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Análise financeira

 As dimensões da performance económico-financeira:


Existem 3 dimensões diferentes: Financeira, Monetária e Económica.

 Metodologias de análise:
1. Balanço de situação;
2. Rácios e indicadores;
3. Abordagem financeira e funcional.

 Avaliação da performance financeira:


A aplicação conjunta das diferentes metodologias gera uma avaliação quantitativa do
desempenho (perspetiva dinâmica) económico-financeiro de uma empresa.

 Protocolo:
a) Existência de informação com fiabilidade;
b) Um tempo mínimo de análise (seguir o 3n – 3 anos);
c) Utilização integrada de indicadores abrangendo todas as dimensões;
d) Cruzamento da análise quantitativa

“Quanto maior for a rentabilidade de uma


empresa, os seus riscos serão menores”
-|Protocolo para uma análise integrada|-
Balanço de Rácios e Que estratégia adotou a Que avaliação
situação indicadores empresa no temos da
financiamento dos seus estratégia?
ativos?
1. A empresa 1. Há 1. A empresa investiu 1. Que riscos
está a unanimidade quanto e em que correu a
investir, a no sentido rubricas? empresa?
crescer? dos 2. Como foi 2. Que retorno
2. A empresa indicadores? financiado esses é que teve?
está a ter 2. Visualizamos investimentos? 3. Perspetivas
resultados uma  Autofinanciamento; futuras e
eficientes? evolução  Aumentos de medidas
3. A empresa clara? capital; corretivas.
está a 3. Conseguimos  Empréstimos;
financiar-se avançar com  Longo prazo;
de uma um  Curto prazo;
forma diagnóstico?
equilibrada?

Balanço de situação
Análise horizontal e vertical – Comparação de rubricas – Comparar composição ao total
Este tipo de análise permite aferir a variação da atividade, investimento e financiamento
da empresa, podendo ser cruzada com outros indicadores de mercado disponíveis
(Benchmarking).
Exemplos: Taxa de crescimento do volume de negócios; Taxa de crescimento dos
resultados; Taxa de crescimento do ativo; Taxa de crescimento do ativo (corrente);
Composição/estrutura do ativo e passivo; Composição/estrutura da demonstração de
resultados; Rácios de crescimento - Análise horizontal
Relativamente ao Ativo: A
empresa aumentou o seu ativo em 50% à custa
de uma variação de 150% no seu ativo não
corrente. Por outro lado, assiste-se a uma
variação negativa de 10% do ativo corrente com
o saldo da conta de caixa e bancos a diminuir
para metade.

Um aumento de ativos justifica-se numa maior aplicação de fundos ou numa aplicação


em ativos duradouros.
Relativamente ao capital próprio e
passivo (origens): O aumento do capital
próprio de 18%, resultado da incorporação de
resultados positivos é inferior ao aumento
médio do ativo (50%), “levou” a que a empresa
aumentasse o seu passivo corrente em 167%,
sustentado por um crescimento acentuado nos
financiamentos bancários de curto prazo.

Se o capital próprio tivesse o mesmo crescimento do ativo, não haveria variações no


capital próprio.

Rácios de estrutura - Análise vertical

Relativamente ao ativo: Verifica-se


que num espaço de um ano a composição do
ativo mudou significativamente. A empresa
inverteu a sua estrutura do seu património,
onde o peso do Ativos não correntes passou
de 38% para 63%. A empresa fica mais fixa e
imobilizada. Dá-se uma inversão dos pesos do
ativo não corrente com o corrente.

Relativamente ao capital próprio,


capital permanente e passivo: O peso dos
capitais próprios no financiamento da
empresa perde 15% (69%-54%), ganhando
relevo o financiamento por Passivo Corrente
que passa de 31% para 46%. A empresa fica
assim menos autónoma. Os capitais
permanentes aqueles que estão na empresa há
mais de 1 ano, têm o seu valor aumentado.
Rácios de atividade - Análise vertical
Respeito a composição dos gastos e resultados da
empresa:
 25% do volume de negócio da empresa são
absorvidos pelos consumos;
 19% do volume de negócio da empresa são
absorvidos pelos gastos com pessoal;
 Do total do volume de negócio 31% são libertos
para cobrir gastos financeiros, impostos e resultado
líquido;
 Esta análise numa perspetiva estática aplica-se
setor a setor e tem no benchmarking e processo
orçamental uma complementaridade importante;
 No caso de haver mais do que uma DR a análise
horizontal é um complemento obrigatório sempre
numa perspetiva comparativa com outras
perspetivas horizontais.

