
“Skylar! Mesmo?”
“Mesmo.”
Ela piscou. “Você está entrando em um buraco sem fundo!”
“Sim, apenas lembre-se de que vocês me apontaram na direção desse
buraco”, disparei de volta. “Eu estava dormindo. Cuidando da minha vida.
Geralmente sendo a idiota que todas odeiam, só descansando na minha
cama quando todo esse pequeno esquema foi inventado.”
Minha amiga se encolheu um pouco com as acusações. “Ei, eu nem
estava lá. Eu já tinha ido para casa, lembra?”
“Sim, mas mesmo assim você as encorajou. Vocês cinco me disseram
para fazer isso pela ‘ciência’, lembra?
Com isso, minha amiga ficou totalmente quieta, sem razão. Renée era
provavelmente a mais emotiva do meu círculo de amigas. Eu tinha que
pegar leve com ela.
“Olha, eu nem estou brava”, expliquei. “Eu realmente me diverti
muito. Mas não é como se eu pudesse de verdade namorar três caras, e
neste momento eu não sei como colocar um ponto final nisso.”
“Mas você gostou deles?”
“Sim,” eu disse, provavelmente um pouco rápido demais. “Muito.”
“Então é fácil. Apenas escolha um.”
A ideia parecia uma facada nas costas. Imediatamente eu me ressenti.
“Não posso!” surtei. “Não vou fazer isso.”
“Por que não?”
“Porque eles são amigos, Renée! São quase como irmãos. Não há
como eu fazer uma escolha assim, mesmo se eu soubesse qual deles eu
queria. Os outros dois me odiariam.”
“Eles poderiam,” minha amiga deu de ombros. “Por um tempo, pelo
menos.”
Ela se inclinou solidariamente e colocou a mão no meu pulso.
“Mas não seria melhor que dois de vocês terminassem juntos, do que
quatro de vocês acabassem sozinhos?”
 
 
Capítulo 19
 
 
 
EVERETT
 
“Continue,” Forrest instruiu. “Avance um pouco mais.”
Apertando o botão de avanço rápido, continuei olhando para a tela
brilhante. O laptop mal iluminava o cantinho que escolhemos para montar a
mesa dobrável, no armazém escuro que logo seria nosso apartamento.
“Novamente, o que estou procurando?” perguntei.
“Você saberá quando vir.”
As imagens do drone passavam em preto e branco. Isso significava
que era uma filmagem à luz do dia. O retículo no centro da tela se arrastou
independentemente do círculo de zoom, acompanhando lentamente
enquanto uma cidade inteira se passava diante de nós.
“Onde está...”
“Certo, pare!”
Forrest apertou o botão play antes que eu pudesse reagir. Tudo
desacelerou e entrou em um foco mais nítido.
“Continue olhando aqui, assim que puder ver com clareza este
prédio.” Forrest apontou para a tela. “Acontece rápido, então não desvie o
olhar.”
Meus olhos seguiram a perspectiva aérea, conforme revelado pela
mudança de curso do drone. Ele seguiu para a esquerda, mais suavemente
do que qualquer aeronave normalmente pilotada teria feito. Eu tinha visto
esse modelo em particular de perto. Os aviônicos eram incríveis.
“Ali!”
A rua se alongou quando o drone passou por um grande prédio
branco. Por uma fração de segundo, ou talvez dois, vislumbrei três homens
passando por uma porta aberta. Antes que eu pudesse piscar, eles
desapareceram.
“O quê, isso?” eu ri. “É por isso que você me arrastou até aqui? Por
alguns quadros borrados de...
“Assista de novo”, disse Forrest. “E não fale.”
Ele apertou o botão de rebobinar, então arrastou as barras até colocar a
seção em um loop destacado e controlável. Repetidas vezes vi os homens
entrarem no prédio. Cada vez não parecia diferente da anterior.
“Você o viu?” perguntou Forrest cuidadosamente.
“Eu vi alguém”, concordei. “No entanto, poderia ser qualquer um.
Poderia ser...”
“Não”, meu amigo disse novamente, ficando frustrado. Ele pausou a
filmagem e apontou. “Olhe para a forma desse cara bem aqui. Use o portal
para tentar medir sua altura. Seu peso.”
Ainda estávamos sussurrando, o que não fazia o menor sentido.
Atribuí isso em parte porque estávamos sentados no escuro. Mas eu sabia
que era provavelmente por outro motivo mais importante.
“Você roubou essa filmagem, não foi?”
A mandíbula de Forrest ficou apertada. Pelo brilho da tela, vi uma
gota de suor escorrer pelo lado de sua cabeça. Desapareceu em sua barba.
“Eu não roubei”, meu amigo zombou. “Deram-me uma cópia.”
“Sim, definitivamente você roubou,” eu ri. “Ou pelo menos alguém
fez isso. Olhe para você. Está suando.”
“Eu sempre suo,” Forrest disse defensivamente.
Balancei minha cabeça. “Não desse jeito,” eu disse a ele. “Já vi você
suar menos no deserto, no meio da tarde. No meio do fogo cruzado.”
“Falando sério,” meu amigo retrucou. “Alguém se arriscou para me
passar isso escondido. Cada segundo desta filmagem é altamente
classificado. Eles nos levariam à corte marcial apenas por respirar sobre
isso.”
Suspirando, voltei para a tela novamente. Os três homens eram um
borrão indistinguível. A mesma coisa de antes.
“Vou começar de novo”, disse Forrest. “Mantenha um olho atento no
cara no meio. Observe como ele se move.”
Eu assisti, de novo e de novo. No terceiro loop algo chamou minha
atenção. No quinto ou sexto loop, eu me voltei para Forrest.
“Ele está mancando,” eu disse. “Arrastando a perna.”
“Arrastando a perna esquerda”, confirmou Forrest. “Sim.”
Meu rosto se contorceu em confusão, mas apenas por um momento.
Então caiu a ficha.
“Caralho!”
“Sim.”
Meus olhos se arregalaram com a percepção abrupta. “Você não
acha...”
“Eu acho,” Forrest interrompeu. “Mas não tenho certeza. Teríamos
que ter certeza”, acrescentou, “antes de, você sabe…”
“Antes de Troy.”
“Sim.”
Agora eu sabia exatamente por que nós dois estávamos aqui sozinhos.
Porque Forrest tinha me chamado, e somente eu.
“Onde e quando?” perguntei, apontando para a tela.
“Kandahar. Menos de duas semanas atrás.”
Sul do Afeganistão. A região estava certa. Fazia todo o sentido.
“Vai ser uma merda lidar com isso,” eu disse. “Nós podemos não
chegar lá até...”
“Estou indo amanhã,” Forrest anunciou.
“Uau!” exclamei. “Como?”
“Cobrei um favor de um sargento de artilharia. Eu fiz uma requisição
para ele me oferecendo como voluntário para preencher uma vaga em um
esquadrão adicional.”
“Você conseguiu uma vaga para mim?”
“Não,” meu amigo balançou a cabeça. “Se nós dois fôssemos, Troy
suspeitaria de algo. Além disso, pode ser qualquer um.” Ele apontou para a
tela novamente. “É melhor eu verificar primeiro, no caso de becos sem
saída.”
“Ou eles já podem ter ido embora,” salientei.
Forrest balançou a cabeça, concordando. “Como eu disse, é melhor
dar uma olhada. Não sei quanto tempo isso vai levar. Especialmente porque
terei que mexer mais alguns pauzinhos para voltar, se estiver errado.”
“Ou nos chamar para lá,” eu disse solenemente. “Se você estiver
certo.”
“Isso também”.
Observei meu amigo puxar o pen drive da porta USB do laptop. Ele o
colocou no chão, então pisou repetidamente com o calcanhar de sua bota.
“Nós nunca vimos isso”, disse ele desnecessariamente.
“Vimos o quê?”
Eu balancei minha cabeça lentamente enquanto ele se movia na
direção do vaso sanitário, para descarregar os cacos. Poderíamos esconder
isso de Troy, mas não para sempre. E provavelmente não por muito tempo.
Pode muito bem não ser nada, pensei comigo mesmo. E se for isso,
não tem problema.
Mas se ele estiver certo...
Se o palpite de Forrest estivesse certo, a vida certamente mudaria para
nós. Porque não haveria nada no mundo que fizesse Troy se sentar e ignorar
evidências que pudessem levar o assassino de seu irmão à justiça. Ele iria
até os confins da terra para vingar Amos, e nem era preciso dizer que
estaríamos ao lado dele.
Porra, às vezes estar certo era péssimo.
 
 
Capítulo 20
 
 
 
SKYLAR
 
“Eu sei que é tarde, e você provavelmente está ocupada... mas você
tem tempo para um drinque rápido?”
Eu não era de atender a porta depois das dez horas, muito menos abri-
la. Mas o rosto barbudo do outro lado do meu olho mágico não pertencia a
qualquer um.
“Hummm... claro.”
Abri a porta e Forrest entrou no meu apartamento. Ele usava uma
camisa verde básica que estava justa em quase todos os lugares e calças
cargo camufladas que se estendiam até suas botas militares.
“Dê-me um segundo para vestir alguma coisa, certo?”
Ele assentiu, e seu olhar me disse que sua mente estava a mil por hora.
Ninguém tomava um “drinque rápido” sem segundas intenções. Ele
obviamente tinha algo a me dizer.
Levei menos de dois minutos para vestir uma camisa limpa e, em
seguida, vestir um jeans com o qual passei o dia todo. Quando retornei para
a sala, meu convidado estava no mesmo lugar, com as mãos nos bolsos.
“Está tudo bem?” perguntei.
“Com certeza.”
“Então certo, vamos lá.”
Tranquei a porta e descemos, comigo admirando cada curva da bunda
magnífica de Forrest enquanto estávamos na escada. Seus braços e ombros
ameaçavam rasgar as costuras de sua camisa a cada degrau. Quem fez a
camisa merecia algum tipo de prêmio.
“Está tudo bem?” perguntei, apontando para o outro lado da rua. “De
repente me deu uma vontade de tomar uma cerveja.”
O pub subterrâneo era quase imperceptível – literalmente um buraco
na parede. Mas eles serviam Guinness na temperatura ambiente diretamente
do barril, que era a única maneira de apreciar uma Guinness, até onde eu
sabia.
Forrest respondeu me pegando pela mão e me levando até a faixa de
pedestres. “Isso é perfeito”, ele resmungou.
Eu propositadamente passei minha semana sozinha, imersa no
trabalho, tentando dar o meu melhor para não pensar no que aconteceu no
fim de semana. Não que eu tenha me arrependido de alguma coisa, ou não
quisesse que acontecesse novamente. Mas porque o que quer que
acontecesse a seguir entre os rapazes e eu, decidi que precisava ser
completamente natural.
Eles me enviaram algumas mensagens de texto desde que saíram do
meu apartamento naquela noite, e eu até respondi a algumas delas. Mas,
para ser honesta, eu ainda estava insegura. Mesmo se eu pudesse superar o
conceito radical de namorar três caras diferentes, ainda havia o estigma
social por trás disso. Como algo assim se parecia? Quer dizer, ficar em casa
era fácil... mas qual seria a logística para sair em público?
Houve momentos em que eu não podia acreditar que estava
considerando tal coisa, mesmo meio-seriamente. Mas então eu desacelerava
e minha mente assumia o controle. De modo tortuoso, ela invocava imagens
aleatórias de sábado à noite. Lembranças de como era perturbadoramente
ousado abrir minhas pernas e satisfazer três homens em seguida. E também
como era sexy e poderoso apenas me entregar a eles.
Forrest contornou os bancos vazios no bar e me puxou na direção de
uma mesinha, colocada de lado. Quando nos sentamos, chamei a atenção do
barman e levantei dois dedos. Sammy assentiu e começou a servir.
“Então, a que devo o prazer?” eu disse, com um sorriso.
“Não tanto prazer quanto um infeliz adeus”, disse Forrest. “Estou
sendo mobilizado.”
Não pude esconder meu choque. “O quê? Quando?”
“Amanhã.”
“Uau!” suspirei. “Eu não sabia que esse tipo de coisa acontecia tão
rápido.”
“Não é usual,” o fuzileiro respondeu. “Bem, algumas vezes. Se houver
um conjunto de habilidades específico necessário para uma missão
específica, talvez, mas...”
Nossas cervejas chegaram e Sammy as colocou na mesa com um
sorriso. Como sempre, estavam transbordando de espuma generosa e em
cascata.
“É algum tipo de missão?” perguntei, deslizando uma em sua direção.
O bigode de Forrest se contraiu enquanto ele pensava por um
momento. “Pode ser.”
De repente eu me preocupei com ele. Era um sentimento estranho.
“Também pode não ser nada,” ele disse. “Nesse caso, estarei de volta
mais cedo do que o normal.”
Eu dei de ombros impotente. “Eu nem mesmo sei o que é o normal.”
“Seis a doze em média”, ele respondeu mecanicamente. “Meses.”
Meu coração se partiu. “Ah.”
“Olha, não importa quanto tempo eu fique fora, os outros ainda
estarão aqui. Você sempre terá Troy e Everett. Eles estarão aqui para você.”
Ele fez uma pausa, olhando para o nada. “É só... é só que eu queria...”
Bebi para quebrar a pausa constrangedora, e Forrest aproveitou a
oportunidade para beber comigo. A Guinness estava suave e deliciosa como
sempre, quase como um doce. Eu tive que me impedir de beber metade dela
de uma vez. Do outro lado da mesa, pude ver que meu convidado estava
tendo a mesma experiência. Ele realmente bebeu metade de sua cerveja, o
que deixou uma barba de espuma de aparência engraçada por cima de sua
barba existente.
“Uau”, eu ri, acenando para o copo meio vazio. “Acho que você
realmente quis dizer isso quando disse um drinque rápido.”
“Skylar, me escute,” disse Forrest, olhando ao redor. Ele parecia
ansioso para dispensar a conversa fiada. “Eu quero que você saiba que a
outra noite foi incrível.”
“Você pode dizer isso de novo”, eu murmurei em meu copo.
“E, além de ter sido ótima, também foi especial para mim”, continuou
o fuzileiro. “Eu geralmente não faço coisas assim. Não tenho o hábito de
baixar a guarda tão rapidamente e definitivamente não me abro para
qualquer um.”
Ah meu Deus, ele estava sendo meigo! Ou pelo menos estava
tentando ser. Abruptamente, larguei todas as piadas superficiais que vinham
à mente. Forrest partiria em questão de horas. Ele não estava aqui para isso.
“Eu queria dizer que pela primeira vez na minha vida eu realmente me
arrependo de ter que sair. Especialmente agora, depois de ter acabado de...
bem, você sabe.”
Eu o estudei cuidadosamente. Sua expressão, seus maneirismos, até
mesmo suas palavras. Tudo era autêntico.
“Eu sei”, eu disse, estendendo a mão para tocar sua mão. “E me sinto
da mesma forma. Eu mal te conheci. E agora...”
“Pergunte-me algo, então.”
“Como o quê?”
“Qualquer coisa,” ele respondeu. “Algo que ajude a você a me
conhecer.”
“Certo,” eu disse. “Como você aprendeu a tocar piano?”
“Uma vizinha, Sra. Dunstan, que morava no andar de baixo,” ele
respondeu. “Ela era uma bibliotecária divorciada que dava aulas de piano
em paralelo.”
“Ela dava aulas para você de graça?”
“Ela sempre gostou de mim,” Forrest admitiu. “Eu a ajudava a
carregar mantimentos, mover móveis, até consertar algumas coisas em casa.
Ela começou devagar, mas eu peguei o jeito e ela me ensinou muito.
Chegou a me dar a chave do apartamento dela. Acabei indo lá muitas vezes,
não apenas para praticar, mas até mesmo para me esconder. Especialmente
nas noites em que meu pai ficava particularmente bêbado e procurava
alguém para descontar.
Fiquei sentada ali em silêncio enquanto Forrest coçava a barba.
Quando ele falou novamente, estava segurando seu copo de cerveja com as
duas mãos.
“Acho que eu deveria ter começado com a parte do pai ruim, hein?”
“Não se você não quisesse,” eu respondi. “É uma boa história, de
qualquer maneira. Parece que a sra. Dunstan era legal.”
O jeito que Forrest sorriu de volta foi um pouco exagerado. Sua pele
também ficou um tom mais avermelhado.
“Ah”, ri. “Ela era um pouco mais do que legal, não era?”
“Sim”, ele admitiu timidamente. “Ela me levou para passear no meu
aniversário de dezoito anos.”
Eu ri. “Aposto que ela realmente ensinou alguma coisa.”
O grande fuzileiro sorriu e ficou ainda mais vermelho. “Nós
continuamos até que eu parti para o quartel. Eu fiquei habilidoso no piano,
no entanto. A última vez que ouvi falar, ela havia se casado novamente;
parece que com algum historiador local de mapas na biblioteca. Cara
superlegal.”
“Hummm”, eu disse, estendendo a mão para traçar um dedo
lentamente ao longo do interior de seu antebraço. “Talvez um dia eu tenha
que me vestir como uma bibliotecária sexy para você. Já que esse é o seu
estilo.”
“Bem, não sei se é o meu estilo...” ele disse defensivamente.
Eu dei de ombros brincando. “De qualquer maneira, pode ser
divertido descobrir.”
Silenciosamente eu me repreendi por ter começado isso. A partir de
agora eu não tinha ideia de quão longe as coisas entre nós estavam indo, se
é que estavam indo a algum lugar. Como se estivéssemos representando.
Calma, Skylar.
Forrest olhou para mim com curiosidade por um momento, então
esvaziou seu copo. “Você é incrível, sabia disso? A maioria das mulheres
que ouvisse uma história como essa dos lábios de seu amante nunca mais
iria querer ouvir falar de bibliotecárias.”
“Sim, bem, eu não sou como a maioria das mulheres”, suspirei,
terminando minha cerveja. “E não há nada para se ter ciúmes. Se vocês três
estão dispostos a tentar me compartilhar, sem ciúmes, posso realmente ter
inveja de seu passado distante?”
“Acho que não,” ele admitiu.
“Definitivamente não,” eu o corrigi. “E, além do mais, bibliotecárias
são fogosas.”
Forrest sorriu até que um pequeno alarme digital disparou, então
olhou para seu relógio de pulso grosso, de aparência militar. A espuma que
grudava no interior de nossos copos contou o resto da história. Nosso
drinque rápido havia acabado.
“Sabe,” suspirei melancolicamente, “nós deveríamos ter tomado esse
drinque no meu apartamento. Mesmo com tempo limitado, eu poderia ter
lhe dado uma despedida adequada.”
Meu estômago revirou com a mera sugestão. Os olhos castanhos de
Forrest brilharam. “Ah é?”
“Sim.”
Ele sorriu de volta para mim cumplicemente. “Bem, em todo caso,
estou feliz por ter sido aqui. Vai ser ainda mais agradável depois.”
Revirei meus olhos para ele para mostrar que eu não concordava.
“Você já fez sexo de retorno de missão?” ele perguntou, levantando-se
de sua cadeira.
“Não posso dizer que fiz.”
O grande fuzileiro jogou um par de notas na mesa e piscou para mim.
“Vai mudar sua vida.”
 
 
Capítulo 21
 
 
 
SKYLAR
 
“Dez... onze... doze!”
O rosto de Christi se contorceu descontroladamente enquanto ela fazia
a última repetição de sua última série. Acionei o mecanismo de travamento
da máquina de leg press, antes de me abaixar e ajudar minha cliente a
levantar os pés trêmulos.
“Minhas pernas...” Christi suspirou. “Estão tremendo.”
“Bom. Significa que você realmente fez alguma coisa.”
“E você ainda queria que eu corresse por trinta minutos antes de
começar,” ela choramingou. “Desse jeito, mal consigo chegar ao meu
carro!”
“Ah, não seja tão dramática”, revirei os olhos. “Tudo bem. Vinte
minutos na esteira. Mas estarei ali dando uma aula de ioga e posso ver por
aquela janela, então não me engane.”
Minha cliente enxugou o rosto com uma toalha e assentiu
obedientemente. Ela percorreu um longo caminho desde que comecei a
treiná-la. Perdeu provavelmente uns quinze quilos.
“E Christi, está vendo aquele quiosque de sucos ali?” Apontei para o
quiosque ‘saudável’ lindamente construído, com sua elegante fileira de
bancos perto da entrada da frente.
“Sim?”
“Foda-se o quiosque de sucos.”
Seus olhos se arregalaram abruptamente com meu uso repentino de
palavrões. Não que eu não tivesse usado palavrões antes. Afinal de contas,
eu era uma nova-iorquina. Todos nós nascemos com um passe livre para
falar palavrões.
“Uma em cada três vezes após encerrar seu treino, você toma banho e
depois para no quiosque de sucos antes de sair”, eu disse. “E o que você
toma?”
Christi pareceu surpresa por um momento. “Eu sempre tomo coisas
diferentes”, ela encolheu os ombros. “Às vezes eu tomo um suco de manga.
Outras vezes de melancia com abacaxi...”
“Você já tomou de couve, maçã e pepino?”
Ela deu sua risadinha bonita, então torceu o nariz. “Não.”
“Deve ser porque é nojento”, eu disse a ela. “Mas todos os que você
está tomando – aqueles que não têm gosto completo de merda – têm um
bilhão de calorias cada. O ‘Explosão de frutas vermelhas’, o ‘Surpresa
cítrica’… e sim, até mesmo o ‘Suco ativador de cenoura e laranja’.”
“Ah.”
“Você queima mil calorias ao longo de noventa minutos aqui, e então
toma três quartos disso antes de sair do prédio. É tudo uma grande
armadilha, Christi. A academia construiu aquele quiosque de sucos não para
ser saudável, mas para tirar de seus clientes algum dinheiro extra, além de
suas mensalidades.”
“Uau”, ela suspirou, colocando as mãos nos quadris. “Mas eu não
entendo. Você não trabalha aqui?”
“Trabalho nesta academia, não trabalho para esta academia,” eu disse
a ela. “Trabalho para você, na verdade. Sou do time Christi.” Devolvi-lhe a
garrafa de água. “Agora diga.”
“Você é do time Christi,” ela repetiu com um sorriso.
“Não,” balancei minha cabeça. “Repita depois de mim: foda-se o
quiosque de sucos.”
Minha cliente corou, chutando o chão acarpetado por um momento,
antes de finalmente olhar para cima. “Foda-se o quiosque de sucos.”
“É isso aí.”
Me virei para encher minha própria garrafa de água do refrigerador na
área dos funcionários. Eu tinha oito minutos antes de dar a aula de ioga
intermediária, seguida de uma de step e depois outra de cardio com música.
Depois disso, eu iria para casa, tomaria banho e tentaria gravar pelo menos
uma ou duas receitas para meus dois diferentes livros de receitas. Se tivesse
sucesso em ambas, teria automaticamente jantar e sobremesa.
E você?
Era uma pergunta justa. Eu estava tão ocupada que mal tive um
momento livre para tirar algum tempo para mim.
E Troy? Everett...
Meu corpo formigava, como sempre fazia, sempre que seus nomes
passavam pela minha mente. Mas eu não tinha notícias dos rapazes há
alguns dias. Isso me preocupava.
Você está bem em deixá-los ir? perguntei a mim mesma. Ou você
ainda está tentando...
Sem pensar, peguei meu telefone e acessei as informações de contato
de Troy. Apertei o botão de chamada e fui para a parte de trás da sala.
“Ei gata.”
Sua voz intensa e masculina era calorosa e acolhedora. Tirou minhas
dúvidas.
“Quando vocês vão me levar para sair de novo?” questionei.
“Que tal amanhã?”
Amanhã seria sexta-feira, e sextas-feiras são quase sempre lotadas.
Balancei minha cabeça. “Não posso amanhã. Sábado à noite novamente?”
“Por que não amanhã?”
Eu listei uma série de coisas que tinha que fazer, incluindo incontáveis
tarefas. Mas Troy não deixava passar.
“Você não dará nenhuma aula,” ele disse. “Deixe tudo isso para
sábado e passe o dia com a gente.”
“Não posso. Tenho que...”
“Coisas para fazer,” ele me interrompeu. “Você é ocupada. Nós
entendemos. Você pode nos agendar para as noites de sábado, e é isso,
certo? Essa é a vaga que temos?”
Meu estômago revirou. Eu não queria que soasse dessa maneira.
Certamente ele estava interpretando mal o que eu disse.
“Nós não podemos no sábado à noite,” Troy continuou. “No
momento, estamos ocupados nos mudando para nosso novo local.”
“Ah.”
“Talvez semana que vem ou algo assim”, ele disse com desdém.
“Ligue para nós.”
Semana que vem... meu estômago revirou ainda mais, acho que deu
um nó cego.
“Troy, eu...”
“Tenho que correr, Skylar. Depois a gente se fala.”
Ele desligou. Eu desliguei. A tela do telefone escureceu e meu próprio
reflexo me encarou terrivelmente.
“Ei!” Ernie me chamou de volta, enfiando a cabeça na recepção.
“Você tem uma aula de ioga em apenas...”
“Eu sei, eu sei”, eu disse desolada. De repente, parecia apenas mais
uma tarefa. Outra hora da minha vida, gasta em qualquer coisa, menos
comigo mesma.
“Estou indo.”
 
 
Capítulo 22
 
 
 
SKYLAR
 
Esperei até que estivesse tarde, quando a escuridão era quase total e as
coisas estavam geralmente silenciosas. Um par de velas cintilou na minha
cômoda, ali perto. Meus cobertores ainda estavam quentes da secadora,
todos perfumados com o cheiro de três vezes a quantidade recomendada de
amaciante de roupas.
Meu coração já estava batendo rápido quando disquei o número. Troy
atendeu no terceiro toque.
“Ei gostoso.”
Desta vez a saudação foi minha. Deve ter feito Troy recuar um passo,
porque ele não respondeu imediatamente.
“Você ainda me quer amanhã à noite?”
Minha voz era baixa, até mesmo sedutora. Um pouco porque eu
estava tentando ser, mas principalmente porque eu estava deitada na cama
depois de um dia longo e cansativo.
“Você pode fazer isso amanhã?” Troy perguntou com esperança.
“Hum-rum. Mudei algumas coisas.”
“Quantas coisas?” ele perguntou indiferente.
Suspirei no telefone, esticando minhas pernas o máximo que pude.
“Todas elas.”
Foi uma primeira vez histórica para mim: ter um dia inteiro sem nada
para fazer. Eu não teria nenhum compromisso, nenhum treino, nenhuma
aula ou nenhuma tarefa agendada. Até me resignei a dividir minhas tarefas
semanais no sábado e no domingo.
“Eu sou toda sua, se você me quiser”, eu disse com a voz rouca. “O
dia inteiro. Bem, sua e do Everett.”
Ouvi um clique e, por um momento de silêncio atordoante, pensei que
Troy teria desligado novamente. Mas então ouvi a voz de Everett também e
percebi que ele deve ter me colocado no viva-voz.
“Então Troy disse que você vai sair conosco amanhã?” Everett
perguntou.
“Hum-rum,” eu disse novamente. “Ou vocês vão me levar para sair.
Ou até mesmo eu vou levar vocês para sair... o que ficar melhor.
Prendi a respiração por um momento, imaginando o que faria se eles
aceitassem meu blefe. Minhas mãos estavam quentes. Sob a santidade dos
cobertores, eu as deslizei até meus quadris.
“Então, o que você gostaria de fazer amanhã?” perguntou Troy. “Algo
específico?”
Eu hesitei. Mas não por muito tempo.
“Eu estava pensando em ir a algum lugar onde poderíamos fazer uma
caminhada ou fazer algum exercício.” Isso era especialmente importante
para mim, já que eu tinha tirado do dia até mesmo os meus treinos normais.
“Isso parece factível”, Everett entrou na conversa.
“Depois talvez possamos fazer algo divertido”, acrescentei. “Pegar
algo para comer.”
“Comer é sempre bom,” Troy riu. “E depois?”
Deixei minhas mãos deslizarem para baixo dos meus quadris, sobre a
superfície plana e lisa da minha barriga. Eu podia sentir os músculos lá,
todos tensos dos meus treinos. Esticando-se sob minha pele quente.
“E então eu estava esperando, sabe...”
“Não, não sabemos”, provocou Troy. Eu quase podia vê-lo segurando
o telefone casualmente na frente dele. “Talvez você devesse nos contar.”
Engoli em seco. “Eu... estava esperando uma repetição da última vez.”
Minha mão direita deslizou para onde estava inevitavelmente indo.
Três dedos roçaram levemente sobre meu monte, fazendo com que todo o
meu corpo se movesse em um choque elétrico.
“Você acabou de suspirar?” perguntou Everett.
“Não”, eu disse em um reflexo. Depois: “Talvez.”
“Que tipo de repetição da última vez?” Troy pressionou. Sua voz caiu
uma deliciosa oitava. Era lenta e bem-humorada agora. “Vamos ouvir.”
“Especificamente?”
“Claro.”
Eu sabia o que ele queria. Não havia razão para negar.
“O tipo em que nós tentamos um ao outro,” eu disse, lenta e
sedutoramente. “O tipo em que vocês se revezam comigo…”
Inspirei profundamente, então soltei uma respiração lenta e trêmula.
Minha mão esquerda foi para os meus seios, juntando-os debaixo dos
cobertores. Simultaneamente, o dedo médio da minha mão direita
desapareceu em algum lugar muito quente e muito úmido.
“Nós não vamos nos revezar com você novamente,” Troy disse, com
naturalidade.
Meu coração batia forte sob o tecido fino da minha camisola. De
repente, quase parou.
“Por... por que não?” gaguejei.
“Porque estamos namorando você juntos, Skylar. Esse era o acordo,
lembra?”
Eu ainda não havia entendido. Ainda não havia compreendido.
“Nós nos revezamos naquela primeira noite porque não queríamos
sobrecarregar você,” Troy continuou. “E porque queríamos ter certeza de
que você estava confortável.”
Ele fez uma pausa, provavelmente para aumentar o drama.
“Mas agora...”
“Agora vamos ficar com você juntos”, Everett terminou para ele. “Ao
mesmo tempo.”
Meus olhos se fecharam quando imaginei a cena. Os dois. Juntos na
cama comigo.
Caralho.
“Skylar?”
Uma onda de prazer percorreu meu corpo, enquanto eu adicionava
outro dedo. Eu estava pingando. Tão cheia de calor e energia sexual
reprimida.
“Sim?”
“É isso o que você quer?” Troy continuou. “Que nós façamos um
‘ménage’ com você?”
Um ‘ménage’ comigo...
Tentei engolir novamente, mas minha boca estava muito seca. Meu
estômago estava torcido em nós maravilhosos e pervertidos.
“Skylar?” Everett perguntou. “É isso o que você quer?”
Eu mal conseguia responder. Quando pude, a admissão veio com outra
onda de excitação entre minhas pernas.
“Sim.”
“Diga,” disse Troy. “Fale para nós.”
“Eu quero que vocês venham e façam um ‘ménage’ comigo”,
praticamente sussurrei. “Amanhã. Por favor.”
Ouvi um suspiro coletivo de concordância do outro lado do telefone,
enquanto meus dedos ágeis faziam sua magia familiar entre minhas coxas.
Minhas pernas estavam abertas. Minha respiração estava irregular.
A última coisa que eu lembrava era a voz sexy de Troy, enquanto meu
orgasmo crescente me invadia implacavelmente.
“Essa é a nossa garota.”
 
 
Capítulo 23
 
 
 
SKYLAR
 
“Isso?” eu perguntei, sem nenhuma medida oculta de incredulidade.
“Isso é onde vocês moram?”
O lugar era absolutamente enorme! Era coberto na frente com janelas
que traziam luz do chão ao teto e exibia paredes de blocos de concreto
pintados. O pé-direito tinha seis metros de altura! O piso, de cimento
polido.
Mas também era – convenhamos – um armazém.
“Ainda não nos mudamos”, disse Troy.
“Obviamente,” eu ri.
“Mas sim, temos trabalhado nisso. Temos os próximos dias de folga,
então planejamos dar uma acelerada este lugar.”
Acelerar até a velocidade de ponto morto, eu queria dizer. Mas
também não queria ofendê-los. Os rapazes foram gentis comigo a manhã
toda, me levando a um lugar com um café da manhã delicioso. Eu saltitava
alegremente no espaçoso banco do Behemoth, sentada no meio e de mãos
dadas com cada um deles.
Eu não tinha corrido um único quilômetro, mas ainda não conseguia
me lembrar de um começo mais fantástico para qualquer dia.
“Então, quando o caminhão de mudança chega aqui?” perguntei.
Troy e Everett apenas olharam um para o outro.
“O quê?”
“Não tem caminhão,” Everett respondeu. “Está vendo aquelas caixas
logo ali?”
Ele apontou para uma pilha de cerca de seis caixas, três das quais
estavam abertas. Nem eram caixas muito grandes.
“Depois do incêndio, isso é tudo o que temos.”
Eu engasguei, sem nem mesmo conseguir pensar. Não pude evitar.
“Ah meu Deus, o que aconteceu?”
“O apartamento que dividíamos pegou fogo”, disse Troy. “Cerca de
quase dois meses atrás. Nós perdemos tudo.”
Balancei minha cabeça lentamente. “Como aconteceu...”
“Acontece que uma das outras inquilinas estava preparando uma noite
romântica para o namorado dela,” Everett disse amargamente. “Ela acendeu
cerca de cem velas em seu apartamento, então decidiu tomar um banho.”
“O gato dela derrubou uma”, continuou Everett. “Direto em seus
móveis de vime.”
“Ela estava acendendo velas em móveis de vime?” suspirei.
Troy assentiu. “O apartamento dela era colado ao nosso, então…”
Estupidez incalculável à parte, eu não podia imaginar fazer algo tão
imprudente. Por outro lado, tem muita gente com um parafuso solto por aí.
Como diria Alyssa, exatamente metade do mundo tem inteligência abaixo
da média.
“E todos vocês saíram bem?”
“Nós nem estávamos lá na hora”, explicou Everett. “Nós paramos e a
loira da porta ao lado estava ali de toalha, segurando um gato preto em vez
de um branco. Três caminhões de bombeiros estavam apagando os restos
fumegantes do que era nosso apartamento.”
Olhei em volta, meus olhos examinando as paredes vazias. O lugar era
cavernoso. Vazio. Desprovido de qualquer coisa.
A tela em branco perfeita.
“Vocês realmente não têm nada?”
Everett riu. “Um pouco de dinheiro do seguro e um sonho.”
“Precisamos de comida,” disse Troy. “Sofás. Uma televisão...”
“Uma televisão grande,” Everett interrompeu.
Eu ri. “Ummm... maiores prioridades?”
Os rapazes me olharam confusos.
“Vocês precisam de uma geladeira!” exclamei. “Vocês estão falando
de comida e não têm onde colocar! Estão falando de sofás e ainda nem
mesmo têm camas. Estão prontos para ver televisores, e mal acabaram
de...”
Agarrei as mãos deles e os puxei de volta na direção da porta da
frente. Os rapazes me seguiram desajeitadamente.
“Aonde estamos indo?”
“Leroy-Merlin,” declarei com firmeza. “Depois Tok & Stok, a seguir
Zelo e por fim aquela rua cheia de lojas de móveis e eletrodomésticos no
centro da cidade.
“Não deveríamos fazer medições?” perguntou Troy.
“Neste lugar?” apontei para trás. “Seria como medir um campo de
futebol para um conjunto de sala de jantar.”
“Você não teria que medir um campo de futebol”, apontou Everett.
“Tem quase cinquenta metros de largura por...”
“Ah, pare de falar e entre no Behemoth.”
 
