Você está na página 1de 40

INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS

FORMAÇÃO MODULAR

FLUXOS DE GESTÃO FINANCEIRA


- 0605 -

CURSO: TÉCNICO/A DE APOIO À GESTÃO SPRO

ACÇÃO Nº: 34501UF0051

DURAÇÃO: 25 H

FORMADOR: AGOSTINHO MANUEL DE MANHENTE E FONSECA CARDOSO


INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Este manual do módulo de Fluxos de Gestão Financeira foi elaborado expressamente para esta ação de formação
do IEFP. Não pretende ser um ponto de chegada, mas apenas um ponto de partida, constituindo a procura de alguma
consistência no assimilar de conhecimentos do formando, por um tema que tem muita importância para os formandos
no que diz respeito à Gestão Financeira, nomeadamente salientar a importância dos fluxos dentro de uma empresa.
Abordaremos individualmente cada tema com recurso a diversos materiais e com atividades práticas para uma melhor
compreensão dos conteúdos por parte dos formandos.
Dentro do âmbito referido, procura-se a sensibilização dos formandos para os aspetos ligados à gestão financeira e
à análise financeira, cada vez mais importante na conjuntura económica nacional e internacional.

OBJETIVO GERAL

Identificar os fundamentos da gestão financeira.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

No final do módulo, o formando deverá ser capaz de descrever, interpretar e aplicar os conceitos afetos aos fluxos
de gestão financeira:

• Planeamento financeiro;
• Custo do Capital;
• Riscos dos investimentos financeiros;
• Racionalização do capital;
• Gestão previsional;
• Valor das ações;
• Valor das obrigações.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Índice

Índice ............................................................................................................................................................3
Introdução ....................................................................................................................................................4
Planeamento Financeiro.............................................................................................................................13
Custo de Capital..........................................................................................................................................16
Riscos dos Investimentos Financeiros ........................................................................................................19
Valor das ações ...........................................................................................................................................23
Valor das Obrigações ..................................................................................................................................35
Bibliografia..................................................................................................................................................40
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Introdução
O que é a Gestão Financeira?
Tradicionalmente a Gestão Financeira limitava-se ao controlo das entradas e saídas de fluxos monetários
num determinado exercício. As preocupações básicas consistiam na manutenção de um saldo de
disponibilidades que permitisse assegurar o normal funcionamento da empresa. Para esse efeito, deveria
antecipar as entradas resultantes das cobranças dos clientes e escalonar a liquidação dos débitos aos
fornecedores.

Em suma, a função financeira tinha por grande objetivo a gestão das disponibilidades expressa na seguinte
relação:

Relação básica do equilíbrio financeiro (gestão de disponibilidade) para um determinado período:

Saldo inicial + entradas previstas > ou = saídas previstas + saldo final desejado

O fundamental era manter uma caixa com saldo devedor de forma contínua.

Geralmente, a função financeira veio a ser enriquecida com preocupação ao nível das decisões de
financiamento. Nesta situação, as preocupações, além da manutenção de um saldo de disponibilidade
positivo, vieram a consubstanciar-se também com a obtenção de fundos de forma atempada e,
essencialmente, ao menor custo.

O gestor financeiro passa a desempenhar um papel mais ativo, ultrapassando a mera gestão das
disponibilidades. Cabe-lhe, igualmente, a seleção das fontes de financiamento que devem obedecer a
critérios de rendibilidade, oportunidade e equilíbrio financeiro. Outras atribuições dizem respeito não só aos
aspetos de obtenção de fundos, mas, igualmente, à análise económica das aplicações desses mesmos
fundos. Estamos a falar da análise e avaliação dos projetos de investimento e o seu controlo.

Ao gestor financeiro compete-lhe não só analisar o impacto das decisões operacionais na tesouraria, mas,
igualmente, as políticas de financiamento e de investimento que se referem ao médio/longo prazo, isto é, à
continuidade da empresa, à sua sustentabilidade.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Pode-se sintetizar essa evolução no seguinte gráfico:

1ª fase → Gestão das disponibilidades – ótica operacional

2ª fase → Análise e oportunidades das fontes de financiamento

3ª fase → Análise e avaliação das aplicações de fundos - investimento

A função financeira decompor-se-ia em dois tipos de decisões:

• Decisões estratégicas (médio/longo prazo)


✓ Política de financiamento
✓ Política de investimento
• Decisões operacionais (curto prazo – ligado ao ciclo de exploração)
✓ Gestão de ativo circulante (clientes e existências)
✓ Gestão de passivo circulante (fornecedores)

Neste contexto, assume um papel preponderante a política de investimento e a preocupação da análise da


rendibilidade e risco das potenciais decisões com impacto num horizonte temporal alargado. Nesta situação,
está em causa a obtenção de benefícios económicos futuros com interesse para os acionistas, mas
igualmente para outros grupos, como sejam os gestores, os clientes, os empregados, os bancos, os
fornecedores, o Estado e outros interesses locais e nacionais.

A política e investimento diz respeito, essencialmente, às opções de investimento e desenvolvimento do


imobilizado imprescindível ao normal funcionamento da empresa.

Competirá, por seu turno, à política de financiamento a obtenção de fundos que sustentem essa política de
investimento. Igualmente, deve competir à política financeira definição do modo e tempo de remuneração
desses fundos, nomeadamente, a política de dividendos, ou seja, a melhor forma de afetar riqueza adquirida
pela empresa. Nesta situação, há que optar entre retenção em reservas ou o pagamento dos dividendos,
tendo em consideração o contexto legal.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

O documento que traduz a gestão financeira é o plano financeiro, o qual relata as entradas e saídas de
fundos a médio/longo prazo.

Para esse efeito, deve-se determinar para cada operação o prazo de reembolso (maturidade). Uma das
maneiras de o fazer é construindo perfis de maturidade para os vários montantes. Deste modo, devem-se
considerar vários períodos e, em cada período, indicar os ativos e os passivos que se vencem.

Um pequeno exemplo ilustrará como se constrói um plano financeiro:

Plano Financeiro

Isto significa que a empresa estaria curta (deficit de liquidez) no 1º período e longa nos dois períodos
subsequentes.

Assim, competiria ao gestor financeiro a obtenção de fundos atempadamente e ao menor custo para o 1º
período, e a aplicação dos excedentes nos períodos subsequentes.

