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UFCD 0619 – Métodos e Técnicas de Análise

Económica e Financeira

2. Análise financeira com recurso a balanços

2.1. Balanço de gestão - Conceito e representação gráfica

O Balanço, atendendo à sua natureza formal, é um documento estático!


É um quadro resumido e comparativo dos elementos que constituem o património da
empresa, expresso em unidades de valor, em determinada data. É o mapa que nos dá a
posição financeira da empresa, logo, permite identificar os elementos do ativo líquido, passivo
e do capital próprio agrupados em rubricas pré-definidas.

O balanço avalia a riqueza, isto é, o valor da empresa mas não demonstra o seu resultado,
apenas o apresenta em valor total.

O Balanço procura fazer a comparação entre o Ativo e o Passivo, estabelecendo a sua


diferença: o Capital Próprio.

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Capital próprio: é o valor líquido do património de


uma empresa. O capital próprio é a diferença entre
os ativos e passivos, ou seja, a diferença entre tudo
aquilo que a empresa possui e o que deve a terceiros.

Em toda a atividade, há o interesse em, ao proceder-se à comparação entre aqueles dois


grupos de valores, obter uma diferença (CP) cada vez maior, de modo que o Ativo supere o
Passivo.

Porém, nem sempre assim acontece. Por motivos vários, pode suceder que, no fim de
determinado exercício económico, os valores que a empresa dispõe (Ativo) sejam inferiores
às obrigações que a empresa tem para com terceiros (Passivo). Nesse caso, a comparação
entre o Ativo e o Passivo traduzirá um prejuízo e o Capital Próprio da empresa será negativo.
Quando o seu passivo seja manifestamente superior ao ativo, e com dificuldade em cumprir
com as suas obrigações vencidas, a empresa estará numa situação de insolvência.

O balanço traduz sempre um equilíbrio entre três grandezas: Ativo, Passivo e Capital Próprio.
Na sua forma mais simples, é passível de representação através de duas colunas verticais:
na primeira representa-se o Ativo e na segunda figuram o Passivo e o Capital Próprio.

O equilíbrio patrimonial pode ser representado algebricamente na igualdade, conhecida por


equação geral do balanço:

A = P + CP

O balanço é um documento contabilístico que reflete a situação financeira da empresa num


determinado momento listando os bens e os direitos (o ativo), e as obrigações da empresa
perante terceiros (o passivo).

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Doutro ponto de vista, o ativo reflete os investimentos efetuadas na empresa, e o passivo é


de onde saíram os fundos que financiaram esses investimentos.

Segue-se o exemplo de um balanço (figura A):

Neste exemplo, podem-se observar as principais características do balanço:


• Está sempre mencionada uma determinada data
• Expressa-se em unidades monetárias
• O total do primeiro membro (Ativo) é sempre igual ao total do segundo membro
(Capital próprio + Passivo).

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2.2. Balanço - preparação para análise

O balanco é a demonstração financeira que nos dá a posição financeira da entidade.

O seu formato é de aplicação obrigatória apresentando diferenças para as entidades


integradas nos diversos regimes. Essas diferenças estão espelhadas no número de rubricas
incluídas nessa demonstração, para além dos diferentes critérios de mensuração a elas
associados assim como as diferentes exigências em termos de divulgação no anexo.

O formato do balanço corresponde as divulgações mínimas que as entidades são obrigadas


a indicar:

- Incluir a identificação (nome da entidade),


- A data a que se reportam as contas (normalmente 31/12/N),
- A unidade monetária em que relata (normalmente em €).

O balanço deve evidenciar os comparativos relativos ao período anterior, normalmente 31/12/N-1.

Os ativos e passivos não devem ser compensados, ou seja, não se deve deduzir ao ativo
valores de um passivo associado e vice-versa.

Por exemplo, se a empresa X vende ao cliente Y 5.000€ de mercadorias a crédito, e em


simultâneo essa empresa realiza um serviço à X no montante de 200 €, também a crédito,
estas duas operações devem ser evidenciadas na empresa X separadamente:

- A dívida de Y (1.000 €) constara numa rubrica do ativo


- A dívida a X constara no passivo, no montante de 200 €.

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Para se entender o balanço e necessário perceber o que significam os itens a relatar, o seu
conteúdo e a sua disposição nesse mapa contabilístico. Os itens correspondem a um conjunto
homogéneo de elementos patrimoniais, agrupados sob uma conta.

