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ENSINO DE FILOSOFIA
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra Bárbara Götzinger
Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
Profa. Jociane Stolf
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W87299m Wonsovicz, Silvio
Metodologia do Ensino de Filosofia/
Silvio Wonsovicz [e] Geverson Luz Godoy.
Centro Universitário Leonardo da Vinci –
Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010.x;
109 p.: il.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-779-0
APRESENTAÇÃO...................................................................... 7
CAPÍTULO 1
Filosofia e Educação: Desdobramentos na
Educação Brasileira .............................................................. 9
CAPÍTULO 2
Variações na Metodologia de Ensino de Filosofia .......... 37
CAPÍTULO 3
Caminhos e Metodologia de Ensino de Filosofia ............. 87
APRESENTAÇÃO
Seríamos audaciosos ao tentar dar uma resposta a pergunta: Para que serve
a Filosofia?, sabendo que ela possui um valor intrínseco, em si e por si.
Bem sabemos, que a Filosofia em si, não proporciona a ninguém ter poder
sobre outras pessoas, tão pouco adquirir riquezas, bens materiais e lucros
econômicos. A Filosofia deve ser vista e encarada como na primeira visão
platônica e aristotélica, em que devemos desvelar os nossos “assombros” perante
a realidade, tendo o dever de descobrir o que se oculta por detrás dos dogmas
sócio-econômico-religioso-culturais que as classes dominantes impõem às
classes dominadas. Tomando posse do conhecimento, nos é permitido livrar-nos
de algumas amarras que foram trançadas pela dominação ideológica opressora.
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C APÍTULO 1
Filosofia e Educação: Desdobramentos
na Educação Brasileira
Contextualização
Uma vida que não é examinada
não merece ser vivida.
(Sócrates)
• Quem garante que tudo tem de ser como é e que não poderia ser de outra
forma?
• Por que devemos ser éticos? É fácil ser ético no mundo em que vivemos?
Você já deve ter feito inúmeras outras perguntas. Para algumas, você teve
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Metodologia do Ensino de Filosofia
respostas, outras podem ter deixado você pensando. Como você está vendo, há
vários tipos de questionamentos que somos capazes de fazer e, só nós é que
fazemos tais perguntas -, portanto filosofamos.
Por tudo isso é que respostas à pergunta “Por que, para que e como
filosofar?” Está em nós mesmos. Somos racionais e queremos investigar sobre
o mundo, sobre as ideias, sobre as nossas ações e as ações daqueles que
vivem conosco. Queremos poder viver bem, viver em comunidade, ser cidadãos
participantes e ativos.
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Capítulo 1 Filosofia e Educação:
Desdobramentos na
Educação Brasileira
origem na Grécia Antiga, a Filosofia foi voz da liberdade do pensamento, por outro,
resultado da falta e da negação de tal liberdade. Por isto pensar nas razões do
silêncio, no preconceito, no impedimento do filosofar na infância e adolescência
tem sido objeto de análises e reflexões de filósofos e educadores contemporâneos.
O que corrobora com a ideia de que há uma relação intrínseca entre Filosofia e
Educação, ou melhor, entre as Ciências da Educação e a Filosofia.
sobre o que era o homem, quais eram as suas determinações, suas identidades,
peculiaridades, potencialidades e natureza. Filosofar tinha uma função social e
ideológica: explicar racionalmente o agir do homem no mundo e determinar os
fundamentos do seu existir moral, de sua natureza política e visão estética, não
havia mais o interesse em perguntar sobre o problema do mundo. A questão
central da pólis e da Filosofia grega clássica era a investigação da identidade e da
essência do homem. Temos, assim, reflexões de todos os filósofos do século IV e
III, com destaque para Sócrates, Platão e Aristóteles.
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Capítulo 1 Filosofia e Educação:
Desdobramentos na
Educação Brasileira
Atividade de Estudos:
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Metodologia do Ensino de Filosofia
Seria muita pretensão querer fazer com que, pela primeira vez,
começássemos a filosofar sozinhos. Filosofar é, em primeiro lugar, colocar-se
diante de uma Filosofia anterior, considerando-se aqui a tradição filosófica. As
correntes filosóficas, as grandes filosofias são bem diferentes das insuperáveis
obras primas que veneramos e respeitamos quando as visitamos num museu.
