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tudo o que você precisa saber para se dar bem na matéria

 índice

Introdução Página 3

O que você encontrará neste e-book ? Páginas 4 e 5

Como aproveitar ao máximo os recursos deste e-book Páginas 6 e 7

1. Contabilidade Páginas 8 à 11

2. A Importância da contabilidade de custos Páginas 12 à 15

3. Classificação de gastos Páginas 16 à 23

4. Custos fixos e variáveis Páginas 24 à 30

5. Custos diretos e indiretos Páginas 31 e 32

6. Conclusão Página 33
Introdução
A importância da contabilidade de custos vai muito além
da contabilização dos gastos que ocorrem de tempos em
tempos dentro de uma empresa. Na verdade, ela é um
importante instrumento de controle de custos, que pode
contribuir em muitos aspectos — inclusive para tornar a
organização mais competitiva frente aos concorrentes.

Quando feito da forma correta, contabilizar todos os

gastos permite que a empresa consiga manter os preços
competitivos sem que isso afete lucros e nem resultados.

Não por acaso, essa é a razão pela qual a contabilidade de

custos passou a ser parte essencial da gestão estratégica
das empresas. Antes, ela era vista como uma atividade
de apoio para a contabilidade geral e a administração
de materiais. Hoje, é inviável pensar em tocar a gestão
financeira de uma organização sem fazer este trabalho.

3
O que você
encontrará neste
e-book ?

4
O propósito deste material, além de trazer os conceitos básicos da contabilidade de custos,
é também discutir os principais pontos que todos os profissionais e estudantes de
Contabilidade e áreas correlatas ou associadas à gestão devem saber para conhecer mais
profundamente este tema.

Aqui você vai aprender mais sobre:

Por que as empresas devem prestar contas sobre suas transações financeiras;

Quando a contabilidade de custos é importante para a saúde financeira das organizações;

As diferenças entre os 4 principais tipos de gastos (investimentos, custos, despesas e perdas);

Os conceitos de custos fixos e variáveis, diretos e indiretos;

Como a contabilidade se aplica ao dia a dia das empresas.

5
Como aproveitar
ao máximo
os recursos
deste e-book

6
 1. O Título
O índice deste e-book é interativo, ou seja, você pode
clicar sobre o título do capítulo e será automatica-
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7
1. A contabilidade
Independentemente da forma de gestão adotada pelas empresas, todas devem prestar contas
sobre as transações financeiras realizadas em um determinado período de tempo.

Essa prestação de contas nada mais é do que um balanço financeiro - que pode ser mensal ou
anual - de todas as receitas, despesas, ativos e passivos realizados por uma empresa, associação
ou instituição pública.

8
Ativos x Passivos financeiros
Um dos primeiros conceitos que todo bom
aluno de Contabilidade deve saber é o de ati-
vo e passivo financeiros. Enquanto o primeiro
corresponde aos bens e direitos que perten-
cem à empresa, o segundo é o saldo de todas
as obrigações devidas.
Na prática, o ativo seria uma conta a receber
e o passivo, uma conta a pagar. Tudo isso en-
tra no dia a dia dos balanços contábeis.
Capital próprio x Capital de terceiros
Em Contabilidade Geral, também é ensinado
que as empresas são entes dotados de inde-
pendência patrimonial e financeira. O capital
destinado para a sua formação pode ser pró-
prio ou oriundo de terceiros.
Quando ele é próprio, significa que foi integra-
do por sócios ou acionistas - seja no ato de sua
constituição ou no decorrer do tempo.
Quando o dinheiro vem de terceiros, isso quer
dizer que é proveniente de pessoas interessa-
das que não compõem os quadros societários
ou de acionistas da empresa.
Neste caso, os valores investidos por eles de-
vem ser contabilizados no campo do passivo
que compreende o exigível, pois há uma pre-
visão de pagamento tanto em curto quanto
em longo prazo.
Seja de um modo ou do outro, as empresas
têm por obrigação prestar contas para os
chamados players.
Estes são grupos formados por governos,
sócios e acionistas, além de fornecedores e
funcionários, que, dentro de suas próprias
perspectivas, têm interesse nos resultados
da organização da qual fazem parte.
9
Vejamos alguns exemplos:

Fornecedores desejam saber se poderão entregar seus produtos ou mesmo firmar

alianças estratégicas sem que haja riscos de não serem pagos pelo serviço prestado - ou até
mesmo de uma possível falência;

Sócios e acionistas, por sua vez, querem saber como o capital investido na empresa
está sendo administrado;

No mesmo sentido, a sociedade como um todo espera que parte do lucro esteja sendo
revertido em benefícios para a comunidade;

Já os funcionários querem ter a certeza de que seus salários serão pagos em dia e saber
como ficarão os bônus sobre os resultados conquistados;

O governo, por fim, exige que sejam feitos pagamentos de tributos aos cofres públicos.
E isso também deve entrar na contabilidade da empresa.

10
A partir dos instrumentos contábeis, é possível Balanço Patrimonial
entender o fluxo financeiro da organização.
Ativo Passivo + Patrimônio Líquido

Os principais são: balanço patrimonial, de- Ativo não circulante Passivo não circulante
monstração do resultado, demonstração de Ativo Realizável a Longo Prazo (ARLP) Patrimônio líquido
Investimentos
lucros ou prejuízos acumulados e demonstra- Imobilizado
Capital
Reservas
ção do fluxo de caixa, entre outros. Intangível Outros Resultados Abrangentes
Contas redutoras

Todos eles contribuem para as tomadas de

decisões dentro das empresas. As movimen-
tações financeiras passam pela contabilidade,
cujas bases estão previstas em legislações
específicas e atendem aos interesses dos di-
versos públicos.
Segundo os professores Paulo Viceconti e
Silvério das Neves, acadêmicos renomados
da área contábil, a Contabilidade Geral de-
corre da necessidade do controle do patri-
mônio da empresa, além da apuração dos
resultados financeiros.
Total Ativo Total passivo + PL
Ela também contribui especificamente para o
controle de todos os gastos dos departamen-
tos que compõem uma organização. Por meio
dela, ainda é possível compreender a forma
como cada responsável pelas áreas internas
administra os recursos que lhes são destina-
dos - o que permite ter um controle mais fácil
e seguro sobre todos os gastos da empresa
em um determinado período.

11
2. A importância
da contabilidade
de custos

12
Como mencionamos anteriormente, as orga-
nizações empresariais são pressionadas pelos
mais diversos setores da sociedade para pres-
tar contas sobre todas as transações financei-
ras realizadas.
Mas outro aspecto que merece destaque, e
que também joga luz sobre a importância da
contabilidade de custos, é a expectativa que
o próprio consumidor final cria em torno dos
produtos e serviços que uma determinada
empresa oferece.
A depender do ramo em que a empresa está
inserida, os consumidores também espe-
ram receber produtos de qualidade e a pre-
ços acessíveis — o que é fundamental em
meio à infinidade de concorrentes existentes
hoje em dia.
As organizações estão cientes disso, e por isso
investem grandes quantidades de dinheiro
em equipamentos, maquinários, instalações e,
dependendo do porte da empresa, até mesmo
em projetos e pesquisas, a fim de tornar suas
unidades de produção mais eficientes.
Fora tudo isso, os produtos e serviços tam-
bém devem atender às diversas legislações e
diretrizes dos órgãos da administração públi-
ca, o que também gera dispêndios que preci-
sam ser contabilizados.
Dia a dia das empresas
Todas essas atividades requerem um trabalho
de inteligência e envolvem diversos depar-
tamentos. A entrega dos produtos e serviços
capazes de atender aos anseios do público-
-alvo não seria possível sem as pesquisas de
mercado, realizadas pelo departamento de
marketing, por exemplo. É por meio das in-
formações obtidas com este trabalho que a
produção tem condições de produzir os bens
que atenderão à demanda.
13
Da mesma forma, sem os esforços de comu- equilíbrio, pois abaixar os valores também
nicação, de pouco adianta à organização ter pode prejudicar os resultados financeiras da
o produto mais inovador do mercado. Isso própria empresa.
porque, sem as campanhas promocionais, os
clientes dificilmente conheceriam os benefí- Mas o que tudo isso tem a ver
cios que produtos ou serviços têm para ofe- com contabilidade?
recer, de modo que somente os diferenciais
impetrados na oferta não conseguiriam justi-
ficar os valores cobrados. Balanço Patrimonial