Rácios
Rácios financeiros
São aqueles que dizem respeito à natureza financeira, como sejam o financiamento e o
investimento e tem o seu suporte no balanço e dividem-se em:
1. Rácios de endividamento e estrutura;
2. Rácios de liquidez; Rácios de equilíbrio
3. Rácios de cobertura;
4. Rácios de rotação.

1. ~Rácio de endividamento e estrutura~


Estes rácios medem o grau de endividamento da empresa e de alguma maneira aferem
em que medida os ativos da empresa são financiados por capitais próprios ou alheios.
São em regra indicadores de solidez e equilíbrio financeiro a longo prazo.

DEBT TO EQUITY (D/E): Passivo / Capital próprio (qnts (x) a dívida suporta o CP)
Se for = 0, não há dívidas.
Se for = 1, o capital próprio é igual ao passivo. =2, dobro das dívidas do CP
Um valor de 1 indica que a estrutura de capitais está dividida em partes iguais. Valores
elevados representam risco financeiro associado a endividamento excessivo.
RÁCIO DE SOLVABILIDADE: Capital próprio / Passivo
Indica em que medida que os capitais próprios cobrem o passivo da empresa.
Deve tender para 1, no entanto uma empresa solvente a longo prazo não implica que
seja a curto prazo. Medida em que o CP cobre as dívidas.

RÁCIO DE AUTONOMIA FINANCEIRA: (Capital próprio / Ativo) x 100


Este indicador informa sobre a parcela dos ativos que é financiada por capitais
próprios. Quanto maior o rácio maior é a capacidade de a empresa recorrer a
endividamento e menor o risco de insolvência. Deve tender para os 50%. De que
forma a empresa é dona da sua própria empresa.
Valores baixos: Já não tem controlo na empresa. O capital próprio quando teve para
valores negativos já possui prejuízo acumulado.
- A empresa apresenta uma razoável solidez
financeira no período em análise. No entanto a
tendência verificada requer monitorização para
os próximos tempos.

Os rácios de estrutura compreendem 2 perspetivas, a estrutura do endividamento


a longo e a curto prazo. O seu valor em percentagem não tem um valor considerado
normal porque depende da estrutura do ativo afeto à análise.

PASSIVO LONGO PRAZO PASSIVO CURTO PRAZO


TOTAL PASSIVO TOTAL PASSIVO

Valores elevados são em regra resultado de um Valores elevados podem significar risco
Financiamento mais prudente com reflexos posi- financeiro com reflexo negativo na liquidez
tivos na liquidez. Um valor alto está associado a mas positivo no resultado. Podem estar
financiamento de empresas cujos ativos sejam associados a financiamento de empresas
na sua maioria fixos/não correntes. cujos ativos sejam na maioria correntes.

Verifica-se uma modificação na


estrutura da dívida de n para n-1. O
peso do financiamento a curto prazo
ganha relevo no ano n. Dá-se o inverso
entre curto e longo prazo.

2. ~Rácios de cobertura~
PERÍODO DE RECUPERAÇÃO Empréstimos em dívida
DA DÍVIDA: (2,75) Autofinanciamento

Autofinanciamento(4)( resultado económico ) = Resultado líquido n + Depreciações n

Este rácio mede de uma forma rápida o número de anos que num determinado momento
a empresa leva a pagar as suas dívidas. Se o financiamento for a longo prazo é normal
haver um período de recuperação mais elevado.

Por outro, o autofinanciamento é um dos indicadores que sustentam o financiamento


interno da empresa com impactos positivos na solvabilidade e autonomia e liquidez.

3. ~Rácios de rotação~
Rácio de estrutura económico-financeiro
ROTAÇÃO DO ATIVO: Vendas / Ativo (0,67)
Rácio que indica em que medida o volume de atividade cobre o investimento em ativos.
Valores baixos podem indicar que poderá haver ativos subutilizados. Valores altos podem
indicar uma boa eficiência na utilização dos ativos. No entanto este rácio é variável de setor
para setor.

4. ~Rácios de liquidez~
Estes rácios avaliam a facilidade com que a empresa pode aceder aos meios financeiros
líquidos, ou seja, solver as responsabilidades a curto prazo.
RÁCIO DE LIQUIDEZ GERAL: (Ativo corrente / Passivo corrente)
Num espaço de 1 ano, tem mais a receber do que a pagar. Embora limitado pela
heterogeneidade das suas componentes este rácio de equilíbrio de curto prazo poderá dar uma
ideia o quanto a empresa é solvente a curto prazo, ou seja, se for 1 significa empresa é capaz
de fazer face aos pagamentos (obrigações) a curto prazo.

