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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY

ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


Curso de Ciências Contábeis

Caroline Machado Costa – 2111157

Viviane Aparecida Ferrari Viana de Souza - 2111770

TÓPICOS ESPECIAIS EM CONTABILIDADE

Professor Orientador: André Braga

Duque de Caxias
2021 – 2
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CAROLINE MACHADO COSTA


VIVIANE APARECIDA FERRARI VIANA DE SOUZA

TÓPICOS ESPECIAIS EM CONTABILIDADE

Trabalho, apresentado ao professor


André Braga referente à disciplina Tópicos
Especiais em Contabilidade, como um dos re-
quisitos parciais para aprovação.
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1. INTRODUÇÃO
A análise das demonstrações contábeis tem por finalidade mostrar a situação
econômica, financeira e patrimonial das empresas, tanto para os agentes internos
quanto para os agentes externos, além de permitir uma visão estratégica dos negócios
para os gestores.
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC-026 (CPC, 2011), as demons-
trações Contábeis visam o fornecimento de informações a respeito da posição patrimo-
nial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade, além de servirem
como base para que os usuários consigam realizar avaliações.
O presente trabalho tem como objetivo esclarecer sobre três dos principais indi-
cadores financeiros e algumas das principais, se não uma das mais importantes, análi-
ses das demonstrações contábeis, a Análise Horizontal, e suas variações.
Para a elaboração do conteúdo exposto foram utilizados como fonte de pesquisa
canais digitais, mais precisamente, onde encontram-se exploração de informações con-
tábeis atualizadas e aplicáveis à prática do dia a dia, para a obtenção de melhor enten-
dimento do assunto.
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2. Indicadores Financeiros
Indicadores financeiros são métodos quantitativos que salientam a real si-
tuação financeira da organização, baseando nos resultados em seus demonstra-
tivos contábeis, para que esta possa cumprir com suas obrigações. Há diversos
tipos de indicadores financeiros, porém iremos expor três, dos principais: os de
Liquidez (capacidade de cumprir com as obrigações de curto prazo), o de Solvên-
cia (aptidão para efetuar as obrigações de longo prazo) e o de Composição de
Endividamento, que em resumo, trará a possibilidade tomar conhecimento sobre
a capacidade da empresa de pagar o que deve.

I. Índices de Liquidez

a) Liquidez Corrente - é calculada dividindo-se a soma dos direitos a curto prazo


da empresa (contas de caixa, bancos, estoques e clientes a receber) pela
soma das dívidas a curto prazo (empréstimos, financiamentos, impostos e for-
necedores a pagar). Estas informações podem ser obtidas facilmente no Ba-
lanço Patrimonial, nos grupos Ativo Circulante e Passivo Circulante.

Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante

A partir do resultado obtido podemos fazer a seguinte análise:


o Maior que 1: demonstra que há capital disponível para uma possível liqui-
dação das obrigações.
o Igual a 1: os direitos e obrigações a curto prazo são equivalentes.
o Menor que 1: a empresa não teria capital disponível suficiente para quitar
as obrigações a curto prazo, caso fosse preciso.

b) Liquidez Seca - este indicador tem o cálculo muito parecido com a


Liquidez Corrente, com a diferença que a Liquidez Seca exclui do cálculo
acima os estoques, por não apresentarem liquidez compatível com o grupo
patrimonial onde estão inseridos.
Liquidez Seca = (Ativo Circulante – Estoques) / Passivo Circulante
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O resultado deste índice será sempre igual ou menor ao de Liquidez Corrente, e


a empresa deve ser cautelosa ao contar com o estoque como disponibilidade para a
liquidação de obrigações, pois depende da venda se concretizar para possuir realmente
o capital em mãos.

c) Liquidez Geral – nesse indicador, além das contas de curto prazo,


também levamos em conta as previsões de médio e longo prazo. Ou seja,
inclui-se os direitos e obrigações que ultrapassem o exercício seguinte.
Liquidez Geral = (Ativo Circulante + Realizável a LP) / (Passivo Circulante + Exigível a LP)

