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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS
CONTÁBEIS
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
APLICADAS
IMPACTOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA E DA ESTRUTURA
DE CONTROLE NA CONSOLIDAÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS EM COMBINAÇÕES DE NEGÓCIOS

O ESTUDO DE CASO DA COPEL


Autores: Jordão, Souza, Lélis, Ferreira

Alunos: Kelly Beatriz, Lucas Gabiato, Mariane Crubelati, Paula Mariane


Profª: Deisy Cristina Correa Igarashi
Sumário da Apresentação

1. INTRODUÇÃO
2. METODOLOGIA
3. ESTRUTURA DE CONTROLE E CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS EM COMBINAÇÕES DE NEGOCIOS NO BRASIL E EUA
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO CASO
5. CONCLUSÕES
6. REFERÊNCIAS
Problema de Pesquisa

A pergunta que sintetiza o problema de pesquisa é

Quais as diferenças entre as normas brasileiras e norte-americanas no que tange à consolidação


de participações em investimentos e como elas podem influenciar as decisões de investimento dos
investidores?
Objetivo de Pesquisa

1. Discutir a importância do processo de consolidação das demonstrações financeiras para os


usuários de informações;

2. Analisar os princípios e os regulamentos que orientam esse processo no Brasil e nos Estados
Unidos da América (EUA), frente à estrutura de controle corporativa;
Objetivo de Pesquisa

3. Identificar as similaridades e divergências existentes entre as normas desses dois países em


relação à divulgação financeira em casos de combinações de negócios (CN)

4. Determinar a relevância dessas iniciativas para redução dessas possíveis divergências com
vistas a obter melhorias nas práticas de GC e para a redução da assimetria informacional do usuário
externo.
Introdução

• Governança corporativa

• Transparência

• Operações com CN (combinações de negocio)


Metodologia

Pesquisa caracterizada como exploratória pois, busca estabelecer uma referência inicial sobre o
assunto em questão e formar uma base para outras pesquisas.

A metodologia é qualitativa, por não se basear em instrumentos estatísticos para a análise do


problema.

As principais fontes de consulta foram as DF (Demonstrações Financeiras) consolidadas,


registradas junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), disponíveis na seção de Investidores
da empresa.
Estrutura de controle

e consolidação das demonstrações


financeiras em combinações

de negócios no BR e EUA
Estrutura de controle e consolidação

Combinação de negócios

Transação econômica em que uma sociedade obtém o controle sobre a outra ou quando duas
empresas sob controles diferentes se juntam para formar uma terceira, que requerem consolidação
para evidenciar a posição econômica e patrimonial do grupo.

A consolidação tem a finalidade de apresentar aos acionistas e credores da matriz, os resultados


das operações e a posição financeira da holding e de suas subsidiárias como se o grupo fosse uma
única empresa com uma ou mais filiais.
Estrutura de controle e consolidação

Na consolidação devem ser excluídos:

 As participações de uma sociedade em outra

 Os saldos de quaisquer contas entre as entidades;

 Os resultados não realizados entre essas sociedades.


Quadro 1 - Divergências nos critérios de consolidação em BR GAAP e US GAAP

ITEM BR GAAP US GAAP


É feita com base no controle do capital
Definição de subsidiária votante ou no poder de determinar políticas Participação majoritária no capital votante.
operacionais e financeiras da empresa.
Consolidadas se as exigências de
Sociedades de Propósitos Consolidadas quando a relação indicar
consolidação para a participação variável
Específicos (SPEs) controle.
for atendida.
Não consolidação de Consolidação requerida somente para Somente se a empresa detentora do capital
subsidiárias companhias abertas. votante não tiver controle da investida.
Apresentação de
Requerem consolidação proporcional. Consolidação proporcional não é admitida.
Joint-Ventures

Fonte: elaborado pelos autores


Analise da BR GAAP

Pela análise das BR GAAP, as sociedades controladas deveriam ser avaliadas pelo MEP sempre
que o investimento for relevante – maior que 15% do PL da investidora.

Já as coligadas deveriam ser avaliadas pelo MEP sempre que a investidora tiver influência
significativa nos termos da Lei nº. 11.638/07.