Ativos Não Correntes Passivo não corrente / capitais permanentes /


capital próprio

Ativos Correntes (direitos) Passivo corrente (obrigações)


Ótica financeira
A opção por outros rácios que possam ir de encontro às debilidades apontadas no slide
anterior, ou seja, expurgar dos ativos correntes rubricas que na verdade poderão não ser
liquidadas a tempo de fazer face às dívidas de curto prazo é uma solução para apurarmos com
mais rigor a liquidez da empresa.
LIQUIDEZ REDUZIDA: (Ativo corrente – Inventários )
passivo corrente
LIQUIDEZ IMEDIATA: Caixa e Bancos
passivo corrente
Numa outra perspetiva podemos também analisar a liquidez da empresa através da margem
(fundo de maneio), resultado da diferença entre os capitais permanentes e os ativos não
correntes.

FUNDO DE MANEIO: CPP – ANC


 Positivo: margem de segurança para cobrir outras rubricas;
Ou seja, a liquidez geral da empresa poderá ser dada por:
- (Capitais permanentes / Ativos correntes);

O fundo de maneio
Ativo fixo
Capital permanente

Fundo de maneio

Ativo corrente

Passivo corrente
Capital permanente

Ativo fixo

Fundo de maneio

Ativo corrente
Passivo corrente

Quando o fundo de maneio é:


 >0 Situação favorável com impacto positivo na liquidez e propicia uma tesouraria
equilibrada.
Os capitais permanentes financiam o ativo não corrente e parte do ativo
corrente.

 <0 Situação desfavorável com impacto negativo na liquidez e propicia uma


tesouraria desequilibrada.
Os capitais permanentes não financiam na totalidade o ativo não corrente, ou
seja, que, que o ANC está sendo financiado por passivos correntes.

Verifica-se uma diminuição da liquidez que pode ser vista por duas perspetivas:
- A empresa perde capacidade em solver as suas dívidas correntes;
- A margem de segurança (FM) diminui, o que quer dizer que a empresa perde
capacidade de financiar o seu ciclo de exploração com financiamento a longo prazo.
A função financeira e a
análise financeira
As atividades desenvolvidas numa organização traduzem-se em fluxos de entradas e
saídas de dinheiro que é necessário equilibrar. Na realidade, os responsáveis financeiros de
uma organização cuidam para que a corrente de fluxos de caixa se mantenha sem ruturas.
Em médio e longo prazo, as entradas acumuladas têm de ser superiores às saídas acumuladas
Estas regras de equilíbrio da tesouraria que têm um carater primordial e constituem um
verdadeiro imperativo para a saúde financeira de uma organização, estão intimamente ligadas
ao conceito de rendibilidade, na medida em que, para que seja possível este equilíbrio, as
empresas necessitam de ter uma rendibilidade adequada para os capitais investidos na
organização.
Apresentação da função financeira:
1. Em primeiro lugar, faz-se uma exposição sintética das tarefas que têm sido atribuídas
à função financeira e depois discute-se a sua atividade na prática, com vista a dar
uma ideia do conteúdo e da evolução da disciplina;
2. Em segundo lugar, trata-se a questão dos objetivos e limitas da função financeira, de
forma a dar uma noção mais ampla do âmbito das atividades que lhe podem ser
atribuídas;

Podemos identificar em primeiro lugar:


O papel do tesoureiro, que tem a função de efetuar os recebimentos e os pagamentos
decorrentes do exercício das atividades da organização. Esta função financeira limita-se àquilo
que normalmente se designa nas empresas por “Gestão de Tesouraria”;
A conceção tradicional da função financeira tem vindo a ser gradualmente acrescida de
novos elementos, de novas atribuições, chegando-se assim à gestão financeira contemporânea
com tarefas relacionadas com aspetos de carater predominantemente económico, passando a
caber a esta função a análise e o controlo da rendibilidade previsional e das aplicações de
fundos, a análise das decisões de investimento, a participação do plano de negócios da
empresa, etc. Surge assim a figura do controller cuja atuação está intimamente ligada ao
controlo da performance.
Gestão financeira

Gestão financeira Gestão financeira


estratégica corrente
Ativos não correntes Capital próprio Ativos correntes Passivos correntes
Dividendos
Passivo não corrente
Avaliação e gestão da performance Planeamento e controlo da gestão corrente
estratégica (curto prazo) (longo prazo)

A gestão de tesouraria é um prolongamento das tarefas originais da função financeira:


 Gestão dos ativos correntes: gestão ou controlo do crédito concedido aos clientes, o
controlo financeiro dos inventários das existências e a aplicação de excedentes
temporários.
 Gestão do passivo corrente: gestão das relações financeiras com os fornecedores e
restantes devedores correntes (Estado, e outros entes públicos), assim como a cobertura
dos défices temporárias da tesouraria (recurso a crédito bancário).