Ativo Passivo + PL
Ainda, se estes produtos ou serviços não esti- ICMS a Recolher 90.000,00
verem expostos nos locais e horários adequa-
Disponível 702.000,00
Empréstimo bancário 110.000,00
Ações disponíveis p/ venda 220.000,00

dos, os esforços anteriores tampouco surtirão

CSLL a Pagar 31.860,00
Estoques 82.000,00
IRPJ a Pagar 86.500,00

qualquer tipo de resultado. E o pior: se eles

ATIVO CIRCULANTE 1.004.000,00 PASSIVO CIRCULANTE 318.360,00
Investimento Permanente 300.000,00 Capital 800.000,00

nem ao menos estiverem disponíveis após Imobilizado

(–) Depreciação Acumulada
160.000,00 Ajuste Conversão Cambial
Ajuste Avaliação Patrimonial
75.000,00
20.000,00
–15.000,00
a divulgação, os resultados poderão ser não ATIVO NÃO CIRCULANTE 445.000,00
Reservas de Lucros 235.640,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.130.640,00
menos que catastróficos e a empresa verá to-
dos os seus esforços gerando demanda para
TOTAL DO ATIVO 1.449.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 1.449.000,00

a concorrência.

Por fim, os preços dos produtos também de-
vem estar dentro das expectativas dos consu-
midores, sob o risco de não ter aceitação. No
entanto, é importante sempre encontrar um
As situações apresentadas acima ilustram a
realidade de qualquer empresa. São esforços
comuns que fazem parte da rotina dos mais
dos diversos departamentos, que têm como
14
objetivo fazer a organização crescer dentro do
seu respectivo mercado. Porém, executar todas
essas tarefas requer uma série de gastos.
E é justamente por essa razão que a gestão
de custos é tão necessária. A análise das fer-
ramentas contábeis nos faz entender que os
dispêndios ocorrem com mais frequência se
comparado às entradas de receitas. Geralmen-
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Receita de Vendas
(–) CMV
(=) Lucro Bruto
(–) Despesas Operacionais
(–) Despesa de Depreciação
(=) Lucro antes das Receitas e Despesas
Financeiras
(–) Despesas Financeiras
(+) Receitas Financeiras
(=) Lucro antes dos tributos sobre o lucro
(–) CSLL
(–) IRPJ
(=) Lucro Líquido do Exercício
te, elas se dão a partir das operações e das
vendas dos ativos, que muitas vezes não cor-
respondem às atividades centrais da empresa.
São as chamadas receitas não operacionais.
Se por um lado as vendas contribuem para o
incremento dos lucros, sendo estas as ativi-
dades de maior exigência em todas as com-
panias, por outro, o controle dos gastos tem
um papel fundamental no equilíbrio dos re-
sultados. E é aí que entra o papel importan-
tíssimo da contabilidade de custos.
R$ 820.000,00 Em circunstâncias de estabilidade econômi-
- R$ 328.000,00
R$ 492.000,00
ca, ela corrobora para os lucros e atende aos
- R$ 120.000,00 interesses dos sócios e dos acionistas. Já em
- R$ 15.000,00 tempos de instabilidade, contribui para a se-
R$ 357.000,00
gurança das atividades, evitando que haja
- R$5.000,00
R$ 2.000,00
saídas de dinheiro desnecessárias. Esse con-
R$ 354.000,00 trole serve justamente para impedir que me-
- R$ 31.860,00 didas drásticas sejam tomadas por impulso e
- R$ 86.500,00
R$ 235.640,00
oferecem aos gestores condições de tomar es-
sas decisões com inteligência e embasamento.
15
3. Classificação
dos gastos