A primeira distinção que aparece no balanco, quer para os ativos quer para os passivos, é:
o Corrente.
o Não corrente.

A distinção de corrente e não corrente consta nas normas contabilísticas.


Um ativo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer dos seguintes
critérios:

a. Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido, no


decurso normal do ciclo operacional da entidade;
b. Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
c. Espera-se que seja realizado num período até doze meses após a data do balanço;
ou
d. É caixa ou equivalente de caixa, a menos que lhe seja limitada a troca ou uso para
liquidar um passive durante pelo menos doze meses após a data do balanço.

Todos os outros ativos devem ser classificados como não correntes.

Como se infere, as normas definem o conceito de ativo corrente, e por exclusão de partes
temos o conceito de ativos não correntes. Para que seja um ativo corrente basta cumprir
apenas um dos critérios apresentados.

Exemplo

Uma empresa que presta serviços de consultadoria de viagens, no final do mês de setembro
apresentava os seguintes elementos patrimoniais ativos líquidos:

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o Depósitos a ordem: 5.500 €


o Mobiliário diverso: 25.000 €
o Clientes: 5.000 € (que de acordo com os contratos estabelecidos, 50% será
recebido dentro de 3 meses e o restante dentro de 18 meses)
o Dinheiro na caixa: 50 €
o Equipamento informático: 3.000 €
o Ações detidas para negociação: 1.000 €
o Inventários (stocks): 3.800 €

Atendendo aos critérios acima expostos

Ativo corrente:
o Inventários (stocks): 3.800 €
o Clientes: 5.000 €- Nota: Os créditos comerciais são sempre correntes
o Ações detidas para negociação: 1.000 €
o Depósitos a ordem = 5.500 €
o Dinheiro na caixa: 50 €

Ativo não Corrente:


o Equipamento informático: 3.000 €
o Mobiliário diverso: 25.000 €

Relativamente aos passivos, referem as normas que:

Um passivo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer um dos seguintes
critérios:
o Se espere que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade;
o Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
o Deva ser liquidado num período até doze meses após a data do balanco;
ou
o A entidade não tenha um direito incondicional de diferir a liquidação do
passive durante pelo menos doze meses ap6s a data do balanco.

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Todos os outros passivos devem ser classificados como não correntes.

Como se infere, as normas definem o conceito de passive corrente, e par exclusão de partes
temos o conceito de passive não corrente. Para que seja considerado um passive corrente
basta cumprir um dos critérios apresentados.

Exemplo

Uma empresa no final do mês de setembro apresentava os seguintes elementos patrimoniais


passivos:
o Fornecedores: 5.500 € (a pagar nos próximos 2 meses e 15 meses)
o Sócios: 3.000 € (suprimentos a recuperar em 24 meses)
o Estado: 200 € (IVA a pagar)
o Empréstimo obtido no banco NOTAS: 25.000 € (que de acordo como contrato
estabelecido, 40% será liquidado dentro 6 meses e o restante dentro 18
meses).

Atendendo aos critérios acima expostos:

Passivo corrente:
o Fornecedores: 5.500€ Nota: As dívidas comerciais são sempre correntes
o 40% do empréstimo bancário (10.000 €)
o Estado: 200 € (IVA a pagar)

Passivo não Corrente:


o 60% do empréstimo bancário (15.000 €)
o Sócios: 3.000 € (a pagar a 24 meses)

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2.3. Balanço social

O balanço social fornece um conjunto de informações essenciais sobre a situação social da empresa,
pondo em evidência pontos fortes e pontos fracos da gestão social dos recursos humanos, o grau de
eficiência dos investimentos sociais e os programas de ação que visem a realização pessoal dos
trabalhadores, a sua identificação com a empresa e a melhoria da sua própria vida.

Desde 1985 que a sua elaboração é obrigatória em todas as empresas com, pelo menos, 100
trabalhadores ao serviço.

O balanço social nas empresas privadas é, simultaneamente um meio de informação, um


utensílio de negociação ou de concertação e um instrumento de planeamento e gestão nas
áreas sociais e de recursos humanos.