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Capítulo 1 Filosofia e Educação:
Desdobramentos na
Educação Brasileira
• empenho pessoal;
• da capacidade de iniciativa dos professores e alunos;
• do desejo de investigar;
• de leituras;
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Capítulo 1 Filosofia e Educação:
Desdobramentos na
Educação Brasileira
• de discussões;
• de produções de textos.
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A educação no Brasil Colônia era uma cópia da cultura da metrópole, pois havia
uma afinidade de interesses entre a elite emergente e a coroa portuguesa, em que
a educação, representada pela Igreja, tendo um saber estruturado em uma cultura
clássica, tradicional, livresca e com o domínio da gramática, era para bem poucos.
Mesmo com a expulsão dos jesuítas em fins do século XVIII, a Filosofia não
desapareceu, sendo que o seu ensino ainda apresentava uma forma precária, no
entanto, manteve os mesmos aspectos livrescos e religiosos como método de ensino.
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Metodologia do Ensino de Filosofia
para o desempenho das atividades exigidas pelo Estado. Tendo em vista esta
educação profissionalizante, muitos jovens perderam a oportunidade de ingressar
em uma universidade.
Foi a partir de 1915, com o decreto nº 11.530, que se definiu que o Ensino
Médio teria a única função de ministrar conhecimentos e criar a possibilidade
de qualquer educando ingressar mediante um rigoroso exame, em qualquer
universidade. A Filosofia no Ensino Médio deixa o caráter complementar e passa
a ser facultativa na escola pública.
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A Obrigatoriedade do Ensino da
Filosofia no Projeto de Lei Nº
1641/2003
Tendo presente que a juventude apresentava algumas características de
desesperanças e poucas perspectivas futuras, como envolvimento com drogas,
prostituição, desemprego, criminalidade, e também por ter vivenciado na sua
adolescência e juventude o regime militar, o Deputado Federal Dr. Ribamar Alves,
do PSB do Maranhão, questionava: o que poderia fazer enquanto representante
político para modificar esta realidade? Dr. Ribamar queria apresentar um PL -
Projeto de Lei, que desse aos jovens o direito ao questionamento, condições de
lutar contra as adversidades, que tomassem consciência de si e dos outros, para
que deixassem de ser presas fáceis dos vendedores de ilusão.
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Capítulo 1 Filosofia e Educação:
Desdobramentos na
Educação Brasileira
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4) Como foi que Ribamar Alves Encontrou meios para inserir o seu
PL?
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Desde Platão, nos últimos cinco séculos antes de Cristo, a Filosofia, a Ética e
a Filosofia Política estão ligadas entre si. Tal ligação é tão forte que se considera o
ideal da Filosofia Política como uma continuação da Filosofia Moral. Ambas têm a
mesma finalidade - buscam o bem viver.
O ser humano quando é livre em seu agir e criador do seu próprio destino,
responde eticamente por sua ação. Ao mesmo tempo em que ele escolhe
livremente, há uma série de contradições históricas que exigem sempre novas
opções. A partir de tais escolhas, temos a ação política que é essencialmente
ação e se compreende como tal dentro de uma determinada coletividade social.
Qualquer pessoa que queira viver bem, portanto eticamente, não se pode omitir
do seu papel político.
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Capítulo 1 Filosofia e Educação:
Desdobramentos na
Educação Brasileira
Movidos por tal necessidade, lutamos por uma educação reflexiva por meio do
ensino da Filosofia através de programas filosófico-pedagógicos, cujo fio condutor
defende um rol de conteúdos em direção a uma reflexão filosófica emancipada.
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Metodologia do Ensino de Filosofia
Algumas Considerações
Durante o capítulo foram apresentados alguns pontos a serem refletidos.
Um destes pontos é o exame da própria vida, sendo que este deve ser feito com
consciência crítica, maturidade e qualidade.
