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Análise do Capital de Giro

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Sumário
Análise do Capital de Giro
Objetivos ............................................................................................ 04
Introdução .......................................................................................... 05
1. Características do Ativo Circulante ............................................ 06
2. Capital de Giro Líquido ........................................................... 08
3. Transações que Afetam o Capital Circulante Líquido .................... 09
Síntese ............................................................................................. 13
Referências ......................................................................................... 14
Objetivos
▪▪ Desenvolver conhecimentos e práticas inerentes às demonstrações
contábeis.
▪▪ Interpretar, de forma analítica, as informações dos demonstrativos
contábeis para a tomada de decisão.

4 Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis


Introdução
O capital de giro líquido, também conhecido como capital circulante
líquido, é um fator crítico de sucesso ou de fracasso, tanto para startups
(novos negócios desenvolvidos em empresas nascentes) quanto para empresas
maduras.

Veremos que o descasamento entre os pagamentos e os recebimentos


de uma firma, se não for equacionado, poderá levar à quebra, e o capital de
giro líquido é o instrumento para sanar essa defasagem.

Vamos apresentar, também, as características do ativo circulante, o


conceito de capital circulante líquido e as transações que afetam o capital
circulante líquido.

Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis 5


1. Características do Ativo Circulante
De acordo com Assaf Neto (2015), os Ativos Circulantes de uma
organização são constituídos por:

▪▪ caixa e bancos.
▪▪ aplicações financeiras.
▪▪ contas e duplicatas a receber.
▪▪ estoques.

É importante mencionar, também, que os ativos considerados de curto


prazo (caixa e bancos, por exemplo) se relacionam às atividades operacionais
da empresa.

Já os Ativos Circulantes Operacionais originam-se, basicamente,


das operações de compra, venda, produção e estocagem. E são utilizados,
principalmente, para dar suporte às vendas e apresentam duas características
relevantes: curta duração e rápida conversão de seus elementos.

Saiba Mais

Para reforçar seu entendimento, assista ao vídeo indicado, que fala um


pouco da composição do ativo circulante e sobre sua importância para
as empresas.
Assista agora

A sua duração é de um exercício social ou correspondente ao ciclo


operacional, se este se apresentar mais longo. Já a sua conversão ocorre com
a transformação dos elementos do circulante em outros do mesmo grupo.

Investir muitos recursos em ativos circulantes operacionais pode não


ser o suficiente para garantir um grande volume de vendas, mas uma baixa
aplicação de recursos nessa categoria pode resultar restrições das vendas
em uma organização. Muitas empresas apresentam um caráter sazonal

6 Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis


no crescimento de suas vendas, o que significa que seus ativos circulantes
operacionais crescem sazonalmente, influindo no padrão de financiamento
dessas empresas.

A maior parte das empresas tem a capacidade de influenciar os seus


indicadores de ativos circulantes operacionais para as vendas. Algumas delas
preferem adotar uma política não restritiva e mantêm um grande volume
de caixa, recebíveis e estoques relacionados com as vendas, caracterizando
uma política não restritiva. Se a empresa, ao contrário, adotar uma política
restritiva, os volumes de ativos circulantes são minimizados e diz-se que a
empresa tem uma política compacta ou enxuta. Entre esses dois extremos
situa-se a política moderada.

Para demonstrar como a gestão do capital de giro afeta o retorno sobre


o patrimônio, utiliza-se a chamada equação de Du Pont:

ROE = (Margem de Lucro ÷ Vendas) x (Vendas ÷ Ativo) x (Ativo ÷ Patrimônio)

Em que:

ROE = Returno on Equity (Retorno sobre o Patrimônio Líquido)

Adotar uma política mais liberal corresponde a um elevado nível de


ativos e, consequentemente, um índice baixo de giro de ativo total, implicando
um ROE reduzido, mantendo-se os demais itens constantes. Uma política
restritiva, por outro lado, resultará um nível reduzido de ativos circulantes,
um giro elevado e, por conseguinte, um ROE relativamente alto. Todavia,
uma política restritiva deixa a organização exposta a riscos, uma vez que a
insuficiência de recursos pode acarretar em paralisações do trabalho, clientes
insatisfeitos e até em problemas mais graves no longo prazo, afetando,
inclusive, o valor intrínseco das ações da companhia.