As normas brasileiras, assim como as internacionais, permitem a consolidação proporcional das


DF das subsidiárias controladas em conjunto, aplicando-se a parcela referente à participação
societária proporcional da controladora na empresa controlada.
Quadro 2 - Investimentos em Participações Societárias com Direito a Voto – BR GAAP

PARTICIPAÇÃO
SOCIETARIA NO CAPITAL NIVEL DE INFLUENCIA TIPO DE INVESTIMENTO METODO DE AVALIAÇÃO APRESENTAÇÃO NO
VOTANTE ECONMICA BALANÇO PATRIMONIAL

Temporário de Curto
Nenhuma ou Custo ou Valor de Investimentos de CP
0% – 10% ou
Pequena Influência Mercado (o menor) ou LP
Longo Prazo
Influência Investimentos
10% |–| 50% Coligada MEP
Significativa Permanentes
Controle em Consolidação Demonstrações
Inferior a 50% Controlada
conjunto proporcional Consolidadas
50% –| 100% Demonstrações
Controle Controlada Consolidação
capital social Consolidadas

Fonte: elaborado pelos autores


Analise da US GAAP

Nos EUA há uma regra geral sobre a política de consolidação, a qual só é permitida se houver
controle isolado sobre a sociedade investida.

Ou seja, não permitem a consolidação proporcional das demonstrações de empresas sobre as


quais haja controle compartilhado. O tratamento seria o mesmo dado no Brasil às coligadas.

O FASB determinou que as subsidiárias sobre as quais a controladora detém controle temporário
não sejam consolidadas, bem como aquelas cujo controle não mais pertence à holding.
Quadro 3 - Investimentos em Participações Societárias com Direito a Voto – US GAAP

PARTICIPAÇÃO
SOCIETARIA NO CAPITAL NIVEL DE INFLUENCIA TIPO DE INVESTIMENTO METODO DE AVALIAÇÃO APRESENTAÇÃO NO
VOTANTE ECONMICA BALANÇO PATRIMONIAL

Temporário de Curto
Nenhuma ou Fair Value ou Custo Investimentos de CP
0% – 20%* ou
Pequena Influência (nesta ordem) ou LP
Longo Prazo
Influência
0% – 20% Investida MEP Investimentos
Significativa
Influência
20% – 50% Investida MEP Investimentos
Significativa
Controle em
Inferior a 50% Investida MEP Investimentos
conjunto
Demonstrações
50% – 100% Controle Subsidiária Consolidação
Consolidadas

Fonte: elaborado pelos autores


Apresentação e
análise do caso
ANALISE DE CASO

COPEL
UNIDADES CONSUMIDORAS 3,5 milhões
MUNICIPIOS E LOCALIDADES 393+1.116
LARES 2,7 milhões
INDÚSTRIAS 58 mil
ESTABELECIMENTOS
COMERCIAIS 286 mil
PROPRIEDADES RURAIS 333 mil
COLABORADORES 8300
ANALISE DE CASO

LUCRO LÍQUIDO
2006 2005 2004
BR GAAP R$ 1.242,7 R$ 502,4 R$ 369,6
US GAAP R$ 1019,0 R$ 556,5 R$ 124,1

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

2006 2005
BR GAAP R$ 6.376,3 R$ 5.487,2
US GAAP R$ 7.181,5 R$ 5.964,0
Quadro 4 - Investimentos da COPEL em subsidiárias coligadas e controladas em US GAAP e BRGAAP

PARTICIPAÇÃO APRESENTAÇÃO EM US APRESENTAÇÃO EM BR


EMPRESA SOCIETARIA RELAÇÃO DE CONTROLE GAAP GAAP
(%)
Braspower International Engineering S/C
49 Coligada MEP MEP
Ltda.
Carbocampel S.A. 49 Subsidiária MEP MEP
Centrais Elétricas do Rio Jordão S.A. –
70 Controlada Consolidação Consolidação
ELEJOR
Centrais Eólicas do Paraná Ltda. 30 Coligada MEP MEP
Companhia Paranaense de Gás
51 Controlada Consolidação Consolidação
COMPAGAS
COPEL Distribuição S.A. 100 Subsidiária Integral Consolidação Consolidação
COPEL Empreendimentos Ltda 60 Controlada Consolidação Consolidação
COPEL Geração S.A. 100 Subsidiária Integral Consolidação Consolidação
COPEL Participações S.A 100 Subsidiária Integral Consolidação Consolidação
COPEL Telecomunicações S.A. 100 Subsidiária Integral Consolidação Consolidação
COPEL Transmissão S.A. 100 Subsidiária Integral Consolidação Consolidação

Fonte: elaborado pelos autores..


