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CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS – ENTIDADE INFORMATIVA (Parte 1)

CLASSIFICAÇÃO DOS INVESTIMENTOS FINANCEIROS

Uma empresa detentora de investimentos financeiros através de participações de capital em outras


empresas (instrumentos de capital próprio de outra entidade como ações ou quotas dessas outras
empresas) deve classificá-los nas demonstrações financeiras individuais como sendo investimentos em:

 Subsidiárias;
 Entidades Conjuntamente Controladas;
 Associadas;
 Outras Entidades.

INVESTIMENTOS FINANCEIROS EM SUBSIDIÁRIAS

Considera-se que existe um Investimento Financeiro numa Subsidiária quando é detido um interesse
económico numa entidade (ainda que não constituída sob a forma de sociedade) que é controlada.

Uma entidade é controlada quando existe o poder de gerir as políticas financeiras e operacionais dessa
entidade (ou de uma atividade económica) a fim de obter benefícios da mesma, podendo ser obtida pela
posse de ações, estatuto ou acordo.

Presume-se que existe controlo de outra entidade quando se detém mais de metade dos direitos de voto
da outra entidade, a menos que seja possível demonstrar que essa propriedade não constitui controlo.

Mesmo que não se detenha mais de metade dos direitos de voto da outra entidade, pode existir controlo
se tiver:

 Poder sobre mais de metade dos direitos de voto da outra entidade em virtude de um acordo
com outros investidores; ou
 Poder para gerir as políticas financeiras e operacionais da outra entidade segundo uma cláusula
estatutária ou um acordo; ou
 Poder para nomear ou demitir a maioria dos membros do órgão de gestão da outra entidade; ou
 Poder de agrupar a maioria de votos nas reuniões do órgão de gestão da outra entidade.

INVESTIMENTOS FINANCEIROS EM ENTIDADES CONJUNTAMENTE CONTROLADAS

Considera-se que existe um Investimento Financeiro numa Entidade Conjuntamente Controlada quando
é detido um interesse económico numa entidade (ainda que não constituída sob a forma de sociedade)
que é controlada conjuntamente, mediante acordo contratual, entre dois ou mais parceiros.

Uma entidade é controlada conjuntamente quando existe uma partilha de controlo, acordada
contratualmente, de uma atividade económica, e existe apenas quando as decisões estratégicas
financeiras e operacionais relacionadas com a atividade exigem o consentimento unânime das partes que
partilham o controlo (os empreendedores).

Assim, nenhum empreendedor pode estar por si só em posição de controlar unilateralmente a atividade
do empreendimento conjunto, mesmo que exista um empreendedor identificado como sendo o operador
do acordo conjunto, caso contrário, ele controla essa entidade, e nesse caso esta é uma Subsidiária do
operador e não Entidade Conjuntamente Controlada pelos empreendedores.
O acordo contratual entre dois ou mais empreendedores pode ser evidenciado de diversas formas, tais
como:

 Ligação por um acordo contratual;


 Atas de reuniões.

Usualmente o acordo contratual entre empreendedores trata assuntos como:

 A atividade, duração e obrigações de relato do empreendimento conjunto;


 A nomeação do órgão de direção ou órgão de gestão equivalente do empreendimento conjunto
e os direitos de voto dos empreendedores;
 Contribuições de capital pelos empreendedores;
 A partilha dos empreendedores na produção, nos rendimentos, nos gastos ou nos resultados do
empreendimento conjunto.

INVESTIMENTOS FINANCEIROS EM ASSOCIADAS

Considera-se que existe um Investimento Financeiro numa Associada quando é detido um interesse
económico numa entidade (ainda que não constituída sob a forma de sociedade) que não é controlada
(não seja uma subsidiária), nem sequer conjuntamente (nem é uma entidade conjuntamente controlada),
e sobre a qual se tenha uma influência significativa.

Existe influência significativa quando se tem o poder de participar nas decisões das políticas financeira e
operacionais de outra entidade, mas que não é controlo nem controlo conjunto sobre essas políticas,
podendo ser obtida pela posse de ações, estatuto ou acordo.

Presume-se que existe influência significativa sobre outra entidade quando se detém mais de 20% mas
menos de metade dos direitos de voto da outra entidade, a menos que seja possível demonstrar que essa
propriedade não constitui influência significativa.

INVESTIMENTOS FINANCEIROS EM OUTRAS ENTIDADES

Considera-se que existe um Investimento Financeiro em Outras Entidades quando é detido um interesse
económico numa entidade (ainda que não constituída sob a forma de sociedade) que não é controlada
(não seja uma subsidiária), nem sequer conjuntamente (nem é uma entidade conjuntamente controlada),
e sobre a qual não se tenha uma influência significativa (não é associada).

Presume-se que existe não existe controlo nem influência significativa sobre outra entidade quando se
detém menos de 20% dos direitos de voto da outra entidade, a menos que seja possível demonstrar que
essa propriedade confere controlo, ou controlo conjunto, ou influência significativa.

INTERESSE ECONÓMICO

A percentagem de interesse económico da empresa-mãe nas empresas participadas representa o


interesse económico da empresa-mãe no valor patrimonial dessas participadas, de forma direta e
indireta, independentemente da relação de controlo.
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS CONSOLIDADAS

As Demonstrações Financeiras Consolidadas (DFC) são a representação da entidade informativa


constituída por um grupo económico, ou seja, pela Empresa-Mãe e entidades que esta controla, isolada
ou conjuntamente (Subsidiárias e Entidades Conjuntamente Controladas, respetivamente).

Todas as Empresas-Mãe são obrigadas a apresentar DFC exceto se forem considerados Grupos Pequenos
em que podem dispensar a apresentação de DFC.

A consolidação consiste na substituição da participação financeira da Empresa-Mãe na participada, pelos


Ativos e Passivos que ela representa, isto é, pelos Ativos e Passivos que são controlados indiretamente
pela empresa-mãe, de forma isolada ou conjunta, nas Subsidiárias ou Entidades Conjuntamente
Controladas, respetivamente.

As Associadas e as Outras Entidades não são incluídas nas DFC porquanto não existe controlo sobre essas
entidades, apenas sendo apresentado o Ativo representativo do Investimento Financeiro, ou seja, para as
essas participações financeiras não será efetuada essa substituição da participação financeira pelos Ativos
e Passivos que representam, visto não haver controlo isolado ou conjunto, continuando a serem
apresentadas como participações financeiras detidas pela Empresa-Mãe na rubrica de Investimentos
Financeiros nas demonstrações financeiras consolidadas.

Em Portugal, de acordo com o SNC, é possível (mas não é obrigatório) excluir das DFC (não efetuar a
substituição das participações financeiras pelos Ativos e Passivos que representam) as Subsidiárias e
Entidades Conjuntamente Controladas que:

 Não sejam materialmente relevantes (individualmente e em conjunto);


 Existam restrições severas e duradouras prejudiquem substancialmente o exercício pela
Empresa-Mãe dos seus direitos sobre o património ou a gestão dessa entidade;
 Tenham sido adquiridas exclusivamente tendo em vista a sua cessão posterior, e enquanto se
mantenham classificadas como detidas para venda;
 As informações necessárias para elaborar as demonstrações financeiras consolidadas não
podem ser obtidas sem custos desproporcionados ou sem demora injustificada (devendo estar
em condições de comprovar esses factos, bem como a realização de diligências para a obtenção
dessas informações).

Uma Subsidiária ou Entidade Conjuntamente Controlada não pode ser excluída das DFC pelo simples facto
de as suas atividades empresariais serem dissemelhantes das atividades das outras entidades do grupo.

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