Deste modo, a análise financeira procura examinar a evolução da situação financeira e da


rendibilidade da empresa, com vista a detetar tendências futuras e a dar recomendações
sintonizadas com a estratégia da empresa.

Documentos-base da análise financeira


O balanço é um documento contabilístico que expressa a situação financeira de uma
empresa, em determinada data. O conjunto de bens e direitos constitui o ativo. O conjunto das
obrigações constitui o passivo (ou capital alheio). O capital próprio e o passivo representam
as origens de fundos, enquanto as contas do ativo evidenciam as respetivas aplicações dos
fundos.
Numa ótica financeira, o ativo corresponde às aplicações de fundos ou investimento.
Estes bens e direitos da empresa são financiados quer por capitais próprios, quer por passivo.
Por isso, também se designa o 2º membro do balanço como origens de fundos ou
financiamento.
Ativo = CP + Passivo Aplicações de fundos = Origem de fundos
Como é normal o financiamento com capitais próprios e passivo, será normal que o ativo
exceda o passivo e assim, o CP seja positivo. Se assim não for, diz-se que a empresa está
tecnicamente falida ou insolvente. Portanto, existe falência sempre que o passivo é superior ao
ativo e, consequentemente, o CP é negativo.
Ativo não corrente: Corresponde a aplicações de capital de longo prazo, com prazo
superior a 12 meses em ativos tangíveis, intangíveis e financeiros.
Ativo corrente: Corresponde às aplicações de capital de curto prazo. Pode ser um ativo
detido para efeitos de ser consumido ou vendido no decurso normal das atividades
operacionais da empresa ou detido com a mera finalidade de ser vendido e não
necessariamente dentro das atividades correntes da empresa, mas que se espera que seja
realizado em liquidez num prazo até 12 meses após a data do balanço e, por fim, os meios
financeiros líquidos como caixa, depósitos a prazo e outros equivalentes a dinheiro.
Capital próprio: o capital.
Passivo: corresponde ao capital alheio ou dívidas que a empresa tem a pagar e que são
apresentadas em dois grupos:
Passivo corrente: dívidas a pagar cuja exigibilidade ocorre até 12 meses da data
do balanço.
Passivo não corrente: dívidas a pagar cuja exigibilidade ocorre para além de 12
meses da data do balanço.
Ativo não corrente Capital próprio
Passivo não corrente
Ativo corrente Passivo corrente

Interligação existente entre as demonstrações financeiras:

 Ativo = Passivo + Capital próprio;


 Os resultados líquidos apurados na demonstração de resultados do período
incorporam-se no capital próprio da empresa. Por isso, as empresas lucrativas
reforçam os capitais próprios e a sua solvabilidade, enquanto empresas com
prejuízos enfraquecem a sua base de capital;
 Os fluxos líquidos de caixa apurados no período incorporam-se em caixa e
depósitos, pelo que fluxos de caixa positivos reforçam a liquidez e a capacidade
de solvência de dívidas. Pelo contrário, fluxos de caixa negativos degradam os
níveis de liquidez da empresa e a sua capacidade de cumprir com as suas
obrigações financeiras;
 Proveitos (ganhos) da demonstração de resultados, se bem-sucedidos,
transformam-se em recebimentos e as despesas (gastos) transformam-se em
pagamentos na demonstração de fluxos de caixa;
Demonstração dos Ativo não corrente Capital próprio Demonstração dos
fluxos de caixa Resultados Líquidos
Passivo não corrente
+ recebimentos + proveitos – Custos
- pagamentos Ativo corrente Passivo Corrente (ganhos) – (gastos)

Caixa e
Operacionais Depósitos
Operacionais
Bancários
Investimento Investimento

Financiamento Financiamento

= Fluxo Líquido de Caixa = Resultado líquido

O balanço, numa perspetiva patrimonial, é encarado como um conjunto de ativos (propriedade,


direitos e créditos), passivos (dívidas, obrigações e deveres) e a diferença é o património
líquido, propriedade dos sócios ou acionistas.
Ativos Capital próprio