Relativamente ao curto prazo (gestão operacional) o papel do gestor financeiro é o prolongamento das
tarefas tradicionais do tesoureiro, ou seja:
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

• Controlo de crédito concedido aos clientes;


• Controlo financeiro dos inventários;
• Gestão de créditos obtidos junto de fornecedores e dos restantes devedores correntes;
• Aplicação dos excedentes temporários de tesouraria ou, eventualmente, a cobertura dos “deficites”
temporários de tesouraria.

O documento orientador para o curto prazo é o designado orçamento de tesouraria, que é a tradução dos
recebimentos e pagamentos previsionais, com a final verificação se o equilíbrio financeiro se mantém:

Recebimentos + saldo inicial – pagamentos > ou = saldo final desejado

Os orçamentos de tesouraria devem encaixar-se no plano financeiro, que tem uma perspetiva mais global
e de longo prazo (ver à frente um exemplo de construção de orçamento).

As perspetivas futuras da função financeira estão ligadas ao desenvolvimento dos mercados financeiros e
à inovação a que se assiste diariamente.

Se, inicialmente, se perspetivava que o objetivo de uma empresa era a maximização do lucro, hoje, encara-
se a empresa como um organismo complexo em que vários interesses têm de ser satisfeitos.

O paradigma da maximização do lucro foi substituído pela maximização da riqueza dos acionistas, que se
traduz no valor atual dos fluxos de caixa estimados a uma taxa apropriada para o momento presente (que
incorpora o risco do investimento subjacente, ou seja, o custo de oportunidade de uma aplicação
alternativa).

Entretanto, esse paradigma, foi substituído por um mais geral e que assenta na maximização do valor da
empresa. Contudo, levanta um problema interessante: a compatibilização dos interesses dos vários
intervenientes (stakeholders).

A tendência da função financeira é transformar num centro de resultados, contribuindo ativamente para o
crescimento da empresa (aumento do volume de negócios) e, simultaneamente, gerindo o binómio
rendibilidade/risco.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

A rendibilidade exprime a capacidade da empresa para gerar lucros, ou melhor, a aptidão para gerar fluxos
financeiros com valor atual positivo, isto é, dinheiro. Por seu turno, o risco reflete a volatilidade desses fluxos
financeiros no tempo.

Para esse efeito, o gestor deve estar equipado com um sofisticado sistema informático ligado às várias
praças internacionais e às empresas do grupo. A internacionalização, a globalização financeira, a integração
dos mercados financeiros, a inovação e a sofisticação dos produtos são fatores a ter em consideração no
dia a dia do gestor financeiro.

A gestão da informação é o essencial da sua tarefa, cabendo-lhe, fundamentalmente, os problemas de


estratégia e política financeira.

No entanto, não se pode esquecer que a fonte de criação de valor não é a situação financeira, mas a sua
capacidade para manter uma vantagem competitiva duradoura, baseada no trinómio
tecnologia/mercado/produto. O equilíbrio financeiro é condição necessária, mas não suficiente, para a
sobrevivência e desenvolvimento da empresa.

Construção de um orçamento
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

O orçamento de tesouraria agrupa as previsões dos recursos a das aplicações de tesouraria. A partir
destas previsões, o tesoureiro calcula, tendo sempre em vista um nível mínimo de liquidez em caixa, a data
e a duração dos créditos necessários ou das aplicações possíveis.

Os fluxos de entradas compreendem:

• Fluxos das receitas de exploração (nomeadamente vendas);


• Fluxos provenientes de empréstimos contraídos;
• Fluxos provenientes de aumentos de capital da empresa.

Na generalidade, os fluxos mais relevantes provêm da exploração e são efetuados pela direção comercial.

As previsões dos fluxos de saída compreendem:

• Decisões de exploração: pagamentos a fornecedores, despesas com o pessoal e outras despesas


de exploração;
• Decisões a longo prazo: reembolso dos empréstimos, pagamentos de aquisição de imobilizado,
etc.

De forma a gerir convenientemente a tesouraria, o tesoureiro deve dispor da seguinte informação:

a) Situação de créditos existentes;


b) Montante de linhas de crédito negociadas junto das instituições de crédito;
c) Alternativas de aplicações para os excedentes que eventualmente possam ocorrer.

Caso prático 1:
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

A sociedade “Dá tudo, Lda” efetuou as seguintes previsões de venda para os próximos 3 meses*:

Jan: 200.000€
Fev: 280.000€
Mar: 350.000€

As condições de recebimento são as seguintes:

50% a pronto pagamento;


30% no prazo de 1 mês;
20% no prazo de 2 meses.
Outros recebimentos 70000 em Janeiro, 35000 em Fevereiro e 45000 em Março.

As compras serão efetuadas do seguinte modo:

Jan: 100.000€
Fev: 120.000€
Mar: 140.000€
Outros pagamentos, 50000 em Janeiro, 45000 em Fevereiro e 95000 em Março

Condições de pagamento: 70% a p.p. e os restantes 30% a 1 mês.

As outras operações de exploração são efetuadas a pronto.


INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO


INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO


INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Planeamento Financeiro

Assim, segundo o Wikipédia, Planeamento financeiro é uma ferramenta de


administração financeira que consiste no processo de organização financeira realizado
através do reconhecimento da situação financeira atual, junto com a determinação dos
objetivos onde se quer chegar, e o estudo de possíveis caminhos a serem utilizados
para alcançar esses objetivos.

Desta definição concluímos facilmente que planeamento financeiro tem seu foco no seu
momento atual, isto é, a sua situação financeira atual, e pretende que estabeleça um
compromisso (objetivos) sobre qual a situação financeira desejada.

Basicamente estabelece um plano para que a sua vida financeira evolua do ponto A para
o ponto B.

Basicamente, os seus objetivos necessitam de ser específicos, mensuráveis, atingíveis,


realistas e temporais.

Segue uma pequena descrição do que deve ser o Planeamento Financeiro:

• Especifico – o mais concreto possível. Tão concreto que qualquer pessoa ao


saber qual o seu objetivo é capaz de o visualizar claramente;
• Mensurável – quantificável. Capaz de ser medido. “O que não pode ser medido
não pode ser gerido”. Você vai precisar de saber em que fase se encontra na
concretização do seu objetivo e quando o mesmo é alcançado e isso só é possível
se o seu objetivo for mensurável.
• Atingível – é certo que os objetivos deverão ser ambiciosos. Na verdade,
pretende-se que o seu objetivo seja ambicioso pois só assim ele será motivante.
Todavia, que não seja demasiado ambicioso, pois poderá tornar-se inatingível.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

• Realista – recursos. Possui recursos para atingir o seu objetivo. Ele está dentro
das suas possibilidades, capacidades e habilidades. Sente-se motivado para o
alcançar? Ele faz sentido?
• Temporal – quando o pretendo alcançar? Saber o dia específico em que
pretende concretizar o seu objetivo. Só assim assume o compromisso e a
responsabilidade de trabalhar para o alcançar.

