Você está na página 1de 6

Extensão de Cabo Delgado

Departamento de ciências Económicas e Empresariais Visto


Ficha Teórica 4 Chefe do Dto
_________________________
Analise Financeira Estática MCO. Rosalina Paulo Raul
A análise financeira estática baseia-se na informação que consta no Balanço,
apresentando uma apreciação de:

 Estrutura: bens e direitos de que dispõe a empresa e meios para os financiar;


 Solvabilidade: meios para fazer face aos compromissos a Médio e Longo Prazo
(incluindo dívidas e respectivos juros, despesas respectivas a obrigações assumidas
ou imperativos económicos e prestações fiscais, parafiscais ou sociais).
 Liquidez: meios para fazer face aos compromissos a Curto Prazo;

A análise financeira estática consiste em estabelecer relações entre conta e agrupamento


de contas do Balanço, da Demonstração de Resultados e da Demonstração dos Fluxos
de Caixa, ou ainda entre outras grandezas económico-financeiras. Estas relações têm
várias designações, tais como rácios, índices, coeficiente, indicadores, etc.

Conforme refere o POC, as demonstrações financeiras devem proporcionar informação


acerca da posição financeira, das alterações desta e dos resultados das operações, para
que sejam úteis a investidores, a credores e a outros utentes, a fim de investirem
racionalmente, concederem crédito e tomarem outras decisões, e contribuam assim para
o funcionamento eficiente dos mercados de Capitais. A informação deve ser
compreensível para aqueles que a desejam analisar e avaliar, ajudando-os a identificar a
eficiência da gestão de recursos económicos. São os administradores/ gerências que têm
a responsabilidade pela preparação da informação financeira. A qualidade essencial da
informação proporcionada pelas Demonstrações Financeiras é a de que seja
compreensível aos utilizadores e deve satisfazer as seguintes características:

 Relevância – a relevância deve ser entendida como a qualidade que a informação


tem de influenciar as decisões dos utilizadores, ao ajudá-los a avaliar os
acontecimentos passados, presentes e futuros, ou a confirmar ou corrigir as suas
avaliações.
 Fiabilidade- a fiabilidade significa que a informação tem de estar liberta de erros
materiais e de juízos prévios, ao mostrar apropriadamente o que tem por finalidade
apresentar ou se espera que razoavelmente represente.
 Comparabilidade- a divulgação e a quantificação dos efeitos financeiros de
operações e de outros acontecimentos devem ser registadas de forma consistente
pela empresa e durante a sua vida, para se identificarem tendências na sua posição
financeira e nos resultados das suas operações. Além disso, as empresas devem
adoptar os princípios de normalização contabilística, a fim de se conseguir
comparabilidade entre elas.

Estas características resultam da aplicação de conceitos, princípios e normas


contabilísticas adequados. Se assim for, as demonstração financeiras evidenciarão uma
imagem verdadeira e apropriada da posição financeira e do resultado das operações da
empresa.
Fundo de Maneio (Capital de Giro), Necessidades em Fundo de Maneio e
Tesouraria
Fundo de Maneio

O conceito de fundo de maneio pode referir-se a diversos indicadores, pelo que é usual
recorrer-se ao conceito de fundo de maneio líquido ou permanente. Sendo o fundo de
maneio bruto igual ao activo circulante (existências + créditos + disponibilidades), o
fundo de maneio líquido é dado pela diferença entre o activo circulante e os débitos de
curto prazo.

O fundo de maneio líquido pode ser interpretado de duas formas:

 Como a proporção dos capitais permanentes que podem ser alocados para o
financiamento do activo circulante;
 Como a parte do activo circulante que pode ser transformada em meios líquidos em
menos de um ano.

Um fundo de maneio líquido negativo ou nulo é indicador de problemas de


solvabilidade.

Podemos ainda definir o fundo de maneio próprio como os capitais próprios deduzidos
do activo imobilizado líquido. Outra forma de calcular o fundo de maneio próprio é
como a diferença entre o fundo de maneio líquido e os débitos de médio e longo prazo.
A existência de fundo da maneio (fundo de maneio positivo) pode, exprimir uma
margem de segurança (liquidez aparentemente excessiva) pois, uma determinada
parcela dos capitais permanentes, caracterizada por um grau de exigibilidade de médio e
longo prazo, financia um certo montante do capital circulante total, cujo grau de
liquidez é de curto prazo.

O conceito de fundo de maneio aparece, então, associado ao grau de liquidez das


aplicações de fundos e ao grau de exigibilidade das origens de fundos.
Regra de ouro da gestão financeira

Em termos gerais, o que a regra de ouro da gestão financeira nos diz é que "os capitais
utilizados pela empresa no financiamento dos seus activos devem ter uma maturidade
(período em que estão ao dispor) igual ou superior à vida económica destes". [10] Em
termos numéricos, esta regra implica que o activo imobilizado deve ser igual aos
capitais permanentes ou que o activo circulante deve ser igual aos débitos de curto
prazo.
Relação fundamental de tesouraria

A relação fundamental de tesouraria diz-nos que:

Tesouraria = Aplicações de tesouraria – Origens de tesouraria = Fundo de maneio


líquido – Necessidades em fundo de maneio = Tesouraria Activa - Tesouraria Passiva

Sendo as Necessidades em fundo de maneio calculadas pela diferença entre as


necessidades cíclicas (existências, mercadorias e matérias, clientes c/c) e os recursos
cíclicos (dívidas a terceiros a curto prazo relacionadas com exploração).