Quadro 4 - Investimentos da COPEL em subsidiárias coligadas e controladas em US GAAP e BRGAAP

PARTICIPAÇÃO APRESENTAÇÃO EM US APRESENTAÇÃO EM BR


EMPRESA SOCIETARIA RELAÇÃO DE CONTROLE GAAP GAAP
(%)
COPEL-Amec S/C
Ex-COPEL-Agra S/C Ltda 48 Em fase de liquidação MEP MEP
Dominó Holdings S.A. 15 Coligada Custo MEP
ESCO Electric Ltda. 40 Coligada MEP MEP
Sercomtel Celular S.A. 45 Coligada MEP MEP
Sercomtel Telecomunicações S.A. 45 Coligada MEP MEP
UEG Araucária Ltda 60 Controlada Consolidação Consolidação
Usina Hidrelétrica Dona Francisca
23,03 Coligada MEP MEP
Energética S.A
Usina Hidrelétrica Foz do Chopin
35,77 Coligada MEP MEP
Energética Ltda.
Usina Termelétrica Araucária 80 Controlada Consolidação Consolidação
Ecoeletric Ltda 40 Coligada MEP MEP

Fonte: elaborado pelos autores..


ANALISE DE CASO

1. Resultado da avaliação dos investimentos


Na divulgação no brasil a Copel contabilizou o resultado da avaliação patrimonial pelo MEP, de
acordo com sua participação no investimento.
A Copel não possuía influencia significativa sob o investimento, assim na reconciliação a
equivalência patrimonial foram revertidos

PARTICIPAÇÃO NIVEL DE INFLUENCIA


SOCIETARIA NO CAPITAL ECONMICA METODO DE AVALIAÇÃO
VOTANTE
Influência
BR GAAP 10% – 50% MEP
Significativa
Nenhuma ou Fair Value ou Custo
US GAAP 0% – 20%
Pequena Influência (nesta ordem)
Quadro 4 - Investimentos da COPEL em subsidiárias coligadas e controladas em US GAAP e BRGAAP

PARTICIPAÇÃO APRESENTAÇÃO EM US APRESENTAÇÃO EM BR


EMPRESA SOCIETARIA RELAÇÃO DE CONTROLE GAAP GAAP
(%)
COPEL-Amec S/C
Ex-COPEL-Agra S/C Ltda 48 Em fase de liquidação MEP MEP
Dominó Holdings S.A. 15 Coligada Custo MEP
ESCO Electric Ltda. 40 Coligada MEP MEP
Sercomtel Celular S.A. 45 Coligada MEP MEP
Sercomtel Telecomunicações S.A. 45 Coligada MEP MEP
UEG Araucária Ltda 60 Controlada Consolidação Consolidação
Usina Hidrelétrica Dona Francisca
23,03 Coligada MEP MEP
Energética S.A
Usina Hidrelétrica Foz do Chopin
35,77 Coligada MEP MEP
Energética Ltda.
Usina Termelétrica Araucária 80 Controlada Consolidação Consolidação
Ecoeletric Ltda 40 Coligada MEP MEP

Fonte: elaborado pelos autores..


ANALISE DO CASO

2. Aquisição de 30% das ações ordinárias da ELEJOR


BR GAAP: A avaliação é feita com base no valor de mercado dos ativos líquidos da adquirida.
US GAAP: A empresa registrou essa aquisição com base no valor justo dos ativos adquiridos e
dos passivos assumidos.
ANALISE DO CASO

3. Pagamento de concessão da ELEJOR


A ELEJOR assinou contrato de concessão para as usinas hidrelétricas de Santa Clara e Fundão.
De acordo com BR GAAP, os custos relativos às obrigações contratuais são registrados de
modo semelhante a contratos de aluguel.
Já nos EUA, as obrigações contratuais foram registradas pelo valor presente como passivo,
contra o ativo intangível.
ANALISE DO CASO

4. Recebimento de dividendos de coligada


De acordo com as normas do setor de energia, o reconhecido é feito em conta especial na
demonstração do resultado antes da conta de outras receitas (e despesas).
De acordo com os US GAAP, porém, o resultado da participação em coligadas é classificado na
demonstração do resultado antes do imposto de renda.
ANALISE DO CASO
ANALISE DO CASO