O Planeamento é um processo de gestão que diz respeito à formulação de objetivos


para a seleção de programas de ação e para sua execução, levando em conta as
condições internas e externas à empresa e sua evolução esperada. Também considera
premissas básicas que a empresa deve respeitar para que todo o processo tenha
coerência e sustentação.
Existem três tipos de Planeamento, sendo que o primeiro é a curto prazo, o segundo a
médio prazo e o terceiro a longo prazo.

Planeamento a curto prazo remete a objetivos que podem ser cumpridos dentro de um
curto período de tempo. Curto prazo refere se a qualquer coisa que possa ser feita dentro
de uma semana, como colocar um website em funcionamento, a até um ano, como
expandir a base de consumidores em 50%. Outros planos de curto prazo incluem vender
uma certa quantidade de produtos por dia, ou contratar novos empregados para a área
de marketing.

Planeamento a médio prazo refere se aos planos que podem levar de um a cinco anos
para serem implementados e completados. Exemplos de planos de médio prazo incluem
aumentar a renda através de produtos vendidos, aumentar a linha de produção com 10
novos produtos num período de cinco anos, permitir que fabricantes exteriorizados criem
produtos dentro da própria empresa e estabilizar o património líquido do negócio
ganhando mais ativos e pagando passivos.
Planeamento a longo prazo é aquele que leva mais de cinco anos para ser alcançado.
Na época do lançamento de um negócio, planos de longo prazo podem parecer
irrealistas, então muitos donos de negócios ajustam esses planos para que se adequem
na direção da empresa. Exemplos
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

desses planos incluem conseguir sócios para o negócio, expandir a companhia para
diversos estados ou internacionalmente e ter um património líquido o triplo do passivo.
Todos os empréstimos e passivos podem também ser pagos como parte do
planeamento de longo prazo, principalmente se eles forem altos.

Entretanto várias questões se colocam:

Quais os objetivos globais anuais?

Quais os fluxos financeiros previsionais?

Que políticas financeiras?


INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Custo de Capital
Os proprietários ou terceiros ao investir ou aplicar recursos em uma determinada
entidade, exigem um retorno mínimo a título de remuneração do seu capital. A taxa
de captação dos recursos entregues à administração da empresa, levando em conta
os princípios contabilísticos da entidade, denota o custo de capital que representa a
taxa de financiamento da entidade.

O Custo do capital de uma empresa é fator de fundamental importância para uma


variedade de decisões quando tomadas, por meio do qual demonstram que as
diferenças na composição de informações entre públicas e privadas afetam o custo do
capital, bem como que as taxas de obtenção de capitais para projetos de investimentos
influenciam a estrutura de capital da empresa.

O custo do capital tem efeito sobre as operações da empresa e subsequentemente,


afeta a sua rendibilidade.

Uma empresa tem duas formas de financiar a sua atividade: recorrendo a capitais
próprios ou a capitais alheios.

Os capitais próprios, são aqueles que não têm qualquer contrapartida fixa de
remuneração, ou seja, trata-se de capital que pode ou não ser remunerado de acordo
com a rendibilidade gerada pela empresa.

Os capitais alheios, são aqueles que têm à partida uma remuneração mínima fixada
(que pode ser uma taxa fixa ou variável, de acordo com uma taxa de referência de
mercado) e que em regra possuem um esquema de reembolso previamente definido.

CONCEITOS IMPORTANTES

O estudo do custo de capital está relacionado com vários conceitos financeiros, de


INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

entre os quais se destacam:

Custo do Capital Próprio

Remuneração exigida pelos titulares de Capitais Próprios (Sócios/Acionistas), tendo em


consideração os níveis de risco suportados nas respetivas aplicações.

Custo do Capital Alheio

Remuneração exigida pelos titulares de Capitais Alheios (Fornecedores /Financiadores


/ Outros Credores), tendo em consideração os níveis de risco suportados nas
respetivas aplicações.

O custo de capital é um conceito financeiro extremamente importante. Agindo como


um forte elo entre as decisões de investimento de longo prazo da empresa e a riqueza
dos proprietários, como determinado pelos investidores no mercado. Na verdade, é o
“número mágico”, usado para decidir se uma proposta de investimento aumentará ou
diminuirá o preço das ações da empresa.

O custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa deve obter sobre seus projetos
de investimentos para manter o valor de mercado de suas ações. Também pode ser
considerado como a taxa de rendimento exigida pelos fornecedores de capital do
mercado para atrair seus fundos para a empresa. Se o risco é mantido constante,
projetos com uma taxa de retorno acima do custo de capital aumentarão o valor da
empresa e projetos com uma taxa de retorno abaixo do custo de capital diminuirão o
valor da empresa.

O CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMePC)

O Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC é obtido pelo custo de cada fonte de
capital ponderado por sua respetiva participação na estrutura de financiamento da
empresa.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Exemplo: calcular o valor do CMPC da empresa, financiada pelo Capital de 600.000€


e com dívidas de 400.000€. Portanto, há 60% de capital próprio e 40% de capital de
terceiros. A remuneração requerida pelos acionistas é de 20% e o custo da dívida é de
10%.

CMPC = (20% x 0,6) + (10% x 0,4) = 16%

Custo Médio Ponderado de Capital – WACC – pode ser intuitivamente definido como
“a média ponderada dos custos dos diversos componentes de financiamento, incluindo
dívida, patrimônio líquido e títulos híbridos, utilizados por uma empresa para financiar
suas necessidades financeiras”.

Se um novo projeto é lucrativo o suficiente para pagar os juros sobre a dívida contraída
para financiá-lo e, também, para gerar uma taxa de retorno superior à esperada sobre
o capital investido, deve-se considerá-lo como um bom projeto.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Riscos dos Investimentos Financeiros

Os investimentos financeiros são operações que visam a obtenção de ganhos rentáveis


acima da média, sobretudo quando comparados a fontes de rendimentos ditas
tradicionais. Através de várias aplicações disponíveis no mercado atual, é possível
empreender pela multiplicação dos seus ativos e retirem daí uma renda mais elevada.