16
Mas, então, como fazer contabilidade de cus-
tos na prática? Primeiramente, é necessário
saber como se classifica cada um dos gastos.
Aqui, é possível notar o cuidado ao empre-
gar o termo “gastos” em seu sentido amplo. A
terminologia foi adotada para facilitar a com-
preensão e evitar possíveis confusões. Po-
rém, usar a nomenclatura em sua forma ge-
nérica, a depender da ocasião, pode não soar
da forma correta.
Entenda: os gastos devem ser compreendidos
como gênero. Eles decorrem dos dispêndios
realizados pelas empresas na consumação dos
resultados pretendidos. Por exemplo, a compra
de um novo veículo para completar a frota.
De acordo com os autores Paulo Viceconti e
Silvério das Neves, o conceito de gastos é a
“renúncia de um ativo pela entidade com a
finalidade de obtenção de um bem ou servi-
ço, representada pela entrega ou promessa
de bens ou direitos (normalmente dinhei-
ro)”. Os dois acadêmicos entendem que os
gastos se concretizam quando os bens e os
serviços passam a ser de fato de proprieda-
de da empresa.
Os pagamentos de salários dos funcionários,
a aquisição de matéria-prima e a compra de
títulos da dívida pública são alguns exemplos
de gastos. Mas quais são as diferenças entre
eles? Os gastos podem ser classificados da
seguinte forma:
Investimentos;
Despesas;
Custos;
Perdas.
A seguir, explicamos melhor cada um deles:
17
3.1. Investimentos “ativo permanente” no Balanço Patrimonial,
que compõe o “Ativo Não Circulante”. Este
Os professores Viceconti e Neves definem in-
vestimentos como “gastos com bem ou servi- campo divide-se em imobilizado e diferido.
ço ativado em função de sua vida útil ou de No “Ativo Permanente”, ainda, estão os recur-
benefícios atribuíveis a períodos futuros”. sos adquiridos quando não há expectativa de
retorno imediato.
Ou seja, as empresas usam o dinheiro que têm
disponível com o intuito de obter retorno no
Balanço Patrimonial
médio e no longo prazo. As decisões financei-
Ativo Passivo + PL
ras tomadas neste sentido, portanto, podem
BENS R$ 2,300,00 Passivo
ser compreendidas como investimentos. Obrigações R$ 1,100,00

A principal característica deste tipo de gas- Direitos R$ 2.800,00 PL/SL R$ 4.000,00

to é que os recursos são empregados com o

objetivo de atingir resultados futuros, dife- TOTAL R$ 5.100,00 TOTAL R$ 5.100,00

rentemente daqueles que são realizados para

atender às necessidades imediatas e de curto
prazo. Como exemplos, podemos citar a aqui-
sição de móveis e utensílios, marcas e paten-
tes e materiais de escritório como espécies
de investimentos, em virtude de sua natureza.
Na contabilidade, os itens descritos acima
seriam classificados como investimentos de
Peguemos como exemplo uma transportado-
ra que compra caminhões para aumentar sua
frota. Nenhuma empresa deste segmento —
com exceção de revendedoras de veículos de
cargas — compra caminhões para vendê-los
logo em seguida. Quando adquiridos, a pers-
pectiva é de imobilizá-los e incorporá-los nas