Alterações tecnológicas poderão resultar em mudanças nos padrões


que determinam a política mais adequada. Se, por exemplo, uma nova técnica
reduz pela metade o tempo de fabricação de um dado produto, o volume de
estoques de produtos em processo também poderá ser reduzido pela metade.

Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis 7


As aplicações de recursos em ativos circulantes operacionais demandam
financiamentos, que, por sua vez, serão originários de empréstimos bancários,
créditos de fornecedores, dívidas de longo prazo e aportes de capital dos
sócios. Caberá ao gestor financeiro decidir qual dessas fontes de recursos será
a mais apropriada no momento da captação.

2. Capital de Giro Líquido


Para Marion (2012), uma organização não pode ficar na dependência
de que todos os seus clientes paguem suas obrigações para continuar operando.
Além disso, ela também precisa honrar seus compromissos. Na ocorrência
de descasamentos entre recebimentos e pagamentos, de qual instrumento
a empresa lança mão para equilibrar o seu fluxo de caixa? A resposta é: o
capital de giro.

Define-se o Capital de Giro ou Circulante Líquido como a diferença


entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante.

CGL = AC - PC

As atividades que envolvem a gestão do Capital de Giro exigem um


estreito relacionamento com bancos, governo, empregados, fornecedores,
estoques e clientes, ou seja, as atividades operacionais de curto prazo da empresa.

Em suas necessidades cotidianas de capital de giro, muitas empresas


acabam tendo que sacrificar seus objetivos de longo prazo em virtude de
descasamentos de fluxo de caixa. Os gestores de empresas estão bem a
par desse fenômeno. Por não haver um planejamento adequado, parte de
considerável do seu tempo é gasto para sanar defasagens imediatas de caixa.

Todo empreendimento é desenvolvido para gerar retorno financeiro


aos seus investidores. A empresa que não é capaz de pagar as contas resultantes
da sua operação e dificilmente será encarada pelo mercado como um bom
investimento.

8 Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis


Existem duas outras contas relevantes para a administração do capital
de giro, além dos ativos e passivos operacionais circulantes, que são as dívidas
e os investimentos de curto prazo. Nesse contexto, há que se distinguir caixa
de investimentos a curto prazo, uma vez que esses conceitos podem ser objetos
de confusões. Diversos manuais de contabilidade e de finanças definem caixa
como moeda e demandam contas de depósito. Grande parte das organizações
mantém um volume reduzido de encaixes de moeda e volumes igualmente
pequenos de depósitos em suas contas correntes.

A maior parte dos recursos está mantida em aplicações em títulos


públicos e privados de alta liquidez. Alguns desses ativos financeiros são
utilizados para dar suporte às operações em andamento, enquanto outros são
guardados para uma utilização futura. Nesse aspecto é que reside a diferença
entre caixa e investimentos de curto prazo.

Assim, caixa é definido como o valor total dos ativos financeiros a


curto prazo empregados no suporte das operações em andamento, ao passo
que o investimento a curto prazo é definido como o valor total dos ativos
financeiros a curto prazo, mantidos para utilizações futuras.

Uma organização depende de capital de giro para funcionar, e o


gestor financeiro tem que saber dimensionar o valor do capital de giro
líquido para compreender a capacidade de endividamento do seu negócio.
Esse fator é preponderante para determinar os rumos dos investimentos,
influenciar as negociações com fornecedores, além de revelar o quão líquido
é o patrimônio da empresa.

3. Transações que Afetam o Capital Circulante Líquido


O Capital Circulante Líquido (CCL), também denominado capital de
giro, é calculado pela diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante.
Segundo Assaf Neto (2015), a variação do Capital Circulante Líquido pode
ser resultante das modificações dos itens não circulantes do balanço.

Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis 9


As origens são classificadas em três categorias:

Recursos originários De acionistas Terceiros


das operações
e empréstimos)

Figura 1: As três fontes de origem dos recursos. Fonte: Dreamstime.

Os recursos (Capital de Giro Líquido) provenientes das Operações


são obtidos pelos resultados da eliminação dos aumentos/reduções ao Lucro/
Prejuízo Líquido do Exercício e das transações que não constituem entradas
ou saídas de Capital Circulante Líquido para a organização.

Além de Amortização, Exaustão e Variações no grupo Resultados


de Exercícios Futuros, existem outros que, da mesma forma, não afetam o
Capital Circulante Líquido. São eles:

▪▪ variações monetárias ativas e passivas de longo prazo.