No entanto, a decisão de investimento não é isenta de riscos – que variam, naturalmente,


de acordo com o tipo de aplicação pretendida, na medida em que o investimento
realizado em uma caderneta de poupança apresenta um maior nível de segurança
relativamente ao investimento face à aquisição de ações no âmbito da bolsa de valores
nacional ou em um outro país.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Tipos de riscos existentes

Quando a temática versa os investimentos financeiros, são vários os riscos que se


podem nomear como estando associados às operações que lhes assistem. Existem, no
entanto, três riscos que se destacam pela sua prevalência e que devem ser alvo de
atenção redobrada por parte do investidor, cabendo à entidade prestadora de serviço /
vendedora alertar para os riscos associados às transações desejadas.

Risco de Mercado

Verificável através de flutuações de preços e taxas (sobretudo ao nível das taxas de juro
vigentes) e nas perdas que resultam das variações dos derivativos. Um dos fatores que
mais decisivamente contribui para a sua formação respeita ao facto de se verificarem,
ao nível do mercado externo, variações na taxa de câmbio ou nos aspetos alocados à
dimensão tributária e regulatória de um determinado país.

Risco de Liquidez

Ocorre em virtude da ausência de compradores para um ativo específico. Nessa lógica,


o investidor tende a transformar ou a vender os seus ativos no espaço do mercado e
encontra uma de duas situações: ou não existem entidades interessadas na aquisição
desses mesmos ativos ou os valores pelos quais esses ativos pretendem ser comprados
não correspondem ao seu valor real – situação que indicia uma baixa liquidez do
investimento.

Risco de Crédito

Frequentemente associado a operações bancárias de diminuto grau de complexidade,


o risco de crédito assenta no facto de uma das partes não se encontrar capacitada para
cumprir com as obrigações contratadas (e, por conseguinte, assumidas no decurso do
processo contratual celebrado entre ambas as partes).

Outros riscos:
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Risco de capital - é o risco de perda parcial ou total do capital investido na aplicação


financeira. Este risco está associado a aplicações financeiras cuja rendibilidade possa
ser negativa, isto é, em vez de obter ganhos o investidor pode suportar perdas. Estas
perdas vão reduzir o capital inicialmente aplicado. Ele não decorre da possibilidade de
insolvência da entidade emitente da aplicação financeira, mas das características da
aplicação financeira.

Risco de remuneração - é a incerteza quanto à evolução da remuneração de um ativo


financeiro. Este risco está associado a ativos financeiros em que a remuneração não
está totalmente definida à partida. No caso, por exemplo, dos depósitos e as obrigações
a taxa de juro variável, a remuneração está dependente da evolução de um indexante,
geralmente a taxa Euribor. Se as taxas Euribor descerem mais do que o previsto no
momento da contratação do depósito ou da obrigação, a remuneração será inferior ao
esperado e vice-versa.

Risco de reinvestimento- é o risco dos rendimentos que vão sendo recebidos durante a
vida de uma aplicação não serem investidos, por exemplo, à taxa de remuneração dessa
aplicação. Este risco está associado, por exemplo, a depósitos que pagam
periodicamente juros, sem capitalização automática desses juros. A taxa a que serão
reinvestidos os juros pagos ao longo do depósito é desconhecida à partida e poderá ser
inferior à paga pelo depósito que se encontra vivo.

Risco cambial - é a incerteza quanto à evolução da cotação de uma determinada divisa.


No caso de uma aplicação financeira efetuada numa divisa diferente do euro, o risco
depende do comportamento da taxa de câmbio entre o euro e essa moeda.

Risco de inflação - é o risco de redução do valor real, ou do poder de compra, dos fundos
investidos numa aplicação financeira e dos rendimentos por ela gerados devido à subida
dos preços. Se os fundos aplicados num produto financeiro, por exemplo num depósito
a prazo, não forem remunerados a uma taxa nominal pelo menos igual à taxa da inflação,
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

no final do período o cabaz de bens e serviços que é possível adquirir com o montante
depositado será inferior devido ao aumento dos preços.

O mercado e o Investidor

O mercado de investimentos possui uma característica pouco abonatória em seu favor,


a volatilidade, que contrasta significativamente com os ganhos atrativos que pode
proporcionar (mediante, claro, o tipo de produto em que se aposte e as condições em
que a transação é efetuada). Nesse sentido, é fundamental que o investidor esteja ciente
dos riscos alocados ao seu investimento antes da validação do mesmo, quer por meio
de pesquisa autónoma realizada em diferentes fontes e suportes, nomeadamente
através da internet ou da consulta de bibliografia e publicações temáticas
especializadas, quer pela informação facultada pelas entidades competentes e
intervenientes no processo de transação alocado ao investimento em causa.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Valor das ações

As ações são títulos representativos do capital social das sociedades


anónimas e das sociedades em comandita por ações. Cada ação confere então
ao seu titular a qualidade de acionista, o qual tem direito a uma parte
proporcional dos bens da sociedade (em caso de liquidação) e na repartição dos
seus lucros (sob a forma de dividendos).

São muitas vezes designados como títulos de rendimento variável, porque


variáveis são as duas componentes do rendimento que podem proporcionar: o
dividendo, parcela dos lucros que é distribuída anualmente, relativa a cada ação,
e a mais-valia (ou ganho de capital), obtida no preço, ou seja, é a diferença entre
o preço de venda e o preço de compra de cada ação.

A ação proporciona ao acionista um conjunto de direitos que se podem classificar


da seguinte forma:

Direitos estatutários:

• O direito de voto – os estatutos da sociedade ditam o número de ações


que o acionista deve possuir para poder assistir à Assembleia Geral e
exercer o seu voto, no entanto se não possuir o número mínimo exigível
de ações pode reunir-se com outros pequenos acionistas.
• O direito de ser informado – por escrito, antes da Assembleia Geral ou
verbalmente, durante a reunião, pode igualmente pedir informações sobre
assuntos que estejam na ordem do dia.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Direitos Económicos:

• O direito de receber dividendos – no caso de a sociedade obter lucros e


de os distribuir. Os dividendos serão pagos contra a entrega de um cupão
ou por carimbagem das ações.
• O direito de exercer a partilha do fundo social – no caso de incorporação
de reservas no capital social. O direito de atribuição pode não ser
consubstanciado através de entrega de novas ações, mas sim por
alteração do valor nominal das antigas, mediante o processo de
carimbagem dos títulos.
• O direito de preferência na subscrição de novas ações – quando a
sociedade aumenta o seu capital em numerário, através da emissão de
novas ações, os acionistas têm direito a subscrever novas ações na
proporção que lhes corresponder. Se não lhes interessa participar no
aumento de capital social, podem vender o seu direito de subscrição das
novas ações.