 
Capítulo 24
 
 
 
SKYLAR
 
“Tem certeza de que está centralizada?” Troy perguntou pela terceira
vez. “Não parece, olhando de onde estou.”
Ele estava parado na frente do console que acabamos de comprar,
embaixo da televisão. Deslizando a TV para frente e para trás ao longo do
suporte de parede.
“Se você quiser, pode medir”, eu brinquei. “Isto é, se vocês tivessem
uma fita métrica.”
“Tirando sarro dos caras que perderam todas as ferramentas em um
incêndio?” Everett riu. “Não é legal.”
“Certo, certo”, eu cedi, resignando-me a diminuir o sarcasmo. “Espere
aí e não se mova.”
Rasguei um longo pedaço da caixa de papelão em que a TV veio e
usei-a para medir do canto da parede esquerda até a borda da televisão.
Marcando a distância com o polegar, eu a segurei do lado direito também.
“Deslize cerca de um centímetro para a direita e você estará bem no
centro”, eu disse a ele. Troy fez isso, e todos nós recuamos para admirar seu
trabalho.
“Vai ser ótimo quando o sofá chegar aqui,” Everett suspirou, parando
bem onde o sofá estaria. Ele se acomodou em um dos três pufes que eles
insistiram em comprar. Troy alegou que eles seriam doados para suas
sobrinhas assim que os móveis reais aparecessem, mas o sorriso de criança
feliz em seu rosto me fez duvidar dessa parte.
“Estamos todos bem aqui?” perguntei.
“Pregados”, disse Everett, usando o controle remoto para ligar a TV.
“Vou pegar alguma coisa para comermos, então.”
Ele começou a percorrer os menus, primeiro configurando a data e a
hora, depois se conectando à internet. O roteador sem fio já estava aqui,
instalado ao lado de um laptop no canto quando cheguei esta manhã. Em
pouco tempo havia conectividade, e o menu Netflix apareceu na tela com
sua familiar introdução “pam-pam”.
“Agora estamos nos entendendo.”
Do lado de fora, a tempestade que se aproximava estava quase aqui.
Estávamos fugindo disso o dia todo: um escurecimento lento, mas radical
do céu. Olhei novamente e quase na hora um trovão retumbou, rosnando à
distância.
Era muito tarde – tarde demais para jantar – e estávamos
absolutamente famintos. Passamos o dia inteiro e a noite correndo de loja
em loja, juntando tudo e qualquer coisa que pudesse transformar o armazém
vazio em algo que se assemelhasse a uma casa. Compramos
eletrodomésticos, móveis, alimentos e produtos de higiene pessoal. Um
frigobar para armazenar os alimentos até que chegasse a verdadeira
geladeira. Luminárias de chão para iluminar os cantos escuros e decorações
para preencher as poucas paredes que separavam a grande área do estúdio
em um espaço de estar, três espaços de dormir e o que viria a ser a cozinha.
Tínhamos parado para um almoço rápido que parecia ter sido décadas
atrás, e agora estávamos dividindo algumas comidas do único restaurante
chinês ainda aberto quando terminamos. Mas por mais cansado e
desgastado que meu corpo estivesse, minha mente ainda estava girando
alegremente pelo que aconteceu ao longo do dia.
E isso porque fazer compras com os rapazes foi absolutamente
adorável.
Talvez fosse porque eles estavam no exército por tanto tempo, e tantas
coisas haviam sido fornecidas para eles, mas os caras tinham uma
ingenuidade pura quando se tratava do essencial. Eles sabiam que
precisavam de camas, mas sabiam pouco sobre edredons, cobre-leitos,
contagem de fios e fronhas. Eles abasteciam o banheiro com papel
higiênico e escovas de dentes, mas eu completei suas muitas outras
necessidades com tudo, de cotonetes e enxaguante bucal a condicionador e
toalhas de mão, até uma boa escova para as costas com cabo de madeira.
Os eletrodomésticos chegariam na próxima semana. O sofá e as
cadeiras, uma semana depois disso. Mas a única coisa que eles precisavam
esta noite eram camas, então passamos mais duas horas procurando um
lugar que entregasse um colchão em horas, não em dias.
Eles chegaram um pouco antes de nós; três dos modelos mais caros,
porque eram os únicos atualmente em estoque. Eles também eram os únicos
disponíveis no tamanho king, que eu fiz os rapazes mudarem imediatamente
quando eles tentaram pedir colchões tamanho queen. Na verdade, tive que
puxá-los de lado quando o vendedor foi para os fundos, para verificar o
estoque.
“Vocês todos estão namorando comigo, certo?” perguntei baixinho.
“Esse é o plano, sim,” Troy sorriu.
“E vocês ainda querem fazer a coisa toda... simultânea, certo?”
Senti um arrepio de excitação quando os dois assentiram.
“Então vocês vão precisar das maiores camas possíveis,” salientei.
“Camas em um quarto. Camas em que um trio de caras grandes e uma
garota possam dormir, depois que nós...” fiz uma pausa, sorrindo
maliciosamente. “Bem, vocês sabem...”
Olhei para os fundos do grande armazém, que agora parecia muito
mais com um apartamento. Três quartos divididos estavam lado a lado. As
paredes tinham sido erguidas há poucos dias. Ainda não havia portas neles.
Mas cada quarto agora continha um colchão novo em uma estrutura
de aço sólido. Eu sugeri que eles pagassem mais pelas melhores estruturas
possíveis, por razões óbvias. Eu até arrumei aquelas camas enquanto os
rapazes carregavam e guardavam o resto dos artigos da cozinha. A roupa de
cama consistia em edredons confortáveis. Travesseiros macios e lençóis de
seda frescos. Eu os fiz gastar um bom dinheiro em todas essas coisas,
porque é o que eu teria feito. E porque ei, eu era a namorada agora.
E como namorada, minha bunda nua não merecia nada menos que
isso.
Comemos com pauzinhos, devorando nossa refeição vorazmente ao
som de fundo da televisão enquanto Everett via alguns trailers. No entanto,
não importava o que acontecesse. Tudo o que importava era que estávamos
aqui, juntos, sob o mesmo teto. E que vencemos a chuva.
“Aí vem ela.”
Um relâmpago brilhou ao longe, enquanto o vento aumentava. O
tamborilar da chuva contra o telhado de zinco era mais alto do que deveria.
E nem estava chovendo forte ainda.
“Ei. Skylar.”
Olhei para cima do meu lugar no pufe do meio e encontrei os dois
rapazes me encarando. Seus sorrisos eram calorosos e genuínos.
“Obrigado por isso.”
Troy levantou seus pauzinhos na minha direção. Everett ergueu seu
pequeno copo de plástico com água, ofuscado por sua mão grande, fazendo
um brinde. Eu os fiz comprar um filtro de água quente e fria, com garrafões
de 20 litros. Não havia como alguém beber da torneira.
“De nada”, eu sorri, enquanto a chuva ficava mais pesada.
O calor de uma satisfação intensa e profunda se espalhou por mim
enquanto eu olhava ao redor da sala. Finalmente, os rapazes tinham um lar
novamente. Um lugar que eles podiam chamar de seu. Foi uma grande
realização fazer tudo isso em um dia; jogar tudo na traseira do Behemoth e
dirigir por aí por tantas horas. E me senti ainda mais incrível agora, com
esses dois grandes fuzileiros me mostrando sua gratidão.
Caixa por caixa, a comida era empurrada para o lado. Troy pegou a
minha, liberando minhas mãos, enquanto os dois se aproximavam de mim
de cada lado.
“Ainda não terminamos de agradecer”, disse Everett, acima do
barulho da chuva.
Seus corpos longos esticados sobre os pufes, suas pernas arrastando
no chão. Eu podia ver os músculos se esticando sob suas camisetas. Everett
estava mostrando sua barriga, exibindo seu abdômen duro e ondulado.
O nó na minha garganta voltou. Era um nó bom.
“Ah não?”
O grande braço de Troy passou ao meu redor do outro lado,
flexionando enquanto ele me aninhando ainda mais perto. Eu podia sentir a
curva de um bíceps de granito contra meu ombro. Mas também podia ver a
luxúria em seus olhos, enquanto seu rosto vagava lentamente em direção ao
meu.
“Nem mesmo perto.”
 
 
Capítulo 25
 
 
 
TROY
 
Eu a penetrei como uma faca quente na manteiga.
Manteiga bem quentinha.
A bunda perfeita de Skylar encaixou em ritmo perfeito na ponta do
meu pau perfeitamente duro. Seus quadris eram como fogo sob minhas
palmas. Suas entranhas ainda mais derretidas, enroladas firmemente em
torno de cada estocada minha.
Mas o fato de ela estar chupando meu amigo ao mesmo tempo em que
estava se esfregando em mim fez a coisa toda dez vezes mais excitante.
Porra!
Eu mal podia acreditar no que estávamos fazendo. A cena inteira
parecia totalmente surreal; os gemidos, os grunhidos, a extensão macia de
carne quente e flexível contorcendo-se entre nós. Tudo acentuado pela
tempestade furiosa ao nosso redor. O vento uivante e a chuva forte,
soprando contra as janelas em pesados lençóis. A carga de eletricidade
pulsando através das nuvens, no alto do ar úmido. Nosso ato de amor foi
pontuado por relâmpagos brancos ofuscantes que iluminavam nossos
corpos nus, seguidos quase imediatamente pelos ecos de trovões baixos e
retumbantes.
Mais de uma vez eu a vi se encolher, enquanto outro raio mortal
riscava o céu. Deixei meu rosto ao lado do dela, pressionando meus lábios
em sua orelha. Em cada vez eu sussurrei palavras suaves de conforto,
dizendo a ela o quão segura estava. Como estava conosco agora, que nós a
protegeríamos sempre, e nada aconteceria com ela.
Skylar gemeu e voltou a fazer o que fazia de melhor – trepar conosco
com entusiasmo de ambos os lados. E foi aí que murmurei outras coisas;
frases mais indecentes e proibidas. Sussurrei palavras de encorajamento,
incentivando-a a levar meu amigo mais fundo em sua garganta. Eu acariciei
seu pescoço e disse a ela como era bom senti-la me envolvendo tão
apertado, e quão profundamente eu entraria nela. Falei sobre todas as coisas
atrevidas e maravilhosamente pervertidas que planejávamos fazer com ela
em nossas novas camas, e como primeiro iríamos nos revezar nos drenando
dentro dela.
A cada minuto que passava nossa namorada compartilhada, presa
entre nós, ficava mais quente e úmida. Seus gemidos eram mais
entusiasmados, suas súplicas ainda mais desesperadas. Os pufes tornaram-
se peças improvisadas, mas incrivelmente eficazes, de equipamento sexual,
permitindo-nos alcançar sem esforço as posições mais confortáveis. Agora
Skylar estava ajoelhada diante de um, curvada sobre o encosto dele
exatamente na altura perfeita para receber um de nós atrás dela, enquanto o
outro se aproveitava de sua boca quente e faminta.
“Alternar.”
A voz de Everett estava grossa de luxúria, suas mãos vasculhando
lentamente o cabelo longo e sedoso de nossa amante. Tive que usar toda a
minha força de vontade para me retirar do corpo quente e feminino de
Skylar. Ela esperou a transição, sem fôlego, enquanto trocávamos de
posição, então gemeu alto quando Everett afundou nela por trás.
Puta merda...
Não importa quantas vezes você tenha feito sexo, nada se compara a
testemunhar o ato do ponto de vista de uma terceira pessoa. Há algo
intrinsecamente primitivo e obsceno em assistir duas pessoas transando. A
emoção inerente e voyeurística de violar algo tão íntimo, tão básico e cru, é
quase tão emocionante quanto participar.
Só que eu estava participando, e isso era ainda mais louco. Essa linda
mulher transando com meu melhor amigo era nossa em corpo, em espírito,
em apego emocional. Ela era nossa para ter, manter, fazer feliz. Nós
poderíamos levá-la para sair juntos. Rir com ela. Fazer amor com ela...
Nossa namorada compartilhada.
A prova disso finalmente chegou em nossa casa, enquanto eu assistia
à Skylar se esfregando para trás, na direção de Everett. Eram partes
igualmente insanas e impressionantes, quando ela o fazia desaparecer
repetidas vezes tão completamente dentro dela.
“Ei...”
O rosto de Skylar estava rosado e lindo e todo corado de excitação.
Seus lábios estavam inchados e molhados de toda a sucção, enquanto ela os
usava para me chamar.
“Venha cá, baby.”
Ela estendeu a mão para tocar meu rosto e meu corpo inteiro
estremeceu. Então ela me puxou para mais perto, até que meus lábios
roçaram os dela.
“Você está bem?” ela perguntou, rebolando suavemente na direção do
meu amigo.
“Inacreditavelmente bem,” sorri.
“Graças a Deus,” ela suspirou, enquanto seus olhos rolavam de prazer
em uma estocada particularmente profunda. Ela piscou algumas vezes antes
de se concentrar em mim novamente. “Porque neste momento eu não acho
que poderia recuar.”
Um relâmpago brilhou, iluminando seu lindo sorriso. E então ela me
beijou, profundamente, apaixonadamente. Sua boca molhada gemendo na
minha de uma maneira tão incrivelmente emocional e feminina.
Você está em uma encrenca.
Eu estava, não estava? Podia sentir isso no meu coração, no meu
peito. A boca do meu estômago embrulhada.
Grande, grande encrenca.
Continuei a beijá-la, segurando seu rosto. Mantendo-a firme enquanto
meu irmão de armas se aproximava dela por trás, seu corpo longo e magro
penetrando-a alegremente. Os olhos de Everett estavam fechados em um
êxtase que eu já conhecia, suas mãos abrindo e fechando aquela bunda
roliça e perfeita.
Meu Deus, isso é TESÃO pra caralho!
E então Skylar beijou meu rosto, meu pescoço, meu peito. Ela me
agarrou pelo meu pau e me puxou, então piscou antes de acariciar a área
logo abaixo do meu umbigo. Eu me deleitava com a sensação de tê-la ali,
especialmente com seu cabelo roçando a pele sensível do meu estômago e
coxas.
Então aqueles lábios se abriram novamente, e um calor delicioso me
envolveu enquanto ela me engolia inteiro.
 
 
Capítulo 26
 
 
 
SKYLAR
 
Everett gozou primeiro, seus rugidos de satisfação abafados pela
selvageria da tempestade. Eu podia senti-lo pulsando dentro de mim. Seu
membro grosso latejava repetidamente, contraindo-se descontroladamente,
enquanto seus dedos enroscavam em meus quadris e ele espalhava seu
creme quente por todo o meu interior.
Eu já tinha gozado duas vezes: uma enquanto montava Troy como um
garanhão e outra vez com a língua de Everett enterrada tão profundamente
dentro de mim que praticamente sufoquei seu lindo rosto. Mas ei, que
maneira de gozar!
Isssssssso...
Exalei um assobio quente por entre meus lábios enquanto agarrava
Troy como se não houvesse amanhã e cavalgava os últimos espasmos do
orgasmo estrondoso de Everett. Chegamos ao auge da tempestade agora. Os
relâmpagos irregulares que desciam do céu vieram rápidos e furiosos, e
eram seguidos imediatamente por estrondos tão altos que sacudiam as
janelas.
Eu desabei para a frente como um saco de feijão, latejando e
tremendo. Todo o meu corpo estremeceu de medo de estar exposto tão nu,
não apenas diante desses dois homens incríveis, mas também diante da
magnitude crua e irreprimível da mãe natureza.
Outro flash prateado. Outra explosão de ruído branco. Quatro mãos
agarraram meu corpo, me virando sem esforço enquanto a maciez do pufe
se tornava calor e conforto sob minhas costas nuas.
Troy pairava sobre mim, seu peito largo exibindo a tatuagem sobre a
qual eu ainda não havia perguntado a ele, seus braços musculosos parados
poderosamente em uma posição de flexão. Eu abri meus braços e pernas
para ele, puxando-o para dentro. Meu corpo suspirou com prazer renovado
quando ele penetrou minha entrada encharcada, seus lábios quentes
roubando a respiração dos meus pulmões enquanto ele afundava dentro de
mim.
Céus!
Era exatamente isso. Nada poderia ter me preparado para os níveis
insanos de satisfação que vinham com transar com dois caras ao mesmo
tempo. Fiquei me perguntando se não estava sonhando. Que eu tinha esses
dois belos homens só para mim, e que eles estavam dispostos a me dar
prazer até que eu desmaiasse ou os fodesse até deixá-los sem sentido ou
talvez um pouco dos dois.
Mas a parte realmente insana? Foi quando me lembrei que tinha três
namorados em vez de dois.
Forrest.
Ele tinha acabado de sair para sua missão, e eu me pegava pensando
nele com frequência. Lamentei não poder dar a despedida adequada que ele
merecia, especialmente considerando a posição em que eu estava agora. Eu
já estava pensando nas maneiras mais quentes de compensá-lo no momento
que ele voltasse.
Se a coisa toda não houvesse desmoronado até então.
Mordi meu lábio quando Troy começou a me foder para valer. O
pensamento era intrusivo, mas totalmente razoável. Por mais incrível que
isso fosse, algo assim poderia realmente durar? Eu não estava me iludindo
pensando que poderia satisfazer dois homens ao mesmo tempo; todos os
seus pensamentos e necessidades, físicas, emocionais e temporais, quem
diria três?
Eu tentei conciliar dois namorados uma vez, durante um tempo em
que nenhum deles realmente se comprometeu. Foi um pesadelo, em termos
de logística. Em relação ao ciúme, foi ainda pior. No final das contas, não
fiquei com nenhum deles, e ambos ficaram chateados comigo.
Mas isso...
“Porra, Skylar...”
Isso era completamente diferente, e de muitas maneiras. Por um lado,
eu não estava ‘conciliando’ ninguém. Esses homens não apenas se
conheciam, mas estavam dispostos a desfrutarem de mim juntos - uma
mudança total no jogo. E eles eram como irmãos, também. Ligados de
maneiras que eu nunca poderia esperar entender, muito antes de eles terem
se ligado a mim.
Finalmente, eu realmente estava sentindo algo por esses rapazes.
Estava de verdade. Essa situação me chocou tanto quanto me emocionou,
porque não era característico de mim esse sentimento tão forte. Mas não é
como se eu pudesse evitar. Especialmente com...
“AHHHHHHH!”
Outro orgasmo me abalou até o âmago, enviando meu cérebro para o
limite e para o feliz esquecimento. Estendi meus braços e agarrei meus pés,
puxando minhas pernas mais para cima sobre meus ombros. O novo ângulo
levou Troy ainda mais forte e mais profundamente dentro de mim. Os sons
molhados de nosso ato de amor foram perdidos para trovões ainda mais
cataclísmicos, enquanto ele grunhia e gemia e enchia minha boceta trêmula
com outra carga quente e maravilhosa.
Ahhhhhhhhhh...
Eu não conseguia parar de suspirar, quase delirando de contentamento
enquanto balançava suavemente minha cabeça de um lado para o outro.
Everett começou a me beijar, seguido por Troy, seguido por Everett
novamente. A maneira como eles continuavam passando minha boca para lá
e para cá era lento, onírico e cheio de calor.
Foi quando ouvi o som, mesmo acima do barulho da tempestade. Um
choro estridente. Um miado que me forçou a ficar de pé.
“Um gato!”
Com certeza, um gato estava arranhando uma das longas janelas
industriais. A criatura estava horrível, completamente encharcada, seu pelo
escuro grudado nas laterais de seu corpo minúsculo e esquelético.
“Ah meu Deus!”
Saí do meio dos dois grandes fuzileiros e atravessei a sala correndo,
indiferente à minha nudez. O gato me acompanhou, me seguindo da janela
até a porta. No segundo em que a abri, ele pulou para dentro.
“Awww!”
O animal passou correndo por mim, indo direto para Troy. Ele estava
de pé agora. O gato deslizou entre seus tornozelos e fez um oito contra suas
canelas, usando-as para se secar.
“Vocês sabem de quem ele é?” perguntei.
Meus dois amantes balançaram a cabeça. Agora que estava secando, o
gato estava ficando com um tom alaranjado mais claro. Parecia ser um gato
malhado magricela, um gatinho doméstico.
“Com base em quão industrial é aqui”, disse Everett, “eu diria que é
um vira-lata”.
Ao som de sua voz, o animal se virou, notando Everett pela primeira
vez. Ele inclinou a cabeça estranhamente, então correu a toda velocidade e
pulou em seu peito.
“Ah droga!”
Everett caiu para trás no pufe novamente, seu corpo esparramado
desajeitadamente. Nós assistimos maravilhados enquanto o gato andava de
um lado para o outro, ficando em cima dele, mas sem arranhá-lo ou
machucá-lo.
“Ele gosta de você,” Troy riu.
A expressão de Everett era totalmente estranha. Como se não
soubesse o que fazer.
“Ele definitivamente gosta de você”, concordei. “Você já teve um gato
antes?”
O gato sacudiu todo o corpo como um cachorro, e Everett estremeceu
com o spray que se seguiu. Depois de limpar o rosto com a parte de trás dos
dois antebraços, ele finalmente respondeu.
“Não. Nunca.”
Eu ri, dando uma cotovelada conspiratória em Troy. “Você tem
agora.”
 
 
Capítulo 27
 
 
 
SKYLAR
 
Secamos o gato com uma toalha nova, o alimentamos e o soltamos
para explorar. Parecia contente em vagar pelo armazém transformado em
apartamento, deslizando entre os móveis e pulando nas sacolas e caixas que
ainda tínhamos que desempacotar. A certa altura, ele se empoleirou perto da
janela, olhando para fora. Imperturbável pelo relâmpago ou pelo trovão,
parecia feliz por estar no lado seco das coisas enquanto estava sentado lá,
observando a chuva torrencial.
“Boa noite, gato,” eu ri, enquanto Troy me carregava em seus braços.
Um minuto depois eu estava esparramada em uma das camas recém-
arrumadas, com um amante nu e quente de cada lado de mim.
A chuva ainda batia firme no telhado acima de nós. Troy e Everett
ficaram lá me segurando enquanto a tempestade se afastava, seus braços e
pernas caídos casualmente sobre meu corpo.
Isso pode ser muito viciante.
Claro. Sem problemas.
Até o ponto ser um problema!
Eu tirei um dia inteiro de folga pela primeira vez desde que me
lembro, e já tinha sido o melhor dia de todos. Eu só podia imaginar como
seria dormir com os rapazes todas as noites. Acordar com eles no meu
apartamento. Se revezar dormindo em seus três quartos diferentes,
satisfazendo três libidos muito vorazes…
Quatro libidos, se estamos realmente contando.
Suspirei feliz, aconchegando-me na dobra do braço de Troy enquanto
esfregava minha bunda nua na virilha quente de Everett. Eu tinha que
admitir, eu mesma tinha uma libido infernal. Meu desejo sexual hiperativo
tinha sido um fator intimidador para alguns dos caras menos confiantes que
eu namorei, e minhas constantes necessidades físicas e emocionais
provaram ser a ruína de mais de um relacionamento.
Mas agora...
Mas agora aqui estava eu, saciada e satisfeita. Pronta para cair em um
sono feliz e reparador, ao mesmo tempo em que percebia que a virilha de
Everett estava de repente muito mais dura e saliente do que dois minutos
atrás.
Emocionou-me e empolgou-me saber que eu ainda o excitava. Em vez
de bocejar e me afastar, mudei meus quadris para um ângulo mais ideal,
então me apertei para trás em direção à sua ereção espessa e crescente.
O resultado foi satisfatório e imediato. Eu gemi baixinho quando ele
deslizou direto para dentro, penetrando em mim por trás. Com um braço em
volta da minha cintura, ele começou com pequenas estocadas circulares que
penetraram profundamente em meu útero encharcado de sexo, enquanto
mordiscava meu ombro.
Bom Deus.
Nosso amor foi lento e descontraído desta vez. Cheio de carícias
suaves e beijos profundos, pontuados por gemidos e sussurros baixos.
Everett gozou mais uma vez, pulsando dentro de mim enquanto eu beijava
seu amigo. E quando os olhos de Troy não estavam ocupados examinando
nossos corpos se contorcendo, eles estavam presos nos meus. Eu podia ver
os níveis de luxúria crescendo dentro dele até que mal podia aguentar. E
então não teve que esperar mais, porque era a sua vez e ele estava me
virando de costas, abrindo minhas pernas e mergulhando dentro de mim.
Tomando o lugar quente e úmido que seu amigo tinha acabado de
desocupar, enquanto Everett se deitava ao meu lado para plantar beijos
carinhosos e curtir o show.
Adormeci depois que ambos se esgotaram novamente, caindo em um
sono tão repousante que não combinava com nada que eu sentia há muito,
muito tempo. Acordei feliz e revigorada. Cheia de energia, otimismo e
entusiasmo renovado, quando vesti a camiseta mais próxima e pulei da
cama agora vazia.
“Ah, aí está ela.” Everett sorriu.
Encontrei os rapazes na cozinha aberta, trabalhando em uma frigideira
fumegante de ovos e bacon. Ainda não havíamos comprado muito em
termos de comida, mas quando chegou o café da manhã, definitivamente
tivemos que pensar à frente.
“Como você dormiu?”
Peguei o café que estava sendo oferecido a mim por Troy e sorri.
“Como uma virgem em uma sacristia.”
“Ah, que engraçado.”
“Imaginei isso mesmo.”
Um movimento direcionou minha atenção para a direita, onde o gato
estava parado na extremidade do balcão. Sua longa cauda balançava para
frente e para trás em um ritmo em forma de S, enquanto mastigava um prato
de ovos mexidos fofos.
“Ah, sim”, eu ri novamente. “Você definitivamente tem um gato!”
“Você quer dizer o Tempest?” Everett lambeu um dedo.
“Quem?”
“Esse é o nome dele. Você sabe, após o temporal.”
Bebi meu café e assenti. “Ah, então tá. Isso é realmente inteligente.”
O grande fuzileiro piscou. “Nós pensamos isso mesmo.”
Os rapazes terminaram de cozinhar e me passaram um prato, enquanto
eu tentava não olhar para o horário. Eu estava gostando tanto da companhia
deles que senti que poderia passar uma eternidade aqui. Mas passar a
eternidade aqui não me levaria a nada.
“Precisa de molho de pimenta”, murmurei.
Everett pegou o pincel atômico de seu compartimento de velcro e o
arrancou com um som distinto de rasgo. Rabiscando no quadro branco que
eles montaram ao lado dos armários, ele adicionou molho de pimenta à sua
lista já crescente. No meio da tarefa, Tempest saltou agilmente em seu
ombro.
“Melhor adicionar comida para gato também,” eu ri.
Comemos em silêncio, enquanto o sol da manhã entrava pelas janelas
em um ângulo de quarenta e cinco graus. Os ovos estavam fofos o
suficiente, mas o bacon poderia ser um pouco menos crocante. Eu tinha que
ensiná-los. Talvez eu possa até fazer uma filmagem como convidada na
cozinha deles, só para misturar as coisas para o meu canal.
“Desculpe, temos que comer encostados nas bancadas”, Troy se
desculpou pela falta de cadeiras. “Mas nos dê uma semana ou duas...”
“Daqui a uma ou duas semanas este lugar vai estar fantástico”,
concordei.
“Já está começando a se sentir em casa”, disse Everett. Ele
acrescentou uma risada. Especialmente depois da última noite.”
Eu fiquei vermelha – corei de verdade – e dei de ombros de maneira
bonitinha. Definitivamente, era algo que uma namorada poderia fazer.
“Nós sabemos que você está ansiosa,” disse Troy. “E que você está
querendo sair daqui.”
“Eu não disse isso...”
“Não, mas percebemos pela sua linguagem corporal. Está na maneira
como você está praticamente tremendo para sair daqui e começar a correr,
trabalhar ou fazer qualquer outra coisa.”
Ele acenou com a cabeça em direção à porta, então jogou o prato de
papel no lixo. Seu corpo ainda cheirava a suor e sexo quando ele chegou
perto de mim.
“Mas Everett e eu estávamos pensando...”
Uma mão apertou a minha. A outra deslizou pela minha coxa e foi
para baixo da camiseta que peguei emprestada do chão do quarto.
“Que talvez você queira tomar banho conosco. Sabe, antes de você ir.”
Estremeci quando aquela grande mão deslizou para cima, para cobrir
metade da minha bunda nua. Eu não havia vestido a calcinha. Não achei
que seria necessário.
“Nós poderíamos lavar suas costas,” Everett ofereceu, aproximando-
se do meu outro lado. “Podemos lavar o que você quiser.”
Sua mão deslizou para o outro lado da minha bunda, apertando com a
mesma força. A maneira como seus dedos sondaram para baixo na direção
da abertura da minha coxa me fez ofegar.
“Ou você pode nos lavar,” Troy riu. Ele se inclinou, até que seu rosto
acariciou meu pescoço. “Nós deixaríamos você fazer praticamente qualquer
coisa que você quisesse.”
Aqueles lábios se aproximaram do meu pescoço agora, e meu corpo
derreteu. Em algum lugar abaixo, uma mão me segurou suavemente.
Suspirei enquanto era aplicada uma pressão suave, lembrando-me que
estava agradavelmente dolorida.
“Qualquer coisa, é?” suspirei.
Meu prato foi levantado dos meus dedos dormentes. Minha caneca de
café também. Duas bocas quentes mordiscaram ambos os lóbulos das
minhas orelhas simultaneamente, enviando uma onda de arrepios pelo meu
corpo.
Provavelmente era tarde. Eu tinha compromissos hoje, uma aula para
dar. Tinha dois vídeos que precisavam de edição e outro que ainda
precisava ser filmado.
De repente, nada disso importava.
“Tudo bem”, eu suspirei, cedendo. Minhas mãos vagaram para baixo,
para se aproximar de duas protuberâncias crescentes – e agora um tanto
familiares. “Vamos ver aquele chuveiro.”
 
 
Capítulo 28
 
 
 
SKYLAR
 
Continuei correndo pelo centro da cidade, depois pedalei para o sul
pela trilha do rio Elizabeth. Eu adorava pedalar ao entardecer. O tempo era
fresco o suficiente para que eu não me aquecesse demais, e as ciclovias
nunca ficavam congestionadas.
Meu tempo, no entanto...
Por mais que eu tivesse dormido, ainda estava bem atrás do meu
tempo médio. E já que não era um problema de energia, só poderia
significar outra coisa:
Eu estava distraída.
Baixei a cabeça e meti o pé, determinada a recuperar pelo menos um
pouco do tempo perdido. Sim, tudo bem. Definitivamente eu estava
distraída. Ter três novos namorados gostosos que também eram grandes e
fortes fuzileiros navais me obrigava a ocupar um pensamento ou dois.
Especialmente quando suas noites eram cheias de sexo ardente, dois em um,
transformador.
Ao mesmo tempo, tu tinha um triatlo para correr. Ou pedalar. Ou
nadar. Porque ei, quando um esporte não é suficiente, por que não fazer três
ao mesmo tempo?
Três em um...
Dei uma gargalhada alta. Você realmente não poderia inventar essa
merda.
Ocorreu-me que talvez eu fosse uma babaca superdotada, como
minhas amigas diziam. Eu poderia ter me juntado ao time de boliche de
Maria, junto com algumas das garotas de sua equipe de construção. E Josie
praticamente me implorou para participar de uma liga de dardos com ela
nas noites de quinta-feira, alternando de bar em bar. Ambas as atividades
me atraíram, especialmente pelo meu lado competitivo. Eu só não
conseguia me comprometer com elas todas as semanas.
Não, eu tive que escolher o esporte em que pudesse competir sozinha.
Em vez de fazer algo divertido, social e recreativo, fui na direção
totalmente oposta.
Não é de admirar porque todos as minhas amigas me odiavam.
Você não precisa fazer isso sozinha, sabe.
Sentei-me no meu banco, indo em ponto morto por um momento. Eu
quase me esqueci! Everett estava fazendo o triatlo Solomon Hill também.
Assim como Troy, pensando bem.
Um novo tipo de animação tomou conta de mim. Onde eles estavam
treinando para a etapa de bicicleta desta corrida? E ei, onde eles estavam
nadando?
Meti o pé e pedalei um pouco mais, imaginando se eles estavam
levando isso tão a sério quanto eu. Talvez eles fizessem treinamento físico o
suficiente como fuzileiros navais, para que algo como o Solomon Hill fosse
moleza. Eles provavelmente treinavam apenas minimamente, se muito. Ou
talvez nem treinavam.
Meu estômago revirou. Definitivamente eu ligaria para eles mais
tarde, quando chegasse em casa. Já estava planejado ligar para eles de
qualquer maneira para agradecê-los pela noite divertida. Entre o temporal, o
gato e todo aquele sexo relâmpago louco, eu gozei tantas vezes que mal
conseguia sentar no banco da bicicleta agora. Caramba, em vez de ligar,
talvez eu devesse enviar uma cesta de presentes.
Pensando bem, esses homens eram soldados profissionais – e
especialistas nisso. Suas rotinas de treino podem estar acima e além das
minhas. Nesse caso, eles podem nem querer um parceiro de treinamento.
Não, foda-se.
No que diz respeito ao triatlo, eu estava disposta a apostar que
conseguia nadar mais do que os três, e correr mais do que Forrest, talvez
Troy. Já Everett tinha longas pernas, como uma aranha. Ele pode me
ultrapassar em distâncias curtas, mas, durante uma maratona, eu posso até
ultrapassá-lo também.
Suspirei, chegando à conclusão de que eu realmente era tipo muito
competitiva. Não conseguia nem curtir meu novo relacionamento pouco
ortodoxo sem tentar ‘vencer’ os rapazes, mesmo na minha própria cabeça.
Meu quadril vibrou. Abaixei-me, peguei meu telefone e o verifiquei.
Era uma mensagem de um número que eu nunca tinha visto antes:
 
Ei, é o Forrest. Você vai estar em casa em uns quarenta e cinco
minutos?
 