A Filosofia prima por uma educação reflexiva; e esta, por sua vez, busca a
formação do homem integral, ou ainda, formação integral do homem. Questionar
é uma das habilidades buscadas por esta metodologia, o que por muitas vezes é
visto de forma inconveniente em uma sociedade que não sabe explicar o porquê
das coisas.
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Refefências
ARISTÓTELES. Política. Brasília: Ed. da UNB, 1985.
JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem Grego. São Paulo: Herder, 1984.
MORIN, Edgar. Para Sair do Século XX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
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C APÍTULO 2
Variações na Metodologia de
Ensino de Filosofia
Contextualização
No primeiro capítulo, relatamos um pouco da história da Filosofia no Brasil,
seus entraves, presença e ausência no currículo, decisões e indecisões políticas,
e a metodologia proposta em todo o período histórico do Ensino Médio ou
Secundário como foi chamado em alguns períodos.
Houve também, a presença do ensino da Filosofia em cursos superiores de
Direito, Medicina, Pedagogia e cursos direcionados ao ensino propriamente dito
de Filosofia, Sociologia e também de Psicologia.
Neste capítulo trataremos um pouco sobre a presença da Filosofia na estrutura
curricular, destacando a sua importância, possibilidades e métodos de ensino,
habilidades e competências. Ainda por meios históricos, daremos uma maior
ênfase a um método que tem sido referência em educação para o pensar, assim
como, será tratado sobre métodos de avaliação na disciplina de Filosofia desde a
Educação Infantil, passando pelo fundamental, até chegar ao Ensino Médio.
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Capítulo 2 Variações na Metodologia
de Ensino de Filosofia
Tal parecer possui um texto vago e paradoxal e coloca a Filosofia como algo
desnecessário, além de dar margem à continuidade do processo de descaracterização
que a disciplina vinha sofrendo nas últimas duas décadas, ficando a presença da
Filosofia no currículo à mercê da subjetividade dos diretores das escolas.
Outro agravante é que, ao se afirmar que os alunos devem ter noções de
conhecimentos filosóficos, não implica, necessariamente, a presença efetiva
de aulas de Filosofia. Entenda-se aqui, que tais conhecimentos podem (e por
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Capítulo 2 Variações na Metodologia
de Ensino de Filosofia
que não “devem”?) ser abordados por outras disciplinas. Não se defende a
interdisciplinaridade, como à primeira vista poderia ser entendido. No próprio
documento, há contradições com relação a isto:
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ética, política, lógica e estética, houve outras áreas de interesses e estudos dentro
da Filosofia, que caminharam dentro de seu contexto que chamaram-se correntes
filosóficas. Estas possuem sua importância dentro do estudo filosófico, pois ajudam
a compreender o contexto histórico de cada momento vivido pela humanidade.
Para encontrar o saber filosófico, Sócrates, melhor que ninguém, nos mostra
qual o caminho: o da busca. É na procura que o homem se revela a si mesmo
como homem. Na busca o homem encontra a sua essência, o de buscador,
perguntador, questionador.
Colocando-nos na posição de quem não sabe tudo, concluímos que
necessitamos de outrem que possua conhecimentos para que os nossos se
amplie. Há sempre algo a ser aprendido e a verdade possui esta necessidade de
ser parturida, ela necessita vir à luz, de ser desvelada.
A verdade é o que nos liberta das sombras, segundo o filósofo Platão.
Conclui-se, então, que o alcance da verdade é a conclusão desta busca, é a
resposta para a nossa essência humana. Se não a encontramos, há uma grande
probabilidade de não nos conhecermos enquanto seres e, por consequência, não
nos conhecermos em nossa essência, tornarmo-nos seres metafísicos, o que nos
diferencia de todos os outros animais.
O que torna complexa esta busca pela verdade é a cultura pelo pensar
que encontramos nas classes escolares. Raciocinar é um problema difícil e
complicado, que faz parte de uma grande realidade atual educacional. Muito
além de construir conceitos, ser filósofo é ter amor, sede pelo saber, e procurar
respostas para as muitas perguntas lançadas no mundo, sendo que vivemos
uma realidade complexa, em que a informação e a tecnologia buscam o domínio
desta realidade e o profissional que não se adequar a mesma estará excluso do
mercado de trabalho.