5. Aquisição de ações preferenciais subscritas pela ELETROBRÁS


De acordo com os BR GAAP, as ações preferenciais da ELEJOR em posse da ELETROBRÁS foram
registradas como participação minoritária.
De acordo com os US GAAP, as ações resgatáveis da ELEJOR em posse da ELETROBRÁS devem ser
registradas no exigível a longo prazo.
ANALISE DO CASO
DEMOSTRAÇÃO DE RESULTADO 2006 2005

PCGA BRASIL
Receitas operacionais 7.421 6.801
Receitas operacionais líquidas 5.385 4.839
Despesas operacionais - 3.836 - 4.019
Lucro operacional 1.549 820
Receitas (despesas) financeiras líquidas 295 - 101
Participação nos resultados de coligadas - 6 9
Outras receitas (despesas) líquidas - 23 - 11
Impostos de renda - 558 - 198
Lucro (prejuízo) antes da participação minoritária 1.257 519
Participação minoritária - 14 - 16
Lucro (prejuízo) líquido 1.243 502
Dividendos declarados 281 123

PCGA EUA
Receitas operacionais 7.421 6.801
Receitas operacionais líquidas 5.385 4.839
Lucro operacional 1.203 884
EM MILHARES DE
Lucro (prejuízo) líquido. 1.031 556
REAIS
BALANÇO PATRIMONIAL 2006 2005

PCGA BRASIL
Ativo Circulante 3.014 2.472
Conta de Resultados a Compensar (CRC) 1.194 1.182
Realizável a longo prazo 1.839 2.047
Ativo imobilizado (líquido) 6.752 5.991
Ativo total 11.935 10.930
Empréstimos, financiamentos e debêntures(circulante) 929 215
Passivo circulante 2.581 2.352
Empréstimos, financiamentos e debêntures de LP 1.668 1.829
Exigível a longo prazo 2.706 2.947
Patrimônio líquido 6.376 5.487
Capital social 3.875 3.480

PCGA EUA
Ativo total 12.617 11.122
Exigível a longo prazo 2.604 2.803
Patrimônio líquido 7.182 5.964
EM MILHARES DE
Conclusões

O objetivo deste estudo foi analisar a necessidade de ajustes para divulgação externa das DF
consolidadas, em CN, de uma empresa que divulga suas informações no Brasil e nos EUA.
Observou-se a necessidade de ajustes para divulgação externa das demonstrações financeiras
consolidadas da COPEL na divulgação de suas informações nos EUA, em relação ao que fora
evidenciado no Brasil.
A prestação de contas e que a divulgação financeira de empresas com ações negociadas em bolsas
de diferentes países devem ser realizadas em sintonia com as diferentes legislações.
Conclusões

Em síntese, nesta pesquisa, verificou-se que:


1.Há significativas divergências nas informações consolidadas, em função das diferentes práticas
do Brasil e dos EUA, para grupos com investimentos em combinação de negócios.
2.A compreensão das singularidades do tratamento das combinação de negócios nos dois países
pode reduzir os custos de agência e melhorar o nível de governança corporativa.
3.O desconhecimento dessas diferenças pode prejudicar a análise financeira e,
consequentemente, as decisões de investimento nas empresas dos grupos que realizam combinação
de negócios.
Referências

COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA ELÉTRICA (COPEL). Relatório Anual 2006. Belo Horizonte,
2008a. Disponível em: <www.bovespa.com.br>. Acesso em: 04 maio 2008.
COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA ELÉTRICA (COPEL). Demonstrativos Financeiros 2006. Belo
Horizonte, 2008b. Disponível em: <www.bovespa.com.br>. Acessado em 04 de maio de 2008.
COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA ELÉTRICA (COPEL). Formulário 20-F 2006. 2008c. Disponível
em: <www.nyse.com>. Acesso em: 04 maio 2008.
FUTURA, F.; SANTOS, A. As exigibilidades nas demonstrações contábeis consolidadas de empresas com
investimentos em joint ventures. In: ENANPAD, 30., 2006, Salvador/BA. Anais ... Rio de Janeiro: ANPAD, 2006.
STICKNEY, C.; WEIL, R. Contabilidade financeira. São Paulo: Atlas, 2001.

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