Uau. Parei imediatamente e fiz um balanço de onde estava.
 
Oi! Como você está? Sim, eu estarei lá.
 
Tentei imaginá-lo empoleirado em uma colina arenosa, com vista para
um deserto exótico do outro lado do mundo. Na verdade, eu não sabia onde
ele estava. Por enquanto, pelo menos, ele só havia me dito que estava indo
“para o exterior”.
 
Deixe seu computador aberto. Eu vou ligar.
 
Meu estômago revirou de novo só de pensar no grande fuzileiro
barbudo. Eu estava agoniada com a ideia de vê-lo novamente, como
qualquer nova namorada deveria estar. Mas também me senti um pouco
culpada pela minha noite com Troy e Everett.
Não. Não há nada para se sentir culpada, lembra?
Sim, eu me lembrava. Ainda assim, parecia um pouco estranho que
ele tivesse sido deixado de fora. Nós três tínhamos invadido o apartamento
deles juntos, e de uma forma lendária, mas tudo sem ele.
 
Certo!
 
Acrescentei o ponto de exclamação por empolgação, não por culpa, e
comecei a pedalar novamente. Eu estava a alguns quilômetros de casa, além
de semáforos, além de qualquer outra coisa que surgisse. Considerando a
distância, acho que dei um passo maior do que minha perna.
Mas ei, eu era uma triatleta. E triatletas não inventam desculpas.
 
 
Capítulo 29
 
 
 
FORREST
 
O percurso até Kandahar tinha sido longo, mas foi ainda mais longo
pelo meu modo de viagem. Eu tinha escolhido não ir de avião. Desde que a
Otan assumiu o aeroporto há cerca de quinze anos, era muito mais difícil
para alguém como eu entrar sem divulgar suas intenções
Especialmente se as intenções fossem parecidas com as minhas.
Passei os últimos dias na base aérea de Bagram, que estava mudando
rapidamente. Nos últimos vinte anos, o aeródromo foi controlado pelos
militares dos EUA. Em apenas algumas semanas, no entanto, seria
devolvida às Forças de Defesa e Segurança Nacional Afegãs. Os Estados
Unidos se retirariam totalmente do que começou como uma missão de
combate dos EUA de duas décadas e terminou com um ressurgimento do
Talibã, já que o grupo estava atualmente agregando grandes áreas de novo
território.
E era isso.
Eu não podia apoiar nem defender a decisão. Cabia a poderes
superiores decidir, bem acima da minha alçada. Além disso, para o que eu
queria fazer, simplesmente não havia tempo suficiente.
Dirigir as sete horas para o sul até Kandahar era minha única opção, e
mesmo isso seria perigoso, com o Talibã interceptando as estradas. De
acordo com os afegãos, a cidade estava segura e bem defendida. Eles
poderiam protegê-los contra qualquer ataque, caso surgisse. Isso ainda se
estava por saber, é claro. Mas se e quando algo assim acontecesse, eu
esperava estar longe.
Nesse momento eu estava enfurnado em um dos melhores hotéis da
cidade, nos arredores do setor sul. Eu estava viajando como civil, posando
como representante de um novo empreiteiro. Mas como um americano
óbvio – e um grande americano ainda mais óbvio – eu realmente não sei
quantas pessoas eu estava enganando.
Eu não estava precisamente me escondendo, mas também não queria
exatamente anunciar minha presença. De qualquer forma, não precisei ficar
quieto muito tempo. Mine era uma unidade itinerante, ainda baseada em
Cabul. Nossa base lá fora estava muito longe, e eu ganhei um favor grande
o suficiente para estar aqui, pelo menos por um tempo.
Mas, no final das contas, tempo era um luxo que eu não tinha.
Eu tinha três informantes que precisava ver o mais rápido possível.
Um deles havia sumido, ou não estava mais respondendo aos meus contatos
intermediários. Os outros dois não poderiam se encontrar comigo até mais
tarde, hoje à noite, o que me deixou um dia inteiro para reunir o máximo de
informações individuais que pudesse.
Olhando para o meu relógio, abri o laptop e fiz a chamada. O
amanhecer havia raiado quase uma hora atrás, e os amarelos e laranjas
rapidamente deram lugar a um azul brilhante como aço. Este lugar era
lindo, até de tirar o fôlego. Eu odiava ainda associá-lo com tanta morte e
destruição.
“OI!” Skylar exclamou animadamente, aparecendo de repente na tela.
Ela acenou com alegria para a câmera do seu próprio laptop. “Como você
está?”
“Ei, baby.”
Se chamá-la por um apelido carinhoso a chocou, ela com certeza não
demonstrou. Honestamente, a palavra tinha acabado de escapar. Parecia
estranhamente natural. Até mesmo adequada.
“Ainda é dia por aí?”
Assenti. “Na verdade, estamos nove horas à frente. Já é amanhã, pelo
menos para mim.”
“E você já pode me dizer onde você está?” ela sorriu, seus lindos
olhos varrendo a sala atrás de mim. “Ou você teria que me matar?”
Eu ri e balancei a cabeça. Ela definitivamente tinha jeito com as
palavras.
“Exatamente agora”, eu disse, olhando ao redor do meu quarto de
hotel indescritível, “estou no Afeganistão.”
“Uau,” ela suspirou. “Bem selvagem”.
“Sim.”
“Eles o enviaram aí para ajudar a fechar a base aérea de Bagram?”
Pisquei com espanto, e minhas sobrancelhas se uniram. “Como diabos
você sabe disso?”
“Vi nos noticiários.”
Porra, eu continuo subestimando-a. Ela não era apenas fisicamente
perfeita e emocionalmente equilibrada, mas também se mantinha atualizada
sobre os eventos atuais.
“Ouvi dizer que você saiu com os rapazes ontem à noite,” eu disse,
mudando de assunto. “Está mantendo aqueles idiotas na linha?”
“Mais ou menos, claro.”
“Também fiquei sabendo que você viu nosso novo lugar.”
Os lindos lábios de Skylar ficaram um pouco mais apertados. Era
hesitação? Foi meigo.
“E que vocês três... como devo dizer isso? Botaram pra quebrar?”
Ela já estava vermelha do esforço do que eu presumi ser exercício,
especialmente porque seu cabelo estava preso para trás. Mas agora ela ficou
ainda mais vermelha.
“Chuveiro também”, acrescentei.
“Ah meu Deus!” Skylar se contorceu. “Com quem você esteve
falando?”
“Everett.”
“Bem, Everett tem uma boca muito grande.”
“Não, ele não tem,” rebati. “Lembre-se, nós contamos tudo um ao
outro. Mesmo antes de você.”
“Sim, eu acho. Ainda assim é...”
“Estranho?”
A expressão de Skylar ficava ainda mais adorável quando ela
ponderava. “Não, eu não acho que é estranho. Não pode ser realmente
estranho, considerando o que estamos fazendo.”
“Concordo.”
“É só... eu não sei. Posso ser um pouco brutalmente honesta?
Deus, ela estava de um jeito que dava vontade de comer! Eu queria
alcançá-la através da tela e agarrá-la. Puxá-la para o meu quarto de hotel
todo bege e devastá-la até a cama se desintegrar sob o ataque.
“Pode ser brutalmente honesta”, concordei. “E sim, para que tudo isso
funcione, não pode haver segredos. Digamos que você se divertiu.”
“Sim”, ela sorriu. “Nós nos divertimos.”
“Está tudo bem”, sorri de volta. “Exceto o fato de que aqueles
pequenos idiotas levaram você para o meu quarto, aparentemente. Porque
eles não conseguiam decidir em qual cama ‘desonrar você’ primeiro, então
escolheram um terreno neutro.”
A onze mil quilômetros de distância, Skylar perdeu o fôlego. “Ah meu
Deus! Eu não fazia ideia!”
“Está tudo bem,” eu ri. “Vamos ter que compensar isso.”
O sorriso dela foi de malicioso a diabólico no espaço de um único
batimento cardíaco. “Tem alguma ideia?”
“Algumas,”, sorri de volta. “Sabe o que dizem. Olho por olho...”
Os olhos dela brilharam intensamente. Seu sorriso ficou mais amplo.
“Em ambas as camas, hein?”
“Ah sim,” assenti. “Isso e mais.”
“É um encontro então,” Skylar riu timidamente.
“Claro que sim.”
Eu assisti enquanto ela desfazia seu rabo de cavalo e soltava seu lindo
cabelo. Mesmo torcido e suado era sexy demais.
“Vá em frente e tome banho,” eu disse a ela. “Sei que você estava se
exercitando.”
Um alívio inundou o rosto dela por alguma razão estranha.
“O quê?”
Skylar fez uma pausa novamente. “Eu pensei que você ia querer...
você sabe.”
“Fazer sexo pelo Zoom?”
“Claro. Isso.” Ela sorriu inocentemente. “Não é algo que os soldados
fazem quando estão no exterior?”
“Só estou no exterior há alguns dias”, eu disse a ela. “Mas sim. Nós
definitivamente podemos fazer isso. No entanto, exatamente agora eu tenho
que sair.”
“É um encontro,” ela disse novamente. “Acho que serão dois
encontros agora.”
“Adorei isso.”
“Também vai me dar a chance de estar mais apresentável da próxima
vez”, ela puxou a camiseta presa ao peito. “Em vez de essa bagunça suada.”
“Está tudo bem,” eu ri. “Talvez até coloque algo sexy para mim.”
O rosto dela se abriu em um lindo sorriso. “Combinado.”
“E baby, só para você saber?”
Lá estava ela de novo, aquela palavra. Eu vi os olhos de Skylar
brilharem. Seu sorriso ficou um pouco mais largo. “Sim?”
“Gosto de você suada.”
 
 
Capítulo 30
 
 
 
SKYLAR
 
Era uma loucura a rapidez com que não decidir sobre nada em
particular se transformou em uma decisão, afinal. Não que eu estivesse
reclamando ou algo do tipo. Mas depois de mais uma semana e meia
incrível sendo cortejada por Troy e Everett, e conversando com Forrest
sempre que possível, cheguei a uma conclusão chocante e emocionante:
De alguma forma, eu me tornei uma namorada compartilhada de
verdade.
Nós fizemos piada com o rótulo, é claro. Troy e Everett jogaram a
palavra em nossas conversas aqui e ali, e com Forrest sempre me chamando
de ‘baby’, certamente parecia um relacionamento real. No entanto, ao
mesmo tempo, eu disse às meninas que não poderia fazer isso. Eu até disse
a mim mesma – várias vezes, na verdade – que simplesmente não era
viável.
“Mais vinho?” Troy perguntou.
E, no entanto, aqui estávamos nós. Sem realmente falar sobre isso ou
tornar oficial, eu estava namorando três rapazes diferentes. Cozinhávamos
juntos, comíamos juntos, assistíamos a filmes juntos. Eles transavam
comigo. Nós ficávamos em casa. Eu fazia as mesmas coisas que qualquer
namorada faria com o namorado, em toda a história humana.
Só que eu estava fazendo isso vezes três.
“Sim, por favor”, eu sorri, inclinando meu copo. Estávamos no
apartamento deles esta noite, em vez do meu. Everett estava trabalhando até
tarde. Tempest estava “caçando”. Troy e eu havíamos cozinhado uma
receita de frango havaiano de baixa caloria que eu criei do zero, sobre uma
cama de couve-flor triturada acompanhada de pimentões vermelhos
grelhados.
“Nós precisamos filmar isso da próxima vez, a propósito,” eu disse a
ele.
Meu amante deslizou o garfo em sua boca com uma lentidão
intencionalmente sensual. “O que você quiser, princesa.”
Porra, ele era muito bonito. Troy tinha chegado em casa em seu
uniforme e o tirou imediatamente, ficando apenas com a mais justa de todas
as camisetas regatas. Sabendo o quanto eu adorava olhar embasbacada para
seus braços, essa parte provavelmente foi intencional também.
Finalmente nós terminamos e limpamos a cozinha juntos, então
seguimos para a sala, onde o novo sofá e a namoradeira haviam acabado de
ser posicionados. Os móveis haviam chegado mais cedo. Apenas outra
coisa para celebrar.
“Sua tatuagem,” eu disse, finalmente lembrando. Apontei para onde
ela estava. “Você ainda não me disse o que isso significa.”
Troy coçou o queixo, então levou seu próprio tempo para tirar a
camisa. Ombros, braços, peito... todas essas coisas maravilhosas surgiam à
vista, centímetro por centímetro delicioso. Ele havia treinado antes de sair
da base. Seus peitorais, deltoides e tríceps estavam especialmente inchados,
de uma forma que só eu poderia realmente apreciar.
Tive que segurar meu suspiro de felicidade quando ele jogou sua
camisa no chão. Meus olhos não saíam do seu corpo enquanto ele batia na
tatuagem 0331 com um dedo grosso.
“Esta é uma tatuagem de artilheiro da Marinha”, disse ele, recostando-
se. “M249. Ou como todos chamam, a SAW.”
“Então... uma arma grande,” sorri.
“Uma arma realmente grande,” Troy sorriu de volta. “Tive a honra de
carregá-la em cada patrulha longa que fizemos. Leva uma eternidade para
limpar e trava pra caralho sem lubrificação adequada. O que, enquanto
estávamos no deserto, quase nunca tínhamos.”
Ou ele perdeu completamente a piada sobre lubrificação ou
simplesmente deixou passar. De qualquer forma, eu não disse nada.
“Claro que todos no esquadrão querem atirar com a SAW e fazer
vídeos de si mesmos com ela,” ele disse. “Mas ninguém quer limpá-la
depois.”
Balancei minha cabeça para frente e para trás enquanto subia do outro
lado do sofá. “Parece brutal”.
“E é. Você sabe quantas horas leva apenas para desmontar aquela
coisa?
Troy ainda estava sem camisa, recostado na almofada. Ainda
segurando a taça de vinho na palma da mão, deslizei uma perna sobre suas
coxas e me acomodei lentamente em seu colo.
“Talvez você possa me contar.”
Seu colo estava quente. Confortável. Entre as luzes fracas e a música
suave tocando na caixa de som bluetooth que eles trouxeram para casa no
início da semana, eu estava curtindo muito o momento.
“É uma verdadeira merda chegar ao receptor”, disse ele.
“Especialmente com o conjunto da tampa da bandeja de alimentação.”
Toquei os dois lados de seu rosto com as mãos. Como de costume, sua
nuca loira era suave e sexy. “Não diga.”
“O visor térmico está sempre marcado. O mesmo para o regulador de
gás.”
Eu beijei as duas bochechas, então sua testa. Depois seus lábios.
“E ah... a mola de acionamento tem uns 30 cm de comprimento.”
Continuei beijando seu pescoço enquanto minha mão deslizava para
baixo, entre suas pernas. Deixei a palma da minha mão deslizar para cima e
para baixo algumas vezes, apertando com mais força.
“30 cm de comprimento, hein?”
“Sim,” ele suspirou. Eu estava me esfregando em seu colo agora. Sua
voz estava falhando. “E então... Você tem que...”
“Troy?”
“Sim?”
Rebolando minha bunda ainda mais em seu colo, desabotoei seu
botão, então seu zíper. Então afundei no chão entre suas pernas.
É melhor você calar a boca.”
A palma da minha mão encontrou algo quente e grosso e totalmente
incrível. Eu o libertei de sua prisão de pano e o beijei ardentemente.
“Sim, senhora”, ele suspirou, passando os dedos pelo meu cabelo.
 
 
Capítulo 31
 
 
 
SKYLAR
 
Você pensaria que com dois ou três homens constantemente à sua
disposição, a garota comum poderia ficar um pouco cansada de todo o sexo.
Mas eu nunca fui uma garota comum. E se você pensasse por um momento
que eu me cansaria de qualquer coisa, estaria completamente errada.
“Ah meu Deus...” murmurei no travesseiro. “Isso…”
Meu corpo se contorceu de bruços no colchão, todo coberto de suor.
Minhas mãos se curvaram em garras, amassando os lençóis, rasgando os
cantos da capa do colchão.
“Isso o quê?” Troy sussurrou.
“’Isso’ para o que você está fazendo comigo agora.”
Ele deu uma outra estocada, indo ainda mais fundo. Deixando todo o
peso de seu corpo de cem quilos empurrar seu pau duro como ferro ainda
mais longe dentro de mim.
“Ahhhh... você está tão profundo...”
Eu estava delirando de alegria. Exaurida de tanto transar. Troy tinha
acabado comigo através de um orgasmo de tremer a terra e me deixado em
um estado de consciência onde eu me sentia bêbada de excitação e
desesperada pela necessidade de ser constantemente preenchida.
E meu grande fuzileiro louro ficou muito feliz em atender.
Juntos, éramos uma bagunça encharcada de suor movida a sexo, mas
isso só aumentava a excitação. Eu adorava esse fogo incrível entre nós. A
sensação escorregadia de nossos corpos deslizando, exercendo pressão um
contra o outro.
“Ei...” ele suspirou em meu ouvido. “Você ainda está comigo?”
Balancei meu rosto suado, meus olhos alegremente fechados. “Hum-
rum.”
Eu o senti diminuir suas estocadas novamente, como ele havia feito
antes. Só que desta vez, senti outra coisa também: um polegar escorregadio,
deslizando sobre meu cu.
“E quanto a isso?”
Ele aplicou um pouco de pressão. Minhas nádegas se apertaram.
“Is...isso está interditado”, murmurei.
Troy riu, beijando meu ombro. “O que, está em obras ou algo assim?”
“Você não consegue ver as placas?” sorri fracamente. “Elas dizem: só
em um sentido.”
Ele ainda estava me fodendo, ainda entrando e saindo lentamente da
minha pulsante e feliz entrada. Mas seu polegar ainda não havia se movido.
No mínimo, ele estava deslizando ao redor.
“Experiência ruim?” ele perguntou.
Balancei minha cabeça contra o travesseiro. “Não, na verdade não,”
suspirei. “Apenas sempre achei que não seria agradável.”
O polegar ficou apertado novamente, e eu endureci. Desta vez,
empurrou para a frente, deslizando apenas um pouquinho para dentro.
“Quer dizer que você nunca experimentou?” ele perguntou incrédulo.
Eu congelei embaixo dele e dei de ombros um pouco. “Eu apenas
imaginei que seria...”
Troy beijou o lado do meu rosto. Ele fez isso devagar. Com ternura.
Tudo isso mantendo-se profundamente dentro de mim.
“Relaxe.”
Alguns longos segundos se passaram, e de alguma forma eu relaxei. A
tensão saiu primeiro dos meus ombros. Então minhas nádegas ficaram
menos contraídas.
O polegar dele estava bom.
Foi uma admissão que eu nunca pensei que faria. Mas dane-se.
Troy empurrou um pouco mais, e eu senti o dedo bem lubrificado
deslizar suavemente para dentro. Parecia incrivelmente apertado,
especialmente com seu pau ainda enterrado dentro de mim. Mas também
era maravilhoso.
“Como assim?”
Eu não disse nada, não movi nem mesmo um músculo. Mas o polegar
dele era bom. Muito bom.
Tão bom que era realmente assustador.
Então ele começou a me foder de novo, mantendo o dedo na minha
bunda.
Ah meu DEUS.
Meus gemidos suaves foram todo o incentivo que Troy precisava. Mas
também eram resignação. Permissão.
Ele começou a mover o polegar também, no ritmo dos seus quadris. A
penetração lá atrás foi totalmente diferente, mas de maneiras novas e
incríveis. Como nada que eu já senti antes.
“É isso”, ele sussurrou. “Não há problema em se divertir, sabe.”
Ele acrescentou uma risada, e eu me peguei retornando um sorriso
culpado e satisfeito. Me sentia feliz. Saciada. Plena.
“A propósito, não estou apressando nada”, ele disse. “No que me diz
respeito, podemos resolver essa questão lentamente.”
Seu polegar pulsava, e pelos próximos minutos ele me fodeu em
ambos os buracos. Não demorou muito para eu me soltar novamente.
Quando finalmente gozei, eu estava grunhindo e gemendo e me enroscando
na sua mão.
DEUS, isso...
A explosão de dopamina quase me nocauteou totalmente. Eu montei
onda após onda de prazer delirante, até que o senti latejando e gozando
dentro de mim. O peso de seu corpo – e o dedo adicionado – tornou toda a
experiência mais intensa do que nunca. Me senti dominada. Devassada.
Conquistada.
“Porra.”
Eu murmurei a palavra quando ele finalmente saiu de cima de mim.
Meus pulmões se encheram novamente de maravilhoso oxigênio, enquanto
colocamos nossos braços e pernas um sobre o outro.
“Irritada consigo mesmo por nunca ter tentado isso, não é?”
Soltei uma risada minúscula, quase sarcástica. “Claro. Um pouco.”
“Está certo. Vamos dar tempo ao tempo.”
Ele sorriu e baixou sua mão de brincadeira sobre minha bunda nua,
criando um perfeito som de tapa. Nesse momento, em algum lugar do lado
do armazém, uma porta se abriu.
“Everett chegou.”
Minha bunda doía. Minha boceta formigava. Mas ambas as coisas
eram boas.
“Quer que eu o chame?” Troy suspirou.
Eu mordi meu lábio, então assenti entorpecida. “Sim, por favor.”
Meu amante sorriu para mim do outro travesseiro. Era um daqueles
sorrisos tortuosos, também.
“Isso é ganância da minha parte?” perguntei, ronronando como uma
gatinha. “Pode dizer isso. Vá em frente e me diga que sou uma vadia
gananciosa.”
“Você é uma vadia insaciável,” Troy sorriu de volta. “Eu admito. Mas
isso também é o que te faz tão sexy.”
Ele se inclinou, acariciando meu pescoço. Eu gritei quando ele me
mordiscou ali de repente, provavelmente o suficiente para deixar um
chupão.
“E era exatamente isso que você queria”, ele piscou, antes de sair para
buscar seu amigo.
 
 
Capítulo 32
 
 
 
SKYLAR
 
“Uma turnê de divulgação do livro?”
Do outro lado da mesa, minha agente literária juntou os dedos
nodosos e sorriu. “Eu sei! É emocionante, não é?
Olhei para baixo, para as ripas do piso de madeira falsa.
‘Emocionante’ teria sido o último adjetivo que eu usaria. Uma turnê de
divulgação do livro não era algo que eu esperava, muito menos queria.
Agora, eu estava com um misto de emoções.
“Estamos pensando em quatro meses, talvez cinco”, disse Deborah.
“Possivelmente um pouco mais, dependendo de como for o lançamento.”
“Cinco meses?”
“Claro. Isso é bem norm...”
“Eu não posso ficar fora por cinco meses! Tenho clientes para atender.
Compromissos para cumprir. Aulas para...”
“Querida, você precisa pensar mais alto que isso!” Deborah exclamou.
Ela colocou uma mão apaziguadora no meu braço. “É uma oportunidade
enorme para você! Isso gerará vendas para seus livros e tráfego para seu
site. Isso equivale a mais visualizações em seus vídeos, mais seguidores nas
mídias sociais…”
Ela falou sobre o que parecia ser uma lista de lugares onde minha vida
ficaria exponencialmente melhor. Ou pelo menos, minha vida profissional.
“Quando a turnê terminar, você terá quadruplicado sua presença
geral!” ela terminou. “Talvez mais.”
“Olha, eu gosto da ideia disso tudo,” eu disse a ela, “mas não é prático
para mim. Eu não posso simplesmente deixar meu trabalho de lado pela
metade de um ano.”
Deborah mexeu no cabelo comprido e cacheado, o que fazia sempre
que pensava. Ou quando estava nervosa.
“Você pode”, ela simplesmente disse. “Você tem que fazer isso.”
“Eu tenho?”
“Sim,” ela disse solenemente. “A editora exige isso.”
Meus olhos se arregalaram de surpresa, mas também de raiva. “Você
nunca falou isso!”
Deborah deu de ombros. “Ossos do ofício. Consta em seu contrato
também. Na parte em que diz ‘o autor deve fazer todos os esforços
razoáveis para promover a venda de livros...’”
“Vendas de livros, claro”, admiti. “Mas, como você mesmo disse, isso
era uma coisa de seguidor de mídia social. Não vejo onde sou obrigada a
sair... para onde exatamente?
Minha agente vasculhou alguns papéis pelo próximo minuto ou assim.
Deborah era da velha guarda, sem dúvida. Era uma das razões para eu tê-la
escolhido. Enquanto ainda tentava acompanhar as últimas técnicas
promocionais, ela tinha uma metodologia encantadoramente heterodoxa.
“Ah, aqui está,” ela disse orgulhosamente. “Vamos ver... você vai
primeiro para cidade de Washington, depois para Nova York, Boston...”
Meu estômago revirou. Senti como se tivesse engolido uma bola de
boliche.
“Então você vai pegar um avião para São Francisco”, Deborah
continuou. “Viajar pela costa até Los Angeles, San Diego, até Nevada,
depois Texas…”
Algumas semanas atrás, eu poderia até ter apreciado a chance de fazer
uma turnê de divulgação do livro. Agora, porém, tudo o que eu conseguia
pensar era em Troy, Everett e Forrest.
“Skylar, você sabia que isso iria acontecer”, ela me advertiu. Ela
largou o papel. “Nós conversamos sobre isso antes.”
“Sim, teoricamente,” eu rebati. “Mas nunca chegamos a planos
definitivos ou algo assim. Nós nunca...”
“Isso é porque nunca tivemos uma editora nota A antes”, ela retrucou.
Até isso aqui.”
Ela deu um tapinha no protótipo do meu livro, colocado em cima de
uma pilha de outros livros em sua mesa. Ainda não era a capa definitiva,
mas estava perto.
“Você está construindo uma marca, Skylar. Você tem que encontrar
pessoas, falar com seus fãs. Apertar as mãos deles. Motivá-los.
Não posso motivá-los daqui? perguntei. “Eu publiquei dois vídeos de
vinte e cinco minutos totalmente editados esta semana. Se eu conseguir
manter esse ritmo...”
“Skylar, esta é uma notícia animadora para nós”, interrompeu
Deborah. “Você sempre quis isso. Então por que você parece que está indo
a um funeral?”
O escritório da minha agente era uma mistura eclética de móveis
antiquados e bugigangas antigas. Não obstante, espalhados pelas superfícies
sobressalentes, havia papéis por toda parte. Nesse aspecto, parecia o quarto
de um mago.
“Só não sei se é a hora certa”, eu disse.
“Sempre é a hora certa,” Deborah sorriu agradavelmente. Ela tinha um
belo sorriso, na verdade. Isso fez com que muitas das linhas em seu rosto
desaparecessem.
“E se não for, no entanto? E se eu desistir da turnê?”
Sua boca se torceu como se ela tivesse acabado de provar um limão.
Minha agente se inclinou para frente, seus olhos penetrantes se movendo de
um lado para o outro, enquanto ela tentava me entender.
“Certo, o que está acontecendo?”
“Nada.”
Deborah apertou os olhos com mais força. “É dinheiro? Posso
conseguir outro adiantamento se...”
“Não, não é isso.”
“É a viagem?” ela perguntou. “Ouvi falar que há pessoas que
simplesmente não gostam de viajar.” Ela balançou a mão zombeteiramente.
“Eu nunca conheci uma, é claro, mas...”
Ela parou no meio da frase, como se alguma intuição finalmente
surgisse.
“Ah,” Deborah disse, olhando além dos meus olhos. “É um garoto,
não é?”
Um garoto. Singular.
Eu ri, apesar da situação. “Eu não namoro garotos.”
“Um homem então,” minha agente disse com desdém. “Sério, se for
necessário, ele pode visitá-la na estrada. Ou mesmo traga-o junto!” O rosto
dela se iluminou. “Todas aquelas cidades, todos aqueles lugares? Seria
como férias prolongadas. Pense em toda a diversão que vocês dois teriam!”
Parecia divertido, é claro. Só que não tinha como eu trazer um dos
rapazes comigo, muito menos dois ou três. Eles tinham empregos. Cargos.
Responsabilidades. Assim como eu.
E se eu saísse, eles ainda estariam lá quando eu voltasse? A questão
maior era ainda mais óbvia: eu poderia realmente pedir a eles que
esperassem tanto tempo?
“Podemos falar sobre isso no final da semana”, disse Deborah, um
pouco consoladora. “Vou enviar mais detalhes, além das datas assim que eu
conseguir.”
Saí do escritório da minha agente atordoada, minha mente girando. Eu
precisava de um conselho. Conselho honesto. Peguei meu telefone e
comecei a discar, sabendo que havia apenas um lugar para obtê-lo.
“Alô?” disse a voz do outro lado.
“Você ainda me odeia?”
Uma voz feminina se seguiu. “Mais do que nunca,” Josie respondeu,
sem perder o ritmo.
“Bom. Venha ficar bêbada comigo esta noite.”
Minha amiga riu tão alto por alguns segundos que nem parecia ela.
“Você? Ficar bêbada?”
“Sim.”
“Fala sério! Você está de gozação comigo, não está?”
“Venha ao meu apartamento esta noite e veja.”
Josie fez uma pausa por um momento. “Vai ter vodca?”
Eu respirei fundo dramaticamente. “Agora quem está de gozação com
quem?”
 