A partir desta realidade, parece mais propício aos jovens apropriarem-se ao
mercado de trabalho. Realizam cursos técnicos ou profissionalizantes que melhor
correspondem ao seu perfil vocacional, tornando-se estes jovens especialistas de
áreas limitadas e restritas.
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não se considerando um iluminado, mas sim, aquele que está em busca do saber, o
que tem a consciência de ainda não o ter encontrado, de não possuí-lo. A Filosofia,
então, define-se deste modo, mais por busca do que pela posse do saber.
Esta primeira concepção destacada consiste, portanto, em ser a Filosofia a
busca e não o saber pronto e acabado; uma atitude indagadora e não a posse da
verdade ou do conhecimento. O buscar nos transforma, faz-nos mudar de atitude
em relação ao que sempre fomos. Revela nossas insatisfações e nos impulsiona
a atingir uma nova visão das coisas. O método da busca talvez seja interminável,
mas nela está o que nos torna filósofos.
Partindo desta afirmação da busca e do conhecimento como algo
não acabado, não é possível ensinar Filosofia, mas se pode ensinar a Partindo da busca
e do conhecimento
filosofar, no sentido de motivar e impulsionar para busca.
como algo não
Certamente o filósofo Sócrates é herdeiro dessa tradição que acabado, não é
remontaria a Pitágoras, sendo que o seu pensamento, tal como o possível ensinar
conhecemos pelos assim chamados “diálogos socráticos” de Platão, Filosofia, mas se
reafirma o caráter prático do filosofar, como mudança de atitude. pode ensinar
Filosofar consiste em romper com a atitude comum, o domínio a filosofar.
da opinião e das crenças recebidas, em que através dos hábitos
nos aferramos a uma visão das coisas, por apenas ouvir falar, que
incorporamos muitas vezes sem nos darmos conta disso. É nisso que consiste
o domínio do preconceito, da visão pré-concebida, irrefletida. Este é o berço da
Apologia de Sócrates, segundo o qual “a vida não examinada não vale a pena
ser vivida” (SÓCRATES, apud MARINOFF, 2008, p. 391). Essa atitude deve dar
lugar ao espírito crítico; quando interrogamos nossas crenças e valores, quando
interpelamos o que nos é transmitido como verdadeiro. A atitude refletida e
questionadora é a garantia de que estamos na busca do saber, no caminho para o
qual apontava Pitágoras.
Sócrates nos ensina que o que mais importa é a virtude: Arete. Esta não
pode ser ensinada, porque deve ser descoberta a partir de cada um. O papel do
filósofo é o de despertar em cada um, aquilo que já traz dentro de si, o ímpeto,
a curiosidade, a capacidade que permitirá com que empreenda ele próprio, essa
busca. A Filosofia consiste em um processo de reflexão que nos leva a buscar as
respostas às indagações que encontramos em nossas experiências próprias.
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Capítulo 2 Variações na Metodologia
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necessidades e aos seus interesses. O caso mais especial e que demanda maior
atenção e cuidado do professor é o ensino da Filosofia em níveis iniciais, para
estudantes da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e Médio.
Deve-se então, partir da realidade deste estudante, de seu contexto, de sua
experiência de vida, de suas inquietações. É necessária uma maior sensibilidade
aos seus dilemas e interesses. Por isso, há a defesa de um trabalho com material
didático que possua um fio condutor adaptado à realidade do estudante, como
também, à sua faixa etária, que respeite a formação de sua idade cognitiva.
Os textos dos filósofos da tradição, os conceitos que formularam e os argumentos
que desenvolveram podem fornecer os pontos de partida e os instrumentos através
dos quais essa reflexão se desenvolva, tanto para os que pretendem dedicar-se a
Filosofia, como para os estudantes de outras áreas de conhecimento.
A reflexão crítica se elabora a partir das questões de cada um, sendo elas
existenciais, profissionais, científicas ou teóricas. Não sendo a reflexão crítica
espontânea, devemos através dos métodos e argumentos que a tradição filosófica
nos legou, de alguma maneira, convertê-la em nossa.