No que diz respeito ao equilíbrio financeiro, é desejável que a Tesouraria apresente sinal
positivo, ou seja, que o fundo de maneio líquido é mais que suficiente para financiar o
ciclo de exploração.

Uma Tesouraria cujo valor é bastante positivo, poderá ser sinónimo de existência de
demasiado capital ocioso, ou seja, recursos financeiros disponíveis e não aplicados de
forma eficiente, perdendo-se, assim, oportunidades de capitalização que poderão ser
significativas.

Por oposição, uma Tesouraria cujo valor apresenta sinal negativo, é sinónimo de
preocupação, pois a empresa poderá correr risco de crédito.

Analise Dinâmica
A análise dos fluxos pode ser vista quer como complementar quer como substituta da
análise estática. Consiste em analisar as origens e aplicações de fundos na altura de
fecho das contas. Os dados para a análise dinâmica podem ser encontrados nos anexos
às Demonstrações Financeiras.

Análise de Qualidade dos Resultados

Do que se pode ver anteriormente, os aspectos limitadores da análise dos rácios


resultam da qualidade das informações por parte da contabilidade. Por isso, o analista
tem de ter sempre em conta a qualidade dos resultados. A utilidade desta análise centra-
se principalmente, na identificação dos sinais de perigo sobre os resultados futuros.

Apesar de não haver uma concreta definição quanto à qualidade dos resultados, a prática
sugere alguns factores de alta qualidade:

 Regras contabilísticas - baseadas nos princípios gerais da contabilidade, de forma a


que o apuramento de resultados seja comedido e consistente ao longo dos anos;
 Origem dos resultados - devem ter origem da actividade normal da empresa, e não
de actividades esporádicas ou extraordinárias;
 Fluxos de caixa - vendas e custos que se transformem rapidamente em pagamentos
e recebimentos;
 Fiscalidade - não estar demasiado dependente de favorecimentos pela lei fiscal, pois
no caso desta se alterar, poderá haver o risco de grande variação nos resultados;
 Situação financeira - estrutura de capital e endividamento em níveis considerados
razoáveis;
 Meio envolvente económico - evitar que haja um forte impacto nos resultados em
caso de evolução da inflação ou movimentos cambiais;
 Volatilidade - evolução dos resultados deve ser estável, de modo a servir de
indicativo para o futuro;
 Activos - devem estar preparados para futuros condicionamentos, e também possuir
um activo circulante facilmente realizável;
 Objectivos do utilizador - os resultados devem ser apresentados de forma
consistente, de modo a satisfazer as necessidades do analista;
Factores que afectam a qualidade dos resultados-QdR
QdR e Meio Ambiente
Factores políticos, económicos, etc., podem afectar a qualidade dos resultados. Estes
factores normalmente não são controláveis pelos gestores. É o caso das empresas que
actuam em países com instabilidade política e económica, onde há o risco de
nacionalização, controlo generalizado sobre os preços ou sobre o movimento de
capitais, etc.
QdR e Sector de Actividade

Deve-se ter em conta o sector de actividade em que a empresa actua, pois as práticas
contabilísticas aceites num sector, podem ser rejeitadas noutros.
QdR e Aspectos de Gestão da Empresa

Quanto maior a variabilidade potencial dos resultados, menor a qualidade destes e maior
o risco para o accionista.

Um elevado grau de alavanca operacional é um factor de risco para a evolução dos


resultados.

Elevados graus de alavanca financeira tendem a tende a tornar os resultados mais


voláteis, dái menor qualidade dos resultados.
Rentabilidade, QdR e Preço de Mercado

Quanto maior a qualidade dos resultados, maior o rácio PER.

Menor qualidade dos resultados significa volatilidade e incerteza, logo, o investidor tem
tendência a atribuir menos valor a essas empresas, pelo que os PER desse tipo de
empresas são mais baixos.

O investidor tem tendência para ter mais confiança nas empresas que são transparentes
na comunicação e na análise dos seus resultados. Fazendo com que essas empresas
tenham tendência para ter PER mais elevados.
QdR e Sinais de Perigo

Uma das importâncias do exame da qualidade dos resultados é a de identificar


alterações no valor da empresa que podem não ser claras nos indicadores de medida do
desempenho económico e financeiro.

Os aspectos contabilísticos que podem chamar a atenção para sinais de perigo são:

 relatório de auditores - pode mostrar desacordo entre os gestores e os auditores


quanto à contabilização de algumas transacções;
 redução dos custos geríveis - deve averiguar-se se estas decisões não estarão a
comprometer os resultados a médio longo prazo;
 mudança de métodos contabilísticos:
o aumento do volume de créditos de clientes - podem estar a criar-se dificuldades
financeiras a curto prazo e a aumentar o risco de cobrança duvidosa;
o alteração do tempo médio de existências - dificuldades de venda;
o aumento das letras e outros títulos a pagar - dificuldades de liquidez;
o aumento dos intangíveis;
o volume de despesas com custo diferido;
o quebra da margem de contribuição em percentagem das vendas;
o aumento de empréstimos;
o aumento das provisões para riscos e encargos.

De toda esta análise podemos facilmente concluir que um dos aspectos limitativos da
análise dos rácios resulta principalmente da qualidade da informação que advém a
contabilidade, logo, toda a cautela é pouca na sua utilização. De qualquer forma, um
bom analista procura sempre determinar a qualidade dos dados em que baseou a sua
análise, pois é uma garantia de validade das conclusões por si retiradas.

Você também pode gostar