A valorização das ações cotadas nas Bolsas de Valores é bastante influenciada


quando se anuncia ou prevê que uma empresa vai fazer um aumento de capital
social por incorporação de reservas ou por subscrição pública de ações com
reserva de preferência para os acionistas, a um determinado preço que, em
regra, é ao par ou acima do par, mas inferior ao preço da emissão que é fixado
para o público.

Tipos de ações

Ações nominativas

São aquelas em que a titularidade dos seus possuidores resulta da inscrição do


nome do titular no livro de registos da sociedade. A propriedade e a transmissão
deste tipo de ações, apenas produzirá efeitos para com a sociedade e para com
terceiros a partir da data do respetivo averbamento no livro de registos de ações.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Ações ao portador

São aquelas cujas titularidades resulta da posse material do próprio título; estas
devem obedecer a normas no que diz respeito às técnicas de impressão, cores,
papel e remuneração a fim de evitar a sua falsificação.

O contrato de sociedade pode autorizar a emissão de ações preferenciais sem


voto até ao monte representativo de metade do capital social. Estas ações, além
de todos os direitos, exceto o de voto, inerente às ações ordinárias conferem
ainda direito a um dividendo prioritário não inferior a 5% do respetivo valor
nominal, retirado do valor dos lucros a distribuir aos acionistas e o reembolso
prioritário do seu valor nominal no caso de liquidação da sociedade.

Representação das ações

As ações podem ser representadas por títulos ou assumir forma meramente


escritural.

Para as ações e outros valores mobiliários conversíveis em ações ou que deem


direito à sua subscrição ou aquisição, o contrato da sociedade eminente deve
estabelecer qual a sua forma de representação (tituladas ou escriturais),
entendendo-se quando nada for dito que ambas as formas são admitidas.

No caso de ações representadas por títulos, antes da emissão dos títulos


definitivos, a sociedade pode entregar ao acionistas títulos provisórios
nominativos, que substituem, para todos os efeitos, os títulos definitivos
enquanto estes não forem emitidos.

Formas de aumento do Capital Social

Um aumento de capital social pode conter um conjunto diversificado de


componentes, designadamente incorporação de reservas (traduz uma mera
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

operação contabilística no qual se transfere para capital um montante, de


reservas, que já constituía os capitais próprios), emissão de ações destinadas a
subscrição pelos atuais acionistas (direito de subscrição), emissão de ações
destinadas a colaboradores da empresa e emissão de ações para subscrição
pelo público.

No decorrer da sua atividade, as sociedades necessitam geralmente de


aumentar o seu capital social. Para tal podem recorrer a emissão de novas ações
contra pagamento das mesmas em dinheiro, emissão de ações “d’apport”, ou
seja, os acionistas entregam valores reais para pagamento das novas ações e
incorporação de reservas (neste caso, são distribuídas gratuitamente novas
ações aos acionistas ou é alterado o valor nominal das antigas).

Exemplo de um aumento de capital

A empresa AZA, SA decide aumentar o seu capital por desejar alterar a sua
estrutura de financiamento e, simultaneamente pretende concretizar um novo
projeto de investimento.

Os gestores da AZA, SA após um estudo económico, decidem aumentar o capital


de 250 milhões de euros para 450 milhões de euros. Esta operação é formada
por quatro componentes: 50 milhões de euros são realizados por incorporação
de reservas, 25 milhões de euros por emissão de ações para subscrição por
atuais acionistas, 5 milhões de euros para subscrição pelos colaboradores
permanentes da empresa e 120 milhões de euros para subscrição pública.

Como o valor nominal de cada ação da sociedade AZA, SA é de 1000€, a


repartição das novas emissões por cada uma daquelas categorias será:
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Capital Social Inicial 250.000.000€ 250.000 ações

Incorporação Reservas 50.000.000€ 50.000 novas ações

Entradas em numerário

Atuais acionistas 25.000.000€ 25 000 novas ações

Colaboradores empresa 5.000.000€ 5.000 novas ações

Público 120.000.000€ 120.000 novas ações

Formação da Cotação

Para que as cotações das ações possam refletir com objetividade a situação de
uma empresa ou de um sector de atividade, é necessário que muitos milhões de
pessoas invistam regularmente as suas poupanças na Bolsa. É isso que
acontece nas grandes Bolsas internacionais, como a de Nova Iorque ou a de
Tóquio. Só assim se consegue evitar a manipulação das cotações por uma
pessoa ou um conjunto restrito de investidores. Quando existem muitos milhões
de investidores, as decisões de cada um deles quanto a comparar ou a vender
ações não tem senão um efeito insignificante sobre os preços e ninguém pode
influenciar as cotações em seu próprio benefício.

Mas o que será então a cotação de uma ação, ou de qualquer outro título?

Cotação, é o preço a que são transacionados os títulos na Bolsa. Esse preço é


o resultado do (des)equilíbrio entre a oferta e procura existentes numa
determinada sessão de Bolsa. Um excesso de procura tende a provocar uma
pressão ascendente na cotação. Uma oferta maior que a procura tende a criar
uma tensão na cotação, no sentido da descida.

A cotação é estabelecida de modo a que seja transacionada a maior quantidade


possível de valores.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

A determinação da cotação de um título está sujeita ao cumprimento de regras.

A evolução das cotações das ações transacionadas nas Bolsas é medida através
dos chamados Índices Dow-Jones, da Bolsa de Nova Iorque, o Índice Nikkei, da
Bolsa de Tóquio, e o Índice CAC, da Bolsa de Paris.

Em Portugal, um dos índices bolsistas mais utilizados é o Índice BVL, da Bolsa


de Valores de Lisboa.

Rendibilidade do investimento em ações

Valor Contabilístico e Valor Real

Razões várias levaram a que, muitos investidores em Portugal elegessem o valor


contabilístico como seu indicador de análise para as decisões na Bolsa.

Trata-se de um indicador extremamente simples e fácil de calcular, resultando


daí uma parte significativa das suas vantagens e da sua popularidade. O valor
contabilístico é determinado pelo quociente entre o património líquido da
empresa (ou situação líquida) e o número de ações emitidas. Teoricamente, o
valor do património acumulado relativo a cada ação.

Calculando o quociente entre a cotação atual e o valor contabilístico por ação, o


investidor pode estabelecer um juízo absoluto, atendendo ao valor do quociente
de “per si”, e um juízo relativo, comparando os vários rácios relativos a cada um
dos títulos cotados na Bolsa. A decisão de compra seria favorável aos títulos
com um rácio “cotação/valor contabilístico” mais baixo. Nessa ótica, um título em
que a cotação está quatro vezes acima do valor contabilístico é menos atrativo
para comprar que um outro em que o preço represente duas vezes o valor
contabilístico.

