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Para diversificar riscos e maximizar retornos, seguindo as estratégias do seu modelo de negócios, as
empresas costumam fazer investimentos em outras entidades. Nesse contexto, a entidade investida pode
se tornar uma controlada, coligada, empreendimento controlado em conjunto ou outra modalidade de
investimento da entidade investidora, como no exemplo da ilustração a seguir, no qual a controladora X
investe na controlada A, na coligada B e na joint venture C:
Controlada
Uma entidade controla uma outra quando possui poder sobre essa investida e pode utilizar esse poder para
afetar o valor dos seus retornos. De modo geral, o controle é obtido por meio da aquisição de ações com
direito a voto, como no caso das ações ordinárias, as quais possibilitam que a investidora exerça a
capacidade de dirigir as atividades relevantes da investida, como a gestão das estratégias de investimentos,
nomeação e remuneração da maior parte do pessoal-chave da administração, e determinação da estrutura
de capital para obtenção de recursos.
De acordo com a lei 6.404/76 – conhecida como lei das sociedades anônimas, para ter controle, é preciso
ter, de forma permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembleia geral da investida, ou seja, a
legislação não determina uma quantidade mínima em termos de participação para que seja determinado o
controle. No entanto, ainda que a investidora possua um percentual menor de participação na investida, o
poder também pode ser obtido por meio de acordo celebrado com outros acionistas, os quais transferem
seus poderes ao acionista controlador.
Coligada
Chamamos de coligada a entidade sobre a qual um investidor tem influência significativa, ou, em outras
palavras, é uma investida na qual o investidor tem o direito de participar das suas decisões relevantes,
porém, sem controla-la. De acordo com o CPC 18, quando a entidade investidora tem ao menos 20% do
poder de voto da investida, presume-se que há influência significativa, a qual, geralmente é evidenciada
quando a investidora tem representação no conselho de administração ou na diretoria da investida,
fornece informação técnica essencial, participa dos processos de elaboração de políticas, inclusive em
decisões sobre dividendos e outras distribuições, e possibilita o intercâmbio de diretores ou gerentes.
De acordo com a Lei nº 6.404/1976, são coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência
significativa, situação que ocorre quando a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões
das políticas financeira ou operacional da investida, mas sem controlá-la. Por outro lado, é
considerada controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas,
é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações
sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores.
Portanto, o que atualmente vale para configurar a coligação entre sociedades não é a quantidade de ações
que uma detém sobre a outra, mas, sim, a existência da já conceituada influência significativa.
Vale mencionar que o relatório anual da administração deve relacionar os investimentos da companhia em
sociedades coligadas e controladas e mencionar as modificações ocorridas durante o exercício. Além disso,
a companhia aberta deve divulgar as informações adicionais a respeito de coligadas e controladas que
forem exigidos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Joint venture
Empreendimento controlado em conjunto, também conhecido como joint venture (JV), é um acordo
conjunto por meio de duas ou mais entidades que detêm controle conjunto sobre os ativos líquidos de
outra entidade, compartilhando também seus riscos e benefícios. É como se um homem e uma mulher,
juntos, decidissem ter um filho, e ambos seriam responsáveis pela criança. É o que acontece quando uma
construtora e uma instituição financeira, por exemplo, decidem se juntar para criar um empreendimento
imobiliário, em uma situação em que uma das partes fica responsável pelas atividades de investimento,
enquanto a outra fica responsável pelas atividades de financiamento, porém, a JV funciona de acordo com
as decisões de ambas. A nova entidade – JV, nasceu pela união de entidades distintas que, de forma
estratégica, decidiram unir recursos e habilidades para atenderem aos seus interesses em comum, que
muitas vezes estão relacionados com a expansão dos negócios.
O balanço patrimonial da investidora deve refletir o investimento de acordo com o seu grau de influência e
interesse. Nesse sentido, quando o investimento tiver características de controle, a investidora deverá,
além de apresentar demonstrações contábeis individuais, apresentar demonstrações consolidadas,
utilizando políticas contábeis uniformes para transações similares e outros eventos em circunstâncias
similares. Essa obrigatoriedade pode ser desconsiderada na situação em que, por permissão legal, a
controladora esteja dispensada de elaborar demonstrações consolidadas.
Imaginemos que a empresa A controla a empresa B. Ambas publicarão suas respectivas demonstrações
individuais, sendo que, no balanço individual de A, o investimento na empresa B será reportado em uma
única linha do ativo, referente a investimentos em participações societárias, pelo valor equivalente à
participação de A no PL da empresa B. No resultado individual de A, o lucro ou prejuízo de B atribuído à sua
controladora, normalmente em valor equivalente à participação desta nos resultados daquela, também
será reportado em uma única linha, normalmente chamada de resultado de equivalência patrimonial.