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Índices para Análise Financeira de

Demonstrações Financeiras

Disciplina: Análise das Demonstrações


Financeiras

Prof. Egberto L. Teles


Introdução

Para efetuarmos uma análise profissional das demonstrações financeiras devemos


inicialmente:
a) simplificar os dados das demonstrações realizando arrendodamentos e/ou
efetuando o corte de zeros;
b) é aconselhável agrupar certos itens que têm natureza semelhante;
c) depurar as demonstrações financeiras, ou seja, adequar as demonstrações
financeiras com o intuito de analisá-las. Isso significa fazer algumas modificações
na forma de apresentação das demonstrações e nas classificações das contas.
Índices na Avaliação de Demonstrações Contábeis

Quociente – resultado da divisão de um número (dividendo) por um outro (divisor); número que
indica quantas vezes o dividendo contém o divisor.

Ratio – índice, relação, quociente, proporção.

Índices – relações que se estabelecem entre duas grandezas; facilitam sensivelmente o trabalho
do analista, uma vez que a indicação de certas relações ou percentuais é mais significativa que a
observação de montantes, por si só. O índice de um número é o quociente do primeiro dividido
pelo segundo.

Observação: utilizaremos o termo índice como sinônimo de quociente.


Análise da Liquidez

Toda a aplicação de recursos no ativo deve ser financiada com fundos levantados a um
prazo de recuperação proporcional à aplicação efetuada. Ou seja, é necessário que o prazo de
retorno dos financiamentos efetuados seja maior ou, pelo menos, igual ao prazo de liquidez de
seus correspondentes ativos. Apesar de ter importância fundamental na análise de uma empresa,
os índices de liquidez têm a restrição de não evidenciar os problemas de liquidez que podem
surgir com o não “casamento” de prazos dos passivos exigíveis com os prazos necessários para
a transformação dos ativos em dinheiro. Índices de Liquidez são utilizados para avaliar a
capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa
tem capacidade para saldar seus compromissos. Quanto maior os índices, maior a liquidez.
Índice de Liquidez Corrente (current ratio) – medida de liquidez calculada pela
divisão do ativo circulante da empresa por seu passivo circulante. Um baixo índice
de liquidez pode significar que a empresa irá enfrentar problemas para honrar seus
compromissos de curto prazo; por outro lado, um altíssimo índice de liquidez
corrente pode significar que a empresa tem uma grande quantidade de recursos
alocados em ativos não produtivos.

Sua fórmula é: ILC = (AC / PC)


Índice de Liquidez Seca ou teste ácido (acid-test ratio) – medida de liquidez
usada quando se supõe que uma empresa possui estoques com liquidez não
imediata. É calculado dividindo-se o ativo circulante menos o estoque (e outros
ativos sem liquidez como despesas antecipadas) pelo passivo circulante. O
quociente apresenta uma posição bastante conservadora da liquidez da empresa
em determinado momento. É uma medida de habilidade da empresa em pagar suas
obrigações de curto prazo, sem recorrer à venda de seus estoques.

Sua fórmula é: ILS = (AC – Estoques – Despesas Antecipadas) / PC.


Índice de liquidez geral – serve para detectar a saúde financeira (no que se refere
à liquidez) de longo prazo do empreendimento. Mede quanto à empresa possui de
recursos não aplicados em ativos permanentes para cada real de dívida com
terceiros. É aferida da soma do ativo circulante com o realizável a longo prazo
dividida pelo exigível total. Se o índice for menor que 1, a empresa dependerá em
maior extensão de lucros futuros, renovação das dívidas ou vendas de ativo
permanente para manter-se solvente.

Sua fórmula é: ILG = (ativo circulante + ativo realizável a longo prazo) / (passivo
circulante + passivo não circulante).
Capital Circulante Líquido (capital de giro) - É representado pelos
recursos de curto prazo disponíveis para financiamento das atividades da
empresa. É medido pela diferença entre o ativo e o passivo circulantes.

Sua fórmula é: CCL = AC - PC

Variação do Capital Circulante Líquido – mostra a variação do capital


circulante líquido de um período para o outro e indiretamente representa a
variação do índice de liquidez corrente de um período para outro.
Análise do Endividamento (debt to asset ) ou Estrutura de Capital.

Índice de Participação de Capitais de Terceiros nos Recursos Totais –


representa a participação dos capitais de terceiros em relação ao passivo total
somado ao PL.