No entanto, as escolhas não são tão facilitadas, dado que duas empresas com
igual rácio “cotação/valor contabilístico” podem ter graus de risco e de
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

rendibilidade esperada totalmente diferentes. Quanto maior for o risco, menos


alto terá de ser a discrepância aceitável entre a cotação e o valor contabilístico.

Estas considerações implicam que o investidor que paute as suas decisões com
base no valor contabilístico, tenha que, simultaneamente, elaborar um juízo
pessoal sobre o risco e a rendibilidade relativos a cada título. Este é, aliás, um
dos grandes inconvenientes do valor contabilístico como indicador de análise de
cotações por apenas conter informações sobre o passado. Outra das suas
insuficiências prende-se com o facto de assentar em saldos contabilísticos, os
quais, por razões diversas, nem sempre retratam corretamente a situação real
da empresa.

Atualização do Valor Contabilístico

Os aumentos de capital social, através de entrada de numerário, provocam


alterações no valor da situação líquida e, consequentemente no valor
contabilístico (um aumento de capital deste tipo só não modifica o valor
contabilístico se o preço médio de emissão das novas ações coincidir
exatamente com o anterior valor contabilístico). Também as incorporações de
reservas alteram esse valor.

Os investidores devem acompanhar permanentemente as variações no valor


contabilístico, atualizando-o. Caso contrário, o rácio “cotação/valor contabilístico”
perde todo o significado. É evidente que o público em geral não tem
conhecimento de determinadas alterações na situação líquida que têm lugar ao
longo do ano. Os investidores só no final do ano, após o encerramento das
contas, sabem das reservas constituídas durante o exercício.

No entanto, sempre que ocorrem aumentos de capital, quer por incorporação de


reservas, quer por entrada de numerário, deve ser corrigido o valor contabilístico
para que ele não seja enganador. Caso contrário, pode estar-se a analisar
cotações com base num valor contabilístico (do final do último ano), de
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

5.000€/ação, por exemplo, quando ele (apenas devido ao aumento de capital) já


subiu para 6.500 € ou desceu para 4.000€.

Vimos que uma das grandes insuficiências do valor contabilístico residia no facto
de se fundamentar exclusivamente sobre a informação acumulada do passado,
não se reportando de modo algum à evolução futura.

Para suprir este inconveniente, é corrente recorrer-se ao chamado método do


valor real.

O valor real é importante, já que tem sido como instrumento crucial de avaliação
do preço de emissão, quer por entidades institucionais, quer por operadores
individuais. O valor real de uma empresa por ação pode ser perspetivado como
um limiar inferior, um nível de referência. A análise comparada de um conjunto
de títulos cotados com base no valor real é igualmente suscetível de ilações
significativas.

Mas como se calcula o valor real?

Este conceito possui duas componentes: uma, o valor presente (ou do final do
último ano completo) da empresa, designado por valor substancial (equiparado
ao valor contabilístico); outra, a capacidade da empresa gerar maiores ou
menores lucros futuros, sintetizada no conceito de goodwill.

O valor substancial é referido como o conjunto de meios utilizados por uma


empresa para a prossecução de um determinado objetivo económico (por
exemplo, a maximização da cotação das ações), abrangendo neste conceito os
meios afetos à atividade da empresa que não integram o seu património, como
é o caso de bens em regime de leasing.

A segunda componente, o goodwill, pode ser qualificado através do valor


atualizado dos chamados “lucros supranormais” futuros. Trata-se de
considerar a parcela dos lucros futuros que ultrapasse os “lucros normais”, tidos
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

como aqueles que proporcionam uma rendibilidade dos capitais da empresa


próxima da remuneração de aplicações financeiras alternativas com grau de
risco semelhante.

As componentes do risco de uma ação

O risco pode ser dividido em duas componentes: uma possível de progressiva


eliminação através da eliminação da carteira; outra, imutável e completamente
resistente a qualquer composição do investimento.

Admita-se, para o caso inicial, uma situação na qual uma determinada empresa,
cotada em Bolsa, é obrigada a paralisar por tempo indeterminado a sua produção
e a realizar vultuosos investimentos por incumprimento de disposições legais
antipoluição. Nesta situação, não surpreenderá que a cotação das suas ações
sofra uma imediata descida, em consequência daquele novo elemento que
certamente conduzirá os investidores a uma reavaliação das perspetivas da
empresa. Aquele acontecimento, no entanto, apenas afetou a rendibilidade dos
títulos de uma empresa, não tendo qualquer influência na das restantes. Trata-
se, pois, de um fator de risco específico.

Imagine-se agora uma outra situação, na qual se estava perante a eminência de


um conflito internacional com graves consequências na economia mundial.
Neste quadro, não nos surpreenderemos ao assistir a uma baixa generalizada
das cotações, afetando a rendibilidade das ações. Neste caso, o rendimento dos
investidores será diminuído, qualquer que seja(m) o(s) título(s) detido(s). Aqui o
fenómeno da diversificação em nada poderá ajudar, uma vez que estamos
perante um fator de risco não eliminável.

Risco específico – genericamente poderá ser associado a todos os fatores que


não afetam o rendimento da totalidade das ações, mas apenas o de uma ou de
um conjunto identificável de ações.

Este nível de risco pode ser subdividido em três classes:


INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

• Risco da empresa: engloba todos os fatores que somente afetam positiva


ou negativamente a rendibilidade de uma empresa, como sejam, por
exemplo, o lançamento malsucedido de um novo produto, ou uma
inovação no processo de fabrico.
• Risco do sector: inclui todos os fatores suscetíveis de modificar a
rendibilidade das empresas de um determinado sector, como por exemplo
a eliminação de restrições à importação (nesse sector), ou a criação de
um sistema de incentivos financeiros e/ou fiscais de índole sectorial.
• Risco comum não sectorial: compreende o conjunto de fatores que afetam
a rendibilidade de mais de uma empresa e que têm como matriz comum
uma base não sectorial. Como exemplo podemos citar a eliminação de
isenção de IVA (que atingirá empresas de vários sectores).
• Risco de mercado (ou sistemático) – integra os fatores que de forma geral
têm capacidade de alterar (ainda que com maior ou menor intensidade) a
rendibilidade de todas as ações do mercado, como sejam, entre outros
exemplos, a inflação, os níveis das taxas de juro ou a conjuntura política
nacional ou internacional.

