Você está na página 1de 7

Breve introdução à temática de consolidação de contas

Introdução

As demonstrações financeiras consolidadas, embora não sejam obrigatórias para todos


os grupos económicos, proporcionam vantagens significativas, mesmo para aqueles que
não têm uma obrigação legal de as realizar. A procura por oportunidades de negócios
frequentemente impulsiona investimentos e iniciativas para expandir diversos projetos.
Isto resulta, muitas vezes, na formação de um grupo de empresas interconectadas
através do controlo exercido por uma delas sobre as restantes.

A análise das contas individuais de cada empresa dentro do grupo não proporciona uma
imagem abrangente da posição financeira global do grupo como um todo. Neste cenário,
a preparação de demonstrações financeiras consolidadas permite uma análise mais
completa e informada do desempenho e da posição financeira do grupo.

Essa perspetiva abrangente é valiosa, pois facilita a identificação da composição do


grupo, a compreensão da natureza das suas atividades internas e externas e a avaliação
da saúde da sua posição financeira.

A relevância das demonstrações financeiras consolidadas, em termos de transparência e


credibilidade, tornou-se crucial para vários stakeholders, especialmente para instituições
financeiras. Estas entidades dependem fortemente destas informações ao analisarem
propostas de financiamento de qualquer empresa pertencente ao grupo.

Embora a consolidação de contas seja uma obrigatoriedade legal para grupos


económicos que ultrapassem determinados limites financeiros, os seus benefícios vão
além do mero cumprimento normativo, proporcionando uma visão mais clara e
abrangente do desempenho financeiro do grupo como um todo.
Explicação sobre Consolidação de Contas

A consolidação de contas é um processo contabilístico essencial, que combina as


demonstrações financeiras individuais de entidades relacionadas, criando uma visão
global da situação financeira de um grupo. No caso em análise, a empresa 'A' possui
45% do capital social da empresa 'B' e exerce controlo efetivo sobre a mesma.

De acordo com as normas contabilísticas, o controlo ocorre quando uma empresa detém
mais de metade dos direitos de voto de outra entidade. Mesmo com menos de 50% dos
direitos de voto, o controlo pode ser alcançado através de acordos contratuais ou gestão
efetiva. Presume-se que a empresa 'A' exerce esse controlo efetivo sobre a empresa 'B'.

O método de consolidação integral implica a inclusão completa dos elementos das


demonstrações financeiras da empresa 'B' nas contas da empresa 'A'. Isso abrange
ativos, passivos, receitas e despesas. Os interesses não controlados representam os
restantes 55%, que não pertencem à empresa 'A', considerando uma participação de
45%.

É crucial destacar que a empresa controladora deve apresentar contas anuais


consolidadas, a menos que existam exceções específicas de acordo com as obrigações
legais. Este método proporciona uma visão abrangente e transparente das atividades do
grupo, contribuindo para a transparência e credibilidade das demonstrações financeiras.
Análise das Normas Contabilísticas Aplicáveis à Consolidação de
Contas (por exemplo, IFRS 10):

No âmbito da consolidação de contas, a análise das normas contabilísticas,


nomeadamente a IFRS 10, desempenha um papel fundamental. Neste contexto, as
diretrizes estabelecidas pelas normas contabilísticas orientam a forma como as
participações de capital são refletidas nas demonstrações financeiras consolidadas. Eis
como isso se materializa:

a) Interesses em Subsidiárias: Os interesses em subsidiárias são explicitados por


meio da consolidação integral nas suas respetivas demonstrações financeiras
(IAS 28, 22).
b) Interesses em Entidades Conjuntamente Controladas: Os interesses em
entidades conjuntamente controladas são apresentados por meio da consolidação
proporcional nas suas demonstrações financeiras (IAS 31, 30) ou,
alternativamente, pelo método da equivalência patrimonial (4) (IAS 31, 38).
c) Interesses em Associadas: Os interesses em associadas são expressos aplicando
o método da equivalência patrimonial.

Além disso, é relevante considerar as disposições específicas que dispensam uma


empresa-mãe da elaboração de demonstrações financeiras consolidadas, conforme
delineado na IAS 27, 10. Esta dispensa ocorre apenas se a empresa-mãe:

→ For subsidiária de outra entidade, com informação aos demais detentores que
não tenham objetado;
→ Não tiver seus instrumentos de dívida ou de capital próprio listados para
negociação em mercado público;
→ Não tiver depositado ou estiver prestes a depositar as demonstrações financeiras
numa comissão de valores mobiliários ou noutra organização reguladora com a
finalidade de emitir instrumentos em mercado público; e
→ A empresa-mãe final ou qualquer empresa-mãe intermédia disponibilizar ao
público demonstrações financeiras consolidadas em conformidade com as IFRS.