Sua fórmula é: IPCT = [(PC + PÑC) / (PC + PÑC + PL)] x 100


Índice de Composição do Endividamento (Participação das Dívidas de Curto
Prazo sobre o Endividamento Total) - forma de análise de endividamento que
representa a composição do endividamento ou qual a parcela que vence no curto
prazo, em relação ao endividamento total.

Sua fórmula é: ICE = [(PC) / (PC + PÑC)] x 100.


Índice de capitais de terceiros sobre capitais próprios (debt-equity ratio) ou
Alavancagem – forma de análise de endividamento que representa outro modo de observar a
dependência de recursos de terceiros. Do ponto de vista estritamente financeiro, quanto maior
esse índice menor a liberdade de decisões financeiras da empresa ou maior a dependência a
esses terceiros. Se esse quociente, durante vários anos, for consistente e acentuadamente
maior que um, denotaria uma dependência exagerada de recursos de terceiros. Um índice
muito grande pode indicar o risco de insolvência. Por outro lado, a alavancagem total pode ser
importante quando as margens de lucro são pequenas e existe a necessidade de aumentar a
lucratividade dos acionistas. Os bancos usam a liquidez e a relativa estabilidade dos fluxos de
caixa dos serviços financeiros para permitir um uso mais amplo da dívida.
Sua fórmula é: IA = [(PC + PÑC) / (PL)].
Índice de Participação de Passivos Onerosos sobre o Endividamento
Total – representa a relação entre os Passivos Onerosos, tanto de curto como
de longo prazo, e o endividamento total.

Sua fórmula é: IPPO = [Passivos Onerosos (financiamentos bancários,


debêntures, etc) / Endividamento Total (PC + PÑC) ] x 100.
Índice de imobilização do patrimônio líquido – este quociente retrata qual a
porcentagem dos recursos próprios que está investida no ativo permanente da
empresa (imóveis, máquinas e equipamentos, e outros). O ideal seria a
empresa ter um patrimônio líquido suficiente para cobrir o ativo permanente e
ainda sobrar recursos para financiar o ativo circulante.

Sua fórmula é: IIPL = (AÑC INVEST. IMOB. INTANG. / Patrimônio líquido) x


100.
Índice de imobilização dos Recursos não Correntes – este quociente retrata
qual a porcentagem dos recursos não correntes (PELP + PL) que está alocada
ao ativo permanente. Caso esse índice seja muito alto (maior que 100), a
empresa correrá um risco de insolvência razoável. Significará que os
investimentos no ativo permanente foram financiados por recursos próprios,
recursos a longo prazo, bem como recursos a curto prazo.

Sua fórmula é: IIRNC = [(AÑC INVEST. IMOB. INTANG.) / (PÑC + PL)] x 100.
Análise da Rentabilidade e Comportamento de Receitas/Despesas

Os Índices de Rentabilidade são indicadores econômicos utilizados na análise


empresarial voltada para a rentabilidade da empresa, para seu potencial de
vendas, para sua habilidade em gerar resultados, para a evolução das despesas
etc. Medidas de lucratividade pelas quais se estabelece a relação entre lucro e
vendas, lucro e ativos, lucro e patrimônio líquido. As mais comuns são: margem
bruta, margem líquida, retorno sobre ativo, retorno sobre patrimônio líquido.
Índice de Giro do Ativo – indica quantas vezes os ativos giram por ano em relação
às vendas líquidas. Quanto a empresa vendeu para cada R$ 1,00 de investimento
total. A multiplicação do giro do ativo e a margem líquida dá como resultado o
retorno sobre o ativo. O sucesso empresarial depende em primeiro lugar de um
volume de vendas adequado ao investimento efetuado na mesma. Assim o volume
de vendas tem relação direta com o montante de investimentos.

Sua fórmula é: IGA = (Vendas Líquidas / Ativo Total Médio).


Margem Bruta – indica a rentabilidade primária (bruta) das operações da empresa. Sua
fórmula é: MB = (Lucro Bruto / Vendas Líquidas) x 100.

Margem Líquida – lucros como porcentagem de vendas constituem uma medida habitual da
lucratividade. Mais importante do que a análise do índice anual isolado é verificar o que está
acontecendo com esse índice ao longo do tempo. Sua fórmula é: ML = (lucro líquido /
vendas líquidas) x 100.