18
operações da empresa. Este seria, portanto,
um tipo de investimento essencial ao cresci-
mento desta transportadora.
3.2. Custos
Novamente segundo os professores ante-
riormente citados, custos seriam “gastos
relativos a bem ou serviço utilizado na pro-
dução de outros bens e serviços”. Em outras
palavras, são todos os gastos relativos à ati-
vidade de produção.
Os custos, assim como os investimentos, são
espécies de gastos. Contudo, eles se diferem
por serem aplicados no processo de produ-
ção. Ou seja, todos os gastos empresariais
destinados à produção de bens ou serviços
devem ser classificados como custos.
Como exemplos, podemos destacar os valo-
res empregados em energia elétrica, maté-
ria-prima, mão de obra dos funcionários da
fábrica ou na manutenção dos equipamen-
tos. Ou seja, se a gestão dos gastos, de forma
geral, tem o potencial de equilibrar os re-
sultados financeiros, tornando-os favoráveis,
a gestão de custos atina aos custos totais
do produto. Na prática, isso significa que ela
permite que os preços dos produtos sejam
mais competitivos.
A partir desta reflexão, entendemos que a
contabilidade dos custos não opera isolada-
mente. Na realidade, ela é o braço da conta-
bilidade que interage com os departamentos
de aquisição, produção, logística, marketing e
projetos, entre outros. As informações decor-
rentes deste relacionamento também contri-
buem para a tomada de decisão.
Deve ficar claro que as atividades dos depar-
tamentos ligados à produção — com exceção
do setor responsável por aquisição — não
compreenderão os custos necessariamente,
mas poderão influenciá-los.
Os esforços de marketing, por exemplo, depen-
dem de pesquisas de mercado, que por sua vez
19
requerem gastos. Conforme será visto mais a
frente, esses gastos são denominados despesas.
Por meio dessa atividade, o departamento de
produção será mais assertivo na hora de produ-
zir os bens e poderá reduz custos e outros gas-
tos, como perdas decorrentes deste processo.
Sem isso, imagine quanto dinheiro será per-
dido se o produto não for aceito pelos con-
sumidores. Este raciocínio vale para as de-
mais áreas também.
Para compreender melhor, criamos a situação
hipotética abaixo que servirá de ilustração
para o que estamos discutindo.
Dependendo da demanda a ser atendida, a
compra de uma máquina pode representar
o aumento dos custos no curto prazo. Porém,
com o aumento da produtividade, a empre-
sa terá condições de atender a um número
maior de compradores, o que resultará na re-
dução dos custos totais de produção e tornará
os preços unitários ainda mais interessantes.
Veja abaixo:
Máquina 1
200 peças/ período = custo total
R$ 10.000,00 (10.000,00 / 200= R$ 50,00)
Máquina 2
500 peças / período = custo total
R$ 20.000,00 (20.000,00 / 500= R$ 40,00)
No exemplo acima, apesar dos custos totais
terem duplicado, o volume de peças produzi-
das cresceu em uma proporção ainda maior
e permitiu que os custos unitários se tornas-
sem mais baixos.
Neste caso, isso significa que o investimento
é viável? Não necessariamente! É preciso me-
dir outras variáveis, como o custo total da má-
quina — que engloba os gastos de aquisição
20
—, instalações, treinamento dos funcionários
e adequações de infraestrutura, entre outros.
É indispensável considerar também o retorno
sobre o investimento (ROI). Quanto tempo o
valor investido levará para retornar à empre-
sa? Haverá demanda suficiente para o consu-
mo da nova produção?
Para prever todas essas questões, é necessário
que gestores tenham noções de contabilida-
de para ampliarem as possibilidades de suas
decisões serem sempre as mais adequadas.
Importante!
Paulo Viceconti e Silvério das Neves tam-
bém lembram que existem categorias que
em dado momento podem ser investimentos,
mas que eventualmente poderão ser classi-
ficadas como custos também. Exemplo disso
é o estoque de matéria-prima, cujo campo se
encontra no ativo circulante.
Apesar de existir a intenção de transformar os
insumos de produção em disponibilidades no
curto prazo, a matéria-prima, enquanto esto-
que, pode ser considerada um investimento.
Quando enviada à produção, porém, passa a ser
um encarada como um tipo de custo. Quando
estocado novamente, o produto-acabado volta
a ser um investimento.
3.3. Despesas
O terceiro tipo de gasto comum às empresas
é o que chamamos de despesas. Para os auto-
res Viceconti e Neves, elas são inerentes aos
bens e serviços que não são aplicados no pro-
cesso de produção. Todos os valores gastos
com as áreas periféricas da fábrica podem ser
compreendidos como despesa, entre eles os
materiais de escritório, funcionários da recep-
ção e equipes de vendas, entre outros.
A análise do Demonstrativo do Resultado do
Exercício abaixo leva a uma compreensão
mais adequada desta classificação:
21
 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Receita operacional bruta R$ 80.000,00

(–) Deduções
ICMS 18%
Receita operacional líquida R$ 65.600,00
(–) Custos - R$ 20.000,00
Lucro operacional bruto R$ 45.600,00
(–) Despesas operacionais
Administrativa - R$ 5.000,00
Vendas - R$ 12.000,00
Financeira - R$ 1.000,00
Lucro operacional líquido R$ 27.600,00
(-) Outras despesas - R$ 5.000,00
Lucro antes do imposto de renda R$ 22.600,00
(-) Imposto de renda 15%
Lucro depois do imposto de renda R$ 19,210,00
Lucro líquido R$ 19,210,00

Os professores Viceconti e Neves observam que separar os custos das despesas, dentro do proces-
so de fabricação, nem sempre é uma tarefa simples. Para diferenciar uma coisa da outra, uma dica
é assumir que todos os gastos realizados com o produto até que este esteja pronto podem ser
entendidos como custos. Depois disso, eles passam a ser despesas.