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• Sobre Sites
www.sobresites.com/filosofia/revistas.htm
Este site apresenta uma gama bastante completa de informações sobre
vários assuntos e temas de pesquisa na área da Filosofia, tais como: Filósofos,
História da Filosofia, Lógica, Ética, Estética, Epistemologia, Filosofia Política,
Filosofia da Religião, Filosofia da História, Revistas e Jornais.
• Crítica na Rede
www.criticanarede.com/ensino.html
Esta secção não inclui materiais introdutórios, mas antes materiais sobre
o ensino da Filosofia e sobre o ensino em geral. Estes materiais dirigem-se a
professores.
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a) Problemas Filosóficos
Problemas filosóficos são aquelas perguntas e temas em que não há uma
única resposta e que podem gerar opiniões dúbias. Levando em consideração os
problemas, o professor avaliará se o aluno apresenta condições de:
b) Teorias Filosóficas
Em relação às teorias filosóficas, o professor avaliará se o estudante
propõe condições de:
• Saber qual problema que a A teoria platônica procura
teoria procura resolver. resolver o problema da...
A teoria que está se referindo
• Saber identificar a teoria.
o filme Matrix é platônica.
A teoria é boa ou má? Por quê? Quais são
• Avaliar a teoria, mostrar se resolve o problema seus pontos fortes? E seus pontos fracos? A partir
exposto a ela e se levanta novos problemas. de que esta teoria pode ser considerada boa?
Confrontá-la com problemas propostos Qual a consistência da teoria? Ela apresenta
e compará-la com teorias contrárias. novos problemas? Qual o grau de dificuldade
c) Argumentos Filosóficos de solução destes novos problemas?
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Conclui-se então que a abstração não é atividade restrita aos adultos, apesar
de apresentar uma graduação diferenciada. Por isso, a criança deve estar em
contato com as elaborações mentais mais complexas, para que estas não lhes
causem estranhamento quando tiverem que lidar com as mesmas mais adiante
de suas vidas.
Para isso é necessário que se apresente o problema e se acompanhe o seu
desenvolvimento. O mais importante não é a solução do problema, até porque
não se pode exigir de uma criança de seis ou sete anos a solução de problemas
complexos. Para orientá-los nesta caminhada é necessário acompanhamento
dos pais e da escola, agora, ignorar que as crianças não capazes de identificar
diante de uma situação as implicações, os motivos ou as alternativas, é como se
dissesse a elas que elas não pensam.
O diálogo é importante e fundamental neste programa educativo,
por ser provocativo, o que nos obriga a ver o problema a partir do O diálogo nos
outro, o que não significa que se tenha que abdicar de suas ideias, obriga a ver o
pois conhecer o que outros pensam alargam nossos horizontes. A problema a partir
partir do diálogo se constrói novos valores, ele resgata boas razões do outro.
ou mesmo a evidência da sua fragilidade, já que neste método não
se avalia somente os argumentos apresentados, mas também, sobre a forma
de sua sustentabilidade e validade. Por meio do diálogo é possível criar novos
valores, sem abdicar-se dos valores individuais. Para Lipman o fundamental não
é o consenso ou a concordância em um diálogo, mas a consciência da existência
de outras razões para explicar a realidade.
Outra característica dentro deste método é a construção do
significado narrativo, este tem por objetivo ajudar a esclarecer A criança possui
situações que envolvem pensamentos, crenças e valores. Assim a necessidade
como outros programas baseados no construtivismo, percebe-se aqui de construir
e identificar o
também que a criança possui a necessidade de construir e identificar
significado que
o significado que socialmente é configurado, o sentido particular e o
socialmente é
significado e papel da narrativa.
configurado.
A capacidade simbólica da linguagem e suas abstrações,
partilhadas e mediadas na comunidade de investigação geram uma
história. O mecanismo utilizado permite à criança a compreensão do processo,
ajudando-a compreender a experiência vivenciada no grupo e a sua própria
experiência individual.