II. Indice de Solvência

O índice de Solvência Geral (também conhecido como índice de alavancagem)


expressa o grau de garantia que a empresa dispõe em Ativos (totais), para pagamento
do total de suas dívidas até o prazo de seu vencimento e ainda consegue permanecer
com reservas significativas. Envolve além dos recursos líquidos, também os permanen-
tes.
O índice de solvência é considerado bom quando possui uma taxa igual ou su-
perior a 20%, contudo esse valor varia de acordo com a área de atuação da organiza-
ção. Através desse índice, também é possível analisar se a empresa poderá ou não
adquirir mais dívidas.
Solvência Geral = (Lucro Líquido + Depreciação) / Passivo Total

Tipos de Solvência:
a) Dívida Patrimônio – esse tipo é uma medida da dívida total em relação ao
patrimônio líquido. Aqui a taxa alta não é um bom sinal, pois ela indica que
a empresa contraiu mais dívidas do que podia para financiar seu
crescimento.
b) Dívida Total – esse coeficiente indica a relação entre passivos de curto e
longo prazo em relação ao total do patrimônio. A taxa elevada aqui
representa um risco financeiro maior para bancos e credores. Além disso,
empresas com esse índice alto, têm alavancagem maior e menos
flexibilidade.
c) Índices de Cobertura de Juros – esse indicador verifica se a empresa
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tem capacidade de continuar arcando com os pagamentos de juros, que


aumentam junto com a dívida pendente. Quando esse índice é menor do
que 1,5 a empresa é vista como instável e pode ter dificuldades em obter
empréstimos, caso necessário.

III. Composição de Endividamento

Esse índice mostra a relação entre a dívida de curto prazo e a dívida total da
organização. Ou seja, qual o percentual de passivo de curto prazo é usado no
financiamento de terceiros.

Composição de Endividamento = (Passivo Circulante / Passivo Exígivel Total) x 100

É importante lembrar que nesse cálculo, não se pode confundir o passivo exigível total
com o passivo total, uma vez que, esse último leva-se em conta o patrimônio líquido.

1º Estudo de Caso

A empresa Alunos Especiais pretende fazer negócios, ou seja, prestar serviços


de alimentação para 500 funcionários em ambiente interno junto a empresa a empresa
Alunos Contentes. Pensando em endossar o seu portfólio de qualificação e como é de
praxe apresentou seu balanço patrimonial e a sua DRE do ano anterior. O responsável
pela contratação dos serviços avaliou a documentação e vendo que tudo estava con-
forme procedimento de contração da empresa, enviou Balanço e DRE para análise do
responsável pela Contabilidade da Empresa Alunos Contentes. Ao avaliar os demons-
trativos que aparentemente apresentavam uma condição razoável e resultado positivo
naquele exercício ele solicitou a sua equipe os seguintes indicadores:

a) Liquidez corrente
b) Liquidez Geral
c) Liquidez Seca ou ácida
d) Solvência
e) Endividamento Geral
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f) Composição de endividamento.

Apresente todos os conceitos, informe as fórmulas e todos os cálculos, ao final


diga o porquê da aplicação destes indicadores em relação a avaliação do fornecedor e
se vocês contratariam o serviço ou não.

Resolução 1º Caso
Os lançamentos no seguinte balanço patrimonial foram utilizados como base de
cálculo para a elaboração dos indicadores financeiros propostos. Desta forma, podemos
ter uma análise fictícia dos movimentos financeiros da organização.

BALANÇO PATRIMONIAL
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponibilidades 60.000,00 Fornecedores 180.000,00
Contas a Receber 240.000,00 Emprestimos e Financiamentos 400.000,00
(-) Creditos de Liquidação Duvidosa -40.000,00 Impostos e Encargos a Recolher 68.000,00
Estoques 560.000,00 Contas a Pagar 18.000,00
Total Ativo Circulante 820.000,00 Total do Passivo Circulante 666.000,00
Ativo Não Circulante Passivo Não Circulant
Coligadas e Controladas 36.000,00 Emprestimos e Financimentos 134.000,00
Títulos e Valores Imobiliários 52.000,00 Impostos Parcelados 88.000,00
Total Realizável a Longo Prazo 88.000,00 Total do Passivo Não Circulante 222.000,00
Investimentos 180.000,00 Capital 200.000,00
Imobilizado 500.000,00 Reservas 500.000,00
Total do Patrimônio Líquido 700.000,00
Total do Ativo 1.588.000,00 Total do Passivo 1.588.000,00

a) Liquidez Corrente
LC = 820.000 / 666.000
LC = 1,2

Através da Liquidez Corrente podemos observar que caso a organização possui


capital o suficiente, caso tenha que liquidar seus saldos para cobrir suas obrigações.