O valor das ações

Certamente, a pergunta que milhões de pequenos investidores fazem antes de


investir dinheiro na Bolsa de Valores está relacionado com a cotação das ações.
Esta pergunta é habitual na hora de investir pois, se você comprar ações caras,
o mais certo é que nos próximos meses a sua rentabilidade seja negativa. Pelo
contrário, se você comprar ações baratas, com potencial de subida a médio ou
longo prazo, daqui a 6 meses, 1 ano ou mais, poderá conseguir uma
rentabilidade de 20% ou mais. No final, a cotação no mercado de uma ação é
determinada pela oferta e procura de um certo ativo financeiro. O equilíbrio entre
estas duas forças será responsável por determinar o sentido da cotação das
ações segundo o lado onde se regista mais pressão, se são executadas mais
ordens de compra ou pelo contrário, de venda, o que se traduzirá na subida ou
descida do preço.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

Como calcular o Valor das Ações

A valorização dos investidores sobre uma empresa cotada em Bolsa, é o que


acontece quando aumenta a oferta e procura por títulos da empresa, e nela
predominam vários fatores muito importantes, como são a esperança futura de
lucros da empresa, assim como o seu potencial de crescimento. Dentro de
diferentes parâmetros a estudar para conseguir uma boa valorização das suas
ações, também entra em jogo a confiança dos investidores no setor, a situação
do ciclo económico atual, rentabilidades históricas, entre outros valores
necessários para fazer a análise fundamental das ações.

• Valor contabilístico – É o resultado do valor de uma empresa dividido


pelo número de ações cotadas.
• Valor de mercado – Refere-se à capitalização da empresa, ao multiplicar
o preço atual de uma ação pelo número de ações cotadas em Bolsa.
• Valor nominal – É calculado dividindo o capital social da empresa entre
o número de ações cotadas.
• Valor de uma ação no mercado – É o preço a que estão cotadas as
ações da empresa no mercado bolsista em cada sessão de negociação e
este será afetado pela sua flutuação segundo a oferta e procura de ações.
• Valor fundamental – O seu cálculo é mais complexo, devido a
influenciarem diversos fatores, como as previsões de lucros, recursos
próprios, variações nas divisas, prognósticos de vendas futuras,
modificações legislativas, entre outras coisas.

Uma vez realizada a compra e venda de ações, o seu resultado financeiro pode
ser a obtenção de ganhos – mais-valias – ou de perdas – menos-valias. Para o
cálculo dos valores fiscais a pagar é necessário ter em conta a tabela atualmente
de impostos sobre mais-valias.

No mundo da Bolsa existe muita controvérsia sobre a análise fundamental e a


análise técnica. Ambas têm uma grande quantidade de defensores, que utilizam
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

uma destas técnicas ou ambas, que podem ser úteis para encontrar boas
oportunidades nos seus índices acionistas favoritos.

A análise fundamental baseia-se no estudo de toda a informação económico-


financeira disponível sobre a empresa (balanço, resultados, rácio financeiro, etc),
assim como da informação do setor, da conjuntura económica e de outros dados.
Com esta análise é possível determinar pontos fortes e fracos da empresa, como
a sua solidez financeira, liquidez, gastos e rentabilidade.

A análise Técnica

A análise técnica, parte da ideia fundamental que os mercados não são


eficientes, havendo desta forma ações que estão caras e outras baratas, não
estando ao preço justo, pelo que a tarefa do investidor é encontrar onde estão
as “pechinchas”. Mas também não se pode esquecer que as empresas vão
crescer ou podem ter um produto que é sucesso de mercado e então o seu
potencial de rentabilidade é maior. São vários os indicadores que podem ser
utilizados para saber se as ações de uma empresa estão caras ou baratas, no
entanto os mais importantes são:

• Price to Book Value (PBV) – Este indicador mede a relação entre o valor
da empresa em bolsa e o valor contabilístico, num determinado período,
por ação.
• Price to Sales (PS) – Mede a relação entre o valor da empresa em Bolsa
e o valor total de vendas da empresa, num determinado período, por ação.
• Price to Cash-flow (PCF) – Mede a relação entre o valor da empresa em
Bolsa e a sua capacidade de gerar fluxos de caixa, num determinado
período, por ação.
• Price to Ebitda (PEbitda) – Mede a relação entre o valor da empresa em
Bolsa e a sua capacidade de gerar fluxos de caixa das suas atividades
operacionais, num determinado período, por ação.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

• Payout Ratio (PR) – O rácio de payout mede a proporção entre lucros


totais da empresa e os resultados distribuídos aos acionistas através de
dividendos.
• Dividend Yield (DY) – É a relação entre o valor dos dividendos e a
cotação da ação.

Valor das Obrigações


Uma obrigação pode definir-se genericamente com um título de dívida,
negociável, pelo qual a entidade emite se compromete a pagar, ao seu detentor
– o obrigacionista -, um certo rendimento periódico, o juro, e a reembolsar o
capital, nos termos estipulados à data de emissão na respetiva ficha técnica.

Pelo facto de os portadores ou detentores das obrigações receberem um


rendimento em certas datas, sendo, portanto, possível prever à partida todos os
cash-flows que origina ao longo da sua vida útil, diz-se também que são títulos
de rendimento fixo.

Destinadas à obtenção de fundos por prazos relativamente longos, as emissões


destes valores são realizadas por agentes económicos que desejam captar
fundos a médio e longo prazo para fazer face às suas necessidades de
financiamento, podendo utilizar os montantes recolhidos por esta via, por
exemplo, em ajustamentos nas respetivas estruturas de capitais.

Os principais emitentes desta categoria de títulos são o Estado, as Regiões


Autónomas, os Municípios, as sociedades anónimas e as sociedades por quotas.

Por sua vez, entre os habituais subscritores ou compradores de obrigações


contam-se os investidores particulares e uma diversidade de intermediários
financeiros, dos quais se destacam as instituições bancárias, as empresas
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

seguradoras, as sociedades gestoras de fundos de pensões e as sociedades


gestoras de fundos de investimento imobiliários.

Características das Obrigações

As principais características das obrigações são:

• a transmissibilidade e a independência, porque são títulos negociáveis e


transmissíveis, sem necessitarem de qualquer alteração do devedor;
• a uniformidade por serem análogas e emitidas em série;
• a indivisibilidade, pois não podem ser fracionadas em partes.