As situações que se encontram nas histórias deste programa, têm por objetivo
evidenciar circunstâncias dos personagens aproximando-os do leitor. O diálogo
em torno do que foi lido na história na comunidade de investigação, ocasiona
a busca de significados e a desconstrução, obriga os estudantes a usarem os
procedimentos da razão, chamado aqui, de programa de disposições mentais
e habilidades de raciocínio, para identificar as evidências, construir hipóteses,
verificar compatibilidades. Estas ferramentas são utilizadas para submeter o
mundo a reflexão e a compreensão. Esta atitude ajuda o estudante escapar da
forma dogmática e autoritária que a sociedade impõe, e que por muitas vezes, a
escola reproduz.
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• Conhecer a si mesmo.
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Capítulo 2 Variações na Metodologia
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• Descobrir alternativas.
• Descobrir a imparcialidade.
• Descobrir a coerência.
• Descobrir a globalidade.
• Descobrir situações.
• Desenvolver a observação.
• Respeitar o outro.
• A importância maior deve ser dada as atividades que, de uma forma mais
completa e rigorosa, permita avaliar as habilidades e competências
consideradas pelo educador mais importantes.
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b) Testes Escritos
De acordo com as competências e habilidades filosóficas escolhidas
pelo professor a serem avaliadas, pode ser montada a avaliação, em uma
linguagem clara e mais direta possível. As atividades avaliativas devem levar em
consideração os problemas, as teorias e os argumentos filosóficos destacados
na tabela de competências filosóficas básicas. As perguntas devem estar
contextualizadas a realidade do estudante, não deve aparecer de forma estranha
a eles. Como já foi dito, o estudante deve ter tempo suficiente para completar a
atividade, o importante não é a rapidez no raciocínio e sim, a sua qualidade. O
tempo não está relacionado ao número de perguntas feitas e sim, a forma das
perguntas e as competências e habilidades que elas avaliam. Uma avaliação com
perguntas vagas pode levar muito mais tempo para ser completada a um teste
com perguntas diretas e claras.
Para averiguar se o teste está de bom tamanho, o professor pode realizá-lo
antes de aplicar com os estudantes, tendo por base que deve atribuir ao aluno o
dobro do tempo que utilizou para realizar a avaliação.
c) Ensaios Filosóficos
O que é um ensaio filosófico? É um texto argumentativo no qual se defende
uma posição sobre um determinado problema filosófico. Dentro do ensaio o autor
deve demonstrar que sabe articular clara e corretamente os problemas, teorias e
argumentos em causa. Sempre aparece em forma de resposta a uma pergunta,
que pode ser respondida com um sim ou com um não. O estudante, ou mesmo
o professor deve avaliar criticamente os principais argumentos em confronto na
discussão e tomar partido por uma posição e defendê-la. Não significa que basta o
autor dar a sua própria opinião. Em um ensaio deve-se avançar nos argumentos e,
ao contra-argumentar apresentar resposta aos argumentos contrários a sua tese
de defesa. Caso não tome partido a nenhuma das partes, deverá se manifestar
com argumentos o porquê.
Para principiantes na autoria de ensaios, o fundamental é que seus escritos não
sejam muito longos, permitindo uma maior concentração no que deve ser essencial.
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Capítulo 2 Variações na Metodologia
de Ensino de Filosofia
Como foi dito, sobre os títulos dos ensaios, estes devem aparecer em forma
de perguntas como:
• Será que nossas ações são boas ou más apenas em função das suas
consequências práticas?
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Algumas Considerações
A Filosofia possui extrema importância não somente na grade curricular
escolar, assim como é uma proposta de vida em que oportuniza nova postura
reflexiva. A Filosofia ainda é vista como ferramenta, instrumento facilitador em
nossas reflexões, ao oferecer questões como “o quê?”, “como?”, “Pra quem?”,
“por quê?”, e “para quê?”.
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Metodologia do Ensino de Filosofia
Referências
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC, 2000. Disponível em: <http://portal.mec.
gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2008.
Contextualização
Apresenta-se como desafio social e institucional para a Filosofia e a Educação
a construção de novos significados e referências desde a infância até a juventude.