Propriedade Património líquido


Direitos
Créditos Passivo

Dívidas
Obrigações
Deveres

Numa perspetiva financeira, o balanço é visto como origem e aplicações de fundos ou de


capitais:
Aplicações de fundos Origens de fundos

O balanço funcional e os ciclos financeiros


A análise financeira a partir dos anos 80 começou a preocupar-se mais com o equilíbrio
funcional das origens e aplicações, pelo que passou a designar-se por análise funcional.
O balanço funcional pretende fotografar em determinada data, as aplicações e recursos
relacionados com os ciclos financeiros da empresa, qualquer que seja a sua situação
contabilística, jurídica ou patrimonial. Os ciclos financeiros classificam-se em:
1. Ciclo de investimento;
Engloba o conjunto de atividades e decisões respeitantes à análise e seleção de
investimentos ou desinvestimentos.

2. Ciclo de exploração ou operacional;


Corresponde às atividades e decisões no âmbito dos aprovisionamentos, produção e
comercialização. As operações efetuadas neste ciclo conduzem aos consumos e
obtenção de recursos da empresas que vão corresponder a custos e proveitos
operacionais.

3. Ciclo das operações financeiras;


Corresponde às atividades de obtenção de fundos adequados aos investimentos e às
necessidades de financiamento do ciclo da exploração.

As operações de capital visam obter os fundos estáveis para o financiamento dos ativos
estáveis e gerir de forma otimizada esses fundos. As operações de tesouraria visam gerir a
caixa, depósitos bancários e equivalentes a caixa, bem como assegurar a cobertura financeira
a curto prazo através de financiamentos, no caso de insuficiência temporárias de fluxos de
caixa.
BALANÇO FUNCIONAL:
APLICAÇÕES ORIGENS
Ativo fixo Capital próprio
Investimento
Capital
Passivo de médio e longo prazo

Necessidades cíclicas ou ativo cíclico Recursos cíclicos ou passivo cíclico


Exploração Exploração

Tesouraria ativa Tesouraria passiva


Tesouraria Tesouraria

As necessidades em fundo de maneio representam as necessidades de financiamento


requeridas pelo ciclo de exploração.

Pequena explicação de cada rubrica:


Ativo fixo: Corresponde aos ativos com permanência prevista na empresa superior a 12 meses
ou cuja transformação em liquidez se preveja superior a 12 meses – Ativos não correntes.
Necessidades cíclicas: Compreende as contas resultantes das decisões enquadradas no ciclo
de exploração, que implicam necessidades de financiamento das atividades de exploração.
Podem ser: Existências/Inventários, Adiantamentos a fornecedores, clientes, estado, outros
devedores,...
Tesouraria ativa: Diz respeito aos ativos líquidos e quase líquidos. Inclui, por isso, caixa e
depósitos bancários e outras rubricas que possam ser transformados em liquidez num prazo
até 12 meses da data do balanço.

Capital próprio: Utiliza-se frequentemente na análise financeira a noção fundos próprios em


vez de capitais próprios, para não confundir com a noção contabilística de capitais próprios.
Capital alheio estável: Devem-se incluir nesta classe todas as dívidas de médio e longo prazo,
ou que, sendo contabilisticamente classificadas como de curto prazo, têm uma tendência para
se manterem estáveis, exceto as que resultem do ciclo de exploração.
Recursos cíclicos: Compreendem as contas resultantes das decisões enquadradas no ciclo de
exploração, que geram de forma automática, recursos financeiros.
Podem ser: fornecedores, adiantamentos de clientes, estado, outros credores,...
Tesouraria passiva: Diz respeito ao passivo imediato ou quase imediato que resulte de
decisões de financiamento. Deve, por isso, incluir todas as contas a pagar num prazo até 12
meses da data do balanço que não seja afeto à exploração, tais como os financiamentos obtidos.

Ciclo financeiro de exploração


Compras de matérias – Stocks – produção – Stocks P.A. – Vendas – recebimento das vendas
Aprovisionamento Produção Comercialização
Ciclo de exploração e as necessidade de fundo de maneio:
Perante a necessidade de investir em inventários utilizados no processo produtivo e de
conceder crédito, as empresas necessitam de investir em ativos correntes que são cíclicos e
permanentes.
Necessidades cíclicas = Inventários + clientes + adiantamentos a fornecedores + estado +
outros devedores de exploração.