 
Capítulo 33
 
 
 
SKYLAR
 
Eu raramente bebo além do ponto de ficar tonta, mas esta noite era
uma exceção. Por um lado, a vodca sabor chantili que Josie pegou na
prateleira de cima do meu bar era realmente muito boa, e eu nunca fui de
deixar passar nada com chantili. Mas tirando disso, eu tinha muito o que
esquecer. Pelo menos pelas próximas horas.
No fim das contas, mesmo os melhores planos podem se voltar contra
você. Porque quanto mais eu bebia, mais de coração partido eu ficava.
Quanto mais eu tentava me concentrar em todo o resto, mais pensamentos
sobre os rapazes continuavam permeando minha mente cansada e nublada
pelo álcool.
“Definitivamente você tem um apartamento bom para caralho,” Josie
atestou novamente. “Eu juro, Skylar. Se eu tivesse um lugar como esse...”
Meu apartamento realmente era foda. O loft espaçoso tinha janelas
gigantes e uma bela e completa vista da cidade. Havia uma lareira a gás
com iluminação eletrônica. Um bar totalmente abastecido. Uma cama ‘king
size’ com lençóis de seda de 600 fios…
Eu tive que parar. Pensar na minha cama me fez pensar no que eu
estava fazendo nela, com que frequência e com quem.
Eu estava praticamente derretendo no sofá agora, mas Josie estava
bem acordada e dançando no centro da minha sala de estar. Ela tinha sido a
única preparando os drinques, no entanto. Eu provavelmente deveria ter
assumido esse detalhe três ou quatro coquetéis atrás. Como de costume,
minha amiga assumiu o controle total do meu sistema de som. Ela estava
tocando música após música diretamente de seu telefone, balançando os
quadris de uma maneira suave e rítmica que me deixou com inveja.
“Que porra é essa, afinal?” perguntei.
“Blue Monday”, ela murmurou inebriada, quase consumida pelo
ritmo. “Do New Order.”
“É contagiante.”
“Contagiante?” Josie bufou. “É uma maldita obra-prima, é o que é!
Uma joia da música pop eletrônica do Reino Unido de 1983 que, ainda
hoje, põe no chinelo a maioria das músicas modernas.”
Eu ri, segurando meu copo. “Você realmente deveria ter nascido nos
anos 80, sabe.”
“Não, eu deveria ter nascido no final dos anos 60 ou início dos 70”,
minha amiga rebateu, “para poder aproveitar plenamente os anos 80 pela
grandiosidade que foram”. Ela tomou um gole de sua bebida lentamente
antes de jogar seu longo cabelo loiro sobre o ombro oposto. “Mas digamos
que você esteja certa. Eu perdi minha década. Nós perdemos nossa década.”
Eu dobrei meus pés por baixo da minha bunda; um movimento que
esticou meu quadríceps cansado. Como sempre, provocou aquela dor pós-
treino que eu tanto amava. “Como você percebeu isso?” suspirei.
“Skylar!” Josie parou por um momento para me encarar como se eu
fosse uma alienígena. “Você está falando sério?”
“Mais ou menos.”
“Eles tinham a melhor música!” ela exclamou. “Os melhores filmes
também.”
Era uma paixão dela assistir a filmes dos anos 80, e Josie dizia ter
visto todos. Os quais ela considerava clássicos, enfim. Eu tinha visto
dezenas com ela até agora, neste mesmo sofá.
“Eles tinham a melhor maquiagem. O melhor cabelo...”
Eu bocejei. O sono não estava longe, se eu pudesse fazer meu cérebro
parar de girar. Ficar bêbada me cansou, mas não me deixou menos
esquecida da minha iminente turnê de divulgação do livro.
“Os anos 80 também tinham os melhores carros. E os melhores
caras.” Ela suspirou melancolicamente. Caras de verdade, Skylar. Homens e
não garotos. Homens que não tinham medo de serem homens.”
“Certo, certo,” eu ri. “Você me convenceu. Vamos conseguir um
DeLorean. Voltar para os anos 80.”
“Pegar alguns caras,” ela riu. Os olhos de Josie brilharam com
animação nostálgica e inebriante. “Não, não! Pegar alguns homens.”
“Essa parte eu vou deixar para você”, respondi, matando o último gole
do meu creme branco russo. “Estou cheia de homens agora.”
Eu disse as palavras casualmente, sem pensar, enquanto descansava
meu copo vazio de volta em sua base. Josie congelou, no meio de algum
movimento de dança lindamente feminino que ela estava fazendo no
momento.
“Sério?” ela respondeu ofegante. “É um dos caras daquele perfil falso
que montamos?”
Eu estava cansada demais para pensar, cansada demais para discutir.
Bêbada demais para começar a negar as coisas. Meu silêncio foi toda a
confirmação de que ela precisava.
“Ah, então você está envolvida!” minha amiga estalou os dedos.
“Agora eu entendi! Você está transando com um desses caras, está divertido
pra caramba, e é por isso que você está se opondo a essa turnê de
divulgação do livro. Você não quer abrir mão dessa coisa boa agora.”
“É... mais complicado que isso.”
Eu tinha bebido tantos drinques que mal conseguia falar a palavra
complicada. Até isso parecia complicado.
“Quão complicado pode ser?” Josie perguntou. “Quero dizer...”
Ela parou de falar, estava de boca aberta.
“Espera aí!” ela exclamou. “Sem chance.”
“O quê?”
“Você está transando com dois deles!?”
Não respondi. Em vez disso, estendi a mão para o drinque dela e ela
me entregou. Tomei um grande gole.
“Puta merda, Skylar! Você está em um buraco sem fundo!”
Eu deixei de lado o resto do drinque de Josie e coloquei a taça em um
lugar sem um porta-copos. Agora eu estava realmente no limite.
Josie cruzou os braços. “É melhor você começar a falar, porra.”
Puxei minha amiga para o sofá porque doía meu pescoço olhar para
cima neste momento. Eu estava bêbada. Havia baixado minha guarda.
Minhas inibições também estavam baixas.
“E se eu te disser que estou fodendo com os três?” desabafei.
Sua expressão registrou um choque tão extremo, que nem se alterou.
Sua boca abriu e fechou algumas vezes, mas ela não disse nada.
“E então?” questionei. “O que você faria?”
“Eu bateria em sua cabeça e iria arrastá-la para fora deste
apartamento”, ela respondeu. “Isso é o que eu faria.”
“Por quê?”
“Porque eu saberia que você não era a Skylar! Que você teria que ser
algum tipo de clone, ou gêmea do mal, ou...”
“Qual é,” implorei. “Fala sério.”
“Estou falando sério!” Josie protestou. “Skylar Langston faz muitas
coisas, mas a única coisa que ela não faz é malabarismos com homens.
Ainda mais três homens.”
“E se eu te disser que não estou fazendo malabarismos com eles?”
Minha amiga olhou para mim totalmente confusa. “Então como você
poderia...”
“E se todos os três soubessem um do outro e estivessem totalmente
bem em me compartilhar?” perguntei. “E não apenas sexualmente, mas
também como namorada.”
Ela engoliu em seco. “Uma... namorada.”
“Sim,” confirmei. “E se esses homens morassem juntos, todos os três.
E se nos divertíssemos juntos, e eles me levassem para sair juntos, e
passássemos todo tipo de tempo juntos, só nós quatro. Estou falando de um
relacionamento real, concreto e saudável.”
Parecia que eu estava falando grego o tempo todo. Havia grande parte
de compreensão em seus olhos.
“Josie?”
“O quê?”
“Diga alguma coisa.”
Mais uma vez ela apenas ficou lá. Finalmente, ela balançou a cabeça.
“Eu... simplesmente não acredito nisso,” ela falou. “Quero dizer, eu
acredito. Não me entenda mal. “É apenas que...”
“Você não acredita que é real, não é?”
Devo ter parecido decepcionada. Josie estendeu a mão dela e apertou
minha mão.
“Não,” ela discordou. “Não, não é isso. Acho que só não quero ver
minha melhor amiga se machucar.”
Passei os próximos minutos explicando toda a situação, de cima a
baixo, do começo ao fim. Comecei com os rapazes respondendo ao anúncio
e nosso primeiro encontro juntos, até os eventos das últimas noites. Falei
sobre eles serem fuzileiros navais. Falei sobre a missão de Forrest. Falei
sobre o Behemoth, o novo apartamento deles, o gato Tempest, e sobre nossa
transa em meio a uma violenta, mas bela tempestade.
Do lado de fora das janelas, a noite ficou mais densa, enquanto as
luzes de Norfolk brilhavam abaixo de nós. A playlist dos anos 80 de Josie
tocava de música em música, zumbindo o tempo todo, enquanto ela ouvia
em silêncio atordoado.
“Puta merda”, ela respirou fundo, quando eu finalmente terminei.
“Puta que pariu!”
“Eu sei.”
“Fizemos esse perfil estúpido, pedindo mais de um namorado”, ela riu
de maneira vazia. “Mas acontece que você realmente fez isso!”
“Eu sei”, suspirei novamente, colocando meu rosto entre minhas
mãos. “Acredite em mim, eu sei.”
“Mas uau, Skylar...” o sorriso de merda da minha amiga cresceu ainda
mais. “Nunca pensei que veria esse dia!”
“Qual?” questionei. “O dia em que eu finalmente faria um trio?”
“São quatro”, ela me corrigiu.
“Que seja.”
“Mas não é isso,” Josie suspirou. “Não isso, quero dizer a outra coisa.
A coisa muito mais importante.”
Agora era minha vez de ficar confusa. “Que diabos você está
falando?”
“Você está apaixonada.”
 
 
Capítulo 34
 
 
 
SKYLAR
 
“Vamos,” Everett provocou. “Pelo menos tente acompanhar!”
Ele se virou e correu alguns passos para trás, algo que teria me
enfurecido em qualquer outro momento. Eu teria abaixado a cabeça e
corrido mais rápido, passando direto por ele. Tudo o que ele veria seria o
‘zás’ de um rabo de cavalo balançando rapidamente.
Mas não hoje. Porque para hoje, pelo menos, eu estava realmente com
dificuldade.
“Você está se segurando?” o fuzileiro alto me olhou com ceticismo.
“Talvez tentando dar uma falsa noção de sua velocidade, para que você
possa nos detonar no dia da corrida?”
Cerrei os dentes e me esforcei mais, tentando romper a fadiga. A
fadiga do corredor era uma coisa muito real. Você pode ficar totalmente
sem energia e então, dez minutos depois, ao avançar um pouco, você pode
correr novamente. Quase em um tipo estranho de ‘noia’, que só os
corredores entenderiam.
Agora Everett estava me encarando de volta, procurando meus olhos
verdes ferozes. Eu o tinha visto hipnotizado antes durante nossas corridas,
especialmente porque meus seios saltavam firme e maravilhosamente,
mesmo no meu sutiã esportivo. Mas não era isso.
Não, hoje ele parecia realmente preocupado comigo. O que era
extremamente doce, apesar de tudo.
“Vamos encurtar o treino hoje?” ele perguntou. “Parar na Rua da
Igreja?”
Mais uma vez, em circunstâncias normais, eu teria zombado dele por
encurtar uma sessão de treinamento. Era o tipo de coisa que eu criticava nos
meus clientes.
No entanto hoje...
“Sim”, eu bufei. “Vamos fazer isso.”
Menos de dez minutos depois, estávamos realizando nossos
alongamentos pós-corrida, depois nos acomodando no banco de pedra na
beira do Cemitério Elmwood. Olhei vagamente para o cenário do parque,
maravilhando-me com o quão bonito o lugar realmente era. Era tão verde e
tranquilo. Totalmente sereno.
“Você quer vir mais tarde?” Everett perguntou. “Nós podemos pegar
aquela pipoca que você gosta. E Troy faria tortilhas.”
Eu não respondi de imediato. Minha mente ainda estava enevoada
pela dor de cabeça com a qual acordei pela ressaca da vodca de chantili.
“O molho dele é um pouco louco”, admitiu Everett. “Mas no geral...”
“Não posso hoje”, eu disse finalmente. “Quero dizer, tenho muito
trabalho de escrita e de edição acumulado. Além disso, tenho uma aula
particular mais tarde esta noite.
Tudo era verdade. No entanto, isso normalmente não teria me
impedido de ir depois. Não importava o quão tarde fosse, eu sempre poderia
aparecer na casa dos rapazes. Troy ou Everett geralmente ficavam
acordados até tarde de qualquer maneira. E se não estivessem, bem, isso
também não importava, porque eles me deram uma chave. Era divertido
entrar em seu estúdio iluminado pela lua e, em seguida, tirar cara ou coroa
para ver para qual cama eu iria. Não que isso importasse, porque eu
geralmente acordava no outro quarto pela manhã.
Mas não, a verdadeira razão pela qual não iria hoje à noite era porque
eu só queria ficar sozinha. Queria meditar, realmente. Eu era uma mestre da
meditação.
“Tudo bem,” disse Everett. “O convite está de pé se você mudar de
ideia.”
“Obrigada,” forcei um sorriso.
“Ei, você tem notícias do Forrest?”
Balancei minha cabeça indiferentemente. “Não, por quê?”
“Faz um tempinho que não tenho notícias dele. Sei que ele tem falado
mais com você do que comigo ou Troy ultimamente,” ele sorriu, “então…”
Tentei pensar. Era difícil, especialmente com a ressaca.
“Falei com ele cerca de quatro ou cinco noites atrás”, eu disse. “Foi a
última vez.”
‘Falei’ foi um pouco de exagero, na verdade. O que realmente fizemos
foi nos masturbarmos juntos. Como prometido, eu me vesti para ele com
uma lingerie nova e tentadora: meias pretas até a coxa, um corpete preto
combinando e calcinha de renda com abertura que mostrava perfeitamente o
quão molhada eu estava sempre que abria minhas pernas. Forrest, por sua
vez, já havia se despido e estava com uma ereção completa quando a
conexão foi estabelecida.
Por uns bons cinco minutos não dissemos nada, para não quebrar o
clima. E era mais excitante do que qualquer coisa, apenas observando-o
acariciar-se lentamente para cima e para baixo enquanto eu deslizava uma
mão molhada entre minhas pernas. O tempo todo, lembrando como era
aquela coisa dentro de mim. E como eu mal podia esperar para tê-lo
novamente.
Nós concordamos que eu deixaria separada aquela lingerie para o dia
em que ele voltasse para casa. Essa roupa em particular estava fora de
questão quando se tratava dos outros: era apenas um mimo entre Forrest e
eu.
“Você acha que ele está bem?” perguntei, de repente preocupada.
“É o Forrest,” disse Everett, com uma risadinha. “Provavelmente é
melhor perguntar se todos ao seu redor estão bem.”
“Quero dizer, é comum não ouvir falar de alguém por alguns dias
quando eles estão assim em missão?”
“Depende do lugar, da hora, da missão”, ele deu de ombros. “Ele pode
estar na estrada, ou em uma zona morta, ou atrás de uma cordilheira sem
serviço. Existem uma série de fatores.”
Era impressionante o quanto eu ainda não sabia sobre meus novos
amantes. Eu tinha três vezes mais coisas para aprender. Três vezes a
responsabilidade de descobrir quem realmente era cada um deles, enquanto
todos tinham apenas uma mulher com quem se preocupar: eu.
Pensei sobre minha jornada geral. Como passei de uma garotinha
idealista para uma nova-iorquina esgotada e para a virginiana viciada em
trabalho que finalmente me tornei. Tudo parecia tão exaustivo agora. Muito
disso era uma névoa.
“Como você chegou aqui, Everett?” perguntei, olhando para frente.
Neste lugar em que estamos agora.”
“Eu corri, basicamente”, ele sorriu. “Com você.”
Era óbvio que ele estava apenas tentando manter as coisas leves, mas
eu realmente não estava no clima. “Você sabe o que eu quero dizer,”
suspirei.
Alguns segundos de silêncio se passaram. Finalmente, ele olhou para
longe, observando as mesmas folhas de grama do cemitério que eu estava.
“Eu tive um pai que me ignorou e uma mãe que ignorou o fato de que
algo em nossa dinâmica familiar estava errada”, disse ele. “Quanto mais ele
me ignorava, mais isso levava a minha necessidade de ser perfeito em todos
os sentidos. Então eu aprimorei meu corpo. Afiei minha mente. Fiquei na
melhor forma mental e física que um garoto de dezessete anos poderia ter.”
Os olhos de Everett se estreitaram, enquanto ele soltava um suspiro
por entre os dentes cerrados. “Mas meu pai não se importava. No final, ele
realmente não dava a mínima.”
“Isso é terrível.”
“Eu sei, ele era uma pessoa horrível,” Everett continuou. “Nem todo
mundo foi feito para ser pai, Skylar. Na verdade, algumas pessoas
simplesmente não deveriam ser.”
Tentei imaginar como alguém poderia ser tão egocêntrico a ponto de
ignorar seu próprio filho. Parecia totalmente impossível.
“De qualquer forma, encontrei um recrutador que me deu o tipo de
atenção que sempre desejei de meus pais. Ele me incentivou. Disse-me que
eu poderia ir longe na Marinha, que havia sido feito para isso.” Nesse
ponto, Everett fez uma pausa para rir. “No final, ele não se importava mais
do que meu pai. Eu era apenas mais um recruta para ajudá-lo a cumprir sua
cota mensal.”
A mão de Everett se aproximou das costas da minha mão, os dedos
longos e finos entrelaçados com os meus.
“Mas acabou que ele estava certo pelo menos. Eu definitivamente fui
feito para isso.”
Ele apertou minha mão, então abruptamente se levantou do banco.
Algo havia mexido com dele. Eu podia ver pelo seu olhar que algo havia
mudado.
“Everett, escute...”
“Volte em segurança então,” ele interrompeu, antes de dar meia volta.
“E boa sorte hoje à noite.”
Ele se inclinou para beijar minha testa de uma forma quase paternal.
Antes que eu pudesse pedir um beijo de verdade, ele já tinha ido embora.
Droga.
Eu o observei ir, contornando a próxima esquina com seu ritmo de
passo largo e calmo. O latejar na minha cabeça não tinha sumido nos
últimos seis quilômetros que estávamos correndo pela cidade, como eu
esperava que acontecesse.
Se muito, tinha piorado.
 
 
Capítulo 35
 
 
 
EVERETT
 
Já passava das dez horas quando batemos na porta dela, mas as luzes
na janela indicavam que ela ainda estava acordada. Estávamos arriscando.
Havia uma grande chance, na verdade, de estarmos ultrapassando nossos
limites.
“Ah... ei.”
Ela nos atendeu usando o par de chinelos mais macios e felpudos que
eu já havia visto, vestindo calças de moletom igualmente felpudas e uma
camiseta confortável. Ela parecia esgotada, mas não cansada fisicamente –
tão mentalmente distante quanto estava hoje cedo. Mesmo sem maquiagem
ela era naturalmente linda. Talvez ainda mais.
“Viemos trazendo presentes.”
Eu levantei meu pote de sorvete, e Troy fez o mesmo. Eles eram um
lançamento. O tipo caro com a casca de chocolate duro que você precisava
quebrar com a colher, antes que pudesse chegar à delícia cremosa por baixo.
“Vocês são uns idiotas,” Skylar disse, seus olhos voando de um lado
para outro para os dois sabores diferentes. Ela lambeu os lábios. “Mas são o
melhor tipo de idiota que existe, então venham aqui.”
Subimos as escadas, para encontrar seu apartamento quente e
aconchegante. O computador de Skylar estava ligado. Seu software de
edição de vídeo estava espalhado pela tela em várias janelas diferentes.
Além disso, sua cozinha estava em completa ruína.
“Deixe-me salvar o que estou fazendo, e eu vou...”
“Você faz isso”, eu concordei. “Nós cuidamos disso.”
Antes que ela pudesse responder, estávamos guardando as coisas,
limpando o balcão e tirando qualquer vestígio de receita na qual ela esteve
trabalhando a noite toda. Troy esvaziou a lava-louças. Arrumei a pia.
Limpei suas panelas e frigideiras, depois as coloquei de volta em seus
devidos lugares. Quando eu estava carregando os pratos, Troy estava
secando a tábua de cortar. Ele a colocou de volta no canto da ilha da
cozinha com a usual precisão militar.
Um assobio chamou nossa atenção para Skylar, que desligou seu
computador. “Uau. Vocês são úteis,” ela sorriu fracamente.
“Espere até receber a conta.”
Seu sorriso parecia forçado, como eu suspeitava que seria. Seu lindo
rosto não estava apenas cansado, mas transparecia preocupação.
“Sofá”, eu ordenei, apontando. Percebendo que soava um pouco
autoritário, sorri e acrescentei: “Por favor.”
Um minuto depois estávamos em nossas posições habituais, com
Skylar entre nós. Não havia vinho. Nem filme. Nem música ambiente
tocando baixinho. Desta vez, era apenas silêncio.
Era o silêncio o que mais me preocupava.
“Skylar, o que há de errado?”
Ela fez uma pausa, então deu de ombros, depois abriu a boca.
“E não venha dizer ‘nada’,” Troy interveio.
Suspirando, ela fechou a boca e olhou para os pés. Seguindo seu olhar,
nós nos abaixamos e cada um tirou dos seus chinelos.
“Meu novo livro será lançado no próximo mês,” disse Skylar. “E este
promete ser melhor que nunca. Finalmente eu tenho uma editora realmente
boa. Uma das melhores, na verdade.”
“Isso é fantástico,” Troy reconheceu.
“Tá bom.”
“Então o que é...”
“Eles querem que eu faça uma turnê de divulgação do livro,” ela disse
desolada. “Sessões de autógrafo em vinte e seis cidades. Teria que ir a
bibliotecas, livrarias, encontros, palestras…”
“Skylar, isso é ótimo!”
“Ah é?” ela contestou. “E o que há de tão bom nisso? Serão quase
cinco meses!”
“E daí?”
“E daí?” ela zombou. “Sério?” Usando uma das mãos, ela traçou um
triângulo invisível apontando para nós três. “Então é tão sem importância
para vocês o fato de eu ficar fora por tanto tempo?”
“Claro que não,” disse Troy. “Mas...”
“Mas nada,” ela grunhiu. “Acabamos de começar isso. Não é algo que
eu imaginava que iria gostar, mas é algo que eu concordei em tentar. Vocês
estavam certos o tempo todo – esse tipo de arranjo é incrível. Tão incrível
que não quero deixar passar, especialmente em seu estágio inicial.”
Eu estendi a mão para ela. Ela retribuiu, mas apenas com relutância.
“Skylar, você não está deixando nada passar”, expliquei. “Nós ainda
estaremos aqui quando você voltar. Não iremos a lugar nenhum.”
“Ah não? E Forrest? Ele foi enviado em missão sem prévio aviso.
Vocês podem ser também.”
“Nós podemos,” concordei, “mas isso não é provável.” Troy assentiu.
“E se isso acontecesse, as chances de nós três...”
“Você sabia que isso estava poderia acontecer”, acrescentou Troy.
“Esse arranjo funciona porque podemos não estar todos aqui juntos ao
mesmo tempo. Um ou mais de um de nós pode estar fora.”
“Sim, mas desta vez eu estarei fora”, ela salientou. “Serei a única que
ficará sozinha. Eu não estava pronta para isso. Não tão cedo. Não tão
rapidamente, considerando o que temos aqui.”
Ela suspirou, jogando a cabeça de volta para o teto.
“Porra, eu pareço uma pirralha egoísta”, ela exclamou. “Vocês passam
meses ou anos fora sem reclamar. Eu tenho que viajar pelo país por alguns
meses e estou sentado aqui lamentando por isso.”
Troy passou um braço ao redor dela de seu lado do sofá. Isso não a
acalmou.
“Talvez eu apenas não vá.”
Balancei minha cabeça. Estendendo a mão suavemente, toquei seu
rosto.
“Você tem que ir. Se há uma coisa que eu sei sobre você, é que se
arrependeria para sempre de desistir de uma oportunidade como essa.”
Ela permaneceu terrivelmente silenciosa enquanto uma mecha de
cabelo errante deslizou para frente, sobre seus olhos. Troy estendeu a mão e
prendeu-o de volta em sua orelha.
“Você está preocupada em nos perder”, eu disse suavemente. “É
isso?”
Skylar engoliu sem dizer nada. Finalmente ela assentiu.
“Você não vai,” assegurei a ela. “Se muito, não ver você vai nos fazer
querê-la ainda mais. Confie em nós. É assim que funciona. Então, a menos
que você planeje se esquecer de nós durante sua viagem...
“Nunca!” Skylar interrompeu. “Isso nunca aconteceria!”
“Então não preocupe sua linda cabecinha com isso”, sorri. “E onde
quer que você esteja, sempre podemos nos revezar nas visitas.”
A expressão dela mudou. De repente, houve um lampejo de
esperança. “Vocês fariam isso?”
“Claro!” Troy riu. “A cada duas cidades, um ou mais de um de nós
poderia voar para um fim de semana aqui e ali, para fazer companhia
quando você não estiver trabalhando. A turnê passaria mais rápido assim.
Porra, quando você voltar, talvez Forrest já esteja nos Estados Unidos. Ele
também entraria na escala.”
Eu podia vê-la pensando nisso agora. As rodas em sua linda cabecinha
definitivamente estavam girando.
“Skylar, você tem que fazer isso,” eu disse. “Pela exposição. Pela sua
carreira.”
“E vocês realmente iriam me visitar na estrada?” ela resmungou.
Troy e eu assentimos, sorrindo animadamente. “Basta pensar em todas
as coisas que faríamos com você nessa turnê”, apontei.
“E para você,” Troy piscou.
Skylar finalmente pegou o sorvete, que estava amolecendo na mesa de
centro diante de nós. Agarrando uma colher, ela rompeu a barreira do
chocolate com uma nova determinação.
Nossa namorada colocou uma colherada na boca e fechou os olhos em
intenso deleite. A expressão dela era de alguém que cruzou um deserto
inteiro de joelhos, e que finalmente estava tomando o mais frio e incrível
copo de água gelada.
“Faz um tempo?” ri.
“Eu não tomo sorvete há cerca de dois anos”, ela suspirou.
Troy grunhiu e torceu o nariz. “Isso é um sacrilégio!”
Skylar o ignorou e girou a colher na caneca novamente. O movimento
era tão lento e afetuoso que era quase sexual.
“Quanto tempo antes de você ir?” perguntei.
“Cerca de cinco semanas,” ela finalmente suspirou, após sua segunda
colherada. “Alguns dias a mais ou a menos.”
Troy e eu nos aproximamos no sofá, cercando-a de cada lado.
Aninhando-me em seu pescoço, respirei diretamente na curva perfeita de
uma linda orelha:
“É melhor fazer valer a pena, então.”
 
 
Capítulo 36
 
 
 
SKYLAR
 
Dormi como uma pedra aquela noite, aninhada entre seus corpos
grandes e quentes. Foi a primeira vez no que pareceu uma eternidade que eu
não me levantei, nem me mexi, nem mesmo sonhei.
A parte mais meiga foi que os rapazes apenas me abraçaram – nada
mais. Eles envolveram seus braços em volta de mim até que eu me sentisse
bem novamente, e cuidaram de mim enquanto eu dormia até de manhã.
Quando meu alarme disparou, eu os encontrei já vestidos e tomados banho.
Troy e Everett prepararam o café para mim, então se despediram
rapidamente antes de irem para a base.
E aí eu corri.
Naquela manhã eu corri mais e fui mais longe do que nunca. Corri
todo o caminho para o norte passando pelo Complexo da Base Naval e
contornando a curva da Baía de Willoughby. Passei por Bayview, depois
desci ao redor do aeroporto. Corri para o sul até River Oaks, antes de
finalmente voltar na direção de Hunter’s Square.
O tempo todo deixei meu corpo no piloto automático, para que minha
mente pudesse vagar. Eu pensava na minha vida, minha história, minha
carreira. As coisas que eu queria realizar mais do que qualquer outra, e
como poderia priorizá-las em todo um mar de outros compromissos e
responsabilidades.
Pensei muito em Forrest e me peguei preocupada em saber se ele
estava bem. Pensei em todas as coisas que Everett havia dito, e como Troy
tinha concordado tão prontamente com ele.
Todavia, acima de tudo, pensei nas últimas palavras de Josie para
mim. Por mais bobas que parecessem na época, comecei a me perguntar se
elas não eram cada vez mais proféticas.
Você está apaixonada.
Sim, talvez... mas por quem? Eu estaria apaixonada pelos olhos azuis
e sorriso brilhante de Troy? A personalidade ferozmente protetora de
Everett, combinada com um corpo à altura? Ou mesmo Forrest, com seus
braços enormes e barba ruiva profunda, que primeiro resistiu à ideia de me
compartilhar, mas que finalmente cedeu e recuou de uma maneira tão
radical.
Os rapazes certamente me faziam sentir amada, de maneiras que eu
nem percebia que estava sentindo falta. Porque de alguma forma, apesar de
nos conhecermos há apenas poucas semanas, sempre que eu estava perto
deles me sentia em casa.
E essa ideia de lar era algo que eu não sentia há muito, muito tempo.
No entanto, quanto mais eu me concentrava neles, pior eu me sentia.
Meu estômago estava embrulhado com a ideia de ficar fora, e eu me
ressentia de ser forçada a fazer tal escolha. Meu coração lutava
constantemente com meu cérebro sobre o que fazer, formando um nó na
garganta que simplesmente não ia embora.
Então evitei o contato completamente. Desisti de pensar em qualquer
coisa pelos próximos dias fazendo aquilo em que eu era melhor:
mergulhando no meu trabalho. Um dia se transformou em dois, depois três.
Os rapazes mandaram uma ou duas mensagens fofas mas, por outro lado,
me deram meu espaço. Fiz muita coisa e atendi muitos clientes. Fui para a
cama fisicamente exausta e mentalmente satisfeita, tendo feito tanto em tão
pouco tempo.
Mas sempre demorava um pouco para adormecer, porque meu coração
estava pesado.
No quarto dia, em algum momento depois das cinco horas, a meio
caminho entre as séries três e quatro das minhas exatas 5 repetições
semanais de exercícios para panturrilha, uma epifania aconteceu. Atingiu-
me com a velocidade e ferocidade de um relâmpago, encerrando quaisquer
debates, dúvidas ou hesitações. Saí da academia imediatamente, imbuída de
uma clareza que não sentia há meses. Fui direto para casa, tomei banho,
fiquei toda bonita e perfumada, depois me enxuguei antes de cair nua na
minha cama imaculadamente arrumada.
Eu tinha sido uma completa e total idiota. Uma água-viva assustada
que preferia enterrar seus verdadeiros sentimentos sob a mesma montanha
de besteira de sempre do que admitir que talvez, apenas talvez, porra, as
coisas poderiam estar melhorando.
As nuvens se separaram, e ainda mais clareza fluía enquanto eu
discava meu telefone. Eu me sentia eufórica. Exuberante. Totalmente em
paz.
E depois de quatro dias seguidos sozinha, uma série de outras coisas
também.
“Alô? Skylar?”
A voz de Troy era música para meus ouvidos. Ela parecia grave e
deliciosa e muito feliz em me ouvir.
“Preciso de vocês,” eu disse simplesmente e definitivamente. “Você.
Everett. Forrest.” Inspirei lentamente, meus seios cheios subindo enquanto
eu preenchia meus pulmões. Então sorri. “Vocês três significam tudo para
mim.”
Do outro lado do telefone, eu podia sentir a euforia de Troy. No
entanto, eu não dei a ele uma chance de falar.
“Venha agora e você pode ter o que quiser.”
“Qualquer coisa?” Troy disparou.
“Qualquer coisa”, eu ronronei baixinho. “Eu até deixei a porta
destrancada.”
O silêncio atordoante durou apenas um segundo ou dois. “Copiado”,
ouvi a voz de Everett no viva-voz.
Eu ri. “Ah, e vocês podem me fazer um favor?”
“Claro,” disse Troy. “O que é?”
“Vistam seus uniformes.”
Meus olhos se fecharam, para que eu pudesse apreciar melhor o
visual. Dois fuzileiros navais gostosos entrando no meu apartamento, me
arrebatando na minha cama. Vestidos para a guerra. Todos preparados para
me conquistar, do jeito que quisessem.
“Traje completo?” ouvi um deles perguntar. Ou uniforme de combate,
ou...”
“Não importa,” suspirei, sentindo uma alegria aquecida fluir através
de mim. Levaria uns bons vinte minutos para eles chegarem. Em apenas
metade desse tempo, eu já estaria pingando por antecipação.
“Apenas venham.”
 
 
Capítulo 37
 
 
 
SKYLAR
 
As próximas semanas foram selvagens, para dizer o mínimo.
Principalmente porque finalmente tomei minha decisão, mas também
porque precisávamos recuperar o tempo perdido.
Trabalhei febrilmente para encerrar projetos, entregar arquivos e
gravar vídeos de culinária saudável suficientes para manter meu canal ativo
enquanto eu estivesse em turnê. Havia metas a cumprir. Quantidade de
palavras para escrever. Clientes para mimar o suficiente para que eu
pudesse recuperá-los mais tarde, enquanto ainda os repassava a treinadores
dentro de suas próprias academias que eram capazes e nos quais eu
confiava.
Eu iria perder o triatlo Solomon Hill, mas estava tudo bem. Minha
parede de medalhas estava cheia o suficiente, e os rapazes poderiam correr
no meu lugar. Eles poderiam me contar tudo o que aconteceu, depois do dia
da prova. Poderíamos discutir fazê-lo novamente no próximo ano também,
se tudo saísse sem problemas.
Próximo ano.
As palavras tinham um som encantador. Pela primeira vez na minha
vida pude ver um futuro, e esse futuro incluía outras pessoas além de mim.
Incluía homens nos quais eu podia confiar. Homens que eu confiava e
admirava, que acreditaram em mim da mesma forma que eu acreditava
neles.
Homens que eu amava.
Não havia uma noite que eu não passasse na cama com Troy ou
Everett, e na maioria das vezes com ambos. Eles dormiam na minha casa
com frequência, ou eu dormia na deles. Era divertido estar longe do meu
apartamento. Curtindo o outro lado da cidade com dois dos rapazes mais
gostosos e atenciosos que eu já havia namorado, ainda mais que havia posto
os olhos.
E a maneira que eles cuidavam de mim...
A enorme quantidade de sexo que eu estava fazendo faria minhas
amigas quererem me matar, mas apenas Josie sabia a verdadeira extensão
das coisas. Eu estava sempre andando nua ou seminua. Constantemente
sendo arrastada e carregada para um quarto, onde era fodida de maneiras
que eu só havia sonhado em minhas fantasias mais loucas, ou lido nos mais
ardentes dos romances.
E não era apenas no quarto. Era no banheiro, no chuveiro, na cozinha.
Eu ficava debruçada sobre cada sofá e namoradeira em nossos dois
apartamentos, e até mesmo transei no Behemoth em plena luz do dia. Em
todo e qualquer lugar, tornei-me um jogo. Para os rapazes, começou a se
tornar uma espécie de competição, pois cada um deles se esforçava para
fazer sexo comigo de maneiras cada vez mais únicas e diferentes. Fizemos
coisas que nenhum de nós havia feito antes, em lugares que não foram
projetados para isso.
Mas nós fazíamos de qualquer maneira, e era sempre fantástico.
Nada disso significava que eu era um brinquedo inocente para ser
fodido sem sentido à vontade. Porque, por mais divertido que fosse fazer
esse pequeno papel, era ainda mais divertido para mim tomar a iniciativa.
Eu estava constantemente provocando os rapazes a ponto de explodir,
depois empurrava-os de costas e montava-os onde quer que estivéssemos.
Eu os montava no sofá, bem na frente um do outro, ou na cama à noite,
abrindo minhas pernas para um deles enquanto o outro dormia ou assistia.
Eu fazia coisas como um boquete enquanto assistíamos à TV, ou preparar o
jantar para eles enquanto estavam no trabalho, então me curvava sem
calcinha sobre a mesa da cozinha dois minutos antes de um ou ambos
entrarem pela porta.
Uma vez eu apareci no apartamento deles no meio do dia, então
mandei uma foto minha estendida em uma de suas camas, brincando com
meu brinquedo favorito. Eles correram de volta da base em dois veículos
diferentes, com o vencedor garantindo ser o primeiro comigo.
Talvez fosse porque eles eram militares e costumavam dormir em
grandes grupos semelhantes a quartéis, mas eles ainda não tinham portas
nos quartos. Nas noites em que dormiam sozinhos, eu andava
silenciosamente pelos corredores do apartamento-armazém, passando da
cama de um homem para a do outro. Tempest me dava olhares cúmplices,
quase obscenos às vezes, de seu poleiro no encosto do sofá. Eu apenas
sorria e dizia para ele calar a boca, ou se me sentisse culpada o suficiente,
eu lhe dava um presente da geladeira. Era minha maneira especial de
comprar o silêncio do gato, se não sua bênção.
No final era divertido, selvagem, estranhamente libertador. E era tudo
tão indescritivelmente excitante. Quanto mais sexo eu fazia com Troy e
Everett, mais eu os queria e precisava deles. E quanto mais competitivos os
rapazes ficavam uns com os outros, mais eu me esforçava para tornar as
coisas criativas e interessantes para eles.
No entanto, por mais que eu amasse meu tempo a sós com cada um
deles, nada no mundo superava a sensação de estar imprensada entre os dois
juntos. Foram noites especiais para isso, todos nós três sabendo de antemão
que acabaríamos na cama como um. Eu gostava dessas noites acima de
tudo, especialmente sendo penetrada em ambas as extremidades ou sendo
revezada repetidamente, até que eu estivesse encharcada, saciada e plena.
Deleitamo-nos com todas as diferentes posições disponíveis apenas para
nosso debochado arranjo de três, e sentimos simpatia por todas as pobres
pessoas que nunca experimentariam as alegrias de algo tão incrivelmente
bom.
E o final de cada noite era quase como um sonho, adormecer nos
braços deles. Acordar com seus braços quentes e pesados sobre mim, me
mantendo segura e protegida.
Era nessas horas que eu pensava mais em Forrest, de quem ainda não
tínhamos notícias. Eu tentava imaginar onde ele estava, como se sentia e o
que estava fazendo. Pensava em tudo o que tínhamos que fazer quando ele
voltasse do outro lado do mundo.
Eu me sentia preocupada e até culpada às vezes, mas os outros se
esforçavam para tirar isso da minha cabeça. Everett explicou que os
fuzileiros navais podiam permanecer sem sinal por semanas ou meses de
cada vez, e ficar inalcançável não era uma coisa rara ou absurda. Troy supôs
que sua unidade poderia ter sido levada para uma operação fora da base, e
que se alguém deveria se preocupar com Forrest, deveriam ser os inimigos
que ele estava caçando… não os inimigos que o caçavam.
As palavras deles me faziam sentir melhor às vezes. Outras vezes,
porém, eu escolhia me preocupar. Forrest e eu nos conectamos de maneiras
especiais que eu queria manter vivas. Eu estava ansiosa para dizer a ele que
o amava, como já havia dito aos outros. Porque durante a parte mais
romântica de nossas noites especiais juntos, Troy e Everett já tinham dito
isso para mim.
 