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Atividade de Estudos:
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Atividade de Estudo
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O Filosofar e as Crianças,
Adolescentes e Jovens
Analisar a infância como um objeto da Filosofia é dizer que não se trata
apenas de uma possibilidade, mas sim, de uma urgência em colocar o problema
antropológico no centro das reflexões filosóficas. Porém, histórica e culturalmente,
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Capítulo 3 Caminhos e Metodologia
de Ensino de Filosofia
Sim! Crianças e filósofos têm muito em comum. Tanto quanto a criança que
está no início de sua vida, livre de preconceitos; os filósofos também desejam
estar nessa condição, libertando-se das falsas crenças, das falsas ideias e das
ilusões. Tais e quais os filósofos que estão sempre indagando e questionando, as
crianças possuem uma curiosidade que lhes é inerente.
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Diretrizes Filosófico-Metodológicas
Filosofia não é pura abstração, pelo contrário, ela pensa profundamente
a realidade e tudo o que acontece concretamente. O filósofo é visto como um
curioso, um pesquisador, um indagador, um admirado-admirador que questiona
constantemente o mundo e a si mesmo. Nesta mesma perspectiva da tradição
filosófica, a Filosofia não consistia somente em formular teorias, mas também,
era uma postura prática, uma ação em favor da transformação da realidade. A
Filosofia sempre se preocupou com a política, com a justiça, com as leis e com a
felicidade humana.
Filosofar, para Marx, não consistia somente em pensar a realidade, mas
também em transformá-la. Até então, a Filosofia tinha pensado apenas a realidade,
e a partir daí, passou-se a dar grande importância à sua ação transformadora.
Filosofar é pensar profunda e sistematicamente a realidade, é partir do
pressuposto de que não se pode agir sem se compreender, como não se pode
compreender sem agir. Por isso, filosofar é captar a realidade e agir a partir dela,
trabalhar e transformá-la de tal forma que a torne habitável.
Filosofar exige também, o estudo da história da Filosofia, a produção
sistemática de trabalhos com viés acadêmico, a análise e a interpretação de textos
filosóficos, tudo isso deve ocorrer, respeitando-se as faixas etárias e os momentos
propícios. Deve-se ter presente a ideia de processo filosófico, ao qual, cada
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• a priorização do raciocínio;
• o conhecimento básico da Filosofia naquilo que ela pode colaborar com o bom
raciocínio e o bem agir, dentro de uma proposta emancipatória.
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Atividade de Estudo
1) O que se busca para Fazer com que alunos, junto com seus
professores, transpirem a cultura do pensar em sala de aula e na escola?
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a) Estratégias Utilizadas
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Algumas Considerações
Ao longo deste caderno de estudos procuramos apresentar a nossa
experiência de ensino de Filosofia baseada no ‘Educar para o Pensar: Filosofia
com Crianças, adolescentes e Jovens’.
Nossa proposta foi de capacitá-los para o debate, o confronto de ideias; para
a dúvida, para o não-conformismo diante dos fatos, portanto, para a negação;
buscar uma participação no processo de criação do indivíduo, de uma nova relação
entre as pessoas, das instituições e os seus porquês. Desenvolver o ensino de
Filosofia nessa perspectiva é ir ao encontro de uma Filosofia viva, cativante, de
um ensino filosófico que questione as certezas, o instituído; que capacite para a
reflexão e para as mais diversas leituras e posicionamentos tomados diante dos
fatos – tudo isso vindo a despertar para uma instrumentalização da crítica, da
ampliação do universo experiencial e visão de mundo (WONSOVICZ, 2004).
Atualmente, presenciamos o ‘ressurgir’ do ensino da Filosofia nas escolas
públicas e particulares. Muitos caminhos teóricos e práticos precisam ser
trilhados; mas, a paideia é o grande ideal de formação filosófico-pedagógico. Por
fim, a “Filosofia precisa perguntar à educação como ela deve ser para atingir a
reflexão das crianças. Por isso, sem Filosofia não há Educação, como também,
sem Educação não há Filosofia.” (WONSOVICZ, 2004, p. 244).
Referências
FOLHA DE S. PAULO. Entrevista de Lipman concedida a Bernardo de Carvalho.
1º de maio de 1994, p.6.5.