22
3.4. Perdas
Por fim, temos a quarta e última classificação
de gastos: as perdas.
Até aqui, os três tipos de gastos que explica-
mos acima diziam respeito especificamente
aos gastos empregados nas diversas ativi-
dades organizacionais. Entretanto, existem
gastos que ocorrem de maneira involuntária.
Ou seja, sem que os gestores tenham a in-
tenção de realizá-los.
Segundo os autores, as perdas estão condicio-
nadas a duas causas: fatores externos fortuitos
e aqueles decorrentes da atividade produtiva
normal. Na primeira, podem ser provocadas
por intempéries, terremotos, enchentes etc.
Quando estes ocorrem, evidentemente não é
porque os gestores optaram por abrir mão dos
recursos para atender a uma necessidade.
Já na segunda, estão as perdas decorrentes
do processo de produção. O exemplo mais
comum disso são os refugos (ou restos, que
acabam sendo desprezados ao final de todo
o processo). Para evitá-los, a produção apro-
veita a maior quantidade possível da maté-
ria-prima e evita os desperdícios.
No entanto, as perdas podem se dar, também,
pela obsolescência do produto. Isso ocorre
principalmente quando a legislação muda e
exige a substituição de um determinado bem.
A depender do produto, este poderá ficar nos
estoques sem poder ser comercializado.
Mas as perdas também podem estar atrela-
das aos seus respectivos prazos de valida-
de. É neste sentido que a administração de
materiais está intimamente ligada à contabi-
lidade de custos.
Quando a primeira falha por algum motivo,
os custos envolvidos nos dispêndios — des-
necessários, porém involuntários — acabam
tendo que ser contabilizados também.
23
4. Custos fixos e
custos variáveis

24

Da mesma forma que podemos classificar os
gastos de uma empresa de acordo com sua
natureza, também podemos classificar os
custos em pelo menos duas categorias: fixos
e variáveis.
Paulo Viceconti e Silvério das Neves concei-
tuam os custos fixos como “aqueles cujos
valores são os mesmos qualquer que seja o
volume de produção da empresa”. Exemplos
seriam os aluguéis, salários dos funcionários
e depreciação das máquinas, entre outros.
O que tudo isso tem em comum? Indepen-
dentemente do quanto se produz, os valores
não se mantêm os mesmos.
Já os custos variáveis são o oposto: “aqueles
cujos valores se alteram em razão do volume
de produção da empresa”. A matéria-prima é
o exemplo mais clássico deste tipo de custo.
Parece simples, mas na prática é muito fá-
cil confundir o custo fixo com o variável. Por
exemplo: apesar do valor variar mês a mês,
as contas com energia elétrica não entram na
categoria de custos variáveis, pois é um gasto
fixo. Independentemente do valor, todo mês a
empresa terá de arcar com este custo.
O mesmo ocorre com o pagamento das horas
extras de funcionários: por mais que o nú-
mero de horas varie de acordo com o mês, é
necessário sempre destinar parte do dinheiro
para este fim.
Por isso, a melhor forma de definir custos va-
riáveis é: custos totais que variam de acordo
com o volume da produção.
A análise do gráfico a seguir permite uma
compreensão mais adequada:
25
 CUSTOS FIXOS E CUSTOS VARIÁVEIS
R$160.00

R$140.00

R$120.00

R$100.00

R$80.00

R$60.00

R$40.00

R$20.00

R$-
Quantidade 0 Quantidade 1 Quantidade 2 Quantidade 3 Quantidade 4 Quantidade 5

custos variáveis custos totais

Custos fixos Custos variáveis Custos totais

Quantidade 0 R$ 100,00 - R$ 100,00

Quantidade 1 R$ 100,00 R$ 10,00 R$ 110,00
Quantidade 2 R$ 100,00 R$ 20,00 R$ 120,00
Quantidade 3 R$ 100,00 R$ 30,00 R$ 130,00
Quantidade 4 R$ 100,00 R$ 40,00 R$ 140,00
Quantidade 5 R$ 100,00 R$ 50,00 R$ 150,00