Adicionalmente, no caso de uma subsidiária que cumpra os requisitos da IFRS 5 no


momento da aquisição e esteja prevista para estar sob controlo temporário, a mesma
deve ser excluída da consolidação e tratada conforme esta norma, com mensuração pelo
menor valor entre o valor contabilístico e o justo valor menos os custos de vender (IFRS
5, 15). (Lérias 2017)

É crucial realçar que as normas contabilísticas estão em constante evolução, sendo


comum que os órgãos reguladores introduzam frequentemente alterações com o intuito
de assegurar a adequação e transparência das demonstrações financeiras. Portanto, uma
análise crítica das normas existentes e uma compreensão das alterações propostas
revelam-se fundamentais para as empresas envolvidas na consolidação de contas.
Quaisquer modificações nas normas contabilísticas, especialmente aquelas relacionadas
com a consolidação, podem ter repercussões significativas nas práticas contabilísticas e
nas divulgações financeiras das entidades. Assim, manter-se atualizado acerca das
mudanças recentes ou em fase de discussão é essencial para garantir a conformidade e
precisão nas demonstrações financeiras consolidadas.

Métodos de Consolidação

A consolidação tem como objetivo preparar as demonstrações financeiras de um grupo de


sociedades, assemelhando-se ao processo de elaboração das contas de uma única entidade. A
intenção não é substituir as contas individuais, mas sim complementá-las.

Métodos de consolidação:

Método de consolidação integral – utilizado para situações em que se verifique uma relação
de domínio sobre a sociedade a consolidar (normalmente participações superiores a 50%);

Método de equivalência patrimonial (MEP) – utilizado para situações em que exista uma
influência notável sobre a gestão da sociedade a consolidar (por exemplo, uma participação
que permita eleger 1 ou 2 administradores da sociedade);

Método de consolidação proporcional – utilizado para situações em que existe um controlo


conjunto com outras sociedades (por exemplo jointventures)
O Decreto-Lei nº 147/94 de 25 de maio de 1994 estabelece as obrigações relativas à
elaboração de contas consolidadas e relatório consolidado de gestão para determinadas
empresas-mãe em Portugal. Aqui estão os principais pontos do artigo 2º:

1. **Empresas Obrigadas:**

- Empresas que controlem, de modo exclusivo ou em conjunto com outras, uma ou


várias empresas e que pertençam aos tipos especificados são obrigadas a elaborar contas
consolidadas e um relatório consolidado de gestão.

2. **Tipos de Empresas:**

- Incluem sociedades anónimas e mútuas autorizadas a exercer atividade seguradora,


sociedades de gestão de participações sociais e outras sociedades que controlem mais de
uma empresa dos tipos mencionados anteriormente.

3. **Controlo Exclusivo:**

- Uma empresa controla de modo exclusivo outra empresa quando possui a maioria
dos direitos de voto, o direito de designar ou destituir a maioria dos membros dos
órgãos de administração ou fiscalização, ou exerce influência dominante por meio de
contrato ou cláusula estatutária.
4. **Controlo Conjunto:**

- O controlo conjunto ocorre quando o controlo efetivo de uma empresa é exercido


por um número limitado de titulares do capital, e as decisões relacionadas são tomadas
por acordo comum entre eles.

5. **Regras para Controlo Exclusivo:**

- As regras incluem a adição de direitos de voto, designação e destituição da empresa-


mãe, suas filiais, e de qualquer pessoa que atue em nome delas. Deduções são feitas
para direitos de voto relativos a ações ou quotas próprias detidas pela empresa filial,
suas filiais ou por pessoas atuando em seu nome.

Este artigo fornece as bases legais para a consolidação de contas em grupos


empresariais, especificando as condições de controlo e as obrigações das empresas-mãe
em relação à elaboração de contas consolidadas.
Referências
“Consolidação de contas.” Ordem de Contabilistas Certificados. 15 de Outubro de 2019.
https://www.occ.pt/pt-pt/noticias/consolidacao-de-contas (acedido em 8 de Dezembro
de 2023).

Lérias, António Gervásio. “Contas individuais, consolidadas e separadas: das IFRS para o SNC.”
Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, 2007: 36-40.

Silva, José. “Consolidação de contas. Porque é que pode ser vantajosa para grupos
económicos?” TSF. 15 de Abril de 2020. https://www.tsf.pt/especiais/moneris-visao-de-
futuro/consolidacao-de-contas-porque-e-que-pode-ser-vantajosa-para-grupos-
economicos-12076408.html (acedido em 7 de Dezembro de 2023).

Você também pode gostar