▪▪ resultado de equivalência patrimonial para investimentos relevantes.
▪▪ provisões para perdas de investimentos de longo prazo.

O valor total dessas transações deverá ser agregado ao Resultado


Líquido do Exercício para que se possa calcular os recursos originados nas

10 Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis


operações. No caso de as operações gerarem prejuízos, isto é, se o recurso
proveniente das operações for negativo, esse valor deverá ser evidenciado
em aplicações.

A segunda categoria das origens contempla as contribuições, em


dinheiro ou Ativos de Longo Prazo, para o Capital Social e Reservas de
Capital. As contribuições integralizadas em caixa afetam de forma direta o
Capital Circulante Líquido da organização. As realizadas em bens do Ativo
permanente, contudo, não afetam o Capital Circulante Líquido, mas deverão
ser evidenciadas, pelo fato de representarem alterações na posição financeira
da empresa.

As origens correspondentes aos recursos de terceiros (com exceção


para as contribuições para reservas de capital) englobam as reduções de
Ativos de Longo Prazo e os aumentos no Exigível de Longo Prazo.

As transações mais frequentes dessa categoria são:

▪▪ a contratação de novos empréstimos de longo prazo (com exceção


para as variações monetárias passivas).
▪▪ as transferências de contas do Ativo Realizável a Longo Prazo para
o Circulante.
▪▪ as alienações do Ativo Permanente Investimento ou Imobilizado.

As aplicações, por sua vez, geralmente estão distribuídas em:

▪▪ dividendos distribuídos a acionistas.


▪▪ aumentos dos Ativos de Longo Prazo.
▪▪ redução do Exigível de Longo Prazo.

Saiba Mais
Para compreender melhor o assunto, leia o artigo Demonstrações das
origens e aplicações de recursos - técnicas para a sua elaboração e
tratamento da correção monetária, que faz uma análise da correção
monetária dos ativos e da manutenção do capital de giro. Leia mais

Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis 11


As transações mais representativas dos grupos de longo prazo são as
alocações de investimentos em companhias controladas ou coligadas e em
Bens ou Direitos do Imobilizado e Diferido, bem como a transferência para o
Passivo Circulante de parcelas do Exigível de Longo Prazo. Veja, no Quadro
1, as transações que afetam o Capital Circulante Líquido (CCL):

Transações que elevam o capital de giro Transações que diminuem o capital de giro

Lucro líquido Ocorrência de prejuízo líquido

Vendas de elementos do ativo permanente Aquisição de elementos permanentes


Empréstimos e financiamentos a longo prazo Amortização de exigibilidades a longo prazo
Integralização de capital
Recebimento de realizável a longo prazo

Quadro 1: Transações que afetam o Capital Circulante Líquido. Fonte: Do autor.

Assim, pudemos conhecer e analisar as origens e aplicações dos


recursos envolvidos nas transações que afetam o Capital Circulante Líquido
(Capital de Giro).

12 Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis


Síntese
Nesta unidade, vimos que o Capital de Giro diz respeito aos ativos
circulantes nas operações, enquanto o capital de giro líquido é obtido pela
diferença entre os ativos circulantes operacionais e os passivos circulantes
operacionais.

Aprendemos, também, que podem ser adotadas três diferentes políticas


de capital de giro em uma organização: não restritiva, moderada e restritiva.
O capital de giro e o seu correto dimensionamento são fundamentais para o
equilíbrio do fluxo de caixa de uma empresa.

Concluímos que o capital circulante líquido está sujeito a variações


provocadas pelas operações que a organização realiza, já que estas poderão
resultar em aumentos ou reduções do capital circulante líquido.

Princípios de Análise das Demonstrações Contábeis 13


Referências
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-
financeiro. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2015.

AVENIDA CULT. Contabilidade 9.3.1 - Ativo Circulante. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=cQLld55DeXA>. Acesso em: 22 jan.
2019.

MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade


empresarial. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2012.

MAZZUCCA, F. S. Demonstrações das origens e aplicações de recursos -


técnicas para a sua elaboração e tratamento da correção monetária. Rev. adm.
empres. vol.18 no.1 São Paulo Jan./Mar. 1978. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901978000100001>.
Acesso em: 22 jan. 2019.

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