26
Como é possível observar, a soma dos custos fixos com os custos variáveis resulta no valor de
custos totais. Eles tendem a ser crescentes à medida que a produção evolui. Todavia, os custos
fixos unitários, conforme a produção aumenta, passam a ser decrescentes, enquanto os unitários
permanecem iguais. O gráfico abaixo permite um melhor entendimento:

R$120.00

R$100.00

R$80.00

R$60.00

R$40.00

R$20.00

R$-
Quantidade 0 Quantidade 1 Quantidade 2 Quantidade 3 Quantidade 4 Quantidade 5

custos variáveis unitários custos totais unitários

Custos fixos unitários Custos variáveis unitários Custos totais unitários

Quantidade 0 R$ 100,00 - R$ 100,00

Quantidade 1 R$ 100,00 R$ 10,00 R$ 110,00
Quantidade 2 R$ 50,00 R$ 10,00 R$ 60,00
Quantidade 3 R$ 33,33 R$ 10,00 R$ 43,33
Quantidade 4 R$ 25,00 R$ 10,00 R$ 35,00
Quantidade 5 R$ 20,00 R$ 10,00 R$ 30,00

27
Enquanto os custos variáveis unitários (cus-
tos variáveis divididos pelas unidades pro-
duzidas) se mantêm constantes ao longo do
tempo, os custos fixos unitários (custos fixos
divididos pelas unidades produzidas) são re-
duzidos de acordo com as quantidades pro-
duzidas. A soma dos dois custos unitários re-
sulta no custo unitário médio, que também
decresce com o aumento da produtividade.
Por isso é tão importante separar os custos
totais dos custos unitários. Se por um lado
os custos totais tendem a ser maiores com
as quantidades produzidas, por outro, quando
diluídos, eles serão menores.
Outro ponto a ser destacado envolve os cus-
tos variáveis: quanto mais enxuta for a pro-
dução e quanto menos perda de insumos
houver, menor será esse tipo de gasto.
4.1. Custos semivariáveis
De acordo com Paulo Viceconti e Silvério
das Neves, existem categorias de custos que
podem ter uma parte fixa e a outra variável.
Exemplo disso é a conta do serviço telefôni-
co da fábrica. Nesse caso, os contratantes são
obrigados a pagar pela assinatura do serviço,
independentemente do quanto vão usar no
período. Já a parte variável é paga de acordo
com a utilização do serviço.
Outro exemplo bastante usual são os serviços
dos profissionais técnicos. As empresas normal-
mente mantêm contratos com os fornecedores
para tê-los disponíveis sempre que precisarem.
No entanto, o valor adicional é cobrado com
base nas horas utilizadas naquele período.
4.2. Custos semifixos ou por degraus
À primeira vista pode parecer um tanto com-
plexo, mas o conceito não difere muito daque-
le visto em custos semivariáveis.
Os professores, inclusive, afirmam que mui-
tos acadêmicos não distinguem os dois con-
ceitos, denominando-os de “custos mistos”.
Argumentam, ainda, que existem os custos
com uma parcela fixa e a outra variável.
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Para entender o conceito trazido pelos escritores, custos semifixos são aqueles que se mantêm
fixos em determinadas faixas de produção. Porém, sofrem variações quando há uma variação no
volume produzido. Como exemplo, eles citam o caso de uma empresa que emprega um supervi-
sor de produção para cada vinte mil peças fabricadas. Nesse caso há um gasto de R$ 120.000,00.
À medida em que a produção dobra, o custo crescerá proporcionalmente.
Porém, ao ultrapassar o limite, o custo total será o do próximo degrau. Neste caso, independen-
temente da produção ser 20.001 ou 40.000 unidades, o custo total será de R$ 240.000,00. A tabela
a seguir permite uma compreensão mais exata:

Volume de produção Quantidade necessária Custos em R$

de supervisores (SALÁRIOS + ENCARGOS)

0 - 20.000 1 120.000,00
20.001 - 40.000 2 240.000,00
40.001 - 60.000 3 360.000,00
60.001 - 80.000 4 480.000,00

4.3. Despesas fixas e despesas variáveis

As despesas seguem os mesmos padrões dos custos, dividindo-se em despesas fixas e variáveis.
Porém, o indicativo são os volumes de vendas e não os de produção, conforme sinalizam os pro-
fessores Viceconti e Neves.