b) Liquidez Seca
LS = (820.000 – 560.000) / 666.000
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LS = 260.000 / 666.000
LS = 0,39
Se a empresa levar em conta os estoques, onde estes dependem de sua venda
para trazer rentabilidade para empresa, logo a organização não terá capital suficiente
para arcar com suas obrigações.

c) Liquidez Geral
LG = (820.000 + 88.000) / (666.000 + 222.000)
LG = 908.000 / 888.000
LG = 1,02

Sabe-se que por esse índice, observamos que num prazo médio de curto a longo
prazo, a empresa terá capital suficiente para arcar com seu endividamento, utilizando
também de seus bens permanentes.

d) Composição de Endividamento
CE = (666.000 / 222.000) x 100
CE = 3 x 100
CE = 300%

Observa-se que o percentual relativo entre a dívida de curto prazo e seu total,
está com um valor de 300%. Sendo assim, a empresa possui obrigações de curto prazo
maior que as de longo prazo, o que gera uma forte pressão para arcar com o endivida-
mento a tempo.

3. Análise Horizontal

A Análise de Evolução, conhecida por Análise Horizontal, é utilizada para avaliar


a evolução de cada conta contábil ou grupo de contas ao longo dos anos.

De acordo com Reis (2009, p. 212) “é uma técnica de análise que parte da com-
paração do valor de cada item do demonstrativo, em cada ano, com o valor correspon-
dente em determinado ano anterior (considerado como base)”.

Já para Marques, Carneiro Júnior e Kühl (2008, p. 27) “consiste em comparar a


evolução das contas, ou de seus grupos, ao longo de determinado tempo, e pressupõe
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uma série histórica de dados que inicia com um índice-base de modo a servir de refe-
rência”.

Ludícibus (2010, p. 83) destaca que “a finalidade principal da análise horizontal é


apontar o crescimento de itens dos Balanços e das Demonstrações de Resultados (bem
como de outros demonstrativos) através dos períodos, a fim de caracterizar tendências”.

Desta forma, conforme aponta Matarazzo (2007, p. 245), “a evolução de cada


conta mostra os caminhos trilhados pela empresa e as possíveis tendências”.

A Análise Horizontal pode ser efetuada através do cálculo das variações em rela-
ção a um ano-base – quando será denominada Análise Horizontal encadeada – ou em
relação ao ano anterior – quando será denominada Análise Horizontal anual (MATA-
RAZZO, 2007, p. 247).

Também conhecida como análise de estrutura, essa análise de demonstrativos


financeiros ocorre de um lado para o outro.

Isso serve para identificar pontualmente cada componente em relação ao todo em


que faz parte. Permitindo, dessa forma, comparações entre resultados de outros perío-
dos.

Seu cálculo consiste em dividir o valor total do item pelo valor do item na base
anterior e multiplicar por 100, como na seguinte fórmula:

(Valor Atual da Conta / Valor da Conta período a ser analisado) x 100

A Importância da Análise Horizontal:


Ao comparar os resultados da empresa, a equipe financeira identifica se existem
alterações anormais, causando um desequilíbrio nas contas.

A sua principal vantagem é a comparação prática entre diversos relatórios finan-


ceiros de uma empresa. Sendo ela utilizada para detectar evoluções ou disfunções em
relação a seus períodos anteriores, como por exemplo:

 De onde vem a força de venda de uma empresa, incluindo produtos, serviços e


canais;
 Qual o potencial de crescimento da empresa em determinado período de tempo;
 De que forma é possível reduzir os custos e/ou aumentar o rendimento da em-
presa;
 Quais itens ou estratégias estão representando o desperdício de recursos do ne-
gócio.

Tipos de Análise:
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a) Análise Horizontal Encadeada - Neste método ocorre a fixação de um


período como base, assim os incrementos e reduções vão se acumulando
conforme os períodos evoluem, formando uma espécie de cadeia
sequencial.

b) Análise Horizontal Anual - Neste método a base é sempre o ano anterior,


não havendo a fixação de um período, assim as bases avançam à medida
que os anos das demonstrações evoluem, não havendo a acumulação dos
incrementos e reduções obtidos em períodos anteriores.