Por outro a empresa também se financia no seu ciclo de exploração através de um


conjunto de passivos correntes cíclicos e permanentes.
Recursos cíclicos = Adiantamentos de clientes + Estado + Fornecedores c/c + Outros
devedores de exploração.
Balanço funcional
Balanço financeiro Ativo não Capitais
corrente / permanentes /
Ativo não corrente Capital próprio Capitais estáveis

Passivo não corrente Ajuste Necessidades Recursos cíclicos


cíclicas ou ou passivo cíclico
ativo cíclico
Ativo corrente Passivo Corrente

Tesouraria Tesouraria
ativa passiva (passivos
que não são
longo prazo)
 O ciclo de exploração pode ser em dias: Ano comercial -> 360 dias
CPP / CE – ANC / AI = fundo de maneio
NC – RC = necessidades do fundo de maneio / fundo de maneio necessário
NFM >0 – Existe necessidade de financiar o ciclo de exploração;
NFM <0 – Existem excedentes financeiros no ciclo de exploração;

As necessidades de fundo de maneio resultam de a empresa ter que investir em inventários


de mercadorias e de matérias utilizadas no processo produtivo e pelo facto de conceder e
obter créditos do ciclo de exploração.
Ciclo de exploração
Valores reduzidos estão associados a uma boa eficiência interna, ou seja, um bom
funcionamento. O ciclo de exploração (dias) obtém-se pela soma da duração média de
inventários (DMI) com o prazo médio de pagamento (PMP) deduzido do prazo médio de
recebimento (PMR)
Inventário médio ( valor que tenho todos os dias ) = janeiro + dezembro

Duração média de inventário M. primas/mercadorias em armazém, em dias (DMI)- set.


(Inventários médios / Custo mercadorias ou consumo matérias primas ) x 360
Se o rácio for 30, valor é muito baixo. Quanto maior for o valor, maior é o investimento.
Rotações elevados de DMI podem indicar eficiência.

Rotação dos inventários


(Custo mercadorias ou consumo matérias primas / Inventários médios)
Uma rotação de 360, significa que não existe inventário, pois compro e vendo rapidamente.

Prazo médio de recebimentos (PMR) - setorial


(Saldo médio clientes / Vendas c/IVA ) x 360 . O saldo médio dos clientes é a soma dos de
janeiro e dezembro e dividindo por 2. Este representa o número de dias que demoro a vender
e a receber o dinheiro.
Não pode ter uma parte com iva e sem iva. Os dois têm de concordar.
Quanto menor for este valor, melhor tender para 0.

Rotação clientes
( 360 / PMR). Umas rotações elevadas são em regra sinais de eficiência

Prazo médio de pagamento (PMP)


(Saldo médio fornecedores / Compras c/IVA + FSE c/IVA ) x 360 . Mede a rapidez com que
a empresa paga as suas dívidas. Quanto mais baixo o prazo, menor o grau de financiamento
que os fornecedores fazem à exploração.

Se as NC=RC, não existe necessidades de fundo de maneio. Não necessita de meter recursos
financeiros no ciclo de exploração.
TRL = FM – NFM
1. Tesouraria ativa:
Ativos não considerados fixos nem cíclicos; Dívidas a receber extraexploração CP;
meios líquidos; Acréscimos e diferimentos;

2. Tesouraria passiva:
Passivos de caráter financeiro ou ocasional; Financiamentos obtidos a curto prazo;
Outras dívidas a pagar extraexploração de CP; Acréscimos e diferimentos;

Numa ótica a funcional , a liquidez num sentido mais restrito mede-se pelo equilíbrio
entre a tesouraria ativa e passiva então:
TRL = TA – TP

Esta relação quantifica um equilíbrio de forças entre investimento


permanente e investimento cíclico, também ele de caráter permanente. Então existe
equilíbrio financeiro quando o FM for suficiente para financiar as NFM.

TRL > 0 : Excedentes “ociosos” de tesouraria, com impacto negativo na rentabilidade.


TRL < 0 : Dificuldades ou impossibilidades em cumprir os compromissos financeiros
de CP.