Margem Operacional – deve evidenciar a relação entre o resultado operacional e as vendas


líquidas. Sua fórmula é: MO = (lucro operacional / vendas líquidas) x 100.
Índice de Retorno sobre o Ativo Total (ROI - Return on Investment) – representa o
quanto a empresa obtém de lucro em relação ao ativo total. Se uma empresa é capaz
de obter um retorno mais alto em ativos do que o custo desse investimento no ativo, ou
seja, o custo do financiamento do ativo, seus investidores irão usufruir dessa margem
diferencial.

Sua fórmula é: IRAT = (lucro líquido / ativo total médio) x 100.


Índice de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE - Return on Equity) –
significa o retorno líquido que os acionistas tiveram em relação ao investimento
na empresa. Intuitivamente significa o retorno sobre o capital do dono da
empresa.

Sua fórmula é: IRsPL = (lucro líquido / patrimônio líquido médio) x 100.


Índice de Custo Financeiro Médio – indica qual a taxa média de juros que a
empresa paga sobre seu endividamento oneroso com instituições financeiras.
Sua fórmula é: ICFM = (Despesas financeiras / Passivo Oneroso Médio) x
100.

Índice de Vendas por Empregados – evidencia a produtividade da empresa


referente à geração de vendas da empresa por empregado. É uma medida de
produtividade dos trabalhadores que indica a contribuição de cada um na
geração das vendas. Sua fórmula é: IVE = Vendas Líquidas / número de
empregados.
Índice de Evolução das Vendas – Representa a evolução da receita líquida de
vendas de produtos e serviços de um período para outro. Para um melhor
aproveitamento do índice deveríamos corrigir as vendas do período anterior por
um índice inflacionário que correspondesse a realidade econômica do país.

Sua fórmula é: ICV = [(Vendas líquidas atuais – Vendas líquidas anteriores) /


(Vendas líquidas anteriores)] x 100.
Índice de obsolescência do ativo imobilizado – representa uma
estimativa da idade dos ativos imobilizados da empresa. Importante
indicador para verificar se a empresa está renovando seus ativos
operacionais ou não. O resultado desse índice indica quanto do ativo
imobilizado já foi depreciado.

Sua fórmula é: IOAI = (Depreciações/exaustões acumuladas / Ativo


Imobilizado Bruto) x 100.
EBITDA - Significa, em inglês, Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and
Amortization (lucro antes dos juros, impostos sobre o lucro, depreciação e
amortização). É a capacidade de gerar caixa (lucro) dos ativos genuinamente
operacionais antes da depreciação, receitas e despesas financeiras, imposto de renda
e contribuição social. Em essência, corresponde ao caixa gerado pelos ativos
utilizados na operação.

O EBITDA tem como função medir o desempenho da empresa em termos de fluxo de


caixa e auxílio ao processo de avaliação da empresa (corresponde ao potencial de
caixa que o ativo operacional é capaz de produzir).
Margem EBITDA – encontrada pela divisão do EBITDA com as Vendas Líquidas.
O mercado valoriza ainda mais a variação percentual de crescimento ou queda do
EBITDA em relação ao período anterior do que o valor do EBITDA isoladamente.
Este percentual mostra aos investidores se a empresa em questão conseguiu ser
mais eficiente ou aumentar sua produtividade.

Sua fórmula é: Margem EBITDA = (EBITDA / Vendas Líquidas) x 100.


EXEMPLO: EBITDA - NATURA

RESULTADOS CONSOLIDADOS (em milhares de reais)

2013 2014
Receita Líquida (a) = R$ 7.010.311,00 R$ 7.408.422,00

2013 2014
Lucro Líquido R$ 847.806,00 R$ 741.221,00
(+) Amortizações, Depreciações e Exaustões R$ 192.998,00 R$ 189.811,00
(+) Imposto de Renda e CSLL R$ 409.940,00 R$ 355.172,00
(+) Despesas Financeiras R$ 522.472,00 R$ 752.116,00
(-) Receitas Financeiras R$ (364.222,00) R$ (483.837,00)
(=) EBITDA (b) R$ 1.608.994,00 R$ 1.554.483,00

Margem EBITDA = (b/a) x 100 = 23,0% 21,0%


Análise da Atividade

O ciclo operacional mostra o prazo de investimento. Paralelamente ao ciclo


operacional ocorre o financiamento concedido pelos fornecedores, a partir do
momento da compra. Até o momento do pagamento aos fornecedores, a
empresa não precisa preocupar-se com o financiamento, o qual é automático.
Se o PMPC for superior ao PMRE, então os fornecedores financiarão também
uma parte das vendas da empresa.
Índice de Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE) – representa, na empresa
comercial, o tempo médio de estocagem de mercadorias; na empresa industrial, o tempo de
produção e estocagem. Sua fórmula é: [360 x (Média de Estoques / Custo das
Mercadorias Vendidas)].