 
Capítulo 38
 
 
 
FORREST
 
O posto avançado de combate era pequeno, antigo e mal posicionado.
Aninhado nas profundezas do vale, em vez de no alto de alguma colina, me
lembrou fortemente de Kamdesh.
Esse pequeno fato por si só me deu arrepios.
Graças a Deus não era nosso. Era um acampamento antigo, outrora
pertencente aos senhores da guerra Mujahidin que lutaram contra o Exército
Vermelho há muito tempo. Ele havia desabado em algum momento e
provavelmente estava abandonado, mas agora havia sido construído de
volta e era uma espécie de fortaleza ou centro de treinamento que quase
passava despercebido.
“Marque outra,” eu chamei suavemente por cima do meu ombro.
“Uma AK com certeza, talvez um cinto de granadas.” Quantas são agora?”
“Doze, senhor.”
Nós nos separamos do pelotão depois que a última rodada de
informações indicou a possibilidade de um alvo importante a noroeste. Essa
informação, é claro, havia sido fornecida por mim. Mandei de volta dois
terços do esquadrão de fuzileiros quase uma semana atrás e fiquei com
pouco mais que uma equipe de atiradores. Não poderíamos ter nenhum de
nossos veículos táticos detectados, se esperávamos agir com alguma
surpresa.
“Com aquela, treze”, eu murmurei friamente. “Calibre .50, em um
tripé. Parede sul.”
Não, era só eu e um pequeno grupo agora. Eu e quatro dos fuzileiros
mais confiáveis que eu conhecia. Eram todos veteranos e nenhum deles era
estranho ao combate. Servi com dois deles antes, Cromwell e Lopez,
enquanto explorava perto de Najaf.
Diminuí a ampliação da minha máscara de visão noturna LYNX. Os
binóculos eram foscos com lentes azuis que emitiam pouco ou nenhum
reflexo, mesmo sob a lua cheia. Cada assinatura de calor que ela captava era
traduzida em resolução perceptível e com bordas brancas. Cada combatente
inimigo era retratado tão nitidamente contra o fundo noturno que era melhor
do que os ver em plena luz do dia.
Virei-me para encarar Novak. O arquivo do fuzileiro tatuado ostentava
visão 20/8 – a melhor já registrada. Na época eu ri e falei besteira, mas
depois de passar um tempo no campo com ele, todas as dúvidas foram
apagadas.
“Algum sinal do AP?”
AP era o alvo principal. Também conhecido como o homem manco.
“Não desde terça-feira.”
Terça-feira havia sido três dias atrás.” O homem que me arrastou meio
mundo a partir do conforto de casa só emergiu do sistema de cavernas uma
vez até agora, e por menos de dez ou doze rápidos segundos. Imprudente
para caralho, considerando todos os aspectos.
Por outro lado, dez ou doze segundos era três vezes mais do que eu
realmente precisava.
“Qual é o nosso melhor ângulo se tivermos que entrar?”
A expressão de Novak ficou contemplativa. Eu já sabia o melhor
ângulo, só queria que fosse confirmado.
“Essa plataforma aqui”, ele apontou para baixo, para o nosso mapa
improvisado. “Podemos entrar pelo lado oeste, permanecendo invisíveis até
chegarmos ao alcance do portão. Um de nós tem que desativar a .50, antes
de mais nada.”
Balancei a cabeça seriamente. “Caso contrário, seremos picados.”
“Como uma porra de salada juliana,” Novak concordou com um
grunhido. A expressão dele ficou séria novamente. “Senhor.”
Era engraçado sem ser engraçado. Mas também era verdade.
“O resto de nós precisa garantir as saídas aqui e aqui,” ele apontou
novamente. “Eles estão usando este prédio como quartel. Se os prendermos
lá, estamos feitos. Se os deixarmos ir para as cavernas...”
“Nunca mais vamos encontrá-los”, Lopez terminou para ele. “Eles
ficarão nessa rede subterrânea por meses seguidos. E quem sabe até onde
vai.”
O sistema de cavernas se conectava ao posto avançado em pelo menos
três lugares. E esses foram apenas os que pudemos ver. E eu tive um palpite
de que estavam tentando tirar o homem deles dali. Que ele havia finalizado
qualquer pendência que tivesse, e estava ansioso para voltar para uma das
cidades novamente.
E quando ele finalmente colocasse a cabeça para fora, planejávamos
cortá-la.
“O sargento do pelotão vai ligar de volta pela manhã”, disse Novak.
“E se não tivermos nada para ele...”
“Nós teremos alguma coisa”, eu grunhi.
“Ele vai nos arrancar daqui”, disse Lopez. “Não haverá nada que
possamos fazer sobre isso.”
Balancei minha cabeça. “Não vamos a lugar nenhum.”
Os homens que ocupavam o posto avançado de combate lá embaixo
estavam armados até os dentes, mas isso não era necessariamente um crime.
Eles não ameaçavam os moradores locais e não se envolviam em nenhuma
de nossas frentes. Agora, se pudéssemos ligá-los a um ato específico de
violência, ou estabelecer sua base como um campo de treinamento jihadista,
seria diferente. Mas, a menos que houvesse uma razão específica para ir até
lá…
Você sabe a razão.
Exceto na ocorrência de um desses dois eventos, estávamos com as
mãos atadas. Não podíamos convocar um ataque aéreo e não podíamos
justificar sermos aqueles que desceram até lá e começaram a chutar as
portas.
Mas havia uma terceira razão, um terceiro evento. Outra coisa que
daria total legitimidade à nossa operação e justificaria o fogo do inferno que
eu planejava fazer chover pessoalmente.
E isso era fazermos uma identificação positiva dele.
“Ele não está saindo”, disse Cromwell, rastejando de barriga acima de
nós por trás. “Ele está nos farejando, cabo. Se você me perguntar, creio que
ele saiba que estamos aqui.
Olhei para o fuzileiro gigante de barba loira mais uma vez. Eu não sei
o que estavam dando para ele, mas toda vez que o via, jurava que ele estava
ficando maior.
“Bem, então,” balancei a cabeça, deixando minha mente funcionar por
um tempo. “Talvez nós precisemos dar a ele uma razão para pensar de outra
maneira.”
 
 
Capítulo 39
 
 
 
TROY
 
Ela apareceu por volta da meia-noite, a silhueta de seus braços ágeis e
pernas bem torneadas apoiadas na minha porta. A forma dela era tão bonita,
tão feminina. Tão incrivelmente gostosa e curvilínea e minha.
“Ainda acordado?”
Eu estava iluminado apenas pelo brilho do laptop, minhas costas
apoiadas na cabeceira. Nas últimas horas estive fazendo contatos, cobrando
favores. Tentando obter qualquer informação que pudesse sobre onde
Forrest estava e o que ele estava fazendo. Até agora, porém, o que eu tinha
era um quadro em branco.
“Assistindo pornografia, não é?” Skylar moveu seus quadris.
“Traga essa bunda sexy aqui.”
Fechei o laptop e o deixei em minha mesa de cabeceira enquanto
Skylar dava uma voltinha. Ela se movia lentamente, cruzando uma perna na
frente da outra, cada movimento dela emanando sexualidade.
“Talvez você esteja cansado”, ela ronronou, enquanto ficava
iluminada pela Lua. “Deixe-me relaxar você.”
No brilho prateado da janela do meu quarto, pude ver que ela estava
nua. Bem, não inteiramente nua. Ela não usava nada além de um par de
meias listradas e felpudas do joelho ao tornozelo.
Joguei as cobertas para trás. Ela entrou direto. Suas meias eram da cor
do arco-íris e eram sexy pra caralho. Pareciam mais macias do que
cashmere quando ela jogou uma perna sobre a minha e se acomodou no
meu colo.
Porra. Isso.
Skylar começou a me beijar suavemente, em todos os lugares que
podia alcançar. Ela começou com minhas bochechas, meu pescoço, meus
ombros... então voltou até meus lábios. Quando sua língua rodou em minha
boca, trouxe consigo o gosto de cereja e alcaçuz. Fiquei surpreso por um
momento, até que ela riu baixinho.
“Desculpe. Balinhas Twizzlers.”
Eu ri na sua boca. “Tem alguma sobrando?”
“Nenhuma.”
Sua bunda era uma verdadeira fogueira – mais quente do que um
vulcão agitado – enquanto se aterrava impiedosamente no meu colo. Ela
desfrutou disso por um tempo antes de se inclinar para frente, esfregando
seus seios quentes por todo o meu rosto enquanto se aproximava para
descer minha cueca até os joelhos.
Quando ela se abaixou para que eu a penetrasse, seus olhos brilharam
de surpresa.
“Você estava assistindo pornografia!” ela riu. “Está duro como uma
pedra!”
“Você está brincando?” zombei dela. “E eu fiquei duro no momento
em que você apareceu na porta.”
Ela arrastou a cabeça do meu pau através de seu sulco quente e
molhadinho, então afundou em mim. Nós dois fizemos o mesmo assobio
baixo, enquanto eu enfiei até o talo.
“Caralho”, exclamei. “Você está encharcada.”
Skylar sorriu para mim e piscou. “Você pode agradecer seu amigo por
isso.”
Balancei minha cabeça com a depravação de tudo isso; minha
namorada aparecendo à meia-noite, já recheada com o sêmen quente do
meu amigo. Não era a primeira vez, ou a décima, ou mesmo a vigésima. E
provavelmente também já a mandei para o quarto dele muitas vezes tão
cheia quanto hoje, se não mais.
Minhas mãos se moveram sobre seu corpo tensionado e atlético,
enquanto Skylar começou a me cavalgar para cima e para baixo. Ela as
pegou e as moveu sobre seus seios, jogando a cabeça para trás em exultação
enquanto eu rolei meus polegares sobre suas aréolas e apertei com a
quantidade certa de força.
Lá embaixo ela estava encharcada. Sua boceta gostosa estava
envolvida firmemente ao redor do meu pau, enquanto ela mudava para um
movimento para frente e para trás. Eu já sabia exatamente como fazê-la
gozar. Demorou muito pouco em termos de esforço, e tudo que eu precisava
fazer era levantar minha bunda da cama e empurrar na direção dela. Skylar
mordeu o lábio inferior e seus quadris fizeram o resto.
“Porra…”
Ela murmurou a palavra suavemente, seus lábios mal se movendo.
Seu corpo, no entanto, ligou o piloto automático e foi em frente. Os quadris
de Skylar rebolavam em um círculo apertado, enquanto ela apertava sua
bunda e se movia para frente e para trás. O movimento quase me levou ao
limite e a deixou incrivelmente apertada por dentro. Também permitiu que
ela esfregasse seu clitóris contra o topo do meu pau, enroscando-o com
tanta força e intensidade que sua boca formou um lindo e perfeito ‘O’.
Skylar jorrou, apenas alguns segundos depois. Era a única maneira de
descrever isso. Ela encharcou meu colo, meus lençóis, meu colchão,
estremecendo e gritando sem reservas, no ar parado da noite. Eu a segurei
com força, envolvendo seus seios com as minhas mãos, enquanto admirava
o quão bonita ela parecia no auge do êxtase final.
Finalmente, ela desabou para frente, seu cabelo caindo em cascata ao
redor do meu rosto. Ela ainda estava me cavalgando lentamente, esfregando
aquelas meias felpudas contra o topo das minhas coxas. Aproveitando o
momento pós-gozo quando cobriu meus lábios com os dela e me beijou sem
fôlego.
“Goze em mim.”
Era um pedido bastante simples. Mas eu ainda não estava pronto para
isso.
“Por favor...” ela murmurou.
Eu a senti apertar, me espremendo por dentro com seus poderosos
músculos pélvicos. Com todas as mulheres com as quais transei, nunca senti
nada tão incrível.
“Eu te amo”, murmurei de volta. “Você sabe disso, não sabe?”
Ela sorriu timidamente, então assentiu. “E eu te amo também,” ela
murmurou, me beijando repetidamente. “Eu amo vocês todos.”
“Tem certeza de que não ama apenas isso?” desafiei, levantando
minha bunda para entrar nela intencionalmente.
A parede hipnotizante do cabelo escuro de Skylar brilhou ao nosso
redor enquanto ela balançava a cabeça. “Não. Eu amo você... e Everett... e
Forrest. Eu amo os homens que vocês são, e o que vocês se tornaram para
mim.”
“O suficiente para ser uma esposa?” provoquei, citando nosso perfil
original. Em outros níveis, eu não estava brincando.
“Quando chegarmos a esse ponto”, ela assentiu, travando os olhos em
mim. “Sim.”
Ela apertou novamente, e desta vez eu mal pude segurar. Levou cada
grama de força de vontade para não a inundar imediatamente.
“Eu quero que você saiba que estou nisso”, Skylar respirou, ainda
rebolando os quadris lentamente. “Isso é real para mim, Troy. Está em um
nível totalmente diferente do que qualquer coisa que eu...”
No último momento, eu a virei de bruços e depois enfiei diretamente
por trás. Só que desta vez eu me movi ligeiramente para cima, penetrando
com muito cuidado sua bunda bem lubrificada.
“Ahhhhhhhh...”
Ela gemeu e pulou um pouco quando a cabeça deslizou, então penetrei
uns três centímetros, talvez cinco. Sua bunda era tão forte e firme, mesmo
por dentro. Tão incrivelmente quente e apertada...
PORRA!
Eu explodi dentro dela, pulsando freneticamente. Fiquei com uma
mão em volta do meu pau latejante, deixando aqueles gloriosos centímetros
exatamente onde estavam.
Ah meu DEUS…
Skylar fez os sons mais adoráveis enquanto eu me drenava em seu
lindo e quente cu. Eu podia ver seu corpo inteiro se contraindo no que
parecia ser outro orgasmo, enquanto suas mãos apertavam os travesseiros
com dois punhos agitados.
Quando terminamos, eu a virei, e ficamos cara a cara. Eu a beijei
apaixonadamente, tão forte e tão ferozmente que parecia que meu coração
iria explodir. Ela estava na mesma sintonia que estávamos. Trilhando o
mesmo caminho que Everett, Forrest e eu sempre tomamos, só nós três,
juntos.
Mas agora nós éramos quatro.
“Isso foi traiçoeiro”, ela riu, quando o beijo acabou e nossos lábios
finalmente se separaram. Aproximando a boca do meu ouvido, ela
sussurrou: “Mas eu gostei.”
Eu passei ambos os braços ao redor dela, então puxei seu corpo suado
e ágil em cima do meu.
“Apenas um passo mais perto,” eu suspirei, apertando aquela bunda
deliciosa com as duas mãos.
 
 
Capítulo 40
 
 
 
SKYLAR
 
Passei pela última boia e voltei para a margem. Era a última volta. A
reta final. Meus pulmões queimavam e minhas pernas pareciam pesar mil
quilos cada, mas, no geral, eu ainda me sentia forte. Sentia que ainda
poderia ir mais.
Pensando positivo, eu estava determinada a terminar com intensidade.
Mantive meu ritmo habitual, deixando minha cabeça baixa e minhas
pernadas em ritmo perfeito com minhas braçadas. Alcancei o marcador de
tempo e apertei o botão do meu relógio à prova d'água. Foi definitivamente
uma de minhas melhores voltas, se não a melhor.
“Nada mal,” escutei alguém dizer. “Nada mal mesmo.”
A dez ou quinze metros de distância, Everett descansava na praia, seu
corpo comprido ainda arfando com o esforço de terminar à minha frente.
Sua respiração estava lenta e controlada, no entanto. Ele tinha me batido
com folga e ainda tinha fôlego de sobra.
“Você e a porra desses braços longos!” desdenhei. “E corpo longo. E
pernas longas...”
“Continue”, ele sorriu.
Eu não daria a ele essa satisfação. Em vez disso, sorri por dentro —
não demonstrei por fora — e mudei de assunto. “Nada do Forrest ainda?”
Nesse ponto de nossa rotina de treinamento, ele geralmente me jogava
uma toalha. Desta vez, não fez isso.
Algo havia mudado.
“Everett?”
Observei enquanto ele se levantava lentamente, usando seus dois
braços poderosos para alisar o cabelo ainda molhado. Ele caminhou alguns
passos pela praia, indo e voltando. Não parecia feliz. Em vez disso,
parecia... inquieto.
“O que foi?”
Ele pegou minha mão e sentou-se novamente, me puxando para a
areia ao seu lado. Sua expressão era séria.
“Nós temos uma regra,” ele disse lentamente, “os caras e eu. Não
escondemos coisas uns dos outros. Especialmente as importantes.”
Eu assenti lentamente e disse a ele que conhecia bem a regra. Era uma
das coisas que eu mais admirava na amizade deles.
“O que eu estou prestes a dizer é diferente, no entanto. Poderia criar
grandes problemas se você dissesse qualquer coisa, então você não pode
fazer isso de jeito nenhum.”
Meu estômago revirou. Por mais curiosa que eu estivesse, também
não queria fazer parte de algo que pudesse fazer com que os outros
desconfiassem de mim. Além disso, eu achava que segredos em geral eram
horríveis. Provavelmente porque via pouca razão para eles.
“Jure para mim,” disse Everett. “Você não pode contar a Troy sobre
isso.”
“Troy?” levantei uma sobrancelha.
“Sim.”
“E Forrest?”
“É sobre Forrest,” Everett disse tristemente.
Um calafrio percorreu minha espinha. Meu estômago revirou ainda
mais.
“Ele está b...”
“Ele está perfeitamente bem,” disse Everett, me interrompendo. “Até
onde eu saiba, pelo menos.”
Eu não gostei dessa última parte. Franzi minhas sobrancelhas.
“Então você sabe onde ele está,” eu disse categoricamente. “E o que
ele está realmente fazendo no Afeganistão.”
Everett fez uma pausa, seus olhos castanhos refletindo a luz da aurora
moribunda. Gaivotas grasnaram. Em algum lugar atrás de nós, o vento fazia
uma série de bandeiras tremularem ruidosamente.
“Sim,” ele disse finalmente. “E eu quero contar a você. Quero contar
tudo a você.
Eu zombei. “Mas?”
Ele olhou para a esquerda e para a direita, para onde as pessoas já
estavam se reunindo para um dia quente de praia em agosto. Havia uma
família de cinco pessoas estendendo cangas. Um homem velho e enrugado
carregando três varas de pescar de tamanhos diferentes, indo para um cais
próximo.
“Aqui não,” Everett disse. Pegando sua toalha, ele estendeu uma mão.
“Venha.”
Caminhamos até o vestiário, vestimos algumas roupas secas e
voltamos para o Behemoth. Depois de carregar nossas coisas, Everett me
levou pela calçada e, finalmente, para um pequeno café escondido com uma
dúzia de mesas espaçadas uniformemente.
“Arranje-nos um lugar no canto.”
Ele voltou alguns minutos depois com dois cafés e algum tipo de
massa fosca com aparência de garra de urso que devia ter cerca de um
bilhão de calorias. Afastei aquela coisa, é claro. Mas Everett, aprendi ao
sair com ele, sempre comia quando estava nervoso.
“Tudo bem”, ele começou, falando em um tom baixo e uniforme.
“Alguns meses atrás, recebemos algumas informações importantes. Novas
informações sobre um alvo muito valioso, nos arredores de Kandahar.”
“Certo...” eu disse, tentando acompanhar. “Que tipo de alvo?”
“O alvo é um homem,” disse Everett. “Um homem mau, responsável
por muitas mortes.”
Ele verificou o local com cuidado, certificando-se de que eu era a
única ao alcance da voz dele antes de continuar.
“Muitas mortes de militares.”
Olhei para o meu café, observando o vapor subir do pequeno buraco
na tampa do copo. Como pequenos riachos se fundindo, uma ideia se
formou em minha mente.
“É o cara responsável pelo que aconteceu com Amos, não é?”
perguntei. “O homem que matou o irmão do Troy.”
Os olhos de Everett se arregalaram de susto, mas apenas por um
momento. Ele assentiu lentamente.
“Você é muito foda em pegar as coisas no ar, sabia disso?”
“Sim,” concordei. “Continue.”
Everett se inclinou para trás, seus braços e pernas parecendo muito
longos para uma mesa tão pequena. Por um momento, ele pareceu quase
cômico, como um adulto sentado à mesa de uma criança. Afastei a imagem.
“Nós o caçamos o tempo todo em que estivemos no exterior”, disse
ele. “Mas o cara era liso, bem relacionado. As pessoas o protegiam – às
vezes com suas próprias vidas – e ele sempre conseguia escapar.”
Meu amante agarrou seu café com duas mãos esguias. Trazendo-o aos
lábios, ele tomou um longo gole antes de continuar.
“A certa altura, quase o pegamos”, continuou Everett. “Ataque
Apache, perto das Montanhas Pamir. A neve e o gelo tornaram difícil
verificar os resultados, e foi lá que achamos que o ferimos. Em todos os
avistamentos confirmados depois disso, ele foi visto arrastando a perna
esquerda.”
“Eu não tinha ideia de que havia neve e gelo no Afeganistão,”
desabafei.
“Sim, e muita,” Everett explicou. “Há geleiras no Afeganistão,
acredite ou não.”
Balancei minha cabeça imediatamente. “Desculpe. Devo parecer uma
idiota.”
“De jeito nenhum,” ele rebateu. “A maioria das pessoas não sabe, de
verdade. Porra, antes de ir até lá e congelar minha bunda pessoalmente,
pensei que todo o maldito país fosse um deserto.”
Everett balançou a cabeça, percebendo que estava se desviando. Ele
olhou para mim incisivamente.
“Meu ponto é, Forrest conseguiu essa informação e me mostrou
semanas atrás. E ele só mostrou para mim, não para o Troy.”
“Porque Troy está muito envolvido”, raciocinei. “Para Troy é
pessoal.”
“Exatamente,” ele assentiu. “E quando as coisas ficam pessoais,
também ficam perigosas.”
“Então, por que Forrest está lá?” contestei. “Não é pessoal para ele
também?”
Everett assentiu. “Você está certa. É. Eu realmente não posso
argumentar.”
“Então por que você o deixou ir?”
Ao ouvir isso, o fuzileiro riu ironicamente. “Acha que eu poderia
detê-lo mesmo se eu quisesse?”
Eu considerei a lógica em sua resposta. “Não. Definitivamente não.”
“É por isso que Troy não pode saber,” ele continuou. “Pelo menos por
enquanto. Porque no momento em que ele soubesse disso, as coisas
poderiam ficar ruins. Troy se moveria rápido. Ele pegaria atalhos. Ele
tomaria decisões com o coração em vez de com a razão, e acabaria se
machucando.”
Eu podia ver tudo se desenrolando exatamente como ele disse. Troy
era emotivo, especialmente quando se tratava de coisas como família. Não
havia como dizer o que poderia acontecer.
“Tudo bem”, eu disse, estremecendo com o que estava prestes a
concordar. “Entendi. E não vou dizer uma palavra.”
“Bom.”
“Então agora me diga,” me inclinei para frente. “Onde está Forrest?”
Everett coçou a nuca. “A última vez que eu soube, ele estava em
alguma área remota, a noroeste de Kandahar, totalmente incomunicável.
Eles verificaram o alvo também, embora ele ainda não tenha me ligado.”
Ele resmungou com essa última parte, e eu diria que ele não estava
feliz.
“Essa coisa toda é estúpida”, Everett desdenhou. Realmente estúpida.
Até mesmo para ele.
“Por quê?”
“Porque esse homem é perigoso, Skylar. Muito perigoso. E Forrest é
notório em dar um passo maior que as pernas.” Ele olhou para seus pés
antes de continuar. “Além disso, eu deveria estar lá. Isso deveria ser apenas
uma missão de reconhecimento. Ele deveria me avisar antes de fazer
qualquer movimento.
Eu estava gostando disso cada vez menos. Especialmente agora.
“Olha, é Forrest”, raciocinei. “Você mesmo disse isso. Não poderia
detê-lo mesmo se quisesse.”
“Não, não poderia.”
Coloquei uma mão apaziguadora sobre a de Everett e forcei um
sorriso encorajador. “Então, o que faz você pensar que qualquer outra
pessoa poderia?”
 
 
Capítulo 41
 
 
 
SKYLAR
 
“Estou ficando meio cansado de deixar você entrar e sair, amigo”,
reclamou Everett, enxugando as mãos no avental. “Você precisa de uma
portinha basculante ou algo assim.”
Tempest estava na porta, sua longa cauda balançando
impacientemente. Por mais que o gato adorasse aconchegar-se dentro de
casa – especialmente no colo de Everett – também gostava de caçar do lado
de fora. Ele havia trazido três pássaros até agora esta semana, e quase um
pequeno esquilo. E a semana estava apenas começando.
“Por que você não abre uma dessas janelas com persianas?” sugeri,
apontando para a parede de vidro que compunha a frente do armazém que
era a casa dos rapazes.
“Essa aqui?” Everett puxou para fora em um ângulo de quarenta e
cinco graus uma das aberturas na altura do seu peito. Uma brisa fria da
noite entrou. “Qual é. É muito alta para ele.”
“Não, não é,” discordei. “O gato médio pode pular cinco vezes mais
alto que o comprimento de sua cauda.”
Ele zombou de mim instantaneamente. “O quê? Isso é besteira.”
“Não, esse é o fato número 687 das tampas de garrafa de Snapple.”
Do outro lado do balcão, Troy riu. “Você lembra até dos números?”
“Hum-rum,” eu ri, lambendo meus dedos para limpar. “Eu lembro de
muitas coisas.”
Quase como se ele tivesse nos ouvido conversando, Tempest
caminhou até a janela aberta e saltou direto para a abertura. Ele passou
facilmente, em seguida, pulou do outro lado, desaparecendo na noite.
“Bem, caralho...” Everett murmurou, totalmente impressionado. “Do
que mais você se lembra?”
“Hummm... vamos ver. Tinha uma que dizia que um em cada mil
fatos da Snapple é factualmente incorreto.”
“Talvez esse fosse o incorreto,” Troy salientou. “O que faria com que
todos os outros ainda estivessem corretos.”
Everett olhou para nós em silêncio, totalmente sem expressão. Troy e
eu nos entreolhamos e rimos.
“Você me impressionou.”
Tínhamos acabado de cozinhar e ainda tivemos tempo de assar uma
torta de maçã sem gordura. Foi a primeira vez que experimentei meu novo
kit de iluminação e já podia dizer que o investimento iria compensar.
Reduziu o brilho do teto e fez tudo na cozinha parecer mais ousado e
brilhante.
Melhor ainda, eu o comprei com o dinheiro que recebi do meu
primeiro patrocinador.
Silenciosamente, observei enquanto Everett arrumava a mesa e Troy
começava a fazer nossos pratos. Em termos de carreira, eu tinha que admitir
que tudo estava espetacular ultimamente. Eu estava construindo um forte
número de seguidores nas redes sociais, graças a um dos meus vídeos mais
populares que se tornou viral repentinamente. Na verdade, cozinhar com
dois fuzileiros navais gostosos é bom para cliques e visualizações, mas nem
perto de tão bom quanto um deles tropeçar no cabo da câmera e cair de cara
em uma tigela de massa de trigo integral com molho carbonara extra.
Eu quase apaguei o vídeo, mas Troy – que foi o infeliz alvo da piada –
ainda me incentivou a publicá-lo. Foi escolhido por um canal popular de
“videocassetadas” e exibido para mais de quinze milhões de espectadores
até agora. Eles foram gentis o suficiente em incluir um link para meu
próprio canal, e comecei a ganhar um fluxo constante de assinantes quase
que imediatamente.
Na semana passada, recebi sete pedidos de entrevistas, dez canais
similares pedindo colaborações e quatro ofertas de patrocínio. A
Foreverware queria que eu usasse sua frigideira de café da manhã, e recebi
ofertas de produtos frescos da FreshDirect e da ImperfectFoods. Meu
favorito, no entanto, veio da MegaKitchen, que me enviou uma tábua de
corte de açougueiro lindamente marmoreada por nada mais do que uma
rápida menção.
Com o dinheiro que economizei em ingredientes, comecei a atualizar
meu equipamento de vídeo e software de edição. Meus vídeos mais recentes
ficaram mais suaves e com aparência mais profissional do que nunca. E
com Troy ou Everett geralmente por perto, eu tinha trabalho de câmera
grátis sempre que quisesse. Até comecei a interagir com eles fora das
câmeras, o que era algo que os espectadores pareciam gostar. As
brincadeiras para lá e para cá entre nós eram naturalmente sedutoras e
divertidas.
Se as pessoas ao menos soubessem.
Sentamos para comer, conversando e rindo, tentando manter as coisas
leves. Nas últimas semanas, meus namorados se tornaram um marco no
meu canal de culinária. Eles ainda não haviam participado de meus
programas de exercícios ou dieta, mas com a forma que os grandes
fuzileiros navais tinham, essas aparições só poderiam ajudar, não prejudicar.
Finalmente, no que diz respeito às sessões de treinamento, eu tinha
mais clientes do que podia lidar. Eu realmente tive que parar de aceitar
novos! Com o lançamento do livro em uma semana, e a primeira parada da
minha turnê poucos dias depois, eu já havia repassado a maior parte da
minha clientela a outros treinadores. Alguns dos clientes insistiram em
continuar comigo até o dia em que eu viajasse, o que foi bom, porque
precisava da distração. Também entreguei a maior parte das minhas mídias
sociais para Renée. Ela já estava indo muito bem com minha conta do
Instagram, especialmente depois que comecei a pagar bônus para ela por
novos assinantes.
“Algo errado?”
Eu estava olhando para frente novamente, obviamente perdida em mil
pensamentos. Balancei minha cabeça e sorri.
“Nada. Está tudo bem.”
“Sei que às vezes é difícil desligar o cérebro”, disse Everett, “mas
você precisa tentar. Você vai viajar em breve e nós vamos sentir sua falta.”
Ele mastigou um pedaço de torrada de alho, então passou o pão pelo
macarrão. Isso deixou um rastro de molho de vodca em seu prato. Hoje à
noite nós nos demos uma folga, tudo bem.
“Você limpou sua agenda para o último dia, certo?” perguntou Troy.
“Porque nós vamos levá-la para sair. Celebrar antes de você viajar.
Eu assenti, acrescentando um sorriso. “Claro.”
“Quero dizer, totalmente livre. Sem compromissos nem nada. Nem
mesmo fazer as malas, ou...”
O telefone de Everett tocou, felizmente. Meu estômago sempre dava
nós sempre que eu pensava em viajar. Exatamente agora, eu só queria
esquecer tudo isso e aproveitar o jantar. Assim como o que planejamos para
depois.
Troy e eu comíamos em silêncio, enquanto Everett andava pelo
apartamento, falando em voz baixa. Quando ele voltou para a mesa, eu diria
que algo estava errado. Toda a leveza tinha sido sugada para fora da sala.
“O que foi?” Troy perguntou.
Meu coração apertou. Everett engoliu em seco.
“O esquadrão de fuzileiros de Forrest voltou ao pelotão principal sem
ele”, ele disse.
“O quê?”
“Sua equipe de atiradores se retirou por algum motivo, em algum
lugar nas montanhas.”
Meu sangue gelou. Eu não sabia o quão ruim era a notícia, até ver os
olhares nos rostos dos rapazes.
“Tem certeza de que ele não está em algum lugar perto de Cabul?”
Troy perguntou. “Desde que Bagram foi entregue, o Talibã já está
desenfreado. Eles estão prestes a deixar a capital sem controle.”
Everett balançou a cabeça. “Felizmente, não. Ele está bem a oeste de
lá. Perto da cordilheira Waras.”
Eu não tinha ideia de onde seria a cordilheira Waras, mas Troy
certamente parecia saber. Os olhos dele se estreitaram. “Você sabe onde ele
está?”
Everett estava intencionalmente evitando meu olhar. Quanto a mim,
estava apavorada em olhar diretamente para qualquer um deles.
“Ouvi falar algumas coisas”, foi tudo o que ele disse.
“Ouviu falar algumas coisas?” Seus punhos se fecharam. Talvez não
de raiva, mas definitivamente de frustração. “Por que ele estaria...”
“Quem sabe?” Everett o interrompeu. “Você esteve lá em cima, você
sabe como é. Uma oportunidade surge, você tem que aproveitá-la. Na
maioria das vezes não é nada...” ele fez uma pausa, inclinando a cabeça.
“Às vezes é.”
O silêncio se abateu sobre a cozinha, enquanto os rapazes se sentavam
no lugar um do outro. Troy olhou friamente para Everett. Eu baixei meu
garfo e me levantei.
“Ei...”
Pousei minhas mãos nos seus ombros largos e bonitos. Eu apertei,
segurando suas escápulas parecidas com pedras.
“Não podemos fazer nada sobre isso, podemos?” perguntei
retoricamente. “Não agora. Não daqui.”
Lentamente, eles balançaram as cabeças.
“Então esperamos,” eu disse simplesmente. “Confiamos nele. E a
última coisa que faremos é enviar más vibrações pensando no pior.”
Muito levemente, senti a tensão se esvair de seus músculos. Eu apertei
novamente, então baixei meu rosto até ficar bem entre eles.
“Sem negatividade”, murmurei baixinho, devolvendo-lhes os garfos.
“Nada a não ser pensamentos positivos.”
Voltei para minha cadeira, então passei minha mão ao redor da haste
da minha taça de vinho. Quando a levantei em um brinde, os rapazes
fizeram o mesmo.
“Em algum lugar do outro lado do mundo, alguém está prestes a levar
uma surra”, eu disse, enquanto nossos copos tilintavam. “E definitivamente
não é o nosso cara.”
 