Situações financeiras típicas


1. FM > 0 , mas não suficiente para cobrir TRL < 0
 FM >0 , NFM > FM , TRL <0
Empresa com desequilíbrio financeiro, apesar de ter uma margem de segurança, está
financiando necessidades cíclicas de caráter permanente com operações de tesouraria
de CP. A empresa financeira parte das necessidades cíclicas de caráter permanente
com operações de tesouraria. Evidencia uma empresa em desequilíbrio financeiro
apesar de ter um fundo de maneio positivo. É um caso frequente nas empresas com
grande volume de capital e com ciclo de exploração longo.

2. FM < 0 e NFM >0


Situação mais delicada, porque a TRL ainda é mais negativa. É delicada pois os
capitais estáveis são insuficientes para financiar o ativo fixo. A situação financeira é
tanto mais delicada quanto maior o afastamento da bissetriz. Isto é, quanto mais
negativa for a tesouraria líquida.

3. FM > 0 , NFM >0 , TRL >0


Situação financeira normal. Desejável que oferece uma certa segurança.

4. FM>0 , NFM <0 , TRL >0


Empresa com ciclo de exploração favorável e propícia a aplicações de longo prazo, de
modo a otimizar o excesso de margem de liquidez. As necessidades de FM negativo
são consequência de um ciclo de exploração favorável – rápida rotação de existências
e recebimentos mais rápidos do que os pagamentos. Neste caso pode eventualmente o
fundo de maneio ser exagerado, sendo possível fazer aplicações de capital a longo
prazo.

5. FM<0 ; NFM <0 ; TRL >0


Caso a eficiência de exploração diminua a empresa não tem margem de segurança
para cobrir essa perda. Muito frequente em atividade comerciais especialmente
supermercados e cadeias de lojas de consumo, com grande rotação de existências.

6. FM<0 ; NFM <0 ; TRL <0


Situação de desequilíbrio face a crescimento de produção. Situações normalmente
arriscadas, pois as empresas não apresentam liquidez nem garantia de segurança. Esta
situação pode ser encontrada em atividades comerciais em overtrading, isto é, com um
crescimento exagerado face à insuficiência de capitais permanentes.

!Nota!
A tesouraria liquida, se excessivamente negativa, pode evidencias debilidade da
estrutura financeira e a necessidade de alteração da estrutura de capitais de
financiamento.

Rácios económicos
São aqueles que dizem respeito à
natureza económica, como sejam as
receitas, os gastos e os resultados. Têm
o seu suporte na demonstração de
resultados e evidenciam a eficiência
económica da empresa.

Margem de contribuição (%):


(Margem bruta / Vendas )
Avalia a eficiência dos recursos afetos
aos consumos e é utilizador para
perceber numa primeira fase como
estão a ser utilizados os recursos afetos
diretamente à produção, sendo variável
de setor para setor.
Ex: Em 100 euros que o meu bem
custou, 30 euros foram utilizados na
produção de x.
Rendibilidade operacional (%) = (Resultado operacional / Vendas) Avalia a eficiência de
gestão do negócio sem o efeito do endividamento e varia de setor para setor.

Rendibilidade líquida (%) = (Resultado líquido / Vendas) Avalia a eficiência de gestão do


negócio com o efeito do endividamento e fiscal. Muitas vezes não é o reflexo da gestão
operacional da empresa.

Rácios económico-financeiros
São aqueles que dizem respeito à relação entre a dimensão económica e financeira e têm o seu
suporte na demonstração de resultados e no balanço. Evidenciam a eficiência dos resultados
face a rubricas do balanço e ao contrário dos económicos deverão ser comuns a todos os
negócios.

Rendibilidade económica do ativo (%) = (Resultado operacional / Ativo) Aponta a relação


entre os resultados de exploração e o esforço de investimento, ou seja, em que medida é que a
empresa é eficiente na utilização de recursos para gerar resultados operacionais.

Rendibilidade do capital próprio (%) = (Resultado líquido / Capital próprio) Também


conhecido por ROE, este rácio é uma referência para quem investe os acionistas e avalia a
eficiência da utilização dos capitais próprios para gerar resultados.

Rendibilidade líquida do ativo (%) = (Resultado líquido / Ativo) Também conhecido por
ROI, este rácio é uma referência para todos os financiadores da empresa e avalia a eficiência
da utilização de capitais para gerar resultados.

Está a investir (crescimento) ? Está a ter resultados (eficiência) ? Está equilibrada a curto
prazo (liquidez) ? Tem solidez a longo prazo?
 Que estratégia adotou a empresa no financiamento dos seus ativos?
 Quanto é que a empresa investiu e em que rubricas?
o Através de autofinanciamento?
o Aumentos de capital?
o Empréstimos?
o Longo prazo?
o Curto prazo?
Quanto e onde que a companhia investiu em N? Calcular as aplicações de fundos.
Variações positivas no ativo e negativas no CP e passivo.