Índice de Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) – expressa o tempo decorrido


entre a venda e o recebimento. Sua fórmula é: [(Média de Clientes) / (Vendas Anuais /
360)] ou [360 x (Média de Clientes / Vendas Anuais)].

Índice de Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC) – expressa o tempo decorrido


entre as compras e o pagamento das mesmas. Sua fórmula é: [360 x (Média de
Fornecedores / Compras)].
A soma dos PMRE e PMRV, representa o que se chama de ciclo operacional, ou
seja, o tempo decorrido entre a compra e o recebimento da venda da
mercadoria.

O tempo decorrido entre o momento em que a empresa efetua o pagamento ao


fornecedor e o momento que recebe as vendas (recebimento do cliente) é o
período em que a empresa precisa arrumar financiamento. É o Ciclo de Caixa,
também chamado Ciclo Financeiro.
Análise da Geração de Caixa

Cobertura de Juros - Indica a capacidade da empresa em cobrir os juros de


empréstimos com o caixa gerado na operação. Quanto maior melhor. Sua fórmula
é: ICJ = (Caixa Gerado nas Operações antes de IR e Juros / Juros pagos no
período) x 100.

Capacidade de Quitar Dívidas Onerosas - Indica o quanto a geração de caixa


operacional cobre os passivos onerosos. Quanto maior melhor. Sua fórmula é:
ICQD = (Caixa Gerado nas Operações / Passivos Onerosos) x 100.
Margem de Caixa Operacional - Indica a margem em termos de caixa líquido
gerado nas operações em relação as vendas líquidas. Quanto maior melhor. Sua
fórmula é: IMCO = (Caixa Gerado nas Operações / Vendas Líquidas) x 100.
Análise de Ações
Índice Preço/Lucro – P/L (price/earnings ratio – P/E, multiple of earnings) – quociente entre o
preço de mercado de uma ação e o lucro anual por ação. Indica quantas vezes o preço da ação está
acima ou abaixo do lucro por ação. Representa para o investidor quantos exercícios seriam
necessários para “recuperar” o valor desembolsado para adquirir a ação. Geralmente se utiliza o
lucro dos últimos 12 meses, mas o lucro projetado para os próximos 12 meses também é utilizado.
Pode-se utilizar o índice preço/lucro para avaliar ações específicas ou todo o mercado. O índice P/L
é utilizado como um referencial, para relacionar o desempenho da empresa e o preço de sua ação.
A administração da empresa pode influenciar o índice por meio das práticas contábeis, da
administração do crescimento e da estrutura de capital. Normalmente, os índices P/L são mais altos
para empresas com grandes perspectivas de crescimento e mais baixos para empresas mais
arriscadas. Sua fórmula é: IPL = (Preço da Ação / Lucro por Ação.
Índice Preço/Valor Patrimonial da Ação (market/book) – relação entre o preço de
mercado de determinada ação e seu valor patrimonial. Evidencia se a ação está “cara”
ou “barata” no mercado em relação ao seu valor patrimonial. Normalmente, empresas
com alto retorno sobre o patrimônio líquido (ou boas expectativas de retornos futuros)
são vendidas por múltiplos de valor patrimonial mais altos do que aquelas de baixos
retornos sobre o PL. Sua fórmula é: IPVP = (Preço da Ação / Valor Patrimonial da
Ação).

Índice de Lucro por ação – evidencia a relação existente entre o lucro do período e o
total de ações em circulação. Sua fórmula é: ILA = (lucros do período / número de
ações representativas do capital social da empresa).
Índice de dividendos por ação – procura avaliar a relação entre o montante de dividendos
pagos e o número de ações que receberam o benefício. Sua fórmula é: IDPA =
(dividendos e/ou juros sobre o capital próprio pagos no período / número de ações
beneficiadas).