 
Capítulo 42
 
 
 
SKYLAR
 
“Caraaaaaalho...”
Everett apertou meus quadris com força em suas duas mãos enormes,
latejando profundamente enquanto se drenava em meu útero. Deixei meus
olhos revirarem para trás, deleitando-me com a euforia enquanto cada um
dos meus sentidos ganhava vida. Eu estava formigando por toda parte.
Minhas pernas, ainda tremendo incontrolavelmente...
“CARALHO,” ele xingou em voz alta, seguido de um suspiro de
intensa gratificação. “Nunca vou me cansar disso.”
Seu peito arfava, jogando seus abdominais sarados para frente e para
trás em contraste gritante com cada respiração. Eu os observei até que ele
caiu para trás, inclinando a cabeça para fora da beirada da cama.
“Você nunca vai precisar”, ronronei, sorrindo de volta por cima do
ombro. “Pode ter isso quando quiser.”
Esparramado e nu, ele parecia absolutamente incrível, especialmente
com sua masculinidade toda molhada e escorregadia, descansando em uma
perna larga.
“Vou querer de novo em dez minutos”, ele gemeu, olhando para o
teto. “No máximo quinze.”
Com seu rosto ainda enterrado entre meus seios balançando, Troy riu.
“Dez minutos? Você está dando muito crédito a si mesmo de novo.
“Ah é?” Everett desafiou. “Quer apostar?”
De todas as suas pequenas competições e desafios privados, as
‘apostas’ de Troy e Everett sempre foram as minhas favoritas. Metade delas
era em dinheiro. A outra metade era em coisas mais hilárias, como o
vencedor fazer o perdedor fazer algo humilhante, geralmente em público.
“Claro,” disse Troy. “O ganhador faz a primeira viagem para vê-la. Na
cidade que ela escolher.”
Troy se mexeu novamente e me puxou para ele, beijando meu pescoço
de todas as maneiras maravilhosas que me deixavam louca. Fechei os olhos
e assobiei, me perdendo no momento.
“Se dependesse de mim...” suspirei, “vocês me visitariam... em todas
as cidades...” eu o apertei com mais força enquanto ele mordiscava meu
pescoço. “… toda a maldita turnê.”
Eu sabia que não era viável, mas com certeza era uma fantasia
divertida. Imaginava Troy ou Everett aparecendo em Nova York, Boston ou
Los Angeles. Eu os imaginava se revezando em me ver nas minhas noites
de folga, da mesma forma que estavam se revezando comigo agora.
Esticando minhas costas, olhei sonhadoramente para o teto espelhado.
A visão de nós três, todos nus e suados e deitados lá em uma pilha obscena,
era tão excitante que eu queria gritar.
Calma, Skylar.
Passamos uma bela noite juntos, começando com o jantar no mais
chique dos restaurantes. Terminamos com drinques no mais belo dos clubes,
dançando até nossos corpos contorcidos ficarem cobertos de suor.
Estávamos bem-vestidos também, nós três. Coloquei meu vestido mais
justo, e os rapazes ficaram tão bem em seus ternos que eu mal podia esperar
para arrancar as roupas de seus corpos suados e gostosos.
Mas quando eles me levaram para o mais decadente, mais barato e
mais espelhado de todos os quartos de motel para encerrar a noite? Ri tanto
que quase chorei.
“O quê?” Everett também riu. Sua gravata havia sumido. Os cinco
primeiros botões de sua camisa também estavam faltando. “Não é bom?”
“Não”, eu agarrei os dois, puxando cada um deles para um ardente
beijo molhado. “É simplesmente perfeito para caralho.”
Era nossa última noite juntos. Nosso último adeus, antes que o voo de
amanhã me levasse para o norte, na primeira parada da turnê de divulgação
do livro. Meus editores estavam entusiasmados com o quão bem ele estava
indo até agora, apenas alguns dias após o lançamento. Minha agente
literária estava igualmente dando pulos de alegria.
“Você só tem mais oito minutos”, disse Troy para Everett. “É o
seguinte. Vou até dar um pequeno show, para ajudar.”
Ele separou minhas pernas, casualmente esfregando-se para cima e
para baixo através da minha boceta latejante. Fez isso em plena vista de seu
amigo. Na verdade, até empurrou uma das minhas coxas para baixo, para
que Everett pudesse ver.
Porra isso é tesão PRA CARALHO.
Everett se controlou e começou a se masturbar descaradamente,
enquanto Troy e eu fodíamos. Em qualquer outro mundo teria sido obsceno:
um amigo ficar observando o outro, olhando com luxúria enquanto ele dava
prazer à mulher que os dois amavam e compartilhavam.
No nosso mundo, porém, era o novo normal.
Eu enganchei meus tornozelos atrás das costas de Troy. Cravei minhas
unhas em sua bunda agitada e pulsante enquanto ele me penetrava mais
fundo, mais forte, se enroscando em mim na cama barata do motel. Ao
nosso redor, espelhos refletiam toda a extensão de nossa depravação. Eu era
jovem da última vez que estive em um lugar como este. Eu tinha esquecido
como era excitante, me ver trepar.
Mas puta merda... me ver sendo fodida...
E por dois caras ao mesmo tempo!
“Ei...” ronronei, roçando minha língua sobre a borda externa da orelha
de Troy. “Espere um segundo.”
Ele diminuiu a velocidade como uma máquina cujo plugue acabou de
ser puxado. Ainda enterrado dentro de mim, me olhou com curiosidade.
“Você quer me comer... bem... você sabe.”
O rosto de Troy se contorceu em confusão, mas apenas por um
momento. De repente, seus olhos se arregalaram.
“De verdade?”
Eu ri. “Por que não?”
Ele parecia uma criança que recebeu as chaves de uma loja de doces.
“Você está falando sério? Realmente quer isso?
Deus, ele estava tão bonitinho! Eu não pude deixar de rir enquanto
assentia.
“Olha, eu tenho pensado muito sobre isso desde, bem, você sabe...”
sorri maldosamente. “A vez que você fez aquilo.”
Troy não precisava que eu falasse duas vezes. Ele saiu de mim, e eu
virei obedientemente de bruços.
“Vá devagar, certo?” avisei, balançando minha bunda em sua direção.
“Você vai ter cuidado?”
As mãos de Troy agarraram meus quadris de forma dominante –
apenas mais uma das pequenas coisas que os rapazes faziam que sempre me
deixavam com muito tesão. Levantando minha bunda na altura adequada,
ele me colocou exatamente na posição certa.
Os olhos de Everett estavam semicerrados enquanto olhava, perdido
na luxúria. Sua mão se movia lentamente, ritmicamente, para cima e para
baixo. Pela aparência das coisas, eu tinha certeza de que ele estava prestes a
ganhar sua aposta.
“Eu não posso acreditar que vou fazer isso,” Troy exclamou
alegremente, “antes de qualquer outra pessoa.”
Ele arrastou a cabeça ao redor da minha umidade, deixando-a
agradável e escorregadia antes de avançar. Aquela sensação requintada de
plenitude voltou quase instantaneamente, enquanto mordia meu lábio
inferior.
“É justo que você seja o primeiro a fazer isso”, suspirei de volta,
enquanto ele lentamente deslizou para dentro. “Afinal, você trabalhou tanto
para conseguir...”
 
 
Capítulo 43
 
 
 
FORREST
 
A primeira explosão atravessou o portão. A segunda explodiu a
parede sul violentamente para fora, em um jato de estilhaços e poeira de
concreto. Tiros começaram imediatamente. As primeiras rodadas de pânico
e de gatilhos apertados às pressas; homens disparando suas armas
inutilmente e em nada, em um esforço para deter o inferno que estava vindo
em sua direção.
E havia muito inferno vindo em sua direção.
“Vão pela frente!”
A voz de Cromwell era a de um guerreiro espartano, rugindo acima do
caos. Ele correu pela abertura ao lado de Daniels, rifles presos em seus
ombros, a fumaça girando em torno deles enquanto os engolia inteiros.
É essa.
A névoa no ar finalmente clareou, revelando as ruínas retorcidas da
calibre .50 montada não muito longe. Lancei mais duas granadas em rápida
sucessão, desta vez na direção do quartel. Elas explodiram no momento em
que os primeiros insurgentes avançaram, lançando-os de lado, gritando pelo
ar. Os pobres coitados ainda estavam no processo de destravar seus rifles.
Eles iriam para seus túmulos sem saber o que diabos aconteceu com eles.
“Senhor!”
Lopez estava com uma das mãos na formação rochosa atrás de mim,
as pernas já posicionadas e prontas para partir. Ele tinha um espaço que
demandaria uma corrida de alta velocidade pela frente, mas Lopez era
rápido. Mesmo para um engenheiro de combate.
“Dois minutos?”
Olhei para o meu relógio. Uma rajada de tiros – de Cromwell ou
Daniels ou ambos – irrompeu nas proximidades.
“Faça em dois e meio.”
“Copiado.”
Eu cliquei no botão do cronômetro. Quando olhei para cima
novamente, Lopez já tinha ido embora.
Não se exploda, Lopez.
Foi meu pensamento final, antes de correr pela abertura do portão
quebrado. Eu podia ver o clarão das rajadas dos fuzis AK agora. Foram as
ameaças mais diretas, mas também perderam posição. Disparei um pente
completo antes de girar para a esquerda, depois o substituí por trás da tampa
de um poço antigo e em ruínas. Eu podia ouvir gritos agora, alarmados e
confusos. Homens invadiram os becos estreitos do posto avançado
incompatível, onde Cromwell e Daniels os abateram.
“Isso é loucura”, resmunguei para mim mesmo, tossindo através da
fumaça. “Comprovadamente louco pra caralho.”
O estampido nítido de uma pistola ressoou, e a dor explodiu no meu
ombro. Girei para o outro lado do poço e me agachei. Não havia nenhuma
referência, nenhuma indicação de onde tinha vindo. Não havia ninguém no
quartel. Um patrulheiro ou sentinela, talvez. Alguém ficou do lado errado
do tiroteio.
Repetidamente a pistola disparou, com os últimos tiros caindo perto
dos meus pés. Eu bati em retirada, quando uma bala ricocheteou perto da
minha orelha. Quem quer que fosse, eles estavam vindo agora. Eu só não
sabia de que direção.
MER...
Eu nem tive tempo de terminar meu xingamento. O homem com a
pistola lançou-se no canto, e não no canto que eu esperava...
E então a cabeça dele explodiu.
Novak!
O estampido do rifle do sniper chegou aos meus ouvidos somente
após a chuva de sangue. Isso porque a velocidade do som é imensa. Mas a
bala de um M40A5 é quase quatro vezes mais rápida que isso.
Em algum lugar em uma saliência acima de nós, o rifle de Novak
ressoou novamente. Ele estava disparando tiros lentos e metódicos. No final
de cada um deles, alguém provavelmente acabou morto.
VÁ!
Olhei para o meu relógio, me xingando por já estar atrasado. Então eu
corri para frente, indo para o outro lado do posto avançado de combate.
Surpreendi dois insurgentes, tentando armar um morteiro. Acabei com um
deles com meu rifle, enquanto chutava o outro simultaneamente.
Não havia tempo para olhar para trás. Tinha que selar a saída
secundária. Levei quase quarenta e cinco segundos quando cheguei à boca
da caverna para ajustar o C4, me atrapalhando com os detonadores. Quando
saí de lá, notei um barulhinho de gotas vermelhas pesadas, bem ao lado do
fio amarelo brilhante que eu estava desenrolando enquanto andava.
Sangue.
Meu relógio me mostrava que estávamos na marca de dois minutos.
Meu sangue.
Disparei o detonador.
A explosão foi alta, oca e visceralmente bruta. Mais importante do
que o som, porém, foi o estalo estridente de rochas quebrando que veio
depois.
ISSO!
Ouvi o sistema de túneis em que eu estava desmoronando
completamente, soprando uma tempestade de poeira por todo o posto
avançado, de oeste a leste. Tudo foi encoberto, até mesmo o tiroteio nas
proximidades. Por alguns segundos, pelo menos, o silêncio reinou.
Então a segunda série de explosões começou, desta vez do outro lado
do posto avançado.
Mais fumaça. Mais gritos. As cargas de explosivos que Lopez acabava
de detonar eram maiores e de maior alcance do que as que eu usei para selar
a segunda saída. E isso porque os dele não eram feitos para selar a saída
primária. Foram feitos para reproduzir um bombardeio que poderia destruir
a saída, enterrando vivas quaisquer pobres almas azaradas o suficiente para
ainda estarem na montanha.
Levantei meu rifle e direcionei minha mira para o posto avançado na
entrada oposta. Dois homens saíram primeiro. O terceiro veio logo depois,
alto, magro e frágil. Um homem com olhos escuros e profundos, cheios de
terror. Maçãs do rosto afundadas. Uma barba grisalha e manchada.
Um homem manco.
Meu ombro, ainda dormente, latejava molhado. A dor viria depois. A
adrenalina subiu pelo meu corpo agora, enquanto eu lutava para diminuir a
batida do meu coração, que estava atrapalhando minha mira.
Os aliados do homem o agarraram, protegendo-o pela frente. Eu me
movi para atirar através deles, resignado a dar qualquer tiro que pudesse
conseguir. Mas, antes que eu pudesse apertar o gatilho, eles já tinham feito
o movimento. Empurraram o homem manco para a frente, através de uma
porta de metal e direto para o prédio de comando central, no meio da base.
Exatamente como eu esperava.
Soei o apito – alto e estridente. Cromwell gritou de volta, pedindo a
retirada. Em algum lugar do caos, Daniels respondeu.
Então todos nós corremos pra caralho, direto pelos portões e subindo a
colina novamente.
Os AK-47 tocavam uma música constante atrás de nós, chovendo
balas em nossa direção. Continuamos em frente, continuamos subindo. Indo
para cima e para longe do posto avançado, que ainda ardia em ambos os
lados das detonações de C4 que expulsaram o rato de seu covil.
Não me virei até ouvir a conversa do rádio em meu fone de ouvido.
Algo passou voando acima de nós, movendo-se incrivelmente rápido,
rugindo acima do vale com força e precisão.
A última coisa que vi foi o laser de mira verde, pintado por Novak no
teto da unidade do comando central. Era sinistro. Luminoso. Bonito.
Então a noite se tornou dia, quando o mundo abaixo explodiu em fogo
incandescente.
 
 
Capítulo 44
 
 
 
SKYLAR
 
“E você gostaria que fosse feito para alguém em particular?”
perguntou pela enésima vez.
“Não”, a mulher de pé diante de mim sorriu docemente. “Apenas seu
autógrafo está bem.”
Era tudo estranhamente lisonjeiro, mas ainda muito surreal. Pessoas
esperando na fila para me ver. E elas queriam meu autógrafo também!
Como se o pequeno rabisco que fiz toda a minha vida de repente valesse o
tempo de alguém.
“Muito obrigada!” a mulher disse de volta. Ela se moveu para a
esquerda, abrindo espaço para a próxima pessoa tomar seu lugar. “Sou um
grande fã.”
“Obrigada por ler,” sorri de volta. “E, ehhh...assistir.”
Continuei esquecendo que tinha um canal no YouTube que
provavelmente estava atraindo mais fãs do que meus livros neste momento.
Mais de um dos meus vídeos tornaram-se virais e a notícia da minha turnê
se espalhou nas mídias sociais. Tínhamos trazido três vezes o número
esperado de convidados em Nova York e até estendemos os autógrafos por
mais um dia.
Peguei o livro da próxima pessoa sem olhar para cima e sorri
superficialmente. Eu assinei... justamente quando minha mão começou a
travar novamente.
“Desculpe,” eu sorri, sacudindo-a. “Novamente, qual é o nome?”
A livraria que eu estava agora era uma das mais antigas em Boston.
Era singular e bonita em seu caos. Perfumada com pilhas e pilhas de livros
antigos misturados com novos. Eu nem sabia que lojas como essa ainda
existiam, e fiquei feliz por elas existirem.
“Apenas dedique ao homem mais sexy do universo.”
Minha caneta parou, a meio caminho da capa interna do livro. “De
verdade?”
“Claro. De verdade.”
Eu havia recebido alguns pedidos estranhos até agora, mas nada
parecido com isso. Minha mão ainda doía, e meu pescoço doía de
constantemente olhar para cima e para baixo. Minhas costas doíam. Era o
fim do dia e eu só queria me levantar, me alongar, talvez dar uma corrida.
“Não tenho certeza se quero escrever algo que possa ser mal
interpretado,” eu disse, devagar e me desculpando. “Mas em vez disso, eu
ficaria feliz em...”
Duas mãos se plantaram sobre a mesa, enquanto o homem se
inclinava para frente. Ele estava tão perto que eu sentia seu cheiro
característico agora. Atrás de mim, o dono da livraria se mexeu
desconfortavelmente.
“Em vez de autografar,” o homem grunhiu com voz rouca, “que tal
você simplesmente jantar comigo?”
Esse cheiro...
“Ou você poderia simplesmente passar o resto de sua vida comigo,”
ele continuou alegremente. “E podemos ter dez mil jantares juntos, ou...”
Essas mãos!
Minha cabeça virou e um flash de dor atravessou meu pescoço. Mas a
dor não era nada. Meio segundo depois, eu não podia sentir mais nada.
“FORREST!”
Saí da minha cadeira tão rápido que a fiz voar para trás! Livros e fotos
pré-impressas foram espalhados por toda parte, enquanto o grande fuzileiro
me puxava sobre a mesa e me esmagava contra seu grande e lindo peito.
“Você está AQUI!”
Ele me apertou em seus braços, tirando o ar dos meus pulmões. Eu
estava chorando. Balbuciando. Babando em cima dele de alegria e
felicidade.
E... as pessoas na fila tirando fotos e fazendo vídeos.
“O quê!?” Exclamei, tão chocada que mal podia falar. “Quando?
Como???”
“Cheguei esta tarde,” ele explicou. “Vim direto para cá.”
Dei uma boa olhada nele pela primeira vez em meses. Ele estava
usando uniforme de deserto e botas de combate. Em vez de um rifle, tinha
uma enorme mochila camuflada pendurada no ombro.
“Como você me achou?” eu suspirei.
“Não foi difícil,” ele deu uma risadinha. “Sua turnê está em todas a
mídias sociais. Estive lendo seus posts antigos e assistindo seus vídeos no
meu caminho de volta aos Estados Unidos.” Ele beijou o topo da minha
cabeça. “Troy e Everett são idiotas atrapalhados, a propósito.”
Eu ri. “Sei que são. Mas eles...”
Qualquer outra coisa que eu tinha a dizer foi perdida para sempre
quando Forrest aproximou sua boca da minha. O tempo parou. Tudo ao meu
redor desapareceu: a loja, o passeio, a fila de pessoas ainda esperando para
me ver. O dono da livraria raspando a garganta desconfortavelmente atrás
de mim...
Ele embalou meu rosto em suas mãos enquanto me beijava, e eu
derreti ali mesmo. Não sei quanto tempo isso durou. Só sabia que minhas
pernas estavam moles como gelatina e minha calcinha estava encharcada
quando sua língua quente terminou de rodar pela minha boca. Toda a sua
presença me deixou tão excitada instantaneamente, que poderia literalmente
torcer minha calcinha.
“Uh... Um... Sra. Langston?”
Voltei à terra em um turbilhão de calor e confusão. Fiquei emocionada
e exultante ao ver que Forrest estava vivo e bem e me segurando em seus
braços grandes e fortes. Mas eu ainda tinha milhares de perguntas.
“Os outros sabem?”
Ele balançou a cabeça. “Vim direto para cá. Houve uma missão
seguida de um interrogatório e...”
“Everett me disse.”
“O Afeganistão está caótico agora”, disse Forrest. “Evacuação em
massa. Os aviões militares C-130 estavam indo para todos os lugares, então,
quando soube que você estava em Boston, pulei no primeiro deles para
Westover.
Ele terminou de falar, então apertou os olhos. “Espere aí. Você
sabia?”
“Sim, mas Troy não sabe.”
“Eu preciso falar com ele,” ele disse, suspirando. “Preciso...”
“Eles estão vindo para cá,” interrompi. “Amanhã à noite.”
“Aqui?” ele perguntou. “Para Boston?”
“Sim, por alguns dias, pelo menos. Foi uma grande parte da razão pela
qual eu pude fazer essa turnê. Eles deveriam se revezar nas visitas durante o
meu tempo livre, mas...”
“Sra. Langston?”
A essa altura, o dono da livraria estava quase fora de si. Olhei de volta
para a fila, que agora estava muito menos reta e com as pessoas
murmurando entre si.
“Os autógrafos terminaram por hoje,” eu disse, me desculpando. “Dê
a todos que ainda estão na fila um livro grátis e diga que sinto muito.
Estarei de volta em dois dias para fazer outra sessão de autógrafos –
totalmente por minha conta. Coloque essas pessoas na frente da fila quando
elas aparecerem, para que não precisem esperar.”
O dono da livraria passou de preocupado a totalmente satisfeito. A
sessão de autógrafos de hoje estava quase acabando, de qualquer maneira.
Agora ele teria outra.
“Eu não acredito que você está aqui!” gritei novamente, depois de
juntar minhas coisas. Eu abraçava Forrest a cada minuto enquanto
caminhávamos, tocando-o várias vezes para ter certeza de que ele era real.
Sempre que eu deslizava minha mão sobre seu ombro esquerdo, no entanto,
ele estremecia.
“Você está bem?”
“Estou bem. Ferimento de bala, só isso.”
“Ferimento de bala?” engasguei. De repente eu queria ouvir tudo.
Queria cada detalhe.
Mas, por enquanto, eu estava mais que aliviada por ele estar bem.
“Tem uma praça de alimentação naquele shopping do outro lado da
rua?” ele perguntou, me apertando junto ao seu corpo.
“Claro.”
“Bom”, ele resmungou. “Eu preciso de um hambúrguer. Falando
sério.”
“Você pode ter qualquer coisa que quiser,” eu disse. “Não acredito...
estou apenas tão tão grata...”
Assim que estávamos dentro do shopping, ele parou, me puxou junto
ao seu peito e me beijou novamente. Nos beijamos como adolescentes na
entrada da praça de alimentação, enquanto dezenas de outras pessoas
olhavam, a maioria provavelmente revirando os olhos.
Finalmente, ele me puxou na direção de um Burger King, sua boca já
salivando. A mochila gigante pendurada nos ombros não parecia pesar um
grama para ele, muito menos os cinquenta quilos que aparentava ter.
“Então Troy e Everett não chegarão até amanhã à noite, hein?” Forrest
insinuou. O braço em volta da minha cintura deslizou um pouco mais para
baixo, para pegar na minha bunda.
“Isso mesmo”, sorri, as borboletas no meu estômago já saltando umas
contra as outras. “Então até lá somos só você e eu.”
O grande soldado grunhiu, olhando-me de cima a baixo. Seu sorriso
foi mais do que apenas uma risadinha. “Vinte e quatro horas sozinho com
você, hein?”
Assenti, meu estômago torcendo em nós felizes.
“Acho que dá pro gasto.”
 
 
Capítulo 45
 
 
 
SKYLAR
 
Meu humilde quarto de hotel havia se tornado uma suíte completa,
graças a um upgrade, cortesia de Troy e Everett. O que foi uma coisa muito
boa, porque quando chegaram na noite seguinte, eles não tinham ideia do
que encontrariam.
TOC! TOC!
Abri a porta com um sorriso, preparada para recebê-los. Os rapazes
correram juntos, largaram suas malas e se moveram em minha direção.
“Calma, calma,” eu disse, dando dois passos para trás. “Eu sei que
vocês estão animados, mas precisam pegar leve comigo...”
“Pegar leve?” Troy zombou. Everett deu uma gargalhada.
Eu voltei para a sala de estar da suíte enquanto eles continuavam me
perseguindo de brincadeira. As luzes estavam baixas, as expectativas deles
altas. O canal de música que coloquei na televisão era um zumbido de
fundo.
“Nós não vemos você há mais de uma semana!” disse Troy. “Por que
motivo no mundo nós iríamos pegar le...”
“Provavelmente por minha causa.”
Suas cabeças se ergueram em perfeito uníssono para encontrar Forrest
em pé no bar moderadamente abastecido da sala. Ele tinha acabado de
servir uma rodada de uísques, que deslizou em nossa direção.
Então foi atacado por uma gangue, esparramando-se para trás na
parede.
“MANO!”
Troy e Everett o abraçaram com tanta força que por um momento
pensei que poderiam sufocá-lo. O rosto de Forrest ficou vermelho. A única
indicação de que eles não estavam lutando de verdade era seu sorriso de
dentes brancos espreitando por baixo de sua barba trêmula.
“Você está EM CASA!”
Os abraços e palmas nas costas me levaram literalmente às lágrimas.
Eu não tinha visto esse nível de felicidade entre homens, exceto ao
vencerem a World Series de basebol ou o Super Bowl de futebol americano
ou...
“O que diabos você está fazendo aqui?” Everett perguntou. “E por
que não nos CONTOU?”
“Eu aterrissei em Westover apenas ontem,” disse Forrest. “Vim direto
para cá ver nossa garota, então ia ligar para vocês, palhaços. Quando ela me
contou que viriam de qualquer maneira, resolvi que faria uma surpresa.”
“Ele está aqui desde ontem?” Troy perguntou, quando eu finalmente o
deixei me pegar. Ri e assenti, então o beijei.
“Não é de admirar que precisemos pegar leve com você,” Everett
suspirou.
Eu o beijei em seguida, então deixei os rapazes me passarem de um
lado para o outro por um tempo, cada um deles tendo sua vez. Era uma das
minhas coisas favoritas, ser bombardeada com tanto carinho ao mesmo
tempo. Fazia com que eu me sentisse especialmente desejada e amada.
“Então vocês dois já...”
“Ah sim,” Forrest disse simplesmente, dando uma piscada em minha
direção. “Muitas vezes.”
Troy riu e cruzou os braços. “Estou vendo.”
Eu parti para minha primeira parada na turnê depois da mais épica de
todas as despedidas, durante a qual Troy e depois Everett me iniciaram em
alguns novos repertórios muito íntimos, mas surpreendentes. Foi difícil
sentar durante minha primeira sessão de autógrafos em Manhattan. Talvez
até mesmo na sessão do Queens, também.
Mas caramba… tive que admitir: eu estava sentindo falta.
E agora havia Forrest, todo empolgado e voltando da guerra. Ele
fechou a porta do hotel atrás de nós e me mostrou exatamente o quanto
sentiu minha falta, da minha mente, corpo e alma. As conexões que tivemos
no dia anterior foram mais do que apenas físicas – foram também
emocionais. Porque quando ele não estava devassando meu corpo em todas
as superfícies disponíveis da suíte do hotel... estava esticado entre minhas
pernas, me balançando lentamente. Beijando-me com ternura,
apaixonadamente, enquanto fazia amor lento e deliberado comigo até que a
intensidade se tornou tão grande que ambos gozamos juntos, olhando para a
alma um do outro.
Mal saímos da cama nas últimas vinte e quatro horas, apenas para
comer, tomar banho e voltarmos um para o outro. Era inacreditável, como
nós precisávamos um do outro. Nossos apetites eram insaciáveis, ambos.
E então sim, eu estava definitivamente dolorida.
“Você é um idiota por não manter contato”, disse Everett
incisivamente. “Você deveria...”
“Minha equipe e eu ficamos nas montanhas por um longo tempo”,
Forrest rebateu. “O silêncio de rádio não era apenas imperativo, era um pré-
requisito para permanecer vivo.”
“E sua equipe?” perguntou Troy.
Forrest assentiu com simpatia para a pergunta. “Todos presentes.
Todos a salvo.” Ele deu um tapinha no seu ombro. “Levei um tiro de uma
calibre .39 aqui, mas não atingiu o osso. Cromwell levou alguns estilhaços
na perna. Ele disse ao médico de campo para se foder e os tirou com sua
faca de combate. A última vez que vi, ele os estava usando como peso de
papel.”
“Cromwell filho da puta,” Everett riu, balançando a cabeça.
“É,” Forrest continuou. “Mas, falando sério, tudo o que eu queria era
trazer minha equipe de volta. Tudo lá está um caos agora. Era difícil ligar
para casa com metade das comunicações desligadas e todo o lugar
implodindo.”
Troy colocou a mão no ombro de seu amigo. Seus olhos ainda
estavam brilhando.
“Não importa, cara. Você está aqui agora.”
“Sim,” o fuzileiro barbudo grunhiu. “Sobre isso...”
Enquanto observávamos, Forrest foi até a bolsa que continha suas
coisas. Ele puxou algo, apertou com força em seu punho, então jogou para
Troy.
A coisa era minúscula. No entanto Troy pegou facilmente, seus olhos
rastrearam o objeto enquanto ele voava pelo ar.
“O que é isso?” ele olhou para baixo. Então se deu conta do que era.
“Um dente?”
Forrest assentiu rindo. “Eu gostaria de ter trazido algo mais para você.
Algo mais substancial, talvez.” Ele olhou para Everett por um momento e
deu um suspiro. “Mas, após o impacto do míssil Hellfire, não sobrou muita
coisa para que eu pudesse achar.”
 
 
Capítulo 46
 
 
 
SKYLAR
 
Troy olhou para o objeto na palma de sua mão por um longo tempo.
Mesmo enquanto o quarto de hotel permanecia no silêncio, seus olhos
nunca o abandonaram.
“Isso... isso é...”
“É dele, sim,” disse Forrest. “Acredite em mim, nós verificamos.”
As sobrancelhas de Troy se uniram em confusão... ou talvez por outra
coisa.
“Vi ele morrer,” Forrest continuou. “Vi o bastardo manco explodido
em mil pedaços. Eu mesmo ordenei o ataque aéreo.”
Ele puxou outra coisa de sua mochila, então olhou para cima
novamente. Desta vez era um objeto maior e mais substancial que Troy
pegou na outra mão. Era um objeto que até eu conseguia reconhecer:
Um par de placas de identificação militar, conhecidas popularmente
como dog tags.
“Essas... Essas são...”
Forrest não teve que dizer mais nada. Troy as leu para si mesmo,
então as apertou contra seu coração.
“Amos...”
O fuzileiro loiro olhou para seu amigo com lágrimas nos olhos. Ele
piscou, e uma lágrima rolou pela sua bochecha.
“Encontrei-as entre os objetos pessoais do filho da puta, ao
vasculharmos o posto avançado de combate”, disse Forrest. “Ele tinha a
porra de uma coleção inteira deles. Como troféus ou algo assim.”
Everett xingou implacavelmente. “Esse filho da puta merecia explodir
mais mil vezes. Ele escolheu o caminho mais fácil.”
“Talvez,” Forrest confirmou. “No final, porém, ele não teve muita
escolha.”
Ouvimos enquanto Forrest continuava a falar sobre como seguiu as
informações que ele havia reunido, depois parando para perseguir sua presa
praticamente sozinho. Ele se meteu em uma encrenca muito grande, tanto
com seus superiores quanto com os insurgentes ao redor. Mas uma vez que
ele havia verificado e destruído um de seus alvos mais valiosos, recebeu sua
passagem para casa.
“Ainda estou devendo algum tempo lá fora”, disse ele por fim. “E
voltarei para cumpri-lo. Mas por agora pelo menos...”
Sua voz sumiu. Enquanto isso, Troy segurou por um longo tempo as
placas de identificação de seu irmão morto, como se estivesse olhando para
eles dois através do tempo. Era óbvio que ele estava vasculhando uma vida
inteira de memórias. Pensando em todos os lugares que ele e Amos
estiveram, a família que compartilharam juntos e todas as coisas que
experimentaram enquanto cresciam como irmãos.
Forrest deu outro passo em direção a Troy, e desta vez ele estendeu a
mão para mim e Everett também. Juntos nós o rodeamos, tornando-o o
centro do nosso pequeno círculo.
“Seu irmão era fera demais,” disse Forrest. “O mais foda dos fodões.”
Ele olhou para Everett, que assentiu. “Mas nós somos seus irmãos agora.”
Alguns segundos de silêncio se passaram. Seguidos por mais alguns
segundos.
“Não,” Troy disse entre lágrimas.
Totalmente confusa, levantei uma sobrancelha. Não?
“Vocês sempre foram meus irmãos,” Troy esclareceu seriamente. E
sempre serão. Em relação a isso, nada mudou.”
Senti um alívio quando ele olhou para mim e sorriu. “Bem, talvez uma
coisa tenha mudado. Mas foi definitivamente uma mudança para melhor.”
“Tem toda a razão,” funguei, abraçando-o com força. Minhas próprias
lágrimas eram uma cachoeira no seu ombro. Elas molharam sua camisa, e
eu apenas as deixei rolar.
Eventualmente, o círculo se separou, deixando-nos cada um com seus
próprios pensamentos. Troy foi até o banheiro e sem cerimônia jogou o
dente no vaso sanitário.
“FODA-SE esse cara.”
Ele deu a descarga, e eu pude ver a raiva se esvaindo de seu rosto. A
água rodopiante levou o que restava de seu inimigo para baixo e para longe;
foi um desapego simbólico de qualquer ódio e raiva aos quais ele ainda se
agarrava.
Agora, eu sabia com certeza, o processo de cura poderia finalmente
começar.
“Alguém mais está com fome?”
Everett riu enquanto Troy esfregava seu estômago. “Nós tivemos que
comer uma porcaria de comida de aeroporto antes de entrarmos no avião.”
“Eu comeria,” Forrest disse, dando de ombros.
“Ah, ele definitivamente comeria,” eu confirmei com uma risada.
“Vocês sabem quantos hambúrgueres do Burger King ele devorou ontem?”
“Cinco?” Troy arriscou.
“SIM!” Eu ainda não podia acreditar. “Cinco.”
“Ele já fez isso”, disse Everett.
 