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É sempre válido lembrar que as despesas podem ser de ordem financeira ou administrativa. Por
exemplo: as tarifas cobradas pelas instituições financeiras, que geram uma despesa mensal, são
chamadas de despesas fixas. Já as tarifas cobradas pela quantidade de boletos emitidos são deno-
minadas variáveis.
Outro aspecto importante que merece destaque: mesmo que seus respectivos valores sejam alte-
rados ao longo dos períodos, elas não deixam de ser uma despesa fixa. Exemplo: o aluguel do es-
critório pode sofrer reajustes no período de três anos. Mesmo com as variações de preços, ele não
deve ser classificado como variável. O valor final independerá do volume produzido no período.

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5. Custos diretos
e indiretos

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Esta classificação, por sua vez, consiste nos
custos diretos e nos custos indiretos de fabri-
cação (CIF’s).
Custos diretos são aqueles que podem ser
apropriados objetivamente ao produto. Isso
significa que o gestor tem condições de ava-
liar quanto cada bem ou serviço consumiu di-
retamente dos recursos de produção.
Já os indiretos são aqueles inerentes aos va-
lores que não podem ser apropriados objeti-
vamente. Os gestores não têm condições de
especificar quanto de material ou de mão de
obra foi utilizado na fabricação de cada peça.
O exemplo a seguir permite entender a di-
ferença: a construção de um armário requer
uma quantidade de insumos de produção —
matéria-prima, tinta, cola, parafusos, mão de
obra, ferramentas etc.
Os gestores devem avaliar quantas horas cada
funcionário da linha de montagem gastou
para realizar uma tarefa, mas não conseguem
fazer o mesmo controle em relação aos profis-
sionais que cuidam da limpeza da fábrica.
O gestor pode saber quantos metros de ma-
deira, fórmica, borracha e vidro são utiliza-
dos para fabricar o móvel, bem como a quan-
tidade de parafusos e até mesmo de tinta
são necessários.
Porém, é mais difícil medir a quantidade de
cola, depreciação das máquinas e de energia
elétrica empregada para fabricação de cada
produto. Neste caso, os primeiros são custos
diretos e os segundos, custos indiretos.
Como não é possível apropriar os custos indi-
retos de fabricação, como ocorre com os cus-
tos diretos, é preciso fazer o rateio.
Apenas assim será possível alocá-los. Para
tanto, são usadas inúmeras técnicas que per-
mitem distribuir os custos com base em crité-
rios previamente adotados.
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6. Conclusão
Os pontos trabalhados neste e-book são a base para qualquer estudante compreender os fun-
damentos da Contabilidade de Custos. A partir dos conceitos tratados aqui, os alunos dos cur-
sos de Administração de Empresas, Contabilidade e outros correlatos à gestão terão condições
de aprofundar seus conhecimentos sobre os tópicos que compõem a matéria, como as políticas
de rateio dos custos ou mesmo o processo de formação dos preços.
O conteúdo trazido são os pontos de sustentação para esses outros temas. É fundamental
compreender primeiro os conceitos apresentados aqui para garantir uma performance ainda
melhor nos seguintes.
O diferencial da Contabilidade de Custos é a sua conexão com as outras matérias, em razão de
seu caráter estratégico. Por isso, quando o estudante ou o profissional se volta para as carac-
terísticas da contabilidade, os resultados certamente serão os mais significativos. E isso tanto
para a carreira do indivíduo quanto para os resultados da empresa que presta serviços.
Independentemente de qual seja a área de atuação, o profissional deve conhecer os funda-
mentos da contabilidade de custos — principalmente se tiver a intenção de galgar importantes
cargos em sua carreira.

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