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Instituto Superior de Recursos Naturais e Ambiente


Departamento de Ciências Económicas e Empresariais

Aula Pratica 3

A análise financeira refere-se à avaliação ou estudo da viabilidade, estabilidade e


capacidade de lucro de um negócio ou projeto. Engloba um conjunto de instrumentos e
métodos que permitem realizar diagnósticos sobre a situação financeira de uma
empresa, assim como prognósticos sobre o seu desempenho futuro.

Para que o analista possa verificar a situação econômico-financeira de uma empresa, é


fundamental o recurso a alguns indicadores. Os mais utilizados são aqueles que
assumem a forma de rácios. Estes apresentam uma vantagem, não só de tornar mais
precisa a informação, como também de facilitar comparações, quer para a mesma
empresa, ao longo de um certo período de tempo, quer entre empresas distintas, num
mesmo referencial de tempo. Contudo, convém salientar que os rácios apenas
constituem um instrumento de análise. Esse instrumento deve ser complementado por
outros tantos. Com efeito, a análise de indicadores fornece apenas alguns indícios que o
analista deverá procurar confirmar através do recurso a outras técnicas.

Em suma, a análise financeira é, assim, a capacidade de avaliar a rentabilidade das


empresas, tendo em vista, em função das condições actuais e futuras, verificar se os
capitais investidos são remunerados e reembolsados de modo a que as receitas superem
as despesas de investimento e de funcionamento.

De forma a alcançar a sobrevivência e desenvolvimento pretendido pela empresa, a


avaliação e interpretação da situação económico-financeira de uma empresa centra-se
nas seguintes questões fundamentais:

 Equilíbrio financeiro;
 Rentabilidade dos capitais;
 Crescimento;
 Risco;
 Valor criado pela gestão.
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O recurso à análise financeira é extremamente importante para as diversas partes


interessadas numa boa gestão empresarial, sendo que essas partes interessadas são
gestores, credores, trabalhadores e as respectivas organizações, Estado, investidores e
clientes.

Cada grupo ou indivíduo tem diferentes interesses, por isso fazem a análise financeira
mais adequada aos objetivos pretendidos. Apesar desses objetivos poderem ser
diferentes, as técnicas utilizadas baseiam-se, fundamentalmente, no mesmo conjunto de
informações econômico-financeiras:

 Balanço patrimonial;
 Demonstração de resultados líquidos;
 Demonstração dos fluxos de caixa.

A técnica mais utilizada pela análise financeira é a que recorre aos rácios, um
instrumento de apoio para sintetizar uma enorme quantidade de informação, e comparar
o desempenho econômico-financeiro das empresas ao longo do tempo. Constituem
assim uma base da análise financeira, mas não dão respostas. Essas encontrar-se-ão nos
aspectos qualitativos da gestão.

Objectivos e Relevância da Análise Financeira

O diagnóstico da situação financeira de uma empresa pode surgir de uma necessidade


interna ou externa. Um diagnóstico interno pode ser necessário para tomar decisões de
gestão, utilizando a análise financeira como um instrumento de previsão no âmbito de
planos de financiamento e investimento ou para o controle interno (acompanhamento da
atividade e comparação entre as previsões e a performance real). Pode também servir
um objetivo informacional, usando a informação financeira como instrumento de
comunicação interna ou como elemento de relações sociais na empresa. A análise
financeira quando a serviço do Estado visa auditar a centralização do poder bancário
permitido ilicitamente pelo governo a fim de estabilizar o mercado de comanditas
essenciais.

Quanto ao diagnóstico externo, surge como instrumento de decisão para entidades


externas com influência junto da empresa, tais como bancos, investidores institucionais,
governos, fornecedores e clientes. O diagnóstico externo surge também como
ferramenta de comunicação com os investidores, o público, os media, as agências
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de rating e as entidades que elaboram estudos estatísticos financeiros. Os bancos e casas


de investimento publicam ou comercializam a sua análise financeira de empresas, com
base nas qual divulgam recomendações de investimento. A evidência sobre a
capacidade de previsão destas recomendações não é sólida.[9]
Fontes da Informação

Os dados utilizados para calcular os rácios são na sua grande maioria retirados dos
principais documentos financeiros das empresas, já mencionados anteriormente.
Balanço

Documento contabilístico que expressa a situação patrimonial de uma empresa num


determinado momento (geralmente um trimestre, semestre ou ano). Este documento
permite comparar o ativo (bens que a empresa possui assim como o dinheiro que tem e
as dívidas de terceiros), com o passivo ou capital alheio (o que a empresa deve a
terceiros, quer seja empréstimos bancários, responsabilidades para com o Estado,
dívidas a fornecedores, etc.). A diferença entre o que tem e o que deve é designada de
Situação líquida (composta pelo Capital que foi usado para criar a empresa, pelo
acumular de resultados positivos ou negativos ao longo dos anos de funcionamento da
empresa, e por eventuais reavaliações de componentes do ativo).