2º Estudo de Caso
A empresa Reunidas para Estudar trabalha com planejamento e ao longo dos
anos vem alçando crescimento, mesma fora fundada em 1980. O seu administrador não
apresenta sintomas de acomodação em relação ao resultado e quer passar para os aci-
onistas da empresa a realidade em relação ao crescimento, para tal acionou o departa-
mento de contabilidade e solicitou a demanda. O contador propôs a aplicação de análise
horizontal encadeada e propôs as seguintes análises em cima dos períodos e valores
destacados:
a) Resultado em 1981 R$ 200.000,00
b) Resultado em 1990 R$ 237.000,00
c) Resultado em 2000 R$ 430.000,00
d) Resultado em 2010 R$ 330.000,00
e) Resultado em 2015 R$ 180.000,00
f) Resultado em 2019 R$ 211.000,00

De posse das informações, informe o conceito de Análise Horizontal e suas clas-


sificações em anual e encadeada. Aplique a análise nos períodos informados e após
todos os cálculos aponte os percentuais encontrados e informe o crescimento real da
empresa na média dos períodos escolhidos.
Resolução 2º Caso

RESULTADO
Anos 1981 1990 2000 2010 2015 2019
Valores R$ 200.000,00 237.000,00 430.000,00 330.000,00 180.000,00 211.000,00
Análise Hoziontal Encadeada 100% 118,50% 215% 165% 90% 105,50%
Taxa de Variação Anual - 18,5% 115,0% 65,00% -10,0% 5,5%
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Para calcular a Análise Horizontal Encadeada, tomamos como base o ano de


1981 e obtivemos os resultados expostos. E nas variações anuais subtraímos 100% para
obter os reais percentuais em acréscimos e/ou decréscimos ao longo dos anos, obser-
vando sua relevância entre os períodos.
Com isso, podemos observar que a empresa no período de 1981 à 2010 vinha
obtendo um crescimento significativo, principalmente no ano 2000 onde sua foi apontada
sua maior variação, sendo esta de 115% de acréscimo. Contudo, no ano de 2015 a
organização sofreu uma queda de 10%. E em 2019 recuperou-se, reavivando o cresci-
mento contínuo de suas operações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que as análises feitas através desses dois estudos de caso nos permi-
tiu tomar conhecimento da importância de tais métodos, visto que, é possível observar a
condição financeira da empresa e sua rentabilidade ao longo do tempo, mediante suas
operações.
Dessa forma, os gestores conseguem descartar falhas operacionais e os investi-
dores podem optar pela melhor tomada de decisão, onde aplicar seu capital, visando um
lucro sobre essa empresa brevemente. Pois, no caso dos gestores, os indicadores finan-
ceiros auxiliam na administração da aquisição de recursos, financiamentos e produção,
onde todos devem estar equilibrados para que não haja um déficit monetário, acarre-
tando em dívidas superiores a receita operacional. Já em relação às análises horizontal,
é passível dos investidores, pois através delas que esses conseguem observar se é vi-
ável ou não investir em determinada empresa.
É notável que ambos os meios são importantes no momento de revelar as condi-
ções financeiras e rentabilidade da empresa, pois com eles todos os interessados ficam
a par, podendo optar pela melhor prática operacional e aplicação de recursos.
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BIBLIOGRAFIA.

AUGUSTO. O que é a solvência? Logos Contabilidade, 2021. Disponível em: <https://lo-


goscontabilidade.com.br/o-que-e-a-solvencia/>. Acesso em: 05 de out. de 2021.
VOGLINO, Eduardo. O que são indicadores de liquidez e como interpretar? The Cap,
2021. Disponível em: <https://comoinvestir.thecap.com.br/o-que-sao-indicadores-liqui-
dez/#:~:text=Os%20indicadores%20de%20liquidez%20fazem,de%20pa-
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Composição de Endividamento – CE. The Cap, [s.d]. Disponívem em: < https://como-
investir.thecap.com.br/composicao-de-endividamento-ce/> Acesso em: 05 de out. de 2021.
NETO, Alexandre Assaf. Estrutura e Análise de Balanços. Um enfoque econô-
mico-financeiro. 12ª edição – Instituto Assaf – Atlas. Disponível em:
<http://www.cpc.org.br/CPC> Acesso em: 04 de out. de 2021

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