Para tanto o balanço social deve conter as seguintes informações, relativas à:

Identificação da empresa

O Emprego

Os custos com o pessoal

Higiene e segurança

A formação profissional

A proteção social complementar

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1. IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

A empresa deve identificar a sua atividade principal, aquela de que aufere maior volume
de vendas ou de serviços prestados se nela se exercer mais de que uma atividade, o
estabelecimento, ou seja, a unidade económica que, sob um único regime de propriedade
ou de controlo, produz exclusiva ou principalmente um grupo homogéneo de bens ou serviços
num único local, incluindo sempre a sede da empresa.

Deve determinar a natureza jurídica da empresa: pública; em nome individual, Sociedade


anónima, Sociedade por quotas, etc.

Ainda, as pessoas ao serviço ligadas a empresa por um contrato de trabalho, que


participaram na atividade da empresa, o número médio de pessoas durante o ano

O Valor do VAB (Valor Acrescentado Bruto), conforme o Sistema de Normalização


Contabilística:
VAB = VBP - CI

VBP = vendas + prestação de serviços + variação nos inventários da produção + trabalhos


para a própria entidade + rendimentos suplementares + subsídios à exploração

CI = Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas + Fornecimentos e


serviços externos + Impostos indiretos

2. EMPREGO

Neste âmbito e empresa deve indicar elementos como o número de pessoas ligadas à
empresa por um contrato de trabalho a termo e sem termo, o número médio de pessoas
empregues durante o ano, a respetiva estrutura etária, qualidade e estrutura de níveis de
habilitação.

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Ainda neste capítulo, o número médio anual de contratados a termo e aqueles que passaram
ao quadro permanente, as promoções: por antiguidade, mérito ou outras, o potencial
máximo anual (número total de horas que teoricamente a empresa laborará durante o
conjunto de dias úteis do ano), o total de horas efetivamente trabalhadas e as ausências ao
trabalho

3. CUSTOS COM PESSOAL

Custos com o pessoal pertencente aos órgãos sociais (por ex.: corpos gerentes, conselho
fiscal, etc.) e os que respeitem aos restantes trabalhadores.

O salário direto e os subsídios e prémios regulares: montante ilíquido anual pago às pessoas
ao serviço no ano, com carácter regular, em cada período de pagamento e referente a
prémios de produtividade ou rendimento, subsídios de antiguidade ou assiduidade, subsídios
de turno, por trabalho noturno, por trabalhos penosos ou sujos, de função ou
responsabilidade, pagamento das horas suplementares, trabalho noturno extraordinário e
trabalho em dias de descanso.

4. HIGIENE E SEGURANÇA

Aqui deve também indicar o número de acidentes de trabalho e eventuais doenças


profissionais

5. FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Entende-se por “ações de formação profissional” cursos organizados que visam a aquisição
de conhecimentos e aptidões exigidos para o exercício de funções próprias de uma profissão
ou grupo de profissões em qualquer atividade económica.

Considera as ações de formação profissional promovidas pela empresa, ou a que de qualquer


forma a empresa aderiu, na própria empresa, noutras empresas, centros de formação
profissional estatais, etc., no país ou no estrangeiro.

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o Número total de ações


o Número de participantes
o Duração das ações
o Custos totais de formação

6. PROTECCAO SOCIAL COMPLEMENTAR

Aqui entende-se por encargos (prestações) os montantes de prestações pecuniárias a cargo


da empresa complementares das garantidas pelo regime geral da segurança social,
diretamente suportadas e garantidas pela própria empresa.

Ainda os encargos (prémios ou contribuições) ou montantes a cargo da empresa destinados


a custear esquemas completares de segurança social, que podem ter a natureza de regimes
profissionais complementares, fundos de pensões, fundos de poupança-reforma (feitos pela
empresa a favor dos seus trabalhadores), seguros de grupo, etc.

O Balanço Social não se confunde com a política de recursos humanos interna que analisa
a relação da empresa com seus funcionários. Enquanto que aquele preocupa-se também
com os feitos da empresa em relação à sociedade externa, ou seja, desde investidores e
fornecedores até ao meio ambiente e Estado.

O Balanço Social, como estratégia de mudança, de impacto eminentemente social e cultural,


tem por objeto demonstrar ao universo de usuários, de forma confiável, uma prestação de
contas, para que possam conhecer e avaliar a qualidade dos investimentos, aplicação de
recursos e o cumprimento das destinações orçamentárias.

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