Com é que a companhia financiou os investimentos? Calcular as origens de fundos.


Variações negativas no ativo e positivas no CP e passivo.

O fundo de maneio não é suficiente para assegurar o equilíbrio financeiro, porque existem
rubricas associadas ao ciclo de exploração (existências, clientes e outras) que também
necessitam de financiamento com caráter de estabilidade. Assim o fundo de maneio deverá
ser visto como a fração de capital necessária ao financiamento do ciclo de exploração.
Vamos estruturar o balanço funcional em 3 componentes:
a) O fundo de maneio funcional; - parte de fundos permanentes.
FM = Capitais permanentes (recursos estáveis determinados pela política de
financiamento, como o aumento de capital social, os excedentes criados. Inclui as
chamadas operações de capital) – Ativo fixo (resulta da aplicação de investimento que
são função das decisões de investimento)
O fundo de maneio quando positivo representa a parte do financiamento estável
que se destina a financiar o ciclo de exploração. Se o seu valor for negativo, significa
que parte dos financiamentos de curto prazo estão a financiar ativos fixos, o que, por si
só, é um fator de fraqueza da estrutura financeira, que acarreta riscos financeiros. As
aplicações de investimento coincidem com a noção patrimonial de ativo fixo. Quanto
aos recursos estáveis, incluem os capitais próprios e alheios pouco ou nada exigíveis.
Fundo de maneio funcional diferente de fundo de maneio patrimonial.

b) As necessidades de financiamento do ciclo de exploração/NFM; - investimentos


de caráter permanente.
Ligada à necessidade de financiamento do ciclo de exploração. O ciclo de exploração exige
uma serie de meios financeiros para executar os pagamentos das despesas operacionais,
antes ainda de se obter o recebimento do cliente: Pagamento a fornecedores, ao pessoal e
ao fornecimento de serviços. Por isso, é necessário ter assegurado um determinado
montante de dinheiro antes de lançar um ciclo de fabricação.

As NFM representam, quando positivo, as necessidades de financiamento do ciclo de


exploração. Caso o seu valor seja negativo, representam excedentes financeiros do ciclo de
exploração. Assim, resultam da diferença entre necessidades cíclicas (inventário, clientes,
adiamentos a fornecedores, ETC.) e recursos cíclicos (fornecedores, adiamentos de
clientes, outras contas a pagar).

c) Tesouraria líquida.
Tesouraria passiva- resulta de decisões de financiamento de curto prazo,
independentemente do ciclo de exploração.
Tesouraria ativa- resulta de decisões sobre rubricas do ativo, independentemente do
ciclo de exploração.
TRL= FM – NFM FM – NFM maior ou igual a 0

“Investimentos permanentes devem ser financiados por fontes permanentes e


investimentos temporários por fontes temporárias”
Liquidez = FM / NFM
Fornece uma informação sobre a situação de liquidez “muito mais significativa do que
os indicadores tradicionais”.
Estratégias de financiamento
Arriscada:

A empresa entra numa zona de debilidade financeira e risco elevado quando os


capitais permanentes são insuficientes para financiar o ativo fixo (Cperm < AF) e, em
simultâneo, apresenta tesouraria líquida negativa (TRL <0). Neste caso, a sua
capacidade negocial é reduzida e a diversificação de fontes de financiamento
praticamente impossível, sendo, pelo contrário, natural uma concentração das mesmas
face à recusa dos credores em renovar os débitos.

Conservadora:
Princípio tradicional de que o ativo económico de caráter permanente deve ser
financiado pelos capitais permanentes, enquanto os ativos temporários financiados com
capitais de curto prazo. Nesta estratégia, a TRL será nula na baixa do ciclo de exploração
e negativa em qualquer outra altura. Daqui se conclui que a exigência de tesouraria
líquida positiva, ditada pela análise do balanço funcional, não condiz com o
princípio do equilíbrio financeiro mínimo. Mais se conclui que uma empresa pode
apresentar no balanço funcional uma tesouraria líquida negativa e estar
financeiramente equilibrada, bastando para tal que a data de balanço coincida com
a fase alta da sazonalidade e das exigências mais elevadas das aplicações. Assim,
pode-se concluir que uma TRL <0 não é imediatamente sinónimo de desequilíbrio
financeiro.

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