Adicionalmente, as condições de emissão de obrigações podem incluir cláusulas


contratuais destinadas a garantir os direitos dos obrigacionistas, nomeadamente
o pagamento atempado dos juros e o reembolso do capital, o que, consoante a
sua qualidade, poderá elevar o rating (processo que permite aferir da
probabilidade de incumprimento por parte da entidade emitente. Quanto mais
elevada for a probabilidade de a emitente vir a cumprir o serviço da dívida,
melhor será o rating da empresa) da emissão.

Assim, em primeiro lugar, a emitente pode conceder uma garantia real, ficando
os obrigacionistas com a possibilidade de, em caso de incumprimento por parte
da entidade emitente, satisfazer os seus créditos com o produto da alienação
dos bens objeto da garantia, tendo em princípio, preferência sobre os demais
credores. A existência de uma garantia deste tipo é a característica das
obrigações hipotecárias.

Uma segunda alternativa é a introdução de cláusulas que determinem a


subordinação de outras dívidas, colocando os credores destas em posição
inferior ou secundária, relativamente aos obrigacionistas em caso de
incumprimento.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

A terceira figura consiste na constituição de um fundo de amortização ou sinking


found, para o qual a emitente efetua pagamentos anuais que serão utilizados na
recompra de obrigações em momento ulterior. Este tipo de cláusula assegura
aos obrigacionistas que a emitente acautela o reembolso do empréstimo com a
devida segurança.

Por último, poderão ser incluídas determinadas cláusulas contratuais designadas


por convenants, positivas ou negativas, quantitativas ou qualitativas.

Alguns dos elementos que caracterizam um empréstimo obrigacionista são


comuns a todas as emissões, enquanto outros apenas por decisão da entidade
eminente são utilizados. Obviamente que são estes últimos elementos que,
associados às características específicas de cada emitente, diferenciam as
emissões.

Os principais elementos que caracterizam uma obrigação são:

• valor nominal ou facial: valor que é inscrito no título. Em Portugal, o valor


nominal mais comum é de 1 000 euros, embora nas emissões de dívida
pública seja corrente o valor de 10 000 euros;
• preço de emissão: o preço que tem de pagar quem pretende adquirir uma
obrigação no momento da emissão. O preço da emissão pode ser ou não
diferente do valor nominal: se o preço for superior, trata-se de uma
“emissão acima do par”, designando-se a diferença entre o preço de
emissão e o valor nominal da obrigação por “prémio de emissão”, se for
inferior, a emissão diz-se “abaixo do par” ou que os títulos são emitidos “a
desconto”. Se o preço coincidir com o valor nominal, a emissão é realizada
“ao par”;
• taxa de juro: taxa anual utilizada para calcular o valor dos juros a pagar
aos obrigacionistas, sendo correntemente designada por “taxa de cupão”.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

• vida útil ou maturidade: prazo do empréstimo, que deve estar definido nas
condições da emissão e que pode não ser igual para todas as obrigações
de uma mesma emissão;
• valor do reembolso: é o montante que a entidade emitente paga ao
detentor da obrigação para proceder à amortização da dívida contraída.
De uma forma geral, o reembolso das obrigações é efetuado ao valor
nominal, mas também pode ser efetuado por um valor diferente. Quando
o reembolso é feito acima do valor nominal diz-se que o reembolso é
“acima do par” e o diferencial entre os valores do reembolso e nominal
constitui o prémio de reembolso. Quando o reembolso é efetuado abaixo
do valor nominal então o mesmo é feito “abaixo do par”;
• data do vencimento: é o momento do último reembolso de capital. A vida
máxima de um empréstimo obrigacionista corresponde ao período de
tempo que medeia entre a data de emissão e o momento do último
reembolso do capital, a data de vencimento. O momento final da vida
máxima designa-se por “maturidade”. Quando o empréstimo não é
reembolsado de uma só vez, é comum falar-se de “vida média” do
empréstimo.

O pagamento de capital emprestado pode ser efetuado mediante um único


reembolso ou por vários reembolsos periódicos, os quais podem ser de valor
constante ou progressivo.

Formas de Reembolso

O método mais simples e usual de amortização de um empréstimo obrigacionista


consiste no reembolso de uma única vez, a todos os obrigacionistas no último
dia da obrigação in fine, ou seja, no vencimento final do empréstimo e juntamente
com o pagamento do último cupão.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

O método dos reembolsos periódicos constantes consiste em reembolsar em


cada período uma fração do empréstimo previamente definida nas condições de
emissão. Este método apresenta como principal vantagem de dispersar
temporalmente o esforço financeiro da entidade emitente.

O método de amortização periódica através de reembolsos periódicos do valor


progressivo verifica-se, na maioria dos casos, quando o serviço da dívida é
constante.

Finalmente, no que diz respeito à possibilidade de amortização antecipada, esta


facilidade pode ser concedida quer à entidade emitente quer aos investidores.
As obrigações com opção de compra (call option) conferem à entidade
emitente o direito de amortizar, parcial ou totalmente, as obrigações antes de
atingirem a maturidade. A amortização antecipada faz-se, geralmente, ao valor
nominal, mediante o pagamento de um prémio de reembolso sobre o valor
nominal. Quase sempre o prémio é decrescente em função da data de exercício
da opção, isto se durante a vida útil do empréstimo houver mais do que um
período de opção de reembolso. O valor destes prémios é estabelecido com a
de emissão, em função das perspetivas de evolução das taxas de juro e do
tempo que decorre entre a data em que pela primeira vez é possível exercer a
opção e o final da vida legal das obrigações.

Quanto mais longo for este período maior será o prémio da opção, uma vez que
o risco de haver alterações das taxas de juro no mercado também é maior.

Por seu turno, as obrigações com opção de venda (put option) dão aos
investidores o direito de vender à entidade emitente as obrigações antes da sua
maturidade. A venda efetua-se através do exercício da opção de venda a um
determinado preço que, regra geral, integra um desconto no rendimento das
obrigações, o qual é estabelecido de maneira idêntica aos prémios de reembolso
das obrigações com call option.
INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VIANA DO CASTELO

De uma forma simplificada, quando uma empresa emite obrigações está a


contrair um empréstimo, geralmente em condições mais vantajosas do que
se recorresse à banca. Por outro lado, quem aplica o seu dinheiro em ações
está a adquirir uma parte, ainda que pequena, de uma empresa.

Bibliografia

Neves, João (2006). Análise Financeira

Silva, Eduardo Sá (2009). Gestão Financeira – Análise de fluxos financeiros

Vários autores (1997). Gestão financeira, casos práticos

Sites consultados:

https://pt.wikipedia.org

https://www.occ.pt

http://www.cmvm.pt

Você também pode gostar