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Universidade Federal de Campina Grande – UFCG

Centro de Ciências Jurídicas e Sociais – CCJS


Unidade Acadêmica de Ciências Contábeis – UACC
Disciplina: Contabilidade Societária
Professor: Hipônio Guilherme
Aluna: Camilly Diniz Monteiro

Atividade: Resumo do Capítulo 11 do livro “MANUAL DE CONTABILIDADE SOCITÁRIA”

Capítulo 11: INVESTIMETOS EM COLIGADAS E EM CONTROLADAS

INTRODUÇÃO
De forma geral, de acordo com os Pronunciamentos Técnicos do CPC, as aplicações em participações
no capital de outras sociedades, como demonstrado na Figura 6.1, devem ser contabilizadas de acordo
com a natureza do relacionamento entre investidor e investida:
a) Pouca ou nenhuma influência sobre a investida: nesse caso, não existe relação específica entre
as empresas e o principal benefício que se pode esperar do ativo é sua valorização (ganho de capital)
ou renda (dividendos e juros sobre o capital próprio), ou então, um relacionamento mais de natureza
estratégica com a investida; neste último caso, por exemplo, é comum a empresa adquirir ações de um
banco, sem qualquer influência sobre essa investida, apenas para ter bons relacionamentos comerciais
com ele. Trata-se, portanto, de um investimento em ativo financeiro sem qualquer intenção ou
possibilidade de gestão parcial ou total sobre a investida e, como tal, deve ser reconhecido e
mensurado de acordo com o CPC 48 - Instrumentos Financeiros. Como regra geral, sua avaliação será
pelo seu valor justo.
b) Influência significativa sobre a investida: isso implica dizer que a investidora tem a capacidade
de participar de alguma forma do processo decisório da investida, mesmo sem controlá-la. Assim,
adicionalmente aos benefícios de valorização e renda inerentes ao instrumento de capital, a
investidora pode se beneficiar de potenciais sinergias operacionais entre as sociedades, o que é
proporcionado pelos poderes políticos conferidos pelos instrumentos de capital isoladamente ou em
conjunto com outros instrumentos contratuais (poder de participar das decisões financeiras,
operacionais e estratégicas da investida). Trata-se, então, de um investimento em coligada, o qual
deve ser reconhecido e mensurado de acordo com o CPC 18 (R2) - Investimento em Coligada, em
Controlada e em Empreendimento Controlado em Conjunto, cuja regra geral de avaliação é o método
de equivalência patrimonial (MEI).
c) Controle conjunto sobre a investida: quando duas ou mais partes (sócios) estiverem
compartilhando o controle de uma mesma investida (ou seja, não há uma única parte que tenha o
poder de controle individualmente falando), temos um exemplo de uma entidade controlada em
conjunto (joint venture). A classificação como entidade controlada em conjunto deve ser feita com
base no CPC 19 (R2) Negócios em Conjunto e o reconhecimento inicial e mensurações subsequentes
devem ser feitos de acordo com o CPC 18 (R2) - Investimento em Coligada, em Controlada e em
Empreendimento Controlado em Conjunto, o qual exige que a participação seja avaliada pela
equivalência patrimonial (regra geral).
d) Controle sobre a investida: sempre que uma das partes (sócios) tiver preponderância nas decisões
sobre políticas financeiras e operacionais da investida, ou de outro modo, quando uma entidade tem
poder para dirigir as atividades relevantes da investida e, principalmente, se usa esse poder em seu
benefício, temos um exemplo em que a investida se caracteriza como uma controlada dessa entidade
que detém o poder de comando. A avaliação do investimento em controlada nas demonstrações
financeiras individuais da controladora é feita pela equivalência patrimonial e devem ser seguidos os
procedimentos detalhados no CPC 18 (R2) - Investimento em Coligada, em Controlada e em
Empreendimento Controlado em Conjunto, por exigência da lei societária brasileira.
COLIGADAS
a) Aspectos Legais
A Lei das Sociedades por Ações define coligadas como "as sociedades nas quais a investidora tenha
in- fluência significativa" (art. 243, § 1º) e considera que existe tal influência quando "a investidora
detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da
investida, sem controlá-la" (art. 243, § 4º). A lei dispõe ainda que a influência significativa é
presumida "quando a investidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante da
investida, sem controlá-la".
O item 6 do CPC 18 (R2) indica as seguintes evidências de influência significativa:
a) representação no conselho de administração ou
na diretoria da investida; b) participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em
decisões sobre dividendos e outras distribuições;
c) operações materiais entre o investidor e a investida;
d) intercâmbio de diretores ou gerentes; ou e) fornecimento de informação técnica essencial.
COLIGADAS EM CONJUNTO
a) Aspectos Legais
Trata-se de uma alternativa interessante para acumular o capital necessário à expansão e manutenção
das atividades econômicas ou somar atributos importantes ao negócio, mas detidos por acionistas
distintos, como tecnologia, capacidade gerencial ou mercadológica, rede de distribuição etc.
Adicionalmente, o controle compartilhado constitui uma forma de dividir os riscos potenciais de um
negócio. Essa partilha do controle é geralmente definida no estatuto ou contrato social ou em
documentos firmados à parte, como um acordo de acionistas.
Deve-se notar que os empreendedores podem até ter participações societárias diferentes na entidade
controlada em conjunto (por exemplo, a Empresa A detém 60% e a Empresa B detém 40%) e, ainda
assim, o controle pode ser compartilhado quando o estatuto ou acordo firmado entre tais sócios ou
acionistas definir que o controle será compartilhado, ou seja, que haverá decisões consensuais entre as
partes no exercício do poder para reger as políticas financeiras e operacionais da entidade.
A ESSENCIA DO MÉTODO DE EQUIVALENCIA PATRIMONIAL
O método de equivalência patrimonial (MEP) é definido da seguinte forma:
"é o método de contabilização por meio do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo
e, a partir daí, ajustado para refletir a alteração pós- aquisição na participação do investidor sobre os
ativos líquidos da investida. As receitas ou as despesas do investidor incluem sua participação nos
lucros ou prejuízos da investida, e os outros resultados abrangentes do investidor incluem a sua
participação em outros resultados abrangentes da investida" (CPC 18 (R2), item 03).
O método da equivalência patrimonial apresenta resultados significativamente mais adequados e traz
reflexos relevantes nas demonstrações contábeis das empresas com participação em coligadas, em
controladas e em controladas em conjunto, com repercussões positivas particularmente nos mercados
de capitais e de crédito. Por esse critério, as empresas reconhecem a parte que lhes cabe nos resultados
gerados por suas investidas no momento em que tais resultados são gerados naquelas empresas, e não
somente no momento em que são distribuídos na forma de dividendos, como ocorre no método de
custo. Portanto, o método da equivalência patrimonial acompanha o fato econômico, que é a geração
dos resultados e não a distribuição de tal resultado.
APLICAÇÃO DO MÉTODO DE EQUIVALENCIA PATRIMONIAL
a) Aspectos Legais
Como já comentado, o art. 248 da Lei nº 6.404/1976 estabelece para as Sociedades por Ações a
obrigatoriedade da adoção do método da equivalência patrimonial na avaliação de investimentos em
coligadas, controladas em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou tração estejam
sob controle comum (lembrar que isso é obrigatório com 2 para todas as demais sociedades tributadas
pelo lucro real, por força do Decreto-lei nº 1.598/1977).
A legislação fiscal (art. 420 do RIR/2018) determina que sejam avaliados pelo valor do Patrimônio
Líquido das investidas os investimentos relevantes em: (a) sociedades controladas; (b) sociedades
coligadas sobre cuja administração o investidor tenha influência ou de que participe com 20% ou mais
do capital social; e (c) em sociedades que façam parte do mesmo grupo ou estejam sob controle
comum. Logo, sem conflitos.
É bom lembrar que qualquer mutação ocorrida no Patrimônio Líquido da investida corresponderá a
um ajuste no saldo contábil do investimento, na contabilidade do investidor. No entanto, somente as
mutações provenientes de lucro ou prejuízo apurado pela coligada (ou controlada) serão reconhecidas
no resultado do período do investidor. Portanto, as demais mutações de Patrimônio Líquido não
provenientes de lucro ou prejuízo apurado pela investida serão reconhecidas no saldo contábil do
investimento, mas terão como contrapartida o próprio Patrimônio Líquido do investidor em conta
reflexa de mesma natureza daquela verificada na coligada (ou controlada).

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