Dividend Yeld – indica o retorno do investimento, em percentual, considerando o valor


recebido em dividendos e/ou juros sobre o capital próprio em relação à cotação das ações.
Assim o Dividend Yeld é calculado através da divisão do dividendo por ação pelo preço de
mercado da ação, multiplicando-se essa relação encontrada por 100.
Exemplo: Se uma empresa vai pagar R$ 300 milhões em dividendos e tem 100 milhões de
ações em poder do mercado, o dividendo pago por ação será de R$ 3. Para saber o dividend
yield, basta dividir esse valor (R$ 3) pela cotação da ação (suponhamos que seja R$ 30). O
dividend yield, nesse caso, é de 10%.
Alguns cuidados na análise do índice: (1) Como o dividend yield é a soma dos proventos pagos
pela empresa em determinado período dividido pela cotação da ação, quando o preço da ação
cai o dividend yield tende a aumentar; (2) Um dividend yield muito alto pode significar que a
empresa está fazendo enormes distribuições de dividendos mas não está reinvestindo parte do
lucro, ou seja, os fluxos de caixa futuros podem ser comprometidos; (3) Um dividend yield baixo
pode significar que a empresa decidiu reinvestir a maior parte do lucro, o que deve incrementar
os fluxos de caixa futuros e melhorar as distribuições futuras.
Dividend Payout - é um importante indicador da política de dividendos de uma empresa. Ele é
calculado como a proporção dos lucros da empresa que são distribuídos na forma de proventos em
dinheiro e, em geral, é determinado pela própria empresa, em seus estatutos. Assim, uma empresa
que aplica uma política de payout de 50%, irá distribuir aos seus acionistas metade dos lucros
obtidos em um determinado período. Isso significa que metade do lucro líquido da empresa será
distribuída aos acionistas, com o restante sendo retido para diversos fins, principalmente o
financiamento de novos investimentos. Em geral, o dividend payout varia de acordo com o estágio de
evolução e as oportunidades de investimento de cada companhia. Em geral, as empresas mais
maduras e com menos necessidade de investimentos costumam distribuir uma parcela maior de
seus lucros na forma de proventos. Já empresas em expansão tendem a pagar uma parcela menor,
pois utilizam os recursos para suportar seus planos de investimento e expansão. Sua fórmula é:
(Dividendos ou JSCP distribuídos por ação / Lucro Líquido do Período por ação) x 100.
Valorização (desvalorização) das Ações no Mercado Acionário –
aumento ou diminuição (percentual) do preço das ações de determinada
empresa no mercado acionário, descontando-se a inflação do período.
Devemos atentar para o fato de que o ganho em ações refere-se a soma dos
dividendos recebidos e a valorização das ações no mercado.
Análise da DFC

Principais linhas da DFC de empresas selecionadas - demonstrações financeiras da controladora referentes ao exercício
findo em 31 de dezembro de 2018 (em milhares de reais)

Cia. Hering Magazine Luiza S/A

Caixa líquido gerado (consumido) pelas atividades operacionais 362.384 1.243.864

Caixa líquido gerado (consumido) pelas atividades de investimento (49.621) (410.565)

Caixa líquido gerado (consumido) pelas atividades de financiamento (141.229) (655.672)

Efeito de variação cambial sobre o saldo de caixa e equiv. de caixa - -

Aumento (redução) de caixa e equivalentes de caixa 171.534 177.627


Caixa e equivalentes de caixa no início do exercício 147.883 370.926
Caixa e equivalentes de caixa no final do exercício 319.417 548.553
Análise da DFC

Tanto no caso da Magazine Luiza, quanto da Hering, em relação as atividades de


financiamento, o caixa foi utilizado principalmente para pagamento de empréstimos, compra
de ações de própria emissão e pagamento de dividendos ou juros sobre o capital próprio.
Em relação as atividades de investimento da Magazine Luiza, o caixa foi consumido em
aquisições de imobilizado e intangível, bem como para investimento em controladas. A
Hering, direcionou recursos na atividade de investimento em sua totalidade para a compra
de imobilizados e intangíveis.