Num Balanço, o Ativo é igual à soma do Capital de Terceiro com a Situação líquida, ou
seja, o Capital Alheio (Passivo) e a Situação líquida (Capitais próprios) financiam o
Ativo, logo:

Ativo = Capital de Terceiro + Situação líquida

Devido às empresas se financiarem com Capitais Próprios e Alheios, o Ativo,


normalmente, é maior que o Capital Alheio. Caso não se verifique, ou seja, sempre que
o Ativo for inferior ao Passivo (valor do Capital Próprio vai ser negativo), existe
falência ou insolvência técnica da empresa.

Numa óptica financeira, o ativo corresponde às aplicações de fundos ou investimento.


Estes bens e direitos da empresa são financiados quer por capitais próprios, quer por
capitais alheios. Por isso, também se designa o 2° membro do balanço como origens de
fundos ou financiamento.
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O total das aplicações de fundos iguala, a todo o momento, o total das origens de
fundos, podendo enunciar-se a equação fundamental da contabilidade da seguinte
forma:

 Ativo = Passivo + Situação Liquida


 Ativo = Capitais Alheios + Capitais Próprios
 Aplicações de Fundos = Origens de Fundos.
Demonstração do Resultado Líquido

Evidencia a formação de resultados num certo período (entre dois balanços), avalia a
situação econômica da empresa.

Esta formação de resultados evidencia-se pela síntese dos custos e proveitos em grupos
homogêneos, sendo que:

Resultados = Proveitos – Custos

Proveitos > Custos = Resultado Positivo (Lucro)


Proveitos < Custos = Resultado Negativo (Prejuízo)

De acordo com o POC existem duas formas de elaboração da demonstração de


resultados:

 demonstração de resultados por natureza;


 demonstração de resultados por funções.
Demonstração de Resultados por Natureza

Agrega os proveitos e os custos em grupos homogêneos, consoante a sua natureza.

Resultados Operacionais = Proveitos Operacionais - Custos Operacionais

Resultados Financeiros = Proveitos Financeiros - Custos Financeiros

É de salientar que existe uma distinção nítida entre resultados operacionais e resultados
financeiros. Nos resultados operacionais integram-se os proveitos e custos respeitantes à
exploração, enquanto nos resultados financeiros consideram-se os proveitos de
aplicações de capital e os custos dos financiamentos, assim como ganhos ou perdas
resultantes de aplicações financeiras.

Resultados Correntes = Resultados Operacionais + Resultados Financeiros


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Resultados Extraordinários = Proveitos e Ganhos Extraordinários - Custos e


Perdas Extraordinários

Resultado antes de Impostos = Resultados Correntes + Resultados Extraordinários

Por fim, temos então o Resultado Líquido do exercício:

Resultado Líquido do exercício = Resultado antes dos Impostos - Imposto sobre o


Rendimento Extraordinário
Demonstração dos Fluxos de Caixa (Cash-Flows)

A demonstração de fluxos de caixa deve relatar os movimentos de caixa durante o


período, classificados por actividades operacionais, de investimento e de financiamento,
de forma a proporcionar informação que permita aos utentes das demonstrações
financeiras determinar o impacto dessas actividades na posição financeira da empresa e
nas quantias de caixa e seus equivalentes.

Pode-se dizer que cada um destes itens dá-nos a respectiva comparação:

 Balanço → Posição Financeira


 Demonstração de Resultados → Desempenho
 Demonstração de Fluxos de Caixa→ Alterações na Posição Financeira

Devido ao carácter sintético dos documentos contabilísticos referidos, estes não


respondem por inteiro às exigências da análise financeira. Resumindo, temos como
principais limitações dos documentos contabilísticos, os seguintes aspectos:

 não reflectem valores actuais;


 existem contas para as quais é preciso fazer algumas estimativas;
 enquanto a depreciação do imobilizado é uma prática corrente, a sua revalorização é
normalmente ignorada;
 Existem muitas rubricas com valor financeiro que estão omitidas do balanço;
 Os diferentes critérios valorimétricos utilizados podem provocar diferenciações nas
várias empresas;
 As normas contabilísticas são muitas vezes ditadas por imperativos fiscais que
reduzem o significado económico-financeiro da informação contabilística.
Dados externos

São também utilizados dados externos como:


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 Dados macroeconómicos;
 Cotações;
 Taxas de juro;
 Valores de referência de empresas concorrentes para comparação.

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