 
Capítulo 47
 
 
 
SKYLAR
 
“Ahhhhhhh...”
Meu corpo estremeceu novamente, inundando o rosto de Troy. Era
meu terceiro orgasmo nos últimos quinze minutos. O terceiro rosto bonito
entre minhas pernas, na mesma quantidade de tempo.
Ah meu DEUS.
Eu estava de frente para o seu corpo, minhas mãos espalmadas em seu
peito enquanto eu me afundava nele. Nós estávamos num sessenta e nove
há um tempo, e isso estava muito excitante, mas então a língua de Troy
assumiu o controle e todo o resto foi esquecido.
“Certo, então quem é?”
Meus olhos ainda estavam desfocados, todos vidrados de luxúria. Eu
não conseguia responder. Só conseguia desmoronar para frente, depois rolar
de costas. Os cobertores da grande cama do hotel pareciam frios na minha
pele, enquanto dois corpos quentes me abraçavam pelos lados.
“Vocês vão me fazer escolher mesmo?” suspirei.
“Sim,” Everett respondeu. “Mesmo.”
A competição tinha começado simplesmente assim: qual dos garotos
poderia me fazer gozar mais rápido, com nada mais do que a boca e os
dedos. Troy argumentou que quem fosse o primeiro teria uma vantagem.
Argumentei que quem fosse o último poderia ter uma vantagem, porque,
uma vez que eu tivesse um orgasmo, parecia que os outros se seguiam mais
rápido e facilmente.
“Tudo bem”, Forrest interveio. “Ela vai ter que ser a juíza, então.”
Parecia lógico, imaginei. Não era como se qualquer outra pessoa
pudesse fazer isso! E, no entanto, como eu deveria escolher entre os três
homens que eu amava? Como eu poderia dizer que um era melhor que os
outros em algo tão importante, tão íntimo? Algo que era uma grande parte
de nossas vidas sexuais.
Virei minha cabeça de lado e encontrei Forrest olhando para mim. Ele
parecia mais feliz do que eu jamais havia visto. Mais contente e em paz.
“É uma competição”, ele deu de ombros. “É uma coisa nossa.”
“E daí?”
“Nós fazemos muito isso.”
“Sim, mas nunca comigo no meio,” protestei.
“Não, mas mesmo assim. Você tem que declarar um vencedor. Sem
enrolação.”
Suspirei, cruzando minhas mãos sobre minha barriga ainda quente.
Sem olhar para nenhum deles nos olhos, sussurrei o seguinte:
“Tudo bem, então. Troy, depois Forrest, depois Everett.”
Ouvi Troy comemorando, enquanto Everett e Forrest ficaram em
silêncio. No entanto, ele não comemorou por muito tempo.
“Isso é apenas uma habilidade básica da língua”, acrescentei
astutamente. “Se formos considerar os dedos também, Everett ganha de
lavada.”
Agora foi a vez de Everett celebrar, para os grunhidos e lamentos dos
outros. Mas eu ainda não havia acabado.
“Qualidade geral do orgasmo?” continuei. “Isso vai para Forrest. A
maneira como suas mãos agarraram minhas coxas, me puxando? Puta que
pariu.” Olhei para ele e pisquei. “Acho que nunca gozei tanto na minha
vida.”
Forrest se recusou a comemorar, como eu sabia que faria. Mas o
sorriso em seu rosto disse tudo o que eles precisavam saber.
“Então você acabou escolhendo todos nós, no final das contas,” Troy
lamentou.
“Hum-rum,” sorri, extremamente satisfeita comigo mesma. “Assim
como eu escolhi vocês três para serem meus namorados.”
“Eu tenho certeza de que fomos nós que escolhemos você, na
verdade.”
“Tanto fez como tanto faz.”
Troy coçou o queixo. “Não parece justo.”
“Sim, bem, não parece justo com qualquer um de vocês colocar
minhas opiniões contra os outros dois”, eu disse prontamente. “Vocês todos
são meus namorados. Eu amo tanto cada um separadamente como todos
juntos.
Virei de bruços. Colocando uma das minhas pernas ainda trêmulas
sobre o corpo ágil de Everett, eu tracei o interior do braço de Troy com uma
unha preguiçosa enquanto colocava meu queixo no peito de Forrest.
“Se alguém dissesse qualquer coisa ruim sobre um dos meus
namorados, eu o mandaria para aquele lugar”, declarei. “Então é isso: não.
Eu não vou deixar os sentimentos de ninguém serem feridos por ter
favoritos. Especialmente quando vocês três cuidam tão bem de mim…”
Suspirei, abrindo ainda mais minhas pernas.
“Uma garota na minha posição?” dei uma risadinha. “Confie em mim,
ela não quer nada.”
Ficamos ali por um tempo em silêncio, enquanto os rapazes passavam
as mãos sobre cada pedacinho da minha pele exposta que podiam alcançar.
Eles me apalparam e me massagearam distraidamente, enquanto falavam
sobre tudo e mais alguma coisa. Forrest queria saber mais sobre o
apartamento e principalmente sobre o novo gato. Troy e Everett queriam
saber mais sobre a deterioração da situação no Afeganistão e o que isso
significava para o futuro de seus camaradas ainda lá.
Quanto a mim, ainda estava dolorida, ainda latejando. Mas também
ainda muito necessitada.
“Então... o que uma garota tem que fazer para transar por aqui?”
Eu me mexi novamente, quando duas mãos pertencentes a dois
homens diferentes deslizaram pelo interior das minhas coxas.
“Tem certeza de que você está pronta para isso?” Everett perguntou,
levantando uma sobrancelha.
“Bem, se você for devagar”, ronronei, “e não me bater como uma
britadeira do jeito que esse cara fez...” apontei o polegar para Forrest.
“Acho que ia gostar muito.”
A pilha de braços e pernas ao meu redor se desenrolou lentamente,
então duas mãos foram para meus quadris. Eles me colocaram suavemente
de quatro, enquanto outro par de mãos começou a empilhar travesseiros
embaixo do meu estômago para me apoiar.
“Vocês com certeza sabem como tratar uma garota,” suspirei feliz.
Um momento depois, fui presenteada com Everett na frente e Troy
atrás. Forrest, voltando para o quarto com uma rodada de cervejas geladas,
deixou-as na cabeceira da cama e me fez um brinde antes de dar um longo e
frio gole de sua garrafa.
“E pensar que minha mãe reclamava que eu nunca fui bom em
compartilhar”, ele sorriu.
 
 
Capítulo 48
 
 
 
SKYLAR
 
“Certo, agora eu estou feliz.”
Everett pontuou a declaração com um último tapa brincalhão na
minha garupa. Ele se afastou do meu calor e umidade, que agora incluíam
os esforços combinados de todos os meus três amantes lindos e gastos.
E não apenas uma vez, também.
“Você pensa que está feliz?” ronronei, meu rosto esmagado em um
dos travesseiros macios do hotel. “Imagine como eu me sinto.”
Eu me espreguicei como um gato, estendendo meus braços e pernas,
forçando sangue em meus músculos cansados e hiper sexuados. Quantas
vezes eu tinha adormecido? Três? Quatro?
Não importava, na verdade. Cada vez que eu adormecia, me via
acordada novamente por outra pessoa. Uma boca totalmente nova cobria a
minha, me beijando sonolenta enquanto minhas pernas eram gentilmente
afastadas por duas mãos quentes, ou até mesmo um joelho sondando. Cada
vez eu mordia meu lábio e ofegava quando algo grosso e duro deslizava em
mim, separando minha umidade ainda latejante, provocando aquela dor
entorpecente e maravilhosa que vinha por fazer sexo enquanto ainda estava
incrivelmente dolorida.
Não, isso era problema meu. Eu o tinha arranjado, e agora tinha que
me virar. Porque sim, por mais incrível quanto dormir com três fuzileiros
nus possa parecer – homens com uma força e resistência incríveis para
rivalizar até mesmo com as minhas – isso também tendia a foder com o
horário de sono de uma garota.
“Quem está acordado?” ouvi Forrest murmurar.
“Eu,” sussurrei. “Everett também.”
“E eu.”
O ‘e eu’ veio do meu outro lado, de onde Troy se virou de frente para
mim. Seus olhos se abriram. Sua boca se curvou em um sorriso.
“Que horas são?”
“Quase amanhecendo,” eu disse. “Quase consigo ver a luz do Sol.”
Inclinando-se para frente, ele me beijou na testa. Em algum lugar atrás
de mim, senti o corpo de Forrest se mover, até ficar de conchinha comigo.
“Temos que tomar banho”, disse o grande fuzileiro. Eu ri quando sua
barba fez cócegas na minha nuca.
“Precisamos desesperadamente de um banho, com certeza.”
Eu tinha uma sessão de autógrafos hoje – aquela que eu havia adiado.
Mas ainda havia horas até lá. Agora eu queria aproveitar o calor e a
segurança de três corpos quentes em volta de mim, me esmagando em seus
peitos e abdominais com braços gigantes.
Eu queria ficar aqui deitada com eles, preguiçosamente, olhando para
o teto. Conversando desse jeito. Repassando nosso cotidiano, e até a vida
que estávamos construindo juntos.
Ah sim, e eu queria tomar café da manhã. Urgentemente.
“Acho que falo pelos outros quando digo isso,” Troy murmurou, “é o
momento e precisa ser dito.”
Meus olhos semicerrados piscaram de repente. “O quê?”
“Venha morar conosco.”
As palavras pairaram no ar, como um cobertor pesado jogado sobre
nossa cama compartilhada. Eu não podia acreditar que ele as houvesse dito.
“M... mesmo?”
“Sim,” disse Forrest. Sua voz de barítono era definitiva, decisiva.
“Mesmo.”
“Mas...”
“Faz todo sentido,” disse Everett. “Estamos muito próximos uns dos
outros, qual é a diferença? Praticamente não podemos acordar sem você.”
“Mais como não queremos acordar sem você,” Troy sorriu.
“E quero dizer, não seria mais fácil?” Everett continuou. “Você é
nossa garota, Skylar. Amamos você. Precisamos de você.”
“Vocês me têm”, eu disse categoricamente.
“Está vendo? Você está nos dando razão.”
Revisei meus sentimentos, quando meu estômago começou a se
contorcer em nós. Normalmente haveria alarmes piscando, barulho de
buzinas soando na minha cabeça. Eu estaria procurando uma fuga da
conversa. Uma saída.
Mas isso era nos meus outros relacionamentos. Isso era com outros
homens.
Não estes homens.
“Quero dizer, seu apartamento provavelmente é melhor que o nosso,”
Troy riu. “Mas nele não cabem quatro. E seria egoísta pedirmos que você o
deixe e venha morar em um armazém com três homens e um gato louco e
assassino.”
“Você também precisa da sua cozinha,” disse Forrest. “Tenho visto os
vídeos que você está fazendo e eles simplesmente não seriam os mesmos na
nossa casa. Você tem eletrodomésticos modernos, mais espaço, melhor...”
“Então vamos viver em ambos.”
Soltei as palavras alegremente, sem reservas. Elas faziam completo
sentido. Mesmo em um mundo imperfeito, com a mais heterodoxa de todas
as situações, dividir dois lugares com quatro pessoas diferentes parecia uma
escolha perfeitamente lógica.
Os olhos de Troy se iluminaram. Seu sorriso ficou mais largo. “Sim?
Mesmo?”
Eu não tinha que revisar meus sentimentos ou adivinhar. Sempre fui
decidida. E esta foi a decisão mais fácil que eu já tomei.
“Definitivamente,” sorri de volta. “Quero dizer, por que não? Nós já
estamos fazendo isso, de qualquer maneira. Vamos tornar oficial: nós quatro
vivendo juntos. Apenas faremos isso em dois lugares diferentes, em
diferentes partes da cidade.”
O braço de Forrest passou em volta de mim por trás. Ele me puxou
mais apertado contra ele, a ponto de eu sentir cada ondulação e
protuberância.
Especialmente a protuberância.
“Quando eu voltar dessa turnê de divulgação do livro,” eu disse, “vou
colocar o apartamento em ordem. Precisaremos de outra cama, no mínimo.
Mais espaço no closet.”
“Uma TV maior”, Everett entrou na conversa.
Eu me virei para olhar para ele do outro lado da cama. “O que há de
errado com a minha televisão?”
“Ela é boa, ele admitiu. “Mas é uma bebê comparada a que nós vamos
instalar.”
“Melhor você nos dar uma cópia da sua chave,” Troy piscou.
“Vocês já têm uma cópia da minha chave, eu sorri de volta para ele.
“Eu sei,” ele disse. “Mas tecnicamente agora é nossa chave.”
Esperei meu estômago revirar de novo, desta vez por desistir de tanto
controle. Em vez disso, a única torção eram borboletas de felicidade. Foi
um pouco surpreendente, como eu estava estranhamente bem com tudo. E
não apenas bem, mas emocionada e exultante.
“Eu gostaria de não ter que ficar longe por tanto tempo”, lamentei.
“Vocês têm certeza de que podem esperar tanto?”
“Estamos aqui, não estamos?” disse Everett. “Obviamente, não
podemos ficar longe de você por mais de uma semana.”
“Então vocês vão ter que se revezar viajando para minhas sessões de
autógrafos”, provoquei.
Com isso, eles me abraçaram de todos os lados. Fechei os olhos
novamente, apreciando o calor deles. A sensação da pele deles, os
músculos... a própria presença de seus corpos contra o meu.
“Eu não acho que isso vai ser um problema,” Forrest respirou, sua
boca se aproximando do meu ombro. Eu podia sentir sua protuberância já
crescendo. Escavando seu caminho entre o vale eternamente molhado entre
minhas coxas aquecidas.
“Ultimamente,” ele murmurou suavemente, “parece que revezar é o
que fazemos melhor.”
 
 
Epilogue
 
 
 
SKYLAR
 
“Ah meu Deus, quão bom foi isso!”
Eu estava mais relaxada do que nunca — solta como gelatina
enquanto passava pela porta do spa. O estacionamento era verde, dourado e
bem iluminado. O sol de verão, bem acima de nós, brilhava através de um
céu sem nuvens.
“Tenho que admitir que foi muito bom receber massagens de outras
pessoas pela primeira vez”, disse Everett. “Em vez de nós sempre
massagearmos você.”
Ele me deu uma cotovelada, e eu tive que rir. “Por que, vocês não
gostam das minhas massagens?” perguntei.
“Claro que sim, mas...”
“E elas não têm sempre os finais mais felizes?” provoquei. “Ao
contrário do que aconteceu lá dentro.”
Apontei o polegar para trás em direção ao spa: um tratamento a quatro
que tínhamos dado um ao outro, para comemorar o dia após o triatlo. Meus
pés e pernas doloridos pareciam totalmente rejuvenescidos. Meu corpo
inteiro, feliz e vivo.
“Eles fizeram aquela coisa com as pedras quentes em vocês também?”
perguntou Troy. Todos nós confirmamos.
“E a coisa cheirosa incrível com as metades de laranja?”
Abri um sorriso. Era a primeira vez de Troy em um spa. De Forrest
também. Na verdade, Forrest nem tinha corrido o triatlo com a gente – ele
esteve fora a maior parte do ano, cumprindo o prazo restante de sua missão.
Mas ele veio para o dia de spa do mesmo jeito.
“Minha parte favorita foi toda a música new age”, brincou Everett.
Ele deu uma cotovelada em Forrest. “E você?”
“O tratamento do couro cabeludo com óleo quente.”
“Sério?” perguntou Troy. “Você os deixou fazer isso?”
“Claro, por que não?”
“Sei lá,” ele riu. “É que parece... invasivo.”
“Invasivo?” Forrest exclamou. “Foi para equilíbrio e desintoxicação!
Você tem que abrir sua mente para essas coisas, cara. Elas são importantes.”
As sobrancelhas de Troy se uniram, confusas. Ele olhou para baixo
por um momento, apenas o suficiente para Forrest piscar conspirativamente
para Everett.
“Você também tomou o banho de som?” Forrest perguntou.
A essa altura, o resto de nós entrou na onda. Todos balançamos a
cabeça, exceto Troy.
“Aquilo foi tão bom como...”
“Espere, o quê? Troy exclamou desanimado. “Um banho de som?
Como diabos se toma um banho de som?”
“Vá para o YouTube,” sorri para ele. “Procure.”
Entramos no Behemoth, movendo-nos mais devagar do que nunca.
Mas estava tudo bem. Tiramos os próximos dias de folga e planejamos não
fazer absolutamente nada.
E eu aprendi que às vezes nada pode ser a melhor coisa em todo o
maldito mundo.
Nem acredito que já faz um ano!
Ao longo do ano passado, vivi duas fases: acelerei e desacelerei. Os
negócios estavam bombando. Na conclusão da minha turnê nacional,
acumulei centenas de milhares de novos seguidores, em todas as
plataformas sociais que existiam. Meu livro era um sucesso. Fui contratada
para mais um. Meus clientes estavam lutando por mais tempo de malhação
do que nunca e recomendavam amigos e familiares.
Ao mesmo tempo, porém, aprendi o significado de moderação. Não
que eu não pudesse fazer mil coisas ao mesmo tempo – eu havia provado
várias vezes que realmente podia. Mas Troy, Everett, Forrest... eles me
ensinaram que eu não precisava fazer tudo. Eu poderia desacelerar,
escolher. Envolver-me com os projetos que me dariam o melhor retorno
para o meu tempo, e aos poucos me desapegar daqueles que me impediam
de ter vida própria.
O melhor retorno também não era apenas dinheiro, porque já havia
uma boa quantidade disso fluindo. Era sobre paz de espírito. Felicidade.
Fazer o que eu gostava mais do que qualquer outra coisa, que acabou sendo
principalmente cozinhar para o meu canal focado em nutrição.
Nesse sentido, passei muito mais tempo em casa. Gravamos vídeos
hilários e informativos e criamos pratos que as pessoas estavam apreciando
em todo o mundo. Meu alcance era inimaginável, a ponto de me
impressionar. Comecei a ser reconhecida em quase todos os lugares que
íamos, e isso exigiu um grande ajuste.
Pensei em todas essas coisas em meu estado de relaxamento intenso,
de mãos dadas com Forrest e Troy, enquanto Everett seguia dirigindo. Eu
não tinha ideia de onde estávamos. Já dirigíamos por mais de meia hora,
quando comecei a olhar ao redor, considerando que meus olhos estavam
desfocados e o quão longe meu cérebro havia divagado.
“Onde diabos nós estamos?”
Everett apenas olhou para os outros e sorriu. Nenhum deles deu uma
palavra.
“Tá bom”, eu ri. “É uma daquelas viagens, certo?”
Troy sorriu e assentiu. “Isso. Definitivamente é uma daquelas
viagens.”
Não era exatamente incomum, ser conduzida em nenhuma direção
específica e sem nenhum destino específico em mente. No começo, isso me
assustou, não ter controle sobre o resto do meu dia. Eu sentia que deveria
estar fazendo alguma coisa. Como se estivesse ‘perdendo meu tempo’
porque não estava realizando nenhum dos meus objetivos diários.
Mas então aprendi a relaxar. Deixar rolar. Permitir que esses três
homens incríveis tomassem as rédeas por um tempo e me levassem para
onde quisessem. Tínhamos feito viagens de fim de semana e pernoites,
abruptamente e sem aviso prévio. Everett me sequestrou por alguns dias e
me levou para Washington. Forrest tinha feito o mesmo em uma adorável
pousada na Carolina do Norte. Os três até me levaram para um fim de
semana em Atlantic City, mimando-me de todas as maneiras possíveis -
especialmente sexualmente - em uma suíte King no topo do Hotel Borgata.
Caramba, uma vez até cancelei meus compromissos da semana e levei
todos eles para longe, em um impulso. Eu os levei para o norte, onde
passamos cinco dias inteiros esquiando nas encostas do norte do estado de
Nova York e Vermont. Tudo era surpreendentemente diferente do meu jeito
de ser. Mas também incrivelmente libertador.
Vivendo juntos, reunindo nossos recursos – nos tornamos mais
próximos do que quatro pessoas jamais poderiam ser. Eu me tornei parte da
unidade deles. Uma de suas melhores amigas e camaradas, bem como sua
companheira amorosa. Às vezes conversávamos sobre nosso futuro, e
ultimamente essas conversas se tornaram cada vez mais frequentes. O que
tínhamos juntos estava começando a parecer permanente. Como se nenhum
de nós estivesse disposto a deixar acabar.
Pela primeira vez, esse tipo de coisa não me assustou em nada.
Percorremos uma boa distância pela estrada principal, bem longe de
Norfolk. Havíamos pegado uma saída cerca de um quilômetro e meio antes.
Qualquer que fosse a cidade, era dispersa e muito menos povoada. Tudo
aqui era mais distante. Mais aberto e convidativo.
Everett virou o volante novamente, levando-nos para uma rua
lindamente ampla e rural. O bairro pelo qual estávamos dirigindo era
tranquilo e bonito. Ao nosso redor havia gramados verdejantes e lindas
casas brancas. Eu podia ouvir pássaros cantando. Crianças rindo e
brincando. Altos carvalhos e bordos brotavam de cada lado de nós,
lançando uma linda sombra sobre as calçadas de passeio.
“Ah, aqui estamos.”
Uma última curva nos levou a outra rua mais curta. A rua logo se
tornou um corredor. Terminava em um beco sem saída amplo e espaçoso.
Não havia casas aqui, nem gramados verdes. Apenas terra marrom,
estendendo-se em três direções. Pedras, poeira e uma grande placa onde
estava escrito: “EM BREVE”.
“O que você acha?” perguntou Troy, enquanto o Behemoth reduzia a
marcha para uma parada brusca. As portas se abriram. Os rapazes saíram.
“Acho de quê?”
Forrest me levantou do caminhão, suas mãos fortes me apertando
carinhosamente antes de me depositar no chão ao lado dele. Os outros se
reuniram ao redor. Everett acenou com um braço.
“Disso,” ele disse. “O que você acha disso?”
Um nó se formou na minha garganta. Minha mente começou a correr
com mil pensamentos.
“Qual... qual o tama...”
“Dois hectares completos,” disse Troy. “Bem, um ponto oito. Mas é
quase isso.”
“Temos dois construtores diferentes agendados”, disse Everett. “Eles
têm um monte de plantas diferentes, mas eu estava pensando em projetar
tudo isso nós mesmos. Faremos do nosso jeito. Algo grande o suficiente
para três fuzileiros e sua linda esposa.”
“Mais o gato deles,” Troy riu.
“Sem mencionar seus cinco ou seis filhos,” Forrest acrescentou.
“Cinco ou seis?” engasguei. Minha boca ainda estava aberta.
“Isso é tudo que você pensou sobre o que acabamos de dizer?” Everett
riu. “Skylar, olhe!” Dois hectares! Em um final de rua sem saída num belo
bairro! Perto o suficiente da cidade para que ainda possamos nos deslocar,
ainda estar na base quando necessário.”
“Mas também longe o suficiente para que possamos começar uma
vida,” Troy continuou para ele. “Começar uma família. Estarmos juntos, em
algum lugar fresco, novo e lindo de tirar o fôlego.”
“... seis filhos?” balbuciei novamente.
“Bem, nós podemos começar com três,”, Forrest cedeu. “Você
engravidando de cada um de nós, é claro. Depois disso, podemos manter as
coisas competitivas. Vejamos qual de nós engravida você primeiro e
depois...”
“SEIS?”
“Ou cinco,” ele deu de ombros. “Isso também é factível.”
Conversamos antes, é claro, sobre casamento e filhos e construir uma
família juntos. Mas essas conversas eram sempre tão distantes. Pareciam
tão distantes no futuro que eu nunca tive que pensar muito sobre elas, ou
racionalizá-las em minha mente.
Mas isso... isso era aqui. Isso era agora. Isso era...
“SIM!” exclamei, e as lágrimas começaram a fluir. “Sim! ADOREI
isso!”
Eu me virei, olhando para o espaço que tínhamos! Vi um potencial
ilimitado. Um fluxo interminável de projetos divertidos e emocionantes que
culminariam na casa mais bonita. Eu casaria com meus três melhores
amigos e juntos criaríamos os filhos mais lindos. E tudo isso aconteceria
aqui, neste grande campo de terra. Uma tela totalmente em branco, sobre a
qual nós quatro poderíamos pintar qualquer vida que quiséssemos.
“Não sei,” provoquei, pronunciando as palavras bem devagar. “Pode
não ser grande o suficiente.”
Grande o suficiente? Forrest exclamou subitamente.
“Bem, sim. Vou precisar construir a cozinha dos meus sonhos, se eu
quiser expandir meu canal. Vou precisar de duas ilhas. Sala para
equipamento de iluminação e vídeo...”
“Feito,” Troy sorriu.
“Talvez um forno de pizza integrado. Um fogão inoxidável a gás de
seis bocas com uma chapa no meio.
“O que mais?” Everett perguntou.
“Uma grande estufa!” exclamei, estendendo minhas mãos para
enquadrar uma seção do grande campo de terra. “Para que eu possa cultivar
minhas próprias ervas e vegetais. Árvores frutíferas também. Fileiras delas.
Tudo será estritamente orgânico.”
“Isso tudo?”
“Não está nem perto,” eu ri. “Vou precisar de um galinheiro, para
termos ovos frescos. Talvez uma cabra...”
Forrest ficou de boca aberta. “Uma cabra?”
“Ela está de gozação com a nossa cara,” Troy disse. “Fala sério.”
“Ah não, não estou!” contestei. “Afinal de contas, vocês estão me
dando dois hectares. E se querem seis filhos...”
Finalmente meu rosto se abriu em um sorriso. Eu estava divagando
um pouco, mas agora voltei na direção dos rapazes.
“Isso é nosso?” perguntei.
Os três trocaram olhares desajeitados. “Ummm... qual é a resposta que
você está esperando?”
“Eu diria que estou esperando um ‘sim’.”
Os olhares de alívio deles eram quase cômicos. “Ufa,” suspirou
Everett.
“Vou precisar de mais uma coisa, no entanto”, eu sorri. “Se vocês
quiserem me amarrar a este lugar e me engravidar seis vezes, vocês terão
que...”
Eles se moveram em uníssono, esticando os braços. Todos os três
abriram os punhos ao mesmo tempo.
Em suas palmas grandes e calejadas, três alianças brilhavam
cegamente à luz do sol.
Meu corpo inteiro explodiu em arrepios.
Ah meu DEUS!
Não havia palavras. Nada que eu pudesse dizer seria bom o suficiente
para descrever as emoções surgindo através de mim.
“Você precisa que nós a peçamos em casamento, certo?” Troy sorriu
orgulhosamente. “Isso é o que você estava prestes a dizer?”
Minhas mãos cobriram minha boca. Lágrimas escorriam nos dois
lados do meu rosto agora.
Silenciosamente, eu assenti.
“Bem, que tal três alianças então?” perguntou Forrest.
Meus olhos voaram de palma em palma. Não havia estojo de anéis.
Havia apenas três faixas douradas, finas e bonitas, e cada faixa era coberta
com um diamante de estilo diferente. Assim como cada um dos meus três
lindos amantes eram todos diferentes um do outro, de incontáveis maneiras.
“O que você acha?” perguntou Everett.
Eu não conhecia os tipos, ou os estilos, ou qualquer coisa assim. Eu
nunca tinha olhado para alianças de noivado antes, nunca.
Mas eram as três alianças mais lindas que eu já tinha visto na minha
vida.
“Não sei vocês, mas meu braço está ficando cansado”, disse Troy.
“Então provavelmente vamos precisar logo de uma resp...”
“SIM!”
Ignorando as alianças, me joguei nos braços deles. Os diamantes eram
incríveis, mas agora eu só precisava deles. Precisava que me beijassem. Me
segurassem. Me abraçassem sozinha, um por um, e depois juntos, nós
quatro.
Eles fizeram isso, cada um enxugando minhas lágrimas com seus
dedos grossos. Mas elas continuavam fluindo. Eu estava tão feliz.
“Sim, sim, sim!!!” eu disse novamente, dando saltos de alegria. E
desta vez estendi meu dedo.
Um por um, eles deslizaram as alianças no meu dedo anelar, onde elas
se encostaram. Três diamantes distintos, para três homens distintos. Todos
travados juntos no final da minha mão, brilhando na luz dourada de infinitas
possibilidades.
“Surpresa?” Forrest finalmente perguntou.
Eu estava em estado de choque. “Atordoada.” respirei fundo. “Era a
última coisa que eu esperava.”
“Então fizemos um bom trabalho,” Everett afirmou orgulhosamente.
Forrest deu um passo à frente com um brilho raro nos olhos. Sua
expressão estava carregada de emoção.
“Fazer a proposta em um restaurante ou na praia ou em algum outro
lugar bonito – tudo isso já estava mais do que batido”, ele explicou. “E nós
queríamos fazer isso aqui. Bem no ponto de nossos novos começos, onde
realmente significará alguma coisa.”
Eu os abracei novamente, então chorei um pouco mais até que minhas
lágrimas secassem. Meu lábio tremeu, e até mesmo meu coração disparou.
“Isso significa tudo,” finalmente sorri. “É absolutamente perfeito.”
Um por um, eles pegaram minhas mãos e começaram a me puxar de
volta para o Behemoth. Havia uma promessa de comida. A menção de
comemorar em algum restaurante novo e divertido, bem aqui no novo
bairro onde viveríamos nossas vidas.
Todo restaurante é novo, pensei distraidamente. Tudo aqui ainda está
para ser descoberto.
Eu resisti um pouco, então me libertei. Flutuando alegremente, voltei
para o longo trecho de terra que seria nossa casa, nosso lar, nosso quintal. O
lugar onde nossos filhos brincariam, brigariam, cresceriam juntos e,
finalmente, seguiriam para suas próprias vidas.
Todos os seis!
Eu ri, e minha risada saiu quase como uma risadinha de doida. Troy
olhou para mim com curiosidade.
“Você hummm... está bem?”
Meu sorriso deve ter parecido igualmente louco para ele. “Nunca
estive melhor.”
“Então... você vem? Porque tenho certeza de que estamos morrendo
de fome.”
“Sim,” suspirei, ainda no meu transe autoimposto. “Estou faminta
também.”
“Então...”
“Encontrarei vocês de volta no Behemoth,” eu disse. “Aumente o ar-
condicionado, tá bom?”
Troy assentiu, ainda me olhando com curiosidade enquanto eu
respirava longa e profundamente. O ar era doce aqui. Muito mais
perfumado e satisfatório do que na cidade.
Estendi a mão, olhei para os meus anéis e fiquei hipnotizada. Em
algum lugar abaixo de mim, minhas pernas começaram a se mover
enquanto eu soltava o mais feliz de todos os suspiros.
“Acho que vou dar uma volta por aí por um instante.”
 