As duas empresas apresentaram variação de caixa final positivo no período. A tendência


esperada é de que em períodos de normalidade operacional ou de expansão da
capacidade produtiva, ou ainda, de busca de tecnologia mais avançada, as atividades de
investimento consumam muitos recursos e apresentem fluxo de caixa líquido negativo.
Análise da DFC

Principais linhas da DFC de empresas selecionadas - demonstrações financeiras da controladora referentes ao exercício findo em 31 de
dezembro de 2018 (em milhares de reais)

Guararapes Confecções S/A Natura Cosméticos S/A

Caixa líquido gerado (consumido) pelas atividades operacionais (482.747) (165.267)

Caixa líquido gerado (consumido) pelas atividades de investimento 109.413 1.373.858

Caixa líquido gerado (consumido) pelas atividades de financiamento 373.367 (1.188.740)

Efeito de variação cambial sobre o saldo de caixa e equiv. de caixa - -

Aumento (redução) de caixa e equivalentes de caixa 33 19.851


Caixa e equivalentes de caixa no início do exercício 141 75.704
Caixa e equivalentes de caixa no final do exercício 174 95.555
Análise da DFC

Os resultados apresentados pelos fluxos de caixa das empresas Guararapes Confecções


S/A e Natura Cosméticos S/A, em termos gerais, são exemplos de caixas líquidos
consumidos na atividade operacional. A Guararapes buscou caixa liquidando
investimentos, mais precisamente resgatando títulos e valores mobiliários, bem como
assumindo dívidas com captação de recursos no lançamento de debêntures para
compensar o fluxo de caixa operacional negativo. Por seu turno, a Natura pagou o principal
de empréstimos, financiamentos e debêntures utilizando caixa gerado na liquidação de
ativos não circulantes, já que o fluxo de caixa operacional no período foi negativo.

As duas empresas apresentaram variação de caixa final positivo no período. Em tese, as


organizações empresariais não deveriam apresentar fluxo de caixa operacional negativo,
exceto em situações muito especiais, como por exemplo quando estão em início de
atividade.
Análise da DFC

Principais linhas da DFC de empresas selecionadas - demonstrações financeiras da controladora referentes ao


exercício findo em 31 de dezembro de 2018 (em milhares de reais)

Lojas Renner S/A Via Varejo S/A

Caixa líquido gerado (consumido) pelas atividades operacionais 897.897 683.000

Caixa líquido gerado (consumido) pelas atividades de investimento (572.935) (988.000)

Caixa líquido gerado (consumido) pelas atividades de financiamento (429.723) 492.000

Efeito de variação cambial sobre o saldo de caixa e equiv. de caixa 49 -

Aumento (redução) de caixa e equivalentes de caixa (104.712) 187.000


Caixa e equivalentes de caixa no início do exercício 981.014 2.802.000
Caixa e equivalentes de caixa no final do exercício 876.302 2.989.000
Análise da DFC

As empresas Lojas Renner S/A e Via Varejo S/A, são exemplos de alto volume dispendido
na atividade de investimento, com resultados finais de variação de caixa no período
diferentes. A Lojas Renner fez expressivos investimentos em ativos não circulantes,
principalmente na aquisição de imobilizado e intangível, liquidou um alto volume de
empréstimos, debêntures e fez distribuição de lucros utilizando o caixa gerado na atividade
operacional, porém, apresentou variação final de caixa negativo.

Por outro lado, a Via Varejo gerou alto volume de caixa operacional combinado com a busca
de recursos da atividade de financiamento para realizar um volume relevante de
investimentos, conseguindo ainda, apresentar uma variação final de fluxos de caixa do
período positiva.
Análise dos Números da DVA
A análise dos números da DVA tem como objetivo esclarecer o
relacionamento da empresa com a sociedade em determinado período, ou seja, o
que foi gerado de riqueza e como foi a mesma distribuída entre os diferentes
atores.
O quadro a seguir evidencia a distribuição da riqueza de diferentes
sociedades anônimas. Podemos verificar que a Arezzo e a Cia. Hering
distribuíram mais para pessoal e remuneração de capitais próprios. Por outro lado,
a SLC Agrícola e a Natura S.A. distribuíram mais como remuneração de capitais de
terceiros. E por fim, a Lojas Renner distribuiu mais na alínea de tributos (impostos,
taxas e contribuições).
Bibliografia

ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.

MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial.


7ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.

MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e


gerencial. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.

SILVA, A. A. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 4.


ed. São Paulo: Atlas, 2014.

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