 
 
 

 
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Capítulo 1
 
 
 
JULIANA
 
O interior do prédio era quente e acolhedor, muito diferente do frio e
impessoal que eu esperava. Parecia os fundos de um museu, ou mesmo de
uma biblioteca. Carpetes e plantas estrategicamente dispostas nos guiavam
pelo corredor enquanto eu seguia a mulher vestida com apuro à minha
frente.
– Desculpe a demora, Sra. Emerson.
Ela parou diante de uma porta de vidro fosco, dando três batidas secas
e abrindo seu melhor sorriso falso. Após olhar rapidamente pela fresta da
porta, ela finalmente a abriu.
– O diretor vai te receber agora.
“O diretor”. Soava tão importante, tão oficial. Mas o termo também
não tinha a menor importância, especialmente no contexto da minha visita.
A senhora poderia vir ao nosso escritório principal? O diretor tem
algo importante a lhe dizer.
Esse e-mail misterioso me tirou da sala de reuniões no meio de uma
apresentação e me colocou no primeiro táxi que passou. Dezesseis quadras
depois, lá estava eu.
– Sra. Emerson?
Entrei no que poderia ser o escritório de um advogado, de um médico,
ou mesmo de um reitor, a quantidade de estantes à minha volta equalizando
os três. Todas preenchidas do chão ao teto por mil livros de encadernação
de couro que poderiam nunca ser lidos nesta era digital, mas que com
certeza impressionavam.
– Ah, Sra. Emerson.
Um homem franzino e careca com óculos de armação de arame me
deu um fraco sorriso por trás da mesa. Ele se ergueu brevemente, indicando
uma das duas cadeiras de couro à minha frente.
– Por favor.
Sentei na outra cadeira, só para confundi-lo. Não que eu precisasse
confundir esse homem que nunca vira antes, mas é difícil largar velhos
hábitos.
– Obrigado por vir tão prontamente – disse ele com voz suave, macia.
– Agradeço sua disposição de...
– Estou aqui. Pode falar.
Seus olhos demonstraram surpresa com a minha interrupção, mas
também certa preocupação. Foi a preocupação que me preocupou.
– Certo – ele se inclinou na cadeira. – Direto ao ponto.
O homem pausou e limpou a garganta. Quando ele falou de novo,
parecia muito menos à vontade.
– Infelizmente, o doador que você escolheu não está disponível.
Custei alguns segundos para registrar o que ele disse. Quando entendi,
senti um balde de água fria.
– E por que não?
– Porque as amostras foram destruídas – respondeu o diretor
calmamente.
Essas palavras foram um soco no estômago. Parecia que eu tinha
perdido o ar.
– O... O quê? Como?
O homem juntou as pontas dos dedos diante do peito esquelético. De
jaleco branco e óculos, ele parecia um professor magricela de desenho
animado.
– A versão longa da história inclui uma falha mecânica inesperada e
um deslize na transferência de certas amostras ao nosso freezer extra – disse
o diretor. – A versão curta é que algumas amostras atingiram temperatura de
degradação. Elas ficaram inviáveis e infelizmente tiveram de ser
descartadas.
Minha boca de repente ficou seca. Todas aquelas semanas
selecionando perfis, lendo bios, olhando fotos. Pesando prós e contras.
Fazendo listas e eliminando candidatos.
Todo esse trabalho virara pó em um instante. Antes mesmo de eu
começar.
– E o senhor resolveu me dizer isso agora? – eu sibilei – Depois de
meses no banco de dados, quando finalmente escolhi alguém para...
– Mais uma vez, outro deslize – interrompeu o diretor. – Esse doador
devia ter sido retirado da base de dados meses atrás, quando o episódio
ocorreu.
Episódio. Caralho.
– Mas não foi, e isso é inteiramente culpa nossa, claro.
– O senhor acha? – retruquei.
O homem me olhou sombriamente, então tirou os óculos devagar e
colocou-os sobre a mesa entre nós. Por alguma razão, isso o fez parecer
mais velho, mais vulnerável.
Talvez ele também soubesse.
– Mais uma vez, nós sentimos muito, imensamente.
Seis meses!
Seis meses desde que eu começara a selecionar perfis. Vinte e quatro
semanas debruçada sobre o que eu sabia muito bem ser a decisão mais
importante da minha vida.
Sem contar os três meses anteriores de indecisão, eu me lembrei.
Juntando e logo perdendo a coragem. Começando e interrompendo o
processo em duas agências diferentes, para então começar tudo de novo.
Fora apenas na semana anterior que eu finalmente decidira qual
homem iria – biologicamente, pelo menos – ser o pai do meu filho. Ele era
o pacote completo, o espécime perfeito. Um homem alto, moreno,
fisicamente extraordinário, com bom intelecto, espirituoso e de saúde
imaculada.
Esse doador anônimo tinha aparentemente tudo: um exame genético
irrepreensível, alta contagem de espermatozoides e motilidade
impressionante. E, claro, sua carta de apresentação, que o colocou no topo
da lista. Foi a peça final de um quebra-cabeça anônimo: o quão doce e
atenciosa era sua personalidade, combinando com seu rosto lindo e olhos
azuis.
– Se a senhora tiver uma segunda opção para doador... – disse o
diretor casualmente.
Não.
–...nós aceleraremos o processo o máximo possível. A senhora será a
primeira da fila para...
NÃO!
Eu bufei, balançando a cabeça. Esse doador deveria ser a cereja do
meu bolo. A decisão que eu levara mais de um ano para tomar, num mundo
em que eu tomava decisões tão rápido e no calor do momento que ficara
algo conhecida por isso.
– Claro que é melhor tomar o tempo necessário – continuou o diretor,
com cautela. – Pense no que a senhora...
– Não. Cansei.
Rosnei a resposta acidamente, como se as palavras deixassem um
sabor amargo na minha boca. Elas ainda ecoavam de forma vazia na minha
mente quando eu me levantei bruscamente e saí do escritório.
 
 
Capítulo 2
 
 
 
JULIANA
 
As portas do elevador abriram-se com suavidade no décimo sexto
andar para o lobby de vidro da Shameless Marketing. Gente caminhava
apressada por todos os lados, sumindo atrás de mais portas de vidro. Eles
levavam notebooks, pastas, até apresentações inteiras debaixo do braço.
E todos estavam lá por minha causa.
Normalmente esse pequeno fato me dava uma onda, que eu aceitava
como bem merecida. Eu até pausava para me deleitar com o tamanho da
agência de marketing que construí do zero, ou simplesmente sentir o
perfume das flores e saborear os frutos do meu trabalho duro.
Mas hoje não.
Aric me olhou curioso quando entrei em minha sala, arqueando uma
sobrancelha bem feita até o alto de sua bela testa. Minha expressão lhe disse
para não me seguir, nem mesmo trazendo as duas xícaras de café na mesa
dele, e mesmo já sendo uma hora mais tarde do que quando eu
normalmente a tomava.
Porra.
Afundei na minha cadeira, tomando cuidado para manter a postura
ereta e não apoiar a cabeça nas mãos. Esse era o problema de um escritório
com paredes de vidro. Como chefe, você vê o que todo mundo está fazendo,
o tempo inteiro. Mas é uma faca de dois gumes igualmente afiados: eles
também podem te ver.
A estrada até ali fora longa e tortuosa. Cerca de oito anos atrás, eu
conseguira meu primeiro cliente importante num golpe de sorte, por meio
de uma aposta tudo-ou-nada que no fim deu muito certo. A partir daí eu
fizera a empresa crescer expandindo sempre que podia, reinvestindo cada
centavo que entrava. Correndo risco após rico para manter os funcionários,
muitas vezes pagando salários do meu bolso.
Aos quase trinta anos de idade, eu sacrificara quase tudo mais na
minha vida para avançar na carreira. Talvez por isso minha crise da meia
idade viera um pouco mais cedo do que de costume. Ela chegou quando eu
menos esperava, na forma de um relógio biológico extremamente
barulhento e desagradável. Mas havia outras razões por que eu queria
filhos, também. Razões mais práticas que tinham a ver com encher a casa
de amor, família e risadas num momento da vida em que eu poderia
aproveitá-los melhor.
E agora eu estava de volta à estaca zero.
Havia outras opções, é claro. Outros caminhos que me levariam à
maternidade tão rápido quanto. Mas eu não queria “outras” opções. Eu
queria a que eu escolhera cuidadosa e meticulosamente. Qualquer outra
coisa seria um segundo lugar, e o segundo lugar não significava nada.
Assim lá eu fiquei, pensando na má notícia do diretor. Visualizando
mentalmente as mesmas cinco fotos lindas do perfil do doador de esperma
do meu futuro filho. Era algo que eu já fizera dezenas, até centenas de vezes
antes, tanto on-line quanto na cabeça. Mas agora que eu sabia que não
poderia mais tê-lo, as imagens estavam lentamente ficando mais fracas.
Aric esperou doze minutos inteiros antes de entrar na minha sala, o
que foi exatamente perfeito. Menos que dez minutos e eu teria arrancado a
cabeça dele. Quinze minutos seria tempo demais.
– Não sei como se denuncia um assassinato com antecedência – disse
ele –, então achei melhor te dar isso antes que alguém morra.
Ele deslizou o copo grande de latte na minha mesa com uma mão
forte e experimentada. Eu peguei o copo e bebi bastante.
– Você provavelmente salvou uma vida – admiti.
– Esse é o meu serviço – ele sorriu. – Salvar vidas.
Aric, meu braço direito, empurrou os óculos estilosos mais para cima
sobre o nariz aquilino. Saindo do treino da tarde, seu peito largo e braços
grandes se destacavam e ele estava incrível. Tipo uma versão levemente
menos nerd do Clark Kent.
– Se você não fosse gay e bem casado, nós já seríamos os reis do
mundo – declarei com um suspiro melancólico. – Você sabe disso, não
sabe?
Aric riu.
– Eu sei. Mas vamos ser assim mesmo.
– É isso aí.
Ele me examinou com olho experiente e se sentou em uma das minhas
cadeiras. Aric nunca tinha se sentado em uma das minhas cadeiras. Ele era
do tipo que fica em pé.
– O que foi, chefe?
– Nada.
Ele estreitou os olhos com suspeita.
– Nós não perdemos nada, perdemos?
Hesitei um segundo demais depois da pergunta e sacudi a cabeça.
– A conta De’Angelo está OK?
– Está ótima – respondi.
– E a Pizza Rocket? Eles ainda estão a fim do plano que discutimos de
distribuir cupons pela cidade?
Ri pelo nariz.
– É bom que estejam. Estou com trinta e sete operadores de drone à
disposição neste fim de semana.
– É este lugar, então – ele brincou, olhando em volta. – Esse vidro
maluco. Todo mundo te vigiando. É igual morar num aquário!
Franzi o cenho, balançando a mão com desdém. Eu gostava do vidro,
na maior parte do tempo. Poder ver todo mundo me dava uma sensação de
controle.
– Então tá – disse ele. – O que poderia estar preocupando a Víbora
Viral?
Soltei o ar devagar através dos dentes cerrados.
– Já te pedi para parar com isso.
– Besteira – retrucou Aric –, você merece esse apelido. Ele vem com
reconhecimento instantâneo, e nós sabemos quão importante é isso. – Ele
balançou a linda cabeça. – Goste ou não goste, é a sua marca.
Minha marca. Era a única coisa que eu estava conduzindo bem
naquele momento. Mas eu já tinha decidido, como eu quase fiz, que eu
queria mais.
E desta vez, muito mais.
– Aric, você e o Jason falam em ter filhos?
O homem na minha frente piscou. Tenho que admitir que a pergunta
realmente viera do nada.
– Marcamos de falar disso – respondeu ele com cuidado – em algum
momento no ano que vem.
– Ano que vem?
– Quer dizer, ele tocou no assunto algumas vezes, mas eu sempre adiei
a conversa.
– E por quê?
Meu braço direito contraiu os lábios e coçou a nuca.
– Várias coisas, eu acho. Ainda somos novos para ter filhos, ou é isso
que eu sempre digo a ele. Mas essa desculpa só vai colar por mais um ano,
com sorte. Dois, no máximo.
– Ele quer filhos e você não?
– Eu não disse isso – respondeu Aric. – Quero um monte de filhos, na
verdade. Quero muito.
– Bom, você tem uma casa linda – disse eu. – E um bom marido.
Muito espaço. E eu sei que você ganha mais que o suficiente.
Com o último comentário, ele deu aquele sorrisinho obrigatório.
– Então o que te impede de ter filhos agora?
– Quer saber a verdade?
– Sempre.
Ele estendeu o dedo, apontou-o para baixo e bateu na mesa.
– Este lugar.
Fiquei no chão. Mas pensando bem, não deveria ter ficado.
– Sério?
– Sim. Bom, estamos muito ocupados – ele encolheu os ombros –,
com muitas panelas no fogo. Talvez quando as coisas se acalmarem um
pouco...
– Mas as coisas nunca se acalmam – eu rebati. – Elas só escalam.
Aric não era só meu braço direito, ele era os meus dois braços. Ele
administrava tudo na Shameless que eu não administrava, e talvez até
algumas coisas que eu administrava.
– Acho que é por isso que ainda estou esperando... – disse ele – Você
sabe. A hora certa.
A hora certa...
Ele olhou para o nada por cima do meu ombro. Ou talvez olhasse para
algo ou alguém através da parede de vidro.
– Aric?
– Sim, chefe?
– Quero que você tire o resto da noite de folga – disse eu. – Use o
cartão preto. Leve seu marido para jantar num restaurante bom, por conta
da empresa.
Seus olhos brilharam.
– Sério?
– Com certeza – eu sorri. – Uma boa churrascaria, aquele restaurante
novo asiático na Sétima Avenida, onde vocês quiserem. Você sabe muito
bem que merece. Sem você, esse lugar é só um monte de vidro.
O rosto dele ficou vermelho vivo com todos esses elogios. Desviei o
olhar, com medo de ficar da mesma cor.
– Caralho, chefe – disse ele. – Não ligo para o que dizem de você,
você é...
– E durante o jantar, peça desculpas ao Jason por mim.
– Desculpas? – estranhou Aric – Por quê?
– Por te ver mais do que ele.
 
Capítulo 3
 
 
 
JULIANA
 
Há boas decisões e há más decisões, cada uma com suas
consequências. Para as mais importantes, eu fazia a due dilligence. Eu
agonizava, pesquisava, estudava os dados até ter certeza de estar fazendo a
coisa certa, e não potencialmente cometendo um erro.
E há decisões como o Wayne.
– Um pouco mais?
Ele sorriu ao erguer a garrafa de vinho, e eu quase estendi a taça. Já
tinha tomado vinho suficiente para aquela noite. Talvez até um pouco mais
do que devesse, embora tivesse tomado a decisão “Wayne” horas atrás,
antes mesmo de abrir a garrafa.
Pegando o vinho de sua mão estendida, caminhei tranquilamente até o
bar e o deixei ali. A música vindo dos alto-falantes a bluetooth era boa. Tão
boa que eu balançava os quadris, dançando na sala à meia-luz onde meu ex-
namorado estava sentado satisfeito no meu novo sofá de couro.
Mmmm. Ele está bonito.
Estava mesmo. Embora eu não o visse em cerca de um ano, Wayne
tinha aparentemente mantido a forma. Ele estava com a mesma barba bem
cuidada e corte de cabelo perfeito de quando nós namorávamos, mas seus
ombros pareciam mais largos do que eu me lembrava.
– Vem cá, linda.
Ele tentou me pegar e eu dancei para longe, só para provocar. Depois
de tomar a última gota de vinho da taça, também a deixei sobre o bar.
Tem certeza que sabe o que está fazendo?
O pensamento me incomodou um pouco mais, mas o afastei. Convidar
Wayne fora uma decisão impulsiva. Mesmo assim, fora uma decisão
impulsiva com segundas intenções.
– Está pronto para mim?
Ofeguei as palavras mais do que as pronunciei. Wayne simplesmente
fez que sim com a cabeça, afundando mais nas almofadas ao colocar os
braços nas costas do sofá.
– Você sabe o que fazer.
Ainda bem que ele sabia, porque eu não ia explicar de jeito nenhum.
Continuei minha dança sensual enquanto Wayne desabotoava a camisa,
tirava as meias e desafivelava o cinto. Ele deixou as calças caras caírem em
volta dos tornozelos e as chutou para longe, bem na hora que eu me sentei
no colo dele.
Mmmmmm…
Seu corpo estava quente e acolhedor, mas talvez fosse só o vinho. Ou
fato de que já fazia... bem... um bom tempo.
– Meu Deus, gata. Eu senti sua falta...
Eu o silenciei na hora com um dedo contra seus lábios.
– Não estrague tudo.
Ele franziu as sobrancelhas com uma pergunta silenciosa. Estragar?
Rebolando no seu colo, apoiei o rosto em seu ombro e comecei a
beijar seu pescoço de leve. Ele cheirava a um misto de colônia e uísque.
Wayne respondeu à altura, agarrando com as mãos a barra do meu vestido.
Lentamente, provocantemente, ele as deslizou para cima, até descansar as
palmas no alto das minhas coxas.
Permiti que ele saboreasse essa pequena vitória por alguns momentos,
resistindo ao desejo de deixar as mãos vagarem pela extensão quente do seu
peito. Eu não queria vagar. Meu objetivo não era romance.
Não, meu objetivo era muito mais específico.
Senti antes de ver – o volume de Wayne crescia bem embaixo de mim.
Confirmei com a mão, dando uma apertadinha antes de pular do sofá e sair
rodopiando.
– Juliana! – ele riu, exasperado – Fala sér...
Ele deixou a frase no ar quando eu me virei e puxei o vestido por cima
dos quadris. Empinei a bunda e comecei a balançar para frente e para trás,
no ritmo exato da música. Quando achei que já o tinha hipnotizado o
bastante com os movimentos lentos, sedutores, comecei a baixar a calcinha.
Elas deslizaram suave e com facilidade sobre minha bunda redonda.
Juliana.
Descendo e descendo elas foram, se enrolando pela carne ardente da
parte de cima das minhas coxas...
Juliana!
Centímetro por doce centímetro elas baixaram. Até quase os joelhos...
Ah, droga.
Ergui-me rapidamente, puxando tudo para cima e ajeitando o vestido.
Peguei o controle remoto. Desliguei a música. Quando ajustei o dimmer, já
estava me sentindo uma babaca.
– Ummm... o que aconteceu?
Wayne parecia uma criança de quem acabaram de tomar o melhor
presente de Natal. O que era basicamente a situação dele.
– Desculpe – eu disse.
– Desculpe? – ele piscou – Desculpe por quê?
– Por ter que te pedir para ir embora.
Peguei a garrafa de novo e servi o resto na minha taça. Eu poderia ter
tomado o resto direto da garrafa, mas eu não era esse tipo de garota.
– Juliana, que porra é essa?
E hoje não era esse tipo de noite.
– Eu sinto muito – disse eu de novo. – Isso... não é isso que eu quero.
– Parecia que você queria um minuto atrás – Wayne fechou a cara –
quando estava subindo em cima de mim.
– É, eu sei. É por isso que estou pedindo desculpas. Eu fiz merda.
– Fez merda?
Acenei com força.
– Isso foi um erro, Wayne. É melhor você ir.
Meu ex-namorado me encarou, pasmo. Suas sobrancelhas se
juntaram, com raiva.
– Está falando sério?
– Para caramba.
Ele ainda estava seminu, sentado lá indefeso e com um volume na
cueca. Peguei as calças e as joguei em seu colo, para cobri-lo.
– Vamos – eu instei –, trabalho amanhã cedo.
– Você sempre tem que acordar cedo – Wayne retorquiu. – Acho que
nunca te vi dormir até depois das seis da manhã.
– Ótimo. Você está dando a explicação por mim.
– Até quando a gente viajou para as Maldivas anos atrás – continuou
ele –, eu acordava e você já estava na frente do computador trabalhando.
– Eu sei.
Essas palavras tinham um som amargo. Caramba, elas tinham um
sabor amargo.
– Eu te perguntava como foi o nascer do sol, mas você não sabia,
porque não tinha notado.
– Eu falei que EU SEI!
A raiva de Wayne refletia a minha. Ele suspirou frustrado e saltou do
sofá, vestindo as roupas uma por uma.
– Wayne, eu sinto muito mesmo – eu disse. – Eu te chamei por todas
as razões erradas.
– Só tem uma razão para ligar para o ex à meia-noite – rosnou ele.
– Eu sei – admiti. – E você não fez nada de errado. É que... É que...
Não é isso que eu quero.
Franzi o cenho, pensando bem nessa internalização.
Não, não é isso. Não é QUEM eu quero.
Wayne resmungou um pouco mais, xingando enquanto seus dedos se
atrapalhavam para abotoar a camisa. Lancei um último olhar comprido para
seu peitoral antes que ele sumisse por trás dos botões, e ele ajeitou o cinto.
Você ficaria ligada a ele para sempre, sabia?
É, eu sabia. E seria um pesadelo.
– Você nunca está satisfeita com o que tem, Juliana – vociferou meu
ex-namorado abruptamente. – Você sabe disso, não sabe? Esse é o seu
problema.
– Eu sei – concordei. – É mesmo.
– Não importa onde você esteja ou o que esteja fazendo, sua cabeça
sempre está em outro lugar.
Ele calçou os sapatos com raiva enquanto eu pensava no que quase
acontecera. Não fazia sentido. Eu não era assim.
O que você ia fazer, esperar ele gozar dentro? Avisar algumas
semanas depois?
A voz na minha cabeça agora debochava. Asperamente e sem dó.
Ou falaria logo antes? Diria que não estava tomando a pílula desde...
Mordi o lábio, deixando a dor obliterar tudo mais. Sim, quase fiz algo
desprezível. Sim, eu era uma total escrota por causa disso.
Mas você não foi até o final, outra voz, mais razoável, me disse.
Pisadas fortes indicaram que meu ex-namorado finalmente se vestira.
Ele marchou em minha direção, puxando o casaco do cabideiro e se dirigiu
à porta.
– Mas foi um prazer te ver, Wayne.
– Prazer? – ele deu uma risada amarga, parando por um segundo na
porta. O som da porta batendo coincidiram com suas duas palavras finais –
Nem isso.
 
 
Capítulo 4
 
 
 
JULIANA
 
– Então tá. Se você não vai me ajudar, arrume alguém que sirva.
O homem atrás do balcão balançou a cabeça devagar. Ele tinha o olhar
condescendente de alguém prestes a explicar alguma coisa simples a uma
criança, e isso me deixava louca.
Não é que eu não vou te ajudar, é que eu não posso te ajudar – disse o
homem. – Desculpe, Sra. Emerson. Eu simplesmente não tenho acesso ao...
– Cha-ma-o-di-re-tor.
Eu pedira três vezes, e nas três vezes ele se recusara. Agora eu tinha
me levantado. Voltei-me para a direção que eu sabia ser da sala do diretor.
– Sente-se, por favor – o homem implorou. – Vou ver o que eu posso
fazer.
Ele se levantou abruptamente, saindo com sua camisa amarrotada. Ao
menos a gravata estava passada, mas o resto parecia ter saído direto da
centrifugação.
Esse lugar poderia ser muito melhor administrado.
É um dos muitos defeitos de ter seu próprio negócio: o tempo todo
você acha problemas em tudo e em todo mundo. Tentei me acalmar, ser
paciente e compreensiva. Mas quanto mais incompetência e falta de
profissionalismo eu via, mas difícil era morder a língua.
Forçando-me a relaxar, eu me recostei na cadeira, descruzei os braços
e pensei nos quase acontecimentos infelizes de ontem.
Chamar Wayne para transar fora má ideia desde o princípio. Não por
causa do sexo, que eu precisava desesperadamente, mas porque ele iria
inevitavelmente se emocionar.
Porém ainda pior era a ideia de usar um ex-namorado para trazer uma
criança ao mundo. Era podre, era burrice, e era carregada de mil problemas
futuros. Sem contar que tentar engravidar de propósito sem nem discutir
isso com a outra pessoa é horrível e inegavelmente errado.
Tentei culpar o vinho, mas o vinho era só parte do problema. A
questão real é que eu achei aquilo um descaso. A clínica fizera eu me sentir
tão injustiçada, tão que perdera meu doador de esperma eleito por
enganação, que cheguei ao ponto de quase fazer algo cataclismicamente
idiota.
Por sorte eu tive o bom senso de mandar Wayne embora. Depois,
peguei as velhas fotos do perfil do homem que subitamente eu não podia
ter, e fiquei olhando para elas com um novo nível de obsessão e
apaixonamento.
Eu não conseguia parar de olhar para o jovem e estonteante gostoso
anexado à bio do doador. Quem era ele? O que ele estava fazendo agora? Se
ele doara esperma nesta cidade, era provável que ele também morasse aqui.
Verdadeiro ou falso, essa pequena dedução me jogou num buraco de
minhoca sem fim até altas horas da madrugada. Será que esse cara morava
no mesmo bairro? Se sim, nós íamos aos mesmos restaurantes? Pegávamos
metrô juntos? Teria eu passado correndo distraída no Central Park enquanto
ele lia um livro?
Todas essas fantasias me tomaram de uma vez, aumentando minhas
outras necessidades, mais animais, no momento. Logo eu estava jogada na
cama, olhando para o teto. Meus olhos se moviam por trás das pálpebras
enquanto eu deixava meus dedos vagarem, dando a mim mesma ao menos
um pouco do prazer que Wayne não pudera... enquanto lembrava dos
melhores ângulos e das minhas fotos preferidas do agora misterioso futuro
pai do meu filho.
De todas as biografias em profundidade e respectivos históricos
médicos que eu estudara, a única coisa que me cativara fora a carta de
apresentação muito querida anexada ao arquivo desse homem. Fora escrita
pelo doador e destinada ao seu futuro filho biológico. Ele falava da própria
infância e de ser tímido quando jovem. Muito docemente, ele dizia ao filho
ou filha em potencial que se também fossem tímidos, não se preocupassem
com isso, porque ia passar com o tempo.
O resto da carta falava de amizade, família e autoconfiança – só coisas
boas, com uma conclusão positiva para cada tema. Ele terminava dizendo a
sua futura progênie que ficava feliz pela incrível jornada que tinham diante
de si, pois o mundo era cheio de coisas incríveis e maravilhosas.
Foi com essa carta de apresentação que tive o clique, e foi isso o que
determinara minha decisão. Qualquer um capaz de escrever algo assim
passaria adiante características de amor, felicidade e risadas. Quem quer
que ele fosse, um homem assim sem dúvida tinha um grande coração.
– Olá, olá! – uma voz açucarada disse à minha esquerda – Sra...
Emerson, certo?
A mulher alta que entrara na sala já exibia um sorriso sacaroso no
rosto. Ela se sentou na cadeira que o amarrotado deixara vazia e olhou para
a tela do computador por vários segundos.
– Você não é o diretor – eu disse objetivamente.
– Não – continuou ela, sem que o sorriso se abalasse por meio
segundo –, mas sou a subdiretora, Sarah Fields. Me disseram que a senhora
tem uma pergunta?
Abri a tela do meu celular e o deslizei em direção a ela.
– Este homem – disse eu, batendo na tela. – Quero saber se pode me
passar o nome dele.
Ela nem olhou para baixo, apenas cruzou as mãos.
– A senhora sabe que este homem não está mais no nosso sistema –
disse ela com frieza.
– E nem devia ter entrado no sistema – retruquei –, mas como ele
estava no sistema, queria saber se ele vai doar de novo.
– Isso é decisão dele – disse a mulher –, não nossa.
– Certo – concordei. – Vocês ligaram para avisar que a amostra dele
foi descartada?
– Não – concedeu a mulher. – Isso não consta no nosso protocolo.
– Descongelar a amostra sem querer consta no seu protocolo?
Seu sorriso sacaroso transformou-se numa cara fechada.
– Claro que não.
– Então por que não fazer um esforcinho por minha causa e entrar em
contato com ele? – perguntei – O pior que ele pode fazer é dizer “não”.
– Mas...
– Ou deixe eu contatá-lo. Tenho certeza que se ele doou uma vez, não
teria problema em doar de n...
– Ele doou onze anos atrás – a mulher interrompeu – e nunca mais
voltou. Posso te dar essa informação apenas porque consta no perfil. Essa
informação é aberta para todas as clientes, como a senhora, que buscam
conceber.
– Então você pode me dar o DNA dele, mas não o nome? – rosnei –
Você pode plantar a semente dele dentro de mim, mas não pode dar seu
último endereço conhecido?
– Os dados pessoais de todos os doadores são confidenciais – disse a
mulher. – A senhora sabe disso.
– Mas foi erro seu. Falha sua.
– Estou ciente disso.
– Por que não ligar e dizer o que aconteceu com a amostra –
argumentei – e enquanto estiver no telefone, talvez já falar que alguém já
escolheu...
– Não e não – a mulher balançou a cabeça. – Não trabalhamos assim.
Uma cadeia de palavrões veio à minha mente, junto com coisas que
fariam uma mulher dessas sair correndo pela porta. Em vez de gritá-las, eu
as engoli. Estava deprimida demais até para essa pequena diversão.
– Deixa para lá.
Levantei-me usando minha última gota de força de vontade para não
ficar de ombros caídos. Silenciosamente, peguei o celular de volta.
– Você foi um anjo – disse eu abrindo a lista de contatos –, uma santa.
Apertei o botão para fazer a ligação, silenciando a mulher com um
gesto quando ela tentou dizer algo. No terceiro toque, minha amiga atendeu.
– Addison! – exclamei, alto o suficiente para que todo o escritório
escutasse – Vou te mandar uma série de fotos de alguém. Quatro, na
verdade.
Voltei o olhar para a subdiretora, que ainda estava incrédula.
– Tenho que descobrir quem é esse cara.
 
 
Capítulo 5
 
 
 
JULIANA
 
Addison era uma das minhas amigas mais antigas de Nova York –
uma policial que parou meu carro no meu primeiro mês na cidade. Ela me
citou especificamente por “dirigir feito idiota”, um termo que depois
descobri ser usado para descrever qualquer motorista que não era de Nova
York.
Acostumada com as ruas de uma cidade pequena do interior do
Maine, tive que descobrir a glória da condução agressiva nova-iorquina da
mesma forma que todos: pelo batismo de fogo. Batalhei até a reduzir a
citação a uma pequena multa, e após sair do fórum, convidei Addison para
almoçar e conversar.
Ficamos amigas desde então.
Na década que se seguiu me tornei sua mentora, conselheira
financeira, madrinha de casamento e madrinha de sua filha mais velha. Eu
fui o ombro em que ela chorou quando a mãe ficou doente. Eu era a única
pessoa para quem ela quis se abrir quando tinha crises de pânico súbitas e
extenuantes. Addison era forte, brava, implacável – ela me lembrava de
mim mesma. Eu a amava como uma irmã. Eu faria qualquer coisa no
mundo por ela, e ela por mim.
Portanto, pedir a ela para usar a recém-lançada rede de
reconhecimento facial da polícia de Nova York para encontrar meu doador
misterioso não era nada demais.
– Me dá alguns dias – disse ela. – Se esse cara andou em alguma
calçada nos últimos dezesseis meses, vou encontrá-lo.
Eu não tinha certeza se ela conseguiria, mas eu sabia que ela ia tentar
para valer. Só por isso, eu não devia ter me surpreendido quando meu
telefone tocou dois dias depois e atendi para ouvir uma única palavra:
– Devyn.
Pisquei confusa, ainda lambendo a calda de chocolate de um cupcake
do meu dedo médio.
– Espera... o quê?
– O homem que você está buscando é Devyn Bishop.
Uma notificação precedeu a imagem enviada ao meu celular: uma foto
da carteira de motorista do homem que fora gravado a fogo na minha
mente. Ele estava um pouco mais velho, mas de alguma forma, ainda mais
bonito. Seus olhos mostravam sabedoria agora. Sua mandíbula forte e barba
mal feita exalavam um sex appeal mais experiente, embora ainda viril.
Deixei cair a faca que estava usando para passar a cobertura nos
cupcakes. Meu coração, batendo com força, ameaçava sair pela boca.
– O quê... o que mais você sabe sobre ele?
– Ele é daqui – continuou Addison –, de South Brooklyn. Está
morando no deserto do Arizona agora, mas cerca de um ano atrás voltou
por alguns dias para ir no enterro da mãe.
– Como você sabe disso?
– Bati seu endereço antigo com o registro de obituários.
– Cacete – xinguei.
– É, eu sei – disparou Addison. – É invasivo. Tem câmeras em cada
puta esquina. Odeio esse sistema de merda, mas ele veio para ficar. Não
custa nada usá-lo para o bem.
Minha cabeça começou a girar com as possibilidades. Eu sabia o
nome dele. Eu sabia onde ele morava. Esse homem existia, e não apenas
nas fotos de onze anos atrás que segurei com mãos vorazes. Ele era real.
Ele era de carne. Ele era de osso! Ele era...
– Tenho um arquivo inteiro sobre ele – disse Addison –, acredite ou
não.
– Vem cá – eu disse com pressa –, traz para cá.
Ela hesitou.
– Ummm... Por que eu não deixo aí amanhã, no caminho do...
– Fiz cupcake.
Do outro lado da linha minha amiga suspirou, depois xingou, depois
suspirou de novo. Açúcar era a fraqueza de Addison, e cupcakes de confete,
sua kriptonita. Eu estava fazendo para ela como agradecimento,
independentemente se ela achasse o cara ou não.
– Já deu uma olhada na minha bunda, Juliana? – grunhiu Addison.
– Claro. Várias vezes.
– Ultimamente, eu quis dizer.
– Olha, pode comer os cupcakes ou arregaçar as mangas e socar eles –
eu disse. – Não estou nem aí, e não vou ficar ofendida. Mas eu preciso ver
esse arquivo.
– Socar eles parece divertido, na verdade – ela riu –, mas com o meu
azar, provavelmente eu iria acabar absorvendo as calorias pelos poros.
– E o seu marido vai me agradecer – retruquei. – O Evan não gosta da
sua bunda pequena. Ele já me disse isso meia centena de vezes.
– Bah – zombou minha amiga. – Minha bunda não é mais pequena
desde que ele fez a primeira dos três em mim.
– Mais motivo para comer um cupcake.
Houve um momento de silêncio em que eu soube que tinha ganhado.
Usei esses preciosos segundos para bolar as sementes de um plano, agora
que sabia onde estava meu doador em potencial.
– Chego em quarenta minutos – disse Addison finalmente – e vou
levar leite. Vamos precisar de leite para o que eu vou fazer com esses
cupcakes.
– Eu tenho leite.
– Não, você tem leite desnatado – corrigiu minha amiga com
severidade. – Não sei de que planeta você saiu, mas isso não é leite.
Eu sorri e revirei os olhos.
– Tá.
– Não, não é “tá”, Juliana. É um crime! – Ouvi ela pegando as chaves
no fundo.
– Também posso levar corante branco, a gente mistura com água e
chama de “leite”. Vai ter o mesmo gosto dessa merda na sua geladeira.
– E tem corante branco para vender? – eu ri.
– Deve ter – minha amiga afirmou, sem base nenhuma. – Ah, e me faz
um favor?
– Sim?
– Me deixa.
 
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Sobre a Autora
 
Krista Wolf é uma amante de ação, fantasia e todos
os bons filmes de terror... bem como uma romântica
incorrigível com um lado sensual insaciável.
 
Ela escreve histórias cheias de suspense, repletas de
mistério e recheadas de voltas e reviravoltas
excitantes. Contos em que heroínas obstinadas e
impetuosas são a força irresistível jogada contra
inabaláveis heróis poderosos e sarados.
 
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